Hoje Macau 14 JAN 2014 #3010

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10 TERÇA-FEIRA 14 DE JANEIRO DE 2014 ANO XIII Nº 3010 PUB Cristiano Ronaldo sagrou-se o melhor jogador do mundo em 2013. Apesar da forte concorrência de Messi e Ribéry. O português regressou ao topo do mundo do futebol. AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB hojemacau PUB Ter para ler PÁGINA 16 • EXPORTAÇÕES Subida do yuan afecta reputação da China PÁGINA 8 • FILIPE CUNHA SANTOS “POLÍTICA DE IMPORTAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA TEM DE SER EXPANDIDA” ENTREVISTA PÁGINAS 2 E 3 • ZONA NORTE DA TAIPA Novo Macau acusa Governo de conluio PÁGINA 4 O MUNDO A SEUS PÉS

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Edição do jornal Hoje Macau N.º3010 de 14 de Janeiro de 2014

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10 T E R Ç A - F E I R A 1 4 D E J A N E I R O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 0 1 0

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Cristiano Ronaldo sagrou-se o melhor jogador do mundo em 2013. Apesar da forte concorrência de Messi e Ribéry. O português regressou ao topo do mundo do futebol.

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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hojemacau

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Ter para ler

PÁGINA 16

• EXPORTAÇÕES

Subida do yuan afecta reputaçãoda China

PÁGINA 8

• F IL IPE CUNHA SANTOS

“POLÍTICADE IMPORTAÇÃODE MÃO-DE-OBRATEM DE SER EXPANDIDA”

ENTREVISTAPÁGINAS 2 E 3

• ZONA NORTE DA TAIPA

Novo Macau acusa Governode conluio

PÁGINA 4

O MUNDOA SEUS PÉS

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2 hoje macau terça-feira 14.1.2014ENTREVISTA

Restringir a importação de mão-de-obra é dar um tiro no pé, alerta Filipe Cunha Santos. O presidente da delegação de Macau da Câmara de Comércio Luso-Chinesa diz que as empresas portuguesas estão a perder oportunidades de investimento no território. Também no caso das europeias, diz, falta mais agressividade no investimento e Macau tem de parar de subestimar a sua qualidade. Seja como for, como um dos fundadores da Câmara Europeia de Macau, Filipe Cunha Santos não tem dúvidas: se o Governo tivesse mais empenhado nas áreas de saúde e ambiental, as empresas europeias teriam uma palavra a dizer

FILIPE CUNHA SANTOS, PRESIDENTE DA DELEGAÇÃO DE MACAU DA CÂMARA DE COMÉRCIO LUSO-CHINESA E UM DOS FUNDADORES DA CÂMARA EUROPEIA DE MACAU

“A política de importação de mão-de-obra tem que ser expandida”JOANA [email protected]

Comecemos pela Câmara de Comércio Luso-Chinesa: 35 anos depois, o seu papel continua a ser relevante?Sim. A Câmara de Comércio Luso--Chinesa tem basicamente duas entidades, uma em Lisboa e a de-legação de Macau. Em Lisboa, tem tido um papel mais de intermediá-rio entre as empresas portuguesas e o mercado chinês, porque, obvia-mente, nas empresas portuguesas há um desconhecimento bastante grande do mercado chinês, das maneiras e comportamento em termos de negócios e negociações e de toda a parte administrativa e legal da China. Portanto, além da divulgação de alguns eventos, como tem feito, a Câmara tem sido mais uma consultora neste aspecto. A delegação de Macau tem cerca de 35 sócios e, obviamente, não esta necessidade de fazer conhecer aos seus associados o mercado porque a maior parte deles estão aqui já há bastante tempo e conhecem as especificidades de negociar de forma particular com a RPC. Nós, aqui em Macau, temos feito mais um trabalho de ‘lobby’ das em-presas portuguesas radicadas em Macau, em relação ao Governo de Macau e à China. No fundo, temos cooperado bastante, por exemplo, com os nossos cônsules – tanto o anterior, como o actual, Vítor Sereno – e temos feito uma acção mais de defender os interesses portugueses aqui. Em contratos, projectos que são para o Governo... são dois papéis diferentes.

Essa abertura de Macau às em-presas portuguesas continua, ou o mercado está a ficar demasiado cheio para as empresas lusas?Não há dúvida que, em alguns sectores, como o das engenharias, projectos e construção civil tem havido algumas dificuldades. As nossas empresas portuguesas di-zem que tem havido mais dificul-dades, em certas áreas que são um pouco sensíveis. Por exemplo, de recrutamento de engenheiros por-tugueses – que devia ser bastante facilitado. No fundo, são pessoas que trabalham para as obras e para as infra-estruturas de Macau, mas tem havido dificuldades em aceitar e no ingresso de técnicos portugue-ses para virem trabalhar nas obras, pela parte das Obras Públicas e do Gabinete de Infra-estruturas. Ao nível de identificação, residência e qualificações. Há vários sectores dentro desses que se queixam de

coisas mais específicas, como contratos que são menos atribuídos a empresas portuguesas e mais a empresas fora de Macau. Isto é um pouco contraditório, porque as grandes empresas e as grandes concessionárias como os casinos, deviam proteger mais as empresas sediadas em Macau, do que as de Hong Kong ou noutros países. Portanto, também tem sido mais nesse sentido que o ‘lobby’ tem sido feito.

Há sempre preocupação das em-presas portuguesas em ligarem--se a empresas de Macau ou profissionais chineses?Sim. A maioria, nós costumamos dizer, já são empresas portuguesas com raízes em Macau e, a maior parte delas – excepto os bancos – normalmente têm, efectivamente, parceiros locais. E temos algumas empresas chinesas e macaenses, não só portuguesas.

Relativamente ao Fórum Macau. Muitas vezes ouve-se que Macau não fica a ganhar com estas li-gações entre os países de língua portuguesa, desempenhando apenas o papel de plataforma, de elo de ligação. Qual a sua perspectiva?O Fórum Macau teve um papel essencial no estabelecimento da língua portuguesa e dos negócios portugueses em Macau, sobretudo a seguir à transferência. Tem vindo, aos poucos, a consolidar mais um papel no sentido governamental, diplomático. Tem tentado, na parte dos negócios, alguma consistência, mas julgo que ainda terão de ser dados passos mais importantes. Por exemplo, o passo que a China deu agora, de pôr uma linha de crédito ao serviço dos países afri-canos e de Timor, etc., é um bom passo, é um passo mais efectivo, em que, penso, o Fórum deverá ser melhorado. Apesar de ter sido uma plataforma bastante útil em termos diplomáticos e políticos, em termos dos negócios poderá ter mais criatividade, ainda há [espaço] para aumentar. Mas, tem tido um papel bastante importante e acho que Macau fica, sem dúvida, a ganhar.

Depois, no ano passado, surge a Câmara de Comércio Europeia de Macau. Porquê?Foi realizada o ano passado, mas há muitos anos que andamos nes-tas conversações. Devo dizer que fui dos primeiros, porque a Câ-mara Luso-Chinesa é a única que está integrada em Hong Kong,

onde grande parte dos países europeus já estão sediados com Câmaras e onde já há uma Eu-ropean Chamber of Commerce. Esta, efectivamente, só teve um papel mais importante na união de todas as câmaras – portanto, Câmara das câmaras europeias – quando foi dado um projecto pela UE chamado EUBIP [European Union Business Information Programme]. Felizmente, tinha algumas coisas boas, já que financiava bastantes eventos, mas infelizmente não tinha a parte de ‘lobby’. Mas, o papel foi muito importante, porque uniu as câmaras de Hong Kong. Nós – Câmara Luso-Chinesa - fomos os únicos que aderimos à Câmara Europeia de Hong Kong e tivemos envolvidos no projecto, que foi bastante bem conseguido. Portanto, começou a surgir aqui em Macau a ideia de unir as câmaras [europeias] de Macau, porque algumas delas não se integravam bem em Hong Kong. Por exemplo, a British Association já tinha uma con-génere em Hong Kong, outras também e seria mais lógico só fazer um ‘lobby’ específico para Macau. Nesse sentido, criámos esta Câmara das câmaras, mais aberta do que a de Hong Kong, que é limitada a câmaras só de países europeus e a nossa é mais aberta, por exemplo, a empresas que não fazem parte destes seis países [que têm câmaras em Macau]. Nós aqui, não temos a câmara italiana, nem a espanhola, por exemplo, e permitimos que não só as câmaras podem aderir, como empresas de outros países. Eventualmente, até câmaras que não estejam sequer em Hong Kong, como a Eslovénia.

Essa junção das câmaras pretende ter mais im-pacto na política de Macau?Em relação à

política da UE, tivemos aqui em Macau uma concorrência bastante forte dos americanos e, tendo eles as concessões dos casinos, como é sabido, as empresas de um país arrastam sempre empresas do seu próprio país para fazer construções. Já têm contactos bastantes antigos com outras empresas também americanas, para fornecimento de serviços de segurança, telecomuni-cações, ou outro tipo de serviços. Ou seja, trazem na mesma o que já têm nos EUA para cá. O que se nota é que os casinos americanos arrastam empresas americanas e as empresas da UE ficam, não digo a perder, mas sem tanto mercado aqui – não têm nenhuma grande infra-estrutura, não ganharam se-quer o metro através das empresas alemãs que concorreram. Não há um grande ‘lobby’ de empresas europeias, porque historicamente não há grandes empresas até aqui. No fundo, há a necessidade de al-gum ‘lobby’ de estabelecimento e há áreas onde isso pode ser feito, como o ambiente. A MIECF, por exemplo, é uma feira que tem mais empresas europeias e bastante avançadas nessa área de ambiente e infra-estruturas sanitárias. Portan-to, é essa a ideia de que a Câmara faça a convergência e também, no fundo, ponha aqui em Macau uma

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Há várias opções de diversificação, mas, efectivamente, ainda nenhuma foi assiduamente trabalhada e impulsionada

FILIPE CUNHA SANTOS, PRESIDENTE DA DELEGAÇÃO DE MACAU DA CÂMARA DE COMÉRCIO LUSO-CHINESA E UM DOS FUNDADORES DA CÂMARA EUROPEIA DE MACAU

“A política de importação de mão-de-obra tem que ser expandida”série de serviços e de feiras onde as empresas europeias possam fazer a sua apresentação e os seus negócios cá.

As apostas nos mercados variam das empresas portuguesas para as restantes europeias e chinesas ou o investimento é canalizado para os mesmos sectores?Os americanos aqui estão com os casinos, que já é um sector enor-me e pesadíssimo na economia de Macau. As empresas giram também um pouco à volta destas concessionárias americanas e os europeus andam noutros sectores mais tradicionais: os franceses e italianos, por exemplo, têm as marcas de moda, todo o retalho é praticamente europeu, depois os alemães com o seu equipamento, maquinaria, carros... as portugue-sas, sabemos, tradicionalmente é comidas, vinhos, alguma impor-tação. Devido um pouco à crise, Portugal não tem investido aqui bastante. Temos algumas empresas na Câmara Luso-Chinesa, com raiz portuguesa mas já há muito tempo aqui sediadas, temos os bancos... Não tem havido grande ingresso de empresas portuguesas no mercado, podemos dizer que os advogados são um bom exemplo, mas estamos a falar de empresas que façam aqui negócios em termos de infra-estruturas e obras. Temos algumas, na parte de engenharia, mas não tanto como os franceses ou italianos.

As empresas portuguesas estão a perder oportu-nidades de investir em Macau?Estão, mas infelizmente a nossa dimensão também é pequena. Temos os es-panhóis – com as Zaras e aquelas marcas -, os

franceses e italianos também e os portu-gueses, infelizmente, não temos essas mar-cas lá em Portugal para poder competir com outras marcas.

Enfim, a única coisa que podemos pôr aqui, para já, é vinhos e comida. E isso tem acontecido.

Há pouco falou do EUBIP. O que é exactamente e qual a sua importância?O primeiro programa que foi ad-judicado a este consórcio da Hong Kong Chamber of Commerce com o IPIM e o Instituto Europeu de Macau era um programa de infor-mação. Infelizmente, não tinha a parte de ‘lobby’, era apenas um programa onde se dá subsídios de participação em feiras, para trazer cá oradores que pudessem falar de todos os assuntos da UE, nomeadamente as contrafacções e direitos intelectuais e de proprie-dade, como se faz a importação de medicamentes... é mais um progra-ma de importação–exportação das regras europeias e não tanto como outras entidades fazem, de ir inter-vir quando uma empresa quisesse fazer negócios. Esse programa não servia para isso.

Em conversa aos média, na altura da abertura da nova Câ-mara Europeia em Macau disse também que esta surgia para se esperar mais apoio do Governo. Que apoio é necessário?Nas empresas europeias, apesar de estarem aqui tradicionalmente em algum comércio, como o de retalho, ainda falta a parte de infra-estruturas, nomeadamente na área da saúde e do ambiente.

As empresas europeias são muito fortes nessa área, mas, de qualquer maneira, têm vindo a ser subesti-madas pelo Governo de Macau, que tem outras prioridades, sobretudo. Se não houve uma divulgação, se não houver pressão, os governos – não só o de Macau, mas de outros países – dirigem-se para outras fontes de distribuição.

Que dificuldades as empresas europeias enfrentam em Macau? Na importação de mão-de-obra tem havido alguma dificuldade, ainda que não seja só um problema

europeu. Mas, foi como referi, as empresas de engenharia, portugue-sas, por exemplo, poderiam ter mais facilidades no recrutamento e hoje em dia poderão ter menos. Tínhamos uma linha mais directa de arranjar os BlueCard ou mesmo os Bilhetes de Identidade. Mas, focando outro aspecto nas dificuldades e além da mão-de-obra, que é geral, tem havido pouca apreensão das oportu-nidades que as empresas europeias possam aqui ter. Obviamente que, num mercado tão grande como a China, as empresas europeias estão mais focadas em Hong Kong e no mercado da China, do que aqui de Macau, o que é pena. Como sabemos, a qualidade dos produtos e serviços europeus está a par das dos americanos e de outros países.

O que falta para que se perceba isso?Falta de ambas as partes. Da UE, falta uma política de divulgação mais agressiva. Nós, nas Câmaras Europeias de Hong Kong e de Ma-cau, ficámos bastante tristes – para não dizer chocados – pelo projecto EUBIP ter sido recusado pela UE. Éramos os únicos candidatos – a Câmara Europeia de Macau estava atrás com o Instituto de Estudos Eu-ropeus e, inexplicavelmente, a UE acabou por não dar os fundos subs-tanciais para mais um programa de dois/três anos. Não se percebe e ficámos todos bastante desiludi-dos com essa falta de aprovação. Da parte da UE, falta um pouco

mais de agressividade, da parte do Governo de Macau, se calhar, falta um pouco mais de conhecimento da realidade europeia, também pelo enquadramento geopolítico que assim tem sido feito. Claro que o Governo de Macau tem que pensar que já temos aqui muitos interesses americanos e que podia ser uma boa oportunidade termos europeus para contrabalançar um pouco. Julgo que deverá vir a ser feito, no médio-longo prazo.

Falou nos problemas dos recur-sos humanos para as empresas.

Não se pode manter os rácios, sendo difícil recrutar mão-de-obra qualificada aqui em Macau, que passa toda para os grandes investimentos. Esse é um grande problema e defendemos que seja muito mais liberalizada essa importação de mão-de-obra. Outro caso que acho ridículo é o dos estudantes que vêm de outros países. Vêm para cá, ficam quatro anos cá, conhecem a realidade, são educados e treinados pelas instituições de Macau... porque é que não poderão ficar aqui a trabalhar? São óptimos para ficar cá, que já conhecem a realidade. São a melhor mão-de-obra que se podia ter

Concorda com o que tem sido dito pelos deputados na AL, que pedem uma política mais restrita na importação de mão-de-obra?Os problemas levantados pelos deputados são um pouco diferen-tes da realidade económica. Nós, Câmara, temos vindo sempre a defender que a política de impor-tação de mão-de-obra tem que ser expandida. Obviamente, isto salta à vista de todas as empresas, de que precisámos de mais mão--de-obra, principalmente porque vai haver uma grande expansão de negócios. Nós próprios, no grupo de empresas [inMedia Asia] temos dificuldade de importar. Às vezes, são rácios de 30 locais para uma quota de importação de um vendedor da China, por exemplo. Porquê tanta restrição? No fundo, não se percebe. Sobretudo com os novos empreendimentos vai ser dificílimo. E o problema que eu tenho acompanhado mais de perto é o das pequenas e médias empresas, que sofrem imenso com esta falta de mão-de-obra, porque os casinos têm poder para recrutar – por causa dos salários mais altos – e as pequenas e médias empresas começam a sofrer baixas e, depois, não têm meios para recrutar, porque o Governo não deixa recrutar pessoas, o que é um contra-senso. Não se pode manter os rácios, sendo difícil recrutar mão-de-obra qualificada aqui em Macau, que passa toda para os grandes investimentos. Esse é um grande problema e defendemos que seja muito mais liberalizada essa importação de mão-de-obra. Outro caso que acho ridículo é o dos estudantes que vêm de outros países. Vêm para cá, ficam quatro anos cá, conhecem a realidade, são educados e treinados pelas instituições de Macau... porque

é que não poderão ficar aqui a trabalhar? São óptimos para ficar cá, que já conhecem a realidade. São a melhor mão-de-obra que se podia ter e, sinceramente, não percebo... ainda por cima não são assim tantos. Mas tudo isso são aspectos que nós, aqui na Câmara, defendemos: tem de haver maior flexibilidade na mão-de-obra. Res-tringir é quase dar um tiro no pé.

Onde está o futuro investimento em Macau?Nas acções dos casinos (risos). Em termos de investimento, se o

Governo tivesse mais empenhado nas áreas de saúde e ambiental podíamos ter uma cidade espec-tacular, com carros eléctricos, um sistema de saúde, não digo ao que se faz na Tailândia ou em Singapu-ra, mas parecido... Se o Governo quisesse investir, nessas áreas as empresas europeias teriam uma palavra a dizer.

Esta Câmara Europeia poderá ajudar na expansão das em-presas europeias para a Ilha da Montanha ou ainda é cedo para falar disto?Quanto a mim, a Ilha da Monta-nha terá duas facetas: o estabe-lecimento de empresas chinesas para operarem em Macau e a expansão das áreas de lazer de Macau para lá. Em termos de em-presas europeias estabelecerem um negócio ou escritório, ainda não sei se faz sentido, porque a legislação laboral até será a da RPC e não de Macau, tão liberal em termos de transacções finan-ceiras, por exemplo. Há empresas europeias que poderão investir mais na área da hotelaria, zonas de lazer, isso sim, mas especi-ficamente transladarem os seus negócios de Macau ou Hong Kong para a Ilha da Montanha, tenho as minhas dúvidas neste momento.

Diversificação económica é ago-ra o tema-chave de Macau. É necessária e já o era há muito tempo. Há factores que o impe-dem, nomeadamente, a falta de espaço, a parte laboral que tem sido muito restritiva da expansão e da diversificação e, quanto a mim, a parte ambiental. Poderí-amos ter empresas, tanto nesta, como na área digital, se o Gover-no desse muito mais condições. Outra área, seria a educação na área do turismo. Temos o IFT, mas é pequeno, se eles aumen-tassem para a dimensão que tem a UMAC na Ilha da Montanha ou até se dessem as instalações da UMAC na Taipa ao IFT, podería-mos ter uma formação de quadros que serviam não só os casinos agora em desenvolvimento, como também um centro de edu-cação ao nível asiático. Há várias opções de diversificação, mas, efectivamente, ainda nenhuma foi assiduamente trabalhada e impulsionada.

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4 hoje macau terça-feira 14.1.2014POLÍTICA

Em 2012, o Governo disse a Paul Chan Wai Chi que dois terrenos no norte da Taipa eram de proprietários privados, mas os lotes não têm qualquer registo de propriedade na conservatória, de acordo com a Novo Macau. Mas, enquanto a associação sugere isto como um possível caso de corrupção e diz que os terrenos para desenvolver com o novo plano de ordenamento da Taipa já têm donos destinados, o Governo desmente, dizendo que estão registados

ZONA NORTE DA TAIPA NOVO MACAU ACUSA EXECUTIVO DE TER DESTINATÁRIOS PARA TERRENOS SEM DONO. GOVERNO DESMENTE

Terras prometidas?CECÍLIA L IN [email protected]

JOANA [email protected]

A Associação Novo Ma-cau (ANM) acusa o Governo de conluio com empresários, di-

zendo que dois dos terrenos da zona norte da Taipa não têm registos, mas foram dados como privados. O Governo desmentiu.

Os lotes em causa - TN10b e TN13 - já tinham despertado a aten-ção de Paul Chan Wai Chi, deputado à altura e membro da associação, em 2012. Nesse ano, “membros da ANM” viram um sinal a dizer ‘Terreno para desenvolvimento’ com a informação de contacto da compa-nhia de construção Ho Chun Kei. “[O terreno] era perto da ‘fronteira’ com os lotes TN10B e TN13, que não têm qualquer registo na Conservatória do Registo Predial”, informou ontem de manhã Jason Chao.

Entretanto, e já à noite, a DS-SOPT emitiu um comunicado onde assegura que o que veio ser dito por Jason Chao não corresponde à verdade. “De acordo com as in-formações constantes na DSSOPT, fornecidas pela Conservatória do Registo Predial, os aludidos terre-nos já estavam anteriormente re-gistados em regime de propriedade

perfeita. Após comparação com as informações constantes nos arqui-vos da DSSOPT, acredita-se que esta associação se esteja a referir os Lotes TN10b e TN13 do antigo Plano de Ordenamento Urbanístico da Zona Norte da Taipa. Os Lotes TN10b e TN13 faziam parte dos terrenos registados na CRP sob os n.ºs 10233 e 13856. Porém, na Revisão do Plano de Ordenamento Urbanístico da Zona Norte da Tai-

pa, que foi ultimamente divulgado, foi já eliminado a designação do Lote TN10b e foi reconfigurado o Lote TN13, que compreende uma parte do terreno registado na CRP sob o n.º 10233. Está claramente descrito na CRP que os terrenos registados sob os n.ºs 10233 e 13856 são terrenos em regime de propriedade perfeita.”

O problema surgiu quando Paul Chan Wai Chi questionou as Obras

Públicas sobre o caso e, assegura Chao, a DSSOPT afirmou que o ajustamento do plano do norte da Taipa ainda estava a decorrer, uma vez que envolvia terrenos de proprietários privados. A Novo Ma-cau diz que a DSSOPT deu como exemplo estes dois lotes de terras e que “apesar das autoridades terem afirmado que os dois lotes tinham proprietários privados, a falta de informação na Conservatória do

Registo Predial tornou o caso sus-peito.” Paul Chan Wai Chi voltou a atacar, questionando o Governo quando se tornaram privados os terrenos. Ficou sem resposta.

Ora, na semana passada, a Novo Macau voltou a pedir informações à conservatória e a Conservatória, as-segura Jason Chao, continua a manter que não há registo de donos desses terrenos. “Tecnicamente falando, os dois lotes ainda continuam sobre a gestão do Governo de Macau.”

A associação acusa, por isso, o Governo de mentir. “Isto sugere que, por mais que o Governo diga que a maioria das terras no norte da Taipa não tenham sido entre-gues a privados, parece que já há donos destinados para os terrenos.” Jason Chao, que ontem convocou uma conferência de imprensa para falar do caso, diz ser “altamente provável que o anúncio do novo plano de ordenamento na zona antes da entrada em vigor da Lei de Planeamento Urbanístico estar em vigor é um caso de conluio entre Governo e os promotores imobiliá-rios e outro exemplo da união entre as autoridades e os magnatas”. O Governo diz não haver qualquer irregularidade no caso.

PARA DESENVOLVER, DIZ EMPRESAMas, as acusações da Novo Macau não se ficam por aqui. Jason Chao

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5 políticahoje macau terça-feira 14.1.2014

AFINAL JÁNÃO HÁ PAOO Governo assegura que não há qualquer irregularidade na revisão do Plano de Ordenamento Urbanístico da Zona Norte da Taipa e volta atrás, dizendo que não foram emitidas Plantas de Alinhamento Oficial (PAO) válidas, nem foram aprovados projectos de construção nos terrenos que se encontram dentro da área de intervenção do aludido plano. O esclarecimento surge depois de ter sido dito aos jornalistas portugueses por Lau Si Io, à margem de um plenário da AL, que o plano teria de entrar em vigor antes da Lei do Planeamento Urbanístico por terem de se respeitar plantas de alinhamento já emitidas. Ora, o Governo esclarece, agora, que, afinal, não há qualquer PAO. “As PAOs serão elaboradas conforme as condicionantes urbanísticas definidas no aludido plano urbano e as directivas do estudo realizado. E após a entrada em vigor da Lei do Planeamento Urbanístico, o aproveitamento dos terrenos existentes dentro da área de intervenção do aludido plano terão que ser submetidos para parecer do Conselho do Planeamento Urbanístico.” Na zona Norte da Taipa está prevista a construção de habitações públicas, instalações de ensino, zonas verdes e equipamentos comunitários.

Ho Ion Sang quer serviçosde saúde a funcionarem à noite

O deputado Ho Ion Sang quer que Macau ofereça serviços clínicos à noite, devido ao funcionamento da cidade 24 horas. Apesar de dois centros de saúde no Fai Chi Kei e Areia Preta estenderem os serviços até às dez da noite e, desde Janeiro de 2013, também haver instalações de médicos sem fins lucrativos

a oferecer serviços, os centros de saúde do Governo são ainda a primeira escolha dos residentes, diz o deputado. “O ano novo chinês vai chegar, os serviços dos dois hospitais vão fechar, apenas o serviço de urgência e o serviço de internamento funcionam 24 horas. Aí, as esperas para as consultas vão ser ainda mais longas.” O deputado questionou se o Governo vai incentivar mais clínicas privadas a oferecer serviços à noite e se vai expandir o tempo de trabalho nos centros de saúde.

Governo com notas positivas mas baixas para a população Banco Luso Internacional abre representaçãona Ilha da Montanha

assegura que a associação foi in-formada de que “três associações tradicionais” receberam dinheiro – aproximadamente 400 milhões de patacas – da Ho Chun Kei, “em troca da sua ajuda para a transfe-rência de propriedade e mudança de finalidade do terreno de agrícola para residencial, em 2008”.

A Companhia de Construção e Investimento Ho Chun Kei é detida por Ho Weng Pio, que é também vice-presidente da Associação de Beneficência do Kiang Wu. Esta foi a empresa que construiu, por exemplo, o Sin Fong Garden – o edifício que teve de ser evacuado por estar a ruir.

Em declarações ao HM, uma funcionária da empresa, senhora Choi, disse não perceber muito bem a que terrenos se refere a asso-ciação, mas admite que a empresa detém lotes no local. “Temos terras nesta zona, atrás do edifício Chun Leong, onde também construímos o edifício. Se tiver algum cartaz da nossa empresa, então signi-fica que a terra é nossa e vamos desenvolvê-la.”

A Novo Macau pede, agora, que o Governo explique o caso e promete continuar a “tentar juntar mais informação” para revelar eventuais donos de outros lotes.

Recorde-se que a apresentação do novo plano de ordenamento da zona norte da Taipa foi feita recentemente. O Governo diz ser necessário para que haja mais habitação e infra-estruturas no local, mas admitiu que apresentou o plano sem ter negociado primeiro com os proprietários de alguns dos terrenos privados do local.

Chan Meng Kam confuso comsuspensão de obrasde habitação públicaO deputado Chan Meng Kam pede ao Governo um esclarecimento sobre a suspensão das obras de construção da habitação pública na Rua Central de Toi San. O projecto foi decidido em Julho de 2011 através de concurso público, sendo que a despesa total das obras de construção estava estimada em 460 milhões de patacas. Contudo, segundo o progresso do projecto, as obras deveriam estar terminadas no ano passado, mas até agora, as obras ainda estão a começar. “Além dos candidatos não conseguirem viver numa casa social, o Governo também precisa de continuar a pagar subsídios. Se o Governo teve alguma dificuldade com as obras, tem que explicar bem ao público em vez de suspender as obras.”

A Associação de Sondagens de Macau (ASM) lançou

ontem o resultado de um in-quérito sobre a confiança da população, que mostra que, na segunda metade do ano passa-do, as avaliações ao Governo e ao Chefe do Executivo estive-ram num nível positivo, ainda que baixo. Comparando com as notas da primeira metade do ano, o segundo semestre do ano

caiu significativamente. Entre os mil residentes entrevistados, a nota dada ao Governo fica--se entre 57 e 58,9 pontos e ao Chefe do Executivo entre 56,7 e 59,7 pontos. Contudo, os pontos ambos aumentaram em Novembro, altura em que Chui Sai On apresentou as novas Linhas de Acção Governativa (LAG) para este ano.

As avaliações aos cinco

secretários também tiveram um aumento em Novembro. Entre os cincos secretários, Cheong U - para os Assuntos Sociais e Cultura - tem a nota mais alta - 62 pontos. Já Florinda Chan, secretária para a Administração e Justiça, continua em último: em Novembro – quando todos aumentaram - ganhou apenas 46,4 pontos e, em Julho, ficou-se pelos 40,1 pontos. – C.L.

O Banco Luso Internacional vai poder ter uma representação na Ilha da

Montanha. De acordo com um despacho ontem publicado em Boletim Oficial, Francis Tam deu a autorização que a instituição necessitava. “É autorizado o Banco Luso Internacional S.A. a esta-belecer um escritório de representação na Ilha de Hengqin, em Zhuhai”, pode ler-se no BO.

O banco poderá apenas “zelar pelos interesses das instituições de crédito que representam e informar sobre a realização de operações em que estas se proponham participar”, mas está impedido de reali-zar directamente operações ou prestar serviços que se integrem no âmbito da actividade das instituições de crédito, adquirir acções ou partes de capital de quaisquer empresas, participar na emissão de acções ou obrigações de quaisquer empresas e adquirir imóveis que não sejam indispensáveis à sua instalação e funcionamento. - J.F.

Eduardo Catroga está em Pequim e vem a Macau falar com a CEM

O antigo ministro das Finanças português, Eduardo Catroga afirmou que o investimento chinês em

Portugal “é um vector muito importante para a diversi-ficação das relações económicas e financeiras do país”. “Portugal precisa de investimento directo estrangeiro e precisa de diversificar as suas relações económicas, comerciais e financeiras para além das que tem com a União Europeia e com os seus parceiros tradicionais”, disse Eduardo Catroga à agência Lusa em Pequim. “A China aparece como um vector muito importante para a diversificação dessas relações”, acrescentou.

Eduardo Catroga, que iniciou no sábado uma visita de uma semana à China, é presidente do Con-selho Geral e de Supervisão da EDP (Energias de Portugal), em que a empresa chinesa China Three Gorges é hoje o maior accionista.

Há cerca de dois anos, a China Three Gorges (CTG) pagou 2.700 milhões de euros por uma parti-cipação de 21,35% do capital da eléctrica portuguesa, vencendo um concurso internacional em que concor-reram também uma empresa alemã e duas brasileiras.

Desde então, mais duas outras empresas chi-nesas (a China State Grid e a Beijing Enterprises

Water Group) investiram em Portugal e na semana passada, o governo português aceitou a oferta do consórcio chinês Fosun para a compra de 80% da Caixa Seguros por cerca de 1.000 milhões de euros.

Alguns comentadores portugueses têm critica-do o crescente investimento chinês em Portugal, considerando-o “excessivo”, mas segundo Eduardo Catroga, “essas vozes não têm qualquer sentido”. “No ‘ranking’ do investimento chinês na Europa, Portugal nem aparece entre os dez primeiros. Com-parando com França, Inglaterra ou outros países, a nossa quota de mercado ainda é pequena”, afirmou.

Eduardo Catroga defende que “a China tem de ser um parceiro privilegiado de Portugal pelo seu potencial de investimento e de colocação de produtos portugueses”.

Além de Pequim, Eduardo Catroga visitará duas barragens da CTG na província de Sichuan, sudo-este da China, e a seguir irá a Xangai, e a Macau.

A agenda inclui encontros com responsáveis do grupo Fosun, um dos mais lucrativos consórcios privados chineses, sedeado em Xangai, e da Com-panhia Eléctrica de Macau (CEM). - Lusa

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6 hoje macau terça-feira 14.1.2014SOCIEDADE

O reitor da Uni-versidade de Coimbra (UC), João Gabriel

Silva, chegou a Macau para o lançamento da Associação dos Antigos Alunos da UC em Macau que espera seja catalisador de mais alunos da China para Coimbra. “Nós estamos no mundo cada vez mais global e uma das carac-terísticas da Universidade de Coimbra é que tem antigos estudantes em praticamente todos os lados do mundo” e, com “um acréscimo do in-teresse pela língua e cultura portuguesas” e das “relações económicas com os países de língua portuguesa”, a prioridade da instituição é dar mais atenção à China e ao Oriente, disse João Ga-briel Silva à agência Lusa em Macau.

Para João Gabriel Sil-va, o objectivo principal é “incrementar o número de estudantes chineses que vão a Coimbra e o número de portugueses que virão à Chi-na, projectos de investigação e de intercâmbio diversos e a melhor ajuda que pode ter nesse seu objectivo é a dos seus antigos estudantes que conhecem bem a Univer-sidade, que são daqui (de Macau), conhecem bem o local e nessa conjugação de interesses esperamos que haja um acréscimo muito grande dessa ligação com esta parte do mundo”.

O facto de nem todos os dirigentes ou associados

O Instituto dos Engenheiros Electrotécnicos e Electró-nicos (IEEE) realiza esta

quarta-feira um seminário sobre energia solar para comemorar dez anos de existência. Em declarações à Rádio Macau, o presidente do organismo, Thomas Cheang, argu-menta que o território tem “mais de 100 dias” de sol por ano. Por isso, há “potencial”. “Tentamos procu-rar energias sustentáveis e limpas. Não há muitas possibilidades, mas, no caso da energia solar, pensamos que há potencial”, refere.

Thomas Cheang lembra que o Governo está a fazer algum trabalho, com a instalação de painéis solares em alguns edifícios. Contudo, o responsável admite que há ainda um “longo caminho” a percorrer. Entre as diversas sugestões, aponta que as ope-radoras de casinos “poderiam instalar protótipos de painéis solares”. “Isso faz com que transmitem uma boa imagem. Se olharmos para as grandes empresas de todo o mundo, vemos que já instalaram [essa tecnologia]. Claro, fizeram investimentos. Mas isso tem um reverso positivo”, indica.

Cheang não conhece quantas são as empresas que já usam a tecnologia amiga do ambiente, mas espera que o seminário de amanhã possa trazer novos dados. Quando se fala em recursos humanos, o presidente do IEEE afirma não haver qualquer tipo de carência, uma vez que existem estudantes locais apostaram forte nesta área, estudando na Universidade de Macau (UMAC), mas também em estabelecimentos de ensino superior da China continental e de Taiwan.

EDUCAÇÃO REITOR DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA DE VISITA À RAEM

Associação para promover academia

ENERGIA SOLAR MACAU COM “POTENCIAL” PARA O SECTOR

Sustentável e bastante limpo

festam grande interesse em trabalhar com a UC”.

Em declarações à agên-cia Lusa, a professora Wei Dan, da Universidade de Macau e uma das pro-motoras da associação, explicou que a direcção da associação foi eleita, mas “só daqui a dois dias [hoje] poderá ser conhecida, dado que é ainda necessário obter algumas autorizações das autoridades chinesas para que as pessoas assumam os seus cargos”.

No entanto, explicou, há presidentes honorários que podem ser conhecidos como Rui Martins, vice--reitor da Universidade de Macau, Ho Chio Meng, Procurador do Ministério Público de Macau, Vasco Fong, Comissário Contra a Corrupção de Macau, e Lei Iong Iok, presidente do Ins-tituto Politécnico de Macau.

Da China continental, Wei Dan destaca Liu Hui, secretária-geral do Parti-do Comunista Chinês da Universidade de Relações Internacionais de Pequim, o reitor da Universidade de Ciências Políticas e de Direito de Pequim, Huang Jin, o reitor da Universidade de Estudos Estrangeiros de Cantão, Zhong Weihe, e o reitor da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim, Zhou Lie.

A Associação foi lan-çada ontem ao final da tarde na Universidade de Macau. - Lusa

serem antigos estudantes de Coimbra não é obstá-culo para a Universidade promover e apoiar a as-sociação já que, explicou João Gabriel Silva, o in-

teresse está “nas pessoas que querem trabalhar com a Universidade de Coimbra neste desenvolvimento” das relações. “Um dos ob-jectivos principais é levar

estudantes chineses para Coimbra, com certeza, mas também é trazer estudantes portugueses para a China, incrementar a ligação”, sublinhou ao salientar que,

apesar de existirem pessoas na associação que não são antigos alunos da Univer-sidade “são praticamente todos antigos estudantes de Coimbra, mas todos mani-

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7 sociedadehoje macau terça-feira 14.1.2014

A INDA não se sabem as causas do incên-dio que deflagrou ontem num edifício

de três andares localizado perto da Rua das Estalagens mas uma coisa é certa: a antiga farmácia de Sun Yat Sen não foi afectada pelo sinistro.

Quem o garantiu foi o presi-dente do Instituto Cultural (IC),

Ung Vai Meng. “A construção sita na Rua das Estalagens, número 80, é muito importante e não sofreu quaisquer danos”, referiu, fazendo alusão à antiga farmácia do fundador da Repú-blica da China.

Contudo, “por motivos de segurança” as obras de res-tauro da farmácia, com base em princípio de conservação

da sua autenticidade, assim como à instalação de equipa-mentos para deficientes e aos trabalhos arqueológicos, serão suspensas temporariamente até que for anunciado o resultado de investigação pelo Corpo de Bombeiros (CB). “As obras de restauro não recorreram ao uso de grandes máquinas e foram fiscalizadas pelos profissionais,

tendo ser ainda elaboradas as orientações de prevenção de incêndio e sendo tomadas medidas afins”, lembrou Ung Vai Meng.

De acordo com fonte do CB, citada pelo canal chinês da Rá-dio Macau, na altura do sinistro não estava ninguém no edifício. As autoridades estão a investigar as causas do incêndio.

O deputado Chan Chak Mo, direc-tor da “Future Bright Holdings” já não tem de se preocupar com o

seu negócio. A “sua” Casa Amarela, junto às Ruínas de São Paulo, terá um novo inquilino que ocupará todo o edifício: a conhecida empresa de venda de vestuário “Forever 21”.

O acordo, que serviu de espaço para albergar diversas iniciativas das Indústrias Culturais, inclusive o restaurante “Lvsi-tanvs” da Casa de Portugal, ficou selado por um período de cinco anos e por um valor de renda mensal de 2,4 milhões de dólares de Hong Kong.

Ao jornal Ou Mun, Chan Chak Mo lembrou que a renovação do arrendamento do edifício chegou a ser negociada com o Executivo mas que, essencialmente, o aumento generalizado das rendas invia-bilizou qualquer tipo de negócio.

Neto Valente é o novo presidente da União dos Advogados de Língua PortuguesaNa sequência da XXIV Assembleia Geral União dos Advogados de Língua Portuguesa (UALP), realizada em Lisboa, no passado dia 8, o Presidente da Associação de Advogados de Macau (AAM) Jorge Neto Valente, tomou posse como Presidente da UALP, sucedendo ao Bastonário António Marinho e Pinto, que ontem terminou o seu mandato e cessa funções como Bastonário da Ordem dos Advogados Portugueses. Recorde-se que os advogados de língua portuguesa constituem mais de um quarto de todos os advogados do mundo. Na mesma Assembleia Geral, foi deliberado realizar o 3.° Congresso dos Advogados de Língua Portuguesa, o qual terá lugar em Outubro próximo, no Rio de Janeiro, por ocasião da Conferência Nacional dos Advogados Brasileiros, em que se prevê a participação de 30.000 advogados. A Comissão Organizadora, presidida por Jorge Neto Valente, integra o Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Marcus Vinicius Furtado Coelho, a Bastonária da OA Cabo Verde, Leida Santos, o Bastonário da OA Guiné-Bissau, Waldemar Silva, a Bastonária da OA S. Tomé e Príncipe, o Bastonário da OA Angola, Hermenegildo Cachimbombo, o Bastonário da OA de Moçambique, Tomás Timbane, e a nova Bastonária da OA Portugueses, Elina Fraga.

Estudante suicidou-se depois de conflito familiarUma estudante de 17 anos suicidou-se, ontem, depois de um conflito familiar. A polícia recebeu a chamada por volta das sete da manhã. O corpo da estudante foi descoberto no 4.º andar do edifício Flower City, na Taipa. A Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) lançou um comunicado onde disse ter já contactado assistentes de aconselhamento e a escola, de forma a prestar auxílio. A DSEJ assegura que sempre dá atenção à saúde mental dos adolescentes, auxilia os estudantes a criar valores correctos e uma atitude positiva perante a vida, a fim de aumentar a capacidade para os estudantes aguentarem dificuldades, mas, ontem também, um estudo da Associação Nova Juventude Chinesa mostra que os alunos de Macau têm baixas capacidade em lutar contra as dificuldades. Ainda não são conhecidas as causas por que a adolescente terá saltado, sabendo-se apenas que está relacionado com conflitos familiares.

INCÊNDIO NÃO AFECTA ANTIGA FARMÁCIA DE SUN YAT SEN

Centro da cidade a arder

EMPRESA NORTE-AMERICANA PAGA BALÚRDIO POR ZONA DE LUXO

Casa Amarela recebe “Forever 21”

Chega assim a Macau, pela primeira vez, uma loja da marca “Forever 21”. A empresa, fundada em 1984, nos EUA, por emigrantes sul-coreanos, conta com mais de 500 lojas em 16 países e é uma das principais con-

correntes de marcas como a Zara e a H&M. Foi considerada pela Forbes, em 2012, uma das maiores empresas norte-americanas. O contrato de arrendamento começa a contar a partir do dia 1 de Março.

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8 hoje macau terça-feira 14.1.2014CHINA

As exportações da China em Dezembro subiram apenas 4,3% face ao mesmo mês de 2012, bem menos do que a subida de 12,7% de Novembro, segundo dados aduaneiros divulgados na sexta-feira. Mesmo tendo em conta as eventuais distorções no crescimento das exportações observadas há um ano atrás — que muitos economistas atribuem a influxos de capital registados erroneamente como comércio — o aquecimento das exportações na China, que o governo esperava que fosse acompanhar a melhoria da economia mundial, ainda não se concretizou

VALORIZAÇÃO DO YUAN ATINGE EXPORTADORES CHINESES

Fabricantes a fugirA reputação da China como fábrica do mundo está a ser prejudicada pela subida do yuan

em relação ao dólar, o que, para além de aumentar os salários, está a levar os fabricantes a procurar outros países da Ásia com menores custos de produção.

As exportações da China em Dezembro subiram apenas 4,3% face ao mesmo mês de 2012, bem menos do que a subida de 12,7% de Novembro, segundo dados adu-aneiros divulgados na sexta-feira. Mesmo tendo em conta as eventu-ais distorções no crescimento das exportações observadas há um ano atrás — que muitos economistas atribuem a influxos de capital registados erroneamente como comércio — o aquecimento das exportações na China, que o gover-no esperava que fosse acompanhar a melhoria da economia mundial, ainda não se concretizou.

Os Estados Unidos, que sem-pre argumentaram que o yuan era mantido artificialmente baixo para impulsionar as exportações chinesas, sustentam que a moeda ainda está desvalorizada. A China, por sua vez, afirma que o yuan está agora perto do ponto de equilíbrio, enquanto os economistas se divi-dem sobre a matéria .

De qualquer forma, o fortale-cimento do yuan está a prejudicar os exportadores chineses, espe-cialmente os fabricantes de bens manufacturados no segmento de baixos rendimentos.

Os dados da China revelam que o país exportou menos 15% de cal-culadoras electrónicas, menos 12% de guarda-chuvas e menos 21% de isqueiros nos primeiros 11 meses de 2013, resultado da saída de fabri-cantes de produtos de preço baixo que procuram países mais baratos.

O governo chinês quer que os seus exportadores subam na cadeia de valores e fabriquem mais produtos de alta tecnologia. As autoridades consideram esta mudança essencial para o suces-so da economia a longo prazo, juntamente com a diminuição da dependência dos investimentos em infra-estruturas em prol de um aumento no consumo interno.

Numa sondagem recente, a Administração Aduaneira da China constatou que a valorização do yuan aumentou significativamen-te os custos para dois terços dos exportadores. “Para lidar com o problema, só posso recomendar que os exportadores modernizem activamente os seus produtos e gerem itens de exportação de maior valor agregado”, diz Zheng Yuesheng, porta-voz da agência.

Mas os formuladores de polí-ticas do governo devem conduzir esta mudança de forma a manter o crescimento económico, que nos últimos anos caiu de níveis de dois dígitos para cerca de 7,6%, e impedir a subida do desemprego.

Muitos exportadores reclamam que estão a ter sérios problemas com o aumento dos salários e outros custos que subiram nos últimos anos. A valorização do yuan, também conhecido como renminbi, é outra dor de cabeça que torna os produtos chineses mais caros no exterior e reduz os lucros apurados em moeda local. “O aumento dos salários e o yuan são um tremendo problema para nós”, diz Uwe Hutzler, gerente de uma empresa chinesa que fornece couro para confecções. “Temos de pagar as nossas despesas e salários em renminbi, mas as nossas factu-ras são em dólares.”

As autoridades chinesas apon-tam que um yuan mais forte também significa importações mais baratas. Isto poderia ajudar a China a atingir o seu objectivo de impulsionar o consumo do-méstico à medida que os itens de consumo importados se tornam mais acessíveis. “A valorização do yuan vai certamente elevar os preços das expor-tações e prejudicar a nossa competitividade. Mas [...] também ajuda a reduzir os nossos custos de importação”, diz Zheng, porta-voz da alfândega.

NO EXPORTARÉ QUE ESTÁ O GANHOA China continua a ser uma potência de exportação de bens manufacturados, como máqui-nas e produtos electrónicos. A

fatia do país no comércio mundial permanece acima de 10%, apesar das pressões dos custos. Dados divulgados na sexta-feira mostra-ram que o total das importações e exportações chinesas superou as cerca de 30 biliões de patacas em 2013, o que fez a China ultrapas-sar os EUA como o país de maior volume de comércio do mundo.

As empresas estrangeiras afir-mam que precisam de investir na China por causa da grande escala da produção e das redes integradas de suprimento do país.

A Positec Group, uma empresa chinesa que fabrica ferramentas eléctricas das marcas Rockwell e Worx, ponderou mudar a sua fábrica para o Vietname, mas decidiu que ainda não era viável. “O problema está nos fornecedores de matérias-primas, que são muito importantes para nós”, diz Tom Duncan, director-presidente da empresa para os EUA. “Só podería-mos instalar lá as nossas operações para o segmento de baixo custo.”

Em vez disto, a empresa tentou cortar despesas, reduzindo a sua massa salarial. Ainda assim, muitas outras empresas estão a procurar bases de produção mais baratas. O investimento estrangeiro na manufactura chinesa caiu 5,7% nos primeiros 11 meses de 2013 comparado ao mesmo período do ano anterior. Por outro lado, o investimento estrangeiro directo do Vietname subiu mais de 80% no ano passado com a chegada de fabricantes que querem aproveitar os custos mais baixos.

Em termos reais — tendo em conta a inflação — o yuan subiu 18,5% em relação ao dólar entre Ju-nho de 2010 e Novembro de 2013, segundo os cálculos de Karim Foda, investigador da Brookings Institution, um centro de estudos americano. Comparado com algu-mas moedas asiáticas — como a rupia indonésia e a rupia indiana, que tiveram queda acentuada no ano passado — a subida foi ainda maior.

Chetan Ahya, economista do Morgan Stanley MS -0.79% em Hong Kong, diz, no entanto, que é muito cedo para os fabricantes tirarem substancialmente a sua produção da China com base em movimentos monetários, mas que isso se pode tornar um factor mais importante em 2014.

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9 chinahoje macau terça-feira 14.1.2014

REGIÃOU MA companhia de ener-gia da província chinesa de Sichuan, oeste da China, vai construir uma

réplica em tamanho real do transa-tlântico Titanic para atrair turistas para a região, revelou a empresa citada pela imprensa da região.

O grupo de investimento ener-gético Sete Estrelas de Sichuan, de capital privado, investirá cerca de1.200 milhões de patacas na construção do emblemático navio que ficará ancorado num rio da província para captar mais turistas.

A S prisões, investigações e julgamentos militares passaram ontem, na prática,

à história em Taiwan com a entra-da em vigor de uma emenda das Normas e Julgamentos Militares que os elimina em períodos de paz.

Todos os taiwaneses, sejam ou não militares, deverão ser inves-tigados e julgados por tribunais civis e quem for condenado deverá cumprir a pena em prisões comuns, determina a alteração legal.

Os 65 detidos da prisão militar de Tainaán, a única do género em Taiwan, foram transferidos para cadeias civis, seguindo as novas normas.

Já todos os militares que estão a ser investigados ou sob inves-tigação ou julgamento por Pro-

curadores ou Tribunais militares passaram a ser investigados pelos procuradores comuns e os julga-mentos foram transferidos para os tribunais civis, revelou o Ministério da Defesa da ilha.

Taiwan, que mantém uma disputa de soberania com a China desde 1949, declarou o fim uni-lateral do período de guerra civil entre o Partido Kuomintang e o Partido Comunista em 1991, mas manteve a jurisdição militar sobre os membros do seu exército.

Vários incidentes de erros ju-diciais e de abuso de poder militar na disciplina dos soldados levou a um amplo debate nacional sobre as normas de castigo impostas sobre os militares e sobre os julgamentos e investigações castrenses.

V ÁRIOS empresários, cujos nomes não foram revela-dos, fizeram já reservas para

viajarem no final de 2014 e princípio de 2015 nas naves espaciais Lynx Mark onde se irão converter nos pri-meiros turistas espaciais chineses, revelou ontem a imprensa estatal.

Os ‘turistas’ irão pagar cerca de 700.000 patacas por uma viagem de uma hora a mais de 60 quilómetros de altitude, o que permitirá experimentar a ausên-cia de gravidade, refere o diário oficial “China Daily”.

O S manifestantes anti-governamentais que há várias semanas protestam

nas ruas da capital tailandesa, blo-quearam ontem sete cruzamentos de estradas principais em Bangue-coque, em mais uma acção para derrubar o Governo.

Suthep Thaugsuban, antigo vice-primeiro-ministro e actual líder da revolta popular lidera os protestos que visam agora paralisar a capital tailandesa até que Yin-gluck Shinawatra e o seu Governo aceitem demitir-se e entregar o

TAIWAN JUSTIÇA MILITAR PASSA À HISTÓRIA

Poder entregueaos tribunais civis

TAILÂNDIA PROTESTOS BLOQUEAM ESTRADAS

Capital paralisadapoder a uma comissão nomeada para mais tarde serem realizadas eleições.

A contestação do Partido De-mocrata ao poder de Yingluck, acusada de corrupção e de ser uma marioneta nas mãos do irmão, o antigo chefe do Governo Thaksin Shinawatra deposto por um golpe militar em 2006, levou a chefe do Governo a fazer cair o parlamento e a convocar eleições, mas o forte apoio popular que dispõe deverá reconduzi-la no poder.

Nesse sentido e para evitar a continuação de Yingluck no Governo, o Partido Democrata através da contestação popular quer o poder entregue à comissão escolhida sem eleições para, mais tarde, se realizar um acto eleitoral.

A Tailândia vive uma crise po-lítica desde 2006 que já provocou dezenas de mortos e milhões em prejuízos num país que tem uma economia também muito depen-dente do turismo, prejudicado pelas manifestações populares.

CONSTRUÇÃO DE RÉPLICADO TITANIC EM PROVÍNCIA SEM MAR

Mais turismo para Sichuan

A empresa chinesa já con-tratou uma empresa norte--americana para que forneça os desenhos baseados no Olympic, barco gémeo do Titanic.

A réplica será construída pela empresa Wuchang, subsidiária do gigante de construção naval chi-nês China Industry Corporation.

A embarcação será construída em dois anos, mas não foi reve-lada ainda uma data para o início dos trabalhos.

O projecto integra o objectivo de converter a pequena região

rural de Daying, na província de Sichuan, num destino turístico de excelência, explicaram fontes da companhia.

Curtis Schnell, um desenha-dor de Holywood que trabalha no projecto já disse que a sua equipa irá basear-se nos projec-tos existentes do Olympic e em algum mobiliário que decorava o navio antes deste ser retirado de serviço, refere o diário de Hong Kong South China Morning Post.

O Olympic foi o primeiro dos três transatlânticos de “classe olímpica”, entrou ao serviço em 1910 e percorreu vários mares durante 24 anos até ao último porto em Southampton, no Reino Unido.

Além do Titanic, a empresa chinesa pretende construir um museu que explique aos visitantes a história do navio que chocou contra um iceberg a 14 de Abril de 1912, na sua viagem inaugural, e se afundou, provocando a morte a 1.490 pessoas, uma das maiores tragédias náuticas da história.

EMPRESÁRIOS RESERVAM PASSEIO ESPACIAL A 60KM DE ALTURA

700 mil patacas por uma horaA 27 de Fevereiro, uma agên-

cia de viagens da China, a Dexo Travel, lançou os périplos espa-ciais no país e desde então mais de uma centena de pessoas já ma-nifestou interesse no programa, explicou Zhang Yong, director da companhia, em declarações ao mesmo jornal.

As naves Lynx Mark são desenvolvidas pela companhia norte-americana XCOR Aerospace e as viagens privadas são geridas pela empresa holandesa SXC que assinou um acordo com a agência

chinesa para a promoção dos pas-seios na República Popular.

Se forem cumpridos os pla-nos a Lynx Mark I descola no final de 2014 e irá subir a uma altura de cerca de 60 quilóme-tros, enquanto a Lynx Mark II será lançada no início de 2015 prevendo-se que consiga subir até 100 quilómetros.

O primeiro turista espacial foi o norte-americano Dennis Tito, em 2001, e desde então apenas outras seis pessoas repetiram a experiência.

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GOODBYE, COLUMBUS E CINCO CONTOS • Philip RothO primeiro livro de Philip Roth foi premiado e granjeou-lhe imediatamente a reputação de escritor de ironia explosiva, capacidade de observação impiedosa e compaixão pelas suas personagens, mesmo pelas mais desprovidas de sentido da realidade. Goodbye, Columbus é a história de Neil Klugman e da bonita e ousada Brenda Patimkin, ele da pobre Newark, ela do bairro suburbano de Short Hills, que se conhecem numas férias de Verão e mergulham numa relação que diz tanto das classes sociais e da suspeita como do amor. A novela é acompanhada de cinco contos cujo registo vai da iconoclastia à ternura sem reservas.

PEQUENOS PRAZERES • Arthur de PinsArthur é um rapaz um pouco tímido, mas bem-disposto, desportista ocasional, fumador (também) ocasional, amigo do seu amigo, divertido, girinho, segundo as amigas, e completamente obcecado por mulheres. Mas tudo muda no dia em que conhece Clara, uma miúda respondona e muito dona do seu nariz apanhou-o pelo coração, e outros órgãos. Será que eles conseguem prescindir dos prazeres da vida de solteiros? Um comic irresistivelmente divertido e provocador sobre amor, sexo, relacionamentos, sexo, amizades… e sexo.

O artista chinês Hao Mai apre-s e n t a d e s d e quinta-feira e

até 26 do corrente mês um conjunto de pinturas iné-ditas, inspiradas na capital portuguesa, numa exposição no Museu do Oriente, em Lisboa.

O grupo rock por-tuguês Xutos & Pontapés festejou

ontem 35 anos de carreira, com a edição de um novo álbum, intitulado “Puro”.

Produzido por João Mar-tins, o novo álbum será apresentado a 7 de Março, no Meo Arena, em Lisboa, no arranque da digressão nacional da banda. “[‘Puro’] Somos nós próprios. É puro, não tivemos outras intenções senão louvar aquilo que so-mos. Quem ouvir o trabalho e quem conhecer os Xutos

Exposição de Arlinda Frota no Museu do Oriente a partir de FevereiroA artista Arlinda Frota tem a partir do próximo dia 21 de Fevereiro e até 18 de Maio, no Museu do Oriente, em Lisboa, uma exposição dos seus trabalhos, intitulada “Itinerários”. Arlinda Frota dedica-se à pintura em porcelana desde há perto de duas décadas, quando ainda exercia a sua outra profissão de médica interna. Foi exactamente em Macau - cidade que é ponte entre culturas - que a artista recebeu ensinamentos de uma mestra portuguesa e adquiriu o traço fino com que se deleita a criar harmonia, na superfície imaculada da porcelana, pode ler-se no site do Museu. Arlinda Frota pinta os seus objectos decorativos - peças variadas que vão da taça mais delicada à pequenina caixa para jóias - como se estivesse a pintar um quadro, isto é, com a mesma paixão do pintor diante da sua tela. Muitos foram os caminhos que a conduziram à perfeição das suas peças, de Macau à Coreia, da Indonésia a Lisboa ou a Luanda. São estes mundos diversos que se encontram numa síntese artística que prima, efectivamente, por uma extrema originalidade, lê-se no comunicado da instituição.

ARTISTA CHINÊS HAO MAI MOSTRA 18 PINTURAS INÉDITAS INSPIRADAS EM LISBOA

Influências de Vieira da Silva, Paul Cézanne e Paul Klee

XUTOS & PONTAPÉS EDITAM NOVO ÁLBUM

Puro rock, 35 anos depois

vai descobrir uma série de coisas - umas [são] referên-cia, outras, novidades, mas permitiram que este disco fosse mais além e novo para nós”, afirmou o vocalista, Tim, à agência Lusa.

O novo álbum surge cinco anos depois do registo “Xutos & Pontapés” e, nesse intervalo, a banda rock tocou pela primeira vez num está-dio e o guitarrista Zé Pedro, o baterista Kalú e o vocalista Tim editaram álbuns a solo.

Mais de metade do disco é, segundo o guitarrista Zé

Pedro, “muito reflexo de tudo o que se está a passar actualmente”, com letras acutilantes, a falar sobre a realidade, como “O mila-gre de Fátima” e “Ligações directas”.

O grupo não esquece os fãs, sublinhando que “são puros, contam de uma maneira especial”. “Os fãs são o que fazem uma banda. Se a gente não tivesse fãs não andava aqui a tocar há 35 anos e de um lado para o outro. São quem nos dá carinho, quem nos defen-deu em alturas más e quem esteve connosco em alturas difíceis. São puros, contam de uma maneira especial”, afirmaram Tim e Zé Pedro.

Os Xutos & Pontapés estrearam-se ao vivo a 13 de Janeiro de 1979, nos Alunos de Apolo, em Lisboa.

Apesar do aniversário, os músicos olham sobretudo para o futuro: “Hoje é que é bom e amanhã vai ser me-lhor. Isso é que é uma grande vantagem, estarmos há tanto tempo todos juntos a compor e a trabalhar, a tocar. E é sempre com esse espírito”, resumiu Zé Pedro.

Intitulada “Pinturas de Hao Mai”, a exposição reúne 18 pinturas a óleo sobre tela ou sobre cartão e é inspirada em elementos emblemáticos de Lisboa, como os sinos do Mosteiro dos Jerónimos ou as ondas do Tejo.

De acordo com o Museu do Oriente, é a primeira vez

que Hao Mai, artista nas-cido em Pequim, em 1958, apresenta uma exposição em Portugal.

Membro da Associação dos Artistas da China, Hao Mai é licenciado pelo Instituto de Belas Artes da Universida-de Pedagógica de Pequim e, segundo um texto do artista

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eventoshoje macau terça-feira 14.1.2014 11

O Taverna de Portugal, o pri-meiro restaurante português na capital da Coreia do Sul,

está aberto há seis semanas pela mão do chef Agostinho da Silva e da mulher Heerah Lee, natural da Coreia do Sul.

Instalado em Seul há três anos, o casal tinha, explicou Heerah Lee à agência Lusa, vontade de abrir um restaurante, uma ideia que começou a ser pensada há dois anos.

Localizado na zona de Hong-dae, famosa entre os mais jovens, o restaurante de 20 lugares serve francesinhas, cachorro à portuguesa e frango assado com piri-piri, com base em receitas caseiras. “As receitas são da minha madrinha e da minha avó”

U M fotógrafo português é o vencedor do prémio inter-nacional Hasselblad Master

2014. António Pedrosa ganhou na categoria “Editorial” com uma fotoreportagem sobre o bairro do Iraque, em Carrazeda de Ansiães, habitado por uma comunidade de etnia cigana.

A fotoreportagem de António Pedrosa conta a história de uma comunidade de etnia cigana, com cerca de 120 pessoas, que vive no topo de um monte que actualmente é uma lixeira de materiais de obras.

Após terem sido expulsos do acampamento no centro da vila de Carrazeda de Ansiães, as famílias vivem agora do negócio da sucata e da venda de animais. O Hasselblad Master 2014 é das competições de fotografia mais prestigiadas e mais disputadas de sempre e conta, anualmente, com cerca de 4 mil participantes.

Pela primeira vez, o concurso foi aberto não só a fotógrafos com câmaras de formato médio ou grande, mas também a profis-sionais com mais de três anos de

experiência o que torna o prémio ainda mais competitivo.

Na página oficial da Hassel-blad, uma marca sueca de máqui-nas fotográficas, o gerente Paul Waterworth revela que desta vez, “os padrões eram extremamente altos, os vencedores podem estar orgulhosos do seu trabalho”.

O júri deste ano foi composto por 24 dos nomes mais respeita-dos da indústria fotográfica. O público também teve direito a voto através da página oficial da Hasselblad.

N UMA noite cheia de surpresas, com prémios repartidos pelos principais filmes, os grandes

vencedores foram «12 Anos Escra-vo» e «Golpada Americana», com «Breaking Bad» e «Brooklyn Nine--Nine» a triunfarem nas categorias de televisão.

Já ninguém pensava ser possível, mas após perder em todas as categorias, incluindo Melhor Realizador, «12 Anos Escravo» acabou por ser o vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme. A 71ª edição da cerimónia de entrega dos Globos de Ouro, atribu-ídos pela Associação de Imprensa Estrangeira sediada em Hollywood, foi recheada de surpresas, com os pré-mios a dividirem-se pela maioria dos principais filmes na corrida.

ARTISTA CHINÊS HAO MAI MOSTRA 18 PINTURAS INÉDITAS INSPIRADAS EM LISBOA

Influências de Vieira da Silva, Paul Cézanne e Paul Klee

PRIMEIRO RESTAURANTE LUSO ABRE NA COREIA DO SUL

Aventura na culinária portuguesa

FOTÓGRAFO PORTUGUÊS VENCE PRÉMIO INTERNACIONAL

Ciganos no bairro do Iraque

«12 ANOS ESCRAVO» E «GOLPADA AMERICANA» TRIUNFAM NOS GLOBOS DE OURO

Prémios repartidos

disse o chef que costumava cozinhar pratos italianos e franceses antes de se aventurar na culinária portuguesa.

Com um menu ainda limitado, o casal quer ampliar a carta de escolhas

disponíveis e possibilitar

sabores como o arroz de marisco, tudo num processo que será feito à medida em que o negócio avança e se conseguem mais ingre-dientes de Portugal .

E se tudo correr bem, como es-peram, pensam procurar um espaço mais amplo.

Os resultados até agora são “bas-tante positivos”, garante Heerah Lee ao sublinhar que “95% dos clientes gostam da comida”.

A clientela do novo espaço de comida portuguesa é jovem com estrangeiros e coreanos sentados à mesa onde as mulheres “comem mais que os homens”, explica Agostinho da Silva.

Antes de chegarem a Seul, o casal trabalhou em hotéis em Londres e na Suíça, onde Agostinho da Silva começou sua carreira e conheceu a mulher, na época estudante de hotelaria.

Apesar das dificuldades para abrir o restaurante, o cozinheiro português gosta de Seul porque é uma cidade mais sossegada que Londres e Por-tugal não era uma opção devido à situação económica actual.

sobre esta exposição, a sua obra tem sido influenciada por artistas como Maria Helena Vieira da Silva, Paul Cézan-ne e Paul Klee, entre outros. “Os meus desenhos não são uma descrição directa dos objectos, considerados de ma-neira física e óptica”, aponta, acrescentando que empresta o seu próprio corpo à natureza, de acordo com o seu próprio prazer e as circunstâncias.

“Combino imagens no fundo da consciência com a experiência do corpo sobre o ambiente exterior e, assim, construo a aderência entre corpo e natureza. Os meus desenhos são uma apropria-ção à distância”, diz ainda sobre as obras.

A exposição “Pinturas de Hao Mai” vai estar patente no Museu do Oriente até 26 de Janeiro.

Se «12 Anos Escravo» só venceu um dos troféus principais, o mes-mo sucedeu com «Gravidade» que valeu a Alfonso Cuarón o Globo de Melhor Realizador, e «Her - Uma História de Amor», pelo qual Spike Jonze levou para casa o troféu de Melhor Argumento. Três categorias que, anualmente, costumam premiar um mesmo filme e cujos prémios este ano foram repartidos por três fitas diferentes. E se cada uma des-tas películas ganhou apenas esse galardão, já «Golpada Americana» surpreendeu ao vencer três Globos, não só como Filme na categoria de Comédia ou Musical, como também de Melhor Actriz, para Amy Adams, e Melhor Actriz Secundária, para Jennifer Lawrence.

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12 hoje macau terça-feira 14.1.2014

hARTE

S, L

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S E

IDEI

AS

“Car par le nom conuist an l’ome”,em Conte du Graal, de Chrétien de Troyes.

A chuva escorre pelas goteiras do palácio real, indiferente às emoções que possa cau-sar. Deste filme de 1963,

de intenção certamente comercial, sai uma enervante intensidade. Um mon-ge budista torna-se, após um longo período de meditação, eficaz em artes curativas. Esta faculdade entra em cho-que com uma luta pelo poder que aflige o palácio quando aquele se dispõe a ajudar a rainha a recuperar a sua saúde.

Logo de início, a primeira reacção do espectador (sempre sensato ao en-trar na sala de cinema) poderá ser algo condescendente, mas pouco depois esta transformar-se-á em admiração. O monge percorre os corredores do po-der com humildade mas com firmeza. O filme centra-se obsessivamente nele. A chuva cai intensamente e é impossí-vel não a admirar e não querer estar ali. A rainha doente parece, aos poucos, re-ganhar o ânimo. Quando pela primeira vez se afastam as cortinas que a envol-vem reparamos que é bela.

De entre a extensa filmografia de Teinosuke Kinugasa são famosos Ku-rutta Ippeji (Page of Madness), um fil-me mudo de 1926 passado em gran-de parte dentro de um manicómio, pleno de imagens futuristas e de-monstrativo da atenção que o autor japonês dispensava ao cinema avant--garde europeu da época, e, especial-mente, Jigokumon (Gate of Hell), de 1953, também este sobre um golpe

palaciano e uma inclinação amorosa pouco possível.

A trama, em Yoso, não é original. O povo vive na miséria enquanto os pri-vilegiados levam, aparentemente (não se vê), uma vida de excesso no palácio. A rainha é um ser puro e aparentemen-te inclinada ao bem estar das massas, o primeiro-ministro, que se lhe opõe, a imagem da ambição desmedida e da corrupção. Quantos outros filmes se fi-zeram assim, no Japão, na China, nos Estados Unidos. O western é muitas ve-zes isto, assim como o filme chinês de wuxia, uma narração da defesa dos des-tituídos perante a poluição da ambição e da injustiça por parte de um herói so-litário e mais ou menos giro ou brutal.

O monge é o portador da compai-xão e da salvação. Novos poderes má-gicos acrescentam-se aos que de início exibe na caverna que habitou durante 10 anos (o mais divertido aquele em que reduz de súbito um rato a um es-queleto), de um modo que não causa qualquer suspeita ou derrisão. No cine-ma ocidental apenas em alguns casos excepcionais isto acontece. No cinema asiático, assim como no cinema afri-cano, sabe-se que as fronteiras entre o visível e o oculto são muito mais ténues e é com inteira confiança nesta suave faculdade de transporte do espectador asiático que Yoso opera.

Yoso consegue o elogio a estes ob-jectivos numa fronteira entre o filme de corte e uma estética própria ao filme de terror. Ademais, a rainha e o monge são belos. É fácil abandonarmo-nos a este filme comercial, ambicioso mas depu-rado.

Dá-se uma revolta armada de que a facção da rainha e do monge saem vencedores. O primeiro ministro e um príncipe tolo deixam o palácio. É no rescaldo da vitória dos justos que tudo muda. O monge, refractário ao seu programa mágico-religioso, come-ça a ceder ao desejo e muda de nome ao tornar-se mais mundanal. Esta trans-formação de nome é a marca mais evi-dente e mais material dessa inesperada mundanidade. É, verdadeiramente, como afirma Chrétien de Troyes, pelo nome que se conhece o homem. Para além do desejo pela mulher, este ho-mem novo vai começar a ficcionar um desejo pelo poder.

Mais se não revela, apenas que este é um filme cheio de surpresas e que prova que as boas revoluções nem sem-pre trazem prosperidade ao reino. Esta consideração demonstra-se no filme através do constante ressurgimento da doença que aflige a rainha e, por exten-são, todo o reino. É uma espécie de Rei Ferido, de Amfortas de matinée, que es-pelha no seu corpo o destino do reino.

Talvez o mais sinistro seja que nun-ca nos seja mostrado o povo, o estado que a rainha, os jovens membros do concelho e o monge parecem defender ao longo desta história por vezes feia mas sempre muito sedutora no contra-to simples que celebra com a nossa dis-ponibilidade para o terror e a piedade.

Mas todos nós sabemos que não é exactamente por isto que este seria um filme de culto se fosse mais conhecido (é o seu penúltimo filme e não é mui-to famoso). É antes pelo vento que dá nas cortinas que nos impedem de ace-

der a todos os espaços e nos lembram que nunca sabemos tudo. É pelo modo como as enigmáticas figuras que po-voam o palácio, poucas, flutuam pelos seus corredores carregadas de segredos e de mistérios que são aqueles que nos preparámos para aceitar quando, logo de início, aceitámos e desejámos este discurso.

E é o sexo. Um sexo pouco permi-tido e palacial, como o de Jigokumon. Sexo, poder, magia e o encanto da in-fracção e da desobediência. Desenga-nemo-nos, no entanto. Só permitimos que a quebra do interdito suscite o nosso aplauso porque os praticantes do amor (que ambos desconheciam e de cujas propriedades não desconfiavam) são belos.

Os dois filmes, cada um à sua ma-neira, são exímios na maneira de se mostrar, com o preto e branco de Yoso e com as cores de Jigokumon, o primei-ro filme a cores japonês a ser exibido fora do Japão. Felizmente. Jigokumon e a sua história de amor é tão improvável quanto perturbador.

Num outro filme asiático, corea-no, admiramos uma história de amo-res palacianos. Na corte, concebida como uma teia psicodélica, uma outra rainha estende os seus irresistíveis lá-bios a quem não deve. É Cheonnyeon ho (A Thousand Year Old Fox), 1969, de Shin Sang Ok, há muito tempo alvo de profundo afecto nestas páginas. Vol-tamos a Kurutta Ippeji, à sua vertigem insane e à dança dos loucos, tema ir-resistível ao período mudo do cinema, anterior à sua definição artística, extre-mamente rico no Japão.

luz de inverno Boi Luxo

YOSO, TEINOSUKE KINUGASA, 1963

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13 artes, letras e ideiashoje macau terça-feira 14.1.2014

Carlos Morais José

A Calle Bailen serpenteia pelo antigo bairro de Santa Ma-dalena em Sevilha. Trata-se de uma rua e não de um rép-

til, apesar da sua pele ser fresca, devido a uma aragem subtil que faz esquecer a canícula. E por ela se desliza, adivi-nhando do outro lado, nas sedutoras plazas, o imenso peso do sol a esma-gar as pedras seculares das calçadas. Da praça do Hotel Cólon até junto do Museu de Belas Artes, a Calle Bailen apresenta na sua estreiteza mourisca um desfile de pequenos hotéis, minús-culas lojas, aromáticos restaurantes, misteriosas portas que dão para ainda mais misteriosos pátios, onde se alon-garão na siesta perturbantes mulheres exemplarmente maquilhadas.

Na Calle Bailen, como em muitas outras ruas dos bairros antigos de Se-vilha, cruzam-se turistas com gente lo-cal, estrangeiros com pessoas oriundas de várias regiões de Espanha, artistas sem nação, cantores de flamenco, en-graxadores, ciganos e as suas monta-das, gente do Mahgreb à procura de uma oportunidade europeia. Mesmo na hora da siesta, quando a cidade se recolhe e paira no ar o sonorífero zum-bido do calor, a Calle Bailen continua a ser atravessada por quem prefere a sua subtil e fina aragem à luz coada dos quartos ou dos pátios.

Em Sevilha ocorreu um encontro de culturas. Que, por sinal, eram ini-migas e se combateram ferozmente. Mas, política e religião à parte, a cultura predominou. E ali se assiste à existência de traços únicos, na ar-quitectura, na arte, na literatura, no temperamento dos seus habitantes. Ali se assiste a uma rara genuinida-de, que se traduziu em criatividade, desenvolvimento, qualidade de vida, excelência.

(Já no que diz respeito à moder-nidade, a aposta de Sevilha, concen-trada na Exposição Universal, falhou. A zona antes ocupada pela Expo não constitui pólo de atracção, nem para turistas nem para a população, como acontece em Lisboa com o Parque das Nações. Pelo contrário, os edifícios construídos para albergar a Expo de 1929 resistiram ao passar do tempo e continuam hoje a ser apreciados, como é o caso da Plaza de España e do Pavi-lhão do Paraguai. Ironias...)

Ora não serão estes os conceitos que Macau procura desenvolver? A jul-gar pelos discursos dos políticos, sim. A julgar pelas suas acções, menos. A julgar pelo empenhamento das pesso-as, não.

Contudo, Macau é um espaço peja-do de raras e subtis jóias. De locais úni-cos e de gente especial. Só que a visão

HAVERÁ VIDA PARA ALÉMDOS CASINOS?

EM MACAU TEM

DE EXISTIR VIDA PARA

ALÉM DOS CASINOS

OU APESAR DELES

das autoridades continua ofuscada pela casinagem e seus horríveis derivados, ao invés de apostar a sério e realmen-te no que não é transitório e constitui uma real identidade.

É preciso falar claro: a estética (?) dos casinos é uma desgraça. Aqui, em Las Vegas, na Austrália, em Atlantic City, no Estoril ou em Joanesburgo. Neste momento está em construção

uma espécie de parque de pesadelos gigantesco que abraça esta cidade e a tolhe, a estupidifica. Pior: mente-lhe, porque se afirma como paradigma do

luxo e da grande vida, quando na ver-dade vive do plástico, da cópia barata, do vício e, por vezes, da infâmia. Má-quinas de sacar dinheiro, os casinos poderiam ser muito úteis a Macau se forem entendidos exactamente como aquilo que são – uma produção menor, de segunda classe –, cuja existência tem de possibilitar a tal excelência à população local. Ora esta excelência só

pode ser obtida se a cidade tiver algo mais para oferecer para além da casi-nagem.

Uma das mais descentradas apos-tas, embora também ela necessária, passa pelos grandes eventos despor-tivos ou culturais. Ou seja, por aqui-lo que desempenha correctamente o papel de levar o nome de Macau ao exterior mas pouco acrescenta à vida dos cidadãos. Gasta-se (e bem) muitos milhões de patacas em Festi-vais Internacionais e Jogos ao ar livre

e no interior, mas a população tem um nível cultural muito baixo, está desfasada do mundo contemporâneo e pouco vê para além do dinheiro como objectivo para a vida. Pior: não tem graça. Ou seja a bimbalhice ostentatória dos casinos, vem refor-çar a tendência para a estupidifica-ção geral da população, sem que o governo proporcione alternativas de real qualidade. Dito de forma sintéti-ca: em Macau não há respeito porque não existe a melhor biblioteca multi--cultural da Ásia (haveria dinheiro para isso), uma mera cinemateca, um grupo de teatro regular, um grupo de dança, edições de livros fundamen-tais, grupos de estudos específicos, espaços que estimulem o encontro e o debate. Incompreensivelmente,

nem sequer existe a preocupação de generalizar seriamente o uso do in-glês. Por tudo isto, não me falem de cidade de cultura.

Em Macau tem de existir vida para além dos casinos ou apesar deles. Mas isto, meus caros e pacientes leitores, revela-se muito difícil de conseguir. Ou mesmo de fazer entender. E o proble-ma não passa pelas línguas. Temo que passe, sobretudo, pelas carteiras, cujo fundo parece cada vez mais problemá-tico discernir.

Calle Bailen, Sevilha

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14 hoje macau terça-feira 14.1.2014h

HUAI NAN ZI 淮南子 O LIVRO DOS MESTRES DE HUAINAN

Da Guerra – 60

Quando as pessoas se organizam em milícias, trabalhando com o espí-rito de crianças que fazem algo para seus pais ou irmãos, a força do seu poder é como uma avalanche – quem se lhe poderá opor?

* * *

Quando usas bem as armas, estás a empregar pessoas que trabalham em benefício próprio. Quando usas mal as armas, estás a empregar pessoas que trabalham para teu próprio benefício. Quando empregas pessoas que trabalham para seu benefício próprio, não há quem não possa ser empregue. Quando empregas pessoas para teu próprio bene-fício, poucas encontrarás.

* * *

Toda a gente sabe como gerir meros pormenores, mas ninguém sabe como trabalhar no cultivo da base. Deixam de lado a raiz, mas tentam estabelecer os ramos. Ora existem muitas coisas que podem ajudar o

seu exército a vencer, mas poucas que possam garantir a vitória. Bom armamento e equipamento, provisões abundantes e grande número de tropas são de grande ajuda a um exército, mas não é nelas que reside a vitória.

* * *

O caminho para a vitória certa consiste em ter sempre uma sabedoria insondável e uma Via infalível.

Da Guerra – 61

A base da vitória ou derrota militar reside na governação. Se o gover-no lidera as pessoas com eficácia e os inferiores seguem os superiores, então a milícia será forte. Se o povo prevalece sobre o governo e os inferiores se voltam contra os superiores, então a milícia será fraca.Assim, quando a virtude e a justiça são suficientes para alcançar todos, quando as obras públicas são suficientes para suprir as necessidades urgentes, quando as eleições satisfazem o coração dos inteligentes, e

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15 artes, letras e ideiashoje macau terça-feira 14.1.2014

Huai Nan Zi (淮南子), O Livro dos Mestres de Huainan foi composto por um conjunto de sábios taoistas na corte de Huainan (actual Província de Anhui), no século II a.C., no decorrer da Dinastia Han do Oeste (206 a.C. a 9 d.C.). Conhecidos como “Os Oito Imortais”, estes sábios destilaram e refinaram o corpo de ensinamentos taoistas já existente (ou seja, o Tao Te Qing e o Chuang Tzu) num só volume, sob o patrocínio e coordenação do lendário Príncipe Liu An de Huainan. A versão portuguesa que aqui se apresenta segue uma selecção de extractos fundamentais, efectuada a partir do texto canónico completo pelo Professor Thomas Cleary e por si traduzida em Taoist Classics, Volume I, Shambhala: Boston, 2003. Estes extractos encontram-se organizados em quatro grupos: “Da Sociedade e do Estado”; “Da Guerra”; “Da Paz” e “Da Sabedoria”. O texto original chinês pode ser consultado na íntegra em www.ctext.org, na secção intitulada “Miscellaneous Schools”.

Possuir extenso território e uma vasta população não basta para constituir força.

quando o planeamento cuidadoso é suficiente para conhecer as dispo-sições de força e fraqueza – tal é a base da vitória certa.

* * *

Possuir extenso território e uma vasta população não basta para cons-tituir força. Possuir armaduras fortes e armas aguçadas não basta para ganhar vitória. Ter altas muralhas e fossos profundos não basta para garantir segurança. Ter ordens e castigos severos não basta para as-segurar autoridade. Aqueles que praticam políticas conducentes à sobrevivência sobreviverão mesmo que sejam pequenos; aqueles que

praticam politicas conducentes à destruição perecerão mesmo que se-jam grandes.

* * *

Um país pequeno que pratica a cultura e a virtude reinará; um país grande que seja militarista perecerá. Um exército que permanece são vai para a batalha só depois de já ter ganho; um exército condenado à derrota combate primeiro e procura vencer depois.

Tradução de Rui Cascais | Ilustração de Rui Rasquinho

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cedor das quatro edições anteriores do troféu, e Fernando Torres.

Eusébio foi o primeiro futebo-lista português a receber a Bola de Ouro, sendo galardoado em 1965, na décima edição do prémio criado pela revista francesa France Foot-ball e estimulado por um grupo de jornalistas liderados por Gabriel Hanot, antigo internacional e seleccionador francês. Depois foi preciso esperar até 2000 para um luso voltar a ganhar a votação, então através de Luís Figo.

Ronaldo é o primeiro desportista nacional a vencer a Bola de Ouro pela segunda vez. Prova da qualidade e do impacto do português na modalidade é o facto de ter sido eleito num dos dois primeiros lugares pela sexta vez nos últimos sete anos.

Antes dele, apenas Messi (4), os holandeses Johan Cruyff (3) e Marco van Basten (3), o francês Michel Platini (3), o hispano-argentino Alfredo di Stéfano (2), os alemães Franz Beckenbauer (2) e Karl-Heinz Rummenigge (2), o inglês Kevin Keegan (2) e o brasileiro Ronaldo (2) foram capazes de receber o troféu em múltiplas ocasiões.

Aos 28 anos, o capitão da se-lecção portuguesa tornou-se ainda o quinto jogador do Real Madrid

16 DESPORTO hoje macau terça-feira 14.1.2014

F OI em lágrimas e com a voz embargada pela emo-ção que Cristiano Ronaldo agradeceu o prémio de

melhor jogador do Mundo. “Não há palavras para descrever este momento. Obrigado a todos os meus companheiros do Real Ma-drid, da Selecção e a toda a minha família aqui presente. É um orgulho enorme. Quem me conhece sabe o sacrifício que foi ganhar esta Bola de Ouro”, afirmou o internacional português no palco do Palácio dos Congressos, em Zurique.

“Quero agradecer ao meu em-presário [Jorge Mendes], ao meu presidente [Florentino Pérez], e a todos os presentes”, prosseguiu CR7, visivelmente emocionado. Na plateia, também a mãe do jogador e a namorada não evitaram as lágrimas.

No momento da consagração, Cristiano Ronaldo recordou dois nomes em particular: Eusébio da Silva Ferreira e Nélson Mandela, duas figuras que deixaram marca indelével na carreira do jogador. “Foram duas pessoas importantes para mim”, destacou.

Cristiano Ronaldo já pertencia ao grupo restrito de 43 atletas que têm uma Bola de Ouro. Agora, tornou-se membro de um clube ainda mais exclusivo: o português foi conside-rado o melhor futebolista do mundo de 2013, votação revelada durante a Gala da FIFA, em Zurique, Suíça, e tornou-se o décimo jogador a vencer o prémio mais do que uma vez.

Confirmou-se o favoritismo que era atribuído ao avançado do Real Madrid e de Portugal, autor de 69 golos em 59 jogos durante o ano passado, números que servi-ram para superar o francês Franck Ribéry e o argentino Lionel Messi, no sufrágio decidido pelos selec-cionadores e capitães nacionais e por um grupo de jornalistas.

Eleito num dos dois primeiros lugares pela sexta vez nos últimos sete anos, o madeirense repete assim o triunfo obtido em 2008, quando ficou à frente Messi, o ven-

S E há um povo que não vive alienado com o futebol é o somali. A selecção nacional

ocupa a 203.ª posição entre as 209 filiadas na FIFA e há mais de duas décadas que não disputa um encon-tro em território nacional. Devido à guerra civil, que começou em 1991 com a queda de Mohamed Siad Barre, o país ficou sem um governo central e deixou de ha-ver condições de segurança para realizar uma partida internacional. A milícia islamista Al-Shabab, que chegou a controlar boa parte do país, teve um papel activo no afastamento do futebol com acções de terror como a execução de dois jovens que assistiam à transmissão televisiva de um jogo do Mundial 2010.

Segundo dados da FIFA, o úl-

• MELHOR JOGADOR DO MUNDOCristiano Ronaldo

• MELHOR JOGADORA DO MUNDONadine Angerer

• BOLA DE OURO ESPECIALPelé

• GOLO DO ANOZlatan Ibrahimovic

• TREINADOR DO ANOJupp Heynckes

• TREINADORA DO ANOSilvia Neid

BOLA DE OURO CR7 SUPEROU A CONCORRÊNCIA DE MESSI E RIBÉRY

Bis para Cristiano Ronaldo

SOMÁLIA NUNCA CONSEGUIU QUALIFICAR-SE PARA A TAÇA DAS NAÇÕES AFRICANAS

A sina de jogar longe de casatimo jogo disputado pelos somalis em Mogadíscio remonta a 19 de Outubro de 1986. Essa recepção ao Uganda terminou com 0-0. Desde então, a Somália está condenada a jogar em casa emprestada: já foi an-fitriã no Quénia, Uganda, Tanzânia, Djibuti, Líbano, Etiópia, Gana... A última vitória da selecção somali já foi há cinco anos, em Kampala (Uganda), sobre a Tanzânia (1-0).

A Somália nunca esteve sequer perto de se qualificar para a fase final de um Campeonato do Mun-do. No apuramento para o Mundial 2014 foi afastada pela Etiópia logo

na primeira ronda. Mas a equipa das “estrelas do oceano”, como é conhecida a selecção nacional, também nunca conseguiu partici-par na principal competição africa-na de selecções, a Taça das Nações Africanas. São uma das 16 equipas que nunca chegou à fase final – e não será em 2015 que o sonho se concretiza porque a Somália não vai participar na qualificação, tal como o vizinho Djibuti e Marrocos (anfitrião do torneio).

O estádio nacional de Moga-díscio esteve ocupado por milícias armadas durante grande parte do

conflito, mas a situação tem vindo nos últimos anos a caminhar para a normalidade possível. Em 2012, a federação somali começou a reivindicar a utilização do recinto para eventos desportivos e um ano depois foi assinado um acordo com o governo chinês para a reconstru-ção de várias infra-estruturas, entre elas o estádio.

A FIFA tem apoiado na for-mação de técnicos e financiou a instalação de um relvado artificial no estádio Banadir – palco do rei-nício do campeonato somali, em Novembro. Uma ocasião histórica:

“Foi a primeira vez em mais de 22 anos que milhares de adeptos estiveram no recinto”, noticiou a BBC na altura. Nesse preciso dia houve um atentado suicida em Mogadíscio que fez vários mortos.

O campeonato local tem sido dominado pelo Elman, que segun-do algumas informações já igualou os seis títulos do histórico Horseed. O emblema, conhecido como red devils da Somália, brilhou na déca-da de 1970 e foi a primeira equipa somali a chegar à final da Taça do Conselho das Federações de Fute-bol do Leste e Centro Africano.

a arrecadar o troféu, embora seja o primeiro desde Alfredo di Stéfano, em 1959, a consegui-lo depois de representar o clube no ano inteiro a que se reporta o prémio – Figo (2000) e Ronaldo (2002) chegaram à equipa da capital espanhola a meio do ano.

O jogador formado maiorita-riamente no Sporting é somente o terceiro a ganhar a Bola de Ouro por dois clubes distintos, depois de Johan Cruyff (Ajax e Barce-lona) e Ronaldo (Inter Milão e Real Madrid). Quando o fez em 2008, o português representava o Manchester United.

Desde a inauguração, em 1956, até 1994, o prémio esteve reservado a jogadores europeus. Mais tarde, entre 1995 e 2006, o seu âmbito foi alargado para reconhecer o melhor futebolista a jogar num clube da Europa, e só a partir de 2007 evoluiu para distinguir o melhor do mundo, sem restrições de qualquer espécie.

Estas limitações iniciais ajudam a entender a ausência de jogadores como Pelé e Maradona da lista de vencedores. A partir de 2010, a Bola de Ouro fundiu-se com o prémio de Jogador do Ano da FIFA e deu ori-gem à Bola de Ouro FIFA, a actual designação oficial do troféu.

OS VENCEDORES

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17 desportohoje macau terça-feira 14.1.2014

MARCO [email protected]

A S cores da Re-gião Adminis-trativa Especial de Macau vão

pontificar em nove das dez modalidades que integram o cartaz da terceira edição dos Jogos da Lusofonia e o basquetebol é uma das disciplinas que mais atletas leva a Goa. A selecção do território vai disputar tanto o torneio masculino, quanto o torneio feminino da moda-lidade. No seio da delegação da RAEM apenas o voleibol está representado em maior número, mas Andrew Long não espera facilidades na Índia. O torneio de bas-quetebol deverá ser uma das provas mais competitivas dos Jogos e o jovem treina-dor, que substituiu há pouco mais de duas semanas Li Jin no cargo de seleccionador do território, está ciente das dificuldades que o grupo de trabalho que orienta vai encontrar pela frente: “As equipas que vamos encontrar pela frente nesta competição são muito fortes. Vamos tentar fazer uso da

JOGOS DA LUSOFONIA SELECCIONADOR NÃO ESPERA FACILIDADES EM GOA

Velocidade pode ser trunfonossa velocidade e defender bem”, adianta Long. “Como ainda não sabemos ao certo contra quem vamos jogar, se defrontar-mos Angola e Portugal poderemos ter algumas dificuldades. Frente às outras equipas, esperamos poder dar luta e ganhar dois ou três jogos”, afirma, con-fiante, o responsável pela formação do Lótus.

A baixa estatura dos jo-gadores do território poderá constituir uma dificuldade acrescida para o grupo de trabalho orientado por Andrew Long. O jovem treinador, que dirige tam-bém o banco do Iao Cheng, conta com a experiência do português Nuno Gomes e com a rapidez de uma boa parte dos jogadores que orienta para contrariar o favoritismo de alguns dos adversários. O selecciona-dor de Macau está convicto que os atletas que orienta

até poderão assinar um brilharete em Goa se forem capazes de exponenciar as suas melhores armas: “Pa-rece-me que o nosso maior trunfo é a velocidade e é na velocidade que devemos apostar. É verdade que a es-tatura dos nossos jogadores não é a mais promissora, por isso temos de saber defender e impedir que os nossos adversários façam

o jogo que lhes interessa”, defende Andrew Long.

Com uma média de ida-des relativamente jovem, a selecção de basquetebol do território que vai disputar a terceira edição dos Jogos da Lusofonia é também uma das mais cosmopolitas que vão participar na competi-ção. Para além do veterano Nuno Gomes, o grupo de trabalho do território inclui

ainda Maverick Tagura, um atleta de ascendência filipina que acredita que o cinco da RAEM pode garantir uma boa prestação em Goa: “Es-tamos todos muito entusias-mados por poder competir nos Jogos da Lusofonia. Esperamos poder fazer o nosso melhor e retribuir a confiança que Macau em nós depositou”, afiança o atleta. “Temos bastantes jogadores

de pequena estatura. Vamos apostar sobretudo na velo-cidade porque vão lá estar muitos jogadores mais altos do que nós. Vamos fazer o possível por competir de igual para igual com as ou-tras equipas, por não desistir, mas depende muito de cada jogo a nossa prestação lá”, reconhece Tagura.

SEXTO LUGAR HÁ CINCO ANOSEm 2009, em Lisboa, a selec-ção masculina de basquetebol do território despediu-se da prova no sexto lugar da clas-sificação geral, à frente das selecções de Moçambique e de São Tomé e Príncipe. A prova foi ganha por Angola, que derrotou Cabo Verde na final pelo parcial de 106 – 64. Este ano, em Goa, o torneio masculino da modalidade é disputado por sete selec-ções. A Macau, a Angola e à anfitriã Índia juntam-se as formações de Moçambique, da Guiné-Bissau, da Guiné Equatorial e de Cabo Ver-de. No torneio feminino, a competitividade é menor. A prova é disputado por apenas quatro selecções: Angola, Moçambique, Macau e a selecção da casa, a Índia.

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João Corvofonte da inveja

Pu YiPOR MIM FALO

O sofrimento é uma experiência

Ainda não percebi que ratos vai parir a Ilha da Montanha.

MAVIS PAN E A SUA CINTURINHA DE 46 CENTÍMETROS

O seu nome em chinês é Pan Shuangshuang e tem 27 anos. Natural de Taizhou, província de Zhejiang, é uma conhecida modelo e actriz chinesa que apresenta um busto farto e uma cintura de apenas 46 centímetros. Ficou ainda mais conhecida quando, em 2011, publicou uma fotos com o seu namorado a dormir – o conhecido cantor e actor de Hong Kong, Ray-mond Lam. Mas cá para nós, há muito mais em Mavis Pan do que uma simples ligação a Raymond. Explicar toda a sua “imponência” a isso é, no mínimo, redutor. E, de facto, se olharmos com atenção esta foto, Pan tem tudo menos formas redutoras...

C I N E M ACineteatro

SALA 1THE LEGEND OF HERCULES [C]Um filme de: Renny HarlinCom: Kellan Lutz, Gaia Weiss14.15, 16.00, 21.30

THE LEGEND OF HERCULES [3D] [C]Um filme de: Renny HarlinCom: Kellan Lutz, Gaia Weiss17.45

SECRET LIFE OF WALTER MITTY [B]Um filme de: Ben StillerCom: Ben Stiller, Sean Penn, Kristen Wiig19.30

SALA 2 AS THE LIGHT GOES OUT [B](FALADO EM CANTONÊSLEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Derek KwokCom: Nicholas Tse, Shawn Yue, Simon Yam, Hu Jun, Bai Bing 14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SALA 3GIRL IN THE SUNNY PLACE [B](FALADO EM JAPONÊSLEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Miyazaki Hayao14.30, 16.45, 19.15, 21.30

18 FUTILIDADES hoje macau terça-feira 14.1.2014

Todos já sofreram. Ninguém pode fugir do sofrimento, e, na verdade, todos precisamos de sofrer para sentir o que a vida custa. É preciso sofrer para achar o amor. É preciso sofrer para alcançar o sucesso profissional. É preciso sofrer para dar o devido valor as coisas mundanas. Sofrer é também viver...O sofrimento lembra-nos os momentos mais felizes das nossas vidas, num processo de esquecimento daquilo que menos importa. O sofrimento dá valor. Faz-nos pensar naquilo que já conquistámos e naquilo que já perdemos.O que vos posso dizer é que nem sempre aquele que ri é aquele que é feliz. Muitas vezes alguém ri e está em constante sofrimento, quanto mais não seja para esconder toda uma mágoa. Para fugir dos maus pensamentos. Há pessoas que sofrem mais do que outras. Tudo depende da educação, da personalidade, da vivência... Cada um tem a sua própria maneira de viver e ultrapassar o sofrimento. Há quem morra, há quem viva. Há quem fique mais forte, há quem continue fraco.Desde os primórdios da existência humanóide que sofremos. O sofrimento é um sentimento de perda, se falarmos de uma angústia psicológica. Porque também existe o sofrimento ou a dor física. Seja como for, sofrer faz parte e, simplesmente, nos faz crescer. Não desejo sofrimento a ninguém, mas desejo vivência, experiência. E a vida não são só alegrias. Amor e uma cabana ou sucessos que nos caem no colo, já era...

Mulher não sabia que divórcio terminava com casamento• Um curioso processo de recurso foi apresentado nos tribunais do Reino Unido contra um escritório de advoga-dos. Jane Mulcahy havia argumentado que os advogados deveriam ter-lhe deixado claro que o divórcio colocaria fim ao seu casamento, algo que ao que parece ela queria evitar. Segundo a mulher, os advogados não tiveram em conta que era católica, já que não lhe recomendaram a separação judicial, um passo antes do divórcio no Reino Unido, como acção alternativa. O recurso foi recusado por um tribunal superior no mês passado. “A mais surpreendente das numerosas acusações de Jane Mulcahy contra os seus advogados era a que dizia que, tendo em conta a sua fé católica, a Srª Boots (uma das suas advogadas) não lhe havia dado o conselho adequado à sua forte convicção da santidade do matrimónio”, comentou o Juiz Michael Briggs do Supremo Tribunal de Justiça de Inglaterra e Gales.

Avião aterra no aeroporto errado nos Estados Unidos• Um avião da companhia aérea Southwest Airlines pousou no aeroporto errado neste domingo no estado do Missouri, nos Estados Unidos. Entre o aeroporto que era o destino original e aquele em que o avião acabou por pousar distam cerca de 11 km. O voo 4013 levava 124 passageiros e cinco tripulantes. Tinha saído do aeroporto Midway International, em Chicago, e o seu destino era o aeroporto Branson, no sudoeste do Missouri. Entretanto, o Boeing 737-700 acabou por pousar no aeroporto de Taney County. O porta-voz da empresa, Brad Hawkins, disse não ter informações sobre o motivo da aterragem no local errado. A Federação de Administração da Aviação (FAA, na sigla em inglês) dos EUA informou que vai investigar o incidente. A aterragem ocorreu de maneira segura e todos os passageiros e tripulantes estão bem.

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hoje macau terça-feira 14.1.2014 19OPINIÃO

António MAnuel de PAulA SArAivA

E M tempos de Salazar fui, tal como muitos outros portu-gueses, “guardado” durante algum tempo na cadeia de Caxias – para quem não saiba destinada a presos políticos.

Uma das celas onde es-tive, no “Reduto Sul” tinha cerca de 20 presos. Todos brancos – à excepção de um

negro de Moçambique (era aliás o único a nível de toda a Cadeia).

O negro, que era filho de um régulo, chamava-se Simeão (se a memória me não falha) e estava preso por ter defendido “ideias independentistas” como hoje se diria. Não pertencia entretanto a nenhum dos chamados “movimentos terroristas” que cumpriam penas nas colónias a que pertenciam.

Ora todos os presos tinham famílias, que os iam visitar. Todos - menos Simeão, que, como é fácil de entender, nunca tinha visitas.

Todos os outros presos recebiam comida da família – salvo ele.

Nenhum dos presos (da nossa cela) ia à missa que se celebrava na cadeia – só ele.

Todos mandavam às famílias a roupa suja para lavar – menos ele, que tinha que tratar da roupa sozinho.

Assim um dos seus entreténs era lavar e passar a roupa a ferro. Com o tempo o único fato que usava foi ficando num far-rapo (para mais nessa altura não se usavam calças rasgadas) .

Então Simeão escreveu uma carta ao Director do Prisão expondo a situação, e pedindo um fato novo. Rimo-nos todos - para dentro pois não éramos assim tão malcria-dos – pensando que o director se iria rir da carta, e o mandaria passear.

Mas o facto é que dias depois apareceu na cela um alfaiate a tirar as medidas...e em breve Simeão tinha o seu fato – e duas camisas - novos!

Uma vez veio ter comigo: se nós temos de aprender o Português vocês Portugueses também têm de aprender a nossa língua. É uma língua muito importante! É falada quase por um milhão de pessoas!

Nenhum dos outros presos tinha paci-ência para ouvir as suas aulas - eu era o seu único aluno – mas Simeão não desistia.

Depois fui para o Reduto Norte, e perdi--lhe o rasto; até esqueci o próprio nome daquela língua “muito importante”. Mas não me esqueci de Simeão, nem do seu exemplo.

Desterrado do seu país, isolado da Família, e até dos demais presos – Simeão não desistia.

Mantinha intacta a sua dignidade.A dignidade é algo que ninguém nos pode

dar – não depende de passadeiras vermelhas, coroas, salamaleques ou bajulações – que acabam tristemente como acabou Saddam Hussein escondido num buraco.

Portugal está sujeito a um “resgate económico”. Em troca de empréstimos a juros um tanto inferiores aos dos “mercado livre” – mas ainda assim exagerados - indivíduos estranhos à nossa nação permitem-se ditar-nos regras e dizer como devemos ser governados

DignidadeA dignidade é também algo que ninguém

nos pode tirar – só nos próprios a podemos per-der pelo nosso comportamento desequilibrado.

Ninguém foi mais vilipendiado que Jesus Cristo na sua Paixão. Mas nem um átomo da sua dignidade lhe conseguiram retirar, antes o engrandeceram.

A dignidade implica a possibilidade de escolha – sem esta, aliás, não teria sentido. Um doente, p. ex., pode fazer actos pouco “dignos”, - mas, porque não dispõe de liber-dade não pode ser por tais actos imputado.

A assumpção da nossa própria dignidade implica ainda a assumpção da dignidade dos outros: que não os olhemos de cima para baixo, nem de baixo para cima , mas olhos nos olhos.

Para quem tenha preocupações religio-sas, a dignidade de cada homem/mulher, resulta em linha recta da sua origem divina (1); mas, ainda que não vamos por aí, é um valor básico e universal: assim o quis res-saltar a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que diz logo no seu preâmbulo ”Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo”.

Confúcio também escreveu a este propó-sito: “A pessoa de bem tem dignidade, mas não é altiva; a pessoa vulgar é altiva, mas não tem dignidade”.

Perguntemos agora: será que Simeão teria dignidade se se virasse para os guar-das da cadeia dizendo: “Obrigado queridos amigos! Foi graças a vós que deixei os caminhos perigosos por onde andava e as ideias erradas que defendia! ”

Claro que não. Simeão (todos nós) pode evidentemente mudar de ideias – mas por sua vontade e fruto das suas reflexões.

MAS PORQUE VIR AQUI E AGORA FALAR DISTO?

Portugal está sujeito a um “resgate econó-mico”. Em troca de empréstimos a juros um tanto inferiores aos dos “mercado livre” – mas ainda assim exagerados - indivíduos estranhos à nossa nação permitem-se ditar-nos regras e dizer como devemos ser governados.

Mas isso, só por si, não nos faz perder a Dignidade.

Mas - se aceitarmos, ou louvarmos tal ingerência. Se dissermos, p. ex., que só graças à Troika foi possível fazer reformas importantes. Que vamos cair de novo no descalabro económico quando o “resgate” acabar - o que teria subentendida a noção de que somos “tontos” “inimputáveis” ou “interditos” – aí infelizmente sim.

Tal como Simeão perderia a sua dignida-de louvando e bajulando os guardas – tam-bém nós louvando a Troika a perderíamos.

(1) Se sempre foi entendida assim é outra questão

Taipa, 12 de Janeiro de 2014

MORTE DE ARIEL SHARONcartoonpor Stephff

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hoje macau terça-feira 14.1.2014

PORTUGAL tem uma das mais altas percentagens de

jovens que não têm possibilidade de pagar os estudos, 38 por cento, apesar da vontade em continuar. As conclusões estão num in-quérito da Comissão Europeia, apresentado esta segunda-feira em Bruxelas.

Foram analisados 5300 jovens, 2600 empregadores e 700 instituições educativas de oito países da União Europeia: França, Alemanha, Grécia, Itá-lia, Portugal, Espanha, Suécia e Reino Unido.

Designado como relatório McKenzie (Educação para o Emprego: Pôr a Juventude Euro-peia a Trabalhar», o documento mostra ainda que um terço (31 por cento) dos jovens portu-gueses declarou não ter tempo para estudar porque tinha de trabalhar, o valor mais elevado entre os países analisados. Além disso, «apenas 47 por cento dos

O ritmo de entrega de casa aos bancos desceu 54,5% em 2013 face ao

ano anterior, totalizando 2504 dações, o que corresponde a perto de sete imóveis diários, revelam os dados do Gabinete de Estudos da APEMIP - As-sociação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imo-biliária de Portugal, divulgados esta segunda-feira.

As dações, feitas por famí-lias e promotores imobiliários, cresceram no último trimestre 30% face a igual período ante-rior, totalizando 655.

As áreas metropolitanas de Lisboa e Porto representam cerca de 29% das dações, que consistem num acordo entre o detentor do empréstimo e o banco, mas que nem sempre se traduzem numa amortização integral da dívida.

De acordo com a APEMIP, “o ano de 2013 terminou com

PORTUGAL ‘VISTOS GOLD’ PARA INVESTIDORES ESTRANGEIROS AJUDARAM

Entrega de casas aos bancos caiu

Portugal tem das taxas mais altas de jovens sem dinheiro e tempo para estudar

um bom prenúncio para o mer-cado imobiliário portu guês, apresentando um crescente positivismo enfatizado, essen-cialmente, pelos ‘Vistos Gold’ e pelo Regime Fiscal dos resi-dentes não habituais”.

De acordo com a associação, “em 2013, foram transacciona-dos aproximadamente 96,9 mil imóveis (urbanos, rústicos e mistos). A associação não refere o número de imóveis vendidos em 2012.

Nas vendas realizadas no ano passado, o terceiro tri mestre foi o mais dinâmico (25,9%), logo seguido pelo quarto trimestre (25,6%).

De acordo com a associação, os números de vendas vêm con-firmar as previsões de retoma anunciadas pelo presidente da APEMIP, Luís Carvalho Lima, em Setembro, quando afirmou existirem “contornos optimistas no mercado imobiliário”.

jovens acredita que os seus estu-dos pós-secundário melhoraram as perspectivas de emprego».

A grande maioria dos alunos portugueses (86 por cento) tam-bém considera que não recebe informação suficiente sobre as oportunidades de trabalho antes de terminar a escola secundária e seguir para o ensino superior. O relatório refere também o estigma existente sobre o ensino vocacional.

Os empregadores dizem que não encontram as qualificações que precisam e três em cada 10 dizem que há vagas por preen-cher porque não são encontrados candidatos com as competências adequadas:

O relatório é apresentado ontem em Bruxelas numa con-ferência que tem como principal oradora a comissária Androulla Vassiliou, responsável pela Edu-cação, Cultura, Multilinguismo e Juventude, que considera estar em risco esta geração: ««Na Europa, o desfasamento entre aquilo que os sistemas de educação oferecem e as necessidades dos emprega-dores está a resultar numa séria escassez de competências, a pre-judicar as aspirações da juventude e a nossa prosperidade futura».