Jornal Antenado #6

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EDIÇÃO VI ANO 2 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA JUNHO 2011 PRODUZIDO PELOS ESTUDANTES DE JORNALISMO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO MÓDULO MARINHA MERCANTE Saiba como ingressar numa das áreas mais cobiçadas das Forças Armadas 6 CARREIRA PROFISSIONAL Como fazer a escolha certa para não se arrepender depois www.modulo.edu.br/antenado É NOTÍCIA A SOLUÇÃO PARA O LIXO Em meio às belas praias, as cidades do litoral norte não têm um local adequado para o despejo do lixo. São Sebastião estuda a instalação de uma usina biomecânica, que transformará o lixo em energia. 3 Divulgação 7 SEU FUTURO 2 4 Violência e intolerância em discussão 5 SAÚDE LEITOR-REPÓRTER Um perigo cada vez mais comum na vida dos adolescentes JOVENS LEEM LIVROS? As bibliotecas públicas contribuem para aumentar o índice de leitura na região COMPORTAMENTO OBESIDADE O ROMPIMENTO DO CONTRATO SOCIAL

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Jornal produzido pelos alunos de Jornalismo do Centro Universitário Módulo.

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Page 1: Jornal Antenado #6

EDIÇÃO VI ANO 2 DISTRIBUIÇÃO GRATUITAJUNHO 2011PRODUZIDO PELOS ESTUDANTES DE JORNALISMO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO MÓDULO

MARINHA MERCANTESaiba como ingressar numa das áreas mais cobiçadas das Forças Armadas6 CARREIRA PROFISSIONAL

Como fazer a escolha certa para não se arrepender depois

www.modulo.edu.br/antenado

É NOTÍCIAÉ NOTÍCIA

A SOLUÇÃO PARA O LIXO

Em meio às belas praias, as cidades do litoral norte não têm um local adequado para o despejo do lixo. São Sebastião estuda a instalação de uma usina biomecânica, que transformará o lixo em energia. 3

Divulgação

7SEU FUTURO

24 Violência e intolerância em discussão5SAÚDE LEITOR-REPÓRTER

Um perigo cada vez mais comum na vida dos adolescentes

JOVENS LEEM LIVROS?As bibliotecas públicas contribuem para aumentar o índice de leitura na região

COMPORTAMENTO

OBESIDADE O ROMPIMENTO DO CONTRATO SOCIAL

Page 2: Jornal Antenado #6

M ais de seis bilhões de pessoas se equi-libram diariamente na linha tênue entre um convívio social

saudável e a intolerância levada às últimas consequências nos escritó-rios nos quais trabalham, na casa onde moram, nas ruas em que andam. Amam os que fazem parte do seu bando e odeiam to-dos os outros, como na célebre frase do fi lósofo existencialista Jean-Paul Sartre, contextuali-zando que a convivência é algo inevitável: “O inferno são os outros”. De inevitável as pessoas passaram à ideia do convívio forçado e, então, ao desrespeito. Pessoas que odeiam homossexuais, negros, índios, evan-gélicos, judeus, corinthianos, são-paulinos ou palmeirenses, petistas ou tucanos.

A intolerância levará a espécie hu-mana para a vala muito antes que ela se dê conta. O ódio sempre foi a sua maior herança já que a história da humanidade é marcada por vários confl itos e guerras, nas quais as mi-norias sofrem com as perseguições e, ou se rendem aos mais fortes ou são dizimadas.

A crescente onda de violência con-tra as minorias, nas ruas do centro de São Paulo, confi gura um cenário de rompimento do tecido social. O fi o que une os seres humanos pa-rece costurar uma colcha frágil de retalho.

Na capital paulista, semana após semana, surgem histórias de ho-mossexuais ameaçados ou agre-didos por gangues, de torcedores rivais que se enfrentam nas ruas e estações de metrô, de pichações

racistas em prédios.De acordo com o estudo “Mapa da

Violência 2011 - Os Jovens do Bra-sil”, lançado pelo Instituto Sangari, os homicídios são a principal causa de morte de jovens entre 15 e 24 anos, representando 40% das mortes de jovens no país. Entre a população

adulta, o índice fi cou perto de 2%. Os dados da pesquisa confi rmam que a desigualdade social é a principal cau-sa da violência entre os jovens.

Uma sociedade assim carece de funcionalidade e subverte seus indi-víduos ‒ e aí, o ciclo não tem fi m. O psicanalista suíço Carl Gustav Jung afi rmou que “todo indivíduo é, in-conscientemente, pior em socieda-de do que quando atua por si só”, completando ainda que “um grupo numeroso de pessoas (...) revela a inteligência e moralidade de um ani-mal pesado, estúpido e predisposto à violência. Quanto maior a organiza-ção, mais duvidosa é sua moralidade e mais cega sua estupidez”.O Estado, como sempre, é incom-

petente e não consegue pensar em outra solução para o problema senão na invenção de mais leis (hipócritas) que pretendem diferenciar o bem e o mal, ou o que é bom do que é mau. Se a mudança necessária partir dele e não das próprias pessoas, toda a faísca da individualidade humana será soprada para longe, e daí até to-dos estarem imersos em um cenário totalitarista como o do livro “1984”,

de George Orwell, não é um pulo que requeira tanto esforço assim. Já não é um problema de sistema, é um problema humano. Há um sinal claro de falência na consciência individual das pessoas. Estão todos perdidos, sozinhos ou em bandos. Que estejam se atacando nas ruas ou em barrica-

das não é uma coisa com a qual se deva surpreender tanto.

Estes são dias de intolerância, mas quando é que não foram? O mundo sempre foi o que se pa-rece hoje: hostil e injusto. É por isso que surgiram as religiões

prometendo um sentido para a vida e os governos prometendo mudanças. Enquanto a solução para os problemas estiver fora das pessoas, sempre have-rá perturbações. Jiddu Krishnamurti, um dos maiores pensadores do século XX, (o que nada signifi cava para ele) disse que “depender dos outros é to-talmente fútil. Eles não podem nos dar paz. Nenhum líder, governo exército ou país trará paz ao mundo. O que a trará será essa transformação interior, que levará à ação exterior”.

O mundo continuará um lugar péssimo para se viver enquanto as pessoas continuarem engolindo todas as besteiras da sociedade, como se fossem as únicas formas de alimento que há. Má alimentação de consciên-cia gera idiotas, que propagam intole-rância. Um ato de intolerância isolado pode desgraçar a vida de um homem. A propagação da intolerância degrada todo o gênero humano, reduzindo-o, várias vezes, às cinzas. Há uma boa frase do fi lósofo francês Albert Camus que defi ne bem a sociedade caótica dos dias atuais: “Julgavam-se livres e nunca alguém será livre enquanto houver fl agelos”.

LEITOR-REPÓRTER

xpediente O JORNAL ANTENADO É PRODUZIDO PELOS ESTUDANTES DE JORNALISMO E PUBLICIDADE E PROPAGANDA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO MÓDULO COMO PARTE DA DISCIPLINA JORNAL LABORATÓRIO

O ROMPIMENTO DO CONTRATO SOCIAL

Jornalista Responsável e Coordenadora de Curso: Profª. Ms. Bruna Vieira Guimarães MTB 32441/SP ([email protected]) Coordenadora do Projeto Antenado: Profª. Ms. Eliane de Lucas Editora Chefe: Evelyn Graziele ([email protected])Produção Gráfi ca, diagramação e infográfi co: Paulo Henrique Ferraz, estudante do 7º semestre de Jornalismo ([email protected] /@peagah)Colaboradores: Cláudio Henrique, Cláudio Rodrigues, Elísio Mota, Érica Mendes, Evandro Claro, Evelyn Graziele, Felipe Santos, Glaucia Von Zas-trow, Ian Fori, Marcelo Souza, Vitória Barreto e Zé Mário SilvaTiragem: 13 mil exemplares (Gráfi ca Lance!) Distribuição: Escolas do Ensino Médio de Caraguatatuba, São Sebastião, Ilhabela e UbatubaRedação: CENTRO UNIVERSITÁRIO MÓDULO ‒ CAMPUS MARTIM DE SÁ ‒ Av. Mal. Castelo Branco, s/nº CEP 11.662-700 Caraguatatuba/SP Tel. (12) 3897-2008 www.modulo.edu.br/antenado / [email protected]

Crescente onda de violência entre os jovens expõe o confl ito social nos dias atuaisPor Felipe Santos [email protected]

( )O estado, como sempre, é incompetente e não consegue pensar em outra solução para o problema senão na invenção de mais leis que pretendem diferenciar o bem e o mal, ou o que é bom do que é mau

E

2 Litoral Norte - Junho 2011

Page 3: Jornal Antenado #6

Com a saturação dos ater-ros sanitários no país, algumas cidades já estão avançadas no processo de encontrar soluções

viáveis para a captação de todo o lixo produzido. No Litoral Norte, o pioneirismo deste processo cabe ao município de São Sebastião que pretende instalar uma usina bio-mecânica de lixo na cidade.

Licitação - De acordo com o

edital, lançado no último dia 8, o objeto da concorrência pública é a contratação de empresa com intuito de construir, estruturar, manter e operar o parque indus-trial de tratamento e destinação fi nal de resíduos sólidos urbanos, numa estrutura com capacidade para dar tratamento biológico-me-cânico, e destinação fi nal a 182,5 mil toneladas de resíduos sólidos urbanos por ano.

A empresa deverá também fa-zer a reciclagem de materiais e produzir combustível derivado de resíduos. O processo de licitação se encerra no dia 26 de julho, na Videoteca Pública Municipal da ci-dade.

Comissão - O prefeito de São

Sebastião, Ernane Primazzi, desig-nou no último dia 03 de junho, os membros integrantes da Comissão Especial de Licitação que é presi-dida pelo secretário de Meio Am-biente, Eduardo Hipólito do Rego e outros.

O chefe do executivo disse que a prefeitura atualmente não tem recursos fi nanceiros para um projeto deste tamanho, portanto optou pela Parceria Público Pri-vada (PPP). “No litoral e na nossa região do Parque da Serra do Mar não se aprova a abertura de um aterro sanitário. A única saída é a construção de uma usina térmica ou biomecânica de lixo. Tivemos

seis estudos apresentados e escolhemos a segunda opção. Agora estamos licitando a usina por meio de uma PPP, porque não temos R$ 150 milhões do investimento nem condições técnicas para tocar o projeto”, disse Primazzi.

Segundo o prefeito, a usina biomecânica de tratamento de lixo recicla quase a to-talidade dos resíduos secos recebidos. O lixo orgânico e aquele que não pode ser re-aproveitado é transformado numa substância que serve de combustível para autofor-nos, que pode ser vendido e au-mentar o potencial de receita do projeto. “É tecnologia muito avan-çada, faz a separação de vidro até por cores e sem contato manual”, conta Primazzi.

A contrapartida da prefeitu-ra para o fechamento da PPP é o pagamento para depositar o lixo da cidade na usina. Estima-se que o preço seja 26% inferior aos milhões gastos anualmente para transportar o lixo por quase 200 quilômetros até a cidade de Tre-membé, no Vale do Paraíba. “Não vamos ter mais caminhão levan-do lixo para cima e para baixo. A economia com a PPP, que será de pelo menos R$ 1,3 milhão, será di-recionada para investimentos em serviços na região em que a usi-na será construída”. Sobre a pre-ocupação da população local com o mau cheiro ou qualquer sujeira que venha a ocasionar, o chefe do executivo tranquiliza a população: “Nos Estados Unidos existem es-tabelecimentos comerciais e até lanchonetes que funcionam lado a lado com essas usinas”, explica o

prefeito.Uma usina como esta tem custo

muito alto para a sua construção. Segundo especialistas da Univer-sidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ela mesma deve gerar ren-da para pagar seus custos com a venda de materiais, como os reci-cláveis e gases combustíveis gera-dos no processo de incineração.

Outro benefí-cio é a geração de empregos para coopera-tivas.

No estado de São Paulo, cidades como Jacareí, Osasco e Barueri tem

projetos para a construção de usi-nas como estas. Destas, São Sebas-tião é a única já que iniciou o pro-cesso de implantação por meio da Parceria Público Privada.

A cidade litorânea gasta anu-almente cerca de R$ 20 milhões com o transbordo do lixo para Tremembé. A população produz cerca de 110 toneladas de lixo diariamente. Na alta temporada o número triplica.

Pesquisa - Estudo encomendado

pela Abrelpe (Associação Brasilei-ra das Empresas de Limpeza Pú-

blica e Resíduos Especiais) indica a PPP como a melhor saída para os municípios brasileiros nos ser-viços de limpeza urbana e manejo do lixo.

Tal saída se adéqua às exigências da nova política nacional de resídu-os sólidos, regulamentada em de-zembro de 2010, depois de 20 anos em debate no Congresso Nacional. Conforme determina lei federal, a partir de 2014, fi cará proibido o uso de lixões. Aterros sanitários, mesmo que legalizados, só poderão receber os rejeitos que não podem ser reutilizados ou reciclados.

As novas diretrizes obrigam todas as administrações públicas a reade-quar os sistemas de tratamento de lixo e fazer valer as práticas de reci-clagem. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, apenas 3% das cidades brasileiras têm mecanismos de coleta seletiva regulamentados.

O que é uma PPP?Diferente da privatização, a Par-

ceria Público Privada é um contrato de concessão com data limite entre cinco e trinta e cinco anos para con-clusão da obra. Destina-se a realizar um tipo de projeto em que o Estado e a empresa privada são parceiras em uma obra ou prestação de serviços de benfeitorias à comunidade.

É NOTÍCIA

3Jornal Antenado

USINA BIOMECÂNICA PODE SER A SOLUÇÃO PARA O LIXO NO LITORAL NORTE

Por Cláudio Henrique [email protected]

Zé Mário Silva/C

araguaBlog

blica e Resíduos Especiais) indica

Toneladas de lixo do litoral são transferidas diariamente para aterros do Vale do Paraíba por meio de caminhões de transbordo, que acabam congestionando o trânsito no trecho da Serra do Mar.

A usina que São Sebastião pretende instalar nesta gestão será uma das primeiras do país, já que a instalação de usina biomecânica no Brasil é uma novidade

A partir de 2014, será proibido o uso de lixões( )

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SAÚDE

OBESIDADE UM PROBLEMA DE PESO

4 Litoral Norte - Junho 2011

Por Gláucia Von Zastrow [email protected] @glauciavon

A obesidade é defi nida como uma doença causada pelo exces-so de gordura cor-poral em relação à

massa do corpo. Ela pode causar ou agravar problemas de saúde, como diabetes, asma, pressão alta, doenças do coração, problemas nas articulações, infertilidade, ap-neia do sono além dos efeitos psi-cossociais e bullying.O IBGE (Instituto Brasileiro de

Geografi a e Estatística) revela que o aumento de peso entre adolescentes de 10 a 19 anos tem sido contínuo, nos últimos 34 anos. Em 2009, uma em cada três crianças de 5 a 9 anos estava acima do peso recomendado pela Organização Mundial de Saúde

(OMS). Nos meninos, o índice pas-sou de 3,7% para 21,7%, já entre as meninas, as estatísticas passaram de 7,6% para 19,% entre 1974-75 e 2008-09. A partir de cinco anos, o excesso de peso e a obesidade são encontrados com frequência em to-dos os grupos de renda das regiões brasileiras.O pediatra Pe-

dro Norberto dos Santos aponta que a obesidade nos jovens aumentou com o desenvolvi-mento da tecno-logia. A populari-zação da internet contribuiu para a diminuição de atividades físicas: o jo-vem passa mais tempo em frente ao

computador do que em jogos ao ar livre, atividades sociais e academias. Outro fator que colabora com esse aumento é a mudança gradativa dos hábitos alimentares contemporâne-os: a mãe já não prepara ou orienta o almoço da família. Os fi lhos não se sentam mais à mesa. A digestão, que

precisa de tempo e repouso, ago-ra tem de ser rápida nos balcões dos fast-foods.

OBESIDADEOBESIDADEUM PROBLEMA DE PESO

4 Litoral Norte - Junho 2011

Por Gláucia Von Zastrow [email protected]

Amassa do corpo. Ela pode causar ou agravar problemas de saúde, como diabetes, asma, pressão alta, doenças do coração, problemas nas articulações, infertilidade, ap-neia do sono além dos efeitos psi-cossociais e O IBGE (Instituto Brasileiro de

Geografi a e Estatística) revela que o aumento de peso entre adolescentes de 10 a 19 anos tem sido contínuo, nos últimos 34 anos. Em 2009, uma em cada três crianças de 5 a 9 anos estava acima do peso recomendado pela Organização Mundial de Saúde

Maus hábitos alimentares (fast-food), lanches na hora errada, alimentos gordurosos e falta de exercícios se transformam em gordura localiza-da. Ela deve ser eliminada com dieta balancea-da e exercício físico e não só com ajuda de re-médios. Fatores genéticos também contribuem para o aparecimento da síndrome, por isso é aconselhável fazer exames periódicos.

Como explica Pedro Norberto, a obesidade normalmente só é percebida quando seus efei-tos se tornam deletéricos. Os portadores desta síndrome resistem até o limite máximo para admitir que precisam de tratamento. O ideal é a observação permanente do desenvolvimen-to ponderoestatural com os cálculos do IMC da criança, para se prever e iniciar desde cedo um alerta junto à família de risco. Muitas vezes há necessidade de orientação psicológica e educa-ção alimentar às mães ou responsáveis por es-tas crianças.

Nesse sentido, o Ministério da Saúde deve lançar, em breve, o Plano Nacional de Redução da Obesidade, com diversas abordagens como: o aumento e promoção da oferta de alimentos saudáveis, a prática de atividade física, estraté-gias de informação e comunicação, controle e regulação de alimentos.

O QUE CAUSA A OBESIDADE?VEJA SE VOCÊ ESTÁ COM O PESO IDEAL. CALCULE O SEU ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC)

A conta é fácil: divida o peso pela altura ao quadrado. Exemplo: Uma pessoa com 52kg e 1.60cm de altura, a conta �ica assim:

52/(1.60cm x 1.60cm) 2.56= 20,3 IMC 20,3 (Peso Normal)IMC 20,3 (Peso Normal)

( )O modo de vida saudável deve ser incentivado não só pela família, mas também pela comunidade e escola. De certa forma, a família tem fi cado distante quanto ao

enfrentamento desse problema

Imagem

: Tumbrl.com

/fruistzain

Page 5: Jornal Antenado #6

O JOVEM E OS LIVROS: UMA RELAÇÃO QUE PRECISA ESTREITAR OS LAÇOS

COMPORTAMENTO

Q uantos livros você leu no ano passado? Se você teve de fazer um esforço mental para se lembrar, parabéns!

Você faz parte da peque-na parcela de jovens que aprecia uma boa leitura e não está entre os 77 milhões de brasileiros que não têm o hábito de ler. Enquan-to na França cada habitante lê, em média, sete livros por ano, no Brasil, o número é de apenas 1,3, segundo a Câmara Brasileira de Livros - CBL.

Se a faixa etária é adolescen-te, os números são ainda pio-res: segundo o levantamento do Programa Internacional de Avaliação de Alunos ‒ PISA, 39% dos estudantes brasileiros possuem, no máximo, dez obras literárias e apenas 1,9% é dono de mais de 200 volumes.

Entre os jovens do Litoral Nor-te, este cenário não é diferente. “O maior público aqui na biblioteca é da 3ª idade, adultos e crianças até 10 anos. Eu acredito que o uso de lan houses e acesso à internet desestimula a leitura, pois o aces-so a informação é mais dinâmico”, conta Clélia Cantos, bibliotecária da Biblioteca Munici-pal Costa Norte, em São Sebastião, cujo acer-vo conta com cerca de 6.500 volumes.E não é por falta de

acesso à leitura. Na re-gião, todas as quatro ci-dades possuem biblio-tecas públicas, algumas com mais de cinquenta mil volumes, como é o caso da Biblioteca Municipal de Ilhabela, que possui duas unidades de aten-dimento ao público, uma no bairro Perequê e outra na Vila. “Há pou-cos adolescentes aqui, a maioria só procura ler os livros que a escola solicita. Bom seria se pudéssemos

formar uma nova geração de leito-res,” comenta a bibliotecária Rosa Maria de Oliveira. O índice brasileiro é pior que

o de estudantes de outros países latino-americanos, como Argen-tina, México e Colômbia. Entre os que afi rmam ter mais de 200 livros, estamos em penúltimo lu-gar (1,9%), perdendo apenas para a Tunísia (1,7%). Na frente estão, por exemplo, Coreia (22,2%), Is-lândia (20,32%) e Liechtenstein (20,48%), situado entre Suíça e Áustria. A posição sofrível do Brasil no ranking revela o retra-to social e cultural do país, pois a quantidade de livros em casa está intimamente ligada ao nível socio-econômico da família e à escolari-dade dos pais.

O incentivo da família pode in-fl uenciar a formação de futuros leitores. É o caso da estudante de Caraguatatuba Karen Rayane Por-fírio, de 14 anos. Ela é aluna do 1º ano do Ensino Médio de uma es-cola pública e conta que ler é um hábito que possui desde pequena e sempre frequenta a biblioteca pública do município. “Leio de tudo, mas prefi ro os lançamentos e os livros da Série Vagalume, que

são antigos, mas são muito bons”, conclui.Mas nem tudo está perdido.

“Eles geralmente preferem os best sellers, os livros da moda sobre bruxos e vampiros, mas já é um bom começo. A gente percebe que o adolescente gosta de ler sim,

mas não gosta de se sentir obri-gado a isso”, conta Ana Lúcia Pra-do, da Biblioteca Municipal Afon-so Schmidt, na Fundação Cultural e Educacional de Caraguatatuba (FUNDACC), com um acervo de aproximadamente doze mil obras.

De acordo com Ana Lúcia, a biblioteca, em parceria com a Se-cretaria Municipal de Educação, promove desde maio de 2011, na FUNDACC, o Projeto Encontro Li-terário, com o objetivo de incenti-var a leitura e preparar os alunos para o vestibular. “São estudadas as obras literárias que mais costu-

mam ser cobradas nos principais vestibulares. No primeiro encon-tro, tivemos Auto da Barca do In-ferno de Gil Vicente”, conclui.

As bibliotecas públicas do Lito-ral Norte estão de portas abertas ao público. Para consulta e leitura local, basta comparecer a uma delas em horário comercial. Para empréstimo de livros, os interessados devem fazer uma fi cha apresentando documento de identidade e comprovante de en-dereço. O empréstimo de obras é gra-tuito e a leitura faz bem à mente, além de melhorar a escrita e o raciocínio. Vamos ler um bom livro?

Por Érica Mendes [email protected] @ericamendag

( )“Eles geralmente preferem os best sellers, os livros da moda sobre bruxos e vampiros, mas já é um bom começo. A gente percebe que o adolescente gosta de ler sim, mas não gosta de sentir-se obrigado a isso”

As bibliotecas públicas fazem a sua parte, emprestam livros por até 7 dias. É só se cadastrar e retirar a carteirinha.

Marcelo Souza/A

ntenado

3Jornal Antenado

Page 6: Jornal Antenado #6

6 Litoral Norte - Junho 2011

SEU FUTURO

MERCADO MARÍTIMOUMA CARREIRA EM ASCENSÃO

C ercado de muitos be-nefícios e salários com pisos acima de quatro mil reais, o trabalho em alto mar

chama a atenção de jovens entre 19 a 23 anos.

Segundo o Instituto Por-tuário e dos Transportes

Marítimos (IPTM) de Portugal, em carti-

lha de incen-tivo publica-da em 2008, o mercado

marítimo oferece boas opções para quem

quer i n v e s t i r n u m a carreira

em franca ascensão, ainda pouco procu-rada no Brasil.O perfil do interes-

sado neste segmento é de liderança,

fluência em línguas estran-

geiras e conhecimentos em avançadas tecnologias. En-tre as principais razões para atuar no mar, estão bons sa-lários, mercado de trabalho internacional e a possibilida-de de atingir o topo da car-reira em apenas dez anos.

Onde estudarNo Brasil, existem duas es-

colas de Marinha Mercante, o CIAGA, no Rio de Janeiro, e o CIABA, em Belém ,Pará. Elas oferecem formação, aperfei-çoamento, atualização e cur-sos especiais para as catego-rias profissionais da Marinha Mercante Brasileira e de ou-tros países.

Nos sites dos Centros de Instruções é possível acom-panhar as inscrições e os pro-cessos seletivos da Escola de Formação de Oficiais da Ma-rinha Mercante (EFOMM) e o Programa de Ensino Profis-

sional Marítimo (PRE-POM). Anualmente, a EFOMM submete seus candidatos a uma seletiva

com provas de co-

nhecimentos gerais e especí-ficos, além das avaliações de resistência física e psicoló-gica. Os ingressantes perma-necem em regime de interna-to, por três anos. Durante o quarto, fazem estágio super-visionado.

No período de graduação, o in-gressante tem de-veres militares e, no final, volta à condição de civil, porém como 2ª Tenente da Reser-va. Graduado como Bacharel em Mari-nha Mercante, ele está apto a trabalhar em empresas pri-vadas de navegação, em pla-taformas, navios de apoio a plataformas e cabotagem.

A aluna do segundo ano do curso da EFOMM, Lor-rainne Russel, 20 anos, con-ta porque escolheu seguir a carreira na marinha. “O que me atraiu primeiramente foi a recompensa salarial, mas depois passei também a gos-tar da profissão”. Na EFOMM, existem duas opções de car-reiras: Náutica, conhecida como pilotos de navios; ou Máquinas, que são os ofi-ciais que operam todas as máquinas do navio, como moto-

res e bombas.A estudante conta que co-

nheceu o trabalho da EFOMM enquanto fazia o curso pré--militar. Avaliando a carreira marítima, ela lembra os prós e contras da profissão que

escolheu. “A recompensa sa-larial é boa, hoje em dia, mas o fato de ficar longe da famí-lia não é dos melhores. Não é como qualquer emprego que você volta para casa todos os dias e, isso deve ser levado em consideração”.

O mesmo aspecto negati-vo é apontado por Florence Nigthingale, primeira mulher eletricista naval do Brasil. A grande dificuldade está no isolamento com o mundo ex-terior.

Lorrainne relata quais são seus planos para o futuro nesta profissão. “Assim que me formar, pretendo embar-car por um tempo. Depois, como estarei diplomada como bacharel, vou pres-tar concurso. Quero ter uma família e acho que não aguentaria ficar longe dela. Em sete ou oito anos é possí-vel guardar algum dinheiro, comprar um carro, uma casa e viver bem”.

Setor com ótimas remunerações é alvo de muitos jovens, ao concluírem o Ensino MédioPor Vitória [email protected]

( )“A recompensa salarial é boa, mas o fato de fi car longe da família não é dos melhores. Não é como qualquer

emprego que você volta para casa todos os dias e isso deve ser levado em consideração”

Foto: Divulgação

Page 7: Jornal Antenado #6

O Ensino Médio termina e a grande pergunta continua: o que estudar agora? Muitos jovens, entre 16 e 17 anos, se

deparam com um sem-número de possibilidades, mas nenhuma cer-teza. A opção, via de regra, resulta em cursos que serão abandonados e investimentos perdidos por con-ta da cobrança dos pais e da so-ciedade. É preciso fazer escolhas: faculdade, profi ssão e trabalho.

É comum o jovem se arrepender do curso escolhido porque se de-para com uma realidade diferente daquela que imaginava, seja pelo conteúdo do curso ou oportunida-des de carreira.

Ângela Mathylde Soares, psica-nalista, psicopedagoga e diretora de uma clínica multidisciplinar, explica que, independente de ha-ver dúvidas ou não, é importante que o jovem pesquise, procure profi ssionais da área e visite fa-culdades para conhecer os cursos. “É bacana procurar um psicólogo que aplique testes vocacionais. Na clínica recebemos vários alunos com dúvidas. Um dos testes voca-cionais que aplicamos é o Profi s-siogame, um jogo de video game com alguns desafi os. O adolescen-te começa a entender certas habi-lidades e sai satisfeito, um pouco mais aliviado da pressão pela es-colha profi ssional”, salienta.A dica que Ângela dá é para o

jovem se atentar as suas habilida-des. É importante prestar atenção às matérias em que se tem mais facilidade, no que se gosta e se tem aptidão para fazer. “As esco-las têm ajudado muito. A partir do nono ano, algumas instituições fa-zem esse tipo de sondagem”.

O mercado também tem sido generoso ofertando novos cursos como gastronomia, aquacultura, desenhista de gibis, moda e ou-

tros. Dessa forma, estimulam a juventude a procurar atividades relacionadas as suas habilidades.

O papel dos paisAntes do mercado de trabalho,

a opinião deles ainda é a que mais vale para o jovem. Se o pai ou a mãe impõe uma escolha, as chan-ces de frustração são grandes. “A família tem de entender que o mercado é amplo. Esta história de que só se dá bem na vida quem faz Engenharia, Direito ou Medici-na fi cou para trás. As aptidões e as habilidades dos fi lhos devem ser apoiadas”, completa Ângela.

Para o sócio Edson Carli, de uma empresa de consultoria que oferece aos clientes métodos e ferramentas para alinhar as estratégias pessoais

e orienta o perfi l humano dos funcionários, a pres-são pela profi ssão ‘perfeita’ gera sempre dúvidas. “Sou partidário da prática dos próximos oitocentos me-tros. Você não precisa de-cidir o que fará em toda a viagem de muitos e muitos quilômetros, basta seguir o passo a passo da carreira escolhida”, propõe.“Tenho dois fi lhos gê-

meos, de 15 anos. A fi lha se interessa por biologia marinha. Tenho desa-fi ado ela com perguntas simples: você sabe como é o mercado de trabalho? Pretende ser empregada de grandes companhias ou empreender algo pró-prio? Já meu fi lho quer ser veterinário. Está fi r-me na decisão e deseja trabalhar com grandes mamíferos. Tudo ia bem até que perguntei o que ele gostava mais: tratar de animais no dia a dia ou

cuidar de animais doen-tes? Agora, já considera a carreira de zootecnista como opção”, relata Edson.

Como ajudar na escolha?Claudia Barone, coordenadora

do Programa de Preparação para o Trabalho (PPT) que realiza ativi-dades e exercícios no intuito de le-var o participante a refl etir sobre suas escolhas pessoais e profi ssio-nais, explica que a escolha certa depende de investigação, vivência e autoconhecimento.

“É preciso transformar os so-nhos em objetivos, defi nir os passos para alcançá-los e buscar dados reais para que os planos sejam validados ou replaneja-

dos. Existem muitos programas e cursos que têm como objetivo a orientação profi ssional”, confi rma Claudia.

A psicóloga Camila Bombonato Vitório, do cursinho da Poli em São Paulo, afi rma que a gama de profi ssões díspares é sinal de que o estudante não analisou as possi-bilidades e não parou para refl e-tir, de fato, sobre o que realmente gostaria de fazer. O jovem deve conhecer seus próprios gostos e preferências. “É importante que os estudantes se conheçam para con-seguirem encarar os confl itos, li-dar com as angústias do momento e realizar uma escolha autêntica”, alerta.

Alessandra Venturi, coordena-dora geral do cursinho explica que a Poli criou o Vestibulógico, um serviço voltado para os alunos tirarem suas dúvidas sobre profi s-

sões, campos de atuação e rotinas de cada carreira, como escolher a profi ssão mais relacionada aos seus critérios ‒ sob a orientação de uma equipe multidisciplinar formada por psicólogos e pedago-gos.

“Alcançamos ótimos resultados. O vestibulando se sente mais se-guro, autônomo, independente, consciente sobre o aproveita-mento de tempo, mais organi-zado em sua rotina de estudo e consegue se respeitar den-tro do próprio ritmo, além de aprender a estudar individual-mente e no coletivo”, finaliza a coordenadora Alessandra.

SEU FUTURO

DÚVIDA AO ESCOLHER UMA PROFISSÃO?

A decisão pela carreira profissional exige investigação, vivência e autoconhecimentoPor Evelyn Graziele [email protected]

( ) O conhecimento sobre os próprios gostos e preferências é base para melhor escolher a carreira profi ssional

Alunos do cursinho da Poli, de São Paulo

Divulgação

7Jornal Antenado

Page 8: Jornal Antenado #6

N a v i rada da no i -te de um domin-go qua lquer, 1º de maio , o mundo fo i comunicado da

morte do mais procurado terror is ta de todos os tem-pos . Osama B in Laden mor-reu entre fami l iares num plano d igno de f i lmes , com d ire i to a in formantes , moni toramento e uma emboscada ráp ida e pre -c i sa .

Sua perseguição co-meçou imediatamente à queda das torres gêmeas, no fat ídico 11 de setem-bro de 2001. Autorida-des americanas buscavam entre os escombros algo que pudesse sugerir onde estaria o homem responsá-vel por um planejamento tão sol idamente executado.

Juntamente à CIA, outras agências de intel igência americanas vig iavam as co-municações de pessoas su-postamente envolvidas há vários anos e essas invest i -gações levaram, em 2007, a um mensageiro possivel-mente l igado a Bin Laden. A ident if icação desse nome levou quase quatro anos e , durante alguns desses mo-nitoramentos, a mansão de Abbottabad, há cerca de 100 quilômetros à nordeste da capital do Paquistão, Is lama-bad, foi encontrada. O pas-so seguinte era saber exata-mente para que era usada e se realmente havia alguma possibi l idade de Bin Laden estar al i .

Quem vive perto da casa também estranhava o fato da residência parecer sempre vi-giada. Os visitantes se com-portavam como se estivessem ali, para ver alguém realmen-te especial. As compras ende-

reçadas àquela casa também davam a impressão de que eram destinadas a alguém que não saía, se escondia. Confissões vindas de prisões federais americanas, conse-guidas com métodos não mui-to ortodoxos, davam ainda mais certeza de que o rastro de provas estava certo.

Em fevereiro deste ano, o governo americano determi-nou que haviam informações suficientes para comprovar que Osama Bin Laden vivia no complexo residencial de Abbottabad. Seguiram-se en-tão meses de debates para encontrar a melhor forma de realizar uma operação segura e que pudesse capturar o hoje ex-líder da Al-Qaeda. Relatos dão conta de que o objetivo da missão era somente a mor-te de Bin Laden.

A operaçãoDois helicópteros do tipo

Black Hawk deixaram de 20 a 25 soldados da tropa de eli-te americana Navy Seals ao redor do complexo onde mo-rava Osama Bin Laden. Outra equipe equivalente a essa, in-vasora, estava de prontidão nos arredores daquela área.

Na hora da invasão, as tropas americanas se depa-raram nos dois primeiros an-dares, com várias mulheres e crianças que, também mo-ravam no local . Segundo o governo americano, os mil i -

tares abriram fogo somente contra aqueles que estavam armados no local . Chegaram ao terceiro andar. Os solda-dos ident if icaram Osama Bin Laden que foi alve jado com um t iro na cabeça. Na resi-dência também estavam duas de suas mulheres e dois f i -lhos. Das pessoas mortas no

local , apenas o corpo de Bin Laden foi removido e jogado nos mares da re-gião. Teve um tratamen-to respeitoso. A operação durou 38 minutos e a re-percussão foi quase que imediata.

O anúncio Fontes ligadas ao gover-

no americano logo confirmaram a notícia da morte de Osama Bin Laden. Mas, foi à declaração de Barack Obama que deu aos ame-ricanos a certeza de que ‘aquela face do mal’ estava eliminada. De certa forma, vingaram ali a morte de milhares de america-nos. Os vídeos encontrados jun-to com documentos levantam suspeitas do planejamento de outro ataque ao solo americano. Colocam em dúvidas tudo que envolveu a operação.

A declaração de Obama ba-teu recordes de audiência na TV americana. A quantidade de pessoas que se dirigiram para a Casa Branca no dia do anúncio, dá ideia do significado que essa morte teve para o povo ameri-cano. Depois de passada a eufo-ria, a ideia é a desmistificação de Bin Laden e o verdadeiro lo-cal histórico que essa operação ocupará.

A única certeza evidenciada é a de que, reconhecidamente, o mal não está morto. Que a caçada a Bin Laden foi apenas um passo na desarticulação de uma rede terrorista que já cau-sou muitos estragos.

OSAMA BIN LADEN MORTE DA FACE, NÃO DO MAL

OPINIÃO

Por Evandro Claro [email protected]

( )Muitas pessoas se aglomeraram na porta da Casa Branca após o anúncio da morte de Bin Laden. Mas, a única certeza é que, reconhecidamente, o mal

não está morto

8 Litoral Norte - Junho 2011