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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE ENFERMAGEM
ANA PAULA SILVA
FORÇAS IMPULSORAS E RESTRITIVAS PARA O TRABALHO EM EQUIPE DE ENFERMAGEM EM UNIDADE
DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
GOIÂNIA, 2009
Termo de Ciência e de Autorização para Publicação de Teses e Dissertações
Eletrônicas (TEDE) na Biblioteca Digital da UFG
_______________________________________________________________________________
Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo à Universidade Federal de Goiás – UFG a disponibilizar
gratuitamente através da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações – BDTD/UFG, sem ressarcimento dos
direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o documento conforme permissões assinaladas abaixo, para
fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta
data.
1. Identificação do material bibliográfico: [x] Dissertação [ ] Tese
2. Identificação da Tese ou Dissertação
Autor(a): Ana Paula Silva
RG: CPF: E-mail: [email protected]
Afiliação: Joana Garcia Silva e João Pereira da Silva
Título: Forças impulsoras e restritivas para o trabalho em equipe de enfermagem em unidade de urgência
e emergência
Palavras-chave: Equipe de enfermagem, serviços médicos de emergência, primeiros socorros,
enfermagem.
Título em outra língua: Propelling and restrictive forces for nursing teamwork in an emergency and
urgency unit
Palavras-chave em outra língua: Nursing, team; emergency medical services; first aid; nursing.
Área de concentração: A enfermagem no cuidado à saúde humana.
Número de páginas: 153 Data defesa: 25 de maio de 2009
Programa de Pós-Graduação: Mestrado – Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás
Orientador(a): Dra. Denize Bouttelet Munari
CPF: E-mail: [email protected]
3. Informações de acesso ao documento:
Liberação para publicação?1 [x] total [ ] parcial
Em caso de publicação parcial, assinale as permissões:
[ ] Capítulos. Especifique: _____________________________________________________
[ ] Outras restrições: _________________________________________________________
Havendo concordância com a publicação eletrônica, torna-se imprescindível o envio do(s) arquivo(s) em
formato digital PDF desbloqueado da tese ou dissertação, o qual será bloqueado antes de ser inserido na
Biblioteca Digital.
O Sistema da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações garante aos autores, que os arquivos contento
eletronicamente as teses e ou dissertações, antes de sua publicação serão bloqueados através dos
procedimentos de segurança (criptografia e para não permitir cópia e extração de conteúdo) usando o padrão
do Acrobat Writer.
__________________________________ Data: 23 / 09 / 2009
Assinatura da autora
1 Em caso de restrição, esta poderá ser mantida por até um ano a partir da data de defesa. A extensão deste prazo suscita justificativa junto à coordenação do curso. Todo resumo e metadados ficarão sempre disponibilizados.
ANA PAULA SILVA
FORÇAS IMPULSORAS E RESTRITIVAS PARA O TRABALHO EM EQUIPE DE ENFERMAGEM EM UNIDADE DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem – Mestrado da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás para obtenção do título de Mestre em Enfermagem.
Área de Concentração: A enfermagem no cuidado à saúde
humana.
Linha de Pesquisa: Gestão e formação de recursos humanos
para a integralidade do cuidar em saúde e enfermagem.
Orientadora: Profª Drª Denize Bouttelet Munari
GOIÂNIA, 2009
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer
meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada
a fonte.
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) (GPT/BC/UFG)
Silva, Ana Paula. S586f Forças impulsoras e restritivas para o trabalho em equipe de
enfermagem em unidade de urgência e emergência [manuscrito] / Ana Paula Silva. – 2009.
153 f. : il., figs., qds., tabs.
Orientadora: Profa. Dra. Denize Bouttelet Munari.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Enfermagem, 2009.
Bibliografia: f. 124-138. Inclui lista de ilustrações e de tabelas. Apêndices e anexos.
1. Enfermeiros – Atividade grupal 2. Enfermagem - Serviço de urgência e emergência 3. Enfermagem – Primeiros socorros I. Mu-nari, Denize Bouttelet. II. Universidade Federal de Goiás. Faculdade de Enfermagem. III. Título.
CDU: 616-083
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço a Deus, por ser meu refúgio, fortaleza, socorro e por
sua presença viva em minha vida.
À Professora Dra. Denize Bouttelet Munari, minha querida orientadora. Obrigada
por seu carinho, cuidado, paciência, tranqüilidade e respeito na condução deste
trabalho. A você meu carinho especial por aceitar compartilhar seus conhecimentos.
À Professora Dra. Virginia Visconde Brasil por suas preciosas contribuições na
construção do instrumento de coleta de dados.
À Professora Dra. Claci Fátima Weirich Rosso por sua disponibilidade e incentivo
na construção deste trabalho.
À Professora Dra. Maria Márcia Bachion pela competência e eficiência na
condução do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da FEN / UFG e
também pelo incentivo constante.
À Diretoria de Enfermagem do Hospital das Clínicas, em especial a enfermeira Maria Alice Coelho, pelo incentivo desde o processo de seleção para o mestrado.
À minha gerente de enfermagem Marlice Gomes, pelo apoio, compreensão,
incentivo e carinho constante.
À equipe de enfermagem da Unidade de Urgência e Emergência, pela
disponibilidade em participar, pelo incentivo e principalmente pelo “não” em
participar de uma pesquisa ação.
Aos meus colegas enfermeiros do pré-hospitalar pela disponibilidade em ajudar
nos momentos em que precisei. Em especial as enfermeiras Meire e Brenda pelo
cuidado e carinho.
Aos meus colegas da pós-graduação pelo incentivo e pela oportunidade de
compartilhar momentos alegres e árduos dessa caminhada. Em especial a Vaneila,pela compreensão e ajuda.
À Cynthia Ferreira e Kátya Alexandrina pela disponibilidade e ajuda na construção
do trabalho.
À minha grande amiga Nilde Resplandes pelo apoio constante e pela validação que
sempre fez, mesmo sem perceber, desde a graduação. Você sempre me fez
acreditar que poderia continuar, mesmo nos momentos mais difíceis. A você meu
carinho e admiração.
À minha grande e amada família pelo apoio incondicional e em especial a uma
pessoa simples, humilde, perseverante e batalhadora, que mesmo sem entender a
grande importância deste trabalho, esteve ao meu lado, com seu cuidado e carinho:
minha amada Mãe.
O mundo não precisa de exército, o mundo
necessita de guerreiros. Soldados cumprem
ordens de chefes, guerreiros seguem o
coração.
Mário Prata
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES ...................................................................................... 9
LISTA DE TABELAS .............................................................................................. 10
RESUMO................................................................................................................. 11
ABSTRACT............................................................................................................. 13
RESUMEN .............................................................................................................. 14
APRESENTAÇÃO .................................................................................................. 16
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 20
1.1. Objetivos ...................................................................................................... 27
1.1.1. Objetivo geral ........................................................................................ 27
1.1.2. Objetivos específicos ............................................................................ 27
2. REFERENCIAL TEÓRICO METODOLÓGICO ................................................... 28
2.1. A unidade de urgência e emergência e o trabalho da enfermagem ............. 29
2.1.1. Unidades de urgência e emergência: histórico, conceitos, características
e legislação ..................................................................................................... 29
2.1.2. Organização, aspectos físicos, estruturais e acesso às unidades de
urgência e emergência ................................................................................... 37
2.1.3. O trabalho da equipe de enfermagem no contexto das unidades de
urgência e emergência ................................................................................... 43
2.2. Fundamentos do trabalho em equipe: uma aproximação ao referencial teórico
de Kurt Lewin ...................................................................................................... 48
3. METODOLOGIA ................................................................................................. 57
3.1. Tipo de estudo ............................................................................................ 58
3.2. Cenário do estudo ........................................................................................ 58
3.3. População e amostra do estudo ................................................................... 61
3.4. Estratégias para coleta de dados ................................................................. 61
3.4.1. Delineamento do instrumento ............................................................... 61
3.4.2. Procedimento de coleta de dados ......................................................... 63
3.5. Responsabilidade ética ................................................................................ 64
3.6. Processamento e análise dos dados ........................................................... 64
4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS.................................................... 66
4.1. Caracterização dos profissionais da UUE .................................................... 67
4.2. Análise das forças atuantes na UUE ............................................................ 73
4.2.1. Análise das forças relacionadas à dimensão do Eu .............................. 79
4.2.2. Análise das forças relacionadas à dimensão do Outro ......................... 92
4.2.3. Análise das forças relacionadas à dimensão do Ambiente .................. 101
5. CONCLUSÃO .................................................................................................... 117
6. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 124
APÊNDICES .......................................................................................................... 139
APÊNDICE A - Termo de consentimento livre e esclarecido ............................. 140
APÊNDICE B - Instrumento de coleta de dados ................................................ 142
ANEXO .................................................................................................................. 152
ANEXO A - Aprovação no Comitê de Ética ........................................................ 153
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Gráfico 1: Qualificação dos profissionais da unidade de urgência e emergência de
um hospital de ensino. Goiânia, 2009 ..................................................................... 68
Quadro 1: Portarias instituídas pelo Ministério da Saúde relativas à organização e
sistematização dos serviços de urgência e emergência ......................................... 34
Quadro 2: Estágios de desempenho de grupo....................................................... 56
Quadro 3: Categorias impulsoras e restritivas para o trabalho em equipe na UUE
nas dimensões do Eu, Outro e Ambiente. Goiânia, 2009 ........................................ 78
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Caracterização dos 44 profissionais da Unidade de Urgência e
Emergência Adulto, segundo a idade, gênero, categoria profissional e escolaridade.
Goiânia, 2009. ......................................................................................................... 67
Tabela 2: Tempo de formação e atuação dos 44 profissionais da UUE, na
enfermagem e na instituição. Goiânia, 2009 ........................................................... 69
Tabela 3: Tempo de atuação dos 44 profissionais na UUE, carga horária semanal,
tipo de vínculo trabalhista e outros trabalhos. Goiânia, 2009 .................................. 70
Tabela 4: Designação dos profissionais para trabalhar na UUE e sua participação
em cursos de capacitação. Goiânia, 2009 .............................................................. 71
Tabela 5: Benefícios gerados pelos cursos de capacitação oferecidos pela
instituição listados pelos profissionais para o trabalho em equipe. Goiânia, 2009 .. 72
Tabela 6: Níveis de desempenho do grupo de trabalho de enfermagem da UUE na
perspectiva dos profissionais. Goiânia, 2009 .......................................................... 73
Tabela 7: Mapeamento geral das forças restritivas e impulsoras para o trabalho em
equipe na UUE nas dimensões do Eu, Outro e Ambiente. Goiânia, 2009 .............. 75
Tabela 8: Categorias relacionadas às forças impulsoras para o trabalho em equipe
na UUE na dimensão do EU. Goiânia, 2009 ........................................................... 80
Tabela 9: Categorias relacionadas às forças restritivas para o trabalho em equipe na
UUE na dimensão do EU. Goiânia, 2009 ................................................................ 85
Tabela 10: Categorias relacionadas às forças impulsoras para o trabalho em equipe
na UUE na dimensão do Outro. Goiânia, 2009 ....................................................... 92
Tabela 11: Categorias relacionadas às forças restritivas para o trabalho em equipe
na UUE na dimensão do Outro. Goiânia, 2009 ....................................................... 96
Tabela 12: Categorias relacionadas às forças impulsoras para o trabalho em equipe
na UUE na dimensão do Ambiente. Goiânia, 2009 ................................................ 102
Tabela 13: Categorias relacionadas às forças restritivas para o trabalho em equipe
na UUE na dimensão do Ambiente. Goiânia, 2009 ................................................ 108
RESUMO
Silva AP. Forças impulsoras e restritivas para o trabalho em equipe de enfermagem em unidade de urgência e emergência [dissertação]. Goiânia: Faculdade de Enfermagem/UFG; 2009. 153 p.
O trabalho em equipe é considerado ferramenta essencial no processo de melhoria da qualidade do trabalho em saúde sendo particularmente destacado nas diretrizes do SUS como um dos eixos que viabilizam a implementação da Política Nacional de Saúde. Constitui-se, portanto, em grande desafio aos profissionais e gestores, dado sua complexidade. Este estudo de natureza descritiva e exploratória teve como objetivo analisar as forças impulsoras e restritivas para trabalho em equipe de enfermagem em Unidade de Urgência e Emergência/Adulto de hospital público, por meio de aproximação ao referencial de Kurt Lewin. O mapeamento dessas forças oferece condições aos gestores para lidar melhor com desafios do dia-a-dia, pois viabiliza sua categorização em três aspectos relacionados à dimensão do EU – que engloba fatores pessoais; do OUTRO – que abrange fatores referentes às relações interpessoais e ao AMBIENTE - que compõe elementos não pertinentes às pessoas, mas ao ambiente. A investigação foi desenvolvida em hospital universitário, localizado na região Centro-Oeste, com participação de 44 profissionais que constituem a equipe de enfermagem. Os dados foram coletados por meio de questionário, submetidos ao processo de análise de conteúdo e categorizados nas dimensões previamente definidas. Os resultados obtidos mostram equilíbrio no campo de forças para o trabalho em equipe, exceto no que diz respeito à dimensão do AMBIENTE, cujo resultado aponta tendência acentuada de forças restritivas. O equilíbrio identificado nas demais dimensões, sinaliza que há estagnação do trabalho em equipe no grupo estudado, o que aponta para necessidade de intervenções no sentido de estimular e potencializar forças impulsoras e buscar imobilizar e transformar forças restritivas. Na dimensão do EU destacam-se como impulsoras os atributos individuais, bom relacionamento, amizade/amor, e como restritivos as limitações individuais, absenteísmo, comprometimento da saúde e limitação da competência técnica. Na dimensão do OUTRO, força e potencial do trabalho da equipe, postura ativa da gerência e compromisso/competência da equipe e áreas de apoio são apontadas como forças impulsoras. São apontadas como forças impulsoras na mesma proporção as limitações relacionais para o trabalho em equipe e a postura gerencial que prejudica o trabalho, além do relacionamento interpessoal prejudicado. Com relação ao AMBIENTE, são aspectos impulsores o ambiente e estrutura física adequados, registros eficientes da enfermagem e integração com áreas de apoio e clinicas. Entre os restritivos destacam-se a dinâmica e funcionamento inadequado da unidade, limitações na estrutura física e falta de material/equipamentos e limitações no serviço de farmácia. A identificação destes fatores mostra que na UUE existe um campo de forças que precisa ser trabalhado em busca do desenvolvimento do trabalho em equipe. Isso poderá resultar na melhoria da qualidade da assistência e das condições de trabalho e, por essa razão precisam fazer parte do planejamento da instituição. O mapeamento dessas forças possibilitou uma visão objetiva e concreta das limitações e potenciais da equipe estudada, indicando caminhos que podem orientar processos de mudança. Como ferramenta para ser incorporada nos modelos de gestão de recursos humanos em saúde, esse referencial auxilia o desenvolvimento de estratégias para mobilizar sinergias individuais e coletivas, em direção ao trabalho em equipe, bem como para com os elementos que favoreçam sua efetividade.
ABSTRACT
Silva AP. Propelling and Restrictive Forces for Nursing Teamwork in an Emergency and Urgency Unit [dissertation]. Goiânia: Faculdade de Enfermagem/UFG; 2009. 153 p.
Teamwork is considered an essential tool in the process of improving health care, particularly emphasized in the Unique Health System guidelines as one of the axes that make it feasible the implementation of national health policy. It is a great challenge to both practitioners and managers, given its complexity. This is a descriptive exploratory study aimed at analyzing propelling and restrictive forces for nursing teamwork in an Adult Emergency and Urgency Unit of a public hospital through Kurt Lewin’s approach. Mapping such forces enables managers to better deal with daily challenges, since they make it possible to categorize them into three related aspects: the SELF dimension- which includes personal factors, the OTHER- including factors concerning interpersonal and ENVIRONMENTAL relations- which are part of elements not belonging to individuals, but to the environment. This is an investigation carried out in a school hospital located in the Midwestern Brazil, with 44 professionals taking part constituting the nursing team. Data was collected through questionnaire, submitted to content analysis process, categorized into dimensions previously defined. The outcomes showed balance in the teamwork forces domain, except concerning the ENVIRONMENTAL dimension, which result points to strong trends towards restrictive forces. The balance identified in the other dimensions signals that teamwork stagnation exists in the study group, which shows the need for interventions in order to stimulate and potentialize propelling forces and try to immobilize and transform restrictive forces. In the SELF dimension individual attributes, good relationship, friendship/love are seen as propelling forces, whereas individual limitations, absenteeism, health compromised, and technical competence limited are seen as restrictive ones. In the OTHER dimension, teamwork potential and force, active management posture and commitment/competence of both team and supportive areas are seen as propelling forces. As propelling forces in the same proportion relational limitation for teamwork and management posture which harm their work, as well as the harmed interpersonal relationship. Regarding the ENVIRONMENT, the propelling aspects are: proper setting and physical structure, efficient nursing records and integration between the clinical and supportive areas. Among restrictive aspects, dynamics and inadequate functioning of the unit, limited physical structure, shortage of material/equipment, and limited pharmacy service are highlighted. Identification of such factors shows that in the EUU there is a force field which needs to be developed towards teamwork, which may result in the betterment of quality of assistance and working conditions. For this reason, they need to be part of the institutional planning. Mapping such forces has enabled a concrete and objective view of the limitations and potential of the team studied, showing ways to orient changing processes. As a tool to be incorporated in the human resources management models for healthcare, this referential helps developing strategies to mobilize individual synergy and working teams, as well as with the elements favoring its effectiveness. Key words: Nursing Team ; Emergency Medical Services; First Aid; Nursing.
RESUMEN
Silva AP. Fuerzas impulsorias y restrictivas para el trabajo en equipo de enfermería en unidad de urgencia y emergencia [dissertation]. Goiânia: Faculdade de Enfermagem/UFG; 2009. 153 p.
El trabajo en equipo es considerado una herramienta fundamental en el proceso de mejoría de la calidad del trabajo en salud, siendo particularmente destacado en las directrizes del SUS como uno de los ejes que viabilizan la implementación de la Política Nacional de Salud,. Esto representa un reto para los profesionales y gestores, debido a su complejidad. Este estudio de naturaleza descriptiva y exploratoria tuvo como objetivo analizar las fuerzas impulsorias y restrictivas para el trabajo en equipo de enfermería en la Unidad de Urgencia y Emergencia/Adulto, de un hospital público por medio de aproximación al referencial de Kurt Lewin. El levantamiento de esas fuerzas ofrece condiciones para los gestores, para que puedan enfrentar mejor los retos diarimente, puesto que viabilizan su categorización en tres aspectos relacionados: a la dimensión del YO – que globaliza factores personales, del OTRO - que comprende factores referentes a las relaciones interpersonales y al AMBIENTE que compone elementos no concernientes a las personas, sino al ambiente. Dicha investigación fue desarrollada en un hospital universitario, situado en la región Centro-Oeste., con la participación de 44 profesionales que componen el equipo de enfermería. Los datos fueron recolectados por medio de cuestionario, sometidos al proceso de análisis de contenido, categorizados en las dimensiones previamente definidas. Los resultados obtenidos muestran equilibrio en el campo de fuerzas para el trabajo en equipo, excepto en lo que se refiere a la dimensión del AMBIENTE, cuyo resultado indica tendencia acentuada de fuerzas restrictivas. El equilibrio identificado en las demás dimensiones señala, que hay estancamiento del trabajo en equipo en el grupo estudiado, lo que indica la necesidad de intervenciones en el sentido de estimular y potencializar fuerzas impulsorias y buscar inmobilizar y transformar fuerzas restrictivas. En la dimensión del YO se destacan como impulsoras: atributos individuales, absentismo, comprometimiento de la salud y limitación de la competencia técnica. En la dimensión del OTRO, fuerza y potencial de trabajo del equipo, postura activa de la gerencia y compromiso/competencia del equipo y áreas de apoyo son destacadas como fuerzas impulsoras. Se destacan como fuerzas impulsorias en la misma proporción las limitaciones de relación para el trabajo en equipo y la postura gerencial que perjudica el trabajo, fuera del relacionamiento interpersonal perjudicado. Con relación al AMBIENTE, son aspectos impulsores: ambiente y estructura física adecuados, registros eficientes de la enfermería e integración con áreas de apoyo y clínicas. Ente los restrictivos se destacan la dinámica y funcionamiento inadecuado de la unidad, limitaciones en la estructura física y falta de material/equipos y limitaciones en el servicio de farmacia. La identificación de estos factores muestra que en la UUE existe un campo de fuerzas, que necesita ser trabajado en busca del desarrollo del trabajo en equipo, lo que podrá resultar en la mejoría de la calidad de la asistencia y de las condiciones de trabajo. Por esta razón es necesario que hagan parte del planeamiento de la institución. El levantamiento de estas fuerzas nos posibilitó una visión objetiva y concreta de las limitaciones y potencialidades del equipo estudiado, indicando caminos que puedan orientar procesos de cambio. Como herramienta para ser incorporada en los modelos de gestión de recursos humanos en salud, este referencial auxilia el desarrollo de estrategias para mobilizar sinergias individuales y equipos de trabajo, así como, a los elementos que favorecen su efectividad.
A p r e s e n t a ç ã o | 17
O hospital em que foi desenvolvido este estudo é uma instituição de ensino
da área de saúde, fundado em vinte e três de janeiro de 1962, cuja missão é
promover a assistência humanizada de excelência à saúde do cidadão, integrando
as políticas públicas de saúde e servindo de campo moderno e dinâmico para
ensino, pesquisa e extensão.
É uma instituição pública universitária, localizada na região Centro-Oeste do
país, que presta atendimento exclusivo a usuários do Sistema Único de Saúde
(SUS) e é certificada pelo Ministério da Saúde e da Educação como Hospital de
Ensino.
Atualmente, para garantir a melhoria do quadro geral da instituição, viabilizar
a reestruturação e a definição de diretrizes para o desenvolvimento do plano diretor,
tem-se adotado uma política com destaque em três eixos norteadores que são: a
política institucional, política de recursos humanos e a política de investimento
financeiro (GARCIA NETO, 2008).
Apresenta uma Diretoria de Enfermagem que busca atendimento
humanizado e de qualidade, visando à construção coletiva de um modelo de
assistência por meio, principalmente, da qualificação dos profissionais.
Composto por diversas unidades, se destaca no atendimento à população,
sendo referência não só para usuários de Goiânia – Goiás, mas também para outros
municípios do estado e fora dele. Dentre suas áreas, encontra-se a Unidade de
Urgência e Emergência Adulto (UUE), que está estruturada dentro do complexo
hospitalar, em inter - dependência com vários serviços da instituição.
A UUE tem como objetivo primordial a assistência aos clientes da
comunidade, dos clientes do hospital em suas intercorrências e é referência para o
município de Goiânia, dentro da pactuação em nível de Comitê de Urgências e
Emergências no atendimento diferenciado (secundário). Por essa razão, essa
unidade exige dos profissionais atendimento rápido, integrado e competente,
independentemente da situação no local.
Nela trabalham profissionais de diversas áreas, sendo a maioria da
enfermagem, que cuidam de clientes críticos, graves e instáveis, atendidos
diariamente e internados neste setor. Além destes, é comum o atendimento a
clientes não característicos de uma unidade de urgência, o que leva ao acúmulo de
serviço e problemas com a equipe como conflitos e desgaste. Este ambiente, devido
à alta demanda diária de clientes, limitação de recursos humanos e materiais e
A p r e s e n t a ç ã o | 18
ainda problemas na própria estrutura física, torna o trabalho neste setor
extremamente estressante.
A construção deste estudo é fruto de inquietações sobre o trabalho em
equipe nesta unidade e do desejo em explorar esse conhecimento, como base para
melhorar o desempenho dos profissionais e a qualidade de atendimento.
Ao assumir a supervisão de enfermagem do período vespertino na unidade
no ano de 2003, a autora desta dissertação não compreendia o real grau de
complexidade do trabalho em equipe nesse tipo de serviço. A princípio, o foco do
trabalho era o cumprimento de atividades, considerando isto como o melhor que
poderia ser feito pelo cliente. Ao participar do curso piloto para implementação da
Sistematização da Assistência de Enfermagem na instituição, a reflexão sobre
trabalho em equipe começou a surgir e gradativamente, o interesse pelo tema foi
sendo ampliado. Este movimento estimulou a busca de algumas disciplinas isoladas
no Programa de Pós – Graduação em Enfermagem da Faculdade de Enfermagem
da Universidade Federal de Goiás (FEN/UFG), cujas temáticas remetiam às relações
interpessoais e ao trabalho em grupo.
Classificada na seleção para o Mestrado em 2007 surgiu a possibilidade de
explorar alguns aspectos relacionados ao trabalho em equipe na UUE, para melhor
conhecer a dimensão do mesmo e quais aspectos facilitam ou restringem o seu bom
funcionamento. Vale ressaltar que paralelamente ao Mestrado e, em função do
interesse no desenvolvimento dessa temática, buscou-se formação mais específica
no Curso de Formação Básica em Coordenação de Grupos, oferecido pelo Instituto
de Psicanálise, Dinâmica de Grupo e Psicodrama (SOBRAP / GOIÁS).
Assim, esta dissertação de mestrado propõe-se a estudar a dinâmica da
equipe de enfermagem na UUE, por meio de uma aproximação ao referencial teórico
de Kurt Lewin, para conhecer os fatores que impulsionam e restringem o trabalho
em equipe, com vistas a subsidiar ações para um melhor desempenho da equipe no
dia-a-dia de trabalho.
A pesquisa está apresentada em cinco partes que tratam fundamentalmente
da justificativa do trabalho e seus objetivos, referencial teórico, caminho
metodológico, resultados e a conclusão.
Na introdução destacam-se as motivações e questionamentos que geraram
essa pesquisa, bem como alguns fundamentos teóricos que amparam a justificativa
da realização da mesma. Segue ao final a apresentação dos objetivos.
A p r e s e n t a ç ã o | 19
O referencial teórico está alicerçado considerando os fundamentos,
caracterização da UUE e do trabalho da enfermagem nesta unidade. Para
conceituar e entender o trabalho em equipe partiu-se de conceitos fundamentados
nas contribuições de Kurt Lewin, Fela Moscovici e do trabalho em equipe na UUE.
A metodologia aborda o caminho adotado na investigação, pontuando
características do local, dos sujeitos, estratégia de coleta de dados e análise, assim
como os aspectos éticos.
Nos resultados destacam-se os achados que foram discutidos à luz do
referencial teórico, seguido pelas conclusões.
Acredita-se que a partir deste estudo a Diretoria de Enfermagem do referido
hospital terá um panorama dos aspectos favoráveis ao trabalho em equipe na
instituição bem como daqueles que merecem atenção pelo potencial, dificuldades ou
limitações que trazem à equipe da UUE.
I n t r o d u ç ã o | 21
Durante os últimos anos houve aumento na utilização dos serviços públicos
hospitalares de emergência. Dentre as principais causas desta realidade, destaca-se
o aumento da violência urbana, os acidentes de trânsito e a própria precariedade
dos serviços de saúde de atenção básica. A conseqüência imediata é a superlotação
nas unidades, com clientes que poderiam ser atendidos nas unidades de atenção
básica ou em ambulatórios (DAL PAI; LAUTERT, 2006; GONÇALVES et al., 2007;
O’DWYER; OLIVEIRA; DE SETA, 2006).
Este aumento na demanda tem grande impacto sobre o Sistema Único de
Saúde (SUS) e pode ser medido diretamente na assistência, pelo aumento dos
gastos realizados com internações hospitalares e pela alta taxa de permanência
hospitalar (CONSELHO NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE, 2007).
Os serviços públicos de emergência têm sofrido com a realidade da
superlotação, ritmo de trabalho acelerado, sobrecarga para os profissionais de
saúde, precariedade de recursos físicos, humanos e materiais. Funcionam acima de
sua capacidade máxima, com taxa de ocupação de leitos acima de 100%, número
insuficiente de profissionais, alguns até sem treinamento, excesso de atendimento
ou demanda inadequada, gerenciamento precário de recursos e falta de
planejamento efetivo (O’DWYER; OLIVEIRA; DE SETA, 2006).
A UUE é a porta de entrada de praticamente todos os usuários no sistema
de saúde. Exige de toda equipe um trabalho de qualidade e coeso, pois as ações
executadas influenciam no prognóstico e podem comprometer a vida do usuário.
Esta realidade, aliada à especificidade dos serviços de emergência, que é
atendimento imediato e eficiente, constitui o cotidiano de trabalho de muitos
profissionais de saúde e, entre eles, destaca-se a equipe de enfermagem.
A enfermagem é uma profissão que tem o cuidado humano na família ou na
comunidade como razão existencial do seu trabalho. Desenvolve atividades de
promoção, prevenção de doenças, recuperação e reabilitação da saúde. O
profissional de enfermagem responsabiliza-se, por meio do cuidado, pelo conforto,
acolhimento e bem-estar dos clientes, seja atuando diretamente na assistência ou
coordenando outros setores para a prestação da mesma e promovendo a autonomia
dos clientes com a educação em saúde (ROCHA; ALMEIDA, 2000).
A equipe de enfermagem é constituída por enfermeiros, técnicos e auxiliares
de enfermagem, sendo a maior equipe da unidade. É responsável pela maioria das
ações junto aos clientes e congrega profissionais que prestam assistência vinte e
I n t r o d u ç ã o | 22
quatro horas por dia, intervindo em situações de risco e que, geralmente, estão sob
constante pressão.
O trabalho da equipe de enfermagem, por sua própria característica e
natureza, mostra-se susceptível ao fenômeno do estresse ocupacional, embora este
seja observado mesmo naqueles que não estão lotados em áreas de atendimento
crítico (STACCIARINI; TRÓCCOLI, 2001).
Esse grupo de profissionais enfrenta grandes problemas como falta de
tempo, situações imprevisíveis, cuidado constante de pessoas doentes, número
reduzido de pessoal e, principalmente, a limitação de recursos humanos, materiais e
estruturais, nem sempre adequados para prestar uma assistência de qualidade. Tais
situações podem provocar grande carga de ansiedade e tensão prejudicando o
desempenho profissional, bem como resultar em problemas de saúde (BATISTA;
BIANCHI, 2006; BELANCIERI, 2005; CALDERERO; MIASSO; CORRADI-
WEBSTER, 2008; CAMPOS, 2005; FONSECA; SOARES, 2006; LIMA JÚNIOR;
ÉSTHER, 2001; PANIZZON; LUZ; FENSTERSEIFER, 2008; SCHRIVER et al., 2003;
STACCIARINI; TRÓCCOLI, 2001).
Esse panorama é exacerbado nas UUEs que, pelas características
intrínsecas ao ambiente é um local estressante e desgastante em que o diagnóstico
e o tratamento dos problemas de saúde devem ser precisos e de resolução imediata
(ALVES; GODOY; SANTANA, 2006; ALVES; RAMOS; PENNA, 2005; DAL PAI;
LAUTERT, 2006; SCHRIVER et al., 2003).
As equipes de enfermagem prestam assistência em diversas áreas das
instituições de saúde, e sua prática no contexto hospitalar predomina sobre outros
setores. Cerca de 79,9% dos serviços de enfermagem são prestados em unidade
hospitalar, onde os técnicos e auxiliares de enfermagem constituem a maior força de
trabalho dentro da equipe de enfermagem (DELGADO; OLIVEIRA, 2005). Pode-se
considerar que a maior fonte de satisfação no trabalho desta equipe, principalmente
na UUE, concentra-se no fato de que suas intervenções auxiliam na manutenção da
vida humana (BATISTA; BIANCHI, 2006).
A vivência enquanto enfermeira assistencial de uma UUE de um hospital
público permitiu a observação da dificuldade dos profissionais de enfermagem em
lidar com estas situações. São profissionais, em sua maioria, comprometidos com a
instituição, que querem prestar atendimento de qualidade para todos os clientes que
estão sob seus cuidados, mas trabalham isoladamente, muitas vezes de forma
I n t r o d u ç ã o | 23
mecanicista, sem a visão do serviço como um todo. Nesta perspectiva, o trabalho
torna-se ainda mais difícil e talvez por isso, incompleto.
O sonho em trabalhar na referida unidade é uma realização para muitos
profissionais que chegam demonstrando grande alegria de estar ali, pensando em
melhorias e vislumbrando a possibilidade de uma assistência melhor. Esse
movimento também foi vivenciado por esta pesquisadora, que sonhava junto com os
demais profissionais, construir possibilidades de novas formas de cuidado na UUE.
No entanto, estes sonhos foram se desgastando diante dos problemas enfrentados,
sendo substituídos ao longo do tempo por sentimentos de frustração, impotência,
angústia e tristeza.
Desse modo, para superar as dificuldades e encontrar saídas para os
problemas enfrentados pelos profissionais da equipe de enfermagem daquele setor,
buscou-se apoio na política institucional, cujo planejamento estratégico parecia
favorecer novas tentativas de melhorias.
No sentido de viabilizar a qualificação da equipe de enfermagem para a
construção coletiva de um modelo de assistência preconizado pela instituição, a
Diretoria de Enfermagem do hospital pesquisado estabeleceu parceria com a
Faculdade de Enfermagem da UFG, objetivando construir um projeto de Educação
Permanente voltado para estes profissionais.
As atividades relativas a esse projeto tiveram seu marco inicial em 2004,
com o curso de “Desenvolvimento de Competências e Habilidades para
Operacionalização do Processo de Enfermagem na Prática Assistencial”, com carga
horária de 200 horas. O objetivo principal desse curso foi desenvolver o potencial
dos enfermeiros para adoção da Sistematização da Assistência de Enfermagem no
âmbito da instituição, visando a promoção do cuidado humanizado e,
consequentemente, a melhoria na qualidade da assistência.
No ano seguinte, o curso se estendeu para os técnicos e auxiliares de
enfermagem. Atualmente, denomina-se “Desenvolvimento de Competências e
Habilidades para Operacionalização do Processo de Enfermagem no Trabalho em
Equipe”, que tem um foco maior para o trabalho em equipe. É oferecido
conjuntamente para enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, sendo
divididos apenas nos momentos em que os temas são específicos e exclusivos às
competências de cada profissional.
I n t r o d u ç ã o | 24
Ao participar desse curso inicialmente como aluna e, posteriormente, como
coordenadora do curso para técnicos e auxiliares de enfermagem, a situação da
UUE tornou-se mais visível. Nesse momento com um olhar mais atento para a
equipe de enfermagem da unidade, foi possível perceber os profissionais como
pessoas que buscavam fazer o melhor, mas que por diversos motivos, nem sempre
conseguiam êxito e satisfação. Ao final do dia pareciam vivenciar uma constante
frustração, deixando o plantão com a sensação do cumprimento simplesmente de
técnicas e procedimentos, por terem administrado todas as medicações e cuidados
prescritos, por terem feito ou não as anotações e evoluções de enfermagem, mas
com um grande vazio e sensação de impotência diante de tantos clientes que
precisavam de cuidados.
O sofrimento gerado pela frustração devido a falta de material, a
improvisação constante para realização de procedimentos e no final, a insatisfação
em relação à assistência prestada parece representar a psicodinâmica do trabalho
em unidades dessa natureza (MEDEIROS et al., 2006).
Acredita-se que uma das possibilidades de lidar com essa problemática, na
busca de um trabalho mais coeso e que integre os profissionais na sua concepção e
execução é o investimento no fortalecimento do trabalho em equipe, independente
da área de atuação (ALVES; RAMOS; PENNA, 2005).
Segundo Sousa, Campos e Ramos (2001), o trabalho em equipe é impulsor
de transformações, e é uma das formas de trabalho que mais tem contribuído para o
desenvolvimento do processo de melhoria da qualidade nas instituições. Ele surge
como uma possibilidade para reorganizar o trabalho e promover a qualidade dos
serviços (PINHO, 2006).
Quando realmente ocorre, os esforços são integrados, menos isolados,
passando a existir apoio mútuo. Os profissionais trabalham de forma mais produtiva,
com entusiasmo, mesmo diante das adversidades, em busca de objetivos comuns.
Com esta integração e apoio, os profissionais enquanto grupo de trabalho se tornam
mais eficientes e eficazes na direção de melhores condições (MAILHIOT, 1981).
Assim, considerando o trabalho em equipe como uma alternativa para
alcançar resultados eficazes (PINHO, 2006), para promover a qualidade da
assistência e, principalmente, como um impulsor para transformações é que se
propôs essa pesquisa, que emerge da crença de que é possível, enquanto
profissionais da UUE, realizar assistência com qualidade, atentando também para a
I n t r o d u ç ã o | 25
qualidade de vida dos profissionais que são sujeitos de um dia-a-dia repleto de
desafios, desde que seja possível identificar problemas que interferem no bom
funcionamento da equipe de enfermagem. Os estudos de Dal Pai e Lautert (2005) e
Cezar e Marziale (2006) sinalizam os muitos problemas pelos quais esses
profissionais são sujeitos e a importância de iniciativas que protejam sua saúde
ocupacional.
Alcançar o melhor nível de trabalho em equipe é algo complexo, pois exige
grande esforço do grupo e da própria instituição, sendo necessário interesse e
disponibilidade dos profissionais. Um dos fatores que pode facilitar ou dificultar o
processo é o grau de envolvimento e desenvolvimento da equipe para enfrentar o
desafio de operar mudanças, objetivando a melhoria da qualidade da atenção
incorporada na sua prática diária. Esse movimento deve ser visualizado pela equipe
como um todo, pois se não mobilizada, pode enfrentar muitos conflitos e colocar o
projeto de mudança em risco (BITENCOURT, 2004; FORTUNA et al., 2005;
MOSCOVICI, 1996).
Trabalhar em equipe envolve movimentos e atitudes individuais como o
comprometimento, o querer, o compromisso de cada um e, principalmente, o
investimento no desenvolvimento do grupo de pessoas envolvidas (MOSCOVICI,
1996).
Considerando-se a possibilidade de desenvolver tecnicamente equipes para
o alcance de melhor desempenho, é fundamental que, inicialmente, sejam
mapeados os aspectos que as impulsionam para transformação, bem como aqueles
que restringem seu avanço (MAILHIOT, 1981; MOSCOVICI, 1996). À coexistência
desses movimentos, presentes em todo grupo humano, Lewin (1965) denominou
campo de forças.
É com este foco que se desenhou a presente pesquisa, buscando identificar
a existência desses fatores que potencializam o trabalho em equipe, nas situações
do cotidiano do trabalho de enfermagem no contexto da urgência e emergência,
considerando que esta potencialização, leva ao planejamento dos serviços,
estabelecimento de prioridades, intervenções mais criativas, e consequentemente,
melhora a qualidade da assistência (PINHO, 2006).
Tendo em vista o envolvimento da autora da presente dissertação nesse
processo e acreditando nas possibilidades de construir um caminho mais satisfatório
I n t r o d u ç ã o | 26
à equipe de trabalho e à própria instituição, no que diz respeito ao melhor
desempenho das equipes de enfermagem, é que se propôs o presente trabalho.
Acredita-se que ele poderá oferecer ferramentas aos gerentes de
enfermagem da instituição para lidar melhor com os desafios encontrados no dia-a-
dia. Também poderá facilitar o redimensionamento dos profissionais de enfermagem
com vistas ao trabalho em equipe, pautados na tomada de consciência sobre o
campo de forças que o envolve e mobiliza. Finalmente, a investigação poderá dar
subsídios para projetos/programas de desenvolvimento de equipe da instituição,
tendo como objetivo atingir o nível de equipe real, como é conceituado por Moscovici
(1996) como aquele onde as pessoas apresentam habilidades complementares, são
comprometidas umas com as outras, focadas no objetivo comum e apresentam uma
abordagem de trabalho bem definida.
Assim, considerando a importância estratégica do desenvolvimento das
equipes no contexto do trabalho em saúde e do grande investimento que a Diretoria
de Enfermagem da instituição em questão tem feito para o melhor desempenho dos
setores do hospital, este trabalho foi pensado para ser aplicado em uma grande área
do complexo hospitalar: a UUE Adulto por se tratar de uma área considerada “nobre”
enquanto porta de entrada para os clientes ao sistema de saúde, além do
envolvimento e compromisso da pesquisadora no referido setor.
O conhecimento dos fatores que dificultam o desempenho das equipes é
fundamental para que se indique pontos de conflitos que restringem esse
desempenho rumo ao atendimento de qualidade na assistência em saúde, assim
como aqueles que potencializam e podem não estar sendo valorizados.
Por outro lado, justifica-se a importância da realização do estudo por ser a
UUE, uma área de ritmo acelerado de trabalho de enfermagem, cujo processo
precisa estar sincronizado e o trabalho em equipe é indispensável. Finalmente,
destaca-se a relevância da realização deste estudo amparada no fato de que é
escassa a produção de pesquisas que focalizam o trabalho em equipe em UUE,
particularmente, na perspectiva em que se propõe a presente investigação.
I n t r o d u ç ã o | 27
1.1. Objetivos
1.1.1. Objetivo geral
Analisar as forças impulsoras e restritivas para o trabalho em equipe de
enfermagem em uma UUE Adulto de um hospital público, por meio da aproximação
ao referencial teórico de Kurt Lewin (1965).
1.1.2 Objetivos específicos
Caracterizar a equipe de enfermagem de uma UUE Adulto de um hospital
público quanto às informações sócio-demográficas e participação em cursos
oferecidos pela instituição.
Conhecer a concepção dos profissionais que integram a equipe de
enfermagem de uma UUE Adulto sobre trabalho em equipe.
Identificar as forças impulsoras e restritivas para o trabalho em equipe de
enfermagem em uma UUE Adulto na perspectiva de Kurt Lewin (1965).
Avaliar os fatores considerados facilitadores e dificultadores para o trabalho
em equipe na perspectiva dos profissionais da enfermagem de uma UUE
Adulto.
R e f e r e n c i a l t e ó r i c o m e t o d o l ó g i c o | 29
Esta parte do estudo apresenta-se organizada de forma a destacar os
fundamentos teóricos que subsidiam a pesquisa. Inicialmente são apresentados
alguns pontos considerados importantes para a compreensão do trabalho nas UUEs,
seus fundamentos, sua caracterização e a equipe de enfermagem que atua nesta
unidade. Posteriormente, recorre-se à temática trabalho em equipe, buscando
apresentar conceitos baseados na contribuição de Kurt Lewin .
2.1. A unidade de urgência e emergência e o trabalho da enfermagem
2.1.1. Unidades de urgência e emergência: histórico, conceitos, características e legislação
Os serviços de emergência ganharam relevância no atendimento às
necessidades de saúde da população a partir dos anos 50, principalmente, pelo
aumento considerável de clientes, em conseqüência, sobretudo, dos acidentes de
trânsito, do desenvolvimento de técnicas cirúrgicas e de atendimento aos grandes
traumas que possibilitaram o salvamento de muitas vidas (BOSSAERT, 1993). A
partir desse momento foi possível identificar alguns marcos importantes para o
desenvolvimento e consolidação das UUEs que são hoje importante porta de
entrada no sistema de saúde.
Em 1968 foi fundado nos Estados Unidos da América (EUA) o American
College of Emergency Physicians, legitimando a área de medicina de emergência,
servindo como órgão orientador quanto às normativas e diretrizes para assistência,
promovendo o debate científico e formando profissionais para atuar nesta área
(DESLANDES, 2000).
No final da década de 70, um encontro promovido pela Organização Mundial
de Saúde (OMS) estabeleceu recomendações para o planejamento e organização
dos sistemas de emergência. Em 1990 foi criado o Council, instituição composta por
profissionais de diversas áreas e que pretendia uniformizar os procedimentos
técnicos de manobras médicas para todos os sistemas de emergência dos países
europeus (BOSSAERT, 1993).
R e f e r e n c i a l t e ó r i c o m e t o d o l ó g i c o | 30
O desenvolvimento da qualidade do atendimento de emergência nos países
desenvolvidos, dos quais se destacam os EUA, ocorreu grande parte por um maior
investimento pelos hospitais nos profissionais (médicos e enfermeiros) que atuavam
neste setor nomeadamente (WEHBE; GALVÃO, 2001).
No Brasil, a resposta às emergências baseava-se na assistência dos
médicos da família em qualquer tipo de patologia, incluindo as graves, reservando-
se à assistência hospitalar casos determinados por critérios estabelecidos por estes
profissionais. Lentamente, esta idéia foi substituída pela de que uma ida à UUE era
sinônimo de uma consulta rápida. Esta alteração deveu-se, em grande parte, à
ineficiência dos serviços de atenção básica em dar resposta à grande procura de
clientes (RODRIGUEZ, 2002).
Atualmente, as urgências e emergências brasileiras enfrentam alguns graves
problemas, entre os quais se destacam profissionais com capacitação insuficiente
para trabalhar em emergências e o número insuficiente de unidades de pronto
atendimento não-hospitalares. Os grandes desafios à qualificação da assistência de
urgência e emergência são o acolhimento com classificação de risco, a melhoria da
resolubilidade e a humanização do atendimento (ALMEIDA, 2007).
A assistência às urgências ocorre ainda hoje, de forma predominante nos
serviços que funcionam exclusivamente para este fim (os chamados pronto-
socorros), estando ou não adequadamente estruturados e equipados. Estes
serviços, abertos nas 24 horas do dia, funcionam como porta de entrada do sistema
de saúde, acolhendo clientes de urgência propriamente dita, clientes com quadros
percebidos como urgências, clientes em acompanhamento na atenção básica e
especializada e as urgências sociais. Tais demandas misturam-se nas unidades de
urgência comprometendo o alcance dos objetivos deste local (CONSELHO
NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE, 2007; SECRETARIA DE
ASSISTÊNCIA À SAÚDE, 2002).
Urgências e emergências são condições em que o atendimento exige ações
e tratamento imediato e mediato em que existe risco de morte. Podem ser
classificadas como procedimentos de alta complexidade, havendo a necessidade de
aparatos tecnológicos que reabilitem os clientes em menor tempo possível e com o
menor grau de sequelas (PINHO; KANTORSKI; ERDMANN, 2005).
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (2002) define emergência como
unidade destinada a atender de clientes com risco de vida, cujos agravos
R e f e r e n c i a l t e ó r i c o m e t o d o l ó g i c o | 31
necessitam de atendimento imediato utilizando-se técnicas complexas de
assistência. Faz ainda uma distinção entre urgência de alta e baixa complexidade. A
urgência de alta complexidade é conceituada como “unidade destinada à assistência
de pacientes sem risco de vida, cujos agravos necessitam de atendimento imediato
utilizando-se técnicas complexas de assistência”. A urgência de baixa complexidade
é definida como:
...unidade destinada à assistência de pacientes sem risco de vida, cujos agravos necessitam de atendimento imediato utilizando-se técnicas simples de assistência. Pode estar inserida na unidade de emergência ou de alta complexidade (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2002 p. 140).
Para Mendes e Almeida (2005), urgência é a necessidade de atendimento
médico que pode aguardar um dia ou pouco mais, mas que precisa de garantia de
atenção médica dos serviços de pronto atendimento e, emergência é a situação de
risco de morte imediata. Os autores consideram também que atualmente esta
distinção é questionável, sendo mais adequado a utilização do termo composto:
urgência / emergência.
A Resolução nº 1.451/95 do Conselho Federal de Medicina (2005) que
estabelece normas de funcionamento de pronto socorro público e privado, define
urgência como uma ocorrência de agravo à saúde com ou sem risco potencial à
vida, exigindo assistência imediata. Como emergência, define a constatação de
condições de agravo à saúde que implicam em risco iminente de vida ou sofrimento
intenso, e que exige também atendimento médico imediato.
Para o Ministério da Saúde a Política Nacional de Saúde está organizada
nos níveis de: atenção básica, média e de alta complexidade. A Portaria nº 648/2006
do Ministério da Saúde, define atenção básica como:
...um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção, a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde (CONSELHO NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE, 2007, p.16).
É entendida como o primeiro nível da atenção à saúde no SUS, que se
orienta por todos os princípios do sistema, inclusive a integralidade, mas emprega
tecnologia de “baixa densidade” (procedimentos mais simples e baratos, capazes de
atender a maior parte dos problemas comuns à saúde da comunidade) (CONSELHO
R e f e r e n c i a l t e ó r i c o m e t o d o l ó g i c o | 32
NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE, 2007).
A atenção de média complexidade é definida como aquela composta por
ações e serviços que visam atender os principais problemas e agravos de saúde da
população, cuja complexidade da assistência na prática demanda a disponibilidade
de profissionais especializados e a utilização de recursos tecnológicos, para o apoio
diagnóstico e tratamento. A atenção de alta complexidade compreende o conjunto
de procedimentos que envolvem alta tecnologia e alto custo, objetivando propiciar à
população acesso a serviços qualificados, integrando-os aos demais níveis de
atenção à saúde (CONSELHO NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE, 2007).
Atualmente, os serviços de especialidade e a atenção hospitalar de média
complexidade tornaram-se a verdadeira porta de entrada do sistema de saúde,
atendendo diretamente grande parte da demanda que deveria ser atendida na rede
básica, perdendo-se tanto a qualidade no atendimento primário quanto no acesso da
população aos tratamentos especializados, representando ainda, ampliação
ineficiente dos gastos do SUS (MARQUES; LIMA, 2008; SECRETARIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE, 2007).
A organização de um sistema descentralizado de saúde é a garantia de
acesso aos serviços de saúde no Brasil. Descentralização significa a criação de
estratégias para a responsabilização compartilhada entre as três esferas de
governo, para que os municípios organizem de forma sustentável e em cooperação
com demais gestores, redes de atenção integral à saúde (SECRETARIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE, 2007).
Segundo Santos et al. (2003), o SUS preconiza, dentro de suas premissas
básicas, que as ações de saúde sejam descentralizadas, hierarquizadas e
regionalizadas, e que a rede de atenção deve ser constituída de forma a agrupar
serviços de complexidade crescente, configurando em níveis de atenção. No
entanto, a atenção às urgências, ao longo da existência do SUS, em sua maioria é
centrada nos hospitais (SANTOS, 2002).
Nos últimos anos houve aumento considerável na utilização pelo público dos
serviços hospitalares de emergência, embora seja uma utilização indevida, pois
cerca de 65% dos clientes atendidos poderiam ter sido atendidos em ambulatórios
ou em outros serviços (CARRET; FASSA; DOMINGUES, 2009; KALEMOGLU et al.,
2004; O’DWYER; OLIVEIRA; DE SETA, 2006).
R e f e r e n c i a l t e ó r i c o m e t o d o l ó g i c o | 33
O fluxo de usuários é determinado em grande parte pela procura
espontânea, culminando com superlotação das salas de urgência e emergência e,
consequentemente, com a baixa qualidade da assistência prestada (LUDWIG;
BONILHA, 2003; SANTOS et al., 2003). Uma das causas para esta situação é o
funcionamento do sistema de saúde e a baixa resolutividade da atenção básica. Em
muitos casos, os clientes permanecem nesse setor para aguardar uma vaga de
internação ou para conseguir acompanhamento ambulatorial nas diversas
especialidades (O’DWYER; OLIVEIRA; DE SETA, 2006).
Na tentativa de amenizar o problema da superlotação, muitos serviços têm
fechado suas portas, eventualmente, como estratégia para reprimir a demanda de
clientes e também passaram a ter seus leitos gerenciados por meio de um sistema
de regulação. Embora seja indiscutível o avanço no setor de saúde no Brasil, em
termos de ampliação da cobertura e níveis de atendimento, ainda persiste a
desigualdade regional no acesso, que é marcada em relação aos serviços mais
complexos. Isto gera também uma maior procura pelas UUEs (O’DWYER;
OLIVEIRA; DE SETA, 2006).
O Ministério da Saúde tem realizado diversas tentativas de organizar os
serviços de urgência e emergência e entre elas destacam-se as Portarias instituídas
desde 1995, sintetizadas no Quadro 1.
R e f e r e n c i a l t e ó r i c o m e t o d o l ó g i c o | 34
Quadro 1: Portarias instituídas pelo Ministério da Saúde relativas à organização e
sistematização dos serviços de urgência e emergência.
PORTARIAS CONTEÚDO Portaria GM/MS nº
1.692/1995 Institui o índice de valorização hospitalar de emergência.
Portaria GM/MS nº 2.923/1988
Institui o Programa de Apoio à Implantação dos Sistemas Estaduais de Referência Hospitalar em Atendimento de
Urgência e Emergência.
Portaria GM/MS nº 479/1999
Revoga a portaria anterior, e altera os mecanismos para a implantação dos sistemas estaduais de referência hospitalar em atendimento de urgência e emergência, os critérios para
classificação dos hospitais no sistema e a remuneração adicional.
Portaria GM/MS nº 824/1999 Cria as normas para o atendimento pré-hospitalar.
Portaria GM/MS nº 814/2001 Revoga a portaria anterior e estabelece conceitos, princípios e diretrizes da regulação médica das urgências e normaliza
o atendimento pré-hospitalar móvel de urgência.
Portaria GM/MS nº2048/2002
É aprovado o regulamento técnico dos sistemas estaduais de urgência e emergência.
Portaria GM/MS nº 1863/2003
Institui a Política Nacional de Atenção às Urgências. Estabelece que a referida política será composta pelos
sistemas de atenção às urgências e emergências estaduais, regionais e municipais organizadas e ainda, que deverá ser
instituída a partir dos componentes fundamentais estabelecidos no regulamento técnico dos sistemas
estaduais de urgência e emergência.
Portaria GM/MS nº 1864/2003
Institui o componente pré-hospitalar móvel por intermédio da implantação de Serviços de Atendimento Móvel de Urgência
(SAMU), suas centrais de regulação e seus núcleos de educação em urgência.
Portaria GM/MS nº 2072/2003 Institui o Comitê Gestor Nacional de Atenção às Urgências.
Portaria GM/MS nº 1828/2004
Institui incentivo financeiro para adequação da área física das Centrais de Regulação Médica de Urgência em estados,
municípios e regiões de todo território nacional.
Portaria GM/MS nº 2420/2004
Constitui Grupo Técnico – GT visando avaliar e recomendar estratégias de intervenção do Sistema Único de Saúde para
abordagem dos episódios de morte súbita.
Portaria GM/MS nº 2657/2004
Estabelece as atribuições das centrais de regulação médica de urgências e o dimensionamento técnico para a
estruturação e operacionalização das Centrais SAMU – 192. FONTE: Conselho Nacional de Secretários de Saúde, 2007; Ministério da Saúde, 2006.
R e f e r e n c i a l t e ó r i c o m e t o d o l ó g i c o | 35
Destaca-se nesse conjunto a Portaria 2.048/2002. Através dela, o Ministério
da Saúde reconheceu a relevância do setor de urgências e emergências e o
considerou como importante componente da assistência à saúde, e também uma
das áreas mais problemáticas. Reconheceu também o aumento da demanda de
atendimento, a insuficiente estruturação da rede assistencial e a grande distância
entre os municípios, prejudicando os primeiros atendimentos. Diante disto, resolveu
criar os chamados Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência, contribuindo para
a regionalização da assistência (SECRETARIA DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE, 2002).
A referida Portaria orienta ainda que as urgências e emergências no país
devem ser coordenadas pelos estados e municípios, que se responsabilizarão pelo
recebimento dos recursos, aplicação adequada e fiscalização no andamento das
propostas. Ela estabelece princípios e diretrizes de funcionamento, classificação e
cadastramento de serviços, por meio de uma rede assistencial integrada,
estruturada desde a rede pré-hospitalar até a rede hospitalar de alta complexidade
(unidades básicas de saúde, ambulatórios especializados, serviços de diagnósticos
e terapias, unidades não hospitalares e serviços de atendimento pré-hospitalar
móvel), qualificando e responsabilizando cada um dos componentes da rede
assistencial pela atenção de uma determinada parcela da demanda de urgência,
respeitando os limites de sua complexidade e capacidade de resolução
(CONSELHO NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE, 2007).
Ainda, reforçando a grande importância dos serviços de urgência e
emergência, a Política Nacional de Humanização (PNH), adotada pelo Ministério da
Saúde, destaca o atendimento nesta área. Humanização é a valorização dos
diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde (SECRETARIA-
EXECUTIVA, 2004) e, enquanto política transversal ao SUS supõe ultrapassar as
barreiras dos diferentes saberes que se ocupam da produção de saúde. Tal política
supõe troca de saberes, diálogo entre os profissionais e modos de trabalhar em
equipe (ALMEIDA, 2007; SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE, 2004;
SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE, 2008a). É uma estratégia de interferência
no processo de produção de saúde, levando em conta que sujeitos sociais quando
mobilizados, são capazes de transformar realidades transformando-se a si próprios
neste mesmo processo.
Além disso, a PNH direciona estratégias e modos de articulação das ações,
dos saberes, das práticas e dos sujeitos, potencializando a garantia de atenção
R e f e r e n c i a l t e ó r i c o m e t o d o l ó g i c o | 36
integral, resolutiva e humanizada. Utiliza-se de métodos e dispositivos para
consolidar redes, vínculos e a co-responsabilização entre gestores, trabalhadores e
usuários (SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE, 2006a; 2008b).
As linhas orientadoras para a humanização das UUEs são:
demanda acolhida por meio de critérios de avaliação de risco, garantindo
o acesso referenciado as demais níveis de assistência.
garantia da referência e contra-referência, resolução da urgência e
emergência, provido o acesso à estrutura hospitalar e a transferência
segura conforme a necessidade dos usuários;
definição de protocolos clínicos, garantindo a eliminação de intervenções
desnecessárias e respeitando a individualidade do sujeito;
promoção de atividades de valorização e de cuidados aos trabalhadores
da saúde, contemplando ações voltadas para a promoção da saúde e a
qualidade de vida no trabalho;
organização do trabalho com base em metas discutidas coletivamente e
com definição de eixos avaliativos, avançando na implementação de
contratos internos de gestão;
garantia de participação dos trabalhadores em atividades de educação
permanente (SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE, 2008a).
Uma das diretrizes de maior relevância da PNH é o acolhimento que
também tem contribuído para resolução de alguns problemas das UUEs. O
acolhimento é uma forma de funcionamento dos processos de trabalho em saúde,
de maneira a atender a todos que procuram os serviços de saúde, não somente por
meio de procedimentos, mas ouvindo seus pedidos e assumindo uma postura capaz
de acolher, escutar e dar respostas mais adequadas. Requer a prestação de
atendimento com resolutividade e responsabilização, orientando o cliente e a família,
quando necessário, em relação a outros serviços de saúde, para a continuidade da
assistência. O acolhimento favorece o desenvolvimento de uma relação de
confiança entre os serviços e os usuários (SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE,
2008c).
Nas UUEs o acolhimento é feito junto à sistemática da avaliação e
classificação de risco que pressupõe a determinação da rapidez no atendimento a
partir da análise de protocolos pré-estabelecidos e do grau de necessidade do
R e f e r e n c i a l t e ó r i c o m e t o d o l ó g i c o | 37
usuário, proporcionando atenção centrada no nível de complexidade e não na ordem
de chegada (SECRETARIA-EXECUTIVA, 2004).
2.1.2. Organização, aspectos físicos, estruturais e acesso às UUEs
A UUE tem caráter dinâmico e, principalmente por esta característica, exige
melhor organização de outras áreas do hospital que devem ser mantidas em
condições de utilização a qualquer momento. O sucesso do atendimento está
diretamente relacionado à disponibilidade de outras áreas como: laboratório,
radiologia, unidades de internação, unidade de terapia intensiva, centro cirúrgico e
banco de sangue (ALMEIDA, 2007). Ao estudar a caracterização desses serviços
Deslandes (2000) os compara a um subsistema de saúde, pois requerem vários
serviços associados.
A Resolução nº 1.451/95 do Conselho Federal de Medicina (2005) define
que os estabelecimentos de urgência e emergência devem ser estruturados para
prestar atendimento a situações de urgência e emergência, devendo garantir todas
as manobras de sustentação da vida, com condições de dar continuidade à
assistência local ou em outro nível de atendimento referenciado. Estes
estabelecimentos em conjunto com os serviços de emergência pré-hospitalar têm
contribuído eficazmente para a redução da morbidade e mortalidade
(ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD, 1998).
O acesso às UUEs é de grande importância, principalmente, quanto à
funcionalidade. Deve ser pensado para permitir bom controle da movimentação na
instituição evitando o cruzamento desnecessário de pessoas e materiais (AGÊNCIA
NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2002). Deve-se garantir que o acesso a
UUE seja bem sinalizado e livre de obstáculos (RODRIGUEZ, 2002).
As UUEs devem possuir características estruturais que são fundamentais
para seu bom funcionamento. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA),
por meio da resolução RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002, estabelece a
programação físico-funcional para esta unidade. Esta programação distingue
urgências de baixa e média complexidade, de urgências de alta complexidade e
emergências.
R e f e r e n c i a l t e ó r i c o m e t o d o l ó g i c o | 38
As unidades de urgências de baixa e média complexidade devem ser
compostas de: área externa para desembarque de ambulância, sala de triagem, sala
de serviço social, sala de higienização, sala de sutura e curativo, sala de
reidratação, sala de inalação, sala de aplicação de medicamentos, sala de gesso,
sala para exame indiferenciado, sala para exame diferenciado, sala de observação e
posto de enfermagem e serviços. Deve conter também ambientes de apoio como
área para notificação médica de clientes, área de recepção dos clientes, sala de
utilidades, sanitários e sala de espera para clientes e acompanhantes, depósito de
material de limpeza, área para guarda de macas e cadeira de rodas, rouparia, sala
administrativa e copa (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2002).
As unidades de urgências de alta complexidade e emergência devem
apresentar todos os ambientes das urgências de baixa e média complexidade,
acrescidos de posto de enfermagem, sala de serviços, sala de isolamento, sala
coletiva de observação de pediatria, salas coletivas de observação de adulto, sala
de procedimentos especiais, área de escovação e sala de emergência. Nas áreas de
apoio acrescenta-se ainda área para guarda de pertences de clientes, área para
estocagem de hemocomponentes, banheiros para clientes (sala de observação e
isolamento), rouparia, sanitários para funcionários, quarto de plantão, depósito de
equipamentos, posto policial e sala de distribuição de hemocomoponentes
(AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2002).
As UUEs são unidades que exigem profissionais suficientemente
preparados, qualificados e comprometidos para oferecer atendimento imediato e de
elevado padrão aos clientes que dela necessitam. As decisões do que deve ser feito
são tomadas de forma rápida e, preferencialmente, de forma assertiva (BARBETTI;
LEE, 2008). Para esses profissionais é indispensável o conhecimento técnico e
prático para que, além de transmitir segurança, possam atuar diminuindo os riscos
que ameaçam a vida do cliente e também minimizar a ansiedade e tensão do cliente
e de seus familiares (ALMEIDA, 2007; ANDRADE; CAETANO; SOARES, 2000;
WEHBE; GALVÃO, 2001).
Esses serviços têm como finalidade minimizar o sofrimento, retirar o cliente
de um quadro crítico e dar-lhe chance de se recuperar sem sequelas. Tem como
características o inesperado, o imprevisível e até mesmo o incontrolável (OLIVEIRA
et al., 2004). O grande desafio das UUEs é oferecer serviços de emergência e
urgência com qualidade, sendo um setor que precisa de investimentos, pois
R e f e r e n c i a l t e ó r i c o m e t o d o l ó g i c o | 39
segundo O’Dwyer, Oliveira e De Seta (2006), é altamente rentável em termos de
benefícios sociais, isto é, redução da mortalidade.
As atividades de assistência neste setor são responsabilidade de todos, com
ações que se iniciam desde o momento em que se toma conhecimento do cliente
até sua liberação por alta, transferência ou óbito.
As UUEs têm se constituído em locais onde a população procura soluções
para suas necessidades imediatas de saúde, e essa credibilidade se deve ao fato
das pessoas encontrarem nesse setor avaliação médica, assistência vinte e quatro
horas e a possibilidade de exames e avaliação de especialidades que, se
aguardassem para atendimento ambulatorial, talvez não conseguissem. Para a
população este serviço tem nível de resolutividade mais alto, o que mostra que, na
maioria das vezes, este é procurado em detrimento de outros que deveriam
funcionar conforme preconizados, o que gera o excesso de demanda de
atendimento (LUDWIG; BONILHA, 2003; MARQUES; LIMA, 2007).
Para Ludwig e Bonilha (2003) ao perceber um agravo a sua saúde e
considerando isto como algo merecedor de atenção, a população busca por livre
iniciativa um serviço de urgência para satisfazer suas necessidades. Ela utiliza seu
próprio conhecimento como forma de diagnóstico e opta pelo tipo de atendimento
com base na sua noção de gravidade. Apesar de alcançar um grau de satisfação
pelo acesso conseguido, acarretam uma inevitável superlotação nas UUEs.
Estudo realizado por Mendes e Almeida (2005) verificou que de 410 clientes
entrevistados quanto as razões para busca de assistência nas UUEs, 347 (84,6%)
referiram procura espontânea.
De uma forma geral, as principais causas que explicam a procura das UUEs
pela população são falta de acolhimento dos casos agudos de menor complexidade
na atenção básica; consideram o serviço na UUE mais qualificado e com melhor
acolhimento; rapidez no atendimento; porta de entrada para iniciar qualquer tipo de
atendimento médico; facilidade na obtenção de atendimento; referências pessoais e
de outras pessoas quanto a unidade; confiança e resolutividade (KALEMOGLU et
al., 2004; LEGA; MENGONI, 2008; LUDWIG; BONILHA, 2003; MENDES; ALMEIDA,
2005; SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE, 2006b).
Segundo Kalemoglu et al (2004) e Lee et al (2006) a procura pela UUE
poderá diminuir se forem implementadas medidas de educação com a população e
também, quando for aumentada a disponibilidade da rede de atenção básica.
R e f e r e n c i a l t e ó r i c o m e t o d o l ó g i c o | 40
Embora os serviços de urgência e emergência tentem cumprir seu papel
perante a sociedade para atender a demanda, o resultado tem se traduzido em
superlotação e em queda significativa na qualidade do atendimento prestado
(LUDWIG; BONILHA, 2003).
De acordo com a Constituição Federal Brasileira (CÂMARA DOS
DEPUTADOS, 2008), a saúde é um direito do cidadão, garantido por meio de
esforço conjunto da União, dos Estados e dos Municípios. Com base em tal direito, o
SUS foi instituído propondo o cuidado universal, integral e a equidade de acesso aos
serviços de saúde. Ainda foi prevista a construção de um modelo de atenção à
saúde, com serviços públicos e ações integradas a uma rede regionalizada e
hierarquizada, com base na complexidade das atividades assistenciais.
Segundo Santos (2002), apesar das conquistas sociais e políticas,
garantidas pela Constituição, os gestores do SUS e dos serviços assistenciais não
foram capazes de ajustar a introdução de mudanças fundamentais no modelo de
atenção à saúde e de formação dos seus profissionais.
As atividades assistenciais continuaram centradas nos hospitais que,
providos de recursos e de profissionais especializados garantem em todos os níveis
de complexidade o primeiro atendimento de clientes. Assim, as causas da
superlotação das UUEs, principalmente, nos hospitais universitários são a falta de
pactuação de uma rede assistencial, o controle insuficiente dos fatores de risco à
saúde individual e coletiva e o baixo rendimento dos serviços de atenção (SANTOS,
2002).
As UUEs dessas instituições recebem clientes sem encaminhamento
(demanda espontânea) ou com encaminhamentos inadequados. Elas são o acesso
mais rápido da população ao sistema de saúde. Atualmente esta já não é a
realidade em algumas instituições, que têm conseguido ordenar o fluxo de clientes
para os serviços hospitalares de referência, por meio do setor de acolhimento da
instituição e principalmente, pela central de regulação.
Nesse sentido a regulação surge como a estratégia de gestão do SUS que
tem como objetivo principal favorecer a universalidade e igualdade de acesso.
Abrange aspectos que vão desde legislação até aqueles que lidam diretamente com
o acesso do usuário aos serviços de saúde (SESAB SUS, 2009). É uma função da
gestão, que contempla a atuação sobre os sistemas de saúde, produção direta de
ações de saúde nos diversos níveis de complexidade ambulatorial/hospitalar e sobre
R e f e r e n c i a l t e ó r i c o m e t o d o l ó g i c o | 41
o acesso dos usuários à assistência nestes níveis (SCHILLING; REIS; MOARES,
2006).
O termo regulação ganhou maior divulgação a partir da Norma Operacional
da Assistência à Saúde (NOAS 01/2002), quando o conceito de regulação
assistencial passou a se disseminar no âmbito do SUS. Existem três tipos de
regulação: a Regulação sobre Sistemas de Saúde, Regulação da Atenção à Saúde
e a Regulação do Acesso à Assistência (SCHILLING; REIS; MOARES, 2006).
A Regulação sobre Sistemas de Saúde contém as ações de Regulação da
Atenção à Saúde e nestas inserem-se as ações de Regulação do Acesso à
Assistência (SCHILLING; REIS; MOARES, 2006).
A Regulação sobre os Sistemas de Saúde, enquanto regulação ampliada,
comporta algumas atividades especificas relacionadas à produção de serviços de
saúde, como a contratação, o cadastramento e avaliação. Essas atividades são
denominadas de regulação da atenção à saúde e visam à produção de serviços
adequados para as necessidades da população (SESAB SUS, 2009).
As ações de Regulação da Atenção à Saúde concentram-se na preparação
dos serviços de saúde de forma a garantir serviços em quantidade e qualidade de
acordo com as necessidades da população. Dessa forma, a atenção da Regulação
da Atenção à Saúde está dirigida aos prestadores de serviços de saúde públicos e
privados. Tem como objeto a produção das ações diretas e finais de atenção à
saúde. Os sujeitos desta regulação são os gestores municipais, estaduais e o gestor
federal (SCHILLING; REIS; MOARES, 2006).
A Regulação do Acesso à Assistência é a parte operacional, aquela
diretamente ligada à assistência. Está voltada para a disponibilização do recurso
mais apropriado às necessidades do usuário, sem perder de vista a priorização dos
casos. Implica em relações políticas, técnicas e de cuidado. Consiste em uma
organização de estruturas, tecnologias e ações dirigidas aos prestadores (públicos
ou privados), gerentes e profissionais, voltadas para viabilizar o acesso do usuário
aos serviços de saúde. Subsidia o redimensionamento da oferta (diminuição ou
expansão), contribui para otimizar a utilização de recursos de maneira a buscar a
qualidade da ação, a resposta adequada aos problemas clínicos e a satisfação do
usuário, ou seja, é um conjunto de ações que irão intermediar a demanda dos
usuários por serviços de saúde e o acesso a estes (SCHILLING; REIS; MOARES,
2006).
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Constituem-se ações da Regulação do Acesso à Assistência ou Regulação
Assistencial:
a regulação médica da atenção pré-hospitalar e hospitalar às urgências;
o controle dos leitos disponíveis e da agenda de consultas especializadas
e de SADTs (serviços de apoio, diagnóstico e terapêutico);
a padronização das solicitações de internações, consultas, exames e
terapias especializadas, por meio dos protocolos assistenciais;
o estabelecimento de referência entre unidades, segundo fluxos e
protocolos padronizados;
a organização de fluxos de referência especializada intermunicipal;
o controle e o monitoramento da utilização mais adequada dos níveis de
complexidade. (SCHILLING; REIS; MOARES, 2006).
É a partir da Regulação do Acesso à Assistência ou Regulação Assistencial
que se encontram as Centrais de Regulação.
As centrais de regulação podem ser de três tipos, conforme a sua área de
atuação: Central de Regulação de Urgência, Central de Regulação das Internações
e Central de Regulação de Consultas e Exames. O conjunto de centrais de
regulação forma o Complexo Regulador que congrega as centrais e utiliza outras
ações que visam regular o acesso à assistência (SCHILLING; REIS; MOARES,
2006).
As centrais orientam o fluxo de clientes dentro do sistema, otimizando
recursos e utilizando de forma racional os equipamentos existentes. Realizam
também a regulação dos leitos onde os clientes continuarão o tratamento clínico e
medicamentoso, além de receberem cuidados de enfermagem. Ela preserva os
espaços aptos a atender a alta complexidade, garantindo o atendimento imediato às
situações que colocam a vida em perigo iminente. Assim, clientes que não
demandam investigação e procedimentos especializados, em geral, não são mais
encaminhados às UUEs (SCHILLING; REIS; MOARES, 2006).
...regulação é a ordenação do acesso aos serviços de assistência à saúde. Esta ordenação atua pelo lado da oferta, buscando otimizar os recursos assistenciais disponíveis, e pelo lado da demanda, buscando garantir a melhor alternativa assistencial face às necessidades de atenção e assistência à saúde da população (PORTAL DA SAÚDE, 2009).
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No município de Goiânia – GO, a Central de Regulação Médica foi criada
juntamente com o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU), em 2004,
visando atender uma população de cerca de 1,1 milhão de habitantes. Neste
município, os clientes são atendidos na rede básica de saúde e havendo
necessidade de encaminhamento para instituição hospitalar é realizado contato com
a central de regulação de leitos hospitalares, que definirá o destino do cliente,
emitindo um código de autorização (RESGATE TREINAMENTOS, 2009).
2.1.3. O trabalho da equipe de enfermagem no contexto das UUEs
A enfermagem é uma profissão cuja essência se caracteriza pelo cuidado ao
ser humano, prestado em forma de assistência sistematizada, a partir de um
conjunto de conhecimentos específicos da área que ajudam na prevenção,
promoção e recuperação da saúde e na melhoria da qualidade de vida. É a maior
provedora de cuidados nas instituições hospitalares (ROCHA; ALMEIDA, 2000).
...a enfermagem é uma profissão a serviço do ser humano e da dinâmica que envolve quem cuida e quem é cuidado (seus clientes). O cuidado é, antes de tudo, um exercício dos seres humanos e uma arte de observar, saber e fazer (REGIS; PORTO, 2006, p. 567).
Pereira et al. (2005) afirmam que a assistência de enfermagem é prestada
por equipes de profissionais com capacitação nos níveis médio e superior, com
competências e atribuições diferenciadas, bem como atuam em uma grande
diversidade de campos de trabalho (hospitais, unidades básicas de saúde, escolas,
indústrias), nas quais participam de diferentes processos de trabalho e de
assistência à saúde individual, familiar e coletiva. Estes autores acrescentam que
qualquer que seja a formação do profissional, na prática, um diferencial que
enriquece a qualidade da assistência prestada é a motivação, que envolve e
compromete cada funcionário da enfermagem com a missão, diretrizes e objetivos
institucionais.
A motivação, bem como outros aspectos que interferem nas relações que
são estabelecidas no contexto da atenção em saúde, é fator primordial para o bom
desempenho das equipes de trabalho (BITENCOURT, 2004; LEVI, 2007;
R e f e r e n c i a l t e ó r i c o m e t o d o l ó g i c o | 44
MOSCOVICI, 2001a; WITTICH, 2006). De igual forma, a valorização de potenciais
para o trabalho e a crença na possibilidade da melhoria da qualidade de um serviço
prestado é proporcional ao investimento em processos motivacionais feitos junto ao
grupo de profissionais.
Assim, defende-se que a forma como a concepção do trabalho em equipe
seja elaborada e levada ao grupo de profissionais, seja fator indicativo de satisfação
ou não com o trabalho, e isso implica diretamente nos resultados da assistência, em
particular, do trabalho no contexto hospitalar. Com relação a essa problemática,
West e Lisboa (2001, p.17) destacam que
...um profissional insatisfeito e desmotivado pode afetar de forma marcante o clima organizacional de um setor hospitalar, induzindo outros membros da equipe a adotar uma postura semelhante, ou mesmo, desempenhando suas funções de forma inadequada e pouco eficiente.
Independente das condições do ambiente onde atua a equipe de
enfermagem é evidente que, enquanto força de trabalho, esta precisa dar lugar,
entre suas diversas atividades, para se traçar estratégias e planos que consolidem
metas e ações de modo a aumentar o nível de motivação para suas atividades e
celebrar envolvimento maior do grupo, determinando o compromisso com a equipe e
com o cliente, entre os diversos e grandes desafios que se impõem nesse ambiente
(ALVES; RAMOS; PENNA, 2005; WITTICH, 2006).
A assistência de enfermagem observa a necessidade de melhoria
continuada, atendimento eficaz, contínuo e livre de riscos para o cliente. A qualidade
desse atendimento deve ser primordial, considerando-se os aspectos técnicos,
científico e ético (BOLLER, 2003). Bittencourt e Hortale (2007) definem qualidade
como o grau com que os serviços de saúde satisfazem as expectativas,
necessidades e padrões de atendimento dos indivíduos. Também apresentam
dimensões da qualidade que são resolubilidade, eficácia e efetividade da atenção à
saúde; redução dos riscos à saúde; humanização das relações entre os
profissionais, entre os profissionais e o sistema de saúde, e entre os profissionais e
os usuários do sistema; presteza na atenção e conforto no atendimento ao usuário;
motivação dos profissionais de saúde, e por último, controle social na atenção e
organização do sistema de saúde do país.
R e f e r e n c i a l t e ó r i c o m e t o d o l ó g i c o | 45
A enfermagem é uma profissão que se desenvolveu inserida num grupo de
trabalho (equipe de saúde), e é alicerçada na equipe de enfermagem que deve estar
orientada para atingir a meta de oferecer o melhor cuidado, com a melhor qualidade.
Trabalhar em grupo é uma realidade no cotidiano da enfermagem, vivenciada em
todo o período de formação acadêmica. O enfermeiro aprende na graduação que o
trabalho em saúde deve ser focado na equipe e nas atuais políticas públicas de
saúde que centralizam a atenção na assistência à família e comunidade. Assim, a
equipe nunca foi tão colocada em evidência (ABREU et al., 2005; MUNARI;
FUREGATO, 2003).
Segundo Motta (2001), na enfermagem o termo é muito utilizado para
designar o grupo formado pelo enfermeiro, técnico e o auxiliar de enfermagem. No
entanto, é questionável o funcionamento desses profissionais em equipe, tendo em
vista o que é esperado do funcionamento das equipes no contexto do trabalho em
saúde. Na concepção deste autor, a compreensão do real significado de equipe é
fundamental para o atendimento adequado em saúde, pois para haver qualidade e
eficiência na assistência prestada é essencial a concepção coletiva do trabalho,
assim como sua execução. Para isso, a equipe pode ser instrumento facilitador do
cuidado, pois dela espera-se desempenho e eficiência superior à obtida na
execução individualizada do trabalho.
Há diferentes concepções sobre trabalho em equipe e a noção predominante nos serviços de saúde restringe-se à coexistência de vários profissionais numa mesma situação de trabalho, compartilhando mesmo espaço físico e uma mesma clientela – o que não se traduz automaticamente em integração dos trabalhos especializados. Portanto, cabe discutir e analisar outras possibilidades de definição do tema mais abrangentes, que ultrapasse o mero agrupamento de profissionais, e que contemplem o princípio da integralidade (PEDUZZI; SCHRAIBER, 2005, p. 2).
Thofehrn e Leopardi (2006) afirmam que na literatura de enfermagem há um
destaque especial ao estudo e prática do trabalho em grupo com clientes,
especialmente na área de saúde comunitária. Porém, quanto ao trabalho em equipe
há uma carência de modelos para formação de um grupo de trabalho unido, coeso,
com vínculos agregadores que favoreçam o desenvolvimento do cuidado
terapêutico.
O trabalho em equipe pode ser considerado como estratégia, diante das
constantes mudanças no ambiente, que exigem das instituições adequações,
R e f e r e n c i a l t e ó r i c o m e t o d o l ó g i c o | 46
observando que, atualmente, “políticas e estratégias tornam-se obsoletas num curto
espaço de tempo” (SCHULTZE, 2004, p.7). Ele também é considerado como uma
das formas de trabalho que mais tem contribuído para o desenvolvimento do
processo de melhoria da qualidade. Em outra perspectiva, trata-se de importante
ferramenta para que os enfermeiros venham repensar seu estilo de liderar,
trabalhando mais próximo dos funcionários e fazendo destes seus parceiros
(AGOSTINI, 2005).
Apesar da assistência em saúde ser fundamentalmente coletiva, o processo
de especialização e fragmentação é cada vez mais intenso, tendendo a aprofundar o
conhecimento sem contemplar a articulação das ações e dos saberes. Assim, a
proposta de trabalho em equipe acaba por ser transmitida como estratégia para
enfrentar as conseqüências negativas da intensa especialização e fragmentação de
saberes (PEDUZZI, 2001).
O atendimento e o tratamento de situações de emergência fazem parte de
um sistema de cuidados especializados, onde a participação da equipe de
enfermagem é fundamental para o sucesso na restauração de vidas e minimização
de sequelas, mas para isso, todos os recursos necessários para este atendimento
precisam estar disponíveis de forma imediata e em perfeitas condições de utilização
(GONÇALVES et al., 2007).
A UUE configura-se como um ambiente estressante e de sofrimento psíquico
para a equipe de enfermagem. O trabalho desenvolvido nesse ambiente se
diferencia dos demais setores, por exigir uma sincronização de ações, boa interação
entre os profissionais, funcionamento vinte e quatro horas ininterruptas e por ser um
espaço de livre acesso aos usuários para a solução dos problemas de saúde
(ALVES; GODOY; SANTANA, 2006; BATISTA; BIANCHI, 2006; CEZAR, MARZIALE,
2006; GILLINGAN et al., 2005; LIMA; ERDMANN, 2006; LOVALHO, 2004;
OLIVEIRA et al., 2004; WEHBE; GALVÃO, 2001).
Os profissionais, em especial a equipe de enfermagem que atua neste setor,
enfrentam diariamente uma dura rotina de trabalho, pois lidam com clientes
geralmente graves, enfrentam a superlotação, a falta de materiais e de recursos
humanos, a falta de investimento no setor e as exigências da instituição e da
sociedade. Trabalham em condições pouco adequadas, sendo constantemente
expostos a situações que geram impotência e frustração.
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É no trabalho real, no dia-a-dia institucional, que o trabalhador vai se deparar com as próprias limitações, tanto profissionais quanto institucionais, em que é visível a perda do controle sobre o processo de trabalho, tendo que se adaptar à cultura ou à ideologia da instituição, assim como às exigências dos usuários ao exercerem o direito de serem atendidos (OLIVEIRA et al., 2004, p. 181).
Estão vulneráveis não somente ao estresse, mas também a outras doenças
ocupacionais, conforme relatam Camelo e Angerami (2006), pelas características do
tipo de trabalho, proximidade com o cliente e familiares, seus problemas e limitações
(ANDRADE; CAETANO; SOARES, 2000).
Os profissionais da UUE necessitam de conhecimento, destreza técnica e
participação ativa junto às equipes interdisciplinares. Devem ser ágeis, ter raciocínio
rápido de forma a adaptar-se de imediato a cada situação apresentada. Precisam ter
em mente que os saberes quanto à saúde não são estáticos, e que a cada dia
surgem novas descobertas, novas técnicas, materiais e equipamentos, que exigirão
atualização constante (ANDRADE; CAETANO; SOARES, 2000; BAGGIO;
CALLEGARO; ERDMANN, 2008).
Por não se poder definir o tipo de cliente que a unidade irá receber, também
é necessário trabalho em equipe, compreensão mútua, prevenção de acidentes e
sequelas e organização da unidade, para que não haja perda de tempo na
realização de qualquer procedimento (ANDRADE; CAETANO; SOARES, 2000).
Independentemente das condições físicas, estruturais e humanas, o cuidado
deve sempre ser prestado levando em consideração a humanização da assistência,
de forma que os profissionais tenham suas ações respaldadas dentro de princípios
éticos e suas intervenções sejam sustentadas por tecnologia da melhor qualidade
possível, valorizando a qualidade de vida do cliente (BOLLER, 2003).
O espaço de cuidado em uma UUE configura-se em oportunidade de
exercício da solidariedade, da construção humana e do resgate da cidadania. É o
espaço onde qualquer gesto realizado pelo profissional de saúde, por mais breve
que seja, constitui alternativa para aliviar um indivíduo que sofre, com uma “postura
curvada e um rosto triste” (PINHO; KANTORSKI; ERDMANN, 2005, p.8).
Encontram-se nessa unidade diversas situações, as quais impulsionam
diferentes reações humanas. Para algumas pessoas é possível, com a ajuda dos
familiares, lidar com perdas e o sofrimento causados por uma internação. Para
outras, a situação é mais complexa, exigindo entendimento e compreensão por parte
R e f e r e n c i a l t e ó r i c o m e t o d o l ó g i c o | 48
dos cuidadores. A atenção, o olhar, a escuta atenta e interessada, por mais breve
que seja, pode acalmar e aliviar o sofrimento de um indivíduo marcado pela tristeza,
pela ausência de apoio ou pelo desespero diante do risco de morte que a UUE
impõe (PINHO; KANTORSKI, 2006).
Apesar da consideração de Amestoy, Schwartz e Thofehrn (2006), que
coloca que o processo de humanização no trabalho da enfermagem é uma questão
a ser refletida devido às inúmeras dificuldades enfrentadas por estes profissionais, é
preciso colocar que a enfermagem, independente do seu local de atuação tem como
objeto de trabalho o ser humano e precisa integrar na sua prática o cuidado
humanizado (TRONCOSO; SUAZO, 2007). Destaca-se aqui a compreensão de que
cuidado é mais do que um simples ato, é uma atitude. É mais que um momento de
zelo e atenção. Representa uma “atitude de ocupação, de preocupação, de
responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro” (BOFF, 2003, p.33)
A equipe de enfermagem tem papel primordial nas UUEs pelo seu
atendimento imediato, destreza, conhecimento, habilidade, sensibilidade e também
por sua capacidade de enfrentar situações de estresse, visando principalmente a
qualidade do atendimento ao cliente, um atendimento eficaz, contínuo e assertivo.
2.2. Fundamentos do trabalho em equipe: uma aproximação ao referencial teórico de Kurt Lewin
Atualmente, visando atender às exigências atuais de um mercado muito
competitivo, muitas instituições têm promovido a busca da qualidade como fator
diferencial na manutenção de seu espaço. Estas instituições se veem forçadas a
modificar os processos de trabalho com o objetivo de produzir mais e com
qualidade, tendo como foco a satisfação do cliente (KURCGANT, 2005).
Para melhor utilizar as habilidades de seus profissionais, as organizações
têm procurado reestruturar seus processos de trabalho em torno de equipes.
Acreditam, segundo Robbins (1999), que trabalhando em equipe podem competir de
forma mais eficaz e eficiente, e ainda, que por gerarem energia positiva por meio de
esforço coordenado, apresentarão desempenho maior do que a soma das atividades
individuais.
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O interesse pelo trabalho em equipe aparece em todos os processos de
produção, na indústria e nas empresas em geral, desde a década de 60. Na
enfermagem a proposta surgiu na década de 1950, nos Estados Unidos, por meio de
experiências realizadas no Teacher’s College da Universidade de Columbia. No
Brasil, os resultados dessa proposta e das experiências em curso foram divulgados
em 1966 pela Associação Brasileira de Enfermagem, por meio da publicação do livro
Equipe de Enfermagem Organização e Funcionamento (PEDUZZI; CIAMPONE,
2005).
A partir de 1970 as propostas do trabalho em equipe multiprofissional de
saúde ganharam ênfase no Brasil, surgindo como estratégia para redesenhar o
trabalho e promover a qualidade dos serviços. No entanto, vale considerar que esta
nova forma de trabalho representa grande desafio, pois vários obstáculos dificultam
a passagem do desempenho individual para o desempenho coletivo, além de que as
equipes enfrentam uma variedade de fatores que interferem no seu processo de
estruturação (MERHY; FRANCO, 2003; PEDUZZI; CIAMPONE, 2005).
Nessa perspectiva, Pinho (2006, p.2) argumenta que
A incorporação deste novo modelo capacita o profissional a ter uma percepção mais abrangente, dinâmica, complementar e integrada. Juntamente com as habilidades e competências técnicas, as habilidades relacionais que capacitam o indivíduo a estabelecer relações interpessoais com base na cooperação, também tem sido requeridas. É esperado do funcionário um envolvimento e uma internalização dos objetivos e missão da organização, de forma a se tornar um colaborador (PINHO, 2006, p. 2).
Desde o final do século passado, Moscovici (1996) já destacava que a
maioria dos especialistas indicava que o futuro pertenceria às organizações
baseadas em equipes. Mais recentemente, Peduzzi e Schraiber (2005, p.1)
contextualizam que
...o trabalho em equipe tem sido proposto na área de saúde, há décadas, visto que a complexidade crescente das práticas neste campo tem tornado evidente que a eficiência, eficácia e efetividade das intervenções resulta de uma produção coletiva. Requer portanto, coordenação e articulação de um conjunto muito diversificado de ações, executadas por um elenco também variado de agentes.
A partir dessas reflexões e com a chegada do que Moscovici (1996)
chamava de futuro, chegaram também as percepções de que dos grupos emanam
potenciais e fenômenos (reativos ou não), plausíveis de identificação, definição,
R e f e r e n c i a l t e ó r i c o m e t o d o l ó g i c o | 50
discussão e, principalmente, com vistas a estabilizar, estimular e sincronizar com o
dia-a-dia de atividades voltadas para um contexto relevante: a interação interpessoal
disciplinada para o cuidado humano (BITENCOURT, 2004; MOSCOVICI, 2001b).
Nessa perspectiva, Peduzzi e Ciampone (2005, p.117), consideram que
Uma equipe usa as habilidades, as competências e os recursos de todos os seus membros, planeja suas atividades, é sistêmica em seu processo decisório e de resolução de problemas, e empenha-se para chegar à produtividade máxima.
Para Motta (2001) as equipes são formas mais estruturadas dos grupos de
trabalho e se formam por competências, são estruturadas em relações flexíveis,
abertas a novas ideias e têm criatividade para resolução de problemas.
No trabalho em equipe a responsabilidade é tanto individual como coletiva e
as habilidades são complementares. Há integração gerencial de habilidades e
talentos individuais para produzir serviços de maneira mais eficiente e efetiva
(MOTTA, 2001; ROBBINS, 1999). Para Robbins (1999) as equipes também têm
capacidade de se formarem, desdobrarem e se dissolverem rapidamente.
Peduzzi e Ciampone (2005) destacam que em uma equipe todos os
membros sentem-se responsáveis pelo sucesso da equipe, se empenham para
manter relações de cooperação por meio do estabelecimento de objetivos comuns,
comunicação aberta, reconhecimento e apoio recíprocos, sentem-se como parte
integrante da instituição. O trabalho em equipe não exige a eliminação das
especificidades dos trabalhos, pois as diferenças técnicas expressam a possibilidade
de contribuição da divisão do trabalho para a melhoria dos serviços prestados, à
medida que a especialidade permite aprimoramento do desempenho técnico em
determinada área de atuação, bem como maior produção (PEDUZZI, 2001).
Moscovici (1996; 2001b) conceitua equipe como formas mais estruturadas
de um grupo de trabalho, pois compreende seus objetivos e está empenhado em
alcançá-los, de forma compartilhada. Nele a comunicação é verdadeira e opiniões
diferentes são estimuladas. A confiança é grande, as habilidades complementares
dos seus componentes possibilitam alcançar resultados e os objetivos comuns
determinam seu propósito e direção.
A autora considera a equipe como um grupo com funcionamento qualificado,
que usa as suas habilidades, competências e os recursos de todos os seus
membros e empenha-se para chegar à produtividade máxima. Afirma ainda que
R e f e r e n c i a l t e ó r i c o m e t o d o l ó g i c o | 51
grupos existem em todas as organizações, mas equipes ainda são raras, embora o
termo seja muito utilizado. Nelas, o desempenho é coletivo e o resultado é maior que
a soma das partes individuais, pois “há um bocado de diferença entre as pessoas
trabalhando juntas num projeto e todas elas apenas trabalhando ao mesmo tempo”
(MOSCOVICI, 1996, p.5).
Atualmente é possível encontrar vários conceitos do trabalho em equipe que
evidenciam as características de um trabalho integrado, com comunicação e
confiança. Mais do que nunca essa tendência parece destacar que o foco do
trabalho em equipe é baseado no esforço coletivo na busca de objetivos e nas
metas comuns, em clima de confiança, respeito, cooperação, comunicação aberta e
clara entre seus membros (ABREU et al., 2005).
Existem fatores que podem influenciar na organização e no alcance da meta
de se atingir o nível de equipe. Esses são influenciados pelo fato da existência de
indivíduos, técnico, social e psicologicamente diferentes, e dessa forma, a busca do
resultado do cuidar na assistência ao cliente, pode sofrer interferências se não
houver um espírito de equipe e união, o que pode comprometer seus objetivos
comuns (FELLI; PEDUZZI, 2005; PEDUZZI, 2006, 2007).
Assim, pode-se dizer que o trabalho em equipe é um instrumento para o
alcance das necessidades e tendências da Política Nacional de Saúde, não somente
do ponto de vista do grupo a ser cuidado, mas também do grupo de cuidadores. Um
dos pontos propostos pela PNH é o “fortalecimento do trabalho em equipe
multiprofissional, fomentando a transversalidade e a grupalidade” (SECRETARIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE, 2008a, p. 21) e também, um modelo de gestão centrado no
trabalho em equipe e na construção coletiva que garantam que o poder seja
compartilhado, por meio de análises, decisões e avaliações construídas
coletivamente (SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE, 2008d).
Tendo em vista os diversos conceitos apresentados sobre o trabalho em
equipe, destaca-se nesta pesquisa a gênese desse processo, cujos fundamentos
dão base à presente dissertação de mestrado e que são apresentados a seguir.
O trabalho em equipe é uma grande ferramenta para melhoria do processo
de trabalho, entretanto, não é fácil atingir o nível de equipe. Existem inúmeros
fatores que podem dificultar este processo (PEDUZZI, 2001). Moscovici (1996)
recomenda como uma possibilidade de mapear as dimensões necessárias ao
desenvolvimento de equipes de trabalho, a análise de campo de forças, enquanto
R e f e r e n c i a l t e ó r i c o m e t o d o l ó g i c o | 52
técnica valiosa para planejamento de mudanças psicossociais. Considera as forças
como elementos ativos que se conjugam para determinar o nível de atividade
específico da situação em dado momento. Elas atuam em diversas direções, em
quantidades variáveis e em graus diferentes
Ao conceituar campo de forças essa autora está fundamentada na
perspectiva de Kurt Lewin (1948), químico, físico, filósofo e psicólogo norte
americano de origem alemã, que modificou profundamente o curso da psicologia e é
apontado como um dos maiores psicólogos contemporâneos. Fundador do Centro
de Pesquisa em Dinâmica de Grupo em Harvard, ele criou e introduziu no
vocabulário dos psicólogos o termo “dinâmica de grupo”. Sua preocupação era
elaborar uma psicologia dos grupos que fosse ao mesmo tempo dinâmica e
gestáltica. Seu trajeto como pesquisador caminhou para a formulação de
pressupostos teóricos sobre os grupos, aplicando sua teoria em seu próprio grupo
de trabalho (KURT LEWIN, 2000; MAILHIOT, 1981).
Lewin foi profundo inspirador dos autores da Escola das Relações Humanas
e das demais outras teorias desenvolvidas a partir dessa. Criou a teoria de campo
de forças que define os movimentos presentes nos grupos que impulsionam a
realização de tarefas e, por conseguinte, facilitam a coesão do trabalho grupal,
influenciando positivamente os resultados do desempenho do grupo. A esse
movimento Lewin (1948) denominou de forças impulsoras. De forma contrária, as
forças restritivas são aquelas que restringem os movimentos de coesão e acordo
entre os membros do grupo, influenciam negativamente o movimento do grupo, bem
como comprometem o desempenho dos grupos no desenvolvimento de suas tarefas
(LEWIN, 1948).
O desenvolvimento da teoria de campo de forças de Lewin teve como
objetivo explicar a motivação do comportamento humano para o trabalho coletivo,
sendo que essa se baseia nos princípios de que o comportamento humano é
derivado da totalidade de fatos coexistentes e ainda que esses fatos coexistentes
têm o caráter de um campo dinâmico, no qual cada parte do campo depende de
uma inter-relação com as demais partes.
Nessa perspectiva, Lewin defende que o comportamento humano não está
condicionado só às vivências passadas ou futuras mas, principalmente, do campo
dinâmico atual e presente. Seus pensamentos são fundamentados na base da
gestalt, o que confere a idéia de dinamicidade do comportamento e das dinâmicas
R e f e r e n c i a l t e ó r i c o m e t o d o l ó g i c o | 53
interacionais. Esse campo dinâmico é definido como o espaço de vida que contém a
pessoa e o seu ambiente psicológico (LEWIN, 1965; MAILHIOT, 1981).
Influenciado pelos pesquisadores da matemática e da física, a teoria de
Lewin propõe uma equação para explicar o comportamento humano: C = f (P,M)onde o comportamento (C) é função (f) ou resultado da interação entre a pessoa (P)
e o meio ambiente (M) que a rodeia (LEWIN, 1965).
A partir dessa concepção é definido o termo ambiente psicológico, que
pressupõe o ambiente tal como ele é percebido e interpretado pela pessoa, sendo
relacionado diretamente com as atuais necessidades do indivíduo. Nesse ambiente,
objetos, pessoas e situações podem adquirir valências, que determinam o campo
dinâmico de forças psicológicas. Essas valências podem ser positivas (quando
podem ou prometem satisfazer necessidades presentes do individuo), ou negativas
(quando podem ou prometem ocasionar algum prejuízo) (LEWIN, 1948, 1965;
MAILHIOT, 1981). Dessa relação foram criados os termos “forças impulsoras” e
“restritivas” que utilizamos no contexto do presente trabalho.
As forças impulsoras são as que tendem a aumentar o nível de atividade do
indivíduo com o grupo, ou seja, elas impulsionam positivamente uma determinada
situação. As restritivas são as que tendem a baixar o nível dessa atividade e limitam
o movimento do grupo (MOSCOVICI, 1996). Ao se delinear estas forças chega-se a
duas possibilidades: ampliar a intensidade das forças impulsoras ou reduzir as
restritivas. Analisar um campo de forças significa identificar quais são as forças
impulsoras e quais são as restritivas, cujas análises trarão diretrizes associadas ao
equilíbrio ou não dessas forças. Havendo necessidade de intervenção, deverão ser
utilizadas estratégias para favorecer as forças impulsoras ou para tentar reduzir a
intensidade das forças restritivas (MOSCOVICI, 1996; 2001b).
Segundo Moscovici (1996), a análise dessas forças é uma técnica valiosa
para planejamento de mudanças e resolução de problemas. A partir dela, a
criatividade é estimulada pelo fato de requerer a descoberta e interpretação de
elementos objetivos e subjetivos, lógicos e não-lógicos, racionais e emocionais,
como forças atuantes num dado contexto – tempo. As forças atuam em diversas
direções com intensidade variável. Se houver equilíbrio entre elas não haverá
movimento e, sem movimento, não haverá saída da situação – problema.
A mesma autora também coloca que a técnica de análise do campo de
forças compõem-se de quatro etapas:
R e f e r e n c i a l t e ó r i c o m e t o d o l ó g i c o | 54
1ª. Descobrir as forças atuantes na situação problema e distribuí-las em
duas listas;
2ª. Estimar sua intensidade e desenhar o diagrama do campo de força;
3ª. Categorizar as forças atuantes em uma das três categorias principais: eu
(engloba fatores que se relacionam à pessoa como indivíduo, tais como
motivação, talentos, timidez); outros (abrange fatores referentes a outras
pessoas, tais como liderança, competência, conflitos e simpatia);
ambiente (compõe-se de elementos não referentes a pessoas, tais como
ambiente físico, recursos materiais). A maior dificuldade desta etapa está
em reconhecer e colocar o eu como força atuante, em especial como
força restritiva na situação problema.
4ª. Criar alternativas de mudanças: definido o campo de forças, existem
duas opções: ampliar a intensidade das forças impulsoras ou
converter/diminuir as forças restritivas (MOSCOVICI, 1996).
Em geral, essa técnica é desenvolvida tendo como suporte metodológico a
pesquisa ação, que também foi criada por Lewin (MAILHIOT, 1981; MOSCOVICI,
1996).
A análise desse movimento permite a observação do nível de funcionalidade
dos grupos de trabalho e a identificação de fatores que possam mostrar
possibilidades para o seu crescimento e aprimoramento na direção de uma equipe
com desempenho mais qualificado (MOSCOVICI, 1996).
Um grupo de trabalho é aquele que interage, principalmente, para
compartilhar informações e tomar decisões que ajudem cada membro a
desempenhar suas tarefas individualmente. Nesse tipo de processo, existe
simplesmente a soma das contribuições de cada membro do grupo separadamente
e a responsabilidade permanece individualizada. As habilidades de seus
componentes são variadas e se juntam quase ao acaso. Não se cultiva a
colaboração e a união (ABREU et al., 2005).
O grupo pode ser analisado pela sua composição, estrutura e ambiente,
Neste caso, estudam-se as pessoas que o compõem, as posições ocupadas por
elas no grupo, suas relações entre si, o espaço físico e o psicossocial do grupo.
Ainda pode ser estudado considerando sua dinâmica e os componentes que
constituem as forças em ação. Quando se visualiza o grupo como um campo de
forças, em que umas concorrem para movimentos de avanço e outras, para o
R e f e r e n c i a l t e ó r i c o m e t o d o l ó g i c o | 55
retrocesso, é importante destacar que algumas se ressaltam no seu funcionamento
como: objetivos, motivação, comunicação, processo decisório, relacionamento,
liderança e inovação. Todos esses componentes influenciam decisivamente para a
definição de normas de funcionamento e estabelecimento do clima do grupo
(MOSCOVICI, 2001b).
Não é fácil estabelecer diferenças precisas entre grupo e equipe, mas pode-
se dizer que um grupo pode se transformar em equipe, e isto segundo Moscovici
(1996), acontece quando ele passa a prestar mais atenção à sua forma de
funcionamento e procura resolver os problemas que o afetam.
Um grupo que se desenvolve como equipe necessariamente incorpora à sua dinâmica as habilidades de diagnose e de resolução de problemas. Esse novo modo de funcionar torna-se tão natural que deixa de ser uma ferramenta disponível para utilização somente em circunstâncias específicas. É a característica da equipe em todas as ocasiões, em todos os processos grupais que passa a prevalecer (MOSCOVICI, 1996, p.5-6).
O desenvolvimento de equipe é concebido como uma transformação
qualitativa do todo, não se tratando de uma simples mudança de procedimentos e
técnicas (MOSCOVICI, 1996). A autora define ainda os estágios de desempenho de
grupo, elaborados a partir do que Katzenbach e Smith (1993) nomearam de curva de
desempenho de equipe, que permite classificar os grupos de acordo com seu modo
de funcionamento, podendo se apresentar em cinco posições, conforme
apresentado no Quadro 2.
R e f e r e n c i a l t e ó r i c o m e t o d o l ó g i c o | 56
Quadro 2: Estágios de desempenho de grupo.
ESTÁGIOS CONCEITOS
Pseudo – equipe Grupo em que cada um tem seu trabalho a ser feito, mas ninguém se
preocupa com o desempenho coletivo, e nem mesmo tenta conseguí-lo.
Grupo de trabalho Grupo cujos membros partilham informações entre si, mas cada pessoa assume individualmente as responsabilidades por suas
tarefas e objetivos, independente do resultado coletivo.
Equipe potencial
Grupo que quer verdadeiramente produzir um trabalho conjunto e necessita ter uma orientação direcionada, ou seja, os membros precisam de orientação sobre como trabalhar juntos, bem como
precisam ser esclarecidos sobre a finalidade das tarefas e os objetivos a serem alcançados.
Equipe real
Grupo composto de pessoas com habilidades complementares e comprometidas umas com as outras. Tem missão e objetivos
comuns e abordagem de trabalho bem definida. Todos confiam uns nos outros e assumem plena responsabilidade pelo desempenho da
unidade.
Equipe de elevado desempenho
Grupo cujos membros estão profundamente comprometidos com o crescimento pessoal de cada um e com o sucesso deles mesmos e
dos outros. Todos confiam uns nos outros, assumem plena responsabilidade pelo desempenho da unidade e conseguem obter
resultados muito além das expectativas. Fonte: Moscovici (1996)
O desenvolvimento do grupo nestas posições não acontece repentinamente;
é um processo que atinge os sistemas pessoais e interpessoais, pensamentos,
sentimentos e valores dos membros dos grupos (MOSCOVICI, 1996).
Assim, tomando como base esses fundamentos foi que se construiu o
percurso metodológico que orientou a presente dissertação.
M e t o d o l o g i a | 58
3.1. Tipo de estudo
Pesquisa de natureza exploratória e descritiva. O estudo exploratório é
utilizado com o objetivo de obter maiores informações sobre um tema. Sua principal
finalidade é desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias. É desenvolvido
para proporcionar uma visão geral acerca de determinado fato e é realizado
especialmente quando o tema escolhido é pouco explorado. É importante considerar
também que estudos exploratórios começam com algum fenômeno de interesse e
mais do que observar e descrever, investigam a sua natureza complexa e os outros
fatores com os quais ele está relacionado (GIL; 2007). O estudo descritivo descreve
e documenta os aspectos da situação como características, variações, importância e
significado dos fatos e fenômenos de determinada realidade. Possibilita inclusive um
diagnóstico quantitativo, quando pertinente, da situação vivida, direcionando a
melhoria das práticas em saúde e sugerindo novos rumos para pesquisas futuras
(GIL; 2007; LOBIONDO-WOOD; HABER, 2001; POLIT; BECK; HUNGLER, 2004;
TRIVINOS, 2008).
3.2. Cenário do estudo
Estudo desenvolvido em um hospital público universitário localizado na
região Centro-Oeste do país, que presta atendimento exclusivo a usuários do SUS.
É considerado referência no estado de Goiás, nas diversas especialidades médicas
e é certificado pelos Ministérios da Saúde e da Educação como Hospital de Ensino.
É campo de formação de alunos de graduação (enfermagem, farmácia, fisioterapia,
psicologia, odontologia, medicina, nutrição, serviço social) da própria universidade e
de outras instituições de ensino públicas e privadas do Estado e ainda, é campo de
atividades práticas para técnicos e auxiliares de enfermagem em formação.
A instituição possui 306 leitos hospitalares distribuídos em nove unidades de
internação (maternidade, pediatria, ortopedia, medicina tropical, clínica médica,
clínica cirúrgica e unidades de terapia intensa neonatal, cirúrgica e médica), e leitos
destinados ao atendimento de urgência/emergência distribuídos em duas unidades
M e t o d o l o g i a | 59
(UUE Adulto e o Serviço de Emergência e Urgência Pediátrico). Devido à grande
demanda de atendimentos estas unidades também mantêm clientes em regime de
internação.
Segundo o levantamento estatístico realizado pela Comissão de
Processamento de Dados da instituição, no ano de 2006 foram realizadas em média,
1008 internações clínicas e/ou cirúrgicas.
A instituição também possui serviço de apoio diagnóstico em radiologia,
laboratório de análises clínicas e patológicas, hemodinâmica, terapia substitutiva
renal, banco de sangue, centro cirúrgico e centro obstétrico. Possui ainda,
ambulatórios para atendimentos de diversas especialidades médicas e conta com
um centro de referência em oftalmologia.
A equipe multiprofissional de saúde é formada por profissionais da
enfermagem farmacêuticos, fisioterapeutas, assistentes sociais, médicos,
fonoaudiólogos, nutricionistas e psicólogos. Sua principal força de trabalho é
constituída pela equipe de enfermagem (mais de 70%), que são vinculados à própria
universidade e também às Secretarias Municipal e Estadual de Saúde. Esta equipe
é composta por 158 enfermeiros, dos quais 96 estão na assistência direta ao cliente,
e os demais ocupam cargos na diretoria do hospital, na gerência dos serviços de
enfermagem ou na gerência de outros serviços não ligados diretamente à
assistência de enfermagem. Ainda compõem a equipe 550 técnicos e 121 auxiliares
de enfermagem.
Especificamente, o estudo foi desenvolvido na UUE Adulto. A escolha do
local se deu por se tratar de área estratégica no que se refere à porta de entrada dos
clientes na instituição, a qual exige trabalho em equipe afinado e eficiente.
Segundo relato de profissionais já aposentados, esta unidade surgiu em
1964 durante a intervenção militar no Estado, quando foi exigido da diretoria a
criação de um serviço de urgência. Localizada no térreo, a UUE é constituída por
seis enfermarias, uma sala de observação com 11 leitos, sala de reanimação com
dois leitos, uma sala de sutura e outra para atendimentos ortopédicos, e oito
consultórios. Existe ainda uma unidade setorial da farmácia que atende
exclusivamente à demanda desse setor.
Apresenta várias entradas o que apesar de facilitar a chegada dos clientes
externos e internos, prejudicam o andamento do trabalho. Permitem a circulação de
muitas pessoas, principalmente, funcionários de outros setores, que utilizam a
M e t o d o l o g i a | 60
unidade como passagem para entrada e saída, aumentando o fluxo e o tumulto nos
corredores.
É também um local de ventilação e iluminação inadequadas, com espaço
físico pequeno para a demanda e inapropriado para um atendimento humanizado
aos clientes internados, por contar com número reduzido de banheiros, poucos
leitos, tomadas e pintura desgastadas, corredores estreitos, local inespecífico para o
preparo das medicações, consultórios sem estrutura e sem materiais para o
atendimento.
Por se localizar distante de setores como a sala de acolhimento e a
farmácia, dificulta o atendimento e gera a necessidade dos clientes serem avaliados
pelo médico ainda na ambulância, por não conseguirem ir ao setor de acolhimento.
Ainda, há o desgaste dos profissionais que precisam a cada atendimento se
deslocarem à farmácia.
A disponibilidade de materiais e equipamentos é limitada, em função do
sucateamento de alguns e ainda da alta incidência de desaparecimento de
glicosímetros, estetoscópios, pinças de bandejas e materiais para curativos (o
descontrole de acesso de pessoas no local facilita essas ocorrências.
É um setor tumultuado, que funciona descaracterizado de emergência e
urgência, por receber clientes que poderiam ser atendidos nas unidades básicas de
saúde e por manter internados, clientes com doenças crônicas, não classificadas
como casos de urgência ou emergência, o que contribui para o aumento do número
de clientes internados nos corredores em acomodações inadequadas como macas,
poltronas e cadeiras.
Atualmente, a UUE Adulto atende uma média de 1.821 clientes/mês, sendo
a maioria dos atendimentos urgências clínicas como infarto agudo do miocárdio,
diabetes descompensada, insuficiência respiratória, insuficiência renal, intoxicações
e complicações vasculares.
O acesso da população à unidade se dá por meio do sistema de regulação
em saúde e demanda espontânea, precedido pela Classificação de Risco realizada
pelo Setor de Acolhimento da instituição.
M e t o d o l o g i a | 61
3.3. População e amostra do estudo
Participaram do estudo profissionais da equipe de enfermagem da UUE, que
demonstraram interesse, disponibilidade e que estavam na escala mensal de junho
e julho de 2008, após serem informados sobre os objetivos e características do
estudo. Os critérios para inclusão dos profissionais foram atuar na equipe de
enfermagem da unidade há pelo menos um ano (em razão da necessidade dos
mesmos terem experiência acumulada na referida equipe) e estar trabalhando na
época da coleta.
Considerando-se os critérios de inclusão e a adesão dos profissionais da
equipe à pesquisa obteve-se um total de 80% de participação da população. Entre
os 20% restantes, além daqueles que não se enquadraram nos critérios de inclusão,
estavam os que se recusaram a participar e aqueles que fizeram parte do teste
piloto quando da construção do instrumento de coleta. No período da coleta,
trabalhavam na UUE 55 profissionais.
Os profissionais foram convidados a participar durante o plantão, momento
em que assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice A),
sendo informados e orientados quanto aos objetivos da pesquisa, forma de
condução da mesma, procedimentos e agendamento da coleta dos dados.
3.4. Estratégias para coleta de dados
3.4.1. Delineamento do instrumento
Embora Moscovici (1996) preveja o desenvolvimento da análise do campo
de forças em quatro etapas, neste trabalho, foram aplicados apenas até o terceiro
passo. Isso ocorreu porque a utilização da técnica em sua complexidade exige
abordagem focada na pesquisa ação, para que os participantes da equipe
examinem em conjunto o campo de forças e, por meio do quarto passo, criem
M e t o d o l o g i a | 62
coletivamente alternativas de mudanças e experimentem juntos como potencializar
as forças impulsoras e converter / diminuir as restritivas.
A proposta inicial do presente estudo foi desenhada nessa perspectiva, mas
por indisponibilidade do grupo estudado em acolher essa proposta, os
pesquisadores reestruturaram o projeto. Assim, nessa pesquisa, focaliza-se apenas
o mapeamento e mensuração das forças, que foi possível após a construção de um
instrumento que viabilizou a coleta, partindo da disponibilidade do grupo para
participação individual.
O instrumento de coleta de dados (Apêndice B) foi construído tendo como
embasamento a Teoria de Campo de Forças de Kurt Lewin e a proposta
apresentada por Moscovici (1996), no que se refere ao mapeamento das dimensões
no desenvolvimento de equipes de trabalho, bem como a vivência da pesquisadora
na unidade, haja vista a necessidade de se estudar, nesse contexto, aspectos
relacionados ao ambiente onde se dá o trabalho.
Optou-se por elaborar um questionário estruturado em duas partes, sendo
que a primeira trata dos dados de identificação e a segunda foi estruturada com
questões divididas em três tópicos (Apêndice B).
1ª Parte: constituída de 13 (treze) perguntas fechadas e uma aberta, para
caracterizar os integrantes da equipe da referida UUE quanto a dados de
identificação (idade, gênero e escolaridade), dados profissionais (tempo de
formação, tempo de atuação na enfermagem, tempo de atuação na unidade,
tempo de atuação na instituição, carga horária semanal de trabalho na
unidade, tipo de vínculo trabalhista, se trabalha em outro local e o motivo
pelo qual foi lotado na unidade). Há ainda uma questão para informar a
participação em cursos oferecidos pela instituição e os benefícios deste para
o trabalho em equipe.
2ª Parte: subdividida em três tópicos:
I. Níveis de desempenho do grupo de trabalho: refere-se à definição
de níveis de desempenho do grupo de trabalho, contendo uma questão
fechada para investigar a concepção dos profissionais sobre seu
grupo.
II. Componentes da dinâmica do grupo de trabalho: contêm sete
questões abertas que trazem os elementos que orientam a interação
da equipe de trabalho e podem facilitar ou dificultar o andamento da
M e t o d o l o g i a | 63
equipe: objetivos, motivação, comunicação, liderança, processo
decisório, inovação e relacionamento interpessoal.
III. Caracterização do ambiente, dos aspectos estruturais e de
organização: refere-se à caracterização do ambiente, dos aspectos
estruturais e de organização onde a equipe atua. Contém 11 (onze)
questões abertas considerando os aspectos que facilitam e dificultam o
trabalho em equipe na unidade, relacionados a cada item. Apresenta
também outras duas questões onde o sujeito pode citar outros fatores
que considera facilitadores ou dificultadores para o trabalho em equipe,
que não foram contemplados nos demais itens do instrumento.
Depois de construído, o questionário foi submetido à avaliação de três
experts, que analisaram a pertinência das questões aos objetivos propostos, sendo
uma profissional da área de psicologia, e duas da área de enfermagem, sendo uma
na área de Urgência e Emergência e outra na área de Trabalho em Equipe.
Além disso, para calibrar o questionário foi realizado um teste piloto com três
profissionais da equipe de enfermagem da unidade em maio de 2008, selecionados
por meio de sorteio. Esses profissionais, além de esclarecidos sobre a legalidade da
participação no estudo, enquadravam-se nos critérios de inclusão da pesquisa e
ajudaram na verificação da aplicabilidade do instrumento, na clareza dos enunciados
e no tempo para preenchimento do mesmo. As respostas obtidas indicaram que o
mesmo estava claro o suficiente para se dar início à coleta definitiva dos dados,
apesar de ter indicado a necessidade de um longo tempo para respondê-lo.
3.4.2. Procedimento de coleta de dados
Os dados foram coletados no período de junho a julho de 2008. Após
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, foi entregue aos
profissionais da equipe de enfermagem o questionário. Nesse momento foi feita a
leitura conjunta, principalmente da segunda parte, esclarecendo dúvidas para melhor
preenchimento e agendamento de um momento para devolução do mesmo.
Considerando o tamanho do instrumento e sua complexidade, o processo de
coleta foi trabalhoso, pois exigia tempo para a orientação dos sujeitos, o que
M e t o d o l o g i a | 64
demandava o seu afastamento temporário das atividades da UUE. O tempo médio
para responder o questionário foi de aproximadamente uma hora e trinta minutos. A
adesão dos profissionais à pesquisa foi considerada satisfatória já que se obteve
80% de participação, mesmo com a aplicação dos critérios de inclusão.
A coleta de dados foi um grande desafio, pois muitos instrumentos foram
respondidos durante o período de trabalho, o que demandava o afastamento do
profissional de suas atividades. Nesse período, a demanda de atendimento da
unidade estava alta e o número de profissionais reduzido.
3.5. Responsabilidade ética
A pesquisa teve o consentimento institucional e foi submetida ao Comitê de
Pesquisa Médica Humana e Animal do Hospital das Clínicas da Universidade
Federal de Goiás, sendo aprovada sob o protocolo de número 156/07 (Anexo A).
Foram garantidos o sigilo e o anonimato em relação às informações levantadas na
coleta de dados, e o compromisso de que os dados seriam utilizados apenas para
fins científicos, em atendimento ao que estabelece a Resolução 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1996).
3.6. Processamento e análise dos dados
Os dados obtidos por meio dos questionários foram inicialmente digitados
exatamente como registrados pelos participantes. Esse processo gerou o conjunto
das forças atuantes nas situações problema apresentadas, o que permitiu estimar a
intensidade das mesmas, segundo o que recomenda Moscovici (1996) para esse
processo de mapeamento.
Em seguida, os dados foram submetidos ao processo de análise de
conteúdo, especificamente, na modalidade temática, tal como proposto por Bardin
(2007). Esse processo consistiu da leitura exaustiva dos dados, onde se buscou
identificar palavras e expressões que se relacionavam as dimensões do Eu, Outro
M e t o d o l o g i a | 65
ou Ambiente conforme proposto por Moscovici (1996), para identificar as forças
impulsoras e restritivas para o trabalho em equipe.
Essa forma de organização da análise vem ao encontro das diferentes fases
de análise de conteúdo, citadas por Bardin (2007): pré-análise, exploração do
material, tratamento dos resultados, inferência e a interpretação.
Após a primeira distribuição dos dados brutos nas referidas dimensões e em
função do grande volume de dados gerados na coleta, estes foram sendo agrupados
por semelhança. A partir desse primeiro agrupamento, o processo foi refinado por
meio de validação do seu conteúdo, por um grupo de pesquisadores que estudam o
tema e que auxiliaram nessa etapa da pesquisa. Esse exercício levou à construção
das categorias, da descrição do seu conteúdo, do número de dados agrupados e do
percentual representado pelos mesmos, em relação ao número total de itens
incluídos em cada dimensão (Eu, Outro e Ambiente) e se eram elementos que
impulsionavam ou restringiam o trabalho em equipe.
Os dados são apresentados em forma de tabelas e, conforme previsto nas
orientações de Bardin (2007) para o desenvolvimento do processo de análise de
conteúdo na modalidade temática e sinalizam a categoria, sua descrição e
percentual da mesma no conjunto dos dados por dimensão.
Destaca-se que devido à riqueza e volume dos dados gerados na
investigação, esse foi o caminho escolhido para desenvolver a análise dos dados
apresentados, embora seja possível outras formas de análise do mesmo material.
Os resultados e sua discussão são apresentados na sequência.
A p r e s e n t a ç ã o e d i s c u s s ã o d o s r e s u l t a d o s | 67
A primeira etapa da apresentação dos resultados consiste na caracterização
dos participantes da pesquisa, seguida da concepção dos mesmos sobre os “Níveis
de Desempenho do Grupo de Trabalho”.
A segunda etapa apresenta o mapeamento das forças atuantes na UUE
segundo a perspectiva da equipe de enfermagem.
4.1. Caracterização dos profissionais da UUE
Participaram do estudo 44 profissionais que integram a equipe de
enfermagem da UUE. A caracterização destes profissionais quanto a dados
pessoais, categoria profissional e escolaridade estão descritos na Tabela 1.
Tabela 1: Caracterização dos 44 profissionais da unidade de urgência e emergência
adulto, segundo a idade, gênero, categoria profissional e escolaridade. Goiânia,
2009.
Variáveis Frequência (n=44) %Idade (anos)
25 – 35 anos 15 34,036 – 45 anos 13 29,546 – 55 anos 14 32,0Mais de 55 anos 02 4, 5
Gênero Masculino 09 20,0Feminino 35 80.0
Categoria profissional Enfermeiro 05 11,0Técnico de Enfermagem 33 75,0Auxiliar de Enfermagem 06 14,0
EscolaridadeEnsino médio completo 23 52,0Ensino superior completo 15 34,0Ensino superior incompleto 06 14,0
A análise da Tabela 1 permite verificar que a UUE é constituída, em sua
maioria, por trabalhadores jovens, haja vista que 28 (63,6%) dos profissionais têm
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entre 25 e 45 anos. Apenas 2 (4,5%) servidores tem mais de 55 anos. Os
profissionais do sexo feminino estão em maior número (80%), bem como a categoria
profissional de Técnico de Enfermagem, com 75% dos profissionais. Segundo
Delgado e Oliveira (2005), a predominância de mulheres na profissão, está
relacionada ao próprio contexto histórico do surgimento da enfermagem e seu
reconhecimento como profissão. Elia e Navarro (2006) também afirmam que é
característica do trabalho hospitalar a grande porcentagem de mulheres.
Pelos dados obtidos, verifica-se a preocupação do profissional com sua
qualificação e crescimento, visto que muitos são Técnicos ou Auxiliares de
Enfermagem na instituição, mas têm curso superior em Enfermagem ou em outros
como: letras, teologia, pedagogia, administração, psicologia, direito e fisioterapia.
Esta colocação também se refere aos profissionais enfermeiros, mas em número
menor. O Gráfico 1 mostra a porcentagem de profissionais que apresentam curso
superior em outras áreas, que não a de enfermagem.
Gráfico 1: Qualificação dos profissionais da unidade de urgência e emergência de
um hospital de ensino. Goiânia, 2009.
Dos 11 (25%) profissionais que têm outro curso superior, que não o de
enfermagem, apenas um é enfermeiro. Do total de profissionais do nível médio (39),
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é importante citar que quatro (10,2%) tem curso superior completo em Enfermagem
e três (7,6%) estão cursando.
Estes dados ressaltam que a qualificação de vários profissionais é maior do
que as exigências de sua função. Essa qualificação pode melhorar a eficiência do
trabalho, a competência profissional e o nível de satisfação pessoal.
A Tabela 2 apresenta o tempo de formação e atuação dos profissionais na
enfermagem e na instituição.
Tabela 2: Tempo de formação e atuação dos 44 profissionais da UUE, na
enfermagem e na instituição. Goiânia, 2009.
Variáveis Frequência (n=44) %Tempo de formação
01 – 05 anos 04 9,006 - 10 anos 14 32,011 - 15 anos 08 18,016 - 20 anos 10 23,021 ou mais 08 18,0
Tempo de exercício na enfermagem 01 – 05 anos 06 13,606 - 10 anos 14 32,011 - 15 anos 06 13,616 - 20 anos 10 22,721 ou mais 08 18,1
Tempo de atuação na instituição 01 – 05 anos 19 43,006 - 10 anos 14 32,011 - 15 anos 08 18,016 - 20 anos 01 2,021 ou mais 02 5,0
Quanto ao tempo de formação e exercício na enfermagem, destacam-se 14
(32%) profissionais que têm entre seis e dez anos. Em relação ao tempo de atuação
na instituição, um número importante 19 (43%), atuam entre um e cinco anos.
Os profissionais apresentam equivalência entre o tempo de formação e
atuação na enfermagem, o que demonstra que estes sujeitos, logo que se formaram
entraram no mercado de trabalho. Estes dados também demonstram que a
instituição onde a pesquisa foi realizada, foi o primeiro local de trabalho de alguns
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destes profissionais, pois 14 (32%) deles estão na instituição entre seis e dez anos.
É importante considerar que estes profissionais tiveram a oportunidade de iniciar sua
vida profissional em um hospital escola, de grande porte, o que pode favorecer o seu
desenvolvimento e a aprendizagem na prática assistencial.
A Tabela 3 mostra o tempo de atuação dos profissionais na UUE, sua carga
horária e vínculo trabalhista, considerando que há profissionais com diferentes
vínculos na unidade, pois são funcionários da Universidade Federal de Goiás, da
Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas – FUNDAHC e também cedidos da
Secretaria Municipal de Saúde.
Tabela 3: Tempo de atuação dos 44 profissionais na UUE, carga horária semanal,
tipo de vínculo trabalhista e outros trabalhos. Goiânia, 2009.
Variáveis Frequência (n=44) %Tempo de atuação na unidade
01 – 05 anos 24 54,006 - 10 anos 13 30,011 - 15 anos 06 14,021 ou mais 01 2,0
Carga horária semanal de trabalho na unidade 30 horas 41 93,040 horas 03 7,0
Tipo de vínculo trabalhista Concursado da UFG 32 73,0Contratado pela SMS 01 2,0Contratado pela FUNDAHC 11 25,0
Trabalha na enfermagem em outro local Sim 26 59,0Não 18 41,0
A maioria dos profissionais atuam na unidade entre um e cinco anos, com
carga horária predominante de trinta horas, sendo que 32 (73%) são concursados
da universidade. Estes dados demonstram que, apesar do ritmo acelerado e
estressante da UUE, muitos profissionais permanecem no setor desde sua entrada
na instituição.
A fixação dos profissionais em uma unidade é extremamente importante
quando se considera que a experiência pode ser acumulada, pode-se fortalecer os
vínculos com os demais profissionais e o conhecimento do funcionamento da
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unidade e da própria instituição é mais concreto, o que pode facilitar a assistência.
Por outro lado é necessário considerar que existe também grande risco quando o
indivíduo permanece muito tempo num mesmo local, pois diante das diversas
dificuldades encontradas no dia-a-dia de trabalho e por não observarem mudanças
na unidade durante o tempo em que ali atuam, podem acomodar-se com a situação
e tornarem-se resistentes a mudanças. Esse fato pode ser prejudicial para a
dinâmica do trabalho e para o desenvolvimento da equipe.
Muitos profissionais (59%) têm outro emprego na área de enfermagem.
Destes, 25 tem mais um vínculo e um tem, além da UUE mais dois.
Segundo Alves e Évora (2002), atualmente tanto no setor público como no
privado, os trabalhadores da área de saúde apresentam dupla ou até mesmo tripla
jornada de trabalho, o que favorece o não estabelecimento de vínculos maiores com
a instituição e com o cliente. A necessidade de ter outro emprego para aumentar a
renda mensal exige maior esforço físico e mental do profissional (DELGADO;
OLIVEIRA, 2005).
A Tabela 4 mostra o modo como os profissionais na UUE foram lotados na
unidade e também sua participação em cursos de capacitação oferecidos pela
instituição.
Tabela 4: Designação dos profissionais para trabalhar na UUE e sua participação
em cursos de capacitação. Goiânia, 2009.
Variáveis Frequência (n=44) %Designação para trabalhar na unidade
Indicação hierárquica 25 57,0Escolha própria 14 32,0Outros motivos 05 11,0
Tem participado de cursos de capacitação - Sim 16 36,0Não 28 64,0
A maioria dos profissionais (57%) está na unidade por indicação hierárquica.
Os demais referem outros motivos como compatibilidade do horário disponível do
profissional com a necessidade da unidade, troca de contrato, permuta, fechamento
da unidade que trabalhava anteriormente e também unidade anterior sem perfil para
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mudanças que o profissional esperava. Destacam-se deste grupo, 14 (32%)
profissionais que tiveram a UUE como escolha própria.
Em relação aos cursos de capacitação oferecidos pela instituição, a minoria
(36%) referiu já ter participado. Para Silva, Conceição e Leite (2008), a educação
continuada é um elemento essencial nos programas de formação e desenvolvimento
dos profissionais. Ela faz parte da política de qualificação dos trabalhadores
focalizada nas necessidades de transformação da prática.
A Tabela 5 lista os benefícios gerados pelos cursos oferecidos pela
instituição ao trabalho em equipe.
Tabela 5: Benefícios gerados pelos cursos de capacitação oferecidos pela
instituição listados pelos profissionais para o trabalho em equipe. Goiânia, 2009.
Benefícios Frequência (n=30) %Capacitação profissional para melhoria da qualidade do serviço 06 20,0
Relacionamento interpessoal 06 20,0Conhecimento dos aparelhos, do colega e dos pacientes 05 17,0Desempenho das atividades com mais rapidez e qualidade 05 17,0Humanização do serviço 06 20,0Valorização da equipe 02 6,0
Somente alguns profissionais listaram os benefícios e dentre eles,
destacaram-se a capacitação profissional, o relacionamento interpessoal e a
humanização do serviço.
Partindo da classificação proposta por Katzenbach e Smith (1993), citada
por Moscovici (1996), para caracterizar o modo de funcionamento dos grupos, a
Tabela 6 mostra como os sujeitos da pesquisa descrevem o nível de desempenho
do grupo da UUE.
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Tabela 6: Níveis de desempenho do grupo de trabalho de enfermagem da UUE na
perspectiva dos profissionais. Goiânia, 2009.
Níveis de desempenho Frequência (n=44) %Pseudo- equipe 02 5,0Grupo de trabalho 19 43,0Equipe potencial 12 27,0Equipe real 06 14,0Equipe de elevado desempenho 05 11,0
Grande parte dos profissionais (43,0%), se reconhecem como um grupo de
trabalho, ou seja, aponta que a equipe de enfermagem se parece com um tipo de
grupo em que todos partilham informações entre si, mas cada pessoa assume
individualmente as responsabilidades por suas tarefas e objetivos, independente do
resultado coletivo. Destacam-se ainda 12 (27%) profissionais que identificaram seu
grupo de trabalho como equipe potencial, ou seja, um grupo que quer produzir um
trabalho coletivo e necessita de uma orientação direcionada.
Parcelas menores se reconhecem como equipe real (14%), equipe de
elevado desempenho (11%) e pseudo-equipe (5%). O fato de muitos dos
profissionais se reconhecer como grupo de trabalho, retrata claramente a dinâmica
do trabalho na UUE, em que estes executam individualmente suas tarefas durante
os atendimentos de emergência, sabem que os procedimentos foram realizados de
forma assertiva e conseguem compartilhar essas informações sem deixar nada para
ser realizado.
Essa explicação no entanto, não elimina a possibilidade do desenvolvimento
da equipe da UUE para níveis de melhor desempenho, em que se pode aprimorar
tanto os aspectos técnicos do trabalho, quanto os relacionais, em particular aqueles
relacionados à melhoria da qualidade da assistência e dos resultados coletivos
(MOSCOVICI, 1996).
4.2. Análise das forças atuantes na UUE
Para o tratamento dos dados contidos na segunda parte, tópicos I e II do
questionário, foram consideradas todas as respostas dos sujeitos dadas a cada item.
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Tendo em vista que o número de respostas foi variado entre os participantes, a
coleta gerou um total de 3387 respostas.
Ao serem submetidas à análise, 3004 (89%) respostas foram consideradas
válidas para o processo de categorização definida a priori, 234 (7%) estavam sem
respostas, 40 (1%) eram respostas sem sentido e 109 (3%) eram sugestões para a
melhoria de vários aspectos do serviço.
Quando se pondera o tamanho e complexidade do instrumento verifica-se
que os dados não utilizados representam uma pequena parcela dos mesmos e não
comprometem a investigação como um todo. Assim, na continuidade do processo de
análise serão utilizadas apenas as 3004 (89%) respostas consideradas válidas.
O primeiro passo da análise foi baseado nas recomendações de Bardin
(2007) articulado ao referencial teórico utilizado, o que viabilizou a distribuição dos
dados nas dimensões estudadas, quando se trata da dinâmica do trabalho em
equipe. Vale destacar ainda que para esta análise não foi utilizada a teoria de campo
de Kurt Lewin na sua complexidade e sim, uma aproximação no que diz respeito ao
diagnóstico das forças. Isso constitui, na perspectiva de Moscovici (1996) parte do
processo de análise do campo de forças, haja vista que, na sua completude ainda
faltariam as etapas de intervenção no grupo e avaliação das possíveis mudanças.
O fato de não se ter considerado todas as etapas na presente pesquisa,
decorre do tempo necessário para o desenvolvimento desse processo, que seria
incompatível com o prazo destinado ao mestrado, acrescido ainda de uma
indisponibilidade inicial da equipe em participar de trabalhos grupais, como já
mencionado na metodologia.
Assim, os dados foram agrupados nas dimensões relativas ao Eu (engloba
fatores que se relacionam à pessoa como indivíduo, tais como motivação, talentos,
timidez); ao Outro (abrange fatores referentes a outras pessoas, tais como liderança,
competência, conflitos e simpatia) e ao Ambiente (compõe-se de elementos não
referentes a pessoas, tais como ambiente físico, recursos materiais) (MOSCOVICI,
1996). A Tabela 7 ilustra o resultado desse primeiro processo.
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Tabela 7: Mapeamento geral das forças restritivas e impulsoras para o trabalho em
equipe na UUE nas dimensões do Eu, Outro e Ambiente. Goiânia, 2009.
DimensõesForças impulsoras Forças restritivas
Totaln % n %
Eu 496 61 319 39 815
Outro 329 49 336 51 665
Ambiente 381 27 1050 73 1431
Nenhuma força 67 72 26 28 93
Total 1273 42 1731 58 3004
Considerando os dados contidos na tabela 7, pode-se afirmar que nas forças
existentes no grupo de enfermagem da UUE as restritivas (58%) predominam,
porém isso se dá em função de um desequilíbrio no que se refere à dimensão do
Ambiente. Nas demais dimensões observa-se uma tendência ao equilíbrio, o que se
aproxima do que Lewin (1965) denominou de equilíbrio “quase estacionário”.
Se há equilíbrio, não há movimento e sem movimento não há saída para o
problema, não há mudanças, porque o grupo não tem consciência destas forças
atuantes e não está aberto para o processo de mudança. Talvez o primeiro sinal
desse resultado possa estar relacionado ao momento em que o grupo se recusou a
participar da proposta inicial do trabalho. O que chama a atenção, é que para que
aconteçam mudanças, se faz necessário o rompimento deste campo de forças,
provocando um desequilíbrio (MOSCOVICI, 1996).
Foram identificados pelos sujeitos mais fatores restritivos (57,62%) do que
impulsores para o trabalho em equipe na unidade estudada, embora o peso maior
destes recaia sobre o Ambiente, com 1050 (35%) respostas. Destacam-se também
nos impulsores, aqueles relacionados à dimensão do Eu (16,51%).
Isso é importante, pois mostra que o grupo tem uma imagem favorável de si
mesmo, o que poderá ser transformado em motivação ou em outros elementos que
poderão estimular o melhor desempenho da equipe. Segundo Martins (2002),
quando o indivíduo se conhece e se aceita com suas características tem melhores
condições de fazer opções de mudanças pessoais.
O bom relacionamento, a amizade, a ética, a dedicação, bom senso, a
agilidade, entre outras tantas características individuais apresentadas pelos sujeitos,
são parte importante e, às vezes, até mais relevante que os recursos materiais no
A p r e s e n t a ç ã o e d i s c u s s ã o d o s r e s u l t a d o s | 76
que se refere à qualidade de atendimento, pois todos os atributos individuais podem
ser compartilhados, o que faz com que o outro cresça e, consequentemente, leva à
melhor assistência.
Por outro lado, segundo Moscovici (2001b, p.166)
As pessoas tendem, em geral, a ignorar ou minimizar seu próprio papel na situação ao fazerem um diagnóstico. Quando as forças referentes ao eu são incluídas no campo de forças, aparecem mais frequentemente como forças impulsoras. É realmente difícil perceber, reconhecer e aceitar o papel que o eu desempenha como força restritiva numa situação problema.
Para Lewin (1948) as ações e reações de um grupo são influenciadas pelo
conjunto de suas características pessoais em processo de interação. O grupo de
enfermagem deste estudo, como a própria teoria refere, é formado por profissionais
com características diferentes e algumas delas como a inveja, liderança,
inflexibilidade, o conhecimento técnico, podem se sobressair, o que gera conflitos no
ambiente de trabalho e, consequentemente, reduz o nível de desempenho do grupo.
Outro fator importante no grupo é a interação entre seus membros, que
segundo Moscovici (2001b) é um processo complexo, desafiante e difícil que ocorre
permanentemente entre as pessoas. Dependendo da forma como se dá esta
interação, o relacionamento interpessoal poderá ser harmonioso permitindo
comunicação verdadeira, confiança, objetivos comuns, compartilhamento de
conhecimento, experiência e energias, facilitando até mesmo o desenvolvimento de
uma equipe. Ele também poderá ser cheio de conflitos, com desunião e
desintegração de esforços (MOSCOVICI, 1996; 2001b).
No presente estudo, as forças relacionadas à dimensão do Outro também se
encontram em equilíbrio, com 329 (10,9%) itens impulsores e 336 (11,1%) restritivos.
Destaca-se nessa dimensão a presença do equilíbrio quase estacionário (LEWIN,
1965; MOSCOVICI, 2001b), o que chama a atenção para necessidade de
investimento dos gestores em ações no sentido de reverter esta situação, podendo
melhorar o desempenho destes profissionais em equipe.
Quanto ao ambiente, foram evidenciadas mais características restritivas
(73,3%), que precisam ser trabalhadas visando à transformação destas em forças
impulsoras. Talvez este percentual maior possa ser explicado em decorrência das
dificuldades financeiras por que passa a instituição e estas refletem diretamente no
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ambiente de trabalho, sendo percebido pelos profissionais como indiferença da
instituição com a UUE.
Por se tratar de um hospital escola, mantido com recursos do FIDEPS (Fator
de Incentivo ao Desenvolvimento do Ensino e Pesquisa em Saúde) e da Secretaria
Municipal de Saúde, a aquisição de materiais e equipamentos não depende
simplesmente da avaliação da necessidade pelos gestores, mas envolve um
processo mais amplo, que geralmente demanda tempo, sendo muitas vezes moroso.
Para Castilho e Gonçalves (2005) os órgãos públicos realizam as compras por meio
de licitações, que é o procedimento administrativo regido por legislação específica,
com o objetivo de garantir a observância do princípio constitucional da isonomia.
Apesar de representar pequena porcentagem dos dados, é importante
considerar que 93 (3%) deles referem que não existem fatores impulsores e
restritivos para o trabalho em equipe. Considerando-os, pode-se dizer que para uma
pequena parcela dos profissionais, a dinâmica do trabalho está estática, estagnada,
mais uma vez remetendo à idéia do equilíbrio quase estacionário (LEWIN, 1965;
MOSCOVICI, 2001b).
Após essa primeira distribuição dos dados nas respectivas dimensões, estes
foram agrupados em categorias, preservando-se a polaridade dos que impulsionam
ou restringem o trabalho em equipe. O Quadro 3 traz um panorama geral desse
processo de categorização.
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Quadro 3: Categorias impulsoras e restritivas para o trabalho em equipe na UUE
nas dimensões do Eu, Outro e Ambiente. Goiânia, 2009.
Categorias Impulsoras Categorias Restritivas Dimensão do Eu
1. Atributos individuais para o trabalho em equipe2. Bom relacionamento 3. Amizade e amor 4. Competência técnica 5. Harmonia com o trabalho
1. Limitações individuais para o trabalho em equipe2. Absenteísmo e comprometimento da saúde dos profissionais 3. Limitação de competência técnica 4. Falta de bom relacionamento 5. Comunicação interpessoal deficiente 6. Falta de incentivo institucional 7. Não observância da hierarquia
Dimensão do Outro
1. Força e potencial do trabalho da equipe 2. Postura ativa e adequada da gerência 3. Compromisso e competência da equipe e áreas de apoio 4. Apoio institucional e da diretoria de enfermagem5. Colaboração efetiva de alunos e voluntários6. Condição e reconhecimento do cliente
1. Limitações relacionais para o trabalho em equipe2. Postura gerencial que prejudica o desenvolvimento do trabalho e da equipe 3. Relacionamento interpessoal prejudicado 4. Equipe médica 5. Comunicação prejudicada 6. Resistência dos funcionários das outras unidades7. O cliente 8. Desorganização 9. A não existência de atividades relacionadas a integração da equipe
Dimensão do Ambiente
1. Ambiente e estrutura física adequados
2. Registros eficientes da enfermagem
3. Integração com áreas de apoio e outras clínica
4. A triagem como forma de organização do fluxo de atendimento da UUE
5. Bom funcionamento da farmácia
6. Adequação da escala de trabalho, rotinas e número adequado de funcionários
7. Benefícios institucionais
8. Reuniões periódicas
1. Dinâmica e funcionamento inadequado da unidade 2. Estrutura física deficitária e falta de materiais e equipamentos 3. Limitações no serviço da farmácia 4. Áreas de apoio: limitações e deficiências 5. Limitações e deficiências do serviço de triagem6. Problemas relativos aos registros de enfermagem7. Falta de apoio institucional 8. Interferências de interesses externos 9. Limitações no sistema de saúde 10. Falta de reuniões
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Para apresentação e discussão das categorias optou-se por apresentar cada
dimensão Eu, Outro e Ambiente separadamente, analisando-se os dois pólos de
cada uma, de forma articulada, de modo a mostrar o movimento dessas forças no
contexto do trabalho em equipe na UUE.
4.2.1. Análise das forças relacionadas à dimensão do Eu
A dimensão do Eu engloba os elementos referentes à pessoa como
indivíduo. Geralmente, os sujeitos tendem a ignorar ou minimizar seu próprio papel
na situação, ao fazerem um diagnóstico. Quando as forças relativas a esta dimensão
aparecem no campo de forças, geralmente referem-se às impulsoras, porque é difícil
aceitar o papel que o Eu desempenha como força restritiva em um problema
(MOSCOVICI, 2001b). Para esta autora, as características individuais, sejam
qualidades ou defeitos, são dinâmicas e dependem simplesmente da forma como
são utilizadas, ou seja, uma qualidade pode transformar-se em defeito conforme o
uso que fizerem dela ou vice-versa.
As pessoas que compõem o grupo trazem seus valores, suas crenças, sua
filosofia, sua forma de vida, sua personalidade e suas vivências para o local de
trabalho. Estes podem ser utilizados para trazer benefícios ao grupo, considerando
que ações e reações do grupo, segundo Lewin (1948), são influenciadas pelo
conjunto de suas características pessoais.
No presente estudo a dimensão do Eu aparece com 496 (61%) respostas
como forças impulsoras e 319 (39%) como forças restritivas, o que condiz com o que
é esperado quando se faz o diagnóstico das forças atuantes, segundo Moscovici
(1996).
Seguem na Tabela 8 as categorias relacionadas às forças impulsoras, sua
descrição, freqüência, porcentagem e exemplos.
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Tabela 8: Categorias relacionadas às forças impulsoras para o trabalho em equipe
na UUE na dimensão do EU. Goiânia, 2009.
Categoria Descrição n % Exemplos
1. Atributos individuais para o trabalho em equipe
Trata-se da fotografia da equipe expressa nas características positivas para o trabalho em equipe.
264 53Compromisso; responsabilidade; iniciativa; dedicação.
2. Bom relacionamento
Refere-se à sinergia relacionada ao grupo advinda da convivência entre equipe, cliente e familiares.
113 23 Respeito;confiança; compreensão; flexibilidade.
3. Amizade e amor
Aponta a amizade e o amor como fatores potenciais nas relações interpessoais entre equipe, clientes e familiares.
75 15Cumplicidade; fraternidade; envolvimento emocional; admiração.
4. Competência técnica
Diz respeito ao conhecimento, experiência e a formação, como forma de impulsionar e/ou facilitar o trabalho.
33 7Competênciatécnica;agilidade; experiência; escolaridade.
5. Harmonia com o trabalho
Refere-se a elementos do cotidiano da equipe que contribuem para uma boa convivência no ambiente.
11 2
Liberdade de ações; abertura no trabalho; reconhecimento; perfil dos pacientes; gostar da UUE.
Total 496 100
Não mais importante que as demais dimensões, mas essencial por
influenciar o movimento do grupo, a dimensão do Eu está expressa em cinco
categorias que mostram, de maneira geral, a força destes profissionais para
desenvolver o trabalho em equipe.
As pessoas apresentam diferentes maneiras de pensar, agir e de perceber a
si mesmos, mas nesse momento da pesquisa, foi possível encontrar alguns pontos
comuns nas respostas dos profissionais, o que proporcionou a elaboração das
categorias apresentadas na Tabela 8.
Quando se fala em Atributos individuais para o trabalho em equipe,
remete-se às características individuais dos componentes da equipe, consideradas
positivas para esta perspectiva de trabalho. Essa categoria representa 53% do total
das respostas incluídas na dimensão do Eu e sinaliza a disposição dos sujeitos em
contribuir no trabalho com o que cada um tem de melhor e reconhece de si mesmo.
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Mesmo considerando a ponderação de Moscovici (2001) quando se refere à
tendência do ser humano sempre valorizar-se, no que diz respeito a sua pessoa, e
de ter dificuldade em reconhecer suas limitações, considera-se positivo o fato da
equipe poder mostrar seu potencial pessoal, o que foi considerado aqui um sinal
indicador da auto-estima do grupo.
O trabalho em equipe é considerado por Motta (2001) como uma forma
aprimorada de grupo de trabalho. A equipe se forma por competências, é
estruturada em relações flexíveis, permeável a novas idéias e tem criatividade para
resolução de problemas. Apresenta como principais benefícios, segundo Griffin e
Moorhead (2006), um melhor desempenho, por oferecer aos funcionários liberdade
de crescimento, redução nos custos e aumento da flexibilidade e da criatividade.
Hoje, o trabalho em equipe é considerado propulsor de transformações, uma
das formas de trabalho que mais tem contribuído para a melhoria da qualidade nas
instituições, e também como uma grande possibilidade para redesenhar o trabalho
(PINHO, 2006; SOUSA; CAMPOS; RAMOS, 2001).
Segundo Moscovici (1996), alcançar o nível de equipe é algo complexo por
exigir grande esforço, principalmente, das pessoas que compõem o grupo. É
necessário que haja movimentos e atitudes individuais como o envolvimento, o
querer e o comprometimento.
Essas características aparecem na primeira categoria e, confirmam que a
equipe de enfermagem da UUE tem atributos necessários para desenvolver o
trabalho em equipe, precisa somente ter consciência desse potencial e dos
benefícios dessa forma de trabalho, ou seja, precisa encarar o desafio de enfrentar
uma mudança no seu dia-a-dia de trabalho visando a melhoria da qualidade da
assistência, bem como sua satisfação no trabalho, embora esse não seja um
aspecto discutido no contexto do presente estudo.
A categoria seguinte refere-se ao Bom relacionamento não somente entre
os profissionais, mas entre estes com a equipe multiprofissional, clientes e
familiares. O conjunto de respostas que constitui essa categoria representa 23% do
total das respostas atribuídas à dimensão do Eu.
O relacionamento interpessoal é um dos fatores mais relevantes na
obtenção de um clima de confiança, respeito, afeto, e possibilita relações de
harmonia e cooperação (MARTINS, 2002). Um clima favorável como este, também é
necessário para o desenvolvimento do trabalho em equipe.
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Os profissionais da UUE, mais uma vez, mostram-se por meio dos dados
apresentados, em condições positivas para uma nova forma de trabalho. Existe
entre eles, e as outras equipes, os clientes e os familiares, uma sinergia positiva que
emerge da própria convivência, independente das condições de trabalho. Há nesta
interação respeito, confiança, harmonia, flexibilidade, compreensão,
companheirismo, bom entendimento e boa convivência.
Para Moscovici (2001b) as relações interpessoais desenvolvem-se em
decorrência do processo de interação. Em situações de trabalho, existem atividades
predeterminadas a serem executadas, assim como interações e sentimentos
recomendados como comunicação, cooperação, respeito e amizade. A medida em
que as interações continuam, os sentimentos podem ser diferentes dos indicados
inicialmente e, consequentemente, eles influenciarão as interações e as próprias
atividades.
Sentimentos positivos como amizade e amor surgem em uma categoria
denominada Amizade e amor, que está caracterizada com 15% do total das
respostas relativas às forças impulsoras. Quando esses sentimentos encontram
espaço no grupo, podem levar ao aumento da interação e cooperação, repercutindo
favoravelmente nas atividades, principalmente, com maior produtividade.
Fortalecendo as relações interpessoais consegue-se, além de melhor produtividade,
um clima organizacional agradável e favorável a mudanças (MOSCOVICI, 1996).
Segundo Carvalho (2008) diversos contextos da sociedade, incluindo o
campo da saúde, têm sofrido mudanças devido às grandes transformações
tecnológicas. Essas mudanças exigem dos profissionais novas competências,
pensamento crítico e habilidade para tomada de decisões de forma assertiva. A área
da enfermagem também sentiu este impacto e para seus profissionais, adquirir
conhecimento tornou-se ainda mais necessário.
Neste estudo, a categoria Competência técnica aparece como 7% das
forças impulsoras relacionadas à dimensão do Eu e se refere ao conhecimento,
experiência e formação como facilitadores para o trabalho. É importante destacar
que muitos profissionais da UUE têm formação (cursos de graduação) além da
exigida para seu trabalho na instituição, o que vem a comprovar que existe neste
grupo, pessoas com competência técnica, preocupadas em desenvolver a si
mesmos e a melhorar a qualidade do serviço.
A p r e s e n t a ç ã o e d i s c u s s ã o d o s r e s u l t a d o s | 83
O trabalho em unidades de emergência requer dos profissionais destreza,
responsabilidade, agilidade, dinamismo, capacidade para acompanhar mudanças e,
principalmente, conhecimento técnico (ANDRADE; CAETANO; SOARES, 2000;
BAGGIO; CALLEGARO; ERDMANN, 2008). Com base neste conhecimento é que a
assistência será prestada de forma segura e assertiva diminuindo as chances de
erro.
O profissional que busca esse conhecimento e tenta adequar-se às
mudanças, acaba por conseguir competência técnica. Ela por sua vez, possibilita a
execução das atividades de forma assertiva, com rapidez e qualidade, e ainda faz
com que o profissional conquiste o respeito não somente da equipe, mas também
dos clientes, familiares e equipe multiprofissional (ALMEIDA, 2007; ANDRADE;
CAETANO; SOARES, 2000; WEHBE; GALVÃO, 2001).
A UUE como porta de entrada dos usuários ao sistema de saúde é
considerada como local estressante e desgastante, onde o diagnóstico e o
tratamento devem ser precisos e de resolução imediata (ALVES; GODOY;
SANTANA, 2006; DAL PAI; LAUTERT, 2006). Para os profissionais essa é uma
realidade não muito fácil de ser enfrentada, diante das inúmeras exigências para se
trabalhar neste setor e das inúmeras dificuldades e limitações enfrentadas por
permanecer neste ambiente por um longo período.
Por essa razão, alguns solicitam mudança de setor, outros ali permanecem.
Vale destacar que os dados da Tabela 3 identificaram um total de 44% dos
profissionais, que atuam entre 6 e 15 anos, o que mostra uma tendência de fixação
desse profissional neste local de trabalho.
Muito embora apenas 32% dos profissionais escolhessem a UUE como seu
local de trabalho (dados da Tabela 4), o fato destes continuarem fixos na UUE,
demonstra sua afinidade com o tipo de trabalho executado no setor.
Por outro lado, deve-se considerar também nessa discussão, que a longa
permanência de um profissional no mesmo local de trabalho, sem estímulos para
mudança, pode levar a um processo de acomodação, o que contribui para a
manutenção do equilíbrio quase estacionário do qual fala Lewin (1965).
Os profissionais que permanecem referem que essa harmonia que têm com
o trabalho decorre de ”gostar muito de urgência e emergência”, “a abertura que tem
para trabalhar”, “a liberdade de ações que garante confiança e credibilidade” e o
A p r e s e n t a ç ã o e d i s c u s s ã o d o s r e s u l t a d o s | 84
“reconhecimento pessoal” em ver um cliente que chegou em estado crítico sendo
liberado.
Esta harmonia no ambiente de trabalho aparece com uma porcentagem de
2% neste estudo, mas não é menos importante que as demais categorias, visto que
é essencial nas relações humanas, na satisfação e motivação pessoal, bem como
no desenvolvimento de um ambiente propício para o trabalho em equipe. É
denominada de Harmonia com o trabalho.
São diversos os fatores que impulsionam o trabalho em equipe na UUE, mas
não são únicos. Existem também os restritivos relacionados à dimensão do Eu,
conforme indica a Tabela 9.
A p r e s e n t a ç ã o e d i s c u s s ã o d o s r e s u l t a d o s | 85
Tabela 9: Categorias relacionadas às forças restritivas para o trabalho em equipe na
UUE na dimensão do EU. Goiânia, 2009.
Categoria Descrição n % Exemplos
1. Limitações individuais para o trabalho em equipe
Trata-se da fotografia da equipe expressa nas características negativas para o trabalho. São informações voltadas para o lado restritivo do grupo.
142 44
descompromisso; irresponsabilidade;indiferença; falta de interesse.
2. Absenteísmo e comprometimento da saúde dos profissionais
Corresponde ao desgaste dos profissionais frente às dificuldades e impossibilidade do cuidar, o excesso e a sobrecarga de trabalho, assim como a falta de profissionais e ainda, apresenta respostas voltadas aos riscos a que estão expostos e ao comprometimento de sua saúde.
61 19
funcionários com restrição; atestados médicos; não cuidado com a saúde do funcionário; cansaço.
3. Limitação de competênciatécnica
Corresponde as respostas referentes à falta de conhecimento técnico-científico, desconhecimento da dinâmica da unidade, limitação pessoal e falta de definição de competências.
40 13
insegurança; limitação da competência;imperícia; falta de capacitação.
4. Falta de bom relacionamento
Refere-se a fatores que impossibilitam o desenvolvimento de um bom relacionamento interpessoal.
35 11
falta de respeito; falta de confiança; não saber ouvir; falta de compreensão.
5. Comunicação interpessoaldeficiente
Aborda itens relativos ao processo de comunicação interpessoal como fatores restritivos a dinâmica do trabalho.
34 11
falta de clareza; falta de comunicação; pouca comunicação através da escrita; falta de padronização da linguagem escrita.
6- Falta de incentivoinstitucional
Trata do déficit de apoio à UUE. 04 1 falta de incentivo.
7- Não observância da hierarquia
Corresponde à visão dos profissionais de que as questões relacionadas à hierarquia são restritivas ao trabalho.
03 1 pouca noção de hierarquia.
Total 319 100
O trabalho em equipe é um instrumento para o alcance das necessidades e
tendências da Política Nacional de Saúde. No Brasil se destaca a partir da década
de 1970, como nova estratégia para redesenhar o trabalho e promover a qualidade
A p r e s e n t a ç ã o e d i s c u s s ã o d o s r e s u l t a d o s | 86
dos serviços. Trabalhar em equipe constitui-se em grande desafio, desde o início,
porque vários obstáculos dificultam a passagem do desempenho individual para o
desempenho coletivo (PEDUZZI; CIAMPONE, 2005).
Desenvolver uma equipe não é fácil, além do que, é necessário interesse da
instituição e, principalmente, de todos os profissionais envolvidos neste processo.
Na UUE, os profissionais identificaram na dimensão do Eu inúmeros fatores que
restringem o trabalho em equipe, e entre eles destaca-se a categoria Limitaçõesindividuais para o trabalho em equipe com 142 (44%) respostas.
Segundo estes dados, falta compromisso com a equipe, com o cliente e até
mesmo com a instituição, pois cada um executa isoladamente suas ações de forma
mecanicista. Não há responsabilidade, comprometimento, profissionalismo,
interação, cooperação, atenção e iniciativa, que são características importantes para
o trabalho em equipe. Existe a indiferença ao outro, a indiferença ao serviço, a falta
de amor, a inacessibilidade, a desculpa de sempre que é o fator tempo – falta tempo
para executar as ações, para interagir, para ouvir e, principalmente, o comodismo.
Individualmente cada profissional mostra-se desmotivado, apático,
desanimado; alguns permanecem assim por não acreditarem mais em mudanças,
porque pelo tempo em que estão na unidade, já viram várias tentativas de mudanças
frustradas.
Outros, simplesmente por não querer mudar, acreditam que não há
necessidade de mudança e sabem que se ela ocorrer, transformações ocorrerão na
sua forma de trabalho, e ele está tão estagnado, tão apático, que tem “preguiça” de
mudar, ou porque não dizer, medo de ter seu empenho individual questionado. Na
perspectiva de Moscovici (1996) o trabalho em equipe pode ser percebido como
uma ameaça ao sucesso individual, ao reconhecimento e ao valor do esforço de
cada profissional.
No presente estudo o Absenteísmo e o comprometimento da saúde dos profissionais aparecem com 61 (19%) respostas, um pouco distante do que se
esperava diante da situação atual em que se encontra a unidade.
A equipe de enfermagem é a maior equipe que acompanha nas instituições
hospitalares o cliente. É a maior força de trabalho nos hospitais e, segundo Beck
(2006), integra a parcela de trabalhadores que estão sujeitos à carga de trabalho e à
exigências psicobiológicas, que ao longo do tempo levarão ao desgaste das
capacidades vitais.
A p r e s e n t a ç ã o e d i s c u s s ã o d o s r e s u l t a d o s | 87
Para Borges e Morais (2007) as condições de trabalho dessa equipe
implicam em funções repetitivas, ritmo intenso e excessivo de trabalho, posições
incômodas, longas jornadas de trabalho e esforços físicos entre outros. Essas
condições podem contribuir para a insatisfação dos profissionais, o que leva à queda
da qualidade da assistência e está intimamente relacionado às altas taxas de
absenteísmo.
Outro fator que precisa ser considerado, é que são diversos os aspectos que
podem interferir no processo de saúde e doença dos trabalhadores de enfermagem.
Vários estudos, segundo Borges e Morais (2007), têm descrito que os profissionais
estão expostos a riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e psicológicos e,
em geral, os profissionais de enfermagem também estão submetidos a essas
condições inadequadas de trabalho, o que contribui para o aparecimento de agravos
à saúde. Isso consequentemente, intensifica os problemas da falta de recursos
humanos, já que muitos precisam se afastar para tratamento e outros precisam
trabalhar em regime de desvio de função.
Segundo Torres e Pinho (2006) um dos principais problemas que acometem
os trabalhadores das instituições hospitalares são os agravos à saúde, o que leva ao
afastamento de suas atividades, elevando o índice de absenteísmo, repercutindo na
qualidade de vida do trabalhador, na instituição e na assistência.
Lima Júnior e Esther (2001) avançam nessa discussão ponderando que,
apesar do hospital ser um local para salvar vidas, favorece o adoecimento das
pessoas que nele trabalham. Os autores discutem ainda que raramente existe nas
instituições de saúde a preocupação em promover, proteger e manter a saúde dos
seus servidores.
Nesse sentido, Torres e Pinho (2006) destacam que a qualidade de vida do
profissional de saúde está diretamente relacionada à organização do serviço e a
insatisfação no trabalho também pode ser causa de vários agravos à sua saúde.
Estudo realizado em um hospital geral de Fortaleza mostra que as condições de
trabalho também refletem em desgaste físico e emocional (SILVA et al., 2006).
Este trabalho discute ainda que, desafiando os fatores internos e externos
que surgem nesse processo, muitos profissionais buscam jornada dupla ou tripla de
trabalho e melhores salários. Alguns não conseguem a esperada superação e
acabam distanciando-se da profissão, se distanciando do cuidado ou então,
permanecem com suas atividades sem motivação e sem grandes satisfações.
A p r e s e n t a ç ã o e d i s c u s s ã o d o s r e s u l t a d o s | 88
O estresse também foi importante fator citado pelos profissionais, está
incluído nesta categoria e merece destaque. Os profissionais de saúde e em
especial os de enfermagem, enfrentam diversas situações em seu cotidiano de
trabalho que podem afetar sua saúde física, psíquica e emocional (OLINISKI;
LACERDA, 2006).
Atenção constante, ritmo acelerado, comunicação ineficaz, excesso de
atribuições, situações imprevistas, trabalho fragmentado, falta de recursos humanos,
físicos e estruturais entre outros, são alguns dos fatores que podem conduzir o
profissional ao estresse. Para Coronetti et al (2006) o estresse é quase sempre
visualizado como negativo por ocasionar prejuízo no desempenho das pessoas e
afeta, segundo Panizzon, Luz e Fensterseifer (2008), o alcance dos objetivos de
uma unidade e de uma instituição.
Os dados chamam a atenção para o desgaste dos profissionais frente às
dificuldades e impossibilidades de executar suas atividades de forma assertiva e
humanizada, o que mais uma vez será um grande empecilho ao trabalho em equipe.
A vivência em uma UUE permite afirmar que, de uma forma geral, os profissionais
apresentam-se cansados, desatentos e estressados, dizendo sempre estar em seu
limite, pois já não suportam ver os clientes sendo atendidos no chão, permanecendo
internados em macas, nos corredores e nos consultórios, sem uma estrutura mínima
de atendimento e de trabalho, e ainda, sem respaldo dos gestores.
O estresse é um dos grandes desafios que precisa ser vencido em nome da
satisfação de todos: profissionais e clientes, lembrando que ele é causado não
necessariamente pelo cuidado ao paciente, mas pela falta de suporte para o
atendimento ao mesmo.
Outro fator importante que dificulta o trabalho em equipe na UUE aparece
descrito na categoria Limitação da competência técnica com 40 (13%) respostas.
Esta categoria aborda não somente a falta de conhecimento técnico, mas as
consequências dela como, por exemplo, a insegurança nas condutas durante a
assistência, a falta de critérios para tomar decisões e ainda a própria limitação
pessoal, que refere-se ao medo, limitação de raciocínio, imaturidade. Também
destaca-se nesta categoria a falta de definição de competências, falta de
conhecimento e falta de capacitação profissional.
Observa-se no conjunto dos dados que existe na unidade uma dificuldade
referente às definições das atividades de cada profissional. Alguns não sabem o que
A p r e s e n t a ç ã o e d i s c u s s ã o d o s r e s u l t a d o s | 89
compete a quem, como mostra a resposta de um profissional que coloca que existe:
“distorção do conhecimento ou melhor, da categoria que se enquadra cada um”.
Outro fator a ser considerado, é que muitos referem falta de conhecimento
específico na área e falta de conhecimento do próprio funcionamento da unidade e
da instituição por falta de cursos de capacitação.
A Tabela 4 que apresenta a participação dos profissionais em cursos de
capacitação, mostra que a maioria dos profissionais (64%) não tem participado dos
cursos oferecidos. Não se sabe se não participam por problemas individuais como
falta de interesse e de tempo ou por não serem convidados. Esta é uma questão não
explorada nesta pesquisa, mas que serve como indicador aos gestores para
possível investimento.
Alguns buscam isoladamente a capacitação, mas é preciso lembrar que a
capacitação ou a educação continuada é importante na formação e desenvolvimento
de recursos humanos das instituições. Para Silva, Conceição e Leite (2008) a
educação continuada é essencial para a qualidade da assistência e um campo de
propagação de conhecimentos, práticas e reflexões sobre o processo de trabalho da
equipe de enfermagem.
Bezerra (2003) define a educação continuada como essencial, considerando
que o capital humano não se desvaloriza e é o componente mais importante para o
funcionamento de qualquer organização. Também para esta autora, atualmente o
grande desafio das instituições está em investir nos recursos humanos, pois a
qualidade do atendimento e manutenção da organização neste mundo de
mudanças, acontecerá pelo desenvolvimento das pessoas.
Outra categoria que foi criada a partir das forças restritivas relacionadas à
dimensão do Eu foi a Falta de bom relacionamento que aparece com 35 respostas
(14%) e inclui fatores como falta de respeito, falta de confiança, incompreensão e o
não saber ouvir. Todos estes fatores são essenciais para existência de uma
verdadeira equipe. Sem eles não há mudança, não há crescimento, não há trabalho
em equipe. Segundo Moscovici (1996) as relações interpessoais são tão ou mais
importantes que a qualificação individual para a assistência, e ainda, esta relação é
um processo e não uma categoria estática, e está sujeita a variações do espaço,
tempo e contexto.
A comunicação também é fator essencial no desenvolvimento de uma
equipe. Ela é indispensável ao relacionamento humano e nas relações de trabalho.
A p r e s e n t a ç ã o e d i s c u s s ã o d o s r e s u l t a d o s | 90
Para Stefanelli (2005) a comunicação é um processo de compreender e compartilhar
mensagens enviadas e recebidas, o que exercerá influência no comportamento das
pessoas envolvidas.
Existem barreiras que podem impedir ou limitar o processo de comunicação
entre as pessoas, e no presente estudo isso foi evidenciado pela categoria
Comunicação interpessoal deficiente, representada por 34 respostas (11%), e
que aborda a dificuldade dos profissionais em se comunicarem tanto verbalmente
por falta de conhecimento, como por escrito, pela dificuldade em redigir e usar
termos técnicos. Segundo os dados coletados, não há clareza nas informações
repassadas, o pouco registro existente é demasiadamente sucinto, gerando
desencontros de informações e falha no processo de comunicação, o que poderá
comprometer a qualidade da assistência ao cliente.
Di Nizo (2007) coloca que a responsabilidade pela qualidade da
comunicação estabelecida é de todas as pessoas envolvidas em uma conversa, e
que comunicar, requer tanto a habilidade de se conhecer como a de conhecer as
pessoas. A mesma autora também afirma que a comunicação interpessoal somente
melhorará quando as relações forem mais saudáveis; “é preciso que as pessoas se
conheçam, desenvolvam um sentido comum de responsabilidade compartilhada pela
construção da convivência” (DI NIZO, 2007; p.138).
A comunicação ocorre naturalmente e há tanto tempo, que as pessoas já
não prestam atenção a ela. No ambiente de trabalho, preocupa-se mais com as
atividades a serem executadas do que com a maneira como se transmite as
informações e isso, precisa ser revisto uma vez que os vários métodos de
comunicação influenciam profundamente o comportamento organizacional
(GRIFFIN; MOORHEAD, 2006).
Trabalhar em uma UUE exige dedicação especial dos profissionais, uma vez
que, além de prestar a assistência considerada qualificada, é preciso lidar com as
inúmeras dificuldades existentes, específicas deste setor. É importante que este
profissional esteja satisfeito, pois segundo Carvalho e Lopes (2006), um profissional
satisfeito envolve-se e compromete-se mais com a instituição.
Vários fatores podem contribuir para melhorar o nível de satisfação e entre
eles destacam-se a remuneração, reconhecimento profissional, segurança, incentivo
e um ambiente de trabalho harmonioso. Neste estudo, apesar de aparecer em
pequena proporção, isso foi registrado na categoria Falta de incentivo institucional
A p r e s e n t a ç ã o e d i s c u s s ã o d o s r e s u l t a d o s | 91
com 04 respostas (1%). Embora seja uma representação minoritária, precisa ser
considerada, pois a falta do incentivo poderá contribuir para uma insatisfação ainda
maior nos profissionais e prejudicar tanto a assistência direta ao cliente quanto o
desenvolvimento do trabalho em equipe.
A enfermagem é uma categoria profissional com grande representatividade
numérica no conjunto dos trabalhadores da área da saúde e é composta pelas
categorias de enfermeiro, técnico e auxiliar de enfermagem (BORGES; MORAIS,
2007). Como em outras categorias, existe na enfermagem a hierarquia que precisa
ser considerada e respeitada para o bom andamento do serviço.
Alguns profissionais consideram que a existência da hierarquia e,
consequentemente, a submissão são fatores que dificultam a realização do trabalho
em equipe pois não visualizam a importância da mesma enquanto gerenciadora e/ou
organizadora do processo de trabalho. Esse aspecto foi registrado na categoria Não observância da hierarquia com 03 respostas (1%).
Apesar de aparecer de forma minoritária, esta categoria gera reflexão, no
sentido de como os profissionais de uma unidade que exige decisões rápidas e
tecnicamente precisas, podem não respeitar a hierarquia. Em uma UUE, a hierarquia
é necessária, principalmente, pelas características do ambiente. Se esta não for
respeitada pode comprometer a qualidade do atendimento. Cada profissional
executa atividades que são de sua competência e essenciais para o atendimento
adequado do cliente.
É importante considerar, na perspectiva deste trabalho, referente à
dimensão do Eu, que muitos fatores considerados impulsores para o trabalho em
equipe na UUE também aparecem como restritivos, com freqüências diferentes. As
forças impulsoras aparecem em maior intensidade (61%), o que era esperado
segundo Moscovici (2001b), pois as pessoas tendem a ignorar ou minimizar seu
próprio papel na situação ao fazerem um diagnóstico.
A partir desse desenho do campo de forças relacionados ao Eu, pode-se
rever o posicionamento dessas forças e buscar o fortalecimento das impulsoras,
bem como a diminuição das restritivas, o que não é algo fácil considerando que é
por meio desses indivíduos que estas forças se expressam. Assim, sem uma
mudança intencional e consciente de cada um não se quebra o equilíbrio instalado
no interior do grupo.
A p r e s e n t a ç ã o e d i s c u s s ã o d o s r e s u l t a d o s | 92
4.2.2. Análise das forças relacionadas à dimensão do Outro
A dimensão do Outro é aquela onde se enquadram elementos que se
referem a outras pessoas. Ela envolve os subgrupos, pressão de subgrupos para
evitar ou incentivar a mudança (MOSCOVICI, 2001b).
No presente estudo, a dimensão do Outro aparece com 329 (49%) dados
como forças impulsoras e 336 (51%) como forças restritivas. Nota-se também nesta
dimensão o equilíbrio entre as forças, o que pode ser visualizado como fator
negativo para o processo de trabalho (LEWIN,1965; MOSCOVICI, 2001b).
As categorias relacionadas às forças impulsoras desta dimensão, sua
descrição, frequência, porcentagem e exemplos são apresentadas na Tabela 10 a
seguir.
Tabela 10: Categorias relacionadas às forças impulsoras para o trabalho em equipe
na UUE na dimensão do Outro. Goiânia, 2009.
Categoria Descrição n % Exemplos1. Força e potencial para o trabalho da equipe
Correspondem as forças potenciais da equipe como facilitadora do trabalho.
163 49cooperação; compreensão;entrosamento; respeito.
2. Postura ativa e adequada da gerência
Abrange o processo gerencial e as ações positivas dos gerentes e supervisores.
95 29 flexibilidade; participação ativa; empenho; apoio.
3. Comprometimento e competência da equipe e áreas de apoio
Refere-se ao cuidado da equipe e áreas de apoio para o desenvolvimento do trabalho.
58 18 compromisso; disposição; dedicação; habilidade.
4. Apoio institucional e da diretoria de enfermagem
Retrata as ações positivas da instituição e da diretoria de enfermagem.
07 2 incentivo;abertura;boa vontade.
5. Colaboração efetiva de alunos e voluntários
Trata do apoio dos alunos e voluntários no desenvolvimento do trabalho.
03 1 colaboração.
6. Condição e reconhecimento do cliente
Aborda situações de sensibilização para com o estado do cliente, retratando também o retorno do cliente para com a unidade.
03 1o estado de carência do paciente; preferência do paciente em ficar na UUE.
Total 329 100
A p r e s e n t a ç ã o e d i s c u s s ã o d o s r e s u l t a d o s | 93
O termo trabalho em equipe é muito utilizado para se referir ao grupo
formado pelos profissionais de enfermagem, mas sabe-se que este uso é
questionável considerando o que realmente é esperado do funcionamento de uma
equipe, principalmente, no contexto do trabalho em saúde (ABREU et al., 2005). O
trabalho em equipe nunca foi tão colocado em evidência como agora, pois está
sendo reconhecido como uma forma de transformação e uma estratégia das
instituições para se adequarem às mudanças em direção à melhoria da qualidade
(AGOSTINI, 2005; KURCGANT, 2005; SCHULTZE, 2004).
Na UUE os profissionais se reconhecem como um grupo com Força e potencial para o trabalho em equipe, o que é visualizado na Tabela 10 com 163
respostas (49%). O grupo mostra motivação, respeito, compreensão, humanização
entre ele, entrosamento, bom relacionamento, sabedoria, abertura, confiança,
integração, companheirismo, espírito de equipe, objetivos comuns, cumplicidade,
ajuda mútua, entre outras.
Esse resultado mostra que a equipe se vê de forma positiva, o que é
importante para o seu desenvolvimento. Moscovici (1996) afima que o trabalho em
equipe é recomendado para incrementar a qualidade e a produtividade, baixar
custos e gerar satisfação, entretanto, este trabalho não acontece por “mágica”,
mesmo os profissionais tendo habilidades extraordinárias.
O desenvolvimento em equipe deve ser concebido como uma transformação
qualitativa do todo, e não apenas uma simples mudança de procedimentos, técnicas
ou nomenclatura. É um processo que atinge os sistemas pessoais e interpessoais,
sentimentos e valores dos membros do grupo (MOSCOVICI, 1996).
Uma mudança na forma de trabalho atual dos profissionais na unidade, só
poderá ser efetiva se for desejo de todos. Individualmente a mudança será mais
lenta e poderá não acontecer por falta de apoio dos demais.
A interação entre o líder e os componentes de um grupo é um fator relevante
para facilitar um clima de confiança e respeito. Esta interação constrói verdadeiras
possibilidades de trabalho conjunto (MOSCOVICI, 1996). No presente estudo, a
Postura ativa e adequada da gerência, constitui uma categoria com 95 respostas
(29%), como aspecto impulsor ao trabalho em equipe, o que também é de extrema
importância para o desenvolvimento desse tipo de trabalho.
Como exemplos desta categoria, destacam-se: “presença ativa”,
“flexibilidade”, “preparo profissional”, “empenho”, “bom relacionamento com os
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demais profissionais”, “apoio”, “comunicação”, “compromisso”, “boa vontade” e
“transparência”. Esses termos demonstram uma nova abordagem no trabalho da
gerência, diferenciada da raiz histórica de autoritarismo, centralização de decisões e
impessoalidade nas relações, ainda presente nos dias atuais no trabalho da
enfermagem (FERNANDES et al., 2003; SIMÕES; FÁVERO, 2003). Ainda para
Moscovici (1996), o comportamento gerencial eficaz inclui competência técnica e
competência interpessoal.
A UUE está inserida no contexto de um grande hospital e não funciona
isoladamente, depende de diversas áreas e setores de apoio como lavanderia,
farmácia, banco de sangue, laboratório, equipe de higienização, entre outras para
seu correto e adequado funcionamento. Para que o trabalho seja executado é
necessário que todos os funcionários destas áreas de apoio e também os
profissionais da própria equipe de enfermagem tenham competência e compromisso
com os objetivos do trabalho.
Essa competência e compromisso são expressos pela postura dos
profissionais que fazem, segundo os dados, seu trabalho com responsabilidade,
preocupados não somente em cumprir uma meta ou um horário, mas preocupados
com a dinâmica do serviço de uma maneira geral. Sabem que muitas de suas ações,
apesar de serem indiretas, influenciam na qualidade da assistência ao cliente.
Para Moscovici (1996) a competência aborda aspectos intelectuais inatos e
adquiridos, conhecimento, capacidades e experiência; uma pessoa competente é
aquela que realiza suas atividades de forma adequada com habilidade. Para Llapa-
Rodríguez, Trevizan e Shinyashiki (2008) o comprometimento é o envolvimento e o
engajamento das pessoas em suas atividades.
Neste estudo, tanto a competência como o comprometimento foram
destacados como fatores positivos para o desenvolvimento do trabalho em equipe
na categoria Comprometimento e competência da equipe e áreas de apoio,
aparecendo com 58 respostas (18%).
Para o bom andamento do trabalho na perspectiva de equipe, também
precisa ser considerado o apoio institucional e da gerência aos profissionais, que
aparece de forma discreta na categoria Apoio institucional e da Diretoria de Enfermagem com 07 respostas (2%). O profissional acredita que este apoio o faz
sentir valorizado, ouvido, percebendo que há boa vontade, compromisso e abertura
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por parte das diretorias. Outro fator apontado como impulsor aparece na categoria
Colaboração efetiva de alunos e voluntários, com 03 respostas (1%).
Na perspectiva de alguns profissionais a colaboração de voluntários e dos
alunos dos cursos de enfermagem é fundamental, pois sua garra e vontade de
aprender podem auxiliar na execução das atividades junto aos clientes e familiares,
e em algumas vezes, executam também ações junto aos profissionais. Destaca-se,
no entanto, que esse reconhecimento é de uma minoria de profissionais,
considerando-se o fato de se tratar de uma UUE de um hospital escola.
Apesar da UUE ser considerada como um ambiente estressante e de
sofrimento psíquico para o profissional por lidar diariamente com situações de
sofrimento e morte, os profissionais têm neste setor a possibilidade de ajudar o
cliente aliviando a dor e seu sofrimento, intervindo muitas vezes em situações que
podem salvar uma vida. Para Almeida (2007) estas ações constituem-se na maior
fonte de prazer no trabalho em emergência; seu sucesso é algo gratificante e faz
com que o profissional se sinta realizado.
Na unidade em estudo, a Condição e reconhecimento do cliente se
constituiu também em uma categoria com 03 respostas (1%). Essa revela que a
atitude de gratidão do cliente pelo esforço do profissional em atendê-lo mesmo
diante de inúmeras dificuldades, é fator que impulsiona o trabalho em equipe. Diante
desse reconhecimento o profissional sente-se motivado e satisfeito pelo seu trabalho
e não quer que isto aconteça esporadicamente, mas todos os dias e com toda a
equipe. Quando ele observa a grande necessidade do cliente, sua condição social,
seu cansaço pela busca de atendimento qualificado, sente-se estimulado a trabalhar
mais e melhor, principalmente, quando escuta do cliente a seguinte afirmação:
“prefiro ficar no corredor a ser transferido, porque aqui a enfermagem cuida da
gente”.
Esse estímulo causado pelo reconhecimento do cliente é explicado por
Kanitz (2001) quando refere que hoje existe uma nova competência denominada de
validação. Validar significa “confirmar o outro”, ou seja, confirmar que esta pessoa
existe, que ela é real e tem valor, por meio de um gesto, um sorriso, ou uma
expressão.
No que se refere à dimensão do Outro também existem fatores restritivos ao
trabalho em equipe, conforme indica a Tabela 11.
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Tabela 11: Categorias relacionadas às forças restritivas para o trabalho em equipe
na UUE na dimensão do Outro. Goiânia, 2009.
Categoria Descrição n % Exemplos
1. Limitações relacionais para o trabalho em equipe
Corresponde às informações voltadas para o lado restritivo do grupo de trabalho.
227 67,5
ausência de competência;falta de qualificação; qualificação heterogênea; “não é da minha conta”; desrespeito.
2. Postura gerencial que prejudica o desenvolvimento do trabalho e da equipe
Corresponde à postura e ações gerenciais negativas para o trabalho em equipe.
63 19ausência do líder; ineficiência; incoerência; distância.
3. Equipe médica
Aborda as ações negativas da equipe médica para o desenvolvimento do trabalho.
20 6
indisponibilidade; ausência; letras ilegíveis; preenchimento inadequado dos impressos.
4. Comunicação prejudicada
Retrata a ineficiência da comunicação por diversos fatores.
15 4,4
dificuldade em redigir; medo de se comunicar; déficit de comunicação; ausência de feedback.
5. Resistência dos funcionários das outras unidades
Corresponde à resistência imposta por outros setores a UUE.
04 1,1dificuldade em ceder vaga; resistência em receber pacientes da unidade.
6. O cliente Refere-se as condições do cliente que prejudicam o andamento do trabalho.
04 1,1 irritabilidade; formação sócio-cultural.
7.Desorganização
Diz respeito à falta de organização na UUE, o que prejudica a dinâmica do trabalho.
02 0,5desorganização da equipe;grande número de pessoas na unidade.
8. A não existência de atividades relacionadas a integração da equipe
Contextualiza a falta de humanização nas relações com a equipe.
02 0,5falta de cuidado ao iniciar uma equipe; falta de atividades para integração.
Total 336 100
Para que o trabalho em equipe seja realizado com sucesso é necessário que
haja a participação de todos os profissionais com comprometimento e engajamento
com os objetivos da instituição. Assim como existem fatores que facilitam a
execução deste trabalho relacionado à dimensão do Outro, também existem fatores
que dificultam, e entre eles, os que constituem a categoria Limitações relacionais para o trabalho em equipe, articulada por 227 respostas (67,5%).
Dentro desta primeira categoria destacam-se o relacionamento interpessoal,
a falta de competência, a falta de compromisso, a irresponsabilidade, a falta de
A p r e s e n t a ç ã o e d i s c u s s ã o d o s r e s u l t a d o s | 97
qualificação, o comodismo, a ausência de objetivos comuns, a falta de sintonia e
interação, estrelismo, imaturidade, inflexibilidade e a resistência, o que sinaliza que
muitos profissionais sabem da importância do trabalho em equipe, mas não querem
mudança.
De acordo com os resultados, muitos profissionais estão acomodados,
outros consideram-se auto-suficientes e donos da verdade, não precisando de nada
nem de ninguém para executar o que consideram como bom atendimento. Alguns
executam suas tarefas individualmente, sem a preocupação com o trabalho como
um todo e afastam-se do local onde estão escalados.
Ao articular esse dado aos resultados da Tabela 6, que caracteriza como o
grupo se reconhece na curva de desempenho para o trabalho em equipe, verifica-se
que, quando grande parte dos profissionais (48%) se reconhece como grupo de
trabalho ou pseudo equipe mostra, de certa forma, a limitação do grupo para a
cooperação e uma força restritiva razoável, diante da necessidade de esforço para
mudança dessa realidade.
Ainda pode-se inferir, por meio dos dados, que as necessidades individuais
têm valência maior do que as da unidade e do cliente. O grupo não se dispõe a
mudar, a crescer, a se abrir, por medo, indiferença ou comodismo. Ao preferir
manter a situação estática, os profissionais não apresentam condições favoráveis ao
desenvolvimento do trabalho em equipe. Isso pode ser sinalizado pela recusa dos
profissionais em participar da proposta original deste trabalho, em que se propunha
uma intervenção grupal.
Moscovici (1996) aponta a existência de pessoas desfavoráveis ao trabalho
em equipe. Elas acreditam que as equipes não produzem melhor e nem mais do que
os indivíduos bem capacitados e motivados, e ainda, que uma grande desvantagem
deste trabalho é a perda de tempo.
O relacionamento interpessoal aparece nesta categoria com uma frequência
importante e, por esse motivo, é comentado a seguir. O relacionamento é essencial
nas instituições mas nem sempre ocorre de forma tranquila. Pelas diversas
diferenças de perceber, pensar, agir e sentir que existem entre as pessoas que
constituem o grupo podem surgir componentes como a inveja, a fofoca, as intrigas,
as mentiras, o desrespeito, a competitividade, a intolerância, a rebeldia e a
inimizade, que levam a situações de conflitos no grupo.
A p r e s e n t a ç ã o e d i s c u s s ã o d o s r e s u l t a d o s | 98
Tudo isso prejudica o relacionamento interpessoal e, consequentemente, o
desenvolvimento de um trabalho verdadeiramente em equipe. Para Moscovici
(2001b) as diferenças individuais algumas vezes trazem benefícios ao grupo e ao
indivíduo, e outras vezes, trazem prejuízos, reduzindo a eficiência, mas no geral, são
desejáveis e valiosas porque oferecem diversas possibilidades de opções na
maneira de reagir a um problema.
Segundo Moscovici (2001a) os grupos precisam de líderes competentes
para sobreviver e desenvolver suas potencialidades. No trabalho da enfermagem o
líder é o enfermeiro, profissional com qualificação e competência para tal função.
No presente estudo, a postura gerencial, aqui enfatizada também pela
postura dos supervisores, aparece como dificultador para o desenvolvimento do
trabalho em equipe, constituindo a categoria Postura gerencial que prejudica o desenvolvimento do trabalho e da equipe, com 63 respostas (16%). Por sua vez,
esse mesmo conteúdo é focalizado como elemento impulsor com 29% das
respostas.
Ao verificar o conteúdo das respostas focadas na perspectiva restritiva
observa-se que nelas é indicado que “os líderes têm se mantidos afastados dos
demais profissionais”, que “muitas vezes não comparecem nos plantões”, “não dão
respaldo à equipe”, “não se preocupam com o servidor” e “são em grande número
mas todos apresentam falta de rigidez em sua liderança”.
Para Fernandes et al (2003) os enfermeiros têm centralizado seu trabalho
em atividades administrativas e burocráticas, distanciando-se do gerenciamento de
cuidados. Ainda para estas autoras, ao longo da trajetória profissional da
enfermagem, é possível observar os enfermeiros com nítido papel de controladores
do trabalho dos outros profissionais, ou seja, eles checam as atividades dos
profissionais que estão sob sua responsabilidade e não se envolvem com a
assistência e cuidado aos clientes e funcionários.
Um outro fator identificado como restritivo ao trabalho em equipe aparece na
categoria Equipe médica, representada por 20 respostas (5%), que são associadas
às diversas ações consideradas negativas que essa equipe realiza no decorrer do
período de trabalho. Segundo os dados, muitos destes profissionais não estão
disponíveis para ajudar a resolver os problemas da unidade, não preenchem de
forma adequada os impressos e o pouco que preenchem geralmente é com letra
quase ilegível; não têm gerência ativa e demoram no atendimento.
A p r e s e n t a ç ã o e d i s c u s s ã o d o s r e s u l t a d o s | 99
A experiência nesse tipo de unidade mostra que, muitas vezes, a equipe
médica critica o sistema e a equipe de enfermagem ouve todas as queixas e
reclamações como se fosse a responsável pelas condições de trabalho. Estas
situações geram ainda mais desgaste na equipe de enfermagem que tenta resolver
o problema de todos (equipe multiprofissional, clientes, familiares) da melhor forma
possível, esquecendo-se de parar para refletir nas diversas situações que envolvem
seu trabalho e na possibilidade do trabalho em equipe.
Outra categoria desta dimensão é a Comunicação prejudicada que
aparece com 15 respostas (4%). A comunicação é considerada por Moscovici
(2001b) como força importante no funcionamento do grupo e fator essencial ao
trabalho. Para Bitencourt (2004) esta é a base para o trabalho em equipe, já que
inclui transferência e compreensão de significados, tendo a qualidade da interação
como determinante na sua efetividade. Essa categoria destaca-se como elemento
restritivo ao trabalho em equipe na UUE por aparecer nos dados como ineficiente,
tanto pela dificuldade para redigir, como pela falta tempo, falta de conhecimento,
medo e a própria falta de hábito dos profissionais em ler os murais com informativos.
Problemas na comunicação são encontrados frequentemente nos diversos
segmentos de uma instituição. Podem acontecer em razão dos ruídos que são as
distorções no processo de transmissão da mensagem (CASADO, 2002). A vivência
e experiência em uma UUE, mais uma vez permite afirmar que, em geral, as
pessoas não estão preparadas para receberem determinada informação ou não
apresentam conhecimento suficiente para compreendê-la ou transmiti-la.
Outras vezes pode ocorrer que o profissional tenha medo de se
comprometer ao registrar determinado fato, ou insegurança para redigir, devido ao
hábito de pouca leitura, ou a falta de tempo para registrar, para passar um plantão,
para explicar algo ao cliente ou familiar e ainda o comodismo, não lendo as
informações contidas nos diversos murais afixados na unidade.
Para Conceição et al (2006) o sucesso da assistência em um serviço de
saúde depende da veracidade das informações. As falhas no sistema de
comunicação atingem negativamente o processo de transmissão de informações. É
inegável que a boa comunicação evita ou ao menos diminui as chances de conflitos
e torna o ambiente de trabalho mais harmonioso, possibilitando o desenvolvimento
do trabalho em equipe.
A p r e s e n t a ç ã o e d i s c u s s ã o d o s r e s u l t a d o s | 100
É importante também considerar, que os registros, além de conterem
informações para toda equipe multiprofissional que acompanha o cliente, é um
documento que se necessário, poderá ser utilizado como instrumento de defesa do
profissional. Corrigir a atual situação na unidade no que se refere aos registros é
ação de extrema urgência.
Outros fatores considerados pelos profissionais como restritivos, mas que
aparecem em pequena proporção é a Resistência dos funcionários de outras unidades com 04 respostas (1%). Esta categoria comporta dados referentes à
dificuldade das clínicas em receber os clientes da UUE, sempre colocando
empecilhos, mesmo existindo vaga disponível para aquele cliente.
Outro fator citado é o que constitui a categoria O cliente com 04 respostas
(1%). Nessa categoria, o próprio cliente aparece como elemento restritivo que, por
sua condição sócio-cultural, muitas vezes, não entende o processo de trabalho e de
atendimento na UUE, deseja soluções mais rápidas e se irrita (LUDWIG; BONILHA,
2003; MENDES; ALMEIDA, 2005).
A Desorganização também aparece como outro fator restritivo, constituindo
uma categoria com 02 respostas (0,5%). Os dados mostram que na UUE existem
inúmeros profissionais e estudantes tanto do nível médio como superior utilizando os
prontuários dos clientes, o que favorece o desaparecimento de prescrições e outros
documentos relativos ao cliente. Ainda há a desorganização dos profissionais das
diversas áreas que atuam na unidade, o que favorece mais tumulto e uso
inadequado do tempo.
É importante citar que A não existência de atividades relacionadas a integração da equipe, também apareceu como fator restritivo, constituindo uma
categoria com 02 respostas (0,5%). Os profissionais se visualizam com atributos
individuais para o trabalho em equipe, como mostra a Tabela 8 e estão no momento,
atuando como grupo de trabalho como mostra a Tabela 6. Isso pode ser indicativo
da necessidade de iniciativas que integrem o grupo, na direção do desenvolvimento
de equipe.
Mais do que nas demais dimensões, as forças retritivas e impulsoras para o
trabalho em equipe na dimensão do Outro encontram-se estacionárias, o que
oferece neste momento, uma situação ideal para implementar novas formas de
trabalho. O momento parece favorável ao planejamento de melhorias para todos os
A p r e s e n t a ç ã o e d i s c u s s ã o d o s r e s u l t a d o s | 101
profissionais e clientes considerando que “é preciso investir nas pessoas que é o
bem mais valioso que as organizações possuem” (SILVA et al., 2006; p. 444).
4.2.3. Análise das forças relacionadas à dimensão do Ambiente
A dimensão do Ambiente refere-se aos elementos que são relacionados aos
aspectos que envolvem estrutura, recursos materiais, entre outros. No presente
estudo esta dimensão aparece com 381 respostas (27%) relacionadas como forças
impulsoras e 1050 (73%) como forças restritivas.
As forças restritivas relacionadas a essa dimensão, receberam o maior
percentual entre todas as categorias. O ambiente aparece claramente como um fator
que dificulta o trabalho em equipe, comprovando o que é visualizado no dia-a-dia de
trabalho na UUE pelos profissionais que ali atuam.
Por meio dos dados verifica-se que os profissionais visualizam o ambiente
como um local estressante, tumultuado, que funciona de forma inadequada, sofre
com as limitações do sistema de saúde, com as limitações das áreas de apoio,
convivem com a falta de equipamentos e materiais, apresenta uma estrutura física
inadequada e tem dificuldades em receber apoio institucional.
Para Pereira Filho (2007) o ambiente de trabalho adequado é formado pela
soma dos esforços e atitudes dos profissionais e da instituição. Essa parceria poderá
constituir um ambiente de trabalho favorável e adequado.
Apesar de uma realidade, até certo ponto precária, observa-se no conjunto
dos dados aspectos impulsores relacionados ao ambiente, que foram categorizados
e são apresentados na Tabela 12.
A p r e s e n t a ç ã o e d i s c u s s ã o d o s r e s u l t a d o s | 102
Tabela 12: Categorias relacionadas às forças impulsoras para o trabalho em equipe
na UUE na dimensão do Ambiente. Goiânia, 2009.
Categoria Descrição n % Exemplos
1. Ambiente e estrutura física adequados
Refere-se às condições gerais da unidade que contribuem para um ambiente de trabalho satisfatório, como a comunicação organizacional e os equipamentos
132 35
acesso à unidade; proximidade das áreas de apoio; bom ambiente;manutenção;
2. Registros eficientes de enfermagem
Aborda a eficiência e a utilidade dos registros de enfermagem, apesar de serem em pequena quantidade.
62 16livro de registro; acesso fácil; anotações confiáveis.
3. Integração com áreas de apoio e outras clínicas
Aborda fatores relacionados às áreas de apoio das quais a unidade depende para bom andamento do processo de trabalho.
51 13
colaboração; disponibilidade; visibilidade; boa vontade.
4. A triagem como forma de organização do fluxo de atendimento da UUE
Refere-se à percepção da relevância da triagem para organização do fluxo de atendimento.
46 12
organização; funcionamento;agilidade;comunicação.
5. Adequação da escala de trabalho, rotinas e número adequado de funcionários
Contextualiza elementos relacionados a escala, rotinas e número de funcionários que contribuem para um ambiente de trabalho favorável.
43 11
flexibilidade; rodízio; divulgação; número adequado.defuncionários
6. Bom funcionamento da farmácia
Diz respeito ao funcionamento da farmácia como fator positivo para o desenvolvimento do trabalho.
34 9agilidade; ações assertivas; organização; acesso.
7. Benefícios institucionais
Refere-se aos benefícios oferecidos pela instituição como fator impulsor na UUE.
11 3condições de trabalho;salário;insalubridade.
8. Reuniões periódicas
Refere-se às reuniões como estratégia para melhor desempenho do trabalho.
02 1 realização de reuniões periódicas
Total 381 100
A primeira categoria Ambiente e estrutura física adequados foi organizada
com 132 respostas (35%), as quais se referem a alguns aspectos considerados
pelos profissionais como impulsores, como boa estrutura física, boa ventilação e
iluminação, disposição e dimensionamento dos setores da unidade, materiais,
equipamentos e a comunicação.
A p r e s e n t a ç ã o e d i s c u s s ã o d o s r e s u l t a d o s | 103
Para muitos profissionais, a estrutura física da unidade é adequada e o
ambiente favorável ao trabalho, sendo alegre, familiar, com transparência nas ações
e sistematização do atendimento, como mostram alguns exemplos: “bons
consultórios”, “espaço amplo”, “boa divisão de ambientes”, “proximidade entre os
setores”, “localização de fácil acesso”, “ambiente de trabalho alegre”, “considero um
ambiente salubre”. Esses dados parecem contraditórios quando se considera a
definição do local de estudo na metodologia, mas também aparecem como força
restritiva, sendo discutido mais adiante.
Sabe-se que de uma forma geral a UUE precisa apresentar boa estrutura
física para garantir boas condições de trabalho e, principalmente, qualidade no
atendimento, considerando que é uma unidade que presta atendimento a situações
de urgência e emergência, devendo garantir todos os procedimentos para
manutenção da vida (PINHO; KANTORSKI; ERDMANN, 2005). Para a normatização
dos ambientes dessas unidades, a ANVISA (2002) estabeleceu a correta
programação físico funcional para estas unidades, que devem ser seguidas visando
em especial a vida dos clientes.
Para alguns profissionais, os materiais e equipamentos estão sempre
disponíveis, mesmo que em algumas vezes em pequena quantidade, mas são
sempre de boa qualidade, o que auxilia na intervenções, melhorando a qualidade da
assistência e dando segurança aos profissionais.
Gonçalves et al (2007) referem que em uma unidade de emergência, os
materiais tanto de consumo, como os permanentes precisam estar em perfeitas
condições de uso. Na perspectiva de Honório e Albuquerque (2005) estes são
indispensáveis para o atendimento aos clientes e influenciam diretamente na
qualidade da assistência prestada.
Quanto à comunicação organizacional, pode-se dizer que ela agrega valores
e contribui para a manutenção de uma instituição (ROMAN, 2002). É uma estratégia
importante na construção de um relacionamento com os usuários, onde a
informação e o conhecimento representam categorias de poder (NASSAR, 2006).
A segunda categoria denominada de Registros eficientes de enfermagem apresenta-se com 62 respostas (16%) e refere-se aos registros como confiáveis e de
fácil acesso, mesmo sendo poucos os registros de enfermagem na unidade, o que
facilita o trabalho das equipes, porque com eles têm-se conhecimento das
intercorrências e outros dados relativos aos clientes.
A p r e s e n t a ç ã o e d i s c u s s ã o d o s r e s u l t a d o s | 104
Os registros de enfermagem são considerados uma forma de gerenciamento
da assistência e avaliação da qualidade da mesma. São essenciais no processo de
cuidar porque retratam a realidade do cliente e possibilitam a comunicação
(MATSUDA et al., 2006; SANTOS; PAULA; LIMA, 2003).
A categoria Integração com as áreas de apoio e outras clínicas foi
elaborada a partir de 51 respostas (13%). Existe, segundo os profissionais,
colaboração, agilidade, boa vontade, presteza e apoio das demais áreas, o que
facilita todo o desenvolvimento do trabalho.
As áreas de apoio são citadas como disponíveis para atender às
necessidades da unidade e o próprio fato de existirem já é considerado como
facilitador. Uma questão importante nesta categoria, que também apareceu nos
dados, é a de que existe bom senso dos profissionais de algumas clínicas em
acelerar o processo de transferência dos clientes, pois estas pessoas reconhecem
as dificuldades da UUE e fazem o que é possível para ajudar.
As áreas de apoio segundo Almeida (2007), constituem-se em um meio de
trabalho fundamental para a UUE, mas é também um eixo delicado de relações no
interior da organização.
A categoria A triagem como forma de organização do fluxo de atendimento da UUE foi constituída por 46 respostas (12%), e retrata os aspectos
favoráveis do setor para organização do fluxo do atendimento. Seu funcionamento,
organização e agilidade foram os principais fatores que a trouxeram para o campo
de forças impulsoras.
A triagem procura reorganizar o modo de trabalho das UUE de forma a
atender os diferentes graus de especificidade e resolutividade na assistência de
acordo com os diferentes graus de necessidade do cliente (SECRETARIA DE
ATENÇÃO À SAÚDE, 2008c). É um setor importante para a instituição, pois procura
descongestionar a UUE, reduzir o tempo para o atendimento médico, avaliar o
cliente logo na sua chegada humanizando o atendimento e fornecer informações
sobre os serviços de saúde.
Segundo o Ministério da Saúde (SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE,
2008c; SECRETARIA-EXECUTIVA, 2004) esse serviço é denominado de
acolhimento e sua função é atender a todos os clientes que procuram os serviços de
saúde, não somente por meio de consultas médicas e procedimentos, mas
acolhendo, escutando, dando respostas adequadas, avaliando, identificando os
A p r e s e n t a ç ã o e d i s c u s s ã o d o s r e s u l t a d o s | 105
riscos e oferecendo uma resposta ao problema, considerando a necessidade do
cliente e a oferta de serviços no município e encaminhando com responsabilidade o
cliente para outras unidades de saúde. A intenção do acolhimento é resolver os
problemas de saúde da população que procura a unidade.
O acolhimento é uma ação tecno-assistencial que pressupõe a mudança da relação profissional / usuário e sua rede social através de parâmetros técnicos, éticos, humanitários e de solidariedade, reconhecendo o usuário como sujeito e participante ativo no processo de produção da saúde (SECRETARIA-EXECUTIVA, 2004; p. 5).
Hoje, este serviço na UUE apresenta um protocolo definido para
atendimento, segundo preconiza o Ministério da Saúde que prioriza o atendimento
não pela ordem de chegada, mas pelo risco a que o cliente está exposto. É utilizada
a classificação de risco, conceituada como um processo dinâmico de identificação
dos clientes que necessitam de tratamento imediato, de acordo com o potencial de
risco e é apresentada em quatro níveis (SECRETARIA-EXECUTIVA, 2004).
O primeiro nível é representado pela cor vermelha e significa prioridade zero,
ou seja necessita de atendimento imediato. O segundo é representada pela cor
amarela e é chamada de prioridade um, onde o atendimento deverá ocorrer o mais
rápido possível. O terceiro é representado pela cor verde e é chamado de prioridade
dois, o que significa que o atendimento tem uma prioridade não urgente. O quarto e
último nível é representado pela cor azul, conhecido como prioridade três; neste
nível o cliente é atendido de acordo com o horário de chegada (SECRETARIA-
EXECUTIVA, 2004).
A categoria Bom funcionamento da farmácia, constituída a partir de 34
respostas (9%), poderia ser incorporada na categoria relativa às áreas de apoio,
mas por sua importância foi categorizada separadamente. Segundo as respostas
dos profissionais, a disponibilidade de uma farmácia na unidade, que funciona vinte
e quatro horas, que tem um acesso fácil, apesar de não ser dentro da UUE, sua
organização, agilidade e funcionamento, a quantidade e variedade de medicamentos
e o estoque que disponibiliza são de extrema importância para o atendimento
eficiente e para facilitar o trabalho dos profissionais.
A UUE por ter uma dinâmica de trabalho diferenciada, exige melhor
organização das outras áreas do hospital, que precisam estar disponíveis e com
condições de funcionamento e atendimento (ALMEIDA, 2007).
A p r e s e n t a ç ã o e d i s c u s s ã o d o s r e s u l t a d o s | 106
Outra categoria elaborada foi a Adequação da escala de trabalho, das rotinas e número adequado de funcionários que se apresenta com 43 respostas
(11%) e refere-se a estes elementos – escala, rotina e número de pessoal- como
facilitadores para constituição de um ambiente de trabalho favorável ao
desenvolvimento de equipes.
O dimensionamento do pessoal de enfermagem é realizado para garantir
segurança e qualidade na assistência ao cliente e também para que haja
continuidade no processo de cuidar, seguindo as determinações do Conselho
Federal de Enfermagem. A metodologia e os critérios adotados para esse
dimensionamento devem permitir adequação dos recursos humanos às
necessidades reais da assistência (ANTUNES; COSTA, 2003).
Na UUE em estudo, a adequação da escala de trabalho foi considerada
impulsora. Sabe-se que a escala é necessária para o bom andamento do serviço,
mas o que foi considerado muito bom pelos profissionais, visualizado por meio dos
dados, foi a flexibilidade da gerente na elaboração da escala mensal, sem
desconsiderar a segurança do cliente.
Outra questão é a de que existe, também segundo os dados, uma
distribuição homogênea das tarefas em cada plantão e os profissionais passam por
todos os setores da unidade, pois existe uma escala diária que é elaborada, na
maioria das vezes, pelo supervisor do período.
As rotinas também aparecem como facilitadoras. São consideradas como
descrição detalhada para realização de um determinado procedimento, e são
específicas de cada instituição e, às vezes, de cada unidade, porque depende dos
recursos disponíveis. Um de seus principais objetivos é fazer com que haja
padronização nas ações executadas, o que facilita o trabalho e diminui custos
(SILVA, 1991). A existência, divulgação e adequação às necessidades da unidade
são alguns dos fatores que a colocaram como fator impulsor.
Outro fator apontado é o número de profissionais que trabalham na unidade.
Para alguns profissionais, segundo os dados, este número é adequado e suficiente
para prestar um atendimento com qualidade. Por ser uma unidade de emergência
que exige atendimento também imediato (PINHO; KANTORSKI; ERDMANN, 2005),
precisa não somente de recursos materiais, mas de recursos humanos em
quantidade suficiente.
A p r e s e n t a ç ã o e d i s c u s s ã o d o s r e s u l t a d o s | 107
A possibilidade de trabalhar em um hospital escola, de certa forma com boas
condições de trabalho, com incentivos como salário, insalubridade e estabilidade,
gera satisfação para alguns profissionais da UUE como mostram os exemplos “a
remuneração”, “a estabilidade”, “salário”, “ter boas condições de trabalho”, e
constituem a categoria Benefícios institucionais com 11 respostas (3%).
A última categoria denominada de Reuniões periódicas aparece com 02
respostas (1%) e está relacionada com a realização periódica das mesmas, como
estratégia para melhorar o desempenho do trabalho. As reuniões servem para
informar, discutir, planejar e avaliar, buscando melhorias para o trabalho.
Finalmente apresentam-se os fatores restritivos relacionados à dimensão do
Ambiente, conforme disposto na Tabela 13.
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Tabela 13: Categorias relacionadas às forças restritivas para o trabalho em equipe
na UUE na dimensão do Ambiente. Goiânia, 2009.
Categoria Descrição n % Exemplos
1. Dinâmica e funcionamentoinadequado da unidade
Diz respeito a itens referentes ao funcionamentopropriamente dito, como restritivo ao trabalho em equipe.
375 36
unidade não caracterizada como urgência; falta de organização e de tempo;ausência de rotinas;comunicaçãoineficiente.
2. Estrutura física deficitária e falta de materiais e equipamentos
Refere-se a fatores relacionados ao ambiente, estrutura física e materiais e equipamentos que prejudicam o processo de trabalho.
307 29,2
acesso físico; estrutura física sucateada; iluminação e ventilação inadequadas; acomodações desumanas.
3. Limitações no serviço da farmácia
Diz respeito à localização e a forma de funcionamento da farmácia de um modo geral, como fator restritivo ao trabalho.
110 10,4burocracia;distância;demora; recursos humanos
4. Áreas de apoio: limitações e deficiências
Contextualiza as deficiências das áreas de apoio como limitações ao trabalho.
99 9,4 falta de interesse; demora; ineficiência.
5. Limitações e deficiências do serviço de triagem
Refere-se à forma geral de funcionamento da triagem com suas limitações e deficiências.
66 6,2
ineficiência; desorganização; avaliação inadequada; ausência de critérios.
6. Problemas relativos aos registros de enfermagem
Aborda fatores relativos ao não cumprimento integral dos registros, o que dificulta o andamento do trabalho.
56 5,3
falta de tempo para registrar; falta de formulário específico para registros da enfermagem.
7. Falta de apoio institucional
Engloba elementos restritivos de ordem institucional que interferem significativamente no trabalho.
27 2,5falta de incentivo; falta de cursos de capacitação;falta de interesse.
8. Interferências de interesses externos
Contextualiza elementos restritivos de ordem externa que dificultam a dinâmica do trabalho.
05 0,5 Políticas governamentais; falta de recursos.
9. Limitações no sistema de saúde
Refere-se à desorganização no sistema de saúde.
05 0,5 baixa resolutividade; seletividade para liberar vagas.
Total 1050 100
A p r e s e n t a ç ã o e d i s c u s s ã o d o s r e s u l t a d o s | 109
O ambiente é o espaço do hospital que comporta clientes, familiares,
profissionais de diversas áreas, materiais e equipamentos. O ambiente hospitalar é
considerado por Delgado e Oliveira (2005) como algo bem mais complexo que o
simples espaço físico onde o trabalho se desenvolve. Constitui-se em local de
aglomeração e superlotação de clientes com patologias diferenciadas, cuidados por
diversos profissionais e que, geralmente, proporcionam à equipe de enfermagem
péssimas condições de trabalho.
Na prática, tem-se observado a superlotação nos hospitais em Goiânia - GO
principalmente nos dois maiores, que são públicos e atendem exclusivamente aos
clientes do SUS. A presença de clientes que vêm do interior buscando solução de
problemas que poderiam ser resolvidos no próprio município de origem, tem
contribuído em larga escala para esta superlotação.
Outros fatores que muito contribuem, e que não são exclusivos deste
município, são a baixa resolutividade nas unidades básicas de saúde, a falta de
funcionamento efetivo dessas unidades, aspectos culturais da população que, a leva
a procurar as grandes unidades para resolver pequenos agravos e principalmente a
falta de prioridade com que a saúde é tratada (KALEMOGLU et al., 2004;
MARQUES; LIMA, 2007; MENDES; ALMEIDA, 2005).
Ainda neste município, o problema da superlotação é considerado crônico, já
que as instituições conveniadas ao SUS por vezes não recebem clientes com
determinados agravos como politraumatismos e complicações graves porque são
considerados onerosos, demandam longo tempo de internação e os valores pagos
pelo SUS são considerados insuficientes (BORGES, 2008).
Assim, muitos clientes permanecem nas instituições públicas, nos
corredores, em macas, cadeiras, e às vezes no chão, aguardando vaga para serem
transferidos, o que gera grande sofrimento não só ao cliente, mas aos familiares e
profissionais que lidam diariamente com esta realidade (BORGES, 2008; LIMA,
2008).
Em hospital no município de Goiânia, em 2006 o número de novos clientes
para atendimento de urgência e emergência subiu de 3,5% para 7%. A taxa foi
mantida em 2007 mas alcançou o percentual entre 20 e 30% em 2008. A
superlotação e a precariedade no atendimento nesta instituição estão se tornando
“caso de justiça” (AGÊNCIA ESTADO, 2008).
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No presente estudo foram identificados diversos fatores restritivos ao
trabalho em equipe relacionados ao ambiente, e de forma geral, esta dimensão foi a
que mais se destacou com 1050 respostas.
Em primeiro lugar tem-se a categoria Dinâmica e funcionamento inadequado da unidade com 375 respostas (3%). Esta categoria refere-se a fatores
como a descaracterização da unidade, alta demanda de clientes, burocracia, a
comunicação organizacional e outros fatores relativos à forma de funcionamento da
unidade que prejudicam a dinâmica do trabalho.
A descaracterização da unidade como urgência e emergência, é citada nos
dados de forma importante. Os sujeitos referem-se ao fato de ser uma unidade que
recebe clientes que poderiam ser atendidos em unidades básicas de saúde e que
permanece com clientes crônicos, pois há falta de vagas na rede para diagnósticos
específicos. Isso gera a ocupação de leitos que poderiam ser utilizados para casos
reais de emergência.
A sala de observação onde os clientes deveriam permanecer por apenas 48
horas é transformada em uma grande enfermaria, onde permanecem até a alta, o
que muitas vezes demora até dois meses, dependendo da patologia. Esta situação é
agravada pela alta rotatividade de clientes e alta demanda.
A burocracia existente, não é vista como algo necessário e sim, como um
fator que dificulta o trabalho, principalmente, porque segundo os dados, ela leva à
perda de tempo.
Não há, também segundo as respostas dos entrevistados, organização. Os
materiais e equipamentos são retirados de seu local mas não guardados
posteriormente. O profissional gasta muito tempo procurando o que precisa para
realizar os procedimentos.
Quase não há rotinas, e as poucas existentes não são consideradas pelos
profissionais, pois alegam desconhece-las. Alguns profissionais consideram que a
equipe médica e os acadêmicos, principalmente, de medicina também precisam
conhecê-las. Sugerem que sejam estabelecidas rotinas segundo normas e regras da
instituição que as mesmas sejam repassadas a todos os profissionais e que a
equipe auxilie na elaboração das mesmas.
A unidade conta com bolsistas e muitos acadêmicos de diversas áreas, o
que em alguns momentos traz grande desconforto e desorganização, segundo as
respostas, pois, por não conhecerem a forma de funcionamento da unidade, acabam
A p r e s e n t a ç ã o e d i s c u s s ã o d o s r e s u l t a d o s | 111
tumultuando ainda mais o setor. Deve-se considerar também, que muitos alunos e
também muitas escolas não estão preparados o suficiente para atuarem nesse tipo
de unidade.
De acordo com os sujeitos, o fluxo de pessoas na unidade é alto, não
somente pelos muitos clientes e profissionais da unidade, mas porque a unidade é
utilizada como porta de entrada e saída para os profissionais de outras áreas. Este
fluxo ainda contribui para aumentar ainda mais o tumulto e agitação, causados pelo
número insuficiente de profissionais, tarefas em excesso, clientes graves e espaço
físico insuficiente.
Há demora na reavaliação dos clientes e muita dificuldade em conseguir que
estes sejam acompanhados por especialistas no próprio hospital e consigam uma
vaga. Quando o cliente recebe alta, em muitos casos não consegue dar
continuidade ao tratamento por falhas na rede básica de saúde e acaba retornando
a UUE.
A resolutividade é baixa, a sobrecarga pelo trabalho em si e pelas condições
impostas para a execução do mesmo é alta, o número de profissionais é deficiente e
a qualidade da assistência é prejudicada.
Os problemas atuais da unidade são considerados como os mesmos de
tempos atrás, agravados pelo sofrimento dos clientes, familiares e profissionais;
estes sofrem principalmente pela impotência diante dos problemas e por não
conseguirem prestar um atendimento de qualidade.
Falhas na comunicação organizacional também aparecem nesta categoria.
Casado (2002) afirma que as organizações oferecem várias possibilidades de
comunicação e ao mesmo tempo, para se manterem e aprimorarem, dependem de
processos de comunicação cada vez mais claros e apropriados. Para a mesma
autora, a comunicação é uma forma de estabelecer e fazer cumprir objetivos e
metas da instituição.
No presente estudo a comunicação aparece com falhas por ser considerada
ineficiente (informações desencontradas, falta de comunicação). Segundo os dados,
as decisões não são divulgadas, os avisos e circulares encontram-se anexados em
lugares inapropriados, não há informatização, e principalmente, não há uma forma
comum de comunicação que poderia facilitar que é um “jornal” informativo, com as
principais informações que deveriam ser repassadas aos profissionais em um
período específico.
A p r e s e n t a ç ã o e d i s c u s s ã o d o s r e s u l t a d o s | 112
O fator tempo também aparece relacionado à insuficiência do mesmo para o
desempenho das ações propostas e necessárias. Segundo Pereira et al. (2005),
todos têm exatamente 86.400 segundos para fazer tudo o que deve ser feito em um
dia, mas a informação parece irrelevante, pois todos reclamam da falta de tempo. A
questão é: realmente não há tempo suficiente pela quantidade de tarefas e número
reduzido de pessoal ou simplesmente o fator tempo tornou-se uma saída para a
situação de acomodamento já comum à rotina?
A segunda categoria refere-se à Estrutura física deficitária e falta de materiais e equipamentos e está constituída por 307 respostas (29,2%).
Entre os diversos fatores que compõem esta categoria, está a estrutura
física, que aparece nos dados como sucateada. Destacam-se: “paredes com
infiltração”, “tomadas que não funcionam”, “portas estreitas” (leitos largos?),
“ausência de sala específica para preparo dos medicamentos”, “poucos banheiros” e
mesmo assim em péssimas condições. “Não há ventilação”; em dias de intenso
calor, clientes e profissionais sofrem. “Não há iluminação adequada”, o que dificulta
a realização de procedimentos, principalmente nos consultórios e corredores.
A vivência e experiência em uma UUE permite inferir que a realidade
confirma o que o estudo mostra, pois o setor permanece lotado com corredores
cheios, sem acomodações para os clientes, sendo que bancos, cadeiras, macas de
consultórios, macas da sala de sutura e eletrocardiograma e o chão se
transformaram em “leitos” (GONÇALVES et al., 2007; O’DWYER; OLIVEIRA; DE
SETA, 2006).
O acesso físico à unidade é facilitado para os profissionais de diversas
unidades, mas difícil para os clientes, principalmente, para os mais graves. A
distância entre a unidade e as áreas de apoio é grande, especialmente, a distância
da unidade com a triagem e a farmácia. Além disso, os clientes ficam aglomerados
nos corredores e muito próximos uns dos outros, o que facilita o risco de infecção
hospitalar (FERRER; TOLEDO, 2006).
A entrada da emergência é distante da central de macas, os corredores são
estreitos, ou seja, há espaço físico inadequado para demanda, que é em excesso.
Para Almeida (2007) o espaço físico pode potencializar situações de conflito.
Segundo Matos (2002) em uma pesquisa efetuada em um hospital universitário, o
espaço físico, junto com as demais dificuldades, foi identificado como gerador de
conflito entre os profissionais, clientes e familiares.
A p r e s e n t a ç ã o e d i s c u s s ã o d o s r e s u l t a d o s | 113
A falta de equipamentos e materiais também aparece nesta categoria. A
equipe de enfermagem necessita de imediato de materiais e equipamentos em
perfeitas condições de funcionamento. Esses materiais são considerados por
Honório e Albuquerque (2005) como alicerce ao desenvolvimento de uma prática
segura, pois sua qualidade influencia diretamente a qualidade da assistência
prestada e a segurança do profissional.
A unidade em estudo apresenta, segundo as respostas, materiais e
equipamentos em número insuficiente, sucateados e desatualizados. Não há
manutenção e controle rigorosos e, ainda, existe grande dificuldade que é a
reposição quando o disponível vai para manutenção ou quando simplesmente
acaba.
Segundo Williams (2004) as unidades de emergência devem criar um
ambiente que tenha um processo de produção previsível, sustentável e adequado às
necessidades dos clientes, e isso, implica, principalmente, na análise da oferta
existente e do equipamento necessário.
As três categorias a seguir retratam as limitações e deficiências de setores
importantes para a UUE que são a farmácia, as áreas de apoio de uma forma mais
generalizada e a triagem. Segundo Almeida (2007) as unidades de emergência são
complexas e dependem de outros setores, mas esta relação às vezes mostra-se
conflituosa, porque os outros setores não compreendem as necessidades da
unidade e, por outro lado, os profissionais da emergência devido à dinâmica de seu
trabalho, não compreendem as limitações dos outros serviços.
A categoria Limitação no serviço da farmácia, aparece com 110 respostas
(10,4%). A UUE é a única unidade do hospital que conta com uma farmácia
específica para o atendimento a suas necessidades e demandas.
Esta farmácia funcionava dentro da unidade e há alguns anos passou para o
lado externo onde fica a recepção geral, distanciando-se dos profissionais, fazendo
com que os mesmos se desloquem a ela a cada atendimento, dependendo das
medicações prescritas, e também passando pelos clientes que aguardam
atendimento. Isso é extremamente difícil, já que muitas vezes devido à demora no
atendimento, alguns clientes e familiares abordam estes profissionais cobrando
rapidez.
Ainda relativo à farmácia, as respostas mostram que a burocracia é
considerada pelos profissionais como excessiva, desnecessária e seu
A p r e s e n t a ç ã o e d i s c u s s ã o d o s r e s u l t a d o s | 114
funcionamento deveria ser ininterrupto, mas pela falta de profissionais acaba
fechada em momentos como horário do almoço e jantar pela falta de profissionais.
Destacam-se ainda as seguintes afirmações sobre este setor: “o setor não aceita
reclamações”, “não reconhece a unidade como sendo de urgência”, apresenta uma
“organização precária” o que leva ao “desaparecimento das vias das prescrições e
controles”, “demora na liberação das medicações” e “não apresenta uma
comunicação clara e eficiente com os profissionais da unidade”.
Quanto às áreas de apoio, as principais colocações são as de que “não
percebem as necessidades da UUE”, “sempre priorizam outras clínicas, não dando
grande importância as solicitações feitas”. “Demoram no atendimento as
solicitações”, “não apresentam um atendimento humanizado”, a “comunicação é
ineficiente” e apresentam “recursos humanos em quantidade reduzida”. Suas ações
não colaboram de forma eficiente para o desenvolvimento do trabalho na unidade,
“não conseguem atender a demanda” e apresentam-se “desorganizados”. Essas
informações constituíram a categoria Áreas de apoio: limitações e deficiências,
com 99 respostas (9,4%).
Em relação à triagem, pode-se dizer que é um setor que deveria funcionar
como organizador do fluxo de clientes, mas, é considerada como restritiva ao
trabalho em equipe. Suas limitações constituem a categoria Limitações e deficiências do serviço de triagem, com 66 respostas (6,2%).
Segundo informações contidas nos dados, para ganhar credibilidade junto
aos clientes e profissionais a triagem deveria funcionar vinte e quatro horas, mas por
“falta de profissionais”, em alguns plantões “permanece fechada e, geralmente, só
funciona até meia noite”. É considerada pelos sujeitos do estudo como “ineficiente” e
“inadequada”, considerando que “não avaliam pacientes trazidos pelo Corpo de
Bombeiros, SAMU e pacientes mais debilitados” que chegam em ambulâncias e não
conseguem se deslocar até o setor.
Também, segundo os dados, os profissionais deste setor “por sua
sensibilidade diante da situação do paciente, se recusam a dizer não à entrada do
mesmo na unidade”. Outras vezes, “não oferecem aos pacientes informações
corretas de onde poderiam ser atendidos” e ainda, “não cultivam uma comunicação
eficiente com a equipe da unidade”, “não conhecem a realidade interna da unidade”
e “não utilizam critérios rigorosos de avaliação” contidos na avaliação de riscos
A p r e s e n t a ç ã o e d i s c u s s ã o d o s r e s u l t a d o s | 115
preconizada pelo Ministério da Saúde (SECRETARIA-EXECUTIVA, 2004) e adotada
pelo setor.
Ainda considerando os fatores restritivos, tem-se a categoria Problemasrelativos aos registros de enfermagem, com 56 respostas (5,3%). Essa categoria
diz respeito ao não cumprimento e realização integral dos registros, o que dificulta o
desenvolvimento do processo de trabalho. Segundo Matsuda et al. (2006), no
ambiente hospitalar existe uma constante troca de informações e experiências entre
as pessoas e os registros de enfermagem consistem na forma de comunicação
escrita destas informações relativas aos clientes e são essenciais no processo do
cuidado.
No presente estudo, a falta dos registros apareceu relacionada à “falta de
tempo”, “falta de impressos específicos para a enfermagem com roteiro pré-
definido”, “o número reduzido de funcionários” e “não observância dada aos
benefícios dos registros”. As “letras ilegíveis” e “desorganização” também aparecem
nesta categoria. A desorganização refere-se ao fato de que o pouco registro que é
feito desaparece, porque as folhas que constituem o prontuário do cliente
desaparecem.
Foi apontada também como restritiva a categoria Falta de apoio institucional, considerada em 27 respostas (2,5%). O fato da instituição não
promover cursos de capacitação, concursos para reposição de funcionários,
atividades para integrar a equipe e não ter, ou ao menos não demonstrar, interesse
para adquirir materiais e equipamentos de acordo com a necessidade da unidade,
faz com que os profissionais se sintam desestimulados e desacreditados na missão
e visão da instituição e entendam isso como falta de apoio institucional, o que
interfere significativamente no processo de trabalho.
As respostas também mostram que os profissionais consideram que a
instituição não oferece boas condições de trabalho, o processo decisório é fechado e
os poucos cursos oferecidos são ineficientes.
Segundo Pereira et al. (2005), em uma pesquisa realizada em cento e
quarenta empresas brasileiras sobre os principais fatores de atração e retenção de
talentos, constatou que 61% dos entrevistados consideravam o ambiente de trabalho
como sendo um fator decisivo para sua permanência ou saída de uma empresa,
perdendo somente para o fator salarial (67%).
A p r e s e n t a ç ã o e d i s c u s s ã o d o s r e s u l t a d o s | 116
Acredita-se que o ambiente permanece, como já descrito até o momento,
também pelas interferências de interesses externos. Interesses políticos, de ordem
econômica e governamental que dificultam a realização de concursos e
principalmente o repasse de verbas para a instituição. Este fator aparece como outra
categoria com 5 respostas (0,5%), denominada de Interferências de interesses externos.
A desorganização no sistema de saúde, aparece na categoria Limitaçõesno sistema de saúde, com 05 respostas (0,5%).
É inegável o avanço do setor de saúde no Brasil, mas de acordo com
Campos e Domitti (2007), a implantação do SUS pode ser considerada parcial, pois
o número de serviços oferecidos ainda é insuficiente para atender a demanda, falta
uma reordenação nos modelos de gestão.
A vivência em uma UUE tem mostrado que a insuficiência do sistema,
evidenciada pela inexistência de vagas para todos os que necessitam. As UUEs
apresentam realidades comuns de superlotação, tumulto e alta demanda, por falhas
no sistema de saúde como baixa resolutividade, falta de critérios para atendimento e
seletividade na liberação de vagas. Este fator muito contribui para restringir o
trabalho em equipe, pois o sistema apresenta-se desorganizado, e são os
profissionais que suportam e sofrem com as principais consequências disso.
A visão dos profissionais em relação aos fatores impulsores e restritivos
nesta dimensão, ficaram muito próximas, porque os fatores apresentados como
impulsores, também apareceram como restritivos, mas com frequências
diferenciadas, muito mais para os restritivos.
É inegável o peso que a dimensão ambiente tem sobre o trabalho em
equipe, independente dos dados estarem tão próximos. Esse fato chama a atenção
para que se olhe mais para a UUE como um setor que precisa de socorro para se
manter com um mínimo de dignidade para profissionais e clientes.
Um fator não registrado por escrito, mas comentado pelos profissionais
durante a entrega dos questionários, é que se sentem sozinhos na unidade,
remando contra uma grande correnteza, isolados e esquecidos pela estrutura
organizacional e pelos colegas de outros setores.
C o n c l u s ã o | 118
O trabalho em equipe é um instrumento eficiente para melhoria do processo
de trabalho e também uma das formas de atuação que mais tem contribuído para a
melhoria contínua dos processos nas instituições. É utilizado como uma das
possibilidades de lidar com os inúmeros problemas enfrentados pelos profissionais
da enfermagem como o estresse, superlotação, sofrimento, falta de materiais e
recursos humanos entre outros.
A proposta de estudar as forças impulsoras e restritivas para o trabalho em
equipe de enfermagem em UUE surgiu da inquietação da pesquisadora diante da
vivência nesta unidade e do desejo em explorar esse conhecimento para melhorar o
desempenho dos profissionais e, consequentemente, melhorar a qualidade do
atendimento.
Para tanto se realizou um estudo descritivo e exploratório, que teve seus
dados coletados por meio de um questionário construído com embasamento na
Teoria de Campo de Forças de Kurt Lewin, na proposta apresentada por Fela
Moscovici e na vivência da pesquisadora. Os dados foram submetidos ao processo
de análise de conteúdo e organizados nas dimensões do Eu, Outro e Ambiente.
Para a análise, foi utilizada apenas uma aproximação à teoria de campo de Kurt
Lewin, no que diz respeito ao diagnóstico das forças, devido ao tempo necessário
para o desenvolvimento desse processo e da indisponibilidade inicial da equipe em
trabalhar em grupo para a realização da pesquisa.
O estudo permitiu analisar o campo de forças para o trabalho da equipe de
enfermagem na UUE nas dimensões do Eu, do Outro e do Ambiente, além de
caracterizar a equipe e conhecer a concepção dos profissionais que a integram
sobre o nível de desempenho do grupo de trabalho.
A unidade é constituída predominantemente por trabalhadores jovens, do
sexo feminino, com tempo de formação e exercício na enfermagem entre seis e dez
anos, que atuam na instituição entre um e cinco anos. Muitos atuam na UUE entre
um e cinco anos, com carga horária semanal de 30 horas, são concursados,
apresentam mais de um vínculo de trabalho e foram para UUE por indicação
hierárquica. No que diz respeito à concepção da equipe sobre o nível de
desempenho do grupo, estes se reconhecem, como grupo de trabalho (43%) e
equipe potencial (27%).
Foram identificados pelos sujeitos mais fatores restritivos do que impulsores
para o trabalho em equipe na unidade estudada, embora o peso maior destes recaia
C o n c l u s ã o | 119
sobre o Ambiente. Destacam-se também nos impulsores, que aqueles relacionados
à dimensão do Eu foram os mais presentes.
A dimensão do Eu engloba os elementos referentes à pessoa como
indivíduo. Geralmente, os sujeitos tendem a ignorar ou minimizar seu próprio papel
na situação ao fazerem um diagnóstico. Quando as forças relativas a esta dimensão
aparecem no campo de forças, geralmente referem-se às impulsoras, porque é difícil
aceitar o papel que o Eu desempenha como força restritiva em um problema.
Embora esse fato seja definido no referencial teórico como uma limitação na visão
dos profissionais sobre sua real contribuição para o trabalho em equipe, é inegável o
potencial que os profissionais estudados mostram para desenvolver o trabalho em
equipe.
A dimensão do Outro é aquela onde se enquadram elementos que se
referem às outras pessoas e à sua interação. As forças relacionadas a esta
dimensão foram encontradas em equilíbrio, o que pode ser visualizado como fator
negativo para o processo de trabalho, pois sinalizam uma estagnação e limitação.
Esse fato chama a atenção para necessidade de investimento dos gestores em
ações no sentido de reverter este equilíbrio, o que poderá melhorar o desempenho
destes profissionais em equipe.
A dimensão do Ambiente refere-se aos elementos que relacionados aos
aspectos que envolvem estrutura, recursos materiais, entre outros. Nesta dimensão
foi evidenciada forte tendência das forças restritivas, indicando que esta é uma
grande limitação ao trabalho em equipe e que necessita de urgente atenção. De
maneira geral, os profissionais visualizam o ambien te da UUEcomo local
estressante, tumultuado, que funciona de forma inadequada, sofre com as limitações
do sistema de saúde, com as limitações das áreas de apoio, convive com a falta de
equipamentos e materiais, apresenta estrutura física inadequada e tem dificuldades
em receber apoio institucional. Esta dimensão é percebida pelos profissionais como
negligenciada pela instituição.
Com este estudo foi possível perceber que na equipe de enfermagem da
UUE estudada há um campo de forças que precisa ser trabalhado em busca da
melhoria da qualidade da assistência, em particular, pelo potencial a ser
desenvolvido se considerarmos as forças impulsoras identificadas e o equilíbrio que
sinaliza paralisação e inércia.
C o n c l u s ã o | 120
Porém, é necessário que a opção pela adoção do modelo de trabalho em
equipe como eixo da ação dos profissionais seja reconhecida como um desejo dos
profissionais envolvidos na assistência, dos gestores e da própria instituição. Nesse
sentido, é fundamental a qualificação desse grupo e do apoio institucional no que se
refere ao desenvolvimento de equipes, fundamentado em um referencial
teórico/técnico que viabilize a transformação de conhecimentos, habilidades e
atitudes relativos a essa modalidade de trabalho.
Parece claro nos resultados da pesquisa que há potencial a ser
desenvolvido, mas que existem barreiras pessoais, relacionais, institucionais e
ambientais a serem transpostas.
A equipe de enfermagem da UUE mostra atributos necessários para
desenvolvimento do trabalho em equipe quando se considera seu potencial indicado
pelos dados, mas precisa ter consciência deste potencial e encarar o desafio de
enfrentar uma mudança na sua forma de funcionar, visando a melhoria da qualidade
da assistência, bem como na sua condição de trabalho, haja vista o destaque para o
absenteísmo e comprometimento da saúde dos profissionais. Talvez pelo
desconhecimento, o grupo estudado não visualiza o quanto uma mudança na sua
forma de operar pode melhorar sua satisfação no trabalho e desempenho.
Os dados que indicam posições equilibradas de um mesmo elemento como
força impulsora e restritiva na mesma dimensão, apontam que a equipe parece não
ter clareza do seu potencial, nem dos benefícios que poderia obter com um trabalho
mais articulado. Por isso, parece se acomodar na situação como se essa fosse a
única saída possível para a situação. Tem-se a impressão de que e paira um clima
de pouca esperança de mudança.
Quando se observa o posicionamento da equipe diante da postura dos
gestores e da instituição como um todo, verifica-se nas respostas que há sinais de
falta de apoio e incentivo aos profissionais na resolução de questões relacionadas à
dimensão do OUTRO e do AMBIENTE que parecem cruciais.
Por limitações metodológicas, aliadas ao posicionamento da própria equipe,
no presente estudo apresenta-se apenas o diagnóstico da situação, não sendo
possível nesse momento, sem a presença efetiva da equipe na busca de soluções, a
indicação de um plano de ação para tentar reverter o campo de forças identificado.
No entanto, a investigação aponta a necessidade de se trabalhar as forças
C o n c l u s ã o | 121
identificadas e aproveitar o potencial que existe neste grupo de profissionais em
direção à melhoria da qualidade do atendimento na UUE.
Considerando-se, especialmente, o perfil dos profissionais relativos a sua
experiência e fixação no mesmo local de trabalho, é fundamental aproveitar o
conhecimento acumulado, bem como as posições e soluções que o próprio grupo
pode ter com relação aos pontos de fragilidade identificados no estudo.
A transformação efetiva desse grupo de profissionais que trabalha no
mesmo espaço em uma equipe de melhor desempenho, é um desafio primeiramente
para o próprio grupo, que deve pensar não apenas na garantia da produtividade e
qualidade, mas porque isso pode interferir na sua satisfação no trabalho e qualidade
de vida enquanto trabalhador.
O desafio nesse sentido é grande, pois como realizar uma mudança tão
complexa em um ambiente onde os profissionais não conseguem visualizar nem
mesmo a situação crítica em que se encontram? Sabe-se que desenvolver uma
equipe não é fácil, e, além disso, é necessário que essa meta seja parte da política
institucional e, principalmente, de todos os profissionais envolvidos neste processo,
dada sua complexidade.
O diagnóstico realizado neste trabalho aponta um panorama dos aspectos
favoráveis ao trabalho em equipe na UUE, bem como aqueles que merecem
atenção pelas limitações e dificuldades identificadas pela equipe de enfermagem da
unidade.
Embora essa seja uma visão parcial, pois a equipe de saúde da UUE não se
constitui apenas dos profissionais da equipe de enfermagem, esse grupo representa
a maior força de trabalho da equipe como um todo e, portanto, sinaliza que grande
parte do que foi identificado mostra de certa forma, a dinâmica do trabalho realizado
na referida unidade.
Assim, considera-se que esse diagnóstico pode trazer alguns indicadores à
Diretoria de Enfermagem, bem como à Direção da instituição, para repensar a
dinâmica da UUE e o planejamento de intervenções que possam interferir no
desempenho individual e coletivo, implementando estratégias para se trabalhar com
estes profissionais. De igual forma, indica problemas relacionados à dimensão do
AMBIENTE que parecem grande limitador para o desenvolvimento do trabalho em
equipe.
C o n c l u s ã o | 122
Nesse sentido, se o maior problema que restringe o trabalho em equipe está
relacionado ao Ambiente, sendo a UUE a porta de entrada da instituição, considera-
se fundamental a busca de mudanças diante desta situação, já que ela interfere na
qualidade da assistência prestada, diminui a capacidade da instituição em atender
às demandas dos usuários e de oferecer condições dignas aos profissionais para
desenvolverem o seu trabalho.
Acredita-se que uma responsabilidade da pesquisadora é oferecer retorno,
primeiramente ao grupo estudado, dos resultados da pesquisa para que este tenha
claro o que ele pensa de si mesmo com relação ao trabalho em equipe. Talvez fosse
interessante discutir com os profissionais o que se pode fazer diante da situação da
UUE. Como diminuir ou eliminar os fatores restritivos e potencializar os impulsores,
instigando cada um a pensar: o que eu posso fazer? O que nós podemos fazer? O
que cabe à instituição fazer?
De acordo com o método adotado inicialmente, esse momento faria parte
desse trabalho. No entanto, como houve dificuldade do grupo em aceitar a proposta
da pesquisa – ação, talvez essa seja a saída para dar continuidade à árdua tarefa de
mapear o campo de forças e se debruçar sobre seus resultados buscando soluções,
que não sejam milagrosas ou que venham das instâncias superiores, mas que sejam
parte da construção coletiva e da gestão compartilhada.
Por essa razão, tem-se clareza também da responsabilidade da
pesquisadora para com a Diretoria de Enfermagem e da Instituição na devolução
dos resultados do estudo, como forma de contribuir para a busca da excelência, que
está posta como parte da missão institucional.
Os resultados desta pesquisa, embora tenham esbarrado em limites
metodológicos decorrentes de se trabalhar em uma aproximação do referencial
teórico/metodológico e não na sua utilização na íntegra, de ser pouco utilizado na
área de saúde, sem muitos modelos para serem seguidos e por ainda não ter
contado com a representação de todos os profissionais que integram a equipe de
saúde da UUE, indicam que os objetivos propostos no trabalho foram alcançados e
contribuem para o conhecimento a respeito da complexidade do trabalho em equipe
e dos fatores que podem facilitar ou dificultar sua realização.
Acredita-se que esses fatores podem instrumentalizar gerentes e gestores
para lidar melhor com os desafios encontrados no cotidiano de trabalho na UUE,
considerando que para se dispor de equipes mais eficientes e eficazes, deve-se
C o n c l u s ã o | 123
considerar os vários aspectos que interferem no seu desempenho. Ressalta-se
ainda, que os resultados oferecem subsídios para implantação de programas de
desenvolvimento de equipe.
O estudo também permite a afirmação de que os fatores impulsores e
restritivos ao trabalho em equipe devem fazer parte do planejamento da instituição.
Como ferramenta para ser incorporada nos modelos de gestão de recursos
humanos, a pesquisa auxilia o desenvolvimento de estratégias para mobilizar
sinergias individuais e às equipes de trabalho, bem como, para com os elementos
que favoreçam sua efetividade.
Após a realização deste estudo é possível dizer que a implementação de
projetos e programas de desenvolvimento de equipes, devem ser subsidiados por
dados concretos que mostrem o movimentos das pessoas, da sua relação e sua
interação com o ambiente em que trabalham e passam boa parte da sua vida.
Assim, pode-se dizer que, por meio da abordagem feita pelo referencial teórico-
metodológico deste estudo, abre-se um leque de possibilidades para que novos
estudos sejam feitos sobre o trabalho em equipe em UUE, considerando-se que é
pequena a produção de pesquisas que focalizam esse tema em particular.
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A p ê n d i c e s | 140
APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado (a) a participar, como voluntário (a), da pesquisa
intitulada “Forças Impulsoras e Restritivas para o Trabalho em Equipe de Enfermagem em Unidade de Urgência e Emergência”, sob a responsabilidade da pesquisadora Ana
Paula Silva que tem como orientadora a Professora Drª Denize Bouttelet Munari. Após ser
esclarecido (a) sobre a mesma e aceitando participar, assine este documento, que está em
duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa
você não será penalizado de forma alguma.
Esse estudo se justifica em decorrência do movimento atual do Hospital das Clínicas
em busca da melhoria do desempenho das equipes de enfermagem nos respectivos
cenários, visando construir possibilidades de transformação da performance institucional
pela oferta à comunidade de serviços de alta qualidade.
Esta pesquisa tem como objetivo geral investigar as forças impulsoras e restritivas
para o trabalho em equipe de enfermagem em Unidade de Urgência e Emergência Adulto
de um Hospital Escola, e como objetivos específicos: conhecer as concepções dos
profissionais da equipe de enfermagem sobre trabalho em equipe e identificar e analisar as
forças impulsoras e restritivas para o trabalho em equipe de enfermagem em Unidade de
Urgência e Emergência Adulto (PS) de um hospital escola.
Para o alcance dos objetivos será empregado um questionário que se encontra
dividido em duas partes, sendo a primeira formada por dados pessoais e profissionais e a
segunda, por questões relacionadas à equipe e a unidade.
Quanto aos desconfortos e riscos esclarecemos que:
- fica garantido que o estudo não trará nenhuma espécie de risco, desconforto ou
danos à sua pessoa.
- sua participação não implica em despesa de qualquer natureza;
- você será esclarecido acerca de quaisquer dúvidas sobre os procedimentos, riscos
ou benefícios desta pesquisa, a qualquer tempo que for solicitado;
- está assegurado sua liberdade de retirar o consentimento a qualquer momento ou
deixar de participar do estudo, sem que isto lhe traga algum prejuízo;
- é assegurada ainda a não identificação dos sujeitos que participarão da pesquisa;
- será mantido o caráter confidencial das informações obtidas;
A p ê n d i c e s | 141
- em caso de dúvidas sobre os seus direitos como participante nesta pesquisa, você
poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás nos telefones: 32698338 e 32698426. Informamos que o projeto foi elaborado tendo em vista o que preconiza a Resolução
196/96 do Ministério da Saúde, sobre pesquisa envolvendo seres humanos, resguardando,
portanto, a responsabilidade ética do pesquisador. Desta forma, considerando a natureza,
característica e objetivos propostos, não identificamos riscos a sua participação.
Como benefícios para a instituição pesquisada esperamos que, com a identificação e
análise das forças restritivas e impulsoras das equipes envolvidas na investigação, seja
possível a visualização de pontos a serem melhorados na condução da equipe para
melhorar o seu desempenho e, conseqüentemente, a qualidade do serviço prestado pela
mesma.
Tendo recebido as informações sobre a pesquisa a ser desenvolvida e ciente dos
meus direitos, Eu _________________________________________________RG
____________________, CPF___________________________, concordo em participar
deste estudo como sujeito e voluntário. Fui devidamente informado (a) pelas pesquisadoras
sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e
benefícios decorrentes de minha participação. Foi me garantido que posso retirar meu
consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade. Goiânia,
____/____/____
Assinatura do participante_______________________________________________
PESQUISADORA: _____________________________________________________
Ana Paula Silva - COREN – GO: 96316/ Fone: 92329972
ORIENTADORA: _____________________________________________________
Profa.Drª Denize Bouttelet Munari – Telefone: 32096183
Presenciamos a solicitação de consentimento, esclarecido sobre a pesquisa e aceite do
sujeito em participar.
Testemunhas:
Assinatura: __________________________________________________________
Assinatura: ___________________________________________________________
A p ê n d i c e s | 142
APÊNDICE B – INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
1ª Parte: Dados de Identificação
1- Idade:( ) menos de 25 anos
( ) 25 - 35 anos
( ) 36 - 45 anos
( ) 46 - 55 anos
( ) mais de 55 anos
2- Gênero: ( ) masculino
( ) feminino
3- Categoria profissional: ( ) Enfermeiro
( ) Técnico de Enfermagem
( ) Auxiliar de Enfermagem
4- Escolaridade: Ensino fundamental ( ) completo
( ) incompleto
Ensino superior ( ) completo
( ) incompleto
Outro curso superior que não o de
Enfermagem
( ) completo
( ) incompleto
Qual curso?
____________________________
5- Há quanto tempo se formou: ( ) 01 – 05 anos
( ) 06 – 10 anos
( ) 11 – 15 anos
( ) 16 – 20 anos
( ) 21 ou mais
6- Tempo de exercício na Enfermagem:
( ) 01 – 05 anos
( ) 06 – 10 anos
( ) 11 – 15 anos
( ) 16 – 20 anos
( ) 21 ou mais
7- Tempo de atuação no HC: ( ) 01 – 05 anos
( ) 06 – 10 anos
( ) 11 – 15 anos
( ) 16 – 20 anos
( ) 21 ou mais
8- Tempo de atuação no Pronto Socorro/HC:
( ) 01 – 05 anos
( ) 06 – 10 anos
( ) 11 – 15 anos
( ) 16 – 20 anos
( ) 21 ou mais
A p ê n d i c e s | 143
9- Carga horária semanal de trabalho no Pronto Socorro/HC:( ) 30 horas
( ) 40 horas
10- Tipo de vínculo trabalhista com o HC:( ) concursado da UFG
( ) contratado pela SMS
( ) contratado pela FUNDAHC
11- Trabalha na enfermagem em outro local?
( ) Sim ( ) Não ( ) 01
( ) 02
( ) 03
12- Você foi designado para trabalhar no Pronto Socorro / HC por: ( ) indicação hierárquica
( ) escolha própria
( ) outros motivos.
Especifique:
____________________________
____________________________
____________________________
13- Tem participado de cursos de capacitação oferecidos pela instituição?
( ) Sim ( ) Não
Em caso positivo, liste os benefícios obtidos para o trabalho em equipe no Pronto Socorro / HC.
____________________________
____________________________
____________________________
____________________________
____________________________
____________________________
____________________________
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____________________________
____________________________
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____________________________
____________________________
____________________________
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____________________________
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A p ê n d i c e s | 144
Data da coleta: __/__/__ 2ª Parte: Questões Início: __:__h
Término: __:__h
Esse instrumento tem como objetivo investigar quais fatores facilitam e quais
dificultam o “trabalho em equipe” no Pronto Socorro do Hospital das Clínicas. Por
este motivo, gostaria de contar com sua colaboração respondendo com atenção às
questões listadas abaixo, ressaltando que não existem respostas certas ou erradas.
É muito importante que você responda individualmente e com sinceridade todas as
questões. Evite deixar questões em branco. Suas respostas são confidenciais e
serão mantidas em absoluto sigilo, preservando sua identidade.
I – Níveis de Desempenho do Grupo de Trabalho
Dentre as alternativas abaixo, qual caracteriza melhor o grupo de trabalho do Pronto Socorro/HC? Marque apenas uma alternativa.
1- É um tipo de grupo em que cada um tem seu trabalho a ser feito. Ninguém se preocupa
com o desempenho coletivo, nem tenta consegui-lo.
2- É um tipo de grupo em que todos partilham informações entre si, mas cada pessoa
assume individualmente as responsabilidades por suas tarefas e objetivos, independente do
resultado coletivo.
3- É um grupo que quer verdadeiramente produzir um trabalho conjunto e necessita ter uma
orientação direcionada ou seja, os membros precisam de orientação sobre como trabalhar
juntos, bem como precisam ser esclarecidos sobre a finalidade das tarefas e os objetivos a
serem alcançados.
4- É um grupo composto de pessoas com habilidades complementares e comprometidas
umas com as outras. Tem missão e objetivos comuns e abordagem de trabalho bem
definida. Todos confiam uns nos outros e assumem plena responsabilidade pelo
desempenho da unidade.
5- Os membros estão profundamente comprometidos com o crescimento pessoal de cada
um e com o sucesso deles mesmos e dos outros. Todos confiam uns nos outros, assumem
plena responsabilidade pelo desempenho da unidade e conseguem obter resultados muito
além das expectativas.
A p ê n d i c e s | 145
Toda equipe de trabalho funciona com base em alguns elementos que orientam sua
interação. São eles: objetivos, motivação, comunicação, liderança, processo
decisório, inovação e relacionamento interpessoal. Tendo em vista o trabalho em
equipe no Pronto Socorro / HC, e que esses elementos podem facilitar ou dificultar o
andamento da equipe, faça uma análise de cada um deles de acordo com o que é
pedido abaixo.
II- Componentes da Dinâmica do Grupo de Trabalho
1. OBJETIVOS - Todo grupo de trabalho deve ter objetivos claros a serem
alcançados com seu trabalho, e todos os componentes do grupo devem canalizar
suas ações para concretizar os resultados em um determinado período de tempo.
Considerando o trabalho em equipe no Pronto Socorro do Hospital das Clínicas:
cite três aspectos que facilitam o cumprimento do alcance dos objetivos no PS/HC.
cite três aspectos que dificultam o alcance dos objetivos no PS/HC.
2. MOTIVAÇÃO – A motivação é o que leva as pessoas a agirem em prol do
alcance de objetivos traçados. É o conjunto dos meus motivos - tudo aquilo que a
partir do meu interior, me move a fazer alguma coisa. Considerando o trabalho em
equipe no Pronto Socorro do Hospital das Clínicas:
cite três aspectos que te motivam a trabalhar na equipe de enfermagem do PS/HC.
cite três aspectos que te desmotivam a trabalhar na equipe de enfermagem do PS/HC.
A p ê n d i c e s | 146
3. COMUNICAÇÃO – É a transferência e a compreensão de informações, idéias,
entre os membros de um grupo. Envolve indivíduos que têm informações a trocar,
com objetivos diversos. Considerando o trabalho em equipe no Pronto Socorro do
Hospital das Clínicas:
cite três aspectos que facilitam a comunicação na equipe de enfermagem do PS/HC.
cite três aspectos que dificultam a comunicação na equipe de enfermagem do PS/HC.
4. LIDERANÇA – a liderança é importante para condução do trabalho porque pode
integrar a equipe, implantar estratégias eficazes, viabilizar recursos para assegurar
os resultados e obter da força de trabalho a máxima produtividade. Ela pode
também incentivar e estimular os funcionários a trabalharem motivados em prol dos
objetivos estabelecidos. A expressão da liderança não está relacionada a chefia,
mas a todos que fazem parte da equipe. Considerando o trabalho em equipe no
Pronto Socorro do Hospital das Clínicas:
cite três aspectos que facilitam o exercício da liderança pelos profissionais de enfermagem
do PS/HC.
cite três aspectos que dificultam o exercício da liderança pelos profissionais de
enfermagem do PS/HC.
5. PROCESSO DECISÓRIO – é a capacidade de expressar opinião e ouvir o outro,
buscando equilíbrio de soluções com tomada de decisão ágil, justa e acertada.
Considerando o trabalho em equipe no Pronto Socorro do Hospital das Clínicas:
A p ê n d i c e s | 147
cite três aspectos que facilitam à participação da equipe de enfermagem no processo
decisório.
cite três aspectos que dificultam à participação da equipe de enfermagem no processo
decisório.
6. INOVAÇÃO – a equipe inovadora é aquela aberta e receptiva ao novo e à
criação; apresenta idéias para lidar com os problemas e solucioná-los.
Considerando o trabalho em equipe no Pronto Socorro do Hospital das Clínicas:
cite três aspectos que facilitam à capacidade de inovação da equipe de enfermagem.
cite três aspectos que dificultam à capacidade de inovação da equipe de enfermagem.
7. RELACIONAMENTO INTERPESSOAL – o bom relacionamento interpessoal
significa capacidade de estabelecer contatos com as outras pessoas, ter ética nas
relações, integridade e bom senso no trato com as mesmas. Também significa ter
conduta flexível para trabalhar com pessoas, com idéias divergentes e aceitar os
diversos pontos de vista. Considerando o trabalho em equipe no Pronto Socorro do
Hospital das Clínicas
cite três aspectos que facilitam o relacionamento interpessoal na equipe de enfermagem.
cite três aspectos que dificultam o relacionamento interpessoal na equipe de enfermagem.
A p ê n d i c e s | 148
III – Caracterização do Ambiente, dos Aspectos Estruturais e de
Organização
Avalie o quanto cada uma das características abaixo descreve o que você pensa em relação ao Pronto Socorro como seu local de trabalho:
1- Em relação à estrutura física do ambiente (ventilação, pintura, espaço físico, iluminação, distância entre os leitos, localização das salas, portaria):
cite três aspectos que facilitam o trabalho em equipe no Pronto Socorro / HC
relacionados ao ambiente físico.
cite três aspectos que dificultam o trabalho em equipe no Pronto Socorro / HC
relacionados ao ambiente físico
2- Em relação à quantidade de pessoal de enfermagem que trabalha na unidade:
cite três aspectos que facilitam o trabalho em equipe no Pronto Socorro / HC
relacionados a quantidade de pessoal de enfermagem que trabalha na unidade.
cite três aspectos que dificultam o trabalho em equipe no Pronto Socorro / HC
relacionados a quantidade de pessoal de enfermagem que trabalha na unidade.
3- Em relação aos recursos (materiais e equipamentos) disponíveis na unidade:
cite três aspectos relacionados aos recursos disponíveis que facilitam o trabalho em
equipe no Pronto Socorro / HC.
A p ê n d i c e s | 149
cite três aspectos relacionados aos recursos disponíveis que dificultam o trabalho
em equipe no Pronto Socorro / HC.
4- Em relação ao Serviço de Triagem do Pronto Socorro, considerando seu funcionamento:
cite três aspectos relacionados ao Serviço de Triagem que facililtam o trabalho em
equipe no Pronto Socorro / HC.
cite três aspectos relacionados ao Serviço de Triagem que dificultam o trabalho em
equipe no Pronto Socorro / HC.
5- Em relação às ações gerenciais (diretoria, gerentes, supervisores) na unidade:
cite três aspectos relacionados as ações gerenciais que facilitam o trabalho em
equipe no Pronto Socorro / HC.
cite três aspectos relacionados as ações gerenciais que dificultam o trabalho em
equipe no Pronto Socorro / HC.
6- Em relação aos serviços de apoio (laboratório, radiologia e nutrição, almoxarifado, lavanderia, serviço de higienização e central de macas):
cite três aspectos relacionados aos serviços de apoio, que facilitam o trabalho em
equipe no Pronto Socorro / HC.
A p ê n d i c e s | 150
cite três aspectos relacionados aos serviços de apoio, que dificultam o trabalho em
equipe no Pronto Socorro / HC.
7- Em relação à demanda diária de clientes na unidade:
cite três aspectos relacionados a demanda diária de clientes na unidade que
facilitam o trabalho em equipe no Pronto Socorro / HC.
cite três aspectos relacionados a demanda diária de clientes na unidade que
dificultam o trabalho em equipe no Pronto Socorro / HC.
8- Em relação às rotinas de enfermagem estabelecidas na unidade:
cite três aspectos relacionados às rotinas de enfermagem estabelecidas na
unidade, que facilitam o trabalho em equipe no Pronto Socorro / HC.
cite três aspectos relacionados às rotinas de enfermagem estabelecidas na unidade,
que dificultam o trabalho em equipe no Pronto Socorro / HC.
9- Em relação ao funcionamento da farmácia da unidade:
cite três aspectos relacionados ao funcionamento da farmácia que facilitam o
trabalho em equipe no Pronto Socorro / HC.
cite três aspectos relacionados ao funcionamento da farmácia que dificultam o
trabalho em equipe no Pronto Socorro / HC.
A p ê n d i c e s | 151
10- Em relação aos registros de enfermagem nos prontuários:
cite três aspectos relacionados aos registros de enfermagem nos prontuários que
facilitam o trabalho em equipe no Pronto Socorro / HC.
cite três aspectos relacionados aos registros de enfermagem nos prontuários que
dificultam o trabalho em equipe no Pronto Socorro / HC.
11- Em relação ao atendimento das demais clínicas do HC em receber os clientes provenientes do Pronto Socorro:
cite três aspectos relacionados ao atendimento das demais clínicas em receber os
clientes provenientes do Pronto Socorro, que facilitam o trabalho em equipe no
Pronto Socorro / HC.
cite três aspectos relacionados ao atendimento das demais clínicas em receber os
clientes provenientes do Pronto Socorro, que dificultam o trabalho em equipe no
Pronto Socorro / HC.
12- Na sua opinião existem outros fatores não citados neste instrumento, que facilitam o trabalho em equipe no Pronto Socorro / HC? Em caso afirmativo, quais são?
13- Na sua opinião existem outros fatores não citados neste instrumento, que dificultam o trabalho em equipe no Pronto Socorro / HC? Em caso afirmativo, quais são?
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