Golpe de 64 Marcha Da Família Com Deus Pela Liberdade Completa 50 Anos Saiba Quem a Financiou e...

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    operamundi.uol.com.br ns/34445/golpe+de+64+marcha+da+familia+com+deus+pela+liberdade+completa+50+anos+saiba+quem+a+financiou+e+dirigiu.shtm

    Golpe de 64: 'Marcha da Família com Deus pela Liberdade'completa 50 anos; saiba quem a financiou e dirigiu

    Tidas como protagonistas do movimento que depôs João Goulart, organizações femininas lideradas por mulheresde classe média eram, na verdade, financiadas e instruídas pelos homens da elite empresarial-militar que queriamderrubar Jango

    Há 50 anos, em 19 de março de 1964, era realizada na cidade de São Paulo a "Marcha da Família com Deus pelaLiberdade”. Estima-se que entre 500 mil e 800 mil pessoas partiram às 16h da Praça da República em direção àPraça da Sé, no centro, manifestando-se em resposta ao emblemático comício de João Goulart, seis dias antes,defendendo suas Reformas de Base na Central do Brasil. Passaram à história como as genuínas idealizadoras epromotoras da marcha organizações femininas e mulheres da classe média paulistana. No entanto, por trás desteaparente protagonismo feminino às vésperas do golpe que deu lugar a 21 anos de regime ditatorial, esconde-se umpoderoso aparato financeiro e logístico conduzido por civis e militares que tramavam contra Jango. Um detalhe:

    quase todos eram homens.

    Leia também: Golpe de 64: saiba como o Ipês desestabilizava o governo Jango

    Clique aqui para ler todas as matérias do especial "À Espera da Verdade"

    Certamente, a atuação de alguns grupos femininos como “pontas-de-lança” da opinião pública contra o governoGoulart foi peça-chave na conspiração levada a cabo pelo complexo empresarial-militar do Ipês-Ibad (Instituto dePesquisas e Estudos Sociais – Instituto Brasileiro de Ação Democrática). Destas instituições femininas, asprincipais eram: a carioca CAMDE (Campanha da Mulher pela Democracia) e as paulistas UCF (União CívicaFeminina) e MAF (Movimento de Arregimentação Feminina).

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    http://ultimainstancia.uol.com.br/conteudo/noticias/69660/golpe+de+64+saiba+como+o+ipes+desestabilizava+o+governo+jango.shtmlhttp://ultimainstancia.uol.com.br/conteudo/noticias/69660/golpe+de+64+saiba+como+o+ipes+desestabilizava+o+governo+jango.shtmlhttp://ultimainstancia.uol.com.br/conteudo/noticias/68036/Ultima+instancia+inaugura+especial+a+espera+da+verdade+45+anos+do+ai_5+50+anos+do+golpe.shtmlhttp://ultimainstancia.uol.com.br/conteudo/noticias/69660/golpe+de+64+saiba+como+o+ipes+desestabilizava+o+governo+jango.shtmlhttp://operamundi.uol.com.br/conteudo/reportagens/34445/golpe+de+64+marcha+da+familia+com+deus+pela+liberdade+completa+50+anos+saiba+quem+a+financiou+e+dirigiu.shtmlhttp://operamundi.uol.com.br/

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    Conforme disseca a historiadora Solange Simões em seu livro Deus, Pátria e Família: As mulheres no golpe de1964, a inserção das mulheres na conspiração que resultou no golpe foi estratégica. Com o intuito de fomentar umatmosfera de desestabilização política e convencer as Forças Armadas a intervir, as campanhas femininasbuscavam dar "espontaneidade" e "legitimidade" ao golpismo, tendo sido as mulheres incumbidas — pelos homens— de influenciar a população.

    Leia mais: 'Fortune' revela já em 64 elo entre empresários de SP e embaixada dos EUA no golpe

    “Aqueles homens, empresários, políticos ou padres apelavam às mulheres não enquanto cidadãs, mas enquantofiguras ideológicas santificadas como mães”, escreve a pesquisadora. A própria dona Eudóxia, uma das liderançasfemininas, reconhece, em entrevista à historiadora, sua função tática:

    Nós sabíamos que como nós estávamos incumbidas da opinião pública, os militares estavam à espera doamadurecimento da opinião pública. Porque sem isso eles não agiriam de maneira nenhuma. A não ser que aopinião pública pedisse. E foi isso que nós conseguimos.

    Graças a uma bem-sucedida ação, eventos considerados aparentemente “desconexos” foram tomados como"reações espontâneas" de segmentos da população. Na verdade, essas manifestações apresentavam uma sólidacoordenação por parte da elite.

    Reprodução/Blog CPDOC Jornal do Brasil

    Protagonismo feminino? Mulheres estavam na linha de frente da marcha, mas quem dirigiu e organizou foram oshomens do Ipês

    Neste sábado (22/03), 50 anos depois, haverá uma reedição da emblemática marcha , organizada por manifestantes e ativistas que acreditam haver no Brasil uma revolução comunista em processo e veem naintervenção militar a única saída.

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    http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/03/1426137-grupo-organiza-nova-edicao-de-passeata-anticomunista-de-64.shtmlhttp://www.jblog.com.br/hojenahistoria.phphttp://operamundi.uol.com.br/conteudo/reportagens/33603/revista+fortune+revela+ja+em+64+elo+entre+empresarios+de+sp+e+embaixada+dos+eua+para+dar+golpe.shtml

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    Foto:

    Elite econômica que deu golpe no Brasil tinha braços internacionais, diz historiadora

    Veja abaixo os principais aspectos desse movimento feminino que esteve à frente da “Marcha da Família com Deupela Liberdade” de 19 de março de 1964.

    1.) COMO SURGIU E QUEM LIDERAVA?

    Quem eram, afinal, essas mulheres que despontavam na rua, em passeatas e comícios, como “donas-de-casa” e“mães-de-família brasileiras”, envolvidas na conspiração civil-militar? Já chamadas de “guerrilheiras perfumadas”ou confundidas com mulheres “das classes médias”, as direções dos movimentos eram constituídas,essencialmente, por mulheres com baixa formação intelectual da burguesia e das elites militares etecnoempresariais.

    Essa ala feminina do golpe foi criada meses antes das eleições gerais de outubro de 1962. Suas principais lídereseram parentes próximas dos grandes nomes do setor empresarial e militar envolvidos na conspiração. Contaram,obviamente, com todo o aparato financeiro e logístico de seus cônjuges, primos e irmãos para erguer suas

    instituições. “O meu marido me incentivava: ‘Eu ajudo no que precisar’, dizia ele”, relembra em entrevistaconcedida a Solange Simões, a vice-presidente da CAMDE, Eudóxia Ribeiro Dantas, mulher de José Bento RibeiroDantas, empresário ipesiano presidente da Cruzeiro do Sul, uma das maiores companhias aéreas do país.

    Leia também: Elite econômica que deu golpe no Brasil tinha braços internacionais, diz historiadora

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    http://operamundi.uol.com.br/conteudo/reportagens/34196/elite+economica+que+deu+golpe+no+brasil+tinha+bracos+internacionais+diz+historiadora.shtmlhttp://ultimainstancia.uol.com.br/conteudo/noticias/69660/golpe+de+64+saiba+como+o+ipes+desestabilizava+o+governo+jango.shtmlhttp://operamundi.uol.com.br/conteudo/reportagens/34196/elite+economica+que+deu+golpe+no+brasil+tinha+bracos+internacionais+diz+historiadora.shtml

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    Do lado carioca, por exemplo, a CAMDE foi criada por Amélia Molina Bastos, irmã do general Antônio de MendonçMolina, do setor de informação e contrainformação do Ipês. A ideia partiu declaradamente do vigário de Ipanema,Leovigildo Balestieri, e dos líderes ipesianos engenheiro Glycon de Paiva e general Golbery do Couto e Silva. ACAMDE foi lançada no auditório do jornal O Globo, no Rio, oferecido por seu diretor-proprietário, Roberto Marinho.Na manhã do dia 12 de julho de 1962, o periódico carioca estampava na capa: “A Mulher Brasileira está nas

    Trincheiras”.

    Já em São Paulo, nas reuniões de fundação da UCF, compareceram figuras como: Antonieta Pellegrini, irmã deJúlio de Mesquita Filho, diretor-proprietário do jornal O Estado de S.Paulo , e Regina Figueiredo da Silveira,primeira presidente da união paulista e irmã do banqueiro João Baptista Leopoldo Figueiredo, presidente do Ipês eprimo do último presidente do ciclo militar.

    2.) EM TERMOS PRÁTICOS, O QUE FIZERAM?

    Desde sua fundação, a CAMDE carioca e a UCF paulista se engajaram na ação política de combate edesestabilização do governo Goulart, orientadas ideologicamente e materialmente pelo complexo Ipês-Ibad.

    “Caravana a Brasília”: pelo veto a Santiago Dantas

    Em 1962, as mulheres organizaram uma “Caravana a Brasília” com o objetivo de formar um efetivo “coro popular”para impedir a posse de San Tiago Dantas como primeiro-ministro. Esse movimento integrava parte da política derejeição, pela elite, de uma composição com a ala moderada do trabalhismo. Para tanto, entregaram ao presidenteda Câmara, Ranieri Mazzilli, 60 mil cartas pedindo a não aprovação do plebiscito antecipado, bem como oimpedimento da delegação de poderes ao conselho de ministros, fundamental à continuidade das Reformas deBase do governo Goulart.

    Reprodução/Mestrado Dharana Pérola Ricardo Sestini

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    http://ultimainstancia.uol.com.br/conteudo/noticias/69660/golpe+de+64+saiba+como+o+ipes+desestabilizava+o+governo+jango.shtmlhttp://operamundi.uol.com.br/conteudo/reportagens/33603/revista+fortune+revela+ja+em+64+elo+entre+empresarios+de+sp+e+embaixada+dos+eua+para+dar+golpe.shtml

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     A primeira-dama de SP, dona Leonor de Barros (cent.), ladeada pelos deputados Herbert Levy (últ. à dir.) e CunhaBueno (penúlt. à dir.)

    Boicote ao Última Hora, o “diário da guerra revolucionária”

    Um dos poucos jornais que se atreveram a criticar a tentativa de deturpar o processo eleitoral por parte dessasorganizações femininas, o Última Hora, de Samuel Wainer, foi sistematicamente perseguido pela CAMDE e UCF.Caracterizando o periódico como “o diário da guerra revolucionária que se travava no Brasil”, as senhoraspassaram a formar comissões de visitas a empresários, industriais e comerciantes que anunciavam no jornal,pedindo para que suas verbas publicitárias fossem suspensas. A coordenação dessa campanha de boicote foi feitaem grande parte em sincronia com o Ibad, liderado pelo integralista Ivan Hasslocher , outra figura central nacampanha anti-Jango. Hasslocher se exilou em Genebra depois de comprovados, pela CPI (Comissão Parlamentade Inquérito) de 1963, os atos de corrupção de seu instituto no processo eleitoral de outubro de 1962.

    "Marchas da Família com Deus pela Liberdade": quem convocou, dirigiu e financiou

    Logo após o discurso de Goulart na Central do Brasil , em 13 de março de 1964, a CAMDE se engajou emcampanhas por telefone, incitando as mulheres a permanecerem em casa e acenderem velas em suas janelascomo sinal de protesto e fé cristã. A massiva “Cruzada do Rosário em Família”, do padre norte-americano PatrickPeyton, pároco de Hollywood, foi o ensaio-geral para as marchas anticomunistas de abril e março de 1964,fundadas no lema “A família que reza unida permanece unida”.

    Seis dias depois do comício de Jango, em 19 de março, data em que se comemora o dia de São José, padroeiro dfamília, realizou-se em São Paulo a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, coroando o auge dos esforçosdas associações femininas orientadas pelo Ipês.

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    http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2014/03/20/cia-financiou-igreja-em-marchas-pro-golpe-diz-frei-betto.htmhttp://www.ebc.com.br/cidadania/2014/03/discurso-de-jango-na-central-do-brasil-em-1964http://ultimainstancia.uol.com.br/conteudo/noticias/69660/golpe+de+64+saiba+como+o+ipes+desestabilizava+o+governo+jango.shtml

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    ["Marcha da Família com Deus pela Liberdade"  percorre o Viaduto do Chá, no centro de São Paulo] 

     A marcha reuniu entre 500 mil e 800 mil pessoas paraprotestar contra o comício de Goulart na Central doBrasil. A idealização da marcha partiu do deputadofederal Antônio Sílvio Cunha Bueno (PSD), um grandeproprietário de terras e diretor da norte-americana

    Willys-Overland Motors do Brasil, cuja matriz ficoufamosa pela fabricação, em parceria com a Ford, doipe usado pelos norte-americanos na Segunda GuerraMundial. Ao contrário da propagandeadasupervalorização do papel dessas mulheres nacondução dos protestos, a organização da marcha nãoficou a cargo nem da UCF nem do MAF, ambasentidades sediadas em São Paulo. Quem levou oevento adiante foi o próprio Cunha Bueno, além deoutros políticos paulistas, como o vice-governador Laudo Natel, Roberto de Abreu Sodré (UDN) e

    Conceição da Costa Neves (PSD), deputada maisvotada no estado nas eleições de 1962.

    Leia:  AI-5 já era debatido cinco meses antes, opondoCosta e Silva e presidente Médici 

     Acompanhados de suas esposas, políticos importantesse fizeram representar nas marchas: Adhemar deBarros e sua mulher, dona Leonor; além de CarlosLacerda, governador do Rio, e dona Letícia. Odeputado Herbert Levy, integrante da UDN e líder do

    Ipês, bradava: “o povo não quer ditaduras, o povo nãoquer comunismo, o povo quer paz e progresso”. Cunha Bueno discursava: “Todos vocês nessa praça representama pátria em perigo de ser comunizada. Basta de Jango!”.

    Em São Paulo, os banqueiros Hermann Morais Barros (Banco Itaú), Teodoro Quartim Barbosa (Comind) e GastãoEduardo Vidigal (Banco Mercantil), líderes ipesianos do primeiro escalão, ficaram incumbidos de articular e obter adesão das entidades de classe de todo o país para as marchas.

    “O Ipês de São Paulo também fez contribuições diretas e em dinheiro para o movimento feminino: consta dorelatório de despesas de 1962 e do orçamento de 1963 uma contribuição mensal para a UCF”, conclui ahistoriadora Solange Simões.

     A organização logística da marcha foi feita no prédio da Sociedade Rural Brasileira, supervisionada pelo Ipês econtando com a presença de membros de diversas entidades patronais e associações industriais. No bemaparelhado quartel-general do movimento feminino fizeram-se ainda pôsteres, cartazes e bandeiras com asseguintes palavras de ordem:

     Abaixo o Imperialismo VermelhoRenúncia ou Impeachment Reformas sim, com Russos, nãoGetúlio prendia os comunistas, Jango premia os traidores comunistasVermelho bom, só o batom

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    http://ultimainstancia.uol.com.br/conteudo/noticias/68040/Ai_5+ja+era+debatido+cinco+meses+antes+opondo+costa+e+silva+e+o+futuro+presidente+medici.shtml

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    Verde, amarelo, sem foice nem martelo

    Reprodução/Blog CPDOC Jornal do Brasil

    Cartaz na marcha estampava "Vitória da Democracia"; golpe que derrubou presidente eleito viria semanas depois

    3.) HOUVE PROTAGONISMO FEMININO?

    Uma vez vitorioso o golpe de Estado de 1º de abril de 1964, foi deflagrada a chamada “Marcha da Vitória”, reunindo1 milhão de pessoas no Rio de Janeiro. Logo no dia 3 de abril, o líder do Ipês João Baptista Leopoldo Figueiredo,que estava em reunião na Guanabara na qual discutiam a escolha do “novo candidato” à presidência , telefonoupara sua irmã Regina Figueiredo Silveira, presidente da UCF. Motivo: o banqueiro primo-irmão do último presidentemilitar solicitava à irmã-ativista que o lançamento da candidatura de Castello Branco fosse feito pela própria UCF.

    Paulo Ayres Filho, outro líder ipesiano e empresário da indústria farmacêutica, ficou incumbido de elaborar, juntocom uma equipe da UCF, o manifesto feminino de apoio ao marechal, levado às estações de TV e jornais pelassenhoras.

    O general Olympio Mourão Filho, que marchou de Minas Gerais em 31 de março, antecipando-se ao plano dos

    conspiradores do eixo Rio-São Paulo, comentou, sobre as marchas das mulheres, que “como todos os homens quparticiparam da revolução, nada mais fez do que executar aquilo que as mulheres pregavam nas ruas para acabacom o comunismo”. Cordeiro de Farias foi ainda mais longe, de acordo com Solange Simões, “ao afirmar que arevolução foi feita pelas mulheres”.

    Reprodução/Blog CPDOC Jornal do Brasil

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    http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.phphttp://operamundi.uol.com.br/conteudo/reportagens/33603/revista+fortune+revela+ja+em+64+elo+entre+empresarios+de+sp+e+embaixada+dos+eua+para+dar+golpe.shtmlhttp://ultimainstancia.uol.com.br/conteudo/noticias/68189/Jk+sabia+que+elite+mineira+articulava+golpe+em+64+diz+ex_ministro.shtmlhttp://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php

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    Generais que participaram do golpe de 64 exergam protagonismo feminino como ponto central para o sucesso domovimento

    Historiadores que estudaram o período são mais céticos: não veem a movimentação das mulheres como sintomado engajamento universal da população brasileira no combate a Jango. Na verdade, essas mulheres, teriamfuncionado como massa de manobra dos conspiradores — todos homens — para criar uma sensação de“espontaneidade” e “clamor popular” apta a dar “legitimidade” ao novo governo. Como aponta a pesquisadoraSolange Simões, a marcha foi “ostensivamente uma manifestação das classes média e alta”. E mais: foi muitorestrita, pois em uma cidade de 6 milhões de habitantes, como São Paulo, apenas 500 mil pessoas participaram.

     Até o embaixador norte-americano no Brasil, Lincoln Gordon, notório por seu apoio ao golpismo, percebeu a faltade apoio popular no movimento, conforme relata a Washington em um telegrama de 2 de abril de 1964: “A únicanota destoante foi a evidente limitada participação das classes mais baixas na marcha”. Seu espião militar noBrasil, o coronel Vernon Walter também atesta que, até a realização das passeatas, havia um receio de que omovimento para derrubar João Goulart fracasse por falta de apoio popular.

    Desferido o golpe em 1º de abril, as marchas do Rio e São Paulo foram seguidas de outras menores, organizadaspelas associações femininas em Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Santos.

    “Se antes os maridos enalteciam o papel de mãe e esposa para manter a mulher no lar e discriminadas na esferapública, passam agora a enaltecer aquele papel para comprometê-la na ‘política’”, arremata Solange Simões. Assim, revelando o ilusório protagonismo vislumbrado pelo espetáculo dessas marchas de massivas mobilizações“a ‘mulher-dona-de-casa’ que respeitava, no lar, a autoridade do chefe da família, deveria, enquanto mulher-cidadãprocurar a autoridade do Estado – autoridade que residia principalmente no seu braço armado”, conclui ahistoriadora.

    (*) Principais fontes: René Armand Dreifuss (‘1964: A conquista do Estado: Ação Política, Poder e Golpe de Classee Solange de Deus Simões (‘Deus, Pátria e Família: As mulheres no golpe de 1964’)

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    http://operamundi.uol.com.br/conteudo/reportagens/33603/revista+fortune+revela+ja+em+64+elo+entre+empresarios+de+sp+e+embaixada+dos+eua+para+dar+golpe.shtml

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