Hoje Macau 8 JAN 2013 #2767

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MUITO NUBLADO MIN 11 MAX 18 HUM 55-85% EURO 10.1 BAHT 0.2 YUAN 1.2 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ TERÇA-FEIRA 8 DE JANEIRO DE 2013 ANO XII Nº 2767 PUB EDIFÍCIO MONG SIN Supervisão com culpas no cartório, diz Mak Soi Kun PÁGINA 6 PUB PUB Ter para ler CONGELAMENTO DE BENS Macau prepara lei de acordo com as sanções da ONU ÚLTIMA Terras sem especulação Deputados pedem “seriedade” para a habitação pública dos novos aterros Os deputados, principalmente os democratas, estão preocupados com a habitação pública que irá ser construída nos futuros aterros de Macau. A Lau Si Io pediram, ontem, “seriedade” e “prazos” em todo o processo. Apesar do “rumo não estar ainda traçado”, o secretário para as Obras Públicas assegurou: “Vamos dar prioridade aos trabalhos, definir um calendário e contratar uma entidade para fazer um estudo.” PÁGINA 3 CONTRA A INTERVENÇÃO NAS LINHAS EDITORIAIS JORNALISTAS CHINESES FAZEM GREVE PÁGINA 8 VENHAM MAIS CINCO (SÉCULOS) SIN FONG GARDEN RELATÓRIO PRONTO DENTRO DE TRÊS MESES PÁGINA 2 LA SCALA JULGAMENTO ADIADO E CCAC AINDA A INVESTIGAR PÁGINA 5

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Edição do Hoje Macau de 8 de Janeiro de 2013 • Ano X • N.º 2767

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MUITO NUBLADO MIN 11 MAX 18 HUM 55-85% • EURO 10.1 BAHT 0.2 YUAN 1.2

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006 MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • TERÇA-FEIRA 8 DE JANEIRO DE 2013 • ANO XII • Nº 2767

PUB

EDIFÍCIO MONG SIN

Supervisão com culpas no cartório, diz Mak Soi Kun

PÁGINA 6

PUB

PUB

Ter para ler

CONGELAMENTO DE BENS

Macau prepara lei de acordo com as sanções da ONU

ÚLTIMA

Terras sem especulação

Deputados pedem “seriedade”para a habitação pública dos novos aterros

Os deputados, principalmente os democratas, estão preocupados com a habitação pública que irá ser construída nos futuros aterros de Macau. A Lau Si Io pediram, ontem, “seriedade” e “prazos” em todo o processo. Apesar do “rumo não estar ainda traçado”, o secretário para as Obras Públicas assegurou: “Vamos dar prioridade aos trabalhos, definir um calendário e contratar uma entidade para fazer um estudo.” PÁGINA 3

CONTRA A INTERVENÇÃO NAS LINHAS EDITORIAIS

JORNALISTAS CHINESES FAZEM GREVE PÁGINA 8

VENHAM MAIS CINCO (SÉCULOS)

SIN FONG GARDEN

RELATÓRIO PRONTO DENTRO DE TRÊS MESES

PÁGINA 2

LA SCALA

JULGAMENTO ADIADOE CCAC AINDAA INVESTIGAR

PÁGINA 5

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HOJE

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terça-feira 8.1.2013política2

Lau Si Io diz que obras contíguas não causam estragos aos edifícios

Relatório do Sin Fong Garden apresentado em três meses

Andreia Sofia [email protected]

FOI um debate onde os deputados eleitos por via directa foram os principais protagonis-

tas, e onde as criticas jorraram sem parar. Em mais um plená-rio da Assembleia Legislativa (AL) dedicado às respostas do Executivo às interpelações dos deputados, o sector das Obras Públicas ocupou a maior parte do debate, onde os mais recentes casos de edifícios em ruínas ou com falta de segurança vieram à baila.

Lau Si Io, secretário da tutela, respondeu a Au Kam San, Chan Meng Kam e José Chui Sai Peng, e perante tantas questões lá acabou por dizer que as causas para a queda do edi-fício Sin Fong Garden só serão conhecidas daqui a três meses, altura em que sai o relatório oficial. “O relatório está na recta final. Mas não podemos explicar os motivos que levaram a esta situação. Não temos ainda uma conclusão quanto ao Sin Fong e

temos de aguardar pelo relatório para apurar responsabilidades. O Governo vai tentar dar apoio aos sinistrados e tem falado com as vitimas”, apontou.

Depois de muito ouvir as acusações de que as obras contíguas aos edifícios são as grandes causas para a falta de segurança, Lau Si Io respondeu assim. “Não é devido às obras na vizinhança que a situação é afectada. Quero aqui frisar e esclarecer de uma vez para sempre: não são as obras que conduzem a esta situação.”

E dá exemplos. “É uma afirmação com a qual não con-cordamos, são vários os factores que contribuem (para a queda). Nas imediações do edifício Fong Leng foram feitas obras de esca-vações, mas o edifício apresenta estado de ruína. Na avenida Ta-magnini Barbosa o edifício dos funcionários públicos também tem problemas, sem terem sido feitas quaisquer obras.”

Jaime Carion, director dos Serviços de Solos, Obras Pú-blicas e Transportes (DSSOPT) garantiu que tudo passa pela sua

alçada. “Há instruções e tem que se entregar um pedido às Obras Públicas para a autorização das obras, com um relatório dos pontos de situação e edifícios circundantes. Só depois da entrega do plano geral é que autorizamos.”

PRIVADOS TAMBÉM TÊM CULPAA tarde prosseguiu com mais criticas. Se Paul Chan Wai Chi questionou o porquê do surgimento do caso Sin Fong, apesar das vistorias do Governo, Ng Kuok Cheong questionou a capacidade técnica da DSSOPT para fazer fiscalizações. “A população pode ter confiança de que no futuro estas situações não voltam a acontecer? O Governo não tem capacidade técnica para analisar esses relatórios, tem uma equipa especifica?”

Lau Si Io diz que a sua tutela tem capacidade, e descartou a total responsabilidade sobre os incidentes. “Temos essa técnica, mas trata-se de uma fiscalização no sector privado, e é sempre usada uma fiscaliza-

ção indirecta. O Governo não vai destacar pessoal seu, cabe à empresa privada fazer esse serviço e apresentar o relatório às Obras Públicas, é uma prática recorrente em todo o mundo.”

“Na maioria dos casos, deve--se em certo aspecto à indevida utilização do edifício por parte do proprietário, verificando-se em muitos dos casos classifica-dos pelo Governo como edifício em estado de ruína. Também a realização de obras ilegais, alteração por iniciativa própria do sistema de água e esgoto, modificação ilegal e realização de obras adicionais”, acrescen-tou ainda.

Perante esta afirmação, Ng Kuok Cheong frisou que “alguém tem de assumir res-ponsabilidades, porque os moradores não têm capacidades para reivindicar sozinhos os seus direitos em tribunal”. Au Kam San afirmou que “o Go-verno deve criar mecanismos eficazes e não se deve esquivar das responsabilidades, e passar a bola para os empreiteiros e construtores.”

Governo avançacom base de dados sobre edifícios em ruínasNo mesmo plenário, o Governo prometeu avançar com as medidas já anunciadas para resolver o problema dos edifícios antigos, com risco de ruína. Segundo Lau Si Io, são cerca de 2500 os prédios com mais de 30 anos. Desta forma, o Governo garante que o sistema de bases de dados sobre os edifícios em ruínas irá começar este ano. Está também na calha a criação de um sistema de creditação dos profissionais de engenharia e arquitectura, algo que, segundo o secretário, “já está na fase final”.

Novo regime geral da Construção Urbana na fase finalO processo legislativo que irá proceder à revisão do Regulamento Geral da Construção Urbana (RGCU) já “entrou na fase final legislativa”. A garantia foi dada por Lau Si Io, que garantiu também que as inspecções aos edifícios de cinco em cinco anos podem tornar-se obrigatórias com o novo regime, algo que muitos deputados exigiram. “A norma está prevista mas não é obrigatória, podemos exigir uma inspecção, mas não há sanção. Claro que o proprietário tem que ter responsabilidades. Sugerimos que a inspecção seja obrigatória, mas cabe à AL e sociedade decidir.”

Executivo já gastou 190 milhões com infiltrações Kwan Tsui Hang levou a plenário um problema muito comum nos prédios de Macau: as infiltrações de água. Da parte do Instituto da Habitação (IH) ficou garantido que é necessário “aperfeiçoar os mecanismos para resolver os problemas”. No total, o Governo já gastou cerca de 190 milhões de patacas na resolução deste tipo de casos, tendo recebido até ao momento 90 casos de queixas, em que apenas 2% dos proprietários dos edifícios se recusaram a colaborar. Com a revisão do Regime de Propriedade Horizontal anunciada há muito, o IH garantiu acelerar os trabalhos de ordem jurídica.

Foi uma tarde dura para a área das Obras Públicas: o secretário Lau Si Io e Jaime Carion ouviram duras críticas dos deputados sobre os recentes casos dos edifícios em ruínas, e viram a sua capacidade técnica ser questionada. O Governo garantiu que o relatório sobre a queda do Sin Fong Garden sai dentro de três meses e disse que os proprietários também têm culpa

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3políticaterça-feira 8.1.2013 www.hojemacau.com.mo

Andreia Sofia [email protected]

NG Kuok Cheong questio-nou o Executivo sobre os planos de habitação para os novos aterros, Lau Si

Io, secretário para as Obras Públicas, respondeu: “o rumo não está traçado, não tenho uma definição”. Foi assim mais uma parte do plenário de ontem da Assembleia Legislativa (AL), onde os projectos dos futuros aterros estiveram presentes taco a taco no debate com os edifícios em risco.

Apesar do Executivo já ter anunciado que iria construir 40 mil fracções de habitação pública nos novos aterros, ainda não sabe como nem quando. Perante as

DEPOIS do sector das Obras Públicas, foi tam-

bém um dia complicado para a Companhia de Telecomu-nicações de Macau (CTM), depois do quinto apagão registado. Foram muitos os deputados que pediram o fim do contrato celebrado entre a empresa e a Direcção dos Serviços para a Regulação de Telecomunicações (DSRT), alegando que os lucros são muitos, e a qualidade pou-ca. “Numa das alíneas do contrato diz que dá direito ao retorno da licença, como é que é tratado um apagão injustificado? A operadora ganha muito todos os anos”, apontou Lam Heong Sang. Já Ng Kuok Cheong afirmou que “num monopólio sem

Os deputados querem saber como vão ser os planos de habitação para os residentes nos futuros novos aterros, mas para já o Executivo apenas avança que vai contratar uma universidade para elaborar um estudo, não tendo qualquer plano. Lau Si Io fala de um tema que envolve “conceitos jurídicos complexos” e diz que a realidade de Hong Kong pode não ser aplicável à RAEM

Pedido calendário e “seriedade” na habitação dos novos aterros

“O Governo Central não nos deuos terrenos para especularmos”

inúmeras perguntas dos deputados, ficou a garantia: vai ser contratada uma universidade para realizar um estudo de forma “independente” nos próximos meses. “Vamos com prioridade avançar com os traba-lhos e definindo um calendário, e digo à população que vou dar prioridade a esta questão. Vamos contratar uma entidade para fazer um estudo, auscultar opiniões e depois fazer a nossa proposta. Es-tamos na fase preliminar e estamos preocupado com o seu conteúdo. Mas as habitações económicas vão ser vendidas aos residentes”, disse o secretário.

No restante tempo de debate no hemiciclo, os deputados pediram para o Governo tratar o assunto com “seriedade” por ser algo que não interessa apenas a este Execu-tivo, mas aos próximos que virão. E questionaram os prazos para a realização do estudo, exigindo um calendário pata todo o projecto de habitação.

Au Kam San foi das vozes mais criticas. “As consultas públicas são feitas à pressa e num curto espaço de tempo, ou então adiam. Não queremos mais casos como o de Ao Man long, porque o Governo Central não nos deu os terrenos para especularmos mas sim para

DSRT garante que pode vir a compensar consumidores

Deputados pedem fim do contrato com CTM

conceder qualidade de vida à população.”

CONCEITOS COMPLICADOSNa resposta à interpelação oral do deputado Ng Kuok Cheong, Lau Si Io mostrou os seus receios. “O conceito terras de Macau destinada a residentes de Macau tem um âm-bito muito lato e envolve problemas jurídicos complexos.” O secretário lembra o facto das futuras habitações poderem vir a “dar resposta à inflação dos preços do mercado imobiliário ou pode servir de estratégia de habitação a longo prazo?”

“Se for para os sectores públicos e privados temos de fazer uma ligação e temos de fazer muitos estudos. Vai criar impactos para a industria e para o sector imobiliário”, acrescentou.

Neste ponto, Lau Si Io garantiu que adoptar o mesmo modelo da região vizinha pode não dar bom resultado. “A medida adaptada em Hong Kong não deve ser aplicada em Macau porque a realidade é diferente, temos os nossos terrenos e o mercado é privado. Em Setem-bro Hong Kong vai tirar terrenos destinados ao aeroporto e vender aos residentes. Se podemos adoptar esta medida? Tenho duvidas. Terras de Macau e residentes de Macau são dois conceitos complexos.”

quaisquer limites, qual será o resultado? Haverá uma solução viável para cessar o direito de exploração da operadora?”

Tou Veng Keong, direc-tor da DSRT, disse apenas que o Executivo está a fazer os respectivos trabalhos de análise. “A nossa lei prevê sanções, mas com reincidên-cias há lugar para a cessão dos direitos de exploração. Se tiverem a culpa cessare-mos o contrato. Mas damos mais atenção às sugestões lançadas por nós e ao cum-primento por parte das operadoras. Os nossos ser-viços têm vindo a proceder a fiscalizações.” Tou Veng Keong relembrou que os primeiros quatro apagões se

deveram a falhas humanas, e prometeu futuras garantias. “Vamos pensar em adoptar medidas para compensar os consumidores.”

CONTRA COMISSÃO INDEPENDENTEMuitos deputados questio-naram ainda se a falta de capacidade dos recursos humanos da CTM seria um dos problemas para tantos apagões em tão pouco tempo, ao que a DSRT garantiu que a situação poderia ser melhor. “Estamos preocupados com o pessoal técnico das ope-radoras. Na contratação de técnicos estas manifestaram dificuldades. Os recursos hu-manos na área da tecnologia não são abundantes.”

A deputada Ho Sio Kam colocou ainda a hipótese de ser criada uma comissão fiscalizadora independente do Governo, mas Tou Veng Keong rejeitou. “Segundo

a nossa experiência, a constituição de comis-sões é feita na entidade fiscalizadora, e criar uma comissão independente não é algo muito vulgar.

Já temos empresas que vão fiscalizar se este modelo se aplica a Macau, porque a entidade fiscalizadora está descontente com esta situação.” - A.S.S.

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4 política terça-feira 8.1.2013www.hojemacau.com.mo

Andreia Sofia [email protected]

OS deputados da 1ª Co- missão Permanente da Assembleia Legislati-va (AL) reuniram-se

ontem para mais uma sessão de análise à proposta de lei que determina a jurisdição do novo campus da Universidade de Macau (UMAC) na Ilha da Montanha, ou Hengqin. Segundo a deputada Kwan Tsui Hang, presidente da

comissão, ficou esclarecido que o túnel actualmente em construção será a única maneira de entrar no novo campus universitário sem violar a lei. “Foi editado o arti-culado sobre o qual tivemos mais preocupação. A gestão do novo campus faz-se separadamente das outras áreas, e só através do túnel é que se pode entrar no campus. As outras formas para chegar ao cam-pus são ilegais.” Segundo Kwan Tsui Hang, o parecer jurídico que determina o fim da análise do

diploma na especialidade deverá ser concluído este mês.

HABITANTES NÃO ENTRAM Kwan Tsui Hang disse que pode haver outros acessos, mas que não estão contemplados na lei. “O novo campus fica inserido na jurisdição de Macau e temos que salvaguardar que os estudantes podem entrar no campus, mas os habitantes de Hengqin não podem. Não pensem que haverá outra via, só o túnel é legal.”

Questionada sobre se os prazos de conclusão do túnel vão coinci-dir com o novo campus e a nova jurisdição, a deputada não soube responder. Mas deu uma garantia. “Não sei como estão os projectos, mas se o túnel não for concluído o campus não entra em funcionamen-to. Penso que vai ficar concluído, mas a lei não prevê sobre esta si-tuação.” Há também preocupações quanto ao prazo de adaptação para empresas, que têm de ajustar os seus contratos à nova lei.

Cecília [email protected]

A deputada Angela Leong fez uma proposta ao

Governo de Zhuhai para que fosse feito um túnel subaquá-tico entre Wanchai e o Porto Interior, de forma a aliviar a pressão das Portas do Cerco e, ao mesmo tempo, impul-sionar o desenvolvimento económico da região.

A deputada, que era também membro da Co-missão Consultiva Política de Zhuhai, assegura que as duas cidades – Macau e Zhuhai – já discutiram a ideia do túnel, mas apesar de, desde 2005, ter feito já várias

DEPOIS de reportar a notícia dos taxistas

ilegais, o jornal Ou Mun apontou outro problema nas Portas do Cerco: o conges-tionamento causado pelos ‘shuttle bus’ dos casinos. Segundo a reportagem, cada dia existem mais ‘shuttle bus’ que passam a fronteira e estacionam na área entre as duas fronteiras à espera dos clientes, o que resultam num

Chui Sai On recebido em Shenzhen O Chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On, foi ontem recebido pelo líder do Partido Comunista de Shenzhen, Wang Rong, naquele que foi o ponto alto do primeiro dia da visita que Chui Sai On está a fazer àquela zona económica especial. O líder do Governo da RAEM teve ainda tempo para visitar algumas das zonas urbanas de maior desenvolvimento na região. A visita prossegue hoje, com destaque na agenda para um encontro sobre a cooperação entre Shenzhen e Macau, no âmbito do qual está prevista a assinatura de vários memorandos de entendimento.

CONVOCATÓRIA Nos termos do Artigo 18º. dos Estatutos do Grupo de Xadrez de Macau convoco a Assembleia Geral Ordinária, para reunião no próximo dia 19 de Janeiro, pelas 15.00 horas, a realizar-se no Auditório do Edifício Caesar Fortune, Estrada Coronel Mesquita, Nº.2-26, AC/V4, R/C, Taipa, com a seguinte ordem de trabalhos :1.Apreciação , discussão e votação do relatório e contas da Direcção e parecer do Conselho Fiscal.2. Eleição dos Corpos Gerentes para o biénio 2013-20143. Informações diversas. Macau, 02 de Janeiro de 2013 O Secretário da Mesa da Assembleia Geral Hans-Henning Riedel

Sem túnel o campus da UMAC não pode ser inaugurado, diz deputada

A única forma legal de entrar na Ilha da Montanha

Angela Leong questiona obrasdo túnel entre Wanchai e Porto Interior

Calendário para a obra?Deputados dão sugestões

para o congestionamento das Portas do Cerco

A culpa é dos autocarros

Os Governos de Macau e Hong Kong assinaram hoje um acordo de confirmação e execução recíproca de decisões arbitrais em mais um passo na cooperação regional entre as duas Regiões Administrativas Especiais da China. O documento, assinado na sede do Governo de Macau, foi rubricado pela Secretária para a Administração e Justiça, Florinda Chan, e pelo Secretário para a Justiça de Hong Kong, Rimsky Yuen, e foi justificado com a “intensificação das relações económico-comerciais” entre as duas regiões. Nesse

sentido, refere uma nota justificativa divulgada pelo gabinete de Florinda Chan, foi entendido pelas duas partes “haver necessidade de celebrar o acordo, de modo a melhor responder aos problemas emergentes de conflitos civis e comerciais, bem como promover o desenvolvimento da arbitragem de uma e outra região”. Com o novo documento, um dos primeiros passos que ambos os governantes salientaram querer desenvolver no âmbito da cooperação judiciária entre as duas cidades, ficam clarificados os “procedimentos

e as respectivas normas para a execução em Hong Kong das decisões arbitrais proferidas em Macau e para a execução em Macau das decisões arbitrais proferidas em Hong Kong”. Macau tinha já um documento idêntico assinado com o interior da China em 2007, sendo que agora o acordo com Hong Kong “representa mais um avanço no âmbito da cooperação judiciária inter-regional”. Após a assinatura do acordo, cabe aos dois governos concluir todos os procedimentos internos para a sua entrada em vigor, cuja data será conhecida após acordo entre as partes. - Lusa

Macau e Hong Kong acordam reconhecimento de decisões arbitrais

interpelações escritas sobre a proposta, as autoridades nunca deram uma resposta certa. “Ouvi dizer que a ideia do projecto do túnel já foi discutido entre as duas ci-dades desde 2005. Ainda em 2006, Macau encomendou a uma empresa de consultoria fazer um estudo sobre isso, em 2010 nas Linhas de Acção Governativa (LAG) ainda se escreveu que se iria avançar

para a construção de um túnel subaquático de ligação pedonal com a Ilha da Lapa (Wanchai)”, relembrou.

“Na proposta da política geral de trânsito e transportes terrestres de Macau, também está incluído o estudo de aprofundar o trabalho de túnel pedestre entre o Porto Interior e Wanchai como um dos ob-jectivos e obras em 2012. No entanto, já estamos em 2013, mas o projecto do túnel ainda está na fase de estudo, sem nenhum resultado.”

Angela Leong quer sa-ber se há calendário para a obra e as dificuldades que estão a ser sentidas na sua construção.

grande congestionamento. O jornal cita um motorista que refere que prefere usar a liga-ção transfronteiriça porque é mais fácil ficar à espera no parque para ir buscar os novos turistas depois de deixar os turistas anteriores nas Portas do Cerco.

Os moradores da zona, contudo, queixam-se que os motoristas não desligam o motor enquanto esperam, o

que, dizem, causa poluição ambiental e sonora. os resi-dentes esperam que o Go-verno reduza o número dos veículos. Já os deputados, como é caso de Lee Chong Cheng, apontam que os ‘shuttle bus’ deveriam usar uma via especial, de forma a que aliviar a pressão da fronteira. uma testemunha indicou mesmo ter visto mais de trinta ‘shuttle bus’ nas Portas do Cerco.

Outro deputado, Ung Choi Kun, considera que as autoridades precisam de procurar outra rota para voltar ao estacionamento após deixarem os turistas nas Portas do Cerco. - C.L.

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5políticaterça-feira 8.1.2013 www.hojemacau.com.mo

Joana [email protected]

A ausência do director--executivo da Chinese Estates Holdings, Jo-seph Lau, ditou novo

adiamento do quarto julgamento conexo ao escândalo de corrup-ção Ao Man Long. Depois de, em Setembro, a primeira audiência ter sido adiada por indisponibilidade da juíza Alice Costa – então es-colhida para presidir ao colectivo de juízes -, foi a vez de Mário Silvestre, substituto, marcar nova data para o início do julgamento que traz oito arguidos ao banco dos réus do Tribunal Judicial de Base.

Joseph Lau apresentou um atestado médico onde indicava estar impossibilitado de compa-recer à audiência. Este é um dos empresários de Hong Kong que vem acusado de subornar Ao Man Long para que o ex-secretário lhe adjudicasse os terrenos em

OS chamados “cadernos da amizade” – agendas onde

Ao Man Long apontava paga-mentos e receitas ligadas às obras públicas e às concessões que fez ilegalmente – conti-nuam a levantar problemas entre as defesas dos arguidos nos processos ligados ao caso de corrupção Ao Man Long. A primeira audiência do quarto julgamento conexo ao escândalo perpetrado pelo ex-secretário para as Obras Públicas ficou marcada por um segundo adiamento, mas ainda houve tempo para que os advogados discutissem o processo. Os defensores de Joseph Lau e Steven Lau, os dois empresários de Hong Kong acusados de suborna-rem Ao Man Long para que este lhes concedesse terrenos em frente ao aeroporto,

queixaram-se ontem de não lhes ter sido fornecido todo o material probatório, mesmo depois de o tribunal ter concedido autorização para tal. “Pedimos acesso aos cadernos de amizade de 2004, 2005 e 2006. Só

A defesa de Steven Lo apresentou um reque-

rimento para que António José de Castanheira Lou-renço, ex- coordenador do Gabinete para o Desenvol-vimento de Infra-Estruturas (GDI), servisse de teste-munha ao empresário de Hong Kong. Contudo, Castanheira Lourenço terá de ser ouvido em Portugal e, à semelhança do que se pas-sa com outros pedidos para a inquirição de testemunhas no estrangeiro, ainda não terá sido notificado.

Os advogados de defesa de mais do que um dos arguidos quei-xavam-se ontem que as cartas rogatórias – que apelam à cooperação entre países e têm por objectivo a realização de processos no exterior – ainda não tinham sido enviadas. “Na sexta--feira à tarde, o tribunal de Portugal ainda não tinha recebido a carta

Caso La Scala Julgamento novamente adiado devido a ausência de Joseph Lau

Sem data para nova audiência

Advogados queixam-se de não ter acesso total às provas

CCAC ainda investiga nomes ligados a Ao Man Long

Castanheira Lourenço requerido como testemunha por Steven Lo

Presençaspor notificar?

nos mostraram quatro páginas de dois deles e apenas nos deixaram ler cinco linhas, as restantes estavam tapadas. Isto não salvaguarda o direito à defesa, não sabemos o conteúdo dessas agendas. Isto é contra o princípio do contraditório”, atirou a defesa de Joseph Lau.

Mário Silvestre, presi-dente do colectivo de juízes, justificou a acção do Comis-sariado contra a Corrupção (CCAC) – que é quem tem os cadernos em sua posse -, com outra novidade: “talvez só tenham facultado essas linhas porque as outras não devem dizer respeito aos vossos arguidos. O CCAC também disse que a investi-gação ainda não está conclu-ída e daí não ter divulgado o teor total, para salvaguardar as pessoas que ainda estão a ser investigadas.”

UM PASSO ATRÁS A justificação do presidente do colectivo de juízes, con-tudo, não convenceu. Rui

Sousa, defensor de Steven Lo, foi outro dos advogados que se manifestou, dizendo ser inadmissível o que está a ser feito. “A consulta integral foi deferida pelo tri-bunal. O facto de existirem outras investigações nada tem a ver com a defesa dos arguidos, que está limitada. O CCAC e o MP dizem o que lhes interessa? Ainda não vimos nada. Sexta-feira fomos informados que podí-amos consultar os cadernos de 2004, 2005 e 2006 nessa tarde e no sábado de manhã. Depois, só tivemos acesso a duas páginas de 2005 e duas de 2006 e truncadas. Podíamos ver apenas duas a três linhas e o resto esta-va bloqueado. Que tipo de defesa podemos garantir ao arguido?”

O Ministério Público garantiu nunca se ter oposto à consulta dos cadernos, mas descartou a responsabilidade para o CCAC, quem considera ter a sua parte de razão devido “ao segredo de justiça”.

Os advogados, no entanto, evocam o sigilo profissio-nal como garantia de que poderiam ter acesso aos cadernos sem prejudicar a investigação. O tribunal comprometeu-se a entrar em contacto com o CCAC para perceber se este pode ceder os cadernos.

Não é a primeira vez que, em casos conexos ao escândalo de corrupção Ao Man Long e mesmo no próprio julgamento do ex-secretário para as obras públicas e transportes, a defesa se queixa de não ter acesso total a todas as provas que tem a acusação.

O Hoje Macau tentou perceber junto do CCAC em que ponto está a situação dos cadernos da amizade e se os advogados vão ter acesso ao total das provas, entre outras questões que se prendem com possíveis novos desenvolvimentos em casos conexos a Ao Man Long, mas o CCAC diz “recusar-se a comentar” sobre o caso. – J.F.

frente ao aeroporto de Macau, onde estava a ser construído o La Scala.

A justificação de Joseph Lau não foi bem aceite pela acusação, com o Ministério Público (MP) a

dizer que, “segundo a imprensa”, o empresário estava de boa saúde e terá sido “visto em festas e chás”. O MP pediu ao colectivo de juízes que a justificação não fosse permitida, pedido imediatamente contraposto pela defesa de Joseph Lau. “Não se pode não aceitar a justificação com base no que diz a imprensa”, atirou o advogado.

Mário Silvestre, juiz presi-dente, viu-se obrigado a pedir uma tradução oficial do atestado médico, que estava em inglês. Tra-dução feita apenas para o tribunal, depois de duas defesas – a de Lau e a de Steven Lo – contestarem que os dados constantes do ates-tado deveriam ser privados e não lidos em frente a uma audiência “composta maioritariamente por jornalistas”.

DOIS DE OITO Joseph Lau já tinha faltado à pri-meira audiência por se encontrar, segundo a defesa, doente. Mário

Silvestre pediu ontem mais infor-mações sobre o estado de um dos principais arguidos deste quarto julgamento. “O tribunal aceita o atestado médico que diz que há umas doenças - não posso revelar por ser particular -, mas não diz se está ou não apto para gozar de actividades sociais.” O presidente do colectivo questionou a defesa se a doença de Joseph Lau era a longo-prazo ou se o empresário poderia estar presente nas próxi-mas audiências.

A defesa tem dez dias para apresentar um relatório com estas informações, até porque o tribunal pretende ter em conta a disponibi-lidade dos arguidos para marcar nova data de julgamento.

Dos oito constituídos argui-dos, apenas dois compareceram em tribunal: Steven Lo - o outro dos empresários de Hong Kong, director da Moon Ocean – e Fong Chun Yun. Por isso mesmo, o aviso de Mário Silvestre sobre a necessi-

dade de se saber a disponibilidade dos arguidos serviu também para Luc Vriens.

O director executivo da Waterle-au Group, ligada às ETAR de Macau, faltou devido a estar “na Bélgica e em Marrocos, de 7 a 14 de Janeiro”. Pedro Redinha, advogado de de-fesa, explicou aos juízes que o seu constituinte pediu que o julgamento prosseguisse através de mandatário, mas sem excluir a hipótese de estar presente em tribunal, caso a audiência fosse adiada.

Já Pedro Chiang, o empresário de Macau anteriormente condenado a seis anos e dez meses de prisão por oito crimes de corrupção activa, e novamente constituído arguido nes-te processo, não deu consentimento para que o julgamento fosse feito na sua ausência. Depois de ser no-tificado novamente via edital, caso continue a faltar à audiência, será julgado à revelia. Recorde-se que Chiang se encontra em Portugal.

O julgamento foi adiado sem data prevista, com Mário Silvestre a comprometer-se apenas que a primeira audiência será “muito em breve”. O juiz deixa, contudo, um aviso: “só depois de se con-firmarem possíveis datas em que Joseph Lau e Luc Vriens podem estar presentes”.

rogatória”, contestava Rui Sousa, defensor de Steven Lo.

O representante do Ministério Público de-fendeu-se dizendo que a expedição das cartas era da competência do gabinete do procurador. Já Mário Silvestre, juiz presidente, disse ter sido informado que as cartas teriam sido todas enviadas.

Supostamente, os julgamentos que con-templem este tipo de cartas só podem começar depois de haver uma res-posta, ou seja, depois da carta rogatória ter sido devolvida ou depois de terminado o prazo desta. Pelas declarações de on-tem, no Tribunal Judicial de Base, não se sabe em que passo estão, então, as cartas rogatórias que pediram a inquirição das testemunhas no estran-geiro. – J.F.

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terça-feira 8.1.2013sociedade6 www.hojemacau.com.mo

Cecília [email protected]

O deputado e engenheiro Mak Soi Kun consi-dera que a empresa de supervisão de design do

edifício Mong Sin também deve ser responsabilizada pela recente queda dos azulejos. O prédio de habitação pública ainda é recente, mas está com problemas no hall de entrada, onde vários azulejos estão a cair.

Como s presidente da Asso-ciação de Construtores Civis e Empresas de Fomento Predial de Macau, Mak Soi Kun apontou que não é justo para o empreiteiro ter total responsabilidade no caso, já que, diz, a responsabilidade prin-cipal é da empresa de supervisão e de design. O deputado diz que, para evitar futuros problemas, o Governo tem que rever as fracções públicas que ainda não têm mora-dores. “De acordo com o programa de construção, a escolha de mate-riais e a forma como é construído o edifício é integralmente decidida pelo arquitecto e designers e eles

O Gabinete de Informação Financeira (GIF) de Macau

recebeu, ao longo do ano passado, uma média mensal de 153 parti-cipações de transacções suspeitas de branqueamento de capitais e/ou financiamento de terrorismo, uma subida de 17,7% face a 2011.

Dados facultados à agência Lusa pela coordenadora do GIF, Deborah Ng, indicam que foram registadas, no ano passado, 1.840 participações contra 1.563 em 2011, e que 165 foram enviadas para o Ministério Público (MP) para investigação, contra 190 submetidas em 2011, o que traduz uma quebra de 13,1%.

A indústria do jogo mante-ve-se como o sector que deu origem ao maior número de denúncias (1.328 ou 72,1% do total), seguindo-se o sector financeiro, da banca e segura-doras (510 ou 27,7%) e outras instituições (duas ou 0,1%).

O total de participações tem vindo a subir ao longo dos últimos anos: aumentou de 725 em 2007, para 838 em 2008, para 1.156 em 2009, para 1.220 em 2010 e para 1.563 em 2011.

Contudo, de acordo com

Mais de cinco mil famíliascom subsídio de risco socialNos primeiros onze meses de 2011, 5010 agregados familiares de Macau receberam subsídios mensais do Instituto de Acção Social (IAS). De acordo com números divulgados ontem, em comunicado, pelo organismo, os apoios totalizaram, em média, 27 milhões e 340 mil patacas. Atendendo ao próximo aumento do valor do risco social, prevê-se que a despesa mensal suba para 29 milhões e 460 mil patacas. O mesmo comunicado mostra que, de Maio de 2011 até final de Outubro do ano passado, foram recebidos 2.163 pedidos familiares de apoio alimentar de curto prazo, um apoio que beneficia 3.778 pessoas.

Imobiliário Especialistasdizem que especulaçãovai parar em dois anosEspecialistas do sector imobiliário prevêem que a especulação sobre o preço das lojas já passou e que vai melhorar em dois anos. O director executivo da Midland Macau, Ronald Cheung, disse ao jornal Ou Mun que, este ano, a indústria de luxo - como ouro, relógios e lojas de marca conhecida - tiveram planos de expansão, que causaram os altos preços no arrendamento devido à capacidade monetária. As lojas de roupa ou de comércio tradicional, os restaurantes locais, as lojas de lembranças e farmácias vão querer ter um plano de expansão e não ser afectados pela localização da loja, mas isso até agora tem sido impossível. A zona onde normalmente andam os turistas é muito cara - por exemplo, no leal Senado as lojas chegam a um milhão de patacas por mês -, mas o especialista da Midland acredita que isso vai abrandar e dá um prazo de dois anos para que os preços caiam. – C.L.

Mong Sin Mak Soi Kun diz que responsabilidade pela queda de azulejos vai além do empreiteiro

Reformas no sistema, pede deputado

Participações de suspeitas de branqueamento de capitais subiram 17,7%

Mais lavagem em 2012

devem conhecer as propriedades físicas e químicas dos materiais, incluindo a escolha de azulejos e adesivos. Depois a empresa de supervisão faz a supervisão da obra. O empreiteiro apenas faz de acordo com os desenhos e qual-quer trabalho deve ser aprovado pela Companhia de Gerência de Projectos. A queda dos azulejos deve ser da responsabilidade da empresa de supervisão e designer. Claro, o empreiteiro também não pode fugir à sua responsabilidade.”

O deputado condena ainda o facto de Macau ainda não ter um sistema de avaliação da supervisão, embora nos concursos se expresse claramente que a pessoa que vai supervisionar tem que ter experi-ência de mais de dez ou vinte anos. “Mas ainda há muito designer que nunca foi para os locais da obra, obviamente faltando-lhe experi-ência real.” O deputado insta à reforma da indústria, que significa criar um sistema da avaliação dos arquitectos e engenheiros, clas-sificar os construtores e ainda os trabalhadores.

dados facultados pelo GIF à Lusa, desde 2006 até à primeira metade de 2012, do total de processos enviados para o MP foi deduzida acusação em ape-nas oito casos, que resultaram em seis condenações.

Os sectores referenciados, como os casinos, são obrigados a reportar às autoridades qualquer transacção de montante igual ou superior a 500 mil patacas.

A lei 2/2006 sobre a pre-venção e repressão do crime de branqueamento de capitais está, entretanto, a ser revista, “de modo a observar novos padrões internacionais”, mas o diploma só deverá ser submeti-do à apreciação da Assembleia Legislativa no próximo ano, disse Deborah Ng.

Segundo a responsável, as principais mexidas na lei envolvem o sector financeiro.

Aos outros sectores também serão exigidos critérios mais rigorosos na prevenção do branqueamento de capitais, mas não em letra de lei. “Há grandes empresas, como as de jogo e outras muito pequenas, como as lojas de penhor, por isso, não

podemos aplicar o mesmo nível de requisitos, pelo que cada uma das entidades supervisoras vai emitir orientações específicas”, acrescentou.

VERIFICAÇÕESE OUTRAS QUE TAISSegundo o documento de con-sulta a que a agência Lusa teve acesso, uma das principais alterações prende-se com a “imposição da obrigatoriedade de verificação da identidade de contratantes, clientes ou frequen-tadores”, dado que o regime em vigor apenas requer a identifica-ção “não exigindo a verificação dessa mesma identidade através de meios idóneos”.

A lei estipula também que a “obrigatoriedade de participação

de transacções suspeitas é esten-dida às transacções tentadas”, isto é, mesmo em situações em que as entidades tenham rejeitado efectuar uma operação, independentemente do motivo.

Na origem da revisão da lei está, como apontou Deborah Ng, a necessidade de colmatar defi-ciências detectadas no relatório do Grupo de avaliação do Grupo Ásia Pacífico para o Combate ao Branqueamento de Capitais (APG), de 2007, as quais não são passíveis de serem corrigidas só a nível operacional.

Além disso, acrescentou, a FATF [Financial Action Task Force, em inglês, organismo reconhecido internacional-mente com competência para estabelecer padrões inter-nacionais no combate ao branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo] completou o processo de re-visão desses mesmos padrões através da aprovação de 40 recomendações, em Fevereiro de 2012, levadas em conta no “estudo aprofundado” que resultou agora nas propostas de alteração formuladas. - Lusa

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7sociedadeterça-feira 8.1.2013 www.hojemacau.com.mo

AS trocas comerciais entre a China e a lusofonia aumentaram 9,7% entre Janeiro e Novembro face

a igual período de 2011 para 900 mil milhões de patacas, indicam os dados da alfândega chinesa ontem divulgados.

As estatísticas divulgadas pelo Gabinete de Apoio ao Secretaria-do Permanente do Fórum Macau revelam que a segunda economia mundial comprou, nos 11 meses de 2012, aos oito países lusófo-nos produtos no valor de 805 mil milhões de patacas, mais 11,86% do que no período homólogo do ano anterior.

Por outro lado, a China expor-tou para a lusofonia produtos no valor de 284 mil milhões de pata-cas, o que representa um aumento de 5,31% em relação aos primeiros 11 meses de 2011.

O Brasil manteve-se como o principal parceiro económico da China, com um volume de trocas comerciais de 60 mil milhões de pa-tacas, mais 0,66% do que em 2011.

Comércio entre a China e os países de língua portuguesa aumentou 9,7%

Transacções com a lusofonia em alta

As exportações brasileiras ascenderam a 367 mil milhões de patacas, menos 0,54% do que entre Janeiro e Novembro de 2011, enquanto as compras à China tota-lizaram 230 mil milhões de euros, mais 2,63% do que nos primeiros onze meses do ano anterior.

Já com Angola, o segundo par-ceiro chinês no mundo lusófono, as trocas comerciais aumentaram 37,73% até Novembro para 265 mil

milhões de patacas, com vendas à China de 236 mil milhões de patacas, mais 36,73%, e compras de 280 mil milhões de patacas, mais 46,72% face a igual período de 2011.

Com Portugal, o terceiro parcei-ro económico da China na lusofo-nia, as trocas comerciais registaram um acréscimo de 1,75% para 280 mil milhões de patacas numa balan-ça comercial claramente favorável

a Pequim, que vendeu produtos no valor de 170 mil milhões de patacas, menos 11,47% do que nos primeiros onze meses de 2011.

Mas as exportações de Portu-gal para a China aumentaram até Novembro 34,39% para 10 mil milhões de patacas.

Os dados divulgados incluem São Tomé e Príncipe, apesar de este país manter ligações com Taiwan, ilha contra a qual a China

ameaça “usar a força” se declarar a independência e que não participa directamente no Fórum Macau.

A China estabeleceu a Região Administrativa Especial de Macau como a sua plataforma para o re-forço da cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003, ano em que criou o Fórum Macau que reúne ao nível ministerial de três em três anos.

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terça-feira 8.1.2013nacional8 www.hojemacau.com.mo

JORNALISTAS de um dos mais conhecidos semanários chineses, o Nanfang Zhou-mo, de Cantão, entraram

ontem em greve, num invulgar protesto contra a intervenção das autoridades na sua linha editorial, disse um jornal de Hong Kong. “É a primeira vez em mais de duas décadas que o departamento editorial de um grande jornal da China promove abertamente uma greve contra a censura governa-mental”, salienta o South China Morning Post.

Cantão é a capital da província de Guangdong, uma das mais prós-peras da China, situada na costa sul do país, que confina com Macau e Hong Kong.

Jornalistas do Nanfang Zhoumo acusam o director do departamento de propaganda de Guangdong, Tuo Zhen, de ter alterado o editorial de ano novo do semanário.

DIPLOMATAS, acadé-micos, empresários e

estudantes de Angola e China vão reunir-se na sexta-feira em Pequim num colóquio comemorativo do 30.º ani-versário do estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países, disse ontem à agência Lusa fonte diplomática angolana.

De acordo com o pro-grama, o colóquio abre com uma exposição do director do Centro de Estudos do minis-tério angolano dos Negócios Estrangeiros, embaixador Francisco da Cruz, sobre as “oportunidades económicas” em Angola.

O vice-presidente do Centro de Estudos Estratégicos de An-gola, general Manuel Correia de Barros, falará depois acerca da “importância estratégica” do seu país na África Austral, seguindo-se intervenções de representantes de empresa chi-nesas que operam em Angola, entre as quais a multinacional Huawei.

O colóquio é organizado pela Embaixada de Angola

UM incêndio que deflagrou, durante a noite de ontem, no maior mercado de produtos agro-

-pecuários de Xangai, a capital financeira da China, provocou pelo menos cinco mortos e dez feridos, indicam dados revelados ontem pelos bombeiros da cidade e pela agência oficial Xinhua.

O incêndio, que teve início nas instalações do mercado situado na zona económica especial de Pudong pelas 20h30, não foi declarado extinto antes das três da madrugada, não obstante os esforços dos bombeiros.

Pelo menos três dos feridos encontram-se em estado grave, disse Ma Bing, um médico do hospital de Xangai, onde deram entrada oito dos feridos, enquanto as autoridades prosseguem com as operações de resgate por eventuais vítimas na zona e nos arredores.

Entre os feridos, o mais grave está em estado crítico, segundo o governo de Xangai, apesar de não ter precisado de a vítima em causa é uma mu-lher, de 57 anos, que sofreu queimaduras em 85% do corpo, apresentando ainda graves sintomas de intoxicação por inalação de fumo, como indica o diário de Hong Kong South China Morning Post.

Uma criança de nove anos também sofre de queimaduras em 48% do corpo e dos efeitos da severa inalação de fumo, segundo o jornal.

O mercado, em que terá sido afectada uma área de cerca de 2.000 metros quadrados, é o maior do seu tipo na cidade, com quase 24 milhões de habitantes, encontrando-se aberto 24 horas por dia para oferecer produtos como peixe, carne fruta e vegetais.

Acabar com campos de trabalho forçadoA China vai acabar com o controverso sistema de campos de trabalho forçado, afirmou o South China Morning Post, ontem, citando o chefe da segurança nacional. A medida seria o primeiro passo rumo às reformas prometidas pelo novo chefe do Partido Comunista, Xi Jinping. As autoridades chinesas prometeram modificar o sistema de “reeducação através do trabalho”, em funcionamento desde 1950, que autoriza a polícia e outras agências governamentais a prenderem pessoas até quatro anos sem indiciamento. “O uso do sistema reeducação através do trabalho vai acabar este ano, após aprovação do Comité Permanente do Congresso Nacional do Povo”, disse a emissora estatal CCTV no seu microblogue oficial, citando o novo chefe do Comité de Relações Políticas e Legais, Meng Jianzhu.

França vai discutir taxas de câmbioO ministro das Finanças da França, Pierre Moscovici, disse que irá discutir as taxas de câmbio com as autoridades chinesas durante a sua viagem na próxima semana, acrescentando que um euro “sobrevalorizado” não é do interesse do seu país. “Não podemos ter uma atitude passiva e deveríamos antes construir um diálogo monetário com os grupos dos quais fazemos parte como a China e o Japão, e como o G-8 e o G-20”, disse Moscovici, no domingo. “Um euro sobrevalorizado não é do nosso interesse se quisermos ser capazes de voltar a industrializar o país”, afirmou. O ministro não especificou se considera que o euro está actualmente sobrevalorizado ou qual seria o nível preferível para a moeda. Moscovici ainda reiterou a meta de crescimento económico para o ano em 0,8% e a meta para o deficit orçamental equivalente a 3% do Produto Interno Bruto (PIB).

SAP planeia investir milhões na ChinaA gigante alemã na área de software --principalmente em sistemas integrados de gestão empresarial, os chamados ERP (na sigla em inglês)--, a SAP projecta um mercado potencial de 1 milhão de novos clientes na China, cinco vezes a sua carteira mundial actual. Em entrevista ao jornal semanal “Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung”, Jim Hagemann, chefe - executivo da empresa, afirmou que o mercado chinês será mais importante para a empresa alemã que o dos Estados Unidos. Segundo Hagemann, a SAP pretende abrir caminho no país asiático através de um acordo com as autoridades para permitir a venda de serviços de computador em nuvem. Como parte da estratégia de crescimento, a empresa projecta um investimento de cerca de 16 mil milhões de patacas.

Jornalistas chineses contra intervenção das autoridades nas linhas editoriais

Greve contra a censura

Angola e China celebram em Pequim 30 anos de relações diplomáticas

260 mil chineses a trabalhar no país africano

Xangai Fogo faz pelo menos cinco mortos e dez feridos

Três em estado grave

em Pequim em colaboração com a Associação Chinesa de Amizade com os Países Estrangeiros.

Angola e China estabele-ceram relações diplomáticas no dia 12 de Janeiro de 1983.

Trinta anos depois, An-gola é um dos principais fornecedores de petróleo à China e cerca de 260 mil chineses trabalham naquele país africano, sobretudo em obras públicas e construção de infra-estruturas.

Quase 40 % das exporta-ções angolanas de petróleo vão para a China, represen-

tando 16 % das importações chinesas daquela matéria--prima, realçou há cerca de um ano o jornal China Daily, num suplemento de oito pá-ginas sobre Angola.

Em Novembro passado, o embaixador de Angola na China, João Garcia Bires, manifestou a “mais sincera gratidão” ao “pronto apoio” da China ao programa de “re-construção nacional” lançado pelo governo angolano há uma década, depois de “uma guerra prolongada e destruidora”. “Sob a clarividente direcção do Partido Comunista, a China respondeu prontamente e sem pré-condições ao apelo do governo angolano para assis-tência económica, financeira e técnica para a reconstrução do país. O apoio do governo chinês aconteceu numa altura crucial”, disse.

Segundo fontes chinesas, o montante dos empréstimos e linhas de crédito concedidos pela China a Angola desde 2004, através de vários bancos estatais, ronda cerca de 110 mil milhões de patacas.

A alteração, feita na véspera da saída do jornal e atribuída a Tuo Zhen, transformou um apelo a favor do “constitucionalismo” e de reformas políticas num tributo ao papel dirigente do Partido Comunista, disse o South China Morning Post.

Centenas de intelectuais, jor-nalistas e internautas assinaram entretanto uma petição contra a censura e 27 académicos do continente, Hong Kong e Taiwan, entre os quais destacados juristas e economistas, apelaram à demissão de Tuo Zhen.

De acordo com a Constitui-ção chinesa, “os cidadãos da República Popular da China têm direito à liberdade de expressão, de imprensa, reunião, associação e manifestação”.

O “papel dirigente” do Partido Comunista Chinês (PCC) é, con-tudo, considerado “um princípio cardial”, sobrepondo-se à Cons-tituição.

Na sexta-feira passada, as au-toridades encerraram o site de uma publicação associada aos sectores liberais do PCC, Anais do Impe-rador Amarelo, que publicou um apelo à nova liderança do partido para “garantir os direitos constitu-cionais dos cidadãos”.

A crise no Nanfang Zhoumo ocorre menos de dois meses após o 18.º Congresso do PCC, que ele-geu uma nova “liderança central”, encabeçada pelo futuro Presidente, Xi Jinping.

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9terça-feira 8.1.2013 www.hojemacau.com.mo região

O novo primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, apelou ontem para a revitalização da eco-

nomia, em processo de recessão, de forma a conquistar a confiança dos japoneses, naquela que foi a primeira reunião do ano do Par-tido Liberal Democrático (PLD). “O nosso partido tem uma grande responsabilidade. Primeiro, de-vemos responder ao pedido dos cidadãos no sentido de revitalizar a economia, com resultados visí-veis”, afirmou Abe, 58 anos, em declarações citadas pela agência local Kyodo.

A reunião foi a primeira rea-lizada pela sua formação política em 2013 e desde que venceu as eleições gerais antecipadas do passado 16 de Dezembro, as quais devolveram o poder ao histórico partido depois de três anos de man-dato do Partido Democrata (PD).

O objectivo fixado por Abe, que já exerceu o cargo de primeiro--ministro entre 2006 e 2007, passa pela adopção de políticas que per-

A Coreia do Sul preparou um contingente de 280 efectivos

para participar em missões de paz das Nações Unidas no Sudão do Sul, onde se unirá aos esforços de reconstrução do país, informaram ontem as Forças Armadas sul--coreanas.

O contingente, formado prin-cipalmente por engenheiros e médicos das Forças Armadas, a unidade de manutenção da paz da Coreia do Sul será enviada no final de Março para as missões na jovem nação africana, permane-cendo até ao final do ano, disse o Exército em comunicado.

UM homem de 28 anos foi multado em cerca de 100.700

patacas por um tribunal de Seul por difundir na Internet o falso rumor de que a bateria do seu ‘smartphone’ tinha explodido, informaram ontem fontes judiciais sul-coreanas.

O jovem, identificado com o apelido Kim, foi acusado de difa-mar por escrito através da Internet, por várias ocasiões em 2011, o fabricante de telefones móveis LG Electronics, ao assegurar que a ba-teria do seu ‘smartphone’ Optimus 3D explodiu, noticiou a agência sul-coreana Yonhap.

Além de difundir o rumor na Internet, o jovem distribuiu panfle-tos com informações falsas sobre a suposta explosão da bateria do ‘smartphone’ junto dos transeuntes do distrito financeiro de Yeouido, na capital, Seul, onde se situa a sede da LG Electronics.

Kim “não mostrou qualquer sinal de arrependimento pelo cri-me e tem antecedentes penais por fraude”, disse o juiz, na leitura

Polícia filipina matou 13 membros de quadrilhaA polícia filipina matou domingo 13 membros de uma quadrilha num tiroteio, o terceiro incidente violento registado em poucos dias, quando no país se fazem apelos generalizados ao controlo mais rigoroso da posse de armas. O conflito começou depois de os homens armados, em dois veículos, tentarem passar por uma barreira policial perto da cidade de Atimonan, de acordo com o centro de operações da sede da polícia nacional. Num comunicado, a polícia disse que um oficial foi ferido e levado para o hospital, acrescentando que dez armas de fogo foram retiradas aos membros do ‘gang’, incluindo uma espingarda de assalto M16.

Japão Revitalização económica na primeira reunião do partido de 2013

Mais infra-estruturas

Seul vai enviar contingente para participarem missões de paz no Sudão do Sul

Apoio à reconstruçãoMais de 100 mil patacas por difundir rumor sobre explosão de ‘smartphone’

Difamação sai cara

mitam impulsionar o crescimento do país até 3 % ao ano, com estra-tégias que incluem o aumento do investimento em infra-estruturas.

Além disso, o PLD, que domi-nou de forma quase ininterrupta durante mais de meio século a política japonesa até 2009, defende

a adopção de políticas de flexibi-lização monetária mais agressivas por parte do Banco do Japão, o qual deve também elevar a sua

meta de inflação para 2 %, a fim de combater a deflação endémica e depreciar o iene.

Na primeira reunião do PLD, Abe instou ainda os membros do partido a conquistar o maior apoio possível nas eleições que ser reali-zam em Julho para renovar metade da Câmara Alta do Parlamento, na qual nenhum partido detém, actualmente, maioria. “Os eleito-res têm expectativas elevadas em relação a nós. Isto significa que não seremos capazes de vencer as eleições para a Câmara Alta se os decepcionarmos”, apontou Abe.

As eleições que terão lugar no verão são muito importantes para garantir ao PLD a estabilidade po-lítica e o controlo das duas câmaras do Parlamento.

da sentença, justificando a multa imposta ao jovem.

O tribunal do Distrito Sul de Seul alegou que o falso rumor propagado pelo acusado provocou danos tanto na reputação da mul-tinacional local LG Electronics como na imagem do seu produto.

Depois de recolher a bateria do telemóvel e de realizar uma investigação para analisar a cau-sa da explosão, a LG chegou à conclusão de que era impossível ter explodido durante a utilização normal do dispositivo, o que le-vou o gigante da electrónica a dar entrada com uma denúncia por difamação contra o jovem.

O comunicado, citado pela agência noticiosa espanhola Efe, revela que o contingente que a Coreia do Sul planeia enviar para o Sudão do Sul será destacado para a localidade de Bor, a cerca de 170 quilómetros a norte da capital, Juba.

O plano de Seul de enviar uma unidade de reconstrução para a jovem nação africana foi solicitado pelo secretário-geral da ONU, o sul-coreano Ban Ki--moon, e aprovado pela Assem-bleia Nacional do país asiático em Setembro.

O Sudão do Sul, de maioria

cristã e animista, conquistou a in-dependência do Sudão, de maioria muçulmana, em Julho de 2011, na sequência do acordo de paz assinado em 2005 e que pôs fim a décadas de guerra civil, que re-sultaram em cerca de dois milhões de mortos, segundo estimativas.

No entanto, permanecem as tensões entre ambos os países vizinhos sobretudo no que toca à segurança fronteiriça e à pro-dução de petróleo.

Até à data, a Coreia do Sul já enviou tropas para missões da ONU em outros seis países, incluindo a Somália, Timor-Leste ou Angola.

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terça-feira 8.1.2013www.hojemacau.com.mo10 frança

GÉRARD Depardieu já tem passapor-te russo. O actor francês recebeu o

documento e encontrou-se com Vladimir Putin em Sochi, estância do mar Negro. Mas, segundo um porta-voz citado pela BBC, não foi o Presidente quem lho entregou.

Num encontro documen-tado fotograficamente, De-pardieu e Putin apertaram as mãos um do outro e abraçaram-se. O actor chegou a Sochi sábado, informou este domingo o porta-voz.

No início da semana, o Presidente russo assinou um decreto que atribui a cidada-nia russa a Depardieu. Em resposta, numa carta aberta, o actor manifestou o seu amor à Rússia e descreveu o país como “uma grande democracia”.

A obtenção da naciona-lidade russa, oferecida por Putin, acontece na sequência do desagrado manifestado por Depardieu com a intenção do Governo francês – entretanto chumbada pelo Tribunal Constitucional – de criar uma taxa de 75% sobre o rendimento dos mais ricos. Na Rússia, o imposto sobre ren-dimentos pessoais é de 13%.

O actor acusou o Governo do Presidente socialista Fran-çois Hollande de penalizar o “sucesso, criação e talento”. E em Dezembro mudou a re-sidência fiscal para a Bélgica.

Depardieu desempenhou em 2011, num filme franco--russo, o papel de Rasputin,

Actor francês esteve em Moscovo e já tem passaporte russo

Gérard, de Obélix a Depardieuvitch

Page 11: Hoje Macau 8 JAN 2013 #2767

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11terça-feira 8.1.2013 www.hojemacau.com.mo frança

Actor francês esteve em Moscovo e já tem passaporte russo

Gérard, de Obélix a DepardieuvitchBrigitte Bardot ameaça pedir passaporte russo

A culpa é dos elefantesmonge influente na corte, na parte final do império czaris-ta. Actualmente é a figura de um anúncio de um cartão de crédito de um banco russo.

CONVITE PARAMINISTRO DA CULTURAAo descer do avião no aero-porto da cidade de Saransk, capital da Mordóvia (640 qui-lómetros a este de Moscovo), Gérard Depardieu foi recibo pela fanfarra e pelo governa-dor da região, juntamente com mulheres vestidas com trajes tradicionais que cantaram na pista. “Estou muito contente. Gosto muito de estar aqui”, disse o actor francês, citado pela agência russa Interfax.

Em Saransk, o governa-dor da região da Mordóvia, Vladimir Volkov, ofereceu a Depardieu que escolhesse entre um apartamento ou a construção de uma casa, que ficaria no meio de uma floresta e perto de um rio, segundo a agência Itar-Tass.

Segundo uma fonte local, citada pela agência Ria No-vosti, o governador chegou mesmo a propor ao actor francês que se torne o pró-ximo ministro da Cultura da Mordóvia.

A festa acontece depois do presidente Vladimir Putin ter concedido a cidadania russa a Gérard Depardieu, que anunciou desejar abandonar a França e entregar o seu passa-porte francês para escapar aos elevados impostos no seu país.

O gesto do presidente russo foi depois felicitado por Depardieu através de uma carta, onde o actor exprimia o seu amor pela Rússia e pelo seu chefe de Estado.

Na carta, o actor francês aproveitou para elogiar a democracia na Rússia, o que provocou um coro de críticas tanto na Rússia como no es-trangeiro.

A Mordóvia é conhecida pelas duas dezenas de cam-pos de prisioneiros que tem actualmente e cuja construção remonta à época estalinis-ta, quando faziam parte do Gulag.

Uma das jovens membro do grupo Pussy Riot, conde-nadas a dois anos de prisão por acções contra o presidente Putin, cumpre a sua pena na Mordóvia.

As ligações entre o actor nascido em França e a Rússia não são, no entanto, recentes. Depardieu tem sido o rosto de uma campanha publicitária do banco Sovietski, além de que tem dedicado parte do seu tempo a angariar verbas para um hospital pediátrico loca-lizado em São Petersburgo.

DEPOIS do actor francês Gérard Depar-dieu, agora é a sua compatriota Brigitte

Bardot a querer um passaporte russo. A antiga actriz não se queixa dos impostos mas sim do abate de dois elefantes, ordenado por um tribunal de Lyon. “Se os que têm poder neste país são suficientemente covardes e sem vergonha para matarem os elefantes, então decidi que vou pedir a nacionalidade

russa para sair deste país, que se tem torna-do em nada mais do que um cemitério para animais”, lê-se num comunicado citado pela agência Reuters.

A antiga estrela do cinema mundial e feroz activista em defesa dos direitos dos animais revoltou-se com a decisão judicial, que decretou o abate dos elefantes Baby e Nepal, do circo Pinder, diagnosticados com tuberculose.

Os proprietários do circo já fizeram saber que vão recorrer da sentença do tribunal para tentar salvar os elefantes, que foram diagnosticados em 2010, mas que estão há dois anos num jardim zoológico, afastados do público.

Desde que se afastou do cinema, na década de 1970, Bardot tem dedicado a vida à defesa dos direitos dos animais, protagonizando e instigando muitas acções controversas, que lhe valeram várias condenações em tribunal. Num desses casos, em 2006, a antiga actriz foi condenada por incitamento ao ódio religioso, depois de ter afirmado que a comunidade muçulmana em França “está a destruir o país com a imposição dos seus actos”, referindo-se à celebração de uma das mais importantes datas religiosas muçulmanas, o Eid Al-Adha.

As festividades começam a 25 de Outu-bro e recordam a obediência de Abraão, que sacrificaria o seu próprio filho a pedido de Deus, mas que acabaria por ser ordenado a sacrificar apenas um carneiro.

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13terça-feira 8.1.2013 www.hojemacau.com.mo vida

COMO é que o mosquito da malária, enquanto suga a sua vítima, impe-de que a coagulação do

sangue que lhe serve de refeição? Cientistas do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) da Universidade do Porto, com colegas de Espanha e França, desvendaram agora o mecanismo usado pelos mosquitos do género Anopheles.

Publicado pela revista norte--americana Proceedings of the National Academy of Sciences no final de 2012, o trabalho abre caminho ao desenvolvimento de novas moléculas sintéticas para o tratar problemas cardiovasculares, que muitas vezes necessitam da administração de anticoagulantes.

Os mosquitos anófeles usam

TEM mais água, é consti-tuído por basalto e tem

2100 milhões de anos. A rocha marciana descrita na Science é uma representante única da geologia do planeta.

Bem-vindos os calhaus de Marte, ou pelo menos os 319,8 gramas chegados de lá - o peso do meteorito proveniente do planeta ver-melho que agora foi estuda-do. Enquanto uma missão de ida e volta não trouxer material do quarto planeta do sistema solar, os meteoritos marcianos que caem na Terra são os melhores objectos para se conhecer as profundezas geológicas do planeta. O NWA 7034 é diferente das rochas marcianas que se observaram até agora. É um pedaço de material vulcânico com mais água do que o nor-mal, proveniente da crosta marciana e tem 2100 milhões de anos, revela um artigo na edição de hoje da revista norte-americana Science.

Até agora, eram conhe-cidos 110 meteoritos mar-cianos. Mas só na década

Mosquito da malária não deixa o sangue coagular e agora sabemos porquê

Abrir caminho ao tratamento de problemas cardiovasculares

Meteorito NWA 7034 é diferente de todos os outros

De Marte com carinho

uma molécula para controlar o sis-tema de coagulação durante as suas refeições de sangue – a anofelina, que tem como alvo a trombina, uma enzima central na anticoagulação.

A anofelina já tinha sido isolada e caracterizada por uma equipa norte-americana, que a patenteou como anticoagulante. “A maioria dos hematófagos [animais que se alimentam de sangue] possuem moléculas anticoagulantes inte-ressantes para usos biomédicos, muitas delas já patenteadas. Mas o que se desconhece é forma como elas funcionam”, explica Pedro Pereira, investigador principal da equipa que liderou o estudo, citado num comunicado do IBMC.

A anofelina tem uma “aborda-gem radicalmente inovadora” no

controlo do sistema de coagulação do hospedeiro: ela liga-se à trom-bina aproveitando os locais nor-malmente utilizados por substratos naturais do organismo no processo de coagulação, como por exemplo o fibrinogénio. Desta forma, o fi-brinogénio não consegue ligar-se à trombina e, consequentemente, não se produz a fibrina, que forma os coágulos. Um coágulo é uma rede de fibrina. Encravando os locais também usados pelo fibrino-génio como ligação à trombina, à semelhança de uma chave partida dentro da fechadura, a anofelina trava a formação de coágulos. “A anofelina é admiravelmente pe-quena e muito simples, sendo no entanto bastante eficaz”, diz Pedro Pereira. Isso é diferente de outras

moléculas extraídas de outros animais hematófagos, como a car-raça dos bovinos, cujas moléculas anticoagulantes são quatro vezes maiores, e por isso ela pode ser mais fácil de imitar em compostos sintéticos. “Apesar de terem sem-pre o mesmo objectivo, impedir a coagulação, as características de cada molécula são muito especí-ficas de cada grupo de animais e seguem estratégias diferentes”, refere por sua vez Ana Figueiredo, a primeira autora do artigo.

A equipa – que inclui ainda investigadores da Universidade Pompeu Fabra e do Hospital de Sant Pau, em Barcelona, e do Laboratório Europeu de Radia-ção Sincrotrão em Grenoble, em França – também identificou a porção da molécula essencial para a actividade anticoagulante, que corresponde a cerca de metade da anofelina originalmente descrita.

Assim, uma molécula isolada de mosquitos que infectam cerca de 500 milhões de pessoas por ano com malária pode agora vir servir de base à concepção de fármacos sintéticos para prevenir e tratar alguns dos problemas que mais matam, neste caso as doenças cardiovasculares.

Segundo a análise feita pelos cientistas, o meteorito con-tém 6000 partes de água por um milhão de partes, o que é cerca de dez vezes mais do que a que se encontra, em média, nos outros me-teoritos marcianos. “Esta abundância de água sugere que o meteorito interagiu com a superfície marciana há cerca de 2100 milhões de anos”, diz Agee.

É impossível saber a que região do planeta per-tence este representante do mundo mineral de Marte. Apesar de o robô Curiosi-ty da NASA, que chegou ao planeta em Agosto de 2012, estar programado para estudar a geologia de Marte - tem um braço capaz de apanhar amostras de solo para analisar -, será preciso uma viagem mais arrojada de ida e volta para as mãos humanas poderem analisar rochas de Marte trazidas de propósito. A NASA e a Agência Espacial Europeia tinham um projecto destes, só que nunca saiu do papel.

passada é que se confirmou que esta população de rochas vinha mesmo de Marte. Apesar da sua constituição corresponder àquele planeta, foi preciso a informação recolhida pelas sondas Vi-king, que aterraram em Marte em 1976, e décadas de investigação para termos a confirmação.

A viagem de um pedaço de rocha arrancado de Marte até à Terra começa com um forte impacto de um grande asteróide ou de um cometa contra o planeta vermelho. Depois, é uma questão de sorte o material cair na Terra.

Os meteoritos que cá chegaram são todos de uma só classe dividida em três grupos, consoante a sua composição química, chamados Shergotty, Nakhla e Chassign (SNC). O NWA 7034 não se encaixa em ne-

nhuma dos tipos. O pedaço de rocha foi encontrado no Noroeste de África. Em 2011 foi adquirido pela Universi-dade do Novo México, nos Estados Unidos, onde foi es-tudado. “A textura do mete-orito NWA não é como a dos SNC. É feito de fragmentos cimentados de basalto, uma rocha que se forma quando a lava arrefece rapidamente, e contém principalmente feldspato e piroxena. A composição é comum nas amostras de material lunar, mas não noutros meteori-tos”, explica Andrew Steele, um dos autores, que trabalha na Instituição Carnegie, em Washington.

As análises feitas ao solo de Marte pelos sucessivos robôs que foram enviados ao planeta nunca encontraram uma química parecida com a do material marciano que

viajou até à Terra. Mas o NWA 7034 parece inverter a situação. “O basalto da ro-cha é consistente com o que existe na crosta ou no manto superior de Marte, segundo as descobertas recentes fei-tas pelos robôs em Marte e pelos satélites. A química [do NWA 7034] parece ter uma origem superficial e ter sofrido uma interacção com

a atmosfera do planeta”, ex-plica Carl Agee, outro autor do artigo, da Universidade do Novo México.

ROCHA HIDRATADAA datação do NWA 7034 indica que esta rocha é, segundo os cientistas, do início da época amazoniana - a mais recente época do registo geológico de Marte.

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terça-feira 8.1.2013cultura14

COMO se não bastasse a aclamação global de Tabu, de Miguel Gomes, 2012 fechou

com “chave de ouro” para o cinema nacional: um filme por-tuguês chegou à capa do mais recente número da prestigiada

Fotos antigas dos Beatles serão leiloadas no Reino UnidoUm conjunto de 65 diapositivos a cores captados durante a primeira digressão dos Beatles aos Estados Unidos, em 1964, vai ser leiloado em Inglaterra a 22 de Março, no dia em que se celebram os 50 anos da edição do álbum de estreia da banda, “Please Please Me”. As fotografias foram tiradas por Robert Beck (1925-2002), um médico especializado em terapias alternativas, e serão levadas à praça em Stockport pela leiloeira Omega Auctions. Muitas das imagens mostram a banda a actuar, mas o conjunto inclui também retratos dos diferentes elementos dos Beatles tirados durante uma conferência de imprensa num hotel de Las Vegas. Além de mostrarem os Beatles numa fase muito inicial da sua carreira, o facto de estas imagens serem a cores tornam-nas ainda mais raras e valiosas, já que a película utilizada na fotografia a cores era ainda bastante dispendiosa na época, pelo que a maior parte das fotografias mais antigas dos Beatles são a preto e branco.

Líder dos Durutti Column precisa de apoio financeiroO líder dos Durutti Column, banda inglesa formada na década de 1970, precisa de apoio financeiro para necessidades básicas como alimentação, água ou electricidade, revelou esta quinta-feira o sobrinho do músico. Em mensagem divulgada na Internet, o sobrinho de Vini Reilly, guitarrista e mentor dos Durutti Column, revelou que o seu tio já não pode tocar guitarra após ter sofrido dois derrames cerebrais em 2010, e lançou uma campanha ‘online’ de recolha de donativos.

A “Última Vez que Vi Macau” fecha o ano da Cinema Scope

Cinema português no bom caminho

revista canadiana Cinema Sco-pe (http://cinema-scope.com), ardente defensora do cinema independente global.

A “Última Vez que Vi Ma-cau”, de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata, en-trevistados por Aaron Cutler, é o

tema de capa de uma edição que dedica ainda textos a “O Gebo e a Sombra”, de Manoel de Oliveira (numa apreciação de Francisco Ferreira, crítico do Expresso), e à obra de Gabriel Abrantes (num artigo de Andréa Picard, programadora do festival de To-

ronto). A entrevista de Rodrigues e Guerra da Mata estrutura-se quase como um diálogo entre os co-realizadores (e cúmplices de vida e obra) que explicam raízes, origens e produção de um filme que navega à vista entre o documentário e a ficção.

A “Última Vez que Vi Macau” teve a sua estreia no festival de Locarno 2012, onde recebeu uma Menção Especial do júri presidido por Apicha-tpong Weerasethakul, e tem feito uma carreira de primeira água em festivais, tendo ven-cido Turim e sido exibido em Copenhaga, Salónica, Nova Iorque e Toronto. A sua estreia em Portugal está prevista para o primeiro trimestre de 2013, com estreias igualmente previstas já em França e nos EUA.

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15culturaterça-feira 8.1.2013 www.hojemacau.com.mo

PORTUGAL será um dos mais de 30 países repre-sentados na XXVI edição da Feira Internacional do

Livro de Jerusalém, com início a 10 de Fevereiro. Ao longo de cin-co dias, a língua portuguesa será promovida através da presença de autores como os angolanos José Eduardo Agualusa e José Luís Mendonça, os brasileiros Milton Hatoum e João Gilberto Noll e os portugueses Lídia Jorge e José Luís Peixoto. “A participação Portuguesa na Feira está a ser uma das mais aguardadas devido ao prestígio de que goza em Israel a literatura de Portugal, que conta com numerosos autores traduzidos para hebraico e vários livros prestes a serem publicados” - segundo Fernando Ferreira da Silva, Con-selheiro Cultural da Embaixada de Portugal em Israel.

Uma novidade na edição de 2013 da Feira é o formato da participação lusófona, através da criação de uma parceria entre as embaixadas de Angola, Portugal e Brasil. Esta parceria tem como objectivo não só a partilha de recursos, mas também “a criação de uma plataforma destinada a sublinhar a importância do português como uma língua in-ternacional, que, através da sua vocação natural para acomodar uma imensa diversidade de culturas e expressões literárias – respeitando a sua identidade e originalidade –, constitui hoje um factor de união entre povos e culturas de diferentes países, nos quatro cantos do mundo”, afirma Fernando Ferreira da Silva.

A par de Portugal, a feira conta com a participação de autores e editores de mais de 30

países. Cerca de 600 editoras, israelitas e estrangeiras, estarão representadas nos diversos pavi-lhões do recinto da feira, expondo aproximadamente 100 mil livros, escritos em mais de uma dezena de línguas.

No programa de actividades previstas encontram-se seminá-rios e simpósios, subordinados a temas do mundo editorial, e en-contros entre escritores israelitas e estrangeiros.

Um dos principais destaques vai para a entrega do Prémio Jerusalém – que distingue autor que melhor exprima e promova a ideia da liberdade do indivíduo na sociedade -, atribuído em 2005 ao escritor português António Lobo Antunes. Nas duas edições anteriores, 2009 e 2011, os galar-doados foram Haruki Murakami e Ian McEwan, respectivamente.

A cerimónia de entrega dos Annie Awards, os

prémios americanos para o cinema de animação, que se realiza a 2 de Fevereiro em Los Angeles, vai ter este ano, inesperadamente, um nomeado português: Regina Pessoa, com a sua

Hong Kong (mais uma vez) em LisboaA Simple Life, o belíssimo melodrama de Ann Hui mostrado no IndieLisboa 2012, é o “ponta-de-lança” da quarta edição da Mostra de Cinema de Hong Kong, que ocupa o Cinema City Classic Alvalade, em Lisboa, de 9 a 13 deste mês. Apresentada como em anos anteriores pela associação Zero em Comportamento, a partir de uma escolha realizada pela Hong Kong Film Society para o HK Economic and Trade Office, a Mostra de Cinema de Hong Kong levanta um pouco do véu sobre a actual produção corrente daquela que chegou a ser uma das cinematografias asiáticas mais estimulantes e que revelou nomes como John Woo ou Tsui Hark. Entre os oito filmes escolhidos para a edição deste ano, produzidos entre 2010 e 2012, destaca-se ainda a comédia The Great Magician, de Derek Yee, com o grande Tony Leung Chiu-wai no papel de um lendário ilusionista pequinense dos anos 1920, e o road movie de Bill Yip sobre dois burlões aos quais uma viagem à Tailândia muda a vida, Cure. Os bilhetes custam quatro euros e o programa pode ser consultado em www.zeroemcomportamento.org/hongkong.

Porto de Macau serve Cozinha Portuguesa com fado à misturaO restaurante Porto de Macau vai ter a partir do próximo dia 15 de Janeiro e até 14 de Fevereiro “Noites de Fado.” Aberto desde há cerca de dois anos na Nova Taipa Gardens, o restaurante de cozinha portuguesa contará a partir de dia 15 com a presença da fadista Luísa Rocha, acompanhada na guitarra portuguesa por Guilherme Banza e à viola por Nelson Francisco. Para a gerente do estabelecimento hoteleiro, Mariana Fernandes, esta é uma iniciativa para continuar. “ Apesar das dificuldades que é trazer pessoas do outro lado do mundo até cá, pensamos manter este tipo de iniciativas. Tem de ser tudo programado com muito tempo de antecedência, mas achamos que vale a pena,” disse ao Hoje Macau. Luísa Rocha estará no Porto de Macau, todas as noites, excepto à quarta-feira, entre as 18h30 e até cerca das 23h. - J.C.M.

Portugal na Feira Internacional do Livro de Jerusalém

Participação lusófona com novo formato

Cinema português de autor na indústria americana

Regina Pessoa nomeada para os Annie Awards

curta-metragem “Kali, o Vampiro” (2012).

Estreado no último Indie Lisboa e já com um palmarés de dezena e meia de prémios e citações por todo o mundo – o Libération descreveu--o como “uma obra visual e plástica que vai além da

narração ou ilustração de uma história” –, o novo filme de Regina Pessoa (n. Canta-nhede, 1969) surge, assim, como uma lança do cinema de autor em pleno território da indústria americana. A realizadora não tem grandes ilusões quanto às suas pos-

sibilidades de competir com produções da Walt Disney ou da Sony Pictures, mas nota que a nomeação é já uma grande vitória.

Com Kali, o Pequeno Vampiro, Regina Pessoa encerra uma trilogia sobre o tema da infância. Entretanto, tem compensado a dificul-dade de viver da animação no nosso país trabalhando também para a publicidade. Depois de um vinho do Porto, acaba de fazer o rótulo para uma cerveja italiana, a que o produtor decidiu mesmo atribuir o seu nome, “Regina d’Inverno”.

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terça-feira 8.1.2013desporto16 www.hojemacau.com.mo

Sérgio [email protected]

O Campeonato da China de Carros de Turismo (CTCC) revelou ao público na passada

semana o seu calendário de nove provas para 2013 e a última ronda da competição automóvel mais popular do país tem como data provisória o fim-de-semana do 60º Grande Prémio Macau.

A data agendada para a prova é 16 e 17 de Novembro, o fim--de-semana principal dos dois previstos para a edição especial deste ano, e apesar de no sítio de internet a localização aparecer ainda “por anunciar”, a verdade é que no próprio sítio do campeonato é possível descortinar que a última prova do ano está provisoriamente marcada para o Circuito da Guia.

O interesse dos responsáveis do CTCC pelo evento internacional da RAEM não é novidade e foram vários os pilotos regulares do cam-peonato que participaram nas últi-

Campeonato Chinês de Carros de Turismo tem última prova no GP Macau

Abertura ao continente

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Owing to continued growth, we are seeking English speaking, qualified and experienced teachers of Cambridge IGCSE, AS and A level subjects for the 2013/2014 school year:

- English language and English Literature- Maths- Chinese 1st language Senior Secondary: Language and Literature- ICT- Business Studies

Candidates must have degrees specific to the subject and full teaching qualifications.We are also seeking kindergarten and primary fully qualified teachers including a primary PE Specialist and an early years and primary Music teacher. MAC is an English medium school which offers an attractive salary package including a housing allowance for non-Macau residents, small class sizes and a multicultural Christian ethos.Send cover letter, CV, documents and contactable referees to [email protected] or fax 85328850022. In your application letter, kindly state how you meet all the above requirements. Include the names of two contactable referees.

diferente daquela em vigor nas actuais corridas de carros de turismo que fazem de suporte ao Grande Prémio – “Taça CTM Carros de Turismo de Macau” e “Troféu Hotel Fortuna” – e dos campeonatos locais das duas in-fluentes Regiões Administrativas Especiais.

HONG KONG JÁ DECIDIU, MACAU AGUARDAO calendário do Campeonato de Hong Kong de Carros de Turismo (HTCC) já está definido. O campe-onato de 2013 terá quatro eventos: dois no Circuito Internacional de Guangdong e dois outros na Malásia, no circuito de Fórmula 1 de Sepang.

A principal novidade será a introdução de uma nova categoria de baixo custo para viaturas de produção com motorizações até 1,600cc que servirá para cativar novos participantes.

Quanto ao Campeonato de Macau de Carros de Turismos (MTCS), que também apura os pilotos da RAEM para o Grande Prémio, o calendário de provas de 2013 ainda está por anunciar. Contudo, nos bastidores fala-se insistentemente da possibilidade do número de provas passar a três, mais uma que em 2012, em localização a definir.

mas edições do Grande Prémio. O famoso bloguista-escritor e também piloto chinês Han Han, campeão do CTCC de 2012, foi o último a descobrir o Circuito da Guia, tendo corrido em Novembro passado na corrida “RoadSport”. Recorde-se que para assinalar o 13º aniversário da transferência de soberania, os

organizadores do Grande Prémio de Macau querem “honrar” a Repú-blica Popular da China, realizando “um torneio da Grande China, onde correrão pilotos de Taiwan, Macau, Hong Kong e do continente”, como avançou em Dezembro passado o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Cheong U.

O CTCC, que está dividido em duas categorias que não cor-rem em separado, e conta com a presença de vários construtores automóveis representados a nível oficial, como a Ford, a Hyundai, a VW, a Haima (Mazda) ou a KIA. Porém, a regulamentação técnica e desportiva do CTCC é bastante

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SALA 1LES MISÉRABLES [B]Um filme de: Tom HooperCom: Hugh Jackman, Russel Crowe, Anne Hathaway, Amanda Seyfried, Eddie Redmayne, Aaron Tveit, Samantha Barks14.30, 18.30, 21.15

SALA 23 AM [3D] [C](FALADO EM TAILANDÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)

Um filme de: Issara Nadee, Patchanon Thumjira, Kirati NakintanonCom: Apinya Sakuljaroensuk, Peter Knight, Ray MacDonald14.30, 16.30, 19.30, 21.30

SALA 3TWILIGHT SAGA: BREAKING DAWN (PART 2) [C]Um filme de: Bill CondonCom: Robert Pattinson, Kristen Stewart, Taylor Lautner14.30, 21.30

WRECK-IT RALPH [3D] [B](FALADO EM CANTONÊS)Um filme de: Rich Moore16.30, 19.30

terça-feira 8.1.2013 17www.hojemacau.com.mo futilidades

[Tele]visão

Sudoku [ ] Cruzadas

[ ] Cinema Cineteatro | PUB

TDM 13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h RTPi14:45 RTPi DIRECTO18:30 TDM Desporto 19:30 Resistirei20:30 Telejornal21:00 TDM Entrevista21:30 As Pedras Chinesas Shoushan22:10 Escrito nas Estrelas23:00 TDM News23:30 Portugal Aqui Tão Perto00:30 Telejornal – Repetição01:00 RTPi Directo

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:30 Inovar é Fazer15:00 Sal na Língua15:35 Consigo16:00 Bom Dia Portugal 17:00 Decisão Final17:50 Vingança18:35 Ler +, Ler Melhor18:45 Best of Portugal19:15 Voo Directo20:00 Jornal da Tarde21:15 O Preço Certo22:05 Portugal no Coração

30 - ESPN13:00 (Delay) Peru-Argentina-Chile Dakar Rally 2013 - Highlights13:30 Southern Classic 201217:00 Peru-Argentina-Chile Dakar Rally 2013 - Highlights17:30 Big Ten Conference Basketball 2012/13 Indiana vs. Penn State19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 2013 LIVE 20:00 Peru-Argentina-Chile Dakar Rally 2013 - Highlights20:30 WTC Ironman 2012 21:00 500 Great Goals 21:30 The Football Review 2012-2013 22:00 Sportscenter Asia 2013

22:30 AFF Suzuki Cup 2012 Vietnam vs. Philippines

31 - STAR Sports13:00 Gucci Masters 201214:00 Australian Open Classic Match 200817:00 Beirut Marathon17:30 Russian Premier Liga 2012/13 FK Rubin Kazan vs. Spartak Moscow19:30 FEI Equestrian World 201220:00 Ultimate Football21:00 Ifmxf Freestyle Motocross World Championships 201221:30 (LIVE) Score Tonight 201322:00 Australian Open Tennis 2005 Official Film23:00 Australian Open Tennis 2006 Official Film

40 - FOX Movies12:40 The Haunted Mansion14:15 Click16:05 Alvin And The Chipmunks17:35 Bruce Almighty19:20 World Without End21:00 Dylan Dog22:50 Kung Fu Hustle00:30 Final Fantasy

41 - HBO11:10 Ray13:45 Red Riding Hood15:25 Kicking And Screaming17:00 St. Elmo’S Fire18:45 Senna20:30 National Security22:00 The Adjustment Bureau00:00 Boardwalk Empire

42 - Cinemax12:45 Takers14:30 Urban Legends16:00 Winning 18:00 Hollywood On Set18:30 Star Trek Iv The Voyage Home20:30 Xiii22:00 Profugos23:45 Pet Sematary

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SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Partida rápida e precipitada. Torno lindo. 2-Vagar, osacião. Coube em sorte. 3-Perfeita. Labutar. 4-Bolo de farinha e sal, usado pelos Romanso nos sacrifícios. Género de mamíferos da ordem dos prosímios. (Zool.). 5-Chefe político na Etiópia. Terrenos onde se cultivam flores para adorno (pl.). 6-Descanso, feriado. 7-O m. q. orégão (planta). Está acostumado. 8-Antigas habitantes da Ibéria. Rebanho de gado miúdo. 9-Tremer com frio, medo ou fome. (Pop.). Ilha de Ingalterra. 10-Porção de água do mar, que se eleva. Povoações de maior categoria que as aldeias. 11-Soalheira. Pessoas notáveis.

VERTICAIS: 1-Imensidão (Fig.). Oitavos. 2-Antiga nota musical. O m. q. danubiano. 3-Corcovados. Produto anual que se tira de bens imóveis. 4-Afeição profunda de uma pessoa a outra. Relativo aos dias de semana. 5-A parte mais carnuda da perna da rês. Arriscar ao jogo. Parta. 7-Terreiro, praça. Nota música. 8-Nome de mulher. Traje para solenidades. 9-Flutuai. Vasos onde se depositavam as cinzas dos mortos. 10-Conhecimento das doenças, por observação dos seus sintomas. Condição. 11-Naipe das cartas de jogar. Solto. ais, gemo.

HORIZONTAIS:1-FUGA. ALINDO. 2-TEMPO. SAIU. 3-M. BOA. LIDAR. 4-ADOR. GALAGO. 5-RAS. JARDINS. 6-N. FOLGA. O. 7-OUREGÃO. USA. 8-IBERAS. GREI. 9-TINIR. MAN. O. 10-ONDA. VILAS. 11-SOALHA. ASES.VERTICAIS:1-F. MAR. OITOS. 2-UT. DANUBINO. 3-GEBOS. RENDA. 4-AMOR. FERIAL. 5-PA. JOGAR. H. 6-AO. GALÃS. VA. 7-L. LARGO. MI. 8-ISILDA. GALA. 9-NADAI. URNAS. 10-DIAGNOSE. SE. 11-OUROS. AIO. S.

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

Aqui há gatoQUEM ESTÁ A FUGIR ÀS RESPONSABILIDADES?E pronto, Joseph Lau não apareceu no tribunal ontem. Disse que estava doente, mas as revista de Hong Kong andam a tirar fotos dele com a sua mulher, a ter refeições fora de casa e com boa aparência. Será que o tempo frio o deixou realmente doente? E quem sabe, se coitado, da próxima vez será o advogado a ficar doente? Não me cumpre a mim pensar nisso, mas algo se passa neste julgamento, porque afinal, a última vez, foi a juíza que ficou doente. Parece que toda a gente envolvido neste julgamento fica doente.

*****

Bem, pelo menos, se for a fingir, Joseph Lau tem sorte em poder fingir que está doente. Já o mesmo não acontece com a habitação. A habitação, sim. Estou a falar da habitação pública em Macau, as 19 mil casas da habitação pública que o Governo da RAEM já prometeu há dez anos. É uma grande piada que o Governo - com 300 mil milhões de patacas provenientes dos impostos de jogo - não tenha ainda conseguido construir as casas públicas para beneficiar os seus residentes que não têm capacidade de comprar as casas privadas. Então as casas privada foram vendidos a quem? Aos especuladores. Isso é outra piada. Singapura, com 27 mil milhões apenas em receitas, tem quase o maior grupo de habitação pública para os residentes. Aliás, os residentes de Singapura obviamente têm o nível de educação mais alto, sabem falar pelo menos três línguas, incluindo inglês, chinês e mais um dialecto. Isso não é o dinheiro que consegue comprar. Os democratas já acusaram o Governo muitas vezes que depois de se dar os cheques pecuniários, os manifestantes têm reduzido muito. Serão os nossos residentes tão “decepcionantes” como os outros lhes chamam? Não quero acreditar. Mas, sinceramente, o dinheiro do Governo não cobre a estupidez e esquecem-se que a qualidade dos residentes não pode apenas ser aumentada com o aumento dos salários. Alguém tem que ser responsável pela atraso do sistema da educação e pela inflação dos produtos. O Governo da RAEM não pode sempre “fingir” ser surdo cego. Uma decisão sensata tem que ser tomada pelo nosso líder, se o Chefe do Executivo não tem essa capacidade, por que não escolhemos outro? Ah, pois. Um momento... esqueci-me que os residentes de Macau ainda não têm direito a eleger o Chefe do Executivo. Aiiiiii.....Miau!

Pu Yi

LES MISÉRABLES

UM CRIME CAPITAL • Francisco José ViegasNo fantástico cenário do auditório ao ar livre da Fundação de Serralves, na cidade do Porto, um homem e uma mulher são encontrados mortos depois de um concerto da Capital Europeia da Cultura de 2001. Jaime Ramos, investi-gador da Polícia Judiciária e personagem de vários livros do autor, regressa então às páginas de um romance para se ocupar do caso, que no dia seguinte tem novo desenvolvimento dramático - a morte de Illan Levan, um judeu brasileiro técnico de informática, encontrado baleado numa tranquila rua dos subúrbios. Quatro dias depois, outro cadáver, desta vez no cenário romântico do Cais das Pedras. No meio destes crimes aparece entretanto um advogado do Rio de Janeiro, Mandrake, curiosamente o mesmo nome da personagem do escritor brasileiro Ruben Fonseca, de quem «parece» um clone. Um Crime Capital é um divertimento que não deixa de tocar o mundo temático dos an-teriores livros do autor: a proximidade da morte, o difícil e perigoso universo das paixões, a ilusão do poder.

SUA SANTIDADE - AS CARTAS SECRETAS DE BENTO XVI • Gianluigi NuzziIsto nunca tinha acontecido - ninguém fora capaz, até agora, de entrar no escritório do Papa e ler seus documentos privados - centenas, que revelam a precariedade da Igreja, entre conspirações e negócios obscuros. Graças a dados fornecidos por uma fonte secreta, as histórias, os personagens e os problemas que dividem a Igreja de hoje, envolvendo Itália e sua política, são expostos. Doações privadas (incluindo as de Bruno Vespa), recomendações para Gianni Letta, o caso Ruby e Berlusconi, a verdade sobre os Legionários de Cristo, pedofilia, os excessos de muitos bispos de todo o mundo. Nuzzi une os fios dos casos que se lêem como capítulos de um thriller. A exposição destes casos é, acima de tudo, dar fôlego e coragem a todos aqueles que, dentro da Igreja, não reconhecem uma instituição que seja o rosto procurado por fiéis de todo o mundo.

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Fernando Santosin Jornal de Notícias

cibernético Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora con-tém desde o início do ano o registo de uma nova palavra: entroikado.

O neologismo resulta das preferências de 32% dos cidadãos

nacionais sobre a palavra mais ilustrativa do ano de 2012 e retirada de uma lista concebi-da por um grupo de linguistas. A escolha de “entroikado” relegou para os outros lugares do pódio “desemprego” e “solidariedade”. Assim como assim....

Sonoro, o novo vocábulo é decifrado segundo duas perspectivas. A primeira, mais nobre e utilizável nos areópagos das grandes discussões entre grupos a puxar dos galões da inteligência (mais ou menos artificial) traduz-se por “obrigado a viver sob as condições impostas pela troika” - equipa formada por Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional, entidades determinantes das

Tudo aponta para o agravamento da tendência actual ao longo do ano: a esmagadora maioria dos portugueses sentir-se-á “reentroikada”! Ou seja: retramada; relixada. Já agora: usará o “f” com o tal prefixo. Não lhe faltará vontade de mandar reentroikar o Governo, a troika, os decisores políticos e os simples carteiros das decisões!

Povo cada vez mais entroikado

condições do resgate financeiro de Portugal. A segunda versão - coloquial, assim definem os linguistas - aplica-se ao que “está numa situação difícil; tramado; lixado”.

Não é difícil admitir qual o principal sentido da escolha dos portugueses.

Uma minoria de votantes considerarão estarem “entroikados” por obra e graça da

necessidade de cumprimento de um memo-rando imposto em socorro à bancarrota do país. E nas reuniões chatas e compridas de alguns decisores do país até se adivinha o enquadramento, a exposição em PowerPoint (e em Excel! E em Excel!) dando conta do panorama “entroikado” de Portugal em consequência das flutuações dos juros da dívida e correlativos financeiros. Conceda--se uma tal bondade.

A maioria dos usuários da palavra dão--lhe, entretanto, uma utilização bem mais terra a terra; trocam bem os colóquios pelo tom definido como coloquial e em uso a uma cadência cada vez mais alucinante.

Os portugueses apelam a um estado de alma entroikado para as situações do dia a dia. O aumento do preço da água e da luz põem-nos entroikados; novos e mais taxados escalões de IRS ou de IMI deixam--nos entroikados; e os cortes nos subsídios de desemprego, nas pensões e reformas ou nas indemnizações, conjugados com outros agravamentos e esboroamentos do chamado Estado social agravam o tal espírito de quem

se sente entroikado. Enfim, a panóplia de situações é vasta e inclui os discursos e as posturas dos políticos, situem-se eles na Presidência da República, no Governo ou na Assembleia da República. E todas as projec-ções, incluindo as orçamentais segundo um padrão de sacrifícios em desmultiplicação de agravamentos, adjectivam-se sempre da mesma maneira: são entroikadas, isto é, difíceis, tramadas, lixadas e por aí fora nos sinónimos, incluindo o mais usado, menos escrito e começado por um “f”.

Estando o ambiente nacional vincado por sombras negras, muito negras, é até possível vislumbrar uma palavra mais vo-tada já para o ano de 2013 - e no caso de se admitir o uso de prefixos. Tudo aponta para o agravamento da tendência actual ao longo do ano: a esmagadora maioria dos portugueses sentir-se-á “reentroikada”! Ou seja: retramada; relixada. Já agora: usará o “f” com o tal prefixo. Não lhe faltará vontade de mandar reentroikar o Governo, a troika, os decisores políticos e os simples carteiros das decisões!

O

terça-feira 8.1.2013opinião18 www.hojemacau.com.mo

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à f lor da peleHelder Fernando

19opiniãoterça-feira 8.1.2013 www.hojemacau.com.mo

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IAndam os habitantes do planeta a assistir aos maiores atentados contra as comunidades de cidadãos. Alastra essa noção de predo-minância dita política por parte de quem exerce a governança. Há mais de século e meio, já Max Webber chamava a atenção para as sociedades obrigadas a suportar e, igualmente trágico, mentalizadas para a crença de que o legítimo são as ordens emanadas pelo mais forte, por quem exerce a autoridade. As célebres 3 dominações que muitos aprendemos nas iniciais leituras com que ambicionávamos sustentar a natural rebeldia de jovens adultos. Ao menos isso. Eram elas: “a dominação carismática”, “a dominação tradicional” e a “dominação legal” (também denominada “racional”).

No Oriente, encontramos muito deste tipo de teses instituídas de geração para ge-ração, onde muitas vezes quase se eternizam dinastias de famílias exercendo o domínio, sob as mais diversas formas e alternativas. Afinal, nada que as dinastias antigas, e não só, europeias, não o fizessem; como tam-bém não muito distante do que assistimos nos dias de hoje no desgraçado desfazer de valores na “velha” Europa. Com diferenças, por certo, mas a ambição pelo corolário da dominação total é precisamente o mesmo. E até se ufanam disso.

Sente-se uma firmeza cruel das insti-tuições do mando, pela qualidade de vida entre as comunidades, pela sua evolução técnica e científica. Sente-se o receio quase pavor, de que os cidadãos sejam livres pen-sadores e que evoluam no conhecimento. Quanto a isso, unem-se os poderes político, financeiro e religioso. O pecado, sob várias interpretações, habita no discurso oficial das religiões mais conhecidas. Os poderes dominadores têm medo da rua, têm medo dos cidadãos independentes, têm medo da internet, borram-se de medo quando - por circunstância que eles desejam cada vez mais fortuitas até as anularem se puderem - são confrontados em debate de ideias. Enquanto as comunidades de cidadãos sentirem medo destes medrosos, não os poderão vencer.

O medo colectivo é o grande inimigo das sociedades que desejam evoluir. Bem nos basta termos medo da doença, da dor, da velhice, do futuro dos nossos continuadores, medo da morte.

Todos os dias lemos e ouvimos debates sobre a ascensão vertiginosa e visivelmente maléfica do “neo-liberalismo”. Discute-se o papel da esquerda, interroga-se onde estão e o que fazem os partidos ditos “socialistas”

Contra o medo dos medrososconfortavelmente e assistir como a so-ciedade se vai desintegrando, ou intervir heroicamente tendo consciência plena da dificuldade da situação. Os que causam estas crises odeiam quem não pensa nem age como eles, porque sabem que existe quem tenha coragem de ser livre e de agir como pessoas livres. Eles acham que os povos não merecem viver com liberdade. Sendo como são, e estando em pânico, eles próprios têm medo de ser livres”.

ou mesmo “sociais-democratas”. Questio-na-se o papel da esquerda “tradicional”, da esquerda dita “moderna”. Acontece que não surge nenhuma figura mobilizadora, ninguém que consiga organizar o combate aos abusos dos poderes, como se sabe, muitas vezes legitimados pelo voto popular, como acontece na Europa, cujas estruturas mais fortes criaram um sistema, e com ele enganam hipocritamente as populações. Como observava, outro dia, o bem vivo e actuante filósofo Slavoj Zizek, durante a

sua participação na campanha eleitoral na Grécia, apoiando a coligação de esquerda, “os países estão a ser castigados para não terem tentações de esquerda no sentido da solução para a crise”; (exemplificando o caso grego e a posição ousada do SYRI-ZA) “a solução é a combinação de uma política com princípios e pragmatismo, um compromisso democrático e solidário, evi-tando o nacionalismo barato, construindo estados modernos, limpos do clientelismo dos aparelhos. Há uma escolha: esperar

O medo colectivo é o grande inimigo das sociedades que desejam evoluir. Bem nos basta termos medo da doença, da dor, da velhice, do futuro dos nossos continuadores, medo da morte

E entretanto a nova elite financeira gu-losa, enlouquecida pela vampírica ideologia do mercado, faz e impõe todas as regras na finança e nas políticas, provoca golpadas, atentados, guerras, falências, miséria hu-mana mesmo entre aqueles que lhe deram sustento. É o sistema bancário e financeiro destes tempos que controla tudo, que chan-tageia governos inábeis para governar, que congemina crises, que detesta sociedades felizes. Eles, apenas eles, nada mais do que eles, apoiados, claro, nos habituais burros de carga, vassalos que abandonarão quando não interessarem, substituindo-os por outros, daquela gelatinosa espécie sempre de vénias e trejeitos à míngua das migalhas.

Por isso, quanto mais e mais graves cri-ses, mais os muito ricos vão ficando muito mais ricos. Essa gente sabe isso muito bem, fortalece-se minuto a minuto ao conseguirem dominar populações que não pertençam à sua casta.

Como a ambição descontrolada cega, um dia serão devorados pelas suas próprias medidas. Quem se alimenta de sangue fresco, não sobreviverá a cadáveres.

II8 dias depois de entrarmos pelo calendário de 2013, preparamo-nos para armazenar mais umas doses de esperanças, de desilu-sões, de alegrias e amarguras, quem sabe de arrebatamentos espirituais.

Previsões, fezadas, desejos. O que ficará para trás?

E quantas palavras por dizer?

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terça-feira 8.1.2013www.hojemacau.com.mo

Papa apela ao fim do massacre na SíriaO Papa Bento XVI voltou a pedir o fim da guerra na Síria, considerando que o território vive um massacre interminável. Numa intervenção dirigida a diplomatas acreditados no Vaticano, o sumo pontífice lembrou que se o conflito prosseguir apenas haverá vencidos e não vencedores. A Síria será apenas “um campo de ruínas”, afirmou Bento XVI, sublinhando também o sofrimento dos civis.

Primeiro bordel para incapacitados“As pessoas têm as mesmas vontades e desejos sexuais, quer sejam incapacitadas ou não. Toda a gente merece experimentar e desfrutar do contacto sexual”. As palavras são de Becky Adams, uma antiga profissional do ramo da prostituição que vai abrir o espaço, no Reino Unido. O bordel em causa tem a particularidade de ser exclusivo para incapacitados e chamar-se-á Para Doxies. Adams, de 44 anos, vai investir 600 mil patacas no negócio, que deverá abrir em 2014, contou ao jornal Daily Mail. O projecto garantirá, assegura a empresária, pelo menos seis novos postos de trabalho. A madame Becky é conhecida no país pela controvérsia. Em Setembro do ano passado deu uma entrevista ao canal ITV revelou que apoiará a filha de 16 anos se esta enveredar no ramo da prostituição.

Berlusconi quer ser ministro da EconomiaSilvio Berlusconi disse esta segunda-feira ter chegado a acordo com a Liga Norte para entrar nas eleições de Fevereiro, e que gostaria de ser ministro da Economia num futuro Governo de centro-direita. Berlusconi, do partido Povo da Liberdade (PDL), revelou a uma rádio ter feito o acordo com o líder da Liga, Roberto Maroni, que foi parceiro de coligação num Governo anterior. O acordo prevê que, para já, o PDL apoie a candidatura de Maroni à Presidência da região da Lombardia. Berlusconi, que deixou o Governo em Novembro de 2011 para dar lugar a um Governo tecnocrata liderado por Mario Monti, disse que, em caso de vitória, não sabia quem seria nomeado primeiro-ministro, mas que “preferia” ser ministro da Economia.

Portugal em destaque no The GuardianO jornal britânico The Guardian elegeu três destinos turísticos portugueses entre os melhores locais para fazer praia. A praia da Comporta, a Costa Vicentina e a ilha de Santa Maria, nos Açores, estão entre 20 melhores locais para fazer praia a baixo custo. A lista pretende sugerir as férias de verão ideais, em países como o Quénia, Grécia, Canadá ou Itália. O alojamento perto da praia da Zambujeira, na Costa Vicentina, está em destaque, bem como a praia tropical da Comporta na península de Tróia e a paisagem natural da ilha de Santa Maria.

Canal de TV captou imagens de lula giganteOs canais Discovery Channel e NHK, do Japão, reclamam ter captado, pela primeira vez, imagens de uma lula gigante no seu habitat natural, em águas profundas. No entanto, já houve captação de imagens em 2004 e 2006, também no Japão, mas mais perto da superfície. O Museu Nacional japonês de Ciência e Natureza, que participou na expedição, informou que o animal foi filmado perto da ilha de Chichijima. Foi usado um pequeno submersível que captou as imagens no verão passado, a uma profundidade de 630 metros, graças a uma câmara de alta definição. A lula tem cerca de três metros de comprimento, embora não tenha os dois tentáculos mais proeminentes, pelo que os cientistas acreditam que poderá ter medido oito ou nove metros, e ventosas de cinco centímetros. Foi filmada ao alimentar-se de um isco deixado pela equipa.

Site dos Óscares revela um dos nomeadosUma falha no site Oscars.org revelou um dos nomeados aos prémios de cinema. O anúncio oficial só acontecerá dentro de uma semana. O nome revelado foi o de Sharen Davis, estilista revelação, que se destacou pelo guarda-roupa do filme “Django Unchained”, do realizador Quentin Tarantino. A página da Internet indicava que “esta é a terceira nomeação de Sharen Davis depois de Dreamgirls (2006) e Ray (2004)”.

car toon CORRUPÇÃO É PRIORIDADE MÁXIMApor Steff

Macau prepara lei para aplicar congelamento de bens

Ao abrigo de sanções da ONUMACAU está a prepa-

rar legislação para poder aplicar as medidas de conge-

lamento de bens, propriedade de pessoas singulares ou colectivas, alvo de sanções da ONU, aprova-das em resoluções do Conselho de Segurança, disse fonte oficial à agência Lusa. “De acordo com os requerimentos da ONU, todos os procedimentos devem ser opor-tunos e céleres. Apesar de estar-mos dotados de um quadro legal geral que prevê a aplicação de convenções internacionais, não temos procedimentos concretos e operacionais para realmente implementar as medidas”, expli-cou a coordenadora do Gabinete de Informação Financeira (GIF), Deborah Ng.

O diploma, que está a ser elaborado pela Direcção dos Serviços da Reforma Jurídica e do Direito Internacional, ainda não tem data para entrar em processo legislativo, apesar de existir a possibilidade de ser entregue ao plenário no próximo ano. “Esperamos poder receber a primeira versão no final deste mês”, afirmou Deborah Ng à agência Lusa, apontando que antes de a proposta ser colocado na agenda dos deputados deve ser objecto de consulta.

A auscultação vai condi-cionar o avanço do processo, faltando ainda decidir se será destinada à população em geral ou a determinados sectores da sociedade, explicou a coorde-nadora do GIF.

Depois de as sanções serem aprovadas pela ONU, ratificadas pelo Governo Central chinês e publicadas em Boletim Oficial de Macau, passam a ser legal-mente aplicáveis na RAEM.

AUSÊNCIADE INSTRUMENTO LEGALPorém, falta um instrumento legal que possibilite a real aplicação. “Para fazer com que o sistema seja eficaz precisamos de uma lei”, realçou Deborah Ng, frisando que a iniciativa surge como “resposta” a uma recomendação efectuada após uma avaliação internacional conjunta, em que se considerou que Macau “cumpria parcial-mente” os padrões a este nível.

A título de exemplo, actual-mente, se uma instituição finan-ceira detectar uma transacção de uma pessoa alvo de sanções da ONU, ao abrigo do regime vigente, reporta o caso para o GIF. Depois de o avaliarmos e de verificarmos o ‘background’, remetemo-lo para o Ministério

Público (MP), seguindo-se o procedimento judicial normal”, explicou.

Embora as instituições finan-ceiras estejam “conscientes” e reportem os casos, não podem aplicar o congelamento imediato de activos. “Felizmente, depois de analisar os relatórios, conclu-ímos que não temos qualquer caso”, em que tal tivesse sido necessário, pois, caso contrário, “estaríamos em apuros”, brincou a coordenadora do GIF.

LISTAGEM INTERNAAlém do imediato congelamento de contas relacionadas com pessoas alvo de sanções, tem de haver também uma “lista-gem interna”. “Se detectarmos, por exemplo, um terrorista em Macau que corresponde aos critérios da ONU devemos ter o nosso próprio procedimento para a listar” e para a retirar da lista, solicitando a outras juris-dições que apliquem sanções, adiantou a coordenadora do GIF.

“Precisamos de ter este siste-ma implementado ao abrigo dos padrões internacionais”, frisou.

Em paralelo, adiantou, é necessário considerar outra reso-lução da ONU relacionada com a proliferação de armas de des-truição em massa. “Já solicitámos aos Serviços da Reforma Jurídica para incorporá-las, de modo a ir ao encontro dos novos reque-rimentos da FATF (Financial Action Task Force, em inglês), o organismo internacionalmente reconhecido com competência para estabelecer padrões no cam-po do combate ao branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo, no sentido de aplicar medidas adicionais relativamen-te a resoluções da ONU contra o Irão ou Coreia do Norte e outras similares. - Lusa