Hoje Macau 4 JAN 2013 #2765

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MUITO NUBLADO MIN 9 MAX 13 HUM 60-85% EURO 10.3 BAHT 0.2 YUAN 1.2 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ SEXTA-FEIRA 4 DE JANEIRO DE 2013 ANO XII Nº 2765 PUB PUB PUB Ter para ler LIGA DE ELITE Defesa Valença e avançado William reforçam Lam Pak PÁGINA 12 CHAN MENG KAM Deputado defende amigo e critica Neto Valente PÁGINA 5 ÁLCOOL VENDA A MENORES AL contesta inexistência de legislação PÁGINA 3 Fazer para receber ESCOLA PORTUGUESA Fundação Macau admite mais apoios Quem o diz é o presidente da Fundação Macau. Para Wu Zhi- liang, a ajuda pode ir muito além das nove milhões de patacas acordadas inicialmente. E é muito simples: basta que a EPM tenha “actividades” para que a injecção de dinheiro possa ser “sempre” superior. Tudo em prol do “bem-estar da população portuguesa”. “É importante manter o bom funcionamento de uma escola portuguesa em Macau, que contribui certamente para a sua identidade cultural”, referiu ao Hoje Macau. PÁGINA 5 ISABEL CASTRO ÀS SEXTAS-FEIRAS ESCREVE NA CONTRAMÃO PÁGINA 15 SIMÃO BARRETO E AS ARTES EM DILI “ACADEMIA FUNDAMENTAL” CENTRAIS VENHAM MAIS CINCO (SÉCULOS) PUB h GILBERT DURAND (1921-2012) OPINIÃO ENTREVISTA

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Edição do Hoje Macau de 4 de Janeiro de 2013 • Ano X • N.º 2765

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MUITO NUBLADO MIN 9 MAX 13 HUM 60-85% • EURO 10.3 BAHT 0.2 YUAN 1.2

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006 MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEXTA-FEIRA 4 DE JANEIRO DE 2013 • ANO XII • Nº 2765

PUB PUB

PUB

Ter para ler

LIGA DE ELITE

Defesa Valença e avançado William reforçam Lam Pak

PÁGINA 12

CHAN MENG KAM

Deputado defende amigo e critica Neto Valente

PÁGINA 5

ÁLCOOL VENDA A MENORES

AL contesta inexistênciade legislação

PÁGINA 3

Fazer para receberESCOLA PORTUGUESA Fundação Macau admite mais apoios

Quem o diz é o presidente da Fundação Macau. Para Wu Zhi-liang, a ajuda pode ir muito além das nove milhões de patacas

acordadas inicialmente. E é muito simples: basta que a EPM tenha “actividades” para que a injecção de dinheiro possa ser “sempre” superior. Tudo em prol do “bem-estar da população portuguesa”. “É importante manter o bom funcionamento de uma escola portuguesa em Macau, que contribui certamente para a sua identidade cultural”,

referiu ao Hoje Macau. PÁGINA 5

ISABEL CASTRO ÀS SEXTAS-FEIRAS

ESCREVE NA CONTRAMÃO PÁGINA 15

SIMÃO BARRETO E AS ARTES EM DILI

“ACADEMIA FUNDAMENTAL” CENTRAIS

VENHAM MAIS CINCO (SÉCULOS)

PUB

h• GILBERT DURAND

(1921-2012)

OPINIÃOENTREVISTA

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sexta-feira 4.1.2013política2

Joana [email protected]

OS deputados do hemiciclo que-rem que a dis-pensa de con-

curso público na concessão de terrenos seja analisada pela Assembleia Legislativa (AL). Este foi, pelo menos, o pedido que mais se fez ontem no primeiro plenário do ano, altura em que Lau Si Io, secretário para as Obras Públicas e Transportes, fez a apresentação final da Lei de Terras.

Sem hipótese de debate – que ficou agendado para aquando da discussão da lei na generalidade -, os deputados apenas puderam fazer questões directas ao se-cretário. Como já se previa, as perguntas incidiram so-

Cecília [email protected]

A antiga presidente da Assembleia Legislativa (AL), Susana Chou

escreveu no primeiro texto do ano do seu blogue que não vai fazer quaisquer declarações ou escrever uma auto-bio-grafia sobre a sua vida, nomeadamente sobre as polémicas em torno de si, devido ao caso de Ao Man Long.

Susana Chou declarou que enquanto assumiu o cargo de presidente da AL, entre 1999 e 2009, só desempenhou funções na sua empresa uma vez, mas quando foi tornado público que um dos funcionários estava envolvido no caso Ao Man Long, o público acusou-a de ser a mentora de tudo. No blogue, Susana Chou admite que ficou “triste” e que a

ENCARADO como súbito e inesperado, o fim do

programa semanal Fórum Macau, da TDM, está a gerar muito descontentamento junto da classe política. Depois das declarações de José Pereira Coutinho e Kwan Tsui Hang sobre o fim de um programa a partir do inicio deste ano, foi a vez de Ng Kuok Cheong apresentar a sua opinião. “O fim do programa significa um recuo total no que diz respeito ao papel da estação enquanto organismo publico de radiodifusão. Deve existir uma responsabilidade política neste caso, porque o fim do programa não respeita a lei eleitoral e também prejudica os interesses públicos.”

Uma publicação feita no Boletim Oficial revela que o Executivo fez uma série de concessões a empresas para grandes projectos de obras públicas, incluindo infra-estruturas e tratamento de águas residuais. No total, serão gastos 3,1 mil milhões de patacas, pagas em diferentes parcelas e inscritas no Orçamento para 2013. Desse valor, 1,88 mil milhões irá para a futura Ilha Artificial na Zona A dos novos aterros, uma empreitada que será adjudicada a quatro empresas. Na Taipa, a construção de mais um traçado do metro vai

custar 671 milhões de patacas, pagos a duas empresas, enquanto que 604 milhões irão para a modernização, operação e manutenção da Estação de Tratamento de Águas Residuais da Península de Macau, depois da renovação do contrato com a CESL Asia. Há ainda um contrato celebrado com a Waterleau para a prestação dos serviços de “Operação e Manutenção da Estação de Tratamento de Águas Residuais do Parque Industrial Transfronteiriço de Macau”, por mais de 8 milhões de patacas.

Terrenos Deputados querem dispensa de concurso público a passar na AL

Ouvir a população e os deputados

Susana Chou volta a falar do caso Ao Man Long

“Com o tempovão entender-me”

Deputados e o fim do programa Fórum Macau da TDM

“Mentiras” e explicações

bretudo no que os deputados chamam de “poder discricio-nário demasiado amplo” e no facto de poderem ser feitas concessões gratuitas. Uma das maiores controvérsias da lei continua a ser o facto de o Chefe do Executivo ser o único que pode decidir tanto o montante do prémio para os terrenos, como as situa-ções de dispensa de concurso público. É que o projecto de lei prevê a obrigatoriedade de concurso público para a adjudicação de terrenos, mas admite excepções – decididas por despacho do líder do Governo. Nos casos em que “a concessão por interesse público favoreça o desenvolvimento social” ou “se destine à construção de habitação própria dos trabalhadores da Adminis-tração”, não é necessário

o concurso público, bem como em situações em que “os empreendimentos se coadunem com as políticas do Governo”. Os deputados garantem que, desta forma, nada muda na lei e pedem a Lau Si Io que seja mais explícito e que implemente mecanismos que garantam a transparência. “Podemos criar um mecanismo que faça o Governo apresentar a questão de dispensa de concurso público ao debate da AL? Nós não podemos desautorizar, mas apenas para discutir o assunto”, sugeriu Ng Kuok Cheong. O deputado foi acompanhado por muitas outras vozes, que pedem audiências públicas antes da concessão de um terreno sem concurso públi-co, de forma a perceber se a população concorda com o

que o Executivo denomina de “interesse público”.

Au Kam San considera que o poder discricionário do Executivo é “um berço de problemas”, opinião acompanhada por Fong Chi Keong e Pereira Coutinho. Os deputados contestam que, desta forma, nada muda na lei e que a revisão não seria necessária, visto que o Executivo é quem continua a decidir a maior parte das coisas no que à concessão de terrenos diz respeito. Lau Si Io não se alongou nas respos-tas, tendo mesmo seleciona-do as questões a que queria responder. Descartando a maior parte das dúvidas para esclarecimentos aquando da discussão na generalidade, o secretário deixou apenas no ar que era importante para o Governo ser discricionário.

Sobre as concessões gratui-tas de terrenos – possíveis a instituições sem fins lu-crativos -, Lau Si Io disse apenas “não ver problema em dispensar concursos”

para essas concessões, uma vez que “agem para o desen-volvimento social”.

Perante o pedido comum dos deputados em serem fei-tas audiências públicas antes da concessão com dispensa de concurso público, Lau Si Io limitou-se a dizer que as políticas para o desen-volvimento social já eram precedidas de auscultação. Resposta que mereceu cri-ticas da bancada democra-ta, com Ng Kuok Cheong a frisar que a resposta de Lau Si Io não convencia. “As políticas do Governo são precedidas de consulta, mas não pressupõem que haja terrenos concedidos sem concurso público. São coisas diferentes, ouvir a população para as políticas e ouvir a população para a concessão de um terreno directamente.”

Lau Si Io nada mais acrescentou, garantindo que “questões de pormenor” iriam ser explicadas mais tarde. Para já, ainda não se sabe que mudanças exactas traz a nova lei de terras.

Governo gasta mais de 3 mil milhões em futuras concessões

sua reputação “ficou seriamente danifi-cada”. Porém, a auto-biografia não vai mesmo ver a luz do dia. “Acredito que com o tempo pode-se provar a verdade, e um dia eles vão entender-me. O meu sonho e aspiração é contribuir para o país e para Macau, e não obter uma va-lorização ou reconhecimento dos outros. Se os outros concordam comigo ou não, isso não tem importância. O importante é que eu tenho consciência.”

Susana cita um email que recebeu onde é apontada como tendo um estilo discreto e ter ligações ao meio político e empresarial. No meio email, é ainda referido que o público tem “muitos mal--entendidos acerca dela, e que Susana Chou poderia ser a protagonista de um filme, por “sacrificar tudo para o bem do país e de Macau”.

A antiga presidente da AL cita ainda outro email que recebeu para falar das escolhas que faz sobre as suas presenças públicas. “Há um grande número de organizações privadas ou departamentos do Governo que tomam a iniciativa de me convidar a participar em eventos, e as remunerações são muitas vezes elevadas. Mas eu apenas faço o que acho que faz sentido, como promover a sociedade e outras coisas boas, e essa satisfação não pode ser paga. Espero que este post possa servir a comunidade.”

TIAGO ALCÂNTARATIAGO ALCÂNTARA

Quanto à falta de recursos humanos e dificuldade em contratar mais trabalhado-res, causas apontadas para o fim do programa, Ng Kuok Cheong considera os motivos “ridículos”. “Ninguém vai acreditar nisso, é uma menti-ra. A televisão tem medo que algum candidato democrata use o programa para fazer promoção. Isso é limitar a liberdade de expressão.”

Ng Kuok Cheong disse ainda que o Fórum Macau serve para “aprofundar as questões sociais e se esta plataforma for cancelada, é propicia à reeleição de Chui Sai On”.

TDM TEM DE SE EXPLICAR Quem também falou sobre o caso foi Ung Choi Kun. O deputado considerou que a TDM, “enquanto serviço público de radiodifusão, não poder ser transparente, deixa--me desapontado. O corte do Fórum Macau já originou várias discussões na socieda-de, e a TDM tem de ter essa posição de transparência para explicar as reais razões deste corte”.- C.L.

www.hojemacau.com.mo

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TIAGO ALCÂNTARA

3políticasexta-feira 4.1.2013 www.hojemacau.com.mo

Joana [email protected]

MACAU não dispõe ainda de uma lei que proíba a venda de álcool a menores

de idade e, por isso mesmo, os deputados pedem ao Governo que se apresse a melhorar as insuficiên-cias jurídicas neste sentido. Depois de um jovem de 15 anos ter sido espancado até à morte à saída de um karaoke nos NAPE, quatro mem-bros do hemiciclo aproveitaram ontem o primeiro plenário do ano para contestar o que consideram ser uma “lacuna grave”.

Exemplo disso é o tabaco, proibido a menores de 18 anos, o que não acontece com o álcool. “O Governo deve aperfeiçoar a legis-lação no sentido de proibir a venda de bebidas alcoólicas a menores”, atirou Melinda Chan. Também Ho Sio Kam se juntou à colega do hemiciclo. “Temos de ter garantias mais eficazes para os menores. A

CHAN Meng Kam saiu ontem em defesa de

Ung Choi Kun face às re-centes declarações de Jorge Neto Valente, presidente da Associação dos Advogados de Macau (AAM), sobre as contestações de Ung Choi Kun contra a alteração ao regime de acesso à advoca-cia. O deputado fez uso do período antes da ordem do dia para criticar o advogado, depois de este ter dito que Ung Choi Kun “não devia ter lido a Lei Básica” e que a sua preocupação se prendia unicamente pelo facto de o deputado ter um sobrinho que chumbou quatro vezes no exame de admissão ao es-tágio. Uma das alterações ao regime de acesso prevê pre-cisamente que quem reprove mais de três vezes passe por um período de impedimento de cinco anos. Chan Meng Kam não gostou e juntou--se a Ung Choi Kun para levar o assunto ao primeiro

plenário do ano. “Afirmar que o senhor deputado Ung Choi Kun nunca leu a Lei Básica é enganar as pessoas”, atirou o deputado. “Devido às exigências do nosso tra-balho enquanto deputados, dizer que nunca se leu a Lei Básica é um desrespeito para com o nosso trabalho.”

Chan Meng Kam ironiza e questiona “o senhor grande advogado Neto Valente” sobre os seus níveis de conhecimen-to da “mini-constituição” de Macau e acusa o causídico de não ter feito o que a sua profis-são exige. “Sendo advogado, os princípios mais importantes da defesa são a investigação e a recolha de provas, não se deve proceder a julgamentos com base no que ouviu.” O deputado assegura que as declarações do presidente da AAM “não correspondem ao nível daquele responsável” e acusa Neto Valente de não ter abertura perante opiniões diferentes.

Também Ung Choi Kun se juntou no mesmo coro de criticas. “[As declarações] não se coadunam com o nível que se exige a um advogado sénior, cujas afir-mações deveriam assentar em factos.” O visado pelas criticas de Neto Valente diz-se “surpreendido” com os comentários e afirma ter levado o problema do acesso à advocacia ao plenário não por ter um sobrinho que re-provou nos exames mas por existirem o que caracteriza de “injustiças no sector da advocacia”.

Ung Choi Kun deixou ainda no ar que a Lei Básica prevê que seja o Governo a ter a competência para regular os sistemas de qualificação profissional dos advogados e que os deputados têm o direito que fiscalizar esse sis-tema. O Hoje Macau tentou contactar Jorge Neto Valente para obter uma reacção, mas não foi possível. – J.F.

ESTÁ pronta para entrar em vigor a lei que exige

aos titulares dos principais cargos que declarem os seus bens patrimoniais pu-blicamente. O Regime de Declaração de Rendimentos foi ontem aprovado na espe-cialidade pelos membros do hemiciclo, apesar de terem chovido criticas da parte de José Pereira Coutinho. O

Deputados contestam inexistência de legislação sobre venda de álcool a menores

Karaokes sem lei nem fiscalização

Troca de palavras entre Ung Choi Kun e Neto Valente é discutida na AL

Falta de nível, dizem deputados

Deputado queixa-se de secretismo na divulgação de bens patrimoniais

Comissário fala em equilíbrio

lei vigente não contém quaisquer restrições sobre a venda de bebidas alcoólicas a menores, nem lhes impõe restrições quanto ao seu consumo nos estabelecimentos nocturnos, por isso, muitos ficam aturdidos com o álcool e praticam condutas indevidas.”

ENTRADA PROIBIDA No mês passado, um grupo de cerca de dez jovens com idades entre os 15 e os 22 agrediram um rapaz com 15 anos até à morte. O incidente deu-se à saída de um bar de karaoke onde os jovens tinham passado a noite e terá acontecido porque a vítima cumprimentou uma outra jovem de 13 anos, o que desagradou ao rapaz que es-tava com ela. “Porque é que ela se encontrava ali àquela hora?”, questionou Au Kam San. É que, segundo a lei, nos bares e karaokes não podem entrar menores de 16 anos ou jovens vestidos com fardas escolares. Contudo, isso continua a acontecer, dizem os de-

putados, por falta de fiscalização. “Devido à falta de patrulhamento, mesmo os que têm menos de 16 anos também entram, por isso os bares e os karaokes referidos

tornaram-se em estabelecimentos nocturnos onde se vêem muitos jovens a permanecer pela noite dentro até de madrugada”, acusa Au Kam San.

Apesar de existirem decretos--lei que estabelecem normas para os bares, estes não só não definem o limite de idade como não con-dicionam o acesso. Ho Sio Kam assegura que tem sido pouco rigo-rosa a aplicação da lei relativa aos karaokes e Au Kam San vai mesmo mais longe. “A situação é grave, mas a Administração não encara as queixas com seriedade. Suspeita-se que esses estabelecimentos sejam protegidos por quem executa a lei, caso contrário não ousariam desprezá-la.”

Os membros do hemiciclo pedem de forma clara o condi-cionamento do acesso a menores a este tipo de bares e a proibição da compra e consumo de bebidas alcoólicas por menores de 18 anos. André Cheong, director para os Assuntos de Justiça, garantiu que o assunto estava a ser estudado, mas os deputados pedem que se haja imediatamente e se saia da fase estudo. “Quantas mais vítimas terão de haver?”

projecto de lei foi entregue aos deputados em Novem-bro e aprovado na genera-lidade em Dezembro.

O diploma prevê que os rendimentos terão de ser de-clarados detalhadamente no formulário, mas nem todos os pormenores passam para o público, o que suscitou criticas do deputado. “A maioria das informações

mais importantes, como as contas bancárias e nu-merários superiores [a 30 mil patacas], direitos sobre aeronaves, embarcações ou veículos, carteiras de valores imobiliários ou direitos de créditos continuam a ser mantidos como secretos”, contestou Pereira Coutinho. O deputado diz que o he-miciclo “esqueceu” que os titulares dos principais car-gos devem divulgar as infor-mações a favor do interesse público, mas Vasco Fong, comissário contra a corrup-ção, descarta que tenha de ser tudo feito ao detalhe. “Se puderem revelar tudo quanto possível, é o ideal, mas a lei não vai exigir isso. Além da fiscalização, temos de con-trabalançar com o direito à privacidade, que todos têm independentemente do seu estatuto social.”

Apesar das criticas, a lei passou por unanimi-dade. – J.F.

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sexta-feira 4.1.2013sociedade4 www.hojemacau.com.mo

Andreia Sofia [email protected]

SÃO os dados dos últimos Censos, pu-blicados em 2011: dentro do universo

dos mais de 539 mil habi-tantes (com idade superior a três anos), 49% concluiu o ensino secundário, um aumento de 11,1% face há dez anos atrás. Contudo, a fatia mais pequena do bolo, 16,7%, pertence aos que prosseguiram os seus estudos até à universidade, cujo aumento face a 2001 foi apenas de 9,3%. Dentro da fatia dos residentes de Ma-cau, continua a verificar-se a mesma discrepância: 23,9%

A duração média mensal da car-teira de encomendas do sector

industrial exportador de Macau no terceiro trimestre de 2012 foi de 2,64 meses, indicam dados oficiais hoje revelados.

Dados dos Serviços de Eco-nomia (DSE), baseados em in-quéritos entregues pelas empresas industriais de Macau em Outubro, indicam que a duração média mensal no terceiro trimestre de 2012 reflecte um recuo ligeiro face aos três meses precedentes (2,65 meses), mas um pequeno aumento relativamente ao período homólogo de 2011 (2,63 meses).

A carteira de encomendas do sector de vestuário e confecção foi de 2,85 meses, sendo mais extensa do que as empresas exportadoras pertencentes a outros sectores (2,51 meses).

Ao nível dos mercados de destino, as empresas consideram, em geral, que os do Japão, Estados

Acidente de mota provoca um mortoUm indivíduo do sexo masculino morreu ontem na sequência de um acidente de viação que envolveu igualmente um autocarro da Reolian. O acidente ocorreu por volta das 18h no cruzamento da Avenida do Ouvidor Arraiga com a Rua de Francisco Xavier Pereira. O condutor da moto terá ficado com a cabeça presa numa das rodas do autocarro, o que provocou a sua morte no local. De acordo com o canal chinês de rádio da TDM, as autoridades adiantaram que a culpa do sinistro deveu-se ao condutor da mota.

Há mais 9,3% de cidadãos com ensino superior, contra 11,1%

Em dez anos, a formação secundária cresceu mais

Duração média mensal recua para 2,64 meses no terceiro trimestre de 2012

Carteira com poucas encomendas

Entre 2001 e 2011, o número de pessoas que estudaram até ao 12º ano aumentou 11,1%, enquanto que a fatia dos que optaram por tirar um curso superior aumentou apenas 9,3%, representando hoje 16,7% da população. A socióloga Teresa Vong defende melhorias na base do sistema educativo, não esquecendo que muitos jovens optam por trabalhar em vez de estudar

encaram “sempre melhores possibilidades lá fora, em vez do estudo”.

Para melhorar esta situ-ação, a académica faz um apelo. “O Governo já fez muito, mas para aqueles que procuram o ensino nocturno deveria reformar os currí-culos. Há reformas para o ensino dos jovens mas para o ensino dos adultos não são muito visíveis. Alguns currí-culos têm de ser redefinidos para que os adultos possam ser atraídos.”

mulheres, contra 11,5% dos homens. 95,6% dos residen-tes sabem ler e escrever.

Quanto a este ponto, Teresa Vong considera que, no que diz respeito aos es-tudantes adultos, “a politica de educação é encorajante, porque todos os cidadãos têm acesso a cinco mil patacas para estudarem”. Contudo, “as possibilidades estão lá, mas as pessoas não olham para elas”, porque, segundo Teresa Vong, os ci-dadãos com baixa formação

das pessoas possui o ensino secundário complementar, enquanto 15,8% possui o ensino superior.

Será que em dez anos, estes números poderiam ter crescido mais? Teresa Vong, socióloga da educação na Universidade de Macau (UMAC) acredita que sim. “Os números são bastante baixos. Precisamos melhorar as bases do sistema educativo desde o ensino primário até ao secundário. Se não me-lhorarmos, é difícil termos um aumento da população com ensino superior”, disse a académica ao Hoje Macau.

Contudo, Teresa Vong considera que estes números são também o espelho de

outra realidade: numa eco-nomia onde o desemprego possui taxas muito baixas, os mais novos preferem trabalhar assim que possam, em vez de apostar na forma-ção. “Os jovens de Macau estão a perder a sua com-petitividade, porque é muito fácil encontrar um trabalho. Temos de ver como é que as escolas podem encorajar ou providenciar medidas para que os jovens pode continuar os seus estudos, bem como melhorar o seu nível competitivo.”

Para Teresa Vong, trata--se de uma questão “desa-fiante”. “Muitas famílias querem que a sua situação familiar melhore, e então

encorajam os seus filhos a encontrar um trabalho com melhores salários num curto espaço de tempo”. Por forma a colmatar a falta de for-mação, a académica sugere que as empresas apostem na formação profissional dos seus empregados, “especial-mente nas grandes empresas como os casinos.”

APOSTAR NO ENSINO PARA ADULTOSNo que diz respeito à po-pulação analfabeta, houve um decréscimo de 8,7% em 2001 para 4,4%, sendo que esta fatia de pessoas tem mais de 15 anos. No que diz respeito à população idosa analfabeta, 40,3% são

Unidos da América, Interior da China e Hong Kong apresentam as perspectivas “mais favoráveis” em termos de exportações. África tem sido o pior na sequência da fraca carteira de encomendas.

Os dados mostram também uma maior “confiança” das em-presas face às exportações futuras, refere a DSEC.

Relativamente às perspectivas da evolução das exportações para

os próximos seis meses, o conjunto de empresas que reportaram pers-pectivas favoráveis aumentou de 15,7% no trimestre anterior para 32,2%. Do total, 0,6% previa um forte aumento, enquanto 31,6% um ligeiro crescimento das ex-portações.

O número de empresas expor-tadoras que antecipa uma situação menos positiva diminuiu 43,9% para 33,5% no trimestre termina-do em Setembro, ainda que, em termos anuais, se tenha registado uma subida ligeira de 2,9 pontos percentuais.

No plano do mercado de traba-lho, e em termos de mão-de-obra afecta ao sector industrial exporta-dor, o número de trabalhadores su-biu 1,3% face ao trimestre anterior e diminuiu 12,6% em comparação com igual trimestre de 2011.

Relativamente às dificuldades que afectam a actividade de expor-tação, e com base nos resultados

do inquérito, 22,3% das empresas apontaram o “insuficiente volume de encomendas” como o maior problema, enquanto 21,9% des-tacou os “preços elevados das matérias-primas”. Já 12,5% elen-cou os “preços mais competitivos praticados no estrangeiro”.

Para os próximos três meses, 62,3% das empresas mostrou estar preocupada sobretudo com os pre-ços elevados das matérias-primas, 60,8 % com a insuficiência de mão--de-obra e 44 % com o insuficiente volume de encomendas.

Segundo dados divulgados na semana passada, as exportações de Macau aumentaram 19,9% nos primeiros 11 meses de 2012 para 7,48 mil milhões de patacas, contra importações de 64,47 mil milhões de patacas. O défice da balança comercial, por conseguin-te, agravou-se 14,9%, atingindo os 56,99 mil milhões de patacas nos primeiros 11 meses de 2012. - Lusa

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5sociedadesexta-feira 4.1.2013 www.hojemacau.com.mo

A Fundação Macau por vir a financiar a Escola Portuguesa de Macau além das nove milhões de patacas anuais, como ficou acordado. “Tudo depende das actividades da escola”, disse ao Hoje Macau o seu presidente, Wu Zhiliang, que assumiu ainda que a fundação “tem todo o prazer em apoiar”

Andreia Sofia [email protected]

O acordo de cooperação assinado no final de 2012 entre a Fundação Macau (FM) e a Fun-

dação Escola Portuguesa de Ma-cau (FEPM) ditava a contribuição de nove milhões de patacas anuais por parte da FM no financiamento da Escola Portuguesa de Macau (EPM), até 2017. Contudo, Wu Zhiliang, o presidente da FM, admitiu ao Hoje Macau que a injecção de dinheiro pode ser “sempre” superior a esses valores.

CHUI Sai On teve ontem um encontro com re-

presentantes da Associação de Protecção aos Animais Abandonados de Macau (APAAM), para auscultar opiniões sobre o aperfei-çoamento dos trabalhos de protecção aos animais. O encontro, que teve lugar na sede do Governo, serviu para o Chefe do Executivo ouvir a apresentação dos trabalhos por parte da presidente da Associação, Yoko Choi, e de outros representantes, por forma a perceber melhor o objecto da organização e dos tra-balhos realizados durante os nove anos de existência.

O Chefe do Executi-vo disse compreender a atenção que esta associa-ção presta à protecção e respeito pelos animais e aproveitou a ocasião para

“Macau tem o seu limite” de turistas, diz Helenade Senna Fernandes

Com os actuais 23 milhões de visitantes anuais, Macau pode, afinal, não ter muitas mais capacidades de acolher turistas além deste número. Foi o que disse à TDM a nova directora

dos Serviços de Turismo (DST), Helena de Senna Fernandes. “O limite não é só físico, é psicológico também. Temos de tentar, é por causa disso que estamos a tentar desviar as pessoas das zonas mais visitadas, porque eu acho que quem está a viver nessas zonas está a sentir um bocado que são turistas a mais. Macau tem o seu limite e não podemos pensar em atrair muitos mais turistas, mas de facto temos é de criar um hábito nos nossos turistas em ficar mais noites.” Helena de Senna Fernandes disse ainda que Macau está a apostar no mercado russo para se promover “junto do público através dos media”. “Vamos fazer acções de publicidade e participar nas feiras de turismo, educar os operadores turísticos lá sobre o que é Macau. Vamos começar por Moscovo e vamos ver se vamos abranger mais noutras cidades. Mas temos de começar só por um ponto.”

Wu Zhiliang diz que apoios da FM à EPM podem ir além dos 9 milhões

“Estamos abertos a qualquer pedido da escola”

APAAM tem encontro com o Chefe do Executivo

Aperfeiçoar os trabalhos de protecção aos animais

“Isso depende das actividades, a fundação está aberta a qualquer pedido da escola. A fundação dá a parte do financiamento que falta, como se sabe a EPM tem muitos sócios que também contribuem.”

Os apoios da FM visam subs-tituir a saída de financiamento da Fundação Oriente, e no total a EPM passa a contar com um orçamento anual de 30 milhões de patacas, sustentadas pela FM, propinas dos alunos e Governo português.

Sobre o acordo selado, Wu Zhi-liang declarou que “é importante manter o bom funcionamento de uma escola portuguesa em Macau, que contribui certamente para a sua identidade cultural. Julgo também que o bom funcionamento da escola contribui para o bem--estar da população portuguesa”. “A escola tem funcionado muito bem e a fundação certamente tem todo o prazer e gosto em apoiar”, acrescentou.

Wu Zhiliang falou ao Hoje Macau à margem da entrega dos prémios da 3ª edição da iniciativa “prémios de estudos de ciências humanas e sociais de Macau”, que visa premiar trabalhos aca-démicos novos ou já publicados. (ver caixa)

O presidente da FM declarou que o elevado número de candi-daturas recebidas mostra que “o ambiente académico do território é muito vivo, e que os resultados são cada vez mais ricos. O mais importante é que a proporção de jovens académicos é cada vez maior, o que cria uma condição indispensável para a autonomia académica”.

Sobre esta autonomia, Wu Zhi-liang defende que “é uma tarefa urgente e indispensável para os estudiosos de Macau. Um sistema académico autónomo deve ter as suas próprias regras, respondendo às várias necessidades sociais e politicas”.

Da mais de uma dezena de premiados o grupo de cinco pessoas coordenado pelo deputado e jurista Gabriel Tong ficou em primeiro lugar, graças ao trabalho de tradução para chinês do Código Civil de Portugal. Filipe Dan, um dos contribuidores, falou ao Hoje Macau das dificuldades encontradas “na tradução, porque está em causa um código muito antigo. Muitos termos só existem no código português, como muitos

contratos especiais, e não existem em Macau”. O arquitecto português Francisco Vizeu Pinheiro, um dos autores do trabalho sobre conservação das arquitecturas históricas de Macau, Cândido Azevedo ou Lúcio de Sousa foram os portugueses premiados. Para a 3.ª edição do prémio, a FM recebeu um total de 395 candidaturas, mas desde 2004, ano da primeira edição, já foram recebidas mil.

trocar opiniões com os pre-sentes sobre a legislação no âmbito da protecção aos animais. Adiantou que para alcançar o objectivo de proteger os animais, o acto legislativo pode ser civil ou criminal, dois con-ceitos diferentes, pelo que é necessário, em primeiro

lugar, considerar qual a tendência legislativa, e revelou que os procedi-mentos legislativos estão a ser acompanhados pela tutela da Administração e Justiça, pelo que a manu-tenção dos contactos com o Governo são sempre bem-vindos.

A associação tem re-cebido, frequentemente, participações sobre casos de abuso e maus-tratos aos animais, pelo que se con-sidera necessário elaborar legislação que proteja os animais e definir penas de prisão consoante o nível de maus-tratos, uma vez que

só assim poderá ter efeitos dissuasores. Por outro lado, a associação mani-festou a disponibilidade para ajudar o Governo em trabalhos de sensibilização e consciencialização junto da sociedade, particular-mente para que a nova geração aprenda a respeitar a vida.

A secretária para a Administração e Justiça, Florinda Chan, presente também no encontro, falou sobre o ponto de si-tuação dos trabalhos legis-lativos sobre os diplomas que regulam a posse de animais, afirmando que é necessário definir critérios na elaboração de leis, mas frisa que o governo já tem planos legislativos. Afir-mou serem bem-vindos mais contactos com o IACM para que se promo-va, em conjunto, no seio da sociedade informações sobre carinho e protecção aos animais.

Recorde-se que Albano Martins, presidente da ANIMA, há muito que tem tentado contactos com Chui Sai On, precisamente sobre o mesmo problema.

Trabalho de Gabriel Tong em primeiro lugar

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sexta-feira 4.1.2013nacional6 www.hojemacau.com.mo

O crescimento do sector de serviços da China acelerou em Dezembro no ritmo mais rápido

em quatro meses, ampliando os sinais de uma modesta retoma no final de 2012 na segunda maior economia do mundo.

A pesquisa Índice de Geren-tes de Compras (PMI, na sigla em inglês) oficial da China para o sector de serviços subiu para 56,1 em Dezembro ante 55,6 em Novembro, informou a Agência Nacional de Estatísticas (NBS, na

VÁRIAS escolas primá-rias e secundárias da

cidade de Wuchuan, no sul da China, obrigam os alunos a comprar as mesas e cadeiras para as aulas, noticiou hoje o jornal South China Morning Post.

A vice-secretária da Jun-ta de Educação de Wuchuan, na província de Cantão, dis-se ao jornal que este tipo de “financiamento próprio” é habitual em algumas escolas desde há uns anos. “Com o aumento do nível de vida, uma mesa e uma cadeira por 100 yuans não devia ser um problema e até ao momento não recebemos queixas dos pais”, disse a responsável, identificada como Li, ao jornal.

A organização Repór-teres Sem Fronteiras

(RSF) manifestou preocu-pação com a não renovação pelo governo chinês do visto ao jornalista do The New York Times, Chris Buckley, afirmando tratar--se de uma represália de Pequim contra os artigos críticos do jornal norte--americano. “Instamos o Governo chinês a emitir um novo visto a Chris Buckley sem demora e a permitir aos jornalistas trabalhar sem recearem a possibili-dade de serem banidos da China”, indicou a RSF em comunicado.

Chris Buckley foi o autor de uma extensa reportagem publicada no

A polícia chinesa investiga a morte de uma modelo bra-

sileira que caiu do prédio onde morava na cidade de Cantão.

Camila Bezerra, de 22 anos, trabalhava como modelo na Chi-na há seis meses. Antes do final do ano fez o último contacto com a mãe. Por telemóvel, mandou uma mensagem optimista. No dia seguinte, a corretora de imóveis Gorete Bezerra recebeu a notícia da morte da filha, que caiu do apartamento no 14.º andar, onde morava com três colegas.

Crescimento de serviços da China reanima expectativas económicas

Novo fôlego

Escolas obrigam alunos a comprar cadeiras e mesas

Miúdos tratam do recheio

Camila Bezerra, de 22 anos, trabalhava na China há seis meses

Polícia investiga morte de modelo brasileira

RSF denunciam pressão sobre jornalistas na China

Trabalho sem receio

sigla em inglês) nesta quinta-feira.Dois PMIs sobre o sector

industrial divulgados esta se-mana também sugeriram que o crescimento económico da China acelerou no fim de 2012, embora persistam sinais de que ele depende de investimentos do Estado.

Os dados até agora sugerem apenas uma retoma suave no cres-cimento económico, e não um re-torno ao ritmo de dois dígitos visto na China nas últimas três décadas, disse o economista do Crédit Agri-cole Dariusz Kowalczyk. “Níveis

absolutos dos PMIs industrial e de serviços permanecem relati-vamente baixos segundo padrões históricos e consistentes com uma recuperação apenas modesta na actividade económica.”

O principal responsável pela aceleração da expansão do sector de serviços em Dezembro foi um salto nos serviços de construção para 61,9 ante 61,3 em Novembro. As indústrias incluindo transportes recuaram, disse a NBS em comu-nicado. Uma leitura acima de 50 indica que o crescimento está a acelerar, enquanto abaixo de 50 mostra desaceleração.

O sector de serviços da China superou, até agora, a desaceleração global de melhor forma do que o sector industrial, com o PMI a sinalizar consistentemente uma expansão saudável e atingindo uma máxima de 10 meses de 58,0 em Março.

outras moradoras interrogadas, mas a causa da queda ainda não foi esclarecida. Nas redes sociais, os amigos mobilizaram-se para ajudar a família a trazer o corpo de Camila para ser enterrado no Brasil.

O governo do Ceará, de onde é natural Camila, informou que vai pagar o valor total da trasladação do corpo da modelo, que deve ser libertado ainda esta semana. O Itamaraty vai continuar acom-panhar a investigação da polícia chinesa.

Camila tinha voltado de uma festa. “Quando ela subiu, cada uma foi para o seu quarto e a Camila também se deitou para dormir, mas como tinha trabalho cedo acordou para tomar um banho. Até agora não entendo o que foi que aconteceu. Chegar no banheiro e cair pela janela? Ela ainda estava de pijama”, referiu a mãe à imprensa brasileira.

O Consulado-geral do Brasil na China informou, em comuni-cado, que a perícia já foi realizada no corpo e no apartamento, e as

Os alunos que frequen-tam a escola de Wuchuan Chuanxi podem adquirir por 110 yuans secretárias e bancos de metal ou madeira em segunda mão numa loja de móveis junto à escola.

No entanto, num país onde cerca de 150 milhões de pessoas vivem com menos de um euro por dia, essa despesa pode significar o salário de dois dias de trabalho, segundo o jornal.

O director da escola pri-mária central de Huangpo disse por seu lado ao jornal que a compra de mesas e ca-deiras pelos pais é indispen-sável, uma vez que a escola tem uma dívida de 600.000 yuans e apenas pode cobrir as despesas de funcionamento.

Além disso, afirmou, os pais queixam-se frequen-temente do mau estado do mobiliário escolar, pelo que “é melhor serem eles a comprar o que consideram necessário”.

The New Yorlk Times em Outubro na qual escreveu sobre a riqueza oculta do primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, e sua família.

O jornalista australiano, de 45 anos, completou mais de uma década de trabalho

na China e deixou Pequim no dia 31 de Dezembro juntamente com a sua famí-lia, por não ter conseguido renovar o visto de trabalho, por norma emitido com a validade de um ano.

O editor executivo do The New York Times, Jill Abramson, declarou ter esperanças que as autori-dades chinesas concedam o visto a Chris Buckley, que está actualmente em Hong Kong.

Em Maio de 2012, a jor-nalista norte-americana da Al-Jazeera, Melisa Chan, teve de abandonar a China por não ter conseguido a re-novação do visto, sem que Pequim tenha justificado a decisão.

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7sexta-feira 4.1.2013 www.hojemacau.com.mo região

A Coreia do Sul vai au-mentar, este ano, o or-çamento destinado ao fundo de cooperação

inter-coreana, na expectativa de que o novo Governo melhore as deterioradas relações com o Norte, confirmou ontem fonte oficial à agência noticiosa Efe.

O Conselho de Ministros sul-coreano deu ‘luz verde’ aos orçamentos de 2013, aprovados, na terça-feira pelo Parlamento, os quais reservam ao fundo de coo-peração 1,09 biliões de won, mais 9,1 % do que a verba canalizada para o efeito em 2012.

O Ministério da Unificação, cujo orçamento geral também aumentou 4,4 % em termos anu-ais, informou ainda que o apoio estatal aos encontros de famílias separadas pela Guerra da Coreia (1950-53) e a ajuda humanitária crescem, por seu turno, 13 % para 735.700 milhões de won.

Este montante inclui ainda a ajuda directa e indirecta para os

A Human Rights Watch (HRW) pediu ontem

ao Governo da Tailândia para parar com o proces-so de deportação das 73 pessoas da etnia rohingya que alcançaram a costa tailandesa numa viagem com destino à Malásia para pedir asilo político.

As autoridades tai-landesas interceptaram, no dia 1, nas costas da província de Phuket, no oeste da Tailândia, uma embarcação com 73 pas-sageiros a bordo, entre os quais 20 crianças.

A Marinha da Tailân-dia forneceu combustível ao barco para que pudesse prosseguir a sua viagem rumo à ilha malaia de Langkawi, bem como comida, água e outros bens aos passageiros sob a con-dição de permanecerem na embarcação durante o abastecimento.

Contudo, face ao fra-gilizado estado de saúde de várias pessoas que seguiam a bordo e às condições precárias da embarcação, os respon-

Presidente da Google anuncia visitaà Coreia do NorteO presidente executivo da Google, Eric Schmidt, vai integrar uma missão humanitária à Coreia do Norte liderada pelo antigo governador norte-americano do Novo México Bill Richardson, revelou ontem a Associated Press (AP). De acordo com fontes que pediram para não serem citadas por a visita ainda não ter ainda sido divulgada, a viagem pode vir a acontecer já este mês, numa deslocação que seria inédita por ser a primeira de um executivo de uma tecnológica americana ao país com as políticas de segurança digitais mais restritivas do mundo. A Coreia do Norte e os EUA não mantêm relações diplomáticas, ainda que haja empresas norte-americanas que realizam negócios com o país dirigido por Kim Jong Un. Bill Richardson, também antigo embaixador dos EUA nas Nações Unidas, esteve na Coreia do Norte várias vezes desde 1994 e age regularmente como enviado a países com os quais os EUA não têm relações diplomáticas. A Google foi acusada por diversas vezes de ceder às políticas da China na Internet até se ter retirado daquele país em 2010, redireccionando tráfego digital a partir de então por Hong Kong. Nos últimos meses, o presidente da Google tem vindo a trabalhar com um antigo conselheiro do Departamento de Estado norte-americano num livro sobre o papel da Internet no moldar de uma sociedade.

Nova Deli registou as temperaturas mais baixas dos últimos 44 anosA capital da Índia, Nova Deli, registou, esta quarta-feira, o dia mais frio dos últimos 44 anos, com temperaturas mínimas de 4 graus centígrados e máximas de 9,8, informou hoje a imprensa local. Segundo a imprensa, que cita o gabinete meteorológico da cidade, as temperaturas de quarta-feira foram as mais baixas desde 1969. Uma vaga de frio afecta o norte da Índia, onde já causou pelo menos 110 mortos desde finais de Dezembro. Com o registo de mais de 90 mortos, o Estado mais afectado pela actual vaga de frio é Uttar Pradesh, onde a cidade de Agra, que acolhe o famoso Taj Mahal, figura como o lugar da região onde a temperatura mais desceu, tendo chegado a atingir os 0,9 graus centígrados.

Coreia do Sul vai gastar mais este ano para melhorar laços com o Norte

2013, o ano de cuidar do irmão

Human Rights Watch pede à Tailândia para não deportar refugiados

Cuidar bem da etnia rohingyasáveis pelo departamento de Imigração optaram por conduzir o grupo para terra.

Na tarde de quarta--feira, dois camiões trans-portando as 73 pessoas da etnia rohingya dirigiam--se para a província de Ranong para serem devol-vidos à Birmânia, indica a organização não-gover-namental num comuni-cado, citado pelas agên-cias internacionais. “O Governo tailandês deve abandonar a sua política desumana de deportar de forma sumária as pessoas de etnia rohingya, as quais têm sido brutalmente perseguidas na Birmânia, e honrar o seu direito de procurar asilo”, declarou o director da HRW para a Ásia, Brad Adams.

Os muçulmanos rohin-gya são uma das minorias étnicas mais perseguidas do mundo, segundo as Nações Unidas.

Cerca de 800 mil mu-çulmanos da etnia rohin-gya vivem na Birmânia, a maioria dos quais no

Estado de Rakhine, ainda que as autoridades do país, predominantemente bu-dista, não os reconheçam como sendo cidadãos bir-maneses, mantendo a sua posição de que procedem do vizinho Bangladesh.

Esta comunidade apá-trida também não é reco-nhecida no Bangladesh, onde cerca de 300 mil rohingyas se encontram em campos de refugiados.

Os conflitos étnicos

na Birmânia têm vindo a agravar-se sobretudo após os violentos confrontos, em Maio e em Outubro, no Estado de Rakhine, os quais resultaram em pelo menos 167 mortos e em mais de 200 feridos, bem como em 115 mil des-locados, na sua maioria da minoria muçulmana rohingya.

A ONU qualificou de “desesperante” a situação em que se encontram

os deslocados que ainda vivem em campos de refugiados em condições “muito difíceis”, na se-quência da violência sec-tária, que deixou também um rasto de cerca de dez mil casas incendiadas.

A Tailândia não subs-creveu a Convenção sobre os Direitos dos Refugia-dos, de 1951, embora tenha a obrigação de “não devolver” alguém a um lugar onde a sua vida ou a sua liberdade correm perigo, sublinha a HRW.

As autoridades da Malásia reconhecem o estatuto de refugiados e oferecem assistência aos rohingya que sejam reconhecidos como tal pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados.

Em Novembro, a ONU alertou para o facto de a Birmânia precisar urgen-temente de mais ajuda humanitária para prestar assistência aos milhares de deslocados na sequên-cia dos confrontos étnicos no estado de Rakhine.

reencontros familiares, o apoio a organizações privadas para o alargamento dos laços com a Coreia do Norte e o futuro envio de 400 mil toneladas de arroz e de 300 mil toneladas de fertilizantes para o país vizinho.

Além disso, o orçamento

dedicado a prestar ajuda aos desertores do Norte - em 2012 foram cerca de 1.500 - vai subir de 123.900 milhões de won do ano passado para 134.100 milhões de won no corrente ano.

O aumento do fundo de cooperação inter-coreana surge

depois de a Presidente eleita da Coreia do Sul, Park Geun-hye, ter realçado a promessa de melhorar as relações com o regime de Kim Jong-un, gravemente deterioradas nos últimos anos o Governo do conservador Lee Myung-bak.

Uma das grandes promessas da campanha eleitoral de Park Geun--hye, que venceu o escrutínio de 19 de Dezembro e assumirá o cargo em Fevereiro, foi a de abrir novas vias de entendimento com a Coreia do Norte, tendo inclusiva-mente se mostrado disponível para se reunir com o “supremo líder” norte-coreano, se necessário.

O líder norte-coreano, Kim Jong-un, proferiu um inesperado discurso pelo Ano Novo, no qual expressou o seu desejo de melho-rar os laços com o Sul.

As Coreias permanecem tecnicamente em guerra na se-quência do conflito que terminou com um armistício que nunca foi substituído por um tratado de paz definitivo.

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GONÇALO LOBO PINHEIRO

sexta-feira 4.1.2013www.hojemacau.com.mo8 entrevista

Helder [email protected]

COMO compositor, instru-mentista ou maestro de orquestra e grupos corais, professor, conferencista,

investigador ou coleccionador de arte, Simão Barreto tem marcado os locais que abraçou para viver. Timorense desde a medula, portu-guês de coração inteiro, macaense pelo afecto maior, talvez sobretudo cidadão do mundo. Sendo homem de cultura, não abre mão, com fron-talidade, da suas opiniões políticas.

Em Junho passado, na entrevista que deu a este jornal em vésperas de eleições em Timor-Leste, algumas declarações do cidadão Barreto ul-trapassaram fronteiras e agitaram o ambiente sócio-político timorense. Mais de meio ano depois, e após ficar confirmado em boa parte o seu prognóstico (vitória do CNRT, de Xanana Gusmão, actual primeiro--ministro, com o PD de Fernando Lasama de Araújo, vice-primeiro mi-nistro, na coligação governamental), o maestro prefere falar de artes, dos seus projectos para a Academia que a partir da próxima semana passa a dirigir, e da sua música.

Simão Barreto ama a poesia e os poetas, compôs e interpretou inspirado em Camilo Pessanha, por exemplo. Mozart continua sendo uma referência primordial, mas há outras, como o seu país natal que agora o volta a acolher convidando-o para dirigir a Academia Nacional de Artes e Indústrias Criativas Cultu-rais: “Queremos abarcar todas as artes, das decorativas às plásticas, do artesanato à música. Por exemplo, uma das nossas maiores tradições está na tecelagem, o que nós cha-mamos tais feto, aquele pano usado pelas mulheres e o tais mane, usado pelos homens”.

Para o leitor menos familiari-zado, lembramos que o tais ou em tétum, língua timorense de leste, salenda, é aquele famoso pano usado como xaile ou cachecol, sendo uma

Maestro Simão Barreto, novo director da Academia Nacional de Artes e Indústrias Criativas Culturais de Timor Leste

“Decisiva no desenvolvimento cultural de Timor-Leste”Homem de cultura, uma vida entregue à música erudita em várias partes do mundo, o maestro timorense vai assumir dentro de poucos dias a função de director da Academia Nacional de Artes e Indústrias Criativas Culturais de Timor-Leste. Na sua breve passagem por Macau, Simão Barreto fala ao Hoje Macau das suas ideias e projectos na colaboração da Academia no desenvolvimento cultural de Timor-Leste

das partes mais visíveis deste tipo de tradição, de ritual em Timor-Leste.

EDIFÍCIO DE RAIZPARA A ACADEMIAQuestionado sobre se a música irá ser privilegiada em relação a outras artes, o maestro sorri e com alguma ironia responde: “infelizmente não iremos fazer isso, embora todos saibam a minha ligação de sempre à música. Ela estará naturalmente sempre interiorizada em mim. Mas a minha missão à frente da Academia Nacional de Artes é privilegiar, di-gamos assim, todas as artes. Mesmo no âmbito da música, penso no lugar importante da dança, dos coros. E há o teatro, uma forma cultural por ex-celência também, e que tantas vezes surge associada à música. Temos as artes plásticas, um sector que pode vir a ganhar grande dinamismo”.

Voltando à música. A falta de orquestras - apenas existem alguns grupos de música ligeira - a falta de escolas, será, segundo o novo director da Academia, uma das prioridades na acção. Ele interroga--se: “Como teremos orquestras, sem termos escola, sem formar músicos? No sector cultural, sei que esta é uma prioridade governamental. Creio que uma excelente ideia é termos bem organizado um calendário mensal e anual de Encontros de Música”.

Simão Barreto observa como mui-to positiva a decisão governamental em fazer passar a secretaria de estado da Arte e Cultura, dirigida por Isabel

As artes plásticas observadas do ponto de vista da sua diversificação, para além de serem um valor económico, também são juntamente com a realização de eventos musicais, dança, etc., exemplos de notável atracção turística

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9sexta-feira 4.1.2013 www.hojemacau.com.mo entrevista

Economicamente estamos num caminho muito positivo. Existem várias transformações no nosso dia a dia para as quais temos de estar atentos. Timor-Leste está a organizar-se de modo a cada vez mais poder contar com os seus próprios recursos e valores

Maestro Simão Barreto, novo director da Academia Nacional de Artes e Indústrias Criativas Culturais de Timor Leste

“Decisiva no desenvolvimento cultural de Timor-Leste”

Ximenes, para a tutela do ministério do Turismo, e dar o aval à construção de um edifício próprio para a escola de música e para as outras artes, como teatro e dança. “As artes plásticas observadas do ponto de vista da sua diversificação, para além de serem um valor económico, também são juntamente com a realização de eventos musicais, dança, etc., exem-plos de notável atracção turística. Da minha parte, uma enorme esperança e vontade de contribuir para o bom desempenho no sector cultural, cuja secretaria de estado tem à frente a dra. Isabel Ximenes. A mim, compete trabalhar com entusiasmo sobre a sua tutela mais directa”, salienta.

O elenco que rodeará Simão Bar-reto na Academia de Artes e Indústrias

Criativas Culturais, “já está formado, confio na sua eficácia, apenas conheço o meu assessor directo”. Passando a exercer funções já a partir da próxima semana, o novo director encara o facto “como um bom desafio, obviamente muito trabalhoso, mas que será por certo gratificante e sempre a pensar no desenvolvimento cultural em Timor--Leste. Não esqueçamos que somos um país que veio de uma guerra san-grenta, que ainda está a organizar-se internamente em todos os sectores, nomeadamente na sua segurança, não interna, mas do seu espaço territorial, das suas fronteiras, da tranquilidade e manutenção total da sua soberania como país que conquistou com tanto sacrifício a sua independência”.

Economicamente, Timor-Leste,

por via do seu mais assumidamente apetecível valor natural, o petróleo, e com a criação do Fundo respecti-vo, entre outras riquezas, começa a viver nos dias actuais, uma situação de algum conforto económico em crescendo. Simão Barreto realça esse aspecto: “Economicamente es-tamos num caminho muito positivo. Existem várias transformações no nosso dia a dia para as quais temos

de estar atentos. Timor-Leste está a organizar-se de modo a cada vez mais poder contar com os seus próprios recursos e valores. Levará tempo, claro, mas chegará à posição ideal. Os militares das Nações Unidas foram saindo, a polícia portuguesa que realizou trabalho muito meritó-rio no nosso país, a todos os níveis, também está de regresso a Portugal, ficando ainda connosco alguns ele-

mentos, pois é muito importante a sua presença, no que diz respeito não somente à indiscutível competência, como ao afecto mútuo que existe”.

Simão Barreto é, por atitude de cidadania, um observador atento da sociedade e da política. Abertamen-te, comenta ao Hoje Macau a figura carismática de Xanana Gusmão: “O Xanana é uma grande figura de timorense, continuamos a dever-lhe muito. Na minha opinião, a seguran-ça em Timor-Leste, praticamente só tem um nome, esse nome é Xanana! O povo respeita-o”.

Inesquecível para o maestro, é aquele momento único no Dia da In-dependência de Timor-Leste, em Dili, quando dirigiu um coro de 900 vozes. Homem grato, Simão Barreto não esquece de reiterar o agradecimento ao Instituto Cultural e ao governo de Macau, para quem na ocasião pres-tava trabalho, por o ter autorizado a deslocar-se, durante 1 mês, ao seu berço natal nessa data importante.

Ligado a Macau pelo enorme afecto e “pelas energias que aqui gastou enquanto músico, criador de tercetos e quartetos, coros, orques-tras, ensinando música, o maestro timorense confessa o seu carinho por esta região: “eu dei tudo o que pude a Macau e com toda a minha alma, imagine qualquer pessoa o que não darei ao meu berço Timor-Leste, pois ainda tenho muita força e grande entusiasmo para dar aquilo que sei à minha terra. A propósito de Macau, há várias ideias pensadas que se relacionam com Timor-Leste e com esta região, ou seja com este país que é a grande China. Tenciono, logo que possível, vir a Macau no sentido de falar com entidades oficiais locais tendo em vista algumas colaborações mútuas. Julgo estar certo ao pensar que a Academia de Artes tem um papel decisivo no desenvolvimento cultural timorense”.

Quanto a projectos pessoais, naturalmente no mundo da músi-ca, Simão Barreto abre o livro do desejo: “a publicação em livro, das partituras de toda a minha obra e a gravação dessas mesmas músicas. Agora, com este projecto da Aca-demia de Artes que, com muita honra me confiaram e tenho sobre os ombros, faltar-me-á alguma disponibilidade temporal, mas na distribuição de trabalho por todos os que dão o seu fiel contributo à Academia, tenho esperança de con-seguir, com apoios, tornar realidade esse meu projecto. Paralelamente, enquanto compositor e músico de toda a vida, estou sempre aberto a todas as ideias neste âmbito. E também tenho as minhas, claro”.

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sexta-feira 4.1.2013vida10 www.hojemacau.com.mo

DSPA nada disse sobre produção de tijolos recicláveisO director da Aliança Internacional de Indústria Ambiental (AIIA), Sou Ah Hong, afirmou que tem feito comentários e dado sugestões sobre a produção de tijolos recicláveis, contudo a Direcção para os Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) ainda não deu qualquer resposta no sentido de incentivar essa produção. Sou Ah Hong propôs que a produção de tijolos recicláveis através de resíduos de construção recorrendo ao uso da maturidade da tecnologia e atendendo aos padrões internacionais de qualidade. Para o director da AIIA, a falta de respostas por parte da DSPA “estanca o desenvolvimento local”. Ho Wai Tim, presidente da Sociedade Ecológica de Macau, também concorda com o uso de material residual de construção transformado em “tijolo ecológico”. Como tal, Ho Wai Tim citou o exemplo de Zhuhai, onde o preço do “tijolo ecológico” e do tijolo comum é semelhante. – C.L.

O cientista que descobriu o terceiro ramo da árvore da vida

Morreu Carl WoeseO mundo micros-

cópico esteve sempre presente na vida científica

de Carl Woese. Mas foi em 1977 que o cientista norte--americano revolucionou a árvore da vida, o diagrama que representa a relação evolutiva entre as espécies: propôs um novo domínio, os archaea. Pensava-se que este conjunto de espécies eram bactérias, mas Woese mostrou que é um grupo independente e, a nível evolutivo, está tão próximo da bactéria Escherichia coli como de um cogumelo ou de um pinguim. Woese faleceu no último domingo, devido a um cancro no pâncreas. Tinha 84 anos.

Um dos maiores enigmas da biologia está relacionado com a evolução e com os processos que fizeram as primeiras formas de vida transformarem-se na diver-

sidade que existe hoje. É este enigma que cientista tinha em mente.

Woese nasceu a 15 de Julho de 1928, em Siracusa, uma cidade no estado de Nova Iorque. Licenciou-se em matemática e física na Universidade de Amherst em 1950 e três anos depois fez o doutoramento em biofísica na Universidade de Yale. Em 1964, entrou para a Universidade de Illi-nois como professor, onde trabalhou até morrer.

Durante a década de 1970, o cientista tentou compreender melhor a re-lação evolutiva entre as espécies de bactérias. “Para realmente compreendermos a biologia, é preciso com-preendermos de onde tudo veio”, disse o cientista, que defendia que a vida micro-biana era um componente fulcral da biosfera.

Todas as formas de vida

provêm de um único ante-passado comum, há mais de 3500 milhões de anos. Nos anos de 1970, defendia-se que a evolução tinha resul-tado em dois grandes ramos diferentes, dois domínios da vida. Um domínio era os eucariotas, que reúne organismos com células com núcleo (onde está guardado o ADN), que podem ter uma só célula como a amiba. O outro domínio agrupava as bactérias.

CARACTERIZAÇÃODAS BACTÉRIASCarl Woese revolucionou a forma de caracterizar as bactérias, e não só, graças a novas técnicas de análise de ADN que apareceram na altura. Em vez de se apoiar em características físicas, utilizou a sequenciação de moléculas do ADN dos ribossomas – as fábricas de proteínas que estão em todas as células – para comparar a distância evolutiva entre as

espécies de bactérias. “Fez uma métrica para determinar o parentesco a nível evo-lutivo”, explicou Norman Pace, um microbiólogo da Universidade do Colorado. “Os seus resultados foram os primeiros a provar que toda a vida na Terra estava relacionada entre si”, disse, citado pelo jornal New York Times.

Desta forma, também descobriu um grupo de microrganismos que eram tão diferentes das bactérias quanto de um cão. Em 1977, o cientista publicou, com outros colegas, dois artigos científicos onde anuncia a descoberta as archaea, ou arquea. Este novo domínio reúne organismos unicelu-lares sem núcleo que vivem em ambientes extremos a nível de temperatura, de salinidade ou de pH, como as fontes hidrotermais, no fundo do oceano. Entre-tanto, foram descobertas mais espécies de archaea

no plâncton ou no tubo digestivo de animais.

Segundo o investigador, este grupo tem característi-cas tão antigas como as bac-térias e vive em condições que estarão mais próximas do ambiente terrestre que existia quando a vida apare-ceu. “Carl não só rescreveu o manual da biologia evo-lutiva, mas a sua descoberta proporcionou ferramentas para estudarmos hoje o mi-crobioma humano, o conjun-to complexo e incrivelmente diverso de microrganismos que existe no nosso corpo e que contribui tanto para a nossa saúde como para as doenças”, diz Gene Robin-son, director do Instituto para a Biologia Genómica em Illinois, em comunicado.

A comunidade cien-tífica resistiu no início à teoria de Woese e só na década de 1990, quando a sequenciação dos genomas aprofundou o conhecimento deste novo grupo, é que os mais resistentes críticos se calaram. Entretanto, o biofísico foi acumulando galardões como a Medalha Nacional da Ciência dos Estados Unidos, em 2000, ou o Prémio Crafoord das Biociências, em 2003, en-tregue pela academia sueca.

Carl Woese teve dois fi-lhos. O cientista, que muitos defendem ter merecido o Prémio Nobel, deixa ainda uma visão da vida na Terra: “Para mim, é claro que se a humanidade limpar da Terra todas as formas de vida mul-ticelulares, a vida microbiana poderá mudar pouco. Se a vida microbiana desaparecer – isso seria a morte instantâ-nea para o planeta.”

Macau Sã Assado

UMA GRANDE DIVERSÃOUma legenda no mínimo tão divertida quanto a actividade em si. ;)Porque Macau sã assi, mas também sã assado

Foto: RitaMarques Ramos

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11sexta-feira 4.1.2013 www.hojemacau.com.mo cultura

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www. iacm.gov.mo www. iacm.gov.mo

Aviso1. De acordo com o n° 2 do artigo 2° do Despacho do Chefe do Executivo n° 268/2003, alterado pelos Despachos do Chefe do Executivo nos 267/2004 e 109/2005, os portadores de licenças para cães de estimação, emitidas pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), devem apresentar os seus pedidos de renovação da licença, durante os meses de Janeiro e Fevereiro de 2013. Expirado este prazo, os portadores ficam sujeitos a uma taxa adicional, que variará consoante os períodos, abaixo indicados, em que o tratamento das devidas formalidades se efectue. l De 1 de Março a 30 de Março: 30% da taxa da licença em causa; l De 31 de Março a 29 de Abril: 60% da taxa da licença em causa; l De 30 de Abril a 29 de Maio: 100% da taxa da licença em causa.

2. Caso, após noventa dias, não hajam tratado das formalidades de renovação da licença, as licenças originais serão consideradas caducadas.

3. Documentos comprovativos que é necessário entregar aquando da renovação da licença para cães de estimação do ano 2013: a. Original ou fotocópia da Licença para cães de estimação do ano 2012; b. Certificado válido de vacinação anti-rábica.

4. Horário e local de atendimento: a. Canil Municipal de Macau (Avenida do Almirante Lacerda, Macau) 2ª a 6ª Feira, das 9:00 às 17:00 horas. b. Canil Municipal de Coloane (Estrada de Cheoc Van, Coloane) 2ª Feira, das 10:00 às 15:00 horas. c. Centro de Prestação de Serviços ao Público da Zona Norte (Rua Nova da Areia Preta, no.52, Centro de Serviços da RAEM, R/C, Macau ) 2ª a 6ª Feira, das 9:00 às 18:00 horas. d. Centro de Serviços do IACM (Avenida da Praia Grande, Edf. China Plaza, 2° andar, Macau) 2ª a 6ª Feira, das 9:00 às 18:00 horas. e. Centro de Prestação de Serviços ao Público da Zona Central (Rotunda de Carlos da Maia, Nos .5 e 7, Complexo da Rotunda de Carlos da Maia, 3º andar) 2ª a 6ª Feira, das 9:00 às 18:00 horas. f. Centro de Prestação de Serviços ao Público das Ilhas (Rua da Ponte Negra, Bairro Social da Taipa, n° 75K, Taipa) 2ª a 6ª Feira, das 9:00 às 18:00 horas.

5. Taxa para renovação: MOP220.00 (inclui 10% de imposto de selo)

Aos 07 de Dezembro de 2012.

O Vice-Presidente do Conselho de AdministraçãoLei Wai Nong

AvisoPostos ambulantes para o pedido e renovação de licenças para cães de estimação do ano 2013Faz-se público que, nos termos do n° 7 do artigo 10° do “Código de Posturas Municipais do Concelho de Macau” e do n°

7 do artigo 10° do “Código de Posturas Municipais do Concelho das Ilhas”, é necessário requerer a licença anual para a posse de cães com idade igual ou superior a seis meses. Para facilitar aos donos de cães o tratamento das formalidades nos seus pedidos e renovação de licenças, o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais vai instalar postos ambulantes para a apresentação de pedidos e renovação de licenças para cães de estimação nos seguintes locais, durante o horário abaixo mencionado:

Data Horas LocalPenínsula

deMacau

05/01/2013(Sábado) 14:00-19:00 Jardim da Vitória

10/01/2013(5ª Feira) 17:00-19:00 Zona de Lazer do Edf. Lok Yeung Fa Yuen do Fai Chi Kei

11/01/2013(6ª Feira) 17:00-19:00 Zona de Lazer do Edf. Lok Yeung Fa Yuen do Fai Chi Kei

12/01/2013(Sábado) 14:00-19:00 Parque Urbano da Areia Preta

19/01/2013(Sábado) 14:00-19:00 Jardim de Luís Camões

25/01/2013(6ª Feira) 17:00-19:00 Parque Dr. Carlos D’Assumpção

26/01/2013(Sábado) 14:00-19:00 Praça de Ponte e Horta

Taipa 02/02/2013(Sábado) 14:00-19:00 Rotunda do Estádio, na Taipa

16/02/2013(Sábado) 14:00-19:00 Rotunda do Estádio, na Taipa

23/02/2013(Sábado) 14:00-19:00 Rotunda do Estádio, na Taipa

Coloane21/02/2013(5ª Feira) 17:00-19:00 Largo do Presidente António Ramalho Eanes, em Coloane

22/02/2013(6ª Feira) 17:00-19:00 Parque de Hac Sá, em Coloane

De acordo com o n° 1 do artigo 86° da Tabela de Taxas, Tarifas e Preços do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, ficam isentos de pagamento da vacina anti-rábica os cães que estejam registados e licenciados.

Aos 07 de Dezembro de 2012.

O Vice-Presidente do Conselho de AdministraçãoLei Wai Nong

PELA primeira vez na história do prémio

literário britânico Costa Book Awards, mulheres venceram em todas as categorias. Cada vencedor por categoria recebe 63 mil patacas.

A romancista Hilary Mantel recebeu o prémio de melhor romance com “Bring up the Bodies”, que já lhe tinha dado o

prémio Man Booker e o National Book Award na categoria de Autor do Ano.

A escritora Mary Tal-bot e o seu marido Bryan Talbot - veterano da Banda Desenhada - receberam o prémio de melhor biogra-fia com o romance gráfico “Dotter of her Father’s Eyes”, a biografia da filha de James Joyce, Lucia,

que se entrelaça com as memórias da relação perturbada da autora com o seu pai, o académico especialista em Joyce, James S. Atherton.

A jornalista e escritora Francesca Segal rece-beu o prémio de melhor primeira obra com “The Innocents”, que se passa numa comunidade judia em Londres.

A poeta escocesa Kathleen Jamie rece-beu o prémio de poesia pela sua antologia “The Overhaul” e o prémio da literatura infantil foi para a escritora e ilustradora Sally Gardner por “Ma-ggot Moon”.

No próximo dia 29, numa cerimónia em Lon-dres, será anunciado o livro do ano.

Martin Scorsese mostra arquivosem BerlimO Museu do Cinema de Berlim apresentará este mês uma mostra dedicada ao realizador norte-americano Martin Scorsese, que incluirá cerca de 600 objectos dos arquivos do cineasta. Esta será a primeira vez que Scorsese mostrará o seu acervo privado numa exposição, que incluirá, por exemplo, cartas, guiões e material cénico e guarda roupa de filmes. De acordo com o jornal El Mundo, o realizador de “Taxi Driver” e de “Touro Enraivecido” não deverá estar presente na inauguração, a 10 de Janeiro, uma vez que está a rodar um novo filme, “The Wolf of Wall Street”, protagonizado por Leonoardo DiCaprio. A exposição em Berlim segue acompanhada de uma retrospectiva da obra de Scorsese, de 70 anos, que integra obras como “Hugo”, “Gangs de Nova Iorque”, “A Cor do Dinheiro”, “A Última Tentação de Cristo”, “Goodfellas”, “A Idade da Inocência”, “New York, New York” ou “Alice já não Mora Aqui”.

Cantora Maria João actua no ChileA cantora portuguesa Maria João vai actuar no dia 9, no Chile, com o projecto “A Aventura das Abelhas”, no qual estão também os músicos João Farinha (teclados) e André Nascimento (programações), revelou a produtora ONC. O concerto decorrerá no Museo Parque de las Esculturas, em Providencia. Maria João conta com trinta anos de carreira no jazz, quando formou o Quinteto de Maria João, tendo colaborado deste então com vários artistas portugueses e estrangeiros, nomeadamente Mário Laginha, Carlos Bica, António Pinho Vargas, Clã, Bob Stenson, Gilberto Gil e Lenine.

Mulheres vencem todas as categorias de prémio literário

Tudo no feminino

Hilary Mantel e Francesca Segal

Page 12: Hoje Macau 4 JAN 2013 #2765

sexta-feira 4.1.2013desporto12

Gonçalo Lobo [email protected]

O defesa-central Valença e o avan-çado William são os mais recentes

reforços do Lam Pak para o ataque à Liga de Elite deste ano. Valença, de 30 anos, trata-se de um reforço com algum peso pois jogou algumas épocas no Brasilei-rão defendendo as cores do Náutico e do Corinthians, para além de ter passado por clubes com algum renome como o Santa Cruz, o Vila Nova, o Marília e o Joinville. Actualmente estava a repre-sentar o Pesqueira e chega a Macau para dar tudo pelo Lam Pak. “Estou ansioso pelo começo do campeona-to. Sonho alto e quero lutar pelo título juntamente com os meus companheiros”, afirmou Valença ao Hoje Macau.

O defesa está em Macau há apenas duas semanas mas diz-se já “em casa” até porque está junto do seu “ir-

Defesa-central jogou no Corinthians em 2008. Avançado de regresso a Macau

Valença e William reforçam Lam Pak

DADOS PESSOAIS

PALMARÉS2007 – Rio Branco-PR (BRA)

2008 – Rio Branco-PR (BRA)

2008 – Paraná (BRA)

2009 – Campo Mourão (BRA)

2010 – Andraus (BRA)

2010 – Monte Carlo (MAC)

2011 – Windsor Arch Ka I (MAC)

2012 – Tai Po (HKG)

2012 – Olinda (BRA)

2013 – Lam Pak (MAC)

Nome: William Carlos Gomes

Data de Nascimento: 07-02-1987 (25 anos)

Naturalidade: Paranaguá (PR) – Brasil

Posição: Avançado

Altura: 1,74 m

Peso: 70 kg

PALMARÉS1999 – Santa Cruz (BRA)

2000 – Santa Cruz (BRA)

2001 – Santa Cruz (BRA)

2002 – Santa Cruz (BRA)

2003 – Santa Cruz (BRA)

2004 – Santa Cruz (BRA)

2005 – Santa Cruz (BRA)

2006 – Santa Cruz (BRA)

2007 – Náutico (BRA)

2008 – Corinthians (BRA)

2008 – Vila Nova (BRA)

2009 – Vila Nova (BRA)

2010 – Joinville (BRA)

2011 – Marília (BRA)

2011 – Chã Grande (BRA)

2012 – CSE (BRA)

2012 – Pesqueira (BRA)

2013 – Lam Pak (MAC)

DADOS PESSOAISNome: Manoel Cordeiro Valença Neto

Data de Nascimento: 18-03-1982 (30 anos)

Naturalidade: Bom Conselho (PE) – Brasil

Posição: Defesa-central

Altura: 1,81 m

Peso: 72 kg

mão” Éder. “Fomos criados juntos. Somos irmãos de coração e jogámos juntos no Santa Cruz. A culpa de ter vindo para Macau é do Timba, apesar de sempre ter tido o sonho de jogar fora do Brasil.”

Valença pretende jogar, pelo menos, até aos 36 anos. O tempo urge mas o defesa diz-se com muita força para dar tudo pelo clube que lhe abriu as portas do estran-geiro pela primeira vez. “Vou colocar toda a minha experiência ao serviço do Lam Pak. Não cheguei aqui com vontade de dar um salto para outro clube. Quero permanecer no Lam Pak e consolidar-me em Macau mais uns anos até porque estou cheio de força para a nova época.”

Central de marcação, Valença veio para “ser guerreiro”. “A prioridade da minha vida profissional é totalmente canalizada para o Lam Pak e estou aqui para trabalhar. Estou a adorar o pouco que conheço de

Macau, até porque sou uma pessoa tranquila e caseira, mas estou muito feliz aqui.”

LAM PAK DEPOIS DE KA IPara marcar golos chega o já conhecido William. Dado como reforço do Ka I durante o defeso, acabou por não ficar nos tri-campeões. “Quando retornei a Macau a preferência tinha de ter dada ao Ka I mas questões de ordem financeira não deixaram que ficasse no plantel do Josecler. Surgiu o convite do Lam Pak e nem olhei para trás”, garantiu ao nosso jornal.

O avançado vai evoluir pela terceira vez em Macau depois de ter representado o Monte Carlo em 2010 e o Ka I em 2011. Agora chega a vez do Lam Pak. “Podem es-perar por jogador aguerrido e batalhador, como sempre fui. Quero muito honrar a camisola azul do Lam Pak porque me receberam muito bem e o grupo é muito bom”, referiu.

A direcção do Lam Pak

espera golos de William e o avançado não foge à res-ponsabilidade mesmo não dando qualquer tipo de meta a alcançar. “Antes de mais quero agradecer ao Lam Pak a oportunidade para voltar a Macau. Estou muito feliz. E claro, como todos o avançados é preciso marcar golos. Não vou dar nenhum número de avanço. Aquilo que prometo é trabalhar para que isso aconteça.”

Para William, o cam-peonato pode ser decidido a três equipas, com o Lam Pak, naturalmente, à mistura. “Este campeonato tem tudo para ser ainda mais forte que o anterior. O Benfica, o Ka I e o Lam Pak são, a meu ver, os clubes que podem lutar entre si pela conquista do título. Da nossa parte é preciso que trabalhemos forte e com hu-mildade. Tenho confiança.”Valença

William

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Page 13: Hoje Macau 4 JAN 2013 #2765

PALMARÉS

SALA 1LES MISÉRABLES [B]Um filme de: Tom HooperCom: Hugh Jackman, Russel Crowe, Anne Hathaway, Amanda Seyfried, Eddie Redmayne, Aaron Tveit, Samantha Barks14.30, 18.30, 21.15

SALA 23 AM [3D] [C](FALADO EM TAILANDÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)

Um filme de: Issara Nadee, Patchanon Thumjira, Kirati NakintanonCom: Apinya Sakuljaroensuk, Peter Knight, Ray MacDonald14.30, 16.30, 19.30, 21.30

SALA 3TWILIGHT SAGA: BREAKING DAWN (PART 2) [C]Um filme de: Bill CondonCom: Robert Pattinson, Kristen Stewart, Taylor Lautner14.30, 21.30

WRECK-IT RALPH [3D] [B](FALADO EM CANTONÊS)Um filme de: Rich Moore16.30, 19.30

sexta-feira 4.1.2013 13www.hojemacau.com.mo futilidades

[Tele]visão

Sudoku [ ] Cruzadas

[ ] Cinema Cineteatro | PUB

TDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h RTPi14:45 RTPi Directo19:00 TDM Talk Show (Repetição)19:30 Resistirei20:30 Telejornal21:15 Ler + Ler Melhor21:30 Regresso a Sizalinda22:10 Escrito nas Estrelas23:00 TDM News23:30 Portugueses Pelo Mundo00:20 Telejornal – Repetição01:00 RTPi Directo

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:35 A Hora de Beco15:00 VIDA ANIMAL EM PORTUGAL E NO MUNDO15:10 Criativar15:40 AntiCrise 16:00 Bom Dia Portugal17:00 Decisão Final17:50 CINEMA PORTUGUÊS20:00 Jornal da Tarde 21:15 O Preço Certo 22:05 Portugal no Coração

30 - ESPN13:00 The Football Review 2012-201313:30 X Games Los Angeles14:30 Big Ten Conference Basketball 2012/13 Penn State vs. Wisconsin16:30 2013 Tostitos Fiesta Bowl Oregon vs. Kansas State19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 201320:00 The Football Review 2012-201320:30 Football Asia 2012/1321:00 Abl Crossover Preseason 201322:00 Sportscenter Asia 2013

22:30 AFF Suzuki Cup 2012 Indonesia vs. Laos

31 - STAR Sports10:00 (LIVE) Hyundai Hopman Cup XXV South Africa vs. France15:45 Hot Water 2012/1316:45 Rebel TV 1917:15 JK Racing Asia Series Round 1517:45 (LIVE) Hyundai Hopman Cup XXV Serbia vs. Germany23:30 (Delay) Score Tonight 2013

40 - FOX Movies11:40 The Twilight Saga13:40 Bobby Fischer Against The World15:20 As Good As It Gets17:40 The Sixth Sense19:30 Spy Kids: All The Time In The World21:00 Kung Fu Hustle22:40 Insidious00:25 Pirates

41 - HBO12:50 Mission: Impossible Ghost Protocol15:05 Catwoman16:50 Punch-Drunk Love18:30 Kangaroo Jack20:00 Ocean’S Eleven22:00 Ocean’S Twelve00:10 Doom

42 - Cinemax12:30 Conan The Destroyer14:15 Takers16:00 Villa Rides 18:00 Hollywood On Set18:30 The American 20:15 Xiii 21:45 Epad On Max22:00 Profugos 23:45 Dark Tide

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SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Relativo ao gelo ou às geleiras. 2-Tornassem oco. Doutor (abrev.). 3-Arsénio (s.q.). Amerício (s.q.). Cintura. 4-Duas consoantes. Soluço. Conceda abono. 5-Filó. Negação (Pref.). 6-Nome que os Muçulmanos dão ao seu Deus. Mulher solteira já de certa idade. 7 (Rom.). 7-Deus-Sol, no antigo Egipto. Habitante de praia ou praias (Bras.). 8-Demo, diabrete. Escândio (s.q.). Pertences. 9-Nome de mulher. Senhor (abrev.). Duas vogais. 10-Oferece. O m. q. ocelado. 11-Convocareis.VERTICAIS: 1-Provido de albarda. 2-Tecido fino. Peça de vestuário, que se veste por cima do sapato e das calças, para proteger do frio. 3-Cheiro desagradável (Bras.). Bário (s.q.). Autores (abrev.). 4-Juntai. Estado da Paraíba, Brasil (abrev.). Surpresa (Interj.). 5-Vogal (pl.). Pessoa metediça, intrometida (Bras.). 6-Protecção (Fig.). Ena!. Aguardente. 7-Acabais. Entre eles. 8-Prefixo de negação. Nome de letra. Ressoar. 9-Cobalto (s.q.). Sexto. Soma, une. 10-Aspecto fisionómico, garbo. Duas vogais. 11-Designação genérica dos compostos de arsénio em que este elemento entra com a menor valência.

HORIZONTAIS: 1-GLACIARIO. A. 2-OCASSEM. DR. 3-A. AS. COS. 4-LP. AI. ABONE. 5-BOBINETE. AN. 6-ALA. TIA. VII. 7-RA. PRAIEIRO. 8-DIABO. SC. ES. 9-ANA. SR. OA. O. 10-DA. OCULADO. 11-O. CHAMAREIS.VERTICAIS: 1-G. ALBARDADO. 2-LO. POLAINA. 3-ACA. BA. AA. C. 4-CASAI. PB. OH. 5-IS. INTROSCA. 6-ASA. EIA. RUM. 7-REMATAIS. LA. ECOAR. 9-O. CO. VI. ADE. 10-DONAIRE. OI. ARSENIOSO. S.

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

Aqui há gatoNÃO APRENDERCOM OS ERROSMacau, assim como a China, está a ir pelo mau caminho. De facto, pouco aprenderam com os erros do Ocidente, em matéria de finanças e economia. Ou estarei enganado?Falemos apenas do caso da RAEM. Estamos fartos de saber que o dinheiro transborda nos cofres do Governo. Muitos são os que nas suas contas bancárias mostram saldos confortáveis e até a classe média não se pode queixar do dinheirinho que possui. Mas uma coisa é certa, o dinheiro não dura para sempre e, de acordo com as leis da economia, este lado do mundo passará daqui a uns anos – esperemos que muitos – para o reverso da medalha, a não ser que se comporte com deve ser.A economia não é uma ciência exacta mas está lá quase. Tem ciclos de prosperidade e ciclos de recessão. Os EUA e, em especial, a Europa estão a sentir na pele os erros acumulados durante anos a fio. Créditos ao desbarato, especulação imobiliária, inflações galopantes ou consumismo desmedido foram alguns dos aspectos negativos que levaram o Ocidente à ruptura económica. E Macau parece que está a ir pelo mesmo caminho. Mais tarde ou mais cedo, se não se criar um ponto de inflexão o território pode experimentar as agruras da economia. O povo, apesar de viver bem, pode começar a preocupar-se com um Governo inoperante que não sabe criar qualquer medida para combater estes problemas, talvez porque nunca viveu sem a galinha dos ovos de ouro que são os casinos.Mas tudo isto funciona de forma perfeita. A economia não se engana. Quando a China, e a restante Ásia, não conseguir vir a Macau para jogar, o dinheiro acaba. E por isso é que uma economia como a de Macau não pode viver exclusivamente dos lucros do jogo. É preciso diversificar, é preciso aprender com os erros cometidos por outros países e regiões, é preciso encontrar uma solução para a inflação, é preciso terminar com a especulação imobiliária, entre outros.O Executivo liderado por Chui Sai On tem de entender, de uma vez por todas, que estas questões só ajudam alguns – que enchem os bolsos a bel-prazer -, piorando a vida de todos os outros que trabalham e vivem nestes 28 quilómetros quadrados e que querem fazer de Macau um ponto estratégico no mundo, longe da loucura do jogo. Aposte-se no turismo, aposte-se na cultura, aposte-se naquilo que se quiser mas crie-se condições para que, quando a economia mundial virar o lado da medalha, Macau possa sofrer o menos possível. Miau...

Pu Yi

LES MISÉRABLES

JOSEPH ANTON• Salman RushdieNo dia 14 de Fevereiro de 1989, Dia dos Namorados, Salman recebeu um telefone-ma de uma jornalista da BBC a dizer-lhe que fora “conde-nado à morte” pelo aiatola Khomeini. Era a primeira vez que ouvia a palavra fatwa. O seu crime? Ter escrito um ro-mance intitulado Os Versículos Satânicos, que era acusado de ser «contra o Islão, o Profeta e o Alcorão». Assim começa a extraordinária história de um escritor obrigado a passar à clandestinidade, mu-dando de casa para casa, com a presença constante de uma equipa de protecção policial armada. Pediram-lhe que esco-lhesse um pseudónimo pelo qual a polícia pudesse tratá-lo. Ele pensou nos escritores de que mais gostava e em combinações dos seus nomes; ocorreram-lhe então Conrad

e Tchékhov - Joseph Anton. Como vivem um escritor e a sua família com a ameaça de assassínio durante mais de nove anos? Como continua ele a trabalhar? Como se apai-xona e desapaixona? Como é que o desespero molda os seus pensamentos e acções, como e porquê tropeça, como aprende a ripostar? Nestas

notáveis memórias, Rushdie narra pela primeira vez essa história: a história de uma das batalhas cruciais do nosso tem-po pela liberdade de expressão. Fala das realidades, umas vezes sinistras, outras cómicas, da coabitação com polícias ar-mados e dos estreitos laços que se forjaram com os seus protectores; da sua luta para obter o apoio e a compreensão de gover-nos, chefes de serviços de informações, editores, jornalistas e colegas escritores; e de como recuperou a liberdade.

Page 14: Hoje Macau 4 JAN 2013 #2765

sexta-feira 4.1.2013opinião14 www.hojemacau.com.mo

um gr i to no desertoPaul Chan Wai Chi*

EVIDO à data da publicação desta coluna de opinião, este artigo que foi escrito antes do protesto de rua da Transferência de Soberania será o último de 2012.Baseado na experiência da or-

ganização do Protesto pela Democracia e tendo em conta o modo como a polícia tem lidado com o Protesto nos últimos anos é de crer que o departamento que zela pela aplicação da lei não complique a vida de Chui Sai On quando este for a Pequim prestar contas do seu trabalho ao Governo Central. Quanto ao famoso fim do mundo anunciado para 21 de Dezembro, é questão que não me afecta porque enquanto cristão o fim do mundo significa o ressurgimento de Cristo. O dia do Juízo Final deve ser um dia de regozijo para os cristãos. Por isso não temo o fim do mundo nem acredito que 21 de Dezembro seja o fim. Se o editor deste jornal não acabar com esta coluna em 2013 continuarei a escrever.

Olhando retrospectivamente para o tra-balho da Assembleia Legislativa em 2012 sinto-me fisicamente exausto, mentalmente esgotado e angustiado, sobretudo por ter visto pessoas recorrerem a toda a espécie de jogo sujo durante a discussão e a enunciação das linhas do desenvolvimento político de Macau. Algumas pessoas para protegerem os seus interesses fizeram declarações pú-blicas falsas e outras abandonaram os seus princípios e venderam a alma ao diabo só para continuarem ligadas ao poder. O povo de Macau que costumava ser simples e honesto tem vindo a ficar cada vez mais estranho face à tentação do dinheiro e da fama. Existem muitos cidadãos que estão satisfeitos com a actual prosperidade de Macau conduzida pelos negócios de entre-tenimento. Quanto a mim ainda estimo os dias em que olhava para o mar em frente à Praia Grande. Quantos crimes se escon-dem por detrás da prosperidade e quantos sentimentos por detrás da simplicidade?

Enquanto me despeço de 2012 aproveito para dar um pouco de descanso ao meu corpo exausto. Depois dos dez dias de debate patético das Linhas de Acção Governativa na Assem-bleia Legislativa seguiu-se o espectáculo da eleição dos 12 deputados que vão representar Macau no Congresso Nacional do Povo na China. Escolhi não participar nesta eleição, uma vez que o povo em geral não pode participar e preferi ficar do seu lado. Quando todos puderem votar nas pessoas para representar Macau no Congresso, então também votarei. Penso que isto não é um sonho, nem sequer um sonho muito adiado e espero lutar com a população para que ele se realize.

Em 2013 vai haver eleições para a Assembleia Legislativa. Serão acrescentados dois assentos por eleição indirecta elevando o para 12 número de deputados que serão bem distribuídos pelos lobbys durante a mudança política. Quanto aos deputados eleitos directamente, passarão a ser 14 e a eleição dos dois novos assentos promete ser intensa. A escolha de quem ganhará, se os ricos e poderosos ou aqueles que defendem a justiça social, depende da sabedoria do povo e da transparência do Governo

Adeus 2012

Em 2013 vai haver eleições para a As-sembleia Legislativa. Serão acrescentados dois assentos por eleição indirecta elevando o para 12 número de deputados que serão bem distribuídos pelos lobbys durante a mudança política. Quanto aos deputados eleitos directamente, passarão a ser 14 e a eleição dos dois novos assentos promete ser intensa. A escolha de quem ganhará, se os ricos e poderosos ou aqueles que defendem a justiça social, depende da sabedoria do povo e da transparência do Governo.

Tivemos recentemente a notícia de que o presidente do comité executivo da Associa-ção de Novo Macau talvez fosse abandonar a Associação e criar uma nova equipa para concorrer à Assembleia Legislativa. A Associação teve um debate interno sobre esta questão mas não chegou a nenhuma conclusão uma vez que em política tudo é possível. Até agora o presidente ainda não revelou se se iria demitir. Esperemos para ver!

Pessoalmente penso, que a Assembleia continuará a ser uma instituição com direi-tos nominais e sem nenhum poder real, até ao dia em que seja um orgão totalmente eleito por voto directo. Por mais que os deputados eleitos directamente sejam honestos e corajosos nunca verão os seus

esforços recompensados nem nunca pode-rão mudar as decisões dos deputados eleitos pelos grupos de interesse instalados. Terão sempre de enfrentar as reacções negativas perante as decisões tomadas e ainda de ouvir as queixas da população. A elaboração e votação da “Lei da Habitação Económi-ca” é um exemplo bem ilustrativo. A lei favorece os interesses imobiliários e tem como consequência a subida em espiral dos preços das habitações privadas. A avaliação dos bens irá provocar uma polarização social enquanto a população continuará a não conseguir comprar casa. Quanto à proposta de Reforma Constitucional que contradiz os princípios do desenvolvimento democrático, o seu impacto negativo em Macau é como o de “ um lago de águas paradas incapaz de se tornar límpido” e a Assembleia Legislativa continua a funcio-nar atracada ao lago.

Ao dizer adeus a 2012 espero dizer adeus a todos os maus sentimentos dentro do meu coração e reencontrar-me de modo a abraçar 2013 com todos os desafios que se apresentam pela frente. Estes desafios não são pessoais, antes têm a ver com o futuro de Macau.

*Deputado e membroda Associação Novo Macau Democrático

D

Page 15: Hoje Macau 4 JAN 2013 #2765

15opiniãosexta-feira 4.1.2013 www.hojemacau.com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Fernando Eloy; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Carlos M. Cordeiro; Correia Marques; David Chan; Gonçalo Alvim; Helder Fernando; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; José Pereira Coutinho, Leocardo; Maria Alberta Meireles; Mica Costa-grande; Paul Chan Wai Chi; Vanessa Amaro Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

contramãoIsabel Castro

um clássico, aqui e em qualquer outro sítio onde se pense e se queira mais da vida do que a vida quer de nós. Acabamos inevitavelmente os anos por entre balanços, contas ao que passou e ao que ficou por

passar, cálculos de ideias concretizadas, ideias desfeitas, ideias que simplesmente não tinham de ser mais do que ideias. Acabamos invariavel-mente os anos com a sensação de fim de ciclo, o ciclo dos anos, com a sensação de que agora é que vai ser, de que com o novo ano talvez seja possível voltar atrás indo para a frente.

Entramos no novo ano com planos e passas e copos, uns mais do que outros, com promessas indizíveis sobre alterações que nunca vão acontecer, mas é assim que entramos nos anos novos, como se a mudança de um dia num calendário fosse sinónimo de que no dia seguinte o mundo vai ser melhor, a vida vai ser melhor, a gente vai ser melhor. É um clássico, quer se queira quer não, e até mesmo os que dizem que não, que nada disto interessa, contam entre as passas e as badaladas e os copos, mais uns do que outros, as vãs esperanças de dias mais simpáticos.

Por cá, o ano começa com mais um recorde que vem do ano passado, um recorde do ano velho a contrariar as expectativas dos analistas que vivem lá longe e que passam os anos – os novos e os velhos – por entre pessimistas dese-jos e previsões de perigos para a economia local.

Por cá, o ano começa com foguetes e festas e luzes e esplendor próprios de terra de luxo que não faz contas à vida, com o brilho que se exige a quem não está em crise, a quem entra no novo ano com as contas do ano velho como motivo para celebrar todos os anos velhos a contar desde 1999, que antes não havia mundo e muito menos anos.

Mas por cá, entra-se no ano novo com listas engavetadas de desejos para cumprir, com todos os antigos desejos por auscultar publicamente. O ano velho acaba com mais um parque na cidade que de verde tem pouco mas tem grades contra bandidos e prevaricadores, com mais torres na cidade que de arquitectura nada têm, com mais carros na cidade que de cidade tem quase nada, com a mesma falta de arte do ano ainda mais velho que o ano velho, com a noção de que o ano novo não vai fazer o que faz falta à cidade para que seja cidade.

Por cá, o ano novo chega como chegou o ano velho, com orgulhosas contas às multas de quem peca com isqueiro e cigarro, com o feito notável do combate ao tabaco, com anúncios por um ambiente melhor colados em poeirentos e fumarentos autocarros que empacotam a gente empacotada na cidade.

Por cá, o ano novo chega com o velho hos-pital cada vez mais velho, das casas de banho

Por cá, o ano novo começa com discursos de solidariedade e coragem colectiva, com laivos de mea culpa, como se a coragem fosse suficiente para pagar a renda, a mea culpa para ir ao mercado e a solidariedade bastasse para confortar as almas que esperam, sentadas em bancos de plástico, pelos diagnósticos de um hospital a precisar de uma demão

O sentido oposto

às macas, da falta de gente à falta de gente que queira ajudar a gente, um ano novo com feições velhas e tiques velhos não de antigos mas de envelhecidos, paredes como se não houvesse tinta para as pintar, paredes como se não houvesse dinheiro para fazer novas paredes.

Por cá, o ano novo começa com casas de paredes tortas e acabamentos em cima do joelho com rendas de uma cidade que não é esta cidade. O ano novo começa com pedidos a quem está demasiado distante para os ouvir, pedidos a quem não faz contas ao salário, à inflação, ao custo das batatas e do leite e da manteiga no supermercado e à conta da luz que sobe nos dias frios.

Por cá, o ano novo começa com discursos de solidariedade e coragem colectiva, com laivos de mea culpa, como se a coragem fosse suficiente para pagar a renda, a mea culpa para

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ir ao mercado e a solidariedade bastasse para confortar as almas que esperam, sentadas em bancos de plástico, pelos diagnósticos de um hospital a precisar de uma demão e de mais umas quantas medalhas para tapar os buracos que não se vêem, mas que estão lá.

Por cá, o ano novo começa como começou o velho, e tantos outros velhos que estão para trás. Sem perspectivas, sem um plano, sem a vontade de fazer desta terra uma terra onde o luxo não são festas nem foguetes nem luzes nem uma cidade a brilhar para fingir que é uma cidade. Porque o luxo não existe onde o básico foi esquecido, onde não se anda a pé, onde não se respira com ar respirável, onde não se vive com paz de espírito. O luxo não existe onde o básico foi esquecido, onde a saúde foi esquecida, onde a justiça se digladia em impossíveis jogos de poder.

É

Acabamos invariavelmente os anos com a sensação de fim de ciclo, o ciclo dos erros, com a sensação de que agora é que vai ser, de que com o novo ano talvez seja possível voltar atrás indo para a frente. Macau não vai voltar atrás – não pode e não deve – para emendar a mão e dar espaço a quem cá vive. Mas pode parar – pode e deve – para olhar para os anos velhos e perceber que os novos anos vão ser de gente infeliz que vive numa terra empacotada de turistas empacotados entre monumentos, autocarros de escapes duvidosos e empacotados casinos livres de fumo. Macau pode – pode e deve – parar e pensar em andar no sentido oposto, entrar no ano novo a ouvir quem já não tem vontade de ficar calado, entrar no novo ano a pisar a rua e a tentar estacionar o carro, ou então a experimentar um transporte público, uma ida a um supermercado e uma visita a uma agência imobiliária.

Macau pode – e deve – ter mais coragem para que o ano novo não seja apenas mais uma mão-cheia de recordes que à gente diz pouco, que a gente vive com desejos de um luxo mais simples, aquele luxo que começa com o básico. Macau pode ter coragem para querer mais da vida do que a vida quer de Macau.

Page 16: Hoje Macau 4 JAN 2013 #2765

sexta-feira 4.1.2013www.hojemacau.com.mo

Alunos da Sandy Hook voltam às aulasOs alunos da escola Sandy Hook, em Newtown, voltam esta quinta-feira às aulas numa nova escola 20 dias depois do massacre que matou 27 pessoas, entre elas 20 crianças. O colégio Chalk Hill, que fechou no ano passado na cidade vizinha de Monroe, a 10 quilómetros, foi limpo e pintado para receber as 500 crianças que estudavam em Sandy Hook, mas também decorado com objectos enviados por crianças do mundo inteiro. As mesas das crianças, os cartazes e os pertences que deixaram na escola foram levados para as novas instalações para ajudá-las a retomar sua rotina, revelou a directora, Janet Robinson. “Penso que agora deve ser a escola mais segura dos Estados Unidos”, disse Keith White, porta-voz da polícia de Monroe.

Filme “O Hobbit” é líder de bilheteiraO filme “O Hobbit: Uma Viagem Inesperada”, de Peter Jackson, é líder de bilheteira nos Estados Unidos, segundo a Exhibitor Relations. Apesar dos concorrentes de peso “Django Unchained”, do realizador Quentin Tarantino, e de “Os Miseráveis”, de Tom Hooper, a primeira parte da trilogia das aventuras de Bilbo Baggins não perdeu o lugar cimeiro dos filmes mais vistos. “O Hobbit” mantém-se assim, pela terceira semana consecutiva, no primeiro lugar da lista dos filmes mais vistos pelos norte-americanos, tendo já arrecadado 244 milhões de patacas em receitas de bilheteira.

Argentina pede devolução de ilhasA presidência da Argentina fez publicar uma carta aberta no jornal The Guardian e noutra imprensa em que Cristina Kirchner pede a David Cameron que reconsidere a cedência das ilhas Malvinas ao país sul-americano. O governo inglês já recusou iniciar negociações. Na carta, publicada como anúncio e em inglês, dirigida ao primeiro-ministro britânico e copiada para o secretário-geral da ONU, Ban ki-Moon, Kirchner pede que as autoridades britânicas acatem uma resolução de 1965 da ONU, que sublinha o fim de todo o tipo de colonialismo, pedindo uma revisão da soberania das ilhas, que o Reino Unido vê como parte de seu território ultramarino. Em resposta, o governo britânico, que chama Falklands ao arquipélago, alegou que não haverá negociações sobre a soberania das ilhas enquanto a população local desejar permanecer ligada ao Reino Unido.

Nova candidatura ao Conselho de SegurançaO ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, anunciou esta quinta-feira a intenção de voltar a apresentar uma candidatura à presença no Conselho de Segurança das Nações Unidas para 2027/2028. Faltam 14 anos, mas Portas sublinhou “desengane-se quem pensa que ainda é cedo para pensar nisso”. O ministro discursa no Seminário Diplomático com o tema “Projectar Portugal”, a decorrer na Fundação Champalimaud até hoje. Portugal acabou este ano um mandato de dois anos.

Putin concede cidadania a Gérard DepardieuO presidente russo, Vladimir Putin, assinou ontem um decreto que concede ao actor francês Gérard Depardieu a cidadania russa. “Em conformidade com o parágrafo a do artigo 89º da Constituição da Rússia, satisfaz-se o pedido de cidadania da Federação da Rússia apresentado por Gérard Depardieu, nascido em França em 1948”, indica o Kremlin, na Internet. A cidadania é concedida depois de o actor ter manifestado intenção de ir residir para a Bélgica, para evitar o pagamento do novo imposto sobre os ricos decretado pelo Presidente francês. “Se Gérard realmente quer obter autorização de residência ou cidadania russa, consideremos que o caso está resolvido”, tinha comentado Putin.

Morreu a cantora Patti PageA cantora Patti Page morreu na quarta-feira, aos 85 anos de idade, na Califórnia, revelou a residência onde vivia a artista. Conhecida por misturar vários estilos com a música “country”, Patti Page foi recordista de vendas na década de 50 nos Estados Unidos, tendo vendido mais de 100 milhões de discos. A cantora nascida em Oklahoma ficou conhecida depois do sucesso de “Tenessee Waltz” (1951), tema que vendeu 10 milhões de cópias e foi considerado o primeiro êxito popular.

car toon por Steff

José Ramos-Horta confiante no trabalho com autoridades da Guiné-Bissau

Entrar numa nova faseO novo representante

do secretário-geral da ONU para a Guiné--Bissau, José Ramos-

-Horta, disse ontem estar con-fiante que vai conseguir trabalhar com as autoridades guineenses para o país entrar numa nova fase da sua vida. “Arranco para a Guiné-Bissau, provavelmente no dia 9 de Fevereiro. Conheço muitos da classe política gui-neense, conheço os militares e estou confiante que conseguirei trabalhar com eles para que em conjunto a Guiné-Bissau entre numa nova fase da sua vida, realizando os sonhos, o projecto do grande africano e guineense que foi Amílcar Cabral”, afirmou.

O ex-Presidente de Timor--Leste e Prémio Nobel da Paz falava aos jornalistas em confe-rência de imprensa, realizada na sua residência em Díli, depois de na segunda-feira ter sido nomea-do pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, seu representante para a Guiné-Bissau.

José Ramos-Horta afirmou também que acredita que a si-tuação na Guiné-Bissau “não é uma causa perdida”. “Apesar das frustrações, dos recuos ao longo de mais de uma década, há um povo muito bom que nunca se envolveu em violência durante os períodos de instabilidade, nunca ouve violência pelos jovens, pela população, nunca ouve distúrbios e destruição do país e isso já é

um factor que me dá esperança e muito optimismo”, disse.

Sobre o seu mandato, José Ramos-Horta disse ainda estar a aguardar instruções específicas, que lhe vão ser transmitidas em meados deste mês, quando se deslocar a Nova Iorque para uma semana de trabalho com as Nações Unidas.

Mas, adiantou o ex-Presi-dente timorense, a ONU deve “servir como pivô de concer-tação de posições de todos os atores, grupos regionais e países em relação à Guiné-Bissau”.

Só assim, disse, se pode “en-contrar uma estratégia que possa levar a Guiné-Bissau a um bom caminho, que é a realização de eleições livres e democráticas, restauração da ordem constitucio-nal, fim da intervenção periódica dos militares, fim da intromissão do crime organizado na vida

do povo da Guiné-Bissau”. “A missão da ONU na Guiné-Bissau só terá sucesso se tiver o apoio total da Comunidade dos Países da África Ocidental, da União Africana e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa”, acrescentou.

Para José Ramos-Horta, o desafio será o de trabalhar com todas aquelas instituições e encontrar um “bom caminho e uma estratégica consensual”.

Ramos-Horta vai substituir no cargo o ruandês Joseph Mu-taboba, cujo mandato terminou a 31 de Dezembro, na liderança Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz naquele país (UNIOGBIS).

A Guiné-Bissau, país da África Ocidental e antiga co-lónia portuguesa, tem vivido momentos de instabilidade cíclicos, o último dos quais em Abril de 2012.

A 12 de Abril, na véspera do início da segunda volta para as eleições presidenciais da Guiné--Bissau, na sequência da morte por doença do Presidente Malam Bacai Sanhá, os militares derru-baram o Governo e o Presidente de transição.

A Guiné-Bissau está a ser administrada por um Governo de transição, apoiado pela Comuni-dade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que pretende realizar eleições no país em Abril do próximo ano. - Lusa

JUSTIÇA E RAPTO

NA ÍNDIA