Jornal de Abrantes - Edição de Maio, 2016

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Abrantes · Constância · Mação · Sardoal · Vila Nova da Barquinha · Vila de Rei jornal abrantes de MAIO 2016 · Diretora JOANA MARGARIDA CARVALHO · MENSAL · Nº 5543 · ANO 116 · DISTRIBUIÇÃO GRATUITA GRATUITO Pág. 3 TURISMO MAÇÃO OBRAS Fustigado pelos fogos, Mação cria soluções premiadas no estrangeiro O concelho foi devastado por incêndios nos últimos 30 anos, tendo desenvolvido na úl- tima década práticas florestais hoje elogi- adas em vários países. Pág 18 Constância dinamiza turismo com Festival das Grandes Rotas Atividades nas áreas de lazer, desporto, cultura e ciência marcaram a primeira edição do Festival das Grandes Rotas de Constância. Pág 10 Família Santinho Mendes Há décadas a formar campeões! Gala Antena Livre e Jornal de Abrantes acontece dia 6 de maio Este ano, trata-se de uma gala especial sendo que a Antena Livre está a assinalar 35 anos de emissões livres, o Jornal de Abrantes celebra a bonita idade de 116 anos e a cidade de Abrantes assinala o seu centenário. Pág 19 Um ano depois, ponte de Abrantes abre sem restrições As restrições a veículos ligeiros e pesa- dos sobre o tabuleiro da ponte metálica de Abrantes foram levantadas no dia 28 de abril, ao final do dia. Pág 11 arq ui n nh ha a Vila de Rei Edição do ESTAJornal

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Jornal de Abrantes, Sardoal, Mação, Vila de Rei, Constância e VN Barquinha

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Page 1: Jornal de Abrantes - Edição de Maio, 2016

Abrantes · Constância · Mação · Sardoal · Vila Nova da Barquinha · Vila de Rei

jornal abrantesde

MAIO 2016 · Diretora JOANA MARGARIDA CARVALHO · MENSAL · Nº 5543 · ANO 116 · DISTRIBUIÇÃO GRATUITAGRATUITO

Pág. 3

TURISMO MAÇÃO OBRAS

Fustigado pelos fogos, Mação cria soluções premiadas no estrangeiro

O concelho foi devastado por incêndios nos últimos 30 anos, tendo desenvolvido na úl-tima década práticas florestais hoje elogi-adas em vários países. Pág 18

Constância dinamiza turismo com Festival das Grandes Rotas

Atividades nas áreas de lazer, desporto, cultura e ciência marcaram a primeira edição do Festival das Grandes Rotas de Constância. Pág 10

Família Santinho Mendes Há décadas a formar campeões!

Gala Antena Livre e Jornal de Abrantes acontece dia 6 de maio Este ano, trata-se de uma gala especial sendo que a Antena Livre está a assinalar 35 anos de emissões livres, o Jornal de Abrantes celebra a bonita idade de 116 anos e a cidade de Abrantes assinala o seu centenário. Pág 19

Um ano depois, ponte de Abrantes abre sem restrições

As restrições a veículos ligeiros e pesa-dos sobre o tabuleiro da ponte metálica de Abrantes foram levantadas no dia 28 de abril, ao final do dia. Pág 11

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Edição do ESTAJornal

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2 MAIO 20162016

IDADE? 31NATURALIDADE / RESIDÊNCIA? Sé Nova – Coimbra / FátimaPROFISSÃO? JornalistaUMA POVOAÇÃO? A cidade de Abrantes, onde me formei, onde pas-sei momentos marcantes da minha vida e onde conheci algumas pes-soas sem as quais hoje não poderia viver. Abrantes tem magia.UM CAFÉ? Del Rey, em Tramagal. Um sítio histórico e único. Creio que é o bar mais antigo do distrito de

Santarém.PRATO PREFERIDO? Massa. Tudo o que tenha massas é bem-vindo aos meus gostos gastronómicos.UM RECANTO PARA DESCOBRIR? Padrão, freguesia de Sistelo, conce-lho de Arcos de Valdevez. Uma ter-rinha no cimo dum monte com 30 habitantes. Simplesmente inesque-cível.UM DISCO? Qualquer um do Prince. Foi uma morte que me deixou triste e angustiada. Sempre fui grande fã.UM FILME? “Cidade dos Anjos” pela excelente banda sonora que vai desde U2 a Jimmy Hendrix ou Eric Clapton e depois, pela bonita histó-ria de amor excelentemente inter-pretada pela Meg Ryan e o Nicolas Cage.UMA VIAGEM? O meu pai é Mo-çambicano e nunca estive em Mo-çambique. Gostava de ir lá com ele.UMA FIGURA DA HISTÓRIA? Uma

poetisa: Florbela Espanca. É única.UM MOMENTO MARCANTE? O nascimento da minha filha Valen-tina.UM PROVÉRBIO? “Mais vale tarde do que nunca”. Não se pode dizer nunca que já não vale a pena. Esta-mos sempre a tempo de fazer o que queremos.UM SONHO? Nunca deixar de so-nhar. Como diz o poema de Antó-nio Gedeão “o mundo pula e avança” quando sonhamos.UMA PROPOSTA PARA UM DIA DIFERENTE NA REGIÃO? Um bom pequeno-almoço, no Aquapolis em Abrantes, uma subida com Amigos pela Ribeira de Alcolobre, com uma paisagem única a partir do Cruxifi xo até à Caniceira onde à chegada se faz um belo piquenique a meio da tarde, e terminar o dia com um belo jantar no Restaurante Molares em Chainça.

ABERTURA

“Um enorme sucesso!” Assim foi a segunda prova do Campeonato Nacional de Trial 4X4, no dia 24 de abril, segundo a autarquia de Mação. Esta foi a prova que registou a maior lista de inscritos e participantes de sempre na história do Campeonato Nacional de Trial 4x4.Ao todo 37 máquinas proporcionaram um verdadeiro espetáculo deste desporto motorizado.

FICHA TÉCNICA

DiretoraJoana Margarida Carvalho

(CP.9319)[email protected]

RedaçãoMário Rui Fonseca

(CP.4306)[email protected]

ColaboradoresAlves Jana e Paulo Delgado

PublicidadeMiguel Ângelo 962 108 785

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Cristina [email protected]

Departamento FinanceiroÂngela Gil (Direção) Catarina Branquinho

244 819 [email protected]

Produção gráficaSemanário REGIÃO DE LEIRIA

Design gráfico António Vieira

ImpressãoUnipress Centro Gráfico, Lda.

ContactosTel: 241 360 170 / Fax: 241 360 179

[email protected]

Editora e proprietáriaMedia On

- Comunicação Social, Lda.Capital Social: 50.000 eurosNº Contribuinte: 505 500 094

Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio,

Apartado 652204-909 Abrantes

Detentores do capital socialLena Comunicação SGPS, S.A. 80%

Empresa Jornalística Região de Leiria, Lda. 20%

GerênciaFrancisco Rebelo dos Santos,

Joaquim Paulo Cordeiro da Conceição e Paulo Miguel

Gonçalves da Silva Reis

Artigo nº16 da Lei de Imprensa Transparência

da PropriedadeA Lena Comunicação SGPS, S.A. é ainda

detentora de 75 % da Empresa Jornalística Região de Leiria, Lda.,

proprietária do Semanário Região de Leiria e de 69,94% da empresa Editorial Jornal da Bairrada.

Lda., proprietária do Jornal da Bairrada.A Empresa Jornalística Região de Leiria, Lda. detém ainda uma participação de 12,56% da empresa Editorial Jornal da Bairrada. Lda.

Tiragem 15.000 exemplaresDistribuição gratuitaDep. Legal 219397/04

Nº Registo no ICS: 124617

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Victor Hugo Cardosopresidente JF Tramagal

1 de Maio: O dia 1 de maio é uma data simbólica muito importante para o Tramagal, enquanto Dia do Trabalhador, e recuperámos a tradi-ção da Metalúrgica Duarte Ferreira em assinalar a data festiva dos tra-balhadores. Estivemos duas décadas sem celebrar o 1 de maio e é uma honra para nós podermos ter em Tra-magal a família Duarte Ferreira. Tudo aponta que o Museu da Metalúr-gica Duarte Ferreira seja inaugurado ainda em 2016.

Luís Lopespresidente do TSU

Aniversário TSU: Neste dia tão es-pecial agradecer a todos aqueles que permitiram ao clube atingir esta data tão bonita que são os 94 anos em ati-vidade do TSU. Para este clube fun-dado a 1 de maio de 1922 temos um projeto que gostaríamos de concreti-zar e que passa por arrelvar o campo de jogos.

Maria Oliveira92 anos

Dia das Marias: Maria Oliveira, de 92 anos, residente em Crucifi xo, des-taca-se pela sua jovialidade e alegria no tradicional almoço convívio do grupo onomástico As Marias, evento que se realiza sempre no primeiro domingo do mês de maio e que este ano coincidiu com o Dia da Mãe: “En-quanto cá andar e tiver forças quero participar nestes encontros. Só é pena que haja poucas raparigas a aparecer. Dançar, agora, só apoiada na bengala, mas cantar ainda canto”.

FOTO DO MÊS

INQUÉRITO

EDITORIAL

MDF, TSU e o Dia das Marias marcam 1 de maio no Tramagal

SUGESTÕES

Rita Alexandra Matias Pimentel

Joana Margarida Carvalho

Diretora

Prestígio e Glamour Dia 6 de maio, às 21h30, todos os

caminhos vão dar ao Cine Teatro São Pedro, em Abrantes.

Vai acontecer a XI Gala Antena Li-vre e Jornal de Abrantes. Uma noite de homenagem aos valores regio-nais e nacionais. Um momento de prestígio e glamour que destaca quem mais se evidenciou no último ano, sejam empresas, movimentos, entidades, associações ou persona-lidades.

Nas várias edições que principia-ram em 2003 já passaram pelo palco do cine teatro nomes como José Ro-drigues dos Santos, Júlio Magalhães, Dina Aguiar, Quinta do Bill, Ana Lains, Sara Tavares, UHF, e no ano passado Mira Godinho, decana do voluntari-ado em Abrantes e José Bioucas, pri-meiro presidente eleito da Câmara Municipal. Dois momentos sublimes e únicos que certamente fi caram na memória dos muitos cidadãos que assistiram ao evento e que fizeram jus ao trabalho desenvolvido por es-tas duas personalidades.

Este ano, a equipa da Antena Livre e do Jornal de Abrantes tem a árdua tarefa de não baixar as expetativas e presentear todos com uma noite digna, cheia de emoção e de forte envolvimento.

Sabemos que esta gala, para além de marcar agenda cultural da região do Médio Tejo, é também acarinhada por quem nos acompanha e por quem faz a “rádio como você gosta” e o centenário Jornal de Abrantes.

Este ano, trata-se de uma gala espe-cial sendo que a Antena Livre está a assinalar 35 anos de emissões livres, o Jornal de Abrantes celebra a bo-nita idade de 116 anos e a cidade de Abrantes assinala o seu centenário.

Datas que devem ser assinaladas com “pompa e circunstância” e que devem envolver quem ouve, lê e vive neste concelho. São momentos para repensar o presente e preparar o fu-turo, com alicerces mais fortes e dinâ-micos que dignifi quem estes nomes, que no passado eram sentidos e enunciados com orgulho e carisma.

Que a Antena Livre e o Jornal de Abrantes continuem a prestar o ser-viço público e a garantir a proximi-dade de quem os acompanha por mais cem anos de cidade de Abran-tes.

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3MAIO 20162016 ENTREVISTA

É uma família de campeões. O patri-arca António Santinho Mendes pas-sou o testemunho aos fi lhos e hoje é o neto, com apenas 15 anos, que traz as vitórias para casa, sagrando-se campeão o ano passado. José Mendes (JM) continua nas competições e ambiciona ser cam-peão este ano. Vítor Mendes (VM) já conseguiu essa proeza no auto-cross e hoje tem as atenções postas no fi lho - António Santinho Mendes (AM) que herdou assim o nome e o jeito do avô.

José e Vitor como iniciaram a vossa experiência no desporto automóvel?

VM - As primeiras duas provas que fi z, em 1989/90, foi como navega-dor do meu pai. Depois ainda como navegador, fiz algumas provas no campeonato de ralis de iniciados e depois estreio-me ao volante em 1992, no todo o terreno. Em 1996, fui vice-campeão nacional na cate-goria de T3. Depois em 2000, num campeonato paralelo ao nacional, ganhei em termos absolutos o tro-féu “Aventura”, apoiado pela RTP. Entre 2003 e 2005 alcancei alguns resultados de relevo: um nono lu-gar à geral numa prova do campe-onato do mundo. Em 2006, virei-me para o autocross, uma passagem curta e aqui já estava a começar a ter o herdeiro da família, o Antó-nio, a conduzir. Ele nasceu em 2000, começou a correr em 2005 e com-pete pela primeira vez em 2007. Em

2008, sou campeão nacional de au-tocross e nessa altura paro e desde então tenho-me dedicado à edu-cação dos meus filhos e apoiar o António. Somos a única família, em Portugal, de três gerações de cam-pões nacionais. Este ano, acredito que o meu irmão vai ser campeão nacional.

JM - Não comecei pelo todo o ter-reno, comecei pelo autocross. Em 1985, o autocross era um desporto muito popular quando surgiu em Abrantes. Existia uma pista e esta foi dinamizada durante anos pela seção do SCP de Abrantes da qual fazia parte o meu pai e várias perso-nalidades ligadas ao desporto au-tomóvel. Quando havia autocross em Abrantes, era uma autêntica ro-maria, dezenas de milhares de pes-soas. Houve uma altura que foi con-tabilizado cerca de 12 mil pessoas assistir a uma prova. Nesta altura o meu pai já tinha sido campeão de velocidade em 1973/74, de ralis em 1980/81 e em 1986/87 sagra-se campeão de autocross.

Quanto às provas, José, como tem corrido?

JM - Recentemente estou dedi-cado ao todo o terreno. Eu tenho uma paixão especial pela prova de Portalegre embora ela seja ma-drasta para mim. O ano passado, no prólogo arranquei com o carro, fez dois metros e partiu. Uma vez a descarregar o carro do reboque antes de verifi cações técnicas, enc-

ravou-se a caixa de velocidade já não possível fazer mais nada. Con-tudo, é uma prova por que tenho um carinho especial, pela proximi-dade com Abrantes. Numa prova que contava para o Campeonato do Mundo, com o Vitor, terminámos em terceiro lugar. Chamava-se Phi-lips 1000, eram 1000 km seguidos, fizemos 18 horas, durante a noite e a 2 km do fim ficámos atolados numa ribeira, e perdemos a lide-rança da prova.

Esta é uma modalidade dispen-diosa? Que tipo de apoios é que têm?

VM – Estamos sempre condicio-nados aos nossos recursos, aos re-cursos da casa [a Gercar] e depois contamos com a ajuda de amigos empresários e não só os que nos patrocinam, mas também os que nos prestam apoio logístico. Nós so-zinhos não conseguimos os resulta-dos, temos de ter alguém que nos ajuda com muita carolice. Também e devido ao facto de profissional-mente estarmos ligados aos auto-móveis, conseguimos ter conheci-mentos técnicos para trabalhar e fazer os carros, o que nos permite reduzir custos.

JM - Quando vou para um Baja levo comigo 3 pessoas: o navega-dor, alguém que me ajuda na as-sistência e um mecânico, e não há dinheiro para mais. O que é mais dispendioso é fabricar, é preparar o carro. E depois, há muitas pessoas

que não sabem, mas não existem prémios monetários, quando se ga-nham provas. Ganham-se taças e muita satisfação. O desporto auto-móvel é mal apoiado, qualquer des-porto que não seja futebol é mal apoiado.

António, aos 10 anos conquistaste a Taça de Portugal de kart na ca-tegoria de cadetes. Como foi esse momento?

Antes desse momento, ainda não tinha ganho algo de muito re-levante, a primeira conquista foi mesmo a Taça de Portugal. Foi a primeira prova que fi z em cadetes, acabou por ser muito giro e correu muito bem.

Quais são os teus objetivos para este ano?

Estou a disputar o campeonato de ralicross, no qual fui campeão naci-onal o ano passado. Este ano, já fi z uma prova na Lousada que ganhei. O objetivo para este ano será igua-lar o feito do ano passado. O que eu gosto mais é andar sempre no li-mite, a lutar e a dar o máximo.

O que se torna mais difícil, mas ao mesmo tempo mais aliciante nas provas?

JM – Eu gosto de participar nas provas. Em Portalegre, por exem-plo, vêm cá os campeões de todo o mundo, e para mim o desafi o é ver até onde consigo ir, e a nível nacio-nal, tenho a dizer que os nossos pi-

lotos do todo o terreno estão entre os melhores do mundo.

VM – Para mim, hoje, o mais difí-cil é por vezes ver o António a lidar com isto tudo. Quando entramos num carro temos de saber o que levamos na mão e o que estamos a pisar. No todo o terreno há três componentes a ter em conta: a sin-tonia com o navegador, a própria prova e ao automóvel que tem de ser gerido para chegar ao destino. As provas do rali e autocross anda-se sempre no limite, são provas de concentração e pura adrenalina.

AM - Não é difícil, é algo que gosto muito de fazer. Quando passei dos karts para os automóveis, a minha adaptação foi um quanto compli-cada, tive alguns acidentes quando comecei a conduzir, mas penso que já estou integrado, sinto-me confor-tável, sem grandes receios.

Santinho Mendes referiu a uma revista de especialidade a sua in-tenção de participar nas 24 Horas TT Vila de Fronteira com os três. Como vai ser?

VM – Será o meu pai a desenvol-ver um carro para participarmos os 4 numa prova em pista. Será em 2017, o António já vai ter 16 anos, e ao que tudo indica poderá partici-par. Será mais uma marca da família, sendo uma equipa composta por três gerações.

Joana Margarida Carvalho

“Somos a única família, em Portugal, de três gerações de campões nacionais” • José Mendes, António Santinho Mendes e Vitor Mendes

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4 MAIO 20162016DESTAQUE

JORNAL DE ABRANTES ASSINALA 116 ANOS DE EXISTÊNCIA

O desafi o da comunicação social para o próximo centenário

O Jornal de Abrantes cum-pre agora 116 anos de idade – bonita idade! É, por isso, o único órgão de comunicação que cobre o centenário que Abrantes este ano celebra. Não tem grande parecença o jornal que hoje se publica com aquele que veio à luz em Maio de 1900. Mas o espírito é o mesmo, um serviço pú-blico de informação ao ser-viço de Abrantes e da região em que nos encontramos. Honra, pois, a todos os que, ao longo dos anos foram dando corpo a esta tarefa e, assim, ajudaram a fazer a ci-dade e a região em que nos encontramos.

Mas celebrar um centenário é também, ou mesmo sobre-tudo, lançar-se para o século seguinte. Venham mais cem! Mas não basta virem os anos. Temos de fazer – sim, fazer – mais cem, caso contrário não chegaremos lá. Neste caso, o desafi o não é apenas para o JA, mas para todos os ór-gãos de comunicação que quiserem cortar a meta do próximo centenário. E não vai ser fácil.

A concorrência

Há cem anos, nem estações de rádio havia. Os jornais

eram a única fonte que trazia informação segura, se é que era mais segura que os passa-geiros do comboio. Hoje, um jornal existe em concorrên-cia com a rádio, a televisão e a internet. E essa concorrên-cia é de informação, mas tal-vez sobretudo de atenção. O mais difícil é captar a atenção de um leitor e, depois, cons-ervá-la.

Além disso, um jornal não sobrevive sem publicidade. Por isso, um dos problemas é conseguir garantir publi-cidade suficiente que viabi-lize a continuidade do jornal. Quando o tempo é de crise, os agentes económicos ten-dem a retrair-se na publici-dade. Dizem os estudos que é um erro, mas muito prati-cado. Que também é pago, com custos sociais elevados, pelos órgãos de comunica-ção que não conseguem re-sistir. Lembremos aqueles que tombaram em combate nesta “guerra” da informação ao longo destes cem anos. Vale a pena olharmos para aqueles que não queremos que tombem nos próximos cem anos.

A gestão

Não há bons resultados co-merciais sem uma boa ges-

tão. Por isso, uma das cha-ves da boa informação tem de ser – é sempre – uma boa gestão. No caso dos jornais, o que é comercializável é o es-paço publicitário. Mas a em-presa que detém um jornal pode diversificar as frentes de negócio e encontrar ou-tras formas de fazer receita. Cada caso é um caso, mas to-dos os casos de sucesso são casos de inteligência criativa e rigor de gestão. Não haja, por isso, qualquer dúvida, até os grandes jornais precisam de criar novas formas de so-lucionar o problema da so-brevivência. Para haver infor-mação é necessária iniciativa empresarial.

E não vale a pena disfarçar: cada vez se aproxima mais o tempo em que toda a cola-boração vai ter de ser paga, pois “trabalhar para aquecer” faz cada vez menos sentido num tempo em que todos os recursos pessoais e familiares são escassos.

A informação

O coração de um jornal tem de ser – e continuar a ser – a informação de qualidade e relevante. Que nos valha a pena prestar-lhe atenção. Aqui abrem-se vários proble-mas. Desde logo, saber qual

é a informação relevante que compete a um jornal local ou regional fornecer. Parece fácil, mas o que parece fácil sem-pre esconde a difi culdade. E o que sabemos disso é que tem sido muito pouco discu-tido, refl etido, estudado. Há que fazê-lo.

Por outro lado, não é pos-sível ter boa informação se continuarmos no caminho que estamos a fazer. Cada vez mais as fontes são poderosas e cada vez mais as redacções dos jornais se fragilizam. Ve-jamos… Quantos profissio-nais trabalham, por exemplo, nas Câmaras que fornecem um fl uxo quase contínuo de informação à nossa comuni-cação social? E além das Câ-maras há outras fontes bem dotadas. É a profissionaliza-ção das fontes. A isso corres-ponde uma crescente fragi-

lidade nos órgãos de comu-nicação: menos profi ssionais, mais mal pagos, com me-nos formação, a fazer mais e mais tarefas, em cada vez menos tempo. Não é difícil encontrar jornalistas que, por razões de sobrecarga ou de falta de meios, quase não po-dem ou não conseguem sair das redações. Milagres?

A sociedade

Um órgão de comunicação social produzido por profis-sionais que garantem uma informação e análise de qua-lidade faz sobretudo falta à sociedade. A informação de qualidade é vital para uma vida social de qualidade. So-bre isto não parece haver dúvida. Contudo, esta rela-tiva unanimidade não parece traduzir-se em efeitos reais.

Bem pelo contrário. E a prova disso é que são elevados os números da mortalidade dos órgãos de informação. Tão elevados que deviam ser preocupantes. E só não o são porque temos a atenção dis-persa por tudo quanto no-la solicita e porque não es-tamos bem convencidos de que aquilo em que acorda-mos, ou seja, a importância decisiva da comunicação so-cial, faz mesmo falta à quali-dade de vida que todos am-bicionamos. Ambicionamos? Então… Há que fazê-los exis-tir. Garanti-los.

Lembro que o que aqui está em causa não é apenas o JA, mas os vários órgãos de co-municação social da região. Os que existem e os que ve-nha a ser preciso que existam.

Alves Jana

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Mação, Sardoal, Vila de Rei, Abrantes, Constância e Vila Nova da Barquinha

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ABRIL 2016 · Diretora JOANA MARGARIDA CARVALHO · MENSAL · Nº 5542 · ANO 116 · DISTRIBUIÇÃO GRATUITAGRATUITO

SOCIALCULTURA

DESPORTO

Núcleo Museológico da MDF é para inaugurar este ano O Núcleo Museológico Industrial do Tramagal tem o processo de musealiza-ção em fase de adjudicação. A inaugura-ção, segundo a autarquia, está prevista para o segundo semestre deste ano. Pág 4

Constância designa Conselheiro Municipal Sérgio Correia, 47 anos, funcionário municipal, disse ao JA que é com “honra e orgulho” que assume o cargo atribuído pela Câmara Municipal.Pág 6

Cineteatro São Pedro aplaude de pé Festa de Teatro Especial

Prazos de reabertura ao trânsito não são cumpridos na Ponte de Abrantes A reabertura total ao trânsito no tabuleiro da Ponte Rodoviária não aconteceu no final do mês de março, tal como tinha anunciado a Infraestruturas de Portugal. Pág. 15

Susana Estriga sagra-se Campeã Europeiade PentatloSusana Estriga, atleta de Tramagal, no concelho de Abrantes, alcançou o título de Campeã da Europa de Pentatlo, no escalão veteranos, ao conseguir vencer três das cinco provas combinadas.

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5MAIO 20162016 POLÍTICA

Aluno desafi a Município a implementar projeto: “Jovem Autarca”

João Silva, presidente da Associação de Estudantes da Escola Dr. Manuel Fernan-des, desafi ou a autarquia de Abrantes a levar a cabo um projeto de mentorismo au-tárquico, há semelhança do que já acontece no conce-lho de Santa Maria da Feira. O desafi o foi aceite por Maria do Céu Albuquerque, presi-dente do município.

Na sessão da Assembleia Municipal Extraordinária de Abrantes, que aconteceu ontem, no auditório da Es-cola Dr. Manuel Fernandes, para assinalar o 25 de Abril de 1974, o jovem aluno ref-eriu-se ao projeto “Jovem Autarca”, que permite a uma equipa de jovens gerir um or-çamento e cumprir um pro-grama eleitoral.

“Queremos ser uma voz mais forte e neste sentido quero aproveitar a oportu-

nidade para lançar um desa-fi o: o projeto “Jovem Autarca”, empreendido pelo conce-lho de Santa Maria da Feira desde o ano passado, é uma iniciativa que segue o pro-cesso eleitoral, campanha, debates e eleição e permite a uma equipa de jovens, en-tre os 12 e os 18 anos, (o au-tarca e os seus vereadores) que se assumam como uma voz da sua geração, gerindo um orçamento de 10 mil eu-ros, para o cumprimento do programa eleitoral”, explicou João Silva.

“Acreditamos que esta inici-ativa ou outras de carater se-melhante são capazes de po-tenciar a participação cívica e ativa dos jovens nas decisões e no futuro da nossa cidade, porque por vezes não são os jovens que se distanciam da política, é também a politica que se afasta deles”, fez notar

o jovem da Escola Dr. Manuel Fernandes.

Por sua vez, Maria do Céu Albuquerque aceitou o desa-fi o proposto e deixou a res-salva de que seria importante pensar num modelo apro-priado para o concelho de Abrantes.

Joana Margarida Carvalho

A Assembleia Municipal de Abrantes aprovou por maio-ria, as contas do exercício de 2015 da Câmara Municipal e dos Serviços Municipalizados de Abrantes, na reunião rea-lizada no dia 29 de abril, no Edifício Pirâmide.

Na apresentação feita por Maria do Céu Albuquerque, presidente da Câmara Muni-cipal, foi destacada a “manu-tenção do rigor e equilíbrio das contas” do Município, fator considerado “determi-nante para a promoção da estratégia defi nida pelo exe-cutivo em torno de dois gran-des eixos: disponibilizar me-didas e respostas sociais es-truturadas que atendam às necessidades dos grupos de cidadão mais vulneráveis e o estímulo e apoio ao investi-mento empresarial, junto dos agentes de desenvolvimento económico do concelho”.

Quanto ao prazo de paga-mento a fornecedores, a Câ-mara de Abrantes “paga a tempo e a horas e não tem dividas”. Em 2015, o prazo médio de pagamento a for-

necedores reduziu em 6 dias, estando presentemente a efetuar os pagamentos a 10 dias.

As contas foram aprovadas por maioria, com os votos fa-voráveis do PS, com 7 absten-ções (1 do BE, 3 da CDU e do PSD) e 4 votos contra da ban-cada do PSD.

Relativamente, às contas do exercício de 2015 dos Ser-viços Municipalizados, apur-ou-se um resultado líquido positivo de 42.619€ (69.516€ em 2014), um documento que foi aprovado por maio-ria, com a abstenção do BE.

A moção de recomendação ao Governo para que desen-volva esforços para o encerra-mento da Central Nuclear de Almaraz, apresentada pelo Bloco de Esquerda, foi apro-vada por unanimidade.

Na sessão foram ainda pres-tados dois minutos de silên-cio em memória do advo-gado Eurico Heitor Consciên-cia e do maestro Rui Picado, falecidos no mês de abril.

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Assembleia de Abrantes aprova Contas da Câmara e Serviços Municipalizados

• João Silva admite que “não são os jovens que se distanciam da política, é também a política que se afasta deles”

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6 MAIO 20162016CELEBRAÇÃO

Bemposta inaugurou parque infantil e de lazer no 25 de abril

Freguesia de Santa Margarida homenageou antigos autarcas

A freguesia de Bemposta, Abrantes, esteve em festa no dia 25 de abril com a popula-ção a sair à rua para participar na cerimónia de inauguração da requalificação do antigo parque infantil, situado no coração da aldeia, e para par-ticipar na caminhada come-morativa do feriado nacional.

“É um dia de muita alegria por ver felizes as pessoas da Bemposta, com a requalifi-cação de um espaço que vai servir para várias gerações”, destacou Manuel João Alves, o presidente da Junta de Fre-guesia de Bemposta, relati-vamente a um espaço que é composto por parque in-fantil, equipamentos de gi-nástica de manutenção e um parque de merendas, com mesas e assadores.

“É um espaço que só foi con-cluído graças ao empenho de muitas pessoas e entidades, e esta inauguração assinala um dia muito importante, como é o dia 25 de abril, e antecipa as Festas da Ascensão (de 5 a 8 de maio), ocasião em que muitos bempostenses regres-

sam à sua terra e vão poder ter este espaço já a funcionar”, frisou o autarca.

Presente na cerimónia, a presidente da Câmara Mu-nicipal de Abrantes lembrou que a inauguração daquele equipamento havia ocorrido a 1 de junho de 1996, por

ocasião do Dia da Criança, e que hoje, quase 20 anos depois, estava muito debili-tado e a necessitar de investi-mento e requalifi cação.

“A Câmara de Abrantes de-cidiu associar-se a este traba-lho em prol da comunidade e celebrou um protocolo fi-

nanceiro com a junta de fre-guesia que permitiu, não só requalifi car este espaço que hoje inauguramos, mas tam-bém a ampliação do cemi-tério e a requalificação dos balneários no campo des-portivo”, entre outros inves-timentos, destacou Maria do

Céu Albuquerque.“Este parque infantil e de la-

zer é um espaço polivalente que serve todas as gerações e que agora é entregue à co-munidade. Usufruam do es-paço e protejam este bem público que é pertença de todos”, pediu a autarca.

O projeto inicial implicava um investimento na ordem dos 20 mil euros o que a au-tarquia de Bemposta con-seguiu reduzir “substancial-mente” por ter sido realizado por administração direta, disse Manuel João Alves.

A Câmara Municipal de Abrantes havia aprovado a 12 de abril um pacote de apoio fi nanceiro para as fre-guesias na ordem dos 600 mil euros, cabendo à Bem-posta uma verba de 12.380 euros para colaboração nas obras de requalificação do antigo parque infantil da sede de freguesia, instalação de equipamentos para ginás-tica de manutenção fi tness, e criação de zona de lazer.

A verba configura ainda apoio à requalificação do campo de futebol de Bem-posta, nomeadamente na construção dos balneários (obra já efetuada) e requa-lificação da Travessa Padre Abreu Lopes.

MRF

A Sociedade Recreativa Por-telense, na Portela de Santa Margarida, foi o palco para um almoço comemorativo do 25 de abril, tendo a Junta de Freguesia de Santa Mar-garida da Coutada homena-geado os antigos presidentes daquela freguesia do conce-lho de Constância.

António Pinheiro, presi-dente da Junta de Freguesia de Santa Margarida, lembrou que “comemoram-se este ano os 40 anos de eleições autár-quicas livres e democráticas em Portugal e que foi em 12 de dezembro de 1976 que se realizaram as primeiras elei-ções autárquicas, e em que foi permitido ao povo eleger os seus representantes e ges-tores locais”.

Os homenageados foram os ex-autarcas Manuel Moura da Costa, Gualdino Alves, Ma-nuel Lopes Palácio, Raul de

Matos Palácio, José Manuel Baião de Oliveira, e Maria Ma-nuela de Oliveira Arsénio, au-tarcas que governaram a fre-guesia de Santa Margarida entre 1975 e 2009, ano em que foi eleito o atual presi-dente, António Pinheiro.

“Este foi um ganho que se adquiriu com o 25 de abril de 1974, uma data que será sempre lembrada como o Dia da Liberdade. Este foi um passo muito importante para a vida do nosso concelho e da nossa freguesia, uma vez que permitiu que fossem ho-mens da “terra” a governar os nossos destinos. Homens que conheciam bem as ne-cessidades locais”, destacou o autarca.

“Nesta importante data”, continuou, “entendemos ser a altura certa para home-nagear e dar a conhecer es-tes homens e mulheres que

deram a cara, o seu tempo e alma ao serviço da popu-lação”, afirmou António Pi-nheiro, eleito em 2009, e que não foi contemplado com a lembrança.

Em Constância, a junta de

freguesia local promoveu um passeio pedestre e um almoço comemorativo do 25 de abril, onde se juntaram mais de 100 pessoas, entre elas a presidente da Câmara Municipal, Júlia Amorim.

João Baião, presidente da Junta de Freguesia de Cons-tância, disse que o intuito da iniciativa era “assinalar o 25 de abril, para que não fi que esquecido enquanto data importante para a democra-

cia e para a liberdade. É im-portante que os mais jovens não percam estas referências da história recente do nosso país e da nossa democracia”, defendeu.

Júlia Amorim, presidente da Câmara de Constância, desta-cou a data como importante para a “autonomia do poder local democrático”, tendo lembrado que as 3 fregue-sias do concelho (Montalvo, Santa Margarida e Constân-cia) assumiram estas come-morações há alguns anos, com a realização de diversas atividades de base popular.

“É um dia para celebrar mas também para recordar que é preciso consolidar e conti-nuar a construir a nossa de-mocracia e a combater as de-sigualdades sociais que ainda subsistem”, defendeu.

MRF

• Autarca de Bemposta afi rma que o parque infantil serve todas as gerações

• Os homenageados foram os ex-autarcas entre 1975 e 2009

Page 7: Jornal de Abrantes - Edição de Maio, 2016

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7MAIO 20162016 CELEBRAÇÃO

Tramagal em festa assinala 1 de maio

História do 1.º de Maio

A freguesia de Tramagal, em Abrantes, festejou o dia 1 de maio, este ano no Dia da Mãe, com homenagem ao Comen-dador Eduardo Duarte Fer-reira, fundador da MDF, às mães tramagalenses e à atleta Susana Estriga, campeã eu-ropeia do pentatlo, num dia em se assinalou ainda a festa do 94º aniversário do TSU e o convívio do grupo onomás-tico “As Marias”.

Um dia em cheio na vila metalúrgica, recuperando a junta de freguesia local o Dia dos Trabalhadores e do Patrão Velho, em cerimónia que contou com a presença de 4 gerações da família Du-arte Ferreira e com os netos do velho ferreiro, Rui e Carlos Duarte Ferreira, A arruada foi abrilhantada pela banda da Sociedade Filarmónica Rio-moinhense.

Vitor Hugo Cardoso, presi-dente da Junta de Freguesia do Tramagal, disse que o dia 1 de maio “é uma data simbó-

lica muito importante para o Tramagal, enquanto Dia do Trabalhador”, tendo lem-brado a tradição da Metalúr-gica Duarte Ferreira em assi-nalar, desde os primórdios do

século XX, a data festiva dos trabalhadores, tendo afir-mado que a inauguração de um Museu dedicado a Edu-ardo Duarte Ferreira e à MDF irá decorrer ainda este ano.

O vereador da Cultura da Câmara de Abrantes, Luís Dias, disse, por sua vez, que no próximo dia 3 de julho será apresentado o projeto de musealização do futuro

equipamento cultural e um novo livro, que estará na forja, sobre o historial da MDF.

José Martinho Gaspar, his-toriador, lembrou que alguns dos momentos mais marcan-

tes da MDF ocorreram a 1 de maio, que sempre foi o dia de festa da empresa. Conta-se que era um dia de conví-vio entre famílias de operá-rios metalúrgicos, traduzido numa ida ao campo, com o objetivo de partilhar lanches e confraternizar.

Com a criação da banda da SAT e a fundação do TSU, os espetáculos musicais e os jo-gos de futebol passaram a ser elementos fundamentais desta jornada de convívio.

Ainda que pareçam não existir razões ideológicas nas origens da festa, com o Es-tado Novo tornou-se neces-sário solicitar consentimento superior para realizar qual-quer comemoração a 1 de maio. No caso da MDF, a festa não foi autorizada em duas ocasiões. Apesar da proibi-ção, a administração igno-rou a decisão ministerial, sem que daí adviesse qualquer punição, tanto para patrões como para operários.

No dia primeiro de Maio de 1886, as ruas de várias ci-dades norte-americanas, in-cluindo a grande cidade in-dustrial de Chicago, viram desfilar pelas suas ruas um número estimado em cerca de meio milhão de trabalha-dores de 1 200 fábricas, em greve, que reivindicavam a redução da duração da jor-nada de trabalho diário, que só viria a ser fi xada, pela pri-meira vez, com a duração de 8 horas, já na primeira me-tade do séc. XIX.

A greve e as manifestações continuaram nos dias seguin-tes em Chicago, tendo-se re-alizado no dia 4 um comício numa praça pública, com a intervenção de vários orado-res, a maioria deles ligados a movimentos anarquistas, com a presença de cerca de 2 500 pessoas, que decorreu pacificamente ao longo do dia, até que ao chegar a noite e o mau tempo, a multidão começou a abandonar o lo-cal e chegaram cerca de 180 polícias para dispersar os res-tantes. Foi então que reben-tou uma bomba, no meio dos polícias e da multidão que matou 7 pessoas e feriu cerca de 70.

Esse acontecimento passou a ser denominado massa-cre de Chicago e, a partir de 1890, o dia 1.º de Maio pas-sou a ser o Dia Internacional do Trabalhador. Em Portugal, logo nesse ano também se comemorou a data, embora num país pouco industriali-zado como era o Portugal dos fi nais da monarquia, essas ac-ções se limitassem a alguns piqueniques de confraterni-zação, com alguns discursos, e romagens aos cemitérios em homenagem aos operá-rios que tinham caído na luta pelos seus direitos laborais.

Com a ascensão do movi-mento republicano e a im-

plantação do regime saído do 5 de Outubro de 1910 o sindicalismo português as-sumiu uma feição lutadora e reivindicativa (que o colocou em confronto várias vezes com o próprio governo repu-blicano) e em 1919 foi con-quistada e consagrada na lei a jornada de oito horas para os trabalhadores do comér-cio e da indústria.

No período da ditadura mili-tar e do Estado Novo, de 1926 a 1974, o 1.º de Maio era uma data proibida para manifes-tações mas, com o declínio do salazarismo, após as elei-ções presidenciais de 1958, em que Humberto Delgado

conseguiu uma grande mo-bilização de massas contra a ditadura, e com o início da guerra colonial em 1961, no 1.º de Maio de 1962, apesar das proibições e da repres-são, houve manifestações de vários sectores profi ssionais do operariado, dos assalaria-dos rurais e dos empregados, incluindo os pescadores, os corticeiros, os telefonistas, os bancários, os trabalhadores da Carris e da CUF e dos as-salariados agrícolas dos cam-pos do Alentejo. No dia 1 de Maio, em Lisboa, manifesta-ram-se 100 000 pessoas, no Porto 20 000 e em Setúbal, 5 000.

Abrantes, onde o “25 de Abril” ocorreu no dia 1 de Maio de 1974

Mas foi no dia 1 de Maio de 1974, uma semana após o 25 de Abril, que o Dia In-ternacional do Trabalhador, pela primeira vez comemo-rado em liberdade, depois de quase meio século de dita-dura, atingiu a sua maior mo-bilização de sempre, não só dos trabalhadores portugue-ses, mas também de todos os sectores democráticos da sociedade portuguesa, em muitas cidades deste país.

Foi igualmente o caso de Abrantes, onde o “25 de Abril”

de 1974, ocorreu no dia 1 de Maio de 1974, com aquela que deve ter sido a maior manifestação que alguma vez aqui se efectuou. Mas há igualmente no concelho de Abrantes, mais exactamente na vila de Tramagal, um pri-meiro de Maio, que também já se comemora desde 1901, por iniciativa de um patrão, Eduardo Duarte Ferreira, que fazia questão de comemorar esse dia com os seus traba-lhadores e com as suas famí-lia, numa festa que tinha as características que o 1.º de Maio tinha em Portugal nes-ses anos dos fi nais do séc. XIX e inícios do seguinte. E esse fi gurino manteve-se idêntico até aos nossos dias, contra ventos e marés: com os seus trabalhadores e com as suas famílias, mesmo quando Sa-lazar proibiu num determi-nado ano a festa no Trama-gal, o comendador fretou um comboio especial e foi fazer a festa no Terreiro do Paço, em Lisboa.

E ainda este ano, a Junta de Freguesia de Tramagal man-tém religiosamente essas co-memorações no dia primeiro de Maio.

Rolando F. Silva

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8 MAIO 20162016SAÚDE

Abrantes e Sardoal com mais oferta de cuidados de saúde de proximidade

Abrantes e Sardoal com mais oferta de cuidados de saúde de proximidade

O Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Médio Tejo apresentou em Abran-tes o projeto de reorganiza-ção dos Cuidados de Saúde Primários para os concelhos de Abrantes e Sardoal, dois municípios que confinam territorialmente na região do Médio Tejo, que apresentam uma taxa de envelhecimento populacional muito elevada, e onde o número de utentes sem médicos de família se ci-fra na ordem dos 40% e 50%, respetivamente.

O projeto de reorganização, de base domiciliária e comu-nitária, assenta nos cuidados de saúde e apoio psicológico e social de proximidade, é dirigida a pessoas de maior risco e vulnerabilidade, com dependência física ou funcio-nal, e visa dar apoio aos mais idosos e aos que estão com mais dependências, através de visitas de apoio domiciliá-rio, mas também às escolas e outros locais.

“É um projeto mais vocacio-nado para o trabalho comu-nitário e que difere daquela visão tradicional que temos da ida ao centro de saúde, e do nosso enfermeiro ou mé-dico de família”, disse aos jor-nalistas a diretora do ACES do Médio Tejo, Sofia Theriaga, sobre um projeto que as-

senta em “respostas integra-das, articuladas, diferencia-das e de grande proximidade às necessidades em cuida-dos de saúde da população” onde está inserida.

“Este projeto integra-se na rede de cuidados integrados e permite termos camas no domicílio, em serviço que pertence aos cuidados con-tinuados, e que permitem que o utente fique o maior

tempo possível na sua habi-tação, com os cuidados que necessita e evitando o inter-namento imediato. É um tra-balho comunitário e de pro-ximidade, quase em exclu-sivo”, destacou a responsável.

O projeto, ainda sem data precisa para entrar em fun-cionamento, passa pela cria-ção e articulação de uma Uni-dade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) em

Abrantes, a par de uma Uni-dade de Saúde Familiar (USF) e uma Unidade de Cuidados da Comunidade (UCC),e uma Unidade Cuidados Saúde Personalizados em Sardoal, em articulação com uma UCC denominada de “Abrantes e Sardoal”, uma vez que traba-lhará com quatro freguesias de cada um dos municípios.

Para o efeito, as autarquias de Sardoal e de Abrantes

disponibilizaram-se para ad-quirir uma carrinha cada para afetar ao projeto.

O projeto de reorganização, que incluem os utentes a se-rem servidos pela Unidade de Saúde Familiar de Abran-tes (USF), que deve inaugurar em maio, não vem resolver o problema da falta de médi-cos de família nos concelhos de Abrantes e Sardoal, que ainda ficam com cerca de 9

mil utentes “a descoberto” (7 mil em Abrantes e cerca de 2 mil em Sardoal) mas é enten-dido como um “passo impor-tante” no caminho a percor-rer para a resolução do pro-blema porque é um modelo “mais atrativo para se poder captar novos profi ssionais de saúde para a região”, defen-deu Theriaga.

Os objetivos do projeto pas-sam por melhorar a acessibi-lidade, melhorar a qualidade e a continuidade, aumentar a satisfação e melhorar a efi ci-ência e a equidade de cuida-dos dentro do ACES do Mé-dio Tejo.

A presidente da Câmara de Abrantes, Maria do Céu Al-buquerque (PS), disse que o projeto “é muito importante”, tendo observado, porém, que o mesmo “não esgota aquilo que é a necessidade

da prestação de cuidados de saúde à comunidade”.

“O que aqui foi apresentado resolve o problema dos cui-dados que serão prestados às populações dentro de suas casas”, notou Céu Albuquer-que, tendo feito notar que “o grande problema que sub-siste para as nossas popula-ções diz respeito aos médi-cos de família”.

Isto porque, salientou, “mesmo depois da criação da USF de Abrantes (em maio)

ainda cerca de 7 mil uten-tes não terão médico de fa-mília”, pelo que, defendeu a autarca, “terá de continuar a haver este esforço de todos para termos capacidade de atrair e fixar mais médicos, para que as equipas de pro-fissionais possam continuar a crescer e o número de pes-soas sem médico seja cada mais diminuto”.

Maria do Céu defendeu ainda a necessidade de ha-ver articulação entre as es-

pecialidades e aquilo que é feito pelos médicos de famí-lia: “um caso paradigmático diz respeito à obstetrícia e ao acompanhamento das grá-vidas para que possam es-colher o Médio Tejo para te-rem os seus bebés e conse-guir manter a qualidade do serviço prestado e manter a valência”.

Miguel Borges (PSD), pre-sidente da Câmara de Sar-doal, por sua vez, disse aos jornalistas que o projeto “é

uma mais-valia para os uten-tes, para o Sardoal e para a região”.

“O que aqui foi apresen-tado satisfaz porque é uma necessidade que nós temos para a nossa região, nome-adamente para o concelho de Sardoal, mas as nossas necessidades não se esgo-tam por aqui porque Sardoal continua a ter quase 50% da sua população sem médico de família”, observou Miguel Borges.

“Aqui, o que estamos a fa-zer, é colaborar também na-quilo que é a prevenção e a educação, em termos de sa-úde, com a Unidade de Cui-dados Continuados (UCC), e que, ao memso tempo, dá uma maior proximidade de serviço às nossas popu-lações, onde as pessoas de maior idade muitas vezes o que precisam é de uma pa-lavra amiga, alguém que lhes dê um conforto”.

Mário Rui Fonseca

Aumentar a satisfação e melhorar a efi ciência

• Projeto de reorganização assenta nos cuidados de saúde e apoio psicológico e social de proximidade

Page 9: Jornal de Abrantes - Edição de Maio, 2016

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9MAIO 20162016 SAÚDE

ALDEIA DO MATO E SOUTO

União de Freguesia apoia idosos com aquisição de medicamentos

Com 900 pessoas recensea-das, espalhadas por 50 km2, a população da União de Fre-guesias de Aldeia do Mato e Souto tem mais de 60% da comunidade acima dos 65 anos de idade. Neste ano, já foram sepultadas onze pes-soas na freguesia e nasceram zero, o ano passado foram se-pultadas trinta e nasceram quatro, uma realidade que Álvaro Manuel Paulino, presi-dente da JF, admite ser “com-plicada”.

Foi devido a esta circunstân-cia, que a Junta de Freguesia (JF) iniciou e deu corpo, em 2014, a um Regulamento de Comparticipação em Medi-camentos.

“Embora tenha um orça-mento muito limitado (cerca de 100 mil euros), o execu-tivo da Junta entendeu que poderia ajudar algumas pes-soas a suportar o custo dos seus medicamentos”, afi rmou o presidente.

Com um período de vi-gência, que pelo menos se vai manter até setembro de 2016, possivelmente reno-vado até ao fi nal do mandato autárquico, o programa de apoio está abranger 7 ido-sos da União de Freguesias e é destinado aos residentes e aposentados quer por idade, quer por invalidez.

“Não são valores muito altos, mas são valores muito bem-vindos”

O apoio é atribuído con-soante os rendimentos da pessoa e não se trata de um pagamento integral dos

medicamentos: “nós não comparticipamos na totali-dade os medicamentos, nós atribuímos consoante os ren-dimentos dos idosos. Por exemplo, as pessoas que au-ferem a partir de 346 euros mensais já não podem usu-fruir deste programa da JF. Não são valores muito altos, mas são valores muito bem-vindos para as pessoas, que agradecem muito”, fez notar o autarca.

Nos polos das juntas são prestadas todas as informa-ções necessárias e o acesso ao regulamento é facilitado, prende-se somente com “o preenchimento de uma can-didatura que será depois apreciada. Cada pessoa de-verá candidatar-se de forma individualizada”, referiu Ál-varo Paulino.

O ano passado a JF apoiou 12 pessoas, num apoio mo-netário de cerca de 250 anu-ais por cada beneficiário, onde “o objetivo é de facto ajudar quem precisa”.

Atualmente, a JF tem levado a cabo um conjunto de inici-ativas, que passam pela reali-zação de convívios por forma a unir mais as duas comuni-dades que se viram agrega-das na última Reforma Admi-nistrativa do Território.

“No início sendo esta uma união não foi fácil, nomea-damente gerir as sensibilida-des de ambas as populações, mas conseguimos e na área social temos feito convívios, juntando as populações, que antigamente eram bastante distantes”, avançou Álvaro Paulino.

Em mãos a JF tem agora al-guns projetos, que passam pela legalização de alguns terrenos que são pertença da junta e o cemitério do Souto será “ampliado o quanto an-tes”.

A JF também apoia finan-ceiramente as associações nos seus eventos anuais, e desde este ano que está atri-buir um valor trimestral para as sete coletividades.

Até ao final do seu man-

dato autárquico, Álvaro Pau-lino gostaria de “ver os idosos cada vez mais acarinhados, apoiados e integrados”.

“Há alguma solidão nes-tes idosos, mas também há aqueles que não se deixam ajudar. Há poucas famílias em pobreza extrema, mas nós te-mos tentado tudo”, fi nalizou o autarca.

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Page 10: Jornal de Abrantes - Edição de Maio, 2016

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10 MAIO 20162016CONSTÂNCIA

Constância dinamiza turismo com Festival das Grandes Rotas

O Festival das Grandes Ro-tas decorreu em Constância, de 29 de abril a 1 de maio, através de várias atividades nas áreas do turismo, do des-porto, da cultura e da ciência, onde cerca de 150 pessoas participaram nas caminha-das promovidas.

Um evento que teve como objetivo promover a Grande Rota do Zêzere e o Caminho do Tejo no território do con-celho de Constância.

A inauguração do evento, no auditório da Casa Memó-ria de Camões, contou com a presença do presidente do Turismo Centro de Portugal, Pedro Machado.

O responsável referiu-se à importância da valorização dos territórios e que este fes-tival era um bom exemplo disso mesmo: “as rotas são a capacidade de fazer com que as pessoas possam via-jar, possam circular, possam usufruir das riquezas que vão encontrando”.

Pedro Machado chamou atenção para a importância

do setor privado: “a atividade turística é, do meu ponto de vista, essencialmente pri-vada. A geração de valor, a operação, o comércio, a ativi-dade assente no alojamento, na restauração, no entreteni-mento, nas empresas de ani-mação turística, são essenci-almente uma componente que deve ser explorada no bom sentido pelas empresas, pelo setor privado”.

Por último, e ainda na ses-

são de inauguração, o pre-sidente do Turismo Centro de Portugal falou da cultura, admitindo que “não há ex-periência turística que não seja cultural (…) mesmo que seja cicloturismo, pedestria-nismo (…) a cultura é a base da nossa identidade e dife-renciação”, observou.

A Grande Rota do Zêzere (GRZ), da nascente do rio Zê-zere, na Serra da Estrela, até à sua foz, em Constância, tem

um percurso de 370 quiló-metros que pode ser feita a pé, de bicicleta e de canoa.

Sobre esta realidade, Júlia Amorim, presidente da autar-quia, avançou que seria im-portante realizar um evento supramunicipal “que possa desenrolar-se num percurso que venha desde a Serra da Estrela até Constância, que passe por todos os municí-pios, e que tenha a partici-pação de todos os atores por

onde o Zêzere passa”.Sobre a realização desta

primeira edição do Festival das Grandes Rotas, a autarca disse que “o objetivo foi tra-zer pessoas ao nosso territó-rio, para além de alavancar com esta iniciativa o nosso tecido económico e de lhes dizer que tem um potencial, não só na vila, mas no terri-tório e na região, que devem explorar e que devem apro-veitar, numa altura em que

tanto se fala de poucos re-cursos”.

O Festival das Grandes Ro-tas aconteceu em Constân-cia, e no qual o município, em conjunto com alguns agen-tes económicos locais pro-moveram a Grande Rota do Zêzere e o Caminho do Tejo no território concelhio, atra-vés de várias atividades nas áreas do turismo, lazer, des-porto, cultura e ciência.

JMC

O Ministro da Educação as-sinalou a abertura do 3º perí-odo letivo com uma visita ao Agrupamento de Escolas de Constância, e que teve como objetivo conhecer o trabalho que tem sido desenvolvido naquele Agrupamento de Es-colas, no âmbito da promo-ção do sucesso escolar.

Anabela Grácio, diretora do Agrupamento de Escolas, disse que a visita tem como objetivo permitir o contacto com práticas pedagógicas que visam o sucesso educa-tivo de toda a classe estudan-til.

Anabela Grácio disse ainda que esta visita permitiu o en-contro do Ministro da Edu-cação e Secretário de Estado da tutela com a comunidade profissional educativa de Constância, que tem vindo a desenvolver um trabalho de reflexão (e ação) sobre

as questões que envolvem a ação educativa, através de debates internos, participa-ção em projetos, fóruns e encontros nacionais e inter-nacionais, participação em debates na Comissão de Edu-cação na Assembleia da Re-pública, no Conselho Nacio-nal de Educação, entre outras instituições, sobre questões como o currículo, avaliação das aprendizagens, percur-sos de aprendizagem, entre outras.

A diretora do Agrupamento de Escolas de Constância fez notar que a visita do Ministro da Educação tem como obje-tivo “dar a conhecer o traba-lho que tem sido desenvol-vido naquele Agrupamento no âmbito da promoção do sucesso escolar e permitir o contacto com práticas peda-gógicas que visam o sucesso educativo de todos os nossos

alunos”, tendo destacado des-sas práticas sete exemplos de promoção do sucesso escolar e enquadramento da diversi-dade de alunos que consti-tuem o seu público:

O ministro da Educação de-

fendeu em Constância a re-dução no número de alunos por turma “paulatinamente”, tendo lembrado que a pro-posta consta do programa de Governo e que a mesma vai ser discutida no Parlamento.

“É sempre exequível [a re-dução de alunos por turma], é tudo uma questão de pri-oridades, e obviamente que o dimensionamento das tur-mas tem de ser pensado, tem de ser equacionado, e é isso

que estamos a fazer”, respon-deu Tiago Brandão Rodrigues quando questionado pelos jornalistas sobre as propos-tas da Conselho Nacional da Educação (CNE) e do Partido Ecologista Os Verdes.

“A escola de Constância, e o seu Agrupamento, tem um projeto pedagógico que nos cativou e resolvemos visitá-la”, disse Tiago Brandão Ro-drigues, tendo destacado que “a promoção do sucesso escolar e a melhoria dos pro-cessos de aprendizagem em ambiente de sala de aula são os eixos da nossa atuação e estamos aqui para fortalecer essa mensagem”, concluiu, após conhecer durante cerca de duas horas as práticas pe-dagógicas que ali são desen-volvidas no âmbito da pro-moção do sucesso escolar.

MRF

Ministro da Educação abriu período letivo em Constância

• O ministro da Educação defendeu a redução no número de alunos por turma “paulatinamente”

CM

Con

stân

cia

Page 11: Jornal de Abrantes - Edição de Maio, 2016

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11MAIO 20162016 REGIÃO

RUA DAS ESCOLAS | ALFERRAREDE | ABRANTES | TEL. 241 360 460

DE 5 DE MAIO

A 3 DE JULHO

Nos artigos assinalados

Descontos de 10

a 50%

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As atuais restrições à circu-lação automóvel a veículos ligeiros e pesados sobre o ta-buleiro da ponte metálica de Abrantes foram levantadas no dia 28 de abril, ao fi nal do dia.

Em comunicado, a IP refere que a obra de requalifi cação da ponte metálica de Abran-tes, que teve início em se-tembro de 2014, representa um investimento de 2,9 mi-lhões de euros na “melhoria das condições de segurança e conforto dos utilizadores” desta ligação sobre o rio Tejo.

Maria do Céu Albuquerque, presidente da CM de Abran-tes, referiu ao JA que se trata de “uma boa notícia. Temos consciência, todos, das impli-cações que esta intervenção teve, foi um male necessá-rio, sendo que havia necessi-dade de fazer uma interven-ção profunda na ponte, para promoção da segurança dos

nossos cidadãos”. “Pedimos à IP que connosco

(…) possamos de fazer uma conferência de imprensa para esclarecer o que falta e dar a conhecer as mais-val-ias, limitações, tudo o que de-

corre desta intervenção”, fez notar a autarca abrantina. A IP admite que “a intervenção na ponte irá decorrer até fi nal do mês de maio”.

O contrato da empreitada para a reabilitação da ponte

metálica de Abrantes sobre o Tejo, obra orçada em 2,9 mi-lhões de euros, a executar em 18 meses, foi assinado pela Câmara de Abrantes e pela Estradas de Portugal (EP) a 30 de janeiro de 2014, tendo

a intervenção arrancado em setembro do mesmo ano, com a previsão de conclusão dos trabalhos para final de 2015.

Do programa de obra consta a realização de traba-

lhos de fundação e reforço dos pilares, reparação e pro-teção da estrutura metálica e das zonas de betão armado, repavimentação e imperme-abilização do tabuleiro, be-nefi ciação do sistema de dre-nagem, colocação de guar-das de segurança e juntas de dilatação, reparação do sis-tema elétrico e substituição de todos os elementos dani-fi cados, bem como a limpeza geral da ponte.

Quanto à iluminação, se-gundo foi anunciado no ar-ranque dos trabalhos, “toda a instalação existente será substituída e serão disponi-bilizadas soluções que visem a sua efi ciência energética”.

A pintura da ponte será também garantida com a re-alização da obra, cuja reaber-tura total ao tráfego conhe-ceu quatro adiamentos.

JMC c/Lusa

UM ANO DEPOIS

Ponte de Abrantes abre sem restrições

Page 12: Jornal de Abrantes - Edição de Maio, 2016

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12 MAIO 20162016ABRANTES

Câmara de Abrantes aprova contas e apresenta resultado líquido positivo de 1ME

As contas do exercício de 2015 da Câmara Municipal e dos Serviços Municipalizados foram aprovadas, por maio-ria, com a abstenção da CDU e o voto contra do PSD.

Segundo a informação do município e no que diz res-peito às contas do exercício da Câmara, o montante total da receita ascendeu a 22 ME. Já o montante total da des-pesa foi de cerca de 21ME. A autarquia apurou, assim, um resultado líquido positivo de 1ME.

Por sua vez, o aumento da poupança corrente que se ci-frou perto dos 6 ME (+ 47% do que em 2014), “resultado que cumpre o que está legal-mente estabelecido e eviden-cia a situação de conforto das finanças municipais”, pode ler-se na informação.

Segundo Maria do Céu Al-buquerque, presidente do município, tratou-se “de um trabalho de gestão muito bem feito, onde acompanhá-mos desde o princípio o pro-cesso para chegar ao fi nal do ano com uma poupança que se cifra praticamente em 6 ME e com um resultado li-quido positivo de 1 ME”.

“Isto dá-nos a possibilidade de prepararmos a esta altura, logo que o quadro comuni-tário PORTUGAL 2020 dispo-nibilize os instrumentos ne-cessários, a continuidade de investimento (…) para pode-mos continuar a promover a

competitividade e qualidade de vida do nosso território”, fez notar a autarca.

Dos vários investimentos re-alizados, em destaque no re-latório de contas está a área da saúde, com a construção da Unidade de Saúde Fami-liar. O novo equipamento li-dera o gráfico da execução dos projetos que mais peso tiveram no volume de des-pesa executada no âmbito do Plano Plurianual de In-vestimentos 2015. Seguem-se depois as intervenções e investimentos em equipa-mentos escolares e interven-ções em arruamentos. Para

além destas intervenções, a autarca abrantina referiu-se a outras apostas do municí-pio: “valorizámos o papel dos nossos parceiros, aumentá-mos o FinAbrantes, os pro-tocolos com as juntas, com as associações que são nos-sas parceiras em matérias como o desporto, a educa-ção, a ação social e a cultura, fi zemos algum investimento sem recorrer ao quadro co-munitário, terminámos al-guns investimentos e os da-dos são claramente positi-vos e congratulamo-nos com esse facto”.

No que diz respeito ao

prazo de pagamento a forne-cedores, “a Câmara de Abran-tes reduziu o prazo em 6 dias, estando presentemente a efetuar os pagamentos a 10 dias”.

CDU abstêm-se e PSD vota contra

Na reunião do executivo ca-marário, Avelino Manana, ve-reador da CDU, mencionou a sua abstenção quanto à apresentação das contas do exercício de 2015 da Câmara Municipal e dos Serviços Mu-nicipalizados e remeteu uma declaração para a próxima

Assembleia Municipal, a rea-lizar dia 29 de abril.

Por sua vez, Elza Vitório, ve-readora do PSD, votou con-tra face às contas da Câmara Municipal, mas deixou a res-salva de abstenção nas con-tas dos SMA.

A vereadora referiu que o PSD tem apresentado sempre propostas de modifi cação no que diz respeito aos impostos aplicados pelo município: “es-sas propostas visavam sem-pre uma melhoria para os mu-nícipes e se as propostas tives-sem tido maior atenção por parte deste executivo, elas tra-duziriam numa menor carga

fi scal para a população”. A vereadora ainda se refe-

riu às entidades Tagus Valley e A.Logos e à responsabili-dade do município sobre as mesmas: “estamos preocupa-dos e consideramos também adequado do ponto de vista politico que as entidades Ta-gus Valley e A.Logos repre-sentem (…) 1,5 ME na divida do município, é uma preocu-pação que se constata neste documento de prestação de contas”.

A reunião do executivo ca-marário de Abrantes realiz-ou-se no dia 12 de abril.

Joana Margarida Carvalho

A Câmara Municipal de Abrantes aprovou a atribu-ição de uma verba na or-dem dos 600 mil euros para apoios às Juntas de Fregue-sia, para execução de diver-sas intervenções.

No âmbito dos contratos de delegação de compe-tências para as 13 fregue-sias, o executivo municipal,

de maioria socialista, apro-vou um total de 460 mil eu-ros para a realização de in-tervenções ao nível da rede viária e dos parques infan-tis e uma verba de 122 mil euros em apoios financei-ros para obras de amplia-ção e requalifi cação de ce-mitérios.

c/Lusa

Câmara atribui 600 mil euros para obras em freguesiasOs Serviços Municipaliza-

dos de Abrantes foram certi-fi cados pela Eic-Empresa In-ternacional de Certificação Sa, com o selo de qualidade.

A informação foi avançada hoje por Manuel Jorge Vala-matos, presidente do con-selho de administração dos SMA.

Em declarações ao JA, Ma-nuel Jorge Valamatos admi-tiu que foi necessário aplicar um conjunto de melhorias

internas nos serviços para que fosse possível alcançar a certifi cação que hoje é obri-gatória por lei e que o pró-ximo passo é conseguirem a certifi cação ao nível da hi-giene e segurança e ao nível ambiental.

“Os SMA desenvolveram um plano de qualidade dos servi-ços prestados aos munícipes, que acabou por merecer, na última fase a certifi cação (…) Esta certifi cação obrigou-nos

a melhorar as nossas infraes-truturas, os nossos equipa-mentos e os serviços presta-dos aos cidadãos”, explicou o responsável.

O selo de qualidade, atri-buído aos SMA, está associ-ado aos serviços que esta en-tidade presta desde a cap-tação, ao tratamento e à distribuição de água e ainda na gestão dos resíduos sóli-dos urbanos.

“Tratou-se de um traba-

lho muito árduo e difícil por parte de todos colaborado-res durante vários meses, que agora reflete num compro-misso futuro, pois é neces-sário manter este nível e ter agora uma responsabilidade acrescida. Desta forma, con-seguimos que os nossos ci-dadãos tenham mais confi-ança e proximidade com os SMA”, fez ainda notar o au-tarca.

JMC

SMA recebem Certifi cação de Qualidade

• Contas são aprovadas por maioria com a abstenção da CDU e o voto contra do PSD

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MAIO DE 2016EDIÇÃO Nº 39www.estajornal.com

JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE ABRANTES

DIRETORA: HÁLIA COSTA SANTOS DIRETORA ADJUNTA: RAQUEL BOTELHO

F p. 3 F p. 8 F p. 6

O preconceito sobre a deficiência e a recusa em ser “coitadinho”

Canil luta contra a sobrelotação e contra a falta de voluntários

Dormidas na Pousada têm aumentado desde 2014

José teve um acidente, Isabel teve um AVC. Ambos ficaram incapacitados fisicamente e, por isso, passam boa parte do seu tempo em tratamentos de fisioterapia para tentar recuperar a mobilidade possível. Hugo Dias, fisiotera-peuta, afirma que a melhor parte do seu trabalho é “a recuperação das pessoas”. Para quem viu a vida mudar de forma drástica, uma das maiores dificuldades é a reação das pessoas.

A Associação Defesa dos Animais do Concelho de Abrantes (ADACA) enfrenta problemas de falta de espaço e de condi-ções já há vários anos. A responsável pelo canil intermuni-cipal, Ana Fontinha, tenta contornar a situação através da castração e esterilização dos vários animais abandonados nos concelhos de Abrantes, Constância e Sardoal. Mas falta, sobretudo, responsabilizar os donos que abandonam animais.

A Pousada de Juventude de Abrantes, nos últimos três anos, tem andado numa montanha russa do “abre e fe-cha”. A Movijovem decidiu desativá-la na época baixa, mas a responsável garante que, ao contrário do que che-gou a ser noticiado, a Pousada não fechou. Mesmo no Inverno, basta que haja um grupo grande para que tenha hóspedes.

Eutanásia: sim ou não?

Há quem defenda que o assunto da eutanásia e do testamento vital ainda precisa de ser muito debatido até que o país assuma uma posição. “É um tema não discutido, que vai contra a cultura instituída.” Por ser “uma mudança com implicações profundas”, cidadãos comuns e profissionais abrantinos dividem-se. As opiniões oscilam entre considerarem o ato como “suicídio” ou aceitarem que se trata de “um direito de cada um”. F p. 5

D FOTOGRAFIA CLÁUDIA FERREIRA

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FOTOGRAFIA CENTRO DE DIA DE ALFERRAREDE

D FOTOGRAFIA CENTRO DE DIA DE ALFERRAREDE

D FOTOGRAFIA CENTRO DE DIA DE ALFERRAREDE

L “Procuramos desenvolver atividades que promovam a felicidade”

L Os passeios são atividades que fomentam as relações interpessoais

L “Há pessoas que chegam cá deprimidas e parece que renascem”

ADRIANA LOPESESTA D COMUNICAÇÃO SOCIAL

Cláudia Aparício, 32 anos, é a Téc-nica Superior de Animação Cul-tural e Comunitária, do Centro de Dia de Alferrarede, que, num dia de Primavera, abriu as portas da instituição para mostrar o que lá se passa. Os idosos do centro aguardavam pelas 11h30 para re-zarem o terço, uma das atividades pontuais. “O que me deixa mais preenchida aqui é rezarmos o ter-ço todos os dias, vem cá uma irmã rezar connosco”, revela Virgínia de Jesus.Cláudia, responsável pelas ativi-dades proporcionadas aos uten-tes, refere: “Temos um projeto de atividades anual, que é feito consoante os gostos das pessoas. Quando entram na instituição é feito para cada um deles um pla-no individual onde tomamos em conta as suas necessidades. Neste projeto, temos sempre um obje-tivo geral, o do ano passado por exemplo era promover o envelhe-cimento ativo, ou seja, evitar que estivessem sempre sentados a ver televisão. Nós puxamos por eles e motivamo-los a gostarem das atividades e da instituição. Para além do objetivo geral, temos também objetivos específicos, como promover atividades que fomentam as relações interpes-soais, estimulem a parte cogniti-va e mental aos utentes, através

“Não há centro de dia como o nosso, é o melhor que há”

do recurso a atividades interins-titucionais, inter-geracionais e atividades personalizadas como jogos e passeios. Normalmente comemoramos datas festivas, os utentes escolhem as datas mais importantes para eles e onde e como as querem comemorar. Estimulamos também hábitos de vida saudáveis, promovendo o bom estado físico e a autonomia dos idosos.” Cláudia diz ainda que “o pro-jeto deste ano é semelhante ao do ano passado. Queremos con-tribuir para o envelhecimento saudável, minorando o impacto dos fatores de risco intrínsecos à terceira idade, as perdas cogni-tivas, a inatividade física, o iso-lamento social e os transtornos psicológicos, como a depressão que é o objetivo principal. Tenta-mos sempre gerar uma relação de entreajuda entre eles, pois acaba-mos por passar mais tempo uns com os outros do que com a nossa própria família”.A responsável pelas atividades fala dos seus utentes com satis-fação e um olhar de ternura que transborda nas palavras. Refor-çando que “muitas pessoas che-gavam aqui dependentes para se levantarem, para ir a casa de banho e para andar. Como nós lutamos para a autonomia deles, notamos muitas melhorias nos nossos utentes. Não só a nível físico, mas também a nível emo-cional. Há pessoas que chegam cá deprimidas e parece que renas-

cem. Uma senhora do Apoio Do-miciliário, no início estava sem-pre mal disposta, nunca se ria, falava pouco e o pouco que falava era torto. Agora que teve uma ne-cessidade de maior acompanha-mento, veio para o centro de dia e, a cada dia que passa, sentimos uma evolução no seu estado de espírito. Já participa nas ativi-dades, vai à música, canta e bate palmas. Esta semana até já dan-çou no bailarico. Cumprimenta--nos sempre com um sorriso, um beijo ou um abraço. É ótimo ver esta evolução.”Maria Helena, 86 anos, com um sorriso na cara, agarra-me a mão e diz: “Gosto de estar aqui, tra-tam-me muito bem. Já aqui estou desde que isto abriu. Sinto-me em casa porque esta é a minha verda-deira casa. Para mim, não há cen-tro de dia como o nosso, é o melhor que há.” Andreia Ferreira, 38 anos, Diretora Técnica das Respostas Sociais de Serviço de Apoio Domiciliário e Centro de Dia, é responsável pelo sistema de gestão da qualidade da instituição. “O Centro Social de Alferrarede (CSA) possui várias respostas de cariz social, que visa dar apoio às famílias e à comuni-dade envolvente. Para o apoio à pessoa idosa, em 1999 o CSA im-plementou respostas sociais de Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário” expõe. Acrescen-tando que “a maior preocupação da instituição é a felicidade. Que-remos que, no tempo que a pessoa idosa esteja connosco se sinta feliz. Procuramos desenvolver ativida-des que promovam a felicidade, não só na área da animação e da estimulação cognitiva, mas tam-bém nos serviços. O importante, são as pessoas que estão connos-co. E como cada uma é diferente, é na mistura de personalidades e de gostos que procuramos inter-vir individualmente e de forma assertiva.”Andreia recorda um dos pri-meiros contactos com pessoas mais velhas: “Quando era mais pequena, foi-me possibilitada a oportunidade de visitar e estar no lar da minha vila. Passei lá bastante tempo, pude observar a forma carinhosa como uma pes-soa idosa era tratada. A perceção da pessoa idosa para mim sem-pre foi diferente dos meus cole-gas. Adorava lá estar. Devemos ensinar e criar possibilidades aos mais novos para desenvolverem novos conceitos, ou deixarem os pré-conceitos. Nunca pensei em trabalhar nesta área, mas é algo que faço com muito amor e de-dicação.”José Manuel Correia, 55 anos, avalia a sua presença no centro: “Estou cá há três meses, vim porque estou sozinho. Sinto--me muito bem cá. Numa escala de um a dez este centro merece um 11. Considero todas as pes-soas como minhas mães, minhas filhas e minhas irmãs. São a mi-nha família, a família que eu não esperava ter, é como se estivesse em casa. Gosto de ouvir as histó-rias deles, contam coisas e par-tilham experiências que me dão gosto de ouvir.” Era hora de almoçar. Com um sorriso, à despedida, José Manuel Correia deixa um pedido: “Sem-pre que me vir na rua, acene e diga: Olá senhor Zé, está tudo bem?”

Centro de Dia de Alferrarede melhora a vida dos seus utentes

“Não pensava que tínhamos uma coisa destas em Alferrarede, não pensava que dentro desta casa se praticava tanta humanidade”. Quem o diz é Virgínia de Jesus, uma das utentes mais novas da instituição. Esta instituição é a casa de muitas pessoas. É o Centro de Dia de Alferrarede.

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FOTOGRAFIA RENATA CUNHA

L Tratamentos de reabilitação na Clínica Abranfir

RENATA CUNHAESTA D COMUNICAÇÃO SOCIAL

Foi no dia 21 de outubro de 1995 que José André, um jovem de 21 anos, viu a sua vida dar uma volta de 180 graus. “Trabalhava na construção civil em Lisboa e decidi aproveitar o fim de semana para vir há minha terra”, afir-mou. Entretanto, nessa semana, tinha sido aberta uma vala numa das estradas pela qual passava habitualmente: “Ia a passar de mota nesse local, quando caí na vala”. Foi essa queda que levou José André, “na flor da idade”, a ficar preso a uma cadeira de rodas.É na Cidade Florida, na pequena mas sempre movimentada Praceta do Chafariz, que se situa a Clínica Médica e de Reabilitação Abranfir, que presta diariamente inúmeros cuidados nos tratamentos que ofe-recem aos seus doentes. Ao entrar na Clínica, a primei-ra coisa que capta a atenção é o grande movimento de pessoas na receção. Rodeada por cubícu-los cheios de pacientes que lutam diariamente pela sua recuperação, o ambiente é de convívio. José André, simpático e prestá-vel, vive no Bairro das Fontes, em Abrantes, e é um dos pacientes desta clínica.Durante os 18 meses em que este-ve internado no Hospital de Santa Maria, José ainda “não tinha caído na realidade, pois o médico dis-se que tinha hipóteses de voltar a andar”. Foi ao ser transferido para o Hospital de Abrantes que se apercebeu de que nada voltaria a ser igual. “Fechei-me muito, foi frustrante e muito difícil”, confessa. Na sua cabeça, chegou mesmo a pensar colocar termo à vida. Todavia, “os enfermeiros para além de trata-rem de mim foram também meus amigos e elevaram-me bastante o espírito”, acrescenta. A sua vida mudou num abrir e fechar de olhos, e o que mais lhe custou foi “ir a um baile e ver as pessoas dançar porque era louco por dança. Não poder dançar foi a única coisa que me fez chorar”, confessa.Foi na sua mãe que encontrou um “porto seguro” e é com o seu apoio que ultrapassa os desafios diários. José considera que “teria sido fun-damental ter apoio psicológico, o que não aconteceu. Eu consegui ultrapassar a situação, mas há quem não consiga”.Teve de “reaprender” a fazer as coisas mais simples do dia a dia. Movimentar-se na sua casa tornou-se uma tarefa complica-da, mas apesar da sua condição, sempre foi bastante independen-te: “Tirei a carta de condução e fui para Tomar tirar um curso de eletro-reparação, durante quatro anos.” Abriu a sua oficina, “po-rém nem sempre deu resultado” e teve depois três estabelecimentos comerciais. José André considera que nunca teve dificuldades a ní-

“Ainda existe muito preconceito”

vel profissional: “Sempre trabalhei por conta própria. A nível de em-prego não temos possibilidades. Ou arranjamos um emprego nos-so, ou não temos hipótese.”Hoje, no século XXI, “as pessoas ainda são muito preconceituosas”, afirmou. “Se tentar falar com um pessoa no facebook, corre tudo bem até eu dizer que sou paraplé-gico. Aí as pessoas perdem logo o interesse”, rematou.Considera ainda que “existe uma certa ignorância em relação a este assunto”, e que “as pessoas não es-tão bem-educadas para esta maté-ria, pois assumem que alguém de cadeira de rodas é incapaz de fazer certas coisas”.Agora com 41 anos, e ainda com muita vida pela frente, não se dei-xa abater: “Deixei algumas coisas por fazer, mas tenho muitos so-nhos e muita vontade de os reali-zar.” E frisa que “o corpo aparenta uma coisa, mas a cabeça é outra”.Hugo Dias é um dos muitos fisio-terapeutas da clínica Abranfir. De-cidiu vir para fisioterapia porque “quando era miúdo tinha tido pro-blemas no joelho e fiquei sempre com interesse nesta área”.O fisioterapeuta de 38 anos afirma que “é criada uma ligação com os

doentes e isso é importante. Ten-tamos colocar a pessoa à vontade e acabamos por fazer disto uma brincadeira séria, para que a pes-soa se empenhe e isso torna o tra-tamento mais eficaz”. Hugo considera que a pior par-te do seu trabalho é “não con-seguir recuperar a pessoa, pois existem certas patologias onde não há volta a dar e sentimo-nos impotentes nessas alturas”. No entanto, considera que a melhor parte do trabalho é “a recupe-ração das pessoas, quando estão dependentes e no fim deixam de o ser”.Isabel Oliveira, risonha e doce,

vive na Cidade Florida e sempre teve uma boa infância. “Brincava na rua, andava de bicicleta e pra-ticava muito desporto.” Estudou até ao 7º ano no único colégio de freiras que existia em Abrantes e depois disso tirou um curso de Línguas e trabalhou em várias em-presas, na área da tradução. Foi em 2006, quando se prepara-va para ir trabalhar, que teve um Acidente Vascular Cerebral (AVC), que lhe imobilizou o lado esquerdo do seu corpo. Este problema deixou Isabel bas-tante incapacitada. “Antes con-seguia fazer tudo sozinha e de repente fiquei muito dependente,

O dia a dia de duas pessoas com incapacidades físicas que são tratadas na Clínica Abranfir

não conseguia fazer nada”, confi-dencia Isabel.Foi no seu marido e filho que en-controu forças para a recupera-ção. “O meu marido reformou--se para estar comigo e mais tarde acabou por ter um enfarte e foi aí que o nosso filho nos apoiou muito, pois precisávamos os dois de ajuda.”Algo tão simples como cozinhar era um grande desafio para Isa-bel: “Cozinhar ou descascar uma batata é impossível, pois só tenho uma mão a funcionar.” Apesar das dificuldades que encontra diariamente, Isabel tenta sem-pre arranjar uma maneira de dar a volta e tentar superar as difi-culdades. Desde o seu acidente que Isabel faz fisioterapia. Já passaram 10 anos e desde então já nota algu-mas melhoras: “Já consigo mexer um pouco melhor o braço.” Para ela, vir à fisioterapia é algo bom, pois “estamos com gente nova e vamos ouvindo algumas piadas e tudo isso é bom para a nossa re-cuperação”.Agora com mais facilidade em movimentar-se, Isabel considera que existe ainda muito precon-ceito, porque “as pessoas olham um pouco de lado”. E lamenta: “Olham para mim como se eu fosse uma coitadinha e isso é algo que detesto”. Isabel Oliveira é mais um grande exemplo de que as pessoas incapa-citadas conseguem superar as ad-versidades: “Eu não estou morta, estou viva”.

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Existe há 40 anos e é uma das instituições do concelho que atua no campo social. Funciona na zona industrial de Alferra-rede e acolhe jovens e adultos, proporcionando-lhes ativida-des de ocupação, de desenvol-vimento e de formação profis-sionalizante. Trata-se do Centro de Recuperação e Integração de Abrantes, mais conhecido como CRIA. Cátia Laranjeira, empregada de loja em Abrantes, tem a “ideia que seja uma instituição que apoia pessoas com deficiências, com problemas ao nível da saú-de, físico e mental, mas mais ao nível da saúde mental”. Pelo que conhece, “acaba por ser uma família, principalmente para as pessoas que estão instituciona-lizadas e que lidam diretamente com o CRIA”.Para além do apoio direto a quem frequenta o CRIA, esta instituição participa e organi-za eventos. O Festival de Teatro Especial, que acontece todos os anos, é um deles. Maria José Clemente, assistente operacio-nal na Escola Superior de Tec-nologia e Abrantes, conta que assistiu à edição deste ano. E acrescenta que também com-prou “alguns artigos que são feitos pelas pessoas que lá es-tão”. Para esta abrantina, esta é “uma forma de ajudar, devemos participar porque eles precisam de ajuda. A nossa ajuda também

“A nossa ajuda também é importante para o desenvolvimento deles”

é importante para o desenvolvi-mento deles”.Luísa Gonçalves, assistente ope-racional, colega de trabalho de Maria José Clemente, conta que conhece “uma pessoa que tem frequentado a instituição desde muito pequeno, que tem uma ligeira deficiência, e que todo o trabalho que hoje em dia faz aprendeu na instituição, desde o cozinhar, pintura, entre outras tarefas”. Atualmente “é autó-nomo”. Para entender melhor como é ser responsável por alguém que necessita de apoio espe-cial, Maria Ferrão, pensionis-ta, residente em Alferrarede Velha, fala sobre a grande ajuda que o CRIA é para a sua filha, sublinhando a confiança que tem em que lá trabalha. “Na vida da Patrícia o CRIA tem sido uma mais valia, pois quando chega o fim de semana e não saímos de casa, ela sen-te-se fechada e aí quer sem-pre que o dia de segunda-feira chegue rápido, para estar no mundo dela.”Ao chegar no edifício principal do CRIA, um grupo de jovens estão a jogar matraquilhos com uma satisfação imensa. À volta, conversas do quotidia-no tomam conta do ambien-te, revelando boa disposição, confiança e laços de amizade que se estendem ao longo dos tempos. Um grupo de pessoas que frequentam a instituição chegam e saúdam quem che-ga com uma felicidade colada nos olhos e nos seus sorrisos.

Esta disposição marca qualquer mente. Nelson de Carvalho, diretor do CRIA, esclarece o que real-mente é esta instituição. “O CRIA é uma associação não lucrativa, que trabalha através de intervenção social. Come-çou por ter o seu alvo princi-pal na população afetada por deficiência, ou física ou men-tal. Depois desenvolveu-se e alargou a sua atividade, tendo hoje um conjunto de respos-tas sociais mais alargadas, que nos permite receber clientes em várias áreas de trabalho, que são acolhidos em diversas instalações e diversas equipas. Temos equipas que trabalham no exterior, junto de famílias, junto de escolas, também com a população alvo.”A associação dispõe de vários tipos de atividades, umas mais técnicas do que outras, que tor-nam a integração e desenvolvi-mento das pessoas possível e de uma forma dinâmica. Dispõem também de um grupo de teatro e um grupo de rancho folclóri-co, ambos muito requisitados e que marcam a presença em vários pontos do concelho.Depois de se conversar com o diretor e com as funcionárias e de interagir com as pessoas que frequentam a instituição, é impossível ficar indiferente. Quem conhece o CRIA e o que tem vindo a fazer ao longo de 40 anos em prol da comunidade só lhe pode reconhecer valor. Quem ainda não conhece, está sempre a tempo!

L Clientes do CRIA em atividade enquanto montam peças, para travões, que serão usados em veículos

D FOTOGRAFIA PEDRO FERREIRA

Centro de Recuperação e Integração de Abrantes (CRIA) é muito mais de que uma instituição de apoio à deficiência

PEDRO FERREIRAESTA D COMUNICAÇÃO SOCIAL

Na sala de atendimento do Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Pa-rental (CAFAP), com as quatro paredes brancas e uma diversidade de cores nos sofás e nos brinquedos, Vânia Grácio, presidente da Associação Vidas Cruza-das, fala de si e do que realmente repre-senta a associação. Criou a associação com o objetivo de mudar vidas e por isso desafiou um conjunto de pessoas para a ajudarem. O desafio foi aceite e passados nove anos, a associação tem cada vez mais atividades e parcerias.O nome da associação “Vidas Cruzadas” não surgiu por acaso. Questionada acerca do assunto, Vânia Grácio solta uma gar-galhada e a postura mais firme facilmente se torna mais descontraída. “Quando nós decidimos criar a Associação íamos cru-zar as nossas vidas com a vida de outras pessoas e essas pessoas têm vidas bata-lhadas, são cruzadas diárias com que se deparam todos os dias”, diz. A Associação conta com várias respos-tas sociais como o CAFAP, o Serviço de Atendimento e Acompanhamento So-cial (SAAS), o Centro Local de Interven-ção Social (RLIS), a Loja Social sediada no Tramagal, a mediação familiar, o Centro de Recursos de Ajudas Técnicas (CRAT) e o Banco de Livros. Estas respostas sociais são direcionadas para famílias e crianças em situações de risco de forma totalmente gratuita.A presidente da associação acredita que “Abrantes tem uma rede social muito forte, é uma rede que tem sido destacada ao longo dos anos por ser muito coesa e por ter muitas respostas sociais”, porém afirma que existem problemas, pois “nós temos muitas respostas, às vezes não temos é as respostas no tempo em que elas são necessárias”. A associação é relativamente jovem, pelo que as pessoas não conhecem muito o seu trabalho. “Há muitas pessoas que ainda não conhecem muito do nosso trabalho, incluindo o fato da natureza do nosso trabalho ser muito sigilosa, nós não fazemos bandeiras de determinadas ações que fazemos, acabamos por estar um bocadinho mais no anonimato por esse motivo”, afirma Vânia Grácio. Devido a este anonimato, a presidente não quer entrar em pormenores na histó-ria de uma família que a tenha marcado. “É complicado falar porque estamos a falar da vida das pessoas e estar a contar

uma história estaria a entrar na privaci-dade delas”, revela.“Nós damos espaço às pessoas desde que isso não coloque em causa o bem--estar da criança e às vezes as famílias não conseguem fazer esta leitura porque não lhes faz sentido, eles têm uma ideia diferente daquilo que querem para a sua vida, daquilo que é a legislação e daquilo que são os direitos da criança”, informa Vânia Grácio. O CAFAP já ajudou 321 pes-soas, a Loja Social ajudou 681 pessoas e o CRAT ajudou 68 pessoas.Na Loja Social podem-se encontrar vários tipos de artigos como roupas, calçado, brinquedos, mobiliários e alguns eletro-domésticos. “Nós definimos como é que as pessoas podem aceder à loja social, os nossos artigos são todos marcados com um valor simbólico em que qual-quer pessoa pode ir à loja e adquirir por esse valor. Existem outras pessoas que não tendo possibilidades de adquirir os artigos podem levá-los gratuitamente”, esclarece Vânia Grácio.

Ajudas concretas às famíliasSão várias as atividades que a associação faz, como por exemplo o cinema ao ar livre em Tramagal. “Temos feito cinema ao ar livre numa máquina que é pratica-mente centenária. A população tem ade-rido bastante e tem sido muito positivo”, conta a presidente. Os workshops que a associação realiza são abertos a toda a comunidade e têm o objetivo de “dar algumas estratégias às pessoas de como é que em casa podem gerir os recursos que têm de uma forma mais eficiente, de poder organizar as rotinas diárias de uma forma que lhes permita ter algum tempo pessoal para si”, explica. Vânia Grácio explica como funcionam, na prática, com as pessoas que recorrem à “Vidas Cruzadas”: “Têm aqui uma porta aberta e podem dirigir-se à associação para que possamos ver em conjunto qual é a solução mais adequada para cada caso. Compreendo que a situação das pessoas por vezes não é fácil e que não é fácil pedir ajuda, principalmente as pessoas que toda a vida trabalharam e que agora se vêm numa situação mais fragilizada mas não estamos cá para jul-gar ninguém, estamos cá para apoiar as pessoas.” O objetivo é “continuar a ser parte integrante dessa rede social, que-remos continuar a participar, queremos continuar a dar apoio às pessoas que nos procuram em todas as áreas que conse-guirmos”, remata.

D FOTOGRAFIA DR

L O CAFAP já ajudou 321 pessoas, a Loja Social ajudou 681 pessoas e o CRAT ajudou 68 pessoas

Uma associação que cruza a vida das pessoasDINA ARSÉNIOESTA D COMUNICAÇÃO SOCIAL

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A eutanásia “é um método de pôr fim à vida quando a pessoa assim o deseja ou quando as circunstâncias o propiciam”. É uma “questão dú-bia”, no ponto de vista de ideolo-gia de vida da terapeuta abrantina, Ana Luísa Barata, de 36 anos. Ana Barata frisa ainda que “se es-tamos vivos e a viver em certas circunstâncias, há algum propó-sito nisso”, pois “a vida deve ser preservada, mas até a um certo ponto”. A prática de eutanásia é suportada pela teoria que defen-de o direito do doente incurável de pôr fim à sua vida quando sujeito a intoleráveis sofrimentos físicos ou psíquicos.Para a relojoeira Maria Agosti-nho, a eutanásia “é um suicídio”. O assunto incomoda-a e provoca várias emoções. Admite mesmo que é contra esta prática. Nega que cada pessoa tenha o direito à escolha entre viver ou morrer com dignidade.Existem vários países com legis-lação definida sobre a prática e outros países que a refutam ca-tegoricamente por motivos di-versos, principalmente de índole religiosa.Rosalina Rodrigues, de 64 anos, pensativa e com alguma hesitação, diz que “a prática vai um pouco contra a religião católica, se é Deus que dá e se é Deus que tira”. No entanto, reflete: “Ele dá a vida para viver não dá a vida para ser “vivida” em modo vegetal.”Apesar de a prática ser “contra as normas da Santa Madre Igre-ja”, Maria Luciana Salvado, de 77 anos, um pouco apoquentada, conta: “Há sofrimentos horríveis

“Cada um de nós estava isolado a fazer uma coisa, e ninguém pode combater qualquer tipo de violência se não trabalhar em conjunto.” É com esta ideia que Sofia Loureiro, psicólo-ga, introduz a Rede Especializada na Intervenção à Violência Doméstica em Abrantes (REIVA).Um dos objetivos da REIVA é combater ideias formadas, como a velha máxi-ma que ainda hoje reina na nossa so-ciedade de que, “entre marido e mu-lher, ninguém mete a colher”. Ideias como esta fazem com que a violência doméstica permaneça, sem que mui-tos tenham coragem de a denunciar. Com mais informação e com apoio às vítimas, Abrantes tem-se destacado no combate a este problema social.O serviço abrantino de atendimen-to à vítima começou a ser planeado em 2010. Entrou em funcionamento um ano depois, com cinco parceiros: Serviço de atendimento à Vítima da Câmara Municipal de Abrantes, Cen-tro Hospitalar Médio Tejo, Associação

Vidas Cruzadas, os órgãos de polícia criminal (PSP e GNR), e o Instituto Po-litécnico de Tomar/Escola Superior de Tecnologia de Abrantes (ESTA).Com um funcionamento em rede, a REIVA tem vindo a desenvolver di-versas iniciativas para sensibilizar a população para as questões da vio-lência doméstica: “Fazemos ações nas escolas, associações, lares, centros de dia, Cruz Vermelha, bombeiros.” Para que estas ações decorram da melhor forma possível, Sofia Loureiro explica que a REIVA deu formação a profissio-nais nas várias áreas, “pois têm que estar despertos para determinados sinais”.A Associação Vidas Cruzadas desem-penha um papel de acompanhamento social às vítimas. Vânia Grácio, as-sistente social e presidente desta as-sociação, explica que fazem “serviço de atendimento e acompanhamento social que, não sendo uma resposta especializada nesta área, pode aten-der as situações numa primeira linha

e depois encaminhar para os técnicos da Rede que estiverem mais habili-tados para acompanhar a situação”.Hália Santos, docente da ESTA, explica que este estabelecimento de ensino superior aceitou o convite para fazer parte desta Rede porque, “tendo uma comunidade estudantil que está a en-trar na idade adulta, considerámos que era muito importante sensibili-zá-los para as questões da violência, nomeadamente no namoro”. Para além da ESTA, também as outras es-colas do concelho têm colaborado na organização de ações com os jovens, que visam debater, de forma aberta, estas questões.Sofia Loureiro acredita que o impor-tante é unir forças e não desistir. “Se eu não acreditar que serve de alguma coisa, então mais vale deixar o meu trabalho. Não se muda mentalidades e culturas assim. Mas qualquer gota de água no oceano faz a diferença. Se eu ajudar a salvar uma pessoa já valeu a pena estar neste mundo.”

PATRÍCIA BARAIESTA D COMUNICAÇÃO SOCIAL

CLÁUDIA FERREIRAESTA D COMUNICAÇÃO SOCIAL

“Trata-se de uma mudança com implicações profundas”

A luta contra uma dor que permanece em silêncio

Rede Especializada na Intervenção à Violência Doméstica em Abrantes

e ajudar a pessoa seria logo o pri-meiro objetivo, apesar de eu achar que a igreja não verá por enquanto assim.” Não concorda com o pro-cedimento, mas compreende.A eutanásia é legal em países como a Bélgica e a Holanda, no entanto em Portugal ainda não foi legali-zado o ato. Na Bélgica foi também legalizada a eutanásia infantil. Apesar de apreensiva, Fernanda Bica, de 56 anos, concorda com esta legalização. “Há crianças que não sabem o que é a morte, mas há crianças que é impossível viverem no estado em que se encontram.”Quem pretenda recorrer à euta-násia tem de deslocar-se a outros países onde é legal. Fernanda Bica mostra-se descontente com a si-

tuação: “Acho que devia ser le-galizado em Portugal, não existe necessidade de gastar dinheiro para nos deslocarmos para outros países.” O pedido tem de ser formulado quando o doente ainda está na pos-se das suas capacidades mentais. Em Portugal, desde o dia 1 de ju-lho de 2014, ficou disponível o Registo Nacional do Testamento Vital (RENTEV), o documento onde é possível expressar os ti-pos de cuidados ou tratamentos de saúde que a pessoa pretende ou não receber, quando não tiver forma de expressar-se.Na opinião de Ana Antunes, di-retora técnica do Lar de Idosos da Santa Casa da Misericórdia de

Abrantes, “se legalizarem a euta-násia, faz todo o sentido existir o testamento”.A diretora do lar crê que “o Go-verno no momento em que de-cidir falar a sério, como falaram do aborto, irá falar da eutanásia quando a questão for mais deba-tida”. Mostra-se infeliz quando diz que “esta questão não está a ser muito explorada nem aborda-da pelos órgãos de comunicação e era pertinente que fosse mais divulgado”.

“É um tema não discutido”Em 11 pessoas inquiridas nas ruas de Abrantes apenas quatro tinham conhecimento do testamento que já era possível fazer desde 2012, através de um documento próprio que se tinha que redigir, validado juridicamente, com estrutura livre.Hoje existe um formulário dis-ponível nos ‘sites’ das Adminis-trações Regionais de Saúde, no Portal do Utente e no Portal da Saúde, que permite preencher o Testamento Vital. Apesar de o formulário se encontrar disponí-vel na internet, segundo a Ordem dos Médicos, até ao final de 2015, apenas 2052 documentos foram validados.Para o professor de Filosofia José Alves Jana, “é um tema não discu-tido, que vai contra a cultura ins-tituída. Trata-se de uma mudança com implicações profundas”.Os partidos políticos portugueses já tomaram a sua posição, houve uma petição que entrou no parla-mento no passado dia 26 de abril. O Bloco de Esquerda defende a despenalização da eutanásia, o Partido Socialista irá estar dis-ponível para debate, CDS pede reflexão e o PSD ainda não tomou posição relativamente ao tema. Um estudo realizado pela Euro-sondagem para o Expresso e para a SIC, mostra que 67,4% da popu-lação defende a legalização da eu-tanásia em Portugal, com apenas 22,1% contra.José Alves Jana admite: “É um úl-timo passo de exercício ativo da vida, consciente e digno, mas que também pode ser um passo a que se foi pressionado a dar.”Na opinião do abrantino João Au-gusto, “a eutanásia depende de cada um”.

D FOTOGRAFIA CLÁUDIA FERREIRA

L “A prática (da eutanásia) vai um pouco contra a religião católica, se é Deus que dá e se é Deus que tira”

Eutanásia: entre “o suicídio” e o “direito de cada um”

“”

“Se estamos vivos e a viver em certas cir-

cunstâncias, há algum propósito nisso”

Page 18: Jornal de Abrantes - Edição de Maio, 2016

06 ESTA JORNALMAIO 2016

O edifício parece estar ao abandono para quem o observa. Os passeios em frente estão cobertos de folhas secas e os muros estão grafitados. Mas não é por isso que a Pousada de Juventude de Abrantes deixa de acolher pessoas. Num dia em que a chuva ameaçava cair, não havia movimento. Uma boa altura para tentar perceber por que razão este alojamento nem sempre tem rece-bido hóspedes.

As Pousadas de Juventude são lo-cais onde pessoas de diversas re-giões, nacionalidades e idades se podem encontrar e conviver. Neste

Afinal ainda existe Pousada de Juventude em Abrantes

momento, existem cerca de 42 Pou-sadas de Juventude por todo o país e Abrantes não é exceção. Existem também vários tipos de Pousadas: urbana, praia, natureza/aventura e histórica/cultural.As Pousadas de Juventude estão in-seridas numa rede nacional, que é gerida por uma cooperativa, a Movi-jovem. O objetivo é “fomentar o tu-rismo juvenil, ou seja, atrair jovens”, afirmou a responsável pela Pousada de Juventude de Abrantes, Mafalda Brás. “Mas aqui em Abrantes rece-bemos, na maioria, ‘jovens com mais experiência’, como gostamos de lhes chamar”, continuou. Afinal, apesar do nome dar a entender que só aco-lhe jovens, as Pousadas de Juventude recebem pessoas de várias idades. A responsável pela Pousada de Ju-

ventude de Abrantes explica que a Pousada “poderia atrair mais pes-soas”, mas que, nesta altura do ano, é normal não existir tanta procura. Apesar disso, “este ano até está a correr bem”. Tal como tudo o que é hotel ou residencial, a Pousada de Juventude tem mais procura “na Primavera, no Verão e aos fins de semana, ou se existir alguma ativi-dade no concelho”.A Pousada de Juventude de Abran-tes, nos últimos três anos, tem andado numa montanha russa do “abre e fecha”. Isto porque “a Mo-vijovem decidiu desativar algumas Pousadas devido à época baixa, ou seja, o Inverno, onde a taxa de ocu-pação não é muito alta”, explica a responsável. “Mas este ano isso não aconteceu, apesar da comunicação

MIGUEL LOPESESTA D COMUNICAÇÃO SOCIAL

social local ter publicado o contrá-rio”, remata. Apesar destas contradições, a Pousada nunca esteve fechada em definitivo, pois sempre que apare-cesse algum grupo em que valesse a pena abrir a Pousada, ela voltava a funcionar. “Como temos uma boa parceria com a Câmara de Abrantes, se existirem atividades desportivas, por exemplo, a parte do desporto comunica sempre as várias unidades de alojamento que existem na cida-de e muitos grupos vêm para aqui”, explica Mafalda Brás.Depois do mito da montanha russa do “abre e fecha” ter sido desven-dado pela responsável pela Pousada de Juventude de Abrantes, eis que falta um outro mito por desvendar: o aspeto de abandono do edifício. Está à vista de todos. Quem por lá passa consegue ver a olho nu que o passeio da entrada da Pousada mal se consegue ver devido às imensas folhas secas que lá estão. E também consegue ver que o muro da entrada também está um pouco danificado e com pinturas não apropriadas.Acerca do estado do passeio, Mafal-da Brás indicou que “é uma respon-sabilidade da Junta de Freguesia”. “Falámos na situação do passeio e foi-nos informado pela Câmara que isso é uma competência da Junta de Freguesia”. O presidente da Junta de Freguesia, Bruno Tomás, afirmou que tem conhecimento da situação e que “já na próxima semana o passeio irá estar pronto”.Já no que toca ao aspeto da Pousa-da, a responsável pela mesma diz que “existem planos elaborados pela Movijovem, mas como somos uma rede de 42 Pousadas, o dinhei-ro muitas vezes não chega”. Apesar da falta de dinheiro, ainda se pensa em pelo menos pintar os muros só para tornar o edifício mais apre-sentável.Respondidas as questões que mais intrigavam a população abrantina e visto que a Pousada está sempre aberta, vamos a outra questão: quais

são os preços para dormir na Pousa-da de Juventude de Abrantes? “Aqui em Abrantes nós temos três tipos de quartos: os quartos múltiplos, os quartos duplos sem WC e os quar-tos duplos com WC. O preço dos quartos múltiplos vai de 11€ a 13€ por pessoa; os quartos duplos sem WC vão de 26€ a 30€; e os quartos duplos com WC vão de 28€ a 34€.”Sabidos os preços de uma dormida nesta Pousada de Abrantes, falta só saber o que se pode lá fazer. “Nesta Pousada não temos atividades para as pessoas”, explica Mafalda Brás, acrescentando: “Temos apenas es-paços comuns, como por exemplo, o salão de jogos, com matraquilhos e snooker que podem ser aluga-dos.” Para que não pareça que a Pousada serve apenas para dormir, a responsável anuncia: “Estamos a tentar voltar a fazer novas par-cerias com várias empresas, não só do concelho, mas também dos concelhos vizinhos, para apre-sentarmos aos clientes algumas atividades que possam fazer, tais como canoagem, passeios pedes-tres e workshops.”Já que estávamos no salão de jogos, podíamos ter feito uma partida de matraquilhos, só para descontrair, mas fica para outra altura. Basta reservar. A responsável, Mafalda Brás, despediu-se com um grande sorriso, dizendo que espera me-lhores tempos para a Pousada, à semelhança do que tem vindo a acontecer nos últimos tempos. “Desde 2014 até 2016 que as dor-midas têm aumentado, o que nos satisfaz muito, a nós, equipa que trabalha aqui. Esperemos que con-tinue assim.”Afinal, a Pousada de Juventude de Abrantes não está assim tão “mor-ta” como as pessoas pensam. Talvez as pessoas é que não estejam dispos-tas a fazer a cidade mexer. Entre-tanto, a Pousada irá ficar no mesmo sítio à espera que mais pessoas por lá passem, pois afinal existe uma Pou-sada de Juventude em Abrantes.

L “Desde 2014 até 2016 as dormidas têm aumentado”

Um dia que começou com sol, rapida-mente se tornou num dia ameaçado por chuva. O local do encontro é jun-to ao Estádio Municipal de Abrantes, na Cidade Desportiva. São 14h30 e, chegado ao local, recordo os tempos em que o Campeonato Nacional de Autocross se realizava e que era um autêntico chamariz para os Abran-tinos. Hoje é diferente. Enquanto espero pelo meu contacto, observo, ao longo da encosta, uma ação dos Bombeiros Voluntários de Abrantes, que limpam a mata com crianças. Chegado o meu contacto, partimos então para o local onde será a futura sede do Agrupamento de Escuteiros 172, de Abrantes. Entre os jovens pre-sentes, distribuem-se na realização de várias atividades, como a plantação de árvores, a limpeza e montagem das tendas que usam nos seus acam-pamentos. Já entre os mais velhos, alguns supervisionam a atividade dos membros mais novos, enquanto outros preparam o local de forma a torná-lo capaz de receber acampa-mentos de outros Agrupamentos ou até mesmo os seus próprios.Daniel Bento, um dos membros mais

“Nós vimos para aqui pelo convívio, pelos amigos e pelas atividades”velhos deste Agrupamento, explica a forma como lidam com os jovens nestas tarefas. A resposta é simples, mas em concordância com aquilo que se observa: “Tudo o que fazem, fazem de forma autónoma.” Então e o acompanhamento? “Apenas se ne-cessário. Existe uma fase inicial onde ensinamos os mais novos – designa-dos como Lobitos – mas a partir daí, ensinam-se uns aos outros.” Enquanto decorria esta conversa, observavam-se crianças com sete e oito anos a serem guiadas por jovens

entre os 12 e os 16 anos de idade. E este é o espírito dos Escuteiros, como idealizado por Robert Baden-Powell, um militar inglês, que fundou o es-cutismo, no longínquo ano de 1907.O irmão mais velho de Daniel é hoje um dos dirigentes dos escuteiros. Dino Bento não se conseguiu desligar desta sua paixão, mesmo tendo esta-do na Academia Militar. “Muitas das coisas que aprendi cá [nos Escuteiros] foram-me muito úteis na Academia Militar e algumas coisas que aprendi na Academia Militar são agora impor-

tantes nos Escuteiros. A gestão de ris-co, por exemplo, é fundamental, até porque a forma como se gere o risco com jovens é um bocadinho diferente e aí, a experiência conta muito.” Por esta altura, a curiosidade em sa-ber como é a adesão dos jovens ao escutismo deve ser desfeita. É quan-do Daniel me fala de Inês Lopes. A Inês tem 16 anos e é de Lisboa. Ela vem para Abrantes apenas por causa do escutismo e para “poder estar com os amigos”. A Inês fez todo o percurso até ao momento – Lobitos, Explo-radores e Pioneiros – faltando-lhe apenas os Caminheiros. Sendo ela um caso diferente dos restantes jovens que são todos da zona de Abrantes, questiono-a sobre como foi recebi-da. “Fui bem recebida. Ao início era um bocado tímida, mas agora já não. Agora já estou mais à vontade”. E ob-jetivos? “Até aos Caminheiros vou de certeza, depois disso, já não sei.”

Convívio, Amizades e PaixãoMas como é que estes jovens, ainda em crianças, chegam aos Escuteiros? Há duas formas: uma por vontade própria, outra por vontade dos pais. “Nós vimos para aqui pelo convívio, pelos amigos e pelas atividades, que são boas para o nosso crescimento” - conta Mariana Claro. Mariana Cabrita

entrou por causa do irmão, quando ela tinha seis anos. Atualmente com 16, ela tenta trazer amigos para os Es-cuteiros contando-lhes as atividades que faz, mas “muitos não vêm por causa das missas”. Na sua opinião, hoje há mais jovens do que há uns anos, mas reforça: “Todos estamos cá porque gostamos e são amigos que levamos para a vida.”O Chefe Manuel, o membro mais an-tigo, tem quase 40 anos de chefia dos Escuteiros. Formou o Agrupamento de Escuteiros de Alferrarede e apa-drinhou o Agrupamento de Escuteiros da Chainça (já extintos). A sua paixão pelo escutismo é aquilo que não o faz parar. “Quando disse que me ia em-bora, disseram-me ‘Não te vais nada embora!’ Foi o Chefe João e o Chefe Mendes, que era o Comandante do Regimento de Infantaria de Abrantes. ‘Escolhe um Agrupamento aí mais pertinho de ti, mas não te vais nada embora!’ E aqui estou eu.” O relógio marca as 18 horas. O tem-po foi passando de forma imperce-tível. No fundo, estão aqui jovens e adultos que caminham com o mesmo propósito de Baden-Powell. Porque tal como o dia de hoje, por muito que haja nuvens, o sol acaba sempre por voltar e é essa luz que guia os Escuteiros.

LUIS MARTINS ESTA D COMUNICAÇÃO SOCIAL

D FOTOGRAFIA LUIS MARTINS

L Prepara-se o local da nova sede de forma a torna-lo capaz de receber acampamentos

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07WWW.ESTAJORNAL.COM

O grupo ensaia na Casa do Povo, espaço cedido para ensaios e es-petáculos pela Santa Casa da Mi-sericórdia da Azinhaga. O horário dos ensaios é gerido de acordo os horários de trabalho e de escola dos atores, no caso das crianças. Todos desempenham várias fun-ções para além de representar, o guarda-roupa está a cargo de to-dos, a maquilhagem e cabelos está a cargo de Maria João Carvalhal, e Diogo Narciso é fotógrafo e técnico de som. A Casa do Povo, para além de um pequeno palco, possui também um bar para servir os espectado-res e uma sala onde está o equipa-mento de som. Quando se entra passa-se por um pequeno corre-dor para a sala onde está o palco. Em dia de espetáculo, em redor do palco encontram-se mesas e

Na terra de José Saramago o teatro amador ganha destaque

“É algo que transcende a própria freguesia”

cadeiras, cada uma com um can-deeiro, dando um ambiente de cabaret. Todos os atores nos en-saios trazem comida de casa para partilharem entre si. As crianças ensaiam primeiro por terem aulas no dia seguinte.Antes de iniciarem um ensaio, os membros têm uma reunião para darem o ponto de situação, decidir novas datas para as pe-ças e falarem do seu dia-a-dia. O ambiente é familiar e descon-traído, ouve-se risos com muita frequência. Quando alguém entra em palco a postura muda com-pletamente, o encenador junta--se aos atores em palco dando indicações ao mesmo tempo que representam.

Experiência teatralVários membros da companhia partilharam comigo a sua expe-riência. Maria Emília de 64 anos, reformada, residente na Azinha-ga é das atrizes que está há mais

anos na companhia. “Há 23 anos que faço parte da companhia, desde o espetáculo “O Duelo” de Bernardo Santareno. Depois disso a companhia esteve parada 16 anos e quando retomou a ati-vidade há sete anos, voltei para a companhia.” Garante que vai

continuar, pois gosta “de teatro e de representar, sinto-me bem”. Para Maria Emília, a companhia tem como segredo “a amizade, o respeito uns pelos outros e a en-treajuda. Apesar de não sermos profissionais todos tentamos fazer o nosso melhor”. Cláudia Valadares de 28 anos é In-térprete de Língua Gestual e resi-dente na Azinhaga. É das atrizes mais recentes da Casa da Comédia. “Entrei para a companhia só no ano passado quando fui convidada para “Viver Saramago”. Acharam que a minha presença seria impor-tante e decidi abraçar este proje-to, apesar de ser difícil porque leva muitas horas do nosso dia.” Cláudia crê que o grupo é impor-tante pois “trabalha bastante em prol da comunidade e para levar o nome da Azinhaga para fora da freguesia”. Hugo Costa, 19 anos, estudante, morador na Azinhaga, acompanha o trabalho do grupo desde muito

novo. Começou com papéis sem falas, até que assumiu um papel mais relevante na peça “Viver Sa-ramago”, contando que “com 15 dias para treinarmos os papéis foi uma correria. Fiz a personagem de Saramago na idade jovem”. A fa-mília de Hugo fez parte da compa-nhia. “Os meus pais faziam teatro na companhia, gostava do que eles faziam, ouvia-os em casa a trei-nar”. O teatro é como algo que “serve de descontração quando tenho muito que estudar”. João Coutinho de 58 anos é o coordenador cultural da Câmara Municipal da Chamusca, residen-te na Chamusca. É o encenador e escritor das peças do grupo. Foi um dos membros que foi respon-sável pelo nascimento do grupo. João Coutinho conta que foi con-vidado para vir à Azinhaga pela primeira vez há cerca de 25 anos. “O antigo Presidente de Junta de Freguesia convidou-me para vir aqui formar um grupo de teatro”. O mais importante para o ence-nador foi o grupo “ter surgido por iniciativa própria das pessoas da Azinhaga”. Considera que “o es-petáculo de teatro é um trabalho artesanal. É necessário construir um espetáculo enquanto um todo. Também depende dos elencos. Em primeiro lugar está as pessoas. Não é preciso muito dinheiro para fazer um espetáculo de teatro, precisa-mos só de pessoas”.

Sessões esgotadasA Junta de Freguesia da Azinha-ga é a entidade pública que apoia o grupo. O Presidente da Junta de Freguesia da Azinhaga, Vitor Guia, conta como tudo aconte-ceu: “Em 2005 quando ganhá-mos as eleições, uma das nossas promessas foi a reativação da companhia Casa da Comédia, que já estava inativa há 15 anos. Em 2006 foi reativada com o espetá-culo “Sol das Lezírias”. Em 2015 voltámos a convidar a compa-nhia para celebrar o nascimento de Saramago em novembro, que aceitou. Todos os espetáculos são feitos na freguesia, o que cria uma dinâmica muito importan-te”. A Junta presta vários servi-ços à companhia: “Venda de bi-lhetes, as marcações das mesas e apoio monetário. Neste momen-to, felizmente como a companhia tem realizado espetáculos com regularidade, não tem precisa-do do apoio da junta.” O sucesso reflete-se, tal como confirma o autarca: “Têm vindo pessoas de Alverca, pessoas de Santa Iria, de Torres Novas, de Tomar, para assistir. É algo que transcende a própria freguesia.”As pessoas da freguesia reconhe-cem a importância do grupo, como Ana Pedro de 35 anos, empregada de balcão explica: “Já assisti a to-dos os espetáculos. Acho que estes espetáculos são bons para a terra. É uma mais-valia a nível cultural, e as pessoas gostam e vão ver os espetáculos, a casa está sempre cheia. As pessoas de mais idade sempre têm alguma coisa com que se distrair.”Manuel José, tratorista de 47 anos, residente na Azinhaga já tem uma perspetiva diferente: “Não assisti a nenhum espetáculo porque nun-ca há bilhetes, está tudo esgota-do. As pessoas que vão ver deviam dar vaga a outros Depois as pessoas querem comprar, está sempre es-gotado”.

D

FOTOGRAFIA MARTA GONÇALVES

L A companhia tem vários elementos jovens, o mais novo tem seis anos

MARTA GONÇALVESESTA D COMUNICAÇÃO SOCIAL

A Casa da Comédia é uma companhia de teatro amador da freguesia da Azinhaga, concelho da Golegã. A companhia foi fundada há 25 anos na Azinhaga, por Maria José Mota, Natália Catarino, José Rufino, Anabela Costa e Luis Narciso. A eles juntou-se João Coutinho, que se tornou o encenador e escritor das peças da companhia. Os seus maiores sucessos foram as peças: “Sol das Lezírias” em 2008, “Bodas de Sonho” em 2009, “Cabaret” em 2010 e “Viver Saramago” em 2015.

“”

“As pessoas de mais idade sempre têm com

o que se distrair”

Page 20: Jornal de Abrantes - Edição de Maio, 2016

08 ESTA JORNALMAIO 2016Última

FICHA TÉCNICA | DIRETORA: Hália Costa Santos DIRETORA ADJUNTA: Raquel Botelho REDATORES: Adriana Lopes, Alexandra Arroja, Cláudia Ferreira, Dina Arsénio, Luis Martins, Marta Gonçalves, Miguel Lopes, Patrícia barai, Pedro Ferreira, Raquel Teixeira, Renata Cunha, Sara Carrão, Vera Ribeiro PROJETO GRÁFICO: José Gregório Luís PAGINAÇÃO: João Pereira TIRAGEM: 15000 exemplares

Já lá vão nove anos desde que Ana Fontinha, responsável pelo canil intermunicipal e presidente da Associação Defesa dos Animais do Concelho de Abrantes (ADACA), luta contra os maus tratos e con-tra o abate de animais no concelho abrantino. No espaço de um ano, por média em Portugal, são abatidos cerca de 12 mil animais de companhia nes-tes centros de recolha. Contudo, a ADACA contraria esses números assustadores. “Não se abatem cães enquanto a ADACA estiver de facto a dirigir o canil intermunicipal”, defende a responsável. “Enquanto eu aqui estiver, e vai fazer dez anos em junho, isso não acontece, salvo em casos de problemas de saúde.”Um dos maiores problemas que Ana enfrenta é a falta de espaço. O canil foi construído para abrigar cerca de 80 cães e, de momento, estão cerca de 130 à responsabilidade da ADA-CA. “Por cada animal que é recolhi-do, a Câmara dá-nos um determi-nado valor, durante oito dias, que são os dias que a lei dá até o animal ser abatido. Chegando a esses oito dias, os animais são transferidos para a ADACA, portanto passam a ser nossa propriedade até à adoção.” Por cada cão que dá entrada no canil a Câmara paga 5€, enquanto que, por cada gato, o valor baixa para 3€. Para fazer face à falta de espaço, Ana distribui mantas pelas várias divisões do canil para que os cães tenham o seu espaço para dormir, dentro do possível. Ana dorme nas instalações da ADACA, divide o seu espaço com os cães, e por ali per-noita para ter maior controlo sobre os animais durante a noite. A falta de verba e de espaço aflige a pre-sidente todos os dias. “Isto não foi feito de forma a que fosse necessá-rio ter mantinhas e cobertores, não houve a preocupação de arranjar espaço para fazer face às nossas necessidades. Estamos a tentar ver com a Câmara para arranjar um anexo, sobretudo para fazer uma enfermaria.” A responsável acres-centa que “o espaço é, sem dúvida, uma das grandes preocupações da ADACA aqui dentro”. Mas não só a falta de espaço para os animais é preocupação para Ana. Também a falta de voluntários para ajudar a preocupa. “Temos um apoio que eu consegui, há dois anos. A Câmara dá-nos uma verba para um funcionário que temos. Uma espécie de subsídio que serve para lhe pagar o ordenado. Porque ele é funcionário da ADACA, não da Câmara.”

luta pela esterilização é a minha prioridade total neste momento”

Apesar das dificuldades, ainda existem pessoas dispostas a ajudar, como é o caso da Daniela Elias, 19 anos, voluntária na ADACA desde dezembro de 2015. “É o meu pri-meiro trabalho de voluntariado. Tem coisas boas e coisas más, como é óbvio. É bom poder estar a fazer uma coisa que gosto que é lidar com os animais e perceber que eles também gostam de mim. É uma sensação ótima, mas também é muito complicado porque exigem todos muita atenção. São todos muito diferentes uns dos outros” - explica. A voluntária admite que as condições “não são as melhores porque isto está feito para abrigar menos animais do que os que tem de momento.” Acrescenta que “não há espaço, não há condições para termos tantos animais. É uma coisa traumatizante”. Daniela desloca-se à Associação duas vezes por semana, no mí-nimo. No entanto, refere que “há falta de supervisionamento devido aos poucos voluntários. Se fossemos mais, ficava mais fácil para todos, principalmente para a Ana, que está aqui 24 horas”. Porém, deixa o apelo: “Quem gosta realmente de animais não deve ficar parado, não deve simplesmente ter pena. Existem animais na nossa cidade que precisam de ajuda e está aqui o

canil. Para quem gosta é uma expe-riência muito boa porque estamos em contacto com eles todos os dias.” Desde janeiro de 2016 que Ana se sente confiante em dizer que já foram adotados do canil “uns 20 animais”. Ainda assim, depara--se, por vezes, com pessoas que adotaram animais e que depois os abandonaram e largaram na rua. A responsável pelo canil também já voltou a levar para o canil ani-mais que tinha sido adotados. Isto porque, no decorrer das visitas, verificou que “não estavam a ser tratados conforme o acordo feito com a ADACA”. Quanto a animais que são entre-gues sem terem sido abandonados, Ana é perentória: “Eu, enquanto presidente desta associação, não aceito animais com dono. Só em casos muito pontuais, como a morte de um dono e quando não há mais ninguém para ficar com o animal.” A responsável pela Ada-ca garante que prefere, depois, “ir apanhá-los à rua depois”. E com-pleta: “Se começarmos a abrir ce-dências iria ser uma carga de tra-balhos muito grande. As pessoas começavam a fazer bicha à porta para deixar os cães”. Quanto aos maus tratos e abandono dos ani-mais, Ana acredita que “o próprio Governo tem de criar meios de

responsabilizar as pessoas. Fis-calizem. A lei dos maus tratos aos animais é uma lei muito dúbia”. “Há cães chipados que os donos simplesmente dizem que não que-rem. Fica complicado. Se chegam aqui com eles, quem me garante a mim que as pessoas vão para o estrangeiro ou não têm condições? ”- questiona Ana. “Quanto a mim, qualquer pessoa que seja dono e que entregasse o animal no canil devia pagar para o deixar cá. Penso que haveria muitas hipóteses de se começar a lutar. É óbvio que não vamos obter resultados a curto prazo, mas a longo ou médio pra-zo, começava-se a sentir as men-talidades a mudar.” Devido ao elevado número de ani-mais no canil e, também, a todos os que estão perdidos nas ruas dos concelhos abrangidos pelo canil in-termunicipal, Ana defende que “a luta pela esterilização é a prioridade total neste momento. Esterilização e castração”. Há “situações em que deixam as cadelas parir, deixam os meninos todos vingar. Porque sabem de antemão que depois deixam uma caixa ali à porta com eles”. Ana Fontinha critica quem resolve os problemas desta forma, pensando que deixar os cachorros à porta do canil é a solução. “E eu fico com eles, não é? Que remédio, não

vou matar cães! O problema é que as pessoas não têm consequências nenhumas, rigorosamente.”

Facebook ajuda a promover adoção no concelho Pedro de Castro faz parte de uma família abrantina que adotou, há dois meses, um animal da ADACA. Trata-se de Vasco, um labrador cre-me com cerca de um ano. “Foi com-pletamente ao acaso. Na altura não tínhamos ideias de adotar um cão.” “Foi através de uma publicação do facebook da ADACA. Tinha sido encontrado um cão, muito mal tratado, na calçada de S. José.” O labrador, Vasco, ajustou-se muito bem à sua nova família: “Ele co-migo ajustou-se mais rápido, em cerca de dois ou três dias. Até dor-mia no meu quarto. Ao resto da fa-mília demorou um bocadinho mais tempo, nada de especial”, conta Pedro. “Adorámos a experiência!”Ana Fontinha apresenta os obje-tivos da Associação para este ano: “Manter o que temos conseguido até aqui. Tentar manter a cabeça erguida. Continuar a poder fazer castrações e esterilizações, quan-tas mais melhor. Manter os núme-ros que temos para já e, de facto, recrutar mão de obra. Pessoas que queiram ajudar, responsáveis e que, sobretudo, amem a causa.”

D FOTOGRAFIA ALEXANDRA ARROJA

L ADACA abriga cerca de 130 animais, apesar da falta de condições

Não é fácil conseguir encontrar a Associação Defesa dos Animais do Concelho de Abrantes (ADACA). A sinalização pobre e a má manutenção das estradas que levam a este pequeno canil tornam díficl a sua identificação.

“AALEXANDRA ARROJAESTA D COMUNICAÇÃO SOCIAL

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jornaldeabrantes

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jornaldeabrantes

14 MAIO 20162016REGIÃO

Quase há dez anos em Abrantes, a MultiOpticas es-teve alguns dias encerrada ao público, para renovar a sua imagem e apresentar no-vas valências na loja que está sediada no centro histórico de Abrantes.

Catarina Pereira, gerente de loja, explicou que a re-novação surgiu pela “ne-cessidade de melhorarmos a imagem, sendo que é im-portante em termos de mar-keting, como também pela estratégia da empresa a ní-vel nacional, uma vez que todas as lojas estão a imple-mentar um novo layout e

nós temos de acompanhar essa tendência”.

“A loja estava a precisar de

um ar novo”, fez notar a ge-rente.

“Os serviços continuam.

Em termos do conceito de óptica é que está um pouco diferente, ou seja, com esta nova imagem, o cliente que entra na loja pode facil-mente olhar e ver a arma-ção que pretende, os valores implícitos, e a partir daí fazer uma prospecção do que pre-cisa (…) O produto está mais intuitivo”, explicou Catarina.

A gerente fi nalizou dizendo que “ainda vale a pena apos-tar em Abrantes (…) senti-mos que agora há uma vita-lidade do próprio comércio, o interesse pelo centro está novamente a aparecer”.

As praias fl uviais de Aldeia do Mato, em Abrantes, do Carvoeiro, em Mação e Bos-telim, em Vila de Rei, no Mé-dio Tejo, foram galardoadas com a Bandeira Azul 2016, uma distinção que é um sím-bolo de qualidade ambien-tal atribuído anualmente às praias.

A Praia Fluvial de Carvoeiro

foi galardoada pelo 10º ano consecutivo, a Praia Fluvial de Aldeia do Mato recebeu pela 6ª vez e a do Bostelim conquistou a Bandeira Azul pela primeira vez.

A Bandeira Azul é um sím-bolo de qualidade ambien-tal atribuído anualmente às praias e portos de recreio e marinas que se candidatam

e que cumpram um conjunto de critérios, sendo que estes Critérios do Programa Ban-deira Azul estão divididos em 4 grupos: Informação e Edu-cação Ambiental; Qualidade da Água; Gestão Ambiental e Equipamentos e Segurança e Serviços.

Mia Rose, OLE – Orquestra Ligeira do Exército, Graciano Ricardo, Leo e Leandro, ÁTOA, Tiago Bettencourt e Mikkel Solnado vão ser as principais atrações musicais de mais uma edição da Feira de En-chidos, Queijo e Mel (FEQM), acontecer em Vila de Rei, de 30 de julho a 7 de agosto.

Organizado pelo município de Vila de Rei, o maior cer-tame do concelho “volta as-sim para divulgar os produ-tos endógenos e artesanais

do Concelho e promover as atividades empresariais vilar-regense”, destaca a informa-ção da autarquia.

Tal como nos anos anterio-res, o programa da XXVII edi-ção do evento vai igualmente contar com mais uma edição da Feira do Livro, exposições, animação de rua, rastreios de saúde, programa desportivo, tasquinhas e com a realiza-ção da 28ª Colheita de San-gue de Vila de Rei.

ABRANTES

MultioOpticas renova loja no centro histórico

MÉDIO TEJO

Praias fl uviais de Mação, Abrantes e Vila de Rei conquistam Bandeira Azul

VILA DE REI

Mia Rose, Tiago Bettencourt e Mikkel Solnado e muito mais na FEQM

Entre 9 a 13 de junho, Vila Nova da Barquinha não vai parar. O Parque de Escultura Contemporânea Almourol, no centro histórico da vila, vai acolher mais uma edi-ção das festas concelhias.

No panorama musical o artista abrantino FEL vai abrir os festejos no dia 9 de

junho. Os D`Alva prometem animar a noite do dia 10. A magia da Orquestra Ligeira do Exército (OLE) está agen-dada para o dia 12, fi cando Rita Guerra, a cabeça de cartaz, reservada para o úl-timo dia dos festejos, a 13 de junho.

VILA NOVA DA BARQUINHA

Rita Guerra é cabeça de cartaz nas festas concelhias

A TAGUS, Associação para o Desenvolvimento do Ribatejo Interior, que engloba os municípios de Abrantes, Constância e Sardoal, e a Pinhal Maior, que abarca, entre outros, os municípios de Mação, Sertã e Vila de Rei, inauguraram, como membros da parceria Produtos e Territórios – a Loja do Intendente, um espaço de promoção dos seus produtos locais e territórios rurais no Largo do Intendente, em Lisboa.

O município de Vila de Rei aprovou por unanimidade um novo projeto de regu-lamento para apoio à recu-peração de edifi cações de-gradadas.

A medida surge na se-quência da existência de um número signifi cativo de casas e edifícios degrada-dos, nas zonas urbanas an-tigas e em zonas de rurais do concelho.

Paulo Cesar, vice-presi-dente da CM de Vila de Rei,

explicou ao JA que o apoio se destina a todas as pes-soas “ que tenham uma casa e pretendam recupe-rá-la”. Para o efeito, “será ce-dido a essa pessoa, em fun-ção dos seus rendimentos, do número de pessoas que vivem na habitação, bens materiais para a construção, seja areia, cimento, tinta, te-lhas, um conjunto de ma-teriais em que o município apoiará”.

O Banco Local de Volun-tariado, criado pelo Muni-cípio de Sardoal, em par-ceria com o projeto CLDS 3G “Sardoal SIM – Solidá-rio, Inclusivo e Moderno”, foi apresentado publicamente no dia 7 de abril.

O Banco Local de Volun-tariado pretende ser um es-paço de encontro entre a população e as organiza-ções disponíveis para inte-

grar voluntários e coorde-nar o exercício da sua ativi-dade nos vários domínios. De entre os objetivos deste projeto destacam-se o in-centivo e fomento da prá-tica do voluntariado junto da comunidade, divulga-ção de oportunidades de voluntariado e formação de voluntários e agentes insti-tucionais.

VILA DE REI

Município aprova regulamento de apoio à recuperação de casas

SARDOAL

Banco Local de Voluntariado avança

TAG

US

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15MAIO 20162016 INVESTIMENTO

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Abrantes “Cidade Inteligente” visa melhor gestão e monitorização dos serviços públicos

A Câmara de Abrantes anunciou um investimento de 1 milhão de euros num modelo informático que vai permitir à autarquia efetuar uma melhor gestão e mo-nitorização dos serviços pú-blicos, projeto denominado de “Abrantes Cidade Inteli-gente”.

Definido pela presidente da Câmara de Abrantes, Ma-ria do Céu Albuquerque (PS), como “um novo paradigma da governação”, o projeto vai estender-se, gradualmente, da cidade a todo o concelho de Abrantes, “integrando to-dos os sistemas de monitori-zação dos serviços públicos e disponibilização de dados em tempo real, através da aquisi-ção de equipamentos e apli-cações informáticas que per-mitem ao cidadão participar na governança do município”.

O projeto, que já está em

fase de execução em Abran-tes, segue a tendência das “Smart Cities” (cidades sus-tentáveis), “centradas nos ci-dadãos, e reside na imple-mentação de uma solução tecnológica que visa a cri-ação de uma economia de partilha e de escala, procu-rando a sustentabilidade”, através de um modelo que resulta de uma parceria com a IBM, a COMPTA, Instituto Politécnico de Tomar, entre outros parceiros.

A finalidade, destacou, é que “a médio e a longo prazo se alcancem ganhos de efi ci-ência e poupanças, nomea-damente nas áreas da gestão de energia, resíduos, frota, consumos de água em es-paços verdes e transportes e mobilidade”, a par do “de-senvolvimento de uma rede local de produtores, comér-cio justo, vídeo vigilância e

monitorização centralizada e proteção civil”.

Por outro lado, o projeto tem o propósito de “aproxi-mar os cidadãos dos servi-ços, com o reforço dos ser-viços online, dos Espaços do

Cidadão, e a aposta na insta-lação em Abrantes da Loja do Cidadão”, para além da “dis-ponibilização de ferramen-tas que possibilitem ao cida-dão participar ativamente na tomada de decisões”, como

seja “através do orçamento participativo e outros, através dos quais o cidadão comum pode ter acesso a contactos, eventos, notícias e comuni-car ocorrências.

Em declarações ao JA, a

ministra da Presidência e da Modernização Adminis-trativa disse que o projeto é “muito interessante nas duas vertentes que preocupam a administração central”, tendo destacado que a plataforma apresentada “permite gerir melhor a coisa pública, no caso, o concelho, e permite obter ganhos de eficiência através de uma melhor mo-nitorização na prestação de serviços públicos, como se-jam de água, piscinas munici-pais ou iluminação pública”.

Maria Manuel Leitão Mar-ques destacou ainda “a ver-tente da participação, em dois lados: a vertente da par-ticipação dos cidadãos com o município, e a vertente da participação do cidadão na escolha da forma como o município aplica os impostos dos cidadãos”.

MRF/c/LUSA

• Autarca de Abrantes explica que o Projeto segue a tendência das “Smart Cities”

CM

AB

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16 MAIO 20162016AMBIENTE

Comissão Parlamentar visita Tejo e diz “Jogo do rato e do gato” não vai travar defesa do rio

O presidente da Comissão Parlamentar do Ambiente (CPA), Pedro Soares, disse ao JÁ conhecer “o jogo do rato e do gato”, em termos de polu-ição do rio Tejo, tendo confi r-mado a receção de denúncias dando conta de novos episó-dios de poluição do Tejo as-sim que os deputados da CPA deixaram a região, depois de uma visita de quatro dias, en-tre os dias 3 e 6 de abril.

“Entre domingo e quarta-feira, enquanto estivemos no terreno, o Tejo apresentava menos poluição e maiores caudais do que o habitual, segundo nos relataram, mas assim que saímos do terreno terminou o período de con-tenção poluidora e começá-mos a receber relatos de no-vos episódios de poluição no Tejo, na zona de Abrantes e a montante”, confirmou o de-putado.

“Temos de continuar to-dos atentos e criar condições para que a CPA possa dar se-guimento aos alertas e aos casos de poluição”, observou, tendo elogiado o papel de-sempenhado pelos ambien-talistas e o seu exemplo de cidadania.

“Foi com muito gosto que registei que os ambientalistas estiveram connosco, desde Vila Velha de Rodão a Vila Franca de Xira, num movi-mento de cidadania que de-sempenha um papel essen-cial tendo em conta que eles estão no local e representam os nossos olhos no terreno”, destacou, tendo ainda elogi-ado o papel dos autarcas e dos pescadores contactados.

Pedro Soares disse ainda que a visita “foi muito útil, porque permitiu envolver os deputados numa rea-lidade com a qual o Par-lamento, habitualmente, não contacta, e estar com autarcas, ambientalistas e pescadores, pessoas que vivem diariamente com esta realidade ribeirinha e conhecem os problemas melhor do que ninguém”, frisou.

A visita decorreu de um pé-riplo que levou os deputados da CPA a percorrer, durante 4 dias, vários troços do per-curso do Rio Tejo (Internacio-

nal/Superior e Médio/Lezíria), abrangendo municípios dos distritos de Castelo Branco, Portalegre e Santarém, ini-ciativa que principiou no domingo, dia 3 de abril, em Malpica do Tejo, aldeia tra-dicional do Tejo, e com uma reunião com o presidente da Câmara de Castelo Branco.

Depois de Nisa e Vila Velha de Rodão, a comitiva com-posta por deputados de to-dos os grupos parlamentares entrou na região do Médio Tejo em Ortiga, uma das fre-guesias ribeirinhas do con-celho de Mação, Santarém, antes de ir ao Alamal, no con-celho de Gavião, já no distrito de Portalegre.

Vasco Estrela, presidente da Câmara de Mação, disse que acompanhou os de-putados da CPA à zona da praia fluvial de Ortiga, onde a autarquia tem feito investimentos avultados, e à zona da Barragem de Or-tiga/Belver, onde “também ali se evidencia a ancestral tradição da pesca e onde hoje é impossível pescar”.

O autarca disse que foi com “muito bons olhos” que viu esta primeira visita concer-tada de deputados de todas as bancadas parlamentares, num trabalho da Comissão “demonstrativa da preocupa-

ção de todos os partidos com os problemas do Tejo”.

“Esta situação não pode deixar ninguém indiferente e esta vinda ao local, saindo dos gabinetes de Lisboa, penso que permitiu aos di-ferentes deputados dos gru-pos parlamentares consta-tarem os prejuízos que esta situação de baixos caudais e poluição causa aos pescado-res, ao ambiente, e ao desen-volvimento económico da re-gião e do país”, vincou.

Os deputados da Comis-são Parlamentar do Ambi-ente (CPA) estiveram de-pois em Abrantes, onde foram recebidos pela presi-dente da autarquia, Maria do Céu Albuquerque, no Centro Interpretativo do Tejo, em Rossio ao Sul do Tejo, tendo visitado de se-guida o açude insufl ável e o travessão construído no Tejo para captação de água para o arrefecimento das turbinas da Central Termo-elétrica do Pego – PEGOP, sempre com a presença de representantes de movi-mentos ambientalistas.

Na intervenção de boas vin-das, a Presidente da Câmara Municipal de Abrantes iden-tificou os baixos caudais, as transvases para o sul de Es-panha, as descargas poluen-

tes, entre outros, como fato-res que afetam a qualidade da água e colocam em causa o investimento público feito nos últimos anos nas mar-gens ribeirinhas do Tejo para devolver o rio às populações ribeirinhas. “É uma preocu-pação que não é nova e que não é de agora”, sublinhou Maria do Céu Albuquerque que elencou os alertas da Câ-mara e da Comunidade Inter-municipal do Médio Tejo.

Em Constância, além das inevitáveis questões liga-das à poluição, ao assorea-mento, e às oscilações dos caudais, os deputados to-maram conhecimento – in loco - da necessidade de intervir na margem do Zê-zere e também das dimen-sões dos rombos que dra-maticamente «engolem» riquíssimos campos agrí-colas, bem como dos efei-tos destas problemáticas em diferentes setores eco-nómicos do concelho.

Junto ao Castelo de Almou-rol, em Vila Nova da Barqui-nha, ainda no mesmo dia, Fernando Freire, Presidente da Câmara Municipal, rece-beu a comitiva, alertando para os problemas da polu-ição e baixos caudais, tendo apontado para os prejuízos ao nível ambiental, mas tam-

bém do comércio, restaura-ção e atividades ligadas ao setor do turismo.

Em declarações ao JA, Fernando Freire destacou “a falta de caudais regu-lares e a poluição”, tendo manifestado a sua satisfa-ção por ver, “pela primeira vez, deputados de todos os partidos num visita deste género”.

“Assim, depois de terem constatado no local os pro-blemas reais das populações ribeirinhas, a CPA sai daqui mais atualizada e fundamen-tada para-a tomar as decisões políticas de direito e em con-formidade com o objetivo co-mum de termos um rio mais sustentável, ambiental e eco-nomicamente”, notou.

O presidente da Comissão Parlamentar do Ambiente, Pedro Soares, disse que a im-portância da visita foi confe-rida pelo próprio rio Tejo “que é aquilo que nos importa, a par da recuperação da qua-lidade da massa de água, e conseguir perceber melhor o conjunto de problemas, ame-aças e também de potenciali-dades que o rio Tejo tem”.

“Dentro das nossas compe-tências, poderemos intervir em termos legislativos, como do próprio debate a nível na-cional”, observou, tendo des-

tacado que “o grande resul-tado desta visita vai ser colo-car o Tejo no topo da agenda política nacional”.

Pedro Soares destacou ainda como “temas que sobressaíram e que se vão manter na agenda polí-tica” relativamente ao Tejo, a “ameaça” da central nu-clear espanhola de Alma-raz” que classifi cou de “ina-ceitável”, e “também os caudais, problemas muito presentes e que precisa-mos de enfrentar”, defen-deu.

“Tudo isto implica um tra-balho que queremos sereno mas muito firme, como por exemplo, e é incontornável, o diálogo ao nível da entidade que faz a gestão dos aprovei-tamentos hidroelétricos. Não podemos ter caudais com variações bruscas de um dia para o outro, quando não em poucas horas e vamos cha-mar os responsáveis da EDP ao Parlamento”, afi rmou.

A iniciativa foi da Assem-bleia da República e visou o levantamento de situações críticas e de potencialidades, bem como a sensibilização de cidadãos e entidades di-versas para a importância ambiental, cultural e econó-mica do Tejo.

Mário Rui Fonseca

• Os deputados da Comissão estiveram em Abrantes, onde foram recebidos pela presidente da autarquia, Maria do Céu Albuquerque

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18 MAIO 20162016REGIÃO

Fustigado pelos fogos, Mação cria soluções premiadas no estrangeiro

Com cerca de 40.000 hecta-res, 80.000 pequenas propri-edades e 95% de área fl ores-tal, Mação viu o seu território ser devastado por incêndios nos últimos 30 anos, tendo desenvolvido na última dé-cada práticas fl orestais hoje elogiadas em vários países.

A área ardida da extensa mancha fl orestal do muni-cípio de Mação ultrapassa, somada, desde 1991, “já mais de 120% da área do concelho, um verdadeiro cenário de catástrofe”, con-sidera o vice-presidente da Câmara Municipal, Antó-nio Louro (PSD).

O concelho começou a ser fustigado pelos grandes in-cêndios no final da década de 1970 e, desde aí, o pro-cesso foi-se agravando até culminar nos grandes incên-dios de 2003, em que mais de 22.000 hectares foram consu-midos em três fogos.

António Louro, que é tam-bém o responsável pela pro-teção civil municipal e o

mentor de projetos de pre-venção, vigilância e combate a incêndios, além do conceito de “Zona de Intervenção Flo-restal (ZIF) de Gestão Total” e da “Sociedade de Gestão Ter-ritorial”, fez distribuir dezenas de motobombas por todas as

aldeias do concelho e criou o sistema McFire, ferramenta informática que permite le-var a informação existente so-bre a zona de combate para o Posto de Comando e monito-rizar o desenvolvimento do fogo em tempo real.

A visão integrada de Ma-ção, que “já foi dada a co-nhecer a sete secretários de Estado portugueses”, tem merecido a atenção de entidades internacionais e, inclusive, recebeu pré-mios como o “Batefuegos

de Oro”, em Espanha, além de outras distinções e con-vites de entidades ligadas ao desenvolvimento rural espanholas, da Universi-dade de Santiago de Com-postela, da Hungria e da Sérvia.

“Apesar dos enormes avan-ços e melhorias no sistema de combate aos incêndios em Portugal, não estamos a conseguir reduzir signifi cati-vamente o seu impacto. Te-mos de mudar de paradigma e ordenar e gerir os espaços fl orestais de forma diferente”, advoga.

“Criando Sociedades de Gestão Territorial, talvez con-sigamos criar uma fi gura de gestão sólida em termos jurí-dicos e transparente, que una vontades à escala de cada co-munidade humana rural e, assim, consigamos, com a es-cala adequada, ordenar ade-quadamente e construir uma paisagem mais resiliente aos incêndios fl orestais”, de-fende.

A concluir, António Louro sublinha que o que Mação tem tentado construir “é muito difícil e contraria mui-tos interesses, mas os proble-mas difíceis não costumam ter soluções fáceis”.

MRF C/LUSA

Os brasileiros vieram e Vila de Rei começou combate à desertifi cação

O combate ao êxodo po-pulacional é, desde há déca-das, uma preocupação dos responsáveis políticos de Vila de Rei, no distrito de Castelo Branco, que teve em Irene Ba-rata, eleita presidente da Câ-mara em 1990, um dos prin-cipais porta-estandartes.

A eleita do PSD fez deste combate a sua bandeira du-rante 24 anos, tendo deixado na memória dos portugueses o episódio do acolhimento de famílias brasileiras, com o intuito de travar a desertifi ca-ção do concelho.

“Quando fui eleita tinha 44 anos e em Vila de Rei não havia nada. Os gran-des incêndios da década de 80 destruíram tudo, os jovens não tinham traba-lho, não havia estradas al-catroadas nem água ca-nalizada na maioria das 94 povoações do conce-lho. Os jovens e os adultos

queriam era sair daqui, em busca de trabalho e de me-lhores condições de vida”, lembra à Lusa Irene Barata, 72 anos.

Hoje, a exercer o cargo de Provedora da Misericórdia de Vila de Rei, o maior empre-gador local, com 210 funcio-nários, num município onde residem cerca de 5 mil pes-soas, não esconde que “tra-var o processo de desertifi-cação, que levava os jovens para longe e deixava o muni-cípio despovoado”, foi o prin-cipal combate da sua vida autárquica ao longo de seis mandatos.

De acordo com os Cen-sos, só dois concelhos do distrito de Castelo Branco conseguiram aumentar a população entre 2001 e 2011: Vila de Rei e a própria capital de distrito. Apesar de continua a ser o conce-lho com menos residentes

do distrito, Vila de Rei viu aumentar em cerca de uma centena o número de habi-tantes numa década.

“Sabemos que este tipo de combate só tem resultados positivos ao fim de muito tempo, mas fiz tudo o que

era humanamente possível e não estou arrependida de nada”, sublinha, recordando a aposta feita no acolhimento de brasileiros de Maringá e, mais tarde, na economia so-cial.

“O processo de gemina-

ção com Maringá e a vinda de habitantes para cá foi boa”, considera Irene Ba-rata, ao evocar um pro-cesso que fez correr muita tinta dos dois lados do Atlântico.

De acordo com a atual Pro-

vedora da Misericórdia, “foi bom, porque deu a conhecer Vila de Rei”.

“E lembro que não trouxe-mos clandestinos para cá. Os primeiros brasileiros a est-abelecerem-se aqui vieram com contrato de trabalho e hoje temos ainda um casal que se integrou muito bem e vive em São João do Peso, já teve vários fi lhos, e um ou-tro casal está estabelecido no vizinho concelho da Sertã”, acrescenta.

Segundo Irene Barata, “só por esses valeu a pena”, em-bora defenda que “isto é um bocado como os lavrado-res: semeia-se e tenta-se”, ao mesmo tempo que assegura que “a aposta na economia social foi a semente que ger-minou” e travou o processo de desertifi cação.

MRF C/LUSA

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19MAIO 20162016 REGIÃO

Queijos de cabra do Tramagal conquistam prémio nacional

O queijo de cabra curado com pimentão e piripiri pro-duzido em Tramagal, Abran-tes, pela empresa Brejo da Gaia – Queijaria Artesanal Gourmet, ganhou a meda-lha de prata na 6ª edição do Concurso Nacional de Quei-jos Tradicionais Portugue-ses, evento organizado pelo CNEMA, em conjunto com a QUALIFICA/oriGIn Portugal.

A empresária e queijeira Su-sana Carrolo, não escondeu a “alegria e orgulho imenso” pelo reconhecimento obtido, tendo salientado estar “muito feliz” por um prémio que faz justiça a um “trabalho de tan-tos anos e de dedicação ex-trema”, numa atividade que

considerou ser “tão apaixo-nante quanto exigente”.

“É um grande orgulho para mim poder elevar o nome do Tramagal ao nível do que me-lhor se faz em Portugal, não só ao nível do que já acon-tecia com os vinhos, como agora também ao nível da produção de queijos puros de cabra. Sinto um certo bair-rismo, sou acarinhada, adoro o que faço, e é uma alegria imensa poder representar o Tramagal ao mais alto nível”, destacou.

Este concurso de queijos tradicionais portugueses pretende ser uma forma de motivar os produtores para continuarem a respei-

tar os modos de produção e o uso dos ingredientes tradicionais que permitem manter a qualidade, a ge-nuinidade e a diferença dos produtos tradicionais portugueses e divulgar os genuínos queijos e requei-jões.

Susana é a proprietária da Brejo da Gaia – Queijaria Ar-tesanal Gourmet, integrada na mesma quinta, às portas do Tejo, com produtos pró-prios e de fabrico tradicional e manual, tais como queijo de cabra curado em vinho tinto, queijo de cabra curado com orégãos, bombons de queijo de cabra, bolachas de queijo de cabra, entre outros.

O que difere nos seus queijos dos restantes pro-dutores é que os mesmos são “produzidos a 100% com leite de cabra puro, em que não há qualquer adi-ção de leite em pó, e onde o fabrico é totalmente ar-tesanal, com cada queijo a ser produzido de forma manual e individual”, fri-sou.

“Estou um pouco assustada com o ritmo de crescimento das encomendas, que subi-ram entre 70% a 80%, essen-cialmente desde o início de abril. Mas esta é uma queija-ria artesanal e os queijos são todos feitos por mim, à mão. E artesanal vai continuar a ser

porque prefiro vender me-nos do que perder a quali-dade dos meus queijos”, as-segurou a empresária, que vende os queijos produzidos em Tramagal essencialmente para o mercado de Lisboa, nas lojas gourmet no Cais do Sodré e no Bairro Alto, e que exporta também para a Escó-cia e Espanha.

Os prémios do Concurso Nacional de Queijos Tradicio-nais Portugueses vão ser en-tregues em junho, em Santa-rém, no âmbito da Feira Naci-onal da Agricultura, sendo o objetivo principal deste con-curso “premiar, promover, va-lorizar e divulgar os Queijos Tradicionais Portugueses”.

Mário Rui Fonseca

Gala antena Livre & Jornal de Abrantes a 6 de Maio: Surpresa é palavra de ordem!

A Gala Antena livre & Jornal de Abrantes volta ao Cinetea-tro São Pedro em Abrantes já na noite desta sexta-feira.

O espetáculo acontecerá a partir das 21h30 e promete voltar a surpreender todos os presentes.

A sala está esgotada e aguarda-se mais uma noite cheia de glamour e emoção.

Considerado o maior evento cultural da região de-pois das Festas da Cidade, a Gala Antena Livre & Jornal de Abrantes volta a Galardoar pessoas, empresas e institui-

ções da região, mas também do país! Os galardoados, só são conhecidos na noite da entrega de galardões, sendo esta uma imagem de marca desta gala, como contou fonte da organização ao JA: “de facto nunca anunciámos antes quem são os galardoa-dos, e essa é uma postura que alimentamos, pois faz crescer o factor surpresa sobre os no-mes dos eleitos da noite. Ob-viamente nunca será um se-gredo guardado a 7 chaves, pois os próprios galardoados poderão dizer à família e ami-

gos, mas publicamente não os anunciamos”.

Na parte musical desta gala o JA fi cou ainda a saber que “até nesta área decidimos este ano guardar segredo. Nin-guém sabe o que vai ali acon-tecer, mas podemos adiantar que serão momentos musi-cais únicos, criados exclusiva-mente para esta gala e que muito provavelmente não se voltarão a repetir…ou quem sabe talvez voltem. Lembra-mos o Projecto Amar que foi feito apenas e só para aquela noite e acabou por fazer três

anos de estrada por todo o país, por isso desta vez poderá até acontecer o mesmo. Gos-távamos muito que os pro-jetos que ali apresentamos em primeira mão ganhassem vida própria”. Assim, resta es-perar pela noite de 6 de maio para saber quem são este ano os nomes que receberão ga-lardões nas áreas de Educa-ção; Desporto; Ambiente; Res-ponsabilidade Social; Música Regional; Personalidade Car-reira; Cultura; Empresa; Mú-sica Nacional e Comunicação/Jornalismo Nacional.

• Galardão Personalidade/Carreira atribuído a José Bioucas, ex-presidente da CM de Abrantes, em 2015• Sara Tavares recebeu o Galardão Música Nacional em 2015

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20 MAIO 20162016DESPORTO / SAÚDE

DESPORTO

Madalena Silva a bandeira do Clube Náutico de Abrantes

Face ao facto de não existir um clube desportivo que ti-vesse como principal fi losofi a desportiva o incremento das actividades ditas amadoras, foi criado a 10 junho de 1987, o Clube Náutico de Abrantes (CNAB). A existência de uma piscina municipal descoberta subaproveitada, um curso de água (Rio Tejo), uma albufeira (Castelo de Bode) e da grande insistência por parte dos jo-vens abrantinos para o início de desenvolvimento de acti-vidades aquáticas potenciou ainda esta fundação. Todas estas condições, levaram um grupo de cidadãos da cidade de Abrantes a reunirem nas instalações da piscina munici-pal e no fi m fundarem o clube. O não existir uma Associação de Natação no nosso distrito e de uma piscina coberta na ci-dade, obrigou a que fossem a diversos torneios e convívios com clubes de outras locali-dades. Com o aparecimento de bons resultados nessas ac-tividades, muitos jovens pro-curaram piscinas cobertas, que permitiam treinar durante todo o ano, como as de Cons-tância e Entroncamento.

Em 24 agosto de 1998, nas-cia aquela que é a bandeira do Clube, de seu nome Maria Ma-dalena Sousa da Silva, que ini-ciou a prática de natação na Piscina Municipal de Constân-cia em 1999. Uma menina que de início apenas queria apren-der a nadar, mas que, depois

vendo as outras nadadoras mais velhas na piscina maior, dizia para si mesma, “um dia também irei lá estar” e assim foi. Conseguiu concretizar o que ia na sua mente. Mada-lena é, apesar da sua juven-tude, uma coleccionadora de inúmeros títulos individuais e colectivos na modalidade que ama, a natação. No seu hori-zonte, paira uma ambição des-medida e sã de chegar o mais longe possível na modalidade. Já representou a Selecção Na-cional no Desporto Escolar nos Mundiais da Polónia – Interna-tional School Sport Federation (I.S.F.) e no Campeonato Eu-ropeu (FISEC) em Malta mas, o seu principal sonho, que quer ver transformado em re-alidade, será marcar presença nuns Jogos Olímpicos. Para concretizar o seu sonho não pode fi car à espera que o su-cesso se transforme num es-talar de dedos porque na vida nada é fácil.

Foi a 29 de novembro de 2008 que realizou a sua pri-meira prova na Piscina Mu-nicipal de Mação pelo CNAB. A partir daí tem um currículo digno de registo tendo já parti-cipado em mais de cento e cin-quenta provas ofi ciais, nacio-nais, torneios, meetings, selec-ções e desporto escolar, tendo mais de cem títulos da Associ-ação de Natação de Santarém (ANDS), somando noventa e dois títulos de campeã regio-nal individual e dezasseis co-

lectivos em campeonatos regi-onais de pista curta e longa.

A sua primeira participação em Campeonatos Nacionais foi em julho de 2011 (Nacio-nal de Infantis), a partir daí foi somar títulos e recordes. Os re-cordes da ANDS são 21 indivi-duais e 8 colectivos em pista curta, na longa 14 individuais e 10 colectivos. Com tantos recordes, faltava ser campeã nacional, isso veio acontecer, com 7 títulos de vice-campeã, na época de 2014/2015 torn-ava-se campeã nacional de ab-solutos e vencedora do “Open de Portugal” em 50m bruços pista longa, na época seguinte foi campeã nacional de seni-ores na mesma especialidade mas em pista curta.

No dia 23 de outubro de 2015, foi-lhe reconhecido o seu talento, ao ser distinguida em Santarém, na “Gala de Ta-lento – Jovem com Gás 2015”, numa iniciativa da TAGUSGÁS, que visa premiar o talento e a excelência dos jovens do dis-trito de Santarém. Todos es-tes títulos são provenientes de muito trabalho, conciliação de estudos, pois treinos e com-petições em simultâneo exige vontade, querer e essencial-mente muita ambição.

Quando se corre atrás de um sonho é preciso saber privar de muitas coisas que a juven-tude gosta, mas nada é impos-sível.

Carlos Serrano

Nós e a LegionellaA legionela é uma bactéria

patogénica (capaz de provo-car doença), sendo a sua es-pécie Legionella pneumo-phila, a principal responsável pelas pneumonias a que se dá o nome de Doença dos Le-gionários.

A legionela é um microor-ganismo naturalmente pre-sente na água que em condi-ções favoráveis se pode mul-tiplicar rapidamente.

Estes microorganismos de água doce, podem estar pre-sentes em reservatórios natu-rais (lagos, rios) ou reservató-rios artifi ciais (redes prediais), em equipamentos de lazer (piscinas, jacúzis, termas) e ainda em humidifi cadores e torres de arrefecimento.

A legionela é um factor de risco para a saúde quando inalada, isto é, quando se respira uma atmosfera onde existem aerossóis contamina-dos. Os aeróssois são produzi-dos por chuveiros, fontes, ja-cúzis, torres de arrefecimento entre outros.

A USP do ACES do Médio Tejo, tem desde 2013, um projeto que visa a prevenção da Doença dos Legionários em Estabelecimentos Hote-leiros. Têm sido realizadas vi-sitas sanitárias àqueles esta-belecimentos, para verificar as condições das redes de

águas sanitárias, do sistema de aquecimento de água, e sistemas de aquecimento e/ou arrefecimento da tempe-ratura do ar.

A redução dos custos ine-rentes à manutenção dos sis-temas de aquecimento de água, favorável à economia do estabelecimento, pode fa-vorecer o desenvolvimento da bactéria nos depósitos e nas canalizações.

A bactéria elimina-se com desinfeção química e desin-feção térmica da água nos re-servatórios e na rede predial. A desinfeção química efetua-se através de adição, contro-lada, de desinfectante à rede sanitária de água quente, e a desinfeção térmica através de temperatura igual ou supe-rior a 65ºC nos reservatórios, para que no extremo de rede de água sanitária quente, se obtenha uma temperatura igual ou superior a 50ºC. Os chuveiros devem ser periodi-

camente retirados, escovados e submergidos numa solução de água e hipoclorito de só-dio (lixívia). Estes são proce-dimentos fáceis e de maior premência no bom funcio-namento de um estabeleci-mento hoteleiro.

O projeto da USP incide na prevenção da doença dos le-gionários nos estabelecimen-tos hoteleiros, no entanto, os procedimentos de preven-ção e controlo da Doença dos Legionários devem ser aplicados a qualquer estru-tura como por exemplo La-res de Idosos, Creches, Hos-pitais, Indústrias, onde exista qualquer dos equipamentos acima referidos, sendo que a simples rede predial de água quente deve ser cuidada, por se poder transformar num foco de infeção!

Mais informação em www.dgs.pt http://ecdc.europa.eu

Carla Sofi a CarvalhoUSP do ACES do Médio Tejo

A Taça Amizade Agência de Santarém da Inatel, já leva a sua 3ª edição, com CCD de Amoreira a conquistá-la pela segunda vez consecutiva.Na tarde de 25 abril, debaixo de intenso calor em Rebocho, concelho de Coruche, a equipa do concelho de Abrantes venceu o Seiça na lotaria das grandes penalidades, após empate a uma bola no tempo regulamentar.

DESPORTO

Rui

And

ESPAÇO DA RESPONSABILIDADE DA UNIDADE DE SAÚDE PÚBLICA DO MÉDIO TEJO

CRÓNICA DE SAÚDE

Page 29: Jornal de Abrantes - Edição de Maio, 2016

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21MAIO 20162016

Está prevista para este mês de Maio a inauguração na Bi-blioteca António Botto de uma exposição que pretende ser um olhar retrospetivo so-bre os autores que nestes cem anos têm vindo a publi-car no concelho de Abrantes. Uma exposição destas é um grande problema.

Desde logo, o que é um “au-tor abrantino”? Segundo sei, a opção foi por considerar qual-quer autor que tenha nascido ou vivido em Abrantes. Res-peito, mas parece-me pouco produtivo. António Botto e Maria de Lourdes Pintasilgo têm naturalidade abrantina e não faz mal que Abrantes se aproprie desse facto. Mas não viveram em Abrantes, não se alimentaram de Abrantes e não fertilizaram diretamente a vida abrantina. Pelo contrário, José-Alberto Marques, como outros, tendo nascido fora, faz parte integrante desta terra e ela, de vários modos, é tam-bém parte da sua obra. Mas adiante, que não é isso que aqui mais interessa.

O que pretendo registar é que eu apenas me recordo de três obras “abrantinas” antes do 25 de Abril: “Abrantes Ci-

dade Florida” (1952), sem au-tor identifi cado, “Abrantes Ci-dade: Análise Crítica” (1966), de Santa-Rita Fernandes, e “Lançando ao vento no con-celho de Abrantes” (1963), de Joaquim Maria Valente. O pri-meiro é sobretudo uma inicia-tiva comercial vinda do exte-rior, o segundo é um estudo académico e o terceiro é um livro de memórias “relativo ao período 1885-1905”. Posso estar a deixar de fora alguma

obra ou autor, mas esse é o se-gundo problema duma expo-sição destas, agravado ainda pela opção pelo conceito alar-gado de “autor abrantino”: não é fácil ser exaustivo.

Contudo, se olharmos para o período após o 25 de Abril, damo-nos conta de que houve uma autêntica explo-são de obras e autores. Da poesia popular à história, da ficção ao ensaio filosófico, passando por outros géne-

ros, sem esquecer a poesia, há já uma boa prateleira de livros que é necessário ter em conta.

Este é também um tempo de profunda revolução tecnológica. Passou-se da má-quina de escrever e da impres-são com tipos móveis para o computador e o offset digi-tal. Faz toda a diferença. Além disso, decisiva foi também a entrada em cena de editoras locais, entre outras a Câmara Municipal, apesar de uma das obras acima referida ter sido edição municipal, e a associ-ação Palha de Abrantes. As ditas inovações tecnológicas tornaram também mais fácil a edição de autor e as iniciativas esporádicas de outras entida-des. Tudo isto somado, dá-nos uma paisagem autoral e edi-torial muito diferente do que foi a primeira metade deste século em apreço.

Para terminar, ficam duas notas. Quantas obras e au-tores fi caram por publicar? É muito importante esta expo-sição, pois vem desbravar um caminho até hoje por tratar. Vejamos o que ela nos ajuda a descobrir.

Alves Jana

ABRANTES

Cré

dito

: CM

AB

T

Chegou a Abrantes em 1964 como notário. Jovem, bonito, ousado, não é fácil perceber, hoje, o alvoroço que então provocou, na-quele tempo fechado, cin-zento, opaco. Em 1970 est-abelece-se como advogado. Vemo-lo a intervir na cidade: na ARA – Associação de De-senvolvimento de Abrantes, no Sporting de Abrantes, no Cine Clube, nas Jornadas Culturais, mas também no jornal Correio de Abrantes, que chegou a dirigir e onde garantiu algum ar fresco na cidade.

Após o 25 de Abril, foi um dos fundadores do PS Abrantes. Mas pouco de-pois concorria pelos GDUP à presidência da Câmara. Mais tarde viria a integrar a Assembleia Municipal pelo PSD.

O que lhe fi cou, na alma e no corpo, foi a intervenção cívica através dos jornais. No Jornal de Abrantes, no Pri-meira Linha e n’ O Ribatejo publicava com regularidade as suas crónicas “de escár-nio e maldizer”, num tom crí-tico, queirosiano, por vezes ácido, corrosivo, tão apreci-adas por uns como detes-tadas por outros. Delas fez uma recolha em livro: Cróni-cas de Maldizer (2005).

Mas o centro da sua vida era a advocacia e o Direito. Advogado reconhecido, com fortes créditos sobre-tudo na área dos seguros e dos acidentes de viação, ti-nha escritório em Abrantes e Lisboa, e teve-o também em Santarém. Desde há anos em sociedade com os fi lhos. Como advogado, foi repre-sentante da respectiva Or-

dem na região, tendo tido nela um papel normativo no sentido de um exercício pro-fi ssional norteado por valo-res, que dizia serem sagra-dos. Foi professor de Direito Comercial e Economia Polí-tica na Escola Industrial e Co-mercial de Abrantes e de In-trodução ao Direito na Uni-versidade Internacional em Abrantes. Tem várias obras editadas nesses campos: uma Introdução ao Direito e várias sobre a área de que era tido como especialista.

Desde que enviuvou, há já bastos anos, vivia bastante solitário, deitava-se muito cedo e levantava-se tam-bém muito cedo, por isso via-se pouco na vida social. Era ainda um bom conhece-dor de vinhos.

Ao JA disse (out. 2014) que não pensava reformar-se:

“Se eu me mantiver fisica-mente mais 15 anos, são 15 anos mais que eu advogarei. Não haja dúvida. Alguém já disse que não há profissão mais nobre que a de advo-

gado. É uma sorte, a de po-der ajudar as pessoas.” Um ataque cardíaco impediu-o de lá chegar, mas trabalhou até ao último dia.

Nasceu em 1936, em Meda,

onde foi advogado, notário e chegou a ser presidente da Câmara, antes de se fi xar em Abrantes. Faria, portanto, 80 anos em Outubro próximo.

Alves Jana

OBITUÁRIO

Eurico Heitor Consciência

EXPOSIÇÃO DO CENTENÁRIO

100 anos de autores abrantinos

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Page 30: Jornal de Abrantes - Edição de Maio, 2016

jornaldeabrantes

22 MAIO 20162016CULTURA

AbrantesAté 27 de maio – Exposição coletiva de arte contemporânea, Coleção L. Ferreira – Quartel, Galeria Municipal de Arte, de terça a sábado, das 10h às 12h30m e das 14h30m às 19hAté 29 de maio – Exposição “A História do Museu D. Lopo de Almeida” – Museu D. Lopo de Almeida, Castelo de Abrantes, de terça a domingo, das 9h30m às 12h30m e das 14h às 18h6 de maio a 30 de junho – Exposição “100 Anos de Autores Abrantinos” Biblioteca Municipal António Botto9 de maio a 31 de agosto – Exposição “Um século de atividades culturais em Abrantes” – Arquivo Municipal Eduardo Campos, de segunda a sexta, das 9h às 12h30m e das 14h às 17h30m11 de maio - Ação de sensibilização “Integrar pessoas com defi ciência” por Idalina Serafi m Lopes - Escola Octávio Duarte Ferreira (Tramagal), 10h12 de maio - Encontro Infantojuvenil com o escritor Carlos Canhoto. Apresentação do livro “Barbatanar nas cores do arco-íris” -Biblioteca Municipal António Botto, 10h30m13 de maio – Santd Up Comedy “Voz da Razão” com Luís Franco-Bastos – Cineteatro São Pedro, 21h30m – 5€14 de maio – Música com o Carrilhão Itinerante CICO – Alvega, 16h17 de maio - Ler os nosso com Ana Rita Barreto. Apresentação do livro “A vida é uma adversidade” - Biblioteca Municipal António Botto, 18h17 de maio – Baile com Remediu Santu – Cineteatro São Pedro, 15h20 de maio – Conferência “Abrantes 100 anos” – Biblioteca Municipal António Botto21 de maio – Teatro Infantil “Conchas” pelo grupo Marionetas de Mandrágora – Cineteatro São Pedro, 10h30m e 11h30m – 1€26 de maio – Entre nós e as palavras com o escritor João Morgado. Apresentação do livro “Índias” – Biblioteca Municipal António Botto, 21h30m27 de maio – Música Blind Zero apresentam tour acústica 20 anos – Cineteatro São Pedro, 21h30m – 10€

Constância9 de maio – Escola de Afetos, tertúlia “À conversa com…” subordinada aos afetos e à sua importância no desenvolvimento humano – Casa Memória Camões9 a 13 de maio – Exposição de trabalhos realizados pelos alunos das Escolas da área geográfi ca do ACES Médio Tejo – Casa Memória 13 de maio – Concurso Concelhio de Leitura, integra a fi nal do 1º, 2º e 3º ciclos – Cineteatro Municipal, 20h30m14 e 15 de maio – Feira da Primavera – venda de produtos biológicos, colóquio, apresentação de livro, provas de degustação – Parque Ambiental de Santa Margarida, a partir das 14h30m 29 de maio – Dia das Coletividades com atividades desportivas e culturais – Parque Ambiental de Santa Margarida

Mação7 de maio – Conferência “Paisagem, Transição e Ritmo na Latoaria de Mação” com Isabel Dâmaso, Tiago Jordão e Leonardo Rossetti - Museu de Arte Pré-Histórica e do Sagrado do Vale do Tejo, às 18h15 de maio - Passeio Pedestre ao Vale do Ocreza com visita guiada às gravuras - Partida junto ao Museu, às 8h30m

SardoalAté 15 de maio – Exposição de arte sacra “Rostos de Misericórdia”- Galeria do Centro Cultural Gil Vicente, de terça a sexta, das 16h às 18h, sábados e domingos, das 15h às 18hAté 28 de agosto – Exposição “Rasgos de Criatividade”, trabalhos realizados pelos alunos do Curso Técnico Superior Profi ssional em Produção Artística para a Conservação e Restauro – Cá da Terra6, 7 e 8 de maio – Sardoal Jazz com Mário Laginha, Pedro Madaleno Sexteto e Xaral´s Dixie – Centro Cultural Gil Vicente

Vila de Rei8 de maio – Teatro “O Senhor Empreendedor” pela Academia de Empreendedorismo BETWEIEN – Auditório Municipal, 15h30m15 de maio - VII Mercado Medieval - Largo da Misericórdia e Rua Rainha Sta. Isabel, a partir das 9h28 de maio – 10º Passeio das Bonitas - Chapas Amarelas, Concentração no Parque de Feiras a partir das 8hVila Nova da BarquinhaAté 22 de maio – Exposição “Foto-radiografias, 1896”, de Augusto Bobone – Galeria do Parque de Vila Nova da Barquinha Até 22 de maio – Exposição iconográfi ca do Milagre de Tancos e do centenário da I Grande Guerra – Galeria Sto. António

AGENDA DO MÊS

A sétima edição do Mer-cado Medieval de Vila de Rei vai realizar-se a 15 de maio no Largo da Misericórdia e na Rua Rainha Sta. Isabel.

Com dezenas de exposito-res e mais de uma centena de figurantes, o evento volta a retratar fi guras e momentos da Idade Média, contando com teatro, música, anima-

ção, jogos tradicionais, arte-sanato e gastronomia.

O Mercado Medieval, in-serido na aposta feita pelo Município em atividades cul-turais, é organizado pela Câ-mara Municipal de Vila de Rei, com o apoio do Agrupa-mento de Escolas, CLDS 3G e Junta de Freguesia de Vila de Rei. A entrada é livre.

Depois do sucesso da sua anterior digressão “Roubo de Identidade”, Luís Franco-Bastos regressa aos palcos com um novo espetáculo a solo. “Voz da Razão” é apre-sentado pelo comediante no Cineteatro São Pedro, em Abrantes, no dia 13 de maio, às 21h30m.

No espetáculo, além de em-prestar corpo e voz a deze-nas de personalidades, Luís Franco-Bastos vai fazer uma abordagem mais complexa e crítica ao mundo da polí-

tica, do futebol, da música e uma análise às relações entre homens e mulheres. A “esqui-zofrenia vocal” e as persona-gens que sempre o caracte-rizaram continuam presentes mas, de todas as vozes que vivem na sua cabeça, passou a dar ouvidos principalmente a uma: a Voz da Razão.

Os bilhetes têm o preço de 5€ e podem ser comprados no Welcome Center e no Ci-neteatro no dia do espetá-culo.

Os Blind Zero continuam a digressão que celebra 20 anos de carreira com um espectá-culo acústico a 27 de maio, no Cineteatro S. Pedro, em Abrantes, às 21h30m.

Um dos mais conhecidos grupos de rock, os Blind Zero continuam com a mesma força com que se formaram em 1994. Apesar de serem co-nhecidos pelo espírito rock e pela energia que mostram em

palco, o grupo portuense re-solveu desligar-se da corrente para interpretar, em acústico, vários dos sucessos que mar-caram as duas décadas. “Re-cognize”, “Trace”, “Tree”, “Shine On”, “Slow Time Love” e “Trig-ger” são alguns dos temas que não faltarão no alinha-mento preparado por Miguel Guedes (voz e guitarra), Bruno Macedo (baixo e voz), Nuxo Espinheira (baixo e voz), Vasco

Espinheira (guitarra), Pedro Guedes (bateria). Ao longo dos anos de atividade, a banda tem conquistado várias distin-ções. Atingiu o galardão de ouro em Portugal, recebeu o primeiro prémio da MTV para Best Portuguese Act e gra-vou um DVD ao vivo em Mi-

lão e venceu o concurso eu-ropeu SCYPE com o original “My House”.

A preparar o novo disco de originais, a banda vai estrear em Abrantes o single do su-cessor de “Kill Drama”. Os bi-lhetes custam 10€.

O Parque Ambiental de Santa Margarida vai servir de cenário à 10ª edição da Feira da Primavera, um evento que acontece no fi m de semana de 14 e 15 de maio.

No sábado, 14, haverá uma mostra e venda de pro-dutos de origem biológica, artesanal e doméstica, das

14h30m às 18h30m. A tarde é preenchida com um Coló-quio, com Jean-Claude Ro-det, sobre as ligações entre agricultura, alimentação e sa-úde, às 15h00m, a apresenta-ção do livro “Manual Prático de Horticultura Biológica”, às 16h00m, e uma Ofi cina com provas Virtudes das ervas aro-

máticas (na cozinha) e medi-cinais (na saúde): vinhos me-dicinais, manteigas aromati-zadas, molhos para vegetais crus e chás, às 17h00m.

A 15 de maio, das 14h30m às 18h30m, terá continu-idade a mostra e venda de produtos de origem bioló-gica, artesanal e doméstica. A

participação nas atividades é gratuita, mas para participar no colóquio e na ofi cina é ne-cessário inscrição, que pode ser realizada através do en-dereço eletrónico [email protected] ou do telefone 249 736 929.

Mercado Medieval recria Idade Média em Vila de Rei

“Voz da Razão” com Luís Franco-Bastos em Abrantes

Blind Zero celebram 20 anos em concerto acústico

a

Feira da Primavera repleta de atividades

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PONTOS DE RECOLHA Sardoal Mouriscas Vila do Rei Vale das Mós Gavião Chamusca Longomel Carregueira Montalvo Stª Margarida Pego Belver

SEDE Avenida 25 de Abril, Edifício S. João, 1.º Frente Dto/Esq 2200 - 355, Abrantes Telf. 241 366 339 Fax 241 361 075

Page 31: Jornal de Abrantes - Edição de Maio, 2016

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CENTRO MÉDICO E DE ENFERMAGEM DE ABRANTESLargo de S. João, N.º 1 - Telefones 241 371 566 - 241 371 690

ACUPUNCTURA Dr.ª Elisabete Serra

ALERGOLOGIADr. Mário de Almeida;

Dr.ª Cristina Santa Marta

CARDIOLOGIADr.ª Maria João Carvalho

CIRURGIA

Dr. Francisco Rufi no

CLÍNICA GERALDr. Pereira Ambrósio; Dr. António Prôa

DERMATOLOGIADr.ª Maria João Silva

GASTROENTERELOGIA E ENDOSCOPIA DIGESTIVADr. Rui Mesquita; Dr.ª Cláudia Sequeira

MEDICINA INTERNADr. Matoso Ferreira

REUMATOLOGIADr. Jorge Garcia

NEUROCIRURGIADr. Armando Lopes

NEUROLOGIADr.ª Isabel Luzeiro; Dr.ª Amélia Guilherme

NUTRIÇÃO Dr.ª Mariana Torres

OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIADr.ª Lígia Ribeiro, Dr. João Pinhel

OFTALMOLOGIA Dr. Luís Cardiga

ORTOPEDIA Dr. Matos Melo

OTORRINOLARINGOLOGIADr. João Eloi

PNEUMOLOGIA Dr. Carlos Luís Lousada

PROV. FUNÇÃO RESPIRATÓRIAPatricia Gerra

PSICOLOGIADr.ª Odete Vieira; Dr. Michael Knoch;

Dr.ª Maria Conceição Calado

PSIQUIATRIADr. Carlos Roldão Vieira; Dr.ª Fátima Palma

UROLOGIA Dr. Rafael Passarinho

NUTRICIONISTA Dr.ª Carla Louro

SERVIÇO DE ENFERMAGEMMaria João

TERAPEUTA DA FALADr.ª Susana Martins

CONSULTAS POR MARCAÇÃO

NOTÁRIOJosé Carlos Travassos Relva

CERTIFICO que, por escritura de 21 de Abril de 2016, exarada a fl s. 126 e seguintes do livro de notas para escrituras diversas número 319 - P, do Notário José Carlos Travassos Relva, com instalações na Rua Mouzinho de Albuquerque, nº 8, na Guarda, MÁRIO PAIS TEIXEIRA, casado sob o regime da comunhão de adquiridos com Ana Maria Santos Silva Teixeira, natural e residente na freguesia de Pala, concelho de Pinhel, com exclusão de outrem declarou-se dono e legítimo possuidor do seguinte bem móvel:

Reboque/semi reboque, de marca “GALUCHO, de matrícula L - 43998, registado a favor de “Transabrantes Transportes Rodoviários de Mercadorias, Lda” em 15/11/1989, ao qual atribui o valor de cinquenta euros.

Que possui este bem em nome próprio, convicto de que lhe pertence, há mais de dez anos, por o ter adquirido pelo ano de dois mil, por compra verbal a “Transabrantes Transportes Rodoviários de Mercadorias, Lda”, com última sede conhecida na Rua da Estrada Velha, número setenta e sete, em Pego e desde então e ininterruptamente o utiliza, posse que sempre exerceu com conhecimento e à vista de toda a gente, sem oposição de quem quer que seja, sendo, por isso uma posse pacífi ca, contínua, pública e de boa fé, pelo que o adquiriu por usucapião, não tendo todavia, dado o modo de aquisição, documento que lhe permita fazer prova do seu direito de propriedade.

Guarda, 21 de Abril de 2016.O NotárioJosé Carlos Travassos Relva

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