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IGREJA METODISTA WESLEYANA DE URUGUAIANA-RS HISTÓRIA DA IGREJA ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL

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IGREJA METODISTA WESLEYANA DE URUGUAIANA-RS

HISTÓRIA DA IGREJA

ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL

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2007

ÍNDICE

INTRODUÇÃO GERAL.............................................................................................................................4Considerações iniciais....................................................................................................................................4Breve histórico do povo hebreu.....................................................................................................................4Período Interbíblico........................................................................................................................................6Considerações finais......................................................................................................................................9

1 - IGREJA ANTIGA (4 a.C a 476 d.C)..................................................................................................101.1 Introdução..............................................................................................................................................101.2 A Igreja Primitiva...................................................................................................................................101.3 Perseguições...........................................................................................................................................131.4 Seitas e heresias.....................................................................................................................................141.5 Concílios................................................................................................................................................18

2 - IGREJA MEDIEVAL (476 d.C. a 1453 d.C.)....................................................................................212.1 Introdução..............................................................................................................................................212.2 Romanismo............................................................................................................................................222.3 Movimentos independentes....................................................................................................................242.3.1 Montanistas.........................................................................................................................................252.3.2 Novacianos..........................................................................................................................................252.3.3 Donatistas ...........................................................................................................................................252.3.4 Paulicianos..........................................................................................................................................253.4 Seitas e heresias.....................................................................................................................................262.4.1 Bogomilos...........................................................................................................................................262.4.2 Cátaros................................................................................................................................................26

3 - IGREJA MODERNA (1453 d.C. a 1789 d.C.)..................................................................................273.1 Introdução..............................................................................................................................................273.2 Pré-Reforma...........................................................................................................................................283.2.1 Valdenses............................................................................................................................................293.2.2 Hussitas...............................................................................................................................................303.3 Reforma Protestante...............................................................................................................................303.3.1 Luteranismo........................................................................................................................................313.3.2 Calvinismo .........................................................................................................................................323.3.2.1 Igrejas Reformadas..........................................................................................................................323.3.2.2 Presbiterianismo...............................................................................................................................333.3.2.3 Congregacionalismo.........................................................................................................................333.3.3 Anglicanismo......................................................................................................................................333.3.4 Anabatismo.........................................................................................................................................343.4 Pós-Reforma..........................................................................................................................................343.4.1 Batistas................................................................................................................................................343.4.2 Metodismo..........................................................................................................................................35

4 - IGREJA CONTEMPORÂNEA (1789 d.C até nossos dias)..............................................................384.1 Introdução..............................................................................................................................................384.2 Evangelicalismo.....................................................................................................................................384.3 Pentecostalismo Tradicional ou Clássico...............................................................................................394.3.1 Congregação Cristã no Brasil.............................................................................................................404.3.2 Assembléia de Deus............................................................................................................................414.4 Deuteropentecostalismo.........................................................................................................................414.4.1 Igreja do Evangelho Quadrangular.....................................................................................................424.4.2 Igreja O Brasil para Cristo..................................................................................................................42

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4.4.3 Outras Igrejas Deuteropentecostais.....................................................................................................424.5 Igreja Metodista Wesleyana...................................................................................................................424.6 Neopentecostalismo...............................................................................................................................444.6.1 Igreja Universal do Reino de Deus.....................................................................................................454.6.2 Igreja Internacional do Reino de Deus................................................................................................474.7 Seitas e heresias.....................................................................................................................................474.7.1 Mormonismo.......................................................................................................................................474.7.2 Adventismo.........................................................................................................................................484.7.3 Testemunhas de Jeová.........................................................................................................................484.7.4 Outras seitas........................................................................................................................................49

CONCLUSÃO GERAL.............................................................................................................................50

REFERÊNCIAS.........................................................................................................................................51

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INTRODUÇÃO GERAL

Considerações iniciais

"o meu povo perece porque lhe falta entendimento.” Oséias 6.3

O presente estudo não tem a pretenção de ser uma fonte absoluta sobre este assunto. É inclusive, passivo de erros e imprecisões, sempre possíveis. Contudo esperamos que seja de grande valia a todos que se interessam pelo desenrolar dos acontecimentos da Igreja e de sua luta para fazer a vontade de Deus.

Há diversas formas de estudar a história da Igreja. Optamos pela mais utilizada que é dividir a história da Igreja conforme a história da humanidade é dividida: em Antiga, Medievel, Moderna e Contemporânea.

O cristianismo é uma religião histórica, fundamentada em acontecimentos históricos. A humanidade sem Cristo está perdida porque está separada de Deus pelo pecado, e está sob sua condenação. O pecado que afeta todos os homens tanto em sua natureza quanto em sua culpa entrou no mundo através de um evento histórico: Adão foi um homem real, que desobedeceu a Deus num determinado dia do passado distante. Esse fato histórico afeta toda a humanidade. Rm 5:12

A Bíblia é um livro histórico, apesar dos livros não estarem em ordem cronológica. Lc. 1:1-4A Igreja é uma comunidade histórica. Ao longo de aproximadamente 2000 anos ela tem tanto

influenciado a história da humanidade, quanto sido influenciada por ela. Todos os cristãos fazem parte da Igreja que Jesus tem edificado através dos séculos. O estudo da história da Igreja é fundamental para:

possamos entender quem somos, de onde viemos, e o que cremos. entendimento dos princípios essenciais da fé - princípios que foram debatidos por séculos, e pelos

quais muitos, em suas convicções, deram suas vidas. evitarmos velhos e novos erros cometidos. Ex: 2 Jo7 Por outro lado, essa história não é somente a história de idéias e crenças, mas de pessoas reais e eventos

reais que afetam cada um de nós profundamente.A palavra igreja vem do grego ekklesia, que tem origem em kaleo ("chamo ou convosco"). Na literatura

secular, ekklesia referia-se a uma assembléia de pessoas, mas no NT a palavra tem sentido mais especializado. A literatura secular podia usar a apalavra ekklesia para denotar um levante, um comício, uma orgia ou uma reunião para qualquer outra finalidade. Mas o NT emprega ekklesia com referência à reunião de crentes cristãos para adorar a Cristo.

Conceitos do NT sobre a IgrejaÉ interessante pesquisar vários conceitos de igreja no NT. A Bíblia refere-se aos primeiros cristãos

como família e templo de Deus, como rebanho e noiva de Cristo, como sal, como fermento, como pescadores, como baluarte sustentador da verdade de Deus, de muitas outras maneiras. Pensava-se na igreja como uma comunidade mundial única de crentes, da qual cada congregação local era afloramento e amostra. Os primitivos escritores cristãos muitas vezes se referiam à igreja como o "corpo de Cristo" e o "novo Israel". Esses dois conceitos revelam muito da compreensão que os primitivos cristãos tinha da sua missão no mundo.

a) O Corpo de CristoPaulo descreve a igreja como "um só corpo em Cristo" (Rm 12.5) e "seu corpo" (Ef 1.23). Em outras

palavras, a igreja encerra numa comunhão única de vida divina todos os que são unidos a Cristo pelo ES mediante a fé. Esses participam da ressurreição (Rm 6.8), e são a um tempo chamados e capacitados para continuar seu ministério de servir e sofrer para abençoar a outros (1Co 12.14-26). Estão ligados numa comunidade que personifica o reino de Deus no mundo.

Pelo fato de estarem ligados a outros cristãos, essas pessoas entendiam que o que faziam com seus próprios corpos e capacidades era muito importante (Rm 12.1; 1Co 6.13-19; 2Co 5.10). Entendiam que as várias raças e classes tornam-se uma em Cristo (1Co 12.3; Ef 2.14-22), e deviam aceitar-se e amar-se uns aos outros de um modo que revelasse tal realidade.

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Descrevendo a igreja com o corpo de Cristo, os primeiros cristãos acentuaram que Cristo era o cabeça da igreja (Ef 5.23). Ele orientava as ações da igreja e merecia todo o louvor que ela recebia. Todo o poder da igreja para adorar e servir era dom de Cristo.

b) O Novo IsraelOs primitivos cristãos identificavam-se com Israel, povo escolhido de Deus. Acreditavam que a vinda e

o ministério de Jesus cumpriram a promessa de Deus aos patriarcas (Mt 2.6; Lc 1.68; At 5.31), e sustentavam que Deus havia estabelecido uma Nova Aliança com os seguidores de Jesus (2Co 3.6; Hb 7.22, 9.15).Deus, sustentavam eles, havia estabelecido seu novo Israel na base da salvação pessoal, e não em linhagem de família. Sua igreja era uma nação espiritual que transcendia a todas as heranças culturais e nacionais. Quem quer que depositasse fé na Nova Aliança de Deus, rendesse a vida a Cristo, tornava-se descendente espiritual de Abraão e, como tal, passava a fazer parte do "novo Israel" (Mt 8.11; Lc 13.28-30; Rm 4.9-25; Gl 3-4; Hb 11-12).

c) Características ComunsAlgumas qualidades comuns emergem das muitas imagens da igreja que encontramos no NT. Todas

elas mostram que a igreja existe porque Deus trouxe à existência. Cristo comissionou seus seguidores a levar avante a sua obra, e essa é a razão da existência da igreja.

As várias imagens que o NT apresenta da igreja acentuam que o Espírito Santo a dota de poder e determina a sua direção. Os membros da igreja participam de uma tarefa comum e de um destino comum sob a orientação do Espírito.

A igreja é uma entidade viva e ativa. Ela participa dos negócios deste mundo; demonstra o modo de vida que Deus tenciona para todas as pessoas, e proclamam a Palavra de Deus para a era presente. A unidade e a pureza espirituais da igreja estão em nítido contraste com a inimizade e a corrupção do mundo. É responsabilidade da igreja em todas as congregações particulares mediante as quais ela se torna visível, praticar a unidade, o amor e cuidado de um modo que mostre que Cristo vive verdadeiramente naqueles que são membros do seu corpo, de sorte que a vida deles é a vida de Cristo neles.

A história da Igreja é de lutas e conflitos. É de defesas apaixonadas da verdade e de tentativas do mal em destruir esta verdade. É de homens e mulheres fieis a Deus e de homens e mulheres altamente corrompidos. Mas sobretudo é a história do povo de Deus na terra, das artimanhas de Satanás contra este povo e de como os designos do Senhor nunca são frustrados. A Igreja do Senhor um dia estará reunida com seu Noivo, Cristo. Aleluia!

Para entender plenamente a Igreja histórica precisamos entender o contexto social e histórico da igreja do NT. A igreja primitiva surgiu no cruzamento das culturas hebraicas e helenística e para compreendê-la mais profundamente, precisamos conhecer a história do povo hebreu e o período interbíblico ou intertestamentário.

Breve histórico do povo hebreu

"o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei.E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra." Gn12:1-3

De acordo com o Antigo Testamento, a história judaica começa com o chamado de Deus à Abraão.

Abraão teria sido um fiel seguidor do monoteísmo em uma época de idolatria, o que fez com que Deus fizesse um pacto de dar uma descendência à Abraão e fazer desta descendência o povo eleito Dele. Esta promessa se cumpriria com o nascimento de Isaque, que daria origem à Jacó e este seria pai de doze filhos, que serão os pais das doze tribos de Israel. Após a imigração para o Egito devido à uma grande fome, a família de Jacó cresce em número e influência, o que leva à sua escravização por parte dos egípcios, e o surgimento de um libertador, Moisés, que sob a mão de Deus tira o povo do Egito, entrega-lhes às leis divinas e dá aos filhos de Jacó um sentido de "nação". Após uma peregrinação de quarenta anos no deserto, este povo, sob o comando de Josué conquista a terra de Canaã.

Os israelitas conquistaram algumas regiões de Canaã, mas ainda assim não mantiveram uma unidade nacional. Cada tribo mantinha suas leis e costumes, e uniam-se ou combatiam entre si de acordo com as suas conveniências. Geralmente cada tribo era governada e julgada por juízes, pessoas que eram determinadas por Deus para tal cargo.

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Posteriormente, os israelitas querendo imitar outras nações, pedem um rei, e Saul, escolhido por Deus torna-se rei de Israel. Mas sua rebeldia ao seguir os mandamentos do Senhor, faz com que perca o reinado, e após alguns contra-tempos, Davi, um pastor de ovelhas, de Judá é escolhido rei. Aqui apresentam-se a primeira vez a unificação das tribos em uma única nação, e inicia-se o período áureo da história judaica, que será consolidado com o reinado de Salomão, filho de Davi.

Com o descontentamento constante das tribos sob o domínio de Salomão, o reino se divide em duas partes sob os governos de Roboão e Jeroboão : o reino de Judá, ao sul, e o reino de Israel, ao norte. Diversas crises políticas e religiosas acabam levando à decadência dos dois reinos: o reino de Israel é destruído pelos Assírios, enquanto o reino de Judá é destruído pelos babilônios. No exílio babilônico, o povo israelita começa à tomar consciência do seu papel no "Plano de Deus", e após alguns anos, já sob Império Persa retornam para sua terra e reconstroem o Templo e organizam suas Escrituras.

Com estes fatos encerra-se a história do período das Escrituras Hebraicas. O Velho Testamento termina com as palavras do profeta Malaquias, o qual profetizou entre 450 e 425 a.C.

Período Interbíblico

"Falou Daniel, e disse: Eu estava olhando na minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu agitavam o mar grande. E quatro animais grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar. " Daniel 7:2-3

Começa agora o período Interbíblico ou intertestamentário, que é uma grande lacuna de tempo - em torno de 400 anos - sem que haja registros inspirados sobre a história judaica, nos obrigando a confiar somente nos registros das ciências históricas, como a arqueologia. No entanto, o capítulo 7 de Daniel, com sua visão dos quatro animais, revela os fatos que iriam acontecer neste período, sendo o 1 animal o Império Babilônico, o 2 o Império Persa, o 3 o Império Macedônico ou Grego e o 4 o Império Romano.

Segundo a História, nesse tempo, a Palestina, que anteriormente estava cativa do Império Babilônico (atual Iraque), agora estava sob o domínio do Império Persa (atual Irã), o qual se estendeu até o ano 331 a.C.. Embora o rei Ciro tenha autorizado os judeus a retornarem do exílio, o domínio Persa continuava sobre eles. De volta à Palestina, o povo judeu passou a ter um governo local exercido pelos sumo sacerdotes, embora não houvesse independência política. Eram comuns as disputas pelo poder.

A comunidade judaica da Judéia cresceu com relativa autonomia sob o domínio persa, mas a história judaica tomará importância com a conquista da Palestina por Alexandre Magno em 333 a.C.. Com a morte de Alexandre, o seu império foi dividido entre seus generais, e a Judéia foi dominada pelos Ptolomeus e depois pelos Selêucidas, contra os quais os judeus moveram revoltas que culminaram em sua independência.

Com a independência e o domínio dos Macabeus como reis e sacerdotes, surgem as diversas ramificações do judaísmo da época do Segundo Templo: os fariseus, os saduceus e os essênios. As diversas intrigas entre as diversas divisões do judaísmo levou à conquista da Judéia pelo Império romano.

A partir daí, o Novo Testamento irá novamente continuar os relatos de fatos acerca daquela época, a partir do nascimento do Messias dos Judeus, o Senhor Jesus.A seguir, iremos analisar mais profundamente o período interbíblico e seus principais personagens: Alexandre Magno, o Domínio Macedônico ou Grego, Judas Macabeus e Domínio Romano.

Dominio Macedônico ou Grego (Europa) - 333 Ac 323 AcParalelamente ao Império Persa, crescia o poder de um rei macedônico, Felipe, o qual empreendeu

diversas conquistas na Ásia menor e ilhas do mar Egeu, anexando a Grécia ao seu domínio. Desejando expandir seu território, entrou em confronto com a Pérsia, o que lhe custou a vida. Foi sucedido por seu filho, Alexandre Magno, que também ficou conhecido como Alexandre, o Grande, o qual havia estudado com Aristóteles. Notemos então que o território israelense passou do domínio persa para o domínio macedônio (grego).Alexandre - o Grande - tinha 20 anos quando começou a governar a Macedônia. Seu ímpeto imperialista lhe levou a conquistar a Síria, a Palestina (332 a.C.) e o Egito. Alexandre, de cognome o Grande ou Magno (nascido entre 20 de julho e 30 de julho 356 a.C. em Pella - morto em 10 de junho de 323 a.C. em Babilônia) era filho de Filipe II da Macedônia e de Olímpia de Épiro, uma mística e ardente adoradora do deus Dionísio. Tornou-se rei da Macedônia aos vinte anos. A mitologia grega, com seus deuses e heróis parece ter inspirado o novo conquistador.

Alexandre conquistou um império que ia dos Balcãs à Índia, passando pelo Egito e Afeganistão, o maior e mais rico que já tinha existido. Herdou um reino que fora organizado com punho de ferro pelo pai, que tivera de lutar contra uma nobreza turbulenta, as ligas lideradas por Atenas, e Tebas.

No Egito, Alexandre construiu uma cidade em sua própria homenagem, dando-lhe o nome de Alexandria, a qual se encontrava em local estratégico para o comércio entre o Mediterrâneo, a Índia e o extremo

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Oriente. Essa cidade se tornou também importante centro cultural, substituindo assim as cidades gregas. Entre suas construções destacaram-se o farol e a biblioteca.

Alexandre tentou criar uma síntese entre o oriente e ocidente. Respeitador dos derrotados,permitiu às cidades dominadas a manutenção de governantes, religião, língua e costumes. Quanto aos judeus, Alexandre os tratou bem e teve muitos deles em seu exército.

Alexandre morreria de febres desconhecidas em 323 aC. (provavelmente malária), que nenhum dos seus médicos conseguia curar, sem completar os trinta e três anos.

Após a morte de Alexandre, o Império Grego foi divido entre os seus generais, dentre os quais nos interessam Ptolomeu, a quem coube o governo do Egito, e Seleuco, que passou a governar a Síria. Vejamos ambos:

a) Domínio dos Ptolomeus (atual Egito) - Palestina - 323 A 308 Ac A Palestina ficou então sob o domínio do Egito. Os descendentes de Ptolomeu foram chamados

Ptolomeus. Eis os nomes que se sucederam enquanto a Palestina esteve sob o seu governo (323 a 204 a.C.): Ptolomeu I (Sóter) - 323 a 285 a.C. Ptolomeu II (Filadelfo) - 285 a 246 a.C. - Durante o seu governo foi elaborada, em Alexandria, a

Septuaginta, tradução do Antigo Testamento para o grego. Filadelfo foi amável com os judeus. Ptolomeu III (Evergetes) - 246 a 221 a.C. Ptolomeu IV (Filópater) - 221 a 203 a.C. - Ao voltar de uma batalha contra a Síria, Filópater visitou

Jerusalém e tentou entrar no Santo dos Santos. Contudo, foi acometido de um pavor repentino que o fez desistir do seu propósito. Foi um grande perseguidor dos judeus.

Ptolomeu Epifânio - 203 a 181 a.C. - Tinha 5 anos de idade quando seu pai, Filópater morreu. Aproveitando a situação, Antíoco - o Grande, rei da Síria, toma o poder sobre a Palestina no ano 204.

b) Domínio dos Selêucidas (atual Síria) - 308 A 166 Ac O Império Selêucida foi um dos muitos estados políticos fundados após a morte de Alexandre o Grande,

cujos generais entraram em conflito pela divisão de seu império. Perdurou de 323 a 60 a.C..Seleuco, um de seus generais, estabeleceu-se na Babilônia em 312 a.C. - ano geralmente usado para definir a data da fundação do Império Selêucida. Ele governou não somente a Babilônia, mas o gigantesca parte oriental do Império de Alexandre.

A extensão do Império Selêucida, que cobria desde o Mar Egeu até o Afeganistão, trouxe uma multidão de raças: gregos, persas, medos, judeus, indianos, entre outros. Sua população total foi estimada em 35 milhões de habitantes, ou 15% da população mundial na época em que era o maior e mais poderoso império do mundo.

Seus governantes mantinham uma posição política cujo interesse era salvaguardar a idéia de unidade racial introduzida por Alexandre. Em 313 a.C. os ideais helênicos (disseminados por filósofos, historiadores, oficiais em reserva e casais de casamento inter-racial provindos do vitorioso exército macedônio) haviam começado sua expansão de quase 250 anos nas culturas do Oriente Próximo, do Oriente Médio e da Ásia central.

O esqueleto estrutural da forma de governo do império consistia em estabelecer centenas de cidades para troca e ocupação. Muitas cidades começaram - ou foram induzidas - a adotar não só pensamentos filosóficos, como também sentimentos religiosos e políticas de natureza helênica. A tentativa de sintetizar o helenismo com culturas nativas e diferentes correntes intelectuais resultou em sucessos de tamanho ou naturezas diferentes - tendo como conseqüência paz e rebelião simultâneas em diferentes partes do império.

De 204 a 166 a.C., a Palestina esteve sob o domínio da Síria. Eis a relação dos selêucidas do período: Antíoco III - O Grande - 223 a 187 a.C. Seleuco IV (Filópater) - 187 a 175 a.C. Antíoco IV (Epifânio) - 175 a 163 a.C. - se esforçou para impor a cultura e a religião grega em

Israel, atraindo sobre si a inimizade dos judeus. O começo do fim do império Selêucida deu-se na mal-lograda tentativa de invadir a Grécia, na batalha

das Termópilas onde fora derrotado e posteriormente, na batalha de Magnésia, onde fora humilhantemente derrotado pelos Romanos, numa batalha onde detinha superioridade numérica tanto em infantaria, quanto em cavalaria. Foi forçado à assinar um tratado de paz , chamado Tratado de Apamia, onde deveria entregar todos os seus territórios europeus conquistados e entregar o norte da Ásia Menor, não mencionando a altíssima indenização que teve que pagar.

Nos anos que se seguiram, o Império Selêucida se ocupava em pagar sua dívida e seus territórios foram reduzidos á pouco mais que a região da Anatólia e algumas cidades Sírias. Eis que, enfraquecidíssimo, o Império Selêucida foi subjugado por Tigranes, rei da Armênia, porém, anos mais tarde, Lucullus de Roma derrotara Tigranes, assim retornando, por curto período , um reinado Selêucida sob Antiochus XIII, que por motivos de guerra civil e constante turbulência, foi tomado finalmente por Roma (Gnaeus Pompeu Magno) e transformado em uma província Romana.

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Revolução de Judas Macabeus - 166 A 63 AcPor volta do ano de 200 a.C. os judeus viviam como um povo autônomo na terra de Israel, o qual a essa

época era controlada pelo rei selêucida da Síria. O povo judeu pagava impostos à Síria e aceitava sua autoridade legal, e eram absolutamente livres para seguir sua própria fé, manter seus empregos e se dedicar ao comércio.

Em 180 a.C. Antíoco IV Epifanes ascendeu ao trono selêucida. Braço remanescente do império grego, encontrou barreiras para sua dominação completa sobre o povo judeu, e o modo mais prático para resolver isso era dominar de vez a região de Israel (mais precisamente a Judéia, ao sul) impondo de maneira firme a cultura da Grécia sobre os judeus, eliminado, assim, aquilo que os unificava em qualquer lugar que estivessem: a Lei. O rei Antíoco ordenou que todos aqueles que estavam sob seu domínio (em específico Israel) abandonassem sua religião e seus costumes. No caso dos pagãos isso não era problema, mas no caso dos judeus isso não funcionou, ao menos em parte. Muitos judeus, principalmente os mais ricos, aderiram ao helenismo (cultura grega) e ficaram odiados e conhecidos pelos judeus mais pobres como "helenizantes", uma vez que ficavam tentando induzir do resto dos judeus para também seguirem a cultura grega. Antíoco queria transformar Jerusalém em uma "pólis" (cidade) grega, e conseguiu.

Em 167 a.C., após acabar com uma revolta dos judeus de Jerusalém, Antíoco ordenou a construção de um altar para Zeus erguido no Templo, fazendo sacrifícios de animais imundos sobre o altar, e proibiu a Lei de ser lida e praticada, sendo morto todo aquele que descumprisse tal ordem.

Entre os judeus que permanecem fiéis à Lei, está o sacerdote Matatias, chamado de Hasmoneu (“martelos”) devido ao nome do patriarca de sua linhagem. Recusando-se à servir no templo profanado, Matatias se exila com sua família em sua propriedade em Modin. Matatias tem cinco filhos: João, Simão, Judas, Eleazar e Jônatas. Convocados para os sacríficios sacrílegos, Matatias acaba matando o emissário real e um sacerdote que se propõe à oficiar os sacríficios. Convoca então os judeus fiéis à Lei e foge com seus filhos para as montanhas iniciando o movimento de resistência contra o domínio estrangeiro, destruindo altares, circuncidando meninos à força e recuperando a Lei das mãos dos gentios.

Matatias morre em 166 a.C., e seu filho Judas assume a liderança da resistência. Judas desenvolve técnicas de guerrilha, que vence as contínuas tropas selêucidas com um pequenino exército formando em sua grande maioria de camponeses.

Estes vencem o forte exército de Antíoco no ano 164 a.C e libertaram Jerusalém purificando o Templo Sagrado. Judas acabou conhecido como Judas Macabeu (Judas, o Martelo).

O festival de Chanucá foi instituído por Judas Macabeu e seus irmãos para celebrar esse evento. Após terem recuperado Jerusalém e o Templo, Judas ordenou que o Templo fosse limpo, um novo altar construído no lugar daquele poluído e novos objetos sagrados fossem feitos. Quando o fogo foi devidamente renovado sobre o altar e as lâmpadas dos candelabros foram acesas, a dedicação do altar foi celebrada por oito dias entre sacrifícios e músicas.

Com a morte de Antíoco IV em 164 a.C.,a luta de resistência prossegue contra Antíoco V (164-162 a.C.), seu filho, e o regente Lísias e, à seguir, contra Demétrio I (161-150 a.C.).

A Judéia ficou independente até a chegada do domínio romano em 63 a.C

Império Romano (atual Itália) - A partir de 63 a.CEm 142 a.C., a Judeia havia recuperado a independência sob a dinastia dos Asmoneus (Macabeus), mas

durante o século I a.C., começou a manifestar-se de forma crescente o intervencionismo de Roma na Judéia a pretexto de estabilizar politicamente a região.

Em 63 a.C., o General Cneu Pompeu conquista a Judéia e anexa o território ao domínio romano. Entre 63 a.C. a 6 d.C., foi um principado vassalo do Império Romano.

Herodes, o Grande, nascido em cerca de 73 a.C. e morto em 4 a.C. foi rei da Província Romana da Judéia entre 37 a.C. e 4 a.C., imposto pelo Império Romano.

O cognome de Grande advém-lhe das suas construções, cuja monumentalidade causava espanto. Delas subsiste, como monumento mais bem conservado, o Túmulo dos Patriarcas, em Hebron. Foi-lhe concedida autonomia quase ilimitada nos assuntos internos do país e é conhecido principalmente pela oposição dos judeus ortodoxos de seu tempo ,e por ter buscado matar Jesus. O Evangelho de Mateus, principalmente, refere-se a ele a propósito dos Magos e da matança dos inocentes. Segundo o Novo Testamento foi impiedoso ao ponto de mandar matar todas as crianças com menos de um ano nascidas em Belém, pois fora profetizado que um rei dos Judeus teria nascido aí. Também se destacou por tolerar o culto dos Samaritanos.

Quando a Judéia é invadida pelos partos. Herodes, o Grande, obteve ajuda das legiões romanas que expulsaram os invasores. Tornou-se rei efectivamente em 37 a.C., com a conquista da cidade de Jerusalém. Grande admirador da cultura greco-romana, o rei Herodes lançou um audacioso programa de construções, que incluía as cidades de Cesareia (Marítima) e Sebástia (Samaria) e as fortalezas em Heródio e Massada. Ele também reformou o Templo, transformando-o num dos mais magníficos edifícios da época.

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Herodes destronou os reis da Dinastia Hasmónea, que tinha governado Israel mais de um século. Essa dinastia tinha contado com o apoio dos saduceus. Por isso, Herodes era mal visto entre os saduceus. Em contrapartida, ele pôde contar com o apoio da facção moderada dos fariseus, conduzida por Hillel. Contou também com o apoio dos Judeus da diáspora, mesmo naquela época de número considerável. Já a relação com os Essênios era mais complicada. Por um lado, os Essênios detestavam Roma e não aprovavam que Herodes governasse em nome de Roma. Por outro lado, Herodes era um amigo de Menahem, o essênio e respeitava os Essênios.

Após a morte do Rei Herodes, o território da Judeia é dividido em 3 principados entre os seus filhos: Arquelau, Herodes Ântipas e Herodes Filipe.

Considerações finaisPortanto, no período em que seque ao livro de Malaquias, grandes mudanças políticas, militares,

econômicas, sociais e culturais ocorreram no território da Judéia até o tempo narrado nos Evangelhos.Foi um período bastante conturbado para o povo hebreu, em que vários povos com diferentes culturas

tomaram o poder da região e impuseram seu modo de pensar e ver o mundo, muitas vezes em confronto com as crenças locais.

Isto causou enormes transformações na sociedade judaica. No plano econômico, percebe-se a convivência em um mesmo local de várias unidades monetárias e de medidas. No plano político, um complexo sistema de poder, em que os governadores da província estavam sujeitos a um governo centralizado, mas ao mesmo tempo aceitavam a autoridade do tribunal religioso local (Sinédrio). No religioso, o surgimento de sinagogas das diversas facções do Judaismo: fariseus, saduceus e essênios. No social, a convivência, no mesmo local, de diversos povos, de etnias, línguas e valores diferentes.

Na contramão, também vê-se o mesmo fato. Os valores e crenças Judaicas já transitavam mais livremente entre diversos povos e mais regiões do que somente na Judéia e eram aceitos por pessoas que não eram propriamente judeus.

Também, percebe-se o anseio dos Judeus pelo aparecimento do seu Rei, o prometido Filho de Davi, que viria libertá-lo da opressão e do jugo dos seus conquistadores.

Vemos com tudo isso, que o Senhor Deus preparou um tempo e um lugar com grande instabilidade de poder, ansiedade por justiça, com uma visão universalista e com relativa liberdade de trânsito de idéias e valores entre os povos para a vinda de seu filho: o Senhor Jesus. Messias este tão esperado pelos hebreus, mas que seria também o Salvador de todos os homens, de qualquer povo e cultura e em qualquer tempo e lugar.

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1 IGREJA ANTIGA (4 a.C a 476 d.C)

1.1 Introdução

"E VIU-SE um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça. E estava grávida, e com dores de parto, e gritava com ânsias de dar à luz." Ap. 12:1-2

Sobre o ponto inicial da história da Igreja há algumas opiniões diferentes: alguns crêem que ela teve início com o início da pregação de Jesus e a escolha dos doze apóstolos, outros crêem que ela iniciou na ascensão de Jesus aos Céus e, a mais aceita, no dia de Pentecostes, quando do recebimento do Poder do Espírito Santo pelos discípulos.

O cristianismo primitivo se desenvolveu inicialmente e simultaneamente em duas culturas: judia e greco-romana. O Império Romano dominava o mundo daquela época, incluindo a região da Palestina - o antigo reino de Israel - onde estava Jerusalém. Muitos judeus haviam deixado a Palestina e viviam em outras regiões do império (que incluía a Europa e o norte da África), e faziam parte da chamada diáspora (ou dispersão).

Quando Jesus Cristo nasceu, por volta do ano 4 a.C, na pequena cidade de Belém, próxima a Jerusalém, os judeus viviam sob a administração de governadores romanos e, por isso, aspiravam pela chegada do Messias que, conforme acreditavam, seria um homem de guerra e governaria politicamente, pois segundo o velho Testamento, o Messias, um descendente do Rei Davi, iria um dia aparecer e restaurar o Reino de Israel.

Até os 30 anos, Jesus viveu anônimo em Nazaré, cidade situada ao Norte do atual Israel. Em pouco tempo, aproximadamente três anos, reuniu seus doze apóstolos e percorreu a região pregando sua doutrina e operando incontáveis milagres, o que o levou a ser conhecido de todos e seguido por grandes multidões. Aos poucos, foi sendo aclamado como o Messias, mas não foi reconhecido como tal pela unanimidade dos seus concidadãos.

Jesus Cristo foi rejeitado e tido por blasfemo pelas autoridades judaicas. Ele foi condenado e executado pelos Romanos por ser um líder rebelde. Como já haviam antecipado os profetas do Antigo Testamento, Cristo ressuscitou, apareceu aos apóstolos e ordenou que se espalhassem pelo mundo, pregando sua mensagem de amor, paz, restauração e salvação.

Os cristãos primitivos entenderam a vinda de Cristo como sendo o cumprimento da Escrituras do Antigo Testamento. Os primeiros cristãos eram judeus que creram no evangelho, e eram oriundos de todas as camadas religiosas e sociais. Depois, com o tempo, outros povos foram recebendo o Evangelho e foram sendo incluidos novos seguidores de toda raça, língua e país.

1.2 A Igreja Primitiva

"A pedra, que os edificadores rejeitaram, Essa foi posta por cabeça do ângulo; Pelo Senhor foi feito isto, E é maravilhoso aos nossos olhos?" Mt 21:42

Quarenta dias depois de sua ressurreição, Jesus deu instruções finais aos discípulos e ascendeu ao céu (At 1.1-11). Os discípulos voltaram a Jerusalém e se recolheram durante alguns dias para jejum e oração, aguardando o Espírito Santo, o qual Jesus disse que viria. Cerca de 120 pessoas seguidores de Jesus aguardavam.Cinqüenta dias após a Páscoa, no dia de Pentecostes, um som como um vento impetuoso encheu a casa onde o grupo se reunia. Línguas de fogo pousaram sobre cada um deles e começaram a falar em línguas diferente da sua conforme o Espírito Santo os capacitava. Os visitantes estrangeiros ficaram surpresos ao ouvir os discípulos falando em suas próprias línguas. Alguns zombaram, dizendo que deviam estar embriagados (At 2.13).

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Mas Pedro fez calar a multidão e explicou que estavam dando testemunho do derramamento do Espírito Santo predito pelos profetas do AT (At 2.16-21; Jl 2.28-32). Alguns dos observadores estrangeiros perguntaram o que deviam fazer para receber o Espírto Santo. Pedro disse: " Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo " (At 2.38). Cerca de 3 mil pessoas aceitaram a Cristo como seu Salvador naquele dia (Atos 2.41).

Durante alguns anos Jerusalém foi o centro da igreja. Muitos judeus acreditavam que os seguidores de Jesus eram apenas outra seita do judaísmo. Suspeitavam que os cristãos estavam tentando começar um nova "religião de mistério" em torno de Jesus de Nazaré.

É verdade que muitos dos cristãos primitivos continuaram a cultuar no templo (At 3.1) e alguns insistiam em que os convertidos gentios deviam ser circuncidados (At 15). Mas os dirigentes judeus logo perceberam que os cristãos eram mais do que uma seita. Jesus havia dito aos judeus que Deus faria uma Nova Aliança com aqueles que lhe fossem fiéis (Mt 16.18); ele havia selado esta aliança com seu próprio sangue (Lc 22.20). De modo que os cristãos primitivos proclamavam com ousadia haverem herdados os privilégios que Israel conhecera outrora. Não eram simplesmente uma parte de Israel - eram o novo Israel (Ap 3.12; 21.2; Mt 26.28; Hb 8.8; 9.15). Os líderes judeus tinham um grande medo disso, porque este novo e estranho ensino não era um judaísmo estreito, mas fundia o privilégio de Israel na alta revelação de um só Pai de todos os homens.

1.2.1 Igreja de Jerusalém

"E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações." Atos 2:42

Os primeiros cristãos formavam uma comunidade estreitamente unida em Jerusalém após o dia de Pentecoste. Esperavam que Cristo voltasse muito em breve.

Os cristãos de Jerusalém repartiam todos os seus bens materiais (At 2.44-45). Muitos vendiam suas propriedades e davam à igreja o produto da venda, a qual distribuía esses recursos entre o grupo ( At 4.34-35).Os cristãos de Jerusalém ainda iam ao templo para orar (At 2.46), mas começaram a partilhar a Ceia do Senhor em seus próprios lares (At 2.42-46). Estsa refeição simbólica trazia-lhes à mente sua nova aliança com Deus, a qual Jesus havia feito sacrificando seu próprio corpo e sangue.

Deus operava milagres de cura por intermédio desses primeiros cristãos. Pessoas enfermas reuniam-se no templo de sorte que os apóstolo pudessem tocá-las em seu caminho para a oração (At 5.12-16). Esses milagres convenceram muitos de que os cristãos estavam verdadeiramente servindo a Deus. As autoridades do templo, num esforço por suprimir o interesse das pessoas na nova religião, prenderam os apóstolos. Mas Deus enviou um anjo para libertá-los (At 5.17-20), o que provocou mais excitação.

A igreja crescia com tanta rapidez que os apóstolos tiveram de nomear sete homens para distribuir víveres às viúvas necessitadas. O dirigente desses homens era Estêvão, "homem cheio de fé e do Espírito Santo" (At 6.5). Aqui vemos o começo do governo eclesiástico. Os apóstolos tiveram de delegar alguns de seus deveres a outros dirigentes. À medida que o tempo passava, os ofícios da igreja foram dispostos numa estrutura um tanto complexa.

Certo dia um grupo de judeus apoderou-se de Estêvão e, acusando-o de blasfêmia, o levou à presença do conselho do sumo sacerdote. Estevão fez uma eloqüente defesa da fé cristã, explicando como Jesus cumpriu as antigas profecias referentes ao Messias que libertaria seu povo da escravidão do pecado. Ele denunciou os judeus como "traidores e assassinos" do filho de Deus (At 7.52). Erguendo os olhos para o céu, ele exclamou que via a Jesus em pé à destra de Deus (At 7.55). Isso enfureceu os judeus, que o levaram para fora da cidade e o apedrejaram (At 7.58-60).

Esse fato deu início a uma onde de perseguição que levou muitos cristãos a abandonarem Jerusalém (At 8.1). Alguns desses cristãos estabeleceram-se entre os gentios de Samaria, onde fizeram muitos convertidos (At 8.5-8). Estabeleceram congregações em diversas cidades gentias, como Antioquia da Síria. A princípio os cristãos hesitavam em receber os gentios na igreja, porque eles viam a igreja como um cumprimento da profecia judaica. Não obstante, Cristo havia instruído seus seguidores a fazer "discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (Mt 28.19). Por conseguinte, o assassinato de Estêvão deu início a uma era de rápida expansão da igreja.

Cristo havia estabelecido sua igreja na encruzilhada do mundo antigo. As rotas comerciais traziam mercadores e embaixadores através da Palestina, onde eles entravam em contato com o evangelho. Dessa maneira, no livro de Atos vemos a conversão de oficiais de Roma (At 10.1-48), da Etiópia (At 8.26-40), e de outras terras.

Logo depois da morte de Estêvão, a igreja deu início a uma atividade sistemática para levar o evangelho a outras nações. Pedro visitou as principais cidades da Palestina, pregando tanto a judeus como aos gentios. Outros foram para a Fenícia, Chipre e Antioquia da Síria. Ouvindo que o evangelho era bem recebido nessas

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regiões, a igreja de Jerusalém enviou a Barnabé para incentivar os novos cristãos em Antioquia (At 11.22-23). Barnabé, a seguir, foi para Tarso em busca do jovem convertido Saulo (Paulo) e o levou para a Antioquia, onde ensinaram na igreja durante um ano (At 11.26).

Um profeta por nome Ágabo predisse que o Império Romano sofreria uma grande fome sob o governo do Imperador Cláudio. Herodes Agripa estava perseguindo a igreja em Jerusalém; Ele já havia executado a Tiago, irmão de João, e tinha lançado Pedro na prisão ( At 12.1-4). Assim os cristãos de Antioquia coletaram dinheiro para enviar a seus amigos em Jerusalém, e despacharam Barnabé e Paulo com o socorro. Os dois voltaram de Jerusalém levando um jovem chamado João Marcos (At 12.25). Por esta ocasião, diversos evangelistas haviam surgido no seio da igreja de Antioquia, de modo que a congregação enviou Barnabé e Paulo numa viagem missionária à Ásia Menor ( At 13-14). Esta foi a primeira de três grandes viagens missionárias que Paulo fez para levar o evangelho aos recantos longínquos do Império Romano.

Os primeiros missionários cristãos concentraram seus ensinos na Pessoa e obra de Jesus Cristo. Declararam que ele era o servo impecável e Filho de Deus que havia dado sua vida para expiar os pecados de todas as pessoas que depositavam sua confiança nele (Rm 5.8-10). Ele era aquele a quem Deus ressuscitou dos mortos para derrotar o poder do pecado (Rm 4.24-25; 1Co 15.17).

A princípio, os seguidores de Jesus não viram a necessidade de desenvolver um sistema de governo da Igreja. Esperavam que Cristo voltasse em breve, por isso tratavam os problemas internos à medida que surgiam - geralmente de um modo muito informal.

Mas no tempo em que Paulo escreveu suas cartas às igrejas, os cristãos já reconheciam a necessidade de organizar o seu trabalho. O NT não nos dá um quadro pormenorizado deste governo da igreja primitiva. Evidentemente, um ou mais presbíteros presidiam os negócios de cada congregação (Rm 12.6-8; 1Ts 5.12; Hb 13.7,17,24), exatamente como os anciãos faziam nas sinagogas judaicas. Esses anciãos (ou presbíteros) eram escolhidos pelo Espírito Santo (At 20.28), mas os apóstolos os nomeavam (At 14.23). Por conseguinte, o Espírito Santo trabalhava por meio dos apóstolos ordenando líderes pra o ministério. Alguns ministros chamados evangelistas parecem ter viajado de uma congregação para outra, como faziam os apóstolos. Seu título significa "homens que manuseiam o evangelho". Alguns têm achado que eram todos representantes pessoais dos apóstolos, como Timóteo o foi de Paulo; outros supõem que obtiveram esse nome por manifestarem um dom especial de evangelização. Os anciãos assumiam os deveres pastorais normais entre as visitas desses evangelistas.

Algumas cartas do NT referem-se a bispos na igreja primitiva. Mas esses "bispos" não formavam uma ordem superior da liderança eclesiástica como ocorre em algumas igrejas onde o título é usado hoje. Paulo lembrou aos presbíteros de Éfeso que eles eram bispos (At 20.28), e parece que ele usa os termos presbítero e bispo intercambiavelmente (Tt 1.5-9). Tanto os bispos como os presbíteros estavam encarregados de supervisar uma congregação. Evidentemente, ambos os termos se referem aos mesmos ministros da igreja primitiva, a saber, os presbíteros.

Paulo e os demais apóstolos reconheceram que o Espírito Santo concedia habilidades especiais de liderança a certas pessoas (1Co 12.28). Assim, quando conferiam um título oficial a um irmão ou irmã em Cristo, estavam confirmando o que o Espírito Santo já havia feito.

A igreja primitiva não possuía um centro terrenal de poder. Os cristãos entendiam que Cristo era o centro de todos os seus poderes (At 20.28). O ministério significava servir em humildade, em vez de governar de uma posição elevada (Mt 20.26-28). Ao tempo em que Paulo escreveu suas epístolas pastorais, os cristãos reconheciam a importância de preservar os ensinos de Cristo por intermédio de ministros que se devotavam a estudo especial, "que maneja bem a palavra da verdade"(2Tm 2.15). A igreja primitiva não oferecia poderes mágicos, por meio de rituais ou de qualquer outro modo. Os cristãos convidavam os incrédulos para fazer parte de seu grupo, o Corpo de Cristo (Ef 1.23), que seria salvo como um todo. Os apóstolos e os evangelistas proclamavam que Cristo voltaria para o seu povo, a "noiva" de Cristo (Ap 21.2; 22.17). Negavam que indivíduos pudessem obter poderes especiais de Cristo para seus próprios fins egoístas (At 8.9-24; 13.7-12).

1.2.2 Outras Igrejas O crescimento dos cristãos foi espantoso. O núcleo formado por Cristo em Jerusalém se espalhou para a

Judéia, Galiléia e Samaria. Não tardou muito e o evangelho atravessou as fronteiras da Palestina atingindo a Síria, Chipre e toda a Ásia Menor. Mais algum tempo e toda a costa norte e sul do mediterrâneo possuía grandes centros de cristãos. Nos lugares mais longínquos não seria tão difícil encontrar um cristão professando a fé bíblica.

O crescimento inicial foi conseqüência do espírito missionário que havia no coração dos apóstolos. Esse espírito foi transmitido a primeira geração de convertidos, os quais, até o segundo século, conseguiram espalhar o evangelho em quase todo o mundo conhecido. O fator de não ter um local específico para a reunião de cultos (ainda que havia um lugar especial onde eles se reuniam aos domingos, e a julgar pelo que diz Paulo era sempre no mesmo local - I Co 11,18 e 20 ), facilitava o esparramar do evangelho.

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Rapidamente, a doutrina cristã se espalhou pela região do Mediterrâneo e chegou ao coração do império romano. A difusão do cristianismo pela Grécia e Ásia Menor foi obra especialmente do apóstolo Paulo, que não era um dos doze, mas foi chamado para essa missão pelo próprio Jesus (At 9.1-19). Em Roma, muitos cristãos foram transformados em mártires, comidos por leões em espetáculos no Coliseu, como alvos da ira de imperadores atacados por corrupção e devassidão.

1.3 Perseguições

"E a serpente lançou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, para que pela corrente a fizesse arrebatar. E a terra ajudou a mulher; e a terra abriu a sua boca, e tragou o rio que o dragão lançara da sua boca. " Ap. 12:15-16

Os judeus eram um grupo relativamente privilegiado no império, porque eram permitidos de praticarem sua religião monoteísta, e não eram forçados a adorarem os deuses imperiais. O que era exigido era que sua religião não interferisse em sua submissão completa ao império. Outros grupos não tinham o mesmo privilégio.

Quando judeus começaram a se converter ao cristianismo, entretanto, esse privilégio não se aplicava mais a eles. Os judeus não-convertidos também os perseguiam severamente. Os cristãos foram perseguidos (em diferentes níveis em diferentes épocas) e muitas vezes mortos pelo império durante 300 anos porque se recusavam a participar no culto imperial, e não estavam mais sob a proteção concedida à religião tradicional judaica.

Enquanto os judeus da diáspora estavam em geral contentes com sua vida no Império Romano, os judeus da Palestina estavam insatisfeitos com o jugo imperial, e as tensões aumentavam a cada década. Quando os judeus daquela área se revoltaram, o Império Romano destruiu Jerusalém no ano 70 d.C. O templo foi completamente destruído, e os judeus foram expulsos de Jerusalém.

As perseguições à Igreja por parte dos judeus não-convertidos (a maioria) e do império foi um fator que acabou colaborando para a difusão do evangelho, porque os cristãos foram dispersos por todas as áreas do império, levando a mensagem de Cristo com eles à todo mundo conhecido de então.

O crescimento veio acompanhado do ciúmes do judaísmo e das religiões pagãs, sendo as últimas protegidas pelo império. De princípio o judaísmo perseguiu e fez vítimas como Estevão e o apóstolo Tiago. Décadas depois o paganismo entrou em ação, e com o apoio dos imperadores, suas vítimas chegaram aos milhões. Trajano, imperador entre 98 a 117, decretou um ofício em que o cristianismo em si já constituía um crime, e todos que nele fossem encontrados deveriam ser julgados e punidos com a morte. Ofícios como este voltaram a ser decretados por outros imperadores, e bem como este davam força às religiões pagãs para tentarem destruir a igreja de Cristo.

O primeiro caso documentado de perseguição aos cristãos pelo Império Romano relaciona-se a Nero. Em 64, houve um grande incêndio em Roma, destruindo grandes partes da cidade e devastando economicamente a população romana. Nero, cuja sanidade já há muito tempo havia sido posta em questão, era o suspeito de ter intencionalmente ateado fogo. Em seus Annales, Tácito afirma que “para se ver livre do boato, Nero prendeu os culpados e infligiu as mais requintadas torturas em uma classe odiada por suas abominações, chamada cristãos pelo populacho” (Annales XV).

Ao associar os cristãos ao terrível incêndio, Nero aumentou ainda mais a suspeita pública já existente e, pode-se dizer, exacerbou as hostilidades contra eles por todo o Império Romano. O imperador acusou os cristãos da catástrofe e ordenou a execução de 200 a 300 cristãos dos 3 mil que habitavam em Roma.

As formas de execução utilizadas pelos romanos incluíam crucificação e lançamento de cristãos para serem devorados por leões e outras feras selvagens. Os Annales de Tácito (XV.44) informam: “... uma grande multidão foi condenada não apenas pelo crime de incêndio mas por ódio contra a raça humana. E, em suas mortes, eles foram feitos objetos de esporte, pois foram amarrados nos esconderijos de bestas selvagens e feitos em pedaços por cães, ou cravados em cruzes, ou incendiados, e, ao fim do dia, eram queimados para servirem de luz noturna”. Segundo as crônicas do historiador latino Tácito, fiéis de Cristo, foram amarrados, cobertos de alcatrão e usados como tochas humanas para iluminar as insônias de Nero nos passeios noturnos nos jardins da sua residência privada, a Domus Aurea.

Em meados do século II, não era difícil encontrar grupos tentando apedrejar os cristãos, incentivados, muitas vezes, por seitas rivais. A perseguição em Lyon foi precedida por uma turba violenta que pilhava e apedrejava casas cristãs.

A primeira perseguição que envolveu todo o território imperial aconteceu sob o governo de Maximino, apesar do fato de que apenas o clero tenha sido visado. Foi somente sob Décio, em meados do segundo século, que a perseguição generalizada – tanto ao clero quanto aos leigos – tomou lugar em toda a extensão do Império.

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Até a metade do terceiro século, a perseguição à Igreja Cristã era mais localizada. Quando Décio se tornou imperador na metade daquele século, houve uma perseguição mais generalizada, se espalhando por todo o império. A partir de então, qualquer pessoa podia ir às autoridades e denunciar uma outra pessoa simplesmente pelo crime de ser cristão. Os cristãos eram freqüentemente torturados e, se não negassem a Cristo, eram mortos. Ainda que isso tenha ocorrido desde o primeiro século, em 250 d.C. o imperador Décio estabeleceu uma perseguição brutal e universal (em todo o Império Romano, que se estendia desde a península Ibérica até o Oriente Médio, incluindo o norte da África), na qual todos os cidadãos eram obrigados, por lei, a obterem um certificado oficial de que não eram cristãos. Esse certificado só podia ser obtido mediante adoração pública de deuses pagãos.

Entretanto as igrejas permaneciam de pé e aumentando cada vez mais. A perseguição teve seu lado positivo. Muitos por verem que os cristãos sofriam as atrocidades calados tiveram curiosidade de conhecer o movimento. Ao conhecerem diversos se convertiam ao Senhor. A perseguição ajudou a fortalecer a fé de muitos crentes. É certo que muitos se desviaram, mas os fiéis se tornaram ainda mais fiéis. Além do que, foi preciso formar um cânon do Novo Testamento, pelo qual, foi regida a igreja primitiva e tem sido regidas as verdadeiras igrejas de Jesus até o presente.

Estas igrejas eram na sua maioria igrejas fiéis. Mas também houve as apóstatas. Desde o tempo apostólico as heresias entraram e permaneceram também em algumas igrejas de Cristo. Infelizmente as heresias cresceram de tal forma que por causa delas houve no terceiro século uma grande desfraternização das igrejas cristãs, divisões e o nascimento terrível do Romanismo.

1.4 Seitas e heresiasHeresia deriva da palavra háiresis e significa: escolha, seleção, preferência. Daí surgiu a palavra seita

(latim secta - doutrina ou sistema que diverge da opinião geral e é seguido por muitos), por efeito de semântica. Por extensão, designa-se por heresia a qualquer desvio de uma religião, credo ou sistema religioso que pressuponha uma doutrina estabelecida. Do ponto de vista cristão, heresia é o ato de um indivíduo ou de um grupo afastar-se do ensino da Palavra de Deus e adotar e divulgar suas próprias idéias, ou as idéias de outrem, em matéria de religião. Geralmente é um grupo não-ortodoxo, esotérico (do grego esoterikós, que significa conhecimento secreto, ao alcance de poucos).

Reforçando, podemos dizer que nos conceitos acima apresentados heresia e seita, em sua própria definição, são contraditórias e separatistas daquilo que dizem, verdadeiramente, as Sagradas Escrituras, a própria Palavra de Deus. Em resumo é o abandono da verdade.

O termo háiresis aparece no original em Atos 5:17; 15:5; 24:5; 26:5; 28:22. Por sua vez, heresia aparece em Atos 24:15; I Co 11:19; Gl 5:20; II Pe 2:1.O surgimento das seitas é uma profecia escatológica (Mt 24:24), em que o próprio Senhor nos alertou.

Portanto é importante seu estudo pois, trata-se de um sinal dos tempos anunciado por Jesus e seus apóstolos (II Pe 2:1-3).

Várias vezes nas Cartas de Paulo e nas demais cartas dos apóstolos vemos diversas citações e ataques às heresias primitivas que teimavam em entrar na Igreja. Paulo, por diversas vezes, utilizando-se das Escrituras e de mecanismos racionais, desenvolvia uma defesa altamente concisa e contundente contra aos enganos e mentiras que eram trazidos para dentro da Igreja por pessoas que supostamente se convertiam, mas que mantinham suas crenças anteriores, eram influenciados por filosofias e idéias da época ou que não entendiam corretamente a verdade do Evangelho.

Para manter esta defesa contra heresias, após a morte dos apóstolos desenvolveu-se a no meio cristão a Apologética. Apologética é uma palavra derivada de "apologia". É definida como sendo defesa argumentativa de que a fé pode ser comprovada pela razão; parte da teologia que se dedica à defesa da Igreja contra seus opositores; defesa persistente de alguma doutrina, teoria ou idéia.

A missão dos apologistas cristãos do segundo século, principalmente através de seus escritos, era dupla: por um lado, mostrar como as religiões e filosofias pagãs eram inconsistentes, auto-contraditórias, absurdas, e imorais. Por outro lado, defender o cristianismo de ataques externos, ou seja, de acusações distorcidas e injustas feitas por todos os diferentes setores da sociedade. Para isso era também necessário separar exatamente os textos que eram inspirados dos não inspirados e formar com isso um bloco coeso de livros que fossem tidos por todos como de origem divina, ou seja, a Bíblia.

O cânon das Escrituras começou a se cristalizar por volta do ano 100 d.C. Isso não quer dizer que a Igreja decidiu naquela época o que ela consideraria como sendo inspirado. A palavra de Deus sempre foi a palavra de Deus, e o papel da Igreja foi somente reconhecer os documentos que tinham sido dados por Deus através dos apóstolos como sendo inspirados e autoritários. Quando, por exemplo, as epístolas de Paulo eram distribuídas e lidas, mesmo durante sua vida, tanto Paulo como os seus leitores reconheciam que aqueles escritos eram a Palavra de Deus (e.g., 2 Pe. 3:2; 16). Não foi a Igreja que determinou, de acordo com a sua preferência, quais documentos deveriam ou não ser considerados como tendo autoridade divina. Ao contrário, a Igreja

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simplesmente reconheceu por critérios objetivos (um documento ter sido escrito por um apóstolo para a instrução da Igreja) quais escritos tinham sido dados por Deus como a palavra de sua Nova Aliança.

Já no ano 382 d.C. a Igreja aprovou oficialmente uma lista composta por Atanásio em 367 d.C. como contendo o cânon das Escrituras. Isso não refletia uma nova decisão, mas o reconhecimento oficial do que já tinha sido recebido e crido pela Igreja como um todo por mais de dois séculos. Esse cânon é o mesmo usado por todas as igrejas protestantes de hoje.

O reconhecimento do Cânon das Escrituras não só consolidou um consenso do que era o ensinamento oficial de Cristo e dos apóstolos com relação à Deus, à salvação, e à pratica cristã (ou seja, como os cristãos deveriam viver suas vidas para a glória de Deus), mas também permitiu que todo o tipo de heresia fosse refutada com a Palavra de Deus. Grupos e ensinamentos heréticos existiram desde os primeiros anos da Igreja, até mesmo durante a vida dos apóstolos (veja, por exemplo, o apóstolo Paulo condenando, na epístola aos Gálatas, a heresia daqueles que insistiam que uma pessoa só poderia ser salva se, além de crer em Jesus, também obedecesse à Lei cerimonial de Moisés). Com o passar das décadas, muitas heresias surgiram, o que forçou a Igreja a buscar nas Escrituras o entendimento bíblico sobre vários assuntos, o que impulsionou o desenvolvimento teológico.

Vejamos abaixo, algumas das principais heresias e seitas surgidas no tempo da Igreja Antiga:

GnosticismoO trabalho dos apologistas e teólogos que defendiam a fé cristã contra heresias e distorções se fez

necessário ainda mais como resultado da expansão do gnosticismo. A palavra grega gnosis significa conhecimento, e daí vem o nome gnosticismo; é uma referência a

seitas e grupos que ensinavam diversas formas de heresia, baseadas sempre no conceito de que havia um grupo seleto de pessoas que tinham obtido conhecimentos secretos sobre as verdades universais, e somente eles podiam alcançar a salvação. Os grupos gnósticos eram numerosos e diversos, tanto quanto suas heresias, mas a maioria ensinava que o mundo material é intrinsecamente mau, e por isso praticavam todo tipo de asceticismo. Eles geralmente criam na reencarnação e procuravam escapar de tal ciclo.

Os gnósticos se transformaram em uma seita que defendia a posse de conhecimentos secretos. Segundo eles, esses conhecimentos tornava-os superiores aos cristãos comuns, que não tinham o mesmo privilégio. O movimento surgiu a partir das filosofias pagãs anteriores ao cristianismo que floresciam na Babilônia, Egito, Síria e Grécia (Macedônia). Ao combinar filosofia pagã, alguns elementos da astrologia e mistérios das religiões gregas com as doutrinas apostólicas do cristianismo, o gnosticismo tornou-se uma forte influência na igreja. Entre seus muitos ensinos, encontramos o batismo pelos mortos.

A premissa básica do gnosticismo é uma cosmovisão dualista. O supremo Deus Pai emanava do mundo espiritual “bom”. A partir dele, surgiram sucessivos seres finitos (éons) até que um deles, Sofia, deu à luz a Demiurgo (Deus criador), que criou o mundo material “mau”, juntamente com todos os elementos orgânicos e inorgânicos que o constituem.

O mais famoso herege gnóstico foi Marcion (-160 d.C.). Ele foi excomungado em 144 d.C. por disseminar falsa doutrina e iniciar sua própria seita. Marcion cria que o deus descrito no Antigo Testamento era um deus criado, subdesenvolvido e severo; o Deus do Novo Testamento era o Deus supremo, o Pai carinhoso, e não o mesmo deus do Antigo Testamento. Como resultado, Marcion rejeitou o Antigo Testamento pois não acreditava ser a palavra de Deus. Isso, porém, não lhe foi suficiente; dos documentos do Novo Testamento, ele só aceitava o evangelho de Lucas e as epístolas de Paulo, (e mesmo assim só algumas delas, ou seja, as que não considerava como tendo sido corrompidas). Marcion criou seu próprio cânon, que incluía apenas o evangelho de Lucas e 10 epístolas de Paulo. Seu erro acabou sendo o motivo principal para que a Igreja primitiva definisse mais precisamente quais eram as Escrituras que tinham sido inspiradas por Deus.

Tais heresias também acabaram acarretando uma maior ênfase no papel do bispo local como sendo o guardião e defensor da doutrina ortodoxa da Igreja cristã, já que eles eram líderes que tinham acesso mais direto às doutrinas apostólicas. Os cristãos não podiam simplesmente abrir suas bíblias e refutar as heresias como nós podemos hoje, já que muitos não a tinham de forma completa. Vale lembrar que a imprensa só seria inventada mil e quatrocentos anos depois.

Cristãos gnósticos, como Márcion e Valentim, ensinavam que a salvação vem por meio desses éons, Cristo, que se esgueirou através dos poderes das trevas para transmitir o conhecimento secreto (gnosis) e libertar os espíritos da luz, cativos no mundo material terreno, para conduzi-los ao mundo material mais elevado. Cristo, embora parecesse ser homem, nunca assumiu um corpo; portanto, não foi sujeito às fraquezas e às emoções humanas.

Algumas evidências sugerem que uma forma incipiente de gnosticismo surgiu na era apostólica e foi o tema de várias epístolas do Novo Testamento (1João, uma das epístolas pastorais). A maior polêmica contra os gnósticos apareceu, entretanto, no período patrístico, com os escritos apologéticos de Irineu, Tertuliano e Hipólito. Atualmente, é submetido a muitas pesquisas, devido às descobertas dos textos de Nag Hammadi, em 1945/46, no Egito. Muitas seitas e grupos ocultistas demonstram alguma influência do antigo gnosticismo.

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MonarquianismoO termo Monarquianismo foi usado primeiramente por Tertuliano com referência àqueles que de uma

maneira ou outra procuravam enfatizar que Deus era somente Um, soberano monarca, e que a doutrina da Trindade era errônea. Havia dois tipos de Monarquianismo: Os monarquianistas dinâmicos (do grego dynamis significando “força”, ou “poder”, em referência ao poder de Deus que veio sobre o homem Jesus) negavam a divindade de Jesus. Segundo seus ensinamentos, Jesus era apenas um mero homem que foi “adotado” de uma maneira especial por Deus. Essa heresia, assim, também é chamada Adocionismo, e foi condenada no sínodo de Antioquia em 268 d.C.

Os monarquianistas modalistas, por outro lado, ensinavam que Jesus era Deus, mas que ele era a única Pessoa da Trindade. Segundo eles, a Trindade se manifestava de vários modos sucessivos. Eles identificavam Jesus como sendo a mesma pessoa que o Pai, em uma manifestação diferente. Por isso, essa heresia também foi chamada no Ocidente de Patripassianismo, (do latim Pater, “Pai” e passus, sofrer), pois resultava no ensinamento que o Pai sofreu na cruz, já que o Pai e o Filho eram a mesma pessoa. Assim, Pai, Filho e Espírito Santo não são as três Pessoas da Trindade, mas três manifestações de uma única pessoa, Deus.

No Oriente essa heresia era chamada de Sabelianismo, porque foi divulgada por Sabélio, excomungado por sua heresia no ano 220 d.C. Essa doutrina foi combatida por Tertuliano, e foi nesse contexto que ele pela primeira vez usa o termo Trinitas (“Trindade”), argumentando que Deus é uma Trindade na qual existe uma só essência e ao mesmo tempo três Pessoas.

O Monarquianismo Modalista (também chamado simplesmente de “Modalismo”), ao contrário do Monarquianismo Dinâmico, era muito popular. Muitas pessoas aceitavam essa heresia principalmente pelo fato de ela preservar a divindade de Jesus. Ao contrário do que é dito hoje em dia por liberais e hereges, a crença de que Jesus era Deus não foi uma invenção da Igreja do 4º século. Na verdade, os Cristãos criam, desde a ressurreição de Cristo, que ele era ao mesmo tempo verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus, ainda que não pudessem formular a doutrina da Trindade claramente. Assim, era mais fácil e comum cair no erro do modalismo do que no erro dos adocionistas, que negavam que Jesus era Deus.

Essas duas heresias antigas ainda estão presentes no dias de hoje. As Testemunhas de Jeová ensinam uma doutrina que mistura elementos de monarquianismo dinâmico e Arianismo, onde Jesus é apenas um homem, e o Verbo de Deus é uma criatura (segundo as TJ, é o arcanjo Miguel) que habita o corpo do homem Jesus. A idéia de que Jesus era apenas um homem especial sobre o qual o poder de Deus veio de uma maneira especial é também encontrada em muitos outros grupos e religiões, incluindo o Islã. Os Pentecostais Unicistas, por outro lado, ensinam a mesma heresia do modalismo. Pai, Filho, e Espírito Santo são apenas nomes diferentes de manifestações diferentes da mesma Pessoa. Essa heresia também é encontrada em outros grupos modernos, incluindo o Tabernáculo da Fé (seguidores de William Branham).

ArianismoArius era um bispo em Alexandria que negou que Cristo fosse Deus (a segunda pessoa da Trindade).

Arius ensinava que Jesus era divino, mas de uma divindade subordinada ao Pai. Segundo Arius, Jesus era um homem que não tinha uma alma humana, já que em seu caso a alma tinha sido substituída pelo “Logos”, ou seja o Verbo de Deus. Esse “Logos”, ou Verbo, era um ser espiritual criado por Deus para habitar no homem Jesus. Assim sendo, em essência Arius negou tanto a humanidade de Jesus (já que ele não tinha uma alma humana) quanto a sua verdadeira deidade (sendo que o “Logos” era uma criatura espiritual).

Arius era um pregador dinâmico e famoso, tendo uma personalidade atraente. Ele inventou um slogan sobre Cristo - “houve um tempo quando ele não existia” - que se tornou famoso.

Maniqueismo Mani nasceu por volta de 216 d.C. na Babilônia. Foi considerado por alguns como o último dos

gnósticos. Diferente dos demais hereges, desenvolveu-se fora do cristianismo. Todavia, era um rival do evangelho.

Seus ensinos buscavam respaldo no cristianismo. Afirmava, por exemplo, ser o Paracleto, o profeta final. Em seus ensinos enfatizava a purificação pelos rituais. Em 243 d.C., Mani teve seus ensinamentos reconhecidos por Ardashir, rei sassânida (Índia). Então, a nova fé teve o seu “pentecostes”, analogia traçada pelos maniqueístas.

Durante 34 anos, Mani e seus discípulos intensificaram seu trabalho pelo leste da Ásia, Sul e Oeste da África do Norte e Europa.

A base do maniqueísmo engloba um Deus teísta que se revela ao homem. Deus usou diversos servos, como Buda, Zoroastro, Jesus e, finalmente, Mani. Deveriam seus discípulos praticar o ascetismo e evitar a participação em alguma morte, mesmo de animais ou plantas. Deveriam evitar o casamento, antes, abraçarem o

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celibato. O universo é dualista, existem duas linhas morais em existência, distintas, eternas e invictas: a luz e as trevas.

A remissão ocorre pela gnosis, conhecimento especial que os iniciados conquistavam. Entre os remidos há duas classes, os eleitos e os ouvintes. Os eleitos não podiam nem mesmo matar uma planta, por isso eram servidos pelos ouvintes, que podiam matar plantas, mas nunca animais ou até mesmo comê-los. Os eleitos subiriam, após a morte, para a glória, enquanto os ouvintes passariam por um longo processo de purificação. Quanto aos ímpios, continuariam reencarnando na terra. Recebeu grande influência de Márcion.

ApolinarianismoApolinário foi bispo de Laodicéia da Síria no final do quarto século. Cooperou na reprodução das

Escrituras. Fez oposição à afirmação de Ário quanto à criação e à mutabilidade de Cristo.Por outro lado, se opôs ao conceito da completa união entre as naturezas divina e humana em Jesus.

Afirmava que Jesus não tinha um espírito humano. Segundo ele, o espírito de Cristo manipulava o corpo humano. Sua posição inicial era contra o arianismo, que negava a divindade de Cristo. Em sua opinião, seria mais fácil manter a unidade da Pessoa de Cristo, contanto que o logos fosse conceituado apenas como substituto do mais elevado princípio racional do homem. Contrapondo-se a Ário, ele advogava a autêntica divindade de Cristo, e tentava proteger sua impecabilidade substituindo o pneuma (espírito) humano pelo logos, pois julgava aquele sede do pecado.

Conseqüentemente, Apolinário negava a própria e autêntica humanidade de Jesus Cristo.Em 381, o sínodo de Constantinopla declarou contundentemente, entre outros sínodos, herética a cristologia de Apolinário.

Apolinário formou um grupo de discípulos que manteve seus ensinos. Mas não demorou muito e o movimento se desfez.

NestorianismoPatriarca da Igreja em Constantinopla na metade do quinto século depois de Cristo. Seu objetivo de

expurgar as heresias na região de seu controle encontrou problemas quando expressou sua cristologia. Encontrava-se em seu tempo idéias divergentes sobre a natureza de Cristo. Alguns, aparentemente, negavam a existência de duas naturezas em Cristo, postulando uma única natureza. Outros, como Teodoro de Mopsuéstia, afirmavam que o entendimento deveria partir da completa humanidade de Cristo. Teodoro negava a residência essencial do logos em Cristo, concedendo somente a residência moral. Essa posição realmente substituía a encarnação pela residência moral do logos no homem Jesus. Contudo, Teodoro declinava das implicações de seu ensino que, inevitavelmente, levaria à dupla personalidade em Cristo, duas pessoas entre as quais haveria uma união moral. Nestório foi fortemente influenciado pelo seu mestre, Teodoro de Mopsuéstia.

O nestorianismo é deficiente, não em relação à doutrina das duas naturezas de Cristo, mas, sim, quanto à Pessoa de cada uma delas. Concorda com a autêntica e própria deidade e a autêntica e própria humanidade, mas não são elas concebidas de forma a comporem uma verdadeira unidade, nem a constituírem uma única pessoa. As duas naturezas seriam igualmente duas pessoas. Ao invés de mesclar as duas naturezas em uma única autoconsciência, o nestorianismo as situava lado a lado, sem outra ligação além de mera união moral e simpática entre elas. Jesus seria um hospedeiro de Cristo.

Nestor foi vigorosamente atacado por Cirilo, patriarca de Alexandria, e condenado pelo Terceiro Concílio de Éfeso, em 431.

O movimento nestoriano sobreviveu até o século quatorze. Adotaram o nome de cristãos caldeus. A Igreja persa aceitou claramente a cristologia nestoriana. Atingiu expressão culminante no décimo terceiro século, quando dispunha de vinte e cinco arcebispos e cerca de duzentos bispos. Nos séculos doze e treze, formou-se a Igreja Nestoriana Unida e, atualmente, seus membros são conhecidos como Caldeus Uniatos. Na Índia, são conhecidos como cristãos de São Tomé. Hoje, esse movimento está em declínio.

PelagianismoPelágio foi um teólogo britânico. Teve uma vida piedosa e exemplar. Baseado exatamente nessa

questão, desenvolveu conceitos sobre a hamartiologia (doutrina que estuda o pecado). Sofreu resistência e, finalmente, foi excluído por diversos sínodos (Mileve e Catargo), sendo, ainda, condenado no Concílio de Éfeso, em 431 d.C.

Seus ensinos afirmavam que o homem poderia viver isento do pecado. Que o homem fora criado a imagem de Deus e, apesar da queda, essa imagem é real e viva. Do contrário, o homem não seria aquele homem criado por Deus. No pelagianismo a morte é uma companheira do homem, querendo dizer que, pecando ou não, Adão finalmente morreria, ainda que não pecasse. O ideal do homem é viver obedecendo.

O pecado original é uma impossibilidade, pois o pecado depende de uma ação voluntária do pecador. Afirma ainda que, por uma vida digna, os homens podem atingir o céu, mesmo desconhecendo o evangelho. Todos serão julgados segundo o que conheciam e o que praticavam. O livre-arbítrio era enfatizado em todas as

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suas afirmações, excluindo a eleição. Um século depois, desenvolveu-se o semipelagianismo, que amortecia alguns ensinos extravagantes de Pelágio.

EutiquianismoEutíquio viveu em um mosteiro fora de Constantinopla durante a primeira metade do quinto século.

Discípulo de Cirilo de Alexandria, teve grande influência e chefiava mosteiros na Igreja oriental. Oponente do nestorianismo, afirmava que, por ocasião da encarnação, a natureza humana de Cristo foi totalmente absorvida pela natureza divina.

Era de opinião de que os atributos humanos em Cristo haviam sido assimilados pelo divino, pelo que seu corpo não seria consubstancial como o nosso, que Cristo não seria humano no sentido restrito da palavra.Esse extremo doutrinário contou com o apoio temporário do chamado Sínodo dos Ladrões (em 449 d.C.). Essa decisão foi anulada mais tarde pelo Concílio de Calcedônia, em 451 depois de Cristo.O Sínodo dos Ladrões recebeu esse nome porque seus participantes roubavam características da doutrina cristocêntrica. Por esse motivo, Eutíquio foi afastado de suas atividades eclesiásticas. Mas a Igreja egípcia continuou apoiando a doutrina de Eutíquio e manteve seus ensinos por algum tempo. Então, o eutiquianismo surge novamente no movimento monofisista.

1.5 ConcíliosO primeiro Concílio da Igreja havia sido o de Jerusalém, em que fora discutida a questão dos gentios

terem que seguir os preceitos judaicos. Nele todos os líderes da Igreja de Jerusalém, mais o Apóstolo Paulo, estavam presente e foi decidido que deveriam somente se abster de relações sexuais ilícitas, de comer sangue de animais e de comida sacrificada a ídolos. Mas além deste, foram convocados diversos Concílios (reuniões de líderes para decidir assuntos de fé).

Pelas várias confusões e inúmeras heresias sobre a natureza de Cristo foi necessário que se fizessem declarações oficiais de fé (Credos) da Igreja sobre estes assuntos teológicos.

Todavia , as terminologias, os conceitos e a forma dos discursos dos Concílios eram restritas a um pequeno grupo de eruditos, o que tornava a discussão, por vezes, afastada do povo mais humilde e de uma vida simples. Com isso já se mostrava que a Igreja da época começava a se perder em discussões e vãs filosofias, deixando de lado a fé para tentar, somente pela razão, defender a mesma fé.

Vejamos os primeiros 4 Concílios chamados Ecumênicos (que congregavam toda a cristandade organizada da época).

Concílio de Nicéia (325) - O Primeiro Concílio EcumênicoO Concílio de Nicéia foi o primeiro concílio considerado ecumênico. A ele compareceram entre 250 a

300 bispos. O objetivo principal era produzir um documento que definisse a crença ortodoxa (ou seja, o que a Igreja entendia ser o ensinamento bíblico) sobre Deus e Jesus. Para isso, era preciso que se usasse linguagem teológica e técnica - e não somente termos bíblicos - para as definições, sendo que os hereges usavam termos bíblicos, fora de contexto, para defenderem suas próprias teses.

Desse modo, o concílio decidiu usar a palavra grega homoousios - significando “da mesma essência” - para definir a relação entre a essência de Jesus Cristo e Deus.. Arius foi excomungado como herege.

Apesar disso, alguns discordavam dessa formulação. Os seguidores de Arius usavam o termo heteroousios - significando que Jesus era de uma essência diferente - e outros, procurando um “meio termo”, usavam o termo homoiousias - significando “de essência similar”. Nos anos que se seguiram, ainda que a Igreja tivesse um pronunciamento oficial sobre a questão, esses dois partidos heterodoxos continuaram a causar distúrbios e negar que Jesus era Deus eterno, a segunda Pessoa da Trindade.

A controvérsia Trinitária impulsionou os Concílios de Nicéia e Constantinopla, que definiram o entendimento da Igreja com relação ao ensinamento bíblico sobre quem era Jesus e a Trindade. As controvérsias Cristológicas posteriores referiram-se a questões sobre o relacionamento entre a divindade e a humanidade de Jesus.

O quadro abaixo mostra apenas três das principais heresias cristológicas. O círculo representa a Pessoa de Cristo, enquanto que a letra H representa sua natureza humana e a letra D representa sua natureza divina.

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Concílio de Constantinopla (381) - O Segundo Concílio EcumênicoO Concilio de Constantinopla reafirmou e até mesmo expandiu, de maneira mais precisa e técnica, a

idéia formulada pelo Concilio de Nicéia - de que Jesus era Deus verdadeiro e homem verdadeiro, tendo a mesma essência do Pai, ainda que sendo uma Pessoa distinta da Trindade. Uma das controvérsias cristológicas teve início quando um bispo sírio chamado Apolinário começou a pregar que o Verbo de Deus substituiu parte da alma humana (a mente) de Jesus (um ensinamento similar ao de Arius). Assim, Jesus não era nem completamente humano, nem completamente divino. Os ensinamentos de Apolinário foram condenados como heresia em Alexandria em 362 e também no Concílio de Constantinopla em 381 d.C.

Concílio de Éfeso (431) - O Terceiro Concílio Ecumênico Outra controvérsia começou quando Nestório, um dos mais importantes líderes eclesiásticos do 5º

século, foi acusado de ensinar que as duas naturezas de Jesus (humana e divina) eram tão separadas a ponto de ele ser duas pessoas.

Nestório também se opunha ao titulo Theotokos dado a Maria. A palavra Grega significa “aquela que carregou a Deus”, no sentido de ser a “mãe de Deus”. Nestório argumentou que Maria deu a luz ao filho de Deus, e não a Deus; ela deu a luz à natureza humana de Jesus, e não a sua natureza divina, que é eterna. Seus opositores, por outro lado, argumentaram que, ainda que ela não tivesse originado a natureza eterna de Jesus, não se pode separar a natureza humana de Cristo da sua natureza divina. Tudo que pode ser dito de cada natureza de Jesus, pode ser dito da pessoa Jesus. Ele é uma só Pessoa, e é ao mesmo tempo homem e Deus. Maria, portanto, deu luz a Deus porque ela deu luz a Jesus. Ela não deu a luz a uma natureza, mas a uma Pessoa - Jesus - que é Deus; portanto, ela é mãe de Jesus, e em consequência, mãe de Deus. O título dado a Maria não significava ensinar que, de alguma maneira misteriosa, Maria dera à luz a Deus na sua essência eterna. O termo fazia parte de um argumento contra a cristologia duvidosa dos nestorianos, e intenção da mensagem era mostrar que Maria não deu à luz a um mero homem.

Não havia intenção de ensinar que Maria era a origem da natureza divina de Cristo, o que seria impossível - visto que a natureza divina não tem origem, porque é eterna; além do mais, Maria não tem atributos divinos. Infelizmente esta decisão seria utilizada mais tarde pela Igreja Romana para declarar o culto também a Maria como sendo divina.

O ensinamento atribuído a Nestório foi condenado. O concílio oficialmente declarou que Jesus tem duas naturezas (humana e divina), mas é uma só Pessoa.

Concílio da Calcedônia (451) - O Quarto Concílio Ecumênico Outra controvérsia Cristológica importante se desencadeou quando um monge em Constantinopla

chamado Eutiques começou a ensinar uma heresia no extremo oposto do nestorianismo. Segundo Eutiques, Jesus não só era uma só Pessoa, mas ele também tinha uma só natureza, e não duas (humana e divina). Essa heresia foi chamada de monofisitismo (mono = um; “physis” = natureza).

A única natureza de Jesus, segundo os monofisitas, era a divina, que absorveu a natureza humana, divinizando-a. O eutiquianismo foi condenado como heresia no Concílio Ecumênico de Calcedônia em 451 d.C. A fórmula adotada no concílio apresentou quatro qualificações que se tornaram a definição clássica sobre a

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relação entre as duas naturezas; clássicas porque as quatro qualificações são precisas e, juntas, refutam qualquer heresia possível sobre as duas naturezas. A fórmula diz que existe um único Cristo, que possui duas naturezas, não confusas e não transformadas, não divididas, não separadas, pois a união das naturezas não suprimiu as diferenças; antes, cada uma das naturezas conservou as suas propriedades e se uniu com a outra numa única pessoa e numa única hipóstase (ou essência). Foi afirmado que Jesus é verdadeiro homem e verdadeiro Deus, sendo consubstancial com os homens em sua natureza humana (exceto pela ausência do pecado) e consubstancial com Deus em sua natureza divina. Após o concílio, muitos continuaram a ensinar o monofisitismo, especialmente no Oriente. Hoje, muitos monofisitas se encontram na igreja Copta.

Assim terminou a fase principal das disputas cristológicas. As conclusões foram: em Cristo há duas naturezas e uma Pessoa. Ele era um verdadeiro homem, sujeito à dor e à morte. Ele é também a segunda Pessoa da Trindade, possuindo a natureza divina desde toda a eternidade, e assumindo a natureza humana no seio de Maria. Se Jesus fosse só homem, não poderia pagar pelos pecados daqueles que nele crêem. Por outro lado, se não tivesse adicionado a natureza humana à sua natureza eterna e divina, ele não poderia ter vivido uma vida perfeita como homem (perfeição esta que é imputada a todos que nele crêem) nem morrido na cruz por nossos pecados. Se Jesus tivesse suas naturezas misturadas, sua verdadeira natureza seria de um terceiro tipo, nem humana, nem divina.

QUADRO RESUMIDO DOS CONCÍLIOS TRINITÁRIOS E CRISTOLÓGICOS

Local Data Assunto Decretos e Definições

Nicéia 325 d.C. ArianismoO Verbo é verdadeiro Filho de Deus, da mesma substância do Pai (homoousios) e, portanto, verdadeiramente Deus. Definição de fé

Nicena contra Ário. Consubstancialidade do Filho e do Pai.Constantinopla 381 d.C. Macedonianos O Espírito Santo é verdadeiro Deus como o Filho e o Pai.

Éfeso 431 d.C.Nestorianismo/ Pelagianismo

Cristo, Deus Homem, é um só sujeito (pessoa): a união hipostática (de pessoas) é substancial e não acidental, física ou moral.

Condenou-se o pelagianismo.

Caldedônia 451 d.C.Eutiquianismo/ Monofisismo

As duas naturezas de Cristo estão unidas (pessoalmente), mas não confusas, mudadas ou de qualquer forma alteradas. As duas

naturezas de Cristo se confinam em uma só pessoa.

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2 - IGREJA MEDIEVAL (476 d.C. a 1453 d.C.)

2.1 Introdução

"Quando o dragão se viu precipitado na terra, perseguiu a mulher que dera à luz o filho varão." Ap. 12:13

Eram tempos difíceis. Apesar das conversões acontecerem em grande número as igrejas sofriam externa e internamente.

Externa devido as perseguições já mencionadas. Internamente porque as igrejas estavam sendo corrompidas por várias práticas totalmente antibíblicas.

Desde os primórdios da igreja sempre foi um problema a questão de como o homem poderia alcançar o céu. O ensinamento de Jesus e posteriormente dos apóstolos eram unanimes: "Pela graça somos salvos". O Novo Testamento nunca deixou dúvidas sobre este assunto. Mesmo nas igrejas primitivas esse foi um problema sério. O primeiro concílio das igrejas em Jerusalém foi realizado justamente para resolvê-lo. O próprio apóstolo Pedro, vendo que havia contenda sobre o assunto, deixou claro que: "cremos que seremos salvos pela graça". Portanto, o ensinamento bíblico sobre a questão é que o único meio de se chegar ao céu é por Jesus, pela graça, e, usando como meio de alcançá-la, a nossa fé.

Não contentes com esse princípio, e querendo fazer uma mudança não autorizada nas escrituras, muitos pastores começaram a ensinar que a salvação não era apenas pela graça. Implantaram um novo meio de salvação: o batismo. Pensavam: "A Bíblia tem muito a dizer em relação ao batismo. Muita ênfase é colocada na ordenança e no dever concernente a ela. Evidentemente ela deve ter algo a ver com a salvação". Dessa forma criou corpo a idéia de regeneração bastimal, ou seja, o indivíduo precisa ser batizado para ir ao céu. Colocou-se a água do batismo no lugar do sangue de Jesus. Esse erro é pai de um futuro que ainda demoraria a aparecer: o batismo infantil.

Além desse grave erro houve outros. Um dos maiores foi o surgimento dentro das igrejas de uma hierarquia temporal. Um erro que fere a autoridade única do Senhor Jesus Cristo sobre sua igreja. Nenhum dos apóstolos, jamais, em versículo algum do Novo Testamento, quis a primazia entre os outros na igreja primitiva. Não vemos na Bíblia homens como Pedro, Paulo, ou qualquer outro apóstolo subjugar seus irmãos na fé, ou ainda requerer deles uma cega sujeição. Eles se consideram homens comuns, sujeitos aos desejos da carne e com possibilidade de queda (At l0,15-16; Rom 7,24;). Mas alguns pastores não entendiam dessa forma. Viam no cristianismo um meio de alcançar a primazia entre seus semelhantes. Muitos começaram a se desviar do ensinamento de que todos os membros são iguais dentro da igreja. Isso iria gerar futuramente o Papado Romano.

A idéia de um bispo monárquico (uma espécie de rei) governar os demais pastores teve início na pessoa de Clemente (95A.D.), pastor da igreja em Roma. Foi ele o primeiro a buscar a primazia entre os demais. Chegou a envolver-se num problema que não lhe pertencia por direito, querendo mandar numa igreja a qual não pastoreava, que foi a igreja de Corinto. Depois dele foi Inácio, bispo de Antioquia na Síria, que viveu entre o I século. - II século. Ele exorta todos os cristãos a obedecerem o bispo monárquico e aos presbíteros. Ele é o primeiro a contrastar o ofício do bispo ao do presbítero e a subordinar os presbíteros ou anciãos ao bispo monárquico e os membros das igrejas a ambos. Mas deve-se a Cipriano, bispo de Cartago (morto em 258), que foi um dos principais autores desta mudança de governo da igreja, pois pugnou pelo poder dos bispos com mais zelo e veemência do que jamais fora empregada nessa causa.

Essa idéia veio a favorecer a idéia de uma igreja ter autoridade política sobre outra igreja. Os pastores das grandes igrejas como a de Roma, Alexandria, Antioquia, e muitas outras, iniciaram um processo de subjugar as igrejas menores. Eram tempos difíceis. O imperador perseguia a igreja. Junto com as perseguições vinha a fome. Com isso as igrejas maiores engrandeciam-se, e numa falsa humildade, ajudavam as menores. Foi assim que principalmente Roma passou a gozar de uma distinção especial. Essa ajuda tinha um preço muito alto: a submissão de muitas igrejas menores. A igreja co-irmã deixava de ser uma igual para tornar-se vassala.

Enquanto isso, as perseguições do Império Romano continuavam. O imperador Diocleciano (284-305), por exemplo, durante a última perseguição generalizada do império, decretou que todos os cristãos deveriam entregar suas Escrituras às autoridades, ou sofrer tortura e execução.

Estas continuaram até a era do imperador Constantino. Em 312 d.C., com a ascensão de Constantino ao poder do Império Romano, a Igreja que tinha sido perseguida por quase 300 anos se torna, como que da noite

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para o dia, uma religião não somente legal, mas também favorecida pelo imperador. Mais tarde, ela se tornaria a religião oficial do império, e pagãos seriam perseguidos e torturados.

Constantino se tornou imperador após derrotar seu opositor Maxentius na luta pelo poder. Houve uma batalha na qual Constantino alegou ter tido uma visão dos céus que lhe mostrava o sinal da cruz e dizia “Vença por esse sinal”.

Como imperador, independentemente da questão da veracidade de sua conversão, Constantino percebeu que era melhor para a estabilidade do império que houvesse apenas uma religião, unificando povos e líderes. Além do mais, o cristianimo havia crescido em demasia e se tornara um perigo para o poder temporal. Era melhor dominá-lo antes que outro o dominasse.

A Igreja passou de perseguida a tolerada, e mais tarde de tolerada até ser a ser a religião oficial do império. Por isso, gradualmente, os pagãos passaram a ser perseguidos, e muitas pessoas passaram a se denominarem cristãos simplesmente porque isso era mais seguro e proveitoso. Muitos pagãos, enquanto se diziam cristãos, mantinham suas práticas pagãs (por exemplo, o culto aos ancestrais, ou a adoração de múltiplos deuses), mas agora com disfarces e aparências cristãs. O nominalismo e o mero formalismo que tinham sido impossíveis na época das perseguições se tornaram agora comuns, ainda que não universais.

Estava agora tudo pronto para o nascimento da maior igreja apóstata, berço de grandes heresias e blasfêmias ao Deus único, a Igreja Católica Romana.

2.2 Romanismo

"A mulher estava vestida de púrpura e de escarlata, e adornada de ouro, pedras preciosas e pérolas; e tinha na mão um cálice de ouro, cheio das abominações, e da imundícia da prostituição;e na sua fronte estava escrito um nome simbólico: A grande Babilônia, a mãe das prostituições e das abominações da terra.E vi que a mulher estava embriagada com o sangue dos santos e com o sangue dos mártires de Jesus. Quando a vi, maravilhei-me com grande admiração." Ap. 17:4-6

Igreja Católica significa "Igreja Universal". E apesar deste apelido ter sido usado pela primeira vez em 170 pelo bispo de Cartago, referindo-se a todas as igrejas cristãs, ela não tinha a idealização que tem hoje. Este nome começou a ganhar força a partir de 313 quando as igrejas apóstatas aceitaram ser servas do imperador. Aí sim ficou decidido que a igreja tinha que ser Universal. Tornou-se tão Universal que quem não pertencesse a ela seria punido com a morte. Este pensamento fez com que estas igrejas enchessem suas fileiras de pessoas não convertidas. Em algumas épocas a conversão chegou a ser nacional e não pessoal. Se o rei do país se tornasse católico ele obrigava todo seu povo a ser católico também. O evangelho a partir de 313 deixou de ser proposto para ser imposto sobre todos os moradores do Império Romano.

O catolicismo primitivo foi uma organização eclesiástica a qual pertenciam várias igrejas. Estas igrejas estavam espalhadas por todo o Império Romano. Após a morte dos apóstolos muitas igrejas sofreram a influencia maligna do paganismo. Seus membros, instigados pelos falsos pastores, foram vítimas de ensinamentos errados a respeito de Deus e da salvação. Tais pastores desviaram grandes igrejas sendo que muitas delas um dia foram grandes baluartes da fé. A própria igreja de Roma é um exemplo. O apóstolo Paulo chegou a escrever uma carta a esta igreja.

Incorporaram toda uma série de cultos pagãos aos cultos da Igreja. Nota-se claramente a influência da cultura grega-romana com seus vários deuses, um para cada área da vida humana e a criação dos santos católicos – cada um sendo padroeiro de alguma atividade. Também com isso incorporaram o culto aos mortos, comuns nestas culturas anteriormente. Da mesma forma, Maria seria colocada na mesma posição, ou maior, do que Jesus, sendo considerada intercessessora entre Deus e os homens. Com isso respondiam à necessidades de culto à Deusas Mães – que sempre existiram nas culturas pagãs.

O catolicismo original contava com cinco patriarcados (ou igrejas mais importantes). Eram eles: Jerusalém, Roma, Constantinopla, Antioquia e Alexandria. Estas cinco igrejas brigavam entre si para ver qual delas teria a primazia sobre as demais. Esse quadro começou a mudar com o advento do islamismo. A nova religião praticamente destruiu a importância de três patriarcados: Jerusalém, Antioquia e Alexandria. Isso polarizou o catolicismo em duas grandes correntes. A corrente grega reunia sobre sua autoridade as igrejas do Oriente e foram lideradas pela igreja de Constantinopla. Já a corrente latina reunia sobre a sua autoridade as igrejas do ocidente e foram lideradas pela igreja de Roma. Essas duas igrejas foram rivais até o século IX. Nesse tempo o catolicismo se dividiu.

No ano de 869 os bispos de Roma e Constantinopla tiveram um grande atrito entre eles. No final da confusão os pastores de Roma e Constantinopla se excomungaram mutuamente. Desde este dia estas duas igrejas se separaram e até hoje existe dois tipos de Catolicismo. O Catolicismo Oriental - representado pelas igrejas de rito grego - também chamado de Igreja Ortodoxa Grega; e o Catolicismo Ocidental - representado pelas igrejas de rito latino - também conhecido como Igreja Católica Apostólica Romana.

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A igreja Ortodoxa segue o ritmo do Catolicismo original compondo-se de diversas igrejas autônomas e nacionais (Ex. Igreja da Rússia, Igreja da Armênia, Igreja Copta). Já a igreja Romana considera-se uma igreja Una, sendo ela mãe e não igual a todas as outras igrejas.

Os sacerdotes da Igreja Romana dividiam-se em duas grandes categorias: clero secular (aqueles que viviam no mundo fora dos mosteiros), hierarquizado em padres, bispos, arcebispos etc., e clero regular (aqueles que viviam nos mosteiros), que obedecia às regras de sua ordem religiosa: veneditinos, franciscanos, dominicanos, carmelitas e agostinianos.

No ponto mais alto da hierarquia eclesiática estava o Papa, o Bispo de Roma, considerado sucessor do apóstolo Pedro e um verdadeiro rei da Igreja Romana, a ponto do romanismo ser chamado por estudiosos de Papismo. Nem sempre a autoridade do Papa era aceita por todos os membros da Igreja, mas em fins do século VI ela acabou se firmando, devido, em grande parte, à atuação do Papa Gregório Magno.

Além da autoridade religiosa, o Papa contava também com o poder temporal da Igreja, isto é, o poder advindo da riqueza que acumulara com as grandes doações de terras feitas pelos fiéis em troca da possível recompensa do céu.

Em meio à desorganização administrativa, econômica e social produzida pelas invasões germânicas e ao esfacelamento do Império Romano, praticamente apenas a Igreja Católica, com sede em Roma, conseguiu manter-se como instituição. Consolidando sua estrutura religiosa, a Igreja foi difundindo o cristianismo entre os povos bárbaros, enquanto preservava muitos elementos da cultura greco-romana.

Valendo-se de sua crescente influência religiosa, a Igreja Romana passou a exercer importante papel em diversos setores da vida medieval, servindo como instrumento de unificação, diante da fragmentação política da sociedade feudal.

Calcula-se que a Igreja Católica tenha chegado a controlar um terço das terras cultiváveis da Europa Ocidental. Era, portanto, uma grande "senhora feudal" numa época em que a terra constituía a base de riqueza da sociedade.

O poder temporal da Igreja Romana levou o Papa a envolver-se em diversos conflitos políticos com monarquias medievais. Exemplo marcante desses conflitos é a Questão da Investiduras, no século XI, quando se chocaram o Papa Gregório VII e o imperador do Sacro Império Romano Germânico, Henrique IV.

A Questão das Investiduras refere-se ao problema de a quem caberia o direito de nomear sacerdotes para os cargos eclesiásticos, ao Papa ou ao imperador.

As raízes desse conflito remontam a meados do século X, quando o imperador Oto I, do Sacro Império Romano Germânico, iniciou um processo de intervenção política nos assuntos da Igreja Romana a fim de fortalecer seus poderes. Fundou bispados e abadias, nomeou seus titulares e, em troca da proteção que concedia ao Estado da Igreja, passou a exercer total controle sobre as ações do Papa.

Durante esse período, a Igreja foi contaminada por um clima crescente de corrupção, afastando-se mais ainda de sua missão religiosa e, com isso, perdendo completamente sua autoridade espiritual. As investiduras (nomeações) feitas pelo imperador só visavam os interesses locais. Os bispos e os padres nomeados colocavam o compromisso assumindo com o soberano acima da fidelidade ao Papa.

No século XI surgiu um movimento reformista, visando recuperar a autoridade moral da Igreja Romana, liderado pela Ordem Religiosa de Cluny. Os ideais dos monges de Cluny foram ganhando força dentro da Igreja Romana, culminando com a eleição, em 1073, do Papa Gregório VII, antigo monge daquela ordem reformista.

Eleito Papa, Gregório VII tomou uma série de medidas que julgou necessárias para recuperar a moral da Igreja Romana. Instituiu o celibato dos sacerdotes (proibição de casamento), em 1074, e proibiu que o imperador investisse sacerdotes em cargos eclesiásticos, em 1075. Henrique IV, imperador do Sacro Império, reagiu furiosamente à atitude do Papa e considerou-o deposto. Gregório VII, em resposta, excomungou Henrique IV. Desenvolveu-se, então, um conflito aberto entre o poder temporal do imperador e o poder espiritual do Papa.

Esse conflito foi resolvido somente em 1122, pela Concordata de Worms, assinada pelo Papa Calixto III e pelo imperador Henrique V. Adotou-se uma solução de meio termo: caberia ao Papa a investidura espiritual dos bispos (representada pelo báculo), isto é, antes de assumir a posse da terra de um bispado, o bispo deveria jurar fidelidade ao Imperador.

Nos diversos países cristãos, nem sempre a fé popular manifestava-se nos termos exatos pretendidos pela doutrina católica. Havia uma série de doutrinas, crenças e supertições, denominadas heresias, que se chocavam com os dogmas da Igreja Romana. Muitas vezes, estas chamadas heresias, eram na verdade a autêntica expressão da fé cristã dos tempos apostólicos.

Para combater essas “heresias”, o Papa Gregório IX criou, em 1231, os tribunais da Inquisição, cuja missão era descobrir e julgar os heréticos. Os condenados pela inquisição eram entregues às autoridades administrativas do Estado, que se encarregavam da execução das sentenças. As penas aplicadas a cada caso iam desde a confiscação de bens até a morte em fogueiras.

O processo inquisitorial cumpria basicamente as seguintes etapas: o tempo de graça, o interrogatório e a sentença. Ao chegar às aldeias e às cidades, os inquisidores solicitavam a todos os acusados de heresia que se

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apresentassem espontaneamente aos juízes. Era então estabelecido o tempo de graça, que poderia ser de 15 dias a um mês. O herético que se apresentasse, durante esse período, para confessar seu erro era tratado com certa misericórdia, recebendo geralmente penas leves, a critério do juiz. Terminando o tempo de graça, porém, os juízes do tribunal tornavam-se implacáveis, perseguindo duramente os suspeitos. Perante o tribunal, os acusados de heresia eram longamente interrogados pelos os juízes, que faziam de tudo para que o réu confessasse o crime. Caso o réu se recusasse a confessar, podia ser submetido a diversas formas de violência e tortura, como chicotadas, queimaduras com brasas etc.

O manual dos inquisidores, espécie de guia prático do ofício inquisitorial, escrito em 1376 pelo dominicano espanhol Nicolau Eymerich (depois revisto e atualizado, em 1578, por Francisco de La Penã), diz que:

“A finalidade da tortura é obrigar o suspeito a confessar a culpa que cala. Pode-se qualificar de sanguinários todos esses juízes de hoje, que recorrem tão facilmente à tortura, sem tentar, através de outros meios, completar a investigação. Esses juízes sanguinários impõem torturas a tal ponto que matam os réus, ou os deixam com membros fraturados, doentes sempre. O inquisidor deve ter em mente que: o acusado deve ser torturado de tal forma que saia saudável para ser liberado ou para ser executado. “

Arrancada a confissão do réu, os inquisitores proferiam a sentença em uma sessão pública denominada sermão geral. As sentenças previam três tipos básicos de penas: confiscação de bens, prisão e morte. A maioria dos condenados à morte eram queimados vivos numa grande fogueira. Somente a alguns permitia-se o estrangulamento antes de serem lançados ao fogo.

A ação dos tribunais da Inquisição estendeu-se por vários reinos cristão: Itália, França, Alemanha, Portugal e, especialmente, Espanha. Nesse último país, a Inquisição penetrou profundamente na vida social, possuindo uma gigantesca burocracia pública com cerca de vinte e cinco mil funcionários a serviço do movimento inquisitorial.

Pressionada pelas monarquias católicas, a Inquisição desempenhou um papel político e social, freando os movimentos contrários às classes dominantes e, dessa maneira, ultrapassando sua finalidade declarada de proceder ao mero combate às heresias religiosas.

Atendendo ao apelo do Papa Urbano II, em 1095, foram organizadas na Europa expedições militares conhecidas como Cruzadas, cujo objetivo oficial era conquistar os lugares sagrados do cristianismo (Jerusalém, por exemplo) que estavam em poder dos muçulmanos.

Entretanto, além da questão religiosa, outras causas motivaram as cruzadas: a mentalidade guerreira da nobreza feudal, canalizada pela Igreja contra inimigos externos do cristianismo (os muçulmanos); e o interesse econômico de dominar importantes cidades comerciais do Oriente.

De 1096 a 1270, a cristandade européia organizou oito cruzadas, tendo como bandeira promover guerra santa contra os infiéis muçulmanos.

As principais conseqüências do período das cruzadas foram: Empobrecimento dos senhores feudais, que tiveram suas economias arrasadas com os esforços

despendidos nas guerras; Fortalecimento do poder real, à medida que os senhores feudais perdiam suas forças; Reabertura do Mediterrâneo e conseqüente desenvolvimento do intercâmbio comercial entre a

Europa e Oriente; Ampliação do universo cultural europeu, promovida pelo contato com os povos orientais.

Como vimos, a Igreja Romana desempenhou um triste papel na história do cristianismo e da humanidade. Foi mais um poder anti-cristão do que uma verdadeira Igreja, envolvendo-se em todos negócios escusos deste mundo, sendo instrumento do mal, causadora de guerras, cheia de cobiça carnal e assassina de pessoas inocentes.

2.3 Movimentos independentes

“E a mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus, para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta dias.” Ap. 12:6

Neste tempo de domínio da Igreja de Roma existiram vários movimentos e Igrejas que não se alinhavam com este império. Pelo poder papal foram considerados todos hereges e todos que foram alcançados por este poder foram mortos. Mas vemos hoje que vários destes movimentos tinham muito em comum com a fé da Igreja Antiga, ou seja, a fé verdadeira continuava viva, apesar do romanismo negar. Outros, no entanto, pelos

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relatos históricos abaixo, possuiam graves erros doutrinários. Mas também devemos ter cuidado com isso, pois o romanismo sempre criou calúnias contra seus opositores.

Além destes movimentos, vários outros grupos cristãos se mantinham fieis e fugindo da perseguição da Igreja Romana se deslocavam para lugares distantes para não serem alcançados. Com isso muito dos seus relatos e história perderam-se no tempo sem que ficassem dados sobre sua existência.

2.3.1 MontanistasMontanismo é um movimento cristão do segundo século fundado por Montano. Os montanistas

declaravam-se cheios do Espírito Santo e, por isso, profetizavam. Segundo estas profecias, uma outra era cristã se iniciava com a chegada da nova revelação concedida a eles.

Esse movimento surgiu na Frígia (Ásia Menor Romana, hoje Turquia), pelos anos 170 d.C. Haviam duas mulheres, Priscila e Maximila, que eram as porta-vozes proféticas de Montano e dizia que o Espírito Santo falava através delas. Proibia certos alimentos, exigia jejuns prolongados e não permitia o casamento de viúvas, como também negava o perdão de pecados graves ao novo convertido, mesmo após o batismo(com confissão e arrependimento).

Montano queria fundar uma nova ordem e reivindicar seu movimento como sendo um movimento especial na história da salvação. O principal motivo de Montano era lutar contra a paralisia e o intelectualismo estéril da maioria das igrejas organizadas na época. Infelizmente, ele também caiu em extremos enganosos.

Esse movimento foi condenado várias vezes por vários sínodos de bispos, tanto na Ásia Menor como em outros lugares. O importante é saber que o movimento em si mesmo, era inofensivo e não iria muito longe, mesmo sem a condenação dele e de seus adeptos.

Alguns pentecostais reivindicam para si, hoje, o movimento como sendo o antecessor do movimento pentecostal atual.

A Igreja montanista se espalhou pela Ásia Menor, chegou a Roma e ao norte da África. Seu adepto mais famoso foi, sem dúvida, Tertuliano - o maior teólogo de então.

2.3.2 Novacianos Os novacianos eram seguidores de Novácio, um presbítero da Ásia Menor. Novácio ficou revoltado

quando viu que cristãos que haviam negado a fé e oferecido sacrifícios aos deuses pagãos durante a perseguição de Décio estavam sendo readmitidos como membros e até mesmos diáconos. Para isso, ele se fez anti-Papa, para tentar mudar isso. Porém, ele e seus seguidores foram excomungados. Novácio foi martirizado no período do imperador Valério I (253-260).

Suas idéias eram que deveriam ser batizados todos os que vinham do paganismo e das igrejas que haviam adotado o batismo infantil. Seus seguidores são tachados de cismáticos, que queriam destruir a unidade cristã, porém eles só queriam ser fiéis ao ensino bíblico. As igrejas novacianas se espalharam pelo império e foram beneficiadas com a cessação das perseguições, por ocasião do Édito de Milão. Sua teologia influenciou mais tardes os donatistas.

2.3.3 Donatistas O Donatismo foi uma doutrina religiosa cristã, considerada herética pelo catolicismo. Persistiu na

África romanizada nos séculos IV e V. O seu nome advém de dois bispos com o mesmo nome: Donato de Casa Nigra, bispo da Numídia; e Donato, o Grande, bispo de Cartago.

Os donatistas defendiam que os sacramentos só eram válidos se quem os ministrava era digno. Na religião católica, porém, crê-se que os sacramentos valem por si, seja o ministrante (geralmente um sacerdote) um indivíduo corrupto ou não.

Os autores que mais influenciaram os donatistas, em termos de doutrina religiosa, foram São Cipriano, Montano e Tertuliano.

O bispo de Hipona, Agostinho, fez campanhas contra esta crença e foi principalmente graças aos seus esforços que a Igreja católica acabou por vencer a controvérsia. Com a ocupação vândala do norte de África, o donatismo voltou a ter, aí, alguma preponderância, o que continuou a acontecer depois da reconquista bizantina destes territórios por Justiniano. Desconhece-se quanto tempo persistiu depois da conquista muçulmana.

2.3.4 Paulicianos Os Paulicianos sugiram nas partes orientais do império Bizantino em torno de 650. Constantino seu

fundador rejeitava o formalismo da igreja Ortodoxa e sustentava que apenas os evangelhos e as cartas de Paulo eram divinamente inspiradas. O restante da Bíblia fora inspirado pelo deus maligno que criara esse mundo e era o deus desse mundo. Essa deidade maligna era a origem da igreja ortodoxa, da união entre igreja e estado no império e teve como mensageiro o apóstolo Pedro .

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Para os Paulicianos o verdadeiro Deus era contrário às coisas materiais e para salvar os espíritos das pessoas do mau do mundo físico enviou um anjo com a aparência de homem: Jesus .

Constantino mudou o seu nome para Silvanus (Silvas) e após a sua morte por apredejamento foi substituído por outro líder que adotou o nome de Tito antes de ser queimado vivo . A perseguição foi a tônica do movimento Pauliciano , com a exceção do período da controvérsia iconoclasta no oitavo século . No século nono milhares de Paulicianos foram massacrados por ordem da Imperatriz Teodora na Armênia .

Como consequência da perseguição os Paulicianos formaram exércitos fortes e portanto foram deportados pelos imperadores para a região dos Balcãs (a Bulgária moderna) para servirem de defesa do império contra os eslavos e os búlgaros .

Na Bulgária os Paulicianos tiveram a oportunidade de pregar as suas idéias para os búlgaros, recentemente convertidos ao cristianismo. Como consequência alguns búlgaros adaptaram as idéias dos Paulicianos para um sistema religioso chamado de "Bogomilismo".

2.4 Seitas e heresiasAssim como os movimentos que possuiam uma base doutrinária em Cristo, surgiram outros

movimentos contestatórios do poder da Igreja de Roma, mas, segundo os relatos históricos com profundas heresias em seu meio. Novamente lembramos que devemos ter um grande cuidado em julgar tais movimentos, pois sabemos que o Romanismo sempre foi célebre por criar mentiras e calúnias contra quem desafiava sua autoridade. Dentre estes podemos citar:

2.4.1 BogomilosOs Bogomilos provavelmente tiveram a sua origem num sacerdote chamado Bogomil. Eles

sustentatavam que o primogênito de Deus era Satanael que após ser expulso do céu criou esse mundo e Adão e Eva . Satanael e Eva eram os pais de Caim , a fonte do mal entre os seres humanos. Moisés e João Batista foram servos de Satanael mas Deus salvou o mundo mediante a morte física e ressurreição espiritual do seu segundo filho "Logos".

Os Bogomilos adotaram um ascetismo extremo rejeitando o casamento , o comer carne e o beber vinho, e consideravam o batismo e eucaristia como ritos Satânicos por usarem coisas materiais .

Os Bogomilos duraram até 1393 quando os turcos destruíram o império Búlgaro.

2.4.2 Cátaros Os cátaros desenvolveram-se durante o século doze e treze na Europa ocidental sustentando a existência

de dois deuses , um deus bondoso que criara o mundo espiritual e um deus maligno que criara o mundo material e era identificado com o Antigo Testamento . Toda matéria era má e a alma humana estava presa ao corpo sendo que na morte a alma apenas migraria para outro corpo , animal ou humano. Cristo trazia salvação ao mostrar o caminho para a alma escapar da prisão da matéria . O único sacramento dos cátaros era o batismo espiritual consolamentum administrada pela imposição de mãos, que separava os perfeitos, seguidores de um estilo de vida ascético, dos crentes .

Os cátaros tornaram se especialmente forte na região do Norte da Itália e no sul da França aonde foram chamados de "Albigenses". Tal foi a força atingido pelos cátaros que em 1208 o Papa Inocêncio III declarou uma cruzada contra eles . Essa cruzada, e a inquisição instalada em 1231 resultou na destruição do movimento cátaro.

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3 - IGREJA MODERNA (1453 d.C. a 1789 d.C.)

3.1 Introdução

No período de 1100 -1500 vários homens e movimentos surgiram buscando reformar a Igreja Romana. Seria errado taxar-los de protestantes antes da reforma, ou de "evangélicos" porque esses grupos ainda mantinham um pensamento medieval .

Todavia foi pela sua inabilidade de aceitar esse clamor por reforma e pela sua reação violenta contra esses movimentos que a Igreja Romana foi se corrompendo cada vez mais até criar uma nova heresia: as Sagradas Indulgências. As Sagradas Indulgências eram títulos concedidos pela Igreja Romana para aqueles que pagassem um valor e de posse deste tivessem acesso ao “Céu”.

As indulgências eram, a princípio, pouco acessíveis as pessoas comuns. Mas com o fato a seguir, elas se tornariam acessíveis a qualquer um, pecador ou não, que desejasse Ter a “Salvação”.

O Papa Leão X estava levantando fundos para a construção da nova Basílica de S. Pedro, e renovara uma Bula de indulgências destinada a estimular os donativos para essa obra. Desde agosto de 1513 Alberto de Brandenburgo, o filho, de vinte e três anos, do grande eleitor de Brandenburgo, João Cícero, era Arcebispo de Magdeburgo e também, desde setembro do mesmo ano, administrador da Sé de Halberstadt. Em março seguinte, por morte do Arcebispo de Mogúncia, foi ele escolhido para essa Sé tradicional, então a mais influente na Alemanha. O Papa Leão X e a Cúria rejeitaram essa acumulação de benefícios e de altas funções eclesiásticas nas mãos de um príncipe tão moço. Mas o irmão de Alberto, o eleitor Joaquim de Brandenburgo, exerceu grande pressão em Roma para conseguir a confirmação papal à eleição de seu irmão como Arcebispo de Mogúncia. O seu intento era puramente político. Concentrando todo esse poder na casa de Brandenburgo, ele pensava que eles seriam capazes de reprimir a preponderância política do eleitorado de Saxônia. Em aditamento a várias outras pressões exercidas por Joaquim sobre a Cúria em Roma estava o oferecimento de uma taxa extraordinária de dinheiro. Roma finalmente cedeu. Em agosto de 114, Leão X confirmou o jovem príncipe como Arcebispo de Mogúncia e de Magdeburgo, e como administrador de Halberstadt. Alberto tomou de empréstimo a importância inteira a casa bancária de Fugger em Augsburgo.

Para ajudá-lo a liquidar essa dívida, a Cúria Romana concedeu-lhe, por oito anos, privilégio exclusivo de pregar a venda de Indulgências para a construção da basílica de S. Pedro em Roma nos domínios dos seus três bispados e da casa de Brandenburgo. Durante esse período todas as outras indulgências naqueles territórios foram rescindidas. Após a dedução das despesas, metade dos fundos coletados tinham de ir para Roma para a construção da basílica de S. Pedro, e metade para Alberto liquidar a sua dívida.

Daí nasceu a um grupo de vendedores de indulgências que só se preocupavam com recolher quanto mais dinheiro pudessem para a construção da atual Basílica de São Pedro com o consentimento do Papa.

Em 1513, o Cardeal Ximenes as proibiria na Espanha. Do mesmo modo Jorge da Saxônia proibiu-as no seu território.

Assim, uma vez que as indulgências não eram anunciadas na Saxônia, muita gente procedente de Wittenberg vinha à vizinha cidade de Jueterborg para ouvir os sermões de Tetzel e ganhar indulgência. E, quando alguns desses foram confessar-se com Lutero e lhe mostraram as cartas de indulgência que haviam recebido, foi que ele decidiu agir. Na véspera da festa patronal da igreja de Todos os Santos em Witenberg, o sábado 31 de outubro de 1517, Lutero pregou nas portas desta igreja, que era também a igreja da corte e da universidade, noventa e cinco teses latinas concernentes ao pecado, à penitência, à indulgência e ao purgatório, para o fim de incitar a uma discussão oficial.

Estava lançado maior movimento da Igreja Moderna: a Reforma Protestante. Reforma porque pensava em reformar a Igreja de Roma. Protestante porque protestava contra tudo que achava errado na Igreja dominante.

Por fim o movimento que era de reforma acabou sendo de reconstrução da Igreja, ficando totalmente independente da Igreja Romana e do Papa.

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3.2 Pré-Reforma

“E nela se achou o sangue dos profetas, e dos santos, e de todos os que foram mortos na terra.” Ap. 18:24

Sem sair da Igreja Católica Romana , vários homens surgiram questionando a corrupção e o luxo desta. Essencialmente era o anseio por algo espiritual numa época em que a Igreja tornava-se cada vez mais secularizada . Muitas vezes, pagaram com a própria vida por sua fome de justiça. Vários foram estes, entre eles destacamos:

Claudio de Turim Em 832 Claúdio pode defender a relação direta do crente com Deus e rejeitar as diferentes formas de

superstição como o culto de imagens , a adoração da cruz , as peregrinações até Roma sem , aparentemente, ser perseguido.

Pedro de BruysPedro de Bruys sustentava um ascetismo rigoroso e condenava o batismo infantil , a Ceia do Senhor , as

cerimônias , os templos , a adoração da cruz e a oração pelos mortos . Depois de queimar cruzes na região de St. Giles , o próprio Pedro foi queimado pela população entre 1130-1135 .

Henrique "Lausanne" Possivelmente discípulo de Pedro afirmava , como os donatistas , que os sacramentos eram inválidos se

administrados por sacerdotes indígnos . A verdadeira vida cristã era uma vida ascética e de pobreza .

Arnoldo de Brescia Arnoldo defendia a pobreza ascética e afirmava que o sacerdote devia abandonar as suas propriedades e

o poder secular . Desse modo suas idéias atacavam a base do sistema político da época e o fizeram inimigo do influente Bernado de Clairvoux . Envolvido nas intrigas da época Arnaldo conseguiu alguns momentos de paz mas foi enforcado e queimado em 1155. É possível que os seus seguidores tenham formado a seita dos "arnaldinos" dos séculos doze e treze que rejeitava o batismo infantil .

Tanquelmo e Eudo de Stella Como Pedro, Henrique e Arnoldo esses homens sofreram a ira da Igreja Romana ao denunciar a

corrupção eclesiástica .

João Wiclif Nascido em aproximadamente 1329 Wiclif era um filósofo de destaque na Universidade de Oxford .

Conselheiro do Rei, João Wiclif atraiu a ira da Igreja Romana pela primeira vez ao defender o direito do governo de confiscar as propriedades de sacerdotes corruptos. As principais e idéias e atitudes que ganharam a condenação de Wiclif por parte da Igreja Católica foram :

Defesa de que Deus era dono de tudo e concedia o uso , mas não a posse . Por esse motivo sacerdotes corruptos não tinham o direito inalienável sobre suas posses.

Defesa da Bíblia como a única autoridade sobre o povo de Deus Negação da doutrina da transubsticiação e a afirmação de que Cristo estava espiritualmente

presente na Eucaristia . A igreja consistia do povo escolhido de Deus não havendo necessidade de sacerdotes para

intercederem entre eles e Deus . O Papa somente era necessário se buscasse servir ao povo de Deus e manter a fé primitiva . Um Papa que buscasse o poder era o anti-cristo .

Tradução da Vulgata Latina para o inglês . Tentativa de levar a Bíblia até as pessoas mais simples . Essa identidade com as pessoas mais

simples fez com que Wiclif fosse considerado responsável pela revolta camponesa de 1381 e perdesse o seu prestígio .

O seu ataque à doutrina da transubsticiação fez Wiclif criar inimigos influentes. Ele e seus seguidores

foram expulsos de Oxford e Wiclif faleceu em 1384 . Numa atitude que só pode ser considerada mesquinha, Wiclif foi postumamente declarado herege em 1415 e seu corpo desenterrado em 1427.

Apesar da sua morte os seus seguidores , os lolardos , continuaram firmes e em 1395 já eram um grupo organizado com os seus próprios ministros. Apesar da perseguição os lolardos continuaram fortes em algumas partes da Inglaterra até o século XV, sendo que provavelmente tenham sido assimilados dentro do protestantismo .

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Guilherme de Ocam Um grande filósofo , nascido em 1290 Ocam se destaca pela sua rejeição da autoridade Papal afirmando

que Cristo era a cabeça da igreja e defendendo o governo por um colégio de Papas. Rejeitava as provas filosóficas desenvolvidas pelo escolasticismo para a existência de Deus afirmando que Deus era conhecido apenas pela fé e não pela razão ou iluminação e que sua vontade era suprema .

Girolamo Savanarola Executado em 1498 Savanarola era um italiano , sacerdote dominicano e defensor de reformas.

Aliando-se ao poder conquistador de Florença , o rei franco Carlos VIII Savanarola instituiu uma política de reforma tributária , assistência aos pobres e reforma judiciária. O seu ataque ao corrupto Papa Alexandre VI (que tinha sete filhos!) resultou na sua excomungação e execução .

Reformadores Menos Conhecidos Os reformadores a seguir, mesmo sem serem tão importantes, nos ajudam a compreender melhor o

período que antecedeu à reforma.

a) Marcílo de Pádua O fato dele ser médico do imperador Luís permitiu a esse reitor da Universidade de Paris sustentar as

suas teses da autoridade única das escrituras e da igualdade entre os bispos sem perseguição. Vivendo no início do século XIV Marcílo também sustentava que Pedro não fora bispo de Roma.

b) Milested de Dremsier Pregando em Praga na segunda metade do século quatorze defendia que o anti-Cristo chegara por

intermédio da corrupção na Igreja Romana.

c) Matias Janow Morto em 1394 Matias defendia o sacerdócio universal dos crentes e o direito dos leigos à Ceia do

Senhor .

d) Pedro Chelcicky Pregando em Praga em 1419 defendia a separação da Igreja do Estado afirmando que a expressão

Estado Cristão é em si contraditória. Também defendia a salvação pela graça e a existência de apenas dois sacramentos : a Ceia e o Batismo .

e) Os irmaos da vida comum Seita originária dos países baixos que defendia a justificação pela fé e o livre arbítrio.

f) João Pupper de GochMorto em 1475 , defendia a justificação pela fé.

g) João de Wesel Morto na prisão de Mainz em 1482 , Wesel condenava o sistema de indulgências e defendia tanto a

salvação pela graça quanto a liberdade na interpretação das escrituras. Era contrário ao sistema hieráquico da Igreja Católica e a doutrina da transubsticiação .

3.2.1 Valdenses Os valdenses mostraram o absurdo do absolutismo Papal e como a Reforma veria a ser inevitável.Os valdenses eram seguidores de Pedro Valdes que fora um comerciante rico de Lyon antes de se

converter. Depois da conversão Pedro decidiu seguir o exemplo de Cristo e viver a sua vida em pobreza e pregação. De um movimento inicialmente ortodoxo os valdenses atraíram a ira da Igreja Romana pelos seguintes motivos :

Ao pregarem, e ao traduzirem as escrituras para a línguagem popular, os Valdenses estavam minando o poder dos sacerdotes.

A vida de simplicidade dos valdenses denunciava a corrupção da igreja. Após a condenação dos Valdenses em 1181 e sua excomungação em 1184 surgiu a polarização.

Enquanto que a igreja perseguia os Valdenses com a inquisição os valdenses desenvolviam a sua própria estrutura . Denunciavam a Igreja Romana como a "meretriz da babilônia" e cresceram de tal

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modo que chegaram a realizar um Concílio em Bérgamo para resolver as diferenças entre os valdenses da França e os valdenses de Lombardo .

Entre as doutrinas principais dos valdenses podemos citar : rejeição da autoridade do Papa e da Igreja Romana. rejeição do papel do clero como intermediários entre Deus e os homens. Rejeição e re-intepretação de todos os sacramentos católicos com a exceção da Eucaristia, da

absolvição e a confissão. Rejeição da transubsticiação e uma visão simbólica da Ceia do Senhor. Rejeição de todas as festas e orações católicas com a exceção do domingo , da festa de Maria , e do

Pai Nosso. Visão do sacerdote como apenas um indivíduo bom e não um ordenado. Proibição dos juramentos. Negação da existência do purgatório. Rejeição das orações aos santos. Rejeição de todos os santos não mencionados no Novo Testamento.

Os valdenses tendiam a ser fortes nas regiões em que o poder Papal era fraco e em que a inquisição não

tinha muita força. Existem evidências da sobrevivência dos valdenses até o século XV, sendo que o destino maios provável desse grupo tenha sido a assimilação no Protestantismo e no Anabatismo .

3.2.2 HussitasA história de João Huss nos mostra o quão longe do ideal bíblico estava a ortodoxia católica e nos

permite entender porque a Reforma Protestante procedeu de maneira cismática.Nascido em Husinecz, Huss tornou -se sacerdote em 1401 e reitor da Universidade de Praga no ano

seguinte . Influenciado pelas obras de Wiclif, Huss, apesar de aceitar a transubsticiação, defendia que :

A Igreja era formada pelos predestinados , tendo como cabeça Cristo , e não o Papa. Somente Deus pode perdoar os pecados. Nem o Papa nem os cardiais poderiam estabelecer doutrina contrária a Escritura, e não devereiam

ser obedecidos se dessem ordens erradas. O povo errava ao adorar imagens, acreditar em milagres falsos, e em fazer peregrinações

supersticiosas. A igreja errava ao não dar o vinho às pessoas durante a Ceia do Senhor. A venda de indulgências era errada. O Papa não podia usar força física contra os seus inimigos.

Apoiado pelos nacionalistas e condenado pelos católicos, Huss foi convocado ao concílio de Constâncio

para defender os seus pontos de vista . Recebeu um salvo-conduto do imperador Sigismundo mas traiçoeiramente foi preso. Por recusar-se a retratar dos seus pensamentos Huss foi condenado e queimado em 1415.

A morte de Huss provocou revolta entre os seus seguidores, os Ultraquistas e os Taboritas, sendo que quando não estavam em guerra com as autoridades romanas os Ultraquistas perseguiam os Taboritas. Os mais moderados , os Ultraquistas lideraram a resistência contra as cruzadas católicas e negociaram uma paz com a Igreja Romana no Concílio de Basiléia entre 1433-1436 . Os Taboritas , mais radicais , não aceitaram essa paz e foram quase extintos pelos ultraquistas na Batalha de Lipan em 1433 .

Mesmo após o Papa Pio II declarar nulo o acordo os Ultraquistas conseguiram manter uma Igreja Hussita Independente , essa durou até a conquista da Boemia pelos Hasburgos em 1620 .

3.3 Reforma Protestante

"E ele clamou com voz forte, dizendo: Caiu, caiu a grande Babilônia, e se tornou morada de demônios, e guarida de todo espírito imundo, e guarida de toda ave imunda e detestável.Porque todas as nações têm bebido do vinho da ira da sua prostituição, e os reis da terra se prostituíram com ela; e os mercadores da terra se enriqueceram com a abundância de suas delícias.Ouvi outra voz do céu dizer: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos sete pecados, e para que não incorras nas suas pragas.Porque os seus pecados se acumularam até o céu, e Deus se lembrou das iniqüidades dela." Ap. 18:2-5

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A Reforma Protestante foi um movimento que começou no século XVI com uma série de tentativas de reformar a Igreja Católica Romana e levou subsequentemente ao estabelecimento do Protestantismo.

Esse movimento resultou na divisão da Igreja do Ocidente entre os "católicos romanos" de um lado e os "reformados" ou "protestantes" de outro; entre esses, surgiram varias igrejas, das quais se destacam o Luteranismo (de Martinho Lutero), as igrejas reformadas e os Anabaptistas. A Reforma teve intuito moralizador, colocando em plano de destaque a moral do indivíduo (conhecedor agora dos textos religiosos, após séculos em que estes eram o domínio privilegiado dos membros da hierarquia eclesiástica). Suas principais figuras foram Jan Huss (1370-1415), Martinho Lutero (1483-1546) e João Calvino (1509-1564). A resposta da Igreja Católica Romana foi o movimento conhecido como Contra-Reforma (com a criação das missões Jesuitas e do aumento da brutalidade e dos poderes da Inquisição).

A Igreja Romana havia criado um meio de salvação no qual para ser salvo, o homem deveria passar por uma série de passos e rituais nos quais, além de Jesus, havia a intercessão de santos, a necessidade de penitências e o pagamento de indulgências que comprariam um pedaço do céu. A Reforma redescobriu o papel de o próprio indivíduo poder se achegar a Deus, e obter o perdão e a sua salvação. Proclama-se, com a Reforma, que o homem seria salvo pela fé e não por obras da carne.

O que se seguiu então, foi algo como um efeito dominó, em vários paises, por diferentes pregadores, mas com a mesma paixão e fé pelas Sagradas Escrituras e Jesus Cristo, o Único Caminho. A Igreja verdadeira, que por séculos estivera amordaçada e impedida de se falar agora podia anunciar em toda a terra a verdadeira mensagem do Evangelho.

O resultado deste movimento religioso é uma mais fervorosa observação dos princípios morais cristãos tais como eles estão expressos na Bíblia. Os movimentos de zelo religioso que têm lugar na Europa do século XVI são para ser entendidos no contexto do efeito multiplicador iniciado pela invenção da imprensa por Gutenberg. Se a bíblia não estivesse agora acessível a cada um, traduzida nas línguas e dialetos locais, compreensível aos Europeus, tal como ela começou a surgir no século XVI, tal zelo religioso não teria sido possível. Anteriormente ao século XVI, a bíblia era um manuscrito em Latim, (uma língua dominada por uma minoria) do qual havia poucas cópias, que se encontravam fechadas nos conventos e nas igrejas, lida por uma elite eclesiástica. A grande maioria da população nunca a tinha lido. No século XVI, ela está disponível em grandes números e nas línguas e dialetos locais. Não é de admirar pois que a partir daí a religião se torne um tema acessível à todo povo.

3.3.1 LuteranismoO Luteranismo é um grupo religioso, uma igreja dentro das divisões do cristianismo, fruto da Reforma

Protestante desencadeada por Martinho Lutero, na Alemanha, a partir de 1517.A 10 de novembro de 1483, na cidade de Eisleben, na Alemanha, nasceu Martinho Lutero, um jovem

que, contrariando a vontade dos pais, decidiu tornar-se monge. No mosteiro, Lutero vivia em angústias e desespero por duvidas que tinha sobre seus méritos espirituais. Quanto mais se penitenciava, tanto mais cresciam suas dúvidas e incertezas. Não possuía, por isso, paz de alma e via Deus como um severo juiz pronto a castigar os pecadores.

Lutero tornou-se Doutor em Teologia e passou a lecionar na Universidade de Wittenberg. Sendo um dos privilegiados a ter acesso a uma Bíblia, Lutero desenvolveu nova visão teológica lendo as palavras de Romanos 1.17: "O justo viverá por fé". Segundo sua interpretação, dizia que o perdão e a vida eterna não são conquistados por nós mediante boas obras, mas nos são dados gratuitamente por meio da fé em Jesus Cristo, O Filho de Deus, que morreu e ressuscitou para perdão de toda a humanidade.

Incontidamente, Lutero, a 31 de outubro de 1517, afixou na porta da igreja do castelo de Wittenberg suas 95 Teses contra aquilo que julgava ser abuso da Igreja e especialmente contra a venda de indulgências. Logo o conteúdo destas Teses explodiu por todos os lados.

Lutero, então, passou a participar de vários debates teológicos com autoridades civis e eclesiásticas que tentavam fazê-lo abrir mão de suas idéias e retratar-se de críticas à Igreja Romana e ao Papa. Em 1520, Lutero foi excomungado pelo Papa e, no mesmo ano, queimou a Bula de Excomunhão em praça pública, rompendo assim com a Igreja Romana. Em 1530, surgiu a Confissão de Augsburgo que foi escrita por Lutero e Melanchton, um fiel companheiro seu. Este documento trazia um resumo dos ensinos luteranos. Pouco a pouco, o ideal de reforma da Igreja Católica que Lutero possuía foi sendo sufocado e o Reformador viu-se obrigado, juntamente com seus seguidores, a formar um grupo separado de cristãos que queriam permanecer fiéis às suas idéias. Surgia assim a Igreja Luterana.

Lutero morreu a 18 de fevereiro de 1546, após ter traduzido a Bíblia para o alemão popular e ter escrito inúmeras obras e tratados teológicos. Após sua morte, os luteranos, que já eram um bom número, passaram a discordar em alguns pontos de doutrina. Para tratar dos problemas, foi escrita, em 1577, a Fórmula de Concórdia.

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Em 1580, 50 anos após a publicação da Confissão de Augsburgo, surgiu o Livro de Concórdia que reúne todas as Confissões de Fé da Igreja Luterana.

3.2.2 Calvinismo O Calvinismo é tanto um movimento religioso protestante quanto uma ideologia sócio-cultural com

raízes na Reforma iniciada por João Calvino em Genebra no século XVI.O Calvinismo recebeu o seu nome de João Calvino, que exerceu uma influência internacional no

desenvolvimento da doutrina da Reforma Protestante, à qual se dedicou com a idade de 25 anos, quando começou a escrever os "Institutos da religião Cristã" em 1534 (publicado em 1536).

Calvinismo marca a segunda fase da Reforma Protestante, quando as igrejas protestantes começaram a se formar, na seqüência da excomunhão de Martinho Lutero da igreja católica romana. Neste sentido, o Calvinismo foi originalmente um movimento luterano. O próprio Calvino assinou a confissão luterana de Augsburg de 1540. Por outro lado, a influência de Calvino começou a fazer sentir-se na reforma Suíça, que não foi Luterana, tendo seguido a orientação conferida por Ulrico Zuínglio. Tornou-se evidente que a doutrina das igrejas reformadas tomava uma direcção independente da de Lutero, graças à influência de numerosos escritores e reformadores, entre os quais João Calvino era o mais eminente, tendo por isso esta doutrina tomado o nome de Calvinismo.

O nome aplica-se geralmente às doutrinas protestantes, que não são luteranas, e que têm uma base comum nos conceitos calvinistas, sendo normalmente ligadas a igrejas nacionais de países protestantes, conhecidas como igrejas reformadas, ou a movimentos minoritários de reforma protestante. Na Holanda, os calvinistas estabeleceram a Igreja Reformada Holandesa. Na Escócia, através da zeloza liderança do ex-sacerdote católico John Knox, a Igreja Presbiteriana da Escócia foi estabelecida segundo os princípios calvinistas. Na Inglaterra, o calvinismo também desempenhou um papel na Reforma, e, de lá, seguiu com os puritanos para a América do Norte. Na França, os calvinistas, chamados de Huguenotes, foram perseguidos, combatidos e muitas vezes obrigados ao exílio. Em Portugal, na Espanha ou na Itália, estas doutrinas tiveram pouca divulgação e foram ativamente combatidas pelas forças da Contra-Reforma, com a ação dos Jesuítas e da Inquisição.

O Calvinismo pressupõe que o poder de Deus tem um alcance total de atividade - e resulta da convicção de que Deus trabalha em todos os domínios da existência, incluindo o espiritual, físico, intelectual, quer seja secular ou sagrado, público ou privado, no céu ou na terra. De acordo com este ponto de vista, qualquer ocorrência é o resultado do plano de Deus, que é o criador, preservador, e governador de todas as coisas, sem excepção, e que é a causa última de tudo. As atividades seculares não são colocadas abaixo da prática religiosa. Pelo contrário, Deus está tão presente no trabalho de cavar a terra como na prática de ir ao culto. Para o cristão calvinista, toda a sua vida é religião.

De acordo com o princípio da Predestinação, por causa de seus pecados, o homem perdeu as regalias que possuía e distanciou-se de Deus. O homem é considerado "morto" para as coisas de Deus e é dominado por uma indisposição para servir a Deus. Só havia, então, uma maneira de resolver esse problema: o próprio Deus reatando os laços. Deus então, segundo a doutrina da predestinação, escolheu alguns dos seres humanos caídos para salvar da pecaminosidade e restaurar para a comunhão com ele. Deus teria tomado esta decisão antes da criação do Universo. Mas é claro que não é por causa de quaisquer boas ações que eles foram escolhidos: "porque pela graça sois salvos, mediante a fé, e isso não vem de vós; é dom de Deus; não vem de obras, para que ninguém se glorie". (Ef. 2:8,9)

O Calvinismo é a doutrina de diversas denominações evangélicas, dentre elas destacamos:

3.2.2.1 Igrejas ReformadasAs Igrejas Reformadas são uma família de denominações protestantes, conectadas historicamente por

sua doutrina zuingliana ou calvinista. Foram criadas diversas denomições reformadas: Igreja Reformada Suíça - religião oficial da maioria dos cantões da Suíça. Igreja Protestante Evangélica Holandesa - recentemente unificada, não é mais a religião oficial dos

Países-Baixos Igreja Reformada Francesa - a igreja dos Huguenotes . Igreja Reformada Hungara Igreja da Escócia

No Brasil formam uma pequena confederação de Igrejas Reformadas que são fruto de trabalho missionário das Igrejas Reformadas Holandesas e as Igrejas Reformadas Canadenses.

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3.2.2.2 PresbiterianismoO Presbiterianismo faz parte da família das igrejas reformadas dentro das denominações do

Protestantismo Cristão e é baseado nos ensinamentos de João Calvino tais como eles foram institucionalizados na Escócia por John Knox. Há muitas entidades autônomas em países por todo o mundo que subscrevem igualmente o presbiterianismo. Para além de distinções traçadas entre fronteiras nacionais, os presbiterianos também se dividiram por razões doutrinais, em especial no seguimento do Iluminismo.

Denominações presbiterianas do Brasil: Igreja Presbiteriana do Brasil - IPB Igreja Presbiteriana Independente do Brasil - IPIB Igreja Presbiteriana Unida do Brasil - IPU Igreja Presbiteriana Conservadora do Brasil - IPCB Igreja Presbiteriana Renovada - IPRB Igreja Presbiteriana Evangélica - IPE Igreja Evangélica Cristã Presbiteriana - IECP Igreja Presbiteriana da Graça - IPG Igreja Presbiteriana Fundamentalista do Brasil - IPFB Igreja Presbiteriana Missionária do Brasil - IPMB

3.2.2.3 CongregacionalismoO regime de administração eclesiástica Congregacionalista é um sistema onde cada congregação local é

independente. A igreja local possui autonomia para sua própria reflexão teológica, expansão missionária, relação com outras congregações e seleção de seu ministério. É a forma de governo mais comum em denominações como Anabaptistas, Igreja Batista, Igreja de Cristo no Brasil e obviamente a própria denominação que deu nome ao termo: a Igreja Congregacional.

Possui doutrina calvinista e liturgia Reformada conservadora. Batizam adultos por aspersão.Outros grupos congregacionalista brasileiros são: Igreja Cristã Evangélica do Brasil, que por algum tempo esteve associada com a UIECB. Igreja Evangélica Congregacional do Brasil, de origem alemã pietista, sua presença está

concentrada em sua maior parte na Região Sul do Brasil. Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais Brasileiras Igreja Congregacional Bíblica Igrejas Congregacionais Conservadoras

3.3.3 AnglicanismoA Igreja Anglicana (também denominada Igreja de Inglaterra, em inglês Church of England) é a Igreja

cristã estabelecida oficialmente na Inglaterra e é o tronco principal da Comunhão Anglicana Mundial.Não se sabe exatamente quando o cristianismo se estabeleceu nas Ilhas Britânicas, mas é certo que já

existia antes do século III, possivelmente a partir de missionários fugidos das perseguições às quais os primeiros cristãos estavam sujeitos.

A primeira Igreja Cristã organizada nas Ilhas Britânicas é a Igreja Celta. O povo Celta já habitava esta região antes mesmo da invasão anglo-saxã. Esta Igreja, resistindo ao paganismo destes invasores, conseguiu manter uma Igreja Cristã independente, com organização monástica e tribal, sem nenhuma relação com a Igreja de Roma ou qualquer outra, embora mostrasse alguns hábitos e costumes orientais.

No ano de 595 d.C., o Papa Gregório I, também conhecido como Gregório Magno, o Grande, mandou uma comissão de monges, chefiada pelo monge Agostinho, prior do Convento de Santo André, na Cecília, para converter a Inglaterra ao Romanismo. Agostinho foi o primeiro arcebispo de Cantuária, figura centralizadora da Comunhão Anglicana, e passou a ser conhecido como Agostinho de Cantuária. Boa parte dos costumes celtas cederam à dominante forma romana e latina do cristianismo ocidental.

Em 1534, a Igreja da Inglaterra (Anglicana) se separou em definitivo da Igreja Católica Romana, por iniciativa do rei Henrique VIII, valendo-se da questão com o Papa, relacionada com o pedido de anulação de seu casamento com Catarina de Aragão.

Esta separação, não obstante tenha acontecido por interesses pessoais e políticos, era um velho sonho da Igreja da Inglaterra, que nunca tinham aceito plenamente a dominação Romana.

A Igreja Anglicana carateriza-se por uma forma de culto litúrgica mais semelhante à da Igreja Católica Romana do que das Igrejas Protestantes. Tradicionalmente, a organização foi dividida em facções da Igreja Alta (High Church) e Igreja Baixa (Low Church), que refletem a controvérsia histórica sobre as formas de culto e de expressão.

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No Brasil existem diversas igrejas que apresentam-se como anglicanas. Algumas destas tem o seu reivindicado anglicanismo fortemente contestado por outras Igrejas. Para obter maiores informações sobre a denominação listada acesse o artigo correspondente:

Igreja Episcopal Anglicana do Brasil Igreja Anglicana do Brasil (Comunhão Anglicana Independente) Igreja Episcopal Reformada Igreja Anglicana Ortodoxa Igreja Episcopal do Evangelho Pleno Igreja Episcopal Anglicana Livre Igreja Episcopal Evangélica Igreja Episcopal Carismática Diocese Anglicana do Recife (Originária de cisma da IEAB)

3.3.4 AnabatismoAnabatistas ("re-batizadores", do grego "ana" e "baptizo"; em alemão: Wiedertäufer) são cristãos da

chamada "ala radical" da Reforma Protestante. São assim chamados porque os convertidos eram batizados em idade adulta, até mesmo aqueles que já tivessem sido batizados em criança, crendo que o verdadeiro baptismo só tem valor quando as pessoas se convertem conscientemente a Cristo.

A Reforma Protestante do século XVI reacendeu os princípios bíblicos. A justificação pela fé e o sacerdócio universal foram novamente colocados em foco. Contudo, enquanto Lutero, Calvino e Zuínglio mantiveram o batismo infantil e a vinculação da igreja ao Estado, os anabatistas liderados por Georg Blaurock, Conrad Grebel e Félix Manz ansiavam por uma reforma mais profunda.

Os anabatistas fundaram então sua primeira igreja no dia 21 de janeiro de 1525, próxima a Zurique, na Suíça, de acordo com a doutrina e conduta cristãs pregadas no Novo Testamento e testemunharam alegremente de sua nova vida em Cristo.

É difícil sistematizar as crenças anabatistas daquela época, porque qualquer grupo que não era católico ou protestante e que batizava adultos, como os unitários socinianos ou semi-gnósticos como Thomas Muentzer eram rotulados como anabatistas. Esses grupos, junto com os Anabatistas constituem a Reforma Radical.

Depois de serem massacrados na Guerra dos Camponeses, os Anabaptistas sobreviveram na sua forma pacifista, como a Igreja Mennonita. Originalmente concentrados no vale do rio Reno, desde a Suíça até a Holanda, os anabatistas conquistaram adeptos de cultura germânica. Perseguidos pelo Estado e guerras, tiveram imigração em massa para a Rússia e América do Norte. No final do século XIX e começo do XX surgiram colônias na América do Sul (Paraguai, Argentina, Brasil, Bolívia), onde mantem suas culturas e fé.

Muitos Anabatistas conservadores vivem em comunidades rurais isoladas e desconfiam do uso de tecnologia.

As principais denominações hoje Anabatistas são: os Mennonitas; Amish, famosos pelo estilo de vida conservador; Hutteritas, que defendem um comunualismo, rejeitando propriedade individual.

Os Anabatistas influenciaram ainda outras denominações religiosas, como os Quakers; Batistas; Dunkers e outras denominações protestantes que afirmam a necessidade de uma adesão voluntária à Igreja.

3.4 Pós-Reforma

3.4.1 BatistasAs Igrejas Batistas formam uma Família Denominacional Protestante de origem Anglo-Americana. Está

presente em quase todos os países do globo. Estima-se que tenha mais de 70 milhões de membros espalhados pelo mundo, sendo mais de 45 milhões nos Estados Unidos e Canadá, e cerca de 2 milhões no Brasil. Há também grupos consideráveis na Europa Oriental, Federação Russa, Reino Unido e Austrália.

A história academicamente aceita sobre a origem das Igrejas Batistas é como um grupo de dissidentes ingleses no século XVII. A primeira igreja batista nasceu quando grupo de refugiados ingleses que foram para a Holanda em busca da liberdade religiosa em 1608, liderados por John Smyth, um clérigo e Thomas Helwys, um advogado, organizaram em Amsterdã, em 1609 uma igreja de doutrinas batistas.

John Smyth discordava da política e de alguns pontos da doutrina da Igreja Anglicana da qual ele era pastor após uma aproximação com os menonitase e examinando a Bíblia creu na necessidade de batizar-se com consciência e em seguida batizou os demais fundadores da igreja, constituindo-se assim a primeira igreja batista organizada. Até então, o batismo não era por imersão, só os batistas particulares por volta de 1642 adotaram oficialmente essa prática tornando-se comum depois a todos os batistas. A primeira confissão dos particulares, a Confisão de Londres de 1644, também foi a primeira a defender o imersionismo no batismo.

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Depois da morte de John Smyth e da decisão de Thomas Helwys e seus seguidores de regressarem para a Inglaterra, a igreja organizada na Holanda desfez-se e parte dos seus membros uniram-se aos Mennonitas. Thomas Helwys organizou a Igreja Batista em Spitalfields, nos arredores de Londres, em 1612.

A perseguição aos batistas e a outros dissidentes ingleses, fez com que muitos emigrassem. O mais famoso foi John Bunyan, que escreveu sua obra-prima O Peregrino enquanto estava preso.

Existem ainda outras teorias sobre a origem dos Batistas, mas que são rejeitadas pela historiografia oficial. São elas a teoria de Sucessão Apostólica, ou JJJ (João - Jordão - Jerusalém) e a teoria Anabaptista.

A teoria de sucessão apostólica postula que os batistas atuais descendem de João Batista e que a igreja continuou através de uma sucessão de igrejas (ou grupos) que batizavam apenas adultos, como os montanistas, novacianos, donatistas, paulícianos, bogomilos, albigenses e cátaros, valdenses e anabatistas. Essa teoria é crescente no meio Batista de hoje em dia, e quem nela crê, de maneira nenhuma aceita que é protestante, visto ser diretamente da origem do cristianismo.

A teoria anabatista é aquela que afirma que os batistas descendem dos anabatistas, que pregaram sua mensagem no período da Reforma Protestante. O evento mais citado para apoiar essa teoria foi o contato que John Smyth e Thomas Helwys com os menonitas na Holanda. Todavia, além de em 1624 as cinco igrejas batistas existentes em Londres terem publicado um anátema contra as doutrinas anabatistas, também os Anabatistas modernos rejeitam ser denominados Batistas e há pouca relação entre os dois grupos.

Em 1860 Thomas Jefferson Bowen, missionário enviado ao Brasil pela Junta de Richmond, associação de igrejas batistas do Sul dos Estados Unidos, aportou na cidade do Rio de Janeiro. Bowen havia sido missionário na África e pregava para os escravos, já que conhecia a língua iorubá. Porém foi impedido pelas autoridades de propagar as doutrinas batistas no Brasil e Bowen acabou ficando no Brasil por apenas nove meses.

A Guerra Civil Americana (1859-1865), entre os estados do Norte e do Sul dos EUA, fez com que milhares de imigrantes sulistas americanos viessem para o Brasil, e se estabelecessem principalmente em Santa Bárbara D'Oeste, Piracicaba e Americana, no interior paulista

Em 1882, foi organizada a Primeira Igreja Batista de Salvador, com objetivo de evangelizar os brasileiros, através dos casais de missionários batistas norte-americanos, Willian Buck Bagby e Anne Luther Bagby; Zacharias Clay Taylor, Kate Stevens Crawford Taylor, e auxiliados pelo ex-padre Antonio Teixeira de Albuquerque, batizado em Santa Bárbara D'Oeste.

Em 1907, foi realizada em Salvador a primeira Convenção Batista Brasileira cujo presidente foi Francisco Fulgêncio Soren. Já nesta convenção foi tratado o assunto do trabalho missionário, discutindo-se o envio de missionário para Portugal, Chile e África. A Unidade foi rompida na década de 50, com surgimento de grupos batistas de aspectos pentecostais e de grupos conservadores.

Em 2006, segundo o IBGE a Convenção Batista Brasileira possuia 6.000 igrejas organizadas, 1.200 congregações ou missões espalhadas em todo o território nacional e mais de 1.100.000 membros, a mesma também possui vários colégios, seminários, orfanatos, faculdades, hospitais, centros de recuperação para drogados todos mantidos em convênios com as convenções estaduais e igrejas locais.

A Convenção Batista Nacional nasceu em 1958, quando foi aceito o batismo pentecostal por alguns batistas em Belo Horizonte. Em 1967, o Pr. Enéas Tognini organizou a CBN (Convenção Batista Nacional), reunindo 60 igrejas. Grande parte destas igrejas denominam-se "Batistas Renovados". Hoje, a CBN, segundo o IBGE, conta com 1.500 igrejas organizadas, 1208 congregações ou missões, e 390.000 membros espalhados pelo Brasil (dados de 2006).

As maiores Convenções do país, a CBB e a CBN são filiadas à Aliança Batista Mundial.As Igrejas Batistas Independentes no Brasil têm a sua origem no trabalho da Missão de Örebro, um

movimento Pentecostal-Batista na Suécia e Noruega. O missionário Erik Jansson veio en 1912 para atender colonos suecos residentes no município de Guarani, Rio Grande do Sul, mais tarde esparramou-se por outros estados. Conta com pelo menos 50 mil membros filiados à CIBI (Convenção das Igrejas Batistas Independentes), com grande presença nos Estados do Paraná e interior paulista.

A partir da década de 1930 surgiram grupos de cunho mais conservador e fundamentalista, como a Igreja Batista Conservadora fundada em Bagé - RS, a Igreja Batista Bíblica que organizou a Comunhão Batista Bíblica Nacional (CBBN) desde 1973, com cerca de uma centena de Igrejas e Congregações, a Igreja Batista Fundamentalista e a Igreja Batista Regular. Existem também dezenas de Igrejas Batistas sem filiação, tais como a Igreja Batista da Floresta (MG), Filadélfia (RJ) Calvário em Niterói (RJ), todas de orientação pentecostal.

Existe ainda a Igreja Batista do Sétimo Dia, cuja diferença em relação aos outros batistas está na guarda do sábado.

3.4.2 Metodismo

As origens do Metodismo têm início com a vida de João Wesley. Ele viveu na Inglaterra no século 18 - nasceu no dia 17 de junho de 1703 na cidade de Epworth e morreu em 22 de março de 1791. Seu pai se chamava

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Samuel Wesley e sua mãe Suzana Wesley. Teve 18 irmãos. Em 1714, João Wesley ingressou na Escola Charterhouse. Mais tarde, chegou à tradicional Universidade de Oxford, bacharelando-se aos 20 anos e, mais tarde, colando o grau de mestre.

John Wesley viveu na Inglaterra do século XVII, quando o cristianismo, em todas as suas denominações, estava definhando. Ao invés de influenciar, o cristianismo estava sendo influenciado, de maneira alarmante, pela apatia religiosa e pela degeneração moral.

John Wesley pertencia a uma família pastoral, que vivia em Epworth, numa região afastada de Londres. Em seu lar absorveu a seiva de um cristianismo genuíno.

Ao entrar para a universidade, John Wesley não se deixou influenciar pelo ceticismo cínico e nem pela libertinagem. Como reação a isso formou. junto com outros poucos jovens, o chamado "Clube Santo". Os adeptos dessa sociedade tinham a obrigação de dar um testemunho fiel da sua fé cristã, conforme as regras da Igreja Anglicana.

Eram rígidos e regulares em suas expressões religiosas, no exercício de ordem espiritual e no auxílio aos pobres, aos doentes e aos presos. Por causa dessa regularidade, os demais companheiros da universidade zombavam e ridicularizavam os membros do "Clube Santo" dando-lhes o apelido de "Metodistas".

Após gradua-se em Teologia, e assim pode ajudar a seu pai na direção da igreja Anglicana.Isto até os 32 anos, quando atendeu a um apelo: precisava-se de missionários na Geórgia, Nova Inglaterra (EUA). Tanto João quanto seu irmão Carlos Wesley foram para este trabalho além-mar, ficando lá quase três anos. Foi uma má experiência. João estava ainda espiritualmente 'frio'. Na viagem de navio, como uma tempestade lhes sobreveio, teve medo de morrer. Acabou notando que tinha no navio um grupo de pessoas que não temiam a morte. Esse grupo cantava e orava alegremente no momento da tempestade. Essas pessoas eram os Irmãos Morávios .

Neste mesmo ano John encontrou-se com George Whitfield. George convidou-o para participar de uma pregação ao ar livre. Carlos também se juntou ao grupo. Assim os três iniciaram um reavivamento na igreja Anglicana.

Era uma época em que a sociedade inglesa passava por rápidas transformações. Milhares de pessoas saíam da zona rural, que era controlada por grandes proprietários, para procurar trabalho nas novas indústrias das cidades.

Nesse tempo o povo vivia na miséria trabalhando longas horas e só ganhando o mínimo necessário para sua sobrevivência. As pessoas moravam em cortiços, sem as mínimas condições e não tinham acesso a médicos quando ficavam doentes.

As crianças não iam à escola porque em geral trabalhavam para ajudar seus pais. Havia grande número de alcóolatras. O povo estava frustrado e desiludido.

A data máxima da experiência de João Wesley deu-se em 24 de maio de 1738. Ele registrou tudo detalhadamente em seu diário. Numa rua de Londres, chamada Aldersgate, um dirigente lia explicações de Lutero na carta aos Romanos. Enquanto ouvia, Wesley conta que 'sentiu seu coração estranhamente aquecido' e ele passou a crer em Jesus como seu Salvador! Isto transformou a vida de João Wesley, que começou a pregar a “salvação pela fé em Cristo”.

Abaixo a transcrição do seu diário onde narra esta experiência:

"Cerca das nove menos um quarto, enquanto ouvia a descrição que Lutero fazia sobre a mudança de Deus opera no coração através da fé em Cristo, senti que meu coração ardia de maneira estranha.Senti que, em verdade, eu confiava somente em Cristo para a salvação e que uma certeza me foi dada de que Ele havia tirado meus pecados, em verdade meus, e que me havia salvo da lei do pecado e da morte. Comecei a orar com todo meu poder por aqueles que, de uma maneira especial, me haviam perseguido e insultado. Então testifiquei diante de todos os presentes o que, pela primeira vez, sentia em meu coração..."

Para John Wesley, que era clérico da Igreja Anglicana, esse novo sentir não era como a conversão de um infiel a Cristo. Era um aprofundar na compreensão do que significa ser cristão.

Como não havia muitas oportunidades na Igreja Anglicana, Wesley pregava aos operários em praças e salões - muito embora ele não gostasse de pregar fora da Igreja! E tornou-se conhecidíssima esta sua frase: "o mundo é a minha paróquia".

Influenciados pelos Moravianos, João e seu irmão Carlos organizaram pequenas sociedades e classes dentro da Igreja da Inglaterra, liderados por leigos, com os objetivos de compartilhar, estudar a Bíblia, orar e

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pregar. Logo o trabalho de sociedades e classes seria difundido em vários países, especialmente nos EUA e na Inglaterra e estaria presente em centenas de sociedades, com milhares de integrantes.

Com tanto serviço, Wesley andava por toda a parte a cavalo, conquistando o apelido de 'O Cavaleiro de Deus'. Calcula-se que, em 50 anos, Wesley tenha percorrido 175 mil quilômetros e pregado 40 mil sermões, com uma média de 800 sermões por ano.

O avivamento espiritual promovido por João Wesley e seus cooperadores visava a santidade de vida, a harmonização da vontade do homem com a vontade de Deus.

O movimento metodista, por muitas décadas não se organizou em igreja. Na Inglaterra o movimento organizou-se em igreja somente pouco depois da morte de John Wesley em 22 de março de 1791. Sendo assim, o fundador do movimento metodista morreu Anglicano, sem nunca ter pertencido à Igreja Metodista.

O Metodismo herdou muito da Reforma Inglesa, Wesley baseou os 25 Artigos do Metodismo nos 39 Artigos de Religião Anglicanos. Existem diferenças doutrinárias entre o Metodismo e as doutrinas da Reforma:

Autoridade - Ao invés do da idéia calvinista de Sola Scriptura, o metodismo segue o princípio do Quadrilátero Wesleyano: deve-se imaginar um quadrilátero com as Escrituras no centro, por serem as principais fontes de Revelação sobre Deus; as Escrituras devem ser interpretadas pela Fé, pela Razão, Tradição e pela Experiência pessoal com Deus; cada um destes itens deve ser colocado em uma das extremidades do quadrilátero. As Escrituras são a suprema autoridade.

Arminianismo- Deus elegeu toda a humanidade para a Salvação, cabe ao indivíduo converter-se reconhecendo a Jesus como Salvador. Cristo não morreu somente para os eleitos, mas para toda a humanidade. O Homem possui livre-arbítrio para escolher entre o bem e o mau. O Cristão pode cair da Graça e perder a Salvação.

Salvação - é realizada em três passos: Graça previniente; Conversão; Santificação.

Posteriormente outros movimentos e denominações emergiram do Metodismo: A Igreja Metodista Unida dos Estados Unidos, (United Methodist Church) - segunda maior

denominação protestante dos Estados Unidos, organizada pela união de vários grupos evangélicos pietistas e metodistas. A Igreja Metodista do Brasil possui comunhão com ela.

Igreja Metodista Episcopal Africana - ramo do metodisto americano voltado à comunidade negra. Igreja Metodista Livre - ramo evangelicalista. Movimento de Santidade - (Holiness Churches), como a Igreja do Nazareno. Exército de Salvação - organização que enfatiza a prática as doutrinas sociais e crença da

conversão pessoal do metodismo. A concepção ecumênica do metodismo levaram a várias denominações a unirem em casos como a

Igreja Unida do Canadá, Igreja Valdense-Metodista na Itália, Igreja Unida da Austrália, Igreja Unida do Sul da Índia.

A Igreja Metodista conservou o sistema Episcopal da Igreja Anglicana e o costume de batizar crianças.

Em 1835 ocorre a primeira tentativa de vinda e fixação do metodismo no Brasil através de missionários Norte Americanos.

Devido a grande recessão econômica nos Estados Unidos, os primeiros missionários não obtêm sucesso.Só depois da Guerra Civil Americana é que os metodistas vieram para ficar. O primeiro núcleo metodista foi montado em Santa Barbara D'Oeste, no Interior de São Paulo, onde, através do trabalho do Rev. Junias Eastham Newman, foi organizada uma paróquia Metodista entre os norte-americanos que por ali tinham imigrado após a guerra.

Por solicitação destes imigrantes, vieram missionários metodistas para trabalhar junto aos brasileiros, utilizando nosso idioma. O primeiro a chegar foi o Rev. J.J. Ranson.

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4 - IGREJA CONTEMPORÂNEA (1789 d.C até nossos dias)

4.1 IntroduçãoNa Igreja atual o movimento dominante é o Evangelicalismo. É um movimento nascido nos Estados

Unidos, mas que rapidamente tomou conta de toda a cristandade atual. As Igrejas protestantes foram fortemente influenciadas pela cultura norte-americana de liberdade e de igualdade. Dentro desta visão, todas Igrejas que anunciavam à Jesus, nos moldes primitidos do cristianismo, eram vistas como iguais e portanto, evangélicas. Isso permitiu que as Igrejas trocassem experiênias entre si e fossem mutuamente influenciadas.

O Movimento Evangélico, que unia as diversas denominações em uma fé única, foi fundamental para que ocorresse um outro estrondoso movimento: o Pentecostalismo. Na Igreja contemporânea nenhum outro acontecimento pode ser comparado a este movimento iniciado no ínicio do século XX.

O Pentecostalismo, assim como os demais movimentos avivamentistas levou as Igrejas e os cristãos a uma forma totalmente nova de cristianismo. Se antes, buscava-se reformar a Igreja e suas práticas eclesiásticas como instituição, agora eram os próprios cristãos que sofriam o avivamento: no seu próprio corpo eles recebiam o "Batismo com o Espírito Santo", evidenciado pelos dons do Espírito (glossolalia, curas milagrosas, profecias, interpretação de línguas e discernimento de espíritos).

No entanto, o batismo com dons do Espírito Santo não era totalmente novo no cenário protestante. Existem inúmeros relatos de pessoas que clamam ter manisfestado dons do Espírito em muitos lugares, desde Martin Lutero (apesar de controversos quanto a veracidade) no século XVI até de alguns protestantes da Rússia, no século XIX. As primeiras manifestações pentecostais também podem remontar até ao século XVIII, quando o metodismo foi implantado. Wesley, ao comentar algumas pessoas que entraram em êxtase em um de seus cultos comentou: "Essas manifestações podem ou não ser verdadeiras".

Assim como tudo que é novo, o Pentecostalismo apesar de trazer um novo fervor espiritural trouxe também muitas controvérsias. Era muito difícil com todos os esquemas mentais já estabelecidos na Igreja ao longo de séculos, em que a fé em Deus pode ser explicada pela razão, explicar um movimento que se baseia totalmente no sobrenatural do Espírito Santo.

No Brasil, o movimento teve várias fases e com elas o nascimento ou avivamento de várias Igrejas. A primeira fase, tradicional e rígida, é chamada de Pentecostalismo Clássico. A Segunda, chamada de Deuteropentecostalismo, com mais liberdade, é a que influenciaria o nascimento da Igreja Metodista Wesleyana em 1967.

No entanto, surgiu, nos últimos anos, um novo movimento denominado Neopentecostalismo que, vai muito além da doutrina sobrenatural dos dons de Deus, criando uma série de novas doutrinas contraditórias e de cunho intensamente místico. Este movimento tem sido alvo de críticas e também tem sido o responsável pela formação de conceitos errados quanto a fé cristã, tanto no meio evangélico, quanto fora dele.

Na América do Sul o movimento evangélico cresce a olhos vistos. Muito graças às Igrejas pentecostais, pois alcançam o povo com uma linguagem mais acessível e sinais e prodígios. No restante do mundo, em muitos países que foram berço do Protestantismo, dos grandes avivamentos e celeiro de evangelistas, com o tempo a Igreja definhou e tornou-se lugar de apostasia e de racionalismo humano. Infelizmente podemos citar o continente Europeu como o maior exemplo disso. Os EUA também sofrem do mesmo mal, mas em menor grau. No Oriente Médio, Asia e África, o Islamismo é a religião imposta a força. O lugar que fora o início do cristianismo, pelos sucessivos erros do Romanismo tornou-se propriedade do Islã.

Mas, graças à Deus, que a Igreja Evangélica brasileira, com todos seus ramos e denominações, tem tido um papel fundamental para manter a luz do Evangelho no mundo. Dela tem saído inúmeros evangelistas e pregadores que levam o nome do Senhor Jesus à todos os povos, linguas e nações enquanto aguarda com ardor e expectativa a 2ª Vinda de Cristo.

4.2 EvangelicalismoEvangelicalismo é uma concepção originária de "evangélico". O Evangelicalismo é um movimento

teológico originário do Protestantismo, mas que não se limita a ele, que crê na necessidade de o indivíduo passar por uma experiência de conversão ("nascer de novo", "aceitar Jesus") e que adota a Bíblia como único livro divinamente inspirado. É também conhecido por Movimento Evangélico.

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É distinto do Fundamentalismo cristão, que possui uma interpretação literal da Bíblia e rejeita o conhecimento científico (como criticismo textual) e o diálogo com organizações religiosas que não sejam de mesma doutrina. O teólogo Harold Ockenga definiu o Neo-Evangelicalismo e distinguiu-o do fundamentalismo em 1947.

O Evangelicalismo tem raíz no Pietismo germânico e no Metodismo britânico, nasceu na região de fronteira agrícola no oeste dos Estados Unidos, durante os Grande Despertares e teve como expoentes a Jonathan Edwards, John Wesley, Charles Finney, Dwight L. Moody, Harold Ockenga e Billy Graham.

Nos Estados Unidos várias escolas aderem à esse movimento teológico, como o Fuller Theological Seminary, em Pasadena, California, Talbot College (California), Wheaton College em Chicago, Gordon-Conwell Theological Seminary em Boston.

É o movimento no cristianismo moderno que transcende as fronteiras denominacionais e confessionais, enfatizando a conformidade com as doutrinas básicas da fé e um alcance missionário de compaixão e urgência. Quem se identifica com este movimento é um "evangélico conservador" (ou "evangelical") que crê no evangelho de Jesus Cristo e o proclama. A palavra é derivada do substantivo grego euangelion, traduzido como boas-novas, notícias de alegria, sendo euangelizomai o verbo correspondente, que significa anunciar boas-novas ou proclamar como boas-novas. Estas palavras aparecem quase cem vezes no Novo Testamento e passaram para os idiomas modernos através do equivalente em latim, evangelium.

Desde a Reforma Protestante, a palavra tem sido adotada por certos grupos cristãos, que supõem que retornaram ao evangelho (ou Bíblia), em contraste com o sistema tradicional que se desenvolveu na Igreja Católica Romana. Na Alemanha, na Suíça e em alguns outros países a palavra passou a indicar o corpo geral das igrejas protestantes. Na Inglaterra, é empregada quase como sinônimo da Igreja Baixa (expressão que aponta para os membros de postura mais protestante e evangélica). Na atualidade, os evangélicos são aqueles grupos, essencialmente protestantes, que frisam a necessidade do evangelismo, da expiação mediante o sangue de Cristo, da regeneração, da crença nos elementos fundamentais do ensino bíblico. Usualmente, esses grupos apegam-se a esses documentos sagrados com a sua base de autoridade, rejeitando as tradições, os concílios, etc., como padrões de fé e prática. Assim, o evangelicalismo é muito mais do que um assentimento ortodoxo a determinados dogmas ou uma volta racionária aos costumes antigos. É a afirmação das crenças centrais do cristianismo histórico.

Embora o evangelicalismo seja geralmente considerado um fenômeno contemporâneo, o espírito evangélico sempre se manifestou no decurso da história eclesiástica. A igreja apostólica, os pais da igreja, os movimentos reformistas medievais, pregadores como Bernardo de Claraval, Pedro Waldo, John Wycliffe, John Huss e Savonarola se distinguiram dentro do evangelicalismo de tempos remotos. Dos mais recentes podemos citar: John e Charles Wesley, George Whitefield, os batistas, congregacionais e metodistas. No século XIX, surgiram Charles Spurgeon, George Williams, Hudson Taylor, Charles Finey, D. L. Moody, as cruzadas evangelísticas de Billy Graham, e outros. Com a "autoctonização" das organizações assistenciais e evangelísticas e o envio de missionários por grupos dentro dos próprios países do Terceiro Mundo, o evangelicalismo já obteve sua maioridade e é verdadeiramente um fenômeno global.

É baseada no principio que: Todos pecaram; Só Jesus Cristo Salva; É necessario que cada indivíduo se arrependa e creia em Jesus Cristo para a vida eterna; Redescoberta e valorização da Bíblia Sagrada; Compromisso da evangelização: proclamar a salvação em Cristo e a justiça social à humanidade.

Fui fundamental para o êxito do desenvolvimento de outro movimento no meio das Igrejas cristãs: o Pentecostalismo. Mas também é a causa de necessário cuidado com doutrinas estranhas de alguns grupos que rapidamente se espalham pela totalidade das Igrejas.

4.3 Pentecostalismo Tradicional ou ClássicoPentecostalismo é como se chama a doutrina de determinados grupos religiosos cristãos, originários no

seio do protestantismo, que se baseia na crença da presença do Espírito Santo na vida do crente através de sinais, denominados por estes como dons do Espírito Santo, tais como falar em línguas estranhas (glossolalia), curas, milagres, visões etc.

O primeiro grupo de pentecostais conseguiram sua membresia das igrejas Holiness Wesleyanas - um grupo de metodistas - e, em muitos casos, dos grupos renovados onde elas começaram (batistas, metodistas, presbiterianas). O primeiro grupo enfatizava o falar em línguas estranhas como evidencia do Batismo no Espirito Santo.

Em termos de data, seu início foi provavelmente na abertura do Bethel Bible College em Topeka, Kansas, dirigido por Charles Parhan, em outubro de 1900. Em primeiro de Janeiro de 1901 os alunos deste

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colégio estavam estudando a obra do Espirito Santo, e uma das alunas, Agnes Osman, pediu aos seus colegas que lhe impusessem as mãos para que ela recebesse o Espirito. Ela falou em línguas, e mais tarde, outros estudantes falaram em línguas também. Parhan abriu outra escola em 1905, na cidade de Houston, Texas. Foi de lá que William J. Seimor, um aluno negro, ao receber o mesmo dom, tornou-se mais tarde o líder de uma missão no numero 312 da Rua Azusa em Los Angeles, no ano de 1906. Falar em línguas se tornou comum nessa missão. Pessoas que vinham visitá-la tiveram experiências similares e levaram a mensagem para outros países. Pode-se dizer que a Missão da rua Azusa é a mãe do pentecostalismo mundial. Essa missão chamava-se "Missão Apostólica da Fé". Este nome durou até 1914 quando foi mudado para "Assembléia de Deus".

No entanto, tradicionalmente reconhece-se o início do movimento pentecostal no ano de 1906, em Los Angeles, nos Estados Unidos, na Rua Azuza.

Devido à projeção que ganhou na mídia, o avivamento na Rua Azuza rapidamente cresceu e, subitamente, pessoas de todos os lugares do mundo estavam indo conhecer o movimento. No começo, as reuniões na Rua Azuza aconteciam informalmente, eram apenas alguns fiéis que se reuniam em um velho galpão para orar e compartilhar suas experiências, liderados por William Seymour (1870-1922).

Rapidamente, grupos semelhantes foram formados em muitos lugares dos EUA, mas com o rápido crescimento do movimento o nível de organização também cresceu até o grupo se denominar Missão da Fé Apostólica da Rua Azuza. Alguns fiés não concordaram com a denominação do grupo.

Surgiram grupos independentes que emergiram em denominações. Também algumas denominações já estabelecidas adotaram doutrinas e práticas pentecostais, como é o caso da Igreja de Deus em Cristo.

Mais tarde, alguns grupos ligados ao movimento pentecostal começaram a crer no unicismo em vez da triunidade (trindade). Com o crescimento da rivalidade entre os que criam no unicismo e os que criam na trindade, ocorre um cisma e novas denominações nasceriam como a Igreja Pentecostal Unida (unicista) e as Assembléias de Deus (trinitária).

No Brasil, o Pentecostalismo chegou em 1910-1911, com a vinda de missionários originários da América do Norte: Louis Francescon, que dedicou seu trabalho entre as colônias italianas no Sul e Sudeste do Brasil, originando a Congregação Cristã no Brasil; Daniel Berg e Gunnar Vingren, que inciaram suas missões na Amazônia e Nordeste, dando origem às Assembléias de Deus.

Desde o início, ambas as igrejas caracterizam-se pelo anti-catolicismo, pela ênfase na crença no Espírito Santo, por um sectarismo radical e por um ascetismo que rejeita os valores do mundo e defende a plenitude da vida moral.

São muito conhecidas pelos seus usos e costumes, onde os homens devem usar terno nos cultos, não ter barba e usar calças compridas e camisas fechadas. As mulheres, por sua vez, devem o cabelo comprido (na verdade não podem cortá-lo), usar somente vestidos ou saias compridas e não podem usar nem maquiagem, nem qualquer tipo de adorno. Também havia a proibição de ouvir rádio e ver televisão.

Algumas Igrejas pentecostais da primeira fase: Assembléia de Deus Congregação Cristã no Brasil Missão Evangélica Pentecostal do Brasil Igreja de Cristo no Brasil Igreja de Deus No Brasil

4.3.1 Congregação Cristã no Brasil A Congregação Cristã foi a primeira igreja pentecostal a se instalar no Brasil. Foi fundada no Brasil

pelo missionário Louis Francescon, um italiano nascido em Cavasso Novo, Udine. Veio para os EUA em 1890. Lá se tornou presbiteriano em 1891. Nessa igreja chegou a ser diácono, indo-se batizar por imersão juntamente com outros 18 membros. Um irmão de sua igreja batizou-os em 1903, mesmo não sendo ordenado para o ato. Em 1907 recebeu os dons na Igreja de William H. Durhan. Nesta mesma igreja foi-lhe revelado que deveria pregar a colônia italiana, o que fez com presteza.

Francescon visitou a Argentina em Setembro de 1909 e em Janeiro de 1910. Chegou ao Brasil em Março de 1910 na cidade de São Paulo. Através de um contato direto foi parar em Santo Antônio da Platina, Paraná, onde organizou sua primeira igreja no Brasil com colonos italianos. Foram onze ao todo. O crescimento desta igreja foi tímido até o meado dos anos 50. A partir desta data cresce expressivamente. No Sul e Sudeste do pais, muitas igrejas do interior que professavam a fé presbiteriana foram alvos de renovação por parte dos adeptos da Congregação.

A Congregação Cristã possui hoje algumas particularidades bem distintas das demais igrejas evangélicas: não possui pastores, mas cooperadores (que não recebem salário), não tem dízimo (mas ofertas e coletas), as mulheres devem utilizar durante o culto um véu cobrindo a cabeça, o estudo da Bíblia é desencorajado (pois tudo deve ser por revelação do Espírito Santo).

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Mas seu principal problema é ter se considerado a única igreja verdadeira (as demais igrejas evangélicas são seitas). Esse motivo a faz atualmente ser considerada por alguns uma igreja contraditória e até mesmo uma seita.

4.3.2 Assembléia De DeusA Assembléia de Deus chegou ao Brasil por intermédio dos missionários suecos Gunnar Vingren e

Daniel Berg, que aportaram em Belém, capital do Estado do Pará, em 19 de novembro de 1910, vindos dos EUA. A princípio, freqüentaram a Igreja Batista, denominação a que ambos pertenciam nos Estados Unidos. Eles traziam a doutrina do batismo no Espírito Santo, com a glossolalia — o falar em línguas estranhas — como a evidência inicial da manifestação para os adeptos do movimento. A manifestação do fenômeno já vinha ocorrendo em várias reuniões de oração nos EUA (e também de forma isolada em outros países), principalmente naquelas que eram conduzidas por Charles Fox Parham, mas teve seu apogeu inicial através de um de seus principais discípulos, um pastor negro leigo, chamado William Joseph Seymour, na Rua Azusa, Los Angeles, em 1906.

A nova doutrina trouxe muita divergência. Enquanto um grupo aderiu, outro rejeitou. Assim, em duas assembléias distintas, conforme relatam as atas das sessões, os adeptos do pentecostalismo foram desligados e, em 18 de junho de 1911, juntamente com os missionários estrangeiros, fundaram uma nova igreja e adotaram o nome de Missão de Fé Apostólica, que já era empregado pelo movimento de Los Angeles, mas sem qualquer vínculo administrativo com William Joseph Seymour. A partir de então, passaram a reunir-se na casa de Celina de Albuquerque. Mais tarde, em 18 de janeiro de 1918 a nova igreja, por sugestão de Gunnar Vingren, passou a chamar-se Assembléia de Deus, em virtude da fundação das Assembléias de Deus nos Estados Unidos, em 1914, em Hot Springs, Arkansas, mas, outra vez, sem qualquer ligação institucional entre ambas as igrejas.

Muitas igrejas Assembléias de Deus vêm experimentando, mais recentemente, grandes mudanças comportamentais concernente a usos e costumes.

Em particular, algumas dessas igrejas já não mais impoem o uso de determinadas peças do vestuário feminino, consentindo que as mulheres usem calças compridas, decotes mais alongados ou mangas mais curtas,permitindo ainda o uso de jóias como brincos, cordões e pinturas, desde que mantido um razoável padrão de pudor.

Quanto aos homens, diminuem as restrições ao uso de bigode, barba crescida ou cabelos mais alongados, bem como bermudas e lazer (como o futebol, que era considerado "abominável")substituindo-se o rigor da proibição pela recomendação de uma boa imagem pessoal ante a sociedade, nos padrões exigidos por algumas organizações corporativas.

De igual modo, tendem a desaparecer do cenário assembleiano as folclóricas proibições ao uso da televisão e do rádio; enquanto algumas igrejas passam a orientar seus adeptos a lerem bons livros e fazerem uso adequado da internet, numa clara demonstração de que as posições radicais do passado estão sendo substituídas pelo respeito à liberdade de seus membros usufruírem dos benefícios que a tecnologia põe ao dispor da sociedade contemporânea.

4.4 DeuteropentecostalismoO Deuteropentecostalismo ou a segunda fase começou a surgir na década de 1950, quando chegaram a

São Paulo dois missionários norte-americanos da International Church of The Foursquare Gospel. Na capital paulista, eles criaram a Cruzada Nacional de Evangelização e, centrados na cura divina, iniciaram a evangelização das massas, principalmente pelo rádio, contribuindo bastante para a expansão do pentecostalismo no Brasil. Em seguida, fundaram a Igreja do Evangelho Quadrangular. No seu rastro, surgiram O Brasil para Cristo, Igreja Pentecostal Deus é Amor, Casa da Bênção, Igreja Unida (São Paulo, 1963) e diversas outras menores.

O Deuteropentecostalismo enfatiza a cura divina e profecias, embora valorize o falar em línguas, distingue-se do Pentecostalismo clássico pela seu menor foco nesse carisma. Quanto à ética e costumes, há uma polarização, ou tornou-se mais rígido (caso da Igreja Pentecostal Deus é Amor) ou mais relaxado (como na Igreja do Evangelho Quandrangular).

Paralelamente ao Pentecostalismo, várias denominações protestantes tradicionais experimentaram movimentos internos, com manifestações pentecostais, assim foram denominados "Renovados", como a Igreja Presbiteriana Renovada, Convenção Batista Nacional, Igreja do Avivamento Bíblico, Igreja Cristã Maranata e a Igreja Metodista Wesleyana.

A partir desta data multiplicou-se o número de denominações pentecostais. Esse fato deve-se principalmente pelas incentivadas cruzadas nacionais de evangelização que percorreu todo o país. Usavam-se tendas como templos improvisado e grandes anúncios nas rádios da época. Esse período é conhecido como a segunda geração de pentecostais.

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Algumas Igrejas pentecostais da Segunda fase: Igreja do Evangelho Quadrangular Igreja Pentecostal Deus é Amor Igreja Evangélica Pentecostal O Brasil Para Cristo Igreja Tabernáculo Evangélico de Jesus (Casa da Bênção) Ministerio Pentecostal Fé em Ação

4.4.1 Igreja do Evangelho QuadrangularEla foi fundada no Brasil pelo missionário americano Harold Williams em 1953 na cidade de São

Paulo. Foi a inovadora em alguns pontos cruciais do pentecostalismo. Não eram tão intransigentes no uso da roupa e do cabelo como os assembleianos e os cristãs. Seus cultos eram ainda mais desorganizados que o de seus antecessores. Deixando a recomendação de Paulo em I Tm 2,8-13, atropelaram as escrituras e ordenam mulheres para o ministério, dando a estas o titulo de pastoras. Seus templos estão situados principalmente no Sul e Sudeste do país.

Em 1956 o ex-pastor assembleiano e depois quadrangular, Manuel de Melo, iniciou uma divisão nestas duas igrejas. Dessa divisão surgiu a Igreja O Brasil para Cristo.

4.4.2 Igreja O Brasil para CristoEsta igreja foi um pouco mais rígida que a quadrangular e um pouco menos exigente que a Assembléia.Seu crescimento foi espantoso. Na época áurea de Manuel de Melo ele chegou a ordenar mais de

trezentos pastores num só dia (a maioria ex-presbíteros da Assembléia de Deus). Chegaram a ter o maior templo protestante no Brasil na cidade de São Paulo. Seus programas de rádio eram largamente ouvidos em todo o país. Chegaram a ter mais de um milhão de membros.

Na ultima pesquisa feita o número foi de 197.000. Com a morte do missionário o trabalho deixou de ter o crescimento expressivo que marcou o seu início. Tem perdido muitos membros para as divisões das assembléias e para os neo-pentecostais.

4.4.3 Outras Igrejas DeuteropentecostaisAs igrejas pentecostais continuaram a se dividir. Em 1960 surgiu a Igreja Nova Vida no Rio de Janeiro. O missionário David Martins Miranda, que tem

origem assembleiana, deixou-a e fundou A Igreja Deus É Amor em 1962. Esta igreja ainda está em ascensão. Cresce muito entre a população mais carente do país. O fato de seu fundador e líder ainda estar vivo ajuda muito a sua propagação. Seus programas de rádio tem grande audiência na camada mais pobre, e principalmente, nos morados da zona rural. Muito parecida a esta igreja em doutrinas e costumes a Igreja Só O Senhor É Deus, que tem como fundador o missionário Miranda Leal (que dizem ser primo de Davi Miranda). Esta igreja que tem a sua sede em Maringá, no Paraná, e seus templos, quando construídos por Miranda Leal, tem a forma de uma Arca, como a de Noé.

Em 1964 surge A Casa da Benção, fundada pelo missionário Doriel de Oliveira. É quase inexpressiva nas cidade de pequeno porte, mas é bem representada nos grandes centros. Esta igreja até hoje costuma usar tendas improvisadas como templos para iniciar seus trabalhos.

4.5 Igreja Metodista WesleyanaA Igreja Metodista Wesleyana (Wesleyana é referente a John Wesley, o fundador do metodismo) é uma

igreja pentecostal com raízes no metodismo brasileiro. A Igreja Metodista Wesleyana surgiu de um grupo de ministros e leigos que militavam na Igreja

Metodista do Brasil.As razões que deram origem à Igreja, basearam-se na doutrina do batismo com o Espírito Santo como

sendo uma segunda benção para o crente; na aceitação dos dons espirituais como recursos divinos para a realização da obra, incluindo todos os dons mencionados na Bíblia Sagrada: sabedoria, fé, mansidão, operação de maravilhas, ciência, dons de curar, profecias, discernimento, línguas, interpretação de línguas, cantos espirituais, revelações e visões.

O movimento que culminou com o surgimento da Igreja Metodista Wesleyana, começou em 1962; alguns ministros e leigos começaram a ser despertados para a obra de renovação espiritual; muitos pastores como: Gessé Teixeira de Carvalho atual Bispo da IMW - 1ª Região), José Moreira da Silva, Ildemício Cabral dos Santos, Danial Bonfim etc., começaram a realizar trabalhos de avivamento nos sentido de despertar as igrejas que pastoreavam na área de evangelização a uma vida mais santificada.

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Em 1964 o grupo começou a ter contato com grupos de diversas denominações renovadas, o resultado desses contatos foi um maior esclarecimento sobre as doutrinas pentecostais e, alguns membros do grupo começaram a ser batizados com o Espírito Santo.

Em 1966 os contatos com grupos pentecostais aumentaram e novos pastores aderiram ao movimento como Fred Morris e Waldemar Gomes de Figueiredo. Eram constantes as vigílias nos montes, as reuniões de oração e os retiros, o que acabou incomodando a Primeira Região da Igreja Metodista(RJ). Ainda em 1966 o grupo recebeu uma circular do gabinete proibindo orações com imposição de mãos, expulsar demônios, cantar corinhos e fazer vigílias constantes. No final da carta tinha a seguinte alternativa: se o grupo não obedecesse às normas da Igreja Metodista do Brasil, todos deveriam deixar as suas fileiras.

No final de 1966 alguns dos componentes do grupo ficaram encarregados de visitar algumas igrejas de doutrina pentecostal para que no caso de uma exclusão em massa terem uma igreja em vista; não havia nenhuma intenção de criar uma nova denominação.

No dia 5 de janeiro de 1967, por ocasião do Concílio da Igreja Metodista do Brasil, realizado na cidade de Nova Friburgo (RJ), o grupo se reuniu às 14 horas sobre uma ponte, no pátio da Fundação Getulio Vargas, sob a direção dos pastores Idelmício Cabral dos Santos e Waldemar Gomes de Figueiredo.

Nesta ocasião ficou fundada definitivamente a Igreja Metodista Wesleyana, aceitando como forma de governo o centralizado com o conselho geral, seguindo em linhas gerais o regime metodista.

Na noite do dia 5 de janeiro o grupo desceu a serra (se retirou do Concílio), sem nenhuma estatística em mãos para a formação de novas igrejas, no dia 6 de janeiro as noticias começaram a se propagar e em vários locais, grupos esperavam a presença dos pastores que haviam saído; dentro de um mês havia 30 igrejas organizadas.

Os motivos que levaram a criação da Igreja Metodista. Wesleyana foram: A não adaptação do grupo as formas de governo das igrejas pentecostais visitadas anteriormente,

dado a estrutura de governo de regime episcopal adotado pelo grupo. Amparar os metodistas com a mesma experiência.

O movimento Wesleyano começou a se desenvolver gloriosamente, e foi convocado o Concílio Constituinte para se reunir na cidade de Petrópolis nos dias 16 à 19 de fevereiro de 1967, ocasião em que foi organizada a Igreja. Novos obreiros vieram formar nas fileiras Wesleyanas e vários evangelistas foram eleitos. Estava consolidada a obra do Senhor. Os estatutos da Igreja foram aprovados e o Concílio constituinte elegeu uma Comissão de Legislação.

Foi grande o crescimento da igreja em 1967: em apenas um mês já tinha organizado no Estado de São Paulo 20 Igrejas. Os tempos passaram e ela alcançou não só todo Estado mas também todo o Brasil e está presente na Argentina, Paraguai, Portugal, Alemanha e Noruega.

A Igreja Metodista Wesleyana possui comunhão plena com a Iglesia Metodista Pentecostal de Chile e com a International Holiness Pentecostal Church dos Estados Unidos.

Podemos citar algumas datas importantes desta Igreja: 1962 - Ministros e leigos começam a ser despertados para a obra de renovação espiritual.

1964 - Contato do grupo com grupos de denominações renovadas.1966 - O grupo recebe uma circular do gabinete episcopal, visita do grupo renovado à igrejas de doutrina pentecostal para uma possível adesão.

05/01/1967- Fundação da Igreja Metodista Wesleyana.

Sobre as doutrinas da Igreja, lemos no Manual da Igreja Metodista Wesleyana, que:Art. 1º - Doutrinas são princípios de fé e prática pelos quais se orienta a Igreja Metodista Wesleyana, conforme fundamento as Escrituras do Antigo e Novo Testamento.Art. 2º - A Igreja Metodista Wesleyana expressa sua fé através das seguintes afirmações, que são também a base de sua pregação:

1. Há um só Deus e verdadeiro, eterno, de infinito poder e sabedoria, criador e conservador de todas coisas visíveis e invisíveis; que na unidade de Sua divindade, há três pessoas de uma só substância, de existência eterna, igual em santidade, justiça, sabedoria, poder e dignidade, o Pai, o Filho e o Espírito Santo – Êxodo 20:2,3; Salmo 145:13; Tiago 1:17; Mateus 28:19,20; Lucas 3:22.2. O Filho, que é a Palavra do Pai, encarnou-se no ventre da virgem Maria, tomando a natureza humana, reunindo assim duas naturezas inteiras e perfeitas: a divina e a humana, para ser conhecido como verdadeiro Deus e verdadeiro homem que sofreu, foi crucificado, morto e sepultado, reconciliando-nos assim com o Pai, fazendo expiação pelos nossos pecados – João 3:31; Lucas 1:35; Colossenses 1:15-20; Hebreus 4:15.

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3. Cristo verdadeiramente ressuscitou dentre os mortos e tomou outra vez seu corpo, com todas as coisas pertencentes à perfeição da natureza humana, e subiu ao céu, assentou-se à destra do Pai, de onde há de vir para julgar os vivos e os mortos – Atos 2:32,36; I João 3:2; II Timóteo 4:1.4. O Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho é da mesma substância, majestade e glória, com o Pai e com o Filho, verdadeiro e eterno Deus – II Coríntios 13:13; Mateus 28:19.5. A Bíblia que é a Palavra de Deus, foi escrita por homens divinamente inspirados. Ela é o padrão único e infalível pelo qual a conduta humana e as opiniões devem ser julgadas – II Timóteo 3:16; II Pedro 1:19-21.6. Jesus Cristo verteu seu sangue para remissão dos pecados e regeneração dos pecadores arrependidos – Romanos 5:9; Hebreus 9:14.7. Justificação se realiza somente pela fé em Jesus Cristo – Efésios 2:8; Romanos 3:28.8. A Santificação do salvo é uma operação realizada pelo Espírito Santo, adquirida pela fé. A santificação é obra da livre graça de Deus por meio da qual podemos morrer ao pecado e viver para a justiça – Romanos 6:22; I Pedro 1:2; Hebreus 9:14; I Tessalonicenses 4:3.9. O batismo com o Espírito Santo, ato da graça de Deus, é uma experiência de revestimento de poder adquirida pela fé para testemunho do evangelho, de nosso Senhor Jesus Cristo. Como real evidência do batismo, manifestam-se as línguas estranhas – Lucas 3:16; Atos 1:8; 2:5-13; 10:44-46; Lucas24:49.10. A cura divina, os milagres, são para nossos dias também como partes integrantes da obra expiatória de Cristo – Marcos 16:17,18; Tiago 5:15.11. O batismo bíblico é a imersão do crente em água, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, não como meio exclusivo de salvação, mas como parte da mesma – Romanos 6:3,4; Colossenses 2:12; João 3:23.12. A Ceia do Senhor é uma festa espiritual, através da qual os salvos pelo uso do pão comum e do vinho, lembram juntos a morte de Cristo e perpetuam o sentido de sua morte até que Ele venha – I Coríntios 11:23-26; 10:16.13. Os planos de Deus para os sustento da Sua obra são: Os Dízimos e as Ofertas. O Dízimo é anterior à lei mosaica, na qual foi cumprido e exigido; e permanece como princípio neotestamentário – Malaquias 3:8-10; Mateus 23:23; II Coríntios 9:5-7.14. A Igreja visível de Cristo é uma congregação de crentes batizados, unidos uns aos outros na fé e na comunhão do Evangelho, observando os mandamentos de Cristo, governados, por suas leis, exercendo os dons concedidos pelo Espírito Santo – Mateus 18:17; Efésios 5:23; I Coríntios 14:33.15. A segunda vinda de Cristo será repentina, pessoal e pre-milenar. Nós amamos a Sua vinda e O esperamos, dizendo: “Ora vem Senhor Jesus” – Mateus 24:27,36; I Tessalonicenses 4:16,17.16. No Céu haverá galardão para os santos e bem-aventurança por toda a eternidade, e haverá punição infindável para os ímpios no lago de fogo – II Coríntios 5:10; Apocalipse 22:12; Filipenses 3:20; I Pedro 1:4; Mateus 25:46.

Portanto, a Igreja Metodista Wesleyana, não é uma organização para perpetuar o nome de um homem. Quando usou a terminologia "Wesleyana", queria lembrar ao povo a experiência do coração abrasado pelo poder de Deus. O movimento do século XVIII foi de avivamento, de poder e de dar testemunhos de Jesus publicamente nas praças, pelas ruas, e junto às minas de carvão. Agora, a IMW teria o dever de testificar à nossa geração, como João Wesley à sua geração.

4.6 NeopentecostalismoA terceira onda, a Neopentecostal, teve início na segunda metade dos anos 70. Fundadas por brasileiros,

a Igreja Universal do Reino de Deus (Rio de Janeiro, 1977), Igreja Internacional da Graça de Deus ( 1980), Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra (Brasília, 1992), Renascer em Cristo (São Paulo, 1986) e Igreja Novo Destino (Belo Horizonte 2006) estão entre as principais.

Neopentecostalismo é o nome que se dá aos pentecostais da terceira geração. São assim chamados porque diferem muito dos pentecostais históricos e dos da segunda geração. Realmente é um novo pentecostalismo.

O neopentecostalismo constitui a vertente pentecostal mais influente e a que mais cresce. Também são mais liberais em questões de costumes. Não se apegam a questão de roupas, de televisão, de costumes, e tem um jeito diferente de falar sobre Deus. Dualizam o mudo espiritual dividindo-o entre Deus e o Diabo. Para eles o mundo está completamente tomado por demônios, e é sua função é combate-los e expulsá-los.

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Pregam a Teologia da Prosperidade, pela qual o cristão está destinado à prosperidade terrena, rejeitando os tradicionais usos e costumes pentecostais. Pregam a prosperidade como meio de vida. Pobreza é coisa de Satanás. Doença só existe em quem não acredita em Deus e sua origem é o demônio. Seus cultos são sempre emotivos objetivando uma libertação do mundo satânico. Para eles o crente não pode sentir dor, ser pobre ou estar fraco.

Ensinam a Oração Determinista, onde o crente deve “exigir” (determinar) a benção e/ou a cura. Ensinam que a “benção” de Deus já está liberada no mundo espiritual, faltando somente “tomar posse da benção” no mundo físico, tomando como base Is 53:4. Frases como “Senhor, eu exigo” são comuns nas orações neopentecostais. Nesta forma de fé, Deus é alguém que obedece ordens e a fé tem o poder de fazer com que todas as coisas do coração do homem se realizem. Desde que o homem não duvide depois, senão “perde a benção”. Ou seja, tudo depende do homem. Deus é quase uma ‘força mística’.

Em muitos pontos pode-se dizer que suas doutrinas são bem parecidas com as doutrinas das religiões orientais, tais como Seicho-No-Ie, Hinduismo, Budismo (poder da palavra positiva, necessidade de libertação espiritual constante, possibilidade de “manipular” o bem a seu favor) e do Zoroastrismo (dualismo exagerado – tudo de bom que acontece é de Deus, tudo de mal que acontece é do Diabo).

Em outros assemelha-se ao Catolicismo Romano com suas relíquias e objetos de culto: copo dágua, rosa ungida, sal abençoado, óleo ungido, cruz com areia da Galileia, manto sagrado, portal da esperança e outros. Além é claro de uma grande semelhança com a venda de Indulgências para ganhar o “Céu” através de seu intenso apelo por dízimos e ofertas em troca de bençãos materiais.

Seu crescimento deve-se muito aos programas de rádio e televisão, nos quais, devido ao anuncio de curas e milagres, tiveram uma grande audiência. Seus ouvintes e telespectadores geralmente são recrutados para dentro de suas igrejas. O sistema de testemunho é forte, e isso certamente encoraja outros a tomar o mesmo caminho. Utilizam intensamente a mídia eletrônica e aplicam técnicas de administração empresarial, com uso de marketing, planejamento estatístico, análise de resultados etc.

No Brasil a maior igreja neopentecostal é a Universal Do Reino De Deus (IURD). Já conta com mais de dois mil templos em todo o Brasil e é a terceira maior igreja evangélica do país, ficando atrás apenas da Assembléia e da Cristã. Fundada em 1977 pelo bispo Edir Macedo e por Romildo Ribeiro Soares. Possui um forte esquema de comunicação, que é sem dúvida o fator de peso na divulgação e crescimento de seus trabalhos.

Depois da Universal a maior igreja neopentecostal no Brasil é a Igreja Internacional Da Graça. Esta igreja foi fundada em 1980 pelo missionário R. R. Soares no Rio de Janeiro. Na intenção de imitar o trabalho de Kenneth Hagen (um dos maiores apresentadores de igrejas televisionadas dos EUA), Soares investe muito na apresentação de seus programas.

Outra Igreja forte no ramo neopentecostal é a Renascer Em Cristo, que trabalha principalmente com a camada alta da sociedade. Há pouco tempo quase comprou uma rede de Televisão. Seu fundador se auto declarou "apóstolo", juntamente com sua esposa, e neste ano foi preso ao tentar entar nos Estados Unidos com dólares escondidos dentro de uma Bíblia.

Por tudo isso, é movimento controverso, alvo de críticas e refém de escândalos, causador de muitas discussões, inclusive no meio evangélico.

Citamos abaixo algumas Igrejas Neopentecostais: Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra Igreja Internacional da Graça de Deus Igreja Universal do Reino de Deus Igreja Pentecostal de Nova Vida Igreja Evangélica Cristo Vive Missão Cristã Pentecostal Igreja Apostólica Renascer em Cristo Igreja Apostólica Fonte da Vida

4.6.1 Igreja Universal do Reino de DeusA Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) é uma igreja de linhas neopentecostais, fundada no Brasil,

onde tem sua maior atuação, também está presente em outros países, tanto de língua portuguesa como em outros. Trata-se de uma instituição polêmica, devido ao fato de sua teologia, seus atos, posições sociais e morais, bem como métodos de trabalho serem duramente criticados, tanto por leigos quanto por adeptos de outras linhas religiosas, inclusive de linhas cristãs, protestantes e pentecostais, ao ponto de ser considerada, em alguns círculos evangélicos, uma igreja contraditória ou até mesmo uma seita.

A Igreja Universal do Reino de Deus tem este nome desde 1979. Entretanto, seus membros e dirigentes atribuem sua fundação ao ano de 1977, quando Edir Macedo, então um pregador de uma igreja evangélica estabelecida, decidiu criar sua própria igreja, adequada à sua visão de pregação e da revelação de Deus. Contou para isso com a companhia de Romildo Soares. Após a criação da igreja, este se desligou e fundou outra igreja, a Igreja Internacional da Graça de Deus.

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De acordo com Marcelo Crivella a Igreja Universal e a Igreja da Graça têm uma origem comum: a Igreja Pentecostal de Nova Vida. A separação das três teria ocorrido pela diferença do foco de seus três dirigentes.

Tudo começou em um altar no Coreto do Méier, pequena área de lazer no Jardim do Méier, localizado no bairro do Méier, Zona Norte do Rio de Janeiro. Todos os sábados, às 18 horas, Edir Macedo, usando uma antiga caixa de som e um pequeno teclado, fazia pregações ao ar livre para um pequeno grupo de pessoas, a maioria curiosos que passavam pelo local. Nas reuniões da chamada Cruzada para o Caminho Eterno, foram dados os primeiros passos para a conquista de adeptos para a então embrionária Igreja Universal do Reino de Deus. O número de membros cresceu e as reuniões passaram a acontecer em um antigo cinema, o Bruni Méier, passando depois para outro cinema, o Ridan, no bairro de Piedade, também Zona Norte carioca. Os encontros depois se transferiram para um pequeno galpão na Avenida Suburbana, onde antes funcionava uma funerária. Em 9 de julho de 1977, nasceu oficialmente a igreja, a princípio sob o nome de Igreja da Bênção. Depois foi aberto o segundo templo, desta vez em terreno próprio, em Padre Miguel. Em seguida, vieram as igrejas do Grajaú, Campo Grande, Duque de Caxias e Nova Iguaçu (Rio de Janeiro). Gradualmente, as igrejas se espalharam por muitos bairros da cidade. Três anos depois foi aberto o primeiro templo nos EUA.

Hoje, a sede mundial da IURD é a Catedral Mundial da Fé, localizada na Zona Norte do Rio de Janeiro, também conhecida como Templo da Glória do Novo Israel e tambem tem sede em São Paulo, o Templo Maior de São Paulo, está localizado no bairro de Santo Amaro (bairro de São Paulo), em São Paulo - SP.

Na visão da IURD, muitos dos males que assolam a humanidade (como doenças, violência, depressão, solidão, fome, privações, desemprego e pobreza) e, em particular, aos que não seguem Jesus Cristo, são associados a obras de demônios ou espíritos caídos (chamados, em alguns casos, de "encostos"). Tais espíritos podem atuar diretamente na pessoa, através de uma "possessão" demoníaca, ou ao redor dela, conspirando contra ela, através de outras pessoas ou circunstâncias (opressão). A ação de tais espíritos pode ser facilitada através de brechas. Entre elas estão a "falta de comunhão com Deus", "pecado", "maldição hereditária", "maldição proferida": inveja e mal olhado, "maldição mandada": trabalhos e feitiços de bruxaria, feitiçaria, macumbaria, magia negra, “comidas oferecidas à ídolos” e o "envolvimento direto com os espíritos".

Um reflexo direto de tal crença é a ênfase dada ao exorcismo e ritos de repreensão do mal, presentes na quase totalidade dos cultos e celebrações da IURD. É também notória tal preocupação na forma da oração, que, além de pedir a Deus que afaste o mal, às vezes dirige palavras de repúdio diretamente a tais entidades espirituais malignas. A libertação é praticada com base no ministério de Jesus Cristo e seus discípulos que também expulsavam "demônios" segundo os evangelhos.

A IURD é à favor da legalização do aborto em casos como estupro, mal formação do feto, ou quando a vida da mãe está comprovadamente ameaçada pela gestação. O líderes da IURD, com base em (Eclesiastes 6.3-6), pregam que a pessoa que vive uma vida infeliz, sem a salvação eterna e que não passou pelo "novo nascimento" que Jesus pregava (João 3.3), seria melhor que não tivesse nascido.

Sendo uma igreja que fala abertamente de suas crenças e que se envolve direta e abertamente em assuntos políticos, a IURD tem sido alvo de diversas polêmicas e entrado em atritos com outros grupos religiosos, bem como com outros setores sociais, de quem, em cada caso, tem recebido diferentes graus de simpatia e antipatia. Contribui também para o surgimento de polêmicas em torno da IURD o fato de ser ela detentora de veículos de mídia em todo o Brasil, incluindo uma rede nacional de televisão (consessão pública) e utilizar tais meios para falar abertamente daquilo em que crê e daquilo que faz, baseado em sua fé religiosa e em suas posições políticas, incluindo atacar outras religiões (principalmente as de origem afro) e misturá-las em uma só, denominando-as como "espiritismo". Dentre as acusações que se lhe fazem, há um leque que vai desde questões de hermenêutica até acusações de crimes graves, como charlatanismo e extorsão, alguns já julgados procedentes pela Justiça.

A forma como a IURD pede dinheiro costuma chocar aqueles que não são seus membros. Mesmo entre estes há quem concorde com a afirmação de que ela possivelmente provoque em algumas pessoas um constrangimento que induza a contribuição. Entretanto, não há formalmente exigência ou cobrança de valores por parte da igreja, nem há concordância de que membros que supostamente contribuam com menos do que a igreja espere sejam preteridos na congregação ou excomungados. Os críticos da IURD também costumam questionar a motivação para a contribuição. É comum que a IURD, tanto em seus templos quanto em programas de difusão aberta por rádio e televisão, associe o dízimo e ofertas voluntárias adicionais a retribuições e graças materiais da parte de Deus para com aquele que contribuiu. Para os críticos, em especial os religiosos, as passagens bíblicas que garantem que Deus abençoa aqueles que voluntariamente contribuem não especificam a natureza material ou imaterial de tais bênçãos.

A Igreja Universal do Reino de Deus está presente em mais de 115 países pelo mundo (até 2006, de acordo com a IURD).

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4.6.2 Igreja Internacional da Graça de DeusA Igreja Internacional da Graça de Deus é uma Igreja evangélica neopentecostal fundada pelo

Missionário Romildo Ribeiro Soares (conhecido como Missionário R.R. Soares) em 1980, na Rua Lauro Neiva, no Município de Duque de Caxias, Rio de Janeiro. Romildo fundou a sua própria denominação logo após se separar de seu cunhado, o então pastor Edir Macedo (hoje bispo) com quem tinha criado a Igreja Universal do Reino de Deus.

A Igreja Internacional da Graça de Deus atualmente possui uma rede de emissoras de televisão denominada RIT (Rede Internacional de Televisão) acessível nas principais cidades do Brasil, além de exibir um programa diário em horário nobre na Rede Bandeirantes, e também nas madrugadas da Band e na Rede TV! intitulado Show da Fé.

Segundo os membros da igreja, através da fé na Palavra de Deus, Soares os convoca a “ordenar” a saída de doenças, recebimentos de curas e libertações, por intermédio da autoridade do nome de Jesus.

Romildo foi criado na pequena cidade de Muniz Freire, no Espírito Santo. Um dia, ao visitar a cidade vizinha de Cachoeiro do Itapemirim, na praça Jerônimo Monteiro, viu pela primeira vez em sua vida um aparelho de televisão, exposto numa loja. Segundo o seu relato ele notou que todos os que estavam ali ficaram fascinados com o que acontecia na tela e, naquele momento, fez um voto ao Senhor: “Não tem ninguém falando do Senhor nesse aparelho. Ah, Senhor, se o Senhor me der condições, um dia eu estarei aí, falando só do Senhor”.

Em abril de 1964, ainda jovem, ele chegou ao Rio de Janeiro e, em 1968, teve início o ministério de R. R. Soares.

Em 1977, juntamente com Edir Macedo, seu cunhado, fundou a Igreja Universal do Reino de Deus, mas não ficam junto por muito tempo e se separam.

Em 1980, fundou a Igreja Internacional da Graça de Deus. Na Rua Lauro Neiva, no Município de Duque de Caxias, Rio de Janeiro, foi inaugurada o primeiro templo da demominação e foi se espalhando posteriormente para todo o Brasil e para outros países.

Atualmente, a Igreja Internacional da Graça de Deus tem mais de mil templos abertos em todo o mundo. Desse número, mais de cem igrejas se encontram no Rio de Janeiro, onde tudo começou.

Ela também conta com o Jornal Show da Fé, de tiragem mensal de 1,1 milhões de exemplares e com a Revista Graça Show da Fé, com tiragem mensal de 150 mil exemplares com CD de brinde. Existe também uma revista infantil de histórias em quadrinhos, a Turminha da Graça, de circulação mensal e com CD de brinde. Conta com a gravadora Graça Music, que tem lançado cantores gospel e por intermédio da Graça Editorial tem publicado inúmeros títulos de livros evangélicos.

4.7 Seitas e heresiasApós a Reforma, várias seitas surgiram se dizendo protestantes, mas com o tempo se mostraram

altamente perniciosas no meio cristão. Satanás, mais uma vez lançou seus dardos inflamados contra a Igreja de Cristo.

Também em nosso mundo moderno, onde os homens vivem uma vida baseada em racicínio humano e sabedoria temporal, com um materialismo muito grande, o surgimento de seitas e de heresias é quase uma consequencia natural da necessidade de conforto espiritual.

Muitas vezes são difíceis de discernir como seitas. Apresentam-se como movimentos religiosos, tendo uma vida honesta e comportamento puro diante da sociedade. As vezes são até consideradas evangélicas, como os adventistas. Mas estas pseudo-igrejas fazem um enorme estrago no meio cristão, pois negam a natureza e a divindade de Cristo, infiltrando doutrinas de demônios em seus ensinos.

E, com o Movimento Evangélico, em que quase todas as Igrejas são consideradas irmãs, é muito difícil impedir que estes grupos e suas doutrinas se infiltrem no meio do povo de Deus.

4.7.1 MormonismoMórmons ou Os Santos dos Últimos Dias é um movimento religioso restauracionista iniciado no século

19 nos Estados Unidos da América e liderado inicialmente por Joseph Smith Jr, definido pelos seus seguidores como primeiro Profeta desta época.

Joseph afirmou ter recebido uma visão na qual Deus e Jesus Cristo lhe ordenaram que não se filiasse a nenhuma das igrejas existentes, mas que restaurasse a verdadeira igreja. Esta narrativa é conhecida como a Primeira Visão.

A tradição desta igreja diz que o Smith encontrou uma coleção de placas com aparência de ouro gravadas, e traduziu-as para o inglês, dando origem ao chamado Livro de Mórmon, que juntamente com a Bíblia constitui a base de fé da Igreja.

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Em 1830 foi reorganizada a igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Ultimos Dias, que rapidamente cresceu, gerando uma série de perseguições que culminaram na morte de Joseph em 1844; porém, não dando fim à religião pela morte de seu líder, como pensavam os opositores.

Mórmon é um apelido dos membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Mórmon foi um profeta do Livro de Mórmon, um conjunto de escritos sagrados relatando a história dos povos americanos pré-colombianos. O relato mais importante do Livro de Mórmon é a aparição de Jesus Cristo no Continente Americano.

Os Mórmons, crêem em Deus, o Pai, e em Seu Filho Jesus Cristo e no Espírito Santo. Seres separados e distintos, porém cada um com uma função específica. Acreditam que Deus, o Pai e Seu Filho Jesus Cristo possuem corpos de carne e ossos, glorificados e perfeitos, e que o Espírito Santo não possui corpo, mas é um personagem de espírito.

Também há uma grande concentração na adoração e na construção de Templos, edifícios sagrados destinados à realização de ordenanças em favor dos vivos e dos mortos.

Os Mórmons dedicam-se à compilação de dados sobre seus antepassados, crendo assim que a família pode ser eterna.

No Brasil existem os seguintes Templos mórmons: São Paulo, Recife, Campinas, Porto Alegre e Curitiba (em construção). O termo templo na concepção mórmon, diferencia-se de capelas, sendo essas destinadas também à adoração e com acesso ao público em geral. Os templos só podem adentrar pessoas batizadas há mais de um ano, sendo recomendadas pela liderança da Igreja.

4.7.2 AdventismoA Igreja adventista tem duas origens distintas. A primeira está ligada ao nome Adventista. Não era para

ser uma nova igreja, mas era uma crença na segunda vinda de Cristo pregada pelo pastor Guilherme Miller. A segunda está ligada ao nome Sétimo Dia, totalmente contrária a fé de Miller e implantado por uma mulher chamada Ellen G. White.

A crença do adventismo foi iniciada em 1818, por Guilherme Miller, um fazendeiro americano. Sua família foi toda batista. Havia entre seus primos alguns que eram pastores batistas. Mesmo assim desviou-se em 1810, e só regressou depois de ter servido o exercito em 1814. Ao aceitar Jesus mergulhou ele num profundo exame da Bíblia. Atraíram-no particularmente as passagens de Daniel e do Apocalipse, levando-o a investigar a data mais provável do fim do mundo.

Já em 1818, fixara Miller a data do fim do mundo (ou advento, de onde vem o nome adventistas), para o ano de 1843. Diz ter ouvido uma voz interior que lhe insistiu: "Vá e di-lo ao mundo". Desde então, ajudado por muitas igrejas batistas, metodistas e congregacionais, proclamava o “Advento”. Pregou o advento durante dez anos por toda a costa oriental dos EUA. Muitos de seus ouvintes começaram a pregar também. Assim o advento se espalhou como uma febre epidêmica.

Pessoas houve que começaram a preparar o vestuário para o dia da ascensão. Passando o ano de 1843 sem o fim do mundo, o profeta Miller marcou-o para o dia 21 de Março de 1844. Neste dia, milhares de pessoas, vestidas de branco, passaram a noite toda esperando Jesus. Foram decepcionados. Miller descobriu que estava errado. Voltou a sua congregação e pediu desculpas por tão grave erro. Até voltou a ser um pastor batista. Infelizmente o mesmo não se deu com alguns de seus seguidores, que a partir de 1844, formaram o movimento do Adventismo.

De 1844 a 1860, os seguidores de Miller, sendo uma boa porcentagem deles batistas excluídos, foram conhecidos apenas como adventistas. Continuaram na insistência por datas. Quase uma por ano até o ano de 1877.

Entre os fiéis seguidores de Miller estava a senhora Ellen G. White, que, depois de ver fracassadas outras tentativas de marcação de datas, afirmou ter tido visões dos céus que lhe revelara toda a verdade. Afirmava ela que o santuário de Daniel 8,13-14, está no céu e não na terra. Cristo teria vindo em 22 de Outubro de 1844 a esse santuário celestial. A próxima visão de Ellen foi sobre a guarda do sábado, de onde surgiu o complemento do nome Adventista do Sétimo Dia. Diz a Sra. White que teve uma visão havia onde uma arca no céu e nela estavam escritos os dez mandamentos. Dos mandamentos se destacava o quarto, porque se apresentava dentro de um circulo de luz. Entendeu ela que esse mandamento precisava receber maior atenção que os outros. Sua mensagem foi aceita pelos membros do adventismo e foi assim que surgiu a Igreja Adventista do Sétimo Dia.

No Brasil, a Casa Publicadora Brasileira é a editora oficial da igreja adventista.

4.7.3 Testemunhas de JeováO movimento religioso conhecido por Testemunhas de Jeová assume-se como uma religião cristã não

trinitária. Afirmam adorar exclusivamente a Jeová e consideram-se seguidores de Jesus Cristo. Possuem adeptos em 236 países e territórios autónomos, ascendendo a mais de seis milhões e setecentos mil praticantes, apesar de

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reunirem um número muito superior de simpatizantes. Crêem que a sua religião é a restauração do verdadeiro cristianismo.

Esta seita foi formada por Charles Taze Russel, nascido na Pensilvania em 1852. De origem presbiteriana, passou pela igreja Congregacional e se tornou membro da nova seita, a dos adventistas do sétimo dia. Durante muito tempo foi um verdadeiro fã do adventismo. Tomando o seu próprio caminho, começou a fazer estudos bíblicos semanais com um grupo composto inclusive de pessoas de outras igrejas evangélicas. Não demorou muito, lançou sua própria profecia, em nítida semelhança ao fundador do adventismo: "A segunda vinda de Cristo se daria em 1914".

Logo começou a discordar de muitos pontos doutrinários dos adventistas e, em 1872, reunindo alguns simpatizantes de suas idéias, começou a organizar o movimento que hoje é conhecido como "Testemunhas de Jeová". Antes desse nome tiveram muitos outros. Somente entre os anos de 1917 a 1926, mudaram suas doutrinas nada menos que 148 vezes. Negam que Jesus é Deus. Jesus era o arcanjo Miguel. Dizem que o Espirito Santo não é uma pessoa. Não existe inferno, além de muitas outras heresias.

As Testemunhas de Jeová procuram empenhar-se na divulgação mundial das suas crenças através de vários meios e, em especial, através da página impressa. Nas suas convenções anuais, são apresentados à comunidade novos livros, brochuras e outros artigos para divulgação doutrinária. Apesar de estarem presentes na Internet com alguns sites oficiais, atualmente não possuem quaisquer emissões de TV ou Rádio. No entanto, foram pioneiras no uso do cinema sincronizado com som e fizeram vasto uso de emissoras de rádio no passado, principalmente na década de 30 e 40 do Século XX, quando chegaram a montar as maiores redes radiofónicas da época.

A sua mensagem é apresentada ao público, principalmente através de duas revistas: A Sentinela - Anunciando o Reino de Jeová Despertai!

4.7.4 Outras seitasAlém das já citadas, são incontáveis as seitas atuais. Satanás trabalha constantemente contra a Igreja

através da criação de mentiras e enganos.Algumas delas se apresentam como verdadeiras igrejas de Cristo. Outras são facilmente identificáveis.

Todos, no entanto, carregam em si diversas heresias, algumas novas, mas na sua maioria, as velhas heresias até memso as já combatidas pela Igreja Antiga. Citamos algumas:

Igreja de Boston Pró-Vida A Verdade Que Marca Igreja de Deus do Sétimo Dia Ciência Cristã LBV Meninos de Deus Tabernáculo da Fé Igreja da Santa Vó Rosa Testemunhas de Yehoshua Creciendo en Gracias Ministério Graça e Apostolado A Voz da Pedra Angular Cristadelfianismo Igreja Voz da Verdade Cientologia Igreja Local Igreja da Unificação - Rev. Moon New Life Movimento da Fé

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CONCLUSÃO GERAL

“E ouvi uma grande voz, vinda do trono, que dizia: Eis que o tabernáculo de Deus está com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e Deus mesmo estará com eles.Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas.” Ap. 21:3-4

A história da humanidade começara com o fato mais negativo de todos os tempos: a consumação do pecado original. O ser humano havia voltado as costas à seu Criador e dado ouvidos à primeira heresia e ao maior falso profeta e pai da mentira: o Diabo.

Quando Abrãao é chamado por Deus, recebe a promessa de que seria uma grande nação. O povo judeu é constituido como guardião e baluarte da “Palavra de Deus”. A este povo o Senhor se revelou pela Lei e pelos profetas.

Mas a promessa Deus de tornar à Abrão uma grande nação tinha um propósito maior: levar a todas suas criaturas humanas ao conhecimento da verdade e a restauração da comunhão perdida no Édem. Ele já havia preparado um plano, “antes da fundação do mundo”, para salvação de todos aqueles que crêssem novamente na sua Palavra: a Igreja. Nela o nome do Senhor seria exaltado e glorificado através de seu Filho: Jesus Cristo.

Por isso vemos os acontecimentos intertestamentários sendo um grande movimento de nações contra nações, de reis derrubando reis, até que no momento certo, na hora precisa, o Senhor Jesus nascesse. Havia necessidade de não haver limites, nem de línguas, nem de cultura, nem de fronteiras de países. Este momento ocorreu sob Império Romano.

Através do povo judeu a fé em um único Deus foi mantida através de séculos. No entanto este povo também se perdeu em seus costumes e tradições e rejeitou o Senhor da Glória.

A Igreja fundada pelo Senhor Jesus rapidamente cresceu, sob o poder do Espírito Santo, tornando-se testemunha do seu nome, tanto na Judéia, quanto em todo o Império Romano e confins da terra.

No entanto, o Diabo, a antiga serpente do Édem, não se deu por vencido: lançou heresias e criou seitas no meio da Igreja e fora dela. Tais foram os ataques que muitos foram levados novamente ao erro pelos seus enganos e estúcias. A divisão tomou conta e os grupos fieis acabaram perdendo terreno. Tudo estava pronto para o inimigo dar o seu poder temporal e autoridade imperial à um grupo que se autoproclamava universal e apostólico: a Igreja de Roma.

Esta Igreja foi um dos maiores males da história da humanidade, a ponto em que o período em que ela dominou os povos e reis ser conhecido até hoje como “Idade das Trevas”. Seus líderes, a começar pelo “Papa”, se colocaram como donos da verdade e de Deus, não permitindo que a fé fosse exercitada com liberdade, mas através da força, tortura e morte. Assim, o cristianismo conhecido tornara-se somente mais uma “religião” do mundo. Mas sempre restou um “remascente fiel”.

Este remanescente manteve acessa a chama do Evangelho e movimento após movimento, colocaram em xeque o poder temporal da poderosa Igreja Romana. Até que, finalmente, o Senhor levantou vários homens que lançaram a Reforma Protestante. Estes homens, a princípio, tinham a intenção de “reformar” a Igreja dominante e “protestar” contra seus atos errados. Mas foram atacados como tantos outros anteriormente que só não foram também mortos porque Deus era com eles.

A partir deste movimento, nascem vários ramos e denominações de Igrejas Protestantes, principalmente na Europa e EUA. Todavia, o Diabo também lançaria mais de suas setas contra a verdade. No meio protestante ele também cria suas “igrejas” para ensinar o engano e negar a Cristo.

Os movimentos protestantes cresceram tanto que chegaram também na América Latina e Brasil. No Brasil, com sua liberdade de culto e povo pacífico, as diversas denominações cresceram em terreno fértil. No século XX são fortemente influenciadas pelo movimento chamado de Evangelicalismo ou Movimento Evangélico, onde começam a ter uma maior proximidade e se influenciarem mutuamente. Este movimento é preponderante para o crescimento de outro movimento, maior ainda do que o primeiro: o Pentecostalismo.

O Pentecostalismo trouxe o resgate do poder do Senhor à Igreja que antes era somente protestante. Agora, nos tempos altamente tecnológicos, a Igreja teria todos as ferramentas de Deus para lutar contra o mal: a Sabedoria de Deus e o Poder do Espírito. O Pentecostalismo dividiu-se em fases. Em cada uma delas houve nascimento e renovação de várias Igrejas. Mas, nos últimos anos, surgiu no cenário evangélico brasileiro um

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novo ramo: o Neopentecostalismo. Este utiliza-se e práticas e doutrinas estranhas ao cristianismo primitivo e à Reforma, sendo causa de grandes controvérsias e escândalos, dentro e fora do círculo evangélicos.

Também em nossa época, em que os homens são rodeados por uma cultura materialista e consumista, o Diabo plantou tantas heresias e seitas que negam a Cristo que quase se tornam incontáveis.

Mas os planos de Deus não podem ser frustados. Seu povo eleito, desde os tempos de Abrãao, sempre foi mantido e guardado pelo Senhor.

Não foi a escravidão do Egito e Faraó que manteve o povo hebreu cativo. Assim como o mundo e o Príncipe das Trevas não puderam e não podem manter cativos os chamados e eleitos do Senhor.

Não foi o cativeiro Babilônico, com sua força e falsos deuses, que aniquilaram o povo hebreu. Assim como não foi o cativeiro do Romanismo, com suas fogueiras, torturas e heresias, que mantiveram a Igreja amordaçada.

Não foram Impérios e mais impérios pagãos que destruiram o povo hebreu. Assim como não foram as inúmeras seitas que negaram e negam ao Filho de Deus que conseguiram destruir a fé no Cristo de Deus.

Nada pode nos afastar do amor que há em Cristo Jesus, pois foi o próprio Deus que chamou um povo para Sua adoração e consumou a Sua obra na Cruz do Calvário. Portanto continuemos a lutar com o Senhor na pregação do Evangelho a todos que ainda não o conhecem.

Em breve o Senhor virá e a levar a Igreja, sua noiva, para reinar com o Ele nos Céus. Todos os seus inimigos serão colocados debaixo dos seus pés. E aqueles que foram fiéis até o fim à Palavra do Senhor, o Verbo, receberão sua recompensa.

A História da Igreja de Cristo foi, é e sempre será uma história de vitória! Aleluia!

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REFERÊNCIAS

A Igreja e a Oração - Explicando as Escrituras. Revista de Jovens e Adultos EBD 2º Semestre de 2000 - IMW

www.icp.com.br – Instituto Cristão de Pesquisas

www.cacp.com.br – Centro Apologético Cristão de Pesquisas

www.wesleyana.com – Site oficial da Igreja Metodista Wesleyana

www.wikipedia.org – Enciclopédia livre da Internet

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