Histerectomia Abdominal
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Histerectomia AbdominalCarlos Franco (MR2)
História das Histerectomias
Primeiras referências: Século V a.C. - via vaginal - prolapso uterino Século XVI: histerectomias realizadas pela europa Em 1813 o alemão Langenbeck realizou com sucesso a primeira
histerectomia vaginal Em 1825 o alemão Langenbeck realizou histerectomia abdominal Via abdominal muito associada a hemorragia fatal Século XIX o inglês Manchester liga artérias uterinas Final do século XIX mortalidade 5,9% Aperfeiçoamento: 1 a 2 mortes para cada 1.000 mulheres operadas
Fonte: Te Linde, Cirurgia Ginecológica 10ª edição
Incidência das Histerectomias 500 mil mulheres por ano nos EUA 1/3 da população com 65 anos de idade 5 bilhões de gastos aos cofres públicos
Fonte: Te Linde, Cirurgia Ginecológica 10ª ediçãoImagem: Overview of hysterectomy., Overview of treatment of uterine leiomyomas. UpToDate 2014
Incidência das Histerectomias Variação de taxas de um local para outro: treinamento dos cirurgiões? Queda na incidência após surgimento de novos tratamentos Tendência a procedimentos menos invasivos, queda no número de
histerectomias
Fonte: Te Linde, Cirurgia Ginecológica 10ª edição, dados ano ??
Histerectomias no Brasil
Fonte: Ministério da Saúde – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (Ano 2016)
Indicações de Histerectomia
Doenças Benignas Doenças Malignas1. Sangramento uterino anormal 1. Neoplasia intraepitelial cervical2. Leiomioma 2. Câncer cervical invasivo3. Adenomiose 3. Hiperplasia endometrial atípica4. Endometriose 4. Câncer endometrial5. Prolapso de órgão pélvico 5. Câncer de ovário6. Doença Inflamatória da pelve 6. Câncer das tubas uterinas7. Dor pélvica crônica 7. Tumores trofoblásticos
gestacionais8. Condições associadas a gestação
Fonte: Te Linde, Cirurgia Ginecológica 10ª edição
Indicações de Histerectomia
Overview of hysterectomy. UpToDate 2014
Indicações de Histerectomia
Fonte: Sória, Helena Lúcia Zydan, et al. "Hysterectomy and benign gynecological diseases: what has been performed in Medical Residency in Brazil?." Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia 29.2 (2007): 67-73.
Histerectomia em Mulheres com Leiomiomas
Hemorragia importante sem resposta a tratamentos medicamentosos ou menos invasivos
Mulheres após a idade fértil com múltiplos miomas e sintomatologia Mulheres após idade fértil com risco de outras doenças: Endometriose,
adenomiose, hiperplasia endometrial, câncer de ovário ou uterino. Suspeita de leiomiosarcoma
Fonte: Overview of treatment of uterine leiomyomas (fibroids) - UpToDate
Histerectomia em Mulheres com Endometriose
Pacientes com dor severa, recorrente, não responsiva a outros tratamentos
Associada a salpingo-ooforectomia bilateral é uma terapia eficaz e definitiva para sintomáticas que não querem manter a função reprodutiva
Pode ser abdominal, vaginal e laparoscopica, com tendência a ser abdominal devido a aderências
10% de recorrência de sintomas e 3,5% de cirurgia adicional Riscos → hipoestrogenismo precoce, osteporose e queda da libido
Fonte: Ginecologia de Williams, 1ª edição
Escolha do Tipo de Abordagem:
Tamanho(<12sem ou 300cm3)?
Possibilidade de redução do tamanho (mocelamento ou GnRH)?
Patologia extrauterina concomitante?
Aderências?
Fácil acesso aos vasos uterinos laparoscopicamente?
Fonte: DeLancey, John OL, and Bethany D. Skinner. "Selecting the route for hysterectomy: A structured approach." (2013).
Escolha do Tipo de Abordagem:Abdominal / Vaginal / Laparoscópica
HVT X HAT• Menor tempo de internação• Retorno rápido às atividades diárias
• Menos episódios febris ou infecção inespecífica
HVT X VLC• Menor tempo de cirurgia• Demais desfechos são similares
VLC X HAT• Retorno rápido às atividades diárias
• Menor tempo de internação• Menor perda sanguínea no intraoperatório
• Menor queda de Hb• Menos infecções da ferida operatória
• Tempo de cirurgia mais longo
• Maior taxa de lesão de trato urinário inferior
Fonte: Nieboer, Theodoor E., et al. "Surgical approach to hysterectomy for benign gynaecological disease." The Cochrane Library (2006).
ACOG – HVT sempre que possível
Tipos de Histerectomia
Histerectomia total Histerectomia subtotal (supracervical) Histerectomia com anexectomia uni e bilateral Histerectomia radical
Overview of hysterectomy. UpToDate 2014
Tipos de Histerectomia
Histerectomia Total x Supracervical nas Condições Benignas
Remoção do colo do útero como rotina Preocupação quanto a câncer de colo uterino Relatos inconsistentes de disfunção sexual e disfunção de bexiga que não foram
comprovados por estudos controlados Ponderar preservação do colo nas situações:• Dificuldade técnica por anatomia deformada ou aderências, diminuição do risco
de sangramento• Pela via laparoscópica, visando diminuir risco de lesão de ureter Desvantagens da histerectomia supracervical• Sangramento vaginal cíclico em alguns pacientes (7-11%)• Necessidade de exames de rotina para CA colo uterino
Fonte: Te Linde, Cirurgia Ginecológica 10ª edição
ATB Profilaxia Recomendada
Fonte: ACOG Practice Bulletin No. 104, Maio 2009
Histerectomia Abdominal: Técnica
Anestesia (raquianestesia
ou geral)
Posicionamento do paciente (decúbito
dorsal)
Sondagem de Foley
Tricotomia (em sala, se
necessário)
Antissepsia (xifoide até coxas com clorexidina)
Colocação de campos
Preparação
Fonte: Ginecologia de Williams, 2ª edição
Histerectomia Abdominal: Técnica
Escolha da incisão:
Pfannenstiel, Cherney, Maylard ou Vertical
Fatores para decisão:
o Cicatriz préviao Tamanho e mobilidade
uterinao Resultados estéticos
o Necessidade de expor o abdome superior
o Possibilidade de ampliar
Fonte: UpToDate
Histerectomia Abdominal: Técnica Incisão Pfannenstielo 10 cm transversal levemente elevada nas extremidadeso 3 cm acima da sínfise púbicao Vasos epigástricoso Secção transversa das aponeuroseso Pinça uterinao Dissecção romba ou com lâmina (vasos perfurantes)o Retos afastados ao longo da linha médiao Incisão cuidadosa do peritônio sentido céfalo-caudal
(risco de lesão de alças intestinais abaixo)Fonte: Ginecologia de Williams, 2ª edição
Histerectomia Abdominal: Técnica Incisão Cherneyo Secção transversa aponeuroseo Localizados tendões do músculo reto abdominal
próximo aos piramidais caudalmenteo Secção transversa dos tendões logo acima da sínfise
Fonte: Ginecologia de Williams, 2ª edição
Histerectomia Abdominal: Técnica Incisão Maylardo Secção do ventre dos músculos retos
abdominais ligando epigástricas inferiores
o Mais dor pós-operatória e diminuição da força da parede abdominal
o Aumento da morbidade febril e do tempo cirúrgico
o Pouco usada
Fonte: Ginecologia de Williams, 2ª edição
Histerectomia Abdominal: Técnica Incisão verticalo Infra umbilical ou
xifopúbicao Facilidade para ampliar e
menor perda de sangueo Secção aponeurose na
linha albao Amplo campo cirúrgicoo Reservado para útero de
grande volume
Fonte: Ginecologia de Williams, 2ª edição
Histerectomia Abdominal: Técnicao Exploração abdominal – Aderências?
o Exposição - Afastadores de Balfour
o Elevação do Útero
Fonte: UptoDate
Histerectomia Abdominal: Técnicao Transecção do ligamento
redondo
o Separação dos folhetos do ligamento largo
o Exposição da prega vesico-uterina
Fonte: Ginecologia de Williams, 2ª edição
Histerectomia Abdominal: Técnica Identificação do ureter Em pacientes com doença pélvica extensa, múltiplas aderências e
alteração da anatomia → Diminuir risco de lesão inadvertida do ureter
Fonte: UpToDate
Conservação ou Remoção Anexial?
Resultados: Após mais de 24 anos de follow-up, para as mulheres com HAT+SOB, em comparação com HAT, as taxas de risco multivariadas foram de 1,12 [IC 95% 1,03-1,21] para a mortalidade total, 1,17 [IC 95% 1,02, 1,35] para doença coronária fatal e não fatal e 1,14 [IC 95% 0,98-1,33] para acidente vascular cerebral. Embora os riscos de câncer de mama [IC 95% 0,68, 0,84], ovário [CI 0,04 95% 0,01, 0,09, NNT = 220], e cancros totais (HR 0,92 IC 95% 0,86, 0,98) diminuiu após a ooforectomia, incidência de câncer de pulmão (HR = 1,26, 95% CI 1,02, 1,56, NNH = 190) e mortalidade total de câncer (HR = 1,17, 95% CI 1,04, 1,32) aumentou. Para não utilizadoras de terapia com estrogênio, ooforectomia bilateral antes dos 50 anos foi associado com um aumento do risco de todas as causas.
“Via de regra, os ovários devem ser mantidos em pacientes abaixo de 50 anos. Pode ser considerada em pacientes acima de 51 anos, pós-menopausa, casos de endometriose com DPC, múltiplas aderências pélvicas
com dificuldade na técnica ou abcessos.”
Histerectomia Abdominal: Técnica Sem anexectomiao Indicador curvado sob a trompa e o
ligamento útero-ovarianoo Duas pinças de Heaney voltadas para o
úteroo Incisão entre as pinçaso Nó livre com fio de sutura de absorção
lenta
Fonte: Ginecologia de Williams, 2ª edição
Histerectomia Abdominal: Técnica
Com anexectomiao Duas pinças de Heaney no
infundíbulo pélvicoo Incisão entre as pinçaso Nó livre com fio de sutura de
absorção lenta
Fonte: Ginecologia de Williams, 2ª edição
Histerectomia Abdominal: Técnica
Salpingectomia:o Clampear mesosalpingeo Seccionar mesosalpinge
“Salpingectomia pode ser apropriada e viável como uma
estratégia para a redução do risco de câncer do ovário.”
Fonte: SGO Clinical Practice Statement: Salpingectomy for ovarian cancer prevention, November 2013.
Histerectomia Abdominal: Técnica
Liberando o colo e vasos uterinoso Utilizando-se tesouras de
Metzenbaum, com as extremidades apontadas para o útero, a bexiga é dissecada por corte de sua ligação ao segmento inferior do útero e do colo
o Existe um plano avascular entre o segmento inferior do útero e a bexiga, permite esta mobilização (espaço vesico cervical)
o Descolamento posterior a nível do torus
Fonte: UpToDate
Histerectomia Abdominal: Técnica Ligadura das artérias
uterinaso Localizadas entre colo e
corpo uterino (istmo)o Pinças Faure são colocadas
perpendiculares e faz-se secção entre as pinças
o Ligadura dos vasos
Risco de lesão ureteral e sangramento
Fonte: Ginecologia de Williams, 2ª edição
Imagem: UpToDate
Histerectomia Abdominal: Técnica Incisão dos ligamentos cardinais
e artérias cervicovaginaiso Secciona-se colocando um clamp de
Heaney reto medialmente ao pedículo do vaso uterino. Paralelo ao colo uterino
o Então sutura-se o pedículo
Imagem: UpToDateFonte: Ginecologia de Williams, 2ª edição
Histerectomia Abdominal: Técnica Abertura vaginalo Após rebaixar bexiga e
reto por dissecção sem corte, delicadamente, os indicadores são usados para identificar o comprimento do colo e o terço superior da vagina
Fonte: Te Linde, Cirurgia Ginecológica 10ª edição
Histerectomia Abdominal: Técnica Remoção do úteroo Pinças de Heaney* para
fixadas para segurar o as paredes vaginais (ou Allis)
o Secção acima das pinças, com abertura do terço superior da vagina e remoção completa do corpo e colo uterino
o Cuidado: reduzir mínimo de comprimento vaginal, retirando o colo por inteiro
Fonte: Ginecologia de Williams, 2ª edição
Histerectomia Abdominal: Técnica
Fechamento da cúpula vaginal
o Unir o pedículos ao ligamentos uterossacros + cardinais ao ápice vaginal
o Pedículos são suturados com ponto de Heaney
o Sutura em forma de 8 com fio absorvível 0
Risco de prolapso de cúpula vaginal
Imagem: Ginecologia de Williams, 2ª ediçãoFonte: Te Linde, Cirurgia Ginecológica 10ª edição
Histerectomia Abdominal: Técnica
Revisão de hemostasia
Síntese da parede abdominal por planos
Curativo compressivo
Fonte: Ginecologia de Williams, 2ª edição
Complicações Intra-operatórias
o Lesões Ureteraiso Lesão Vesicalo Lesão Intestinalo Hemorragia
Histerectomia Abdominal: Complicações
Fonte: UpToDate
• Revisão cuidadosa de todos os pedículos• Suspeitar se: oligúria ou alteração hemodinâmica• Sinais vitais, exames laboratoriais, transfusão, hidratação
Hemorragia
• Antibiótico terapia profilático antes da indução anestésica• Retirar cateteres assim que possível• Tratar vaginose 4 dias antes da cirurgia, por 7 dias
Infecção
• Profilaxia mecânica (meias e deambulação precoce) e/ou medicamentosa (heparina profilática)TVP/TEP
• Dor abdominal e lombar, febre, diurese diminuída. Se suspeita pedir USG de vias urinárias, identificar e reparar de imediato.
Lesão de ureter
Histerectomia Abdominal: Evitar Complicações
Fonte: Complications of abdominal hysterectomy for benign disease, UpToDate
• Menopausa 1,9 – 3,7 anos mais cedo
HAT x com útero
Histerectomia Abdominal: ComplicaçõesMenopausa Precoce
Fonte: Farquhar CM, Sadler L, Harvey SA, Stewart AW. The association of hysterectomy and menopause: a prospective cohort study. 2005; 112:956.
Obrigado Pela Atenção