Jornal Locomotiva 60

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Isto é normal? Puxando o assunto, trazendo o debate, levando informação Locomotiva 31 de março - sábado - nº 60 - Distribuição Gratuita Nova falha na Linha 7 da CPTM causa revolta, mas secretário do Estado não vê caos e culpa usuários | Pág s. 6 e 7 ‘Universidade no Juquery é passaporte para o futuro’|Pág s.4 e 5 ONG que cuida de animais abandonados precisa de ajuda|Pág. 3 Vocalista e guitarrista canta com filhos e neto | Pág . 8 Mulheres de Franco são homenageadas em noite só para elas|Pág. 3 Rivaldo Gomes/ FolhaPress

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31 de Março de 2012

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Isto é normal?Puxando o assunto, trazendo o debate, levando informação

Locomotiva31 de março - sábado - nº 60 - Distribuição Gratuita

Nova falha na Linha 7 da CPTM causa revolta, mas secretário do Estado não vê caos e culpa usuários | Pág s. 6 e 7

‘Universidade no Juquery é passaporte para o futuro’| Pág s.4 e 5

ONG que cuida de animais abandonados precisa de ajuda| Pág. 3

Vocalista e guitarrista canta com filhos e neto| Pág . 8

Mulheres de Franco sãohomenageadas em noite só para elas| Pág. 3

Rivaldo Gomes/ FolhaPress

M esmo com a quase duplicação do número de estudantes universitá-rios entre 2002 e 2010, de acordo

com o Ministério da Educação (MEC), a formação superior no país ainda é um sonho para grande parte da população. Três milhões de estudantes a mais é um número expres-sivo, mas perdemos feio até para países com PIB muito menor que o nosso nesse quesito. Durante décadas o acesso às melhores escolas só era possível para alunos vindos de boas instituições privadas de ensino médio ou aos que podiam pagar os custosos cursinhos.

Isso vem mudando aos poucos por meio de iniciativas como o Exame Nacional de

Ensino Médio (Enem) e o Fundo de Finan-ciamento Estudantil (Fies). O primeiro busca democratizar o acesso e o segundo financia cursos a alunos de menor renda. São medidas importantes, mas ainda insuficientes.

O número de vagas abertas precisa au-mentar, especialmente nas entidades mais conceituadas.

Nesse sentido, qualquer empreendimento que busque permitir mais gente com forma-ção superior deve ser incentivado. Implantar uma universidade no vácuo que o Juquery deixou é trazer essa solução para perto de nós, franco-rochenses, e para moradores de Caieiras, Francisco Morato e tantos outros.

Tragédia anunciadaApós anunciar que a estação de Franco da Rocha só ficará pronta em 2014, por problemas de orçamento, a CPTM se rende ao óbvio: tem que investir em sistemas de energia e sinalização, que estão sucateadas há tempos (leia mais nas páginas 6 e 7).

Obras urgentesNa última sessão da Câmara Municipal, o vereador George (PT) destacou que desde o governo Serra só querem obras que saem bem na foto (estações e novos trens), que dão visibilidade. A pane na energia elétrica de quinta-feira obrigou o governo a anunciar R$ 385 milhões de investimento em obras que não aparecem (subestações e troca de fiação).

Sem alternativasSegundo George (PT), os trabalhadores de Franco da Rocha dependem quase exclusivamente do trem, pois são poucos ônibus. A diminuição do desemprego aumenta o número de passageiros. Quem pode ir de carro enfrenta estradas congestionadas.

EstradasVereadores fizeram

EDITORIAL

Locomotiva é uma publicação semanal da

Editora Havana Ltda. ME.

Circula em Franco da Rocha, Caieiras, Francis-

co Morato, Mairiporã e região.

E-mail: [email protected]

Impressão: LWC Gráfica e editora

Tiragem: 50 mil exemplares

Editor: Ricardo Barreto Ferreira Filho

Reportagem: Fernanda de Sá e Valéria Fonseca

Projeto gráfico: Feberti

Diagramação: Vinícius Poço de Toledo

Todos os artigos assinados são de responsa-

bilidade de seus autores e não representam,

necessariamente, a opinião do jornal.

Expediente

reunião com os responsáveis pelo DER na nossa região, abordando os vários problemas existentes. A empresa pediu 40 dias para dar soluções.

Dia do trabalhadorO prefeito enviou projeto à Câmara, aprovado, “presenteando” os servidores públicos municipais com abono de R$ 100, estendido aos funcionários do Legislativo.

ParceirosSegue em frente o Parceiros de SP, projeto da TV Globo que procura mostrar a realidade da Grande São Paulo pelos olhos dos jovens.

Fora do ganchoAqui em Franco, já fazia alguns meses que quando eles procuravam a Prefeitura para ouvir o outro lado, elementar no bom jornalismo, não obtinham nenhuma resposta.

Onde está o dinheiroA Globo mandou um repórter ver o que estava acontecendo. O prefeito reclamou que não tinha dinheiro; a repórter passou no fórum e descobriu meia dúzia de processos de improbidade administrativa, inclusive o famoso caso no qual apreenderam dinheiro e cheques de fornecedores na gaveta de dois secretários municipais.

NOS TRILHOS

Parque Vitória: E a paciência, ó...

Seguindo a linha das mobilizações sociais para a conquista de algo grande para a cidade (leia entrevista nas páginas 4 e 5), destacamos nesse espaço dedicado ao leitor ações que aproveitam as redes sociais para se propagar. Na foto, placa na Avenida Giovani Rinaldi, no Parque Vitória, com a qual moradores chamam atenção para o descaso com a infraestrutura do bairro. O Jornal Locomotiva apoia essa ideia.

2 31 de março - sábado - nº60 Distribuição gratuita Locomotiva

ONG atende com dificuldades cães e gatos abandonados

A grande quantidade de cães e gatos abandonados nas ruas chama a atenção para um problema que Franco da Rocha não tem como resolver. As pessoas ainda acreditam, desde quando o Juquery abrigava um comple-xo, que animais indesejados podem ser levados para lá.

A ONG Filhos da Rua minimiza o problema de animais abandonados na cidade desde 2006. A en-tidade faz campanhas de orientação, trata, castra e realiza feiras para adoções dos animais abandonados nas áreas do Juquery – que mantém parceria com a en-tidade. Segundo dados da ONG, em 2011 houve 140 adoções (cães e gatos) e 41 atividades de castração.

Segundo Claudia Oli-veira, presidente da ONG, as pessoas adquirem um bicho de estimação sem pensar na posse responsá-vel, que envolve consenso familiar, características do animal, espaço e gastos com veterinário.

“Sem posse responsável, fêmeas são abandonadas ao entrar no cio, assim os filhotes ficam desamparados. Outro motivo é o animal doente, em estado avançado, dificultando a chance de salvá-lo”.

A ONG depende de doa-ções de ração, venda de rifas, bazar. São quatro voluntá-rios, ente eles a veterinária Daniela Burgos, que faz am-bulatório e castração, mas não é suficiente. “Temos uma funcionária contratada por convênio com a prefei-tura, porém precisamos pelo menos de mais três”, explica.

“Se as pessoas pensassem bem antes de ter um animal seria mais fácil”, finaliza.

JuquerySegundo Glalco Cyriaco,

diretor técnico de Saúde III do Complexo Hospitalar do Juquery, a população aban-dona animais doentes no terreno. “Embora a área do Juquery seja um parque, a finalidade institucional não é abrigar e cuidar de ani-mais”, disse.

Problema com animais indesejados em Franco é grande, e só conscientização pode reduzir drama

Unidade móvel castra gratuitamente em Caieiras

A prefeitura de Caieiras, por meio da vigilância sanitária, cadastra animais para cas-tração gratuita de cães e gatos em um ônibus adaptado para esse tipo de procedimento. O veículo conta com profissionais qualificados. Por dia são realizadas aproximadamente dez cirurgias e o serviço inovador é oferecido apenas em outras duas cidades: Americana (SP) e Curitiba (PR).

Mimos em festa para mulheres Mulheres franco-

- r o c h e n s e s f o r a m homenageadas no último sábado, dia 24, no Sindicato dos Comerciários, no mês em que se comemora o Dia Internacional das Mulheres. A festa foi produzida pelo presidente do sindicato, Junior, e pelo presidente municipal do PT, Kiko. Aproximadamente 120 con-vidados comparecerem, a maioria mulheres.

Toda a atenção era para elas. Além da decoração agradável e drinques suaves, o local contava com mimos, como a Quick Massage nas mãos e braços das convida-das, aplicada pela esteticista facial e corporal Ana Paula, do Maison Nirvana.

Suely Tozato foi a mestre de cerimônias. Citou o dis-curso da vice-presidente do Senado Federal, Marta Suplicy, quando anunciada a vitória de Dilma Rousseff na presidência do Brasil. Discursaram ainda a Dra. Cristhiane, exaltando a importância das mulheres na sociedade, e a Dra. Mô-nica Sapucaia, que discutiu o histórico das mulheres no poder.

A descontração ficou por conta de um homem, mas vestido de mulher. Fábio dava dicas sobre o que as companheiras de-veriam fazer em casa com os maridos em situações do cotidiano, como toalha molhada sobre a cama e

outras coisas corriqueiras na vida de um casal. Ao fi-nal, descaracterizado, Fábio leu a crônica Mulheres, de Luís Fernando Veríssimo, emocionando a todos.

Lucilene Santos, 40 anos, técnica em enfermagem, es-tava com o marido e gostou da comemoração. “Acho fundamental a participação da mulher na sociedade, mas ainda é pouco, é pre-ciso mais espaço”, disse. Microempresário de 28 anos, Nickson estava com a mãe e a mulher na fes-ta, e era um dos poucos homens no lugar. “As mu-lheres estão ganhando mais destaque, inclusive na po-lítica. Essa homenagem foi bem merecida.”

331 de março - sábado - nº60 Distribuição gratuitaLocomotiva

‘Precisamos pensar no que vem a seguir’Kiko Celeguim fala sobre a cidade, seu trabalho e o projeto da Universidade Federal

Desde o ano passado ganhou força o movimento em favor da Universidade Federal no Juquery. O governo federal e o governo estadual iniciaram negociações, visitaram o local e prometeram parceria. Para saber mais entrevistamos um de seus coordenadores, Francisco Celeguim, o Kiko, que também comenta aspectos cruciais para a vida da cidade, como as frequentes falhas na CPTM e o futuro de Franco da Rocha.

Fale sobre o projeto da universidade no Juquery.

A ideia não é nova. Tem uns trinta anos que a cidade discute o destino do Juquery, e uma universidade sempre foi uma coisa meio óbvia. Mas nunca teve um documento, um estudo sobre isso, a não ser o do professor Sylvio Sa-waya, da USP, que é uma coisa mais acadêmica, não dialoga muito com a nossa realida-de. Em cima disso decidimos botar as coisas no papel, mon-tamos um grupo para fazer isso, muita gente participou, sob a minha coordenação. Um jornalista especializado nesse tipo de levantamento, o Vinicius Miguel Costa, fi-cou dois meses pesquisando, com a ajuda da Iná Rosa, o Paolo Bertuzzi Pizzolato, arquiteto do Juquery e mais

um punhado de gente. Aí foi correr atrás: fiquei semanas ligando para tudo quanto é gabinete em Brasília, com ajuda do Vicente Candido, até conseguir uma audiência com o Fernando Haddad.

E o que o ministro achou?Entreguei o projeto para

ele ano passado, em julho. Ele leu, fomos falando e as palavras dele foram “estou maravilhado”. Depois con-segui uma nova audiência e ele disse da possibilidade de instalar um campus da Ufs-car (Universidade Federal de São Carlos). Aí perguntamos se ele topava sentar com o governo do Estado, com o Ed-son Aparecido, Secretário de Desenvolvimento Econômico. O Widerson Anzelotti aju-dou a marcar a conversa, foi

aqui em São Paulo. Falamos do projeto, aí o governador ligou, eles já se falaram ali mesmo, o Alckmin também apoiou a ideia. Passamos um

abaixo-assinado na cidade, juntamos 15 mil assinaturas, para sacramentar o apoio da população, para que eles soubessem o quanto isso é importante.

Aí combinamos a vistoria aqui no Juquery, que foi in-crível. Acho que todo mundo que participou daquilo sentiu que era um momento muito

especial para a nossa cidade, União e Estado, PT e PSDB, adversários políticos, unidos discutindo o futuro da nossa cidade. Foi uma combinação muito feliz de fatores.

Mas depois disso o que foi feito?

Para começar, a orienta-ção mudou, o Ministério julgou mais viável um cam-pus da Unifesp (Universidade

Federal de São Paulo) e não da Ufscar, inclusive o reitor esteve na vistoria também. Conseguimos junto com di-versos deputados, do PT e do PSD, R$ 4,5 milhões no orçamento de 2012 para a exe-cução do projeto E aí, como o Haddad saiu, continuei ba-tendo de porta em porta: levei o projeto para o Mercadante,

novo Ministro da Educação, e para o Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidên-cia. Não consegui sentar com a presidenta, mas o Gilberto me disse que contou a ela, mostrou o livro e ela gostou da ideia também. Acho que já está virando um projeto de governo, o que torna a coisa mais concreta. Falta resolver a questão com o Estado, mas acho que isso é a parte mais fácil. O Edson Aparecido fez um belo discurso aqui, sobre a importância da união dos poderes independentemente de partido.

Mas o governo do Estado não tem falado em implan-tar a Fatec?

Uma coisa não tem a ver com a outra. Universidade tem uma ocupação dife-renciada da área e forma profissionais diferentes do que a Fatec. São coisas distin-tas que não se contrapõem, e quem pensa assim está equi-vocado. E, além do mais, a área reservada para a Fatec não é no Juquery.

“Acho que todo mundo que participou daquilo sentiu que era um momento muito especial para a nossa cidade”

Kiko, Haddad, Aparecido e Candido: projeto no Complexo do Juquery avança para virar realidade

4 31 de março - sábado - nº60 Distribuição gratuita Locomotiva

E qual é o tamanho desse projeto? Como vai ser essa universidade?

São 16 mil² de área tombada. Estimamos um investimento de cerca de R$ 40 milhões para reforma e implantação. A nosso favor está o momento econômico do país, e o compromisso do Governo Federal com a expansão universitária e em ajudar áreas que per-deram sua função original a se recuperarem e voltar a crescer. Agora, como vai ser a gente não sabe, o movi-mento criou um site (www.universidadenojuquery.com.br) justamente para ouvir-mos a opinião das pessoas. O site e o livro, agora dis-ponível para todo mundo poder conhecer o projeto, foram lançados no começo do mês, em um evento no Befama com a presença do senador Eduardo Suplicy.

E o que essa universidade

vai representar para Franco da Rocha?

Acho que a cidade passa a ter uma nova vocação de desenvolvimento. A gente re-cupera história e vai se inserir de forma diferente na Grande São Paulo e no Estado. São pelo menos 600 mil pessoas em uma das regiões mais po-bres da região metropolitana. Muitas oportunidades, inves-timentos passam ao largo da gente: veja, por exemplo, que o Estado anunciou o trem expresso que vai direto de Jundiaí até a Luz, que deixa a gente de fora. Com a uni-versidade, a primeira coisa que o Edson falou foi em podermos ter uma parada no Juquery. A universidade é nosso passaporte para o futuro.

Já que você falou na ques-tão do trem, uma questão que tem dominado as dis-cussões em Franco da Rocha é a obra da nova estação, parada há alguns meses. A Prefeitura alega que é culpa do governo federal...

(risos) Veja, tenho acom-panhado esse problema já tem algum tempo. A CPTM tentou reintegrar a área, hoje ocupada por comércios, ao

“Veja essa questão da abertura das comportas, um absurdo que a Sabesp fez, alagou a cidade toda. E o que a Prefeitura fez? Nada”

longo da Cavalheiro Ângelo Sestini. Mandou cartas, deu prazo pro pessoal sair, só que a área não era da CPTM! Era da União! Como que você quer fazer uma obra em um ter-reno que não é seu? Procurei o órgão que cuida da gestão dessa área e tentamos liberar a concessão, o que aconteceu no final do ano passado, mas a Advocacia Geral da União apontou problemas no levan-tamento cadastral da área e pediu que a concessão fosse suspensa. Estive novamente lá semana passada, e a superin-tendente do órgão disse que até agora, quase um mês da revogação, a Prefeitura não os procurou. Ela me disse que no mesmo dia que revogou a concessão para Franco teve um problema semelhante com São José dos Campos. No dia seguinte tinha uma comissão da Prefeitura lá para resolver. Além disso, a gente sabe que a obra parou há muito tempo, assim como parou em Morato e Caieiras, porque a CPTM teve problemas orçamentá-rios, erro em projeto, uma série de coisas. Acima de tudo, acho que eles foram irrespon-sáveis com esse processo, não fizeram a lição de casa antes de começar a obra.

Veja do outro lado da Ca-valheiro, onde os boxes já foram desocupados há meses

e não aconteceu nada, está lá abandonado. E aí a culpa é minha? Até parece que tenho esse poder todo.

Você foi vereador de opo-sição ao governo Márcio, e em 2008 disputou a Pre-feitura contra ele. Como foi exercer um mandato de oposição, contra uma maioria quase absoluta?

Fiz oposição porque fa-lei que ia fazer durante a campanha, era meu com-promisso. Mas estive junto com o governo em muitos assuntos que achei justos, como a revogação do artigo que permitia o afastamento do prefeito com qualquer denúncia vazia, um ins-trumento que trouxe um tremendo caos para a po-lítica da cidade, e fizemos muitos acordos em outros, como no Plano Diretor, na data-base do funcionalismo. Mas sempre tem a política pequena, como quando fiz o projeto da licença maternida-de de seis meses, rejeitaram e depois que eu deixei o man-dato, um vereador do PSDB apresentou um projeto igual e aprovou. É triste, mas in-felizmente é do jogo.

E a gestão do prefeito?Olha, o Marcio conse-

guiu fazer muitas obras na

cidade. Impulsionado pelo ambiente econômico criado pelo governo Lula e também pelo aumento dos repasses dos governos estadual e fe-deral. Só o que a Prefeitura recebe do Fundeb é maior que seu orçamento total há 15 anos atrás.

Mas acho que o Marcio tem alguns problemas. O primeiro é que ele não en-frenta o governo do Estado, talvez por serem do mesmo

partido: veja essa questão da abertura das comportas, um absurdo que a Sabesp fez, alagou a cidade toda. E o que a Prefeitura fez? Nada. Quan-do a Sabesp quiser vai fazer de novo. O hospital de clí-nicas fechou, a maternidade

foi para Caieiras, e também fica por isso mesmo. Fizemos audiência pública, trouxe-mos a diretora, e ele apoiou o fechamento do hospital! Como pode?

A outra é uma tendên-cia a se esconder atrás dos problemas. Essa questão da estação de que falamos por exemplo: “ah, a culpa é do PT”. Francamente, né? Vai resolver o problema, vai go-vernar, não ficar reclamando. Por fim, tem a questão da corrupção. Acho que todo mundo ficou chocado com aquele dia que baixou a po-lícia na Prefeitura, acharam dinheiro, acharam cheque de fornecedor... fornecedor de merenda escolar, das crian-ças. E aí, hoje mesmo na TV, a repórter perguntou e ele disse, na maior cara de pau, que demitiu os secretários com os quais foi encontra-do o dinheiro, o que todo mundo sabe que é mentira: o secretário de Governo dele continua o mesmo até hoje. E não é só esse caso, tem vários outros que tornar o governo dele meio nebuloso. Vamos aguardar a posição da justiça, mas, de minha parte, acho que o Marcio, com seus erros e acertos, já está entrando no passado de Franco da Rocha. Eu estou interessado em dis-cutir o nosso futuro.

531 de março - sábado - nº60 Distribuição gratuitaLocomotiva

Pane, caos e depredação Pela 15ª vez neste ano hou-

ve falha na rede da Companhia Paulista de Trens Metropoli-tanos (CPTM), e pela quinta vez na Linha 7-Rubi, que liga Francisco Morato à Luz. Os problemas sérios ocorreram na manhã de quinta-feira, dia 29. Em Francisco Morato, usu-ários revoltados depredaram a estação e a Polícia Militar foi acionada para conter o tumulto. O governo do Estado acha que uma ou outra falha está den-tro da normalidade estatística. Cerca de 90 mil pessoas foram prejudicadas.

O governo paulista responsa-biliza os passageiros pelo caos e pela paralisação dos trens. Segundo o secretário estadual de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, as falhas elétricas ocorrem devido ao au-mento da demanda do sistema metroferroviário, que recebeu 1,2 milhão de passageiros a mais desde 2011. Ele se refere à en-trada em circulação de várias estações da Linha 4-Amare-la, integrando linhas férreas. Mas esse “tsunami” foi maior que o esperado pela CPTM, segundo Fernandes. E ainda

responsabilizou os usuários pela paralisação, uma vez que “se es-perassem 20 minutos a energia voltaria” – em vagões lotados e sem ar-condicionado. “Des-ceram do trem e andaram na linha e com pessoas nos trilhos, a CPTM paralisa tudo”, disse.

A paralisação prejudicou milhares de usuários. Em en-trevista à rádio CBN, por volta de 10h da manhã de quinta, e em coletiva de imprensa às 16h, Jurandir Fernandes disse que “o

sistema está sob controle”, apesar das seguidas falhas. “Uma ou outra pane por semana está den-tro das estatísticas. Fazemos 45 mil viagens por semana, sete mil por dia”, disse. Sinalizou uma luz no fim do túnel, admitindo que a rede aérea está no limite: foi fechada no dia 28 a licitação da modernização do sistema de energia de toda a rede. Na Linha 7, as obras custarão R$ 234 milhões.

Ao mesmo tempo, fica uma

incerteza nos trilhos, pois houve contingenciamento de quase 20% da verba da CPTM feito pelo governador. A Linha 7 será a terceira do sistema a receber modernização elétrica, prevista para iniciar em julho. Se a Linha 9, a primeira a receber inves-timentos, ficará fechada aos domingos até maio para obras, nesse ritmo quando a Linha 7 será modernizada? A previsão otimista do secretário estadual é 2014, mas os problemas estão

longe do fim.Para Vanessa Silva, jornalista

e moradora do Parque Vitória, que usa diariamente o trem no trecho Franco da Rocha-Luz, a situação é caótica. “Não há alternativas viáveis ao trem e me sinto humilhada. Pego o trem diariamente às 6h30/6h35. No entanto, às vezes chego ao serviço 7h45 e às vezes 8h15. Margem de erro de 30 minutos suficiente para complicar a vida de qualquer pessoa”, desabafa.

7hPane na Linha 7-Rubi,

causada por defeito no sistema de energia elétrica que alimenta os trens entre as estações Luz e Barra Funda, paralisando a circulação entre Luz e Pirituba.

Circulação de trens para totalmente, provocando lotação nas estações. Usuários se revoltam e depredam estação Francisco Morato; PM intervém.

9hCirculação restabelecida

entre estações Luz e Baltazar Fidel is . Para acessar Francisco Morato e Campo Limpo Paulista, a CPTM aciona

operação PAESE, com ônibus gratuitos

15hCirculação volta ao normal

em toda a Linha 7. Estação Francisco Morato reabre.

16hSecretário estadual de

Transportes Metropolitanos afirma, em coletiva de imprensa, que estação depredada terá catraca liberada até segunda-feira.

CP TM informa que investimentos na rede são da ordem de R$ 664 milhões. Atualmente há 24 subestações elétricas para tração, que deverão chegar a 30

CRONOLOGIA DO DIA 29

Passageiros se revoltam com nova falha nos trens. Estado, que não investiu antes, culpa usuários

Os deputados estaduais Alencar Santana e José Zico Prado, ambos do PT, estiveram ontem em Francisco Morato a convite de Francisco Daniel Celeguim de Morais, o Kiko, chefe de gabinete do deputado federal Vicente Cândido, em visita à estação de trens. Acompanhados do prefeito Zezinho Bressane (PT), se dispuseram a interceder junto ao governo estadual e CPTM por uma solução para os problemas frequentes na Linha 7.

Rivaldo Gomes/ FolhaPress

Investimento necessário foi relegado e população convive com falhas frequentes, mas quebra-quebra não é solução

6 31 de março - sábado - nº60 Distribuição gratuita Locomotiva

O histórico de maus servi-ços prestados pela Companhia Paulista de Trens Metropolita-nos (CPTM) a Franco da Rocha é longo. Depredações, como a ocorrida na última quinta--feira em Francisco Morato, não resolvem o problema e só atrapalham, pois danificam o patrimônio público, mas essa reação simboliza o sentimento dos usuários em relação à qua-lidade do serviço, que só esse ano já registrou 15 panes no sistema. Haja paciência.

Recentemente, o secretário

estadual dos Transportes Metro-politanos, Jurandir Fernandes, declarou que a nova estação de Franco só será concluída em 2014, e deveria ocorrer no fim 2010. A Prefeitura ainda tentou culpar o governo federal, mas todo o processo de implantação vive um imbróglio jurídico. A Advocacia Geral da União em São Paulo suspendeu por-taria da Superintendência do Patrimônio da União em São Paulo (SPU-SP) que concedia o terreno que será utilizado pela CPTM para a nova estação em

área remanescente da Rede Fer-roviária Federal S. A. (RFFSA). O questionamento jurídico é sobre a titularidade da pro-priedade – ou seja, ter certeza do quanto da área pertence à União.

Não é fácil depender de transporte público em Fran-co da Rocha. Mas depender da CPTM para ter uma nova estação parece um problema maior. Na sexta-feira, dia 16, Franco da Rocha foi estam-pada na primeira página do jornal Folha de S.Paulo com uma “procissão” de moradores atravessando os trilhos do trem da Linha 7-Rubi para chegar do outro lado da cidade. O motivo era ilustrar na capa reportagem sobre a decisão do governador Geraldo Alckmin (PSDB) de paralisar a Linha 9-Esmeral-da aos domingos, após uma série de incidentes no sistema de trens metropolitanos, para intensificar modernização da parte elétrica.

A travessia no meio dos trilhos

não é o único problema da esta-ção. A queda de investimento no sistema ferroviário pelo governo do Estado continua em evidên-cia. A CPTM transporta 2,7 milhões de passageiros em dias úteis. O aumento de demanda neste ano, em relação a 2011, é de quase 9% no Metrô e de mais de 20% na CPTM, que ganhou 1,2 milhão de passageiros com a entrada da Linha 4-Amarela do Metrô no sistema. Mesmo assim, houve contingenciamen-to de quase 20% da verba da CPTM feito pelo governador.

Até no exterior perceberam

Enquanto a mídia paulistana só noticia o caos no sistema metroferrovário de São Paulo quando não tem mais como contornar, é preciso recorrer à imprensa estrangeira para entender as falhas de gestão do governo do Estado de São Paulo. Na quinta-feira, mesmo dia em que houve problema na Linha 7-Rubi da CPTM, a

revista inglesa The Economist afirma que, apesar dos avanços representados pela inauguração da Linha 4-Amarela do metrô, o sistema de transporte público de São Paulo ainda é insufi-ciente para atender a demanda da maior cidade da América do Sul.

“Os 71 Km da rede de metrô de São Paulo são minúsculos para uma cidade de 19 milhões de habitantes. Isso dificilmente seria digno de nota em outras cidades internacionais”, diz o texto. “O metrô da Cidade do México tem mais de 200 Km de extensão. O de Seul, qua-se 400 Km. Até Santiago, com um quarto do tamanho de São Paulo, tem uma rede de metrô 40% maior”, diz a revista.

No entanto, o artigo afirma que ainda deve levar tempo para que se note uma grande melhora no transporte público em São Paulo, e que isso deve exigir não apenas ajuda do go-verno federal, mas também do setor privado.

Enquanto isso, nova estação só em 2014Depois de 15 panes no sistema da CPTM e da revolta em Francisco Morato, população de Franco convive com precariedade do serviço

O terreno na Rua Cavalheiro Ângelo Sestini, ocupado por comerciantes, tem 3.529 metros quadrados e havia sido transferido à União por Lei Federal 11.483, que em 2007 extinguiu a RFFSA e transferiu seus bens imóveis para a União.

A revogação não é definitiva. Grande parte da área pertence à União, mas a SPU-SP aguarda inventário da CPTM para responder as dúvidas da Advocacia-Geral da União sobre a metragem exata pertencente à União e se há possíveis interfaces com particulares e governo do Estado.

A superintendência da SPU procurou a Prefeitura para comunicar a revogação, mas nem o prefeito nem o vice estavam na prefeitura no dia 27, véspera de carnaval. E até a semana passada não haviam entrado em contato com a SPU.

Terreno polêmico

731 de março - sábado - nº60 Distribuição gratuitaLocomotiva

Um músico em famíliaNOSSA GENTE Nesta seção vamos registrar as histórias, os “causos”, a vida dos homeNs e

mulheres que fizeram e fazem, a cada dia, a Nossa cidade.

Nesta seção, traremos sempre as pessoas, lugares e eveNtos que brilham Na vida social de Nossa cidade e região. SOCIAIS

Eduardo Bento, o Eduardi-nho da banda Mitologia, é um paulistano que abraçou a cidade e foi abraçado por ela. Tem 58 anos, quarenta deles em Franco da Rocha, cidade onde conheceu sua mulher Sandra e onde teve seus quatro filhos e cinco netos. Chegou por acaso ao município. “Eu tocava no circo Stankovic e conheci minha mulher. O circo foi embora e eu fiquei”, relata.Músico desde os 16 anos tem fortes influências nos Beatles e Creeden-ce e nos brasileiríssimos Incríveis, Roberto Carlos e toda a Jovem Guarda. Na cidade já são mais de 33 anos fazendo shows e animando a noite. Além de cantar, domina violão, guitarra e contrabaixo.O início dos embalos musicais

com amigos e casais na noite de Franco da Rocha foi no extinto Bate Papo, na rua Doutor Ha-milton Prado. “Não havia música ao vivo na época aqui na cidade”, conta Eduardo.Após anos tocando na noite, formou com os filhos a Banda Mitologia, que por16 anos tocou pop e rock internacional. O nome surgiu por acaso, em uma apre-sentação, de improviso. “Fomos tocar em um evento e na hora de anunciar a banda meu filho Edu-ardinho disse Mitologia. Depois, fomos pesquisar e descobrimos o significado”, explica. A banda era composta por Eduardo na gui-tarra e vocal, Rodrigo, na bateria, Cristian no contrabaixo e Eduardo “Nenê”, também guitarra e vocal.

Atualmente, a banda faz shows em eventos especiais, como em Ca-manducaia (MG), onde todo ano tocam no aniversário da cidade.O público que o acompanha mu-dou muito do início aos dias de hoje. “Antigamente era mais tran-quilo, infelizmente hoje em dia rola muitas drogas”, confidencia. Frequentador da igreja Renascer em Cristo, tenta ajudar a juventude com shows, animando platéias ou indicando o caminho da fé. Eduardo se apresenta regular-mente no Choppinho, em Franco da Rocha, às sextas, com sua filha mais nova Milena e participação especial do neto Rafael, tocando MPB e sucessos da atualidade. Aos sábados, faz show no Espe-tinho, em Caieiras.

Aniversariantes

José Maria, 29 de março

Ronald Melancia, 26 de março

Ivanildo Lino, 24 de março

Shamira N.Souza, 20 de março

Toninho Bonvicini, 17 de março

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