jornal de abrantes

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jornal Directora HÁLIA COSTA SANTOS - Editora JOANA MARGARIDA CARVALHO - MENSAL - Nº 5494 - ANO 112 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA abrantes de ABRIL2012 · Tel. 241 360 170 · Fax 241 360 179 · Av. General Humberto Delgado - Ed. Mira Rio · Apartado 65 · 2204-909 Abrantes · [email protected] Sardoal atrai milhares de devotos Foto de Paulo Sousa GRATUITO Associação de Geminação com novo presidente José Fernandes, deixa o cargo após quatro mandatos. Mantém-se na equipa de trabalho mas passa o testemunho a José Alves Jana. página 3 ENTREVISTA Festa do Rio está de regresso Apesar dos cortes previstos para o certame a Festa mantém-se com a tradição dos rios bem presente. Espectáculos musicais, gas- tronomia, cultura e desporto é o que se es- pera para três dias de festejo. páginas 8 e 9 CONSTÂNCIA O desemprego na primeira pessoa São casos de pessoas que vivem uma situação difícil, de desemprego. Jovens e menos jovens que apresentam re- alidades diferentes, mas desesperos iguais. páginas 4 e 5 SOCIEDADE Em tempos de crise a população de Sardoal e os turistas recorrem à fé. Este ano o programa religioso da Semana Santa é diversificado e conta com a participação das associações e entidades do concelho. Momentos teatrais, exposições e venda de amêndoas são algumas das atracções previstas! Semana Santa PUB.

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jornalDirectora HÁLIA COSTA SANTOS - Editora JOANA MARGARIDA CARVALHO - MENSAL - Nº 5494 - ANO 112 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

abrantesde

ABRIL2012 · Tel. 241 360 170 · Fax 241 360 179 · Av. General Humberto Delgado - Ed. Mira Rio · Apartado 65 · 2204-909 Abrantes · [email protected]

Sardoal atraimilhares dedevotos

Foto

de

Paul

o So

usa

GRATUITO

Associação de Geminaçãocom novo presidenteJosé Fernandes, deixa o cargo após quatro mandatos. Mantém-se na equipa de trabalho mas passa o testemunho a José Alves Jana. página 3

ENTREVISTA

Festa do Rioestá de regressoApesar dos cortes previstos para o certame a Festa mantém-se com a tradição dos rios bem presente. Espectáculos musicais, gas-tronomia, cultura e desporto é o que se es-pera para três dias de festejo. páginas 8 e 9

CONSTÂNCIA

O desempregona primeira pessoaSão casos de pessoas que vivem uma situação difícil, de desemprego. Jovens e menos jovens que apresentam re-alidades diferentes, mas desesperos iguais. páginas 4 e 5

SOCIEDADE

Em tempos de crise a população de Sardoal e os turistas recorrem à fé. Este ano o programa religioso da Semana Santa é diversificado e conta com a participação das associações e entidades do concelho. Momentos teatrais, exposições e venda de amêndoas são algumas das atracções previstas!

Semana Santa

PUB.

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ABRIL20122 ABERTURA

FICHA TÉCNICA

DirectoraHália Costa Santos

(TE-865)

EditoraJoana Margarida Carvalho

(CP.9319)[email protected]

Sede: Av. General Humberto Delgado – Edf. Mira Rio,

Apartado 652204-909 Abrantes

Tel: 241 360 170 Fax: 241 360 179

E-mail: [email protected]

RedacçãoRicardo Alves

(TP.1499)[email protected]

Mafalda VitóriaAlves Jana

André LopesPaulo Delgado

PublicidadeMiguel Ângelo

962 108 785 [email protected]

SecretariadoIsabel Colaço

Design gráfico António Vieira

ImpressãoImprejornal, S.A.

Rua Rodrigues Faria 103, 1300-501 Lisboa

Editora e proprietáriaMedia On

Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65

2204-909 Abrantes

GERÊNCIAFrancisco Santos,

Ângela Gil

Departamento FinanceiroÂngela Gil (Direcção) Catarina Branquinho, Gabriela Alves

[email protected]

Sistemas InformaçãoHugo Monteiro

[email protected]

Tiragem 15.000 exemplaresDistribuição gratuitaDep. Legal 219397/04

Nº Registo no ICS: 124617Nº Contribuinte: 505 500 094

Sócios com mais de 10% de capital

Sojormedia

jornal abrantesde

O que pensa da actividade cultural na região?

Dora Maria Fadista, Abrantes

Sempre fui defensora da rotina

de cultura. Estabelecer um dia se-

manal e hora para que qualquer

tipo de evento aconteça, propor-

ciona um maior dinamismo cul-

tural numa região. Fideliza o pú-

blico e movimenta os artistas.

Ainda espero que tal aconteça

na minha cidade , fazendo saber

que na qualidade de fadista po-

dem sempre contar comigo.

Um novoalento

FOTO DO MÊS EDITORIAL

INQUÉRITO

Como alguém dizia, há uns dias, num

programa de televisão, “o que nos vale

ainda é termos duas pernas e dois

braços”. Embora tenhamos que salva-

guardar as devidas excepções, o que

se pretende é passar uma mensagem

positiva: enquanto tivermos capaci-

dade para trabalhar, não está tudo

perdido. E esta é uma ideia forte, que

devemos acentuar, porque o país e

cada uma das regiões precisam, mais

do que nunca, de gente com vonta-

de de trabalhar. Também será precisa

muita capacidade de resistência, alia-

da a um forte sentido de criatividade.

O tempo de criticar e de chorar deve

dar lugar a um tempo de pôr mãos à

obra. E a verdade é que as coisas se

continuam a fazer: há espaços novos,

há projectos inovadores. Claro que

ainda estamos a viver dos últimos di-

nheiros comunitários, mas são marcos

que fi cam e que devem servir para

um novo alento, qualquer que seja:

pedagógico, cultural ou simplesmen-

te porque proporcionam pequenos

prazeres, como passear à beira Tejo.

Nem tudo é perfeito, não. Temos que

nos preparar para tempos piores,

temos. Mas vamos aproveitando os

pequenos/grandes prazeres da vida,

mesmo quando ela é extremamente

difícil. Nesta edição damos conta

de alguns exemplos de quem está

no desemprego, porque esta é uma

realidade dura que não queremos

ignorar. Mas sabemos que às vezes é

preciso bater fundo para voltar a subir.

HÁLIA COSTA SANTOS

Mário BentoChefe de turno, Abrantes

Acho que já teve dias melho-

res, em particular na cidade de

Abrantes não se têm evoluído mui-

to nesse sentido. De qualquer for-

ma não posso avaliar negativamen-

te pois, pese embora o facto de fa-

lhar muito a divulgação de eventos

culturais eles tem existido, alguns

mesmo de grande envergadura. O

meu conselho a todos: não deixem

morrer as colectividades do conce-

lho.

Francisco Catarino Segurança, Abrantes

Para ser sincero não tenho anda-

do a acompanhar nada da vida cul-

tural de Abrantes ou da região nos

últimos tempos. Não tenho a mí-

nima noção do que tem sido feito

nessa área, apesar de achar que, no

caso da Câmara de Abrantes, as coi-

sas até são bem divulgadas. Não é

que não goste ou não tenha inte-

resse, mas o tempo livre é tão pou-

co o que faz com que mesmo sem

querer deixe isso para último plano.

Há coisas difíceis de explicar... Primeiro, que razão é que leva alguém a queimar ecopontos?Alguma espécie de divertimento?! Depois, por que razão é que os restos dos ecopontos queimados permanecem em espaços públicos? Alguma espécie de esquecimento?! São coisas estranhas que o comum cidadão terá difi culdade em perceber.

UMA POVOAÇÃO Tamandaré, no

Brasil, com uma praia de sonho

UM CAFÉ O acolhedor Chave D’Ouro,

na Praça Barão Batalha (Abrantes)

PRATO PREFERIDO Cappelacci alla

ferrarese (massa recheada de abóbo-

ra no forno) com molho de carne e

muito parmigiano

UM RECANTO PARA DESCOBRIR?

Águas Formosas

UM DISCO The dark side of the

moon, dos Pink Floyd, mítico

UM FILME 2001 Odisseia no Espaço,

de Kubrick

UMA VIAGEM Índia 1980/81 (setes

meses de loucuras)

UMA FIGURA DA HISTÓRIA Jesus,

porque dali em diante tudo mudaria,

se os homens o quisessem…

UM MOMENTO MARCANTE 1983,

quando decidi de trabalhar por conta

própria e dedicar-me à arte e a facetas

relacionadas

UM PROVÉRBIO Faz aos outros o

que querem que os outros te façam

a ti

UM SONHO Todos os sonhos pode-

riam tornar-se realidade, mas eu que-

ria falar com Michelangelo e Leonar-

do e mostrar-lhes os nossos dias (a

tecnologia e a arte moderna). Seria

incrível ver as caras deles... e as suas

obras depois!

UMA PROPOSTA PARA UM DIA DI-FERENTE NA REGIÃO Andar (a pé)

pelos povoados à volta de Castelo de

Bode, dar um passeio de barco nestas

águas transparentes e depois comer

um belo peixe no Cabras, na Ortiga,

regado com um bom vinho. No fi m

do dia ver o pôr do sol no castelo de

Abrantes

SUGESTÕES

Massimo Esposito, artista plástico e animador cultural

IDADE Nasci no 1957

em Ferrara na Itália

RESIDÊNCIA Abrantes

PROFISSÃO? Artista plástico

e animador cultural

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ABRIL2012 ENTREVISTA 3

JOSÉ FERNANDES E ANA PAULA FERNANDES, O BALANÇO DE QUATRO MANDATOS DA ASSOCIAÇÃO DE GEMINAÇÃO DE ABRANTES

“A geminação está muito bem entregue”HÁLIA COSTA SANTOS

A Associação de Geminação de Abrantes está em mudança, de-pois de ter tido José Fernandes como presidente durante os últi-mos oito anos. A equipa fi ca essen-cialmente a mesma, mas com um novo presidente: José Alves Jana. Dos últimos mandatos fi ca uma geminação especialmente desen-volvida com França, um trabalho feito com o coração em Cabo Ver-de e uma estratégia mais comercial no Japão. O presidente cessante aproveita para agradecer a todos os que, de uma forma ou de outra, colaboraram com a Associação.

Como é que funcionou a As-sociação de Geminação de Abrantes ao longo destes quatro mandatos?

José Fernandes (JF) – Em 2003

quem estava à frente da Associa-

ção era o Dr. Humberto Lopes,

que é uma pessoa extraordinária.

Ele contactou-me e disse-me que

não poderia continuar porque es-

tava dedicado a uma causa, que é

o CRIA. Numa viagem a França co-

nhecemos outras pessoas no auto-

carro e a lista surgiu. Fomos cons-

truindo uma lista que é multiparti-

dária. É interessante que isso nunca

interferiu e conseguimos sempre

trabalhar em prol de um objecti-

vo: fomentar as relações humanas

e a solidariedade. Os corpos so-

ciais reúnem-se sempre com todos

os elementos, de forma horizon-

tal. Temos também a colaboração

de Pedro Rocha Pais, que é o nos-

so tesoureiro, que é um homem ex-

cepcional e que garante o rigor das

contas.

Como é que caracterizam os três projectos de geminação que estão a ser desenvolvidos?

(JF) – Cabo Verde é o projecto

que temos no coração, o resultado

do trabalho de uma óptima equipa,

que tenta fazer o melhor possível

para que aquelas crianças tenham

ferramentas para estudar.

A geminação com o Japão foi

feita em 2007 e tem uma compo-

nente estratégica comercial que se

concilia com os valores da partilha.

Neste caso é sobretudo intercâm-

bio de jovens, embora pareça que

no Japão não existe uma grande

tradição em receber jovens em ca-

sas de família.

O caso francês é muito gratifi can-

te. Até 2004 foram a Parthenay so-

bretudo ranchos folclóricos. Nós

temos vindo a diversifi car os gru-

pos que vão, desde a equipa de na-

tação, até ao Orfeão de Abrantes,

passando por associações, escutei-

ros, jornalistas, famílias e até pelos

bombeiros, que foram ver como é

que os bombeiros franceses estão

organizados. Esta diversifi cação

tem sido bastante proveitosa.

Estes quatro mandatos fi cam muito marcados pela solidarie-dade desenvolvida em Cabo Ver-de…

JF – Sim. Numa das visitas feitas

a Cabo Verde, as crianças explica-

ram que o que mais precisavam era

giz. Nessa altura, surgiu a ideia de

procurar, em Abrantes, padrinhos

e madrinhas que, por 30 euros

por ano, oferecessem um enxoval

com material escolar a uma crian-

ça de Cabo Verde. Trata-se do pro-

jecto Padrinh’, que envolve já 206

crianças. A Câmara da Ribeira Brava

compra o enxoval e a Associação

de Geminação envia o dinheiro re-

colhido junto dos padrinhos abran-

tinos. Como este projecto já tem

uma certa dimensão, envolvendo

seis escolas, cada uma delas tem

uma ou duas responsáveis: Ana

Paula Fernandes, Isilda Jana, Elisa-

bete Pereira e Natércia Lopes, Maria

Clara Real e Isabel Silva. Temos tam-

bém a Fernanda Mendes, que aju-

da no que for preciso.

Ana Paula Fernandes (APF) –

Neste momento temos um pro-

blema: as crianças já receberam o

enxoval em Setembro e nós ainda

não mandámos o dinheiro porque

ainda nos falta que 50 padrinhos,

que se comprometeram em dar

aquele valor, paguem ou digam

que não querem continuar. Se não

quiserem continuar a apadrinhar as

crianças cabo-verdianas, teremos

que encontrar rapidamente outros

padrinhos porque só temos quatro

ou cinco em lista de espera.

Entretanto surgiu um novo pro-jecto em Cabo Verde…

APF – Depois de uma visita a

Cabo Verde verifi cou-se que as

crianças da escola da Covoada ti-

nham um problema grave de ali-

mentação. Uma vez que é possí-

vel alimentar uma criança com 50

cêntimos por dia, decidimos ven-

der calendários para ajudar. Con-

seguimos 430 euros, também com

o apoio de duas empresas. Decidi-

mos enviar, este ano, 200 euros. Es-

tivemos a fazer as contas e verifi -

cámos que chega para um ano. O

delegado escolar de Cabo Verde

garante que o dinheiro será efec-

tivamente para a alimentação das

crianças. Vamos ver se sobra algum

dinheiro para se comprar um reser-

vatório de água, uma vez que a es-

cola não tem água.

Como é que as pessoas reagem ao facto de a Associação estar a fazer solidariedade longe de Portugal quando também temos muita pobreza?

APF – Este ano foi a primeira vez

que tivemos pessoas a dizer isso.

Temos que aceitar… O que faze-

mos é mostrar que as necessida-

des não têm nada a ver, porque as

crianças aqui, muito ou pouco, têm

refeições e material escolar assegu-

rado. Por outro lado, neste projecto

sabemos para onde vai o dinheiro e

podemos dar essa garantia.

A Associação está em fase de mudança…

JF – Já estou há quatro manda-

tos e achei que era a altura de sair.

A geminação está muito bem en-

tregue. Os que estão vão continuar,

mas haverá um novo líder. Aceitei

fi car como presidente da Assem-

bleia Geral, para depois me retirar.

Sai com que sensação?JF – Saio satisfeito. É bom saber-

mos que temos um grupo de ami-

gos que trabalham para o bem co-

mum. Fizemos um conjunto de

actividades que não se esgotam

naquilo que estivemos a falar. Por

exemplo, centenas de alunos de

Abrantes passaram por Parthenay.

Também temos um outro projecto

em que todos os anos convidamos

três ou quatro jovens abrantinos a

estar quatro semanas, alojados em

casas de famílias de acolhimento,

a acompanhar jovens defi cientes

psico-motores, participando em di-

ferentes actividades. Passando por

isto, as pessoas criam laços e perce-

bem o que é a geminação. Aprovei-

to para deixar um obrigado muito

especial a todos os que fazem parte

e colaboram com a Associação. São

gente voluntariosa que represen-

tou sempre Abrantes com digni-

dade e humanidade. São algumas

centenas de abrantinos, do melhor

que há no concelho de Abrantes.

• As pessoas que trabalham com a Associação são “gente voluntariosa que representa Abrantes com dignidade e humanidade”

Page 4: jornal de abrantes

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ABRIL20124 SOCIEDADE

MAFALDA VITÓRIA

O Eurostat revelou que a taxa de desemprego em Portugal atingiu um nível recorde. Em Janeiro des-te ano era de 14,8%, mais 2,5% que em Janeiro de 2010, quando a taxa de desemprego foi de 12,3%.

De acordo com o Instituto do

Emprego e Formação Profi ssional,

Abrantes é o segundo concelho do

distrito de Santarém com maior nú-

mero de desempregados. Em Feve-

reiro, o município registou 2741 de-

sempregados. Com valores mais al-

tos que Abrantes surgem Santarém,

com 3131 desempregados e, em

terceiro lugar, Tomar, com 2036 de-

sempregados.

Alguns abrantinos partilharam

connosco a situação de desempre-

go em que se encontram e pude-

mos verifi car que este é um proble-

ma transversal a várias faixas etárias.

Muitos estudantes, terminada a

formação académica, não encon-

tram emprego na sua área e, mes-

mo investindo noutras áreas, a pre-

cariedade é uma realidade cada

vez mais presente.

Rita Amaro, 22 anos, é um des-

tes exemplos. Acabou o curso de

Design Gráfi co, nas Caldas da Rai-

nha, há dois anos. Desde então já

trabalhou em vários locais, mas

nunca na sua área de especializa-

ção. “Já trabalhei em vários sítios,

mas sempre que terminei os con-

tratos, sendo situações pontuais,

voltei para casa dos meus pais.”

Cátia Pereira, 22 anos, está numa

situação semelhante. Depois de ter

terminado o curso de Estudos Eu-

ropeus, conseguiu trabalho fora da

sua área profi ssional a recibos ver-

des. Trabalhou seis meses como

Assistente de Secretariado numa

empresa farmacêutica em Lisboa,

onde desempenhou várias fun-

ções. Cátia optou por procurar em-

prego em várias áreas para poder

realizar o seu objetivo, uma vez que

a sua prioridade era arranjar em-

prego para pagar o mestrado. “Tal,

infelizmente, não aconteceu por-

que o salário que recebia não era

sufi ciente. Era impossível conciliar

uma vida em Lisboa, com aluguer

de quarto, alimentação e transpor-

tes com o ordenado que recebia.”

Neste momento está desemprega-

da e foi obrigada a voltar para casa

dos pais, de quem está totalmente

dependente.

Não são só os recém licencia-

dos que estão a viver difi culdades.

Vanda Rosado, 39 anos, fez um cur-

so técnico profi ssional de técnicas

comerciais. Não está completa-

mente desempregada porque se

inscreveu numa empresa de tra-

balho temporário depois de ter

estado dois anos no desemprego.

Divorciada e com dois fi lhos pe-

quenos, Vanda vive em constan-

te instabilidade, “Às vezes trabalho

três semanas seguidas, outras ve-

zes trabalho uma semana e estou

quinze dias em casa, é uma situa-

ção muito complicada.” Sobretudo

porque nunca se sabe “qual será o

ordenado no fi nal do mês”.

Também insegura se sente

Etelvina Bacalhau, de 47 anos. Ape-

sar de ter formação na área de ar-

quivo, sentiu-se realizada no seu

último emprego, como Auxiliar

Administrativa no Centro de Saú-

de de Alferrarede. Desemprega-

da desde Julho de 2011, assinala a

instabilidade económica como um

dos principais problemas da sua

actual situação. Também com dois

fi lhos, Etelvina refere outro proble-

ma, o facto de um deles ainda estar

na faculdade, o que é complicado

quando existe apenas um ordena-

do para sustentar a família.

Outra mudança que o desempre-

go trouxe à sua vida tem a ver com

o fator psicológico. “Com a minha

idade cheguei à conclusão de que

é quase impossível arranjar empre-

go. Este facto faz com que as difi -

culdades do dia a dia se tornem

cada vez mais difíceis de enfren-

tar, já que estou sempre a pensar

no mesmo. A falta de uma rotina,

de uma ocupação agrava todos os

problemas.”

Um dos motivos que explica o au-

mento do número de desempre-

gados é a crise económica que o

país atravessa. Devido à crise, mui-

tas empresas procedem a restrutu-

rações e, muitas vezes, daí resulta

mais desemprego. Pedro Loureiro,

41 anos, é um destes casos. Traba-

lhador efetivo na Mitsubishi desde

1996 e formado em técnico de ma-

nutenção mecânica, Pedro acabou

de fi car desempregado devido à

extinção do seu posto de traba-

lho. “Este serviço vai ser todo cen-

tralizado na Daimler, na Alemanha

e, como de momento não há va-

gas para o meu tipo de qualifi ca-

ção, vim para o desemprego.” Mas,

apesar disso, não desanima: “Neste

momento não estou muito preo-

cupado porque a nível das qualifi -

cações que tenho sei que há muita

concorrência, mas também tenho

muita experiência.”

A procura de emprego é feita com

regularidade pelos desemprega-

dos. Os nossos entrevistados op-

tam, principalmente, pelo envio de

curriculum vitae via internet, pelo

contacto directo com as entidades

empregadoras, ou através de ami-

gos. No entanto, esta procura não

tem tido muitos resultados. Rita

Amaro conta que neste momento

nem está a enviar portefólios porque

“está tudo muito difícil” e os estágios

não são remunerados. “Prefi ro traba-

lhar fora da minha área e receber, o

que também não está a acontecer.”

Cátia Pereira procura trabalho e

também não se limita à área em

que se formou. “Procuro em qual-

quer área, não tenho medo de tra-

balhar, apenas tenho pena que as

empresas não me dêem uma opor-

tunidade de mostrar o que valho.”

Esta linha de pensamento não se

restringe apenas às camadas mais

jovens pois também Vanda Rosado

e Etelvina Bacalhau explicam que,

dadas as circunstâncias, não pode

haver preferências. A prioridade é

ter um trabalho, tanto na sua área

de formação como fora dela.

Quanto à hipótese de construir

um futuro no estrangeiro, as opi-

niões divergem. Pedro Loureiro e

Vanda Rosado ponderam a ideia,

no entanto, Vanda considera que,

para já, emigrar é impossível por

causa dos fi lhos. Por sua vez, Cátia

Pereira já viveu essa experiência,

emigrou durante dez anos. Mesmo

assim não tem medo de voltar a

sair de Portugal. “É triste ser portu-

guesa e ter que sair constantemen-

te do meu país à procura de um fu-

turo melhor.”

Rita Amaro e Etelvina Bacalhau

não consideram a ideia de emi-

grar. Ambas acreditam que ainda

há soluções em Portugal e prefe-

rem explorar essas hipóteses no

país, onde têm a família e os ami-

gos para as apoiar.

Rita, Cátia, Vanda, Etelvina e

Pedro são cinco abrantinos que ti-

veram de adaptar o seu estilo de

vida a uma condição inesperada.

Todos estão desempregados e à

procura de emprego, procuram

oportunidades e melhores condi-

ções. São histórias de pessoas que

se preocupam com o futuro e que

procuram algo mais. Pessoas que

querem ter estabilidade, ser felizes

e concretizar sonhos.

Histórias de desemprego, em Abrantes

Page 5: jornal de abrantes

jornaldeabrantes

ABRIL2012 SOCIEDADE 5

Assim é a vida de um casal de li-

cenciados desempregados que

só trabalharam a recibos ver-

des. Com um fi lho. Sem apoios

institucionais e formais, sem subsí-

dio de desemprego. Apenas con-

sigo, entregues a si e à sua espe-

rança. Será que o resto da socie-

dade, confortável, se apercebe?

Pedro e Inês (nomes fi ctícios),

de 31 e 32 anos respectivamen-

te, vivem assim há alguns meses,

ou sobrevivem, nas suas pala-

vras. Ela, formadora de profi ssão,

ele farmacêutico, ambos detento-

res de licenciaturas, pós gradua-

ções, formações e anos de experi-

ência profi ssional, com as devidas

prestações sociais pagas (e bem).

Quando no fi nal do ano passado,

Inês viu o centro de formação onde

trabalhava fechar portas, e Pedro

terminou o estágio profi ssional

que fi zera, viram-se a braços com

uma situação complicada e deli-

cada. Com um fi lho pequeno para

educar, casa para pagar e as contas

inerentes a uma vida a três, a famí-

lia sentiu-se num beco sem saída.

Uma réstia de esperança quando

se percebeu que uma das imposi-

ções da entrada da Troika em Por-

tugal seria a implementação de

subsídio de desemprego para tra-

balhadores a recibos verdes, que

tivessem exercido funções para

a mesma entidade empregado-

ra, situação de ambos. Apesar da

grande mediatização veio-se re-

centemente a perceber que essa

medida, apesar de ter sido anuncia-

da, apenas será implementada em

2013. Nada que espante a quem

ande atento à mediocridade da

classe política, habituada a tratar-

nos como rebanho seco de pastor.

Sem subsídio de desemprego, com

o primeiro-ministro a incentivar à

partida para o estrangeiro em bus-

ca de melhores condições de vida,

numa política “expulsionista”, como

se dissesse “procurem algures o

que aqui não vos podemos ofere-

cer”, o que resta? Alguns trabalhos

surgem, a recibos verdes, precários

na sua duração e na sua condição,

que muitas vezes não dão para pa-

gar o combustível que algumas

deslocações implicam. Na região

não há uma rede de transportes

públicos. Locais como nacionais, os

políticos falham em toda a linha.

Ainda se coloca a hipótese de re-

querer o Rendimento Social de In-

serção e dizem conhecer alguns

amigos também licenciados que já

o fi zeram. No entanto, o receio da

invasão da vida privada, o rótulo as-

sociado ao mesmo subsídio fazem

com que pensem duas vezes antes

de o fazer. E também, por incrível

que pareça, revelam um sentido de

justiça social ao dizer que não serão

o público mais necessitado para

usufruir deste tipo de rendimento!

Como (sobre)vivem então? Da so-

ciedade providência, mais con-

cretamente, de algum engenho

pessoal, de uma gestão fi nancei-

ra meticulosa e do apoio parental.

Apoio este fulcral, essencial, subs-

tituto óbvio do apoio institucional

inexistente. Questionam natural-

mente, a quantidade de jovens na

mesma situação que não contam

com este apoio. Como farão? Se

nem o mercado de mercado des-

qualifi cado os recebe?! Partir?!

Para onde e à procura do quê?!

Perguntas que fi cam sem respos-

ta. Pessoas jovens, qualifi cadas, ca-

pazes e enérgicas que se sentem

defraudadas. “Tudo como dan-

tes no quartel de Abrantes”. Não é

Abrantes, é o ditado funesto. São

os ditados que tanto convêm. O

passado já lá vai, mudemos o es-

tigma. É a escória vitoriosa sobre

os bem-intencionados. É o querer

e desejo de uma vida, nem me-

lhor nem maior, apenas uma vida,

no meio da estatística que somos.

Veja-se que, hoje em dia, nas cha-

madas para assistentes de seguros,

operadores telefónicos, bancários,

somos já em primeiro lugar núme-

ros. Eu tenho nome, tenho vonta-

des, tenho local de nascimento e

morada. Tenho família e amigos.

Não sou uma parcela ínfi ma de

um dado estatístico. Infelizmen-

te só o poderei provar quando o

meu punho acertar num polícia de

choque acéfalo, qual cão raivoso

que me impede de subir a escada-

ria dos que ajudei a eleger. Talvez aí

entendam que de brandos costu-

mes está a minha estatística vazia.

Ricardo Alves

CRÓNICA

Vida a recibos

Page 6: jornal de abrantes

jornaldeabrantes

ABRIL20126 ECONOMIA

“Não quero ver ninguém a pé”Um moderno e inovador Stand de Automóveis nasceu na entrada da cidade de Abrantes.

António Alexandre é o proprietá-

rio do espaço e explicou ao JA que

este novo Stand é uma resposta à

crise. “No investimento é que está

o caminho para sairmos desta con-

juntura fi nanceira”.

O Stand Carpego centra o negócio

sobretudo na venda de carros “semi-

novos”, contudo o empresário diz

que, neste novo espaço há automó-

veis para todos os gostos e para to-

das as carteiras. “Desde o carro mais

barato aos de topo, nós reunimos

aqui uma diversidade de excelência.”

Depois de um mês da inaugura-

ção do Stand, que contou com uma

grande festa e com cerca de 4 mil

visitantes, António Alexandre afi r-

ma que “as vendas podiam estar a

correr melhor, mas com o novo es-

paço a visibilidade e reconhecimen-

to junto do público-alvo duplicou e

isso tem ajudado a que negócio vá

por diante”.

Num espaço de “excelência” e “no-

bre” da cidade, o Stand junta cer-

ca de 150 carros, de várias marcas e

preços. “As pessoas quando passam

e estão interessadas num automó-

vel é difícil não parar, porque isto é

um autêntico hipermercado de car-

ros, desde jipes, motas, carros que

não necessário ter carta de condu-

ção, Mercedes, BM, Audis, aqui há

de tudo.”

António Alexandre explicou que a

Carpego não garante apenas uma

diversidade de modelos, como boas

condições para os clientes. “Duran-

te a garantia do carro, caso o clien-

te tenha um problema com o auto-

móvel, nós resolvemos no minuto

a seguir. Tenho boas relações com

as ofi cinas da região, o que garan-

te um serviço de qualidade e uma

despreocupação total da parte do

cliente. O que eu não quero é ver

ninguém a pé (risos)”

A Carpego centra as suas vendas

em clientes da região, “ 80% são pes-

soas de cá que procuram os nossos

serviços, mas não só, tenho clientes

de norte a sul do país”.

Apesar do novo Stand, António

Alexandre ainda recusa a possibili-

dade de encerrar o outro espaço na

freguesia do Pego. “Tenho o Stand

no Pego há cerca de 19 anos, ainda

muitos clientes me procuram lá e

aquela é uma casa muito importan-

te para mim. Sempre fui um apaixo-

nado por carros, desde as corridas à

venda de automóveis a minha vida

tem-se centrado nestas lidas.”

Joana Margarida Carvalho • António Alexandre

ANTÓNIO ALEXANDRE É O PROPRIETÁRIO DO NOVO STAND CARPEGO

A Central Termoeléctrica

do Pego foi eleita a melhor

empresa do ano, segundo o

ranking das melhores PMEs,

realizado pela revista Exa-

me.

O estudo foi feito para a

revista Exame pela Informa

D&B e pela Deloitte, empre-

sas de consultadoria e ges-

tão empresarial.

Foram premiadas empre-

sas de 22 sectores como a

agro-indústria, a celulose e

papel, química e têxteis. As

empresas destacadas pela

revista estão localizadas em

Braga, Portalegre, Bragança,

Viana do Castelo, Lisboa,

Porto, Leiria e Aveiro. O con-

celho de Abrantes foi repre-

sentado com a Pegop.

A cerimónia que distin-

guiu as empresas aconteceu

no passado dia 27 de Feve-

reiro na sede da Caixa Geral

de Depósitos.

Pegop galardoada pela Revista Exame

Está agendado para o dia

17 de Abril a inauguração

do Centro Escolar da Barqui-

nha, estando prevista a pre-

sença do ministro da Educa-

ção, Nuno Crato. Para além

de se evidenciar a questão da

arquitectura do espaço, con-

cebido por Aires Mateus, esta

é uma escola pioneira no país

pela forma como se interliga

com a ciência.

Pela primeira vez no país,

um espaço escolar é aberto,

aos fi ns-de-semana, como

Centro de Ciência Viva. Nes-

ses dias, o espaço pode ser vi-

sitado como qualquer outro

centro da rede Ciência Viva.

Durante a semana, os alu-

nos do 1º ciclo da Barquinha

poderão usufruir de labora-

tórios e equipamentos, que

lhes permitirão um contacto

próximo e contínuo com as

ciências.

Este projecto resulta de

um conceito desenvolvi-

do no âmbito da tese de

doutoramento de Ana

Rodrigues, do Departamen-

to de Pedagogia e Didáctica

das Ciências da Universida-

de de Aveiro. Aliás, esta ins-

tituição tem uma agora uma

forte presença no Centro Es-

colar da Barquinha. Primeiro,

porque tem vindo a coorde-

nar a formação dos professo-

res daquele estabelecimento

de ensino ao nível do ensino

das ciências. Depois, porque

desenvolve actividades labo-

ratoriais naquele mesmo es-

paço.

Projecto inovador com o apoio da Universidade de Aveiro

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José FigueiredoAdvogado

Pós-Graduado em Direito Fiscal das EmpresasPós-Graduado em Fiscalidade

Áreas de ActividadeDireito Fiscal | Direito Administrativo | Direito Comercial | Direito da Insolvência

Av. Combatentes da Grande Guerra, 43 - 2.º C2400-123 Leiria - Portugal

Tel.: 244 823 755 • Fax: 244 813 522josefi [email protected] • www.josefi gueiredoadvogado.com

Page 7: jornal de abrantes

jornaldeabrantes

ABRIL2012 ECONOMIA 7

Empresa familiar centra-se

na produção de excelência

no azeite e instalou-se em

Chaminé, perto da Bemposta.

Privilegia a qualidade em de-

trimento da quantidade e as-

senta a sua actividade em ex-

periência adquirida no sector

A marca já existe desde

2004, altura em que José Luís

Santos, o patriarca da famí-

lia, tinha já um lagar tradi-

cional. O fi lho, Pedro San-

tos, 27 anos, licenciou-se em

Marketing, aprendeu sobre

comunicação em Lisboa e

os dois, em conjunto com a

mãe, Maria José Santos, de-

ram asas à actividade. Em

2006 o novo lagar em Cha-

miné estava a funcionar com

a comercialização a iniciar-se

em Março de 2011.

Para trás fi cou o lagar tradi-

cional e entrou em cena um

lagar moderno que trabalha

em linha. Recebem a azeito-

na dos produtores – que che-

gam de Aveiras, Chamusca,

Alvega, Gavião, entre outros

locais - aos quais dão uma

percentagem da produção, e

inserem o azeite no mercado.

Mas não o fazem em quan-

tidade. Como conta o fi lho,

Pedro Santos, o objectivo é

a “restauração e o mercado

gourmet”. “Tem de ter quali-

dade acima de tudo e temos

vindo sempre a crescer”.

Para chegar ao nível de

qualidade pretendido foi

fundamental apostar num

lagar modernizado que ofe-

rece outro tipo de condições

de produção. “A linha além

de reduzir custos em mão

de obra aumenta a qualida-

de do azeite, nomeadamen-

te em termos de higiene”, ex-

plica Pedro Santos, contando

de seguida com orgulho que

“as pessoas que nos visitam

dizem que é o lagar mais lim-

po que já viram”.

Consolidar a marca

O objectivo é crescer mas

não de qualquer modo. Na

‘Val Escudeiro’ há a consci-

ência que a consolidação

da marca e consequente

crescimento são o garan-

te de melhores condições

para aperfeiçoar ainda mais

os seu azeites. “Dizemos

não às grandes superfícies”,

afi rma Pedro Santos, “pre-

ferimos apostar pequenos

pontos de venda. Também

pensamos na exportação a

qual também passa por pe-

quenos nichos de merca-

do”, ele que elogia a “qua-

lidade das marcas de azei-

te presentes em Abrantes”.

A crise, mais profunda que

nunca desde que iniciaram

a comercialização em 2011,

não retira a calma e optimis-

mo do discurso de Pedro San-

tos. “Foi um ano bom em ma-

téria-prima mas depois em

termos de venda ao público

é mais difícil”. O azeite ‘Val Es-

cudeiro’ está à venda em vá-

rios pontos do país, nomea-

damente no Porto, e é usado

em vários restaurantes da re-

gião mas também em Lisboa.

O trabalho é “constante”.

Pedro Santos entrou com a

‘Val Escudeiro’ no BNI Estraté-

gia (Business Network Inter-

national), grupo de empresá-

rios em rede que se apresen-

tou em Abrantes em Maio

de 2011. “Reunimos uma vez

por semana e é um projecto

interessante”. O BNI nasce de

um conceito americano que

visa promover sinergias entre

empresários de modo a cres-

cerem mutuamente. “É traba-

lhoso, mas vou a Lisboa e às 9

da manhã já tenho dois clien-

tes novos!”.

O lagar ‘Val Escudeiro’ está

na Chaminé, Bemposta, e é o

fruto do trabalho familiar de

mãe, pai e fi lho. O pai traba-

lhou durante 25 anos no sec-

tor antes de formar a sua pró-

pria empresa com a família.

Foi ferreiro na Vítor Guedes e

depois fez transporte do ba-

gaço. Hoje põe em prática a

sua experiência na produção

de azeites para atingir o gran-

de objectivo a que se propõe

o seu lagar, um azeite de ex-

celente qualidade.

Ricardo Alves

‘Val Escudeiro’, acima de tudo a qualidade

O aterro sanitário de Concavada, em Abrantes, iniciou na semana passa-da a produção de energia a partir do aproveitamento do biogás pro-duzido no local, que é gerido pela Valnor.

A obra permite dotar o aterro de

um sistema de captação, encami-

nhamento e queima de biogás para

produção de energia eléctrica e tér-

mica. A célula do aterro onde eram

depositados os resíduos sólidos ur-

banos foi encerrada e requalifi cada

ambientalmente. A Valnor, que gere

resíduos de 25 municípios, revelou

que o investimento nesta obra foi

de 1,3 milhões de euros. Rui Gonçal-

ves, presidente da Valnor, afi rmou

que o investimento é “signifi cativo

para a sustentabilidade ambiental”

do concelho de Abrantes e da re-

gião, tendo assegurado que todo o

biogás criado no aterro vai ser quei-

mado e transformado em energia

eléctrica. “O aterro, agora totalmen-

te coberto e impermeabilizado, vai

produzir durante os próximos anos

grandes quantidades de biogás,

um gás altamente poluente e que

seria libertado para a atmosfera”,

explicou o responsável da Valnor.

Segundo Rui Gonçalves, estima-se

que energia a produzir será de 5 gi-

gawatt hora/ano e será vendida e

injectada na rede eléctrica nacio-

nal, tendo apontado ainda como

“mais-valias” do sistema a “prote-

ção ambiental, a produção de ener-

gia através de recursos nacionais e

o rendimento adicional à empre-

sa” que preside. Rui Gonçalves dis-

se ainda que o investimento agora

efectuado em Abrantes vai ser recu-

perado em oito anos, tendo anun-

ciado a realização de investimentos

até 2013 na ordem dos quatro mi-

lhões de euros na unidade central

de Avis, ao nível do tratamento bio-

lógico dos resíduos.

A Câmara de Abrantes e o consór-

cio Eneólica Hidropower assinaram

também um contrato de arreda-

mento do reservatório de água de

Mouriscas (barragem dos Negreli-

nhos) e da conduta adutora do re-

servatório de água da Chainça para

a instalação de micro hídricas que

irão produzir eletricidade. Em Mou-

riscas, a utilização da água armaze-

nada no reservatório será efetuada

através de um bypass a instalar na

descarga de fundo. O caudal exce-

dentário será utilizado para apro-

veitamento energético, não poden-

do, ao longo dos 20 anos de contra-

to, utilizar-se as reservas de água

para fi ns de produção de eletrici-

dade sempre que o nível da albu-

feira esteja a uma cota inferior a 5

metros abaixo do nível de pleno ar-

mazenamento (cota máxima da al-

bufeira). Houve também duas pre-

ocupações essenciais neste projec-

to: não afectar a qualidade da água,

nem a capacidade de abastecimen-

to público.

Na Chainça, as turbinas serão co-

locadas à chegada do reservató-

rio novo, na conduta que o abas-

tece. Aqui não há qualquer consu-

mo de água no processo, apenas

o aproveitamento da sua passa-

gem, com elevada pressão, en-

tre a ETA (Estação de Tratamen-

to de Água) e o reservatório.

Pelo arrendamento das duas infra-

estruturas, o consórcio pagará ao

município uma renda anual, em

percentagem da venda de energia.

BO

VALNOR INICIA PRODUÇÃO DE ENERGIA A PARTIR DE BIOGÁS

Lixo convertido em energia eléctrica

• O secretário de Estado do Ambiente, Pedro Afonso de Paulo, inaugurou duas ETAR’s, em São Facundo e Barrada

Page 8: jornal de abrantes

jornaldeabrantes

ABRIL2012

João Paulo Rosado, pre-

sidente da Junta de Fre-

guesia de Rio de Moinhos,

reage com satisfação à re-

cuperação de um “sítio his-

tórico, de grande presença

dos nossos antepassados”.

Reconhece que o Cais de

Acostagem “possibilita que

haja uma retoma das pes-

soas ao rio”. Por isso, afi rma:

“Estamos de volta ao rio.”

A outra vantagem que vê

no espaço agora inaugu-

rado é o facto de ser versá-

til: tem a forma de um an-

fi teatro e, para além de es-

pectáculos culturais, pode

também albergar activida-

des desportivas, como o

voleibol ou para futebol de

praia. Trata-se, pois, de “dar

outros sentidos a este local”.

No Cais de Acostagem vai

também ser possível con-

tar à população, à comuni-

dade escolar e aos turistas

o que ali se passava nou-

tros tempos. “Uma candi-

datura que a Junta vai fa-

zer à Câmara Municipal

de Abrantes que se centra

num projecto de infra-es-

truturas com conteúdos

históricos”. A ideia é mos-

trar quais eram as activida-

des mais comuns daquele

local. “Aquele era um espa-

ço de embarcações onde

os riomoinhenses se deslo-

cavam nos grandes barcos

para levar variados mate-

riais: como madeira, palha,

enchidos e tigeladas. Um

local que tinha uma forte

vivência e onde muitas fa-

mílias subsistiam daquela

actividade ligada ao trans-

porte.”

João Paulo Rosado recor-

da que esta requalifi cação

é o resultado de um esfor-

ço contínuo de vários man-

datos, de um objectivo co-

mum da parte dos autarcas

que presidiram à Junta de

Freguesia.

Vítor Hugo, presidente

da Junta de Freguesia de

Tramagal também está cla-

ramente satisfeito com a

requalifi cação de dois lo-

cais emblemáticos da fre-

guesia: o Miradouro da

Penha, com o cruzeiro e o

monumento de homena-

gem a Duarte Ferreira, e o

Porto das Barcas. O autarca

admite que se venham a

fazer passeios de barco no

Tejo, entre Tramagal e Rio

de Moinhos. “Seria bonito

recuperar os velhos tem-

pos”. Quanto às críticas que

entretanto surgiram pelo

facto de o percurso não

ser acessível a pessoas com

pouco mobilidade, Vítor

Hugo lamenta mas explica

que “os caminhos pedonais

têm as suas características”.

E acrescenta que o Mira-

douro é acessível e “não há

muita diferença estar cinco

metros acima ou abaixo”.

JMC

8 ACTUALIDADE

Começaram este mês de Março

a ser montadas as primeiras das

11 esculturas de grande dimen-

são que vão constituir o museu

de escultura contemporânea ao

ar livre do parque ribeirinho de

Vila Nova da Barquinha. Quatro

estão já no local. A última foi a

de José Pedro Croft, uma escul-

tura em ferro e aço polido cons-

tituída por quatro espelhos com

seis metros de altura.

A inauguração do parque de

esculturas da Barquinha está

prevista para o dia 9 de Junho.

Trata-se de conjunto de obras

concebidas por artistas plásticos

portugueses contemporâneos,

representando um investimen-

to de 2,2 milhões de euros.

“A aquisição de esculturas por

parte do município tem como

fi nalidade a criação de um par-

que representativo da escultura

portuguesa contemporânea na

vila. Este é o principal investi-

mento da nossa operação de re-

abilitação urbana, denominada

Mercado das Artes e surge no

âmbito do QREN”, explica o ve-

reador com o pelouro da cultu-

ra da autarquia de Vila Nova da

Barquinha, Fernando Freire. O

investimento previsto será com-

participado entre 80 a90% pelo

QREN. “Assim, o investimento da

autarquia é apenas de 140 mil

euros, contando ainda com a

participação da EDP como par-

ceiro estratégico” .

O investimento irá permitir a

concretização de outros projec-

tos como a criação de um pos-

to de turismo e a remodelação e

reabilitação de outros edifícios,

de forma a “transformar o cen-

tro histórico barquinhense num

pólo de desenvolvimento eco-

nómico e atrair turistas”.

Para além do trabalho de Pedro

Croft, as esculturas já monta-

das são a Concret (POEM), de

Fernanda Fragateiro, a Contra-

mundo, de Rui Chafes, e a Rega,

de Ângela Ferreira. As restantes

são da autoria de outros escul-

tores portugueses como Joana

Vasconcelos, Pedro Cabrita

Reis, José Cristina Ataíde, Xana,

Alberto Carneiro, Carlos Noguei-

ra e Zulmira de Carvalho, sendo

o projecto comissariado pelo

historiador de arte João Pinha-

randa, da Fundação EDP.

João Lopes aluno de Comunicação Social da ESTA

Primeiras esculturas já estão instaladas

BARQUINHA

O Centro de Interpreta-

ção do Tejo Ibérico tem já

dois equipamentos requa-

lifi cados no concelho de

Abrantes, integrados numa

estratégia mais alargada de

devolver o rio às pessoas.

Em Tramagal, o miradou-

ro da Penha foi reabilitado

e foram criadas condições

para um percurso pedonal

até ao Porto das Barcas. Em

Rio de Moinhos surgiu um

novo Cais de Acostagem,

que tem também um es-

paço com características

de anfi teatro. Por ser fácil

de adaptar, permitirá a rea-

lização de eventos culturais

e desportivos.

Maria do Céu Albuquer-

que, presidente da Câma-

ra de Abrantes, explica que

esta aposta, que se integra

num projecto mais alarga-

do, tem uma dupla função:

“A devolução do rio às pes-

soas e o valor de desenvol-

vimento para a economia

local para que possamos

atrair mais público e mais

turistas”. Para a autarca, es-

tas são “pequenas inter-

venções que são grandes”,

porque vão permitir que as

populações se apropriem

de novo das vivências do

rio, dando-lhe “o valor que

todos queremos que te-

nham nas suas vidas”.

Para além da reaproxima-

ção das pessoas ao rio, pre-

tende-se também que as

margens requalifi cadas do

Tejo possam atrair pessoas

de fora do concelho e da re-

gião. Trata-se de uma apos-

ta no desenvolvimento do

turismo da natureza e do tu-

rismo desportivo. A autarca

sublinha que o objectivo é

fazer com que “outras pes-

soas possam vir fazer estes

percursos, a pé ou de bici-

cleta, e depois utilizar aqui-

lo que de melhor as nossas

comunidades têm para dar:

a sua história, a sua identi-

dade, a sua gastronomia e

o seu património”.

Estes dois novos equipa-

mentos signifi cam um in-

vestimento de cerca de 250

mil euros e vão integrar a

“Rota do Tejo”, um projec-

to de recuperação dos per-

cursos ribeirinhos e requali-

fi cação das margens do rio,

que tem início em Alvega

e que vai terminar, no caso

de Abrantes, na aldeia de

Rio de Moinhos. Depois

continua para os outros

concelhos: a Norte, até Ga-

vião; a Sul até à Barquinha,

passando por Constância.

A fase seguinte deste

projecto é a estação de

canoagem, em Alvega. A

presidente da Câmara ga-

rante que a candidatu-

ra deste obra a fundos co-

munitários “está bem enca-

minhada”. O que está mais

atrasado é a criação do per-

curso ribeirinho naquela

zona, uma vez que é neces-

sário pedir autorização aos

400 proprietários dos terre-

nos que se pretendem uti-

lizar nos caminhos junto

ao rio.

Inaugurados dois novos equipamentos junto ao Tejo

• Inauguração do Cais de Acostagem de Rio de Moinhos

“Estamos de volta ao rio”

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE ABRANTES

RUA DR. JOSÉ JOAQUIM DE OLIVEIRA - 2200-416-ABRANTES

VENDE-SEPrédio Rústico, sito em Estrada do Cabrito, freguesia de Rossio ao Sul do Tejo, concelho de Abrantes, designado por “Quinta de São José”, inscrito na matriz sob o artigo 198 de secção C, com um prédio urbano, inscrito na matriz sob o artigo 1120.

AS PROPOSTAS, EM CARTA FECHADA, DEVERÃO SER DIRIGIDAS À SANTA CASA DA MISERICÓRDIA

DE ABRANTES ATÉ AO DIA 16 DE ABRIL DE 2012 NOS SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS ATÉ ÀS 17H00

RESERVA-SE O DIREITO DE NÃO SEREM CONSIDERADAS AS PROPOSTAS QUE NÃO

INTERESSEM

Abrantes, 15 de Março de 2012

PEL’A MESA ADMINISTRATIVAO PROVEDOR

a) António Alberto Melo Dias Margarido

• Inauguração do Miradouro da Penha

Page 9: jornal de abrantes

jornaldeabrantes

ABRIL2012

* Juntamente com Abrantes, Mação e Vila Nova da Barquinha também se candidataram a este programa de certifi cação, mas até à data do fecho do jornal não foi possível apurarmos o ponto de situação destes concelhos.

REGIONAL 9

O Herity é um programa de certifi ca-ção de património. Abrantes foi um dos concelhos pioneiros em Portu-gal a garantir a certifi cação de mo-numentos e equipamentos culturais, numa intervenção que teve início em Janeiro de 2010.

Este projecto, que está em curso, visa

a certifi cação da Biblioteca António

Botto e do Museu Dom Lopo de Almei-

da, sediado no Castelo de Abrantes.

Maria do Céu Albuquerque, pre-

sidente da Câmara Municipal de

Abrantes, explicou ao JA o que foi fei-

to até aqui: “Isto passou por um con-

junto de iniciativas de adaptação e

contextualização em função das re-

gras do Herity. Passou pela realização

de uma “auditoria” aos equipamentos,

por um conjunto de melhorias dentro

dos mesmos. Foi feito um conjunto de

inquéritos aos utilizadores, de forma a

adaptarmos os equipamentos às ne-

cessidades vigentes. Concluídos todos

estes processos, estamos aguardar

que a entidade que faz o serviço de

certifi cação venha colocar as placas,

que dizem que os equipamentos pos-

suem a certifi cação Herity. Estamos,

assim, numa fase fi nal deste processo.”

Apesar de todas as etapas percorridas,

a autarca não está em condições de

avançar com uma data para a coloca-

ção das placas pois essa é “uma inter-

venção que não depende da Câmara”.

Após a certifi cação Herity os equipa-

mentos patrimoniais de Abrantes não

fi cam com uma avaliação fi nal para

sempre. Estes podem vir a sofrer no-

vas avaliações, que garantem o cum-

primento das condições necessárias

para estarem certifi cados.

O que é a certifi cação Herity

O Herity - junção das palavras He-

ritage (património) e Quality (quali-

dade) – resulta de um sistema cria-

do pelo Comité Internacional para

a Gestão de Qualidade do Patrimó-

nio Cultural que visa “combater a fal-

ta de informação relativa ao patri-

mónio cultural” e ajudar o público a

“decidir se deve ou não visitar um lo-

cal que é património cultural”. Apli-

ca-se a museus, monumentos, edifí-

cios religiosos, castelos, parques ar-

queológicos, bibliotecas e arquivos.

Este processo de avaliação e de cer-

tifi cação, reconhecido pelo Comi-

té do Património Mundial da UNESCO

(agência da ONU para a Educação, Ci-

ência e Cultura), inclui uma análise ri-

gorosa da gestão patrimonial e do va-

lor cultural dos sítios, da conservação

destes, das informações transmitidas

ao público e da qualidade dos serviços

prestados, “os quatro aspectos-chave

da gestão patrimonial”, segundo dis-

se Jorge Rodrigues, coordenador na-

cional do programa Herity Portugal.

Equipamentos culturais aguardam certifi cação

ABRANTES

São cerca de 30 os jovens

de Abrantes que actualmen-

te são apoiados pelo Rotary

Club de Abrantes, através de

um programa de bolsas de

estudo que existe há mais de

20 anos. Em muitos casos, so-

bretudo quando já são alunos

do ensino superior, esta ajuda

monetária faz a diferença en-

tre estudar ou não estudar.

Para apoiar estes jovens de

famílias com reduzidos ren-

dimentos, os rotários contam

a colaboração de empresas e

particulares.

Manuel Paulo Silva, pre-

sidente do Rotary Club de

Abrantes, explica que “a pre-

ocupação social faz parte da

essência dos rotários”, assim

como a transmissão de va-

lores como a solidariedade e

a importância da educação.

Por isso, o lema que adoptam

é “Dar de Si Antes de Pensar

em Si”. Para além de alguns

dos próprios membros do

Clube serem patrocinadores,

o programa de bolsas tam-

bém depende das empresas

que aceitam fazer parte des-

te projecto. Os rotários assu-

mem que desenvolvem uma

acção de lobby junto das em-

presas e que as respostas aca-

bam por surgir no âmbito da

verdadeira responsabilidade

social.

A credibilidade que o Rotary

Club de Abrantes tem, e que

“é um somatório de muitas

coisas”, faz com que “os patro-

cinadores acreditem” e que

fi quem “sensibilizados” com

a possibilidade de assegura-

rem bolsas de estudo a jovens

com mérito. Quem o diz é

José Luís Silva, o elemento do

Clube responsável pela Co-

missão de Bolsas. Até agora o

Clube já apoiou cerca de 100

estudantes, dos concelhos de

Abrantes, Sardoal e Mação. O

processo de escolha começa

com uma abordagem às es-

colas, que são convidadas a

indicar candidatos a bolsei-

ros. Depois, a selecção é feita

com base nas notas dos jo-

vens e nos rendimentos dos

agregados familiares.

Para além do valor monetá-

rio (que é de 500 euros anu-

ais para os alunos do secun-

dário e de 750 euros para os

alunos do superior), impor-

ta estabelecer uma relação

de confi ança. Embora todos

os rotários desenvolvam la-

ços com os bolseiros, nome-

adamente em convívios ou

através de contactos directos,

cabe a José Luís Silva funcio-

nar como o principal elo.

Lúcia Pedro é de Abrantes e

está a frequentar o 2º ano do

Curso de Arquitectura com

mestrado integrado da Uni-

versidade do Porto. Reconhe-

ce que tem sido privilegia-

da pelo facto de, desde o 12º

ano, poder contar com uma

bolsa dos rotários. “A bolsa do

Clube Rotário de Abrantes é

indubitavelmente uma mais-

valia para o meu percurso

académico. Ajuda a supor-

tar as despesas inerentes ao

próprio curso de Arquitectu-

ra, como o material e o aloja-

mento. Mas sem dúvida que

foi nas propinas que essa bol-

sa mais se fez sentir.”

Quando começou a ser bol-

seira, Lúcia Pedro pouco sa-

bia sobre a Fundação Rotária.

Entretanto, criou uma ligação

“bastante positiva” com o Clu-

be de Abrantes e adianta que

“todo o ambiente que se cria

tanto entre bolseiros, como

patrocinadores e todos os

companheiros rotários é mui-

to saudável”. Quanto ao con-

tacto directo com os mem-

bros do Clube, Lúcia Pedro

garante que “todos eles são

pessoas muito acessíveis

onde uma conversa não se

fi ca apenas pelo discorrer de

palavras soltas, mas sim de

conhecimentos e experiên-

cias muito interessantes”.

António Estrada é um dos

empresários que aceitou o

desafi o do Clube Rotário de

Abrantes. As empresas do

Grupo Estrada patrocinam

bolsas de estudo já há cerca

de cinco anos. “Fomos convi-

dados pelos Rotários a parti-

cipar e achámos que era uma

acção meritória”, conta o en-

genheiro. Embora reconheça

que possa não ser fácil mudar

a actual forma de atribuição

de bolsas, António Estrada

gostaria que houvesse uma

ligação mais directa entre a

formação dos bolseiros e as

empresas que os patrocinam.

Por exemplo, fazendo com

que as bolsas fossem atribuí-

das a jovens que estão a estu-

dar na área de actividade das

empresas. Até porque esta se-

ria uma possibilidade de lhes

“abrir portas”, em termos de

experiência profi ssional.

Para além do programa de

bolsas de estudo, o Rotary

Club de Abrantes tem uma

acção integrada no campo

da formação da juventude.

Manuel Paulo Silva recorda

que outras apostas têm sido,

por exemplo, o Curso de Li-

derança, os rastreios visuais e

auditivos no 1º ciclo, patrocí-

nio de estágios profi ssionais e

atribuição de prémios, como

aconteceu recentemente

com um aluno de Engenharia

Mecânica da ESTA.

HCS

Rotários continuam a apostar na educação

• Manuel Paulo Silva, presidente do Rotary Club de Abrantes

• Biblioteca Municipal António Botto

Page 10: jornal de abrantes

jornaldeabrantes

ABRIL201210 REGIONAL

Uma estação meteorológica de tecnologia avançada, com actua-lizações a cada 2,5 segundos, está a funcionar em pleno no Sardoal, des-de Dezembro. Trata-se de uma par-ceria entre a Protecção Civil, a Câma-ra Municipal e os Bombeiros locais.

Este investimento de cerca de mil

euros vai permitir que os sardoalen-

ses saibam que roupa vestir antes

de sair de casa, mas vai também ser

uma preciosa ajuda em situações di-

fíceis como o combate a incêndios.

Basta consultar a internet.

A estação, instalada no Quartel dos

Bombeiros, não tem fi os e está do-

tada de um sensor versátil que com-

bina num único pacote um colector

de chuva (fl uviómetro), sensores de

temperatura e humidade e ainda

um instrumento que permite medir

a velocidade do vento (anemóme-

tro). O equipamento também pos-

sui um painel solar que lhe garante

energia própria.

Nuno Morgado, segundo coman-

dante dos Bombeiros do Sardoal,

explica que esta “não é a primeira ex-

periência” de estação meteorológica

na vila, mas agora as condições fo-

ram melhoradas e a nova estação é

mais moderna. “O intuito será apoiar

as operações da Protecção Civil”, no-

meadamente obtendo “dados im-

portantíssimos” que poderão ajudar

a combater incêndios. Mas o cida-

dão comum poderá também recor-

rer às informações da estação, que

esteve um ano em fase de testes.

“Ao consultarem o site podem en-

contrar os valores actuais e também

as tendências”, ou seja, como se pre-

vê que evolua o estado do tempo ao

longo do dia.

A estação meteorológica do Sardo-

al será acompanhada de perto pelo

bombeiro Ricardo João Ribeiro, que

tem vindo a ser formado por Hélder

Silvano, o professor que há vários

anos desenvolve um serviço de me-

teorologia em Abrantes. Aliás, foi ele

quem deu apoio na montagem e ca-

libragem do equipamento do Sardo-

al, assim como na disponibilização

da informação online. “Foi uma

pessoa importantíssima, pelos co-

nhecimentos e uma vasta experi-

ência”, reconhece Nuno Morgado.

Para além do conhecimento que

foi desenvolvendo ao longo dos

anos, Hélder Silvano é um apaixo-

nado pelas questões da meteoro-

logia. Mas, para ele, tudo isto só faz

sentido se a informação for útil para

as pessoas. O sonho deste professor

é articular uma rede com a informa-

ção captada por todas as estações

meteorológicas que existem no dis-

trito. Porque uma pequena distância

em termos de quilómetros pode dar

origem a informações diferentes.

Hélder Silvano começou a interes-

sar-se pelas condições atmosféricas

“quando tinha 16, 17 anos”. O inte-

resse nasceu “de uma afl ição, de um

encontro com uma natureza pou-

co simpática”. O motor do pequeno

barco em que estava avariou e viu-

se “isolado, no meio da albufeira de

Castelo de Bode, com uma tremen-

da tempestade a começar”, daque-

las tempestades de Setembro “com

os raios a entrar na água”. Foi sal-

vo por uma pessoa que se aperce-

beu do seu estado. Esta experiência

foi “motivadora de pesadelos, mas

também de anseios de perceber e

de entender todo o fenómeno”, ao

ponto de começar “a comprar qual-

quer termómetro que visse”.

Numa primeira fase, as experiên-

cias que Hélder Silvano foi fazen-

do e os equipamentos que foi com-

prando eram só por curiosidade e

“para saber que roupa havia de ves-

tir no dia seguinte”. Até que um dia

um piloto da TAP lhe trouxe, dos

Estados Unidos, a primeira estação

meteorológica. Custou-lhe “trezen-

tos e tal contos” quando as únicas

que era permitido comprar em Por-

tugal custavam “cerca de dois mil

contos”. E ainda eram “daquelas de

agulha, que não podiam ser ligadas

a computadores”.

No fi nal da década de 90, Hélder

Silvano começou a divulgar os da-

dos que obtinha na sua estação

meteorológica. E o objectivo deixou

de ser só o de compreender, mas

passou a ser também o de disponi-

bilizar informação “de uma maneira

agradável”. Esta actividade não lhe

consome muito tempo diariamente,

a não ser quando decide fazer alte-

rações no sítio da internet. Neste sí-

tio já teve mais de um milhão e meio

de visitas: “São normalmente as mes-

mas pessoas, mas dá uma média de

cento e tal visitas por dia”. Mas tudo

depende das condições do tempo.

Por exemplo, no actual momento as

pessoas procuram muita informa-

ção, na ânsia de verifi car se alguma

chuva virá nos próximos tempos.

Para além de servir os particulares,

as informações que Hélder Silvano

disponibiliza são também muito im-

portantes para organismos como a

Protecção Civil e as corporações de

Bombeiros. Graças à actualização

ao segundo, as suas informações

chegam a ser mais importantes

do que as do próprio Instituto de

Meteorologia. Aliás, uma das maio-

res gratifi cações que Hélder Silvano

tem é a de já ter dado informações

preciosas, nomeadamente no com-

bate aos incêndios.

Informações em http://meteoa-

brantes.no-ip.info e http://meteo-

sardoal.no-ip.info

Hália Costa Santos

UM SERVIÇO PRIVADO QUE AJUDA A ESCOLHER A ROUPA E A COMBATER INCÊNDIOS

Sardoal também já tem estação meteorológica

• Hélder Silvano vendo a página do Sardoal, na internet

A Associação de Desenvol-

vimento Cultural Palha de

Abrantes e o Agrupamento

de Escolas Dr. Manuel Fer-

nandes organizaram a ter-

ceira edição do evento Con-

ferências do Liceu subordi-

nada ao tema “Cenografi as”,

na Assembleia Municipal de

Abrantes, no passado dia 23

de Março.

O convidado, Jorge Silva e

Melo, intelectual polivalente,

já foi argumentista, encena-

dor, actor, autor e fez ainda

cinema e crítica. A sua última

obra, a encenação da peça “A

Morte de Danton”, de Georg

Büchner, foi apresentada a 2

e 3 de Março em Guimarães,

Capital Europeia da Cultura.

A peça, com grande projeção

nos media, envolve a partici-

pação de 43 actores em palco.

O director do Agrupamento

de Escolas Dr. Manuel Fernan-

des, Alcino Hermínio, acre-

dita que com esta iniciativa

é possível “proporcionar aos

nossos alunos um contacto

com pessoas do mundo da

cultura, pessoas com muita

qualidade, que têm atrás de

si um passado de coisas inte-

ressantes”. Por outro lado, os

alunos são colocados peran-

te “o desafi o de apresentar os

convidados, de falarem em

público e vencer a timidez”.

O director reconhece que se

trata de uma experiência que

a escola, “só com as aulas,

não satisfaz, mas que é mui-

to importante porque os vai

preparar para o prossegui-

mento dos estudos na uni-

versidade”.

Esta aposta é direcionada

principalmente para o ensi-

no secundário. O director ex-

plicou que “cada vez que um

convidado vem a Abrantes

faz duas conferências, uma

às cinco da tarde para os alu-

nos do secundário da nossa

escola e outra à noite aber-

ta ao público”. Desta forma,

qualquer pessoa interessa-

da num tema e em partici-

par nas conferências pode

fazê-lo na sessão da noite.

Alcino Hermínio sublinha

ainda o orgulho pelo trabalho

realizado pelos alunos: “Parti-

cipam com muito entusias-

mo e, pessoalmente, emo-

ciona-me muito e fi co muito

orgulhoso do trabalho deles.”

A palestra, que se iniciou

com uma declamação do po-

ema “Balanço do fi lho mor-

to”, de Vinícius de Moraes, por

alunos do 10º ano do agrupa-

mento de escolas Dr. Manuel

Fernandes, prolongou-se nu-

ma conversa fl uente princi-

palmente sobre teatro.

O evento juntou alunos e

professores e surpreendeu

Jorge Silva e Melo: “Gostei

muito desta iniciativa, inte-

grar desta forma tão delicada

os alunos, acho que isso é ab-

solutamente extraordinário.”

Nas duas conferências ante-

riores foram oradores o pro-

fessor Fernando Pina, dou-

torado em química pela Uni-

versidade Nova de Lisboa, e

Frei Bento Domingues, cro-

nista do jornal Público.

Mafalda Vitória

A próxima conferência do Li-

ceu, dia 20 de Abril, subordina-

da ao tema “Sinais de Alerta”,

terá como protagonista por Fer-

nando Alves, jornalista da TSF.

Fernando Catroga, professor

catedrático de História na Uni-

versidade de Coimbra, aborda-

rá o tema “Historia, para que

serve em tempos de crise” em

25 de Maio.

Conferências do Liceu com Jorge Silva e Melo

• Jorge Silva Melo na conferência “Cenografi as”

Page 11: jornal de abrantes

jornaldeabrantes

especial sardoal • semana santa

Eis a Semana Santa e Páscoa em

Sardoal. São dias diferentes porque

o povo daqui assim os faz. Remon-

tam a épocas ancestrais as convic-

ções religiosas destas gentes. Gentes

que tentam percorrer os caminhos

da terra (que bem difíceis estão…)

como preito à conquista do Céu.

Mas esta devoção, deverá também

ser entendida numa perspectiva cul-

tural mais vasta, enquanto carac-

terística sociológica endógena da

comunidade, envolvendo não ape-

nas os cristãos, mas as instituições

e as pessoas que professam outras

ideias, agnósticos, ateus e laicos.

A imponência, o simbolismo e o bri-

lho dos rituais da Semana Santa no

Sardoal são, desde há muito tem-

po, motivo de orgulho para a vila,

atraindo inúmeros visitantes das

redondezas e de sítios mais afasta-

dos. Já nos anos 70 a Procissão dos

Fogaréus era sempre documentada

pela RTP, merecendo destaque de

honra no telejornal. O País podia ver

(na altura a preto e branco), o ma-

jestoso e místico desfi le dos fi éis, ao

longo do percurso entre a Igreja da

Misericórdia e o Convento de San-

ta Maria da Caridade, empunhan-

do velas e archotes acessos. Mas a

evolução da vida e as transforma-

ções da sociedade, sobretudo após

o 25 de Abril de 1974, levaram a que

estas celebrações registassem algu-

ma quebra de mobilização popu-

lar até meados dos anos 80. Depois,

pouco a pouco, as tradições foram

sendo retomadas e valorizadas, so-

bretudo à medida que alguns pre-

conceitos culturais e equívocos po-

líticos foram sendo ultrapassados.

Com mais força e consistência desde

1995, a aposta assumida na divul-

gação da Semana Santa, por parte

do Município, em estreita ligação

com a Paróquia de Santiago e São

Mateus e a Santa Casa da Misericór-

dia, mais não foi que o reconheci-

mento formal das potencialidades e

genuinidade destas manifestações,

as quais confi guram uma importante

fonte geradora de benefícios sócio-

económicos, culturais e turísticos.

Por isso, independentemente das

razões da nossa consciência dialé-

tica ou da complexidade do pensa-

mento fi losófi co ou ideológico de

cada um, a Semana Santa no Sar-

doal é, acima de tudo, um acervo

patrimonial da nossa personalidade

colectiva. Que as realidades do quo-

tidiano também se cumprem com as

graças de Deus… ou talvez não…

Mário Jorge Sousa

Com as graças de Deus…

A imponência, o simbolismo e o brilho dos rituais da Semana Santa no Sardoal são, desde há muito tempo, motivo de orgulho para a vila

Foto

de

Paul

o So

usa

Foto

de

Paul

o So

usa

Page 12: jornal de abrantes

jornaldeabrantes

ABRIL201212 ESPECIAL SARDOAL - Semana Santa

RICARDO ALVES

Semana Santa no Sardoal. As pro-cissões, a grandiosidade das cele-brações religiosas. Um concelho entregue ao convívio, à alegria e solenidade, em momento de crise profunda, que poucos percebem mas sentem. Aqui antecipa-se a Se-mana Santa, os cheiros, os risos que se propagam pela vila, os copos emborcados pela amizade, a fé dos homens e mulheres, dois lados da mesma história, um enredo trágico cómico do que é a condição huma-na. Miguel Borges, vice-presidente da Câmara Municipal do Sardoal, sentado no seu escritório, conta o que sabe disto, e de outras coisas.

O que é a Semana Santa para os sardoalenses?

É um momento alto do nosso con-

celho. Não só em termos religiosos,

porque é de fé e religiosidade, mas

também porque é um ponto de en-

contro para os sardoalenses e mui-

tos visitantes que vêm de fora, pela

questão cultural em torno das festi-

vidades e do ponto de vista estraté-

gico turístico do concelho.

Nesta altura de crise, Fátima vê aumentar os seus visitantes e consequentemente as suas re-ceitas. Isso pode acontecer nesta manifestação sardoalense?

Em momentos de crise as pessoas

refugiam-se em algo não material, e

esta crise é material. A Semana San-

ta no Sardoal e todas as festividades

religiosas são momentos de gran-

de introspecção, de carga religiosa

profunda. Cada um terá a sua for-

ma de estar presente perante este

fenómeno religioso, cultural e, por

que não, também turístico.

As associações têm uma grande presença nesta Semana Santa. Qual é o peso delas nas festividades?

A Semana Santa é organizada pe-

las diferentes irmandades e pela Fá-

brica da Igreja. Claro que depois há

associações do nosso concelho que

se juntam e organizam outras activi-

dades, algumas delas ligadas à Se-

mana Santa, outras não.

Qual foi o efeito da crise no orça-mento destas festas?

Já o ano passado houve esse cons-

trangimento. Sabemos que temos

um concelho com poucas receitas

próprias, que vive muito à custa do

orçamento de Estado, e sabemos

que há dois, três anos estamos em

contenção. Não queremos de forma

alguma transformar o nosso conce-

lho num concelho cinzento, é antes

um concelho onde as coisas con-

tinuam a ser feitas como no passa-

do, só que com outra racionalidade

e recorrendo à capacidade do saber

fazer que temos, em vez de pedir a

outros.

Fora da Semana Santa o que po-de o Sardoal oferecer nesta área?

Temos um turismo religioso que

tem o seu ponto alto na Páscoa. O

que temos de saber fazer é potenciar

toda essa riqueza ao longo de todo

o ano. Não nos podemos esquecer

que temos essa riqueza, nomeada-

mente os quadros do mestre do Sar-

doal, por exemplo, as próprias cape-

las, e todos os fi ns-de-semana temos

grupos de visitantes organizados, ou

não. É um património que queremos

valorizar, que faz parte da nossa es-

tratégia em termos turísticos, tam-

bém em termos de desenvolvimen-

to económico para o nosso concelho.

Preocupa-o uma eventual que-bra geracional na transmissão dos saberes e tradições, nomea-damente a nível da religiosidade tão presente no concelho?

A Câmara Municipal tem de trans-

mitir aquilo que a Igreja tem ao ní-

vel da cultura, de património cultu-

ral edifi cado, mas também imaterial,

e aí nós somos riquíssimos. Veja-se a

tradição de enfeitar as capelas, que

tem passado de pais para fi lhos. A

minha mulher lembra-se de ir com

a família decorar a Igreja da Miseri-

córdia com tapetes de fl ores e hoje

são os nossos fi lhos que o fazem. É

importantíssimo que os jovens per-

cebam que têm um património ri-

quíssimo edifi cado (como é o caso

das igrejas, dos painéis de azulejos,

dos quadros do mestre do Sardoal)

e também um património imaterial,

que são as próprias procissões e tudo

tem de ser transmitido aos jovens.

Então a crise é uma oportunida-de e o momento difícil, juntamen-te com a religiosidade, pode tra-zer mais pessoas ao Sardoal?

Quando há dinheiro pensamos em

grande, quando não há damos valor

às coisas pequenas

O Sardoal tem então aqui vários elementos que em altura de crise podem ser mais-valias: a religiosi-dade, a cozinha fervida, o voltar às bases

A natureza também, nós temos um

património natural valiosíssimo, fan-

tástico. Podemos valorizá-lo. Estamos

perto de tudo e todos estão perto

de nós. Só temos de saber divulgar!

Portanto, o concelho do Sardoal é um concelho muito ligado à cul-tura e às artes?

E não só o Sardoal. Os mais 10

mil utilizadores do Centro Cultu-

ral vêm também dos concelhos de

Abrantes, Mação, Sertã, Vila de Rei.

Nós oferecemos o cinema às pes-

soas. O cinema faz parte da nossa

tradição. Quem vem ver cinema vê

também uma exposição de máqui-

nas antigas de projecção de fi lmes.

Dizer que o investimento no Centro

Cultural foi um exagero é não saber

o que se diz.

O que é que diria aos jovens que entram no mercado de trabalho para se manterem cá?

É verdade que nós não temos uma

grande oferta de trabalho, tal como

não tem o país. Mas temos acessibi-

lidades que fazem com que esteja-

mos perto de tudo. As pessoas po-

dem estar a trabalhar nos concelhos

limítrofes porque o Sardoal está per-

to de tudo. Mas de uma coisa temos

a certeza: quando regressam ao Sar-

doal as pessoas têm sossego e qua-

lidade de vida, têm oferta cultural,

têm segurança. E temos uma apos-

ta na componente de apoio à famí-

lia nos jardins de infância e nas esco-

las. Esta é a nossa riqueza: turismo

religioso, oferta cultural e educação.

Temos de afi rmar-nos nestes eixos

em termos regionais. Já lá vai o tem-

po em que o concelho vizinho tinha

uma piscina olímpica e nós também

tínhamos de ter.

“Cada um terá a sua forma de estar presente perante um fenómeno religioso”

MIGUEL BORGES, VICE-PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE SARDOAL

Page 13: jornal de abrantes

jornaldeabrantes

ABRIL2012 ESPECIAL SARDOAL - Semana Santa 13

Antigamente as amên-

doas vendidas pela Sema-

na Santa do Sardoal, eram

motivo para o inicio de um

namoro, hoje assumem

outro objectivo, adoçar a

boca.

Manuela Bento, natural

da freguesia de Panascos,

é a responsável pelo for-

necimento das amêndoas,

que vão ser vendidas no

átrio da Casa Grande em

Sardoal.

A comerciante recorda

os tempos que alguns na-

moros começaram com as

amêndoas. “O rapaz ofe-

recia um pacote de amên-

doas à rapariga e era assim

que muitas conversas sur-

giam, muitas empatias se

criavam”.

No passado, segun-

do Manuela, a venda das

amêndoas era muito supe-

rior. “Vinham famílias com-

prar amêndoas ao meu es-

tabelecimento e levavam

às centenas de pacotes,

hoje já não é assim, com

a crise as pessoas só com-

pram o essencial”.

Durante os dias da Se-

mana Santa a comercian-

te vai ter várias qualidades

destes pequenos doces:

amêndoas lisa cores, so-

bremesa, drageias, choco-

late, os ovos e as galinhas

representativas da Páscoa.

Qualidades para todos os

gostos e que Manuela, um

dia gostava de fazer em

casa. ”Nunca fi z amêndoas,

mas é algo que um dia ain-

da vou experimentar!”

A comerciante encara

esta oportunidade do mu-

nicípio do Sardoal como

uma ajuda ao seu negócio

e referiu ao JA que “as ex-

pectativas para os dias da

festa religiosa são as me-

lhores”.

JMC

Para o provedor da SCMS, é mais uma edição da Semana Santa e é também a celebração do seu modo de viver, de sentir a fé em Deus. Anacleto Silva Batista, de 74 anos, sardoalense, recorda que o Sardoal tem uma tradição “que mudou um pouco” desde os seus tempos “de menino e moço”.

“A procissão dos Passos era na sex-

ta-feira, interrompiam-se todos os

trabalhos do campo e toda a gen-

te, das aldeias em volta, se desloca-

va aqui. Depois entendeu-se fazer

também ao fi m-de-semana para ter

maior possibilidade de participa-

ção das pessoas. As reformulações

podem ser maiores ou menores, as

cerimónias mais ou menos soleni-

zadas, mas a tradição mantém-se

inalterada.”

Anacleto Batista já esteve envolvi-

do em muitas edições, “umas com

participação directa, outras indi-

recta”. O provedor não sente um

decréscimo no número de visitan-

tes ou de fi éis que participam nas

cerimónias. Um dos factores que

aponta para essa manutenção ao

nível da adesão é “a certeza abso-

luta que a tradição no Sardoal tem

passado de pais para fi lhos”. Con-

ta que estas celebrações têm umas

centenas largas de anos, sendo di-

fícil estabelecer uma data concreta,

“mas seguramente há muito tempo

que existem”.

Em tempos de crise acentuada, a

SCMS tem sentido um aumento nos

pedidos de auxílio de carenciados.

Anacleto Batista admite-o, mas

também critica: “Somos muito pe-

dinchões mas pouco agradecidos”.

Para a Semana Santa deixa uma

sugestão: “As pessoas podem, por

exemplo, pedir que chova junto da-

quele que tudo manda. Tenho pro-

curado viver a vida na fé e com a fé,

tendo a certeza absoluta que quem

comanda tudo isto é Deus.”

Na perspectiva do provedor da

SCMS, a maior mensagem da Se-

mana Santa é essencialmente a vi-

tória da vida sobre a morte. Acres-

centa que, “evidentemente, nas-

cemos para morrer mas a grande

lição é a vitória da vida sobre a

morte”. O sardoalense de gema

gosta de todas as celebrações, sem

conseguir escolher uma em espe-

cial. “A Semana Santa tem sempre,

para mim, aquele sentido máximo

de uma doação total do fi lho de

Deus que se entrega em plenitu-

de e depois diz ’eu venci a morte e

convido-vos a vir comigo’. É assim

que eu vivo.”

A SCMS terá a capela do Senhor

dos Remédios enfeitada com tape-

tes de fl ores, feitos pelos idosos do

lar, juntamente com os monitores

e pessoal. “É sempre uma altura es-

pecial para eles, um orgulho. Tem

sido uma mobilização muito gran-

de, uma vaidade”. No ano passado

os utentes da SCMS participaram

como fi gurantes na encenação da

Paixão de Cristo, pelo GETAS e este

ano voltarão a fazê-lo. “A maior par-

ticipação da SCMS é na quinta-feira

santa, nos outros dias incorporamo-

nos na comunidade”.

Ricardo Alves

• Manuela Bento responsável pelas amêndoas na Semana Santa

• Anacleto Batista provedor da Santa Casa da Misericórdia

A vitória da vida sobre a morte

ANACLETO BATISTA É O PROVEDOR DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DO SARDOAL (SCMS)

Actividades culturais na Semana Santa no Sardoal

Tradição das Amêndoas repete-se no Sardoal

Durante a semana Santa no Sardo-

al, para além do programa religio-

so, haverá uma programação cultu-

ral diversifi cada. Para comemorar os

150 anos a Filarmónica União Sardo-

alense (FUS) organiza uma exposição

que está patente no Centro Cultural

Gil Vicente até dia 29 de Abril. “Pas-

sado, Presente e Futuro – 150 anos

de Vida” é uma mostra de alguns

componentes da banda, como os

vários fardamentos utilizados desde

o seu início, instrumentos, cartazes

e a própria história da FUS. Por sua

vez, o Getas, Centro Cultural de Sar-

doal, vai ter uma exposição de pin-

tura que exibe quadros do seu Clu-

be de Pintura. Esta exposição tem

lugar no Atrium do Getas, de 5 a 8

de Abril. Organizado pelo Getas será

também um teatro de rua que vai

recriar a “Paixão de Cristo”, no dia 7

de Abril, às 15 horas. Da Praça da Re-

pública até ao Convento, esta recria-

ção pretende recriar o percurso de

Jesus Cristo a caminho do Calvário.

O Centro Cultural Gil Vicente recebe,

dia 7 de Abril, o recital de piano por

Ana Cristina Fernandes. Neste con-

certo, com início marcado paras as

17 horas, serão interpretadas obras

de Beethovan, Clara Schumann, Ro-

bert Schumann e Brahms. Todos es-

tes eventos têm entrada gratuita e

inserem-se nas celebrações da Se-

mana Santa do Sardoal.

Page 14: jornal de abrantes

jornaldeabrantes

ABRIL201214 ESPECIAL SARDOAL - Semana Santa

Tal como nos anos anterio-

res, o GETAS vai marcar pre-

sença na Semana Santa do

Sardoal, desta vez apresen-

tando a peça teatral “A Paixão

de Cristo”. As últimas horas de

Jesus Cristo vão ser retratadas

por cerca de 80 pessoas, entre

actores, actrizes e fi gurantes.

Neste momento teatral,

para além dos actores do gru-

po, o GETAS vai contar com a

participação da Santa Casa da

Misericórdia de Sardoal, atra-

vés dos seus utentes, anima-

dores e funcionárias. Outros

participantes no espectáculo

pertencem ao Grupo de Jo-

vens Católicos, à Associação

da Presa e à Estímulo.

Tânia Maria Falcão, presi-

dente da direcção do GETAS,

contou ao JA que esta é uma

altura de “grande importân-

cia em termos turísticos” para

o concelho. “É uma festa” que

acontece no Sardoal, “com a

componente religiosa eleva-

da ao máximo”.

Para além do teatro, o GE-

TAS, no dia 6 de Abril, vai pro-

mover um passeio pedestre

intitulado “Patrimónios da

Fé”, onde será feita uma visi-

ta a todas as capelas do con-

celho, que se encontram en-

feitadas com diversas fl ores.

“Esta actividade tem atraído

imensas pessoas todos os

anos, é uma forma de conhe-

cermos e darmos a conhecer

o nosso património. A mística

existente nesta altura é mui-

to própria e assim torna-se

interessante participar nesta

visita guiada.”

Para além destas iniciativas,

o Clube de Pintura do GETAS

promove uma exposição de

várias pinturas de tema livre,

patente na Antiga Cadeia nos

dias da Semana Santa.

JMC

A nível cultural, o Getas

organiza um teatro de rua

em que recria a “Paixão de

Cristo”, uma grande produ-

ção, envolvendo várias de-

zenas de fi gurantes, no Sá-

bado Santo, dia 7 de Abril,

com início às 15 horas, na

Praça da República. O GE-

TAS vai também levar a efei-

to uma Exposição de Pintu-

ra no “Atrium” (a sua sede),

entre 5 e 8 de Abril, com

trabalhos do seu Clube de

Pintura. Na sexta-feira, dia

6, de manhã organizará um

Passeio Pedestre, cujo tema

versará sobre “Património

de Fé”. No dia 7 de Abril, sá-

bado, realiza-se um recital

de piano por Ana Cristina

Fernandes, no Centro Cul-

tural Gil Vicente, pelas 17

horas. Serão interpretadas

obras de Beethoven, Clara

Schumann, Robert Schu-

mann e Brahms.

Nos dias 5, 6, 7 e 8 de Abril

há animação musical e

lúdica no Bar do Centro Cul-

tural, entre as 13 e as 4 ho-

ras da madrugada, a cargo

da “Estímulo” – Associação

de Jovens de Sardoal.

No espaço de entrada do

núcleo central da Casa Gran-

de estará o “Doce Quiosque”

com venda de amêndoas.

É nos dias 1, 5, 6, 7 e 8 de

Abril, a partir das 15 horas.

O programa religioso, or-

ganizado pela Paróquia

de Santiago e São Mateus,

Santa Casa da Misericórdia

e Irmandades, terá as habi-

tuais cerimónias que levam

milhares de pessoas ao Sar-

doal. Os momentos altos

são a Procissão do Senhor

da Misericórdia (Fogaréus)

na quinta-feira, 5 de Abril,

realizada com a iluminação

da rede pública desligada

nas principais artérias da

vila. O ambiente místico é

acentuado pela luz das ve-

las, archotes e candeias.

Segundo os dicionários, a

palavra “fogaréus” designa

fogueira, fogacho, adorno

escultural em forma de cha-

ma. Pensa-se que provém

da expressão portuguesa

‘Fogarel’, mas não há certe-

zas quanto a isso. A Procis-

são dos Fogaréus é orga-

nizada pela Irmandade da

Santa Casa da Misericórdia

de Sardoal e integra o Ser-

mão do Mandato, na Igreja

do Convento de Santa Ma-

ria da Caridade. A Filarmó-

nica União Sardoalense en-

toa marchas fúnebres ao

longo do percurso.

No dia 6 de Abril, Sexta-

feira Santa, há a Procissão

do Enterro do Senhor na

qual participam a Irman-

dade da Vera Cruz ou dos

Santos Passos e a Irman-

dade do Santíssimo Sacra-

mento. O percurso é pelas

Ruas Velhas até à Igreja de

Santa Maria da Caridade

e regresso à Matriz, onde,

de seguida, se realizam as

Cerimónias do Enterro do

Senhor.

No dia 8 de Abril, domin-

go, realiza-se a Procissão da

Ressurreição. Nesta Procis-

são pretende-se demons-

trar a alegria pelo triunfo

de Cristo Ressuscitado que

os Cristão proclamam, vi-

brantemente, como sua. A

Matriz de Sardoal estará de-

corada com fl ores. Os para-

mentos dos Sacerdotes são

de cores mais alegres e para

a Procissão da Ressurreição,

que sai da Matriz, com um

percurso mais curto que o

das procissões dos dias an-

teriores, na zona central da

Vila de Sardoal. As ruas es-

tarão também cheias de

fl ores e verdura. Nas janelas

de muitas casas serão colo-

cadas as colchas mais ricas

e bonitas, criando um am-

biente solene, mas de Festa

e Alegria.

É grande o empenhamento

da comunidade cristã, e não

só, nos enfeites de Igrejas e

Capelas de Sardoal, com ta-

petes feitos à base de péta-

las de fl ores, verduras natu-

rais e outros acessórios, al-

faias e artefactos simbólicos

alusivos à Semana Santa e

Páscoa.

Estima-se que mais de duas

centenas de pessoas partici-

pem nestas tarefas. A partir

de Quinta-feira Santa (5 de

abril) até Domingo de Pás-

coa (8 de abril) o chão dos

templos recebe o talento

dos moradores circundantes

de cada Igreja ou Capela, de

associações, dos utentes do

Lar da Misericórdia e de mui-

tas pessoas, mesmo agnós-

ticos, não-praticantes ou de

outras convicções religiosas,

de várias idades e extratos

sociais.

Tradição cultural de pro-

fundo envolvimento popu-

lar que se julga ser única

(ou quase única) no país, re-

monta a tempos muito anti-

gos, sabendo-se que já exis-

tia com grande esplendor

no século XIX, factos con-

fi rmados pela leitura de jor-

nais da época. Os trabalhos

de enfeite têm lugar na noi-

te de quarta-feira, prolon-

gando-se alguns pela noite

dentro.

Os enfeites são efetuados

nas Igrejas da Misericórdia e

do Convento de Santa Maria

da Caridade e nas Capelas

de S. Sebastião, Espírito San-

to, Nossa Senhora do Carmo,

Santa Catarina, Sant’Ana e

Senhor dos Remédios.

As Igrejas e Capelas enfeita-

das são um dos pontos altos

das Solenidades da Semana

Santa e Páscoa no Sardoal,

atraindo milhares de visitan-

tes, todos os anos. Na edição

deste ano uma miniexposi-

ção fotográfi ca instalada em

cada um dos templos, recor-

dará os arranjos fl orais efetu-

ados nos últimos sete anos.

Mário Jorge Sousa

Flores e verduras nos templos de Sardoal

PROGRAMA

A semana Santa no Sardoal é um momento alto no concelho a nível religioso, cultural e turístico

A vertente teatral exaltada na Semana Santa

Foto

de

Paul

o So

usa

Foto

de

Paul

o So

usa

Foto

de

Paul

o So

usa

Page 15: jornal de abrantes

jornaldeabrantes

ABRIL2012 CULTURA 15

A Santa Casa da Misericórdia de Abrantes

LUGARES COM HISTÓRIA

TERESA APARÍCIO

Alguns autores, como Costa Go-dolfi m, situam a fundação da San-ta Casa da Misericórdia de Abrantes no ano de 1504, mas a verdade é que ainda não apareceu, até agora, qualquer documento em que esta data apareça referida.

A primeira data documentada é a

de 1516, pois aparece no “Compro-

misso do Regimento dos Ofi ciais da

Santa Confraria da Misericórdia” e

em 1528 o seu compromisso é con-

fi rmado por uma carta régia, assina-

da pelo rei D. João III.

Em Março de 1532, por alvará

do Infante D. Fernando, fi lho de D.

Manuel I, foi-lhe anexado o hospital

do Salvador. Este foi mandado erigir

pelo primeiro conde de Abrantes, D.

Lopo de Almeida e por sua mulher

D. Brites da Silva, no local onde a Co-

roa tinha um celeiro “no qual se reco-

lhia o pão dos reguengos de Abrantes

e que se situava no cabo da rua da

feira”, hoje denominada rua Dr. José

Joaquim de Oliveira. Efectivamente,

o rei D. João II autorizou a sua cons-

trução em 1483 e, em 1488, já estava

construído o hospital do Salvador,

denominação que o acompanhou

durante a sua longa existência, de

perto de quinhentos anos, pois fun-

cionou até 1985, embora, nos últi-

mos anos, já não ligado a esta ins-

tituição. Uma vez desactivado, o

espaço foi restituído novamente à

Misericórdia e foi reconvertido, para

lá instalar o Lar da Terceira Idade D.

Leonor Paller Carreras Viegas, inau-

gurado em 25 de Abril de 1992. Na

altura das obras, foram encontra-

das várias talhas de barro, em muito

bom estado de conservação, vestí-

gios do antigo celeiro do rei D. João

II e que, ainda hoje, algumas podem

ser vistas sob o chão envidraçado

do refeitório do Lar.

Junto à Casa da Misericórdia, foi

construída uma igreja em data in-

certa, sabe-se apenas que no seu

bonito portal renascença, virado a

norte, se encontra inscrita a data de

1548. Contudo, a igreja pode ser an-

terior e só posteriormente ter sido

embelezada com o portal. Além da

data, também o nome do mestre

responsável pela obra, Gaspar Di-

niz, se encontra inscrito num dos

pináculos laterais. A forte porta de

madeira é enquadrada por duas pi-

lastras de pedra e por um arco de

volta inteira. A parte superior des-

te está ladeada por dois bustos bas-

tante salientes, representando mi-

litares com capacete à maneira ro-

mana, um mais velho e com barba,

o outro mais jovem e sem barba. O

seu olhar converge para o centro do

arco.

Por cima, encontra-se um meda-

lhão, no qual foi inserida, em alto-

relevo, a imagem coroada de Nos-

sa Senhora da Misericórdia, com

o manto aberto, como é habitual,

seguro por dois anjos e, abrigados

por este, estão alguns suplicantes

de mãos postas. Sobre o medalhão,

ergue-se um pináculo, no cimo do

qual se encontra um pelicano e um

camaroeiro, insígnias respectiva-

mente do rei D. João II e de sua es-

posa D. Leonor, responsável pela

criação das Misericórdias.

O interior da igreja merece uma vi-

sita atenta. Aqui destaca-se a cape-

la-mor, onde se pode admirar um

belo altar de talha dourada, da épo-

ca de D. João V e seis famosas tábu-

as pintadas, onde fi guram cenas da

vida de Cristo e da Virgem e que são

consideradas uma obra-prima da

pintura quinhentista.

Na Sala do Defi nitório, no primei-

ro andar, encontram-se uns interes-

santes painéis de azulejos, represen-

tando as sete Obras de Misericór-

dia Corporais: dar de beber a quem

tem sede, dar de comer a quem tem

fome, vestir os nus, dar pousada aos

peregrinos… No centro, está uma

sólida mesa redonda, de madeira, à

volta da qual se sentavam os mem-

bros da Irmandade, para discutirem

os assuntos respeitantes à vida da

instituição. Atrás do lugar destina-

do ao provedor, vê-se um oratório

envidraçado, com um Cristo Crucifi -

cado, lembrando que devia ser Ele

o inspirador de toda a vida da ins-

tituição.

Bibliografi a: Morato, Manuel António e Mota,

João V. da Fonseca, “Memória Histórica

da Notável Vila de Abrantes”, edição da

Câmara Municipal de Abrantes, 1981

Assis, José Luis, “Pórtico Renascentis-

ta da Igreja da Misericórdia de Abrantes,

Jornal de Alferrarede, Janeiro, Feverei-

ro, Março Abril, Maio de 1995

Page 16: jornal de abrantes

jornaldeabrantes

ABRIL201216 CONSTÂNCIA

As já tradicionais Festas da Nossa Senhora da Boa Viagem estão de regresso e vão decorrer de 7 a 9 de Abril. Este ano a crise levou a Câma-ra Municipal a “apertar o cinto” e a repensar o modelo do certame.

A colaboração da população, as

escolas, as associações e os co-

merciantes são, segundo o presi-

dente da Câmara Municipal, Máxi-

mo Ferreira, “imprescindíveis para

a realização da festa com gran-

de tradição” e com uma com-

ponente religiosa bem vincada.

O número de dias dos festejos

vai sofrer uma redução (de qua-

tro para três) e as actividades

desportivas e culturais também

vão ser menores. Casos como a

Mostra Nacional de Artesanato, o

Grande Prémio da Páscoa em Atle-

tismo e o espectáculo de encerra-

mento com fogo-de-artifício eram

valências habituais da festa que não

vão acontecer nesta edição 2012.

A animação vai centrar-se na Pra-

ça Alexandre Herculano e começa

no dia 7 de Abril, com a actuação

da Banda Filarmónica de Montalvo

e do grupo “Declínios”.

Já no dia 8, vai decorrer uma tar-

de de Folclore, com os grupos: Ran-

cho Folclórico «Os Camponeses» de

Malpique (Constância), Rancho Fol-

clórico e Etnográfi co de Casais de

Revelhos (Abrantes) e ainda o Ran-

cho Folclórico “As Lavadeiras” de As-

seiceira (Tomar).

Uma das atracções para este ano

destacada pela vereadora, Júlia

Amorim, é um concerto denomi-

nado “Os Sons de Mechelen e Cons-

tância” – Sinos de mão e outros ins-

trumentos, promovido pelas Esco-

las Jef Denyn e CICO. A “Banda T” e o

grupo musical “Anaquim” também

vão subir a palco.

No que é respeitante à actividade

desportiva, vai decorrer a 27ª Desci-

da dos 3 Castelos – Turismo Náuti-

co, uma organização do CLAC, Clu-

be de Lazer, Aventura e Competi-

ção, que acontece no dia 7.

O Parque de Merendas vai ser o

palco da Mostra de artesanato e do-

çaria, intitulada Saberes e Sabores e

onde os comerciantes de Constância

vão poder vender os seus produtos.

Já no Posto de Turismo estará pre-

sente a exposição de fotografi a

“Tejo Sentido” e no edifício da An-

tiga Cadeia uma exposição com o

tema “Procissão de Nossa Senhora

da Boa Viagem Passado e Presente”.

A típica gastronomia presente nas

tasquinhas, restaurantes e cafés vai

ser motivo de interesse, como tam-

bém as tradicionais ruas fl oridas.

Joana Margarida Carvalho

APESAR DA CRISE

Constância volta a estar em Festa!

AVALIADORES IMOBILIÁRIOSEmpresa do ramo imobiliário pretende recrutar avaliadores imobiliários, no regime de prestação de serviços, para os distritos de Castelo Branco, Santarém, Leiria e Portalegre. Os interessados deverão enviar o seu curriculum vitae, com indicação da sua morada e dos distritos/concelhos a que se candidatam, para o seguinte endereço electrónico: [email protected]

Page 17: jornal de abrantes

jornaldeabrantes

ABRIL2012 CONSTÂNCIA 17

“Esta é uma festa para o povo”Nos dias de hoje, que signifi ca-

do é que têm as festas da Nossa Senhora da Boa Viagem?

Esta festa tem uma grande tradi-

ção para as pessoas de cá. Hoje em

dia nenhuma pessoa que reside no

concelho “andou” pelos rios, mas

“andou” o pai ou o avô dessa mes-

ma pessoa. Com a bênção dos bar-

cos o que fazemos é recordar velhas

tradições, é cultivar memórias, que

tinham grande importância para

Constância.

São as vivências dos marítimos

que são exaltadas e recordadas,

mas não só: a nossa actividade liga-

da à agricultura é também lembra-

da. Infelizmente, hoje a agricultura

é um sector com pouca expressão

no concelho, contudo no passado

não era assim. Nós temos registos

que comprovam que a freguesia de

Montalvo era o maior centro de pro-

dução de azeite do Ribatejo, em ter-

renos que hoje se encontram com-

pletamente abandonados. Uma ac-

tividade que se perdeu e que é uma

pena.

As festas deste ano continuam

com o objectivo de divulgar a nossa

terra, que é muito bonita, tem uma

forte tradição e deve ser visitada.

Em tempo de crise, foi estuda-da alguma forma de fazer com que as festas continuem não só a atrair os visitantes habituais, mas

também procurando novos pú-blicos?

Nós temos alguns turistas que são

visitantes habituais, pois têm uma

ligação a Constância devido à tradi-

ção dos rios. Já temos uma presença

no Facebook, porque entendemos

que é uma ferramenta importante

de divulgação, contudo considera-

mos que esta é uma festa do povo

e é procurada desde sempre pelas

pessoas de cá e que tenham ligação

a Constância. Em Junho, por exem-

plo, nas Pomonas Camonianas, a

perspectiva já é diferente, os públi-

cos já são outros e a estratégia de

comunicação também é outra.

Quais são os próximos desafi os do concelho naquilo que depen-de da Câmara Municipal?

O que depende de nós é a racio-

nalização de custos, alguma con-

tenção na perspectiva de novos

projectos e uma preocupação mui-

to grande em sobreviver. Esta crise

é imposta às pessoas e o Governo

entende que a salvação é difi cultar

ainda mais a vida aos portugueses.

Nós não concordamos com esta

visão, mas estamos integrados no

país e temos de nos adaptar. O mu-

nicípio não tem dívidas, temos feito

uma gestão cuidadosa, mas quan-

to a novos projectos o caminho é

aguardar. Desde Fevereiro de 2011

que o acesso a fundos está fechado

pelo Governo, resta-nos esperar pe-

las novas regras, para que possamos

saber como levar por diante projec-

tos pioneiros para o concelho.

Há alguma perspectiva de di-versifi cação no sector empresa-rial do concelho?

Não há e mediante o panorama

actual gostaríamos muito que as

coisas não se complicassem para

as empresas que já estão sediadas.

Sabemos que na zona industrial de

Montalvo algumas empresas têm a

possibilidade de alargar a sua activi-

dade e que já nos pediram mais es-

paço. A Caima tem em vista um in-

vestimento de mais de 30 milhões

de euros e a Tupperware está de

boa “saúde”(risos). Uma das gran-

des mágoas que tenho é que não

apareça nenhum investidor no do-

mínio da agricultura, pois temos

condições de excelência para esta

aposta.

O Centro de Ciência Viva é um pólo de atracção. Como tem sido dinamizado?

Temos mantido o Centro intocável

e temos feito de tudo para que este

possa resistir à crise. No início deste

ano lectivo, o Ministério da Educa-

ção tirou três dos professores que tí-

nhamos destacados no Centro. Isto

diminui a nossa capacidade de res-

posta, mas temos feito de tudo para

manter um trabalho de qualidade.

Para além das actividades no pró-

prio espaço, estamos a desenvolver

um projecto fi nanciado pelo QREN,

que consiste em ir às escolas e levar

para junto dos alunos estes temas li-

gados à Astronomia. Já arrancámos

com o projecto e está a correr mui-

to bem.

O Centro de Ciência Viva não re-

presenta, para já, uma grande pre-

ocupação.

Algumas obras estavam pre-vistas no âmbito da exaltação a Camões, há novidades nesta aposta?

Temos dois projectos previstos.

Um é a requalifi cação da casa ane-

xa à Casa Memória de Camões. É

uma infra-estrutura que está em ru-

ínas e que queremos arranjar para

ampliar o espaço que existe. Junto

ao Jardim Horto de Camões encon-

tram-se dois velhos edifícios que

queremos recuperar para instalar o

espaço de acolhimento ao jardim:

o Posto de Turismo e o Museu dos

Rios e das Artes Marítimas. Por últi-

mo, gostaríamos ainda de instalar

um Varino dos antigos, como sím-

bolo da tradição que existiu. Esta-

mos aguardar que haja uma aber-

tura relativamente aos fundos do

QREN para que possamos seguir

em frente com todos estes projec-

tos.

Qual é o ponto de situação das obras na ponte sobre o Rio Tejo?

As obras ainda vão demorar mais

uns dois, três meses. Estamos numa

fase de pintura do equipamento,

em Junho deverá estar pronta. A

reabertura vai apenas garantir, tal

como já está acontecer, passagem

ao tráfego ligeiro, com alturas infe-

riores a 2,10 metros. Esta situação

não é nada benéfi ca para o conce-

lho, nem para a região pois neces-

sitamos de uma via que não tenha

limitações a veículos. Estamos a fa-

zer pressão junto do Governo para

que seja construída uma nova pon-

te que permita a ligação da A23 à

margem sul do concelho de Cons-

tância, Abrantes e Chamusca. Este

acesso é muito importante para o

bom funcionamento da actividade

empresarial da região.

Joana Margarida Carvalho

MÁXIMO FERREIRA, PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE CONSTÂNCIA

*A PARTIR DE 7 DE ABRIL

GRILL

TAKE AWAYENCOMENDE

AGORA* 241 365 222

Page 18: jornal de abrantes

jornaldeabrantes

ABRIL201218 SAÚDE

A Saúde Oral nos Jovens do ZêzereSecção da responsabilidade da Unidade de Saúde Publica do ACES do Zêzere

No presente, a cárie dentária é

ainda uma das doenças crónicas

que mais afecta a população mun-

dial, principalmente a infanto-juve-

nil. Preocupada com esta situação,

a Organização Mundial da Saúde

(OMS) defi niu que em 2020 todos

os Estados europeus devem de ter

pelo menos 80% das crianças de 6

anos livres de cárie e aos 12 anos a

média de dentes cariados (C), perdi-

dos (P) e obturados (O) por criança

(CPO) não deve ultrapassar o valor

de 1,5.

Constituído o Agrupamento de

Centros de Saúde do Zêzere (ACES),

a Coordenação da Saúde Oral (SO)

da Unidade de Saúde Pública sen-

tiu necessidade de conhecer a rea-

lidade dentária da população de 6,

9 e 12 anos na sua área geográfi ca

de infl uência. Assim nasceu o estu-

do de prevalência “A Cárie Dentária

na População Escolarizada do ACES

do Médio Tejo II – Zêzere: Situação

Actual”. A recolha de informação foi

efectuada por higienistas orais, em

Maio e Junho de 2011. Para esse

efeito, foram observados 458 alu-

nos distribuídos aleatoriamente pe-

los concelhos de Abrantes, Cons-

tância, F. Zêzere, Tomar, Sardoal e V.

N. Barquinha.

Aos 6, 9 e 12 anos apenas 50%,

22% e 46% dos alunos do ACES se

encontram livres da doença. Com-

parando com o último estudo na-

cional (2005), podemos afi rmar que

a nossa situação é menos favorável

aos 6 anos (média nacional: 50,9%)

mas é melhor aos 12 (média nacio-

nal: 28,1%). Também o CPO de 1,27

observado aos 12 anos é inferior ao

nacional (1,48) e ao valor estabeleci-

do pela OMS para 2020.

No concelho de Abrantes, os va-

lores referentes aos alunos livres de

cárie aos 6, 9 e 12 anos são de, res-

pectivamente, 64, 22 e 41%. Que

interpretação deve ser dada a es-

tes valores? Pois bem, em nossa

opinião estes valores poderiam ser

bem melhores. Para isso, bastaria

aumentar a consciência individual

sobre a importância da saúde oral

numa vida saudável. A escovagem

dentária como rotina diária, o con-

sumo moderado de alimentos/be-

bidas açucaradas, o uso de substi-

tutos do açúcar, a utilização de su-

plementos de fl úor e a participação

activa em programas de prevenção

são os pequenos gestos que fazem

as grandes diferenças. No presente

e no futuro. E sempre que possível, a

consulta do higienista oral e do mé-

dico dentista, não apenas quando

estamos em sofrimento, mas tam-

bém por motivos e atitudes preven-

tivas. Não nos podemos esquecer

que só eles aplicam os selantes de

fi ssuras, poderosa arma defensiva

dos dentes permanentes, incluída

nos programas de prevenção que

desenvolvemos nas escolas da nos-

sa área de infl uência e que, por isso

e se os pais quiserem, acessíveis à

população jovem do nosso ACES.

Filipa SerraCoordenadora de Saúde Oral

SAÚDE É ...

Page 19: jornal de abrantes

jornaldeabrantes

ABRIL2012 CULTURA 19

963 059 827 | 241 365 222 | www.saolourencobytrincanela.com | [email protected]

Num misto de edição, vídeo,

desenho, performance, cerâ-

mica, música, colagem, pin-

tura, conservação e restau-

ro, design gráfi co, escultura e

design de equipamento, a ex-

posição “Spin Techs”, que es-

teve em Abrantes desde 25

de Fevereiro até ao fi nal do

mês de Março, recebeu cerca

de 500 visitantes. Só não rece-

beu mais porque o espaço foi

fechado em consequência de

um assalto. Os trabalhos não

foram danifi cados, mas fo-

ram roubados equipamentos

electrónicos essenciais para

algumas das peças expostas.

Numa ligação à Terra, 12 ar-

tistas responderam ao desa-

fi o do comissário da expo-

sição, Paulo Carmona, e re-

presentaram o tema com

trabalhos inéditos, de forma

conceptual, recorrendo a di-

ferentes abordagens e supor-

tes, desde materiais de artes

plásticas a novas tecnologias.

“Uma característica interes-

sante é a interdisciplinarida-

de”, refere Patrícia Bica, do ser-

viço educativo da Associação

NERVOS.

Sandro Ferreira, Ruy Otero,

Tiago Baptista, Rui Martins,

Miguel Neto, Fernando Fadi-

gas, Bruno Cacílio, Paulo Car-

mona, Lúcia Leitão, Paulo Pas-

sos, Renato Vieira e Marco

Serras são os artistas que par-

ticiparam nesta exposição,

que esteve patente na anti-

ga rodoviária em Abrantes.

A mostra, que foi organizada

pelas associações culturais

NERVOS e POGO, culminou

com um concerto experimen-

tal, apresentado por um dos

artistas, Fernando Fadigas.

Todos, nos seus trabalhos, in-

teragiram uns com os outros.

Esta característica da exposi-

ção esteve mais evidente no

trabalho de Paulo Passos, que

representou todos os artistas

com os seus retratos e nomes

“científi cos” em “sacos de se-

mentes”. Quanto ao tema da

exposição, e a propósito do

trabalho de Sandro Ferreira,

Patrícia Bica lembra que “a

Terra nem sempre é sinóni-

mo de fi rmeza e segurança”.

A partir de um mesmo

tema, as abordagens foram

diversifi cadas: a videovigilân-

cia, a ideia de fragilidade de

um automóvel, a Terra en-

quanto motivo de contem-

plação, os sons do interior da

terra, o exército em terraco-

ta da primeira dinastia Ming,

a ligação entre o passado e o

futuro, materiais achados do

lixo e as eras da Terra e um

trajecto dentro de uma es-

trutura, dando valor ao nosso

apressado quotidiano.

Patrícia Bica explica que os

mais velhos, apesar de co-

mentarem que este tipo de

exposição não é para a sua

idade, acabaram por ter curio-

sidade em entrar e observar

as peças. Para as crianças, a

exposição foi explicada de

uma forma especial: “Temos

de tentar encontrar uma liga-

ção entre o que eles apren-

dem na escola e na vida deles

todos os dias com o que vão

encontrar aqui”. A responsá-

vel pelo serviço educativo ex-

plica que as crianças se “diver-

tiram imenso”.

Esta mostra foi a primeira de

um conjunto de exposições

dedicadas aos quatro ele-

mentos. Seguem-se a Água, o

Fogo e o Ar, em cidades como

Tomar e Torres Novas. O pro-

jecto é fi nanciado pela Direc-

ção Geral das Artes. “A Câmara

Municipal de Abrantes partici-

pou apenas cedendo o espa-

ço”, afi rma Patrícia Bica. Quan-

to ao assalto, a Câmara Muni-

cipal “não mostrou qualquer

receptividade”. Até à hora de

fecho desta edição não foi

possível obter uma reacção

da autarquia a esta situação.

Flávia Frazãoaluna de Comunicação Social da ESTA

Trabalhos inéditos de 12 artistas vistos por 500 abrantinos

“What´s next” é o tema da

próxima edição do ARTEC,

Simpósio de Design e Artes

Gráfi cas que desde 1990 se

realiza no Instituto Politécnico

de Tomar (IPT). Este evento,

sem paralelo em Portugal,

terá este ano a sua 22.ª edi-

ção entre 10 e 12 de Maio. A

organização está a cargo dos

alunos fi nalistas da licencia-

tura em Design e Tecnologia

das Artes Gráfi cas.

Mais do que uma forma de

divulgação da licenciatura

em Design e Tecnologia das

Artes Gráfi cas, o ARTEC é uma

ponte entre dois universos: o

académico e o profi ssional.

Todos os anos marcam pre-

sença no evento profi ssionais

ligados à área do design, das

artes gráfi cas e das tecno-

logias, o que constitui uma

mais-valia para os alunos or-

ganizadores e os prepara

para os desafi os que enfren-

tarão à chegada ao merca-

do profi ssional. Este ano pre-

tende-se abordar a evolução

nos diferentes sectores e per-

ceber quais as perspectivas

para o futuro.

Durante os três dias vai ser

possível assistir a conferên-

cias nas áreas de Publicidade,

Design, Multimédia, Impres-

são e Marketing. O programa

será divulgado brevemente.

No dia 10 será inaugurada a

exposição de trabalhos dos

fi nalistas na galeria do IPT. No

dia 11 decorrerá uma mostra

de curtas-metragens, pelas

22h00, no Theatro Bar. A par-

ticipação no evento é gratui-

ta, mas requer um pré-regis-

to no website www.ipt.pt/

artec, onde se poderá ace-

der a mais informações.

ARTEC antecipa o futuro do Design

Page 20: jornal de abrantes

jornaldeabrantes

ABRIL201220 CULTURA

Abrantes Até 15 de Maio – Exposição “O Azulejo em Abrantes

– Um Percurso de 5 Séculos”- Museu D. Lopo de Al-

meida

Até 27 de Abril – Exposição sobre “Manuel da Fon-

seca 100 anos” – Biblioteca António Botto

Até 4 de Maio – Exposição de pintura e cerâmica

de Fernando d’F. Pereira e Ricardo Casimiro – Galeria

Municipal de Arte

30, 31 de Março e 1 de Abril – Festival Index – Festi-

val de Cinema e Experimentação

1 a 30 de Abril – Exposição “Doces e Sabores da Pás-

coa” – produtos regionais e artesanato – Posto de Tu-

rismo

11 a 13 de Abril – Jornadas da Juventude - Conjun-

to de acções, subordinadas à Solidariedade Interge-

racional

12 de Abril – Entre nós e as palavras… com o au-

tor Fernando Pinto Amaral – Apresentação do livro

“O Segredo de Leonardo Volpi”- Biblioteca António

Botto, às 21h30

14 de Abril – Teatro “Amor Intemporal” – Cine-Teatro

São Pedro, às 21h30

17 de Abril – “A Menina Dança?” – concerto com o

grupo “F&M” – Pequeno auditório do Cine-Teatro

São Pedro, às 15h

27 de Abril – Encontro com o autor David Machado

– Biblioteca António Botto, às 10h30 e às 14h

28 de Abril – Festival de Tunas – Cine-Teatro São

Pedro, às 21h30

Cinema Espalhafi tas, Cine-teatro São Pedro, às

21h30:

4 de Abril – “Meia-Noite em Paris”

7 de Abril – “Happy Feet”

11 de Abril – “Drive”

18 de Abril – “Chris Marker – Jogo Político”

Barquinha Até 30 de Abril – Mostra bibliográfi ca sobre Agatha

Christie - Biblioteca Municipal

14 de Abril - Palestra “Museu Ibérico de Arqueolo-

gia e Arte de Abrantes: um desafi o em construção”,

por Isilda Jana – Centro Cultural, às 17h

Constância 2 a 30 de Abril – Mostra Bio-bibliográfi ca sobre Jor-

ge Amado – Biblioteca Municipal Alexandre O´Neill,

das 10h às 18h30

7 de Abril a 6 de Maio – Exposição de fotografi a de

fotógrafos amadores do Ribatejo – Posto de Turismo

7, 8 e 9 de Abril – Festas do Concelho de Constância

23 de Abril – Maratona de Contos – Dia Mundial do

Livro e do Direito de Autor - Biblioteca Municipal Ale-

xandre O´Neill, das 10h às 18h30

25 de Abril - Descobrir o 25 de Abril a brincar –

Museu dos Rios e das Artes Marítimas, das 14h às

17h30

26 de Abril – Grupo de Leitura sobre Jorge Amado -

Biblioteca Municipal Alexandre O´Neill, às 20h30

DVDteca à Sexta - Biblioteca Municipal Alexandre

O´Neill, às 15h:

13 de Abril – “O Gato das Botas – A Verdadeira His-

tória”

20 de Abril – “A Missão”

27 de Abril – “Capitães de Abril”

Mação Até 30 de Abril – Exposição “A poesia está no Ar” –

Biblioteca Municipal

5 de Abril – Palestra “Do mundo digital às humani-

dades digitais: refl ectindo o passado e projectando

o futuro”, por Danny Rangel – Museu de Arte Pré-

Histórica

18 de Abril – Palestra “Do Património Mundial ao

Património Local: proteger e gerir a mudança” - Mu-

seu de Arte Pré-Histórica

28 de Abril – Feira de Artesanato – Largo dos Bom-

beiros, das 10h às 19h

Sardoal Até 29 de Abril – Exposição sobre a Filarmónica

União Sardoalense “Passado, Presente e Futuro –

150 anos de vida” – Centro Cultural Gil Vicente

5 a 8 de Abril – Exposição de pintura pelo “Clube de

Pintura” do GETAS – Atrium do GETAS

7 de Abril – Teatro de Rua “A Paixão de Cristo” – Pra-

ça da República e ruas adjacentes, a partir das 15h

7 de Abril – Recital de Piano com Ana Cristina Fer-

nandes – Centro Cultural Gil Vicente, às 17h

29 de Abril - Concerto da Filarmónica União Sardo-

alense - Comemoração dos 150 anos – Centro Cul-

tural Gil Vicente, às 17h

AGENDA DO MÊS

Abrantes, Castelo Branco e

Guarda são as três cidades que

estão a acolher a sétima edição

do Festival de Música da Beira

Interior, que começou em Mar-

ço e vai decorrer até Maio des-

te ano. O festival é organizado

pela Scutvias, a empresa con-

cessionária da auto-estrada da

Beira Interior, e vai contar com

seis concertos que vão passar

pelas três cidades.

O cine-teatro São Pedro em

Abrantes teve casa cheia ao re-

ceber o primeiro concerto do

festival, com o Conservatório

Regional de Castelo Branco e a

Associação Cultural da Beira In-

terior, no último dia 24 de Mar-

ço.

Este ano foi a primeira vez

que Abrantes recebeu o even-

to e, segundo Maria do Céu Al-

buquerque, presidente da Câ-

mara Municipal de Abrantes, “o

festival vai permitir criar condi-

ções de intercâmbio para os jo-

vens que promovem a cultura e

a arte”.

O festival chega ao cine-teatro

Avenida em Castelo Branco, no

dia 28 de Abril, onde a orquestra

do Conservatório de Música de

São José da Guarda vai estrear

algumas peças musicais, para,

logo a seguir, a orquestra e coro

da Academia de Música e Dança

do Fundão revisitam algumas

canções de José Barata-Moura,

com direcção de João Mendes.

Os últimos concertos realizam-

se no Teatro Municipal da Guar-

da a 26 de Maio. Na cidade jun-

tam-se o Conservatório de Mú-

sica da Covilhã e uma formação

da Escola Superior de Artes Apli-

cadas, do Politécnico de Castelo

Branco.

Abrantes recebeu Festival de Música da Beira Interior

As Feiras de Artesanato estão de regres-

so à vila de Mação. De 30 de Março a 29 de

Setembro, no último Sábado de cada mês,

o Largo dos Bombeiros recebe estas feiras

que pretendem promover o trabalho dos

artesãos locais. Em exposição vão estar pe-

ças em tecido, rendas, bordados, bijuteria,

desenho e pintura, que vão desde o tradi-

cional ao mais moderno. As Feiras de Arte-

sanato têm actividades complementares

como ateliers, aulas de ginástica, pintura

facial para crianças, entre outros. O horário

do evento é das 10h às 19h.

Feiras de Artesanato em Mação

Um grupo de fotógrafos do Ribatejo vai

expor as suas fotografi as no Posto de Turis-

mo de Constância, de 7 de Abril a 6 de Maio.

“Tejo Sentido”, assim se designa a exposi-

ção, acolhe trabalhos de alguns dos 93 au-

tores que compõem o grupo de Fotógrafos

Amadores do Ribatejo. São ele: Abílio Dias,

António Kool, Carlos Maltez, Fátima Conde-

ço, Humberto Branco, José Costa, José Ribeiro, José Vieira (Serralha), Lília

Reis, Luís Amaral, Maria Isabel Clara, Mário Medeiros, Paulo Carneiro, Pau-

lo Sousa, Pedro Barradas e Sérgio B.. O Posto de Turismo está aberto de

Segunda a Sexta-feira das 9h às 18h, aos Sábados e Domingos das 11h às

13h e das 14h às 19h.

Exposição de fotógrafos amadores do Ribatejo

NOTARIADO PORTUGUÊSCARTÓRIO NOTARIAL DE SÓNIA ONOFRE EM ABRANTES

A CARGO DA NOTÁRIA SÓNIA MARIA ALCARAVELA ONOFRE

Certifi co para efeitos de publicação que por escritura lavrada no dia vinte e dois de Março de dois mil e doze, exarada de folhas cinquenta e oito a folhas cinquenta e nove - verso, do Livro de Notas para Escrituras Diversas NOVENTA E SETE – A, deste Cartório Notarial, foi lavrada uma escritura de JUSTIFICAÇÃO na qual os Senhores JOSÉ NUNES DE JESUS COIMBRA, contribuinte fi scal número 114 025 584 e mulher ALBERTINA MARIA LOPES, contribuinte fi scal número 114 025 592, casados no regime da comunhão geral de bens, ambos naturais da freguesia de Aldeia do Mato, do concelho de Abrantes, residentes na Rua Principal, numero 1266, em Carreira do Mato, Aldeia do Mato, Abrantes, DECLARARAM que, com exclusão de outrem, são donos e legítimos possuidores do seguinte.- UM) Prédio Rústico, sito em Vale Salgueiro, na freguesia de Aldeia do Mato, do concelho de Abrantes, composto de horta, fi gueiras, cultura arvense e mato, com a área de mil metros quadrados, a confrontar de Norte com Idalina Francisco, de Sul com Herdeiros de Isaltina da Conceição, de Nascente com Herdeiros de Maria José

e de Poente com Francisco Pedro, Martinho Barquinha e Amadeu Amaral, omisso na Conservatória do Registo Predial de Abrantes, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 239 da secção AL.- DOIS) Prédio Rústico, sito em Carreira do Mato, na freguesia de Aldeia do Mato, do concelho de Abrantes, composto de cultura arvense, fi gueiras e oliveiras, com a área de oitocentos e quarenta metros quadrados, a confrontar de Norte e Sul com Estrada, de Nascente com Herdeiros de Isaltina da Conceição e de Poente com José António Lopes, omisso na Conservatória do Registo Predial de Abrantes, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 43 da secção AI.- Que, eles justifi cantes são possuidores dos prédios acima identifi cados por compra meramente verbal a António Braz e mulher Adelina Emília da Conceição, casados no regime da comunhão geral de bens, residentes que foram no lugar de Bioucas, Souto, Abrantes, no ano de mil novecentos e setenta e cinco, logo há mais de vinte anos.- Que, desde a referida data, vêm exercendo continuamente

a sua posse, à vista e com conhecimento de toda a gente da freguesia e freguesias limítrofes, usufruindo de todas as utilidades dos prédios, amanhando-os, cultivando-os, apanhando a fruta, limpando o mato, cortando a madeira na convicção de exercer direito próprio, ignorando lesar direito alheio, sendo reconhecidos como seus donos por toda a gente, pacifi camente, porque sem violência, continua e publicamente, de forma correspondente ao exercício de propriedade, sem a menor oposição de quem quer que seja e pagando os respectivos impostos, verifi cando-se assim todos os requisitos legais para que a aquisição dos citados imóveis seja por usucapião.Está conforme ao original e certifi co que na parte omitida nada há em contrário ou além do que nesta se narra ou transcreve.

Abrantes, 22 de Março de 2012

A NotáriaSónia Maria Alcaravela Onofre

(em Jornal de Abrantes, edição 5494 de Abril de 2012)

Escultura e Pintura em exposição na Galeria de Arte

A Galeria Municipal de Arte

de Abrantes tem patente uma

exposição de pintura de Fer-

nando d’ F. Pereira e de escul-

tura de Ricardo Casimiro. O tra-

balho de Fernando d’ F. Pereira

caracteriza-se por ser intensa-

mente matizado, a sua obra é

infl uenciada pelo expressio-

nismo alemão, foi objecto de estudo e de análise por crí-

ticos e historiadores de arte. O pintor nasceu em Lisboa, e

tem exposto por todo o mundo, desde Espanha, França,

Áustria, Alemanha e Portugal. No trabalho do ceramista

Ricardo Casimiro, a expressão faz-se numa distorção de

formas tridimensionais, cuja plasticidade resulta do tra-

balho aturado do grés e das pastas revestidas de texturas

e cores multíplices. Químico de formação, a escultura em

cerâmica surge no percurso do autor apenas aos 53 anos.

Fascinado pela obra de Hieronymus Bosch “As Tentações

de Santo Antão” e pela versão de Anne Lennox de “No

more ‘I love you’s’”, este autor de Setúbal tem um imaginá-

rio e uma fantasia recheada de criaturas que ele transpõe

para a cerâmica usando uma linguagem a que não faltam

ironia, sarcasmo e mordacidade. Todas as peças são úni-

cas e assinadas com um carimbo com as letras “RC”, exe-

cutadas por processos clássicos artesanais. A mostra fi ca-

rá patente até ao dia 4 de Maio, no horário da Galeria, de

Terça a Sábado, da 10h às 12h30 e das 14h às 18h30.

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jornaldeabrantes

ABRIL2012 CULTURA 21

Carlos Aparício - “Nunca esperei vir a fazer rádio como locutor”

Começou a trabalhar em rádio na

RAL, logo nos primeiros anos de emis-

são. A sua paixão sempre foram os bo-

tões. “Fazer técnica”, como na altura se

chamava. Carlos Aparício foi técnico de

som na RAL durante anos a fi o. Técnico

de som de programas em directo, mas

também o responsável por todos os

programas gravados, na altura em cas-

setes e mais tarde em bobines. Natural

de Arreciadas, onde nasceu a primeira

rádio local do país, cedo rumou para

Lisboa onde ainda hoje reside. Especia-

lizou-se em informática e é nesta área

que actualmente desenvolve a sua

vida profi ssional. Por via disso, foi obri-

gado a deixar os botões da rádio. No

entanto, o chamado “bichinho da rá-

dio” nunca o deixou. Quando em 2010

a Antena Livre comemorou os 30 anos

de emissões regulares, Carlos Aparicio

assistiu à Gala da Antena Livre e, em

conversa com os responsáveis da es-

tação emissora, partilhou um site que

o próprio havia construído para come-

moração dos 30 anos da rádio. Um site

através do qual podia ser ouvida uma

emissão on line 24 horas por dia, com

vozes, jingles e programas que foram

sucesso ao longo dos anos, bem como

spots publicitários da altura. Foi através

desta emissão on line que Carlos Aparí-

cio também fez ouvir a sua própria voz.

Estava, no entanto, longe de imaginar

que de um momento para o outro se

visse de novo envolvido nas ondas do

FM, mas foi isso mesmo que aconte-

ceu. A sua voz radiofónica não passou

despercebida à Direcção de Programas

da Antena Livre, que logo o convidou

para dar a voz a um programa, convi-

te que acabou por aceitar, apesar de ter

hesitado, pois na realidade nunca tinha

dado a voz a programas. Entusiasma-

do com a ideia, Carlos Aparício acabou

por remodelar e aperfeiçoar o estúdio

que já tinha em casa e é aí que produz

a emissão que todos os sábados pode

ser ouvida entre as 15h e as 17h, des-

de 2010. Em 2011 começou também a

dar voz a diversos spots comerciais da

estação emissora. O locutor confessou

ao JÁ: “Nunca esperei vir a fazer rádio

como locutor, mas estou a adorar a ex-

periência, e estarei na Antena Livre en-

quanto me quiserem. É para mim um

orgulho fazer parte desta equipa que

mantém no ar todos os dias uma emis-

são de muita qualidade”.

Paulo Delgado

AS CARAS DA RÁDIO

Durante praticamente

todo o mês de Março, a Ga-

leria Municipal de Abrantes

acolheu uma exposição de

trabalhos de alunos de Ar-

tes Visuais da Escola Secun-

dária Dr. Solano Abreu. Esta

apresentação do trabalho

escolar ao público abrantino

acontece pela primeira vez,

em 30 anos.

Paula Dias, funcionária

da Câmara Municipal de

Abrantes, explica que esta

exposição “permite aos alu-

nos ver os próprios traba-

lhos numa outra perspecti-

va”. A ideia “partiu da Câma-

ra Municipal” e só aconteceu

agora porque a Galeria, que

“só tem 13 anos”, tem uma

programa anual que tem

vindo a abranger artistas

que já tenham um percurso

feito. No entanto, fi ca a ga-

rantia de que a Galeria con-

tinua disponível para apoiar

exposições como esta, de

candidatos a artistas: “Abri-

mos-lhes as portas para ex-

posições futuras.”

Desde o início da exposi-

ção, várias foram as visitas à

Galeria, até pelas particulari-

dades dos autores dos traba-

lhos expostos. “Veio a famí-

lia, vieram os pais orgulho-

sos e os colegas, notando-se

uma afl uência muito maior

de pessoas”, conta Paula

Dias. Um facto curioso foi o

facto de aparecerem visitan-

tes interessados em comprar

os trabalhos. “Já apareceram

pessoas a querer comprar os

trabalhos expostos.”

Bárbara Catarino, de 17

anos, percebe a importân-

cia de ter o trabalho exposto

num espaço público. “A ex-

posição é muito importan-

te para nós, para as pessoas

terem acesso ao nosso tra-

balho, porque normalmen-

te quando fazemos os traba-

lhos só os professores é que

os vêem.” Perante a possibi-

lidade de vender o seu tra-

balho, garante que o faria.

Luís Reis, professor de Ar-

tes Visuais na Escola Secun-

dária Dr. Solano de Abreu

e responsável pela exposi-

ção, considera que a iniciati-

va “é importante para a boa

imagem da Escola e, princi-

palmente, para o reconhe-

cimento do bom trabalho

feito”. Para os alunos, é uma

mais-valia, pois “vir cá para

fora é outro degrau que se

sobe”. Por outro lado, “a es-

cola tem sempre a preocu-

pação de mostrar o traba-

lho e fazer com que os ou-

tros usufruam do trabalho”.

Para além desta exposi-

ção, os alunos da Solano de

Abreu foram também desa-

fi ados a participar na recu-

peração das esculturas de

ferro espalhadas por alguns

pontos da cidade (por exem-

plo, junto ao Edifício Pirâmi-

de) que começam a fi car de-

terioradas. A ideia é voltar

a ter as esculturas com as

cores que tinham anterior-

mente. Aliás, estes estudan-

tes de Artes têm já realizado

trabalhos de intervenção no

património da região, como

foi o caso da recuperação de

painéis de azulejos da Casa

Agrícola da Quinta do Valle

da Louza.

Miguel Freire aluno de Comunicação Social da ESTA

Emissão com Carlos Aparício: Das 15h00 às 17h00 ao sábado

“Abrimos-lhes as portas para exposições futuras”

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jornaldeabrantes

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ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE SARDOAL

EDITAL Nº 03 / 2012MIGUEL JORGE ANDRADE PITA MORA ALVES

PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE SARDOAL

FAZ PÚBLICO que, para efeitos do art.º 91º da Lei n.º 169/99, de 18 de Setembro, na redacção dada pela Lei n.º 5-A/2002, de 11 de Janeiro, se publicam as deliberações da Assembleia Municipal, tomadas em sessão ordinária, realizada no dia 28 de fevereiro de 2012:

- Alteração Regulamento do Cartão Municipal do Idoso; (Deliberado por unanimidade aprovar);

E para constar se lavrou o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afi xados nos lugares públicos de estilo.

Paços do Município de Sardoal, 06 de fevereiro de 2012

O Presidente da Assembleia MunicipalMiguel Jorge Andrade Pita Mora Alves

ABRANTES

André Filipe VieiraN. 22-03-1980 - F. 08-02-2012

AGRADECIMENTONa impossibilidade de o fazer pessoalmente e individualmente a todos quantos de dignaram associar-se às cerimónias fúnebres ou endereçaram mensagens de condolências, à família de André Filipe Vieira vêm por este meio manifestar-se profundamente sensibilizada e expressar o seu reconhecimento pelas manifestações de carinho e pesar recebidas aquando do falecimento do seu querido.

Descansa em paz.

Paulo Jorge da Silva FerreiraN. 31-12-1969 - F. 24-02-2012

AgradecimentoSua esposa, fi lhas e restante família, na impossibilidade de o fazerem pessoalmente, vêm por este meio agradecer a todas as pessoas que velaram, e acompanharam o seu ente querido à sua última morada.A todos o nosso reconhecimento

ABRANTES: Ed. S. Domingos - Rua de S. Domingos – 336 – 2º A – Apart. 37Tel. 241 372 831/2/3 – Fax 241 362 645 - 2200-397 ABRANTES

LISBOA: Rua Braamcamp – 52 – 9º EsqºTel. 213 860 963 – 213 862 922 - Fax 213 863 923 - 1250-051 LISBOA

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