JOÃO PAU LO MAR TINS VI NHOS DE POR TU...

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JOÃO PAULO MARTINS VINHOS DE PORTUGAL 2011

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JOÃO PAU LO MAR TINS VI NHOS DE POR TU GAL 2011

Livros d’HojePublicações Dom Quixote[Uma chancela do Grupo Leya]Rua Cidade de Córdova, n.o 2

2610 -038 Alfragide • Portugal

Reservados todos os direitos

de acordo com a legislação em vigor

© 2010, João Paulo Martins e Publicações Dom Quixote

Design: Atelier Henrique Cayatte

com Rita Múrias

Revisão: João Vidigal

1.a edição: Setembro de 2010

Depósito legal n.o 315 864/10

Paginação: Segundo Capítulo

Impressão e acabamento: Multitipo

ISBN 978 -972 -20 -4343 -4

Índice

9 APRESENTAÇÃO

11 INTRODUÇÃO 13 Como consultar Vinhos de Portugal 2011 21 Perguntas e respostas sobre os vinhos

37 MELHORES DO ANO 45 Quadro de honra dos produtores

49 A MAGIA DOS VINHOS VELHOS

67 ESPUMANTES 87 VINHO VERDE 109 DOURO E TRÁS -OS -MONTES 205 DÃO 243 BEIRA 253 BAIRRADA 279 ESTREMADURA E LISBOA 317 RIBATEJO E TEJO 345 SETÚBAL 367 ALENTEJO, ALGARVE E MADEIRA 461 VINHOS GENEROSOS

521 GLOSSÁRIO

531 Índice de Vinhos Provados

VINHOS DE PORTUGAL 2011 o 9

O método de produção deste livro já há muito que está afinado uma

vez que, ano após ano, vamos introduzindo novas formas de resolver a prova de

milhares de amostras que temos de tratar num espaço de tempo curto. Por isso

saliento mais uma vez a colaboração indispensável das Comissões Vitiviníco-

las Regionais que em vários casos disponibilizaram as respectivas instalações

e noutros foram o intermediário indispensável para fazer chegar o pedido de

amostras aos produtores. A todas agradecemos a disponibilidade demonstrada.

Um agradecimento especial para o hotel Sheraton Porto, nomeadamente para a

equipa de banquetes, que nos concedeu todas as facilidades para ali realizarmos

as provas dos vinhos do Douro e Porto.

Com timings tão apertados para a concepção e realização deste livro,

não posso deixar de agradecer à equipa da Livros d’Hoje das Publicações

Dom Quixote bem como paginador e revisor. Sem o esforço conjunto não seria

possível trazer este livro a público tão cedo. À família, mais uma vez agradeço a

eterna paciência e aos amigos a «limpeza» que me fizeram das garrafas abertas.

Para mim um alívio, para eles um sonho tornado realidade!

João Paulo Martins

Lisboa, 1 de Setembro de 2010

Para qualquer contacto com o autor utilize o

e -mail: [email protected]

APRESENTAÇÃO E AGRADECIMENTOS

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Pela 17.a vez editamos este Vinhos de Portugal que continua a ter a pre-

ferência do público consumidor. É esse reconhecimento que nos motiva para

continuar este trabalho solitário e cansativo, que se estende por alguns meses

de intensas provas. Este ano pudemos constatar um dado novo, após alguns

milhares de garrafas abertas. Estivemos atentos ao número de vinhos com

problemas de cheiro a rolha e é com enorme satisfação que damos aqui conta

desse trabalho: apenas 5 amostras tinham aquele problema o que, em termos

estatísticos é perfeitamente irrelevante num universo de cerca de 4000 provas.

Para este número não entrámos em linha de conta com os vinhos velhos onde

o problema nos surgiu com mais frequência mas não foi contabilizado. Se tiver-

mos em linha de conta que provámos vinhos de todas as gamas de preços e com

os mais variados tipos de rolha, não deixa de ser gratificante saber que, embora

não resolvido, o problema está claramente em vias de resolução.

Uma das principais novidades desta nova edição prende -se com a inclu-

são de um capítulo especial onde estão registados os vinhos velhos provados no

último ano. Sendo assunto que não interessa a muitos consumidores, é verdade

que cada vez encontramos mais adeptos para uma prova de vinhos deste tipo.

Os vinhos são frágeis, delgados e têm uma vida curta depois de abertos mas é

verdade que têm características que os distinguem dos novos. E a prova de uns

(novos) não substitui a prova dos outros. Daí o interesse.

Novidade foi também a actualização que fizemos das notas de prova

dos vinhos do Porto tawny, desde os 10 até aos 40 anos de idade. É verdade que

não se justifica actualizar estas provas todos os anos mas dado que já há algum

tempo que não renovávamos estas provas, decidimos fazê -lo este ano. E em

boa hora o fizemos porque, por um lado, algumas casas que não tinham ainda

enviado amostras destas passaram a estar representadas e, por outro, também

foi útil rever o estilo de algumas casas consagradas, uma vez que se verificaram

mudanças. Nuns casos para melhor, noutros para pior.

Sempre que tal foi possível, efectuámos também provas verticais

de vinhos mas por razões de espaço não as incluímos todas. Foi o caso dos

INTRODUÇÃO

12 o VINHOS DE PORTUGAL 2011

moscatéis da Bacalhôa Vinhos e também a vertical do Quinta do Carmo desde

o Garrafeira de 87. O facto de este ano não ter havido Edição de Verão, obrigou a

que espumantes, rosés e brancos transitassem obrigatoriamente para este livro,

tendo assim aumentado significativamente o volume. A ideia nunca foi fazer

deste Vinhos de Portugal um missal que, em virtude do tamanho se tornasse

pouco manuseável. Estamos no entanto conscientes que estamos no limite.

As provas dos vinhosTal como se tem verificado nos últimos anos, o volume de provas do

Douro e do Alentejo faz com que aquelas duas regiões ocupem metade do livro

mas nas outras o número também cresceu e este é, assim, o mais volumoso

Vinhos de Portugal alguma vez publicado. As provas decorreram nas instalações

das várias Comissões Vitivinícolas Regionais ou em espaço por elas disponibi-

lizado. Este apoio revela -se sempre fundamental porque é impossível realizar

todo este trabalho em casa. Em alguns casos pudemos também comparar as

provas que já tínhamos efectuado na Revista de Vinhos, em painéis de prova,

com as amostras que depois nos chegaram. Aqui e ali houve notas modificadas

e noutros casos resolvemos manter a primeira classificação atribuída.

As provas são, em princípio, de 2010. Quando se deu o caso de serem

de 2009 e não houve prova actualizada, mantivemos a apreciação. Muito

raramente, nos vinhos de consumo, mantivemos provas anteriores a 2009.

Algumas existirão mas serão em quantidade residual, como é o caso dos espu-

mantes, um tipo de vinho que, assim a rolha o permita, se mantém muito está-

vel por vários anos.

A qualidade está a subir e o preço está a descer. Esta é a realidade

actual dos vinhos portugueses. Por essa razão há cada vez menos vinhos não

recomendados e no caso do Alentejo os que existem são por problemas de redu-

ção que, embora não desculpáveis, se ultrapassam com o tempo em garrafa.

Foi também feita uma pequena actualização do Glossário dos termos

de prova, das Perguntas e Respostas que vêm incluídas nesta primeira parte

e reformulada a organização do Índice Remissivo. Procuramos assim facilitar a

vida ao leitor o que, cremos, foi conseguido.

Como a Classificação dos Produtores é feita de dois em dois anos,

este não é ano de mudanças, por isso mantém -se igual à que saiu em Vinhos de Portugal 2010.

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Os vinhos estão arrumados por grandes regiões, não respeitando nal-

guns casos a nomenclatura oficial. Dentro de cada uma, os vinhos estão agru-

pados por ordem alfabética. Em caso de dificuldade na busca, pode sempre

recorrer ao índice remissivo que se encontra no final deste livro.

O nome do primeiro vinho de um produtor vem sempre impresso a

negro. Em alguns casos optámos por colocar o nome da empresa em destaque

em vez do nome do vinho. Não há uma solução perfeita para esta indicação;

nalguns casos o nome do produtor é mais conhecido do que o vinho, noutros é o

vinho que é mais facilmente reconhecível.

Tanto quanto possível indicamos os dados do produtor. No caso de estar

disponível, indicamos apenas o Web site, onde os interessados encontrarão

depois todas as informações que desejam.

Na classificação do vinho, o leitor encontrará várias informações:

– uma primeira que informa sobre que tipo de vinho se trata, se branco,

tinto ou rosé;

– seguidamente indica -se se o vinho deverá ser consumido de imediato,

se pode ser bebido mas também guardado ou se deverá ser obrigatoriamente

guardado;

– a informação sobre a estrutura do vinho vem a seguir – fica -se a saber

se o vinho é ligeiro ou encorpado;

– finalmente vem a classificação numa escala até 20. Os vinhos com

classificação inferior a 14 não têm nota de prova nem classificação e são apenas

inseridos, no final de cada região, num lista de Vinhos Aceitáveis.

Os diversos produtores estão separados por uma vinheta.

Os brancos e os tintos estão juntos, debaixo do «chapéu» de cada pro-

dutor. Pode parecer um pouco mais confuso mas não é. Desta forma o leitor fica

com uma ideia mais correcta sobre a qualidade dos vários vinhos da casa ou firma

que está a consultar. Separá -los ia implicar a duplicação da informação que vem

em caixa no final das notas de prova de cada produtor, o que seria desnecessário.

COMO CONSULTAR VINHOS DE PORTUGAL

14 o VINHOS DE PORTUGAL 2011

Optámos igualmente por misturar os vinhos, dentro de cada produtor,

independentemente de terem direito à denominação DOC ou Vinho Regional.

A consulta é assim mais fácil e o índice remissivo ajuda quando houver dúvidas.

Procurámos provar em antecipação, sempre que nos foi possível, os

vinhos que só surgirão no mercado após a saída deste livro. Desta forma o leitor

dispõe já de um comentário ao vinho quando ele for posto à venda. Todo o traba-

lho foi feito com total independência, sem qualquer tipo de compromissos com

as marcas ou com a publicidade.

Alguns dos vinhos que vêm aqui referenciados já se encontram esgo-

tados no produtor. São, contudo, vinhos que se podem ainda encontrar quer

em lojas da especialidade e restaurantes quer nas garrafeiras dos próprios

consumidores, pelo que é útil saber se ainda estão bons, se devem ou não ser

consumidos a curto prazo. Mantemos as regras das edições anteriores: apenas

são objecto de classificação os vinhos com indicação da data de colheita e as

excepções a este compromisso são mesmo isso, excepções.

No final do livro encontrará um glossário dos termos técnicos usados

nas notas de prova, bem como de alguns termos que, sendo de uso corrente,

adquirem um significado especial quando aplicados ao vinho.

Muitos vinhos não são de acesso fácil. Alguns são inacessíveis e são aqui

referidos porque podem, ou ajudar a compreender as potencialidades de uma

região ou a perceber a consistência de qualidade de uma determinada marca

ou casa.

Se muitos vinhos não se encontram na mercearia do bairro ou no hiper-

mercado que frequenta, entenda este Vinhos de Portugal 2011 também como

um auxiliar de viagem. Leve -o nas suas deslocações e procure comprar no local.

A maioria dos produtores não deixa de vender vinho aos visitantes. Viajar para

comprar continua a ser a melhor solução para quem quer vinhos originais.

Onde comprar?A lista que se segue não pretende ser exaustiva. Refere apenas algumas

garrafeiras que nos oferecem garantias. Pensando que poderá estar na disposi-

ção de comprar vinho nas suas viagens ao estrangeiro, aqui lhe deixamos algu-

mas lojas também por esse mundo fora. Para além das garrafeiras, também os

hipermercados são bons locais de compra.

Desconfie de lojas onde vinhos de alta qualidade estão na montra, ao sol e

sem qualquer cuidado. É muito provável que, com a rotação dos vinhos da montra,

todos os bons vinhos se estraguem e não apenas aqueles que estão na montra...

Conhecemos várias lojas dessas mas não vale a pena enumerá -las, de tal forma é

evidente ao transeunte que passa na rua. Tenha também o hábito de entrar e «sen-

tir» o espaço, para tentar perceber se as garrafas se sentirão bem, se não há fornos

de assar frangos ao lado das garrafas e arcas frigoríficas que libertam imenso calor

perto da garrafeira. Se sentir calor a mais no ambiente é melhor ir deixar o seu

dinheiro noutra garrafeira onde o vinho seja tratado com mais profissionalismo.

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Clube 1500Apresentação de vinhos de 3 em 3 meses.

Apartado 3086 Aldeia Nova

4431 -801 Avintes

Tel. 227 850 300

E -Mail: [email protected]

www.sogrape.pt

Clube de Vinhos e SaboresApresentação regular de vinhos de marca própria.

Tel. 213 976 400

E -mail: [email protected]

Clube Gourmet ExpressoApresentação semanal no semanário Expresso de vinhos e produtos gourmet.

R. Alves Redol 243/249

4050 -043 Porto

Tel. 808 200 273

E -mail: [email protected]

www.clubegourmet.pt

clubvintage.comApresentação de vinhos de 2 em 2 meses.

E -mail: [email protected]

www.clubvintage.com

EnoClube – Clube dos ConhecedoresApresentação de vinhos de 3 em 3 meses.

Participação em eventos vínicos.

R. Alves Redol 243/249

4050 -043 Porto

Tel. 228 348 440

E -mail: [email protected]

www.enoteca.pt

Sabores IbéricosApresentação de 2 em 2 meses de vinhos e produtos gourmet.

Participação em eventos vínicos.

Apartado 539, Monte Estoril

2766 -801 Estoril

Tel. 214 647 377

E -mail: [email protected]

www.saboresibericos.pt

ViniturismoApresentação de vinhos de 2 em 2 meses

Participação em eventos vínicos.

Av. Berna, 35 – 3.o Dt

1050 -038 Lisboa

Tel. 217 938 586

E -mail: [email protected]

Web site: www.viniturismo.com

16 o VINHOS DE PORTUGAL 2011

PORTUGAL

AlgarveGarrafeira Soares(9 lojas no Algarve)R. Alexandre HerculanoAreias de S. João – Albufeira

Adega AlgarviaEstrada Vale de Lobo - Almansilwww.adega -algarvia.com

Apolónia SupermercadosAv. 5 de Outubro, 271 – Almansil

Garrafeira VenezaPaderne

AlmadaGarrafeira de AlmadaAv. Prof. Egas Moniz, n.o 2 A

Arruda dos VinhosCasa CavacoPç. Combatentes da Grande Guerra, 8

AzeitãoTarroR. José Augusto Coelho, 78

BatalhaVinho em Qualquer CircunstânciaEstrada de Fátima, 15 – BatalhaWeb site: www.circunstancia.com.pt

CaminhaGarrafeira BacoRua S. João, 42

CarregadoGarrafeira dos AnjosAv. da Associação Desportiva do

Carregado – Edif. Quinta NovaBloco B1 – Loja 2

CascaisCabaz TintoR. Frederico Arouca, 97

CoimbraGarrafeira de CelasR. Bernardo Albuquerque, 64

Garrafeira do MondegoR. Sargento -Mor, 26

Dom VinhoR. Armando de Sousa, lote 17 – loja Z

ElvasSoc. de Representações FronteiraEstrada da Carvalha (Estrada da

Ajuda)

Tel. 268 622 516

EriceiraTertúliasR. da Caldeira, 56 -B

[email protected]

EspinhoGavetoRua 62, 457 – Espinho

www.gaveto.com

Estoril/SintraQta. do SaloioAv. Nice, 12 -A – Estoril

Sabores IbéricosR. Sto António, 71 – Monte Estoril

Bar do Binho Pr. da República, 2 – Sintra

www.bar -do -binho.com

FátimaA Garrafeira de FátimaAv. D. José Alves Correia da Silva

FunchalPaixão do VinhoVia Rápida Cota 200 posto Repsol

Norte Jardim Botânico

Tel. 291010110

LisboaAdivinhoTravessa do Almada, n.o 24

www.adivinho.com

Alfaia GarrafeiraR. do Diário de Notícias, 125

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Casa MacárioRua Augusta, 272 (Baixa)

Casa dos Sabores de PortugalAeroporto de Lisboa – Partidas

– loja 11

Charcutaria MoyR. D. Pedro V, 111

Coisas do Arco do VinhoCentro Cultural de BelémRua Bartolomeu Dias, loja 7Web site: www.coisasdoarcodovinho.pt

Deli DeluxAv. Infante D. Henrique Armazém B

Loja 8 www.delidelux.pt

El Corte Inglês (loja Gourmet)Av. António Augusto Aguiar

Garrafeira de Campo de OuriqueRua Tomás d’Anunciação, 29

Garrafeira InternacionalRua da Escola Politécnica, 15

Garrafeira de S. BentoR. de S. Bento, 76

Les Goûts du VinR. de São Bento, 107

LX GourmetR. Gonçalves Zarco, 19 – B (Restelo)

Manuel TavaresRua da Betesga, 1 -A (Baixa)

Garrafeira NacionalRua Santa Justa, 18 (Baixa)

NapoleãoRua dos Fanqueiros, 70 (Baixa)

VinoDivinoR. da Lapa, 65/67

Wine O’Clock (Amoreiras)www.wineoclock.com.pt

Wine & FlavoursR. Prof. Simões Raposo, 11 (Telheiras)

Ponta DelgadaGarrafeira A VinhaAv. Infante D. Henrique, 49

PortalegreGarrafeira CanastreirosR. 31 de Janeiro, 82 – Portalegre

Porto/MatosinhosAugusto LeitePasseio Alegre, 914

Galeria de VinhosAlameda Eça de Queiroz, 48 (Antas)

Garrafeira do Campo AlegreRua do Campo Alegre, 1598

Garrafeira do InfanteR. Infante D. Henrique, 85

Garrafeira Tio PepeRua Eng.o Ferreira Dias, 51

Web site: www.garrafeiratiopepe.pt

Garrafeira TragoPraceta Prof. Egas Moniz, 30

Web site: www.trago.com.pt

Fine WinesR. Vitorino Nemésio, 107, 9.o Dto.

Trás.

Wine O’ClockR. de Sousa Aroso 297 – Matosinhos

Rio MaiorGarrafeira MachadoR. do Mercado, 22 – Venda da Costa

Santa Maria da FeiraDom Tinto & C.a

R. Comendador Sá Couto n.o 39A

SetúbalGarrafeira Casinha do AntónioRua Henry Perron, loja 4 D

18 o VINHOS DE PORTUGAL 2011

ValençaAromas de VinhoR. Apolinário da Fonseca, 55 -63

Web site: www.decanteracssorios.com

Garrafeira Vasco da GamaCentro Com. Alvarinho

Vila do CondeGarrafeira Vinho & PrazeresPraça da República, 26

ViseuSenhor VinhoAv. Infante D. Henrique 133

Garrafeira MarindiRua Estevão Lopes Morago, n.o 183

r/c

Marzovelos

NO ESTRANGEIRO

A lista das lojas por esse mundo

fora é interminável. Aqui ficam

apenas algumas referências que

recomendamos.

ESPANHA:

AyamonteEl Rincon del VinoCalle Lusitania, 10

BarcelonaLaviniaAvda. Diagonal, 605

VinitecaAgullers, 7 (vinhos de todo o Mundo)

HuelvaTierra NuestraCalle Fernando, el Catolico, 34

MadridLaViniaJosé Ortega y Gasset, 16

SevilhaTierra NuestraCalle Constantia, 41

ValênciaLas Añadas de EspañaJátiva, 3Site: www.lasanadas.es

Bodega Santander Calle Santander, 4 Bajo

OUTRAS CIDADES:

Bordéus (só para vinhos da região bordalesa)L’Intendant2, Allées de Tourny (em frente ao

Grand Théâtre)

ColóniaFUBHeumarkt, 55 (vinhos de todo o Mundo)

Londres (lojas de vinhos em todos os bairros;

vinhos de todo o Mundo)Berry Brothers3, St. James StreetWeb site: www.bbr.com

Justerini & Brooks61, St. James’s StreetWeb site: www.justerinis.com

Oddbin’sCadeia de lojas espalhadas por todos

os bairros.

Fortnum & MasonPiccadily Street, 181Web site: www.fortnumandmason.

com

Harvey NicholsKnightsbridge, 109Web site: www.harveynichols.com

HarrodsBrompton Road, 87Web site: www.harrods.com

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Nova IorqueAstor Wines & Spirits399 Lafayette St. (East 4th St.)

Web site: www.astorwines.com

Crossroads55 West. 14th St.

Web site: www.crossroadswines.com

Garnet Wines & Liquors929 Lexington Av.

Web site: www.garnetwine.com

Sherry Lehmann505, Park Av.

Web site: www.sherry -lehmann.com

ParisFauchonPlace de la Madeleine

HediardPlace de la Madeleine

Lavinia3, Boulevard de la Madeleine

Les Caves Taillevent199, Rue du Faubourg Saint -Honoré

NicolasPlace de la Madeleine (esta cadeia tem inúmeras lojas

noutras zonas da cidade)

FlorençaCasa del VinoVia dell’Ariento, 16

RomaTrimaniVia Goito, 20 (esquina com a Via Cernaia)

DinamarcaVinport.gammel Brovej 13060 Espergærde

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TEMAS VÁRIOS

Os vinhos actuais não têm muitos produtos químicos?Não. Se se comparar com o que acontece com os outros produtos con-

sumidos no quotidiano, desde a carne com hormonas até cereais geneticamente

modificados, alimentos pré -cozinhados, bolos e guloseimas, etc., etc., o vinho é

bastante são. Os produtos que se usam visam a estabilização do vinho e impe-

dem a sua deterioração rápida. Alguns produtos que podem ser adicionados

correspondem àqueles que naturalmente a uva tem e que podem estar em falta

(ácido tartárico, por exemplo). O mais vulgar dos produtos usados – o anidrido

sulfuroso – é conhecido e utilizado desde sempre; outrora era adicionado sob a

forma de uma mecha de enxofre que se queimava dentro dos cascos.

O vinho à moda antiga era mais puro?Depende do conceito de pureza. Se se entende pureza como ausência

de químicos, então era mais puro. Se se entender que pureza significa melhor

qualidade, então a afirmação não é verdadeira. O vinho tradicional era um vinho

sem aromas, normalmente mais alcoólico para poder sobreviver mais tempo,

e o seu ciclo de vida era muito curto, raramente passando de um ano. Só por

saudosismo bucólico se pode continuar a defender a superior qualidade do vinho

à moda antiga.

Pode-se juntar aguardente ao vinho para aumentar o teor alcoólico?Pode, mas para os vinhos de mesa, não deve. Para se aumentar o teor

alcoólico recorre -se actualmente a dois processos: chaptalização, ou seja, adi-

ção de açúcar ao mosto (nos países onde é permitida a chaptalização usa -se

açúcar de beterraba); ou, como acontece em Portugal, a adição de mosto con-

centrado, um derivado do mosto da uva e que não interfere com as característi-

cas aromáticas das castas às quais é adicionado. Aguardente apenas se usa para

a produção de generosos e licorosos (Porto, Moscatel).

PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE OS VINHOSOs termos sublinhados vêm explicados no glossário; agradecemos aos leitores que nos colocaram mais algumas dúvidas, às quais procuramos agora responder

22 o VINHOS DE PORTUGAL 2011

Um bom vinho tem sempre que ter data de colheita?Sim, para os vinhos de mesa e não para o Champagne e Vinho do Porto.

Mesmo nos casos dos vinhos de mesa há excepções, como o Reserva Especial

Vega Sicilia (Espanha) que não tem data por ser lote de várias colheitas. No

caso do Champagne porque tradicionalmente é um blend de vinhos com idades

variadas. O ter data, no caso do Champagne, é já sinónimo de superior qualidade

(e preço!). No caso do Vinho do Porto não é verdade porque também é um vinho

de lote de anos diferentes. Excepção feita para os Vintage, L.B.V. e Colheita, que

são só do ano indicado no rótulo.

Um vinho com o qualificativo DOC (Denominação de Origem Con-trolada) é superior a um que seja Vinho Regional ?

Não. Por vezes os produtores optam por usar castas que não estão pre-

vistas para a denominação DOC e por isso classificam o vinho como Regional.

Esta designação permite também incorporar 15% de vinho de fora da região,

diminuir os tempos de estágio e, por essa razão, há muitos vinhos que são

comercializados como Regional.

As indicações de Reserva ou Garrafeira são sinónimos de qualidade?

Deveriam ser, a bem da correcta informação do consumidor. Um Reserva

deveria ser feito a partir de um lote especial, de melhor qualidade, engarrafado

à parte. A diferença em relação ao lote «normal» deveria ser óbvia. A legislação

actual contempla as regras de utilização destes termos mas, para o consumidor,

nem sempre as diferenças são óbvias. O Garrafeira, termo em desuso, indica um

vinho que estagiou em garrafa antes de ser colocado no mercado. Pressupõe -se

que também tenha boa qualidade porque, de outra forma, não se justificaria o

estágio. Em algumas regiões, como o Dão, a designação Garrafeira foi recupe-

rada e está contemplada nos Estatutos da região.

O preço é um indicador de qualidade?Se analisarmos os preços de um vinho ao longo de um período mais

ou menos longo (10 a 15 anos consecutivos, por exemplo) um preço alto indica

seguramente um vinho que mantém uma boa qualidade. No curto prazo, há

fenómenos que interferem com o preço, como a moda, alguma especulação,

o serem novidade. O preço alto ou baixo que se paga por uma garrafa depende

daquilo que para nós é confortável pagar, o que, como se percebe, varia de pes-

soa para pessoa. A regra pode assim enunciar -se: nunca gaste mais do que

aquilo que entende como razoável.

Fazer um vinho de classe mundial está ao alcance de qualquer produtor?

Não. Tal como uma boa educação e as melhores condições para o desen-

volvimento intelectual não fazem de uma pessoa um Prémio Nobel, também um

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produtor pode não fazer mais do que um bom vinho, mesmo que tenha a vinha

mais bem tratada, a adega melhor equipada e o melhor enólogo do mundo.

Em última instância, um vinho extraordinário é um dom da Natureza e resulta

de múltiplos factores que, também por sorte, se conjugaram em determinada

encosta ou determinada vinha. Resta ao Homem transportar essa qualidade

natural para a garrafa, com um mínimo de interferências. Talvez o exemplo mais

célebre que podemos dar é a vinha denominada Montrachet, na Borgonha. Esta

parcela, com pouco mais de 7 hectares, está rodeada por um mar de vinhas mas

os seus vinhos são justamente considerados como os melhores vinhos brancos

secos do Mundo, com uma qualidade muito superior à dos seus vizinhos.

O rosé é uma mistura de branco com tinto?Não. Por norma o rosé resulta de mosto de uvas tintas que se deixou

algum tempo em contacto com as películas (cascas das uvas) e que por isso

transmitiram uma cor rosada ao vinho. De seguida fermenta como o branco,

ou seja, só o mosto e sem as películas. Há casos especiais como o Champagne

francês onde a legislação prevê que se possa juntar vinho branco com vinho

tinto.

É mais difícil fazer vinho branco ou tinto?O vinho branco requer mais tecnologia do que o tinto e é por isso mais

difícil. Para um produtor com uma adega pouco equipada é mais fácil fazer

vinho tinto, podendo mesmo reduzir a tecnologia ao mínimo com o recurso aos

lagares.

Portugal é país de tintos?É. Por razões climáticas Portugal tem melhores condições para produ-

zir vinho tinto. Mas, em virtude deste preconceito, alguns dos grandes brancos

podem injustamente ser postos de lado e ser, pelo consumidor, trocados por

tintos medianos e sem história. As provas mais recentes de vinhos velhos têm-

-nos mostrado que há excelentes vinhos brancos velhos em Portugal. Não serão

muitos mas não nos restam dúvidas de que, mesmo recuando até aos anos

50 e 60, é possível encontrar vinhos brancos de extraordinária qualidade.

Há, por isso, que evitar juízos apressados e nunca desprezar um branco velho

sem o provar primeiro.

Quando se abre uma garrafa e a rolha se desfaz, o que devo fazer? O vinho vai ficar com cheiro a rolha?

O cheiro a rolha nada tem a ver com o facto de esta se desfazer quando

é retirada. A rolha pode mesmo sair intacta e o vinho ter o tal cheiro a rolha.

Se tiver esse cheiro não há volta a dar: o vinho estará impróprio para ser consu-

mido. Caso a rolha se desfaça, o que deve fazer é decantar o vinho para outra

garrafa usando um funil próprio, que pode ser adquirido nas lojas da especiali-

dade, ou um simples pano.

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O tamanho da rolha é indicador da qualidade da mesma?Não. A qualidade da cortiça é que vai determinar a qualidade da rolha.

Não está provado que o comprimento seja factor de qualidade ou de longevi-

dade do vinho. As rolhas mais compridas, muito vulgares nos grandes vinhos da

região de Bordéus, são muito caras e por isso não estão ao alcance de qualquer

bolsa. São também todas exportadas, o que faz com que um produtor português

tenha imensa dificuldade em comprá -las, mesmo que esteja disposto a pagar

qualquer preço.

As rolhas de melhor qualidade estão livres do «cheiro a rolha»?Não. O cheiro a rolha resulta de uma contaminação que pode ocorrer

durante o fabrico das mesmas. No entanto, pelo facto de terem origem nas

melhores pranchas de cortiça, as rolhas de superior qualidade apresentam uma

incidência menor daquele cheiro.

Uma garrafa lacrada conserva melhor o vinho?Não. O lacre pode não evitar que a rolha apodreça com o tempo. Trata-

-se de uma opção do produtor e alguns consumidores têm como boa a ideia de

que o lacre numa garrafa é um indicador de qualidade. Nos vinhos novos o lacre

é particularmente incómodo quando se trata de abrir a garrafa porque provoca

muito «entulho».

O envelhecimento do vinho pode ser prejudicado pelo cheiro a cola, verniz e madeira da caixa onde estão guardadas as garrafas?

Pode. No entanto, as caixas não envernizadas não terão qualquer pro-

blema. Também não será normal que aconteça qualquer anomalia num vinho

em caixa de madeira envernizada mas, pelo sim pelo não, retire as garrafas

destas caixas.

Devo deitar fora uma garrafa que esteve muito tempo num local muito quente, tipo mala de um automóvel?

O vinho provavelmente não estará com grande saúde mas é melhor

tentar primeiro uma hipótese de cura. Deixe a garrafa retomar a temperatura

ambiente e depois coloque -a no frigorífico. De seguida abra -a e prove. Com sorte

pode ser que ainda esteja bom.

O consumo do vinho branco provoca dores de cabeça?Não, se o vinho tiver sido bem feito. Por vezes há consumidores que

se queixam deste mal, mas a razão disso prende -se com o uso excessivo de

anidrido sulfuroso para a conservação do vinho e não com o facto de o vinho ser

branco ou tinto. Actualmente as novas tecnologias permitem a redução daquele

produto com o consequente benefício para o consumidor.

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O consumo de vinho americano (morangueiro) é prejudicial à saúde?

É, se esse consumo for de forma continuada, ou em grande quantidade.

No entanto, as uvas morangueiras podem ser ingeridas sem causarem problemas.

É durante a fermentação que se gera uma toxina que depois permanecerá no vinho

e que ataca o cérebro. Não há, no entanto, estudos conclusivos sobre estes efeitos

nefastos. Como se sabe, este tipo de vinho está interdito na Comunidade Europeia

mas há pequenos produtores que o produzem para consumo próprio.

O vinho tinto é benéfico para o coração?Os estudos científicos apontam exactamente para os benefícios que os

consumidores regulares de vinho tinto têm, em termos de prevenção de doenças

cardiovasculares, isto no caso de se tratar de um consumo moderado. Outros

estudos ainda mais recentes (2009) sugerem que o vinho tinto e o seu compo-

nente resveratrol pode ser um preventivo contra infecções muito graves e que

normalmente conduzem à morte, como a septicemia.

Os leilões de vinhos em Portugal são credíveis?Neste momento ainda não. Não há grande tradição de leilões de vinho

em Portugal e, por via disso, não é com frequência que se compra e vende em

leilão. O comprador em leilões não tem segurança, em Portugal, sobre o estado

de saúde do que está a comprar. Ultimamente tem -se verificado um interesse

renovado pelos leilões, mas tem aparecido muita coisa à venda que não vale

rigorosamente nada. Falta também informação ao consumidor. Desde 2008

tem -se verificado um certo renascer do mercado leiloeiro, com colecções par-

ticulares a irem à praça e a suscitarem interesse por parte dos compradores, o

que pode ser um indicador de mudança em relação a este negócio.

VINHAS E CASTAS

Quando se olha para uma cepa com uvas pode saber-se de ime-diato qual é a casta?

Pode, mas tal identificação requer muita prática e o consumidor «nor-

mal» não saberá distinguir uma casta da outra. As várias castas por vezes ape-

nas se distinguem, à vista desarmada, por pequenos pormenores do bago ou, o

que é mais vulgar, pelo desenho e recorte da parra, esse sim, um dos principais

factores identificativos de cada casta de uva.

Se se provar um bago de uva fica-se com a certeza da casta? Ou um bago de Trincadeira terá o mesmo sabor de um de Aragonês?

A prova do bago não serve para nos apercebermos dos aromas que o

vinho resultante virá a ter. A excepção sempre mencionada nestes casos é a

casta Moscatel, a única que tem o mesmo sabor, quer no bago quer no vinho.

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Pontualmente pode, no entanto, acontecer que ao comer um bago de Cabernet

Sauvignon, por exemplo, se sintam alguns dos aromas verdes que mais tarde

aparecerão no vinho.

A mesma casta plantada em sítios diferentes dá vinhos dife-rentes?

Dá. Embora alguns traços aromáticos se mantenham (muito evidente

por exemplo no Cabernet Sauvignon), as castas interagem com o solo e o clima,

originando por isso vinhos diferenciados conforme o local onde estão plantadas.

É por isso que, por exemplo, as castas do Douro plantadas em qualquer outro

local não dão origem a Vinho do Porto. Também a casta Arinto origina melhores

vinhos em Bucelas do que em outras zonas do país onde também se encontra

plantada.

As castas utilizadas num vinho determinam a sua longevidade? E se o vinho for varietal?

A longevidade é determinada pelas castas, pela técnica usada na adega

e pela qualidade e concentração que as uvas apresentarem. Há castas com

maior resistência ao tempo e à oxidação e que, por isso, durarão mais, como

o caso do Tinto Cão. Nas brancas também há exemplos de castas de duração

curta (Fernão Pires) e outras de maior duração (Bical e Encruzado). Não é, como

se vê, por ser varietal que um vinho dura mais.

As vinhas plantadas em pé franco dão melhores vinhos do que as vinhas enxertadas?

Não. Embora a grande maioria dos países recorra aos enxertos, há paí-

ses, como o Chile, onde as vinhas são plantadas sem recurso ao bacelo, ou seja,

em pé franco. Não é por isso que os vinhos chilenos são melhores do que os

outros. Todos os grandes vinhos do Mundo actualmente existentes são planta-

dos com recurso ao porta-enxerto. A cepa é, por isso, um 2 em 1: a combinação

de um porta-enxerto com a casta que se lhe aplica.

Isto não quer dizer que, pontualmente, uma vinha de pé franco não

possa originar um vinho mais original. O caso mais evidente será o Vinho do

Porto Quinta do Noval Nacional, que é elaborado com uvas provenientes de

cepas plantadas sem recurso ao porta-enxerto.

A vinha pode ser regada?Pode. Ainda existem actualmente alguns preconceitos quanto à rega da

vinha que são completamente absurdos. A vinha precisa de água embora prefira

ter os pés húmidos a tê -los molhados. Também prefere as encostas aos vales

por causa da drenagem natural e da prevenção das geadas. A rega gota a gota

é o método mais utilizado para evitar que a cepa entre em stress hídrico. Há no

entanto produtores que defendem o não uso da rega, afirmando que se a cepa

precisa de rega é porque está mal adaptada ao terreno em que foi plantada.

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Um grande vinho é sempre originário de uma vinha com baixa produção?

Genericamente esta afirmação é correcta. Quanto menor quantidade

de uvas por cepa existir mais concentrado resultará o vinho. Um grande vinho

é sempre um vinho com muito boa concentração, de aromas, de corpo. A baixa

produtividade pode ser natural – caso das vinhas muito velhas – ou provocada,

através da monda precoce onde se procede ao corte de parte dos cachos que

a cepa tem, deixando apenas alguns. Por esse facto, estes poucos cachos ori-

ginarão um vinho mais concentrado. Esta monda é efectuada quando o cacho

começa a ganhar cor, normalmente em Julho. Mas a pouca produtividade

pode não ser, só por si, sinónimo de qualidade. A generalidade das vinhas por-

tuguesas produz pouco e não é por isso que os nossos vinhos são os melhores

do Mundo.

Os vinhos feitos a partir de uma só variedade de uva são melhores do que os que resultam de um lote de várias castas?

É difícil responder sim ou não. Talvez não exista uma casta que seja

perfeita em todas as componentes, e é por isso que, por norma e tradição dos

países do Velho Mundo, os vinhos sempre se fizeram combinando várias castas.

A excepção mais conhecida são os vinhos da Borgonha. Aí os brancos são de

Chardonnay e os tintos de Pinot Noir. Foram os países do Novo Mundo que intro-

duziram o conceito de vinho varietal, feito a partir de uma só casta, com o intuito

de imitar os vinhos europeus. Como não poderiam chamar aos vinhos Borgonha,

resolveram indicar no rótulo o nome da casta. Naturalmente que um vinho que

resulta de um lote de castas menores nunca é melhor do que outro feito a partir

de uma casta muito boa. Os vinhos varietais têm, no entanto, a graça de permitir

ao consumidor apreciar as verdadeiras virtudes e fraquezas de cada casta.

As castas estrangeiras são melhores do que as portuguesas?Não. São diferentes e, ao contrário das castas portuguesas, já têm um

público apreciador que se conta por muitos milhões de pessoas. As melhores

castas portuguesas são as tintas – Touriga Nacional, Tinta Roriz, Trincadeira,

Baga, Touriga Franca, Castelão – são alguns exemplos. Nas castas brancas

temos mais dificuldade em competir com as castas estrangeiras mas ainda

assim temos castas com boa qualidade, como o Arinto, Alvarinho, Antão Vaz,

Verdelho, Encruzado, Fernão Pires, entre outras.

VINHO DO PORTO

Numa garrafa de Vinho do Porto, a palavra Vintage inscrita no rótulo quer dizer que o vinho tem 20 anos?

Não. A palavra Vintage (de origem inglesa e que significa colheita) vem

sempre associada a uma data. Por exemplo: se o rótulo indicar Vintage 1980

28 o VINHOS DE PORTUGAL 2011

quer dizer que o vinho é da colheita de 1980. Tem por lei que ser engarrafado

entre o 2.o e o 3.o ano após a vindima.

Ao Vinho do Porto também se aplica o dito popular «quanto mais velho melhor»?

Não. Em nossa opinião não se aplica mesmo a nenhum vinho. Na garrafa

há vinhos que evoluem (para melhor) e outros que apenas sobrevivem alguns

anos (sem melhorar). Em relação a qualquer vinho, a escolha do momento em

que deve ser consumido depende do gosto pessoal. Não é por ser velho que é

melhor, nem a velhice é sinal de maturidade. Pode ser sinónimo de decadência.

O que é que faz com que um Porto envelheça em garrafa?São os taninos, a acidez e a concentração da cor. Um Vinho do Porto que

se pretende engarrafar novo e que se quer que venha a durar muitos anos em

garrafa tem que ser opaco na cor, ter boa acidez e ser taninoso. Só os vintages é

que envelhecem em garrafa.

Para fazer Vinho do Porto é preciso usar presunto ou carne?Não. Para fazer um Porto bastam boas uvas do Douro e aguardente.

Esta ideia, muito arreigada no imaginário popular tem, no entanto, um fundo de

verdade. Antigamente usavam -se nos lagares, durante a pisa a pé, alguns boca-

dos de toucinho não salgado que era misturado com as uvas e pisado. Pretendia-

-se desta maneira alimentar as leveduras para estas poderem arrancar com

a fermentação. Também algumas firmas do sector usavam, até há poucos

anos, carne de vaca para «compor» alguns vinhos e os fortalecer. Os Portos daí

resultantes tinham por vezes nomes curiosos, com Invalid Port, por exemplo.

As histórias dos cabritos e do presunto (ainda por cima uma carne salgada!) são

fantasia.

Qual é a diferença entre um Porto Tawny e um Ruby?Os tawnies são vinhos do Porto que envelhecem em casco por oxidação,

adquirindo por isso uma tonalidade aloirada (tawny, em inglês). Os Ruby são

comercializados novos, com pouca ou nenhuma oxidação e que por isso apresen-

tam uma cor vermelha. Não existe nenhuma conexão cor/qualidade.

Com que é que devo consumir o Vinho do Porto?Os Vintage e L.B.V. ligam especialmente bem com queijos azuis, Roque-

fort ou Stilton. Os L.B.V. também ligam com queijos mais secos, tipo terrincho

ou ilha São Jorge. Os tawnies com indicação de idade (10, 20 anos) deverão ser

consumidos ligeiramente refrescados, no final da refeição, a acompanhar um

leite -creme, uma tarte de amêndoa ou mesmo sem qualquer acompanhamento.

Os Portos do tipo Ruby ou Ruby Reserva poderão ser substitutos dos vintages e

L.B.V. ou poderão acompanhar bem sobremesas de frutos vermelhos (moran-

gos, framboesas).