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Impactos da adoção do SiSU como instrumento de acesso aos cursos de graduação: análise preliminar nos cursos de Engenharia do CEFET/RJ UnED NI Anna Regina Corbo Costa CEFET-RJ Unidade de Ensino Descentralizada Nova Iguaçu Depto de Disciplinas Básicas, DEPDB, 26041-271, Nova Iguaçu, RJ E-mail: [email protected] RESUMO O Sistema de Seleção Unificada (Sisu) é um sistema informatizado, gerenciado pelo Ministério da Educação, no qual instituições públicas de educação superior oferecem vagas para candidatos participantes do ENEM - Exame Nacional de Ensino Médio [3] e foi proposto em 2009, passando a ser utilizado como modelo de acesso a Educação Superior já para as turmas com entrada a partir de 2010. O Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ) vem utilizando integralmente o ENEM como meio de acesso aos seus cursos de graduação desde a implementação do deste novo modelo. O Sistema CEFET/RJ possui atualmente uma unidade-sede (Maracanã), e quatro unidades de ensino descentralizadas – uma em Nova Iguaçu, município da Baixada Fluminense [7]. Este trabalho tem como objetivo principal discutir alguns impactos da adoção do ENEM em substituição ao vestibular tradicional no corpo discente dos cursos de Engenharia de Controle e Automação e de Engenharia de Produção da UnED Nova Iguaçu do CEFET/RJ. Trabalho semelhante tem sido desenvolvido no curso de Engenharia Civil da UFPEL conforme descrito em [6, 8, 9], onde são descritos inúmeros impactos no perfil social dos alunos. Como metodologia, foi analisado estatisticamente o perfil social das turmas de 1 o período, com entradas antes e depois da utilização do ENEM. Como fonte de dados aplicou-se questionários não-identificados para duas turmas: uma com entrada em 2008/2 (acesso via vestibular) e com entrada em 2011/2 (acesso via SiSU) e seus resultados foram comparados. A utilização das duas turmas com entrada no 2 o semestre foi proposital pois se deseja, em etapas futuras, comparar o perfil entre turmas com entradas em semestres distintos. Em relação ao curso de Engenharia de Controle e Automação (ECA), obtemos os seguintes resultados: a turma com entrada em 2008/2 possuía idade média de 21 anos, cerca de 48% dos alunos residiam na Baixada Fluminense e 50% são oriundos da rede pública básica de ensino; já a turma com entrada em 2011/2 possui idade média de 25 anos, cerca de 35% residem na Baixada Fluminense e 57% são oriundos da rede pública de ensino. Com base nestes dados preliminares, podemos observar que o número de alunos oriundos da comunidade no entorno da instituição diminuiu. No entanto, foi observado o aumento no número de alunos provenientes da rede pública. No curso de Engenharia de Produção (EPRO), a turma com entrada em 2008/2 possuía idade média de 19 anos, 50% dos alunos residiam na Baixada Fluminense e 40% cursaram a educação básica na rede pública. Já a turma com entrada em 2011/2, possui idade média de 23 anos, 73% dos alunos residem na Baixada Fluminense e 41% são oriundos da rede pública de ensino. A principal mudança observada foi o grande aumento na proporção de alunos que residem na Baixada Fluminense, entorno da instituição. Numa primeira análise podemos observar que a utilização do ENEM como forma de acesso às graduações, levou a um aumento substancial de alunos que residem na Baixada Fluminense e que estudaram na rede pública de Ensino. Isto é um ponto positivo, uma vez que as graduações nesta UnED são exclusivamente noturnas e criadas com vários propósitos, sendo um deles democratizar o acesso à cursos de engenharia de alto nível. Já no item idade, a média não apresentou grandes alterações. Por outro, se comparado com outros cursos de engenharia, os alunos atendidos pelo CEFET/RJ UnED Nova Iguaçu são um pouco mais velhos e em geral, ingressam no curso já incluídos no mercado de trabalho. No entanto, o principal ponto positivo 14 ISSN 1984-8218

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Impactos da adoção do SiSU como instrumento de acesso aos cursos de graduação: análise preliminar nos cursos de Engenharia do

CEFET/RJ UnED NI

Anna Regina Corbo Costa CEFET-RJ Unidade de Ensino Descentralizada Nova Iguaçu

Depto de Disciplinas Básicas, DEPDB, 26041-271, Nova Iguaçu, RJ E-mail: [email protected]

RESUMO

O Sistema de Seleção Unificada (Sisu) é um sistema informatizado, gerenciado pelo

Ministério da Educação, no qual instituições públicas de educação superior oferecem vagas para candidatos participantes do ENEM - Exame Nacional de Ensino Médio [3] e foi proposto em 2009, passando a ser utilizado como modelo de acesso a Educação Superior já para as turmas com entrada a partir de 2010. O Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ) vem utilizando integralmente o ENEM como meio de acesso aos seus cursos de graduação desde a implementação do deste novo modelo. O Sistema CEFET/RJ possui atualmente uma unidade-sede (Maracanã), e quatro unidades de ensino descentralizadas – uma em Nova Iguaçu, município da Baixada Fluminense [7].

Este trabalho tem como objetivo principal discutir alguns impactos da adoção do ENEM em substituição ao vestibular tradicional no corpo discente dos cursos de Engenharia de Controle e Automação e de Engenharia de Produção da UnED Nova Iguaçu do CEFET/RJ. Trabalho semelhante tem sido desenvolvido no curso de Engenharia Civil da UFPEL conforme descrito em [6, 8, 9], onde são descritos inúmeros impactos no perfil social dos alunos.

Como metodologia, foi analisado estatisticamente o perfil social das turmas de 1o período, com entradas antes e depois da utilização do ENEM. Como fonte de dados aplicou-se questionários não-identificados para duas turmas: uma com entrada em 2008/2 (acesso via vestibular) e com entrada em 2011/2 (acesso via SiSU) e seus resultados foram comparados. A utilização das duas turmas com entrada no 2o semestre foi proposital pois se deseja, em etapas futuras, comparar o perfil entre turmas com entradas em semestres distintos.

Em relação ao curso de Engenharia de Controle e Automação (ECA), obtemos os seguintes resultados: a turma com entrada em 2008/2 possuía idade média de 21 anos, cerca de 48% dos alunos residiam na Baixada Fluminense e 50% são oriundos da rede pública básica de ensino; já a turma com entrada em 2011/2 possui idade média de 25 anos, cerca de 35% residem na Baixada Fluminense e 57% são oriundos da rede pública de ensino. Com base nestes dados preliminares, podemos observar que o número de alunos oriundos da comunidade no entorno da instituição diminuiu. No entanto, foi observado o aumento no número de alunos provenientes da rede pública.

No curso de Engenharia de Produção (EPRO), a turma com entrada em 2008/2 possuía idade média de 19 anos, 50% dos alunos residiam na Baixada Fluminense e 40% cursaram a educação básica na rede pública. Já a turma com entrada em 2011/2, possui idade média de 23 anos, 73% dos alunos residem na Baixada Fluminense e 41% são oriundos da rede pública de ensino. A principal mudança observada foi o grande aumento na proporção de alunos que residem na Baixada Fluminense, entorno da instituição.

Numa primeira análise podemos observar que a utilização do ENEM como forma de acesso às graduações, levou a um aumento substancial de alunos que residem na Baixada Fluminense e que estudaram na rede pública de Ensino. Isto é um ponto positivo, uma vez que as graduações nesta UnED são exclusivamente noturnas e criadas com vários propósitos, sendo um deles democratizar o acesso à cursos de engenharia de alto nível. Já no item idade, a média não apresentou grandes alterações. Por outro, se comparado com outros cursos de engenharia, os alunos atendidos pelo CEFET/RJ UnED Nova Iguaçu são um pouco mais velhos e em geral, ingressam no curso já incluídos no mercado de trabalho. No entanto, o principal ponto positivo

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da implementação foi o aumento da visibilidade dos bacharelados em engenharia do CEFET/RJ como um todo, uma vez que o Sistema CEFET/RJ é bem conhecido, no estado, pelos seus cursos técnicos.

A pesquisa está em andamento e outras variáveis vêm sendo analisadas. O objetivo futuro é analisar o impacto da mudança na forma de acesso nos índices de aprovação em disciplinas do núcleo matemático do ciclo básico, em especial em Cálculo I. Deste modo, será possível promover o debate sobre a própria prática do ensino das disciplinas matemáticas do ensino superior em nossa instituição, como realizado por [1, 5]. Além disso, deseja-se conhecer o impacto nos índices de evasão no 1o período, problema recorrente em todo curso de graduação em ciências exatas e que vem sido amplamente discutido pela sociedade como, por exemplo, em [2, 4, 10]. Palavras-chave: SiSU, perfil da graduação, retenção e evasão no ensino superior.

Referências [1] CABRAL, T. B. & BALDINO, R. O ensino de matemática em um curso de engenharia de sistemas digitais. In: CURY, H. N. (Org.). Disciplinas Matemáticas em cursos superiores: Reflexões, relatos, propostas. Proto Alegre: EDIPUCRS, 2004. 430p. [2] CUNHA, S. & CARRILHO, D. O processo de adaptação ao ensino superior e o rendimento acadêmico. In: Psicologia Escolar e Educacional, v.9, n.2 (pp.215-224). 2005. [3] Ministério da Educação. “Sisu – Sistema de seleção unificada”. http://sisu.mec.gov.br/ Acessado em: 07/01/2012. [4] NASSER, L. (Org.) Educação Matemática no ensino Superior. In: VII Encontro Nacional de

Educação Matemática. UFPE, Recife, 2004. (Mesa Redonda). [5] NASSER, L. Uma pesquisa sobre o desempenho de alunos de Cálculo no traçado de gráficos. In: FROTA, M. C. R.; NASSER, L. (Orgs.) Educação Matemática no Ensino

Superior: Pesquisas e Debates. Recife: SBEM, p. 43-58, 2009. [6] PAPINI, F. L.; GUIMARÃES, M. C.; POUEY, M. T. F. Atualização do Perfil do Aluno de Engenharia Civil da UFPel. In: XX Congresso de Iniciação Científica - UFPel, 2011, Pelotas. XX Congresso de Iniciação Científica, 2011. [7] Portal CEFET/RJ. “A História do CEFET/RJ”. http://portal.cefet-rj.br/a-instituicao/historico.html. Acessado em: 07/01/2012. [8] NEVES, T. S.; BACH, R.; IACKS, J. A. ; POUEY, M. T. F. Impacto do SISU/ENEM no Perfil do Aluno do Curso de Engenharia Civil de UFPEL. In: XIX Congresso de Iniciação

Científica - UFPEL, 2010, Pelotas. XIX CIC - UFPEL, 2010. [9] NEVES, T. S.; BACH, R.; IACKS, J. A.; POUEY, M. T. F. Perfil do Aluno do Curso de Engenharia Civil da UFPEL. In: XVIII Congresso de Iniciação Científica da UFPEL, 2009, Pelotas. XVIII Congresso de Iniciação Científica - XXVII CIC, 2009. [10] ZAGO, N. Do acesso à permanência no ensino superior: percursos de estudantes universitários de camadas populares. In: Revista Brasileira de Educação, v.11, n.32.(pp.226 - 237). 2006.

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