Jogo da empregabilidade - Edição revista e ampliada

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O caráter abrangente da atividade de Relações Públicas aliado à ausência de uma definição precisa e de uma delimitação de seu objeto de estudo, historicamente, têm limitado o crescimento da profissão e a inserção dos profissionais no mercado de trabalho brasileiro. A inquietação gerada pela falta de oportunidades no mercado de trabalho local e de reconhecimento e valorização da profissão motivou a pesquisa intitulada “Mercado de Trabalho e Atuação dos Profissionais de Relações Públicas Formados pela UFPB”, a qual se propôs avaliar a contribuição da formação acadêmica para a empregabilidade dos diplomados por esta Instituição de ensino. As percepções acerca das representações sociais, da identidade, dos problemas e dilemas das Relações Públicas são algumas das cartas postas à mesa na busca de esclarecer as questões que envolvem o, até então, enigmático jogo da empregabilidade – um jogo que coloca em xeque o lugar das Relações Públicas entre dois campos de s

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JOGO DA EMPREGABILIDADEIdentidade e Atuação dos Diplomados em Relações

Públicas pela UFPB

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Josilene Ribeiro de OliveiraAndré Luiz Dias de França

Jamile Miriã Fernandes PaivaGustavo David Araújo Freire

Karen Cristina Rodrigues SoaresFelipe Franklin Anacleto da Costa

Karen Katharine de OliveiraLuanna Alexandre Maia

Maria Maysa Romão BezerraTairine Vieira Ferraz

JOGO DA EMPREGABILIDADEIdentidade e Atuação dos

Diplomados em Relações Públicas pela UFPB

2014

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Bookess

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© 2014 Josilene Ribeiro de Oliveira et al

Coordenação editorialAndré Luiz Dias de FrançaGustavo David Araújo FreireJosilene Ribeiro de Oliveira

RevisãoAndré Luiz Dias de FrançaJosilene Ribeiro de Oliveira

CapaRinker Cabral

Produção EditorialGustavo David Araújo Freire

ImpressãoBookess

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Jogo da empregabilidade : identidade e atuação dos diplomados em relações públicas pela UFPB. --

2. ed. revisada-- Florianópolis, SC : Bookess, 2014.

Vários autores ISBN 978-85-80459-06-7

1. Relações públicas 2. Relações públicas - Empresas 3. Relações públicas - Estudo e ensino

4. Relações públicas - Pesquisa 5. Relações públicas como profissão 6. Universidades e escolas

superiores - Relações públicas.

14-03062 CDD-659.207

Índices para catálogo sistemático: 1. Relações públicas : Estudo e ensino 659.207

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SOBRE OS AUTORES

Josilene Ribeiro de Oliveira - Mestre em Sociologia (2007) e graduada em Comunicação Social - Relações Públicas (2001), pela Universidade Federal da Paraíba, é Professora Assistente e pesquisadora da mesma instituição desde 2008. Atualmente cursa doutorado em Sociologia na Université Franche-Comté, na França. Com experiência prática nas áreas de comunicação organizacional, vem desenvolvendo investigações nas áreas de sociologia do trabalho, sociologia rural, comunicação e análise do discurso.

André Luiz Dias de França - Mestre em Ciência da Informação - PPGCI/UFPB (2010/2012). Especialista em Língua Portuguesa - PROLING/UFPB (2008/2009). Graduado em Comunicação Social/Relações Públicas pela Universidade Federal da Paraíba (2002/2007). Interessa-se por Relações Públicas, Análise de Redes Sociais, Fluxo de Informações, Arquitetura da Informação na Web, Tecnologia Digital de Informação e Comunicação e Metodologia da Pesquisa. É Servidor Público Efetivo atuando como Relações Públicas no Cerimonial da Reitoria da UFPB.

Jamile Miriã Fernandes Paiva - Possui graduação em Relações Públicas (1989), especialização em Produção Jornalística (1993) e mestrado em Ciência da Informação (1999), todos os títulos pela Universidade Federal da Paraíba. Atualmente é professora assistente do Departamento de Comunicação e Turismo da Universidade Federal da Paraíba e é doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Coimbra, em Portugal. Tem experiência na área de Comunicação, atuando principalmente nos seguintes temas: comunicação, patrimônio, política cultural.

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Gustavo David Araújo Freire - Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Culturas Midiáticas pela Universidade Federal da Paraíba. Graduado em Comunicação Social, habilitação em Relações Públicas/UFPB. Atualmente é pesquisador do Grupo de Pesquisa em Processos e Linguagens Midiáticas do PPGC/UFPB, vem desenvolvendo estudos acerca do relacionamento entre organizações e consumidores e/ou usuários nas redes sociais e práticas netativistas de consumidores.

Karen Cristina Rodrigues Soares, Luanna Alexandre Maia e Maria Maysa Romão Bezerra - Diplomadas em Relações Públicas pela Universidade Federal da Paraíba em 2013.1.

Felipe Franklin Anacleto da Costa, Karen Katharine de Oliveira e Tairine Vieira Ferraz - Alunos do curso de Relações Públicas da Universidade Federal da Paraíba em 2013.

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AGRADECIMENTOS

Fazemos um agradecimento especial aos alunos Any Karolliny, Caio César Garcia, Hanna Pachu, Geysianne Felipe e Iordan Moura de Brito pela participação na etapa de planejamento da pesquisa e/ou de divulgação da pesquisa; e a Rinker Cabral por nos assessorar na etapa de divulgação e nos presentear com a capa dessa publicação.

Agradecemos aos professores João de Lima Gomes, ex-Chefe de Departamento de Comunicação (Decom), José David Fernandes, Diretor do Centro de Comunicação Turismo e Artes, Severino Lucena Filho, Coord. do Curso de Relações Públicas, Dinarte Varela e Annelsina Trigueiro, pelas informações e apoio à época em que foi realizada a pesquisa que deu origem a esse livro; e aos demais professores do Decom que colaboraram indiretamente para realização de nossa investigação; à Coordenação de Escolaridade (Codesc) e ao Núcleo de Tecnologia da Informação, pela disponibilização de dados referentes aos períodos letivos abrangidos nesse estudo.

Registramos também nossa gratidão às pessoas que contribuíram pontualmente com algumas ações da pesquisa, a exemplo de Anderson Wendell, Wanessa Lins, Mayara Sousa, Rayan Rodrigues, Pollyana Fernandes, Daluz Alberto, Vinício Rolim, Everton Monteiro, Hebe Araújo, Taiani Pontes e Wanderson Fernandes.

Reafirmamos nossa gratidão à professora Dra. Maria Aparecida Ferrari, a qual aceitou prefaciar a obra, nos incentivou desde o início e deu uma grande contribuição com sua leitura crítica e cuidadosa.

Por fim, nosso muito obrigado a todos os diplomados que se dispuseram a responder o questionário eletrônico, a conversar conosco, que apoiaram, incentivaram e acreditaram no nosso trabalho. Sem vocês não haveria pesquisa e é a vocês que dedicamos essa obra.

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SUMÁRIO

Prefácio, 11

Apresentação, 17

Capítulo 1Caracterização da pesquisa, 211.1 Ensino das Relações Públicas no estado da Paraíba, 251.2 Sujeitos da pesquisa e perfil dos respondentes, 33

Capítulo 2Onipresença versus invisibilidade das Relações Públicas: identidade disciplinar e profissional em jogo, 432.1 Problemas e dilemas da profissão e do ensino de Relações Públicas no Brasil, 462.2 Entre a comunicação e a administração: qual é o lugar das Relações Públicas?, 592.3 Reflexões sobre identidade e representações da profissão de Relações Públicas, 81

Capítulo 3É possível falar em empregabilidade? Uma radiografia da situação dos diplomados em Relações Públicas pela UFPB, 1093.1 Quem fez Relações Públicas faz o quê?, 1113.2 Contribuição da formação acadêmica para a empregabilidade dos relações-públicas, 1153.3 Refletindo sobre os resultados e correlacionando variáveis, 130

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Capítulo 4Universidade e mercado de trabalho: diálogos (im)possíveis, 1394.1 Dissonâncias entre o papel da universidade e as demandas econômicas e sociais, 1404.2 O mercado de trabalho e o papel da universidade na percepção dos egressos de Relações Públicas, 154

Capítulo 5Caixa preta – como chegamos onde chegamos?, 1635.1 Formulação e aprovação do projeto de pesquisa - traçando rota e obtendo autorização do plano de voo, 1645.2 Formação, capacitação da equipe e início dos trabalhos – treinamento da tripulação, 1655.3 Universo e amostra – reservando os assentos da aeronave para os passageiros, 1675.4. Divulgação da pesquisa: informações de sensibilização aos passageiros, 1705.5 Aplicação da pesquisa - em pleno voo, 1735.6 Análise e interpretação dos resultados – tripulação: preparar para o pouso!, 176

Reflexões finais, 183

Referências, 191

Apêndice I - Gráficos da pesquisa, 205

Apêndice II - Ilustrações, 221

Apêndice III – Questionário da pesquisa, 223

Apêndice IV – Termo de consentimento, 233

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

Prefácio

A atividade profissional de Relações Públicas tem sido descrita e analisada de diversas maneiras e enfoques, tanto por autores brasileiros como estrangeiros. Geralmente as abordagens adotadas são: a teórica, baseada em referências de conceitos, tipologias e escolas, como também a pragmática, que tem como objetivo propor estratégias mediante o uso de modelos ou projetos a serem implantados pelos comunicadores no contexto organizacional. O livro Jogo da empregabilidade: identidade e atuação dos diplomados em Relações Públicas pela UFPB surpreende por ser uma obra que propõe um novo caminho, que conduz o leitor a refletir sobre as expectativas e opiniões dos egressos do curso de Relações Públicas da UFPB e, em seguida apresenta a inserção dos jovens profissionais no mercado de trabalho da região.

Na minha trajetória acadêmica tenho criticado alguns livros que, em formato de ‘manual’, minimizam a complexidade do contexto social e organizacional

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apresentando esquemas ou modelos para solucionar os problemas de comunicação. Minha crítica se justifica, na medida em que os modelos são uma representação simplificada da realidade e, portanto, têm suas limitações na aplicação das práticas de comunicação nas organizações. Outras obras tratam os assuntos de forma ideal e utópica, deixando o leitor com a sensação de que a teoria é algo para discussão entre os acadêmicos e que o mundo real, distante da universidade, não pode apropriar-se de definições e teorias dada a intangibilidade de seus elementos a serem medidos.

Como dizem os autores da referida obra, “fazer pesquisa é sempre um desafio instigante, que pressupõe desvendar a realidade que nos cerca e encontrar respostas para uma questão, uma inquietação individual ou partilhada por muitos, revestida de importância científica”. Assim sendo, esta afirmação que inicia esse livro mostra exatamente a relação entre os dados empíricos, a teoria e seus elementos conceituais.

A estratégia encontrada pelo grupo foi debruçar-se sobre uma robusta base de dados coletada junto aos egressos do curso de Relações Públicas da UFPB e, em seguida analisar as opiniões dos respondentes sobre as implicações que a identidade da atividade de Relações Públicas tem causado na empregabilidade dos diplomados no mercado de trabalho. Questões como o ensino das Relações Públicas, seus dilemas como disciplina e profissão e a empregabilidade como resultado da formação acadêmica do curso de Relações Públicas da UFPB são tratados com rigor e são cuidadosamente alinhavadas com perspectivas de diversos autores que trataram do assunto em questão.

É importante reforçar que são poucas as pesquisas que têm como objetivo fazer o paralelo entre a formação acadêmica e a posterior absorção do relações-públicas pelo mercado de trabalho. Nesse sentido, o livro é inovador, provocador e deixa várias possibilidades para pesquisas futuras tão necessárias para avaliar a formação profissional

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brindada pela Universidade, assim como para a verificação da aderência das habilidades e competências adquiridas no espaço acadêmico e desenvolvidas nas funções organizacionais.

É fato que no Brasil, as Relações Públicas como campo de conhecimento, enfrentam problemas de ordem conceitual que dificultam a sua legitimação, tanto no âmbito acadêmico como profissional. Seu arcabouço teórico, carente de embasamento em pesquisas científicas locais, apoia-se, na maioria das vezes, em autores estrangeiros e, quase exclusivamente, em conhecimentos produzidos no mundo anglo-saxão, ou então em práticas profissionais que seguem estilos eminentemente pessoais e sem respaldo científico (Grunig, Ferrari e França, 2011). Os referidos autores revelam que as Relações Públicas, ao longo de sua trajetória tem sido uma ocupação definida por suas técnicas e, atualmente os acadêmicos e profissionais de Relações Públicas têm se dedicado a transformá-la em uma disciplina com um corpo teórico que mostre sua função estratégica essencial para a vida das organizações. Diante de tal contexto, é possível dizer que as Relações Públicas somente poderão ser exercidas como uma profissão e função gerencial (e não como uma simples ocupação ou um conjunto de técnicas) quando os seus profissionais tiverem adquirido um cabedal de conhecimentos baseado em teorias e pesquisas científicas.

Jogo da Empregabilidade: identidade e atuação dos diplomados em Relações Públicas pela UFPB é uma obra que apresenta qualidades diferenciadas, ao reunir resultados de pesquisa com egressos de 2000 a 2009 da UFPB, relatos dos entrevistados com vistas a verificar o conceito da identidade da profissão de Relações Públicas e as expectativas do mercado de trabalho sobre a sua importância. Entre as conclusões que os autores apresentam vale a pena destacar as variáveis que influenciam na inserção no mercado de trabalho como, a capacidade técnica, as competências de relacionamento

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interpessoal e, sobretudo as características do sistema econômico da região, que influenciam tanto na contratação como na remuneração do profissional.

Outro ponto relevante do livro encontra-se no capítulo 4 que trata da Universidade e Mercado de Trabalho: Diálogos (Im)Possíveis. Essa reflexão provoca uma permanente inquietação entre os acadêmicos que dedicam sua vida à arte de ensinar a pensar, refletir e abrir caminhos para a vida profissional e, por outro o mundo empresarial sempre buscando o profissional ideal para ocupar uma função executiva. Sabemos que existe pouco diálogo entre a Universidade e o Mercado, duas entidades que muitas vezes trabalham opostas em seus propósitos. Os autores comentam que muitas vezes há um vácuo entre essas duas instituições, como fruto da ausência de parcerias e, sobretudo de compreensão. Neste sentido, afirmam os autores nas páginas 139 e 140 “[...] a universidade não é um [...] supermercado onde as profissões/carreiras estejam dispostas em prateleiras para que o consumidor/aluno escolha e coloque no carrinho o que quiser, mas sim um espaço de construção de saberes”.

Diante do exposto, o texto traz à tona a incoerência existente entre os objetivos das instituições de ensino, principalmente as privadas, que buscam o crescimento baseado quase que exclusivamente no lucro e, por outro lado do mercado que procura por comunicadores com perfis de competência altamente delimitados para a função desejada, sem cuidar da contratação baseada no comportamento ético e humanista, composto essencial do ser humano para viver em sociedade.

O mérito desse livro está respaldado pela coordenação de duas dedicadas docentes-pesquisadoras, Josilene Ribeiro de Oliveira e Jamile Miriã F. Paiva que iniciaram o projeto de pesquisa como resposta às inquietações de discentes e da ausência de dados institucionais sobre a performance dos egressos do curso de Relações Públicas na UFPB. Junto a elas se juntaram os colegas André Luiz Dias de França e

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Gustavo David Araújo Freire; também fizeram parte da equipe, as graduadas Karen Cristina Rodrigues Soares, Luanna Alexandre Maia e Maria Maysa Romão Bezerra, e os alunos do curso de Relações Públicas Karen Katharine de Oliveira, Tairine Vieira Ferraz e Felipe Franklin Anacleto.

Quero expressar minha gratidão aos autores pela generosidade em compartilhar comigo o texto inédito antes de seu lançamento e também pelo convite para escrever o prefácio desta obra.

São Paulo, 13 de dezembro de 2013.Profa. Dra. Maria Aparecida Ferrari

Professora-pesquisadora ECA/USP

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Apresentação

Fazer pesquisa é sempre um desafio instigante, que pressupõe desvendar a realidade que nos cerca e encontrar respostas para uma questão, uma inquietação revestida de importância científica. E quanto mais forte e compartilhada é a inquietação por um determinado grupo de pessoas, quanto mais próximo de nós está a realidade, mais difícil tornar-se explicar o que vemos, pois somos inevitavelmente inebriados pelos sentimentos e emoções inerentes à problemática. Esse desafio de estar próximos e envolvidos diretamente com os sujeitos e o objeto estudado acompanhou-nos durante toda a pesquisa “Mercado de Trabalho e Atuação dos Profissionais de Relações Públicas Formados pela UFPB”.

Não obstante, os resultados que ora apresento expressam o empenho dos autores em ser fieis ao propósito de investigar, segundo o rigor científico, a contribuição da academia para empregabilidade dos diplomados em Relações Públicas pela UFPB, desenvolvendo para isso um verdadeiro trabalho de equipe. Essa postura ficou patente

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em cada etapa do processo de pesquisa: da submissão do projeto ao Comitê de Ética em Pesquisa Científica à definição da amostra segundo cálculos estatísticos; da capacitação da equipe ao cuidado mantido com os dados coletados; da publicização dos resultados à preocupação em resguardar a identidade dos sujeitos pesquisados. Assim, esse esforço reflete-se diretamente nessa publicação.

O primeiro capítulo da obra ocupa-se da “Caracterização da pesquisa”, trazendo uma breve trajetória do curso de Relações Públicas da UFPB, dados da última década sobre evasão, retenção e diplomação, compilados através de entrevistas e análise de documentos; e a descrição dos sujeitos pesquisados.

O segundo capítulo discorre sobre “Onipresença versus invisibilidade das Relações Públicas: identidade disciplinar e profissional em jogo”, no qual propomos uma discussão sobre ‘o lugar’, isto é, o campo disciplinar e de atuação do profissional de Relações Públicas e; recorremos à metáfora do jogo de cartas para explicar a relação entre identidade individual e identidade profissional. Com base nas teorias das Relações Públicas e nas percepções dos pesquisados sobre as representações sociais, a identidade, os problemas e dilemas das Relações Públicas, abordamos o dualismo e a dificuldade encontrada em atuar na fronteira entre dois campos de saber - comunicação e administração. Sustentamos que a falta de status, reconhecimento e valorização da atividade é consequência de um desenvolvimento com vários pontos obscuros e controversos.

No terceiro capítulo encontra-se uma “Radiografia da situação dos diplomados em Relações Públicas entre 2000 e 2009, pela UFPB”. Procuramos responder as seguintes questões: Qual o índice de empregabilidade dos profissionais de Relações Públicas formados pela UFPB? Como ocorre a inserção dos egressos no mercado de trabalho e em quais áreas atuam? O curso de Relações Públicas da UFPB tem formado profissionais aptos a atender as exigências do mercado? Para tanto cruzamos variáveis,

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fazemos inferências e procuramos tirar conclusões úteis sobre como a academia pode aperfeiçoar seus métodos e instrumentos para facilitar a inserção do egresso no mercado de trabalho.

No quarto capítulo encontra-se muitas reflexões filosóficas e práticas sobre os “Diálogos (im)possíveis entre universidade e mercado de trabalho”. Há também uma avaliação do curso pelos diplomados, em que eles atribuem uma nota geral para a formação, além de avaliar vários itens em particular. Esses dados podem ser indicadores úteis para os gestores educacionais adotarem medidas corretivas para assegurar o bom desempenho dos docentes e discentes, independe da categoria da instituição de ensino.

No quinto capítulo, utilizando-se de uma analogia com a “Caixa preta” de um avião, quem estiver interessado em saber detalhes sobre o percurso da pesquisa e aprender sobre prática de pesquisa, métodos e procedimentos metodológicos encontra um relato detalhado de como um grupo de três professores - todos ex-alunos do Curso de Relações Públicas da UFPB -, seis alunos de graduação e um mestrando, também formado em Relações Públicas pela instituição, trataram o sentimento compartilhado de que estavam tomando nas mãos o mapa de suas próprias vidas e tentando compreender as próprias trajetórias, desde a escolha do curso à carreira profissional.

No último capítulo estão as “Reflexões finais” da pesquisa, trazendo reflexões sobre as suas limitações, sobre as perspectivas para o curso de Relações Públicas da UFPB e outras questões que ainda precisam ser elucidas por meio de outros estudos.

Por fim, apesar dos dados apresentados referirem-se aos diplomados da UFPB, acredito que as discussões propostas são de interesse geral de todos os membros da comunidade de Relações Públicas, pois o livro é um convite a desvendar o universo das Relações Públicas e aprender mais sobre pesquisa científica.

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Foi de fato um grande desafio chegar até aqui! Deparamos-nos com arquivos desatualizados, informações desencontradas, resistência dos respondentes... Mas, difícil mesmo foi lidar com as contingências internas: manter a equipe unida e motivada em torno de um mesmo objetivo durante, aproximadamente, um ano e seis meses; conduzir jovens estudantes sem experiência alguma em pesquisa à iniciação científica e mantê-los engajados após ouvirem os relatos sobre as dificuldades encontradas pelos relações-públicas para ingressarem e manterem-se no mercado; não menos laborioso foi concatenar e juntar as ideias de dez pessoas e expô-las de modo coeso e coerente! Sem dúvida a caminhada foi longa e incalculável foi o aprendizado gerado para todos os membros da equipe nessa experiência.

Gostaria imensamente que outros alunos tivessem uma oportunidade semelhante - Eu mesma gostaria de tê-la vivenciado quando fui aluna do curso! Pois, fazer pesquisa é descortinar os horizontes para andarmos rumo ao amanhã de forma mais segura; é aprender mais sobre o outro e sobre si mesmo.

E é pensando nos alunos e em proporcionar-lhes uma visão prática sobre as etapas do processo de pesquisa, além de uma compreensão clara sobre as variáveis envolvidas no jogo da empregabilidade; pensando naqueles que nem ingressaram no curso e nas suas famílias, pois creio que eles carecem de informações e parâmetros no momento da escolha da carreira a seguir; pensando nos profissionais de Relações Públicas e como eles poderiam deixar de ter que "matar um leão por dia" se forem mais reconhecidos e valorizados; é também pensando nos professores e no que podem fazer para melhorar o processo de ensino-aprendizagem das Relações Públicas; é sobretudo desejando que a universidade reflita sobre a necessidade de adequação da sua oferta formativa às demandas sociais do mercado de trabalho sem perder de vista seu papel principal de formar cidadãos autônomos e críticos com capacidade de atuar

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para o bem comum da sociedade, que compartilho os resultados da nossa pesquisa.

Uma proveitosa leitura!

Josilene Ribeiro de Oliveira

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Capítulo 1

CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Na perspectiva contemporânea, as Relações Públicas são entendidas como um subsistema administrativo, responsável pela pesquisa, planejamento, assessoria, execução e avaliação de ações e programas de comunicação estratégica, voltados para promoção de relacionamentos entre as organizações e seus stakeholders, pautando-se em um trabalho contínuo e de longo prazo (KUNSCH, 1997). Esse caráter abrangente da atividade, aliado à ausência de uma definição precisa e de uma delimitação de seu objeto de estudo, historicamente, tem limitado o crescimento da profissão e a inserção dos profissionais de Relações Públicas no mercado de trabalho brasileiro. Isso tem gerado uma inquietação contínua entre profissionais, estudantes, professores e pesquisadores de Relações Públicas, que motiva a busca do fortalecimento e da consolidação dessa atividade tanto no campo prático como no disciplinar.

Nessa perspectiva, resolvemos transformar em hipóteses os rumores sobre a falta de oportunidades no mercado de trabalho local e de reconhecimento e

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valorização da profissão, o que nos levou ao desenvolvimento da presente pesquisa, no âmbito da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Tomando como ponto de partida as opiniões dos egressos do curso de Relações Públicas, procuramos conhecer a situação atual dos diplomados entre 2000 e 2009, suas percepções sobre o mercado, as causas do desconhecimento da profissão e das poucas vagas para o cargo de Relações Públicas.

Lembramos que no Nordeste prevaleceu por muito tempo um modelo de desenvolvimento pautado, essencialmente, na monocultura, com poucas indústrias e uma cultura de fazer negócios baseada, tipicamente, na intuição, na ausência de planejamento ou pesquisa de mercado e focada apenas nos resultados imediatos. Assim, procuramos observar se há uma correlação entre tais modelos de gestão e a falta de valorização da profissão, considerando ainda que, recentemente, a região vem obtendo índices de desenvolvimento econômico e social superiores à média do País.

Em paralelo ao momento de mudanças significativas na economia regional e nacional, destaca-se que, na última década, que compreende o período de 2000 a 2009, o curso de Relações Públicas da UFPB recebeu e formou o maior número de alunos da sua história de 35 anos. Em 2009, chegou-se ao total cumulativo de 598 profissionais graduados. E, mesmo passando por períodos de fluxos e influxos, mantém-se até hoje graças aos esforços de um pequeno grupo de docentes1, cuja quantidade praticamente não se alterou ao longo da existência do Curso.

Assim, nossa pesquisa, intitulada “Mercado de Trabalho e Atuação dos Profissionais de Relações Públicas Formados pela UFPB”, se propôs a avaliar a contribuição da

1 Atualmente o grupo de Relações Públicas na UFPB é composto por apenas 6 (seis) professores efetivos. O baixo número de docentes com formação específica caracteriza o curso desde seu surgimento e, apesar de registrarem-se contratações de quatro novos docentes na década de 2000, também houve baixas em número proporcional, assim a média permanece a mesma desde a década de 1990.

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formação acadêmica para a empregabilidade dos diplomados em Relações Públicas pela UFPB.

Adotamos como pressupostos, que as universidades são instituições pluridisciplinares de formação dos quadros profissionais de nível superior, que devem primar pela indissociabilidade das atividades de ensino, pesquisa e extensão. Entendemos que a formação universitária é produto do diálogo entre as necessidades do mercado e da sociedade, não se restringindo ao ensino meramente instrumentalizado. Em suma, cremos que o papel das Instituições de Ensino Superior (IES) é, antes de tudo, formar cidadãos autônomos e críticos com capacidade de atuar para o bem comum da sociedade.

Dado o exposto, por meio dessa pesquisa, buscamos elevar a compreensão sobre o papel da formação universitária, estimulando a reflexão da Universidade sobre suas próprias limitações e meios para superá-las, para que esta instituição possa aprimorar suas práticas e oferecer um ensino superior de qualidade, de modo a desenvolver competências profissionais que possam contribuir diretamente para o desenvolvimento social e econômico da região Nordeste. Nessa perspectiva, entendemos que a missão do curso de Relações Públicas da UFPB é formar profissionais capacitados para mediar o relacionamento das organizações com seus diversos públicos, com visão administrativa, estratégica e empreendedora.

Desse modo, a pesquisa procurou responder os seguintes questionamentos: Como ocorre a inserção dos egressos no mercado de trabalho e em quais áreas eles atuam? O curso de Relações Públicas da UFPB tem formado profissionais aptos a atender as exigências do mercado? Quais as percepções dos egressos sobre o mercado de trabalho? Quais as alternativas encontradas pelos diplomados para se manterem empregados? Qual a contribuição da formação em Relações Públicas para empregabilidade dos egressos na opinião dos diplomados pela UFPB?

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Para tanto, foi necessário a adoção de dois métodos - quantitativo e qualitativo, e o desenvolvimento de procedimentos metodológicos específicos (elucidados no capítulo 5 - Caixa Preta) que nos permitissem conhecer dos egressos: o que fazem; suas percepções a respeito do mercado de trabalho; suas opiniões sobre o curso e sobre o papel da academia, etc.

Nossas hipóteses partiram do pressuposto que a empregabilidade está relacionada a dois momentos diferenciados da carreira de qualquer profissional: a) ingresso no mercado de trabalho, momento cuja qualidade da formação, que inclui nível de atualização sobre as tendências do mercado e experiência anterior adquirida em estágios e/ou práticas laboratoriais, dentre outros fatores, tem grande relevância; b) manutenção do emprego, em que contam como indicadores a competência na execução de tarefas, relacionamento interpessoal, além da disposição e investimento para continuar se qualificando.

Hipóteses específicas relacionadas à defasagem do currículo do curso de Relações Públicas da UFPB e às limitações do desenvolvimento da região Nordeste, também foram levantadas. São elas: a) A maior parte dos egressos de Relações Públicas da UFPB estaria empregada, porém não exercendo funções inerentes a profissão; b) A principal razão do baixo aproveitamento do profissional de Relações Públicas no mercado é a inadequação entre a formação (currículo defasado) e as características do mercado regional, onde predominam as micro e pequenas empresas e o serviço público como maiores empregadores; c) A carreira acadêmica tem sido uma das alternativas adotadas por muitos egressos para manterem-se no mercado de trabalho.

Para compreender melhor tais hipóteses e as questões da pesquisa, apresentaremos a seguir, resumidamente, a trajetória do curso de Relações Públicas na UFPB, caracterizando especialmente a situação do curso no período de 2000 a 2009, por meio da apresentação de dados

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sobre evasão, retenção etc. Na sequência, apresentamos um perfil sócio-demográfico dos sujeitos pesquisados a partir dos dados coletados em campo.

1.1 ENSINO DAS RELAÇÕES PÚBLICAS NO ESTADO DA PARAÍBA

Na UFPB, a formação em Relações Públicas2 recebeu autorização de funcionamento como uma das duas habilitações (a outra era a de jornalismo) do Curso de Comunicação Social por meio da resolução nº 10/1977 do Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEPE), na modalidade bacharelado e ofertada no turno da manhã.

A estrutura curricular do curso foi estabelecida pela resolução nº 09/1978 do CONSEPE, ano em que efetivamente passou a funcionar, junto ao Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) e o reconhecimento ocorreu através da Portaria nº 68 de 15/01/1980 do Conselho Federal de Educação (CFE).

A turma pioneira na habilitação Relações Públicas teve quatro concluintes e este número perdurou como sendo a média semestral durante toda a década de 1980, na qual se diplomaram 79 alunos. O baixo número de egressos no decênio, segundo o coordenador do curso à época3, se deve ao fato do ingresso na graduação ocorrer por meio de vestibular para o Curso de Comunicação Social, sem a distinção da habilitação pelos candidatos. Assim, a escolha por Jornalismo ou Relações Públicas era feita depois de alguns semestres já cursados, sendo que a maioria dos discentes optava pela habilitação em Jornalismo.

2 O Curso de Comunicação Social foi aprovado em 24/03/1977, pela resolução nº 24 do Conselho Universitário (CONSUNI) da UFPB.3

Informação fornecida por José David Fernandes, professor doutor do Departamento de Comunicação e coordenador do curso de 1991 a 1993.

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

Em 1985 ocorreu o primeiro ajuste da estrutura curricular do curso de Comunicação Social, conforme a resolução 16/1985 do CONSEPE, para atender à resolução nº 02, de 24.01.84, do Conselho Federal de Educação. Todavia, foi no início da década de 1990 que ocorreram duas mudanças de grande impacto na trajetória da habilitação de Relações Públicas da UFPB: a) os candidatos ao vestibular para o Curso de Comunicação Social foram obrigados a fazer a escolha da habilitação antes de ingressarem na universidade; b) a habilitação de Relações Públicas passou a ser ofertada exclusivamente em período noturno.

Apesar dessa reestruturação representar uma ameaça de fechamento da habilitação face ao risco de haver baixa procura no vestibular, a mudança resultou justamente no contrário e, por conseguinte, na abertura de mais vagas. Fato este que elevou o número de egressos nos semestres seguintes. Assim, chegou-se ao total de 140 diplomados em Relações Públicas entre os períodos de 1990.1 e 1999.2, ou seja, o número de diplomados praticamente dobrou comparando-se com os números da década anterior.

Na primeira década do século XXI, que compreende os semestres de 2000.1 a 2009.2, a habilitação de Relações Públicas passou a ter uma procura ainda maior no vestibular e se constituiu na maior parcela de alunos do curso de Comunicação Social da UFPB – composto também pelas habilitações de Jornalismo e Radialismo4. Consequentemente, nesta década formou-se o maior número de relações-públicas da história da UFPB, com uma média de 18,95 alunos por semestre, totalizando 379

4 A habilitação de Radialismo passou a ser oferecida no vestibular de 1997, agregando-se as duas habilitações já existentes no curso da UFPB: Relações Públicas e Jornalismo.

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

profissionais diplomados no decênio5, como podemos ver no Quadro 1, a seguir apresentado.

Quadro 1Total e média de egressos de Relações Públicas por década

Décadas1980

-1989

1990-

1999

2000-

2009

Total de formandos

79 140 379

Média por semestre

3,95 7,0 18,95

Fonte: Desenvolvimento nosso (informações coletadas na Coordenação de Com. Social/UFPB).

Por outro lado, nesse mesmo período - anos 2000, percebe-se um acentuado índice de evasão e retenção de alunos, cujas causas não são claras, mas que parece ter seguido a tendência das décadas anteriores, reflexo dos problemas das Instituições de Ensino Superior Pública (IESP) de todo o Brasil. Tais problemas motivaram a realização de estudos por parte do Governo Federal, a exemplo do que foi empreendido pela Comissão Especial de Estudos sobre Evasão, organizada pelo Ministério da Educação e do desporto (SESu/MEC), em 1995, a qual

5 Em 2012, as coordenadoras da Pesquisa em questão - prof.as Josilene Ribeiro e

Jamile Paiva, com base em apontamentos preliminares, apresentaram o trabalho “Relações Públicas no Nordeste: proposta de estudo da atuação e empregabilidade dos profissionais formados pela UFPB”, no Intercom da Região Nordeste 2012, no qual citaram o total de 407 diplomados em Relações Públicas nesse mesmo período. Tais dados foram revisados junto aos órgãos oficiais da UFPB, no decorrer da pesquisa, e chegou-se ao total preciso de 379 diplomados entre os semestres 2000.1 e 2009.2.

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

investigou a situação de 61 instituições federais e estaduais6.

Conforme o relatório dessa Comissão, a evasão de estudantes é um fenômeno complexo, comum às instituições universitárias de todo o mundo, cujos estudos e análises “têm demonstrado não só a universalidade do fenômeno como a relativa homogeneidade de seu comportamento em determinadas áreas do saber, apesar das diferenças entre as instituições de ensino e das peculiaridades sócio-econômico-culturais de cada país.” (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO, 1997, p. 18).

Seguindo as orientações do MEC às IES, devemos entender por evasão a situação em que há “uma postura ativa do aluno que decide desligar-se por sua própria responsabilidade” (BUENO, 1993 apud MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO, 1997, p. 19), abandonando o curso de graduação sem concluí-lo; e por retenção os casos em que o aluno, apesar de esgotado o prazo máximo de integralização curricular fixado, ainda não concluiu o curso, mantendo-se, entretanto, matriculado na universidade. Dito isso, a Tabela 1 (na próxima página) mostra as taxas de evasão e retenção da habilitação em Relações Públicas da UFPB.

Considerando o tempo máximo permitido para conclusão do curso (quatorze períodos - sete anos), observamos na Tabela 1 que as taxas médias de evasão e retenção da habilitação em Relações Públicas, nos semestres de 2001.1 a 2009.2, ou seja, para 18 períodos letivos, são de respectivamente, 41,5% e 13,4%. Ambas taxas estão acima daquelas referentes à habilitação de Jornalismo, considerando o mesmo período, que são de 36,2% e 5,3% , respectivamente. Também, estão mais elevadas em relação à taxa média nacional de todos os Cursos de Comunicação

6 Dentre as 61 IESP estudadas estava a UFPB, porém os dados apresentados não

contemplam as habilitações e sim o Curso de Comunicação Social como um todo. Vale salientar que esse total de IESP estudadas representava, à época, 77,2% do universo da educação superior pública do país.

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

Social, que é de 36,3% e 9,7%, segundo dados da Andifes/Abruem/ SESu/MEC para o biênio 1995-1996. E, tomando como referência os mesmos dados, ficam abaixo das dos cursos de Economia (cujas taxas de evasão e retenção são de 49,7% e 16,7%) e Física (cujas taxas de evasão e retenção são de 69,8% e 13,8%), formações pertencentes às áreas de Ciências Aplicadas e Ciências Exatas e da Natureza.

Tabela 1Taxas de evasão e retenção da déc. 2000 - Relações Públicas7

Per

íod

o

Ingr

essa

nte

s

Evad

idos

Ret

idos

Tax

a Ev

asão

Tax

a R

eten

ção

Tax

a D

iplo

maç

ão

2001.1 14 4 3 28,6% 21,4% 50,0%

2001.2 31 15 6 48,4% 19,4% 32,3%

2002.1 30 16 6 53,3% 20,0% 26,7%

2002.2 29 13 4 44,8% 13,8% 41,4%

2003.1 30 20 4 66,7% 13,3% 20,0%

2003.2 30 16 3 53,3% 10,0% 36,7%

2004.1 29 8 5 27,6% 17,2% 55,2%

2004.2 30 15 1 50,0% 3,3% 46,7%

2005.1 33 13 1 39,4% 3,0% 57,6%

2005.2 30 15 3 50,0% 10,0% 40,0%

2006.1 31 12 7 38,7% 22,6% 38,7%

2006.2 29 11 5 37,9% 17,2% 44,8%

7 O Núcleo de Tecnologia da Informação da UFPB não dispunha em seu sistema de

dados digitalizados referente ao ano 2000, assim as médias e taxas referem-se a 18 períodos letivos e não a 20, como deveriam. Ainda assim, denominamos os dados referentes à década, posto que a maior parte dela está representada nos dados colhidos e aqui divulgados.

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

2007.1 30 8 5 26,7% 16,7% 56,7%

2007.2 30 8 3 26,7% 10,0% 63,3%

2008.1 30 10 3 33,3% 10,0% 56,7%

2008.2 30 13 2 43,3% 6,7% 50,0%

2009.1 29 11 3 37,9% 10,3% 51,7%

2009.2 30 12 5 40,0% 16,7% 43,3%

Média 29,2 12,2 3,8 41,5% 13,4% 45,1%Fonte: Baseado em dados disponibilizados pelo Núcleo de Tecnologia da Informação - NTI/UFPB, 2013.

Vale ressaltar que, considerando o conjunto dos cursos de graduação de cada instituição, a Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação e do Desporto - SESu/MEC apontava para uma evasão média nacional de 50% nas Instituições Federais de Ensino Superior – IFES (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO, 1997).

As causas, como já dissemos, são múltiplas, porém alguns estudiosos dão ênfase às deficiências de aprendizado advindas do ensino fundamental, pois estas traduzem-se em um desempenho negativo nas primeiras disciplinas do curso superior, levando ao abandono do curso pelas reprovações nos primeiros semestres (ALMEIDA; VELOSO, 2002). Outro fator, conforme os referidos autores, seria a escolha do curso de baixa demanda no vestibular pelo aluno, que, após ter ingressado, tenta a reopção/transferência para o curso realmente almejado.

Contrariando a visão dominante que entende a evasão como algo negativo, outros estudiosos da temática defendem que:

[...] parcela significativa do que chamamos evasão, no entanto, não é exclusão, mas mobilidade, não é fuga, mas busca, não é desperdício, mas investimento, não é fracasso – nem do aluno nem do professor, nem do curso ou da instituição – mas tentativa de buscar o sucesso ou a felicidade, aproveitando as revelações que o processo natural do crescimento dos indivíduos faz sobre suas reais

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

potencialidades. (RISTOFF, 1995, apud MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO, 1997, p. 19 – grifos do autor).

Quanto à taxa média de diplomação, isto é, a média de alunos que conseguem terminar o curso no tempo máximo permitido (14 períodos), em relação ao total de ingressantes por meio de vestibular, observa-se que a habilitação de Relações Públicas obteve 45,1% na década estudada, abaixo da média de jornalismo, que foi de 58,5%. Conforme os dados da Andifes/Abruem/SESu/MEC, os cursos com maior índice de diplomação, considerando a média nacional, são Medicina com 88,3% e Direito com 68,3%; os com menores são Filosofia com 25,9% e Física com apenas 16,3% de diplomação.

O estudo feito pela Comissão Especial de Estudos sobre Evasão/MEC traz uma reflexão muito relevante sobre as taxas aqui discutidas, sugerindo que devemos abandonar a visão economicista, que vê a formação universitária apenas como investimento pessoal para inserção no mercado de trabalho, e procurar entender a evasão, a retenção e a diplomação como partes de um processo. E, assim, apresenta a seguinte conclusão:

Compreender a evasão como um processo implica superar a postura economicista, derivada de visão essencialmente utilitarista da formação universitária que, se levada a extremos, conduziria, por exemplo, à extinção de alguns cursos que são hoje mantidos quase que exclusivamente pelas universidades públicas. Logo, os índices de diplomação, retenção e evasão devem ser examinados em conjunto, não como um fim em si mesmo, ou apenas com objetivos "rankeadores", mas sim como dados que possam contribuir tanto à identificação dos problemas a eles relacionados, como à adoção de medidas pedagógicas e institucionais capazes de solucioná-los.

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

(MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO, 1997, p. 18-19).

Retomando a trajetória da habilitação de Relações Públicas da UFPB, destacamos que recentemente esta sofreu uma nova reestruturação, gestada entre os anos 2009 e 2011, a qual contempla dois aspectos: a) a transformação de habilitação em curso, seguindo as Novas8 Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Comunicação e, pelo menos em parte, as sugestões da comissão de especialistas que formularam as Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de Relações Públicas9, nascendo assim o curso de Bacharelado em Relações Públicas, cuja primeira turma ingressou em 2012.1; b) a implantação do novo projeto político-pedagógico, com uma nova estrutura curricular, que permitiu a atualização das disciplinas e conteúdos com vistas a atender as demandas do mercado e acompanhar as mudanças deste século.

Apesar de ser entendida como uma reação tardia à sentença determinística (ou apocalíptica) da extinção dos cursos de Relações Públicas no Nordeste, da qual fala Dantas (2008), essa reestruturação compreendeu um verdadeiro esforço da academia e de seus docentes para acompanhar e responder às novas exigências da sociedade brasileira. Contudo, os efeitos dessa intervenção político-pedagógica sobre a empregabilidade dos diplomados só poderão ser compreendidos quando da saída dos primeiros egressos vinculados à estrutura curricular nova, o que está previsto para ocorrer a partir do ano de 2016. Dessa forma, uma futura pesquisa com os mesmos pressupostos que os nossos será muito frutífera, ao adotar como parâmetro este

8 Em 2002, entrou em vigor as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de

Comunicação Social e de suas habilitações, aprovadas em 03 de abril de 2001, com parecer CNE/CES 492/2001, do Conselho Nacional de Educação, e homologadas em 04 de julho de 2001. 9

Discorremos sobre a Proposta Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Relações Públicas (DCNs-RP) formulada pela Comissão de especialistas no capítulo 3.

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

estudo e avaliar se a referida reestruturação implicou no aumento do índice de empregabilidade e afetou positivamente as taxas de evasão, retenção e diplomação.

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

1.2 SUJEITOS DA PESQUISA E PERFIL DOS RESPONDENTES

Convém iniciarmos explicitando quem são os respondentes da pesquisa, ou seja, nossas fontes. Desse modo, procuramos traçar um perfil dos sujeitos pesquisados, a partir dos seguintes dados: número e proporção de respondentes por ano10 de formação em relação ao universo da pesquisa; sexo; idade; atual cidade/região de residência; renda etc.

Lembramos que nosso universo é composto por 379 diplomados em Relações Públicas pela UFPB entre 2000 e 2009, e que dentre estes, por meio de amostragem probabilística aplicando uma margem de erro de +/- 7%, trabalhamos com uma amostra de 132 respondentes11, de diferentes períodos conforme podemos observar no Gráfico 1 (ver apêndice I).

O Gráfico apresenta a relação entre o número de respondentes por ano e o universo da pesquisa. Nossa amostra de 132 respondentes corresponde a 34,8% de todo o universo pesquisado (379) e é exatamente assim que este Gráfico os representa, proporcionalmente, procurando ser fiel e evidenciar exatamente as quotas representativas de cada ano.

Para efeito de análise, subdivimos o universo e a amostra em dois grupos - formados entre 2000 e 2004 e formados entre 2005 e 2009, e constatamos que:

a) Dos 181 egressos no período de 2000 a 2004, ou seja, dentre os 47,8% de todo o universo, 10 Apesar da quantidade de egressos ser definida em relação ao semestre, preferimos ao longo da pesquisa fazer uma abordagem anual, visando simplificar o processo, haja vista que os diplomados referem-se, em sua maioria, ao ano em que concluíram o curso e não ao semestre.11 Foram obtidos 151 questionários eletrônicos respondidos, porém apenas 132 foram considerados válidos, por não apresentarem falhas de preenchimento e fazerem parte efetivamente do universo da pesquisa. Assim, os demais questionários foram descartados, em geral, porque se tratavam de pessoas diplomadas fora do período abrangido pela pesquisa – 2000 a 2009.

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

apenas 39 responderam a Pesquisa, correspondendo a 10,3% dentre todos os pesquisados;

b) Nossa amostra tem baixa representação na primeira metade da década de 2000, especialmente no que se refere aos anos de 2001, 2002 e 2003, pois obtivemos respostas apenas de 7, 4 e 7 diplomados de cada ano, quando tínhamos um universo de 27, 48 e 32 relações-públicas, respectivamente. Assim, os respondentes formados nesses anos correspondem a 4,7% do total da amostra, quando o universo nesse mesmo período chega a 28,2% de todos os diplomados da década;

c) A distância entre o universo e o número de respondentes é menor no ano de 2006, posto que nesse período diplomaram-se 6,1% (23) relações-públicas e 4,2% (16) participaram da pesquisa;

d) Dos 198 egressos da segunda metade da década de 2000, ou seja, dos 52,2% do universo, obtivemos respostas de 24,5%, o que significa que os resultados da pesquisa tem uma maior representação do grupo de diplomados entre 2005 e 2009;

e) A maior parte dos respondentes formaram-se em 2009 (6,9%), 2008 (5,5%) e 2007 (5,0%), totalizando juntos o percentual de 17,4% dos pesquisados, de um total de 35,8% do universo de diplomados em tais anos.

Nota-se claramente uma curva ascendente, demonstrando que quem mais respondeu a pesquisa foram os que se formaram nos últimos anos, algo coerente com o fato de que quanto mais tempo o egresso se formou mais ele distancia-se naturalmente da Universidade, e, consequentemente, tivemos mais dificuldades em encontrá-

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

lo, devido à falta de informações atualizadas12 nos bancos de dados da UFPB.

No decorrer da coleta de dados, também, observamos que os diplomados nos últimos anos mantém uma ligação mais forte com a Universidade, seja porque prosseguiram na formação acadêmica, em programas de pós-graduação, ou porque se identificaram com a pesquisa e estão interessados nos seus resultados. Além disso, verificamos que os egressos que concluíram entre 2005 e 2009 são usuários mais assíduos das redes sociais na internet, sendo mais fácil manter contato com eles através de tais canais de comunicação, durante o período divulgação e coleta de dados para a pesquisa.

Como dissemos, além da abordagem quantitativa, realizada por meio de questionário eletrônico, desenvolvemos uma abordagem qualitativa na segunda etapa da pesquisa, por meio da coleta de dados em um Grupo Focal (GF). Os participantes do GF foram selecionados por meio de amostragem não-probalística por julgamento e acessibilidade (ver Capítulo 5), procurando retratar da melhor forma possível o universo pesquisado quanto à representação dos períodos abrangidos. Vejamos os Quadros 2 (A e B – na próxima página), os quais mostram o perfil dos diplomados participantes do GF.

12 Uma IFES deveria repensar sua postura referente aos seus egressos, urge ver com outra perspectiva a entrega de um diploma de graduação. Que este não mais represente o corte de uma relação, que o sentimento resida em perceber que seu mais novo filho apenas dá seus primeiros passos rumo a conquistas de novos horizontes, mas que certamente sentirá enorme prazer em retornar e contar sua história, trocar suas experiências, em um lugar familiar, aprazível, receptivo, tal a casa de nossos pais. Isso nos ficou muito evidente no aceite dos entrevistados quando do convite para o Grupo Focal (GF), que será discutido mais adiante. Scroferneker (2013) bem delineou esse fenômeno - em discussão com autores dessa pesquisa sobre os resultados preliminares - enfatizando que tais indivíduos foram resgatados de um “não-lugar” para um “lugar”. Nós pesquisadores compreendemos que agora, em um local cujo ambiente fortaleceu o sentimento de pertença desses egressos, eles se sentiram confortáveis, sentiram-se “em casa”. Talvez seja esse o caminho: a universidade buscar aprender com os profissionais que formou.

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

Com base em tais Quadros, a idade média dos diplomados é de 34,7 anos, observa-se a predominância do sexo feminino, de solteiros, número elevado de pós-graduados e que, praticamente, a metade dos participantes do GF (três) nunca atuou como relações-públicas e, dentre estes, dois deles nem sequer trabalhou no campo da comunicação, restringindo-se ao exercício de atividades administrativas.

Esses dados coadunam em grande medida com o que veremos no próximo tópico.

Quadro 2 (A)Dados do Grupo Focal

Participantes Idade SexoAno de

término do curso

Estado Civil

Fez pós-graduação

Saturno 43 F 2000 Solteiro NãoNetuno 35 F 2001 Casado SimVênus 36 F 2005 Casado SimUrano 30 F 2006 Solteiro Sim

Mercúrio 39 M 2008 Casado SimMarte 31 F 2009 Solteiro Sim

Júpiter 29 M 2009 Solteiro SimFonte: desenvolvimento nosso.

Quadro 2 (B)Dados do Grupo Focal

ParticipantesÁrea da pós-

graduação

Atuou em algum

momento como relações-públicas

Atuou em algum momento na

área de comunicação

Saturno --- Sim Sim

Netuno Ciência da informação

Sim Sim

Vênus Gerenciamento de projetos

Não Sim

Urano Eventos Não Não

Mercúrio

Logística; Gestão de

negócios; e Adm.

Não Não

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

Marte Com. Digital Sim Sim

JúpiterMarketing; Ciência da

informaçãoSim Sim

Fonte: desenvolvimento nosso.

1.2.1 Perfil socioeconômico e demográfico dos respondentes

Conforme a Tabela 2, a maioria dos respondentes do questionário eletrônico são mulheres, situação já esperada, pois reproduz o que ocorre nas salas de aula do curso de Relações Públicas da UFPB. Segundo Oliveira et al (2012, p. 12), uma possível explicação para o predomínio do sexo feminino no curso é “o desinteresse maior dos homens em apostar em uma profissão - Relações Públicas, ainda pouco reconhecida e com um mercado supostamente incipiente na região” - Nordeste.

Tabela 2Sexo dos respondentes do questionário eletrônico

Sexo %Feminino 78,0

Masculino 22,0Fonte: desenvolvimento nosso.

Ainda segundo Oliveira et al (2012), a razão disso é o fato de que homens e mulheres ainda escolhem suas profissões segundo valores culturais, que definem e caracterizam supostamente o que pertence ao universo feminino - preocupações com aspectos mais humanos e menos técnicos; e ao universo masculino - voltado mais para ciências exatas e aspectos práticos, presentes nas carreiras tecnológicas. Os autores salientam que tais valores não são estáticos ou definitivos e, portanto, não podem ser tratados como únicos determinantes da escolha de uma profissão, já que outros fatores, tais como o nível de informação e conhecimento sobre o curso ou sobre si mesmo - vocação, interferem em tal processo.

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

Na Tabela 3 (na página a seguir) verificamos que a maioria dos respondentes está entre os 30 e 34 anos (41,7%), e o restante dos respondentes possuem entre 25 e 29 anos (33,3%). A predominância da segunda faixa etária chamou nossa atenção, considerando, sobretudo, que a maior parte dos respondentes formou-se recentemente, entre os anos 2005 e 2009.

Tabela 3Faixa etária dos respondentes do questionário eletrônico

Faixa etária %25 a 29 anos 33,330 a 34 anos 41,735 a 40 anos 21,241 a 50 anos 3,051 a 60 anos 0,8Mais de 61 anos 0,0

Fonte: desenvolvimento nosso.

Como a curva dos respondentes é ascendente, para os últimos anos de conclusão de curso, esperava-se que o público mais jovem fosse maioria. Essa inversão nos permite inferir que há um grande número de respondentes que ingressaram e obtiveram diploma com uma idade mais avançada. Considerando a idade média (18 anos) com a qual os calouros ingressam na Universidade, atualmente, o tempo regular para obtenção do título de bacharel em Relações Públicas (cinco anos) e o intervalo abrangido pela pesquisa (2000 a 2009), esses dados aponta para um perfil de ingressantes e egressos mais maduros, os quais desde o período de graduação já estivessem inseridos no mercado de trabalho, hipótese confirmada, conforme veremos no Capítulo 4.

Os resultados também evidenciam uma minoria de respondente com idade de 41 a 50 anos (3,0%) e de 51 a 60 anos (0,8%), que pode corresponder a pessoas que cursaram Relações Públicas como 2° graduação, que

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

adiaram sua formação ou tiveram apenas tardiamente a oportunidade de fazer um curso superior.

Sobre o estado civil dos egressos, a Tabela 4 evidencia que 49,2% dos respondentes são solteiros.

Tabela 4Estado civil dos respondentes do questionário eletrônico

Estado Civil %Solteiro 49,2Casado 38,6União Estável 5,3Divorciado 3,8Separado 2,3Viúvo 0,8

Fonte: desenvolvimento nosso.

Esses dados corroboram com os resultados da pesquisa Estatísticas do Registro Civil 201113, que indica que os brasileiros estão se casando cada vez mais tarde e que “as oportunidades de trabalho e de educação, assim como a opção cada vez mais comum de convívio em união consensual, mostrada pelo Censo Demográfico 2010, são fatores que influenciam no adiamento da formalização das uniões.” (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2011, grifo nosso).

Na Tabela 5 são apresentados dados referentes ao local em que os egressos de Relações Públicas de 2000 a 2009 da UFPB residem atualmente.

Tabela 5Residência dos respondentes do questionário eletrônico

Residência %João Pessoa (NE) 79,5Demais cidades do Nordeste 12,1

13 IBGE 2011. Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/Registro_Civil/2011/ comentarios.pdf>. Acesso em: 07 ago. 2013.

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

Região Norte 1,5Região Sul 1,5Região Sudeste 2,3Região Centro–Oeste 0,8Exterior 2,3

Fonte: desenvolvimento nosso.

Todos os respondentes estudaram e diplomaram-se pelo curso de Relações Públicas da UFPB, o qual funciona no Campus I, em João Pessoa, assim, observamos que a maioria dos egressos (79,5%) ainda continua residindo nessa cidade. Por outro lado, a atual moradia de 12,1% são outras cidades do Nordeste, com destaque para Recife, em Pernambuco, e outras cidades do estado do Ceará, o que confirma a vinda de pessoas de estados vizinhos da Paraíba para prestar vestibular na UFPB e sugere que boa parte destas retornam à cidade/estado natal após a conclusão da graduação.

Vale salientar que segundo as constatações de Oliveira et al (2012), em pesquisa anterior, 26% dos estudantes do curso de Relações Públicas da UFPB é proveniente de estados circunvizinhos a Paraíba. Segundo os pesquisadores a razão seria a provável inexistência do curso superior em Relações Públicas nos locais de origem e que no Nordeste há apenas dez universidades/faculdades que oferecem o curso/habilitação de Relações Públicas, distribuídas da seguintes forma: Alagoas (01), Bahia (04), Maranhão (01), Paraíba (01), Pernambuco (02) e Piauí (01). Dessas, apenas cinco são instituições públicas: Universidade Federal de Alagoas, Universidade do Estado da Bahia, Universidade Federal do Maranhão, Universidade Federal da Paraíba e Universidade Estadual do Piauí, o que explica a elevada taxa de ingressos de fora do estado na UFPB, especialmente, provenientes do Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco.

Ainda na Tabela 5, observamos a migração de alguns egressos para outras regiões do País: no Norte estão residindo 1,5%; no Sul 1,5%; e no Sudeste 2,3%, totalizando juntos 5,3% dos pesquisados. Um dado revelador é que

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

2,3% dos egressos estão residindo hoje no exterior, fora do País. Qual seria a razão dessa migração: a falta de oportunidades no mercado local, melhores condições e perspectivas em outras regiões/país? No capítulo 4 tentaremos elucidar essas e outras questões.

Ponderando-se que a renda pode ser entendida como um indicador de sucesso na carreira profissional, perguntamos a remuneração auferida pelos diplomados em Relações Públicas. Dessa forma, a Tabela 6 apresenta os resultados obtidos, os quais suscitam mais perguntas que resposta sobre a relação entre a renda e o êxito na carreira dos relações-públicas.

Tabela 6Renda mensal dos respondentes do questionário eletrônico

Renda Mensal %Sem renda 6,8De 1 a 2 salários mínimos 24,2De 3 a 6 salários mínimos 49,2De 7 a 10 salários mínimos 15,2De 11 a 15 salários mínimos 2,3De 16 a 20 salários mínimos 0,8Acima de 20 salários mínimos 1,5

Fonte: desenvolvimento nosso.

Praticamente a metade dos diplomados (49,2%) declarou receber entre três e seis salários mínimos, o que corresponde em valores atuais14 a R$ 2.034,00 e 4.068,00. Em seguida vem a faixa salarial dos diplomados que recebem entre um e dois salários mínimos (R$ 678,00 a 1.356,00), opção que recebeu 24% das respostas. Os que declararam ganhar entre 7 e 10 salários mínimos (R$ 4.746,00 a 6.780,00) correspondem a 15,2%. E uma minoria de 4,6% afirmou ganhar acima de 11 salários mínimos.

Considerando que não há um piso salarial definido para a categoria dos profissionais de Relações Públicas, que 14 Salário mínimo vigente em agosto de 2013 – R$ 678,00. Ministério do Trabalho e Emprego. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/sal_min/>. Acesso em: 07 ago. 2013.

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

os valores pagos aos relações-públicas dependem de cada região e que muitos respondentes não atuam como relações-públicas, nos perguntamos: Os diplomados, pela UFPB, estão bem ou mal remunerados para suas funções? Tentaremos elucidar essa e outras questões relacionadas à renda no capítulo 4, onde cruzamos essa variável com outras, como região onde reside, cargo/função exercida, segmento de atuação do profissional etc. Porém, seja qual for a resposta à questão levantada, podemos concluir, desde já, que a grande variação na renda dos diplomados em Relações Públicas indica a instabilidade sentida pelos egressos em relação ao mercado de trabalho.

Por fim, destacamos que os respondentes foram tomados não como meros objetos de pesquisa, mas sim como partícipes, protagonistas por assim dizer, de todo o trabalho investigativo.

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

Capítulo 2

ONIPRESENÇA VERSUS INVISIBILIDADE DAS RELAÇÕES

PÚBLICAS: IDENTIDADE DISCIPLINAR E PROFISSIONAL EM

JOGO

As pessoas não têm o conhecimento sobre o que é o relações-públicas, e o quanto é importante o relações-públicas! (Urano, 2013).

Mais de um século passou desde o surgimento da atividade de Relações Públicas nos Estados Unidos. Porém, no Brasil, muitos problemas ocorreram afetando o campo acadêmico e o aplicado da profissão, os quais parecem ainda não terem sido superados e, em consequência, percebe-se uma identidade e um futuro incerto para as Relações Públicas. Isso é revelado na falta de reconhecimento e valorização pelo mercado de trabalho, que abre poucas vagas para a profissão.

Dos profissionais formados pela UFPB, constatamos que apenas 3% assumem/assumiam o cargo de Relações Públicas (ver Gráfico 6, no apêndice I), estritamente em empresas ou órgãos públicos. No âmbito das empresas

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privadas e da sociedade em geral, parece existir um desconhecimento generalizado da atividade, levando os diplomados a simplesmente assumirem outras funções e identidades profissionais, tais como assessor de comunicação, consultor empresarial, servidor público, entre outras, embora apliquem e exerçam, em diferentes medidas, as funções e atribuições da atividade de Relações Públicas. Para alguns diplomados, a falta de reconhecimento profissional causa questionamentos entre os parentes e familiares, provocando sentimentos de frustração e ressentimento em relação à profissão.

Tais problemas não são novos nem desconhecidos e já foram debatidos reiteradamente em estudos científicos, eventos, etc. Porém, a discussão que nos propomos a realizar traz outra abordagem: o processo dialético e reflexivo entre o cenário social, que retroalimenta e acentua os problemas indentitários da profissão e dos profissionais, e a falta de reconhecimento e prestígio científico da atividade, a qual contribui para a marginalização dentro da academia. Assim, o desenvolvimento da identidade disciplinar e profissional é interpretado como determinante da falta de representação e legitimidade das Relações Públicas no cenário empresarial, afetando diretamente a empregabilidade dos egressos.

Essa discussão não estava prevista inicialmente no nosso plano de pesquisa, surgindo durante o processo de coleta de dados, na primeira etapa da investigação (ver capítulo 5 – Caixa Preta), quando fomos surpreendidos pela “resistência” dos diplomados em participar do levantamento de dados sobre a atuação do relações-públicas no mercado de trabalho. Começamos a discutir o porquê disso e assim surgiram as primeiras hipóteses sobre os motivos da falta de identificação dos egressos com a atividade de Relações Públicas pós-inserção no mercado de trabalho, as quais resolvemos investigar mais a fundo.

Assim, realizamos um Grupo Focal, em março de 2013, com alguns diplomados em Relações Públicas, previamente

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selecionados, no qual a ‘maxi categoria’ ‘Identidade e representação da profissão’ ganhou elevado destaque dentre as outras temáticas abordadas por eles. Ao proceder a análise de conteúdo do GF (ver Gráfico 21 no apêndice I) verificamos que a categoria ‘Identidade e representação da profissão’ corresponde a 45,4% de tudo que foi discutido durante as duas horas de conversa. Essa temática além de ser predominante, esteve presente de modo constante no discurso de todos os participantes15 do GF, conforme podemos observar no gráfico 2 (ver apêndice I).

Todas as falas coletadas no GF foram obtidas a partir de três questões-chave: 1) Quem é você (quando se formou, o que faz hoje, trajetória profissional, etc.)?; 2) A formação e/ou a profissão de Relações Públicas trouxeram reconhecimento/valorização (em que medida, em quais ocasiões, contexto, etc.)?; 3) Como avalia o curso de Relações Públicas da UFPB?. Essas questões foram expostas aos participantes, servindo de estímulo à discussão do grupo, que pôde interagir livremente com intervenções mínimas do facilitador. Assim, consideramos que todas as falas estão repletas de identidade, subjetividade e representações sociais, que foram expostas de modo espontâneo e livre pelos próprios participantes (ver detalhes no cap. 5 - Caixa Preta), cabendo a nós categorizá-las e quantificá-las.

Nesse capítulo, procuramos evidenciar as percepções dos participantes do GF sobre o papel social, as representações sociais, a identidade, os problemas e dilemas das Relações Públicas. Nosso trabalho interpretativo procura estabelecer sentido, conexões, entre a superfície textual e seus significados semânticos e pragmáticos, por meio da codificação e categorização das falas dos diplomados e em diálogo com conceitos da Sociologia, da Psicologia Social e da Comunicação.

15 Com o intuito de preservar a identidade dos participantes do GF convencionamos usar pseudônimos, empregando nomes dos planetas do sistema solar em substituição aos seus nomes civis.

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

2.1 PROBLEMAS E DILEMAS DA PROFISSÃO E DO ENSINO DE RELAÇÕES PÚBLICAS NO BRASIL

[...] para que serve um relações-públicas? Serve para TUDO! Serve para tudo, tudo o que você

precisa! [risos]. (Netuno, 2013).

A atividade de Relações Públicas chegou ao Brasil no início do século XX, seguindo definições e modelos prontos, oriundas de países desenvolvidos e já com tradição no seu uso, como os Estados Unidos e a Inglaterra, que não foram adaptados para nossa cultura (FRANÇA, 2003). Na concepção dos pioneiros, “as Relações Públicas eram fundamentalmente um trabalho de desenvolvimento da interlocução entre as organizações e a opinião pública.” (REIS, 2009, p. 146). E foi com essa base conceitual que a profissão disseminou e se desenvolveu em vários países, inclusive no nosso.

No Brasil, as Relações Públicas começaram a ser praticadas empiricamente. Com o decorrer do tempo, seu posicionamento profissional foi sendo estruturado (FRANÇA, 2003), ainda que de maneira imprecisa. Alguns marcos desse processo são: a criação do primeiro departamento16 de Relações Públicas, em 1914; a fundação da Associação Brasileira de Relações Públicas (ABRP), em 1954; a realização de cursos no Instituto de Administração da Universidade de São Paulo, na Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Instituto de Organização Racional do Trabalho (IDORT) e na PUC/RJ, nas décadas de 1940, 1950 e 1960; e a regulamentação legal da profissão em 1967.

Nesta seção, sumarizamos o desenvolvimento do conceito e da atividade de Relações Públicas no Brasil, iniciando pela polêmica regulamentação da profissão,

16 O primeiro Departamento de Relações Públicas no Brasil foi criado em 30 de

janeiro de 1914 pela "Light" (The Light and Power Co. Ltda.), companhia canadense estabelecida no Brasil e concessionária da iluminação pública e do transporte coletivo da cidade de São Paulo (SP).

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acusada por alguns de limitar seu crescimento e amadurecimento, e a atuação do conselho de classe na fiscalização do exercício profissional e cumprimento da lei. Na sequência, falamos sobre o ensino, com destaque para as principais resoluções que regulamentaram a estrutura curricular e suas contribuições específicas, na visão de pesquisadores do ensino da comunicação e das Relações Públicas. Em seguida pretendemos tão somente expor o contexto no qual se constitui e fundamenta-se a falta de valorização e reconhecimento do profissional de Relações Públicas.

2.1.1 Regulamentação da profissão e a atuação dos Conselhos Regionais e Federal de Relações Públicas

Uma particularidade brasileira é o fato de termos sido o primeiro país e o único da América Latina a regulamentar a profissão de Relações Públicas, através da Lei Nº 5.377, de 11/12/67, do Decreto-Lei Nº 860, de 11/09/69 e do Decreto 63.283, de 26/09/68 (OLIVEIRA, J. R; PAIVA, 2012). De acordo com essa legislação, o exercício das atividades de Relações Públicas tornou-se privativo dos bacharéis em Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas, devidamente registrados nos Conselhos Regionais da categoria. A regulamentação estabeleceu uma reserva de mercado para os profissionais devidamente habilitados, mas não definiu claramente as atribuições e funções do relações-públicas, citando resumidamente cinco itens no capítulo II, Art. 2º, situação que deixou muitas brechas e gerou e gera questionamentos e dúvidas.

Muitas críticas são feitas até hoje a regulamentação prematura da profissão, sob a influência militar, que tinha propósito claro de censurar a livre manifestação de opinião e de colocar sob seu controle todo o setor de comunicação e

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artes (OLIVEIRA, J. R; PAIVA, 2012). Nesse sentido, França (2003, p. 138) menciona que:

A grande duração do regime foi ainda mais prejudicial ao exercício da atividade, porque esta foi assumida pelo governo como bandeira para fazer sua promoção sistematizada na sociedade e impedir o seu livre exercício como atividade democrática.

Os profissionais de Relações Públicas se constituem em uma categoria que tem um conselho de classe legalmente constituído. No entanto, em geral, os diplomados em Relações Públicas queixam-se da fraca atuação, sobretudo da falta de fiscalização de seu Conselho Profissional, tanto no âmbito regional como nacional. Na pesquisa “A percepção dos profissionais de Relações Públicas sobre o Sistema Conferp: análise da entidade e perspectivas para o futuro da atividade profissional”, Ferrari (2011) relata a falta de expressividade e de participação do órgão nos debates e atividades nacionais e regionais referentes à área, que seriam causadas, entre outros fatores, pela rigidez da lei e a ausência de um plano estratégico que una a categoria, atraindo os recém-formados e os profissionais atuantes para registrarem-se.

No que concerne à legislação, o Conferp tem se esforçado de tal maneira que promoveu um debate em âmbito nacional sobre a necessidade de atualização e de flexibilização da mesma, visando a abertura do registro profissional para pós-graduados em Relações Públicas, respectivamente, através do Parlamento Nacional17, realizado entre 1995 e 1997, com profissionais de todo o

17 O Parlamento Nacional de Relações Públicas foi o esforço nacional, realizado

organizadamente pela categoria sob o comando do seu Conselho Federal, com o intuito de modernizar a atividade adequando-a às exigências dos novos tempos. A desregulamentação da profissão de Relações Públicas foi proposta pelo Conselho Regional em São Paulo, baseado na tese de que o Conselho não consegue garantir a plena fiscalização e que muitos profissionais de outras áreas estão assumindo posições que deveriam ser deste profissional (ATHAYDES, 2008).

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país e cujo relatório final foi apresentado em 1998 (ATHAYDES, 2008); e de uma consulta pública, realizada nos meses de outubro e novembro de 2011, com profissionais interessados em obter o registro profissional, além de profissionais e docentes de Relações Públicas.

O diagnóstico final, resultante da consulta pública, apresenta as opiniões defendidas pelos participantes, que questionam a flexibilização, pois permitiria aos pós-graduados ocupar os espaços dos profissionais formados em Relações Públicas. Resumidamente, revelou-se que a maioria dos consultados não tem segurança quanto à proposta de flexibilização, uma vez que consideram a fiscalização atual ineficiente e que não imaginam que os Conrerps conseguirão fiscalizar os novos profissionais futuramente (CONSELHO FEDERAL DE PROFISSIONAIS DE RELAÇÕES PÚBLICAS, 2012).

Segundo os egressos da UFPB, a falta de fiscalização é a quarta dentre as maiores dificuldades enfrentadas para ingressarem no mercado de trabalho. O descontentamento dos profissionais com o Conselho transpareceu nas falas dos participantes do GF:

Então, para isso tem que ter um processo educativo, pra que as pessoas percebam que colocar o nome Relações Públicas é crime, é falsidade ideológica. [...] Eu vejo sim como uma falha do Conselho. (VÊNUS, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013).

Tem que ver até que ponto a presença do Conselho muda em alguma coisa! Porque, assim, você vê as profissões que têm Conselho, [...] Por exemplo, meu marido é contador e o Conselho de contabilidade faz o quê, além de arrecadar? Nada! Não fiscaliza. Mas, eu acho que quando as pessoas cobram acontece. (NETUNO, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013, grifo nosso).

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Ao mesmo tempo em que alguns diplomados apontam deficiências na atuação do Conselho, outros reconhecem que cabe aos próprios relações-públicas fiscalizar o mercado e a atuação indevida dos profissionais não habilitados em Relações Públicas, situação recorrente segundo eles no mercado local, isto é, em João Pessoa.

Nessa perspectiva, sabemos que a defesa de um lugar e de um objeto de estudo próprios das Relações Públicas não é tarefa apenas do conselho de classe e/ou dos profissionais da área. Aos pesquisadores, geralmente alocados em institutos de pesquisa e Universidades, e docentes - responsáveis pelo processo de ensino-aprendizagem do ser e do fazer Relações Públicas -, cabe além de investigar, definir as competências essenciais a serem desenvolvidas pelo futuro profissional por meio de uma estrutura curricular consonante com a realidade, que permita ao profissional ser absorvido e melhor aproveitado pelo mercado de trabalho.

2.1.2 Estrutura e diretrizes curriculares aplicadas ao curso de Relações Públicas

Como parte integrante das Ciências Sociais Aplicadas, o ensino e a prática das Relações Públicas desenvolveram-se no Brasil e na América Latina junto à área da Comunicação, embora algumas tentativas de estabelecer vínculo com a Administração tenham sido feitas ao longo de sua história18. Conforme Reis (2009, p. 141) “há o reconhecimento de que,

18 Conforme Wey (1983) apud Reis (2009, p. 140), nos anos 1940, durante o

surgimento do interesse acadêmico pela atividade de Relações Públicas, tanto na FGV-RJ quanto no Instituto de Administração da FEA- USP, os estudos de Relações Públicas estavam ligados à área de administração.

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até então, as escolas de administração eram as grandes interessadas na compreensão do que seria a atividade e na formação de profissionais para atuarem na área”.

Os primeiros cursos surgiram, precisamente, na Escola de Comunicações e Artes da Universidade São Paulo, na região Sudeste, em 1966; e na Escola Superior de Relações Públicas, em Recife (PE), na região Nordeste, em 1967. Esses cursos de graduação foram influenciados pelos paradigmas vigentes na “indústria cultural”, que imprimiu uma identidade focalizada na Comunicação de Massa (MELO, 1998) em todo o ensino de comunicação no Brasil. Aliada à ausência de tradição interdisciplinar das nossas universidades e a falta de pesquisa empírica institucionalizada, essa visão reducionista colabora, conforme o referido autor (ibdem), para uma atrofia do mercado de trabalho e a existência de conflitos entre as universidades e as corporações midiáticas.

Lembramos que, originalmente, os Cursos de Comunicação Social contavam com cinco habilitações - Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Relações Públicas, Rádio e Televisão, e Cinematografia -, e que desde 1962 existe um currículo mínimo conduzindo esta formação (MOURA, 2002). Assim, os profissionais de comunicação partilhavam a mesma base teórica, divida em três blocos de conhecimento: conceitos comunicacionais; processos midiáticos; conteúdos culturais (MELO, 1998). As três dimensões mencionadas foram incorporadas tanto à formação teórica como à prática das Relações Públicas, como salienta Reis (2009, p. 143):

A institucionalização das relações públicas no campo da comunicação incorporou à práxis, por meio da formação curricular acadêmica, temas e preocupações de interesse dos pesquisadores da comunicação, tais como: sistemas comunicacionais; produção, circulação e disseminação de informações; interlocução; e participação.

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Desse modo, propagou-se uma visão centrada na comunicação instrumentalizadora e uma perspectiva puramente tecnicista, em que os pesquisadores e a literatura se concentram na caracterização e descrição do saber-fazer das Relações Públicas. Logo, evidencia-se um descompasso entre o processo de ensino-aprendizagem das Relações Públicas e a demanda do mercado, especialmente, nas instituições de ensino superior públicas, visto que estas, em geral, estão submersas na burocracia e são muito mais lentas na implantação de atualizações curriculares.

A proliferação acelerada de cursos superiores em Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas por todo o país, ainda na década de 1970, desencadeou outras distorções e problemas, posto que houvesse pouquíssimos docentes capacitados na área, os quais estavam concentrados principalmente no eixo Rio-São Paulo, e pouco consenso sobre a estrutura curricular e o foco a ser dado dentro dessa formação.

Entre as décadas de 1960 e 1980, foram implantados cinco currículos mínimos para o curso de Comunicação Social, baseados nos pareceres de números 323/62 e 984/65, na resolução nº 11/69, na resolução nº 03/78 e na resolução nº 2/84, os quais também definiram por correlato a organização da estrutura curricular dos cursos de Relações Públicas. O Quadro 3 (na página a seguir) apresenta o parecer nº 480/83 que classifica tais currículos em quatro fases.

Essas fases referem-se ao ensino da teoria e das práticas profissionais enfocadas pelos cursos. A resolução nº 03/78, em conformidade com os pareceres nº 1.203/77 e nº 02/78, é emblemática, pois determina a divisão do currículo pleno em dois eixos: Tronco Comum, correspondendo às disciplinas ministradas na primeira metade do curso, que contemplavam conteúdos teóricos concernentes às ciências sociais; Campo Profissional, na segunda metade do curso, incumbido de imprimir uma

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visão das necessidades do mercado, vinculada essencialmente à reprodução técnica. O foco nas características regionais ficou ao encargo de cada instituição de ensino, através de acréscimos de outras disciplinas (MOURA, 2002).

Quadro 3Fases dos currículos do Curso de Comunicação Social

Fase Período

Clássico-humanística até a segunda metade da década de 1960

Científico-técnica década de 1960

Crítico-reflexiva década de 1970

Crise de identidade década de 1980

Fonte: Baseado no parecer nº 480/83 do Conselho Federal de Educação e Moura (2002).

Conforme Moura (2002, p. 240):

Esta divisão entre a teoria e a prática ocorre na maioria das escolas, correspondendo, de forma equivocada, ao Tronco Comum e à Parte Especializada do currículo mínimo. A visão teórica, voltada a uma ciência social, e a visão das necessidades do mercado, vinculadas à reprodução técnica, costumam determinar a organização curricular, e os professores encontram-se enquadrados em uma destas perspectivas.

Na visão de Andrade (1983) um aspecto importante da resolução nº 03/78 é o fato de permitir a inserção de conteúdos/disciplinas que se voltem às necessidades do mercado e assim poder contemplar dentro do eixo profissional matérias do campo da administração na formação dos relações-públicas. Vale registrar também que tal resolução não atendeu ao encaminhamento do Conferp

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

que sugeria transferir a habilitação de Relações Públicas do curso de Comunicação Social para o de Administração. A sugestão foi repelida, com base na consulta a legislação profissional das duas áreas, que constatou a diversidade entre o campo de ação e as atribuições específicas de cada um dos profissionais (MOURA, 2002).

A resolução nº 002, de 24 de janeiro de 1984, do Ministério da Educação – MEC merece destaque por fixar um currículo mínimo que passou a constituir-se por dois grupos: disciplinas obrigatórias e eletivas do Tronco Comum; e disciplinas Específicas, composta também por obrigatórias e eletivas. Essa resolução estabeleceu ainda exigências quanto à infraestrutura para o funcionamento dos cursos, em termos de instalações de laboratórios e equipamentos adequados à formação profissional nas diferentes áreas.

Ressaltamos que em muitos casos ‘o currículo mínimo tornou-se o máximo’, isto é, muitas universidades se limitaram oferecer somente o que a resolução exigia como mínimo, quer por falta de condições, que por falta de esforços, e assim o currículo pleno não incluiu a perspectiva regional/local.

Ainda no final do século XX, Melo (1998, p. 20) já dizia que “o ponto de partida para a organização da grade curricular deve ser necessariamente o entorno local-regional em que os cursos estão situados. Afinal de contas, é nas indústrias-serviços da cidade-região que os novos profissionais buscarão o primeiro emprego”. Todavia, segundo o autor, não se deve esquecer que os processos comunicacionais estão sendo submetidos a constante pressão nacionalizadora-mundializadora e que há uma legítima aspiração de jovens profissionais em galgar postos de trabalho nas empresas que englobem as redes midiáticas às quais estão vinculados os meios locais-regionais.

As dissonâncias entre as propostas curriculares já foram estudadas por vários pesquisadores de Relações Públicas. Conforme o estudo liderado por França e Tondato

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(2002), até o início de maio de 2001, eram 67 o número de faculdades que ofereciam o curso de Relações Públicas no país, sendo que 31 dessas faculdades encontravam-se na região Sudeste. Em contato com as instituições ou em visitas nas suas respectivas homepages, os pesquisadores citados encontraram 18 grades curriculares diferentes.

Os dados comprovaram que as disciplinas ministradas, embora pertencessem a uma mesma área de conhecimento, recebiam designações bem diferentes, o que resultava em significativas incongruências na compreensão e transmissão de seus conteúdos (FRANÇA; TONDATO, 2002). Ademais, acrescentamos que, em sua grande maioria, as grades curriculares não mantém um diálogo entre a universidade e o mercado de trabalho, onde estão as organizações em que vão trabalhar os diplomados.

Outro aspecto relevante na discussão sobre o ensino é a qualificação docente. Para fazer face às exigências tecnológicas de um mercado em transformação, bem como integrar reflexões sobre situações singulares e reais no processo de ensino-aprendizagem (VIEIRA, 1998; CARVALHO, 1999), segundo França e Tondato (2002, p. 9), “o perfil ideal do professor de Relações Públicas, dentro da perspectiva de uma grade flexível, próxima da realidade de seus públicos, deve ser uma mescla de acadêmicos e profissionais com atuação no mercado”.

Conforme os referidos autores, também é necessária uma formação humanística que permita antes de tudo a preparação de cidadãos, com capacidade crítica de analisar a realidade, ao mesmo tempo em que permita a inserção do profissional no mercado de trabalho. Para tanto o corpo docente acadêmico deve conhecer as necessidades do mercado e traduzir isso em conhecimento prático nas disciplinas específicas.

Em 2002 entrou em vigor as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Comunicação Social e de suas habilitações, aprovadas em 03 de abril de 2001, com parecer CNE/CES 492/2001, do Conselho Nacional de

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Educação, e homologadas em 04 de julho de 2001. Essas Diretrizes refletiram a preocupação e a necessidade de atualização curricular ao tratar do perfil dos formandos, das competências e habilidades, dos conteúdos curriculares básicos e específicos, da obrigatoriedade do estágio e das atividades complementares do curso e de suas habilitações, estabelecendo padrões de referência que devem ser seguidos pelas instituições de ensino (KUNSCH, 2009). Ao seguir uma linha mais propositiva, comparando-se ao que existia anteriormente, nas Diretrizes de 2001 o Ministério da Educação já não estabelece os currículos mínimos, com disciplinas a serem adotadas dentro de uma carga horária prevista. Seus pressupostos básicos são: a flexibilização da estrutura dos cursos; a recomendação de um padrão de referência para o funcionamento dos mesmos; a ordenação de critérios mínimos de exigência para emissão de diplomas de graduação. Desse modo, estabeleceu-se que as instituições de ensino definiriam as estruturas curriculares, assim como os objetivos institucionais; demarcariam a linha teórico-pedagógica e a política de preparação técnico-laboratorial.

Em síntese, podemos afirmar que, até então, amparados na legislação que mantinha as Relações Públicas como habilitação da Comunicação, em geral, os pesquisadores defendiam que: a estrutura curricular dos cursos de Relações Públicas deveria levar em consideração a situação regional em que o curso está inserido, mas sempre harmonizada com as tendências nacionais/globais; os docentes deveriam ter, além da preparação pedagógica, uma atuação consistente no mercado para poder combinar experiências práticas à teoria no processo de ensino-aprendizagem, usando como referência a realidade do mercado local; a construção da estrutura curricular deveria contemplar tanto as competências humanísticas como as técnicas inerentes à profissão, envolvendo equitativamente conhecimentos da Comunicação e da Administração.

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Todavia, em 2010 ocorreu uma mudança significativa nos rumos do ensino de Relações Públicas no país. A Portaria 595, de 24 de maio de 2010 da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (BRASIL, 2010), instituiu uma comissão19 de especialistas para subsidiar a formulação das Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de Relações Públicas20. Essas novas diretrizes orientam a elaboração dos projetos pedagógicos que contemplem a articulação entre os conteúdos abrangentes e os conhecimentos específicos; definem as competências requeridas e o perfil do egresso, bem como a necessidade de estrutura laboratorial, a obrigatoriedade do estágio curricular e os tipos de trabalhos de conclusão de curso. Conforme o relatório da Comissão (KUNSCH et al, 2010), a carga horária total definida é de 3.200 horas, assim distribuídas:

• 2.800 horas para as atividades didáticas (teóricas e práticas; obrigatórias e optativas), sendo pelo menos 1.400 horas no eixo de formação em Relações Públicas – que inclui a carga de 150 horas destinada ao trabalho de conclusão de curso –, e as outras 1.400 horas nos eixos de formação geral, em comunicação e suplementar;

• 200 horas para estágio;• 200 horas para atividades complementares.A partir de 2011, as habilitações de Relações Públicas,

bem como as demais habilitações do Curso de Comunicação Social, passaram a ser transformadas em cursos isolados.

19 A Comissão de elaboração da proposta de Diretrizes Curriculares para o Curso

de Relações Públicas foi presidida por Margarida Maria Krohling Kunsch e composta por Cláudia Peixoto de Moura, Ésnel José Fagundes, Márcio Simeone Henriques, Maria Aparecida Viviani Ferraz, Paulo Roberto Nassar de Oliveira e Ricardo Ferreira Freitas, contando ainda com contribuições de entidades empresariais, profissionais e de ensino (BRASIL, 2010).20

A Proposta Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Relações Públicas (DCNs-RP) formulada pela Comissão de especialistas foi aprovada em 14 de março de 2013 pelo Conselho Nacional de Educação. Os passos seguintes são: CNE envia para o Ministro homologar o parecer. Posteriormente à homologação será publicada a Resolução do CNE com as DCNs”.

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Não cabe a nós julgar o mérito da questão e nem avaliar as consequências de transformar a habilitação Relações Públicas em curso independente. Contudo, destacamos que a formulação de uma comissão própria, composta por pesquisadores e docentes de reconhecida contribuição na área de Relações Públicas para formular as Diretrizes Curriculares para os Cursos de Relações Públicas, sem dúvida tende a se refletir em uma proposta consistente e adequada às novas demandas em relação à profissão, cujos resultados poderão ser avaliados após alguns anos da implantação e adequação dos currículos, nas diferentes regiões do país. Na UFPB, a transformação da habilitação em curso ocorreu no primeiro semestre de 2012.

Por último, destacamos outro tipo de entrave, ainda no âmbito acadêmico, relacionado à ausência de linhas de estudos em comunicação organizacional e Relações Públicas nos programas de pós-graduação em comunicação social das universidades federais. Segundo Kunsch (2009, p. 122), “isso tem provocado um deslocamento de docentes e discentes para pesquisar a comunicação organizacional em programas de administração dessas mesmas universidades”. Assim, é notório que ainda falta muito para a consolidação das Relações Públicas no Brasil, especialmente de uma identidade clara e valorizada, com a qual os pesquisadores, profissionais, docentes e discentes se identifiquem.

Ferrari (2011) afirma que nos países latino-americanos e no Brasil a área é carente de uma melhor estrutura teórica e de pesquisa, o que dificulta o seu reconhecimento tanto acadêmico quanto profissional. Segundo a autora:

Seu arcabouço teórico, carente de embasamento em pesquisas científicas locais, apoia-se, na maioria das vezes, em autores estrangeiros e, quase exclusivamente, em conhecimentos produzidos no mundo anglo-saxão, ou então em práticas profissionais que seguem estilos

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eminentemente pessoais e sem respaldo científico. (FERRARI, 2011, p. 201).

Comparativamente, em relação aos demais países da América Latina, o Brasil está na dianteira do desenvolvimento das Relações Públicas. Porém,

[...] essa simples vantagem não pode nos levar a acreditar que a atividade já esteja consolidada no Brasil. [...] a postura dos pesquisadores e profissionais deve ser a de buscar um corpus teórico que seja fruto da cultura e das necessidades locais, defende Ferrari (2011, p. 202).

Talvez seja justamente esse o maior e mais difícil embate: definir um objeto de estudo e estabelecer um corpus teórico próprios das Relações Públicas.

2.2 ENTRE A COMUNICAÇÃO E A ADMINISTRAÇÃO: QUAL É O LUGAR DAS RELAÇÕES PÚBLICAS?

Eu acho que é um administrador da comunicação mesmo; as duas coisas [comunicação e

administração], não tem como você separar. (Netuno, 2013).

Embora nossa história evidencie vários ofícios milenares que tiveram apenas posteriormente o reconhecimento acadêmico, na sociedade pós-moderna a legitimidade de uma profissão é atribuída em primeiro lugar à sua cientificidade, ou seja, a existência de paradigmas e pressupostos teóricos consolidados. No mesmo sentido, a inexistência de um objeto de estudo particular coloca em xeque a construção de um campo de saber, evidenciando sua fragilidade e imaturidade científica.

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Por outro lado, a legitimidade científica de um campo de saber reflete-se diretamente na prática e na atuação do profissional, haja vista que “quem fala, fala de algum lugar” e este lugar pode conferir ao falante autoridade, reconhecimento, valorização ou não, segundo as marcas históricas e ideológicas do discurso. Cremos que a história interpela o sujeito através da ideologia e esta determina o lugar de quem fala e a própria fala do sujeito no mundo (BRANDÃO, 2012). Assim, a historicidade representa uma marca temporal e espacial do discurso, que evidencia de onde se fala e sob que perspectiva, isto é, sob que olhar ou ponto de vista, por vezes revelando e em outras encobrindo pretensões e intenções do sujeito, e sempre evidenciando o diálogo com outros discursos.

É neste cenário que enquadramos a discussão sobre ‘o lugar’, isto é, o campo disciplinar e de atuação do profissional de Relações Públicas. No ponto de partida e no centro da questão estão a falta de definição de um objeto de estudo e a fragilidade de sua ‘doutrina’. Assim, a seguir discutimos o desenvolvimento da teoria de Relações Públicas, focando especialmente a impertinência do paradigma sistêmico aplicado às Relações Públicas. Na sequência, abordamos o dualismo e a dificuldade encontrada em atuar na fronteira entre dois campos de saber - Comunicação e Administração, dando visibilidade às percepções e as perspectivas apontadas por autores e pelos sujeitos pesquisados.

Procuramos evidenciar, dessa forma, como os deslocamentos teórico-prático e acadêmico das Relações Públicas levaram-na a trilhar um caminho entrecruzado entre a comunicação e administração, adquirindo um caráter mutante, que permite atuar entre as duas fronteiras sem constituir seu próprio território. E, por último, como a consolidação do ‘paradigma da comunicação organizacional’, nas últimas décadas, corrobora em certa medida para a invisibilidade das Relações Públicas.

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2.2.1 Campo disciplinar e bases conceituais: novas perspectivas?

É possível falar em uma teoria das Relações Públicas? O que os cem anos de evolução da atividade têm a nos dizer a esse respeito? Quais as novas perspectivas?

Conforme Simões (2001, p. 25), “[...] o processo de elaboração de uma teoria de Relações Públicas encontra-se no estágio do caos”. Seria tão embrionária que mal se pode falar em teoria e, por isso, é muito comum encontrar pesquisadores utilizando as expressões ‘pressupostos teóricos’ ou doutrina das Relações Públicas.

Apesar disso, Gonçalves (2010) consegue identificar dois estágios no desenvolvimento da fundamentação das Relações Públicas, os quais denominam de ‘pré-paradigmático’ e ‘paradigma grunigiano’, sendo ambos originados e pautados pela clássica Teoria Geral dos Sistemas.

A perspectiva sistêmica interpreta as organizações como um sistema, no qual se concretiza um conjunto de relações de interdependência e de interação entre suas diferentes partes (GONÇALVES, 2010). Assim, a abordagem sistêmica atribui um papel relevante à comunicação nas organizações e, consequentemente, para as Relações Públicas, que passam a ser compreendidas como gestora do subsistema de comunicação.

Interdependentes, as organizações têm de se comunicar entre si. O sistema organizacional se viabiliza graças ao sistema de comunicação nele existente, que permitirá sua contínua realimentação e sua sobrevivência. Caso contrário, entrará num processo de entropia e morte. Daí a imprescindibilidade da comunicação para uma organização social. (KUNSCH, 2003, p. 67).

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A noção de que as Relações Públicas não podem ser vistas de forma isolada e sim como um “subsistema administrativo de apoio à direção da empresa, abrindo canais de comunicação com públicos internos e externos, ajudando-a a comunicar entre si e apoiando-os nas suas actividades” (GONÇALVES, 2010, p. 21) aparece pela primeira vez na obra Managing Public Relations, de James Grunig e Todd Hunt, em 1984. Jordi Xifra, pesquisador espanhol responsável pelo prólogo da referida obra, traduzida e publicada em castelhano em 2000, destaca que “podemos afirmar, sin miedo a equivocarnos, que, con Gruning, la teoría de las Relaciones Públicas, si no nace, al menos alcanza la madurez propia de las disciplinas científicas.” (GRUNIG; HUNT 2000, p. 29).

Para Pasadeos, Renfro e Xifra (1992), James E. Grunig é o autor mais influente no campo disciplinar e por isso é considerado o ‘pai das Relações Públicas modernas’. Sob tais influências o segundo estágio de desenvolvimento da fundamentação das Relações Públicas denominou-se de “paradigma grunigiano”, justamente por ter como expoente o estudioso que, junto com seus colaboradores, fundou a ‘Escola da Excelência’ e vem buscando estabelecer os paradigmas científicos para a atuação do profissional de Relações Públicas, com foco na excelência da comunicação (GONÇALVES, 2010).

As propostas de Grunig partem da categorização dos quatro modelos de Relações Públicas praticados nas empresas e chegam à formulação do conceito da comunicação excelente, baseada na atuação estratégica das Relações Públicas nas organizações (KUNSCH, 1997). Seria esta a base do paradigma sistêmico das Relações Públicas vigente na área na contemporaneidade, conforme destaca Gonçalves (2010).

Seguindo outro caminho, Clóvis de Barros Filho e Fernanda Belizário fazem uma análise consistente,

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identificam e apresentam as “contradições que denunciam a impertinência do paradigma funcionalista como fundamento conceitual” da atividade de Relações Públicas (BARROS FILHO; BELIZÁRIO, 2007, p. 93).

Ao confrontar os fundamentos teóricos das Relações Públicas com o que defende o estrutural-funcionalismo - corrente que estuda as relações e influências entre as organizações e o ambiente externo, especialmente as saídas e entradas do sistema de modo a obter um equilíbrio -, os autores questionam o pressuposto que estabelece como objeto das Relações Públicas as organizações e seus públicos, para os quais “cumprem sua função social reestabelecendo o equilíbrio da relação empresa-sociedade, guiadas pelo melhor a ser feito para o bem-estar geral.” (BARROS FILHO; BELIZÁRIO, 2007, p. 96).

Considerando que os sistemas são vastos processos de conversão, que processam demandas do exterior e as convertem em reações adequadas, através das suas estruturas (inputs, gatekeeper, instâncias decisórias, outputs e feedback), de acordo com Barros Filho e Belizário (2007), as contradições entre os princípios do estrutural-funcionalismos e do paradigma sistêmico das Relações Públicas residem na impossibilidade do relações-públicas atuar ora a favor da organização, ora a favor da sociedade e ora mediar tal relação, desempenhando tanto funções de gatekeeper como de instâncias decisórias.

Ocorre que para mediar a relação empresa-sociedade o relações-públicas teria que atuar fora do sistema-organização, isto é, ser independente, para que assim tivesse a autonomia e a isenção necessárias a uma intervenção ética e coerente. Por sua vez, para definir as melhores estratégias e ações a serem adotadas pela empresa, visando os melhores resultados, seria preciso que a atividade ocupasse funções de instâncias decisórias e estivesse não só no topo da hierarquia como focada nos interesses da organização. No entanto, como subsistema da organização as Relações Públicas estão dentro e não fora do

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sistema-organização, logo são subordinadas às hierarquias de tal sistema. Portanto, não possuem autonomia para decidir o que é melhor para empresa ou determinar o que ela deve ou não fazer.

Segundo Barros Filho e Belizário (2007), outra incoerência diz respeito à atribuição de abrir canais de comunicação e manter a transparência das ações organizacionais, haja vista que um sistema para se manter e sobreviver precisa diferenciar-se do ambiente, justamente demarcando e fortalecendo suas fronteiras. Logo, evidencia-se a incongruência de atuar como gatekeeper, isto é um filtro, que define o que entra e o que sai da organização, e abrir mais canais de comunicação pelos quais os públicos e a organização interajam livremente, o que exporia e traria riscos ao próprio sistema pela diluição de suas fronteiras. Como explicam os autores citados, o processo de eliminar barreiras entre interior e exterior desestabiliza a própria existência do sistema.

Apesar de sugerir que o paradigma grunigiano não está esgotado, Gonçalves (2010) defende teorias críticas para as Relações Públicas, que considerem o contexto social e econômico em que se insere. Por sua vez, Barros Filho e Belizário (2007) são mais críticos e explicitam claramente a inviabilidade do paradigma sistêmico das Relações Públicas com base no seguinte argumento:

Quanto mais as relações públicas trabalham para os públicos, mais elas prejudicam as tentativas de “autonomizar” o sistema-organização que é seu objeto. E quanto mais trabalham para as organizações, mais tentam colaborar com esse grau de autonomia do sistema em relação às demandas e apoios externos, ou seja, mais afastam as empresas de seus públicos. (BARROS FILHO; BELIZÁRIO, 2007, p. 106).

Gonçalves (2010), Barros Filho e Belizário (2007) concordam quanto à necessidade de novas reflexões.

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Gonçalves destaca a abordagem relacional, protagonizada por Lendingham (2003), e voltada para a gestão de relacionamentos. Também preocupada com as questões éticas, a autora afirma: “[...] este é o maior desafio que se pode colocar às RP modernas: procurar a melhor forma de gestão de relações que, por definição, são bidirecionais, mas que idealmente se pretendem simétricas, éticas e harmoniosas.” (GONÇALVES , 2010, p. 66).

Enquanto isso, Barros Filho e Belizário (2007, p. 106) sentenciam:

[...] a fragilidade identitária do profissional de relações públicas começa na má definição de seu objeto, que relaciona duas variáveis complicadas. A primeira são os públicos, em relação aos quais até hoje não se tem um conceito definido - portanto, seria necessária já uma legítima definição de públicos ancorada numa teoria pré-legitimada para todo o resto. Depois, as organizações. Estas pecam pela quantidade de atividades que já se dedicam a estudá-la e pela extensão de seu objeto.

Embora a oferta de pós-graduações em nível de mestrado e doutorado em Relações Públicas no Brasil seja exígua, os referidos autores atribuem aos pesquisadores da área a responsabilidade pela construção de um novo objeto para as Relações Públicas. Nesse caso, dizem eles: “ou a qualidade das pesquisas alcança respostas mais coerente com os paradigmas que elege ou sobrará somente a defesa impossível da transparência como consolo de um profissional pouco estratégico, ou de um pesquisador que se dedica a um objeto de validade científica duvidosa.” (BARROS FILHO; BELIZÁRIO, 2007, p. 109). Fazendo frente a essa realidade, reconhecemos que vários pesquisadores têm se dedicado a delimitação do objeto das Relações Públicas.

Os estudos norte-americanos, desde a década de 1980, apontam como foco do trabalho das Relações Públicas o

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relacionamento com os stakeholders externos, sobretudo com a mídia. E lá, nos EUA, pesquisadores e profissionais com outras formações se dedicam à comunicação organizacional (REIS, 2009); enquanto no Brasil, a comunicação organizacional vem configurando-se e sendo definida por alguns como a essência da atividade de Relações Públicas. Parece-nos que no Brasil estamos a tomar a parte pelo todo, posto que ainda em 1997, Ma

Margarida K. Kunsch, uma das primeiras defensoras dessa visão, propôs:

Qual a área da comunicação organizacional que tem por obrigação avaliar e prognosticar o pensamento e as reações dos públicos senão a de Relações Públicas? Pela natureza de suas atividades, pelo seu objeto de estudo e pela própria formação dos profissionais, cabe a ela essa tarefa. Trata-se de entrar no mérito de princípios e fundamentos daquilo que deve ser a essência dessa atividade [...]. (KUNSCH, 1997, p. 118).

Apesar de para muitos tratar-se de um reducionismo, pois para esses as Relações Públicas seriam algo bem mais amplo e a Comunicação Organizacional apenas uma de suas atribuições, na primeira década do século XXI vários outros pesquisadores têm se voltado e se rendido a Comunicação Organizacional. O comentário de Gaudêncio Torquato ilustra bem a situação:

Na esteira do desenvolvimento das modalidades da comunicação - nas áreas impressa e eletrônica, nas novas tecnologias -, com base na moldura de evolução dos modelos e da multiplicação das estruturas, e, ainda, por meio da observação de que nem todos os entes sociais produtivos são empresas, mas integram o universo das organizações, passei a adotar, no mercado e em cursos de graduação e pós-graduação, a designação comunicação organizacional, em vez de

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comunicação empresarial. Tratava-se, afinal, de reconhecer a irrefutável realidade: a comunicação ressalva para outros terrenos e espaços, ampliando o escopo e adicionando novos campos ao território da comunicação empresarial. (TORQUATO, 2009, p. 26).

O abandono simultâneo dos termos relações públicas e comunicação empresarial ficam explícitos também no grande número de publicações recentes que trazem a nomenclatura Comunicação Organizacional em seus títulos, inclusive já há um curso de graduação com essa designação21. Possivelmente seguindo a tendência de teóricos e docentes, alguns diplomados em Relações Públicas parecem ter assimilado o conceito ao ponto de defender a comunicação organizacional ‘com unhas e dentes’, como vemos na fala abaixo:

Uma palavra me marcou muito no curso, essa profissão e a minha carreira. E eu fui apresentado e a coloquei no meu currículo - e defendo com unhas e dentes: COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL. [...] nós fazemos Comunicação Organizacional, pois na Cer-vi-cal das Relações Públicas está o Mix de Comunicação Integrada - Comunicação interna, institucional e mercadológica. (MERCÚRIO, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013).

Kunsch (2003, p. 150) define a comunicação organizacional como “a disciplina que estuda como se processa o fenômeno comunicacional dentro das organizações no âmbito da sociedade global. Ela analisa o sistema, o funcionamento e o processo de comunicação

21 Em 2010, a Universidade de Brasília (UNB) passou a oferecer a o curso de bacharelado em Comunicação Organizacional, vinculado a Faculdade de Comunicação (FAC), após o encerramento da habilitação de Relações Públicas, que estava vinculada ao Curso de Comunicação Social.

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entre as organizações e seus diversos públicos.” A autora acrescenta:

Fenômeno inerente aos agrupamentos de pessoas que integram uma organização ou a ela se ligam, a comunicação organizacional configura as diferentes modalidades comunicacionais que permeiam sua atividade. Compreende, dessa forma, a comunicação institucional, a comunicação mercadológica, a comunicação interna e a comunicação administrativa. (KUNSCH, 2003, p. 149-150).

Utilizar a comunicação organizacional apenas como um termo guarda-chuva, embaixo do qual se aglutinem de forma justaposta a comunicação mercadológica, institucional, interna e administrativa, nos parece uma utopia que não encontra respaldo na realidade da maioria das organizações, principalmente no que se refere às pequenas e às microempresas, onde é praticamente impossível a contratação de uma equipe de profissionais com diferentes habilitações, bem como a realização de um trabalho integrado de comunicação, posto que isso não faz parte das políticas nem mesmo de grandes empresas. Logo, nos perguntamos: seria, de fato, esta a saída para a crise de identidade da profissão de Relações Públicas? Em que medida o ‘paradigma da comunicação organizacional’ traz novas perspectivas?

A nosso ver não, pois o uso do termo comunicação organizacional parece-nos muito mais a uma tentativa de renovação discursiva das Relações Públicas, procurando adequá-la à linguagem empresarial contemporânea, livrando-se das incompreensões e prejuízos que o mercado tem acerca do termo relações públicas, posto que ao observar as definições citadas acima percebe-se claramente que a comunicação organizacional padece dos mesmos problemas que as Relações Públicas: dualismo do objeto (organização-público), indefinição do campo de estudo

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(administração e comunicação) e ter como pressuposto a Teoria Geral dos Sistemas. Assim, para alguns se trata apenas de um sinônimo de comunicação empresarial e, nesse caso, resguarda em si a mesma limitação. Seja como for, parece-nos ainda distante a possibilidade de tornar a Comunicação Organizacional um novo paradigma para as Relações Públicas a não ser que parta de outros pressupostos teóricos que não o estrutural-funcionalismo.

Sob esta perspectiva, convém atentar para as contribuições do alemão Niklas Luhmann, que propõe uma Nova Teoria dos Sistemas, a qual “substitui o papel central do homem pela centralidade da comunicação.” (SOARES, 2005, p. 5) e entende o conflito como algo inerente a todo e qualquer sistema social, contradizendo e distanciando-se da visão anterior em que o homem estava no centro dos fenômenos sociais e o objetivo do sistema seria evitar e eliminar o conflito, perseguindo continuamente o equilíbrio.

Baseada nessa abordagem, Soares (2005) dirigi um olhar diferenciado e desenvolve um conceito amplo, segundo o qual

[...] a comunicação organizacional engloba tanto aqueles processos interacionais espontâneos e ao mesmo que ajudam a conformar e manter as organizações sociais, como um conjunto de padrões, procedimentos e possibilidades de conduta que são realizados de forma deliberada e consciente no intuito de conduzir opiniões e atitudes e de alterar um dado estado de interação entre organizações e sociedade. (SOARES, 2005, p. 3).

A autora está especialmente preocupada em delimitar e legitimar a comunicação das organizações como o verdadeiro objeto das Relações Públicas, afastando-a do olhar das ciências administrativas, o qual, segundo a autora, “desvirtua sua compreensão, pois acaba atribuindo ao fenômeno uma função exclusivamente econômica, quando

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este, na verdade, possui um significado muito mais amplo.” (SOARES, 2005, p. 3). Essa visão reafirma a posição das Relações Públicas e de seu objeto de estudo junto ao campo da comunicação a partir de uma visão humanista. Entretanto, não modifica o quadro atual, em que os conflitos identitários são predominantes, permeando as relações entre universidade e mercado de trabalho – teoria e prática, duas instâncias que não dialogam como deveriam. Portanto, é cedo para afirmar se a Nova Teoria dos Sistemas dará às Relações Públicas o suporte para a criação de uma teoria própria, capaz de consolidar a profissão e seu campo disciplinar.

2.2.2 Campo de atuação: trabalhando e sobrevivendo na fronteira

Para nortear esse tópico, começamos nos perguntando: Até que ponto foi positiva a migração das Relações Públicas para o território da comunicação? As Relações Públicas são efetivamente uma atividade de gestão ou de comunicação? Qual a opinião dos diplomados pela UFPB a esse respeito?

Ainda que os pressupostos teóricos das Relações Públicas sejam os mesmos em todo o mundo, o desenvolvimento da atividade, assim como sua prática varia de acordo com o caráter social, religioso, cultural e econômico de cada país (BLACK, 1994). Por isso, é preciso novamente resgatar alguns aspectos da história no Brasil para tentar responder a primeira questão.

Como explicitado anteriormente, os primeiros cursos de Relações Públicas no Brasil estavam vinculados a institutos e escolas de administração, tinham curta duração, caráter eminentemente técnico e foram ministrados por professores norte-americanos (REIS, 2009). Até então, as Relações Públicas eram vistas como uma função administrativa, como uma subárea ou especialidade da administração.

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Segundo Aguiar apud Machado Neto (2008, p. 101),

Na década de 1970 as duas áreas (administração e comunicação) estiveram confrontadas na realização da XI Conferência Interamericana de Relações Públicas, quando a Delegação Brasileira apresentou uma tese do professor Caio Amaral com a sugestão de que o ensino de Relações Públicas fosse ministrado nas Escolas de Administração.

Porém, o Governo Brasileiro, muito empenhado em controlar tudo que se relacionasse aos meios de comunicação já havia determinado desde 1969 que as Relações Públicas ficariam nas escolas de comunicação (MACHADO NETO, 2008). Contudo, as alterações nas Diretrizes Curriculares implantadas pela resolução nº 03/1978, do Conselho Federal de Educação, permitiram em tese conciliar a dicotomia entre a necessidade de dominar conceitos tanto do campo da comunicação como da administração, pois segundo Andrade (1983, p. 158):

Embora as Relações Públicas continuassem em Comunicação Social, as matérias de natureza profissional previstas abriam campo para o ensino de disciplinas da área de Administração, o que foi feito por várias escolas, entre as quais a Escola de Comunicação e Artes (USP), que por essa época já apresentava 50% de disciplinas, na parte diversificada, provenientes da Administração e Economia.

De fato, a regulamentação da profissão e a atribuição de seu ensino à área de comunicação deram novos rumos à atividade e a sua compreensão por parte da sociedade. Conforme Simões (2001, p. 20), “por desvio histórico, o ensino da atividade de Relações Públicas, apesar de ter brotado, no Brasil, na área de Administração, foi florescer e

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dar frutos na esfera da Comunicação Social”. E foi nesse campo que as Relações Públicas estabeleceram-se, agregando uma percepção mais holística aos seus estudos por meio das possibilidades de contribuição para a participação e inclusão popular e de construção da cidadania. Reis (2009) compreende esse movimento como o despertar da área para o engajamento social.

Por outro lado, a comunicação enquanto campo do saber se caracteriza como algo amplo, dificultando a identificação de um objeto específico. Somado a esse panorama, os processos comunicativos estão no target de outras disciplinas cientificamente mais estabelecidas, a exemplo da Sociologia, da Antropologia, da Linguística, da Psicologia, da Educação, dentre outras áreas que se dedicam a estudar o homem, o que ele produz e a sua relação com o ambiente onde vive. Desse modo, situa-se em uma ‘verdadeira encruzilhada onde muitos passam e poucos permanecem’, em referência a sugestiva afirmação de Wilbur Schram (MARTINO, 2008). Poderíamos então falar na comunicação como um território, cujos contornos são mal delimitados e fluídos, estando em constante transformação.

Ao inserirem-se no campo da comunicação, as Relações Públicas herdam tais dilemas, que se agregam aos próprios problemas, se colocando ela própria em uma “encruzilhada conceitual” (SCROFERNEKER, 2008). Essa encruzilhada, conforme nosso entendimento, refere-se tanto ao fato de não ter um conceito bem delimitado como ao de atuar na fronteira de dois territórios: comunicação e administração.

Constatamos que das Diretrizes Curriculares à percepção dos profissionais, essa dualidade é reconhecida e até mesmo valorizada e, em geral, vista como algo intrínseco à natureza da atividade. Nesse sentido, o Relatório da Comissão que propôs as Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Relações Públicas publicado em 2010 está ao mesmo tempo prenhe e imbuído dessa concepção. Vejamos um trecho de tal Relatório, do qual destacamos alguns

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pontos que evidenciam a dualidade, o qual afirma que as Relações Públicas...

[...] Constituem práticas voltadas para a gestão de relacionamentos que se materializa pelo uso de técnicas de comunicação no ambiente organizacional, seja de organizações públicas, privadas ou do terceiro setor. Diante disso, a prática das atividades próprias de relações públicas envolve, ao mesmo tempo, duas grandes vertentes de conhecimento:(a) Da comunicação: compreensão das correntes teóricas do campo das ciências da comunicação, historicamente situadas e atualizadas segundo os movimentos de transformação tecnológica, social, cultural e política. É no quadro de reflexão e análise sobre os fenômenos comunicacionais que se situa a possibilidade concreta de compreender as diferentes mídias e suas linguagens e as diferentes estratégias que se configuram no espaço público pelos mais diversos atores – incluindo aí as organizações e seus públicos.(b) Das organizações: compreensão das formas organizacionais na sociedade, suas estratégias de gestão, sua inserção mercadológica e política e seus impactos ambientais, econômicos, sociais e culturais. (KUNSCH et al, 2010, p. 10).

Tendo em vista que tal documento deve nortear o ensino das Relações Públicas, entendemos que deve consolidar ainda mais o paradigma sistêmico e o conceito de comunicação organizacional, ao mesmo tempo em que reafirma a ‘dicotomia’ do objeto das Relações Públicas: organizações-públicos.

Em nossa pesquisa, constatamos que, embora a balança daqueles que praticam Relações Públicas pareça pender mais para o lado da administração, a dualidade do campo de atuação está bastante arraigada na prática e no discurso dos relações-públicas, como verificamos nas falas abaixo.

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[...] na minha concepção o relações-públicas é parte da administração, é parte da gestão da empresa; as técnicas que ele vai utilizar, as habilidades elas podem ser trabalhadas isoladas, como publicidade, como a mídia digital, enfim. Mas, o campo das Relações Públicas está, na prática, como função da administração; agora, teoricamente, a gente – que é acadêmico, sempre tenta deixar mais amplo, como o grande gestor da comunicação, mas no mercado de trabalho, ele vai funcionar como função da administração. Seja atuando como gerente de marketing, gerente de relacionamento... Faz parte da administração! (JÚPITER, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013, grifo nosso).

Não tem como você separar a comunicação de administração, não tem, é integrado. [...] Então, não tem como, é comunicação e administração (dá ênfase a isso), é integrado. Não é uma coisa nem outra, é as duas! É como se fosse uma osmose aí, e não tem como pensar diferente. Eu vejo por aí. (MERCÚRIO, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013, grifo nosso).

Eu concordo que uma coisa esteja ligada a outra. Mas, eu ainda enfoco numa questão mais administrativa da comunicação, porque mesmo se você se distancia um pouco disso você não consegue justamente mensurar resultados. Mas você é cobrado por isso! (VÊNUS, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013, grifo nosso).

Se você colocar na comunicação se encaixa muito [...] E como administrador, lidar com pessoas, com conflitos e tudo mais, é excelente!(SATURNO, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013, grifo nosso).

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Ao dizer que “o campo das Relações Públicas está, na prática, como função da administração; e que teoricamente, a gente – que é acadêmico, sempre tenta deixar mais amplo, como o grande gestor da comunicação” Júpiter destaca a dissonância entre o mercado e a academia, sugerindo que o que se aprende na universidade, isto é, na teoria, não se aplica na prática. Por outro lado, Vênus aponta como gargalos das Relações Públicas a dificuldade em mostrar resultados, isto é, em mensurá-los.

Conforme Pavlik (1999), isso se deve, em grande parte, a não utilização de investigação prévia, a falta de métodos de controle e acompanhamento e campanhas direcionadas, contendo objetivos vagos e ambíguos, em síntese a falhas de planejamento. Esse fato inferiorizaria as Relações Públicas em relação ao marketing e a publicidade, respectivamente, inseridas nos campos da administração e da comunicação e que conseguem explicitar objetivamente, através de relatórios e números, os resultados de suas ações de modo quantitativo.

Vale ressaltar que as “áreas rotuladas de comunicação empresarial, comunicação corporativa ou comunicação institucional são ocupadas por relações-públicas, mas também por jornalistas e profissionais de outras formações, habituados a trabalhar com a comunicação das organizações.” (REIS, 2009, p. 153). Vale destacar que não só no Brasil, mas também na Europa, em muitos casos, é o profissional de jornalismo que se ocupa de atividades inerentes ao profissional de Relações Públicas, assumindo o antigo posto de ‘agente de imprensa’ proveniente do modelo norte-americano (ARCEO VACAS, 1988).

Todavia, isso parece ser algo contraditório, pois os relações-públicas, em geral, acham que estão mais qualificados que os comunicadores de outras formações. A fala de Mercúrio, de certa maneira, resume os pontos de vista dos participantes do GF:

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[...] Eu como relações-públicas, eu conheço de Marketing, eu conheço de Publicidade, eu conheço de Propaganda, eu conheço de Relacionamentos, então assim, eu sou mais completo. (MERCÚRIO, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013).

As disputas por espaço e oportunidades entre relações-públicas, administradores e comunicadores de outras formações são alimentadas pelo mercado de trabalho que focaliza apenas o resultado tangível, não reconhecendo a reivindicação das Relações Públicas sobre o território da comunicação nas organizações. Nas palavras de Reis (2009, p. 156) “o que as organizações querem é um profissional que as auxilie a ‘ler’ e interpretar a elas próprias, seu negócio e suas relações através das lentes da comunicação, para orientar e coordenar o gerenciamento institucional estratégico da comunicação”. Nesse caso, não importa a origem, a formação do profissional, desde que atenda a esta demanda e mostre resultados tangíveis.

Mensuração de resultados, eis o problema! Ocorre que se convencionou que o trabalho de Relações Públicas é sempre de longo prazo e de caráter qualitativo e que por isso não se consegue mensurar seus esforços. Isso com conivência da academia e dos acadêmicos. A falta de experiência de muitos professores, que se concentram excessivamente na teoria, não conseguindo imprimir nas disciplinas a realidade do mercado; aliada a estruturas curriculares defasadas, que privilegiam disciplinas teóricas ‘do tronco comum22’, leva à formação de profissionais que se sentem despreparados para utilizar ferramentas de avaliação e mensurar os resultados das ações de

22 A Resolução nº 03/78, em conformidade com os pareceres de nº 1.203/77 e nº

02/78, estabeleceu o Currículo Mínimos para o Curso em Comunicação Social, dividido em dois eixos: Tronco Comum, correspondendo às disciplinas ministradas na primeira metade do curso, que focavam o ensino das teorias voltadas a uma ciência social; Campo Profissional, na segunda metade do curso, incumbido de imprimir uma visão das necessidades do mercado, vinculada essencialmente à reprodução técnica. (MOURA, 2002).

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comunicação. Então, além do mercado os próprios profissionais de Relações Públicas passam a desvalorizar a profissão.

Eu sou freelancer em mídias digitais. E nessa área o pessoal começa a ver os resultados, porque é quantificável, há relatórios, tá entendendo?! [...] E, realmente, no meio offline é muito difícil trabalhar como relações-públicas. Foi por isso que no primeiro momento eu não me identifiquei, porque é muito difícil realmente você mostrar resultado. [...] Então, hoje eu me visualizo tentando me encaixar nesse novo mercado, nessa nova tendência que é as mídias digitais, as redes sociais. (MARTE, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013, grifo nosso).

Além de confirmar a existência da dificuldade de mostrar resultados quantificáveis, essa fala sugere que os relações-públicas estão desbravando outros territórios, ou melhor, um novo campo de atuação - o ambiente virtual, onde parecem entrar com vantagem, pois entendem de gestão de relacionamentos, princípios de comunicação e administração. As mídias digitais são um território ‘ainda sem dono’, isto é, ainda não surgiu um campo de saber que se outorgue proprietário dos conhecimentos referentes à aplicação das ferramentas de comunicação digital. Elas estão disponíveis a todos aqueles que estiverem aptos a manuseá-las, edificando conceitos e as utilizando para alcançar os resultados previstos nos objetivos organizacionais.

A respeito das inovações tecnológicas trazidas pelas mídias digitais, os autores da Proposta de Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Relações Públicas refletem que:

Os progressos técnicos da comunicação têm impactado profundamente as identidades profissionais e sociais do campo, pressionando suas práticas a um constante processo de reflexão

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e renovação. Antes marcadas por procedimentos consagrados e invariantes, as rotinas produtivas destes profissionais se veem tensionadas por um conjunto de relações flexíveis e de inovações crescentes, instauradas pelo mercado de trabalho. (KUNSCH et al, 2010, p. 5).

Desbravar novas ou atuar na fronteira entre a comunicação e administração é sempre difícil! Aliás, a nosso ver, esse é atualmente o lugar das Relações Públicas: o ‘entre-lugar’, um espaço contestado, permeado de conflitos de interesse, por situar-se nos limites dos territórios da comunicação e da administração; uma espécie de zona de convivência, onde sofre pressões de todos os lados e que frequentemente obriga os que nela encontram-se a mudar, a migrar e a transformar-se. Isso significa que as Relações Públicas não têm fronteiras justamente por não possuir um território próprio, sendo por excelência uma atividade transdisciplinar.

Apesar das desvantagens já conhecidas, também há vantagens nessa situação: o relações-públicas pode atuar em qualquer espaço onde suas técnicas sejam requeridas, inclusive na internet. Porém, para tanto, sempre precisa qualificar-se mais, transmutar-se e adaptar-se, assumindo outras identidades, o que leva a sua invisibilidade. Ou seja, quanto mais avança sobre novas fronteiras mais se dilui sua própria identidade - já tão mal definida, gerando um ciclo vicioso.

Ademais, para sobreviver em um ambiente em mutação e ter êxito não se deve apegar-se ‘fortemente’ a nada, a nenhum paradigma absoluto, a nenhuma nomenclatura que aprisione e impeça o próximo passo. Hoje, podemos adotar como pressupostos o estrutural-funcionalismo, a comunicação organizacional como passaporte, amanhã... Não se sabe! Pois, o lugar das Relações Públicas, o seu campo disciplinar e de atuação, está justamente no espaço

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das fronteiras que ao mesmo tempo delimitam o fim e o início de outro território.

Isso não significa que as Relações Públicas não devam ter pressupostos teóricos validados cientificamente e se basear apenas no empirismo, sendo arrastada pelo mercado. Como destaca Dias (2012, p. 141), “a falta de um limite formal não quer dizer que não exista um domínio específico”, apesar de favorecer o trânsito e o estreito relacionamento com outras áreas de conhecimento, justamente por que a indefinição epistemológica impõe o campo como zona limítrofe de vários saberes.

Sobreviver na fronteira de dois campos disciplinares e de atuação exige flexibilidade, capacidade de adaptação para as transformações e mudanças, contradizendo o método tradicional de fazer ciência: criar rótulos, enquadrar e ‘colocar tudo em caixinhas’, dizendo-se ‘isto é isso’, ‘isso é aquilo’.

Por outro lado, é importante destacar que essa situação não é um caso exclusivo das Relações Públicas. Na nossa percepção, isso está ocorrendo com muitas outras profissões, que nasceram sob o signo da modernidade, isto é, em uma época em que o ritmo da mudança é mais acelerado, as incertezas predominantes e os deslocamentos e reordenações um movimento contínuo em meio a muitas ameaças e oportunidades. Nesse contexto, não apenas as profissões, mas sim “[...] muitos de nós temos sido apanhados num universo de eventos que não compreendemos plenamente, e que parecem em grande parte estar fora de nosso controle” conforme Giddens (1991, p. 12), autor que se debruçou sobre ‘as consequências da modernidade’ em obra de título homônimo.

Ilustrativamente, trazemos a fala de Urano, que caracteriza a disputa entre as profissões por espaço e oportunidades no mercado dizendo:

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Eu acho que é uma batalha longa que a gente de RP tem. Aliás, cada profissão também tem sua batalha! Porque, por exemplo, eu estou fazendo..., eu tentando me preparar, recomeçar e me preparar para concursos públicos [...] tem poucas vagas! No concurso ‘Y’ tinha uma vaga para cada - uma para publicidade, uma para jornalismo, uma para RP -, uma apenas para cada! (MARTE, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013).

As profissões modernas, diferentes dos ofícios milenares - que a bem da verdade também passam pelo mesmo processo -, precisam se reinventar todos os dias, dar uma nova roupagem ao serviço que oferece, redefinindo seus papéis e funções sociais. Faz-se necessário adequar-se às novas demandas de uma sociedade mutante, assumindo elas próprias ‘identidades cambiantes’, ou seja, flexíveis e fluídas, que permitam participar do jogo da empregabilidade. Neste sentido, lembramos que a identidade deve ser compreendida como uma construção discursiva, um produto social, fabricado pela/na linguagem e por significados e sentidos socialmente construídos, experimentada mais como uma busca do que como um fato.

Contrariando as previsões fatalistas, os cursos, as atividades de Relações Públicas, os profissionais e pesquisadores sobrevivem há mais de um século a essa condição – não ter um objeto de estudo, uma definição e uma base teórica bem delimitados. Não sem arranhões e nem tampouco ilesos, diante das crises de identidade em função de não ter um lugar, um território próprio, algo que nos parece ser o que mais incomoda todos os sujeitos envolvidos no processo, como veremos a seguir. Apesar disso, a profissão se reinventa e se apresenta sob múltiplas faces, conquistando seu espaço para além dos campos da comunicação e da administração, territórios onde tenta fixar suas bases práticas e pressupostos teóricos.

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2.3 REFLEXÕES SOBRE IDENTIDADE E REPRESENTAÇÕES DA PROFISSÃO DE RELAÇÕES PÚBLICAS

Você não abre a boca para dizer que é relações-públicas de imediato. Quando você sai da

universidade, mesmo que você se forme, se você não atua você não diz que é relações-públicas.

(Saturno, 2013).

A necessidade de compreender como atua um profissional pouco conhecido e valorizado e cujas competências, no campo acadêmico e prático, parecem estar dissonantes à realidade e às demandas do mundo contemporâneo, motiva a discussão apresentada nessa seção. Procuramos manter um diálogo entre os conceitos básicos sobre identidade e representações sociais e as percepções dos sujeitos pesquisados – diplomados em Relações Públicas pela UFPB.

Na sequência, apresentamos os ‘achados da pesquisa’, tentando responder as seguintes questões de estudo: Qual(is) a(s) identidade(s) profissional(is) assumida(s) pelos diplomados em Relações Públicas após a inserção no mercado?; Em que medida o reconhecimento e o status social atribuídos à profissão de Relações Públicas interferem na construção da atual identidade individual?; Quais as principais representações da profissão de Relações Públicas?; Quais as principais rupturas no processo de construção da identidade profissional na trajetória dos diplomados em Relações Públicas?; Em quais momentos ocorreram? Inevitavelmente novas questões foram levantadas a partir do debate proposto, as quais não

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conseguimos responder no âmbito dessa investigação e deixaremos em aberto para futuras pesquisas.

A discussão está divida em duas partes que levam a refletir sobre: 1) como se dá o processo de construção das identidades (individual, social e profissional); 2) a importância das representações sociais na vida dos indivíduos e como estas questões afetam diretamente a profissão de Relações Públicas.

2.3.1 Relações entre identidade individual, social e profissional

No mundo contemporâneo, a individualidade, os regionalismos e os nacionalismos fazem frente ao processo globalizante, como outra face da mesma moeda. Assim, falar de identidade tornou-se “de moda” e quase um imperativo para pesquisadores de diversas áreas.

A categoria de análise Identidade tornou-se transversal, sendo estudada por diversos campos do saber, como a Sociologia, a Antropologia, a Psicologia e a Filosofia, além de outras áreas das Ciências Humanas e Sociais. Trata-se de um tema de interesse tanto de pessoas comuns quanto de pesquisadores, haja vista que todos nós nos defrontamos com questões de identidade no cotidiano, na medida em que atitudes, comportamentos e escolhas traduzem quem somos para “o outro” e para nós mesmos.

Dentre as acepções possíveis, identidade refere-se àquela que especifica um “conjunto de características e circunstâncias que distinguem uma pessoa ou uma coisa e graças às quais é possível individualizá-la.” (HOUAISS; VILLAR, 2001, p. 1565). Ou seja, nessa acepção referimo-nos à identidade enquanto um conjunto de características próprias de um indivíduo, que o torna diferente de outros e que vão sendo construídas nas e pelas relações sociais. Conforme Freitas (2000, p. 40):

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A identidade é um resultado, um estado psicossocial que pode variar no tempo, ou seja, não é fixa e depende de seu ponto de definição, pois pode dizer respeito ao indivíduo, ao grupo e à sociedade em geral. Um sujeito tem diversas identidades [...].

O sujeito assume identidades diferentes em momentos diferentes, identidades que não são sempre referenciadas ao redor de um “eu” coerente. Assim, em cada sujeito pode revelar-se identidades até mesmo contraditórias, de modo que as suas identificações estão sendo deslocadas (HALL, 2001).

De um lado temos a identidade individual (pessoal) e de outro a identidade coletiva, porém uma não existe sem a outra, elas estão amalgamadas e em constante interação, em um processo contínuo de (re)construção. Aliás, a construção da identidade é o resultado da combinação das trajetórias pessoais e biográficas do indivíduo com a interação deste em contextos sociais e profissionais (SANTOS, 2005). Desse modo, a construção da identidade envolve tanto as características individuais quanto as estruturas físicas e sociais, sob influência do contexto social (SANTOS, 2005). Portanto, para a autora, a construção de perfis identitários é sempre um processo social. Assim sendo, falar de identidade “sugere, ao mesmo tempo, o igual e o diferente, o permanente e o mutante, o individual e o coletivo.” (JACQUES, 1997, p. 41).

Tratando-se da identidade basicamente como ‘característica singular de um indivíduo’ e afirmando esse ‘estado’ como resultado de um processo social, observamos que a identidade pessoal (aquilo que cada um representa para si) e a identidade social (o que se é para os outros), são indissociáveis, influenciando uma à outra num processo complexo, dinâmico e inacabado (SANTOS, 2005). Exemplificando, ao referir-se a sua identidade (profissional) e a maneira como se apresenta, diz Júpiter:

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Eu já me apresentei de várias maneiras. Mas, eu sempre digo... é o que você está fazendo hoje! Hoje, eu sou doutorando em ciência da informação. [...] Teve momentos que eu respondi: Eu sou oficial do exército – relações-públicas. E teve momentos que eu respondi: Eu sou empresário e relações-públicas. E hoje eu respondo dessa forma, que é o que eu estou fazendo. Se me perguntarem: - E você está fazendo o quê? Aí eu vou explicar as atividades quais são. É porque é diferente de você dizer – eu sou médico, você vai ser pra o resto da vida médico. Relações-públicas é..., assim como diversas outras profissões das ciências sociais e humanas, é essa dinâmica. (JÚPITER, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013).

Nessa fala podemos perceber claramente o caráter inacabado e mutante da identidade para Júpiter, que conscientemente destaca isso, além de frisar que uma das características da identidade da profissão de Relações Públicas é justamente ser dinâmica – aqui poderíamos reinterpretar como possuidora de uma ‘identidade ou representações sociais mais instáveis, ao comparar com outras profissões, como a de médico, que possui um papel social bem definido. Alguns papéis sociais são tão estáveis que chegam a ser “estabelecidos como onipresentes e acompanham o indivíduo que os incorpora onde esteja.” (MARTINS, 2010, p. 45).

A partir dessa fala ainda é possível construirmos uma analogia entre o processo de construção da identidade social e um jogo de cartas, no qual os participantes negociam, intercambiam e se apropriam das cartas (identidades) que ‘lhes convém’, as descartando quando não lhes são mais úteis; e em cujas regras do jogo está estabelecido que os jogadores não saibam previamente qual o próximo passo um do outro e que só jogando descubram quais são os curingas – as cartas (identidades) mais valiosas,

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as quais podem estar interditadas para eles pela própria dinâmica do jogo; e em que sorte e azar são os elementos surpresas impostos pelas reviravoltas do baralho.

Nesse contexto, a partir do momento em que se perde determinada identidade social – isto é, se perde o acesso à determinada carta, a identidade pessoal (seu jogo particular, formado por um conjunto de cartas – possibilidades, que lhes são acessíveis) muda, pois se modifica o que se conhece de si até então, logo mudam as estratégias do jogo, muda as expectativas em relação aos outros jogadores e a forma de analisá-los e compreendê-los. Assim, cada jogo é único, formado por uma combinação particular de cartas e de jogadores, refletindo a própria dinâmica das relações humanas, em que é necessário investimento de cada um dos interessados para manter o relacionamento, tornando-os interdependentes. Sem jogadores não há jogo; sem cartas também não!

Quando o jogo impõe e a identidade pessoal necessita ser reinventada, o indivíduo recria novas, através de outras relações sociais (combinação de novas cartas), em outros grupos de pertença – no jogo, isso corresponde ao descarte e a aquisição de outras cartas. Isso se evidencia nas situações expressas por vários profissionais de Relações Públicas, dentre os quais selecionamos e destacamos as falas de dois:

Eu me apresento como eu acho mais fácil de explicar. Por exemplo, o título é: assessora de comunicação, [...] porque é mais fácil o entendimento e também eu acho que se aplica mais ao mercado. Então, quando eu não falo que eu sou professora, eu falo que sou assessora de comunicação, esse entendimento é mais fácil. (VÊNUS, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013).

Em muitos casos, eu vejo amigos [dizendo]– ‘Eu sou publicitário’, falando isso, embora sejam

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relações-públicas, porque eles trabalham na publicidade e assumiram essa camisa. Dá receita, dá resultado pra eles e eles ficam mais visíveis no mercado, [por isso] eles falam que são publicitários. (JÚPITER, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013).

Percebemos, desse modo, que a identidade social e profissional influenciam a construção da identidade pessoal, pois “o mundo interno se alimenta dos conteúdos que vêm do mundo externo e, como a relação com esse mundo externo não cessa, a ‘digestão’ dessas realidades na composição da identidade se torna sobremodo complexa.” (MARTINS, 2010, p. 46).

Outras falas dos participantes do GF endossam em particular a perspectiva da interdependência e reciprocidade entre a identidade social (o que se é para os outros) e a identidade pessoal.

[...] Se eu estiver na galeria do meu cunhado, num ‘sarau’, no lançamento de um livro, para aquele público que está ali, se eu falar: - “eu sou um Comunicólogo”, poxa aquilo ali... [entusiasmo] Eu sou relações-públicas! Então, assim, você é recebido de outra forma. [...] se você vai participar de um projeto de elaboração de um plano de comunicação, aí você é relações-públicas e vai ser recebido com louvor! Mas, se você vai participar de um projeto de elaboração de uma especificação entre engenheiros, aí você vai dizer que é RP? [...]. (MERCÚRIO, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013).

A fala de Mercúrio evidencia também que a identidade é um processo em que “o reconhecimento, a valorização, a confirmação ou desconfirmação dos outros nos impele a uma negociação interna (subjectiva) ou externa (objectiva) nas configurações identitárias que assumimos.” (SANTOS, 2005, p. 127). Isso sugere que nos vemos a partir do olhar

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do Outro; construímos nossa identidade com base nessa relação, em que o Outro (a sociedade, o pai, a mãe...) funciona como espelho a partir do qual nos percebemos.

Podemos, assim, aventar que a falta de valoração e reconhecimento da atividade de Relações Públicas causam o enfraquecimento da identidade da profissão e que este, por sua vez, influencia negativamente a autopercepção e a identidade individual daquele profissional que tenta exercer a função de relações-públicas sem encontrar no mercado espaços onde atuar, levando-o a buscar e/ou assumir outro papel (identidade). Em outras palavras, a sociedade e o mercado de trabalho podem desconfirmar ou confirmar, reforçar ou negar, e desencadear um processo de (re)construção da identidade profissional e individual.

Para mim o grande entrave da nossa profissão [Relações Públicas] aqui em João Pessoa é acharem que você é jornalista, o quão difícil é as pessoas entenderem a diferença! Teve um local em que eu trabalhei e no qual eu tinha que me relacionar com uma organização parceira; e durante os três anos que fiquei lá eu explicava o que era Relações Públicas constantemente! Aí eu cansei. As pessoas sempre diziam: ‘- Sim, você é jornalista, não é?’ Aí eu parei de dizer que eu não era jornalista. Cansei! Eles falavam é jornalista e eu passei a sinalizar com a cabeça e fazer sinal de ok! (VÊNUS, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013).

Talvez porque ‘jornalismo’ seja uma profissão mais antiga e seu ‘papel, seu lugar na sociedade seja bem delimitado socialmente’ – alguém que lida com a informação, com fatos e ideias e transforma em notícia – e mais compreensível, o jornalista acaba sendo mais valorizado do que o profissional de Relações Públicas. Ademais, o relações-públicas atua predominantemente nos bastidores, conduzindo e estimulando o processo de comunicação nas organizações, o que o torna invisível aos

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olhos da maioria das pessoas, pois quem deve sobressair-se é a empresa e não o profissional.

A situação relatada ocorre possivelmente porque no jogo da empregabilidade, que se dá sob o cenário social da ‘mesa do mercado de trabalho’ onde competem várias profissões, a “carta Relações Públicas” é vazia de significados e de símbolos reconhecíveis. Consequentemente, ela só é aceita se lhe for atribuído outros nomes (identidades e/ou representações sociais) mais inteligíveis e cujos códigos são conhecidos. Há outra possibilidade? Mudar o jogar, o que implica modificar as regras atuais; algo difícil, posto que, conforme Martins (2010, p. 40), “a sociedade padroniza, legitima suas formas de modo que o homem se adapta e se condiciona as estruturas que são anteriores ao seu nascimento”.

Por outro lado, os papéis sociais ocupados pelos indivíduos podem ser entendidos como ferramentas pelas quais os comportamentos são socializados e aprendidos, bem como adaptados e conformados à sociedade, que determina um status para cada papel. Assim, o papel social atribuído ou conquistado na interação social resulta do processo de socialização e passa a constituir a identidade coletiva e a identidade individual do ser humano (MARTINS, 2010).

Destacamos que, segundo Habermas (1987) apud Santos (2005), a construção da identidade é basicamente composta por dois sistemas estruturantes: a atividade instrumental, que compreende processos de trabalho, finalidades econômicas, etc.; e a atividade comunicacional - interação entre os indivíduos. Embora muitos estudos tenham ampliado tal visão, a maioria dos autores concorda que a identidade profissional é parte importantíssima na construção da identidade social. Logo, a identidade profissional também se torna um componente importante da identidade do indivíduo, pois ao entrar em uma organização este busca conquistar o reconhecimento e a aceitação de seus pares, fazendo do trabalho muitas vezes

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uma fonte de realização, além de uma forma de sobrevivência (HOPFER; LIMA; SOUZA, 2004).

Atualmente a profissão pode nos conferir um status social, pois somos recorrentemente definidos e identificados pelo que fazemos no mundo do trabalho, visto como determinante de uma vida “normal”. Nesse contexto, conforme Jacques (1997), um adulto sem trabalho foge ao padrão e é, consequentemente, posto à margem da sociedade. Estamos falando da interdependência entre a identidade profissional do sujeito (e da influência desta sobre...) e a sua identidade coletiva, algo que gera sentimentos positivos e negativos, alterando inclusive a percepção do sujeito sobre si mesmo. A fala de Urano ilustra bem essa situação, vejamos:

Quando alguém me pergunta, eu digo: Sou Supervisora “da N”; algumas [dá ênfase a isso] pessoas me perguntam: “ - Você é formada?” [questiona e responde em seguida] “eu sou formada em Relações Públicas”, ponto [afirma com convicção]. Aí se me perguntarem o que é Relações Públicas, eu vou tentar defender, porque ninguém vai entender, mas tudo bem [risos]. Mas é isso que acontece. E isso, às vezes, me angustia, de alguma forma isso me aborrece. [...] Então eu acho que eu fiquei meio que frustrada com a profissão, eu acho que foi isso que aconteceu. (URANO, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013).

Urano expõe explicitamente seu desapontamento com a profissão de Relações Públicas, supostamente ‘porque ninguém vai entender’ ou compreender bem a função social dessa atividade e por isso ela ‘tentar defender’, o que pode ser compreendido como uma tentativa de afirmação da carreira (da identidade profissional) que escolheu seguir e de si mesmo.

Vale destacar que, dentre os participantes do GF, pelo menos mais dois (Saturno e Netuno) além de Urano mantém

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sentimentos negativos em relação à profissão de Relações Públicas, conforme vemos no Quadro 4 (na página a seguir). Esse quadro também explicita as ambiguidades e contradições encontradas nos discursos quanto às percepções de si mesmo e da profissão, ao observamos que mesmo quando o diplomado nutre um sentimento positivo em relação à profissão não se apresenta nos ambientes de trabalho como relações-públicas, como nos casos de Vênus e Mercúrio.

Voltando à construção da identidade de uma profissão, destacamos que as primeiras teorias diziam respeito as competências necessárias ao desempenho de uma tarefa, bastando para isso descrevê-la e categorizá-la (SANTOS, 2005). Uma profissão era caracterizada a partir de áreas e competências em que os indivíduos se reconhecem. Hoje, segundo a referida autora, esse conceito evoluiu e envolve variáveis bastante complexas, como valores, representação, identificação, pertencimento e realização. Assim, é necessário que os atores do campo profissional criem e vivam numa ‘cultura profissional’ própria, composta pela prática profissional em si, que é dotada de códigos e objetos definidos. Referimo-nos não apenas as práticas (técnicas), mas sobretudo aos perfis identitários, que correspondem aqui aos padrões de conduta, assim como às representações sociais e aos modos de fazer e ser (exercer) inerentes a uma determinada profissão (SANTOS, 2005).

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

Quadro 4Sinopse dos depoimentos do Grupo Focal quanto à identidade profissional

Sentimento em relação à

profissão

Como se vê / identidade

profissional

Se se apresenta no ambienteprofissional

como relações-públicas

Saturno NegativoDiagramador ou

Artes gráficasNão

Netuno Negativo Servidor Público Não

Vênus Positivo

Ass. de com.; professor; jornalista (o que for mais fácil

de entender)

Não

Urano NegativoSupervisor da

empresa NNão

Mercúrio PositivoGerente de

planejamentoNão

Marte Positivo Servidor PúblicoSim (e faz questão

de explicar o que é)

Júpiter Positivo Doutorando

Depende do público e do contexto de

interaçãoFonte: Desenvolvimento nosso.

Dubar (2000) apud Santos (2005) afirma que um grupo profissional detém uma identidade coletiva que lhe é única e diferente de outras por conter significados próprios. Algumas falas dos diplomados em Relações Públicas denotam isso, vejamos:

Eu fiquei impressionada com a falta de conhecimento sobre comunicação. Eu tinha ideia que os jornalistas não tinham esse conhecimento, mas durante o curso (que ministrei) eu fiquei impressionada, porque tudo que eu falava era de um grande espanto! Pessoas que são formadas e que atuam como assessores de imprensa há vinte anos! [...] E aí eu fui ministrar esse curso de

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

gerenciamento de crise e todo e qualquer conceito de comunicação gerava uma crise, porque eles não sabiam do que se tratava. Não sabiam que era importante o planejamento! [...] Eu pedi somente pra eles listarem quem são seus públicos e eles não sabiam listar, não sabiam que tinha que listar! E eu disse: - mas, quando vocês escrevem, vocês escrevem pra quem? [...] Então, eu disse: - Vocês têm que segmentar esses públicos, pois para tudo isso existe um filtro: ‘quem é seu público? [...]’ foi aí que eu vi o quanto realmente os profissionais de Relações Públicas são capacitados. [...] E é impressionante esse conhecimento quando chega paras as pessoas, elas realmente têm noção da capacidade do relações-públicas. (VÊNUS, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013).

O gerenciamento de crises, a listagem (mapeamento) de públicos, a segmentação dos públicos, são técnicas ensinadas e atribuídas às funções dos profissionais de Relações Públicas, no período de formação. Assim, a aquisição e o uso desses termos denotam a existência de uma linguagem técnica empregada pelo profissional de Relações Públicas. Mas, até que ponto esses termos são parte de um vocabulário específico da profissão é uma questão que qualquer outro profissional pode colocar, posto que estejam disseminados e são amplamente empregados no contexto empresarial atual por diferentes categorias de profissionais. Entretanto, para tais profissionais, ‘gerenciamento de crise’, ‘listagem de públicos’ e ‘segmentação dos públicos’ têm um sentido particular, referente à comunicação da organização com os públicos estratégicos.

Na tentativa de construir e firmar uma identidade profissional para as Relações Públicas podemos observar - tanto dentro do ambiente acadêmico como pelos próprios profissionais que já atuam, representados nas falas acima -, a contraposição e a comparação com o jornalismo, haja vista

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

que ambas as atividades estão inseridas no campo da comunicação e parecem competir mais diretamente no mercado de trabalho local, segundo os participantes do GF.

De acordo com Sainsaulieu (1977) apud Santos (2005), há três condições para que um indivíduo se aproprie de uma identidade profissional: 1) O Sujeito precisar ter empatia com a profissão que escolheu, pois é mais fácil se identificar com aquilo que se gosta. Isso é o que o autor chama de condição afetiva; 2) Que entre a profissão e o sujeito existam elementos comuns, chamada condição de similitude e; 3) O segmento profissional escolhido deve conferir prestígio, poder ou benefícios perceptíveis ao sujeito, esta é chamada de condição de poder. Essas condições são essenciais no processo de identificação e de construção de uma identidade profissional. O relato abaixo nos ajuda a compreender melhor.

[...] meu esposo é sociólogo, aí eu fico pensando: coitada da minha filha pra explicar isso pros amiguinhos do colégio! ‘- minha mãe é relações-públicas e meu pai sociólogo...’; Ela vai sofrer horrores porque daqui que ela consiga explicar isso... Vou causar um trauma na minha filha, não é? (risos de todos) Mas, enfim, é difícil, porque se você disser “ele é engenheiro”, “médico”, “enfermeiro”, “contador”, as pessoas conseguem visualizar, e seria bem mais fácil pra ela! Mas, imagine aí: ‘- Minha mãe é relações-públicas... ’, ‘-... E faz o que mesmo isso?’ Então, se o público não tiver conhecimento e entendimento do que é Relações Públicas, essa denominação não traz nenhum benefício, não traz! Então, de fato, é melhor você assimilar um termo técnico - um planejador, uma assessora de comunicação, um publicitário, do que assumir o nome relações-públicas. (VÊNUS, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013).

A fala de Vênus denota claramente a dificuldade do profissional de Relações Públicas sustentar sua identidade

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

em um cenário social que desconhece a profissão e, por conseguinte, não confere ao indivíduo que a exerce nem status, nem prestígio, nem poder. Seriam as outras duas condições (afetiva e de similitude) suficientes para que esse indivíduo sustente tal identidade? Conforme vemos, na teoria e sob o ponto de vista de Vênus e dos demais participantes do GF, parece que não.

As formas identitárias profissionais propostas por Dubar (1998) apud Santos (2005) exploram três dimensões de análise: o mundo vivido do trabalho; a trajetória sócio profissional e a formação. No caso da identidade profissional dos relações-públicas, podemos observar essa configuração em três planos: a escolha do curso superior, o período de formação universitária e o ingresso do diplomado no mercado de trabalho, momento em que pode ocorrer a ‘ancoragem’ ou o abandono de determinadas posturas, valores e conceitos/técnicas aprendidas durante a formação; e na sua vida sócio profissional, que permeia e transcende sua prática de trabalho, abrangendo os laços familiares e afetivos.

Dois participantes do GF relataram espontaneamente23

como escolheram a habilitação em Relações Públicas, na época em que prestaram vestibular. Vejamos:

Eu escolhi na fila para pagar o boleto, fui olhar e pensei: Não, eu tenho que decidir, que só faltam 5 pessoas na minha frente. [...] na realidade eu fiz dois vestibulares de arquitetura e como, realmente, exatas definitivamente não é a minha área, não é a minha aptidão, então eu desisti. Mas aí o que acontece? Uma colega minha tinha falado desse curso, eu fiquei em dúvida e aí quando eu decidi fazer, porque eu achei realmente interessante a questão da comunicação [...]. (VÊNUS, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013).

23 Espontaneamente significa que elas não foram questionadas a respeito e falaram sobre o assunto durante o grupo focal sem nenhum estímulo do facilitador do Grupo Focal.

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

Eu também escolhi no momento em que esperava minha vez, na fila, para fazer a inscrição; só lendo aquelas informações que tinham no guia [do candidato ao vestibular]. (NETUNO, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013).

Ao mencionar ter prestado dois vestibulares para arquitetura, Vênus revela ter sentido desejo de ser arquiteta no passado, certamente porque ela se identificava de alguma maneira com essa profissão, o que significa que havia a condição afetiva, mas não a de similitude, já que reconhece não ter aptidão para trabalhar com números, o que a levou a desistir. Sua fala demonstra que o contexto de interação social influi na escolha da carreira, ao mencionar que uma colega falou sobre o curso de Relações Públicas e isso a fez pensar nessa graduação como uma opção. É possível que, além disso, o reconhecimento de suas habilidades e competências a tenha levado a identificar-se com as Ciências Humanas e Sociais e despertado seu interesse pela comunicação, dando origem as condições: afetiva e de similitude.

No caso de Netuno, sua fala não traz grandes revelações pelo que exprime e sim pelo que deixa de expressar: afeto, identificação, curiosidade, aptidão... Nada disso é citado, mas tão somente o fato de estar em uma fila, situação que indica pressão para tomar uma decisão. E essa foi tomada sem consultar ninguém, sem buscar informações prévias sobre o curso ou a profissão, bastou ler “aquelas informações” do guia24, revelando ao mesmo tempo falta de preocupação e otimismo em relação ao futuro profissional.

24 O guia do candidato ao vestibular na versão impressa foi durante muito tempo a

principal fonte de informação sobre os cursos superiores ofertados pelas Instituições de Ensino, pois somente após os anos 2000, com avanço e disseminação da Internet e as facilidades de acesso ao computador, ficou mais fácil obter informações sobre as mais diversas profissões, seja nos sites institucionais da IES ou em outros sítios na web.

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Quanto ao ingresso do diplomado no mercado de trabalho local, as falas de Vênus e Urano são emblemáticas:

O mercado? Como a gente fala, é muito difícil! Mas eu nunca me arrependi, eu acho um curso riquíssimo, de uma aplicabilidade prática! Agora, embora seja de aplicabilidade prática, é complicado você mostrar isso [resultados]. [...] realmente, é isso que você falou [Netuno] [...] é você matar um leão por dia, de fato. (VÊNUS, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013).

[...] é aquela verdade que as pessoas não têm o conhecimento [sobre Relações Públicas]; as pessoas não têm! Não dão oportunidade, nem de você mostrar o seu trabalho, como aconteceu na empresa que eu trabalhei, quando eu tentava fazer uma pesquisa com uma funcionária ou alguma coisa era sempre barrado [demonstra indignação]. (URANO, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013).

Embora afirmem que o curso é riquíssimo, Vênus, Urano e todos os respondentes da pesquisa apontam uma grande resistência do mercado de trabalho ao profissional de Relações Públicas e tem uma visão negativa em relação ao mesmo. Para 81,1% dos diplomados em Relações Públicas pela UFPB, o desconhecimento e a incompreensão do empresariado sobre a profissão de Relações Públicas é uma das maiores dificuldades enfrentadas para ingressarem e firmarem-se no mercado de trabalho local.

Por fim, podemos afirmar que são nesses três momentos – escolha do curso, período de formação e inserção no mercado -, associados às respectivas vivências e experiências proporcionadas, que podemos distinguir as principais rupturas no processo de construção da identidade do profissional de Relações Públicas.

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2.3.2 Influências das representações na valorização e aceitação social da profissão

Na sociedade em que vivemos, onde há grande cobrança pelo “sucesso”, fracassar profissionalmente pode significar fracasso pessoal, por isso ‘ter’ uma profissão que é representada socialmente de maneira positiva torna-se algo importantíssimo na vida de muitos trabalhadores.

A noção de representação social aqui empregada parte da indivisibilidade entre indivíduo/sociedade, sujeito/objeto e interno/externo, considerando os pressupostos dos estudos das dinâmicas subjetivas de um sujeito situado social e historicamente (MUNHOZ, 2010).

O ponto de partida para a formulação da Teoria das Representações Sociais, por Serge Moscovici, em 1961, foi a constatação da interação dialética entre o individual e o coletivo. Sendo assim, Moscovici considerou que o social só existe se existir um sujeito e que o sujeito só existe no social (COSTA; ALMEIDA, 1999). Segunda as referidas autoras,

Moscovici chega a definição que à representação social não é nem o coletivo, nem o inconsciente, mas a ação, o movimento de interação entre as pessoas. As representações sociais constituem-se em uma forma de conhecimento individual que só ocorre na interação com "o outro", no mesmo momento em que esta interação se dá. Enfim, as representações sociais dizem respeito ao universo de opiniões construídas, ‘reelaboradas’ e redimensionadas pelos indivíduos, em relação a um determinado objeto social, de acordo com a história de vida de cada um. (COSTA; ALMEIDA, 1999, não paginado).

As sensações levam à percepção, que por sua vez promove a formação de imagens mentais, que possuem significados para o sujeito que as concebe, conforme suas emoções, intuições e vivências, segundo suas experiências

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culturais, históricas e paradigmáticas. Isso ocorre no mundo interior de cada indivíduo e em interação com o mundo concreto e externo. Logo, há uma série de questões levantadas pela relação entre a internalização e a subjetividade, relacionadas à construção de uma determinada visão de mundo particular para um sujeito, e aquilo que é externalizado e compartilhado pela coletividade. Assim, aos poucos, a noção de representação social se desvincula da experiência individual de apreensão das “coisas” para o enfoque da fidelidade da representação (signo) em relação ao seu objeto (XAVIER, 2002).

Portanto, tratar de representação social pressupõe discutir a “construção da realidade social”, amparadas em valores, imagens e símbolos imbricados em uma cultura, na qual vivenciamos rituais, valores e ideologias muitas vezes sem questioná-los. Nesse sentido, segundo de Moscovici (1990) apud Xavier (2002, p. 27):

[...] emerge uma das características fundamentais da representação social: só se pode falar em “representação” como representação de alguém, isto é, de um grupo específico, que tem e partilha informações, convenções e emoções específicas (a representação não está “fora” do grupo nem paira “sobre” ele).

Em outras palavras, não se pode tratar genericamente o agente da representação social, pois “cada grupo social poderá agir de forma diferente em relação a um mesmo elemento.” (XAVIER, 202, p. 27), e o que se pode observar nas interações sociais são as tendências de representação de um determinado ‘objeto’.

Por outro lado, considerando que são nas interações sociais que as representações são externalizadas para os outros sujeitos e quando ocorre a verdadeira construção das representações sociais, está claro que a conformação do papel social de uma profissão transcende a academia e a classe profissional em si. Logo, é no cenário social mais

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amplo, que compreende tanto o mercado de trabalho como a sociedade, que a profissão de Relações Públicas afirma e confirma sua representação.

Nesse contexto, questionar o papel social da profissão e do profissional de Relações Públicas corresponde a identificar as principais tendências de representação e distinguir as condições que levaram a constituição destas. Devemos falar, então, das ambiguidades e lacunas quanto ao que faz, onde trabalha e, sobretudo, quanto ao que é a profissão de Relações Públicas dentro e fora da academia.

2.3.2.1 A polissemia do termo e a falta de uma definição clara

A polissemia do termo, que simultaneamente refere-se ao profissional, à profissão, ao processo, à função, às técnicas, já é por si só um grande problema (SIMÕES, 2001). Mas, as dificuldades compreendem também a definição, que além de impregnada por essa polissemia, é imprecisa e definida de maneira diferente por cada autor, destacando as incongruências e vicissitudes da atividade de Relações Públicas (ANDRADE, 1983; SCROFERNEKER, 2008).

Cândido Teobaldo, considerado o pioneiro nos estudos das Relações Públicas no Brasil, já dizia em 1983: “Na realidade, há tantas definições e conceitos sobre Relações Públicas quanto há estudiosos, professores, profissionais e admiradores dessa técnica.” (ANDRADE, 1983, p. 33). O problema, segundo o prestigiado autor, é que o sentido da expressão ainda não estaria em fase de cristalização naquela época.

Decorridos 30 anos desde seu célebre livro – Para entender Relações Públicas – abertos dezenas de curso pelo Brasil e centenas pelo mundo todo, publicados milhares de livros e artigos científicos, a sociedade e o mercado continuam não compreendendo a atividade, como destacam Urano, Saturno e Netuno:

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As pessoas não têm o conhecimento sobre o que é o relações-públicas e o quanto é importante o relações-públicas. É como se não tivesse um conceito, de tão amplo que é [...] pensam que tudo é Relações Públicas [...]; por mais que a gente entenda, a gente não consegue distinguir. Tem coisa que você fala e a pessoa entende direto, por exemplo: “eu sou um contador, então você já sabe o que é, mas o que é Relações Públicas? (URANO, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013).

[...] acho que o termo Relações Públicas deixou muito amplo! Realmente, [...] você é gerente, é administrativo, é vendas, você é marketing, você é tudo! Tudo é Relações Públicas. Não tem um termo central. [...] Liga-se a evento, vendas, gerente... [...] é porque Relações Públicas, insisto em dizer, é uma coisa tão ampla que não dá pra definir! [...] Eu bato no termo que é muito amplo e não tem um direcionamento. (SATURNO, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013).

[...] quando via no jornal que tinha algo para Relações Públicas era para ser vendedor! (NETUNO, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013).

O Sindicato dos Profissionais de Relações Públicas de São Paulo – Sinprorp, (2013) também revela a mesma preocupação ao dizer, em seu site, que os anúncios feitos nos jornais para recrutar relações-públicas expressam desconhecimento da atividade por parte dos responsáveis pelo recrutamento; Segundo o Sinprorp, o nível de desconhecimento “comparando-se à medicina, seria [como] o de solicitar um médico, com curso de auxiliar de enfermagem, para a única tarefa de aplicar injeções.” (idem).

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A falta de direcionamento e a grande amplitude do termo e da atividade, de que falam os profissionais e o Sindicato, estão presentes nas centenas de definições existentes, das quais destacamos algumas, para ilustrar a ausência de consenso e a ambiguidade constante na literatura acadêmica e na prática profissional das Relações Públicas.

A definição proposta pelo Instituto Britânico de Relações é uma das mais difundidas no país, pois foi a escolhida e a adaptada pela Associação Brasileira de Relações Públicas (ABRP), além de dar base à lei que regulamentou a profissão no Brasil. Esta, em seu Art. 1º, define Relações Públicas como:

A atividade é o esforço deliberado, planejado e contínuo para esclarecer e manter a compreensão mútua entre uma instituição pública ou privada e os grupos de pessoas a que esteja, direta ou indiretamente, ligada, constituem o objeto geral da profissão liberal ou assalariada de Relações Públicas.

O norte-americano Herbert M. Baus (1960) apud Andrade (1983, p. 40) apresentou outra, que por sua simplicidade, talvez seja uma das mais facilmente apreendidas: “Relações Públicas são o que o nome diz: relações com o público em geral ou com determinado público”.

Vários autores brasileiros contemporâneos, dentre eles França (2003, p. 150) confirmam essa representação, ao defender que “a essência da atividade de relações públicas são os relacionamentos estratégicos com públicos específicos”. Tal compreensão coincide com que os relações-públicas observam no mundo do trabalho: “E é esse o entendimento..., relações-públicas é o profissional que mantém um relacionamento com os públicos, tendo sido formado ou não”, diz Vênus.

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Essa fala dá a entender que essa representação da profissão de Relações Públicas deslegitima a formação acadêmica, pois, se não é preciso ter um diploma, qualquer pessoa que mantém relacionamento com os públicos é relações-públicas! Essa compreensão estaria tão arraigada que constitui uma barreira para que o profissional realmente habilitado tenha oportunidade no mercado, como relatam Vênus e Urano.

Eu já encontrei colunista social distribuindo cartão como o nome – relações-públicas; representante comercial – relações-públicas; já vi vários casos aqui em João Pessoa [...]. (VÊNUS, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013).

[...] é um mercado prostituído, que todo mundo consegue entrar sem formação nem registro no conselho de classe. (URANO, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013).

Sabemos que nos anos iniciais da graduação em Relações Públicas, em geral, são apresentadas aos alunos as atribuições, os conceitos-chave e as definições para a profissão. Também ocorre por parte do graduando todo um empenho e investimento para qualificar-se, acompanhado de grande expectativa de retorno. Porém, ao concluir o curso, muitas vezes ele não encontra oportunidades para atuar como relações-públicas e, por consequência, questiona-se, como relata Netuno:

Quando terminei, pensei: Meu Deus, o que vou fazer com esse curso? Porque as outras profissões faltam emprego para todo mundo, só não para medicina! A maioria existe dificuldade, mas a nossa é maior, porque na nossa a gente tem que convencer as pessoas que precisam de uma coisa que não conhecem! (NETUNO, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013).

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Evidencia-se desta forma a existência de uma dissonância entre aquilo que é “pregado pela teoria” e a realidade prática. Nesse sentido, destacamos que a maioria das definições bem como grande parte da literatura da área levam a crer que as Relações Públicas devem permear todos os setores da organização e mediar a relação da organização com seu exterior, atuando dentro e fora desta (ou pelo menos na fronteira desta); dotando a atividade de um quê de onipresença, ao ser capaz de fazer com que a comunicação flua bem interna e externamente.

Registram-se os esforços de profissionais e pesquisadores da área, especialmente, nas últimas duas décadas, que procuram posicionar a atividade como gestora da comunicação organizacional, atribuindo-lhe um caráter administrativo, como podemos ver na definição proposta pelo Sinprorp:

Relações Públicas é uma função administrativa que avalia as atitudes públicas, identifica as diretrizes e a conduta individual ou da organização na busca do interesse público, e planeja e executa um programa de ação para conquistar a compreensão e a aceitação pública (SINDICATO DOS PROFISSIONAIS DE RELAÇÕES PÚBLICAS DE SÃO PAULO, 2013, não paginado).

Diferente das outras definições apresentadas, essa delimita mais precisamente a área de atuação e as funções do relações-públicas, ainda assim, permanece a prescrição de que deve atuar no privado (a organização) para assegurar o interesse público (dos públicos). O que leva a profissão a ser percebida pelos públicos como defensora da organização e por esta como defensora dos interesses dos públicos.

Ma Margarida K. Kunsch, dentre outros catedráticos, reforça tal ponto de vista ao defender que:

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As relações públicas, como disciplina acadêmica e atividade profissional, têm como objeto as organizações e seus públicos, instâncias distintas que, no entanto, se relaciona dialeticamente. É com elas que a área trabalha, promovendo e administrando relacionamentos, muitas vezes, mediando conflitos, valendo-se, para tanto, de estratégias e programas de comunicação de acordo com diferentes situações reais do ambiente social. (KUNSCH, 2003, p. 89-90).

Se esse dualismo, por um lado, reveste supostamente a atividade de importância vital para as organizações; por outro, a profissão e o profissional não encontram seu lugar no mundo vivido. Esse seria, então, um dilema intrínseco à atividade?

Em outra perspectiva, o discurso dos diplomados traz implicitamente uma crítica ao discurso pseudocientífico, que naturaliza o dualismo e reveste a atividade de uma aura de ‘onipresença’, que não tem eco nem ressonância no mercado de trabalho.

Convém ressalvar que ecoa por todos os lados uma representação ‘glamourosa’ da comunicação, tanto como “o quarto poder” quanto como uma ferramenta mágica que pode mudar os rumos de uma organização. Isso é enfatizado e propalado inclusive pelos diplomados de Relações Públicas:

Então, eu sou um profissional do ramo da indústria [...] Então, atuei sempre na parte de planejamento e todas as empresas que me contrataram, sempre nas entrevistas, na seleção perguntaram: “- Mas, o que faz um comunicólogo na área industrial?” É, essa pergunta é sempre de praxe! E eu respondia assim: “- Olha, tudo gira em torno da comunicação ... qualquer que seja a atividade que você desempenha nessa vida, tudo gira em torno da comunicação. E só há resultados se um projeto da comunicação da empresa funcionar [...] A

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comunicação ela tem o poder, assim, de fazer a organização ficar no sucesso ou até de destruí-la e levá-la a falir! [...] Na realidade você faz um programa para ter comunicação com os seus públicos e desses projetos, assim, saem dez, que mudam a trajetória da empresa! (MERCÚRIO, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013).

Até mesmo a escolha da profissão de Relações Públicas parece ser influenciada por tais ideias, como vimos em falas anteriores de participantes do GF, que declararam terem feito o curso por se interessar pela área da comunicação. No entanto, para se legitimar o profissional de Relações Públicas e a atividade precisam diferenciar-se daquelas identidades e representações que os associam ao jornalismo, à publicidade, ao marketing, etc., presentes e influentes na escolha do curso, o que leva tempo até mesmo para o próprio formando, como vemos na fala de Marte:

O que é que eu imaginava antes de fazer o curso? Como eu não sabia direito o que era Relações Públicas eu achava que tava fazendo marketing [...]. Meus familiares achavam que era comunicação... Meu avô pensa que é jornalista até hoje, toda vez ele pergunta: - Minha filha, quando você vai aparecer no Jornal Nacional? Nunca, ‘vô’! E como os professores me apresentavam? Pelo menos como eu absorvi, foi uma área super chata, extremamente burocrática! Isso é o que eu absorvi; é tanto que eu tive uma crise..., eu tive uma crise de identidade absurda, que eu queria fazer jornalismo, aquela loucura e tudo! Quando eu paguei cadeira de jornalismo, aí eu disse: não, peraí, pelo amor de Deus! Vamos voltar para Relações Públicas, que não era isso que eu queria também não. (MARTE, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013).

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A partir desse relato, concluímos que a luta por reconhecimento e valorização começa desde a graduação, ainda quando o futuro profissional é aluno, ao comparar a profissão de Relações Públicas com as outras que também fazem parte do campo da comunicação e que possuem uma representação mais positiva no cenário social.

Com ou sem fundamento, historicamente há uma rivalidade com a profissão de jornalismo. Segundo Machado Neto (2008), o que existe é uma “falsa disputa de ‘mercados’ entre as habilitações e a manutenção de picuinhas absolutamente anacrônicas e descabidas no universo atual das práticas profissionais.” Em suma, o autor percebe que muitos dos desentendimentos são cultivados mais pelos docentes do que a realidade que se apresenta no mercado. No entanto, nas falas dos relações-públicas, principalmente daqueles que vão trabalhar em assessorias de comunicação, ainda é notório a existência de rivalidade no mercado, conforme relata Saturno:

Sobre a questão da rivalidade de Relações Públicas com Jornalismo - quem trabalha em assessoria sabe que existe essa rivalidade, ai eu faço questão de dizer que sou formada em Relações Públicas, com prazer! Porque o relações-públicas é muito mais que o jornalista em todos os ângulos. [...] Eu trabalhei em assessoria de comunicação, lá eu vi que Relações Públicas não é somente a questão de fazer texto (como o jornalista) - jornalista é fazer um texto e nada mais, é somente a técnica de fazer textos. Pra mim o relações-públicas é bem mais, é o pensar! O planejamento estratégico... (SATURNO, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013).

Desse modo, considerando que uma profissão e suas representações sociais são recursos metafóricos que permitem a um indivíduo explicar seu papel no grupo de pertencimento e na sociedade, conferindo funções tantos institucionais quanto simbólicas e notadamente identitárias

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àqueles que a assumem, podemos concluir que a falta de status, reconhecimento e valorização da atividade de Relações Públicas é consequência de um desenvolvimento com vários pontos obscuros e controversos. Tais pontos refletem diretamente sobre a identidade profissional dos diplomados, os quais têm dificuldade para se inserir no mercado de trabalho e conseguir aceitação social, ocasionando rupturas nas trajetórias e identidades individuais.

Ademais, suportados em nossos achados, podemos inferir ainda dois pontos:

1. A legitimidade, no sentido de reconhecimento, não depende apenas de leis que regulamentem a profissão ou dos esforços acadêmicos para fundamentá-la e/ou justificá-la, mas sim e, sobretudo da sua aceitação social;

Dentro dessa perspectiva basta lembrar de dezenas de ofícios milenares, tais como filósofo, artesão, alfaiate, pintor, ferreiro, “empregado doméstico” e tanto outros, que só na modernidade tornaram-se profissões regulamentadas e/ou deram origem à formações acadêmicas, como a filosofia, por exemplo. Em outras palavras, é a existência e o reconhecimento de uma demanda que impelem a regulamentação e a busca pelo embasamento científico. O segundo ponto defendido por nós:

2. Os contextos histórico, econômico e social influem na mesma proporção sobre a valorização da profissão e sua representação social.

Exemplificando tal ideia, citamos o caso de Saturno que indica que a valorização do profissional de Relações Públicas no mercado local é determinada pela visão do empresariado local, que não está preocupado com a qualificação/formação; enquanto que os gestores de outras

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regiões – Sul e Sudeste (cita ela), reconhecidamente mais desenvolvidas -, já incorporaram as suas práticas administrativas o investimento em comunicação e por isso valorizam o profissional de Relações Públicas. Saturno diz:

Eu trabalhei em marketing, em hotel, e na assessoria de comunicação, lá eu vi o quanto o relações-públicas é valorizado. [...] Quando cheguei, comecei a trabalhar, desenvolver a função na área de comunicação, aí quando o meu currículo bateu lá na matriz, que era no Rio de Janeiro, de 700 reais meu salário foi para 3.000 mil, foi dessa oportunidade quando eu vi que relações-públicas é valorizado! [...] Pra você ver o quanto lá, Sul, Sudeste Relações Púbicas tem a valorização, tem essa preocupação. Aqui não importa se você tem o segundo grau ou se é relações-públicas. (SATURNO, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013).

Seria, pois, a desvalorização do profissional de Relações Públicas um problema presente apenas no Nordeste, uma região ainda em desenvolvimento, com uma longa trajetória marcada pelo subdesenvolvimento em e por ter uma economia desindustrializada e centrada no setor agrário? Não temos essa resposta, mas, admitindo que essa hipótese seja verdadeira, nos perguntamos: o bom momento econômico atual, que vem elevando o nível de desenvolvimento da região acima da média nacional será capaz de gerar novas demandas pelo profissional de Relações Públicas e torná-lo mais valorizado?

Certamente será preciso o desenvolvimento de novas pesquisas para responder a tais questões. Porém, admitindo-se como verdadeiro o cenário dramático relatado pelos respondentes dessa investigação, cabe-nos explicitar a prática que exercem efetivamente e como sobrevivem ao jogo da empregabilidade os profissionais formados pela UFPB, uma das Universidades nordestinas que mantém o curso funcionando até o presente.

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Capítulo 3

É POSSÍVEL FALAR EM EMPREGABILIDADE? UMA

RADIOGRAFIA DA SITUAÇÃO DOS DIPLOMADOS EM RELAÇÕES

PÚBLICAS PELA UFPB

Após termos observado e discutido a fragilidade da identidade da profissão de Relações Públicas, por meio da análise de conceitos, da evolução da atividade e dos discursos e percepções dos diplomados pela UFPB sobre o mercado de trabalho e a profissão, dedicar-nos-emos nesse capítulo a averiguar a situação de empregabilidade de tais egressos.

Mas, considerando o cenário competitivo contemporâneo de rápidas mudanças e de instabilidade dos mercados, caracterizados, por sua vez, pela integração e interdependência, as quais simultaneamente facilitam as transações comerciais, criam riscos e levam a crises econômicas de escala mundial, é possível falar em empregabilidade?

De acordo com Lemos et al (2007, p. 2010), “empregabilidade, entendida não apenas como a capacidade de obter emprego, deve ser definida como flexibilidade, competitividade, participação, formação polivalente e multifuncional” (grifos nossos). Para nós investigar a empregabilidade significa refletir sobre o conjunto de

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conhecimentos, habilidades e competências profissionais, necessárias ao desenvolvimento da sociedade por meio da atuação dos cidadãos em organizações sociais voltadas para produção de bens, produtos e serviços, assim como de políticas e valores que contribuam para o desenvolvimento sócio-econômico da região/país. Assim, tais competências são essenciais tanto ao bem estar social como ao individual, permitindo aos seus detentores manterem-se produtivos, úteis e empregados, e dando-lhes condições de atenderem suas necessidades básicas.

A universidade, ademais de colaborar para formação de um sujeito moral, contribui através do ensino superior diretamente para a formação de competências profissionais, as quais compreendem desde o domínio de conceitos e técnicas ao uso e elaboração de métodos e ferramentas inerentes a um determinado ofício. Porém, a formação profissional não se limita à aquisição de conhecimentos teóricos e/ou práticos, pois envolve também aspectos subjetivos, relacionados à habilidade para construção de uma rede de relações interpessoais, do acompanhamento das tendências tecnológicas e do progresso científico de cada área de conhecimento. Desse modo, as habilidades e competências que tornam um profissional empregável não são aprendidas e apreendidas estritamente por meio da formação universitária ou exclusivamente nesse período. Pelo contrário, são produtos de experiências diversas, que se atualizam e se constroem ao longo da vida profissional/social, portanto, requerendo um investimento em formação continuada.

Disso decorre a complexidade de mensurar a contribuição da formação universitária para a empregabilidade dos sujeitos. Isso posto, esclarecemos que os elementos abordados e mensurados neste capítulo correspondem àqueles suficientemente claros para serem percebidos, a exemplo do investimento em outro idioma ou a realização de uma pós-graduação, considerando as

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opiniões e informações declaradas pelos sujeitos pesquisados.

Nossos objetivos são: identificar como ocorre a inserção e em que áreas atuam os egressos no mercado de trabalho; quais as funções exercidas; qual a forma de inserção no mercado de trabalho; verificar quais alternativas os egressos adotam para manterem-se empregados, e; qual a relação entre sexo e remuneração. Assim, construímos uma radiografia da situação dos diplomados em Relações Públicas pela UFPB, no período compreendido entre 2000 e 2009.

3.1 QUEM FEZ RELAÇÕES PÚBLICAS FAZ O QUÊ?

A partir das informações sobre a situação de empregabilidade e as áreas de atuação declaradas pelos respondentes, observamos que os diplomados em Relações Públicas estão conseguindo inserir-se em boa medida no mercado de trabalho.

De acordo com o Gráfico 3 (ver apêndice I), constatamos que a maioria dos entrevistados está trabalhando, sendo 50% com carteira de trabalho assinada; 12,1% como servidor público; e 12,9% como proprietário do próprio negócio. Há ainda 3,8% atuando como autônomo/freelancer, e 7,6% trabalhando em emprego temporário, o que sugere que estes ainda não se estabilizaram na carreira profissional.

A escassez de oportunidades e a instabilidade do mercado de trabalho, provavelmente, é a razão de muitos (12,1%) investirem em mais qualificação e estarem dedicando-se exclusivamente aos estudos, enquanto alternativa para obter maior estabilidade, seja para ingressar no serviço público, por meio de concursos, ou fazendo pós-graduação ou ainda outra graduação. Por outro lado, apenas 1,5% dos respondentes declararam estar desempregado/procurando emprego no momento da coleta

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de dados (2012), o que nos leva a concluir que há um alto índice de aproveitamento e absorção dos profissionais pelo mercado.

Sobre o ramo da organização em que o egresso atuou ou está atuando no momento (ver gráfico 4 no apêndice I), três são os que se destacam e ocupam o maior número de diplomados: Serviço Privado, o qual compreende os segmentos de Hotelaria, Eventos, Cerimonial, Assessoria/Consultoria, Fotografia, Audiovisual e congêneres, ocupa praticamente um terço dos diplomados (30,3%); Serviço Público, que chega a ocupar25 28,8% dos egressos, somando-se os alocados na educação pública e os vinculados a outros segmentos de serviços à população; em terceiro lugar, vem o Comércio, que ocupa 22,7% diplomados.

Conjeturávamos que a maioria dos egressos atuasse no setor terciário, pois este é o que oferece o maior número de postos de trabalho no Brasil, mais de 75% dos empregos formais, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além disso, esse setor conta com uma grande representatividade na renda nacional, correspondendo a 70% do Produto Interno Bruto (BRASIL, 2013).

Noutra perspectiva, refletindo a dinâmica do desenvolvimento regional, constatamos que o número de respondentes ocupados no serviço público é elevado. Corroborando para isso, a observação leva a crer que pesa sobre a escolha da carreira a contraposição dos rendimentos maiores (quase sempre) oferecidos pela

25 Nem todos que disseram ser o Serviço Público o ramo de atividade da organização em que trabalhavam no momento da coleta de dados são servidores concursados, isto é, ingressaram efetivamente para os quadros do serviço público. A esse respeito, também esclarecemos que há uma incoerência entre os dados do Gráfico 3 e do Gráfico 7, para qual não temos explicação, já que não havia ambiguidade em relação as alternativas de cada questão nem quanto a pergunta. Diante disso, assumimos como legitimas as informações do Gráfico 7, que trata especificamente sobre a forma de ingresso do diplomado no mercado de trabalho, a partir das quais vimos que apenas 9,8% do egressos ingressou via concurso público.

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iniciativa privada à estabilidade e à qualidade de vida proporcionada pelo serviço público, onde praticamente não há cobranças por meta ou produtividade - excetuando-se as empresas públicas, as quais são regidas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e costumam cobrar dos funcionários tanto quanto as empresas privadas. Vale ressaltar que na economia regional os salários costumam ser bem mais baixos que os praticados na região Sudeste, por isso, o serviço público se torna ainda mais atraente que a iniciativa privada.

Verificamos ainda que 8,3% dos respondentes atuaram ou atuam na indústria e 5,3% na educação privada. Com menor expressividade, temos a atuação em Organizações não Governamentais e no Serviço Militar, ocupando, respectivamente, 3,0% e 1,5% dos egressos.

Ao somar a quantidade de diplomados que atuam/atuavam no ramo da educação (pública e privada), vimos que esta tem sido a alternativa adotada por 12,9% dos egressos para manter-se no mercado de trabalho. Porém, apenas 4,5% dos pesquisados declararam estar exercendo atividades de Professor ou Pesquisador (ver Gráfico 6 - Função que os egressos exercem ou exerciam, no apêndice I).

Quando perguntamos aos diplomados em qual área trabalharam ou trabalham, a intenção foi saber o setor em que eles geralmente são alocados, ou seja, quais áreas dentro das organizações absorvem esses profissionais. Conforme o Gráfico 5 (ver apêndice I), a área de Vendas e Representações Comerciais é a que mais emprega os relações-públicas, pois foi citada por 17,4% egressos; em seguida vem a de Marketing/Publicidade e Propaganda, que absorve 13,6% dos profissionais. Com porcentagens equiparadas, temos as áreas de Eventos/Produções Culturais e de Administração/Financeiro/Gestão, com 9,8%, cada. A área de Assessoria de Comunicação emprega 8,3%; outras áreas foram citadas por 6,8% dos pesquisados.

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Apenas 5,3% dos diplomados mencionaram atuar efetivamente na área de Relações Públicas, sendo que destes apenas 3% assumem o cargo de relações-públicas (conforme o gráfico 6 – ver apêndice I), evidenciando a falta de abertura do mercado para essa profissão. Também registra-se o percentual de 5,3%, para a área de Atendimento/Relacionamento com o público. Esse mesmo percentual corresponde aos que não responderam a questão. As áreas de Audiovisual/Mídias Digitais/Artes Gráficas e Saúde empregam cada uma 3,0% dos entrevistados.

Desse modo, tais dados confirmam a dispersão dos profissionais nas mais diversas áreas dentro das organizações. Todavia, somando-se as áreas de Marketing, Publicidade e Propaganda, Assessoria de Comunicação, Eventos, Produções Culturais, Audiovisual, Mídias digitais e Artes gráficas, podemos afirmar que 35,1% já atuaram ou estão atuando no campo da comunicação.

Os resultados da questão “Qual função desempenha(ou) em seu atual ou último trabalho?” reafirmam a grande capacidade de absorção dos relações-públicas pela área administrativa e de gestão das organizações. Isso evidencia-se no Gráfico 6, em apêndice I, no qual se constata que 27,3% dos respondentes exerce ou já exerceu funções de Gerente ou Supervisor; as funções de Assistente Administrativo foram ou são exercidas por 11,4% dos diplomados; e a função de Gestor/Empresário obteve 10,6% das respostas dos entrevistados. Logo, conclui-se que praticamente a metade dos relações-públicas pesquisados (49,3%) já exerceu ou exerce atualmente funções relacionadas à administração.

Desmistificando a falsa ideia de que todos que trabalham na área de vendas são vendedores, constatamos que aproximadamente um terço (6,1%) dos relações-públicas que disseram trabalhar (ou ter trabalhado) nessa área exercem/exerceram, de fato, a função de vendedor. As funções de Atendimento ao Público/Recepcionista e de

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Professor/Pesquisador foram citadas por 9% dos pesquisados, obtendo cada uma 4,5% das respostas. Apenas 2,3% estão exercendo ou exerceram a função de Consultor; e 11,4% disseram ter exercido ou exercer outras funções que não listadas nas alternativas.

Considerando apenas àquelas funções inerentes ao campo da comunicação (Diretor/Assistente/Analista de Marketing ou Publicidade e Propaganda, Assessor ou Analista de Comunicação, Produtor/Designer e Relações Públicas/Gestor de Eventos), evidencia-se que o número de relações-públicas atuantes no campo da comunicação cai para 21,1%. Ou seja, quando aplica-se o “filtro” das funções há uma queda de 14%, levando à conclusão que estar alocado em um setor/área de comunicação dentro de uma organização não significa exercer ou desenvolver as funções específicas do profissional de Relações Públicas ou de comunicador.

3.2 CONTRIBUIÇÃO DA FORMAÇÃO ACADÊMICA PARA A EMPREGABILIDADE DOS RELAÇÕES-PÚBLICAS

Há algumas décadas atrás, investir em um curso de nível superior era ter a certeza de que se estaria num patamar diferenciado, tendo em vista que o ingresso em universidades e faculdades era privilégio de uma parcela mínima da sociedade brasileira. Hoje, com uma oferta maior de vagas no ensino superior26, o cenário é outro e ter apenas o título de graduado não é condição suficiente para que se esteja na chamada zona de conforto, isto é, ter garantias e

26 O programa Reuni - reestruturação e expansão das Universidades Federais

(2010), instituído pelo Decreto nº 6.096, de 24 de abril de 2007, do Governo Federal, tem como principal objetivo ampliar o acesso e a permanência na educação superior Além deste programa, tanto o Programa Universidade para Todos (Prouni) como o Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) visam o ingresso de estudantes na educação superior não gratuita. Enquanto que o primeiro oferece bolsas parciais e integrais de estudo o segundo atua no viés do financiamento.

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segurança quanto ao futuro na carreira profissional. Questão cada vez mais relevante num mercado tão competitivo, em que a falta de solidez e a incerteza das ordens política, econômica e social são perenes.

Investir na formação profissional de maneira continuada seja por meio de cursos de pós-graduação, idiomas ou treinamentos é uma forma de se manter atualizado e apto às inovações do mercado de trabalho, diferenciando-se de outros profissionais. Por outro lado, o processo de inserção no mercado de trabalho tem suas peculiaridades, conforme cada profissão. Seja essa qual for, tal processo pode ser facilitado quando exige um setor dedicado à integração empresa-universidade, o qual promova parcerias, convênios, acordos de cooperação e estágios. Nesse sentido, acreditamos ser importante discorrer sobre como ocorre o acesso ao mercado e como a universidade contribui para que isso aconteça.

3.2.1 Acesso ao mercado de trabalho

A demanda por mão de obra qualificada é uma exigência cada vez mais notória no mercado de trabalho. O ensino superior é uma das formas mais tradicionais do sujeito capacitar-se para se inserir no mercado, pois a Universidade/Faculdade possibilita um espaço de construção de conhecimento, vivências e experiências importantes, para além do ensino, a exemplo da extensão universitária e da iniciação à pesquisa científica e dos estágios curriculares obrigatórios. Assim, ao longo dos anos de estudo é possível estabelecer contatos e construir um networking, de modo a facilitar o acesso e a conquista de uma boa colocação no mercado. Por outro lado, as organizações constituintes desse mercado, impõem suas regras e definem as formas de seleção dos candidatos às vagas que disponibilizam. Algumas preferem recrutar pessoas indicadas pelos atuais colaboradores, outras abrem

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editais, outras fazem anúncio em jornal, dentre outras formas.

Levantamos o questionamento sobre a forma de ingresso/acesso ao mercado de trabalho, cujos resultados são expressos no Gráfico 7 (ver apêndice I).

Os dados revelam que 32,6% dos diplomados inseriram-se a partir do modo tradicional – o envio de currículo. Este é o “cartão de visitas” do profissional e a principal forma de se estabelecer o primeiro contato junto às organizações, por vezes, constituindo-se na primeira etapa dos processos de recrutamento. A contratação por indicação de amigos e conhecidos aparece em segundo lugar, com 24,2%. Um dado relativamente moderado quando levado em consideração estudos sobre o assunto:

Segundo estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), quase 60% das pessoas empregadas na iniciativa privada obtiveram a vaga após indicação de parentes, amigos e conhecidos que já trabalhavam no lugar. [...] O sistema de indicações é considerado particularmente eficaz no recrutamento para técnicos e especialistas, já que o círculo de amizades do funcionário costuma concentrar pessoas de mesma formação. (VIEIRA, 2012, não paginado).

Ao contrário do que se pode pensar, a prática de indicação além de ser bastante comum é inclusive estimulada por muitas organizações, bonificando a quem indica bons profissionais. “Os bônus cumprem o papel de instigar os colaboradores a serem seletivos nas recomendações, afinal o prêmio será concedido ao autor da melhor indicação” (VIEIRA, 2012, não paginado). A indicação muitas vezes decorre das relações interpessoais e da proximidade entre os sujeitos, sem estímulo direto da organização.

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Outra forma de inserção significativa é o estágio27, citado como via de acesso ao mercado por 22% dos egressos de Relações Públicas. Sabe-se que o estágio também é relevante na preparação dos discentes para o mundo do trabalho. Na UFPB existe um setor dentro da Pró-Reitoria de Graduação (PRG) voltado à formalização de convênios com organizações para concessão de estágios curriculares e não curriculares aos alunos matriculados em qualquer curso superior ofertado pela Instituição, o qual se chama Coordenação de Estágio e Monitoria (CEM). Tal setor, como o nome indica, não se dedica apenas à inserção dos discentes no mercado através do estágio, assume também a tarefa de estruturar o Programa de Monitoria da UFPB, o qual volta-se à preparação para carreira docente. Além disso, vale registrar que não há uma ação proativa por parte do órgão, pois a CEM recebe as demandas preconcebidas pelas organizações que a procuram, ou seja, não há uma ação de ir ao mercado e propor convênios/parcerias, mas receber as demandas prontas. Disso decorrem certas incoerências entre o que os discentes fazem durante o estágio e as funções correlatas à carreira por eles estudada. Discentes e diplomados do curso de Relações Públicas relatam que em alguns estágios são/foram colocados para trabalhar no setor de recepção ou de vendas para desenvolverem tarefas que nada tem a ver com a atividade de Relações Públicas, por exemplo. Eis aí mais uma dissonância resultante do diálogo falho entre a universidade e o mercado, pois a supervisão do estágio fica geralmente a cargo do professor, o qual não dispõe de horas para visitar as organizações e acompanhar as tarefas dos discentes.

27 De acordo com a Lei Nº 11.788, de 25 de setembro de 2008, da Presidência da

República, “Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa a preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos” (BRASIL, 2008, não paginado).

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O percentual de egressos que se tornaram empreendedores e que trabalharam ou trabalham como autônomos/freelancer é de 6,1% e 2,3%, respectivamente, sugerindo que a abertura do próprio negócio e o trabalho por conta própria constituem-se alternativas cada vez mais pertinentes para a inserção no mercado. Vale lembrar que essa alternativa está condicionada ao momento econômico que o país vem passando nos últimos anos e a popularização do empreendedorismo a partir, sobretudo, do estímulo das políticas governamentais que regem o setor privado. Tais políticas compreendem as micro e pequenas empresas e mais recentemente a figura do Microempreendedor Individual (MEI), cuja regulamentação estabelece alíquota diferenciada no custeio da Previdência Social28.

A iniciação no mundo do trabalho por meio do exercício de atividades na empresa da família foi citada por apenas 2,3% dos respondentes. Já os que ingressaram mediante concurso público correspondem a 9,8% dos diplomados, especificamente 13 respondentes, sendo que apenas 2 destes egressos atuam como relações-públicas e outros 3 em áreas correlatas à comunicação. Vale ressaltar que a abertura de vagas para o cargo de relações-públicas no serviço público ou em empresas públicas é extremamente escassa, explicando o baixo índice de profissionais que iniciaram a vida profissional via concurso público. Além disso, a opção pelo serviço público costuma ser feita após a experimentação profissional na iniciativa privada, o que permite comparar os dois sistemas e avaliar as vantagens e desvantagens de cada um.

Observa-se ainda no Gráfico 7 que todos os egressos já tiveram algum contato com o mercado de trabalho e que nenhum egresso disse ter inserido-se no mercado através de programas de seleção para trainee. O processo seletivo para programas de trainees, estabelecidos e promovidos, em

28 Plano de Custeio da Previdência Social - Lei nº 12.470, de 31 de agosto de 2011. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12470.htm>. Acesso em: 11 jul. 2013.

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geral, por grandes empresas – das quais poucas estão representadas no Nordeste -, costumam ser rigorosos e bastante criteriosos, sendo feitos normalmente na sede das organizações, que estão situadas normalmente no Sudeste do país.

De acordo com o Gráfico 8 (ver apêndice I), a maioria dos egressos (56,8%) ao término da graduação já trabalhava e permaneceu na mesma empresa/trabalho. O fato do curso de Relações Públicas, na UFPB, ser noturno contribui para que os discentes possam trabalhar durante o dia, seja pela necessidade financeira, seja pelo fato de adquirir mais conhecimentos e complementar a formação, seja em função da pressão social, haja vista que à medida que a idade avança aumentam os anseios e as demandas de consumo, bem como a cobrança dos familiares pela independência financeira.

Dentre os que ingressaram no mercado de trabalho após a conclusão do curso, 22% dos diplomados inseriram-se nos seis primeiros meses e 10,6% conseguiram ingressar dentro de 7 a 12 meses. Assim, somando os que já trabalhavam e os que conquistaram o primeiro emprego ao fim da graduação, conclui-se que a grande maioria (89,4%) dos egressos de Relações Públicas empregou-se no prazo máximo de um ano.

Os outros 10,6% de diplomados ingressaram no mercado após um ano da conclusão do curso, sendo: 4,5% entre 13 e 18 meses; 2,3% entre 19 e 24 meses; e 3,8% demoraram mais de dois anos para obter o primeiro emprego. As razões do ingresso tardio no mercado não foram investigadas nesta pesquisa.

Compreendemos como atividades acadêmicas os projetos desenvolvidos sob coordenação e orientação de um docente, dentro de programas institucionais aprovadas pelo departamento/universidade, de apoio à formação, tais como monitoria, pesquisa e extensão29. Os programas agregam

29 No caso da extensão, além do docente, também pode coordenar projetos o servidor técnico administrativo.

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conhecimentos e experiências à formação dos graduandos, ao aproximar a teoria da prática e ao promover o aprendizado de competências profissionais. Assim, cremos ser pertinente analisar se as atividades contribuem para a inserção do egresso no mercado de trabalho.

Até o ano de 2005 existiam poucos projetos na habilitação de Relações Públicas, visto que, em função do processo de qualificação docente da UFPB, muitos professores do quadro permanente estavam afastados para cursar o doutorado e a maioria daqueles que estavam ministrando aulas eram professores substitutos30, dedicados exclusivamente ao ensino, devido a grande quantidade de disciplinas específicas da área descobertas. Com o retorno dos docentes afastados para qualificação e com a realização de concursos públicos para o ingresso de novos docentes, a área de Relações Públicas ganhou reforço, surgindo os primeiros projetos acadêmicos formalizados tanto de extensão, como de pesquisa e monitoria. Consequentemente, houve um aumento da produção acadêmica e no envolvimento de alunos da graduação nos respectivos projetos e eventos31 promovidos, geralmente, sob a tutela do Laboratório de Relações Públicas (LARP).

Expresso esse contexto, é possível compreender, de acordo com o gráfico 9 (ver apêndice 1), por que 22,7% dos diplomados informaram que tais atividades não contribuíram para a sua inserção no mercado; 25% dos egressos disseram que contribuiu parcialmente e 21,2% que a participação em tais atividades contribuiu pouco. E, dentre todos os respondentes, 5,3% não participaram de nenhuma atividade acadêmica durante a graduação. No entanto,

30 Professor substituto é aquele contratado temporariamente para suprir a falta de professor efetivo em razão de: vacância do cargo; afastamento ou licença, na forma do regulamento; ou nomeação para ocupar cargo de direção de reitor, vice-reitor, pró-reitor e diretor de campus (Art. 2º, § 1º, incisos I, II e III - Lei nº 8.745, com redação dada pela Lei nº 12.425, de 17 de junho de 2011) (BRASIL, 2011). 31 Eventos realizados pelo LARP com maior destaque, até 2006: Encontro Comemorativo de Relações Públicas (ECORP); Semana de Relações Públicas; São João com Fartura e Natal com Brinquedos.

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mesmo com a restrita oferta de atividades acadêmicas à época em que boa parte dos diplomados estudou, constatamos que a participação nessas atividades ‘contribuiu muito’ ou ‘contribuiu integralmente’ para que, respectivamente, 18,9% e 6,8% dos pesquisados se inserissem no mercado de trabalho.

Ao compararmos os dados dos egressos que terminaram o curso entre 2000 e 2004 e de 2005 a 2009, embora as atividades acadêmicas tenham ocorrido com mais intensidade neste segundo recorte, percebemos que praticamente não houve grande discrepância entre a opinião dos respondentes dos dois períodos. A ressalva recai sobre a variável ‘contribuiu parcialmente’ que passou de 10,5%, entre o primeiro grupo, para 26,9%, no caso dos diplomados de 2005 a 2009. A opinião de que ‘contribuiu integralmente (foi decisivo)’ sofreu decréscimo de 8,5%, passando de 12,8% para 4,3%. A explicação para isso, talvez recaia sobre a relação entre a adequação do tipo de atividades acadêmicas realizadas entre 2000 e 2004 e a realidade do mercado de trabalho à época. Em outras palavras, quanto mais o cenário mercadológico – abrangendo aqui tanto as tecnologias da informação e comunicação como práticas emergentes -, evolui, mais o currículo e as atividades acadêmicas realizadas no curso de Relações Públicas ficam obsoletas e inadequadas às novas demandas.

3.2.2 Relação entre atividades acadêmicas e atuação profissional

As atividades acadêmicas realizadas durante a graduação pretendem estimular a iniciação científica, a docência, e o contato com a sociedade/mercado, aproximando os discentes dos afazeres de um pesquisador, do docente, do profissional, além de promover o pleno exercício da cidadania. Nesse sentido, buscamos aqui

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verificar a contribuição das atividades acadêmicas na formação profissional dos egressos de Relações Públicas.

No Gráfico 10 (ver apêndice I) identificamos as atividades acadêmicas das quais os egressos mais participaram durante a graduação em Relações Públicas, independente dos tipos de atividade, pois a questão aceitava que os egressos marcassem mais de uma alternativa como resposta.

Assim, constatamos que 78% dos egressos participaram da Organização de Eventos, 75,8% participaram de Congressos/Encontros acadêmicos, 11,4% atuaram em Projetos de Pesquisa, 9,1% participaram de Projetos de Extensão e apenas 0,8% dos respondentes, especificamente 1 diplomado, participou de Projeto de Monitoria.

Como já havíamos mencionado, do total de 132 respondentes, apenas 5,3%, isto é, 7 (sete) egressos não participaram de nenhuma atividade acadêmica. Desses, 4 (quatro) atuam ou já atuaram no campo da comunicação. Logo, evidencia-se que não participar de atividades acadêmicas não implica distanciar-se do exercício profissional no campo da comunicação.

Quando questionados se as atividades acadêmicas influenciaram na formação profissional (ver gráfico 11, apêndice I), apenas 0,8% (1 respondente) dos graduados afirmou não ter influenciado. Em contrapartida, 93,9% dos egressos dizem ter influenciado em alguma medida, conforme observamos a seguir: 9,1% relatam ter influenciado totalmente; 37,1% afirmaram que as atividades influenciaram muito; 31,8% afirmaram ter influenciado parcialmente; e 15,9% dizem ter pouca influência.

Comparada a opinião dos egressos que concluíram o curso entre 2000 e 2004 e a dos que terminaram de 2005 a 2009, percebemos que a alternativa ‘influenciou pouco’ foi menos citada pelo segundo grupo, ocorrendo uma redução de 23,1% para 12,9%; já o número dos que acreditam que a participação nas atividades acadêmicas ‘influenciou muito’

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na formação profissional aumentou de 30,8% para 39,8% entre os que se formaram de 2005 a 2009. Desse modo, embora para esse mesmo grupo as mesmas atividades tenham contribuído menos para sua inserção no mercado de trabalho, podemos afirmar que elas influenciaram muito mais na sua formação do que para o grupo dos diplomados entre 2000 e 2004; certamente porque houve mais participação e mais atividades acadêmicas na segunda metade da década.

Assim, concluímos que a experiência e o conhecimento adquiridos a partir da participação em projetos e em atividades acadêmicas extracurriculares são essenciais na formação profissional dos sujeitos pesquisados.

Conforme o gráfico 12 (ver apêndice I), 74,2% dos respondentes, o curso de Relações Públicas contribuiu ou está contribuindo em alguma medida para o exercício das funções no último ou no atual trabalho. Para 34,8% contribui(u) muito; para 28,8% contribui(u) parcialmente; e 10,6% apontam que contribui(u) totalmente. Apenas 6,1% dos diplomados responderam não ter contribuído e 19,7% disseram que contribui(u) pouco.

As funções básicas das Relações Públicas compreendem as atividades de pesquisa, planejamento, execução, avaliação e controle, as quais podem ser aplicadas em diversos contextos, perpassando todos os setores e níveis da organização. Assim, explica-se que, independente de se estar atuando no campo da comunicação ou não, há um forte reconhecimento de que o curso contribui para o desenvolvimento de competências requeridas pelo mercado.

Ao confrontar as variáveis ‘contribuição do curso’ e ‘função exercida no último ou no atual trabalho’, temos o intuito de identificar para quem mais contribui(u) a formação. Assim, constatamos que a formação em Relações Públicas contribui(u) muito ou totalmente para os egressos que exerceram ou exercem funções inerentes ao campo da comunicação (tais como Relações Públicas, Gestor de

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eventos, Assessor/Analista de Comunicação, Diretor/Assistente/Analista de Marketing ou Publicidade e Propaganda, Produtor Cultural, Designer) ou inerentes ao campo da administração/gestão (tais como Consultor, Gerente/supervisor, Assistente administrativo, Empresário).

Para 75% dos que desempenham/desempenhavam funções de Relações Públicas o curso contribui(u) muito ou totalmente; 45,5% dos Diretores, Assistentes e Analista de Marketing ou Publicidade e Propaganda dizem o mesmo. Entre os Assessores e/ou Analistas de Comunicação, 42,9% dizem que contribui(u) muito. E 50% dos Produtores Culturais ou Designers têm a mesma opinião.

Observando o Gráfico 13 (A) – ver apêndice I, constata-se que a formação contribui(u) mais para os profissionais que desempenham a função de consultor, pois 66,7% deles dizem que o curso contribui(u) muito e 33,3% dizem que contribui(u) totalmente. Há, no caso do Consultor, 100% de aproveitamento dos conhecimentos e competências desenvolvidas na graduação em Relações Públicas.

Conforme o Gráfico 13 (B) – ver apêndice I, para 58,3% dos que exerceram ou exercem a função de gerente ou supervisor o curso contribui(u) muito ou totalmente; 50% dos gestores ou empresários e 33,4% dos professores e/ou pesquisadores opinaram o mesmo. Já 25% dos vendedores ou representantes comerciais e 20% dos Assistentes administrativos opinaram que contribui(u) muito.

A formação em Relações Públicas contribui(u) menos para os egressos que atuaram ou atuam na área de atendimento ao público ou como recepcionista, pois, respectivamente, 66,7% e 33,3% dizem que o curso contribui(u) pouco e parcialmente. Por fim, para 2,8% dos egressos o curso não contribui(u) em nenhuma medida para o que eles fazem hoje.

A partir dos dados do Gráfico 14 (ver apêndice I), constatamos que, para 44,7% dos diplomados, os conhecimentos adquiridos em experiências profissionais

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anteriores é o aspecto mais decisivo para o exercício das funções no atual ou último trabalho. O conhecimento adquirido em estágios foi determinante apenas para 5,3% dos respondentes. Somados esses dois itens, observamos que para 50% dos egressos as experiências profissionais anteriores foram mais determinantes do que qualquer outro aspecto para desempenhar as funções atuais.

Em relação à academia, os conhecimentos adquiridos nas disciplinas práticas do curso foram apontados como determinantes por 13,6% dos egressos; 3,8% dos respondentes mencionaram o conhecimento adquirido em projetos acadêmicos (pesquisa, monitoria, extensão e eventos) e; 3% citaram o aprendizado gerado a partir da produção do trabalho de conclusão de curso (TCC). Ao verificarmos a função exercida por esse grupo de egressos, que deu mais relevância aos conhecimentos construídos durante o curso de Relações Públicas, identificamos que 14 profissionais atuam/atuavam no campo da comunicação, sendo 5 diretamente na área de Relações Públicas, ou seja, há uma adequação entre a ocupação profissional e o que estudaram. Ademais, é especulável que, para alguns, as atividades acadêmicas tenham colaborado diretamente para que as primeiras experiências profissionais tenham sido geradas, que por sua vez funcionaram como engrenagens para outras.

A indicação via rede de contatos (networking) aparece com 9,1%, o que nos revela que sentimentos como amizade, gratidão e confiança são significativos e podem ser determinantes no momento da contratação, sobretudo se considerarmos o número de empresas familiares na região Nordeste, nas quais essa prática é ainda mais valorizada.

O aprendizado obtido em outra graduação foi apontado por 4,5%, ou seja, 6 diplomados. Estes exercem as seguintes funções: 2 são professores/pesquisadores, 1 atua como assistente administrativo, 1 é gestor/empresário e 2 exercem outras funções; ou seja, nenhum deles estava

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atuando no campo da comunicação no momento da pesquisa.

A aquisição de conhecimentos em cursos técnicos fora da UFPB foi referida por 3,8% dos egressos, evidenciando uma baixa procura por capacitação complementar à formação acadêmica. Em contrapartida, 12,1% dos respondentes afirmaram que os treinamentos oferecidos pela empresa foram decisivos, ressaltando a importância da capacitação técnica e especializada, segundo os interesses das organizações, para o exercício de suas atribuições profissionais.

3.2.3 Empregabilidade e investimento em formação continuada

Da mesma forma como não é tarefa simples inserir-se no mercado de trabalho, manter-se nele também exige muito empenho do profissional, que já não conta mais com o apoio e a assistência direta da universidade para tanto. Assim, o profissional de comunicação precisa investir na formação continuada, ou seja, adotar a postura de eterno aprendiz, pois esta é uma condição para se manter empregado e integrado ao mercado de trabalho. Isso inclui investir em pós-graduação, idiomas, treinamentos, cursos técnicos complementares, aperfeiçoamento, e até mesmo em outra graduação. Vejamos os investimentos que os egressos de Relações Públicas têm feito nesse sentido.

Observando-se que a questão aceitava mais de uma alternativa como resposta, quando questionados a respeito do que têm feito para se manter ou inserir no mercado de trabalho, verificamos, segundo o gráfico 15 (ver apêndice I), que 48,5% dos diplomados fizeram ou estavam cursando uma pós-graduação no momento da coleta; 30,3% e 23,5% dos egressos cursaram ou estavam fazendo cursos técnicos/treinamentos e de idiomas, respectivamente.

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Apesar de 17,4% responderem que cursaram ou estavam cursando outra graduação com o intuito de estarem mais aptos para o mercado de trabalho, esse percentual torna-se secundário, pois para apenas 4,5% dos respondentes o conhecimento obtido em outra graduação foi determinante para o exercício das funções no último ou no atual trabalho (ver Gráfico 14 - Fator decisivo para o exercício do atual ou último trabalho). Dos 17,4% acima, 5,4% ainda estavam cursando e 12% dos diplomados em Relações Públicas já haviam concluído outra graduação.

Dentre os que fizeram outra graduação, 5,3% se diplomaram em Direito e 0,8% (1 respondente) em Administração de Empresas. Em se tratando dos cursos que compõem a área da comunicação, 3,8% se graduaram em Jornalismo e 0,8% (1 respondente) em Publicidade e Propaganda. Já o percentual de egressos que possuem graduação em outras áreas é de 11,4%.

Somando os 15,9% dos egressos que disseram ter aberto o próprio negócio e os 18,9% que marcaram a alternativa ‘nenhuma das opções’, chegamos ao total de 36,3% que aparentemente nunca investiram na aquisição de novos conhecimentos. Porém, ressalvamos que, dentre o grupo dos que marcaram a alternativa ‘nenhuma das opções’, seis são servidores públicos concursados e quatro egressos disseram que estavam, exclusivamente, estudando para concurso, o que nos leva a concluir que esses também investiram ou investem na aquisição de novos conhecimentos, haja vista a preparação necessária para se aprovar nos concorridos concursos públicos.

Acerca da realização de pós-graduação, verificamos que 44,7% cursaram Especialização/MBA e 13,6% possuem o título de Mestre, sendo que, em números absolutos, 52 fizeram apenas Especialização, 11 apenas Mestrado e 7 diplomados cursaram Especialização e Mestrado. No que concerne aos títulos de Doutorado e Pós-doutorado, nenhum respondente diz possuí-los. O percentual daqueles que não fizeram nenhuma pós-graduação é de 46%, um

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número que podemos considerar alto diante da competitividade para ingressar e se manter no mercado e das exigências organizacionais.

Vale salientar que a oferta de cursos de pós-graduação Lato Sensu na Paraíba teve um crescimento notório na primeira década deste século, resultando na sua popularização, em âmbito local. Todavia, deter um título de pós-graduação ainda não é uma exigência para ingressar nas organizações, e sim, um diferencial competitivo.

Ao compararmos a opinião dos egressos que concluíram o curso entre 2000 e 2004 e a dos que terminaram de 2005 a 2009, observamos que: o investimento em cursos de pós-graduação é maior entre os diplomados no segundo recorte temporal (49,5% contra 41% do primeiro grupo); o mesmo ocorre em relação aos cursos técnicos/treinamentos (34,4% contra 20,5%); já em relação à abertura do próprio negócio, ocorre um inverso, pois apenas 11,8% dos formados entre 2005 a 2009 adotaram essa opção contra 23,1% dos egressos que concluíram o curso entre 2000 e 2004. Diante disso, podemos afirmar que os diplomados na segunda metade da década de 2000 investem/investiram mais em formação continuada e os da primeira década investem/investiram mais no empreendedorismo.

A partir dos dados do Gráfico 16 (ver apêndice I), constatamos que a maioria (60,6%) dos respondentes investiram no aprendizado de idiomas e 39,4% não. A julgar pelo cenário globalizado dos mercados e a necessidade de se ter pelo menos o conhecimento de uma segunda língua, o percentual dos que não investiram pode ser considerado alto. Por outro lado, deve-se ponderar que o mercado paraibano, em geral, restringe suas relações comerciais aos limites do próprio país, minimizando assim a necessidade do domínio de uma língua estrangeira. Todavia, não investir no aprendizado de outro idioma significa acomodar-se a tal realidade e restringir as próprias possibilidades e oportunidades de crescimento na carreira, ficando de fora,

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

por exemplo, de seleções dos programas de Trainees de grandes empresas brasileiras ou estrangeiras.

As línguas mais requisitadas e nas quais mais investiram os diplomados em Relações Públicas são: inglês e espanhol. Não nos surprende que a língua inglesa tenha ficado majoritariamente a frente das outras, pois é o idioma reconhecidamente global. Verificamos ainda que a grande maioria (55) investiu em uma única língua; 21 egressos em dois idiomas e apenas 1 (um) investiu no aprendizado de 4 línguas.

3.3 REFLETINDO SOBRE OS RESULTADOS E CORRELACIONANDO VARIÁVEIS

Diante do fato da maioria dos diplomados e dos estudantes de Relações Públicas da UFPB ser constituída por mulheres, levantamos as questões: há diferença no processo de inserção em função do sexo? Para responder o questionamento, fizemos o cruzamento da variável sexo com a situação profissional, tempo levado para se inserir no mercado de trabalho e investimento para se manter nele.

O cruzamento de Sexo versus Situação profissional revela que há mais (3%) homens desempregados que mulheres (1%). Evidencia também que no serviço público há predominância do número de mulheres (13%) sobre o de homens (10%). Vale ressaltar que, provavelmente, as mulheres sintam-se mais atraídas pelo serviço público devido às características intrínsecas a este: estabilidade no cargo; jornadas de trabalho menores, geralmente de apenas 6 horas diárias; benefícios e direitos mais amplos que o da iniciativa privada, tais como 6 meses de licença maternidade, enquanto na iniciativa privada é de apenas 4 meses. Tudo isso proporciona mais qualidade de vida, o que leva não só as mulheres a buscarem a empregabilidade no serviço público. Porém, as mulheres, diferentes dos homens, dedicam-se mais aos estudos e a capacitação, o que as

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tornam mais preparadas para os concorridos concursos públicos da atualidade. Corroborando tais ideias, verificamos que 15% das mulheres estão exclusivamente estudando contra apenas 3% dos homens. Isso se deve, supostamente, ao fato dos homens serem fortemente pressionados, tanto no âmbito da própria família como pela sociedade, a conquistar a independência financeira mais cedo do que as mulheres.

Já na iniciativa privada, o percentual de homens (52 %) que trabalham com carteira assinada fica ligeiramente acima do de mulheres (50%); o predomínio de homens também se acentua entre os que trabalham como autônomo/freelancer, ramo no qual há 7% do sexo masculino contra 3% do sexo feminino; entre empreendedores, registra-se 17% de homens donos do próprio negócio contra 12% de empreendedoras. Dessa forma, conclui-se que, entre os diplomados em Relações Públicas, os padrões de gênero definem não só a escolha da carreira como os ramos de atividade aos quais os profissionais se dedicam.

Após o cruzamento das variáveis Sexo versus Tempo para obtenção do primeiro emprego, observamos que a maior parte dos homens (72%) já trabalhava e permaneceu na mesma ocupação após terminar o curso de graduação, contra 52% das mulheres na mesma situação. Isso significa que 48% das mulheres não trabalhavam até terminar o curso contra 28% dos homens. A predominância de mulheres sem trabalho durante a graduação sugere que elas são favorecidas pela família/pais, que as mantém e dão condições para que se dediquem apenas aos estudos. E, nesse caso, o viés de gênero cria uma desigualdade até certo ponto favorável às mulheres.

Considerando o cruzamento das variáveis Sexo versus Formas buscadas para se manter no mercado de trabalho, verificamos que mais homens (23,9%) que mulheres (18,4%) fazem cursos técnicos/treinamentos; eles também estão ligeiramente acima nos investimentos em

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

pós-graduação (32,6% contra 31% das mulheres) e abertura do próprio negócio (10,9% contra 9,5% das mulheres). Já quando se observa o investimento no aprendizado em outro idioma, as mulheres predominam com 17,1% contra apenas 8,7% dos homens. Isso possivelmente seja explicado também pelo maior interesse e estímulo às mulheres por atividades que envolvam sociabilidade e relações interpessoais.

Questionamos-nos ainda sobre a existência de possíveis desigualdades entre a remuneração de homens e de mulheres. Por isso, cruzamos as variáveis Sexo e Renda, cujos resultados são:

Entre os sem renda no momento da pesquisa, a maioria (7,8%) era composta por mulheres contra 3,4% dos homens. Isso reflete o fato delas serem maioria entre os que estão dedicando-se exclusivamente aos estudos;

Entre os que ganham de 1 a 2 salários mínimos, os homens correspondem à maioria com 31% e as mulheres representam 22,3% (diferença de 8,7 pontos percentuais);

Com 50,5%, as mulheres são a maioria dentre aqueles que percebem de 3 a 6 salários mínimos, contra 44,8% dos homens nessa mesma faixa de renda (diferença de 5,7 pontos percentuais);

Entre aqueles que ganham de 7 a 10 salários mínimos, os homens são a maioria com 17,2%, contra 14,6% de mulheres (diferença de 2,6 pontos percentuais);

Entre os que percebem uma remuneração de 11 a 15 ou de 16 a 20 salários mínimos, as mulheres aparecem sozinhas com 2,9% e 1,0%, respectivamente;

Entre os que percebem acima de 20 salários mínimos, o número de homens (3,4%) supera o de mulheres (1,0%) em 2,4 pontos percentuais.

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Os dados do Gráfico 17 (ver apêndice I) indicam que entre os que auferem uma renda mais elevada (aqueles que recebem a partir de 11 salários mínimos) há um ligeiro favorecimento para as mulheres, considerando que elas superam em 1,5 pontos percentuais a quantidade de homens que declararam receber a partir de 11 salários mínimos. A quantidade de mulheres também supera (em 3,1 pontos percentuais) a de homens que recebem uma renda mediana, isto é, aqueles que recebem entre 3 e 10 salários mínimos. Os homens são maioria (diferença de 8,7 pontos percentuais) entre o grupo de renda mais baixa, em que se recebe até 2 salários. Esses dados sugerem que as diplomadas em Relações Públicas percebem uma renda maior do que a dos homens, sendo, portanto, mais exitosas na profissão.

Para compreender melhor tais resultados, cruzamos a variável Renda com Região onde residem os diplomados. A partir disso, identificamos que:

O grupo de renda mais baixa é composto por 100% dos que moram no Centro-Oeste (vale destacar que esse percentual corresponde a apenas uma pessoa), 27% dos que residem em João Pessoa e 19% que vivem em outras cidades nordestinas;

Os que obtêm/obtinham uma renda mediana estão distribuídos em todas as regiões brasileiras, exceto no Centro-Oeste, e inclusive de diplomados que estão/estavam morando no exterior;

Os que obtêm/obtinham uma renda mais elevada constituem-se de um seleto grupo de 5 diplomados que vivem: um no Sul, outro no Sudeste, dois em João Pessoa (PB) e outro em Maragogi (AL).

Além do exposto, observamos que, dentre aqueles que moram no Nordeste, a média de renda é de 4,5 salários mínimos. Vale destacar que nesta região vive o maior índice populacional de egressos do curso.

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No que concerne ao cruzamento das variáveis Renda versus Investimento em idiomas, verificamos que, majoritariamente, quem mais investe/investiu em idiomas percebe uma renda mediana. Paradoxalmente, também se encontram, em sua maioria, entre o grupo de renda mediana aqueles que não investiram em nenhum idioma. Por outro lado, todos os pesquisados que percebem renda superior ou igual a 15 salários, investiram em alguma língua. Nesse caso, dominar outro idioma agrega valor ao currículo, embora não se traduza, necessariamente, em mais renda.

Separamos cada faixa salarial e as cruzamos isoladamente com o Ramo do atual ou último trabalho dos diplomados, visando saber quais segmentos do mercado remuneram pior ou melhor os pesquisados. Assim, verificamos que os segmentos que remuneram pior, ou seja, que pagam até 2 salários mínimos (renda mais baixa) são, nessa ordem: o serviço público (34%), certamente prefeituras e/ou governo do estado, que remunera seus servidores com salários bem inferiores que os pagos por órgãos federais; o setor de serviços privados (22%) e; o comércio, que aparece com 16% das menções dentro da faixa salarial de 2 salários mínimos. A indústria e o segmento de educação pública aparecem em quarto lugar (empatados), com 9% das menções.

Constatamos que os diplomados que obtêm/obtinham uma renda mediana estão representados em todos os ramos de atuação, com destaques para o comércio, a educação privada e o setor de serviços privados na faixa salarial de 3 a 6 salários mínimos e; serviço militar, educação pública e, novamente, setor de serviços privados na faixa salarial de 7 a 10 salários mínimos. Dessa forma, concluímos que a remuneração está mais atrelada ao cargo ocupado do que ao segmento do mercado em atua o diplomado.

Os pesquisados que auferem uma renda mais elevada, ou seja, que ganham a partir de 11 salários mínimos estão alocados prioritariamente no setor de serviços privados, atuando como gestores/empresários do próprio negócio, na

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educação pública, e em menor quantidade no comércio e na indústria, ocupando em ambos os casos cargos de gestão ou direção.

Nesse contexto observa-se que os ramos onde ocorrem maiores disparidades e diferenças na remuneração são no setor de serviços privados, na indústria e no comércio. Isso se deve, possivelmente, tanto em decorrência dos cargos e funções ocupadas pelos diplomados como ao porte da organização. Onde há maior equidade é no serviço militar.

Complementando, ao analisarmos a relação entre a Renda e a Função desempenhada no atual ou último trabalho, verificamos que os profissionais (2) que declaram perfazer uma renda mais elevada exercem/exerciam a função de gestor/empresário, assessor ou analista de comunicação ou de diretor/assistente/analista de marketing ou publicidade e propaganda. Na outra extremidade, todos os profissionais (6) que exercem/exerciam a função de atendimento ao público/recepcionista não recebem mais que 2 salários (renda mais baixa).

No grupo de renda mediana encontram-se diplomados que exercem funções de produtor/designer (audiovisual, gráfico, eventos culturais), vendedor/representante comercial, gerente/supervisor, gestor/empresário, professor/pesquisador, diretor/assistente/analista de marketing ou publicidade e propaganda, assessor ou analista de comunicação, consultor, relações-públicas/gestor de eventos e outras funções. E também 100% dos profissionais que exercem a função de relações-públicas ou gestor de eventos.

Identificamos que os profissionais que não atuam no campo da comunicação (com exceção da função de gestor/empresário) obtém renda mais baixa, e até mesmo os que alcançam uma renda mediana não percebem mais que 6 salários mínimos. Por outro lado, os profissionais que atuam na comunicação perfazem com maior frequência uma renda mediana e todos eles ganham entre 7

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e 10 salários. Logo, os egressos que distanciam-se da atuação no seu campo de formação são menos valorizados pelo mercado e, consequentemente, mal remunerados. Além disso, dentre os diplomados que perfazem uma renda mais elevada estão os que atuam/atuavam no campo da comunicação. Portanto, considerando a remuneração como o fator de reconhecimento e valorização profissional, podemos afirmar que o mercado de trabalho no campo da comunicação é promissor, muito embora não assimile ou utilize a terminologia Relações Públicas, havendo mais abertura para o marketing.

O cruzamento das variáveis Renda e Investimento em pós-graduação nos revela que a maioria (12% de 18%) dos pesquisados que percebem igual ou acima de 16 salários são os que possuem o título de mestre. Dentre os que perfazem uma renda mais elevada também há 2% que não cursaram pós-graduação. Assim, mais uma vez observamos que possuir um título de especialista ou mestre agrega valor ao currículo, mas não implica, necessariamente, no aumento da renda.

Os que atingem uma renda mediana são em sua maioria especialistas (68%) e mestres (83%), que recebem de 3 a 10 salários mínimos. Mas, nesse grupo inclui-se também 48% dos que não fizeram pós-graduação.

O grupo dos que percebem renda mais baixa, majoritariamente, é composto por aqueles que não investiram na pós-graduação (32%) e também por aqueles que investiram na Especialização/MBA (19%) e há inclusive profissionais com título de mestre (6%) que percebem de 1 a 2 salários.

Verificamos que os egressos que se encontram/encontravam sem renda no momento da pesquisa são os que não investiram em pós-graduação (8%) e os que fizeram Especialização/MBA (7%), sendo que a maior parte desse grupo (12,1%) encontra-se/encontravam-se investindo em mais qualificação.

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Dado o exposto, concluímos que ter cursado pós-graduação não é garantia e nem condição suficiente para auferir rendas mais elevadas. Logo, conclui-se que há outros fatores, além da qualificação, os quais não foram contemplados nessa pesquisa, que influenciam na remuneração dos diplomados. Podemos aventar que sejam eles: capacidade técnica, competências para relações interpessoais e, sobretudo, as características da economia regional, que determina não só o nível de qualificação exigido aos profissionais como o nível de remuneração que lhes é atribuído, conforme percebemos através dos dados levantados.

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Capítulo 4

UNIVERSIDADE E MERCADO DE TRABALHO: DIÁLOGOS

(IM)POSSÍVEIS

A observação empírica e achados científicos apontam a existência de uma dinâmica complexa entre a universidade e o mercado de trabalho, numa relação nem sempre simétrica ou cooperativa, cujas implicações vão para além dos aspectos econômicos, haja vista o dever social da primeira instituição de produzir conhecimentos aplicáveis a solução dos mais diversos problemas, contribuindo para o avanço da sociedade.

As Instituições de Ensino Superior (IES) contemporâneas situam-se em um embate em que seu imperativo de sobrevivência é pautado pelo incontornável desafio da empregabilidade, fazendo-a sujeitar-se a uma postura racional e estratégica na gestão dos cursos que oferta à sociedade. Segundo Chauí (2003, p. 6), trata-se de uma instituição social “cujas mudanças acompanham as transformações sociais, econômicas e políticas [...]”.

Todavia, os diálogos entre as duas instituições - Universidade e Mercado, costumam ser pontuais, restringindo-se predominantemente as considerações sobre

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a oferta formativa, de um lado, e as demandas de mão de obra qualificada, de outro. Muitas vezes há um vácuo entre esses dois aspectos, fruto da falta de parcerias e, sobretudo, de compreensão de que a Universidade não é um celeiro de conhecimento ou um supermercado onde as profissões/carreiras estejam dispostas em prateleiras para que o consumidor-aluno escolha e coloque no carrinho o que quiser, mas sim um espaço de construção de saberes, os quais são produzidos por meio do intercâmbio contínuo dos sujeitos em outros espaços sociais, de onde surgem os questionamentos e as inquietações que movem a ciência, e que exige engajamento de todos os agentes envolvidos na produção do saber.

As parcerias e intercâmbio entre o Mercado – organizações públicas, privadas e sem fins lucrativos – e a Universidade permitem a retroalimentação do processo dialógico e dão condições de que esta última coloque em prática o potencial construtivo e colaborativo de docentes e discentes a serviço da sociedade. Nesse sentido, entendemos que a universidade possa ser promotora ativa desse percurso, tornando os universitários sujeitos e protagonistas do próprio aprendizado e não meros figurantes, a mercê das mudanças culturais, sociais e econômicas que a sociedade atual encontra-se imersa.

Dado o exposto, neste capítulo, discorreremos sobre o papel que a universidade ocupa na sociedade contemporânea e como ela dialoga com o mercado de trabalho, observando as particularidades das esferas nacional e regional. Fazemos também uma abordagem especial sobre as influências da Universidade na economia do estado da Paraíba, na tentativa de apontar as perspectivas de empregabilidade para os profissionais de Relações Públicas.

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4.1 DISSONÂNCIAS ENTRE O PAPEL DA UNIVERSIDADE E AS DEMANDAS ECONÔMICAS E SOCIAIS

4.1.1 Contradições inerentes ao que se espera, o funcionamento e o dever social da universidade

O processo de formação e o diálogo com a sociedade são as maneiras pelas quais as universidades fazem valer um relacionamento estável com o mercado de trabalho, estabelecendo um trabalho de confiança mútua num processo básico em que uma fornece conhecimento e a outra responde legitimando as ações desenvolvidas.

Todavia, de acordo com Silva e Gomes (2003, p. 1286) “a tensa relação entre a universidade e o mercado de trabalho existe há muito tempo, e traduz-se, hoje, de forma dramática, num elevadíssimo número de diplomados desempregados.” Para os autores, tudo indica que se findou o “período de tolerância” já que é “forte a pressão social e política para a empregabilidade, e já não se pedem, antes se exigem, cursos universitários intencionalmente orientados para a oferta de saberes e competências que correspondam às necessidades identificadas na economia e na sociedade.” (ibid). Segundo esses autores, pensar assim é refletir de maneira acrítica, uma vez que apoia-se meramente na exigência da empregabilidade como “a capacidade ou potencial que um determinado curso universitário tem de criar condições para uma consistente absorção dos seus licenciados no(s) mercado(s) de trabalho estrategicamente visados.” (ibid).

Conforme Chauí (2003, p.7), “regida por contratos de gestão, avaliada por índices de produtividade, calculada para ser flexível, a universidade operacional está estruturada por estratégias e programas de eficácia

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organizacional e, portanto, pela particularidade e instabilidade dos meios e dos objetivos”.

Parece claro que a defesa pela autonomia universitária aborda uma complexidade de posturas a serem assumidas. Dentre estas de modo sistemático e contínuo, o diálogo com a sociedade civil e organizada e com os agentes de Estado, “tanto para oferecer a todos informações sobre a vida universitária, como para receber críticas, sugestões e demandas vindas da sociedade e do Estado.” (ibid, p.13). Reciprocidade essa já vislumbrada pelo artigo 43 da Lei nº. 9.394/96 que trata da Organização da Educação Superior, estabelecendo, dentre outras, as seguintes finalidades para a estrutura universitária:

Estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular, os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade e; promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição (grifo nosso).

Ao invés de reciprocidade, parece que a universidade deseja assemelhar-se cada vez mais como “Instituição Funcional”, aquela em que se volta “para a formação rápida de profissionais requisitados como mão de obra altamente qualificada para o mercado de trabalho” (CHAUI, 1999) ou a contemporânea e já citada “Universidade Operacional”, “definida e estruturada por normas e padrões inteiramente alheios ao conhecimento e à formação intelectual” (ibid), regida por padrões e índices de produtividade e gestão de recursos com foco apenas na eficácia organizacional. Para Peruzzo (2003) esse mercado de trabalho com o qual a universidade se preocupa é composto apenas por grandes empresas, que contemplam apenas o emprego formal e restrito ao primeiro e segundo setores. Assim, e alheia às

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mudanças na dinâmica nesse campo, a academia não acompanha o crescimento do trabalho informal, do empreendedorismo e do avanço do terceiro setor, que configuram uma realidade “que os cursos de graduação em comunicação têm dificuldade de corresponder.” (PERUZZO, 2003, p. 130).

Para a autora, a universidade não é apenas uma instituição formadora de mão de obra para suprir o mercado, ela deve preparar o indivíduo para que se enquadre a qualquer emprego, pois o domínio de atividades meramente técnicas será papel da própria empresa contratante transmitir ao seu funcionário. Pondo-se assim, a universidade não formará profissionais “robóticos”, e muito menos indivíduos cuja preparação seja restrita a determinada organização. Nesse sentido, deve-se formar antes de um profissional, um cidadão, capaz de dominar conhecimento de teorias e técnicas, “preparado para a vida, que possa contribuir para a superação de relações antiéticas não raramente instituídas no mercado, ao invés de simplesmente se adaptar a elas.” (PERUZZO, 2003, p. 130).

Ocorre que há criticas de que a universidade assume uma postura acadêmica meramente contemplativa dos problemas sociais e que vem mantendo-a distante de um diálogo de via dupla com a sociedade, de caráter sustentável e simbiótico, sujeitando-a às necessidades mercadológicas nas quais se insere aqui no Brasil. Nesse sentido, lembramos que a universidade, antes de qualquer outra coisa, deve contemplar a formação de cidadãos pensantes e críticos, sabedores e cobradores de seus direitos e conscientes dos seus deveres pela busca do bem-estar social. Assim, “se quisermos tomar a universidade pública por uma nova perspectiva, precisamos começar exigindo, antes de tudo, que o Estado não tome a educação pelo prisma do gasto público e sim como investimento social e político.” (CHAUÍ, 2003, p. 11). Para atingir este resultado, a educação precisa deixar de ser considerada um privilégio ou um serviço, vindo a estabelecer-se, sobretudo, como um direito. Porém,

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“o Brasil atual está muito longe de atender a sua população com educação de qualidade em todos os níveis.” (POLARI, 2012, p. 86).

Por outro lado, cabem as instituições de ensino superior, em especial quando públicas, qualificar bem seus estudantes e garantir bons resultados em termos de número de diplomados que libera a cada ano para o exercício profissional. Para tanto, ela deve tornar-se eficiente e eficaz, conceitos bastante operacionais e pragmáticos que vão de encontro ao processo de ensino-aprendizagem, à medida que este não se baseia em princípios lineares e quantitativos, o que sugere certa contradição entre o papel da universidade e a exigência de padrões produtivos, tal qual qualquer outra organização moderna.

De acordo com o Ministério da Educação e Cultura - MEC (BRASIL, 2009), o papel da universidade deve apresentar integração entre as atividades de ensino, de pesquisa e de extensão, tendo em vista promover o bem-estar social geral. Porém, para Silva (2001, p. 283), trata-se de uma indissociabilidade que “dificilmente pode ser atendida no presente por grande parte das universidades, porque não reúnem condições para desenvolver pesquisa em volume e qualidade razoáveis, e nem poderão consegui-las a curto e mesmo a médio prazo”. Segundo o autor, as Instituições Federais de Ensino Superior - IFES padecem da falta de elevado nível de seu corpo docente, além de recursos materiais como bibliotecas atualizadas e laboratórios modernos, somados a um adequado financiamento que custeie a investigação científica.

As dissonâncias não param por aí, pois “o ensino superior é uma atividade de custo elevado que onera de forma considerável mesmo as sociedades dos países desenvolvidos.” (PAUL; WOLYNEC, 1990, p. 2). Na década de 1990, conforme os referidos autores, as despesas com os recursos humanos (salários e encargos de docentes e funcionários) eram responsáveis por pelo menos 70% do orçamento das universidades.

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Embora a distribuição da dotação orçamentária das universidades segundo o número de alunos tenha variações nos diferentes países, em geral o orçamento é fortemente correlacionado ao número anual de diplomados, de forma que as instituições com elevada taxa de evasão ficam com um orçamento/aluno relativamente menor. Logo, a evasão escolar torna-se um grande problema na educação superior, posto que quando são quantificados os custos totais de manutenção de uma universidade pelo número de alunos, considerando que quanto mais longo o curso, maiores são os custos por discente e maiores são os índices de evasão, conclui-se que há cursos cujo investimento por aluno é ainda maior. “Naturalmente, os recursos humanos necessários para formar uma turma de 60 alunos ou de 5 é da mesma ordem e os custos totais também, com a diferença que um curso que forma 5 alunos por ano terá um custo/formado uma ordem de magnitude maior.” (PAUL; WOLYNEC, 1990, p. 3). Daí surge um questionamento economicista sobre a pertinência da oferta de tais cursos, algo gritante nas faculdades privadas que anualmente revisam seus custos operacionais e cortam e incluem cursos novos seguindo a demanda do mercado e focando a lucratividade e não a necessidade de desenvolvimento local e regional.

A evasão, apontada por muitos como um gargalo da educação brasileira, deve ser investigada não só no ensino superior, mas em toda a vida estudantil, desde as primeiras séries iniciais do estudante (HEIJMANS, 2011). Conforme o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)/ONU, o Brasil é o terceiro país com pior taxa de evasão escolar no ensino fundamental, em uma classificação de 100 países com maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Para Silva Filho et al (2007, p. 642) “as perdas de estudantes que iniciam, mas não terminam seus cursos são desperdícios sociais, acadêmicos e econômicos. No setor público, são recursos públicos investidos sem o devido retorno. No setor privado, é uma importante perda

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de receitas.” A recomendação para mudar a realidade brasileira é que o país invista em políticas educacionais mais ambiciosas, de modo a reverter o quadro que indica o abandono de um a cada quatro alunos que inicia o ensino fundamental, antes de completar a última série.

Com base neste cenário, surge a questão: quem são os indivíduos que ocupam os acentos das Instituições Ensino Superior no país? Polari (2012, p. 200) responde ao mencionar que “a questão da qualidade e quantidade dos alunos formados pelo Ensino Médio tem uma forte inter-relação com o Ensino Superior.” Obter uma perspectiva macro de quem é o público pré e pós-ensino superior, dá embasamento para ações não só imediatas, mais também para as próximas décadas.

Ainda assim, é preciso que compreendamos “evasão como um processo [que] implica superar a postura economicista, derivada de visão essencialmente utilitarista da formação universitária que, se levada a extremos, conduziria, por exemplo, à extinção de alguns cursos que são hoje mantidos quase que exclusivamente pelas universidades públicas.” (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO, 1997, p. 19). Desse modo, não devemos pensar na universidade como aquela que suplanta as expectativas do mercado, mas que busca dialogar e encontrar soluções viáveis no âmbito da empregabilidade, sem perder sua essência de promotora do saber e do conhecimento. Ela está e sempre estará inserida em um contexto socioeconômico e territorial, o qual delimita e afeta seu desempenho e evolução, em uma relação inexorável de influência e dependência mútua. Além disso, devemos lembrar que educação e desenvolvimento andam de mãos dadas, logo, universidade e mercado de trabalho precisam fazer o mesmo!

4.1.2 Desenvolvimento econômico e educação: realidade nacional e regional

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A realidade do mercado de trabalho brasileiro não é homogênea, como não é sua cultura, raça ou geografia. Mas dispor tudo em um balaio e depositar sobre as dimensões continentais do país tamanha responsabilidade é, para nós e em boa medida, tirar de si a dívida de tantos anos de atrasos e disparidades regionais. Inevitavelmente, “estas desigualdades se institucionalizam.” (BARBOSA, 2008, p. 12).

A sensação de quem viaja país afora é a de conhecermos vários “brasis”, cuja única fibra que tece as fronteiras, e une esses diversos retalhos, parece ser a língua materna, muito embora, recoberta de suas particularidades locais. E assim, essas disparidades se refletem sobre as mais complexas estruturas, e o mercado de trabalho, responsável pela movimentação econômica da sociedade, também acompanha, quiçá potencializa em elevado grau, o desamparo regional, tornando cíclica a desigualdade em todas as esferas da nação.

Analisando de um modo geral e contemporâneo a economia nacional, Cardoso Jr. (2007) destaca que o mercado interno sofreu modificações profundas entre 1995 e 2005. Essas alterações foram em consequências do comportamento ditado pelas políticas públicas do período, marcado por uma sobrevalorização cambial associada às elevadas taxas de juros internas e externas. Apesar do grande peso histórico que a desigualdade nacional carrega durantes décadas a respeito da distribuição da economia, bem como da oferta de postos de trabalho, Barbosa (2008) destaca que não se trata de uma situação calcificada, fossilizada ou estanque da qual não se pode moldar, ou esculpir com grande esforço. Todavia, o perigo em se analisar a macroeconomia brasileira, devido a sua complexidade é não conseguir observar as nuances regionais, e em consequência o que parece ser elevados ganhos, na verdade sejam conquistas pontuais, desalinhadas

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e elevadamente heterogêneas. Diante disso, direcionamos nosso olhar ao Nordeste, onde está UFPB.

Durante grande parte de sua história, a economia nordestina esteve alicerçada nas atividades agrícolas, em especial, ao cultivo da cana-de-açúcar. Mas, conforme Franco Jr. e Massuquetti (2009), a região foi perdendo participação econômica e social para os estados das regiões Sul e Sudeste, como também para o exterior que se tornaram grandes polos do produto como a região das Antilhas no Caribe. Ao se fazer uma análise comparativa do desenvolvimento entre as Regiões Sul e Nordeste do Brasil, os autores destacam também a participação da renda do trabalho na economia de ambas. No Nordeste, verificou-se que a participação da monocultura açucareira na renda reduziu de 80,91% para 68,48%, diminuindo 3,18% ao ano devido ao aumento das transferências feitas pelo governo através de programas como o “Bolsa Família” a partir da década de 1990. Já na região Sul, a diminuição foi bem menor, de 1,74% ao ano (MASSUQUETTI; FRANCO JR., 2008).

No tocante ao trabalho, o Nordeste obteve a menor participação entre o número de empregados dentro da população ocupada, segundo o PNAD – 2004. Em contrapartida, o Nordeste obteve a maior participação do emprego sem registro, ou seja, sem carteira assinada, já o Sul destacou-se como a menor. E essa realidade não surpreende quando analisamos a síntese dos indicadores sociais de 2009, que revela a região Nordeste com o maior número de analfabetos32, conforme apresenta o Quadro 5 na próxima página.

Contrapondo-se a realidade mencionada, esses dados parecem contrastar com o percentual de matrículas efetivadas em 2001 e em 2010 de alunos ingressos, o que classifica a região na segunda posição (atrás apenas da região Sudeste) em percentual de alunos ingressantes pelo

32 Essa pesquisa toma por base apenas pessoas de 15 anos ou mais.

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número de habitantes regional. Vejamos o Quadro 6 (A e B) a seguir.

Quadro 5Número de analfabetos por região com idade igual ou superior a 15 anos

Região Analfabetos (>= 15 anos) x 1000 pessoas

Brasil 14.247

Norte 1.128

Nordeste 7.500

Sudeste 3.620

Sul 1.159

Centro-Oeste 840

Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2009, p. 47 - (adaptado).

Quadro 6 (A)Matriculados em 2001 por região

Brasil/Regiões

2001Nº de

Matrículas% de

Matrículas% População

Brasil 3.030.754 100 100Centro-Oeste 260.349 8,6 7,1

Nordeste 460.315 15,2 28,7Norte 141.892 4,7 5,8

Sudeste 1.566.610 51,7 43,4Sul 601.588 19,8 15

Fonte: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA, 2012, p. 36 – (adaptado).

Quadro 6 (B)Matriculados em 2010 por região

Brasil/Regiões

2010Nº de

Matrículas% de

Matrículas% População

Brasil 5.449.120 100 100

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

Centro-Oeste 495.240 9,1 7,4Nordeste 1.052.161 19,3 27,8

Norte 352.358 6,5 8,3Sudeste 2.656.231 48,7 42,1

Sul 893.130 16,4 14,4Fonte: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA, 2012, p. 36 – (adaptado).

Surge uma questão latente: compreender como e por que a pior taxa de analfabetismo regional conseguiu o segundo maior número de ingressos (e % por habitantes) em 2010. Além disso, a elevação da oferta de vagas em universidades sem a infraestrutura necessária implica em discentes desmotivados e docentes sobrecarregados. O quanto isso recai sobre as taxas de evasão? Isso pode ser um dos principais gargalos, senão o vilão entre universidade e mercado de trabalho, repercutindo na empregabilidade. Ocorre que a região Nordeste é um tanto complexa, ou como citam Araújo, Souza e Lima (1997, p. 72) “o Nordeste, como mercado de trabalho, comporta grande heterogeneidade de situações na qual, no quadro geral de atraso e de lamentáveis indicadores sociais, existem polos locais de crescimento [...] com boa capacidade de geração de empregos.” Equilibrar as taxas de entradas (ingresso) com real capacidade da universidade em comportar o correto número de alunos, aliada à estruturação curricular, capacitação docente e aparelhamento técnico e predial, certamente estreitará o diálogo entre universidade e mercado de trabalho.

4.1.2.1 Realidade Paraibana

O Estado da Paraíba figura entre os mais atrasados economicamente na região Nordeste. Sua posição geográfica não a destaca frente aos recursos naturais uma vez que seu perímetro está inserido, quase que totalmente, no polígono das secas. A economia paraibana vem enfrentando dificuldades que, objetivamente, são muito bem

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identificadas: o setor agropecuário tornou-se o mais decadente; o setor industrial é relativamente pequeno - embora sendo o que mais avançou no sentido da modernização das condições técnico-materiais e organizacionais da produção e; o setor de serviços responde pela geração de mais de 72% do PIB estadual (POLARI, 2012). Mas, entre as atividades terciárias, o grande peso não é dos segmentos modernos, não se concentram em setores de produção avançada. O que mais caracteriza essa atividade é a alocação, em regime de elevada subutilização, de quase 52% da população economicamente ativa da Paraíba em micro negócios precários. Em geral, são pessoas ocupadas em condições rudimentares, com baixíssimos níveis de produtividade e renda. “Analisando-se a estrutura produtiva, verifica-se que indústria paraibana é especializada em Arranjos Produtivos com perfil de baixo conteúdo tecnológico, focados em produtos tradicionais, [... tais como] alimentos, minerais não-metálicos, bebidas, calçados, têxtil [...]” (CAVALCANTI FILHO et al (ca. 2010, p. 144). Ou seja, são produtos cujo valor agregado é baixo, muito próximo ao da matéria-prima que os deu origem. Assim, com poucos níveis de processamento, o valor do produto acabado é forçado a ser reduzido, o que significa menos energia monetária para fazer com que a roda econômica local gire mais rápido.

Um exemplo que ilustra bem essa realidade foi o anúncio feito pelo Secretário Executivo de Pesca do Estado da Paraíba este ano, do repasse de 500 mil reais além da doação feita pela Companhia de Desenvolvimento da Paraíba (CINEP) de um terreno de cerca de 1.300 m², para construção de um entreposto pesqueiro33. Essa medida visa evitar que os pescadores enviem sua matéria-prima para o estado vizinho, Pernambuco, para beneficiamento. Estamos

33 O equipamento evitará que Pernambuco lucre com o pescado extraído na Paraíba. Disponível em: <http://www.pbagora.com.br/conteudo.php?id=20130426074553&cat=paraiba&keys=equipamento-evitar-pe-lucre-pescado-extraido-pb>. Acesso em: 01 jul. 2013.

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falando de um estado que tem 117 km de litoral e no qual, apenas agora, surge ações que viabilizem as atividades pesqueiras dentro da extensão territorial, mantendo as divisas na própria origem.

Segundo Polari (2012, p. 39), “a economia paraibana tornou-se relativamente regressiva. A sua renda per capita é uma das menores do Nordeste. Nas últimas três décadas, o desequilíbrio socioeconômico espacial da Paraíba avançou muito.” Esse desequilíbrio se dá, principalmente pela concentração do PIB (45%) e da população (27%) nas áreas do litoral, ou na microrregião de João Pessoa (ibid). Além disso, o autor assegura ainda que as principais barreiras socioeconômicas no estado são conhecidas de longa data e parecem resistir ao tempo. Na essência, continua primando por práticas ultrapassadas, como o empreguismo, o assistencialismo às pessoas em situação de extrema pobreza e os programas emergenciais contra o desemprego crônico e as calamidades públicas, notadamente diante dos efeitos das secas. Há a implantação pontual das obras e infraestrutura, sem boas justificativas, em termos de custo/benefício, e as velhas políticas de incentivos fiscais e financeiros.

Para Rocha (2007), as dificuldades regionais estão ligadas a “mudanças estruturais” no mercado de trabalho, ou seja, os jovens são os que mais sofrem o impacto, pois se tem menos oportunidade de emprego nas áreas tradicionais, ocupando postos temporários e mudança contínua nos requisitos de qualificação rápida de competências.

Apesar de o estado possuir capacidade para o progresso socioeconômico, de tirar proveito até mesmo do setor primário, segundo Cavalcanti Filho et al (ca. 2010, p. 144) “o desafio a ser enfrentado pela sociedade paraibana pode ser sumarizado em duas metas: crescer sua renda per capita em ritmo superior à média nacional e eliminar a pobreza e o analfabetismo neste mesmo período.”. Contudo é preciso que forças político-sociais se comprometam com a

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transformação das estruturas socioeconômicas do estado, abordando sem demora o desenvolvimento a partir de condicionamentos históricos. Esse caminho só será possível de ser percorrido se houver atenção na educação (em seus diversos níveis) bem como pela “geração, difusão e absorção de ciência e tecnologia.” (POLARI, 2012, p. 54). Mas, o que dizer diante do fato da Paraíba ter o segundo melhor índice de doutores por habitantes no País, atrás apenas de São Paulo? (INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA, 2012).

Em nível regional e em valor absoluto, a Paraíba conta com 1.891 professores doutores em IFES, perdendo apenas para Pernambuco, com 2.370 docentes. Um estado que apresenta tal representatividade intelectual, tem condições de figurar em uma melhor posição na economia nacional.

No Estado da Paraíba, “[...] o número de vagas para ingresso no ensino superior aumentou em 311%, no período 1995-2010” (POLARI, 2012, p. 90), apesar disso, no mesmo período, “[...] o seu total de alunos diplomados foi crescente em [apenas] 150%. No Brasil e no Nordeste, o crescimento desse número de pessoas com formação superior foi muito mais alto, respectivamente 226% e 283%.” (ibid, p. 91). Mesmo com a oferta de vagas em cursos triplicando em 15 anos, a formação dos indivíduos apresentaram o aumento de uma vez e meia. Ou as vagas não foram ocupadas, ou a evasão foi elevada – ou ambas as causas. Ou seja, se nacionalmente, o pano de fundo da educação superior não atinge níveis de satisfação razoáveis, a situação é bem mais grave em regiões periféricas e em estados reconhecidos e historicamente atrasados.

Não há outro caminho, para uma realidade regional e local que não a do fortalecimento da educação com qualidade. A universidade, “templo do conhecimento”, que se propõe a estudar os fenômenos científicos, precisa, por vezes (e continuamente) voltar seu olhos para dentro, fazendo uma antropologia de si mesma; e ao se auto-observar, construir/desconstruir/reconstruir suas práticas

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

tantas vezes quantas forem necessárias, já que o adequado de hoje, pode ser infrutífero amanhã. Rever suas políticas pedagógicas e estender diálogos aos egressos e ao mercado de trabalho permitirá a composição de subsídios com os quais será possível a mudança de uma realidade, que de tão arraigada culturalmente, parece-nos imutável, soa-nos estanque. Essa reflexividade necessita, antes de ser uma prática cotidiana, transformar-se em uma filosofia, cunhando a razão de ser de uma universidade no contexto local.

4.2 O MERCADO DE TRABALHO E O PAPEL DA UNIVERSIDADE NA PERCEPÇÃO DOS EGRESSOS DE RELAÇÕES PÚBLICAS

O questionamento que sempre estamos a nos fazer é: seria possível falarmos em diálogos que influam positivamente na carreira profissional dos egressos de Relações Públicas? Essa questão pontua de sobremaneira essa seção, na qual apresentamos algumas abordagens que tipificam e ajudam a consolidar um pensamento a respeito do diálogo entre universidade e mercado de trabalho, e mais, colaboram para que tenhamos um mapa das percepções dos diplomados pesquisados a respeito das duas instâncias e de como ocorre a relação entre elas.

4.2.1 Avaliação do Curso de Relações Públicas

Estimulados a avaliar o curso de graduação que os preparou para a vida profissional, os pesquisados apontaram índices de satisfação para os seguintes temas: Atividades extra acadêmicas; infraestrutura do Departamento de Comunicação Social, Projetos de pesquisa e extensão; Laboratório de Relações Públicas; Coordenação e Chefia do Curso; Qualificação de Professores e; Estrutura

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

Curricular, através dos quais, foi possível mensurar os dados a seguir (ver Gráfico 18 – apêndice I):

Constatamos que um dos itens com o qual há maior insatisfação é a Infraestrutura do Departamento de Comunicação (Decom), pois 37,1% dos pesquisados assinalaram que ela era ruim e 22% disseram que era péssima. Porém, esclarecemos que ocorreram mudanças significativas e investimentos foram feitos na melhoria do Departamento, que hoje faz parte do Centro de Comunicação, Turismo e Artes (CCTA)34; novas salas de aula foram construídas, houve melhoramentos dos laboratórios e há maior acessibilidade.

Outro item com grande nível de insatisfação foi a oferta de Projetos de Pesquisa e Extensão, que obteve avaliação negativa de 34,1%, 26,5% e 17,4%, que o assinalaram como regular, ruim e péssimo, respectivamente. Isso é preocupante já que eles contribuem na compreensão das teorias à medida que possibilitam uma prática fundamentada. Além disso, o retorno que uma IFES dá para a comunidade através de ações de extensão (um de seus tripés) é presumidamente cunhada na essência institucional, assim, não se concebe que um curso superior em âmbito federal não venha a oferecer oportunidade para que a comunidade discente ponha em prática o conteúdo discutido em sala. Todavia, e devemos ponderar as avaliações negativas, considerando que à época dos entrevistados, quando estes foram alunos, não havia o volume de atividades extra acadêmicas nem as condições que há hoje no Curso/Departamento.

Por outro lado, a Qualificação dos Professores foi percebida como positiva, já que 59,8% a destacaram como bom, e 21,2% ótimo. Assim, os recursos humanos, especificamente os professores obtiveram conceito entre 34 Desde 2012, o Departamento de Comunicação, o Departamento de Música e o Departamento de Artes Cênicas se desmembraram do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) e passaram a integrar o Centro de Comunicação, Turismo e Artes (CCTA), que nasceu para abrigar os 12 cursos de graduação e dois de pós-graduação vinculados a tais departamentos.

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bom e ótimo por 81% dos entrevistados. Essa percepção positiva é corroborada pelo entrevistado Saturno, que reconheceu, durante o grupo focal, que o prejuízo “não foi tão assim radical porque os poucos professores salvaram o curso.35” Por sua vez, pondera Júpiter:

[...] o que deixou a desejar na época foi a própria grade curricular, eu senti falta de alguns estudos em laboratório. Digamos, assim, mais focadas pro mercado. Então essa foi a minha falta, mas em relação ao conteúdo, a forma como ele foi ministrado dentro da sala, teoricamente, eu achei muito boa, nos meus anos. (JÚPITER, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013).

Os respondentes não criticaram o curso em sua generalidade, analisaram cada item de maneira isolada, conseguindo pontuar cada aspecto de modo isolado. Contudo, em relação a preparação para o mercado de trabalho, as opiniões expressas no Grupo Focal indicaram uma insatisfação generalizada. A fala de Marte sobre essa questão é emblemática:

Por incrível que pareça a minha pós-graduação preparou muito mais para a realidade atual do que quando eu fiz Relações Públicas [...]. (MARTE, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013).

No Gráfico 19 (ver apêndice I) fica mais evidente que as dissonâncias entre universidade e mercado de trabalho referem-se à aplicação dos conhecimentos desenvolvidos durante a formação. Apesar de 65,9% dos pesquisados conseguirem aplicar em suas carreiras profissionais os conhecimentos construídos na graduação, mais de um terço das pessoas respondentes (34,1%) não conseguem, ou conseguem muito pouco.

35 O entrevistado quis dizer que os poucos professores do tronco comum das disciplinas específicas salvaram o curso.

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Quando instigados a avaliar a importância da atividade de Relações Públicas para organizações, 80,3% dos respondentes indicaram ser fundamental/imprescindível e muito importante que um profissional habilitado interfira e atue na imagem das empresas, lidando com a comunicação interna e externa, e com seus públicos. O profissional de Relações Públicas não pode mais ficar restrito a um único setor, ele tem que trabalhar em conjunto em todos os setores de uma organização e de forma a buscar sempre a excelência. Para Lindborg apud Kunsch (s/d), “a comunicação excelente é a comunicação que é administrada estrategicamente, que alcança seus objetivos e equilibra as necessidades da organização com a dos principais públicos mediante uma comunicação simétrica de duas mãos”. Para comunicação ser excelente precisa começar internamente, sendo feito de maneira transparente, sendo capaz de revelar as características da organização e trabalhando com o público necessário.

Os dados do Gráfico 20 (ver apêndice I) destacam que para 47,0% dos respondentes o mercado local aplica/utiliza todas as funções de Relações Públicas, embora elas sejam aplicadas de forma isolada e/ou parcial, ou seja, as organizações atuantes no Nordeste não têm necessidade ou não compreendem o que é comunicação integrada.

Essa situação explica porque o profissional de Relações Públicas tem dificuldade em inserir-se no mercado e é pouco reconhecido, como cita Mercúrio ao dizer que apesar de “utilizar-se das técnicas de Relações Públicas, [ele] nunca [foi] contratado como relações-públicas por nenhuma organização.” Ademais, sabemos que, quando mal planejadas e mal articuladas, as ações de comunicação podem ter um resultado indesejado ou ficar aquém do esperado.

A função de consultoria ou assessoria aparece como uma das mais aplicadas isoladamente, segundo 22% dos diplomados. Isso sugere que os relações-públicas são requeridos cada vez mais como consultores, o que coerente

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com a realidade das micro e pequenas empresas que compõe o cenário regional. No mesmo sentido, ratifica Mainieri (2006, p. 1): “o mercado das agências de comunicação, composto principalmente por empresas prestadoras de serviço nas áreas de Relações Públicas e assessoria de imprensa, configura um segmento em plena expansão.”.

Solicitamos aos diplomados que dessem uma nota ao curso e obtivemos os seguintes resultados (conferir Gráfico 21 – apêndice I): 8,4% fizeram uma avaliação negativa, atribuindo notas 2 e 1; 56,1% atribuíram nota 3, o que podemos interpretar como uma avaliação regular com tendência a positiva; e 35,6% atribuíram notas de 4 a 5, denotando uma avaliação positiva do curso de Relações Públicas da UFPB.

Esses dados sugerem que, apesar dos aspectos negativos identificados pelos diplomados, eles reconhecem e valorizam o Curso de Relações Públicas da UFPB também pela contribuição para sua formação enquanto sujeitos-sociais. A fala de Netuno ilustra bem essa percepção:

[...] eu devo muito ao curso de Relações Públicas porque ele contribuiu para minha formação pessoal. Hoje eu [...] sou uma pessoa muito mais visionária do que eu fui antes [...]. (NETUNO, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013).

Como já discutido, a responsabilidade da universidade é qualificar o profissional, um indivíduo capaz em conhecimento de teorias e técnicas. Contudo, de acordo com Bonatto (2004, p. 6), “a preocupação em atender às exigências do mercado de trabalho ganha tal proporção que corremos o risco de pautar as atribuições da Universidade somente pelas exigências desse.”.

4.2.2 Empregabilidade, Mercado e Carreira

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Segundo Arroio e Régnier (2013), trabalho e emprego, muitas vezes usados como sinônimos, evoluíram conforme avançou a sociedade e as condições de produção. Se as relações são complexas, o mesmo acontece com as mudanças nas estruturas do mercado, forçando todo profissional a adaptações.

As profundas mudanças na economia global afetam ao mesmo tempo empregados e empregadores e também refletem-se nos requisitos que se espera daqueles que estão buscando ocupar postos de trabalhos. Frente à realidade atual, recai ainda sobre o profissional, o compromisso e a iniciativa da tomada de decisões, acompanhada de autonomia emocional com um sempre desenvolvimento contínuo, pois o conjunto de competências se torna rapidamente obsoletas.

Esse cenário apresenta-se de forma bem visível nas falas coletadas de nossos entrevistados, além disso, seus perfis profissionais evidenciam a constante busca pela capacitação com vistas ao acompanhamento do mercado de trabalho. Faz-se presente o conceito da multifuncionalidade, do jovem profissional ser multifacetado, capaz de se adaptar as distintas nuance mercadológicas pelas quais sua área de atuação tem se transformado.

A empregabilidade foi amplamente discutida junto aos entrevistados no grupo focal desenvolvido com sete membros convidados (Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, ver capítulo Caixa preta) que espontaneamente aceitaram o convite para discutir os temas propostos pelos pesquisadores, a saber: Percepção sobre o curso de Relações Públicas; Relação entre a identidade individual e profissional e; Mercado de trabalho. As frequências estatísticas dessas categorias podem ser observadas no Gráfico 22 (ver apêndice I), que registra as 234 unidades de registro elencadas.

A inserção no mercado (empregabilidade) em conjunto com a representação e a identidade profissional (13,8% e 14,2%), permeou mais que a metade (50,7%) dos registros

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na análise de conteúdo realizada. Para eles, o “Processo de inserção no mercado” e “Comportamento do Mercado” com, respectivamente 13,8% e 8,9%, são temas relevantes e que corroboram o tema desta pesquisa, a empregabilidade dos egressos do curso de Relações Públicas da UFPB.

A entrada no mercado de trabalho é um tema em constante discussão e preocupação frente aos egressos, gerando insegurança, apatia e frustração. Em contrapartida, a “Dissonância entre academia e mercado” apresentou apenas 2,8% na frequência das conversas. Podemos inferir que a causa não residiria na não absorção do contexto mercadológico, mas a dificuldade de levar o que é aprendido na academia para o mercado, o que faz com que 8,9% critiquem o “Comportamento do mercado” e também da academia. Isso pode ser observado na fala de Vênus:

Durante a graduação eu já estava no mercado. Então, tinha muito isso... Eu fazia o choque de realidades o tempo todo e inclusive em alguns momentos eu até fui de encontro a algumas coisas que os professores falavam, porque o que eles diziam [...] na realidade não se aplica. [...] Então, [...] no campo teórico você sai realmente preparado, mas uma preparação efetiva para o mercado eu não senti na minha época. (VÊNUS, Grupo Focal: J. Pessoa, 21 de março de 2013).

Além disso, a pesquisa realizada com os egressos apontou que, para o profissional de Relações Públicas, ainda existe dificuldades em relação a inserção no mercado de trabalho, da mesma forma que existe quanto à aplicação dos conhecimentos adquiridos por sua formação em sua carreira profissional. Observou-se que mais de um terço das pessoas respondentes (34,1%) não conseguem, ou conseguem muito pouco, fazer uso dos conhecimentos obtidos durante o curso. Isso é bastante significativo já que indica que dificilmente essas pessoas evoluíram na carreira que escolheram, e mais, não conseguiram se inserir no

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mercado no campo para o qual que se prepararam. Contudo, questionados se indicariam o curso de Relações Públicas a um amigo próximo, embora com as ressalvas, a grande maioria aponta que “sim”, apresentariam o curso para alguém próximo que tivesse interesse e afinidade (ver gráfico 23 – apêndice I).

Analisando a influência do estágio na formação profissional 34% consideram-na muito alta, 23% alta e 15% média. Vale registrar que na análise do perfil ocupacional, 75% dos entrevistados começam a trabalhar durante a faculdade. De acordo com Morais (1998, p. 4) “o estágio é um meio importante para obtenção do emprego em todas as habilitações: 51% de Jornalismo, 48% de Relações Públicas, 67% de Publicidade e 33% de Radialismo conseguiram emprego através do estágio.” Além de ser um meio importante na integração do estudante no mercado de trabalho, o estágio preenche o espaço que deveria ser ocupado pelas práticas laboratoriais (MORAIS, 1998).

A Paraíba não consegue despontar socioeconomicamente em nível regional ou nacional. Seus escassos recursos naturais agravam sua situação o que a obriga a recorrer ao desenvolvimento educacional, científico e tecnológico. No tocante à capacitação profissional e acadêmica, parece que as IES estão cumprindo seu papel, contudo os excelentes números apresentados confrontam e destoam com a realidade local, fazendo com que surjam falas como a de Urano, quando cita que ficou um pouco frustrada “com a falta de oportunidade aqui em João Pessoa [...] frustrada com a profissão, eu acho que foi isso que aconteceu.” Mas quando questionada se indicaria o curso para alguém próximo, é enfática: “Faça”, ressaltando que problemas de inserção certamente virão.

Já para Júpiter, “o mercado local está fechado para as Relações Públicas porque o empresariado desconhece a atividade.” Segundo ele, a demanda existe, mas as organizações parecem não saber que quem ocuparia aquela posição seria esse tipo de profissional. Isso nos faz crer que

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há esforços tanto do mercado quanto das IES, contudo, como não se observa um diálogo entre ambos, as ações de cada lado não interagem nem se convergem, e a máxima de que “o produto torna-se maior que a soma das partes”, acaba por ser apenas uma fala perdida, não trazendo reflexão alguma que favoreça a empregabilidade dos egressos universitários.

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Capítulo 5

CAIXA PRETA: COMO CHEGAMOS ONDE CHEGAMOS?

“[...] a utilização de métodos científicos não é da alçada exclusiva da ciência, mas não há ciência sem o emprego de métodos científicos. 36

Na aviação, a Flight Recorder37 – ou tão somente Black Box, que em português conhecemos como Caixa Preta de uma aeronave a qual, apesar do nome, costuma ser cor de laranja para facilitar sua localização – é um equipamento cuja função é a de salvaguardar as principais informações referentes ao desempenho e condições de voo de determinada aeronave. Em casos de acidentes, sua análise torna possível refazer os procedimentos para se compreender como se comportaram os tripulantes e a aeronave durante um percurso, revelando como se chegou a determinado fim, com acurada fidedignidade.

36 (MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 65).37 Enciclopædia Britannica (2011) – Disponível em: <http://www.britannica.com/EBchecked/topic/210220/flight-recorder#ref1084474>. Acesso em: 05 ago. 2013.

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É com essa analogia que iniciamos esse capítulo, pois, tanto na ciência quanto na aeronáutica adota-se o princípio de que, seja pela Caixa Preta de um avião, seja pelos procedimentos adotados em determinada pesquisa, é possível a qualquer indivíduo, desde que qualificado para tal, refazer o percurso originalmente realizado e assim chegar ao mesmo destino. Em sendo isso possível, não é presumível que as conclusões chegadas sejam aceitas por certa comunidade afim com o tema? É por isso que, tanto numa perícia investigativa em um acidente aéreo, quanto na observação de um fenômeno científico, a explanação de como chegamos a algum lugar é essencial para que convençamos aquela comunidade de que nossas teses são fidedignas.

Para Richardson (2010), o método científico refere-se ao rumo trilhado por um pesquisador ao passo que metodologia, derivada daquele termo, trata das regras que o mesmo cientista usa para percorrer determinado trajeto: “Por exemplo, o método científico é o caminho da ciência para chegar a um objetivo. A metodologia são as regras estabelecidas para o método científico, por exemplo: a necessidade de observar, a necessidade de formular hipóteses, a elaboração de instrumentos etc.” (RICHARDSON, 2010, p. 22, grifo do autor). Nesse ínterim, apresentamos neste capítulo todos os passos, incluindo desde o ponto de partida e as ferramentas utilizadas para coletas de informações, visando o alcance dos objetivos traçados inicialmente.

5.1 FORMULAÇÃO E APROVAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA – TRAÇANDO ROTA E OBTENDO AUTORIZAÇÃO DO PLANO DE VOO

O projeto de pesquisa nasceu da motivação pessoal das professoras Josilene Ribeiro de Oliveira e Jamile Miriã F. Paiva, que, inquietas com os questionamentos dos discentes

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e a ausência de dados institucionais sobre o que fazem os egressos do curso Relações Públicas da UFPB, sentiram necessidade de investigar onde e como atuavam os ex-alunos. Assim, a partir de uma pesquisa exploratória sobre a trajetória do curso e a observação e a interação com alguns egressos, o problema de pesquisa foi delineado, os objetivos traçados e as hipóteses iniciais definidas; em aproximadamente dois meses o projeto foi elaborado e submetido à apreciação do Colegiado do Departamento de Comunicação e Turismo, do qual fazem parte as referidas professoras, obtendo certidão de aprovação em 29 de fevereiro de 2012.

O mesmo projeto também foi submetido e aprovado dentro do Processo Seletivo 2012/2013 para participar do Programa Institucional de Iniciação Científica da UFPB, na categoria PIVIC (com alunos voluntários) em junho de 2012. E, seguindo as normas de tal Programa, como se trata de uma investigação sobre seres humanos, a pesquisa foi ainda submetida e aprovada nos Comitê de Ética em Pesquisa da UFPB e da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa do Conselho Nacional de Saúde, por meio de registro na Plataforma Brasil38.

5.2 FORMAÇÃO, CAPACITAÇÃO DA EQUIPE E INÍCIO DOS TRABALHOS – TREINAMENTO DA TRIPULAÇÃO

Com a Pesquisa aprovada, iniciamos a formação e capacitação da equipe. Ainda no mês de março, realizou-se uma oficina de capacitação em metodologia da pesquisa científica com os alunos39 voluntários interessados em

38 A Plataforma Brasil é uma ferramenta online (www.saude.gov.br/plataformabrasil) de registros de pesquisas envolvendo seres humanos, criada pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa do Conselho Nacional de Saúde (CEP/CONEP). O estudo em discussão foi cadastrado e aprovado na Plataforma onde está registrado sob o nº 03121412.2.0000.5188.39 Inicialmente, além das duas professoras, eram oito alunos de graduação voluntários, provenientes em geral de um grupo de ex-monitores, vinculados ao

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participar do projeto, sobre o que vem a ser uma pesquisa e as habilidades essenciais de um pesquisador.

O objetivo da oficina era ambientar os participantes do grupo, esclarecer os conceitos e produzir instrumentos de pesquisa, além de estabelecer um calendário de atividades para toda a equipe. Essa capacitação durou quatro encontros e desde então o grupo passou a reunir-se no Laboratório de Relações Públicas (LARP) regularmente, uma vez por semana, para deliberar sobre tarefas e atividades da pesquisa, sempre no horário da tarde40, e extra-oficialmente quando era necessário, mantendo comunicação direta e constante via e-mails e telefone.

Para facilitar o acompanhamento das atividades, foram criados dois documentos editáveis por todos os membros da equipe na plataforma Google Docs: o relatório das reuniões (uma espécie de ata digital), na qual arquivava-se a pauta e um resumo das discussões semanais, feito colaborativamente a partir dos apontamentos individuais; e, o check list, documento que descreve as atividades a serem executadas, o nome do responsável por cada uma delas e o prazo estabelecido para a sua execução, constituindo-se em um desdobramento detalhado do cronograma original, constante no Projeto de Pesquisa, por incluir as responsabilidades e instruções. Geralmente, duplas de alunos foram designadas para cada tarefa, para que ninguém ficasse sobrecarregado, sempre sobre supervisão de um professor-pesquisador, que os orientava e intervinha quando necessário.

Uma das primeiras tarefas realizadas foi a pesquisa documental, por meio da qual buscamos informações, documentos e regulamentações sobre a implantação do

Projeto Laboratório de Práticas em Relações Públicas - LPRP, que se extinguiu em 2012 e que era coordenado pela profa. Josilene Ribeiro de Oliveira e do qual também era membro a profª. Jamile Paiva. Ao longo da pesquisa o número de graduandos reduziu-se para seis e dois novos membros foram incluídos: um mestrando do PPGC/UFPB e um professor, totalizando uma equipe de dez pessoas.40

O horário da tarde facilitou a participação dos discentes, pois, ao fim das reuniões, estes já seguiam direto para suas aulas curriculares.

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curso, número total e lista com nomes de diplomados, junto à Coordenação do Curso Comunicação Social da UFPB e demais instâncias competentes. Além disso, realizamos entrevistas com professores mais antigos, ex-coordenadores e chefes de Departamento da época do surgimento do curso, os quais puderam relatar um pouco da história e trajetória das Relações Públicas na UFPB. Destacamos que essa etapa foi muito prejudicada devido à dispersão dos documentos e à falta de preservação da memória institucional em um arquivo organizado no próprio Departamento, obrigando-nos a nos restringir basicamente aos relatos de docentes decanos, professores à época dos primeiros anos do curso.

5.3 UNIVERSO E AMOSTRA – RESERVANDO OS ASSENTOS DA AERONAVE PARA OS PASSAGEIROS

O universo pesquisado corresponde a todos os diplomados em Relações Públicas pela UFPB entre os anos 2000 e 2009, totalizando 379 egressos. Apesar de tentar contatar todos esses, foi necessário estabelecer, desde o princípio, uma amostra mínima para validar a pesquisa, a qual foi definida a partir do cálculo constante no Quadro 7, na página a seguir.

A pesquisa, em sua primeira etapa, abrangeu uma amostragem probabilística aleatória simples, adotando uma margem de erro de +/- 7%, em que coletamos 132 questionários eletrônicos válidos, de um total de 151 respondidos (ver nota de rodapé nº 11).

A pesquisa adotou uma dupla abordagem: quantitativa, na primeira fase levantamos a opinião dos egressos por meio de um questionário eletrônico; e qualitativa, na segunda etapa, quando trabalhamos com um grupo menor de egressos, por meio de um grupo focal, o qual visou aprofundar e validar os dados coletados na etapa anterior. Tais etapas se complementaram, constituindo uma abordagem que denominamos de quali-quanti.

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Quadro 7Cálculo amostral

Fonte: Baseado em Pinheiro et al (2005, p. 102).

Quanto à escolha do recorte temporal, esclarecemos que consideramos dois aspectos principais: a) na última década houve transformações consideráveis na economia regional e nacional, no contexto empresarial, em função do desenvolvimento de tecnologias de comunicação e da disseminação e intensificação da interação no ambiente virtual, e, consequentemente, para a atividade de Relações Públicas; b) a existência do maior número graduados em Relações Públicas no período (ver quadro 01 - total e média de egressos de Relações Públicas por década, no cap. 1), em relação às décadas anteriores, e a suposta facilidade de encontrar aqueles que se formaram mais recentemente, em relação aos mais antigos.

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N= tamanho da população (379)n= tamanho da amostrae = valor de tolerância em relação aos resultados da pesquisa (erro amostral tolerável) de 7% (e = 0,07)Z = desvio-padrão relacionado ao índice de confiançaS2 = variância da amostra (é uma medida de dispersão, ou seja, o grau de diferença entre um indivíduo e outro em relação a sua atitude quanto ao tema de interesse. A variância baseia-se no quanto uma resposta difere da média da população - Aaker et alii, 2001). Quem determina S2 é o pesquisador por meio da amostra piloto ou estimativa, pois a variância não é conhecida na grande maioria das vezes.

n = (S2 x Z2 x N) / (S2 x Z2 + e2 x (N-1))n = (0,25 x 1,962 x 379) / (0,25 x 1,962 + 0,72 x (379-1))n = (0,25 x 3,8416 x 379) / (0,25 x 3,8416 + 0,0049 x (378))n = (0,9604 x 379) / (0,9604 + 1,8522)n = 363,9916 / 2,8126n = 129,41= 130 egressos

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No entanto, o panorama encontrado pela equipe da pesquisa foi constituído por uma grande dificuldade em abordar e manter comunicação direta com a população pesquisada devido ao distanciamento dos ex-universitários em relação à faculdade/universidade, após o término da graduação. Esse afastamento é compreendido como um processo natural, considerando-se que apenas uma minoria segue em programas de pós-graduação ou na carreira acadêmica. Além disso, o universo da pesquisa era composto por pessoas que concluíram a graduação há pelo menos 4 (quatro) anos, e que, naturalmente, se dispersaram geográfica e profissionalmente.

Essa situação tornou a realização da pesquisa um grande desafio, posto que a abordagem one-to-one de modo presencial para aplicação de questionários/entrevistas demonstrou-se inviável, pois se sabia que os contatos disponíveis no banco de dados da Coordenação do Curso, poderiam estar desatualizados. Ademais, a pesquisa não dispunha de fundos ou financiamentos para desenvolver um chamamento público dos egressos via mídias massivas, por exemplo.

Desse modo, no início do planejamento da pesquisa, o grupo entrou em consenso que a melhor solução seria a aplicação do questionário eletrônico. Consequentemente tornou-se imprescindível um plano de divulgação da pesquisa, voltado para as mídias digitais interativas, de fácil acesso e de baixo custo.

5.3.1 Teste de Audiência e Pré-Teste de Questionário – Checando o painel de instrumento/Prefligting/Taxiando

Antes de iniciarmos a aplicação da pesquisa realizamos um pré-teste do questionário utilizado durante a coleta de dados. Conforme Lopes e Penafieri (2011), mesmo que um questionário tenha sido formulado de acordo com o que foi

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proposto no projeto de pesquisa, é extremamente importante realizar um pré-teste, pois este contribui para avaliar e realizar determinados ajustes antes da aplicação final.

Realizado no dia 19 de setembro de 2012, em uma das salas de aula do Centro de Comunicação Turismo e Artes (CCTA), com duração de duas horas (das 19h às 21h), o encontro contou com a presença de seis egressos, de perfis profissionais heterogêneos que terminaram o curso universitário em diferentes períodos (abrangidos no universo da pesquisa), e escolhidos pela equipe da pesquisa em reunião anterior, considerando como critérios: a diversificação do perfil dos convidados, isto é, ser de períodos e anos de conclusão diferentes; e a acessibilidade e disponibilidade em participar. Destaca-se que foram convidados dez diplomados, através de contato telefônico direto e envio de confirmação via e-mail, mas, embora todos tenham confirmado a presença, quatro não compareceram.

Na ocasião, além da aplicação do questionário realizada logo de início, desenvolvemos um teste de audiência das principais peças de comunicação a serem usadas para divulgar a pesquisa junto aos diplomados, observando-se a adequação da abordagem/linguagem adotada nas mensagens. Os diplomados foram convidados a comentar e responder a três questões: a) o que ‘achavam’ da pesquisa; b) se atenderiam ao convite enviado por e-mail; c) o que mudariam na logomarca, no convite ou no vídeo. Após ouvir as opiniões e a avaliação dos egressos, todas as peças, inclusive o questionário, sofreram modificações antes do início oficial da coleta de dados.

5.4 DIVULGAÇÃO DA PESQUISA: INFORMAÇÕES DE SENSIBILIZAÇÃO AOS PASSAGEIROS

Como dito anteriormente, foi hercúleo o empenho em buscarmos contatar os egressos da UFPB. Essa tarefa exigiu

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um planejamento de comunicação integrada, conforme as seguintes etapas: a) análise da situação: fundamental para o entendimento do estado e das dificuldades em que nos encontrávamos; b) definição dos objetivos e dos públicos-alvo do plano; c) mapeamento dos egressos no ambiente virtual: busca de e-mails e perfis nas mídias sociais Twitter e Facebook, tais informações foram armazenadas em um banco de dados idealizado para tal fim; d) definição das estratégias de comunicação: momento em que decidimos a linguagem e as linhas gerais dos instrumentos de divulgação da pesquisa junto ao público-alvo.

Os 37 professores do curso de Comunicação Social, incluindo os do curso de Relações Públicas, foram alvos da divulgação, pois poderiam atuar como facilitadores do contato com os egressos por terem influência sobre eles, em decorrência da relação aluno-professor, situação em que se formam vínculos mais fortes, principalmente no caso da orientação do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), quando um só professor dá assistência e acompanha por um semestre o aluno. Eles também poderiam ter informações sobre formas de contatar os egressos que não dispúnhamos. Além dos professores, incluímos como público-alvo os atuais alunos do curso, que devem ser informados sobre as atividades acadêmicas do curso - projetos de pesquisa, extensão etc., e também poderiam conhecer e ter contato com diplomados formados no período delimitado. Assim, os públicos definidos foram: alunos, professores e diplomados em Relações Públicas da UFPB.

As estratégias de comunicação adotadas visaram conseguir a adesão dos diplomados à pesquisa por meio do apelo emocional, explorado em textos e imagens. Desta forma, as peças e ações do plano buscaram trazer à tona as memórias afetivas da vida universitária, e, ainda mais especificamente, os fatos e situações que fizessem recordar as vivências quando cursavam e eram estudantes do curso de Relações Públicas.

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Quanto à escolha dos instrumentos de comunicação, o grupo decidiu que as mídias digitais seriam o meio principal de desenvolvimento de relacionamento com os públicos-alvo e que um hotsite41 concentraria todas as informações da pesquisa e seria o sítio para onde todas as outras mídias e ações iriam convergir (ver ilustração 1, apêndice II).. Assim, todas as ações do plano convergiram para estimular o maior número de egressos a responder o questionário eletrônico disponibilizado na página principal do hotsite, criado especificamente para tal fim.

Também foram utilizados para divulgação: a) contas nas mídias sociais do Facebook e Twitter, com o nome, a logomarca e informações da pesquisa; b) materiais gráficos e de audiovisual para alimentação de tais mídias e do hotsite, tais como banners, cartazes e o vídeo de apresentação da pesquisa; c) convite, que seria o primeiro contato (via e-mail) com os ex-alunos; d) newsletters, para serem enviadas quinzenalmente para o e-mail dos egressos, destacando as ações da pesquisa.

Levando em consideração os possíveis respondentes que não frequentam constantemente o ambiente virtual e não possuíam perfil nas redes sociais como Twitter e Facebook, nós pensamos em alternativas que se consolidaram a partir do envio de press releases para a imprensa, envio de mensagens de texto para os celulares de parte dos egressos, realização de ligações telefônicas e uso de cartazes.

As ações de divulgação e sensibilização de egressos, professores e alunos tiveram início em 02 de outubro e encerrariam-se no dia 02 de dezembro do mesmo ano - data estratégica por ser o Dia Nacional das Relações Públicas -

41 Site quente, elaborado para o momento. Direcionado ao destaque de uma ação de comunicação e marketing pontual. Sua diferença em relação a um website está na estratégia para concebê-lo. Usualmente os hotsites possuem tempo de vida útil determinado, ligado ao término da ação que motivou a sua criação. Disponível em: <http://www.oficinadanet.com.br/artigo/1083/um_pouco_sobre_hotsites>. Acesso em: 15 mar. 2013.

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com uma postagem comemorativa no hotsite. Porém, decidiu-se estender o prazo de coleta de dados até o último dia do ano (31/12/2012), para que possíveis retardatários pudessem responder o formulário eletrônico e para que o vídeo de agradecimento aos respondentes pudesse ser visto, posto que o hotsite seria desativado imediatamente após o término da coleta de dados.

5.5 APLICAÇÃO DA PESQUISA - EM PLENO VOO

Houve um grande esforço na busca por todos os ex-alunos que se enquadravam no universo pesquisado. A abordagem nessa etapa fez uso do método da bola de neve, em que, através de atores estratégicos e próximos dos pesquisadores, solicitamos que nos enviassem listas de contatos de indivíduos que fizessem parte do nosso público-alvo: “Amostragem por bola de neve é um termo usado para procedimentos de amostragem que permitem que as unidades amostradas forneçam informações não só sobre si mesmos, mas também sobre outras unidades. Isso pode ser vantajoso quando as propriedades raras são de interesse.” (FRANK; SNIJDERS, 1994, p. 53, tradução nossa).

Utilizando essa técnica, foi possível alcançar razoáveis 78,36% dos indivíduos membros do universo. Foram feitos 195 contatados pelo Facebook; 59 pelo Twitter; 222 através do e-mail; e 200 contatos via celulares ou telefones fixos com diplomados. No total, foram contatados 297 egressos pelos referidos canais, restando 82 sem nenhum tipo de comunicação em função da inexistência de informações de contato dessas pessoas.

5.5.1 A coleta de dados por meio do questionário eletrônico – Diário de bordo

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Foi elaborado um questionário estruturado com conteúdo não-disfarçado, com 31 questões, sendo apenas três abertas; três de múltipla escolha com escala numérica; e vinte e quatro de múltipla escolha com escala nominal. O questionário foi organizado em cinco partes: a primeira referia-se aos dados de caracterização/validação da amostra, em que se procurou identificar se o respondente era ou não parte do universo da pesquisa; a parte dois, com dez questões, avaliou a percepção sobre o curso e sua aplicação na carreira profissional dos respondentes; a parte três possuía sete questões e buscou avaliar a contribuição do curso para a inserção no mercado de trabalho e a situação atual de empregabilidade dos respondentes; a quarta parte foi composta por sete questões, que registravam as percepções dos egressos sobre o mercado de trabalho; a quinta parte contou com cinco questões que procuraram traçar um perfil social-demográfico dos ex-alunos.

Aplicado entre outubro e dezembro de 2012, via internet, o questionário eletrônico foi enviado através de convite direto ao egresso (via e-mail pessoal), com link que o direcionava à plataforma Google Drive42, na qual as respostas foram registradas. Essa plataforma permitiu que monitorássemos as respostas simultaneamente ao registro dos dados coletados. A seguir, a Figura 3 mostra a tela inicial do questionário aplicado:

A primeira tela do questionário (ver ilustração 2, apêndice II) remetia à apresentação da pesquisa e link para o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Para o respondente, só se era possível seguir adiante se a opção “Li e declaro estar ciente do inteiro teor do TCLE e que estou de acordo em participar do estudo proposto” estivesse marcada, indicando conhecimento do referido termo e bem como sua concordância.

O TCLE é uma exigência da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa do Conselho Nacional de Saúde, sem a qual

42 O Google Drive é um pacote de aplicativos cujo acesso é online (conectado à internet), e funciona nas nuvens (cloud computing).

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pesquisa não seria autorizada. Sabemos que por causa da exigência da leitura e concordância com tal Termo, alguns diplomados desistiram de responder ao questionário. Por outro lado, o TCLE assegurou a integridade de todos os respondentes e que estes estivessem cientes da importância da pesquisa e participassem de modo voluntário e consciente.

5.5.2 Grupo Focal – Eliminando possíveis turbulências

Na segunda etapa da Pesquisa trabalhamos com uma amostragem não probabilística, coletando dados em um grupo focal, cujos eixos centrais da discussão foram: atuação do RP no mercado de trabalho; contribuições do curso para empregabilidade e; identidade profissional e representações sociais da profissão. O intuito foi o de buscarmos aprofundar as discussões sobre as percepções dos egressos, e neste sentido, levou-se em conta que, segundo Gomes e Barbosa (1999), um grupo de discussão visa obter informações de caráter qualitativo e em profundidade.

Os dados do grupo focal, realizado nas dependências da UFPB no dia 21 de março de 2013, com sete indivíduos, previamente selecionados segundo critérios de julgamento estabelecidos43 pelos pesquisadores, foram classificados e categorizados conforme sugere a metodologia de análise de conteúdo, como veremos mais detalhadamente adiante.

Assim, decidiu-se convidar oito diplomados, dos quais sete fizeram-se presentes ao grupo focal, cujas identidades foram preservadas e substituídas por nomes de planetas, mantendo assim a privacidade dos indivíduos entrevistados.

43 Entre os critérios estabelecidos estiveram: facilidade de acesso e disponibilidade do egresso e diversificação de períodos de término e ingresso no Curso, que os enquadrassem dentro do universo pesquisado.

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No início dos trabalhos foi usada uma imagem como estopim da memória, contendo representações comuns citadas informalmente por alunos do curso, a respeito do que eles, seus familiares e professores imaginam sobre a carreira no mercado de trabalho, e uma questão sobre como “realmente é”, isto é, como o mercado vê tal profissional. O intuito era “quebrar o gelo” e estimular que os egressos falassem das percepções que o mercado tem do profissional de Relações Públicas, a partir de suas próprias experiências.

A equipe buscou de Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, respostas para três questões-chave: 1) Quem é você (quando se formou; o que faz hoje; trajetória profissional; como se apresenta no mercado de trabalho etc.)?; 2) A formação e/ou a profissão de Relações Públicas trouxeram reconhecimento/valorização (em que medida; em quais ocasiões; contexto; etc.)?; 3) Como avalia o curso de Relações Públicas da UFPB?

Essas indagações foram expostas aos presentes e nortearam as conversas, que foram estimuladas por um facilitador, no dia 21 de abril de 2013, das 19h30 às 21h, no LARP. As discussões foram gravadas em vídeo e transcritas para posterior análise, realizada também com apoio dos registros escritos dos quatro observadores (alunos voluntários que assistiram ao GF com essa missão), nos quais se procurou observar elementos de comunicação não-verbal captados em gestos, posturas, olhares dos diplomados, etc.

5.6 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS – TRIPULAÇÃO: PREPARAR PARA O POUSO!

Compilar, analisar e interpretar um volume substancial de informações requer de pesquisadores além de embasamento teórico e maturidade, a capacidade de ver além do óbvio, de garimpar pedras preciosas no leito do rio caudaloso e pedregoso, que são as opiniões, os discursos e

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as percepções expressas pelos sujeitos pesquisados, sem deixar-se enganar pelo “ouro de tolo”, que, no nosso caso, seriam os vieses das nossas próprias visões de mundo, produzidos pela subjetividade e envolvimento do pesquisador com seu objeto de estudo.

Nesse sentido, é preciso dizer que todos os componentes da tripulação – equipe de pesquisa, são ex-alunos, professores e/ou alunos do curso de Relações Públicas da UFPB. Logo, foi necessário adotarmos uma postura cuidadosa para tentar ver o mundo desde a cabine da aeronave, mantendo um olhar um pouco mais distanciado. Ainda sim, muitas vezes fomos ofuscados pelo sentimento compartilhado de que estávamos tomando nas mãos um mapa da nossa própria vida e tentando compreender a nossa própria trajetória, desde a escolha do curso à carreira profissional, em que cada membro da pesquisa está vivendo uma fase diferente do mesmo processo vivido por todos os diplomados pesquisados.

Diante do exposto, para minimizar esses vieses, após a coleta de dados, procedemos a uma revisão bibliográfica sobre as temáticas envolvidas na pesquisa: papel da universidade; história, legislação, ensino e teoria de Relações Públicas; representações sociais e identidade profissional. Adotamos a estratégia de realizar estudos dirigidos para cada temática, nos quais os membros da equipe apresentavam o que haviam lido, debatiam seus pontos de vista e esclareciam dúvidas e definiam os conceitos adotados na análise.

Esses estudos dirigidos foram realizados de fevereiro a abril de 2013. Paralelamente, um subgrupo cuidou da tabulação dos dados quantitativos, provenientes da coleta de opiniões através do questionário eletrônico. Outro tratou da análise de conteúdo e em seguida, todos juntos, viram e analisaram os gráficos produzidos e deram início análise descritiva e inferencial de todos os dados. Falamos sobre essas três etapas a seguir.

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5.6.1 Tabulação – Realizando aproximação da pista de pouso

A tabulação corresponde a um verdadeiro processo de garimpagem! Pois nela realizamos a triagem (separação de questionários válidos e inválidos), a codificação e categorização das questões (quando isso não foi feito previamente no questionário e para as questões abertas), a construção de tabelas dinâmicas (que servem para verificar a frequência, cоmparar e cruzar variáveis e encоntrаr infоrmações de modo mais fácil) e a geração de gráficos.

Como havíamos utilizado o Google Drive para coletar os dados, em função deste não implicar em custos e porque os relatórios podem ser automaticamente convertidos para a planilha eletrônica do tipo Microsoft Excel, todo o trabalho de tabulação foi feito nesse arquivo, por dois membros da equipe mais experientes no uso do pacote Microsoft Office, sendo um deles, inclusive, professor de informática.

Nessa etapa, cruzaram-se diversas variáveis, tais como sexo e renda, renda e investimento em outro idioma, renda e cargo exercido, com objetivo de perceber possíveis relações de influência/dependência. Assim, a tabulação acompanhou todo processo de análise, pois em muitos momentos retomamos à planilha para observar e cruzar outras variáveis, na busca de aprofundar, elucidar e descobrir relações de causa e efeito entre os resultados colhidos. Qualquer falha que houver nessa etapa compromete a análise, a interpretação e a compreensão dos resultados de uma pesquisa, sendo, tal qual o trem de pouso de uma aeronave, fundamental para uma aterrissagem segura!

5.6.2 Análise de Conteúdo – Cinto de segurança afivelado

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Em um discurso, Aristóteles trata de três elementos essenciais na retórica para que haja comunicação entre as pessoas: o discurso, quem fala e a audiência (BERLO, 1999). Por conseguinte, o conteúdo da mensagem que se situa dentro do discurso e vem a ser o objeto de estudo numa abordagem proposta como análise de conteúdo, objetiva, conforme Franco (2007), saber o que seu enunciado significa, que fala carrega e qual sentido podemos recuperar. Assim, a metodologia de análise de conteúdo se configura como uma postura qualitativa, ou seja, ocorre na coleta de dados “aos quais não são possíveis aplicar técnicas aritméticas.” (RICHARDSON, 2010, p. 224). Para o autor:

Pela sua natureza científica, análise de conteúdo deve ser eficaz, rigorosa e precisa. Trata-se de compreender melhor um discurso, de aprofundar suas características (gramaticais, fonológicas, cognitivas, ideológicas etc.) e extrair os momentos mais importantes. Portanto, deve basear-se em teorias relevantes que sirvam de marco de explicação para as descobertas do pesquisador. (ibid, p. 224).

Para desagregar os enunciados em unidades de análises, têm-se as unidades de registros e as unidades de contexto (RICHARDSON, 2010). Pela unidade de registro, optou-se pelo “Tema”, através do qual, de acordo com o autor, podem-se formular inúmeras observações, e que é uma abordagem bastante responsável para respostas abertas em questionários. Nas unidades de contexto (que chamamos aqui de maxicategorias), optamos por distinguir as análises em três linhas gerais, as saber: Percepção sobre o curso de Relações Públicas; Representação e identidade profissional e; Mercado de trabalho.

As maxicategorias (unidades de contexto), por sua vez, abarcaram 15 unidades de registros, a saber:

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(a) Escolha do Curso, Sentimento em relação ao curso, Lugar da formação e Avaliação do curso;

(b) Valorização e reconhecimento, Polissemia do termo, Sentimento em relação à profissão, Representação da profissão e Identidade profissional assumida;

(c) Processo de Inserção no Mercado, Concorrência com jornalismo/marketing, Comportamento do mercado, Crítica ao comportamento do mercado, Limitações da profissão, Dissonância entre academia e mercado.

Por meio de minuciosa leitura do material transcrito, analisamos as 15 unidades de registros o que totalizou em 234 frequências estatísticas, que estudadas, deram-nos suporte às nossas considerações. O Gráfico 24, em apêndice I, demonstra as participações de cada indivíduo em unidades de registro levantadas em 1h e 30min.:

Dos membros convidados, consideramos como protagonistas: Mercúrio (20%), Vênus (20%) e Júpiter (17%), cujas falas eram ancoradas em suas intensas e maduras carreiras profissionais e das quais foram possíveis obter os maiores índices de unidades de registros correlatos as suas respectivas categorias. Os atores intermediários em número de registros apontados estão Marte (11%), Netuno (11%) e Urano (11%), seguidos por Saturno (9%), que menos intervenções apresentou.

Essas análises cruzadas com os perfis profissionais de cada um colaboraram para fomentar e apresentar o lugar de onde se originava cada fala, permitindo-nos compreender o pano de fundo sobre o qual se projetavam os temas em discussão.

5.6.3 Análise Descritiva e Inferencial – A aterrissagem

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Destacamos que as reflexões resultantes da análise dos dados são uma livre interpretação dos pesquisadores sobre as percepções dos diplomados, os quais compreendem uma multiplicidade de sujeitos e de subjetividades em interação com a realidade. Disso resulta a dificuldade em compreender através de suas opiniões e discursos, datados e recortados, o papel da formação universitária em suas vidas, por exemplo. Por isso, foi preciso atentar-se aos sentimentos envolvidos e expressos nos gestos, na postura, nas reticências, nos sorrisos e nos silêncios dos diplomados durante o grupo focal.

Assim, nossa análise partiu da categorização anterior, feita na análise de conteúdo, e prosseguiu com a seleção das falas individuais sobre cada temática, procurando dar voz aos próprios diplomados, na busca de compreender e interpretar o processo de inserção no mercado de trabalho, a partir da visão deles. Contudo, isso não poderia ser feito sem problematizar o contexto sobre o qual emitiram opinião, o que nos levou a historicizar os fatos e revisitar os conceitos de comunicação organizacional, identidade profissional, representações sociais e Relações Públicas. Dessa forma, em alguns momentos priorizamos a descrição dos fatos e dos dados coletados e em outros procuramos inferir e tirar conclusões válidas a respeito das questões e hipóteses pesquisadas, o que pode ser visto ao longo de toda esta pesquisa.

Procuramos sempre fazer à autocrítica e testar nossas próprias conclusões, submetendo a discussão do grupo as opiniões e impressões individuais, de modo que todas as análises produzidas e expostas ao longo do trabalho são frutos de um processo de reflexão coletiva, em que cada membro da equipe julgou o trabalho do outro e contribuiu para formulação das ideias aqui expressas.

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REFLEXÕES FINAIS

A partir da pesquisa Mercado de Trabalho e Atuação dos Profissionais de Relações Públicas Formados pela UFPB, concluímos que a Universidade Federal da Paraíba tem contribuído direta e positivamente para a empregabilidade dos egressos do curso de Relações Públicas. De acordo com a opinião dos pesquisados, trata-se de uma formação acadêmica que propicia a aquisição e o desenvolvimento de competências para o exercício profissional e a inserção no mercado de trabalho, embora isso não ocorra de forma homogênea e nem tão pouco seja consenso entre todos os diplomados.

Se por um lado constatamos um índice de empregabilidade global de 86,4% contra apenas 1,5% de desempregados; por outro, verificamos que o índice dos que exercem o cargo de Relações Públicas é muito baixo, pois apenas 3,0% estavam efetivamente atuando como relações-públicas no momento da coleta de dados - em 2012. Dessa maneira, confirmamos a hipótese de que a maior parte dos egressos de Relações Públicas da UFPB está empregada,

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porém não exercendo funções inerentes à profissão de Relações Públicas.

Desviar-se da área de formação para exercer outras funções não é algo exclusivo do profissional de Relações Públicas, porém, no caso deste, isso está fortemente relacionado à problemática da falta de reconhecimento e valorização da profissão, que acompanha a atividade de Relações Públicas desde sua gênese. No ponto de partida e no centro dessa questão sempre esteve a falta de definição de um objeto de estudo e a fragilidade de sua ‘doutrina’, ou seja, sua legitimidade científica. Em um movimento reflexivo entre sociedade e academia, surgem os problemas de identidade e de ausência de representações sociais compreensíveis/inteligíveis da profissão no mercado.

Essa encruzilhada, conforme nosso entendimento, refere-se tanto ao fato de não ter um conceito bem delimitado como ao de atuar na fronteira de dois territórios: comunicação e administração. Os dados revelam que praticamente a metade (49,3%) dos diplomados pesquisados já exerceu ou exercia funções relacionadas à administração no momento da pesquisa, tais como assistente administrativo, gerente, supervisor, dentre outras; enquanto que apenas 35,1% deles já atuaram ou estavam atuando no campo de comunicação. Porém, quando pedimos aos respondentes para informarem as funções específicas que desenvolviam, verificou-se que o número de egressos de Relações Públicas que desempenham funções diretamente relacionadas ao campo de comunicação, tais como relações-públicas, gestor de eventos, diretor/assistente de marketing e consultores, cai para 21,1%.

Em certa medida, podemos dizer que herdamos, assim como compartilhamos com os demais profissionais da comunicação, o desafio de não ser este campo um território legitimado e reconhecido cientificamente. Desse modo, concluímos que o lugar das Relações Públicas é hoje o entre-lugar, um espaço contestado, permeado de conflitos de

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interesse, por situar-se nos limites dos territórios da comunicação e da administração. Isso significa que as Relações Públicas até mesmo dentro do campo da comunicação não têm um território próprio, consequentemente não têm fronteiras. Porém, se na teoria isso aparentemente é positivo, na prática significa que para inserir-se no mercado o profissional sempre precisa qualificar-se mais, transmutar-se e adaptar-se, assumindo outras identidades, o que leva a sua invisibilidade. Ou seja, quanto mais avança sobre novas fronteiras mais se dilui sua própria identidade - já tão mal definida, gerando um ciclo vicioso.

Essa situação sugere que há dissonâncias entre a academia e o mercado de trabalho. O baixo aproveitamento das competências do profissional de Relações Públicas pelo mercado evidencia que apesar de as organizações investirem em comunicação, o foco continua sendo a divulgação, certamente porque esta gera resultados mais imediatos e tangíveis. A questão ultrapassa o entendimento sobre quem e o que faz um relações-públicas - da identidade profisisonal, uma vez que as organizações precisam compreender primeiro que a comunicação deve fazer parte dos seus investimentos contínuos e não apenas pontuais, para as vendas ou para os momentos de crise.

Por outro lado, o estudo mostrou que existe uma correlação direta entre aproveitamento/contribuição do curso para empregabilidade e a função exercida. Embora 74,2% dos respondentes assinalem que o curso de Relações Públicas contribuiu ou estava contribuindo em alguma medida para o exercício das funções no último ou no atual trabalho, o grupo de egressos que deu mais relevância aos conhecimentos construídos durante a graduação é constituído justamente por profissionais atuantes no campo da comunicação - os 21,1% já citados.

Identificamos também que a faixa salarial dos profissionais que atuam na comunicação é mais alta, entre 7 e 10 salários mínimos, do que a daqueles que migram para

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outras áreas, com poucas exceções. Logo, concluímos que os diplomados que se distanciaram da atuação em sua área de formação são menos reconhecidos e, consequentemente, recebem remuneração menor do mercado de trabalho.

Quanto aos investimentos dos diplomados em qualificação, após sair da universidade, considerando as variáveis ambientais e internas, pudemos depreender que estudar outros idiomas ou cursar uma pós-graduação não são garantias e nem condição suficiente para assegurar uma remuneração mais elevada, mas que agrega valor ao currículo de tal maneira que todos que recebem mais de 16 salários mínimos tinham estudado outro idioma. É preciso ter claro que há outros fatores que influenciam na faixa salarial dos diplomados, dentre eles podemos mencionar: cargo ocupado, capacidade técnica, capacidade para as relações interpessoais e, sobretudo, as características da economia/ regional, que determinam não só o nível de qualificação exigido aos profissionais como o nível de remuneração que lhes é atribuído.

A defasagem da estrutura curricular do curso de Relações Públicas da UFPB, relativo à época em que estudaram os pesquisados, bem como a realidade local, que se sustenta basicamente em micro e pequenas empresas de serviços ou comércio e instituições públicas, restringem as possibilidades de atuação do profissional de Relações Públicas. Nesse sentido não surpreende o fato de que a maioria dos relações-públicas está empregada entre o setor de serviços privados (30%) e o serviço público (28,8%), sendo o restante distribuído entre o comércio (22%), a educação privada (5,3%) e apenas 8% na indústria.

Vale destacar que a Paraíba não consegue despontar socioeconomicamente em nível regional ou nacional. Seus escassos recursos naturais agravam sua situação. E assim confirmamos também que a principal razão do baixo aproveitamento dos relações-públicas no mercado é a inadequação entre a formação (currículo defasado) e as características do mercado regional. A carreira acadêmica

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foi uma das alternativas adotadas por muitos egressos para manterem-se no mercado de trabalho. Outra alternativa, explorada especialmente pelos diplomados da primeira década de 2000, é o empreendedorismo, ou seja, a criação do próprio negócio.

Quanto ao perfil dos egressos do curso de Relações Públicas da UFPB, verificamos que se constitui, em sua maioria, por pessoas com idade entre 30 e 34 anos, solteiras, residentes em João Pessoa/PB, com renda mensal de 3 a 6 salários, do sexo feminino. Quanto à avaliação do curso, evidenciou-se uma avaliação regular com tendência a positiva, cujos aspectos melhor e pior avaliados foram, respectivamente, a qualificação dos professores e a infraestrutura do Decom em paralelo a ausência de projetos de pesquisa e extensão, na época em que os diplomados foram alunos. Embora com as ressalvas, a grande maioria apontou que recomendaria o curso para alguém próximo que tivesse interesse na carreira de relações-públicas.

A recomposição da trajetória do curso de Relações Públicas da UFPB ajudou-nos a situar as opiniões dos egressos e compreendê-las melhor. Além disso, o resgate de fatos e dados históricos que estavam completamente dispersos, pertencentes à memória institucional do curso, e a identificação do perfil do egresso e de como eles avaliam a formação superior, fornecem informações úteis, que podem servir para embasar ajustes na estrutura curricular e estimular reflexões dos gestores educacionais da UFPB sobre as dissonâncias detectadas entre o que é ensinado e o que é aplicado pelo mercado atualmente.

Temos ciência de que, como toda pesquisa, esse estudo tem limitações, das quais destacamos: a) a situação e as opiniões dos diplomados aqui expressas e estudadas são datadas, representando um recorte de uma realidade mais ampla cujos contornos certamente não foram compreendidos em sua totalidade; b) a dificuldade de analisar um vasto número de dados e fazer comparação com dados nacionais, seja pela indisponibilidade de acesso ou a

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inexistência desses; c) auferir um índice de empregabilidade pode soar como quantificação instrumental induzida pela ideia de que a universidade apenas forma profissionais/técnicos e não cidadãos. Diante desses aspectos, esclarecemos que as reflexões presentes nessa obra representam uma livre interpretação dos pesquisadores sobre as percepções dos diplomados sobre o mercado de trabalho e a profissão de Relações Públicas.

Por fim, cabe falarmos das Perspectivas para o curso de Relações Públicas da UFPB e a profissão. Sobre a mudança de habilitação para curso ocorrida em 2012, cremos que isso obrigue estudantes e diplomados a 'mostrar a cara', ou seja, assumir a identidade de relações-públicas, deixando de dizer que estudam ou se formaram em comunicação, o que pode ajudar a fortalecer a identidade profissional, trazendo mais visibilidade para a profissão no mercado local. Quanto à inclusão do estágio obrigatório na estrutura curricular do curso, entendemos ser essa ação um meio de ampliar o diálogo com o mercado e preparar os discentes para essa realidade. Porém, se as atuais políticas internas da IES não se alterarem, é possível que os discentes sejam obrigados a fazer arranjos burocráticos para comprovar estágios que nunca existiram ou cujas atividades nada tenham a ver com a formação, de modo semelhante ao que já ocorre em cursos afins.

Os diálogos entre a universidade e o mercado de trabalho precisam deixar de ser impossíveis, por meio de ações convergentes que darão subsídios para mudar a realidade regional. Convém que a universidade deixe de ser um agente de mudança apenas da vida pessoal de seus egressos, assumindo efetivamente a extensão e a pesquisa, além do ensino, nas suas práticas cotidianas. Assim, o desenvolvimento local deve transformar-se em uma filosofia, reiterando a razão de ser da UFPB no contexto local/regional.

Essa investigação levou-nos a uma outra reflexão de ordem prática: necessidade de maior integração entre os

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profissionais, professores e estudantes não apenas para discutir sobre o mercado para as Relações Públicas, mas para apresentar resultados relativos à produção de conhecimento específico, com contribuições concretas, por exemplo, no planejamento, avaliação e mensuração dos investimentos em comunicação nas organizações. Para avançarmos neste sentido é preciso maior articulação e engajamento dos docentes no fomento à iniciação científica.

A pesquisa científica a nosso ver é tanto um meio de diagnóstico como uma forma de diálogo com a sociedade. Desta forma, deve ser ampliada e receber mais investimento e apoio institucional, para que seus resultados sejam empregados em ações de extensão, de forma a fomentar o aprendizado dos alunos e beneficiar a comunidade. A título de ilustração, destacamos que durante a realização desta pesquisa foi visível o amadurecimento intelectual dos seis alunos de graduação envolvidos, desenvolvendo competências para vida profissional e os estimulando a prosseguir em outros estudos.

Finalizando, deixamos aqui algumas novas inquietações que surgiram no processo de investigação, as quais agregariam informações relevantes e complementares as reflexões aqui iniciadas, e que quem sabe possam ser respondidas em outros estudos: Como os gestores das organizações veem a profissão e o profissional de Relações Públicas? Qual a contribuição da comunicação para o sucesso do negócio? Na opinião de empresários e pequenos empreendedores, as Relações Públicas têm lugar no ambiente competitivo contemporâneo ou deve-se falar apenas em comunicação organizacional? Em que medida os problemas de identidade profissional afetam o desempenho e a eficiência dos comunicadores nas organizações?

Que outros profissionais, discentes e docentes se animem a investigar essas e outras questões inerentes as Relações Públicas, contribuindo para que esta atividade alcance mais legitimidade dentro e fora da academia.

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207

Page 210: Jogo da empregabilidade - Edição revista e ampliada

JOGO DA EMPREGABILIDADE

Apêndice I

Gráficos da pesquisa

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Page 211: Jogo da empregabilidade - Edição revista e ampliada

JOGO DA EMPREGABILIDADE

Gráfico 1Total de respondentes por ano em relação ao universo pesquisado.

Gráfico 2Categorias dos temas tratados no Grupo Focal por participante

Mercúrio

Vênus

Marte

Júpiter

Satur

no

Urano

Netuno

0%

10%

20%

Frequência das temáticas por categoria

Academia

Mercado

Identidade e RepresentaçãoSocial

209

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

Gráfico 3Empregabilidade dos diplomados em Relações Públicas pela UFPB entre 2000 e 2009

50,0%

7,6%

12,1%

3,8%

12,9%

1,5%

12,1%

Situação profissional atual

Trabalhando com carteira assinada.

Trabalhando em empregotemporário.

Trabalhando como concursado noserviço público.

Autônomo/ Freelancer.

Proprietário do próprio negócio.

Desempregado/ Procurandoemprego.

Exclusivamente estudando (paraconcurso, pós-graduação, outragraduação, fazendo intercâmbio etc.).

210

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

Gráfico 4Ramo de atividade da organização em que o egresso atua ou atuou no último trabalho

Gráfico 5Área de alocação do profissional dentro das organizações

17,4%

13,6%

8,3%

9,8%

6,1% 6,1%5,3% 5,3%

3,0%

9,8%

3,0%

6,8%

5,3%

Área/setor da organização no qual trabalha ou trabalhou

Vendas e representações comerciais.

Marketing/ Publicidade e Propaganda.

Assessoria de Comunicação.

Eventos/ Produções Culturais.

Recursos Humanos.

Docência/ Educação.

Relações Públicas.

Atendimento/ Relacionamento com opúblico.Audiovisual/ Mídias digitais/ Artesgráficas.Administração/ Financeiro/ Gestão.

Saúde.

Outras áreas.

Não responderam.

211

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

Gráfico 6Função que os egressos exercem ou exerciam

212

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

Gráfico 7Forma de ingresso no mercado de trabalho pelos diplomados

Gráfico 8Tempo decorrido para consecução do primeiro emprego pós-conclusão do curso

22,0%

10,6%

4,5%2,3% 3,8%

56,8%

Tempo decorrido após conclusão do curso para obter o primeiro emprego

Menos ou igual a 6 meses.

De 7 a 12 meses.

De 13 a 18 meses.

De 19 a 24 meses.

Mais de 24 meses.

Já trabalhava e permaneci na mesmaempresa/ trabalho.

213

Page 216: Jogo da empregabilidade - Edição revista e ampliada

JOGO DA EMPREGABILIDADE

Gráfico 9Contribuição das atividades acadêmicas para a inserção do egresso no mercado

Gráfico 10Participação em atividades acadêmicas

214

Page 217: Jogo da empregabilidade - Edição revista e ampliada

JOGO DA EMPREGABILIDADE

Gráfico 11Relação entre atividades acadêmicas e formação profissional

Gráfico 12Contribuição do curso para o exercício das funções profissionais

215

Page 218: Jogo da empregabilidade - Edição revista e ampliada

JOGO DA EMPREGABILIDADE

Gráfico 13 (A)Relação entre a contribuição do curso e a função exercida no atual ou último trabalho

Gráfico 13 (B)Relação entre a contribuição do curso e a função exercida no atual ou último trabalho

216

Page 219: Jogo da empregabilidade - Edição revista e ampliada

JOGO DA EMPREGABILIDADE

Gráfico 14Fator decisivo para o exercício do atual ou último trabalho

Gráfico 15Investimentos para se manter ou se inserir no mercado de trabalho

217

Page 220: Jogo da empregabilidade - Edição revista e ampliada

JOGO DA EMPREGABILIDADE

Gráfico 16Investimento em idiomas

Gráfico 17Renda em relação ao sexo

218

Page 221: Jogo da empregabilidade - Edição revista e ampliada

JOGO DA EMPREGABILIDADE

Gráfico 18Avaliação da Graduação

Gráfico 19Aplicação dos conhecimentos/competências desenvolvidos

219

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

Gráfico 20Funções de Relações Públicas que o mercado local aplica/utiliza efetivamente

Gráfico 21Avaliação global do curso

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Page 223: Jogo da empregabilidade - Edição revista e ampliada

JOGO DA EMPREGABILIDADE

Gráfico 22Frequência de categorias pelo total registrado (234)

Gráfico 23Indicação do curso de Relações Públicas

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Page 224: Jogo da empregabilidade - Edição revista e ampliada

JOGO DA EMPREGABILIDADE

Gráfico 24Frequência de unidades de registro por membro

222

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

223

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

Apêndice II

Ilustrações

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

Ilustração 1Oreograma dos instrumentos de comunicação utilizados

Ilustração 2Tela inicial do questionário eletrônico

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

Apêndice III

Questionário da pesquisa

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

QUESTIONÁRIOOBS: questões grafadas com (*) são obrigatórias.

VALIDAÇÃOVocê leu o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE)?*( ) Sim.

PARTE I1- Em que ano você ingressou no curso de Relações Públicas da UFPB? * Exemplo de Resposta: "2000.0" ______________________________________________________________

2- Em que ano você terminou o curso de Relações Públicas? * Exemplo de Resposta: "2000.0" ______________________________________________________________

3- Cite o nome de uma disciplina ou professor do curso de Relações Públicas da qual/de quem você se recorda? * ______________________________________________________________

PARTE II – SOBRE O CURSO DE RELAÇÕES PÚBLICAS

4. Durante a graduação em Relações Públicas, você participou de qual(is) das atividades acadêmicas listadas abaixo? *a) Projeto de monitoria. b) Projeto de pesquisa. c) Organização de eventos. d) Projeto de extensão.e) Congressos/encontros.f) Nenhuma (pular para questão 7).

5. Em que medida a participação em atividades acadêmicas contribuiu para sua inserção no mercado de trabalho? * a) Não contribui.b) Contribui parcialmente.c) Contribui integralmente (foi decisiva).d) Contribui pouco.e) Contribui muito.

227

Page 230: Jogo da empregabilidade - Edição revista e ampliada

JOGO DA EMPREGABILIDADE

6. Em que medida a participação em atividades acadêmicas influenciou em sua formação profissional? * a) Não influenciou.b) Influenciou parcialmente.c) Influenciou totalmente.d) Influenciou pouco.e) Influenciou muito.

7. Em que medida o curso de Relações Públicas contribui para o exercício de suas funções em seu atual ou último trabalho? * a) Não Contribui.b) Contribui parcialmente.c) Contribui totalmente.d) Contribui pouco.e) Contribui muito.

8. Qual(is) das funções de Relações Públicas você consegue(iu) desenvolver em seu atual ou último trabalho?a) Não consigo desenvolver nenhuma.b) Pesquisa.c) Planejamentod) Avaliação.e) Assessoria e consultoria.

9. Em que medida você consegue aplicar, em seu atual ou último trabalho, as técnicas e funções de Relações Públicas? * a) Não consigo aplicar nenhuma.b) Consigo aplicar boa parte. c) Consigo aplicar todas as funções.d) Consigo aplicar muito pouco.e) Consigo aplicar muitas.

10. Em que medida você consegue aplicar, em seu atual ou último trabalho, os conhecimentos adquiridos no curso de Relações Públicas? * a) Não consigo aplicar nada.b) Consigo aplicar boa parte.c) Consigo aplicar tudo que aprendi no curso.d) Consigo aplicar muito pouco.e) Consigo aplicar muito.

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Page 231: Jogo da empregabilidade - Edição revista e ampliada

JOGO DA EMPREGABILIDADE

11. Indique como você avalia o curso de graduação em Relações Públicas da UFPB, quanto aos seguintes aspectos? *

Péssimo Ruim Regular Bom ÓtimoEstrutura Curricular.Qualificação dos Professores.A didática adotada.Coordenação/Chefia do Curso.LARP – Lab. de Rel. Públicas.Projetos de Pesquisa e Extensão.Infra - Estrutura do DECOM.Atividades Extra – Acadêmicas.

12. Atribua uma nota de 1 a 5 ao curso de Relações Públicas da UFPB (considerando que 1 é a menor nota e 5 a máxima). * ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5

PARTE III - A CONTRIBUIÇÃO DO CURSO E A INSERÇÃO NO MERCADO

13. Qual a sua atual situação de empregabilidade? * a) Trabalhando com carteira assinada.b) Trabalhando em emprego temporário.c) Trabalhando como concursado no serviço público.d) Autônomo/freelancer.e) Proprietário do próprio negócio.f) Desempregado/ Procurando emprego.g) Exclusivamente estudando (para concurso, pós-graduação,

outra graduação, fazendo intercâmbio etc.).

14. Como você ingressou no mercado de trabalho? * (independente da área de atuação) a) Até o momento não ingressei no mercado de trabalho

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

b) Via estágio. c) Via concurso público.d) Indicação de Amigos/Conhecidos.e) Oferecendo meus serviços como autônomo/freelancer.f) Trabalhando na empresa da família.g) Abrindo meu próprio negócio.h) Envio de Currículo.i) Seleção para trainee.

15. Seu trabalho atual ou último se enquadra em qual segmento? * a) Organização Não Governamental (ONG). b) Comércio. c) Educação Pública. d) Serviço Público (outros segmentos). e) Indústria.f) Educação Privada.g) Serviço Militar.h) Setor de Serviços Privado (Hotelaria, Eventos, Cerimonial,

Assessoria/ Consultoria, Fotografia, Audiovisual e congêneres).

16. Seu atual ou último trabalho se enquadra em qual área? * a) Vendas e Representações Comerciais.b) Marketing/ Publicidade e Propaganda.c) Assessoria de Comunicação.d) Eventos/ Produções Culturais.e) Recursos Humanos.f) Docência/ Educação.g) Relações Públicas.h) Outra: _________________________________________________

17. Qual função desempenha(ou) em seu atual ou último trabalho?* a) Produtor/ Design (Audiovisual, Gráfico, Eventos Culturais).b) Vendedor/ Representante Comercial.c) Gerente/ Supervisor.d) Atendimento ao Público/ Recepcionista.e) Assistente Administrativo.f) Gestor/ Empresário.g) Professor/ Pesquisador.h) Outra: _________________________________________________

230

Page 233: Jogo da empregabilidade - Edição revista e ampliada

JOGO DA EMPREGABILIDADE

18. Após concluir o curso de RP, quanto tempo, aproximadamente, você demorou para obter seu primeiro emprego? * a) Menos de 6 meses.b) De 7 a 12 meses.c) De 13 a 18 meses.d) Já trabalhava e permaneci na mesma Empresa/Trabalho.e) De 19 a 24 meses.f) Mais de 24 meses.

19. O que é/foi mais determinante para que você desempenhe(asse) a função exercida em seu atual ou último trabalho?a) O conhecimento adquirido em estágios.b) O conhecimento adquirido no Trabalho de Conclusão de Curso

(TCC).c) O conhecimento adquirido em projetos acadêmicos (extensão,

pesquisa, monitoria e eventos).d) O conhecimento obtido nas diciplinas práticas do Curso de

RR.PP.e) O conhecimento obtido em cursos técnicos feitos fora da UFPB.f) O conhecimento adquirido em treinamentos ofertados.g) A experiência adquirida em trabalhos anteriores.h) A indicação de amigos e conhecidos (networking).i) O conhecimento obtido em outra graduação.

PARTE IV - PERCEPÇÃO SOBRE O MERCADO

20. Quais são as maiores dificuldades enfrentadas pelos graduados em RP para ingressarem no mercado de trabalho? * a) Falta de experiência/capacitação quando saí da universidade.b) Poucas vagas para Relações Públicas no mercado de trabalho.c) Desconhecimento e incompreensão do empresariado sobre a

profissão de Relações Públicas.d) Falta de interesse do graduado em vagas para áreas correlatas

(ex.: publicidade/marketing).f) Baixos salários e ausência de ações de fiscalização dos

Conselhos Regionais/Federal (Conrerp/Conferp).g) Outro: ___________________________________

231

Page 234: Jogo da empregabilidade - Edição revista e ampliada

JOGO DA EMPREGABILIDADE

21. Qual a importância da atividade de Relações Públicas para as empresas hoje? * a) Nenhuma importância.b) Pouco importante/irrelevante.c) Parcialmente importante.d) Muito importante.e) Fundamental/imprescindível.

22. Atualmente, quais habilidades e competências você julga mais necessárias para o exercício da profissão de relações públicas? * (Marque até 3 alternativas). a) Planejar, elaborar projetos e avaliar processos e resultados.b) Identificar problemas, formular e implantar soluções.c) Ser usuário e estar atualizado quanto às tecnologias da

informação e comunicação.d) Desenvolver raciocínio lógico, crítico e analítico sobre a

realidade organizacional.e) Relacionamentos interpessoais.f) Administrar conflitos.

23. O que você tem feito para se manter ou se inserir no mercado de trabalho?* a) Curso de pós-graduação.b) Cursos técnicos/treinamentos.c) Cursos de idiomas.d) Outra graduação.e) Abri meu próprio negócio.f) Nenhuma das opções.

24. Você investe ou investiu no aprendizado de outros idiomas ultimamente? * (Marque quantas alternativas forem necessárias). a) Não.b) Espanhol.c) Francês.d) Inglês.e) Alemão.f) Outro: ___________________________________

25. Você possui outra(s) graduação além de Relações Públicas? Quais? * a) Não.

232

Page 235: Jogo da empregabilidade - Edição revista e ampliada

JOGO DA EMPREGABILIDADE

b) Bacharelado em Direito.c) Bacharelado em Administração de Empresas.d) Bacharelado em Jornalismo.e) Bacharelado em Publicidade e Propaganda.f) Outros? ________________________________

26. Você possui pós-graduação? (Marque quantas alternativas forem necessárias). *a) Não.b) Especialização/ MBA.c) Mestrado.d) Doutorado.e) Pós-doutorado.

PARTE V - SOBRE VOCÊ

27. Sexo. (*)( ) Masculino.( ) Feminino.

28. Estado Civil. * a) Solteiro.b) Casado.c) União Estável.d) Divorciado.e) Separado.f) Viúvo.

29. Onde você reside atualmente? (Colocar preferencialmente nesta ordem: CIDADE, ESTADO E PAÍS). *____________________________________________________________________________

30. Qual sua renda mensal? * Sem rendaa) De 1 a 2 salários mínimos.b) De 3 a 6 salários mínimos.c) De 7 a 10 salários mínimos.d) De11 a 15 salários mínimos.e) De 16 a 20 salários mínimos.f) Acima de 20 salários mínimos.

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JOGO DA EMPREGABILIDADE

31. Em qual faixa etária você está? * (dd/mm/aaaa).a) 25 a 29 anos.b) 30 a 34 anos.c) 35 a 40 anos.d) 41 a 50 anos.e) 51 a 60 anos.f) Mais de 61 anos.

Obrigado por responder a Pesquisa PROCURA-SE RP!

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Apêndice IV

Termo de Consentimento

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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado(a) a participar, como voluntário, da pesquisa intitulada "Mercado de Trabalho e Atuação dos Profissionais de Relações Públicas Formados pela UFPB entre 2000 e 2009", que tem como objetivo promover uma reflexão sobre a adequação da oferta formativa em relações públicas às necessidades do mercado, tendo por base o levantamento da trajetória do Curso da UFPB e das percepções dos alunos egressos.

Suas respostas serão tratadas de forma anônima e confidencial, isto é, em nenhum momento será divulgado o seu nome em qualquer fase do estudo. Quando for necessário exemplificar determinada situação, sua privacidade será assegurada uma vez que seu nome será substituído de forma aleatória por pseudônimos ou números. Os dados coletados serão utilizados apenas NESTA pesquisa e os resultados divulgados em eventos e/ou revistas científicas.

Sua participação é voluntária, isto é, a qualquer momento você pode recusar-se a responder qualquer pergunta ou desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com o pesquisador ou com a Universidade Federal da Paraíba.

Sua participação nesta pesquisa consistirá em responder perguntas de um questionário eletrônico, via internet. A entrevista concedida e/ou a participação em grupo focal será gravada ou filmada em arquivo digital para posterior transcrição – que será guardada por cinco (05) anos e incinerada após esse período.

O (A) Sr(a) não terá nenhum custo ou quaisquer compensações financeiras. Não haverá riscos de qualquer natureza relacionada a sua participação. O benefício relacionado à sua participação será de aumentar o conhecimento científico para a área de comunicação e relações públicas, especialmente sobre o mercado de trabalho e a contribuição do curso da UFPB para empregabilidade de seus egressos.

O (A) Sr(a) receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone/e-mail das pesquisadoras responsáveis, podendo tirar as suas dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora ou a qualquer momento. Desde já agradecemos sua colaboração!

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_______________________ _______________________ Josilene Ribeiro Jamile Miriã F. PaivaProfª. Coord. da Pesquisa / UFPB Profª. Pesquisadora / UFPBFone: (83) 3216-7144 Fone: (83) 3216-7144e-mail: [email protected] [email protected]

CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO

Eu, ________________________________, RG __________________, abaixo assinado, declaro estar ciente do inteiro teor deste TERMO DE CONSENTIMENTO e estou de acordo em participar do estudo proposto, sabendo que dele poderei desistir a qualquer momento, sem sofrer qualquer punição ou constrangimento.

Sujeito da Pesquisa:

__________________________________________ (assinatura)

Local: _______________________ Data, ____ / ____ / _________

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