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21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental ABES – Trabalhos Técnicos 1 IX - 012 – MORFOPEDOLOGIA APLICADA AO DIAGNÓSTICO E CONTROLE DA EROSÃO COMO SUBSÍDIO AO PLANEJAMENTO AMBIENTAL DE MUNICÍPIOS DA AMAZÔNIA LEGAL. ESTUDO DE CASO EM JURUENA – MATO GROSSO. Eulinda de Campos Lopes (1) Engenheira Sanitarista pela Universidade Federal de Mato Grosso. Especialista em Saúde Pública pela Faculdade São Camilo de Administração Hospitalar. Especialista em Políticas Públicas e Meio Ambiente pela Universidade de Nova York/USA. Mestre em Ecologia e Conservação da Biodiversidade pela Universidade Federal de Mato Grosso. Analista de Tecnologia Ambiental da Fundação Estadual do Meio Ambiente de Mato Grosso. Fernando Ximenes de Tavares Salomão Geólogo. Mestre em Geologia Geral e Aplicada pela USP. Doutor em Geografia Física pela USP. Pesquisador aposentado do Instituto de Pesquisas Tecnológicas-IPT/SP na área de Geologia aplicada ao Meio Ambiente. Professor da Universidade Federal de Mato Grosso em cursos de Graduação (Geologia e Engenharia Sanitária) e de Pós-Graduação (Ecologia e Conservação da Biodiversidade, Agricultura Tropical). Marcelo Antonio Prudêncio de Oliveira Engenheiro Florestal pela Universidade Federal de Mato Grosso. Consultor Independente do PNUD para o Programa Amazônia Fique Legal na área de Projetos Florestais até o ano 2000. Técnico em Tecnologia Ambiental da Fundação Estadual do Meio Ambiente de Mato Grosso. Zita da Silva Albuês Bacharel em Geografia pela Universidade Federal de Mato Grosso. Especialista em Sensoriamento Remoto para Planificação Ambiental pela UNESP/Rio Claro/SP. Analista de Tecnologia Ambiental da Fundação Estadual do Meio Ambiente de Mato Grosso. Endereço (1) : Av. Coronel Escolástico, 515 - Apto 704 - Bairro Bandeirantes - Cuiabá-MT- CEP: 78010-200- Brasil - Tel: (65) 313-2560 / 2690 - Fax: (65) 644-2548 - e-mail: [email protected] RESUMO Considerando a extensa dimensão territorial da Amazônia Legal Brasileira, que envolve nove estados com distintas peculiaridades locais, se fazem necessárias a aplicação de metodologias de avaliação ambiental, especificamente em área de domínio de floresta amazônica, de forma a demonstrar a sua aplicabilidade como subsídio à gestão ambiental a nível municipal, conciliando o desenvolvimento econômico com a preservação e conservação do meio ambiente. Os estudos temáticos multidisciplinares com a utilização de ferramentas de geoprocessamento e sensoriamento remoto, sistemas de informações geográficas e a aplicação da abordagem morfopedológica permitiram a compreensão das interações entre as potencialidades dos sistemas naturais e os processos erosivos que ocorrem no município de Juruena-MT. Apesar da baixa percentagem de desmatamento, provocada em sua maior parte pela atividade de pecuária, os resultados deste trabalho demonstram que Juruena caracteriza-se por ser um município frágil em relação a degradação ambiental, apresentando grande parte de sua área com alta a moderada suscetibilidade ao desenvolvimento de processos erosivos. Assim, os resultados deste trabalho se constituem em um instrumento de planejamento ambiental para a Prefeitura Municipal de Juruena, por fornecer ao município na escala de 1: 250.000, um instrumento técnico que subsidia a implementação de medidas que minimizem os efeitos adversos sobre o ambiente, decorrentes do uso e da ocupação do solo e a elaboração da sua legislação ambiental. PALAVRAS-CHAVE: Morfopedologia, Erosão, Geoprocessamento, Planejamento Ambiental .

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21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

ABES – Trabalhos Técnicos 1

IX - 012 – MORFOPEDOLOGIA APLICADA AO DIAGNÓSTICO E CONTROLEDA EROSÃO COMO SUBSÍDIO AO PLANEJAMENTO AMBIENTAL DE

MUNICÍPIOS DA AMAZÔNIA LEGAL. ESTUDO DE CASO EM JURUENA –MATO GROSSO.

Eulinda de Campos Lopes(1)

Engenheira Sanitarista pela Universidade Federal de Mato Grosso. Especialista emSaúde Pública pela Faculdade São Camilo de Administração Hospitalar. Especialista emPolíticas Públicas e Meio Ambiente pela Universidade de Nova York/USA. Mestre emEcologia e Conservação da Biodiversidade pela Universidade Federal de Mato Grosso.Analista de Tecnologia Ambiental da Fundação Estadual do Meio Ambiente de MatoGrosso.Fernando Ximenes de Tavares SalomãoGeólogo. Mestre em Geologia Geral e Aplicada pela USP. Doutor em Geografia Física pela USP. Pesquisadoraposentado do Instituto de Pesquisas Tecnológicas-IPT/SP na área de Geologia aplicada ao Meio Ambiente.Professor da Universidade Federal de Mato Grosso em cursos de Graduação (Geologia e EngenhariaSanitária) e de Pós-Graduação (Ecologia e Conservação da Biodiversidade, Agricultura Tropical).Marcelo Antonio Prudêncio de OliveiraEngenheiro Florestal pela Universidade Federal de Mato Grosso. Consultor Independente do PNUD para oPrograma Amazônia Fique Legal na área de Projetos Florestais até o ano 2000. Técnico em TecnologiaAmbiental da Fundação Estadual do Meio Ambiente de Mato Grosso.Zita da Silva AlbuêsBacharel em Geografia pela Universidade Federal de Mato Grosso. Especialista em Sensoriamento Remotopara Planificação Ambiental pela UNESP/Rio Claro/SP. Analista de Tecnologia Ambiental da FundaçãoEstadual do Meio Ambiente de Mato Grosso.

Endereço(1): Av. Coronel Escolástico, 515 - Apto 704 - Bairro Bandeirantes - Cuiabá-MT- CEP: 78010-200-Brasil - Tel: (65) 313-2560 / 2690 - Fax: (65) 644-2548 - e-mail: [email protected]

RESUMO

Considerando a extensa dimensão territorial da Amazônia Legal Brasileira, que envolve nove estados comdistintas peculiaridades locais, se fazem necessárias a aplicação de metodologias de avaliação ambiental,especificamente em área de domínio de floresta amazônica, de forma a demonstrar a sua aplicabilidade comosubsídio à gestão ambiental a nível municipal, conciliando o desenvolvimento econômico com a preservaçãoe conservação do meio ambiente.Os estudos temáticos multidisciplinares com a utilização de ferramentas de geoprocessamento esensoriamento remoto, sistemas de informações geográficas e a aplicação da abordagem morfopedológicapermitiram a compreensão das interações entre as potencialidades dos sistemas naturais e os processoserosivos que ocorrem no município de Juruena-MT. Apesar da baixa percentagem de desmatamento,provocada em sua maior parte pela atividade de pecuária, os resultados deste trabalho demonstram queJuruena caracteriza-se por ser um município frágil em relação a degradação ambiental, apresentando grandeparte de sua área com alta a moderada suscetibilidade ao desenvolvimento de processos erosivos.Assim, os resultados deste trabalho se constituem em um instrumento de planejamento ambiental para aPrefeitura Municipal de Juruena, por fornecer ao município na escala de 1: 250.000, um instrumento técnicoque subsidia a implementação de medidas que minimizem os efeitos adversos sobre o ambiente, decorrentesdo uso e da ocupação do solo e a elaboração da sua legislação ambiental.

PALAVRAS-CHAVE: Morfopedologia, Erosão, Geoprocessamento, Planejamento Ambiental .

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INTRODUÇÃO

O uso sustentável dos recursos naturais visa conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação econservação do meio ambiente. A partir deste pressuposto, a gestão ambiental torna-se fundamental para aimplementação das políticas públicas. Neste sentido, as questões ambientais devem ser elementos norteadoresdo processo de decisão tanto das políticas econômicas como das demais políticas setoriais, como a fundiária,industrial, agrícola, e outras, num processo de implementação integrada das políticas públicas.

Considerando-se que a Amazônia Legal Brasileira envolve nove Estados, com extensão territorial comaproximadamente 5.000.000 km² apresentando distintas peculiaridades locais, se fazem necessários pesquisasde desenvolvimento de metodologias de avaliação ambiental no Estado de Mato Grosso, especificamente emárea de domínio de floresta amazônica, de forma que fique demonstrada sua aplicabilidade como subsídio àgestão ambiental a nível municipal.

Dentro desse contexto, o objetivo desse trabalho é elaborar a Carta de Vulnerabilidade à Erosão do Municípiode Juruena, a partir da aplicação de uma metodologia de avaliação ambiental, a abordagem morfopedológica,fornecendo ao município um instrumento de subsídio a sua gestão ambiental. A área estudada compreende omunicípio de Juruena que se situa na região noroeste do Estado de Mato Grosso, abrangendo uma área de3.481,88 Km² (Figura 1).

Figura 1: Carta de Localização do Município de Juruena – MT.

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MATERIAIS E MÉTODOS

Na avaliação da vulnerabilidade à erosão do município de Juruena foi realizada uma análise integrada domeio físico – biótico através da sistematização de dados secundários (RADAMBRASIL, 1980; SEPLAN,1997), digitalização e cruzamento das cartas temáticas de geologia, geomorfologia, solos, vegetação, uso eocupação atual do solo do município, conduzindo à compartimentação morfopedológica utilizando aabordagem deTRICART (1977) e TRICART & KILIAN (1979). Esses autores consideram como unidademorfopedológica a porção do território onde coexistem determinadas unidades geomorfológicas e de soloscorrespondentes, caracterizadas a partir de processos complexos de morfogênese e de pedogênese associadosuns em relação aos outros.

Para a elaboração dos Mapas Temáticos, Carta Morfopedológica e Carta de Vulnerabilidade na escala de1:250.000, foram utilizadas técnicas de sensoriamento remoto, geoprocessamento e sistema de informaçãogeográfica. O processo de correção geométrica foi feito com o uso do software ERDAS. A imagem de satélitedigital com data de cobertura de 21/07/98 foi anexada a uma “view” (visão) do software ArcView 3.1, paraque fossem digitalizadas as feições existentes nos arquivos digitais das bases cartográficas. Posteriormenteatravés da imagem de satélite e reconhecimento de campo com amostragem de 126 pontos em toda área domunicípio, foi realizada a densificação e atualização das novas estradas, acessos, drenagens, acidentesnaturais, etc., definindo os compartimentos morfopedológicos e confirmando-se as hipóteses levantadas emrelação ao funcionamento hídrico das vertentes. Em cada ponto amostrado foram levantadas as coordenadasUTM (Universal Tranversa de Mercartor) utilizando o GPS de Navegação (Global Positioning System)Garmin 45.

A influência do uso do solo no desenvolvimento dos processos erosivos foi avaliada através da observação dasocorrências erosivas mais significativas, buscando o entendimento das causas e condicionantes de origem eevolução. Em cada compartimento morfopedológico, procurou-se observar: as tipologias pedológicasexistentes, sua disposição no terreno em relação à topografia, forma, amplitude e declividade de vertentes efeições significativas do relevo, além da vegetação predominante e uso e ocupação atual do solo. A partir daSistematização dos dados do levantamento realizado em campo, dados secundários e cruzamento das cartastemáticas, foram definidos oito compartimentos relativamente homogêneos (Figura 2 e Tabela 1) no que serefere a interação desses fatores com as ocorrências erosivas, no município de Juruena.

Figura 2: Distribuição Percentual dos Compartimentos Morfopedológicos em Juruena – MT.

Os 126 pontos levantados em campo foram anexados a uma “view” (visão) do software ArcView 3.1 da BaseCartográfica de acordo com as coordenadas UTM gerando assim a Carta de Pontos Amostrados em Campo.Todas as informações temáticas relativas a cada ponto que foram checadas em campo, foram sistematizadas earmazenadas em um banco de dados.

Foram também elaboradas a Carta de Desmatamento do Município de Juruena e a de Uso e Ocupação Atualdo Solo. Na elaboração da Carta de Desmatamento foram utilizados os arquivos digitais da FEMA-MT(1996) dos Mapas da Dinâmica do Desmatamento até o ano de 1995 das Cartas DSG 297 e 298. Esta cartafoi cruzada com a Carta de Uso e Ocupação do Solo, gerando a Carta do Incremento do Desmatamento

0.19%3.05%

30.49%

7.01%6.27%22.74%

3.24%

27.02%

12345678

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atualizada de Juruena até o ano de 1998. A interpretação dos processos erosivos e a definição dasuscetibilidade à erosão do município de Juruena, baseou-se na proposta metodológica de SALOMÃO(1994), que distingue a erosão laminar da linear e apresenta critérios de classificação específicos a partir dainterpretação do funcionamento hídrico ao longo das vertentes (Tabela 1).

FEIÇÕES PREDOMINANTESDO RELEVO

COMPARTIMENTOS

MORFOPEDOLÓGICO

S

SUBSTRATOGEOLÓGICO FORMA

S

AMPLI

TUDE

DECLIVI

DADE

TAMANHODO

INTERFLÚVIO

SOLOSPREDOMINANTES

VEGETAÇÃO

PREDOMI

NANTE

FUNCIONAMENTO

HÍDRICO

1: Serras eescarpascom solosrasos com

afloramentode rochas

Alcalinas Canamã(Rochas alcalinasde composiçãosienítica) eFormaçãoDardanelos(Arenitosarcoseanosmédios agrosseiros comlentes deconglomerados,subgrauvacasvulcânicas earcóseos).

Serras eescarpas

Muitoforte

>20%

Muitopequen

o< 250

m

Solos rasos(Litólicos,Solos Concrecionários eCambissolos)

SavanaGramíneoLenhosa

Baixainfiltração e altoescoamentosuperficial

2 : Morrose morrotescom solospoucoprofundosà rasos. OsCambissolospredominam comafloramentode rochas.

FormaçãoDardanelos(Arenitosarcoseanosmédios agrosseiros comlentes deconglomerados,subgrauvacasvulcânicas,arcóseos ) eComplexo Xingu(granitóides egnaisses)

Morros emorrotes

Mediana

>20%

Pequeno

> 250m

< 750m

Solos poucoprofundos arasos(podzólicos,SolosConcrecionários eCambissolos)

SavanaGramíneoLenhosa

Baixainfiltraçã

o e altoescoamen

tosuperficia

l

3 : Colinasmédias emorrotescom solosPodzólicoseCambissolos.

Complexo Xingu(granitóides e

gnaisses)

Colinasmédias emorrotes

Muitofraca

12 à20%

Pequeno

> 250m

< 750m

Podólicos eCambissolos

FlorestaOmbrófila

Aberta

Baixainfiltraçã

o e altoescoamen

tosuperficia

l esubsuperfi

cial

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4 : Platôscom AreiasQuartzosas.

FormaçãoDardanelos(Arenitosarcoseanosmédios agrosseiros comlentes deconglomerados,subgrauvacasvulcânicas,arcóseos ) eComplexo Xingu(granitóides egnaisses)

Platôs Fraca <6%

Muitogrande> 3750

m <

12750m

AreiasQuartzosas

ContatoEstacional/ Savana e

Savana

Altainfiltração e baixoescoamen

tosuperficia

l

5 : Platôscom SolosConcrecionàrios.

FormaçãoDardanelos(Arenitos

arcoseanosmédios a

grosseiros comlentes de

conglomerados,subgrauvacasvulcânicas,arcóseos ) e

Complexo Xingu(granitóides e

gnaisses)

Platôs Fraca <6%

Muitogrande> 3750

m<

12750m

SolosConcrecionários

SavanaGramíneaLenhosa

Baixainfiltração e baixoescoamen

tosuperficia

l

6 : Colinasbaixas commorrotesesparsoscomPodzólicose inclusõesde soloConcrecionário.

Complexo Xingu(granitóides e

gnaisses)

Colinasbaixascom

Morrotesesparsos

MuitoFraca

6 à12%

Mediano

> 750m

< 1750m

SolosConcrecionários

FlorestaOmbrófila

Aberta

Baixainfiltraçã

o emoderadoescoamen

tosuperficia

l esubsuperfi

cial

7 : Planíciesinundáveise nãoinundáveisassociadosa solos GleiPlíntico ePodzólicos.

Complexo Xingu (granitóides e

gnaisses)Planícies

MuitoFraca

<6%

Mediano

> 750m

< 1750m

Glei Plínticoe Podzólico

FlorestaOmbrófila

Aberta

Baixainfiltração e baixoescoamen

tosuperficia

l esubsuperfi

cial

8 : Colinasamplas emédiascomLatossolos.

Complexo Xingu(granitóides e

gnaisses)

Colinasamplas emédias

Fraca <6%

Grande > 1750

m < 3750

m

Latossolos

FlorestaOmbrófilaAberta eContato

Ombrófila/Savana

Altainfiltração e baixoescoamen

tosuperficia

lTabela 1: Características dos Compartimentos Morfopedológicos do Município de Juruena – MT.

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A figura 3 mostra a distribuição dos compartimentos morfopedológicos no município de Juruena.

Figura 3: Carta Morfopedológica do município de Juruena- MT

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RESULTADOS

A figura 4 mostra a Carta de Vulnerabilidade à Erosão do Município de Juruena.

Figura 4: Carta de Vulnerabilidade à Erosão do Município de Juruena - MT

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A partir da interpretação dos compartimentos morfopedológicos foi possível realizar a síntese davulnerabilidade à erosão laminar e linear, sendo definidas cinco classes de vulnerabilidade à erosão nomunicípio de Juruena:

CLASSE 1 - EXTREMAMENTE SUSCETÍVEL À EROSÃO LAMINAR E SUSCETÍVEL ASULCOS E RAVINAS RASAS E NÃO SUSCETÍVEL A BOÇOROCAS:

Áreas favoráveis à concentração dos fluxos d’água, entretanto, a cobertura pedológica apresentaprofundidades relativamente pequenas, e com ausência do lençol freático. Os processos erosivos por erosãolaminar e por ravinamento ocorrem especialmente condicionados à declividade das encostas e a determinadaforma de ocupação, que favorece a concentração das águas de escoamento superficial. Os terrenosapresentam problemas complexos de conservação, indicados para preservação ou para reflorestamento.

2 - MUITO SUSCETÍVEL À EROSÃO LAMINAR E MUITO SUSCETÍVEL A SULCOS, RAVINASE POUCO SUSCETÍVEL A BOÇOROCAS:

Áreas favoráveis a concentração de fluxos d’água, onde os processos de erosão laminar e por ravinamento sedesenvolvem em função da ocupação do solo, a partir de pequena concentração das águas de escoamentosuperficial. Fenômenos de “piping”, condicionando o desenvolvimento de boçorocas, somente sãoobservados quando as ravinas se aprofundam, interceptando o lençol freático. Os terrenos apresentam,problemas complexos de conservação. São parcialmente favoráveis à ocupação por pastagens, sendo maisapropriados para reflorestamento.

3 - MUITO SUSCETÍVEL À EROSÃO LAMINAR E NÃO SUSCETÍVEL A SULCOS, RAVINAS EA BOÇOROCAS:

Áreas de Platôs constituídas por terrenos com declividade muito baixa dificultando o escoamento das águassuperficiais, mesmo quando submetidas a diferentes formas de ocupação, e que apresentam gradientehidráulico subterrâneo muito baixo, incapaz de gerar fenômenos de “piping”. Entretanto, os Solosapresentam alta erodibilidade, e quando desprotegidos da cobertura vegetal são submetidos facilmente àerosão por escoamento superficial difuso. Os terrenos apresentam, problemas complexos de conservaçãodevido a erosão laminar. São parcialmente favoráveis à ocupação por pastagens, sendo mais apropriados parareflorestamento.

4 - MODERAMENTE SUSCETÍVEL À EROSÃO LAMINAR E NÃO SUSCETÍVEL A SULCOS,RAVINAS E A BOÇOROCAS:

Áreas de agradação constituídas por terrenos com declividade muito baixa dificultando o escoamento daságuas superficiais, mesmo quando submetidas a diferentes formas de ocupação, e que apresentam gradientehidráulico subterrâneo muito baixo, incapaz de gerar fenômenos de “piping”. Essas áreas situam-se àsmargens do rio Juruena constituindo-se de planícies de inundação. Os terrenos apresentam problemascomplexos de conservação devido a encharcamento do terreno, sendo mais indicados a pastagens, culturasperenes e reflorestamento.

5 - POUCO A NÃO SUSCETÍVEL À EROSÃO LAMINAR E MODERADAMENTE SUSCETÍVEL ASULCOS E RAVINAS E POUCO SUSCETÍVEL A BOÇOROCAS:

Áreas de dispersão dos fluxos d’água bem drenadas e com elevada permeabilidade atingindo grandeprofundidade, facilitando a rápida infiltração das águas de chuva. Os processos erosivos por ravinamento,ocorrem condicionados a grandes concentrações das águas de escoamento superficial, devido a determinadasformas de ocupação que favorecem a concentração das águas. Fenômenos de “piping”, desenvolvendoboçorocas, somente ocorrem quando o aprofundamento das ravinas interceptar o lençol freático. Terrenossem problemas especiais de conservação, podendo ser utilizados com qualquer tipo de cultura; quando

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apresentam solos de textura média possuem problemas simples de conservação; podendo também serutilizados com qualquer tipo de cultura, porém, exigindo práticas não mecanizadas de controle de erosão.

A tabela 2 apresenta um resumo das características das cinco classes de vulnerabilidade do município deJuruena mostrando para cada classe as relações entre as formas e feições de relevo e os solos predominantes,assim como uma síntese da interpretação das potencialidades e restrições do uso do solo, em relação avulnerabilidade à erosão.

FEIÇÕES PREDOMINANTES DO RELEVO

FORMAS

SOLOSPREDOMINA

NTES

POTENCIALIDADES E

RESTRIÇÕESAO USO DO

SOLO

VULNERABILIDADE AEROSÃO

AMPLITUDE

DECLIVIDADE

TAMANHODO

INTERFLUVIO

1 -ExtremamenteSuscetível aErosão Laminare Suscetível aSulcos eRavinas rasas enão Suscetível aBoçorocas.

Serras eescarpas

Morros eMorrote

s

Muitoforte

Mediana

>20%

>20%

Muitopequeno< 250 m

Pequeno> 250 m < 750

m

Solos rasos(Litólicos, solosConcrecionários eCambissolos)

Solos poucoprofundos arasos(Podzólicos,SolosConcrecionários eCambissolos)

Os terrenosapresentamproblemascomplexos deconservação,indicados parapreservação ouparareflorestamento.

2 - MuitoSuscetível aErosão Laminare MuitoSuscetível aSulcos, Ravinase poucosuscetível aBoçorocas.

Colinasmédias emorrotes

Colinasbaixascom

Morrotes

esparsos

Muitofraca

Muitofraca

12 à 20%

6 à 12%

Pequeno> 250 m < 750

m

Mediano>750 m<1.750 m

Podólicos eCambissolos

SolosConcrecionário

s

Os terrenosapresentam,problemascomplexos deconservação.Sãoparcialmentefavoráveis àocupação porpastagens,sendo maisapropriadosparareflorestamento.

3 - MuitoSuscetível aErosão Laminare Não Suscetívela Sulcos,Ravinas e aBoçorocas.

Platôs

Platôs

Fraca

Fraca

<< 6%

<< 6%

Muito grande> 3.750 m <

1.250 m

Muito grande> 3.750 m <

1.250 m

AreiasQuartzosas

SolosConcrecionário

s

Os terrenosapresentam,problemascomplexos deconservação.devido aerosãolaminar. Sãoparcialmentefavoráveis à

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ocupação porpastagens,sendo maisapropriadosparareflorestamento.

4 -Moderadamente Suscetível aErosão Laminare Não Suscetívela Sulcos,Ravinas e aBoçorocas.

PlaníciesMuitofraca << 6%

Mediano > 750 m<1.750 m

Glei Plíntico ePdzólico

Os terrenosapresentam,problemascomplexos deconservaçãodevido aerosão laminareencharcamentos sendo maisindicados apastagens, eparcialmente aculturasperenes ereflorestamento.

5 - Pouco a NãoSuscetível aErosão LaminareModeradamente Suscetível aSulcos eRavinas e PoucoSuscetível aBoçorocas.

Colinasamplas emédias

Fraca << 6%Grande

> 1.750 m <3.750 m

Latossolos

Terrenos semproblemasespeciais deconservação,podendo serutilizados comqualquer tipode cultura;quandoapresentaremsolos detextura médiapossuemproblemassimples deconservação,podendotambém serutilizados comqualquer tipode cultura,porémexigindopráticas nãomecanizadasde controle deerosão.

Tabela 2 - Síntese da Vulnerabilidade à Erosão do Município de Juruena - MT

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CONCLUSÕES

A avaliação da vulnerabilidade à erosão do município de Juruena, teve como principal estratégia a análiseintegrada da dinâmica da paisagem e dos processos que ocorrem no ambiente natural, que se intensificampelas modificações introduzidas pelo homem, obtendo-se a partir da compreensão dessa dinâmica, uminstrumento que possa ser utilizado para o planejamento ambiental a nível municipal.

Neste estudo, a partir do cruzamento dos estudos temáticos multidisciplinares com a utilização deferramentas de geoprocessamento, sensoriamento remoto, sistema de informações geográficas e a abordagemmorfopedológica procedeu-se a análise integrada dos dados, definindo os compartimentos homogêneos nomunicípio de Juruena, o que permitiu o endendimento das interações entre as fragilidades dos sistemasnaturais, a dinâmica da paisagem e suas inter- relações com os processos erosivos.

Apesar da baixa percentagem de desmatamento, provocada em sua maior parte pela atividade de pecuária, osresultados deste trabalho demonstram que Juruena caracteriza-se por ser um município frágil em relação adegradação ambiental, apresentando 74,03% de suas áreas com alta a moderada suscetibilidade aodesenvolvimento de processos erosivos, sendo assim distribuidos: 6,27% de seu território em àreasextremamente suscetíveis à erosão laminar, suscetíveis a sulcos e ravinas e não suscetíveis à boçrocas; 7,01%em áreas muito suscetíveis à erosão laminar e muito suscetíveis a sulcos e ravinas e pouco suscetíveis àboçorocas; 3,24% em áreas muito suscetíveis à erosão laminar e não suscetíveis a sulcos, ravinas e boçorocas;57,51% em áreas muito suscetíveis à erosão laminar e muito suscetíveis a sulcos, ravinas e pouco suscetíveisà boçorocas. Apenas 3,24% de seu território apresenta-se moderadamente suscetível a erosão laminar e nãosuscetível a sulcos, ravinas e boçorocas e 22,74% são pouco a não suscetíveis à erosão laminar emoderadamente suscetíveis a sulcos, ravinas e pouco suscetíveis a boçorocas.

As principais aplicações dos resultados obtidos visam a otimização do uso do território e a implementaçãodo Sistema Municipal de Meio Ambiente partindo da ótica do desenvolvimento sustentável, em função defornecer ao município de Juruena um instrumento técnico de informação integrada em uma base geográfica,que possa ser utilizada para planejar a ocupação racional do município e o uso sustentável dos recursosnaturais a partir da classificação do território, segundo sua vulnerabilidade. Este trabalho pode aindasubsidiar Juruena na elaboração da sua legislação ambiental, podendo ser aplicada a metodologia testada emJuruena em outros municípios de Mato Grosso, assim como em municípios dos demais estados da AmazôniaLegal.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE MATO GROSSO. Dinâmica deDesmatamento no Estado Mato de Grosso de 1992 à 1995. Cuiabá, 1996.

2. RADAMBRASIL. Levantamento de Recursos Naturais. Folha SC.21 Juruena, Vol. 20. Rio de Janeiro, 1980.3. SALOMÃO, F. X. T. Erosão e a Ocupação Rural e Urbana. In: Bitar O Y. (Coord.), 4º Curso de

Geologia Aplicada ao Meio Ambiente. São Paulo: ABGE/IPT, 1993.4. SALOMÃO, F. X. T. Processos Erosivos Lineares em Bauru (SP): Regionalização Cartográfica Aplicada

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