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DANIEL LELIS DE OLIVEIRA GASTOS PÚBLICOS EM MEIO AMBIENTE: ANÁLISE PARA AS CAPITAIS BRASILEIRAS NOS ANOS DE 2005- 2010 LONDRINA PARANÁ 2014

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DANIEL LELIS DE OLIVEIRA

GASTOS PÚBLICOS EM MEIO AMBIENTE: ANÁLISE PARA AS CAPITAIS BRASILEIRAS NOS ANOS DE 2005-

2010

LONDRINA – PARANÁ

2014

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DANIEL LELIS DE OLIVEIRA

GASTOS PÚBLICOS EM MEIO AMBIENTE: ANÁLISE PARA AS CAPITAIS BRASILEIRAS NOS ANOS DE 2005-

2010

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Economia Regional (PPE) – Mestrado - da Universidade Estadual de Londrina, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Umberto Antônio Sesso Filho

LONDRINA – PR 2014

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DANIEL LELIS DE OLIVEIRA

GASTOS PÚBLICOS EM MEIO AMBIENTE: ANÁLISE PARA AS CAPITAIS BRASILEIRAS NOS ANOS DE 2005-

2010

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Economia Regional (PPE) – Mestrado - da Universidade Estadual de Londrina, como exigência para obtenção do título de Mestre.

COMISSÃO EXAMINADORA

_____________________________ Prof. Dr. Umberto Antônio Sesso Filho Universidade Estadual de Londrina

_____________________________ Prof. Dr. Paulo Rogério Alves Brene Universidade Estadual Norte do Paraná

_____________________________ Prof. Dr. Aricieri Devidé Júnior Universidade Estadual de Londrina

Londrina, 24 de julho de 2014

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Dedicatória

Dedico, Ao meu Senhor Jesus Cristo,

Á minha família, Aos meus amigos,

Aos meus professores e mestres.

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AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, Criador do universo, o Alfa e o Ômega, pela razão de minha existência, minha consciência e ao meu livre arbítrio. Sem o Senhor, este

trabalho não seria possível. Glorificado seja o Teu nome, amém!

Agradeço aos meus pais, Maria de Lourdes Leal de Oliveira e Esdras Mário de Oliveira, pela educação, provimento, caráter, moral, discernimento, alegria, carinho,

união e principalmente, amor. À minha irmã pela sensatez e ajuda com a dissertação. Cheguei até esse dia graças a vocês, que se sacrificaram por mim e pela minha irmã, para que pudéssemos alcançar todos os nossos objetivos. Amo

vocês.

Aos meus professores de graduação, Jorge Madeira Nogueira, pelas palavras de incentivo quando estava prestes a largar o curso de economia, e ao meu orientador

de graduação Pedro Zuchi, por acreditar em mim e no meu potencial. Ao meu orientador e aos meus examinadores, pelas dicas e sugestões de melhoras ao

trabalho. À minha professora do mestrado, Maria de Fátima, pelas dicas fundamentais no andamento do projeto.

Aos meus amigos, ah! Os amigos! São tantos que excederia o limite de

agradecimentos. Aos meus melhores amigos de infância e que até hoje estão comigo, Pedro e Arthur; aos meus melhores amigos da época do La Salle, Iúry e

Bruno; aos meus melhores amigos do curso de economia, que sei que estaremos juntos em muitas viagens ainda, Angelo, Túlio, Heitor, Leandro, Marcelo, Gustavo,

Fernando, Theo e Thiago; aos meus amigos de “quebrança”, Flávio, Pedro, Nampier, Átila, Mousinho, Bruno, Fabrício e Lincoln; e aos meus amigos do ZML, Matheus,

Danilo, Diogo, Junior e Lucas.

Aos meus colegas e amigos de mestrado, Adriano, Elcio, Edson, João, Nadja, Ovídio, Vinícius, Flávio e Carina. Vocês foram fundamentais em minha cruzada.

A todos os meus amigos que fiz em Londrina e que guardarei para sempre em

minhas lembranças, até novamente reencontrá-los, principalmente a galera do Zouk, em especial Thiago, Jefferson, Eloi, Maycon, Jônata, Robson, Gustavo e David.

A nossa república, Two and a Half Men, onde passei boa parte de minha estadia na cidade, com as excelentes companhias de Fabian, Felipe, Bruno Faisca e Everton.

Por fim, a todas as mulheres que fizeram e fazem parte de minha vida. Conhecendo-

as, caso esqueça o nome de alguma, me complico.

Obrigado a todos!

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A CAPES, pelo apoio financeiro à pesquisa.

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“Watch your thoughts for they

become words. Watch your words for they

become actions. Watch your actions for they

become habits. Watch your habits for they

become your character. And watch your character for it

becomes destiny. What we think, we become.”

Margaret Thatcher

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OLIVEIRA, D. L. Gastos Públicos em Meio Ambiente. Uma análise para as capitais brasileiras nos anos de 2005-2010. 2014. 92 p. Dissertação de Mestrado em Economia Regional. - Centro de Estudos Sociais Aplicados, Universidade Estadual de Londrina, Londrina - PR, 2014.

RESUMO O presente trabalho teve como objetivo debater a importância de se estudar gastos públicos ambientais e analisa o cenário da gestão ambiental brasileira observando seu comportamento em função de seus determinantes nas 26 capitais brasileiras. O objetivo geral é mostrar a evolução dos gastos públicos ambientais brasileiros e como se desenvolveram as políticas públicas brasileiras, comparadas com as experiências internacionais. A metodologia aplicada para auferir os resultados foi o modelo de dados em painel, e seus dados logrados no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN) e pelo Relatório Anual de Informações Sociais (RAIS) entre os anos 2005 e 2010. Observou-se que os gastos públicos em meio ambiente mostraram-se estagnados no período analisado. Apesar do montante absoluto investido ter aumentado, proporcionalmente não houve grandes mudanças no setor. O modelo de dados em painel estimou através dos testes realizados, que o PIB Industrial, a massa salarial e os gastos em cultura influenciam nos gastos ambientais.

Palavras-chaves: Economia do Meio-Ambiente. Dados em Painel. Capitais

Brasileiras.

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OLIVEIRA, D. L. Gastos Públicos em Meio Ambiente. Uma análise para as capitais brasileiras nos anos de 2005-2010. 2014. 92 p. Dissertação de Mestrado em Economia Regional. - Centro de Estudos Sociais Aplicados, Universidade Estadual de Londrina, Londrina - PR, 2014.

ABSTRACT The present work general objective was to discuss the importance of studying environmental public expenditures, analyzing the Brazilian management observing its behavior as a function of its determinants in 26 federal capitals. The overall goal is to show the evolution of Brazilian environmental public expenditures and how they developed its public policy, compared to international experiences. The methodology used to derive the results was the panel data model, and their data were collected at the Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), the Secretaria de Tesouro Nacional (STN), and Relatório Anual de Informações Sociais (RAIS) between years of 2005 and 2010. It was shown that the public spending on environment proved to be stagnant in the period analysed. Although the absolute amount invested has increased proportionally, there were no major changes in the sector. The panel data model estimated throught testing, showed that the industrial GDP, payroll and culture expenditures influence environmental expenditures. Keywords: Environmental Economics. Data Panel. Federal Capitals.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Curva de Kuznets Ambiental .................................................................... 15

Figura 2 – Elementos para o Desenvolvimento Sustentável ..................................... 19

Figura 3 – Tripé da Sustentabilidade Fraca .............................................................. 21

Figura 4 - Esquema Mickey Mouse do tripé .............................................................. 22

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Gastos Públicos em Meio Ambiente na União Européia ......................... 32

Tabela 2 – Percentual Médio dos Gastos Públicos em Meio Ambiente nas capitais brasileiras .................................................................................................................. 57

Tabela 3 – Média das variáveis independentes e dependente ao longo do tempo ... 58

Tabela 4 – Presença dos Gastos públicos em meio ambiente nas capitais federais em relação ao PIB e Despesas Orçamentárias, por período .................................... 66

Tabela 5 – Participação média dos gastos ambientais em relação ao PIB, per capita e sob as Despesas Orçamentárias, por capital federal ............................................. 67

Tabela 6 – Modelo de dados em painel para GPMA ................................................. 69

Tabela 7 – Modelo de efeitos fixos robustos em GPMA ............................................ 72

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Estudos nacionais em Gastos Públicos em Meio Ambiente ................... 41

Quadro 2 – Modelos de Dados em Painéis e seus estimadores ............................... 52

Quadro 3 - Sinais esperados para os coeficientes das variáveis estimadas no modelo de dados em painel ................................................................................................... 54

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LISTA DE ABREVIATURAS

CKA – Curva de Kuznets Ambiental

DS – Desenvolvimento Sustentável

GPMA – Gastos Públicos em Meio Ambiente

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e prestação de Serviços

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

LCV – League of Conservation Voters

LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias

LOA – Lei orçamentária Anual

LRF – Lei de Responsabilidade Fiscal

MMA – Ministério do Meio Ambiente

OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico

P&D – Pesquisa e Desenvolvimento

PIB – Produto Interno Bruto

PPA – Plano Plurianual

RAIS – Relatório Anual de Informações Sociais

SNUC – Sistema Nacional de Unidades de conservação

STN – Secretaria do Tesouro Nacional

UE – União Europeia

VIF – Variance Inflaction factor (Fator inflação de variância)

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11

1 GASTOS PÚBLICOS EM MEIO AMBIENTE: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E

EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS ........................................................................................ 14

1.1 A Curva de Kuznets Ambiental ............................................................................ 14

1.2 Desenvolvimento Sustentável (DS) ..................................................................... 17

1.3 Gestão das Despesas Públicas ........................................................................... 23

1.4 Estudos em Gastos Públicos em Meio Ambiente ................................................ 27

2.1 Gastos Públicos em Meio Ambiente – Literatura Internacional ........................... 28

2.2 Gastos Públicos em Meio Ambiente – Literatura Nacional .................................. 39

3 METODOLOGIA E FONTE DE DADOS ................................................................ 44

3.1 Fonte de dados ................................................................................................... 44

3.2 Modelo Teórico Econométrico ............................................................................. 44

3.2.1 Modelo POLS (Pooled Ordinary Least Square) ................................................ 45

3.2.2 Modelo de Efeitos Aleatórios ............................................................................ 46

3.2.4 Modelo de Efeitos Fixos ................................................................................... 48

3.3 Qual modelo escolher?........................................................................................ 50

3.4 Modelo Empírico ................................................................................................. 53

4 EVOLUÇÃO E DISCUSSÃO DOS GASTOS PÚBLICOS EM MEIO AMBIENTE ... 56

4.1 EVOLUÇÃO DOS GASTOS PÚBLICOS FEDERAIS E SEUS DETERMINANTES NAS CAPITAIS

BRASILEIRAS NO PERÍODO 2005-2010 ........................................................................... 56

4.2 DISCUSSÃO E ABORDAGEM POR MODELOS DE DADOS EM PAINEL DO COMPORTAMENTO

DAS VARIÁVEIS AO LONGO DO TEMPO ............................................................................. 66

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 75

6 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 77

7 ANEXOS ................................................................................................................ 81

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INTRODUÇÃO

Por definição, a gestão ambiental pode ser caracterizada como um

processo de gerenciamento e uso dos recursos naturais, onde os atores sociais e/ou

econômicos agem sobre o meio natural e construído, com o objetivo de assegurar o

direito ao meio ambiente e a um nível de qualidade ambiental aceitável, como

determina a Constituição Federal Brasileira.1

A evolução da política ambiental brasileira teve seu início no fim da

década de 60, com a implementação de várias políticas ambientais, entre elas: (i)

criação do Conselho Nacional de Poluição Ambiental, pelo Decreto 303 em 1967; (ii)

criação da Secretaria Especial do Meio Ambiente, pelo Decreto 73.030 em 1973; (iii)

criação da Política Nacional do Meio Ambiente, através da Lei 6.938 em 1981; (iv)

criação do Ministério do Meio Ambiente (MMA), pela lei 8.490 em 1992; (v) e a

criação do Sistema Nacional de Unidades de Convervação (SNUC), através da lei nº

9.985 em 2000 (BORINELLI et al, 2013).

Por ser um bem comum à sociedade, os proprietários ou o próprio Estado

podem prover uma melhor condição de conservação ambiental através de propostas

alternativas ao analisar os gastos públicos em meio ambiente (GPMA). Borinelli et al

(2013) mostram uma das vantagens de se estudar GPMA é de que se podem

destinar valores mais próximos do ideal sem haver desperdícios de recursos

públicos nos orçamentos do Estado, através das relações dos gastos ambientais

pelo PIB per capita. Também permite uma análise do custo-benefício do gasto

ambiental no médio e no longo prazo, através de estudos evolutivos.

Países em desenvolvimento, como o Brasil, mostraram um aumento

considerável nos gastos públicos e privados em meio ambiente decorrente das

pressões ambientais ao redor do mundo por uma postura diferente com relação a

este tema.

Apesar do montante de investimento nesse setor ter aumentado, a esfera

pública tem uma participação superior do que a privada nas questões ambientais.

Young & Ronscisvalle (2002) investigaram que a maior parcela dos gastos

ambientais a partir de 1993 (logo após a conferência Rio-92) é de origem pública.

Uma das possíveis causas para essa discrepância nos tipos de investimento em

1 Artigo 225, § 1º da Constituição Federal Brasileira de 1988.

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meio ambiente pode ser explicada pela centralização do controle sobre o meio

ambiente, impedindo ou dificultando a iniciativa privada em cuidar das questões

ambientais nas diferentes regiões brasileiras.

Dentro dessa realidade, Tridapalli et al (2011) mencionam que os estudos

acerca de análises dos gastos públicos em meio ambiente são bastante restritos,

comparados com a experiência internacional, apesar de que os estudos acerca do

tema são cada vez maiores.

O aumento no nível, tanto qualitativo como quantitativo, de referenciais

teóricos em gastos públicos em meio ambiente no Brasil muito se devem em

consequência da Lei de Responsabilidade Fiscal e por mudanças significativas na

apresentação da contabilidade pública, como transparência e padronização dos

demonstrativos econômicos. A tentativa é diminuir a disparidade de mostrar formas

mais eficientes de alocar os recursos públicos, como a experiência internacional tem

mostrado. Muitos estudos focam principalmente nos determinantes que influenciam

nas despesas públicas ambientais.

Borinelli et al (2012) mencionam que o Brasil, apesar do aumento das

despesas no setor ambiental, investe menos de 1% da parcela do PIB e a tendência

é de queda, visto que esse é um dos setores mais frágeis e suscetíveis a cortes

orçamentários. Diante desses problemas e percebendo a falta de uma política

ambiental bem definida, constatando-se que não existe um equilíbrio no orçamento

público, entre os gastos em infraestrutura e conservação ambiental, não está claro o

suficiente se gastos públicos em meio ambiente podem ser considerados

investimento em bens públicos.

Existe uma escassez de trabalhos no Brasil que procuram mensurar

quantitativamente os GPMA e seus determinantes. Como mencionado, no que tange

à análise das variáveis econômicas que afetam os GPMA, os estudos encontrados

são para outros países, e os estudos sobre GPMA realizados para o Brasil são em

sua maioria evolutivos e não empíricos.

Desta forma, a pesquisa visa contribuir para um estudo aprofundado em

gastos públicos ambientais, na literatura nacional e internacional, além de propor

uma abordagem econométrica para mensurar os impactos que certos determinantes

possuem em relação aos gastos públicos ambientais. A partir da caracterização do

problema surge o objetivo geral do projeto, que é o de realizar uma revisão

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bibliográfica em gastos públicos ambientais. Como consequência, surgem os

objetivos específicos, que são:

Analisar a evolução dos GPMA até o período em análise; e

Mensurar em que medidas variáveis econômicas e não econômicas afetam os

GPMA.

A escolha dos objetivos específicos se deu por conta dos estudos feitos

com as experiências internacionais. Como existe uma escassez de dados no Brasil a

respeito do tema, o projeto focará nos determinantes em GPMA a partir dos dados

fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia, Secretaria do Tesouro

Nacional e a RAIS. A relevância do período é decorrente justamente da

indisponibilidade dos dados para um período mais atual como, por exemplo, o PIB,

que está disponível no IBGE até o ano de 2010 para as capitais brasileiras.

Optou-se pelo modelo econométrico de dados em painel, pois apresenta

inúmeras vantagens como eficiência na estimação, menor colinearidade entre as

variáveis, um número maior de graus de liberdade, bem como maior variabilidade

dos dados. Com o objetivo de analisar o impacto que certos determinantes possuem

nos gastos públicos ambientais, o espaço temporal é reduzido, com um número

suficiente de observações para que o modelo não se transforme em um painel

dinâmico.

A dissertação busca contribuir com o fato de que os estudos feitos até

hoje são longitudinais e explicativos, mostrando apenas uma análise descritiva dos

dados. Assim, busca explorar os dados disponibilizados pelos órgãos públicos e

utilizá-los em econometria, como o estudo internacional já vem utilizando durante

várias décadas, além de propor alternativas para os agentes públicos nas políticas

públicas que vem sendo aplicadas.

A dissertação está dividida em quatro capítulos. O primeiro realiza uma

revisão bibliográfica dos estudos em GPMA através da experiência internacional e o

que já vem sendo debatido no Brasil, explicando seus resultados até o presente

momento. O segundo capítulo é dedicado aos procedimentos metodológicos,

detalhamento das vantagens e desvantagens do modelo de dados em painel e

explicação da base de dados e os resultados esperados dos coeficientes. O terceiro

capítulo buscar fazer uma análise descritiva dos dados coletados e o último capítulo

reúne os resultados e discute se as variáveis explicativas influenciam ou não nos

gastos públicos em meio ambiente.

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1 GASTOS PÚBLICOS EM MEIO AMBIENTE: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E

EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS

1.1 A CURVA DE KUZNETS AMBIENTAL

Na década de 1990, a Cúpula da Terra ou Rio-92, reestruturou totalmente

o modo como a sociedade lidava com os problemas ambientais mundiais. Cordani

(1992) argumenta que no último século a humanidade produziu grandes quantidades

de resíduos sólidos e líquidos, algo preocupante para o meio natural, pois a sua

capacidade de se recuperar, ou resiliência, poderia ser comprometida.

A partir daí, inúmeras pesquisas foram feitas sobre uma hipótese especial

relacionando o crescimento econômico e o meio ambiente. Tomando a renda per

capita como indicador de crescimento ao longo do tempo e observando certos

índices de qualidade ambiental em países com baixos níveis de renda per capita,

Panayotou (2003) argumenta que aumentos desta resultariam em uma acentuação

da degradação ambiental. Entretanto, nos países desenvolvidos a relação seria

inversa, pois quanto maiores os níveis de desenvolvimento, menores seriam em

termos relativos, as magnitudes dos indicadores de degradação.

Essa hipótese foi chamada de Curva de Kuznets Ambiental (CKA), e essa

relação resultaria da combinação de três efeitos distintos do crescimento econômico

sobre a qualidade ambiental: o efeito escala, o efeito composição e o efeito

mudança tecnológica. Apoiado em estudos empíricos, Kuznets (1955) formulou a

hipótese entre a distribuição de renda e a renda per capita entre economias que

crescem ao longo do tempo onde representadas por um gráfico, teriam o formato de

um “U” invertido. Nas fases iniciais de desenvolvimento, aumentos de renda per

capita resultariam em uma má distribuição de renda, mas em estágios mais

avançados, esses aumentos de renda per capita acompanhariam uma melhor

distribuição de renda.

Por paridade, se deu o nome de Curva de Kuznets Ambiental (ALMEIDA

et al, 2010).

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Figura 1 – Curva de Kuznets Ambiental

Fonte: Panayotou (2003, p. 3)

O raciocínio da hipótese do “U” invertido ambiental é o de que nas etapas

iniciais do processo de crescimento econômico predomina-se o efeito escala, pois há

uma maior demanda por mais energia e materiais, resultando em uma relação direta

entre renda per capita e indicadores de degradação ambiental. Em um estágio mais

avançado da economia, o peso dos efeitos composição e mudança tecnológica

aumentam em oposição ao efeito escala, ou seja, em determinado ponto de

desenvolvimento econômico se teria um nível de renda per capita onde os dois

efeitos compensariam o efeito escala. Esse estágio significaria uma fase da curva

onde aumentos da renda per capita seriam associados em uma redução dos níveis

de degradação ambiental (PANAYOTOU, 2003).

Mueller (2007) argumenta que a contraposição dos efeitos composição e

mudança tecnológica teriam uma repercussão ainda maior na evolução do

comportamento social. Segundo esta visão, quando o país é pobre e a obtenção de

bens materiais é prioritária, a conservação ambiental e combate à emissão de

poluentes seriam luxos, uma vez que causariam entrave econômico. Na medida em

que o nível da renda per capita aumenta, o padrão de vida da população cresce

proporcionalmente e a composição da produção se voltaria em favor dos serviços,

gerando desenvolvimento tecnológico.

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A conservação ambiental não seria apenas mais um luxo, já que no médio e

longo prazo tenderiam a se tornar prioritárias. Como consequência, haveria maior

pressão da população para a aplicação de leis ambientais e instituições apropriadas

para fiscalizar o meio ambiente, além de adoção de tecnologias em produtos

“limpos”. Se a teoria da CKA é comprovada, os estudos realizados ao longo da

década de 1970 onde crescimentos econômicos contínuos e generalizados resultam

em uma degradação ambiental, seriam refutados. Do contrário, o crescimento

econômico amenizaria os problemas ambientais da humanidade (MUELLER, 2007).

Apesar dos estudos sobre a CKA serem ressaltados no relatório do Banco

Mundial em 1992, não havia comprovação empírica da hipótese. O relatório do

Banco Mundial originou vários testes econométricos que davam uma visão otimista

da relação entre renda per capita e qualidade ambiental. Um dos estudos

econométricos pioneiros nesse campo foi o de Grossman e Krueger (1995), que

focalizaram os indicadores de degradação ambiental em nível local, como emissões

de dióxido de enxofre e monóxido de carbono para a poluição atmosférica, e do

estado da água de rios em termos de oxigênio dissolvido, para a poluição fluvial.

Fazendo uma resenha crítica dos estudos econométricos feitos a partir de

1992 com a hipótese do “U” invertido, Lieb (2003) constatou que a maioria dos

estudos utilizou indicadores específicos de degradação e não indicadores de

degradação ambiental global (gás carbônico), e que suas avaliações sugerem uma

série de argumentos para não crer nessa visão otimista.

O estudo de Lieb (2003) mostrou duas características de alguns estudos

econométricos bem-sucedidos. A primeira de que a relação do “U” invertido teria

efeitos de curto prazo e impactos locais, como concentração de particulados. A

segunda, que nos países desenvolvidos não há séries de tempo longas, então ao

focar a evolução do fenômeno em um determinado país, muitos estudos que

corroboraram com a CKA foram feitos com uma base de dados transversal, ou seja,

as observações se referiram na relação entre o indicador de poluição e a renda per

capita em diferentes países.

Em suma, os estudos econométricos realizados apresentam vários

aspectos que fazem os autores a rejeitar a CKA, destacando alguns pontos

importantes. Uma delas é de que uma política voltada ao crescimento econômico

geraria um desgaste muito forte no meio ambiente, uma vez que o ponto de inflexão

da curva pode levar décadas para ser atingido. Nesse caso, o custo para reverter a

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degradação ambiental seria muito maior do que adotar medidas preventivas de

conservação ambiental (PANAYOTOU, 2003).

Estimativas que mostram uma relação de “U” invertido em países

desenvolvidos podem omitir que as melhorias ambientais foram obtidas com a

transferência de indústrias para países em desenvolvimento. Como na maioria dos

casos os países subdesenvolvidos não têm condições de exportar suas indústrias

“sujas”, essas estimativas ficam viesadas e descaracterizam a CKA (ARROW et al,

1995).

Lieb (2003) também argumenta que muitos estudos econométricos e que

aparentemente apresentaram resultados favoráveis à CKA se valeram de uma base

de dados duvidosa e que podem ser criticadas por terem adotado uma técnica de

estimação assentada em uma equação de forma reduzida, além de que estudos

feitos em países que dispunham de séries temporais longas não constataram a

relação do “U” invertido.

1.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (DS)

Como descrito na seção anterior, criou-se um pessimismo generalizado

ao longo da década de 1970 sobre os efeitos que um crescimento econômico

desenfreado acarretaria ao meio ambiente. Na década de 1970, houve 2 crises do

petróleo e o receio de que um recurso energético básico fosse se esgotar, além de

uma maior conscientização ambiental da população sobre os problemas ambientais.

Esse pessimismo resultou na Conferência de Estocolmo das Nações Unidas em

1972, onde buscava tratar de forma decisiva a questão ambiental.

Durante a década de 1980 apareceram avaliações mais diligentes e mais

racionais, como a Assembleia Geral das Nações Unidas que instituiu a Comissão

Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMD). O objetivo era aprofundar a

questão ambiental e sugerir estratégias de implementações em todo o planeta, não

apenas para a geração presente, mas também para as gerações futuras. Esse

contexto levou ao termo de Desenvolvimento Sustentável (DS), que foi descrito pela

CMMD (1987, p. 43), onde garante o atendimento das necessidades do presente

sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender as suas

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necessidades.

O enfoque do relatório não é voltado para a preservação da natureza,

mas sim no funcionamento do sistema econômico. O relatório da Comissão enfatiza

o bem-estar presente e futuro da humanidade, a satisfação de aspirações e desejos

humanos, mas salienta a necessidade de um manejo adequado dos ecossistemas.

Tratar de desenvolvimento sustentável significa lidar com a gestão dos recursos

naturais. O DS envolve decisões produtivas, inovação tecnológica, modos de relação

com a natureza, estratégias de longo prazo e a consideração de processos políticos-

institucionais (BURSZTYN et al, 2013).

Do ponto de vista da análise econômica, Solow (1993) salienta que o DS

compreende o fluxo máximo de produto/renda que pode ser gerado a partir de um

estoque de capital em expansão, salva a sua conservação, uma vez que é

necessário estoque de capital para que as gerações futuras possam gerar pelo

menos o mesmo nível de bem-estar usufruído pela geração presente.

Munasinghe (2004) argumenta que para se obter o desenvolvimento

sustentável é necessário que a esfera social, econômica e ambiental esteja

interagindo, cada uma em sua função. Conforme a Figura 1, o domínio econômico

está orientado para a melhoria no bem-estar coletivo, por intermédio de bens de

consumo e serviços. O domínio ambiental centra-se na proteção da integridade e

resiliência dos sistemas ecológicos, enquanto que o domínio social enfatiza o

enriquecimento de relações humanas e realização das aspirações individuais e

coletivas.

Dessa forma, o DS garante melhoras contínuas na qualidade de vida

reduzindo os recursos utilizados, garantindo um banco de ativos (capital natural,

capital produzido e capital social) para as gerações futuras, aumentando as

oportunidades de melhora na qualidade de vida.

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19

Figura 2 – Elementos para o Desenvolvimento Sustentável

Fonte: Munansighe (2004, p.2)

Mueller (2007) descreve que a conceituação de DS exige uma

abrangência maior do que vem a ser definido como capital, sendo esse dividido em

quatro tipos: (i) capital produzido (Kp), (ii) Capital humano (Kn), (iii) Capital Social

(Ks) e (iv) Capital Natural (Kn).

O (Kp) representa o estoque de maquinário e infraestrutura que a

sociedade possui em determinado período do tempo. É a categoria enfatizada nos

modelos de crescimento econômico. O capital humano (Kh) envolve o quanto a

sociedade investiu em educação e capacitação e descreve as habilidades da força

de trabalho. O capital social (Ks) representa a base institucional da sociedade em

determinado tempo, ou seja, é como as instituições desempenham o papel para o

desenvolvimento de uma economia. O capital natural (Kn) representa os estoques

de energia de baixa entropia e materiais que a natureza oferta para a humanidade,

basicamente.

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20

Em congruência com a hipótese do “U” invertido, Solow (1993) diz que

quanto mais a economia se desenvolve, o capital natural pode ser substituído por

outras formas de capital, como o humano e o produzido, diminuindo assim os efeitos

sobre o meio ambiente. Sabendo que para se obter a sustentabilidade é preciso

conservar o capital natural uma vez que o mesmo é finito, e um uso inadequado

anula a possibilidade de haja um desenvolvimento sustentável na sociedade.

A economia do meio ambiente, porém só aceita isso até certo ponto. As

abordagens da análise econômica apresentem duas divergências no que tange a

importância do efeito do capital para o DS: os conceitos de sustentabilidade fraca

(Sfra) e sustentabilidade forte (Sfor). A diferença básica entre os dois conceitos são

as hipóteses sobre o grau de substitutabilidade entre os diferentes tipos de capital

(MUELLER, 2007).

Os conceitos de sustentabilidade fraca são adotados por aqueles que

advogam que é possível substituir o capital natural (Kn) por capital produzido (Kp). O

progresso tecnológico poderá relativizar uma eventual escassez do capital natural,

desimpedindo um eventual entrave ao crescimento econômico. Mueller (2007) diz

que uma vez que o Kn se torna escasso ao longo do processo de crescimento da

economia, o preço relativo dos serviços aumentará, ocorrendo então a substituição

pelo capital produzido.

Bursztyn et al (2013) definem a sustentabilidade fraca como o equilíbrio

entre as esferas econômica, social e ecológica. Pressupõe a possibilidade de

compatibilizar a dinâmica das atividades econômicas com a justiça social e o

respeito às condições do mundo natural, de modo a que estas se mantenham no

longo prazo.

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21

Figura 3 – Tripé da Sustentabilidade Fraca

Fonte: Bursztyn et al (2013, p. 51)

De forma contrária, existem aqueles que assumem que certos elementos

do capital natural não são substituíveis por outras formas, o que exige a

conservação do estoque de Kn. Mueller (2007) argumenta que a Sfor é bem menos

otimista em relação às possibilidades da ocorrência do DS, uma vez que a

substitutabilidade entre Kp e Kn é limitada. Caso o crescimento econômico seja

acompanhado de uma escassez cada vez maior de Kn, a expansão da economia

será inviabilizada.

Segundo Bursztyn et al (2013), o conceito de sustentabilidade forte tem

como fundamento a constatação científica de que qualquer ação humana se dá no

âmbito dos limites do planeta, ou da biosfera, onde a humanidade habita. Isso inclui

a vida social em geral e as atividades econômicas em particular.

A relação entre o capital natural e os outros tipos de capital é evidente,

porém há pouco suporte lógico e prático. Uma vez que o capital produzido é um

substituto perfeito do capital natural, esse também é substituto perfeito para o

primeiro. Assim, não há necessidade de produção de capital físico uma vez que o

capital natural já se encontra disponível.

Bursztyn et al (2013) comentam que apenas a harmonia entre duas

esferas do tripé não garante a sustentabilidade. Adquirir uma boa relação entre o

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social e ecológico gera um ambiente tolerável, porém é quase impossível a relação

se manter no longo prazo, a não ser que a dimensão econômica seja inserida.

Garantir a esfera econômica e social assegura um melhor bem-estar e maior

equidade, mas é apenas quando as três esferas se ligam de maneira coerente que

se dá a sustentabilidade.

A grande crítica dos adeptos da sustentabilidade forte sobre o tripé da

sustentabilidade fraca é que ele acaba por se tornar um sistema de relações

assimétricas entre as três dimensões, com a esfera econômica prevalecendo no

longo prazo. Assim, o tripé ficaria mais fielmente descrito como o que se chama de

esquema Mickey Mouse do tripé (BURSZTYN et al, 2013).

Figura 4 - Esquema Mickey Mouse do tripé

Fonte: Bursztyn et al (2013, p. 52)

Destacadas as controvérsias entre Sustentabilidade Fraca e Forte,

Bursztyn et al (2013) listam três características que são necessárias para adquirir a

sustentabilidade, que precisa de instrumentos técnicos e fundamentos teóricos para

sua efetividade. A primeira é que são necessárias técnicas de previsão para dar

suporte às tomadas de decisão, de modo a reduzir os riscos tomados e evitar

consequências indesejáveis.

A segunda característica é a de que o desenvolvimento de uma base

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científica sobre limites do meio natural é pré-requisito antes de estabelecerem regras

para o seu uso. Reconhecendo a importância do meio ambiente como um dos

elementos do tripé, é prioritário o entendimento de sua resiliência e capacidade de

suporte.

A terceira é a adoção de instrumentos de mensuração como pegada

ecológica e sistemas de indicadores. O autor comenta que as esferas econômicas e

sociais já possuem métricas bem definidas como PIB, Índice de Desenvolvimento

Humano (IDH), índice de Gini, etc. Porém, a implementação de indicadores para o

estado do meio ambiente é mais complexo, pois envolve a mensuração de

alterações na dinâmica dos ecossistemas.

Reformas macroeconômicas também são instrumentos capazes de

garantir um desenvolvimento sustentável, através de ganhos econômicos, sociais e

ambientais simultaneamente. Porém, essas reformas podem sofrer adversidades em

razão de falhas de mercado ou imperfeições institucionais. A solução é adotar

medidas complementares que mitiguem essas imperfeições enquanto a reforma

original é implementada. (MUNASINGHE, 2004)

O crescimento econômico em países pobres é essencial, e

inevitavelmente acarretará danos e problemas ambientais. Munasinghe (2004)

argumenta que políticas ambientais que reduzam desperdícios, valorizem os

recursos existentes e aumentar a eficiência irá guiar o crescimento econômico sem

causar grandes impactos ambientais. Logo, as estratégias para "tornar o

desenvolvimento mais sustentável" devem ser concebidos de forma específica para

cada país, com base nas condições locais, as dotações de recursos e necessidades

sociais.

1.3 GESTÃO DAS DESPESAS PÚBLICAS

A gestão das despesas públicas brasileiras nada mais é do que uma

resposta ao comportamento das políticas públicas vigentes em um determinado

período em detrimento da necessidade da população. Queiroz (2007) salienta que

as políticas públicas representam os instrumentos de ação dos governos e devem

estar orientadas pelos princípios constitucionais a ela relacionados.

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Para Bursztyn et al (2013), os processos decisórios públicos estão cada

vez mais influenciados pelos modos de gestão governamental (governo), pela

participação de grupos sociais e interesses coletivos que interferem direta ou

indiretamente nas tomadas de decisão.

Por sofrerem intervenção direta ou indireta do governo, as políticas

públicas devem ser consideradas na elaboração do orçamento público federal, uma

vez que para haver uma política pública são necessários uma análise do programa

social, monitoramento e os problemas que ocorrerão ao longo da agenda do

governo.

O orçamento público, segundo Carvalho (2005), é a execução das

finanças públicas e planejamento dos programas governamentais. O orçamento

público nada mais é do que o documento que aplica o plano de governo através de

uma lei2 criada para essa finalidade. O autor define as finanças públicas como a

captação de recursos públicos necessários para o atendimento da população, por

meio das despesas públicas. As finanças públicas também se materializam através

do intermédio de uma lei, que determina as normas de vigência para a

responsabilidade fiscal.

As receitas públicas podem ser configuradas como qualquer arrecadação não

devolutiva pelo poder público, em qualquer esfera governamental, para alocação e

liquidação das despesas públicas. Carvalho (2005) exemplifica que as receitas

públicas são oriundas de receitas patrimoniais, serviços, comerciais, bem como

participações e dividendos. Entende-se como despesas públicas, o conjunto de

gastos realizados pelos agentes públicos para manutenção e funcionamento dos

serviços públicos voltados para a sociedade. É a aplicação dos recursos do Estado

para investir no desenvolvimento econômico, social e cultural do país.

O entendimento das definições de receitas e despesas públicas é de suma

importância para a elaboração do orçamento público, que por sua vez obedece ao

princípio do equilíbrio, ou seja, as despesas públicas não podem superar as receitas

públicas. O processo no qual se elabora, aprova e executa os dispêndios do governo

se chama Ciclo Orçamentário, e dentro do Ciclo Orçamentário são compostas as

fases de Planejamento, Elaboração da proposta orçamentária, Discussão e

2 O orçamento público federal é quem determina as normas gerais do direito financeiro para

elaboração e implementação dos balanços da União, através Lei nº 4.320/64. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm

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aprovação da lei do orçamento, Execução orçamentária e financeira e Controle de

prestação e contas.

É dentro da fase de Planejamento que a administração pública elabora seu

plano de ação, onde promove o bem-estar geral da sociedade, observando os

limites orçamentários. Com o advento da Constituição Federal de 1988, foram

criados três mecanismos que viabilizam a participação da sociedade no controle da

administração pública: o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias

(LDO) e a Lei de Orçamento Anual (LOA).

O Plano Plurianual é uma das ferramentas mais importantes no planejamento

da administração pública, que está presente no § 1º do artigo 165 da Constituição

Federal de 1988. O PPA é um plano de médio prazo, do qual se organiza as ações

do governo ao cumprimento das metas fixado em um período de quatro anos, onde

sua execução começa no segundo ano do mandato vigente e termina no primeiro

ano do mandato seguinte.

Carvalho (2005) argumenta que o conteúdo do PPA estabelece de forma

regionalizada as metas e objetivos da administração pública para os dispêndios

governamentais e as que estão inseridas nos programas de duração continuada.

A LDO tem o propósito de regular a elaboração dos orçamentos anuais

(orçamentos fiscais, orçamento de investimento das empresas e orçamento da

seguridade social), de forma a adequá-los aos objetivos e metas da administração

pública que foram determinados no Plano Plurianual. Conforme consta no § 2.º do

Art. 165 da Constituição Federal de 1988 (CRFB/98):

§ 2º - A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.

O conteúdo da LDO apresenta, dentre outras, as seguintes atribuições:

Controle de custos;

Equilíbrio entre receitas e despesas;

Evolução do Patrimônio Líquido;

Avaliação da situação financeira e atuarial;

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Autorização para assumir custeio de competência de outros entes;

Estabelecimento de metas fiscais, para três exercícios, para receita,

despesa, resultado primário, resultado nominal e dívida pública;

Limites para elaboração das propostas orçamentárias de cada Poder;

Política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.

Obedecidas as determinações da Lei de Diretrizes Orçamentárias que

dão legitimidade ao Plano Plurianual, a Lei Orçamentária Anual é necessária para a

viabilização e execução dos programas da PPA, que compreendem o orçamento

fiscal, investimento das empresas e da seguridade social.

A LOA é objeto da seção III, Capítulo II da Lei de Responsabilidade

Fiscal, e trabalha em conjunto com a Lei Federal nº 4.320/64, e como salienta

Carvalho (2005), conterá a discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar

a política econômica e financeira do programa de governo, obedecendo aos

princípios de unidade, universalidade e anualidade.

Em suma, o PPA, a LDO e a LOA passam a se tornar o alicerce do

planejamento do orçamento público federal, pois se sozinhas servem apenas como

instrumentos para cumprimento do ordenamento constitucional, passam a ser a base

para os programas de desenvolvimento econômico brasileiro.

A elaboração da proposta orçamentária anual está definida no § 5º do art.

165 da Constituição Federal de 1988, onde argumenta que a lei terá que: (i)

apresentar o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos

e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e

mantidas pelo Poder Público; (ii) o orçamento de investimento das empresas em que

a União direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a

voto; (iii) o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e

órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e

fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.

A Proposta Orçamentária é produzida pelo Poder Executivo, onde

caracteriza os programas de trabalho do ano subsequente, previamente regulados

pela LDO, com os objetivos e metas necessários para o cumprimento do programa.

A Lei nº 4.320/64 compõe os princípios básicos da Proposta Orçamentária, que irá

conter as receitas e despesas públicas bem especificadas e descritas na forma de

programa. Uma vez elaborada, a Proposta Orçamentária é encaminhada sob a

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proposta de Lei Orçamentária ao Poder Legislativo, para análise.

Quando aprovada pela Poder Legislativo, o regulamento de execução

orçamentária e financeira é editado, sendo fixados os prazos para a utilização dos

recursos imprescindíveis para o suporte aos programas do governo, observando

sempre os limites orçamentários.

Após a fixação dos prazos, as unidades orçamentárias recebem cotas de

recursos que possibilitarão o andamento dos programas governamentais, em

conformidade com a Lei de Responsabilidade Fiscal e Lei Federal nº 4.320/64. Nas

próprias palavras da Lei, a unidade orçamentária é descrita no artigo 14 como o

agrupamento de serviços subordinados ao mesmo órgão ou repartição a que serão

consignadas dotações próprias.

1.4 ESTUDOS EM GASTOS PÚBLICOS EM MEIO AMBIENTE

Nesta subseção discutem-se estudos empíricos e teóricos na literatura

internacional e nacional que permeiam os gastos públicos em meio ambiente. A

grande diferença que se vê ao analisar a literatura são as discrepâncias no reflexo

dos programas públicos ambientais nos países desenvolvidos e em

desenvolvimento.

Enquanto nos países desenvolvidos há uma maior variabilidade nos

dados, maior pressão ambiental por parte da sociedade e a aplicação de

instrumentos econômicos, nos países em desenvolvimento o modelo de gestão

ambiental ainda são os instrumentos de comando e controle, com forte fiscalização e

regulação. Os resultados apresentados no decurso da seção são reflexos das

políticas ambientais de cada país, e servem como referência para procurar melhores

alternativas de gestão ambiental.

A seção 2.1 buscará compreender os mecanismos de gestão dos gastos

públicos ambientais, na literatura internacional, e apresentar sua eficácia no

incremento de qualidade ambiental. A seção 2.2 destaca a importância de entender

como se dá o funcionamento da gestão pública ambiental brasileira através de

análises descritivas e evolutivas, a fim de obter soluções para uma melhor eficiência

na alocação dos recursos orçamentários.

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2.1 GASTOS PÚBLICOS EM MEIO AMBIENTE – LITERATURA INTERNACIONAL

Nas últimas décadas do século XX surgiram vários questionamentos a

respeito do quanto o meio ambiente estava sendo sobrecarregado pelas atividades

econômicas, promovendo um boom em estudos acadêmicos. Porém, Panayotou

(2003) destacou que a relação entre crescimento econômico e degradação

ambiental possui um vínculo muito mais complexo, e muitos fatores podem dissociar

o crescimento econômico da degradação ambiental, como discutido no capítulo

anterior.

Estudos importantes foram feitos durante a década de 90, quando os

teóricos em meio ambiente começaram a relacionar outros determinantes que

influenciam no meio ambiente, e correlacionando seus determinantes com as

políticas ambientais promovidas pelos formuladores de políticas econômicas. Bacot

& Dawes (1997), Daley & Garand (2005), e Hays et al (1996) intuitivamente

assumem uma hipótese de que regiões com maiores índices de poluição são as

mais propensas a desenvolver e implementar programas de sustentabilidade

ambiental.

Apesar dessa similaridade, Potoski & Woods (2002) mencionam que não

necessariamente maiores gastos refletem em maiores compromissos ambientais,

principalmente por não aferir precisamente os custos que os estados estão dispostos

a arcar com o meio ambiente.

Os principais estudos foram realizados na Europa e América, e que

mesmo apesar de apresentarem políticas ambientais distintas, convergem no

reconhecimento da importância do setor público na conservação do meio ambiente.

De uma maneira geral, os estudos destacaram a importância do papel de

atuação do Estado em políticas ambientais em regiões com alta densidade

demográfica e altos índices de poluição. Serviram também como referência para

evidenciar como diferentes atores econômicos podem influenciar nas tomadas de

decisão política, exercendo mais ou menos pressão, como escolaridade, renda per

capita, pressão ambiental (ONGs), entre outros.

Os estudos envolvendo crescimento econômico e meio ambiente vêm

aumentando exponencialmente, principalmente envolvendo nível de escolaridade e

meio ambiente. Brechet e Prieur (2009) mostraram que apesar de reconhecer a

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influência da educação como um determinante de políticas ambientais, procurou

modelar qual o papel desempenhado pela educação na consciência ambiental.

Assumindo que a consciência ambiental é constante, os autores

mostraram através de um Modelo de Gerações Sobrepostas a existência de um

equilíbrio na trajetória de crescimento enquanto a qualidade ambiental cresce

continuamente. Porém, quando ocorre uma estagnação na economia esse equilíbrio

é rompido, sugerindo que o que mantém o nível de qualidade ambiental crescente é

o nível de consciência ambiental que a população tem, ou seja, o quanto está

disposta a exigir respostas rápidas do Estado nas questões referentes ao meio

ambiente.

Balderjahn (1988) explica que os consumidores com maior nível de

escolaridade seriam aqueles que estariam mais preocupados com as questões

ambientais, e os que apresentam uma renda mais elevada. O autor argumenta que a

população de baixa renda não tem condições de demandar produtos

ambientalmente corretos, o que leva aos que tem um status mais elevado mais

dispostos a arcar com esses custos. Agregado a uma maior escolaridade e uma

maior renda, o nível cultural das pessoas mais ricas levam essa parcela da

população a estar mais conscientes da importância do desenvolvimento sustentável

e a conservação do meio ambiente.

O desenvolvimento de políticas ambientais procura, antes de tudo, a

resposta para pelo menos duas questões básicas: qual o nível de proteção

ambiental desejado para uma determinada região? Qual instrumento deve ser

utilizado para que essa proteção seja eficiente.? Potolski e Woods (2002)

argumentam ainda que uma política ambiental é multidimensional, ou seja, os

programas ambientais não podem ser avaliados por apenas uma dimensão política.

Por exemplo, a regulação da poluição do ar possui três atividades distintas como

alocação de recursos, coleta de dados e processamento de informação e cada uma

é representada por uma dimensão política diferente.

O objetivo do estudo de Potolski e Woods (2002) foi apresentar as

implicações sobre como as políticas ambientais devem levar em conta os efeitos dos

programas ambientais específicos em determinadas fases de estudo. Nem todos os

programas são projetados para melhorar a qualidade ambiental de uma região, e se

o formulador de políticas ambientais não ter um conhecimento técnico suficiente,

pode utilizar dados incorretos ou alocar recursos que não seriam eficientes.

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Reconhecendo esses problemas, Newmark e Witko (2007) salientam que

embora os gastos em meio ambiente sejam projetados para resolver os problemas

ambientais, o processo orçamentário é um fator inerentemente político. Muitas

vezes, o orçamento voltado para o meio ambiente não é suficiente para resolver

todos os problemas ambientais, decorrente de externalidades como influências

políticas ou empresários. Os autores argumentam que normalmente alguns

empresários principalmente do setor industrial estão menos preocupados com

gastos ambientais pois a mobilização política dos interesses comerciais geralmente

ocorrem ao nível da empresa e destina-se principalmente a buscar bens privados

que irão agregar valor à empresa, justificando um efeito negativo no estudo proposto

por Bacot & Dawes (1997).

Bacot e Dawes (1997) versam que existem algumas variáveis que tem

maior impacto nas despesas públicas ambientais. Através de uma regressão

múltipla, os autores constataram que a pressão ambiental, densidade populacional e

emissão de poluentes são condicionantes para um maior estímulo de gastos

ambientais. A partir dessas incongruências, é preciso formular estudos claros e

sólidos para estimular os formuladores de políticas ambientais aonde e quando

investir recursos públicos nas áreas mais carentes.

A análise dos autores Newmark e Witko (2007) abordam como a

gravidade dos problemas ambientais e o ambiente político determinam os gastos3.

Os resultados de seu artigo mostraram que a política, especificamente a influência

dos movimentos ambientalistas (ONGs), é um determinante mais importante dos

gastos ambientais do que propriamente a severidade de poluição de uma região ou

estado.

De maneira similar aos trabalhos de Bacot & Dawes (1997), Stanton &

Whitehead (1994) e Jaraite et al (2012) examinaram os gastos totais em meio

ambiente ao invés de gastos per capita pois esse é um indicador de esforço total do

Estado. A poluição é uma externalidade negativa e causada por ações individuais,

mas ao contrário de outros programas do Estado, o meio ambiente é um bem

3 Dentro do âmbito da política ambiental, alguns tomadores de decisão do Estado serão menos

sensíveis à poluição e menos dispostos a adotar políticas que são percebidos como prejudiciais para o comércio e a indústria. Interesses ambientais bem organizados podem, com a sua base de massa e potencial de apoio eleitoral ou com o empacotamento eficaz da informação, convencer os tomadores de decisão do Estado para gastar mais com o meio ambiente. Do ponto de vista da proteção do meio ambiente, o fato de que os orçamentos estaduais não aparecem proporcional ao âmbito dos problemas ambientais é preocupante, mas dada a natureza política dos processos orçamentários, é algo que acontece de forma comum (NEWMARK & WITKO, 2007).

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coletivo, e por isso não pode ser tratado como indivíduo, justificando assim uma

variável dependente de gastos totais.

Um dos objetivos do estudo de Stanton & Whitehead (1994) também foi

realizar uma análise aprofundada de como o comprometimento e suas respectivas

despesas variam de acordo com as políticas de cada estado. Utilizando da

metodologia de dados em painel entre os anos 1970 e 1980 para os 50 estados

americanos, os autores analisam a relação entre dois grandes programas ambientais

(Air Quality e Water Quality) e diferentes variáveis independentes para cada uma

delas, sendo variantes comuns apenas a renda per capita, a porcentagem de

legisladores democratas e o League of Conservation Voters (LCV), uma base de

dados americana que computa o número médio de senadores conservadores de

cada estado. Para os autores, é esperado da renda per capita um sinal positivo na

modelo de qualidade do ar pois um aumento na renda torna as pessoas mais

propensas a querer melhores investimentos em redução da poluição, além do que

uma maior renda consequentemente gera uma maior receita para o Estado.

Apesar de ser uma análise intuitiva, os resultados mostraram que como

alguns determinantes são mais relevantes do que outro para cada programa, as

políticas ambientais devem se adequar e ser modeladas priorizando esses

determinantes. Por exemplo, enquanto ideologia é um determinante para os gastos

no programa de qualidade da água, o mesmo é estatisticamente não significativo

para o programa de qualidade do ar.

Carvalho (2010) diz que a regulação ambiental pode se dar de várias

maneiras, porém através de dois exemplos, é possível defini-la. Uma das maneiras é

através de métodos específicos de tecnologia. O governo exige que determinados

produtores utilizem de uma certa tecnologia para reduzir suas emissões de

poluentes, sendo a vantagem dessa medida de que seus custos são muito baixos,

uma vez que não existe a dificuldade de monitoramento como no caso da taxação.

O governo sabe que a tecnologia estará ali funcionando perfeitamente. O lado

negativo dessa regulação é que reduzirá drasticamente o incentivo das firmas a

procurarem novos meios de reduzir suas emissões, inibindo a inovação.

O segundo exemplo dos métodos regulatórios é restringir a quantidade

produzida pelas firmas, tanto pelo produto ou pela poluição gerada da produção. O

benefício é que dessa forma as indústrias têm incentivo a inovar e buscar maneiras

de reduzir a poluição. Porém, de forma antagônica ao primeiro exemplo, os custos

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de monitoramento são bastante altos.

Procurando novas evidências sobre os determinantes nas despesas

públicas ambientais, Jaraite et al (2012) estudaram como o setor industrial na

Suécia respondeu às políticas nacionais e internacionais investindo no meio

ambiente. A análise econométrica através do modelo de seleção Heckman mostrou

um resultado que vai em convergência com o que é apresentado por Carvalho

(2010), mostrando que as regulações ambientais são motivações relevantes para as

despesas nos gastos ambientais.

O estudo de Jaraite et al (2012) assinalou que as indústrias que utilizam

combustíveis intensivos em carbono, como petróleo e gás natural, investem mais em

meio ambiente como resposta à uma tentativa de mitigar as emissões de gás

carbônico. Outra resposta que o modelo respondeu foi que indústrias mais rentáveis

e dependentes em energia investem na redução dos poluentes aumentando a

qualidade ambiental.

No geral, os países da União Européia (UE) apresentam bons números

com relação a despesas públicas e privadas em proteção ao meio ambiente. O

estudo feito pela Comissão Européia em 2013 verificou três dos principais atores da

economia: a indústria, os produtores especializados (empresas públicas e privadas)

e o setor público. O estudo verificou os gastos destes três setores nos países que

estão inseridos na UE entre os anos 2001 e 2011.

Tabela 1 – Gastos Públicos em Meio Ambiente na União Europeia

EURO (milhões) (% do PIB)

Ano Indústria Produtores

Especializados Setor

Público Indústria

Produtores Especializados

Setor Público

2001 50.043 94.281 63.147 0,5 1,0 0,7

2002 45.593 95.974 62.892 0,5 1,0 0,6

2003 43.665 100.654 62.445 0,4 1,0 0,6

2004 45.011 107.164 65.682 0,4 1,0 0,6

2005 45.875 111.220 72.177 0,4 1,0 0,7

2006 49.569 122.388 74.431 0,4 1,1 0,6

2007 52.923 125.954 76.886 0,4 1,0 0,6

2008 53.210 144.516 81.316 0,4 1,2 0,7

2009 49.125 139.326 86.409 0,4 1,2 0,7

2010 51.126 144.661 85.910 0,4 1,2 0,7

2011 52.318 150.998 83.408 0,4 1,2 0,7

Fonte: Eurostat Data Online4 (2011)

4 A Eurostat recolhe dados sobre as despesas de proteção ambiental através de um questionário

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33

Observando a Tabela 1, é possível perceber que a maior parte da fatia

dos gastos públicos em meio ambiente são derivados dos produtos especializados.

Isso representou 1,2% do PIB total da UE apenas para o meio ambiente entre os

anos 2008 a 2011. Os valores do setor público englobam subsídios e subvenções

pagas a outros setores, enquanto a gestão do tratamento de água e resíduos

representaram os maiores gastos para os países membros da UE.

As diferenças entre esses países podem, pelo menos em algum grau,

refletir se o setor público oferece serviços em si, ou se estas atividades foram

contratadas por empresas privadas e públicas, onde existe uma possibilidade de

relação com a especialização e concentração de determinadas atividades industriais

dentro de cada país.

Um exemplo é o tratamento ou gestão de resíduos nos rios que pode ser

internalizado em plantas industriais, a fim de reciclar ou reutilizar alguns dos

materiais que são rejeitados como parte do processo de produção. Assim como o

setor público, a maior parte dos gastos em meio ambiente dos países da UE no

estudo foram voltados para o tratamento de poluentes na água e resíduos sólidos.

Com relação à indústria, a maior parte dos gastos entre os países da UE foi para o

controle de poluição do ar, tratamento residual da água e do lixo.

O turismo tem potencial para a conservação do meio ambiente, porém é

necessário levar em consideração que o equilíbrio entre o turismo e o meio ambiente

é delicado. Muitos países em desenvolvimento, ansiosos para colher seus

benefícios, sem realizar uma análise adequada dos impactos potenciais

transformaram suas áreas virgens em centros de turistas para atender os gostos e

desejos do turismo de massa.

Esse rápido desenvolvimento pode levar a uma completa transformação

de uma área, produzindo impactos irreversíveis ao meio ambiente. Bukley (2002)

argumenta que, entre os três impactos do turismo nomeadamente, o

desenvolvimento econômico, sócio-cultural e ambiental, o impacto econômico, sem

dúvida, desempenhou um papel dominante na literatura do turismo e elaboração de

políticas até 1960.

Com o foco sobre os benefícios econômicos obtidos pelas áreas devido

ao desenvolvimento do turismo, os impactos ambientais não econômicos, sócio-

conjunto com a OCDE sobre despesas e receitas em gastos ambientais.

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34

culturais e adversos são totalmente ignorados. Os custos ambientais continuaram a

ser negligenciado por causa da crença predominante da natureza sendo inesgotável

e renovável.

Isso levou a um crescimento indiscriminado e sem planejamento de

infraestrutura turística em muitos países e os efeitos negativos na forma de

degradação social e ambiental começaram a emergir. Passeios de especialistas,

como safáris fotográficos e observação de vida selvagem, que pode afetar os

animais através de ruído, distúrbios visuais e perfume, e por afetar a predação e

comportamento reprodutivo. Da mesma forma, passeios de flores silvestres podem

afetar a biodiversidade vegetal se os participantes coletar plantas ou frutas, ervas

daninhas ou introduzir patógenos, ou iniciar incêndios (BUKLEY, 2002).

Através de uma metodologia de análise bivariada e correlação entre as

variáveis entre si, Hays et al (1996) examinam a variação de comprometimento

ambiental entre os estados para os anos de 1987 a 1991. Como variáveis

independentes os autores utilizaram as condições ambientais, recursos econômicos,

pressão política, atividade federal (regulação), ideologia e institucionalidade. Os

resultados mostraram que a pessoas com uma ideologia de esquerda5 apóiam mais

a agenda ambientalista. De maneira geral, os resultados mostram que o governo

federal é limitado no que tange em influência no nível geral de comprometimento

ambiental, pois os Estados atuam de maneira independente uns dos outros, ou seja,

as políticas e programas ambientais são mais descentralizadas.

Outro resultado interessante é de que inicialmente Hays et al (1996)

consideraram intuitivamente que os grupos ambientais exercem uma pressão maior

do que as indústrias. Porém, a análise mostrou que ambos oferecem o mesmo nível

de suporte ao meio ambiente. A justificativa para isso é que as indústrias criam

grandes barreiras regulatórias que impedem a entrada de novas firmas e mantém o

controle do mercado. Consideram também que a regulação ambiental responde

positivamente às demandas públicas. Essa premissa se sustenta nos resultados

pelo número de ONGs em cada estado e a ideologia6 da sociedade em geral mostra

uma correlação positiva com o comprometimento ambiental.

5 No estudo de Hays et al (1996) a opinião pública de esquerda e leis em estados democratas

sinalizaram um maior esforço do comprometimento ambiental. 6 Quando Hays et al (1996) mensura a variável ideology, faz uma pesquisa de opinião e estados que

tendem para uma linha de pensamento mais esquerdista e visam defender uma agenda mais ambientalista.

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35

Uma das características em comum que todos os estudos realizados em

países desenvolvidos apresentaram, é que há uma base de dados robusta e

padronização nos programas ambientais ao longo dos anos que permite análises

temporais mais longas. Todavia, nos países em desenvolvimento o grande problema

ainda é a falta de metodologias consistentes que tratem de maneira apurada os

gastos em gestão ambiental.

Falta de transparência pública e base de dados inconsistentes são o

grande entrave aos estudos econômicos ambientais realizados principalmente na

América Latina. Em um estudo realizado entre 1992 e 2001, logo após a

Conferência do Banco Mundial, Bárcena et al (2002) argumentam que vários países

como Costa Rica, Trinidad e Tobago e Chile, lidam com a questão ambiental criando

barreiras de entrada para as empresas de mercado, através de impostos e

regulações ambientais.

Os programas de despesa ambiental nos países membros da

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) buscam

incentivar a transição gradual de regimes de subvenção pública para um

financiamento através de taxas de utilização. Esse tipo de estudo serve para os

países realizarem medidas mais aprofundadas e abrangentes sobre suas políticas

atuais, e servir de referência para países que não adotam esse tipo de medida,

principalmente os países em desenvolvimento.

A elaboração de estratégias e programas ambientais é um grande desafio

principalmente em países em desenvolvimento e que precisam de ajuda externa,

principalmente porque não é apenas o Ministério do Meio Ambiente o agente

governamental responsável por essas ações. É preciso ações conjuntas com outros

ministérios para que se possam dividir responsabilidades, principalmente em

ministérios que detém o controle orçamentário.

Como descrito por Carvalho (2010), a regulação ambiental tem a

vantagem dos baixos custos em monitoramento, porém impede as firmas de

inovarem e buscarem soluções para os problemas ambientais. O único país da

América Latina que mostrou um programa ambiental voltado aos intrumentos

econômicos foi a Argentina.

Verificando a participação dos gastos ambientais no PIB entre 1994 a

2000, López e Chudnovsky (2002) salientaram que o governo argentino articulou um

programa ambiental descentralizado através da taxação em cada província. O

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36

Tesouro Nacional argentino financia boa parte dos gastos, e cobra uma taxa anual

para que os produtores gerem e operem o lixo residual.

Em outro estudo no mesmo país, Lópes e Chudnovsky (2002), através de

um modelo de dados em painel para uma série temporal entre 1992 a 2001,

provaram que as grandes empresas são mais propensas a investirem em inovação e

ao mesmo tempo lançá-las ao mercado. Um dos importantes resultados da pesquisa

é que mesmo havendo baixos montantes em P&D, as empresas consideram o

investimento em inovação de suma importância, tanto que empresas que inovam

tiveram melhor desempenho econômico frente as que não inovaram no período.

Palmer & Jaffer (1996) também salientam isso utilizando o modelo

econométrico Probit entre os anos 1975 e 1991 tendo como objetivo verificar a

relação entre a rigidez da regulação ambiental e a atividade inovadora das firmas.

Para isso, usaram duas medidas: gastos da indústria em pesquisa e

desenvolvimento (P&D), e o número total de aplicação de patentes.

A hipótese é de que um maior rigor na regulação ambiental acarretou no

crescimento da capacidade inovadora das firmas. Apesar da magnitude do efeito ter

sido pequeno, porém positivo, Palmer & Jaffer (1996) não afirmam que um aumento

no investimento de P&D implicará em maior produtividade e menores custos de

produção. Pode acontecer, porém os autores citam que alguns estudos mostram que

quanto mais regulação ambiental, menor é a produtividade das indústrias.

Na prática, os países desenvolvidos mostraram-se mais estruturados para

tratar das questões ambientais, enquanto os países em desenvolvimento ainda

enfrentam dificuldades como transparência pública e falta de base de dados para

estudos. Como destacado por Potolski e Woods (2002), os programas ambientais

são multidimensionais, e que para que tenham eficiência, é preciso que haja

congruência na coleta de dados, alocação de recursos e processamento de

informação.

O estudo de caso feito pela OCDE (2006) mostrou que os países

desenvolvidos têm melhores respostas ambientais quando seus orçamentos são

anuais, como foi o caso da Austrália e Holanda. Quando bem estruturados, os

programas ambientais tem uma forte ligação entre a política, planejamento

estratégico e orçamento. Por se tratar de uma metodologia recente, é preciso uma

definição de metas e monitoramento muito rígidos. A maioria dos países em

desenvolvimento ainda não tem metodologias e diretrizes suficientes para o

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37

estabelecimento de metas no meio ambiente, por isso o setor fica ainda mais

vulnerável, podendo perder credibilidade.

No caso de países desenvolvidos, boa parte do orçamento das despesas

públicas focadas em meio ambiente foi voltado para a gestão dos recursos hídricos

onde os países passaram por severas reformas. Os estudos de caso realizados pela

OCDE (2009) mostraram claramente uma dependência de subsídios para

financiamentos no setor hídrico, portanto sendo imprescindível o entendimento do

desempenho dos programas realizados.

A análise da OCDE (2009) mostra que no geral, boa parte dos programas

selecionados alcançou um bom nível de cumprimento na gestão das políticas

públicas ambientais. Através de instrumentos econômicos que taxam o usuário

poluidor e consumidor, foi possível mitigar os efeitos de poluição da água e criar uma

ampla rede de abastecimento de água. No longo prazo, o estudo propõe que essa é

a maneira mais sustentável a longo prazo para o financiamento em investimentos

ambientais. A receita gerada através dos instrumentos econômicos principalmente

na França e Alemanha possibilitou condições mais favoráveis para fazer outros tipos

de investimentos ambientais, como por exemplo, uma melhor infraestrutura em

saneamento e custos de manutenção de serviços públicos de água.

Infelizmente, a OCDE argumenta que há falta de capacidade nos

ministérios para realizar uma análise mais aprofundada nos países em

desenvolvimento de programas desse tipo. Uma das causas é que os dados

utilizados para a elaboração dos programas e estudos analíticos tem pouca

veracidade e há falta de transparência. É crucial para que ocorra uma evolução do

programa uma base de dados sólida que auxilie no planejamento estratégico e

processo orçamentário.

Quando não há essa divisão de responsabilidades nos programas

ambientais, o resultado sempre tende a um baixo comprometimento nos orçamentos

públicos ambientais. No Equador, Endara e Noboa (2005) descreveram que a

inflexibilidade nas finanças públicas e a dependência das estatais petrolíferas

fragilizam o orçamento público voltado para o meio ambiente, acabando muitas

vezes por ignorar os programas ambientais.

A OCDE (2006) comenta que com a mudança de postura por parte dos

projetos financiados pelos doadores abriu uma janela de oportunidade para os

países em desenvolvimento, pois a tendência é de introduzir uma nova perspectiva

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38

de médio prazo no processo orçamental. O desafio reside em quanto o Ministério do

Meio Ambiente está disposto a batalhar por um suporte orçamentário maior, uma vez

que nesses países o setor é um dos mais frágeis.

Tendo em vista que a maioria dos programas ambientais e a taxa de

retorno sobre os investimentos em infraestrutura são de longo prazo, a perspectiva

de um orçamento em médio prazo é favorável no sentido de que é possível começar

a ter uma mentalidade mais estratégica, pois além de haver um melhor planejamento

financeiro, a formulação de políticas se torna mais sólida, além de haver espaço

para buscar mais doadores, etc.

Peszko (1999) admite que o sistema de gastos públicos em meio

ambiente precisa de muitas melhoras na prática de gestão, e fornece em seu estudo

algumas maneiras de melhorar a integração entre os programas ambientais e as

despesas públicas nos países em desenvolvimento. A primeira delas é uma urgência

na reforma institucional. Muitas vezes os gestores de políticas ambientais já

estabelecem logo no começo do ano certos valores dentro do orçamento público

destinado ao tratamento das questões ambientais.

Este tipo de prática mostra que valores voltados ao tratamento do meio-

ambiente dá mais certo em países com uma economia de mercado totalmente

aberta, apesar de que nem sempre esse tipo de solução tem sucesso. O autor

explica que o grande entrave é a pressão política que determinados ministros ou

gestores ambientais sofrem por conta do baixo valor adicionado que esses tipos de

fundos oferecem. Como toda mentalidade política na maioria das vezes é voltada

para o curto prazo, o custo social para manter esses fundos é muito alto.

As preferências sociais pelo meio ambiente que caracterizam uma política

ambiental definem o quanto uma sociedade está disposta a suportar um

determinado nível de poluição, mensurando o quanto de recursos que esta mesma

sociedade está disposta a abrir mão para uma melhoria de seu meio ambiente.

As observações empíricas do estudo de Peszko (2012) constataram que a

disciplina fiscal, alocação eficiente de recursos e a eficiência técnica são

fundamentais para uma gestão de despesa pública saudável e sine qua non para um

desenvolvimento sustentável. As reformas e melhoras nos arranjos institucionais

possibilitaram em algumas economias a implementação de fundos ambientais,

apesar de que foram poucos os casos de sucesso onde os fundos ambientais

tiveram um papel decisivo nas políticas ambientais.

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39

Na maioria dos países, principalmente no leste Europeu, os fundos

ambientais serviram apenas como suporte financeiro para amenizar os cortes

orçamentários no setor, porém a verdadeira função dos fundos ambientais, que é a

de investimentos em meio ambiente, foi insignificante. Peszko (2012) argumenta que

essas mudanças de comportamento influenciadas pelos formuladores de políticas

impediram o desenvolvimento de mecanismos institucionais mais eficazes para a

gestão das despesas públicas ambientais.

Em suma, transparência pública e programas ambientais bem

especificados, baseando-se em modelos bem estruturados e voltados à inovação e

que mitiguem os problemas ambientais são fundamentais para que as políticas

ambientais tenham êxito. No Brasil, apenas com a Lei de Responsabilidade Fiscal

que o país começou a ter mais rigor nos programas ambientais, além de possibilitar

inúmeros gastos em gestão pública ambiental.

2.2 GASTOS PÚBLICOS EM MEIO AMBIENTE – LITERATURA NACIONAL

Anterior à Lei da Responsabilidade Fiscal (LRF)7 e dispondo da base de

dados do IBGE, Young e Roncisvalle (2002) investigaram os primeiros estudos dos

gastos do governo em meio ambiente no Brasil no período de 1993 a 2000, logo

após a Conferência Rio-92. Sabendo que o Brasil estava passando por profundas

mudanças políticas macroeconômicas nesse período, os autores chegaram à

conclusão de que os gastos públicos em meio ambiente permaneceram estagnados

ao longo da década.

Após a LRF e a mudança na forma de apresentação das contas públicas

brasileiras, os estudos em GPMA foram bastante facilitados e permitiram uma série

de estudos e comparações que permitiram uma análise mais profunda e dinâmica,

como mostrados no Quadro 1. Borinelli et al (2012) fizeram uma análise da evolução

dos gastos públicos ambientais nas capitais brasileiras para o período de 2002 a

2010. Comparando os gastos ambientais com outros tipos de gastos públicos, os

autores perceberam que esse setor não é priorizado em detrimento de outros. Para

7 A Lei de Responsabilidade Fiscal foi instituída através da Lei Complementar nº 101, de 04 de maio

de 2000, onde estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade fiscal. Link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm

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efeito comparativo, os autores constataram que a disparidade entre os gastos

ambientais e PIB manteve-se estagnada ao longo do tempo. Isso demonstra que

além de baixos investimentos, o orçamento anual é frágil e instável, visto que

fazendo uma análise temporal entre as próprias capitais, algumas cidades

apresentam significativas divergências de valores de um ano para outro.

Para corroborar essa análise, um estudo feito para o estado do Paraná

entre 2000-2009 por Borinelli et al (2011) mostrou que apesar do Paraná ter um

volume de investimentos ambientais muito maiores do que Santa Catarina e Porto

Alegre, na última década houve uma redução proporcional da despesa ambiental na

despesa total do governo, colocando Paraná em 14º lugar entre os estados que mais

investem em meio ambiente e o único acima da média na região Sul.

Através de uma análise exploratória, os autores verificaram os valores ao

longo do tempo dos gastos em gestão ambiental no Paraná e os gastos

desagregados em suas subfunções. Constatou-se que a maior parte dos recursos

alocados para gestão ambiental foi direcionada em preservação, controle e

conservação ambiental. A explicação para isso consiste num aumento significativo

de unidades de conservação criadas a partir de 1990 e que o Estado detém quase a

totalidade dos licenciamentos e fiscalização ambiental.

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41

Quadro 1 – Estudos nacionais em Gastos Públicos em Meio Ambiente

Autores Ano Período Tipos de Gastos

Indicadores

Young e Roncisvalle

2002 1993-2000

Total, por função,

subfunção, institucional

Valores absolutos e

percentuais de despesas

ambientais; distribuição regional dos

gastos; despesas

instituições

Lemos et al 2005 2000-2005 Função e subfunção

Valor absoluto e percentual em

despesas ambientais

Carneiro 2008 2000-2006

Total, por funções,

subfunções e institucional

Relação despesa orçada

e liquidada

Borinelli et al 2011 2000-2009 Total, por funções e

subfunções

Valor absoluto e percentual em

despesas ambientais

Borinelli et al 2012 2002-2010 Total, por funções e

subfunções

Valor absoluto e percentual em

despesas ambientais nas

capitais brasileiras

Fonte: Elaborado pelo autor.

Apesar do aumento do número de unidades de conservação ambiental no

Brasil, os projetos para tal encontram grandes dificuldades de serem implementados

por uma sistemática falta de recursos financeiros. Como mencionado, boa parte do

financiamento dos projetos ambientais são de origem pública e sofrem com a

questão da prioridade política.

Lemos et al (2005) salientam que nas três esferas do governo esses

valores não ultrapassaram 1% das despesas totais. O país tem um tamanho

continental e que mesmo em decorrência do aumento de unidades de conservação

e aumento do PIB brasileiro, os gastos em gestão ambiental não acompanharam no

mesmo ritmo.

Sugere-se que em virtude dessas dificuldades orçamentárias, os estados

passem a adotar o ICMS ecológico onde critérios ambientais são usados para o

repasse de parcela do valor do imposto sobre a circulação de bens e serviços. Outro

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42

instrumento econômico que é sugerido remete-se à compensação ambiental prevista

na lei do SNUC (Sistema Nacional de Sistemas de Conservação) nº 9.985/2000,

onde impõe um repasse de 0,5% do valor total de projeto de grandes

empreendimentos de significativo impacto ambiental para unidades de conservação

(LEMOS et al, 2005).

Para entender o comportamento dos gastos ambientais, antes é preciso

entender o sistema estrutural das políticas ambientais brasileiras, para assim buscar

alternativas de uma melhor alocação dos recursos. Carneiro (2008) articula uma

correlação entre gastos ambientais e a emissão de poluentes, empregando os

GPMA como uma variável explicativa ao tentar mitigar os custos na redução de

poluentes. Os autores observaram os gastos ambientais brasileiros em 2002 e 2003

e perceberam que estes foram fortemente influenciados pela instabilidade do

mercado financeiro brasileiro em 2002, retratando a fragilidade como o setor

ambiental é desvalorizado no orçamento público brasileiro.

Tridapalli et al (2011) fizeram uma análise bibliográfica dos principais

estudos envolvendo gastos públicos em meio ambiente no Brasil e no exterior,

constatando que no Brasil a grande parte dos estudos são longitudinais e

exploratórios, havendo escassez em estudos mais empíricos, em contraste com as

pesquisas internacionais envolvendo gestão ambiental. Uma das alternativas de

estudos ambientais que os autores fazem é uma proporcionalidade da participação

dos gastos ambientais entre 2002 e 2008, per capita, com relação ao PIB e às

despesas totais para os estados brasileiros e os 10 maiores municípios do Paraná.

Uma das características que legitimam os estudos em GPMA é que elas

tem o objetivo de identificar por região e instituição as estruturas de poder estatal e

social. Dessa forma, é possível rastrear e monitorar de forma comparativa e

cronológica, como se deu a evolução e prioridades das instituições e políticas

ambientais, bem como apurar quais setores, partidos políticos, governo, investiram

mais em qualidade ambiental. Os gastos ambientais são uma ferramenta que

sintetiza os processos de distribuição de poder tanto na sociedade como no Estado.

Em suma, sua análise fornece uma avaliação subjetiva e parcial, proporcionando

aos agentes públicos uma leitura dinâmica de políticas públicas e processos políticos

de determinada região, conjecturando assim decisões finais mais sólidas

(TRIDAPALLI et al, 2011).

Em um estudo que foge um pouco as análises evolutivas e longitudinais,

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43

Cruz e Fernandes (2013) fazem uma abordagem relacionando PIB per capita e a

pegada ecológica. A pegada ecológica é um termo utilizado para contabilizar o

impacto ambiental necessário para gerar a riqueza de determinada região. É a área

produtiva de terra e água necessária para produzir os recursos e absorver os

resíduos gerados pela população, atividade econômica local, etc. Dessa forma, é

possível supôr que existe uma relação positiva entre PIB e Pegada ecológica, e

mostra aos governantes um artifício alternativo para alocar de maneira eficiente os

recursos naturais evitando desperdícios.

Nesse estudo, foi avaliada essa relação em vários países do globo em

2005, e constataram que quanto maior o PIB desses países, maior a Pegada

Ecológica. Porém houve casos de excessão, como foi o caso do Japão, que

apresentou baixa Pegada Ecológica. Isso se deve aos traços culturais do povo

japonês em aproveitar ao máximo todos os recursos disponíveis, evitando

desperdícios, além de uma forte cultura voltada para a conscientização ambiental.

Em suma, por ser visível o impacto ambiental que é gerado no meio

ambiente decorrente do nível de atividades econômicas realizadas nas grandes

cidades, é preciso levar em consideração a importância da consciência ambiental

para o debate dos gastos públicos em meio ambiente no Brasil. Apesar de nem

sempre consciência e riqueza estarem interligadas, os fatores mais importantes

nessa relação está atrelado aos costumes, cultura e educação ambiental (CRUZ &

FERNANDES, 2013).

No caso brasileiro, a Pegada Ecológica ficou abaixo da média, dentro dos

países com PIB per capita similar, muito em decorrência das políticas voltadas para

o meio ambiente principalmente após a criação da Secretaria Especial do Meio

Ambiente (SEMA) em 1973. Após essa iniciativa, houve uma profunda implantação

de instrumentos reguladores das atividades econômicas como o caso dos

licenciamentos ambientais.

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44

3 METODOLOGIA E FONTE DE DADOS

3.1 FONTE DE DADOS

A base de dados para a pesquisa foi formada pelos dados do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pela Relação Anual de Informações

Sociais (RAIS) e da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), para o período de 2005 a

2010, com o número de indivíduos da amostra as 26 capitais brasileiras8.

Sobre o STN, os dados foram logrados em documentos do Sistema de

Coleta de Dados Contábeis de Estados e Municípios, onde foi retirada a base de

dados sobre a população, GPMA, turismo e cultura. Os dados referentes ao PIB per

capita e PIB Industrial foram logrados do IBGE, enquanto que a massa salarial da

população das capitais foi coletada da RAIS. Os dados sobre o número de pessoas

com nível superior nas capitais também foi retirado da RAIS, enquanto que o

pessoal ocupado total foi coletado do IBGE Cidades, criando a variável escolaridade.

3.2 MODELO TEÓRICO ECONOMÉTRICO

9

Uma das vantagens na estimação de dados em painel é a atenção

especial à heterogeneidade individual. Os dados em painel possuem uma

característica diferenciadora dos indivíduos, que podem ser ou não constantes ao

longo do tempo, sendo que estudos que não tenham heterogeneidade, fortemente

produzirão resultados viesados.

Gujarati (2006) salienta as vantagens que o modelo de dados em painel

oferece, entre elas uma maior quantidade de informação, menor colinearidade entre

as variáveis, um número maior de graus de liberdade, eficiência na estimação e

maior variabilidade dos dados. A explicação para uma maior variabilidade dos dados

é a de que a utilização de dados agregados resulta em séries mais suaves do que as

8 Na base de dados do STN, Brasília não aparece com os dados relativos à variável dependente e de

algumas variáveis explicativas. Sendo assim, o projeto faz sua análise sem a observação da capital federal. 9 Esta seção baseou-se em Gujarati (2006), Wooldridge (2002) e Wooldridge (2006), e Cameron e

Trivedi (2009).

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séries individuais que servem como base. Consequentemente, uma maior

variabilidade dos dados reduz a colinearidade entre as variáveis, principalmente em

modelos com defasamento distribuídos.

Quanto maior a informação disponível, maior a eficiência da estimação.

Os dados em painel permitem medir e identificar efeitos que não seriam detectáveis

caso fossem feitos exclusivamente via corte transversal ou série temporal, também

tendo a habilidade de gerar e testar modelos de comportamento complexo,

recorrendo a modelos com defasamentos distribuídos com poucas restrições.

A distinção entre os modelos de dados em painel se dá pelos efeitos fixos

e o aleatórios. Quando é explicado o modelo de efeitos fixos, percebe-se que são

modelos cujos coeficientes variam de indivíduo para indivíduo, com suas constantes

fixas, sendo assim não aleatórias. Se existe heterogeneidade apenas nos termos

independentes, seja temporal ou seccional, esse modelo é caracterizado por sua

covariância.

Wooldridge (2006) versa que uma das características dos modelos de

dados em painel é que a variável dependente e as independentes podem variam ao

longo do tempo e entre indivíduos. Quando essa variação ocorre ao longo do tempo

ou em determinado indivíduo, recebe o nome de within variance, e a variação entre

os indivíduos de between variance.

3.2.1 Modelo POLS (Pooled Ordinary Least Square)

Uma das primeiras análises empíricas no que tange dados em painel é

aplicar o modelo POLS, onde se tem como premissa que as variáveis não

dependem de valores correntes, passados e futuros do termo de erro itu , ou seja,

são variáveis exógenas. Também é necessário que o termo do erro composto itu (ao

invés da decomposição da constante e resíduo, i it ) seja igualmente distribuído,

com média 0 e variância constante, como é descrito na equação (1) (CAMERON &

TRIVEDI, 2009)

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0 1itit i itY X u

(1)

Uma das características desse modelo é de que são estimados através de

MQO, contanto que haja um controle within do termo de erro itu para determinado

indivíduo, através de uma estimação com erros-padrão robustos clusterizados.

Apesar dessas características, o modelo POLS tem alguns problemas que

são destacados por Gujarati (2006). Um deles é que o modelo não diz se a resposta

da variável dependente às variáveis explicativas ao longo do tempo é a mesma para

todas as capitais, juntando capitais diferentes em diferentes anos, se camufla a

heterogeneidade, que pode existir entre os indivíduos. Assim é possível que a

individualidade esteja incluída no termo de erro e por consequência correlacionada

com os regressores do modelo, tornando o POLS tendencioso e inconsistente.

3.2.2 Modelo de Efeitos Aleatórios

Tal como acontece com POLS, segundo Wooldridge (2002), uma análise

de efeitos aleatórios coloca i no termo de erro, o que impõe mais hipóteses do que

as necessárias para um modelo POLS: além de exogeneidade estrita, assume

também uma ortogonalidade entre a constante e os indivíduos, i e itx

. Assumindo

a hipótese em meios condicionais, tem-se:

Hipótese EA.1:

(a) ( | , ) 0, 1,2,....., .it i iE u x t T

(2)

(b) ( , ) ( ) 0i i iE x E

(3)

Enquanto a EA.1a indica uma estrita exogeneidade condicionada ao

efeito observado, EA.1b é como se indica a ortogonalidade entre i e ix. EA.1b

indica que está implícito na hipótese que ix são fixos e

( ) 0iE ou pela hipótese de

que i é independente de ix

.

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Dessa forma, o modelo é descrito da seguinte forma:

0 0 i i = 1,..., n (4)

0 1Y ...it itit i k k itX X (5)

Onde i será a variável aleatória dos efeitos individuais e it será o termo

de perturbação geral. A abordagem de efeitos aleatórios explora a correlação serial

no erro composto it i itu num quadro de mínimos quadrados generalizados

(MQG). A fim de garantir que MQG é viável e consistente, é necessária a hipótese

EA.1a de exogeneidade estrita, tendo-se:

it it ity x

(6)

( | ) 0, 1,2,....,it iE v x t T (7)

Onde:

it i itu (8)

A equação (7) mostra que ix satisfaz a hipótese de exogeneidade estrita

no modelo (6). Portanto, é possível aplicar o MQG que causa a estrutura de erro

particular em (8). Escreve-se o modelo (6) para todos os períodos T como:

i i ity v (9)

sendo que iv pode ser definido como i i T iv j u onde Tj é o vetor T 1,

definindo a matriz de variância incondicional como:

( )́i iE v v (10)

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Para se estimar o modelo por efeitos aleatórios, por mais que a estimação

MQO seja consistente e normal, não é eficiente, observando a configuração de . A

escolha se dá, pois o MQO dá um peso excessivo à variação entre as unidades, em

vez de relegar parte destas para variações aleatórias atribuíveis ao termo de

perturbação i variável seccionalmente. Já no caso do Least Square Dummy

Variable (LSDV) este assume que 0itv , sendo assim a única variação entre os

indivíduos deve-se a um efeito constante no tempo, pelo que, a questão de saber se

este é fixo ou aleatório torna-se irrelevante. O GLS é uma combinação ótima entre

esses dois estimadores.

Segundo Cameron e Trivedi (2009), em modelos com erros

autocorrelacionados e heterocedásticos, os estimados MQG (mínimos quadrados

generalizados) podem ser calculado como um estimador MQO, em um modelo que

tenha erros não correlacionados homocedásticos, obtido por uma transformação

linear apropriada.

O estimador de efeitos aleatórios será consistente e eficiente se o modelo

for apropriado, porém inconsistente de o modelo de efeitos fixos for apropriado, já

que uma correlação entre i e itx implicará em uma correlação entre o termo do erro

e os regressores. Se não houver essa correlação, o estimador de efeitos aleatórios

será consistente, porém ineficiente, e somente uma estimação com erros-padrão

robustos clusterizados pode resolver o problema.

Uma das características de uma estimação com erros-padrão robustos é

as de que eles podem ser estimados mesmo sem que se saiba se a

heteroscedasticidade está presente. Normalmente, os erros-padrão robustos são

maiores do que os tradicionais, e oferecem uma maneira para se calcular

estatísticas t que sejam assimptoticamente distribuídas como t, havendo ou não

heteroscedasticidade. Para se calcular a heteroscedasticidade nesses casos, a

estatística F robusta é a melhor opção, ou estatística de Wald robusta.

3.2.4 Modelo de Efeitos Fixos

No modelo de efeitos fixos, supõe-se que o intercepto irá variar entre as

unidades, mas que será constante ao longo do tempo, onde os parâmetros serão

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constantes para todas as unidades e em toda a análise temporal. Este modelo

apresenta uma característica de que os regressores precisam estar correlacionados

com os efeitos do nível do indivíduo, por isso para se ter uma estimação consistente

do modelo, é necessário esse controle dos efeitos fixos. A vantagem desse tipo de

modelo é que pode ser obtido um estimador consistente do efeito marginal para o

nésimo regressor, dado que o valor das variáveis varia com o tempo.

Para verificar o que o método de efeitos fixos envolve, a equação (3) é um

modelo com uma única variável explicativa (Wooldridge, 2006):

0 0it i 1 1it

itk k (11)

Logo:

it i i it itY x u (12)

Wooldridge (2002) comenta que a abordagem de efeitos aleatórios para

estimar coloca efetivamente i no termo de erro, sob o pressuposto de que i é

ortogonal a itxe, em seguida, explica a correlação serial implícita no erro composto

it i itu usando uma análise MQG. Em muitas aplicações de toda a questão do

uso de dados em painel é permitir i ser arbitrariamente correlacionado com 1itx

.

Uma análise de efeitos fixos serve justamente para atingir esse objetivo.

O primeiro pressuposto dos efeitos fixos é a exogeneidade estrita das

variáveis explicativas condicionais em i :

Hipótese EF.1: ( | , ) 0, 1,2,....., .it i iE u x c t T

(13)

Essa suposição é idêntica à primeira parte do pressuposto de EA.1.

Assim, mantém-se a exogeneidade estrita de { : 1,2,....., }itx t T

condicionada ao

efeito observado. A principal diferença é que não se assume EA.1b. Em outras

palavras, para a análise de efeitos fixos, e ( i | ix) está autorizado a ser qualquer

função de ix (WOOLDRIDGE, 2002).

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Segundo o autor, ao relaxar EA.1b, pode-se de forma consistente estimar

os efeitos parciais na presença de variáveis omitidas constantes no tempo que

podem ser arbitrariamente relacionados com os indivíduos observáveis itx

. Assim, a

análise de efeitos fixos é mais robusta do que a análise de efeitos aleatórios. Porém,

sem mais hipóteses não se pode incluir fatores constantes no tempo em itx

. Se i

pode ser arbitrariamente correlacionado com cada elemento de itx

, logo não há

nenhuma maneira de distinguir os efeitos constantes no tempo observáveis em

relação aos i não observáveis constantes no tempo.

O fato de que itx

não pode incluir variáveis explicativas constantes no

tempo é desvantajoso em certas situações, porém quando o interesse é apenas em

variáveis explicativas que variam no tempo, é conveniente para não ter que se

preocupar com modelagem de fatores contantes no tempo que não são de interesse

direto. A idéia para estimar sob a hipótese EF.1 é transformar as equações para

eliminar o efeito não observado i . Quando, pelo menos dois períodos tde tempo

estão disponíveis, há várias transformações que cumprem estafinalidade. A esse

nome se dá de fixed effects transformation, ou within transformation. Ele também é

chamado de estimador within pois utiliza a variação do tempo dentro de cada seção

transversal.

3.3 Qual modelo escolher?

A maioria dos autores ao decidir entre quais modelos seguir observa se

os i são melhores entendidos como parâmetros a serem estimados ou como

resultados de uma variável aleatória. Wooldridge (2006) comenta que caso se queira

usar as i como variáveis aleatórias, é preciso testar para saber se elas são ou não

correlacionadas com as variáveis explicativas.

O teste mais utilizado para comparação entre as estimativas EF e EA para

verificar a correlação entre i e

itx

é o teste de Hausman. Porém, assume-se que os

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erros idiossincráticos e as variáveis explicativas são não-correlacionados ao longo

de todos os períodos de tempo. Wooldridge (2002) descreve a equação como:

^ ^ ^ ^ ^ ^1 2( ) [́ var( ) var( ) ( ) ~FE RE FE RE FE RE kH A A

(14)

Onde ^

RE representa o vetor de estimativas de efeitos aleatórios, mas

sem os coeficientes das variáveis constantes no tempo, e ^

FE representa os

estimadores de efeitos fixos. ^

var( )FEA representa a matriz de variância-covariância

dos estimadores ^

FE , assim como ^

var( )REA representa a matriz de variância-

covariância dos estimadores ^

RE . Para verificar o critério de seleção, observa-se se

H > 2

k . Caso seja, rejeita-se o modelo de efeitos aleatórios e tem-se o modelo de

efeitos fixos como mais apropriado.

Já para verificar a relação entre qual estimador é mais apropriado, o

POLS ou o modelo de efeitos aleatórios, utiliza-se o teste de multiplicador

lagrangiano (LM) de Breusch-Pagan, onde a hipótese nula é aceita o modelo POLS

e a hipótese alternativa escolhe-se o modelo de efeitos aleatórios:

2

0H 0i

(15)

2

1H 0i

(16)

2

1

2

1

2

1

1 1

2

~1

ˆ

)ˆ(

)1(2x

w

w

T

NTLM

T

t

it

N

i

N

i

T

t

it

(17)

Segundo Wooldridge (2006), este teste é utilizado para verificar a

existência da heteroscedasticidade nos erros. Assim sendo, o teste consiste em

rejeitar 0H se 2

1LM x , verificando-se que a variância dos erros permanece igual, ou

seja, existe homoscedasticidade. A rejeição da hipótese, 1H , implica que o modelo

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com apenas uma constante é inapropriado, pois a variância dos erros é uma função

multiplicativa de uma ou mais variáveis. Esse teste é indicado para grandes

amostras e quando uma suposição de normalidade dos erros é assumida.

Quadro 2 – Modelos de Dados em Painéis e seus estimadores

Modelo Características

Efeitos Fixos

1itit i i itY X

- Parâmetros k são correlacionados com os

regressores itkX ;

- itkX não é correlacionado com o erro

idiossincrático i it .

- O estimador é o LSDV, onde se elimina todos

os efeitos que não variam com o tempo, o que

acarreta perda nos graus de liberdade.

Efeitos Fixos com erros-padrão robustos

clusterizados

1 ...it itit i i k k itY X X u

- Parâmetros k são correlacionados com os

regressores itkX ;

- Os erros são independentes entre os indivíduos

e itu é heteroscedástico.

Efeitos Aleatórios

0 1Y ...it itit i k k itX X v

- 0 e itv são independentes e igualmente

distribuídos;

- Seu estimador é o FGLS de i .

Efeitos Aleatórios com erros-padrão robustos

clusterizados

0 1Y ...it itit i k k itX X v

- Caso o modelo de efeitos fixos não seja o

adequado, mas mesmo assim há correlação

within entre os erros, o estimador de efeitos

aleatórios é consistente, porém ineficiente.

Nesse caso, erros-padrão robustos clusterizados

são necessários.

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Modelo com estimador Between

1 ( )i i i i itY X v x

- É o estimador OLS de uma regressão iY em

função de iX ;

- É utilizada apenas a variação cross-sections

dos dados;

- Requere que o termo do erro ( )i iv não

seja correlacionado com itkX

POLS com erros-padrão robustos clusterizados

1 ...it itit i i k k itY X X u

- Usa-se o estimador OLS, porém com controle

da correlação within do erro itu ao longo do

tempo.

-itkX não é correlacionado com o termo de erro

itu

Fonte: Elaborado pelo autor

3.4 MODELO EMPÍRICO

Após uma revisão dos modelos de dados em painel e seus estimadores,

testou-se que o modelo de efeitos fixos é o mais apropriado para o estudo de caso

(explicações na subseção 4.2). O objetivo geral é verificar o impacto que

determinadas variáveis econômicas, sociais e culturais têm sobre os gastos públicos

em meio ambiente e observando seu comportamento ao longo do tempo. Para

adaptar os gastos públicos ambientais em função das variáveis citadas acima,

descreve-se o seguinte modelo de dados em painel:

1 2 3 4 5 6it i it it it it it it itGPMA PibInd Cult Tur Escol Massa Pibcap u

i=1,....,26 t=2005,....,2010

Em que:

GPMA representa os gastos públicos em meio ambiente per capita;

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PibInd representa o percentual do PIB industrial em relação ao PIB;

Cult representa os gastos totais investidos em cultura per capita;

Tur representa os gastos referentes a turismo per capita;

Escol representa o percentual de pessoas com nível superior em relação ao pessoal ocupado total;

Massa representa a massa salarial dos trabalhadores;

Pibcap representa o PIB per capita;

itu representa o termo de erro geral da regressão.

i representa as capitais de cada estado

t representa o período de tempo mensurado

Apesar da interpretação de cada variável ser distinta uma da outra,

espera-se que todas as variáveis apresentem um sinal positivo e direto no

comportamento dos gastos públicos ambientais brasileiros. Todas as variáveis, com

exceção do número de pessoas com nível superior, apresentam-se em nível per

capita. A Massa pode ser descrita como a massa salarial dos trabalhadores,

coletada na RAIS, mais o 13º salário e férias remunerada, correspondente a 1/3 do

salário. Nessa situação, o cálculo foi feito multiplicando a remuneração total dos

trabalhadores por 13,333, valor aproximado da mensuração.

Quadro 3 – Sinais esperados para os coeficientes das variáveis estimadas no

modelo de dados em painel

Variáveis Teorias de suporte

PibInd Jaraite et al (2012)

Cult Balderjahn, (1988)

Tur Bukley (2002)

Escol Brechet e Prieur (2009)

Massa Stanton e Whitehead (1994)

Pibcap Cruz e Fernandes (2013)

Fonte: Elaborado pelo autor

Os dados referentes ao GPMA, Tur e Cult foram todos retirados da base

de dados do STN, em valores absolutos e posteriormente divididos pela população.

A variável Escol foi calculada dividindo o número de pessoas das capitais brasileiras

com nível superior pelo pessoal ocupado total. A razão da relação é justificada pelo

número de pessoas ativas trabalhando e com o nível superior, desconsiderando as

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pessoas que não estão trabalhando. A base de dados para esse cálculo foi lograda

da RAIS e do IBGE Cidades, respectivamente. Por fim, o Pibcap e o Pibind foram

logrados da base de dados do IBGE, sendo todos esses valores devidamente

deflacionados pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI),

disponíveis no IPEA.

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4 EVOLUÇÃO E DISCUSSÃO DOS GASTOS PÚBLICOS EM MEIO AMBIENTE

4.1 EVOLUÇÃO DOS GASTOS PÚBLICOS FEDERAIS E SEUS DETERMINANTES NAS CAPITAIS

BRASILEIRAS NO PERÍODO 2005-2010

Todos os anos, o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão em

conjunto a outros ministérios, propõe o orçamento federal do ano seguinte,

encaminhando-o para o presidente da República e posteriormente para o Congresso

Nacional, onde deputados e senadores aprovam ou não o conteúdo do projeto,

transformando-o em lei e assim definindo para onde o dinheiro será realocado.

Como retribuição aos impostos pagos pelo contribuinte, o Estado disponibiliza

anualmente o orçamento federal mostrando onde, quanto e quais tipos de despesas

serão realizadas.

Sua elaboração é feita através da estimativa das receitas do ano

seguinte, classificadas como primárias e financeiras. As receitas primárias

correspondem aos impostos coletados e as despesas primárias como gastos do

governo, como pagamento da folha salarial de servidores públicos, por exemplo.

Para seu cálculo, o orçamento federal utiliza de parâmetros como inflação, PIB, taxa

de câmbio, taxa de câmbio média, taxa de juros média e salário mínimo.

Tendo em 2010 um orçamento executado de aproximadamente 1,5

trilhões de reais, o montante alocado para investimento em gestão ambiental nas

capitais brasileiras foi de aproximadamente 727 milhões de reais, o que corresponde

apenas a aproximadamente 0,05%, segundo os dados do STN (2010) e do relatório

do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) (2014). O baixo valor é entendido visto

que a função Gestão Ambiental é dividida em 6 principais áreas de atuação:

Recursos hídricos, preservação e conservação ambiental, controle ambiental,

pessoal ativo e encargos sociais, normatização e fiscalização e outros gastos. Em

média, 60% dos gastos destinados à gestão ambiental são alocados na área de

recursos hídricos, e conforme os dados disponibilizados pelo STN, nenhuma capital

recebe investimentos em recursos hídricos, sendo a maior parte da verba destinada

à preservação e conservação ambiental nessas localidades. Borinelli et al (2012)

argumenta que na totalidade dos gastos, apenas 1% em média é investido em

GPMA, em relação com as receitas totais do governo, como descrito na tabela 2:

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Tabela 2 – Percentual Médio dos Gastos Públicos em Meio Ambiente nas capitais brasileiras

Ano 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Média

Média dos GPMA

1,05% 0,90% 0,73% 0,82% 0,80% 1,01% 1,02%

Fonte: Elaborado pelo autor.

O estudo de Borinelli et al (2012), fazendo a mesma comparação, vai de

encontro com o proposto por Young e Roncisvalle (2002), o que indica que ao longo

de duas décadas, o montante investido em meio ambiente permaneceu

praticamente inalterado, proporcionalmente falando. Porém, considerando que o

Brasil se tornou um país mais rico ao longo dos últimos 20 anos, é natural que haja

um aumento no montante absoluto no setor.

Observando por uma perspectiva per capita, a Tabela 3 mostra a

evolução dos gastos públicos em meio ambiente ao longo de 6 anos, bem como

variáveis que são consideradas importantes no entendimento das despesas públicas

ambientais. Stanton e Whitehead (1994) argumentam que o melhor caminho para

compreender os gastos públicos ambientais é através de análises por montantes

absolutos e não per capita, uma vez que o meio-ambiente é um bem coletivo.

Porém, o próprio autor reconhece que a degradação ambiental é causada

por ações individuais, que geram externalidades negativas tais como a poluição e

resíduos sólidos. Sendo esse o grande responsável pelos gastos ambientais nas

capitais brasileiras, a análise descritiva dos gastos públicos ambientais brasileiros é

per capita, assim como outras variáveis.

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Tabela 3 – Média das variáveis independentes e dependente ao longo do tempo, em reais

Ano 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Gastos em meio ambiente per capita (R$)

13,21 14,12 13,44 15,71 15,73 18,14

Salário anual per capita (R$)

6025,44 6912,0

9 7716,5

8 8048,2

1 8331,1

5 9651,1

5

PIB per capita (R$ - mil) 15,78 16,84 18,67 19,28 18,51 21,46

PIB Industrial (%) 0,17 0,17 0,16 0,16 0,16 0,17

Gastos em cultura per capita (R$) 10,40 13,54 16,59 19,34 17,36 17,35

Gastos em turismo per capita (R$) 3,07 4,16 6,28 4,03 4,17 5,87

Pessoas com nível superior (%) 0,19 0,22 0,16 0,19 0,17 0,19

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do STN, IBGE e RAIS.

Como se pode perceber, os gastos públicos ambientais por pessoa

variaram entre 13 e 16 reais, valor considerado muito baixo, principalmente

comparando com áreas tem um investimento per capita muito maior, como as

capitais das regiões sul e sudeste (Anexo 1). Algumas capitais merecem um

destaque especial, como Aracaju que teve praticamente um investimento irrisório na

função, e capitais como Cuiabá, Maceió, Salvador, Teresina que tiveram ínfimos

investimentos médios durante o período analisado de apenas 1 real na função.

Essas capitais tiveram um investimento absoluto médio de R$ 500 mil muito pouco

comparado com São Paulo, que investiu em média R$ 245 milhões

aproximadamente durante o período analisado.

Separando os GPMA per capita médios por região, percebe-se que a

região Nordeste foi a que menos investiu em gastos ambientais per capita, tendo um

investimento médio de R$ 5,88 por pessoa. Uma capital que chama a atenção é

João Pessoa, que investiu um montante altíssimo no valor de R$ 78,07 por pessoa

em 2005 e no ano seguinte sofre um corte orçamentário de R$ 74,16, e mantendo

um baixo valor nos anos subsequentes.

Na região Norte, o investimento foi um pouco mais alto, de R$ 11,65 por

pessoa investidos em GPMA. Destaque para Rio Branco, que teve um aumento

gradativo em investimento na função, chegando a R$ 33,51. As outras capitais

mantiveram-se constantes ao longo dos anos, com valores um pouco menores que a

média da região.

Do Centro-Oeste, Goiânia e Campo Grande foram as capitais que mais

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investiram na função, principalmente entre 2008 e 2010. Apesar da baixa média de

R$ 8,91 investidos per capita, graças ao irrisório investimento da capital Cuiabá, as

outras duas cidades conseguiram uma média superior à registrada em outras

regiões do país.

Com exceção de Florianópolis, Porto Alegre e Curitiba mantiveram um

bom nível de investimento per capita na função. A média da região foi de R$ 17,95,

sendo que Porto Alegre foi a capital que se manteve mais constante, com um

investimento médio de R$ 24,41 por pessoa, contra R$ 19,82 de Curitiba e R$9,61

em Florianópolis.

A região Sudeste foi a que mais investiu em GPMA em média, tendo

Vitória como a capital que mais investiu em gastos públicos ambientais no período,

com R$ 111,98 per capita. Belo Horizonte aparece com um investimento de R$

31,87, seguidos de Rio de Janeiro e São Paulo com R$ 17,14 e R$ 16,36. Levando

em consideração que a população de São Paulo e Rio de Janeiro é muito superior

às outras duas capitais, pode-se assumir que é um valor relativamente alto,

principalmente comparando-as com outras regiões (Anexo 1).

A massa salarial da população é variável que está presente na maioria

dos estudos socioeconômicos do país, evoluiu ao longo dos anos 2005 a 2010 nas

capitais brasileiras, o que indica um aumento no poder de compra da população.

Vale salientar que nesse período a moeda brasileira apresentou forte valorização,

indo de R$/US$ 2,434 em 2005 para R$/US$ 1,759 em 2010, com uma taxa de

câmbio média de R$/US$ 2,02, impulsionando as importações. (Anexo 2)

De todas as regiões do país, o Nordeste foi a que apresentou a menor

média salarial per capita entre todas. Foram R$ 5.442,85 ao longo do período contra

R$ 6.326,34, R$7.314,64, R$ 11.939,13, R$13.109,79 nas regiões Norte, Centro-

Oeste, Sudeste e Sul, respectivamente. Aracaju e Recife apresentaram média

salarial acima de R$ 7.000, mas a capital de Pernambuco apresentou significativo

aumento do salário ao longo dos anos. De maneira geral, todas as capitais

apresentaram evolução, porém muito com valores ainda muito díspares comparados

a outras regiões do país.

Nas capitais da região Norte, Palmas foi a cidade que apresentou a maior

massa salarial de todas. Muito acima da segunda colocada Porto Velho com R$

7.977,81, Palmas apresentou um salário médio de R$ 11.123,31, valor muito

superior a Boa Vista, que teve um salário médio de apenas R$ 4.220,18. Mesmo

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assim, todas as cidades da região apresentaram evolução ao longo dos anos (Anexo

2).

A região Centro-Oeste teve uma evolução muito parecida com a o Norte

do país, com a diferença que no geral o salário médio foi um pouco maior. Das 3

capitais, Cuiabá foi a que apresentou maior média salarial com R$ 7.965,47, contra

R$ 7.375,50 de Goiânia e R$ 6.448,57 de Campo Grande.

A região Sudeste apresentou a segunda maior média salarial do país,

graças à Vitória, a capital com maior salário médio per capita do país com R$

17.272,05 anuais. As demais capitais mantiveram um salário médio acima de R$

10.000, todas com rendimentos crescentes ao longo dos anos. Apesar de São Paulo

ser uma cidade muito populosa, conseguiu manter seu salário em R$ 12.617,58 no

ano 2010, assim como o Rio de Janeiro, com salário de R$ 11.939,13 no mesmo

ano. No Sul do país, Florianópolis aparece com um alto salário anual, com média de

R$ 16.348,92, contra R$12.018,20 e R$10.103,22 de Porto Alegre e Curitiba,

respectivamente (Anexo 2).

Fazendo uma comparação da massa salarial nas regiões brasileiras e o

dispêndio público em gastos ambientais per capita, o Anexo 2 mostra que os gastos

ambientais acompanham o aumento de salário nas capitais brasileiras. Apesar de os

valores serem desproporcionais, observa-se que um aumento gradual e constante

nas duas variáveis. De acordo com o estudo feito por Stanton e Whitehead (1994).

Apesar do sul do país ter uma média salarial, não se pode desconsiderar que a

população na região sudeste é muito maior.

Pela ótica da Curva de Kuznets Ambiental, as regiões Sul e Sudeste

brasileiras estariam situadas em um ponto mais elevado da curva, uma vez que

essas regiões são mais desenvolvidas, a conservação ambiental não seria um luxo,

mas estaria dentro da curva de possibilidades, uma vez que a produção econômica

estaria se voltando mais para o setor de serviços, gerando desenvolvimento

tecnológico. (MUELLER, 2007)

Para verificar o nível de riqueza per capita dos brasileiros em suas

respectivas capitais, é imprescindível fazer uma pequena análise a respeito de como

evoluiu o PIB per capita no período analisado e entender como ela pode auxiliar na

explicação comportamental dos gastos públicos em meio ambiente. Como indicador,

auxilia em mostrar o quanto a população se beneficia do crescimento, em

contrapartida não enxerga possíveis disparidades de salários que existem entre as

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61

capitais brasileiras. O Anexo 3 mostra a evolução do PIB per capita médio, um dos

parâmetros de cálculo do orçamento federal da União.

Das cinco regiões do país, o Sudeste apresentou-se com a maior média

per capita de todas as regiões, com R$36.636,71 anuais contra apenas R$13.289,82

da região Nordeste. Apesar do crescimento contínuo na região, continua muito

aquém do Sudeste e Sul do país, onde teve produção média per capita de

R$23.929,41. O Centro-Oeste e o Norte do país tiveram um PIB per capita parecido,

com R$16.004,60 e R$14.375,72 respectivamente (Anexo 3).

Uma peculiaridade sobre essa variável é que entre os anos 2008 e 2009

praticamente todas as capitais ou manteram-se estagnadas ou sofreram um declínio

produtivo. A explicação mais plausível, segundo Silva (2010), é de que com a crise

de 2008/2009 o fluxo de dinheiro internacional diminuiu, reduzindo o endividamento

das empresas e por consequência tendo que recorrer a empréstimos de curto prazo.

Por consequência, o corte de gastos foi necessário já que o crédito em longo prazo

estava comprometido, levando a um maior desemprego e por consequência queda

no PIB per capita.

Graças a Zona Franca, Manaus foi a capital que apresentou o maior PIB

per capita médio ao longo dos anos, com R$23.509,53 quase o dobro de Boa Vista e

Porto Velho, com R$14.046,23 e R$14.432,96 respectivamente. Recife apresentou o

maior PIB per capita médio com R$15.700,29, enquanto Teresina teve o pior PIB per

capita médio do país, com apenas R$10.096,14. No Centro-Oeste, Campo Grande

apresentou grande evolução, saindo de R$11.270,15 em 2005 para R$17.634,84 em

2010 (Anexo 3).

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62

Na região Sudeste, Vitória aparece como a capital com maior PIB per

capita do país, com R$68.301,83, e São Paulo com R$33.917,76. Apesar do PIB per

capita de Vitória ser mais que o dobro de São Paulo, deve-se levar em consideração

que a população de São Paulo em 2010 era de 11.253.503 habitantes, enquanto

Vitória possuía apenas 327.801 habitantes no mesmo ano. Na região Sul, a capital

Porto Alegre foi a capital com maior PIB per capita médio, com R$26.345,73.

Entretanto as outras duas apresentaram valores apenas um pouco abaixo, sendo

R$24.490,08 em Curitiba e R$21112,26 em Florianópolis (Anexo 3).

Cruz e Fernandes (2013) comentam que no caso do país, que apresenta

um nível de pegada ecológica abaixo da média, mesmo com um PIB alto, é preciso

investir em inovação tecnológica a fim de causar menos danos ao meio ambiente e

principalmente reaproveitar os resíduos gerados pelo processo de produção nos

setores agropecuários e industriais.

O PIB industrial, variável explicativa indispensável para a análise do

comportamento dos gastos ambientais, apresenta-se no Anexo 4 em valores

percentuais médios das capitais brasileiras em relação ao PIB do país. No Brasil,

ainda existem muito poucos estudos acerca das políticas industriais, que possam

explicar o comportamento do PIB industrial no período analisado, porém é possível

fazer uma análise descritiva com os dados disponibilizados pelo STN.

Se tratando de média das médias das capitais em cada região do país, o

PIB industrial manteve-se similar, uma vez que enquanto algumas capitais

concentram suas indústrias em determinadas cidades por fatores estratégicos,

outras acabaram tendo um PIB industrial muito reduzido na área. O Norte e

Nordeste foram as regiões com maior participação da indústria no PIB, com 17,54%

e 17,51%. O Centro-Oeste, Sudeste e Sul tiveram uma média de 16,36%, 15,74% e

13,13% respectivamente.

Das capitais do Nordeste, João Pessoa foi a capital com maior

participação da indústria no PIB com 22%, a frente de Maceió e São Luís, ambas

com quase 20% de participação. Natal foi a capital com menor participação, tendo

apenas 13,55% de participação no PIB. Na região Norte, destaque para Manaus

com média de 40,04% de participação ao longo dos anos graças a Zona Franca,

enquanto Macapá e Porto Velho tiveram uma participação inferior a 10%, sendo

6,51% e 9,58% respectivamente (Anexo 4).

Na região Sudeste, São Paulo e Vitória tiveram as maiores participações

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da indústria na região, com 18,28% e 19,44%. No Sul do país, Curitiba foi a capital

com maior participação da indústria, tendo 16,56% no período analisado. No Centro-

Oeste as capitais tiveram uma participação moderada, com Cuiabá sendo a capital

com maior participação da indústria com 18,51% seguidas de Campo Grande e

Goiânia com 15,44% e 15,17% respectivamente.

O estudo de Jaraite et al (2012) mostram que regulações ambientais tem

seus benefícios no que tange em modelos de redução da degradação ambiental, ao

contrário de Hays et al (1996), pois argumenta que quanto maior os níveis de

regulação ambiental, maiores as barreiras de entrada para novas firmas. Dessa

forma, elimina a concorrência e beneficia as grandes indústrias que incorrem desse

custo com mais facilidade.

Segundo o PLOA (2014) as principais áreas de atuação investidos em

cultura no país são em: Difusão cultural, Pessoal ativo, Patrimônio histórico, artístico

e arqueológico, promoção comercial e outros. Segundo o PLOA (2014), a maior

parte desses investimentos é voltada para a Difusão cultural, que engloba a

modernização e instalação de espaços culturais, fomentando e garantindo o acesso

à cultura para a população brasileira.

No Anexo 5, tem-se um aumento gradual nos investimentos em cultura

nas capitais do Brasil, com uma queda a partir de 2008 e estagnação em 2010.

Quando há uma separação dessa média pelas regiões do país, percebe-se que

existe uma discrepância muito alta nos valores ao longo dos anos para várias

capitais. Na região Nordeste, por exemplo, a média anual das capitais nordestinas

manteve-se crescente até 2008, caindo em 2009 e crescendo novamente em 2010.

Porém, a cidade que mais investiu em cultura foi Aracaju, com R$25,61

per capita em média nos períodos 2005 a 2010, enquanto outras cidades como

Maceió e Salvador investiram montantes inferiores a R$2 per capita. No Norte do

país, Boa Vista e Palmas foram as capitais com maior investimento na função, com

média de R$39,86 e R$22,26 enquanto o restante investiu menos de R$10 per

capita. O Centro-Oeste do país teve uma discreta participação, com R$9,61 em

investimentos per capita na função. Cuiabá foi a única capital que se manteve

abaixo da média comparado às duas outras cidades, com apenas R$4,94 investidos

em cultura no tempo analisado (Anexo 5).

A região Sudeste foi a que mais investiu em cultura per capita, com

R$26,17 sendo Vitória a capital que mais investiu em cultura no período 2005 a

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2010. Com uma média de R$46,19, superou o dobro do investido em cultura pela

cidade de São Paulo, com um montante investido de R$22,49. Porém como

mencionado anteriormente, vale ressaltar que a população de São Paulo é

aproximadamente 34x maior do que a de Vitória.

A região Sul teve um bom nível de investimento em cultura per capita

comparado com as outras regiões, sendo que Porto Alegre investiu R$23,05 contra

R$19,42 e R$19,40 de Curitiba e Florianópolis, respectivamente, de 2005 a 2010.

Um detalhe interessante é que Florianópolis manteve um crescimento significativo

na função até 2009 quando chegou a notáveis R$52,05 per capita, porém em 2010

houve um corte significativo, fazendo com que a capital investisse apenas R$14,71.

Como visto por Stanton e Whitehead (1994), quanto maior a renda, mais

os indivíduos estão propensos a exigir melhoras na qualidade de vida e ambiental

dos agentes públicos. Consequentemente, sua consciência ambiental aumenta, e os

gastos com cultura refletem indiretamente na qualidade de vida da população. Como

mostrado na figura 8, as regiões Sul e Sudeste são as que mais investiram em

culturas no período analisado, o que sugere uma correlação positiva entre

consciência ambiental e aumento salarial.

Quando se estuda os impactos do turismo no meio ambiente,

normalmente algumas medidas são adotadas pelos pesquisadores que auxiliam

melhor na compreensão dessa variável, entre elas a mensuração da contribuição

que o turismo trará após haver uma modificação do ambiente observado, estimação

da demanda por recursos naturais e a quantidade de resíduos que o meio ambiente

consegue absorver, bem como uma análise dos impactos ambientais do turismo ao

redor da região. No caso das capitais brasileiras, o Anexo 6 mostra que no período

analisado houve uma estagnação nos gastos per capita médios em turismo.

Tirando algumas capitais que são consideradas pontos turísticos

mundiais, a grande maioria das capitais brasileiras investiu pouquíssimo em turismo

no período analisado. Separando por regiões, percebe-se que o Nordeste apenas

Recife teve um bom investimento médio no período, com R$16,52 per capita,

enquanto outras capitais investiram menos de 1 real na função, como Aracaju, João

Pessoa e Fortaleza.

No Norte do país a situação é similar, tendo apenas Palmas como capital

que investe na função, sendo R$29,34 per capita, contra Boa Vista, Belém e Macapá

que investiram menos de 1 real na função e destaque para Rio Branco, cidade que

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65

não investiu absolutamente nada no período. No Centro-Oeste, houve investimento

irrisório na função. Todas as 3 capitais da região apresentaram ínfimo investimento

inferior a 1 real (Anexo 6).

No Sudeste, o Rio de Janeiro teve o maior investimento per capita na

função, com R$10,09 per capita, o que é intuitivamente explicado já que a cidade é

considerada um polo turístico mundial. Das quatro capitais, Vitória foi a que menos

investiu, com apenas R$3,03 na função. No Sul, pelos mesmos argumentos que o

Rio de Janeiro, Florianópolis foi a capital que mais investiu, com R$17,13 per capita,

nada comparado com Curitiba e Porto Alegre que investiram valor muito menor,

sendo R$2,05 e R$1,86 respectivamente. O alto valor se deve ao fato de que

Florianópolis é uma cidade com maior apelo turístico do que as capitais vizinhas,

justificando um gasto per capita maior.

Sobre o nível de pessoal com ensino superior, os resultados mostram

regularidade ao longo dos anos, com o percentual de pessoas com nível superior

nas capitais entre 17% e 20% aproximadamente. Considerando que o número de

pessoas com nível superior a cada ano que passa é crescente, o denominador

pessoal ocupado total é o que apresentou maior volatilidade. Na região Nordeste, as

cidades mantiveram um percentual médio de 19,36%, sendo que apenas Aracaju

teve um percentual menor com 15,97%. Na região Norte a média das médias foi

similar, com 19,38% sendo Manaus tendo um maior índice de escolaridade a nível

superior, com 22,06% (Anexo 7).

No Centro-Oeste houve uma queda do percentual ao longo dos anos, o

que indica que houve um aumento no número de pessoas trabalhando, porém

dentro da média, que foi de 17,25%. No Sudeste, considerando que é a região que

abriga o maior número de empregados do Brasil, o percentual é considerado alto, já

que na média das médias obteve um valor aproximado de 18,43%. No sul a média

das médias foi um pouco inferior, com 17,21%, e destaque para Porto Alegre, com

média de 20,80% ao longo dos anos, contra 14,68% e 16,14% de Curitiba e

Florianópolis, respectivamente.

Como mencionado por Brechet e Prieur (2009), uma maior consciência

ambiental é positivamente influenciada pela educação. Como consequência, quanto

maior o capital humano, maior a influência que essas pessoas terão em políticas

ambientais, principalmente no sentido de pressão pública.

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66

4.2 DISCUSSÃO E ABORDAGEM POR MODELOS DE DADOS EM PAINEL DO COMPORTAMENTO

DAS VARIÁVEIS AO LONGO DO TEMPO

Quando se estuda a gestão da despesa pública, uma pergunta comum

que se faz é se a receita advinda dos impostos ou encargos específicos deve ou não

serem destinados para serviços específicos. No caso específico da despesa pública

ambiental, o desafio é conseguir garantir uma despesa pública com o melhor custo-

benefício possível, garantindo os objetivos das políticas ambientais. Do ponto de

vista das finanças públicas, as despesas ambientais devem ser geridas de acordo

com padrões estabelecidos de uma boa governança (PESZKO, 2012)

Uma vez escolhidos quais os programas ambientais que irá se financiar, é

esperado que o governo assegure que os benefícios sociais envolvidos em qualquer

tipo de programa de gastos superem os custos sociais esperados. Em geral, os

benefícios são difíceis de mensurar, porém uma análise de custo-benefício

consegue verificar o bom uso dos recursos públicos.

No Brasil, os gastos públicos em meio ambiente ainda estão pequenos,

comparados com países da União Europeia, porém está no mesmo patamar de

gastos da América Latina.

Tabela 4 – Presença dos Gastos públicos em meio ambiente nas capitais em relação

ao PIB e Despesas Orçamentárias, por período

Ano Gastos per capita em meio

ambiente (R$) GPMA/PIB (%)

GPMA/Despesas Orçamentárias

2005 11,492 0,06% 0,91%

2006 12,893 0,06% 0,89%

2007 15,106 0,07% 0,91%

2008 17,222 0,07% 0,97%

2009 15,091 0,07% 1,00%

2010 16,963 0,06% 0,94%

Média 14,795 0,07% 1,94%

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do IBGE e STN (2010).

Observando a Tabela 4, é possível verificar o quão irrisória se deu a

evolução dos gastos per capita em meio ambiente no período analisado. Percebe-se

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que o gasto em meio ambiente comparado à despesa orçamentária manteve-se

estável, e um valor insignificante comparado ao PIB. Separando por capitais, é

possível mapear e ampliar de forma mais específica aonde os gastos públicos em

meio ambiente foram mais aplicados.

Tabela 5 – Participação média dos gastos ambientais em relação ao PIB, per capita e sob as Despesas Orçamentárias, por capital federal, em reais

Capitais GA/PIB (R$) GA/Despesas

Orçamentárias (%) GA per capita (R$)

Aracaju 0,00% 0,00% 0,01

Belém 0,08% 1,01% 9,53

Belo Horizonte 0,18% 1,78% 31,88

Boa Vista 0,03% 0,25% 3,89

Campo Grande 0,09% 0,81% 13,40

Cuiabá 0,01% 0,07% 0,96

Curitiba 0,08% 0,98% 19,82

Florianópolis 0,05% 0,59% 9,62

Fortaleza 0,18% 2,12% 22,36

Goiânia 0,07% 0,79% 11,34

João Pessoa 0,14% 1,34% 16,82

Macapá 0,13% 1,95% 15,39

Maceió 0,01% 0,09% 0,89

Manaus 0,03% 0,63% 6,53

Natal 0,02% 0,36% 2,87

Palmas 0,18% 1,46% 24,59

Porto Alegre 0,09% 1,23% 24,41

Porto Velho 0,03% 0,40% 4,64

Recife 0,04% 0,49% 6,55

Rio Branco 0,15% 1,59% 17,04

Rio de Janeiro 0,06% 0,98% 17,14

Salvador 0,01% 0,10% 0,87

São Luís 0,01% 0,09% 0,91

São Paulo 0,05% 0,80% 16,37

Teresina 0,02% 0,15% 1,68

Vitória 0,16% 3,55% 111,99

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do IBGE e STN (2010)

Observando a Tabela 5, é possível perceber que algumas capitais

apresentam um gasto público ambiental em relação à Despesa Orçamentária muito

maior do que outros, independente das regiões em que se encontram. Vitória, Rio

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Branco, Palmas, Macapá, Fortaleza, Belo Horizonte e Belém apresentaram

percentuais de gastos públicos superiores a 1%.

Ao traçar o perfil dos determinantes dos gastos públicos ambientais na

seção 4.1., observou-se que algumas capitais apresentaram um bom nível de

desenvolvimento sustentável, como, por exemplo, Vitória, Recife, Palmas, Porto

Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro, enquanto outras capitais tiveram um

desenvolvimento sustentável problemático como Aracaju, Salvador, São Luís,

Teresina, Maceió e Cuiabá.

Esses baixos valores apresentados na Tabela 5 podem ser atribuídos às

características comuns dos problemas ambientais, como complexidade e incerteza

dos investimentos, o que restringe a priorização das áreas, principalmente uma vez

que os gastos ambientais competem com outros gastos orçamentários em pauta,

como saúde, educação, transporte, saneamento, assistência básica, muitas vezes

atrelada a agendas políticas com maior apelo eleitoral e social. Essas questões

tendem a justificar os cortes orçamentários na função, o que no médio e longo prazo

se tornam práticas danosas ao meio ambiente (YOUNG, 2006).

Porém apenas uma análise evolutiva não é suficiente para averiguar se

determinadas variáveis influenciam no comportamento dos gastos públicos

ambientais, sendo, portanto, indispensável para a aplicação de um modelo de dados

em painel que possa de fato permitir uma análise mais aprofundada do problema.

A partir dessa análise, o objetivo da subseção é verificar qual o melhor

modelo de estimador em dados em painel, e analisar quais determinantes

influenciam no comportamento dos gastos públicos ambientais, comparando com a

base teórica para verificar se existe uma congruência nos estudos que foram feitos

principalmente na América e Europa com os brasileiros.

A Tabela 6 apresenta os resultados de um modelo de dados em painel,

tendo a primeira coluna sendo estimada por MQO (pooled), a segunda e a terceira

coluna os resultados da regressão para efeitos fixos e aleatórios respectivamente. A

regressão por MQO não leva em consideração os efeitos do nível do indivíduo,

portanto serve como referência para a análise. Além disso, mensura se as variáveis

independentes apresentam multicolinearidade através da aplicação da estatística

VIF (Variance Inflaction Factor).

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Tabela 6 – Modelo de dados em painel para GPMA

Variáveis Dados Agrupados* Efeitos Fixos Efeitos Aleatórios

(MQO) (LSDV) (MQG)

(1) (2) (3)

Pib Industrial -2,905 163,331 59,161

(0,9) (0,003) (0,09)

Cultura 0,126 0,368 0,304

(0,14) (0,007) (0,01)

Turismo -0,163 -0,546 -0,499

(0,43) (0,02) (0,027)

PIB per capita 1,375 -0,641 0,857

(0,000) (0,244) (0,003)

Escolaridade 11,439 8,670 11,345

(0,45) (0,559) (0,459)

Massa Salarial 0,000 0,002 0,001

(0,48) (0,074) (0,494)

Constante -16,020 -19,568 -19,208

(0,004) (0,074) (0,074)

N 156 156 156

r2 0,624 0,159 -

F 2,050 3,910 -

RHO - 0,871 0,655

VIF 2,260 - -

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1/VIF 0,440

Teste Breusch-Pagan 112,340

(0.000)

Teste de Hausman 21,930

(0.000)

Teste M. de Wald 7063,680

(0.000)

Nota: Valores em parênteses representam o P-valor

Fonte: Elaboração pelo autor.

Observando o resultado da Tabela 6, não há indícios de

multicolinearidade no modelo. Gujarati (2006) explica que uma das regras de

interpretação é a de que para haver a existência do mesmo, a média do VIF não

pode ser maior que 4 e o maior VIF para as variáveis não pode ser maior que 10. O

inverso do VIF, TOL (tolerância), diz que quanto mais próximo de 0 maior a

existência de multicolinearidade, e que valores mais próximos de 1, menores as

chances de existir multicolinearidade. O modelo apresenta uma média VIF de 2,26, e

tem o maior valor VIF para as variáveis explicativas de 3,81, concluindo-se então

que não há a existência de multicolinearidade (Anexo 8).

A primeira análise que se faz da Tabela 6 é de que ao realizar o MQO

eliminam-se os fatores específicos às capitais brasileiras, os resultados do modelo

diferem bastante quando comparados aos de efeitos fixos e aleatórios, surgindo

assim a necessidade de verificar qual o melhor estimador para o modelo. Gujarati

(2006) especifica que quando as variâncias não são as mesmas para todas as

observações do modelo, há heteroscedasticidade. O teste Breusch-Pagan sugere

que os erros sejam distribuídos.

Dessa forma, o modelo é avaliado por MQO, a fim de obter os quadrados

dos resíduos em cada observação. Caso o p-valor esteja abaixo do nível de

significância, a hipótese nula é rejeitada (homoscedasticidade), e se aceita a

hipótese alternativa, ou seja, a existência de heteroscedasticidade. No modelo, o p-

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valor encontra-se abaixo do nível de significância de 95%, logo rejeita-se a hipótese

nula e aceitando a heteroscedasticidade nos resíduos (Anexo 9).

Verificada a rejeição da hipótese nula, descarta-se o modelo POLS e

constatando a necessidade de um estimador por efeitos fixos ou aleatórios. O

indicador rho também auxilia na explicação da presença do componente individual,

uma vez que nada mais é do que a razão da variância da estimação do componente

individual pela variância do erro composto. Em ambos os casos o percentual foi alto,

com 87% para o modelo de efeitos fixos e 65% para o de modelo de efeitos

aleatórios.

O próximo passo agora reside na escolha da estimação por efeitos

aleatórios ou efeitos fixos. Para verificar qual estimador é mais apropriado, o teste de

Hausman diz que a hipótese nula significa ausência de correlação entre os

regressores e o termo do erro, sendo essa uma situação onde o modelo de efeitos

aleatórios é o mais apropriado. A regra de decisão é rejeitar 0H se H > x² com k

graus de liberdade. A hipótese nula é rejeitada e define-se que o modelo de efeitos

fixos é o mais apropriado para análise (Anexo 10).

O teste modificado de Wald (Anexo 11) também auxilia na detecção de

heteroscedasticidade no modelo, o teste modificado de Wald diz que a hipótese nula

implica homoscedasticidade ou que a variância é constante. Observando a Tabela 7,

a hipótese nula é rejeitada e aceita-se a condição de heteroscedasticidade. Para

controlar a heteroscedasticidade, estima-se o modelo com erros-padrão

clusterizados ou robustos.

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72

Tabela 7 – Modelo de efeitos fixos robustos em GPMA

GPMA Coeficiente t P > t

PibInd 163,33 1,98 0,05

(82,49)*

Cultura 0,36 2,54 0,01

(0,144)

Turismo -0,54 -1,43 0,16

(0,38)

Pibcapita -0,64 -1,29 0,2

(0,49)

Escolaridade 8,66 1,16 0,25

(7,46)

Massa 0,01 1,98 0,05

(0,0009)

Constante -19,56 -1,77 0,08

N 156

Correlação entre erro e variável independente -0,3049

r2_within 0,15

Prob. F 0,0044

sigma_u 22,95

sigma_e 8,81

RHO 0,871

Nota: Valores em parênteses representam os erros-padrão da amostra.

Fonte: Elaboração pelo autor.

O coeficiente de determinação R² (within) demonstra como que o modelo

se adequa dentro das unidades (R² within), O termo sigma_u é o erro padrão de i ,

e sigma_e o erro-padrão de it . Para descobrir se o modelo é estatisticamente

significativo, o teste F verifica se todos os coeficientes do modelo são diferentes de

0. Se o p-valor for < 0,05, então o modelo estará significativo. O valor -0,3049 indica

que o termo do erro está correlacionado com os regressores no modelo de efeitos

fixos.

Dentre as variáveis estimadas, o PIB Industrial é a variável que mais

sensibiliza os gastos públicos em meio ambiente. A nível de significância de 90%,

mudanças nos investimentos industriais influenciam positivamente os gastos

públicos ambientais, indo de acordo com os estudos de Jaraite et al (2012). (Tabela

7)

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73

A massa salarial, ou remuneração dos trabalhadores nas capitais

brasileiras, apresentou uma influência pouco sensível no que tange os gastos

ambientais. Apesar de positivo, o impacto foi pequeno. Como a análise dos dados

sobre os salários foi feita com base na média do que a população recebe nas

capitais brasileiras, não houve a possibilidade de se fazer um estudo mais avançado,

por níveis salariais. Apenas pela média, é possível observar que o impacto é

pequeno, porém gradual nos gastos ambientais. (Tabela 7)

A variável Escolaridade era esperada como estatisticamente significativa,

de acordo com o estudo realizado por Brechet e Prieur (2009). Porém, na prática

percebeu-se que o nível de pessoas com nível superior não influenciou diretamente

nos gastos em meio ambiente, uma vez que a estimação não ficou dentro do

intervalo de confiança de 90%. Vale ressaltar, porém, que o conceito de educação é

subjetivo. Pessoas com baixa escolaridade podem e devem demandar melhores

condições de qualidade ambiental. O que se vê é que, na média, pessoas com mais

anos de estudo apresentam um comportamento mais direcionado para melhorias

nos programas de conservação ambiental.

O PIB per capita também não foi estatisticamente significativo através do

modelo de efeitos fixos robustos. Apesar de medir o nível de riqueza de uma nação,

o intuito de avaliar sua relação com os gastos públicos em meio ambiente é uma

tentativa de correlacionar com a Curva de Kusnetz Ambiental, que relaciona o

crescimento econômico com a degradação ambiental. Era esperado que, quanto

maior o PIB per capita, maior os níveis de degradação ambiental, e por

consequência um aumento nos gastos em conservação ambiental, tenso assim uma

relação positiva com a variável dependente. Porém, a estimação mostrou-se

inconsistente, verificando que os impactos em gastos ambientais são derivados de

outros fatores.

A variável cultura, proxy de consciência ambiental, como explicado por

Balderjahm (1988), mostrou que aliada à escolaridade e nível salarial, a consciência

ambiental influencia diretamente nos gastos ambientais. O coeficiente mostrou-se

em um baixo valor a nível de 90%, porém suficiente para mostrar congruência com

nível salarial per capita nas capitais. Isso indica que estudos mais avançados

avaliando apenas o impacto de determinados níveis de remuneração podem

influenciar nos gastos ambientais.

A variável Turismo mostrou-se em um primeiro momento estatisticamente

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significativa a nível de 90% na Tabela 6, apresentando um p-valor de 0,02. Porém,

observa-se na Tabela 7 que a mesma variável não é mais estatisticamente

significativamente (p-valor 0,16), decorrente da estimação por efeitos fixos robustos,

corrigindo a heteroscedasticidade. A hipótese era de que, em decorrência de

maiores gastos com turismo, via infraestrutura e propaganda, as capitais brasileiras

fariam um esforço maior para aumentar a qualidade ambiental de suas regiões,

impulsionando o turismo. Porém, não houve relação estatisticamente significativa

que apoiasse tal hipótese.

Os estudos por modelo de efeitos fixos têm por objetivo verificar o impacto

que determinados fatores tem sobre um setor. Porém, essa análise na maioria dos

casos é interpretada em casos de curto prazo. Apesar do objetivo do estudo ser

justamente o citado anteriormente, a análise de gastos públicos em meio ambiente

deve ser interpretada a médio e longo prazo. Portanto, os resultados

estatisticamente não significativos não necessariamente significam que não possam

ser utilizados no futuro. Outras variáveis, uma análise temporal mais longa pode dar

a estimação resultados diferentes, baseados no objetivo do autor.

Esse estudo é importante para destacar que as políticas de curto prazo

são um grande entrave para o desenvolvimento de programas ambientais no Brasil.

Mesmo com resultados estatisticamente significativos, as variáveis estudadas

apresentam influência pouco sensíveis nos gastos ambientais. Raramente o

montante previsto no orçamento raramente é executado, pois apenas em 2010

foram 727 milhões de reais executados contra uma despesa total de 165 bilhões de

reais em todas as capitais, segundo o STN (2010). No que tange os gastos públicos

ambientais, mais de 60% do orçamento em gestão ambiental é alocado para a

subfunção recursos hídricos, sendo o restante investido principalmente em no

controle ambiental. (Borinelli et AL, 2012)

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente dissertação apresentou o panorama dos gastos públicos em

meio ambiente no Brasil, baseando-se nos estudos que já vem sendo realizados nos

países desenvolvidos desde a década de 1970. Um dos objetivos primários da

dissertação foi o levantamento de uma bibliografia que abrangesse desde os

estudos clássicos em GPMA até a discussão de problemas que são similares aos

problemas brasileiros.

É fundamental para quem estuda gastos públicos em meio ambiente,

observar e avaliar quais são os objetivos ambientais prioritários, atento aos

processos políticos e os riscos envolvidos. No Brasil, apesar da melhora significativa

da transparência pública para a coleta e análise dos gastos ambientais graças a Lei

de Responsabilidade Fiscal, nem sempre todos os dados são confiáveis, e podem

estar díspares comparados a outras fontes de pesquisa.

Como esperado, o Brasil apresenta valores discrepantes em GPMA entre

certas capitais brasileiras. Na média, as capitais das regiões Sul e Sudeste

apresentaram valores superiores comparados com outras regiões. Para tentar

compreender esses valores, o estudo procurou na literatura internacional e nacional

fatores que justificassem essas discrepâncias. Considerando que o Rio de Janeiro e

Florianópolis são pontos turísticos mundiais, assumiu-se que os gastos em meio

ambiente nessas capitais seria superior à Rio Branco, por exemplo.

Pelo estudo de Brechet e Prieur (2009), foi verificado que quanto maior o

nível de educação da sociedade, maior sua demanda por melhorias em qualidade

ambiental. Aliado com o estudo de Stanton e Whitehead (1994), onde maiores

remunerações implicam também em pressões por melhorias nos gastos em meio

ambiente, foi criada a variável escolaridade, que tem como razão o número de

pessoas com nível superior nas capitais brasileiras, e o número de pessoas que

estão trabalhando. Dessa forma, é possível justificar o incremento de outra variável,

a massa salarial dos trabalhadores, onde também está presente em boa parte dos

estudos internacionais em GPMA.

Tendo como base os estudos econométricos internacionais, utilizou-se do

modelo de dados em painel para verificar o impacto que determinados fatores têm

sobre os gastos públicos em meio ambiente. Após constatar que o modelo de efeitos

fixos era o mais eficaz e consistente, constatou-se que o PIB Industrial, a massa

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salarial e os gastos em cultura per capita exercem um papel substancial nos gastos

em meio ambiente. À priori, a interpretação desses dados não pode ser vista de

maneira pontual, uma vez que o reflexo dos investimentos do governo nos

programas de conservação ambiental muitas vezes se dão a médio e longo prazo.

No Brasil, percebe-se a forte influência política no orçamento público

federal, muitas vezes priorizando outros setores e fragilizando os gastos públicos em

meio ambiente. As políticas realizadas no Brasil, na maioria dos casos, tem como

meta respostas de curto prazo, e muitas vezes não enxergam a necessidade da

implementação de programas ambientais bem consolidados. Esse estudo permite

aos acadêmicos que explorem o que já vem sendo discutido, a fim de moldar

melhores programas de políticas públicas que aumentem a eficácia dos programas

ambientais brasileiros.

Apesar do resultado estatisticamente não significativo para as variáveis

gastos em turismo per capita, escolaridade e PIB per capita, é importante que essas

variáveis continuem sendo testadas a fim de novos resultados, bem como a inserção

de novas variáveis, uma vez que a literatura internacional mostrou de diversos

autores, que elas exercem algum tipo de influência nos gastos em meio ambiente,

mesmo que indiretamente.

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ANEXOS

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Anexo 1

Gastos per capita em meio ambiente nas capitais brasileiras

Regiões Capitais 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Média

capitais

Nordeste

Aracaju 0 0,0483 0 0,0225 0 0 0,0118

Fortaleza 17,9804 21,6721 22,8136 26,0533 21,9375 23,6753 22,3554

João Pessoa 78,0797 3,9181 4,3218 4,2232 3,9436 6,4521 16,8231

Maceió 0,5897 0,3278 0,6261 0,5551 0,5592 2,6798 0,8896

Natal 1,0415 3,075 2,9237 3,724 1,8257 4,6538 2,874

Recife 3,4319 6,9205 6,4225 7,8623 6,998 7,6679 6,5505

Salvador 0 0,412 0,4354 0,3964 1,8095 2,152 0,8675

São Luís 1,1561 0,1713 0,8753 1,519 1,3717 0,3571 0,9084

Teresina 0,3643 0,3719 1,2006 2,024 1,6599 4,4301 1,6751

Norte

Boa Vista 7,0883 6,1347 4,2594 2,8089 1,0205 2,0431 3,8925

Belém 7,2233 10,2403 10,472 10,9216 8,8629 9,443 9,5272

Macapá 0,6262 3,2723 13,9489 12,5758 8,0438 53,8857 15,3921

Manaus 5,4491 7,1097 5,9545 9,3208 5,2419 6,0899 6,5277

Palmas 34,1646 51,7493 2,421 16,1486 28,3541 14,7163 24,5923

Porto Velho 3,6212 3,8916 4,5143 5,4905 4,4822 5,8619 4,6436

Rio Branco 1,6446 13,1727 14,6519 22,0794 17,1637 33,5107 17,0371

Centro-Oeste

Campo Grande

1,6719 3,6458 7,9714 8,5873 29,7472 28,7589 13,3971

Cuiabá 0,2976 2,2664 0,7366 0,5772 1,1562 0,7357 0,9617

Goiânia 3,5859 8,2113 13,8989 19,727 16,0798 6,5605 11,3439

Sudeste

Belo Horizonte

22,666 36,4521 31,3322 36,7494 30,5825 33,4845 31,8778

Rio de Janeiro

14,576 17,1832 22,4805 24,4145 9,4746 14,7249 17,1423

São Paulo 10,267 10,1294 15,6228 18,8727 21,337 21,9657 16,3658

Vitória 87,3664 111,2132 111,5768 118,5638 128,011 115,2039 111,9892

Sul

Curitiba 15,939 19,6743 22,8476 21,4557 19,1675 19,8491 19,8222

Florianópolis 6,4596 0,6197 0,5292 8,8488 16,4225 24,8197 9,6166

Porto Alegre 18,0934 25,178 26,489 24,985 23,7039 28,0187 24,4113

Média Ano 13,2071 14,1177 13,4356 15,7118 15,7291 18,1439

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do STN (2010)

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Anexo 2

Massa salarial anual per capita nas capitais

Regiões Capitais 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Média

capitais

Nordeste

Aracaju 5761,40 7041,51 6954,16 6829,82 7286,17 8426,89 7049,99

Fortaleza 3213,20 3638,19 3942,95 4236,68 4496,45 5537,74 4177,53

João Pessoa 4499,02 5065,24 5411,26 5527,63 6128,00 7337,47 5661,44

Maceió 3052,51 3541,51 3876,99 4042,19 4226,33 4891,14 3938,45

Natal 4773,22 5475,69 6158,46 6344,09 6635,87 7833,46 6203,46

Recife 5681,12 6253,94 6810,33 7424,17 7766,63 9454,83 7231,84

Salvador 4398,15 4899,30 4932,44 5135,32 5385,95 6969,39 5286,76

São Luís 3166,31 3978,13 4711,50 5438,20 5385,52 6795,87 4912,59

Teresina 3389,84 3917,02 4130,02 4857,63 5060,34 5786,78 4523,61

Norte

Boa Vista 2596,72 3034,57 3758,97 3891,89 5880,73 6158,25 4220,19

Belém 3681,88 4340,97 4877,68 5296,63 5188,74 6676,63 5010,42

Macapá 3980,20 4454,54 5306,03 5968,54 6127,40 6395,17 5371,98

Manaus 4184,08 4682,38 5226,18 5592,33 5164,83 6044,49 5149,05

Palmas 7395,57 8760,85 12096,00 12510,80 13256,27 12720,39 11123,31

Porto Velho 6125,96 6769,84 7289,40 7768,60 9190,62 10722,46 7977,81

Rio Branco 3883,38 4629,32 5698,27 5777,73 5801,70 6799,70 5431,68

Centro-Oeste

Campo Grande

4905,42 5772,59 6463,62 6741,67 6954,42 7853,75 6448,58

Cuiabá 6014,77 7252,34 8179,40 8112,76 8251,12 9982,48 7965,48

Goiânia 5796,51 7023,23 7442,02 7598,88 7856,77 9462,57 7530,00

Sudeste

Belo Horizonte

8728,12 9677,48 10764,16 11480,27 11409,92 13878,87 10989,80

Rio de Janeiro

7342,74 7968,67 9037,01 9091,88 9259,56 10559,53 8876,56

São Paulo 8692,19 9543,49 10476,94 11150,00 11228,30 12617,58 10618,08

Vitória 13235,37 15389,61 17717,55 18023,80 18398,82 20867,19 17272,05

Sul

Curitiba 8156,04 9193,40 9827,22 10160,60 10515,17 12766,88 10103,22

Florianópolis 13698,90 15644,92 17053,22 17623,74 17437,07 19874,81 16888,78

Porto Alegre 10308,78 11765,61 12489,37 12627,59 12317,26 14515,58 12337,37

Média Ano 6025,44 6912,09 7716,58 8048,21 8331,15 9651,15

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da RAIS (2010)

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84

Anexo 3

Média e valores do PIB per capita nas capitais

Regiões Capitais 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Média

capitais

Nordeste

Aracaju 12681,74 13402,29 13967,81 13541,87 12808,56 15322,61 13620,81

Fortaleza 10276,07 11107,77 11670,15 12507,38 12506,07 15131,94 12199,90

João Pessoa 9234,84 10674,70 11612,75 11882,55 12125,29 13552,71 11513,81

Maceió 8509,74 9471,80 10999,29 10618,75 10805,61 12987,53 10565,45

Natal 10389,01 11260,60 12010,09 11937,12 12678,32 14926,99 12200,35

Recife 13231,01 14534,02 15639,90 15590,63 15675,76 19530,42 15700,29

Salvador 10253,38 10692,55 10729,60 10719,61 10791,94 13732,96 11153,34

São Luís 12534,82 13491,49 14857,93 16042,17 15162,02 17653,13 14956,93

Teresina 8086,58 8977,82 9715,49 10166,79 10686,17 12943,98 10096,14

Norte

Boa Vista 11376,71 12574,74 14085,62 14743,28 15106,74 16390,31 14046,23

Belém 9759,20 10537,56 11390,51 11542,97 11331,84 12908,95 11245,17

Macapá 9474,61 10981,74 12854,16 12828,81 12586,56 13096,63 11970,42

Manaus 20355,31 22641,82 24208,38 23929,81 22953,07 26968,80 23509,53

Palmas 10023,33 10522,83 14679,98 15276,53 15488,57 17200,60 13865,31

Porto Velho 12040,75 11930,12 13688,27 14370,11 17013,22 17555,32 14432,96

Rio Branco 9427,94 9954,80 12128,43 12659,18 12362,96 12829,28 11560,43

Centro-Oeste

Campo Grande

11270,15 12280,21 14330,91 15055,83 15201,76 17634,85 14295,62

Cuiabá 16000,98 15894,46 17378,34 17672,66 17575,56 20053,83 17429,31

Goiânia 13696,45 15660,84 16621,74 16534,76 16443,93 18775,52 16288,87

Sudeste

Belo Horizonte

14828,20 16266,50 18393,83 18664,59 17922,69 18832,24 17484,67

Rio de Janeiro

23511,11 25080,37 26652,94 27710,77 27999,74 30100,57 26842,58

São Paulo 29107,57 30870,01 34411,98 34930,59 34767,54 39418,85 33917,76

Vitória 61342,08 62466,09 70702,39 78221,29 60906,98 76172,11 68301,83

Sul

Curitiba 20535,60 21631,41 24589,51 25503,73 24366,71 30313,54 24490,08

Florianópolis 18467,74 19670,33 20707,40 21718,11 20015,08 23280,16 20643,14

Porto Alegre 23956,48 25138,07 27409,82 26951,92 25936,18 30537,53 26655,00

Média Ano 15783,52 16835,19 18670,66 19281,61 18508,42 21455,82

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do IBGE. (2010)

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Anexo 4

Percentual e média do PIB Industrial nas capitais

Regiões Capitais 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Média

capitais

Nordeste

Aracaju 0,21 0,18 0,16 0,17 0,17 0,16 0,18

Fortaleza 0,16 0,17 0,17 0,18 0,19 0,18 0,18

João Pessoa

0,25 0,22 0,22 0,21 0,22 0,22 0,22

Maceió 0,22 0,21 0,20 0,19 0,18 0,18 0,20

Natal 0,13 0,12 0,13 0,14 0,14 0,15 0,14

Recife 0,14 0,14 0,14 0,14 0,15 0,14 0,14

Salvador 0,17 0,16 0,12 0,13 0,14 0,16 0,15

São Luís 0,20 0,23 0,20 0,20 0,17 0,18 0,20

Teresina 0,20 0,19 0,17 0,17 0,19 0,18 0,18

Norte

Boa Vista 0,12 0,12 0,12 0,13 0,13 0,13 0,13

Belém 0,16 0,15 0,13 0,13 0,12 0,14 0,14

Macapá 0,07 0,06 0,06 0,06 0,06 0,07 0,07

Manaus 0,41 0,43 0,39 0,37 0,39 0,41 0,40

Palmas 0,30 0,26 0,23 0,23 0,23 0,24 0,25

Porto Velho 0,08 0,09 0,10 0,09 0,09 0,12 0,10

Rio Branco 0,14 0,15 0,17 0,15 0,14 0,17 0,15

Centro-Oeste

Campo Grande

0,15 0,16 0,14 0,15 0,16 0,18 0,15

Cuiabá 0,22 0,19 0,17 0,17 0,17 0,18 0,19

Goiânia 0,16 0,15 0,15 0,14 0,15 0,15 0,15

Sudeste

Belo Horizonte

0,14 0,14 0,14 0,14 0,14 0,15 0,14

Rio de Janeiro

0,11 0,11 0,10 0,11 0,12 0,12 0,11

São Paulo 0,20 0,19 0,19 0,18 0,17 0,17 0,18

Vitória 0,18 0,19 0,20 0,21 0,16 0,23 0,19

Sul

Curitiba 0,19 0,17 0,17 0,15 0,16 0,16 0,17

Florianópolis 0,10 0,11 0,12 0,11 0,11 0,12 0,11

Porto Alegre 0,12 0,11 0,11 0,11 0,12 0,13 0,12

Média Ano 0,17 0,17 0,16 0,16 0,16 0,17

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do IBGE. (2010)

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Anexo 5

Gastos per capita em cultura nas capitais

Regiões Capitais 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Média

capitais

Nordeste

Aracaju 16,30 15,71 25,86 35,96 27,01 32,86 25,62

Fortaleza 2,40 3,97 10,25 10,81 10,72 12,58 8,46

João Pessoa

6,53 6,19 8,29 7,25 7,69 14,20 8,36

Maceió 3,48 1,62 0,61 0,40 0,87 2,32 1,55

Natal 4,09 10,00 12,33 13,81 7,59 11,51 9,89

Recife 19,44 33,71 44,60 47,64 33,73 39,51 36,44

Salvador 1,34 2,09 2,05 2,43 1,83 1,64 1,90

São Luís 5,27 12,09 15,81 16,37 12,38 16,22 13,02

Teresina 9,67 12,72 17,00 18,53 14,02 15,53 14,58

Norte

Boa Vista 38,29 41,13 48,52 42,01 36,81 32,42 39,86

Belém 6,04 6,86 7,47 7,17 8,34 9,65 7,59

Macapá 3,61 4,34 9,26 9,87 9,22 14,75 8,51

Manaus 4,52 6,29 4,84 5,08 2,41 9,17 5,39

Palmas 14,86 10,31 17,08 23,86 41,58 25,88 22,26

Porto Velho 0,89 1,89 2,42 2,61 4,45 7,31 3,26

Rio Branco 4,15 6,45 9,59 8,80 9,46 8,16 7,77

Centro-Oeste

Campo Grande

5,85 8,49 13,55 13,09 11,56 16,48 11,50

Cuiabá 0,92 3,24 4,90 7,86 6,45 6,29 4,94

Goiânia 10,18 12,72 14,54 15,17 15,65 6,05 12,39

Sudeste

Belo Horizonte

11,90 13,53 16,24 19,73 12,77 13,88 14,67

Rio de Janeiro

19,99 26,95 14,50 38,73 11,39 16,58 21,36

São Paulo 15,88 17,91 22,11 26,48 23,52 29,04 22,49

Vitória 25,07 50,23 56,21 54,10 46,34 45,21 46,19

Sul

Curitiba 13,99 17,98 23,06 20,37 20,76 20,39 19,43

Florianópolis 8,36 5,37 5,91 30,03 52,05 14,71 19,40

Porto Alegre 17,24 20,32 24,45 24,79 22,73 28,83 23,06

Média Ano 10,40 13,54 16,59 19,34 17,36 17,35

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do STN (2010)

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Anexo 6

Gastos per capita em turismo nas capitais

Regiões Capitais 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Média

capitais

Nordeste

Aracaju 0,00 1,12 0,81 0,32 0,33 0,57 0,53

Fortaleza 0,02 0,40 0,70 1,25 2,01 0,00 0,73

João Pessoa

0,40 0,42 0,38 0,56 0,17 0,39 0,39

Maceió 1,70 2,36 3,58 4,48 2,18 0,02 2,39

Natal 3,44 4,47 3,02 2,28 11,01 6,94 5,19

Recife 4,20 16,01 33,58 19,52 9,47 16,36 16,52

Salvador 4,12 3,94 3,38 4,32 3,21 4,11 3,84

São Luís 2,23 2,60 2,65 0,57 1,77 4,61 2,40

Teresina 0,04 0,00 9,13 0,45 0,10 1,00 1,79

Norte

Boa Vista 0,00 0,52 2,90 1,89 0,16 0,06 0,92

Belém 0,13 0,14 0,07 0,00 0,00 0,02 0,06

Macapá 0,12 0,05 0,05 0,00 0,00 0,00 0,04

Manaus 3,75 4,70 2,56 0,00 2,21 13,25 4,41

Palmas 27,01 17,41 35,63 33,06 30,32 32,65 29,34

Porto Velho 0,00 0,00 0,07 0,00 0,00 0,01

Rio Branco 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Centro-Oeste

Campo Grande

0,00 0,36 0,33 0,70 0,24 0,39 0,34

Cuiabá 0,09 0,35 0,23 1,98 1,13 0,03 0,64

Goiânia 0,62 0,62 0,81 1,01 1,71 1,13 0,98

Sudeste

Belo Horizonte

4,91 6,54 8,15 8,05 7,05 8,66 7,23

Rio de Janeiro

10,81 9,36 11,50 7,86 11,22 13,33 10,68

São Paulo 6,22 2,82 7,61 2,77 4,83 10,41 5,78

Vitória 1,60 8,84 5,85 0,00 0,00 3,51 3,30

Sul

Curitiba 0,46 2,40 5,09 1,69 1,72 0,96 2,05

Florianópolis 6,97 22,14 23,82 10,04 15,22 24,64 17,14

Porto Alegre 1,01 0,66 1,38 2,09 2,44 3,62 1,87

Média Ano 3,07 4,16 6,28 4,03 4,17 5,87

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do STN (2010)

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Anexo 7

Percentual da população com nível superior

Regiões Capitais 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Média

capitais

Nordeste

Aracaju 0,18 0,22 0,14 0,12 0,13 0,17 0,16

Fortaleza 0,20 0,22 0,30 0,17 0,15 0,20 0,21

João Pessoa

0,20 0,19 0,20 0,17 0,13 0,20 0,18

Maceió 0,28 0,22 0,19 0,22 0,18 0,20 0,22

Natal 0,26 0,25 0,12 0,25 0,17 0,16 0,20

Recife 0,12 0,36 0,12 0,19 0,15 0,20 0,19

Salvador 0,10 0,34 0,16 0,22 0,19 0,24 0,21

São Luís 0,19 0,15 0,15 0,24 0,21 0,24 0,20

Teresina 0,22 0,15 0,15 0,11 0,19 0,26 0,18

Norte

Boa Vista 0,18 0,22 0,16 0,15 0,14 0,18 0,17

Belém 0,19 0,22 0,15 0,13 0,14 0,17 0,17

Macapá 0,20 0,22 0,20 0,18 0,12 0,20 0,19

Manaus 0,23 0,22 0,27 0,24 0,15 0,21 0,22

Palmas 0,21 0,23 0,09 0,26 0,22 0,20 0,20

Porto Velho 0,20 0,32 0,12 0,25 0,17 0,21 0,21

Rio Branco 0,12 0,36 0,11 0,22 0,17 0,19 0,20

Centro-Oeste

Campo Grande

0,19 0,11 0,16 0,14 0,20 0,18 0,16

Cuiabá 0,19 0,14 0,17 0,16 0,15 0,16 0,16

Goiânia 0,20 0,21 0,21 0,17 0,16 0,20 0,19

Sudeste

Belo Horizonte

0,19 0,22 0,15 0,14 0,13 0,11 0,16

Rio de Janeiro

0,09 0,34 0,14 0,26 0,18 0,25 0,21

São Paulo 0,20 0,16 0,16 0,22 0,17 0,24 0,19

Vitória 0,23 0,14 0,17 0,13 0,18 0,25 0,18

Sul

Curitiba 0,19 0,14 0,17 0,14 0,15 0,09 0,15

Florianópolis 0,19 0,19 0,18 0,17 0,15 0,08 0,16

Porto Alegre 0,21 0,26 0,09 0,26 0,20 0,23 0,21

Média Ano 0,19 0,22 0,16 0,19 0,17 0,19

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da RAIS e IBGE Cidades (2010)

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89

Anexo 8

Variance Inflaction Factor

Variable VIF 1/VIF

Pibcapita 3.81 0.262648

Massa 3.73 0.268204

Turismo 1.82 0.548813

Cultura 1.77 0.564815

Pibind 1.37 0.730363

Escolaridade 1.05 0.952451

Mean VIF 2.26

Fonte: Elaboração própria pelo STATA

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90

Anexo 9

Multiplicador Lagrangiano de Breusch-Pagan

Breusch and Pagan Lagrangian multiplier test for random effects

gpma[capital,t] = Xb + u[capital] + e[capital,t]

Estimated results:

Var sd = sqrt(Var)

---------+-----------------------------

gpma 529.0733 23.00159

e 77.7604 8.818186

u 147.7371 12.15472

Test: Var(u) = 0

chi2(1) = 112.34

Prob > chi2 = 0.0000

Fonte: Elaboração própria pelo STATA

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91

Anexo 10

Teste de Hausman

---- Coefficients ----

(b) (B) (b-B) sqrt(diag(V_b-V_B))

fe re Difference S.E.

pibind 163.3312 59.16055 104.1707 44.5983

cultura .3676676 .3041457 .0635218 .059768

turismo -.5456492 -.4985656 -.0470835 .1189829

pibcapita -.640703 .8568321 -1.497535 .4901782

escolaridade 8.669979 11.34487 -2.674886 2.313464

massa .0018482 .0005162 .001332 .00076

b = consistent under Ho and Ha; obtained from xtreg

B = inconsistent under Ha, efficient under Ho; obtained from xtreg

Test: Ho: difference in coefficients not systematic

chi2(5) = (b-B)'[(V_b-V_B)^(-1)](b-B)

= 16.12

Prob>chi2 = 0.0065

Fonte: Elaboração pelo autor.

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Anexo 11

Teste modificado de Wald para heteroscedasticidade

Modified Wald test for groupwise

in fixed effect regression model

H0: sigma(i)^2 = sigma^2 for all

chi2 (26) = 7063.08

Prob>chi2 = 0.0000

Fonte: Elaboração própria pelo autor.