HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 3 Dez anos depois da extinçªo da...

24
HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 1

Transcript of HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 3 Dez anos depois da extinçªo da...

Page 1: HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 3 Dez anos depois da extinçªo da Cooperativa Agrí-cola de Cotia (CAC), a Horti-fruti Brasil retomou o tema para

HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 1

Page 2: HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 3 Dez anos depois da extinçªo da Cooperativa Agrí-cola de Cotia (CAC), a Horti-fruti Brasil retomou o tema para

2 - AGOSTO/2003 - HORTIFRUTI BRASIL

Page 3: HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 3 Dez anos depois da extinçªo da Cooperativa Agrí-cola de Cotia (CAC), a Horti-fruti Brasil retomou o tema para

HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 3

Dez anos depois daextinção da Cooperativa Agrí-cola de Cotia (CAC), a Horti-fruti Brasil retomou o temapara recuperar um pouco a his-tória do setor hortícola e anali-sar como os produtores estãose organizando em entidadesde classe atualmente.Pelas 131 entrevistas com osleitores da Hortifruti Bra-sil e com os ex-funcionáriose produtores que trabalha-ram na CAC, conclui-se queo espírito de cooperação ins-pirado no Kyozon Kyoei(prosperidade mútua atravésda coexistência) ainda per-manece no setor hortícola,ainda que estruturado de ou-tra forma. Hoje, as organiza-ções são mais regionais e fo-calizadas nos interesse dosprodutores e exportadoreslocais. Esse novo modelo éanalisado na Matéria deCapa desta edição (p.10),que traz um panorama geralda união do setor hortícola.

A nova estrutura doassociativismo supre em par-te algumas funções antesexercidas pela CAC, como acomercialização dos produ-tos, insumos e assistência téc-nica. O fato das novas orga-nizações apresentarem estru-turas menores facilita a admi-nistração e a coordenaçãodos interesses do grupo. Con-

tudo, os benefícios mais am-plos, como pesquisa, créditoe industrialização - ações quedependem de uma estruturacentral e com elevado podereconômico � acabam per-dendo com a regionalizaçãodas organizações.

Falta, então, um podercentralizador para facilitar acoordenação entre as organi-zações regionais de produto-res e tornar o setor mais re-presentativo nos interesseseconômicos nacionais. ACAC, nos seus 64 anos de his-tória, mostrou como o espíritocooperativista pode chegartão longe, desbravando cerra-dos, implantando a fruticultu-ra no sertão nordestino e agre-gando valor à agricultura atra-vés das agroindústrias. Leiamais sobre ela no Fórum deIdéias (p.20). O modelo daCAC é ideal, mas sua gestão eo cenário econômicos nosanos 80 e 90 causaram a suaextinção. Ainda assim, oexemplo de soberania ficou deexemplo a um setor em que aunião pede mais participação.

Capa 10

ÍNDICE

A UNIÃO PEDEMAIS FORÇA

Unido o setor hortícolaé. Mas, de que forma?Por quê? Será que os

resultados obtidos coma união têm agradado?

Seção Cartas 4

C e b o l a Começa a safra paulista 5

B a t a t a Mercado abastecido no segundo semestre 6

To m a t e Agosto amargo 8

M a m ã o Oferta deve cair 14

M e l ã o Otimismo na Chapada do Apodi 15

M a n g a Exportações animadas 16

U v a Seca na Itália anima exportações 17

B a n a n a Oferta deve aumentar 18

C i t r o s Tahiti começa a reagir 19

Seções

Fórum de Idéias 20POR QUE A CAC NÃODEU CERTO?O fim da maior Cooperativaagrícola existente no Brasilcompleta dez anos. Afinal, oque deu errado nessa união?Ninguém melhor que ospróprios ex-cooperados pararesponder essa questão...

Será que faltauma FORÇA

CENTRALIZADORA?

* Marina e Renata, estudantes deagronomia, organizaram o estudo

sobre a estrutura do associativismo nosetor hortícola para elaborar amatéria de capa desta edição.

Por Margarete Boteon

CAC

Renata B. Lacombe e Marina Matthiesen*

Page 4: HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 3 Dez anos depois da extinçªo da Cooperativa Agrí-cola de Cotia (CAC), a Horti-fruti Brasil retomou o tema para

4 - AGOSTO/2003 - HORTIFRUTI BRASIL

Car tas

CORRIGINDO E RETRIBUINDOPor uma falha interna, a carta enviada pelo sr. Airton Arikita,

da Hayashi Batatas, parabenizando a revista pelo seu primeiro ani-versário acabou não sendo publicada. A Hortifruti Brasil lamenta oerro e agradece a Hayashi Batatas, que tem colaborado com nossaspesquisas, além de nos enviar fotos maravilhosas da produção e dobeneficiamento de batata.

Segue a carta enviada a nossaequipe em maio deste ano...

Rendemos nossas congratulações àequipe Hortifruti Brasil pelos rele-vantes serviços prestados ao nossosegmento de produção, pois desde oinício temos acompanhado o projetoda CEPEA � USP/ESALQ, através daspublicações, as quais, vale evidenci-ar a constante evolução imple-mentada ao longo do tempo. As ma-térias abordadas com objetividadee devidos conteúdos técnicos emercadológicos têm nos proporcio-nado relevantes subsídios para toma-das de decisões. Conscientes do pri-vilégio de continuarmos contandocom esse importante trabalho, para-benizamos toda equipe HortifrutiBrasil.Airton ArikitaHayashi Batatas � Goiás/Bahia

A Hortifruti Brasil é uma publicação doCEPEA - Centro de Estudos Avançadosem Economia Aplicada - USP/ESALQ

Editor Científico:Geraldo Sant’ Ana de Camargo Barros

Editora Executiva:Margarete Boteon

Editora Econômica:Mirian Rumenos Piedade Bacchi

Editora Assistente:Ana Júlia Vidal

Diretor Financeiro:Sergio De Zen

Jornalista Responsável:Ana Paula da Silva - MTb: 27368Revisão:Mariana B. Perozzi Gameiro

Equipe Técnica:Aline Vitti, Aline Barrozo Ferro, Ana JúliaVidal, Carolina Dalla Costa, Cinthia A.Vicentini, Eveline Zerio, Ilonka M. Eijsink,Isis N. Sardella, João Paulo B. Deleo, MariaLuiza Nachreiner, Mateus Holtz C. Barros,Marina L. Matthiesen, MargareteBoteon, Mauro Osaki, Renata Elise G.Sebastiani, Renata F. Cintra, Renata B.Lacombe e Thiago L. D. S. Barros.

Apoio:FEALQFundação de Estudos Agrários Luiz deQueiroz

Diagramação Eletrônica/Arte:Thiago Luiz Dias Siqueira Barros

Fotolitos:Nautilus Estúdio GráficoFone:(19)[email protected]

Impressão:MPC Artes GráficasFone:(19)[email protected]

Tiragem:6.500 exemplares

Contato:C.Postal 132 - 13400-970 Piracicaba, SPTel: 19 3429-8809Fax: 19 [email protected]://cepea.esalq.usp.br

A revista Hortifruti Brasil pertence aoCepea - Centro de Estudos Avançados emEconomia Aplicada - USP/Esalq. Areprodução de matérias publicadas pelarevista é permitida desde que citados osnomes dos autores, a fonte Hortifruti Brasil/Cepea e a devida data de publicação.

E X P E D I E N T E

Escreva pra [email protected]

Hortifruti BrasilCP 132 CEP 13400-970

Piracicaba/SP

Fotos FórumAs fotos em preto e branco, publicadas noFórum de Idéias (p. 20), foram extraídasdo livro �CAC, o cooperativismo que deucerto�, de Dráuzio Leme Padilha (1989).

E R R A M O SNa seção Tomate, da edição de julho(p. 5), a região que registrou aumentoda área plantada foi São José de Ubá,no Rio de Janeiro e não Ubá, cidademineira.O nome correto de uma das autoras damatéria de capa Os hortifrutis quecuram é Carolina Dalla Costa.

Page 5: HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 3 Dez anos depois da extinçªo da Cooperativa Agrí-cola de Cotia (CAC), a Horti-fruti Brasil retomou o tema para

HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 5

CEBOLA

Começa a safrapaulista

A cebola do estado deve estar com maior calibre,o que não é bom para o setor.

Por Aline Barrozo Ferro

Cebola maior em SPAs regiões paulistas de MonteAlto e São José do Rio Pardo ini-ciaram a colheita de cebola nofinal de julho e devemintensificá-la em agosto e setem-bro. A área de plantio se mante-ve estável em relação à do anopassado, contrariando as expec-tativas de redução decorrente dodesânimo dos produtores com osbaixos preços obtidos em 2002.Entre as variedades cultivadas,a mercedes registrou a maior que-da de produtividade, devido àmorte de parte das plantas. Comisso, as que sobram passam acompetir menos por água e nu-trientes, o que proporciona a pro-dução de cebolas de maior cali-bre (tipo 4). Esse tipo de bulboé, porém, menos demandadopelos consumidores. Assim, amargem de lucro de certos pro-dutores pode cair neste mês. Aexpectativa de alguns agentesé que os preços não reajam sig-nificativamente em agosto,dada a entrada das cebolas nor-destina e mineira no mercadointerno. Mesmo em menor vo-lume, essa oferta inviabiliza asnegociações do bulbo paulista.

Cai oferta nordestinaA safra de Irecê (BA) terminouem julho, mas a quase totali-dade da colheita concentrou-seno primeiro semestre, tendo emvista a expectativa de quebrade produção em Santa Catarinae no Rio Grande do Sul. Nos pró-ximos meses, os produtores lo-cais devem ofertar apenas umpequeno volume destinado àcomercialização regional. Como desânimo de muitos produto-res devido aos baixos preços pra-ticados neste ano, alguns agen-

tes devem diminuir a área deplantio neste semestre. O Valedo São Francisco continuaofertando, porém, em ritmomais lento em agosto, já quemuitos produtores dessa regiãoestão no final da safra. A co-lheita deve ser novamente in-tensificada a partir de outubro,com a safra de plantio e repas-se. O mercado nordestino foiprejudicado pelas safras paulis-ta e mineira, já que o exceden-te da produção é comer-cializado também no Sudeste.Com isso, houve uma maioroferta no mercado local, pres-sionando nova queda dos pre-ços no final de julho.

São Gotardo intensificacolheitaA região de São Gotardo (MG)intensificou a colheita de ce-bola no final de julho e, se-gundo agentes, deve ofertarem grande quant idade emagosto. Como o plantio minei-ro é bem escalonado, outrasregiões de Minas devem ace-

lerar a colheita do produtoa partir de setembro.A expectativa dos

produtores do estado é de me-lhor produção que no primei-ro semestre, quando o plantioantecipado foi prejudicadopelas chuvas, que ocasiona-ram algumas bacterioses.

Importações caem 70%em junhoAs importações recuaram an-tes do previsto neste ano, emfunção da antecipação da ofer-ta nordestina. Os baixos preçosdo produto nacional inviabi-lizam cada vez mais a impor-tação de cebola do país vizi-nho, que passa a render umaestreita margem de lucro. Nomês de junho, as compras decebola argentina caíram cercade 70% em relação a maio, se-gundo dados da Secex, em fun-ção do início das safras pau-lista e mineira. Mesmo assim,o volume importado foi cercade 50% maior que em junho de2002. Com a entrada das sa-fras paulistas de Monte Alto eSão José do Rio Pardo, a ex-pectativa dos importadores éde queda nas negociações, de-pendendo da qualidade e dospreços a serem praticados nomercado interno.

Foto

: Sak

ata

Sud

amer

ica

Page 6: HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 3 Dez anos depois da extinçªo da Cooperativa Agrí-cola de Cotia (CAC), a Horti-fruti Brasil retomou o tema para

6 - AGOSTO/2003 - HORTIFRUTI BRASIL

BATATA

Mercado segueabastecidoA maior oferta mineira, principalmente, pode dificultar a reação dos preços

Por Eveline Zerio eJoão Paulo Deleo

Agosto com muita ofertaEm agosto, as regiões do sul deMinas Gerais e de Vargem Gran-de do Sul deverão intensificar acolheita da batata da safra de in-verno, que se iniciou em julho.Isso deve garantir uma grandeoferta nas diversas praças de co-mercialização do país, o quepode dificultar a valorização doproduto. Além disso, alguns mu-nicípios do Paraná, como Con-tenda, também iniciaram os tra-balhos de campo. Os produtoresparanaenses acreditam que as in-tensas chuvas registradas em ju-lho podem afetar a produtivida-de das lavouras. Entretanto, atémeados de julho, essa expecta-tiva não foi confirmada. Osbataticultores de Brasília e regiãotambém ofertam um maior volu-me a partir de agosto, estenden-do o pico de safra local até o fi-nal de setembro. O sudoeste pau-lista, por outro lado, encerrou acolheita no mês passado. Os pro-dutores acreditam que a safra foisatisfatória, embora os preços re-

cebidos pe-los produto-res tenhamficado abai-xo da ex-pectativa,

em função da retração das ven-das no atacado e no varejo. É im-portante ressaltar que, em setem-bro, o sudoeste de São Paulo vol-ta ao mercado para ofertar a ba-tata da safra das águas.

Aumentam contratosO número de contratos firmadosentre bataticultores e a indústriacontinua crescendo significativa-mente neste ano, sobretudo noestado no Paraná. Os produtoresalegam que a indústria proporci-ona maior segurança na negoci-ação, garantindo o pagamento.Os preços também são travadosa um valor acima do custo deprodução. As dificuldades nasvendas e o aumento da inadim-plência nos últimos meses, nomercado doméstico, têm estimu-lado os produtores a buscar mai-or segurança e rentabilidade nosetor industrial. Em julho, o va-lor da saca da variedade atlanticnegociada com a indústria foi fi-xado na média de R$ 32,00/scpara a especial e em R$ 18,00/sc para a primeirinha, calibre 45.

Em busca de regiõesApesar da Bahia e de Goiás nãoestarem entre os maiores produ-tores de batata do Brasil, desdede 2002 se observa um signifi-cativo aumento da área destina-da à produção do tubérculonesses estados. O fatoratrativo é o clima fa-vorável ao cultivo

do produto. As baixas tempera-turas durante a madrugada, liga-das à altitude das regiões produ-toras, inibem o aparecimento depragas e doenças relacionadas aoexcesso de calor no solo. A pre-sença de grandes produtores al-tamente qualificados é o prin-cipal fator que faz com que es-ses estados apresentem tamanharelevância no setor, apesar daárea de produção ainda ser in-ferior às das regiões produtorasmais tradicionais. Na ChapadaDiamantina (BA), por exemplo,cinco grupos de bataticultores do-minam a área de cultivo do pro-duto, que totaliza cerca de 3.500hectares neste ano, área 25% aci-ma da de 2002. Além do clima,outro fator que estimula o plantiona Bahia é a prática comum deirrigação, que proporciona quali-dade e produtividade maior emtodas as épocas do ano. Ela é fei-ta por uma represa com cerca de23 quilômetros de espelhod�água. Mesmo assim, já se ob-servam, na região baiana, algunsproblemas relacionados à dispo-nibilidade hídrica. As terras pró-ximas a essa represa estão todasocupadas e não há interesse nasáreas afastadas, dada a dificulda-de de se aplicar um sistema efici-ente e rentável de irrigação. No es-tado de Goiás, os municípios deCristalina e a área metropolitanade Brasília também estão se desta-cando no plantio de batata. Alémda presença de grandes grupos, osprodutores mineiros e até para-naenses estão arrendando terras noestado goiano para iniciar a pro-dução do tubérculo. Os bata-ticultores, de modo geral, buscamterras novas, onde o cultivo ocor-ra de forma mais produtiva. Esti-ma-se que cerca de 3.600 hecta-res estão sendo cultivados Brasília/Cristalina (GO) neste ano, áreacerca de 5% a mais que em 2002.

Page 7: HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 3 Dez anos depois da extinçªo da Cooperativa Agrí-cola de Cotia (CAC), a Horti-fruti Brasil retomou o tema para

HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 7

CEBOLA

Page 8: HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 3 Dez anos depois da extinçªo da Cooperativa Agrí-cola de Cotia (CAC), a Horti-fruti Brasil retomou o tema para

8 - AGOSTO/2003 - HORTIFRUTI BRASIL

TOMATE

Agosto amargo

Por Renata B. Lacombe,Carolina Dalla Costa e Ana Júlia Vidal

A oferta deve ser grande e o consumo só costuma melhorar em setembro

Cenário difícil em agostoPara agosto, as perspectivas sãopouco otimistas, uma vez que aoferta de tomate deve permane-cer alta no mercado. Apesar dofim do pico de safras de Araguari(MG) e de Goianápolis (GO), pre-visto para este mês, o aquecimen-to da colheita em roças de Mogi-Guaçú (SP) e nas lavouras cario-cas deverá contribuir para que aoferta mantenha-se no patamar dofinal de julho, ou até mesmo ve-nha a aumentar. As temperaturastambém costumam subir nestemês, podendo acelerar a colhei-ta. Além disso, as lavouras do in-terior de Minas Gerais, como asde Pará-de-Minas, também de-vem continuar ofertando grandesvolumes. Vale lembrar que o to-mate produzido no Rio de Janei-ro (RJ) vem sendo enviado paraas ceasas cariocas e paulistas,

contribuindo para a manuten-ção da oferta nesses grandes

centros compradores nos úl-timos meses. O fator posi-

tivo para o mercado é a

retomada das aulas, que costumaajudar no escoamento do produ-to. Contudo, grande parte dosagentes acredita que a demandasó melhore a partir de setembro,como normalmente ocorre.

Preços baixos em julhoContrariando as expectativas domercado, os preços do tomate per-maneceram baixos em julho. Nemassim o consumo aumentou. Aqueda do poder aquisitivo do con-sumidor brasileiro e o aumento dodesemprego têm prejudicado asvendas dos hortícolas em geral.Além disso, as temperaturas nãocaíram muito com a chegada doinverno, dificultando o controle daoferta. Muitos produtores tiveramque descartar uma boa quantida-de de tomate maduro. Durante asegunda quinzena do mês, o pre-ço médio de venda do salada AAlonga vida registrou os menorespatamares registrados desde o iní-cio do ano na Ceagesp, em mé-dia mensal de R$ 12,58/cx de23kg, frente aos R$ 19,17 do mes-mo período de 2002. Nas princi-pais lavouras, os preços recebidospelos produtores permaneceraminferiores ao custo de produção.Em algumas roças, o produto che-gou a ser comercializado a R$3,00/cx 23kg. Esse cenário de pre-ços baixos e dificuldade de ven-

da deve desestimular o plantiopara a próxima safra, já que os cus-tos de produção continuam altos.Cabe lembrar que a área planta-da já está menor neste ano em re-lação à do anterior.

Doenças podem aumentarA manutenção dos preços dos in-sumos agrícolas em patamares ele-vados - ainda que o dólar, moedautilizada na cotação desses pro-dutos, tenha oscilado em níveismais baixos nos últimos meses - eos baixos preços praticados nomercado podem influenciar na re-dução da área plantada para a pró-xima safra e também aumentar osproblemas fitossanitários nas la-vouras de tomate. Em julho, al-guns produtores, principalmentede Araguari (MG), já relataram es-tar enfrentando problemas com amosca branca, transmissora do ví-rus mosaico. As condições climá-ticas (seca e calor) contribuíramcom o surgimento do problema.

Argentina aparece timida-menteEm julho, compradores argentinosvoltaram a carregar tomate no in-terior paulista e mineiro, aindaque em volume pouco represen-tativo. Os preços negociados es-tiveram cerca de R$ 1,00 a R$2,00 mais altos do que a médiapraticada no mercado interno noperíodo. Para agosto, os agentesesperam que esses compradoresaumentem a procura pelo toma-te brasileiro, estimulados pelospreços mais baixos. Antes da cri-se que se abateu sobre aquelepaís, a Argentina costumava serum tradicional comprador de to-mate brasileiro no inverno, já queo frio impede a produção local.

Page 9: HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 3 Dez anos depois da extinçªo da Cooperativa Agrí-cola de Cotia (CAC), a Horti-fruti Brasil retomou o tema para

HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 9

Page 10: HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 3 Dez anos depois da extinçªo da Cooperativa Agrí-cola de Cotia (CAC), a Horti-fruti Brasil retomou o tema para

10 - AGOSTO/2003 - HORTIFRUTI BRASIL

Por Marina Matthiesen eRenata Lacombe

A união PEDEmais

COOPERATIVAS

ASSOCIAÇÕESASSOCIAÇÕESe

COOPERATIVAS

Unir-se pode ser uma açãodifícil de se efetivar, especial-mente quando se trata de negó-cios. A união envolve confiança,compromisso e responsabilidade,valores que nem todos assumi-riam se não existisse um outrofator: o interesse comum.

No setor hortícola, o conjun-to desses interesses é amplo.Vai desde o aumento do poder debarganha para a compra de in-

sumos até a mesa de negocia-ção com a indústria. Juntos, osprodutores aumentam suas ga-rant ias de venda e suaschances de conseguir créditobancário. Deve ser levada emconsideraçao ainda a difusão detecnologia que as diversas orga-nizações promovem, através deassistência técnica, cursos, pa-lestras e convênios com entida-des de pesquisa. Além disso, arepresentação de classe aumen-ta o reconhecimento do grupono meio agrícola.

É de olho nesses benefíciosque o setor hortícola tem se orga-nizado em cooperativas, associa-ções, sindicatos ou pools (do inglês,reunir idéias ou recursos). Uma pes-

quisa realizada pela HortifrutiBrasil revela que a união está simpor trás da força do setor hortíco-la, embora muito ainda tenha queser feito nesse sentido.

Foram ouvidos 131 produtoresde tomate, cebola, batata, uva,citros, mamão, melão, banana emanga, leitores da HortifrutiBrasil, na segunda semana dejulho. Dentre eles, 59% declara-ram fazer parte de alguma orga-

nização associa-t iv ista, emborauma grande par-cela tenha ditonão estar total-mente satisfeitacom as atividadesdessas entidades.Aproximadamen-te 43% dos entre-vistados declara-ram-se insat is-feitos com as coo-perativas a queestão l igados e48%, com os sin-

dicatos dos quais fazem parte. Apesquisa identificou que as for-mas mais simples de organiza-ção ainda são as que fazem maissucesso: 70% dos entrevistadosestavam satisfeitos com as as-sociações e 60%, com os pools.

Vale ressaltar que os dados dolevantamento não refletem omapa exato do associativismo nosetor, e tampouco um ranking deeficiência das diversas organi-zações, mas apenas uma carac-terização das formas de união,apontada pela parcela consulta-da. De qualquer forma, os resul-tados das entrevistas mostramque setor hortícola ainda temmuito a evoluir em termos deações coletivas, até porque a

maioria das organizações cita-das foi criada na década de 90.

Elas UNEM o setor. Associações e Cooperativassão as principais formas de orga-nização dos horticultores, confor-me apontou a pesquisa. Poucomais de 30% dos entrevistadosdeclararam-se associados e 21%,cooperados. Dificilmente o produ-tor que faz parte de uma associa-ção pertence a outras entidadesde classe. Se um produtor é mem-bro de uma cooperativa, raramen-te também faz parte de sindica-to, associação ou pool. Em geral,as formas de associativismo de-sempenham papéis similares ou,às vezes, complementares.

A principal diferença entre co-operativas e associações está nonúmero de participantes. Bastamapenas duas pessoas para formaruma associação, enquanto umacooperativa requer, no mínimo,vinte integrantes.

Uma forma simples de uniãonão significa, no entanto, menoreficiência. Tanto as associaçõesquanto as cooperativas podem re-alizar atividades similares, comoa compra de insumos e a vendada produção de seus membros.

Com relação aos sindicatosrurais, os produtores relacionammais suas atividades às de umescritório contábil e de assesso-ria legal, bem como aos de pres-tação de assistência social - comoconvênios médico e odontológico- do que à uma entidade de re-presentação de classe propria-mente.

Outro tipo de associativismo

A maioria está organizada em associaçõesFormas de organização ent re os ent rev i s tados

Organização %Associação 33%

Cooperativa 21%

Sindicato 12%

Associação + Sindicato 1 1%

Associação + Cooperativa 9%

Pool 6%

Sindicato + Cooperativa 6%

Assoc iação + S indicato + Cooperat iva 1%

Total 100%

Fonte: Cepea/Hort i f rut i Bras i l

Page 11: HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 3 Dez anos depois da extinçªo da Cooperativa Agrí-cola de Cotia (CAC), a Horti-fruti Brasil retomou o tema para

HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 11

92%

FORÇA

59% dosentrevistadosdeclararam pertencer àalguma entidade de classe.O nível de organizaçãovaria nos diferente setores.

ASSOCIAÇÕES

COOPERAT IVAS

SINDICATOS

POOLS

Apoio (técnico, comercial) aosprodutores, promoção doproduto e organização de

cursos e eventos. No caso dosbataticultores, apóiam pesqui-sas em parcerias com órgãos

governamentais e universidades

Boa parte vende insumos.Poucas comercializam a

produção. Oferecem tambémapoio técnico e facilitam o

acesso ao crédito.

Prestam serviços de escritório(contabilidade, folha de paga-mento e impostos). Também

oferecem apoio judicial.

O objetivo é aumentar o poderde barganha dos produtores

durante a venda da produçãoou compra de insumos. Muito

comum no setor citrícola.

Fonte: Cepea/Hortifruti Brasil

Principais funções dasorganizações destacadas

pelos entrevistados

é o pool. Recente no Brasil e denome pouco difundido, ele ca-racteriza a união menos formalde produtores - sem estatuto, aocontrártio das cooperativas eassociações - para compra de de-fensivos e fertilizantes e/ouvenda da produção. Há muitoscasos efetivos de produtores quese juntam em pool, mas desco-nhecem essa nomenclatura.

Não há uma forma ideal deorganização. Muitas vezes, de-pendendo do objetivo dos produ-tores, é preferível unir-se compoucos amigos a pertencer auma grande cooperativa. No se-tor hortícola brasileiro, há exem-plos de produtores que se reú-nem entre membros das famíli-as para vender, como em deter-minados pools de citros, até co-operativas com cerca de 14 milcooperados que comercializaminsumos. Em ambos os casos, oprincipal é que os interesses dosprodutores sejam garantidos.

De todos os tipos de asso-ciativismo pesquisados, a mai-or satisfação do produtor foi re-velada com as associações. Elesressaltam que a assistência

técnica e organização de cursose palestras são de grande auxí-lio, além do que, as associaçõesrepresentam juridicialmente osetor. A principal reclamaçãosobre esse tipo de agrupamentoé a falta de empenho dos própri-os associados.

As cooperativas vêm em se-gundo lugar quando se trata desatisfação dos membros. Os pro-dutores apontam como principaisvantagens a facilidade para com-prar insumos a preços menorese com prazo maior de pagamentoe também a maior facilidade paraa obtenção de crédito.

Os serviços prestados pelossindicatos são os que menosagradam, mesmo porque váriosprodutores desconhecem todasas funções que o sindicato podeexercer. A maioria dos entrevis-tados reclama, por exemplo, doatraso do repasse das informa-ções trabalhistas, definidas peloMinistério.

O setor frutícola é

O setor viticultor (uva) foi ocampão de organização, com 92%de seus produtores entrevistadosunidos principalmente em coope-rativas. Cerca de 60% deles es-

tão satisfeitos com asatividades e

Nivel de organização por setor

91%

87%67%

65%44%

40%27%

14%

* Percentual dos entrevistados, ordenados por setor, que declaram fazer parte de alguma entidade de classe

Fonte: Cepea/Hortifruti Brasil

MAIS ORGANIZADO?MAIS ORGANIZADO?

Page 12: HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 3 Dez anos depois da extinçªo da Cooperativa Agrí-cola de Cotia (CAC), a Horti-fruti Brasil retomou o tema para

12 - AGOSTO/2003 - HORTIFRUTI BRASIL

“A maioria dasorganizações do setor

é recente.Fortalecê-lasrequer uma

participação maisefetiva dosmembros”

s e r v i ç o sdessas entidades.

As principais vanta-gens apontadas pelos pro-

dutores de uva em relação àscooperativas foram as melhores

condições para a aquisição de in-sumos e a facilidade para a obten-ção de crédito e, em alguns casos,ainda o auxílio no beneficiamentodo produto.

Dos setores pesquisados, osegundo mais unido é o ba-nanicultor, que tem como princi-pal forma de organização a asso-ciação. O nível de satisfação des-ses produtores é similar ao deuva (cerca de 67%). Segundo osentrevistados, os principais be-nefícios que se obtém ao perten-cer a uma associação são: assis-tência técnica, representati-vidade da classe, acesso a crédi-to e difusão de tecnologia.

O setor citrícola ficou emterceiro lugar e, nesse caso, maisuma vez o cooperativismo preva-leceu. Entretanto, diferente dosdemais setores, apenas 25% dosprodutores de citros declararamestar contentes com seus servi-ços. Para a maioria dos entrevis-tados, o desempenho das coope-rativas na área de comercializa-ção e representação dos interes-ses da classe é baixo. Entretan-to, ser cooperado ainda é vanta-joso para o produtor de citros, porgarantir maior acesso a crédito -esse setor possui uma cooperati-va de crédito – e diponibilizaruma grande diversidade de insu-mos exclusivos para a cultura.

Esse é o setor que tem adota-do os pools como a forma deunião. Nota-se que, nesse caso,os produtores se juntam apenaspara vender a produção, e nãopara comprar defensivos e ferti-lizantes. A satisfação dos seusintegrantes tem sido elevada, porvolta de 60%. O principal atrati-vo é o reforço do poder de barga-nha ao vender a fruta para a in-dústria de suco de laranja.

Outro exemplo de organizaçãoa ser destacado no setor citrícolaé o Fundo de Defesa da Citri-

cultura (Fundecitrus). O Funde-citrus é uma instituição mantidapor produtores e pelas fábricas desuco. Criada em 1977 para con-trolar o cancro cítrico e para ge-rar pesquisas no setor, mantémseu esforço na defesa fitossa-nitária dos pomares.

Após os viticultores, bana-nicultores e citricultores, no

“ranking de união”, estão os bata-ticultores. Nesse setor, a associ-ação aprece como a principal for-ma de organização, alacançando89% de satisfação dos associadosouvidos pela Hortifruti Brasil.Para eles, as principais vanta-gens de serem associados são: otrabalho de representação declasse, as informações forne-cidas e a proximidade com enti-dades de pesquisa.

Após os bataticultores, vêmos produtores de mamão. Maisuma vez, a principal forma de or-ganização são as associações,apresentando um alto nível desatisfação, principalmente pe-los cursos e eventos oferecidos,além da facilidade para a obten-ção de crédito e auxílio em ques-tões burocráticas relacionadasà exportação.

Os produtores de tomate, porsua vez, estão organizados, emsua maioria, em sindicatos, prin-cipalmente nos estados de SãoPaulo e Minas Gerais, onde seconcentrou a amostra pesqui-sada desses agentes. Apesar damaioria se declarar pouco satis-feita com os serviços prestadospelos sindicatos, as atividades

relacionadas à área trabalhista,legislativa e administrativa nãodeixam de representar vantagemaos membros. Segundo os entre-vistados, a falta de união no se-tor tomaticultor deve-se à insta-bilidade do preço e da oferta doproduto no mercado, que acabagerando uma competição acirra-da entre os agentes.

As associações e cooperativasaparecem igualmente importan-tes no caso dos produtores demanga. Essas entidades dãoapoio técnico e atuam sobretudona comercialização das safras.

Enfim, os produtores menosrepresentados em organizaçõesassociativistas foram os de ce-bola (27% dos entrevistados) ede melão (14%). Verificou-se,entre os produtores de cebola,que alguns fazem parte de coo-perativas e associações queabrangem vários produtos, comogrãos e citros. No caso do me-lão, o baixo “índice de união”está ligado à elevada escala pro-dutiva das empresas do setor,que acabam não precisando rerepresentação de classe para terforça nas negociações.

A pesquisa da Hortifruti Bra-sil deixou claro que o setor hor-tícola é organizado, mas o for-ta lec imento das ent idadesassociativistas depende da par-ticipação mais efetiva dos seusmembros. Esse envolvimentoconsciente d inamizar ia emmuito o trabalho das entidadese, consequentemente, os resul-tados obtidos pelos produtores.

Page 13: HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 3 Dez anos depois da extinçªo da Cooperativa Agrí-cola de Cotia (CAC), a Horti-fruti Brasil retomou o tema para

HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 13

comercializaçãode frutas

assistência,comercializaçãoe venda de insumos

venda de laranjapara industria

comercialização evenda de insumosde uva

assistência,pesquisa epromoção de batata

assistência,comercialização evenda de insumos

treinamento,pesuisa epromoção de mamão

representação declasse e promoçãode banana

pesquisa eimportação debatata/semente

assistência,pesquisa eeventos

assistência,venda de insumos

cursos,assistênciaadministrativa e legal

informações,crédito einfraiestrutura

informações,cursos

representação declasse e promoçãode banana

assistência einformação

cooperativa decrédito e vendade insumos

Numa união, não é otamanho que importa,mas a garantia dosinteressescomuns.

Fonte: Cepea/Hortifruti Brasil

Exemplos deorganizaçõesdo setorhortícola

Page 14: HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 3 Dez anos depois da extinçªo da Cooperativa Agrí-cola de Cotia (CAC), a Horti-fruti Brasil retomou o tema para

14 - AGOSTO/2003 - HORTIFRUTI BRASIL

MAMÃOPor Isis Nogueira Sardella

Oferta deve cairA reação dos preços vai depender do consumo

P reços reag i ram àbaixa ofertaNo final de julho, a produçãode mamão das var iedadeshavaí e formosa começou acair nas roças do Espírito San-to e das regiões sul e oeste daBahia. Essa queda deveu-se àchegada do �pescoço� nas ro-ças capixabas e às baixas tem-peraturas nas regiões produto-ras da Bahia, que acabaram fa-zendo com que o mamão ficas-se mais tempo no pé até atin-gir o ponto de colheita. A me-nor oferta acabou impulsionan-do os preços do mamão havaíno período, o que deixou osprodutores mais esperançosospara o mês de agosto.

Oferta deve diminuirSegundo produtores, a menoroferta nas roças capixabas ebaianas deverá continuar nomês de agosto, principalmen-te no Espírito Santo, onde asproduções de algumas lavou-ras foram praticamente zeradasno final de julho. Os produto-res estão esperando uma mai-or produção somente para omês de setembro, alegandoque o �pescoço�que chegouem julho deverá se esten-

der por um período de 30 dias.Desse modo, espera-se queagosto seja um mês de ofertaescassa e possível reação dospreços. Porém, se a demandapelo produto não aumentar, avalorização pode não ocorrer.

Desânimo, prejuízo eesperançaOs produtores de mamão es-tão enfrentando um períodocrítico no mercado, se depa-rando com preços baixos edemanda cada vez mais retra-ída. Desanimados e às vezesrevoltados, alguns produtoreschegaram a jogar mamão nolixo em julho, quando o preçopraticado no mercado foi in-ferior ao custo de produção.Ainda assim, há expectativade reação dos preços para osegundo semestre do ano.

Expor tadores e s tãoanimadosEm contraposição ao quadrode insatisfação em que se en-

contram os produtoresque abastecem o mer-cado interno de ma-mão, os exportado-res do fruto estãosatisfeitos com ospreços maiores

conseguidos no mercado inter-nacional ante os recebidos in-ternamente. O ânimo é tantoque esses produtores estãopensando até em aumentarsuas produções, com perspec-t iva de maiores lucros em2004. Vale ressaltar que omercado importador (Europa eEstados Unidos, principalmen-te) é bastante exigente quan-to à qualidade do fruto, tor-nando indispensáveis o cuida-do e os investimentos por par-te do produtor para impedirqualquer tipo de dano ao fru-to, tanto no período de desen-volvimento quanto no proces-so de pós-colheita.

Exportações devem au-menta rO volume de mamão embar-cado tem ficado abaixo do es-perado pelos exportadoresbrasileiros nos últimos meses.Desde junho deste ano, asempresas alegam que as ex-portações foram prejudicadaspela entrada das férias de ve-rão dos países importadores.Para esses agentes, os embar-ques devem se intensificar so-mente a partir de setembro,quando as atividades retor-nam e a produção de mamãodes t inada à expor tação émaior. Contudo, avaliando osdados da Secex, de janeiro ajunho deste ano, o volume ex-portado foi 47% superior aomesmo período do ano passa-do, totalizando 19,8 mil tone-ladas. Em 2002, quando asexportações totais somaram28,5 toneladas, exportou-se,nos seis primeiros meses, cer-ca de 13,5 toneladas.

Page 15: HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 3 Dez anos depois da extinçªo da Cooperativa Agrí-cola de Cotia (CAC), a Horti-fruti Brasil retomou o tema para

HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 15

MELÃO

Otimismo naChapada do Apodi

Por Cinthia Antoniali Vicentini

O clima tem colaborado com o desenvolvimento da safra

Produção aumentasignificativamenteA colheita de melão amarelonas regiões produtoras deMossoró (RN), Baraúna (RN),Chapada do Apodi /BaixoJaguaribe (RN/CE) deve se in-tensificar na primeira quinze-na de agosto. Quase todos osprodutores demonstram satisfa-ção no que se refere à quali-dade e produtividade da safra,pois o clima tem sido favorá-vel, evitando o surgimento dedoenças. Em decorrência dis-so, o melão graúdo tem se des-tacado (80% a 90% do totalproduzido) , sendo comer-cializado no mercado internoantes do início das exporta-ções. Nessa época do ano, aoferta do miúdo é praticamen-te nula, pois no começo de sa-fra o crescimento da fruta émuito bom. Historicamente,quando chove bem no inícioda safra, a maior parte da co-lheita pode ser de melão miú-do, o que não aconteceu noinício desta safra.

Exportação é essencialA maior preocupação dos pro-dutores de melão amarelo emjulho foi a constante oscilaçãonos preços negociados no mer-cado interno, além da calmariadas vendas no período. O volu-me ofertado foi aumentandogradativamente, pressionandoos preços no decorrer do mês.Com a oferta maior que a de-manda, a compra de melão pe-los atacadistas da Ceagespcaiu, gerando receio de gran-des prejuízos. Em agosto, a co-lheita deve se intensificar ain-da mais, podendo voltar a pres-

sionar o preço do produto, casoa demanda não melhore. Porém,essa previsão de queda nos pre-ços se restringe à primeira quin-zena do mês, pois a partir do dia20 começam as exportações, fa-tor fundamental para a normali-zação dos preços internos. Cer-ca de 50% a 60% da produçãonacional é voltada ao mercadoexterno. Neste ano, a reduçãodas despesas com a exportação(especificamente com frete)deve estimular as vendas exter-nas. No mesmo período do anopassado, a alta do dólar tambémincentivou os exportadores, o queacabou resultando em pouca fru-ta no mercado interno e na con-seqüente reação dos preços.

Exportação antecipadaComo previsto no mês passado,a forte onda de calor que atin-giu a Europa neste verão au-mentou o consumo de melão nocontinente, além de reduzir aoferta de fruta espanhola nomercado antes do previsto. Issoantecipou as exportações bra-sileiras, fazendo com que osprodutores aproveitassem osnavios que vêm da Argentinacom citros para transportar o

melão para o mercado externo.

Fim da safra no ValeNo mês de agosto, termina a sa-fra da região do Vale do São Fran-cisco. Porém, existe uma mino-ria de produtores que, na expec-tativa de lucro, continua plantan-do e colhendo melão durante osprimeiros meses do segundo se-mestre. O volume é muito redu-zido (cerca de 10% da produçãoem período de safra) e o preçochega a ser R$ 2,00 inferior aovalor registrado pela fruta deMossoró (RN). Esses produtores in-vestem para vender nas regiõespróximas, chegando a obter bonspreços. As vendas para o merca-do de São Paulo, contudo, só setornam viáveis durante o períodode exportação, quando a produ-ção das grandes empresas da re-gião da Chapada do Apodi (RN)se volta para o mercado externo.Com isso, o volume da fruta re-manescente no mercado internodiminui, garantindo a venda domelão amarelo do Vale. Outraopção de plantio para essa regiãono segundo semestre é o cultivoda cebola, que tem mercado ga-rantido durante o ano todo.

Page 16: HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 3 Dez anos depois da extinçªo da Cooperativa Agrí-cola de Cotia (CAC), a Horti-fruti Brasil retomou o tema para

16 - AGOSTO/2003 - HORTIFRUTI BRASIL

MANGA

ExportaçõesanimadasA expectativa é de elevação dos embarques a partir de agosto

Por Renata Elise G. Sebastiani

UE consome mais man-ga brasileiraO aumento da área plantada noNordeste nos últimos anos e aelevada demanda européia im-pulsionaram as exportações bra-sileiras de manga no primeirosemestre deste ano. Segundo aSecex, o volume embarcado noperíodo aumentou 214% e a re-ceita, 230%, em relação ao pri-meiro semestre de 2002. Em nú-meros, o Nordeste exportou cer-ca de 24.500 toneladas nos pri-meiros seis meses de 2003, ge-rando US$ 13,5 milhões ao País.O aumento do volume embar-cado também elevou a receitados produtores que direcionamsua produção para o mercadoexterno. Na média, o preço re-cebido pelo produtor pela man-ga tommy destinada à vendaexterna esteve 53% maior noperíodo de janeiro a junho des-te ano (média de R$ 1,16/kg),que no mesmo semestre do ano

passado. O bom desempenhodas exportações animou as ex-pectativas para este segundo se-mestre, principal período de en-vio da manga brasileira para Eu-ropa (em 2002, apenas 12% dototal embarcado para o bloco foienviado no primeiro semestre).Apesar dos preços praticados emjulho terem retraído em relaçãoao mês anterior, devido à maioroferta nacional, a tommy paraexportação seguiu 9% mais va-lorizada frente a julho de 2002.

Manga brasileira nosEUA em julhoMesmo com os problemas cau-sados no atraso da indução flo-ral, os produtores nordestinos seplanejaram para entrar o maiscedo possível no mercado nor-te-americano. Os embarques damanga para os EUA começaramem julho, ainda que em peque-nos volumes, devendo se inten-sificar a partir deste mês. Emmédia, o envio de manga paraos EUA remunera melhor o pro-dutor do que as vendas para aUnião Européia, apesar dosamericanos serem mais exigen-

tes e, portanto, elevaremos gastos no processo depós-colheita. No anopassado, os valores pa-

gos pela tommy para os EUA es-tiveram em média 26% acimado recebido da União Européia.O Brasil tem oportunidade deenviar a fruta para o mercadonorte-americano na janela doseu maior concorrente, o Mé-xico, entre agosto e novembro.Neste ano, as importações nor-te-americanas da manga mexi-cana mantiveram-se pratica-mente estáveis em julho emcomparação ao mesmo mês de2002, mas a expectativa é queessa fruta praticamente saia domercado com o fim da saframexicana em agosto.

Não cabe manga no bol-so do consumidorO baixo poder aquisitivo do con-sumidor brasileiro foi o principalvilão da queda das vendas demanga no mês de julho. Nemmesmo as frutas que estiverammais baratas apresentaram gran-des saídas no mercado atacadis-ta. O setor acredita que no finalde agosto, a demanda pela man-ga aumente, em virtude de umacréscimo da oferta provenientedo Vale do São Francisco e deLivramento de Nossa Senhora doBrumado (BA), que deve reduziros preços, tornando a fruta maisacessível ao consumidor. A vol-ta às aulas e o clima mais quen-te também prometem ajudar nes-se sentido. Apesar das fracas ven-das em julho, os preços da tommyno atacado seguiram elevados,dada a pouca oferta e o encare-cimento da fruta na roça com oinício das exportações. No mêspassado, a tommy foi cotadaem média a R$ 1,40/Kg no ata-cado de São Paulo, alta de30% em relação julho de 2002.

Page 17: HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 3 Dez anos depois da extinçªo da Cooperativa Agrí-cola de Cotia (CAC), a Horti-fruti Brasil retomou o tema para

HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 17

Seca na Itália animaexportadores

UVAPor Aline Vitti

A expectativa é que os embarques nacionais batam novo recorde

Ânimo nas exportaçõesEm agosto, a oferta de uva nor-destina deve apresentar um ligei-ro aumento em relação a julho.Algumas parreiras que tiveram amaturação atrasada pelo frio fo-ram colhidas tardiamente e essaprodução deve ser ofertada nomercado interno neste mês. Oclima vem colaborando para odesenvolvimento da fruta no Nor-deste, mantendo boa a qualida-de. Para a próxima janela demercado (out/dez), as expecta-tivas são animadoras. Segundoagentes, o volume embarcadodeverá ser superior ao do ano pas-sado, assim como ocorreu na pri-meira janela de exportação (abr/jun), quando foram exportados28% a mais que em 2002(Secex). A seca que atingiu a Itá-lia, resultando numa quebra deaproximadamente 10% da pro-dução daquele país (até o mêsde julho, segundo fontes da Fe-deração Italiana de Agriculto-res), será favorável aos exporta-dores brasileiros. O aumento sig-nificativo da oferta brasileira dauva sem semente, muito visadapelo mercado externo, tambémreforçará a rentabilidade dos pro-dutores nacionais. A área plan-tada dessa variedade já é 50%maior em relação a 2002 e, casoo clima mantenha-se favorávelà cultura, deve resultar numa boalucratividade aos produtores/ex-portadores, já que o preço da uvasem semente é bem superior aoda uva com semente.

Jales intensifica colheitaA colheita de uva em Jales (SP),que começou no final de junho,deve ter seu pico em meados deagosto, aumentando a oferta in-

terna. Mesmo assim, o volumenão deve ser grande, apenas su-ficiente para atender ao consu-mo. Os preços devem permane-cer em patamares semelhantesaos de julho, o que é considera-do positivo pelos produtores.Mesmo com a redução significa-tiva da área de plantio neste ano,devido às erradicações de parrei-ras por parte de produtores desa-nimados com a cultura, acredi-ta-se que o volume não diminuamuito, pois os maiores produto-res da região continuam no mer-cado. Há também a expectativade novos plantios na região, o queretomaria a área plantada.

Clima favorece a pro-dução em PiraporaAssim como em Jales, o volumeofertado por Pirapora (MG) deveaumentar a partir de meados deagosto, quando praticamente to-dos os produtores começam acolher. O clima quente e secoda região está favorecendo amaturação da fruta, assim comoa sua qualidade. Além disso, astemperaturas frias registradasdurante a madrugada são positi-vas para a pigmentação da fru-ta, tornando-a mais atrativa ao

consumidor. A região, que vemaumentando a produção de uvade mesa, também está investin-do em novas variedades. Alémdas uvas sem sementes, aniagara também pode ter um au-mento em seu volume, o quepode se tornar um bom negóciopara os produtores, já que nestaépoca (ago/out), é baixa a ofer-ta de outras regiões. Dependen-do da reação do mercado exter-no nos próximos meses, a partirde agosto, a região de Piraporapoderá exportar uva para algunspaíses do Mercosul.

Fim da safrinha em Por-to FelizOs produtores de Porto Feliz (SP)devem encerrar a safrinha dasuvas finas em agosto. Após umcurto período de descanso (cer-ca de um mês), as parreiras de-vem ser podadas em setembro,visando a sua colheita em janei-ro de 2004. As que não produzi-ram na safrinha serão podadasantes (agosto), com previsão decolheita para dezembro. Em setratando da uva niagara, a podae a colheita se antecipam emum mês, por essa variedadeapresentar um ciclo curto(cerca de quatro meses).

Page 18: HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 3 Dez anos depois da extinçªo da Cooperativa Agrí-cola de Cotia (CAC), a Horti-fruti Brasil retomou o tema para

18 - AGOSTO/2003 - HORTIFRUTI BRASIL

BANANA

Oferta deveaumentarAs temperaturas mais altas prometem acelerar a colheita

Por Marina Matthiesen

Nanicas em altaA oferta de nanica deste ano estámuito inferior em comparaçãoà do ano passado. As enchentesno Vale do Ribeira (SP) no iní-cio do ano e a forte estiagemque atingiu as lavouras paulistase do norte catarinense nos me-ses de maio e junho prejudica-ram a produção de nanica parao segundo semestre de 2003.Com isso, os preços dessa bana-na nessas regiões registraramforte reação neste ano. Em ju-lho, a caixa de 22 kg da nanicacatarinense esteve 103% maisvalorizada que no mesmo perí-odo do ano passado e a caixada nanica paulista, 107% maisalta. Contudo, a região que maisse beneficiou com a queda naprodução nas demais praças pro-dutoras foi o norte de MinasGerais, onde a principal varie-dade cultivada é a prata. Emjulho, a nanica mineira foicomercializada, em média, aR$ 8,25/cx 22kg, um valor163% maior que no mesmo mêsdo ano passado. Para agosto, aexpectativa dos produtorescatarinenses e paulistas é que aoferta de nanica aumente nes-

sas regiões, devido à provávelelevação das temperaturas. Osbananicultores de São Paulo ain-da se preocupam com a prová-vel pressão nos preços que aoferta catarinense pode causar,caso as exportações não aumen-tem no estado sulista.

Maio oferta de prata noVale do RibeiraEm agosto, a oferta de bananaprata deve aumentar no Vale doRibeira (SP), principalmente nofim do mês, quando a regiãoestará em plena safra. Assim, aexpectativa dos produtores

paulistas é de queda nos pre-ços dessa banana, pois

além da previsãode aumento daoferta local, o nor-te mineiro devecontinuar comuma boa produçãode prata nesse pe-ríodo. Além disso,as vendas de ba-nana só costumammelhorar em se-

tembro, com a volta do calor,que aumenta o consumo geralde frutas. A prata do Vale en-cerrou o mês de julho sendocomercializada, em média, aR$ 10,40/cx 20kg, um preço80% maior que o praticado nomesmo período do ano passado.

Prata de MG no mercadoSe as temperaturas subirem já emagosto, a oferta de prata no nortede Minas Gerais deve aumentar.Contudo, os produtores mineirosesperam que o consumo tambémvolte a aquecer no período, esta-bilizando os preços dessa bana-na. Vale lembrar que neste perío-do a prata mineira deve enfrentara concorrência da paulista, cujacolheita tem início no final domês, podendo pressionar os pre-ços praticados no norte de Minas.Em julho, o preço da prata mi-neira esteve 64% maior que nomesmo mês de 2002, registrandoqueda nas últimas semanas domês, em função do desaque-cimento das vendas com a che-gada das férias e do frio.

Page 19: HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 3 Dez anos depois da extinçªo da Cooperativa Agrí-cola de Cotia (CAC), a Horti-fruti Brasil retomou o tema para

HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 19

CITROS

Tahiti começaa reagir

Depois de um semetre de preços baixos, a reação aparece

Por Ana Júlia Vidal eMargarete Boteon

Cai oferta de �limão�A oferta de �limão� tahiti devecomeçar a reduzir a partir dasegunda quinzena de agosto,voltando a aumentar somente apartir de outubro, nas principaisregiões produtoras do estado deSão Paulo (Itajobi, Jales, Taqua-ritinga, Mogi-Mirim e MonteAlto). Com isso, os preços do pro-duto devem reagir, como histori-camente ocorre. Em julho, o vo-lume disponível de tahiti comqualidade ideal para mercado jáestava reduzido, o que impulsi-onou a média mensal do produ-to para cerca de R$ 6,90/cx 27kg (colhido), alta de 82% em re-lação a junho. As vendas exter-nas do produto apresentaram rit-mo intenso no mês passado, em-bora muitos agentes reclamemdo envio do �limão� sem padrãoideal de qualidade para o mer-cado europeu, principalmente.Em julho, o tahiti destinado àexportação, posto no barracão,registrou média mensal de R$10,80/cx 27kg, alta de 29% emcomparação a junho.

La Niña é incertaAinda não é possível confirmara ocorrência do fenômeno LaNinã no Brasil. Segundo informa-ções do CPT/Inpe, o clima estáem fase de transição. Osmeteorologistas acreditam que ocenário deve estar mais claro emmeados de agosto ou em setem-bro. De qualquer forma, eles ex-plicam que a La Niña não inter-fere muito nos modelos climáti-cos do estado de São Paulo. �Tal-vez nas regiões mais próximas aoParaná, pode haver redução dovolume de chuva. As temperatu-

ras continuariam oscilando mui-to entre os dias e as noites�, afir-ma um pesquisador do CPT. Parao setor citrícola, as atenções vol-tam-se ao comportamento do cli-ma a partir de setembro, períododa florada. O Instituto prefere re-velar suas previsões meteoro-lógicas para esse período somen-te em agosto, depois do fechamen-to desta edição. Os meteorolo-gistas apenas comentam quepode ocorrer um adiantamentodas precipitações para agosto,embora ainda seja cedo paraqualquer avaliação. A Hortifru-ti Brasil está acompanhando otrabalho do Inpe e deve divulgaras previsões na próxima edição.

Laranja sem novidadesO mês de agosto não costumamarcar grandes alterações nomercado interno de laranja. Ge-ralmente, com o fim das férias ea inversão dos termômetros, esseperíodo apenas começa a sinali-zar a melhora do consumo, maisclara a partir de setembro. Nes-te ano, contudo, um sério agra-vante pode dificultar esse tradi-cional movimento observado emagosto: a redução do poder aqui-sitivo do consu-midor brasileiro.Desde do iníciode 2003, a difi-culdade para sevender no merca-do interno, bemcomo a cotaçãodo dólar em ní-veis mais baixos ea alta dos preçosdos insumos têmpressionado a ren-tabilidade do ci-

tricultor paulista, considerandoque os preços da fruta estão emníveis satisfatórios.

Pouca movimentaçãoindustrialAs atividades do setor industrialtambém devem continuar lentasem agosto, já que a oferta de frutaideal para a produção de suco pro-mete continuar baixa. Segundoagentes, o rendimento da fruta caiumais do que o esperado neste ano.Grande parte da pêra da segundaflorada ainda tinha tamanho re-duzido em julho, o que dificultoua entrega no portão da indústriaou a colheita da fruta contratadapelas fábricas no mês passado. Al-gumas empresas, inclusive, tive-ram que oferecer melhores preçospela fruta com bom rendimen-to (máximo de R$ 9,00/cx40,8kg, posta portão). As ne-gociações de contrato seguirampraticamente paralisadas. Para osprodutores, somente as chuvas apartir de agosto ditarão o ritmo daconturbada colheita neste ano,mas já se pode dizer que boa par-te da pêra deve estar saindo so-mente a partir de novembro.

Page 20: HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 3 Dez anos depois da extinçªo da Cooperativa Agrí-cola de Cotia (CAC), a Horti-fruti Brasil retomou o tema para

20 - AGOSTO/2003 - HORTIFRUTI BRASIL

Em 1919 se inaugurava a Associaçãodos Japoneses, de onde se irradiaria, para o futuro,todo o sistema cultural e educacional da CAC

Por quePor que aa

Por Mauro Osaki*

Quando se fala de cooperativas agrí-colas, não podemos esquecer da Coo-perativa Agrícola de Cotia (CAC), fun-dada na década de 30. Ela contribuiumuito no desenvolvimento agrícola doBrasil, introduzindo novas culturas e téc-nicas de produção de diversos produ-tos, como batata, cebola, tomate, uva,manga, melão, mamão, folhosas, alho,maçã, cenoura e outros.

Esses hortícolas foram se disseminan-do pelo território bra-sileiro graças à pes-quisa da CAC, emparceria com outrasinstituições. O proje-to de assentamentorural implementadopela Cooperativatambém contribuiupara isso. A dissemi-

nação do plantio de frutíferas foi o queteve maior repercussão. Quem imaginavaproduzir fruta no sertão mineiro e nor-destino na década de 70?

Na região de Pirapora, em Minas Ge-rais, a CAC introduziu o melão, o ma-mão havaí, a uva itália e a manga. Naregião do Vale do São Francisco, deu-

se a quebra damonocultura da ce-bola com a introdu-ção do melão noProjeto Curaçá, umestudo sobre o po-tencial agronômicoda cultura. A frutacomeçou a ser pro-duzida em larga es-

cala e com ótima qualidade na região,passando a ser comercializada no mer-cado de São Paulo, reduzindo, assim, adependência do produto importado.Mais tarde, foram introduzidas tambéma uva itália e a manga no Vale.

Atualmente, Pirapora e o Vale doSão Francisco representam as princi-pais regiões produtoras de uva itália emanga para exportação � são, inclu-sive, frutas muitos bem aceitas no mer-cado internacional.

Na mesma década, o mamão havaí(papaya) foi introduzido do Pará, na re-gião de Teixeira de Freitas, revelando-se um produto muito valioso para a eco-nomia local. Não demorou a ser ex-pandido por toda a região. Junto ao au-mento da produção de mamão no sulda Bahia, esse fator ajudou a reduz adependência do fruto importado e, coma conseqüente queda dos preços, deu-se a popularização do fruto na alimen-tação do brasileiro.

A maçã foi outro produto introduzidopela CAC. Dessa vez, na serracatarinense (região de São Joaquim),com auxílio de um pesqui-sador japonês no desenvol-vimento técnico. Após al-guns anos de pesquisa, a re-gião começou a colher osprimeiros frutos, que rapida-mente foram difundidos naregião, tornando o estado deSanta Catarina o principalprodutor de maçã no Brasil. O cresci-mento da produção dessa fruta tambémpermitiu a redução da importação, so-bretudo do produto argentino.

Nas culturas de batata e tomate,pode-se dizer que grande parte da atu-al técnica de produção utilizada pelosprodutores foi desenvolvida pela CAC.Para a cultura da cebola, diferentemen-te, desenvolveram-se técnica regionais.Para essas hortaliças, não foram reali-zados grandes projetos de assentamen-to, com exceção da batata.

A produção de batata-semente nacio-nal foi introduzida nas regiões deCanoinhas (SC), Palmas (PR), Brasília (DF)e Cristalina (GO), substituindo boa parte

da importação de semente da Argentinae da Europa. Já a produção de batata �innatura� concentrava-se no sudoeste pau-lista (Mogi das Cruzes e Bragança Paulis-ta) até a década de 70, quando se im-plantou um projeto para produção de ba-tata na região de Guarapuava (PR), quese destacou como uma das principais pro-dutoras do estado paranaense, mais umavez graças às atividades da CAC.

A Cooperativa Agrícola de Cotia con-centrava a comercialização de gran-de parte dos hortícolas produzida noBrasil, tornando-se referência de pre-ços no mercado. Além disso, a sele-ção e padronização dos hortícolas tam-bém foram desenvolvidas pela CAC,em parceria com o Ministério da Agri-cultura e as ceasas do país.

A CAC e a Embrapa desenvolveramainda cultivares de soja, milho e café

adaptados ao cerrado, ini-ciando o desenvolvimen-to da produção dessas cul-turas. Atualmente, a regiãodestaca-se como grande pro-dutora mundial de grãos.

Em 1988, a CAC possuía16.309 cooperados, 89 uni-dades regionais, 39 postos de

vendas e entreposto, 25 estações experi-mentais e 10.796 funcionários.

As crises econômicas desgastaram odesempenho financeiro da instituição nadécada de 80, principalmente com a altataxa de inflação registrada com váriosplanos econômicos fracassados, fazen-do com que a dívida aumentasse a cadamês. No início dos anos 90, o confiscofinanceiro e o descontrole da inflaçãoagravaram a crise da CAC.

O Brasil deixa de ter uma cooperativade grande importância econômica no se-tor do agronegócio quando a CAC de-creta concordata em 1993.

Exportação de uvaitália para a Europa

Plantação no cerradona década de 70

C CA

�A CAC nãosuportou as

crises econômi-cas de 80 e 90 e

decretouconcordata�

*Mauro é Eng. Agrônomo, mestrando em economia daEsalq e filho de um ex-cooperado da CAC.

Page 21: HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 3 Dez anos depois da extinçªo da Cooperativa Agrí-cola de Cotia (CAC), a Horti-fruti Brasil retomou o tema para

HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 21

foi extinta ?foi extinta ?

Nos 64 anos daexistência da CAC,enfrentamos momen-tos políticos e econô-micos difíceis. Muitosdeles foram contorna-dos. Mas, a partir dadécada de 80 a situa-

ção ficou difícil e nos anos 90, tornou-se insustentável devido aos sucessivosfracassos dos planos econômicos, fazen-do com que muitas empresas fechassemas portas, inclusive a maior cooperati-va agrícola do Brasil no ano de 1993.

A criação da CAC surgiu depois demuita discussão entre os produtores debatata de Cotia (SP). A fundação ocor-reu depois que um jovem produtor ruralestudou sobre cooperativismo no Japãoe mais tarde colocou em prática seusideais juntos com outros 82 lavradores.

Quando os produtores seuniram para formar essa Co-operativa, o espírito de co-operativismo era presenteem todos os cooperados, pre-dominando por muito tem-po na CAC, enquanto os fun-dadores estavam na admi-nistração. Contudo, esse co-operativismo foi sendo es-quecido com a mudança degeração de cooperados: filhos quepensavam diferente dos fundadores.

Os fatos que chegaram aos co-operados para que eles ext in-guissem a CAC foram:

• Passar a direção administrativa daCAC para funcionários de alto esca-lão, pois muitos não tinham vínculoscom o campo e, se fossem demitidos,

não retornariam para suas lavouras;• Quando a CAC encontrava-se en-

tre as 30 maiores empresas do Brasil, osdiretores recebiam salários semelhan-tes dos executivos das multinacionais.Isso certamente não ocorreria se fosseadministrada pelos próprios produtores;

• Os cooperados estavam procu-rando vantagens somente para elese não para a Cooperativa;

• A administração das cooperati-vas regionais deveria ser indepen-dente e não centralizada, pois issoprejudicava o desempenho das re-gionais com saldo positivo;

• Abertura de novas fronteiras agrí-colas como no cerrado numa épocaem que a economia encontrava-se to-talmente descontrolada;

• Diferenciar preço de insumos en-tre grande e pequenos produtores.

Encontrar uma razão para explicar�por que a CAC deixou de existir?� é

complicado mesmo de-pois de dez anos de suaextinção. Existem mui-tas versões que tentamexplicar o erro, mas nadadisso pode fazer surgiruma nova CAC capaz deagregar tanto produto emuma só cooperativa.

O erro da CAC não foisomente administrativo,

mas sim do próprio cooperado, poisse não tivesse perdido o espíritocooperativista, na sua essência, aCAC não seria extinta.

A CAC não existe, mas as regio-nais estão caminhando �com seuspróprios pés�, desenvolvendo e re-volucionando silenciosamente o se-tor agrícola no Brasil.

O que era um grande orgulho haviavirado um pesadelo...

Orgulho de fazer parte da maior coo-perativa da América Latina e pesadelo,pois essa grande cooperativa estava des-moronando. Pressentíamos que estavaacontecendo alguma coisa, porém, jamaisimaginávamos que ela estivesse tão �do-ente�, em estado terminal.

Éramos aproximadamente dez mil fun-cionários e fazíamos parte da equipe deOrientação Rural, setor encarregado emdar assistência técnica às famílias, prin-cipalmente às esposas e aos filhos dosassociados, organizados em Departa-mentos de Senhoras e Jovens, num totalaproximado de 2.500 senhoras e 2.000jovens, em vários estados do Brasil. Tí-nhamos como objetivo principal aintegração da família no movimentocooperativista, além de preparar jovenspara suceder a Cooperativa, isto é: for-mar ótimos e conscientes cooperados daCooperativa Agrícola de Cotia.

Alguns jovens já participavam como

Yasuo Osaki foirepresentante da CAC

em Piedade/SP.

Marina Suhara trabalhou na área social daCAC. Seu espírito cooperativista não se

extingiu com ela e acabou rendendo novosfrutos: a única associação de

senhoras do setor rural do Brasil, a ADESC.

Perdeu-se o espírito cooperativista

Depoimentos

�Se a ganânciado homem nãopredominasse

no seu compor-tamento, a

CAC teria su-cesso na sua

essência�.

�Nunca ninguémimaginava que iria

acontecer o queaconteceu. Será quepoderíamos salvá-la?Talvez se fôssemos

jovens como aquelesque fundaram a

CAC?�,

O que temos e fazemoshoje é fruto da CAC

Após dez anos sem a Cooperativa Agrícola Cotia (CAC),a Hortifruti Brasil uniu depoimentos de produtores e

funcionários para tentar responderporque a CAC fechou.

Page 22: HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 3 Dez anos depois da extinçªo da Cooperativa Agrí-cola de Cotia (CAC), a Horti-fruti Brasil retomou o tema para

22 - AGOSTO/2003 - HORTIFRUTI BRASIL

ternacionais; coordenamos o envio dedesenhos infantis para o Japão; en-contros; palestras; trabalhos sociaise culturais (com crianças carentes eidosos). Enfim, talvez somos a únicaAssociação de senhoras rurícolasregistradas no Estado de São Paulo.

A lição que recebemos da CAC foiótima e ainda nos deixou muitas tare-fas que deverão ser executadas commuito carinho e afinco. Sabemos queos erros cometidos não devem ser re-petidos no presente e no futuro.Estamos conscientes, estamos cautelo-sas, estamos quebrando barreiras, ospreconceitos, e estamos vencendo e po-demos dizer com toda convicção: VA-LEU COOPERATIVA AGRÍCOLA DECOTIA !!! Que descanse em paz...

A Cotia deu mui-to certo, sim, pois noBrasil a média devida das grandes em-presas é de 47 anos.A CAC passou dos 67anos de existência edeixou um legado deespírito cooperativistaem muitos recantosdo Brasil. A expressãoKyozon Kyoei (pros-peridade mútua através da coexistência),que estava escrita no auditório da sede

verdadeiros cooperados com espíritocooperativista, pois eles sentiram a ne-cessidade de se formar novamente, fa-zer parte de uma organização e se unir.

O que aconteceu com as senhoras foiexatamente isso. Não existia mais aCAC para dar assistência, subsídios paraatividades e principalmente o local paraas reuniões. O que vamos fazer? Nãoqueríamos terminar assim, pois eram 30anos de trabalho, de relacionamento ede amizade....E agora, Maria? O quevamos fazer? Foram os questiona-mentos... E a resposta foi unânime: va-mos continuar. Mas como, onde?!

Foi o momento de mostrar a força fe-minina. Fomos à luta! Porém, no inícionada foi fácil. Não tínhamos mesa, ca-deira, armários ou computador. O quetínhamos era apenas um amontoado depapéis, a nossa experiência e, acimade tudo, a vontade de vencer e de so-breviver de alguma forma.

E sobrevivemos. Hoje temos orgu-lho da nossa associação, a ADESC (As-sociação Cultural dos Departamentosde Senhoras Cooperativistas). Não so-mos mais 2.500 e sim apenas 267 se-nhoras, nos estados de São Paulo, Sulde Minas e Bahia, mas com certeza,com a mesma força das 2.500, ou tal-vez com muito mais...

Real izamos várias at ividades,como feiras de produtos caseiros (do-ces, salgados, artesanatos, conservasdiversas) em vários locais; enviamosartesanatos (panos de prato para Ja-pão); realizamos visitas técnicas, in-tercâmbios regionais, estaduais e in-

membros do Conselho AdministrativoRegional e outros na Diretoria das Co-operativas Regionais - eram as nossasrealizações...

Como extensionistas rurais, ou me-lhor, com educadores, o pouco resulta-do era nosso grande orgulho.

A Cooperativa Agrícola de Cotia dei-xou de existir e até hoje todos questio-nam a razão: Por que não deu certo?Creio que houve vários fatores: o cresci-mento excessivo da Cooperativa e suamaneira de administrar; o grande núme-ro de cooperados, mas poucos com overdadeiro espírito cooperativista, mes-mo os próprios membros da diretoria; odesinteresse pela organização; a situa-ção econômica e financeira do Brasilna época; a falta de verdadeiros líderesno comando da Cooperativa. Resumin-do: foi o resultado de vários fatores.

Acredito que as coisas não acontecempor caso. A Cooperativa não tombou poracaso, ela deixou de existir, pois talveznão houvesse mais a necessidade deexistir uma organização tão grande etambém porque os próprios cooperadosqueriam apenas se aproveitar dela. Coi-

tada, a CAC es-tava cansada...

Hoje, passa-dos quase dezanos, nas regiõesonde algunsagricultores con-seguiram se or-ganizar, temosuma Cooperati-va consciente,

A CAC sobreviveuenquanto existiu

cooperação

Reunião num Departamentode Senhoras da CAC.

Sr. Tetsuo Nohara trabalhou21 anos na CAC, ocupandodiversos cargos técnicos e

administrativos.

Page 23: HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 3 Dez anos depois da extinçªo da Cooperativa Agrí-cola de Cotia (CAC), a Horti-fruti Brasil retomou o tema para

HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 23

da CAC, no bairro do Jaguaré, é pratica-da por muitos ex-associados e ex-funci-onários em várias partes do país. As pes-soas aprenderam dentro da CAC que acooperação é a capacidade que quasetodos os seres humanos têm de confiarno próximo e construir juntos a prosperi-dade mútua. A Cotia foi isso. Sua histó-ria mostrou que a construção coletiva pre-cisa passar por um compromisso verda-deiro de todos os participantes.

Em 1925, muitos plantadores de ba-tata da Cotia, após viajarem a noitetoda, chegavam à beira do Rio Pinhei-ros carregados de sacos de batata noslombos dos burros. Sofriam boicote doscompradores, que os deixavam o diatodo na espera de algum comerciante.Somente ao anoitecer, quando os pro-dutores precisavam regressar a Cotia,apareciam os compradores para arre-matar as batatas por preços vergonho-sos. Crescia a angústia dos produtores.Em reuniões, manifestavam que erapreciso fazer algo, pois preparavam osolo, semeavam, cuidavam, colhiam,ensacavam e, depois de tanto traba-lho, na hora de realizar a venda, caí-am nas mãos de pessoas inescru-pulosas, que lhes tiravam a possibili-dade de sucesso.

Era necessário lidar com um objetivoóbvio: comercializar diretamente osseus produtos para os consumidores.Foram necessários dois anos para quehouvesse um comprometimento de to-dos para a constituição da Cooperati-va. Vinte e quatro meses para que to-dos os 83 fundadores tivessem o com-

promisso de participar conscientemen-te da sua construção. KenkitiSimomoto, considerado líder fundador,não passou os dois anos convencendoos participantes da necessidade da cri-ação da Cooperativa, mas consolidan-do os compromissos dos participantes.

Quando a Cooperativa foi aberta paraa venda das batatas, os com-pradores fizeram um boicoteatravés da imprensa, dizendoque a raça amarela queria do-minar o comércio e que nin-guém comprasse as batatasda Cooperativa. O boicotefuncionou. Mas os associadosestavam unidos. Em vez de procurar obode expiatório, buscaram soluções. Le-varam os produtos para o Rio de Janeiro,Santos e outros centros consumidores. Oscomerciantes de São Paulo tiveram quecomprar na Cooperativa.

Passados alguns anos, um funcioná-rio furtou todas as economias da Co-operativa e desapareceu. Mais umavez os associados venderam seus benspara salvar a Cooperativa, dando con-tinuidade à mesma.

O sucesso da Cooperativa estava noconceito atual de capital social, istoé, confiança entre os associados, ci-vismo, no sentido de pagar todos ostributos e ser exemplo de cidadania ede trabalho em grupo. Tal atitudeatraiu, com o passar do tempo, mui-tos outros grupos de associados.

Para os que se interessam em saberporque a Cotia deixou de existir comouma Cooperativa Central, folheiem a

obra ��O Caso Cotia: Ascensão, Quedae Esperança�. O autor, JacquesMarcovitch, é professor titular da Fa-culdade de Economia, Administração eContabilidade da Universidade de SãoPaulo. Esse estudo de caso foi elabora-do pela equipe do PENSA, tendo comoreferência o Seminário Internacional

1996 � Gerenciamentode Conflitos nos Siste-mas Agroindustriais.

Exis tem váriosexemplos de reorgani-zação de cooperati-vas ou associaçõescom ex-associados e

ex-funcionários da CAC-CC, que aper-feiçoaram os ensinamentos, conheci-mentos e entendimentos herdados.Um caso concreto é a CooperativaIntegrada do Paraná. Na revista EXA-ME especial de julho/2003 (As Mai-ores Empresas do Brasil), na página218 (As melhores) a Cooperativa In-tegrada aparece num honroso séti-mo lugar, numa classificação queconta com a Petrobrás Distribuido-ra em primeiro.

Este é um pequeno testemunho de umex-funcionário que teve a oportunida-de de trabalhar e aprender durante 21anos na CAC-CC, tendo ocupado os se-guintes cargos: Assistente Técnico,Chefe de Orientação Rural, Gerente deDepartamento Regional Oeste de SãoPaulo e Sul de Mato Grosso, Gerentede Recursos Humanos, Gerente Geralda Região Norte do Paraná e Gerentede Extensão Rural.

�A Cotia deu muitocerto, sim, pois

no Brasil a médiade vida das

grandes empresas éde 47 anos�

Page 24: HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003HORTIFRUTI BRASIL - AGOSTO/2003 - 3 Dez anos depois da extinçªo da Cooperativa Agrí-cola de Cotia (CAC), a Horti-fruti Brasil retomou o tema para

24 - AGOSTO/2003 - HORTIFRUTI BRASIL