Fichamento Schmidt

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2) Problemas básicos da escrita de HL a) Os critérios que o historiador adota e a compreensão metateórica. Tentativas recentes, na pesquisa histórico-literária, mais uma vez evidenciaram que qualquer passo nesta investigação está governado por conceitos dominantes ou cruciais, tais como "literatura", "história", "história da literatura", "estudo da literatura", "teoria", "método", etc. As intenções, objetivos e legitimações das histórias literárias, a seleção e apresentação dos chamados dados e a escolha de critérios de relevância e objetividade estão diretamente dependentes da implementação ou interpretação desses conceitos básicos. Cada definição produz tipos de histórias literárias bastante dife- rentes. Consequentemente, modelos diferentes de histórias como. Exemplo Tradição marxista: cadeia de acontecimentos que obedecem a certas tendências evolutivas N. Luhmann: diferenciação evolutiva dos sistemas e subsistemas sociais Estruturalistas: um campo de histórias mais ou menos parciais, contingentes, sem quaisquer leis abrangentes Os exemplos dados delineiam bem diversamente a moldura, as intenções e legitimações da escrita de histórias literárias. Desse modo Os critérios utilizados para se escrever histórias literárias dependem da compreensão metateórica das tarefas e possibilidades dos estudos literários em geral e da historiografia literária, como uma ramificação dos estudos literários. b) Não há objetividade Os historiadores literários tornaram-se bastante conscientes do fato de que textos literários, que consideram como os dados de uma

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2) Problemas bsicos da escrita de HLa) Os critrios que o historiador adota e a compreenso metaterica.Tentativas recentes, na pesquisa histrico-literria, mais uma vez evidenciaram que qualquer passo nesta investigao est governado por conceitos dominantes ou cruciais, tais como "literatura", "histria", "histria da literatura", "estudo da literatura", "teoria", "mtodo", etc. As intenes, objetivos e legitimaes das histrias literrias, a seleo e apresentao dos chamados dados e a escolha de critrios de relevncia e objetividade esto diretamente dependentes da implementao ou interpretao desses conceitos bsicos.

Cada definio produz tipos de histrias literrias bastante diferentes. Consequentemente, modelos diferentes de histrias como.

Exemplo

Tradio marxista: cadeia de acontecimentos que obedecem a certas tendncias evolutivasN. Luhmann: diferenciao evolutiva dos sistemas e subsistemas sociaisEstruturalistas: um campo de histrias mais ou menos parciais, contingentes, sem quaisquer leis abrangentes

Os exemplos dados delineiam bem diversamente a moldura, as intenes e legitimaes da escrita de histrias literrias.Desse modo Os critrios utilizados para se escrever histrias literrias dependem da compreenso metaterica das tarefas e possibilidades dos estudos literrios em geral e da historiografia literria, como uma ramificao dos estudos literrios.

b) No h objetividadeOs historiadores literrios tornaram-se bastante conscientes do fato de que textos literrios, que consideram como os dados de uma histria literria, so sempre itens interpretados e avaliados, e no fatos dados objetivamente.Em resumo, um dado esteja ele situado no passado ou no presente, nada mais que um dado luz de molduras tericas de um observador especfico, isto , um sistema vivo de cognio. Aqui de novo a natureza construtivista de nossas operaes cognitivas torna-se evidente e deve ser seriamente considerada de modo evitar falcias objetivistas.

c) A criao de relaes [como a periodizao => ler Heidrun Periodizao uma questo incmoda] O aspecto mais problemtico da escrita de histrias literrias diz respeito produo de relaes, conexes e transies, isto , concatenao de ddos em unidades coerentes, tais como perodos, gneros e assim por diante. U. Japp (1980, p. 13), se convenceu de que o problema central da escrita de histrias literrias consiste na criao de transio de um texto literrio para outro. Em outras palavras: os historiadores literrios, em virtude de seu discurso, impem certas estruturas, ordens, regimes e outras coisas semelhantes aos itens cognitivos, os quais consideram como dados ou testemunhos de acontecimentos histricos.

- O princpio da retrospectividade envolve o princpio de perspectivas infinitamente novas.

- No possumos a histria, exceto em termos de uma histria acelerante de histrias interpretativas" (Japp, 1980, p. 159).

- O conceito de histria foi materializado quando, no decorrer d evoluo dos sistemas socioculturais, surgiu a necessidade de coordenar as atividades sociais de complexidade crescente. Essa coordenao foi alcanada por discursos sociais institucionalizados. O discurso denominado 'histria' um modo de auto-reflexo do sistema que pressupe um estado evolutivo bastante elaborado desse sistema". As questes bsicas neste contexto so as seguintes:

Como os textos literrios (ou eventos literrios) podem ser relacionados (encadeados, segmentados, ligados, inter-relacionados, etc.) para a construo de estruturas tais como perodos ou pocas ou assim chamadas totalidades comparveis? As histrias literrias devero ser orientadas sobre textos literrios ou sobre autores, tpicos, gneros, aspectos geogrficos, conceitos da histria das ideias, etc. ? Quais os motivos para mudana em literatura: Somos capazes de encontrar princpios teleolgicos ou teleonmicos, ou mesmo leis de evoluo? Ou essa mudana ocasionada por influncia e continuidade? E causada por contiguidade e inovao ou, bem diversamente, por descontinuidade e rupturas? O que deveria ou o que pode ser a dimenso da histria literria: literatura regional, nacional ou internacional? Como podemos avaliar as implicaes polticas, ideolgicas, poticas e metodolgicas que regulamentam a escrita de uma histria da literatura? Quais as relaes que deveriam ser consideradas a respeito das histrias literrias: relaes de coerncia do evento; relaes comunicacionais complexas; relaes no-propositadas (ou no-intencionais) que so baseadas em processos histricos superpostos ou relaes de densidade temporal diferente?

Para Muller, a histria da literatura :

uma construo do historiador e no um relato do que realmente aconteceu. Tal construo escolhe relaes de diversos tipos entre textos ou elementos textuais e arruma-os em sequncias temporais.

d) Qual o tipo de representao? Narrao? Colagem ou montagem?> Deveriam os historiadores literrios escolher a narrao, a colagem ou a montagem como princpios de representao, ou deveriam eles adotar mesmo as tcnicas literrias como desenvolvidas pela literatura de vanguarda? R: A narrao (como qualquer princpio de concatenao de dados) ocasiona uma ordem ou unidade dominada esteticamente, que depende exclusivamente da atividade construtiva do historiador, de seus interesses, pressuposies, valores, competncias e assim por diante. Coerncia, unidade, verdade, sentido histrico, etc. fazem parte do modelo de histria do historiador e no so traos inerentes "prpria histria".

> Como deveriam eles escolher os "materiais" que pretendem apresentar de uma certa maneira? R: Toda histria literria prossegue de maneira seletiva. Toda seleo normativa. Tal conexo evidente, considerando-se a produo de cnones que vista como "a mais imediata relevncia poltica de histrias literrias"

e) Produo de HL substanciais. necessrio empregar conceitos que rompam com os tradicionais [verdade, objetividade e fidedignidade] A escrita de histrias literrias significa uma construo de relaes teoricamente orientadas entre os dados para produzir modelos plausveis e aceitveis intersubjetivamente dos "acontecimentos passados", devemos admitir que teremos de empregar outros critrios que no a verdade, objetividade ou fidedignidade nas histrias literrias, e que teremos de formular funes sociais para histrias literrias diferentes das que fornecem um relato verdadeiro sobre "o que ocorreu de fato".

O valor cientifico de uma histria literria no pode ser encontrado na objetividade dos resultados que cria (isto , o passado). Deve ser buscado nos procedimentos de adquirir experincia e de fazer essa experincia acessvel a outros, isto , nos mtodos utilizados na pesquisa histrica; na forma explicitadas teorias usadas; na intersubjetividade da linguagem que os historiadores falam; no "modo emprico" de investigar itens que possam servir de dados subjetivamente aceitos em uma/na teoria e coisas do gnero.

Devemos historizar o trabalho e os resultados dos historiadores literrios tal como aprendemos a mstorizar o trabalho e os resultados dos cientistas nos ltimos dez ou vinte anos.

f) Histria da literatura sociais. A literatura como investigao de relaes entre literatura e sociedade. nevrlgico porque nos leva problemtica da quantidade de dimenses da vida social a serem analisadas.

g) O texto literrio est construdo como fenmeno esttico somente no contexto de normas e expectativas vigentes. (aqui uma primeira incitao ao problema poltico que desenvolver mais tarde. Essa perspectiva reafirma um certo aporte teleolgico na concepo de HL. Desconsidera por completo o meio.) A discusso sobre mediao ou a derivao est intrinsecamente ligada interpretao de trs conceitos adicionais: "texto", "sujeito" e "sentido". Mesmo os mais avanados projetos sobre histria social ou histria funcional da literatura tendem a considerar os textos literrios como totalidades orgnicas e unidades histricas cuja identidade garantida pelo sujeito como instncia da produo de sentido

h) A histria da literatura tem servido a interesses polticos. A histria literria , sem sombra de dvida, uma instiuio poltica e social, e muitos estudiosos da literatura tpmam-na comd uma cincia legitimatria.

A escrita de histrias literrias tem sempre servido a interesses polticos, que tm sido normalmente disfarados como intenes educacionais, culturais ou estticas, ou mesmo como exigncias quase naturais.

O problema de uma legitimao aceitvel das histrias literrias tem sido profundamente vivenciado nas discusses pertinentes dos ltimos vinte anos. As tentativas de resolver esse problema tm, mais uma vez, demonstrado claramente a interdependncia de argumentos legitimatrios e conceitos pressupostos de "funo da literatura", "histria" e "cincia".

i) Interpretao: os historiadores esto convencidos que DEVEM interpretar textos literrios. (H que considerar o lugar de enunciao do sujeito). Um outro problema, diz respeito ao papel da interpretao nas histrias literrias.

Os historiadores de literatura, em sua maior parte, esto implicitamente convencidos de que devem interpretar textos literrios, especialmente quando pretendem provar que os itens literrios como "estilo", "forma", "contedo", "material literrio", etc. so derivativos de situaes sociais, respostas a questes sociais ou coisa parecida. Qualquer tomada de partido a favor de uma das posies depende, nitidamente, de definies prvias (ou conceitos implcitos) de "texto" e "interpretao" e de modelos relativos a inter-relaes entre "literatura" e "sociedade". Uma simples adio de interpretao "imanente obra", focalizando exclusivamente os aspectos estticos do texto e de informaes histricas e sociais, evidentemente no satisfar as necessidades dos historiadores literrios. Em vez disso, eles devem justificar, convincentemente, por que interpretam os textos como autnomos, como realizam essa tarefa e como inter-relacionam os resultados de suas interpretaes com as intenes globais de suas histrias literrias.

3) Problemas bsicos da historiografia de acordo com um ponto de vista de um estudo emprico da literaturaa) Definio de conceitos vitais, tais como literatura, estudo da literatura e mtodo. Literatura definida como um sistema social de aes que focalizam fenmenos que, por sujeitos atuantes, so considerados literrios de acordo com suas normas e expectativas.b) Textos literrios no so tratados como objetos autnomos ou atemporais: esto articulados com atores e suas condies socioculturais de ao. Os textos no so vistos como possuindo significado ou sendo literrios. Os sujeitos (historiadores) constroem significados a partir de textos e eles percebem e tratam textos como fenmenos literrios em seu domnio cognitivo pela aplicao de normas lingusticas que internalizam no processo de socializao nos seus respectivos grupos sociais.c) sistemas literrios so organizados hieraquica e holisticamente. O sistema literrio s pode ser compreendido ou definido em relao a todo o sistema. visto como um componente da sociedade [um sistema surgido de sistemas AUTOPOIESIS].

Sistema literrio

Sistemas literrios so organizados hierrquica e holisticamente. Isso significa que todos os seus componentes so, ao mesmo tempo, autnomos e auto-reguladores e esto, funcionalmente, integrados ao sistema. Portanto, s podem ser compreendidos ou definidos em relao a todo o sistema.

Um sistema literrio s pode ser compreendido e explicado no contexto sistemtico de (todos) os outros sistemas ativos da sociedade em certo ponto do desenvolvimento scio-histnco.Para o EEL que dados pressupem teorias e mtodos.

Um problema especfico, neste contexto, ocasionado pela distino do EEL entre "texto" e "comunicado", onde "texto" refere-se ao "objeto" verbal acstico ou grafemtico e "comunicado" designa as operaes cognitivas fortemente emotivas realizadas por um sujeito enquanto/durante a "percepo" e "compreenso de um texto. Consequentemente, "sentido", "significado", "relevncia" e "valor" so construes dependentes do sujeito.

Um texto no carrega informao colocada nele por um autor; em vez disso, so comunicados atribudos por sujeitos cognitivos que, claro, conhecem os instrumentos convencionais da produo de sentido formulados como estruturas textuais.

O EEL considera o sujeito socializado e suas operaes cognitivas como a base emprica dos chamados processos sociais ou sistemas sociais.

O critrio para a aceitao ou rejeio das histrias literrias no devia ser "objetividade" ou "verdade", mas antes "plausibilidade", "aceitabilidade intersubjetiva" ou "interesse" relacionados com os grupos sociais que aceitam histrias literrias como leitura vlida.

Historiadores literrios

Historiadores literrios no tratam de matnas objetivas" ou de acontecimentos histricos autoevidentes. Sempre trabalham com "matrias" interpretadas em contextos cognitivos presentes.

Um historiador literrio autoconsciente deve, portanto, ser explcito em relao a questes sobre propsitos, interesses e necessidades de grupos sociais, comunidades de pesquisadores ou outras circunstncias em funo de que ele pretenda construir uma histria literria.

A construo historiogrfica

Para G. Rusch histrias no podem ser verificadas pela sua correspondncia aos fatos histricos. Na sua viso, os critrios relevantes so, em vez disso, a correspondncia com modelos consensuais de histria e historiografia, assim como com conceitos ideolgicos, polticos ou ticos prevalecentes.

To logo a historiografia no seja mais considerada como uma cincia destinada a descrever e explicar "a histria", o historiador estar livre para se engajar em debates sobre a possvel relevncia da historiografia orientada para necessidades sociais de construes historiogrficas. Tal necessidade parece ser causada por exigncias de identidade pessoal, assim como social, de legitimar aes e de lutar por modelos coerentes do prprio eu e da realidade. Somente dessa maneira os historiadores podem, por exemplo, livrar-se do problema da seleo. Uma histria literria orientada com um propsito no pode reivindicar e no reivindicar completitude e universalidade. Tem de passar pelo teste de saber se a apresentao de dados ou no suficiente para os propsitos intencionados. Aqui, claro, podem aparecer problemas de seleo; mas eles podem ser resolvidos dentro do contexto dos pressupostos e objetivos explcitos de uma histria literria parcial e orientada em direo a determinados objetivos.

Definio de conceitos no EEL

"Literatura" concebida como um "sistema de atividades que focalizam os fenmenos literrios" (no sentido mais amplo)"Cincia" concebida no EEL como a aquisio verbalizada, orientada teoricamente, explcita e sistemtica de experincias

empricas intersubjetivas"Histria" vista como uma construo cognitiva de sujeitos presentes, servindo ao propsito de organizar sua recordao de forma narrativa.

Uma combinao destas trs definies nos fornece uni argumento legitimatrio para a escrita de histrias literrias: as histrias literrias desenvolvem modelos para as origens e as mudanas de variantes de processos literrios nos sistemas literrios, para seus pressupostos, componentes, desenvolvimentos, sistemas de valor, mdia, etc., de modo a fornecer argumentos para a identificao de desvios nos sistemas literrios atuais e mud-los.4. Argumentos convergentes na historiografia literria

1: A convergncia de maior importncia relativa convico quase consensual entre os historiadores e historiadores literrios de que as histrias literrias so construes e no reconstrues e de que a tarefa do historiador literrio construtiva do comeo ao fim. Existem histrias literrias, mas no a histria literria16.

2: Uma segunda convergncia importante diz respeito historicidade das histrias literrias. A histria literria no para ser modelada como uma cadeia de eventos determinados por relaes causais e efeitos imediatos, mas, sim, como uma concatenao plausvel, orientada por teorias, de elementos variveis dos respectivos modelos de mundo (passado e presente) de historiadores literrios: eles constrem sentido atravs de relaes (cf. P. Biirger, 1985).

3: Uma terceira convergncia pode ser vista nas (pelo menos cinco) novas histrias da literatura da Alemanha Ocidental, que abandonam explicitamente o princpio de completitude e aceitam o princpio de serem exemplos. No pretendem ser compndios, mas somente manuais ou livros de textos.