Hoje Macau 9 JAN 2013 #2768

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MUITO NUBLADO MIN 11 MAX 16 HUM 50-85% EURO 10.2 BAHT 0.2 YUAN 1.2 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ QUARTA-FEIRA 9 DE JANEIRO DE 2013 ANO XII Nº 2768 PUB PUB PUB Ter para ler HOMOSSEXUALIDADE Gays pedem casamento legal PÁGINA 5 APLICAÇÕES FINANCEIRAS AMCM vai investir mais no renminbi PÁGINA 2 Governo mudo Deputados queixam-se de falta de diálogo com o Executivo No segundo dia seguido de plenário, os deputados voltaram a levantar velhos problemas. Com a ausência da secretária para a Administração e Justiça, Florinda Chan, coube ao director dos Serviços de Administração e Função Pública responder às acusações. Falta de pedidos de informação, execuções deficientes, prazos por cumprir ou dificuldade em tomar medidas são alguns dos pontos apresentados pelos deputados. José Chu prometeu encurtar as distâncias entre o Governo e o plenário. PÁGINA 3 ANTÓNIO FALCÃO VENHAM MAIS CINCO (SÉCULOS) PUB BENFICA DE MACAU DUARTE ALVES CONFIRMA SAÍDA DE RUI CARDOSO PÁGINA 16

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Edição do Hoje Macau de 9 de Janeiro de 2013 • Ano X • N.º 2768

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MUITO NUBLADO MIN 11 MAX 16 HUM 50-85% • EURO 10.2 BAHT 0.2 YUAN 1.2

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006 MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • QUARTA-FEIRA 9 DE JANEIRO DE 2013 • ANO XII • Nº 2768

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Ter para ler

HOMOSSEXUALIDADE

Gays pedem casamento legal

PÁGINA 5

APLICAÇÕES FINANCEIRAS

AMCM vai investir mais no renminbi

PÁGINA 2

Governo mudoDeputados queixam-se de falta de diálogo com o Executivo

No segundo dia seguido de plenário, os deputados voltaram a levantar velhos problemas. Com a ausência da secretária para a Administração e Justiça, Florinda Chan, coube ao director dos Serviços de Administração e Função Pública responder às acusações. Falta de pedidos de informação, execuções deficientes, prazos por cumprir ou dificuldade em tomar medidas são alguns dos pontos apresentados pelos deputados. José Chu prometeu encurtar as distâncias entre o Governo e o plenário. PÁGINA 3

ANTÓ

NIO

FALC

ÃO

VENHAM MAIS CINCO (SÉCULOS)

PUB

BENFICA DE MACAU

DUARTE ALVES CONFIRMA SAÍDADE RUI CARDOSO

PÁGINA 16

quarta-feira 9.1.2013política2

Andreia Sofia [email protected]

O deputado Lam Heong Sang quis saber a estra-tégia e os valores obtidos nas aplicações financei-

ras feitas pela Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM), e ontem obteve algumas respostas em sede de plenário na Assembleia

O mote para o debate sobre o controlo dos preços e a flexibilidade dos

canais de importação foi dado pela de-putada Melinda Chan, que em Outubro último enviou uma interpelação escrita ao Executivo a questionar as acções do grupo de trabalho encarregado da fiscalização dos preços.

Sou Tim Peng, director dos Serviços de Economia (DSE) garantiu que alguns funcionários são destacados para este grupo e que, até ao momento, já foram feitas 497 acções de fiscalização. E prometeu melhorias. “O Governo tem dado atenção ao preço dos alimentos e apoio aos operadores do sector. Tem vindo a elevar o grau de transparência face ao preço dos alimentos. Vamos envidar esforços no mecanismo de supervisão dos preços, o grupo vau aperfeiçoar as leis ligadas a este tema. Temos de fazer uma avaliação para que a nível legislativo se possa fazer mais e aprofundar essa legislação. Estamos a tentar reforçar a transparência para que os consumidores tenham maior acesso aos tarifários.”

Mas o ponto fulcral do debate foi a necessidade de quebrar o monopólio

na importação e abastecimento dos produtos. “A maioria dos produtos é importada da China e parece que nada mudou. Como se pode abrir mais o mercado, se se trata de um monopólio?”, questionou Melinda Chan.

Sou Tim Peng garantiu que tudo está a ser feito nesse sentido. “Este ano vamos reforçar o trabalho para salva-guardar o reabastecimento de produtos. Temos vindo nos últimos anos a fazer visitas ao exterior. Temos dialogado com empresas de Macau para que en-trem em contacto com novas fontes de abastecimento. Estamos dependentes

do factor comercial, o que requer diá-logo.” O director da DSE disse ainda que entre 2010 e 2012, foram feitas dez viagens para reforçar contactos co-merciais. “Vamos definir sanções para combater situações de monopolização do mercado”, acrescentou.

HIGIENE, PESO E CONTRABANDONo debate muitos deputados mostraram--se preocupados com situações de contra-bando de alimentos ou com o facto de não existir uma uniformização das medidas para pesar os produtos. A responsável do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) garantiu que há dados actualizados na internet e que, “por hábito”, “é mais usado o peso e a libra” na hora de medir os produtos. Ficou a promessa de mais aparelhos electrónicos e mais colaborações com a alfândega, no que diz respeito ao contrabando.

Mas a higiene também foi lembrada. “Temos de ver como funciona o centro do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) para o controlo dos alimentos, e temos de ver se os produtos importados não fazem mal aos residentes”, afirmou Mak Soi Kun. - A.S.S.

O caso remonta ao pe- ríodo de auscultação

pública sobre o proces-so de reforma politica. Um indivíduo inscreveu na parede a fórmula “2+2=4” junto ao edifício dos Serviços de Admi-nistração e Função Pú-blica (SAFP), na Rua do Campo. Depois disso, um despacho do Ministério Público (MP) determinou que o individuo se deslo-casse às instalações do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) para pagar uma multa , acompanhado por membros da Polícia Judiciária (PJ).

Contudo, os deputados mostraram duvidas quanto ao tratamento dado ao caso, se deveria ser sancionado segundo o regulamento de espaços públicos ou o Código Penal (CP), apon-

tando que não devem haver diferenças de tratamento nos casos de graffiti. Chan Wai Chi diz que se trata de um caso de “terrorismo branco” e “perseguição política”.

Wong Sio Chak, direc-tor da PJ, frisou que “nos termos do CP temos de respeitar a decisão do MP e não temos competência para a questionar. Se não trabalharmos os cidadãos não vão ver o seu patri-mónio salvaguardado, seja publico ou privado. A quem se recorre, ao IACM? Temos que sa-ber o autor dos casos, se não é a população que vai contratar alguém? A resposta é simples: é im-possível. Não somos nós que tomamos a iniciativa de o levar ao IACM, mas temos o dever de ajudar o MP.” - A.S.S.

AMCM acusada de fazer aplicações financeiras “conservadoras”

Governo quer ser “agressivo” e investir mais no renminbi

Deputados exigem fim do monopólio no abastecimento de produtos

Governo promete melhorias na supervisão de preços

Questionada igualdade de tratamento no caso do graffiti

Equidade, onde pára?

Legislativa (AL). Segundo o seu presidente, Anselmo Teng, há inte-resse em apostar mais no mercado da moeda chinesa, o renminbi. “Vamos tentar alargar o investimento no renminbi porque a taxa cambial não é muito elevada e os juros também são maiores, comparando com a moeda de Hong Kong e americana. Estamos a trabalhar nisso. Ouvindo as opiniões do conselho consultivo

A Autoridade Monetária e Cambial vai fazer mais aplicações financeiras no mercado da moeda chinesa, indo além do actual limite de 10 mil milhões. Anselmo Teng disse que há necessidade de mais “agressividade” e diversificação nos investimentos. As críticas quanto às baixas taxas de retorno fizeram-se ouvir: “Mais valia colocarmos o dinheiro no banco”, disse o deputado Chan Chak Mo

da reserva financeira, vamos tentar diversificar essas aplicações e ser mais agressivos, investindo em ou-tros pacotes com risco mais elevado.”

Segundo Anselmo Teng, foi fixado um limite de investimento no renminbi de 10 mil milhões de patacas, que “pode ser actualizado em consonância com as circunstân-cias”, valor que vai ser aumentado, “para haver uma maior diversifi-

cação”. Actualmente as aplicações na moeda chinesa valem 25% de todo o pacote de investimentos feitos por Macau.

O director da AMCM explicou ainda as vantagens face ao mercado de Hong Kong. “O mercado de renminbi na aquisição de depósitos ou no investimento em obrigações é mais alargado. Mesmo que a reserva financeira tenha um montante eleva-

do consegue-se absorver todo o valor. Mas em Hong Kong o mercado de obrigações de offshore é diferente, e não podemos adquirir o montante que quisermos”, acrescentou.

DINHEIRO NO BANCONo mesmo debate, o deputado Lam Heong Sang continuou a pedir “medidas de longo prazo” criadas pelo Governo. “Tem determinados objectivos para investimentos, estão a adoptar medidas para sal-vaguardar o capital?”

Anselmo Teng garantiu que o trabalho da AMCM nesse campo é diário. “Podemos aplicar em mer-cados mais agressivos, mas o risco também aumenta. Quotidianamente procuramos pacotes mais atractivos, caso contrário optamos por pacotes offshore, com um rendimento supe-rior aos do mercado interno.”

O debate ficou ainda marcado por uma critica já muito apontada pelos deputados, que se queixam das baixas taxas de retorno obtidas com os investimentos, na ordem dos 0,5%. “O senhor presidente é conservador nos investimentos? Com taxas e retribuições tão bai-xas mais valia colocar o dinheiro no banco, em depósito. Se a taxa de inflação for elevada o nosso dinheiro poderá ainda sofrer uma desvalorização. Tem outras ideias para evitar a desvalorização do nosso dinheiro?”

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GONÇALO LOBO PINHEIRO

3políticaquarta-feira 9.1.2013 www.hojemacau.com.mo

Deputados voltam a queixar-se de falta de diálogo com o Executivo

AL comparada a médico sem boletim clínico

Andreia Sofia [email protected]

NA segunda ronda de de-bate da Assembleia Le-gislativa (AL) dedicado às respostas do Governo

às interpelações entregues pelos deputados, o debate ficou marcado por mais criticas à máquina Admi-nistrativa, cuja credibilidade foi posta em causa devido aos atrasos nas respostas às perguntas dos de-putados, que apontam esperas que duram entre seis meses a um ano.

O deputado Mak Soi Kun foi o principal queixoso. “Fala-se muito na optimização dos serviços elec-trónicos e na uniformização dos procedimentos, mas muitas vezes as pessoas não compreendem o Governo e falam da falta de eficácia. Porque se leva tanto tempo (a obter uma resposta)? É como um médico que, se esperar mais de seis meses pelo boletim clínico, o seu doente pode morrer.”

Mak Soi Kun acrescentou ainda que é importante o acesso a tempo e horas às informações necessá-rias ao trabalho desempenhado pelos deputados nas comissões de acompanhamento ou nas comissões permanentes.

“As Linhas de Acção Gover-

nativa (LAG) estão muito bem redigidas mas na sua execução apresentam problemas. As comis-sões têm de fazer o seu trabalho, por forma a estarem de acordo com as LAG.”

Num plenário marcado pela ausência de Florinda Chan, secre-tária para a Administração e Justiça, coube a José Chu responder às acusações. O director dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) garantiu que há apenas 10% das interpelações por responder, ainda dentro do prazo, enquanto há apenas 2,47% que ainda não tiveram resposta, mas que já passaram o prazo de validade.

“Fazemos análises rigorosas às interpelações escritas e não veri-ficamos nenhum obstáculo entre o Governo e a AL. O processo de resposta demora o seu tempo. Temos uma base de dados e pessoal espe-cializado para o acompanhamento de respostas. O Governo vai tentar encurtar o tempo de resposta, cola-borando com os deputados.”

Houve ainda tempo para pro-messas. “A Administração tem vindo a respeitar os deputados. Vamos aperfeiçoar o sistema para dar respostas atempadas, por forma a resolver atrasos. Há interpelações que exigem coordenação com outras

entidades. O tempo de espera está a diminuir”, acrescentou José Chu.

MAXIMIZAR TRABALHO DAS COMISSÕES Pereira Coutinho frisou mesmo um exemplo de pedido de informações aos SAFP, que demorou cerca de um ano e meio. “Não se trata de um caso pontual e há que ter um trabalho de responsabilização. Acho que há que aperfeiçoar a actual situação. Espero que seja reforçado o diálogo em vez de virem cá proferir slogans.”

Já Paul Chan Wai Chi frisou que há necessidade de tomar medidas. “A carta de qualidade deve ser observada porque está em questão a credibili-dade do Governo, porque há atrasos, mas não há lugar a nenhuma sanção.”

O deputado Tsui Wai Kwan propôs ainda uma “maximização” das funções das três comissões de acompanhamento na ligação com o Governo.

“Há que haver um mecanismo e um franco diálogo, e não apenas nas respostas às interpelações ou no forne-cimento de informação. Por exemplo, na comissão que diz respeito aos assuntos de terras, temos vindo a rea-lizar muitas reuniões com o secretário Lau Si Io. A AL tem que aproveitar as funções das comissões. Há meios e canais para a sua concretização (de uma maior ligação).”

O deputado José Pereira Coutinho quis saber,

em Outubro do ano passado, porque é que funcionários públicos com mais de 20 anos de profissão só têm acesso a uma diuturnida-de. Ontem, no plenário da Assembleia Legislativa (AL), José Chu, director dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), garantiu que o sistema de regalias e subsídios deverá ser actualizado de forma continuada no futuro. “As regalias na Função Pública são uma parte importante, indo de encontro às ne-cessidades da população e a realidade financeira da Administração. O Governo

Função Pública Garantia foi dada por José Chu, director dos SAFP

Governo promete rever subsídios

Os atrasos nas respostas do Executivo às interpelações escritas dos deputados, bem como no fornecimento de informações, estiveram ontem em destaque na Assembleia Legislativa. Os deputados voltaram a pedir mais celeridade nos processos e maior diálogo com o poder Executivo. José Chu, dos SAFP, garantiu melhorias, mas o deputado Mak Soi Kun foi demolidor: “é como um médico que, se esperar mais de seis meses pelo boletim clínico, o seu doente pode morrer”

diuturnidade. Será que é justo? Não me venha dizer o que fez há pouco tempo, não dê o dito pelo não dito.”

Mais nenhum deputado se pronunciou sobre a ma-téria em questão, excepto o deputado Chan Meng Kam. “Vai o Governo rever a sua politica salarial? Os funcio-nários da camada de base vão ter direito à mesma margem de aumento, o que vai ser relativamente baixo. Há margens para melhorias?”

José Chu foi muito claro na sua resposta. “A interpe-lação do doutor Coutinho não tem nada a ver com os salários. A actualização dos salários vai ser feita com base nos índices.” - A.S.S.

vai rever globalmente o sistema de regalias, bem como rever, continuamente, os subsídios de casamento, nascimento e óbito”, disse José Chu, que começou por apresentar o trabalho feito pelo Executivo nas recentes actualizações. Algo que irritou Pereira Coutinho. “Parece que não há uma integralidade na sua resposta. Estou a falar de funcionários que entraram na Função Pública há 20 anos, mas só ganham uma

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4 política quarta-feira 9.1.2013www.hojemacau.com.mo

Cecília [email protected]

A Associação para a Promoção dos Direitos e Interesses dos Emprega-

dos dos Casinos de Macau (APDIECM) foi ontem aos Serviços de Saúde (SS) entregar uma carta, onde pede a proibição total de fumar nos casinos. A associa-ção assegura que tem como objectivo melhorar o ambiente de trabalho dos empregados das salas de jogo.

Para o presidente, Chan Siu Ming, alguns casinos estão a beneficiar da área cinzenta da lei e não cumprem o dever de terem uma área para não-fumadores nos casinos e lança o desejo de que, no futuro, Macau vá implementar gradualmente a proibição total de fumar nos casinos. Chan Siu Ming pede mesmo um calen-dário para que isso seja implementado.

Os SS já entregaram junto das empre-sas de jogos as “Directrizes sobre as áreas para fumadores nos casinos”, implemen-tando medidas específicas destinadas à prevenção das doenças e à protecção da saúde dos trabalhadores que exercem a sua actividade nas áreas para fumadores dos casinos. O Governo quer garantir, por exemplo, que as trabalhadoras, durante a gravidez e nos três meses após o parto,

Lee Chong Cheng quer combater comportamentos ilegais dos táxis

Associação entrega petição que pede proibição total de fumar nos casinos

Cumprimento de regras questionado O deputado Lee Chong Cheng fez ontem

uma interpelação escrita onde questiona directa-mente o Governo sobre se vai existir algum tipo de “tratamento” para o comportamento ilegal dos taxistas de Macau. O deputado pergunta se o Governo terá como referência a lei de Hong Kong, onde as violações são incluídas no

âmbito criminal e os taxistas punidos com multas elevadas, de for-ma a ser reforçado o efeito dissuasor.

Lee Chong Cheng fez mesmo a lista de alguns dos comportamentos que considera serem cada vez mais tendenciosos: recu-sar e seleccionar o clien-te, abusar da tarifa – “o que influencia a imagem do turismo de Macau e é injusto para os motoristas que cumprem a lei.”

O deputado queixa-se ainda de que quando os passageiros precisam de

um táxi de forma urgente e utilizam o serviço de chamada, é-lhes dito, de forma clara, que têm de “dar uma oferenda” ao motorista. Oferenda que, revela, são cerca de dez ou mais patacas além da co-brança do serviço. Isto, se os passageiros quiserem ter sucesso ao chamar um táxi. “Às vezes, os resi-dentes têm que aceitar a situação. Portanto, para o desenvolvimento saudá-vel da indústria de táxis, o Governo tem de ter alguma responsabilidade. O Governo considerará criar um mecanismo de avaliação para o serviço de táxis, como tem para o de autocarro?” Lee Chong Cheng também pede um sistema de re-compensa: “Para algumas violações, a punição de Hong Kong é muito grave e pode mesmo ir até seis meses de prisão. A multa aqui em Macau não tem qualquer efeito dissuasor.” – C.L.

bem como os trabalhadores portadores de doenças cardíacas e pulmonares, não exercem a sua actividade nas áreas para fumadores. Chan Siu Ming considera que as directrizes servem como um aviso aos casinos, mas a implementação ainda depende da supervisão do Governo.

No Domingo passado, a Federação das Associações dos Operários de Ma-cau (FAOM) realizou uma avaliação

da implementação das áreas para não--fumadores nos casinos, mas cerca de 70%, diz a FAOM, não cumpre bem a lei. A deputada e vice-presidente da FAOM, Kwan Tsui Hang, considera que algumas divisões da área de fumadores e de não-fumadores são inúteis, porque o fumo passa de uma mesa para as outras, e o sistema de ar-condicionado também não ajuda a isolar o fumo.

QUANTOS HOMOSSEXUAIS...

5quarta-feira 9.1.2013 www.hojemacau.com.mo sociedade

Joana [email protected]

CERCA de 76% dos ho-mossexuais de Macau já mentiram para “disfarçar a sua orientação sexual”,

porque a maior parte deles – 83% - teme que a sua família não aceite a sua orientação sexual. Esta é uma das conclusões do primeiro estudo sobre a comunidade lésbica, gay, bissexual e transexual (LGBT) do território, ontem tornado público.

Parte da responsabilidade para que estas pessoas sintam necessi-dade de mentir é do Governo, diz o Grupo Preocupado com os Direitos LGBT, responsável pelo inquérito em conjunto com o académico da Universidade de Macau Bill Chou. “O Executivo ainda não tomou uma posição aberta que ensine a incluir a comunidade LGBT na sociedade”.

Cecília [email protected]

A família do homem que morreu, na semana

passada, na consequência de um acidente com um auto-carro da Reolian queixou-se ontem que a empresa não deu qualquer compensação financeira para ajudar a cus-tear as despesas do funeral. Em directo no canal chinês da Rádio Macau, familia-res do homem disseram que a Reolian “enganou o público, quando disse ao jornal Ou Mun ter dado uma compensação pela morte” à família. Cédric Rigaud, director-geral da Reolian, desmentiu a afirmação ao Hoje Macau.

Primeiro estudo LGBT revela que maioria homossexual aceita casamento

Gays pedem leis inclusivasMacau continua a não aceitar a comunidade lésbica, gay, bissexual e transexual (LGBT) e, nem Governo, nem instituições educacionais são suficientes para apoiar este grupo, que se queixa de discriminação. A família é o que mais teme quem não tem uma orientação sexual dita ‘normal’ e que concorda, na sua maioria, com o casamento entre pessoas do mesmo sexo

Têm medo de se dar com amigos 28%

Têm medo de estudar/trabalhar com os seus parceiros 33%

Foram deixados por amigos 21%

Sentem a pressão da família para se casarem 53%

Sentem-se isolados por colegas 19%

Já foram discriminados 37%

Foram assaltados verbalmente 45%

Discriminaram outros homossexuais para esconder a sua própria homossexualidade 20%

Pensaram em suicídio 20%

Sentiram medo de ser despedidos 16%

Foram despedidos 6%

A maior parte dos entrevistados – 88% - concorda com a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, número que, ainda assim, fica abaixo dos que pedem que as leis de Macau incluam a comunidade LGBT: 97% pede leis anti-discriminação, 94% exigem que seja novamente incluída na Lei de Combate à Violência Doméstica a protecção a co-habitantes do mesmo sexo.

Recorde-se que, recentemente, o Governo decidiu eliminar este princípio do projecto de lei que está a ser feito e foi precisamente isso que levou a que fosse feito este inquérito.

GOVERNO SEM EDUCAÇÃOO estudo contou com quase duas cen-tenas de entrevistados, dos quais 59% eram homossexuais. A maior parte dos que se incluem na comunidade LGBT não assume a sua sexualidade perante os familiares devido a teme-rem as reacções. Isto, mesmo que 53% admitam sentir pressão para se casarem, como é tradicional na sociedade chinesa. Os amigos são, na maioria – 88% -, os escolhidos para a confidência, sendo que apenas 13% dos entrevistados admite ter-se aberto com os pais.

Os responsáveis do estudo refe-rem que tanto o Governo, como as organizações não governamentais e as instituições educacionais não educam a sociedade e deveriam ser “mais proactivas” e oferecer apoio, “de forma explícita”, às pessoas da comunidade LGBT que preci-sam de ajuda. Cerca de 45% dos inquiridos admitiu ter sido vítima de insultos verbais. 20% admite mesmo ter pensado em suicídio devido à sua orientação sexual.

Família de vítima mortal de acidente queixa-se de falta de apoio da Reolian

Cédric Rigaud desmenteO responsável explicou

que a empresa enviou um grupo de funcionários ao hospital logo depois do acidente, no dia 3 de Janeiro, mas devido à instabilidade emocional da família, não foi possível comunicar. Só mais tarde, por volta das 23h, o grupo da Reolian teve um encontro com a família na es-tação da polícia de transito, para dar um cumprimento formal à família.

No dia seguinte, o de-partamento de gestão da Reolian teve uma reunião

com a família acompanhada pelos associantes sociais: “Mostrámos simpatia à família da vítima e estamos disponíveis a dar apoio como responsabilidade social da empresa. Dado a dificul-dade financeira da família, cedemos dez mil patacas do fundo de emergência à família como parte da compensação”, explicou a Reolian ao Hoje Macau.

A empresa diz ainda ter feito uma proposta de apoio financeiro para as despesas de funeral e sugeriu atribuir

um membro da equipa para o funeral. “Porém, como a emoção da família ainda era instável, recusaram a proposta de apoio”, explicou Cédric Rigaud.

Um familiar, de apelido Chao, disse que a empresa perguntou quanto queria a família como compensação, mas a família sentiu-se desrespeitada. “Eles pergun-taram se queríamos dez mil patacas ou mais. Mas nós agora não queremos com-pensação, mas queríamos alugar a sala para o funeral

chinês para amanhã. Como temos problemas finan-ceiros, não conseguimos arranjar uma sala.”

A Reolian explicou que já tinha um funcionário a acompanhar o caso, mas irá contactar com a família e dar o subsídio para o funeral chinês. Ainda assim, Cédric Rigaud frisa que a família foi quem não aceitou inicial-mente a ajuda da empresa.

O acidente ainda está a ser investigado e os detalhes e responsabilidade ainda estão para ser confirmados.

“A empresa irá continuar a contactar com a família todos os dias e a oferecer os apoios para ajudar esta época dura”, disse Cédric.

Recorde-se que, na últi-ma vez - no caso do funcio-nário ferido da Reolian -, a esposa do ferido também acusou a empresa de não cumprir a sua responsa-bilidade de compensar os danos. O director-geral da Reolian negou também essa acusação e expressou que a comunidade chinesa sente discriminação por ele.

6 sociedade quarta-feira 9.1.2013www.hojemacau.com.mo

FORAM ontem as-sinados, entre Ma-cau e Shenzhen, seis memorandos

e protocolos no âmbito da cooperação bilateral em ramos relacionados com a vida da população: inspec-ção sanitária e quarentena dos produtos alimentares abastecidos a Macau, gestão e fiscalização de medica-mentos, intercâmbio na educação, entre outros.

Um dos acordos, revela a Rádio Macau, prevê que Shenzhen ajude Macau na construção de um labora-tório para a inspecção de medicamentos.

O objectivo é que o ter-ritório receba apoio tanto no planeamento da estrutura fí-sica do laboratório, como na formação de técnicos. Ma-cau deverá receber quadros especializados de Shenzhen.

COMEÇA amanhã a ser vedada uma parte da

Avenida Wai Long, onde vai começar a ser inicia-da mais uma empreitada de construção do Metro Ligeiro. Os responsáveis do Gabinete para as Infra--estruturas de Transportes (GIT) e da Direcção dos Serviços para os Assun-tos de Tráfego (DSAT) emitiram ontem um co-municado onde frisam que vai haver, por isso, condicionamentos de trânsito. Os membros do grupo preocupam-se prin-cipalmente com a pressão no trânsito que se verifica nas vias próximas do Aeroporto Internacional de Macau.

Localizada junto do Aeroporto Internacional de Macau, a Avenida Wai Longvai ser o início pro-gressivo da empreitada de construção dos pilares do Metro Ligeiro e as vias a ela conexas servirão de estaleiro, pelo que será necessário uma vedação que se divide em duas fases. A primeira fase da vedação experimental inclui a faixa verde mais à esquerda na Rotunda do Aeroporto, próxima

da Avenida Wai Long e a mais à direita perto da Rotunda de Pac On, sendo que se torna ne-cessário o bloqueio tem-porário de uma faixa de rodagem num troço junto da Rotunda de Pac On.

Visto que o Aero-porto e o Terminal Pro-visório da Taipa cons-tituem os dois postos fronteiriços principais de Macau para o exte-rior, e os números de viagem aérea e marítma registam a dinamização do fluxo de passageiros e de viatura que vem so-brecarragando o tráfego envolvente, os membros do grupo pretendem que a implementação dos condicionamentos provisórios de trânsito no período de execução da obra possa ter em consideração, para além dos acessos de tráfego e do fluxo de viatura no cruzamento desta zona, a introdução atempada das demais medidas provisórias no sentido de reduzir a influência na utilização paralela das pessoas nos dois postos fronteiriços para o exterior.

A CEM apresentou ontem dados estatísticos que mos-

tram que a empresa atingiu um registo de ‘acidentes sem absen-tismo’ por mais de 550 dias (18 meses). Simultaneamente, todos os departamentos e gabinetes de apoio atingiram também um notável recorde de ‘acidentes sem absentismo’ de 2190 dias (73 meses).

O Administrador Executivo da CEM, João Travassos da Costa, afirmou que a CEM tem vindo a dar prioridade à cultura de segurança há 10 anos, e a sua es-tratégia é assegurar que todos são responsáveis pela implementação de segurança. É sua convicção de que o sucesso da CEM na obtenção destes altos parâmetros de segurança advém da coope-ração estreita entre empregados profissionais e empreiteiros, bem como aos esforços constantes da empresa para fortalecer a sua cultura de segurança.

As estatísticas indicam que o número de ‘acidentes sem

absentismo’ tem decrescido substancialmente ao longo dos últimos 10 anos. Em 2001, houve 15 acidentes, mas pos-teriormente, houve apenas dois acidentes em 2010. Em 2012, não se registaram quaisquer acidentes. Pela primeira vez, a CEM atingiu o recorde de um ano inteiro de calendário sem acidentes de trabalho.

João Travassos salientou ainda que para melhorar a cons-ciência de segurança e saúde ocupacional dentro da empresa, a CEM organiza com regularidade várias actividades de segurança para empregados, executivos e empreiteiros, “assim melhoran-do a sua consciência de seguran-ça e aumentando a segurança pública”.

Todos os anos, os empre-gados da CEM participam no Concurso de Conhecimentos de Segurança de Guangdong, Hong Kong e Macau, organizado pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais.

Associação pede mais direitos para empregados dos casinos

Condicionamentos na Avenida de Wai Long, na Taipa

Metro ligeiroa complicar

Macau coopera com Shenzhen na questão de medicamentos

Um laboratório para a RAEM

CEM bate recorde de trabalho sem acidentes

Um ano sem lamentações

Os seis memorandos e protocolos assinados no final da reunião contem-plam ainda um protocolo

para reforço da inspecção sanitária de aves refrige-radas e congeladas forne-cidas a Macau. Shenzhen

vai apertar a fiscalização nos postos fronteiriços, revela a rádio, mas tam-bém reforçar as acções

de inspecção junto dos produtores. O protocolo agora ass inado prevê também que apenas as

unidades industriais cer-tificadas por Shenzhen possam abastecer Macau.

No total de seis memo-randos de entendimento e protocolos assinados hoje, há ainda um no sector da educação. Pensado está um programa de troca de infor-mações e um intercâmbio entre professores das duas regiões.

Após pedirem um melhor ambiente de trabalho para empregados aos Serviços de Saúde (SS), a Associação para a Promoção dos Direitos e Interesses dos Empregados dos Casinos de Macau (APDIECM) teve ontem outra reunião, desta vez com a Direcção para os Serviços dos Assuntos Laborais (DSAL). Em cerca de vinte minutos, os representantes da associação pediram diversas questões aos directores da DSAL. O presidente da APDIECM, Chan Siu Ming, afirmou que o

assunto principal foi o facto de uma empresa americana do jogo na península de Macau – não citou o nome – não ter comprado o seguro de acidente em caso de trabalho durante os tufões, bem como o fundo de previdência dos croupiers não cobrir todas as áreas que era suposto. O vice-presidente da DSAL, Teng Ngai Ken, referiu que a autoridade vai acompanhar o caso e o Governo continua a discutir a protecção aos empregados doa casinos durante os tufões. - C.L.

7quarta-feira 9.1.2013 www.hojemacau.com.mo publicidade

quarta-feira 9.1.2013nacional8 www.hojemacau.com.mo

O Departamento de Pro-paganda do Partido Co-munista da China (PCC) lembrou esta terça-feira

que o Governo “ainda tem o controlo absoluto” da imprensa e proibiu novos protestos a favor da liberdade de ex-pressão, em resposta às manifestações de jornalistas ocorridas segunda-feira em Cantão. “São várias as forças estrangeiras hostis que intervieram nos protestos”, afirmou a nota do PCC, enviada aos principais chefes do partido e a directores de alguns meios de comunicação para exortá-los a coibir tais manifestações.

O sistema de “Reeducação através do trabalho”,

uma relíquia do aparelho judicial comunista, instituída na década de 1950, vai ser reformado este ano, anunciou esta segunda-feira a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua.

A “reforma” foi decidida durante uma conferência sobre questões judiciais, mas “não foram divulgadas mais informações”, indicou a mesma fonte.

Trata-se de “um sistema que permite à polícia deter uma pessoa quatro anos sem julgamento, o que na opinião

de influentes especialistas contradiz as leis superiores, incluindo a Constituição”, disse a Xinhua.

Cerca de 160 mil pes-soas estavam detidas em 350 “centros de reeducação através do trabalho” no final de 2008, segundo estatísti-cas do ministério da Justiça chinês, citadas pela Xinhua.

No verão passado, mais de 7.000 chineses subscre-veram um apelo a favor da abolição do referido sistema, considerando-o “incompatível com o desen-volvimento social do país”.

A “reeducação através do

trabalho”, uma pena adminis-trativa de um a quatro anos de detenção que não necessita de ser sancionada por um tribu-nal, foi criada em 1957 para punir a chamada “pequena criminalidade”, mas tem sido aplicada também contra activistas políticos.

Esse sistema “viola a Constituição da China” e a sua aplicação ao longo de mais de meio século, “conduziu a injustiças, incluindo abuso de poder por funcionários da polícia e atentados aos direitos humanos”, disse um dos promotores da petição, o advogado Wang Cheng.

Exportações portuguesas para a China batem recordeAs exportações portuguesas para a China aumentaram 34,39% nos primeiros onze meses de 2012, excedendo pela primeira vez as 10 mil milhões de patacas, indicam estatísticas chinesas divulgadas esta segunda-feira. Pelas contas da Administração-geral das Alfândegas Chinesas, as exportações portuguesas para a China entre Janeiro e Novembro de 2012 somaram cerca de 10,07 mil milhões patacas, mais do que o recorde de cerca de 1,16 mil 8,93 mil milhões de patacas registado no conjunto do ano passado. As importações portuguesas da China, entretanto, diminuíram 11,47% em relação a igual período de 2011, para cerca de 10,7 mil milhões de euros de patacas. Segunda maior economia mundial, a China está hoje entre os dez maiores mercados de Portugal, numa subida de mais de 20 lugares em relação a 2000.

Pequim inicia construção de central nuclearUma empresa estatal especializada disse que começou a construir outra central nuclear na China, a primeira desde que Pequim suspendeu a moratória que tinha imposto depois do desastre nuclear em Fukushima, no Japão. A nova central nuclear vai incorporar as medidas de segurança que a China desenvolveu e ficar operacional no final de 2017, na cidade costeira de Rongcheng, segundo a empresa Shandong Huaneng Nuclear Shidao Bay Nuclear Power Co. A decisão da China de seguir em frente com o desenvolvimento nuclear é contrária à de outros países, como o Japão e Alemanha, que têm planos para reduzir ou cancelar os seus sectores de energia atómica. A China é o maior consumidor de energia do mundo e a produção de energia nuclear é um elemento crucial nos seus esforços para reduzir a procura por combustíveis fósseis.

PCC proíbe protestos de jornalistas a favor da liberdade de imprensa

Controlo total e absoluto

Controverso sistema de “Reeducação através do trabalho” será reformado este ano

Incompatível com Constituição

A carta responde à greve e aos protestos que foram liderados por jornalistas do semanário Southern Weekly (Nanfang Zhoumo) contra a censura sofrida pela primeira edição de 2013 desta publicação, conhecida pelo seu jornalismo de investigação e pela sua linha editorial liberal. O comunicado do PCC, publicado pelo diário South China Morning Post, assegura que o controlo mediático das autoridades é um princípio “inquebrável”.

A redacção do Southern Weekly denunciou na semana passada a censura das autorida-

des provinciais no seu editorial e em outros artigos, que foram mudados ou omitidos para serem substituídos por textos que elo-giavam o Governo chinês.

Depois de as autoridades te-rem rejeitado estas acusações, a redacção decidiu declarar-se em greve contra o controlo, algo que não ocorria em nenhum meio de comunicação chinês com tal pres-tígio e importância há mais de duas décadas.

Para além disto, mais de 300 seguidores manifestaram-se na segunda-feira diante da sede do

grupo em apoio à greve, e nas redes sociais muitos cibernau-tas defenderam a liberdade de expressão.

O Departamento de Propaganda comunista também ordenou ontem aos meios de comunicação de todo o país que publiquem um editorial no qual se diz que o gigante asi-ático “não tem a infra-estrutura social para apoiar a “imprensa livre”. “Devido à realidade social e política da China, a liberdade de imprensa que reivindicam estas pessoas simplesmente não existe”, assinala o editorial.

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9quarta-feira 9.1.2013 www.hojemacau.com.mo região

ANÚNCIOTorna-se público que, nos termos do n.º 3 do artigo 18.º do Regulamento Administrativo n.º

23/2011 (Recrutamento, selecção e formação para efeitos de acesso dos trabalhadores dos serviços públicos), a partir da data do presente anúncio, se encontra afixada, no Centro de Atendimento e Informação do EPM, sito na Avenida da Praia Grande, China Plaza, 8.º andar A, Macau, e publicada no website do EPM www.epm.gov.mo , a lista provisória dos candidatos ao concurso comum, de ingresso externo, de prestação de provas, para o preenchimento de duas vagas de técnico de 2.ª classe, 1.º escalão, área de engenharia mecânica, do quadro de pessoal do Estabelecimento Prisional de Macau, cujo aviso de abertura foi publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 41, II Série, de 10 de Outubro de 2012.

Estabelecimento Prisional de Macau, aos 19 de Dezembro de 2012.

A Presidente do Júri

Tang Man Sam

EUA ‘Drone’ resgatado de águas filipinas entrou em exercício militarO avião não tripulado norte-americano encontrado, no domingo, por pescadores em águas filipinas foi arrastado desde a ilha de Guam, onde tinha sido utilizado num treino militar, indicou ontem a embaixada dos Estados Unidos, em Manila. A porta-voz da embaixada, Tina Malone, indicou que o ‘drone’ foi lançado durante manobras militares em Guam, território norte-americano no Oceano Pacífico, em Setembro do ano passado. “Parece que as correntes do oceano arrastaram o ‘drone’ até às costas da ilha de Masbate (Filipinas), onde foi encontrado”, explicou a mesma responsável, em declarações citadas pela agência noticiosa espanhola Efe. Os pescadores entregaram a aeronave à polícia da localidade de San Jacinto que, por sua vez, remeteu o pequeno avião para as Forças Armadas, indicou a televisão GMA.

Dois homens encontrados mortose sem roupa em sauna de hotelDois homens foram encontrados mortos, um sobre o outro e sem roupa, numa sauna de um hotel no oeste do Japão, anunciou ontem a polícia local. Segundo um porta-voz da polícia, os dois homens, com cerca de 50 anos, estavam no interior da sauna, onde a temperatura atingiu os 52 graus, há seis horas, até ocorrer a macabra descoberta. Nenhum dos homens apresenta ferimentos, indicou a polícia, em declarações citadas pela agência noticiosa francesa AFP. O hotel onde foram encontrados dois corpos fica situado na cidade de Wakayama.

Detidos dois suspeitos de pedofiliana Tailândia, um dos quais alemãoAs autoridades tailandesas detiveram, na cidade de Chiang Mai, dois homens, um alemão e um local, suspeitos de abuso sexual de vários menores, informou ontem a imprensa local. K.M.H., alemão de 53 anos, e T.Y., um tailandês de 21 anos, foram detidos na segunda-feira pela polícia na residência que partilham em Chiang Mai, no norte da Tailândia, diz o diário City News Chiang Mai. As autoridades indicaram que vigiavam o cidadão de nacionalidade alemã há já algum tempo, depois de começarem a suspeitar que levava para a sua casa e mantinha relações sexuais com crianças, que viviam na rua, com idades compreendidas entre os 12 e os 15 anos. Já o suspeito local estaria encarregado de transportar os menores para a residência, de acordo com a polícia. K.M.H, que vive há duas décadas no país asiático, era conhecido por administrar páginas na Internet, algumas das quais com conteúdos sexuais, segundo o mesmo jornal.

O presidente do tri-bunal supremo da Índia ordenou aos juízes que criem

tribunais especiais encarre-gados de instruir mais rapi-damente os crimes sexuais, depois da indignação provoca-da pela violação colectiva de uma estudante em Nova Deli.

Numa carta dirigida aos juízes responsáveis pelos al-tos tribunais de cada um dos estados da Índia, Altamas Kabir estimou que a violenta agressão num autocarro a 16 de Dezembro, que conduziu à morte da vítima, “abalou a consciência da nação”. “Nu-merosos casos aguardam julgamento em muitos tri-bunais superiores e tribunais dirigidos à violência contra as mulheres e houve recen-temente um aumento notável desses casos”, sublinha Ka-bir na carta, datada de 05 de Janeiro e esta segunda-feira noticiada pela AFP.

“Os atrasos podem ser um dos factores que con-tribuem para o aumento do número de casos”, acres-centou, admitindo que estes atrasos não contribuem para dissuadir os agressores.

Segundo o presidente do supremo, “tem de se tomar medidas para criar imediata-mente tribunais exclusivamen-te encarregados de casos de violência contra as mulheres” para acelerar a instrução.

A violência da agressão que vitimou a jovem estu-dante a 16 de Dezembro e provocou a sua morte num hospital de Singapura, provocou uma reacção do governo, que prometeu rever a legislação e acelerar os processos judiciais, parti-cularmente lentos.

Os cinco suspeitos da violação da jovem indiana foram segunda-feira formal-mente acusados de seques-tro, violação e homicídio, numa audiência fechada por causa da confusão à porta do tribunal de Saket, em Nova Deli. “O acto de acusação foi fornecido aos suspeitos e a próxima audiência decorrerá a 10 de Janeiro”, disse a juíza Namrita Aggarwal à imprensa no final da primeira audiência com cinco dos seis suspeitos da violação e agressão da estudante de 23 anos. Os cinco presumíveis autores da violação chegaram ao início

Índia Ordenada criação de tribunais especiais para crimes sexuais

Consciência muito pesada

da tarde ao complexo judicial de Saket, a sul de Nova Deli, provenientes da prisão de Tihar, no meio de uma grande confusão.

Cerca de 150 pessoas, incluindo advogados, jor-nalistas e público em geral concentraram-se no tribunal, que tem apenas capacidade para 30 lugares, levando a juíza Namrita Aggarwal a de-cretar a evacuação do local e a realização da audiência à porta fechada. As restantes audiên-cias do julgamento deverão igualmente ser fechadas.

Os advogados protesta-vam contra os colegas que se voluntariaram para defender

os cinco homens, com ida-des entre 19 e 35 anos, que enfrentam a pena de morte.

Um sexto acusado de 17 anos será julgado por um tribunal de menores.

A defesa dos suspeitos deverá ser oficiosa, já que o colégio de Saket da Ordem dos Advogados assegurou que nenhum dos membros os representará.

As autoridades promete-ram que o julgamento decor-rerá com urgência, com a reali-zação de audiências diárias ou quase diárias, estando prevista a audição de 30 testemunhas, incluindo vários médicos que trataram da vítima.

quarta-feira 9.1.2013www.hojemacau.com.mo10 entrevista

Kathleen Gomesin Público

O mandato de Portugal como membro não-per-manente do Conselho de Segurança das Nações

Unidas chegou ao fim, depois de dois anos. Numa entrevista no seu escritório em Nova Iorque, o repre-sentante de Portugal na ONU, José Filipe Moraes Cabral, 62 anos, reco-nhece o “falhanço” do Conselho de Segurança em contribuir para uma solução da crise da Síria. E diz que o órgão máximo da ONU “também tem demonstrado a sua impotência noutras áreas, nomeadamente na questão israelo-palestiniana”. Mas considera que a credibilidade inter-nacional de Portugal sai reforçada da sua prestação de dois anos.

Na semana passada, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, anunciou que Portugal pretende candidatar-se de novo em 2027/2028 para o lugar de membro do Conselho de Segurança da ONU. “Para quem pensa que ainda é muito longe, lembrem-se de que sempre que fomos eleitos começámos a trabalhar muito cedo”, disse Paulo Portas, que falava perante uma pla-teia de diplomatas e funcionários que estiveram reunidos em Lisboa no habitual Seminário Diplomático. O chefe da diplomacia portuguesa sublinhou que é preciso começar a trabalhar desde já “numa meti-culosa campanha de angariação de apoios” para garantir o sucesso da candidatura.

Há um claro contraste na acção do Conselho de Segurança da ONU nos dois anos em que Portugal foi membro. O primeiro ano foi mar-cado pela Primavera Árabe e pela resposta relativamente rápida do Conselho de Segurança (CS) e da comunidade internacional à guerra civil na Líbia. O segundo ano foi marcado pela paralisia em relação a uma crise semelhante na Síria. Pode--se dizer que essa paralisia é culpa de dois membros permanentes do CS, Rússia e China, mas a verdade é que ela se reflecte também nos outros membros.

Este ano, de facto, a Síria tem monopolizado a atenção da opinião pública mundial, mas isso não pode fazer esquecer todo o restante tra-balho do CS, que tem tido nalguns casos desenvolvimentos extrema-mente positivos. Há um evidente: Timor-Leste é um caso de sucesso do povo timorense e dos seus res-ponsáveis políticos, mas também é um sucesso das Nações Unidas e da sua capacidade em termos de cons-trução e manutenção da paz. Que leva a um desfecho extremamente feliz em que as Nações Unidas dão por concluída a sua presença em Timor-Leste, porque o quadro evoluiu de uma maneira muito positiva. A Síria é, de facto, uma catástrofe. Os níveis de violência vão paulatinamente aumentando, cada vez há menos espaço para

Embaixador de Portugal na ONU, José Moraes Cabral

“O falhanço do Conselho de Segurança da ONU na Síria é flagrante”

uma solução política negociada, que leve a uma transição do regime e que corresponda às expectativas legítimas do povo sírio. Por outro lado há consequências a nível regional - no Líbano, na Jordânia, em Israel - que são extremamente preocupantes. De facto, aí, o CS não conseguiu ter um contributo útil.

Qual tem sido a atitude de Portugal perante essa paralisia?Portugal comporta-se de uma for-ma coerente. Tal como na Líbia, o que defendemos é a cessação da violência e o início de um processo político negociado que corresponda

às aspirações do povo sírio. Como eram ou são as expectativas do povo líbio, do povo egípcio ou do povo tunisino. Ou também, se quiser, do povo palestiniano. Nestas diferentes situações, Portugal tem-se compor-tado da mesma forma, na defesa dos ideais e dos valores e na prossecução de objectivos idênticos.

Ou seja, Portugal subscreveria uma resolução semelhante à da Líbia?Semelhante não digo, idêntica. As situações são diferentes.

A situação na Síria tem levado mui-ta gente a questionar a utilidade da ONU e do CS. A ONU enfrenta uma crise existencial?

Não. A história da ONU sempre foi marcada por confluências e diver-gências.

Do ponto de vista interno, é frus-trante o impasse em relação à Síria? Até que ponto existe auto-crítica na ONU?Existe autocrítica porque o falhanço do CS na questão da Síria é evi-dentemente flagrante. O CS tem-se mantido, com a excepção de uma declaração presidencial, calado. Não quer dizer que não tenha debatido o assunto, muito pelo contrário. Mas há de facto uma frustração, pelo menos eu sinto-a, por não poder-

Existe autocrítica porque o falhanço do CS na questão da Síria é evidentemente flagrante. O CS tem-se mantido, com a excepção de uma declaração presidencial, calado. Não quer dizer que não tenha debatido o assunto, muito pelo contrário

11quarta-feira 9.1.2013 www.hojemacau.com.mo entrevista

Foi importante Portugal e Brasil estarem juntos no CS e terem estado perfeitamente sintonizados e defendendo objectivos muito próximos, se não mesmo coincidentes. A questão que colocou é uma questão que tenho levado às reuniões dos embaixadores da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa]

Embaixador de Portugal na ONU, José Moraes Cabral

“O falhanço do Conselho de Segurança da ONU na Síria é flagrante”

mos contribuir para a solução do problema. É uma questão em que o CS tem demonstrado a sua impotên-cia. Mas também tem demonstrado a sua impotência noutras áreas, nomeadamente na questão israelo--palestiniana.

Não é segredo que os vetos da Rússia e China também visam dar uma lição aos membros ocidentais do CS em relação à forma como “manipularam” a resolução para intervir na Líbia em 2011. Isso é claro nas vossas discussões?Para mim, é claríssimo. Há de facto uma “síndrome da Líbia” na questão

da Síria. Os representantes russos não o negam. E não é só para os russos, é preciso ser transparente nesta questão. Há um conjunto de Estados-membros do CS que não ficaram muito agrada-dos com a maneira como se processou a intervenção externa na Líbia. E isso tem os seus custos no que toca à Síria. É indiscutível. Não vou entrar naquilo que os meus colegas dizem ou não dizem e na forma como o dizem ou não dizem. O Conselho é um espaço de debate que, independentemente da transparência que deve ter, tem de ser um espaço de debate reservado e confidencial. Defendo esse princípio e nunca me ouvirá dizer o que é que

qualquer dos meus colegas disse ou não disse sobre uma determinada questão.

Mantém a esperança de que o CS conseguirá ultrapassar o impasse?A esperança que mantenho é que os principais stakeholders [partes interessadas] na questão da Síria se entendam sobre meia dúzia de questões fundamentais e por essa forma permitam ao CS agir em apoio a esse consenso.

Como é a relação com os seus colegas embaixadores do Con-selho de Segurança? São como parlamentares que pertencem a partidos opostos?Independentemente das divergências de opinião, as relações dentro do conselho são cordiais e mesmo afectu-osas. Incluindo com russos e chineses, de quem sou particularmente amigo. Portugal tem tido um papel importan-te no aprofundamento dessa cultura. Que tem que ver muito com a nossa capacidade de fazermos pontes e de estimularmos os consensos. Porque nós não temos uma agenda que não seja a da paz e da segurança. Não temos posições de hegemonia nem interesses específicos a defender. Es-tamos de alguma maneira à vontade. E foi por isso que fomos eleitos.

Para além de receber mais telefo-nemas e ser mais cortejado, qual é a diferença aqui no terreno entre estar no CS e não estar?É obviamente um mundo de diferen-ça. Mas não é porque receba mais telefonemas ou menos telefonemas. É uma diferença em termos de res-ponsabilidade. Em segundo lugar, é uma enormíssima carga de trabalho adicional. O ritmo de trabalho do CS é perfeitamente frenético. Não há dia em que não tenhamos duas, três reuniões. Eu presido a três órgãos subsidiários: o comité de sanções à Líbia, o comité de sanções à Coreia do Norte e o comité sobre os métodos de trabalho do CS.

Dos três, qual representou o maior desafio e em qual deles espera deixar maiores marcas?São três comités de natureza muito diferente e com objectivos diferen-tes. No caso da Coreia do Norte, herdei a presidência de um comité que existe há muitos anos. É um comité que tem as suas rotinas, mas que também está condicionado pelas questões políticas globais. É um trabalho delicado, de costura fina. O comité de sanções à Líbia é diferente, primeiro porque nos coube constituir o comité e preparar o seu próprio método de trabalho, os seus objectivos, etc. Fomos confrontados

imediatamente com um conjunto de perguntas legítimas dos países que não sabiam o que é que implicava o cumprimento das sanções. A ac-tividade do comité teve de evoluir muito rapidamente dada a evolução da própria realidade no terreno, com a constituição de autoridades legítimas. De um puro regime san-cionatório passou a ter de responder aos pedidos dessas autoridades, no-meadamente nas isenções que teve de ir decidindo.

Que tipo de isenções?A partir do momento em que existe um governo legítimo, é preciso levantar a suspensão dos bens do banco nacional líbio em França, por exemplo. Já não existe nenhuma razão política para continuarem congelados. Esse foi e continua a ser o grande trabalho do comité. O comité sobre os métodos de trabalho não tem que ver com situ-ações conjunturais, tem que ver com como se melhora a eficácia do CS.

ceu em Abril deste ano. Timor está no CS há dez anos e sai em Dezembro. Se fossem esses os nichos de mer-cado, como diz, não teríamos tido muita actividade no CS. E não era isso que aqueles que nos elegeram esperavam de nós. Não é verdade que tenhamos tratado apenas das pequeninas coisas. Portugal foi um membro a tempo inteiro, pleno, do CS e participou na discussão de todas as matérias da agenda do CS. E para todas deu o seu contributo. Por exemplo, os efeitos das altera-ções climáticas em termos de novos riscos para a paz e para a segurança internacional foi uma temática que nós introduzimos no CS. É o caso das ilhas do Pacífico: o mar vai subindo e um dia essas ilhas serão completamente submersas. Para onde se leva a população? O que acontece aos direitos dos Estados? Esses países continuam a existir, o seu lugar nas Nações Unidas conti-nua a existir? Isto não são questões per se do CS. Esse foi um elemento importante da nossa campanha. E sermos pequeninos ou grandes é irrelevante neste contexto.

Em 2011, dois países de língua portuguesa, Portugal e Brasil, tiveram assento no CS. Mas isso contrasta com períodos em não existe qualquer representação de países lusófonos. Os países lusó-fonos não deveriam estabelecer uma estratégia concertada para ter uma presença continuada o mais possível?Foi importante Portugal e Brasil estarem juntos no CS e terem estado perfeitamente sintonizados e defen-dendo objectivos muito próximos, se não mesmo coincidentes. A questão que colocou é uma questão que tenho levado às reuniões dos embaixadores da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa]. Nós temos membros da CPLP distribuídos por quatro grupos regionais, devíamos ter uma estratégia parecida com a dos países nórdicos, que de quatro em quatro anos têm um dos seus representantes no CS.

Essa estratégia não existe?Estas coisas são um processo, não é carregar num botão. Quando cá cheguei, não havia reuniões dos embaixadores da CPLP. E agora temos reuniões mensais. E temos coordenação de candidaturas.

Que candidaturas?Há centenas de candidaturas no sis-tema das Nações Unidas. Tentamos coincidir o mais possível no nosso apoio a outra candidatura. O que nos dá um poder enorme porque nas Nações Unidas ganham-se e perdem--se eleições por dois votos. Ou por um voto. Mas o que tenho vindo a sugerir aos meus colegas é que pen-semos seriamente num calendário a longo prazo em que garantiríamos uma presença da CPLP de tantos em tantos anos, com uma regularidade necessária e útil no CS.

Um dos argumentos que Portugal usou na sua campanha para o CS foi o facto de ser um país pequeno que poderia defender os interesses de outros países pequenos e sub--representados no sistema interna-cional. Como é que isso se traduziu na prática nos últimos dois anos?Não vou dizer que o facto de sermos um pequeno país não teve importân-cia. Obviamente que teve. Mas isso insere-se num conjunto mais vasto de preocupações que nós soubemos interpretar e fazer valer.

A diferença que Portugal pode fazer num fórum como o CS é apostar em nichos diplomáticos ou geográficos - Guiné-Bissau, Timor--Leste, apoiar uma reforma do CS que inclua o Brasil - mais do que em marcar posição nas grandes crises, como a Síria, em que as partes interessadas são porventura maiores e mais numerosas?Não. A crise na Guiné-Bissau aconte-

quarta-feira 9.1.2013publicidade12 www.hojemacau.com.mo

13quarta-feira 9.1.2013 www.hojemacau.com.mo vida

DORMIR mais de dez ho-ras por dia, ter dificulda-des em acordar, despertar com a sensação de que a

noite foi passada em claro e ir beber um café e continuar exactamente na mesma podem ser sintomas de hipersónia primária. Esta doença do sono que afecta os adultos é causada por uma substância que actua como se fosse um comprimido para dormir. Um grupo de cientistas descobriu, em parte, o que acontece no cérebro e propõe um antídoto.

As pessoas com hipersónia primária dormem mais de 70 horas por semana e andam num estado de constante sonolência. Esta dormência permanente aca-ba por interferir com as rotinas diárias e pode, inclusivamente, perturbar os relacionamentos sociais e pessoais. “Estes indi-víduos dizem sentir-se como se estivessem a andar no nevoeiro

CERCA 140 a.C., um médico viaja a bordo

de um barco vindo da Grécia e com destino ao porto etrusco de Populó-nia, Toscana. Mas o navio afunda-se a 18 quilómetros da costa - e só será desco-berto em 1974, perto da praia de Pozzino.

Entre os objectos re-cuperados no Relitto del Pozzino (nome dado aos destroços), várias caixinhas cilíndricas em latão, 136 frasquinhos de madeira, um pequeno pilão de pedra, um vaso de bronze “com uma forma peculiar, típica de uma ferramenta médica usada para fazer sangrias”, escrevem Erika Ribechini, da Universidade de Pisa, Itália, e colegas, na revista Proceedings of the National Academy of Sciences. Isto “sugere que um médico estaria a viajar no mar com o seu equipamento profis-sional”, salientam.

Uma das latinhas reve-lou conter seis comprimi-dos redondos e cinzentos de quatro centímetros de

AO longo das décadas, o quilograma, que é

referência internacional para se definir a massa, tem acu-mulado contaminantes e, por isso, tem aumentado de peso. Uma equipa está a tentar encontrar uma solução com raios ultravioletas e ozono.

É certo que nem chegou a um grama, mas as barras de quilos que são referência internacional para todos os pesos engordaram ao longo das décadas. O fenómeno revelou-se um problema de métrica para a comunidade internacional e agora pode haver uma solução que passa por uma espécie de solário de emagrecimento, diz um artigo publicado na revista científica Metrologia.

O quilograma original, chamado Quilograma Pro-tótipo Internacional (QPI), está guardado em Paris no Gabinete Internacional de Pesos e Medidas. Foi a partir deste peso, que data de 1875 – feito de platina e irídio –, que todos as outras cópias foram feitas. Há 40 réplicas oficiais construídas em 1884

e distribuídas pelo mundo. A partir destas cópias, foram ainda construídos mais qui-logramas, um por cada país.

O problema é que, mes-mo protegidas, as 40 cópias têm acumulado contaminan-tes na sua superfície. Isso fez aumentar o peso em dezenas de microgramas. “O que im-porta não é o peso desde que todos estejamos a trabalhar a partir de um padrão exac-tamente igual – o problema é que há diferenças mínimas entre cópias”, explica um dos autores do artigo, Peter Cumpson, da Universidade de Newcastle, no Reino Unido. “O QPI e as suas 40 réplicas estão a aumentar a ritmos diferentes. E a diver-gir do original.”

Das sete unidades-base do Sistema Internacional, o quilograma é o único que se mede a partir de um objecto físico. Todos as outras são comparadas a partir de uma constante. Desde 1983, o metro é definido como o com-primento que a luz atravessa no vácuo durante uma fracção muito pequena do segundo:

um segundo a dividir por 299.792.458. No caso do quilograma, os laboratórios no mundo também tentam chegar a uma definição deste género e que seja independen-te de um objecto real. Enquan-to não conseguem, é preciso emagrecer o quilograma. “A massa é uma unidade tão fundamental que até esta pe-quena variação é significativa. Existem materiais muito va-liosos – ou lixo – no comércio internacional, em que se tem em conta cada micrograma”, explica Cumpson.

Para tentar retirar este excesso acumulado, a equipa do cientista experimentou utilizar uma mistura de raios ultravioletas e de ozono numa superfície com a mes-ma composição dos quilo-gramas. “Em Newcastle es-tamos a dar um banho de sol a estas superfícies. Ao expor a superfície [do metal] a uma mistura de ultravioletas e de ozono podemos remover os carbonáceos contaminantes e potencialmente trazer os protótipos dos quilogramas aos seus pesos ideais.”

Muitas pessoas sofrem de sintomas de hipersónia primária

Um sono de cair para o lado

Cientistas italianos reconstituíram a bula de um medicamento

“Fóssil” com 2000 anosQuilograma ganhou peso e agora

tem de fazer dieta no solário

O original, de Paris

diâmetro e um de espessura e levou os cientistas a rea-lizarem análises químicas, mineralógicas e botânicas para determinar a compo-sição do que parecia ser um medicamento com mais de 2000 anos. “Em arqueologia”, escrevem, “é muito raro descobrir-se medicamentos antigos e conhecer-se a sua com-posição química.” Mas, desta vez, foi possível reconstituir a bula deste medicamento “fóssil”.

Composição: compos-tos de zinco, amido, cera de abelha, resina de pinheiro, gorduras de origem vegetal e animal, carvão, fibras de linho, pólen de oliveira e

de trigo, entre outros. Subs-tâncias activas (prováveis): os compostos de zinco e talvez o carvão.

Excipientes: azeite, resina de pinheiro (antio-xidante e antibacteriano), cera de abelha, fibras de linho (reforçam os com-primidos).

Indicações: colírio con-tra problemas oculares. “A composição e a forma dos comprimidos de Pozzino parecem indicar que eram usados em oftalmologia”, escrevem os cientistas, acrescentando que o nome latino collyrium (gotas para os olhos) vem de uma palavra grega que significa “pãezinhos redondos”.

– fisicamente acordados, mas mentalmente a dormir”, esclarece o líder do estudo, David Rye, da Faculdade de Medicina de Emory, em Atlanta.

Para descobrir o que causa este excesso de sono e encontrar eventualmente um antídoto, o grupo de investigadores partiu de uma hipótese: se os medica-mentos usados para tratar as insó-nias actuam sobre os receptores do ácido gama-aminobutírico (GABA, na sigla inglesa), um neurotransmissor que é dos prin-cipais inibidores do sistema ner-voso, então talvez os pacientes

pouco de GABA. E, neste caso, os receptores deste mensageiro químico cerebral que existiam à superfície das células modificadas foram activados para quase o do-bro do que acontece em situações normais. Portanto, as células rece-biam em excesso este mensageiro químico que é inibidor do sistema nervoso central.

Apesar destes resultados, publicados na revista Science Translational Medicine, ainda não se sabe que substância é que está mesmo por detrás da reacção dos receptores do GABA e, con-sequentemente, da hipersónia.

com hipersónia tivessem alguma outra substância no cérebro que também actuasse sobre estes receptores.

Para verificarem se isto era assim, os cientistas recolheram em vários pacientes, através de uma punção lombar, líquido cefalor-raquidiano, que banha o cérebro e a espinal medula. Depois, em células geneticamente modifica-das, de forma a produzirem à sua superfície receptores do GABA, juntaram o líquido. Mas não aconteceu nada.

Então, experimentaram juntar o líquido às células, mas com um

quarta-feira 9.1.2013cultura14 www.hojemacau.com.mo

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O fotógrafo japo-nês Shomei To-matsu, famoso pela sua série

de retratos de sobreviven-tes do bombardeamento atómico de Nagasaki (su-doeste), morreu no passa-do dia 14 de Dezembro, aos 82 anos, na sequência de uma pneumonia, noti-ciou ontem a agência Efe.

Shomei Tomatsu en-contrava-se internado num hospital em Naha, capital da província de Okinawa (sul), tendo a sua morte sido comunicada por fa-miliares.

Nascido em 1930 em Nagoya (centro), Shomei Tomatsu ganhou o gosto pela arte da fotografia em pequeno, tendo, depois de se formar em Economia pela Universidade de Ai-chi (centro), começado a produzir instantâneos para o grande grupo editorial Iwanami.

Dois anos depois op-tou por trabalhar como freelancer e, em 1959, fundou o grupo “Vivo”, em parceria com os fotó-grafos Eiko Hosoe e Ikko Narahara.

O livro “Hiroshima--Nagasaki Document

1961”, publicado nesse ano em colaboração com outro companheiro de ofício – Ken Domo – e que incluía fotografias suas de sobreviventes da bomba atómica que foi lançada sobre Nagasaki, a 09 de Agosto de 1945, chamou pela primeira vez a aten-ção do público e da crítica. “A sua morte causou-nos um vazio no coração. Através das obras que nos deixou, tentaremos con-tinuar a manifestar a sua vontade”, afirmou à Efe, um porta-voz do Museu da Bomba de Nagasaki, o qual alberga uma colecção composta por 614 obras de Tomatsu.

A última grande expo-sição sobre o seu trabalho foi realizada neste museu, tendo estado patente entre Setembro e Outubro de 2009, embora a instituição organize pequenas mostras de forma regular.

Segundo os críticos, Tomatsu representou uma importante influ-ência para a geração de fotógrafos que lhe suce-deu, na qual se destacam nomes como Takuma Nakahira ou Daido Mo-riyama.

A ópera “O festival Qing-ming no rio”, inspirada

numa famosa pintura da China antiga, será apresen-tado no Centro Kennedy de Washington nos próximos dias 11 e 12 de Janeiro.

Antes de chegar à ca-pital norte-americana, a obra passou nas cidades de Annapolis e Hagerstown, nos dias 7 e 8 de Janeiro, respectivamente.

A ópera, uma obra ori-ginal produzida pela Com-panhia de Dança de Hong Kong, descreve a próspera época da história chinesa re-flectida na pintura “O festival Qingming ao longo do rio”.

A pintura, criada pelo pintor oficial imperial

Zhang Zeduan há cerca de 900 anos, descreve a antiga cidade de Bianjing, hoje conhecida como Kaifeng, na Província de Henan, no centro do país.

Desde a sua estreia em 2007, em Hong Kong, a ópera já foi apresentada mais de 30 vezes na China. Um total de 40 bailarinos participaram nesta obra durante os Jogos Olímpicos de Pequim em 2008 e na Expo Mundial de Xangai em 2010.

O director e coreógrafo da produção, Leung Kwok--shing, afirmou que a ópera dá vida às personagens e o espírito da pintura através da linguagem da dança. “O

seu estilo ultrapassa as fron-teiras entre a dança étnica e clássica, criando uma nova estética que exemplifica o vernáculo, o tradicional e o clássico”, explicou.

A ópera, que estreará nos Estados Unidos pelas mãos da Agência de Artes Cénicas da China (CPAA, na sigla em inglês), será re-presentada pelos bailarinos da Companhia de Dança de Hong Kong e pelo Conjun-to de Cantos e Danças de Guangdong.

Desde o final de 2011, a CPAA levou aos principais palcos dos Estados Unidos as premiadas óperas chinesas “A rota da seda” e “O pavi-lhão das peónias”.

Morreu Shomei Tomatsu, fotógrafo que retratou sobreviventes de Nagasaki

Referência para gerações mais novas

Ópera chinesa “O festival Qingmingno rio” vai estrear nos EUA

Pintura ganha vida

15culturaquarta-feira 9.1.2013 www.hojemacau.com.mo

José C. [email protected]

O Instituto Cultural acaba de lançar o livro “Poemas de Shu Wang”, com

versão Portuguesa de Fer-nanda Dias. A versão agora disponível deve, segundo a autora portuguesa, ser enten-dida mais como uma homena-gem aos poetas de Macau, do que como uma tradução dos poemas de Shu Wang. “Seria imprudência da minha parte designar como tradução esta versão portuguesa de alguns poemas de Shu Wang; antes chamaria transmutação ou adaptação a esta tentativa de revelar na minha língua a

O actor Brad Pitt escreveu um post esta segunda-

-feira numa rede social da China anunciando que em breve visitará o país. “É ver-dade. Sim, estou a chegar...”, disse o artista na sua conta no Sina Weibo, uma das redes sociais de microblogs mais populares da China e que se assemelha ao Twitter.

Muitos sites publicaram que Brad Pitt teria sido proi-bido de entrar no país depois

da estreia do filme “Sete Anos no Tibete” (1997).

Nesse ano, o jornal “Chi-na Daily”, ligado ao go-verno chinês, noticiou que Hollywood “nunca seria per-doada” por ter realizado uma série de longas metragens sobre a região. A imprensa chinesa citou especialmente o filme protagonizado por Pitt, assim como “Justiça Vermelha” e “Kundun”, protagonizado por Richard

Gere e dirigido por Martin Scorsese.

O jornal chinês publi-cou ainda que os filmes de Hollywood “distorceram to-talmente os factos e eventos históricos”.

Em menos de seis horas depois da publicação no microblog, a conta de Brad Pitt na rede social Sina Weibo foi bombardeada por comentários e somou mais de 100 mil seguidores.

NINGUÉM estava à espera. É um acon-

tecimento. É uma total surpresa, para mais na idade de ouro da Internet, quando qualquer notícia pa-rece impossível de manter em segredo. Nos últimos anos, David Bowie tinha-se remetido à quase invisibili-dade, não dando quaisquer sinais de querer regressar ao universo de música. Especulou-se, inclusive, imenso sobre o seu estado de saúde.

Afinal, ei-lo, que regres-sa. Há dez anos que não lançava qualquer álbum novo e desde 2006 que não dava concertos. As aparições públicas também rarearam. Nem sequer compareceu na cerimónia londrina dos Jogos Olím-picos, o ano passado, para onde foi convidado com insistência. Mas ontem, para surpresa geral, no dia em que faz 66 anos, eis que lançou um novo single, a antecipar um novo álbum para 12 de Março.

O disco é produzido pelo cúmplice de sem-pre, Tony Visconti, e foi gravado em Nova Iorque, diz um comunicado da Columbia, a sua editora. O single, uma balada pop numa linha elegante e

Instituto Cultural edita “Poemas de Shu” Wang em versão bilingue

Uma atmosfera poética

Brad Pitt irá visitar a China em breve

Quase a chegar...

Regressou no dia em que fez 66 anos

Surpresa David Bowie

atmosfera poética de parte da obra a que tive acesso,” diz Fernanda Dias no prefácio. E acrescenta: “Na verdade, entendo este livro como uma humilde homenagem aos po-etas com quem tive ocasião de conviver em Macau (...) o atrevimento, espero resgatá--lo pela genuína gratidão face à hospitalidade dos poetas de Macau, no convívio dos quais nunca me senti estrangeira.”

A questão da tradução é sempre um tema recorrente quando se trata de lidar com duas línguas tão distintas e ganha ainda maior relevância com o texto poético. “Perante a pergunta, pode traduzir-se poesia? Seria necessário previamente responder a

uma outra pergunta, pode entender-se poesia? Sendo a poesia a revelação de um estado do poeta, e portanto, intrínseca visão, traduzida na peculiar linguagem de cada autor. Pode o texto poético tornar inteligível o mundo mental, sensorial do poeta? Essa revelação carece de uma linguagem de algum modo partilhada entre o autor e o leitor; e isso é, na verdade, uma tradução, escrever é já traduzir, e ler é retraduzir (...) haveria poesia tal como a entendemos sem tradução?” questiona a autora de “Poe-mas de uma monografia de Macau.”

Fernanda Dias nasceu em Portugal e reside em Macau

desde 1986, onde leccionou até 2005 na Escola Portu-guesa e onde ainda mantém actividade como artista plás-tica, tendo publicado em 2011 “O Sol, a Lua e a via do Fio de Seda – uma Leitura do Yi Jing,” numa edição conjunta da “Livros do Meio” e do Instituto Cultural.

Shu Wang é o nome lite-rário da autora, Liu Yu Lian, que em Macau fez parte dos encontros “Poemas de Maio,” para além de ter presidido à Editora “Poesia moderna de Macau.” Doutorada pela Universidade de Jin Nan e com Peos-graduação na Universidade de Nanquim é actualmente directora do Jinghai Lyceum de Macau.

Segredo de MulherO dia é talvez um enigmaMais sedutor ainda do que a noiteTempo houve em que eram dez os sóis Que eu saiba nunca existiram dez luasMas tudo se pode achar numa mulherNão somente dez sóisMas dez luas também

Ela tem um par de suaves tesourasRecorta os sóis indesejadosHá luz que baste no único sol que ficaCalor de sobra dos nove outros sóisQue o corpo dela agora encerraCorta então a lua em trinta partesPor isso esse astro nocturno da mulherEm suas faces mostra júbilo e tristezaPlenitude e decadência

clássica, é acompanhado por um vídeo dirigido por Tony Oursler, que evoca os tempos de Berlim de Bowie, quando ali perma-neceu (entre 1976 e 1979), tendo gravado uma trilogia

de álbuns míticos (Low, Heroes e Lodger)

O single Where are we now?, já está à venda no iTunes, estando também um vídeo da canção disponível no seu site.

GONÇ

ALO

LOBO

PIN

HEIR

O

quarta-feira 9.1.2013desporto16 www.hojemacau.com.mo

Gonçalo Lobo [email protected]

O português Rui Cardoso deixou de ser treinador do Benfica de Macau. O Hoje Macau sabe

que o treinador apresentou a sua demissão com base em “questões pessoais”, mas confrontado com isso apenas confirmou a demissão não adiantando razões. “Confirmo que já não sou o treinador do Ben-fica mas, por agora, não quero falar mais nada sobre o assunto”, disse ao nosso jornal.

O director desportivo da agre-miação, Duarte Alves, também confirmou a saída do técnico, lamentando a sua intenção. “Con-firmo que Rui Cardoso já não é o treinador do Benfica de Macau. Tenho pena que isso tenha acon-tecido mas ele apresentou razões que não podiam ser contrariadas. Simplesmente aceitámos.”

Duarte Alves disse ainda que Rui Cardoso “é uma pessoa que trabalhou muitos anos no Benfica e é um grande benfiquista”. “Estou

Marco [email protected]

OS responsáveis pela Liga Profissional de Cantão,

competição ganha na última temporada pelo português André Lima ao serviço do Guangzhou Guowang Gu-guangming, querem englobar as Regiões Administrativas Especiais de Macau e de Hong Kong nas estratégias de desenvolvimento da modali-dade e planeiam lançar até ao final do ano uma competição regular com formações das três regiões.

O modelo que deve presidir à organização da prova não está ainda definido, mas numa primeira instância a competi-ção poderá resumir-se à orga-nização anual de uma Taça do Delta com a participação de formações oriundas da RAEM, da RAEHK e de Guangdong. A intenção de avançar para a criação de uma prova de al-cance regional foi anunciada em meados de Dezembro por Liu Xiaowu, presidente da recém-criada Associação de

Messi vence Bola de OuroPelo quarto ano consecutivo, o argentino Lionel Messi foi eleito o melhor jogador do Mundo pela FIFA, recebendo a Bola de Ouro na Gala anual do organismo, em Zurique. Messi, 25 anos, levou a melhor sobre o português Cristiano Ronaldo e sobre o espanhol Andres Iniesta. O argentino arrecadou 41,60 dos votos, Ronaldo ficou com 23,68 e Iniesta 10,91.

Leões rescindem com VercauterenFranky Vercautern já não é treinador do Sporting. O Conselho de Administração da sociedade desportiva dos leões e o belga acordaram esta segunda-feira a rescisão do contrato que vinculava as partes até final da época. A decisão já foi comunicada à Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários, com a Administração a informar que Jesualdo Ferreira “acumulará as funções de ‘manager’ com as de treinador da equipa principal assim que se encontrem cumpridos os procedimentos administrativos necessários para o efeito”. A derrota com o Paços de Ferreira foi decisiva para este desfecho, passando a ser claro que o técnico, de 56 anos, não tinha condições de fazer aquilo a que se propunha. Vercauteren, aposta de Godinho Lopes, o presidente, assumiu a equipa leonina no final de Outubro do ano passado e, então, pediu dois meses para colocar a equipa à sua imagem. O tempo passou, mas o leão continua a padecer das mesmas enfermidades, não dando sinais de recuperação. Na Liga, Vercauteren somou apenas um triunfo, diante do Sp. Braga, é certo, mas acumulou três derrotas e dois empates, pecúlio demasiado magro para as ambições da família verde e branca. A esses números há que juntar um empate e uma derrota no grupo C Taça da Liga, resultados que afastaram os leões da prova, e o afastamento da Liga Europa. Em três jogos na prova europeia, o Sporting de Vercauteren venceu apenas um, o último (Videoton), empatou um (Genk) e perdeu o outro (Basileia).

Benfica de Macau sem treinador a três dias do início da Liga de Elite

Fim de linha para Rui Cardoso

Macau e Hong Kong recebem convite para liga regional

Futsal de Cantão quer Taça do Delta

gou a representar o Belenenses na 1.ª divisão de Portugal, Pio Júnior, Bruno Martinho, Jardel, entre outros.

O clube, juntamente com o Ka I e, eventualmente, o Lam Pak, têm sido apontados como os grandes candidatos à conquista do título deste ano. A saída de Rui Cardoso pode ser um aspecto negativo na preparação do Benfica para 2013 mas Duarte Alves garante que a equipa está a pensar apenas na primeira jornada, com o adjunto Bruno Álvares à frente da equipa. “O Benfica está concentrado no jogo de sexta-feira.”

certo e acredito que quer continuar a ver o Benfica a ganhar”, acres-centou.

Em 2012, com a primeira presença do Benfica de Macau na Liga de Elite, o clube “prometeu” grande feitos durante os três anos seguintes. Apesar das altas expec-tativas, no final da Liga de Elite do

BENFICA DE MACAU - PLANTEL 2013

GUARDA-REDES: Juan Castro (BRA), Liu Kin Chou (MAC) e Moto (JPN)

DEFESAS: Amâncio (MAC), Lei Ka Hou (MAC), Lao Pak Kin (MAC), Kong Cheng

Hou (MAC), Marquinho (BRA), Filipe Duarte (POR), Fábio Silva (POR), Chan

Pak Chun (MAC) e Vidigal (POR)

MÉDIOS: Edgar (POR), Daniel Melo (POR), Cuco (POR), Amorim (MAC), Lei

Kam Hong (MAC) e Bruno Martinho (POR)

AVANÇADOS: Jorge Tavares (POR), Iuri (MAC), Vinício Alves (MAC), Pio Júnior

(POR) e Jardel (POR)

ano passado, os encarnados ficaram em terceiro lugar no campeonato, o que para estreia não terá sido negativo, segundo afirmaram os responsáveis na altura.

O projecto de profissiona-lização do clube assenta numa estrutura coesa organizada e numa aposta clara em jogadores, essen-

cialmente, portugueses, macaenses e chineses de Macau.

O clube trouxe, no ano passado, até à RAEM alguns jogadores com currículo em Portugal, casos de Juan Castro, Filipe Duarte, Edgar e Fábio Silva, e este ano chegaram outros tantos, de onde se destaca Jorge Tavares, avançado que che-

Futsal de Cantão. O organismo – a primeiro organismo não--governamental a organizar campeonatos profissionais em território chinês – tem-se desdobrado desde então em contactos com o objectivo de tomar o pulso à viabilidade do projecto.

Depois de em 2010 terem criado a Liga Profissional de Futsal de Cantão, os respon-sáveis pelo organismo querem agora exportar o modelo da competição para as restan-tes províncias e regiões da República Popular da China. A Associação de Futsal de Cantão tenciona avançar a médio prazo para a criação de campeonatos idênticos nas vizinhas províncias continen-tais de Fujian, Jiangxi, Hunan e Hainão. Ganha na última temporada pelo Guangzhou Guowang Guguangming, a Liga Profissional de Can-tão foi disputada por oito equipas que não olharam a meios para alcançar o triunfo na competição. Para além de contar com a orientação técnica de André Lima, o

campeão Guangzhou Guo-wang Guguangming atraiu ainda uma verdadeira legião de jogadores lusófonos, onde pontificava o português Hugo Agra e os brasileiros Mide, Esteves ou Josiel. O estatuto de formação mais portuguesa da competição pertenceu, no entanto, ao Zhuhai Ming Shi. Orientado pelo portuense Da-vid Gonçalves, a formação do vizinho munícipio continental

contava nas suas fileiras com jogadores como Israel Alves, Fábio Lima ou Balão.

Apesar de uma eventual Taça do Delta não ter saído ainda do papel, a formação do Shiba Macau antecipou-se aos planos dos responsáveis pela Associação de Futsal de Cantão e já disputa desde Outubro último o Campeonato da II Divisão da vizinha pro-víncia continental, um prova organizada pela Associação de Futebol de Guangdong. O organismo que chama a si a tutela do desporto-rei na província de Cantão organiza desde 2009 a chamada Pearl Super League, uma compe-tição semi-profissional que dá acesso à Liga chinesa da modalidade. Orientado pelo português Manuel Cunha, o Shiba Macau não é a única formação do território aberta a competir na vizinha provín-cia de Guangdong. Também os responsáveis pela Casa de Portugal em Macau mostraram interesse em inscrever uma equipa nos escalões secundá-rios do futsal de Cantão.

SALA 1LES MISÉRABLES [B]Um filme de: Tom HooperCom: Hugh Jackman, Russel Crowe, Anne Hathaway, Amanda Seyfried, Eddie Redmayne, Aaron Tveit, Samantha Barks14.30, 18.30, 21.15

SALA 23 AM [3D] [C](FALADO EM TAILANDÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)

Um filme de: Issara Nadee, Patchanon Thumjira, Kirati NakintanonCom: Apinya Sakuljaroensuk, Peter Knight, Ray MacDonald14.30, 16.30, 19.30, 21.30

SALA 3TWILIGHT SAGA: BREAKING DAWN (PART 2) [C]Um filme de: Bill CondonCom: Robert Pattinson, Kristen Stewart, Taylor Lautner14.30, 21.30

WRECK-IT RALPH [3D] [B](FALADO EM CANTONÊS)Um filme de: Rich Moore16.30, 19.30

quarta-feira 9.1.2013 17www.hojemacau.com.mo futilidades

[Tele]visão

Sudoku [ ] Cruzadas

[ ] Cinema Cineteatro | PUB

TDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h RTPi14:45 RTPi DIRECTO19:00 TDM Entrevista (Repetição)19:30 Resistirei20:30 Telejornal21:00 Montra do Lilau21:30 Irmãos e Irmãs22:00 Escrito nas Estrelas23:00 TDM News23:30 Último Verão00:30 Telejornal (Repetição)01:00 RTPi Directo

INFORMAÇÃO TDM

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30 - ESPN13:00 (Delay) Peru-Argentina-Chile Dakar Rally 2013 - Highlights13:30 500 Great Goals 14:00 Southern Classic 201216:00 Peru-Argentina-Chile Dakar Rally 2013 - Highlights16:30 2013 Discover Bcs National Championship Notre Dame vs. Alabama19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 201320:00 Peru-Argentina-Chile Dakar Rally 2013 - Highlights20:30 Global Football 2012/1321:00 Samsung Beach Soccer Intercontinental Cup Dubai 2012 Brazil vs. Nigeria

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40 - FOX Movies12:15 Stand By Me13:45 Cloudy With A Chance Of Meatballs15:20 Kung Fu Hustle17:00 Gridiron Gang19:05 Shanghai Noon21:00 A Lot Like Love22:50 Transporter 200:20 Alvin And The Chipmunks

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42 - Cinemax12:15 The Juror14:15 Fortress16:00 Assignment K17:35 Justice League Of America19:00 Surviving The Game20:30 Xiii22:00 Jaws Iii23:40 The Debt

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SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Pôr em alarme. 2-Caudas. Aceita respeitosamente as ordens. 3-Chefes ou patrões (Pop.). 4-Prata (s.q.). Consigo mesmo. Cidade da Babilónia. Ataque de paralisia. 5-Caloria (abrev.). Bago, cacho. O caminho (Bras. Pop.). 6-Contrariedade. Borda, barra. 7-Poupada, que gasta o menos possível. 8-Substância gordurosa cuja composição análoga ao éter. Cobre de laca. 9-Administrar. Oceano. Usa-se como condimento. 10-Artigo antigo. Cantores ou poetas, na Antiga Grégia. Letra grega. 11-Rasoura, rasa.

VERTICAIS: 1-O m. q. araca. Rio europeu. 2-Relativo a gazeta. 3-Cartilha para parender a ler. Revestir com laca. 4-Cantigas populares em honra dos santos. Tabela, relação. Vogais iguais. 5-Queimou. Duodécima parte do ano. 6-Cometido violação. 7-Branda aoa tacto. Corta com os dentes. 8-Cachaças de mau gosto (Bras.). Antiga forma de oui. Estrôncio (s.q.). 9-Chefe etíope. Caixas com tampa plana. 10-Tornar plácido. 11-O m. q. palraria. Impulso.

HORIZONTAIS:1-FUGA. ALINDO. 2-TEMPO. SAIU. 3-M. BOA. LIDAR. 4-ADOR. GALAGO. 5-RAS. JARDINS. 6-N. FOLGA. O. 7-OUREGÃO. USA. 8-IBERAS. GREI. 9-TINIR. MAN. O. 10-ONDA. VILAS. 11-SOALHA. ASES.VERTICAIS:1-F. MAR. OITOS. 2-UT. DANUBINO. 3-GEBOS. RENDA. 4-AMOR. FERIAL. 5-PA. JOGAR. H. 6-AO. GALÃS. VA. 7-L. LARGO. MI. 8-ISILDA. GALA. 9-NADAI. URNAS. 10-DIAGNOSE. SE. 11-OUROS. AIO. S.

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

Aqui há gatoO CHEIRO A ESTURROContinua a saga dos cadernos da amizade nos julgamentos conexos ao de Ao Man Long. Se bem me lembro, este problema já surgiu antes – não sei quantas vezes, mas muitas. E a principal queixa continua: a defesa – de todos os arguidos, saiba-se – não tem acesso a todas as provas que o Ministério Público tem. Eu, que sou gato e não percebo nada de justiça, questiono-me: mas desde quando é que num julgamento a acusação e a defesa não têm o mesmo tipo de acesso a documentos? Isso era a mesma coisa que eu estar a jogar ao adivinha com outro gato, mas já saber onde estavam todas as bolinhas de brincar escondidas. É ter a acusação a dizer que sabe que os senhores fizeram o crime porque viram-no escrito em algum lado e ter a defesa sem saber onde é que eles foram buscar essa ideia. A questão é: isto vai continuar assim? A sério que vamos continuar a ter julgamentos que mandam pessoas para a cadeia durante trinta anos – e não estou a dizer que Ao Man Long é inocente – com base em provas obtidas, pelos vistos, sem autorização ou com arguidos a terem direito a apenas meia defesa e acusações inteiras? O mais caricato de todos os julgamentos conexos ao do antigo secretário é a desorganização. Ele é a mudança de juízes, ele é a mudança de advogados, ele é as ausências, ele é uns a dizerem umas coisas e outros, outras. Nunca ninguém está de acordo. Nunca nada bate certo. As coisas nunca são feitas como deviam ser. É o caso do problema – sim, outro – das cartas rogatórias, que supostamente deveriam ter sido entregues para que testemunhas que – outra vez – ajudariam a defesa saibam, na realidade, que são testemunhas. Mas não. Cheira-me tanto a esturro este caso, como me cheira a esturro quando queimo a ponta das patas nas velas com que gosto de brincar. Mas isso sou eu... miau...

Pu Yi

LES MISÉRABLES

UMA OBRA ENTERNECEDORA DE ASSOMBROSO GÉNIO • Dave EggersLivro-sensação e livro-revelação do enorme talento de Dave Eggers, Uma Obra Enternecedora de Assombroso Génio redefine a família e a narrativa para o século vinte e um: as memórias de uma família normal, que, num ápice, com a morte violenta dos pais no espaço de pouco mais de um mês, se desfaz (ou, pelo menos, se torna tudo menos normal); e as de um jovem em idade universitária que tem de criar um irmão de oito anos. Uma história verdadeira contada como uma ficção ou uma ficção que pretende o estatuto de verda-de, a estreia literária de Eggers consegue ser como a vida: pungente, triste, truculenta, hilariante, dramática, selvagem e extraordinariamente inventiva.

ARCO-ÍRIS DA GRAVIDADE • Thomas PynchonVencedor do National Book Award, “Arco-Íris da Gravi-dade” é um épico pós-moderno. A sua narrativa alargada, enciclopédica e a fina análise do impacto da tecnologia na sociedade tornaram-no um livro de culto e a grande obra representativa da segunda metade do século XX. “A escala da sua obra ajudou-nos a localizar a nossa ficção não apenas em pequenos cantos anónimos, humanos e essenciais, como também lá fora, na vastidão de uma imaginação elevada e dos sonhos colectivos”, comenta Don DeLillo.

quarta-feira 9.1.2013opinião18 www.hojemacau.com.mo

a pal içadaCorreia Marques

RA uma vez... Assim come-çavam todas - ou quase todas - as estórias e contos da minha meninice. Ainda mal saído do berço, desde que me lembro de existir, contados pela minha

mãe e pela minha avó Laurinda, alternavam com as canções de embalar: “dorme, dor-me, meu menino...”. Depois, soletrando já as primeiras letras, essas e novas narrativas eram consumidas, lenta mas avidamente, em pequenos livrinhos de letras gordas e de tinta carregada, de tamanho pouco maior do que o de um simples cartão de visita, oferecidos pela minha tia Júlia. Recordo que adorava ler na cama, nos dias frios de inverno, no aconchego dos cobertores. É que o povo tem razão quando diz que “o lume da lareira só aquece pela frente”.

E, como as palavras (e os pensamentos, digo eu) são como as cerejas, veio-me à memória a frase com que, de voz seca e tom decisivo, a minha mãe costumava pôr travão às minhas perguntas indiscretas: “não são contas do teu rosário!”».

Era uma vez, e foi em 1993, o ano em que escrevi isto, e mais aquilo que se segue.

«Sim, tudo veio à baila com um dos actos mais triviais que acontecem nesta parte do Mundo: a troca de cartões profissionais. Ora, a entrega do inevitável rectângulo, proveio de um colega recém-chegado e, do cartão, por baixo do nome, constava a categoria profissional, escrita em inglês. No verso a tradução para chinês; de português népia. Acintoso, perguntei-lhe se a sua entidade patronal era inglesa ou se os destinatários do cartão seriam, maioritariamente, protegidos de Sua Majestade a Rainha de Inglaterra. Nada disso, ele vinha trabalhar para a Administração. Mais, o novel colega, não havia sido ouvido nem achado na escolha da língua inserta no cartão.

Pensei: deixa lá, não são contas do teu rosário. Mas não, coca-bichinhos, resolvi consultar um dicionário em busca do sig-nificado de “rosário”. Vejamos: “séries de

Era uma vez, mais uma vez, o retrato de um povo que tarda em aprender a ser humilde e não espampanante, outrossim vertical e digno. E a perceber que glórias passadas são como riqueza herdada, não duram para sempre. O mundo é tão pequeno e a vida tão efémera que não vale a pena querer tapar o sol daquilo que somos com peneiras, por mais vistosa que seja a armação. É que, pelo crivo da peneira, sempre passará a luz suficiente para se ver a finura da farinha peneirada

Contas do nosso rosário

um Pai-Nosso e dez Ave-Marias, em cada um dos quais se faz uma pequena meditação sobre os passos mais importantes da vida de Cristo e Nossa Senhora”.

Alto lá, afinal isto são contas do nosso rosário, a carecerem de que meditemos sobre elas, num território há mais de quatrocentos anos sob administração portuguesa. Estamos todos de acordo em que a língua portuguesa é pouco falada pela comunidade de origem chinesa, contudo temos de reconhecer que alguma evolução tem havido e já se vão encontrando pessoas que se esforçam por se expressarem na língua pátria de Camões. Como contraponto, é lamentável ouvir, so-bretudo em estabelecimentos comerciais, a forma como algumas senhoras com “cê de cedilha” (como dizia uma grande amiga) se dirigem aos proprietários com frases do tipo “mim querer, tu não ter?”. Assisti mesmo a um caso em que o dono da pequena loja, retorquiu em português correcto, e com educação: “ -E a senhora o que deseja”.»

Fim de citação. Era uma vez um tempo que passou e não volta. Ou será que sim, que estamos perante um “new arrival”. Assim a modos que como aquela “marca muito boa, porque quase todas as lojas têm o seu anúncio nas montras”, como alguém aqui recentemente arribado, reza a laracha, terá então comentado para o companheiro do lado.

Era uma vez, e essa vez foi apenas ontem, e eis que me cruzo na estrada com um jipe já com uns anos de uso mas ainda suficien-temente em bom estado para alguém poder pensar que a sua condução atribui estatuto social. Acreditem que não pude deixar de me rir olhando para os «ares» do condutor e da “dama” que o acompanhava. E quase que gostava (mas, sinceramente, não gostava!) de ser quem eles, penso eu, iam pensando que são. E não é caso único; são como os pardais, cada vez há mais.

Era uma vez, mais uma vez, o retrato de um povo que tarda em aprender a ser humil-de e não espampanante, outrossim vertical e digno. E a perceber que glórias passadas são como riqueza herdada, não duram para sempre. O mundo é tão pequeno e a vida tão efémera que não vale a pena querer tapar o sol daquilo que somos com peneiras, por mais vistosa que seja a armação. É que, pelo crivo da peneira, sempre passará a luz suficiente para se ver a finura da farinha peneirada.

Finalmente, era uma vez, e isto são contas boas do nosso rosário, uma nova directora dos Serviços de Turismo que teve a coragem de vir reconhecer, pela primeira vez e invertendo o discurso oficial anterior, que a Cidade tem limites de capacidade e de infra-estruturas para acolher um maior número de visitantes. Bem-haja. É que eu não queria (nunca) ter de escrever sobre Macau, era uma vez uma cidade onde eu gostava de viver.

(Este texto foi escrito segundo o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa)

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19opiniãoquarta-feira 9.1.2013 www.hojemacau.com.mo

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chá muito verde义來 Fernando Eloy

estupidez, por si só, não faria mal nenhum. O problema é o seu carácter dinâmico e a ina-ta qualidade que possui para obrigar o seu hóspede a aplicá--la. Ou seja, um portador de

estupidez, tem uma necessidade irreprimível de a aplicar nos vários desempenhos da sua vida pessoal, profissional e social. É aí que começa o problema para os outros todos.

Recordando de novo o académico Carlo M. Cipolla, antes introduzido noutra crónica, uma pessoa estúpida é aquela cujas acções causam prejuízo a outrem sem qualquer ga-nho para o próprio e, muito possivelmente, até com prejuízo próprio.

Ainda continuando nas definições de Cipolla no seu postulado sobre a estupidez humana, define ele um outro tipo: o bandido. Para este grupo ele cria uma subdivisão entre o que define por bandidos perfeitos e bandi-dos estúpidos. Os primeiros serão aqueles cujas acções resultam num prejuízo em ou-trem igual aos seus proveitos. Mas estes são raros. Alguns geram mais proveitos para eles do que prejuízo para outros aproximando-se portanto das pessoas inteligentes, pelo que são raros. A grande maioria encontra-se são aqueles cujas acções provocam em outrem um prejuízo superior aos seus ganhos, ou seja, bandidos estúpidos. Um par de exemplo citados pelo próprio Cipolla: o do idiota que mata um sujeito para lhe roubar 500 patacas ou o do general que condena milhares a uma chacina para conseguir uma medalha.

Vulgarmente, um amigo meu chinês quando me visita traz-me pão fresco. “Chu chai pao” (carcaças) adquiridos numa padaria localizada na zona da igreja de São Louren-ço. Diz-me ele, “Estes são um pouco mais caros do que a maioria mas valem a pena” De facto, valem muito a pena. Mas vão são ser sol de pouca dura apesar da padaria exis-tir há muitos anos. Razão, a do costume: o previsível aumento disparatado da renda em breves instantes. “E que vai o homem fazer a seguir?” quis eu saber. A resposta veio pronta: “Provavelmente trabalhar para alguma pada-ria de algum casino”. O que se perde aqui? Se o casino o deixar continuar a fazer que tão bem sabe, menos, mas seguramente para ser servido aos não residentes que o frequentam ou àqueles que estiverem dispostos a jantar num qualquer restaurante desse casino. Mas o prazer de um bairro inteiro e arredores de poder comprar uns bons “carcaços” pela ma-nhã ou depois de almoço, quando eles saem do forno, está com os dias contados. Outro caso, o de um amigo que detém um restau-rante que eu frequento regularmente. Pegou

É óbvio que vivemos num país com dois sistemas (provavelmente uma das ideias politicas mais brilhantes de sempre) mas os nossos governantes não deveriam esquecer que, apesar de tudo, fazem parte de um pais socialista. Assim, não amam nem Macau nem a Pátria. Porque quem ama Macau não pode subscrever políticas que, inevitavelmente, a vão destruir social e economicamente. Quem ama a Pátria não pode estar tão longe dos princípios (e intenções) de Pequim

Estupidez aplicadano negócio com ele no chão e transformou-o num restaurante de sucesso. Gente de Macau, homem esforçado e trabalhador mas cuja vida em vez de melhorar com a afluência de clientes vai piorando. Razão, a do costume: o previsível aumento disparatado da renda em breves instantes.

São apenas dois casos mas são muitos mais os que vão acontecendo diariamente pela cidade. Paulatinamente, o comércio tradicional, os pequenos negócios vão sendo engolidos por multinacionais se as suas lojas estiverem em zonas atractivas ou por nada se estiverem mais arredadas dos rumos dos inefáveis turistas.

Isto acontece como resultado da estupi-dez aplicada. O que se perde e quem ganha? Quem ganha parece ser claro para a popula-ção em geral: meia dúzia. Quanto ganham? Muito. Que perdemos nós como sociedade? Muito mais. Se pegarmos no estudo de Cipolla, verificamos com facilidade estar perante um caso de banditismo estúpido.

Pior, a recusa sistemática do governo em regular o mercado imobiliário de aluguer não apenas beneficia meia dúzia em prejuízo individual de muitos como ainda cria prejuí-zos incalculáveis, repito, incalculáveis, a um nível mais geral, ou seja, em termos sociais ao reprimir a diversificação económica e ao inviabilizar sonhos de criação de empresas a muita gente. Quem consegue delinear um plano de negócios numa situação destas? Como se pode diversificar a economia e potenciar os valores empresariais locais se estamos cercados por todos os lados? Se não é o escritório/loja é a casa onde se vive. O porta-aviões vai sempre ao fundo. A recusa em regulamentar o mercado imobiliário não só cria prejuízos económicos e sociais graves a Macau e à sua população, como ainda mina pela base a intenção tão propalada do governo de diversificação da economia. Só pode ser para rir, ou então estão à espera que a ilha da Montanha venha resolver os problemas todos. Mas entretanto já Macau se transformou numa terra árida, numa área de serviços de casinos, numa terra sem a secular sua vivacidade social.

É óbvio que vivemos num país com dois sistemas (provavelmente uma das ideias politicas mais brilhantes de sempre) mas os nossos governantes não deveriam esquecer que, apesar de tudo, fazem parte de um pais socialista. Assim, não amam nem Macau nem a Pátria. Porque quem ama Macau não pode subscrever políticas que, inevitavelmente, a vão destruir social e economicamente. Quem ama a Pátria não pode estar tão longe dos princípios (e intenções) de Pequim.

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HOJE

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quarta-feira 9.1.2013www.hojemacau.com.mo

Índia Guru culpa jovem vítima de violação colectivaUm guru indiano atribuiu ontem culpas à jovem vítima de violação colectiva num autocarro de Nova Deli, a 16 de Dezembro, e pediu que os violadores fossem perdoados, dado que não foram os únicos responsáveis. “Esta tragédia não teria acontecido se ela tivesse evocado o nome de Deus e caído sobre os pés dos seus agressores. O erro não foi cometido apenas de um lado”, disse o guru Asharam, de 71 anos, num vídeo publicado na Internet. As declarações de “Bapu”, ou pai, como é conhecido o líder espiritual, foram prontamente criticadas. O porta-voz do partido nacionalista hindu Bharatiya Janata (BJP), Ravi Shankar Prasad, considerou a observação “profundamente dolorosa e inoportuna”. “Fazer esta declaração relativamente a um crime que chocou a consciência do país não é apenas infeliz, mas também profundamente lamentável.”

TAP é a 7.ª companhia mais segura do mundoA TAP desceu três posições na lista elaborada pela Jet Airliner Crash Data Evaluation Center (JACDEC), ao ser ultrapassada pelas duas companhias aéreas dos Emirados Árabes Unidos (Emirates e Etihad Airways) e pela empresa de Taiwan, a Eva Air, numa lista comandada pela finlandesa Finnair. Apesar de a TAP não registar acidentes há mais de 30 anos, a sua frota é mais antiga do que a média das outras companhias de bandeira. No segundo posto está a Air New Zealand (Nova Zelândia) enquanto a Cathay Pacific (Hong-Kong) ocupa a terceira posição. As companhias europeias “low cost” estão bem classificadas, como a Virgin Atlantic (15.º), Easyjet (17.º) e Air Berlin (23.º). No fim da lista estão algumas das companhias de bandeira europeias tal como a KLM (Holanda), em 27.º lugar, a Air France (França), em 41.º posição ou a espanhola Iberia (47.º posto).

Imagem de icebergue preto torna-se viralA fotografia de um icebergue preto divulgada na Internet já se tornou viral, havendo quem defenda que a imagem foi manipulada, no entanto, a Enciclopédia Canadiana diz que é possível a existência de icebergues de várias cores, tudo de acordo com a densidade, bolhas de ar ou impurezas que se encontram na sua base. A imagem foi colocada pelo usuário “Rundboll” no agregador de notícias Reddit, onde já tem mais de 1200 comentários, e já se tornou destaque em muitos sites noticiosos por todo o mundo.

Confrontoscontinuam em BelfastEm mais uma noite de confrontos na capital da Irlanda do Norte, a polícia usou canhões de água para afastar manifestantes barricados numa rua. Enquanto unionistas continuam a manifestar-se à porta da câmara, em protesto contra a retirada da bandeira do Reino Unido, noutra zona da cidade a situação ficou mais violenta, com a polícia a responder com canhões de água ao lançamento de cocktails molotov. Os confrontos começaram há mais de um mês, depois da decisão câmara em não hastear a bandeira de forma permanente, mas apenas em ocasiões específicas. Desde então, a decisão tem sido contestada pelos unionistas, partidários da união da Irlanda do Norte com o Reino Unido.

Confirmadacausa de mortede Amy WinehouseUm segundo inquérito às causas de morte de Amy Winehouse, no verão de 2011, confirmaram que a cantora morreu de envenenamento causado pelo álcool. Winehouse, encontrada morta em casa em Julho de 2011, tinha no corpo uma quantidade de álcool cinco vezes superior do limite para conduzir. O inquérito foi repetido depois de terem surgido dúvidas quanto à competência da primeira médica legista que analisou o corpo.

Encontrado Matisse roubado há 25 anosUm quadro do pintor francês Henri Matisse reapareceu em Londres, 25 anos depois de ter sido roubado do Museu de Arte Moderna de Estocolmo, na Suécia. “Le Jardin”, avaliado em 7,6 milhões de patacas e furtado a 11 de Maio de 1987, foi agora recuperado depois de um coleccionador da Polónia ter tentado vender a obra a um comerciante britânico, pouco antes do Natal. De acordo com a BBC, enquanto decorriam as negociações para a compra da obra, o galerista Charles Roberts procurou o quadro na base de dados de obras de arte roubadas, Art Loss Register, e encontrou um registo do quadro de Matisse. Depois de confirmar que se tratava do quadro roubado na Suécia, o caso foi entregue ao director da Art Loss Register, Christopher Marinello, que conseguiu negociar a entrega do quadro ao Reino Unido sem qualquer pagamento. “Le Jardin” está agora guardado num cofre em Inglaterra, devendo ser entregue ao Ministério da Cultura da Suécia nas próximas semanas.

car toon PERIGOpor Steff

17% da população de Macau reside em habitações públicas

Dificuldade a quanto obrigasNO final do ano passa-

do, 17% da população de Macau vivia em habitações públicas,

revelam dados oficiais a que a agência Lusa teve acesso.

Dados facultados pelo Insti-tuto de Habitação (IH) e compi-lados pela agência Lusa mostram que, até 31 de Dezembro, do universo das 98.700 pessoas que residiam em habitações públicas, 80,9% (ou 79.900) habitava em fracções económicas e os res-tantes 18.800 em casas sociais.

Os ‘inquilinos’ de habitações públicas estavam distribuídos por um universo de 44.425 habitações públicas - 36.287

económicas e 8.138 sociais -, número que dá uma média de 2,2 elementos por cada lar.

Os cálculos das percenta-gens foram efectuados pela Lusa com base nas mais recen-tes informações demográficas, segundo as quais a população da Região Administrativa Es-pecial foi estimada em 576.700 habitantes no final de Outubro.

A habitação económica destina-se a indivíduos com bai-xos rendimentos económicos, possibilitando que adquiriram uma casa com preço controlado e inferior ao do mercado livre.

A habitação social, também disponibilizada pela adminis-

tração, funciona sob a forma de arrendamento.

Até 31 de Dezembro, e ainda de acordo com o IH, existiam 3.615 agregados familiares em lista de espera por uma fracção económica, enquanto 6.207 aguardavam pelas chaves de uma casa social.

Atendendo aos números avançados e à média de 2,2 pessoas por cada lar de habitação pública, o número de pessoas que viveria em casas públicas se os pedidos pendentes fossem imediatamente satisfeitos tota-lizaria um quinto (20,86%) da população, ou 120.308 pessoas.

De acordo com o mesmo or-ganismo, o projecto de construção das 19 mil habitações públicas, que deveria ter ficado concluído em 2012, entrou na “fase final”, apesar de não detalhar a percen-tagem de fracções concluídas até ao momento do universo total de 19.260 apartamentos.

Por outro lado, o chefe do executivo, Fernando Chui Sai On, afirmou, em Novembro de 2010, na Assembleia Le-gislativa (AL) que 72% da população de Macau possuía casa própria. - Lusa