GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I...

121
GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO DEZEMBRO / 2014

Transcript of GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I...

Page 1: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO

DEZEMBRO / 2014

Page 2: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento
Page 3: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

Escola de Contas do Tribunal de Contas dos Municípios

Estado de Goiás

GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO

Prof. Thiago Parísio

Thiago Parísio é graduado em administração de empresas pela UFPE, pós-graduado em gestão de pessoas pela

FAFIRE. É servidor concursado do Tribunal de Contas de Pernambuco desde 2005, exerceu a chefia da Divisão de

Patrimônio entre 2008 e 2011, da Divisão de Compras entre 2012 e 2013, da Divisão de Materiais entre janeiro e

setembro de 2014 e novamente da Divisão de Patrimônio da instituição a partir de outubro de 2014. (e-mail:

[email protected])

Page 4: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

2

SUMÁRIO

COMPRAS

I Identificação de necessidades .......................................................................................... 5

1.1 Definições ........................................................................................................... 5

1.2 Evolução das compras ....................................................................................... 6

1.3 Fluxo de compras ............................................................................................... 7

1.4 Escolha de fornecedores .................................................................................... 8

1.5 Desafios para o setor de compras ................................................................... 10

1.6 Centralização x Descentralização .................................................................... 10

II Especificações ............................................................................................................... 11

2.1 Definições ......................................................................................................... 11

2.2 Elementos essenciais ....................................................................................... 11

2.3 Fontes .............................................................................................................. 12

2.4 Direcionamento ................................................................................................ 12

2.5 Padronização ................................................................................................... 13

2.6 Segmentação de produtos ............................................................................... 13

III Modalidades de compras .............................................................................................. 15

3.1 Licitação ........................................................................................................... 15

3.2 Pregão (presencial ou eletrônico) .................................................................... 17

3.3 Compra por dispensa de licitação .................................................................... 20

3.4 Compra por inexigibilidade de licitação ............................................................ 24

3.5 Compra por adiantamento (suprimento individual) .......................................... 25

3.6 Sistema de Registro de Preços (SRP) ............................................................ 27

IV Compras e gestão de contratos ................................................................................... 31

4.1 Aspectos fundamentais .................................................................................... 31

4.2 Formalização contratual ................................................................................... 31

4.3 Encargo e remuneração ................................................................................... 32

MATERIAIS

I Conceitos e definições .................................................................................................... 34

1.1 O que é gestão de materiais? .......................................................................... 34

Page 5: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

3

1.2 Atividades da gestão de materiais ................................................................... 35

II Previsão de demandas .................................................................................................. 36

2.1 O que é previsão de demandas? ..................................................................... 36

2.2 Padrões de demandas ..................................................................................... 36

2.3 Técnicas de previsão ....................................................................................... 37

III Especificação de materiais ........................................................................................... 40

IV Agrupamento e classificação ........................................................................................ 41

V Controle de estoques .................................................................................................... 43

5.1 Gestão de estoques ......................................................................................... 43

5.2 Causas de erro em registros ............................................................................ 44

5.3 Classificação de estoques ................................................................................ 44

5.4 Classificação ABC ............................................................................................ 45

5.5 Outros métodos de controle ............................................................................. 47

5.6 Avaliação de estoques ..................................................................................... 49

5.7 Custos de estoques .......................................................................................... 52

5.8 Indicadores de estoques .................................................................................. 53

VI Recebimento e distribuição .......................................................................................... 55

6.1 Recebimento .................................................................................................... 55

6.2 Distribuição ....................................................................................................... 56

VII Movimentação e armazenagem .................................................................................. 58

7.1 Movimentação .................................................................................................. 58

7.2 Condições básicas do arranjo físico ................................................................. 59

7.3 Técnicas de estocagem ................................................................................... 60

VIII Inventário .................................................................................................................... 64

8.1 O que é um inventário? .................................................................................... 64

8.2 Modalidades de inventário ............................................................................... 64

8.3 Tipos de inventário ........................................................................................... 65

8.4 Etapas do planejamento de inventário ............................................................. 65

8.5 Indicador de inventário ..................................................................................... 67

PATRIMÔNIO

I Conceitos e definições .................................................................................................... 68

1.1 Patrimônio público ............................................................................................ 68

Page 6: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

4

1.2 O que é gestão patrimonial? ............................................................................ 69

1.3 Classificação de bens ...................................................................................... 70

1.4 Material de consumo x Material permanente ................................................... 71

II Incorporações ................................................................................................................ 74

2.1 O que é incorporação? ..................................................................................... 74

2.2 Número patrimonial .......................................................................................... 76

2.2.1 Código de barras ........................................................................................... 77

III Controle físico ............................................................................................................... 79

3.1 Modalidades de movimentação de bens .......................................................... 79

3.2 Movimentação centralizada x descentralizada ................................................. 80

IV Manutenções ................................................................................................................ 82

V Modalidades de desfazimento ....................................................................................... 84

5.1 Avaliação de bens para alienação ................................................................... 87

5.2 Irregularidades patrimoniais ............................................................................. 88

VI Baixas ........................................................................................................................... 91

6.1 Casos especiais de baixas ............................................................................... 92

VII Depreciações ............................................................................................................... 94

7.1 Métodos mais utilizados ................................................................................... 95

VIII Inventário .................................................................................................................... 98

8.1 O que é um inventário? .................................................................................... 98

8.2 Modalidades de inventário ............................................................................... 98

8.3 Planejamento de um inventário ........................................................................ 99

8.4 Nova tecnologia: RFID ................................................................................... 100

REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 102

LEGISLAÇÃO ................................................................................................................. 103

EXERCÍCIOS .................................................................................................................. 106

Page 7: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

5

COMPRAS

I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES

1.1 Definições

De acordo com a Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado do Ceará,

planejar compras é “determinar objetivos relacionados a aquisições, mediante a definição,

estudo e coordenação dos meios e recursos para atingi-los”.

Ampliando o entendimento, o processo de contratação pública pode ser definido

como “o conjunto de fases, etapas e atos estruturado de forma lógica para permitir que a

Administração, a partir da identificação precisa da sua necessidade e demanda, possa

definir com precisão o encargo desejado, minimizar seus riscos e selecionar,

isonomicamente, se possível, a pessoa capaz de satisfazer a sua necessidade pela

melhor relação benefício-custo” (Renato Geraldo Mendes, 2012).

O grande desafio de uma aquisição bem feita é conseguir conciliar três atributos

geralmente incompatíveis: celeridade, qualidade e preço. Um compra célere nem sempre

é a mais econômica e ainda pode comprometer a qualidade do que se está adquirindo.

Comprar bem, portanto, pode ser considerado “uma arte”.

Page 8: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

6

Ao contrário do senso comum que enxerga compras como um ato de procura de

bens e serviços para posterior suprimento à organização, a ―função‖ compras é mais

complexa e demanda responsabilidades maiores como:

Garantir o efetivo suprimento de materiais e serviços, nas quantidades certas e nos

prazos demandados pelos requisitantes;

Comprar com celeridade, qualidade e economia;

Planejar as aquisições;

Manter relação próxima com outras unidades organizacionais;

Manter um cadastro atualizado de fornecedores, garantindo um bom

relacionamento com eles; e

Realizar um controle efetivo do processo de compras com uso de ferramentas

gerenciais.

Mesmo seguindo todos os procedimentos listados acima, nem sempre a aquisição

é concluída com sucesso. Os principais motivos de uma compra ineficiente são:

Identificação de necessidades incompleta;

Especificação inadequada do item a ser adquirido;

Gestão de fornecedores ineficiente; e

Displicência no recebimento de materiais / gestão de contratos

Como se vê, a função é ampla e não deve ser exclusiva do setor: sua atividade só

será bem-sucedida se houver a colaboração de outros segmentos com o fornecimento

dos insumos necessários.

1.2 Evolução das Compras

O processo de compras, assim como várias outras atividades, sofreu forte evolução

nas últimas décadas, como mostra o quadro abaixo:

Page 9: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

7

COMPRA REATIVA (antes dos anos 80)

COMPRA PROATIVA (após anos 80)

Área de compras vista como centro de custos

Área de compras deve adicionar valor

Compradores respondem às condições de mercado

Área de compras contribui para o desenvolvimento de mercado

Os problemas são de responsabilidade do fornecedor

Os problemas tem responsabilidade compartilhada

Ênfase no hoje Ênfase estratégica que pode ser

no longo prazo

Negociações ganha-perde Negociações ganha-ganha

Muitos fornecedores significam mais segurança

Muitos fornecedores significam perda de oportunidade

Estoques elevados significam mais segurança

Estoques elevados significam desperdício

Informação é poder Informação é valiosa se for

compartilhada

1.3 Fluxo de Compras

1. Recebimento e análise de demandas

As requisições tem origem no usuário final e devem conter informações

essenciais como identificação do requisitante, justificativa para a compra,

especificações do material (incluindo quantidade e unidade de medida), prazo

necessário para a entrega e qualquer informação complementar que se fizer

necessária.

2. Realização de cotações

Primeiramente, é necessário identificar fornecedores capazes de suprir a

demanda com a agilidade necessária para que o setor de compras encaminhe

solicitações de cotações por escrito. Com as informações devolvidas pelos

fornecedores, as cotações são analisadas quanto ao preço, especificações e prazo

de entrega.

3. Análise de modalidade de aquisição

Page 10: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

8

Com base no orçamento disponível, é necessário definir a forma como o

material será adquirido (compra direta ou processo licitatório). A decisão deverá ser

autorizada por autoridade competente.

4. Emissão do pedido de compra

Cumpridas as etapas anteriores, o setor de compras deverá solicitar a

emissão de nota de empenho. Quando recebê-la, deverá encaminhar cópia ao

fornecedor selecionado e original ao setor responsável (almoxarifado ou

patrimônio, conforme tipo de material) para o acompanhamento da entrega.

5. Recebimento e aceitação do material

O material deverá ser recebido, inspecionado e aceito ou não pelo setor

responsável (almoxarifado, se material de consumo; e patrimônio, se material

permanente).

1.4 Escolha de Fornecedores

A principal responsabilidade de compras é localizar bons fornecedores e negociar

preços, o que nem sempre é fácil. Há três fontes básicas para se identificar estes

fornecedores:

Fonte única: apenas um fornecedor está disponível devido a patentes,

especificações técnicas, matéria-prima, localização, entre outros. Em órgãos

públicos, este tipo de contratação ocorre por inexigibilidade de licitação.

Page 11: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

9

Fonte múltipla: Mais de um fornecedor disponível para um item, garantindo

competitividade.

Fonte simples: Decisão planejada pela organização no sentido de selecionar um

único fornecedor para um item quando existem várias fontes disponíveis no

mercado para estabelecer parcerias de longo prazo. Esta situação não se aplica a

órgãos públicos.

Esta escolha de fornecedores, por exemplo, é complexa e fortemente influenciada

por fatores como:

Habilidade técnica

Capacidade de produção

Confiabilidade

Serviço pós-venda

Localização do fornecedor

Preços e qualidade

Garantir a cumplicidade entre as duas partes, de tal forma que as propostas sejam

vantajosas para as organizações e as condições de fornecimento também sejam

favoráveis aos fornecedores, é a base para um importante ativo intangível: o

relacionamento positivo com parceiros comerciais. Por isso, é importante durante a

negociação levar em consideração fatores como:

Preços

Prazos de entrega

Condições de pagamento

Fatores pós-vendas

Condições de reajustes dos preços

Garantias contratuais e respectivas extensões

Garantias de qualidade

Custos de transporte

Custos de embalagens ou introdução de embalagens especiais

Acréscimos ou reduções de quantidades

Page 12: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

10

1.5 Desafios para o Setor de Compras

Para o setor público:

Aquisições lentas;

Baixa qualidade dos materiais;

Descumprimento de prazos de entrega;

Falta de materiais;

Ineficiência de fornecedores;

Insatisfação dos clientes internos;

Para o comprador:

Tempo;

Qualidade;

Custo; e

Ciclo de vida dos produtos.

1.6 Centralização x Descentralização

Vantagens da centralização:

Oportunidade de negociar maiores quantidades;

Homogeneidade da qualidade das aquisições; e

Maior controle de materiais e estoques.

Vantagens da descentralização:

Distância geográfica;

Tempo necessário para aquisição; e

Facilidade de diálogo com fornecedores.

Page 13: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

11

II ESPECIFICAÇÕES

2.1 Definições

De acordo com a Lei Nº 8.666/93, art. 15, as compras, sempre que possível,

deverão:

I - atender ao princípio da padronização, que imponha compatibilidade de

especificações técnicas e de desempenho, observadas, quando for o caso, as

condições de manutenção, assistência técnica e garantia oferecidas;

II - ser processadas através de sistema de registro de preços;

§ 7º Nas compras deverão ser observadas, ainda:

I - a especificação completa do bem a ser adquirido sem indicação de marca;

II - a definição das unidades e das quantidades a serem adquiridas em função

do consumo e utilização prováveis, cuja estimativa será obtida, sempre que

possível, mediante adequadas técnicas quantitativas de estimação;

III - as condições de guarda e armazenamento que não permitam a deterioração do

material.

2.2 Elementos Essenciais

De maneira geral, é importante começar as especificações do produto “pelo que

não se quer comprar” para chegar o mais próximo possível “do que se quer comprar”.

Para isso é preciso definir:

Funcionalidades (tudo o que o produto faz e oferece);

Componentes (peças que entram na composição de um produto);

Forma e acabamento (cor, medidas, forma, peso, etc.);

Desempenho (rendimento de um material quando em uso);

Acessórios;

Dados complementares (embalagem, unidade de medida, certificações);

Page 14: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

12

Observação:

Certificações não são previstas por lei, mas podem ser solicitadas como

diferencial desde que sem caráter eliminatório.

2.3 Fontes

Fornecedores (mercado);

Especialistas;

Sites especializados;

Catálogos impressos;

Bancos de dados de órgãos públicos;

2.4 Direcionamento

De acordo com o Art. 3º da Lei 8.666/93, “é vedado aos agentes públicos: admitir,

prever, incluir ou tolerar, nos atos convocatórios, cláusulas ou condições que

comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo e estabeleçam

preferências ou distinção”.

Conforme orienta o Manual de Licitações e Contratos do TCU – 4ª edição, 2010, “o

estabelecimento de condições a que apenas um licitante possa atender leva ao

direcionamento da licitação ou a um procedimento licitatório deserto ou fracassado”.

O mesmo TCU, no Acórdão 2.300/2007, afirma ser aceitável o uso de MARCA

desde que acompanhada dos termos SIMILAR ou EQUIVALENTE nas descrições de

materiais, bem como reforça a necessidade de apresentação de laudos ou atestados para

marcas diferentes das utilizadas como referência.

Page 15: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

13

Observação:

Apesar de a lei proibir o gestor de indicar marcas ou características

exclusivas, não é impedido que uma aquisição seja realizada com base em

especificações de marcas e modelos para manutenção de padrões previamente

definidos e alheios à sua vontade pessoal (exemplos: pisos e revestimentos de

uma unidade).

2.5 Padronização

Vantagens:

Redução do trabalho da área de compras;

Simplificação de materiais;

Redução de itens, quantidades e custos de estoque;

Maior qualidade e uniformidade

Desvantagens:

Padrão imutável;

Não acompanhamento da evolução dos produtos;

2.6 Segmentação de produtos

É possível classificar os produtos de acordo com o público-alvo a que se destinam

e facilitar a identificação daqueles mais adequados às necessidades de quem realizará a

aquisição. Não se devem tratar todos os produtos de uma mesma forma, já que cada um

possui características e funcionalidades distintas e ainda detém uma imagem diferenciada

perante o mercado consumidor.

Eis um exemplo de segmentação para aquisição de um veículo de representação:

Page 16: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

14

PRODUTO: Automóvel, tipo sedã médio

FABRICANTE / MARCA CLASSE

A B C

Audi A4

BMW Série 3

Mercedes-Benz Classe C

Honda Civic

Toyota Corolla

Chevrolet Cruze

VW Jetta

Renault Fluence

JAC J5

Lifan 620

PRODUTO: Automóvel, tipo sedã médio

CLASSE MARCA

VALOR MÉDIO (R$)

A Audi, BMW, Mercedes-

Benz 130.000

B Honda, Toyota, Chevrolet,

VW, Renault 70.000

C JAC, Lifan 55.000

Page 17: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

15

III ACOMPANHAMENTO DO PROCESSO (MODALIDADES DE

COMPRAS)

3.1 Licitação

São modalidades de licitação (Lei 8.666/93, Art. 22):

Tomada de preços

Modalidade entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem

a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data

do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação.

É determinada para obras e serviços de engenharia no valor de até R$

1.500.000 (um milhão e quinhentos mil reais) como também para compras e

serviços no valor de até R$ 650.000 (seiscentos e cinquenta mil reais).

Concorrência

Modalidade entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação

preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no

edital para execução de seu objeto.

É determinada para obras e serviços de engenharia de valor acima de R$

1.500.000 (um milhão e quinhentos mil reais) como também para compras e

serviços acima de R$ 650.000 (seiscentos e cinquenta mil reais).

Convite

Modalidade entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto,

cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela

unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento

convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente

especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e

quatro) horas da apresentação das propostas.

Page 18: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

16

É determinada para obras e serviços de engenharia no valor de até R$

150.000 (cento e cinquenta mil reais) como também para compras e serviços no

valor de até R$ 80.000 (oitenta mil reais).

Observações:

- Existindo na praça mais de 3 (três) possíveis interessados, a cada novo

convite, realizado para objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o convite a,

no mínimo, mais um interessado, enquanto existirem cadastrados não convidados

nas últimas licitações. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) (Art. 22, § 6º)

- Quando, por limitações do mercado ou manifesto desinteresse dos

convidados, for impossível a obtenção do número mínimo de licitantes exigidos,

essas circunstâncias deverão ser devidamente justificadas no processo, sob pena

de repetição do convite. (Art. 22, § 7º)

Concurso

Modalidade entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico,

científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos

vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial

com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.

Leilão

Modalidade entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis

inservíveis para a administração ou de produtos legalmente apreendidos ou

penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem

oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação. (Redação dada

pela Lei nº 8.883, de 1994)

São tipos de licitação (Lei 8.666/93, Art. 45):

Menor preço - quando o critério de seleção da proposta mais vantajosa para a

Administração determinar que será vencedor o licitante que apresentar a proposta

de acordo com as especificações do edital ou convite e ofertar o menor preço;

Melhor técnica;

Page 19: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

17

Técnica e preço; e

Maior lance ou oferta - nos casos de alienção de bens ou concessão de direito real

de uso. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)

“Para contratação de bens e serviços de informática, a administração observará o

disposto no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991, levando em conta os

fatores especificados em seu parágrafo 2º e adotando obrigatoriamento o tipo de licitação

„técnica e preço‟, permitido o emprego de outro tipo de licitação nos casos indicados em

decreto do Poder Executivo.” (Lei 8666/93, Art. 45, § 4º)

Observação:

Melhor Técnica ou Técnica e Preço são tipos que deverão ser utilizados

exclusivamente para “serviços de natureza predominantemente intelectual, em

especial na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e

gerenciamento e de engenharia consultiva em geral e, em particular, para a

elaboração de estudos técnicos preliminares e projetos básicos e executivos,

ressalvado o disposto no § 4o do artigo anterior”. (Lei 8666/93, Art. 46)

3.2 Pregão (Presencial ou Eletrônico)

Pregão presencial

Modalidade de licitação instituída pela Medida Provisória Nº 2.026 (04 de maio de

2000) e regulamentada pela Lei Nº 10.520 (17 de julho de 2002) para aquisição de bens e

serviços comuns (oferecidos por diversos fornecedores e facilmente comparáveis entre si

– Decreto Nº 3.555 de 8 de agosto de 2000) em que a disputa pelo fornecimento é feita

em sessão pública, por meio de propostas e lances, para classificação e habilitação do

licitante que ofertar a proposta de menor preço.

A convocação de interessados deverá levar em consideração o valor estimado para

a aquisição de bens e serviços (Decreto Nº 3.555, de 8 de agosto de 2000, Art. 11):

Page 20: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

18

Até R$ 160.000 (cento e sessenta mil reais):

- Diário Oficial da União / Estado; e

- Meio eletrônico (internet)

Acima de R$ 160.000 (cento e sessenta mil reais) até R$ 650.000 (seiscentos e cinquenta

mil reais):

- Diário Oficial da União / Estado;

- Meio eletrônico (internet); e

- Jornal de grande circulação local

Acima de R$ 650.000 (seiscentos e cinquenta mil reais):

- Diário Oficial da União / Estado;

- Meio eletrônico (internet); e

- Jornal de grande regional ou nacional

Observação:

O pregão (presencial ou eletrônico) não é válido para a contratação de obras

e serviços de engenharia, as locações imobiliárias e as alienações em geral.

Pregão eletrônico

Modalidade de licitação regulamentada pelo Decreto Nº 5.450 (31 de maio de

2005) para a aquisição de bens e serviços comuns em que a disputa pelo fornecimento é

feita à distância em sessão pública com o uso de sistema que promova a comunicação

pela internet (http://www.comprasnet.gov.br/).

Observação:

A partir da publicação do Decreto Nº 5.504 (05 de agosto de 2005) ficou

estabelecido que será exigida a utilização de pregão, preferencialmente na forma

eletrônica para entes públicos ou privados, nas contratações de bens e serviços

comuns, realizadas em decorrência de transferências voluntárias de recursos

públicos da União, decorrentes de convênios ou instrumentos congêneres, ou

consórcios públicos.

Page 21: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

19

Assim como no pregão presencial, a convocação de interessados deverá levar em

consideração o valor estimado para a aquisição de bens e serviços (Decreto Nº 5.450, de

31 de maio de 2005, Art. 17), mas para o pregão eletrônico os limites são maiores:

Até R$ 650.000 (seiscentos e cinquenta mil reais):

- Diário Oficial da União / Estado; e

- Meio eletrônico (internet)

Acima de R$ 650.000 (seiscentos e cinquenta mil reais) até R$ 1.300.000 (um milhão e

trezentos mil reais):

- Diário Oficial da União / Estado;

- Meio eletrônico (internet); e

- Jornal de grande circulação local

Acima de R$ 1.300.000 (um milhão e trezentos mil reais):

- Diário Oficial da União / Estado;

- Meio eletrônico (internet); e

- Jornal de grande regional ou nacional

Vantagens do pregão eletrônico:

- Agilidade (inversão de fases);

- Transparência (evita arranjos entre concorrentes);

- Preservação do sigilo das informações e da integridade de agentes públicos e

licitantes;

- Independência em relação ao valor estimado;

- Redução de custos do processo;

Desvantagens do pregão eletrônico:

- Dificuldades tecnológicas;

- Segurança da informação;

- Restrição de competitividade (situação de pequenos fornecedores);

Page 22: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

20

3.3 Compra por Dispensa de Licitação

É dispensável a licitação (Lei 8.666/93, art. 24):

I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do limite

previsto na alínea "a", do inciso I do artigo anterior (valor de R$ 15.000), desde

que não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras

e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas

conjunta e concomitantemente; (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)

II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite

previsto na alínea "a", do inciso II do artigo anterior (valor de R$ 8.000) e para

alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de

um mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada de

uma só vez; (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)

III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem;

IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada

urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou

comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros

bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao

atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e

serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias

consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou

calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos;

V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificadamente,

não puder ser repetida sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso,

todas as condições preestabelecidas;

VI - quando a União tiver que intervir no domínio econômico para regular preços ou

normalizar o abastecimento;

VII - quando as propostas apresentadas consignarem preços manifestamente

superiores aos praticados no mercado nacional, ou forem incompatíveis com os

fixados pelos órgãos oficiais competentes, casos em que, observado o parágrafo

único do art. 48 desta Lei e, persistindo a situação, será admitida a adjudicação

Page 23: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

21

direta dos bens ou serviços, por valor não superior ao constante do registro de

preços, ou dos serviços; (Vide § 3º do art. 48)

VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens

produzidos ou serviços prestados por órgão ou entidade que integre a

Administração Pública e que tenha sido criado para esse fim específico em data

anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o

praticado no mercado; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)

IX - quando houver possibilidade de comprometimento da segurança nacional, nos

casos estabelecidos em decreto do Presidente da República, ouvido o Conselho de

Defesa Nacional; (Regulamento)

X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades

precípuas da administração, cujas necessidades de instalação e localização

condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de

mercado, segundo avaliação prévia; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)

XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em

consequência de rescisão contratual, desde que atendida a ordem de classificação

da licitação anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante

vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido;

XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros perecíveis, no tempo

necessário para a realização dos processos licitatórios correspondentes, realizadas

diretamente com base no preço do dia; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)

XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou

estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de

instituição dedicada à recuperação social do preso, desde que a contratada

detenha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos;

(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)

XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo internacional

específico aprovado pelo Congresso Nacional, quando as condições ofertadas

forem manifestamente vantajosas para o Poder Público; (Redação dada pela Lei

nº 8.883, de 1994)

XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos, de

autenticidade certificada, desde que compatíveis ou inerentes às finalidades do

órgão ou entidade.

Page 24: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

22

XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formulários padronizados de uso da

administração, e de edições técnicas oficiais, bem como para prestação de

serviços de informática a pessoa jurídica de direito público interno, por órgãos ou

entidades que integrem a Administração Pública, criados para esse fim específico;

(Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)

XVII - para a aquisição de componentes ou peças de origem nacional ou

estrangeira, necessários à manutenção de equipamentos durante o período de

garantia técnica, junto ao fornecedor original desses equipamentos, quando tal

condição de exclusividade for indispensável para a vigência da garantia; (Incluído

pela Lei nº 8.883, de 1994)

XVIII - nas compras ou contratações de serviços para o abastecimento de navios,

embarcações, unidades aéreas ou tropas e seus meios de deslocamento quando

em estada eventual de curta duração em portos, aeroportos ou localidades

diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação operacional ou de

adestramento, quando a exiguidade dos prazos legais puder comprometer a

normalidade e os propósitos das operações e desde que seu valor não exceda ao

limite previsto na alínea "a" do inciso II do art. 23 desta Lei: (Incluído pela Lei nº

8.883, de 1994)

XIX - para as compras de material de uso pelas Forças Armadas, com exceção de

materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver necessidade de manter a

padronização requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos

e terrestres, mediante parecer de comissão instituída por decreto;(Incluído pela Lei

nº 8.883, de 1994)

XX - na contratação de associação de portadores de deficiência física, sem fins

lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgãos ou entidades da Administração

Pública, para a prestação de serviços ou fornecimento de mão-de-obra, desde que

o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado. (Incluído pela Lei

nº 8.883, de 1994)

XXI - para a aquisição de bens e insumos destinados exclusivamente à pesquisa

científica e tecnológica com recursos concedidos pela Capes, pela Finep, pelo

CNPq ou por outras instituições de fomento a pesquisa credenciadas pelo CNPq

para esse fim específico; (Redação dada pela Lei nº 12.349, de 2010)

Page 25: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

23

XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento de energia elétrica e gás

natural com concessionário, permissionário ou autorizado, segundo as normas da

legislação específica; (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)

XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou sociedade de economia

mista com suas subsidiárias e controladas, para a aquisição ou alienação de bens,

prestação ou obtenção de serviços, desde que o preço contratado seja compatível

com o praticado no mercado. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)

XXIV - para a celebração de contratos de prestação de serviços com as

organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo,

para atividades contempladas no contrato de gestão. (Incluído pela Lei nº 9.648, de

1998)

XXV - na contratação realizada por Instituição Científica e Tecnológica - ICT ou por

agência de fomento para a transferência de tecnologia e para o licenciamento de

direito de uso ou de exploração de criação protegida. (Incluído pela Lei nº 10.973,

de 2004)

XXVI – na celebração de contrato de programa com ente da Federação ou com

entidade de sua administração indireta, para a prestação de serviços públicos de

forma associada nos termos do autorizado em contrato de consórcio público ou em

convênio de cooperação. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)

XXVII - na contratação da coleta, processamento e comercialização de resíduos

sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta

seletiva de lixo, efetuados por associações ou cooperativas formadas

exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder

público como catadores de materiais recicláveis, com o uso de equipamentos

compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública. (Redação

dada pela Lei nº 11.445, de 2007).

XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no País,

que envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional,

mediante parecer de comissão especialmente designada pela autoridade máxima

do órgão. (Incluído pela Lei nº 11.484, de 2007).

XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços para atender aos

contingentes militares das Forças Singulares brasileiras empregadas em operações

de paz no exterior, necessariamente justificadas quanto ao preço e à escolha do

Page 26: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

24

fornecedor ou executante e ratificadas pelo Comandante da Força. (Incluído pela

Lei nº 11.783, de 2008).

XXX - na contratação de instituição ou organização, pública ou privada, com ou

sem fins lucrativos, para a prestação de serviços de assistência técnica e extensão

rural no âmbito do Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na

Agricultura Familiar e na Reforma Agrária, instituído por lei federal. (Incluído pela

Lei nº 12.188, de 2.010) Vigência

XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do disposto nos arts.

3º, 4º, 5º e 20 da Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004, observados os

princípios gerais de contratação dela constantes. (Incluído pela Lei nº 12.349, de

2010)

Parágrafo único: Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput deste artigo

serão 20% (vinte por cento) para compras, obras e serviços contratados por consórcios

públicos, sociedade de economia mista, empresa pública e por autarquia ou fundação

qualificadas, na forma da lei, como Agências Executivas. (Redação dada pela Lei nº

11.107, de 2005)

3.4 Compra por Inexigibilidade de Licitação

É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial (Lei

8.666/93, art. 25):

I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser

fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a

preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de

atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a

licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal,

ou, ainda, pelas entidades equivalentes;

II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de

natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a

inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação;

Page 27: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

25

III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou

através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou

pela opinião pública.

§ 1º Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito

no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos,

experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros

requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é

essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do

contrato.

§ 2º Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de dispensa, se comprovado

superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública

o fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público responsável, sem prejuízo

de outras sanções legais cabíveis.

3.5 Compra por Adiantamento (Suprimento Individual)

O suprimento de fundos é um instrumento de exceção que, a critério do ordenador

de despesas e sob sua inteira responsabilidade, poderá ser concedido suprimento de

fundos (adiantamento) a servidor – chamado de agente suprido -, sempre precedido de

empenho na dotação própria às despesas a realizar, e que não possam subordinar-se ao

processo normal de aplicação (Decreto nº 93.872, de 23 de dezembro de 1986, Capítulo

III, Seção V). Poderá ser concedido nos seguintes casos:

I - para atender despesas eventuais, inclusive em viagem e com serviços especiais,

que exijam pronto pagamento em espécie; (Redação dada pelo Decreto nº 2.289, de

4 de agosto de 1997)

Il - quando a despesa deva ser feita em caráter sigiloso, conforme se classificar em

regulamento; e

III - para atender despesas de pequeno vulto, assim entendidas aquelas cujo valor,

em cada caso, não ultrapassar limite estabelecido em Portaria do Ministro da

Fazenda.

Page 28: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

26

A Portaria nº 95/2002 do Ministério da Fazenda em seu Artigo 1º, por sua vez,

regulamentou os valores para suprimento de fundos na esfera federal:

I — 5% do valor estabelecido na alínea a do inciso I do art. 23, da Lei n. 8.666/93,

para execução de obras e serviços de engenharia (5% de R$ 150.000 = R$ 7.500);

II — 5% do valor estabelecido na alínea a do inciso II do art. 23, da lei acima citada,

para outros serviços e compras em geral (5% de R$ 80.000 = R$ 4.000).

§ 1º Quando a movimentação do suprimento de fundos for realizada por meio do

Cartão de Crédito Corporativo do Governo Federal, os percentuais estabelecidos nos

incisos I e II deste artigo ficam alterados para 10%.

A mesma Portaria em seu Artigo 2º estabelece o percentual de 0,25% do valor

constante na alínea "a" do inciso II do art. 23 da Lei no 8.666/93 como limite máximo de

despesa de pequeno vulto (R$ 200,00), no caso de compras e outros serviços, e de

0,25% do valor constante na alínea "a" do inciso I do art. 23 da Lei supramencionada, no

caso de execução de obras e serviços de engenharia (R$ 375,00).

Observações:

- Considerando que o limite estipulado para as despesas de pequeno vulto, através

do suprimento de fundos, é de R$ 4.000,00 (quatro mil reais) e que suas despesas

são efetuadas sem qualquer necessidade de processo licitatório, e considerando

que o limite por dispensa de valor, com fulcro no art. 24, II, da Lei nº 8.666/93, é de

R$ 8.000,00 (oito mil reais); deve-se observar que as despesas realizadas por

suprimento e as com fulcro no art. 24, II, da Lei nº 8.666/93 deverão ser somadas

para fins de verificação quanto ao limite global (R$ 8.000,00).

- O suprimento de fundos não poderá ser utilizado para aquisição de material e de

equipamentos e para realização de obras por serem estas despesas que podem

subordinar-se ao processo normal de aplicação.

- Ao agente suprido só é permitido ser responsável por no máximo dois

suprimentos ao mesmo tempo, desde que estes suprimentos sejam de elementos

de despesa diferentes (consumo e serviço, por exemplo).

Page 29: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

27

3.6 Sistema de Registro de Preços (SRP)

Regulamentado pelo Decreto Nº 3.931 de 19 de setembro de 2001 (posteriormente

revogado pelo Decreto nº 7.892 de 23 de janeiro de 2013), o Sistema de Registro de

Preços (SRP) é um conjunto de procedimentos com base no planejamento de um ou mais

entes públicos para registro formal de preços relativos à prestação de serviços e

aquisição de bens, para contratações futura, em que as empresas vencedoras se

comprometem a fornecer bens e serviços a preços e prazos registrados em uma ata

específica.

É importante observar estas definições essenciais para o correto entendimento do

que é o SRP:

I - ata de registro de preços - documento vinculativo, obrigacional, com característica

de compromisso para futura contratação, em que se registram os preços,

fornecedores, órgãos participantes e condições a serem praticadas, conforme as

disposições contidas no instrumento convocatório e propostas apresentadas;

II - órgão gerenciador - órgão ou entidade da administração pública responsável pela

condução do conjunto de procedimentos para registro de preços e gerenciamento da

ata de registro de preços dele decorrente;

III - órgão participante - órgão ou entidade da administração pública que participa dos

procedimentos iniciais do Sistema de Registro de Preços e integra a ata de registro

de preços; e

IV - órgão não participante - órgão ou entidade da administração pública que, não

tendo participado dos procedimentos iniciais da licitação, atendidos os requisitos

desta norma, faz adesão à ata de registro de preços.

3.6.1 Competências

Cabe ao órgão gerenciador:

Page 30: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

28

I - registrar sua intenção de registro de preços no Portal de Compras do Governo

federal;

II - consolidar informações relativas à estimativa individual e total de consumo,

promovendo a adequação dos respectivos termos de referência ou projetos básicos

encaminhados para atender aos requisitos de padronização e racionalização;

III - promover atos necessários à instrução processual para a realização do

procedimento licitatório;

IV - realizar pesquisa de mercado para identificação do valor estimado da licitação e

consolidar os dados das pesquisas de mercado realizadas pelos órgãos e entidades

participantes;

V - confirmar junto aos órgãos participantes a sua concordância com o objeto a ser

licitado, inclusive quanto aos quantitativos e termo de referência ou projeto básico;

VI - realizar o procedimento licitatório;

VII - gerenciar a ata de registro de preços;

VIII - conduzir eventuais renegociações dos preços registrados;

IX - aplicar, garantida a ampla defesa e o contraditório, as penalidades decorrentes

de infrações no procedimento licitatório; e

X - aplicar, garantida a ampla defesa e o contraditório, as penalidades decorrentes do

descumprimento do pactuado na ata de registro de preços ou do descumprimento das

obrigações contratuais, em relação às suas próprias contratações.

Cabe ao órgão participante:

I - garantir que os atos relativos a sua inclusão no registro de preços estejam

formalizados e aprovados pela autoridade competente;

II - manifestar, junto ao órgão gerenciador, mediante a utilização da Intenção de

Registro de Preços, sua concordância com o objeto a ser licitado, antes da realização

do procedimento licitatório; e

III - tomar conhecimento da ata de registros de preços, inclusive de eventuais

alterações, para o correto cumprimento de suas disposições.

Parágrafo único. Cabe ao órgão participante aplicar, garantida a ampla defesa e o

contraditório, as penalidades decorrentes do descumprimento do pactuado na ata de

Page 31: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

29

registro de preços ou do descumprimento das obrigações contratuais, em relação às

suas próprias contratações, informando as ocorrências ao órgão gerenciador.

Por fim, cabem ao órgão não participante:

I - os atos relativos à cobrança do cumprimento pelo fornecedor das obrigações

contratualmente assumidas e a aplicação, observada a ampla defesa e o

contraditório, de eventuais penalidades decorrentes do descumprimento de cláusulas

contratuais, em relação às suas próprias contratações, informando as ocorrências ao

órgão gerenciador.

3.6.2 Aspectos fundamentais

O SRP deve ser adotado, preferencialmente, nas situações a seguir (Art. 3º):

I - quando, pelas características do bem ou serviço, houver necessidade de

contratações frequentes;

II - quando for mais conveniente a aquisição de bens com previsão de entregas

parceladas ou contratação de serviços necessários à Administração para o

desempenho de suas atribuições;

III - quando for conveniente a aquisição de bens ou a contratação de serviços para

atendimento a mais de um órgão ou entidade, ou a programas de governo; e

IV - quando pela natureza do objeto não for possível definir previamente o quantitativo

a ser demandado pela Administração.

Nestes casos a licitação deverá ser realizada nas modalidades de concorrência ou de

pregão do tipo menor preço.

3.6.3 Vantagens do SRP

Simplificação do processo de compras;

Page 32: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

30

Otimização / redução de estoques;

Otimização do tempo;

Melhoria do planejamento de aquisições;

Padronização de especificações de bens e serviços;

Page 33: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

31

IV COMPRAS E GESTÃO DE CONTRATOS

4.1 Aspectos fundamentais

A compreensão da figura jurídica do contrato administrativo depende do

entendimento de dois aspectos fundamentais: o encargo e a remuneração.

O encargo representa o que a Administração estabeleceu para satisfazer sua

necessidade e deve preservar o mínimo indispensável para fazê-la, não necessariamente

precisando a ele se limitar.

A remuneração, por sua vez, representa o que o contratado necessita para cumprir

o compromisso estabelecido e receber a devida contrapartida financeira. A fixação da

remuneração é feita com base no encargo, nas condições de mercado, na ordem jurídica

vigente e na expectativa de lucro do licitante.

É essencial, portanto, que haja uma equivalência econômico-financeira entre

encargo e remuneração para assegurar um equilíbrio durante a relação contratual.

4.2 Formalização contratual

O contrato administrativo é o instrumento que formaliza em um único documento as

obrigações recíprocas entre contratante e contratado a partir do encontro entre encargo e

remuneração. É simplesmente unir o que já está formalizado no edital e na proposta

vencedora para facilitar a organização e o controle.

O simples fato de inexistir um contrato escrito não significa dizer que não há

contrato, já que o edital e a proposta vencedora, que são instrumentos escritos, são

suficientes para formalizar um acordo de vontades. Diante disso, é importante reforçar

que o contrato é formalizado durante a própria licitação, e não depois dela.

Page 34: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

32

4.3 Encargo e remuneração

Formalizado o contrato, cabe à Administração exigir o cumprimento do

estabelecido em edital e remunerar o contratado conforme estabelecido desde que o

encargo tenha sido integralmente cumprido.

O responsável pela fiscalização contratual designado pela Administração deverá

registrar todas as ocorrências durante a vigência do acordo em meio próprio, cabendo ao

contratado executar fielmente o que foi acordado, sendo este obrigado a “reparar, corrigir,

remover, reconstruir ou substituir, às suas expensas, no total ou em parte, o encargo

quando forem verificados vícios, defeitos ou incorreções resultantes da execução ou dos

materiais empregados” (MENDES, 2012).

Somente a Administração poderá alterar unilateralmente o encargo – a alteração

pelo contratado configura descumprimento de contrato e enseja a devida punição. É

vedada à Administração, entretanto, a alteração unilateral da remuneração. A alteração

de ambos deve ser sempre motivada por razões objetivas.

Considerando que o pressuposto básico de um contrato é a equivalência entre as

duas partes, existem situações capazes de promover o desequilíbrio na equação,

indicando a necessidade de reajuste ou repactuação (MENDES, 2012):

Alterações nas especificações do encargo;

Alterações nas quantidades do encargo;

Alterações dos custos de materiais empregados;

Alterações dos custos de mão de obra;

Alterações de impostos ou encargos legais;

Eventos naturais (casos fortuitos);

Eventos humanos (força maior); e

Eventos da própria administração.

A inexecução de um contrato pode estar relacionada ao não cumprimento do

encargo ou da remuneração. Em relação à primeira situação, pode haver culpa do

Page 35: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

33

contratado, da Administração, por atos de terceiros ou em decorrência de eventos

naturais e esta inexecução pode ser parcial ou total. Sendo total, há motivo para rescisão

contratual. Sendo parcial, não necessariamente há a rescisão, mas sim consequências

para a parte que deixa de cumprir obrigações – algumas destas consequências já são

previamente definidas em edital.

Por fim, sendo necessário qualquer tipo de alteração contratual, é importante

verificar se a situação implica ou não em alterações materiais. Havendo modificação do

acordo de vontades em sua essência, será necessário um termo aditivo, já que as bases

foram alteradas. Se a alteração for apenas na remuneração e decorrente de condição já

prevista em edital ou contrato, bastará um registro simples com o motivo da modificação.

Page 36: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

34

MATERIAIS

I CONCEITOS E DEFINIÇÕES

1.1 O que é Gestão de Materiais?

A gestão de materiais pode ser definida como o conjunto de atividades conduzidas

em uma organização para supri-la com os materiais necessários ao desempenho de suas

atribuições.

Também pode ser definida como uma função coordenadora responsável pelo

planejamento e controle do fluxo de materiais que busca maximizar a utilização de

recursos da instituição e fornecer o nível de serviços requerido pelo usuário. (ver fluxo

abaixo)

Page 37: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

35

São objetivos da gestão, portanto: suprir a organização de materiais nas

quantidades certas, na hora certa, no momento certo, na qualidade desejada, praticando

preços econômicos, armazenando-os de maneira e nos locais adequados e buscando

minimizar estoques.

1.2 Atividades da Gestão de Materiais

A gestão de materiais pode ser classificada em três grandes atividades,

complementares entre si:

Gestão de estoques

É a parte responsável por adequar os níveis de estoques às necessidades e

à política de gestão de materiais do órgão;

Gestão de compras

É a parte responsável pelas aquisições/contratações solicitadas pelos

diversos setores do órgão, bem como atender às solicitações da área de estoques;

e

Gestão de almoxarifados

É a parte responsável pelo controle físico dos materiais, incluindo

recebimento, movimentação, armazenagem e distribuição interna.

Page 38: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

36

II PREVISÃO DE DEMANDAS

2.1 O que é Previsão de Demandas?

O primeiro passo antes de se falar em controle de estoques é realizar a previsão de

demandas, ou seja, a previsão de consumo de um determinado material que seja a mais

próxima da realidade. Caso existam informações incorretas sobre esta previsão podem

ocorrer:

Aumento dos custos de estoque, quando há manutenção de itens sem demanda; e

Custos da falta de estoque, quando a quantidade mantida no almoxarifado é

inferior à demanda.

2.2 Padrões de Demanda

O comportamento da demanda nem sempre é linear ao longo do tempo, por isso é

importante compreender a existência de diferentes padrões para realizar uma previsão

correta:

Tendência, quando a demanda demonstra estar aumentando ou diminuindo

continuamente a cada ano.

Sazonalidade, quando a demanda flutua dependendo do período do ano, podendo

a flutuação ser resultado de eventos particulares.

Variação aleatória, quando vários fatores afetam a demanda durante períodos

específicos, mas em base aleatória.

Ciclo, quando aumentos ou diminuições ondulatórias na economia influenciam a

demanda.

Page 39: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

37

2.3 Técnicas de Previsão

Antes de prever demandas é preciso partir dos princípios de que:

As previsões geralmente estão erradas;

As previsões devem incluir estimativas de erros;

As previsões são mais precisas para famílias ou grupos; e

As previsões são mais precisas para períodos de tempo mais próximos

Geralmente as informações utilizadas para a previsão se baseiam em dados

históricos, manipulados de alguma forma por especialistas ou através de técnicas

estatísticas. A qualidade da previsão, portanto, depende de alguns princípios de coletas

de dados:

1. Os dados devem ser registrados nos mesmos termos exigidos pela previsão.

Se o propósito é prever a demanda de consumo, os dados devem ser

baseados nesta demanda. Se a programação de tempo for em trimestres, a

previsão também deve ser feita para o mesmo intervalo.

2. As circunstâncias relativas aos dados devem ser registradas.

Eventos particulares que causam alterações artificiais nas demandas

precisam ser relacionados ao histórico para que possam ser incluídos ou excluídos

ao considerarmos condições futuras.

3. A demanda deve ser registrada separadamente para grupos de clientes diferentes.

Considerando as características próprias de cada segmento requisitante as

demandas devem ser registradas de forma diferente para cada um deles sempre

que possível.

Por categorias, as técnicas de previsão podem ser classificadas como:

Page 40: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

38

Qualitativas, de natureza subjetiva, quando são provenientes de especialistas ou

da opinião de usuários e normalmente utilizadas para prever demandas futuras

para grandes grupos de materiais;

Extrínsecas, quando baseadas em indicadores externos para prever demandas por

famílias de produtos; e

Intrínsecas, quando baseadas em dados históricos da organização, supondo

demandas futuras com base no que aconteceu no passado.

Por serem as mais comuns entre as organizações pelo fácil acesso às

informações, apresentamos algumas das técnicas intrínsecas mais utilizadas:

Método do último período

Adota-se o consumo do período anterior para prever o consumo do próximo.

Método da média móvel ou média aritmética

Adota-se a média aritmética simples dos consumos dos períodos anteriores

para prever o consumo futuro. É ideal para prever produtos com demanda estável.

MM = (C1 + C2 + C3) / 3 ↓

Onde: C1 / C2 / C3 = consumo dos meses 1, 2 e 3

Método da média móvel ponderada

Adota-se uma média ponderada dos consumos dos períodos anteriores para

prever o consumo futuro, atribuindo-se maior peso aos períodos mais recentes.

MMP = [(C1*0,20) + (C2*0,30) + (C3*0,50)] ↓

Onde: C1 / C2 / C3 = consumo dos meses 1, 2 e 3

Método da média móvel com suavização exponencial

Adota-se uma média ponderada dos consumos dos períodos anteriores,

eliminando variações acentuadas que tenham ocorrido no intervalo de tempo

Page 41: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

39

considerado. Uma das vantagens é que se pode atribuir qualquer peso aos novos

dados.

MSE = [(C1*0,10) + (C2*0,60) + (C3*0,30)] ↓

Onde: C1 / C2 / C3 = consumo dos meses 1, 2 e 3

Page 42: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

40

III ESPECIFICAÇÃO DE MATERIAIS

As especificações dos materiais a serem adquiridos precisam estar de acordo com

o Art. 15º da Lei 8.666/93, que diz que as compras, sempre que possível, deverão:

I - atender ao princípio da padronização, que imponha compatibilidade de

especificações técnicas e de desempenho, observadas, quando for o caso, as

condições de manutenção, assistência técnica e garantia oferecidas;

II - ser processadas através de sistema de registro de preços;

§ 7º Nas compras deverão ser observadas, ainda:

I - a especificação completa do bem a ser adquirido sem indicação de marca;

II - a definição das unidades e das quantidades a serem adquiridas em função

do consumo e utilização prováveis, cuja estimativa será obtida, sempre que

possível, mediante adequadas técnicas quantitativas de estimação;

III - as condições de guarda e armazenamento que não permitam a deterioração do

material.

É fundamental, portanto, que o setor de materiais trabalhe em parceria com o setor

de compras para garantir na especificação dos itens a serem adquiridos a observância a

critérios como impossibilidade de direcionamento, definição de elementos essenciais,

padronização, segmentação de mercado e fontes de consulta.

Page 43: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

41

IV AGRUPAMENTO E CLASSIFICAÇÃO

Considerando que a maioria dos almoxarifados possui uma grande quantidade de

itens, torna-se praticamente impossível identificar todos eles por nomes, marcas, modelos

ou por outras características. Por isso, para facilitar a localização de materiais estocados

no almoxarifado, as organizações costumam utilizar sistemas de codificação.

A classificação, portanto, é o processo de catalogação, simplificação,

especificação, normalização, padronização e codificação de todos os materiais que

compõem o estoque de uma organização. Vejamos o significado de cada uma destas

etapas:

1. Catalogação: listagem de todos os itens existentes, sem omissão de nenhum deles.

2. Simplificação: redução da grande diversidade de itens empregados para uma

mesma finalidade, favorecendo a normalização.

3. Especificação: descrição detalhada de um item (medida, formato, peso, tamanho),

facilitando aquisições futuras, o processo de recebimento, etc.

4. Normalização: maneira pela qual o material deve ser utilizado em suas aplicações.

5. Padronização: estabelecimento de padrões idênticos de peso, medidas e

dimensões para os materiais como forma de evitar muitas variações.

Já a codificação, decorrência das etapas anteriores, é a apresentação de cada item

por meio de um código contendo informações necessárias e suficientes por meio do uso

de números e/ou letras e, de modo geral, deve substituir o nome do material nas

requisições dentro da instituição. Os sistemas de codificação mais utilizados são:

Sistema alfabético

Materiais codificados através de um conjunto de letras, cada qual

identificando características e especificações. Por ser de difícil memorização e por

limitar o número de itens, é pouco utilizado.

Page 44: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

42

Sistema alfanumérico

Materiais codificados através de um conjunto de letras e números, com as

letras identificando a classe do material e seu grupo naquela classe, e os números,

o código indicador do item.

AB - 123 ↓

Onde: A = classe de materiais (exemplo: materiais de escritório) B = grupo de materiais (exemplo: caneta esferográfica)

123 = código indicador do material (marca BIC, cor AZUL, escrita FINA)

Sistema numérico

Também conhecido como sistema decimal, é o mais utilizado pela facilidade

de informação e pelo número ilimitado de itens que abrange.

00 – 00* – 00** – 0*** ↓

Onde: 00 = classificação geral (classe de materiais)

00* = classificação individual (grupo de materiais) 00** = classificação definidora (identificação)

0*** = dígito de controle

Page 45: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

43

V CONTROLE DE ESTOQUES

5.1 Gestão de Estoques

Os estoques são materiais e suprimentos necessários à manutenção do

funcionamento de uma organização. São as composições não utilizadas em um

determinado momento, mas que precisam existir em função de necessidades futuras.

Embora algumas empresas privadas já trabalhem sem estoques, as características

próprias do serviço público, como a burocracia e os prazos maiores para a conclusão de

uma aquisição, exigem a manutenção de um estoque mínimo ou de segurança capaz de

garantir o bom funcionamento de um órgão.

Assim, os estoques devem ser utilizados porque:

Podem proteger as organizações de eventuais oscilações de demandas;

Podem proteger as organizações de eventuais oscilações de mercado;

Podem ser uma oportunidade de investimento;

Podem proteger de atrasos; e

Podem implicar em economia de escala.

Para que a gestão de estoques seja eficiente é necessário garantir que haja:

Excelência no atendimento aos clientes (exemplo: porcentagem de pedidos

entregues pontualmente);

Eficiência operacional; e

Investimento mínimo em estoque.

Por outro lado, um controle de estoques impreciso resulta em:

Falta de materiais;

Excesso de estoque de materiais errados;

Page 46: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

44

Baixa produtividade; e

Baixo desempenho no atendimento de solicitações.

5.2 Causas de Erro em Registros

Alguns dos exemplos abaixo representam causas de erro nos registros de

estoques:

Retirada de material sem autorização;

Ausência de segurança adequada em depósito;

Equipe mal treinada;

Registros de transações ruins;

Sistemas de registro de transações ruins; e

Falta de capacitação para realizar auditorias.

5.3 Classificação de Estoques

De acordo com a função que desempenham os estoques podem ser classificados

como:

Estoque de antecipação

É aquele criado antecipando uma demanda futura. (exemplo: época de

eventos)

Estoque de flutuação ou de segurança

É aquele feito para cobrir flutuações aleatórias e imprevisíveis e garantir que

não haja esvaziamento do estoque em função de demandas maiores do que o

esperado.

Estoque de tamanho do lote ou de ciclo

Page 47: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

45

É aquele em que os materiais são adquiridos em quantidades maiores do

que o necessário, geralmente para se tirar vantagem dos descontos sobre

quantidades maiores ou nos casos em que é impossível comprá-los na velocidade

em que são consumidos.

5.4 Classificação ABC

A classificação ABC, também chamada de Curva de Pareto, baseia-se no princípio

de que um número reduzido de itens concentra a maior parte dos investimentos em

materiais de uma organização. Geralmente se observa que a relação entre a

porcentagem de itens e a porcentagem de utilização anual em valores monetários segue

um padrão:

Aproximadamente 20% dos itens correspondem a cerca de 80% da utilização;

Aproximadamente 30% dos itens correspondem a cerca de 15% da utilização; e

Aproximadamente 50% dos itens correspondem a cerca de 5% da utilização.

Para realizar uma classificação ABC é necessário:

1. Estabelecer características do material que influenciam a gestão de estoques

(exemplos: valores monetários, escassez de material);

2. Classificar os materiais em grupos com base nos critérios estabelecidos; e

Page 48: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

46

3. Aplicar um grau de controle proporcional à importância do grupo.

Desta forma é possível definir três classes de itens:

Classe A (alta prioridade), constituída de poucos itens (cerca de 20% do total) que

representam aproximadamente 80% da utilização, exige controle cerrado com

registros completos e precisos, revisões regulares pela administração;

Classe B (média prioridade), constituída por uma quantidade média de itens (cerca

de 30% do total) que representam aproximadamente 15% da utilização, exige

controles normais e atenção regular; e

Classe C (baixa prioridade), constituída por uma grande quantidade de itens (cerca

de 50%) que representam aproximadamente 5% da utilização, exige controles mais

simples.

Logo abaixo, um exemplo prático do uso da classificação ABC com base no valor

monetário dos itens:

Classificação

Código do

item

Custo unitário

(R$)

Consumo médio mensal

Valor do consumo

(R$) % do total

% acumulada Classe

1 A1043 R$ 7,89 17000 R$

134.130,00 29,02% 29,02% A

2 D0102 R$ 3,42 22000 R$

75.240,00 16,28% 45,30% A

3 V1044 R$ 5,77 10000 R$

57.700,00 12,48% 57,78% A

4 D1001 R$ 1,99 28800 R$

57.312,00 12,40% 70,18% A

5 S0200 R$ 3,45 13500 R$

46.575,00 10,08% 80,26% A

6 X2140 R$ 4,06 4000 R$

16.240,00 3,51% 83,77% B

7 J0032 R$ 1,45 11000 R$

15.950,00 3,45% 87,22% B

8 M0375 R$ 9,17 1200 R$

11.004,00 2,38% 89,60% B

9 B0094 R$ 2,30 4200 R$ 9.660,00 2,09% 91,69% B

10 A1114 R$ 3,00 3000 R$ 9.000,00 1,95% 93,64% B

Demais - R$ 0,42 70000 R$

29.400,00 6,36% 100,00% C

TOTAL 184700 R$

462.211,00 100,00%

Page 49: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

47

Utilizando a classificação ABC, duas regras gerais devem ser seguidas para

garantir um controle eficiente:

Ter grande número de itens de baixo valor (Classe C), já que eles pouco impactam

no valor do estoque e podem geram números menores de pedidos ao longo do

exercício; e

Reduzir o estoque de itens de alto valor.

5.5 Outros Métodos de Controle

Sistema de duas gavetas

Método simplificado em que o estoque é armazenado em duas caixas ou

gavetas, com a primeira contendo uma quantidade de material equivalente ao

consumo previsto para o período e a segunda, para atendimento das requisições

quando a primeira fica vazia, devendo possuir quantidade suficiente mais estoque

de segurança durante o período de reposição.

Não é indicado quando os materiais são estocados em locais diferentes.

Sistema dos máximos-mínimos

Também denominado sistema de quantidades fixas, é utilizado quando há

dificuldade para determinar o consumo ou quando há variação no tempo de

requisição.

Consiste em estimar os estoques máximo (E max) e mínimo (E min) – este

última sendo a quantidade em estoque que, quando atingida, gera a necessidade

de reposição, também chamado de ponto de pedido (PP) - para cada item em

função do consumo estimado para um determinado período (intervalo de reposição

– IR).

Page 50: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

48

E min = ER + d*t

Onde:

ER = estoque de reserva

d= consumo médio do material;

t= tempo de espera, em dias, para reposição

E max = E min + lote de compra

Tem como principal vantagem a relativa automatização do processo e pode

ser utilizado para todos os itens da classificação ABC.

Sistema das reposições periódicas

Também denominado sistema de revisões periódicas, consiste em fazer

pedidos de reposição de estoques em intervalos de tempo estabelecidos para cada

material, com a quantidade pedida devendo ser igual à necessidade de consumo

para o próximo período.

Planejamento das necessidades de materiais (MRP)

Do inglês material requiriments planning, consiste em sistema operado em

ambiente computacional que inter-relaciona previsão de consumo, planejamento de

compras e gerenciamento de estoques, permitindo ainda cadastro de materiais,

acompanhamento de rotinas administrativas e verificação de saldos disponíveis.

(exemplo: sistema ASI)

Page 51: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

49

5.6 Avaliação de Estoques

Avaliar estoques é levantar o valor financeiro dos materiais armazenados no

almoxarifado com base no preço de custo ou de mercado.

Este controle financeiro é importante para garantir que o capital imobilizado se

mantenha em nível razoavelmente baixo, de acordo com a política de gestão de materiais

vigente na organização, bem como para obter uma importante ferramenta para tomada de

decisões.

A avaliação de estoques pode ser realizada através de quatro métodos:

Custo médio

Indicado pela Receita Federal (Art. 295 do Decreto nº 3.000 de 26 de março

de 1999), o método mais utilizado é baseado num preço médio entre todas as

entradas e saídas de materiais e funciona como moderador de preços ao minimizar

eventuais flutuações.

Page 52: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

50

DATA

ENTRADAS SAÍDAS SALDO

Qtde. Preço Total Qtde. Preço Total Qtde. Preço Total

02/04/2012 200 R$ 2,00 R$ 400,00 200 R$ 2,00

R$

400,00

03/05/2012 200 R$ 4,00 R$ 800,00 400 R$ 3,00

R$

1.200,00

01/06/2012 100 R$ 3,00 R$ 300,00 300 R$ 3,00

R$

900,00

03/07/2012 100 R$ 3,00 R$ 300,00 200 R$ 3,00

R$

600,00

13/07/2012 100 R$ 3,00 R$ 300,00 100 R$ 3,00

R$

300,00

31/07/2012 100 R$ 4,50 R$ 450,00 200 R$ 3,75

R$

750,00

Método PEPS (FIFO)

Abreviação da frase “primeiro a entrar, primeiro a sair” – em inglês, “first in,

first out” (FIFO) -, avalia o estoque com base na ordem cronológica das entradas,

ou seja, sai o material que entrou antes. O que resta no estoque, portanto, são os

itens com preços de mercado mais atualizados – a grande vantagem deste

método. Ver exemplo a seguir:

DATA

ENTRADAS SAÍDAS SALDO

Qtde. Preço Total Qtde. Preço Total Qtde. Preço Total

02/04/2012 200 R$ 2,00 R$ 400,00 200 R$ 2,00

R$

400,00

03/05/2012 200 R$ 4,00 R$ 800,00 400 R$ 3,00

R$

1.200,00

01/06/2012 100 R$ 2,00 R$ 200,00 300 R$ 3,33

R$

999,00

03/07/2012 100 R$ 2,00 R$ 200,00 200 R$ 4,00

R$

800,00

13/07/2012 100 R$ 4,00 R$ 400,00 100 R$ 4,00

R$

400,00

Page 53: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

51

Método UEPS (LIFO)

Abreviação da frase “último a entrar, primeiro a sair” – em inglês, “last in, first

out” (FIFO) -, avalia o estoque com base no preço do último lote a entrar no

almoxarifado. A vantagem é a simplificação dos cálculos, mas ao mesmo tempo

supervaloriza o preço dos itens e deixa no estoque os itens com preços mais

desatualizados. Não é permitido pela Receita Federal. Ver exemplo a seguir:

DATA

ENTRADAS SAÍDAS SALDO

Qtde. Preço Total Qtde. Preço Total Qtde. Preço Total

02/04/2012 200 R$ 2,00 R$ 400,00 R$ 0,00 200 R$ 2,00

R$

400,00

03/05/2012 200 R$ 4,00 R$ 800,00 R$ 0,00 400 R$ 3,00

R$

1.200,00

01/06/2012 100 R$ 4,00 R$ 400,00 300 R$ 2,66

R$

798,00

03/07/2012 100 R$ 4,00 R$ 400,00 200 R$ 2,00

R$

400,00

13/07/2012 100 R$ 2,00 R$ 200,00 100 R$ 2,00

R$

200,00

Custo de reposição

Método que ajusta o valor do estoque em função dos preços de mercado.

Ver exemplo a seguir:

DATA

ENTRADAS SAÍDAS SALDO

Qtde. Preço Total Qtde. Preço Total Qtde. Preço Total

02/04/2012 200 R$ 2,00 R$ 400,00 R$ 0,00 200 R$ 2,00

R$

400,00

03/05/2012 200 R$ 4,00 R$ 800,00 R$ 0,00 400 R$ 4,00

R$

1.600,00

01/06/2012 100 R$ 2,00 R$ 200,00 300 R$ 4,00

R$

1.200,00

03/07/2012 100 R$ 2,00 R$ 200,00 200 R$ 4,00

R$

800,00

13/07/2012 100 R$ 4,00 R$ 400,00 100 R$ 4,00

R$

400,00

Page 54: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

52

5.7 Custos de Estoques

Todo material armazenado gera custos de estocagem. Estes custos dependem de

duas variáveis: a quantidade em estoque e o tempo de permanência. Didaticamente estes

custos podem ser divididos em três categorias:

Custos diretamente proporcionais

Também conhecidos como custos de carregamento (CC), são os que

crescem com o aumento da quantidade média em estoque. São exemplos: custo

de espaço físico; custo de perdas; custo de roubos e furtos; custo de

obsolescência; e custos com seguro.

CC = CA + CK ↓

Onde: CC = custo de carregamento CA = custo de armazenagem

CK = custo de capital (valor de perda por opção de imobilização)

Custos inversamente proporcionais

Também chamados como custos de pedido (CP), são aqueles que

decrescem com o aumento da quantidade média em estoque – assume-se que o

preço por emissão de pedido seja fixo, independente da quantidade solicitada. São

exemplos: mão de obra, energia elétrica, telefonia, materiais de expediente.

CP = CAP / N ↓

Onde: CP = custo de pedido

CAP = custo anual dos pedidos N = número de pedidos no ano

Custos independentes

São os valores fixos (CF), que independem da quantidade de itens em

estoque. (exemplo: aluguel de depósito)

Page 55: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

53

Em resumo:

CE = CC + CP + CF ↓

Onde: CE = custo total dos estoques

CC = custos diretamente proporcionais ou de carregamento CP = custos inversamente proporcionais ou de pedido

CF = custos independentes ou fixos

5.8 Indicadores de estoques

Giro ou rotação de estoques

Indica a quantidade de vezes que o estoque se renovou num determinado período.

Permite a comparação do comportamento em relação a anos anteriores, possibilitando

tomadas de decisões com maior segurança.

GE = Valor consumido no período / Valor do estoque médio no período

Exemplo: Numa determinada instituição, cujo estoque médio mensal de resmas de papel

é de 2.000 unidades, são consumidas mensalmente 1.000 resmas.

GE = 1.000 / 2.000 = 0,50, ou seja, o estoque gira a cada dois meses.

Cobertura de estoques

Indica por quanto tempo o estoque suportará o consumo.

CE = Estoque atual / Consumo médio no período

Exemplo: Na mesma instituição, o estoque de canetas é de 8.000 unidades e o consumo

médio mensal é de 1.600 unidades.

Page 56: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

54

CE = 8.000 / 1.600 = 5, ou seja, o estoque é suficiente para cinco meses de consumo.

Nível de serviço

Permite verificar o nível percentual de atendimento das requisições dos usuários.

NS = (Itens atendidos / Itens requisitados) * 100%

Exemplo: Durante o período de um ano, uma determinada prefeitura recebe 1.500

requisições com um número médio de 05 itens cada e entrega no período um total de

7.000 itens.

NS = (7.000 / 7.500) * 100% = 93,33%

Page 57: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

55

VI RECEBIMENTO E DISTRIBUIÇÃO

6.1 Recebimento

O recebimento é a etapa entre a compra e o pagamento ao fornecedor e cuja

função básica é assegurar que o material entregue esteja em conformidade com as

especificações do pedido de compras. O processo de recebimento pode ser dividido em

quatro etapas:

Entrada de materiais

Recepção dos materiais e conferência dos dados básicos de entrega

(exemplo: informações da nota fiscal). Como não há dispositivo legal quanto à

obrigatoriedade de agendamento de entregas, sugere-se incluir cláusulas sobre o

tema em novos dispositivos contratuais.

Conferência quantitativa

Verificação se a quantidade entregue corresponde à especificada pelo

fornecedor. A inspeção poderá ser integral, quando todos os itens forem

minuciosamente analisados; ou por amostragem, quando há grande volume de um

determinado item (sugere-se amostragem entre 5% a 10% do total entregue).

Conferência qualitativa

Verificação se as especificações técnicas do material correspondem às

solicitadas pelo setor de compras. (marca, modelo, dimensões, formato).

Instrumentos para inspeção devem estar à disposição do almoxarifado. (exemplos:

balanças, paquímetros, termômetros)

Regularização

Resultado das fases anteriores, podendo ser originada pela entrada do

material em estoque e consequente liberação do pagamento ao fornecedor;

devolução parcial ou total de itens entregues em desconformidade; ou reclamação

junto ao fornecedor por falta de material.

Page 58: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

56

Para o recebimento de materiais cujo valor seja superior a R$ 80.000, a entidade

deverá realizá-lo por meio de uma comissão com, no mínimo, 03 (três) membros, de

acordo com a Lei nº 8.666/93, Art. 15, § 8º:

§ 8o O recebimento de material de valor superior ao limite estabelecido no art. 23 desta Lei, para a

modalidade de convite, deverá ser confiado a uma comissão de, no mínimo, 3 (três) membros.

Cabe ressaltar que, apesar de a legislação só exigir este procedimento para

valores superiores a R$ 80.000, a entidade pode estipular, através de norma interna, que

todos os recebimentos relevantes sejam conferidos e analisados por esta comissão. Este

entendimento também é válido para bens permanentes.

6.2 Distribuição

A distribuição, por sua vez, é a etapa em que materiais já armazenados são

encaminhados do almoxarifado aos setores mediante requisição previamente autorizada,

com ou sem presença de intermediários – no caso do serviço público os intermediários

podem ser funcionários (geralmente terceirizados) responsáveis pela entrega dos

materiais nos segmentos requisitantes.

A distribuição física pode ser influenciada por variáveis como:

Características dos produtos

Forma de movimentação física de materiais depende das características dos

mesmos (peso, dimensões, formato).

Localização

Unidades requisitantes localizadas distantes do almoxarifado exigem formas

e prazos distintos de atendimento.

Page 59: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

57

Força de trabalho

Quantidade reduzida de funcionários exige otimização de separação e

calendários de entrega bem definidos.

Para atendimento da requisição, o usuário habilitado a solicitar materiais deverá

utilizar formulário específico do órgão ou através de sistema informatizado, se houver,

sendo essencial informar:

Código do material;

Descrição do material;

Unidade de medida (peça, kg, caixa);

Quantidade desejada;

Setor requisitante; e

Assinatura, com carimbo, quando não houver sistema informatizado.

Observação:

O almoxarifado poderá promover cortes ou reduções nas quantidades

solicitadas quando estas estiverem incompatíveis com o consumo médio da

unidade requisitante (normalmente utiliza-se o histórico dos 03 últimos

fornecimentos), como forma de racionalizar o atendimento aos demais setores.

Separados os materiais, o almoxarifado deve realizar os devidos registros de saída

para garantir a adequada conciliação contábil e eliminar ou reduzir ao máximo o índice de

divergências durante o inventário físico. Sugere-se ainda que, antes de se efetuar

qualquer entrega de material, este passe por uma última conferência, ainda na área física

do material.

Em virtude de uma dinâmica de trabalho bastante específica e considerando o

volume de atendimentos que normalmente possui, o almoxarifado deve estabelecer

previamente um calendário de entregas aos setores como forma de organizar a

distribuição de materiais.

Page 60: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

58

VII MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAGEM

7.1 Movimentação

Após o recebimento e antes da expedição, todos os materiais precisam ser

armazenados e movimentados. No que tange à movimentação de materiais, é

fundamental obter um fluxo eficiente dentro dos almoxarifados e utilizar critérios de

ergonomia para garantir a integridade e evitar fadigas e lesões nos funcionários do setor.

Em “Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais para Concursos” o autor

Renato Fenili condiciona a eficiência do sistema às chamadas leis de movimentação de

materiais:

Flexibilidade: empregar equipamentos que possam ser utilizados para vários tipos

de cargas.

Manipulação mínima: evitar a manipulação de materiais e utilizar transportes

mecânicos ou automatizados sempre que possível.

Máxima utilização do espaço: maximizar o aproveitamento do espaço cúbico

disponível.

Máxima utilização dos equipamentos: maximizar a utilização dos equipamentos

diversificando seu emprego.

Menor custo total: selecionar equipamentos ponderando custos e vida útil

estimada.

Mínima distância: reduzir distâncias na movimentação (eliminação do ―zigue-

zague‖).

Obediência do fluxo das operações: adotar trajetórias de movimentações

produtivas.

Padronização: utilizar equipamentos padronizados para facilitar manutenção e

intercâmbio de peças sobressalentes.

Segurança e satisfação: promover segurança dos colaboradores e redução de

fadiga.

Page 61: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

59

7.2 Condições Básicas do Arranjo Físico

Itens de estoque

Materiais de maior saída e aqueles de maior peso e volume devem ser

armazenados próximos da expedição.

Corredores

Devem facilitar o acesso às mercadorias.

Dica:

O uso de sistemas de arquivos deslizantes amplia a capacidade de

armazenagem ao mesmo tempo em que reduz a necessidade de espaço.

Portas de acesso

Devem permitir a passagem de equipamentos de manuseio e a

movimentação de materiais (altura e largura devidamente dimensionadas). Próximo

ao local de expedição deve existir um espaço de armazenagem temporária para

última conferência ou separação de acordo com destinos.

Empilhamentos ou prateleiras

Altura máxima de empilhamentos e prateleiras deve considerar o peso dos

materiais e as limitações dos equipamentos de elevação.

Page 62: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

60

7.3 Técnicas de Estocagem

A escolha da técnica de estocagem mais adequada à cada instituição depende da

análise de fatores como:

Espaço disponível;

Tipos de materiais a serem estocados;

Número de itens a serem estocados;

Velocidade de atendimento; e

Tipo de embalagem

Com base neles, temos as seguintes técnicas:

Carga unitária

Refere-se à carga constituída de embalagens de transporte que arranjam ou

acondicionam certa quantidade de material como se fosse uma única unidade, para

possibilitar manuseio, transporte a arnmazenagem.

Caixas ou gavetas

Ideal para estocagem de materiais de pequeno porte. (exemplos: parafusos,

pregos, canetas)

Page 63: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

61

Prateleiras

Meio mais simples e econômico (ideal para estoques pequenos), destina-se

à guarda de materiais de tamanhos diversos, bem como para apoio de gavetas ou

de caixas padronizadas.

Raques (Racks)

Ideal para acomodação de peças longas e estreitas. (exemplos: vergalhões,

tubos).

Page 64: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

62

Empilhamento

Variante da técnica de estocagem de caixas, é ideal para aproveitar ao

máximo o espaço vertical. As caixas ou pallets são empilhados uns sobre os

outros, obedecendo a uma distribuição equitativa de cargas.

Contêiner

Caixa construída em aço, fibra ou alumínio, geralmente utilizada para o

transporte unitizado de mercadorias, que pode ser utilizada para armazenamento

temporário de materiais na ausência de espaço físico adequado.

Contêiner flexível

Técnica recente que utiliza uma espécie de saco feito com tecido resistente

e borracha vulcanizada para a estocagem e a movimentação de sólidos a granel e

de líquidos, com movimentação através de empilhadeiras ou guinchos.

Page 65: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

63

Arquivo deslizante

Úteis para armazenamento de documentos e materiais diversos, podem

reduzir em até 70% o espaço ocupado por formas de arquivo convencionais.

Page 66: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

64

VIII INVENTÁRIO

8.1 O que é um inventário?

O inventário físico é um levantamento ou contagem dos materiais existentes para

efeito de confrontação periódica com os estoques registrados em fichas ou em sistema

informatizado apropriado. É importante porque:

Permite verificar discrepâncias entre os registros e o estoque físico;

Permite verificar discrepância entre o estoque físico e o contábil; e

Proporciona apuração do valor total do estoque quando é realizado próximo ao

encerramento do exercício fiscal.

É importante ressaltar que o levantamento físico dos inventários deve refletir

fielmente os registros contábeis. Em virtude disso, é essencial estabelecer um momento

de corte (também chamado de ―cut off‖) para que os materiais ainda não registrados não

sejam inventariados – caso, por exemplo, de mercadorias já faturadas, mas ainda não

entregues.

8.2 Modalidades de Inventário

Inventário Geral

É aquele realizado ao final do exercício de cada órgão, abrangendo todos os

itens do estoque de uma só vez. Exige a paralisação da área inventariada em

função do volume de trabalho e não permite reconciliações ou ajustes nem a

análise das causas das divergências identificadas.

Inventário Rotativo

É aquele realizado através de programações mensais e envolve

determinados materiais a cada mês, não exigindo a paralisação da área

inventariada, mas possibilitando a análise das causas das divergências

Page 67: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

65

identificadas. Este é o mais adequado porque possibilita detecção e correção dos

problemas a tempo.

8.3 Tipos de Inventário

Inventário de portas abertas

Modalidade em que a contagem é feita de maneira simultânea às

movimentações dos materiais, com paralisação de atendimento apenas para os

grupos de itens que estão sendo contabilizados.

Inventário de portas fechadas

Indicado para almoxarifados de pequeno e de médio portes, é o que não

permite entradas ou saídas de quaisquer materiais durante o período de inventário,

exceto em casos emergenciais. Os usuários devem ser previamente comunicados

antes da paralisação para que possam requisitar todos os materiais necessários

durante a paralisação.

Inventário de portas semifechadas

Ideal para almoxarifados de grande porte, é aquele em que se inventariam

todos os itens, mas com paralisações de partes para a contagem, sob o sistema de

portas fechadas, permitindo a movimentação dos demais e minimizando problemas

provocados por uma paralisação total.

8.4 Etapas do Planejamento de Inventário

Para ser executado dentro do prazo estabelecido e da melhor maneira possível, o

inventário deve ser bem planejado e por isso algumas etapas precisam ser cumpridas:

Page 68: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

66

1. Convocação das equipes de inventariantes

Os membros deverão ser escolhidos e agrupados em duas equipes, uma

para a primeira contagem ou de reconhecimento, e outra para a segunda contagem

ou de revisão.

2. Arrumação física

Necessidade de que os itens a serem inventariados sejam adequadamente

arrumados.

3. Organização de fichas de inventários

Preparação dos meios de registro de contagem de cada item inventariado

(ver imagem abaixo) – no caso de controle realizado eletronicamente é necessário

imprimir relatórios contendo informações básicas como código do material,

descrição, local e quantidade.

4. Atualização de registros de estoque

Os registros de entradas, saídas e saldos de estoque deverão estar

atualizados até a data do inventário – durante o período as entradas e saídas

deverão ser suspensas para evitar risco de contagem dupla.

Page 69: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

67

5. Contagem de estoque

Os materiais deverão ser contados pelo menos duas vezes – havendo

divergência entre as contagens o coordenador do inventário deverá solicitar uma

terceira contagem por equipe diferente das duas primeiras.

6. Reconciliações e ajustes

Setores envolvidos deverão justificar as divergências entre o real e o

registrado e realizar os ajustes que se fizerem necessários.

8.5 Indicador de Inventário

Indicador mais utilizado para inventários, a acurácia representa o acerto no controle

físico de estoques em relação ao total de itens verificados. Uma eficiente gestão de

estoques pressupõe um alto nível de acurácia.

Acurácia = (Nº de itens com registros corretos / Nº total de itens) * 100%

Traduzindo em exemplo prático: se uma determinada organização identificar 870

materiais com registros corretos de um total de 1.000 itens inventariados, seu nível de

acurácia será de 87%.

Page 70: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

68

PATRIMÔNIO

I CONCEITO E DEFINIÇÕES

1.1 Patrimônio público

É o conjunto de bens e direitos de valor econômico, artístico, estético, histórico ou

turístico pertencentes às pessoas jurídicas de direito público (União, Estados, Municípios,

autarquias e empresas públicas).

De acordo com classificação do Código Civil em seu Artigo 99, estes chamados

bens públicos podem ser:

De uso comum do povo, quando destinados, por natureza ou lei, ao uso coletivo,

sem necessidade de consentimento (exemplo: rios, mares, ruas, praças);

De uso especial, quando destinados ao serviço ou ao estabelecimento da

administração pública (exemplos: prédios, veículos, móveis); ou

Dominiciais, quando constituem patrimônio das pessoas jurídicas de direito público.

Observação:

- Os bens de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis

enquanto conservarem a sua qualificação, enquanto os bens dominiciais podem

ser alienados, desde que observadas exigências da lei.

Page 71: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

69

1.2 O que é Gestão Patrimonial?

A gestão patrimonial é o conjunto de atividades necessárias ao recebimento,

incorporação, controle, manutenção e desfazimento dos bens permanentes de uma

instituição. (ver fluxo abaixo)

Planejar todas as etapas é essencial na implantação de uma gestão patrimonial

eficiente. Uma das formas de auxiliar o gestor neste processo é utilizar uma metodologia

conhecida como 5WH, que consiste em fazer 6 perguntas antes de se fazer qualquer

coisa ou de se tomar qualquer decisão: quem, o que, onde, quando, porque e como.

Fonte: AfixCode Patrimônio e Avaliações

Who: Quem é o responsável?

Page 72: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

70

- Pela incorporação? Pelo controle físico? Pelas movimentações? Pelas

manutenções? Pelas baixas?

What: O que é ativo imobilizado?

- O que imobilizar e o que não imobilizar? O que pode ser depreciado?

Where: Onde estão os bens ou onde se deve fazer o controle?

- Onde realizar o controle? Centralizar ou descentralizar?

When: Quando iniciar e terminar o controle dos bens?

- Quando iniciar o controle? Quando iniciar o cálculo de depreciação? Quando se

desfazer?

Why: Por que controlar os bens?

- Quais as consequência de não realizar o controle? Se acontecer algum sinistro?

How: Como realizar o controle?

- Como tratar os bens não localizados? Como e onde fixar a etiqueta de

patrimônio? Como controlar as movimentações? Como tratar os bens depreciados?

1.3 Classificação de Bens

De acordo com a classificação apresentada pelo livro “Manual de Administração

Patrimonial” (Gerson dos Santos, 2002), os bens podem ser definidos de acordo com o

tipo, a forma, a aplicação, etc., em:

Bens corpóreos: possuem forma identificável materialmente.

Bens incorpóreos: não possuem forma (exemplo: patentes de fabricação).

Bens materiais: possuem substância material identificável.

Bens imateriais: não possuem substância material identificável (exemplo:

direitos autorais).

Bens tangíveis: podem ser tocados (exemplo: veículos).

Bens intangíveis: não podem ser tocados (exemplo: aquisição de patente de

uma invenção).

Bens móveis: podem ser deslocados sem alteração de forma.

Bens imóveis: não podem ser deslocados (exemplos: prédios).

Page 73: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

71

Bens divisíveis: podem ser repartidos.

Bens indivisíveis: não tem possibilidade de repartição.

Bens fungíveis: podem ser substituídos por outros.

Bens infungíveis: são insubstituíveis em sua forma.

Bens disponíveis: possuem capacidade de uso imediato (exemplo: dinheiro em

conta corrente).

Bens numerários: representam dinheiro ou títulos equivalentes a ele (exemplo:

cheques).

Bens dominiciais: constituem patrimônio público da União, Estados e Municípios

(exemplo: ruas, rios).

Bens semoventes: são os constituídos por animais domésticos.

Bens realizáveis: tendem a se transformar em dinheiro em menor ou maior

prazo (exemplo: títulos a receber).

Bens de consumo: auxiliam no processo produtivo, mas não se incorporam ao

produto / serviço (exemplo: materiais de limpeza).

Bens de equipamento: destinam-se a aumentar o potencial produtivo ao

complementar máquinas e equipamentos (exemplo: HD mais potente).

Bens de redito: produzem rendimento independentemente de ação

administrativa direta (exemplo: imóveis destinados à renda).

Bens de serviço: utilizados na prestação de serviços em empresas com esta

finalidade.

Bens duráveis: possuem maior durabilidade ou vida útil (exemplo: automóvel).

Bens semiduráveis: possuem durabilidade inferior à dos duráveis (exemplo:

calçados).

Bens não-duráveis: para consumo imediato (exemplo: alimentos).

1.4 Material de Consumo x Material Permanente

Nem sempre é simples classificar um material como sendo de consumo ou

permanente. De forma simplificada, temos que:

Material de Consumo

Page 74: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

72

É aquele que, em razão de seu uso corrente, perde normalmente sua

identidade física e/ou tem sua utilização limitada a dois anos.

Material Permanente

É aquele que, em razão de seu uso corrente, não perde a sua identidade física,

e/ou tem uma durabilidade superior a dois anos.

Ciente de possíveis dificuldades na correta classificação de diversos materiais, a

Secretaria do Tesouro Nacional (STN) publicou em 13 de setembro de 2002 a Portaria Nº

448, que definiu parâmetros para auxiliar o processo de apropriação contábil das

despesas:

Art. 3º - Na classificação da despesa serão adotados os seguintes parâmetros

excludentes, tomados em conjunto, para a identificação do material permanente:

I - Durabilidade, quando o material em uso normal perde ou tem reduzidas as suas

condições de funcionamento, no prazo máximo de dois anos;

II - Fragilidade, cuja estrutura esteja sujeita a modificação, por ser quebradiço ou

deformável, caracterizando-se pela irrecuperabilidade e/ou perda de sua

identidade;

III - Perecibilidade, quando sujeito a modificações (químicas ou físicas) ou que se

deteriora ou perde sua característica normal de uso;

IV - Incorporabilidade, quando destinado à incorporação a outro bem, não podendo

ser retirado sem prejuízo das características do principal; e

V - Transformabilidade, quando adquirido para fim de transformação.

Tomando por base as definições acima, para que um material seja classificado

como permanente, portanto, é necessário que ele:

- Dure mais de dois anos;

- Não esteja sujeito a modificações por sua fragilidade;

- Não seja perecível;

- Não seja destinado à incorporação a outro bem e cause prejuízos ao principal se

retirado; e

Page 75: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

73

- Não seja adquirido com finalidade de transformação.

Observação:

- Materiais permanentes confeccionados por encomenda deverão ser classificados

como bens permanentes, exceto se a própria instituição fornecer a matéria-prima –

neste caso, a despesa será classificada como serviços de terceiros.

- De acordo com o Art. 18 da Lei nº 10.753 de 30/10/2003, livros não serão

considerados materiais permanentes se fizerem parte do acervo de bibliotecas

públicas, compreendidas como aquelas abertas ao atendimento da comunidade em

geral.

Page 76: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

74

II INCORPORAÇÕES

2.1 O que é Incorporação?

A incorporação é a 1ª etapa da gestão de patrimônio após o recebimento de um

material permanente e consiste no registro de um bem no sistema de controle patrimonial

de uma instituição, decorrente de compra, cessão, doação, fabricação própria, comodato

ou permuta, com a consequente variação positiva no patrimônio do órgão.

Todo registro de um bem permanente pelo setor de patrimônio deverá conter

informações como:

Descrição do item

Valor de aquisição

Número de nota fiscal / nota de empenho

Prazo de garantia

Características físicas (exemplos: dimensões, forma, peso)

Características técnicas (exemplos: potência, voltagem)

Para garantir um efetivo controle, é fundamental que nenhum material permanente

seja distribuído à unidade demandante antes da devida incorporação.

No caso de registro por compra, é necessária a existência de documento

comprobatório próprio (nota fiscal, fatura ou outro documento fiscal equivalente) e

vinculado a uma nota de empenho (NE) regularmente emitida. Já em caso de registro de

bem doado serão necessárias a condição de doação, a especificação completa da

procedência e do material, a quantidade, o valor unitário e a documentação que deu

origem ao fato.

Observação:

Em caso de bens produzidos pela própria instituição a incorporação deverá

ser realizada à vista do processo regular, com uso de documentação contendo a

Page 77: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

75

apropriação de custos realizada pela unidade produtora ou, à falta deste, por

valoração realizada por comissão definida para esta finalidade.

O valor para incorporação, nestes casos, deverá ser igual à soma dos custos

estimados para a sua fabricação, como matérias-primas, mão de obra, energia

consumida, desgaste dos equipamentos, etc.

Para cada registro de incorporação de bem permanente deverá existir um registro

contábil, sintético ou analítico, para que as demonstrações contábeis da instituição

representem fielmente a natureza e a composição do acervo patrimonial existente. Em

algumas instituições a autorização para liquidação da despesa está vinculada à

comprovação deste registro.

Nos casos de incorporações de bens obtidos a título gratuito (caso de doações), a

NBC T 16.10 diz que:

26. Quando se tratar de ativos do imobilizado obtidos a título gratuito deve ser considerado o valor

resultante da avaliação obtida com base em procedimento técnico ou valor patrimonial definido nos

termos da doação.

27. O critério de avaliação dos ativos do imobilizado obtidos a título gratuito e a eventual

impossibilidade de sua mensuração devem ser evidenciados em notas explicativas.

Por fim, no caso de bens adquiridos com recursos vinculados (exemplos: saúde,

educação), o inciso I do art. 50 da Lei de Responsabilidade Fiscal estabelece que, no

tocante à disponibilidade de caixa, “constará de registro próprio, de modo que os recursos

vinculados a órgão, fundo ou despesa obrigatória fiquem identificados escriturados de

forma individualizada”.

Caberá ao setor de patrimônio auxiliar neste controle, mas a responsabilidade pelo

uso nas finalidades específicas caberá ao gestor da entidade.

Page 78: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

76

2.2 Número Patrimonial

Todo bem deverá ter a ele associado um número único de patrimônio ou

tombamento para identificação, aposto mediante fixação de plaqueta, gravação, etiqueta

ou qualquer outro método adequado às suas características físicas logo após a

incorporação – nos casos de registros em sistemas informatizados, a associação do item

com o tombamento será simultânea.

Além disso, o número de tombamento deverá ser seqüencial (por ordem de

cadastro), independentemente de natureza, grupo ou espécie do bem (exemplos:

automóvel – 00001; telefone sem fio – 00002; cadeira fixa – 00003). Por fim, este número

não deverá ser reaproveitado em caso de baixa para que seja mantido o histórico do bem.

A imagem abaixo mostra um exemplo de plaqueta contendo o nome e logotipo da

empresa e o número de patrimônio.

Em seu livro ―Manual de controle patrimonial nas entidades públicas‖, o autor Diogo

Duarte Barbosa sugere alguns cuidados especiais na afixação de plaquetas:

Apostar em local de fácil visualização, dificultando estragos e avarias;

Evitar áreas curvadas ou dobradas do bem;

Utilizar partes com boa aderência e que não acelerem a deterioração da plaqueta

(exemplo: áreas externas de bens expostos à ação do clima); e

Evitar áreas que contenham identificação do bem, como números de série.

Observação:

No caso de bens permanentes cuja identificação seja impossível ou

inconveniente em face de suas características físicas (exemplo de persianas,

Page 79: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

77

cortinas e equipamentos de som automotivo), o mesmo poderá ser tombado por

agrupamento em um único número de patrimônio, cabendo ao controle patrimonial

apenas os registros de entrada e de saída do mesmo.

Cada instituição possui um critério próprio para estabelecer a numeração

patrimonial, geralmente sequencial. Os dois exemplos a seguir mostram uma das

possibilidades de classificação:

PE 121 0753 SE – Unidade Federativa onde se encontra o bem (Pernambuco) 121 – Grupo de bens (1 = Mobiliário em geral / 2 = Cadeira fixa / 1 = Do tipo fixa sem braços) 0753 – Sequencial do item dentro da Unidade e do grupo de bens

TCE 111 0012 TCE – Unidade onde se encontra o bem (Tribunal de Contas do Estado) 111 – Grupo de bens (1 = Mobiliário em geral / 1 = Armário / 1 = Do tipo alto com 02 portas) 0012 – Sequencial do item dentro da Unidade e do grupo de bens

2.2.1 Código de Barras

A utilização do código de barras para o controle patrimonial apresenta vantagens

relacionadas com a sua aplicação e com as facilidades incorporadas nos sistemas

computacionais que gerenciam boa parte das operações nas instituições públicas. Entre

os principais benefícios gerados pelo uso estão:

Rapidez na entrada de dados;

Eliminação de erros na transposição de dados;

Eliminação de escrita manual e de digitação;

Identificação única de um bem; e

Redução do tempo de inventário.

A imagem abaixo representa uma etiqueta com o logotipo da empresa, o código e o

número de patrimônio do bem permanente:

Page 80: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

78

Para implantar um sistema de código de barras, cujo custo é relativamente baixo, é

necessária uma infraestrutura básica:

Equipamentos de processamento de dados (computadores);

Sistemas aplicativos (softwares);

Leitores ópticos; e

Impressora de código de barras.

Page 81: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

79

III CONTROLE FÍSICO

Após a incorporação, o bem passa a ―existir‖ na relação de materiais permanentes

da instituição. Os passos seguintes – movimentações, manutenções, inventários e

desfazimentos – fazem parte do chamado controle físico, essencial para uma gestão

patrimonial eficiente.

3.1 Modalidades de Movimentação de Bens

A vida útil de um bem em um órgão começa logo após a sua incorporação ao

patrimônio. Ao longo de todo o período em que este bem for útil à instituição ele

certamente será movimentado algumas vezes. É preciso, portanto, conhecer as principais

modalidades existentes:

Recolhimento

Movimentação de bens de um segmento para o depósito de patrimônio, se

houver, com a respectiva regularização de carga patrimonial.

Redistribuição

Movimentação do depósito de patrimônio, se houver, para um determinado

segmento, com a respectiva regularização de carga patrimonial.

Remanejamento

Movimentação entre detentores de carga patrimonial, podendo ocorrer em

duas modalidades: sem movimentação física (transferência de titularidade de

função de chefia) ou com movimentação física.

Alienação

Modalidade que consiste na transferência do direito de propriedade de bens

do órgão para outra instituição mediante venda, permuta ou doação.

Page 82: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

80

Cessão

Modalidade que consiste na transferência gratuita de posse e direito de

propriedade do órgão para outros órgãos ou entidades da administração pública

sem quaisquer ônus para o cedente.

Renúncia ao direito de propriedade ou desfazimento

Modalidade que consiste no abandono ou inutilização, quando verificada a

impossibilidade ou inconveniência de alienação do material classificado como

irrecuperável, ocioso e/ou obsoleto.

Há ainda a chamada Movimentação Externa, que consiste na transferência de bens

para fora do âmbito do órgão, para orçamentos e/ou reparos de equipamentos, sem a

necessidade de regularização de carga patrimonial durante o período de ausência.

Observação:

Bens adquiridos com recursos vinculados só poderão ser transferidos para

outras unidades em casos excepcionais, sem desvio de finalidade intencional, e

com razões devidamente justificadas. Caberá à unidade recebedora ressarcir a

unidade cedente com base no valor justo do bem no momento da transferência.

3.2 Movimentação centralizada x descentralizada

Todas as movimentações deverão ser de conhecimento do setor de patrimônio,

que tomará as medidas cabíveis de acordo com a modalidade em questão.

Operacionalmente, entretanto, estas movimentações poderão ser realizadas de maneira

centralizada ou descentralizada, a critério da própria entidade.

Na centralizada, é o próprio setor de patrimônio quem realiza a emissão dos termos

de transferência e cobra a assinatura das partes envolvidas (cedente, recebedor e o

próprio setor patrimonial), para só então realizar a movimentação física. A segurança

administrativa das operações é a principal vantagem. A sobrecarga do setor, entretanto, é

a sua principal desvantagem.

Page 83: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

81

Já na descentralizada, a emissão e o preenchimento dos termos são realizados

pela própria unidade cedente, cabendo ao setor de patrimônio providenciar formulários

específicos e os destinar aos responsáveis de cada unidade administrativa. Com isso, o

processo se torna muito mais ágil, mas ao mesmo tempo reduz a segurança operacional

se os trâmites obrigatórios não forem seguidos pelas partes envolvidas.

Page 84: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

82

IV MANUTENÇÕES

O custo de aquisição de boa parte dos bens permanentes de uma organização é

elevado. Frotas de veículos e centrais de ar condicionado são apenas alguns dos

exemplos que exigem uma atenção especial dos gestores patrimoniais para garantir um

adequado funcionamento e um menos custo de reparação quando necessário. Por isso o

quesito manutenção é extremamente importante numa gestão patrimonial eficiente.

Em “Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais para concursos” o autor

Renato Fenili define três tipos de manutenções utilizados em momentos distintos e com

finalidades específicas:

Manutenção preventiva

É aquela realizada conforme plano ou programa de prevenção buscando

reduzir a probabilidade de falhas e geralmente ocorre de forma periódica

(exemplos: revisão de veículos em período de garantia).

Manutenção corretiva

É aquela realizada em momento posterior à falha/quebra do equipamento.

Manutenção preditiva

É aquela que monitora regularmente o rendimento operacional e das

condições físicas de equipamentos e de instalações buscando maximizar o

intervalo entre manutenções corretivas (exemplo: análise de funcionamento de um

grupo gerador).

Sendo o conserto realizado fora das dependências da entidade, transfere-se ao

prestador do serviço a responsabilidade pela guarda e manutenção do bem durante o

período em questão. Caberá ao controle patrimonial da entidade emitir termo, a ser

assinado pelas partes envolvidas, que contenha informações essenciais como:

Page 85: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

83

Especificação completa do bem a ser consertado, incluindo número de

tombamento e de série, quando for o caso;

Detalhamento completo do prestador de serviço;

Período estimado para o reparo;

Campos para assinaturas das partes envolvidas (responsável pelo bem,

responsável pelo setor de patrimônio e prestador de serviço); e

Declaração de responsabilidade sobre o bem.

É importante ressaltar que toda manutenção realizada em um determinado bem

patrimonial deverá ser registrada em sua ficha individual para garantir o histórico de sua

vida útil e para facilitar decisões futuras quanto à necessidade ou não de desfazimento.

No caso de manutenção corretiva, deve-se avaliar a viabilidade de recuperação de

um bem permanente com base no seu valor de mercado. Caso o orçamento ultrapasse

50% (cinquenta por cento) deste valor, o equipamento poderá ser classificado como

antieconômico e a baixa patrimonial poderá ser solicitada à autoridade competente.

Caso o equipamento seja considerado como irrecuperável e possa ser

desmembrado em partes para utilização como peças de reposição para equipamentos

similares, deverá ser exigida a autorização prévia de autoridade competente.

Page 86: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

84

V MODALIDADES DE DESFAZIMENTO

Quando a instituição julgar desaconselhável ou inexequível manter ou remanejar

um bem permanente em virtude de suas condições físicas e/ou operacionais, este se

torna passível de alienação, por meio de leilão, permuta, doação ou desfazimento, nos

casos de:

Bem ocioso: quando, embora em perfeitas condições de uso, não estiver sendo

aproveitado e não tiver perspectiva futura de utilização pelo órgão;

Bem obsoleto: quando, mesmo em condições de uso, for considerado como

antiquado e não for possível sua utilização;

Bem excedente: quando, independente do estado de conservação, funcionamento

ou obsolescência, for verificada sua inaplicabilidade na instituição;

Bem recuperável: quando sua recuperação for possível e o orçamento para o

reparo for de no máximo 50% (cinquenta por cento) do valor de mercado; e

Bem irrecuperável / antieconômico: quando não mais puder ser utilizado para o fim

a que se destina em virtude de perda de suas características, e/ou seu rendimento

for precário em virtude de uso prolongado ou desgaste prematuro, ou quando sua

recuperação for inviável economicamente (reparo orçado em mais de 50% do valor

de mercado).

Cabe à instituição realizar regularmente levantamento de bens suscetíveis de

alienação ou desfazimento. Para isso é essencial a existência de uma Comissão de

Avaliação de Bens, geralmente composta por três funcionários (um dos quais lotado na

área de patrimônio), para realizar análise e parecer a respeito da inservibilidade, bem

como para avaliação de bens a serem alienados. Caberá a esta Comissão, dentre outras

coisas:

Verificar o estado do bem e analisar se ele é suscetível ou não de recuperação;

Havendo outro tipo de utilização, sugerir novo destino;

Recomendar a retirada do Patrimônio para posterior alienação de bens

considerados em mau estado de conservação e sem condições de reparo ou

transformação;

Page 87: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

85

Identificar, após verificação, as causas de estragos ou danos, se houve culpa e, a

quem couber, imputar os prejuízos; e

Solicitar a abertura de processo para apuração de responsabilidades nos casos de

inservibilidade resultante de negligência, falta de cuidado ou imprevidência.

A alienação por leilão público é a modalidade de desfazimento mais usual e

consiste na venda de bens móveis inservíveis para o órgão a quem oferecer o maior

lance, igual ou superior ao da avaliação.

Cabe destacar que os recursos provenientes deste tipo de alienação não podem

ser aplicados em despesas correntes (exemplo: pagamento de pessoal ou aquisição de

materiais de consumo), conforme determinação da Lei de Responsabilidade Fiscal:

Art. 44. É vedada a aplicação da receita de capital derivada da alienação de bens e direitos que

integram o patrimônio público para o financiamento de despesa corrente, salvo se destinada por lei

aos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores públicos.

A alienação por permuta, por sua vez, consiste em um determinado bem ser dado

a título de troca por outro bem, sendo feita através de edital elaborado pelo órgão

responsável, com a proposta vencedora sendo aquela em que a diferença entre o bem a

ser adquirido e o a ser oferecido for a menor.

Já a alienação por doação, sem retorno financeiro para o órgão cedente,

devidamente justificada pela autoridade competente, deverá observar o seguinte quanto à

destinação do material:

Ocioso ou recuperável, preferencialmente para órgãos ou entidades públicas da

esfera federal, estadual ou municipal, integrantes de qualquer Poder, mediante

registro da solicitação; e

Obsoleto, excedente ou irrecuperável, para órgãos ou entidades públicas referidas

acima e para instituições filantrópicas, desde que reconhecidas pelo governo

federal como de utilidade pública, devidamente comprovada por documentações

em período de validade.

Page 88: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

86

A Lei nº 8.666, em seu Art. 17, inclui a possibilidade de doação com encargos, ou

seja, com uma contrapartida a ser oferecida pelo donatário:

§ 4o A doação com encargo será licitada e de seu instrumento constarão, obrigatoriamente os

encargos, o prazo de seu cumprimento e cláusula de reversão, sob pena de nulidade do ato, sendo

dispensada a licitação no caso de interesse público devidamente justificado.

De todo modo, todo e qualquer ato de doação deverá ter por objeto ―fins e uso‖ de

interesse social. É fundamental, portanto, que a Administração se certifique de que o uso

a ser dado aos bens guardará correlação com igual interesse social (exemplo: uso de

móveis de escritório por uma entidade filantrópica), para evitar que estes bens doados

sejam utilizados para finalidades particulares por membros de diretoria deste tipo de

entidade.

Em resumo, a doação de bens móveis pela Administração Pública depende de:

Existência de interesse público devidamente justificado;

Avaliação prévia dos bens a serem doados;

Atendimento dos bens doados a fins e uso de interesse social; e

Avaliação de oportunidade e conveniência sócio-econômica em relação a outras

formas de alienação.

Observação:

De acordo com o parágrafo único do Decreto Nº 6.087 (20/04/2007) da

Presidência da República, “os microcomputadores de mesa, monitores de vídeo,

impressoras e demais equipamentos de informática, respectivo mobiliário, peças-

parte ou componentes, classificados como ociosos ou recuperáveis, poderão ser

doados a instituições filantrópicas, reconhecidas de utilidade pública pelo Governo

Federal, e Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público que participem de

projeto integrante do Programa de Inclusão Digital do Governo Federal”.

Verificada a impossibilidade ou a inconveniência da alienação, a autoridade

competente poderá determinar a renúncia ao direito de propriedade, a consequente baixa

da carga patrimonial e sua inutilização ou abandono mediante termos de inutilização ou

Page 89: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

87

de justificativa de abandono, sempre com a devida assistência da área de patrimônio para

que o descarte seja realizado de forma adequada.

Para regulamentar, no âmbito da Administração Pública Federal, o

reaproveitamento, a movimentação, a alienação e outras formas de desfazimento de

material, a Presidência da República publicou em 30 de outubro de 1990 o Decreto

99.658:

Art. 17. São motivos para a inutilização de material, dentre outros:

I - a sua contaminação por agentes patológicos, sem possibilidade de recuperação por

assepsia;

II - a sua infestação por insetos nocivos, com risco para outro material;

III - a sua natureza tóxica ou venenosa;

IV - a sua contaminação por radioatividade;

V - o perigo irremovível de sua utilização fraudulenta por terceiros.

5.1 Avaliação de bens para alienação

Não existe uma metodologia específica para avaliação de bens permanentes

destinados à alienação. Algumas instituições utilizam critérios mais objetivos, outras

adotam normas mais subjetivas, mas o importante é que o valor reflita a realidade o mais

próximo possível.

Buscando minimizar este problema, o Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCE-

ES) propôs o modelo a seguir, atribuindo pesos e percentuais de acordo com o estado de

conservação do bem, seu tempo de vida útil e sua perspectiva de utilização futura.

Através de uma fórmula matemática, calcula-se um fator de reavaliação que, multiplicado

pelo valor de mercado ou de aquisição do bem em questão, permite chegar a um valor

muito próximo da realidade. (SANTOS, 2012).

Page 90: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

88

Fatores de influência para efeito de reavaliação

Estado de Conservação do Bem -

EC

Período de Vida Útil do Bem - PVU

Período de Utilização Futura do Bem - PUB

Conceito Pontuação Conceito Pontuação Conceito Pontuação

Excelente 10 10 anos 1 10 anos 1

Bom 8 9 anos 2 9 anos 2

Regular 5 8 anos 3 8 anos 3

Péssimo 2 7 anos 4 7 anos 4

6 anos 5 6 anos 5

5 anos 6 5 anos 6

4 anos 7 4 anos 7

3 anos 8 3 anos 8

2 anos 9 2 anos 9

1 anos 10 1 anos 10

FR = 4*EC + 6*PVU - 3*PUB

Valor reavaliado = (Valor de aquisição * FR) / 100

Para uma melhor compreensão do modelo, utilizemos os fatores acima para

reavaliar um microcomputador adquirido por R$ 3.000,00, cujo estado de conservação é

bom, está sendo utilizado há 03 anos e tem perspectiva de utilização futura de 02 anos:

FR = 4*8 + 6*8 - 3*9 = 32 + 48 – 27 = 53

VR = (R$ 3.000,00 * 53) / 100 = R$ 1.590,00

Além do valor de referência calculado por este método, Santos (2012) cita fatores

como valor de bens similares avaliados anteriormente, comportamento do mercado em

relação ao tipo de bem e opiniões de leiloeiros oficiais como itens a serem considerados

no estabelecimento do valor mínimo para alienação.

5.2 Irregularidades Patrimoniais

Todo usuário do patrimônio deverá comunicar imediatamente, por escrito e de

maneira circunstanciada, sem prejuízo de informações verbais que informalmente

Page 91: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

89

antecipem os fatos ocorridos, ao Detentor de Carga quaisquer irregularidade ocorrida em

bem sob seus cuidados Estas irregularidades podem ocorrer por:

Extravio: desaparecimento do bem ou de seus componentes por furto, roubo, ou

ainda por culpa, ou negligência do funcionário ou de terceiros;

Avaria: dano parcial ou total do bem ou de seus componentes, decorrente de uso

indevido, desgaste natural ou sinistro;

Inobservância de prazos de garantia; e

Mau uso: emprego ou operação inadequada de materiais quando comprovado o

desleixo ou a má fé.

Caberá ao Detentor de Carga realizar imediatamente o levantamento da

irregularidade comunicada, providenciando a instauração de processo investigativo para

apuração da responsabilidade. Nos casos em que uma Comissão de Apuração de

Irregularidades for formalmente constituída para proceder esta investigação, caberá a ela

propor a aplicação de punições que se fizerem necessárias:

Nos casos de perda ou extravio com responsável conhecido, a indenização poderá

ser feita através de pagamento com base no valor de mercado de um bem ou de

seus componentes com características e condições de uso similares ou pela

entrega à instituição de equipamento similar, a critério da administração;

No caso de perda ou extravio sem o conhecimento de causa ou de responsável,

será indicada a abertura de Sindicância para apuração de responsabilidades; e

Caso o bem extraviado seja um livro, a indenização deverá ser feita por meio de

reposição.

Observação:

- No caso de prejuízos provocados por motivos de força maior (acidentes de

serviço devidamente comprovados; roubo ou furto quando comprovado que

medidas de segurança foram adotadas; saque ou destruição; epidemias e

moléstias contagiosas; estragos produzidos por animais daninhos, quando não

forem consequência de descuido; e incêndios, desmoronamentos ou outras

Page 92: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

90

calamidades), as baixas serão realizadas tão logo sejam feitas as devidas

comprovações.

Page 93: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

91

VI BAIXAS

A baixa patrimonial pode ser definida como um conjunto de procedimentos

necessários à retirada contábil de um determinado bem do acervo patrimonial de uma

organização.

De acordo com o “Dicionário de Contabilidade” de A. Lopes de Sá, “as baixas no

imobilizado podem ser provenientes de várias causas, entre elas o esgotamento pelo uso

(normal), acidentes, impossibilidade de utilização por perda de capacidade econômica

(obsolescência), ação acelerada de desgaste por eventos extraordinários, etc. A baixa

deve ser considerada pelos seus diversos componentes, quais sejam, os valores pelos

quais os bens foram adquiridos, as depreciações já feitas, os valores ajustados, etc., de

modo que integre, no processo, todos eles”.

A baixa patrimonial de um bem poderá ocorrer por:

Alienação, quando há transferência do direito de propriedade do órgão para outra

instituição mediante venda, permuta ou doação;

Desfazimento, quando há abandono ou inutilização, quando constatada a

impossibilidade ou inconveniência da alienação de material irrecuperável, ocioso

e/ou obsoleto; e

Extravio, quando há desaparecimento do material ou de seus componentes.

O processo de baixa só deverá ser concluído após o cumprimento de todas as

etapas preliminares:

- Descrição do bem, com respectivo número de patrimônio e problema

apresentado;

- Valor estimativo no momento da descarga;

- Parecer técnico sobre servibilidade ou inservibilidade (ocioso, antieconômico ou

irrecuperável); e

- Parecer de autoridade competente favorável ou não à baixa.

Page 94: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

92

Concluída a baixa, caberá à área de patrimônio solicitar ao setor contábil todas as

providências necessárias à retirada do bem do ativo imobilizado do órgão, encaminhando

todos os documentos relativos ao processo.

Por fim, cabe ressaltar que o número de patrimônio de um bem baixado não deverá

ser aproveitado para qualquer outro bem.

6.1 Casos especiais de baixas

6.1.1 Bandeiras: Regidas pela Lei nº 5.700, de 1 de setembro de 1971.

Art. 32. As Bandeiras em mau estado de conservação devem ser entregues a qualquer Unidade

Militar, para que sejam incineradas no Dia da Bandeira, segundo o cerimonial peculiar.

6.1.2 Explosivos, munições e agentes químicos de guerra: Regidos pelo Decreto nº 3.665,

de 20 de novembro de 2000.

Art. 221. Os explosivos, munições, acessórios de explosivos e agentes químicos de guerra,

impróprios para o uso, por estarem em mau estado de conservação ou sem estabilidade química,

cuja recuperação ou reaproveitamento seja técnica ou economicamente desaconselhável, deverão

ser destruídos com observância das seguintes exigências:

I - a destruição será autorizada pelo Comandante da RM;

Page 95: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

93

II - a destruição deverá ser feita por pessoal habilitado;

III - ao responsável pela destruição, cuja presença é obrigatória nos trabalhos de campo, caberá a

responsabilidade técnica de planejamento e de execução dos trabalhos;

IV - após a destruição será lavrado um termo, em três vias, assinado pelo responsável pela

destruição. As vias terão os seguintes destinos: DFPC, RM (SFPC/RM) e pessoa jurídica detentora

do material; e

V - a destruição de restos e refugos de fabricação, não constantes de Mapas e Estoques, não

necessita da autorização do Comandante da RM, prevista nos incisos I a IV deste artigo, sendo

suficiente um controle com data, horário, origem e quantidades estimadas do material destruído.

6.1.3 Semoventes: em caso de morte natural, deverá ser apresentado um diagnóstico

médico-veterinário; em caso de sacrifício, o processo deverá conter documentação

emitida pelo responsável pela guarda do animal, informando todas as circunstâncias do

evento, bem como o atestado do médico-veterinário responsável com as indicação das

causas do óbito.

Page 96: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

94

VII DEPRECIAÇÕES

A depreciação é o registro da redução do valor de um bem pelo desgaste ou perda

de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência.

De maneira simplificada, é a amortização do valor do preço do bem ao longo de

sua vida útil, iniciando quando o mesmo estiver em condições de uso e não cessando

quando se torna obsoleto ou é retirado temporariamente de operação.

Os prazos de vida útil e a taxa de depreciação de materiais foram estabelecidos

através da Instrução Normativa Nº 162/98 da Secretaria da Receita Federal (SRF). Eis

alguns exemplos:

Bens Prazo de

vida útil

(anos)

Taxa anual

de

depreciação

ANIMAIS VIVOS DA ESPÉCIE BOVINA 5 20%

AUTOMÓVEIS DE PASSAGEIROS E OUTROS

VEÍCULOS AUTOMÓVEIS PRINCIPALMENTE

CONCEBIDOS PARA TRANSPORTE DE PESSOAS

(EXCETO OS DA POSIÇÃO 8702), INCLUÍDOS OS

VEÍCULOS DE USO MISTO ("STATION WAGONS") E

OS AUTOMÓVEIS DE CORRIDA

5 20%

MOTOCICLETAS (INCLUÍDOS OS CICLOMOTORES)

E OUTROS CICLOS EQUIPADOS COM MOTOR

AUXILIAR, MESMO COM CARRO LATERAL; CARROS

LATERAIS

4 25%

APARELHOS FOTOGRÁFICOS; APARELHOS E

DISPOSITIVOS, EXCLUÍDAS AS LÂMPADAS E

TUBOS, DE LUZ-RELÂMPAGO ("FLASH"), PARA

FOTOGRAFIA

10 10%

APARELHOS DE FOTOCÓPIA, POR SISTEMA

ÓPTICO OU POR CONTATO, E APARELHOS DE

TERMOCÓPIA

10 10%

OUTROS MÓVEIS PARA ESCRITÓRIO 10 10%

CONSTRUÇÕES PRÉ-FABRICADAS 25 4%

Page 97: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

95

Algumas instituições costumam adaptar os prazos de vida útil e as taxas de

depreciação em função da utilização de seus bens, com a devida autorização da Receita

Federal. São exemplos:

Móveis e utensílios (vida útil: 10 anos / depreciação: 10%): Em estabelecimentos

de ensino, o prazo é reduzido para 6,6 anos e a depreciação é aumentada para

15% ao ano; e

Rouparias (vida útil: 5 anos / depreciação: 20%): Se específicas de hospitais, em

virtude do tratamento que recebem, o prazo é aumentado para 6,6 anos e a

depreciação é reduzida para 15% ao ano.

7.1 Métodos Mais Utilizados

A depreciação pode ser calculada de várias maneiras e os cálculos normalmente

consideram períodos de 12 meses, com as quotas calculadas em função do valor do bem,

do tempo de vida útil estimada, do tempo de utilização em relação à vida útil estimada e

do valor residual.

Eis alguns dos métodos mais utilizados:

Método das quotas periódicas constantes, ou linear, ou da linha reta

- Divisão do valor do bem a ser depreciado pelo seu tempo de vida útil estimado.

Exemplo prático:

Valor do bem: R$ 100.000 Vida útil estimada: 10 anos

Quota = R$ 100.000 / 10 anos = R$ 10.000 / ano

Método da soma dos algarismos dos anos

- Soma dos algarismos a partir da unidade até aquele que representa o tempo de

vida útil estimado para o bem. A partir do resultado se definem funções cujo

denominador será sempre o resultado da soma, e os numeradores os próprios

Page 98: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

96

algarismos. Por fim, as quotas de depreciação a cada ano são calculadas a partir

da multiplicação do valor a ser depreciado pela última fração da série e assim

sucessivamente.

Exemplo prático:

Valor do bem: R$ 100.000 Vida útil estimada: 5 anos

Soma dos algarismos: 1+2+3+4+5 = 15

Frações: 1/15, 2/15, 3/15, 4/15, 5/15

Quota 1º ano = (5/15) * R$ 100.000 = R$ 33.333,33 Quota 2º ano = (4/15) * R$ 100.000 = R$ 26.666,67

... Quota 5º ano = (1/15) * R$ 100.000 = R$ 6.666,67

Método da máquina / hora

- Divisão do valor a ser depreciado pelo resultado da multiplicação do número de

horas trabalhadas do bem / equipamento por ano pelo tempo de vida útil estimado

para o bem.

Exemplo prático:

Valor do bem: R$ 100.000 Vida útil estimada: 10 anos

Tempo de operação anual: 3.000 horas:

Depreciação por hora = R$ 100.000 / (3.000 horas x 10 anos) = R$ 3,33 / hora

Segundo o novo critério adotado pela contabilidade pública (Parecer Normativo Nº

1 da Receita Federal, de 29 de julho de 2011), a base para depreciação deverá ser o

tempo estimado em que o bem gerará benefícios para a instituição. Neste caso, o valor

depreciável só poderá ser determinado após a dedução de seu valor residual estimado.

Exemplo prático:

Custo de aquisição de um veículo: R$ 60.000 Valor residual: R$ 25.000

Base de cálculo da depreciação: R$ 60.000 – R$ 25.000 = R$ 35.000

Page 99: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

97

Vida útil estimada: 5 anos Taxa de depreciação anual: 20%

Quota anual de depreciação: R$ 35.000 * 0,20% = R$ 7.000 Quota mensal de depreciação: R$ 7.000 / 12 = R$ 583,33

É importante ressaltar que a revisão anual do valor do bem pelo valor efetivo de

mercado é fundamental. A depreciação deverá ser calculada e registrada com base no

novo valor, considerando ainda a vida útil econômica indicada no laudo técnico específico.

Tomando por base o exemplo anterior, temos a seguinte situação:

Exemplo prático:

Custo de aquisição de um veículo: R$ 60.000 Valor reavaliado: R$ 55.000

Valor residual: R$ 25.000 Base de cálculo da depreciação: R$ 55.000 – R$ 25.000 = R$ 30.000

Vida útil estimada: 4 anos

Taxa de depreciação anual: 25%

Quota anual de depreciação: R$ 30.000 * 0,25% = R$ 7.500 Quota mensal de depreciação: R$ 7.500 / 12 = R$ 625,00

A depreciação só será encerrada a partir do momento em que a contabilidade

reconhecer o seu valor líquido de realização (preço estimado para alienação).

Por fim, é importante ressaltar a existência de determinados bens que não estão

sujeitos à depreciação por não possuírem vida útil econômica limitada. É o que aponta o

item 12 da NBC T 16.9:

12. Não estão sujeitos ao regime de depreciação:

(a) bens móveis de natureza cultural, tais como obras de artes, antigüidades, documentos, bens

com interesse histórico, bens integrados em coleções, entre outros;

(b) bens de uso comum que absorveram ou absorvem recursos públicos, considerados

tecnicamente, de vida útil indeterminada;

(c) animais que se destinam à exposição e à preservação;

(d) terrenos rurais e urbanos.

Page 100: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

98

VIII INVENTÁRIO

8.1 O que é um Inventário?

O inventário é um procedimento de levantamento e identificação de bens e de

instalações que busca comprovar a existência física, a integridade das informações

contábeis e a responsabilidade dos usuários detentores de carga patrimonial.

8.2 Modalidades de Inventário

Inventário Inicial

É aquele a ser realizado por um órgão durante o seu primeiro ano de

funcionamento para conhecer tudo o que possui em uso.

Inventário Eventual

É aquele realizado todas as vezes em que houver alteração de responsável

por qualquer motivo, para apuração de responsabilidades ou quaisquer outros

casos.

Inventário Anual

É aquele realizado a cada exercício por meio de uma comissão, ou pelos

próprios responsáveis, se assim for determinado por autoridade competente.

Inventário de Encerramento:

É aquele a ser realizado sempre quando um órgão ou segmento for extinto,

ou por qualquer razão os bens de sua carga forem redistribuídos para outros

órgãos ou segmentos.

Page 101: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

99

8.3 Planejamento de um Inventário

O roteiro abaixo, sugerido pelo professor Gerson dos Santos no livro “Manual de

Administração Patrimonial”, pode ser adotado pela maioria das instituições públicas para

planejar um inventário físico eficiente:

1. Constituição de uma Comissão

Membros externos ao setor de patrimônio, obedecendo ao princípio da

segregação de funções;

2. Escolha da modalidade

3. Escolha do tipo de execução

―Portas abertas‖, ―portas fechadas‖ ou ―portas semifechadas‖;

4. Determinação de datas de início e de termino

5. Identificação de responsabilidades de cada membro da comissão

Necessidade de existência de metodologia de trabalho;

6. Preparação de recursos

Definição de recursos materiais e humanos;

7. Preparação dos locais

Aviso prévio aos setores a serem inventariados para as devidas

providências;

8. Emissão de relatórios (relação e localização de bens)

9. Levantamento físico

Como será feitos e quais serão os procedimentos de contagem;

10. Apuração

11. Conciliação

12. Pesquisa de causas de divergências

13. Elaboração de relatórios

Parecer da Comissão, incluindo recomendações;

14. Regularização

Adoção de medidas corretivas;

15. Aprovação

16. Processamento de acertos físicos e contábeis

Page 102: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

100

Observações:

- Caso sejam encontrados bens sem registro os mesmos deverão ser

avaliados e relacionados para posterior regularização;

- Todos os bens patrimoniais não localizados no dia da conferência física,

sem a devida justificativa do responsável, deverão ser considerados como

extraviados;

- Caso um determinado bem se encontre fora do setor no momento da

verificação, mas haja documentação comprobatória de sua movimentação

(conserto, manutenção ou uso externo), a Comissão poderá se basear nela. Caso

não se julgue capaz de atestar a existência do bem a Comissão poderá fazer a

verificação e exame no local em que o bem se encontrar; e

- Todos os bens julgados pela Comissão como desnecessários, inservíveis,

supérfluos, obsoletos ou imprestáveis deverão ter a respectiva situação relacionada

no relatório para as providências cabíveis.

8.4 Nova tecnologia: RFID

Do inglês Radio Frequency Identification – ou Sistema de Identificação por

Radiofrequência -, é um método de identificação automática através de sinais de

radiofrequência emitidos por etiquetas (passivas, semi-passivas ou ativas) apostadas em

materiais que se comunicam com leitores e antenas. É atualmente a mais avançada

sistemática de controle de almoxarifado e de patrimônio.

Page 103: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

101

Aplicações:

Pagamento via celular

Pagamento em trânsito

Substituição do código de barras

Rastreamento de cargas

Rastreamento de animais

Modalidades esportivas

Identificação biométrica

Vantagens:

Agilidade

Controle de estoques mais efetivo

Redução de desperdícios

Limitação de roubos

Gestão de inventários

Aumento de produtividade

Codificação em ambientes hostis e em produtos onde o código de barras é

ineficaz

Desvantagens:

Preço

Baterias ativas de baixo rendimento

Segurança das informações

Page 104: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

102

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Aldem Johnston Barbosa. Regime jurídico da doação de bens móveis pela

Administração Pública. Jus Navigandi, Teresina, ano 16, n. 2785, 15 fev. 2011.

Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/18496>. Acesso em: 27 jan. 2014.

ARNOLD, J. R. Tony. Administração de materiais: Uma introdução. Tradução: Celso

Rimoli, Lenita R. Esteves. São Paulo: Atlas, 1999.

BARBOSA, Diogo Duarte. Manual de controle patrimonial nas entidades públicas.

1.ed. Brasília: Gestão Pública Ed., 2013.

CHIAVENATTO, Idalberto. Administração de Materiais: Uma abordagem introdutória.

5.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

FENILI, Renato. Administração de recursos materiais e patrimoniais para concursos:

Abordagem completa. São Paulo: Método, 2011.

GONÇALVES, Paulo Sérgio. Administração de Materiais. 2. ed. São Paulo: Campus,

2007.

MENDES, Renato Geraldo. O Processo de Contratação Pública – Fases, etapas e atos.

Curitiba: Zênite, 2012.

SANTOS, Gerson dos. Gestão Patrimonial. Florianópolis: 2012

SANTOS, Gerson dos. Manual de Administração Patrimonial. Florianópolis: 2002

TRIGUEIRO, Fernando Guilhobel Rosas. Administração de Materiais e das Compras:

Um Enfoque Prático – Visão Logística. 6. ed. Recife: Focus Edições, 2005

Page 105: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

103

LEGISLAÇÃO

Decreto Nº 93.872 de 23 de dezembro de 1986. Dispõe sobre a unificação dos recursos

de caixa do Tesouro Nacional, atualiza e consolida a legislação pertinente e dá outras

providências, 1986.

Decreto Nº 99.658 de 30 de outubro de 1990. Regulamenta, no âmbito da Administração

Pública Federal, o reaproveitamento, a movimentação, a alienação e outras formas de

desfazimento de material, 1990.

Decreto Nº 3.555 de 08 de agosto de 2000. Aprova o regulamento para a modalidade de

licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, 2000.

Decreto Nº 3.665 de 20 de novembro de 2000. Dá nova redação ao Regulamento para a

Fiscalização de Produtos Controlados (R-105), 2000.

Decreto Nº 3.931 de 19 de setembro de 2001. Regulamenta o Sistema de Registro de

Preços previsto no art. 15 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, e dá outras

providências, 2001.

Decreto Nº 5.450 de 31 de maio de 2005. Regulamenta o pregão, na forma eletrônica,

para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências, 2005.

Decreto Nº 6.087 de 20 de abril de 2007. Altera os arts. 5o, 15 e 21 do Decreto no 99.658,

de 30 de outubro de 1990, que regulamenta, no âmbito da Administração Pública Federal,

o reaproveitamento, a movimentação, a alienação e outras formas de desfazimento de

material, e dá outras providências, 2007.

Decreto Nº 7.892 de 23 de janeiro de 2013. Regulamenta o Sistema de Registro de

Preços previsto no art. 15 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, e dá outras

providências, 2013.

Page 106: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

104

Instrução Normativa SRF Nº 162 de 31 de dezembro de 1998. Fixa prazo de vida útil e

taxa de depreciação dos bens que relaciona, 1998.

Lei Complementar Nº 101 de 4 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças públicas

voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências, 2000.

Lei Nº 5.700 de 1 de setembro de 1971. Dispõe sobre a forma e a apresentação dos

Símbolos Nacionais, e dá outras providências, 1993.

Lei Nº 8.666 de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição

Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras

providências, 1993.

Lei Nº 10.520 de 17 de julho de 2002. Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito

Federal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal,

modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns,

e dá outras providências, 2002.

Medida Provisória Nº 2.026 de 04 de maio de 2000. Institui, no âmbito da União, nos

termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de licitação

denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns e dá outras providências.

Parecer Normativo Nº 1 da SRF de 29 de julho de 2011.

Portaria Nº 95 de 19 de abril de 2002. Ministério da Fazenda, 2002.

Portaria Nº 448 de 13 de setembro de 2002. Divulga o detalhamento das naturezas de

despesa. STN, 2002.

Resolução CFC Nº 1.136/08 de 21 de novembro de 2008. Aprova a NBC T 16.9 –

Depreciação, Amortização e Exaustão. CFC, 2008.

Page 107: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

105

Resolução CFC Nº 1.137/08 de 21 de novembro de 2008. Aprova a NBC T 16.10 –

Avaliação e Mensuração de Ativos e Passivos em Entidades do Setor Público. CFC, 2008.

Page 108: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

106

EXERCÍCIOS

Módulo de COMPRAS – Exercício I

Especificação de materiais

Com base nos elementos essenciais para a especificação de um material, listados abaixo,

realize a especificação completa de uma caneta esferográfica na cor azul.

Funcionalidades (tudo o que o produto faz e oferece);

Componentes (peças que entram na composição de um produto);

Forma e acabamento (cor, medidas, forma, peso, etc.);

Desempenho (rendimento de um material quando em uso);

Acessórios;

Dados complementares (embalagem, unidade de medida, certificações);

Nome básico

Nome modificador

Características

Comprimento

Largura

Peso

Cor do corpo

Cor da tinta

Composição química

Outros

Outros

Unidade

Embalagem de transporte

Quantidade por embalagem

Prazo de validade

Page 109: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

107

Módulo de ALMOXARIFADO – Exercício I

Previsão de demandas

Considerando o consumo de resmas de papel em uma organização ao longo do ano de

2013 (ver tabela a seguir), calcule a previsão de demanda para os três primeiros meses

de 2014, utilizado os seguintes métodos:

ANO: 2013

Mês Consumo (unidades)

Janeiro 300

Fevereiro 370

Março 420

Abril 460

Maio 480

Junho 490

Julho 510

Agosto 560

Setembro 580

Outubro 680

Novembro 530

Dezembro 600

Método da média móvel ou média aritmética

Método da média móvel ponderada

(50% para último mês, 30% para penúltimo e 20% para antepenúltimo)

Page 110: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

108

Método da média móvel com suavização exponencial

(15% para último mês, 55% para penúltimo e 30% para antepenúltimo)

Page 111: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

109

Módulo de ALMOXARIFADO – Exercício II

Codificação de materiais

Com base na tabela de códigos de classes, grupos e identificadores abaixo e utilizando o

sistema numérico (00.00.00-0), codifique os seguintes materiais:

Caneta vermelha

Cloro 1.000 ml

Detergente de maçã 500 ml

Classe Código Grupo Código Identificação Código

Material de expediente 01

Lápis 01 01

Apagador 02

Caneta 03

Esferográfica, cor azul 01

Esferográfica, cor preta 02

Esferográfica, cor vermelha 03

Tinteiro, cor azul 04

Tinteiro, cor preta 05

Papel 04

Perfurador 05

Material de limpeza 02

Água sanitária 01

Amaciante 02

Cloro 03

Cloro, embalagem 500 ml 01

Cloro, embalagem 1000 ml 02

Cloro, embalagem 2000 ml 03

Detergente 04

Detergente limão 500 ml 01

Detergente limão 1000 ml 02

Detergente maçã 500 ml 03

Detergente maçã 1000 ml 04

Detergente neutro 500 ml 05

Detergente neutro 500 ml 06

Page 112: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

110

Módulo de ALMOXARIFADO – Exercício III

Classificação ABC

Com base na lista de materiais abaixo, realize a classificação ABC de acordo com o valor

do consumo mensal de cada item na composição total do estoque:

Classif. Descrição do item

Custo unitário

(R$) Consumo

mensal

Valor do consumo

(R$)

Caneta R$ 1,29 1200 R$

1.548,00

Lápis R$ 0,99 300 R$ 297,00

Borracha R$ 1,05 150 R$ 157,50

Papel (resma) R$ 5,77 550 R$

3.173,50

Bobina p/maquina R$ 4,27 100 R$ 427,00

Cartucho p/ impressora jato de tinta R$

45,00 80 R$

3.600,00

Toner p/ impressora laser R$

85,00 15 R$

1.275,00

Copo plástico (embalagem c/ 100) R$ 2,35 1000 R$

2.350,00

Perfurador R$

10,99 50 R$ 549,50

Grampeador R$

15,99 30 R$ 479,70

Caixa de clips pequena R$ 0,42 2000 R$ 840,00

TOTAL 3080 R$

14.697,20

Classif. Descrição do item

Custo unitário

(R$) Consumo

mensal

Valor do consumo

(R$)

% do total

% acumulada Classe

TOTAL 0 R$ 0,00 0,00%

Page 113: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

111

Módulo de ALMOXARIFADO – Exercício IV

Avaliação de estoques

Considerando as tabelas abaixo, avalie os estoques dos respectivos materiais de acordo

com os métodos do CUSTO MÉDIO, PEPS (―primeiro que entra, primeiro que sai‖) e

UEPS (―último que entra, primeiro que sai‖), respectivamente:

CUSTO MÉDIO:

DATA

ENTRADAS SAÍDAS SALDO

Qtde. Preço Total Qtde. Preço Total Qtde. Preço Total

02/04/2013 200 R$

1,50 R$

300,00 200 R$ 1,50 R$ 300,00

03/05/2013 200 R$

2,50 R$

500,00 400 R$ 2,00 R$ 800,00

01/06/2013 120 280

03/07/2013 80 200

13/07/2013 80 120

01/08/2013 100 20

01/08/2013 200 R$

2,80 R$

560,00 220

10/09/2013 40 180

29/09/2013 50 130

PEPS:

DATA

ENTRADAS SAÍDAS SALDO

Qtde. Preço Total Qtde. Preço Total Qtde. Preço Total

02/04/2013 200 R$

1,50 R$

300,00 200 R$ 1,50 R$ 300,00

03/05/2013 200 R$

2,50 R$

500,00 400 R$ 2,00 R$ 800,00

01/06/2013 120 280

03/07/2013 80 200

13/07/2013 80 120

01/08/2013 100 20

Page 114: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

112

UEPS:

DATA

ENTRADAS SAÍDAS SALDO

Qtde. Preço Total Qtde. Preço Total Qtde. Preço Total

02/04/2013 200 R$

1,50 R$

300,00 200 R$ 1,50 R$ 300,00

03/05/2013 200 R$

2,50 R$

500,00 400 R$ 2,00 R$ 800,00

01/06/2013 120 280

03/07/2013 80 200

13/07/2013 80 120

01/08/2013 100 20

Page 115: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

113

Módulo de ALMOXARIFADO – Exercício V

Estudo de caso

O almoxarifado central da secretaria de educação do município de Piriporó foi

criado em 2010 como uma unidade independente dos setores de compras e de

administração de materiais e fisicamente está instalado em um imóvel alugado localizado

a dois quilômetros da secretaria. Não há almoxarifados setoriais espalhados pela cidade,

mas a área física do almoxarifado central é mais do que suficiente e há um veículo

utilitário em boas condições para o transporte dos materiais às unidades requisitantes

(incluindo as 08 escolas municipais).

O atendimento às demandas é realizado de maneira informal e voluntária à medida

que surgem. A solicitação é geralmente feita através de formulários manuais, não sendo

raro o uso de telefone para os pedidos. Não há quaisquer restrições às quantidades

solicitadas, exceto nos casos de inexistência de material em estoque. Não há, portanto,

preocupação quanto aos níveis de estoques. Todos os registros de entradas e saídas são

feitos em planilhas manuais.

As entregas não costumam ser agendadas pelos fornecedores, o que dificulta a

organização da área de recebimento e o adequado planejamento da mão de obra

disponível. Após a formalização do recebimento, todos os materiais (expediente, limpeza,

informática) são armazenados em um mesmo espaço físico, sem quaisquer separações.

Além disso, os materiais perecíveis costumam ser armazenados sem o devido cuidado,

gerando frequentes perdas por validade. Para finalizar, o depósito dispõe apenas de

estantes em aço e não há ventilação adequada.

Em relação à mão de obra, o setor possui dois funcionários terceirizados, cuja

escolaridade não ultrapassa o nível médio, além do responsável formal, e a insatisfação

com a carga de trabalho é elevada. O horário de expediente raramente é cumprido, o que

gera necessidade de pagamento de horas-extras.

Page 116: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

114

Por fim, em relação a inventários, o almoxarifado os realiza esporadicamente por

meio de amostragem e não há participação de funcionários externos nesta atividade. Os

resultados dos levantamentos eventualmente apresentam divergências.

Com base na situação exposta, aponte pelo menos 04 grandes falhas

operacionais e proponha pelo menos 04 (quatro) ações de melhorias que

aprimorem o desempenho deste almoxarifado.

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

Page 117: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

115

Módulo de PATRIMÔNIO – Exercício I

Classificação patrimonial

Com base na tabela de códigos de classes e grupos abaixo, defina nomes de

identificação para os bens em destaque e atribua códigos numéricos (1 unidade) a eles:

Classe Código Grupo Código Identificação Código

Aparelhos e utensílios domésticos 1

Aspirador 1 de pó e água

Fogão 2

Forno de microondas 3

Refrigerador 4

Equipamentos para áudio, vídeo e foto 2

Câmera fotográfica 1

Filmadora 2

Projetor 3

Televisor 4

Mobiliário em geral 4

Arquivo 1

Armário 2

CADEIRA 3

Page 118: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

116

Módulo de PATRIMÔNIO – Exercício II

Reavaliação de bens

O modelo abaixo, elaborado pelo Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCE-ES), atribui

pesos e percentuais de acordo com o estado de conservação do bem, seu tempo de vida

útil e sua perspectiva de utilização futura para calcular o valor reavaliado de um bem.

Fatores de influência para efeito de reavaliação

Estado de Conservação do Bem -

EC

Período de Utilização Futura do Bem -

PUFB

Período de Vida Útil do Bem - PVU

Conceito Pontuação Conceito Pontuação Conceito Pontuação

Excelente 10 10 anos 10 10 anos 10

Bom 8 9 anos 9 9 anos 9

Regular 5 8 anos 8 8 anos 8

Péssimo 2 7 anos 7 7 anos 7

6 anos 6 6 anos 6

5 anos 5 5 anos 5

4 anos 4 4 anos 4

3 anos 3 3 anos 3

2 anos 2 2 anos 2

1 anos 1 1 anos 1

FR = 4*EC + 6*PUFB - 3*PVU

Valor reavaliado = (Valor de aquisição * FR) / 100

Com base nas fórmulas acima, calcule o valor reavaliado dos seguintes bens:

Fragmentadora de papel, adquirida por R$ 850,00 há 07 anos, em estado de

conservação regular e com perspectiva de utilização futura de 01 ano.

Page 119: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

117

Aparelho telefônico sem fio, adquirido por R$ 230,00 há 02 anos, em estado de

conservação bom e com perspectiva de utilização futura de 02 anos.

Armário em madeira, adquirido por R$ 1.600,00 há 09 anos, em estado de

conservação excelente e com perspectiva de utilização futura de 03 anos.

Page 120: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

118

Módulo de PATRIMÔNIO – Exercício III

Depreciações

Utilizando os métodos de depreciação a seguir, calcule as quotas de depreciações de um

determinado equipamento de acordo com os valores informados:

Método das quotas periódicas constantes

Valor do bem: R$ 150.000

Vida útil estimada: 06 anos

Método da soma dos algarismos dos anos

Valor do bem: R$ 150.000

Vida útil estimada: 06 anos

Page 121: GESTÃO DE MATERIAIS E DE PATRIMÔNIO NO SERVIÇO PÚBLICO · 2014-12-02 · 5 COMPRAS I IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES 1.1 Definições De acordo com a Secretaria de Planejamento

119

Método de acordo com a nova contabilidade pública

Valor de aquisição: R$ 150.000

Valor residual: R$ 40.000

Vida útil estimada: 05 anos

Método de acordo com a nova contabilidade pública (com reavaliação)

Valor de aquisição: R$ 200.000

Valor reavaliado: R$ 180.000

Valor residual: R$ 40.000

Vida útil estimada: 05 anos