Folheto Gorgulho do Eucalipto

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Introdução O gorgulho do eucalipto, (Gonipterus platensis (Coleoptera: Curculionidae) é um inseto desfolhador originário da Austrália. Esta espécie foi detetada pela primeira vez em Portugal em 1995 no norte do país. Com o passar dos anos a área de ocorrência desta praga expandiu, concentrando-se principalmente no norte e centro do país, em regiões de altitude, principalmente acima dos 400 m. Tanto as larvas como os adultos provocam desfolha, reduzindo o crescimento dos eucaliptos, chegando a causar a morte das árvores. Ciclo de vida Em Portugal o gorgulho do eucalipto apresenta duas gerações anuais, na Primavera e no Outono. Nestas alturas do ano ocorre maior abundância de ovos (ootecas) e de larvas. Ootecas As posturas contêm em média oito ovos de gorgulho do eucalipto e são revestidas por uma cápsula escura denominada ooteca. Larvas As larvas eclodem duas semanas após a postura. Quando eclodem, têm aproximadamente 1mm de comprimento e alimentam-se continuamente de folhas tenras de eucalipto até atingirem cerca de 11mm. O estádio larvar dura aproximadamente quatro semanas e é nesta fase que os maiores estragos ocorrem nos eucaliptos. Pupas Uma vez desenvolvida, a larva solta-se da árvore, enterrando-se no solo. Uma vez enterrada, a larva transforma-se em pupa e inicia-se o processo de transformação até ao estado adulto. Impacte económico O gorgulho do eucalipto está presente em todo o território nacional, mas é nas zonas de altitude, acima dos 500m no centro e norte do país, que as populações da praga são mais elevadas e que os seus estragos são mais importantes. Os estragos provocados pelo gorgulho do eucalipto são mais evidentes no terço superior da árvore, onde há lançamentos novos. Em casos de desfolhas intensas e consecutivas ao longo dos anos o crescimento é fortemente reduzido, a perda de madeira utilizável pode ser total e poderá ocorrer a morte das árvores. Meios de luta Controlo biológico Até à data o único agente de controlo biológico eficaz para controlo das populações de gorgulho do eucalipto é o parasitoide de ovos Anaphes nitens. Este agente de controlo foi usado com sucesso parcial noutros países (e.g. Brasil, Uruguai, Chile, África do Sul e Espanha). Várias largadas deste parasitoide foram realizadas em Portugal entre 1996 e 2011. No entanto, conclui-se que o parasitoide Anaphes nitens tem dificuldade em se estabelecer nas zonas de maior altitude, acima dos 600m, o que faz com que as desfolhas nas árvores permaneçam muito elevadas. Outros agentes de controlo biológico estão a ser atualmente estudados em Portugal e a sua eficácia está a ser avaliada. Luta genética O objetivo principal neste meio de luta é encontrar ou- tras variedades e espécies de eucaliptos que sejam mais tolerantes ou mais resistentes aos ataques do gorgulho do eucalipto. Estão em curso ensaios de campo para este fim. Controlo químico Em 2010 iniciou-se a procura de inseticidas para controlo do gorgulho do eucalipto. Os testes identificaram dois inseticidas da família dos neonicotinoides que se revelaram eficazes no controlo do gorgulho do eucalipto. Estes inseticidas são amplamente usados na agricultura, como por exemplo na batateira e em árvores de fruto, e não são perigosos para as abelhas nem alteram a qualidade do mel.

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Introdução

O gorgulho do eucalipto, (Gonipterus platensis (Coleoptera: Curculionidae) é um inseto desfolhador originário da Austrália. Esta espécie foi detetada pela primeira vez em Portugal em 1995 no norte do país. Com o passar dos anos a área de ocorrência desta praga expandiu, concentrando-se principalmente no norte e centro do país, em regiões de altitude, principalmente acima dos 400 m.Tanto as larvas como os adultos provocam desfolha, reduzindo o crescimento dos eucaliptos, chegando a causar a morte das árvores.

Ciclo de vida

Em Portugal o gorgulho do eucalipto apresenta duas gerações anuais, na Primavera e no Outono. Nestas alturas do ano ocorre maior abundância de ovos (ootecas) e de larvas.

Ootecas

As posturas contêm em média oito ovos de gorgulho do eucalipto e são revestidas por uma cápsula escura denominada ooteca.

Larvas

As larvas eclodem duas semanas após a postura. Quando eclodem, têm aproximadamente 1mm de comprimento e alimentam-se continuamente de folhas tenras de eucalipto até atingirem cerca de 11mm. O estádio larvar dura aproximadamente quatro semanas e é nesta fase que os maiores estragos ocorrem nos eucaliptos.

Pupas

Uma vez desenvolvida, a larva solta-se da árvore, enterrando-se no solo. Uma vez enterrada, a larva transforma-se em pupa e inicia-se o processo de transformação até ao estado adulto.

Impacte económico

O gorgulho do eucalipto está presente em todo o território nacional, mas é nas zonas de altitude, acima dos 500m no centro e norte do país, que as populações da praga são mais elevadas e que os seus estragos são mais importantes.Os estragos provocados pelo gorgulho do eucalipto são mais evidentes no terço superior da árvore, onde há lançamentos novos. Em casos de desfolhas intensas e consecutivas ao longo dos anos o crescimento é fortemente reduzido, a perda de madeira utilizável pode ser total e poderá ocorrer a morte das árvores.

Meios de luta

Controlo biológicoAté à data o único agente de controlo biológico eficaz para controlo das populações de gorgulho do eucalipto é o parasitoide de ovos Anaphes nitens. Este agente de

controlo foi usado com sucesso parcial noutros países (e.g. Brasil, Uruguai, Chile, África do Sul e Espanha).Várias largadas deste parasitoide foram realizadas em Portugal entre 1996 e 2011. No entanto, conclui-se que o parasitoide Anaphes nitens tem dificuldade

em se estabelecer nas zonas de maior altitude, acima dos 600m, o que faz com que as desfolhas nas árvores permaneçam muito elevadas. Outros agentes de controlo biológico estão a ser atualmente estudados em Portugal e a sua eficácia está a ser avaliada.

Luta genéticaO objetivo principal neste meio de luta é encontrar ou-tras variedades e espécies de eucaliptos que sejam mais tolerantes ou mais resistentes aos ataques do gorgulho do eucalipto. Estão em curso ensaios de campo para este fim.

Controlo químicoEm 2010 iniciou-se a procura de inseticidas para controlo do gorgulho do eucalipto. Os testes identificaram dois inseticidas da família dos neonicotinoides que se revelaram eficazes no controlo do gorgulho do eucalipto. Estes inseticidas são amplamente usados na agricultura, como por exemplo na batateira e em árvores de fruto, e não são perigosos para as abelhas nem alteram a qualidade do mel.

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telef. 249 730 020 fax 249 736 635 e-mail [email protected] blog altriflorestal.blogspot.pt

A Altri Florestal é uma empresa do Grupo Altri

Os tratamentos das árvores afetadas são feitos com recursos à tecnologia de Ultra-Baixo-Volume, onde são aplicados apenas 2 litros de calda por hectare. A aplicação é direcionada para a copa das árvores a tratar, minimizando possíveis impactes noutros organismos.Este tipo de tratamentos só pode ser feito por técnicos especializados e com equipamento adequado. As aplicações são feitas na primavera, quando começam as surgir as primeiras larvas.Estudos realizados revelam que os tratamentos eliminam 97% das larvas de gorgulho do eucalipto.

Saiba o que fazer!Enquanto as vias de controlo biológico e luta genética continuam em desenvolvimento, o único meio atualmente existente para baixar os danos causados pelo gorgulho do eucalipto é o controlo químico.No entanto, lembre-se! A aplicação de inseticidas deve cumprir os seguintes requisitos: •Usar inseticidas adequados e legalizados para o efeito;•Aplicar por empresas autorizadas e com equipamento

adequado; •Assegurar os cuidados ambientais, nomeadamente,

respeitar uma distância de segurança dos cursos de água.

Caso necessite de mais esclarecimentos, contacte:Ana Reis (Sanidade Florestal): [email protected]