Jornal O Ponto - agosto 2009

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Distribuição gratuita Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social Ano 10 | Número 74 | Agosto/Setembro de 2009 | Belo Horizonte / MG . 1 ANOS

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Jornal laboratório do curso de Jornalismo da Universidade Fumec - Belo Horizonte - MG

Transcript of Jornal O Ponto - agosto 2009

Page 1: Jornal O Ponto - agosto 2009

Distribuiccedilatildeo gratuita

Jornal Laboratoacuterio do Curso de Comunicaccedilatildeo SocialAno 10 | Nuacutemero 74 | AgostoSetembro de 2009 | Belo Horizonte MG

1ANOS

01 - Capa FINALindd 101 - Capa FINALindd 1 82809 114313 AM82809 114313 AM

O Ponto

2 bull Opiniatildeo

Os artigos publicados nesta paacutegina natildeo expressam necessariamente a opiniatildeo do jornal e visam refletir as diversas tendecircncias do pensamento

Belo Horizonte 27 de Agosto de 2009

O Curso de Comunicaccedilatildeo Social da Universidade

Fumec na defesa incondicional dos 40 anos de tradi-

ccedilatildeo da instituiccedilatildeo dedicados exclusivamente ao ensino

superior de qualidade vem a puacuteblico manifestar seu

repuacutedio agrave decisatildeo do Supremo Tribunal Federal (STF)

que no uacuteltimo dia 17 de junho votou por maioria pelo

fi m da exigecircncia de diploma universitaacuterio para o exerciacute-

cio da profi ssatildeo de jornalista

Satildeo 32 faculdades de jornalismo existentes em Minas

Gerais 3500 jornalistas sindicalizados centenas de

veiacuteculos e assessorias de comunicaccedilatildeo que absorvem a

matildeo de obra especializada Em nome especialmente

dos alunos que cursaram jornalismo na Fumec teste-

munhas que satildeo da seriedade dos nossos princiacutepios e

praacuteticas acadecircmicas voltadas exclusivamente para uma

formaccedilatildeo profi ssional digna das demandas de mercado

em particular e sociais de uma maneira geral e tambeacutem

da sociedade que merece profi ssionais comprometidos

com a verdade e com a democracia cabem os seguintes

esclarecimentos

Independentemente da decisatildeo do STF continu-bull

aremos produzindo o ensino de jornalismo sem

nenhuma concessatildeo agrave qualidade criteacuterio que pre-

domina desde a criaccedilatildeo do curso de Comunicaccedilatildeo

Social haacute 11 anos

Por pior que seja a decisatildeo do STF acreditamos bull

que o mercado de trabalho como defende o minis-

tro Marco Aureacutelio Mello ndash uacutenico que votou contra a

famigerada decisatildeo do oacutergatildeo ndash continuaraacute exigindo

formaccedilatildeo superior especiacutefi ca dos profi ssionais de

jornalismo porque se constitui num diferencial de

importacircncia e necessidade indiscutiacuteveis

Convidamos a sociedade as Instituiccedilotildees de Ensino bull

Superior (IES) e a categoria profi ssional para nos

acompanhar nesta campanha em defesa do diploma

e da excelecircncia do curso superior em Jornalismo e

contra o exerciacutecio de qualquer profi ssatildeo sem a devida

formaccedilatildeo do profi ssional em curso superior

Cabe reiterar que nossa luta eacute e sempre foi por bull

um ensino superior de qualidade e que o diploma

como consequumlecircncia refl ita a excelecircncia desse

ensino em seus aspectos epistemoloacutegicos e pro-

fi ssionais tornando-se requisito indispensaacutevel e

antes de tudo uma necessidade a todos que mani-

festarem o desejo de trabalhar com a atividade

jornaliacutestica

Editor e diagramador da paacutegina Felipe Chimicatti 8ordm periacuteodo

ldquoFoi com muita surpresa que li a mateacuteria lsquoO palco eacute o sinal o sinal eacute o palcorsquo (lsquoO Pontorsquo de fevereiro09 paacutegina 04) Laacute haacute uma informaccedilatildeo errada a respeito do Projeto Manuelzatildeo O Projeto eacute definido como projeto lsquoque consiste em realizar expediccedilotildees de canoa pelo Rio das Velhas entre outros e ir parando nas cidades agraves suas margens para realizar discursos panfletagem e palestras em prol da conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo para a preservaccedilatildeo dos rios de suas cidadesrsquo

O Projeto Manuelzatildeo natildeo eacute isso que foi publicado na mateacuteria Eacute um projeto de ensino pesquisa e exten-satildeo da UFMG cujo objetivo eacute a revitalizaccedilatildeo da bacia do Rio das Velhas Ao definiacute-lo por parte de uma de

suas estrateacutegias de mobilizaccedilatildeo lsquoO Pontorsquo simplifica banaliza e restringe o trabalho do Manuelzatildeo a accedilotildees pontuais e com eficaacutecia limitada para seu objetivo fim

As repoacuterteres natildeo procuraram o Projeto nem mesmo tiveram o trabalho de olhar o site do Manuel-zatildeo para qualificaacute-lo corretamente Solicito por favor uma retificaccedilatildeo na proacutexima ediccedilatildeo do jornal lsquoO Pontorsquordquo

Humberto SantosAssessoria de Comunicaccedilatildeo do Projeto Manuelzatildeo

Comunicaccedilatildeo repudia decisatildeo do Supremo

Carta agrave redaccedilatildeo

Coordenaccedilatildeo EditorialProf Aureacutelio Joseacute (Jornalismo Impresso)

Professores orientadoresProfordf Dunya Azevedo (Planejamento Graacutefico)Profordf Beatriz de Resende Dantas (Fotografia)Prof Reinaldo Maximiano Pereira (Produccedilatildeo e revisatildeo de texto)

Monitores de Jornalismo ImpressoAmanda Lelis Baacuterbara Camargo e Juliana Pizarro

Monitores da Redaccedilatildeo ModeloBaacuterbara Rodrigues e Felipe Chimicatti

Projeto GraacuteficoDunya Azevedo Professora OrientadoraPedro Rocha Aluno voluntaacuterioRoberta Andrade Aluna voluntaacuteria

LogotipoGiovanni Batista Correcirca

Universidade Fumec Rua Cobre 200 Cruzeiro Belo Horizonte Minas GeraisTel 3228-3127 e-mail opontofchfumecbr

Presidente do Conselho CuradorProf Air Rabello Filho

Reitor da Universidade FumecProf Antocircnio Tomeacute Loures

Diretora GeralProfordf Thaiumls Estevanato

Diretor de EnsinoProf Joatildeo Batista de Mendonccedila Filho

Diretor Administrativo e FinanceiroProf Antocircnio Marcos Nohmi

Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo SocialProf Seacutergio Arreguy

Monitores de Produccedilatildeo GraacuteficaJoatildeo Paulo Borges

Monitores do Laboratoacuterio de Publicidade e PropagandaIsabela Myrrha e Marcelo Antinarelli

Colaboradores voluntaacuteriosClaudia Lapouble Pedro Henrique Leone Rocha e Roberta Andrade

Tiragem desta ediccedilatildeo 3000 exemplares

Jornal Laboratoacuterio do curso de Comunicaccedilatildeo Socialda Faculdade de Ciecircncias Humanas Fumec

o ponto

Resposta da redaccedilatildeo

Em publicaccedilatildeo de fevereiro de 2009 O Ponto traz a mateacuteria ldquoO Palco eacute o sinal o sinal eacute o palcordquo em que narra a trajetoacuteria de grupos de malabaristas que enfrentam a jaacute corriqueira rotina dos sinais da capital mineira A citaccedilatildeo ao Projeto Manuelzatildeo se deve agrave relaccedilatildeo de um dos grupos a Trupe Gaia com o projeto tatildeo importante no cenaacuterio social e ambiental do Estado e do paiacutes mas natildeo o enfoque principal da mateacuteria A redaccedilatildeo de O Ponto agradece pela manifestaccedilatildeo do assessor de comunicaccedilatildeo do projeto Humberto Santos e informa que quando se fizer pertinente e a pauta for sobre o Projeto Manuelzatildeo certamente as informaccedilotildees seratildeo tratadas de maneira mais aprofundada

Prof Seacutergio Arreguy coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo ndash FumecFCH

Rodrigo Zavagli 6ordm G

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O Ponto Belo Horizonte 27 de Agosto de 2009

Fumec bull 3Editor e diagramador da paacutegina Amanda Lelis e Juliana Pizarro

DA REDACcedilAtildeO

O curso de Comunicaccedilatildeo Social da Fumec estaacute lanccedilando o primeiro nuacutemero da revista Ponto e Viacutergula O projeto ino-vador elegeu a entrevista como

gecircnero jornaliacutestico principal e abre a oportunidade para

os alunos aperfeiccediloarem a teacutecnica por meio de sua

praacutetica Inicialmente com periodicidade

semestral a pro-posta da revista foi

concebida pelo professor do

curso de Jorna-lismo Rogeacuterio

Bastos edi-tor-chefe da

publicaccedilatildeo e atual coordenador da Redaccedilatildeo

Modelo um dos laboratoacuterios do curso

Bastos explica que a revista eacute especializada em entrevistas com autoridades nos diversos assuntos de interesse da comu-nicaccedilatildeo social contemporacircnea onde a estrela eacute o entrevistado ldquoOs entrevistados satildeo escolhidos em funccedilatildeo de sua experiecircncia profi ssional e domiacutenio amplo e profundo sobre os assuntos a serem abordadosrdquo pontua

A publicaccedilatildeo eacute voltada para o universitaacuterio mineiro e para os profi ssionais da comunicaccedilatildeo e aacutereas afi ns e busca movimentar a cena local da informaccedilatildeo com distribuiccedilatildeo gratuita A revista tem apoio e parceria do Laboratoacuterio de Jornalismo Impresso respon-saacutevel pela publicaccedilatildeo de O Ponto jornal laboratoacuterio do Curso de Jornalismo que comemora nesta ediccedilatildeo 10 anos de existecircncia

A revista feita por alunos de jornalismo a partir do quinto

periacuteodo busca trazer nas pautas discussotildees de assuntos relevantes e de interesse puacuteblico Os textos estilo pingue-pongue (perguntas e respostas) primam pelo tom criacutetico O editor-chefe avalia que ldquoa entrevista no formato pergun-tas e respostas eacute o grande achado na aridez que contempla o notici-aacuterio comum do dia-a-dia Aleacutem do que sempre foi uma demanda apresentada pelos alunos Entatildeo somei o uacutetil ao agradaacutevelrdquo

A primeira ediccedilatildeo traz trinta e duas paacuteginas com destaque para a entrevista de capa ldquoOrgia nos salaacuteriosrdquo com o professor Joatildeo Bosco Fonseca advogado especializado em administraccedilatildeo puacuteblica e a entrevista ldquoEstado se lixa para seus credoresrdquo com o professor Joseacute Baracho presi-dente da Comissatildeo Especial de Precatoacuterios da OAB-MG aleacutem de seis colunas ldquoAbre Aspasrdquo

ldquoRepriserdquo ldquoBrasil um paiacutes de todos Me engana que eu gostordquo ldquoFumecJanela acadecircmicardquo ldquoFar-pas amp Confetesrdquo e ldquoFrente e Versordquo que traratildeo notas artigos e frases cuja principal funccedilatildeo eacute criticar temas abordados diariamente pela imprensa Rogeacuterio Bastos comenta o porquecirc de os alunos serem tatildeo exigidos ao se tornarem repoacuterteres da Ponto amp Viacutergula ldquoEsse tipo de entrevista pressu-potildee que o trabalho deve ser resul-tado de um planejamento maior que inclui leituras compreensatildeo ampla do assunto repertoacuterio e bagagem intelectualrdquo

Bastos fi naliza com a expec-tativa do que a revista pode se tornar no cenaacuterio jornaliacutestico mineiro ldquoGuardadas as devi-das proporccedilotildees a revista eacute uma mosca que pousa na sopa geral do artifi cialismo do jornalismo cotidianordquo avalia

Ponto amp Viacutergula eacute nova publicaccedilatildeo da Redaccedilatildeo Modelo da Fumec

Marketing de guerrilha contra ldquoselvardquo do mercado

DA REDACcedilAtildeO

A um passo de serem recru-tados para enfrentar a ldquoselvardquo do mercado de trabalho um grupo de estudantes do uacuteltimo ano do curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Fumec decidiu intensifi car seus treinamentos arregaccedilar as mangas e utilizar ferramen-tas do marketing de guerrilha para o trabalho de conclusatildeo de curso Todos os esforccedilos foram concentrados para inserir na miacutedia um festival de muacutesica eletrocircnica de forma inusitada

Caolina Miyuki Samir Duarte Bruno Motta Luiz Fernando Branco Charles Alvarenga Gabrielle Alva-renga Pedro Gabriel DrsquoAlcacircntara e Marina Muzzi criaram a agecircn-cia experimental Badoque e passaram a atender clientes reais ldquoTemos um cliente real e optamos por criar um modelo de comuni-caccedilatildeo diferente e mais proacuteximo do puacuteblicordquo explica Carolina Miyuki

Em um bom exemplo de espiacuterito empreendedor os inte-grantes da agecircncia experimen-tal pensaram em uma proposta diferente de tudo que jaacute havia sido apresentado nas bancas de avaliaccedilatildeo dos trabalhos de con-clusatildeo de curso na universidade O projeto denominado ldquocomu-nicaccedilatildeo inusitadardquo eacute voltado para

marketing de guerrilha e foge das miacutedias tradicionais como TV raacutedio jornal entre outras

Entre as proposiccedilotildees accedilotildees como um outdoor vivo - uma pla-taforma com pessoas danccedilando em uma estrutura pegando fogo - muacutesicos tocando em abrigos de ocircnibus um cubo de 3 m onde os visitantes possam interagir com projeccedilotildees de imagens um caminhatildeo cuja a carroceria seria transformada em aquaacuterio com paredes de vidro de 20 cm e peixo dentro com uma banda tocando no centro desse aquaacuterio Sendo assim a iniciativa torna-se tam-

beacutem uma boa alterna-tiva de divulgaccedilatildeo

para empresas com recursos fi nancei-

ros limitados Segundo a

presidente e redatora da agecircn-

cia experimental Gabrielle Alvarenga a Badoque surgiu para colocar em praacutetica tudo o que o grupo aprendeu durante o curso porque engloba todas as aacutereas estudadas dife-rentemente dos outros pro-cessos de conclusatildeo de curso como por exemplo monografi a e produtora ldquoA agecircncia fi nal te daacute uma visatildeo do que eacute o mer-cado de como eacute lidar com um cliente real isso eacute importante para nossa experiecircnciardquo

A publicitaacuteria receacutem-for-mada ainda comentou sobre o

meacutetodo usado para criar a agecircn-cia ldquoTrabalhar com o marke-ting de guerrilha eacute interessante pois conta com a participaccedilatildeo do proacuteprio cliente e do puacuteblico alvo entatildeo eacute muito mais envol-vente Eacute o puacuteblico quem ajuda a compor essa informaccedilatildeordquo

A imagem escolhida para representar a empresa experi-mental Badoque eacute de um antigo brinquedo usado para lanccedilar pedras ou pequenos projeacuteteis conhecido tambeacutem como esti-lingue arremessa sem avisar eacute surpreendente muito preciso Para operar um Badoque dife-rente de um tanque de guerra que acerta todo mundo eacute neces-saacuterio mirar bem o alvo e isso eacute o

que a agecircncia buscou com sua iniciativa Como por exemplo fazer uma comunicaccedilatildeo dire-cionada ao puacuteblio alvo e natildeo para a massa A ideacuteia segundo seus representantes eacute falar com quem realmente interessa para cada cliente

Para realizar o trabalho de conclusatildeo de curso os integran-tes da Badoque fecharam con-trato com o Ultra Music Festival uma grande festa de muacutesica ele-trocircnica em sua segunda ediccedilatildeo em Belo Horizonte Este ano a festa aconteceraacute em setembro e a agecircncia tornou-se responsaacutevel pelo planejamento do evento sua divulgaccedilatildeo sugerindo ao cliente propostas de melhorias

e novidades para o festival Foi por meio de pesquisas com o puacuteblico especiacutefi co do encontro musical que o grupo buscou saber o que as pessoas espera-vam e gostariam de encontrar em uma festa como essa

A iniciativa do grupo foi esti-mulada pela Totem ndash agecircncia modelo do curso de Publici-dade e Propaganda Alguns dos integrantes da Badoque jaacute tinham trabalhado com clientes da Totem Parte desses clientes passou a apresentar demandas que superavam a capacidade de atendimento da agecircncia modelo e sendo assim o grupo resolveu criar uma agecircncia experimental para atender essas demandas

Agecircncia experimental Badoque criada por alunos do uacuteltimo ano do curso de Publicidade e Propaganda da Fumec propotildee comunicaccedilatildeo inusitada

Grupo Badoque apresenta a agecircncia no auditoacuterio Phoenix da Universidade FumecFCH

Capa da primeira ediccedilatildeo

da revista Ponto e Viacutergula

ir

Divu

lgaccedilatildeo

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O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

4 bull Cidades Editoras e diagramadoras da paacutegina Renata Valentim e Roberta Andrade 6ordm periacuteodo

Viaduto das Almas perto do fi mApoacutes 52 anos o viaduto que foi cenaacuterio de diversos acidentes seraacute substituiacutedo por um novo em linha reta

AMANDA LELIS

6ordm PERIcircODO

ldquoEu ainda era crianccedila quando soube que Juscelino viria ateacute aqui Descemos eu e meu pai andando ateacute o viaduto porque natildeo tiacutenhamos carro nem cavalo naquele tempo as coisas eram um pouco mais difiacuteceis Tinha tanta gente que natildeo conseguimos nos aproximar entatildeo subi-mos num barranco e sentados laacute assis-timos a cerimocircnia Eacute a uacutenica lembranccedila bonita que tenho desse lugar Sua inau-guraccedilatildeo foi um sucessordquo narra Ilda

Ilda Marques 60 anos Eacute o iniacutecio da histoacuteria do Viaduto Vila Rica Com uma inauguraccedilatildeo pomposa feita por Juscelino Kubitschek no dia primeiro de fevereiro de 1957 o Viaduto das Almas como eacute mais conhecido seria a primeira estrada pavi-mentada do governo de JK responsaacutevel pela ligaccedilatildeo da capital mineira com o Rio de Janeiro ateacute entatildeo capital federal A respon-saacutevel pela obra foi a Construtora Rabello Ltda e o projetista foi o engenheiro Sergio Marques de Souza Junto agrave inauguraccedilatildeo do viaduto foi tambeacutem entregue uma praccedila cercada por um jardim onde seria o local de parada dos viajantes que atualmente foi abandonada e deteriorada com o tempo

O Viaduto Vila Rica estaacute localizado entre Itabirito e Congonhas no km 592 da BR-040 a cerca de 55 quilocircmetros de Belo Horizonte

Ao longo dos anos o local deixou de ser um emblema de progresso para se converter num caminho de trageacutedias O viaduto apesar de muito moderno na eacutepoca foi construiacutedo em curva com ape-nas duas pistas sem acostamento ndash aleacutem de ter o tempo como agravante de dete-riorizaccedilatildeo o que incidiu em um nuacutemero maior de acidentes

A borracharia localizada proacutexima ao viaduto eacute a principal parada dos que passam por imprevistos sobre o viadutoSegundo Geraldo Augusto borracheiro que trabalha ali haacute 15 anos esse tipo de acontecimento eacute mais comum do que parece ldquoMuitos ocircnibus atravessam o via-duto com problemas no carro algumas vezes eacute coisas simples como algum pneu furado e vecircm pra caacute

Maacuterio Sales caminhoneiro haacute 25 anos disse que o percurso que faz para suas entregas passa sempre pelo Viaduto das Almas e jaacute presenciou uma quantidade grande de acidentes ldquodesastres por aqui natildeo tem nuacutemero Acontece todo dia um novo acidente Noacutes motoristas de caminhatildeo somos muito discriminados mas somos com-panheiros com os que tambeacutem andam por essas estradas somos os primeiros a dar socorro a quem precisa Haacute algum tempo socorri uma estudante de Juiz de Fora proacuteximo a esse viaduto mas ela natildeo sobreviveurdquo lembra

De acordo com dados do Sindicato Uniatildeo Brasil Caminhoneiros ndash SUBC ndash ateacute 2004 cerca de 200 mortes teriam aconte-cido no local Um dos acidentes mais traacute-gicos sempre lembrado por aqueles que fazem o percurso aconteceu em 1967 foi um dos primeiros desastres no local Um ocircnibus da Viaccedilatildeo Cometa natildeo conseguiu atravessar o viaduto e acabou caindo deixando 14 mortos

Mas em 2010 essa histoacuteria poderaacute se modifi car Em 2007 foram iniciadas as obras para a construccedilatildeo do novo viaduto que substituiraacute o Viaduto das Almas A construccedilatildeo estaacute em fase fi nal e a preten-satildeo eacute de que a obra seja inaugurada em junho do proacuteximo ano Durante as obras os operaacuterios presenciaram acidentes no outro pontilhatildeo como conta Darcio Men-des motorista que trabalha na constru-ccedilatildeo ldquono fi nal de 2008 presenciei um dos acidentes mais traacutegicos que me lembro O motorista de um caminhatildeo carregado perdeu o controle e bateu na Toyota que estava na sua frente Ouvimos o barulho do choque dos carros daqui da obra e fomos correndo prestar socorro Os dois carros caiacuteram do viaduto O motorista do caminhatildeo e sua mulher que estava com ele foram lanccedilados Ela foi socorrida com vida mas ele e o outro motorista natildeo resistiramrdquo

Helio Damas fi scal de Obras de Artes Especiais foi contratado pela Enecom

empresa responsaacutevel pelo projeto e fi s-calizaccedilatildeo das obras do novo viaduto Segundo Damas o novo projeto prevecirc a reduccedilatildeo das curvas que eram agravan-tes na ocorrecircncia das trageacutedias O novo viaduto possui 460 metros de extensatildeo cerca de 52 metros de altura ndash um dos pilares de sustentaccedilatildeo possui 70 metros ndash 21 metros de largura e o que apostam ser a caracteriacutestica fundamental da constru-ccedilatildeo e que eacute oposta ao antigo este viaduto seraacute em linha reta e deveraacute diminuir um pouco do percurso dos viajantes

Para a primeira parte das obras a construccedilatildeo do viaduto foram disponi-bilizados cerca de 30 milhotildees de reais e a etapa foi concluiacuteda em 24 meses Atu-almente existe a espera da conclusatildeo da estrada que leva ao novo viaduto Essa que compotildee a segunda parte das obras fi cou a cargo da Construtora Brasil

De acordo com Joseacute Eduardo Soares engenheiro da Enecom responsaacutevel pela obra o novo pontilhatildeo foi construiacutedo com dois viadutos um no sentido BH-Rio e outro no sentido Rio-BH com espa-ccedilamento de trecircs metros entre eles Cada viaduto tem duas pistas mais o acos-tamento Como medida de seguranccedila foram feitas as chamadas ldquobarreiras New Jerseyrdquo feitas de concreto Elas forccedilam o carro a voltar para a pista em caso de colisatildeo evitando que o veiacuteculo aciden-tado caia do viaduto

Fotos Pedro Gontijo 5ordm G

Viaduto das Almas pouco depois de sua inauguraccedilatildeo em 1957 e agora com 52 anos exige uma estrutura melhor para aguentar o fl uxo atual de veiacuteculos

Arquivo Enecom

04-05 - VIADUTO DAS ALMASindd 104-05 - VIADUTO DAS ALMASindd 1 82809 114916 AM82809 114916 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Cidades bull 5Editoras e diagramadoras da paacutegina Renata Valentim e Roberta Andrade 6ordm periacuteodo

Ao contraacuterio do que a maioria das pessoas pode ima-ginar o nome caracteriacutestico do viaduto natildeo eacute devido aos acidentes e sim por causa do coacuterrego que passa por baixo dele afl uente do Rio das Velhas o Monjolo que era conhecido popularmente como Coacuterrego das Almas As pessoas que moravam perto dali diziam ver almas rondando por cima da aacutegua durante as noites

Ao ser inaugurado na antiga BR3 o viaduto foi bati-zado como Viaduto das Almas e soacute teve seu nome tro-cado em 1970 De acordo com moradores da regiatildeo a mudanccedila ocorreu para acabar com o ldquoazarrdquo que o nome trazia ao pontilhatildeo As lendas natildeo deixaram de fazer parte do imaginaacuterio da populaccedilatildeo local e ainda hoje ouve-se muitas histoacuterias

Ilda Marques trabalha no ldquoRestaurante da Celinhardquo proacuteximo ao viaduto ldquoFui nascida e criada aqui ao redor desse viaduto Me lembro de muita histoacuteria traacutegica Alguns andarilhos dormem debaixo do viaduto e um

deles passou a dormir em frente ao restaurante porque disse ter acordado em uma noite com uma visatildeo Eram pessoas caminhando com velas e cruzes nas matildeos depois disso ele nunca mais fi cou por laacuterdquo

Dona Maria Madalena tem 59 anos e haacute 32 mora numa casa proacutexima ao viaduto Ela contou das histoacute-rias que ouve sobre o lugar ldquotem um caminhoneiro que morreu ali o caminhatildeo despencou laacute de cima e ele fi cou preso entre as ferragens Dizem que ele volta no horaacuterio certinho que aconteceu o acidente e fi ca rodando por laacute pedindo ajuda Essa eu sei que eacute ver-dade porque todo mundo fala e uma vez quem contou foi um amigo meu o senhor que mora aqui perto ele viu esse homem Mas eu graccedilas a Deus nunca vi nadardquo acredita

Luiz Carlos do Vale tem 65 anos e trabalha como motorista de caminhatildeo haacute 14 Ele relatou que sua maior difi culdade nas estradas e principalmente no

viaduto eacute com os outros motoristas ldquoDentro dessas estradas passamos por muitas experiecircncias o viaduto jaacute estaacute todo atrapalhado por causa do tempo eacute pre-ciso respeito para dirigir eacute preciso pensar nos outros que tambeacutem estatildeo dirigindo Eu mesmo jaacute me assustei vaacuterias vezes Durante a travessia do viaduto me corta-ram uma vez um perigordquo

A antiga estrutura construiacuteda em concreto foi capaz de suportar meio seacuteculo O Viaduto Vila Rica que natildeo foi planejado para aguumlentar o fl uxo contiacutenuo de carros e caminhotildees que hoje passam por ele resistiu por todo esse tempo Ainda com a criaccedilatildeo do novo viaduto os casos e contos sobre ele permanecem rondando os ares do local Alguns moradores defendem a criaccedilatildeo de um monumento para preservar o viaduto e suas histoacuterias Mas o monumento em sua homenagem jaacute foi criado no decorrer do tempo sua histoacuteria eacute contada ndash e per-petuada ndash de boca em boca

Do coacuterrego ao viaduto

O caminhoneiro Luiz Carlos do Vale reclama da falta de respeito dos outros motoristas

Maria Madalena relatou histoacuterias frequentes sobre o Viaduto das Almas no imaginaacuterio popular

Operaacuterios trabalhando na construccedilatildeo do novo viaduto que teraacute 450m de extensatildeo 52m de altura pista dupla e acostamento aleacutem de ser em linha reta

Foto Amanda Lelis 6ordm G

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O PontoBelo Horizonte 27 de Agosto de 2009

6 bull Cidades Editor e diagramador da paacutegina Nathaacutelia Drumond 6ordm periacuteodo

Poliacuteticas de controle ao fumo elevam impostos do cigarro e restringem consumo em locais coletivos

NATHAacuteLIA DRUMOND

JAIME HOSKEN

GABRIEL VIEIRA

5ordm E 6ordm PERIacuteODOS

As doenccedilas relacionadas ao fumo correspondem agrave princi-pal causa de mortes em todo o mundo apresentando incidecircncia maior ateacute mesmo que a AIDS e a tuberculose Segundo o Minis-teacuterio da Sauacutede ainda assim no Brasil existem aproximada-mente 30 milhotildees de fumantes e oito pessoas morrem a cada hora em decorrecircncia de complicaccedilotildees provocadas pelo tabaco As esta-tiacutesticas alarmantes e as evidecircn-cias de que os danos do cigarro natildeo se limitam aos fumantes ndash a exposiccedilatildeo agrave fumaccedila aumenta em cerca de 30 as chances de um fumante passivo desenvol-ver cacircncer de pulmatildeo ndash fi zeram com que o governo fortalecesse as poliacuteticas de controle ao taba-gismo e adotasse medidas mais rigorosas nos uacuteltimos meses

Na deacutecada de 70 as autorida-des de sauacutede jaacute alertavam para a necessidade de se realizar o con-trole do tabaco no Brasil mas o governo soacute comeccedilou a se preo-cupar nos anos 90 quando fi ca-ram mais claras as evidecircncias da gravidade das doenccedilas liga-das ao uso do cigarro Em 1996 foi criada a Lei Federal 9294 de autoria do entatildeo deputado fede-ral Elias Murad (PSDB-MG) que proibiu o fumo em ambientes fechados em todo o paiacutes A falta de fi scalizaccedilatildeo fez com que a lei natildeo saiacutesse da teoria mas repre-sentasse de qualquer forma o iniacutecio de uma discussatildeo que passaria a ocupar cada vez mais espaccedilo na vida dos brasileiros A partir de entatildeo houve vaacuterias tentativas de se reduzir o con-sumo do tabaco no Brasil

Em 2000 para desestimular e tirar o glamour da droga frente aos jovens o governo proibiu a veiculaccedilatildeo de propagandas de cigarros A lei foi sancio-nada apesar da forte pressatildeo da induacutestria tabagista que alegava que a medida infrigia os direitos de livre comeacutercio e de liberdade de expressatildeo e por isso eram inconstitucionais

Em 2001 foi a vez das doen-ccedilas causadas pelo tabagismo passarem a estampar os maccedilos de cigarro no paiacutes As imagens chocantes foram percebidas em princiacutepio com estranheza mas logo passaram de men-sagens inibidoras a motivo de chacota por parte dos fumantes Recentemente novas imagens mais fortes comeccedilaram a ser veiculadas nos maccedilos

Diante de tantas accedilotildees mas com resultados pouco satisfa-toacuterios neste ano o governo pas-sou a adotar uma postura mais rigorosa em relaccedilatildeo ao assunto Aleacutem do aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do PISCofi ns do cigarro no fi nal de marccedilo ndash o total da tri-butaccedilatildeo passou de 58 para 65 ndash os estados de Satildeo Paulo Rio de Janeiro e Minas Gerais cria-ram projetos de lei que proiacutebem o fumo em locais puacuteblicos As recentes medidas foram adota-das de acordo com recomenda-ccedilotildees do Programa Nacional de Controle do Tabagismo que jul-gam inefi cientes as accedilotildees indi-viduais e apoiam intervenccedilotildees mais abrangentes

ImpostoA elevaccedilatildeo do imposto sobre

o cigarro eacute considerado pelo Programa Nacional de Controle ao Tabagismo como um dos principais instrumentos no con-trole do consumo do produto Preccedilos mais altos para o con-sumidor representam aumento nas taxas de abandono e da dis-suasatildeo dos jovens em relaccedilatildeo ao produto Em informe da Secre-taria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte Deborah Malta coordenadora da aacuterea de doen-ccedilas e agravos natildeo transmissiacuteveis do Ministeacuterio da Sauacutede afi rmou que o principal ponto das medi-das antitabagistas eacute evitar que adolescentes e jovens se viciem na substacircncia

Aleacutem da melhoria da sauacutede da populaccedilatildeo o dinheiro da receita poderia ser melhor investido mas eacute gasto pela sauacutede puacuteblica no tratamento de complica-ccedilotildees causadas pelo tabagismo Segundo dados do Ministeacuterio da

Sauacutede os custos das internaccedilotildees relacionadas ao tabaco somam a quantia de R$11 bilhatildeo o que corresponde a 8 dos gastos hospitalares com adultos acima de 35 anos Com o reajuste do IPI e do PISCofi ns do cigarro o governo espera arrecadar este ano R$ 975 milhotildees e R$ 1540 bilhotildees em 2010

Nesse acircmbito da economia a medida tambeacutem pretende atin-gir os fumantes de classes sociais inferiores e de baixa escolari-dade que de acordo com estu-dos do proacuteprio Programa ten-dem a fumar mais e destinam uma parte signifi cativa da renda mensal agrave compra do produto aumentando a pobreza desses indiviacuteduos e a perda de produti-vidade no caso de enfermidades provocadas pelo tabaco

RigorNo estado de Satildeo Paulo o

governador Joseacute Serra (PSDB) criou um projeto de lei proi-bindo fumar cigarros charutos e similares em ambientes como escolas museus bares restau-rantes e empresas O projeto que elimina os espaccedilos para fumantes em ambientes coleti-vos total ou parcialmente fecha-dos dividiu opiniotildees a respeito dos seus efeitos foi considerado discriminatoacuterio e ateacute mesmo inconstitucional mas apesar das especulaccedilotildees de que seria barrado foi sancionado em sete de maio

Pela nova lei que entrou em vigor no mecircs de agosto o esta-belecimento que natildeo obedecer agraves novas regras deveraacute pagar multa de R$ 792 podendo che-gar a R$3 milhotildees em caso de reincidecircncia As multas natildeo se estendem aos fumantes e se eles natildeo se dispuserem a apagar o cigarro a determinaccedilatildeo eacute a de que se acione a poliacutecia Apesar do rigor da nova lei pesquisa realizada em Satildeo Paulo pelo Datafolha entre os dias cinco e seis de maio mostram que 59 dos fumantes estatildeo de acordo com ela e 86 estatildeo dispostos a respeitaacute-la

Para que a lei natildeo fi que apenas no papel Serra afi r-

mou que aleacutem da instalccedilatildeo de detectores de fumaccedila a fi sca-lizaccedilatildeo seraacute feita por cerca de 500 fi scais da Vigilacircncia Sanitaacute-ria e do Procon Como suporte aos fumantes o governo pau-lista disponibilizaraacute para aque-les que decidirem largar o viacutecio informaccedilotildees sobre o consumo da droga assistecircncia tera-pecircutica e medicamentos para tratamento

A medida estaacute servindo de exemplo para cidades como Rio de Janeiro e Belo Hori-zonte onde projetos de lei semelhantes estatildeo sendo cria-dos mas devido agraves falhas nos textos e agrave oposiccedilatildeo de enti-dades comerciais tiveram pareceres desfavoraacuteveis Em Minas Gerais o projeto de lei da vereadora de Belo Hori-zonte Neusinha Santos (PT) pretende barrar o cigarro em ambientes fechados privados e puacuteblicos corrigindo as falhas da Lei 929496 a falta de rigor na fiscalizaccedilatildeo dos estabe-lecimentos e a instalaccedilatildeo de fumoacutedromos sem a separaccedilatildeo dos demais ambientes

A proposta de Neusinha per-mite a criaccedilatildeo de aacutereas para fumantes desde que elas sejam delimitadas por barreiras fiacutesi-cas e possuam exaustores para impedir que as demais aacutereas ocupadas por natildeo-fumantes sejam contaminadas A inten-ccedilatildeo da vereadora eacute impedir que fumantes prejudiquem a sauacutede de quem natildeo fuma O texto do projeto entretanto foi conside-rado confuso por natildeo explicitar os locais exatos onde se poderia ou natildeo fumar e sua aprovaccedilatildeo foi adiada

Outro impecilho para que a lei seja aprovada em Minas Gerais assim como no Rio de Janeiro eacute a ameaccedila de pedido de inconstitucionalidade por parte da Federaccedilatildeo dos Hoteacuteis Bares e Restaurantes de Minas Ao mesmo tempo que a lei pode trazer melhorias para a qualidade de vida da popula-ccedilatildeo tambeacutem pode signifi car a perda de clientes o que leva os estabelecimentos a se posicio-narem contra

Governo aumenta rigor antitabagista

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O Ponto

Cidades bull 7Belo Horizonte 27 de Agosto de 2009

Editor e diagramador da paacutegina Nathaacutelia Drumond 6ordm periacuteodo

Tanto em Satildeo Paulo onde a lei do Governador Joseacute Serra jaacute foi sancionada quanto em Minas Gerais onde ainda aguarda aprovaccedilatildeo o rigor das propostas para o controle do tabagismo causaram muita polecircmica A proibiccedilatildeo do fumo em ambien-tes coletivos foi vista com maus olhos natildeo soacute pelos fumantes mas tambeacutem por entidades comerciais que questionam o radicalismo das medidas e ale-gam inconstitucionalidade

Do ponto de vista legal segundo o advogado Ney Ceacutesar Azevedo natildeo eacute possiacutevel enxergar onde essas accedilotildees podem ser consideradas inconstitu-cionais pois um direito individual pode sofrer res-triccedilotildees quando afeta outro direito constitucional-mente garantido O artigo 5ordm prevecirc a igualdade de todos perante a lei o artigo 6ordm entretando garante a sauacutede como um direito fundamental para todo cidadatildeo ldquoAssim devemos levar em conta que nesse caso as claacuteusulas constitucionais natildeo satildeo confl itantes mas deve haver um meio termo para garantir que uma natildeo anule a efi caacutecia da outrardquo O advogado reforccedila ainda que a prevalecircncia do direito coletivo deve ser pensada com cuidado para que natildeo haja excessos e arbitrariedades sempre tendo em mente que ldquose a sauacutede puacuteblica eacute importante os fumantes tambeacutem devem ter seus direitos asseguradosrdquo concluiu

Fumante por mais de 30 anos o fotoacutegrafo Alberto Escalda que deixou o viacutecio no uacuteltimo ano declara-se a favor da nova lei Em seu ponto de vista a proibiccedilatildeo eacute necessaacuteria pelo fato de as pessoas natildeo terem bom senso em respeitar o direito dos que natildeo fumam O fotoacutegrafo lembra que no passado as pessoas fumavam em qualquer

ambiente ldquoEra totalmente desagradaacutevel vocecirc pegar um aviatildeo para a Europa por exemplo e as pessoas fumarem durante toda a viagem ao seu ladordquo Alberto no entanto ressalta a importacircncia de um ambiente para os fumantes ldquoTodos os luga-res deveriam ter um fumoacutedromo natildeo haacute como proibir as pessoas de fumarem Todos sabem os malefiacutecios do cigarro e se desejam continuar fumando devem ter a liberdade de fazecirc-lo em um lugar reservadordquo completa

Compartilha da mesma opiniatildeo o jornalista Rogeacuterio Correa ldquoInfelizmente natildeo haacute como tra-tar da educaccedilatildeo apenas com accedilotildees preventivas O Governo poderia acabar com as induacutestrias de cigarro no paiacutes os preccedilos se elevariam e jaacute seria essa uma medida reducionista Mas ele natildeo o faz e nem vai fazer porque natildeo o interessa perder milhotildees em arrecadaccedilatildeordquo acredita

Do outro lado haacute quem afi rme que a nova lei exagera na restriccedilatildeo controlando de forma abu-siva a vida dos fumantes A administradora de empresas Ana Paula Neto acredita que se a proi-biccedilatildeo se restringisse apenas a ambientes fechados seria mais justa e menos excludente ldquoOs fuman-tes em sua maioria tem o bom senso em saber que os outros se incomodam com a fumaccedila e o cheiro de cigarro agrave sua volta Natildeo eacute preciso excluiacute-los de todos os ambientes e passar a trataacute-los como marginais que tecircm que se retirar dos lugares toda vez que desejar fumarrdquo A administradora acredita que haacute lugares em que fumantes e natildeo-fumantes podem conviver em harmonia como em bares e boates abertos onde o consumo do cigarro natildeo deveria ser proibido

Os males que o cigarro pode causar

Polecircmica

Fonte Denise Steiner demartologista prevfumo nucleo de apoio ao fumante da

UNIFESP wwweuqueropararcombr

Em entrevista a O Ponto o vereador de Belo Horizonte Elias Murad autor da Lei 9294 de 1996 que proibiu o fumo em ambientes fechados em todo o paiacutes fez consideraccedilotildees a respeito da impor-tacircncia de medidas mais rigorosas de controle ao tabagismo

O Ponto Apesar de jaacute existirem leis que proiacutebem o fumo em recintos fechados em todo o paiacutes a nova lei sancionada em Satildeo Paulo pelo gover-nador Joseacute Serra proiacutebe inclusive a instalaccedilatildeo de locais para fumantes nos estabelecimentos O que o senhor pensa a respeito dessa lei

Murad Julgo essa lei em SP mais radical do que a que existe em niacutevel nacional Essa teve sua origem num projeto de minha auto-ria enquanto era Deputado Federal Mas ela esta em vigor ainda Eacute uma lei federal que continua em vigor no paiacutes inteiro Portanto a lei de SP veio acrescentar agrave Lei 929496 que jaacute existia Na minha opiniatildeo eacute muito bom que isso aconteccedila pois as multinacionais tabaqueiras natildeo dormem em silecircncio Estatildeo sempre provocando problemas nessa aacuterea para que possam fi car em evidecircncia

Por ser o cigarro uma droga liacutecita a proibiccedilatildeo do fumante em locais puacuteblicos natildeo infrige os seus direitos de ir e vir pre-vistos na constituiccedilatildeo A separaccedilatildeo de aacutereas especiacutefi cas para fumantes e natildeo-fumantes poderia solucionar o problema

Em princiacutepio parece que sim mas se olharmos coletivamente e de maneira ampla verifi camos que a separaccedilatildeo pouco resolve esse problema Na verdade natildeo resolve pois o indiviacuteduo continua a fumar em locais coletivos Em alguns paiacuteses foi adotado esse sistema mas ele natildeo funcionou bem porque o tabagista passivo aquele que absorve a fumaccedila do ambiente impregnado eacute o mais prejudicado Por ser um local puacuteblico coletivo o ambiente deve-ria ser limpo de cigarro Dessa maneira sou favoraacutevel a radicali-zaccedilatildeo das leis contra o tabaco

Em Minas Gerais o projeto de lei da vereadora Neusinha San-

tos se difere do paulista por permitir a criaccedilatildeo de fumoacutedromos separados das demais aacutereas do estabelecimento por barreiras fiacutesicas e equipados com exaustores Mesmo sendo menos radi-cal a proposta foi criticada e barrada Quais foram os motivos

O projeto da vereadora Neusinha Santos chegou a ir a plenaacuterio para votaccedilatildeo em 1deg turno mas durante o processo de discussatildeo foi conscenso a sua retirada para uma melhor adequaccedilatildeo agrave rea-lidade atual - nacional e mundial Eu e mais dois colegas vere-adores apresentamos entatildeo um substitutivo a este projeto nos moldes da recente lei aprovada em Satildeo Paulo colocando assim Belo Horizonte dentro deste contexto

A fi scalizaccedilatildeo dos estabelecimentos eacute o ponto mais vulne-

raacutevel para que as leis contra o cigarro sejam cumpridas Como seria feito o gerenciamento dessas novas leis

Pela lei federal ainda em vigecircncia esta fi scalizaccedilatildeo cabe agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria Municipal Na nova proposta pode-se acio-nar ateacute a poliacutecia para a retirada de fumantes de locais ou se o estabelecimento natildeo estiver cumprindo a lei para sua interdi-ccedilatildeo Portanto a fi scalizaccedilatildeo acaba sendo um instrumento pes-soal do consumidor que se sentir afetado nos seus direitos de viver num ambiente livre de tabaco

Quais seriam os provaacuteveis resultados dessas medidas mais

rigorosas O senhor acredita que haveria reduccedilatildeo no nuacutemero de fumantes

Acredito sim pois jaacute haacute um exemplo no proacuteprio Brasil Antes da apresentaccedilatildeo do meu projeto que levou agrave Lei 929496 o uso era muito grande e havia cerca de 300 mil tabagistas a mais do que atualmente Aconteciam tambeacutem 200 mil mortes por ano em consequecircncias de moleacutestias provocadas pelo tabaco Depois da promulgaccedilatildeo da lei esses nuacutemeros cairam para 200 mil e 100 mil Houve entatildeo uma diminuiccedilatildeo razoaacutevel Cerca de 30 dos taba-gistas largaram o cigarro

Os resultados natildeo seriam mais efi cientes se fossem realiza-

das campanhas mais incisivas e abrangentes a meacutedio e longo prazos principalmente nas escolas visando a conscientizaccedilatildeo das crianccedilas e jovens

Jaacute se faz isto em certos locais acredito que qualquer medida que se tomar em relaccedilatildeo ao tabaco vai ser efi ciente e dar pelo menos algum resultado

Foto arquivo pessoal

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O Ponto

Editoras e diagramadoras da paacutegina Claacuteudia Lapouble e Amanda Lelis

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

8 bull Sociedade

Lares para a Melhor IdadeCom fi scalizaccedilotildees e leis especiacutefi cas para o idoso asilos deixam de ser vistos como sinocircnimo de abandono

JUSCILENE M SIQUEIRA

NATHAacuteLIA MAGALHAtildeES

PAULA SAMPAIO

5ordm PERIODO

De acordo com a lei 10741 de 1ordm de outubro de 2003 eacute con-siderado idoso todo cidadatildeo com idade igual ou superior a 60 anos Devido aos avanccedilos no campo da sauacutede e agrave reduccedilatildeo da taxa de natalidade a populaccedilatildeo de idosos no Brasil vem aumen-tando a cada ano Estima-se que em 2020 a populaccedilatildeo com mais de 60 anos chegaraacute a 30 milhotildees (13 do total) segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatiacutestica IBGEEsses iacutendices que se devem principalmente aos avanccedilos no campo da sauacutede e agrave reduccedilatildeo das taxas de natalidade tornam cada vez mais comum a convi-vecircncia de pessoas de trecircs gera-ccedilotildees na mesma casa

Apesar das estatiacutesticas que mostram que a estrutura fami-liar brasileira estaacute se modi-fando haacute lares em que o idoso eacute responsavel pelo sustento da famiacutelia o choque de geraccedilotildees e a rotina do dia a dia torna o con-vivio difiacutecil Eacute quando muitas famiacutelias ou os proacuteprios idosos pensam em outro ambiente que melhor atenda agraves suas neces-sidades Os asilos atualmente chamados de Instituiccedilotildees de Longa Permanecircncia para Idosos (ILPI) se tornam uma soluccedilatildeo para essa situaccedilatildeo

LaresA ldquoVida Ativardquo eacute uma insti-

tuiccedilatildeo privada que segundo a diretora Maacutercia Leatildeo recebe idosos que procuram o local por conta proacutepria ldquoEles geralmente optam por natildeo morar sozinhos e nem com os fi lhos e acham a convivecircncia de um hotel muito impessoalrdquo diz a diretora da ins-tituiccedilatildeo A casa possui convecirc-nios com planos de sauacutede que garantem aos moradores anten-dimento de geriatras fonoau-dioacutelogos fi sioterapeutas nutri-cionista dentistas entre outros profi ssionais aleacutem de medi-camentos Nove funcionaacuterios estatildeo agrave disposiccedilatildeo dos idosos seis teacutecnicos de enfermagem dois de serviccedilos gerais e uma secretaria Mas o preccedilo de todo esse conforto eacute alto fi car em uma instituiccedilatildeo como essa custa cerca de R$ 2 mil a R$ 2500 por mecircs

Maacutercia Leatildeo tambeacutem eacute dire-tora do ldquoSolar das Estaccedilotildeesrdquo ins-tituiccedilatildeo destinada a idosos com

doenccedilas degenerativas do sis-tema nervoso central Segundo ela esses idosos requerem cui-dados especiais e ressalta ldquocom-parar um idoso a uma crianccedila eacute um grande erro pois aleacutem de possuiacuterem necessidades espe-ciais ldquoos idosos natildeo tecircm tempo tudo eacute pra ontem mas a pers-pectiva de mudanccedila eacute lenta e trabalhosardquo

Mas haacute uma parcela grande da populaccedilatildeo de terceira idade que natildeo tem condiccedilotildees de se manter em instituiccedilotildees como as mencionadas acima Esses encontram acolhida em lares fi lantroacutepicos como o Nuacutecleo Assistencial Caminhos para Jesus fundado haacute 40 anos A casa abriga atualmente 62 ido-sos aleacutem de dar assistecircncia a crianccedilas portadoras de defi ci-ecircncia O lar dispotildee aos idosos a opccedilatildeo de apenas passar o dia na casa ou se mudar defi niti-vamente e passar os fi nais de semana em casa Mas segundo Joicemara Santana secretaacuteria da instituiccedilatildeo grande parte dos idosos que moram na casa natildeo tecircm famiacutelia alguns deles satildeo ex-moradores de rua e sequer pos-suem documentos

A casa que natildeo possui con-vecircnio com outras instituiccedilotildees estaacute buscando parcerias com empresas interessadas em con-tribuir e os moradores que tecircm condiccedilatildeo contribuem com 50 do salaacuterio Aleacutem da ajuda dos idosos o asilo se manteacutem atra-veacutes de doaccedilotildees solicitadas via telefone

Apesar das difi culdades fi nanceiras o lar oferece assis-tecircncia de profi ssionais nas aacutereas de geriatria psicologia fi siote-rapeuta psiquiatra assistecircncia

social terapeuta ocupacional fonoaudioacuteloga enfermeiro e voluntaacuterios

O Lar de Idosas Santa Tereza e Santa Terezinha localizada no bairro Santa Tereza regiatildeo leste da capital eacute um exemplo de instituiccedilatildeo que assim como a Associaccedilatildeo Caminhos para Jesus consegue - mesmo com poucos recursos oferecer a suas moradoras a assistecircncia que precisam com respeito e claro muito carinho A casa que hoje possui 12 moradoras tem capa-cidade para abrigar ateacute 15 eacute ligada agrave Sociedade Satildeo Vicente de Paula e tem a particularidade de receber apenas senhoras que procuram o lar por vontade proacutepria

As idosas que optam por morar na instituiccedilatildeo contri-buem com dois salaacuterios miacuteni-mos mas eacute graccedilas agraves doaccedilotildees e ao trabalho de voluntarios que a casa consegue se manter

LeisEm 23 de setembro de 2003

a Comissatildeo Diretora do Senado Federal aprovou o Estatuto do Idoso que garante agrave ldquomelhor idaderdquo o direito agrave liberdade ao respeito e agrave dignidade Consta do artigo 10 paragrafo dois ldquoO direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade fiacutesica psiacutequica e moral abran-gendo a preservaccedilatildeo da imagem da identidade da autonomia de valores ideacuteias e crenccedilas dos espaccedilos e dos objetos pessoaisrdquo

De acordo com o Estatuto as ILPI devem oferecer estru-tura fiacutesica adequada instala-ccedilotildees sanitaacuterias alimentaccedilatildeo apropriada boas condiccedilotildees de limpeza e higiene profi ssio-

nais habilitados e jamais devem apresentar opressatildeo ou violecircn-cia aos idosos

A Promotoria do Idoso orgatildeo que cuida dos direitos do cida-datildeo da terceira idade tem fun-ccedilatildeo de receber denuacutencias contra abandono abusos e maus tratos e agir legalmente para protege-los A promotoria foi criada em 2001 apoacutes a divulgaccedilatildeo do rela-toacuterio da Comissatildeo dos Direitos Humanos que apontava uma seacuterie de denuacutencias contra os asilos onde os idosos sofriam todo tipo de violecircncia e eram abandonados e negligencia-dos O relatoacuterio daquele ano foi enviado aos governos federal e estadual contendo sugestotildees de poliacuteticas puacuteblicas para melhorar o atendimento ao idoso

FiscalizaccedilatildeoPara que uma casa de idosos

entre em atividade deve cum-prir uma seacuterie de requisitos primeiramente o proprietaacuterio deve requerer um alvaraacute junto agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria de sua regional e entatildeo seu estabele-cimento passa por uma vistoria inicial para concessatildeo do alvaraacute esta fi scalizaccedilatildeo se repetiraacute anu-almente para que a licenccedila seja renovada

Segundo Joseacute Carlos Silva gerente da Vigilacircncia Sanitaacuteria da regional do Barreiro existe um acordo entre a ANVISA e o Ministeacuterio Puacuteblico para reali-zar no miacutenimo duas fi scaliza-ccedilotildees anuais natildeo agendadas em cada ILPI aleacutem das duas visitas obrigatoacuterias a vigilacircncia entra em accedilatildeo sempre que uma denuacutencia eacute feita Na existecircncia de irregularidades o asilo seraacute acompanhado periodicamente ateacute que a situaccedilatildeo seja regulari-zada Caso natildeo sejam tomadas providecircncias a instituiccedilatildeo tem seu alvaraacute suspenso Se as irre-gularidades forem consideradas graves como no caso de maus tratos aleacutem do alvaraacute suspenso a instituiccedilatildeo seraacute interditada e os moradores acompanhados pelo Serviccedilo Social da regiatildeo e encaminhados a outros ILPI proacuteximos

Vespasiano

Ribeiratildeodas Neves

Contagem

Ibiriteacute

Brumadinho

Nova Lima

Sabaraacute

Santa Luzia

VENDNNNNDA NOVAND NORTE

NNNNONNONORDESTENO

NOROESTELESTE

OESTE

CENTRO-SUL

BARREIRO

Esacala 1160000Fonte Prodebel

PAMPULHA

ILPI Filantroacutepica

ILPI Privada

Segundo a PBH haacute na capital mais de 1100 idosos vivendo em asilos As ILPI somam 76 instituiccedilotildees 42 fi lantroacutepicas e 34 privadas A maior concentraccedilatildeo estaacute nas regiotildees Noroeste (10 lares fi lantroacutepicos) e Pampulha (15 lares privados)

Moradoras do Lar de Idosas Santa Tereza e Santa Terezinha

Disque Idoso (31)3277-4646

Delegacia Especializada de Proteccedilatildeo ao Idoso 0800-305000

Nuacutecleo Assistencial Caminhos para Jesus ligue 0800-0315600

Info

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de

Foto Amanda Lelis

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O Ponto

Editor e diagramador da paacuteginaClaudia Lapouble e Amanda Lelis

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Sociedade bull 9

AMANDA LELIS

CLAUDIA LAPOUBLE

ROBERTA ANDRADE

6 PERIODO

Todo indiviacuteduo eacute personagem de uma histoacuteria observada de maneira bem parti-cular num mundo que eacute soacute seu Toda narra-tiva eacute uacutenica se diferencia de qualquer outra ainda que seja sobre a mesma histoacuteria e contada pela mesma pessoa O momento eacute imprescindiacutevel o clima o ambiente o humor detalhes que infl uenciam em todo conto seja ele veriacutedico ou natildeo Contra-riando a procura insistente por tudo o que eacute novo decidimos correr atraacutes da memoacuteria ouvir quem tem histoacuterias para contar

Depois de aguardar por alguns minutos vinha dona Zezeacute como gosta de ser cha-mada o cabelo delicadamente arrumado com um arco colorido colar de peacuterolas maquiagem perfume e uma piada na ponta da liacutengua Sua percepccedilatildeo de tempo eacute dife-rente da nossa o que lhe acontece hoje natildeo eacute tatildeo importante quanto agravequela memoacuteria do passado que sabe nos contar com detalhes minuciosos Dona Zezeacute tem mesmo mania de misturar o hoje com o ontem sonhos natildeo realizados com realizaccedilotildees antigas paixotildees fortes da mocidade com carecircncias atuais Parte verdadeira parte imaginaacuteria sua histoacuteria tem caracteriacutesticas peculiares a cronologia se confunde e sua narrativa segue o caminho traccedilado pela sua mente num vai-e-vem luacutedico e caracteriacutestico

A irreverecircncia de Maria Joseacute eacute marca registrada ldquoquando vem visita todo mundo me cumprimenta eles acham graccedila por-que eu sou assim muito pra frente saberdquo brincou dona Zezeacute Com 82 anos haacute 5 vive no Lar de Idosas onde moram cerca de 15 senhoras De prosa boa nos fez rir muitas vezes rememorou sua juventude os bailes sua paixatildeo pela danccedila de salatildeo pela costura bordado e pelo marido Moacir Siqueira que faleceu haacute alguns anos

A imagem do marido se confundia agraves vezes com a imagem do seu pai Ao falar de um se lembrava do outro como se ela visse no marido muito mais velho que ela a fi gura do pai protetor ldquoEle me tratava como uma crianccedila meu marido cuidou de mim como uma boneca assim como meu pairdquo rememorou Nascida em Araxaacute Maria Joseacute

morava no Grande Hotel da cidade onde conheceu seu marido que era contador Ela contou que Moacir vinha de Satildeo Paulo e se hospedava no Grande Hotel ldquoEle vinha de Satildeo Paulo para o garimpo em Estrela do Sul alugava a terra colocava os homens pra trabalhar e fi cava laacute de braccediladardquo disse entre gargalhadas Ficou satisfeita em falar do marido com uma piscada de olho comple-tou ldquoAh mas ele era bonito demais menina eu precisava te mostrar um retratinho dele parecia um artistardquo

Dona Zezeacute lembra com saudade do tempo em que era enfermeira e do cari-nho que tinha com as pessoas que cuidava ldquoSou assim ateacute hoje vocecirc tem que ver com as crianccedilas olha como sou com as crian-ccedilas grandes (se referindo a noacutes) eu abraccedilo acarinho e me perguntam com quem vocecirc aprendeu a ser tatildeo carinhosa A vida ensina pra gente muita coisardquo completou emocionada

Peacute-de-valsa dona Zezeacute fazia festa por onde passava ldquoSe natildeo tivesse uma velhinha vigiando a Zezeacute eu natildeo podia sair Gostava tanto de danccedilar que quando ia costurar fi cava me lembrando da danccedila a maacutequina ia pra laacute e pra caacute meu peacute ia no ritmo cos-turava o que natildeo devia Quando a gente ia no baile era eu chegar que comeccedilava a dan-ccedilar A primeira a chegar no salatildeo era eu mas natildeo tinha culpa porque os homens eacute que me chamavam pra danccedilar uairdquo disse orgu-lhosa entre risos

Muito vaidosa Maria Joseacute falou sobre sua coleccedilatildeo de acessoacuterios contou que natildeo podia ir em um baile com a mesma roupa o mesmo brinco o mesmo colar ou um anel nunca repetia um adorno e ainda hoje eacute assim ldquoEu gosto de me arrumar eacute a vida que eu levo Pra receber visita eu coloco uma roupa bonita Para receber vocecircs eu tomo um banho e passo uma maquiagem neacute Assim que eu sourdquo Apesar disso quando falamos em foto dona Zezeacute logo disse sor-ridente ldquoVai tirar minha foto Potildee laacute na roccedila de arroz pra espantar os bichosrdquo

Com tanta irreverecircncia dona Zezeacute daacute exemplo de personalidade esbanjando alegria Ao chegarmos no portatildeo de saiacuteda de braccedilos dados conosco dona Zezeacute perguntou

-Que dia vocecircs vatildeo voltar

Tardes de vai e vem

Foto Claudia Lapouble

Foto Amanda Lelis

Fotos Roberta Andrade

08-09 - idosos revisadaindd 208-09 - idosos revisadaindd 2 82809 115003 AM82809 115003 AM

O Ponto

10 bull Profi ssatildeoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

Editoras e diagramadoras da paacutegina Renata Valentim e Roberta Andrade

O ensino do jornalismo no divatildeEnquanto o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo cria comissatildeo para repensar a construccedilatildeo do conhecimento jornaliacutestico no seacuteculo XXI os jornais impressos enfrentam o desafi o de revisar sua vocaccedilatildeo

RENATA VALENTIM

6ordm PERIacuteODO

Na dinacircmica da era da infor-maccedilatildeo em que a internet se fi rma como o mais acessiacutevel mais veloz e mais democraacute-tico meio de transmissatildeo de informaccedilatildeo o jornalismo viu-se em crise de identidade Boa parcela dos estudiosos e prati-cantes da atividade jornaliacutestica sentiu-se ameaccedilada pela des-centralizaccedilatildeo da notiacutecia nesse novo meio o leitor agora eacute tambeacutem produtor de informa-ccedilatildeo Outra fragilidade reside na escassez das vagas do mercado que natildeo comporta os milhares de jornalistas receacutem-formados despejados pelas faculdades De acordo com dados de 2005 obtidos pelo Observatoacuterio Uni-versitaacuterio apenas 125 dos graduados em jornalismo con-seguem manter-se de peacute na car-reira A proliferaccedilatildeo das esco-las particulares de jornalismo

choca-se com o enxugamento das redaccedilotildees onde prevale-cem os chamados profi ssionais multimiacutedia que precisam ser capazes de produzir informa-ccedilatildeo para um grande nuacutemero de suportes

Neste cenaacuterio onde tam-beacutem satildeo incluiacutedas a queda da velha Lei de Imprensa e o polecircmico fi m da obrigatorie-dade do diploma para o exer-ciacutecio da profi ssatildeo no dia 17 de junho foi criada pelo MEC uma comissatildeo que estabeleceraacute as novas diretrizes curriculares dos cursos de jornalismo no Brasil Um dos fundadores da Escola de Comunicaccedilatildeo e Artes da USP professor Joseacute Marques de Melo preside o grupo res-ponsaacutevel por elaborar as pro-postas de mudanccedilas a serem implantadas nas escolas de jornalismo do paiacutes Aleacutem dele seis acadecircmicos e uma repre-sentante do mercado estatildeo incumbidos de ateacute o iniacutecio do segundo semestre apresentar o

balanccedilo das anaacutelises A neces-sidade de reforma segundo o ministro Fernando Haddad eacute ratifi cada pelos dados obtidos pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo cerca de 80 dos cursos de jornalismo satildeo considerados de baixa qualidade A inten-ccedilatildeo da comissatildeo eacute que as pro-postas sejam elaboradas por meio da participaccedilatildeo e opiniatildeo de sindicatos universidades e empresas de comunicaccedilatildeo emitidas nas trecircs audiecircncias puacuteblicas que foram realizadas entre marccedilo e maio deste ano ndash no Rio de Janeiro Recife e Satildeo Paulo respectivamente

Efeito placebo Apesar da pertinente preo-

cupaccedilatildeo em melhorar o ensino do jornalismo no Brasil as pro-postas delineadas pela comis-satildeo satildeo ainda desconhecidas e por isso mesmo carregadas de polecircmica Algumas sugestotildees anunciadas antes mesmo da realizaccedilatildeo da primeira audiecircn-

cia como a separaccedilatildeo do jorna-lismo da Comunicaccedilatildeo Social dividem profi ssionais e aca-decircmicos Como uma forma de ampliaccedilatildeo do debate para aleacutem das audiecircncias ndash que restringi-ram a participaccedilatildeo de alguns segmentos importantes na dis-cussatildeo como os estudantes ndash o professor Joseacute Marques de Melo tem procurado expor alguns dos posicionamentos da comis-satildeo em palestras e entrevistas pelo paiacutes Durante o programa Observatoacuterio da Imprensa do dia 26 de maio ele explicou que o grupo natildeo pretende apresen-tar um novo curriacuteculo ldquoNossa funccedilatildeo eacute examinar as matrizes para nossas escolas e universi-dades Eu defendo particular-mente que o curriacuteculo eacute uma competecircncia da universidade Noacutes teremos de buscar dire-trizes curriculares que sejam consensuais em relaccedilatildeo agrave for-maccedilatildeo do novo jornalista mas deixar agrave universidade liberdade de accedilatildeo Se uma universidade quer oferecer um curso de gra-duaccedilatildeo para repoacuterteres e um curso de poacutes-graduaccedilatildeo para editores isso eacute um direito que a universidade tem e pode fazerrdquo defende

O resgate do selfO presidente da comissatildeo

eacute tambeacutem categoacuterico ao tratar da separaccedilatildeo da personalidade do jornalista contemporacircneo Segundo ele a sociedade bra-sileira necessita tal como pre-cisa de profi ssionais da notiacutecia especializada de jornalistas generalistas bem formados de que sejam capazes de se diri-gir efi cientemente para toda a populaccedilatildeo e de interpretar a realidade de forma mais ampla ldquonoacutes temos um paiacutes com 200 milhotildees de habitantes e 10 milhotildees de exemplares diaacuterios de jornais lidos Precisamos na verdade fazer jornal para quem natildeo lecirc jornal para aqueles que estatildeo agrave margem da cultura jor-naliacutesticardquo diz

Marques de Melo ressaltou tambeacutem que do ponto de vista da organizaccedilatildeo curricular haacute uma certa confusatildeo quando se trata de mateacuterias teoacutericas e praacuteticas ldquoEu acho que o que faz falta no jornalismo natildeo satildeo mateacuterias praacuteticas para elas temos bons laboratoacuterios O que faz falta satildeo as mateacuterias teoacuteri-cas E natildeo chamo de teoacutericas a sociologia a histoacuteria Isso diga-mos eacute o conteuacutedo humaniacutestico

Eu gostaria de ter mais mateacuterias que dessem conta das questotildees eacuteticas das questotildees morais O que temos eacute um excesso de aulas de teoria da comunica-ccedilatildeo de sociologia da cultura cuja aplicaccedilatildeo eacute descolada do jornalismo Precisa haver uma integraccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica jornaliacutesticardquo afi rma

Mas ainda com a iniciativa de avaliar a si mesmo o mal-es-tar de algumas questotildees sobre a identidade do jornalismo ainda permanecem turvas como eacute o caso da vocaccedilatildeo do jornalismo como negoacutecio e como serviccedilo de utilidade puacuteblica traccedilos contraditoacuterios que se chocam no interior da academia cau-sando estranheza nas salas de aula Essa feiccedilatildeo esquizofrecircnica foi detectada durante inves-tigaccedilotildees feitas pelo grupo de pesquisa ldquoA imagem do pen-samento e o ensino do jorna-lismordquo realizada por estudantes de jornalismo da Universidade Fumec e coordenada pelos professores Rodrigo Fonseca e Claacuteudia Chaves Em entrevistas feitas com os coordenadores dos principais cursos de jornalismo privados de Belo Horizonte os alunos registraram unacircnime constrangimento ainda que velado ao questionarem a pre-senccedila das disciplinas teacutecnicas nas grades curriculares como se fossem dignas de condena-ccedilatildeo O desejo de formaccedilatildeo do ldquoagente social criacuteticordquo tambeacutem eacute maioria absoluta no discurso dos entrevistados desta vez sem constrangimento ldquoA gente percebe tanto na avaliaccedilatildeo das entrevistas quanto no cotidiano das aulas que eacute elogioso falar do jornalismo dessa maneira con-denando as disciplinas praacuteticas Mas fi co confuso em pensar em como seraacute depois da forma-tura quando tiver que atuar no mercadordquo diz Frederico Porto um dos alunos envolvidos na pesquisa A resposta para esse questionamento existencial cada vez mais frequumlente no ter-reno dos discentes foi sugerida por Marques de Melo desta vez no programa Rede Miacutedia da Rede Minas realizado em 30 de marccedilo Ele acredita que a formaccedilatildeo do jornalista deve estar voltada para o mercado mas alerta ldquoa universidade tem que estar aleacutem do mercado Natildeo pode soacute estar atrelada agraves exigecircncias do mercado tem de estar tambeacutem atrelada agraves exi-gecircncias da sociedaderdquo

Fotomontagem faz referecircncia ao quadro O Grito do pintor norueguecircs Edward Munch

Ilustraccedilatildeo Roberta Andrade - 6ordm periacuteodo

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Profi ssatildeo bull 11Editoras e diagramadoras da paacutegina Renata Valentim e Roberta Andrade

A crise de identidade natildeo estaacute restrita ao conhecimento

que possibilita a produ-ccedilatildeo jornaliacutestica a dis-tribuiccedilatildeo de conteuacutedo tambeacutem vecirc-se impressa por outros suportes e rit-mos ditados por novas formas de consumo de informaccedilatildeo O jornalismo

impresso que jaacute rivalizou com o raacutedio e com a televisatildeo no

seacuteculo passado hoje concorre com a veloci-dade com a alta interatividade com o enorme alcance e sobretudo com o baixo custo da produccedilatildeo de notiacutecia para a internet e demais suportes digitais

Rogeacuterio Ortega acredita que chegaraacute o dia em que natildeo compensaraacute mais imprimir papel para fazer jor-nal ldquoSoacute que ningueacutem sabe quando vai ser ndash e a respon-saacutevel por isso eacute a publicidade Natildeo tenho dados atu-alizados mas ateacute onde sei no Brasil o faturamento publicitaacuterio dos veiacuteculos impressos eacute muitiacutessimo maior que o dos online Nos EUA jaacute natildeo eacute esse o panoramardquo diz Laacute os sinais de mudanccedila parecem mais concretos No mecircs de maio o criador do site Amazon Jeff Bezos e o presi-dente do jornal Th e New York Times Arthur Sulzberger Jr lanccedilaram o Kindle DX uma versatildeo com tela expandida do e-reader proje-tado originalmente para leitura de livros aca-decircmicos vendidos no site de Bezos A expansatildeo da tela ndash que agora tem 246 centiacutemetros na dia-gonal ndash tem o propoacutesito de tornar mais confor-taacutevel a leitura do jornal Os empreendedores do lanccedilamento apostam no aparelho como res-posta viaacutevel agrave crise da imprensa americana que

viu a circulaccedilatildeo de seus jornais cair draacutesticos 46 em apenas seis meses em 2008 ldquoComo vai ser quando as geraccedilotildees que lecircem tudo na internet desde o comeccedilo forem hegemocircnicas Quando o mercado perceber isso e comeccedilar a achar que anunciar em jornal natildeo com-pensa mais a lsquomudanccedila de suportersquo do papel para os meios digitais estaraacute proacutexima O que natildeo signifi caraacute lsquoextinccedilatildeorsquo dos jornais eles devem continuar a existir de outro modordquo considera Ortega

O Brasil tambeacutem foi afetado pela crise fi nanceira dos impressos A Gazeta Mercantil jornal dedi-cado ao segmento econocircmico com quase 90 anos em atividade vive um periacuteodo criacutetico A Editora JB SA anunciou no uacuteltimo mecircs a devoluccedilatildeo do jor-nal Gazeta Mercantil para seu antigo proprietaacuterio o

empresaacuterio Luiz Fernando Levy o que pocircs a vida do veiacuteculo em risco a circulaccedilatildeo do jornal foi interrom-pida no dia 29 de maio No entanto Levy afi rmou em nota agrave imprensa que a suspensatildeo da circulaccedilatildeo eacute momentacircnea

Palestrantes do Foacuterum de Debates 1ordf Terccedila promo-vido pelo Sindicato dos Jornalistas Profi ssionais de Minas Gerais os professores Seacutergio Amadeu da Faculdade Caacutes-per Liacutebero e Geane Alzamora da PUC Minas pondera-ram sobre os impactos da internet na praacutetica jornaliacutestica no uacuteltimo dia 2 de junho Amadeu durante sua exposiccedilatildeo sobre o tema disse acreditar que a maioria das universi-dades natildeo estaacute apta a formar o jornalista na era da infor-maccedilatildeo Explicada por ele como meio onde predomina a liberdade e a quebra da hierarquia na produccedilatildeo e dissemi-naccedilatildeo de informaccedilatildeo a internet desafi a os meios tradicio-nais por dar menos importacircncia ao capital porque eacute capaz de oferecer conteuacutedo a custo quase zero ldquoNa internet natildeo eacute difiacutecil falar o difiacutecil eacute ser ouvidordquo diz Alzamora que desde meados dos anos de 1990 ndash natildeo coincidecircncia o iniacutecio da popularizaccedilatildeo da web ndash estuda o cruzamento jornalismo x internet afi rma que a vocaccedilatildeo do jornalismo na rede estaacute no formato colaborativo Nichos como os sites OhMyNews

e Overmundo satildeo demonstraccedilotildees claras de que ldquoa versatildeo mais atualizadardquo do profi ssional da notiacutecia atuaraacute como um gerenciador das interaccedilotildees feitas na rede

No balanccedilo do divatilde resta a dica a palavra-chave parece ser a reciclagem Tal como a proacutepria inter-

net que tem sua forma e conteuacutedo renovados a todo o tempo porque estaacute sujeita ao exame dos

interagentes o jornalismo e seus profi ssionais precisam examinar-se e reconfi gurar-se para acompanhar o fl uxo da informaccedilatildeo Como diz o fi loacutesofo Charles Sanders Peirce ldquoas palavras

aprendem com o tempordquo E o jornalista aprenderaacute na lida com elas novos caminhos

m queer jor-spon-s atu-ento

o

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naccedilatildeonais pde ofeeacute difiacutecmeadpopuinternno for

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O mal-estar do impresso

O Ponto Como vocecirc vecirc o ensino do jornalismo hoje no paiacutes

Rogeacuterio Ortega Vejo pelo contato com jornalis-tas receacutem-formados que o panorama natildeo mudou muito em 20 anos ndash a natildeo ser pela possibilidade de em alguns cursos montar uma grade que resulta numa espeacutecie de curso de jornalismo em periacuteodo integral com disciplinas de outras faculdades Tam-beacutem me parece haver uma conversa mais produtiva da academia com as redaccedilotildees ndash no iniacutecio dos anos 90 era uma coisa muito ldquoa induacutestria cultural laacute e noacutes seres pensantes e criacuteticos aquirdquo Acho que natildeo haacute necessidade de um curso de jornalismo que dure quatro ou cinco anos e duvido que a comissatildeo do MEC da qual sei pouco ponha isso em questatildeo Eacute legal sim haver um lugar em que se possam abor-dar histoacuteria e teoria do jornalismo linguagem eacutetica jornaliacutestica etc Mas pra isso natildeo satildeo necessaacuterios quatro anos Jornalismo podia ser por exemplo soacute uma poacutes-graduaccedilatildeo Na minha opiniatildeo sairiam muito mais bem preparados

OP - A partir do seu contato com os ldquofocasrdquo (receacutem-formados em jornalismo) que chegam agrave Folha o que vocecirc percebe como a maior defi ciecircn-cia do jovem jornalista E o que poderia ser feito para corrigir essa defi ciecircncia

Os ldquofocasrdquo da Folha natildeo vecircm soacute de faculdades de jornalismo Quem sobrevive ao programa de treina-mento da Folha e chega agrave redaccedilatildeo tem bom texto e na maioria dos casos boa cultura geral Mas para quem saiu do curso de jornalismo faltam certos conheci-mentos especiacutefi cos que satildeo valiosos na hora de cobrir certos assuntos importantes e que a pessoa teria se por exemplo tivesse cursado direito ou economia Muita gente acaba aprendendo essas coisas na raccedila na lida ndash mas sofreria menos se as tivesse estudado antes

OP - A respeito das ferramentas digitais vocecirc acredita na afirmaccedilatildeo de que a internet estaacute atrofiando a praacutetica jornaliacutestica O jornalismo online merece a demonizaccedilatildeo que lhe tem sido atribuiacuteda

Acredito que pelo contraacuterio a internet abriu novas possibilidades Qualquer um pode escrever qualquer coisa na web a custo zero ou quase zero mas quem estaacute interessado em se informar vai procurar notiacutecias que sejam confi aacuteveis bem apuradas bem escritas Ou seja o feijatildeo-com-arroz de sempre da praacutetica jornaliacutes-tica soacute que online feito em ldquotempo realrdquo e atualizaacutevel Claro que em um jornal impresso haacute mais tempo para apurar confrontar versotildees descartar coisas que se revelem boatos No online pela proacutepria natureza do meio eacute muito mais faacutecil que o rumor a versatildeo natildeo

confi rmada informaccedilotildees incorretas textos mal escri-tos etc sejam colocados no ar Claro depois podem ser feitas atualizaccedilotildees e correccedilotildees mas de todo modo eacute difiacutecil aliar rapidez e precisatildeo

OP - Como vocecirc vecirc a utilizaccedilatildeo da blogosfera para a praacutetica jornalistica

Blog pode servir para tudo inclusive para jorna-lismo -e bom jornalismo acredito Mas por enquanto soacute as grandes empresas jornaliacutesticas -ou grandes por-tais- tecircm estrutura e dinheiro para mandar repoacuterteres fazerem coberturas dispendiosas e que demandem tempo Natildeo eacute uma aacuterea em que ldquoblogueiros inde-pendentesrdquo possam competir Ainda assim eacute uma descentralizaccedilatildeo da informaccedilatildeo que vejo com muito bons olhos No Brasil os meios de comunicaccedilatildeo satildeo concentrados ou estatildeo na matildeo de governos Eacute bom -saudaacutevel- poder fugir disso

O jornalismo na visatildeo do mercado

O redator de Primeira Paacutegina da Folha de S Paulo Rogeacuterio Ortega 38 eacute jornalista for-mado pela Escola de Comunicaccedilotildees e Artes da USP Com quase 18 anos de carreira ele daacute a sua visatildeo da comissatildeo formada pelo MEC mostra-se favoraacutevel agrave queda da exigecircncia do diploma e vecirc com bons olhos os desafi os trazidos pela internet

Rodrigo Z

avagli - 6ordm periacuteodo

Arquivo Pessoal

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O PoontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

12 bull Especial

10A NOSDA REDACcedilAtildeO

Em uma deacutecada foram 73 ediccedilotildees Apro-ximadamente 400 mil exemplares distribu-iacutedos Seis mudanccedilas de logomarca Quatro modificaccedilotildees graacuteficas Cinco coordenado-res e trecircs premiaccedilotildees recebidas duas em acircmbito nacional e uma internacional A primeira distinccedilatildeo conferida ao O Ponto foi em 2005 quando recebeu o tiacutetulo de melhor jornal laboratoacuterio do Brasil pela Pesquisa Experimental em Comunicaccedilatildeo (Expocom) considerado um dos mais importantes eventos cientiacuteficos nacionais Em 2006 outros dois precircmios na aacuterea de produccedilatildeo laboratorial vieram e O Ponto foi eleito o melhor jornal experimental de Minas Gerais e tambeacutem da Ameacuterica Latina levando o trofeacuteu Patildeo de Queijo de Notiacutecias (PQN) e uma medalha da Expo-comSUR pela notoriedade do trabalho jor-naliacutestico desenvolvido A medalha desta uacuteltima conquista cunhada em ouro e gra-vada com o nome e a localidade do evento (ExpocomSUR ndash Santa Cruz de La SierraBoliacutevia) ainda estaacute agrave mostra no quadro expositor de antigos e recentes exempla-res de O Ponto - escrito e planejado por trecircs geraccedilotildees de estudantes de jornalismo e tambeacutem por alunos de publicidade que jaacute desenvolveram interessantes peccedilas publicitaacuterias que marcaram a evoluccedilatildeo e a dinacircmica do jornal durante todos estes anos de atividades

Os trofeacuteus angariados tambeacutem deco-ram a mobiacutelia da redaccedilatildeo do jornal ndash onde coordenador monitores e voluntariados se debruccedilam diariamente sob o trabalho de apuraccedilatildeo produccedilatildeo supervisatildeo e revi-satildeo das pautas e mateacuterias criadas em um esforccedilo que visa dar continuidade qualita-tiva a este produto acadecircmico de renome criado e dirigido outrora pelos ex-alunos Hoje muitos deles profi ssionais bem sucedidos que fazem questatildeo de salientar quando questionados a infl uecircncia que a participaccedilatildeo em O Ponto como monitores e voluntaacuterios exerceu na vida profi ssional posteriormente

Em entrevista para esta reportagem comemorativa dos lsquodez anosrsquo todos os entrevistados (ex-alunos e monitores)

sem exceccedilatildeo foram nostaacutelgicos quanto agrave eacutepoca de estaacutegio e voluntariado no qual muitos fizeram sacrifiacutecios e estripulias para trazerem agrave tona um furo jornaliacutestico redigirem uma mateacuteria relevante e dia-gramarem da melhor forma o conteuacutedo que produziram ldquoAprendi a ser jornalista em O Ponto Aprendi a respeitar os cole-gas de trabalho e aprendi a cobrar e ser cobrado O Ponto me mostrou que com superaccedilatildeo conhecimento teacutecnico e liber-dade podemos fazer um bom jornalismordquo pontua Frederico Wanderley ex-aluno da Fumec e integrante da primeira turma de jornalismo da Universidade

Ernesto Braga ex-monitor do jornal tambeacutem ressaltou em entrevista a impor-tacircncia da experiecircncia vivenciada no jornal laboratoacuterio para o ofiacute-cio da profi ssatildeo ldquoO Ponto foi fundamen-tal para mim Embora a realidade de uma redaccedilatildeo de jornal diaacuterio seja completamente diferente ndash mais corrida e tensa ndash do ponto de vista do dead line As noccedilotildees de produccedilatildeo reportagem fotografi a e ediccedilatildeo apreendidas em O Ponto me permitiram compreender um pouco mais sobre o processo de fazer jornal () Meu portifoacutelio foi exatamente as mateacuterias que fi z para O Pontordquo admite

Portanto independente dos marcos citados e de outras cifras e estatiacutesticas do jornal a relevacircncia de O Ponto no espaccedilo acadecircmico nestes dez anos de existecircncia se daacute por outras razotildees o jornal eacute primordial-mente um instrumento praacutetico um meio de experimentaccedilatildeo teoacuterico-praacutetica dos alunos que visa munir o estudante de experiecircncias relevantes que possam ser um diferencial na hora de se introduzir na realidade da profi s-satildeo ndash que requer muita perspicaacutecia ousa-dia e estilo para se destacar Aleacutem disso O Ponto eacute um veiacuteculo que surgiu de uma pro-posta pedagoacutegica e jornaliacutestica consistente e aguerrida que propiciou notaacuteveis reper-cussotildees para o curso e claro ensinamentos

frutiacuteferos para os estudantes que souberam e sabem usufruir ainda das possibilidades que o jornal se predispotildee a dar atraveacutes da praacutetica e do trabalho

De acordo com o Projeto Poliacutetico Peda-goacutegico do curso de Comunicaccedilatildeo Social O Ponto lanccedilado em junho de 1999 tinha e ainda tem como premissa se prestar a ser atraveacutes do trabalho dos alunos e sob coor-denaccedilatildeo criteriosa dos professores um veiacuteculo de ldquojornalismo de conversaccedilatildeordquo em contraposiccedilatildeo ao jornalismo puramente informativo factiacutevel feito pela imprensa

convencional A proposta era lanccedilar um impresso ndash e sua periodicidade (men-sal) permite que isto seja possiacutevel - que debatesse com mais profundidade os paradigmas sociais explo-rando e adentrando mais nas complexidades de cada acontecimento na comuni-dade regional e internacio-nal incitando discussotildees relevantes para o puacuteblico leitor

A proposta era natildeo soacute falar por exemplo sobre o

paacutereo entre dois candidatos de uma elei-ccedilatildeo municipal em Belo Horizonte ou onde quer que fosse Mas sim criticar se neces-saacuterio a forma como os embates poliacuteticos ou a falta deles se datildeo em plena eacutepoca eleitoral como mostrou a reportagem ldquoDisputa eleitoral sem disputardquo ndash publi-cada em O Ponto em setembro de 2006

O objetivo do projeto pedagoacutegico eacute evi-denciar problemas relegados ao esqueci-mento como por exemplo a inadimplecircncia do Governo de Minas Gerais para com os problemas ambientais (hiacutedricos) do Estado como fez os ex-alunos Pedro Blank e Ernesto Braga na reportagem do ano de 2000 ldquoDes-caso Mata o Rio das Velhasrdquo ldquoUma mateacuteria que repercutiu muito () virando inclusive editorial do jornal Estado de Minasrdquo con-forme relembra o proacuteprio autor da mateacuteria Ernesto Braga O jornalista ainda ressaltou ldquoo engraccedilado desta mateacuteria eacute que sem saber que O Ponto tinha uma tiragem de quatro mil exemplares e pensando que ele circu-lava apenas na faculdade uma das fontes

O Ponto estaacute completando uma deacutecada de jornalismo laboratorial Para comee alunos que participaram da criaccedilatildeo do jornal para resgatar um pouco da su

ldquoO Ponto foi fundamental para

mim ()embora uma redaccedilatildeo de jornal

diaacuterio seja diferenteMeu portifoacutelio foi

exatamente as mateacuterias que fi z para O

PontordquoErnesto Braga ex-monitor

12-16 - 10 anos O Pontoindd 112-16 - 10 anos O Pontoindd 1 82809 123340 PM82809 123340 PM

O Poonto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Especial bull 13

(da mateacuteria) desceu o cacete no Estado E com a repercussatildeo ele (a fonte) ligou para o coordenador alegando que natildeo tinha falado aquilo que tinha sido publicado pedindo retrataccedilatildeo Ele esteve entatildeo na faculdade e ouviu toda a gravaccedilatildeo da entrevista no estuacute-dio da raacutedio e natildeo teve mais o que contes-tarrdquo recorda Braga

Portanto a intenccedilatildeo de O Ponto foi e ainda eacute publicar e propor assuntos que pos-sam render refl exotildees audaciosas que per-mitam ao leitor extrapolar o senso comum e os pensamentos instrumentais alcanccedilando o campo das ideacuteias criacuteticas e producentes do ponto de vista social que tenham propoacutesitos de mobilizaccedilatildeo e desalienaccedilatildeo das pessoas em geral Seja em forma de denuacutencia em uma grande reportagem em forma de traccedilo como na charge que prima pelo tom criacutetico e irocircnico ou nas mateacuterias e notas que repor-tam acontecimentos e eventualidades desco-nhecidas mas impor-tantes para a dinacircmica da sociedade seja no campo econocircmico poliacutetico ou cultural

Satildeo dez anos de accedilatildeo estudantil em todas as etapas produtivas do jornal desde a criaccedilatildeo de pautas ateacute a distri-buiccedilatildeo do jornal

Dez anos de tentativas Acertos erros aprendizagem e repercussotildees Polecircmicas e alguns deslizes

Haacute uma deacutecada O Ponto vem prestan-do-se a ser para os alunos um instrumento de aprendizagem e lapidaccedilatildeo profi ssional E apesar dos altos e baixos que toda ati-

vidade laboratorial implica o desafi o tem sido cumprido

Difi culdades teacutecnicas problemas entre alunos ndash editores e repoacuterteres - no cum-primento do prazo na entrega de mateacuterias alguns detalhes estruturais com relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo do jornal entraves de uacuteltima hora fotografi as infograacutefi cos e diagrama-ccedilotildees pendentes incompletas ou inapro-priadas fazem parte da rotina da produccedilatildeo de O Ponto Como em qualquer outra reda-ccedilatildeo de laboratoacuterio E satildeo exatamente esses desafi os que permitem agravequeles alunos que se doam agrave praacutetica colaborativa como repoacuter-teres voluntaacuterios e monitores do jornal descobrir suas aptidotildees capacidades e tam-beacutem a aprimorarem teacutecnicas e adquirirem conhecimento ainda desconhecidos

O iniacutecio o fi m e o meioNeste intertiacutetulo consta

uma informaccedilatildeo de cunho histoacuterico sobre O Ponto Esta frase ndash O iniacutecio o fi m e o meio que parece estar com a loacutegica inver-tida foi o primeiro e uacutenico slogan que o jornal teve Joatildeo Henrique Faria que trabalhou como consul-tor na criaccedilatildeo do curso de Comunicaccedilatildeo Social na

Fumec entre 1996 e 1997 e tambeacutem como coordenador em 1998 ndash logo quando o curso foi fundado - relata que o slogan surgiu de um concurso interno lanccedilado para alunos e que visava dar uma identidade ideoloacutegica e esteacutetica para o jornal que juntamente agrave raacutedio foram os primeiros laboratoacuterios do curso de Comunicaccedilatildeo a entrarem em fun-

cionamento Foi neste periacuteodo de inaugura-ccedilatildeo do curso que surgiu a marca O Ponto e o distintivo publicitaacuterio ldquoo iniacutecio o fi m e o meiordquo para o impresso

O slogan faz referecircncia agrave letra de muacutesica ldquoGitardquo do compositor Raul Seixas para enfatizar a proposta editorial do veiacute-culo - a ordem de disposiccedilatildeo das repor-tagens naquela eacutepoca no interior jornal O acutemeio` portanto eram as paacuteginas res-guardadas para as editorias referentes a assuntos institucionais ndash da universidade e tambeacutem para os assuntos que versavam sobre os proacuteprios meios de comunicaccedilatildeo ndash cobertura atuaccedilatildeo das miacutedias eventos e paradigmas ndash tudo no miolo do impresso O acutefim` era o espaccedilo reservado no jornal para as mateacuterias de poliacuteticas puacuteblicas sendo a sociedade a principal interessada e a proacutepria finalidade das reportagens e O Ponto o proacuteprio lsquofimrsquo O acuteiniacutecio` final-mente eram mateacuterias sobre variedades que falavam sobre questotildees gerais - curio-sidades entretenimento opiniotildees Este estilo de iacutendice e de divisatildeo do jornal durou dois anos desde o lanccedilamento ateacute que reformulaccedilotildees graacuteficas resultaram na retirada do slogan de layout de O PontoMudanccedilas compreensiacuteveis tratando-se de um jornal laboratoacuterio que prima pela experimentaccedilatildeo e inovaccedilatildeo

Um nome de impactoA democracia que foi sempre uma

maacutexima no funcionamento do laboratoacuterio de jornalismo impresso ndash todos os alunos sem exceccedilatildeo do 1ordm ao 8ordm periacuteodo devem e podem escrever ndash esteve presente tambeacutem no concurso que deu nome ao jornal O nome O Ponto foi criado pelo ex-aluno de

Editor e diagramador da paacutegina

10A NOSomemorar esse feito nossa equipe de reportagem ouviu os primeiros monitores a sua histoacuteria precircmios conquistados mateacuterias de repercussatildeo e mudanccedilas graacutefi cas

Da esquerda para a direita os ex-monitores Ernesto Braga Pedro Blank e Frederico Wanderley do Ponto para as redaccedilotildees

ldquoCriei (o nome) O Ponto pensando no sentido ortograacutefi co e ao mesmo tempo no signifi cado da palavra como ponto de vistardquo

Faacutebio Santos ex-aluno

12-16 - 10 anos O Pontoindd 212-16 - 10 anos O Pontoindd 2 82809 123341 PM82809 123341 PM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

14 bull Especial Editor e diagramador da paacutegina

19991999 2000 2004

Esta mateacuteria assinada pelos ex-alunos Ernesto Braga e Pedro Henrique Blank denunciou a poluiccedilatildeo no Rio das Velhas A partir da constataccedilatildeo de que 90 da carga poluidora lanccedilada no rio era proveniente da coleta dos esgotos domeacutesticos ldquoNa eacutepoca o entatildeo superintendente do jornal Estado de Minas Eacutedison Zenoacutebio publicou uma nota em sua coluna no jornal parabenizando pela mateacute-riardquo recorda o professor Rogeacuterio Bastos

Em ldquoAnunciou virou mancheterdquo o aluno Pedro Penido criticou a cobertura da imprensa entorno do deacutefi ct zero e a publicidade do governo do Estado sobre esse fato estampada nos trecircs jornais da capital Jaacute ldquoA imprensa errourdquo eacute uma criacutetica ao comportamento da imprensa na cobertura de um assassinato no Edifiacutecio JK O trabalho dos repoacuterteres Sinaacuteria Ferreira e Guilhermo Tacircngari pautou uma discussatildeo no Brasil das Gerais da Rede Minas Sinaacuteria Ferreira monitora na eacutepoca foi uma das participantes do programa

O Ponto eacute lanccedilado O impresso vem entatildeo ao mundo em for-mato Standard 315 mm x 560 mm papel jornal

jornalismo Faacutebio Santos que participou do processo seletivo do nome do jornal-laboratoacuterio do curso de Jornalismo da Fumec ldquoCriei acuteO Ponto` pensando no sentido ortograacutefico e ao mesmo tempo no signifi-cado da palavra como ponto de vistardquo

ldquoO Ponto eacute um nome de impacto Representa o acircngulo o lsquoxrsquo da questatildeordquo explica Joatildeo Henrique Faria que na ocasiatildeo participou do processo de escolha do nome O acutex` a que Faria se refere diz respeito a forma mais precisa de tratar um acontecimento Na seara jornaliacutestica consiste em diagnosticar o que de mais importante existe no fato esmiuccedilar seus anteceden-tes e desdobramentos O objetivo eacute enfi m noticiar de forma complexa contextualizada sem contudo recair no erro de julgar fazer juiacutezo de valor sobre um determi-nado acontecimento

Porque mudar eacute precisoEm maio de 2009 foi lanccedilado o novo projeto graacutefi co

do jornal com draacutesticas mudanccedilas de formato estilo e tambeacutem de logomarca cujo grafi smo conteacutem agora um ponto dentro da letra ldquoordquo reforccedilando a marca do impresso em seu nome O novo logotipo do jornal O Ponto eacute meacuterito do aluno do 2ordm periacuteodo do curso de Design Graacutefi co da Fumec Giovanni Batista Cocircrrea vencedor do concurso de reformulaccedilatildeo do logotipo

do jornal ldquoUsei uma fonte parecida com a anterior e desenhei a primeira letra lsquoorsquo da palavra como um lsquopontorsquo aproveitando sua forma natural pois acredito que uma marca deve ser simples e ao mesmo tempo marcanterdquo explica

A nova reformulaccedilatildeo graacutefi ca coordenada pela pro-fessora Duacutenya Azevedo e que contou com dois volun-taacuterios ndash os alunos Roberta Andrade e Pedro Leone - foi desenvolvido no segundo semestre de 2008 com base em pesquisas bibliograacutefi cas

De forma geral a opccedilatildeo por migrar do formato Stan-dart (o antigo jornalatildeo ndash de 53 cm de altura por 297 de largura) para o Berliner (289 cm por 43 cm) veio da demanda de adequaccedilatildeo as transformaccedilotildees que o meio impresso vem passando no mundo e no Brasil dimi-nuiccedilatildeo do puacuteblico leitor em detrimento dos veiacuteculos digitais o que culminou na reduccedilatildeo dos lucros dos jornais e do pessoal ndash jornalistas nas redaccedilotildees O que acentuou a disputa entre os jornais pelo leitor gerando a necessidade de reinvenccedilatildeo dos layouts para capta-ccedilatildeo deste puacuteblico que estaacute migrando para os canais de notiacutecia instantacircnea na internet

Conforme explica a professora Duacutenya Azevedo o formato Berliner eacute economicamente mais vantajoso - sua impressatildeo eacute mais barata e desperdiccedila menos papel eacute um formato mais praacutetico de ser manuseado

e passiacutevel de se aproximar de um layout de revista tipo de impresso mais bem acabado esteticamente e benquisto Razotildees estas ndash economia esteacutetica e tipo de manuseio - que infl uenciaram na decisatildeo de reformu-lar O Ponto

ldquoO objetivo do novo formato eacute aproximar O Ponto do estilo magazine (revista) ateacute mesmo pela sua periodi-cidade mensalrdquo explica Roberta Andrade ldquoQueriacuteamos diminuir o formato preservando poreacutem a valorizaccedilatildeo do textordquo reforccedila Pedro Leone Assim optou-se por uma tipografi a mais espaccedilada e menor para compor um layout mais arejado modernordquo

Eacute nesta linha de atuaccedilatildeo mantendo as antigas pre-missas do curso de liberdade de atuaccedilatildeo democracia e de ensaios profi ssionais que O Ponto segue traccedilando sua trajetoacuteria no espaccedilo acadecircmico concomitante-mente a histoacuteria dos estudantes no curso Sempre tendo em mente que a credibilidade de um jornal pre-cisa ser renovada constantemente seja ele velho ou novo Tenha ele 10 ou 100 anos de existecircncia Seja ele profi ssional ou laboratorial pois o que deve ser exal-tado e cumprido eacute a seriedade do trabalho sem isen-ccedilatildeo de culpa e responsabilidade em caso de erros Pois o desafi o em qualquer um dos veiacuteculos ndash seja um jornal renomado ou universitaacuterio eacute reportar com eacutetica e pro-fi ssionalismo as informaccedilotildees prestadas ao leitor

Alguns marcos em 10 ANOS

Imag

ens r

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12-16 - 10 anos O Pontoindd 312-16 - 10 anos O Pontoindd 3 82809 34455 PM82809 34455 PM

O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Especial bull 15

2006

No fi nal de 2005 o jornal obteve outro rele-vante resultado um estudo sobre sua proposta editorial Os ex-alunos de jornalismo formados em 2005 Rafael Werkema e Renata Quintatildeo produziram o livro Jornal laboratoacuterio - uma pro-posta editorial criacutetica como parte do projeto de conclusatildeo de curso e dedicaram esta obra ldquoa todos os que veem O Ponto como espaccedilo para a formaccedilatildeo de agentes transformadores da socie-daderdquo Werkema declarou tambeacutem que este estudo abre refl exatildeo sobre a importacircncia do jornalismo impresso experimental que difere do modelo sisudo e congelado da grande imprensa

20092009Em janeiro de 2006 o jornal recebeu o precircmio Patildeo de Queijo de notiacutecias (PQN) Na eacutepoca a ex-coordenadora de O Ponto Ana Paola Valente fez a seguinte declaraccedilatildeo sobre o feito ldquoEsta eacute uma conquista coletiva construiacuteda principalmente pelos alunos que fazem o jornal e acreditam neste projetordquoEm maio o jornal foi eleito o melhor jornal laboratoacuterio da Ameacuterica Latina na III Mos-tra Internacional da Pesquisa Experimen-tal da Comunicaccedilatildeo EXPOCOM-SUR

2005

Para aleacutem das atividades ligadas ao produto impresso O Ponto tambeacutem se faz presente em vaacuterias iniciativas e eventos na Faculdade de Ciecircncias Humanas Uma dessas accedilotildees foi o debate poliacutetico entre os candidatos agrave Prefeitura de Belo Horizonte em 2008 Organizado pelos monitores de O Ponto e da Redaccedilatildeo Modelo e orien-tados pelos professores coordenadores o evento reuniu seis dos nove candidatos ao pleito no auditoacuterio Phoenix da Fumec no mecircs de setembro

Dois assuntos mar-caram a tocircnica do debate dos candida-tos as preocupaccedilotildees com educaccedilatildeo e com o transporte puacuteblico na capital mineira As inquietaccedilotildees estiveram presentes nas questotildees apresentadas pelos estudantes O auditoacuterio recebeu mais de 200 universitaacuterios

Compareceram ao evento os candi-datos Gustavo Valadares (DEM) Jorge Periquito (PRTB) Leonardo Quintatildeo (PMDB) Pedro Paulo (PCO) Seacutergio Miranda (PDT-PCB) e Vanessa Portu-gal (PSTU) Somente trecircs candidatos ndash Andreacute Alves (PT do B) Jocirc Moraes (PC do B) e Maacutercio Lacerda (PSB) ndash natildeo partici-

param e alegaram confl ito de agenda Os presentes elogiaram a organizaccedilatildeo

do evento e destacaram a importacircncia de se promover esclarecimentos poliacuteticos aos jovens jaacute que o tempo de duraccedilatildeo dos programas eleitorais na miacutedia natildeo era sufi ciente para informar os eleitores sobre os problemas da cidade bem como das propostas dos candidatos ao pleito

O envolvimento da equipe de O Ponto natildeo para por aiacute Em colaboraccedilatildeo com o Nuacutecelo de Estu-dos Escola da Ter-ceira Idade (Neeti) o laboratoacuterio assumiu tambeacutem no uacuteltimo semestre a diagrama-ccedilatildeo e fechamento do jornal Degrau publi-caccedilatildeo semestral dos alunos do curso que produzem crocircnicas poesias e outros tex-tos de cunho pessoal

Em momentos de polecircmica a ordem eacute arregaccedilar as mangas Apoacutes decisatildeo do Supremo Tribunal Federal no fi nal do primeiro semestre deste ano de por fi m agrave obrigatoriedade do diploma para o exer-ciacutecio profi ssional do jornalismo os moni-tores de O Ponto foram mobilizados para sair em campo e ouvir os profi ssionais do mercado sobre o impacto da decisatildeo na

vida dos atuais e futuros profi ssinais Como resultado da iniciativa foi pro-

duzido um viacutedeo com depoimentos de representantes da imprensa belo-hori-zontina tranquilizando os estudantes e avaliando como baixo o impacto da medida do STF na hora da contrataccedilatildeo prevalecendo a importacircncia de se ter um curso de formaccedilatildeo jornaliacutestica

Ensino de qualidadeO laboratoacuterio de jornalismo impresso

da Fumec prima tambeacutem pela qualidade do ensino As atividades de produccedilatildeo de cada ediccedilatildeo do jornal laboratoacuterio assim como a delimitaccedilatildeo dos papeacuteis dos par-ticipantes e colaboradores em cada uma delas satildeo todas executadas e coordena-das por estudantes Os alunos desde o primeiro semestre do curso satildeo estimu-lados a participar de O Ponto

As reuniotildees de pauta satildeo divulgadas para todo o corpo dicente de Jornalismo e coordenadas pela monitoria As suges-totildees de assuntos e enfoques para as mateacute-rias satildeo responsabilidade dos alunos que estatildeo cursando a disciplina Ediccedilatildeo II Eles assumem a ediccedilatildeo do jornal a cada semestre orientados pelo professor da disciplina e auxiliados pelos monitores

Quanto agrave apuraccedilatildeo das mateacuterias a reportagem pode ser executada por todos os periacuteodos A fotografi a tambeacutem eacute uma atividade preferencialmente dos alunos do curso Iniciativas de convergecircncia

tambeacutem satildeo praticadas pelos estudantes da Fumec como por exemplo em repor-tagem publicada na ediccedilatildeo nuacutemero 69 Intitulada ldquoEstudante vira gari por um diardquo a reportagem foi produzida para o impresso para a internet (Ponto Eletrocirc-nico) e em viacutedeo simultacircneamente Para isso uma equipe foi para as ruas executar a reportagem e no caso do repoacuterter tam-beacutem da coleta de lixo

A ediccedilatildeo do texto e a diagramaccedilatildeo satildeo executadas pelos alunos que estatildeo cur-sando Ediccedilatildeo II A revisatildeo fi nal do texto e do layout da paacutegina satildeo tarefas dos monitores e posteriormente o material eacute enviado para a graacutefi ca

O Jornal Laboratoacuterio O Ponto eacute na avaliaccedilatildeo do Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social da Universidade Fumec Seacutergio Arreguy o principal ins-trumento de experimentaccedilatildeo para o jor-nalismo impresso ldquoElaborado desde o projeto graacutefi co pautas apuraccedilatildeo e produ-ccedilatildeo de mateacuterias pelos alunos sob a super-visatildeo e coordenaccedilatildeo dos professores eacute o resultado de muito trabalho dedicaccedilatildeo e comprometimento de todos os envol-vidos materializado em um Jornal de excelente qualidade Refl exo de um curso seacuterio aprovado e reconhecido sobretudo pelo mercado de Belo Horizonterdquo

Aureacutelio JoseacuteCoordenador do Jornal-laboratoacuterio e

professor do curso de Jornalismo

Atividades vatildeo aleacutem da produccedilatildeo impressa

ldquoResultado de muito trabalho e

comprometimento o jornal eacute refl exo

de um curso seacuterio e reconhecido pelo

mercado de BHrdquoSeacutergio Arreguy coordenador do curso de Comunicaccedilatildeo Social

12-16 - 10 anos O Pontoindd 412-16 - 10 anos O Pontoindd 4 82809 34457 PM82809 34457 PM

O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

16 bull Especial

Com a palavra alguns ex-monitores

ldquoO meu

primeiro contato praacutetico

com o jornalismo ocorreu no Jor-

nal O Ponto Durante oito meses

como

monitor e nos quatro anos de curso

vivi cada

dia na redaccedilatildeo e pude ajudar a c

onstruir com

reportagens diagramaccedilotildees ou material fotograacutefi co

esse jornal que respeito muito por

ter me mostrado de

forma sincera alguns valores da mi

nha profi ssatildeo

As discussotildees interessadas que tive

mos naquela redaccedilatildeo

fi cam para toda a carreira juntame

nte com as boas pessoas

com as quais pude conviver nesse

periacuteodo Com o Ponto

percebi que o jornalismo antes de

escrever deve ldquoolharrdquo

para o mundo e buscar seu recorte

Por mais difiacutecil que

fosse terminar uma paacutegina sempre

compensava olhar para

ela impressa na pilha de jornais

no fi m do mecircs Esse

desafi o nos motivou e deve motivar

a cada diardquo

Enzo Menezes ex-monitor

ldquoDurante um ano e meio fui moni-

tora do jornal O Ponto podendo

adquirir muito conhecimento Mesmo

sendo um jornal mensal e por isso com-

posto de reportagens natildeo de notiacutecias pude

aprender sobre a rotina de uma redaccedilatildeo Aprendi

como nasce um jornal desde a reuniatildeo de pau-

tas o acompanhamento dos repoacuterteres e editores

revisatildeo das paacuteginas montagem da boneca o fecha-

mento ateacute o jornal impresso Comecei no jornal no

sexto periacuteodo entatildeo tive que apreender a editar

e diagramar uma paacutegina Ao mesmo tempo tambeacutem era

responsaacutevel pela ediccedilatildeo fi nal do jornal tendo que

colaborar com os demais alunos Foi muito grati-

fi cante fazer parte da equipe do jornal labora-

toacuterio foi um grande aprendizadordquo

Poliane Bosco ex-monitora

ldquoFui um dos primeiros monito-res do jornal e da 1ordf turma de jornalismo da Fumec Como na eacutepoca os repoacuterteres eram voluntaacuteriospassaacutevamos nas

salas chamando o pessoal Nas primeiras ediccedilotildees ateacute falavam que existia uma lsquopanelinharsquo porque as

mateacuterias eram sempre dos mesmos - eu o Ernesto Braga o Pedro Blank por exemplo porque era quem se interessava em escrever A mateacuteria que me marcou mais foi a primeira a primeira a gente nunca esquece (risos) Acho que o tiacutetulo era lsquoDe volta aos porotildees da loucurarsquo que saiu como manchete na primeira ediccedilatildeo e era sobre um manicocircmio em Barbacena O pessoal de psicologia ia fazer um estudo laacute e nos ofere-cemos para cobrir Vimos que a situaccedilatildeo do lugar era a mesma haacute 20 anos segundo um livro dos anos 80 sobre a instituiccedilatildeordquo

Murilo Rocha ex-monitor

ldquoA moni-toria foi uma experiecircncia

muito bacana pois foi a primeira vez que tive contato com a produccedilatildeo de

um jornal Tiacutenhamos a funccedilatildeo de editar mas tambeacutem faziacuteamos mateacuterias diagramaacutevamos tiraacute-

vamos fotos orientaacutevamos os repoacuterteres enfi m era uma trabalheira soacute Lembro-me de uma mateacuteria que fi z sobre salaacuterio miacutenimo (maio2001 14ordf ediccedilatildeo) e ganhou a manchete de O Ponto para minha surpresa Eu e o Daniel Bianchini na eacutepoca fotoacutegrafo e teacutec-nico do laboratoacuterio de fotografi a da Fumec subimos a favela para saber quantas eram e como viviam as

pessoas que recebiam um salaacuterio miacutenimordquo

Angeacutelica Diniz ex-monitora

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Foto arquivo O Ponto

12-16 - 10 anos O Pontoindd 512-16 - 10 anos O Pontoindd 5 82809 123353 PM82809 123353 PM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Esporte bull 17Editor e diagramador da paacutegina Rodrigo Zavaghli e Joatildeo Procoacutepio 6ordm periacuteodo

Domingo um dia em que a populaccedilatildeo de um paiacutes inteiro parou diante das tevecircs para assistir ao embate de duas equipes esportivas disputando o tiacutetulo nacional O vencedor vem estabelecendo uma supremacia invejaacutevel Eacute o maior ganha-dor da deacutecada e jaacute desponta como favo-rito para a proacutexima temporada Enfrenta apenas um desafi o manter o elenco para continuar competitivo em um ramo que movimenta milhotildees em dinheiro anualmente

Poderia estar falando do Brasil e o time citado poderia perfeitamente ser o Satildeo Paulo Mas a cena descrita se passa nos Estados Unidos o campeatildeo se chama Los Angeles Lakers e o esporte natildeo eacute o futebol mas sim o basquete Com uma atuaccedilatildeo impecaacutevel do cestinha Kobe Bryant os Lakers derrotaram o Orlando Magic em uma seacuterie melhor de sete jogos levantando o caneco pela quarta vez desde o ano 2000 Eacute o deacutecimo tiacutetulo do teacutecnico Phil Jackson em 15 da equipe de LA Somados a esses nuacutemeros 15 milhotildees de televisores americanos esta-vam ligados no jogo durante a exibiccedilatildeo e a movimentaccedilatildeo fi nanceira do esporte tambeacutem natildeo fi ca atraacutes das grandes trans-ferecircncias de jogadores brasileiros para o futebol europeu A estrela do basquete Shaquille OacuteNeil deve trocar de time por nada menos que 20 milhotildees de doacutelares -uma pechincha- Mostra-se assim que o basquete pode seguir uma foacutermula de sucesso da mesma forma que fazemos com o nosso esporte nacional

A liga americana eacute uma das mais assis-tidas no paiacutes e no mundo sendo transmi-tida para 42 paiacuteses e possui uma foacutermula diferente e atraente com fase de grupos os famosos mata-matas e divisotildees por conferecircncias tornando toda a temporada uma grande festa com direito inclusive agraves tradicionais e nada desejaacuteveis brigas de torcida

A NBBA Associaccedilatildeo Nacional de Basquete

dos Estados Unidos a NBA eacute o exemplo que o Brasil estaacute tentando seguir para reerguer o esporte no paiacutes A preocupa-ccedilatildeo eacute grande uma vez que por exemplo a equipe masculina nacional que jaacute con-tou com estrelas como Oscar Schmidt aleacutem de jogadores que hoje fazem fama no exterior como Leandrinho Nenecirc e Anderson Varejatildeo nem se quer conquis-tou vaga para disputar as duas uacuteltimas olimpiacuteadas Isso para um esporte em que o Brasil jaacute foi campeatildeo mundial no cada vez mais longiacutenquo ano de 1959 eacute sinal de crise

Mas o racha no basquete brasileiro natildeo envolve apenas o desempenho do time em quadra Nos uacuteltimos anos o que se viu foi um show de falta de organizaccedilatildeo por parte da Confederaccedilatildeo Brasileira de Basquete (CBB) que em 2006 natildeo con-seguiu promover o campeonato nacio-nal ateacute o fi m Faltou a fi nal e a histoacuteria

enveredou para a poliacutetica Os clubes paulistas insatisfeitos com a conjun-tura romperam com a confederaccedilatildeo e disputaram um torneio paralelo criado por eles em 2008 No preacute-oliacutempico do mesmo ano a seleccedilatildeo brasileira dispu-tou por vaacuterios motivos muitos deles obscuros com desfalque de todos os jogadores que disputavam a Liga Ame-ricana Perdeu

Insustentaacutevel por si soacute a nova aposta da CBB eacute o Novo Basquete Brasil A sigla NBB natildeo foi por acaso A semelhanccedila com a NBA eacute justamente o foco do novo torneio organizado pelos clubes com a chancela da Confederaccedilatildeo Eacute uma ten-tativa de reconciliaccedilatildeo dos times com a entidade dos jogadores com a seleccedilatildeo e por consequumlecircncia das torcidas com a quadra O formato traz turno returno e fase fi nal com mata-mata para defi nir semifi nalistas e fi nalistas A fi nal eacute deci-dida em no maacuteximo cinco partidas E que comece a campanha para as Olim-piacuteadas do Rio

OlimpiacuteadasQue o governo brasileiro estaacute em cam-

panha para sediar os Jogos Oliacutempicos de 2016 jaacute estaacute claro para todo mundo O que acontece nas entrelinhas poreacutem eacute um esforccedilo coletivo por parte da miacutedia do governo e de todo o setor esportivo em geral em alavancar o esporte no paiacutes Desmistifi car a conversa de que aqui soacute o futebol presta Eacute bom para os clubes bom para os cofres puacuteblicos e bom para as empresas privadas fora a melhoria na imagem do paiacutes laacute fora Para se ter uma ideia o Pan do Rio gastou cerca de sete milhotildees de reais em uma soacute cidade Jaacute a reforma do Maracanatilde palco da fi nal da copa de 2014 tem orccedilamento pre-visto em ateacute 1 bilhatildeo Eacute muito dinheiro envolvido e logicamente muita gente interessada

O NBB se torna claramente mais uma peccedila nesse complexo tabuleiro aonde o objetivo eacute vender o Brasil como paiacutes do esporte Ronaldo Adriano Fred fora outras movimentaccedilotildees de grandes estrelas do esporte nacional que retor-nam ao paiacutes mostram que aos poucos estamos tentando construir uma cultura esportiva o que nos encaixa como uma luva na candidatura para as olimpiacuteadas

A verdade eacute que temos um longo caminho a percorrer O Rio de Janeiro jaacute ateacute possui um esqueleto de estrutura eacute verdade feita nos Jogos Pan Ameri-canos de 2006 e pretende ampliar o investimento com a Copa do Mundo de futebol mas a incompatibilidade ainda eacute latente Falta resolver o problema da seguranccedila puacuteblica A reforma do estaacute-dio do Maracanatilde jaacute tem orccedilamento mas natildeo tem quem pague E o que sinaliza o desespero para ser capaz de receber um evento desse porte eacute a corrida das cidades sede da Copa de 2014 Das 12 cidades sede todas com planejamentos astronomicamente caros para a compe-ticcedilatildeo apenas uma ndashBrasiacutelia- declarou de onde viraacute o dinheiro

Formaccedilatildeo de baseO lado positivo de toda a politicagem

que envolve a corrida pelas olimpiacuteadas eacute a formaccedilatildeo de novos atletas e de esco-linhas de base nos vaacuterios clubes do paiacutes Afi nal se por um lado esporte eacute fi nan-ceiramente um bom negoacutecio ele natildeo deixa de ser saudaacutevel e interessante para a sociedade A efi ciecircncia de escolinhas de esporte nas periferias em termos de estatiacutesticas de criminalidade aleacutem do trabalho seacuterio de dignidade e auto-estima que eacute feito na grande maioria dos casos por professores voluntaacuterios eacute inegaacutevel

O Mackenzie Esporte Clube tradi-cional formador de atletas de Belo Hori-zonte por exemplo usa suas escolinhas de esporte para segundo sua assessoria de imprensa auxiliar na educaccedilatildeo e inte-graccedilatildeo social de crianccedilas e jovens Aleacutem dos clubes escolas particulares ou seja com verbas como o Coleacutegio Santo Agos-tinho realizam projetos sociais para pro-mover a integraccedilatildeo e dignidade atraveacutes do esporte Exemplo disso era o time de vocirclei Sada Betim hoje Sada Cruzeiro que enquanto ainda associado agrave prefeitura da cidade e usando suas dependecircncias abria portas para jovens da periferia para integrar suas escolas baacutesicas do esporte

Estrutura para tais iniciativas eacute o que natildeo falta O Minas Tecircnis clube de maior destaque no cenaacuterio esportivo mineiro eacute o detentor de uma das mais invejaacuteveis estruturas esportivas do paiacutes Eacute o exem-

plo de que eacute possiacutevel dar suporte para for-mar equipes competitvas em vaacuterios espor-tes Finalista da Superliga de vocirclei clube de formaccedilatildeo do medalista pan americano Th iago Pereira da nataccedilatildeo medalista oliacutempico do judocirc com Ketleyn Quadros e semifi nalista da NBB com a equipe de basquete Conquistas que geram pergun-tas Eacute possiacutevel estender tamanho sucesso para a populaccedilatildeo em geral O Brasil seraacute capaz de utilizar o potencial que tem de mobilizar a sociedade por causas tatildeo inte-ressantes quanto o esporte para alavan-car os setores prejudicados de seu povo ou vai jogar todos os problemas e todas as desculpas por suas falhas sob o grande guarda-chuva da beleza do esporte Seraacute as Olimpiacuteadas uma oportunidade para o sucesso ou mais uma grande farra para os poliacuteticos e para a miacutedia

O Novo Basquete Brasil pode ser parte da resposta O objetivo principal do tor-neio eacute revigorar o esporte atrair o puacuteblico de volta e recolocar o basquete brasileiro em niacuteveis oliacutempicos para em seu obje-tivo secundaacuterio apoiar a campanha para o Rio 2016 Se der certo bom para o Bra-sil Ganha em notoriedade em trabalho bem feito e abre um leque de esperanccedilas para os projetos que viratildeo Se der errado reforccedila a capacidade do brasileiro de fazer auecirc sem saber aonde vai dar E costuma dar em pizza Em obras superfaturadas em estrutura precaacuteria e em novas festas como mensalotildees castelos e farras aeacutereas em geral

O Novo Esporte BrasilFinal do Novo Basquete Brasil levanta a discussatildeo das poliacuteticas esportivas no Brasil

PEDRO LEONE

6ordm PERIacuteODO

Foto Divulgaccedilatildeo

Minas e Flamengo em jogo realizado na arena da Rua da Bahia

17 - novo esporte brasilindd 117 - novo esporte brasilindd 1 82809 115027 AM82809 115027 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

18 bull Entretenimento Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O que vocecirc acha que o CQC traz de novo para a TV brasileira

Rafi nha Bastos O CQC eacute um formato novo Soacute o fato de existir um formato novo numa televisatildeo tatildeo repetida porque os formatos se repetem muito na televisatildeo a novela do SBT eacute igual a da Band que eacute igual a da Globo que eacute igual a da Record os telejornais tambeacutem satildeo parecidos os programas de auditoacuterio Entatildeo soacute o fato de ser um programa diferente um formato de televisatildeo diferente jaacute eacute uma novidade Eu acho que eacute isso que o CQC traz

OPComo vocecirc entende a junccedilatildeo de ldquojornalismo e humorrdquo

RB Eu acho que o jornalismo eacute muito convencional Ele tem um formato muito especiacutefi co no Brasil haacute muito tempo Entatildeo o fato de a gente estar fazendo uma coisa mais bem humorada vem quebrar um pouco com esses paradigmas que satildeo muito estabelecidos do jornalismo A gente estaacute fazendo de uma maneira diferente de fazer o jornalismo Eu acho interessante a receptividade que eu tenho tido com as mateacuterias laacute do ldquoProteste Jaacuterdquo Satildeo muito legais o povo gosta e se sente representado Entatildeo eu acho que tem sido muito bom

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

RB Natildeo existe isso Eu sou contra esse negoacutecio de ldquohumor inteligenterdquo porque natildeo eacute porque o Tiririca faz um humor para o povatildeo que ele natildeo eacute inteligente Ele eacute um gecircnio aliaacutes entendeu Natildeo acho que a questatildeo eacute ldquointeligenterdquo Eu acho que a questatildeo eacute a seguinte o humor do CQC precisa de mais referecircncia O pessoal precisa conhecer um pouco das coisas que a gente estaacute falando estar um pouco informado sobre poliacutetica Talvez a pessoa que assiste ao CQC esteja atraacutes de um humor com mais informaccedilatildeo um humor mais criacutetico e o humor natildeo eacute tatildeo popular mas natildeo signifi ca que natildeo eacute mais inteligente do que o humor popular

OPVocecirc natildeo teme que o CQC caia na ldquomesmicerdquo

RB Eacute muito cedo para dizer ainda Muito cedo O que acontece eacute que os pro-gramas humoriacutesticos caem na mesmice e isso eacute estrateacutegico O ldquoNerson da Capi-tingardquo faz a mesma piada toda semana

porque as pessoas precisam entender a piada O povatildeo a galera ldquomassardquo precisa saber a hora que ela tem que rir Por isso que parece que eacute muito repetitivo Porque natildeo eacute um humor feito pra gente natildeo eacute um humor feito para a galera faculdade para a galera que tem um espiacuterito criacutetico um pouco mais aguccedilado Eacute para o povatildeo Eacute muito bem feito A tendecircncia do CQC natildeo eacute ir por esse caminho mas pode ser que ele se repita Isso eacute uma busca eterna

OPA experiecircncia da stand-up comedy contribui para a abordagem de suas fontes

RB O fato de eu ser comediante me ajuda Eu faccedilo um programa de humor hoje que por mais que tenha uma pegada jornaliacutestica eacute um programa de humor O objetivo dele eacute ser engraccedilado eacute ser divertido Tanto a minha formaccedilatildeo de jornalista quanto o meu trabalho de comediante estatildeo juntos ali quando eu estou na frente do viacutedeo

OPEm sua opiniatildeo onde podemos perceber o jornalismo no CQC

RB O quadro ldquoProteste jaacuterdquo eacute o quadro mais jornaliacutestico do programa Ele aborda os problemas levanta e vai atraacutes de soluccedilotildees conversa com os governantes Eu acho que esse eacute o quadro mais jornaliacutestico mas natildeo signifi ca que as mateacuterias de ldquobaladardquo natildeo sejam jornaliacutesticas Mas eu soacute acho que o mais parecido com o formato tradicional de jornalismo eacute o ldquoProteste Jaacuterdquo

OPComo vocecirc percebe a inserccedilatildeo da publicidade no programa Vocecirc acha que o excesso de propaganda pode pre-judicar a atraccedilatildeo

RB Eu acho que eacute feito de uma maneira muito suave Eacute algo inovador O que o CQC faz natildeo existe em nenhum outro programa A gente natildeo interrompe natildeo mostra nenhum produto ou merchan durante o programa Satildeo propagandas fei-tas com o proacuteprio elenco Entatildeo eu acho

que eacute diferente e o programa tem que se bancar Ele precisa ter publicidade

OPMas vocecirc natildeo acha que haacute uma quebra do discurso Por exemplo o Marcelo Tas chama uma mateacuteria ldquoredondardquo e faz menccedilatildeo a uma determi-nada marca de cerveja Quando manda a mateacuteria haacute um corte com outra propa-ganda entrando

RB Vocecirc natildeo acha isso muito melhor do que parar e falar assim ldquogente vamos falar de seguro sauacutederdquo e a pessoa sair Vocecirc tem que vender vocecirc tem que fazer publicidade Natildeo tem como O programa precisa se bancar de alguma forma Eu acho que a melhor maneira uma maneira interessante de fazer os merchans eacute da maneira como a gente faz Natildeo inter-rompe natildeo tem a ver com a mateacuteria natildeo estaacute no meio do conteuacutedo natildeo tem a ver com o conteuacutedo do programa estaacute sepa-rado Eu acho que eacute uma maneira tran-quila Se eacute a melhor maneira eu natildeo sei mas eu acho interessante

OPEm abril assessores de comuni-caccedilatildeo dos parlamentares se reuniram em Brasiacutelia para questionar a liberdade com que os repoacuterteres atuam no Con-gresso Nacional O diretor de comuni-caccedilatildeo da Cacircmara poreacutem afi rmou que natildeo alteraria as regras atuais e que cabia aos assessores explicar aos deputados como lidar com o tipo de jornalismo praticado pelos programas O CQC foi pivocirc desta atitude

RB O Congresso faz as leis dele O Congresso olha muito para o proacuteprio umbigo Natildeo existe nada que infl uencie diretamente as decisotildees do Congresso Eles decidem por eles mesmo Por isso que eles estatildeo em Brasiacutelia que fi ca a 500 km de Rio e Satildeo Paulo

OPVocecirc acha que os poliacuteticos satildeo alvo faacutecil para o humor Por quecirc

RB Eu acho que natildeo Eu acho que os poliacuteticos satildeo difiacuteceis porque satildeo uma concorrecircncia para os comediantes Os proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia entatildeo jaacute eacute muito difiacutecil vocecirc tirar sarro de algo que jaacute eacute engraccedilado As notiacutecias do ldquoJornal Nacionalrdquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQC Eacute mais difiacutecil ainda Eacute uma busca eterna para natildeo fi car se repetindo e natildeo fi car falando coisas que jaacute satildeo ditas por outros telejornais

Os bastidores do risoEm entrevista exclusiva Rafi nha Bastos repoacuterter do programa televisivo Custe o Que Custar (CQC) abre o jogo e conta como o humor eacute levado a seacuterio na atraccedilatildeo semanal na emissora Bandeirantes

Uma das cenas protagonizadas por Rafi nha Bastos no quadro ldquoProteste jaacuterdquo

ldquoOs proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia () As notiacutecias do lsquoJornal Nacionalrsquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQCrdquo

Rafi nha Bastos

AMANDA ARAUacuteJO

FLAacuteVIO CAMPOS

NATASHA MUZZI

8ordm PERIacuteODO

Belo Horizonte abril de 2009 Enquanto esperaacutevamos a reapresen-taccedilatildeo da peccedila ldquoArte do Insultordquo para realizar uma entrevista com o humo-rista Rafi nha Bastos marcaacutevamos quais seriam as principais perguntas que deveriam ser feitas considerando o pouco tempo que teriacuteamos dispo-

niacutevel nos bastidores do evento Casa cheia nervosismo em alta muita gente querendo conversar e chamar a atenccedilatildeo do ldquohomem de pretordquo do programa CQC Difiacutecil tarefa eacute con-seguir uma entrevista quando se eacute apenas estudante Mas conseguimos o acesso e a conversa se estendeu por bem mais tempo do que esperaacuteva-mos Nosso objetivo era questionar o apresentador e repoacuterter sobre a jun-ccedilatildeo entre jornalismo e humor presen-tes no programa por ele apresentado

a fi m de somar ao nosso trabalho de conclusatildeo de curso que apresentava a mesma discussatildeo Em maio de volta agrave mesma casa de espetaacuteculos nos encontramos com o tambeacutem repoacuterter da atraccedilatildeo Danilo Gentili com cer-teza bem mais afi ados e preparados para a sarcaacutesticas intervenccedilotildees do humorista

De forma descontraiacuteda fomos recebidos pelas duas grandes fi guras do Stand-up Comedy e agora ldquoastrosrdquo do irreverente CQC que toparam

falar sobre o jornalismo do programa liberdade de imprensa poliacutetica e claro humor Aleacutem de compor a bancada do programa Rafi nha Bastos eacute jornalista e comediante apresentando espetaacuteculos de improviso por todo o paiacutes Publicitaacuterio e humorista Danilo Gentilli foi um dos fundadores da comeacutedia ao vivo na capital paulista O resultado deste inusitado e divertido bate-papo com os dois repoacuterteres vocecirc confere agora em entrevistas editadas especialmente para O Ponto

Foto Divulgaccedilatildeo

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Entretenimento bull 19Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O ano de 2008 rendeu ao CQC nove precircmios Quatro deles somam como melhor programa de humor eou como melhor produccedilatildeo humoriacutestica Porque vocecirc acha que a miacutedia ainda natildeo premiou o programa como melhor telejornal

Danilo Gentili O CQC trabalha com fatos jornaliacutesticos mas natildeo eacute um telejor-nal O CQC natildeo estaacute todo dia mostrando os fatos do dia entatildeo natildeo pode ser clas-sifi cado como um telejornal O ldquoGlobo Repoacuterterrdquo natildeo pode ser classifi cado ldquoum telejornalrdquo eacute um programa jornaliacutestico Eu acho que a miacutedia natildeo enxerga o CQC como um programa jornaliacutestico Na ver-dade se for para eu escolher se o CQC eacute jornaliacutestico ou humoriacutestico eu escolheria que ele eacute humoriacutestico porque quando eu vou fazer eu me preocupo primeiro em fazer a pessoa rir Eu vou abrir a boca eu vou falar com esse cara mas a uacutenica razatildeo de eu falar com esse cara eacute fazer uma piada Se eu for falar com ele e a pessoa natildeo rir natildeo tem porque eu estar aqui

OPA maioria das pautas poliacuteticas do programa satildeo destinadas agrave vocecirc A que vocecirc atribui isso Vocecirc seria o mais cara de pau dos ldquohomens de pretordquo

DG Pode ser Talvez seja Eu gosto de fazer poliacutetica com um produtor laacute em especiacutefi co A gente vai com muita von-tade de fazer o que a gente faz de chegar para o cara e perguntar Na verdade eacute o seguinte eu natildeo sei os outros repoacuterteres mas eu no CQC natildeo tenho a pretensatildeo de ser amigo de ningueacutem Seja de poliacutetico ou de celebridade eu natildeo tenho a pre-tensatildeo Vocecircs natildeo vatildeo me ver em festas de celebridades ldquoOh fui convidado pra festa e estou aquirdquo Eu natildeo tenho essa vontade natildeo eacute o meu mundo Entatildeo eu vou pra perguntar o que eu sempre quis e talvez o que todo mundo que estaacute em casa sempre quis saber

OPComo eacute a sua preparaccedilatildeo antes de cobrir as pautas poliacuteticas na Casa Legislativa Vocecirc planeja suas piadas antes ou eacute realmente no improviso

DG A reuniatildeo de pauta geralmente acontece no caminho Eu e o produtor ou no aviatildeo ou no carro Eu e o produ-tor falando ldquoquem vocecirc acha que vai estar laacute Ah Tal pessoa tal pessoa tal pessoa fez isso A gente pode falar issordquo A gente tenta mais ou menos ter uma noccedilatildeo do que dizer

OPMas inclui uma piada pronta DG A gente tenta prever e tenta ir

com umas cartas na manga mas a gente sabe que eacute impossiacutevel Porque eu posso ir com uma pergunta pronta e o cara me daacute uma resposta que ningueacutem esperava Aiacute em cima disso eu tenho que fazer outra piada

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

DG Taacute isso no site do CQC Vocecircs acreditaram nisso (risos) Natildeo sei eu acho que o humor tem que ser engra-ccedilado natildeo tem que ser inteligente Eacute o

que eu acho entendeu O que seria humor inteligente Natildeo sei o humor eacute muito subjetivo pra classifi car ldquoesse humor eacute inteligente esse natildeo eacuterdquo Eu acho que o humor inteligente eacute aquele que se comunica de uma forma efi caz com o seu puacuteblico O Tiririca eacute esquisito mais eacute um humor inteligente para muita gente Eu gosto do Tiririca

OPComo publicitaacuterio como vocecirc avalia esse novo modelo de publici-dade inserido no programa

DG Mas natildeo eacute tatildeo diferente assim Na verdade eacute igual as outras porque nas outras o cara faz a propaganda e a agecircncia que ganha e no CQC tambeacutem a gente faz a propaganda e a produtora que ganha

OPVocecirc acha que o riso midiatizado esse humor ldquopastelatildeordquo que a gente vecirc por aiacute deixa perder um pouco da fun-ccedilatildeo do riso que estaacute em ser criacutetico

DG Depende do humor pastelatildeo eu gosto muito Eu gosto do Chaves gosto dos Trecircs Patetas gosto do Jerry Lewis gosto do Mr Been Eacute tudo humor pastelatildeo Eu acho que o termo que vocecirc queira achar natildeo eacute ldquohumor pastelatildeordquo eacute um humor grosseiro tipo ldquoAh vou peidar em puacuteblicordquo e todo mundo ri disso Eacute um humor primaacuterio Tal-vez seja o que vocecirc queria dizer Pastelatildeo eu gosto muito o humor do Chaves eacute pas-

telatildeo e eacute muito inteligente O do Mr Been tambeacutem eacute muito inteligente ele bolar tudo aquilo e tal Agora tem o humor primaacuterio que eacute esse humor de bordatildeo humor de escatologia humor de falar qualquer coisa Geralmente ningueacutem ri se natildeo sabe do que estaacute rindo Eu tento fazer no meu show e no CQC um riso que depende do contexto Vocecirc vai ver isso quando eu for falar com um poliacutetico no CQC Por exemplo eu fi z uma mateacuteria e eu encontrei o Joatildeo Paulo Cunha um cara que era do mensalatildeo Eu sei que 90 do meu puacuteblico do CQC talvez natildeo se lembre ou natildeo saiba quem eacute o cara Entatildeo se eu fi zesse a piada ningueacutem ia rir ningueacutem ia achar graccedila Entatildeo antes de eu chegar no cara eu falei aquele ali eacute tal cara que fez tal coisa e naquela eacutepoca ele fez o mensalatildeo Falou que pagou 50 mil numa conta em TV a cabo e natildeo sei o que Aiacute o pessoal jaacute sabe do que eu vou falar Entatildeo eu jaacute deixei a pessoa a par do conceito Quando eu chego no cara e faccedilo as piadas a pessoa sabe do que eu estou falando Entatildeo eu informei a pessoa para ela poder rir No meu show eu faccedilo isso Eu falo de uma por-ccedilatildeo de coisas que vatildeo rir porque eles estatildeo dentro do conceito Eu vou falar de tracircnsito eu natildeo preciso explicar o que eacute o tracircnsito Todo mundo sabe o que eacute o tracircnsito entatildeo eles acabam rindo disso por exemplo

OPEm entrevista ao portal UOL no dia 24042008 vocecirc disse que os bra-sileiros natildeo tecircm muito senso de humor Porque vocecirc acha entatildeo que o pro-grama estaacute dando certo no Brasil Vocecirc acha que o CQC devolveu agrave sociedade um pouco desse senso

DG O problema do brasileiro eacute que ele tem o senso de humor primaacuterio Ele natildeo tem um senso de humor Pra vocecirc ter senso de humor vocecirc tem que ver o que estaacute acontecendo reconhecer a reali-dade para poder rir dela O brasileiro tem a auto estima muito baixa O brasileiro soacute brinca com os outros ele natildeo brinca con-

sigo proacuteprio Vocecirc vecirc piada de brasileiro eacute sempre o portuguecircs eacute sempre a loira Por exemplo tem o portuguecircs o brasi-leiro e o americano O brasileiro sempre se sai bem ele tem autoestima baixa ele natildeo sabe rir de si Se o CQC devolveu isso para o brasileiro Eu acho que natildeo Pouca coisa a gente devolveu isso para o brasileiro O brasileiro estaacute rindo ainda do poliacutetico ele estaacute rindo ainda da cele-bridade que a gente ridiculariza Eu jaacute saiacute na rua e quando eu fui na ldquoMarcha para Jesusrdquo falar deles ningueacutem riu

OPNo CQC vocecirc tem vontade de fazer o quadro Proteste Jaacute

DG Proteste Jaacute Natildeo sei cara Tudo que eu tenho vontade eu faccedilo Eu tenho von-tade que muita coisa que eu faccedilo entre mas acaba natildeo entrando porque os caras falam que eu pego pesado (risos) Se eu fi zesse o Proteste Jaacute talvez eu fi zesse dife-rente eu natildeo sei Eu natildeo tenho vontade de fazer o Proteste Jaacute natildeo

OPTem alguma entrevista sua que vocecirc considera a melhor

DG Natildeo Tem muita entrevista que eu vejo na TV e falo nossa essa natildeo foi a melhor que eu fiz Porque cortam muita coisa

OPQue elementos jornaliacutesticos vocecirc nota no programa CQC

DG Jornalismo tem porque a gente como fala no iniacutecio do programa eacute um ldquoresumo semanal de notiacuteciasrdquo Mas taacute eacute um resumo semanal de notiacutecias taacute bom vaia gente fi nge que eacute O que tem eacute a gente brinca com algumas coisas que aconteceram durante aquela semana durante aqueles dias proacuteximos Eacute o mais proacuteximo que tem do jornalismo A gente sempre que pode estaacute no fato na hora do fato Mas agraves vezes natildeo daacute entatildeo vai cobrir festinha e natildeo sei o que mas a intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e ldquobrincarrdquo com ele

ldquoA gente sempre que pode estaacute no fato na hora do

fato A intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente

pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e

lsquobrincarrsquo com elerdquo

Danilo Gentili

O humorista Danilo Gentili foi um dos fundadores da comeacutedia ldquocara limpardquo na capital paulista e hoje desafi a poliacuteticos

Foto divulgaccedilatildeo

O cara de pau dos homens de pretoDanilo Gentilli o temido repoacuterter pelos poliacuteticos no dia-a-dia do senado conta como se prepara para as pautas polecircmicas

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O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

20 bull Miacutedia

RENATA VALENTIM

6ordmPERIODO

Que o advento das miacutedias digitais pocircs um ponto de interrogaccedilatildeo no horizonte dos meios tradicionais jaacute se sabe Mas a transformaccedilatildeo destinada ao raacutedio parece ser de fato a de maior impacto Seja no campo das novas tecnologias de trans-missatildeo dos novos suportes ao aacuteudio no nuacutemero de funcionaacuterios contratados ou na avaliaccedilatildeo do poder de infl uecircncia no gosto da audiecircncia a revoluccedilatildeo vivida pelas raacutedios eacute atestada tanto por profi s-sionais da aacuterea quanto pelos ouvintes

O CD hoje obsoleto popularizado no Brasil no fi nal dos anos de 1980 jaacute signi-fi cou uma transformaccedilatildeo importante no dia-a-dia do radialista Em vez de exe-cuccedilotildees musicais feitas pelo LP ou ldquobola-chatildeordquo que o operador ou sonoplasta vigiava do iniacutecio ao fi m da faixa transmi-tida os tocadores de compact disc per-mitiam a programaccedilatildeo de vaacuterias faixas em sequumlecircncia poupando-lhe tempo O que veio a seguir economizou bem mais que isso a inovadora transformaccedilatildeo de muacutesica em kilobytes deu origem a sof-twares de execuccedilatildeo automaacutetica

Assim as raacutedios gerando programa-ccedilatildeo por 24h dispensaram seus locutores e sonoplastas da madrugada e dos fi nais de semana adaptando seus conteuacutedos para que sistemas de automaccedilatildeo tra-balhassem sozinhos Aleacutem das muacutesicas em formato digital apresentaccedilotildees de muacutesica passaram a ser tambeacutem gravadas

e reproduzidas como se fossem feitas ao vivo Natildeo foram poucos locutores desem-pregados No caso das afi liadas de gran-des redes de FM a reduccedilatildeo no quadro de profi ssionais da voz foi ainda maior Em alguns casos haacute somente um ou dois locutores agrave disposiccedilatildeo que datildeo conta da geraccedilatildeo de toda a programaccedilatildeo local

Com experiecircncia na aacuterea haacute mais de 20 anos a locutora e programadora musical Glaacuteucia Lara 40 lamenta ldquoem um fi nal de semana antes das mudanccedilas promo-vidas pelo advento do mp3 cerca de sete pessoas estariam trabalhando em uma emissora de raacutedio Hoje eacute comum esca-lar locutores para comandarem a pro-gramaccedilatildeo ao vivo soacute nos programas que contam com a participaccedilatildeo do ouvinte Do resto quem cuida eacute o computadorrdquo conta ela que jaacute passou por diversas emissoras do interior do estado e por afi -liadas de grandes redes como a Antena 1 de Belo Horizonte E o sonoplasta entatildeo ldquoNa era do CD essa fi gura foi extinta dos quadros O locutor natildeo eacute soacute responsaacutevel hoje por apresentar muacutesicas e interagir com o ouvinte Tambeacutem assumiu a res-ponsabilidade de operar os aparelhos

e pessoalmente acho que isso facilita a locuccedilatildeo porque natildeo haacute mais aquela dependecircncia de um sinal do sonoplasta aquela sintonia de timing necessaacuteria para esse trabalho de equipe decirc certo O locutor faz tudordquo pondera

Eu baixo tu baixasO mp3 tambeacutem alterou a forma de

distribuir novos trabalhos musicais A popularizaccedilatildeo da internet e a troca de arquivos por meio de softwares seme-lhantes ao pioneiro Napster deram iniacutecio agrave decadecircncia dos CDs e ao decliacutenio das grandes gravadoras que fracassaram ao combater tanto a pirataria quanto o com-partilhamento online de mp3

O casamento das gravadoras com o raacutedio e a TV que detinham a foacutermula exclusiva de atrair a atenccedilatildeo do puacuteblico para seu artista entrou em crise A par-ceria de divulgaccedilatildeo perdeu espaccedilo con-sideraacutevel para uma revolucionaacuteria forma de acesso a novos trabalhos musicais feita na internet Para a tristeza de grava-doras e artistas a vendagem de CDs caiu drasticamente fazendo dos shows e tur-necircs sua principal fonte de lucro Foi-se o

tempo em que um artista de sucesso ven-dia mais de 2 milhotildees de coacutepias de seu trabalho o campeatildeo do mercado fono-graacutefi co brasileiro em 2006 Padre Marcelo Rossi registrou cerca de 860 mil coacutepias vendidas de seu aacutelbum ldquoMinha Becircnccedilatildeordquo editado pela Sony BMG Um nuacutemero pequeno se comparado aos 35 milhotildees de coacutepias de seu primeiro disco ldquoMuacutesi-cas Para Louvar ao Senhorrdquo de 1998

A estagiaacuteria de pesquisa de mercado Karina Zandona 22 comprova esse fenocirc-meno Fatilde de Th e Killers ela conta que hoje procura se informar do lanccedilamento de aacutelbuns das suas bandas preferidas por sites especializados e faz download deles quando jaacute estatildeo disponiacuteveis ldquoSoacute ouccedilo muacutesica pelo PC e pelo mp3 player Raacutedio soacute ouccedilo agraves vezes quando minha matildee ouve em casa E sempre satildeo as programa-ccedilotildees informativas como a Raacutedio Itatiaia Natildeo consigo mais fi car exposta a tanto hit lsquoda modinharsquo como os de black music no raacutediordquo diz No caso da comerciaacuteria Ellen Colombini 24 a infl uecircncia da internet eacute ainda mais efetiva ldquoouvia muito raacutedio quando adolescente e assistia muito agrave MTV Era fatilde de coisas do tipo Hanson

por exemplo (risos) Mas quando passei a usar a internet e descobri a maravilha que eacute fazer download de muacutesica natildeo liguei mais o raacutedio Sou viciada em fazer downloads vou baixando tudo o que encontro e que me parece interessante pelo release que acompanha o link ou mesmo pelo nome da banda Escuto tudo e seleciono o que me agrada Se aprovado vou passando adiante E a partir do que eu recomendo para os amigos recebo deles arquivos de artis-tas parecidas com o que eu enviei e sobre os quais natildeo vejo ningueacutem falarrdquo comenta

A engenheira ambiental Eduarda Stancioli 24 eacute ouvinte da Last FM paacutegina online na qual o usaacuterio cria a pragramaccedilatildeo sem a interrupccedilatildeo de publicidade e locutores ldquoComo passo mais tempo usando o computador da empresa que o resto do pessoal e natildeo posso fazer dowloads o site foi uma oacutetima soluccedilatildeo para ouvir muacutesica enquanto faccedilo meus projetosrdquo Eduarda diz que a facildade estaacute no fato da pro-gramaccedilatildeo ser sua criaccedilatildeo onde vocecirc seleciona os artistas ou estilo de muacutesica da sua preferecircncia podendo mudaacute-la qualquer hora E ainda poder contar com sugestotildees musicais do serviccedilo geradas a partir do tipo de muacutesica que se ouve

Contra a mareacuteCurioso eacute o exemplo da estudante

Ceciacutelia Portugal 21 anos Apreciadora de axeacute music adora ouvir a Extra FM enquanto dirige Diferente de Ellen e

Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

O raacutedio na onda do ciberespaccedilo

Imagem do programa de dowloads de arqui-vos de muacutesica e viacutedeos Limewire

Paacutegina da raacutedio na internet a Last FM

Saiba o que a troca de arquivos de muacutesica pela internet fez com o raacutedio de entretenimento como as pes-soas encarram isso e quais satildeo as apostas das raacutedios para natildeo perderem seus ouvintes e patrocinadores

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Miacutedia bull 21Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

Karina o costume de baixar muacutesica pela internet natildeo a afas-tou do haacutebito de ouvir raacutedio ldquooutro dia ouvi uma muacutesica nova do Tomate ex-vocalista do Rapazolla Corri pra casa procurei o arquivo para down-load e depois gravei num CD para ouvir com as amigas no caminho pra baladardquo conta ldquoA maior graccedila do raacutedio que sem-pre tive o costume de ouvir eacute a companhia que faz Parece que natildeo estou sozinha no carro enquanto ouccedilo E me divirto com as esquetes de humor que tecircm por aiacuterdquo diz

Essa parece mesmo ser a nova vocaccedilatildeo do raacutedio como destaca o locutor e produtor Gleyson Lage da 98 FM de Belo Horizonte ndash primeira emissora a operar em frequumlecircncia modu-lada na Ameacuterica Latina ldquoAleacutem das promoccedilotildees e do aumento das formas de interatividade o humor eacute uma forma de fi de-lizar o ouvinte de perfi l mais passivo que tem menos dispo-nibilidade ou motivaccedilatildeo para manter contato por telefone ou e-mailrdquo Apostando nisso a 98 FM ndash cuja programaccedilatildeo eacute 100 local ndash conta com trecircs progra-mas de cunho humoriacutestico para enfrentar a concorrecircncia Os Manos Silicone Show e Graffi ti auto-intitulado o pior programa de raacutedio do Brasil

Para o locutor publicitaacuterio Tovar Luiz 43 o FM nasceu engraccedilado ldquoo grande barato das raacutedios FM desde a sua popu-larizaccedilatildeo no iniacutecio dos anos de 1980 foi o seu perfi l descontra-iacutedo A locuccedilatildeo nessas emisso-ras sempre foi bem mais aacutegil e despojada O hoje apresentador de TV Ceacutesar Filho por exemplo comeccedilou a carreira no raacutedio e

fi cou famoso pelo bordatildeo lsquobeijo pra vocecirc feiarsquo Natildeo era ofensa era pra fazer o ouvinte rir O FM foi uma revoluccedilatildeo em termos de lin-guagemrdquo lembra E ele parece ter razatildeo O programa Pacircnico um dos maiores fenocircmenos televi-sivos dos uacuteltimos tempos eacute deri-vado de um programa de raacutedio da rede Jovem Pan 2 de Satildeo Paulo comandado pelo locutor Emiacutelio Surita Seguindo o fl uxo as demais redes destinadas ao puacuteblico jovem tambeacutem investi-ram na programaccedilatildeo que faz rir E a partir das redes as emissoras locais que fazem concorrecircncia agraves afi liadas tambeacutem acompanham a tendecircncia para natildeo perder seu espaccedilo no mercado

Falando neleExistem hoje 23 FMs no dial

de Belo Horizonte Pelo menos quatro delas satildeo dedicadas aos jovens Jovem Pan 2 (991) Mix FM (917) 98FM (983) e Oi FM (939) Destas somente a 98FM natildeo eacute afi liada de uma grande rede Haacute trecircs anos em atividade na emissora Gleyson Lage confi rma a reduccedilatildeo no nuacutemero de vagas aos profi ssio-nais da aacuterea ldquonuma raacutedio local satildeo necessaacuterios 20 funcionaacuterios para produzir toda uma grade enquanto numa afi liada jun-tando a programaccedilatildeo execu-tada pelo sateacutelite com aquela gerada pela automaccedilatildeo da transmissatildeo apenas cinco datildeo

conta do recado para o tempo destinado agrave grade local Eacute com-plicadordquo conta

No entanto ele vecirc a partici-paccedilatildeo das redes de raacutedio como positiva no que se refere agrave qua-lidade ldquoquando uma rede tem um bom conteuacutedo ndash boa plaacutes-tica bons locutores bons tex-tos ndash ela acaba por estimular as emissoras locais a manterem o mesmo niacutevel Haacute um ganho em criatividade que poderia natildeo existir se todo o conteuacutedo fosse localrdquo acredita

Enquanto isso os ouvintes se queixam da repeticcedilatildeo nas grades musicais ldquochega a ser engraccedilado Estava ouvindo uma muacutesica numa determinada

raacutedio Quando acabou troquei para a estaccedilatildeo seguinte e estava tocando a mesma muacutesica Acho que como todos os meios de comunicaccedilatildeo as raacutedios precisam abrir o leque de opccedilotildeesrdquo opina Karina Zandona estagiaacuteria de pesquisa de mercado 22

Karina completa ldquoateacute a Rede Globo tem inovado na inserccedilatildeo de muacutesicas de artistas desconhecidos do grande puacuteblico como trilha das suas produccedilotildees (como foi o caso do cantor Beirut presente na trilha sonora da minisseacuterie Capitu exibida em janeiro de 2009) O raacutedio podia acompanhar essa tendecircnciardquo sugere

Com a digitalizaccedilatildeo da muacutesica o sonoplasta sai de cena eacute o locutor quem faz tudo

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Robert

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O Ponto

Editor e diagramador da paacuteginaLira Faacutevilla e Felipe Barbosa 6ordm periacuteodo

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

22 bull Cultura

CLAUDIA LAPOUBLE

6ordmPERIacuteODO

ldquoO processo pelo qual se arma-zenam informaccedilotildees no disco de vinil feito de PVC material derivado do petroacuteleo consiste em imprimir nele ranhuras ou ldquoriscosrdquo cujas formas tanto em profundidade como abertura mantecircm correspondecircncia com a informaccedilatildeo que se deseja arma-zenar Essas ranhuras visiacuteveis no disco a olho nu satildeo feitas no disco matriz com um estilete no momento da gravaccedilatildeo Esse esti-lete eacute movido pela accedilatildeo da forccedila magneacutetica que age sobre eletro-iacutematildes que estatildeo acoplados a elerdquo (in Leituras de Fiacutesica GREF- Departamento de fiacutesica da USP SP2005)

Eacute assim que a muacutesica se ldquoimprimerdquo no plaacutestico que depois ao ser arranhado pela agulha libertaraacute novamente os sons no ar Para os apaixonados por vinil o ritual de tirar o disco da estante limpaacute-lo colocaacute-lo no toca discos posicionar a agu-lha delicadamente sobre ele tomando todo o cuidado para natildeo arranhaacute-lo e repetir todo esse processo na hora de virar o disco para ouvir o lado b signi-fi ca uma relaccedilatildeo mais proacutexima com a muacutesica Era preciso dedi-car tempo a escutar o disco Mais do que uma miacutedia de armazena-mento analoacutegico do som o disco de vinil eacute um objeto de arte e uma peccedila que daacute materialidade agrave muacutesica

Dados da Associaccedilatildeo de Gra-vadoras da Ameacuterica (Record Industry Association of Aeme-rica) mostram que as vendas de LPs aumentaram em quase 130 entre os anos de 2007 e 2008 De acordo com o informe anual divulgado pelo oacutergatildeo ldquoo vinil continua sua ascensatildeo As vendas nesse formato somaram

US$57 milhotildees e vem mais do que duplicando ano apoacutes anordquo Ainda segundo o documento ldquotrata-se do produto preferido por audiofi los e colecionadores e o aumento nas vendas se deve tanto agrave re-gravaccedilatildeo de mate-rial de cataacutelogo quanto a novos lanccedilamentosrdquo

Com os nuacutemeros da induacutes-tria apontando para uma queda nas vendas de CDs e em tempos em que se fala em livre acesso agrave muacutesica atraveacutes da internet o vinil se apresenta como uma saiacuteda para quem ainda gosta da muacutesica palpaacutevel apreciaacute-la com todos os sentidos inclusive o tato

Um Brasil em vinil ldquoContar a histoacuteria do Brasil

atraveacutes da muacutesica guardando um exemplar de tudo o que foi gravado em vinil no paiacutesrdquo esse era o objetivo de Edu Pampani 46 quando em 2005 fundou a Discoteca Puacuteblica o primeiro espaccedilo dedicado agrave memoacuteria musical brasileira do paiacutes

Apaixonado por muacutesica e claro pelos discos de vinil Pam-pani conta que a ideacuteia da Dis-coteca nasceu quando ele ainda morava na Bahia e tinha uma loja de discos Segundo ele quando o Compact Disc (CD) comeccedilou a se popularizar na deacutecada de 90 as pessoas o procuravam para trocar seus LPs por CDs

O espaccedilo tem hoje um acervo de cerca de 12 mil peccedilas que contam a historia do Brasil pelos sulcos no plaacutestico PVC Eacute possiacute-vel ouvir por exemplo gravaccedilotildees de jogos de futebol ou vinhetas de programas de raacutedio dos anos 50 aleacutem de claacutessicos da muacutesica popular brasileira em gravaccedilotildees originais Com todas essas rari-dades Pampani garante natildeo ter nenhum disco favorito ldquosempre me perguntam Edu qual eacute o disco mais raro que vocecirc tem

e eu respondo raro eacute ter todos eles juntosrdquo

De volta ao plaacutesticoApesar de natildeo ser a miacutedia mais

utilizada pelo grande puacuteblico o disco de vinil tem um puacuteblico fi el principalmente entre os DJs que segundo Pampani ldquoprocuram sempre coisa nova se ele quer tocar Jorge Bem por exemplo ele vai procurar aquela muacutesica que ningueacutem lembra mais que ele gravou Esse pes-soal tem que fi car garimpando semprerdquo

O DJ e fundador do selo Vinyl Land Luiz Valente ou DJ Luiz PF eacute um desses garimpeiros de sebos Ele conta que sua paixatildeo pelos LPs nasceu quando ele mesmo selecionava as muacutesi-cas que iriam compor o som ambiente de seu bar o ldquoLugarrdquo Em 2003 Luiz sentiu que pode-ria abrir espaccedilo para DJs que pesquisavam e procuravam por muacutesicas que fugiam do lugar comum ldquoeu fui fazendo festas por um tempo chamando DJs que discotecavam com vinil pra ser um contra ponto a essa outra galerardquo conta

Radicado em Londres desde 2006 Luiz conta que ao chegar agrave Europa percebeu que diferente do que acontecia no Brasil ldquolaacute o negoacutecio natildeo tinha acabado nada se achava tudo pra com-prar coisas novas a galera atual todo mundo lanccedilava era uma coisa de canto de loja mas fun-cionando vendendordquo Na capital inglesa o DJ trabalhou na grava-dora Whatmusiccom que aleacutem de CDs lanccedilava tambeacutem traba-lhos em vinil

A paixatildeo pela ldquocultura de acetatordquo e o trabalho como DJ foram o incentivo para que Luiz fundasse em 2008 a Vinyl Land selo que vem com a proposta de lanccedilar muacutesicos que se interes-sem em gravar em vinil Segundo

ele o selo nasceu de sua proacutepria necessidade como DJ ldquoeu

jaacute discotecava com vinil e fui achando bandas

novas que queria tocar mas natildeo tinha como porque eram de uma eacutepoca em que natildeo tinha mais vinil ai eu pensei jaacute que natildeo tem eu faccedilo

e comecei a procurar contatos e tentar orga-

nizar o selordquo Com apenas um ano

no mercado a Vinyl Land

jaacute lanccedilou trecircs discos dentre

eles um compacto simples do Autoramas

Novas marcas no PVCFoi pela Vinyl Land que a

banda Th e Dead Lovers Twisted Heart que nunca havia lanccedilado seu trabalho comercialmente lanccedilou seu primeiro EP O com-pacto auto-intitulado traz cinco muacutesicas antes disponiacuteveis para download na internet O disco prensado na Alemanha teve tiragem limitada de 200 coacutepias

Com infl uecircncias que vatildeo de Odair Joseacute e Roberto Carlos ateacute Franz Ferdinand e Jack White passando pela literatura de Mark Twain (o grupo tem uma muacutesica em homenagem a Huck-leberry Finn personagem do autor americano) e os cartunis-tas Laerte e Angeli a banda for-mada por Ivan (guitarra e vocal)

Guto (guitarra) Paty (bateria) e

Velvs (baixo) jaacute era conhecida dos frequumlentadores de casas de shows de Belo Horizonte antes de lanccedilar seu EP

Segundo Ivan a ideacuteia de ter seu primeiro trabalho gravado em vinil casou muito bem com a banda ldquoa gente ainda natildeo tinha lanccedilado um disco propriamente dito e hoje o suporte fiacutesico eacute cada vez menos importante porque na verdade a muacutesica vocecirc acha em qualquer lugar e um disco um CD na verdade natildeo faz mais tanto sentido E nossa ideia era que jaacute que vocecirc vai comprar um objeto o vinil eacute um objeto muito mais legal tanto esteticamente quanto no manusear fora que tem toda essa coisa da retomada e eacute uma boa proposta que tem tudo a ver com a bandardquo afi rma o muacutesico provando que o velho vinil estaacute mais novo que nunca

O novos sonsdo velho vinil

Com a popularizaccedilatildeo dos sites de divulagaccedilatildeo de muacutesica na internet o vinil retorna como alternativa interessante para novos muacutesicos e ouvintes

Dj Luiz PF fundador do selo Vinyl Land

Os diferentes formatos do vinil-LP abreviatura do inglecircs Long Play ou ldquo12 polegadasrdquo Disco com 31 cm de diametro com capacidade normal de cerca de 20 minutos por lado O formato LP era utilizado usualmente para a comercializaccedilatildeo de aacutelbuns completos-EP abreviatura do inglecircs Extended Play Disco com 17 cm de diametro e capacidade de cerca de 8 minutos por lado continha em torno de quatro faixas -Single ou compacto simples abreviatura de Single Play ldquo7 polegadasrdquo ou compacto simples Disco com 17 cm de diametro e capacidade normal de 4 minutos por lado O single era geralmente empregado para a difusatildeo das muacutesicas de trabalho de um aacutelbum completo a ser posteriormente lanccedilado -Maacutexi abreviatura do inglecircs Maxi Single Disco com 31 cm de diametro sua capacidade era de cerca de 12 minutos por lado

Arq

uivo

Pesso

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Barro

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The Dead loverrsquos Twisted Heart Pati Vels Guto e Ivan

22 - diagramacao vinilindd 122 - diagramacao vinilindd 1 82809 115104 AM82809 115104 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Culturabull 23Editor e diagramador da paacutegina Baacuterbara Rodrigues 8ordm periacuteodo

Festival Internacional de Corais homenageia

BAacuteRBARA RODRIGUES 8ordm PERIacuteODO

A seacutetima ediccedilatildeo do Festival Interna-cional de Corais ndash FIC acontece de 18 a 27 de setembro de 2009 e teraacute como tema a vida e obra de Villa-Lobos con-siderado o maior compositor das Ameacute-ricas Seratildeo cerca de 300 apresenta-ccedilotildees de 120 corais de todo o Brasil e do exterior que percorreratildeo 12 cidades de Minas Gerais

O festival realizado pela Universi-dade FUMEC tem o intuito de popula-

rizar os corais e grupos vocais amadores e profissionais e evidenciar atividades culturais de empresas instituiccedilotildees de ensino comunidades associaccedilotildees e fundaccedilotildees com apresentaccedilotildees de corais e shows de artistas nacionais sempre com a bandeira da muacutesica brasileira agrave frente

Regidos pelo Maestro Lindomar Gomes produtor cultural e coordena-dor do FIC os 30 integrantes do coral da FUMEC seratildeo um dos grupos a se apresentar ldquoNosso coral sempre parti-cipou de festivais seguindo a maacutexima de Fernando Brant de que lsquotodo artista

tem de ir aonde o povo estaacutersquo A cada ano o FIC escolhe um tema que traduza a identidade musical brasileira Este ano celebraremos os 50 anos de morte de Villa-Lobos responsaacutevel por implantar o canto coral no paiacutes na deacutecada de 1930 e o muacutesico que mais cantou as belezas nacionaisrdquo enfatiza

Em cada ediccedilatildeo do festival os com-positores Leonardo Cunha e Fernando Brant satildeo responsaacuteveis pela muacutesica-tema que ao final do evento eacute cantada por todos os corais A composiccedilatildeo deste ano ganhou o nome de ldquoMestre Villardquo exultando o que de mais haacute de caracte-

riacutestico na vida e obra do mestre Durante todo o festival alguns locais

da cidade como o Palaacutecio das Artes Sesc Laces JK e a aacuterea de convivecircn-cia da FUMEC receberatildeo exposiccedilotildees de fotos textos e trilhas sonoras do acervo do Museu Villa-Lobos no Rio de Janeiro A banda mineira 14 Bis e o muacutesico Renato Teixeira fazem shows no interior de Minas e no dia 27 no Parque Municipal encontro de todos os corais participantes marcaraacute o fechamento do evento onde mais de mil vozes se uni-ratildeo para cantar os temas do maestro homenageado

O maestro e coordenador do FIC Lindomar Gomes e os integrantes do Coral da Fumec

Mestre Villa daacute o tom dentro e fora do paiacutesO carioca Heitor Villa-Lobos

foi responsaacutevel por universa-lizar a muacutesica nacional acres-centando em grande parte de suas mil obras a sonoridade da fauna brasileira de tribos indiacute-genas e africanas aleacutem de refe-recircncias de cantigas do choro e do samba

Na defi niccedilatildeo do maestro Lindomar Gomes a impor-tacircncia de Heitor Villa-Lobos estaacute no fato de ele ldquodecifrar a alma brasileira e colocaacute-la em muacutesicardquo Devido agraves homena-gens ao compositor nas prin-cipais capitais do Brasil e do

mundo Gomes natildeo eacute o uacutenico a pensar assim

Peccedilas de Villa-Lobos fazem parte das temporadas da Filar-mocircnica de Belo Horizonte da Orquestra Sinfocircnica do Teatro Nacional Claacuteudio Santoro em Brasiacutelia da Sinfocircnica Munici-pal de Campinas e da Orques-tra Sinfocircnica Brasileira do Rio

Internacional Em janeiro o maestro John

Neschling regeu a Filarmocircnica de Varsoacutevia na Polocircnia com os ldquoChoros n 6rdquo A soprano Adriane Queiroz cantou as ldquoBachianas

Brasileiras nordm 5rdquo em Berlim e o regente da OSB do Rio Roberto Minczuk esteve no Japatildeo em agosto para apresentar as ldquoBachianas Brasileirasrdquo

Ainda este ano deve chegar agraves livrarias o ldquoFolha Explica Villa-Lobosrdquo da Publifolha do violonista Faacutebio Zanon que em entrevista ao jornal Folha de Satildeo Paulo afi rmou ldquoO uni-verso sonoro de Villa-Lobos eacute uma coisa arrasadora Nossa ideia de Brasil seria muito mais pobre sem a leitura efetuada por Villa-Lobos de nosso patri-mocircnio musicalrdquo

Programaccedilatildeo completa e outras informaccedilotildees sobre FIC 2009 wwwfestivaldecoraiscombr

Foto

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accedilatildeo

Foto divulgaccedilatildeo

O compositor e maestro Villa-Lobos cuja obra eacute reconhecida e celebrada internacionalmente

23 - festivaldecoraisindd 123 - festivaldecoraisindd 1 82809 115113 AM82809 115113 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

24 bull Cultura Editor e diagramador da paacutegina Amanda Lelis 6ordm periodo

COLCHAde retalhos

CU

RT

Are

talh

os

Magia

Escrevo uma letra

e jaacute natildeo estou no mesmo lugar

Pedro Cunha Instrumento de cordas vocais tocado pela alma

a palavra na garganta que vira muacutesica

o som da orquestra do coraccedilatildeo

dos gagos e desafi nados

aos cegos de paixatildeo

VozBaacuterbara Rodrigues

Natildeo sei bem o que eacute

Se eacute invenccedilatildeo

Se eacute na verdade a mais pura verdade

Se sou eu tentando fugir

Se sou eu tentando apagar

Natildeo encarar o que estaacute acontecendo

Esquecer a minha confusatildeo

De querer sem conhecer

De te amar sem te encontrar

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Queria esquecer

E perdoar entatildeo

Voltar na decisatildeo

Para minha vida rotineira

Que eu levei a vida inteira

O meu sufoco e os seus gritos

Meu confortaacutevel desespero

Minha mania de querer ser mais para mundo

Do que o mundo eacute para mim

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Confortaacutevel DesesperoPaula Macintyre

Preso agrave falta de sono procurando ver

Atraveacutes da luz de um trago num bastatildeo de morte

Talvez com sorte entatildeo eu possa crer

Que os dias se passaram mas o amor fi cou

Mesmo sonhando acordado algo ainda restou

De tardes tatildeo bonitas

Em que o brilho dos teus olhos eu pude enxergar

Os teus negros cabelos quero entatildeo tocar

apesar de estares tatildeo afl ita

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia

que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Por mais que em outras camas eu possa deitar

que braccedilos e abraccedilos venham me afagar

O brilho dos teus olhos ainda me ilumina

por vaacuterias ruas sujas que eu tentei fugir

estenderia um tapete pra vocecirc entrar

sentado vago na varanda escura a esperar

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Mas eu mudaria tudo isso pra te ter aqui

comigo ao meu lado todo dia a me fazer sorrir

Para ouvir a muacutesica wwwmyspacecombandatravessia

DuetoAlvaro Castro

Do entendimento tardio de se assistir a uma passagem de som

Cracke se quebra o silecircncio a voz dos barulhos instrumentais

cala todos os outros sons do silecircncio Antes de ser melodiosos

os sons comeccedilam desencontrados como tateando no escuro

dos ritmos tentando se encontrar e dar as matildeos para soacute assim

iniciar seu dialogo-danccedila em brincadeiras harmoniosas que

encantam e enfeiticcedilam Na sutileza dos tons na alegria de fazer

barulhos musicais modifi cam a muacutesica mil vezes re-arranjada

ajeitam afi nam se enfeitam

e a muacutesica fi nalmente sai Perfeita

AntesClaudia Lapouble

Sssshhiiii

silecircnciosopro suspiro sussurro

sublime submerso submarino submundo

some sobe segue sangue sinistro

sem focirclegosufoco

SClaudia Lapouble

A canccedilatildeo natildeo paacutera O berimbau controla o medo que corre

nas ruas vindo daqueles que natildeo se deixaram dissolver pela

aacutegua trazida com a chuva Na cidade escorre toda a calmaria

e a melodia se arrasta molhando o chatildeo Enquanto o ceacuteu se

desmancha aos poucos sobre a rua deserta eles cantam Voz

para um canto que veio aveludar meus ouvidos acalentar

clamoroso de uma vida inteira e fosse essa noite a vida

inteira fez-se a noite lembranccedila da cantiga que me converteu

inteira Pandeiro Meacutedio Viola e a chuva que ritmava a

cantoria O breu e noacutes no breu O escuro arrasta o invisiacutevel

para dentro da cidade que chora para dentro dos meus olhos

que fi tam atentos os olhos deles que me encantam Hora um

hora outro me arrasta em companhia agrave suas vozes As gotas

respondem ao coro num canto suave o pandeiro acompanha

o berimbau e o repique respinga umas gotas tontas de

musicalidade goteja um som que sobrevoa a superfiacutecie

Sobre o invisiacutevelAmanda Lelis

Gabriel Guedes e violino em show na Praccedila da Liberdade

O som da alma se apresenta em desejo e verso livre

na terccedila indecente suave

no violino do seus sonhos em coro cresce a quarta corda

dissonante

eacute a Musica

No canto viacutevido em tom sincero e leve expande

compaixatildeo as notas graves

fi delidade ao escrever a voz da alma sobre arpejos

inconstantes

eacute a Musica

MuacutesicaPedro Gontijo e

Bernardo Gontijo

Te aperto contra o peito

te penduro nas costas

no churrasco passa de matildeo em matildeo

e ainda assim me faz companhia

nas noites de solidatildeo

Ode ao violatildeoBaacuterbara Rodrigues

Ajude a costurar nossa colcha balaioretalhosgmailcom

24 - Colcha de retalhos corrigidoindd 124 - Colcha de retalhos corrigidoindd 1 82809 115124 AM82809 115124 AM

Page 2: Jornal O Ponto - agosto 2009

O Ponto

2 bull Opiniatildeo

Os artigos publicados nesta paacutegina natildeo expressam necessariamente a opiniatildeo do jornal e visam refletir as diversas tendecircncias do pensamento

Belo Horizonte 27 de Agosto de 2009

O Curso de Comunicaccedilatildeo Social da Universidade

Fumec na defesa incondicional dos 40 anos de tradi-

ccedilatildeo da instituiccedilatildeo dedicados exclusivamente ao ensino

superior de qualidade vem a puacuteblico manifestar seu

repuacutedio agrave decisatildeo do Supremo Tribunal Federal (STF)

que no uacuteltimo dia 17 de junho votou por maioria pelo

fi m da exigecircncia de diploma universitaacuterio para o exerciacute-

cio da profi ssatildeo de jornalista

Satildeo 32 faculdades de jornalismo existentes em Minas

Gerais 3500 jornalistas sindicalizados centenas de

veiacuteculos e assessorias de comunicaccedilatildeo que absorvem a

matildeo de obra especializada Em nome especialmente

dos alunos que cursaram jornalismo na Fumec teste-

munhas que satildeo da seriedade dos nossos princiacutepios e

praacuteticas acadecircmicas voltadas exclusivamente para uma

formaccedilatildeo profi ssional digna das demandas de mercado

em particular e sociais de uma maneira geral e tambeacutem

da sociedade que merece profi ssionais comprometidos

com a verdade e com a democracia cabem os seguintes

esclarecimentos

Independentemente da decisatildeo do STF continu-bull

aremos produzindo o ensino de jornalismo sem

nenhuma concessatildeo agrave qualidade criteacuterio que pre-

domina desde a criaccedilatildeo do curso de Comunicaccedilatildeo

Social haacute 11 anos

Por pior que seja a decisatildeo do STF acreditamos bull

que o mercado de trabalho como defende o minis-

tro Marco Aureacutelio Mello ndash uacutenico que votou contra a

famigerada decisatildeo do oacutergatildeo ndash continuaraacute exigindo

formaccedilatildeo superior especiacutefi ca dos profi ssionais de

jornalismo porque se constitui num diferencial de

importacircncia e necessidade indiscutiacuteveis

Convidamos a sociedade as Instituiccedilotildees de Ensino bull

Superior (IES) e a categoria profi ssional para nos

acompanhar nesta campanha em defesa do diploma

e da excelecircncia do curso superior em Jornalismo e

contra o exerciacutecio de qualquer profi ssatildeo sem a devida

formaccedilatildeo do profi ssional em curso superior

Cabe reiterar que nossa luta eacute e sempre foi por bull

um ensino superior de qualidade e que o diploma

como consequumlecircncia refl ita a excelecircncia desse

ensino em seus aspectos epistemoloacutegicos e pro-

fi ssionais tornando-se requisito indispensaacutevel e

antes de tudo uma necessidade a todos que mani-

festarem o desejo de trabalhar com a atividade

jornaliacutestica

Editor e diagramador da paacutegina Felipe Chimicatti 8ordm periacuteodo

ldquoFoi com muita surpresa que li a mateacuteria lsquoO palco eacute o sinal o sinal eacute o palcorsquo (lsquoO Pontorsquo de fevereiro09 paacutegina 04) Laacute haacute uma informaccedilatildeo errada a respeito do Projeto Manuelzatildeo O Projeto eacute definido como projeto lsquoque consiste em realizar expediccedilotildees de canoa pelo Rio das Velhas entre outros e ir parando nas cidades agraves suas margens para realizar discursos panfletagem e palestras em prol da conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo para a preservaccedilatildeo dos rios de suas cidadesrsquo

O Projeto Manuelzatildeo natildeo eacute isso que foi publicado na mateacuteria Eacute um projeto de ensino pesquisa e exten-satildeo da UFMG cujo objetivo eacute a revitalizaccedilatildeo da bacia do Rio das Velhas Ao definiacute-lo por parte de uma de

suas estrateacutegias de mobilizaccedilatildeo lsquoO Pontorsquo simplifica banaliza e restringe o trabalho do Manuelzatildeo a accedilotildees pontuais e com eficaacutecia limitada para seu objetivo fim

As repoacuterteres natildeo procuraram o Projeto nem mesmo tiveram o trabalho de olhar o site do Manuel-zatildeo para qualificaacute-lo corretamente Solicito por favor uma retificaccedilatildeo na proacutexima ediccedilatildeo do jornal lsquoO Pontorsquordquo

Humberto SantosAssessoria de Comunicaccedilatildeo do Projeto Manuelzatildeo

Comunicaccedilatildeo repudia decisatildeo do Supremo

Carta agrave redaccedilatildeo

Coordenaccedilatildeo EditorialProf Aureacutelio Joseacute (Jornalismo Impresso)

Professores orientadoresProfordf Dunya Azevedo (Planejamento Graacutefico)Profordf Beatriz de Resende Dantas (Fotografia)Prof Reinaldo Maximiano Pereira (Produccedilatildeo e revisatildeo de texto)

Monitores de Jornalismo ImpressoAmanda Lelis Baacuterbara Camargo e Juliana Pizarro

Monitores da Redaccedilatildeo ModeloBaacuterbara Rodrigues e Felipe Chimicatti

Projeto GraacuteficoDunya Azevedo Professora OrientadoraPedro Rocha Aluno voluntaacuterioRoberta Andrade Aluna voluntaacuteria

LogotipoGiovanni Batista Correcirca

Universidade Fumec Rua Cobre 200 Cruzeiro Belo Horizonte Minas GeraisTel 3228-3127 e-mail opontofchfumecbr

Presidente do Conselho CuradorProf Air Rabello Filho

Reitor da Universidade FumecProf Antocircnio Tomeacute Loures

Diretora GeralProfordf Thaiumls Estevanato

Diretor de EnsinoProf Joatildeo Batista de Mendonccedila Filho

Diretor Administrativo e FinanceiroProf Antocircnio Marcos Nohmi

Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo SocialProf Seacutergio Arreguy

Monitores de Produccedilatildeo GraacuteficaJoatildeo Paulo Borges

Monitores do Laboratoacuterio de Publicidade e PropagandaIsabela Myrrha e Marcelo Antinarelli

Colaboradores voluntaacuteriosClaudia Lapouble Pedro Henrique Leone Rocha e Roberta Andrade

Tiragem desta ediccedilatildeo 3000 exemplares

Jornal Laboratoacuterio do curso de Comunicaccedilatildeo Socialda Faculdade de Ciecircncias Humanas Fumec

o ponto

Resposta da redaccedilatildeo

Em publicaccedilatildeo de fevereiro de 2009 O Ponto traz a mateacuteria ldquoO Palco eacute o sinal o sinal eacute o palcordquo em que narra a trajetoacuteria de grupos de malabaristas que enfrentam a jaacute corriqueira rotina dos sinais da capital mineira A citaccedilatildeo ao Projeto Manuelzatildeo se deve agrave relaccedilatildeo de um dos grupos a Trupe Gaia com o projeto tatildeo importante no cenaacuterio social e ambiental do Estado e do paiacutes mas natildeo o enfoque principal da mateacuteria A redaccedilatildeo de O Ponto agradece pela manifestaccedilatildeo do assessor de comunicaccedilatildeo do projeto Humberto Santos e informa que quando se fizer pertinente e a pauta for sobre o Projeto Manuelzatildeo certamente as informaccedilotildees seratildeo tratadas de maneira mais aprofundada

Prof Seacutergio Arreguy coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo ndash FumecFCH

Rodrigo Zavagli 6ordm G

02 - opiniao O ponto - Rodrigo Zavagliindd 102 - opiniao O ponto - Rodrigo Zavagliindd 1 82809 34759 PM82809 34759 PM

O Ponto Belo Horizonte 27 de Agosto de 2009

Fumec bull 3Editor e diagramador da paacutegina Amanda Lelis e Juliana Pizarro

DA REDACcedilAtildeO

O curso de Comunicaccedilatildeo Social da Fumec estaacute lanccedilando o primeiro nuacutemero da revista Ponto e Viacutergula O projeto ino-vador elegeu a entrevista como

gecircnero jornaliacutestico principal e abre a oportunidade para

os alunos aperfeiccediloarem a teacutecnica por meio de sua

praacutetica Inicialmente com periodicidade

semestral a pro-posta da revista foi

concebida pelo professor do

curso de Jorna-lismo Rogeacuterio

Bastos edi-tor-chefe da

publicaccedilatildeo e atual coordenador da Redaccedilatildeo

Modelo um dos laboratoacuterios do curso

Bastos explica que a revista eacute especializada em entrevistas com autoridades nos diversos assuntos de interesse da comu-nicaccedilatildeo social contemporacircnea onde a estrela eacute o entrevistado ldquoOs entrevistados satildeo escolhidos em funccedilatildeo de sua experiecircncia profi ssional e domiacutenio amplo e profundo sobre os assuntos a serem abordadosrdquo pontua

A publicaccedilatildeo eacute voltada para o universitaacuterio mineiro e para os profi ssionais da comunicaccedilatildeo e aacutereas afi ns e busca movimentar a cena local da informaccedilatildeo com distribuiccedilatildeo gratuita A revista tem apoio e parceria do Laboratoacuterio de Jornalismo Impresso respon-saacutevel pela publicaccedilatildeo de O Ponto jornal laboratoacuterio do Curso de Jornalismo que comemora nesta ediccedilatildeo 10 anos de existecircncia

A revista feita por alunos de jornalismo a partir do quinto

periacuteodo busca trazer nas pautas discussotildees de assuntos relevantes e de interesse puacuteblico Os textos estilo pingue-pongue (perguntas e respostas) primam pelo tom criacutetico O editor-chefe avalia que ldquoa entrevista no formato pergun-tas e respostas eacute o grande achado na aridez que contempla o notici-aacuterio comum do dia-a-dia Aleacutem do que sempre foi uma demanda apresentada pelos alunos Entatildeo somei o uacutetil ao agradaacutevelrdquo

A primeira ediccedilatildeo traz trinta e duas paacuteginas com destaque para a entrevista de capa ldquoOrgia nos salaacuteriosrdquo com o professor Joatildeo Bosco Fonseca advogado especializado em administraccedilatildeo puacuteblica e a entrevista ldquoEstado se lixa para seus credoresrdquo com o professor Joseacute Baracho presi-dente da Comissatildeo Especial de Precatoacuterios da OAB-MG aleacutem de seis colunas ldquoAbre Aspasrdquo

ldquoRepriserdquo ldquoBrasil um paiacutes de todos Me engana que eu gostordquo ldquoFumecJanela acadecircmicardquo ldquoFar-pas amp Confetesrdquo e ldquoFrente e Versordquo que traratildeo notas artigos e frases cuja principal funccedilatildeo eacute criticar temas abordados diariamente pela imprensa Rogeacuterio Bastos comenta o porquecirc de os alunos serem tatildeo exigidos ao se tornarem repoacuterteres da Ponto amp Viacutergula ldquoEsse tipo de entrevista pressu-potildee que o trabalho deve ser resul-tado de um planejamento maior que inclui leituras compreensatildeo ampla do assunto repertoacuterio e bagagem intelectualrdquo

Bastos fi naliza com a expec-tativa do que a revista pode se tornar no cenaacuterio jornaliacutestico mineiro ldquoGuardadas as devi-das proporccedilotildees a revista eacute uma mosca que pousa na sopa geral do artifi cialismo do jornalismo cotidianordquo avalia

Ponto amp Viacutergula eacute nova publicaccedilatildeo da Redaccedilatildeo Modelo da Fumec

Marketing de guerrilha contra ldquoselvardquo do mercado

DA REDACcedilAtildeO

A um passo de serem recru-tados para enfrentar a ldquoselvardquo do mercado de trabalho um grupo de estudantes do uacuteltimo ano do curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Fumec decidiu intensifi car seus treinamentos arregaccedilar as mangas e utilizar ferramen-tas do marketing de guerrilha para o trabalho de conclusatildeo de curso Todos os esforccedilos foram concentrados para inserir na miacutedia um festival de muacutesica eletrocircnica de forma inusitada

Caolina Miyuki Samir Duarte Bruno Motta Luiz Fernando Branco Charles Alvarenga Gabrielle Alva-renga Pedro Gabriel DrsquoAlcacircntara e Marina Muzzi criaram a agecircn-cia experimental Badoque e passaram a atender clientes reais ldquoTemos um cliente real e optamos por criar um modelo de comuni-caccedilatildeo diferente e mais proacuteximo do puacuteblicordquo explica Carolina Miyuki

Em um bom exemplo de espiacuterito empreendedor os inte-grantes da agecircncia experimen-tal pensaram em uma proposta diferente de tudo que jaacute havia sido apresentado nas bancas de avaliaccedilatildeo dos trabalhos de con-clusatildeo de curso na universidade O projeto denominado ldquocomu-nicaccedilatildeo inusitadardquo eacute voltado para

marketing de guerrilha e foge das miacutedias tradicionais como TV raacutedio jornal entre outras

Entre as proposiccedilotildees accedilotildees como um outdoor vivo - uma pla-taforma com pessoas danccedilando em uma estrutura pegando fogo - muacutesicos tocando em abrigos de ocircnibus um cubo de 3 m onde os visitantes possam interagir com projeccedilotildees de imagens um caminhatildeo cuja a carroceria seria transformada em aquaacuterio com paredes de vidro de 20 cm e peixo dentro com uma banda tocando no centro desse aquaacuterio Sendo assim a iniciativa torna-se tam-

beacutem uma boa alterna-tiva de divulgaccedilatildeo

para empresas com recursos fi nancei-

ros limitados Segundo a

presidente e redatora da agecircn-

cia experimental Gabrielle Alvarenga a Badoque surgiu para colocar em praacutetica tudo o que o grupo aprendeu durante o curso porque engloba todas as aacutereas estudadas dife-rentemente dos outros pro-cessos de conclusatildeo de curso como por exemplo monografi a e produtora ldquoA agecircncia fi nal te daacute uma visatildeo do que eacute o mer-cado de como eacute lidar com um cliente real isso eacute importante para nossa experiecircnciardquo

A publicitaacuteria receacutem-for-mada ainda comentou sobre o

meacutetodo usado para criar a agecircn-cia ldquoTrabalhar com o marke-ting de guerrilha eacute interessante pois conta com a participaccedilatildeo do proacuteprio cliente e do puacuteblico alvo entatildeo eacute muito mais envol-vente Eacute o puacuteblico quem ajuda a compor essa informaccedilatildeordquo

A imagem escolhida para representar a empresa experi-mental Badoque eacute de um antigo brinquedo usado para lanccedilar pedras ou pequenos projeacuteteis conhecido tambeacutem como esti-lingue arremessa sem avisar eacute surpreendente muito preciso Para operar um Badoque dife-rente de um tanque de guerra que acerta todo mundo eacute neces-saacuterio mirar bem o alvo e isso eacute o

que a agecircncia buscou com sua iniciativa Como por exemplo fazer uma comunicaccedilatildeo dire-cionada ao puacuteblio alvo e natildeo para a massa A ideacuteia segundo seus representantes eacute falar com quem realmente interessa para cada cliente

Para realizar o trabalho de conclusatildeo de curso os integran-tes da Badoque fecharam con-trato com o Ultra Music Festival uma grande festa de muacutesica ele-trocircnica em sua segunda ediccedilatildeo em Belo Horizonte Este ano a festa aconteceraacute em setembro e a agecircncia tornou-se responsaacutevel pelo planejamento do evento sua divulgaccedilatildeo sugerindo ao cliente propostas de melhorias

e novidades para o festival Foi por meio de pesquisas com o puacuteblico especiacutefi co do encontro musical que o grupo buscou saber o que as pessoas espera-vam e gostariam de encontrar em uma festa como essa

A iniciativa do grupo foi esti-mulada pela Totem ndash agecircncia modelo do curso de Publici-dade e Propaganda Alguns dos integrantes da Badoque jaacute tinham trabalhado com clientes da Totem Parte desses clientes passou a apresentar demandas que superavam a capacidade de atendimento da agecircncia modelo e sendo assim o grupo resolveu criar uma agecircncia experimental para atender essas demandas

Agecircncia experimental Badoque criada por alunos do uacuteltimo ano do curso de Publicidade e Propaganda da Fumec propotildee comunicaccedilatildeo inusitada

Grupo Badoque apresenta a agecircncia no auditoacuterio Phoenix da Universidade FumecFCH

Capa da primeira ediccedilatildeo

da revista Ponto e Viacutergula

ir

Divu

lgaccedilatildeo

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O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

4 bull Cidades Editoras e diagramadoras da paacutegina Renata Valentim e Roberta Andrade 6ordm periacuteodo

Viaduto das Almas perto do fi mApoacutes 52 anos o viaduto que foi cenaacuterio de diversos acidentes seraacute substituiacutedo por um novo em linha reta

AMANDA LELIS

6ordm PERIcircODO

ldquoEu ainda era crianccedila quando soube que Juscelino viria ateacute aqui Descemos eu e meu pai andando ateacute o viaduto porque natildeo tiacutenhamos carro nem cavalo naquele tempo as coisas eram um pouco mais difiacuteceis Tinha tanta gente que natildeo conseguimos nos aproximar entatildeo subi-mos num barranco e sentados laacute assis-timos a cerimocircnia Eacute a uacutenica lembranccedila bonita que tenho desse lugar Sua inau-guraccedilatildeo foi um sucessordquo narra Ilda

Ilda Marques 60 anos Eacute o iniacutecio da histoacuteria do Viaduto Vila Rica Com uma inauguraccedilatildeo pomposa feita por Juscelino Kubitschek no dia primeiro de fevereiro de 1957 o Viaduto das Almas como eacute mais conhecido seria a primeira estrada pavi-mentada do governo de JK responsaacutevel pela ligaccedilatildeo da capital mineira com o Rio de Janeiro ateacute entatildeo capital federal A respon-saacutevel pela obra foi a Construtora Rabello Ltda e o projetista foi o engenheiro Sergio Marques de Souza Junto agrave inauguraccedilatildeo do viaduto foi tambeacutem entregue uma praccedila cercada por um jardim onde seria o local de parada dos viajantes que atualmente foi abandonada e deteriorada com o tempo

O Viaduto Vila Rica estaacute localizado entre Itabirito e Congonhas no km 592 da BR-040 a cerca de 55 quilocircmetros de Belo Horizonte

Ao longo dos anos o local deixou de ser um emblema de progresso para se converter num caminho de trageacutedias O viaduto apesar de muito moderno na eacutepoca foi construiacutedo em curva com ape-nas duas pistas sem acostamento ndash aleacutem de ter o tempo como agravante de dete-riorizaccedilatildeo o que incidiu em um nuacutemero maior de acidentes

A borracharia localizada proacutexima ao viaduto eacute a principal parada dos que passam por imprevistos sobre o viadutoSegundo Geraldo Augusto borracheiro que trabalha ali haacute 15 anos esse tipo de acontecimento eacute mais comum do que parece ldquoMuitos ocircnibus atravessam o via-duto com problemas no carro algumas vezes eacute coisas simples como algum pneu furado e vecircm pra caacute

Maacuterio Sales caminhoneiro haacute 25 anos disse que o percurso que faz para suas entregas passa sempre pelo Viaduto das Almas e jaacute presenciou uma quantidade grande de acidentes ldquodesastres por aqui natildeo tem nuacutemero Acontece todo dia um novo acidente Noacutes motoristas de caminhatildeo somos muito discriminados mas somos com-panheiros com os que tambeacutem andam por essas estradas somos os primeiros a dar socorro a quem precisa Haacute algum tempo socorri uma estudante de Juiz de Fora proacuteximo a esse viaduto mas ela natildeo sobreviveurdquo lembra

De acordo com dados do Sindicato Uniatildeo Brasil Caminhoneiros ndash SUBC ndash ateacute 2004 cerca de 200 mortes teriam aconte-cido no local Um dos acidentes mais traacute-gicos sempre lembrado por aqueles que fazem o percurso aconteceu em 1967 foi um dos primeiros desastres no local Um ocircnibus da Viaccedilatildeo Cometa natildeo conseguiu atravessar o viaduto e acabou caindo deixando 14 mortos

Mas em 2010 essa histoacuteria poderaacute se modifi car Em 2007 foram iniciadas as obras para a construccedilatildeo do novo viaduto que substituiraacute o Viaduto das Almas A construccedilatildeo estaacute em fase fi nal e a preten-satildeo eacute de que a obra seja inaugurada em junho do proacuteximo ano Durante as obras os operaacuterios presenciaram acidentes no outro pontilhatildeo como conta Darcio Men-des motorista que trabalha na constru-ccedilatildeo ldquono fi nal de 2008 presenciei um dos acidentes mais traacutegicos que me lembro O motorista de um caminhatildeo carregado perdeu o controle e bateu na Toyota que estava na sua frente Ouvimos o barulho do choque dos carros daqui da obra e fomos correndo prestar socorro Os dois carros caiacuteram do viaduto O motorista do caminhatildeo e sua mulher que estava com ele foram lanccedilados Ela foi socorrida com vida mas ele e o outro motorista natildeo resistiramrdquo

Helio Damas fi scal de Obras de Artes Especiais foi contratado pela Enecom

empresa responsaacutevel pelo projeto e fi s-calizaccedilatildeo das obras do novo viaduto Segundo Damas o novo projeto prevecirc a reduccedilatildeo das curvas que eram agravan-tes na ocorrecircncia das trageacutedias O novo viaduto possui 460 metros de extensatildeo cerca de 52 metros de altura ndash um dos pilares de sustentaccedilatildeo possui 70 metros ndash 21 metros de largura e o que apostam ser a caracteriacutestica fundamental da constru-ccedilatildeo e que eacute oposta ao antigo este viaduto seraacute em linha reta e deveraacute diminuir um pouco do percurso dos viajantes

Para a primeira parte das obras a construccedilatildeo do viaduto foram disponi-bilizados cerca de 30 milhotildees de reais e a etapa foi concluiacuteda em 24 meses Atu-almente existe a espera da conclusatildeo da estrada que leva ao novo viaduto Essa que compotildee a segunda parte das obras fi cou a cargo da Construtora Brasil

De acordo com Joseacute Eduardo Soares engenheiro da Enecom responsaacutevel pela obra o novo pontilhatildeo foi construiacutedo com dois viadutos um no sentido BH-Rio e outro no sentido Rio-BH com espa-ccedilamento de trecircs metros entre eles Cada viaduto tem duas pistas mais o acos-tamento Como medida de seguranccedila foram feitas as chamadas ldquobarreiras New Jerseyrdquo feitas de concreto Elas forccedilam o carro a voltar para a pista em caso de colisatildeo evitando que o veiacuteculo aciden-tado caia do viaduto

Fotos Pedro Gontijo 5ordm G

Viaduto das Almas pouco depois de sua inauguraccedilatildeo em 1957 e agora com 52 anos exige uma estrutura melhor para aguentar o fl uxo atual de veiacuteculos

Arquivo Enecom

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Cidades bull 5Editoras e diagramadoras da paacutegina Renata Valentim e Roberta Andrade 6ordm periacuteodo

Ao contraacuterio do que a maioria das pessoas pode ima-ginar o nome caracteriacutestico do viaduto natildeo eacute devido aos acidentes e sim por causa do coacuterrego que passa por baixo dele afl uente do Rio das Velhas o Monjolo que era conhecido popularmente como Coacuterrego das Almas As pessoas que moravam perto dali diziam ver almas rondando por cima da aacutegua durante as noites

Ao ser inaugurado na antiga BR3 o viaduto foi bati-zado como Viaduto das Almas e soacute teve seu nome tro-cado em 1970 De acordo com moradores da regiatildeo a mudanccedila ocorreu para acabar com o ldquoazarrdquo que o nome trazia ao pontilhatildeo As lendas natildeo deixaram de fazer parte do imaginaacuterio da populaccedilatildeo local e ainda hoje ouve-se muitas histoacuterias

Ilda Marques trabalha no ldquoRestaurante da Celinhardquo proacuteximo ao viaduto ldquoFui nascida e criada aqui ao redor desse viaduto Me lembro de muita histoacuteria traacutegica Alguns andarilhos dormem debaixo do viaduto e um

deles passou a dormir em frente ao restaurante porque disse ter acordado em uma noite com uma visatildeo Eram pessoas caminhando com velas e cruzes nas matildeos depois disso ele nunca mais fi cou por laacuterdquo

Dona Maria Madalena tem 59 anos e haacute 32 mora numa casa proacutexima ao viaduto Ela contou das histoacute-rias que ouve sobre o lugar ldquotem um caminhoneiro que morreu ali o caminhatildeo despencou laacute de cima e ele fi cou preso entre as ferragens Dizem que ele volta no horaacuterio certinho que aconteceu o acidente e fi ca rodando por laacute pedindo ajuda Essa eu sei que eacute ver-dade porque todo mundo fala e uma vez quem contou foi um amigo meu o senhor que mora aqui perto ele viu esse homem Mas eu graccedilas a Deus nunca vi nadardquo acredita

Luiz Carlos do Vale tem 65 anos e trabalha como motorista de caminhatildeo haacute 14 Ele relatou que sua maior difi culdade nas estradas e principalmente no

viaduto eacute com os outros motoristas ldquoDentro dessas estradas passamos por muitas experiecircncias o viaduto jaacute estaacute todo atrapalhado por causa do tempo eacute pre-ciso respeito para dirigir eacute preciso pensar nos outros que tambeacutem estatildeo dirigindo Eu mesmo jaacute me assustei vaacuterias vezes Durante a travessia do viaduto me corta-ram uma vez um perigordquo

A antiga estrutura construiacuteda em concreto foi capaz de suportar meio seacuteculo O Viaduto Vila Rica que natildeo foi planejado para aguumlentar o fl uxo contiacutenuo de carros e caminhotildees que hoje passam por ele resistiu por todo esse tempo Ainda com a criaccedilatildeo do novo viaduto os casos e contos sobre ele permanecem rondando os ares do local Alguns moradores defendem a criaccedilatildeo de um monumento para preservar o viaduto e suas histoacuterias Mas o monumento em sua homenagem jaacute foi criado no decorrer do tempo sua histoacuteria eacute contada ndash e per-petuada ndash de boca em boca

Do coacuterrego ao viaduto

O caminhoneiro Luiz Carlos do Vale reclama da falta de respeito dos outros motoristas

Maria Madalena relatou histoacuterias frequentes sobre o Viaduto das Almas no imaginaacuterio popular

Operaacuterios trabalhando na construccedilatildeo do novo viaduto que teraacute 450m de extensatildeo 52m de altura pista dupla e acostamento aleacutem de ser em linha reta

Foto Amanda Lelis 6ordm G

04-05 - VIADUTO DAS ALMASindd 204-05 - VIADUTO DAS ALMASindd 2 82809 114918 AM82809 114918 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de Agosto de 2009

6 bull Cidades Editor e diagramador da paacutegina Nathaacutelia Drumond 6ordm periacuteodo

Poliacuteticas de controle ao fumo elevam impostos do cigarro e restringem consumo em locais coletivos

NATHAacuteLIA DRUMOND

JAIME HOSKEN

GABRIEL VIEIRA

5ordm E 6ordm PERIacuteODOS

As doenccedilas relacionadas ao fumo correspondem agrave princi-pal causa de mortes em todo o mundo apresentando incidecircncia maior ateacute mesmo que a AIDS e a tuberculose Segundo o Minis-teacuterio da Sauacutede ainda assim no Brasil existem aproximada-mente 30 milhotildees de fumantes e oito pessoas morrem a cada hora em decorrecircncia de complicaccedilotildees provocadas pelo tabaco As esta-tiacutesticas alarmantes e as evidecircn-cias de que os danos do cigarro natildeo se limitam aos fumantes ndash a exposiccedilatildeo agrave fumaccedila aumenta em cerca de 30 as chances de um fumante passivo desenvol-ver cacircncer de pulmatildeo ndash fi zeram com que o governo fortalecesse as poliacuteticas de controle ao taba-gismo e adotasse medidas mais rigorosas nos uacuteltimos meses

Na deacutecada de 70 as autorida-des de sauacutede jaacute alertavam para a necessidade de se realizar o con-trole do tabaco no Brasil mas o governo soacute comeccedilou a se preo-cupar nos anos 90 quando fi ca-ram mais claras as evidecircncias da gravidade das doenccedilas liga-das ao uso do cigarro Em 1996 foi criada a Lei Federal 9294 de autoria do entatildeo deputado fede-ral Elias Murad (PSDB-MG) que proibiu o fumo em ambientes fechados em todo o paiacutes A falta de fi scalizaccedilatildeo fez com que a lei natildeo saiacutesse da teoria mas repre-sentasse de qualquer forma o iniacutecio de uma discussatildeo que passaria a ocupar cada vez mais espaccedilo na vida dos brasileiros A partir de entatildeo houve vaacuterias tentativas de se reduzir o con-sumo do tabaco no Brasil

Em 2000 para desestimular e tirar o glamour da droga frente aos jovens o governo proibiu a veiculaccedilatildeo de propagandas de cigarros A lei foi sancio-nada apesar da forte pressatildeo da induacutestria tabagista que alegava que a medida infrigia os direitos de livre comeacutercio e de liberdade de expressatildeo e por isso eram inconstitucionais

Em 2001 foi a vez das doen-ccedilas causadas pelo tabagismo passarem a estampar os maccedilos de cigarro no paiacutes As imagens chocantes foram percebidas em princiacutepio com estranheza mas logo passaram de men-sagens inibidoras a motivo de chacota por parte dos fumantes Recentemente novas imagens mais fortes comeccedilaram a ser veiculadas nos maccedilos

Diante de tantas accedilotildees mas com resultados pouco satisfa-toacuterios neste ano o governo pas-sou a adotar uma postura mais rigorosa em relaccedilatildeo ao assunto Aleacutem do aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do PISCofi ns do cigarro no fi nal de marccedilo ndash o total da tri-butaccedilatildeo passou de 58 para 65 ndash os estados de Satildeo Paulo Rio de Janeiro e Minas Gerais cria-ram projetos de lei que proiacutebem o fumo em locais puacuteblicos As recentes medidas foram adota-das de acordo com recomenda-ccedilotildees do Programa Nacional de Controle do Tabagismo que jul-gam inefi cientes as accedilotildees indi-viduais e apoiam intervenccedilotildees mais abrangentes

ImpostoA elevaccedilatildeo do imposto sobre

o cigarro eacute considerado pelo Programa Nacional de Controle ao Tabagismo como um dos principais instrumentos no con-trole do consumo do produto Preccedilos mais altos para o con-sumidor representam aumento nas taxas de abandono e da dis-suasatildeo dos jovens em relaccedilatildeo ao produto Em informe da Secre-taria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte Deborah Malta coordenadora da aacuterea de doen-ccedilas e agravos natildeo transmissiacuteveis do Ministeacuterio da Sauacutede afi rmou que o principal ponto das medi-das antitabagistas eacute evitar que adolescentes e jovens se viciem na substacircncia

Aleacutem da melhoria da sauacutede da populaccedilatildeo o dinheiro da receita poderia ser melhor investido mas eacute gasto pela sauacutede puacuteblica no tratamento de complica-ccedilotildees causadas pelo tabagismo Segundo dados do Ministeacuterio da

Sauacutede os custos das internaccedilotildees relacionadas ao tabaco somam a quantia de R$11 bilhatildeo o que corresponde a 8 dos gastos hospitalares com adultos acima de 35 anos Com o reajuste do IPI e do PISCofi ns do cigarro o governo espera arrecadar este ano R$ 975 milhotildees e R$ 1540 bilhotildees em 2010

Nesse acircmbito da economia a medida tambeacutem pretende atin-gir os fumantes de classes sociais inferiores e de baixa escolari-dade que de acordo com estu-dos do proacuteprio Programa ten-dem a fumar mais e destinam uma parte signifi cativa da renda mensal agrave compra do produto aumentando a pobreza desses indiviacuteduos e a perda de produti-vidade no caso de enfermidades provocadas pelo tabaco

RigorNo estado de Satildeo Paulo o

governador Joseacute Serra (PSDB) criou um projeto de lei proi-bindo fumar cigarros charutos e similares em ambientes como escolas museus bares restau-rantes e empresas O projeto que elimina os espaccedilos para fumantes em ambientes coleti-vos total ou parcialmente fecha-dos dividiu opiniotildees a respeito dos seus efeitos foi considerado discriminatoacuterio e ateacute mesmo inconstitucional mas apesar das especulaccedilotildees de que seria barrado foi sancionado em sete de maio

Pela nova lei que entrou em vigor no mecircs de agosto o esta-belecimento que natildeo obedecer agraves novas regras deveraacute pagar multa de R$ 792 podendo che-gar a R$3 milhotildees em caso de reincidecircncia As multas natildeo se estendem aos fumantes e se eles natildeo se dispuserem a apagar o cigarro a determinaccedilatildeo eacute a de que se acione a poliacutecia Apesar do rigor da nova lei pesquisa realizada em Satildeo Paulo pelo Datafolha entre os dias cinco e seis de maio mostram que 59 dos fumantes estatildeo de acordo com ela e 86 estatildeo dispostos a respeitaacute-la

Para que a lei natildeo fi que apenas no papel Serra afi r-

mou que aleacutem da instalccedilatildeo de detectores de fumaccedila a fi sca-lizaccedilatildeo seraacute feita por cerca de 500 fi scais da Vigilacircncia Sanitaacute-ria e do Procon Como suporte aos fumantes o governo pau-lista disponibilizaraacute para aque-les que decidirem largar o viacutecio informaccedilotildees sobre o consumo da droga assistecircncia tera-pecircutica e medicamentos para tratamento

A medida estaacute servindo de exemplo para cidades como Rio de Janeiro e Belo Hori-zonte onde projetos de lei semelhantes estatildeo sendo cria-dos mas devido agraves falhas nos textos e agrave oposiccedilatildeo de enti-dades comerciais tiveram pareceres desfavoraacuteveis Em Minas Gerais o projeto de lei da vereadora de Belo Hori-zonte Neusinha Santos (PT) pretende barrar o cigarro em ambientes fechados privados e puacuteblicos corrigindo as falhas da Lei 929496 a falta de rigor na fiscalizaccedilatildeo dos estabe-lecimentos e a instalaccedilatildeo de fumoacutedromos sem a separaccedilatildeo dos demais ambientes

A proposta de Neusinha per-mite a criaccedilatildeo de aacutereas para fumantes desde que elas sejam delimitadas por barreiras fiacutesi-cas e possuam exaustores para impedir que as demais aacutereas ocupadas por natildeo-fumantes sejam contaminadas A inten-ccedilatildeo da vereadora eacute impedir que fumantes prejudiquem a sauacutede de quem natildeo fuma O texto do projeto entretanto foi conside-rado confuso por natildeo explicitar os locais exatos onde se poderia ou natildeo fumar e sua aprovaccedilatildeo foi adiada

Outro impecilho para que a lei seja aprovada em Minas Gerais assim como no Rio de Janeiro eacute a ameaccedila de pedido de inconstitucionalidade por parte da Federaccedilatildeo dos Hoteacuteis Bares e Restaurantes de Minas Ao mesmo tempo que a lei pode trazer melhorias para a qualidade de vida da popula-ccedilatildeo tambeacutem pode signifi car a perda de clientes o que leva os estabelecimentos a se posicio-narem contra

Governo aumenta rigor antitabagista

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O Ponto

Cidades bull 7Belo Horizonte 27 de Agosto de 2009

Editor e diagramador da paacutegina Nathaacutelia Drumond 6ordm periacuteodo

Tanto em Satildeo Paulo onde a lei do Governador Joseacute Serra jaacute foi sancionada quanto em Minas Gerais onde ainda aguarda aprovaccedilatildeo o rigor das propostas para o controle do tabagismo causaram muita polecircmica A proibiccedilatildeo do fumo em ambien-tes coletivos foi vista com maus olhos natildeo soacute pelos fumantes mas tambeacutem por entidades comerciais que questionam o radicalismo das medidas e ale-gam inconstitucionalidade

Do ponto de vista legal segundo o advogado Ney Ceacutesar Azevedo natildeo eacute possiacutevel enxergar onde essas accedilotildees podem ser consideradas inconstitu-cionais pois um direito individual pode sofrer res-triccedilotildees quando afeta outro direito constitucional-mente garantido O artigo 5ordm prevecirc a igualdade de todos perante a lei o artigo 6ordm entretando garante a sauacutede como um direito fundamental para todo cidadatildeo ldquoAssim devemos levar em conta que nesse caso as claacuteusulas constitucionais natildeo satildeo confl itantes mas deve haver um meio termo para garantir que uma natildeo anule a efi caacutecia da outrardquo O advogado reforccedila ainda que a prevalecircncia do direito coletivo deve ser pensada com cuidado para que natildeo haja excessos e arbitrariedades sempre tendo em mente que ldquose a sauacutede puacuteblica eacute importante os fumantes tambeacutem devem ter seus direitos asseguradosrdquo concluiu

Fumante por mais de 30 anos o fotoacutegrafo Alberto Escalda que deixou o viacutecio no uacuteltimo ano declara-se a favor da nova lei Em seu ponto de vista a proibiccedilatildeo eacute necessaacuteria pelo fato de as pessoas natildeo terem bom senso em respeitar o direito dos que natildeo fumam O fotoacutegrafo lembra que no passado as pessoas fumavam em qualquer

ambiente ldquoEra totalmente desagradaacutevel vocecirc pegar um aviatildeo para a Europa por exemplo e as pessoas fumarem durante toda a viagem ao seu ladordquo Alberto no entanto ressalta a importacircncia de um ambiente para os fumantes ldquoTodos os luga-res deveriam ter um fumoacutedromo natildeo haacute como proibir as pessoas de fumarem Todos sabem os malefiacutecios do cigarro e se desejam continuar fumando devem ter a liberdade de fazecirc-lo em um lugar reservadordquo completa

Compartilha da mesma opiniatildeo o jornalista Rogeacuterio Correa ldquoInfelizmente natildeo haacute como tra-tar da educaccedilatildeo apenas com accedilotildees preventivas O Governo poderia acabar com as induacutestrias de cigarro no paiacutes os preccedilos se elevariam e jaacute seria essa uma medida reducionista Mas ele natildeo o faz e nem vai fazer porque natildeo o interessa perder milhotildees em arrecadaccedilatildeordquo acredita

Do outro lado haacute quem afi rme que a nova lei exagera na restriccedilatildeo controlando de forma abu-siva a vida dos fumantes A administradora de empresas Ana Paula Neto acredita que se a proi-biccedilatildeo se restringisse apenas a ambientes fechados seria mais justa e menos excludente ldquoOs fuman-tes em sua maioria tem o bom senso em saber que os outros se incomodam com a fumaccedila e o cheiro de cigarro agrave sua volta Natildeo eacute preciso excluiacute-los de todos os ambientes e passar a trataacute-los como marginais que tecircm que se retirar dos lugares toda vez que desejar fumarrdquo A administradora acredita que haacute lugares em que fumantes e natildeo-fumantes podem conviver em harmonia como em bares e boates abertos onde o consumo do cigarro natildeo deveria ser proibido

Os males que o cigarro pode causar

Polecircmica

Fonte Denise Steiner demartologista prevfumo nucleo de apoio ao fumante da

UNIFESP wwweuqueropararcombr

Em entrevista a O Ponto o vereador de Belo Horizonte Elias Murad autor da Lei 9294 de 1996 que proibiu o fumo em ambientes fechados em todo o paiacutes fez consideraccedilotildees a respeito da impor-tacircncia de medidas mais rigorosas de controle ao tabagismo

O Ponto Apesar de jaacute existirem leis que proiacutebem o fumo em recintos fechados em todo o paiacutes a nova lei sancionada em Satildeo Paulo pelo gover-nador Joseacute Serra proiacutebe inclusive a instalaccedilatildeo de locais para fumantes nos estabelecimentos O que o senhor pensa a respeito dessa lei

Murad Julgo essa lei em SP mais radical do que a que existe em niacutevel nacional Essa teve sua origem num projeto de minha auto-ria enquanto era Deputado Federal Mas ela esta em vigor ainda Eacute uma lei federal que continua em vigor no paiacutes inteiro Portanto a lei de SP veio acrescentar agrave Lei 929496 que jaacute existia Na minha opiniatildeo eacute muito bom que isso aconteccedila pois as multinacionais tabaqueiras natildeo dormem em silecircncio Estatildeo sempre provocando problemas nessa aacuterea para que possam fi car em evidecircncia

Por ser o cigarro uma droga liacutecita a proibiccedilatildeo do fumante em locais puacuteblicos natildeo infrige os seus direitos de ir e vir pre-vistos na constituiccedilatildeo A separaccedilatildeo de aacutereas especiacutefi cas para fumantes e natildeo-fumantes poderia solucionar o problema

Em princiacutepio parece que sim mas se olharmos coletivamente e de maneira ampla verifi camos que a separaccedilatildeo pouco resolve esse problema Na verdade natildeo resolve pois o indiviacuteduo continua a fumar em locais coletivos Em alguns paiacuteses foi adotado esse sistema mas ele natildeo funcionou bem porque o tabagista passivo aquele que absorve a fumaccedila do ambiente impregnado eacute o mais prejudicado Por ser um local puacuteblico coletivo o ambiente deve-ria ser limpo de cigarro Dessa maneira sou favoraacutevel a radicali-zaccedilatildeo das leis contra o tabaco

Em Minas Gerais o projeto de lei da vereadora Neusinha San-

tos se difere do paulista por permitir a criaccedilatildeo de fumoacutedromos separados das demais aacutereas do estabelecimento por barreiras fiacutesicas e equipados com exaustores Mesmo sendo menos radi-cal a proposta foi criticada e barrada Quais foram os motivos

O projeto da vereadora Neusinha Santos chegou a ir a plenaacuterio para votaccedilatildeo em 1deg turno mas durante o processo de discussatildeo foi conscenso a sua retirada para uma melhor adequaccedilatildeo agrave rea-lidade atual - nacional e mundial Eu e mais dois colegas vere-adores apresentamos entatildeo um substitutivo a este projeto nos moldes da recente lei aprovada em Satildeo Paulo colocando assim Belo Horizonte dentro deste contexto

A fi scalizaccedilatildeo dos estabelecimentos eacute o ponto mais vulne-

raacutevel para que as leis contra o cigarro sejam cumpridas Como seria feito o gerenciamento dessas novas leis

Pela lei federal ainda em vigecircncia esta fi scalizaccedilatildeo cabe agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria Municipal Na nova proposta pode-se acio-nar ateacute a poliacutecia para a retirada de fumantes de locais ou se o estabelecimento natildeo estiver cumprindo a lei para sua interdi-ccedilatildeo Portanto a fi scalizaccedilatildeo acaba sendo um instrumento pes-soal do consumidor que se sentir afetado nos seus direitos de viver num ambiente livre de tabaco

Quais seriam os provaacuteveis resultados dessas medidas mais

rigorosas O senhor acredita que haveria reduccedilatildeo no nuacutemero de fumantes

Acredito sim pois jaacute haacute um exemplo no proacuteprio Brasil Antes da apresentaccedilatildeo do meu projeto que levou agrave Lei 929496 o uso era muito grande e havia cerca de 300 mil tabagistas a mais do que atualmente Aconteciam tambeacutem 200 mil mortes por ano em consequecircncias de moleacutestias provocadas pelo tabaco Depois da promulgaccedilatildeo da lei esses nuacutemeros cairam para 200 mil e 100 mil Houve entatildeo uma diminuiccedilatildeo razoaacutevel Cerca de 30 dos taba-gistas largaram o cigarro

Os resultados natildeo seriam mais efi cientes se fossem realiza-

das campanhas mais incisivas e abrangentes a meacutedio e longo prazos principalmente nas escolas visando a conscientizaccedilatildeo das crianccedilas e jovens

Jaacute se faz isto em certos locais acredito que qualquer medida que se tomar em relaccedilatildeo ao tabaco vai ser efi ciente e dar pelo menos algum resultado

Foto arquivo pessoal

06-07 - cigarro partepretobrancoindd 206-07 - cigarro partepretobrancoindd 2 82809 114933 AM82809 114933 AM

O Ponto

Editoras e diagramadoras da paacutegina Claacuteudia Lapouble e Amanda Lelis

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

8 bull Sociedade

Lares para a Melhor IdadeCom fi scalizaccedilotildees e leis especiacutefi cas para o idoso asilos deixam de ser vistos como sinocircnimo de abandono

JUSCILENE M SIQUEIRA

NATHAacuteLIA MAGALHAtildeES

PAULA SAMPAIO

5ordm PERIODO

De acordo com a lei 10741 de 1ordm de outubro de 2003 eacute con-siderado idoso todo cidadatildeo com idade igual ou superior a 60 anos Devido aos avanccedilos no campo da sauacutede e agrave reduccedilatildeo da taxa de natalidade a populaccedilatildeo de idosos no Brasil vem aumen-tando a cada ano Estima-se que em 2020 a populaccedilatildeo com mais de 60 anos chegaraacute a 30 milhotildees (13 do total) segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatiacutestica IBGEEsses iacutendices que se devem principalmente aos avanccedilos no campo da sauacutede e agrave reduccedilatildeo das taxas de natalidade tornam cada vez mais comum a convi-vecircncia de pessoas de trecircs gera-ccedilotildees na mesma casa

Apesar das estatiacutesticas que mostram que a estrutura fami-liar brasileira estaacute se modi-fando haacute lares em que o idoso eacute responsavel pelo sustento da famiacutelia o choque de geraccedilotildees e a rotina do dia a dia torna o con-vivio difiacutecil Eacute quando muitas famiacutelias ou os proacuteprios idosos pensam em outro ambiente que melhor atenda agraves suas neces-sidades Os asilos atualmente chamados de Instituiccedilotildees de Longa Permanecircncia para Idosos (ILPI) se tornam uma soluccedilatildeo para essa situaccedilatildeo

LaresA ldquoVida Ativardquo eacute uma insti-

tuiccedilatildeo privada que segundo a diretora Maacutercia Leatildeo recebe idosos que procuram o local por conta proacutepria ldquoEles geralmente optam por natildeo morar sozinhos e nem com os fi lhos e acham a convivecircncia de um hotel muito impessoalrdquo diz a diretora da ins-tituiccedilatildeo A casa possui convecirc-nios com planos de sauacutede que garantem aos moradores anten-dimento de geriatras fonoau-dioacutelogos fi sioterapeutas nutri-cionista dentistas entre outros profi ssionais aleacutem de medi-camentos Nove funcionaacuterios estatildeo agrave disposiccedilatildeo dos idosos seis teacutecnicos de enfermagem dois de serviccedilos gerais e uma secretaria Mas o preccedilo de todo esse conforto eacute alto fi car em uma instituiccedilatildeo como essa custa cerca de R$ 2 mil a R$ 2500 por mecircs

Maacutercia Leatildeo tambeacutem eacute dire-tora do ldquoSolar das Estaccedilotildeesrdquo ins-tituiccedilatildeo destinada a idosos com

doenccedilas degenerativas do sis-tema nervoso central Segundo ela esses idosos requerem cui-dados especiais e ressalta ldquocom-parar um idoso a uma crianccedila eacute um grande erro pois aleacutem de possuiacuterem necessidades espe-ciais ldquoos idosos natildeo tecircm tempo tudo eacute pra ontem mas a pers-pectiva de mudanccedila eacute lenta e trabalhosardquo

Mas haacute uma parcela grande da populaccedilatildeo de terceira idade que natildeo tem condiccedilotildees de se manter em instituiccedilotildees como as mencionadas acima Esses encontram acolhida em lares fi lantroacutepicos como o Nuacutecleo Assistencial Caminhos para Jesus fundado haacute 40 anos A casa abriga atualmente 62 ido-sos aleacutem de dar assistecircncia a crianccedilas portadoras de defi ci-ecircncia O lar dispotildee aos idosos a opccedilatildeo de apenas passar o dia na casa ou se mudar defi niti-vamente e passar os fi nais de semana em casa Mas segundo Joicemara Santana secretaacuteria da instituiccedilatildeo grande parte dos idosos que moram na casa natildeo tecircm famiacutelia alguns deles satildeo ex-moradores de rua e sequer pos-suem documentos

A casa que natildeo possui con-vecircnio com outras instituiccedilotildees estaacute buscando parcerias com empresas interessadas em con-tribuir e os moradores que tecircm condiccedilatildeo contribuem com 50 do salaacuterio Aleacutem da ajuda dos idosos o asilo se manteacutem atra-veacutes de doaccedilotildees solicitadas via telefone

Apesar das difi culdades fi nanceiras o lar oferece assis-tecircncia de profi ssionais nas aacutereas de geriatria psicologia fi siote-rapeuta psiquiatra assistecircncia

social terapeuta ocupacional fonoaudioacuteloga enfermeiro e voluntaacuterios

O Lar de Idosas Santa Tereza e Santa Terezinha localizada no bairro Santa Tereza regiatildeo leste da capital eacute um exemplo de instituiccedilatildeo que assim como a Associaccedilatildeo Caminhos para Jesus consegue - mesmo com poucos recursos oferecer a suas moradoras a assistecircncia que precisam com respeito e claro muito carinho A casa que hoje possui 12 moradoras tem capa-cidade para abrigar ateacute 15 eacute ligada agrave Sociedade Satildeo Vicente de Paula e tem a particularidade de receber apenas senhoras que procuram o lar por vontade proacutepria

As idosas que optam por morar na instituiccedilatildeo contri-buem com dois salaacuterios miacuteni-mos mas eacute graccedilas agraves doaccedilotildees e ao trabalho de voluntarios que a casa consegue se manter

LeisEm 23 de setembro de 2003

a Comissatildeo Diretora do Senado Federal aprovou o Estatuto do Idoso que garante agrave ldquomelhor idaderdquo o direito agrave liberdade ao respeito e agrave dignidade Consta do artigo 10 paragrafo dois ldquoO direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade fiacutesica psiacutequica e moral abran-gendo a preservaccedilatildeo da imagem da identidade da autonomia de valores ideacuteias e crenccedilas dos espaccedilos e dos objetos pessoaisrdquo

De acordo com o Estatuto as ILPI devem oferecer estru-tura fiacutesica adequada instala-ccedilotildees sanitaacuterias alimentaccedilatildeo apropriada boas condiccedilotildees de limpeza e higiene profi ssio-

nais habilitados e jamais devem apresentar opressatildeo ou violecircn-cia aos idosos

A Promotoria do Idoso orgatildeo que cuida dos direitos do cida-datildeo da terceira idade tem fun-ccedilatildeo de receber denuacutencias contra abandono abusos e maus tratos e agir legalmente para protege-los A promotoria foi criada em 2001 apoacutes a divulgaccedilatildeo do rela-toacuterio da Comissatildeo dos Direitos Humanos que apontava uma seacuterie de denuacutencias contra os asilos onde os idosos sofriam todo tipo de violecircncia e eram abandonados e negligencia-dos O relatoacuterio daquele ano foi enviado aos governos federal e estadual contendo sugestotildees de poliacuteticas puacuteblicas para melhorar o atendimento ao idoso

FiscalizaccedilatildeoPara que uma casa de idosos

entre em atividade deve cum-prir uma seacuterie de requisitos primeiramente o proprietaacuterio deve requerer um alvaraacute junto agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria de sua regional e entatildeo seu estabele-cimento passa por uma vistoria inicial para concessatildeo do alvaraacute esta fi scalizaccedilatildeo se repetiraacute anu-almente para que a licenccedila seja renovada

Segundo Joseacute Carlos Silva gerente da Vigilacircncia Sanitaacuteria da regional do Barreiro existe um acordo entre a ANVISA e o Ministeacuterio Puacuteblico para reali-zar no miacutenimo duas fi scaliza-ccedilotildees anuais natildeo agendadas em cada ILPI aleacutem das duas visitas obrigatoacuterias a vigilacircncia entra em accedilatildeo sempre que uma denuacutencia eacute feita Na existecircncia de irregularidades o asilo seraacute acompanhado periodicamente ateacute que a situaccedilatildeo seja regulari-zada Caso natildeo sejam tomadas providecircncias a instituiccedilatildeo tem seu alvaraacute suspenso Se as irre-gularidades forem consideradas graves como no caso de maus tratos aleacutem do alvaraacute suspenso a instituiccedilatildeo seraacute interditada e os moradores acompanhados pelo Serviccedilo Social da regiatildeo e encaminhados a outros ILPI proacuteximos

Vespasiano

Ribeiratildeodas Neves

Contagem

Ibiriteacute

Brumadinho

Nova Lima

Sabaraacute

Santa Luzia

VENDNNNNDA NOVAND NORTE

NNNNONNONORDESTENO

NOROESTELESTE

OESTE

CENTRO-SUL

BARREIRO

Esacala 1160000Fonte Prodebel

PAMPULHA

ILPI Filantroacutepica

ILPI Privada

Segundo a PBH haacute na capital mais de 1100 idosos vivendo em asilos As ILPI somam 76 instituiccedilotildees 42 fi lantroacutepicas e 34 privadas A maior concentraccedilatildeo estaacute nas regiotildees Noroeste (10 lares fi lantroacutepicos) e Pampulha (15 lares privados)

Moradoras do Lar de Idosas Santa Tereza e Santa Terezinha

Disque Idoso (31)3277-4646

Delegacia Especializada de Proteccedilatildeo ao Idoso 0800-305000

Nuacutecleo Assistencial Caminhos para Jesus ligue 0800-0315600

Info

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Foto Amanda Lelis

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O Ponto

Editor e diagramador da paacuteginaClaudia Lapouble e Amanda Lelis

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Sociedade bull 9

AMANDA LELIS

CLAUDIA LAPOUBLE

ROBERTA ANDRADE

6 PERIODO

Todo indiviacuteduo eacute personagem de uma histoacuteria observada de maneira bem parti-cular num mundo que eacute soacute seu Toda narra-tiva eacute uacutenica se diferencia de qualquer outra ainda que seja sobre a mesma histoacuteria e contada pela mesma pessoa O momento eacute imprescindiacutevel o clima o ambiente o humor detalhes que infl uenciam em todo conto seja ele veriacutedico ou natildeo Contra-riando a procura insistente por tudo o que eacute novo decidimos correr atraacutes da memoacuteria ouvir quem tem histoacuterias para contar

Depois de aguardar por alguns minutos vinha dona Zezeacute como gosta de ser cha-mada o cabelo delicadamente arrumado com um arco colorido colar de peacuterolas maquiagem perfume e uma piada na ponta da liacutengua Sua percepccedilatildeo de tempo eacute dife-rente da nossa o que lhe acontece hoje natildeo eacute tatildeo importante quanto agravequela memoacuteria do passado que sabe nos contar com detalhes minuciosos Dona Zezeacute tem mesmo mania de misturar o hoje com o ontem sonhos natildeo realizados com realizaccedilotildees antigas paixotildees fortes da mocidade com carecircncias atuais Parte verdadeira parte imaginaacuteria sua histoacuteria tem caracteriacutesticas peculiares a cronologia se confunde e sua narrativa segue o caminho traccedilado pela sua mente num vai-e-vem luacutedico e caracteriacutestico

A irreverecircncia de Maria Joseacute eacute marca registrada ldquoquando vem visita todo mundo me cumprimenta eles acham graccedila por-que eu sou assim muito pra frente saberdquo brincou dona Zezeacute Com 82 anos haacute 5 vive no Lar de Idosas onde moram cerca de 15 senhoras De prosa boa nos fez rir muitas vezes rememorou sua juventude os bailes sua paixatildeo pela danccedila de salatildeo pela costura bordado e pelo marido Moacir Siqueira que faleceu haacute alguns anos

A imagem do marido se confundia agraves vezes com a imagem do seu pai Ao falar de um se lembrava do outro como se ela visse no marido muito mais velho que ela a fi gura do pai protetor ldquoEle me tratava como uma crianccedila meu marido cuidou de mim como uma boneca assim como meu pairdquo rememorou Nascida em Araxaacute Maria Joseacute

morava no Grande Hotel da cidade onde conheceu seu marido que era contador Ela contou que Moacir vinha de Satildeo Paulo e se hospedava no Grande Hotel ldquoEle vinha de Satildeo Paulo para o garimpo em Estrela do Sul alugava a terra colocava os homens pra trabalhar e fi cava laacute de braccediladardquo disse entre gargalhadas Ficou satisfeita em falar do marido com uma piscada de olho comple-tou ldquoAh mas ele era bonito demais menina eu precisava te mostrar um retratinho dele parecia um artistardquo

Dona Zezeacute lembra com saudade do tempo em que era enfermeira e do cari-nho que tinha com as pessoas que cuidava ldquoSou assim ateacute hoje vocecirc tem que ver com as crianccedilas olha como sou com as crian-ccedilas grandes (se referindo a noacutes) eu abraccedilo acarinho e me perguntam com quem vocecirc aprendeu a ser tatildeo carinhosa A vida ensina pra gente muita coisardquo completou emocionada

Peacute-de-valsa dona Zezeacute fazia festa por onde passava ldquoSe natildeo tivesse uma velhinha vigiando a Zezeacute eu natildeo podia sair Gostava tanto de danccedilar que quando ia costurar fi cava me lembrando da danccedila a maacutequina ia pra laacute e pra caacute meu peacute ia no ritmo cos-turava o que natildeo devia Quando a gente ia no baile era eu chegar que comeccedilava a dan-ccedilar A primeira a chegar no salatildeo era eu mas natildeo tinha culpa porque os homens eacute que me chamavam pra danccedilar uairdquo disse orgu-lhosa entre risos

Muito vaidosa Maria Joseacute falou sobre sua coleccedilatildeo de acessoacuterios contou que natildeo podia ir em um baile com a mesma roupa o mesmo brinco o mesmo colar ou um anel nunca repetia um adorno e ainda hoje eacute assim ldquoEu gosto de me arrumar eacute a vida que eu levo Pra receber visita eu coloco uma roupa bonita Para receber vocecircs eu tomo um banho e passo uma maquiagem neacute Assim que eu sourdquo Apesar disso quando falamos em foto dona Zezeacute logo disse sor-ridente ldquoVai tirar minha foto Potildee laacute na roccedila de arroz pra espantar os bichosrdquo

Com tanta irreverecircncia dona Zezeacute daacute exemplo de personalidade esbanjando alegria Ao chegarmos no portatildeo de saiacuteda de braccedilos dados conosco dona Zezeacute perguntou

-Que dia vocecircs vatildeo voltar

Tardes de vai e vem

Foto Claudia Lapouble

Foto Amanda Lelis

Fotos Roberta Andrade

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O Ponto

10 bull Profi ssatildeoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

Editoras e diagramadoras da paacutegina Renata Valentim e Roberta Andrade

O ensino do jornalismo no divatildeEnquanto o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo cria comissatildeo para repensar a construccedilatildeo do conhecimento jornaliacutestico no seacuteculo XXI os jornais impressos enfrentam o desafi o de revisar sua vocaccedilatildeo

RENATA VALENTIM

6ordm PERIacuteODO

Na dinacircmica da era da infor-maccedilatildeo em que a internet se fi rma como o mais acessiacutevel mais veloz e mais democraacute-tico meio de transmissatildeo de informaccedilatildeo o jornalismo viu-se em crise de identidade Boa parcela dos estudiosos e prati-cantes da atividade jornaliacutestica sentiu-se ameaccedilada pela des-centralizaccedilatildeo da notiacutecia nesse novo meio o leitor agora eacute tambeacutem produtor de informa-ccedilatildeo Outra fragilidade reside na escassez das vagas do mercado que natildeo comporta os milhares de jornalistas receacutem-formados despejados pelas faculdades De acordo com dados de 2005 obtidos pelo Observatoacuterio Uni-versitaacuterio apenas 125 dos graduados em jornalismo con-seguem manter-se de peacute na car-reira A proliferaccedilatildeo das esco-las particulares de jornalismo

choca-se com o enxugamento das redaccedilotildees onde prevale-cem os chamados profi ssionais multimiacutedia que precisam ser capazes de produzir informa-ccedilatildeo para um grande nuacutemero de suportes

Neste cenaacuterio onde tam-beacutem satildeo incluiacutedas a queda da velha Lei de Imprensa e o polecircmico fi m da obrigatorie-dade do diploma para o exer-ciacutecio da profi ssatildeo no dia 17 de junho foi criada pelo MEC uma comissatildeo que estabeleceraacute as novas diretrizes curriculares dos cursos de jornalismo no Brasil Um dos fundadores da Escola de Comunicaccedilatildeo e Artes da USP professor Joseacute Marques de Melo preside o grupo res-ponsaacutevel por elaborar as pro-postas de mudanccedilas a serem implantadas nas escolas de jornalismo do paiacutes Aleacutem dele seis acadecircmicos e uma repre-sentante do mercado estatildeo incumbidos de ateacute o iniacutecio do segundo semestre apresentar o

balanccedilo das anaacutelises A neces-sidade de reforma segundo o ministro Fernando Haddad eacute ratifi cada pelos dados obtidos pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo cerca de 80 dos cursos de jornalismo satildeo considerados de baixa qualidade A inten-ccedilatildeo da comissatildeo eacute que as pro-postas sejam elaboradas por meio da participaccedilatildeo e opiniatildeo de sindicatos universidades e empresas de comunicaccedilatildeo emitidas nas trecircs audiecircncias puacuteblicas que foram realizadas entre marccedilo e maio deste ano ndash no Rio de Janeiro Recife e Satildeo Paulo respectivamente

Efeito placebo Apesar da pertinente preo-

cupaccedilatildeo em melhorar o ensino do jornalismo no Brasil as pro-postas delineadas pela comis-satildeo satildeo ainda desconhecidas e por isso mesmo carregadas de polecircmica Algumas sugestotildees anunciadas antes mesmo da realizaccedilatildeo da primeira audiecircn-

cia como a separaccedilatildeo do jorna-lismo da Comunicaccedilatildeo Social dividem profi ssionais e aca-decircmicos Como uma forma de ampliaccedilatildeo do debate para aleacutem das audiecircncias ndash que restringi-ram a participaccedilatildeo de alguns segmentos importantes na dis-cussatildeo como os estudantes ndash o professor Joseacute Marques de Melo tem procurado expor alguns dos posicionamentos da comis-satildeo em palestras e entrevistas pelo paiacutes Durante o programa Observatoacuterio da Imprensa do dia 26 de maio ele explicou que o grupo natildeo pretende apresen-tar um novo curriacuteculo ldquoNossa funccedilatildeo eacute examinar as matrizes para nossas escolas e universi-dades Eu defendo particular-mente que o curriacuteculo eacute uma competecircncia da universidade Noacutes teremos de buscar dire-trizes curriculares que sejam consensuais em relaccedilatildeo agrave for-maccedilatildeo do novo jornalista mas deixar agrave universidade liberdade de accedilatildeo Se uma universidade quer oferecer um curso de gra-duaccedilatildeo para repoacuterteres e um curso de poacutes-graduaccedilatildeo para editores isso eacute um direito que a universidade tem e pode fazerrdquo defende

O resgate do selfO presidente da comissatildeo

eacute tambeacutem categoacuterico ao tratar da separaccedilatildeo da personalidade do jornalista contemporacircneo Segundo ele a sociedade bra-sileira necessita tal como pre-cisa de profi ssionais da notiacutecia especializada de jornalistas generalistas bem formados de que sejam capazes de se diri-gir efi cientemente para toda a populaccedilatildeo e de interpretar a realidade de forma mais ampla ldquonoacutes temos um paiacutes com 200 milhotildees de habitantes e 10 milhotildees de exemplares diaacuterios de jornais lidos Precisamos na verdade fazer jornal para quem natildeo lecirc jornal para aqueles que estatildeo agrave margem da cultura jor-naliacutesticardquo diz

Marques de Melo ressaltou tambeacutem que do ponto de vista da organizaccedilatildeo curricular haacute uma certa confusatildeo quando se trata de mateacuterias teoacutericas e praacuteticas ldquoEu acho que o que faz falta no jornalismo natildeo satildeo mateacuterias praacuteticas para elas temos bons laboratoacuterios O que faz falta satildeo as mateacuterias teoacuteri-cas E natildeo chamo de teoacutericas a sociologia a histoacuteria Isso diga-mos eacute o conteuacutedo humaniacutestico

Eu gostaria de ter mais mateacuterias que dessem conta das questotildees eacuteticas das questotildees morais O que temos eacute um excesso de aulas de teoria da comunica-ccedilatildeo de sociologia da cultura cuja aplicaccedilatildeo eacute descolada do jornalismo Precisa haver uma integraccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica jornaliacutesticardquo afi rma

Mas ainda com a iniciativa de avaliar a si mesmo o mal-es-tar de algumas questotildees sobre a identidade do jornalismo ainda permanecem turvas como eacute o caso da vocaccedilatildeo do jornalismo como negoacutecio e como serviccedilo de utilidade puacuteblica traccedilos contraditoacuterios que se chocam no interior da academia cau-sando estranheza nas salas de aula Essa feiccedilatildeo esquizofrecircnica foi detectada durante inves-tigaccedilotildees feitas pelo grupo de pesquisa ldquoA imagem do pen-samento e o ensino do jorna-lismordquo realizada por estudantes de jornalismo da Universidade Fumec e coordenada pelos professores Rodrigo Fonseca e Claacuteudia Chaves Em entrevistas feitas com os coordenadores dos principais cursos de jornalismo privados de Belo Horizonte os alunos registraram unacircnime constrangimento ainda que velado ao questionarem a pre-senccedila das disciplinas teacutecnicas nas grades curriculares como se fossem dignas de condena-ccedilatildeo O desejo de formaccedilatildeo do ldquoagente social criacuteticordquo tambeacutem eacute maioria absoluta no discurso dos entrevistados desta vez sem constrangimento ldquoA gente percebe tanto na avaliaccedilatildeo das entrevistas quanto no cotidiano das aulas que eacute elogioso falar do jornalismo dessa maneira con-denando as disciplinas praacuteticas Mas fi co confuso em pensar em como seraacute depois da forma-tura quando tiver que atuar no mercadordquo diz Frederico Porto um dos alunos envolvidos na pesquisa A resposta para esse questionamento existencial cada vez mais frequumlente no ter-reno dos discentes foi sugerida por Marques de Melo desta vez no programa Rede Miacutedia da Rede Minas realizado em 30 de marccedilo Ele acredita que a formaccedilatildeo do jornalista deve estar voltada para o mercado mas alerta ldquoa universidade tem que estar aleacutem do mercado Natildeo pode soacute estar atrelada agraves exigecircncias do mercado tem de estar tambeacutem atrelada agraves exi-gecircncias da sociedaderdquo

Fotomontagem faz referecircncia ao quadro O Grito do pintor norueguecircs Edward Munch

Ilustraccedilatildeo Roberta Andrade - 6ordm periacuteodo

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Profi ssatildeo bull 11Editoras e diagramadoras da paacutegina Renata Valentim e Roberta Andrade

A crise de identidade natildeo estaacute restrita ao conhecimento

que possibilita a produ-ccedilatildeo jornaliacutestica a dis-tribuiccedilatildeo de conteuacutedo tambeacutem vecirc-se impressa por outros suportes e rit-mos ditados por novas formas de consumo de informaccedilatildeo O jornalismo

impresso que jaacute rivalizou com o raacutedio e com a televisatildeo no

seacuteculo passado hoje concorre com a veloci-dade com a alta interatividade com o enorme alcance e sobretudo com o baixo custo da produccedilatildeo de notiacutecia para a internet e demais suportes digitais

Rogeacuterio Ortega acredita que chegaraacute o dia em que natildeo compensaraacute mais imprimir papel para fazer jor-nal ldquoSoacute que ningueacutem sabe quando vai ser ndash e a respon-saacutevel por isso eacute a publicidade Natildeo tenho dados atu-alizados mas ateacute onde sei no Brasil o faturamento publicitaacuterio dos veiacuteculos impressos eacute muitiacutessimo maior que o dos online Nos EUA jaacute natildeo eacute esse o panoramardquo diz Laacute os sinais de mudanccedila parecem mais concretos No mecircs de maio o criador do site Amazon Jeff Bezos e o presi-dente do jornal Th e New York Times Arthur Sulzberger Jr lanccedilaram o Kindle DX uma versatildeo com tela expandida do e-reader proje-tado originalmente para leitura de livros aca-decircmicos vendidos no site de Bezos A expansatildeo da tela ndash que agora tem 246 centiacutemetros na dia-gonal ndash tem o propoacutesito de tornar mais confor-taacutevel a leitura do jornal Os empreendedores do lanccedilamento apostam no aparelho como res-posta viaacutevel agrave crise da imprensa americana que

viu a circulaccedilatildeo de seus jornais cair draacutesticos 46 em apenas seis meses em 2008 ldquoComo vai ser quando as geraccedilotildees que lecircem tudo na internet desde o comeccedilo forem hegemocircnicas Quando o mercado perceber isso e comeccedilar a achar que anunciar em jornal natildeo com-pensa mais a lsquomudanccedila de suportersquo do papel para os meios digitais estaraacute proacutexima O que natildeo signifi caraacute lsquoextinccedilatildeorsquo dos jornais eles devem continuar a existir de outro modordquo considera Ortega

O Brasil tambeacutem foi afetado pela crise fi nanceira dos impressos A Gazeta Mercantil jornal dedi-cado ao segmento econocircmico com quase 90 anos em atividade vive um periacuteodo criacutetico A Editora JB SA anunciou no uacuteltimo mecircs a devoluccedilatildeo do jor-nal Gazeta Mercantil para seu antigo proprietaacuterio o

empresaacuterio Luiz Fernando Levy o que pocircs a vida do veiacuteculo em risco a circulaccedilatildeo do jornal foi interrom-pida no dia 29 de maio No entanto Levy afi rmou em nota agrave imprensa que a suspensatildeo da circulaccedilatildeo eacute momentacircnea

Palestrantes do Foacuterum de Debates 1ordf Terccedila promo-vido pelo Sindicato dos Jornalistas Profi ssionais de Minas Gerais os professores Seacutergio Amadeu da Faculdade Caacutes-per Liacutebero e Geane Alzamora da PUC Minas pondera-ram sobre os impactos da internet na praacutetica jornaliacutestica no uacuteltimo dia 2 de junho Amadeu durante sua exposiccedilatildeo sobre o tema disse acreditar que a maioria das universi-dades natildeo estaacute apta a formar o jornalista na era da infor-maccedilatildeo Explicada por ele como meio onde predomina a liberdade e a quebra da hierarquia na produccedilatildeo e dissemi-naccedilatildeo de informaccedilatildeo a internet desafi a os meios tradicio-nais por dar menos importacircncia ao capital porque eacute capaz de oferecer conteuacutedo a custo quase zero ldquoNa internet natildeo eacute difiacutecil falar o difiacutecil eacute ser ouvidordquo diz Alzamora que desde meados dos anos de 1990 ndash natildeo coincidecircncia o iniacutecio da popularizaccedilatildeo da web ndash estuda o cruzamento jornalismo x internet afi rma que a vocaccedilatildeo do jornalismo na rede estaacute no formato colaborativo Nichos como os sites OhMyNews

e Overmundo satildeo demonstraccedilotildees claras de que ldquoa versatildeo mais atualizadardquo do profi ssional da notiacutecia atuaraacute como um gerenciador das interaccedilotildees feitas na rede

No balanccedilo do divatilde resta a dica a palavra-chave parece ser a reciclagem Tal como a proacutepria inter-

net que tem sua forma e conteuacutedo renovados a todo o tempo porque estaacute sujeita ao exame dos

interagentes o jornalismo e seus profi ssionais precisam examinar-se e reconfi gurar-se para acompanhar o fl uxo da informaccedilatildeo Como diz o fi loacutesofo Charles Sanders Peirce ldquoas palavras

aprendem com o tempordquo E o jornalista aprenderaacute na lida com elas novos caminhos

m queer jor-spon-s atu-ento

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O mal-estar do impresso

O Ponto Como vocecirc vecirc o ensino do jornalismo hoje no paiacutes

Rogeacuterio Ortega Vejo pelo contato com jornalis-tas receacutem-formados que o panorama natildeo mudou muito em 20 anos ndash a natildeo ser pela possibilidade de em alguns cursos montar uma grade que resulta numa espeacutecie de curso de jornalismo em periacuteodo integral com disciplinas de outras faculdades Tam-beacutem me parece haver uma conversa mais produtiva da academia com as redaccedilotildees ndash no iniacutecio dos anos 90 era uma coisa muito ldquoa induacutestria cultural laacute e noacutes seres pensantes e criacuteticos aquirdquo Acho que natildeo haacute necessidade de um curso de jornalismo que dure quatro ou cinco anos e duvido que a comissatildeo do MEC da qual sei pouco ponha isso em questatildeo Eacute legal sim haver um lugar em que se possam abor-dar histoacuteria e teoria do jornalismo linguagem eacutetica jornaliacutestica etc Mas pra isso natildeo satildeo necessaacuterios quatro anos Jornalismo podia ser por exemplo soacute uma poacutes-graduaccedilatildeo Na minha opiniatildeo sairiam muito mais bem preparados

OP - A partir do seu contato com os ldquofocasrdquo (receacutem-formados em jornalismo) que chegam agrave Folha o que vocecirc percebe como a maior defi ciecircn-cia do jovem jornalista E o que poderia ser feito para corrigir essa defi ciecircncia

Os ldquofocasrdquo da Folha natildeo vecircm soacute de faculdades de jornalismo Quem sobrevive ao programa de treina-mento da Folha e chega agrave redaccedilatildeo tem bom texto e na maioria dos casos boa cultura geral Mas para quem saiu do curso de jornalismo faltam certos conheci-mentos especiacutefi cos que satildeo valiosos na hora de cobrir certos assuntos importantes e que a pessoa teria se por exemplo tivesse cursado direito ou economia Muita gente acaba aprendendo essas coisas na raccedila na lida ndash mas sofreria menos se as tivesse estudado antes

OP - A respeito das ferramentas digitais vocecirc acredita na afirmaccedilatildeo de que a internet estaacute atrofiando a praacutetica jornaliacutestica O jornalismo online merece a demonizaccedilatildeo que lhe tem sido atribuiacuteda

Acredito que pelo contraacuterio a internet abriu novas possibilidades Qualquer um pode escrever qualquer coisa na web a custo zero ou quase zero mas quem estaacute interessado em se informar vai procurar notiacutecias que sejam confi aacuteveis bem apuradas bem escritas Ou seja o feijatildeo-com-arroz de sempre da praacutetica jornaliacutes-tica soacute que online feito em ldquotempo realrdquo e atualizaacutevel Claro que em um jornal impresso haacute mais tempo para apurar confrontar versotildees descartar coisas que se revelem boatos No online pela proacutepria natureza do meio eacute muito mais faacutecil que o rumor a versatildeo natildeo

confi rmada informaccedilotildees incorretas textos mal escri-tos etc sejam colocados no ar Claro depois podem ser feitas atualizaccedilotildees e correccedilotildees mas de todo modo eacute difiacutecil aliar rapidez e precisatildeo

OP - Como vocecirc vecirc a utilizaccedilatildeo da blogosfera para a praacutetica jornalistica

Blog pode servir para tudo inclusive para jorna-lismo -e bom jornalismo acredito Mas por enquanto soacute as grandes empresas jornaliacutesticas -ou grandes por-tais- tecircm estrutura e dinheiro para mandar repoacuterteres fazerem coberturas dispendiosas e que demandem tempo Natildeo eacute uma aacuterea em que ldquoblogueiros inde-pendentesrdquo possam competir Ainda assim eacute uma descentralizaccedilatildeo da informaccedilatildeo que vejo com muito bons olhos No Brasil os meios de comunicaccedilatildeo satildeo concentrados ou estatildeo na matildeo de governos Eacute bom -saudaacutevel- poder fugir disso

O jornalismo na visatildeo do mercado

O redator de Primeira Paacutegina da Folha de S Paulo Rogeacuterio Ortega 38 eacute jornalista for-mado pela Escola de Comunicaccedilotildees e Artes da USP Com quase 18 anos de carreira ele daacute a sua visatildeo da comissatildeo formada pelo MEC mostra-se favoraacutevel agrave queda da exigecircncia do diploma e vecirc com bons olhos os desafi os trazidos pela internet

Rodrigo Z

avagli - 6ordm periacuteodo

Arquivo Pessoal

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O PoontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

12 bull Especial

10A NOSDA REDACcedilAtildeO

Em uma deacutecada foram 73 ediccedilotildees Apro-ximadamente 400 mil exemplares distribu-iacutedos Seis mudanccedilas de logomarca Quatro modificaccedilotildees graacuteficas Cinco coordenado-res e trecircs premiaccedilotildees recebidas duas em acircmbito nacional e uma internacional A primeira distinccedilatildeo conferida ao O Ponto foi em 2005 quando recebeu o tiacutetulo de melhor jornal laboratoacuterio do Brasil pela Pesquisa Experimental em Comunicaccedilatildeo (Expocom) considerado um dos mais importantes eventos cientiacuteficos nacionais Em 2006 outros dois precircmios na aacuterea de produccedilatildeo laboratorial vieram e O Ponto foi eleito o melhor jornal experimental de Minas Gerais e tambeacutem da Ameacuterica Latina levando o trofeacuteu Patildeo de Queijo de Notiacutecias (PQN) e uma medalha da Expo-comSUR pela notoriedade do trabalho jor-naliacutestico desenvolvido A medalha desta uacuteltima conquista cunhada em ouro e gra-vada com o nome e a localidade do evento (ExpocomSUR ndash Santa Cruz de La SierraBoliacutevia) ainda estaacute agrave mostra no quadro expositor de antigos e recentes exempla-res de O Ponto - escrito e planejado por trecircs geraccedilotildees de estudantes de jornalismo e tambeacutem por alunos de publicidade que jaacute desenvolveram interessantes peccedilas publicitaacuterias que marcaram a evoluccedilatildeo e a dinacircmica do jornal durante todos estes anos de atividades

Os trofeacuteus angariados tambeacutem deco-ram a mobiacutelia da redaccedilatildeo do jornal ndash onde coordenador monitores e voluntariados se debruccedilam diariamente sob o trabalho de apuraccedilatildeo produccedilatildeo supervisatildeo e revi-satildeo das pautas e mateacuterias criadas em um esforccedilo que visa dar continuidade qualita-tiva a este produto acadecircmico de renome criado e dirigido outrora pelos ex-alunos Hoje muitos deles profi ssionais bem sucedidos que fazem questatildeo de salientar quando questionados a infl uecircncia que a participaccedilatildeo em O Ponto como monitores e voluntaacuterios exerceu na vida profi ssional posteriormente

Em entrevista para esta reportagem comemorativa dos lsquodez anosrsquo todos os entrevistados (ex-alunos e monitores)

sem exceccedilatildeo foram nostaacutelgicos quanto agrave eacutepoca de estaacutegio e voluntariado no qual muitos fizeram sacrifiacutecios e estripulias para trazerem agrave tona um furo jornaliacutestico redigirem uma mateacuteria relevante e dia-gramarem da melhor forma o conteuacutedo que produziram ldquoAprendi a ser jornalista em O Ponto Aprendi a respeitar os cole-gas de trabalho e aprendi a cobrar e ser cobrado O Ponto me mostrou que com superaccedilatildeo conhecimento teacutecnico e liber-dade podemos fazer um bom jornalismordquo pontua Frederico Wanderley ex-aluno da Fumec e integrante da primeira turma de jornalismo da Universidade

Ernesto Braga ex-monitor do jornal tambeacutem ressaltou em entrevista a impor-tacircncia da experiecircncia vivenciada no jornal laboratoacuterio para o ofiacute-cio da profi ssatildeo ldquoO Ponto foi fundamen-tal para mim Embora a realidade de uma redaccedilatildeo de jornal diaacuterio seja completamente diferente ndash mais corrida e tensa ndash do ponto de vista do dead line As noccedilotildees de produccedilatildeo reportagem fotografi a e ediccedilatildeo apreendidas em O Ponto me permitiram compreender um pouco mais sobre o processo de fazer jornal () Meu portifoacutelio foi exatamente as mateacuterias que fi z para O Pontordquo admite

Portanto independente dos marcos citados e de outras cifras e estatiacutesticas do jornal a relevacircncia de O Ponto no espaccedilo acadecircmico nestes dez anos de existecircncia se daacute por outras razotildees o jornal eacute primordial-mente um instrumento praacutetico um meio de experimentaccedilatildeo teoacuterico-praacutetica dos alunos que visa munir o estudante de experiecircncias relevantes que possam ser um diferencial na hora de se introduzir na realidade da profi s-satildeo ndash que requer muita perspicaacutecia ousa-dia e estilo para se destacar Aleacutem disso O Ponto eacute um veiacuteculo que surgiu de uma pro-posta pedagoacutegica e jornaliacutestica consistente e aguerrida que propiciou notaacuteveis reper-cussotildees para o curso e claro ensinamentos

frutiacuteferos para os estudantes que souberam e sabem usufruir ainda das possibilidades que o jornal se predispotildee a dar atraveacutes da praacutetica e do trabalho

De acordo com o Projeto Poliacutetico Peda-goacutegico do curso de Comunicaccedilatildeo Social O Ponto lanccedilado em junho de 1999 tinha e ainda tem como premissa se prestar a ser atraveacutes do trabalho dos alunos e sob coor-denaccedilatildeo criteriosa dos professores um veiacuteculo de ldquojornalismo de conversaccedilatildeordquo em contraposiccedilatildeo ao jornalismo puramente informativo factiacutevel feito pela imprensa

convencional A proposta era lanccedilar um impresso ndash e sua periodicidade (men-sal) permite que isto seja possiacutevel - que debatesse com mais profundidade os paradigmas sociais explo-rando e adentrando mais nas complexidades de cada acontecimento na comuni-dade regional e internacio-nal incitando discussotildees relevantes para o puacuteblico leitor

A proposta era natildeo soacute falar por exemplo sobre o

paacutereo entre dois candidatos de uma elei-ccedilatildeo municipal em Belo Horizonte ou onde quer que fosse Mas sim criticar se neces-saacuterio a forma como os embates poliacuteticos ou a falta deles se datildeo em plena eacutepoca eleitoral como mostrou a reportagem ldquoDisputa eleitoral sem disputardquo ndash publi-cada em O Ponto em setembro de 2006

O objetivo do projeto pedagoacutegico eacute evi-denciar problemas relegados ao esqueci-mento como por exemplo a inadimplecircncia do Governo de Minas Gerais para com os problemas ambientais (hiacutedricos) do Estado como fez os ex-alunos Pedro Blank e Ernesto Braga na reportagem do ano de 2000 ldquoDes-caso Mata o Rio das Velhasrdquo ldquoUma mateacuteria que repercutiu muito () virando inclusive editorial do jornal Estado de Minasrdquo con-forme relembra o proacuteprio autor da mateacuteria Ernesto Braga O jornalista ainda ressaltou ldquoo engraccedilado desta mateacuteria eacute que sem saber que O Ponto tinha uma tiragem de quatro mil exemplares e pensando que ele circu-lava apenas na faculdade uma das fontes

O Ponto estaacute completando uma deacutecada de jornalismo laboratorial Para comee alunos que participaram da criaccedilatildeo do jornal para resgatar um pouco da su

ldquoO Ponto foi fundamental para

mim ()embora uma redaccedilatildeo de jornal

diaacuterio seja diferenteMeu portifoacutelio foi

exatamente as mateacuterias que fi z para O

PontordquoErnesto Braga ex-monitor

12-16 - 10 anos O Pontoindd 112-16 - 10 anos O Pontoindd 1 82809 123340 PM82809 123340 PM

O Poonto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Especial bull 13

(da mateacuteria) desceu o cacete no Estado E com a repercussatildeo ele (a fonte) ligou para o coordenador alegando que natildeo tinha falado aquilo que tinha sido publicado pedindo retrataccedilatildeo Ele esteve entatildeo na faculdade e ouviu toda a gravaccedilatildeo da entrevista no estuacute-dio da raacutedio e natildeo teve mais o que contes-tarrdquo recorda Braga

Portanto a intenccedilatildeo de O Ponto foi e ainda eacute publicar e propor assuntos que pos-sam render refl exotildees audaciosas que per-mitam ao leitor extrapolar o senso comum e os pensamentos instrumentais alcanccedilando o campo das ideacuteias criacuteticas e producentes do ponto de vista social que tenham propoacutesitos de mobilizaccedilatildeo e desalienaccedilatildeo das pessoas em geral Seja em forma de denuacutencia em uma grande reportagem em forma de traccedilo como na charge que prima pelo tom criacutetico e irocircnico ou nas mateacuterias e notas que repor-tam acontecimentos e eventualidades desco-nhecidas mas impor-tantes para a dinacircmica da sociedade seja no campo econocircmico poliacutetico ou cultural

Satildeo dez anos de accedilatildeo estudantil em todas as etapas produtivas do jornal desde a criaccedilatildeo de pautas ateacute a distri-buiccedilatildeo do jornal

Dez anos de tentativas Acertos erros aprendizagem e repercussotildees Polecircmicas e alguns deslizes

Haacute uma deacutecada O Ponto vem prestan-do-se a ser para os alunos um instrumento de aprendizagem e lapidaccedilatildeo profi ssional E apesar dos altos e baixos que toda ati-

vidade laboratorial implica o desafi o tem sido cumprido

Difi culdades teacutecnicas problemas entre alunos ndash editores e repoacuterteres - no cum-primento do prazo na entrega de mateacuterias alguns detalhes estruturais com relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo do jornal entraves de uacuteltima hora fotografi as infograacutefi cos e diagrama-ccedilotildees pendentes incompletas ou inapro-priadas fazem parte da rotina da produccedilatildeo de O Ponto Como em qualquer outra reda-ccedilatildeo de laboratoacuterio E satildeo exatamente esses desafi os que permitem agravequeles alunos que se doam agrave praacutetica colaborativa como repoacuter-teres voluntaacuterios e monitores do jornal descobrir suas aptidotildees capacidades e tam-beacutem a aprimorarem teacutecnicas e adquirirem conhecimento ainda desconhecidos

O iniacutecio o fi m e o meioNeste intertiacutetulo consta

uma informaccedilatildeo de cunho histoacuterico sobre O Ponto Esta frase ndash O iniacutecio o fi m e o meio que parece estar com a loacutegica inver-tida foi o primeiro e uacutenico slogan que o jornal teve Joatildeo Henrique Faria que trabalhou como consul-tor na criaccedilatildeo do curso de Comunicaccedilatildeo Social na

Fumec entre 1996 e 1997 e tambeacutem como coordenador em 1998 ndash logo quando o curso foi fundado - relata que o slogan surgiu de um concurso interno lanccedilado para alunos e que visava dar uma identidade ideoloacutegica e esteacutetica para o jornal que juntamente agrave raacutedio foram os primeiros laboratoacuterios do curso de Comunicaccedilatildeo a entrarem em fun-

cionamento Foi neste periacuteodo de inaugura-ccedilatildeo do curso que surgiu a marca O Ponto e o distintivo publicitaacuterio ldquoo iniacutecio o fi m e o meiordquo para o impresso

O slogan faz referecircncia agrave letra de muacutesica ldquoGitardquo do compositor Raul Seixas para enfatizar a proposta editorial do veiacute-culo - a ordem de disposiccedilatildeo das repor-tagens naquela eacutepoca no interior jornal O acutemeio` portanto eram as paacuteginas res-guardadas para as editorias referentes a assuntos institucionais ndash da universidade e tambeacutem para os assuntos que versavam sobre os proacuteprios meios de comunicaccedilatildeo ndash cobertura atuaccedilatildeo das miacutedias eventos e paradigmas ndash tudo no miolo do impresso O acutefim` era o espaccedilo reservado no jornal para as mateacuterias de poliacuteticas puacuteblicas sendo a sociedade a principal interessada e a proacutepria finalidade das reportagens e O Ponto o proacuteprio lsquofimrsquo O acuteiniacutecio` final-mente eram mateacuterias sobre variedades que falavam sobre questotildees gerais - curio-sidades entretenimento opiniotildees Este estilo de iacutendice e de divisatildeo do jornal durou dois anos desde o lanccedilamento ateacute que reformulaccedilotildees graacuteficas resultaram na retirada do slogan de layout de O PontoMudanccedilas compreensiacuteveis tratando-se de um jornal laboratoacuterio que prima pela experimentaccedilatildeo e inovaccedilatildeo

Um nome de impactoA democracia que foi sempre uma

maacutexima no funcionamento do laboratoacuterio de jornalismo impresso ndash todos os alunos sem exceccedilatildeo do 1ordm ao 8ordm periacuteodo devem e podem escrever ndash esteve presente tambeacutem no concurso que deu nome ao jornal O nome O Ponto foi criado pelo ex-aluno de

Editor e diagramador da paacutegina

10A NOSomemorar esse feito nossa equipe de reportagem ouviu os primeiros monitores a sua histoacuteria precircmios conquistados mateacuterias de repercussatildeo e mudanccedilas graacutefi cas

Da esquerda para a direita os ex-monitores Ernesto Braga Pedro Blank e Frederico Wanderley do Ponto para as redaccedilotildees

ldquoCriei (o nome) O Ponto pensando no sentido ortograacutefi co e ao mesmo tempo no signifi cado da palavra como ponto de vistardquo

Faacutebio Santos ex-aluno

12-16 - 10 anos O Pontoindd 212-16 - 10 anos O Pontoindd 2 82809 123341 PM82809 123341 PM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

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Esta mateacuteria assinada pelos ex-alunos Ernesto Braga e Pedro Henrique Blank denunciou a poluiccedilatildeo no Rio das Velhas A partir da constataccedilatildeo de que 90 da carga poluidora lanccedilada no rio era proveniente da coleta dos esgotos domeacutesticos ldquoNa eacutepoca o entatildeo superintendente do jornal Estado de Minas Eacutedison Zenoacutebio publicou uma nota em sua coluna no jornal parabenizando pela mateacute-riardquo recorda o professor Rogeacuterio Bastos

Em ldquoAnunciou virou mancheterdquo o aluno Pedro Penido criticou a cobertura da imprensa entorno do deacutefi ct zero e a publicidade do governo do Estado sobre esse fato estampada nos trecircs jornais da capital Jaacute ldquoA imprensa errourdquo eacute uma criacutetica ao comportamento da imprensa na cobertura de um assassinato no Edifiacutecio JK O trabalho dos repoacuterteres Sinaacuteria Ferreira e Guilhermo Tacircngari pautou uma discussatildeo no Brasil das Gerais da Rede Minas Sinaacuteria Ferreira monitora na eacutepoca foi uma das participantes do programa

O Ponto eacute lanccedilado O impresso vem entatildeo ao mundo em for-mato Standard 315 mm x 560 mm papel jornal

jornalismo Faacutebio Santos que participou do processo seletivo do nome do jornal-laboratoacuterio do curso de Jornalismo da Fumec ldquoCriei acuteO Ponto` pensando no sentido ortograacutefico e ao mesmo tempo no signifi-cado da palavra como ponto de vistardquo

ldquoO Ponto eacute um nome de impacto Representa o acircngulo o lsquoxrsquo da questatildeordquo explica Joatildeo Henrique Faria que na ocasiatildeo participou do processo de escolha do nome O acutex` a que Faria se refere diz respeito a forma mais precisa de tratar um acontecimento Na seara jornaliacutestica consiste em diagnosticar o que de mais importante existe no fato esmiuccedilar seus anteceden-tes e desdobramentos O objetivo eacute enfi m noticiar de forma complexa contextualizada sem contudo recair no erro de julgar fazer juiacutezo de valor sobre um determi-nado acontecimento

Porque mudar eacute precisoEm maio de 2009 foi lanccedilado o novo projeto graacutefi co

do jornal com draacutesticas mudanccedilas de formato estilo e tambeacutem de logomarca cujo grafi smo conteacutem agora um ponto dentro da letra ldquoordquo reforccedilando a marca do impresso em seu nome O novo logotipo do jornal O Ponto eacute meacuterito do aluno do 2ordm periacuteodo do curso de Design Graacutefi co da Fumec Giovanni Batista Cocircrrea vencedor do concurso de reformulaccedilatildeo do logotipo

do jornal ldquoUsei uma fonte parecida com a anterior e desenhei a primeira letra lsquoorsquo da palavra como um lsquopontorsquo aproveitando sua forma natural pois acredito que uma marca deve ser simples e ao mesmo tempo marcanterdquo explica

A nova reformulaccedilatildeo graacutefi ca coordenada pela pro-fessora Duacutenya Azevedo e que contou com dois volun-taacuterios ndash os alunos Roberta Andrade e Pedro Leone - foi desenvolvido no segundo semestre de 2008 com base em pesquisas bibliograacutefi cas

De forma geral a opccedilatildeo por migrar do formato Stan-dart (o antigo jornalatildeo ndash de 53 cm de altura por 297 de largura) para o Berliner (289 cm por 43 cm) veio da demanda de adequaccedilatildeo as transformaccedilotildees que o meio impresso vem passando no mundo e no Brasil dimi-nuiccedilatildeo do puacuteblico leitor em detrimento dos veiacuteculos digitais o que culminou na reduccedilatildeo dos lucros dos jornais e do pessoal ndash jornalistas nas redaccedilotildees O que acentuou a disputa entre os jornais pelo leitor gerando a necessidade de reinvenccedilatildeo dos layouts para capta-ccedilatildeo deste puacuteblico que estaacute migrando para os canais de notiacutecia instantacircnea na internet

Conforme explica a professora Duacutenya Azevedo o formato Berliner eacute economicamente mais vantajoso - sua impressatildeo eacute mais barata e desperdiccedila menos papel eacute um formato mais praacutetico de ser manuseado

e passiacutevel de se aproximar de um layout de revista tipo de impresso mais bem acabado esteticamente e benquisto Razotildees estas ndash economia esteacutetica e tipo de manuseio - que infl uenciaram na decisatildeo de reformu-lar O Ponto

ldquoO objetivo do novo formato eacute aproximar O Ponto do estilo magazine (revista) ateacute mesmo pela sua periodi-cidade mensalrdquo explica Roberta Andrade ldquoQueriacuteamos diminuir o formato preservando poreacutem a valorizaccedilatildeo do textordquo reforccedila Pedro Leone Assim optou-se por uma tipografi a mais espaccedilada e menor para compor um layout mais arejado modernordquo

Eacute nesta linha de atuaccedilatildeo mantendo as antigas pre-missas do curso de liberdade de atuaccedilatildeo democracia e de ensaios profi ssionais que O Ponto segue traccedilando sua trajetoacuteria no espaccedilo acadecircmico concomitante-mente a histoacuteria dos estudantes no curso Sempre tendo em mente que a credibilidade de um jornal pre-cisa ser renovada constantemente seja ele velho ou novo Tenha ele 10 ou 100 anos de existecircncia Seja ele profi ssional ou laboratorial pois o que deve ser exal-tado e cumprido eacute a seriedade do trabalho sem isen-ccedilatildeo de culpa e responsabilidade em caso de erros Pois o desafi o em qualquer um dos veiacuteculos ndash seja um jornal renomado ou universitaacuterio eacute reportar com eacutetica e pro-fi ssionalismo as informaccedilotildees prestadas ao leitor

Alguns marcos em 10 ANOS

Imag

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O Ponto

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Especial bull 15

2006

No fi nal de 2005 o jornal obteve outro rele-vante resultado um estudo sobre sua proposta editorial Os ex-alunos de jornalismo formados em 2005 Rafael Werkema e Renata Quintatildeo produziram o livro Jornal laboratoacuterio - uma pro-posta editorial criacutetica como parte do projeto de conclusatildeo de curso e dedicaram esta obra ldquoa todos os que veem O Ponto como espaccedilo para a formaccedilatildeo de agentes transformadores da socie-daderdquo Werkema declarou tambeacutem que este estudo abre refl exatildeo sobre a importacircncia do jornalismo impresso experimental que difere do modelo sisudo e congelado da grande imprensa

20092009Em janeiro de 2006 o jornal recebeu o precircmio Patildeo de Queijo de notiacutecias (PQN) Na eacutepoca a ex-coordenadora de O Ponto Ana Paola Valente fez a seguinte declaraccedilatildeo sobre o feito ldquoEsta eacute uma conquista coletiva construiacuteda principalmente pelos alunos que fazem o jornal e acreditam neste projetordquoEm maio o jornal foi eleito o melhor jornal laboratoacuterio da Ameacuterica Latina na III Mos-tra Internacional da Pesquisa Experimen-tal da Comunicaccedilatildeo EXPOCOM-SUR

2005

Para aleacutem das atividades ligadas ao produto impresso O Ponto tambeacutem se faz presente em vaacuterias iniciativas e eventos na Faculdade de Ciecircncias Humanas Uma dessas accedilotildees foi o debate poliacutetico entre os candidatos agrave Prefeitura de Belo Horizonte em 2008 Organizado pelos monitores de O Ponto e da Redaccedilatildeo Modelo e orien-tados pelos professores coordenadores o evento reuniu seis dos nove candidatos ao pleito no auditoacuterio Phoenix da Fumec no mecircs de setembro

Dois assuntos mar-caram a tocircnica do debate dos candida-tos as preocupaccedilotildees com educaccedilatildeo e com o transporte puacuteblico na capital mineira As inquietaccedilotildees estiveram presentes nas questotildees apresentadas pelos estudantes O auditoacuterio recebeu mais de 200 universitaacuterios

Compareceram ao evento os candi-datos Gustavo Valadares (DEM) Jorge Periquito (PRTB) Leonardo Quintatildeo (PMDB) Pedro Paulo (PCO) Seacutergio Miranda (PDT-PCB) e Vanessa Portu-gal (PSTU) Somente trecircs candidatos ndash Andreacute Alves (PT do B) Jocirc Moraes (PC do B) e Maacutercio Lacerda (PSB) ndash natildeo partici-

param e alegaram confl ito de agenda Os presentes elogiaram a organizaccedilatildeo

do evento e destacaram a importacircncia de se promover esclarecimentos poliacuteticos aos jovens jaacute que o tempo de duraccedilatildeo dos programas eleitorais na miacutedia natildeo era sufi ciente para informar os eleitores sobre os problemas da cidade bem como das propostas dos candidatos ao pleito

O envolvimento da equipe de O Ponto natildeo para por aiacute Em colaboraccedilatildeo com o Nuacutecelo de Estu-dos Escola da Ter-ceira Idade (Neeti) o laboratoacuterio assumiu tambeacutem no uacuteltimo semestre a diagrama-ccedilatildeo e fechamento do jornal Degrau publi-caccedilatildeo semestral dos alunos do curso que produzem crocircnicas poesias e outros tex-tos de cunho pessoal

Em momentos de polecircmica a ordem eacute arregaccedilar as mangas Apoacutes decisatildeo do Supremo Tribunal Federal no fi nal do primeiro semestre deste ano de por fi m agrave obrigatoriedade do diploma para o exer-ciacutecio profi ssional do jornalismo os moni-tores de O Ponto foram mobilizados para sair em campo e ouvir os profi ssionais do mercado sobre o impacto da decisatildeo na

vida dos atuais e futuros profi ssinais Como resultado da iniciativa foi pro-

duzido um viacutedeo com depoimentos de representantes da imprensa belo-hori-zontina tranquilizando os estudantes e avaliando como baixo o impacto da medida do STF na hora da contrataccedilatildeo prevalecendo a importacircncia de se ter um curso de formaccedilatildeo jornaliacutestica

Ensino de qualidadeO laboratoacuterio de jornalismo impresso

da Fumec prima tambeacutem pela qualidade do ensino As atividades de produccedilatildeo de cada ediccedilatildeo do jornal laboratoacuterio assim como a delimitaccedilatildeo dos papeacuteis dos par-ticipantes e colaboradores em cada uma delas satildeo todas executadas e coordena-das por estudantes Os alunos desde o primeiro semestre do curso satildeo estimu-lados a participar de O Ponto

As reuniotildees de pauta satildeo divulgadas para todo o corpo dicente de Jornalismo e coordenadas pela monitoria As suges-totildees de assuntos e enfoques para as mateacute-rias satildeo responsabilidade dos alunos que estatildeo cursando a disciplina Ediccedilatildeo II Eles assumem a ediccedilatildeo do jornal a cada semestre orientados pelo professor da disciplina e auxiliados pelos monitores

Quanto agrave apuraccedilatildeo das mateacuterias a reportagem pode ser executada por todos os periacuteodos A fotografi a tambeacutem eacute uma atividade preferencialmente dos alunos do curso Iniciativas de convergecircncia

tambeacutem satildeo praticadas pelos estudantes da Fumec como por exemplo em repor-tagem publicada na ediccedilatildeo nuacutemero 69 Intitulada ldquoEstudante vira gari por um diardquo a reportagem foi produzida para o impresso para a internet (Ponto Eletrocirc-nico) e em viacutedeo simultacircneamente Para isso uma equipe foi para as ruas executar a reportagem e no caso do repoacuterter tam-beacutem da coleta de lixo

A ediccedilatildeo do texto e a diagramaccedilatildeo satildeo executadas pelos alunos que estatildeo cur-sando Ediccedilatildeo II A revisatildeo fi nal do texto e do layout da paacutegina satildeo tarefas dos monitores e posteriormente o material eacute enviado para a graacutefi ca

O Jornal Laboratoacuterio O Ponto eacute na avaliaccedilatildeo do Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social da Universidade Fumec Seacutergio Arreguy o principal ins-trumento de experimentaccedilatildeo para o jor-nalismo impresso ldquoElaborado desde o projeto graacutefi co pautas apuraccedilatildeo e produ-ccedilatildeo de mateacuterias pelos alunos sob a super-visatildeo e coordenaccedilatildeo dos professores eacute o resultado de muito trabalho dedicaccedilatildeo e comprometimento de todos os envol-vidos materializado em um Jornal de excelente qualidade Refl exo de um curso seacuterio aprovado e reconhecido sobretudo pelo mercado de Belo Horizonterdquo

Aureacutelio JoseacuteCoordenador do Jornal-laboratoacuterio e

professor do curso de Jornalismo

Atividades vatildeo aleacutem da produccedilatildeo impressa

ldquoResultado de muito trabalho e

comprometimento o jornal eacute refl exo

de um curso seacuterio e reconhecido pelo

mercado de BHrdquoSeacutergio Arreguy coordenador do curso de Comunicaccedilatildeo Social

12-16 - 10 anos O Pontoindd 412-16 - 10 anos O Pontoindd 4 82809 34457 PM82809 34457 PM

O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

16 bull Especial

Com a palavra alguns ex-monitores

ldquoO meu

primeiro contato praacutetico

com o jornalismo ocorreu no Jor-

nal O Ponto Durante oito meses

como

monitor e nos quatro anos de curso

vivi cada

dia na redaccedilatildeo e pude ajudar a c

onstruir com

reportagens diagramaccedilotildees ou material fotograacutefi co

esse jornal que respeito muito por

ter me mostrado de

forma sincera alguns valores da mi

nha profi ssatildeo

As discussotildees interessadas que tive

mos naquela redaccedilatildeo

fi cam para toda a carreira juntame

nte com as boas pessoas

com as quais pude conviver nesse

periacuteodo Com o Ponto

percebi que o jornalismo antes de

escrever deve ldquoolharrdquo

para o mundo e buscar seu recorte

Por mais difiacutecil que

fosse terminar uma paacutegina sempre

compensava olhar para

ela impressa na pilha de jornais

no fi m do mecircs Esse

desafi o nos motivou e deve motivar

a cada diardquo

Enzo Menezes ex-monitor

ldquoDurante um ano e meio fui moni-

tora do jornal O Ponto podendo

adquirir muito conhecimento Mesmo

sendo um jornal mensal e por isso com-

posto de reportagens natildeo de notiacutecias pude

aprender sobre a rotina de uma redaccedilatildeo Aprendi

como nasce um jornal desde a reuniatildeo de pau-

tas o acompanhamento dos repoacuterteres e editores

revisatildeo das paacuteginas montagem da boneca o fecha-

mento ateacute o jornal impresso Comecei no jornal no

sexto periacuteodo entatildeo tive que apreender a editar

e diagramar uma paacutegina Ao mesmo tempo tambeacutem era

responsaacutevel pela ediccedilatildeo fi nal do jornal tendo que

colaborar com os demais alunos Foi muito grati-

fi cante fazer parte da equipe do jornal labora-

toacuterio foi um grande aprendizadordquo

Poliane Bosco ex-monitora

ldquoFui um dos primeiros monito-res do jornal e da 1ordf turma de jornalismo da Fumec Como na eacutepoca os repoacuterteres eram voluntaacuteriospassaacutevamos nas

salas chamando o pessoal Nas primeiras ediccedilotildees ateacute falavam que existia uma lsquopanelinharsquo porque as

mateacuterias eram sempre dos mesmos - eu o Ernesto Braga o Pedro Blank por exemplo porque era quem se interessava em escrever A mateacuteria que me marcou mais foi a primeira a primeira a gente nunca esquece (risos) Acho que o tiacutetulo era lsquoDe volta aos porotildees da loucurarsquo que saiu como manchete na primeira ediccedilatildeo e era sobre um manicocircmio em Barbacena O pessoal de psicologia ia fazer um estudo laacute e nos ofere-cemos para cobrir Vimos que a situaccedilatildeo do lugar era a mesma haacute 20 anos segundo um livro dos anos 80 sobre a instituiccedilatildeordquo

Murilo Rocha ex-monitor

ldquoA moni-toria foi uma experiecircncia

muito bacana pois foi a primeira vez que tive contato com a produccedilatildeo de

um jornal Tiacutenhamos a funccedilatildeo de editar mas tambeacutem faziacuteamos mateacuterias diagramaacutevamos tiraacute-

vamos fotos orientaacutevamos os repoacuterteres enfi m era uma trabalheira soacute Lembro-me de uma mateacuteria que fi z sobre salaacuterio miacutenimo (maio2001 14ordf ediccedilatildeo) e ganhou a manchete de O Ponto para minha surpresa Eu e o Daniel Bianchini na eacutepoca fotoacutegrafo e teacutec-nico do laboratoacuterio de fotografi a da Fumec subimos a favela para saber quantas eram e como viviam as

pessoas que recebiam um salaacuterio miacutenimordquo

Angeacutelica Diniz ex-monitora

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Foto arquivo O Ponto

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Esporte bull 17Editor e diagramador da paacutegina Rodrigo Zavaghli e Joatildeo Procoacutepio 6ordm periacuteodo

Domingo um dia em que a populaccedilatildeo de um paiacutes inteiro parou diante das tevecircs para assistir ao embate de duas equipes esportivas disputando o tiacutetulo nacional O vencedor vem estabelecendo uma supremacia invejaacutevel Eacute o maior ganha-dor da deacutecada e jaacute desponta como favo-rito para a proacutexima temporada Enfrenta apenas um desafi o manter o elenco para continuar competitivo em um ramo que movimenta milhotildees em dinheiro anualmente

Poderia estar falando do Brasil e o time citado poderia perfeitamente ser o Satildeo Paulo Mas a cena descrita se passa nos Estados Unidos o campeatildeo se chama Los Angeles Lakers e o esporte natildeo eacute o futebol mas sim o basquete Com uma atuaccedilatildeo impecaacutevel do cestinha Kobe Bryant os Lakers derrotaram o Orlando Magic em uma seacuterie melhor de sete jogos levantando o caneco pela quarta vez desde o ano 2000 Eacute o deacutecimo tiacutetulo do teacutecnico Phil Jackson em 15 da equipe de LA Somados a esses nuacutemeros 15 milhotildees de televisores americanos esta-vam ligados no jogo durante a exibiccedilatildeo e a movimentaccedilatildeo fi nanceira do esporte tambeacutem natildeo fi ca atraacutes das grandes trans-ferecircncias de jogadores brasileiros para o futebol europeu A estrela do basquete Shaquille OacuteNeil deve trocar de time por nada menos que 20 milhotildees de doacutelares -uma pechincha- Mostra-se assim que o basquete pode seguir uma foacutermula de sucesso da mesma forma que fazemos com o nosso esporte nacional

A liga americana eacute uma das mais assis-tidas no paiacutes e no mundo sendo transmi-tida para 42 paiacuteses e possui uma foacutermula diferente e atraente com fase de grupos os famosos mata-matas e divisotildees por conferecircncias tornando toda a temporada uma grande festa com direito inclusive agraves tradicionais e nada desejaacuteveis brigas de torcida

A NBBA Associaccedilatildeo Nacional de Basquete

dos Estados Unidos a NBA eacute o exemplo que o Brasil estaacute tentando seguir para reerguer o esporte no paiacutes A preocupa-ccedilatildeo eacute grande uma vez que por exemplo a equipe masculina nacional que jaacute con-tou com estrelas como Oscar Schmidt aleacutem de jogadores que hoje fazem fama no exterior como Leandrinho Nenecirc e Anderson Varejatildeo nem se quer conquis-tou vaga para disputar as duas uacuteltimas olimpiacuteadas Isso para um esporte em que o Brasil jaacute foi campeatildeo mundial no cada vez mais longiacutenquo ano de 1959 eacute sinal de crise

Mas o racha no basquete brasileiro natildeo envolve apenas o desempenho do time em quadra Nos uacuteltimos anos o que se viu foi um show de falta de organizaccedilatildeo por parte da Confederaccedilatildeo Brasileira de Basquete (CBB) que em 2006 natildeo con-seguiu promover o campeonato nacio-nal ateacute o fi m Faltou a fi nal e a histoacuteria

enveredou para a poliacutetica Os clubes paulistas insatisfeitos com a conjun-tura romperam com a confederaccedilatildeo e disputaram um torneio paralelo criado por eles em 2008 No preacute-oliacutempico do mesmo ano a seleccedilatildeo brasileira dispu-tou por vaacuterios motivos muitos deles obscuros com desfalque de todos os jogadores que disputavam a Liga Ame-ricana Perdeu

Insustentaacutevel por si soacute a nova aposta da CBB eacute o Novo Basquete Brasil A sigla NBB natildeo foi por acaso A semelhanccedila com a NBA eacute justamente o foco do novo torneio organizado pelos clubes com a chancela da Confederaccedilatildeo Eacute uma ten-tativa de reconciliaccedilatildeo dos times com a entidade dos jogadores com a seleccedilatildeo e por consequumlecircncia das torcidas com a quadra O formato traz turno returno e fase fi nal com mata-mata para defi nir semifi nalistas e fi nalistas A fi nal eacute deci-dida em no maacuteximo cinco partidas E que comece a campanha para as Olim-piacuteadas do Rio

OlimpiacuteadasQue o governo brasileiro estaacute em cam-

panha para sediar os Jogos Oliacutempicos de 2016 jaacute estaacute claro para todo mundo O que acontece nas entrelinhas poreacutem eacute um esforccedilo coletivo por parte da miacutedia do governo e de todo o setor esportivo em geral em alavancar o esporte no paiacutes Desmistifi car a conversa de que aqui soacute o futebol presta Eacute bom para os clubes bom para os cofres puacuteblicos e bom para as empresas privadas fora a melhoria na imagem do paiacutes laacute fora Para se ter uma ideia o Pan do Rio gastou cerca de sete milhotildees de reais em uma soacute cidade Jaacute a reforma do Maracanatilde palco da fi nal da copa de 2014 tem orccedilamento pre-visto em ateacute 1 bilhatildeo Eacute muito dinheiro envolvido e logicamente muita gente interessada

O NBB se torna claramente mais uma peccedila nesse complexo tabuleiro aonde o objetivo eacute vender o Brasil como paiacutes do esporte Ronaldo Adriano Fred fora outras movimentaccedilotildees de grandes estrelas do esporte nacional que retor-nam ao paiacutes mostram que aos poucos estamos tentando construir uma cultura esportiva o que nos encaixa como uma luva na candidatura para as olimpiacuteadas

A verdade eacute que temos um longo caminho a percorrer O Rio de Janeiro jaacute ateacute possui um esqueleto de estrutura eacute verdade feita nos Jogos Pan Ameri-canos de 2006 e pretende ampliar o investimento com a Copa do Mundo de futebol mas a incompatibilidade ainda eacute latente Falta resolver o problema da seguranccedila puacuteblica A reforma do estaacute-dio do Maracanatilde jaacute tem orccedilamento mas natildeo tem quem pague E o que sinaliza o desespero para ser capaz de receber um evento desse porte eacute a corrida das cidades sede da Copa de 2014 Das 12 cidades sede todas com planejamentos astronomicamente caros para a compe-ticcedilatildeo apenas uma ndashBrasiacutelia- declarou de onde viraacute o dinheiro

Formaccedilatildeo de baseO lado positivo de toda a politicagem

que envolve a corrida pelas olimpiacuteadas eacute a formaccedilatildeo de novos atletas e de esco-linhas de base nos vaacuterios clubes do paiacutes Afi nal se por um lado esporte eacute fi nan-ceiramente um bom negoacutecio ele natildeo deixa de ser saudaacutevel e interessante para a sociedade A efi ciecircncia de escolinhas de esporte nas periferias em termos de estatiacutesticas de criminalidade aleacutem do trabalho seacuterio de dignidade e auto-estima que eacute feito na grande maioria dos casos por professores voluntaacuterios eacute inegaacutevel

O Mackenzie Esporte Clube tradi-cional formador de atletas de Belo Hori-zonte por exemplo usa suas escolinhas de esporte para segundo sua assessoria de imprensa auxiliar na educaccedilatildeo e inte-graccedilatildeo social de crianccedilas e jovens Aleacutem dos clubes escolas particulares ou seja com verbas como o Coleacutegio Santo Agos-tinho realizam projetos sociais para pro-mover a integraccedilatildeo e dignidade atraveacutes do esporte Exemplo disso era o time de vocirclei Sada Betim hoje Sada Cruzeiro que enquanto ainda associado agrave prefeitura da cidade e usando suas dependecircncias abria portas para jovens da periferia para integrar suas escolas baacutesicas do esporte

Estrutura para tais iniciativas eacute o que natildeo falta O Minas Tecircnis clube de maior destaque no cenaacuterio esportivo mineiro eacute o detentor de uma das mais invejaacuteveis estruturas esportivas do paiacutes Eacute o exem-

plo de que eacute possiacutevel dar suporte para for-mar equipes competitvas em vaacuterios espor-tes Finalista da Superliga de vocirclei clube de formaccedilatildeo do medalista pan americano Th iago Pereira da nataccedilatildeo medalista oliacutempico do judocirc com Ketleyn Quadros e semifi nalista da NBB com a equipe de basquete Conquistas que geram pergun-tas Eacute possiacutevel estender tamanho sucesso para a populaccedilatildeo em geral O Brasil seraacute capaz de utilizar o potencial que tem de mobilizar a sociedade por causas tatildeo inte-ressantes quanto o esporte para alavan-car os setores prejudicados de seu povo ou vai jogar todos os problemas e todas as desculpas por suas falhas sob o grande guarda-chuva da beleza do esporte Seraacute as Olimpiacuteadas uma oportunidade para o sucesso ou mais uma grande farra para os poliacuteticos e para a miacutedia

O Novo Basquete Brasil pode ser parte da resposta O objetivo principal do tor-neio eacute revigorar o esporte atrair o puacuteblico de volta e recolocar o basquete brasileiro em niacuteveis oliacutempicos para em seu obje-tivo secundaacuterio apoiar a campanha para o Rio 2016 Se der certo bom para o Bra-sil Ganha em notoriedade em trabalho bem feito e abre um leque de esperanccedilas para os projetos que viratildeo Se der errado reforccedila a capacidade do brasileiro de fazer auecirc sem saber aonde vai dar E costuma dar em pizza Em obras superfaturadas em estrutura precaacuteria e em novas festas como mensalotildees castelos e farras aeacutereas em geral

O Novo Esporte BrasilFinal do Novo Basquete Brasil levanta a discussatildeo das poliacuteticas esportivas no Brasil

PEDRO LEONE

6ordm PERIacuteODO

Foto Divulgaccedilatildeo

Minas e Flamengo em jogo realizado na arena da Rua da Bahia

17 - novo esporte brasilindd 117 - novo esporte brasilindd 1 82809 115027 AM82809 115027 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

18 bull Entretenimento Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O que vocecirc acha que o CQC traz de novo para a TV brasileira

Rafi nha Bastos O CQC eacute um formato novo Soacute o fato de existir um formato novo numa televisatildeo tatildeo repetida porque os formatos se repetem muito na televisatildeo a novela do SBT eacute igual a da Band que eacute igual a da Globo que eacute igual a da Record os telejornais tambeacutem satildeo parecidos os programas de auditoacuterio Entatildeo soacute o fato de ser um programa diferente um formato de televisatildeo diferente jaacute eacute uma novidade Eu acho que eacute isso que o CQC traz

OPComo vocecirc entende a junccedilatildeo de ldquojornalismo e humorrdquo

RB Eu acho que o jornalismo eacute muito convencional Ele tem um formato muito especiacutefi co no Brasil haacute muito tempo Entatildeo o fato de a gente estar fazendo uma coisa mais bem humorada vem quebrar um pouco com esses paradigmas que satildeo muito estabelecidos do jornalismo A gente estaacute fazendo de uma maneira diferente de fazer o jornalismo Eu acho interessante a receptividade que eu tenho tido com as mateacuterias laacute do ldquoProteste Jaacuterdquo Satildeo muito legais o povo gosta e se sente representado Entatildeo eu acho que tem sido muito bom

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

RB Natildeo existe isso Eu sou contra esse negoacutecio de ldquohumor inteligenterdquo porque natildeo eacute porque o Tiririca faz um humor para o povatildeo que ele natildeo eacute inteligente Ele eacute um gecircnio aliaacutes entendeu Natildeo acho que a questatildeo eacute ldquointeligenterdquo Eu acho que a questatildeo eacute a seguinte o humor do CQC precisa de mais referecircncia O pessoal precisa conhecer um pouco das coisas que a gente estaacute falando estar um pouco informado sobre poliacutetica Talvez a pessoa que assiste ao CQC esteja atraacutes de um humor com mais informaccedilatildeo um humor mais criacutetico e o humor natildeo eacute tatildeo popular mas natildeo signifi ca que natildeo eacute mais inteligente do que o humor popular

OPVocecirc natildeo teme que o CQC caia na ldquomesmicerdquo

RB Eacute muito cedo para dizer ainda Muito cedo O que acontece eacute que os pro-gramas humoriacutesticos caem na mesmice e isso eacute estrateacutegico O ldquoNerson da Capi-tingardquo faz a mesma piada toda semana

porque as pessoas precisam entender a piada O povatildeo a galera ldquomassardquo precisa saber a hora que ela tem que rir Por isso que parece que eacute muito repetitivo Porque natildeo eacute um humor feito pra gente natildeo eacute um humor feito para a galera faculdade para a galera que tem um espiacuterito criacutetico um pouco mais aguccedilado Eacute para o povatildeo Eacute muito bem feito A tendecircncia do CQC natildeo eacute ir por esse caminho mas pode ser que ele se repita Isso eacute uma busca eterna

OPA experiecircncia da stand-up comedy contribui para a abordagem de suas fontes

RB O fato de eu ser comediante me ajuda Eu faccedilo um programa de humor hoje que por mais que tenha uma pegada jornaliacutestica eacute um programa de humor O objetivo dele eacute ser engraccedilado eacute ser divertido Tanto a minha formaccedilatildeo de jornalista quanto o meu trabalho de comediante estatildeo juntos ali quando eu estou na frente do viacutedeo

OPEm sua opiniatildeo onde podemos perceber o jornalismo no CQC

RB O quadro ldquoProteste jaacuterdquo eacute o quadro mais jornaliacutestico do programa Ele aborda os problemas levanta e vai atraacutes de soluccedilotildees conversa com os governantes Eu acho que esse eacute o quadro mais jornaliacutestico mas natildeo signifi ca que as mateacuterias de ldquobaladardquo natildeo sejam jornaliacutesticas Mas eu soacute acho que o mais parecido com o formato tradicional de jornalismo eacute o ldquoProteste Jaacuterdquo

OPComo vocecirc percebe a inserccedilatildeo da publicidade no programa Vocecirc acha que o excesso de propaganda pode pre-judicar a atraccedilatildeo

RB Eu acho que eacute feito de uma maneira muito suave Eacute algo inovador O que o CQC faz natildeo existe em nenhum outro programa A gente natildeo interrompe natildeo mostra nenhum produto ou merchan durante o programa Satildeo propagandas fei-tas com o proacuteprio elenco Entatildeo eu acho

que eacute diferente e o programa tem que se bancar Ele precisa ter publicidade

OPMas vocecirc natildeo acha que haacute uma quebra do discurso Por exemplo o Marcelo Tas chama uma mateacuteria ldquoredondardquo e faz menccedilatildeo a uma determi-nada marca de cerveja Quando manda a mateacuteria haacute um corte com outra propa-ganda entrando

RB Vocecirc natildeo acha isso muito melhor do que parar e falar assim ldquogente vamos falar de seguro sauacutederdquo e a pessoa sair Vocecirc tem que vender vocecirc tem que fazer publicidade Natildeo tem como O programa precisa se bancar de alguma forma Eu acho que a melhor maneira uma maneira interessante de fazer os merchans eacute da maneira como a gente faz Natildeo inter-rompe natildeo tem a ver com a mateacuteria natildeo estaacute no meio do conteuacutedo natildeo tem a ver com o conteuacutedo do programa estaacute sepa-rado Eu acho que eacute uma maneira tran-quila Se eacute a melhor maneira eu natildeo sei mas eu acho interessante

OPEm abril assessores de comuni-caccedilatildeo dos parlamentares se reuniram em Brasiacutelia para questionar a liberdade com que os repoacuterteres atuam no Con-gresso Nacional O diretor de comuni-caccedilatildeo da Cacircmara poreacutem afi rmou que natildeo alteraria as regras atuais e que cabia aos assessores explicar aos deputados como lidar com o tipo de jornalismo praticado pelos programas O CQC foi pivocirc desta atitude

RB O Congresso faz as leis dele O Congresso olha muito para o proacuteprio umbigo Natildeo existe nada que infl uencie diretamente as decisotildees do Congresso Eles decidem por eles mesmo Por isso que eles estatildeo em Brasiacutelia que fi ca a 500 km de Rio e Satildeo Paulo

OPVocecirc acha que os poliacuteticos satildeo alvo faacutecil para o humor Por quecirc

RB Eu acho que natildeo Eu acho que os poliacuteticos satildeo difiacuteceis porque satildeo uma concorrecircncia para os comediantes Os proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia entatildeo jaacute eacute muito difiacutecil vocecirc tirar sarro de algo que jaacute eacute engraccedilado As notiacutecias do ldquoJornal Nacionalrdquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQC Eacute mais difiacutecil ainda Eacute uma busca eterna para natildeo fi car se repetindo e natildeo fi car falando coisas que jaacute satildeo ditas por outros telejornais

Os bastidores do risoEm entrevista exclusiva Rafi nha Bastos repoacuterter do programa televisivo Custe o Que Custar (CQC) abre o jogo e conta como o humor eacute levado a seacuterio na atraccedilatildeo semanal na emissora Bandeirantes

Uma das cenas protagonizadas por Rafi nha Bastos no quadro ldquoProteste jaacuterdquo

ldquoOs proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia () As notiacutecias do lsquoJornal Nacionalrsquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQCrdquo

Rafi nha Bastos

AMANDA ARAUacuteJO

FLAacuteVIO CAMPOS

NATASHA MUZZI

8ordm PERIacuteODO

Belo Horizonte abril de 2009 Enquanto esperaacutevamos a reapresen-taccedilatildeo da peccedila ldquoArte do Insultordquo para realizar uma entrevista com o humo-rista Rafi nha Bastos marcaacutevamos quais seriam as principais perguntas que deveriam ser feitas considerando o pouco tempo que teriacuteamos dispo-

niacutevel nos bastidores do evento Casa cheia nervosismo em alta muita gente querendo conversar e chamar a atenccedilatildeo do ldquohomem de pretordquo do programa CQC Difiacutecil tarefa eacute con-seguir uma entrevista quando se eacute apenas estudante Mas conseguimos o acesso e a conversa se estendeu por bem mais tempo do que esperaacuteva-mos Nosso objetivo era questionar o apresentador e repoacuterter sobre a jun-ccedilatildeo entre jornalismo e humor presen-tes no programa por ele apresentado

a fi m de somar ao nosso trabalho de conclusatildeo de curso que apresentava a mesma discussatildeo Em maio de volta agrave mesma casa de espetaacuteculos nos encontramos com o tambeacutem repoacuterter da atraccedilatildeo Danilo Gentili com cer-teza bem mais afi ados e preparados para a sarcaacutesticas intervenccedilotildees do humorista

De forma descontraiacuteda fomos recebidos pelas duas grandes fi guras do Stand-up Comedy e agora ldquoastrosrdquo do irreverente CQC que toparam

falar sobre o jornalismo do programa liberdade de imprensa poliacutetica e claro humor Aleacutem de compor a bancada do programa Rafi nha Bastos eacute jornalista e comediante apresentando espetaacuteculos de improviso por todo o paiacutes Publicitaacuterio e humorista Danilo Gentilli foi um dos fundadores da comeacutedia ao vivo na capital paulista O resultado deste inusitado e divertido bate-papo com os dois repoacuterteres vocecirc confere agora em entrevistas editadas especialmente para O Ponto

Foto Divulgaccedilatildeo

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Entretenimento bull 19Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O ano de 2008 rendeu ao CQC nove precircmios Quatro deles somam como melhor programa de humor eou como melhor produccedilatildeo humoriacutestica Porque vocecirc acha que a miacutedia ainda natildeo premiou o programa como melhor telejornal

Danilo Gentili O CQC trabalha com fatos jornaliacutesticos mas natildeo eacute um telejor-nal O CQC natildeo estaacute todo dia mostrando os fatos do dia entatildeo natildeo pode ser clas-sifi cado como um telejornal O ldquoGlobo Repoacuterterrdquo natildeo pode ser classifi cado ldquoum telejornalrdquo eacute um programa jornaliacutestico Eu acho que a miacutedia natildeo enxerga o CQC como um programa jornaliacutestico Na ver-dade se for para eu escolher se o CQC eacute jornaliacutestico ou humoriacutestico eu escolheria que ele eacute humoriacutestico porque quando eu vou fazer eu me preocupo primeiro em fazer a pessoa rir Eu vou abrir a boca eu vou falar com esse cara mas a uacutenica razatildeo de eu falar com esse cara eacute fazer uma piada Se eu for falar com ele e a pessoa natildeo rir natildeo tem porque eu estar aqui

OPA maioria das pautas poliacuteticas do programa satildeo destinadas agrave vocecirc A que vocecirc atribui isso Vocecirc seria o mais cara de pau dos ldquohomens de pretordquo

DG Pode ser Talvez seja Eu gosto de fazer poliacutetica com um produtor laacute em especiacutefi co A gente vai com muita von-tade de fazer o que a gente faz de chegar para o cara e perguntar Na verdade eacute o seguinte eu natildeo sei os outros repoacuterteres mas eu no CQC natildeo tenho a pretensatildeo de ser amigo de ningueacutem Seja de poliacutetico ou de celebridade eu natildeo tenho a pre-tensatildeo Vocecircs natildeo vatildeo me ver em festas de celebridades ldquoOh fui convidado pra festa e estou aquirdquo Eu natildeo tenho essa vontade natildeo eacute o meu mundo Entatildeo eu vou pra perguntar o que eu sempre quis e talvez o que todo mundo que estaacute em casa sempre quis saber

OPComo eacute a sua preparaccedilatildeo antes de cobrir as pautas poliacuteticas na Casa Legislativa Vocecirc planeja suas piadas antes ou eacute realmente no improviso

DG A reuniatildeo de pauta geralmente acontece no caminho Eu e o produtor ou no aviatildeo ou no carro Eu e o produ-tor falando ldquoquem vocecirc acha que vai estar laacute Ah Tal pessoa tal pessoa tal pessoa fez isso A gente pode falar issordquo A gente tenta mais ou menos ter uma noccedilatildeo do que dizer

OPMas inclui uma piada pronta DG A gente tenta prever e tenta ir

com umas cartas na manga mas a gente sabe que eacute impossiacutevel Porque eu posso ir com uma pergunta pronta e o cara me daacute uma resposta que ningueacutem esperava Aiacute em cima disso eu tenho que fazer outra piada

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

DG Taacute isso no site do CQC Vocecircs acreditaram nisso (risos) Natildeo sei eu acho que o humor tem que ser engra-ccedilado natildeo tem que ser inteligente Eacute o

que eu acho entendeu O que seria humor inteligente Natildeo sei o humor eacute muito subjetivo pra classifi car ldquoesse humor eacute inteligente esse natildeo eacuterdquo Eu acho que o humor inteligente eacute aquele que se comunica de uma forma efi caz com o seu puacuteblico O Tiririca eacute esquisito mais eacute um humor inteligente para muita gente Eu gosto do Tiririca

OPComo publicitaacuterio como vocecirc avalia esse novo modelo de publici-dade inserido no programa

DG Mas natildeo eacute tatildeo diferente assim Na verdade eacute igual as outras porque nas outras o cara faz a propaganda e a agecircncia que ganha e no CQC tambeacutem a gente faz a propaganda e a produtora que ganha

OPVocecirc acha que o riso midiatizado esse humor ldquopastelatildeordquo que a gente vecirc por aiacute deixa perder um pouco da fun-ccedilatildeo do riso que estaacute em ser criacutetico

DG Depende do humor pastelatildeo eu gosto muito Eu gosto do Chaves gosto dos Trecircs Patetas gosto do Jerry Lewis gosto do Mr Been Eacute tudo humor pastelatildeo Eu acho que o termo que vocecirc queira achar natildeo eacute ldquohumor pastelatildeordquo eacute um humor grosseiro tipo ldquoAh vou peidar em puacuteblicordquo e todo mundo ri disso Eacute um humor primaacuterio Tal-vez seja o que vocecirc queria dizer Pastelatildeo eu gosto muito o humor do Chaves eacute pas-

telatildeo e eacute muito inteligente O do Mr Been tambeacutem eacute muito inteligente ele bolar tudo aquilo e tal Agora tem o humor primaacuterio que eacute esse humor de bordatildeo humor de escatologia humor de falar qualquer coisa Geralmente ningueacutem ri se natildeo sabe do que estaacute rindo Eu tento fazer no meu show e no CQC um riso que depende do contexto Vocecirc vai ver isso quando eu for falar com um poliacutetico no CQC Por exemplo eu fi z uma mateacuteria e eu encontrei o Joatildeo Paulo Cunha um cara que era do mensalatildeo Eu sei que 90 do meu puacuteblico do CQC talvez natildeo se lembre ou natildeo saiba quem eacute o cara Entatildeo se eu fi zesse a piada ningueacutem ia rir ningueacutem ia achar graccedila Entatildeo antes de eu chegar no cara eu falei aquele ali eacute tal cara que fez tal coisa e naquela eacutepoca ele fez o mensalatildeo Falou que pagou 50 mil numa conta em TV a cabo e natildeo sei o que Aiacute o pessoal jaacute sabe do que eu vou falar Entatildeo eu jaacute deixei a pessoa a par do conceito Quando eu chego no cara e faccedilo as piadas a pessoa sabe do que eu estou falando Entatildeo eu informei a pessoa para ela poder rir No meu show eu faccedilo isso Eu falo de uma por-ccedilatildeo de coisas que vatildeo rir porque eles estatildeo dentro do conceito Eu vou falar de tracircnsito eu natildeo preciso explicar o que eacute o tracircnsito Todo mundo sabe o que eacute o tracircnsito entatildeo eles acabam rindo disso por exemplo

OPEm entrevista ao portal UOL no dia 24042008 vocecirc disse que os bra-sileiros natildeo tecircm muito senso de humor Porque vocecirc acha entatildeo que o pro-grama estaacute dando certo no Brasil Vocecirc acha que o CQC devolveu agrave sociedade um pouco desse senso

DG O problema do brasileiro eacute que ele tem o senso de humor primaacuterio Ele natildeo tem um senso de humor Pra vocecirc ter senso de humor vocecirc tem que ver o que estaacute acontecendo reconhecer a reali-dade para poder rir dela O brasileiro tem a auto estima muito baixa O brasileiro soacute brinca com os outros ele natildeo brinca con-

sigo proacuteprio Vocecirc vecirc piada de brasileiro eacute sempre o portuguecircs eacute sempre a loira Por exemplo tem o portuguecircs o brasi-leiro e o americano O brasileiro sempre se sai bem ele tem autoestima baixa ele natildeo sabe rir de si Se o CQC devolveu isso para o brasileiro Eu acho que natildeo Pouca coisa a gente devolveu isso para o brasileiro O brasileiro estaacute rindo ainda do poliacutetico ele estaacute rindo ainda da cele-bridade que a gente ridiculariza Eu jaacute saiacute na rua e quando eu fui na ldquoMarcha para Jesusrdquo falar deles ningueacutem riu

OPNo CQC vocecirc tem vontade de fazer o quadro Proteste Jaacute

DG Proteste Jaacute Natildeo sei cara Tudo que eu tenho vontade eu faccedilo Eu tenho von-tade que muita coisa que eu faccedilo entre mas acaba natildeo entrando porque os caras falam que eu pego pesado (risos) Se eu fi zesse o Proteste Jaacute talvez eu fi zesse dife-rente eu natildeo sei Eu natildeo tenho vontade de fazer o Proteste Jaacute natildeo

OPTem alguma entrevista sua que vocecirc considera a melhor

DG Natildeo Tem muita entrevista que eu vejo na TV e falo nossa essa natildeo foi a melhor que eu fiz Porque cortam muita coisa

OPQue elementos jornaliacutesticos vocecirc nota no programa CQC

DG Jornalismo tem porque a gente como fala no iniacutecio do programa eacute um ldquoresumo semanal de notiacuteciasrdquo Mas taacute eacute um resumo semanal de notiacutecias taacute bom vaia gente fi nge que eacute O que tem eacute a gente brinca com algumas coisas que aconteceram durante aquela semana durante aqueles dias proacuteximos Eacute o mais proacuteximo que tem do jornalismo A gente sempre que pode estaacute no fato na hora do fato Mas agraves vezes natildeo daacute entatildeo vai cobrir festinha e natildeo sei o que mas a intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e ldquobrincarrdquo com ele

ldquoA gente sempre que pode estaacute no fato na hora do

fato A intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente

pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e

lsquobrincarrsquo com elerdquo

Danilo Gentili

O humorista Danilo Gentili foi um dos fundadores da comeacutedia ldquocara limpardquo na capital paulista e hoje desafi a poliacuteticos

Foto divulgaccedilatildeo

O cara de pau dos homens de pretoDanilo Gentilli o temido repoacuterter pelos poliacuteticos no dia-a-dia do senado conta como se prepara para as pautas polecircmicas

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O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

20 bull Miacutedia

RENATA VALENTIM

6ordmPERIODO

Que o advento das miacutedias digitais pocircs um ponto de interrogaccedilatildeo no horizonte dos meios tradicionais jaacute se sabe Mas a transformaccedilatildeo destinada ao raacutedio parece ser de fato a de maior impacto Seja no campo das novas tecnologias de trans-missatildeo dos novos suportes ao aacuteudio no nuacutemero de funcionaacuterios contratados ou na avaliaccedilatildeo do poder de infl uecircncia no gosto da audiecircncia a revoluccedilatildeo vivida pelas raacutedios eacute atestada tanto por profi s-sionais da aacuterea quanto pelos ouvintes

O CD hoje obsoleto popularizado no Brasil no fi nal dos anos de 1980 jaacute signi-fi cou uma transformaccedilatildeo importante no dia-a-dia do radialista Em vez de exe-cuccedilotildees musicais feitas pelo LP ou ldquobola-chatildeordquo que o operador ou sonoplasta vigiava do iniacutecio ao fi m da faixa transmi-tida os tocadores de compact disc per-mitiam a programaccedilatildeo de vaacuterias faixas em sequumlecircncia poupando-lhe tempo O que veio a seguir economizou bem mais que isso a inovadora transformaccedilatildeo de muacutesica em kilobytes deu origem a sof-twares de execuccedilatildeo automaacutetica

Assim as raacutedios gerando programa-ccedilatildeo por 24h dispensaram seus locutores e sonoplastas da madrugada e dos fi nais de semana adaptando seus conteuacutedos para que sistemas de automaccedilatildeo tra-balhassem sozinhos Aleacutem das muacutesicas em formato digital apresentaccedilotildees de muacutesica passaram a ser tambeacutem gravadas

e reproduzidas como se fossem feitas ao vivo Natildeo foram poucos locutores desem-pregados No caso das afi liadas de gran-des redes de FM a reduccedilatildeo no quadro de profi ssionais da voz foi ainda maior Em alguns casos haacute somente um ou dois locutores agrave disposiccedilatildeo que datildeo conta da geraccedilatildeo de toda a programaccedilatildeo local

Com experiecircncia na aacuterea haacute mais de 20 anos a locutora e programadora musical Glaacuteucia Lara 40 lamenta ldquoem um fi nal de semana antes das mudanccedilas promo-vidas pelo advento do mp3 cerca de sete pessoas estariam trabalhando em uma emissora de raacutedio Hoje eacute comum esca-lar locutores para comandarem a pro-gramaccedilatildeo ao vivo soacute nos programas que contam com a participaccedilatildeo do ouvinte Do resto quem cuida eacute o computadorrdquo conta ela que jaacute passou por diversas emissoras do interior do estado e por afi -liadas de grandes redes como a Antena 1 de Belo Horizonte E o sonoplasta entatildeo ldquoNa era do CD essa fi gura foi extinta dos quadros O locutor natildeo eacute soacute responsaacutevel hoje por apresentar muacutesicas e interagir com o ouvinte Tambeacutem assumiu a res-ponsabilidade de operar os aparelhos

e pessoalmente acho que isso facilita a locuccedilatildeo porque natildeo haacute mais aquela dependecircncia de um sinal do sonoplasta aquela sintonia de timing necessaacuteria para esse trabalho de equipe decirc certo O locutor faz tudordquo pondera

Eu baixo tu baixasO mp3 tambeacutem alterou a forma de

distribuir novos trabalhos musicais A popularizaccedilatildeo da internet e a troca de arquivos por meio de softwares seme-lhantes ao pioneiro Napster deram iniacutecio agrave decadecircncia dos CDs e ao decliacutenio das grandes gravadoras que fracassaram ao combater tanto a pirataria quanto o com-partilhamento online de mp3

O casamento das gravadoras com o raacutedio e a TV que detinham a foacutermula exclusiva de atrair a atenccedilatildeo do puacuteblico para seu artista entrou em crise A par-ceria de divulgaccedilatildeo perdeu espaccedilo con-sideraacutevel para uma revolucionaacuteria forma de acesso a novos trabalhos musicais feita na internet Para a tristeza de grava-doras e artistas a vendagem de CDs caiu drasticamente fazendo dos shows e tur-necircs sua principal fonte de lucro Foi-se o

tempo em que um artista de sucesso ven-dia mais de 2 milhotildees de coacutepias de seu trabalho o campeatildeo do mercado fono-graacutefi co brasileiro em 2006 Padre Marcelo Rossi registrou cerca de 860 mil coacutepias vendidas de seu aacutelbum ldquoMinha Becircnccedilatildeordquo editado pela Sony BMG Um nuacutemero pequeno se comparado aos 35 milhotildees de coacutepias de seu primeiro disco ldquoMuacutesi-cas Para Louvar ao Senhorrdquo de 1998

A estagiaacuteria de pesquisa de mercado Karina Zandona 22 comprova esse fenocirc-meno Fatilde de Th e Killers ela conta que hoje procura se informar do lanccedilamento de aacutelbuns das suas bandas preferidas por sites especializados e faz download deles quando jaacute estatildeo disponiacuteveis ldquoSoacute ouccedilo muacutesica pelo PC e pelo mp3 player Raacutedio soacute ouccedilo agraves vezes quando minha matildee ouve em casa E sempre satildeo as programa-ccedilotildees informativas como a Raacutedio Itatiaia Natildeo consigo mais fi car exposta a tanto hit lsquoda modinharsquo como os de black music no raacutediordquo diz No caso da comerciaacuteria Ellen Colombini 24 a infl uecircncia da internet eacute ainda mais efetiva ldquoouvia muito raacutedio quando adolescente e assistia muito agrave MTV Era fatilde de coisas do tipo Hanson

por exemplo (risos) Mas quando passei a usar a internet e descobri a maravilha que eacute fazer download de muacutesica natildeo liguei mais o raacutedio Sou viciada em fazer downloads vou baixando tudo o que encontro e que me parece interessante pelo release que acompanha o link ou mesmo pelo nome da banda Escuto tudo e seleciono o que me agrada Se aprovado vou passando adiante E a partir do que eu recomendo para os amigos recebo deles arquivos de artis-tas parecidas com o que eu enviei e sobre os quais natildeo vejo ningueacutem falarrdquo comenta

A engenheira ambiental Eduarda Stancioli 24 eacute ouvinte da Last FM paacutegina online na qual o usaacuterio cria a pragramaccedilatildeo sem a interrupccedilatildeo de publicidade e locutores ldquoComo passo mais tempo usando o computador da empresa que o resto do pessoal e natildeo posso fazer dowloads o site foi uma oacutetima soluccedilatildeo para ouvir muacutesica enquanto faccedilo meus projetosrdquo Eduarda diz que a facildade estaacute no fato da pro-gramaccedilatildeo ser sua criaccedilatildeo onde vocecirc seleciona os artistas ou estilo de muacutesica da sua preferecircncia podendo mudaacute-la qualquer hora E ainda poder contar com sugestotildees musicais do serviccedilo geradas a partir do tipo de muacutesica que se ouve

Contra a mareacuteCurioso eacute o exemplo da estudante

Ceciacutelia Portugal 21 anos Apreciadora de axeacute music adora ouvir a Extra FM enquanto dirige Diferente de Ellen e

Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

O raacutedio na onda do ciberespaccedilo

Imagem do programa de dowloads de arqui-vos de muacutesica e viacutedeos Limewire

Paacutegina da raacutedio na internet a Last FM

Saiba o que a troca de arquivos de muacutesica pela internet fez com o raacutedio de entretenimento como as pes-soas encarram isso e quais satildeo as apostas das raacutedios para natildeo perderem seus ouvintes e patrocinadores

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Miacutedia bull 21Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

Karina o costume de baixar muacutesica pela internet natildeo a afas-tou do haacutebito de ouvir raacutedio ldquooutro dia ouvi uma muacutesica nova do Tomate ex-vocalista do Rapazolla Corri pra casa procurei o arquivo para down-load e depois gravei num CD para ouvir com as amigas no caminho pra baladardquo conta ldquoA maior graccedila do raacutedio que sem-pre tive o costume de ouvir eacute a companhia que faz Parece que natildeo estou sozinha no carro enquanto ouccedilo E me divirto com as esquetes de humor que tecircm por aiacuterdquo diz

Essa parece mesmo ser a nova vocaccedilatildeo do raacutedio como destaca o locutor e produtor Gleyson Lage da 98 FM de Belo Horizonte ndash primeira emissora a operar em frequumlecircncia modu-lada na Ameacuterica Latina ldquoAleacutem das promoccedilotildees e do aumento das formas de interatividade o humor eacute uma forma de fi de-lizar o ouvinte de perfi l mais passivo que tem menos dispo-nibilidade ou motivaccedilatildeo para manter contato por telefone ou e-mailrdquo Apostando nisso a 98 FM ndash cuja programaccedilatildeo eacute 100 local ndash conta com trecircs progra-mas de cunho humoriacutestico para enfrentar a concorrecircncia Os Manos Silicone Show e Graffi ti auto-intitulado o pior programa de raacutedio do Brasil

Para o locutor publicitaacuterio Tovar Luiz 43 o FM nasceu engraccedilado ldquoo grande barato das raacutedios FM desde a sua popu-larizaccedilatildeo no iniacutecio dos anos de 1980 foi o seu perfi l descontra-iacutedo A locuccedilatildeo nessas emisso-ras sempre foi bem mais aacutegil e despojada O hoje apresentador de TV Ceacutesar Filho por exemplo comeccedilou a carreira no raacutedio e

fi cou famoso pelo bordatildeo lsquobeijo pra vocecirc feiarsquo Natildeo era ofensa era pra fazer o ouvinte rir O FM foi uma revoluccedilatildeo em termos de lin-guagemrdquo lembra E ele parece ter razatildeo O programa Pacircnico um dos maiores fenocircmenos televi-sivos dos uacuteltimos tempos eacute deri-vado de um programa de raacutedio da rede Jovem Pan 2 de Satildeo Paulo comandado pelo locutor Emiacutelio Surita Seguindo o fl uxo as demais redes destinadas ao puacuteblico jovem tambeacutem investi-ram na programaccedilatildeo que faz rir E a partir das redes as emissoras locais que fazem concorrecircncia agraves afi liadas tambeacutem acompanham a tendecircncia para natildeo perder seu espaccedilo no mercado

Falando neleExistem hoje 23 FMs no dial

de Belo Horizonte Pelo menos quatro delas satildeo dedicadas aos jovens Jovem Pan 2 (991) Mix FM (917) 98FM (983) e Oi FM (939) Destas somente a 98FM natildeo eacute afi liada de uma grande rede Haacute trecircs anos em atividade na emissora Gleyson Lage confi rma a reduccedilatildeo no nuacutemero de vagas aos profi ssio-nais da aacuterea ldquonuma raacutedio local satildeo necessaacuterios 20 funcionaacuterios para produzir toda uma grade enquanto numa afi liada jun-tando a programaccedilatildeo execu-tada pelo sateacutelite com aquela gerada pela automaccedilatildeo da transmissatildeo apenas cinco datildeo

conta do recado para o tempo destinado agrave grade local Eacute com-plicadordquo conta

No entanto ele vecirc a partici-paccedilatildeo das redes de raacutedio como positiva no que se refere agrave qua-lidade ldquoquando uma rede tem um bom conteuacutedo ndash boa plaacutes-tica bons locutores bons tex-tos ndash ela acaba por estimular as emissoras locais a manterem o mesmo niacutevel Haacute um ganho em criatividade que poderia natildeo existir se todo o conteuacutedo fosse localrdquo acredita

Enquanto isso os ouvintes se queixam da repeticcedilatildeo nas grades musicais ldquochega a ser engraccedilado Estava ouvindo uma muacutesica numa determinada

raacutedio Quando acabou troquei para a estaccedilatildeo seguinte e estava tocando a mesma muacutesica Acho que como todos os meios de comunicaccedilatildeo as raacutedios precisam abrir o leque de opccedilotildeesrdquo opina Karina Zandona estagiaacuteria de pesquisa de mercado 22

Karina completa ldquoateacute a Rede Globo tem inovado na inserccedilatildeo de muacutesicas de artistas desconhecidos do grande puacuteblico como trilha das suas produccedilotildees (como foi o caso do cantor Beirut presente na trilha sonora da minisseacuterie Capitu exibida em janeiro de 2009) O raacutedio podia acompanhar essa tendecircnciardquo sugere

Com a digitalizaccedilatildeo da muacutesica o sonoplasta sai de cena eacute o locutor quem faz tudo

Foto

Robert

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O Ponto

Editor e diagramador da paacuteginaLira Faacutevilla e Felipe Barbosa 6ordm periacuteodo

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

22 bull Cultura

CLAUDIA LAPOUBLE

6ordmPERIacuteODO

ldquoO processo pelo qual se arma-zenam informaccedilotildees no disco de vinil feito de PVC material derivado do petroacuteleo consiste em imprimir nele ranhuras ou ldquoriscosrdquo cujas formas tanto em profundidade como abertura mantecircm correspondecircncia com a informaccedilatildeo que se deseja arma-zenar Essas ranhuras visiacuteveis no disco a olho nu satildeo feitas no disco matriz com um estilete no momento da gravaccedilatildeo Esse esti-lete eacute movido pela accedilatildeo da forccedila magneacutetica que age sobre eletro-iacutematildes que estatildeo acoplados a elerdquo (in Leituras de Fiacutesica GREF- Departamento de fiacutesica da USP SP2005)

Eacute assim que a muacutesica se ldquoimprimerdquo no plaacutestico que depois ao ser arranhado pela agulha libertaraacute novamente os sons no ar Para os apaixonados por vinil o ritual de tirar o disco da estante limpaacute-lo colocaacute-lo no toca discos posicionar a agu-lha delicadamente sobre ele tomando todo o cuidado para natildeo arranhaacute-lo e repetir todo esse processo na hora de virar o disco para ouvir o lado b signi-fi ca uma relaccedilatildeo mais proacutexima com a muacutesica Era preciso dedi-car tempo a escutar o disco Mais do que uma miacutedia de armazena-mento analoacutegico do som o disco de vinil eacute um objeto de arte e uma peccedila que daacute materialidade agrave muacutesica

Dados da Associaccedilatildeo de Gra-vadoras da Ameacuterica (Record Industry Association of Aeme-rica) mostram que as vendas de LPs aumentaram em quase 130 entre os anos de 2007 e 2008 De acordo com o informe anual divulgado pelo oacutergatildeo ldquoo vinil continua sua ascensatildeo As vendas nesse formato somaram

US$57 milhotildees e vem mais do que duplicando ano apoacutes anordquo Ainda segundo o documento ldquotrata-se do produto preferido por audiofi los e colecionadores e o aumento nas vendas se deve tanto agrave re-gravaccedilatildeo de mate-rial de cataacutelogo quanto a novos lanccedilamentosrdquo

Com os nuacutemeros da induacutes-tria apontando para uma queda nas vendas de CDs e em tempos em que se fala em livre acesso agrave muacutesica atraveacutes da internet o vinil se apresenta como uma saiacuteda para quem ainda gosta da muacutesica palpaacutevel apreciaacute-la com todos os sentidos inclusive o tato

Um Brasil em vinil ldquoContar a histoacuteria do Brasil

atraveacutes da muacutesica guardando um exemplar de tudo o que foi gravado em vinil no paiacutesrdquo esse era o objetivo de Edu Pampani 46 quando em 2005 fundou a Discoteca Puacuteblica o primeiro espaccedilo dedicado agrave memoacuteria musical brasileira do paiacutes

Apaixonado por muacutesica e claro pelos discos de vinil Pam-pani conta que a ideacuteia da Dis-coteca nasceu quando ele ainda morava na Bahia e tinha uma loja de discos Segundo ele quando o Compact Disc (CD) comeccedilou a se popularizar na deacutecada de 90 as pessoas o procuravam para trocar seus LPs por CDs

O espaccedilo tem hoje um acervo de cerca de 12 mil peccedilas que contam a historia do Brasil pelos sulcos no plaacutestico PVC Eacute possiacute-vel ouvir por exemplo gravaccedilotildees de jogos de futebol ou vinhetas de programas de raacutedio dos anos 50 aleacutem de claacutessicos da muacutesica popular brasileira em gravaccedilotildees originais Com todas essas rari-dades Pampani garante natildeo ter nenhum disco favorito ldquosempre me perguntam Edu qual eacute o disco mais raro que vocecirc tem

e eu respondo raro eacute ter todos eles juntosrdquo

De volta ao plaacutesticoApesar de natildeo ser a miacutedia mais

utilizada pelo grande puacuteblico o disco de vinil tem um puacuteblico fi el principalmente entre os DJs que segundo Pampani ldquoprocuram sempre coisa nova se ele quer tocar Jorge Bem por exemplo ele vai procurar aquela muacutesica que ningueacutem lembra mais que ele gravou Esse pes-soal tem que fi car garimpando semprerdquo

O DJ e fundador do selo Vinyl Land Luiz Valente ou DJ Luiz PF eacute um desses garimpeiros de sebos Ele conta que sua paixatildeo pelos LPs nasceu quando ele mesmo selecionava as muacutesi-cas que iriam compor o som ambiente de seu bar o ldquoLugarrdquo Em 2003 Luiz sentiu que pode-ria abrir espaccedilo para DJs que pesquisavam e procuravam por muacutesicas que fugiam do lugar comum ldquoeu fui fazendo festas por um tempo chamando DJs que discotecavam com vinil pra ser um contra ponto a essa outra galerardquo conta

Radicado em Londres desde 2006 Luiz conta que ao chegar agrave Europa percebeu que diferente do que acontecia no Brasil ldquolaacute o negoacutecio natildeo tinha acabado nada se achava tudo pra com-prar coisas novas a galera atual todo mundo lanccedilava era uma coisa de canto de loja mas fun-cionando vendendordquo Na capital inglesa o DJ trabalhou na grava-dora Whatmusiccom que aleacutem de CDs lanccedilava tambeacutem traba-lhos em vinil

A paixatildeo pela ldquocultura de acetatordquo e o trabalho como DJ foram o incentivo para que Luiz fundasse em 2008 a Vinyl Land selo que vem com a proposta de lanccedilar muacutesicos que se interes-sem em gravar em vinil Segundo

ele o selo nasceu de sua proacutepria necessidade como DJ ldquoeu

jaacute discotecava com vinil e fui achando bandas

novas que queria tocar mas natildeo tinha como porque eram de uma eacutepoca em que natildeo tinha mais vinil ai eu pensei jaacute que natildeo tem eu faccedilo

e comecei a procurar contatos e tentar orga-

nizar o selordquo Com apenas um ano

no mercado a Vinyl Land

jaacute lanccedilou trecircs discos dentre

eles um compacto simples do Autoramas

Novas marcas no PVCFoi pela Vinyl Land que a

banda Th e Dead Lovers Twisted Heart que nunca havia lanccedilado seu trabalho comercialmente lanccedilou seu primeiro EP O com-pacto auto-intitulado traz cinco muacutesicas antes disponiacuteveis para download na internet O disco prensado na Alemanha teve tiragem limitada de 200 coacutepias

Com infl uecircncias que vatildeo de Odair Joseacute e Roberto Carlos ateacute Franz Ferdinand e Jack White passando pela literatura de Mark Twain (o grupo tem uma muacutesica em homenagem a Huck-leberry Finn personagem do autor americano) e os cartunis-tas Laerte e Angeli a banda for-mada por Ivan (guitarra e vocal)

Guto (guitarra) Paty (bateria) e

Velvs (baixo) jaacute era conhecida dos frequumlentadores de casas de shows de Belo Horizonte antes de lanccedilar seu EP

Segundo Ivan a ideacuteia de ter seu primeiro trabalho gravado em vinil casou muito bem com a banda ldquoa gente ainda natildeo tinha lanccedilado um disco propriamente dito e hoje o suporte fiacutesico eacute cada vez menos importante porque na verdade a muacutesica vocecirc acha em qualquer lugar e um disco um CD na verdade natildeo faz mais tanto sentido E nossa ideia era que jaacute que vocecirc vai comprar um objeto o vinil eacute um objeto muito mais legal tanto esteticamente quanto no manusear fora que tem toda essa coisa da retomada e eacute uma boa proposta que tem tudo a ver com a bandardquo afi rma o muacutesico provando que o velho vinil estaacute mais novo que nunca

O novos sonsdo velho vinil

Com a popularizaccedilatildeo dos sites de divulagaccedilatildeo de muacutesica na internet o vinil retorna como alternativa interessante para novos muacutesicos e ouvintes

Dj Luiz PF fundador do selo Vinyl Land

Os diferentes formatos do vinil-LP abreviatura do inglecircs Long Play ou ldquo12 polegadasrdquo Disco com 31 cm de diametro com capacidade normal de cerca de 20 minutos por lado O formato LP era utilizado usualmente para a comercializaccedilatildeo de aacutelbuns completos-EP abreviatura do inglecircs Extended Play Disco com 17 cm de diametro e capacidade de cerca de 8 minutos por lado continha em torno de quatro faixas -Single ou compacto simples abreviatura de Single Play ldquo7 polegadasrdquo ou compacto simples Disco com 17 cm de diametro e capacidade normal de 4 minutos por lado O single era geralmente empregado para a difusatildeo das muacutesicas de trabalho de um aacutelbum completo a ser posteriormente lanccedilado -Maacutexi abreviatura do inglecircs Maxi Single Disco com 31 cm de diametro sua capacidade era de cerca de 12 minutos por lado

Arq

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Barro

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The Dead loverrsquos Twisted Heart Pati Vels Guto e Ivan

22 - diagramacao vinilindd 122 - diagramacao vinilindd 1 82809 115104 AM82809 115104 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Culturabull 23Editor e diagramador da paacutegina Baacuterbara Rodrigues 8ordm periacuteodo

Festival Internacional de Corais homenageia

BAacuteRBARA RODRIGUES 8ordm PERIacuteODO

A seacutetima ediccedilatildeo do Festival Interna-cional de Corais ndash FIC acontece de 18 a 27 de setembro de 2009 e teraacute como tema a vida e obra de Villa-Lobos con-siderado o maior compositor das Ameacute-ricas Seratildeo cerca de 300 apresenta-ccedilotildees de 120 corais de todo o Brasil e do exterior que percorreratildeo 12 cidades de Minas Gerais

O festival realizado pela Universi-dade FUMEC tem o intuito de popula-

rizar os corais e grupos vocais amadores e profissionais e evidenciar atividades culturais de empresas instituiccedilotildees de ensino comunidades associaccedilotildees e fundaccedilotildees com apresentaccedilotildees de corais e shows de artistas nacionais sempre com a bandeira da muacutesica brasileira agrave frente

Regidos pelo Maestro Lindomar Gomes produtor cultural e coordena-dor do FIC os 30 integrantes do coral da FUMEC seratildeo um dos grupos a se apresentar ldquoNosso coral sempre parti-cipou de festivais seguindo a maacutexima de Fernando Brant de que lsquotodo artista

tem de ir aonde o povo estaacutersquo A cada ano o FIC escolhe um tema que traduza a identidade musical brasileira Este ano celebraremos os 50 anos de morte de Villa-Lobos responsaacutevel por implantar o canto coral no paiacutes na deacutecada de 1930 e o muacutesico que mais cantou as belezas nacionaisrdquo enfatiza

Em cada ediccedilatildeo do festival os com-positores Leonardo Cunha e Fernando Brant satildeo responsaacuteveis pela muacutesica-tema que ao final do evento eacute cantada por todos os corais A composiccedilatildeo deste ano ganhou o nome de ldquoMestre Villardquo exultando o que de mais haacute de caracte-

riacutestico na vida e obra do mestre Durante todo o festival alguns locais

da cidade como o Palaacutecio das Artes Sesc Laces JK e a aacuterea de convivecircn-cia da FUMEC receberatildeo exposiccedilotildees de fotos textos e trilhas sonoras do acervo do Museu Villa-Lobos no Rio de Janeiro A banda mineira 14 Bis e o muacutesico Renato Teixeira fazem shows no interior de Minas e no dia 27 no Parque Municipal encontro de todos os corais participantes marcaraacute o fechamento do evento onde mais de mil vozes se uni-ratildeo para cantar os temas do maestro homenageado

O maestro e coordenador do FIC Lindomar Gomes e os integrantes do Coral da Fumec

Mestre Villa daacute o tom dentro e fora do paiacutesO carioca Heitor Villa-Lobos

foi responsaacutevel por universa-lizar a muacutesica nacional acres-centando em grande parte de suas mil obras a sonoridade da fauna brasileira de tribos indiacute-genas e africanas aleacutem de refe-recircncias de cantigas do choro e do samba

Na defi niccedilatildeo do maestro Lindomar Gomes a impor-tacircncia de Heitor Villa-Lobos estaacute no fato de ele ldquodecifrar a alma brasileira e colocaacute-la em muacutesicardquo Devido agraves homena-gens ao compositor nas prin-cipais capitais do Brasil e do

mundo Gomes natildeo eacute o uacutenico a pensar assim

Peccedilas de Villa-Lobos fazem parte das temporadas da Filar-mocircnica de Belo Horizonte da Orquestra Sinfocircnica do Teatro Nacional Claacuteudio Santoro em Brasiacutelia da Sinfocircnica Munici-pal de Campinas e da Orques-tra Sinfocircnica Brasileira do Rio

Internacional Em janeiro o maestro John

Neschling regeu a Filarmocircnica de Varsoacutevia na Polocircnia com os ldquoChoros n 6rdquo A soprano Adriane Queiroz cantou as ldquoBachianas

Brasileiras nordm 5rdquo em Berlim e o regente da OSB do Rio Roberto Minczuk esteve no Japatildeo em agosto para apresentar as ldquoBachianas Brasileirasrdquo

Ainda este ano deve chegar agraves livrarias o ldquoFolha Explica Villa-Lobosrdquo da Publifolha do violonista Faacutebio Zanon que em entrevista ao jornal Folha de Satildeo Paulo afi rmou ldquoO uni-verso sonoro de Villa-Lobos eacute uma coisa arrasadora Nossa ideia de Brasil seria muito mais pobre sem a leitura efetuada por Villa-Lobos de nosso patri-mocircnio musicalrdquo

Programaccedilatildeo completa e outras informaccedilotildees sobre FIC 2009 wwwfestivaldecoraiscombr

Foto

div

ulg

accedilatildeo

Foto divulgaccedilatildeo

O compositor e maestro Villa-Lobos cuja obra eacute reconhecida e celebrada internacionalmente

23 - festivaldecoraisindd 123 - festivaldecoraisindd 1 82809 115113 AM82809 115113 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

24 bull Cultura Editor e diagramador da paacutegina Amanda Lelis 6ordm periodo

COLCHAde retalhos

CU

RT

Are

talh

os

Magia

Escrevo uma letra

e jaacute natildeo estou no mesmo lugar

Pedro Cunha Instrumento de cordas vocais tocado pela alma

a palavra na garganta que vira muacutesica

o som da orquestra do coraccedilatildeo

dos gagos e desafi nados

aos cegos de paixatildeo

VozBaacuterbara Rodrigues

Natildeo sei bem o que eacute

Se eacute invenccedilatildeo

Se eacute na verdade a mais pura verdade

Se sou eu tentando fugir

Se sou eu tentando apagar

Natildeo encarar o que estaacute acontecendo

Esquecer a minha confusatildeo

De querer sem conhecer

De te amar sem te encontrar

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Queria esquecer

E perdoar entatildeo

Voltar na decisatildeo

Para minha vida rotineira

Que eu levei a vida inteira

O meu sufoco e os seus gritos

Meu confortaacutevel desespero

Minha mania de querer ser mais para mundo

Do que o mundo eacute para mim

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Confortaacutevel DesesperoPaula Macintyre

Preso agrave falta de sono procurando ver

Atraveacutes da luz de um trago num bastatildeo de morte

Talvez com sorte entatildeo eu possa crer

Que os dias se passaram mas o amor fi cou

Mesmo sonhando acordado algo ainda restou

De tardes tatildeo bonitas

Em que o brilho dos teus olhos eu pude enxergar

Os teus negros cabelos quero entatildeo tocar

apesar de estares tatildeo afl ita

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia

que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Por mais que em outras camas eu possa deitar

que braccedilos e abraccedilos venham me afagar

O brilho dos teus olhos ainda me ilumina

por vaacuterias ruas sujas que eu tentei fugir

estenderia um tapete pra vocecirc entrar

sentado vago na varanda escura a esperar

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Mas eu mudaria tudo isso pra te ter aqui

comigo ao meu lado todo dia a me fazer sorrir

Para ouvir a muacutesica wwwmyspacecombandatravessia

DuetoAlvaro Castro

Do entendimento tardio de se assistir a uma passagem de som

Cracke se quebra o silecircncio a voz dos barulhos instrumentais

cala todos os outros sons do silecircncio Antes de ser melodiosos

os sons comeccedilam desencontrados como tateando no escuro

dos ritmos tentando se encontrar e dar as matildeos para soacute assim

iniciar seu dialogo-danccedila em brincadeiras harmoniosas que

encantam e enfeiticcedilam Na sutileza dos tons na alegria de fazer

barulhos musicais modifi cam a muacutesica mil vezes re-arranjada

ajeitam afi nam se enfeitam

e a muacutesica fi nalmente sai Perfeita

AntesClaudia Lapouble

Sssshhiiii

silecircnciosopro suspiro sussurro

sublime submerso submarino submundo

some sobe segue sangue sinistro

sem focirclegosufoco

SClaudia Lapouble

A canccedilatildeo natildeo paacutera O berimbau controla o medo que corre

nas ruas vindo daqueles que natildeo se deixaram dissolver pela

aacutegua trazida com a chuva Na cidade escorre toda a calmaria

e a melodia se arrasta molhando o chatildeo Enquanto o ceacuteu se

desmancha aos poucos sobre a rua deserta eles cantam Voz

para um canto que veio aveludar meus ouvidos acalentar

clamoroso de uma vida inteira e fosse essa noite a vida

inteira fez-se a noite lembranccedila da cantiga que me converteu

inteira Pandeiro Meacutedio Viola e a chuva que ritmava a

cantoria O breu e noacutes no breu O escuro arrasta o invisiacutevel

para dentro da cidade que chora para dentro dos meus olhos

que fi tam atentos os olhos deles que me encantam Hora um

hora outro me arrasta em companhia agrave suas vozes As gotas

respondem ao coro num canto suave o pandeiro acompanha

o berimbau e o repique respinga umas gotas tontas de

musicalidade goteja um som que sobrevoa a superfiacutecie

Sobre o invisiacutevelAmanda Lelis

Gabriel Guedes e violino em show na Praccedila da Liberdade

O som da alma se apresenta em desejo e verso livre

na terccedila indecente suave

no violino do seus sonhos em coro cresce a quarta corda

dissonante

eacute a Musica

No canto viacutevido em tom sincero e leve expande

compaixatildeo as notas graves

fi delidade ao escrever a voz da alma sobre arpejos

inconstantes

eacute a Musica

MuacutesicaPedro Gontijo e

Bernardo Gontijo

Te aperto contra o peito

te penduro nas costas

no churrasco passa de matildeo em matildeo

e ainda assim me faz companhia

nas noites de solidatildeo

Ode ao violatildeoBaacuterbara Rodrigues

Ajude a costurar nossa colcha balaioretalhosgmailcom

24 - Colcha de retalhos corrigidoindd 124 - Colcha de retalhos corrigidoindd 1 82809 115124 AM82809 115124 AM

Page 3: Jornal O Ponto - agosto 2009

O Ponto Belo Horizonte 27 de Agosto de 2009

Fumec bull 3Editor e diagramador da paacutegina Amanda Lelis e Juliana Pizarro

DA REDACcedilAtildeO

O curso de Comunicaccedilatildeo Social da Fumec estaacute lanccedilando o primeiro nuacutemero da revista Ponto e Viacutergula O projeto ino-vador elegeu a entrevista como

gecircnero jornaliacutestico principal e abre a oportunidade para

os alunos aperfeiccediloarem a teacutecnica por meio de sua

praacutetica Inicialmente com periodicidade

semestral a pro-posta da revista foi

concebida pelo professor do

curso de Jorna-lismo Rogeacuterio

Bastos edi-tor-chefe da

publicaccedilatildeo e atual coordenador da Redaccedilatildeo

Modelo um dos laboratoacuterios do curso

Bastos explica que a revista eacute especializada em entrevistas com autoridades nos diversos assuntos de interesse da comu-nicaccedilatildeo social contemporacircnea onde a estrela eacute o entrevistado ldquoOs entrevistados satildeo escolhidos em funccedilatildeo de sua experiecircncia profi ssional e domiacutenio amplo e profundo sobre os assuntos a serem abordadosrdquo pontua

A publicaccedilatildeo eacute voltada para o universitaacuterio mineiro e para os profi ssionais da comunicaccedilatildeo e aacutereas afi ns e busca movimentar a cena local da informaccedilatildeo com distribuiccedilatildeo gratuita A revista tem apoio e parceria do Laboratoacuterio de Jornalismo Impresso respon-saacutevel pela publicaccedilatildeo de O Ponto jornal laboratoacuterio do Curso de Jornalismo que comemora nesta ediccedilatildeo 10 anos de existecircncia

A revista feita por alunos de jornalismo a partir do quinto

periacuteodo busca trazer nas pautas discussotildees de assuntos relevantes e de interesse puacuteblico Os textos estilo pingue-pongue (perguntas e respostas) primam pelo tom criacutetico O editor-chefe avalia que ldquoa entrevista no formato pergun-tas e respostas eacute o grande achado na aridez que contempla o notici-aacuterio comum do dia-a-dia Aleacutem do que sempre foi uma demanda apresentada pelos alunos Entatildeo somei o uacutetil ao agradaacutevelrdquo

A primeira ediccedilatildeo traz trinta e duas paacuteginas com destaque para a entrevista de capa ldquoOrgia nos salaacuteriosrdquo com o professor Joatildeo Bosco Fonseca advogado especializado em administraccedilatildeo puacuteblica e a entrevista ldquoEstado se lixa para seus credoresrdquo com o professor Joseacute Baracho presi-dente da Comissatildeo Especial de Precatoacuterios da OAB-MG aleacutem de seis colunas ldquoAbre Aspasrdquo

ldquoRepriserdquo ldquoBrasil um paiacutes de todos Me engana que eu gostordquo ldquoFumecJanela acadecircmicardquo ldquoFar-pas amp Confetesrdquo e ldquoFrente e Versordquo que traratildeo notas artigos e frases cuja principal funccedilatildeo eacute criticar temas abordados diariamente pela imprensa Rogeacuterio Bastos comenta o porquecirc de os alunos serem tatildeo exigidos ao se tornarem repoacuterteres da Ponto amp Viacutergula ldquoEsse tipo de entrevista pressu-potildee que o trabalho deve ser resul-tado de um planejamento maior que inclui leituras compreensatildeo ampla do assunto repertoacuterio e bagagem intelectualrdquo

Bastos fi naliza com a expec-tativa do que a revista pode se tornar no cenaacuterio jornaliacutestico mineiro ldquoGuardadas as devi-das proporccedilotildees a revista eacute uma mosca que pousa na sopa geral do artifi cialismo do jornalismo cotidianordquo avalia

Ponto amp Viacutergula eacute nova publicaccedilatildeo da Redaccedilatildeo Modelo da Fumec

Marketing de guerrilha contra ldquoselvardquo do mercado

DA REDACcedilAtildeO

A um passo de serem recru-tados para enfrentar a ldquoselvardquo do mercado de trabalho um grupo de estudantes do uacuteltimo ano do curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Fumec decidiu intensifi car seus treinamentos arregaccedilar as mangas e utilizar ferramen-tas do marketing de guerrilha para o trabalho de conclusatildeo de curso Todos os esforccedilos foram concentrados para inserir na miacutedia um festival de muacutesica eletrocircnica de forma inusitada

Caolina Miyuki Samir Duarte Bruno Motta Luiz Fernando Branco Charles Alvarenga Gabrielle Alva-renga Pedro Gabriel DrsquoAlcacircntara e Marina Muzzi criaram a agecircn-cia experimental Badoque e passaram a atender clientes reais ldquoTemos um cliente real e optamos por criar um modelo de comuni-caccedilatildeo diferente e mais proacuteximo do puacuteblicordquo explica Carolina Miyuki

Em um bom exemplo de espiacuterito empreendedor os inte-grantes da agecircncia experimen-tal pensaram em uma proposta diferente de tudo que jaacute havia sido apresentado nas bancas de avaliaccedilatildeo dos trabalhos de con-clusatildeo de curso na universidade O projeto denominado ldquocomu-nicaccedilatildeo inusitadardquo eacute voltado para

marketing de guerrilha e foge das miacutedias tradicionais como TV raacutedio jornal entre outras

Entre as proposiccedilotildees accedilotildees como um outdoor vivo - uma pla-taforma com pessoas danccedilando em uma estrutura pegando fogo - muacutesicos tocando em abrigos de ocircnibus um cubo de 3 m onde os visitantes possam interagir com projeccedilotildees de imagens um caminhatildeo cuja a carroceria seria transformada em aquaacuterio com paredes de vidro de 20 cm e peixo dentro com uma banda tocando no centro desse aquaacuterio Sendo assim a iniciativa torna-se tam-

beacutem uma boa alterna-tiva de divulgaccedilatildeo

para empresas com recursos fi nancei-

ros limitados Segundo a

presidente e redatora da agecircn-

cia experimental Gabrielle Alvarenga a Badoque surgiu para colocar em praacutetica tudo o que o grupo aprendeu durante o curso porque engloba todas as aacutereas estudadas dife-rentemente dos outros pro-cessos de conclusatildeo de curso como por exemplo monografi a e produtora ldquoA agecircncia fi nal te daacute uma visatildeo do que eacute o mer-cado de como eacute lidar com um cliente real isso eacute importante para nossa experiecircnciardquo

A publicitaacuteria receacutem-for-mada ainda comentou sobre o

meacutetodo usado para criar a agecircn-cia ldquoTrabalhar com o marke-ting de guerrilha eacute interessante pois conta com a participaccedilatildeo do proacuteprio cliente e do puacuteblico alvo entatildeo eacute muito mais envol-vente Eacute o puacuteblico quem ajuda a compor essa informaccedilatildeordquo

A imagem escolhida para representar a empresa experi-mental Badoque eacute de um antigo brinquedo usado para lanccedilar pedras ou pequenos projeacuteteis conhecido tambeacutem como esti-lingue arremessa sem avisar eacute surpreendente muito preciso Para operar um Badoque dife-rente de um tanque de guerra que acerta todo mundo eacute neces-saacuterio mirar bem o alvo e isso eacute o

que a agecircncia buscou com sua iniciativa Como por exemplo fazer uma comunicaccedilatildeo dire-cionada ao puacuteblio alvo e natildeo para a massa A ideacuteia segundo seus representantes eacute falar com quem realmente interessa para cada cliente

Para realizar o trabalho de conclusatildeo de curso os integran-tes da Badoque fecharam con-trato com o Ultra Music Festival uma grande festa de muacutesica ele-trocircnica em sua segunda ediccedilatildeo em Belo Horizonte Este ano a festa aconteceraacute em setembro e a agecircncia tornou-se responsaacutevel pelo planejamento do evento sua divulgaccedilatildeo sugerindo ao cliente propostas de melhorias

e novidades para o festival Foi por meio de pesquisas com o puacuteblico especiacutefi co do encontro musical que o grupo buscou saber o que as pessoas espera-vam e gostariam de encontrar em uma festa como essa

A iniciativa do grupo foi esti-mulada pela Totem ndash agecircncia modelo do curso de Publici-dade e Propaganda Alguns dos integrantes da Badoque jaacute tinham trabalhado com clientes da Totem Parte desses clientes passou a apresentar demandas que superavam a capacidade de atendimento da agecircncia modelo e sendo assim o grupo resolveu criar uma agecircncia experimental para atender essas demandas

Agecircncia experimental Badoque criada por alunos do uacuteltimo ano do curso de Publicidade e Propaganda da Fumec propotildee comunicaccedilatildeo inusitada

Grupo Badoque apresenta a agecircncia no auditoacuterio Phoenix da Universidade FumecFCH

Capa da primeira ediccedilatildeo

da revista Ponto e Viacutergula

ir

Divu

lgaccedilatildeo

03 - Pag institucionalindd 103 - Pag institucionalindd 1 82809 114730 AM82809 114730 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

4 bull Cidades Editoras e diagramadoras da paacutegina Renata Valentim e Roberta Andrade 6ordm periacuteodo

Viaduto das Almas perto do fi mApoacutes 52 anos o viaduto que foi cenaacuterio de diversos acidentes seraacute substituiacutedo por um novo em linha reta

AMANDA LELIS

6ordm PERIcircODO

ldquoEu ainda era crianccedila quando soube que Juscelino viria ateacute aqui Descemos eu e meu pai andando ateacute o viaduto porque natildeo tiacutenhamos carro nem cavalo naquele tempo as coisas eram um pouco mais difiacuteceis Tinha tanta gente que natildeo conseguimos nos aproximar entatildeo subi-mos num barranco e sentados laacute assis-timos a cerimocircnia Eacute a uacutenica lembranccedila bonita que tenho desse lugar Sua inau-guraccedilatildeo foi um sucessordquo narra Ilda

Ilda Marques 60 anos Eacute o iniacutecio da histoacuteria do Viaduto Vila Rica Com uma inauguraccedilatildeo pomposa feita por Juscelino Kubitschek no dia primeiro de fevereiro de 1957 o Viaduto das Almas como eacute mais conhecido seria a primeira estrada pavi-mentada do governo de JK responsaacutevel pela ligaccedilatildeo da capital mineira com o Rio de Janeiro ateacute entatildeo capital federal A respon-saacutevel pela obra foi a Construtora Rabello Ltda e o projetista foi o engenheiro Sergio Marques de Souza Junto agrave inauguraccedilatildeo do viaduto foi tambeacutem entregue uma praccedila cercada por um jardim onde seria o local de parada dos viajantes que atualmente foi abandonada e deteriorada com o tempo

O Viaduto Vila Rica estaacute localizado entre Itabirito e Congonhas no km 592 da BR-040 a cerca de 55 quilocircmetros de Belo Horizonte

Ao longo dos anos o local deixou de ser um emblema de progresso para se converter num caminho de trageacutedias O viaduto apesar de muito moderno na eacutepoca foi construiacutedo em curva com ape-nas duas pistas sem acostamento ndash aleacutem de ter o tempo como agravante de dete-riorizaccedilatildeo o que incidiu em um nuacutemero maior de acidentes

A borracharia localizada proacutexima ao viaduto eacute a principal parada dos que passam por imprevistos sobre o viadutoSegundo Geraldo Augusto borracheiro que trabalha ali haacute 15 anos esse tipo de acontecimento eacute mais comum do que parece ldquoMuitos ocircnibus atravessam o via-duto com problemas no carro algumas vezes eacute coisas simples como algum pneu furado e vecircm pra caacute

Maacuterio Sales caminhoneiro haacute 25 anos disse que o percurso que faz para suas entregas passa sempre pelo Viaduto das Almas e jaacute presenciou uma quantidade grande de acidentes ldquodesastres por aqui natildeo tem nuacutemero Acontece todo dia um novo acidente Noacutes motoristas de caminhatildeo somos muito discriminados mas somos com-panheiros com os que tambeacutem andam por essas estradas somos os primeiros a dar socorro a quem precisa Haacute algum tempo socorri uma estudante de Juiz de Fora proacuteximo a esse viaduto mas ela natildeo sobreviveurdquo lembra

De acordo com dados do Sindicato Uniatildeo Brasil Caminhoneiros ndash SUBC ndash ateacute 2004 cerca de 200 mortes teriam aconte-cido no local Um dos acidentes mais traacute-gicos sempre lembrado por aqueles que fazem o percurso aconteceu em 1967 foi um dos primeiros desastres no local Um ocircnibus da Viaccedilatildeo Cometa natildeo conseguiu atravessar o viaduto e acabou caindo deixando 14 mortos

Mas em 2010 essa histoacuteria poderaacute se modifi car Em 2007 foram iniciadas as obras para a construccedilatildeo do novo viaduto que substituiraacute o Viaduto das Almas A construccedilatildeo estaacute em fase fi nal e a preten-satildeo eacute de que a obra seja inaugurada em junho do proacuteximo ano Durante as obras os operaacuterios presenciaram acidentes no outro pontilhatildeo como conta Darcio Men-des motorista que trabalha na constru-ccedilatildeo ldquono fi nal de 2008 presenciei um dos acidentes mais traacutegicos que me lembro O motorista de um caminhatildeo carregado perdeu o controle e bateu na Toyota que estava na sua frente Ouvimos o barulho do choque dos carros daqui da obra e fomos correndo prestar socorro Os dois carros caiacuteram do viaduto O motorista do caminhatildeo e sua mulher que estava com ele foram lanccedilados Ela foi socorrida com vida mas ele e o outro motorista natildeo resistiramrdquo

Helio Damas fi scal de Obras de Artes Especiais foi contratado pela Enecom

empresa responsaacutevel pelo projeto e fi s-calizaccedilatildeo das obras do novo viaduto Segundo Damas o novo projeto prevecirc a reduccedilatildeo das curvas que eram agravan-tes na ocorrecircncia das trageacutedias O novo viaduto possui 460 metros de extensatildeo cerca de 52 metros de altura ndash um dos pilares de sustentaccedilatildeo possui 70 metros ndash 21 metros de largura e o que apostam ser a caracteriacutestica fundamental da constru-ccedilatildeo e que eacute oposta ao antigo este viaduto seraacute em linha reta e deveraacute diminuir um pouco do percurso dos viajantes

Para a primeira parte das obras a construccedilatildeo do viaduto foram disponi-bilizados cerca de 30 milhotildees de reais e a etapa foi concluiacuteda em 24 meses Atu-almente existe a espera da conclusatildeo da estrada que leva ao novo viaduto Essa que compotildee a segunda parte das obras fi cou a cargo da Construtora Brasil

De acordo com Joseacute Eduardo Soares engenheiro da Enecom responsaacutevel pela obra o novo pontilhatildeo foi construiacutedo com dois viadutos um no sentido BH-Rio e outro no sentido Rio-BH com espa-ccedilamento de trecircs metros entre eles Cada viaduto tem duas pistas mais o acos-tamento Como medida de seguranccedila foram feitas as chamadas ldquobarreiras New Jerseyrdquo feitas de concreto Elas forccedilam o carro a voltar para a pista em caso de colisatildeo evitando que o veiacuteculo aciden-tado caia do viaduto

Fotos Pedro Gontijo 5ordm G

Viaduto das Almas pouco depois de sua inauguraccedilatildeo em 1957 e agora com 52 anos exige uma estrutura melhor para aguentar o fl uxo atual de veiacuteculos

Arquivo Enecom

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Cidades bull 5Editoras e diagramadoras da paacutegina Renata Valentim e Roberta Andrade 6ordm periacuteodo

Ao contraacuterio do que a maioria das pessoas pode ima-ginar o nome caracteriacutestico do viaduto natildeo eacute devido aos acidentes e sim por causa do coacuterrego que passa por baixo dele afl uente do Rio das Velhas o Monjolo que era conhecido popularmente como Coacuterrego das Almas As pessoas que moravam perto dali diziam ver almas rondando por cima da aacutegua durante as noites

Ao ser inaugurado na antiga BR3 o viaduto foi bati-zado como Viaduto das Almas e soacute teve seu nome tro-cado em 1970 De acordo com moradores da regiatildeo a mudanccedila ocorreu para acabar com o ldquoazarrdquo que o nome trazia ao pontilhatildeo As lendas natildeo deixaram de fazer parte do imaginaacuterio da populaccedilatildeo local e ainda hoje ouve-se muitas histoacuterias

Ilda Marques trabalha no ldquoRestaurante da Celinhardquo proacuteximo ao viaduto ldquoFui nascida e criada aqui ao redor desse viaduto Me lembro de muita histoacuteria traacutegica Alguns andarilhos dormem debaixo do viaduto e um

deles passou a dormir em frente ao restaurante porque disse ter acordado em uma noite com uma visatildeo Eram pessoas caminhando com velas e cruzes nas matildeos depois disso ele nunca mais fi cou por laacuterdquo

Dona Maria Madalena tem 59 anos e haacute 32 mora numa casa proacutexima ao viaduto Ela contou das histoacute-rias que ouve sobre o lugar ldquotem um caminhoneiro que morreu ali o caminhatildeo despencou laacute de cima e ele fi cou preso entre as ferragens Dizem que ele volta no horaacuterio certinho que aconteceu o acidente e fi ca rodando por laacute pedindo ajuda Essa eu sei que eacute ver-dade porque todo mundo fala e uma vez quem contou foi um amigo meu o senhor que mora aqui perto ele viu esse homem Mas eu graccedilas a Deus nunca vi nadardquo acredita

Luiz Carlos do Vale tem 65 anos e trabalha como motorista de caminhatildeo haacute 14 Ele relatou que sua maior difi culdade nas estradas e principalmente no

viaduto eacute com os outros motoristas ldquoDentro dessas estradas passamos por muitas experiecircncias o viaduto jaacute estaacute todo atrapalhado por causa do tempo eacute pre-ciso respeito para dirigir eacute preciso pensar nos outros que tambeacutem estatildeo dirigindo Eu mesmo jaacute me assustei vaacuterias vezes Durante a travessia do viaduto me corta-ram uma vez um perigordquo

A antiga estrutura construiacuteda em concreto foi capaz de suportar meio seacuteculo O Viaduto Vila Rica que natildeo foi planejado para aguumlentar o fl uxo contiacutenuo de carros e caminhotildees que hoje passam por ele resistiu por todo esse tempo Ainda com a criaccedilatildeo do novo viaduto os casos e contos sobre ele permanecem rondando os ares do local Alguns moradores defendem a criaccedilatildeo de um monumento para preservar o viaduto e suas histoacuterias Mas o monumento em sua homenagem jaacute foi criado no decorrer do tempo sua histoacuteria eacute contada ndash e per-petuada ndash de boca em boca

Do coacuterrego ao viaduto

O caminhoneiro Luiz Carlos do Vale reclama da falta de respeito dos outros motoristas

Maria Madalena relatou histoacuterias frequentes sobre o Viaduto das Almas no imaginaacuterio popular

Operaacuterios trabalhando na construccedilatildeo do novo viaduto que teraacute 450m de extensatildeo 52m de altura pista dupla e acostamento aleacutem de ser em linha reta

Foto Amanda Lelis 6ordm G

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O PontoBelo Horizonte 27 de Agosto de 2009

6 bull Cidades Editor e diagramador da paacutegina Nathaacutelia Drumond 6ordm periacuteodo

Poliacuteticas de controle ao fumo elevam impostos do cigarro e restringem consumo em locais coletivos

NATHAacuteLIA DRUMOND

JAIME HOSKEN

GABRIEL VIEIRA

5ordm E 6ordm PERIacuteODOS

As doenccedilas relacionadas ao fumo correspondem agrave princi-pal causa de mortes em todo o mundo apresentando incidecircncia maior ateacute mesmo que a AIDS e a tuberculose Segundo o Minis-teacuterio da Sauacutede ainda assim no Brasil existem aproximada-mente 30 milhotildees de fumantes e oito pessoas morrem a cada hora em decorrecircncia de complicaccedilotildees provocadas pelo tabaco As esta-tiacutesticas alarmantes e as evidecircn-cias de que os danos do cigarro natildeo se limitam aos fumantes ndash a exposiccedilatildeo agrave fumaccedila aumenta em cerca de 30 as chances de um fumante passivo desenvol-ver cacircncer de pulmatildeo ndash fi zeram com que o governo fortalecesse as poliacuteticas de controle ao taba-gismo e adotasse medidas mais rigorosas nos uacuteltimos meses

Na deacutecada de 70 as autorida-des de sauacutede jaacute alertavam para a necessidade de se realizar o con-trole do tabaco no Brasil mas o governo soacute comeccedilou a se preo-cupar nos anos 90 quando fi ca-ram mais claras as evidecircncias da gravidade das doenccedilas liga-das ao uso do cigarro Em 1996 foi criada a Lei Federal 9294 de autoria do entatildeo deputado fede-ral Elias Murad (PSDB-MG) que proibiu o fumo em ambientes fechados em todo o paiacutes A falta de fi scalizaccedilatildeo fez com que a lei natildeo saiacutesse da teoria mas repre-sentasse de qualquer forma o iniacutecio de uma discussatildeo que passaria a ocupar cada vez mais espaccedilo na vida dos brasileiros A partir de entatildeo houve vaacuterias tentativas de se reduzir o con-sumo do tabaco no Brasil

Em 2000 para desestimular e tirar o glamour da droga frente aos jovens o governo proibiu a veiculaccedilatildeo de propagandas de cigarros A lei foi sancio-nada apesar da forte pressatildeo da induacutestria tabagista que alegava que a medida infrigia os direitos de livre comeacutercio e de liberdade de expressatildeo e por isso eram inconstitucionais

Em 2001 foi a vez das doen-ccedilas causadas pelo tabagismo passarem a estampar os maccedilos de cigarro no paiacutes As imagens chocantes foram percebidas em princiacutepio com estranheza mas logo passaram de men-sagens inibidoras a motivo de chacota por parte dos fumantes Recentemente novas imagens mais fortes comeccedilaram a ser veiculadas nos maccedilos

Diante de tantas accedilotildees mas com resultados pouco satisfa-toacuterios neste ano o governo pas-sou a adotar uma postura mais rigorosa em relaccedilatildeo ao assunto Aleacutem do aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do PISCofi ns do cigarro no fi nal de marccedilo ndash o total da tri-butaccedilatildeo passou de 58 para 65 ndash os estados de Satildeo Paulo Rio de Janeiro e Minas Gerais cria-ram projetos de lei que proiacutebem o fumo em locais puacuteblicos As recentes medidas foram adota-das de acordo com recomenda-ccedilotildees do Programa Nacional de Controle do Tabagismo que jul-gam inefi cientes as accedilotildees indi-viduais e apoiam intervenccedilotildees mais abrangentes

ImpostoA elevaccedilatildeo do imposto sobre

o cigarro eacute considerado pelo Programa Nacional de Controle ao Tabagismo como um dos principais instrumentos no con-trole do consumo do produto Preccedilos mais altos para o con-sumidor representam aumento nas taxas de abandono e da dis-suasatildeo dos jovens em relaccedilatildeo ao produto Em informe da Secre-taria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte Deborah Malta coordenadora da aacuterea de doen-ccedilas e agravos natildeo transmissiacuteveis do Ministeacuterio da Sauacutede afi rmou que o principal ponto das medi-das antitabagistas eacute evitar que adolescentes e jovens se viciem na substacircncia

Aleacutem da melhoria da sauacutede da populaccedilatildeo o dinheiro da receita poderia ser melhor investido mas eacute gasto pela sauacutede puacuteblica no tratamento de complica-ccedilotildees causadas pelo tabagismo Segundo dados do Ministeacuterio da

Sauacutede os custos das internaccedilotildees relacionadas ao tabaco somam a quantia de R$11 bilhatildeo o que corresponde a 8 dos gastos hospitalares com adultos acima de 35 anos Com o reajuste do IPI e do PISCofi ns do cigarro o governo espera arrecadar este ano R$ 975 milhotildees e R$ 1540 bilhotildees em 2010

Nesse acircmbito da economia a medida tambeacutem pretende atin-gir os fumantes de classes sociais inferiores e de baixa escolari-dade que de acordo com estu-dos do proacuteprio Programa ten-dem a fumar mais e destinam uma parte signifi cativa da renda mensal agrave compra do produto aumentando a pobreza desses indiviacuteduos e a perda de produti-vidade no caso de enfermidades provocadas pelo tabaco

RigorNo estado de Satildeo Paulo o

governador Joseacute Serra (PSDB) criou um projeto de lei proi-bindo fumar cigarros charutos e similares em ambientes como escolas museus bares restau-rantes e empresas O projeto que elimina os espaccedilos para fumantes em ambientes coleti-vos total ou parcialmente fecha-dos dividiu opiniotildees a respeito dos seus efeitos foi considerado discriminatoacuterio e ateacute mesmo inconstitucional mas apesar das especulaccedilotildees de que seria barrado foi sancionado em sete de maio

Pela nova lei que entrou em vigor no mecircs de agosto o esta-belecimento que natildeo obedecer agraves novas regras deveraacute pagar multa de R$ 792 podendo che-gar a R$3 milhotildees em caso de reincidecircncia As multas natildeo se estendem aos fumantes e se eles natildeo se dispuserem a apagar o cigarro a determinaccedilatildeo eacute a de que se acione a poliacutecia Apesar do rigor da nova lei pesquisa realizada em Satildeo Paulo pelo Datafolha entre os dias cinco e seis de maio mostram que 59 dos fumantes estatildeo de acordo com ela e 86 estatildeo dispostos a respeitaacute-la

Para que a lei natildeo fi que apenas no papel Serra afi r-

mou que aleacutem da instalccedilatildeo de detectores de fumaccedila a fi sca-lizaccedilatildeo seraacute feita por cerca de 500 fi scais da Vigilacircncia Sanitaacute-ria e do Procon Como suporte aos fumantes o governo pau-lista disponibilizaraacute para aque-les que decidirem largar o viacutecio informaccedilotildees sobre o consumo da droga assistecircncia tera-pecircutica e medicamentos para tratamento

A medida estaacute servindo de exemplo para cidades como Rio de Janeiro e Belo Hori-zonte onde projetos de lei semelhantes estatildeo sendo cria-dos mas devido agraves falhas nos textos e agrave oposiccedilatildeo de enti-dades comerciais tiveram pareceres desfavoraacuteveis Em Minas Gerais o projeto de lei da vereadora de Belo Hori-zonte Neusinha Santos (PT) pretende barrar o cigarro em ambientes fechados privados e puacuteblicos corrigindo as falhas da Lei 929496 a falta de rigor na fiscalizaccedilatildeo dos estabe-lecimentos e a instalaccedilatildeo de fumoacutedromos sem a separaccedilatildeo dos demais ambientes

A proposta de Neusinha per-mite a criaccedilatildeo de aacutereas para fumantes desde que elas sejam delimitadas por barreiras fiacutesi-cas e possuam exaustores para impedir que as demais aacutereas ocupadas por natildeo-fumantes sejam contaminadas A inten-ccedilatildeo da vereadora eacute impedir que fumantes prejudiquem a sauacutede de quem natildeo fuma O texto do projeto entretanto foi conside-rado confuso por natildeo explicitar os locais exatos onde se poderia ou natildeo fumar e sua aprovaccedilatildeo foi adiada

Outro impecilho para que a lei seja aprovada em Minas Gerais assim como no Rio de Janeiro eacute a ameaccedila de pedido de inconstitucionalidade por parte da Federaccedilatildeo dos Hoteacuteis Bares e Restaurantes de Minas Ao mesmo tempo que a lei pode trazer melhorias para a qualidade de vida da popula-ccedilatildeo tambeacutem pode signifi car a perda de clientes o que leva os estabelecimentos a se posicio-narem contra

Governo aumenta rigor antitabagista

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O Ponto

Cidades bull 7Belo Horizonte 27 de Agosto de 2009

Editor e diagramador da paacutegina Nathaacutelia Drumond 6ordm periacuteodo

Tanto em Satildeo Paulo onde a lei do Governador Joseacute Serra jaacute foi sancionada quanto em Minas Gerais onde ainda aguarda aprovaccedilatildeo o rigor das propostas para o controle do tabagismo causaram muita polecircmica A proibiccedilatildeo do fumo em ambien-tes coletivos foi vista com maus olhos natildeo soacute pelos fumantes mas tambeacutem por entidades comerciais que questionam o radicalismo das medidas e ale-gam inconstitucionalidade

Do ponto de vista legal segundo o advogado Ney Ceacutesar Azevedo natildeo eacute possiacutevel enxergar onde essas accedilotildees podem ser consideradas inconstitu-cionais pois um direito individual pode sofrer res-triccedilotildees quando afeta outro direito constitucional-mente garantido O artigo 5ordm prevecirc a igualdade de todos perante a lei o artigo 6ordm entretando garante a sauacutede como um direito fundamental para todo cidadatildeo ldquoAssim devemos levar em conta que nesse caso as claacuteusulas constitucionais natildeo satildeo confl itantes mas deve haver um meio termo para garantir que uma natildeo anule a efi caacutecia da outrardquo O advogado reforccedila ainda que a prevalecircncia do direito coletivo deve ser pensada com cuidado para que natildeo haja excessos e arbitrariedades sempre tendo em mente que ldquose a sauacutede puacuteblica eacute importante os fumantes tambeacutem devem ter seus direitos asseguradosrdquo concluiu

Fumante por mais de 30 anos o fotoacutegrafo Alberto Escalda que deixou o viacutecio no uacuteltimo ano declara-se a favor da nova lei Em seu ponto de vista a proibiccedilatildeo eacute necessaacuteria pelo fato de as pessoas natildeo terem bom senso em respeitar o direito dos que natildeo fumam O fotoacutegrafo lembra que no passado as pessoas fumavam em qualquer

ambiente ldquoEra totalmente desagradaacutevel vocecirc pegar um aviatildeo para a Europa por exemplo e as pessoas fumarem durante toda a viagem ao seu ladordquo Alberto no entanto ressalta a importacircncia de um ambiente para os fumantes ldquoTodos os luga-res deveriam ter um fumoacutedromo natildeo haacute como proibir as pessoas de fumarem Todos sabem os malefiacutecios do cigarro e se desejam continuar fumando devem ter a liberdade de fazecirc-lo em um lugar reservadordquo completa

Compartilha da mesma opiniatildeo o jornalista Rogeacuterio Correa ldquoInfelizmente natildeo haacute como tra-tar da educaccedilatildeo apenas com accedilotildees preventivas O Governo poderia acabar com as induacutestrias de cigarro no paiacutes os preccedilos se elevariam e jaacute seria essa uma medida reducionista Mas ele natildeo o faz e nem vai fazer porque natildeo o interessa perder milhotildees em arrecadaccedilatildeordquo acredita

Do outro lado haacute quem afi rme que a nova lei exagera na restriccedilatildeo controlando de forma abu-siva a vida dos fumantes A administradora de empresas Ana Paula Neto acredita que se a proi-biccedilatildeo se restringisse apenas a ambientes fechados seria mais justa e menos excludente ldquoOs fuman-tes em sua maioria tem o bom senso em saber que os outros se incomodam com a fumaccedila e o cheiro de cigarro agrave sua volta Natildeo eacute preciso excluiacute-los de todos os ambientes e passar a trataacute-los como marginais que tecircm que se retirar dos lugares toda vez que desejar fumarrdquo A administradora acredita que haacute lugares em que fumantes e natildeo-fumantes podem conviver em harmonia como em bares e boates abertos onde o consumo do cigarro natildeo deveria ser proibido

Os males que o cigarro pode causar

Polecircmica

Fonte Denise Steiner demartologista prevfumo nucleo de apoio ao fumante da

UNIFESP wwweuqueropararcombr

Em entrevista a O Ponto o vereador de Belo Horizonte Elias Murad autor da Lei 9294 de 1996 que proibiu o fumo em ambientes fechados em todo o paiacutes fez consideraccedilotildees a respeito da impor-tacircncia de medidas mais rigorosas de controle ao tabagismo

O Ponto Apesar de jaacute existirem leis que proiacutebem o fumo em recintos fechados em todo o paiacutes a nova lei sancionada em Satildeo Paulo pelo gover-nador Joseacute Serra proiacutebe inclusive a instalaccedilatildeo de locais para fumantes nos estabelecimentos O que o senhor pensa a respeito dessa lei

Murad Julgo essa lei em SP mais radical do que a que existe em niacutevel nacional Essa teve sua origem num projeto de minha auto-ria enquanto era Deputado Federal Mas ela esta em vigor ainda Eacute uma lei federal que continua em vigor no paiacutes inteiro Portanto a lei de SP veio acrescentar agrave Lei 929496 que jaacute existia Na minha opiniatildeo eacute muito bom que isso aconteccedila pois as multinacionais tabaqueiras natildeo dormem em silecircncio Estatildeo sempre provocando problemas nessa aacuterea para que possam fi car em evidecircncia

Por ser o cigarro uma droga liacutecita a proibiccedilatildeo do fumante em locais puacuteblicos natildeo infrige os seus direitos de ir e vir pre-vistos na constituiccedilatildeo A separaccedilatildeo de aacutereas especiacutefi cas para fumantes e natildeo-fumantes poderia solucionar o problema

Em princiacutepio parece que sim mas se olharmos coletivamente e de maneira ampla verifi camos que a separaccedilatildeo pouco resolve esse problema Na verdade natildeo resolve pois o indiviacuteduo continua a fumar em locais coletivos Em alguns paiacuteses foi adotado esse sistema mas ele natildeo funcionou bem porque o tabagista passivo aquele que absorve a fumaccedila do ambiente impregnado eacute o mais prejudicado Por ser um local puacuteblico coletivo o ambiente deve-ria ser limpo de cigarro Dessa maneira sou favoraacutevel a radicali-zaccedilatildeo das leis contra o tabaco

Em Minas Gerais o projeto de lei da vereadora Neusinha San-

tos se difere do paulista por permitir a criaccedilatildeo de fumoacutedromos separados das demais aacutereas do estabelecimento por barreiras fiacutesicas e equipados com exaustores Mesmo sendo menos radi-cal a proposta foi criticada e barrada Quais foram os motivos

O projeto da vereadora Neusinha Santos chegou a ir a plenaacuterio para votaccedilatildeo em 1deg turno mas durante o processo de discussatildeo foi conscenso a sua retirada para uma melhor adequaccedilatildeo agrave rea-lidade atual - nacional e mundial Eu e mais dois colegas vere-adores apresentamos entatildeo um substitutivo a este projeto nos moldes da recente lei aprovada em Satildeo Paulo colocando assim Belo Horizonte dentro deste contexto

A fi scalizaccedilatildeo dos estabelecimentos eacute o ponto mais vulne-

raacutevel para que as leis contra o cigarro sejam cumpridas Como seria feito o gerenciamento dessas novas leis

Pela lei federal ainda em vigecircncia esta fi scalizaccedilatildeo cabe agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria Municipal Na nova proposta pode-se acio-nar ateacute a poliacutecia para a retirada de fumantes de locais ou se o estabelecimento natildeo estiver cumprindo a lei para sua interdi-ccedilatildeo Portanto a fi scalizaccedilatildeo acaba sendo um instrumento pes-soal do consumidor que se sentir afetado nos seus direitos de viver num ambiente livre de tabaco

Quais seriam os provaacuteveis resultados dessas medidas mais

rigorosas O senhor acredita que haveria reduccedilatildeo no nuacutemero de fumantes

Acredito sim pois jaacute haacute um exemplo no proacuteprio Brasil Antes da apresentaccedilatildeo do meu projeto que levou agrave Lei 929496 o uso era muito grande e havia cerca de 300 mil tabagistas a mais do que atualmente Aconteciam tambeacutem 200 mil mortes por ano em consequecircncias de moleacutestias provocadas pelo tabaco Depois da promulgaccedilatildeo da lei esses nuacutemeros cairam para 200 mil e 100 mil Houve entatildeo uma diminuiccedilatildeo razoaacutevel Cerca de 30 dos taba-gistas largaram o cigarro

Os resultados natildeo seriam mais efi cientes se fossem realiza-

das campanhas mais incisivas e abrangentes a meacutedio e longo prazos principalmente nas escolas visando a conscientizaccedilatildeo das crianccedilas e jovens

Jaacute se faz isto em certos locais acredito que qualquer medida que se tomar em relaccedilatildeo ao tabaco vai ser efi ciente e dar pelo menos algum resultado

Foto arquivo pessoal

06-07 - cigarro partepretobrancoindd 206-07 - cigarro partepretobrancoindd 2 82809 114933 AM82809 114933 AM

O Ponto

Editoras e diagramadoras da paacutegina Claacuteudia Lapouble e Amanda Lelis

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

8 bull Sociedade

Lares para a Melhor IdadeCom fi scalizaccedilotildees e leis especiacutefi cas para o idoso asilos deixam de ser vistos como sinocircnimo de abandono

JUSCILENE M SIQUEIRA

NATHAacuteLIA MAGALHAtildeES

PAULA SAMPAIO

5ordm PERIODO

De acordo com a lei 10741 de 1ordm de outubro de 2003 eacute con-siderado idoso todo cidadatildeo com idade igual ou superior a 60 anos Devido aos avanccedilos no campo da sauacutede e agrave reduccedilatildeo da taxa de natalidade a populaccedilatildeo de idosos no Brasil vem aumen-tando a cada ano Estima-se que em 2020 a populaccedilatildeo com mais de 60 anos chegaraacute a 30 milhotildees (13 do total) segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatiacutestica IBGEEsses iacutendices que se devem principalmente aos avanccedilos no campo da sauacutede e agrave reduccedilatildeo das taxas de natalidade tornam cada vez mais comum a convi-vecircncia de pessoas de trecircs gera-ccedilotildees na mesma casa

Apesar das estatiacutesticas que mostram que a estrutura fami-liar brasileira estaacute se modi-fando haacute lares em que o idoso eacute responsavel pelo sustento da famiacutelia o choque de geraccedilotildees e a rotina do dia a dia torna o con-vivio difiacutecil Eacute quando muitas famiacutelias ou os proacuteprios idosos pensam em outro ambiente que melhor atenda agraves suas neces-sidades Os asilos atualmente chamados de Instituiccedilotildees de Longa Permanecircncia para Idosos (ILPI) se tornam uma soluccedilatildeo para essa situaccedilatildeo

LaresA ldquoVida Ativardquo eacute uma insti-

tuiccedilatildeo privada que segundo a diretora Maacutercia Leatildeo recebe idosos que procuram o local por conta proacutepria ldquoEles geralmente optam por natildeo morar sozinhos e nem com os fi lhos e acham a convivecircncia de um hotel muito impessoalrdquo diz a diretora da ins-tituiccedilatildeo A casa possui convecirc-nios com planos de sauacutede que garantem aos moradores anten-dimento de geriatras fonoau-dioacutelogos fi sioterapeutas nutri-cionista dentistas entre outros profi ssionais aleacutem de medi-camentos Nove funcionaacuterios estatildeo agrave disposiccedilatildeo dos idosos seis teacutecnicos de enfermagem dois de serviccedilos gerais e uma secretaria Mas o preccedilo de todo esse conforto eacute alto fi car em uma instituiccedilatildeo como essa custa cerca de R$ 2 mil a R$ 2500 por mecircs

Maacutercia Leatildeo tambeacutem eacute dire-tora do ldquoSolar das Estaccedilotildeesrdquo ins-tituiccedilatildeo destinada a idosos com

doenccedilas degenerativas do sis-tema nervoso central Segundo ela esses idosos requerem cui-dados especiais e ressalta ldquocom-parar um idoso a uma crianccedila eacute um grande erro pois aleacutem de possuiacuterem necessidades espe-ciais ldquoos idosos natildeo tecircm tempo tudo eacute pra ontem mas a pers-pectiva de mudanccedila eacute lenta e trabalhosardquo

Mas haacute uma parcela grande da populaccedilatildeo de terceira idade que natildeo tem condiccedilotildees de se manter em instituiccedilotildees como as mencionadas acima Esses encontram acolhida em lares fi lantroacutepicos como o Nuacutecleo Assistencial Caminhos para Jesus fundado haacute 40 anos A casa abriga atualmente 62 ido-sos aleacutem de dar assistecircncia a crianccedilas portadoras de defi ci-ecircncia O lar dispotildee aos idosos a opccedilatildeo de apenas passar o dia na casa ou se mudar defi niti-vamente e passar os fi nais de semana em casa Mas segundo Joicemara Santana secretaacuteria da instituiccedilatildeo grande parte dos idosos que moram na casa natildeo tecircm famiacutelia alguns deles satildeo ex-moradores de rua e sequer pos-suem documentos

A casa que natildeo possui con-vecircnio com outras instituiccedilotildees estaacute buscando parcerias com empresas interessadas em con-tribuir e os moradores que tecircm condiccedilatildeo contribuem com 50 do salaacuterio Aleacutem da ajuda dos idosos o asilo se manteacutem atra-veacutes de doaccedilotildees solicitadas via telefone

Apesar das difi culdades fi nanceiras o lar oferece assis-tecircncia de profi ssionais nas aacutereas de geriatria psicologia fi siote-rapeuta psiquiatra assistecircncia

social terapeuta ocupacional fonoaudioacuteloga enfermeiro e voluntaacuterios

O Lar de Idosas Santa Tereza e Santa Terezinha localizada no bairro Santa Tereza regiatildeo leste da capital eacute um exemplo de instituiccedilatildeo que assim como a Associaccedilatildeo Caminhos para Jesus consegue - mesmo com poucos recursos oferecer a suas moradoras a assistecircncia que precisam com respeito e claro muito carinho A casa que hoje possui 12 moradoras tem capa-cidade para abrigar ateacute 15 eacute ligada agrave Sociedade Satildeo Vicente de Paula e tem a particularidade de receber apenas senhoras que procuram o lar por vontade proacutepria

As idosas que optam por morar na instituiccedilatildeo contri-buem com dois salaacuterios miacuteni-mos mas eacute graccedilas agraves doaccedilotildees e ao trabalho de voluntarios que a casa consegue se manter

LeisEm 23 de setembro de 2003

a Comissatildeo Diretora do Senado Federal aprovou o Estatuto do Idoso que garante agrave ldquomelhor idaderdquo o direito agrave liberdade ao respeito e agrave dignidade Consta do artigo 10 paragrafo dois ldquoO direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade fiacutesica psiacutequica e moral abran-gendo a preservaccedilatildeo da imagem da identidade da autonomia de valores ideacuteias e crenccedilas dos espaccedilos e dos objetos pessoaisrdquo

De acordo com o Estatuto as ILPI devem oferecer estru-tura fiacutesica adequada instala-ccedilotildees sanitaacuterias alimentaccedilatildeo apropriada boas condiccedilotildees de limpeza e higiene profi ssio-

nais habilitados e jamais devem apresentar opressatildeo ou violecircn-cia aos idosos

A Promotoria do Idoso orgatildeo que cuida dos direitos do cida-datildeo da terceira idade tem fun-ccedilatildeo de receber denuacutencias contra abandono abusos e maus tratos e agir legalmente para protege-los A promotoria foi criada em 2001 apoacutes a divulgaccedilatildeo do rela-toacuterio da Comissatildeo dos Direitos Humanos que apontava uma seacuterie de denuacutencias contra os asilos onde os idosos sofriam todo tipo de violecircncia e eram abandonados e negligencia-dos O relatoacuterio daquele ano foi enviado aos governos federal e estadual contendo sugestotildees de poliacuteticas puacuteblicas para melhorar o atendimento ao idoso

FiscalizaccedilatildeoPara que uma casa de idosos

entre em atividade deve cum-prir uma seacuterie de requisitos primeiramente o proprietaacuterio deve requerer um alvaraacute junto agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria de sua regional e entatildeo seu estabele-cimento passa por uma vistoria inicial para concessatildeo do alvaraacute esta fi scalizaccedilatildeo se repetiraacute anu-almente para que a licenccedila seja renovada

Segundo Joseacute Carlos Silva gerente da Vigilacircncia Sanitaacuteria da regional do Barreiro existe um acordo entre a ANVISA e o Ministeacuterio Puacuteblico para reali-zar no miacutenimo duas fi scaliza-ccedilotildees anuais natildeo agendadas em cada ILPI aleacutem das duas visitas obrigatoacuterias a vigilacircncia entra em accedilatildeo sempre que uma denuacutencia eacute feita Na existecircncia de irregularidades o asilo seraacute acompanhado periodicamente ateacute que a situaccedilatildeo seja regulari-zada Caso natildeo sejam tomadas providecircncias a instituiccedilatildeo tem seu alvaraacute suspenso Se as irre-gularidades forem consideradas graves como no caso de maus tratos aleacutem do alvaraacute suspenso a instituiccedilatildeo seraacute interditada e os moradores acompanhados pelo Serviccedilo Social da regiatildeo e encaminhados a outros ILPI proacuteximos

Vespasiano

Ribeiratildeodas Neves

Contagem

Ibiriteacute

Brumadinho

Nova Lima

Sabaraacute

Santa Luzia

VENDNNNNDA NOVAND NORTE

NNNNONNONORDESTENO

NOROESTELESTE

OESTE

CENTRO-SUL

BARREIRO

Esacala 1160000Fonte Prodebel

PAMPULHA

ILPI Filantroacutepica

ILPI Privada

Segundo a PBH haacute na capital mais de 1100 idosos vivendo em asilos As ILPI somam 76 instituiccedilotildees 42 fi lantroacutepicas e 34 privadas A maior concentraccedilatildeo estaacute nas regiotildees Noroeste (10 lares fi lantroacutepicos) e Pampulha (15 lares privados)

Moradoras do Lar de Idosas Santa Tereza e Santa Terezinha

Disque Idoso (31)3277-4646

Delegacia Especializada de Proteccedilatildeo ao Idoso 0800-305000

Nuacutecleo Assistencial Caminhos para Jesus ligue 0800-0315600

Info

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Foto Amanda Lelis

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O Ponto

Editor e diagramador da paacuteginaClaudia Lapouble e Amanda Lelis

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Sociedade bull 9

AMANDA LELIS

CLAUDIA LAPOUBLE

ROBERTA ANDRADE

6 PERIODO

Todo indiviacuteduo eacute personagem de uma histoacuteria observada de maneira bem parti-cular num mundo que eacute soacute seu Toda narra-tiva eacute uacutenica se diferencia de qualquer outra ainda que seja sobre a mesma histoacuteria e contada pela mesma pessoa O momento eacute imprescindiacutevel o clima o ambiente o humor detalhes que infl uenciam em todo conto seja ele veriacutedico ou natildeo Contra-riando a procura insistente por tudo o que eacute novo decidimos correr atraacutes da memoacuteria ouvir quem tem histoacuterias para contar

Depois de aguardar por alguns minutos vinha dona Zezeacute como gosta de ser cha-mada o cabelo delicadamente arrumado com um arco colorido colar de peacuterolas maquiagem perfume e uma piada na ponta da liacutengua Sua percepccedilatildeo de tempo eacute dife-rente da nossa o que lhe acontece hoje natildeo eacute tatildeo importante quanto agravequela memoacuteria do passado que sabe nos contar com detalhes minuciosos Dona Zezeacute tem mesmo mania de misturar o hoje com o ontem sonhos natildeo realizados com realizaccedilotildees antigas paixotildees fortes da mocidade com carecircncias atuais Parte verdadeira parte imaginaacuteria sua histoacuteria tem caracteriacutesticas peculiares a cronologia se confunde e sua narrativa segue o caminho traccedilado pela sua mente num vai-e-vem luacutedico e caracteriacutestico

A irreverecircncia de Maria Joseacute eacute marca registrada ldquoquando vem visita todo mundo me cumprimenta eles acham graccedila por-que eu sou assim muito pra frente saberdquo brincou dona Zezeacute Com 82 anos haacute 5 vive no Lar de Idosas onde moram cerca de 15 senhoras De prosa boa nos fez rir muitas vezes rememorou sua juventude os bailes sua paixatildeo pela danccedila de salatildeo pela costura bordado e pelo marido Moacir Siqueira que faleceu haacute alguns anos

A imagem do marido se confundia agraves vezes com a imagem do seu pai Ao falar de um se lembrava do outro como se ela visse no marido muito mais velho que ela a fi gura do pai protetor ldquoEle me tratava como uma crianccedila meu marido cuidou de mim como uma boneca assim como meu pairdquo rememorou Nascida em Araxaacute Maria Joseacute

morava no Grande Hotel da cidade onde conheceu seu marido que era contador Ela contou que Moacir vinha de Satildeo Paulo e se hospedava no Grande Hotel ldquoEle vinha de Satildeo Paulo para o garimpo em Estrela do Sul alugava a terra colocava os homens pra trabalhar e fi cava laacute de braccediladardquo disse entre gargalhadas Ficou satisfeita em falar do marido com uma piscada de olho comple-tou ldquoAh mas ele era bonito demais menina eu precisava te mostrar um retratinho dele parecia um artistardquo

Dona Zezeacute lembra com saudade do tempo em que era enfermeira e do cari-nho que tinha com as pessoas que cuidava ldquoSou assim ateacute hoje vocecirc tem que ver com as crianccedilas olha como sou com as crian-ccedilas grandes (se referindo a noacutes) eu abraccedilo acarinho e me perguntam com quem vocecirc aprendeu a ser tatildeo carinhosa A vida ensina pra gente muita coisardquo completou emocionada

Peacute-de-valsa dona Zezeacute fazia festa por onde passava ldquoSe natildeo tivesse uma velhinha vigiando a Zezeacute eu natildeo podia sair Gostava tanto de danccedilar que quando ia costurar fi cava me lembrando da danccedila a maacutequina ia pra laacute e pra caacute meu peacute ia no ritmo cos-turava o que natildeo devia Quando a gente ia no baile era eu chegar que comeccedilava a dan-ccedilar A primeira a chegar no salatildeo era eu mas natildeo tinha culpa porque os homens eacute que me chamavam pra danccedilar uairdquo disse orgu-lhosa entre risos

Muito vaidosa Maria Joseacute falou sobre sua coleccedilatildeo de acessoacuterios contou que natildeo podia ir em um baile com a mesma roupa o mesmo brinco o mesmo colar ou um anel nunca repetia um adorno e ainda hoje eacute assim ldquoEu gosto de me arrumar eacute a vida que eu levo Pra receber visita eu coloco uma roupa bonita Para receber vocecircs eu tomo um banho e passo uma maquiagem neacute Assim que eu sourdquo Apesar disso quando falamos em foto dona Zezeacute logo disse sor-ridente ldquoVai tirar minha foto Potildee laacute na roccedila de arroz pra espantar os bichosrdquo

Com tanta irreverecircncia dona Zezeacute daacute exemplo de personalidade esbanjando alegria Ao chegarmos no portatildeo de saiacuteda de braccedilos dados conosco dona Zezeacute perguntou

-Que dia vocecircs vatildeo voltar

Tardes de vai e vem

Foto Claudia Lapouble

Foto Amanda Lelis

Fotos Roberta Andrade

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O Ponto

10 bull Profi ssatildeoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

Editoras e diagramadoras da paacutegina Renata Valentim e Roberta Andrade

O ensino do jornalismo no divatildeEnquanto o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo cria comissatildeo para repensar a construccedilatildeo do conhecimento jornaliacutestico no seacuteculo XXI os jornais impressos enfrentam o desafi o de revisar sua vocaccedilatildeo

RENATA VALENTIM

6ordm PERIacuteODO

Na dinacircmica da era da infor-maccedilatildeo em que a internet se fi rma como o mais acessiacutevel mais veloz e mais democraacute-tico meio de transmissatildeo de informaccedilatildeo o jornalismo viu-se em crise de identidade Boa parcela dos estudiosos e prati-cantes da atividade jornaliacutestica sentiu-se ameaccedilada pela des-centralizaccedilatildeo da notiacutecia nesse novo meio o leitor agora eacute tambeacutem produtor de informa-ccedilatildeo Outra fragilidade reside na escassez das vagas do mercado que natildeo comporta os milhares de jornalistas receacutem-formados despejados pelas faculdades De acordo com dados de 2005 obtidos pelo Observatoacuterio Uni-versitaacuterio apenas 125 dos graduados em jornalismo con-seguem manter-se de peacute na car-reira A proliferaccedilatildeo das esco-las particulares de jornalismo

choca-se com o enxugamento das redaccedilotildees onde prevale-cem os chamados profi ssionais multimiacutedia que precisam ser capazes de produzir informa-ccedilatildeo para um grande nuacutemero de suportes

Neste cenaacuterio onde tam-beacutem satildeo incluiacutedas a queda da velha Lei de Imprensa e o polecircmico fi m da obrigatorie-dade do diploma para o exer-ciacutecio da profi ssatildeo no dia 17 de junho foi criada pelo MEC uma comissatildeo que estabeleceraacute as novas diretrizes curriculares dos cursos de jornalismo no Brasil Um dos fundadores da Escola de Comunicaccedilatildeo e Artes da USP professor Joseacute Marques de Melo preside o grupo res-ponsaacutevel por elaborar as pro-postas de mudanccedilas a serem implantadas nas escolas de jornalismo do paiacutes Aleacutem dele seis acadecircmicos e uma repre-sentante do mercado estatildeo incumbidos de ateacute o iniacutecio do segundo semestre apresentar o

balanccedilo das anaacutelises A neces-sidade de reforma segundo o ministro Fernando Haddad eacute ratifi cada pelos dados obtidos pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo cerca de 80 dos cursos de jornalismo satildeo considerados de baixa qualidade A inten-ccedilatildeo da comissatildeo eacute que as pro-postas sejam elaboradas por meio da participaccedilatildeo e opiniatildeo de sindicatos universidades e empresas de comunicaccedilatildeo emitidas nas trecircs audiecircncias puacuteblicas que foram realizadas entre marccedilo e maio deste ano ndash no Rio de Janeiro Recife e Satildeo Paulo respectivamente

Efeito placebo Apesar da pertinente preo-

cupaccedilatildeo em melhorar o ensino do jornalismo no Brasil as pro-postas delineadas pela comis-satildeo satildeo ainda desconhecidas e por isso mesmo carregadas de polecircmica Algumas sugestotildees anunciadas antes mesmo da realizaccedilatildeo da primeira audiecircn-

cia como a separaccedilatildeo do jorna-lismo da Comunicaccedilatildeo Social dividem profi ssionais e aca-decircmicos Como uma forma de ampliaccedilatildeo do debate para aleacutem das audiecircncias ndash que restringi-ram a participaccedilatildeo de alguns segmentos importantes na dis-cussatildeo como os estudantes ndash o professor Joseacute Marques de Melo tem procurado expor alguns dos posicionamentos da comis-satildeo em palestras e entrevistas pelo paiacutes Durante o programa Observatoacuterio da Imprensa do dia 26 de maio ele explicou que o grupo natildeo pretende apresen-tar um novo curriacuteculo ldquoNossa funccedilatildeo eacute examinar as matrizes para nossas escolas e universi-dades Eu defendo particular-mente que o curriacuteculo eacute uma competecircncia da universidade Noacutes teremos de buscar dire-trizes curriculares que sejam consensuais em relaccedilatildeo agrave for-maccedilatildeo do novo jornalista mas deixar agrave universidade liberdade de accedilatildeo Se uma universidade quer oferecer um curso de gra-duaccedilatildeo para repoacuterteres e um curso de poacutes-graduaccedilatildeo para editores isso eacute um direito que a universidade tem e pode fazerrdquo defende

O resgate do selfO presidente da comissatildeo

eacute tambeacutem categoacuterico ao tratar da separaccedilatildeo da personalidade do jornalista contemporacircneo Segundo ele a sociedade bra-sileira necessita tal como pre-cisa de profi ssionais da notiacutecia especializada de jornalistas generalistas bem formados de que sejam capazes de se diri-gir efi cientemente para toda a populaccedilatildeo e de interpretar a realidade de forma mais ampla ldquonoacutes temos um paiacutes com 200 milhotildees de habitantes e 10 milhotildees de exemplares diaacuterios de jornais lidos Precisamos na verdade fazer jornal para quem natildeo lecirc jornal para aqueles que estatildeo agrave margem da cultura jor-naliacutesticardquo diz

Marques de Melo ressaltou tambeacutem que do ponto de vista da organizaccedilatildeo curricular haacute uma certa confusatildeo quando se trata de mateacuterias teoacutericas e praacuteticas ldquoEu acho que o que faz falta no jornalismo natildeo satildeo mateacuterias praacuteticas para elas temos bons laboratoacuterios O que faz falta satildeo as mateacuterias teoacuteri-cas E natildeo chamo de teoacutericas a sociologia a histoacuteria Isso diga-mos eacute o conteuacutedo humaniacutestico

Eu gostaria de ter mais mateacuterias que dessem conta das questotildees eacuteticas das questotildees morais O que temos eacute um excesso de aulas de teoria da comunica-ccedilatildeo de sociologia da cultura cuja aplicaccedilatildeo eacute descolada do jornalismo Precisa haver uma integraccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica jornaliacutesticardquo afi rma

Mas ainda com a iniciativa de avaliar a si mesmo o mal-es-tar de algumas questotildees sobre a identidade do jornalismo ainda permanecem turvas como eacute o caso da vocaccedilatildeo do jornalismo como negoacutecio e como serviccedilo de utilidade puacuteblica traccedilos contraditoacuterios que se chocam no interior da academia cau-sando estranheza nas salas de aula Essa feiccedilatildeo esquizofrecircnica foi detectada durante inves-tigaccedilotildees feitas pelo grupo de pesquisa ldquoA imagem do pen-samento e o ensino do jorna-lismordquo realizada por estudantes de jornalismo da Universidade Fumec e coordenada pelos professores Rodrigo Fonseca e Claacuteudia Chaves Em entrevistas feitas com os coordenadores dos principais cursos de jornalismo privados de Belo Horizonte os alunos registraram unacircnime constrangimento ainda que velado ao questionarem a pre-senccedila das disciplinas teacutecnicas nas grades curriculares como se fossem dignas de condena-ccedilatildeo O desejo de formaccedilatildeo do ldquoagente social criacuteticordquo tambeacutem eacute maioria absoluta no discurso dos entrevistados desta vez sem constrangimento ldquoA gente percebe tanto na avaliaccedilatildeo das entrevistas quanto no cotidiano das aulas que eacute elogioso falar do jornalismo dessa maneira con-denando as disciplinas praacuteticas Mas fi co confuso em pensar em como seraacute depois da forma-tura quando tiver que atuar no mercadordquo diz Frederico Porto um dos alunos envolvidos na pesquisa A resposta para esse questionamento existencial cada vez mais frequumlente no ter-reno dos discentes foi sugerida por Marques de Melo desta vez no programa Rede Miacutedia da Rede Minas realizado em 30 de marccedilo Ele acredita que a formaccedilatildeo do jornalista deve estar voltada para o mercado mas alerta ldquoa universidade tem que estar aleacutem do mercado Natildeo pode soacute estar atrelada agraves exigecircncias do mercado tem de estar tambeacutem atrelada agraves exi-gecircncias da sociedaderdquo

Fotomontagem faz referecircncia ao quadro O Grito do pintor norueguecircs Edward Munch

Ilustraccedilatildeo Roberta Andrade - 6ordm periacuteodo

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Profi ssatildeo bull 11Editoras e diagramadoras da paacutegina Renata Valentim e Roberta Andrade

A crise de identidade natildeo estaacute restrita ao conhecimento

que possibilita a produ-ccedilatildeo jornaliacutestica a dis-tribuiccedilatildeo de conteuacutedo tambeacutem vecirc-se impressa por outros suportes e rit-mos ditados por novas formas de consumo de informaccedilatildeo O jornalismo

impresso que jaacute rivalizou com o raacutedio e com a televisatildeo no

seacuteculo passado hoje concorre com a veloci-dade com a alta interatividade com o enorme alcance e sobretudo com o baixo custo da produccedilatildeo de notiacutecia para a internet e demais suportes digitais

Rogeacuterio Ortega acredita que chegaraacute o dia em que natildeo compensaraacute mais imprimir papel para fazer jor-nal ldquoSoacute que ningueacutem sabe quando vai ser ndash e a respon-saacutevel por isso eacute a publicidade Natildeo tenho dados atu-alizados mas ateacute onde sei no Brasil o faturamento publicitaacuterio dos veiacuteculos impressos eacute muitiacutessimo maior que o dos online Nos EUA jaacute natildeo eacute esse o panoramardquo diz Laacute os sinais de mudanccedila parecem mais concretos No mecircs de maio o criador do site Amazon Jeff Bezos e o presi-dente do jornal Th e New York Times Arthur Sulzberger Jr lanccedilaram o Kindle DX uma versatildeo com tela expandida do e-reader proje-tado originalmente para leitura de livros aca-decircmicos vendidos no site de Bezos A expansatildeo da tela ndash que agora tem 246 centiacutemetros na dia-gonal ndash tem o propoacutesito de tornar mais confor-taacutevel a leitura do jornal Os empreendedores do lanccedilamento apostam no aparelho como res-posta viaacutevel agrave crise da imprensa americana que

viu a circulaccedilatildeo de seus jornais cair draacutesticos 46 em apenas seis meses em 2008 ldquoComo vai ser quando as geraccedilotildees que lecircem tudo na internet desde o comeccedilo forem hegemocircnicas Quando o mercado perceber isso e comeccedilar a achar que anunciar em jornal natildeo com-pensa mais a lsquomudanccedila de suportersquo do papel para os meios digitais estaraacute proacutexima O que natildeo signifi caraacute lsquoextinccedilatildeorsquo dos jornais eles devem continuar a existir de outro modordquo considera Ortega

O Brasil tambeacutem foi afetado pela crise fi nanceira dos impressos A Gazeta Mercantil jornal dedi-cado ao segmento econocircmico com quase 90 anos em atividade vive um periacuteodo criacutetico A Editora JB SA anunciou no uacuteltimo mecircs a devoluccedilatildeo do jor-nal Gazeta Mercantil para seu antigo proprietaacuterio o

empresaacuterio Luiz Fernando Levy o que pocircs a vida do veiacuteculo em risco a circulaccedilatildeo do jornal foi interrom-pida no dia 29 de maio No entanto Levy afi rmou em nota agrave imprensa que a suspensatildeo da circulaccedilatildeo eacute momentacircnea

Palestrantes do Foacuterum de Debates 1ordf Terccedila promo-vido pelo Sindicato dos Jornalistas Profi ssionais de Minas Gerais os professores Seacutergio Amadeu da Faculdade Caacutes-per Liacutebero e Geane Alzamora da PUC Minas pondera-ram sobre os impactos da internet na praacutetica jornaliacutestica no uacuteltimo dia 2 de junho Amadeu durante sua exposiccedilatildeo sobre o tema disse acreditar que a maioria das universi-dades natildeo estaacute apta a formar o jornalista na era da infor-maccedilatildeo Explicada por ele como meio onde predomina a liberdade e a quebra da hierarquia na produccedilatildeo e dissemi-naccedilatildeo de informaccedilatildeo a internet desafi a os meios tradicio-nais por dar menos importacircncia ao capital porque eacute capaz de oferecer conteuacutedo a custo quase zero ldquoNa internet natildeo eacute difiacutecil falar o difiacutecil eacute ser ouvidordquo diz Alzamora que desde meados dos anos de 1990 ndash natildeo coincidecircncia o iniacutecio da popularizaccedilatildeo da web ndash estuda o cruzamento jornalismo x internet afi rma que a vocaccedilatildeo do jornalismo na rede estaacute no formato colaborativo Nichos como os sites OhMyNews

e Overmundo satildeo demonstraccedilotildees claras de que ldquoa versatildeo mais atualizadardquo do profi ssional da notiacutecia atuaraacute como um gerenciador das interaccedilotildees feitas na rede

No balanccedilo do divatilde resta a dica a palavra-chave parece ser a reciclagem Tal como a proacutepria inter-

net que tem sua forma e conteuacutedo renovados a todo o tempo porque estaacute sujeita ao exame dos

interagentes o jornalismo e seus profi ssionais precisam examinar-se e reconfi gurar-se para acompanhar o fl uxo da informaccedilatildeo Como diz o fi loacutesofo Charles Sanders Peirce ldquoas palavras

aprendem com o tempordquo E o jornalista aprenderaacute na lida com elas novos caminhos

m queer jor-spon-s atu-ento

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O mal-estar do impresso

O Ponto Como vocecirc vecirc o ensino do jornalismo hoje no paiacutes

Rogeacuterio Ortega Vejo pelo contato com jornalis-tas receacutem-formados que o panorama natildeo mudou muito em 20 anos ndash a natildeo ser pela possibilidade de em alguns cursos montar uma grade que resulta numa espeacutecie de curso de jornalismo em periacuteodo integral com disciplinas de outras faculdades Tam-beacutem me parece haver uma conversa mais produtiva da academia com as redaccedilotildees ndash no iniacutecio dos anos 90 era uma coisa muito ldquoa induacutestria cultural laacute e noacutes seres pensantes e criacuteticos aquirdquo Acho que natildeo haacute necessidade de um curso de jornalismo que dure quatro ou cinco anos e duvido que a comissatildeo do MEC da qual sei pouco ponha isso em questatildeo Eacute legal sim haver um lugar em que se possam abor-dar histoacuteria e teoria do jornalismo linguagem eacutetica jornaliacutestica etc Mas pra isso natildeo satildeo necessaacuterios quatro anos Jornalismo podia ser por exemplo soacute uma poacutes-graduaccedilatildeo Na minha opiniatildeo sairiam muito mais bem preparados

OP - A partir do seu contato com os ldquofocasrdquo (receacutem-formados em jornalismo) que chegam agrave Folha o que vocecirc percebe como a maior defi ciecircn-cia do jovem jornalista E o que poderia ser feito para corrigir essa defi ciecircncia

Os ldquofocasrdquo da Folha natildeo vecircm soacute de faculdades de jornalismo Quem sobrevive ao programa de treina-mento da Folha e chega agrave redaccedilatildeo tem bom texto e na maioria dos casos boa cultura geral Mas para quem saiu do curso de jornalismo faltam certos conheci-mentos especiacutefi cos que satildeo valiosos na hora de cobrir certos assuntos importantes e que a pessoa teria se por exemplo tivesse cursado direito ou economia Muita gente acaba aprendendo essas coisas na raccedila na lida ndash mas sofreria menos se as tivesse estudado antes

OP - A respeito das ferramentas digitais vocecirc acredita na afirmaccedilatildeo de que a internet estaacute atrofiando a praacutetica jornaliacutestica O jornalismo online merece a demonizaccedilatildeo que lhe tem sido atribuiacuteda

Acredito que pelo contraacuterio a internet abriu novas possibilidades Qualquer um pode escrever qualquer coisa na web a custo zero ou quase zero mas quem estaacute interessado em se informar vai procurar notiacutecias que sejam confi aacuteveis bem apuradas bem escritas Ou seja o feijatildeo-com-arroz de sempre da praacutetica jornaliacutes-tica soacute que online feito em ldquotempo realrdquo e atualizaacutevel Claro que em um jornal impresso haacute mais tempo para apurar confrontar versotildees descartar coisas que se revelem boatos No online pela proacutepria natureza do meio eacute muito mais faacutecil que o rumor a versatildeo natildeo

confi rmada informaccedilotildees incorretas textos mal escri-tos etc sejam colocados no ar Claro depois podem ser feitas atualizaccedilotildees e correccedilotildees mas de todo modo eacute difiacutecil aliar rapidez e precisatildeo

OP - Como vocecirc vecirc a utilizaccedilatildeo da blogosfera para a praacutetica jornalistica

Blog pode servir para tudo inclusive para jorna-lismo -e bom jornalismo acredito Mas por enquanto soacute as grandes empresas jornaliacutesticas -ou grandes por-tais- tecircm estrutura e dinheiro para mandar repoacuterteres fazerem coberturas dispendiosas e que demandem tempo Natildeo eacute uma aacuterea em que ldquoblogueiros inde-pendentesrdquo possam competir Ainda assim eacute uma descentralizaccedilatildeo da informaccedilatildeo que vejo com muito bons olhos No Brasil os meios de comunicaccedilatildeo satildeo concentrados ou estatildeo na matildeo de governos Eacute bom -saudaacutevel- poder fugir disso

O jornalismo na visatildeo do mercado

O redator de Primeira Paacutegina da Folha de S Paulo Rogeacuterio Ortega 38 eacute jornalista for-mado pela Escola de Comunicaccedilotildees e Artes da USP Com quase 18 anos de carreira ele daacute a sua visatildeo da comissatildeo formada pelo MEC mostra-se favoraacutevel agrave queda da exigecircncia do diploma e vecirc com bons olhos os desafi os trazidos pela internet

Rodrigo Z

avagli - 6ordm periacuteodo

Arquivo Pessoal

10-11 - roberta e renaindd 210-11 - roberta e renaindd 2 82809 115017 AM82809 115017 AM

O PoontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

12 bull Especial

10A NOSDA REDACcedilAtildeO

Em uma deacutecada foram 73 ediccedilotildees Apro-ximadamente 400 mil exemplares distribu-iacutedos Seis mudanccedilas de logomarca Quatro modificaccedilotildees graacuteficas Cinco coordenado-res e trecircs premiaccedilotildees recebidas duas em acircmbito nacional e uma internacional A primeira distinccedilatildeo conferida ao O Ponto foi em 2005 quando recebeu o tiacutetulo de melhor jornal laboratoacuterio do Brasil pela Pesquisa Experimental em Comunicaccedilatildeo (Expocom) considerado um dos mais importantes eventos cientiacuteficos nacionais Em 2006 outros dois precircmios na aacuterea de produccedilatildeo laboratorial vieram e O Ponto foi eleito o melhor jornal experimental de Minas Gerais e tambeacutem da Ameacuterica Latina levando o trofeacuteu Patildeo de Queijo de Notiacutecias (PQN) e uma medalha da Expo-comSUR pela notoriedade do trabalho jor-naliacutestico desenvolvido A medalha desta uacuteltima conquista cunhada em ouro e gra-vada com o nome e a localidade do evento (ExpocomSUR ndash Santa Cruz de La SierraBoliacutevia) ainda estaacute agrave mostra no quadro expositor de antigos e recentes exempla-res de O Ponto - escrito e planejado por trecircs geraccedilotildees de estudantes de jornalismo e tambeacutem por alunos de publicidade que jaacute desenvolveram interessantes peccedilas publicitaacuterias que marcaram a evoluccedilatildeo e a dinacircmica do jornal durante todos estes anos de atividades

Os trofeacuteus angariados tambeacutem deco-ram a mobiacutelia da redaccedilatildeo do jornal ndash onde coordenador monitores e voluntariados se debruccedilam diariamente sob o trabalho de apuraccedilatildeo produccedilatildeo supervisatildeo e revi-satildeo das pautas e mateacuterias criadas em um esforccedilo que visa dar continuidade qualita-tiva a este produto acadecircmico de renome criado e dirigido outrora pelos ex-alunos Hoje muitos deles profi ssionais bem sucedidos que fazem questatildeo de salientar quando questionados a infl uecircncia que a participaccedilatildeo em O Ponto como monitores e voluntaacuterios exerceu na vida profi ssional posteriormente

Em entrevista para esta reportagem comemorativa dos lsquodez anosrsquo todos os entrevistados (ex-alunos e monitores)

sem exceccedilatildeo foram nostaacutelgicos quanto agrave eacutepoca de estaacutegio e voluntariado no qual muitos fizeram sacrifiacutecios e estripulias para trazerem agrave tona um furo jornaliacutestico redigirem uma mateacuteria relevante e dia-gramarem da melhor forma o conteuacutedo que produziram ldquoAprendi a ser jornalista em O Ponto Aprendi a respeitar os cole-gas de trabalho e aprendi a cobrar e ser cobrado O Ponto me mostrou que com superaccedilatildeo conhecimento teacutecnico e liber-dade podemos fazer um bom jornalismordquo pontua Frederico Wanderley ex-aluno da Fumec e integrante da primeira turma de jornalismo da Universidade

Ernesto Braga ex-monitor do jornal tambeacutem ressaltou em entrevista a impor-tacircncia da experiecircncia vivenciada no jornal laboratoacuterio para o ofiacute-cio da profi ssatildeo ldquoO Ponto foi fundamen-tal para mim Embora a realidade de uma redaccedilatildeo de jornal diaacuterio seja completamente diferente ndash mais corrida e tensa ndash do ponto de vista do dead line As noccedilotildees de produccedilatildeo reportagem fotografi a e ediccedilatildeo apreendidas em O Ponto me permitiram compreender um pouco mais sobre o processo de fazer jornal () Meu portifoacutelio foi exatamente as mateacuterias que fi z para O Pontordquo admite

Portanto independente dos marcos citados e de outras cifras e estatiacutesticas do jornal a relevacircncia de O Ponto no espaccedilo acadecircmico nestes dez anos de existecircncia se daacute por outras razotildees o jornal eacute primordial-mente um instrumento praacutetico um meio de experimentaccedilatildeo teoacuterico-praacutetica dos alunos que visa munir o estudante de experiecircncias relevantes que possam ser um diferencial na hora de se introduzir na realidade da profi s-satildeo ndash que requer muita perspicaacutecia ousa-dia e estilo para se destacar Aleacutem disso O Ponto eacute um veiacuteculo que surgiu de uma pro-posta pedagoacutegica e jornaliacutestica consistente e aguerrida que propiciou notaacuteveis reper-cussotildees para o curso e claro ensinamentos

frutiacuteferos para os estudantes que souberam e sabem usufruir ainda das possibilidades que o jornal se predispotildee a dar atraveacutes da praacutetica e do trabalho

De acordo com o Projeto Poliacutetico Peda-goacutegico do curso de Comunicaccedilatildeo Social O Ponto lanccedilado em junho de 1999 tinha e ainda tem como premissa se prestar a ser atraveacutes do trabalho dos alunos e sob coor-denaccedilatildeo criteriosa dos professores um veiacuteculo de ldquojornalismo de conversaccedilatildeordquo em contraposiccedilatildeo ao jornalismo puramente informativo factiacutevel feito pela imprensa

convencional A proposta era lanccedilar um impresso ndash e sua periodicidade (men-sal) permite que isto seja possiacutevel - que debatesse com mais profundidade os paradigmas sociais explo-rando e adentrando mais nas complexidades de cada acontecimento na comuni-dade regional e internacio-nal incitando discussotildees relevantes para o puacuteblico leitor

A proposta era natildeo soacute falar por exemplo sobre o

paacutereo entre dois candidatos de uma elei-ccedilatildeo municipal em Belo Horizonte ou onde quer que fosse Mas sim criticar se neces-saacuterio a forma como os embates poliacuteticos ou a falta deles se datildeo em plena eacutepoca eleitoral como mostrou a reportagem ldquoDisputa eleitoral sem disputardquo ndash publi-cada em O Ponto em setembro de 2006

O objetivo do projeto pedagoacutegico eacute evi-denciar problemas relegados ao esqueci-mento como por exemplo a inadimplecircncia do Governo de Minas Gerais para com os problemas ambientais (hiacutedricos) do Estado como fez os ex-alunos Pedro Blank e Ernesto Braga na reportagem do ano de 2000 ldquoDes-caso Mata o Rio das Velhasrdquo ldquoUma mateacuteria que repercutiu muito () virando inclusive editorial do jornal Estado de Minasrdquo con-forme relembra o proacuteprio autor da mateacuteria Ernesto Braga O jornalista ainda ressaltou ldquoo engraccedilado desta mateacuteria eacute que sem saber que O Ponto tinha uma tiragem de quatro mil exemplares e pensando que ele circu-lava apenas na faculdade uma das fontes

O Ponto estaacute completando uma deacutecada de jornalismo laboratorial Para comee alunos que participaram da criaccedilatildeo do jornal para resgatar um pouco da su

ldquoO Ponto foi fundamental para

mim ()embora uma redaccedilatildeo de jornal

diaacuterio seja diferenteMeu portifoacutelio foi

exatamente as mateacuterias que fi z para O

PontordquoErnesto Braga ex-monitor

12-16 - 10 anos O Pontoindd 112-16 - 10 anos O Pontoindd 1 82809 123340 PM82809 123340 PM

O Poonto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Especial bull 13

(da mateacuteria) desceu o cacete no Estado E com a repercussatildeo ele (a fonte) ligou para o coordenador alegando que natildeo tinha falado aquilo que tinha sido publicado pedindo retrataccedilatildeo Ele esteve entatildeo na faculdade e ouviu toda a gravaccedilatildeo da entrevista no estuacute-dio da raacutedio e natildeo teve mais o que contes-tarrdquo recorda Braga

Portanto a intenccedilatildeo de O Ponto foi e ainda eacute publicar e propor assuntos que pos-sam render refl exotildees audaciosas que per-mitam ao leitor extrapolar o senso comum e os pensamentos instrumentais alcanccedilando o campo das ideacuteias criacuteticas e producentes do ponto de vista social que tenham propoacutesitos de mobilizaccedilatildeo e desalienaccedilatildeo das pessoas em geral Seja em forma de denuacutencia em uma grande reportagem em forma de traccedilo como na charge que prima pelo tom criacutetico e irocircnico ou nas mateacuterias e notas que repor-tam acontecimentos e eventualidades desco-nhecidas mas impor-tantes para a dinacircmica da sociedade seja no campo econocircmico poliacutetico ou cultural

Satildeo dez anos de accedilatildeo estudantil em todas as etapas produtivas do jornal desde a criaccedilatildeo de pautas ateacute a distri-buiccedilatildeo do jornal

Dez anos de tentativas Acertos erros aprendizagem e repercussotildees Polecircmicas e alguns deslizes

Haacute uma deacutecada O Ponto vem prestan-do-se a ser para os alunos um instrumento de aprendizagem e lapidaccedilatildeo profi ssional E apesar dos altos e baixos que toda ati-

vidade laboratorial implica o desafi o tem sido cumprido

Difi culdades teacutecnicas problemas entre alunos ndash editores e repoacuterteres - no cum-primento do prazo na entrega de mateacuterias alguns detalhes estruturais com relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo do jornal entraves de uacuteltima hora fotografi as infograacutefi cos e diagrama-ccedilotildees pendentes incompletas ou inapro-priadas fazem parte da rotina da produccedilatildeo de O Ponto Como em qualquer outra reda-ccedilatildeo de laboratoacuterio E satildeo exatamente esses desafi os que permitem agravequeles alunos que se doam agrave praacutetica colaborativa como repoacuter-teres voluntaacuterios e monitores do jornal descobrir suas aptidotildees capacidades e tam-beacutem a aprimorarem teacutecnicas e adquirirem conhecimento ainda desconhecidos

O iniacutecio o fi m e o meioNeste intertiacutetulo consta

uma informaccedilatildeo de cunho histoacuterico sobre O Ponto Esta frase ndash O iniacutecio o fi m e o meio que parece estar com a loacutegica inver-tida foi o primeiro e uacutenico slogan que o jornal teve Joatildeo Henrique Faria que trabalhou como consul-tor na criaccedilatildeo do curso de Comunicaccedilatildeo Social na

Fumec entre 1996 e 1997 e tambeacutem como coordenador em 1998 ndash logo quando o curso foi fundado - relata que o slogan surgiu de um concurso interno lanccedilado para alunos e que visava dar uma identidade ideoloacutegica e esteacutetica para o jornal que juntamente agrave raacutedio foram os primeiros laboratoacuterios do curso de Comunicaccedilatildeo a entrarem em fun-

cionamento Foi neste periacuteodo de inaugura-ccedilatildeo do curso que surgiu a marca O Ponto e o distintivo publicitaacuterio ldquoo iniacutecio o fi m e o meiordquo para o impresso

O slogan faz referecircncia agrave letra de muacutesica ldquoGitardquo do compositor Raul Seixas para enfatizar a proposta editorial do veiacute-culo - a ordem de disposiccedilatildeo das repor-tagens naquela eacutepoca no interior jornal O acutemeio` portanto eram as paacuteginas res-guardadas para as editorias referentes a assuntos institucionais ndash da universidade e tambeacutem para os assuntos que versavam sobre os proacuteprios meios de comunicaccedilatildeo ndash cobertura atuaccedilatildeo das miacutedias eventos e paradigmas ndash tudo no miolo do impresso O acutefim` era o espaccedilo reservado no jornal para as mateacuterias de poliacuteticas puacuteblicas sendo a sociedade a principal interessada e a proacutepria finalidade das reportagens e O Ponto o proacuteprio lsquofimrsquo O acuteiniacutecio` final-mente eram mateacuterias sobre variedades que falavam sobre questotildees gerais - curio-sidades entretenimento opiniotildees Este estilo de iacutendice e de divisatildeo do jornal durou dois anos desde o lanccedilamento ateacute que reformulaccedilotildees graacuteficas resultaram na retirada do slogan de layout de O PontoMudanccedilas compreensiacuteveis tratando-se de um jornal laboratoacuterio que prima pela experimentaccedilatildeo e inovaccedilatildeo

Um nome de impactoA democracia que foi sempre uma

maacutexima no funcionamento do laboratoacuterio de jornalismo impresso ndash todos os alunos sem exceccedilatildeo do 1ordm ao 8ordm periacuteodo devem e podem escrever ndash esteve presente tambeacutem no concurso que deu nome ao jornal O nome O Ponto foi criado pelo ex-aluno de

Editor e diagramador da paacutegina

10A NOSomemorar esse feito nossa equipe de reportagem ouviu os primeiros monitores a sua histoacuteria precircmios conquistados mateacuterias de repercussatildeo e mudanccedilas graacutefi cas

Da esquerda para a direita os ex-monitores Ernesto Braga Pedro Blank e Frederico Wanderley do Ponto para as redaccedilotildees

ldquoCriei (o nome) O Ponto pensando no sentido ortograacutefi co e ao mesmo tempo no signifi cado da palavra como ponto de vistardquo

Faacutebio Santos ex-aluno

12-16 - 10 anos O Pontoindd 212-16 - 10 anos O Pontoindd 2 82809 123341 PM82809 123341 PM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

14 bull Especial Editor e diagramador da paacutegina

19991999 2000 2004

Esta mateacuteria assinada pelos ex-alunos Ernesto Braga e Pedro Henrique Blank denunciou a poluiccedilatildeo no Rio das Velhas A partir da constataccedilatildeo de que 90 da carga poluidora lanccedilada no rio era proveniente da coleta dos esgotos domeacutesticos ldquoNa eacutepoca o entatildeo superintendente do jornal Estado de Minas Eacutedison Zenoacutebio publicou uma nota em sua coluna no jornal parabenizando pela mateacute-riardquo recorda o professor Rogeacuterio Bastos

Em ldquoAnunciou virou mancheterdquo o aluno Pedro Penido criticou a cobertura da imprensa entorno do deacutefi ct zero e a publicidade do governo do Estado sobre esse fato estampada nos trecircs jornais da capital Jaacute ldquoA imprensa errourdquo eacute uma criacutetica ao comportamento da imprensa na cobertura de um assassinato no Edifiacutecio JK O trabalho dos repoacuterteres Sinaacuteria Ferreira e Guilhermo Tacircngari pautou uma discussatildeo no Brasil das Gerais da Rede Minas Sinaacuteria Ferreira monitora na eacutepoca foi uma das participantes do programa

O Ponto eacute lanccedilado O impresso vem entatildeo ao mundo em for-mato Standard 315 mm x 560 mm papel jornal

jornalismo Faacutebio Santos que participou do processo seletivo do nome do jornal-laboratoacuterio do curso de Jornalismo da Fumec ldquoCriei acuteO Ponto` pensando no sentido ortograacutefico e ao mesmo tempo no signifi-cado da palavra como ponto de vistardquo

ldquoO Ponto eacute um nome de impacto Representa o acircngulo o lsquoxrsquo da questatildeordquo explica Joatildeo Henrique Faria que na ocasiatildeo participou do processo de escolha do nome O acutex` a que Faria se refere diz respeito a forma mais precisa de tratar um acontecimento Na seara jornaliacutestica consiste em diagnosticar o que de mais importante existe no fato esmiuccedilar seus anteceden-tes e desdobramentos O objetivo eacute enfi m noticiar de forma complexa contextualizada sem contudo recair no erro de julgar fazer juiacutezo de valor sobre um determi-nado acontecimento

Porque mudar eacute precisoEm maio de 2009 foi lanccedilado o novo projeto graacutefi co

do jornal com draacutesticas mudanccedilas de formato estilo e tambeacutem de logomarca cujo grafi smo conteacutem agora um ponto dentro da letra ldquoordquo reforccedilando a marca do impresso em seu nome O novo logotipo do jornal O Ponto eacute meacuterito do aluno do 2ordm periacuteodo do curso de Design Graacutefi co da Fumec Giovanni Batista Cocircrrea vencedor do concurso de reformulaccedilatildeo do logotipo

do jornal ldquoUsei uma fonte parecida com a anterior e desenhei a primeira letra lsquoorsquo da palavra como um lsquopontorsquo aproveitando sua forma natural pois acredito que uma marca deve ser simples e ao mesmo tempo marcanterdquo explica

A nova reformulaccedilatildeo graacutefi ca coordenada pela pro-fessora Duacutenya Azevedo e que contou com dois volun-taacuterios ndash os alunos Roberta Andrade e Pedro Leone - foi desenvolvido no segundo semestre de 2008 com base em pesquisas bibliograacutefi cas

De forma geral a opccedilatildeo por migrar do formato Stan-dart (o antigo jornalatildeo ndash de 53 cm de altura por 297 de largura) para o Berliner (289 cm por 43 cm) veio da demanda de adequaccedilatildeo as transformaccedilotildees que o meio impresso vem passando no mundo e no Brasil dimi-nuiccedilatildeo do puacuteblico leitor em detrimento dos veiacuteculos digitais o que culminou na reduccedilatildeo dos lucros dos jornais e do pessoal ndash jornalistas nas redaccedilotildees O que acentuou a disputa entre os jornais pelo leitor gerando a necessidade de reinvenccedilatildeo dos layouts para capta-ccedilatildeo deste puacuteblico que estaacute migrando para os canais de notiacutecia instantacircnea na internet

Conforme explica a professora Duacutenya Azevedo o formato Berliner eacute economicamente mais vantajoso - sua impressatildeo eacute mais barata e desperdiccedila menos papel eacute um formato mais praacutetico de ser manuseado

e passiacutevel de se aproximar de um layout de revista tipo de impresso mais bem acabado esteticamente e benquisto Razotildees estas ndash economia esteacutetica e tipo de manuseio - que infl uenciaram na decisatildeo de reformu-lar O Ponto

ldquoO objetivo do novo formato eacute aproximar O Ponto do estilo magazine (revista) ateacute mesmo pela sua periodi-cidade mensalrdquo explica Roberta Andrade ldquoQueriacuteamos diminuir o formato preservando poreacutem a valorizaccedilatildeo do textordquo reforccedila Pedro Leone Assim optou-se por uma tipografi a mais espaccedilada e menor para compor um layout mais arejado modernordquo

Eacute nesta linha de atuaccedilatildeo mantendo as antigas pre-missas do curso de liberdade de atuaccedilatildeo democracia e de ensaios profi ssionais que O Ponto segue traccedilando sua trajetoacuteria no espaccedilo acadecircmico concomitante-mente a histoacuteria dos estudantes no curso Sempre tendo em mente que a credibilidade de um jornal pre-cisa ser renovada constantemente seja ele velho ou novo Tenha ele 10 ou 100 anos de existecircncia Seja ele profi ssional ou laboratorial pois o que deve ser exal-tado e cumprido eacute a seriedade do trabalho sem isen-ccedilatildeo de culpa e responsabilidade em caso de erros Pois o desafi o em qualquer um dos veiacuteculos ndash seja um jornal renomado ou universitaacuterio eacute reportar com eacutetica e pro-fi ssionalismo as informaccedilotildees prestadas ao leitor

Alguns marcos em 10 ANOS

Imag

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12-16 - 10 anos O Pontoindd 312-16 - 10 anos O Pontoindd 3 82809 34455 PM82809 34455 PM

O Ponto

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Especial bull 15

2006

No fi nal de 2005 o jornal obteve outro rele-vante resultado um estudo sobre sua proposta editorial Os ex-alunos de jornalismo formados em 2005 Rafael Werkema e Renata Quintatildeo produziram o livro Jornal laboratoacuterio - uma pro-posta editorial criacutetica como parte do projeto de conclusatildeo de curso e dedicaram esta obra ldquoa todos os que veem O Ponto como espaccedilo para a formaccedilatildeo de agentes transformadores da socie-daderdquo Werkema declarou tambeacutem que este estudo abre refl exatildeo sobre a importacircncia do jornalismo impresso experimental que difere do modelo sisudo e congelado da grande imprensa

20092009Em janeiro de 2006 o jornal recebeu o precircmio Patildeo de Queijo de notiacutecias (PQN) Na eacutepoca a ex-coordenadora de O Ponto Ana Paola Valente fez a seguinte declaraccedilatildeo sobre o feito ldquoEsta eacute uma conquista coletiva construiacuteda principalmente pelos alunos que fazem o jornal e acreditam neste projetordquoEm maio o jornal foi eleito o melhor jornal laboratoacuterio da Ameacuterica Latina na III Mos-tra Internacional da Pesquisa Experimen-tal da Comunicaccedilatildeo EXPOCOM-SUR

2005

Para aleacutem das atividades ligadas ao produto impresso O Ponto tambeacutem se faz presente em vaacuterias iniciativas e eventos na Faculdade de Ciecircncias Humanas Uma dessas accedilotildees foi o debate poliacutetico entre os candidatos agrave Prefeitura de Belo Horizonte em 2008 Organizado pelos monitores de O Ponto e da Redaccedilatildeo Modelo e orien-tados pelos professores coordenadores o evento reuniu seis dos nove candidatos ao pleito no auditoacuterio Phoenix da Fumec no mecircs de setembro

Dois assuntos mar-caram a tocircnica do debate dos candida-tos as preocupaccedilotildees com educaccedilatildeo e com o transporte puacuteblico na capital mineira As inquietaccedilotildees estiveram presentes nas questotildees apresentadas pelos estudantes O auditoacuterio recebeu mais de 200 universitaacuterios

Compareceram ao evento os candi-datos Gustavo Valadares (DEM) Jorge Periquito (PRTB) Leonardo Quintatildeo (PMDB) Pedro Paulo (PCO) Seacutergio Miranda (PDT-PCB) e Vanessa Portu-gal (PSTU) Somente trecircs candidatos ndash Andreacute Alves (PT do B) Jocirc Moraes (PC do B) e Maacutercio Lacerda (PSB) ndash natildeo partici-

param e alegaram confl ito de agenda Os presentes elogiaram a organizaccedilatildeo

do evento e destacaram a importacircncia de se promover esclarecimentos poliacuteticos aos jovens jaacute que o tempo de duraccedilatildeo dos programas eleitorais na miacutedia natildeo era sufi ciente para informar os eleitores sobre os problemas da cidade bem como das propostas dos candidatos ao pleito

O envolvimento da equipe de O Ponto natildeo para por aiacute Em colaboraccedilatildeo com o Nuacutecelo de Estu-dos Escola da Ter-ceira Idade (Neeti) o laboratoacuterio assumiu tambeacutem no uacuteltimo semestre a diagrama-ccedilatildeo e fechamento do jornal Degrau publi-caccedilatildeo semestral dos alunos do curso que produzem crocircnicas poesias e outros tex-tos de cunho pessoal

Em momentos de polecircmica a ordem eacute arregaccedilar as mangas Apoacutes decisatildeo do Supremo Tribunal Federal no fi nal do primeiro semestre deste ano de por fi m agrave obrigatoriedade do diploma para o exer-ciacutecio profi ssional do jornalismo os moni-tores de O Ponto foram mobilizados para sair em campo e ouvir os profi ssionais do mercado sobre o impacto da decisatildeo na

vida dos atuais e futuros profi ssinais Como resultado da iniciativa foi pro-

duzido um viacutedeo com depoimentos de representantes da imprensa belo-hori-zontina tranquilizando os estudantes e avaliando como baixo o impacto da medida do STF na hora da contrataccedilatildeo prevalecendo a importacircncia de se ter um curso de formaccedilatildeo jornaliacutestica

Ensino de qualidadeO laboratoacuterio de jornalismo impresso

da Fumec prima tambeacutem pela qualidade do ensino As atividades de produccedilatildeo de cada ediccedilatildeo do jornal laboratoacuterio assim como a delimitaccedilatildeo dos papeacuteis dos par-ticipantes e colaboradores em cada uma delas satildeo todas executadas e coordena-das por estudantes Os alunos desde o primeiro semestre do curso satildeo estimu-lados a participar de O Ponto

As reuniotildees de pauta satildeo divulgadas para todo o corpo dicente de Jornalismo e coordenadas pela monitoria As suges-totildees de assuntos e enfoques para as mateacute-rias satildeo responsabilidade dos alunos que estatildeo cursando a disciplina Ediccedilatildeo II Eles assumem a ediccedilatildeo do jornal a cada semestre orientados pelo professor da disciplina e auxiliados pelos monitores

Quanto agrave apuraccedilatildeo das mateacuterias a reportagem pode ser executada por todos os periacuteodos A fotografi a tambeacutem eacute uma atividade preferencialmente dos alunos do curso Iniciativas de convergecircncia

tambeacutem satildeo praticadas pelos estudantes da Fumec como por exemplo em repor-tagem publicada na ediccedilatildeo nuacutemero 69 Intitulada ldquoEstudante vira gari por um diardquo a reportagem foi produzida para o impresso para a internet (Ponto Eletrocirc-nico) e em viacutedeo simultacircneamente Para isso uma equipe foi para as ruas executar a reportagem e no caso do repoacuterter tam-beacutem da coleta de lixo

A ediccedilatildeo do texto e a diagramaccedilatildeo satildeo executadas pelos alunos que estatildeo cur-sando Ediccedilatildeo II A revisatildeo fi nal do texto e do layout da paacutegina satildeo tarefas dos monitores e posteriormente o material eacute enviado para a graacutefi ca

O Jornal Laboratoacuterio O Ponto eacute na avaliaccedilatildeo do Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social da Universidade Fumec Seacutergio Arreguy o principal ins-trumento de experimentaccedilatildeo para o jor-nalismo impresso ldquoElaborado desde o projeto graacutefi co pautas apuraccedilatildeo e produ-ccedilatildeo de mateacuterias pelos alunos sob a super-visatildeo e coordenaccedilatildeo dos professores eacute o resultado de muito trabalho dedicaccedilatildeo e comprometimento de todos os envol-vidos materializado em um Jornal de excelente qualidade Refl exo de um curso seacuterio aprovado e reconhecido sobretudo pelo mercado de Belo Horizonterdquo

Aureacutelio JoseacuteCoordenador do Jornal-laboratoacuterio e

professor do curso de Jornalismo

Atividades vatildeo aleacutem da produccedilatildeo impressa

ldquoResultado de muito trabalho e

comprometimento o jornal eacute refl exo

de um curso seacuterio e reconhecido pelo

mercado de BHrdquoSeacutergio Arreguy coordenador do curso de Comunicaccedilatildeo Social

12-16 - 10 anos O Pontoindd 412-16 - 10 anos O Pontoindd 4 82809 34457 PM82809 34457 PM

O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

16 bull Especial

Com a palavra alguns ex-monitores

ldquoO meu

primeiro contato praacutetico

com o jornalismo ocorreu no Jor-

nal O Ponto Durante oito meses

como

monitor e nos quatro anos de curso

vivi cada

dia na redaccedilatildeo e pude ajudar a c

onstruir com

reportagens diagramaccedilotildees ou material fotograacutefi co

esse jornal que respeito muito por

ter me mostrado de

forma sincera alguns valores da mi

nha profi ssatildeo

As discussotildees interessadas que tive

mos naquela redaccedilatildeo

fi cam para toda a carreira juntame

nte com as boas pessoas

com as quais pude conviver nesse

periacuteodo Com o Ponto

percebi que o jornalismo antes de

escrever deve ldquoolharrdquo

para o mundo e buscar seu recorte

Por mais difiacutecil que

fosse terminar uma paacutegina sempre

compensava olhar para

ela impressa na pilha de jornais

no fi m do mecircs Esse

desafi o nos motivou e deve motivar

a cada diardquo

Enzo Menezes ex-monitor

ldquoDurante um ano e meio fui moni-

tora do jornal O Ponto podendo

adquirir muito conhecimento Mesmo

sendo um jornal mensal e por isso com-

posto de reportagens natildeo de notiacutecias pude

aprender sobre a rotina de uma redaccedilatildeo Aprendi

como nasce um jornal desde a reuniatildeo de pau-

tas o acompanhamento dos repoacuterteres e editores

revisatildeo das paacuteginas montagem da boneca o fecha-

mento ateacute o jornal impresso Comecei no jornal no

sexto periacuteodo entatildeo tive que apreender a editar

e diagramar uma paacutegina Ao mesmo tempo tambeacutem era

responsaacutevel pela ediccedilatildeo fi nal do jornal tendo que

colaborar com os demais alunos Foi muito grati-

fi cante fazer parte da equipe do jornal labora-

toacuterio foi um grande aprendizadordquo

Poliane Bosco ex-monitora

ldquoFui um dos primeiros monito-res do jornal e da 1ordf turma de jornalismo da Fumec Como na eacutepoca os repoacuterteres eram voluntaacuteriospassaacutevamos nas

salas chamando o pessoal Nas primeiras ediccedilotildees ateacute falavam que existia uma lsquopanelinharsquo porque as

mateacuterias eram sempre dos mesmos - eu o Ernesto Braga o Pedro Blank por exemplo porque era quem se interessava em escrever A mateacuteria que me marcou mais foi a primeira a primeira a gente nunca esquece (risos) Acho que o tiacutetulo era lsquoDe volta aos porotildees da loucurarsquo que saiu como manchete na primeira ediccedilatildeo e era sobre um manicocircmio em Barbacena O pessoal de psicologia ia fazer um estudo laacute e nos ofere-cemos para cobrir Vimos que a situaccedilatildeo do lugar era a mesma haacute 20 anos segundo um livro dos anos 80 sobre a instituiccedilatildeordquo

Murilo Rocha ex-monitor

ldquoA moni-toria foi uma experiecircncia

muito bacana pois foi a primeira vez que tive contato com a produccedilatildeo de

um jornal Tiacutenhamos a funccedilatildeo de editar mas tambeacutem faziacuteamos mateacuterias diagramaacutevamos tiraacute-

vamos fotos orientaacutevamos os repoacuterteres enfi m era uma trabalheira soacute Lembro-me de uma mateacuteria que fi z sobre salaacuterio miacutenimo (maio2001 14ordf ediccedilatildeo) e ganhou a manchete de O Ponto para minha surpresa Eu e o Daniel Bianchini na eacutepoca fotoacutegrafo e teacutec-nico do laboratoacuterio de fotografi a da Fumec subimos a favela para saber quantas eram e como viviam as

pessoas que recebiam um salaacuterio miacutenimordquo

Angeacutelica Diniz ex-monitora

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Foto arquivo O Ponto

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Esporte bull 17Editor e diagramador da paacutegina Rodrigo Zavaghli e Joatildeo Procoacutepio 6ordm periacuteodo

Domingo um dia em que a populaccedilatildeo de um paiacutes inteiro parou diante das tevecircs para assistir ao embate de duas equipes esportivas disputando o tiacutetulo nacional O vencedor vem estabelecendo uma supremacia invejaacutevel Eacute o maior ganha-dor da deacutecada e jaacute desponta como favo-rito para a proacutexima temporada Enfrenta apenas um desafi o manter o elenco para continuar competitivo em um ramo que movimenta milhotildees em dinheiro anualmente

Poderia estar falando do Brasil e o time citado poderia perfeitamente ser o Satildeo Paulo Mas a cena descrita se passa nos Estados Unidos o campeatildeo se chama Los Angeles Lakers e o esporte natildeo eacute o futebol mas sim o basquete Com uma atuaccedilatildeo impecaacutevel do cestinha Kobe Bryant os Lakers derrotaram o Orlando Magic em uma seacuterie melhor de sete jogos levantando o caneco pela quarta vez desde o ano 2000 Eacute o deacutecimo tiacutetulo do teacutecnico Phil Jackson em 15 da equipe de LA Somados a esses nuacutemeros 15 milhotildees de televisores americanos esta-vam ligados no jogo durante a exibiccedilatildeo e a movimentaccedilatildeo fi nanceira do esporte tambeacutem natildeo fi ca atraacutes das grandes trans-ferecircncias de jogadores brasileiros para o futebol europeu A estrela do basquete Shaquille OacuteNeil deve trocar de time por nada menos que 20 milhotildees de doacutelares -uma pechincha- Mostra-se assim que o basquete pode seguir uma foacutermula de sucesso da mesma forma que fazemos com o nosso esporte nacional

A liga americana eacute uma das mais assis-tidas no paiacutes e no mundo sendo transmi-tida para 42 paiacuteses e possui uma foacutermula diferente e atraente com fase de grupos os famosos mata-matas e divisotildees por conferecircncias tornando toda a temporada uma grande festa com direito inclusive agraves tradicionais e nada desejaacuteveis brigas de torcida

A NBBA Associaccedilatildeo Nacional de Basquete

dos Estados Unidos a NBA eacute o exemplo que o Brasil estaacute tentando seguir para reerguer o esporte no paiacutes A preocupa-ccedilatildeo eacute grande uma vez que por exemplo a equipe masculina nacional que jaacute con-tou com estrelas como Oscar Schmidt aleacutem de jogadores que hoje fazem fama no exterior como Leandrinho Nenecirc e Anderson Varejatildeo nem se quer conquis-tou vaga para disputar as duas uacuteltimas olimpiacuteadas Isso para um esporte em que o Brasil jaacute foi campeatildeo mundial no cada vez mais longiacutenquo ano de 1959 eacute sinal de crise

Mas o racha no basquete brasileiro natildeo envolve apenas o desempenho do time em quadra Nos uacuteltimos anos o que se viu foi um show de falta de organizaccedilatildeo por parte da Confederaccedilatildeo Brasileira de Basquete (CBB) que em 2006 natildeo con-seguiu promover o campeonato nacio-nal ateacute o fi m Faltou a fi nal e a histoacuteria

enveredou para a poliacutetica Os clubes paulistas insatisfeitos com a conjun-tura romperam com a confederaccedilatildeo e disputaram um torneio paralelo criado por eles em 2008 No preacute-oliacutempico do mesmo ano a seleccedilatildeo brasileira dispu-tou por vaacuterios motivos muitos deles obscuros com desfalque de todos os jogadores que disputavam a Liga Ame-ricana Perdeu

Insustentaacutevel por si soacute a nova aposta da CBB eacute o Novo Basquete Brasil A sigla NBB natildeo foi por acaso A semelhanccedila com a NBA eacute justamente o foco do novo torneio organizado pelos clubes com a chancela da Confederaccedilatildeo Eacute uma ten-tativa de reconciliaccedilatildeo dos times com a entidade dos jogadores com a seleccedilatildeo e por consequumlecircncia das torcidas com a quadra O formato traz turno returno e fase fi nal com mata-mata para defi nir semifi nalistas e fi nalistas A fi nal eacute deci-dida em no maacuteximo cinco partidas E que comece a campanha para as Olim-piacuteadas do Rio

OlimpiacuteadasQue o governo brasileiro estaacute em cam-

panha para sediar os Jogos Oliacutempicos de 2016 jaacute estaacute claro para todo mundo O que acontece nas entrelinhas poreacutem eacute um esforccedilo coletivo por parte da miacutedia do governo e de todo o setor esportivo em geral em alavancar o esporte no paiacutes Desmistifi car a conversa de que aqui soacute o futebol presta Eacute bom para os clubes bom para os cofres puacuteblicos e bom para as empresas privadas fora a melhoria na imagem do paiacutes laacute fora Para se ter uma ideia o Pan do Rio gastou cerca de sete milhotildees de reais em uma soacute cidade Jaacute a reforma do Maracanatilde palco da fi nal da copa de 2014 tem orccedilamento pre-visto em ateacute 1 bilhatildeo Eacute muito dinheiro envolvido e logicamente muita gente interessada

O NBB se torna claramente mais uma peccedila nesse complexo tabuleiro aonde o objetivo eacute vender o Brasil como paiacutes do esporte Ronaldo Adriano Fred fora outras movimentaccedilotildees de grandes estrelas do esporte nacional que retor-nam ao paiacutes mostram que aos poucos estamos tentando construir uma cultura esportiva o que nos encaixa como uma luva na candidatura para as olimpiacuteadas

A verdade eacute que temos um longo caminho a percorrer O Rio de Janeiro jaacute ateacute possui um esqueleto de estrutura eacute verdade feita nos Jogos Pan Ameri-canos de 2006 e pretende ampliar o investimento com a Copa do Mundo de futebol mas a incompatibilidade ainda eacute latente Falta resolver o problema da seguranccedila puacuteblica A reforma do estaacute-dio do Maracanatilde jaacute tem orccedilamento mas natildeo tem quem pague E o que sinaliza o desespero para ser capaz de receber um evento desse porte eacute a corrida das cidades sede da Copa de 2014 Das 12 cidades sede todas com planejamentos astronomicamente caros para a compe-ticcedilatildeo apenas uma ndashBrasiacutelia- declarou de onde viraacute o dinheiro

Formaccedilatildeo de baseO lado positivo de toda a politicagem

que envolve a corrida pelas olimpiacuteadas eacute a formaccedilatildeo de novos atletas e de esco-linhas de base nos vaacuterios clubes do paiacutes Afi nal se por um lado esporte eacute fi nan-ceiramente um bom negoacutecio ele natildeo deixa de ser saudaacutevel e interessante para a sociedade A efi ciecircncia de escolinhas de esporte nas periferias em termos de estatiacutesticas de criminalidade aleacutem do trabalho seacuterio de dignidade e auto-estima que eacute feito na grande maioria dos casos por professores voluntaacuterios eacute inegaacutevel

O Mackenzie Esporte Clube tradi-cional formador de atletas de Belo Hori-zonte por exemplo usa suas escolinhas de esporte para segundo sua assessoria de imprensa auxiliar na educaccedilatildeo e inte-graccedilatildeo social de crianccedilas e jovens Aleacutem dos clubes escolas particulares ou seja com verbas como o Coleacutegio Santo Agos-tinho realizam projetos sociais para pro-mover a integraccedilatildeo e dignidade atraveacutes do esporte Exemplo disso era o time de vocirclei Sada Betim hoje Sada Cruzeiro que enquanto ainda associado agrave prefeitura da cidade e usando suas dependecircncias abria portas para jovens da periferia para integrar suas escolas baacutesicas do esporte

Estrutura para tais iniciativas eacute o que natildeo falta O Minas Tecircnis clube de maior destaque no cenaacuterio esportivo mineiro eacute o detentor de uma das mais invejaacuteveis estruturas esportivas do paiacutes Eacute o exem-

plo de que eacute possiacutevel dar suporte para for-mar equipes competitvas em vaacuterios espor-tes Finalista da Superliga de vocirclei clube de formaccedilatildeo do medalista pan americano Th iago Pereira da nataccedilatildeo medalista oliacutempico do judocirc com Ketleyn Quadros e semifi nalista da NBB com a equipe de basquete Conquistas que geram pergun-tas Eacute possiacutevel estender tamanho sucesso para a populaccedilatildeo em geral O Brasil seraacute capaz de utilizar o potencial que tem de mobilizar a sociedade por causas tatildeo inte-ressantes quanto o esporte para alavan-car os setores prejudicados de seu povo ou vai jogar todos os problemas e todas as desculpas por suas falhas sob o grande guarda-chuva da beleza do esporte Seraacute as Olimpiacuteadas uma oportunidade para o sucesso ou mais uma grande farra para os poliacuteticos e para a miacutedia

O Novo Basquete Brasil pode ser parte da resposta O objetivo principal do tor-neio eacute revigorar o esporte atrair o puacuteblico de volta e recolocar o basquete brasileiro em niacuteveis oliacutempicos para em seu obje-tivo secundaacuterio apoiar a campanha para o Rio 2016 Se der certo bom para o Bra-sil Ganha em notoriedade em trabalho bem feito e abre um leque de esperanccedilas para os projetos que viratildeo Se der errado reforccedila a capacidade do brasileiro de fazer auecirc sem saber aonde vai dar E costuma dar em pizza Em obras superfaturadas em estrutura precaacuteria e em novas festas como mensalotildees castelos e farras aeacutereas em geral

O Novo Esporte BrasilFinal do Novo Basquete Brasil levanta a discussatildeo das poliacuteticas esportivas no Brasil

PEDRO LEONE

6ordm PERIacuteODO

Foto Divulgaccedilatildeo

Minas e Flamengo em jogo realizado na arena da Rua da Bahia

17 - novo esporte brasilindd 117 - novo esporte brasilindd 1 82809 115027 AM82809 115027 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

18 bull Entretenimento Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O que vocecirc acha que o CQC traz de novo para a TV brasileira

Rafi nha Bastos O CQC eacute um formato novo Soacute o fato de existir um formato novo numa televisatildeo tatildeo repetida porque os formatos se repetem muito na televisatildeo a novela do SBT eacute igual a da Band que eacute igual a da Globo que eacute igual a da Record os telejornais tambeacutem satildeo parecidos os programas de auditoacuterio Entatildeo soacute o fato de ser um programa diferente um formato de televisatildeo diferente jaacute eacute uma novidade Eu acho que eacute isso que o CQC traz

OPComo vocecirc entende a junccedilatildeo de ldquojornalismo e humorrdquo

RB Eu acho que o jornalismo eacute muito convencional Ele tem um formato muito especiacutefi co no Brasil haacute muito tempo Entatildeo o fato de a gente estar fazendo uma coisa mais bem humorada vem quebrar um pouco com esses paradigmas que satildeo muito estabelecidos do jornalismo A gente estaacute fazendo de uma maneira diferente de fazer o jornalismo Eu acho interessante a receptividade que eu tenho tido com as mateacuterias laacute do ldquoProteste Jaacuterdquo Satildeo muito legais o povo gosta e se sente representado Entatildeo eu acho que tem sido muito bom

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

RB Natildeo existe isso Eu sou contra esse negoacutecio de ldquohumor inteligenterdquo porque natildeo eacute porque o Tiririca faz um humor para o povatildeo que ele natildeo eacute inteligente Ele eacute um gecircnio aliaacutes entendeu Natildeo acho que a questatildeo eacute ldquointeligenterdquo Eu acho que a questatildeo eacute a seguinte o humor do CQC precisa de mais referecircncia O pessoal precisa conhecer um pouco das coisas que a gente estaacute falando estar um pouco informado sobre poliacutetica Talvez a pessoa que assiste ao CQC esteja atraacutes de um humor com mais informaccedilatildeo um humor mais criacutetico e o humor natildeo eacute tatildeo popular mas natildeo signifi ca que natildeo eacute mais inteligente do que o humor popular

OPVocecirc natildeo teme que o CQC caia na ldquomesmicerdquo

RB Eacute muito cedo para dizer ainda Muito cedo O que acontece eacute que os pro-gramas humoriacutesticos caem na mesmice e isso eacute estrateacutegico O ldquoNerson da Capi-tingardquo faz a mesma piada toda semana

porque as pessoas precisam entender a piada O povatildeo a galera ldquomassardquo precisa saber a hora que ela tem que rir Por isso que parece que eacute muito repetitivo Porque natildeo eacute um humor feito pra gente natildeo eacute um humor feito para a galera faculdade para a galera que tem um espiacuterito criacutetico um pouco mais aguccedilado Eacute para o povatildeo Eacute muito bem feito A tendecircncia do CQC natildeo eacute ir por esse caminho mas pode ser que ele se repita Isso eacute uma busca eterna

OPA experiecircncia da stand-up comedy contribui para a abordagem de suas fontes

RB O fato de eu ser comediante me ajuda Eu faccedilo um programa de humor hoje que por mais que tenha uma pegada jornaliacutestica eacute um programa de humor O objetivo dele eacute ser engraccedilado eacute ser divertido Tanto a minha formaccedilatildeo de jornalista quanto o meu trabalho de comediante estatildeo juntos ali quando eu estou na frente do viacutedeo

OPEm sua opiniatildeo onde podemos perceber o jornalismo no CQC

RB O quadro ldquoProteste jaacuterdquo eacute o quadro mais jornaliacutestico do programa Ele aborda os problemas levanta e vai atraacutes de soluccedilotildees conversa com os governantes Eu acho que esse eacute o quadro mais jornaliacutestico mas natildeo signifi ca que as mateacuterias de ldquobaladardquo natildeo sejam jornaliacutesticas Mas eu soacute acho que o mais parecido com o formato tradicional de jornalismo eacute o ldquoProteste Jaacuterdquo

OPComo vocecirc percebe a inserccedilatildeo da publicidade no programa Vocecirc acha que o excesso de propaganda pode pre-judicar a atraccedilatildeo

RB Eu acho que eacute feito de uma maneira muito suave Eacute algo inovador O que o CQC faz natildeo existe em nenhum outro programa A gente natildeo interrompe natildeo mostra nenhum produto ou merchan durante o programa Satildeo propagandas fei-tas com o proacuteprio elenco Entatildeo eu acho

que eacute diferente e o programa tem que se bancar Ele precisa ter publicidade

OPMas vocecirc natildeo acha que haacute uma quebra do discurso Por exemplo o Marcelo Tas chama uma mateacuteria ldquoredondardquo e faz menccedilatildeo a uma determi-nada marca de cerveja Quando manda a mateacuteria haacute um corte com outra propa-ganda entrando

RB Vocecirc natildeo acha isso muito melhor do que parar e falar assim ldquogente vamos falar de seguro sauacutederdquo e a pessoa sair Vocecirc tem que vender vocecirc tem que fazer publicidade Natildeo tem como O programa precisa se bancar de alguma forma Eu acho que a melhor maneira uma maneira interessante de fazer os merchans eacute da maneira como a gente faz Natildeo inter-rompe natildeo tem a ver com a mateacuteria natildeo estaacute no meio do conteuacutedo natildeo tem a ver com o conteuacutedo do programa estaacute sepa-rado Eu acho que eacute uma maneira tran-quila Se eacute a melhor maneira eu natildeo sei mas eu acho interessante

OPEm abril assessores de comuni-caccedilatildeo dos parlamentares se reuniram em Brasiacutelia para questionar a liberdade com que os repoacuterteres atuam no Con-gresso Nacional O diretor de comuni-caccedilatildeo da Cacircmara poreacutem afi rmou que natildeo alteraria as regras atuais e que cabia aos assessores explicar aos deputados como lidar com o tipo de jornalismo praticado pelos programas O CQC foi pivocirc desta atitude

RB O Congresso faz as leis dele O Congresso olha muito para o proacuteprio umbigo Natildeo existe nada que infl uencie diretamente as decisotildees do Congresso Eles decidem por eles mesmo Por isso que eles estatildeo em Brasiacutelia que fi ca a 500 km de Rio e Satildeo Paulo

OPVocecirc acha que os poliacuteticos satildeo alvo faacutecil para o humor Por quecirc

RB Eu acho que natildeo Eu acho que os poliacuteticos satildeo difiacuteceis porque satildeo uma concorrecircncia para os comediantes Os proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia entatildeo jaacute eacute muito difiacutecil vocecirc tirar sarro de algo que jaacute eacute engraccedilado As notiacutecias do ldquoJornal Nacionalrdquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQC Eacute mais difiacutecil ainda Eacute uma busca eterna para natildeo fi car se repetindo e natildeo fi car falando coisas que jaacute satildeo ditas por outros telejornais

Os bastidores do risoEm entrevista exclusiva Rafi nha Bastos repoacuterter do programa televisivo Custe o Que Custar (CQC) abre o jogo e conta como o humor eacute levado a seacuterio na atraccedilatildeo semanal na emissora Bandeirantes

Uma das cenas protagonizadas por Rafi nha Bastos no quadro ldquoProteste jaacuterdquo

ldquoOs proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia () As notiacutecias do lsquoJornal Nacionalrsquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQCrdquo

Rafi nha Bastos

AMANDA ARAUacuteJO

FLAacuteVIO CAMPOS

NATASHA MUZZI

8ordm PERIacuteODO

Belo Horizonte abril de 2009 Enquanto esperaacutevamos a reapresen-taccedilatildeo da peccedila ldquoArte do Insultordquo para realizar uma entrevista com o humo-rista Rafi nha Bastos marcaacutevamos quais seriam as principais perguntas que deveriam ser feitas considerando o pouco tempo que teriacuteamos dispo-

niacutevel nos bastidores do evento Casa cheia nervosismo em alta muita gente querendo conversar e chamar a atenccedilatildeo do ldquohomem de pretordquo do programa CQC Difiacutecil tarefa eacute con-seguir uma entrevista quando se eacute apenas estudante Mas conseguimos o acesso e a conversa se estendeu por bem mais tempo do que esperaacuteva-mos Nosso objetivo era questionar o apresentador e repoacuterter sobre a jun-ccedilatildeo entre jornalismo e humor presen-tes no programa por ele apresentado

a fi m de somar ao nosso trabalho de conclusatildeo de curso que apresentava a mesma discussatildeo Em maio de volta agrave mesma casa de espetaacuteculos nos encontramos com o tambeacutem repoacuterter da atraccedilatildeo Danilo Gentili com cer-teza bem mais afi ados e preparados para a sarcaacutesticas intervenccedilotildees do humorista

De forma descontraiacuteda fomos recebidos pelas duas grandes fi guras do Stand-up Comedy e agora ldquoastrosrdquo do irreverente CQC que toparam

falar sobre o jornalismo do programa liberdade de imprensa poliacutetica e claro humor Aleacutem de compor a bancada do programa Rafi nha Bastos eacute jornalista e comediante apresentando espetaacuteculos de improviso por todo o paiacutes Publicitaacuterio e humorista Danilo Gentilli foi um dos fundadores da comeacutedia ao vivo na capital paulista O resultado deste inusitado e divertido bate-papo com os dois repoacuterteres vocecirc confere agora em entrevistas editadas especialmente para O Ponto

Foto Divulgaccedilatildeo

18-19 - cqc prontaindd 118-19 - cqc prontaindd 1 82809 115038 AM82809 115038 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Entretenimento bull 19Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O ano de 2008 rendeu ao CQC nove precircmios Quatro deles somam como melhor programa de humor eou como melhor produccedilatildeo humoriacutestica Porque vocecirc acha que a miacutedia ainda natildeo premiou o programa como melhor telejornal

Danilo Gentili O CQC trabalha com fatos jornaliacutesticos mas natildeo eacute um telejor-nal O CQC natildeo estaacute todo dia mostrando os fatos do dia entatildeo natildeo pode ser clas-sifi cado como um telejornal O ldquoGlobo Repoacuterterrdquo natildeo pode ser classifi cado ldquoum telejornalrdquo eacute um programa jornaliacutestico Eu acho que a miacutedia natildeo enxerga o CQC como um programa jornaliacutestico Na ver-dade se for para eu escolher se o CQC eacute jornaliacutestico ou humoriacutestico eu escolheria que ele eacute humoriacutestico porque quando eu vou fazer eu me preocupo primeiro em fazer a pessoa rir Eu vou abrir a boca eu vou falar com esse cara mas a uacutenica razatildeo de eu falar com esse cara eacute fazer uma piada Se eu for falar com ele e a pessoa natildeo rir natildeo tem porque eu estar aqui

OPA maioria das pautas poliacuteticas do programa satildeo destinadas agrave vocecirc A que vocecirc atribui isso Vocecirc seria o mais cara de pau dos ldquohomens de pretordquo

DG Pode ser Talvez seja Eu gosto de fazer poliacutetica com um produtor laacute em especiacutefi co A gente vai com muita von-tade de fazer o que a gente faz de chegar para o cara e perguntar Na verdade eacute o seguinte eu natildeo sei os outros repoacuterteres mas eu no CQC natildeo tenho a pretensatildeo de ser amigo de ningueacutem Seja de poliacutetico ou de celebridade eu natildeo tenho a pre-tensatildeo Vocecircs natildeo vatildeo me ver em festas de celebridades ldquoOh fui convidado pra festa e estou aquirdquo Eu natildeo tenho essa vontade natildeo eacute o meu mundo Entatildeo eu vou pra perguntar o que eu sempre quis e talvez o que todo mundo que estaacute em casa sempre quis saber

OPComo eacute a sua preparaccedilatildeo antes de cobrir as pautas poliacuteticas na Casa Legislativa Vocecirc planeja suas piadas antes ou eacute realmente no improviso

DG A reuniatildeo de pauta geralmente acontece no caminho Eu e o produtor ou no aviatildeo ou no carro Eu e o produ-tor falando ldquoquem vocecirc acha que vai estar laacute Ah Tal pessoa tal pessoa tal pessoa fez isso A gente pode falar issordquo A gente tenta mais ou menos ter uma noccedilatildeo do que dizer

OPMas inclui uma piada pronta DG A gente tenta prever e tenta ir

com umas cartas na manga mas a gente sabe que eacute impossiacutevel Porque eu posso ir com uma pergunta pronta e o cara me daacute uma resposta que ningueacutem esperava Aiacute em cima disso eu tenho que fazer outra piada

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

DG Taacute isso no site do CQC Vocecircs acreditaram nisso (risos) Natildeo sei eu acho que o humor tem que ser engra-ccedilado natildeo tem que ser inteligente Eacute o

que eu acho entendeu O que seria humor inteligente Natildeo sei o humor eacute muito subjetivo pra classifi car ldquoesse humor eacute inteligente esse natildeo eacuterdquo Eu acho que o humor inteligente eacute aquele que se comunica de uma forma efi caz com o seu puacuteblico O Tiririca eacute esquisito mais eacute um humor inteligente para muita gente Eu gosto do Tiririca

OPComo publicitaacuterio como vocecirc avalia esse novo modelo de publici-dade inserido no programa

DG Mas natildeo eacute tatildeo diferente assim Na verdade eacute igual as outras porque nas outras o cara faz a propaganda e a agecircncia que ganha e no CQC tambeacutem a gente faz a propaganda e a produtora que ganha

OPVocecirc acha que o riso midiatizado esse humor ldquopastelatildeordquo que a gente vecirc por aiacute deixa perder um pouco da fun-ccedilatildeo do riso que estaacute em ser criacutetico

DG Depende do humor pastelatildeo eu gosto muito Eu gosto do Chaves gosto dos Trecircs Patetas gosto do Jerry Lewis gosto do Mr Been Eacute tudo humor pastelatildeo Eu acho que o termo que vocecirc queira achar natildeo eacute ldquohumor pastelatildeordquo eacute um humor grosseiro tipo ldquoAh vou peidar em puacuteblicordquo e todo mundo ri disso Eacute um humor primaacuterio Tal-vez seja o que vocecirc queria dizer Pastelatildeo eu gosto muito o humor do Chaves eacute pas-

telatildeo e eacute muito inteligente O do Mr Been tambeacutem eacute muito inteligente ele bolar tudo aquilo e tal Agora tem o humor primaacuterio que eacute esse humor de bordatildeo humor de escatologia humor de falar qualquer coisa Geralmente ningueacutem ri se natildeo sabe do que estaacute rindo Eu tento fazer no meu show e no CQC um riso que depende do contexto Vocecirc vai ver isso quando eu for falar com um poliacutetico no CQC Por exemplo eu fi z uma mateacuteria e eu encontrei o Joatildeo Paulo Cunha um cara que era do mensalatildeo Eu sei que 90 do meu puacuteblico do CQC talvez natildeo se lembre ou natildeo saiba quem eacute o cara Entatildeo se eu fi zesse a piada ningueacutem ia rir ningueacutem ia achar graccedila Entatildeo antes de eu chegar no cara eu falei aquele ali eacute tal cara que fez tal coisa e naquela eacutepoca ele fez o mensalatildeo Falou que pagou 50 mil numa conta em TV a cabo e natildeo sei o que Aiacute o pessoal jaacute sabe do que eu vou falar Entatildeo eu jaacute deixei a pessoa a par do conceito Quando eu chego no cara e faccedilo as piadas a pessoa sabe do que eu estou falando Entatildeo eu informei a pessoa para ela poder rir No meu show eu faccedilo isso Eu falo de uma por-ccedilatildeo de coisas que vatildeo rir porque eles estatildeo dentro do conceito Eu vou falar de tracircnsito eu natildeo preciso explicar o que eacute o tracircnsito Todo mundo sabe o que eacute o tracircnsito entatildeo eles acabam rindo disso por exemplo

OPEm entrevista ao portal UOL no dia 24042008 vocecirc disse que os bra-sileiros natildeo tecircm muito senso de humor Porque vocecirc acha entatildeo que o pro-grama estaacute dando certo no Brasil Vocecirc acha que o CQC devolveu agrave sociedade um pouco desse senso

DG O problema do brasileiro eacute que ele tem o senso de humor primaacuterio Ele natildeo tem um senso de humor Pra vocecirc ter senso de humor vocecirc tem que ver o que estaacute acontecendo reconhecer a reali-dade para poder rir dela O brasileiro tem a auto estima muito baixa O brasileiro soacute brinca com os outros ele natildeo brinca con-

sigo proacuteprio Vocecirc vecirc piada de brasileiro eacute sempre o portuguecircs eacute sempre a loira Por exemplo tem o portuguecircs o brasi-leiro e o americano O brasileiro sempre se sai bem ele tem autoestima baixa ele natildeo sabe rir de si Se o CQC devolveu isso para o brasileiro Eu acho que natildeo Pouca coisa a gente devolveu isso para o brasileiro O brasileiro estaacute rindo ainda do poliacutetico ele estaacute rindo ainda da cele-bridade que a gente ridiculariza Eu jaacute saiacute na rua e quando eu fui na ldquoMarcha para Jesusrdquo falar deles ningueacutem riu

OPNo CQC vocecirc tem vontade de fazer o quadro Proteste Jaacute

DG Proteste Jaacute Natildeo sei cara Tudo que eu tenho vontade eu faccedilo Eu tenho von-tade que muita coisa que eu faccedilo entre mas acaba natildeo entrando porque os caras falam que eu pego pesado (risos) Se eu fi zesse o Proteste Jaacute talvez eu fi zesse dife-rente eu natildeo sei Eu natildeo tenho vontade de fazer o Proteste Jaacute natildeo

OPTem alguma entrevista sua que vocecirc considera a melhor

DG Natildeo Tem muita entrevista que eu vejo na TV e falo nossa essa natildeo foi a melhor que eu fiz Porque cortam muita coisa

OPQue elementos jornaliacutesticos vocecirc nota no programa CQC

DG Jornalismo tem porque a gente como fala no iniacutecio do programa eacute um ldquoresumo semanal de notiacuteciasrdquo Mas taacute eacute um resumo semanal de notiacutecias taacute bom vaia gente fi nge que eacute O que tem eacute a gente brinca com algumas coisas que aconteceram durante aquela semana durante aqueles dias proacuteximos Eacute o mais proacuteximo que tem do jornalismo A gente sempre que pode estaacute no fato na hora do fato Mas agraves vezes natildeo daacute entatildeo vai cobrir festinha e natildeo sei o que mas a intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e ldquobrincarrdquo com ele

ldquoA gente sempre que pode estaacute no fato na hora do

fato A intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente

pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e

lsquobrincarrsquo com elerdquo

Danilo Gentili

O humorista Danilo Gentili foi um dos fundadores da comeacutedia ldquocara limpardquo na capital paulista e hoje desafi a poliacuteticos

Foto divulgaccedilatildeo

O cara de pau dos homens de pretoDanilo Gentilli o temido repoacuterter pelos poliacuteticos no dia-a-dia do senado conta como se prepara para as pautas polecircmicas

18-19 - cqc prontaindd 218-19 - cqc prontaindd 2 82809 115039 AM82809 115039 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

20 bull Miacutedia

RENATA VALENTIM

6ordmPERIODO

Que o advento das miacutedias digitais pocircs um ponto de interrogaccedilatildeo no horizonte dos meios tradicionais jaacute se sabe Mas a transformaccedilatildeo destinada ao raacutedio parece ser de fato a de maior impacto Seja no campo das novas tecnologias de trans-missatildeo dos novos suportes ao aacuteudio no nuacutemero de funcionaacuterios contratados ou na avaliaccedilatildeo do poder de infl uecircncia no gosto da audiecircncia a revoluccedilatildeo vivida pelas raacutedios eacute atestada tanto por profi s-sionais da aacuterea quanto pelos ouvintes

O CD hoje obsoleto popularizado no Brasil no fi nal dos anos de 1980 jaacute signi-fi cou uma transformaccedilatildeo importante no dia-a-dia do radialista Em vez de exe-cuccedilotildees musicais feitas pelo LP ou ldquobola-chatildeordquo que o operador ou sonoplasta vigiava do iniacutecio ao fi m da faixa transmi-tida os tocadores de compact disc per-mitiam a programaccedilatildeo de vaacuterias faixas em sequumlecircncia poupando-lhe tempo O que veio a seguir economizou bem mais que isso a inovadora transformaccedilatildeo de muacutesica em kilobytes deu origem a sof-twares de execuccedilatildeo automaacutetica

Assim as raacutedios gerando programa-ccedilatildeo por 24h dispensaram seus locutores e sonoplastas da madrugada e dos fi nais de semana adaptando seus conteuacutedos para que sistemas de automaccedilatildeo tra-balhassem sozinhos Aleacutem das muacutesicas em formato digital apresentaccedilotildees de muacutesica passaram a ser tambeacutem gravadas

e reproduzidas como se fossem feitas ao vivo Natildeo foram poucos locutores desem-pregados No caso das afi liadas de gran-des redes de FM a reduccedilatildeo no quadro de profi ssionais da voz foi ainda maior Em alguns casos haacute somente um ou dois locutores agrave disposiccedilatildeo que datildeo conta da geraccedilatildeo de toda a programaccedilatildeo local

Com experiecircncia na aacuterea haacute mais de 20 anos a locutora e programadora musical Glaacuteucia Lara 40 lamenta ldquoem um fi nal de semana antes das mudanccedilas promo-vidas pelo advento do mp3 cerca de sete pessoas estariam trabalhando em uma emissora de raacutedio Hoje eacute comum esca-lar locutores para comandarem a pro-gramaccedilatildeo ao vivo soacute nos programas que contam com a participaccedilatildeo do ouvinte Do resto quem cuida eacute o computadorrdquo conta ela que jaacute passou por diversas emissoras do interior do estado e por afi -liadas de grandes redes como a Antena 1 de Belo Horizonte E o sonoplasta entatildeo ldquoNa era do CD essa fi gura foi extinta dos quadros O locutor natildeo eacute soacute responsaacutevel hoje por apresentar muacutesicas e interagir com o ouvinte Tambeacutem assumiu a res-ponsabilidade de operar os aparelhos

e pessoalmente acho que isso facilita a locuccedilatildeo porque natildeo haacute mais aquela dependecircncia de um sinal do sonoplasta aquela sintonia de timing necessaacuteria para esse trabalho de equipe decirc certo O locutor faz tudordquo pondera

Eu baixo tu baixasO mp3 tambeacutem alterou a forma de

distribuir novos trabalhos musicais A popularizaccedilatildeo da internet e a troca de arquivos por meio de softwares seme-lhantes ao pioneiro Napster deram iniacutecio agrave decadecircncia dos CDs e ao decliacutenio das grandes gravadoras que fracassaram ao combater tanto a pirataria quanto o com-partilhamento online de mp3

O casamento das gravadoras com o raacutedio e a TV que detinham a foacutermula exclusiva de atrair a atenccedilatildeo do puacuteblico para seu artista entrou em crise A par-ceria de divulgaccedilatildeo perdeu espaccedilo con-sideraacutevel para uma revolucionaacuteria forma de acesso a novos trabalhos musicais feita na internet Para a tristeza de grava-doras e artistas a vendagem de CDs caiu drasticamente fazendo dos shows e tur-necircs sua principal fonte de lucro Foi-se o

tempo em que um artista de sucesso ven-dia mais de 2 milhotildees de coacutepias de seu trabalho o campeatildeo do mercado fono-graacutefi co brasileiro em 2006 Padre Marcelo Rossi registrou cerca de 860 mil coacutepias vendidas de seu aacutelbum ldquoMinha Becircnccedilatildeordquo editado pela Sony BMG Um nuacutemero pequeno se comparado aos 35 milhotildees de coacutepias de seu primeiro disco ldquoMuacutesi-cas Para Louvar ao Senhorrdquo de 1998

A estagiaacuteria de pesquisa de mercado Karina Zandona 22 comprova esse fenocirc-meno Fatilde de Th e Killers ela conta que hoje procura se informar do lanccedilamento de aacutelbuns das suas bandas preferidas por sites especializados e faz download deles quando jaacute estatildeo disponiacuteveis ldquoSoacute ouccedilo muacutesica pelo PC e pelo mp3 player Raacutedio soacute ouccedilo agraves vezes quando minha matildee ouve em casa E sempre satildeo as programa-ccedilotildees informativas como a Raacutedio Itatiaia Natildeo consigo mais fi car exposta a tanto hit lsquoda modinharsquo como os de black music no raacutediordquo diz No caso da comerciaacuteria Ellen Colombini 24 a infl uecircncia da internet eacute ainda mais efetiva ldquoouvia muito raacutedio quando adolescente e assistia muito agrave MTV Era fatilde de coisas do tipo Hanson

por exemplo (risos) Mas quando passei a usar a internet e descobri a maravilha que eacute fazer download de muacutesica natildeo liguei mais o raacutedio Sou viciada em fazer downloads vou baixando tudo o que encontro e que me parece interessante pelo release que acompanha o link ou mesmo pelo nome da banda Escuto tudo e seleciono o que me agrada Se aprovado vou passando adiante E a partir do que eu recomendo para os amigos recebo deles arquivos de artis-tas parecidas com o que eu enviei e sobre os quais natildeo vejo ningueacutem falarrdquo comenta

A engenheira ambiental Eduarda Stancioli 24 eacute ouvinte da Last FM paacutegina online na qual o usaacuterio cria a pragramaccedilatildeo sem a interrupccedilatildeo de publicidade e locutores ldquoComo passo mais tempo usando o computador da empresa que o resto do pessoal e natildeo posso fazer dowloads o site foi uma oacutetima soluccedilatildeo para ouvir muacutesica enquanto faccedilo meus projetosrdquo Eduarda diz que a facildade estaacute no fato da pro-gramaccedilatildeo ser sua criaccedilatildeo onde vocecirc seleciona os artistas ou estilo de muacutesica da sua preferecircncia podendo mudaacute-la qualquer hora E ainda poder contar com sugestotildees musicais do serviccedilo geradas a partir do tipo de muacutesica que se ouve

Contra a mareacuteCurioso eacute o exemplo da estudante

Ceciacutelia Portugal 21 anos Apreciadora de axeacute music adora ouvir a Extra FM enquanto dirige Diferente de Ellen e

Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

O raacutedio na onda do ciberespaccedilo

Imagem do programa de dowloads de arqui-vos de muacutesica e viacutedeos Limewire

Paacutegina da raacutedio na internet a Last FM

Saiba o que a troca de arquivos de muacutesica pela internet fez com o raacutedio de entretenimento como as pes-soas encarram isso e quais satildeo as apostas das raacutedios para natildeo perderem seus ouvintes e patrocinadores

20-21 - Mate ria Ra dio final prontaindd 120-21 - Mate ria Ra dio final prontaindd 1 82809 115051 AM82809 115051 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Miacutedia bull 21Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

Karina o costume de baixar muacutesica pela internet natildeo a afas-tou do haacutebito de ouvir raacutedio ldquooutro dia ouvi uma muacutesica nova do Tomate ex-vocalista do Rapazolla Corri pra casa procurei o arquivo para down-load e depois gravei num CD para ouvir com as amigas no caminho pra baladardquo conta ldquoA maior graccedila do raacutedio que sem-pre tive o costume de ouvir eacute a companhia que faz Parece que natildeo estou sozinha no carro enquanto ouccedilo E me divirto com as esquetes de humor que tecircm por aiacuterdquo diz

Essa parece mesmo ser a nova vocaccedilatildeo do raacutedio como destaca o locutor e produtor Gleyson Lage da 98 FM de Belo Horizonte ndash primeira emissora a operar em frequumlecircncia modu-lada na Ameacuterica Latina ldquoAleacutem das promoccedilotildees e do aumento das formas de interatividade o humor eacute uma forma de fi de-lizar o ouvinte de perfi l mais passivo que tem menos dispo-nibilidade ou motivaccedilatildeo para manter contato por telefone ou e-mailrdquo Apostando nisso a 98 FM ndash cuja programaccedilatildeo eacute 100 local ndash conta com trecircs progra-mas de cunho humoriacutestico para enfrentar a concorrecircncia Os Manos Silicone Show e Graffi ti auto-intitulado o pior programa de raacutedio do Brasil

Para o locutor publicitaacuterio Tovar Luiz 43 o FM nasceu engraccedilado ldquoo grande barato das raacutedios FM desde a sua popu-larizaccedilatildeo no iniacutecio dos anos de 1980 foi o seu perfi l descontra-iacutedo A locuccedilatildeo nessas emisso-ras sempre foi bem mais aacutegil e despojada O hoje apresentador de TV Ceacutesar Filho por exemplo comeccedilou a carreira no raacutedio e

fi cou famoso pelo bordatildeo lsquobeijo pra vocecirc feiarsquo Natildeo era ofensa era pra fazer o ouvinte rir O FM foi uma revoluccedilatildeo em termos de lin-guagemrdquo lembra E ele parece ter razatildeo O programa Pacircnico um dos maiores fenocircmenos televi-sivos dos uacuteltimos tempos eacute deri-vado de um programa de raacutedio da rede Jovem Pan 2 de Satildeo Paulo comandado pelo locutor Emiacutelio Surita Seguindo o fl uxo as demais redes destinadas ao puacuteblico jovem tambeacutem investi-ram na programaccedilatildeo que faz rir E a partir das redes as emissoras locais que fazem concorrecircncia agraves afi liadas tambeacutem acompanham a tendecircncia para natildeo perder seu espaccedilo no mercado

Falando neleExistem hoje 23 FMs no dial

de Belo Horizonte Pelo menos quatro delas satildeo dedicadas aos jovens Jovem Pan 2 (991) Mix FM (917) 98FM (983) e Oi FM (939) Destas somente a 98FM natildeo eacute afi liada de uma grande rede Haacute trecircs anos em atividade na emissora Gleyson Lage confi rma a reduccedilatildeo no nuacutemero de vagas aos profi ssio-nais da aacuterea ldquonuma raacutedio local satildeo necessaacuterios 20 funcionaacuterios para produzir toda uma grade enquanto numa afi liada jun-tando a programaccedilatildeo execu-tada pelo sateacutelite com aquela gerada pela automaccedilatildeo da transmissatildeo apenas cinco datildeo

conta do recado para o tempo destinado agrave grade local Eacute com-plicadordquo conta

No entanto ele vecirc a partici-paccedilatildeo das redes de raacutedio como positiva no que se refere agrave qua-lidade ldquoquando uma rede tem um bom conteuacutedo ndash boa plaacutes-tica bons locutores bons tex-tos ndash ela acaba por estimular as emissoras locais a manterem o mesmo niacutevel Haacute um ganho em criatividade que poderia natildeo existir se todo o conteuacutedo fosse localrdquo acredita

Enquanto isso os ouvintes se queixam da repeticcedilatildeo nas grades musicais ldquochega a ser engraccedilado Estava ouvindo uma muacutesica numa determinada

raacutedio Quando acabou troquei para a estaccedilatildeo seguinte e estava tocando a mesma muacutesica Acho que como todos os meios de comunicaccedilatildeo as raacutedios precisam abrir o leque de opccedilotildeesrdquo opina Karina Zandona estagiaacuteria de pesquisa de mercado 22

Karina completa ldquoateacute a Rede Globo tem inovado na inserccedilatildeo de muacutesicas de artistas desconhecidos do grande puacuteblico como trilha das suas produccedilotildees (como foi o caso do cantor Beirut presente na trilha sonora da minisseacuterie Capitu exibida em janeiro de 2009) O raacutedio podia acompanhar essa tendecircnciardquo sugere

Com a digitalizaccedilatildeo da muacutesica o sonoplasta sai de cena eacute o locutor quem faz tudo

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O Ponto

Editor e diagramador da paacuteginaLira Faacutevilla e Felipe Barbosa 6ordm periacuteodo

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

22 bull Cultura

CLAUDIA LAPOUBLE

6ordmPERIacuteODO

ldquoO processo pelo qual se arma-zenam informaccedilotildees no disco de vinil feito de PVC material derivado do petroacuteleo consiste em imprimir nele ranhuras ou ldquoriscosrdquo cujas formas tanto em profundidade como abertura mantecircm correspondecircncia com a informaccedilatildeo que se deseja arma-zenar Essas ranhuras visiacuteveis no disco a olho nu satildeo feitas no disco matriz com um estilete no momento da gravaccedilatildeo Esse esti-lete eacute movido pela accedilatildeo da forccedila magneacutetica que age sobre eletro-iacutematildes que estatildeo acoplados a elerdquo (in Leituras de Fiacutesica GREF- Departamento de fiacutesica da USP SP2005)

Eacute assim que a muacutesica se ldquoimprimerdquo no plaacutestico que depois ao ser arranhado pela agulha libertaraacute novamente os sons no ar Para os apaixonados por vinil o ritual de tirar o disco da estante limpaacute-lo colocaacute-lo no toca discos posicionar a agu-lha delicadamente sobre ele tomando todo o cuidado para natildeo arranhaacute-lo e repetir todo esse processo na hora de virar o disco para ouvir o lado b signi-fi ca uma relaccedilatildeo mais proacutexima com a muacutesica Era preciso dedi-car tempo a escutar o disco Mais do que uma miacutedia de armazena-mento analoacutegico do som o disco de vinil eacute um objeto de arte e uma peccedila que daacute materialidade agrave muacutesica

Dados da Associaccedilatildeo de Gra-vadoras da Ameacuterica (Record Industry Association of Aeme-rica) mostram que as vendas de LPs aumentaram em quase 130 entre os anos de 2007 e 2008 De acordo com o informe anual divulgado pelo oacutergatildeo ldquoo vinil continua sua ascensatildeo As vendas nesse formato somaram

US$57 milhotildees e vem mais do que duplicando ano apoacutes anordquo Ainda segundo o documento ldquotrata-se do produto preferido por audiofi los e colecionadores e o aumento nas vendas se deve tanto agrave re-gravaccedilatildeo de mate-rial de cataacutelogo quanto a novos lanccedilamentosrdquo

Com os nuacutemeros da induacutes-tria apontando para uma queda nas vendas de CDs e em tempos em que se fala em livre acesso agrave muacutesica atraveacutes da internet o vinil se apresenta como uma saiacuteda para quem ainda gosta da muacutesica palpaacutevel apreciaacute-la com todos os sentidos inclusive o tato

Um Brasil em vinil ldquoContar a histoacuteria do Brasil

atraveacutes da muacutesica guardando um exemplar de tudo o que foi gravado em vinil no paiacutesrdquo esse era o objetivo de Edu Pampani 46 quando em 2005 fundou a Discoteca Puacuteblica o primeiro espaccedilo dedicado agrave memoacuteria musical brasileira do paiacutes

Apaixonado por muacutesica e claro pelos discos de vinil Pam-pani conta que a ideacuteia da Dis-coteca nasceu quando ele ainda morava na Bahia e tinha uma loja de discos Segundo ele quando o Compact Disc (CD) comeccedilou a se popularizar na deacutecada de 90 as pessoas o procuravam para trocar seus LPs por CDs

O espaccedilo tem hoje um acervo de cerca de 12 mil peccedilas que contam a historia do Brasil pelos sulcos no plaacutestico PVC Eacute possiacute-vel ouvir por exemplo gravaccedilotildees de jogos de futebol ou vinhetas de programas de raacutedio dos anos 50 aleacutem de claacutessicos da muacutesica popular brasileira em gravaccedilotildees originais Com todas essas rari-dades Pampani garante natildeo ter nenhum disco favorito ldquosempre me perguntam Edu qual eacute o disco mais raro que vocecirc tem

e eu respondo raro eacute ter todos eles juntosrdquo

De volta ao plaacutesticoApesar de natildeo ser a miacutedia mais

utilizada pelo grande puacuteblico o disco de vinil tem um puacuteblico fi el principalmente entre os DJs que segundo Pampani ldquoprocuram sempre coisa nova se ele quer tocar Jorge Bem por exemplo ele vai procurar aquela muacutesica que ningueacutem lembra mais que ele gravou Esse pes-soal tem que fi car garimpando semprerdquo

O DJ e fundador do selo Vinyl Land Luiz Valente ou DJ Luiz PF eacute um desses garimpeiros de sebos Ele conta que sua paixatildeo pelos LPs nasceu quando ele mesmo selecionava as muacutesi-cas que iriam compor o som ambiente de seu bar o ldquoLugarrdquo Em 2003 Luiz sentiu que pode-ria abrir espaccedilo para DJs que pesquisavam e procuravam por muacutesicas que fugiam do lugar comum ldquoeu fui fazendo festas por um tempo chamando DJs que discotecavam com vinil pra ser um contra ponto a essa outra galerardquo conta

Radicado em Londres desde 2006 Luiz conta que ao chegar agrave Europa percebeu que diferente do que acontecia no Brasil ldquolaacute o negoacutecio natildeo tinha acabado nada se achava tudo pra com-prar coisas novas a galera atual todo mundo lanccedilava era uma coisa de canto de loja mas fun-cionando vendendordquo Na capital inglesa o DJ trabalhou na grava-dora Whatmusiccom que aleacutem de CDs lanccedilava tambeacutem traba-lhos em vinil

A paixatildeo pela ldquocultura de acetatordquo e o trabalho como DJ foram o incentivo para que Luiz fundasse em 2008 a Vinyl Land selo que vem com a proposta de lanccedilar muacutesicos que se interes-sem em gravar em vinil Segundo

ele o selo nasceu de sua proacutepria necessidade como DJ ldquoeu

jaacute discotecava com vinil e fui achando bandas

novas que queria tocar mas natildeo tinha como porque eram de uma eacutepoca em que natildeo tinha mais vinil ai eu pensei jaacute que natildeo tem eu faccedilo

e comecei a procurar contatos e tentar orga-

nizar o selordquo Com apenas um ano

no mercado a Vinyl Land

jaacute lanccedilou trecircs discos dentre

eles um compacto simples do Autoramas

Novas marcas no PVCFoi pela Vinyl Land que a

banda Th e Dead Lovers Twisted Heart que nunca havia lanccedilado seu trabalho comercialmente lanccedilou seu primeiro EP O com-pacto auto-intitulado traz cinco muacutesicas antes disponiacuteveis para download na internet O disco prensado na Alemanha teve tiragem limitada de 200 coacutepias

Com infl uecircncias que vatildeo de Odair Joseacute e Roberto Carlos ateacute Franz Ferdinand e Jack White passando pela literatura de Mark Twain (o grupo tem uma muacutesica em homenagem a Huck-leberry Finn personagem do autor americano) e os cartunis-tas Laerte e Angeli a banda for-mada por Ivan (guitarra e vocal)

Guto (guitarra) Paty (bateria) e

Velvs (baixo) jaacute era conhecida dos frequumlentadores de casas de shows de Belo Horizonte antes de lanccedilar seu EP

Segundo Ivan a ideacuteia de ter seu primeiro trabalho gravado em vinil casou muito bem com a banda ldquoa gente ainda natildeo tinha lanccedilado um disco propriamente dito e hoje o suporte fiacutesico eacute cada vez menos importante porque na verdade a muacutesica vocecirc acha em qualquer lugar e um disco um CD na verdade natildeo faz mais tanto sentido E nossa ideia era que jaacute que vocecirc vai comprar um objeto o vinil eacute um objeto muito mais legal tanto esteticamente quanto no manusear fora que tem toda essa coisa da retomada e eacute uma boa proposta que tem tudo a ver com a bandardquo afi rma o muacutesico provando que o velho vinil estaacute mais novo que nunca

O novos sonsdo velho vinil

Com a popularizaccedilatildeo dos sites de divulagaccedilatildeo de muacutesica na internet o vinil retorna como alternativa interessante para novos muacutesicos e ouvintes

Dj Luiz PF fundador do selo Vinyl Land

Os diferentes formatos do vinil-LP abreviatura do inglecircs Long Play ou ldquo12 polegadasrdquo Disco com 31 cm de diametro com capacidade normal de cerca de 20 minutos por lado O formato LP era utilizado usualmente para a comercializaccedilatildeo de aacutelbuns completos-EP abreviatura do inglecircs Extended Play Disco com 17 cm de diametro e capacidade de cerca de 8 minutos por lado continha em torno de quatro faixas -Single ou compacto simples abreviatura de Single Play ldquo7 polegadasrdquo ou compacto simples Disco com 17 cm de diametro e capacidade normal de 4 minutos por lado O single era geralmente empregado para a difusatildeo das muacutesicas de trabalho de um aacutelbum completo a ser posteriormente lanccedilado -Maacutexi abreviatura do inglecircs Maxi Single Disco com 31 cm de diametro sua capacidade era de cerca de 12 minutos por lado

Arq

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The Dead loverrsquos Twisted Heart Pati Vels Guto e Ivan

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Culturabull 23Editor e diagramador da paacutegina Baacuterbara Rodrigues 8ordm periacuteodo

Festival Internacional de Corais homenageia

BAacuteRBARA RODRIGUES 8ordm PERIacuteODO

A seacutetima ediccedilatildeo do Festival Interna-cional de Corais ndash FIC acontece de 18 a 27 de setembro de 2009 e teraacute como tema a vida e obra de Villa-Lobos con-siderado o maior compositor das Ameacute-ricas Seratildeo cerca de 300 apresenta-ccedilotildees de 120 corais de todo o Brasil e do exterior que percorreratildeo 12 cidades de Minas Gerais

O festival realizado pela Universi-dade FUMEC tem o intuito de popula-

rizar os corais e grupos vocais amadores e profissionais e evidenciar atividades culturais de empresas instituiccedilotildees de ensino comunidades associaccedilotildees e fundaccedilotildees com apresentaccedilotildees de corais e shows de artistas nacionais sempre com a bandeira da muacutesica brasileira agrave frente

Regidos pelo Maestro Lindomar Gomes produtor cultural e coordena-dor do FIC os 30 integrantes do coral da FUMEC seratildeo um dos grupos a se apresentar ldquoNosso coral sempre parti-cipou de festivais seguindo a maacutexima de Fernando Brant de que lsquotodo artista

tem de ir aonde o povo estaacutersquo A cada ano o FIC escolhe um tema que traduza a identidade musical brasileira Este ano celebraremos os 50 anos de morte de Villa-Lobos responsaacutevel por implantar o canto coral no paiacutes na deacutecada de 1930 e o muacutesico que mais cantou as belezas nacionaisrdquo enfatiza

Em cada ediccedilatildeo do festival os com-positores Leonardo Cunha e Fernando Brant satildeo responsaacuteveis pela muacutesica-tema que ao final do evento eacute cantada por todos os corais A composiccedilatildeo deste ano ganhou o nome de ldquoMestre Villardquo exultando o que de mais haacute de caracte-

riacutestico na vida e obra do mestre Durante todo o festival alguns locais

da cidade como o Palaacutecio das Artes Sesc Laces JK e a aacuterea de convivecircn-cia da FUMEC receberatildeo exposiccedilotildees de fotos textos e trilhas sonoras do acervo do Museu Villa-Lobos no Rio de Janeiro A banda mineira 14 Bis e o muacutesico Renato Teixeira fazem shows no interior de Minas e no dia 27 no Parque Municipal encontro de todos os corais participantes marcaraacute o fechamento do evento onde mais de mil vozes se uni-ratildeo para cantar os temas do maestro homenageado

O maestro e coordenador do FIC Lindomar Gomes e os integrantes do Coral da Fumec

Mestre Villa daacute o tom dentro e fora do paiacutesO carioca Heitor Villa-Lobos

foi responsaacutevel por universa-lizar a muacutesica nacional acres-centando em grande parte de suas mil obras a sonoridade da fauna brasileira de tribos indiacute-genas e africanas aleacutem de refe-recircncias de cantigas do choro e do samba

Na defi niccedilatildeo do maestro Lindomar Gomes a impor-tacircncia de Heitor Villa-Lobos estaacute no fato de ele ldquodecifrar a alma brasileira e colocaacute-la em muacutesicardquo Devido agraves homena-gens ao compositor nas prin-cipais capitais do Brasil e do

mundo Gomes natildeo eacute o uacutenico a pensar assim

Peccedilas de Villa-Lobos fazem parte das temporadas da Filar-mocircnica de Belo Horizonte da Orquestra Sinfocircnica do Teatro Nacional Claacuteudio Santoro em Brasiacutelia da Sinfocircnica Munici-pal de Campinas e da Orques-tra Sinfocircnica Brasileira do Rio

Internacional Em janeiro o maestro John

Neschling regeu a Filarmocircnica de Varsoacutevia na Polocircnia com os ldquoChoros n 6rdquo A soprano Adriane Queiroz cantou as ldquoBachianas

Brasileiras nordm 5rdquo em Berlim e o regente da OSB do Rio Roberto Minczuk esteve no Japatildeo em agosto para apresentar as ldquoBachianas Brasileirasrdquo

Ainda este ano deve chegar agraves livrarias o ldquoFolha Explica Villa-Lobosrdquo da Publifolha do violonista Faacutebio Zanon que em entrevista ao jornal Folha de Satildeo Paulo afi rmou ldquoO uni-verso sonoro de Villa-Lobos eacute uma coisa arrasadora Nossa ideia de Brasil seria muito mais pobre sem a leitura efetuada por Villa-Lobos de nosso patri-mocircnio musicalrdquo

Programaccedilatildeo completa e outras informaccedilotildees sobre FIC 2009 wwwfestivaldecoraiscombr

Foto

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Foto divulgaccedilatildeo

O compositor e maestro Villa-Lobos cuja obra eacute reconhecida e celebrada internacionalmente

23 - festivaldecoraisindd 123 - festivaldecoraisindd 1 82809 115113 AM82809 115113 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

24 bull Cultura Editor e diagramador da paacutegina Amanda Lelis 6ordm periodo

COLCHAde retalhos

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talh

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Magia

Escrevo uma letra

e jaacute natildeo estou no mesmo lugar

Pedro Cunha Instrumento de cordas vocais tocado pela alma

a palavra na garganta que vira muacutesica

o som da orquestra do coraccedilatildeo

dos gagos e desafi nados

aos cegos de paixatildeo

VozBaacuterbara Rodrigues

Natildeo sei bem o que eacute

Se eacute invenccedilatildeo

Se eacute na verdade a mais pura verdade

Se sou eu tentando fugir

Se sou eu tentando apagar

Natildeo encarar o que estaacute acontecendo

Esquecer a minha confusatildeo

De querer sem conhecer

De te amar sem te encontrar

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Queria esquecer

E perdoar entatildeo

Voltar na decisatildeo

Para minha vida rotineira

Que eu levei a vida inteira

O meu sufoco e os seus gritos

Meu confortaacutevel desespero

Minha mania de querer ser mais para mundo

Do que o mundo eacute para mim

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Confortaacutevel DesesperoPaula Macintyre

Preso agrave falta de sono procurando ver

Atraveacutes da luz de um trago num bastatildeo de morte

Talvez com sorte entatildeo eu possa crer

Que os dias se passaram mas o amor fi cou

Mesmo sonhando acordado algo ainda restou

De tardes tatildeo bonitas

Em que o brilho dos teus olhos eu pude enxergar

Os teus negros cabelos quero entatildeo tocar

apesar de estares tatildeo afl ita

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia

que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Por mais que em outras camas eu possa deitar

que braccedilos e abraccedilos venham me afagar

O brilho dos teus olhos ainda me ilumina

por vaacuterias ruas sujas que eu tentei fugir

estenderia um tapete pra vocecirc entrar

sentado vago na varanda escura a esperar

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Mas eu mudaria tudo isso pra te ter aqui

comigo ao meu lado todo dia a me fazer sorrir

Para ouvir a muacutesica wwwmyspacecombandatravessia

DuetoAlvaro Castro

Do entendimento tardio de se assistir a uma passagem de som

Cracke se quebra o silecircncio a voz dos barulhos instrumentais

cala todos os outros sons do silecircncio Antes de ser melodiosos

os sons comeccedilam desencontrados como tateando no escuro

dos ritmos tentando se encontrar e dar as matildeos para soacute assim

iniciar seu dialogo-danccedila em brincadeiras harmoniosas que

encantam e enfeiticcedilam Na sutileza dos tons na alegria de fazer

barulhos musicais modifi cam a muacutesica mil vezes re-arranjada

ajeitam afi nam se enfeitam

e a muacutesica fi nalmente sai Perfeita

AntesClaudia Lapouble

Sssshhiiii

silecircnciosopro suspiro sussurro

sublime submerso submarino submundo

some sobe segue sangue sinistro

sem focirclegosufoco

SClaudia Lapouble

A canccedilatildeo natildeo paacutera O berimbau controla o medo que corre

nas ruas vindo daqueles que natildeo se deixaram dissolver pela

aacutegua trazida com a chuva Na cidade escorre toda a calmaria

e a melodia se arrasta molhando o chatildeo Enquanto o ceacuteu se

desmancha aos poucos sobre a rua deserta eles cantam Voz

para um canto que veio aveludar meus ouvidos acalentar

clamoroso de uma vida inteira e fosse essa noite a vida

inteira fez-se a noite lembranccedila da cantiga que me converteu

inteira Pandeiro Meacutedio Viola e a chuva que ritmava a

cantoria O breu e noacutes no breu O escuro arrasta o invisiacutevel

para dentro da cidade que chora para dentro dos meus olhos

que fi tam atentos os olhos deles que me encantam Hora um

hora outro me arrasta em companhia agrave suas vozes As gotas

respondem ao coro num canto suave o pandeiro acompanha

o berimbau e o repique respinga umas gotas tontas de

musicalidade goteja um som que sobrevoa a superfiacutecie

Sobre o invisiacutevelAmanda Lelis

Gabriel Guedes e violino em show na Praccedila da Liberdade

O som da alma se apresenta em desejo e verso livre

na terccedila indecente suave

no violino do seus sonhos em coro cresce a quarta corda

dissonante

eacute a Musica

No canto viacutevido em tom sincero e leve expande

compaixatildeo as notas graves

fi delidade ao escrever a voz da alma sobre arpejos

inconstantes

eacute a Musica

MuacutesicaPedro Gontijo e

Bernardo Gontijo

Te aperto contra o peito

te penduro nas costas

no churrasco passa de matildeo em matildeo

e ainda assim me faz companhia

nas noites de solidatildeo

Ode ao violatildeoBaacuterbara Rodrigues

Ajude a costurar nossa colcha balaioretalhosgmailcom

24 - Colcha de retalhos corrigidoindd 124 - Colcha de retalhos corrigidoindd 1 82809 115124 AM82809 115124 AM

Page 4: Jornal O Ponto - agosto 2009

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

4 bull Cidades Editoras e diagramadoras da paacutegina Renata Valentim e Roberta Andrade 6ordm periacuteodo

Viaduto das Almas perto do fi mApoacutes 52 anos o viaduto que foi cenaacuterio de diversos acidentes seraacute substituiacutedo por um novo em linha reta

AMANDA LELIS

6ordm PERIcircODO

ldquoEu ainda era crianccedila quando soube que Juscelino viria ateacute aqui Descemos eu e meu pai andando ateacute o viaduto porque natildeo tiacutenhamos carro nem cavalo naquele tempo as coisas eram um pouco mais difiacuteceis Tinha tanta gente que natildeo conseguimos nos aproximar entatildeo subi-mos num barranco e sentados laacute assis-timos a cerimocircnia Eacute a uacutenica lembranccedila bonita que tenho desse lugar Sua inau-guraccedilatildeo foi um sucessordquo narra Ilda

Ilda Marques 60 anos Eacute o iniacutecio da histoacuteria do Viaduto Vila Rica Com uma inauguraccedilatildeo pomposa feita por Juscelino Kubitschek no dia primeiro de fevereiro de 1957 o Viaduto das Almas como eacute mais conhecido seria a primeira estrada pavi-mentada do governo de JK responsaacutevel pela ligaccedilatildeo da capital mineira com o Rio de Janeiro ateacute entatildeo capital federal A respon-saacutevel pela obra foi a Construtora Rabello Ltda e o projetista foi o engenheiro Sergio Marques de Souza Junto agrave inauguraccedilatildeo do viaduto foi tambeacutem entregue uma praccedila cercada por um jardim onde seria o local de parada dos viajantes que atualmente foi abandonada e deteriorada com o tempo

O Viaduto Vila Rica estaacute localizado entre Itabirito e Congonhas no km 592 da BR-040 a cerca de 55 quilocircmetros de Belo Horizonte

Ao longo dos anos o local deixou de ser um emblema de progresso para se converter num caminho de trageacutedias O viaduto apesar de muito moderno na eacutepoca foi construiacutedo em curva com ape-nas duas pistas sem acostamento ndash aleacutem de ter o tempo como agravante de dete-riorizaccedilatildeo o que incidiu em um nuacutemero maior de acidentes

A borracharia localizada proacutexima ao viaduto eacute a principal parada dos que passam por imprevistos sobre o viadutoSegundo Geraldo Augusto borracheiro que trabalha ali haacute 15 anos esse tipo de acontecimento eacute mais comum do que parece ldquoMuitos ocircnibus atravessam o via-duto com problemas no carro algumas vezes eacute coisas simples como algum pneu furado e vecircm pra caacute

Maacuterio Sales caminhoneiro haacute 25 anos disse que o percurso que faz para suas entregas passa sempre pelo Viaduto das Almas e jaacute presenciou uma quantidade grande de acidentes ldquodesastres por aqui natildeo tem nuacutemero Acontece todo dia um novo acidente Noacutes motoristas de caminhatildeo somos muito discriminados mas somos com-panheiros com os que tambeacutem andam por essas estradas somos os primeiros a dar socorro a quem precisa Haacute algum tempo socorri uma estudante de Juiz de Fora proacuteximo a esse viaduto mas ela natildeo sobreviveurdquo lembra

De acordo com dados do Sindicato Uniatildeo Brasil Caminhoneiros ndash SUBC ndash ateacute 2004 cerca de 200 mortes teriam aconte-cido no local Um dos acidentes mais traacute-gicos sempre lembrado por aqueles que fazem o percurso aconteceu em 1967 foi um dos primeiros desastres no local Um ocircnibus da Viaccedilatildeo Cometa natildeo conseguiu atravessar o viaduto e acabou caindo deixando 14 mortos

Mas em 2010 essa histoacuteria poderaacute se modifi car Em 2007 foram iniciadas as obras para a construccedilatildeo do novo viaduto que substituiraacute o Viaduto das Almas A construccedilatildeo estaacute em fase fi nal e a preten-satildeo eacute de que a obra seja inaugurada em junho do proacuteximo ano Durante as obras os operaacuterios presenciaram acidentes no outro pontilhatildeo como conta Darcio Men-des motorista que trabalha na constru-ccedilatildeo ldquono fi nal de 2008 presenciei um dos acidentes mais traacutegicos que me lembro O motorista de um caminhatildeo carregado perdeu o controle e bateu na Toyota que estava na sua frente Ouvimos o barulho do choque dos carros daqui da obra e fomos correndo prestar socorro Os dois carros caiacuteram do viaduto O motorista do caminhatildeo e sua mulher que estava com ele foram lanccedilados Ela foi socorrida com vida mas ele e o outro motorista natildeo resistiramrdquo

Helio Damas fi scal de Obras de Artes Especiais foi contratado pela Enecom

empresa responsaacutevel pelo projeto e fi s-calizaccedilatildeo das obras do novo viaduto Segundo Damas o novo projeto prevecirc a reduccedilatildeo das curvas que eram agravan-tes na ocorrecircncia das trageacutedias O novo viaduto possui 460 metros de extensatildeo cerca de 52 metros de altura ndash um dos pilares de sustentaccedilatildeo possui 70 metros ndash 21 metros de largura e o que apostam ser a caracteriacutestica fundamental da constru-ccedilatildeo e que eacute oposta ao antigo este viaduto seraacute em linha reta e deveraacute diminuir um pouco do percurso dos viajantes

Para a primeira parte das obras a construccedilatildeo do viaduto foram disponi-bilizados cerca de 30 milhotildees de reais e a etapa foi concluiacuteda em 24 meses Atu-almente existe a espera da conclusatildeo da estrada que leva ao novo viaduto Essa que compotildee a segunda parte das obras fi cou a cargo da Construtora Brasil

De acordo com Joseacute Eduardo Soares engenheiro da Enecom responsaacutevel pela obra o novo pontilhatildeo foi construiacutedo com dois viadutos um no sentido BH-Rio e outro no sentido Rio-BH com espa-ccedilamento de trecircs metros entre eles Cada viaduto tem duas pistas mais o acos-tamento Como medida de seguranccedila foram feitas as chamadas ldquobarreiras New Jerseyrdquo feitas de concreto Elas forccedilam o carro a voltar para a pista em caso de colisatildeo evitando que o veiacuteculo aciden-tado caia do viaduto

Fotos Pedro Gontijo 5ordm G

Viaduto das Almas pouco depois de sua inauguraccedilatildeo em 1957 e agora com 52 anos exige uma estrutura melhor para aguentar o fl uxo atual de veiacuteculos

Arquivo Enecom

04-05 - VIADUTO DAS ALMASindd 104-05 - VIADUTO DAS ALMASindd 1 82809 114916 AM82809 114916 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Cidades bull 5Editoras e diagramadoras da paacutegina Renata Valentim e Roberta Andrade 6ordm periacuteodo

Ao contraacuterio do que a maioria das pessoas pode ima-ginar o nome caracteriacutestico do viaduto natildeo eacute devido aos acidentes e sim por causa do coacuterrego que passa por baixo dele afl uente do Rio das Velhas o Monjolo que era conhecido popularmente como Coacuterrego das Almas As pessoas que moravam perto dali diziam ver almas rondando por cima da aacutegua durante as noites

Ao ser inaugurado na antiga BR3 o viaduto foi bati-zado como Viaduto das Almas e soacute teve seu nome tro-cado em 1970 De acordo com moradores da regiatildeo a mudanccedila ocorreu para acabar com o ldquoazarrdquo que o nome trazia ao pontilhatildeo As lendas natildeo deixaram de fazer parte do imaginaacuterio da populaccedilatildeo local e ainda hoje ouve-se muitas histoacuterias

Ilda Marques trabalha no ldquoRestaurante da Celinhardquo proacuteximo ao viaduto ldquoFui nascida e criada aqui ao redor desse viaduto Me lembro de muita histoacuteria traacutegica Alguns andarilhos dormem debaixo do viaduto e um

deles passou a dormir em frente ao restaurante porque disse ter acordado em uma noite com uma visatildeo Eram pessoas caminhando com velas e cruzes nas matildeos depois disso ele nunca mais fi cou por laacuterdquo

Dona Maria Madalena tem 59 anos e haacute 32 mora numa casa proacutexima ao viaduto Ela contou das histoacute-rias que ouve sobre o lugar ldquotem um caminhoneiro que morreu ali o caminhatildeo despencou laacute de cima e ele fi cou preso entre as ferragens Dizem que ele volta no horaacuterio certinho que aconteceu o acidente e fi ca rodando por laacute pedindo ajuda Essa eu sei que eacute ver-dade porque todo mundo fala e uma vez quem contou foi um amigo meu o senhor que mora aqui perto ele viu esse homem Mas eu graccedilas a Deus nunca vi nadardquo acredita

Luiz Carlos do Vale tem 65 anos e trabalha como motorista de caminhatildeo haacute 14 Ele relatou que sua maior difi culdade nas estradas e principalmente no

viaduto eacute com os outros motoristas ldquoDentro dessas estradas passamos por muitas experiecircncias o viaduto jaacute estaacute todo atrapalhado por causa do tempo eacute pre-ciso respeito para dirigir eacute preciso pensar nos outros que tambeacutem estatildeo dirigindo Eu mesmo jaacute me assustei vaacuterias vezes Durante a travessia do viaduto me corta-ram uma vez um perigordquo

A antiga estrutura construiacuteda em concreto foi capaz de suportar meio seacuteculo O Viaduto Vila Rica que natildeo foi planejado para aguumlentar o fl uxo contiacutenuo de carros e caminhotildees que hoje passam por ele resistiu por todo esse tempo Ainda com a criaccedilatildeo do novo viaduto os casos e contos sobre ele permanecem rondando os ares do local Alguns moradores defendem a criaccedilatildeo de um monumento para preservar o viaduto e suas histoacuterias Mas o monumento em sua homenagem jaacute foi criado no decorrer do tempo sua histoacuteria eacute contada ndash e per-petuada ndash de boca em boca

Do coacuterrego ao viaduto

O caminhoneiro Luiz Carlos do Vale reclama da falta de respeito dos outros motoristas

Maria Madalena relatou histoacuterias frequentes sobre o Viaduto das Almas no imaginaacuterio popular

Operaacuterios trabalhando na construccedilatildeo do novo viaduto que teraacute 450m de extensatildeo 52m de altura pista dupla e acostamento aleacutem de ser em linha reta

Foto Amanda Lelis 6ordm G

04-05 - VIADUTO DAS ALMASindd 204-05 - VIADUTO DAS ALMASindd 2 82809 114918 AM82809 114918 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de Agosto de 2009

6 bull Cidades Editor e diagramador da paacutegina Nathaacutelia Drumond 6ordm periacuteodo

Poliacuteticas de controle ao fumo elevam impostos do cigarro e restringem consumo em locais coletivos

NATHAacuteLIA DRUMOND

JAIME HOSKEN

GABRIEL VIEIRA

5ordm E 6ordm PERIacuteODOS

As doenccedilas relacionadas ao fumo correspondem agrave princi-pal causa de mortes em todo o mundo apresentando incidecircncia maior ateacute mesmo que a AIDS e a tuberculose Segundo o Minis-teacuterio da Sauacutede ainda assim no Brasil existem aproximada-mente 30 milhotildees de fumantes e oito pessoas morrem a cada hora em decorrecircncia de complicaccedilotildees provocadas pelo tabaco As esta-tiacutesticas alarmantes e as evidecircn-cias de que os danos do cigarro natildeo se limitam aos fumantes ndash a exposiccedilatildeo agrave fumaccedila aumenta em cerca de 30 as chances de um fumante passivo desenvol-ver cacircncer de pulmatildeo ndash fi zeram com que o governo fortalecesse as poliacuteticas de controle ao taba-gismo e adotasse medidas mais rigorosas nos uacuteltimos meses

Na deacutecada de 70 as autorida-des de sauacutede jaacute alertavam para a necessidade de se realizar o con-trole do tabaco no Brasil mas o governo soacute comeccedilou a se preo-cupar nos anos 90 quando fi ca-ram mais claras as evidecircncias da gravidade das doenccedilas liga-das ao uso do cigarro Em 1996 foi criada a Lei Federal 9294 de autoria do entatildeo deputado fede-ral Elias Murad (PSDB-MG) que proibiu o fumo em ambientes fechados em todo o paiacutes A falta de fi scalizaccedilatildeo fez com que a lei natildeo saiacutesse da teoria mas repre-sentasse de qualquer forma o iniacutecio de uma discussatildeo que passaria a ocupar cada vez mais espaccedilo na vida dos brasileiros A partir de entatildeo houve vaacuterias tentativas de se reduzir o con-sumo do tabaco no Brasil

Em 2000 para desestimular e tirar o glamour da droga frente aos jovens o governo proibiu a veiculaccedilatildeo de propagandas de cigarros A lei foi sancio-nada apesar da forte pressatildeo da induacutestria tabagista que alegava que a medida infrigia os direitos de livre comeacutercio e de liberdade de expressatildeo e por isso eram inconstitucionais

Em 2001 foi a vez das doen-ccedilas causadas pelo tabagismo passarem a estampar os maccedilos de cigarro no paiacutes As imagens chocantes foram percebidas em princiacutepio com estranheza mas logo passaram de men-sagens inibidoras a motivo de chacota por parte dos fumantes Recentemente novas imagens mais fortes comeccedilaram a ser veiculadas nos maccedilos

Diante de tantas accedilotildees mas com resultados pouco satisfa-toacuterios neste ano o governo pas-sou a adotar uma postura mais rigorosa em relaccedilatildeo ao assunto Aleacutem do aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do PISCofi ns do cigarro no fi nal de marccedilo ndash o total da tri-butaccedilatildeo passou de 58 para 65 ndash os estados de Satildeo Paulo Rio de Janeiro e Minas Gerais cria-ram projetos de lei que proiacutebem o fumo em locais puacuteblicos As recentes medidas foram adota-das de acordo com recomenda-ccedilotildees do Programa Nacional de Controle do Tabagismo que jul-gam inefi cientes as accedilotildees indi-viduais e apoiam intervenccedilotildees mais abrangentes

ImpostoA elevaccedilatildeo do imposto sobre

o cigarro eacute considerado pelo Programa Nacional de Controle ao Tabagismo como um dos principais instrumentos no con-trole do consumo do produto Preccedilos mais altos para o con-sumidor representam aumento nas taxas de abandono e da dis-suasatildeo dos jovens em relaccedilatildeo ao produto Em informe da Secre-taria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte Deborah Malta coordenadora da aacuterea de doen-ccedilas e agravos natildeo transmissiacuteveis do Ministeacuterio da Sauacutede afi rmou que o principal ponto das medi-das antitabagistas eacute evitar que adolescentes e jovens se viciem na substacircncia

Aleacutem da melhoria da sauacutede da populaccedilatildeo o dinheiro da receita poderia ser melhor investido mas eacute gasto pela sauacutede puacuteblica no tratamento de complica-ccedilotildees causadas pelo tabagismo Segundo dados do Ministeacuterio da

Sauacutede os custos das internaccedilotildees relacionadas ao tabaco somam a quantia de R$11 bilhatildeo o que corresponde a 8 dos gastos hospitalares com adultos acima de 35 anos Com o reajuste do IPI e do PISCofi ns do cigarro o governo espera arrecadar este ano R$ 975 milhotildees e R$ 1540 bilhotildees em 2010

Nesse acircmbito da economia a medida tambeacutem pretende atin-gir os fumantes de classes sociais inferiores e de baixa escolari-dade que de acordo com estu-dos do proacuteprio Programa ten-dem a fumar mais e destinam uma parte signifi cativa da renda mensal agrave compra do produto aumentando a pobreza desses indiviacuteduos e a perda de produti-vidade no caso de enfermidades provocadas pelo tabaco

RigorNo estado de Satildeo Paulo o

governador Joseacute Serra (PSDB) criou um projeto de lei proi-bindo fumar cigarros charutos e similares em ambientes como escolas museus bares restau-rantes e empresas O projeto que elimina os espaccedilos para fumantes em ambientes coleti-vos total ou parcialmente fecha-dos dividiu opiniotildees a respeito dos seus efeitos foi considerado discriminatoacuterio e ateacute mesmo inconstitucional mas apesar das especulaccedilotildees de que seria barrado foi sancionado em sete de maio

Pela nova lei que entrou em vigor no mecircs de agosto o esta-belecimento que natildeo obedecer agraves novas regras deveraacute pagar multa de R$ 792 podendo che-gar a R$3 milhotildees em caso de reincidecircncia As multas natildeo se estendem aos fumantes e se eles natildeo se dispuserem a apagar o cigarro a determinaccedilatildeo eacute a de que se acione a poliacutecia Apesar do rigor da nova lei pesquisa realizada em Satildeo Paulo pelo Datafolha entre os dias cinco e seis de maio mostram que 59 dos fumantes estatildeo de acordo com ela e 86 estatildeo dispostos a respeitaacute-la

Para que a lei natildeo fi que apenas no papel Serra afi r-

mou que aleacutem da instalccedilatildeo de detectores de fumaccedila a fi sca-lizaccedilatildeo seraacute feita por cerca de 500 fi scais da Vigilacircncia Sanitaacute-ria e do Procon Como suporte aos fumantes o governo pau-lista disponibilizaraacute para aque-les que decidirem largar o viacutecio informaccedilotildees sobre o consumo da droga assistecircncia tera-pecircutica e medicamentos para tratamento

A medida estaacute servindo de exemplo para cidades como Rio de Janeiro e Belo Hori-zonte onde projetos de lei semelhantes estatildeo sendo cria-dos mas devido agraves falhas nos textos e agrave oposiccedilatildeo de enti-dades comerciais tiveram pareceres desfavoraacuteveis Em Minas Gerais o projeto de lei da vereadora de Belo Hori-zonte Neusinha Santos (PT) pretende barrar o cigarro em ambientes fechados privados e puacuteblicos corrigindo as falhas da Lei 929496 a falta de rigor na fiscalizaccedilatildeo dos estabe-lecimentos e a instalaccedilatildeo de fumoacutedromos sem a separaccedilatildeo dos demais ambientes

A proposta de Neusinha per-mite a criaccedilatildeo de aacutereas para fumantes desde que elas sejam delimitadas por barreiras fiacutesi-cas e possuam exaustores para impedir que as demais aacutereas ocupadas por natildeo-fumantes sejam contaminadas A inten-ccedilatildeo da vereadora eacute impedir que fumantes prejudiquem a sauacutede de quem natildeo fuma O texto do projeto entretanto foi conside-rado confuso por natildeo explicitar os locais exatos onde se poderia ou natildeo fumar e sua aprovaccedilatildeo foi adiada

Outro impecilho para que a lei seja aprovada em Minas Gerais assim como no Rio de Janeiro eacute a ameaccedila de pedido de inconstitucionalidade por parte da Federaccedilatildeo dos Hoteacuteis Bares e Restaurantes de Minas Ao mesmo tempo que a lei pode trazer melhorias para a qualidade de vida da popula-ccedilatildeo tambeacutem pode signifi car a perda de clientes o que leva os estabelecimentos a se posicio-narem contra

Governo aumenta rigor antitabagista

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O Ponto

Cidades bull 7Belo Horizonte 27 de Agosto de 2009

Editor e diagramador da paacutegina Nathaacutelia Drumond 6ordm periacuteodo

Tanto em Satildeo Paulo onde a lei do Governador Joseacute Serra jaacute foi sancionada quanto em Minas Gerais onde ainda aguarda aprovaccedilatildeo o rigor das propostas para o controle do tabagismo causaram muita polecircmica A proibiccedilatildeo do fumo em ambien-tes coletivos foi vista com maus olhos natildeo soacute pelos fumantes mas tambeacutem por entidades comerciais que questionam o radicalismo das medidas e ale-gam inconstitucionalidade

Do ponto de vista legal segundo o advogado Ney Ceacutesar Azevedo natildeo eacute possiacutevel enxergar onde essas accedilotildees podem ser consideradas inconstitu-cionais pois um direito individual pode sofrer res-triccedilotildees quando afeta outro direito constitucional-mente garantido O artigo 5ordm prevecirc a igualdade de todos perante a lei o artigo 6ordm entretando garante a sauacutede como um direito fundamental para todo cidadatildeo ldquoAssim devemos levar em conta que nesse caso as claacuteusulas constitucionais natildeo satildeo confl itantes mas deve haver um meio termo para garantir que uma natildeo anule a efi caacutecia da outrardquo O advogado reforccedila ainda que a prevalecircncia do direito coletivo deve ser pensada com cuidado para que natildeo haja excessos e arbitrariedades sempre tendo em mente que ldquose a sauacutede puacuteblica eacute importante os fumantes tambeacutem devem ter seus direitos asseguradosrdquo concluiu

Fumante por mais de 30 anos o fotoacutegrafo Alberto Escalda que deixou o viacutecio no uacuteltimo ano declara-se a favor da nova lei Em seu ponto de vista a proibiccedilatildeo eacute necessaacuteria pelo fato de as pessoas natildeo terem bom senso em respeitar o direito dos que natildeo fumam O fotoacutegrafo lembra que no passado as pessoas fumavam em qualquer

ambiente ldquoEra totalmente desagradaacutevel vocecirc pegar um aviatildeo para a Europa por exemplo e as pessoas fumarem durante toda a viagem ao seu ladordquo Alberto no entanto ressalta a importacircncia de um ambiente para os fumantes ldquoTodos os luga-res deveriam ter um fumoacutedromo natildeo haacute como proibir as pessoas de fumarem Todos sabem os malefiacutecios do cigarro e se desejam continuar fumando devem ter a liberdade de fazecirc-lo em um lugar reservadordquo completa

Compartilha da mesma opiniatildeo o jornalista Rogeacuterio Correa ldquoInfelizmente natildeo haacute como tra-tar da educaccedilatildeo apenas com accedilotildees preventivas O Governo poderia acabar com as induacutestrias de cigarro no paiacutes os preccedilos se elevariam e jaacute seria essa uma medida reducionista Mas ele natildeo o faz e nem vai fazer porque natildeo o interessa perder milhotildees em arrecadaccedilatildeordquo acredita

Do outro lado haacute quem afi rme que a nova lei exagera na restriccedilatildeo controlando de forma abu-siva a vida dos fumantes A administradora de empresas Ana Paula Neto acredita que se a proi-biccedilatildeo se restringisse apenas a ambientes fechados seria mais justa e menos excludente ldquoOs fuman-tes em sua maioria tem o bom senso em saber que os outros se incomodam com a fumaccedila e o cheiro de cigarro agrave sua volta Natildeo eacute preciso excluiacute-los de todos os ambientes e passar a trataacute-los como marginais que tecircm que se retirar dos lugares toda vez que desejar fumarrdquo A administradora acredita que haacute lugares em que fumantes e natildeo-fumantes podem conviver em harmonia como em bares e boates abertos onde o consumo do cigarro natildeo deveria ser proibido

Os males que o cigarro pode causar

Polecircmica

Fonte Denise Steiner demartologista prevfumo nucleo de apoio ao fumante da

UNIFESP wwweuqueropararcombr

Em entrevista a O Ponto o vereador de Belo Horizonte Elias Murad autor da Lei 9294 de 1996 que proibiu o fumo em ambientes fechados em todo o paiacutes fez consideraccedilotildees a respeito da impor-tacircncia de medidas mais rigorosas de controle ao tabagismo

O Ponto Apesar de jaacute existirem leis que proiacutebem o fumo em recintos fechados em todo o paiacutes a nova lei sancionada em Satildeo Paulo pelo gover-nador Joseacute Serra proiacutebe inclusive a instalaccedilatildeo de locais para fumantes nos estabelecimentos O que o senhor pensa a respeito dessa lei

Murad Julgo essa lei em SP mais radical do que a que existe em niacutevel nacional Essa teve sua origem num projeto de minha auto-ria enquanto era Deputado Federal Mas ela esta em vigor ainda Eacute uma lei federal que continua em vigor no paiacutes inteiro Portanto a lei de SP veio acrescentar agrave Lei 929496 que jaacute existia Na minha opiniatildeo eacute muito bom que isso aconteccedila pois as multinacionais tabaqueiras natildeo dormem em silecircncio Estatildeo sempre provocando problemas nessa aacuterea para que possam fi car em evidecircncia

Por ser o cigarro uma droga liacutecita a proibiccedilatildeo do fumante em locais puacuteblicos natildeo infrige os seus direitos de ir e vir pre-vistos na constituiccedilatildeo A separaccedilatildeo de aacutereas especiacutefi cas para fumantes e natildeo-fumantes poderia solucionar o problema

Em princiacutepio parece que sim mas se olharmos coletivamente e de maneira ampla verifi camos que a separaccedilatildeo pouco resolve esse problema Na verdade natildeo resolve pois o indiviacuteduo continua a fumar em locais coletivos Em alguns paiacuteses foi adotado esse sistema mas ele natildeo funcionou bem porque o tabagista passivo aquele que absorve a fumaccedila do ambiente impregnado eacute o mais prejudicado Por ser um local puacuteblico coletivo o ambiente deve-ria ser limpo de cigarro Dessa maneira sou favoraacutevel a radicali-zaccedilatildeo das leis contra o tabaco

Em Minas Gerais o projeto de lei da vereadora Neusinha San-

tos se difere do paulista por permitir a criaccedilatildeo de fumoacutedromos separados das demais aacutereas do estabelecimento por barreiras fiacutesicas e equipados com exaustores Mesmo sendo menos radi-cal a proposta foi criticada e barrada Quais foram os motivos

O projeto da vereadora Neusinha Santos chegou a ir a plenaacuterio para votaccedilatildeo em 1deg turno mas durante o processo de discussatildeo foi conscenso a sua retirada para uma melhor adequaccedilatildeo agrave rea-lidade atual - nacional e mundial Eu e mais dois colegas vere-adores apresentamos entatildeo um substitutivo a este projeto nos moldes da recente lei aprovada em Satildeo Paulo colocando assim Belo Horizonte dentro deste contexto

A fi scalizaccedilatildeo dos estabelecimentos eacute o ponto mais vulne-

raacutevel para que as leis contra o cigarro sejam cumpridas Como seria feito o gerenciamento dessas novas leis

Pela lei federal ainda em vigecircncia esta fi scalizaccedilatildeo cabe agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria Municipal Na nova proposta pode-se acio-nar ateacute a poliacutecia para a retirada de fumantes de locais ou se o estabelecimento natildeo estiver cumprindo a lei para sua interdi-ccedilatildeo Portanto a fi scalizaccedilatildeo acaba sendo um instrumento pes-soal do consumidor que se sentir afetado nos seus direitos de viver num ambiente livre de tabaco

Quais seriam os provaacuteveis resultados dessas medidas mais

rigorosas O senhor acredita que haveria reduccedilatildeo no nuacutemero de fumantes

Acredito sim pois jaacute haacute um exemplo no proacuteprio Brasil Antes da apresentaccedilatildeo do meu projeto que levou agrave Lei 929496 o uso era muito grande e havia cerca de 300 mil tabagistas a mais do que atualmente Aconteciam tambeacutem 200 mil mortes por ano em consequecircncias de moleacutestias provocadas pelo tabaco Depois da promulgaccedilatildeo da lei esses nuacutemeros cairam para 200 mil e 100 mil Houve entatildeo uma diminuiccedilatildeo razoaacutevel Cerca de 30 dos taba-gistas largaram o cigarro

Os resultados natildeo seriam mais efi cientes se fossem realiza-

das campanhas mais incisivas e abrangentes a meacutedio e longo prazos principalmente nas escolas visando a conscientizaccedilatildeo das crianccedilas e jovens

Jaacute se faz isto em certos locais acredito que qualquer medida que se tomar em relaccedilatildeo ao tabaco vai ser efi ciente e dar pelo menos algum resultado

Foto arquivo pessoal

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O Ponto

Editoras e diagramadoras da paacutegina Claacuteudia Lapouble e Amanda Lelis

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

8 bull Sociedade

Lares para a Melhor IdadeCom fi scalizaccedilotildees e leis especiacutefi cas para o idoso asilos deixam de ser vistos como sinocircnimo de abandono

JUSCILENE M SIQUEIRA

NATHAacuteLIA MAGALHAtildeES

PAULA SAMPAIO

5ordm PERIODO

De acordo com a lei 10741 de 1ordm de outubro de 2003 eacute con-siderado idoso todo cidadatildeo com idade igual ou superior a 60 anos Devido aos avanccedilos no campo da sauacutede e agrave reduccedilatildeo da taxa de natalidade a populaccedilatildeo de idosos no Brasil vem aumen-tando a cada ano Estima-se que em 2020 a populaccedilatildeo com mais de 60 anos chegaraacute a 30 milhotildees (13 do total) segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatiacutestica IBGEEsses iacutendices que se devem principalmente aos avanccedilos no campo da sauacutede e agrave reduccedilatildeo das taxas de natalidade tornam cada vez mais comum a convi-vecircncia de pessoas de trecircs gera-ccedilotildees na mesma casa

Apesar das estatiacutesticas que mostram que a estrutura fami-liar brasileira estaacute se modi-fando haacute lares em que o idoso eacute responsavel pelo sustento da famiacutelia o choque de geraccedilotildees e a rotina do dia a dia torna o con-vivio difiacutecil Eacute quando muitas famiacutelias ou os proacuteprios idosos pensam em outro ambiente que melhor atenda agraves suas neces-sidades Os asilos atualmente chamados de Instituiccedilotildees de Longa Permanecircncia para Idosos (ILPI) se tornam uma soluccedilatildeo para essa situaccedilatildeo

LaresA ldquoVida Ativardquo eacute uma insti-

tuiccedilatildeo privada que segundo a diretora Maacutercia Leatildeo recebe idosos que procuram o local por conta proacutepria ldquoEles geralmente optam por natildeo morar sozinhos e nem com os fi lhos e acham a convivecircncia de um hotel muito impessoalrdquo diz a diretora da ins-tituiccedilatildeo A casa possui convecirc-nios com planos de sauacutede que garantem aos moradores anten-dimento de geriatras fonoau-dioacutelogos fi sioterapeutas nutri-cionista dentistas entre outros profi ssionais aleacutem de medi-camentos Nove funcionaacuterios estatildeo agrave disposiccedilatildeo dos idosos seis teacutecnicos de enfermagem dois de serviccedilos gerais e uma secretaria Mas o preccedilo de todo esse conforto eacute alto fi car em uma instituiccedilatildeo como essa custa cerca de R$ 2 mil a R$ 2500 por mecircs

Maacutercia Leatildeo tambeacutem eacute dire-tora do ldquoSolar das Estaccedilotildeesrdquo ins-tituiccedilatildeo destinada a idosos com

doenccedilas degenerativas do sis-tema nervoso central Segundo ela esses idosos requerem cui-dados especiais e ressalta ldquocom-parar um idoso a uma crianccedila eacute um grande erro pois aleacutem de possuiacuterem necessidades espe-ciais ldquoos idosos natildeo tecircm tempo tudo eacute pra ontem mas a pers-pectiva de mudanccedila eacute lenta e trabalhosardquo

Mas haacute uma parcela grande da populaccedilatildeo de terceira idade que natildeo tem condiccedilotildees de se manter em instituiccedilotildees como as mencionadas acima Esses encontram acolhida em lares fi lantroacutepicos como o Nuacutecleo Assistencial Caminhos para Jesus fundado haacute 40 anos A casa abriga atualmente 62 ido-sos aleacutem de dar assistecircncia a crianccedilas portadoras de defi ci-ecircncia O lar dispotildee aos idosos a opccedilatildeo de apenas passar o dia na casa ou se mudar defi niti-vamente e passar os fi nais de semana em casa Mas segundo Joicemara Santana secretaacuteria da instituiccedilatildeo grande parte dos idosos que moram na casa natildeo tecircm famiacutelia alguns deles satildeo ex-moradores de rua e sequer pos-suem documentos

A casa que natildeo possui con-vecircnio com outras instituiccedilotildees estaacute buscando parcerias com empresas interessadas em con-tribuir e os moradores que tecircm condiccedilatildeo contribuem com 50 do salaacuterio Aleacutem da ajuda dos idosos o asilo se manteacutem atra-veacutes de doaccedilotildees solicitadas via telefone

Apesar das difi culdades fi nanceiras o lar oferece assis-tecircncia de profi ssionais nas aacutereas de geriatria psicologia fi siote-rapeuta psiquiatra assistecircncia

social terapeuta ocupacional fonoaudioacuteloga enfermeiro e voluntaacuterios

O Lar de Idosas Santa Tereza e Santa Terezinha localizada no bairro Santa Tereza regiatildeo leste da capital eacute um exemplo de instituiccedilatildeo que assim como a Associaccedilatildeo Caminhos para Jesus consegue - mesmo com poucos recursos oferecer a suas moradoras a assistecircncia que precisam com respeito e claro muito carinho A casa que hoje possui 12 moradoras tem capa-cidade para abrigar ateacute 15 eacute ligada agrave Sociedade Satildeo Vicente de Paula e tem a particularidade de receber apenas senhoras que procuram o lar por vontade proacutepria

As idosas que optam por morar na instituiccedilatildeo contri-buem com dois salaacuterios miacuteni-mos mas eacute graccedilas agraves doaccedilotildees e ao trabalho de voluntarios que a casa consegue se manter

LeisEm 23 de setembro de 2003

a Comissatildeo Diretora do Senado Federal aprovou o Estatuto do Idoso que garante agrave ldquomelhor idaderdquo o direito agrave liberdade ao respeito e agrave dignidade Consta do artigo 10 paragrafo dois ldquoO direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade fiacutesica psiacutequica e moral abran-gendo a preservaccedilatildeo da imagem da identidade da autonomia de valores ideacuteias e crenccedilas dos espaccedilos e dos objetos pessoaisrdquo

De acordo com o Estatuto as ILPI devem oferecer estru-tura fiacutesica adequada instala-ccedilotildees sanitaacuterias alimentaccedilatildeo apropriada boas condiccedilotildees de limpeza e higiene profi ssio-

nais habilitados e jamais devem apresentar opressatildeo ou violecircn-cia aos idosos

A Promotoria do Idoso orgatildeo que cuida dos direitos do cida-datildeo da terceira idade tem fun-ccedilatildeo de receber denuacutencias contra abandono abusos e maus tratos e agir legalmente para protege-los A promotoria foi criada em 2001 apoacutes a divulgaccedilatildeo do rela-toacuterio da Comissatildeo dos Direitos Humanos que apontava uma seacuterie de denuacutencias contra os asilos onde os idosos sofriam todo tipo de violecircncia e eram abandonados e negligencia-dos O relatoacuterio daquele ano foi enviado aos governos federal e estadual contendo sugestotildees de poliacuteticas puacuteblicas para melhorar o atendimento ao idoso

FiscalizaccedilatildeoPara que uma casa de idosos

entre em atividade deve cum-prir uma seacuterie de requisitos primeiramente o proprietaacuterio deve requerer um alvaraacute junto agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria de sua regional e entatildeo seu estabele-cimento passa por uma vistoria inicial para concessatildeo do alvaraacute esta fi scalizaccedilatildeo se repetiraacute anu-almente para que a licenccedila seja renovada

Segundo Joseacute Carlos Silva gerente da Vigilacircncia Sanitaacuteria da regional do Barreiro existe um acordo entre a ANVISA e o Ministeacuterio Puacuteblico para reali-zar no miacutenimo duas fi scaliza-ccedilotildees anuais natildeo agendadas em cada ILPI aleacutem das duas visitas obrigatoacuterias a vigilacircncia entra em accedilatildeo sempre que uma denuacutencia eacute feita Na existecircncia de irregularidades o asilo seraacute acompanhado periodicamente ateacute que a situaccedilatildeo seja regulari-zada Caso natildeo sejam tomadas providecircncias a instituiccedilatildeo tem seu alvaraacute suspenso Se as irre-gularidades forem consideradas graves como no caso de maus tratos aleacutem do alvaraacute suspenso a instituiccedilatildeo seraacute interditada e os moradores acompanhados pelo Serviccedilo Social da regiatildeo e encaminhados a outros ILPI proacuteximos

Vespasiano

Ribeiratildeodas Neves

Contagem

Ibiriteacute

Brumadinho

Nova Lima

Sabaraacute

Santa Luzia

VENDNNNNDA NOVAND NORTE

NNNNONNONORDESTENO

NOROESTELESTE

OESTE

CENTRO-SUL

BARREIRO

Esacala 1160000Fonte Prodebel

PAMPULHA

ILPI Filantroacutepica

ILPI Privada

Segundo a PBH haacute na capital mais de 1100 idosos vivendo em asilos As ILPI somam 76 instituiccedilotildees 42 fi lantroacutepicas e 34 privadas A maior concentraccedilatildeo estaacute nas regiotildees Noroeste (10 lares fi lantroacutepicos) e Pampulha (15 lares privados)

Moradoras do Lar de Idosas Santa Tereza e Santa Terezinha

Disque Idoso (31)3277-4646

Delegacia Especializada de Proteccedilatildeo ao Idoso 0800-305000

Nuacutecleo Assistencial Caminhos para Jesus ligue 0800-0315600

Info

grafi

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Foto Amanda Lelis

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O Ponto

Editor e diagramador da paacuteginaClaudia Lapouble e Amanda Lelis

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Sociedade bull 9

AMANDA LELIS

CLAUDIA LAPOUBLE

ROBERTA ANDRADE

6 PERIODO

Todo indiviacuteduo eacute personagem de uma histoacuteria observada de maneira bem parti-cular num mundo que eacute soacute seu Toda narra-tiva eacute uacutenica se diferencia de qualquer outra ainda que seja sobre a mesma histoacuteria e contada pela mesma pessoa O momento eacute imprescindiacutevel o clima o ambiente o humor detalhes que infl uenciam em todo conto seja ele veriacutedico ou natildeo Contra-riando a procura insistente por tudo o que eacute novo decidimos correr atraacutes da memoacuteria ouvir quem tem histoacuterias para contar

Depois de aguardar por alguns minutos vinha dona Zezeacute como gosta de ser cha-mada o cabelo delicadamente arrumado com um arco colorido colar de peacuterolas maquiagem perfume e uma piada na ponta da liacutengua Sua percepccedilatildeo de tempo eacute dife-rente da nossa o que lhe acontece hoje natildeo eacute tatildeo importante quanto agravequela memoacuteria do passado que sabe nos contar com detalhes minuciosos Dona Zezeacute tem mesmo mania de misturar o hoje com o ontem sonhos natildeo realizados com realizaccedilotildees antigas paixotildees fortes da mocidade com carecircncias atuais Parte verdadeira parte imaginaacuteria sua histoacuteria tem caracteriacutesticas peculiares a cronologia se confunde e sua narrativa segue o caminho traccedilado pela sua mente num vai-e-vem luacutedico e caracteriacutestico

A irreverecircncia de Maria Joseacute eacute marca registrada ldquoquando vem visita todo mundo me cumprimenta eles acham graccedila por-que eu sou assim muito pra frente saberdquo brincou dona Zezeacute Com 82 anos haacute 5 vive no Lar de Idosas onde moram cerca de 15 senhoras De prosa boa nos fez rir muitas vezes rememorou sua juventude os bailes sua paixatildeo pela danccedila de salatildeo pela costura bordado e pelo marido Moacir Siqueira que faleceu haacute alguns anos

A imagem do marido se confundia agraves vezes com a imagem do seu pai Ao falar de um se lembrava do outro como se ela visse no marido muito mais velho que ela a fi gura do pai protetor ldquoEle me tratava como uma crianccedila meu marido cuidou de mim como uma boneca assim como meu pairdquo rememorou Nascida em Araxaacute Maria Joseacute

morava no Grande Hotel da cidade onde conheceu seu marido que era contador Ela contou que Moacir vinha de Satildeo Paulo e se hospedava no Grande Hotel ldquoEle vinha de Satildeo Paulo para o garimpo em Estrela do Sul alugava a terra colocava os homens pra trabalhar e fi cava laacute de braccediladardquo disse entre gargalhadas Ficou satisfeita em falar do marido com uma piscada de olho comple-tou ldquoAh mas ele era bonito demais menina eu precisava te mostrar um retratinho dele parecia um artistardquo

Dona Zezeacute lembra com saudade do tempo em que era enfermeira e do cari-nho que tinha com as pessoas que cuidava ldquoSou assim ateacute hoje vocecirc tem que ver com as crianccedilas olha como sou com as crian-ccedilas grandes (se referindo a noacutes) eu abraccedilo acarinho e me perguntam com quem vocecirc aprendeu a ser tatildeo carinhosa A vida ensina pra gente muita coisardquo completou emocionada

Peacute-de-valsa dona Zezeacute fazia festa por onde passava ldquoSe natildeo tivesse uma velhinha vigiando a Zezeacute eu natildeo podia sair Gostava tanto de danccedilar que quando ia costurar fi cava me lembrando da danccedila a maacutequina ia pra laacute e pra caacute meu peacute ia no ritmo cos-turava o que natildeo devia Quando a gente ia no baile era eu chegar que comeccedilava a dan-ccedilar A primeira a chegar no salatildeo era eu mas natildeo tinha culpa porque os homens eacute que me chamavam pra danccedilar uairdquo disse orgu-lhosa entre risos

Muito vaidosa Maria Joseacute falou sobre sua coleccedilatildeo de acessoacuterios contou que natildeo podia ir em um baile com a mesma roupa o mesmo brinco o mesmo colar ou um anel nunca repetia um adorno e ainda hoje eacute assim ldquoEu gosto de me arrumar eacute a vida que eu levo Pra receber visita eu coloco uma roupa bonita Para receber vocecircs eu tomo um banho e passo uma maquiagem neacute Assim que eu sourdquo Apesar disso quando falamos em foto dona Zezeacute logo disse sor-ridente ldquoVai tirar minha foto Potildee laacute na roccedila de arroz pra espantar os bichosrdquo

Com tanta irreverecircncia dona Zezeacute daacute exemplo de personalidade esbanjando alegria Ao chegarmos no portatildeo de saiacuteda de braccedilos dados conosco dona Zezeacute perguntou

-Que dia vocecircs vatildeo voltar

Tardes de vai e vem

Foto Claudia Lapouble

Foto Amanda Lelis

Fotos Roberta Andrade

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O Ponto

10 bull Profi ssatildeoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

Editoras e diagramadoras da paacutegina Renata Valentim e Roberta Andrade

O ensino do jornalismo no divatildeEnquanto o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo cria comissatildeo para repensar a construccedilatildeo do conhecimento jornaliacutestico no seacuteculo XXI os jornais impressos enfrentam o desafi o de revisar sua vocaccedilatildeo

RENATA VALENTIM

6ordm PERIacuteODO

Na dinacircmica da era da infor-maccedilatildeo em que a internet se fi rma como o mais acessiacutevel mais veloz e mais democraacute-tico meio de transmissatildeo de informaccedilatildeo o jornalismo viu-se em crise de identidade Boa parcela dos estudiosos e prati-cantes da atividade jornaliacutestica sentiu-se ameaccedilada pela des-centralizaccedilatildeo da notiacutecia nesse novo meio o leitor agora eacute tambeacutem produtor de informa-ccedilatildeo Outra fragilidade reside na escassez das vagas do mercado que natildeo comporta os milhares de jornalistas receacutem-formados despejados pelas faculdades De acordo com dados de 2005 obtidos pelo Observatoacuterio Uni-versitaacuterio apenas 125 dos graduados em jornalismo con-seguem manter-se de peacute na car-reira A proliferaccedilatildeo das esco-las particulares de jornalismo

choca-se com o enxugamento das redaccedilotildees onde prevale-cem os chamados profi ssionais multimiacutedia que precisam ser capazes de produzir informa-ccedilatildeo para um grande nuacutemero de suportes

Neste cenaacuterio onde tam-beacutem satildeo incluiacutedas a queda da velha Lei de Imprensa e o polecircmico fi m da obrigatorie-dade do diploma para o exer-ciacutecio da profi ssatildeo no dia 17 de junho foi criada pelo MEC uma comissatildeo que estabeleceraacute as novas diretrizes curriculares dos cursos de jornalismo no Brasil Um dos fundadores da Escola de Comunicaccedilatildeo e Artes da USP professor Joseacute Marques de Melo preside o grupo res-ponsaacutevel por elaborar as pro-postas de mudanccedilas a serem implantadas nas escolas de jornalismo do paiacutes Aleacutem dele seis acadecircmicos e uma repre-sentante do mercado estatildeo incumbidos de ateacute o iniacutecio do segundo semestre apresentar o

balanccedilo das anaacutelises A neces-sidade de reforma segundo o ministro Fernando Haddad eacute ratifi cada pelos dados obtidos pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo cerca de 80 dos cursos de jornalismo satildeo considerados de baixa qualidade A inten-ccedilatildeo da comissatildeo eacute que as pro-postas sejam elaboradas por meio da participaccedilatildeo e opiniatildeo de sindicatos universidades e empresas de comunicaccedilatildeo emitidas nas trecircs audiecircncias puacuteblicas que foram realizadas entre marccedilo e maio deste ano ndash no Rio de Janeiro Recife e Satildeo Paulo respectivamente

Efeito placebo Apesar da pertinente preo-

cupaccedilatildeo em melhorar o ensino do jornalismo no Brasil as pro-postas delineadas pela comis-satildeo satildeo ainda desconhecidas e por isso mesmo carregadas de polecircmica Algumas sugestotildees anunciadas antes mesmo da realizaccedilatildeo da primeira audiecircn-

cia como a separaccedilatildeo do jorna-lismo da Comunicaccedilatildeo Social dividem profi ssionais e aca-decircmicos Como uma forma de ampliaccedilatildeo do debate para aleacutem das audiecircncias ndash que restringi-ram a participaccedilatildeo de alguns segmentos importantes na dis-cussatildeo como os estudantes ndash o professor Joseacute Marques de Melo tem procurado expor alguns dos posicionamentos da comis-satildeo em palestras e entrevistas pelo paiacutes Durante o programa Observatoacuterio da Imprensa do dia 26 de maio ele explicou que o grupo natildeo pretende apresen-tar um novo curriacuteculo ldquoNossa funccedilatildeo eacute examinar as matrizes para nossas escolas e universi-dades Eu defendo particular-mente que o curriacuteculo eacute uma competecircncia da universidade Noacutes teremos de buscar dire-trizes curriculares que sejam consensuais em relaccedilatildeo agrave for-maccedilatildeo do novo jornalista mas deixar agrave universidade liberdade de accedilatildeo Se uma universidade quer oferecer um curso de gra-duaccedilatildeo para repoacuterteres e um curso de poacutes-graduaccedilatildeo para editores isso eacute um direito que a universidade tem e pode fazerrdquo defende

O resgate do selfO presidente da comissatildeo

eacute tambeacutem categoacuterico ao tratar da separaccedilatildeo da personalidade do jornalista contemporacircneo Segundo ele a sociedade bra-sileira necessita tal como pre-cisa de profi ssionais da notiacutecia especializada de jornalistas generalistas bem formados de que sejam capazes de se diri-gir efi cientemente para toda a populaccedilatildeo e de interpretar a realidade de forma mais ampla ldquonoacutes temos um paiacutes com 200 milhotildees de habitantes e 10 milhotildees de exemplares diaacuterios de jornais lidos Precisamos na verdade fazer jornal para quem natildeo lecirc jornal para aqueles que estatildeo agrave margem da cultura jor-naliacutesticardquo diz

Marques de Melo ressaltou tambeacutem que do ponto de vista da organizaccedilatildeo curricular haacute uma certa confusatildeo quando se trata de mateacuterias teoacutericas e praacuteticas ldquoEu acho que o que faz falta no jornalismo natildeo satildeo mateacuterias praacuteticas para elas temos bons laboratoacuterios O que faz falta satildeo as mateacuterias teoacuteri-cas E natildeo chamo de teoacutericas a sociologia a histoacuteria Isso diga-mos eacute o conteuacutedo humaniacutestico

Eu gostaria de ter mais mateacuterias que dessem conta das questotildees eacuteticas das questotildees morais O que temos eacute um excesso de aulas de teoria da comunica-ccedilatildeo de sociologia da cultura cuja aplicaccedilatildeo eacute descolada do jornalismo Precisa haver uma integraccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica jornaliacutesticardquo afi rma

Mas ainda com a iniciativa de avaliar a si mesmo o mal-es-tar de algumas questotildees sobre a identidade do jornalismo ainda permanecem turvas como eacute o caso da vocaccedilatildeo do jornalismo como negoacutecio e como serviccedilo de utilidade puacuteblica traccedilos contraditoacuterios que se chocam no interior da academia cau-sando estranheza nas salas de aula Essa feiccedilatildeo esquizofrecircnica foi detectada durante inves-tigaccedilotildees feitas pelo grupo de pesquisa ldquoA imagem do pen-samento e o ensino do jorna-lismordquo realizada por estudantes de jornalismo da Universidade Fumec e coordenada pelos professores Rodrigo Fonseca e Claacuteudia Chaves Em entrevistas feitas com os coordenadores dos principais cursos de jornalismo privados de Belo Horizonte os alunos registraram unacircnime constrangimento ainda que velado ao questionarem a pre-senccedila das disciplinas teacutecnicas nas grades curriculares como se fossem dignas de condena-ccedilatildeo O desejo de formaccedilatildeo do ldquoagente social criacuteticordquo tambeacutem eacute maioria absoluta no discurso dos entrevistados desta vez sem constrangimento ldquoA gente percebe tanto na avaliaccedilatildeo das entrevistas quanto no cotidiano das aulas que eacute elogioso falar do jornalismo dessa maneira con-denando as disciplinas praacuteticas Mas fi co confuso em pensar em como seraacute depois da forma-tura quando tiver que atuar no mercadordquo diz Frederico Porto um dos alunos envolvidos na pesquisa A resposta para esse questionamento existencial cada vez mais frequumlente no ter-reno dos discentes foi sugerida por Marques de Melo desta vez no programa Rede Miacutedia da Rede Minas realizado em 30 de marccedilo Ele acredita que a formaccedilatildeo do jornalista deve estar voltada para o mercado mas alerta ldquoa universidade tem que estar aleacutem do mercado Natildeo pode soacute estar atrelada agraves exigecircncias do mercado tem de estar tambeacutem atrelada agraves exi-gecircncias da sociedaderdquo

Fotomontagem faz referecircncia ao quadro O Grito do pintor norueguecircs Edward Munch

Ilustraccedilatildeo Roberta Andrade - 6ordm periacuteodo

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Profi ssatildeo bull 11Editoras e diagramadoras da paacutegina Renata Valentim e Roberta Andrade

A crise de identidade natildeo estaacute restrita ao conhecimento

que possibilita a produ-ccedilatildeo jornaliacutestica a dis-tribuiccedilatildeo de conteuacutedo tambeacutem vecirc-se impressa por outros suportes e rit-mos ditados por novas formas de consumo de informaccedilatildeo O jornalismo

impresso que jaacute rivalizou com o raacutedio e com a televisatildeo no

seacuteculo passado hoje concorre com a veloci-dade com a alta interatividade com o enorme alcance e sobretudo com o baixo custo da produccedilatildeo de notiacutecia para a internet e demais suportes digitais

Rogeacuterio Ortega acredita que chegaraacute o dia em que natildeo compensaraacute mais imprimir papel para fazer jor-nal ldquoSoacute que ningueacutem sabe quando vai ser ndash e a respon-saacutevel por isso eacute a publicidade Natildeo tenho dados atu-alizados mas ateacute onde sei no Brasil o faturamento publicitaacuterio dos veiacuteculos impressos eacute muitiacutessimo maior que o dos online Nos EUA jaacute natildeo eacute esse o panoramardquo diz Laacute os sinais de mudanccedila parecem mais concretos No mecircs de maio o criador do site Amazon Jeff Bezos e o presi-dente do jornal Th e New York Times Arthur Sulzberger Jr lanccedilaram o Kindle DX uma versatildeo com tela expandida do e-reader proje-tado originalmente para leitura de livros aca-decircmicos vendidos no site de Bezos A expansatildeo da tela ndash que agora tem 246 centiacutemetros na dia-gonal ndash tem o propoacutesito de tornar mais confor-taacutevel a leitura do jornal Os empreendedores do lanccedilamento apostam no aparelho como res-posta viaacutevel agrave crise da imprensa americana que

viu a circulaccedilatildeo de seus jornais cair draacutesticos 46 em apenas seis meses em 2008 ldquoComo vai ser quando as geraccedilotildees que lecircem tudo na internet desde o comeccedilo forem hegemocircnicas Quando o mercado perceber isso e comeccedilar a achar que anunciar em jornal natildeo com-pensa mais a lsquomudanccedila de suportersquo do papel para os meios digitais estaraacute proacutexima O que natildeo signifi caraacute lsquoextinccedilatildeorsquo dos jornais eles devem continuar a existir de outro modordquo considera Ortega

O Brasil tambeacutem foi afetado pela crise fi nanceira dos impressos A Gazeta Mercantil jornal dedi-cado ao segmento econocircmico com quase 90 anos em atividade vive um periacuteodo criacutetico A Editora JB SA anunciou no uacuteltimo mecircs a devoluccedilatildeo do jor-nal Gazeta Mercantil para seu antigo proprietaacuterio o

empresaacuterio Luiz Fernando Levy o que pocircs a vida do veiacuteculo em risco a circulaccedilatildeo do jornal foi interrom-pida no dia 29 de maio No entanto Levy afi rmou em nota agrave imprensa que a suspensatildeo da circulaccedilatildeo eacute momentacircnea

Palestrantes do Foacuterum de Debates 1ordf Terccedila promo-vido pelo Sindicato dos Jornalistas Profi ssionais de Minas Gerais os professores Seacutergio Amadeu da Faculdade Caacutes-per Liacutebero e Geane Alzamora da PUC Minas pondera-ram sobre os impactos da internet na praacutetica jornaliacutestica no uacuteltimo dia 2 de junho Amadeu durante sua exposiccedilatildeo sobre o tema disse acreditar que a maioria das universi-dades natildeo estaacute apta a formar o jornalista na era da infor-maccedilatildeo Explicada por ele como meio onde predomina a liberdade e a quebra da hierarquia na produccedilatildeo e dissemi-naccedilatildeo de informaccedilatildeo a internet desafi a os meios tradicio-nais por dar menos importacircncia ao capital porque eacute capaz de oferecer conteuacutedo a custo quase zero ldquoNa internet natildeo eacute difiacutecil falar o difiacutecil eacute ser ouvidordquo diz Alzamora que desde meados dos anos de 1990 ndash natildeo coincidecircncia o iniacutecio da popularizaccedilatildeo da web ndash estuda o cruzamento jornalismo x internet afi rma que a vocaccedilatildeo do jornalismo na rede estaacute no formato colaborativo Nichos como os sites OhMyNews

e Overmundo satildeo demonstraccedilotildees claras de que ldquoa versatildeo mais atualizadardquo do profi ssional da notiacutecia atuaraacute como um gerenciador das interaccedilotildees feitas na rede

No balanccedilo do divatilde resta a dica a palavra-chave parece ser a reciclagem Tal como a proacutepria inter-

net que tem sua forma e conteuacutedo renovados a todo o tempo porque estaacute sujeita ao exame dos

interagentes o jornalismo e seus profi ssionais precisam examinar-se e reconfi gurar-se para acompanhar o fl uxo da informaccedilatildeo Como diz o fi loacutesofo Charles Sanders Peirce ldquoas palavras

aprendem com o tempordquo E o jornalista aprenderaacute na lida com elas novos caminhos

m queer jor-spon-s atu-ento

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O mal-estar do impresso

O Ponto Como vocecirc vecirc o ensino do jornalismo hoje no paiacutes

Rogeacuterio Ortega Vejo pelo contato com jornalis-tas receacutem-formados que o panorama natildeo mudou muito em 20 anos ndash a natildeo ser pela possibilidade de em alguns cursos montar uma grade que resulta numa espeacutecie de curso de jornalismo em periacuteodo integral com disciplinas de outras faculdades Tam-beacutem me parece haver uma conversa mais produtiva da academia com as redaccedilotildees ndash no iniacutecio dos anos 90 era uma coisa muito ldquoa induacutestria cultural laacute e noacutes seres pensantes e criacuteticos aquirdquo Acho que natildeo haacute necessidade de um curso de jornalismo que dure quatro ou cinco anos e duvido que a comissatildeo do MEC da qual sei pouco ponha isso em questatildeo Eacute legal sim haver um lugar em que se possam abor-dar histoacuteria e teoria do jornalismo linguagem eacutetica jornaliacutestica etc Mas pra isso natildeo satildeo necessaacuterios quatro anos Jornalismo podia ser por exemplo soacute uma poacutes-graduaccedilatildeo Na minha opiniatildeo sairiam muito mais bem preparados

OP - A partir do seu contato com os ldquofocasrdquo (receacutem-formados em jornalismo) que chegam agrave Folha o que vocecirc percebe como a maior defi ciecircn-cia do jovem jornalista E o que poderia ser feito para corrigir essa defi ciecircncia

Os ldquofocasrdquo da Folha natildeo vecircm soacute de faculdades de jornalismo Quem sobrevive ao programa de treina-mento da Folha e chega agrave redaccedilatildeo tem bom texto e na maioria dos casos boa cultura geral Mas para quem saiu do curso de jornalismo faltam certos conheci-mentos especiacutefi cos que satildeo valiosos na hora de cobrir certos assuntos importantes e que a pessoa teria se por exemplo tivesse cursado direito ou economia Muita gente acaba aprendendo essas coisas na raccedila na lida ndash mas sofreria menos se as tivesse estudado antes

OP - A respeito das ferramentas digitais vocecirc acredita na afirmaccedilatildeo de que a internet estaacute atrofiando a praacutetica jornaliacutestica O jornalismo online merece a demonizaccedilatildeo que lhe tem sido atribuiacuteda

Acredito que pelo contraacuterio a internet abriu novas possibilidades Qualquer um pode escrever qualquer coisa na web a custo zero ou quase zero mas quem estaacute interessado em se informar vai procurar notiacutecias que sejam confi aacuteveis bem apuradas bem escritas Ou seja o feijatildeo-com-arroz de sempre da praacutetica jornaliacutes-tica soacute que online feito em ldquotempo realrdquo e atualizaacutevel Claro que em um jornal impresso haacute mais tempo para apurar confrontar versotildees descartar coisas que se revelem boatos No online pela proacutepria natureza do meio eacute muito mais faacutecil que o rumor a versatildeo natildeo

confi rmada informaccedilotildees incorretas textos mal escri-tos etc sejam colocados no ar Claro depois podem ser feitas atualizaccedilotildees e correccedilotildees mas de todo modo eacute difiacutecil aliar rapidez e precisatildeo

OP - Como vocecirc vecirc a utilizaccedilatildeo da blogosfera para a praacutetica jornalistica

Blog pode servir para tudo inclusive para jorna-lismo -e bom jornalismo acredito Mas por enquanto soacute as grandes empresas jornaliacutesticas -ou grandes por-tais- tecircm estrutura e dinheiro para mandar repoacuterteres fazerem coberturas dispendiosas e que demandem tempo Natildeo eacute uma aacuterea em que ldquoblogueiros inde-pendentesrdquo possam competir Ainda assim eacute uma descentralizaccedilatildeo da informaccedilatildeo que vejo com muito bons olhos No Brasil os meios de comunicaccedilatildeo satildeo concentrados ou estatildeo na matildeo de governos Eacute bom -saudaacutevel- poder fugir disso

O jornalismo na visatildeo do mercado

O redator de Primeira Paacutegina da Folha de S Paulo Rogeacuterio Ortega 38 eacute jornalista for-mado pela Escola de Comunicaccedilotildees e Artes da USP Com quase 18 anos de carreira ele daacute a sua visatildeo da comissatildeo formada pelo MEC mostra-se favoraacutevel agrave queda da exigecircncia do diploma e vecirc com bons olhos os desafi os trazidos pela internet

Rodrigo Z

avagli - 6ordm periacuteodo

Arquivo Pessoal

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O PoontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

12 bull Especial

10A NOSDA REDACcedilAtildeO

Em uma deacutecada foram 73 ediccedilotildees Apro-ximadamente 400 mil exemplares distribu-iacutedos Seis mudanccedilas de logomarca Quatro modificaccedilotildees graacuteficas Cinco coordenado-res e trecircs premiaccedilotildees recebidas duas em acircmbito nacional e uma internacional A primeira distinccedilatildeo conferida ao O Ponto foi em 2005 quando recebeu o tiacutetulo de melhor jornal laboratoacuterio do Brasil pela Pesquisa Experimental em Comunicaccedilatildeo (Expocom) considerado um dos mais importantes eventos cientiacuteficos nacionais Em 2006 outros dois precircmios na aacuterea de produccedilatildeo laboratorial vieram e O Ponto foi eleito o melhor jornal experimental de Minas Gerais e tambeacutem da Ameacuterica Latina levando o trofeacuteu Patildeo de Queijo de Notiacutecias (PQN) e uma medalha da Expo-comSUR pela notoriedade do trabalho jor-naliacutestico desenvolvido A medalha desta uacuteltima conquista cunhada em ouro e gra-vada com o nome e a localidade do evento (ExpocomSUR ndash Santa Cruz de La SierraBoliacutevia) ainda estaacute agrave mostra no quadro expositor de antigos e recentes exempla-res de O Ponto - escrito e planejado por trecircs geraccedilotildees de estudantes de jornalismo e tambeacutem por alunos de publicidade que jaacute desenvolveram interessantes peccedilas publicitaacuterias que marcaram a evoluccedilatildeo e a dinacircmica do jornal durante todos estes anos de atividades

Os trofeacuteus angariados tambeacutem deco-ram a mobiacutelia da redaccedilatildeo do jornal ndash onde coordenador monitores e voluntariados se debruccedilam diariamente sob o trabalho de apuraccedilatildeo produccedilatildeo supervisatildeo e revi-satildeo das pautas e mateacuterias criadas em um esforccedilo que visa dar continuidade qualita-tiva a este produto acadecircmico de renome criado e dirigido outrora pelos ex-alunos Hoje muitos deles profi ssionais bem sucedidos que fazem questatildeo de salientar quando questionados a infl uecircncia que a participaccedilatildeo em O Ponto como monitores e voluntaacuterios exerceu na vida profi ssional posteriormente

Em entrevista para esta reportagem comemorativa dos lsquodez anosrsquo todos os entrevistados (ex-alunos e monitores)

sem exceccedilatildeo foram nostaacutelgicos quanto agrave eacutepoca de estaacutegio e voluntariado no qual muitos fizeram sacrifiacutecios e estripulias para trazerem agrave tona um furo jornaliacutestico redigirem uma mateacuteria relevante e dia-gramarem da melhor forma o conteuacutedo que produziram ldquoAprendi a ser jornalista em O Ponto Aprendi a respeitar os cole-gas de trabalho e aprendi a cobrar e ser cobrado O Ponto me mostrou que com superaccedilatildeo conhecimento teacutecnico e liber-dade podemos fazer um bom jornalismordquo pontua Frederico Wanderley ex-aluno da Fumec e integrante da primeira turma de jornalismo da Universidade

Ernesto Braga ex-monitor do jornal tambeacutem ressaltou em entrevista a impor-tacircncia da experiecircncia vivenciada no jornal laboratoacuterio para o ofiacute-cio da profi ssatildeo ldquoO Ponto foi fundamen-tal para mim Embora a realidade de uma redaccedilatildeo de jornal diaacuterio seja completamente diferente ndash mais corrida e tensa ndash do ponto de vista do dead line As noccedilotildees de produccedilatildeo reportagem fotografi a e ediccedilatildeo apreendidas em O Ponto me permitiram compreender um pouco mais sobre o processo de fazer jornal () Meu portifoacutelio foi exatamente as mateacuterias que fi z para O Pontordquo admite

Portanto independente dos marcos citados e de outras cifras e estatiacutesticas do jornal a relevacircncia de O Ponto no espaccedilo acadecircmico nestes dez anos de existecircncia se daacute por outras razotildees o jornal eacute primordial-mente um instrumento praacutetico um meio de experimentaccedilatildeo teoacuterico-praacutetica dos alunos que visa munir o estudante de experiecircncias relevantes que possam ser um diferencial na hora de se introduzir na realidade da profi s-satildeo ndash que requer muita perspicaacutecia ousa-dia e estilo para se destacar Aleacutem disso O Ponto eacute um veiacuteculo que surgiu de uma pro-posta pedagoacutegica e jornaliacutestica consistente e aguerrida que propiciou notaacuteveis reper-cussotildees para o curso e claro ensinamentos

frutiacuteferos para os estudantes que souberam e sabem usufruir ainda das possibilidades que o jornal se predispotildee a dar atraveacutes da praacutetica e do trabalho

De acordo com o Projeto Poliacutetico Peda-goacutegico do curso de Comunicaccedilatildeo Social O Ponto lanccedilado em junho de 1999 tinha e ainda tem como premissa se prestar a ser atraveacutes do trabalho dos alunos e sob coor-denaccedilatildeo criteriosa dos professores um veiacuteculo de ldquojornalismo de conversaccedilatildeordquo em contraposiccedilatildeo ao jornalismo puramente informativo factiacutevel feito pela imprensa

convencional A proposta era lanccedilar um impresso ndash e sua periodicidade (men-sal) permite que isto seja possiacutevel - que debatesse com mais profundidade os paradigmas sociais explo-rando e adentrando mais nas complexidades de cada acontecimento na comuni-dade regional e internacio-nal incitando discussotildees relevantes para o puacuteblico leitor

A proposta era natildeo soacute falar por exemplo sobre o

paacutereo entre dois candidatos de uma elei-ccedilatildeo municipal em Belo Horizonte ou onde quer que fosse Mas sim criticar se neces-saacuterio a forma como os embates poliacuteticos ou a falta deles se datildeo em plena eacutepoca eleitoral como mostrou a reportagem ldquoDisputa eleitoral sem disputardquo ndash publi-cada em O Ponto em setembro de 2006

O objetivo do projeto pedagoacutegico eacute evi-denciar problemas relegados ao esqueci-mento como por exemplo a inadimplecircncia do Governo de Minas Gerais para com os problemas ambientais (hiacutedricos) do Estado como fez os ex-alunos Pedro Blank e Ernesto Braga na reportagem do ano de 2000 ldquoDes-caso Mata o Rio das Velhasrdquo ldquoUma mateacuteria que repercutiu muito () virando inclusive editorial do jornal Estado de Minasrdquo con-forme relembra o proacuteprio autor da mateacuteria Ernesto Braga O jornalista ainda ressaltou ldquoo engraccedilado desta mateacuteria eacute que sem saber que O Ponto tinha uma tiragem de quatro mil exemplares e pensando que ele circu-lava apenas na faculdade uma das fontes

O Ponto estaacute completando uma deacutecada de jornalismo laboratorial Para comee alunos que participaram da criaccedilatildeo do jornal para resgatar um pouco da su

ldquoO Ponto foi fundamental para

mim ()embora uma redaccedilatildeo de jornal

diaacuterio seja diferenteMeu portifoacutelio foi

exatamente as mateacuterias que fi z para O

PontordquoErnesto Braga ex-monitor

12-16 - 10 anos O Pontoindd 112-16 - 10 anos O Pontoindd 1 82809 123340 PM82809 123340 PM

O Poonto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Especial bull 13

(da mateacuteria) desceu o cacete no Estado E com a repercussatildeo ele (a fonte) ligou para o coordenador alegando que natildeo tinha falado aquilo que tinha sido publicado pedindo retrataccedilatildeo Ele esteve entatildeo na faculdade e ouviu toda a gravaccedilatildeo da entrevista no estuacute-dio da raacutedio e natildeo teve mais o que contes-tarrdquo recorda Braga

Portanto a intenccedilatildeo de O Ponto foi e ainda eacute publicar e propor assuntos que pos-sam render refl exotildees audaciosas que per-mitam ao leitor extrapolar o senso comum e os pensamentos instrumentais alcanccedilando o campo das ideacuteias criacuteticas e producentes do ponto de vista social que tenham propoacutesitos de mobilizaccedilatildeo e desalienaccedilatildeo das pessoas em geral Seja em forma de denuacutencia em uma grande reportagem em forma de traccedilo como na charge que prima pelo tom criacutetico e irocircnico ou nas mateacuterias e notas que repor-tam acontecimentos e eventualidades desco-nhecidas mas impor-tantes para a dinacircmica da sociedade seja no campo econocircmico poliacutetico ou cultural

Satildeo dez anos de accedilatildeo estudantil em todas as etapas produtivas do jornal desde a criaccedilatildeo de pautas ateacute a distri-buiccedilatildeo do jornal

Dez anos de tentativas Acertos erros aprendizagem e repercussotildees Polecircmicas e alguns deslizes

Haacute uma deacutecada O Ponto vem prestan-do-se a ser para os alunos um instrumento de aprendizagem e lapidaccedilatildeo profi ssional E apesar dos altos e baixos que toda ati-

vidade laboratorial implica o desafi o tem sido cumprido

Difi culdades teacutecnicas problemas entre alunos ndash editores e repoacuterteres - no cum-primento do prazo na entrega de mateacuterias alguns detalhes estruturais com relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo do jornal entraves de uacuteltima hora fotografi as infograacutefi cos e diagrama-ccedilotildees pendentes incompletas ou inapro-priadas fazem parte da rotina da produccedilatildeo de O Ponto Como em qualquer outra reda-ccedilatildeo de laboratoacuterio E satildeo exatamente esses desafi os que permitem agravequeles alunos que se doam agrave praacutetica colaborativa como repoacuter-teres voluntaacuterios e monitores do jornal descobrir suas aptidotildees capacidades e tam-beacutem a aprimorarem teacutecnicas e adquirirem conhecimento ainda desconhecidos

O iniacutecio o fi m e o meioNeste intertiacutetulo consta

uma informaccedilatildeo de cunho histoacuterico sobre O Ponto Esta frase ndash O iniacutecio o fi m e o meio que parece estar com a loacutegica inver-tida foi o primeiro e uacutenico slogan que o jornal teve Joatildeo Henrique Faria que trabalhou como consul-tor na criaccedilatildeo do curso de Comunicaccedilatildeo Social na

Fumec entre 1996 e 1997 e tambeacutem como coordenador em 1998 ndash logo quando o curso foi fundado - relata que o slogan surgiu de um concurso interno lanccedilado para alunos e que visava dar uma identidade ideoloacutegica e esteacutetica para o jornal que juntamente agrave raacutedio foram os primeiros laboratoacuterios do curso de Comunicaccedilatildeo a entrarem em fun-

cionamento Foi neste periacuteodo de inaugura-ccedilatildeo do curso que surgiu a marca O Ponto e o distintivo publicitaacuterio ldquoo iniacutecio o fi m e o meiordquo para o impresso

O slogan faz referecircncia agrave letra de muacutesica ldquoGitardquo do compositor Raul Seixas para enfatizar a proposta editorial do veiacute-culo - a ordem de disposiccedilatildeo das repor-tagens naquela eacutepoca no interior jornal O acutemeio` portanto eram as paacuteginas res-guardadas para as editorias referentes a assuntos institucionais ndash da universidade e tambeacutem para os assuntos que versavam sobre os proacuteprios meios de comunicaccedilatildeo ndash cobertura atuaccedilatildeo das miacutedias eventos e paradigmas ndash tudo no miolo do impresso O acutefim` era o espaccedilo reservado no jornal para as mateacuterias de poliacuteticas puacuteblicas sendo a sociedade a principal interessada e a proacutepria finalidade das reportagens e O Ponto o proacuteprio lsquofimrsquo O acuteiniacutecio` final-mente eram mateacuterias sobre variedades que falavam sobre questotildees gerais - curio-sidades entretenimento opiniotildees Este estilo de iacutendice e de divisatildeo do jornal durou dois anos desde o lanccedilamento ateacute que reformulaccedilotildees graacuteficas resultaram na retirada do slogan de layout de O PontoMudanccedilas compreensiacuteveis tratando-se de um jornal laboratoacuterio que prima pela experimentaccedilatildeo e inovaccedilatildeo

Um nome de impactoA democracia que foi sempre uma

maacutexima no funcionamento do laboratoacuterio de jornalismo impresso ndash todos os alunos sem exceccedilatildeo do 1ordm ao 8ordm periacuteodo devem e podem escrever ndash esteve presente tambeacutem no concurso que deu nome ao jornal O nome O Ponto foi criado pelo ex-aluno de

Editor e diagramador da paacutegina

10A NOSomemorar esse feito nossa equipe de reportagem ouviu os primeiros monitores a sua histoacuteria precircmios conquistados mateacuterias de repercussatildeo e mudanccedilas graacutefi cas

Da esquerda para a direita os ex-monitores Ernesto Braga Pedro Blank e Frederico Wanderley do Ponto para as redaccedilotildees

ldquoCriei (o nome) O Ponto pensando no sentido ortograacutefi co e ao mesmo tempo no signifi cado da palavra como ponto de vistardquo

Faacutebio Santos ex-aluno

12-16 - 10 anos O Pontoindd 212-16 - 10 anos O Pontoindd 2 82809 123341 PM82809 123341 PM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

14 bull Especial Editor e diagramador da paacutegina

19991999 2000 2004

Esta mateacuteria assinada pelos ex-alunos Ernesto Braga e Pedro Henrique Blank denunciou a poluiccedilatildeo no Rio das Velhas A partir da constataccedilatildeo de que 90 da carga poluidora lanccedilada no rio era proveniente da coleta dos esgotos domeacutesticos ldquoNa eacutepoca o entatildeo superintendente do jornal Estado de Minas Eacutedison Zenoacutebio publicou uma nota em sua coluna no jornal parabenizando pela mateacute-riardquo recorda o professor Rogeacuterio Bastos

Em ldquoAnunciou virou mancheterdquo o aluno Pedro Penido criticou a cobertura da imprensa entorno do deacutefi ct zero e a publicidade do governo do Estado sobre esse fato estampada nos trecircs jornais da capital Jaacute ldquoA imprensa errourdquo eacute uma criacutetica ao comportamento da imprensa na cobertura de um assassinato no Edifiacutecio JK O trabalho dos repoacuterteres Sinaacuteria Ferreira e Guilhermo Tacircngari pautou uma discussatildeo no Brasil das Gerais da Rede Minas Sinaacuteria Ferreira monitora na eacutepoca foi uma das participantes do programa

O Ponto eacute lanccedilado O impresso vem entatildeo ao mundo em for-mato Standard 315 mm x 560 mm papel jornal

jornalismo Faacutebio Santos que participou do processo seletivo do nome do jornal-laboratoacuterio do curso de Jornalismo da Fumec ldquoCriei acuteO Ponto` pensando no sentido ortograacutefico e ao mesmo tempo no signifi-cado da palavra como ponto de vistardquo

ldquoO Ponto eacute um nome de impacto Representa o acircngulo o lsquoxrsquo da questatildeordquo explica Joatildeo Henrique Faria que na ocasiatildeo participou do processo de escolha do nome O acutex` a que Faria se refere diz respeito a forma mais precisa de tratar um acontecimento Na seara jornaliacutestica consiste em diagnosticar o que de mais importante existe no fato esmiuccedilar seus anteceden-tes e desdobramentos O objetivo eacute enfi m noticiar de forma complexa contextualizada sem contudo recair no erro de julgar fazer juiacutezo de valor sobre um determi-nado acontecimento

Porque mudar eacute precisoEm maio de 2009 foi lanccedilado o novo projeto graacutefi co

do jornal com draacutesticas mudanccedilas de formato estilo e tambeacutem de logomarca cujo grafi smo conteacutem agora um ponto dentro da letra ldquoordquo reforccedilando a marca do impresso em seu nome O novo logotipo do jornal O Ponto eacute meacuterito do aluno do 2ordm periacuteodo do curso de Design Graacutefi co da Fumec Giovanni Batista Cocircrrea vencedor do concurso de reformulaccedilatildeo do logotipo

do jornal ldquoUsei uma fonte parecida com a anterior e desenhei a primeira letra lsquoorsquo da palavra como um lsquopontorsquo aproveitando sua forma natural pois acredito que uma marca deve ser simples e ao mesmo tempo marcanterdquo explica

A nova reformulaccedilatildeo graacutefi ca coordenada pela pro-fessora Duacutenya Azevedo e que contou com dois volun-taacuterios ndash os alunos Roberta Andrade e Pedro Leone - foi desenvolvido no segundo semestre de 2008 com base em pesquisas bibliograacutefi cas

De forma geral a opccedilatildeo por migrar do formato Stan-dart (o antigo jornalatildeo ndash de 53 cm de altura por 297 de largura) para o Berliner (289 cm por 43 cm) veio da demanda de adequaccedilatildeo as transformaccedilotildees que o meio impresso vem passando no mundo e no Brasil dimi-nuiccedilatildeo do puacuteblico leitor em detrimento dos veiacuteculos digitais o que culminou na reduccedilatildeo dos lucros dos jornais e do pessoal ndash jornalistas nas redaccedilotildees O que acentuou a disputa entre os jornais pelo leitor gerando a necessidade de reinvenccedilatildeo dos layouts para capta-ccedilatildeo deste puacuteblico que estaacute migrando para os canais de notiacutecia instantacircnea na internet

Conforme explica a professora Duacutenya Azevedo o formato Berliner eacute economicamente mais vantajoso - sua impressatildeo eacute mais barata e desperdiccedila menos papel eacute um formato mais praacutetico de ser manuseado

e passiacutevel de se aproximar de um layout de revista tipo de impresso mais bem acabado esteticamente e benquisto Razotildees estas ndash economia esteacutetica e tipo de manuseio - que infl uenciaram na decisatildeo de reformu-lar O Ponto

ldquoO objetivo do novo formato eacute aproximar O Ponto do estilo magazine (revista) ateacute mesmo pela sua periodi-cidade mensalrdquo explica Roberta Andrade ldquoQueriacuteamos diminuir o formato preservando poreacutem a valorizaccedilatildeo do textordquo reforccedila Pedro Leone Assim optou-se por uma tipografi a mais espaccedilada e menor para compor um layout mais arejado modernordquo

Eacute nesta linha de atuaccedilatildeo mantendo as antigas pre-missas do curso de liberdade de atuaccedilatildeo democracia e de ensaios profi ssionais que O Ponto segue traccedilando sua trajetoacuteria no espaccedilo acadecircmico concomitante-mente a histoacuteria dos estudantes no curso Sempre tendo em mente que a credibilidade de um jornal pre-cisa ser renovada constantemente seja ele velho ou novo Tenha ele 10 ou 100 anos de existecircncia Seja ele profi ssional ou laboratorial pois o que deve ser exal-tado e cumprido eacute a seriedade do trabalho sem isen-ccedilatildeo de culpa e responsabilidade em caso de erros Pois o desafi o em qualquer um dos veiacuteculos ndash seja um jornal renomado ou universitaacuterio eacute reportar com eacutetica e pro-fi ssionalismo as informaccedilotildees prestadas ao leitor

Alguns marcos em 10 ANOS

Imag

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12-16 - 10 anos O Pontoindd 312-16 - 10 anos O Pontoindd 3 82809 34455 PM82809 34455 PM

O Ponto

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Especial bull 15

2006

No fi nal de 2005 o jornal obteve outro rele-vante resultado um estudo sobre sua proposta editorial Os ex-alunos de jornalismo formados em 2005 Rafael Werkema e Renata Quintatildeo produziram o livro Jornal laboratoacuterio - uma pro-posta editorial criacutetica como parte do projeto de conclusatildeo de curso e dedicaram esta obra ldquoa todos os que veem O Ponto como espaccedilo para a formaccedilatildeo de agentes transformadores da socie-daderdquo Werkema declarou tambeacutem que este estudo abre refl exatildeo sobre a importacircncia do jornalismo impresso experimental que difere do modelo sisudo e congelado da grande imprensa

20092009Em janeiro de 2006 o jornal recebeu o precircmio Patildeo de Queijo de notiacutecias (PQN) Na eacutepoca a ex-coordenadora de O Ponto Ana Paola Valente fez a seguinte declaraccedilatildeo sobre o feito ldquoEsta eacute uma conquista coletiva construiacuteda principalmente pelos alunos que fazem o jornal e acreditam neste projetordquoEm maio o jornal foi eleito o melhor jornal laboratoacuterio da Ameacuterica Latina na III Mos-tra Internacional da Pesquisa Experimen-tal da Comunicaccedilatildeo EXPOCOM-SUR

2005

Para aleacutem das atividades ligadas ao produto impresso O Ponto tambeacutem se faz presente em vaacuterias iniciativas e eventos na Faculdade de Ciecircncias Humanas Uma dessas accedilotildees foi o debate poliacutetico entre os candidatos agrave Prefeitura de Belo Horizonte em 2008 Organizado pelos monitores de O Ponto e da Redaccedilatildeo Modelo e orien-tados pelos professores coordenadores o evento reuniu seis dos nove candidatos ao pleito no auditoacuterio Phoenix da Fumec no mecircs de setembro

Dois assuntos mar-caram a tocircnica do debate dos candida-tos as preocupaccedilotildees com educaccedilatildeo e com o transporte puacuteblico na capital mineira As inquietaccedilotildees estiveram presentes nas questotildees apresentadas pelos estudantes O auditoacuterio recebeu mais de 200 universitaacuterios

Compareceram ao evento os candi-datos Gustavo Valadares (DEM) Jorge Periquito (PRTB) Leonardo Quintatildeo (PMDB) Pedro Paulo (PCO) Seacutergio Miranda (PDT-PCB) e Vanessa Portu-gal (PSTU) Somente trecircs candidatos ndash Andreacute Alves (PT do B) Jocirc Moraes (PC do B) e Maacutercio Lacerda (PSB) ndash natildeo partici-

param e alegaram confl ito de agenda Os presentes elogiaram a organizaccedilatildeo

do evento e destacaram a importacircncia de se promover esclarecimentos poliacuteticos aos jovens jaacute que o tempo de duraccedilatildeo dos programas eleitorais na miacutedia natildeo era sufi ciente para informar os eleitores sobre os problemas da cidade bem como das propostas dos candidatos ao pleito

O envolvimento da equipe de O Ponto natildeo para por aiacute Em colaboraccedilatildeo com o Nuacutecelo de Estu-dos Escola da Ter-ceira Idade (Neeti) o laboratoacuterio assumiu tambeacutem no uacuteltimo semestre a diagrama-ccedilatildeo e fechamento do jornal Degrau publi-caccedilatildeo semestral dos alunos do curso que produzem crocircnicas poesias e outros tex-tos de cunho pessoal

Em momentos de polecircmica a ordem eacute arregaccedilar as mangas Apoacutes decisatildeo do Supremo Tribunal Federal no fi nal do primeiro semestre deste ano de por fi m agrave obrigatoriedade do diploma para o exer-ciacutecio profi ssional do jornalismo os moni-tores de O Ponto foram mobilizados para sair em campo e ouvir os profi ssionais do mercado sobre o impacto da decisatildeo na

vida dos atuais e futuros profi ssinais Como resultado da iniciativa foi pro-

duzido um viacutedeo com depoimentos de representantes da imprensa belo-hori-zontina tranquilizando os estudantes e avaliando como baixo o impacto da medida do STF na hora da contrataccedilatildeo prevalecendo a importacircncia de se ter um curso de formaccedilatildeo jornaliacutestica

Ensino de qualidadeO laboratoacuterio de jornalismo impresso

da Fumec prima tambeacutem pela qualidade do ensino As atividades de produccedilatildeo de cada ediccedilatildeo do jornal laboratoacuterio assim como a delimitaccedilatildeo dos papeacuteis dos par-ticipantes e colaboradores em cada uma delas satildeo todas executadas e coordena-das por estudantes Os alunos desde o primeiro semestre do curso satildeo estimu-lados a participar de O Ponto

As reuniotildees de pauta satildeo divulgadas para todo o corpo dicente de Jornalismo e coordenadas pela monitoria As suges-totildees de assuntos e enfoques para as mateacute-rias satildeo responsabilidade dos alunos que estatildeo cursando a disciplina Ediccedilatildeo II Eles assumem a ediccedilatildeo do jornal a cada semestre orientados pelo professor da disciplina e auxiliados pelos monitores

Quanto agrave apuraccedilatildeo das mateacuterias a reportagem pode ser executada por todos os periacuteodos A fotografi a tambeacutem eacute uma atividade preferencialmente dos alunos do curso Iniciativas de convergecircncia

tambeacutem satildeo praticadas pelos estudantes da Fumec como por exemplo em repor-tagem publicada na ediccedilatildeo nuacutemero 69 Intitulada ldquoEstudante vira gari por um diardquo a reportagem foi produzida para o impresso para a internet (Ponto Eletrocirc-nico) e em viacutedeo simultacircneamente Para isso uma equipe foi para as ruas executar a reportagem e no caso do repoacuterter tam-beacutem da coleta de lixo

A ediccedilatildeo do texto e a diagramaccedilatildeo satildeo executadas pelos alunos que estatildeo cur-sando Ediccedilatildeo II A revisatildeo fi nal do texto e do layout da paacutegina satildeo tarefas dos monitores e posteriormente o material eacute enviado para a graacutefi ca

O Jornal Laboratoacuterio O Ponto eacute na avaliaccedilatildeo do Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social da Universidade Fumec Seacutergio Arreguy o principal ins-trumento de experimentaccedilatildeo para o jor-nalismo impresso ldquoElaborado desde o projeto graacutefi co pautas apuraccedilatildeo e produ-ccedilatildeo de mateacuterias pelos alunos sob a super-visatildeo e coordenaccedilatildeo dos professores eacute o resultado de muito trabalho dedicaccedilatildeo e comprometimento de todos os envol-vidos materializado em um Jornal de excelente qualidade Refl exo de um curso seacuterio aprovado e reconhecido sobretudo pelo mercado de Belo Horizonterdquo

Aureacutelio JoseacuteCoordenador do Jornal-laboratoacuterio e

professor do curso de Jornalismo

Atividades vatildeo aleacutem da produccedilatildeo impressa

ldquoResultado de muito trabalho e

comprometimento o jornal eacute refl exo

de um curso seacuterio e reconhecido pelo

mercado de BHrdquoSeacutergio Arreguy coordenador do curso de Comunicaccedilatildeo Social

12-16 - 10 anos O Pontoindd 412-16 - 10 anos O Pontoindd 4 82809 34457 PM82809 34457 PM

O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

16 bull Especial

Com a palavra alguns ex-monitores

ldquoO meu

primeiro contato praacutetico

com o jornalismo ocorreu no Jor-

nal O Ponto Durante oito meses

como

monitor e nos quatro anos de curso

vivi cada

dia na redaccedilatildeo e pude ajudar a c

onstruir com

reportagens diagramaccedilotildees ou material fotograacutefi co

esse jornal que respeito muito por

ter me mostrado de

forma sincera alguns valores da mi

nha profi ssatildeo

As discussotildees interessadas que tive

mos naquela redaccedilatildeo

fi cam para toda a carreira juntame

nte com as boas pessoas

com as quais pude conviver nesse

periacuteodo Com o Ponto

percebi que o jornalismo antes de

escrever deve ldquoolharrdquo

para o mundo e buscar seu recorte

Por mais difiacutecil que

fosse terminar uma paacutegina sempre

compensava olhar para

ela impressa na pilha de jornais

no fi m do mecircs Esse

desafi o nos motivou e deve motivar

a cada diardquo

Enzo Menezes ex-monitor

ldquoDurante um ano e meio fui moni-

tora do jornal O Ponto podendo

adquirir muito conhecimento Mesmo

sendo um jornal mensal e por isso com-

posto de reportagens natildeo de notiacutecias pude

aprender sobre a rotina de uma redaccedilatildeo Aprendi

como nasce um jornal desde a reuniatildeo de pau-

tas o acompanhamento dos repoacuterteres e editores

revisatildeo das paacuteginas montagem da boneca o fecha-

mento ateacute o jornal impresso Comecei no jornal no

sexto periacuteodo entatildeo tive que apreender a editar

e diagramar uma paacutegina Ao mesmo tempo tambeacutem era

responsaacutevel pela ediccedilatildeo fi nal do jornal tendo que

colaborar com os demais alunos Foi muito grati-

fi cante fazer parte da equipe do jornal labora-

toacuterio foi um grande aprendizadordquo

Poliane Bosco ex-monitora

ldquoFui um dos primeiros monito-res do jornal e da 1ordf turma de jornalismo da Fumec Como na eacutepoca os repoacuterteres eram voluntaacuteriospassaacutevamos nas

salas chamando o pessoal Nas primeiras ediccedilotildees ateacute falavam que existia uma lsquopanelinharsquo porque as

mateacuterias eram sempre dos mesmos - eu o Ernesto Braga o Pedro Blank por exemplo porque era quem se interessava em escrever A mateacuteria que me marcou mais foi a primeira a primeira a gente nunca esquece (risos) Acho que o tiacutetulo era lsquoDe volta aos porotildees da loucurarsquo que saiu como manchete na primeira ediccedilatildeo e era sobre um manicocircmio em Barbacena O pessoal de psicologia ia fazer um estudo laacute e nos ofere-cemos para cobrir Vimos que a situaccedilatildeo do lugar era a mesma haacute 20 anos segundo um livro dos anos 80 sobre a instituiccedilatildeordquo

Murilo Rocha ex-monitor

ldquoA moni-toria foi uma experiecircncia

muito bacana pois foi a primeira vez que tive contato com a produccedilatildeo de

um jornal Tiacutenhamos a funccedilatildeo de editar mas tambeacutem faziacuteamos mateacuterias diagramaacutevamos tiraacute-

vamos fotos orientaacutevamos os repoacuterteres enfi m era uma trabalheira soacute Lembro-me de uma mateacuteria que fi z sobre salaacuterio miacutenimo (maio2001 14ordf ediccedilatildeo) e ganhou a manchete de O Ponto para minha surpresa Eu e o Daniel Bianchini na eacutepoca fotoacutegrafo e teacutec-nico do laboratoacuterio de fotografi a da Fumec subimos a favela para saber quantas eram e como viviam as

pessoas que recebiam um salaacuterio miacutenimordquo

Angeacutelica Diniz ex-monitora

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Foto arquivo O Ponto

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Esporte bull 17Editor e diagramador da paacutegina Rodrigo Zavaghli e Joatildeo Procoacutepio 6ordm periacuteodo

Domingo um dia em que a populaccedilatildeo de um paiacutes inteiro parou diante das tevecircs para assistir ao embate de duas equipes esportivas disputando o tiacutetulo nacional O vencedor vem estabelecendo uma supremacia invejaacutevel Eacute o maior ganha-dor da deacutecada e jaacute desponta como favo-rito para a proacutexima temporada Enfrenta apenas um desafi o manter o elenco para continuar competitivo em um ramo que movimenta milhotildees em dinheiro anualmente

Poderia estar falando do Brasil e o time citado poderia perfeitamente ser o Satildeo Paulo Mas a cena descrita se passa nos Estados Unidos o campeatildeo se chama Los Angeles Lakers e o esporte natildeo eacute o futebol mas sim o basquete Com uma atuaccedilatildeo impecaacutevel do cestinha Kobe Bryant os Lakers derrotaram o Orlando Magic em uma seacuterie melhor de sete jogos levantando o caneco pela quarta vez desde o ano 2000 Eacute o deacutecimo tiacutetulo do teacutecnico Phil Jackson em 15 da equipe de LA Somados a esses nuacutemeros 15 milhotildees de televisores americanos esta-vam ligados no jogo durante a exibiccedilatildeo e a movimentaccedilatildeo fi nanceira do esporte tambeacutem natildeo fi ca atraacutes das grandes trans-ferecircncias de jogadores brasileiros para o futebol europeu A estrela do basquete Shaquille OacuteNeil deve trocar de time por nada menos que 20 milhotildees de doacutelares -uma pechincha- Mostra-se assim que o basquete pode seguir uma foacutermula de sucesso da mesma forma que fazemos com o nosso esporte nacional

A liga americana eacute uma das mais assis-tidas no paiacutes e no mundo sendo transmi-tida para 42 paiacuteses e possui uma foacutermula diferente e atraente com fase de grupos os famosos mata-matas e divisotildees por conferecircncias tornando toda a temporada uma grande festa com direito inclusive agraves tradicionais e nada desejaacuteveis brigas de torcida

A NBBA Associaccedilatildeo Nacional de Basquete

dos Estados Unidos a NBA eacute o exemplo que o Brasil estaacute tentando seguir para reerguer o esporte no paiacutes A preocupa-ccedilatildeo eacute grande uma vez que por exemplo a equipe masculina nacional que jaacute con-tou com estrelas como Oscar Schmidt aleacutem de jogadores que hoje fazem fama no exterior como Leandrinho Nenecirc e Anderson Varejatildeo nem se quer conquis-tou vaga para disputar as duas uacuteltimas olimpiacuteadas Isso para um esporte em que o Brasil jaacute foi campeatildeo mundial no cada vez mais longiacutenquo ano de 1959 eacute sinal de crise

Mas o racha no basquete brasileiro natildeo envolve apenas o desempenho do time em quadra Nos uacuteltimos anos o que se viu foi um show de falta de organizaccedilatildeo por parte da Confederaccedilatildeo Brasileira de Basquete (CBB) que em 2006 natildeo con-seguiu promover o campeonato nacio-nal ateacute o fi m Faltou a fi nal e a histoacuteria

enveredou para a poliacutetica Os clubes paulistas insatisfeitos com a conjun-tura romperam com a confederaccedilatildeo e disputaram um torneio paralelo criado por eles em 2008 No preacute-oliacutempico do mesmo ano a seleccedilatildeo brasileira dispu-tou por vaacuterios motivos muitos deles obscuros com desfalque de todos os jogadores que disputavam a Liga Ame-ricana Perdeu

Insustentaacutevel por si soacute a nova aposta da CBB eacute o Novo Basquete Brasil A sigla NBB natildeo foi por acaso A semelhanccedila com a NBA eacute justamente o foco do novo torneio organizado pelos clubes com a chancela da Confederaccedilatildeo Eacute uma ten-tativa de reconciliaccedilatildeo dos times com a entidade dos jogadores com a seleccedilatildeo e por consequumlecircncia das torcidas com a quadra O formato traz turno returno e fase fi nal com mata-mata para defi nir semifi nalistas e fi nalistas A fi nal eacute deci-dida em no maacuteximo cinco partidas E que comece a campanha para as Olim-piacuteadas do Rio

OlimpiacuteadasQue o governo brasileiro estaacute em cam-

panha para sediar os Jogos Oliacutempicos de 2016 jaacute estaacute claro para todo mundo O que acontece nas entrelinhas poreacutem eacute um esforccedilo coletivo por parte da miacutedia do governo e de todo o setor esportivo em geral em alavancar o esporte no paiacutes Desmistifi car a conversa de que aqui soacute o futebol presta Eacute bom para os clubes bom para os cofres puacuteblicos e bom para as empresas privadas fora a melhoria na imagem do paiacutes laacute fora Para se ter uma ideia o Pan do Rio gastou cerca de sete milhotildees de reais em uma soacute cidade Jaacute a reforma do Maracanatilde palco da fi nal da copa de 2014 tem orccedilamento pre-visto em ateacute 1 bilhatildeo Eacute muito dinheiro envolvido e logicamente muita gente interessada

O NBB se torna claramente mais uma peccedila nesse complexo tabuleiro aonde o objetivo eacute vender o Brasil como paiacutes do esporte Ronaldo Adriano Fred fora outras movimentaccedilotildees de grandes estrelas do esporte nacional que retor-nam ao paiacutes mostram que aos poucos estamos tentando construir uma cultura esportiva o que nos encaixa como uma luva na candidatura para as olimpiacuteadas

A verdade eacute que temos um longo caminho a percorrer O Rio de Janeiro jaacute ateacute possui um esqueleto de estrutura eacute verdade feita nos Jogos Pan Ameri-canos de 2006 e pretende ampliar o investimento com a Copa do Mundo de futebol mas a incompatibilidade ainda eacute latente Falta resolver o problema da seguranccedila puacuteblica A reforma do estaacute-dio do Maracanatilde jaacute tem orccedilamento mas natildeo tem quem pague E o que sinaliza o desespero para ser capaz de receber um evento desse porte eacute a corrida das cidades sede da Copa de 2014 Das 12 cidades sede todas com planejamentos astronomicamente caros para a compe-ticcedilatildeo apenas uma ndashBrasiacutelia- declarou de onde viraacute o dinheiro

Formaccedilatildeo de baseO lado positivo de toda a politicagem

que envolve a corrida pelas olimpiacuteadas eacute a formaccedilatildeo de novos atletas e de esco-linhas de base nos vaacuterios clubes do paiacutes Afi nal se por um lado esporte eacute fi nan-ceiramente um bom negoacutecio ele natildeo deixa de ser saudaacutevel e interessante para a sociedade A efi ciecircncia de escolinhas de esporte nas periferias em termos de estatiacutesticas de criminalidade aleacutem do trabalho seacuterio de dignidade e auto-estima que eacute feito na grande maioria dos casos por professores voluntaacuterios eacute inegaacutevel

O Mackenzie Esporte Clube tradi-cional formador de atletas de Belo Hori-zonte por exemplo usa suas escolinhas de esporte para segundo sua assessoria de imprensa auxiliar na educaccedilatildeo e inte-graccedilatildeo social de crianccedilas e jovens Aleacutem dos clubes escolas particulares ou seja com verbas como o Coleacutegio Santo Agos-tinho realizam projetos sociais para pro-mover a integraccedilatildeo e dignidade atraveacutes do esporte Exemplo disso era o time de vocirclei Sada Betim hoje Sada Cruzeiro que enquanto ainda associado agrave prefeitura da cidade e usando suas dependecircncias abria portas para jovens da periferia para integrar suas escolas baacutesicas do esporte

Estrutura para tais iniciativas eacute o que natildeo falta O Minas Tecircnis clube de maior destaque no cenaacuterio esportivo mineiro eacute o detentor de uma das mais invejaacuteveis estruturas esportivas do paiacutes Eacute o exem-

plo de que eacute possiacutevel dar suporte para for-mar equipes competitvas em vaacuterios espor-tes Finalista da Superliga de vocirclei clube de formaccedilatildeo do medalista pan americano Th iago Pereira da nataccedilatildeo medalista oliacutempico do judocirc com Ketleyn Quadros e semifi nalista da NBB com a equipe de basquete Conquistas que geram pergun-tas Eacute possiacutevel estender tamanho sucesso para a populaccedilatildeo em geral O Brasil seraacute capaz de utilizar o potencial que tem de mobilizar a sociedade por causas tatildeo inte-ressantes quanto o esporte para alavan-car os setores prejudicados de seu povo ou vai jogar todos os problemas e todas as desculpas por suas falhas sob o grande guarda-chuva da beleza do esporte Seraacute as Olimpiacuteadas uma oportunidade para o sucesso ou mais uma grande farra para os poliacuteticos e para a miacutedia

O Novo Basquete Brasil pode ser parte da resposta O objetivo principal do tor-neio eacute revigorar o esporte atrair o puacuteblico de volta e recolocar o basquete brasileiro em niacuteveis oliacutempicos para em seu obje-tivo secundaacuterio apoiar a campanha para o Rio 2016 Se der certo bom para o Bra-sil Ganha em notoriedade em trabalho bem feito e abre um leque de esperanccedilas para os projetos que viratildeo Se der errado reforccedila a capacidade do brasileiro de fazer auecirc sem saber aonde vai dar E costuma dar em pizza Em obras superfaturadas em estrutura precaacuteria e em novas festas como mensalotildees castelos e farras aeacutereas em geral

O Novo Esporte BrasilFinal do Novo Basquete Brasil levanta a discussatildeo das poliacuteticas esportivas no Brasil

PEDRO LEONE

6ordm PERIacuteODO

Foto Divulgaccedilatildeo

Minas e Flamengo em jogo realizado na arena da Rua da Bahia

17 - novo esporte brasilindd 117 - novo esporte brasilindd 1 82809 115027 AM82809 115027 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

18 bull Entretenimento Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O que vocecirc acha que o CQC traz de novo para a TV brasileira

Rafi nha Bastos O CQC eacute um formato novo Soacute o fato de existir um formato novo numa televisatildeo tatildeo repetida porque os formatos se repetem muito na televisatildeo a novela do SBT eacute igual a da Band que eacute igual a da Globo que eacute igual a da Record os telejornais tambeacutem satildeo parecidos os programas de auditoacuterio Entatildeo soacute o fato de ser um programa diferente um formato de televisatildeo diferente jaacute eacute uma novidade Eu acho que eacute isso que o CQC traz

OPComo vocecirc entende a junccedilatildeo de ldquojornalismo e humorrdquo

RB Eu acho que o jornalismo eacute muito convencional Ele tem um formato muito especiacutefi co no Brasil haacute muito tempo Entatildeo o fato de a gente estar fazendo uma coisa mais bem humorada vem quebrar um pouco com esses paradigmas que satildeo muito estabelecidos do jornalismo A gente estaacute fazendo de uma maneira diferente de fazer o jornalismo Eu acho interessante a receptividade que eu tenho tido com as mateacuterias laacute do ldquoProteste Jaacuterdquo Satildeo muito legais o povo gosta e se sente representado Entatildeo eu acho que tem sido muito bom

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

RB Natildeo existe isso Eu sou contra esse negoacutecio de ldquohumor inteligenterdquo porque natildeo eacute porque o Tiririca faz um humor para o povatildeo que ele natildeo eacute inteligente Ele eacute um gecircnio aliaacutes entendeu Natildeo acho que a questatildeo eacute ldquointeligenterdquo Eu acho que a questatildeo eacute a seguinte o humor do CQC precisa de mais referecircncia O pessoal precisa conhecer um pouco das coisas que a gente estaacute falando estar um pouco informado sobre poliacutetica Talvez a pessoa que assiste ao CQC esteja atraacutes de um humor com mais informaccedilatildeo um humor mais criacutetico e o humor natildeo eacute tatildeo popular mas natildeo signifi ca que natildeo eacute mais inteligente do que o humor popular

OPVocecirc natildeo teme que o CQC caia na ldquomesmicerdquo

RB Eacute muito cedo para dizer ainda Muito cedo O que acontece eacute que os pro-gramas humoriacutesticos caem na mesmice e isso eacute estrateacutegico O ldquoNerson da Capi-tingardquo faz a mesma piada toda semana

porque as pessoas precisam entender a piada O povatildeo a galera ldquomassardquo precisa saber a hora que ela tem que rir Por isso que parece que eacute muito repetitivo Porque natildeo eacute um humor feito pra gente natildeo eacute um humor feito para a galera faculdade para a galera que tem um espiacuterito criacutetico um pouco mais aguccedilado Eacute para o povatildeo Eacute muito bem feito A tendecircncia do CQC natildeo eacute ir por esse caminho mas pode ser que ele se repita Isso eacute uma busca eterna

OPA experiecircncia da stand-up comedy contribui para a abordagem de suas fontes

RB O fato de eu ser comediante me ajuda Eu faccedilo um programa de humor hoje que por mais que tenha uma pegada jornaliacutestica eacute um programa de humor O objetivo dele eacute ser engraccedilado eacute ser divertido Tanto a minha formaccedilatildeo de jornalista quanto o meu trabalho de comediante estatildeo juntos ali quando eu estou na frente do viacutedeo

OPEm sua opiniatildeo onde podemos perceber o jornalismo no CQC

RB O quadro ldquoProteste jaacuterdquo eacute o quadro mais jornaliacutestico do programa Ele aborda os problemas levanta e vai atraacutes de soluccedilotildees conversa com os governantes Eu acho que esse eacute o quadro mais jornaliacutestico mas natildeo signifi ca que as mateacuterias de ldquobaladardquo natildeo sejam jornaliacutesticas Mas eu soacute acho que o mais parecido com o formato tradicional de jornalismo eacute o ldquoProteste Jaacuterdquo

OPComo vocecirc percebe a inserccedilatildeo da publicidade no programa Vocecirc acha que o excesso de propaganda pode pre-judicar a atraccedilatildeo

RB Eu acho que eacute feito de uma maneira muito suave Eacute algo inovador O que o CQC faz natildeo existe em nenhum outro programa A gente natildeo interrompe natildeo mostra nenhum produto ou merchan durante o programa Satildeo propagandas fei-tas com o proacuteprio elenco Entatildeo eu acho

que eacute diferente e o programa tem que se bancar Ele precisa ter publicidade

OPMas vocecirc natildeo acha que haacute uma quebra do discurso Por exemplo o Marcelo Tas chama uma mateacuteria ldquoredondardquo e faz menccedilatildeo a uma determi-nada marca de cerveja Quando manda a mateacuteria haacute um corte com outra propa-ganda entrando

RB Vocecirc natildeo acha isso muito melhor do que parar e falar assim ldquogente vamos falar de seguro sauacutederdquo e a pessoa sair Vocecirc tem que vender vocecirc tem que fazer publicidade Natildeo tem como O programa precisa se bancar de alguma forma Eu acho que a melhor maneira uma maneira interessante de fazer os merchans eacute da maneira como a gente faz Natildeo inter-rompe natildeo tem a ver com a mateacuteria natildeo estaacute no meio do conteuacutedo natildeo tem a ver com o conteuacutedo do programa estaacute sepa-rado Eu acho que eacute uma maneira tran-quila Se eacute a melhor maneira eu natildeo sei mas eu acho interessante

OPEm abril assessores de comuni-caccedilatildeo dos parlamentares se reuniram em Brasiacutelia para questionar a liberdade com que os repoacuterteres atuam no Con-gresso Nacional O diretor de comuni-caccedilatildeo da Cacircmara poreacutem afi rmou que natildeo alteraria as regras atuais e que cabia aos assessores explicar aos deputados como lidar com o tipo de jornalismo praticado pelos programas O CQC foi pivocirc desta atitude

RB O Congresso faz as leis dele O Congresso olha muito para o proacuteprio umbigo Natildeo existe nada que infl uencie diretamente as decisotildees do Congresso Eles decidem por eles mesmo Por isso que eles estatildeo em Brasiacutelia que fi ca a 500 km de Rio e Satildeo Paulo

OPVocecirc acha que os poliacuteticos satildeo alvo faacutecil para o humor Por quecirc

RB Eu acho que natildeo Eu acho que os poliacuteticos satildeo difiacuteceis porque satildeo uma concorrecircncia para os comediantes Os proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia entatildeo jaacute eacute muito difiacutecil vocecirc tirar sarro de algo que jaacute eacute engraccedilado As notiacutecias do ldquoJornal Nacionalrdquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQC Eacute mais difiacutecil ainda Eacute uma busca eterna para natildeo fi car se repetindo e natildeo fi car falando coisas que jaacute satildeo ditas por outros telejornais

Os bastidores do risoEm entrevista exclusiva Rafi nha Bastos repoacuterter do programa televisivo Custe o Que Custar (CQC) abre o jogo e conta como o humor eacute levado a seacuterio na atraccedilatildeo semanal na emissora Bandeirantes

Uma das cenas protagonizadas por Rafi nha Bastos no quadro ldquoProteste jaacuterdquo

ldquoOs proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia () As notiacutecias do lsquoJornal Nacionalrsquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQCrdquo

Rafi nha Bastos

AMANDA ARAUacuteJO

FLAacuteVIO CAMPOS

NATASHA MUZZI

8ordm PERIacuteODO

Belo Horizonte abril de 2009 Enquanto esperaacutevamos a reapresen-taccedilatildeo da peccedila ldquoArte do Insultordquo para realizar uma entrevista com o humo-rista Rafi nha Bastos marcaacutevamos quais seriam as principais perguntas que deveriam ser feitas considerando o pouco tempo que teriacuteamos dispo-

niacutevel nos bastidores do evento Casa cheia nervosismo em alta muita gente querendo conversar e chamar a atenccedilatildeo do ldquohomem de pretordquo do programa CQC Difiacutecil tarefa eacute con-seguir uma entrevista quando se eacute apenas estudante Mas conseguimos o acesso e a conversa se estendeu por bem mais tempo do que esperaacuteva-mos Nosso objetivo era questionar o apresentador e repoacuterter sobre a jun-ccedilatildeo entre jornalismo e humor presen-tes no programa por ele apresentado

a fi m de somar ao nosso trabalho de conclusatildeo de curso que apresentava a mesma discussatildeo Em maio de volta agrave mesma casa de espetaacuteculos nos encontramos com o tambeacutem repoacuterter da atraccedilatildeo Danilo Gentili com cer-teza bem mais afi ados e preparados para a sarcaacutesticas intervenccedilotildees do humorista

De forma descontraiacuteda fomos recebidos pelas duas grandes fi guras do Stand-up Comedy e agora ldquoastrosrdquo do irreverente CQC que toparam

falar sobre o jornalismo do programa liberdade de imprensa poliacutetica e claro humor Aleacutem de compor a bancada do programa Rafi nha Bastos eacute jornalista e comediante apresentando espetaacuteculos de improviso por todo o paiacutes Publicitaacuterio e humorista Danilo Gentilli foi um dos fundadores da comeacutedia ao vivo na capital paulista O resultado deste inusitado e divertido bate-papo com os dois repoacuterteres vocecirc confere agora em entrevistas editadas especialmente para O Ponto

Foto Divulgaccedilatildeo

18-19 - cqc prontaindd 118-19 - cqc prontaindd 1 82809 115038 AM82809 115038 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Entretenimento bull 19Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O ano de 2008 rendeu ao CQC nove precircmios Quatro deles somam como melhor programa de humor eou como melhor produccedilatildeo humoriacutestica Porque vocecirc acha que a miacutedia ainda natildeo premiou o programa como melhor telejornal

Danilo Gentili O CQC trabalha com fatos jornaliacutesticos mas natildeo eacute um telejor-nal O CQC natildeo estaacute todo dia mostrando os fatos do dia entatildeo natildeo pode ser clas-sifi cado como um telejornal O ldquoGlobo Repoacuterterrdquo natildeo pode ser classifi cado ldquoum telejornalrdquo eacute um programa jornaliacutestico Eu acho que a miacutedia natildeo enxerga o CQC como um programa jornaliacutestico Na ver-dade se for para eu escolher se o CQC eacute jornaliacutestico ou humoriacutestico eu escolheria que ele eacute humoriacutestico porque quando eu vou fazer eu me preocupo primeiro em fazer a pessoa rir Eu vou abrir a boca eu vou falar com esse cara mas a uacutenica razatildeo de eu falar com esse cara eacute fazer uma piada Se eu for falar com ele e a pessoa natildeo rir natildeo tem porque eu estar aqui

OPA maioria das pautas poliacuteticas do programa satildeo destinadas agrave vocecirc A que vocecirc atribui isso Vocecirc seria o mais cara de pau dos ldquohomens de pretordquo

DG Pode ser Talvez seja Eu gosto de fazer poliacutetica com um produtor laacute em especiacutefi co A gente vai com muita von-tade de fazer o que a gente faz de chegar para o cara e perguntar Na verdade eacute o seguinte eu natildeo sei os outros repoacuterteres mas eu no CQC natildeo tenho a pretensatildeo de ser amigo de ningueacutem Seja de poliacutetico ou de celebridade eu natildeo tenho a pre-tensatildeo Vocecircs natildeo vatildeo me ver em festas de celebridades ldquoOh fui convidado pra festa e estou aquirdquo Eu natildeo tenho essa vontade natildeo eacute o meu mundo Entatildeo eu vou pra perguntar o que eu sempre quis e talvez o que todo mundo que estaacute em casa sempre quis saber

OPComo eacute a sua preparaccedilatildeo antes de cobrir as pautas poliacuteticas na Casa Legislativa Vocecirc planeja suas piadas antes ou eacute realmente no improviso

DG A reuniatildeo de pauta geralmente acontece no caminho Eu e o produtor ou no aviatildeo ou no carro Eu e o produ-tor falando ldquoquem vocecirc acha que vai estar laacute Ah Tal pessoa tal pessoa tal pessoa fez isso A gente pode falar issordquo A gente tenta mais ou menos ter uma noccedilatildeo do que dizer

OPMas inclui uma piada pronta DG A gente tenta prever e tenta ir

com umas cartas na manga mas a gente sabe que eacute impossiacutevel Porque eu posso ir com uma pergunta pronta e o cara me daacute uma resposta que ningueacutem esperava Aiacute em cima disso eu tenho que fazer outra piada

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

DG Taacute isso no site do CQC Vocecircs acreditaram nisso (risos) Natildeo sei eu acho que o humor tem que ser engra-ccedilado natildeo tem que ser inteligente Eacute o

que eu acho entendeu O que seria humor inteligente Natildeo sei o humor eacute muito subjetivo pra classifi car ldquoesse humor eacute inteligente esse natildeo eacuterdquo Eu acho que o humor inteligente eacute aquele que se comunica de uma forma efi caz com o seu puacuteblico O Tiririca eacute esquisito mais eacute um humor inteligente para muita gente Eu gosto do Tiririca

OPComo publicitaacuterio como vocecirc avalia esse novo modelo de publici-dade inserido no programa

DG Mas natildeo eacute tatildeo diferente assim Na verdade eacute igual as outras porque nas outras o cara faz a propaganda e a agecircncia que ganha e no CQC tambeacutem a gente faz a propaganda e a produtora que ganha

OPVocecirc acha que o riso midiatizado esse humor ldquopastelatildeordquo que a gente vecirc por aiacute deixa perder um pouco da fun-ccedilatildeo do riso que estaacute em ser criacutetico

DG Depende do humor pastelatildeo eu gosto muito Eu gosto do Chaves gosto dos Trecircs Patetas gosto do Jerry Lewis gosto do Mr Been Eacute tudo humor pastelatildeo Eu acho que o termo que vocecirc queira achar natildeo eacute ldquohumor pastelatildeordquo eacute um humor grosseiro tipo ldquoAh vou peidar em puacuteblicordquo e todo mundo ri disso Eacute um humor primaacuterio Tal-vez seja o que vocecirc queria dizer Pastelatildeo eu gosto muito o humor do Chaves eacute pas-

telatildeo e eacute muito inteligente O do Mr Been tambeacutem eacute muito inteligente ele bolar tudo aquilo e tal Agora tem o humor primaacuterio que eacute esse humor de bordatildeo humor de escatologia humor de falar qualquer coisa Geralmente ningueacutem ri se natildeo sabe do que estaacute rindo Eu tento fazer no meu show e no CQC um riso que depende do contexto Vocecirc vai ver isso quando eu for falar com um poliacutetico no CQC Por exemplo eu fi z uma mateacuteria e eu encontrei o Joatildeo Paulo Cunha um cara que era do mensalatildeo Eu sei que 90 do meu puacuteblico do CQC talvez natildeo se lembre ou natildeo saiba quem eacute o cara Entatildeo se eu fi zesse a piada ningueacutem ia rir ningueacutem ia achar graccedila Entatildeo antes de eu chegar no cara eu falei aquele ali eacute tal cara que fez tal coisa e naquela eacutepoca ele fez o mensalatildeo Falou que pagou 50 mil numa conta em TV a cabo e natildeo sei o que Aiacute o pessoal jaacute sabe do que eu vou falar Entatildeo eu jaacute deixei a pessoa a par do conceito Quando eu chego no cara e faccedilo as piadas a pessoa sabe do que eu estou falando Entatildeo eu informei a pessoa para ela poder rir No meu show eu faccedilo isso Eu falo de uma por-ccedilatildeo de coisas que vatildeo rir porque eles estatildeo dentro do conceito Eu vou falar de tracircnsito eu natildeo preciso explicar o que eacute o tracircnsito Todo mundo sabe o que eacute o tracircnsito entatildeo eles acabam rindo disso por exemplo

OPEm entrevista ao portal UOL no dia 24042008 vocecirc disse que os bra-sileiros natildeo tecircm muito senso de humor Porque vocecirc acha entatildeo que o pro-grama estaacute dando certo no Brasil Vocecirc acha que o CQC devolveu agrave sociedade um pouco desse senso

DG O problema do brasileiro eacute que ele tem o senso de humor primaacuterio Ele natildeo tem um senso de humor Pra vocecirc ter senso de humor vocecirc tem que ver o que estaacute acontecendo reconhecer a reali-dade para poder rir dela O brasileiro tem a auto estima muito baixa O brasileiro soacute brinca com os outros ele natildeo brinca con-

sigo proacuteprio Vocecirc vecirc piada de brasileiro eacute sempre o portuguecircs eacute sempre a loira Por exemplo tem o portuguecircs o brasi-leiro e o americano O brasileiro sempre se sai bem ele tem autoestima baixa ele natildeo sabe rir de si Se o CQC devolveu isso para o brasileiro Eu acho que natildeo Pouca coisa a gente devolveu isso para o brasileiro O brasileiro estaacute rindo ainda do poliacutetico ele estaacute rindo ainda da cele-bridade que a gente ridiculariza Eu jaacute saiacute na rua e quando eu fui na ldquoMarcha para Jesusrdquo falar deles ningueacutem riu

OPNo CQC vocecirc tem vontade de fazer o quadro Proteste Jaacute

DG Proteste Jaacute Natildeo sei cara Tudo que eu tenho vontade eu faccedilo Eu tenho von-tade que muita coisa que eu faccedilo entre mas acaba natildeo entrando porque os caras falam que eu pego pesado (risos) Se eu fi zesse o Proteste Jaacute talvez eu fi zesse dife-rente eu natildeo sei Eu natildeo tenho vontade de fazer o Proteste Jaacute natildeo

OPTem alguma entrevista sua que vocecirc considera a melhor

DG Natildeo Tem muita entrevista que eu vejo na TV e falo nossa essa natildeo foi a melhor que eu fiz Porque cortam muita coisa

OPQue elementos jornaliacutesticos vocecirc nota no programa CQC

DG Jornalismo tem porque a gente como fala no iniacutecio do programa eacute um ldquoresumo semanal de notiacuteciasrdquo Mas taacute eacute um resumo semanal de notiacutecias taacute bom vaia gente fi nge que eacute O que tem eacute a gente brinca com algumas coisas que aconteceram durante aquela semana durante aqueles dias proacuteximos Eacute o mais proacuteximo que tem do jornalismo A gente sempre que pode estaacute no fato na hora do fato Mas agraves vezes natildeo daacute entatildeo vai cobrir festinha e natildeo sei o que mas a intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e ldquobrincarrdquo com ele

ldquoA gente sempre que pode estaacute no fato na hora do

fato A intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente

pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e

lsquobrincarrsquo com elerdquo

Danilo Gentili

O humorista Danilo Gentili foi um dos fundadores da comeacutedia ldquocara limpardquo na capital paulista e hoje desafi a poliacuteticos

Foto divulgaccedilatildeo

O cara de pau dos homens de pretoDanilo Gentilli o temido repoacuterter pelos poliacuteticos no dia-a-dia do senado conta como se prepara para as pautas polecircmicas

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O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

20 bull Miacutedia

RENATA VALENTIM

6ordmPERIODO

Que o advento das miacutedias digitais pocircs um ponto de interrogaccedilatildeo no horizonte dos meios tradicionais jaacute se sabe Mas a transformaccedilatildeo destinada ao raacutedio parece ser de fato a de maior impacto Seja no campo das novas tecnologias de trans-missatildeo dos novos suportes ao aacuteudio no nuacutemero de funcionaacuterios contratados ou na avaliaccedilatildeo do poder de infl uecircncia no gosto da audiecircncia a revoluccedilatildeo vivida pelas raacutedios eacute atestada tanto por profi s-sionais da aacuterea quanto pelos ouvintes

O CD hoje obsoleto popularizado no Brasil no fi nal dos anos de 1980 jaacute signi-fi cou uma transformaccedilatildeo importante no dia-a-dia do radialista Em vez de exe-cuccedilotildees musicais feitas pelo LP ou ldquobola-chatildeordquo que o operador ou sonoplasta vigiava do iniacutecio ao fi m da faixa transmi-tida os tocadores de compact disc per-mitiam a programaccedilatildeo de vaacuterias faixas em sequumlecircncia poupando-lhe tempo O que veio a seguir economizou bem mais que isso a inovadora transformaccedilatildeo de muacutesica em kilobytes deu origem a sof-twares de execuccedilatildeo automaacutetica

Assim as raacutedios gerando programa-ccedilatildeo por 24h dispensaram seus locutores e sonoplastas da madrugada e dos fi nais de semana adaptando seus conteuacutedos para que sistemas de automaccedilatildeo tra-balhassem sozinhos Aleacutem das muacutesicas em formato digital apresentaccedilotildees de muacutesica passaram a ser tambeacutem gravadas

e reproduzidas como se fossem feitas ao vivo Natildeo foram poucos locutores desem-pregados No caso das afi liadas de gran-des redes de FM a reduccedilatildeo no quadro de profi ssionais da voz foi ainda maior Em alguns casos haacute somente um ou dois locutores agrave disposiccedilatildeo que datildeo conta da geraccedilatildeo de toda a programaccedilatildeo local

Com experiecircncia na aacuterea haacute mais de 20 anos a locutora e programadora musical Glaacuteucia Lara 40 lamenta ldquoem um fi nal de semana antes das mudanccedilas promo-vidas pelo advento do mp3 cerca de sete pessoas estariam trabalhando em uma emissora de raacutedio Hoje eacute comum esca-lar locutores para comandarem a pro-gramaccedilatildeo ao vivo soacute nos programas que contam com a participaccedilatildeo do ouvinte Do resto quem cuida eacute o computadorrdquo conta ela que jaacute passou por diversas emissoras do interior do estado e por afi -liadas de grandes redes como a Antena 1 de Belo Horizonte E o sonoplasta entatildeo ldquoNa era do CD essa fi gura foi extinta dos quadros O locutor natildeo eacute soacute responsaacutevel hoje por apresentar muacutesicas e interagir com o ouvinte Tambeacutem assumiu a res-ponsabilidade de operar os aparelhos

e pessoalmente acho que isso facilita a locuccedilatildeo porque natildeo haacute mais aquela dependecircncia de um sinal do sonoplasta aquela sintonia de timing necessaacuteria para esse trabalho de equipe decirc certo O locutor faz tudordquo pondera

Eu baixo tu baixasO mp3 tambeacutem alterou a forma de

distribuir novos trabalhos musicais A popularizaccedilatildeo da internet e a troca de arquivos por meio de softwares seme-lhantes ao pioneiro Napster deram iniacutecio agrave decadecircncia dos CDs e ao decliacutenio das grandes gravadoras que fracassaram ao combater tanto a pirataria quanto o com-partilhamento online de mp3

O casamento das gravadoras com o raacutedio e a TV que detinham a foacutermula exclusiva de atrair a atenccedilatildeo do puacuteblico para seu artista entrou em crise A par-ceria de divulgaccedilatildeo perdeu espaccedilo con-sideraacutevel para uma revolucionaacuteria forma de acesso a novos trabalhos musicais feita na internet Para a tristeza de grava-doras e artistas a vendagem de CDs caiu drasticamente fazendo dos shows e tur-necircs sua principal fonte de lucro Foi-se o

tempo em que um artista de sucesso ven-dia mais de 2 milhotildees de coacutepias de seu trabalho o campeatildeo do mercado fono-graacutefi co brasileiro em 2006 Padre Marcelo Rossi registrou cerca de 860 mil coacutepias vendidas de seu aacutelbum ldquoMinha Becircnccedilatildeordquo editado pela Sony BMG Um nuacutemero pequeno se comparado aos 35 milhotildees de coacutepias de seu primeiro disco ldquoMuacutesi-cas Para Louvar ao Senhorrdquo de 1998

A estagiaacuteria de pesquisa de mercado Karina Zandona 22 comprova esse fenocirc-meno Fatilde de Th e Killers ela conta que hoje procura se informar do lanccedilamento de aacutelbuns das suas bandas preferidas por sites especializados e faz download deles quando jaacute estatildeo disponiacuteveis ldquoSoacute ouccedilo muacutesica pelo PC e pelo mp3 player Raacutedio soacute ouccedilo agraves vezes quando minha matildee ouve em casa E sempre satildeo as programa-ccedilotildees informativas como a Raacutedio Itatiaia Natildeo consigo mais fi car exposta a tanto hit lsquoda modinharsquo como os de black music no raacutediordquo diz No caso da comerciaacuteria Ellen Colombini 24 a infl uecircncia da internet eacute ainda mais efetiva ldquoouvia muito raacutedio quando adolescente e assistia muito agrave MTV Era fatilde de coisas do tipo Hanson

por exemplo (risos) Mas quando passei a usar a internet e descobri a maravilha que eacute fazer download de muacutesica natildeo liguei mais o raacutedio Sou viciada em fazer downloads vou baixando tudo o que encontro e que me parece interessante pelo release que acompanha o link ou mesmo pelo nome da banda Escuto tudo e seleciono o que me agrada Se aprovado vou passando adiante E a partir do que eu recomendo para os amigos recebo deles arquivos de artis-tas parecidas com o que eu enviei e sobre os quais natildeo vejo ningueacutem falarrdquo comenta

A engenheira ambiental Eduarda Stancioli 24 eacute ouvinte da Last FM paacutegina online na qual o usaacuterio cria a pragramaccedilatildeo sem a interrupccedilatildeo de publicidade e locutores ldquoComo passo mais tempo usando o computador da empresa que o resto do pessoal e natildeo posso fazer dowloads o site foi uma oacutetima soluccedilatildeo para ouvir muacutesica enquanto faccedilo meus projetosrdquo Eduarda diz que a facildade estaacute no fato da pro-gramaccedilatildeo ser sua criaccedilatildeo onde vocecirc seleciona os artistas ou estilo de muacutesica da sua preferecircncia podendo mudaacute-la qualquer hora E ainda poder contar com sugestotildees musicais do serviccedilo geradas a partir do tipo de muacutesica que se ouve

Contra a mareacuteCurioso eacute o exemplo da estudante

Ceciacutelia Portugal 21 anos Apreciadora de axeacute music adora ouvir a Extra FM enquanto dirige Diferente de Ellen e

Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

O raacutedio na onda do ciberespaccedilo

Imagem do programa de dowloads de arqui-vos de muacutesica e viacutedeos Limewire

Paacutegina da raacutedio na internet a Last FM

Saiba o que a troca de arquivos de muacutesica pela internet fez com o raacutedio de entretenimento como as pes-soas encarram isso e quais satildeo as apostas das raacutedios para natildeo perderem seus ouvintes e patrocinadores

20-21 - Mate ria Ra dio final prontaindd 120-21 - Mate ria Ra dio final prontaindd 1 82809 115051 AM82809 115051 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Miacutedia bull 21Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

Karina o costume de baixar muacutesica pela internet natildeo a afas-tou do haacutebito de ouvir raacutedio ldquooutro dia ouvi uma muacutesica nova do Tomate ex-vocalista do Rapazolla Corri pra casa procurei o arquivo para down-load e depois gravei num CD para ouvir com as amigas no caminho pra baladardquo conta ldquoA maior graccedila do raacutedio que sem-pre tive o costume de ouvir eacute a companhia que faz Parece que natildeo estou sozinha no carro enquanto ouccedilo E me divirto com as esquetes de humor que tecircm por aiacuterdquo diz

Essa parece mesmo ser a nova vocaccedilatildeo do raacutedio como destaca o locutor e produtor Gleyson Lage da 98 FM de Belo Horizonte ndash primeira emissora a operar em frequumlecircncia modu-lada na Ameacuterica Latina ldquoAleacutem das promoccedilotildees e do aumento das formas de interatividade o humor eacute uma forma de fi de-lizar o ouvinte de perfi l mais passivo que tem menos dispo-nibilidade ou motivaccedilatildeo para manter contato por telefone ou e-mailrdquo Apostando nisso a 98 FM ndash cuja programaccedilatildeo eacute 100 local ndash conta com trecircs progra-mas de cunho humoriacutestico para enfrentar a concorrecircncia Os Manos Silicone Show e Graffi ti auto-intitulado o pior programa de raacutedio do Brasil

Para o locutor publicitaacuterio Tovar Luiz 43 o FM nasceu engraccedilado ldquoo grande barato das raacutedios FM desde a sua popu-larizaccedilatildeo no iniacutecio dos anos de 1980 foi o seu perfi l descontra-iacutedo A locuccedilatildeo nessas emisso-ras sempre foi bem mais aacutegil e despojada O hoje apresentador de TV Ceacutesar Filho por exemplo comeccedilou a carreira no raacutedio e

fi cou famoso pelo bordatildeo lsquobeijo pra vocecirc feiarsquo Natildeo era ofensa era pra fazer o ouvinte rir O FM foi uma revoluccedilatildeo em termos de lin-guagemrdquo lembra E ele parece ter razatildeo O programa Pacircnico um dos maiores fenocircmenos televi-sivos dos uacuteltimos tempos eacute deri-vado de um programa de raacutedio da rede Jovem Pan 2 de Satildeo Paulo comandado pelo locutor Emiacutelio Surita Seguindo o fl uxo as demais redes destinadas ao puacuteblico jovem tambeacutem investi-ram na programaccedilatildeo que faz rir E a partir das redes as emissoras locais que fazem concorrecircncia agraves afi liadas tambeacutem acompanham a tendecircncia para natildeo perder seu espaccedilo no mercado

Falando neleExistem hoje 23 FMs no dial

de Belo Horizonte Pelo menos quatro delas satildeo dedicadas aos jovens Jovem Pan 2 (991) Mix FM (917) 98FM (983) e Oi FM (939) Destas somente a 98FM natildeo eacute afi liada de uma grande rede Haacute trecircs anos em atividade na emissora Gleyson Lage confi rma a reduccedilatildeo no nuacutemero de vagas aos profi ssio-nais da aacuterea ldquonuma raacutedio local satildeo necessaacuterios 20 funcionaacuterios para produzir toda uma grade enquanto numa afi liada jun-tando a programaccedilatildeo execu-tada pelo sateacutelite com aquela gerada pela automaccedilatildeo da transmissatildeo apenas cinco datildeo

conta do recado para o tempo destinado agrave grade local Eacute com-plicadordquo conta

No entanto ele vecirc a partici-paccedilatildeo das redes de raacutedio como positiva no que se refere agrave qua-lidade ldquoquando uma rede tem um bom conteuacutedo ndash boa plaacutes-tica bons locutores bons tex-tos ndash ela acaba por estimular as emissoras locais a manterem o mesmo niacutevel Haacute um ganho em criatividade que poderia natildeo existir se todo o conteuacutedo fosse localrdquo acredita

Enquanto isso os ouvintes se queixam da repeticcedilatildeo nas grades musicais ldquochega a ser engraccedilado Estava ouvindo uma muacutesica numa determinada

raacutedio Quando acabou troquei para a estaccedilatildeo seguinte e estava tocando a mesma muacutesica Acho que como todos os meios de comunicaccedilatildeo as raacutedios precisam abrir o leque de opccedilotildeesrdquo opina Karina Zandona estagiaacuteria de pesquisa de mercado 22

Karina completa ldquoateacute a Rede Globo tem inovado na inserccedilatildeo de muacutesicas de artistas desconhecidos do grande puacuteblico como trilha das suas produccedilotildees (como foi o caso do cantor Beirut presente na trilha sonora da minisseacuterie Capitu exibida em janeiro de 2009) O raacutedio podia acompanhar essa tendecircnciardquo sugere

Com a digitalizaccedilatildeo da muacutesica o sonoplasta sai de cena eacute o locutor quem faz tudo

Foto

Robert

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O Ponto

Editor e diagramador da paacuteginaLira Faacutevilla e Felipe Barbosa 6ordm periacuteodo

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

22 bull Cultura

CLAUDIA LAPOUBLE

6ordmPERIacuteODO

ldquoO processo pelo qual se arma-zenam informaccedilotildees no disco de vinil feito de PVC material derivado do petroacuteleo consiste em imprimir nele ranhuras ou ldquoriscosrdquo cujas formas tanto em profundidade como abertura mantecircm correspondecircncia com a informaccedilatildeo que se deseja arma-zenar Essas ranhuras visiacuteveis no disco a olho nu satildeo feitas no disco matriz com um estilete no momento da gravaccedilatildeo Esse esti-lete eacute movido pela accedilatildeo da forccedila magneacutetica que age sobre eletro-iacutematildes que estatildeo acoplados a elerdquo (in Leituras de Fiacutesica GREF- Departamento de fiacutesica da USP SP2005)

Eacute assim que a muacutesica se ldquoimprimerdquo no plaacutestico que depois ao ser arranhado pela agulha libertaraacute novamente os sons no ar Para os apaixonados por vinil o ritual de tirar o disco da estante limpaacute-lo colocaacute-lo no toca discos posicionar a agu-lha delicadamente sobre ele tomando todo o cuidado para natildeo arranhaacute-lo e repetir todo esse processo na hora de virar o disco para ouvir o lado b signi-fi ca uma relaccedilatildeo mais proacutexima com a muacutesica Era preciso dedi-car tempo a escutar o disco Mais do que uma miacutedia de armazena-mento analoacutegico do som o disco de vinil eacute um objeto de arte e uma peccedila que daacute materialidade agrave muacutesica

Dados da Associaccedilatildeo de Gra-vadoras da Ameacuterica (Record Industry Association of Aeme-rica) mostram que as vendas de LPs aumentaram em quase 130 entre os anos de 2007 e 2008 De acordo com o informe anual divulgado pelo oacutergatildeo ldquoo vinil continua sua ascensatildeo As vendas nesse formato somaram

US$57 milhotildees e vem mais do que duplicando ano apoacutes anordquo Ainda segundo o documento ldquotrata-se do produto preferido por audiofi los e colecionadores e o aumento nas vendas se deve tanto agrave re-gravaccedilatildeo de mate-rial de cataacutelogo quanto a novos lanccedilamentosrdquo

Com os nuacutemeros da induacutes-tria apontando para uma queda nas vendas de CDs e em tempos em que se fala em livre acesso agrave muacutesica atraveacutes da internet o vinil se apresenta como uma saiacuteda para quem ainda gosta da muacutesica palpaacutevel apreciaacute-la com todos os sentidos inclusive o tato

Um Brasil em vinil ldquoContar a histoacuteria do Brasil

atraveacutes da muacutesica guardando um exemplar de tudo o que foi gravado em vinil no paiacutesrdquo esse era o objetivo de Edu Pampani 46 quando em 2005 fundou a Discoteca Puacuteblica o primeiro espaccedilo dedicado agrave memoacuteria musical brasileira do paiacutes

Apaixonado por muacutesica e claro pelos discos de vinil Pam-pani conta que a ideacuteia da Dis-coteca nasceu quando ele ainda morava na Bahia e tinha uma loja de discos Segundo ele quando o Compact Disc (CD) comeccedilou a se popularizar na deacutecada de 90 as pessoas o procuravam para trocar seus LPs por CDs

O espaccedilo tem hoje um acervo de cerca de 12 mil peccedilas que contam a historia do Brasil pelos sulcos no plaacutestico PVC Eacute possiacute-vel ouvir por exemplo gravaccedilotildees de jogos de futebol ou vinhetas de programas de raacutedio dos anos 50 aleacutem de claacutessicos da muacutesica popular brasileira em gravaccedilotildees originais Com todas essas rari-dades Pampani garante natildeo ter nenhum disco favorito ldquosempre me perguntam Edu qual eacute o disco mais raro que vocecirc tem

e eu respondo raro eacute ter todos eles juntosrdquo

De volta ao plaacutesticoApesar de natildeo ser a miacutedia mais

utilizada pelo grande puacuteblico o disco de vinil tem um puacuteblico fi el principalmente entre os DJs que segundo Pampani ldquoprocuram sempre coisa nova se ele quer tocar Jorge Bem por exemplo ele vai procurar aquela muacutesica que ningueacutem lembra mais que ele gravou Esse pes-soal tem que fi car garimpando semprerdquo

O DJ e fundador do selo Vinyl Land Luiz Valente ou DJ Luiz PF eacute um desses garimpeiros de sebos Ele conta que sua paixatildeo pelos LPs nasceu quando ele mesmo selecionava as muacutesi-cas que iriam compor o som ambiente de seu bar o ldquoLugarrdquo Em 2003 Luiz sentiu que pode-ria abrir espaccedilo para DJs que pesquisavam e procuravam por muacutesicas que fugiam do lugar comum ldquoeu fui fazendo festas por um tempo chamando DJs que discotecavam com vinil pra ser um contra ponto a essa outra galerardquo conta

Radicado em Londres desde 2006 Luiz conta que ao chegar agrave Europa percebeu que diferente do que acontecia no Brasil ldquolaacute o negoacutecio natildeo tinha acabado nada se achava tudo pra com-prar coisas novas a galera atual todo mundo lanccedilava era uma coisa de canto de loja mas fun-cionando vendendordquo Na capital inglesa o DJ trabalhou na grava-dora Whatmusiccom que aleacutem de CDs lanccedilava tambeacutem traba-lhos em vinil

A paixatildeo pela ldquocultura de acetatordquo e o trabalho como DJ foram o incentivo para que Luiz fundasse em 2008 a Vinyl Land selo que vem com a proposta de lanccedilar muacutesicos que se interes-sem em gravar em vinil Segundo

ele o selo nasceu de sua proacutepria necessidade como DJ ldquoeu

jaacute discotecava com vinil e fui achando bandas

novas que queria tocar mas natildeo tinha como porque eram de uma eacutepoca em que natildeo tinha mais vinil ai eu pensei jaacute que natildeo tem eu faccedilo

e comecei a procurar contatos e tentar orga-

nizar o selordquo Com apenas um ano

no mercado a Vinyl Land

jaacute lanccedilou trecircs discos dentre

eles um compacto simples do Autoramas

Novas marcas no PVCFoi pela Vinyl Land que a

banda Th e Dead Lovers Twisted Heart que nunca havia lanccedilado seu trabalho comercialmente lanccedilou seu primeiro EP O com-pacto auto-intitulado traz cinco muacutesicas antes disponiacuteveis para download na internet O disco prensado na Alemanha teve tiragem limitada de 200 coacutepias

Com infl uecircncias que vatildeo de Odair Joseacute e Roberto Carlos ateacute Franz Ferdinand e Jack White passando pela literatura de Mark Twain (o grupo tem uma muacutesica em homenagem a Huck-leberry Finn personagem do autor americano) e os cartunis-tas Laerte e Angeli a banda for-mada por Ivan (guitarra e vocal)

Guto (guitarra) Paty (bateria) e

Velvs (baixo) jaacute era conhecida dos frequumlentadores de casas de shows de Belo Horizonte antes de lanccedilar seu EP

Segundo Ivan a ideacuteia de ter seu primeiro trabalho gravado em vinil casou muito bem com a banda ldquoa gente ainda natildeo tinha lanccedilado um disco propriamente dito e hoje o suporte fiacutesico eacute cada vez menos importante porque na verdade a muacutesica vocecirc acha em qualquer lugar e um disco um CD na verdade natildeo faz mais tanto sentido E nossa ideia era que jaacute que vocecirc vai comprar um objeto o vinil eacute um objeto muito mais legal tanto esteticamente quanto no manusear fora que tem toda essa coisa da retomada e eacute uma boa proposta que tem tudo a ver com a bandardquo afi rma o muacutesico provando que o velho vinil estaacute mais novo que nunca

O novos sonsdo velho vinil

Com a popularizaccedilatildeo dos sites de divulagaccedilatildeo de muacutesica na internet o vinil retorna como alternativa interessante para novos muacutesicos e ouvintes

Dj Luiz PF fundador do selo Vinyl Land

Os diferentes formatos do vinil-LP abreviatura do inglecircs Long Play ou ldquo12 polegadasrdquo Disco com 31 cm de diametro com capacidade normal de cerca de 20 minutos por lado O formato LP era utilizado usualmente para a comercializaccedilatildeo de aacutelbuns completos-EP abreviatura do inglecircs Extended Play Disco com 17 cm de diametro e capacidade de cerca de 8 minutos por lado continha em torno de quatro faixas -Single ou compacto simples abreviatura de Single Play ldquo7 polegadasrdquo ou compacto simples Disco com 17 cm de diametro e capacidade normal de 4 minutos por lado O single era geralmente empregado para a difusatildeo das muacutesicas de trabalho de um aacutelbum completo a ser posteriormente lanccedilado -Maacutexi abreviatura do inglecircs Maxi Single Disco com 31 cm de diametro sua capacidade era de cerca de 12 minutos por lado

Arq

uivo

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Barro

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The Dead loverrsquos Twisted Heart Pati Vels Guto e Ivan

22 - diagramacao vinilindd 122 - diagramacao vinilindd 1 82809 115104 AM82809 115104 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Culturabull 23Editor e diagramador da paacutegina Baacuterbara Rodrigues 8ordm periacuteodo

Festival Internacional de Corais homenageia

BAacuteRBARA RODRIGUES 8ordm PERIacuteODO

A seacutetima ediccedilatildeo do Festival Interna-cional de Corais ndash FIC acontece de 18 a 27 de setembro de 2009 e teraacute como tema a vida e obra de Villa-Lobos con-siderado o maior compositor das Ameacute-ricas Seratildeo cerca de 300 apresenta-ccedilotildees de 120 corais de todo o Brasil e do exterior que percorreratildeo 12 cidades de Minas Gerais

O festival realizado pela Universi-dade FUMEC tem o intuito de popula-

rizar os corais e grupos vocais amadores e profissionais e evidenciar atividades culturais de empresas instituiccedilotildees de ensino comunidades associaccedilotildees e fundaccedilotildees com apresentaccedilotildees de corais e shows de artistas nacionais sempre com a bandeira da muacutesica brasileira agrave frente

Regidos pelo Maestro Lindomar Gomes produtor cultural e coordena-dor do FIC os 30 integrantes do coral da FUMEC seratildeo um dos grupos a se apresentar ldquoNosso coral sempre parti-cipou de festivais seguindo a maacutexima de Fernando Brant de que lsquotodo artista

tem de ir aonde o povo estaacutersquo A cada ano o FIC escolhe um tema que traduza a identidade musical brasileira Este ano celebraremos os 50 anos de morte de Villa-Lobos responsaacutevel por implantar o canto coral no paiacutes na deacutecada de 1930 e o muacutesico que mais cantou as belezas nacionaisrdquo enfatiza

Em cada ediccedilatildeo do festival os com-positores Leonardo Cunha e Fernando Brant satildeo responsaacuteveis pela muacutesica-tema que ao final do evento eacute cantada por todos os corais A composiccedilatildeo deste ano ganhou o nome de ldquoMestre Villardquo exultando o que de mais haacute de caracte-

riacutestico na vida e obra do mestre Durante todo o festival alguns locais

da cidade como o Palaacutecio das Artes Sesc Laces JK e a aacuterea de convivecircn-cia da FUMEC receberatildeo exposiccedilotildees de fotos textos e trilhas sonoras do acervo do Museu Villa-Lobos no Rio de Janeiro A banda mineira 14 Bis e o muacutesico Renato Teixeira fazem shows no interior de Minas e no dia 27 no Parque Municipal encontro de todos os corais participantes marcaraacute o fechamento do evento onde mais de mil vozes se uni-ratildeo para cantar os temas do maestro homenageado

O maestro e coordenador do FIC Lindomar Gomes e os integrantes do Coral da Fumec

Mestre Villa daacute o tom dentro e fora do paiacutesO carioca Heitor Villa-Lobos

foi responsaacutevel por universa-lizar a muacutesica nacional acres-centando em grande parte de suas mil obras a sonoridade da fauna brasileira de tribos indiacute-genas e africanas aleacutem de refe-recircncias de cantigas do choro e do samba

Na defi niccedilatildeo do maestro Lindomar Gomes a impor-tacircncia de Heitor Villa-Lobos estaacute no fato de ele ldquodecifrar a alma brasileira e colocaacute-la em muacutesicardquo Devido agraves homena-gens ao compositor nas prin-cipais capitais do Brasil e do

mundo Gomes natildeo eacute o uacutenico a pensar assim

Peccedilas de Villa-Lobos fazem parte das temporadas da Filar-mocircnica de Belo Horizonte da Orquestra Sinfocircnica do Teatro Nacional Claacuteudio Santoro em Brasiacutelia da Sinfocircnica Munici-pal de Campinas e da Orques-tra Sinfocircnica Brasileira do Rio

Internacional Em janeiro o maestro John

Neschling regeu a Filarmocircnica de Varsoacutevia na Polocircnia com os ldquoChoros n 6rdquo A soprano Adriane Queiroz cantou as ldquoBachianas

Brasileiras nordm 5rdquo em Berlim e o regente da OSB do Rio Roberto Minczuk esteve no Japatildeo em agosto para apresentar as ldquoBachianas Brasileirasrdquo

Ainda este ano deve chegar agraves livrarias o ldquoFolha Explica Villa-Lobosrdquo da Publifolha do violonista Faacutebio Zanon que em entrevista ao jornal Folha de Satildeo Paulo afi rmou ldquoO uni-verso sonoro de Villa-Lobos eacute uma coisa arrasadora Nossa ideia de Brasil seria muito mais pobre sem a leitura efetuada por Villa-Lobos de nosso patri-mocircnio musicalrdquo

Programaccedilatildeo completa e outras informaccedilotildees sobre FIC 2009 wwwfestivaldecoraiscombr

Foto

div

ulg

accedilatildeo

Foto divulgaccedilatildeo

O compositor e maestro Villa-Lobos cuja obra eacute reconhecida e celebrada internacionalmente

23 - festivaldecoraisindd 123 - festivaldecoraisindd 1 82809 115113 AM82809 115113 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

24 bull Cultura Editor e diagramador da paacutegina Amanda Lelis 6ordm periodo

COLCHAde retalhos

CU

RT

Are

talh

os

Magia

Escrevo uma letra

e jaacute natildeo estou no mesmo lugar

Pedro Cunha Instrumento de cordas vocais tocado pela alma

a palavra na garganta que vira muacutesica

o som da orquestra do coraccedilatildeo

dos gagos e desafi nados

aos cegos de paixatildeo

VozBaacuterbara Rodrigues

Natildeo sei bem o que eacute

Se eacute invenccedilatildeo

Se eacute na verdade a mais pura verdade

Se sou eu tentando fugir

Se sou eu tentando apagar

Natildeo encarar o que estaacute acontecendo

Esquecer a minha confusatildeo

De querer sem conhecer

De te amar sem te encontrar

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Queria esquecer

E perdoar entatildeo

Voltar na decisatildeo

Para minha vida rotineira

Que eu levei a vida inteira

O meu sufoco e os seus gritos

Meu confortaacutevel desespero

Minha mania de querer ser mais para mundo

Do que o mundo eacute para mim

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Confortaacutevel DesesperoPaula Macintyre

Preso agrave falta de sono procurando ver

Atraveacutes da luz de um trago num bastatildeo de morte

Talvez com sorte entatildeo eu possa crer

Que os dias se passaram mas o amor fi cou

Mesmo sonhando acordado algo ainda restou

De tardes tatildeo bonitas

Em que o brilho dos teus olhos eu pude enxergar

Os teus negros cabelos quero entatildeo tocar

apesar de estares tatildeo afl ita

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia

que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Por mais que em outras camas eu possa deitar

que braccedilos e abraccedilos venham me afagar

O brilho dos teus olhos ainda me ilumina

por vaacuterias ruas sujas que eu tentei fugir

estenderia um tapete pra vocecirc entrar

sentado vago na varanda escura a esperar

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Mas eu mudaria tudo isso pra te ter aqui

comigo ao meu lado todo dia a me fazer sorrir

Para ouvir a muacutesica wwwmyspacecombandatravessia

DuetoAlvaro Castro

Do entendimento tardio de se assistir a uma passagem de som

Cracke se quebra o silecircncio a voz dos barulhos instrumentais

cala todos os outros sons do silecircncio Antes de ser melodiosos

os sons comeccedilam desencontrados como tateando no escuro

dos ritmos tentando se encontrar e dar as matildeos para soacute assim

iniciar seu dialogo-danccedila em brincadeiras harmoniosas que

encantam e enfeiticcedilam Na sutileza dos tons na alegria de fazer

barulhos musicais modifi cam a muacutesica mil vezes re-arranjada

ajeitam afi nam se enfeitam

e a muacutesica fi nalmente sai Perfeita

AntesClaudia Lapouble

Sssshhiiii

silecircnciosopro suspiro sussurro

sublime submerso submarino submundo

some sobe segue sangue sinistro

sem focirclegosufoco

SClaudia Lapouble

A canccedilatildeo natildeo paacutera O berimbau controla o medo que corre

nas ruas vindo daqueles que natildeo se deixaram dissolver pela

aacutegua trazida com a chuva Na cidade escorre toda a calmaria

e a melodia se arrasta molhando o chatildeo Enquanto o ceacuteu se

desmancha aos poucos sobre a rua deserta eles cantam Voz

para um canto que veio aveludar meus ouvidos acalentar

clamoroso de uma vida inteira e fosse essa noite a vida

inteira fez-se a noite lembranccedila da cantiga que me converteu

inteira Pandeiro Meacutedio Viola e a chuva que ritmava a

cantoria O breu e noacutes no breu O escuro arrasta o invisiacutevel

para dentro da cidade que chora para dentro dos meus olhos

que fi tam atentos os olhos deles que me encantam Hora um

hora outro me arrasta em companhia agrave suas vozes As gotas

respondem ao coro num canto suave o pandeiro acompanha

o berimbau e o repique respinga umas gotas tontas de

musicalidade goteja um som que sobrevoa a superfiacutecie

Sobre o invisiacutevelAmanda Lelis

Gabriel Guedes e violino em show na Praccedila da Liberdade

O som da alma se apresenta em desejo e verso livre

na terccedila indecente suave

no violino do seus sonhos em coro cresce a quarta corda

dissonante

eacute a Musica

No canto viacutevido em tom sincero e leve expande

compaixatildeo as notas graves

fi delidade ao escrever a voz da alma sobre arpejos

inconstantes

eacute a Musica

MuacutesicaPedro Gontijo e

Bernardo Gontijo

Te aperto contra o peito

te penduro nas costas

no churrasco passa de matildeo em matildeo

e ainda assim me faz companhia

nas noites de solidatildeo

Ode ao violatildeoBaacuterbara Rodrigues

Ajude a costurar nossa colcha balaioretalhosgmailcom

24 - Colcha de retalhos corrigidoindd 124 - Colcha de retalhos corrigidoindd 1 82809 115124 AM82809 115124 AM

Page 5: Jornal O Ponto - agosto 2009

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Cidades bull 5Editoras e diagramadoras da paacutegina Renata Valentim e Roberta Andrade 6ordm periacuteodo

Ao contraacuterio do que a maioria das pessoas pode ima-ginar o nome caracteriacutestico do viaduto natildeo eacute devido aos acidentes e sim por causa do coacuterrego que passa por baixo dele afl uente do Rio das Velhas o Monjolo que era conhecido popularmente como Coacuterrego das Almas As pessoas que moravam perto dali diziam ver almas rondando por cima da aacutegua durante as noites

Ao ser inaugurado na antiga BR3 o viaduto foi bati-zado como Viaduto das Almas e soacute teve seu nome tro-cado em 1970 De acordo com moradores da regiatildeo a mudanccedila ocorreu para acabar com o ldquoazarrdquo que o nome trazia ao pontilhatildeo As lendas natildeo deixaram de fazer parte do imaginaacuterio da populaccedilatildeo local e ainda hoje ouve-se muitas histoacuterias

Ilda Marques trabalha no ldquoRestaurante da Celinhardquo proacuteximo ao viaduto ldquoFui nascida e criada aqui ao redor desse viaduto Me lembro de muita histoacuteria traacutegica Alguns andarilhos dormem debaixo do viaduto e um

deles passou a dormir em frente ao restaurante porque disse ter acordado em uma noite com uma visatildeo Eram pessoas caminhando com velas e cruzes nas matildeos depois disso ele nunca mais fi cou por laacuterdquo

Dona Maria Madalena tem 59 anos e haacute 32 mora numa casa proacutexima ao viaduto Ela contou das histoacute-rias que ouve sobre o lugar ldquotem um caminhoneiro que morreu ali o caminhatildeo despencou laacute de cima e ele fi cou preso entre as ferragens Dizem que ele volta no horaacuterio certinho que aconteceu o acidente e fi ca rodando por laacute pedindo ajuda Essa eu sei que eacute ver-dade porque todo mundo fala e uma vez quem contou foi um amigo meu o senhor que mora aqui perto ele viu esse homem Mas eu graccedilas a Deus nunca vi nadardquo acredita

Luiz Carlos do Vale tem 65 anos e trabalha como motorista de caminhatildeo haacute 14 Ele relatou que sua maior difi culdade nas estradas e principalmente no

viaduto eacute com os outros motoristas ldquoDentro dessas estradas passamos por muitas experiecircncias o viaduto jaacute estaacute todo atrapalhado por causa do tempo eacute pre-ciso respeito para dirigir eacute preciso pensar nos outros que tambeacutem estatildeo dirigindo Eu mesmo jaacute me assustei vaacuterias vezes Durante a travessia do viaduto me corta-ram uma vez um perigordquo

A antiga estrutura construiacuteda em concreto foi capaz de suportar meio seacuteculo O Viaduto Vila Rica que natildeo foi planejado para aguumlentar o fl uxo contiacutenuo de carros e caminhotildees que hoje passam por ele resistiu por todo esse tempo Ainda com a criaccedilatildeo do novo viaduto os casos e contos sobre ele permanecem rondando os ares do local Alguns moradores defendem a criaccedilatildeo de um monumento para preservar o viaduto e suas histoacuterias Mas o monumento em sua homenagem jaacute foi criado no decorrer do tempo sua histoacuteria eacute contada ndash e per-petuada ndash de boca em boca

Do coacuterrego ao viaduto

O caminhoneiro Luiz Carlos do Vale reclama da falta de respeito dos outros motoristas

Maria Madalena relatou histoacuterias frequentes sobre o Viaduto das Almas no imaginaacuterio popular

Operaacuterios trabalhando na construccedilatildeo do novo viaduto que teraacute 450m de extensatildeo 52m de altura pista dupla e acostamento aleacutem de ser em linha reta

Foto Amanda Lelis 6ordm G

04-05 - VIADUTO DAS ALMASindd 204-05 - VIADUTO DAS ALMASindd 2 82809 114918 AM82809 114918 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de Agosto de 2009

6 bull Cidades Editor e diagramador da paacutegina Nathaacutelia Drumond 6ordm periacuteodo

Poliacuteticas de controle ao fumo elevam impostos do cigarro e restringem consumo em locais coletivos

NATHAacuteLIA DRUMOND

JAIME HOSKEN

GABRIEL VIEIRA

5ordm E 6ordm PERIacuteODOS

As doenccedilas relacionadas ao fumo correspondem agrave princi-pal causa de mortes em todo o mundo apresentando incidecircncia maior ateacute mesmo que a AIDS e a tuberculose Segundo o Minis-teacuterio da Sauacutede ainda assim no Brasil existem aproximada-mente 30 milhotildees de fumantes e oito pessoas morrem a cada hora em decorrecircncia de complicaccedilotildees provocadas pelo tabaco As esta-tiacutesticas alarmantes e as evidecircn-cias de que os danos do cigarro natildeo se limitam aos fumantes ndash a exposiccedilatildeo agrave fumaccedila aumenta em cerca de 30 as chances de um fumante passivo desenvol-ver cacircncer de pulmatildeo ndash fi zeram com que o governo fortalecesse as poliacuteticas de controle ao taba-gismo e adotasse medidas mais rigorosas nos uacuteltimos meses

Na deacutecada de 70 as autorida-des de sauacutede jaacute alertavam para a necessidade de se realizar o con-trole do tabaco no Brasil mas o governo soacute comeccedilou a se preo-cupar nos anos 90 quando fi ca-ram mais claras as evidecircncias da gravidade das doenccedilas liga-das ao uso do cigarro Em 1996 foi criada a Lei Federal 9294 de autoria do entatildeo deputado fede-ral Elias Murad (PSDB-MG) que proibiu o fumo em ambientes fechados em todo o paiacutes A falta de fi scalizaccedilatildeo fez com que a lei natildeo saiacutesse da teoria mas repre-sentasse de qualquer forma o iniacutecio de uma discussatildeo que passaria a ocupar cada vez mais espaccedilo na vida dos brasileiros A partir de entatildeo houve vaacuterias tentativas de se reduzir o con-sumo do tabaco no Brasil

Em 2000 para desestimular e tirar o glamour da droga frente aos jovens o governo proibiu a veiculaccedilatildeo de propagandas de cigarros A lei foi sancio-nada apesar da forte pressatildeo da induacutestria tabagista que alegava que a medida infrigia os direitos de livre comeacutercio e de liberdade de expressatildeo e por isso eram inconstitucionais

Em 2001 foi a vez das doen-ccedilas causadas pelo tabagismo passarem a estampar os maccedilos de cigarro no paiacutes As imagens chocantes foram percebidas em princiacutepio com estranheza mas logo passaram de men-sagens inibidoras a motivo de chacota por parte dos fumantes Recentemente novas imagens mais fortes comeccedilaram a ser veiculadas nos maccedilos

Diante de tantas accedilotildees mas com resultados pouco satisfa-toacuterios neste ano o governo pas-sou a adotar uma postura mais rigorosa em relaccedilatildeo ao assunto Aleacutem do aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do PISCofi ns do cigarro no fi nal de marccedilo ndash o total da tri-butaccedilatildeo passou de 58 para 65 ndash os estados de Satildeo Paulo Rio de Janeiro e Minas Gerais cria-ram projetos de lei que proiacutebem o fumo em locais puacuteblicos As recentes medidas foram adota-das de acordo com recomenda-ccedilotildees do Programa Nacional de Controle do Tabagismo que jul-gam inefi cientes as accedilotildees indi-viduais e apoiam intervenccedilotildees mais abrangentes

ImpostoA elevaccedilatildeo do imposto sobre

o cigarro eacute considerado pelo Programa Nacional de Controle ao Tabagismo como um dos principais instrumentos no con-trole do consumo do produto Preccedilos mais altos para o con-sumidor representam aumento nas taxas de abandono e da dis-suasatildeo dos jovens em relaccedilatildeo ao produto Em informe da Secre-taria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte Deborah Malta coordenadora da aacuterea de doen-ccedilas e agravos natildeo transmissiacuteveis do Ministeacuterio da Sauacutede afi rmou que o principal ponto das medi-das antitabagistas eacute evitar que adolescentes e jovens se viciem na substacircncia

Aleacutem da melhoria da sauacutede da populaccedilatildeo o dinheiro da receita poderia ser melhor investido mas eacute gasto pela sauacutede puacuteblica no tratamento de complica-ccedilotildees causadas pelo tabagismo Segundo dados do Ministeacuterio da

Sauacutede os custos das internaccedilotildees relacionadas ao tabaco somam a quantia de R$11 bilhatildeo o que corresponde a 8 dos gastos hospitalares com adultos acima de 35 anos Com o reajuste do IPI e do PISCofi ns do cigarro o governo espera arrecadar este ano R$ 975 milhotildees e R$ 1540 bilhotildees em 2010

Nesse acircmbito da economia a medida tambeacutem pretende atin-gir os fumantes de classes sociais inferiores e de baixa escolari-dade que de acordo com estu-dos do proacuteprio Programa ten-dem a fumar mais e destinam uma parte signifi cativa da renda mensal agrave compra do produto aumentando a pobreza desses indiviacuteduos e a perda de produti-vidade no caso de enfermidades provocadas pelo tabaco

RigorNo estado de Satildeo Paulo o

governador Joseacute Serra (PSDB) criou um projeto de lei proi-bindo fumar cigarros charutos e similares em ambientes como escolas museus bares restau-rantes e empresas O projeto que elimina os espaccedilos para fumantes em ambientes coleti-vos total ou parcialmente fecha-dos dividiu opiniotildees a respeito dos seus efeitos foi considerado discriminatoacuterio e ateacute mesmo inconstitucional mas apesar das especulaccedilotildees de que seria barrado foi sancionado em sete de maio

Pela nova lei que entrou em vigor no mecircs de agosto o esta-belecimento que natildeo obedecer agraves novas regras deveraacute pagar multa de R$ 792 podendo che-gar a R$3 milhotildees em caso de reincidecircncia As multas natildeo se estendem aos fumantes e se eles natildeo se dispuserem a apagar o cigarro a determinaccedilatildeo eacute a de que se acione a poliacutecia Apesar do rigor da nova lei pesquisa realizada em Satildeo Paulo pelo Datafolha entre os dias cinco e seis de maio mostram que 59 dos fumantes estatildeo de acordo com ela e 86 estatildeo dispostos a respeitaacute-la

Para que a lei natildeo fi que apenas no papel Serra afi r-

mou que aleacutem da instalccedilatildeo de detectores de fumaccedila a fi sca-lizaccedilatildeo seraacute feita por cerca de 500 fi scais da Vigilacircncia Sanitaacute-ria e do Procon Como suporte aos fumantes o governo pau-lista disponibilizaraacute para aque-les que decidirem largar o viacutecio informaccedilotildees sobre o consumo da droga assistecircncia tera-pecircutica e medicamentos para tratamento

A medida estaacute servindo de exemplo para cidades como Rio de Janeiro e Belo Hori-zonte onde projetos de lei semelhantes estatildeo sendo cria-dos mas devido agraves falhas nos textos e agrave oposiccedilatildeo de enti-dades comerciais tiveram pareceres desfavoraacuteveis Em Minas Gerais o projeto de lei da vereadora de Belo Hori-zonte Neusinha Santos (PT) pretende barrar o cigarro em ambientes fechados privados e puacuteblicos corrigindo as falhas da Lei 929496 a falta de rigor na fiscalizaccedilatildeo dos estabe-lecimentos e a instalaccedilatildeo de fumoacutedromos sem a separaccedilatildeo dos demais ambientes

A proposta de Neusinha per-mite a criaccedilatildeo de aacutereas para fumantes desde que elas sejam delimitadas por barreiras fiacutesi-cas e possuam exaustores para impedir que as demais aacutereas ocupadas por natildeo-fumantes sejam contaminadas A inten-ccedilatildeo da vereadora eacute impedir que fumantes prejudiquem a sauacutede de quem natildeo fuma O texto do projeto entretanto foi conside-rado confuso por natildeo explicitar os locais exatos onde se poderia ou natildeo fumar e sua aprovaccedilatildeo foi adiada

Outro impecilho para que a lei seja aprovada em Minas Gerais assim como no Rio de Janeiro eacute a ameaccedila de pedido de inconstitucionalidade por parte da Federaccedilatildeo dos Hoteacuteis Bares e Restaurantes de Minas Ao mesmo tempo que a lei pode trazer melhorias para a qualidade de vida da popula-ccedilatildeo tambeacutem pode signifi car a perda de clientes o que leva os estabelecimentos a se posicio-narem contra

Governo aumenta rigor antitabagista

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O Ponto

Cidades bull 7Belo Horizonte 27 de Agosto de 2009

Editor e diagramador da paacutegina Nathaacutelia Drumond 6ordm periacuteodo

Tanto em Satildeo Paulo onde a lei do Governador Joseacute Serra jaacute foi sancionada quanto em Minas Gerais onde ainda aguarda aprovaccedilatildeo o rigor das propostas para o controle do tabagismo causaram muita polecircmica A proibiccedilatildeo do fumo em ambien-tes coletivos foi vista com maus olhos natildeo soacute pelos fumantes mas tambeacutem por entidades comerciais que questionam o radicalismo das medidas e ale-gam inconstitucionalidade

Do ponto de vista legal segundo o advogado Ney Ceacutesar Azevedo natildeo eacute possiacutevel enxergar onde essas accedilotildees podem ser consideradas inconstitu-cionais pois um direito individual pode sofrer res-triccedilotildees quando afeta outro direito constitucional-mente garantido O artigo 5ordm prevecirc a igualdade de todos perante a lei o artigo 6ordm entretando garante a sauacutede como um direito fundamental para todo cidadatildeo ldquoAssim devemos levar em conta que nesse caso as claacuteusulas constitucionais natildeo satildeo confl itantes mas deve haver um meio termo para garantir que uma natildeo anule a efi caacutecia da outrardquo O advogado reforccedila ainda que a prevalecircncia do direito coletivo deve ser pensada com cuidado para que natildeo haja excessos e arbitrariedades sempre tendo em mente que ldquose a sauacutede puacuteblica eacute importante os fumantes tambeacutem devem ter seus direitos asseguradosrdquo concluiu

Fumante por mais de 30 anos o fotoacutegrafo Alberto Escalda que deixou o viacutecio no uacuteltimo ano declara-se a favor da nova lei Em seu ponto de vista a proibiccedilatildeo eacute necessaacuteria pelo fato de as pessoas natildeo terem bom senso em respeitar o direito dos que natildeo fumam O fotoacutegrafo lembra que no passado as pessoas fumavam em qualquer

ambiente ldquoEra totalmente desagradaacutevel vocecirc pegar um aviatildeo para a Europa por exemplo e as pessoas fumarem durante toda a viagem ao seu ladordquo Alberto no entanto ressalta a importacircncia de um ambiente para os fumantes ldquoTodos os luga-res deveriam ter um fumoacutedromo natildeo haacute como proibir as pessoas de fumarem Todos sabem os malefiacutecios do cigarro e se desejam continuar fumando devem ter a liberdade de fazecirc-lo em um lugar reservadordquo completa

Compartilha da mesma opiniatildeo o jornalista Rogeacuterio Correa ldquoInfelizmente natildeo haacute como tra-tar da educaccedilatildeo apenas com accedilotildees preventivas O Governo poderia acabar com as induacutestrias de cigarro no paiacutes os preccedilos se elevariam e jaacute seria essa uma medida reducionista Mas ele natildeo o faz e nem vai fazer porque natildeo o interessa perder milhotildees em arrecadaccedilatildeordquo acredita

Do outro lado haacute quem afi rme que a nova lei exagera na restriccedilatildeo controlando de forma abu-siva a vida dos fumantes A administradora de empresas Ana Paula Neto acredita que se a proi-biccedilatildeo se restringisse apenas a ambientes fechados seria mais justa e menos excludente ldquoOs fuman-tes em sua maioria tem o bom senso em saber que os outros se incomodam com a fumaccedila e o cheiro de cigarro agrave sua volta Natildeo eacute preciso excluiacute-los de todos os ambientes e passar a trataacute-los como marginais que tecircm que se retirar dos lugares toda vez que desejar fumarrdquo A administradora acredita que haacute lugares em que fumantes e natildeo-fumantes podem conviver em harmonia como em bares e boates abertos onde o consumo do cigarro natildeo deveria ser proibido

Os males que o cigarro pode causar

Polecircmica

Fonte Denise Steiner demartologista prevfumo nucleo de apoio ao fumante da

UNIFESP wwweuqueropararcombr

Em entrevista a O Ponto o vereador de Belo Horizonte Elias Murad autor da Lei 9294 de 1996 que proibiu o fumo em ambientes fechados em todo o paiacutes fez consideraccedilotildees a respeito da impor-tacircncia de medidas mais rigorosas de controle ao tabagismo

O Ponto Apesar de jaacute existirem leis que proiacutebem o fumo em recintos fechados em todo o paiacutes a nova lei sancionada em Satildeo Paulo pelo gover-nador Joseacute Serra proiacutebe inclusive a instalaccedilatildeo de locais para fumantes nos estabelecimentos O que o senhor pensa a respeito dessa lei

Murad Julgo essa lei em SP mais radical do que a que existe em niacutevel nacional Essa teve sua origem num projeto de minha auto-ria enquanto era Deputado Federal Mas ela esta em vigor ainda Eacute uma lei federal que continua em vigor no paiacutes inteiro Portanto a lei de SP veio acrescentar agrave Lei 929496 que jaacute existia Na minha opiniatildeo eacute muito bom que isso aconteccedila pois as multinacionais tabaqueiras natildeo dormem em silecircncio Estatildeo sempre provocando problemas nessa aacuterea para que possam fi car em evidecircncia

Por ser o cigarro uma droga liacutecita a proibiccedilatildeo do fumante em locais puacuteblicos natildeo infrige os seus direitos de ir e vir pre-vistos na constituiccedilatildeo A separaccedilatildeo de aacutereas especiacutefi cas para fumantes e natildeo-fumantes poderia solucionar o problema

Em princiacutepio parece que sim mas se olharmos coletivamente e de maneira ampla verifi camos que a separaccedilatildeo pouco resolve esse problema Na verdade natildeo resolve pois o indiviacuteduo continua a fumar em locais coletivos Em alguns paiacuteses foi adotado esse sistema mas ele natildeo funcionou bem porque o tabagista passivo aquele que absorve a fumaccedila do ambiente impregnado eacute o mais prejudicado Por ser um local puacuteblico coletivo o ambiente deve-ria ser limpo de cigarro Dessa maneira sou favoraacutevel a radicali-zaccedilatildeo das leis contra o tabaco

Em Minas Gerais o projeto de lei da vereadora Neusinha San-

tos se difere do paulista por permitir a criaccedilatildeo de fumoacutedromos separados das demais aacutereas do estabelecimento por barreiras fiacutesicas e equipados com exaustores Mesmo sendo menos radi-cal a proposta foi criticada e barrada Quais foram os motivos

O projeto da vereadora Neusinha Santos chegou a ir a plenaacuterio para votaccedilatildeo em 1deg turno mas durante o processo de discussatildeo foi conscenso a sua retirada para uma melhor adequaccedilatildeo agrave rea-lidade atual - nacional e mundial Eu e mais dois colegas vere-adores apresentamos entatildeo um substitutivo a este projeto nos moldes da recente lei aprovada em Satildeo Paulo colocando assim Belo Horizonte dentro deste contexto

A fi scalizaccedilatildeo dos estabelecimentos eacute o ponto mais vulne-

raacutevel para que as leis contra o cigarro sejam cumpridas Como seria feito o gerenciamento dessas novas leis

Pela lei federal ainda em vigecircncia esta fi scalizaccedilatildeo cabe agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria Municipal Na nova proposta pode-se acio-nar ateacute a poliacutecia para a retirada de fumantes de locais ou se o estabelecimento natildeo estiver cumprindo a lei para sua interdi-ccedilatildeo Portanto a fi scalizaccedilatildeo acaba sendo um instrumento pes-soal do consumidor que se sentir afetado nos seus direitos de viver num ambiente livre de tabaco

Quais seriam os provaacuteveis resultados dessas medidas mais

rigorosas O senhor acredita que haveria reduccedilatildeo no nuacutemero de fumantes

Acredito sim pois jaacute haacute um exemplo no proacuteprio Brasil Antes da apresentaccedilatildeo do meu projeto que levou agrave Lei 929496 o uso era muito grande e havia cerca de 300 mil tabagistas a mais do que atualmente Aconteciam tambeacutem 200 mil mortes por ano em consequecircncias de moleacutestias provocadas pelo tabaco Depois da promulgaccedilatildeo da lei esses nuacutemeros cairam para 200 mil e 100 mil Houve entatildeo uma diminuiccedilatildeo razoaacutevel Cerca de 30 dos taba-gistas largaram o cigarro

Os resultados natildeo seriam mais efi cientes se fossem realiza-

das campanhas mais incisivas e abrangentes a meacutedio e longo prazos principalmente nas escolas visando a conscientizaccedilatildeo das crianccedilas e jovens

Jaacute se faz isto em certos locais acredito que qualquer medida que se tomar em relaccedilatildeo ao tabaco vai ser efi ciente e dar pelo menos algum resultado

Foto arquivo pessoal

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O Ponto

Editoras e diagramadoras da paacutegina Claacuteudia Lapouble e Amanda Lelis

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

8 bull Sociedade

Lares para a Melhor IdadeCom fi scalizaccedilotildees e leis especiacutefi cas para o idoso asilos deixam de ser vistos como sinocircnimo de abandono

JUSCILENE M SIQUEIRA

NATHAacuteLIA MAGALHAtildeES

PAULA SAMPAIO

5ordm PERIODO

De acordo com a lei 10741 de 1ordm de outubro de 2003 eacute con-siderado idoso todo cidadatildeo com idade igual ou superior a 60 anos Devido aos avanccedilos no campo da sauacutede e agrave reduccedilatildeo da taxa de natalidade a populaccedilatildeo de idosos no Brasil vem aumen-tando a cada ano Estima-se que em 2020 a populaccedilatildeo com mais de 60 anos chegaraacute a 30 milhotildees (13 do total) segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatiacutestica IBGEEsses iacutendices que se devem principalmente aos avanccedilos no campo da sauacutede e agrave reduccedilatildeo das taxas de natalidade tornam cada vez mais comum a convi-vecircncia de pessoas de trecircs gera-ccedilotildees na mesma casa

Apesar das estatiacutesticas que mostram que a estrutura fami-liar brasileira estaacute se modi-fando haacute lares em que o idoso eacute responsavel pelo sustento da famiacutelia o choque de geraccedilotildees e a rotina do dia a dia torna o con-vivio difiacutecil Eacute quando muitas famiacutelias ou os proacuteprios idosos pensam em outro ambiente que melhor atenda agraves suas neces-sidades Os asilos atualmente chamados de Instituiccedilotildees de Longa Permanecircncia para Idosos (ILPI) se tornam uma soluccedilatildeo para essa situaccedilatildeo

LaresA ldquoVida Ativardquo eacute uma insti-

tuiccedilatildeo privada que segundo a diretora Maacutercia Leatildeo recebe idosos que procuram o local por conta proacutepria ldquoEles geralmente optam por natildeo morar sozinhos e nem com os fi lhos e acham a convivecircncia de um hotel muito impessoalrdquo diz a diretora da ins-tituiccedilatildeo A casa possui convecirc-nios com planos de sauacutede que garantem aos moradores anten-dimento de geriatras fonoau-dioacutelogos fi sioterapeutas nutri-cionista dentistas entre outros profi ssionais aleacutem de medi-camentos Nove funcionaacuterios estatildeo agrave disposiccedilatildeo dos idosos seis teacutecnicos de enfermagem dois de serviccedilos gerais e uma secretaria Mas o preccedilo de todo esse conforto eacute alto fi car em uma instituiccedilatildeo como essa custa cerca de R$ 2 mil a R$ 2500 por mecircs

Maacutercia Leatildeo tambeacutem eacute dire-tora do ldquoSolar das Estaccedilotildeesrdquo ins-tituiccedilatildeo destinada a idosos com

doenccedilas degenerativas do sis-tema nervoso central Segundo ela esses idosos requerem cui-dados especiais e ressalta ldquocom-parar um idoso a uma crianccedila eacute um grande erro pois aleacutem de possuiacuterem necessidades espe-ciais ldquoos idosos natildeo tecircm tempo tudo eacute pra ontem mas a pers-pectiva de mudanccedila eacute lenta e trabalhosardquo

Mas haacute uma parcela grande da populaccedilatildeo de terceira idade que natildeo tem condiccedilotildees de se manter em instituiccedilotildees como as mencionadas acima Esses encontram acolhida em lares fi lantroacutepicos como o Nuacutecleo Assistencial Caminhos para Jesus fundado haacute 40 anos A casa abriga atualmente 62 ido-sos aleacutem de dar assistecircncia a crianccedilas portadoras de defi ci-ecircncia O lar dispotildee aos idosos a opccedilatildeo de apenas passar o dia na casa ou se mudar defi niti-vamente e passar os fi nais de semana em casa Mas segundo Joicemara Santana secretaacuteria da instituiccedilatildeo grande parte dos idosos que moram na casa natildeo tecircm famiacutelia alguns deles satildeo ex-moradores de rua e sequer pos-suem documentos

A casa que natildeo possui con-vecircnio com outras instituiccedilotildees estaacute buscando parcerias com empresas interessadas em con-tribuir e os moradores que tecircm condiccedilatildeo contribuem com 50 do salaacuterio Aleacutem da ajuda dos idosos o asilo se manteacutem atra-veacutes de doaccedilotildees solicitadas via telefone

Apesar das difi culdades fi nanceiras o lar oferece assis-tecircncia de profi ssionais nas aacutereas de geriatria psicologia fi siote-rapeuta psiquiatra assistecircncia

social terapeuta ocupacional fonoaudioacuteloga enfermeiro e voluntaacuterios

O Lar de Idosas Santa Tereza e Santa Terezinha localizada no bairro Santa Tereza regiatildeo leste da capital eacute um exemplo de instituiccedilatildeo que assim como a Associaccedilatildeo Caminhos para Jesus consegue - mesmo com poucos recursos oferecer a suas moradoras a assistecircncia que precisam com respeito e claro muito carinho A casa que hoje possui 12 moradoras tem capa-cidade para abrigar ateacute 15 eacute ligada agrave Sociedade Satildeo Vicente de Paula e tem a particularidade de receber apenas senhoras que procuram o lar por vontade proacutepria

As idosas que optam por morar na instituiccedilatildeo contri-buem com dois salaacuterios miacuteni-mos mas eacute graccedilas agraves doaccedilotildees e ao trabalho de voluntarios que a casa consegue se manter

LeisEm 23 de setembro de 2003

a Comissatildeo Diretora do Senado Federal aprovou o Estatuto do Idoso que garante agrave ldquomelhor idaderdquo o direito agrave liberdade ao respeito e agrave dignidade Consta do artigo 10 paragrafo dois ldquoO direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade fiacutesica psiacutequica e moral abran-gendo a preservaccedilatildeo da imagem da identidade da autonomia de valores ideacuteias e crenccedilas dos espaccedilos e dos objetos pessoaisrdquo

De acordo com o Estatuto as ILPI devem oferecer estru-tura fiacutesica adequada instala-ccedilotildees sanitaacuterias alimentaccedilatildeo apropriada boas condiccedilotildees de limpeza e higiene profi ssio-

nais habilitados e jamais devem apresentar opressatildeo ou violecircn-cia aos idosos

A Promotoria do Idoso orgatildeo que cuida dos direitos do cida-datildeo da terceira idade tem fun-ccedilatildeo de receber denuacutencias contra abandono abusos e maus tratos e agir legalmente para protege-los A promotoria foi criada em 2001 apoacutes a divulgaccedilatildeo do rela-toacuterio da Comissatildeo dos Direitos Humanos que apontava uma seacuterie de denuacutencias contra os asilos onde os idosos sofriam todo tipo de violecircncia e eram abandonados e negligencia-dos O relatoacuterio daquele ano foi enviado aos governos federal e estadual contendo sugestotildees de poliacuteticas puacuteblicas para melhorar o atendimento ao idoso

FiscalizaccedilatildeoPara que uma casa de idosos

entre em atividade deve cum-prir uma seacuterie de requisitos primeiramente o proprietaacuterio deve requerer um alvaraacute junto agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria de sua regional e entatildeo seu estabele-cimento passa por uma vistoria inicial para concessatildeo do alvaraacute esta fi scalizaccedilatildeo se repetiraacute anu-almente para que a licenccedila seja renovada

Segundo Joseacute Carlos Silva gerente da Vigilacircncia Sanitaacuteria da regional do Barreiro existe um acordo entre a ANVISA e o Ministeacuterio Puacuteblico para reali-zar no miacutenimo duas fi scaliza-ccedilotildees anuais natildeo agendadas em cada ILPI aleacutem das duas visitas obrigatoacuterias a vigilacircncia entra em accedilatildeo sempre que uma denuacutencia eacute feita Na existecircncia de irregularidades o asilo seraacute acompanhado periodicamente ateacute que a situaccedilatildeo seja regulari-zada Caso natildeo sejam tomadas providecircncias a instituiccedilatildeo tem seu alvaraacute suspenso Se as irre-gularidades forem consideradas graves como no caso de maus tratos aleacutem do alvaraacute suspenso a instituiccedilatildeo seraacute interditada e os moradores acompanhados pelo Serviccedilo Social da regiatildeo e encaminhados a outros ILPI proacuteximos

Vespasiano

Ribeiratildeodas Neves

Contagem

Ibiriteacute

Brumadinho

Nova Lima

Sabaraacute

Santa Luzia

VENDNNNNDA NOVAND NORTE

NNNNONNONORDESTENO

NOROESTELESTE

OESTE

CENTRO-SUL

BARREIRO

Esacala 1160000Fonte Prodebel

PAMPULHA

ILPI Filantroacutepica

ILPI Privada

Segundo a PBH haacute na capital mais de 1100 idosos vivendo em asilos As ILPI somam 76 instituiccedilotildees 42 fi lantroacutepicas e 34 privadas A maior concentraccedilatildeo estaacute nas regiotildees Noroeste (10 lares fi lantroacutepicos) e Pampulha (15 lares privados)

Moradoras do Lar de Idosas Santa Tereza e Santa Terezinha

Disque Idoso (31)3277-4646

Delegacia Especializada de Proteccedilatildeo ao Idoso 0800-305000

Nuacutecleo Assistencial Caminhos para Jesus ligue 0800-0315600

Info

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Foto Amanda Lelis

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O Ponto

Editor e diagramador da paacuteginaClaudia Lapouble e Amanda Lelis

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Sociedade bull 9

AMANDA LELIS

CLAUDIA LAPOUBLE

ROBERTA ANDRADE

6 PERIODO

Todo indiviacuteduo eacute personagem de uma histoacuteria observada de maneira bem parti-cular num mundo que eacute soacute seu Toda narra-tiva eacute uacutenica se diferencia de qualquer outra ainda que seja sobre a mesma histoacuteria e contada pela mesma pessoa O momento eacute imprescindiacutevel o clima o ambiente o humor detalhes que infl uenciam em todo conto seja ele veriacutedico ou natildeo Contra-riando a procura insistente por tudo o que eacute novo decidimos correr atraacutes da memoacuteria ouvir quem tem histoacuterias para contar

Depois de aguardar por alguns minutos vinha dona Zezeacute como gosta de ser cha-mada o cabelo delicadamente arrumado com um arco colorido colar de peacuterolas maquiagem perfume e uma piada na ponta da liacutengua Sua percepccedilatildeo de tempo eacute dife-rente da nossa o que lhe acontece hoje natildeo eacute tatildeo importante quanto agravequela memoacuteria do passado que sabe nos contar com detalhes minuciosos Dona Zezeacute tem mesmo mania de misturar o hoje com o ontem sonhos natildeo realizados com realizaccedilotildees antigas paixotildees fortes da mocidade com carecircncias atuais Parte verdadeira parte imaginaacuteria sua histoacuteria tem caracteriacutesticas peculiares a cronologia se confunde e sua narrativa segue o caminho traccedilado pela sua mente num vai-e-vem luacutedico e caracteriacutestico

A irreverecircncia de Maria Joseacute eacute marca registrada ldquoquando vem visita todo mundo me cumprimenta eles acham graccedila por-que eu sou assim muito pra frente saberdquo brincou dona Zezeacute Com 82 anos haacute 5 vive no Lar de Idosas onde moram cerca de 15 senhoras De prosa boa nos fez rir muitas vezes rememorou sua juventude os bailes sua paixatildeo pela danccedila de salatildeo pela costura bordado e pelo marido Moacir Siqueira que faleceu haacute alguns anos

A imagem do marido se confundia agraves vezes com a imagem do seu pai Ao falar de um se lembrava do outro como se ela visse no marido muito mais velho que ela a fi gura do pai protetor ldquoEle me tratava como uma crianccedila meu marido cuidou de mim como uma boneca assim como meu pairdquo rememorou Nascida em Araxaacute Maria Joseacute

morava no Grande Hotel da cidade onde conheceu seu marido que era contador Ela contou que Moacir vinha de Satildeo Paulo e se hospedava no Grande Hotel ldquoEle vinha de Satildeo Paulo para o garimpo em Estrela do Sul alugava a terra colocava os homens pra trabalhar e fi cava laacute de braccediladardquo disse entre gargalhadas Ficou satisfeita em falar do marido com uma piscada de olho comple-tou ldquoAh mas ele era bonito demais menina eu precisava te mostrar um retratinho dele parecia um artistardquo

Dona Zezeacute lembra com saudade do tempo em que era enfermeira e do cari-nho que tinha com as pessoas que cuidava ldquoSou assim ateacute hoje vocecirc tem que ver com as crianccedilas olha como sou com as crian-ccedilas grandes (se referindo a noacutes) eu abraccedilo acarinho e me perguntam com quem vocecirc aprendeu a ser tatildeo carinhosa A vida ensina pra gente muita coisardquo completou emocionada

Peacute-de-valsa dona Zezeacute fazia festa por onde passava ldquoSe natildeo tivesse uma velhinha vigiando a Zezeacute eu natildeo podia sair Gostava tanto de danccedilar que quando ia costurar fi cava me lembrando da danccedila a maacutequina ia pra laacute e pra caacute meu peacute ia no ritmo cos-turava o que natildeo devia Quando a gente ia no baile era eu chegar que comeccedilava a dan-ccedilar A primeira a chegar no salatildeo era eu mas natildeo tinha culpa porque os homens eacute que me chamavam pra danccedilar uairdquo disse orgu-lhosa entre risos

Muito vaidosa Maria Joseacute falou sobre sua coleccedilatildeo de acessoacuterios contou que natildeo podia ir em um baile com a mesma roupa o mesmo brinco o mesmo colar ou um anel nunca repetia um adorno e ainda hoje eacute assim ldquoEu gosto de me arrumar eacute a vida que eu levo Pra receber visita eu coloco uma roupa bonita Para receber vocecircs eu tomo um banho e passo uma maquiagem neacute Assim que eu sourdquo Apesar disso quando falamos em foto dona Zezeacute logo disse sor-ridente ldquoVai tirar minha foto Potildee laacute na roccedila de arroz pra espantar os bichosrdquo

Com tanta irreverecircncia dona Zezeacute daacute exemplo de personalidade esbanjando alegria Ao chegarmos no portatildeo de saiacuteda de braccedilos dados conosco dona Zezeacute perguntou

-Que dia vocecircs vatildeo voltar

Tardes de vai e vem

Foto Claudia Lapouble

Foto Amanda Lelis

Fotos Roberta Andrade

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O Ponto

10 bull Profi ssatildeoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

Editoras e diagramadoras da paacutegina Renata Valentim e Roberta Andrade

O ensino do jornalismo no divatildeEnquanto o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo cria comissatildeo para repensar a construccedilatildeo do conhecimento jornaliacutestico no seacuteculo XXI os jornais impressos enfrentam o desafi o de revisar sua vocaccedilatildeo

RENATA VALENTIM

6ordm PERIacuteODO

Na dinacircmica da era da infor-maccedilatildeo em que a internet se fi rma como o mais acessiacutevel mais veloz e mais democraacute-tico meio de transmissatildeo de informaccedilatildeo o jornalismo viu-se em crise de identidade Boa parcela dos estudiosos e prati-cantes da atividade jornaliacutestica sentiu-se ameaccedilada pela des-centralizaccedilatildeo da notiacutecia nesse novo meio o leitor agora eacute tambeacutem produtor de informa-ccedilatildeo Outra fragilidade reside na escassez das vagas do mercado que natildeo comporta os milhares de jornalistas receacutem-formados despejados pelas faculdades De acordo com dados de 2005 obtidos pelo Observatoacuterio Uni-versitaacuterio apenas 125 dos graduados em jornalismo con-seguem manter-se de peacute na car-reira A proliferaccedilatildeo das esco-las particulares de jornalismo

choca-se com o enxugamento das redaccedilotildees onde prevale-cem os chamados profi ssionais multimiacutedia que precisam ser capazes de produzir informa-ccedilatildeo para um grande nuacutemero de suportes

Neste cenaacuterio onde tam-beacutem satildeo incluiacutedas a queda da velha Lei de Imprensa e o polecircmico fi m da obrigatorie-dade do diploma para o exer-ciacutecio da profi ssatildeo no dia 17 de junho foi criada pelo MEC uma comissatildeo que estabeleceraacute as novas diretrizes curriculares dos cursos de jornalismo no Brasil Um dos fundadores da Escola de Comunicaccedilatildeo e Artes da USP professor Joseacute Marques de Melo preside o grupo res-ponsaacutevel por elaborar as pro-postas de mudanccedilas a serem implantadas nas escolas de jornalismo do paiacutes Aleacutem dele seis acadecircmicos e uma repre-sentante do mercado estatildeo incumbidos de ateacute o iniacutecio do segundo semestre apresentar o

balanccedilo das anaacutelises A neces-sidade de reforma segundo o ministro Fernando Haddad eacute ratifi cada pelos dados obtidos pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo cerca de 80 dos cursos de jornalismo satildeo considerados de baixa qualidade A inten-ccedilatildeo da comissatildeo eacute que as pro-postas sejam elaboradas por meio da participaccedilatildeo e opiniatildeo de sindicatos universidades e empresas de comunicaccedilatildeo emitidas nas trecircs audiecircncias puacuteblicas que foram realizadas entre marccedilo e maio deste ano ndash no Rio de Janeiro Recife e Satildeo Paulo respectivamente

Efeito placebo Apesar da pertinente preo-

cupaccedilatildeo em melhorar o ensino do jornalismo no Brasil as pro-postas delineadas pela comis-satildeo satildeo ainda desconhecidas e por isso mesmo carregadas de polecircmica Algumas sugestotildees anunciadas antes mesmo da realizaccedilatildeo da primeira audiecircn-

cia como a separaccedilatildeo do jorna-lismo da Comunicaccedilatildeo Social dividem profi ssionais e aca-decircmicos Como uma forma de ampliaccedilatildeo do debate para aleacutem das audiecircncias ndash que restringi-ram a participaccedilatildeo de alguns segmentos importantes na dis-cussatildeo como os estudantes ndash o professor Joseacute Marques de Melo tem procurado expor alguns dos posicionamentos da comis-satildeo em palestras e entrevistas pelo paiacutes Durante o programa Observatoacuterio da Imprensa do dia 26 de maio ele explicou que o grupo natildeo pretende apresen-tar um novo curriacuteculo ldquoNossa funccedilatildeo eacute examinar as matrizes para nossas escolas e universi-dades Eu defendo particular-mente que o curriacuteculo eacute uma competecircncia da universidade Noacutes teremos de buscar dire-trizes curriculares que sejam consensuais em relaccedilatildeo agrave for-maccedilatildeo do novo jornalista mas deixar agrave universidade liberdade de accedilatildeo Se uma universidade quer oferecer um curso de gra-duaccedilatildeo para repoacuterteres e um curso de poacutes-graduaccedilatildeo para editores isso eacute um direito que a universidade tem e pode fazerrdquo defende

O resgate do selfO presidente da comissatildeo

eacute tambeacutem categoacuterico ao tratar da separaccedilatildeo da personalidade do jornalista contemporacircneo Segundo ele a sociedade bra-sileira necessita tal como pre-cisa de profi ssionais da notiacutecia especializada de jornalistas generalistas bem formados de que sejam capazes de se diri-gir efi cientemente para toda a populaccedilatildeo e de interpretar a realidade de forma mais ampla ldquonoacutes temos um paiacutes com 200 milhotildees de habitantes e 10 milhotildees de exemplares diaacuterios de jornais lidos Precisamos na verdade fazer jornal para quem natildeo lecirc jornal para aqueles que estatildeo agrave margem da cultura jor-naliacutesticardquo diz

Marques de Melo ressaltou tambeacutem que do ponto de vista da organizaccedilatildeo curricular haacute uma certa confusatildeo quando se trata de mateacuterias teoacutericas e praacuteticas ldquoEu acho que o que faz falta no jornalismo natildeo satildeo mateacuterias praacuteticas para elas temos bons laboratoacuterios O que faz falta satildeo as mateacuterias teoacuteri-cas E natildeo chamo de teoacutericas a sociologia a histoacuteria Isso diga-mos eacute o conteuacutedo humaniacutestico

Eu gostaria de ter mais mateacuterias que dessem conta das questotildees eacuteticas das questotildees morais O que temos eacute um excesso de aulas de teoria da comunica-ccedilatildeo de sociologia da cultura cuja aplicaccedilatildeo eacute descolada do jornalismo Precisa haver uma integraccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica jornaliacutesticardquo afi rma

Mas ainda com a iniciativa de avaliar a si mesmo o mal-es-tar de algumas questotildees sobre a identidade do jornalismo ainda permanecem turvas como eacute o caso da vocaccedilatildeo do jornalismo como negoacutecio e como serviccedilo de utilidade puacuteblica traccedilos contraditoacuterios que se chocam no interior da academia cau-sando estranheza nas salas de aula Essa feiccedilatildeo esquizofrecircnica foi detectada durante inves-tigaccedilotildees feitas pelo grupo de pesquisa ldquoA imagem do pen-samento e o ensino do jorna-lismordquo realizada por estudantes de jornalismo da Universidade Fumec e coordenada pelos professores Rodrigo Fonseca e Claacuteudia Chaves Em entrevistas feitas com os coordenadores dos principais cursos de jornalismo privados de Belo Horizonte os alunos registraram unacircnime constrangimento ainda que velado ao questionarem a pre-senccedila das disciplinas teacutecnicas nas grades curriculares como se fossem dignas de condena-ccedilatildeo O desejo de formaccedilatildeo do ldquoagente social criacuteticordquo tambeacutem eacute maioria absoluta no discurso dos entrevistados desta vez sem constrangimento ldquoA gente percebe tanto na avaliaccedilatildeo das entrevistas quanto no cotidiano das aulas que eacute elogioso falar do jornalismo dessa maneira con-denando as disciplinas praacuteticas Mas fi co confuso em pensar em como seraacute depois da forma-tura quando tiver que atuar no mercadordquo diz Frederico Porto um dos alunos envolvidos na pesquisa A resposta para esse questionamento existencial cada vez mais frequumlente no ter-reno dos discentes foi sugerida por Marques de Melo desta vez no programa Rede Miacutedia da Rede Minas realizado em 30 de marccedilo Ele acredita que a formaccedilatildeo do jornalista deve estar voltada para o mercado mas alerta ldquoa universidade tem que estar aleacutem do mercado Natildeo pode soacute estar atrelada agraves exigecircncias do mercado tem de estar tambeacutem atrelada agraves exi-gecircncias da sociedaderdquo

Fotomontagem faz referecircncia ao quadro O Grito do pintor norueguecircs Edward Munch

Ilustraccedilatildeo Roberta Andrade - 6ordm periacuteodo

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Profi ssatildeo bull 11Editoras e diagramadoras da paacutegina Renata Valentim e Roberta Andrade

A crise de identidade natildeo estaacute restrita ao conhecimento

que possibilita a produ-ccedilatildeo jornaliacutestica a dis-tribuiccedilatildeo de conteuacutedo tambeacutem vecirc-se impressa por outros suportes e rit-mos ditados por novas formas de consumo de informaccedilatildeo O jornalismo

impresso que jaacute rivalizou com o raacutedio e com a televisatildeo no

seacuteculo passado hoje concorre com a veloci-dade com a alta interatividade com o enorme alcance e sobretudo com o baixo custo da produccedilatildeo de notiacutecia para a internet e demais suportes digitais

Rogeacuterio Ortega acredita que chegaraacute o dia em que natildeo compensaraacute mais imprimir papel para fazer jor-nal ldquoSoacute que ningueacutem sabe quando vai ser ndash e a respon-saacutevel por isso eacute a publicidade Natildeo tenho dados atu-alizados mas ateacute onde sei no Brasil o faturamento publicitaacuterio dos veiacuteculos impressos eacute muitiacutessimo maior que o dos online Nos EUA jaacute natildeo eacute esse o panoramardquo diz Laacute os sinais de mudanccedila parecem mais concretos No mecircs de maio o criador do site Amazon Jeff Bezos e o presi-dente do jornal Th e New York Times Arthur Sulzberger Jr lanccedilaram o Kindle DX uma versatildeo com tela expandida do e-reader proje-tado originalmente para leitura de livros aca-decircmicos vendidos no site de Bezos A expansatildeo da tela ndash que agora tem 246 centiacutemetros na dia-gonal ndash tem o propoacutesito de tornar mais confor-taacutevel a leitura do jornal Os empreendedores do lanccedilamento apostam no aparelho como res-posta viaacutevel agrave crise da imprensa americana que

viu a circulaccedilatildeo de seus jornais cair draacutesticos 46 em apenas seis meses em 2008 ldquoComo vai ser quando as geraccedilotildees que lecircem tudo na internet desde o comeccedilo forem hegemocircnicas Quando o mercado perceber isso e comeccedilar a achar que anunciar em jornal natildeo com-pensa mais a lsquomudanccedila de suportersquo do papel para os meios digitais estaraacute proacutexima O que natildeo signifi caraacute lsquoextinccedilatildeorsquo dos jornais eles devem continuar a existir de outro modordquo considera Ortega

O Brasil tambeacutem foi afetado pela crise fi nanceira dos impressos A Gazeta Mercantil jornal dedi-cado ao segmento econocircmico com quase 90 anos em atividade vive um periacuteodo criacutetico A Editora JB SA anunciou no uacuteltimo mecircs a devoluccedilatildeo do jor-nal Gazeta Mercantil para seu antigo proprietaacuterio o

empresaacuterio Luiz Fernando Levy o que pocircs a vida do veiacuteculo em risco a circulaccedilatildeo do jornal foi interrom-pida no dia 29 de maio No entanto Levy afi rmou em nota agrave imprensa que a suspensatildeo da circulaccedilatildeo eacute momentacircnea

Palestrantes do Foacuterum de Debates 1ordf Terccedila promo-vido pelo Sindicato dos Jornalistas Profi ssionais de Minas Gerais os professores Seacutergio Amadeu da Faculdade Caacutes-per Liacutebero e Geane Alzamora da PUC Minas pondera-ram sobre os impactos da internet na praacutetica jornaliacutestica no uacuteltimo dia 2 de junho Amadeu durante sua exposiccedilatildeo sobre o tema disse acreditar que a maioria das universi-dades natildeo estaacute apta a formar o jornalista na era da infor-maccedilatildeo Explicada por ele como meio onde predomina a liberdade e a quebra da hierarquia na produccedilatildeo e dissemi-naccedilatildeo de informaccedilatildeo a internet desafi a os meios tradicio-nais por dar menos importacircncia ao capital porque eacute capaz de oferecer conteuacutedo a custo quase zero ldquoNa internet natildeo eacute difiacutecil falar o difiacutecil eacute ser ouvidordquo diz Alzamora que desde meados dos anos de 1990 ndash natildeo coincidecircncia o iniacutecio da popularizaccedilatildeo da web ndash estuda o cruzamento jornalismo x internet afi rma que a vocaccedilatildeo do jornalismo na rede estaacute no formato colaborativo Nichos como os sites OhMyNews

e Overmundo satildeo demonstraccedilotildees claras de que ldquoa versatildeo mais atualizadardquo do profi ssional da notiacutecia atuaraacute como um gerenciador das interaccedilotildees feitas na rede

No balanccedilo do divatilde resta a dica a palavra-chave parece ser a reciclagem Tal como a proacutepria inter-

net que tem sua forma e conteuacutedo renovados a todo o tempo porque estaacute sujeita ao exame dos

interagentes o jornalismo e seus profi ssionais precisam examinar-se e reconfi gurar-se para acompanhar o fl uxo da informaccedilatildeo Como diz o fi loacutesofo Charles Sanders Peirce ldquoas palavras

aprendem com o tempordquo E o jornalista aprenderaacute na lida com elas novos caminhos

m queer jor-spon-s atu-ento

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O mal-estar do impresso

O Ponto Como vocecirc vecirc o ensino do jornalismo hoje no paiacutes

Rogeacuterio Ortega Vejo pelo contato com jornalis-tas receacutem-formados que o panorama natildeo mudou muito em 20 anos ndash a natildeo ser pela possibilidade de em alguns cursos montar uma grade que resulta numa espeacutecie de curso de jornalismo em periacuteodo integral com disciplinas de outras faculdades Tam-beacutem me parece haver uma conversa mais produtiva da academia com as redaccedilotildees ndash no iniacutecio dos anos 90 era uma coisa muito ldquoa induacutestria cultural laacute e noacutes seres pensantes e criacuteticos aquirdquo Acho que natildeo haacute necessidade de um curso de jornalismo que dure quatro ou cinco anos e duvido que a comissatildeo do MEC da qual sei pouco ponha isso em questatildeo Eacute legal sim haver um lugar em que se possam abor-dar histoacuteria e teoria do jornalismo linguagem eacutetica jornaliacutestica etc Mas pra isso natildeo satildeo necessaacuterios quatro anos Jornalismo podia ser por exemplo soacute uma poacutes-graduaccedilatildeo Na minha opiniatildeo sairiam muito mais bem preparados

OP - A partir do seu contato com os ldquofocasrdquo (receacutem-formados em jornalismo) que chegam agrave Folha o que vocecirc percebe como a maior defi ciecircn-cia do jovem jornalista E o que poderia ser feito para corrigir essa defi ciecircncia

Os ldquofocasrdquo da Folha natildeo vecircm soacute de faculdades de jornalismo Quem sobrevive ao programa de treina-mento da Folha e chega agrave redaccedilatildeo tem bom texto e na maioria dos casos boa cultura geral Mas para quem saiu do curso de jornalismo faltam certos conheci-mentos especiacutefi cos que satildeo valiosos na hora de cobrir certos assuntos importantes e que a pessoa teria se por exemplo tivesse cursado direito ou economia Muita gente acaba aprendendo essas coisas na raccedila na lida ndash mas sofreria menos se as tivesse estudado antes

OP - A respeito das ferramentas digitais vocecirc acredita na afirmaccedilatildeo de que a internet estaacute atrofiando a praacutetica jornaliacutestica O jornalismo online merece a demonizaccedilatildeo que lhe tem sido atribuiacuteda

Acredito que pelo contraacuterio a internet abriu novas possibilidades Qualquer um pode escrever qualquer coisa na web a custo zero ou quase zero mas quem estaacute interessado em se informar vai procurar notiacutecias que sejam confi aacuteveis bem apuradas bem escritas Ou seja o feijatildeo-com-arroz de sempre da praacutetica jornaliacutes-tica soacute que online feito em ldquotempo realrdquo e atualizaacutevel Claro que em um jornal impresso haacute mais tempo para apurar confrontar versotildees descartar coisas que se revelem boatos No online pela proacutepria natureza do meio eacute muito mais faacutecil que o rumor a versatildeo natildeo

confi rmada informaccedilotildees incorretas textos mal escri-tos etc sejam colocados no ar Claro depois podem ser feitas atualizaccedilotildees e correccedilotildees mas de todo modo eacute difiacutecil aliar rapidez e precisatildeo

OP - Como vocecirc vecirc a utilizaccedilatildeo da blogosfera para a praacutetica jornalistica

Blog pode servir para tudo inclusive para jorna-lismo -e bom jornalismo acredito Mas por enquanto soacute as grandes empresas jornaliacutesticas -ou grandes por-tais- tecircm estrutura e dinheiro para mandar repoacuterteres fazerem coberturas dispendiosas e que demandem tempo Natildeo eacute uma aacuterea em que ldquoblogueiros inde-pendentesrdquo possam competir Ainda assim eacute uma descentralizaccedilatildeo da informaccedilatildeo que vejo com muito bons olhos No Brasil os meios de comunicaccedilatildeo satildeo concentrados ou estatildeo na matildeo de governos Eacute bom -saudaacutevel- poder fugir disso

O jornalismo na visatildeo do mercado

O redator de Primeira Paacutegina da Folha de S Paulo Rogeacuterio Ortega 38 eacute jornalista for-mado pela Escola de Comunicaccedilotildees e Artes da USP Com quase 18 anos de carreira ele daacute a sua visatildeo da comissatildeo formada pelo MEC mostra-se favoraacutevel agrave queda da exigecircncia do diploma e vecirc com bons olhos os desafi os trazidos pela internet

Rodrigo Z

avagli - 6ordm periacuteodo

Arquivo Pessoal

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O PoontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

12 bull Especial

10A NOSDA REDACcedilAtildeO

Em uma deacutecada foram 73 ediccedilotildees Apro-ximadamente 400 mil exemplares distribu-iacutedos Seis mudanccedilas de logomarca Quatro modificaccedilotildees graacuteficas Cinco coordenado-res e trecircs premiaccedilotildees recebidas duas em acircmbito nacional e uma internacional A primeira distinccedilatildeo conferida ao O Ponto foi em 2005 quando recebeu o tiacutetulo de melhor jornal laboratoacuterio do Brasil pela Pesquisa Experimental em Comunicaccedilatildeo (Expocom) considerado um dos mais importantes eventos cientiacuteficos nacionais Em 2006 outros dois precircmios na aacuterea de produccedilatildeo laboratorial vieram e O Ponto foi eleito o melhor jornal experimental de Minas Gerais e tambeacutem da Ameacuterica Latina levando o trofeacuteu Patildeo de Queijo de Notiacutecias (PQN) e uma medalha da Expo-comSUR pela notoriedade do trabalho jor-naliacutestico desenvolvido A medalha desta uacuteltima conquista cunhada em ouro e gra-vada com o nome e a localidade do evento (ExpocomSUR ndash Santa Cruz de La SierraBoliacutevia) ainda estaacute agrave mostra no quadro expositor de antigos e recentes exempla-res de O Ponto - escrito e planejado por trecircs geraccedilotildees de estudantes de jornalismo e tambeacutem por alunos de publicidade que jaacute desenvolveram interessantes peccedilas publicitaacuterias que marcaram a evoluccedilatildeo e a dinacircmica do jornal durante todos estes anos de atividades

Os trofeacuteus angariados tambeacutem deco-ram a mobiacutelia da redaccedilatildeo do jornal ndash onde coordenador monitores e voluntariados se debruccedilam diariamente sob o trabalho de apuraccedilatildeo produccedilatildeo supervisatildeo e revi-satildeo das pautas e mateacuterias criadas em um esforccedilo que visa dar continuidade qualita-tiva a este produto acadecircmico de renome criado e dirigido outrora pelos ex-alunos Hoje muitos deles profi ssionais bem sucedidos que fazem questatildeo de salientar quando questionados a infl uecircncia que a participaccedilatildeo em O Ponto como monitores e voluntaacuterios exerceu na vida profi ssional posteriormente

Em entrevista para esta reportagem comemorativa dos lsquodez anosrsquo todos os entrevistados (ex-alunos e monitores)

sem exceccedilatildeo foram nostaacutelgicos quanto agrave eacutepoca de estaacutegio e voluntariado no qual muitos fizeram sacrifiacutecios e estripulias para trazerem agrave tona um furo jornaliacutestico redigirem uma mateacuteria relevante e dia-gramarem da melhor forma o conteuacutedo que produziram ldquoAprendi a ser jornalista em O Ponto Aprendi a respeitar os cole-gas de trabalho e aprendi a cobrar e ser cobrado O Ponto me mostrou que com superaccedilatildeo conhecimento teacutecnico e liber-dade podemos fazer um bom jornalismordquo pontua Frederico Wanderley ex-aluno da Fumec e integrante da primeira turma de jornalismo da Universidade

Ernesto Braga ex-monitor do jornal tambeacutem ressaltou em entrevista a impor-tacircncia da experiecircncia vivenciada no jornal laboratoacuterio para o ofiacute-cio da profi ssatildeo ldquoO Ponto foi fundamen-tal para mim Embora a realidade de uma redaccedilatildeo de jornal diaacuterio seja completamente diferente ndash mais corrida e tensa ndash do ponto de vista do dead line As noccedilotildees de produccedilatildeo reportagem fotografi a e ediccedilatildeo apreendidas em O Ponto me permitiram compreender um pouco mais sobre o processo de fazer jornal () Meu portifoacutelio foi exatamente as mateacuterias que fi z para O Pontordquo admite

Portanto independente dos marcos citados e de outras cifras e estatiacutesticas do jornal a relevacircncia de O Ponto no espaccedilo acadecircmico nestes dez anos de existecircncia se daacute por outras razotildees o jornal eacute primordial-mente um instrumento praacutetico um meio de experimentaccedilatildeo teoacuterico-praacutetica dos alunos que visa munir o estudante de experiecircncias relevantes que possam ser um diferencial na hora de se introduzir na realidade da profi s-satildeo ndash que requer muita perspicaacutecia ousa-dia e estilo para se destacar Aleacutem disso O Ponto eacute um veiacuteculo que surgiu de uma pro-posta pedagoacutegica e jornaliacutestica consistente e aguerrida que propiciou notaacuteveis reper-cussotildees para o curso e claro ensinamentos

frutiacuteferos para os estudantes que souberam e sabem usufruir ainda das possibilidades que o jornal se predispotildee a dar atraveacutes da praacutetica e do trabalho

De acordo com o Projeto Poliacutetico Peda-goacutegico do curso de Comunicaccedilatildeo Social O Ponto lanccedilado em junho de 1999 tinha e ainda tem como premissa se prestar a ser atraveacutes do trabalho dos alunos e sob coor-denaccedilatildeo criteriosa dos professores um veiacuteculo de ldquojornalismo de conversaccedilatildeordquo em contraposiccedilatildeo ao jornalismo puramente informativo factiacutevel feito pela imprensa

convencional A proposta era lanccedilar um impresso ndash e sua periodicidade (men-sal) permite que isto seja possiacutevel - que debatesse com mais profundidade os paradigmas sociais explo-rando e adentrando mais nas complexidades de cada acontecimento na comuni-dade regional e internacio-nal incitando discussotildees relevantes para o puacuteblico leitor

A proposta era natildeo soacute falar por exemplo sobre o

paacutereo entre dois candidatos de uma elei-ccedilatildeo municipal em Belo Horizonte ou onde quer que fosse Mas sim criticar se neces-saacuterio a forma como os embates poliacuteticos ou a falta deles se datildeo em plena eacutepoca eleitoral como mostrou a reportagem ldquoDisputa eleitoral sem disputardquo ndash publi-cada em O Ponto em setembro de 2006

O objetivo do projeto pedagoacutegico eacute evi-denciar problemas relegados ao esqueci-mento como por exemplo a inadimplecircncia do Governo de Minas Gerais para com os problemas ambientais (hiacutedricos) do Estado como fez os ex-alunos Pedro Blank e Ernesto Braga na reportagem do ano de 2000 ldquoDes-caso Mata o Rio das Velhasrdquo ldquoUma mateacuteria que repercutiu muito () virando inclusive editorial do jornal Estado de Minasrdquo con-forme relembra o proacuteprio autor da mateacuteria Ernesto Braga O jornalista ainda ressaltou ldquoo engraccedilado desta mateacuteria eacute que sem saber que O Ponto tinha uma tiragem de quatro mil exemplares e pensando que ele circu-lava apenas na faculdade uma das fontes

O Ponto estaacute completando uma deacutecada de jornalismo laboratorial Para comee alunos que participaram da criaccedilatildeo do jornal para resgatar um pouco da su

ldquoO Ponto foi fundamental para

mim ()embora uma redaccedilatildeo de jornal

diaacuterio seja diferenteMeu portifoacutelio foi

exatamente as mateacuterias que fi z para O

PontordquoErnesto Braga ex-monitor

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Especial bull 13

(da mateacuteria) desceu o cacete no Estado E com a repercussatildeo ele (a fonte) ligou para o coordenador alegando que natildeo tinha falado aquilo que tinha sido publicado pedindo retrataccedilatildeo Ele esteve entatildeo na faculdade e ouviu toda a gravaccedilatildeo da entrevista no estuacute-dio da raacutedio e natildeo teve mais o que contes-tarrdquo recorda Braga

Portanto a intenccedilatildeo de O Ponto foi e ainda eacute publicar e propor assuntos que pos-sam render refl exotildees audaciosas que per-mitam ao leitor extrapolar o senso comum e os pensamentos instrumentais alcanccedilando o campo das ideacuteias criacuteticas e producentes do ponto de vista social que tenham propoacutesitos de mobilizaccedilatildeo e desalienaccedilatildeo das pessoas em geral Seja em forma de denuacutencia em uma grande reportagem em forma de traccedilo como na charge que prima pelo tom criacutetico e irocircnico ou nas mateacuterias e notas que repor-tam acontecimentos e eventualidades desco-nhecidas mas impor-tantes para a dinacircmica da sociedade seja no campo econocircmico poliacutetico ou cultural

Satildeo dez anos de accedilatildeo estudantil em todas as etapas produtivas do jornal desde a criaccedilatildeo de pautas ateacute a distri-buiccedilatildeo do jornal

Dez anos de tentativas Acertos erros aprendizagem e repercussotildees Polecircmicas e alguns deslizes

Haacute uma deacutecada O Ponto vem prestan-do-se a ser para os alunos um instrumento de aprendizagem e lapidaccedilatildeo profi ssional E apesar dos altos e baixos que toda ati-

vidade laboratorial implica o desafi o tem sido cumprido

Difi culdades teacutecnicas problemas entre alunos ndash editores e repoacuterteres - no cum-primento do prazo na entrega de mateacuterias alguns detalhes estruturais com relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo do jornal entraves de uacuteltima hora fotografi as infograacutefi cos e diagrama-ccedilotildees pendentes incompletas ou inapro-priadas fazem parte da rotina da produccedilatildeo de O Ponto Como em qualquer outra reda-ccedilatildeo de laboratoacuterio E satildeo exatamente esses desafi os que permitem agravequeles alunos que se doam agrave praacutetica colaborativa como repoacuter-teres voluntaacuterios e monitores do jornal descobrir suas aptidotildees capacidades e tam-beacutem a aprimorarem teacutecnicas e adquirirem conhecimento ainda desconhecidos

O iniacutecio o fi m e o meioNeste intertiacutetulo consta

uma informaccedilatildeo de cunho histoacuterico sobre O Ponto Esta frase ndash O iniacutecio o fi m e o meio que parece estar com a loacutegica inver-tida foi o primeiro e uacutenico slogan que o jornal teve Joatildeo Henrique Faria que trabalhou como consul-tor na criaccedilatildeo do curso de Comunicaccedilatildeo Social na

Fumec entre 1996 e 1997 e tambeacutem como coordenador em 1998 ndash logo quando o curso foi fundado - relata que o slogan surgiu de um concurso interno lanccedilado para alunos e que visava dar uma identidade ideoloacutegica e esteacutetica para o jornal que juntamente agrave raacutedio foram os primeiros laboratoacuterios do curso de Comunicaccedilatildeo a entrarem em fun-

cionamento Foi neste periacuteodo de inaugura-ccedilatildeo do curso que surgiu a marca O Ponto e o distintivo publicitaacuterio ldquoo iniacutecio o fi m e o meiordquo para o impresso

O slogan faz referecircncia agrave letra de muacutesica ldquoGitardquo do compositor Raul Seixas para enfatizar a proposta editorial do veiacute-culo - a ordem de disposiccedilatildeo das repor-tagens naquela eacutepoca no interior jornal O acutemeio` portanto eram as paacuteginas res-guardadas para as editorias referentes a assuntos institucionais ndash da universidade e tambeacutem para os assuntos que versavam sobre os proacuteprios meios de comunicaccedilatildeo ndash cobertura atuaccedilatildeo das miacutedias eventos e paradigmas ndash tudo no miolo do impresso O acutefim` era o espaccedilo reservado no jornal para as mateacuterias de poliacuteticas puacuteblicas sendo a sociedade a principal interessada e a proacutepria finalidade das reportagens e O Ponto o proacuteprio lsquofimrsquo O acuteiniacutecio` final-mente eram mateacuterias sobre variedades que falavam sobre questotildees gerais - curio-sidades entretenimento opiniotildees Este estilo de iacutendice e de divisatildeo do jornal durou dois anos desde o lanccedilamento ateacute que reformulaccedilotildees graacuteficas resultaram na retirada do slogan de layout de O PontoMudanccedilas compreensiacuteveis tratando-se de um jornal laboratoacuterio que prima pela experimentaccedilatildeo e inovaccedilatildeo

Um nome de impactoA democracia que foi sempre uma

maacutexima no funcionamento do laboratoacuterio de jornalismo impresso ndash todos os alunos sem exceccedilatildeo do 1ordm ao 8ordm periacuteodo devem e podem escrever ndash esteve presente tambeacutem no concurso que deu nome ao jornal O nome O Ponto foi criado pelo ex-aluno de

Editor e diagramador da paacutegina

10A NOSomemorar esse feito nossa equipe de reportagem ouviu os primeiros monitores a sua histoacuteria precircmios conquistados mateacuterias de repercussatildeo e mudanccedilas graacutefi cas

Da esquerda para a direita os ex-monitores Ernesto Braga Pedro Blank e Frederico Wanderley do Ponto para as redaccedilotildees

ldquoCriei (o nome) O Ponto pensando no sentido ortograacutefi co e ao mesmo tempo no signifi cado da palavra como ponto de vistardquo

Faacutebio Santos ex-aluno

12-16 - 10 anos O Pontoindd 212-16 - 10 anos O Pontoindd 2 82809 123341 PM82809 123341 PM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

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Esta mateacuteria assinada pelos ex-alunos Ernesto Braga e Pedro Henrique Blank denunciou a poluiccedilatildeo no Rio das Velhas A partir da constataccedilatildeo de que 90 da carga poluidora lanccedilada no rio era proveniente da coleta dos esgotos domeacutesticos ldquoNa eacutepoca o entatildeo superintendente do jornal Estado de Minas Eacutedison Zenoacutebio publicou uma nota em sua coluna no jornal parabenizando pela mateacute-riardquo recorda o professor Rogeacuterio Bastos

Em ldquoAnunciou virou mancheterdquo o aluno Pedro Penido criticou a cobertura da imprensa entorno do deacutefi ct zero e a publicidade do governo do Estado sobre esse fato estampada nos trecircs jornais da capital Jaacute ldquoA imprensa errourdquo eacute uma criacutetica ao comportamento da imprensa na cobertura de um assassinato no Edifiacutecio JK O trabalho dos repoacuterteres Sinaacuteria Ferreira e Guilhermo Tacircngari pautou uma discussatildeo no Brasil das Gerais da Rede Minas Sinaacuteria Ferreira monitora na eacutepoca foi uma das participantes do programa

O Ponto eacute lanccedilado O impresso vem entatildeo ao mundo em for-mato Standard 315 mm x 560 mm papel jornal

jornalismo Faacutebio Santos que participou do processo seletivo do nome do jornal-laboratoacuterio do curso de Jornalismo da Fumec ldquoCriei acuteO Ponto` pensando no sentido ortograacutefico e ao mesmo tempo no signifi-cado da palavra como ponto de vistardquo

ldquoO Ponto eacute um nome de impacto Representa o acircngulo o lsquoxrsquo da questatildeordquo explica Joatildeo Henrique Faria que na ocasiatildeo participou do processo de escolha do nome O acutex` a que Faria se refere diz respeito a forma mais precisa de tratar um acontecimento Na seara jornaliacutestica consiste em diagnosticar o que de mais importante existe no fato esmiuccedilar seus anteceden-tes e desdobramentos O objetivo eacute enfi m noticiar de forma complexa contextualizada sem contudo recair no erro de julgar fazer juiacutezo de valor sobre um determi-nado acontecimento

Porque mudar eacute precisoEm maio de 2009 foi lanccedilado o novo projeto graacutefi co

do jornal com draacutesticas mudanccedilas de formato estilo e tambeacutem de logomarca cujo grafi smo conteacutem agora um ponto dentro da letra ldquoordquo reforccedilando a marca do impresso em seu nome O novo logotipo do jornal O Ponto eacute meacuterito do aluno do 2ordm periacuteodo do curso de Design Graacutefi co da Fumec Giovanni Batista Cocircrrea vencedor do concurso de reformulaccedilatildeo do logotipo

do jornal ldquoUsei uma fonte parecida com a anterior e desenhei a primeira letra lsquoorsquo da palavra como um lsquopontorsquo aproveitando sua forma natural pois acredito que uma marca deve ser simples e ao mesmo tempo marcanterdquo explica

A nova reformulaccedilatildeo graacutefi ca coordenada pela pro-fessora Duacutenya Azevedo e que contou com dois volun-taacuterios ndash os alunos Roberta Andrade e Pedro Leone - foi desenvolvido no segundo semestre de 2008 com base em pesquisas bibliograacutefi cas

De forma geral a opccedilatildeo por migrar do formato Stan-dart (o antigo jornalatildeo ndash de 53 cm de altura por 297 de largura) para o Berliner (289 cm por 43 cm) veio da demanda de adequaccedilatildeo as transformaccedilotildees que o meio impresso vem passando no mundo e no Brasil dimi-nuiccedilatildeo do puacuteblico leitor em detrimento dos veiacuteculos digitais o que culminou na reduccedilatildeo dos lucros dos jornais e do pessoal ndash jornalistas nas redaccedilotildees O que acentuou a disputa entre os jornais pelo leitor gerando a necessidade de reinvenccedilatildeo dos layouts para capta-ccedilatildeo deste puacuteblico que estaacute migrando para os canais de notiacutecia instantacircnea na internet

Conforme explica a professora Duacutenya Azevedo o formato Berliner eacute economicamente mais vantajoso - sua impressatildeo eacute mais barata e desperdiccedila menos papel eacute um formato mais praacutetico de ser manuseado

e passiacutevel de se aproximar de um layout de revista tipo de impresso mais bem acabado esteticamente e benquisto Razotildees estas ndash economia esteacutetica e tipo de manuseio - que infl uenciaram na decisatildeo de reformu-lar O Ponto

ldquoO objetivo do novo formato eacute aproximar O Ponto do estilo magazine (revista) ateacute mesmo pela sua periodi-cidade mensalrdquo explica Roberta Andrade ldquoQueriacuteamos diminuir o formato preservando poreacutem a valorizaccedilatildeo do textordquo reforccedila Pedro Leone Assim optou-se por uma tipografi a mais espaccedilada e menor para compor um layout mais arejado modernordquo

Eacute nesta linha de atuaccedilatildeo mantendo as antigas pre-missas do curso de liberdade de atuaccedilatildeo democracia e de ensaios profi ssionais que O Ponto segue traccedilando sua trajetoacuteria no espaccedilo acadecircmico concomitante-mente a histoacuteria dos estudantes no curso Sempre tendo em mente que a credibilidade de um jornal pre-cisa ser renovada constantemente seja ele velho ou novo Tenha ele 10 ou 100 anos de existecircncia Seja ele profi ssional ou laboratorial pois o que deve ser exal-tado e cumprido eacute a seriedade do trabalho sem isen-ccedilatildeo de culpa e responsabilidade em caso de erros Pois o desafi o em qualquer um dos veiacuteculos ndash seja um jornal renomado ou universitaacuterio eacute reportar com eacutetica e pro-fi ssionalismo as informaccedilotildees prestadas ao leitor

Alguns marcos em 10 ANOS

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12-16 - 10 anos O Pontoindd 312-16 - 10 anos O Pontoindd 3 82809 34455 PM82809 34455 PM

O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina

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2006

No fi nal de 2005 o jornal obteve outro rele-vante resultado um estudo sobre sua proposta editorial Os ex-alunos de jornalismo formados em 2005 Rafael Werkema e Renata Quintatildeo produziram o livro Jornal laboratoacuterio - uma pro-posta editorial criacutetica como parte do projeto de conclusatildeo de curso e dedicaram esta obra ldquoa todos os que veem O Ponto como espaccedilo para a formaccedilatildeo de agentes transformadores da socie-daderdquo Werkema declarou tambeacutem que este estudo abre refl exatildeo sobre a importacircncia do jornalismo impresso experimental que difere do modelo sisudo e congelado da grande imprensa

20092009Em janeiro de 2006 o jornal recebeu o precircmio Patildeo de Queijo de notiacutecias (PQN) Na eacutepoca a ex-coordenadora de O Ponto Ana Paola Valente fez a seguinte declaraccedilatildeo sobre o feito ldquoEsta eacute uma conquista coletiva construiacuteda principalmente pelos alunos que fazem o jornal e acreditam neste projetordquoEm maio o jornal foi eleito o melhor jornal laboratoacuterio da Ameacuterica Latina na III Mos-tra Internacional da Pesquisa Experimen-tal da Comunicaccedilatildeo EXPOCOM-SUR

2005

Para aleacutem das atividades ligadas ao produto impresso O Ponto tambeacutem se faz presente em vaacuterias iniciativas e eventos na Faculdade de Ciecircncias Humanas Uma dessas accedilotildees foi o debate poliacutetico entre os candidatos agrave Prefeitura de Belo Horizonte em 2008 Organizado pelos monitores de O Ponto e da Redaccedilatildeo Modelo e orien-tados pelos professores coordenadores o evento reuniu seis dos nove candidatos ao pleito no auditoacuterio Phoenix da Fumec no mecircs de setembro

Dois assuntos mar-caram a tocircnica do debate dos candida-tos as preocupaccedilotildees com educaccedilatildeo e com o transporte puacuteblico na capital mineira As inquietaccedilotildees estiveram presentes nas questotildees apresentadas pelos estudantes O auditoacuterio recebeu mais de 200 universitaacuterios

Compareceram ao evento os candi-datos Gustavo Valadares (DEM) Jorge Periquito (PRTB) Leonardo Quintatildeo (PMDB) Pedro Paulo (PCO) Seacutergio Miranda (PDT-PCB) e Vanessa Portu-gal (PSTU) Somente trecircs candidatos ndash Andreacute Alves (PT do B) Jocirc Moraes (PC do B) e Maacutercio Lacerda (PSB) ndash natildeo partici-

param e alegaram confl ito de agenda Os presentes elogiaram a organizaccedilatildeo

do evento e destacaram a importacircncia de se promover esclarecimentos poliacuteticos aos jovens jaacute que o tempo de duraccedilatildeo dos programas eleitorais na miacutedia natildeo era sufi ciente para informar os eleitores sobre os problemas da cidade bem como das propostas dos candidatos ao pleito

O envolvimento da equipe de O Ponto natildeo para por aiacute Em colaboraccedilatildeo com o Nuacutecelo de Estu-dos Escola da Ter-ceira Idade (Neeti) o laboratoacuterio assumiu tambeacutem no uacuteltimo semestre a diagrama-ccedilatildeo e fechamento do jornal Degrau publi-caccedilatildeo semestral dos alunos do curso que produzem crocircnicas poesias e outros tex-tos de cunho pessoal

Em momentos de polecircmica a ordem eacute arregaccedilar as mangas Apoacutes decisatildeo do Supremo Tribunal Federal no fi nal do primeiro semestre deste ano de por fi m agrave obrigatoriedade do diploma para o exer-ciacutecio profi ssional do jornalismo os moni-tores de O Ponto foram mobilizados para sair em campo e ouvir os profi ssionais do mercado sobre o impacto da decisatildeo na

vida dos atuais e futuros profi ssinais Como resultado da iniciativa foi pro-

duzido um viacutedeo com depoimentos de representantes da imprensa belo-hori-zontina tranquilizando os estudantes e avaliando como baixo o impacto da medida do STF na hora da contrataccedilatildeo prevalecendo a importacircncia de se ter um curso de formaccedilatildeo jornaliacutestica

Ensino de qualidadeO laboratoacuterio de jornalismo impresso

da Fumec prima tambeacutem pela qualidade do ensino As atividades de produccedilatildeo de cada ediccedilatildeo do jornal laboratoacuterio assim como a delimitaccedilatildeo dos papeacuteis dos par-ticipantes e colaboradores em cada uma delas satildeo todas executadas e coordena-das por estudantes Os alunos desde o primeiro semestre do curso satildeo estimu-lados a participar de O Ponto

As reuniotildees de pauta satildeo divulgadas para todo o corpo dicente de Jornalismo e coordenadas pela monitoria As suges-totildees de assuntos e enfoques para as mateacute-rias satildeo responsabilidade dos alunos que estatildeo cursando a disciplina Ediccedilatildeo II Eles assumem a ediccedilatildeo do jornal a cada semestre orientados pelo professor da disciplina e auxiliados pelos monitores

Quanto agrave apuraccedilatildeo das mateacuterias a reportagem pode ser executada por todos os periacuteodos A fotografi a tambeacutem eacute uma atividade preferencialmente dos alunos do curso Iniciativas de convergecircncia

tambeacutem satildeo praticadas pelos estudantes da Fumec como por exemplo em repor-tagem publicada na ediccedilatildeo nuacutemero 69 Intitulada ldquoEstudante vira gari por um diardquo a reportagem foi produzida para o impresso para a internet (Ponto Eletrocirc-nico) e em viacutedeo simultacircneamente Para isso uma equipe foi para as ruas executar a reportagem e no caso do repoacuterter tam-beacutem da coleta de lixo

A ediccedilatildeo do texto e a diagramaccedilatildeo satildeo executadas pelos alunos que estatildeo cur-sando Ediccedilatildeo II A revisatildeo fi nal do texto e do layout da paacutegina satildeo tarefas dos monitores e posteriormente o material eacute enviado para a graacutefi ca

O Jornal Laboratoacuterio O Ponto eacute na avaliaccedilatildeo do Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social da Universidade Fumec Seacutergio Arreguy o principal ins-trumento de experimentaccedilatildeo para o jor-nalismo impresso ldquoElaborado desde o projeto graacutefi co pautas apuraccedilatildeo e produ-ccedilatildeo de mateacuterias pelos alunos sob a super-visatildeo e coordenaccedilatildeo dos professores eacute o resultado de muito trabalho dedicaccedilatildeo e comprometimento de todos os envol-vidos materializado em um Jornal de excelente qualidade Refl exo de um curso seacuterio aprovado e reconhecido sobretudo pelo mercado de Belo Horizonterdquo

Aureacutelio JoseacuteCoordenador do Jornal-laboratoacuterio e

professor do curso de Jornalismo

Atividades vatildeo aleacutem da produccedilatildeo impressa

ldquoResultado de muito trabalho e

comprometimento o jornal eacute refl exo

de um curso seacuterio e reconhecido pelo

mercado de BHrdquoSeacutergio Arreguy coordenador do curso de Comunicaccedilatildeo Social

12-16 - 10 anos O Pontoindd 412-16 - 10 anos O Pontoindd 4 82809 34457 PM82809 34457 PM

O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

16 bull Especial

Com a palavra alguns ex-monitores

ldquoO meu

primeiro contato praacutetico

com o jornalismo ocorreu no Jor-

nal O Ponto Durante oito meses

como

monitor e nos quatro anos de curso

vivi cada

dia na redaccedilatildeo e pude ajudar a c

onstruir com

reportagens diagramaccedilotildees ou material fotograacutefi co

esse jornal que respeito muito por

ter me mostrado de

forma sincera alguns valores da mi

nha profi ssatildeo

As discussotildees interessadas que tive

mos naquela redaccedilatildeo

fi cam para toda a carreira juntame

nte com as boas pessoas

com as quais pude conviver nesse

periacuteodo Com o Ponto

percebi que o jornalismo antes de

escrever deve ldquoolharrdquo

para o mundo e buscar seu recorte

Por mais difiacutecil que

fosse terminar uma paacutegina sempre

compensava olhar para

ela impressa na pilha de jornais

no fi m do mecircs Esse

desafi o nos motivou e deve motivar

a cada diardquo

Enzo Menezes ex-monitor

ldquoDurante um ano e meio fui moni-

tora do jornal O Ponto podendo

adquirir muito conhecimento Mesmo

sendo um jornal mensal e por isso com-

posto de reportagens natildeo de notiacutecias pude

aprender sobre a rotina de uma redaccedilatildeo Aprendi

como nasce um jornal desde a reuniatildeo de pau-

tas o acompanhamento dos repoacuterteres e editores

revisatildeo das paacuteginas montagem da boneca o fecha-

mento ateacute o jornal impresso Comecei no jornal no

sexto periacuteodo entatildeo tive que apreender a editar

e diagramar uma paacutegina Ao mesmo tempo tambeacutem era

responsaacutevel pela ediccedilatildeo fi nal do jornal tendo que

colaborar com os demais alunos Foi muito grati-

fi cante fazer parte da equipe do jornal labora-

toacuterio foi um grande aprendizadordquo

Poliane Bosco ex-monitora

ldquoFui um dos primeiros monito-res do jornal e da 1ordf turma de jornalismo da Fumec Como na eacutepoca os repoacuterteres eram voluntaacuteriospassaacutevamos nas

salas chamando o pessoal Nas primeiras ediccedilotildees ateacute falavam que existia uma lsquopanelinharsquo porque as

mateacuterias eram sempre dos mesmos - eu o Ernesto Braga o Pedro Blank por exemplo porque era quem se interessava em escrever A mateacuteria que me marcou mais foi a primeira a primeira a gente nunca esquece (risos) Acho que o tiacutetulo era lsquoDe volta aos porotildees da loucurarsquo que saiu como manchete na primeira ediccedilatildeo e era sobre um manicocircmio em Barbacena O pessoal de psicologia ia fazer um estudo laacute e nos ofere-cemos para cobrir Vimos que a situaccedilatildeo do lugar era a mesma haacute 20 anos segundo um livro dos anos 80 sobre a instituiccedilatildeordquo

Murilo Rocha ex-monitor

ldquoA moni-toria foi uma experiecircncia

muito bacana pois foi a primeira vez que tive contato com a produccedilatildeo de

um jornal Tiacutenhamos a funccedilatildeo de editar mas tambeacutem faziacuteamos mateacuterias diagramaacutevamos tiraacute-

vamos fotos orientaacutevamos os repoacuterteres enfi m era uma trabalheira soacute Lembro-me de uma mateacuteria que fi z sobre salaacuterio miacutenimo (maio2001 14ordf ediccedilatildeo) e ganhou a manchete de O Ponto para minha surpresa Eu e o Daniel Bianchini na eacutepoca fotoacutegrafo e teacutec-nico do laboratoacuterio de fotografi a da Fumec subimos a favela para saber quantas eram e como viviam as

pessoas que recebiam um salaacuterio miacutenimordquo

Angeacutelica Diniz ex-monitora

Foto

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Foto arquivo O Ponto

12-16 - 10 anos O Pontoindd 512-16 - 10 anos O Pontoindd 5 82809 123353 PM82809 123353 PM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Esporte bull 17Editor e diagramador da paacutegina Rodrigo Zavaghli e Joatildeo Procoacutepio 6ordm periacuteodo

Domingo um dia em que a populaccedilatildeo de um paiacutes inteiro parou diante das tevecircs para assistir ao embate de duas equipes esportivas disputando o tiacutetulo nacional O vencedor vem estabelecendo uma supremacia invejaacutevel Eacute o maior ganha-dor da deacutecada e jaacute desponta como favo-rito para a proacutexima temporada Enfrenta apenas um desafi o manter o elenco para continuar competitivo em um ramo que movimenta milhotildees em dinheiro anualmente

Poderia estar falando do Brasil e o time citado poderia perfeitamente ser o Satildeo Paulo Mas a cena descrita se passa nos Estados Unidos o campeatildeo se chama Los Angeles Lakers e o esporte natildeo eacute o futebol mas sim o basquete Com uma atuaccedilatildeo impecaacutevel do cestinha Kobe Bryant os Lakers derrotaram o Orlando Magic em uma seacuterie melhor de sete jogos levantando o caneco pela quarta vez desde o ano 2000 Eacute o deacutecimo tiacutetulo do teacutecnico Phil Jackson em 15 da equipe de LA Somados a esses nuacutemeros 15 milhotildees de televisores americanos esta-vam ligados no jogo durante a exibiccedilatildeo e a movimentaccedilatildeo fi nanceira do esporte tambeacutem natildeo fi ca atraacutes das grandes trans-ferecircncias de jogadores brasileiros para o futebol europeu A estrela do basquete Shaquille OacuteNeil deve trocar de time por nada menos que 20 milhotildees de doacutelares -uma pechincha- Mostra-se assim que o basquete pode seguir uma foacutermula de sucesso da mesma forma que fazemos com o nosso esporte nacional

A liga americana eacute uma das mais assis-tidas no paiacutes e no mundo sendo transmi-tida para 42 paiacuteses e possui uma foacutermula diferente e atraente com fase de grupos os famosos mata-matas e divisotildees por conferecircncias tornando toda a temporada uma grande festa com direito inclusive agraves tradicionais e nada desejaacuteveis brigas de torcida

A NBBA Associaccedilatildeo Nacional de Basquete

dos Estados Unidos a NBA eacute o exemplo que o Brasil estaacute tentando seguir para reerguer o esporte no paiacutes A preocupa-ccedilatildeo eacute grande uma vez que por exemplo a equipe masculina nacional que jaacute con-tou com estrelas como Oscar Schmidt aleacutem de jogadores que hoje fazem fama no exterior como Leandrinho Nenecirc e Anderson Varejatildeo nem se quer conquis-tou vaga para disputar as duas uacuteltimas olimpiacuteadas Isso para um esporte em que o Brasil jaacute foi campeatildeo mundial no cada vez mais longiacutenquo ano de 1959 eacute sinal de crise

Mas o racha no basquete brasileiro natildeo envolve apenas o desempenho do time em quadra Nos uacuteltimos anos o que se viu foi um show de falta de organizaccedilatildeo por parte da Confederaccedilatildeo Brasileira de Basquete (CBB) que em 2006 natildeo con-seguiu promover o campeonato nacio-nal ateacute o fi m Faltou a fi nal e a histoacuteria

enveredou para a poliacutetica Os clubes paulistas insatisfeitos com a conjun-tura romperam com a confederaccedilatildeo e disputaram um torneio paralelo criado por eles em 2008 No preacute-oliacutempico do mesmo ano a seleccedilatildeo brasileira dispu-tou por vaacuterios motivos muitos deles obscuros com desfalque de todos os jogadores que disputavam a Liga Ame-ricana Perdeu

Insustentaacutevel por si soacute a nova aposta da CBB eacute o Novo Basquete Brasil A sigla NBB natildeo foi por acaso A semelhanccedila com a NBA eacute justamente o foco do novo torneio organizado pelos clubes com a chancela da Confederaccedilatildeo Eacute uma ten-tativa de reconciliaccedilatildeo dos times com a entidade dos jogadores com a seleccedilatildeo e por consequumlecircncia das torcidas com a quadra O formato traz turno returno e fase fi nal com mata-mata para defi nir semifi nalistas e fi nalistas A fi nal eacute deci-dida em no maacuteximo cinco partidas E que comece a campanha para as Olim-piacuteadas do Rio

OlimpiacuteadasQue o governo brasileiro estaacute em cam-

panha para sediar os Jogos Oliacutempicos de 2016 jaacute estaacute claro para todo mundo O que acontece nas entrelinhas poreacutem eacute um esforccedilo coletivo por parte da miacutedia do governo e de todo o setor esportivo em geral em alavancar o esporte no paiacutes Desmistifi car a conversa de que aqui soacute o futebol presta Eacute bom para os clubes bom para os cofres puacuteblicos e bom para as empresas privadas fora a melhoria na imagem do paiacutes laacute fora Para se ter uma ideia o Pan do Rio gastou cerca de sete milhotildees de reais em uma soacute cidade Jaacute a reforma do Maracanatilde palco da fi nal da copa de 2014 tem orccedilamento pre-visto em ateacute 1 bilhatildeo Eacute muito dinheiro envolvido e logicamente muita gente interessada

O NBB se torna claramente mais uma peccedila nesse complexo tabuleiro aonde o objetivo eacute vender o Brasil como paiacutes do esporte Ronaldo Adriano Fred fora outras movimentaccedilotildees de grandes estrelas do esporte nacional que retor-nam ao paiacutes mostram que aos poucos estamos tentando construir uma cultura esportiva o que nos encaixa como uma luva na candidatura para as olimpiacuteadas

A verdade eacute que temos um longo caminho a percorrer O Rio de Janeiro jaacute ateacute possui um esqueleto de estrutura eacute verdade feita nos Jogos Pan Ameri-canos de 2006 e pretende ampliar o investimento com a Copa do Mundo de futebol mas a incompatibilidade ainda eacute latente Falta resolver o problema da seguranccedila puacuteblica A reforma do estaacute-dio do Maracanatilde jaacute tem orccedilamento mas natildeo tem quem pague E o que sinaliza o desespero para ser capaz de receber um evento desse porte eacute a corrida das cidades sede da Copa de 2014 Das 12 cidades sede todas com planejamentos astronomicamente caros para a compe-ticcedilatildeo apenas uma ndashBrasiacutelia- declarou de onde viraacute o dinheiro

Formaccedilatildeo de baseO lado positivo de toda a politicagem

que envolve a corrida pelas olimpiacuteadas eacute a formaccedilatildeo de novos atletas e de esco-linhas de base nos vaacuterios clubes do paiacutes Afi nal se por um lado esporte eacute fi nan-ceiramente um bom negoacutecio ele natildeo deixa de ser saudaacutevel e interessante para a sociedade A efi ciecircncia de escolinhas de esporte nas periferias em termos de estatiacutesticas de criminalidade aleacutem do trabalho seacuterio de dignidade e auto-estima que eacute feito na grande maioria dos casos por professores voluntaacuterios eacute inegaacutevel

O Mackenzie Esporte Clube tradi-cional formador de atletas de Belo Hori-zonte por exemplo usa suas escolinhas de esporte para segundo sua assessoria de imprensa auxiliar na educaccedilatildeo e inte-graccedilatildeo social de crianccedilas e jovens Aleacutem dos clubes escolas particulares ou seja com verbas como o Coleacutegio Santo Agos-tinho realizam projetos sociais para pro-mover a integraccedilatildeo e dignidade atraveacutes do esporte Exemplo disso era o time de vocirclei Sada Betim hoje Sada Cruzeiro que enquanto ainda associado agrave prefeitura da cidade e usando suas dependecircncias abria portas para jovens da periferia para integrar suas escolas baacutesicas do esporte

Estrutura para tais iniciativas eacute o que natildeo falta O Minas Tecircnis clube de maior destaque no cenaacuterio esportivo mineiro eacute o detentor de uma das mais invejaacuteveis estruturas esportivas do paiacutes Eacute o exem-

plo de que eacute possiacutevel dar suporte para for-mar equipes competitvas em vaacuterios espor-tes Finalista da Superliga de vocirclei clube de formaccedilatildeo do medalista pan americano Th iago Pereira da nataccedilatildeo medalista oliacutempico do judocirc com Ketleyn Quadros e semifi nalista da NBB com a equipe de basquete Conquistas que geram pergun-tas Eacute possiacutevel estender tamanho sucesso para a populaccedilatildeo em geral O Brasil seraacute capaz de utilizar o potencial que tem de mobilizar a sociedade por causas tatildeo inte-ressantes quanto o esporte para alavan-car os setores prejudicados de seu povo ou vai jogar todos os problemas e todas as desculpas por suas falhas sob o grande guarda-chuva da beleza do esporte Seraacute as Olimpiacuteadas uma oportunidade para o sucesso ou mais uma grande farra para os poliacuteticos e para a miacutedia

O Novo Basquete Brasil pode ser parte da resposta O objetivo principal do tor-neio eacute revigorar o esporte atrair o puacuteblico de volta e recolocar o basquete brasileiro em niacuteveis oliacutempicos para em seu obje-tivo secundaacuterio apoiar a campanha para o Rio 2016 Se der certo bom para o Bra-sil Ganha em notoriedade em trabalho bem feito e abre um leque de esperanccedilas para os projetos que viratildeo Se der errado reforccedila a capacidade do brasileiro de fazer auecirc sem saber aonde vai dar E costuma dar em pizza Em obras superfaturadas em estrutura precaacuteria e em novas festas como mensalotildees castelos e farras aeacutereas em geral

O Novo Esporte BrasilFinal do Novo Basquete Brasil levanta a discussatildeo das poliacuteticas esportivas no Brasil

PEDRO LEONE

6ordm PERIacuteODO

Foto Divulgaccedilatildeo

Minas e Flamengo em jogo realizado na arena da Rua da Bahia

17 - novo esporte brasilindd 117 - novo esporte brasilindd 1 82809 115027 AM82809 115027 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

18 bull Entretenimento Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O que vocecirc acha que o CQC traz de novo para a TV brasileira

Rafi nha Bastos O CQC eacute um formato novo Soacute o fato de existir um formato novo numa televisatildeo tatildeo repetida porque os formatos se repetem muito na televisatildeo a novela do SBT eacute igual a da Band que eacute igual a da Globo que eacute igual a da Record os telejornais tambeacutem satildeo parecidos os programas de auditoacuterio Entatildeo soacute o fato de ser um programa diferente um formato de televisatildeo diferente jaacute eacute uma novidade Eu acho que eacute isso que o CQC traz

OPComo vocecirc entende a junccedilatildeo de ldquojornalismo e humorrdquo

RB Eu acho que o jornalismo eacute muito convencional Ele tem um formato muito especiacutefi co no Brasil haacute muito tempo Entatildeo o fato de a gente estar fazendo uma coisa mais bem humorada vem quebrar um pouco com esses paradigmas que satildeo muito estabelecidos do jornalismo A gente estaacute fazendo de uma maneira diferente de fazer o jornalismo Eu acho interessante a receptividade que eu tenho tido com as mateacuterias laacute do ldquoProteste Jaacuterdquo Satildeo muito legais o povo gosta e se sente representado Entatildeo eu acho que tem sido muito bom

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

RB Natildeo existe isso Eu sou contra esse negoacutecio de ldquohumor inteligenterdquo porque natildeo eacute porque o Tiririca faz um humor para o povatildeo que ele natildeo eacute inteligente Ele eacute um gecircnio aliaacutes entendeu Natildeo acho que a questatildeo eacute ldquointeligenterdquo Eu acho que a questatildeo eacute a seguinte o humor do CQC precisa de mais referecircncia O pessoal precisa conhecer um pouco das coisas que a gente estaacute falando estar um pouco informado sobre poliacutetica Talvez a pessoa que assiste ao CQC esteja atraacutes de um humor com mais informaccedilatildeo um humor mais criacutetico e o humor natildeo eacute tatildeo popular mas natildeo signifi ca que natildeo eacute mais inteligente do que o humor popular

OPVocecirc natildeo teme que o CQC caia na ldquomesmicerdquo

RB Eacute muito cedo para dizer ainda Muito cedo O que acontece eacute que os pro-gramas humoriacutesticos caem na mesmice e isso eacute estrateacutegico O ldquoNerson da Capi-tingardquo faz a mesma piada toda semana

porque as pessoas precisam entender a piada O povatildeo a galera ldquomassardquo precisa saber a hora que ela tem que rir Por isso que parece que eacute muito repetitivo Porque natildeo eacute um humor feito pra gente natildeo eacute um humor feito para a galera faculdade para a galera que tem um espiacuterito criacutetico um pouco mais aguccedilado Eacute para o povatildeo Eacute muito bem feito A tendecircncia do CQC natildeo eacute ir por esse caminho mas pode ser que ele se repita Isso eacute uma busca eterna

OPA experiecircncia da stand-up comedy contribui para a abordagem de suas fontes

RB O fato de eu ser comediante me ajuda Eu faccedilo um programa de humor hoje que por mais que tenha uma pegada jornaliacutestica eacute um programa de humor O objetivo dele eacute ser engraccedilado eacute ser divertido Tanto a minha formaccedilatildeo de jornalista quanto o meu trabalho de comediante estatildeo juntos ali quando eu estou na frente do viacutedeo

OPEm sua opiniatildeo onde podemos perceber o jornalismo no CQC

RB O quadro ldquoProteste jaacuterdquo eacute o quadro mais jornaliacutestico do programa Ele aborda os problemas levanta e vai atraacutes de soluccedilotildees conversa com os governantes Eu acho que esse eacute o quadro mais jornaliacutestico mas natildeo signifi ca que as mateacuterias de ldquobaladardquo natildeo sejam jornaliacutesticas Mas eu soacute acho que o mais parecido com o formato tradicional de jornalismo eacute o ldquoProteste Jaacuterdquo

OPComo vocecirc percebe a inserccedilatildeo da publicidade no programa Vocecirc acha que o excesso de propaganda pode pre-judicar a atraccedilatildeo

RB Eu acho que eacute feito de uma maneira muito suave Eacute algo inovador O que o CQC faz natildeo existe em nenhum outro programa A gente natildeo interrompe natildeo mostra nenhum produto ou merchan durante o programa Satildeo propagandas fei-tas com o proacuteprio elenco Entatildeo eu acho

que eacute diferente e o programa tem que se bancar Ele precisa ter publicidade

OPMas vocecirc natildeo acha que haacute uma quebra do discurso Por exemplo o Marcelo Tas chama uma mateacuteria ldquoredondardquo e faz menccedilatildeo a uma determi-nada marca de cerveja Quando manda a mateacuteria haacute um corte com outra propa-ganda entrando

RB Vocecirc natildeo acha isso muito melhor do que parar e falar assim ldquogente vamos falar de seguro sauacutederdquo e a pessoa sair Vocecirc tem que vender vocecirc tem que fazer publicidade Natildeo tem como O programa precisa se bancar de alguma forma Eu acho que a melhor maneira uma maneira interessante de fazer os merchans eacute da maneira como a gente faz Natildeo inter-rompe natildeo tem a ver com a mateacuteria natildeo estaacute no meio do conteuacutedo natildeo tem a ver com o conteuacutedo do programa estaacute sepa-rado Eu acho que eacute uma maneira tran-quila Se eacute a melhor maneira eu natildeo sei mas eu acho interessante

OPEm abril assessores de comuni-caccedilatildeo dos parlamentares se reuniram em Brasiacutelia para questionar a liberdade com que os repoacuterteres atuam no Con-gresso Nacional O diretor de comuni-caccedilatildeo da Cacircmara poreacutem afi rmou que natildeo alteraria as regras atuais e que cabia aos assessores explicar aos deputados como lidar com o tipo de jornalismo praticado pelos programas O CQC foi pivocirc desta atitude

RB O Congresso faz as leis dele O Congresso olha muito para o proacuteprio umbigo Natildeo existe nada que infl uencie diretamente as decisotildees do Congresso Eles decidem por eles mesmo Por isso que eles estatildeo em Brasiacutelia que fi ca a 500 km de Rio e Satildeo Paulo

OPVocecirc acha que os poliacuteticos satildeo alvo faacutecil para o humor Por quecirc

RB Eu acho que natildeo Eu acho que os poliacuteticos satildeo difiacuteceis porque satildeo uma concorrecircncia para os comediantes Os proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia entatildeo jaacute eacute muito difiacutecil vocecirc tirar sarro de algo que jaacute eacute engraccedilado As notiacutecias do ldquoJornal Nacionalrdquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQC Eacute mais difiacutecil ainda Eacute uma busca eterna para natildeo fi car se repetindo e natildeo fi car falando coisas que jaacute satildeo ditas por outros telejornais

Os bastidores do risoEm entrevista exclusiva Rafi nha Bastos repoacuterter do programa televisivo Custe o Que Custar (CQC) abre o jogo e conta como o humor eacute levado a seacuterio na atraccedilatildeo semanal na emissora Bandeirantes

Uma das cenas protagonizadas por Rafi nha Bastos no quadro ldquoProteste jaacuterdquo

ldquoOs proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia () As notiacutecias do lsquoJornal Nacionalrsquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQCrdquo

Rafi nha Bastos

AMANDA ARAUacuteJO

FLAacuteVIO CAMPOS

NATASHA MUZZI

8ordm PERIacuteODO

Belo Horizonte abril de 2009 Enquanto esperaacutevamos a reapresen-taccedilatildeo da peccedila ldquoArte do Insultordquo para realizar uma entrevista com o humo-rista Rafi nha Bastos marcaacutevamos quais seriam as principais perguntas que deveriam ser feitas considerando o pouco tempo que teriacuteamos dispo-

niacutevel nos bastidores do evento Casa cheia nervosismo em alta muita gente querendo conversar e chamar a atenccedilatildeo do ldquohomem de pretordquo do programa CQC Difiacutecil tarefa eacute con-seguir uma entrevista quando se eacute apenas estudante Mas conseguimos o acesso e a conversa se estendeu por bem mais tempo do que esperaacuteva-mos Nosso objetivo era questionar o apresentador e repoacuterter sobre a jun-ccedilatildeo entre jornalismo e humor presen-tes no programa por ele apresentado

a fi m de somar ao nosso trabalho de conclusatildeo de curso que apresentava a mesma discussatildeo Em maio de volta agrave mesma casa de espetaacuteculos nos encontramos com o tambeacutem repoacuterter da atraccedilatildeo Danilo Gentili com cer-teza bem mais afi ados e preparados para a sarcaacutesticas intervenccedilotildees do humorista

De forma descontraiacuteda fomos recebidos pelas duas grandes fi guras do Stand-up Comedy e agora ldquoastrosrdquo do irreverente CQC que toparam

falar sobre o jornalismo do programa liberdade de imprensa poliacutetica e claro humor Aleacutem de compor a bancada do programa Rafi nha Bastos eacute jornalista e comediante apresentando espetaacuteculos de improviso por todo o paiacutes Publicitaacuterio e humorista Danilo Gentilli foi um dos fundadores da comeacutedia ao vivo na capital paulista O resultado deste inusitado e divertido bate-papo com os dois repoacuterteres vocecirc confere agora em entrevistas editadas especialmente para O Ponto

Foto Divulgaccedilatildeo

18-19 - cqc prontaindd 118-19 - cqc prontaindd 1 82809 115038 AM82809 115038 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Entretenimento bull 19Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O ano de 2008 rendeu ao CQC nove precircmios Quatro deles somam como melhor programa de humor eou como melhor produccedilatildeo humoriacutestica Porque vocecirc acha que a miacutedia ainda natildeo premiou o programa como melhor telejornal

Danilo Gentili O CQC trabalha com fatos jornaliacutesticos mas natildeo eacute um telejor-nal O CQC natildeo estaacute todo dia mostrando os fatos do dia entatildeo natildeo pode ser clas-sifi cado como um telejornal O ldquoGlobo Repoacuterterrdquo natildeo pode ser classifi cado ldquoum telejornalrdquo eacute um programa jornaliacutestico Eu acho que a miacutedia natildeo enxerga o CQC como um programa jornaliacutestico Na ver-dade se for para eu escolher se o CQC eacute jornaliacutestico ou humoriacutestico eu escolheria que ele eacute humoriacutestico porque quando eu vou fazer eu me preocupo primeiro em fazer a pessoa rir Eu vou abrir a boca eu vou falar com esse cara mas a uacutenica razatildeo de eu falar com esse cara eacute fazer uma piada Se eu for falar com ele e a pessoa natildeo rir natildeo tem porque eu estar aqui

OPA maioria das pautas poliacuteticas do programa satildeo destinadas agrave vocecirc A que vocecirc atribui isso Vocecirc seria o mais cara de pau dos ldquohomens de pretordquo

DG Pode ser Talvez seja Eu gosto de fazer poliacutetica com um produtor laacute em especiacutefi co A gente vai com muita von-tade de fazer o que a gente faz de chegar para o cara e perguntar Na verdade eacute o seguinte eu natildeo sei os outros repoacuterteres mas eu no CQC natildeo tenho a pretensatildeo de ser amigo de ningueacutem Seja de poliacutetico ou de celebridade eu natildeo tenho a pre-tensatildeo Vocecircs natildeo vatildeo me ver em festas de celebridades ldquoOh fui convidado pra festa e estou aquirdquo Eu natildeo tenho essa vontade natildeo eacute o meu mundo Entatildeo eu vou pra perguntar o que eu sempre quis e talvez o que todo mundo que estaacute em casa sempre quis saber

OPComo eacute a sua preparaccedilatildeo antes de cobrir as pautas poliacuteticas na Casa Legislativa Vocecirc planeja suas piadas antes ou eacute realmente no improviso

DG A reuniatildeo de pauta geralmente acontece no caminho Eu e o produtor ou no aviatildeo ou no carro Eu e o produ-tor falando ldquoquem vocecirc acha que vai estar laacute Ah Tal pessoa tal pessoa tal pessoa fez isso A gente pode falar issordquo A gente tenta mais ou menos ter uma noccedilatildeo do que dizer

OPMas inclui uma piada pronta DG A gente tenta prever e tenta ir

com umas cartas na manga mas a gente sabe que eacute impossiacutevel Porque eu posso ir com uma pergunta pronta e o cara me daacute uma resposta que ningueacutem esperava Aiacute em cima disso eu tenho que fazer outra piada

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

DG Taacute isso no site do CQC Vocecircs acreditaram nisso (risos) Natildeo sei eu acho que o humor tem que ser engra-ccedilado natildeo tem que ser inteligente Eacute o

que eu acho entendeu O que seria humor inteligente Natildeo sei o humor eacute muito subjetivo pra classifi car ldquoesse humor eacute inteligente esse natildeo eacuterdquo Eu acho que o humor inteligente eacute aquele que se comunica de uma forma efi caz com o seu puacuteblico O Tiririca eacute esquisito mais eacute um humor inteligente para muita gente Eu gosto do Tiririca

OPComo publicitaacuterio como vocecirc avalia esse novo modelo de publici-dade inserido no programa

DG Mas natildeo eacute tatildeo diferente assim Na verdade eacute igual as outras porque nas outras o cara faz a propaganda e a agecircncia que ganha e no CQC tambeacutem a gente faz a propaganda e a produtora que ganha

OPVocecirc acha que o riso midiatizado esse humor ldquopastelatildeordquo que a gente vecirc por aiacute deixa perder um pouco da fun-ccedilatildeo do riso que estaacute em ser criacutetico

DG Depende do humor pastelatildeo eu gosto muito Eu gosto do Chaves gosto dos Trecircs Patetas gosto do Jerry Lewis gosto do Mr Been Eacute tudo humor pastelatildeo Eu acho que o termo que vocecirc queira achar natildeo eacute ldquohumor pastelatildeordquo eacute um humor grosseiro tipo ldquoAh vou peidar em puacuteblicordquo e todo mundo ri disso Eacute um humor primaacuterio Tal-vez seja o que vocecirc queria dizer Pastelatildeo eu gosto muito o humor do Chaves eacute pas-

telatildeo e eacute muito inteligente O do Mr Been tambeacutem eacute muito inteligente ele bolar tudo aquilo e tal Agora tem o humor primaacuterio que eacute esse humor de bordatildeo humor de escatologia humor de falar qualquer coisa Geralmente ningueacutem ri se natildeo sabe do que estaacute rindo Eu tento fazer no meu show e no CQC um riso que depende do contexto Vocecirc vai ver isso quando eu for falar com um poliacutetico no CQC Por exemplo eu fi z uma mateacuteria e eu encontrei o Joatildeo Paulo Cunha um cara que era do mensalatildeo Eu sei que 90 do meu puacuteblico do CQC talvez natildeo se lembre ou natildeo saiba quem eacute o cara Entatildeo se eu fi zesse a piada ningueacutem ia rir ningueacutem ia achar graccedila Entatildeo antes de eu chegar no cara eu falei aquele ali eacute tal cara que fez tal coisa e naquela eacutepoca ele fez o mensalatildeo Falou que pagou 50 mil numa conta em TV a cabo e natildeo sei o que Aiacute o pessoal jaacute sabe do que eu vou falar Entatildeo eu jaacute deixei a pessoa a par do conceito Quando eu chego no cara e faccedilo as piadas a pessoa sabe do que eu estou falando Entatildeo eu informei a pessoa para ela poder rir No meu show eu faccedilo isso Eu falo de uma por-ccedilatildeo de coisas que vatildeo rir porque eles estatildeo dentro do conceito Eu vou falar de tracircnsito eu natildeo preciso explicar o que eacute o tracircnsito Todo mundo sabe o que eacute o tracircnsito entatildeo eles acabam rindo disso por exemplo

OPEm entrevista ao portal UOL no dia 24042008 vocecirc disse que os bra-sileiros natildeo tecircm muito senso de humor Porque vocecirc acha entatildeo que o pro-grama estaacute dando certo no Brasil Vocecirc acha que o CQC devolveu agrave sociedade um pouco desse senso

DG O problema do brasileiro eacute que ele tem o senso de humor primaacuterio Ele natildeo tem um senso de humor Pra vocecirc ter senso de humor vocecirc tem que ver o que estaacute acontecendo reconhecer a reali-dade para poder rir dela O brasileiro tem a auto estima muito baixa O brasileiro soacute brinca com os outros ele natildeo brinca con-

sigo proacuteprio Vocecirc vecirc piada de brasileiro eacute sempre o portuguecircs eacute sempre a loira Por exemplo tem o portuguecircs o brasi-leiro e o americano O brasileiro sempre se sai bem ele tem autoestima baixa ele natildeo sabe rir de si Se o CQC devolveu isso para o brasileiro Eu acho que natildeo Pouca coisa a gente devolveu isso para o brasileiro O brasileiro estaacute rindo ainda do poliacutetico ele estaacute rindo ainda da cele-bridade que a gente ridiculariza Eu jaacute saiacute na rua e quando eu fui na ldquoMarcha para Jesusrdquo falar deles ningueacutem riu

OPNo CQC vocecirc tem vontade de fazer o quadro Proteste Jaacute

DG Proteste Jaacute Natildeo sei cara Tudo que eu tenho vontade eu faccedilo Eu tenho von-tade que muita coisa que eu faccedilo entre mas acaba natildeo entrando porque os caras falam que eu pego pesado (risos) Se eu fi zesse o Proteste Jaacute talvez eu fi zesse dife-rente eu natildeo sei Eu natildeo tenho vontade de fazer o Proteste Jaacute natildeo

OPTem alguma entrevista sua que vocecirc considera a melhor

DG Natildeo Tem muita entrevista que eu vejo na TV e falo nossa essa natildeo foi a melhor que eu fiz Porque cortam muita coisa

OPQue elementos jornaliacutesticos vocecirc nota no programa CQC

DG Jornalismo tem porque a gente como fala no iniacutecio do programa eacute um ldquoresumo semanal de notiacuteciasrdquo Mas taacute eacute um resumo semanal de notiacutecias taacute bom vaia gente fi nge que eacute O que tem eacute a gente brinca com algumas coisas que aconteceram durante aquela semana durante aqueles dias proacuteximos Eacute o mais proacuteximo que tem do jornalismo A gente sempre que pode estaacute no fato na hora do fato Mas agraves vezes natildeo daacute entatildeo vai cobrir festinha e natildeo sei o que mas a intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e ldquobrincarrdquo com ele

ldquoA gente sempre que pode estaacute no fato na hora do

fato A intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente

pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e

lsquobrincarrsquo com elerdquo

Danilo Gentili

O humorista Danilo Gentili foi um dos fundadores da comeacutedia ldquocara limpardquo na capital paulista e hoje desafi a poliacuteticos

Foto divulgaccedilatildeo

O cara de pau dos homens de pretoDanilo Gentilli o temido repoacuterter pelos poliacuteticos no dia-a-dia do senado conta como se prepara para as pautas polecircmicas

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O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

20 bull Miacutedia

RENATA VALENTIM

6ordmPERIODO

Que o advento das miacutedias digitais pocircs um ponto de interrogaccedilatildeo no horizonte dos meios tradicionais jaacute se sabe Mas a transformaccedilatildeo destinada ao raacutedio parece ser de fato a de maior impacto Seja no campo das novas tecnologias de trans-missatildeo dos novos suportes ao aacuteudio no nuacutemero de funcionaacuterios contratados ou na avaliaccedilatildeo do poder de infl uecircncia no gosto da audiecircncia a revoluccedilatildeo vivida pelas raacutedios eacute atestada tanto por profi s-sionais da aacuterea quanto pelos ouvintes

O CD hoje obsoleto popularizado no Brasil no fi nal dos anos de 1980 jaacute signi-fi cou uma transformaccedilatildeo importante no dia-a-dia do radialista Em vez de exe-cuccedilotildees musicais feitas pelo LP ou ldquobola-chatildeordquo que o operador ou sonoplasta vigiava do iniacutecio ao fi m da faixa transmi-tida os tocadores de compact disc per-mitiam a programaccedilatildeo de vaacuterias faixas em sequumlecircncia poupando-lhe tempo O que veio a seguir economizou bem mais que isso a inovadora transformaccedilatildeo de muacutesica em kilobytes deu origem a sof-twares de execuccedilatildeo automaacutetica

Assim as raacutedios gerando programa-ccedilatildeo por 24h dispensaram seus locutores e sonoplastas da madrugada e dos fi nais de semana adaptando seus conteuacutedos para que sistemas de automaccedilatildeo tra-balhassem sozinhos Aleacutem das muacutesicas em formato digital apresentaccedilotildees de muacutesica passaram a ser tambeacutem gravadas

e reproduzidas como se fossem feitas ao vivo Natildeo foram poucos locutores desem-pregados No caso das afi liadas de gran-des redes de FM a reduccedilatildeo no quadro de profi ssionais da voz foi ainda maior Em alguns casos haacute somente um ou dois locutores agrave disposiccedilatildeo que datildeo conta da geraccedilatildeo de toda a programaccedilatildeo local

Com experiecircncia na aacuterea haacute mais de 20 anos a locutora e programadora musical Glaacuteucia Lara 40 lamenta ldquoem um fi nal de semana antes das mudanccedilas promo-vidas pelo advento do mp3 cerca de sete pessoas estariam trabalhando em uma emissora de raacutedio Hoje eacute comum esca-lar locutores para comandarem a pro-gramaccedilatildeo ao vivo soacute nos programas que contam com a participaccedilatildeo do ouvinte Do resto quem cuida eacute o computadorrdquo conta ela que jaacute passou por diversas emissoras do interior do estado e por afi -liadas de grandes redes como a Antena 1 de Belo Horizonte E o sonoplasta entatildeo ldquoNa era do CD essa fi gura foi extinta dos quadros O locutor natildeo eacute soacute responsaacutevel hoje por apresentar muacutesicas e interagir com o ouvinte Tambeacutem assumiu a res-ponsabilidade de operar os aparelhos

e pessoalmente acho que isso facilita a locuccedilatildeo porque natildeo haacute mais aquela dependecircncia de um sinal do sonoplasta aquela sintonia de timing necessaacuteria para esse trabalho de equipe decirc certo O locutor faz tudordquo pondera

Eu baixo tu baixasO mp3 tambeacutem alterou a forma de

distribuir novos trabalhos musicais A popularizaccedilatildeo da internet e a troca de arquivos por meio de softwares seme-lhantes ao pioneiro Napster deram iniacutecio agrave decadecircncia dos CDs e ao decliacutenio das grandes gravadoras que fracassaram ao combater tanto a pirataria quanto o com-partilhamento online de mp3

O casamento das gravadoras com o raacutedio e a TV que detinham a foacutermula exclusiva de atrair a atenccedilatildeo do puacuteblico para seu artista entrou em crise A par-ceria de divulgaccedilatildeo perdeu espaccedilo con-sideraacutevel para uma revolucionaacuteria forma de acesso a novos trabalhos musicais feita na internet Para a tristeza de grava-doras e artistas a vendagem de CDs caiu drasticamente fazendo dos shows e tur-necircs sua principal fonte de lucro Foi-se o

tempo em que um artista de sucesso ven-dia mais de 2 milhotildees de coacutepias de seu trabalho o campeatildeo do mercado fono-graacutefi co brasileiro em 2006 Padre Marcelo Rossi registrou cerca de 860 mil coacutepias vendidas de seu aacutelbum ldquoMinha Becircnccedilatildeordquo editado pela Sony BMG Um nuacutemero pequeno se comparado aos 35 milhotildees de coacutepias de seu primeiro disco ldquoMuacutesi-cas Para Louvar ao Senhorrdquo de 1998

A estagiaacuteria de pesquisa de mercado Karina Zandona 22 comprova esse fenocirc-meno Fatilde de Th e Killers ela conta que hoje procura se informar do lanccedilamento de aacutelbuns das suas bandas preferidas por sites especializados e faz download deles quando jaacute estatildeo disponiacuteveis ldquoSoacute ouccedilo muacutesica pelo PC e pelo mp3 player Raacutedio soacute ouccedilo agraves vezes quando minha matildee ouve em casa E sempre satildeo as programa-ccedilotildees informativas como a Raacutedio Itatiaia Natildeo consigo mais fi car exposta a tanto hit lsquoda modinharsquo como os de black music no raacutediordquo diz No caso da comerciaacuteria Ellen Colombini 24 a infl uecircncia da internet eacute ainda mais efetiva ldquoouvia muito raacutedio quando adolescente e assistia muito agrave MTV Era fatilde de coisas do tipo Hanson

por exemplo (risos) Mas quando passei a usar a internet e descobri a maravilha que eacute fazer download de muacutesica natildeo liguei mais o raacutedio Sou viciada em fazer downloads vou baixando tudo o que encontro e que me parece interessante pelo release que acompanha o link ou mesmo pelo nome da banda Escuto tudo e seleciono o que me agrada Se aprovado vou passando adiante E a partir do que eu recomendo para os amigos recebo deles arquivos de artis-tas parecidas com o que eu enviei e sobre os quais natildeo vejo ningueacutem falarrdquo comenta

A engenheira ambiental Eduarda Stancioli 24 eacute ouvinte da Last FM paacutegina online na qual o usaacuterio cria a pragramaccedilatildeo sem a interrupccedilatildeo de publicidade e locutores ldquoComo passo mais tempo usando o computador da empresa que o resto do pessoal e natildeo posso fazer dowloads o site foi uma oacutetima soluccedilatildeo para ouvir muacutesica enquanto faccedilo meus projetosrdquo Eduarda diz que a facildade estaacute no fato da pro-gramaccedilatildeo ser sua criaccedilatildeo onde vocecirc seleciona os artistas ou estilo de muacutesica da sua preferecircncia podendo mudaacute-la qualquer hora E ainda poder contar com sugestotildees musicais do serviccedilo geradas a partir do tipo de muacutesica que se ouve

Contra a mareacuteCurioso eacute o exemplo da estudante

Ceciacutelia Portugal 21 anos Apreciadora de axeacute music adora ouvir a Extra FM enquanto dirige Diferente de Ellen e

Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

O raacutedio na onda do ciberespaccedilo

Imagem do programa de dowloads de arqui-vos de muacutesica e viacutedeos Limewire

Paacutegina da raacutedio na internet a Last FM

Saiba o que a troca de arquivos de muacutesica pela internet fez com o raacutedio de entretenimento como as pes-soas encarram isso e quais satildeo as apostas das raacutedios para natildeo perderem seus ouvintes e patrocinadores

20-21 - Mate ria Ra dio final prontaindd 120-21 - Mate ria Ra dio final prontaindd 1 82809 115051 AM82809 115051 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Miacutedia bull 21Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

Karina o costume de baixar muacutesica pela internet natildeo a afas-tou do haacutebito de ouvir raacutedio ldquooutro dia ouvi uma muacutesica nova do Tomate ex-vocalista do Rapazolla Corri pra casa procurei o arquivo para down-load e depois gravei num CD para ouvir com as amigas no caminho pra baladardquo conta ldquoA maior graccedila do raacutedio que sem-pre tive o costume de ouvir eacute a companhia que faz Parece que natildeo estou sozinha no carro enquanto ouccedilo E me divirto com as esquetes de humor que tecircm por aiacuterdquo diz

Essa parece mesmo ser a nova vocaccedilatildeo do raacutedio como destaca o locutor e produtor Gleyson Lage da 98 FM de Belo Horizonte ndash primeira emissora a operar em frequumlecircncia modu-lada na Ameacuterica Latina ldquoAleacutem das promoccedilotildees e do aumento das formas de interatividade o humor eacute uma forma de fi de-lizar o ouvinte de perfi l mais passivo que tem menos dispo-nibilidade ou motivaccedilatildeo para manter contato por telefone ou e-mailrdquo Apostando nisso a 98 FM ndash cuja programaccedilatildeo eacute 100 local ndash conta com trecircs progra-mas de cunho humoriacutestico para enfrentar a concorrecircncia Os Manos Silicone Show e Graffi ti auto-intitulado o pior programa de raacutedio do Brasil

Para o locutor publicitaacuterio Tovar Luiz 43 o FM nasceu engraccedilado ldquoo grande barato das raacutedios FM desde a sua popu-larizaccedilatildeo no iniacutecio dos anos de 1980 foi o seu perfi l descontra-iacutedo A locuccedilatildeo nessas emisso-ras sempre foi bem mais aacutegil e despojada O hoje apresentador de TV Ceacutesar Filho por exemplo comeccedilou a carreira no raacutedio e

fi cou famoso pelo bordatildeo lsquobeijo pra vocecirc feiarsquo Natildeo era ofensa era pra fazer o ouvinte rir O FM foi uma revoluccedilatildeo em termos de lin-guagemrdquo lembra E ele parece ter razatildeo O programa Pacircnico um dos maiores fenocircmenos televi-sivos dos uacuteltimos tempos eacute deri-vado de um programa de raacutedio da rede Jovem Pan 2 de Satildeo Paulo comandado pelo locutor Emiacutelio Surita Seguindo o fl uxo as demais redes destinadas ao puacuteblico jovem tambeacutem investi-ram na programaccedilatildeo que faz rir E a partir das redes as emissoras locais que fazem concorrecircncia agraves afi liadas tambeacutem acompanham a tendecircncia para natildeo perder seu espaccedilo no mercado

Falando neleExistem hoje 23 FMs no dial

de Belo Horizonte Pelo menos quatro delas satildeo dedicadas aos jovens Jovem Pan 2 (991) Mix FM (917) 98FM (983) e Oi FM (939) Destas somente a 98FM natildeo eacute afi liada de uma grande rede Haacute trecircs anos em atividade na emissora Gleyson Lage confi rma a reduccedilatildeo no nuacutemero de vagas aos profi ssio-nais da aacuterea ldquonuma raacutedio local satildeo necessaacuterios 20 funcionaacuterios para produzir toda uma grade enquanto numa afi liada jun-tando a programaccedilatildeo execu-tada pelo sateacutelite com aquela gerada pela automaccedilatildeo da transmissatildeo apenas cinco datildeo

conta do recado para o tempo destinado agrave grade local Eacute com-plicadordquo conta

No entanto ele vecirc a partici-paccedilatildeo das redes de raacutedio como positiva no que se refere agrave qua-lidade ldquoquando uma rede tem um bom conteuacutedo ndash boa plaacutes-tica bons locutores bons tex-tos ndash ela acaba por estimular as emissoras locais a manterem o mesmo niacutevel Haacute um ganho em criatividade que poderia natildeo existir se todo o conteuacutedo fosse localrdquo acredita

Enquanto isso os ouvintes se queixam da repeticcedilatildeo nas grades musicais ldquochega a ser engraccedilado Estava ouvindo uma muacutesica numa determinada

raacutedio Quando acabou troquei para a estaccedilatildeo seguinte e estava tocando a mesma muacutesica Acho que como todos os meios de comunicaccedilatildeo as raacutedios precisam abrir o leque de opccedilotildeesrdquo opina Karina Zandona estagiaacuteria de pesquisa de mercado 22

Karina completa ldquoateacute a Rede Globo tem inovado na inserccedilatildeo de muacutesicas de artistas desconhecidos do grande puacuteblico como trilha das suas produccedilotildees (como foi o caso do cantor Beirut presente na trilha sonora da minisseacuterie Capitu exibida em janeiro de 2009) O raacutedio podia acompanhar essa tendecircnciardquo sugere

Com a digitalizaccedilatildeo da muacutesica o sonoplasta sai de cena eacute o locutor quem faz tudo

Foto

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O Ponto

Editor e diagramador da paacuteginaLira Faacutevilla e Felipe Barbosa 6ordm periacuteodo

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

22 bull Cultura

CLAUDIA LAPOUBLE

6ordmPERIacuteODO

ldquoO processo pelo qual se arma-zenam informaccedilotildees no disco de vinil feito de PVC material derivado do petroacuteleo consiste em imprimir nele ranhuras ou ldquoriscosrdquo cujas formas tanto em profundidade como abertura mantecircm correspondecircncia com a informaccedilatildeo que se deseja arma-zenar Essas ranhuras visiacuteveis no disco a olho nu satildeo feitas no disco matriz com um estilete no momento da gravaccedilatildeo Esse esti-lete eacute movido pela accedilatildeo da forccedila magneacutetica que age sobre eletro-iacutematildes que estatildeo acoplados a elerdquo (in Leituras de Fiacutesica GREF- Departamento de fiacutesica da USP SP2005)

Eacute assim que a muacutesica se ldquoimprimerdquo no plaacutestico que depois ao ser arranhado pela agulha libertaraacute novamente os sons no ar Para os apaixonados por vinil o ritual de tirar o disco da estante limpaacute-lo colocaacute-lo no toca discos posicionar a agu-lha delicadamente sobre ele tomando todo o cuidado para natildeo arranhaacute-lo e repetir todo esse processo na hora de virar o disco para ouvir o lado b signi-fi ca uma relaccedilatildeo mais proacutexima com a muacutesica Era preciso dedi-car tempo a escutar o disco Mais do que uma miacutedia de armazena-mento analoacutegico do som o disco de vinil eacute um objeto de arte e uma peccedila que daacute materialidade agrave muacutesica

Dados da Associaccedilatildeo de Gra-vadoras da Ameacuterica (Record Industry Association of Aeme-rica) mostram que as vendas de LPs aumentaram em quase 130 entre os anos de 2007 e 2008 De acordo com o informe anual divulgado pelo oacutergatildeo ldquoo vinil continua sua ascensatildeo As vendas nesse formato somaram

US$57 milhotildees e vem mais do que duplicando ano apoacutes anordquo Ainda segundo o documento ldquotrata-se do produto preferido por audiofi los e colecionadores e o aumento nas vendas se deve tanto agrave re-gravaccedilatildeo de mate-rial de cataacutelogo quanto a novos lanccedilamentosrdquo

Com os nuacutemeros da induacutes-tria apontando para uma queda nas vendas de CDs e em tempos em que se fala em livre acesso agrave muacutesica atraveacutes da internet o vinil se apresenta como uma saiacuteda para quem ainda gosta da muacutesica palpaacutevel apreciaacute-la com todos os sentidos inclusive o tato

Um Brasil em vinil ldquoContar a histoacuteria do Brasil

atraveacutes da muacutesica guardando um exemplar de tudo o que foi gravado em vinil no paiacutesrdquo esse era o objetivo de Edu Pampani 46 quando em 2005 fundou a Discoteca Puacuteblica o primeiro espaccedilo dedicado agrave memoacuteria musical brasileira do paiacutes

Apaixonado por muacutesica e claro pelos discos de vinil Pam-pani conta que a ideacuteia da Dis-coteca nasceu quando ele ainda morava na Bahia e tinha uma loja de discos Segundo ele quando o Compact Disc (CD) comeccedilou a se popularizar na deacutecada de 90 as pessoas o procuravam para trocar seus LPs por CDs

O espaccedilo tem hoje um acervo de cerca de 12 mil peccedilas que contam a historia do Brasil pelos sulcos no plaacutestico PVC Eacute possiacute-vel ouvir por exemplo gravaccedilotildees de jogos de futebol ou vinhetas de programas de raacutedio dos anos 50 aleacutem de claacutessicos da muacutesica popular brasileira em gravaccedilotildees originais Com todas essas rari-dades Pampani garante natildeo ter nenhum disco favorito ldquosempre me perguntam Edu qual eacute o disco mais raro que vocecirc tem

e eu respondo raro eacute ter todos eles juntosrdquo

De volta ao plaacutesticoApesar de natildeo ser a miacutedia mais

utilizada pelo grande puacuteblico o disco de vinil tem um puacuteblico fi el principalmente entre os DJs que segundo Pampani ldquoprocuram sempre coisa nova se ele quer tocar Jorge Bem por exemplo ele vai procurar aquela muacutesica que ningueacutem lembra mais que ele gravou Esse pes-soal tem que fi car garimpando semprerdquo

O DJ e fundador do selo Vinyl Land Luiz Valente ou DJ Luiz PF eacute um desses garimpeiros de sebos Ele conta que sua paixatildeo pelos LPs nasceu quando ele mesmo selecionava as muacutesi-cas que iriam compor o som ambiente de seu bar o ldquoLugarrdquo Em 2003 Luiz sentiu que pode-ria abrir espaccedilo para DJs que pesquisavam e procuravam por muacutesicas que fugiam do lugar comum ldquoeu fui fazendo festas por um tempo chamando DJs que discotecavam com vinil pra ser um contra ponto a essa outra galerardquo conta

Radicado em Londres desde 2006 Luiz conta que ao chegar agrave Europa percebeu que diferente do que acontecia no Brasil ldquolaacute o negoacutecio natildeo tinha acabado nada se achava tudo pra com-prar coisas novas a galera atual todo mundo lanccedilava era uma coisa de canto de loja mas fun-cionando vendendordquo Na capital inglesa o DJ trabalhou na grava-dora Whatmusiccom que aleacutem de CDs lanccedilava tambeacutem traba-lhos em vinil

A paixatildeo pela ldquocultura de acetatordquo e o trabalho como DJ foram o incentivo para que Luiz fundasse em 2008 a Vinyl Land selo que vem com a proposta de lanccedilar muacutesicos que se interes-sem em gravar em vinil Segundo

ele o selo nasceu de sua proacutepria necessidade como DJ ldquoeu

jaacute discotecava com vinil e fui achando bandas

novas que queria tocar mas natildeo tinha como porque eram de uma eacutepoca em que natildeo tinha mais vinil ai eu pensei jaacute que natildeo tem eu faccedilo

e comecei a procurar contatos e tentar orga-

nizar o selordquo Com apenas um ano

no mercado a Vinyl Land

jaacute lanccedilou trecircs discos dentre

eles um compacto simples do Autoramas

Novas marcas no PVCFoi pela Vinyl Land que a

banda Th e Dead Lovers Twisted Heart que nunca havia lanccedilado seu trabalho comercialmente lanccedilou seu primeiro EP O com-pacto auto-intitulado traz cinco muacutesicas antes disponiacuteveis para download na internet O disco prensado na Alemanha teve tiragem limitada de 200 coacutepias

Com infl uecircncias que vatildeo de Odair Joseacute e Roberto Carlos ateacute Franz Ferdinand e Jack White passando pela literatura de Mark Twain (o grupo tem uma muacutesica em homenagem a Huck-leberry Finn personagem do autor americano) e os cartunis-tas Laerte e Angeli a banda for-mada por Ivan (guitarra e vocal)

Guto (guitarra) Paty (bateria) e

Velvs (baixo) jaacute era conhecida dos frequumlentadores de casas de shows de Belo Horizonte antes de lanccedilar seu EP

Segundo Ivan a ideacuteia de ter seu primeiro trabalho gravado em vinil casou muito bem com a banda ldquoa gente ainda natildeo tinha lanccedilado um disco propriamente dito e hoje o suporte fiacutesico eacute cada vez menos importante porque na verdade a muacutesica vocecirc acha em qualquer lugar e um disco um CD na verdade natildeo faz mais tanto sentido E nossa ideia era que jaacute que vocecirc vai comprar um objeto o vinil eacute um objeto muito mais legal tanto esteticamente quanto no manusear fora que tem toda essa coisa da retomada e eacute uma boa proposta que tem tudo a ver com a bandardquo afi rma o muacutesico provando que o velho vinil estaacute mais novo que nunca

O novos sonsdo velho vinil

Com a popularizaccedilatildeo dos sites de divulagaccedilatildeo de muacutesica na internet o vinil retorna como alternativa interessante para novos muacutesicos e ouvintes

Dj Luiz PF fundador do selo Vinyl Land

Os diferentes formatos do vinil-LP abreviatura do inglecircs Long Play ou ldquo12 polegadasrdquo Disco com 31 cm de diametro com capacidade normal de cerca de 20 minutos por lado O formato LP era utilizado usualmente para a comercializaccedilatildeo de aacutelbuns completos-EP abreviatura do inglecircs Extended Play Disco com 17 cm de diametro e capacidade de cerca de 8 minutos por lado continha em torno de quatro faixas -Single ou compacto simples abreviatura de Single Play ldquo7 polegadasrdquo ou compacto simples Disco com 17 cm de diametro e capacidade normal de 4 minutos por lado O single era geralmente empregado para a difusatildeo das muacutesicas de trabalho de um aacutelbum completo a ser posteriormente lanccedilado -Maacutexi abreviatura do inglecircs Maxi Single Disco com 31 cm de diametro sua capacidade era de cerca de 12 minutos por lado

Arq

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The Dead loverrsquos Twisted Heart Pati Vels Guto e Ivan

22 - diagramacao vinilindd 122 - diagramacao vinilindd 1 82809 115104 AM82809 115104 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Culturabull 23Editor e diagramador da paacutegina Baacuterbara Rodrigues 8ordm periacuteodo

Festival Internacional de Corais homenageia

BAacuteRBARA RODRIGUES 8ordm PERIacuteODO

A seacutetima ediccedilatildeo do Festival Interna-cional de Corais ndash FIC acontece de 18 a 27 de setembro de 2009 e teraacute como tema a vida e obra de Villa-Lobos con-siderado o maior compositor das Ameacute-ricas Seratildeo cerca de 300 apresenta-ccedilotildees de 120 corais de todo o Brasil e do exterior que percorreratildeo 12 cidades de Minas Gerais

O festival realizado pela Universi-dade FUMEC tem o intuito de popula-

rizar os corais e grupos vocais amadores e profissionais e evidenciar atividades culturais de empresas instituiccedilotildees de ensino comunidades associaccedilotildees e fundaccedilotildees com apresentaccedilotildees de corais e shows de artistas nacionais sempre com a bandeira da muacutesica brasileira agrave frente

Regidos pelo Maestro Lindomar Gomes produtor cultural e coordena-dor do FIC os 30 integrantes do coral da FUMEC seratildeo um dos grupos a se apresentar ldquoNosso coral sempre parti-cipou de festivais seguindo a maacutexima de Fernando Brant de que lsquotodo artista

tem de ir aonde o povo estaacutersquo A cada ano o FIC escolhe um tema que traduza a identidade musical brasileira Este ano celebraremos os 50 anos de morte de Villa-Lobos responsaacutevel por implantar o canto coral no paiacutes na deacutecada de 1930 e o muacutesico que mais cantou as belezas nacionaisrdquo enfatiza

Em cada ediccedilatildeo do festival os com-positores Leonardo Cunha e Fernando Brant satildeo responsaacuteveis pela muacutesica-tema que ao final do evento eacute cantada por todos os corais A composiccedilatildeo deste ano ganhou o nome de ldquoMestre Villardquo exultando o que de mais haacute de caracte-

riacutestico na vida e obra do mestre Durante todo o festival alguns locais

da cidade como o Palaacutecio das Artes Sesc Laces JK e a aacuterea de convivecircn-cia da FUMEC receberatildeo exposiccedilotildees de fotos textos e trilhas sonoras do acervo do Museu Villa-Lobos no Rio de Janeiro A banda mineira 14 Bis e o muacutesico Renato Teixeira fazem shows no interior de Minas e no dia 27 no Parque Municipal encontro de todos os corais participantes marcaraacute o fechamento do evento onde mais de mil vozes se uni-ratildeo para cantar os temas do maestro homenageado

O maestro e coordenador do FIC Lindomar Gomes e os integrantes do Coral da Fumec

Mestre Villa daacute o tom dentro e fora do paiacutesO carioca Heitor Villa-Lobos

foi responsaacutevel por universa-lizar a muacutesica nacional acres-centando em grande parte de suas mil obras a sonoridade da fauna brasileira de tribos indiacute-genas e africanas aleacutem de refe-recircncias de cantigas do choro e do samba

Na defi niccedilatildeo do maestro Lindomar Gomes a impor-tacircncia de Heitor Villa-Lobos estaacute no fato de ele ldquodecifrar a alma brasileira e colocaacute-la em muacutesicardquo Devido agraves homena-gens ao compositor nas prin-cipais capitais do Brasil e do

mundo Gomes natildeo eacute o uacutenico a pensar assim

Peccedilas de Villa-Lobos fazem parte das temporadas da Filar-mocircnica de Belo Horizonte da Orquestra Sinfocircnica do Teatro Nacional Claacuteudio Santoro em Brasiacutelia da Sinfocircnica Munici-pal de Campinas e da Orques-tra Sinfocircnica Brasileira do Rio

Internacional Em janeiro o maestro John

Neschling regeu a Filarmocircnica de Varsoacutevia na Polocircnia com os ldquoChoros n 6rdquo A soprano Adriane Queiroz cantou as ldquoBachianas

Brasileiras nordm 5rdquo em Berlim e o regente da OSB do Rio Roberto Minczuk esteve no Japatildeo em agosto para apresentar as ldquoBachianas Brasileirasrdquo

Ainda este ano deve chegar agraves livrarias o ldquoFolha Explica Villa-Lobosrdquo da Publifolha do violonista Faacutebio Zanon que em entrevista ao jornal Folha de Satildeo Paulo afi rmou ldquoO uni-verso sonoro de Villa-Lobos eacute uma coisa arrasadora Nossa ideia de Brasil seria muito mais pobre sem a leitura efetuada por Villa-Lobos de nosso patri-mocircnio musicalrdquo

Programaccedilatildeo completa e outras informaccedilotildees sobre FIC 2009 wwwfestivaldecoraiscombr

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Foto divulgaccedilatildeo

O compositor e maestro Villa-Lobos cuja obra eacute reconhecida e celebrada internacionalmente

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O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

24 bull Cultura Editor e diagramador da paacutegina Amanda Lelis 6ordm periodo

COLCHAde retalhos

CU

RT

Are

talh

os

Magia

Escrevo uma letra

e jaacute natildeo estou no mesmo lugar

Pedro Cunha Instrumento de cordas vocais tocado pela alma

a palavra na garganta que vira muacutesica

o som da orquestra do coraccedilatildeo

dos gagos e desafi nados

aos cegos de paixatildeo

VozBaacuterbara Rodrigues

Natildeo sei bem o que eacute

Se eacute invenccedilatildeo

Se eacute na verdade a mais pura verdade

Se sou eu tentando fugir

Se sou eu tentando apagar

Natildeo encarar o que estaacute acontecendo

Esquecer a minha confusatildeo

De querer sem conhecer

De te amar sem te encontrar

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Queria esquecer

E perdoar entatildeo

Voltar na decisatildeo

Para minha vida rotineira

Que eu levei a vida inteira

O meu sufoco e os seus gritos

Meu confortaacutevel desespero

Minha mania de querer ser mais para mundo

Do que o mundo eacute para mim

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Confortaacutevel DesesperoPaula Macintyre

Preso agrave falta de sono procurando ver

Atraveacutes da luz de um trago num bastatildeo de morte

Talvez com sorte entatildeo eu possa crer

Que os dias se passaram mas o amor fi cou

Mesmo sonhando acordado algo ainda restou

De tardes tatildeo bonitas

Em que o brilho dos teus olhos eu pude enxergar

Os teus negros cabelos quero entatildeo tocar

apesar de estares tatildeo afl ita

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia

que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Por mais que em outras camas eu possa deitar

que braccedilos e abraccedilos venham me afagar

O brilho dos teus olhos ainda me ilumina

por vaacuterias ruas sujas que eu tentei fugir

estenderia um tapete pra vocecirc entrar

sentado vago na varanda escura a esperar

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Mas eu mudaria tudo isso pra te ter aqui

comigo ao meu lado todo dia a me fazer sorrir

Para ouvir a muacutesica wwwmyspacecombandatravessia

DuetoAlvaro Castro

Do entendimento tardio de se assistir a uma passagem de som

Cracke se quebra o silecircncio a voz dos barulhos instrumentais

cala todos os outros sons do silecircncio Antes de ser melodiosos

os sons comeccedilam desencontrados como tateando no escuro

dos ritmos tentando se encontrar e dar as matildeos para soacute assim

iniciar seu dialogo-danccedila em brincadeiras harmoniosas que

encantam e enfeiticcedilam Na sutileza dos tons na alegria de fazer

barulhos musicais modifi cam a muacutesica mil vezes re-arranjada

ajeitam afi nam se enfeitam

e a muacutesica fi nalmente sai Perfeita

AntesClaudia Lapouble

Sssshhiiii

silecircnciosopro suspiro sussurro

sublime submerso submarino submundo

some sobe segue sangue sinistro

sem focirclegosufoco

SClaudia Lapouble

A canccedilatildeo natildeo paacutera O berimbau controla o medo que corre

nas ruas vindo daqueles que natildeo se deixaram dissolver pela

aacutegua trazida com a chuva Na cidade escorre toda a calmaria

e a melodia se arrasta molhando o chatildeo Enquanto o ceacuteu se

desmancha aos poucos sobre a rua deserta eles cantam Voz

para um canto que veio aveludar meus ouvidos acalentar

clamoroso de uma vida inteira e fosse essa noite a vida

inteira fez-se a noite lembranccedila da cantiga que me converteu

inteira Pandeiro Meacutedio Viola e a chuva que ritmava a

cantoria O breu e noacutes no breu O escuro arrasta o invisiacutevel

para dentro da cidade que chora para dentro dos meus olhos

que fi tam atentos os olhos deles que me encantam Hora um

hora outro me arrasta em companhia agrave suas vozes As gotas

respondem ao coro num canto suave o pandeiro acompanha

o berimbau e o repique respinga umas gotas tontas de

musicalidade goteja um som que sobrevoa a superfiacutecie

Sobre o invisiacutevelAmanda Lelis

Gabriel Guedes e violino em show na Praccedila da Liberdade

O som da alma se apresenta em desejo e verso livre

na terccedila indecente suave

no violino do seus sonhos em coro cresce a quarta corda

dissonante

eacute a Musica

No canto viacutevido em tom sincero e leve expande

compaixatildeo as notas graves

fi delidade ao escrever a voz da alma sobre arpejos

inconstantes

eacute a Musica

MuacutesicaPedro Gontijo e

Bernardo Gontijo

Te aperto contra o peito

te penduro nas costas

no churrasco passa de matildeo em matildeo

e ainda assim me faz companhia

nas noites de solidatildeo

Ode ao violatildeoBaacuterbara Rodrigues

Ajude a costurar nossa colcha balaioretalhosgmailcom

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Page 6: Jornal O Ponto - agosto 2009

O PontoBelo Horizonte 27 de Agosto de 2009

6 bull Cidades Editor e diagramador da paacutegina Nathaacutelia Drumond 6ordm periacuteodo

Poliacuteticas de controle ao fumo elevam impostos do cigarro e restringem consumo em locais coletivos

NATHAacuteLIA DRUMOND

JAIME HOSKEN

GABRIEL VIEIRA

5ordm E 6ordm PERIacuteODOS

As doenccedilas relacionadas ao fumo correspondem agrave princi-pal causa de mortes em todo o mundo apresentando incidecircncia maior ateacute mesmo que a AIDS e a tuberculose Segundo o Minis-teacuterio da Sauacutede ainda assim no Brasil existem aproximada-mente 30 milhotildees de fumantes e oito pessoas morrem a cada hora em decorrecircncia de complicaccedilotildees provocadas pelo tabaco As esta-tiacutesticas alarmantes e as evidecircn-cias de que os danos do cigarro natildeo se limitam aos fumantes ndash a exposiccedilatildeo agrave fumaccedila aumenta em cerca de 30 as chances de um fumante passivo desenvol-ver cacircncer de pulmatildeo ndash fi zeram com que o governo fortalecesse as poliacuteticas de controle ao taba-gismo e adotasse medidas mais rigorosas nos uacuteltimos meses

Na deacutecada de 70 as autorida-des de sauacutede jaacute alertavam para a necessidade de se realizar o con-trole do tabaco no Brasil mas o governo soacute comeccedilou a se preo-cupar nos anos 90 quando fi ca-ram mais claras as evidecircncias da gravidade das doenccedilas liga-das ao uso do cigarro Em 1996 foi criada a Lei Federal 9294 de autoria do entatildeo deputado fede-ral Elias Murad (PSDB-MG) que proibiu o fumo em ambientes fechados em todo o paiacutes A falta de fi scalizaccedilatildeo fez com que a lei natildeo saiacutesse da teoria mas repre-sentasse de qualquer forma o iniacutecio de uma discussatildeo que passaria a ocupar cada vez mais espaccedilo na vida dos brasileiros A partir de entatildeo houve vaacuterias tentativas de se reduzir o con-sumo do tabaco no Brasil

Em 2000 para desestimular e tirar o glamour da droga frente aos jovens o governo proibiu a veiculaccedilatildeo de propagandas de cigarros A lei foi sancio-nada apesar da forte pressatildeo da induacutestria tabagista que alegava que a medida infrigia os direitos de livre comeacutercio e de liberdade de expressatildeo e por isso eram inconstitucionais

Em 2001 foi a vez das doen-ccedilas causadas pelo tabagismo passarem a estampar os maccedilos de cigarro no paiacutes As imagens chocantes foram percebidas em princiacutepio com estranheza mas logo passaram de men-sagens inibidoras a motivo de chacota por parte dos fumantes Recentemente novas imagens mais fortes comeccedilaram a ser veiculadas nos maccedilos

Diante de tantas accedilotildees mas com resultados pouco satisfa-toacuterios neste ano o governo pas-sou a adotar uma postura mais rigorosa em relaccedilatildeo ao assunto Aleacutem do aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do PISCofi ns do cigarro no fi nal de marccedilo ndash o total da tri-butaccedilatildeo passou de 58 para 65 ndash os estados de Satildeo Paulo Rio de Janeiro e Minas Gerais cria-ram projetos de lei que proiacutebem o fumo em locais puacuteblicos As recentes medidas foram adota-das de acordo com recomenda-ccedilotildees do Programa Nacional de Controle do Tabagismo que jul-gam inefi cientes as accedilotildees indi-viduais e apoiam intervenccedilotildees mais abrangentes

ImpostoA elevaccedilatildeo do imposto sobre

o cigarro eacute considerado pelo Programa Nacional de Controle ao Tabagismo como um dos principais instrumentos no con-trole do consumo do produto Preccedilos mais altos para o con-sumidor representam aumento nas taxas de abandono e da dis-suasatildeo dos jovens em relaccedilatildeo ao produto Em informe da Secre-taria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte Deborah Malta coordenadora da aacuterea de doen-ccedilas e agravos natildeo transmissiacuteveis do Ministeacuterio da Sauacutede afi rmou que o principal ponto das medi-das antitabagistas eacute evitar que adolescentes e jovens se viciem na substacircncia

Aleacutem da melhoria da sauacutede da populaccedilatildeo o dinheiro da receita poderia ser melhor investido mas eacute gasto pela sauacutede puacuteblica no tratamento de complica-ccedilotildees causadas pelo tabagismo Segundo dados do Ministeacuterio da

Sauacutede os custos das internaccedilotildees relacionadas ao tabaco somam a quantia de R$11 bilhatildeo o que corresponde a 8 dos gastos hospitalares com adultos acima de 35 anos Com o reajuste do IPI e do PISCofi ns do cigarro o governo espera arrecadar este ano R$ 975 milhotildees e R$ 1540 bilhotildees em 2010

Nesse acircmbito da economia a medida tambeacutem pretende atin-gir os fumantes de classes sociais inferiores e de baixa escolari-dade que de acordo com estu-dos do proacuteprio Programa ten-dem a fumar mais e destinam uma parte signifi cativa da renda mensal agrave compra do produto aumentando a pobreza desses indiviacuteduos e a perda de produti-vidade no caso de enfermidades provocadas pelo tabaco

RigorNo estado de Satildeo Paulo o

governador Joseacute Serra (PSDB) criou um projeto de lei proi-bindo fumar cigarros charutos e similares em ambientes como escolas museus bares restau-rantes e empresas O projeto que elimina os espaccedilos para fumantes em ambientes coleti-vos total ou parcialmente fecha-dos dividiu opiniotildees a respeito dos seus efeitos foi considerado discriminatoacuterio e ateacute mesmo inconstitucional mas apesar das especulaccedilotildees de que seria barrado foi sancionado em sete de maio

Pela nova lei que entrou em vigor no mecircs de agosto o esta-belecimento que natildeo obedecer agraves novas regras deveraacute pagar multa de R$ 792 podendo che-gar a R$3 milhotildees em caso de reincidecircncia As multas natildeo se estendem aos fumantes e se eles natildeo se dispuserem a apagar o cigarro a determinaccedilatildeo eacute a de que se acione a poliacutecia Apesar do rigor da nova lei pesquisa realizada em Satildeo Paulo pelo Datafolha entre os dias cinco e seis de maio mostram que 59 dos fumantes estatildeo de acordo com ela e 86 estatildeo dispostos a respeitaacute-la

Para que a lei natildeo fi que apenas no papel Serra afi r-

mou que aleacutem da instalccedilatildeo de detectores de fumaccedila a fi sca-lizaccedilatildeo seraacute feita por cerca de 500 fi scais da Vigilacircncia Sanitaacute-ria e do Procon Como suporte aos fumantes o governo pau-lista disponibilizaraacute para aque-les que decidirem largar o viacutecio informaccedilotildees sobre o consumo da droga assistecircncia tera-pecircutica e medicamentos para tratamento

A medida estaacute servindo de exemplo para cidades como Rio de Janeiro e Belo Hori-zonte onde projetos de lei semelhantes estatildeo sendo cria-dos mas devido agraves falhas nos textos e agrave oposiccedilatildeo de enti-dades comerciais tiveram pareceres desfavoraacuteveis Em Minas Gerais o projeto de lei da vereadora de Belo Hori-zonte Neusinha Santos (PT) pretende barrar o cigarro em ambientes fechados privados e puacuteblicos corrigindo as falhas da Lei 929496 a falta de rigor na fiscalizaccedilatildeo dos estabe-lecimentos e a instalaccedilatildeo de fumoacutedromos sem a separaccedilatildeo dos demais ambientes

A proposta de Neusinha per-mite a criaccedilatildeo de aacutereas para fumantes desde que elas sejam delimitadas por barreiras fiacutesi-cas e possuam exaustores para impedir que as demais aacutereas ocupadas por natildeo-fumantes sejam contaminadas A inten-ccedilatildeo da vereadora eacute impedir que fumantes prejudiquem a sauacutede de quem natildeo fuma O texto do projeto entretanto foi conside-rado confuso por natildeo explicitar os locais exatos onde se poderia ou natildeo fumar e sua aprovaccedilatildeo foi adiada

Outro impecilho para que a lei seja aprovada em Minas Gerais assim como no Rio de Janeiro eacute a ameaccedila de pedido de inconstitucionalidade por parte da Federaccedilatildeo dos Hoteacuteis Bares e Restaurantes de Minas Ao mesmo tempo que a lei pode trazer melhorias para a qualidade de vida da popula-ccedilatildeo tambeacutem pode signifi car a perda de clientes o que leva os estabelecimentos a se posicio-narem contra

Governo aumenta rigor antitabagista

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O Ponto

Cidades bull 7Belo Horizonte 27 de Agosto de 2009

Editor e diagramador da paacutegina Nathaacutelia Drumond 6ordm periacuteodo

Tanto em Satildeo Paulo onde a lei do Governador Joseacute Serra jaacute foi sancionada quanto em Minas Gerais onde ainda aguarda aprovaccedilatildeo o rigor das propostas para o controle do tabagismo causaram muita polecircmica A proibiccedilatildeo do fumo em ambien-tes coletivos foi vista com maus olhos natildeo soacute pelos fumantes mas tambeacutem por entidades comerciais que questionam o radicalismo das medidas e ale-gam inconstitucionalidade

Do ponto de vista legal segundo o advogado Ney Ceacutesar Azevedo natildeo eacute possiacutevel enxergar onde essas accedilotildees podem ser consideradas inconstitu-cionais pois um direito individual pode sofrer res-triccedilotildees quando afeta outro direito constitucional-mente garantido O artigo 5ordm prevecirc a igualdade de todos perante a lei o artigo 6ordm entretando garante a sauacutede como um direito fundamental para todo cidadatildeo ldquoAssim devemos levar em conta que nesse caso as claacuteusulas constitucionais natildeo satildeo confl itantes mas deve haver um meio termo para garantir que uma natildeo anule a efi caacutecia da outrardquo O advogado reforccedila ainda que a prevalecircncia do direito coletivo deve ser pensada com cuidado para que natildeo haja excessos e arbitrariedades sempre tendo em mente que ldquose a sauacutede puacuteblica eacute importante os fumantes tambeacutem devem ter seus direitos asseguradosrdquo concluiu

Fumante por mais de 30 anos o fotoacutegrafo Alberto Escalda que deixou o viacutecio no uacuteltimo ano declara-se a favor da nova lei Em seu ponto de vista a proibiccedilatildeo eacute necessaacuteria pelo fato de as pessoas natildeo terem bom senso em respeitar o direito dos que natildeo fumam O fotoacutegrafo lembra que no passado as pessoas fumavam em qualquer

ambiente ldquoEra totalmente desagradaacutevel vocecirc pegar um aviatildeo para a Europa por exemplo e as pessoas fumarem durante toda a viagem ao seu ladordquo Alberto no entanto ressalta a importacircncia de um ambiente para os fumantes ldquoTodos os luga-res deveriam ter um fumoacutedromo natildeo haacute como proibir as pessoas de fumarem Todos sabem os malefiacutecios do cigarro e se desejam continuar fumando devem ter a liberdade de fazecirc-lo em um lugar reservadordquo completa

Compartilha da mesma opiniatildeo o jornalista Rogeacuterio Correa ldquoInfelizmente natildeo haacute como tra-tar da educaccedilatildeo apenas com accedilotildees preventivas O Governo poderia acabar com as induacutestrias de cigarro no paiacutes os preccedilos se elevariam e jaacute seria essa uma medida reducionista Mas ele natildeo o faz e nem vai fazer porque natildeo o interessa perder milhotildees em arrecadaccedilatildeordquo acredita

Do outro lado haacute quem afi rme que a nova lei exagera na restriccedilatildeo controlando de forma abu-siva a vida dos fumantes A administradora de empresas Ana Paula Neto acredita que se a proi-biccedilatildeo se restringisse apenas a ambientes fechados seria mais justa e menos excludente ldquoOs fuman-tes em sua maioria tem o bom senso em saber que os outros se incomodam com a fumaccedila e o cheiro de cigarro agrave sua volta Natildeo eacute preciso excluiacute-los de todos os ambientes e passar a trataacute-los como marginais que tecircm que se retirar dos lugares toda vez que desejar fumarrdquo A administradora acredita que haacute lugares em que fumantes e natildeo-fumantes podem conviver em harmonia como em bares e boates abertos onde o consumo do cigarro natildeo deveria ser proibido

Os males que o cigarro pode causar

Polecircmica

Fonte Denise Steiner demartologista prevfumo nucleo de apoio ao fumante da

UNIFESP wwweuqueropararcombr

Em entrevista a O Ponto o vereador de Belo Horizonte Elias Murad autor da Lei 9294 de 1996 que proibiu o fumo em ambientes fechados em todo o paiacutes fez consideraccedilotildees a respeito da impor-tacircncia de medidas mais rigorosas de controle ao tabagismo

O Ponto Apesar de jaacute existirem leis que proiacutebem o fumo em recintos fechados em todo o paiacutes a nova lei sancionada em Satildeo Paulo pelo gover-nador Joseacute Serra proiacutebe inclusive a instalaccedilatildeo de locais para fumantes nos estabelecimentos O que o senhor pensa a respeito dessa lei

Murad Julgo essa lei em SP mais radical do que a que existe em niacutevel nacional Essa teve sua origem num projeto de minha auto-ria enquanto era Deputado Federal Mas ela esta em vigor ainda Eacute uma lei federal que continua em vigor no paiacutes inteiro Portanto a lei de SP veio acrescentar agrave Lei 929496 que jaacute existia Na minha opiniatildeo eacute muito bom que isso aconteccedila pois as multinacionais tabaqueiras natildeo dormem em silecircncio Estatildeo sempre provocando problemas nessa aacuterea para que possam fi car em evidecircncia

Por ser o cigarro uma droga liacutecita a proibiccedilatildeo do fumante em locais puacuteblicos natildeo infrige os seus direitos de ir e vir pre-vistos na constituiccedilatildeo A separaccedilatildeo de aacutereas especiacutefi cas para fumantes e natildeo-fumantes poderia solucionar o problema

Em princiacutepio parece que sim mas se olharmos coletivamente e de maneira ampla verifi camos que a separaccedilatildeo pouco resolve esse problema Na verdade natildeo resolve pois o indiviacuteduo continua a fumar em locais coletivos Em alguns paiacuteses foi adotado esse sistema mas ele natildeo funcionou bem porque o tabagista passivo aquele que absorve a fumaccedila do ambiente impregnado eacute o mais prejudicado Por ser um local puacuteblico coletivo o ambiente deve-ria ser limpo de cigarro Dessa maneira sou favoraacutevel a radicali-zaccedilatildeo das leis contra o tabaco

Em Minas Gerais o projeto de lei da vereadora Neusinha San-

tos se difere do paulista por permitir a criaccedilatildeo de fumoacutedromos separados das demais aacutereas do estabelecimento por barreiras fiacutesicas e equipados com exaustores Mesmo sendo menos radi-cal a proposta foi criticada e barrada Quais foram os motivos

O projeto da vereadora Neusinha Santos chegou a ir a plenaacuterio para votaccedilatildeo em 1deg turno mas durante o processo de discussatildeo foi conscenso a sua retirada para uma melhor adequaccedilatildeo agrave rea-lidade atual - nacional e mundial Eu e mais dois colegas vere-adores apresentamos entatildeo um substitutivo a este projeto nos moldes da recente lei aprovada em Satildeo Paulo colocando assim Belo Horizonte dentro deste contexto

A fi scalizaccedilatildeo dos estabelecimentos eacute o ponto mais vulne-

raacutevel para que as leis contra o cigarro sejam cumpridas Como seria feito o gerenciamento dessas novas leis

Pela lei federal ainda em vigecircncia esta fi scalizaccedilatildeo cabe agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria Municipal Na nova proposta pode-se acio-nar ateacute a poliacutecia para a retirada de fumantes de locais ou se o estabelecimento natildeo estiver cumprindo a lei para sua interdi-ccedilatildeo Portanto a fi scalizaccedilatildeo acaba sendo um instrumento pes-soal do consumidor que se sentir afetado nos seus direitos de viver num ambiente livre de tabaco

Quais seriam os provaacuteveis resultados dessas medidas mais

rigorosas O senhor acredita que haveria reduccedilatildeo no nuacutemero de fumantes

Acredito sim pois jaacute haacute um exemplo no proacuteprio Brasil Antes da apresentaccedilatildeo do meu projeto que levou agrave Lei 929496 o uso era muito grande e havia cerca de 300 mil tabagistas a mais do que atualmente Aconteciam tambeacutem 200 mil mortes por ano em consequecircncias de moleacutestias provocadas pelo tabaco Depois da promulgaccedilatildeo da lei esses nuacutemeros cairam para 200 mil e 100 mil Houve entatildeo uma diminuiccedilatildeo razoaacutevel Cerca de 30 dos taba-gistas largaram o cigarro

Os resultados natildeo seriam mais efi cientes se fossem realiza-

das campanhas mais incisivas e abrangentes a meacutedio e longo prazos principalmente nas escolas visando a conscientizaccedilatildeo das crianccedilas e jovens

Jaacute se faz isto em certos locais acredito que qualquer medida que se tomar em relaccedilatildeo ao tabaco vai ser efi ciente e dar pelo menos algum resultado

Foto arquivo pessoal

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O Ponto

Editoras e diagramadoras da paacutegina Claacuteudia Lapouble e Amanda Lelis

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

8 bull Sociedade

Lares para a Melhor IdadeCom fi scalizaccedilotildees e leis especiacutefi cas para o idoso asilos deixam de ser vistos como sinocircnimo de abandono

JUSCILENE M SIQUEIRA

NATHAacuteLIA MAGALHAtildeES

PAULA SAMPAIO

5ordm PERIODO

De acordo com a lei 10741 de 1ordm de outubro de 2003 eacute con-siderado idoso todo cidadatildeo com idade igual ou superior a 60 anos Devido aos avanccedilos no campo da sauacutede e agrave reduccedilatildeo da taxa de natalidade a populaccedilatildeo de idosos no Brasil vem aumen-tando a cada ano Estima-se que em 2020 a populaccedilatildeo com mais de 60 anos chegaraacute a 30 milhotildees (13 do total) segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatiacutestica IBGEEsses iacutendices que se devem principalmente aos avanccedilos no campo da sauacutede e agrave reduccedilatildeo das taxas de natalidade tornam cada vez mais comum a convi-vecircncia de pessoas de trecircs gera-ccedilotildees na mesma casa

Apesar das estatiacutesticas que mostram que a estrutura fami-liar brasileira estaacute se modi-fando haacute lares em que o idoso eacute responsavel pelo sustento da famiacutelia o choque de geraccedilotildees e a rotina do dia a dia torna o con-vivio difiacutecil Eacute quando muitas famiacutelias ou os proacuteprios idosos pensam em outro ambiente que melhor atenda agraves suas neces-sidades Os asilos atualmente chamados de Instituiccedilotildees de Longa Permanecircncia para Idosos (ILPI) se tornam uma soluccedilatildeo para essa situaccedilatildeo

LaresA ldquoVida Ativardquo eacute uma insti-

tuiccedilatildeo privada que segundo a diretora Maacutercia Leatildeo recebe idosos que procuram o local por conta proacutepria ldquoEles geralmente optam por natildeo morar sozinhos e nem com os fi lhos e acham a convivecircncia de um hotel muito impessoalrdquo diz a diretora da ins-tituiccedilatildeo A casa possui convecirc-nios com planos de sauacutede que garantem aos moradores anten-dimento de geriatras fonoau-dioacutelogos fi sioterapeutas nutri-cionista dentistas entre outros profi ssionais aleacutem de medi-camentos Nove funcionaacuterios estatildeo agrave disposiccedilatildeo dos idosos seis teacutecnicos de enfermagem dois de serviccedilos gerais e uma secretaria Mas o preccedilo de todo esse conforto eacute alto fi car em uma instituiccedilatildeo como essa custa cerca de R$ 2 mil a R$ 2500 por mecircs

Maacutercia Leatildeo tambeacutem eacute dire-tora do ldquoSolar das Estaccedilotildeesrdquo ins-tituiccedilatildeo destinada a idosos com

doenccedilas degenerativas do sis-tema nervoso central Segundo ela esses idosos requerem cui-dados especiais e ressalta ldquocom-parar um idoso a uma crianccedila eacute um grande erro pois aleacutem de possuiacuterem necessidades espe-ciais ldquoos idosos natildeo tecircm tempo tudo eacute pra ontem mas a pers-pectiva de mudanccedila eacute lenta e trabalhosardquo

Mas haacute uma parcela grande da populaccedilatildeo de terceira idade que natildeo tem condiccedilotildees de se manter em instituiccedilotildees como as mencionadas acima Esses encontram acolhida em lares fi lantroacutepicos como o Nuacutecleo Assistencial Caminhos para Jesus fundado haacute 40 anos A casa abriga atualmente 62 ido-sos aleacutem de dar assistecircncia a crianccedilas portadoras de defi ci-ecircncia O lar dispotildee aos idosos a opccedilatildeo de apenas passar o dia na casa ou se mudar defi niti-vamente e passar os fi nais de semana em casa Mas segundo Joicemara Santana secretaacuteria da instituiccedilatildeo grande parte dos idosos que moram na casa natildeo tecircm famiacutelia alguns deles satildeo ex-moradores de rua e sequer pos-suem documentos

A casa que natildeo possui con-vecircnio com outras instituiccedilotildees estaacute buscando parcerias com empresas interessadas em con-tribuir e os moradores que tecircm condiccedilatildeo contribuem com 50 do salaacuterio Aleacutem da ajuda dos idosos o asilo se manteacutem atra-veacutes de doaccedilotildees solicitadas via telefone

Apesar das difi culdades fi nanceiras o lar oferece assis-tecircncia de profi ssionais nas aacutereas de geriatria psicologia fi siote-rapeuta psiquiatra assistecircncia

social terapeuta ocupacional fonoaudioacuteloga enfermeiro e voluntaacuterios

O Lar de Idosas Santa Tereza e Santa Terezinha localizada no bairro Santa Tereza regiatildeo leste da capital eacute um exemplo de instituiccedilatildeo que assim como a Associaccedilatildeo Caminhos para Jesus consegue - mesmo com poucos recursos oferecer a suas moradoras a assistecircncia que precisam com respeito e claro muito carinho A casa que hoje possui 12 moradoras tem capa-cidade para abrigar ateacute 15 eacute ligada agrave Sociedade Satildeo Vicente de Paula e tem a particularidade de receber apenas senhoras que procuram o lar por vontade proacutepria

As idosas que optam por morar na instituiccedilatildeo contri-buem com dois salaacuterios miacuteni-mos mas eacute graccedilas agraves doaccedilotildees e ao trabalho de voluntarios que a casa consegue se manter

LeisEm 23 de setembro de 2003

a Comissatildeo Diretora do Senado Federal aprovou o Estatuto do Idoso que garante agrave ldquomelhor idaderdquo o direito agrave liberdade ao respeito e agrave dignidade Consta do artigo 10 paragrafo dois ldquoO direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade fiacutesica psiacutequica e moral abran-gendo a preservaccedilatildeo da imagem da identidade da autonomia de valores ideacuteias e crenccedilas dos espaccedilos e dos objetos pessoaisrdquo

De acordo com o Estatuto as ILPI devem oferecer estru-tura fiacutesica adequada instala-ccedilotildees sanitaacuterias alimentaccedilatildeo apropriada boas condiccedilotildees de limpeza e higiene profi ssio-

nais habilitados e jamais devem apresentar opressatildeo ou violecircn-cia aos idosos

A Promotoria do Idoso orgatildeo que cuida dos direitos do cida-datildeo da terceira idade tem fun-ccedilatildeo de receber denuacutencias contra abandono abusos e maus tratos e agir legalmente para protege-los A promotoria foi criada em 2001 apoacutes a divulgaccedilatildeo do rela-toacuterio da Comissatildeo dos Direitos Humanos que apontava uma seacuterie de denuacutencias contra os asilos onde os idosos sofriam todo tipo de violecircncia e eram abandonados e negligencia-dos O relatoacuterio daquele ano foi enviado aos governos federal e estadual contendo sugestotildees de poliacuteticas puacuteblicas para melhorar o atendimento ao idoso

FiscalizaccedilatildeoPara que uma casa de idosos

entre em atividade deve cum-prir uma seacuterie de requisitos primeiramente o proprietaacuterio deve requerer um alvaraacute junto agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria de sua regional e entatildeo seu estabele-cimento passa por uma vistoria inicial para concessatildeo do alvaraacute esta fi scalizaccedilatildeo se repetiraacute anu-almente para que a licenccedila seja renovada

Segundo Joseacute Carlos Silva gerente da Vigilacircncia Sanitaacuteria da regional do Barreiro existe um acordo entre a ANVISA e o Ministeacuterio Puacuteblico para reali-zar no miacutenimo duas fi scaliza-ccedilotildees anuais natildeo agendadas em cada ILPI aleacutem das duas visitas obrigatoacuterias a vigilacircncia entra em accedilatildeo sempre que uma denuacutencia eacute feita Na existecircncia de irregularidades o asilo seraacute acompanhado periodicamente ateacute que a situaccedilatildeo seja regulari-zada Caso natildeo sejam tomadas providecircncias a instituiccedilatildeo tem seu alvaraacute suspenso Se as irre-gularidades forem consideradas graves como no caso de maus tratos aleacutem do alvaraacute suspenso a instituiccedilatildeo seraacute interditada e os moradores acompanhados pelo Serviccedilo Social da regiatildeo e encaminhados a outros ILPI proacuteximos

Vespasiano

Ribeiratildeodas Neves

Contagem

Ibiriteacute

Brumadinho

Nova Lima

Sabaraacute

Santa Luzia

VENDNNNNDA NOVAND NORTE

NNNNONNONORDESTENO

NOROESTELESTE

OESTE

CENTRO-SUL

BARREIRO

Esacala 1160000Fonte Prodebel

PAMPULHA

ILPI Filantroacutepica

ILPI Privada

Segundo a PBH haacute na capital mais de 1100 idosos vivendo em asilos As ILPI somam 76 instituiccedilotildees 42 fi lantroacutepicas e 34 privadas A maior concentraccedilatildeo estaacute nas regiotildees Noroeste (10 lares fi lantroacutepicos) e Pampulha (15 lares privados)

Moradoras do Lar de Idosas Santa Tereza e Santa Terezinha

Disque Idoso (31)3277-4646

Delegacia Especializada de Proteccedilatildeo ao Idoso 0800-305000

Nuacutecleo Assistencial Caminhos para Jesus ligue 0800-0315600

Info

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Foto Amanda Lelis

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O Ponto

Editor e diagramador da paacuteginaClaudia Lapouble e Amanda Lelis

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Sociedade bull 9

AMANDA LELIS

CLAUDIA LAPOUBLE

ROBERTA ANDRADE

6 PERIODO

Todo indiviacuteduo eacute personagem de uma histoacuteria observada de maneira bem parti-cular num mundo que eacute soacute seu Toda narra-tiva eacute uacutenica se diferencia de qualquer outra ainda que seja sobre a mesma histoacuteria e contada pela mesma pessoa O momento eacute imprescindiacutevel o clima o ambiente o humor detalhes que infl uenciam em todo conto seja ele veriacutedico ou natildeo Contra-riando a procura insistente por tudo o que eacute novo decidimos correr atraacutes da memoacuteria ouvir quem tem histoacuterias para contar

Depois de aguardar por alguns minutos vinha dona Zezeacute como gosta de ser cha-mada o cabelo delicadamente arrumado com um arco colorido colar de peacuterolas maquiagem perfume e uma piada na ponta da liacutengua Sua percepccedilatildeo de tempo eacute dife-rente da nossa o que lhe acontece hoje natildeo eacute tatildeo importante quanto agravequela memoacuteria do passado que sabe nos contar com detalhes minuciosos Dona Zezeacute tem mesmo mania de misturar o hoje com o ontem sonhos natildeo realizados com realizaccedilotildees antigas paixotildees fortes da mocidade com carecircncias atuais Parte verdadeira parte imaginaacuteria sua histoacuteria tem caracteriacutesticas peculiares a cronologia se confunde e sua narrativa segue o caminho traccedilado pela sua mente num vai-e-vem luacutedico e caracteriacutestico

A irreverecircncia de Maria Joseacute eacute marca registrada ldquoquando vem visita todo mundo me cumprimenta eles acham graccedila por-que eu sou assim muito pra frente saberdquo brincou dona Zezeacute Com 82 anos haacute 5 vive no Lar de Idosas onde moram cerca de 15 senhoras De prosa boa nos fez rir muitas vezes rememorou sua juventude os bailes sua paixatildeo pela danccedila de salatildeo pela costura bordado e pelo marido Moacir Siqueira que faleceu haacute alguns anos

A imagem do marido se confundia agraves vezes com a imagem do seu pai Ao falar de um se lembrava do outro como se ela visse no marido muito mais velho que ela a fi gura do pai protetor ldquoEle me tratava como uma crianccedila meu marido cuidou de mim como uma boneca assim como meu pairdquo rememorou Nascida em Araxaacute Maria Joseacute

morava no Grande Hotel da cidade onde conheceu seu marido que era contador Ela contou que Moacir vinha de Satildeo Paulo e se hospedava no Grande Hotel ldquoEle vinha de Satildeo Paulo para o garimpo em Estrela do Sul alugava a terra colocava os homens pra trabalhar e fi cava laacute de braccediladardquo disse entre gargalhadas Ficou satisfeita em falar do marido com uma piscada de olho comple-tou ldquoAh mas ele era bonito demais menina eu precisava te mostrar um retratinho dele parecia um artistardquo

Dona Zezeacute lembra com saudade do tempo em que era enfermeira e do cari-nho que tinha com as pessoas que cuidava ldquoSou assim ateacute hoje vocecirc tem que ver com as crianccedilas olha como sou com as crian-ccedilas grandes (se referindo a noacutes) eu abraccedilo acarinho e me perguntam com quem vocecirc aprendeu a ser tatildeo carinhosa A vida ensina pra gente muita coisardquo completou emocionada

Peacute-de-valsa dona Zezeacute fazia festa por onde passava ldquoSe natildeo tivesse uma velhinha vigiando a Zezeacute eu natildeo podia sair Gostava tanto de danccedilar que quando ia costurar fi cava me lembrando da danccedila a maacutequina ia pra laacute e pra caacute meu peacute ia no ritmo cos-turava o que natildeo devia Quando a gente ia no baile era eu chegar que comeccedilava a dan-ccedilar A primeira a chegar no salatildeo era eu mas natildeo tinha culpa porque os homens eacute que me chamavam pra danccedilar uairdquo disse orgu-lhosa entre risos

Muito vaidosa Maria Joseacute falou sobre sua coleccedilatildeo de acessoacuterios contou que natildeo podia ir em um baile com a mesma roupa o mesmo brinco o mesmo colar ou um anel nunca repetia um adorno e ainda hoje eacute assim ldquoEu gosto de me arrumar eacute a vida que eu levo Pra receber visita eu coloco uma roupa bonita Para receber vocecircs eu tomo um banho e passo uma maquiagem neacute Assim que eu sourdquo Apesar disso quando falamos em foto dona Zezeacute logo disse sor-ridente ldquoVai tirar minha foto Potildee laacute na roccedila de arroz pra espantar os bichosrdquo

Com tanta irreverecircncia dona Zezeacute daacute exemplo de personalidade esbanjando alegria Ao chegarmos no portatildeo de saiacuteda de braccedilos dados conosco dona Zezeacute perguntou

-Que dia vocecircs vatildeo voltar

Tardes de vai e vem

Foto Claudia Lapouble

Foto Amanda Lelis

Fotos Roberta Andrade

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O Ponto

10 bull Profi ssatildeoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

Editoras e diagramadoras da paacutegina Renata Valentim e Roberta Andrade

O ensino do jornalismo no divatildeEnquanto o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo cria comissatildeo para repensar a construccedilatildeo do conhecimento jornaliacutestico no seacuteculo XXI os jornais impressos enfrentam o desafi o de revisar sua vocaccedilatildeo

RENATA VALENTIM

6ordm PERIacuteODO

Na dinacircmica da era da infor-maccedilatildeo em que a internet se fi rma como o mais acessiacutevel mais veloz e mais democraacute-tico meio de transmissatildeo de informaccedilatildeo o jornalismo viu-se em crise de identidade Boa parcela dos estudiosos e prati-cantes da atividade jornaliacutestica sentiu-se ameaccedilada pela des-centralizaccedilatildeo da notiacutecia nesse novo meio o leitor agora eacute tambeacutem produtor de informa-ccedilatildeo Outra fragilidade reside na escassez das vagas do mercado que natildeo comporta os milhares de jornalistas receacutem-formados despejados pelas faculdades De acordo com dados de 2005 obtidos pelo Observatoacuterio Uni-versitaacuterio apenas 125 dos graduados em jornalismo con-seguem manter-se de peacute na car-reira A proliferaccedilatildeo das esco-las particulares de jornalismo

choca-se com o enxugamento das redaccedilotildees onde prevale-cem os chamados profi ssionais multimiacutedia que precisam ser capazes de produzir informa-ccedilatildeo para um grande nuacutemero de suportes

Neste cenaacuterio onde tam-beacutem satildeo incluiacutedas a queda da velha Lei de Imprensa e o polecircmico fi m da obrigatorie-dade do diploma para o exer-ciacutecio da profi ssatildeo no dia 17 de junho foi criada pelo MEC uma comissatildeo que estabeleceraacute as novas diretrizes curriculares dos cursos de jornalismo no Brasil Um dos fundadores da Escola de Comunicaccedilatildeo e Artes da USP professor Joseacute Marques de Melo preside o grupo res-ponsaacutevel por elaborar as pro-postas de mudanccedilas a serem implantadas nas escolas de jornalismo do paiacutes Aleacutem dele seis acadecircmicos e uma repre-sentante do mercado estatildeo incumbidos de ateacute o iniacutecio do segundo semestre apresentar o

balanccedilo das anaacutelises A neces-sidade de reforma segundo o ministro Fernando Haddad eacute ratifi cada pelos dados obtidos pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo cerca de 80 dos cursos de jornalismo satildeo considerados de baixa qualidade A inten-ccedilatildeo da comissatildeo eacute que as pro-postas sejam elaboradas por meio da participaccedilatildeo e opiniatildeo de sindicatos universidades e empresas de comunicaccedilatildeo emitidas nas trecircs audiecircncias puacuteblicas que foram realizadas entre marccedilo e maio deste ano ndash no Rio de Janeiro Recife e Satildeo Paulo respectivamente

Efeito placebo Apesar da pertinente preo-

cupaccedilatildeo em melhorar o ensino do jornalismo no Brasil as pro-postas delineadas pela comis-satildeo satildeo ainda desconhecidas e por isso mesmo carregadas de polecircmica Algumas sugestotildees anunciadas antes mesmo da realizaccedilatildeo da primeira audiecircn-

cia como a separaccedilatildeo do jorna-lismo da Comunicaccedilatildeo Social dividem profi ssionais e aca-decircmicos Como uma forma de ampliaccedilatildeo do debate para aleacutem das audiecircncias ndash que restringi-ram a participaccedilatildeo de alguns segmentos importantes na dis-cussatildeo como os estudantes ndash o professor Joseacute Marques de Melo tem procurado expor alguns dos posicionamentos da comis-satildeo em palestras e entrevistas pelo paiacutes Durante o programa Observatoacuterio da Imprensa do dia 26 de maio ele explicou que o grupo natildeo pretende apresen-tar um novo curriacuteculo ldquoNossa funccedilatildeo eacute examinar as matrizes para nossas escolas e universi-dades Eu defendo particular-mente que o curriacuteculo eacute uma competecircncia da universidade Noacutes teremos de buscar dire-trizes curriculares que sejam consensuais em relaccedilatildeo agrave for-maccedilatildeo do novo jornalista mas deixar agrave universidade liberdade de accedilatildeo Se uma universidade quer oferecer um curso de gra-duaccedilatildeo para repoacuterteres e um curso de poacutes-graduaccedilatildeo para editores isso eacute um direito que a universidade tem e pode fazerrdquo defende

O resgate do selfO presidente da comissatildeo

eacute tambeacutem categoacuterico ao tratar da separaccedilatildeo da personalidade do jornalista contemporacircneo Segundo ele a sociedade bra-sileira necessita tal como pre-cisa de profi ssionais da notiacutecia especializada de jornalistas generalistas bem formados de que sejam capazes de se diri-gir efi cientemente para toda a populaccedilatildeo e de interpretar a realidade de forma mais ampla ldquonoacutes temos um paiacutes com 200 milhotildees de habitantes e 10 milhotildees de exemplares diaacuterios de jornais lidos Precisamos na verdade fazer jornal para quem natildeo lecirc jornal para aqueles que estatildeo agrave margem da cultura jor-naliacutesticardquo diz

Marques de Melo ressaltou tambeacutem que do ponto de vista da organizaccedilatildeo curricular haacute uma certa confusatildeo quando se trata de mateacuterias teoacutericas e praacuteticas ldquoEu acho que o que faz falta no jornalismo natildeo satildeo mateacuterias praacuteticas para elas temos bons laboratoacuterios O que faz falta satildeo as mateacuterias teoacuteri-cas E natildeo chamo de teoacutericas a sociologia a histoacuteria Isso diga-mos eacute o conteuacutedo humaniacutestico

Eu gostaria de ter mais mateacuterias que dessem conta das questotildees eacuteticas das questotildees morais O que temos eacute um excesso de aulas de teoria da comunica-ccedilatildeo de sociologia da cultura cuja aplicaccedilatildeo eacute descolada do jornalismo Precisa haver uma integraccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica jornaliacutesticardquo afi rma

Mas ainda com a iniciativa de avaliar a si mesmo o mal-es-tar de algumas questotildees sobre a identidade do jornalismo ainda permanecem turvas como eacute o caso da vocaccedilatildeo do jornalismo como negoacutecio e como serviccedilo de utilidade puacuteblica traccedilos contraditoacuterios que se chocam no interior da academia cau-sando estranheza nas salas de aula Essa feiccedilatildeo esquizofrecircnica foi detectada durante inves-tigaccedilotildees feitas pelo grupo de pesquisa ldquoA imagem do pen-samento e o ensino do jorna-lismordquo realizada por estudantes de jornalismo da Universidade Fumec e coordenada pelos professores Rodrigo Fonseca e Claacuteudia Chaves Em entrevistas feitas com os coordenadores dos principais cursos de jornalismo privados de Belo Horizonte os alunos registraram unacircnime constrangimento ainda que velado ao questionarem a pre-senccedila das disciplinas teacutecnicas nas grades curriculares como se fossem dignas de condena-ccedilatildeo O desejo de formaccedilatildeo do ldquoagente social criacuteticordquo tambeacutem eacute maioria absoluta no discurso dos entrevistados desta vez sem constrangimento ldquoA gente percebe tanto na avaliaccedilatildeo das entrevistas quanto no cotidiano das aulas que eacute elogioso falar do jornalismo dessa maneira con-denando as disciplinas praacuteticas Mas fi co confuso em pensar em como seraacute depois da forma-tura quando tiver que atuar no mercadordquo diz Frederico Porto um dos alunos envolvidos na pesquisa A resposta para esse questionamento existencial cada vez mais frequumlente no ter-reno dos discentes foi sugerida por Marques de Melo desta vez no programa Rede Miacutedia da Rede Minas realizado em 30 de marccedilo Ele acredita que a formaccedilatildeo do jornalista deve estar voltada para o mercado mas alerta ldquoa universidade tem que estar aleacutem do mercado Natildeo pode soacute estar atrelada agraves exigecircncias do mercado tem de estar tambeacutem atrelada agraves exi-gecircncias da sociedaderdquo

Fotomontagem faz referecircncia ao quadro O Grito do pintor norueguecircs Edward Munch

Ilustraccedilatildeo Roberta Andrade - 6ordm periacuteodo

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Profi ssatildeo bull 11Editoras e diagramadoras da paacutegina Renata Valentim e Roberta Andrade

A crise de identidade natildeo estaacute restrita ao conhecimento

que possibilita a produ-ccedilatildeo jornaliacutestica a dis-tribuiccedilatildeo de conteuacutedo tambeacutem vecirc-se impressa por outros suportes e rit-mos ditados por novas formas de consumo de informaccedilatildeo O jornalismo

impresso que jaacute rivalizou com o raacutedio e com a televisatildeo no

seacuteculo passado hoje concorre com a veloci-dade com a alta interatividade com o enorme alcance e sobretudo com o baixo custo da produccedilatildeo de notiacutecia para a internet e demais suportes digitais

Rogeacuterio Ortega acredita que chegaraacute o dia em que natildeo compensaraacute mais imprimir papel para fazer jor-nal ldquoSoacute que ningueacutem sabe quando vai ser ndash e a respon-saacutevel por isso eacute a publicidade Natildeo tenho dados atu-alizados mas ateacute onde sei no Brasil o faturamento publicitaacuterio dos veiacuteculos impressos eacute muitiacutessimo maior que o dos online Nos EUA jaacute natildeo eacute esse o panoramardquo diz Laacute os sinais de mudanccedila parecem mais concretos No mecircs de maio o criador do site Amazon Jeff Bezos e o presi-dente do jornal Th e New York Times Arthur Sulzberger Jr lanccedilaram o Kindle DX uma versatildeo com tela expandida do e-reader proje-tado originalmente para leitura de livros aca-decircmicos vendidos no site de Bezos A expansatildeo da tela ndash que agora tem 246 centiacutemetros na dia-gonal ndash tem o propoacutesito de tornar mais confor-taacutevel a leitura do jornal Os empreendedores do lanccedilamento apostam no aparelho como res-posta viaacutevel agrave crise da imprensa americana que

viu a circulaccedilatildeo de seus jornais cair draacutesticos 46 em apenas seis meses em 2008 ldquoComo vai ser quando as geraccedilotildees que lecircem tudo na internet desde o comeccedilo forem hegemocircnicas Quando o mercado perceber isso e comeccedilar a achar que anunciar em jornal natildeo com-pensa mais a lsquomudanccedila de suportersquo do papel para os meios digitais estaraacute proacutexima O que natildeo signifi caraacute lsquoextinccedilatildeorsquo dos jornais eles devem continuar a existir de outro modordquo considera Ortega

O Brasil tambeacutem foi afetado pela crise fi nanceira dos impressos A Gazeta Mercantil jornal dedi-cado ao segmento econocircmico com quase 90 anos em atividade vive um periacuteodo criacutetico A Editora JB SA anunciou no uacuteltimo mecircs a devoluccedilatildeo do jor-nal Gazeta Mercantil para seu antigo proprietaacuterio o

empresaacuterio Luiz Fernando Levy o que pocircs a vida do veiacuteculo em risco a circulaccedilatildeo do jornal foi interrom-pida no dia 29 de maio No entanto Levy afi rmou em nota agrave imprensa que a suspensatildeo da circulaccedilatildeo eacute momentacircnea

Palestrantes do Foacuterum de Debates 1ordf Terccedila promo-vido pelo Sindicato dos Jornalistas Profi ssionais de Minas Gerais os professores Seacutergio Amadeu da Faculdade Caacutes-per Liacutebero e Geane Alzamora da PUC Minas pondera-ram sobre os impactos da internet na praacutetica jornaliacutestica no uacuteltimo dia 2 de junho Amadeu durante sua exposiccedilatildeo sobre o tema disse acreditar que a maioria das universi-dades natildeo estaacute apta a formar o jornalista na era da infor-maccedilatildeo Explicada por ele como meio onde predomina a liberdade e a quebra da hierarquia na produccedilatildeo e dissemi-naccedilatildeo de informaccedilatildeo a internet desafi a os meios tradicio-nais por dar menos importacircncia ao capital porque eacute capaz de oferecer conteuacutedo a custo quase zero ldquoNa internet natildeo eacute difiacutecil falar o difiacutecil eacute ser ouvidordquo diz Alzamora que desde meados dos anos de 1990 ndash natildeo coincidecircncia o iniacutecio da popularizaccedilatildeo da web ndash estuda o cruzamento jornalismo x internet afi rma que a vocaccedilatildeo do jornalismo na rede estaacute no formato colaborativo Nichos como os sites OhMyNews

e Overmundo satildeo demonstraccedilotildees claras de que ldquoa versatildeo mais atualizadardquo do profi ssional da notiacutecia atuaraacute como um gerenciador das interaccedilotildees feitas na rede

No balanccedilo do divatilde resta a dica a palavra-chave parece ser a reciclagem Tal como a proacutepria inter-

net que tem sua forma e conteuacutedo renovados a todo o tempo porque estaacute sujeita ao exame dos

interagentes o jornalismo e seus profi ssionais precisam examinar-se e reconfi gurar-se para acompanhar o fl uxo da informaccedilatildeo Como diz o fi loacutesofo Charles Sanders Peirce ldquoas palavras

aprendem com o tempordquo E o jornalista aprenderaacute na lida com elas novos caminhos

m queer jor-spon-s atu-ento

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O mal-estar do impresso

O Ponto Como vocecirc vecirc o ensino do jornalismo hoje no paiacutes

Rogeacuterio Ortega Vejo pelo contato com jornalis-tas receacutem-formados que o panorama natildeo mudou muito em 20 anos ndash a natildeo ser pela possibilidade de em alguns cursos montar uma grade que resulta numa espeacutecie de curso de jornalismo em periacuteodo integral com disciplinas de outras faculdades Tam-beacutem me parece haver uma conversa mais produtiva da academia com as redaccedilotildees ndash no iniacutecio dos anos 90 era uma coisa muito ldquoa induacutestria cultural laacute e noacutes seres pensantes e criacuteticos aquirdquo Acho que natildeo haacute necessidade de um curso de jornalismo que dure quatro ou cinco anos e duvido que a comissatildeo do MEC da qual sei pouco ponha isso em questatildeo Eacute legal sim haver um lugar em que se possam abor-dar histoacuteria e teoria do jornalismo linguagem eacutetica jornaliacutestica etc Mas pra isso natildeo satildeo necessaacuterios quatro anos Jornalismo podia ser por exemplo soacute uma poacutes-graduaccedilatildeo Na minha opiniatildeo sairiam muito mais bem preparados

OP - A partir do seu contato com os ldquofocasrdquo (receacutem-formados em jornalismo) que chegam agrave Folha o que vocecirc percebe como a maior defi ciecircn-cia do jovem jornalista E o que poderia ser feito para corrigir essa defi ciecircncia

Os ldquofocasrdquo da Folha natildeo vecircm soacute de faculdades de jornalismo Quem sobrevive ao programa de treina-mento da Folha e chega agrave redaccedilatildeo tem bom texto e na maioria dos casos boa cultura geral Mas para quem saiu do curso de jornalismo faltam certos conheci-mentos especiacutefi cos que satildeo valiosos na hora de cobrir certos assuntos importantes e que a pessoa teria se por exemplo tivesse cursado direito ou economia Muita gente acaba aprendendo essas coisas na raccedila na lida ndash mas sofreria menos se as tivesse estudado antes

OP - A respeito das ferramentas digitais vocecirc acredita na afirmaccedilatildeo de que a internet estaacute atrofiando a praacutetica jornaliacutestica O jornalismo online merece a demonizaccedilatildeo que lhe tem sido atribuiacuteda

Acredito que pelo contraacuterio a internet abriu novas possibilidades Qualquer um pode escrever qualquer coisa na web a custo zero ou quase zero mas quem estaacute interessado em se informar vai procurar notiacutecias que sejam confi aacuteveis bem apuradas bem escritas Ou seja o feijatildeo-com-arroz de sempre da praacutetica jornaliacutes-tica soacute que online feito em ldquotempo realrdquo e atualizaacutevel Claro que em um jornal impresso haacute mais tempo para apurar confrontar versotildees descartar coisas que se revelem boatos No online pela proacutepria natureza do meio eacute muito mais faacutecil que o rumor a versatildeo natildeo

confi rmada informaccedilotildees incorretas textos mal escri-tos etc sejam colocados no ar Claro depois podem ser feitas atualizaccedilotildees e correccedilotildees mas de todo modo eacute difiacutecil aliar rapidez e precisatildeo

OP - Como vocecirc vecirc a utilizaccedilatildeo da blogosfera para a praacutetica jornalistica

Blog pode servir para tudo inclusive para jorna-lismo -e bom jornalismo acredito Mas por enquanto soacute as grandes empresas jornaliacutesticas -ou grandes por-tais- tecircm estrutura e dinheiro para mandar repoacuterteres fazerem coberturas dispendiosas e que demandem tempo Natildeo eacute uma aacuterea em que ldquoblogueiros inde-pendentesrdquo possam competir Ainda assim eacute uma descentralizaccedilatildeo da informaccedilatildeo que vejo com muito bons olhos No Brasil os meios de comunicaccedilatildeo satildeo concentrados ou estatildeo na matildeo de governos Eacute bom -saudaacutevel- poder fugir disso

O jornalismo na visatildeo do mercado

O redator de Primeira Paacutegina da Folha de S Paulo Rogeacuterio Ortega 38 eacute jornalista for-mado pela Escola de Comunicaccedilotildees e Artes da USP Com quase 18 anos de carreira ele daacute a sua visatildeo da comissatildeo formada pelo MEC mostra-se favoraacutevel agrave queda da exigecircncia do diploma e vecirc com bons olhos os desafi os trazidos pela internet

Rodrigo Z

avagli - 6ordm periacuteodo

Arquivo Pessoal

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O PoontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

12 bull Especial

10A NOSDA REDACcedilAtildeO

Em uma deacutecada foram 73 ediccedilotildees Apro-ximadamente 400 mil exemplares distribu-iacutedos Seis mudanccedilas de logomarca Quatro modificaccedilotildees graacuteficas Cinco coordenado-res e trecircs premiaccedilotildees recebidas duas em acircmbito nacional e uma internacional A primeira distinccedilatildeo conferida ao O Ponto foi em 2005 quando recebeu o tiacutetulo de melhor jornal laboratoacuterio do Brasil pela Pesquisa Experimental em Comunicaccedilatildeo (Expocom) considerado um dos mais importantes eventos cientiacuteficos nacionais Em 2006 outros dois precircmios na aacuterea de produccedilatildeo laboratorial vieram e O Ponto foi eleito o melhor jornal experimental de Minas Gerais e tambeacutem da Ameacuterica Latina levando o trofeacuteu Patildeo de Queijo de Notiacutecias (PQN) e uma medalha da Expo-comSUR pela notoriedade do trabalho jor-naliacutestico desenvolvido A medalha desta uacuteltima conquista cunhada em ouro e gra-vada com o nome e a localidade do evento (ExpocomSUR ndash Santa Cruz de La SierraBoliacutevia) ainda estaacute agrave mostra no quadro expositor de antigos e recentes exempla-res de O Ponto - escrito e planejado por trecircs geraccedilotildees de estudantes de jornalismo e tambeacutem por alunos de publicidade que jaacute desenvolveram interessantes peccedilas publicitaacuterias que marcaram a evoluccedilatildeo e a dinacircmica do jornal durante todos estes anos de atividades

Os trofeacuteus angariados tambeacutem deco-ram a mobiacutelia da redaccedilatildeo do jornal ndash onde coordenador monitores e voluntariados se debruccedilam diariamente sob o trabalho de apuraccedilatildeo produccedilatildeo supervisatildeo e revi-satildeo das pautas e mateacuterias criadas em um esforccedilo que visa dar continuidade qualita-tiva a este produto acadecircmico de renome criado e dirigido outrora pelos ex-alunos Hoje muitos deles profi ssionais bem sucedidos que fazem questatildeo de salientar quando questionados a infl uecircncia que a participaccedilatildeo em O Ponto como monitores e voluntaacuterios exerceu na vida profi ssional posteriormente

Em entrevista para esta reportagem comemorativa dos lsquodez anosrsquo todos os entrevistados (ex-alunos e monitores)

sem exceccedilatildeo foram nostaacutelgicos quanto agrave eacutepoca de estaacutegio e voluntariado no qual muitos fizeram sacrifiacutecios e estripulias para trazerem agrave tona um furo jornaliacutestico redigirem uma mateacuteria relevante e dia-gramarem da melhor forma o conteuacutedo que produziram ldquoAprendi a ser jornalista em O Ponto Aprendi a respeitar os cole-gas de trabalho e aprendi a cobrar e ser cobrado O Ponto me mostrou que com superaccedilatildeo conhecimento teacutecnico e liber-dade podemos fazer um bom jornalismordquo pontua Frederico Wanderley ex-aluno da Fumec e integrante da primeira turma de jornalismo da Universidade

Ernesto Braga ex-monitor do jornal tambeacutem ressaltou em entrevista a impor-tacircncia da experiecircncia vivenciada no jornal laboratoacuterio para o ofiacute-cio da profi ssatildeo ldquoO Ponto foi fundamen-tal para mim Embora a realidade de uma redaccedilatildeo de jornal diaacuterio seja completamente diferente ndash mais corrida e tensa ndash do ponto de vista do dead line As noccedilotildees de produccedilatildeo reportagem fotografi a e ediccedilatildeo apreendidas em O Ponto me permitiram compreender um pouco mais sobre o processo de fazer jornal () Meu portifoacutelio foi exatamente as mateacuterias que fi z para O Pontordquo admite

Portanto independente dos marcos citados e de outras cifras e estatiacutesticas do jornal a relevacircncia de O Ponto no espaccedilo acadecircmico nestes dez anos de existecircncia se daacute por outras razotildees o jornal eacute primordial-mente um instrumento praacutetico um meio de experimentaccedilatildeo teoacuterico-praacutetica dos alunos que visa munir o estudante de experiecircncias relevantes que possam ser um diferencial na hora de se introduzir na realidade da profi s-satildeo ndash que requer muita perspicaacutecia ousa-dia e estilo para se destacar Aleacutem disso O Ponto eacute um veiacuteculo que surgiu de uma pro-posta pedagoacutegica e jornaliacutestica consistente e aguerrida que propiciou notaacuteveis reper-cussotildees para o curso e claro ensinamentos

frutiacuteferos para os estudantes que souberam e sabem usufruir ainda das possibilidades que o jornal se predispotildee a dar atraveacutes da praacutetica e do trabalho

De acordo com o Projeto Poliacutetico Peda-goacutegico do curso de Comunicaccedilatildeo Social O Ponto lanccedilado em junho de 1999 tinha e ainda tem como premissa se prestar a ser atraveacutes do trabalho dos alunos e sob coor-denaccedilatildeo criteriosa dos professores um veiacuteculo de ldquojornalismo de conversaccedilatildeordquo em contraposiccedilatildeo ao jornalismo puramente informativo factiacutevel feito pela imprensa

convencional A proposta era lanccedilar um impresso ndash e sua periodicidade (men-sal) permite que isto seja possiacutevel - que debatesse com mais profundidade os paradigmas sociais explo-rando e adentrando mais nas complexidades de cada acontecimento na comuni-dade regional e internacio-nal incitando discussotildees relevantes para o puacuteblico leitor

A proposta era natildeo soacute falar por exemplo sobre o

paacutereo entre dois candidatos de uma elei-ccedilatildeo municipal em Belo Horizonte ou onde quer que fosse Mas sim criticar se neces-saacuterio a forma como os embates poliacuteticos ou a falta deles se datildeo em plena eacutepoca eleitoral como mostrou a reportagem ldquoDisputa eleitoral sem disputardquo ndash publi-cada em O Ponto em setembro de 2006

O objetivo do projeto pedagoacutegico eacute evi-denciar problemas relegados ao esqueci-mento como por exemplo a inadimplecircncia do Governo de Minas Gerais para com os problemas ambientais (hiacutedricos) do Estado como fez os ex-alunos Pedro Blank e Ernesto Braga na reportagem do ano de 2000 ldquoDes-caso Mata o Rio das Velhasrdquo ldquoUma mateacuteria que repercutiu muito () virando inclusive editorial do jornal Estado de Minasrdquo con-forme relembra o proacuteprio autor da mateacuteria Ernesto Braga O jornalista ainda ressaltou ldquoo engraccedilado desta mateacuteria eacute que sem saber que O Ponto tinha uma tiragem de quatro mil exemplares e pensando que ele circu-lava apenas na faculdade uma das fontes

O Ponto estaacute completando uma deacutecada de jornalismo laboratorial Para comee alunos que participaram da criaccedilatildeo do jornal para resgatar um pouco da su

ldquoO Ponto foi fundamental para

mim ()embora uma redaccedilatildeo de jornal

diaacuterio seja diferenteMeu portifoacutelio foi

exatamente as mateacuterias que fi z para O

PontordquoErnesto Braga ex-monitor

12-16 - 10 anos O Pontoindd 112-16 - 10 anos O Pontoindd 1 82809 123340 PM82809 123340 PM

O Poonto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Especial bull 13

(da mateacuteria) desceu o cacete no Estado E com a repercussatildeo ele (a fonte) ligou para o coordenador alegando que natildeo tinha falado aquilo que tinha sido publicado pedindo retrataccedilatildeo Ele esteve entatildeo na faculdade e ouviu toda a gravaccedilatildeo da entrevista no estuacute-dio da raacutedio e natildeo teve mais o que contes-tarrdquo recorda Braga

Portanto a intenccedilatildeo de O Ponto foi e ainda eacute publicar e propor assuntos que pos-sam render refl exotildees audaciosas que per-mitam ao leitor extrapolar o senso comum e os pensamentos instrumentais alcanccedilando o campo das ideacuteias criacuteticas e producentes do ponto de vista social que tenham propoacutesitos de mobilizaccedilatildeo e desalienaccedilatildeo das pessoas em geral Seja em forma de denuacutencia em uma grande reportagem em forma de traccedilo como na charge que prima pelo tom criacutetico e irocircnico ou nas mateacuterias e notas que repor-tam acontecimentos e eventualidades desco-nhecidas mas impor-tantes para a dinacircmica da sociedade seja no campo econocircmico poliacutetico ou cultural

Satildeo dez anos de accedilatildeo estudantil em todas as etapas produtivas do jornal desde a criaccedilatildeo de pautas ateacute a distri-buiccedilatildeo do jornal

Dez anos de tentativas Acertos erros aprendizagem e repercussotildees Polecircmicas e alguns deslizes

Haacute uma deacutecada O Ponto vem prestan-do-se a ser para os alunos um instrumento de aprendizagem e lapidaccedilatildeo profi ssional E apesar dos altos e baixos que toda ati-

vidade laboratorial implica o desafi o tem sido cumprido

Difi culdades teacutecnicas problemas entre alunos ndash editores e repoacuterteres - no cum-primento do prazo na entrega de mateacuterias alguns detalhes estruturais com relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo do jornal entraves de uacuteltima hora fotografi as infograacutefi cos e diagrama-ccedilotildees pendentes incompletas ou inapro-priadas fazem parte da rotina da produccedilatildeo de O Ponto Como em qualquer outra reda-ccedilatildeo de laboratoacuterio E satildeo exatamente esses desafi os que permitem agravequeles alunos que se doam agrave praacutetica colaborativa como repoacuter-teres voluntaacuterios e monitores do jornal descobrir suas aptidotildees capacidades e tam-beacutem a aprimorarem teacutecnicas e adquirirem conhecimento ainda desconhecidos

O iniacutecio o fi m e o meioNeste intertiacutetulo consta

uma informaccedilatildeo de cunho histoacuterico sobre O Ponto Esta frase ndash O iniacutecio o fi m e o meio que parece estar com a loacutegica inver-tida foi o primeiro e uacutenico slogan que o jornal teve Joatildeo Henrique Faria que trabalhou como consul-tor na criaccedilatildeo do curso de Comunicaccedilatildeo Social na

Fumec entre 1996 e 1997 e tambeacutem como coordenador em 1998 ndash logo quando o curso foi fundado - relata que o slogan surgiu de um concurso interno lanccedilado para alunos e que visava dar uma identidade ideoloacutegica e esteacutetica para o jornal que juntamente agrave raacutedio foram os primeiros laboratoacuterios do curso de Comunicaccedilatildeo a entrarem em fun-

cionamento Foi neste periacuteodo de inaugura-ccedilatildeo do curso que surgiu a marca O Ponto e o distintivo publicitaacuterio ldquoo iniacutecio o fi m e o meiordquo para o impresso

O slogan faz referecircncia agrave letra de muacutesica ldquoGitardquo do compositor Raul Seixas para enfatizar a proposta editorial do veiacute-culo - a ordem de disposiccedilatildeo das repor-tagens naquela eacutepoca no interior jornal O acutemeio` portanto eram as paacuteginas res-guardadas para as editorias referentes a assuntos institucionais ndash da universidade e tambeacutem para os assuntos que versavam sobre os proacuteprios meios de comunicaccedilatildeo ndash cobertura atuaccedilatildeo das miacutedias eventos e paradigmas ndash tudo no miolo do impresso O acutefim` era o espaccedilo reservado no jornal para as mateacuterias de poliacuteticas puacuteblicas sendo a sociedade a principal interessada e a proacutepria finalidade das reportagens e O Ponto o proacuteprio lsquofimrsquo O acuteiniacutecio` final-mente eram mateacuterias sobre variedades que falavam sobre questotildees gerais - curio-sidades entretenimento opiniotildees Este estilo de iacutendice e de divisatildeo do jornal durou dois anos desde o lanccedilamento ateacute que reformulaccedilotildees graacuteficas resultaram na retirada do slogan de layout de O PontoMudanccedilas compreensiacuteveis tratando-se de um jornal laboratoacuterio que prima pela experimentaccedilatildeo e inovaccedilatildeo

Um nome de impactoA democracia que foi sempre uma

maacutexima no funcionamento do laboratoacuterio de jornalismo impresso ndash todos os alunos sem exceccedilatildeo do 1ordm ao 8ordm periacuteodo devem e podem escrever ndash esteve presente tambeacutem no concurso que deu nome ao jornal O nome O Ponto foi criado pelo ex-aluno de

Editor e diagramador da paacutegina

10A NOSomemorar esse feito nossa equipe de reportagem ouviu os primeiros monitores a sua histoacuteria precircmios conquistados mateacuterias de repercussatildeo e mudanccedilas graacutefi cas

Da esquerda para a direita os ex-monitores Ernesto Braga Pedro Blank e Frederico Wanderley do Ponto para as redaccedilotildees

ldquoCriei (o nome) O Ponto pensando no sentido ortograacutefi co e ao mesmo tempo no signifi cado da palavra como ponto de vistardquo

Faacutebio Santos ex-aluno

12-16 - 10 anos O Pontoindd 212-16 - 10 anos O Pontoindd 2 82809 123341 PM82809 123341 PM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

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Esta mateacuteria assinada pelos ex-alunos Ernesto Braga e Pedro Henrique Blank denunciou a poluiccedilatildeo no Rio das Velhas A partir da constataccedilatildeo de que 90 da carga poluidora lanccedilada no rio era proveniente da coleta dos esgotos domeacutesticos ldquoNa eacutepoca o entatildeo superintendente do jornal Estado de Minas Eacutedison Zenoacutebio publicou uma nota em sua coluna no jornal parabenizando pela mateacute-riardquo recorda o professor Rogeacuterio Bastos

Em ldquoAnunciou virou mancheterdquo o aluno Pedro Penido criticou a cobertura da imprensa entorno do deacutefi ct zero e a publicidade do governo do Estado sobre esse fato estampada nos trecircs jornais da capital Jaacute ldquoA imprensa errourdquo eacute uma criacutetica ao comportamento da imprensa na cobertura de um assassinato no Edifiacutecio JK O trabalho dos repoacuterteres Sinaacuteria Ferreira e Guilhermo Tacircngari pautou uma discussatildeo no Brasil das Gerais da Rede Minas Sinaacuteria Ferreira monitora na eacutepoca foi uma das participantes do programa

O Ponto eacute lanccedilado O impresso vem entatildeo ao mundo em for-mato Standard 315 mm x 560 mm papel jornal

jornalismo Faacutebio Santos que participou do processo seletivo do nome do jornal-laboratoacuterio do curso de Jornalismo da Fumec ldquoCriei acuteO Ponto` pensando no sentido ortograacutefico e ao mesmo tempo no signifi-cado da palavra como ponto de vistardquo

ldquoO Ponto eacute um nome de impacto Representa o acircngulo o lsquoxrsquo da questatildeordquo explica Joatildeo Henrique Faria que na ocasiatildeo participou do processo de escolha do nome O acutex` a que Faria se refere diz respeito a forma mais precisa de tratar um acontecimento Na seara jornaliacutestica consiste em diagnosticar o que de mais importante existe no fato esmiuccedilar seus anteceden-tes e desdobramentos O objetivo eacute enfi m noticiar de forma complexa contextualizada sem contudo recair no erro de julgar fazer juiacutezo de valor sobre um determi-nado acontecimento

Porque mudar eacute precisoEm maio de 2009 foi lanccedilado o novo projeto graacutefi co

do jornal com draacutesticas mudanccedilas de formato estilo e tambeacutem de logomarca cujo grafi smo conteacutem agora um ponto dentro da letra ldquoordquo reforccedilando a marca do impresso em seu nome O novo logotipo do jornal O Ponto eacute meacuterito do aluno do 2ordm periacuteodo do curso de Design Graacutefi co da Fumec Giovanni Batista Cocircrrea vencedor do concurso de reformulaccedilatildeo do logotipo

do jornal ldquoUsei uma fonte parecida com a anterior e desenhei a primeira letra lsquoorsquo da palavra como um lsquopontorsquo aproveitando sua forma natural pois acredito que uma marca deve ser simples e ao mesmo tempo marcanterdquo explica

A nova reformulaccedilatildeo graacutefi ca coordenada pela pro-fessora Duacutenya Azevedo e que contou com dois volun-taacuterios ndash os alunos Roberta Andrade e Pedro Leone - foi desenvolvido no segundo semestre de 2008 com base em pesquisas bibliograacutefi cas

De forma geral a opccedilatildeo por migrar do formato Stan-dart (o antigo jornalatildeo ndash de 53 cm de altura por 297 de largura) para o Berliner (289 cm por 43 cm) veio da demanda de adequaccedilatildeo as transformaccedilotildees que o meio impresso vem passando no mundo e no Brasil dimi-nuiccedilatildeo do puacuteblico leitor em detrimento dos veiacuteculos digitais o que culminou na reduccedilatildeo dos lucros dos jornais e do pessoal ndash jornalistas nas redaccedilotildees O que acentuou a disputa entre os jornais pelo leitor gerando a necessidade de reinvenccedilatildeo dos layouts para capta-ccedilatildeo deste puacuteblico que estaacute migrando para os canais de notiacutecia instantacircnea na internet

Conforme explica a professora Duacutenya Azevedo o formato Berliner eacute economicamente mais vantajoso - sua impressatildeo eacute mais barata e desperdiccedila menos papel eacute um formato mais praacutetico de ser manuseado

e passiacutevel de se aproximar de um layout de revista tipo de impresso mais bem acabado esteticamente e benquisto Razotildees estas ndash economia esteacutetica e tipo de manuseio - que infl uenciaram na decisatildeo de reformu-lar O Ponto

ldquoO objetivo do novo formato eacute aproximar O Ponto do estilo magazine (revista) ateacute mesmo pela sua periodi-cidade mensalrdquo explica Roberta Andrade ldquoQueriacuteamos diminuir o formato preservando poreacutem a valorizaccedilatildeo do textordquo reforccedila Pedro Leone Assim optou-se por uma tipografi a mais espaccedilada e menor para compor um layout mais arejado modernordquo

Eacute nesta linha de atuaccedilatildeo mantendo as antigas pre-missas do curso de liberdade de atuaccedilatildeo democracia e de ensaios profi ssionais que O Ponto segue traccedilando sua trajetoacuteria no espaccedilo acadecircmico concomitante-mente a histoacuteria dos estudantes no curso Sempre tendo em mente que a credibilidade de um jornal pre-cisa ser renovada constantemente seja ele velho ou novo Tenha ele 10 ou 100 anos de existecircncia Seja ele profi ssional ou laboratorial pois o que deve ser exal-tado e cumprido eacute a seriedade do trabalho sem isen-ccedilatildeo de culpa e responsabilidade em caso de erros Pois o desafi o em qualquer um dos veiacuteculos ndash seja um jornal renomado ou universitaacuterio eacute reportar com eacutetica e pro-fi ssionalismo as informaccedilotildees prestadas ao leitor

Alguns marcos em 10 ANOS

Imag

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12-16 - 10 anos O Pontoindd 312-16 - 10 anos O Pontoindd 3 82809 34455 PM82809 34455 PM

O Ponto

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2006

No fi nal de 2005 o jornal obteve outro rele-vante resultado um estudo sobre sua proposta editorial Os ex-alunos de jornalismo formados em 2005 Rafael Werkema e Renata Quintatildeo produziram o livro Jornal laboratoacuterio - uma pro-posta editorial criacutetica como parte do projeto de conclusatildeo de curso e dedicaram esta obra ldquoa todos os que veem O Ponto como espaccedilo para a formaccedilatildeo de agentes transformadores da socie-daderdquo Werkema declarou tambeacutem que este estudo abre refl exatildeo sobre a importacircncia do jornalismo impresso experimental que difere do modelo sisudo e congelado da grande imprensa

20092009Em janeiro de 2006 o jornal recebeu o precircmio Patildeo de Queijo de notiacutecias (PQN) Na eacutepoca a ex-coordenadora de O Ponto Ana Paola Valente fez a seguinte declaraccedilatildeo sobre o feito ldquoEsta eacute uma conquista coletiva construiacuteda principalmente pelos alunos que fazem o jornal e acreditam neste projetordquoEm maio o jornal foi eleito o melhor jornal laboratoacuterio da Ameacuterica Latina na III Mos-tra Internacional da Pesquisa Experimen-tal da Comunicaccedilatildeo EXPOCOM-SUR

2005

Para aleacutem das atividades ligadas ao produto impresso O Ponto tambeacutem se faz presente em vaacuterias iniciativas e eventos na Faculdade de Ciecircncias Humanas Uma dessas accedilotildees foi o debate poliacutetico entre os candidatos agrave Prefeitura de Belo Horizonte em 2008 Organizado pelos monitores de O Ponto e da Redaccedilatildeo Modelo e orien-tados pelos professores coordenadores o evento reuniu seis dos nove candidatos ao pleito no auditoacuterio Phoenix da Fumec no mecircs de setembro

Dois assuntos mar-caram a tocircnica do debate dos candida-tos as preocupaccedilotildees com educaccedilatildeo e com o transporte puacuteblico na capital mineira As inquietaccedilotildees estiveram presentes nas questotildees apresentadas pelos estudantes O auditoacuterio recebeu mais de 200 universitaacuterios

Compareceram ao evento os candi-datos Gustavo Valadares (DEM) Jorge Periquito (PRTB) Leonardo Quintatildeo (PMDB) Pedro Paulo (PCO) Seacutergio Miranda (PDT-PCB) e Vanessa Portu-gal (PSTU) Somente trecircs candidatos ndash Andreacute Alves (PT do B) Jocirc Moraes (PC do B) e Maacutercio Lacerda (PSB) ndash natildeo partici-

param e alegaram confl ito de agenda Os presentes elogiaram a organizaccedilatildeo

do evento e destacaram a importacircncia de se promover esclarecimentos poliacuteticos aos jovens jaacute que o tempo de duraccedilatildeo dos programas eleitorais na miacutedia natildeo era sufi ciente para informar os eleitores sobre os problemas da cidade bem como das propostas dos candidatos ao pleito

O envolvimento da equipe de O Ponto natildeo para por aiacute Em colaboraccedilatildeo com o Nuacutecelo de Estu-dos Escola da Ter-ceira Idade (Neeti) o laboratoacuterio assumiu tambeacutem no uacuteltimo semestre a diagrama-ccedilatildeo e fechamento do jornal Degrau publi-caccedilatildeo semestral dos alunos do curso que produzem crocircnicas poesias e outros tex-tos de cunho pessoal

Em momentos de polecircmica a ordem eacute arregaccedilar as mangas Apoacutes decisatildeo do Supremo Tribunal Federal no fi nal do primeiro semestre deste ano de por fi m agrave obrigatoriedade do diploma para o exer-ciacutecio profi ssional do jornalismo os moni-tores de O Ponto foram mobilizados para sair em campo e ouvir os profi ssionais do mercado sobre o impacto da decisatildeo na

vida dos atuais e futuros profi ssinais Como resultado da iniciativa foi pro-

duzido um viacutedeo com depoimentos de representantes da imprensa belo-hori-zontina tranquilizando os estudantes e avaliando como baixo o impacto da medida do STF na hora da contrataccedilatildeo prevalecendo a importacircncia de se ter um curso de formaccedilatildeo jornaliacutestica

Ensino de qualidadeO laboratoacuterio de jornalismo impresso

da Fumec prima tambeacutem pela qualidade do ensino As atividades de produccedilatildeo de cada ediccedilatildeo do jornal laboratoacuterio assim como a delimitaccedilatildeo dos papeacuteis dos par-ticipantes e colaboradores em cada uma delas satildeo todas executadas e coordena-das por estudantes Os alunos desde o primeiro semestre do curso satildeo estimu-lados a participar de O Ponto

As reuniotildees de pauta satildeo divulgadas para todo o corpo dicente de Jornalismo e coordenadas pela monitoria As suges-totildees de assuntos e enfoques para as mateacute-rias satildeo responsabilidade dos alunos que estatildeo cursando a disciplina Ediccedilatildeo II Eles assumem a ediccedilatildeo do jornal a cada semestre orientados pelo professor da disciplina e auxiliados pelos monitores

Quanto agrave apuraccedilatildeo das mateacuterias a reportagem pode ser executada por todos os periacuteodos A fotografi a tambeacutem eacute uma atividade preferencialmente dos alunos do curso Iniciativas de convergecircncia

tambeacutem satildeo praticadas pelos estudantes da Fumec como por exemplo em repor-tagem publicada na ediccedilatildeo nuacutemero 69 Intitulada ldquoEstudante vira gari por um diardquo a reportagem foi produzida para o impresso para a internet (Ponto Eletrocirc-nico) e em viacutedeo simultacircneamente Para isso uma equipe foi para as ruas executar a reportagem e no caso do repoacuterter tam-beacutem da coleta de lixo

A ediccedilatildeo do texto e a diagramaccedilatildeo satildeo executadas pelos alunos que estatildeo cur-sando Ediccedilatildeo II A revisatildeo fi nal do texto e do layout da paacutegina satildeo tarefas dos monitores e posteriormente o material eacute enviado para a graacutefi ca

O Jornal Laboratoacuterio O Ponto eacute na avaliaccedilatildeo do Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social da Universidade Fumec Seacutergio Arreguy o principal ins-trumento de experimentaccedilatildeo para o jor-nalismo impresso ldquoElaborado desde o projeto graacutefi co pautas apuraccedilatildeo e produ-ccedilatildeo de mateacuterias pelos alunos sob a super-visatildeo e coordenaccedilatildeo dos professores eacute o resultado de muito trabalho dedicaccedilatildeo e comprometimento de todos os envol-vidos materializado em um Jornal de excelente qualidade Refl exo de um curso seacuterio aprovado e reconhecido sobretudo pelo mercado de Belo Horizonterdquo

Aureacutelio JoseacuteCoordenador do Jornal-laboratoacuterio e

professor do curso de Jornalismo

Atividades vatildeo aleacutem da produccedilatildeo impressa

ldquoResultado de muito trabalho e

comprometimento o jornal eacute refl exo

de um curso seacuterio e reconhecido pelo

mercado de BHrdquoSeacutergio Arreguy coordenador do curso de Comunicaccedilatildeo Social

12-16 - 10 anos O Pontoindd 412-16 - 10 anos O Pontoindd 4 82809 34457 PM82809 34457 PM

O Ponto

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Com a palavra alguns ex-monitores

ldquoO meu

primeiro contato praacutetico

com o jornalismo ocorreu no Jor-

nal O Ponto Durante oito meses

como

monitor e nos quatro anos de curso

vivi cada

dia na redaccedilatildeo e pude ajudar a c

onstruir com

reportagens diagramaccedilotildees ou material fotograacutefi co

esse jornal que respeito muito por

ter me mostrado de

forma sincera alguns valores da mi

nha profi ssatildeo

As discussotildees interessadas que tive

mos naquela redaccedilatildeo

fi cam para toda a carreira juntame

nte com as boas pessoas

com as quais pude conviver nesse

periacuteodo Com o Ponto

percebi que o jornalismo antes de

escrever deve ldquoolharrdquo

para o mundo e buscar seu recorte

Por mais difiacutecil que

fosse terminar uma paacutegina sempre

compensava olhar para

ela impressa na pilha de jornais

no fi m do mecircs Esse

desafi o nos motivou e deve motivar

a cada diardquo

Enzo Menezes ex-monitor

ldquoDurante um ano e meio fui moni-

tora do jornal O Ponto podendo

adquirir muito conhecimento Mesmo

sendo um jornal mensal e por isso com-

posto de reportagens natildeo de notiacutecias pude

aprender sobre a rotina de uma redaccedilatildeo Aprendi

como nasce um jornal desde a reuniatildeo de pau-

tas o acompanhamento dos repoacuterteres e editores

revisatildeo das paacuteginas montagem da boneca o fecha-

mento ateacute o jornal impresso Comecei no jornal no

sexto periacuteodo entatildeo tive que apreender a editar

e diagramar uma paacutegina Ao mesmo tempo tambeacutem era

responsaacutevel pela ediccedilatildeo fi nal do jornal tendo que

colaborar com os demais alunos Foi muito grati-

fi cante fazer parte da equipe do jornal labora-

toacuterio foi um grande aprendizadordquo

Poliane Bosco ex-monitora

ldquoFui um dos primeiros monito-res do jornal e da 1ordf turma de jornalismo da Fumec Como na eacutepoca os repoacuterteres eram voluntaacuteriospassaacutevamos nas

salas chamando o pessoal Nas primeiras ediccedilotildees ateacute falavam que existia uma lsquopanelinharsquo porque as

mateacuterias eram sempre dos mesmos - eu o Ernesto Braga o Pedro Blank por exemplo porque era quem se interessava em escrever A mateacuteria que me marcou mais foi a primeira a primeira a gente nunca esquece (risos) Acho que o tiacutetulo era lsquoDe volta aos porotildees da loucurarsquo que saiu como manchete na primeira ediccedilatildeo e era sobre um manicocircmio em Barbacena O pessoal de psicologia ia fazer um estudo laacute e nos ofere-cemos para cobrir Vimos que a situaccedilatildeo do lugar era a mesma haacute 20 anos segundo um livro dos anos 80 sobre a instituiccedilatildeordquo

Murilo Rocha ex-monitor

ldquoA moni-toria foi uma experiecircncia

muito bacana pois foi a primeira vez que tive contato com a produccedilatildeo de

um jornal Tiacutenhamos a funccedilatildeo de editar mas tambeacutem faziacuteamos mateacuterias diagramaacutevamos tiraacute-

vamos fotos orientaacutevamos os repoacuterteres enfi m era uma trabalheira soacute Lembro-me de uma mateacuteria que fi z sobre salaacuterio miacutenimo (maio2001 14ordf ediccedilatildeo) e ganhou a manchete de O Ponto para minha surpresa Eu e o Daniel Bianchini na eacutepoca fotoacutegrafo e teacutec-nico do laboratoacuterio de fotografi a da Fumec subimos a favela para saber quantas eram e como viviam as

pessoas que recebiam um salaacuterio miacutenimordquo

Angeacutelica Diniz ex-monitora

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Foto arquivo O Ponto

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Esporte bull 17Editor e diagramador da paacutegina Rodrigo Zavaghli e Joatildeo Procoacutepio 6ordm periacuteodo

Domingo um dia em que a populaccedilatildeo de um paiacutes inteiro parou diante das tevecircs para assistir ao embate de duas equipes esportivas disputando o tiacutetulo nacional O vencedor vem estabelecendo uma supremacia invejaacutevel Eacute o maior ganha-dor da deacutecada e jaacute desponta como favo-rito para a proacutexima temporada Enfrenta apenas um desafi o manter o elenco para continuar competitivo em um ramo que movimenta milhotildees em dinheiro anualmente

Poderia estar falando do Brasil e o time citado poderia perfeitamente ser o Satildeo Paulo Mas a cena descrita se passa nos Estados Unidos o campeatildeo se chama Los Angeles Lakers e o esporte natildeo eacute o futebol mas sim o basquete Com uma atuaccedilatildeo impecaacutevel do cestinha Kobe Bryant os Lakers derrotaram o Orlando Magic em uma seacuterie melhor de sete jogos levantando o caneco pela quarta vez desde o ano 2000 Eacute o deacutecimo tiacutetulo do teacutecnico Phil Jackson em 15 da equipe de LA Somados a esses nuacutemeros 15 milhotildees de televisores americanos esta-vam ligados no jogo durante a exibiccedilatildeo e a movimentaccedilatildeo fi nanceira do esporte tambeacutem natildeo fi ca atraacutes das grandes trans-ferecircncias de jogadores brasileiros para o futebol europeu A estrela do basquete Shaquille OacuteNeil deve trocar de time por nada menos que 20 milhotildees de doacutelares -uma pechincha- Mostra-se assim que o basquete pode seguir uma foacutermula de sucesso da mesma forma que fazemos com o nosso esporte nacional

A liga americana eacute uma das mais assis-tidas no paiacutes e no mundo sendo transmi-tida para 42 paiacuteses e possui uma foacutermula diferente e atraente com fase de grupos os famosos mata-matas e divisotildees por conferecircncias tornando toda a temporada uma grande festa com direito inclusive agraves tradicionais e nada desejaacuteveis brigas de torcida

A NBBA Associaccedilatildeo Nacional de Basquete

dos Estados Unidos a NBA eacute o exemplo que o Brasil estaacute tentando seguir para reerguer o esporte no paiacutes A preocupa-ccedilatildeo eacute grande uma vez que por exemplo a equipe masculina nacional que jaacute con-tou com estrelas como Oscar Schmidt aleacutem de jogadores que hoje fazem fama no exterior como Leandrinho Nenecirc e Anderson Varejatildeo nem se quer conquis-tou vaga para disputar as duas uacuteltimas olimpiacuteadas Isso para um esporte em que o Brasil jaacute foi campeatildeo mundial no cada vez mais longiacutenquo ano de 1959 eacute sinal de crise

Mas o racha no basquete brasileiro natildeo envolve apenas o desempenho do time em quadra Nos uacuteltimos anos o que se viu foi um show de falta de organizaccedilatildeo por parte da Confederaccedilatildeo Brasileira de Basquete (CBB) que em 2006 natildeo con-seguiu promover o campeonato nacio-nal ateacute o fi m Faltou a fi nal e a histoacuteria

enveredou para a poliacutetica Os clubes paulistas insatisfeitos com a conjun-tura romperam com a confederaccedilatildeo e disputaram um torneio paralelo criado por eles em 2008 No preacute-oliacutempico do mesmo ano a seleccedilatildeo brasileira dispu-tou por vaacuterios motivos muitos deles obscuros com desfalque de todos os jogadores que disputavam a Liga Ame-ricana Perdeu

Insustentaacutevel por si soacute a nova aposta da CBB eacute o Novo Basquete Brasil A sigla NBB natildeo foi por acaso A semelhanccedila com a NBA eacute justamente o foco do novo torneio organizado pelos clubes com a chancela da Confederaccedilatildeo Eacute uma ten-tativa de reconciliaccedilatildeo dos times com a entidade dos jogadores com a seleccedilatildeo e por consequumlecircncia das torcidas com a quadra O formato traz turno returno e fase fi nal com mata-mata para defi nir semifi nalistas e fi nalistas A fi nal eacute deci-dida em no maacuteximo cinco partidas E que comece a campanha para as Olim-piacuteadas do Rio

OlimpiacuteadasQue o governo brasileiro estaacute em cam-

panha para sediar os Jogos Oliacutempicos de 2016 jaacute estaacute claro para todo mundo O que acontece nas entrelinhas poreacutem eacute um esforccedilo coletivo por parte da miacutedia do governo e de todo o setor esportivo em geral em alavancar o esporte no paiacutes Desmistifi car a conversa de que aqui soacute o futebol presta Eacute bom para os clubes bom para os cofres puacuteblicos e bom para as empresas privadas fora a melhoria na imagem do paiacutes laacute fora Para se ter uma ideia o Pan do Rio gastou cerca de sete milhotildees de reais em uma soacute cidade Jaacute a reforma do Maracanatilde palco da fi nal da copa de 2014 tem orccedilamento pre-visto em ateacute 1 bilhatildeo Eacute muito dinheiro envolvido e logicamente muita gente interessada

O NBB se torna claramente mais uma peccedila nesse complexo tabuleiro aonde o objetivo eacute vender o Brasil como paiacutes do esporte Ronaldo Adriano Fred fora outras movimentaccedilotildees de grandes estrelas do esporte nacional que retor-nam ao paiacutes mostram que aos poucos estamos tentando construir uma cultura esportiva o que nos encaixa como uma luva na candidatura para as olimpiacuteadas

A verdade eacute que temos um longo caminho a percorrer O Rio de Janeiro jaacute ateacute possui um esqueleto de estrutura eacute verdade feita nos Jogos Pan Ameri-canos de 2006 e pretende ampliar o investimento com a Copa do Mundo de futebol mas a incompatibilidade ainda eacute latente Falta resolver o problema da seguranccedila puacuteblica A reforma do estaacute-dio do Maracanatilde jaacute tem orccedilamento mas natildeo tem quem pague E o que sinaliza o desespero para ser capaz de receber um evento desse porte eacute a corrida das cidades sede da Copa de 2014 Das 12 cidades sede todas com planejamentos astronomicamente caros para a compe-ticcedilatildeo apenas uma ndashBrasiacutelia- declarou de onde viraacute o dinheiro

Formaccedilatildeo de baseO lado positivo de toda a politicagem

que envolve a corrida pelas olimpiacuteadas eacute a formaccedilatildeo de novos atletas e de esco-linhas de base nos vaacuterios clubes do paiacutes Afi nal se por um lado esporte eacute fi nan-ceiramente um bom negoacutecio ele natildeo deixa de ser saudaacutevel e interessante para a sociedade A efi ciecircncia de escolinhas de esporte nas periferias em termos de estatiacutesticas de criminalidade aleacutem do trabalho seacuterio de dignidade e auto-estima que eacute feito na grande maioria dos casos por professores voluntaacuterios eacute inegaacutevel

O Mackenzie Esporte Clube tradi-cional formador de atletas de Belo Hori-zonte por exemplo usa suas escolinhas de esporte para segundo sua assessoria de imprensa auxiliar na educaccedilatildeo e inte-graccedilatildeo social de crianccedilas e jovens Aleacutem dos clubes escolas particulares ou seja com verbas como o Coleacutegio Santo Agos-tinho realizam projetos sociais para pro-mover a integraccedilatildeo e dignidade atraveacutes do esporte Exemplo disso era o time de vocirclei Sada Betim hoje Sada Cruzeiro que enquanto ainda associado agrave prefeitura da cidade e usando suas dependecircncias abria portas para jovens da periferia para integrar suas escolas baacutesicas do esporte

Estrutura para tais iniciativas eacute o que natildeo falta O Minas Tecircnis clube de maior destaque no cenaacuterio esportivo mineiro eacute o detentor de uma das mais invejaacuteveis estruturas esportivas do paiacutes Eacute o exem-

plo de que eacute possiacutevel dar suporte para for-mar equipes competitvas em vaacuterios espor-tes Finalista da Superliga de vocirclei clube de formaccedilatildeo do medalista pan americano Th iago Pereira da nataccedilatildeo medalista oliacutempico do judocirc com Ketleyn Quadros e semifi nalista da NBB com a equipe de basquete Conquistas que geram pergun-tas Eacute possiacutevel estender tamanho sucesso para a populaccedilatildeo em geral O Brasil seraacute capaz de utilizar o potencial que tem de mobilizar a sociedade por causas tatildeo inte-ressantes quanto o esporte para alavan-car os setores prejudicados de seu povo ou vai jogar todos os problemas e todas as desculpas por suas falhas sob o grande guarda-chuva da beleza do esporte Seraacute as Olimpiacuteadas uma oportunidade para o sucesso ou mais uma grande farra para os poliacuteticos e para a miacutedia

O Novo Basquete Brasil pode ser parte da resposta O objetivo principal do tor-neio eacute revigorar o esporte atrair o puacuteblico de volta e recolocar o basquete brasileiro em niacuteveis oliacutempicos para em seu obje-tivo secundaacuterio apoiar a campanha para o Rio 2016 Se der certo bom para o Bra-sil Ganha em notoriedade em trabalho bem feito e abre um leque de esperanccedilas para os projetos que viratildeo Se der errado reforccedila a capacidade do brasileiro de fazer auecirc sem saber aonde vai dar E costuma dar em pizza Em obras superfaturadas em estrutura precaacuteria e em novas festas como mensalotildees castelos e farras aeacutereas em geral

O Novo Esporte BrasilFinal do Novo Basquete Brasil levanta a discussatildeo das poliacuteticas esportivas no Brasil

PEDRO LEONE

6ordm PERIacuteODO

Foto Divulgaccedilatildeo

Minas e Flamengo em jogo realizado na arena da Rua da Bahia

17 - novo esporte brasilindd 117 - novo esporte brasilindd 1 82809 115027 AM82809 115027 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

18 bull Entretenimento Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O que vocecirc acha que o CQC traz de novo para a TV brasileira

Rafi nha Bastos O CQC eacute um formato novo Soacute o fato de existir um formato novo numa televisatildeo tatildeo repetida porque os formatos se repetem muito na televisatildeo a novela do SBT eacute igual a da Band que eacute igual a da Globo que eacute igual a da Record os telejornais tambeacutem satildeo parecidos os programas de auditoacuterio Entatildeo soacute o fato de ser um programa diferente um formato de televisatildeo diferente jaacute eacute uma novidade Eu acho que eacute isso que o CQC traz

OPComo vocecirc entende a junccedilatildeo de ldquojornalismo e humorrdquo

RB Eu acho que o jornalismo eacute muito convencional Ele tem um formato muito especiacutefi co no Brasil haacute muito tempo Entatildeo o fato de a gente estar fazendo uma coisa mais bem humorada vem quebrar um pouco com esses paradigmas que satildeo muito estabelecidos do jornalismo A gente estaacute fazendo de uma maneira diferente de fazer o jornalismo Eu acho interessante a receptividade que eu tenho tido com as mateacuterias laacute do ldquoProteste Jaacuterdquo Satildeo muito legais o povo gosta e se sente representado Entatildeo eu acho que tem sido muito bom

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

RB Natildeo existe isso Eu sou contra esse negoacutecio de ldquohumor inteligenterdquo porque natildeo eacute porque o Tiririca faz um humor para o povatildeo que ele natildeo eacute inteligente Ele eacute um gecircnio aliaacutes entendeu Natildeo acho que a questatildeo eacute ldquointeligenterdquo Eu acho que a questatildeo eacute a seguinte o humor do CQC precisa de mais referecircncia O pessoal precisa conhecer um pouco das coisas que a gente estaacute falando estar um pouco informado sobre poliacutetica Talvez a pessoa que assiste ao CQC esteja atraacutes de um humor com mais informaccedilatildeo um humor mais criacutetico e o humor natildeo eacute tatildeo popular mas natildeo signifi ca que natildeo eacute mais inteligente do que o humor popular

OPVocecirc natildeo teme que o CQC caia na ldquomesmicerdquo

RB Eacute muito cedo para dizer ainda Muito cedo O que acontece eacute que os pro-gramas humoriacutesticos caem na mesmice e isso eacute estrateacutegico O ldquoNerson da Capi-tingardquo faz a mesma piada toda semana

porque as pessoas precisam entender a piada O povatildeo a galera ldquomassardquo precisa saber a hora que ela tem que rir Por isso que parece que eacute muito repetitivo Porque natildeo eacute um humor feito pra gente natildeo eacute um humor feito para a galera faculdade para a galera que tem um espiacuterito criacutetico um pouco mais aguccedilado Eacute para o povatildeo Eacute muito bem feito A tendecircncia do CQC natildeo eacute ir por esse caminho mas pode ser que ele se repita Isso eacute uma busca eterna

OPA experiecircncia da stand-up comedy contribui para a abordagem de suas fontes

RB O fato de eu ser comediante me ajuda Eu faccedilo um programa de humor hoje que por mais que tenha uma pegada jornaliacutestica eacute um programa de humor O objetivo dele eacute ser engraccedilado eacute ser divertido Tanto a minha formaccedilatildeo de jornalista quanto o meu trabalho de comediante estatildeo juntos ali quando eu estou na frente do viacutedeo

OPEm sua opiniatildeo onde podemos perceber o jornalismo no CQC

RB O quadro ldquoProteste jaacuterdquo eacute o quadro mais jornaliacutestico do programa Ele aborda os problemas levanta e vai atraacutes de soluccedilotildees conversa com os governantes Eu acho que esse eacute o quadro mais jornaliacutestico mas natildeo signifi ca que as mateacuterias de ldquobaladardquo natildeo sejam jornaliacutesticas Mas eu soacute acho que o mais parecido com o formato tradicional de jornalismo eacute o ldquoProteste Jaacuterdquo

OPComo vocecirc percebe a inserccedilatildeo da publicidade no programa Vocecirc acha que o excesso de propaganda pode pre-judicar a atraccedilatildeo

RB Eu acho que eacute feito de uma maneira muito suave Eacute algo inovador O que o CQC faz natildeo existe em nenhum outro programa A gente natildeo interrompe natildeo mostra nenhum produto ou merchan durante o programa Satildeo propagandas fei-tas com o proacuteprio elenco Entatildeo eu acho

que eacute diferente e o programa tem que se bancar Ele precisa ter publicidade

OPMas vocecirc natildeo acha que haacute uma quebra do discurso Por exemplo o Marcelo Tas chama uma mateacuteria ldquoredondardquo e faz menccedilatildeo a uma determi-nada marca de cerveja Quando manda a mateacuteria haacute um corte com outra propa-ganda entrando

RB Vocecirc natildeo acha isso muito melhor do que parar e falar assim ldquogente vamos falar de seguro sauacutederdquo e a pessoa sair Vocecirc tem que vender vocecirc tem que fazer publicidade Natildeo tem como O programa precisa se bancar de alguma forma Eu acho que a melhor maneira uma maneira interessante de fazer os merchans eacute da maneira como a gente faz Natildeo inter-rompe natildeo tem a ver com a mateacuteria natildeo estaacute no meio do conteuacutedo natildeo tem a ver com o conteuacutedo do programa estaacute sepa-rado Eu acho que eacute uma maneira tran-quila Se eacute a melhor maneira eu natildeo sei mas eu acho interessante

OPEm abril assessores de comuni-caccedilatildeo dos parlamentares se reuniram em Brasiacutelia para questionar a liberdade com que os repoacuterteres atuam no Con-gresso Nacional O diretor de comuni-caccedilatildeo da Cacircmara poreacutem afi rmou que natildeo alteraria as regras atuais e que cabia aos assessores explicar aos deputados como lidar com o tipo de jornalismo praticado pelos programas O CQC foi pivocirc desta atitude

RB O Congresso faz as leis dele O Congresso olha muito para o proacuteprio umbigo Natildeo existe nada que infl uencie diretamente as decisotildees do Congresso Eles decidem por eles mesmo Por isso que eles estatildeo em Brasiacutelia que fi ca a 500 km de Rio e Satildeo Paulo

OPVocecirc acha que os poliacuteticos satildeo alvo faacutecil para o humor Por quecirc

RB Eu acho que natildeo Eu acho que os poliacuteticos satildeo difiacuteceis porque satildeo uma concorrecircncia para os comediantes Os proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia entatildeo jaacute eacute muito difiacutecil vocecirc tirar sarro de algo que jaacute eacute engraccedilado As notiacutecias do ldquoJornal Nacionalrdquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQC Eacute mais difiacutecil ainda Eacute uma busca eterna para natildeo fi car se repetindo e natildeo fi car falando coisas que jaacute satildeo ditas por outros telejornais

Os bastidores do risoEm entrevista exclusiva Rafi nha Bastos repoacuterter do programa televisivo Custe o Que Custar (CQC) abre o jogo e conta como o humor eacute levado a seacuterio na atraccedilatildeo semanal na emissora Bandeirantes

Uma das cenas protagonizadas por Rafi nha Bastos no quadro ldquoProteste jaacuterdquo

ldquoOs proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia () As notiacutecias do lsquoJornal Nacionalrsquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQCrdquo

Rafi nha Bastos

AMANDA ARAUacuteJO

FLAacuteVIO CAMPOS

NATASHA MUZZI

8ordm PERIacuteODO

Belo Horizonte abril de 2009 Enquanto esperaacutevamos a reapresen-taccedilatildeo da peccedila ldquoArte do Insultordquo para realizar uma entrevista com o humo-rista Rafi nha Bastos marcaacutevamos quais seriam as principais perguntas que deveriam ser feitas considerando o pouco tempo que teriacuteamos dispo-

niacutevel nos bastidores do evento Casa cheia nervosismo em alta muita gente querendo conversar e chamar a atenccedilatildeo do ldquohomem de pretordquo do programa CQC Difiacutecil tarefa eacute con-seguir uma entrevista quando se eacute apenas estudante Mas conseguimos o acesso e a conversa se estendeu por bem mais tempo do que esperaacuteva-mos Nosso objetivo era questionar o apresentador e repoacuterter sobre a jun-ccedilatildeo entre jornalismo e humor presen-tes no programa por ele apresentado

a fi m de somar ao nosso trabalho de conclusatildeo de curso que apresentava a mesma discussatildeo Em maio de volta agrave mesma casa de espetaacuteculos nos encontramos com o tambeacutem repoacuterter da atraccedilatildeo Danilo Gentili com cer-teza bem mais afi ados e preparados para a sarcaacutesticas intervenccedilotildees do humorista

De forma descontraiacuteda fomos recebidos pelas duas grandes fi guras do Stand-up Comedy e agora ldquoastrosrdquo do irreverente CQC que toparam

falar sobre o jornalismo do programa liberdade de imprensa poliacutetica e claro humor Aleacutem de compor a bancada do programa Rafi nha Bastos eacute jornalista e comediante apresentando espetaacuteculos de improviso por todo o paiacutes Publicitaacuterio e humorista Danilo Gentilli foi um dos fundadores da comeacutedia ao vivo na capital paulista O resultado deste inusitado e divertido bate-papo com os dois repoacuterteres vocecirc confere agora em entrevistas editadas especialmente para O Ponto

Foto Divulgaccedilatildeo

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Entretenimento bull 19Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O ano de 2008 rendeu ao CQC nove precircmios Quatro deles somam como melhor programa de humor eou como melhor produccedilatildeo humoriacutestica Porque vocecirc acha que a miacutedia ainda natildeo premiou o programa como melhor telejornal

Danilo Gentili O CQC trabalha com fatos jornaliacutesticos mas natildeo eacute um telejor-nal O CQC natildeo estaacute todo dia mostrando os fatos do dia entatildeo natildeo pode ser clas-sifi cado como um telejornal O ldquoGlobo Repoacuterterrdquo natildeo pode ser classifi cado ldquoum telejornalrdquo eacute um programa jornaliacutestico Eu acho que a miacutedia natildeo enxerga o CQC como um programa jornaliacutestico Na ver-dade se for para eu escolher se o CQC eacute jornaliacutestico ou humoriacutestico eu escolheria que ele eacute humoriacutestico porque quando eu vou fazer eu me preocupo primeiro em fazer a pessoa rir Eu vou abrir a boca eu vou falar com esse cara mas a uacutenica razatildeo de eu falar com esse cara eacute fazer uma piada Se eu for falar com ele e a pessoa natildeo rir natildeo tem porque eu estar aqui

OPA maioria das pautas poliacuteticas do programa satildeo destinadas agrave vocecirc A que vocecirc atribui isso Vocecirc seria o mais cara de pau dos ldquohomens de pretordquo

DG Pode ser Talvez seja Eu gosto de fazer poliacutetica com um produtor laacute em especiacutefi co A gente vai com muita von-tade de fazer o que a gente faz de chegar para o cara e perguntar Na verdade eacute o seguinte eu natildeo sei os outros repoacuterteres mas eu no CQC natildeo tenho a pretensatildeo de ser amigo de ningueacutem Seja de poliacutetico ou de celebridade eu natildeo tenho a pre-tensatildeo Vocecircs natildeo vatildeo me ver em festas de celebridades ldquoOh fui convidado pra festa e estou aquirdquo Eu natildeo tenho essa vontade natildeo eacute o meu mundo Entatildeo eu vou pra perguntar o que eu sempre quis e talvez o que todo mundo que estaacute em casa sempre quis saber

OPComo eacute a sua preparaccedilatildeo antes de cobrir as pautas poliacuteticas na Casa Legislativa Vocecirc planeja suas piadas antes ou eacute realmente no improviso

DG A reuniatildeo de pauta geralmente acontece no caminho Eu e o produtor ou no aviatildeo ou no carro Eu e o produ-tor falando ldquoquem vocecirc acha que vai estar laacute Ah Tal pessoa tal pessoa tal pessoa fez isso A gente pode falar issordquo A gente tenta mais ou menos ter uma noccedilatildeo do que dizer

OPMas inclui uma piada pronta DG A gente tenta prever e tenta ir

com umas cartas na manga mas a gente sabe que eacute impossiacutevel Porque eu posso ir com uma pergunta pronta e o cara me daacute uma resposta que ningueacutem esperava Aiacute em cima disso eu tenho que fazer outra piada

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

DG Taacute isso no site do CQC Vocecircs acreditaram nisso (risos) Natildeo sei eu acho que o humor tem que ser engra-ccedilado natildeo tem que ser inteligente Eacute o

que eu acho entendeu O que seria humor inteligente Natildeo sei o humor eacute muito subjetivo pra classifi car ldquoesse humor eacute inteligente esse natildeo eacuterdquo Eu acho que o humor inteligente eacute aquele que se comunica de uma forma efi caz com o seu puacuteblico O Tiririca eacute esquisito mais eacute um humor inteligente para muita gente Eu gosto do Tiririca

OPComo publicitaacuterio como vocecirc avalia esse novo modelo de publici-dade inserido no programa

DG Mas natildeo eacute tatildeo diferente assim Na verdade eacute igual as outras porque nas outras o cara faz a propaganda e a agecircncia que ganha e no CQC tambeacutem a gente faz a propaganda e a produtora que ganha

OPVocecirc acha que o riso midiatizado esse humor ldquopastelatildeordquo que a gente vecirc por aiacute deixa perder um pouco da fun-ccedilatildeo do riso que estaacute em ser criacutetico

DG Depende do humor pastelatildeo eu gosto muito Eu gosto do Chaves gosto dos Trecircs Patetas gosto do Jerry Lewis gosto do Mr Been Eacute tudo humor pastelatildeo Eu acho que o termo que vocecirc queira achar natildeo eacute ldquohumor pastelatildeordquo eacute um humor grosseiro tipo ldquoAh vou peidar em puacuteblicordquo e todo mundo ri disso Eacute um humor primaacuterio Tal-vez seja o que vocecirc queria dizer Pastelatildeo eu gosto muito o humor do Chaves eacute pas-

telatildeo e eacute muito inteligente O do Mr Been tambeacutem eacute muito inteligente ele bolar tudo aquilo e tal Agora tem o humor primaacuterio que eacute esse humor de bordatildeo humor de escatologia humor de falar qualquer coisa Geralmente ningueacutem ri se natildeo sabe do que estaacute rindo Eu tento fazer no meu show e no CQC um riso que depende do contexto Vocecirc vai ver isso quando eu for falar com um poliacutetico no CQC Por exemplo eu fi z uma mateacuteria e eu encontrei o Joatildeo Paulo Cunha um cara que era do mensalatildeo Eu sei que 90 do meu puacuteblico do CQC talvez natildeo se lembre ou natildeo saiba quem eacute o cara Entatildeo se eu fi zesse a piada ningueacutem ia rir ningueacutem ia achar graccedila Entatildeo antes de eu chegar no cara eu falei aquele ali eacute tal cara que fez tal coisa e naquela eacutepoca ele fez o mensalatildeo Falou que pagou 50 mil numa conta em TV a cabo e natildeo sei o que Aiacute o pessoal jaacute sabe do que eu vou falar Entatildeo eu jaacute deixei a pessoa a par do conceito Quando eu chego no cara e faccedilo as piadas a pessoa sabe do que eu estou falando Entatildeo eu informei a pessoa para ela poder rir No meu show eu faccedilo isso Eu falo de uma por-ccedilatildeo de coisas que vatildeo rir porque eles estatildeo dentro do conceito Eu vou falar de tracircnsito eu natildeo preciso explicar o que eacute o tracircnsito Todo mundo sabe o que eacute o tracircnsito entatildeo eles acabam rindo disso por exemplo

OPEm entrevista ao portal UOL no dia 24042008 vocecirc disse que os bra-sileiros natildeo tecircm muito senso de humor Porque vocecirc acha entatildeo que o pro-grama estaacute dando certo no Brasil Vocecirc acha que o CQC devolveu agrave sociedade um pouco desse senso

DG O problema do brasileiro eacute que ele tem o senso de humor primaacuterio Ele natildeo tem um senso de humor Pra vocecirc ter senso de humor vocecirc tem que ver o que estaacute acontecendo reconhecer a reali-dade para poder rir dela O brasileiro tem a auto estima muito baixa O brasileiro soacute brinca com os outros ele natildeo brinca con-

sigo proacuteprio Vocecirc vecirc piada de brasileiro eacute sempre o portuguecircs eacute sempre a loira Por exemplo tem o portuguecircs o brasi-leiro e o americano O brasileiro sempre se sai bem ele tem autoestima baixa ele natildeo sabe rir de si Se o CQC devolveu isso para o brasileiro Eu acho que natildeo Pouca coisa a gente devolveu isso para o brasileiro O brasileiro estaacute rindo ainda do poliacutetico ele estaacute rindo ainda da cele-bridade que a gente ridiculariza Eu jaacute saiacute na rua e quando eu fui na ldquoMarcha para Jesusrdquo falar deles ningueacutem riu

OPNo CQC vocecirc tem vontade de fazer o quadro Proteste Jaacute

DG Proteste Jaacute Natildeo sei cara Tudo que eu tenho vontade eu faccedilo Eu tenho von-tade que muita coisa que eu faccedilo entre mas acaba natildeo entrando porque os caras falam que eu pego pesado (risos) Se eu fi zesse o Proteste Jaacute talvez eu fi zesse dife-rente eu natildeo sei Eu natildeo tenho vontade de fazer o Proteste Jaacute natildeo

OPTem alguma entrevista sua que vocecirc considera a melhor

DG Natildeo Tem muita entrevista que eu vejo na TV e falo nossa essa natildeo foi a melhor que eu fiz Porque cortam muita coisa

OPQue elementos jornaliacutesticos vocecirc nota no programa CQC

DG Jornalismo tem porque a gente como fala no iniacutecio do programa eacute um ldquoresumo semanal de notiacuteciasrdquo Mas taacute eacute um resumo semanal de notiacutecias taacute bom vaia gente fi nge que eacute O que tem eacute a gente brinca com algumas coisas que aconteceram durante aquela semana durante aqueles dias proacuteximos Eacute o mais proacuteximo que tem do jornalismo A gente sempre que pode estaacute no fato na hora do fato Mas agraves vezes natildeo daacute entatildeo vai cobrir festinha e natildeo sei o que mas a intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e ldquobrincarrdquo com ele

ldquoA gente sempre que pode estaacute no fato na hora do

fato A intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente

pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e

lsquobrincarrsquo com elerdquo

Danilo Gentili

O humorista Danilo Gentili foi um dos fundadores da comeacutedia ldquocara limpardquo na capital paulista e hoje desafi a poliacuteticos

Foto divulgaccedilatildeo

O cara de pau dos homens de pretoDanilo Gentilli o temido repoacuterter pelos poliacuteticos no dia-a-dia do senado conta como se prepara para as pautas polecircmicas

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O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

20 bull Miacutedia

RENATA VALENTIM

6ordmPERIODO

Que o advento das miacutedias digitais pocircs um ponto de interrogaccedilatildeo no horizonte dos meios tradicionais jaacute se sabe Mas a transformaccedilatildeo destinada ao raacutedio parece ser de fato a de maior impacto Seja no campo das novas tecnologias de trans-missatildeo dos novos suportes ao aacuteudio no nuacutemero de funcionaacuterios contratados ou na avaliaccedilatildeo do poder de infl uecircncia no gosto da audiecircncia a revoluccedilatildeo vivida pelas raacutedios eacute atestada tanto por profi s-sionais da aacuterea quanto pelos ouvintes

O CD hoje obsoleto popularizado no Brasil no fi nal dos anos de 1980 jaacute signi-fi cou uma transformaccedilatildeo importante no dia-a-dia do radialista Em vez de exe-cuccedilotildees musicais feitas pelo LP ou ldquobola-chatildeordquo que o operador ou sonoplasta vigiava do iniacutecio ao fi m da faixa transmi-tida os tocadores de compact disc per-mitiam a programaccedilatildeo de vaacuterias faixas em sequumlecircncia poupando-lhe tempo O que veio a seguir economizou bem mais que isso a inovadora transformaccedilatildeo de muacutesica em kilobytes deu origem a sof-twares de execuccedilatildeo automaacutetica

Assim as raacutedios gerando programa-ccedilatildeo por 24h dispensaram seus locutores e sonoplastas da madrugada e dos fi nais de semana adaptando seus conteuacutedos para que sistemas de automaccedilatildeo tra-balhassem sozinhos Aleacutem das muacutesicas em formato digital apresentaccedilotildees de muacutesica passaram a ser tambeacutem gravadas

e reproduzidas como se fossem feitas ao vivo Natildeo foram poucos locutores desem-pregados No caso das afi liadas de gran-des redes de FM a reduccedilatildeo no quadro de profi ssionais da voz foi ainda maior Em alguns casos haacute somente um ou dois locutores agrave disposiccedilatildeo que datildeo conta da geraccedilatildeo de toda a programaccedilatildeo local

Com experiecircncia na aacuterea haacute mais de 20 anos a locutora e programadora musical Glaacuteucia Lara 40 lamenta ldquoem um fi nal de semana antes das mudanccedilas promo-vidas pelo advento do mp3 cerca de sete pessoas estariam trabalhando em uma emissora de raacutedio Hoje eacute comum esca-lar locutores para comandarem a pro-gramaccedilatildeo ao vivo soacute nos programas que contam com a participaccedilatildeo do ouvinte Do resto quem cuida eacute o computadorrdquo conta ela que jaacute passou por diversas emissoras do interior do estado e por afi -liadas de grandes redes como a Antena 1 de Belo Horizonte E o sonoplasta entatildeo ldquoNa era do CD essa fi gura foi extinta dos quadros O locutor natildeo eacute soacute responsaacutevel hoje por apresentar muacutesicas e interagir com o ouvinte Tambeacutem assumiu a res-ponsabilidade de operar os aparelhos

e pessoalmente acho que isso facilita a locuccedilatildeo porque natildeo haacute mais aquela dependecircncia de um sinal do sonoplasta aquela sintonia de timing necessaacuteria para esse trabalho de equipe decirc certo O locutor faz tudordquo pondera

Eu baixo tu baixasO mp3 tambeacutem alterou a forma de

distribuir novos trabalhos musicais A popularizaccedilatildeo da internet e a troca de arquivos por meio de softwares seme-lhantes ao pioneiro Napster deram iniacutecio agrave decadecircncia dos CDs e ao decliacutenio das grandes gravadoras que fracassaram ao combater tanto a pirataria quanto o com-partilhamento online de mp3

O casamento das gravadoras com o raacutedio e a TV que detinham a foacutermula exclusiva de atrair a atenccedilatildeo do puacuteblico para seu artista entrou em crise A par-ceria de divulgaccedilatildeo perdeu espaccedilo con-sideraacutevel para uma revolucionaacuteria forma de acesso a novos trabalhos musicais feita na internet Para a tristeza de grava-doras e artistas a vendagem de CDs caiu drasticamente fazendo dos shows e tur-necircs sua principal fonte de lucro Foi-se o

tempo em que um artista de sucesso ven-dia mais de 2 milhotildees de coacutepias de seu trabalho o campeatildeo do mercado fono-graacutefi co brasileiro em 2006 Padre Marcelo Rossi registrou cerca de 860 mil coacutepias vendidas de seu aacutelbum ldquoMinha Becircnccedilatildeordquo editado pela Sony BMG Um nuacutemero pequeno se comparado aos 35 milhotildees de coacutepias de seu primeiro disco ldquoMuacutesi-cas Para Louvar ao Senhorrdquo de 1998

A estagiaacuteria de pesquisa de mercado Karina Zandona 22 comprova esse fenocirc-meno Fatilde de Th e Killers ela conta que hoje procura se informar do lanccedilamento de aacutelbuns das suas bandas preferidas por sites especializados e faz download deles quando jaacute estatildeo disponiacuteveis ldquoSoacute ouccedilo muacutesica pelo PC e pelo mp3 player Raacutedio soacute ouccedilo agraves vezes quando minha matildee ouve em casa E sempre satildeo as programa-ccedilotildees informativas como a Raacutedio Itatiaia Natildeo consigo mais fi car exposta a tanto hit lsquoda modinharsquo como os de black music no raacutediordquo diz No caso da comerciaacuteria Ellen Colombini 24 a infl uecircncia da internet eacute ainda mais efetiva ldquoouvia muito raacutedio quando adolescente e assistia muito agrave MTV Era fatilde de coisas do tipo Hanson

por exemplo (risos) Mas quando passei a usar a internet e descobri a maravilha que eacute fazer download de muacutesica natildeo liguei mais o raacutedio Sou viciada em fazer downloads vou baixando tudo o que encontro e que me parece interessante pelo release que acompanha o link ou mesmo pelo nome da banda Escuto tudo e seleciono o que me agrada Se aprovado vou passando adiante E a partir do que eu recomendo para os amigos recebo deles arquivos de artis-tas parecidas com o que eu enviei e sobre os quais natildeo vejo ningueacutem falarrdquo comenta

A engenheira ambiental Eduarda Stancioli 24 eacute ouvinte da Last FM paacutegina online na qual o usaacuterio cria a pragramaccedilatildeo sem a interrupccedilatildeo de publicidade e locutores ldquoComo passo mais tempo usando o computador da empresa que o resto do pessoal e natildeo posso fazer dowloads o site foi uma oacutetima soluccedilatildeo para ouvir muacutesica enquanto faccedilo meus projetosrdquo Eduarda diz que a facildade estaacute no fato da pro-gramaccedilatildeo ser sua criaccedilatildeo onde vocecirc seleciona os artistas ou estilo de muacutesica da sua preferecircncia podendo mudaacute-la qualquer hora E ainda poder contar com sugestotildees musicais do serviccedilo geradas a partir do tipo de muacutesica que se ouve

Contra a mareacuteCurioso eacute o exemplo da estudante

Ceciacutelia Portugal 21 anos Apreciadora de axeacute music adora ouvir a Extra FM enquanto dirige Diferente de Ellen e

Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

O raacutedio na onda do ciberespaccedilo

Imagem do programa de dowloads de arqui-vos de muacutesica e viacutedeos Limewire

Paacutegina da raacutedio na internet a Last FM

Saiba o que a troca de arquivos de muacutesica pela internet fez com o raacutedio de entretenimento como as pes-soas encarram isso e quais satildeo as apostas das raacutedios para natildeo perderem seus ouvintes e patrocinadores

20-21 - Mate ria Ra dio final prontaindd 120-21 - Mate ria Ra dio final prontaindd 1 82809 115051 AM82809 115051 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Miacutedia bull 21Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

Karina o costume de baixar muacutesica pela internet natildeo a afas-tou do haacutebito de ouvir raacutedio ldquooutro dia ouvi uma muacutesica nova do Tomate ex-vocalista do Rapazolla Corri pra casa procurei o arquivo para down-load e depois gravei num CD para ouvir com as amigas no caminho pra baladardquo conta ldquoA maior graccedila do raacutedio que sem-pre tive o costume de ouvir eacute a companhia que faz Parece que natildeo estou sozinha no carro enquanto ouccedilo E me divirto com as esquetes de humor que tecircm por aiacuterdquo diz

Essa parece mesmo ser a nova vocaccedilatildeo do raacutedio como destaca o locutor e produtor Gleyson Lage da 98 FM de Belo Horizonte ndash primeira emissora a operar em frequumlecircncia modu-lada na Ameacuterica Latina ldquoAleacutem das promoccedilotildees e do aumento das formas de interatividade o humor eacute uma forma de fi de-lizar o ouvinte de perfi l mais passivo que tem menos dispo-nibilidade ou motivaccedilatildeo para manter contato por telefone ou e-mailrdquo Apostando nisso a 98 FM ndash cuja programaccedilatildeo eacute 100 local ndash conta com trecircs progra-mas de cunho humoriacutestico para enfrentar a concorrecircncia Os Manos Silicone Show e Graffi ti auto-intitulado o pior programa de raacutedio do Brasil

Para o locutor publicitaacuterio Tovar Luiz 43 o FM nasceu engraccedilado ldquoo grande barato das raacutedios FM desde a sua popu-larizaccedilatildeo no iniacutecio dos anos de 1980 foi o seu perfi l descontra-iacutedo A locuccedilatildeo nessas emisso-ras sempre foi bem mais aacutegil e despojada O hoje apresentador de TV Ceacutesar Filho por exemplo comeccedilou a carreira no raacutedio e

fi cou famoso pelo bordatildeo lsquobeijo pra vocecirc feiarsquo Natildeo era ofensa era pra fazer o ouvinte rir O FM foi uma revoluccedilatildeo em termos de lin-guagemrdquo lembra E ele parece ter razatildeo O programa Pacircnico um dos maiores fenocircmenos televi-sivos dos uacuteltimos tempos eacute deri-vado de um programa de raacutedio da rede Jovem Pan 2 de Satildeo Paulo comandado pelo locutor Emiacutelio Surita Seguindo o fl uxo as demais redes destinadas ao puacuteblico jovem tambeacutem investi-ram na programaccedilatildeo que faz rir E a partir das redes as emissoras locais que fazem concorrecircncia agraves afi liadas tambeacutem acompanham a tendecircncia para natildeo perder seu espaccedilo no mercado

Falando neleExistem hoje 23 FMs no dial

de Belo Horizonte Pelo menos quatro delas satildeo dedicadas aos jovens Jovem Pan 2 (991) Mix FM (917) 98FM (983) e Oi FM (939) Destas somente a 98FM natildeo eacute afi liada de uma grande rede Haacute trecircs anos em atividade na emissora Gleyson Lage confi rma a reduccedilatildeo no nuacutemero de vagas aos profi ssio-nais da aacuterea ldquonuma raacutedio local satildeo necessaacuterios 20 funcionaacuterios para produzir toda uma grade enquanto numa afi liada jun-tando a programaccedilatildeo execu-tada pelo sateacutelite com aquela gerada pela automaccedilatildeo da transmissatildeo apenas cinco datildeo

conta do recado para o tempo destinado agrave grade local Eacute com-plicadordquo conta

No entanto ele vecirc a partici-paccedilatildeo das redes de raacutedio como positiva no que se refere agrave qua-lidade ldquoquando uma rede tem um bom conteuacutedo ndash boa plaacutes-tica bons locutores bons tex-tos ndash ela acaba por estimular as emissoras locais a manterem o mesmo niacutevel Haacute um ganho em criatividade que poderia natildeo existir se todo o conteuacutedo fosse localrdquo acredita

Enquanto isso os ouvintes se queixam da repeticcedilatildeo nas grades musicais ldquochega a ser engraccedilado Estava ouvindo uma muacutesica numa determinada

raacutedio Quando acabou troquei para a estaccedilatildeo seguinte e estava tocando a mesma muacutesica Acho que como todos os meios de comunicaccedilatildeo as raacutedios precisam abrir o leque de opccedilotildeesrdquo opina Karina Zandona estagiaacuteria de pesquisa de mercado 22

Karina completa ldquoateacute a Rede Globo tem inovado na inserccedilatildeo de muacutesicas de artistas desconhecidos do grande puacuteblico como trilha das suas produccedilotildees (como foi o caso do cantor Beirut presente na trilha sonora da minisseacuterie Capitu exibida em janeiro de 2009) O raacutedio podia acompanhar essa tendecircnciardquo sugere

Com a digitalizaccedilatildeo da muacutesica o sonoplasta sai de cena eacute o locutor quem faz tudo

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O Ponto

Editor e diagramador da paacuteginaLira Faacutevilla e Felipe Barbosa 6ordm periacuteodo

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

22 bull Cultura

CLAUDIA LAPOUBLE

6ordmPERIacuteODO

ldquoO processo pelo qual se arma-zenam informaccedilotildees no disco de vinil feito de PVC material derivado do petroacuteleo consiste em imprimir nele ranhuras ou ldquoriscosrdquo cujas formas tanto em profundidade como abertura mantecircm correspondecircncia com a informaccedilatildeo que se deseja arma-zenar Essas ranhuras visiacuteveis no disco a olho nu satildeo feitas no disco matriz com um estilete no momento da gravaccedilatildeo Esse esti-lete eacute movido pela accedilatildeo da forccedila magneacutetica que age sobre eletro-iacutematildes que estatildeo acoplados a elerdquo (in Leituras de Fiacutesica GREF- Departamento de fiacutesica da USP SP2005)

Eacute assim que a muacutesica se ldquoimprimerdquo no plaacutestico que depois ao ser arranhado pela agulha libertaraacute novamente os sons no ar Para os apaixonados por vinil o ritual de tirar o disco da estante limpaacute-lo colocaacute-lo no toca discos posicionar a agu-lha delicadamente sobre ele tomando todo o cuidado para natildeo arranhaacute-lo e repetir todo esse processo na hora de virar o disco para ouvir o lado b signi-fi ca uma relaccedilatildeo mais proacutexima com a muacutesica Era preciso dedi-car tempo a escutar o disco Mais do que uma miacutedia de armazena-mento analoacutegico do som o disco de vinil eacute um objeto de arte e uma peccedila que daacute materialidade agrave muacutesica

Dados da Associaccedilatildeo de Gra-vadoras da Ameacuterica (Record Industry Association of Aeme-rica) mostram que as vendas de LPs aumentaram em quase 130 entre os anos de 2007 e 2008 De acordo com o informe anual divulgado pelo oacutergatildeo ldquoo vinil continua sua ascensatildeo As vendas nesse formato somaram

US$57 milhotildees e vem mais do que duplicando ano apoacutes anordquo Ainda segundo o documento ldquotrata-se do produto preferido por audiofi los e colecionadores e o aumento nas vendas se deve tanto agrave re-gravaccedilatildeo de mate-rial de cataacutelogo quanto a novos lanccedilamentosrdquo

Com os nuacutemeros da induacutes-tria apontando para uma queda nas vendas de CDs e em tempos em que se fala em livre acesso agrave muacutesica atraveacutes da internet o vinil se apresenta como uma saiacuteda para quem ainda gosta da muacutesica palpaacutevel apreciaacute-la com todos os sentidos inclusive o tato

Um Brasil em vinil ldquoContar a histoacuteria do Brasil

atraveacutes da muacutesica guardando um exemplar de tudo o que foi gravado em vinil no paiacutesrdquo esse era o objetivo de Edu Pampani 46 quando em 2005 fundou a Discoteca Puacuteblica o primeiro espaccedilo dedicado agrave memoacuteria musical brasileira do paiacutes

Apaixonado por muacutesica e claro pelos discos de vinil Pam-pani conta que a ideacuteia da Dis-coteca nasceu quando ele ainda morava na Bahia e tinha uma loja de discos Segundo ele quando o Compact Disc (CD) comeccedilou a se popularizar na deacutecada de 90 as pessoas o procuravam para trocar seus LPs por CDs

O espaccedilo tem hoje um acervo de cerca de 12 mil peccedilas que contam a historia do Brasil pelos sulcos no plaacutestico PVC Eacute possiacute-vel ouvir por exemplo gravaccedilotildees de jogos de futebol ou vinhetas de programas de raacutedio dos anos 50 aleacutem de claacutessicos da muacutesica popular brasileira em gravaccedilotildees originais Com todas essas rari-dades Pampani garante natildeo ter nenhum disco favorito ldquosempre me perguntam Edu qual eacute o disco mais raro que vocecirc tem

e eu respondo raro eacute ter todos eles juntosrdquo

De volta ao plaacutesticoApesar de natildeo ser a miacutedia mais

utilizada pelo grande puacuteblico o disco de vinil tem um puacuteblico fi el principalmente entre os DJs que segundo Pampani ldquoprocuram sempre coisa nova se ele quer tocar Jorge Bem por exemplo ele vai procurar aquela muacutesica que ningueacutem lembra mais que ele gravou Esse pes-soal tem que fi car garimpando semprerdquo

O DJ e fundador do selo Vinyl Land Luiz Valente ou DJ Luiz PF eacute um desses garimpeiros de sebos Ele conta que sua paixatildeo pelos LPs nasceu quando ele mesmo selecionava as muacutesi-cas que iriam compor o som ambiente de seu bar o ldquoLugarrdquo Em 2003 Luiz sentiu que pode-ria abrir espaccedilo para DJs que pesquisavam e procuravam por muacutesicas que fugiam do lugar comum ldquoeu fui fazendo festas por um tempo chamando DJs que discotecavam com vinil pra ser um contra ponto a essa outra galerardquo conta

Radicado em Londres desde 2006 Luiz conta que ao chegar agrave Europa percebeu que diferente do que acontecia no Brasil ldquolaacute o negoacutecio natildeo tinha acabado nada se achava tudo pra com-prar coisas novas a galera atual todo mundo lanccedilava era uma coisa de canto de loja mas fun-cionando vendendordquo Na capital inglesa o DJ trabalhou na grava-dora Whatmusiccom que aleacutem de CDs lanccedilava tambeacutem traba-lhos em vinil

A paixatildeo pela ldquocultura de acetatordquo e o trabalho como DJ foram o incentivo para que Luiz fundasse em 2008 a Vinyl Land selo que vem com a proposta de lanccedilar muacutesicos que se interes-sem em gravar em vinil Segundo

ele o selo nasceu de sua proacutepria necessidade como DJ ldquoeu

jaacute discotecava com vinil e fui achando bandas

novas que queria tocar mas natildeo tinha como porque eram de uma eacutepoca em que natildeo tinha mais vinil ai eu pensei jaacute que natildeo tem eu faccedilo

e comecei a procurar contatos e tentar orga-

nizar o selordquo Com apenas um ano

no mercado a Vinyl Land

jaacute lanccedilou trecircs discos dentre

eles um compacto simples do Autoramas

Novas marcas no PVCFoi pela Vinyl Land que a

banda Th e Dead Lovers Twisted Heart que nunca havia lanccedilado seu trabalho comercialmente lanccedilou seu primeiro EP O com-pacto auto-intitulado traz cinco muacutesicas antes disponiacuteveis para download na internet O disco prensado na Alemanha teve tiragem limitada de 200 coacutepias

Com infl uecircncias que vatildeo de Odair Joseacute e Roberto Carlos ateacute Franz Ferdinand e Jack White passando pela literatura de Mark Twain (o grupo tem uma muacutesica em homenagem a Huck-leberry Finn personagem do autor americano) e os cartunis-tas Laerte e Angeli a banda for-mada por Ivan (guitarra e vocal)

Guto (guitarra) Paty (bateria) e

Velvs (baixo) jaacute era conhecida dos frequumlentadores de casas de shows de Belo Horizonte antes de lanccedilar seu EP

Segundo Ivan a ideacuteia de ter seu primeiro trabalho gravado em vinil casou muito bem com a banda ldquoa gente ainda natildeo tinha lanccedilado um disco propriamente dito e hoje o suporte fiacutesico eacute cada vez menos importante porque na verdade a muacutesica vocecirc acha em qualquer lugar e um disco um CD na verdade natildeo faz mais tanto sentido E nossa ideia era que jaacute que vocecirc vai comprar um objeto o vinil eacute um objeto muito mais legal tanto esteticamente quanto no manusear fora que tem toda essa coisa da retomada e eacute uma boa proposta que tem tudo a ver com a bandardquo afi rma o muacutesico provando que o velho vinil estaacute mais novo que nunca

O novos sonsdo velho vinil

Com a popularizaccedilatildeo dos sites de divulagaccedilatildeo de muacutesica na internet o vinil retorna como alternativa interessante para novos muacutesicos e ouvintes

Dj Luiz PF fundador do selo Vinyl Land

Os diferentes formatos do vinil-LP abreviatura do inglecircs Long Play ou ldquo12 polegadasrdquo Disco com 31 cm de diametro com capacidade normal de cerca de 20 minutos por lado O formato LP era utilizado usualmente para a comercializaccedilatildeo de aacutelbuns completos-EP abreviatura do inglecircs Extended Play Disco com 17 cm de diametro e capacidade de cerca de 8 minutos por lado continha em torno de quatro faixas -Single ou compacto simples abreviatura de Single Play ldquo7 polegadasrdquo ou compacto simples Disco com 17 cm de diametro e capacidade normal de 4 minutos por lado O single era geralmente empregado para a difusatildeo das muacutesicas de trabalho de um aacutelbum completo a ser posteriormente lanccedilado -Maacutexi abreviatura do inglecircs Maxi Single Disco com 31 cm de diametro sua capacidade era de cerca de 12 minutos por lado

Arq

uivo

Pesso

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Barro

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The Dead loverrsquos Twisted Heart Pati Vels Guto e Ivan

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Culturabull 23Editor e diagramador da paacutegina Baacuterbara Rodrigues 8ordm periacuteodo

Festival Internacional de Corais homenageia

BAacuteRBARA RODRIGUES 8ordm PERIacuteODO

A seacutetima ediccedilatildeo do Festival Interna-cional de Corais ndash FIC acontece de 18 a 27 de setembro de 2009 e teraacute como tema a vida e obra de Villa-Lobos con-siderado o maior compositor das Ameacute-ricas Seratildeo cerca de 300 apresenta-ccedilotildees de 120 corais de todo o Brasil e do exterior que percorreratildeo 12 cidades de Minas Gerais

O festival realizado pela Universi-dade FUMEC tem o intuito de popula-

rizar os corais e grupos vocais amadores e profissionais e evidenciar atividades culturais de empresas instituiccedilotildees de ensino comunidades associaccedilotildees e fundaccedilotildees com apresentaccedilotildees de corais e shows de artistas nacionais sempre com a bandeira da muacutesica brasileira agrave frente

Regidos pelo Maestro Lindomar Gomes produtor cultural e coordena-dor do FIC os 30 integrantes do coral da FUMEC seratildeo um dos grupos a se apresentar ldquoNosso coral sempre parti-cipou de festivais seguindo a maacutexima de Fernando Brant de que lsquotodo artista

tem de ir aonde o povo estaacutersquo A cada ano o FIC escolhe um tema que traduza a identidade musical brasileira Este ano celebraremos os 50 anos de morte de Villa-Lobos responsaacutevel por implantar o canto coral no paiacutes na deacutecada de 1930 e o muacutesico que mais cantou as belezas nacionaisrdquo enfatiza

Em cada ediccedilatildeo do festival os com-positores Leonardo Cunha e Fernando Brant satildeo responsaacuteveis pela muacutesica-tema que ao final do evento eacute cantada por todos os corais A composiccedilatildeo deste ano ganhou o nome de ldquoMestre Villardquo exultando o que de mais haacute de caracte-

riacutestico na vida e obra do mestre Durante todo o festival alguns locais

da cidade como o Palaacutecio das Artes Sesc Laces JK e a aacuterea de convivecircn-cia da FUMEC receberatildeo exposiccedilotildees de fotos textos e trilhas sonoras do acervo do Museu Villa-Lobos no Rio de Janeiro A banda mineira 14 Bis e o muacutesico Renato Teixeira fazem shows no interior de Minas e no dia 27 no Parque Municipal encontro de todos os corais participantes marcaraacute o fechamento do evento onde mais de mil vozes se uni-ratildeo para cantar os temas do maestro homenageado

O maestro e coordenador do FIC Lindomar Gomes e os integrantes do Coral da Fumec

Mestre Villa daacute o tom dentro e fora do paiacutesO carioca Heitor Villa-Lobos

foi responsaacutevel por universa-lizar a muacutesica nacional acres-centando em grande parte de suas mil obras a sonoridade da fauna brasileira de tribos indiacute-genas e africanas aleacutem de refe-recircncias de cantigas do choro e do samba

Na defi niccedilatildeo do maestro Lindomar Gomes a impor-tacircncia de Heitor Villa-Lobos estaacute no fato de ele ldquodecifrar a alma brasileira e colocaacute-la em muacutesicardquo Devido agraves homena-gens ao compositor nas prin-cipais capitais do Brasil e do

mundo Gomes natildeo eacute o uacutenico a pensar assim

Peccedilas de Villa-Lobos fazem parte das temporadas da Filar-mocircnica de Belo Horizonte da Orquestra Sinfocircnica do Teatro Nacional Claacuteudio Santoro em Brasiacutelia da Sinfocircnica Munici-pal de Campinas e da Orques-tra Sinfocircnica Brasileira do Rio

Internacional Em janeiro o maestro John

Neschling regeu a Filarmocircnica de Varsoacutevia na Polocircnia com os ldquoChoros n 6rdquo A soprano Adriane Queiroz cantou as ldquoBachianas

Brasileiras nordm 5rdquo em Berlim e o regente da OSB do Rio Roberto Minczuk esteve no Japatildeo em agosto para apresentar as ldquoBachianas Brasileirasrdquo

Ainda este ano deve chegar agraves livrarias o ldquoFolha Explica Villa-Lobosrdquo da Publifolha do violonista Faacutebio Zanon que em entrevista ao jornal Folha de Satildeo Paulo afi rmou ldquoO uni-verso sonoro de Villa-Lobos eacute uma coisa arrasadora Nossa ideia de Brasil seria muito mais pobre sem a leitura efetuada por Villa-Lobos de nosso patri-mocircnio musicalrdquo

Programaccedilatildeo completa e outras informaccedilotildees sobre FIC 2009 wwwfestivaldecoraiscombr

Foto

div

ulg

accedilatildeo

Foto divulgaccedilatildeo

O compositor e maestro Villa-Lobos cuja obra eacute reconhecida e celebrada internacionalmente

23 - festivaldecoraisindd 123 - festivaldecoraisindd 1 82809 115113 AM82809 115113 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

24 bull Cultura Editor e diagramador da paacutegina Amanda Lelis 6ordm periodo

COLCHAde retalhos

CU

RT

Are

talh

os

Magia

Escrevo uma letra

e jaacute natildeo estou no mesmo lugar

Pedro Cunha Instrumento de cordas vocais tocado pela alma

a palavra na garganta que vira muacutesica

o som da orquestra do coraccedilatildeo

dos gagos e desafi nados

aos cegos de paixatildeo

VozBaacuterbara Rodrigues

Natildeo sei bem o que eacute

Se eacute invenccedilatildeo

Se eacute na verdade a mais pura verdade

Se sou eu tentando fugir

Se sou eu tentando apagar

Natildeo encarar o que estaacute acontecendo

Esquecer a minha confusatildeo

De querer sem conhecer

De te amar sem te encontrar

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Queria esquecer

E perdoar entatildeo

Voltar na decisatildeo

Para minha vida rotineira

Que eu levei a vida inteira

O meu sufoco e os seus gritos

Meu confortaacutevel desespero

Minha mania de querer ser mais para mundo

Do que o mundo eacute para mim

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Confortaacutevel DesesperoPaula Macintyre

Preso agrave falta de sono procurando ver

Atraveacutes da luz de um trago num bastatildeo de morte

Talvez com sorte entatildeo eu possa crer

Que os dias se passaram mas o amor fi cou

Mesmo sonhando acordado algo ainda restou

De tardes tatildeo bonitas

Em que o brilho dos teus olhos eu pude enxergar

Os teus negros cabelos quero entatildeo tocar

apesar de estares tatildeo afl ita

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia

que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Por mais que em outras camas eu possa deitar

que braccedilos e abraccedilos venham me afagar

O brilho dos teus olhos ainda me ilumina

por vaacuterias ruas sujas que eu tentei fugir

estenderia um tapete pra vocecirc entrar

sentado vago na varanda escura a esperar

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Mas eu mudaria tudo isso pra te ter aqui

comigo ao meu lado todo dia a me fazer sorrir

Para ouvir a muacutesica wwwmyspacecombandatravessia

DuetoAlvaro Castro

Do entendimento tardio de se assistir a uma passagem de som

Cracke se quebra o silecircncio a voz dos barulhos instrumentais

cala todos os outros sons do silecircncio Antes de ser melodiosos

os sons comeccedilam desencontrados como tateando no escuro

dos ritmos tentando se encontrar e dar as matildeos para soacute assim

iniciar seu dialogo-danccedila em brincadeiras harmoniosas que

encantam e enfeiticcedilam Na sutileza dos tons na alegria de fazer

barulhos musicais modifi cam a muacutesica mil vezes re-arranjada

ajeitam afi nam se enfeitam

e a muacutesica fi nalmente sai Perfeita

AntesClaudia Lapouble

Sssshhiiii

silecircnciosopro suspiro sussurro

sublime submerso submarino submundo

some sobe segue sangue sinistro

sem focirclegosufoco

SClaudia Lapouble

A canccedilatildeo natildeo paacutera O berimbau controla o medo que corre

nas ruas vindo daqueles que natildeo se deixaram dissolver pela

aacutegua trazida com a chuva Na cidade escorre toda a calmaria

e a melodia se arrasta molhando o chatildeo Enquanto o ceacuteu se

desmancha aos poucos sobre a rua deserta eles cantam Voz

para um canto que veio aveludar meus ouvidos acalentar

clamoroso de uma vida inteira e fosse essa noite a vida

inteira fez-se a noite lembranccedila da cantiga que me converteu

inteira Pandeiro Meacutedio Viola e a chuva que ritmava a

cantoria O breu e noacutes no breu O escuro arrasta o invisiacutevel

para dentro da cidade que chora para dentro dos meus olhos

que fi tam atentos os olhos deles que me encantam Hora um

hora outro me arrasta em companhia agrave suas vozes As gotas

respondem ao coro num canto suave o pandeiro acompanha

o berimbau e o repique respinga umas gotas tontas de

musicalidade goteja um som que sobrevoa a superfiacutecie

Sobre o invisiacutevelAmanda Lelis

Gabriel Guedes e violino em show na Praccedila da Liberdade

O som da alma se apresenta em desejo e verso livre

na terccedila indecente suave

no violino do seus sonhos em coro cresce a quarta corda

dissonante

eacute a Musica

No canto viacutevido em tom sincero e leve expande

compaixatildeo as notas graves

fi delidade ao escrever a voz da alma sobre arpejos

inconstantes

eacute a Musica

MuacutesicaPedro Gontijo e

Bernardo Gontijo

Te aperto contra o peito

te penduro nas costas

no churrasco passa de matildeo em matildeo

e ainda assim me faz companhia

nas noites de solidatildeo

Ode ao violatildeoBaacuterbara Rodrigues

Ajude a costurar nossa colcha balaioretalhosgmailcom

24 - Colcha de retalhos corrigidoindd 124 - Colcha de retalhos corrigidoindd 1 82809 115124 AM82809 115124 AM

Page 7: Jornal O Ponto - agosto 2009

O Ponto

Cidades bull 7Belo Horizonte 27 de Agosto de 2009

Editor e diagramador da paacutegina Nathaacutelia Drumond 6ordm periacuteodo

Tanto em Satildeo Paulo onde a lei do Governador Joseacute Serra jaacute foi sancionada quanto em Minas Gerais onde ainda aguarda aprovaccedilatildeo o rigor das propostas para o controle do tabagismo causaram muita polecircmica A proibiccedilatildeo do fumo em ambien-tes coletivos foi vista com maus olhos natildeo soacute pelos fumantes mas tambeacutem por entidades comerciais que questionam o radicalismo das medidas e ale-gam inconstitucionalidade

Do ponto de vista legal segundo o advogado Ney Ceacutesar Azevedo natildeo eacute possiacutevel enxergar onde essas accedilotildees podem ser consideradas inconstitu-cionais pois um direito individual pode sofrer res-triccedilotildees quando afeta outro direito constitucional-mente garantido O artigo 5ordm prevecirc a igualdade de todos perante a lei o artigo 6ordm entretando garante a sauacutede como um direito fundamental para todo cidadatildeo ldquoAssim devemos levar em conta que nesse caso as claacuteusulas constitucionais natildeo satildeo confl itantes mas deve haver um meio termo para garantir que uma natildeo anule a efi caacutecia da outrardquo O advogado reforccedila ainda que a prevalecircncia do direito coletivo deve ser pensada com cuidado para que natildeo haja excessos e arbitrariedades sempre tendo em mente que ldquose a sauacutede puacuteblica eacute importante os fumantes tambeacutem devem ter seus direitos asseguradosrdquo concluiu

Fumante por mais de 30 anos o fotoacutegrafo Alberto Escalda que deixou o viacutecio no uacuteltimo ano declara-se a favor da nova lei Em seu ponto de vista a proibiccedilatildeo eacute necessaacuteria pelo fato de as pessoas natildeo terem bom senso em respeitar o direito dos que natildeo fumam O fotoacutegrafo lembra que no passado as pessoas fumavam em qualquer

ambiente ldquoEra totalmente desagradaacutevel vocecirc pegar um aviatildeo para a Europa por exemplo e as pessoas fumarem durante toda a viagem ao seu ladordquo Alberto no entanto ressalta a importacircncia de um ambiente para os fumantes ldquoTodos os luga-res deveriam ter um fumoacutedromo natildeo haacute como proibir as pessoas de fumarem Todos sabem os malefiacutecios do cigarro e se desejam continuar fumando devem ter a liberdade de fazecirc-lo em um lugar reservadordquo completa

Compartilha da mesma opiniatildeo o jornalista Rogeacuterio Correa ldquoInfelizmente natildeo haacute como tra-tar da educaccedilatildeo apenas com accedilotildees preventivas O Governo poderia acabar com as induacutestrias de cigarro no paiacutes os preccedilos se elevariam e jaacute seria essa uma medida reducionista Mas ele natildeo o faz e nem vai fazer porque natildeo o interessa perder milhotildees em arrecadaccedilatildeordquo acredita

Do outro lado haacute quem afi rme que a nova lei exagera na restriccedilatildeo controlando de forma abu-siva a vida dos fumantes A administradora de empresas Ana Paula Neto acredita que se a proi-biccedilatildeo se restringisse apenas a ambientes fechados seria mais justa e menos excludente ldquoOs fuman-tes em sua maioria tem o bom senso em saber que os outros se incomodam com a fumaccedila e o cheiro de cigarro agrave sua volta Natildeo eacute preciso excluiacute-los de todos os ambientes e passar a trataacute-los como marginais que tecircm que se retirar dos lugares toda vez que desejar fumarrdquo A administradora acredita que haacute lugares em que fumantes e natildeo-fumantes podem conviver em harmonia como em bares e boates abertos onde o consumo do cigarro natildeo deveria ser proibido

Os males que o cigarro pode causar

Polecircmica

Fonte Denise Steiner demartologista prevfumo nucleo de apoio ao fumante da

UNIFESP wwweuqueropararcombr

Em entrevista a O Ponto o vereador de Belo Horizonte Elias Murad autor da Lei 9294 de 1996 que proibiu o fumo em ambientes fechados em todo o paiacutes fez consideraccedilotildees a respeito da impor-tacircncia de medidas mais rigorosas de controle ao tabagismo

O Ponto Apesar de jaacute existirem leis que proiacutebem o fumo em recintos fechados em todo o paiacutes a nova lei sancionada em Satildeo Paulo pelo gover-nador Joseacute Serra proiacutebe inclusive a instalaccedilatildeo de locais para fumantes nos estabelecimentos O que o senhor pensa a respeito dessa lei

Murad Julgo essa lei em SP mais radical do que a que existe em niacutevel nacional Essa teve sua origem num projeto de minha auto-ria enquanto era Deputado Federal Mas ela esta em vigor ainda Eacute uma lei federal que continua em vigor no paiacutes inteiro Portanto a lei de SP veio acrescentar agrave Lei 929496 que jaacute existia Na minha opiniatildeo eacute muito bom que isso aconteccedila pois as multinacionais tabaqueiras natildeo dormem em silecircncio Estatildeo sempre provocando problemas nessa aacuterea para que possam fi car em evidecircncia

Por ser o cigarro uma droga liacutecita a proibiccedilatildeo do fumante em locais puacuteblicos natildeo infrige os seus direitos de ir e vir pre-vistos na constituiccedilatildeo A separaccedilatildeo de aacutereas especiacutefi cas para fumantes e natildeo-fumantes poderia solucionar o problema

Em princiacutepio parece que sim mas se olharmos coletivamente e de maneira ampla verifi camos que a separaccedilatildeo pouco resolve esse problema Na verdade natildeo resolve pois o indiviacuteduo continua a fumar em locais coletivos Em alguns paiacuteses foi adotado esse sistema mas ele natildeo funcionou bem porque o tabagista passivo aquele que absorve a fumaccedila do ambiente impregnado eacute o mais prejudicado Por ser um local puacuteblico coletivo o ambiente deve-ria ser limpo de cigarro Dessa maneira sou favoraacutevel a radicali-zaccedilatildeo das leis contra o tabaco

Em Minas Gerais o projeto de lei da vereadora Neusinha San-

tos se difere do paulista por permitir a criaccedilatildeo de fumoacutedromos separados das demais aacutereas do estabelecimento por barreiras fiacutesicas e equipados com exaustores Mesmo sendo menos radi-cal a proposta foi criticada e barrada Quais foram os motivos

O projeto da vereadora Neusinha Santos chegou a ir a plenaacuterio para votaccedilatildeo em 1deg turno mas durante o processo de discussatildeo foi conscenso a sua retirada para uma melhor adequaccedilatildeo agrave rea-lidade atual - nacional e mundial Eu e mais dois colegas vere-adores apresentamos entatildeo um substitutivo a este projeto nos moldes da recente lei aprovada em Satildeo Paulo colocando assim Belo Horizonte dentro deste contexto

A fi scalizaccedilatildeo dos estabelecimentos eacute o ponto mais vulne-

raacutevel para que as leis contra o cigarro sejam cumpridas Como seria feito o gerenciamento dessas novas leis

Pela lei federal ainda em vigecircncia esta fi scalizaccedilatildeo cabe agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria Municipal Na nova proposta pode-se acio-nar ateacute a poliacutecia para a retirada de fumantes de locais ou se o estabelecimento natildeo estiver cumprindo a lei para sua interdi-ccedilatildeo Portanto a fi scalizaccedilatildeo acaba sendo um instrumento pes-soal do consumidor que se sentir afetado nos seus direitos de viver num ambiente livre de tabaco

Quais seriam os provaacuteveis resultados dessas medidas mais

rigorosas O senhor acredita que haveria reduccedilatildeo no nuacutemero de fumantes

Acredito sim pois jaacute haacute um exemplo no proacuteprio Brasil Antes da apresentaccedilatildeo do meu projeto que levou agrave Lei 929496 o uso era muito grande e havia cerca de 300 mil tabagistas a mais do que atualmente Aconteciam tambeacutem 200 mil mortes por ano em consequecircncias de moleacutestias provocadas pelo tabaco Depois da promulgaccedilatildeo da lei esses nuacutemeros cairam para 200 mil e 100 mil Houve entatildeo uma diminuiccedilatildeo razoaacutevel Cerca de 30 dos taba-gistas largaram o cigarro

Os resultados natildeo seriam mais efi cientes se fossem realiza-

das campanhas mais incisivas e abrangentes a meacutedio e longo prazos principalmente nas escolas visando a conscientizaccedilatildeo das crianccedilas e jovens

Jaacute se faz isto em certos locais acredito que qualquer medida que se tomar em relaccedilatildeo ao tabaco vai ser efi ciente e dar pelo menos algum resultado

Foto arquivo pessoal

06-07 - cigarro partepretobrancoindd 206-07 - cigarro partepretobrancoindd 2 82809 114933 AM82809 114933 AM

O Ponto

Editoras e diagramadoras da paacutegina Claacuteudia Lapouble e Amanda Lelis

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

8 bull Sociedade

Lares para a Melhor IdadeCom fi scalizaccedilotildees e leis especiacutefi cas para o idoso asilos deixam de ser vistos como sinocircnimo de abandono

JUSCILENE M SIQUEIRA

NATHAacuteLIA MAGALHAtildeES

PAULA SAMPAIO

5ordm PERIODO

De acordo com a lei 10741 de 1ordm de outubro de 2003 eacute con-siderado idoso todo cidadatildeo com idade igual ou superior a 60 anos Devido aos avanccedilos no campo da sauacutede e agrave reduccedilatildeo da taxa de natalidade a populaccedilatildeo de idosos no Brasil vem aumen-tando a cada ano Estima-se que em 2020 a populaccedilatildeo com mais de 60 anos chegaraacute a 30 milhotildees (13 do total) segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatiacutestica IBGEEsses iacutendices que se devem principalmente aos avanccedilos no campo da sauacutede e agrave reduccedilatildeo das taxas de natalidade tornam cada vez mais comum a convi-vecircncia de pessoas de trecircs gera-ccedilotildees na mesma casa

Apesar das estatiacutesticas que mostram que a estrutura fami-liar brasileira estaacute se modi-fando haacute lares em que o idoso eacute responsavel pelo sustento da famiacutelia o choque de geraccedilotildees e a rotina do dia a dia torna o con-vivio difiacutecil Eacute quando muitas famiacutelias ou os proacuteprios idosos pensam em outro ambiente que melhor atenda agraves suas neces-sidades Os asilos atualmente chamados de Instituiccedilotildees de Longa Permanecircncia para Idosos (ILPI) se tornam uma soluccedilatildeo para essa situaccedilatildeo

LaresA ldquoVida Ativardquo eacute uma insti-

tuiccedilatildeo privada que segundo a diretora Maacutercia Leatildeo recebe idosos que procuram o local por conta proacutepria ldquoEles geralmente optam por natildeo morar sozinhos e nem com os fi lhos e acham a convivecircncia de um hotel muito impessoalrdquo diz a diretora da ins-tituiccedilatildeo A casa possui convecirc-nios com planos de sauacutede que garantem aos moradores anten-dimento de geriatras fonoau-dioacutelogos fi sioterapeutas nutri-cionista dentistas entre outros profi ssionais aleacutem de medi-camentos Nove funcionaacuterios estatildeo agrave disposiccedilatildeo dos idosos seis teacutecnicos de enfermagem dois de serviccedilos gerais e uma secretaria Mas o preccedilo de todo esse conforto eacute alto fi car em uma instituiccedilatildeo como essa custa cerca de R$ 2 mil a R$ 2500 por mecircs

Maacutercia Leatildeo tambeacutem eacute dire-tora do ldquoSolar das Estaccedilotildeesrdquo ins-tituiccedilatildeo destinada a idosos com

doenccedilas degenerativas do sis-tema nervoso central Segundo ela esses idosos requerem cui-dados especiais e ressalta ldquocom-parar um idoso a uma crianccedila eacute um grande erro pois aleacutem de possuiacuterem necessidades espe-ciais ldquoos idosos natildeo tecircm tempo tudo eacute pra ontem mas a pers-pectiva de mudanccedila eacute lenta e trabalhosardquo

Mas haacute uma parcela grande da populaccedilatildeo de terceira idade que natildeo tem condiccedilotildees de se manter em instituiccedilotildees como as mencionadas acima Esses encontram acolhida em lares fi lantroacutepicos como o Nuacutecleo Assistencial Caminhos para Jesus fundado haacute 40 anos A casa abriga atualmente 62 ido-sos aleacutem de dar assistecircncia a crianccedilas portadoras de defi ci-ecircncia O lar dispotildee aos idosos a opccedilatildeo de apenas passar o dia na casa ou se mudar defi niti-vamente e passar os fi nais de semana em casa Mas segundo Joicemara Santana secretaacuteria da instituiccedilatildeo grande parte dos idosos que moram na casa natildeo tecircm famiacutelia alguns deles satildeo ex-moradores de rua e sequer pos-suem documentos

A casa que natildeo possui con-vecircnio com outras instituiccedilotildees estaacute buscando parcerias com empresas interessadas em con-tribuir e os moradores que tecircm condiccedilatildeo contribuem com 50 do salaacuterio Aleacutem da ajuda dos idosos o asilo se manteacutem atra-veacutes de doaccedilotildees solicitadas via telefone

Apesar das difi culdades fi nanceiras o lar oferece assis-tecircncia de profi ssionais nas aacutereas de geriatria psicologia fi siote-rapeuta psiquiatra assistecircncia

social terapeuta ocupacional fonoaudioacuteloga enfermeiro e voluntaacuterios

O Lar de Idosas Santa Tereza e Santa Terezinha localizada no bairro Santa Tereza regiatildeo leste da capital eacute um exemplo de instituiccedilatildeo que assim como a Associaccedilatildeo Caminhos para Jesus consegue - mesmo com poucos recursos oferecer a suas moradoras a assistecircncia que precisam com respeito e claro muito carinho A casa que hoje possui 12 moradoras tem capa-cidade para abrigar ateacute 15 eacute ligada agrave Sociedade Satildeo Vicente de Paula e tem a particularidade de receber apenas senhoras que procuram o lar por vontade proacutepria

As idosas que optam por morar na instituiccedilatildeo contri-buem com dois salaacuterios miacuteni-mos mas eacute graccedilas agraves doaccedilotildees e ao trabalho de voluntarios que a casa consegue se manter

LeisEm 23 de setembro de 2003

a Comissatildeo Diretora do Senado Federal aprovou o Estatuto do Idoso que garante agrave ldquomelhor idaderdquo o direito agrave liberdade ao respeito e agrave dignidade Consta do artigo 10 paragrafo dois ldquoO direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade fiacutesica psiacutequica e moral abran-gendo a preservaccedilatildeo da imagem da identidade da autonomia de valores ideacuteias e crenccedilas dos espaccedilos e dos objetos pessoaisrdquo

De acordo com o Estatuto as ILPI devem oferecer estru-tura fiacutesica adequada instala-ccedilotildees sanitaacuterias alimentaccedilatildeo apropriada boas condiccedilotildees de limpeza e higiene profi ssio-

nais habilitados e jamais devem apresentar opressatildeo ou violecircn-cia aos idosos

A Promotoria do Idoso orgatildeo que cuida dos direitos do cida-datildeo da terceira idade tem fun-ccedilatildeo de receber denuacutencias contra abandono abusos e maus tratos e agir legalmente para protege-los A promotoria foi criada em 2001 apoacutes a divulgaccedilatildeo do rela-toacuterio da Comissatildeo dos Direitos Humanos que apontava uma seacuterie de denuacutencias contra os asilos onde os idosos sofriam todo tipo de violecircncia e eram abandonados e negligencia-dos O relatoacuterio daquele ano foi enviado aos governos federal e estadual contendo sugestotildees de poliacuteticas puacuteblicas para melhorar o atendimento ao idoso

FiscalizaccedilatildeoPara que uma casa de idosos

entre em atividade deve cum-prir uma seacuterie de requisitos primeiramente o proprietaacuterio deve requerer um alvaraacute junto agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria de sua regional e entatildeo seu estabele-cimento passa por uma vistoria inicial para concessatildeo do alvaraacute esta fi scalizaccedilatildeo se repetiraacute anu-almente para que a licenccedila seja renovada

Segundo Joseacute Carlos Silva gerente da Vigilacircncia Sanitaacuteria da regional do Barreiro existe um acordo entre a ANVISA e o Ministeacuterio Puacuteblico para reali-zar no miacutenimo duas fi scaliza-ccedilotildees anuais natildeo agendadas em cada ILPI aleacutem das duas visitas obrigatoacuterias a vigilacircncia entra em accedilatildeo sempre que uma denuacutencia eacute feita Na existecircncia de irregularidades o asilo seraacute acompanhado periodicamente ateacute que a situaccedilatildeo seja regulari-zada Caso natildeo sejam tomadas providecircncias a instituiccedilatildeo tem seu alvaraacute suspenso Se as irre-gularidades forem consideradas graves como no caso de maus tratos aleacutem do alvaraacute suspenso a instituiccedilatildeo seraacute interditada e os moradores acompanhados pelo Serviccedilo Social da regiatildeo e encaminhados a outros ILPI proacuteximos

Vespasiano

Ribeiratildeodas Neves

Contagem

Ibiriteacute

Brumadinho

Nova Lima

Sabaraacute

Santa Luzia

VENDNNNNDA NOVAND NORTE

NNNNONNONORDESTENO

NOROESTELESTE

OESTE

CENTRO-SUL

BARREIRO

Esacala 1160000Fonte Prodebel

PAMPULHA

ILPI Filantroacutepica

ILPI Privada

Segundo a PBH haacute na capital mais de 1100 idosos vivendo em asilos As ILPI somam 76 instituiccedilotildees 42 fi lantroacutepicas e 34 privadas A maior concentraccedilatildeo estaacute nas regiotildees Noroeste (10 lares fi lantroacutepicos) e Pampulha (15 lares privados)

Moradoras do Lar de Idosas Santa Tereza e Santa Terezinha

Disque Idoso (31)3277-4646

Delegacia Especializada de Proteccedilatildeo ao Idoso 0800-305000

Nuacutecleo Assistencial Caminhos para Jesus ligue 0800-0315600

Info

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Foto Amanda Lelis

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O Ponto

Editor e diagramador da paacuteginaClaudia Lapouble e Amanda Lelis

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Sociedade bull 9

AMANDA LELIS

CLAUDIA LAPOUBLE

ROBERTA ANDRADE

6 PERIODO

Todo indiviacuteduo eacute personagem de uma histoacuteria observada de maneira bem parti-cular num mundo que eacute soacute seu Toda narra-tiva eacute uacutenica se diferencia de qualquer outra ainda que seja sobre a mesma histoacuteria e contada pela mesma pessoa O momento eacute imprescindiacutevel o clima o ambiente o humor detalhes que infl uenciam em todo conto seja ele veriacutedico ou natildeo Contra-riando a procura insistente por tudo o que eacute novo decidimos correr atraacutes da memoacuteria ouvir quem tem histoacuterias para contar

Depois de aguardar por alguns minutos vinha dona Zezeacute como gosta de ser cha-mada o cabelo delicadamente arrumado com um arco colorido colar de peacuterolas maquiagem perfume e uma piada na ponta da liacutengua Sua percepccedilatildeo de tempo eacute dife-rente da nossa o que lhe acontece hoje natildeo eacute tatildeo importante quanto agravequela memoacuteria do passado que sabe nos contar com detalhes minuciosos Dona Zezeacute tem mesmo mania de misturar o hoje com o ontem sonhos natildeo realizados com realizaccedilotildees antigas paixotildees fortes da mocidade com carecircncias atuais Parte verdadeira parte imaginaacuteria sua histoacuteria tem caracteriacutesticas peculiares a cronologia se confunde e sua narrativa segue o caminho traccedilado pela sua mente num vai-e-vem luacutedico e caracteriacutestico

A irreverecircncia de Maria Joseacute eacute marca registrada ldquoquando vem visita todo mundo me cumprimenta eles acham graccedila por-que eu sou assim muito pra frente saberdquo brincou dona Zezeacute Com 82 anos haacute 5 vive no Lar de Idosas onde moram cerca de 15 senhoras De prosa boa nos fez rir muitas vezes rememorou sua juventude os bailes sua paixatildeo pela danccedila de salatildeo pela costura bordado e pelo marido Moacir Siqueira que faleceu haacute alguns anos

A imagem do marido se confundia agraves vezes com a imagem do seu pai Ao falar de um se lembrava do outro como se ela visse no marido muito mais velho que ela a fi gura do pai protetor ldquoEle me tratava como uma crianccedila meu marido cuidou de mim como uma boneca assim como meu pairdquo rememorou Nascida em Araxaacute Maria Joseacute

morava no Grande Hotel da cidade onde conheceu seu marido que era contador Ela contou que Moacir vinha de Satildeo Paulo e se hospedava no Grande Hotel ldquoEle vinha de Satildeo Paulo para o garimpo em Estrela do Sul alugava a terra colocava os homens pra trabalhar e fi cava laacute de braccediladardquo disse entre gargalhadas Ficou satisfeita em falar do marido com uma piscada de olho comple-tou ldquoAh mas ele era bonito demais menina eu precisava te mostrar um retratinho dele parecia um artistardquo

Dona Zezeacute lembra com saudade do tempo em que era enfermeira e do cari-nho que tinha com as pessoas que cuidava ldquoSou assim ateacute hoje vocecirc tem que ver com as crianccedilas olha como sou com as crian-ccedilas grandes (se referindo a noacutes) eu abraccedilo acarinho e me perguntam com quem vocecirc aprendeu a ser tatildeo carinhosa A vida ensina pra gente muita coisardquo completou emocionada

Peacute-de-valsa dona Zezeacute fazia festa por onde passava ldquoSe natildeo tivesse uma velhinha vigiando a Zezeacute eu natildeo podia sair Gostava tanto de danccedilar que quando ia costurar fi cava me lembrando da danccedila a maacutequina ia pra laacute e pra caacute meu peacute ia no ritmo cos-turava o que natildeo devia Quando a gente ia no baile era eu chegar que comeccedilava a dan-ccedilar A primeira a chegar no salatildeo era eu mas natildeo tinha culpa porque os homens eacute que me chamavam pra danccedilar uairdquo disse orgu-lhosa entre risos

Muito vaidosa Maria Joseacute falou sobre sua coleccedilatildeo de acessoacuterios contou que natildeo podia ir em um baile com a mesma roupa o mesmo brinco o mesmo colar ou um anel nunca repetia um adorno e ainda hoje eacute assim ldquoEu gosto de me arrumar eacute a vida que eu levo Pra receber visita eu coloco uma roupa bonita Para receber vocecircs eu tomo um banho e passo uma maquiagem neacute Assim que eu sourdquo Apesar disso quando falamos em foto dona Zezeacute logo disse sor-ridente ldquoVai tirar minha foto Potildee laacute na roccedila de arroz pra espantar os bichosrdquo

Com tanta irreverecircncia dona Zezeacute daacute exemplo de personalidade esbanjando alegria Ao chegarmos no portatildeo de saiacuteda de braccedilos dados conosco dona Zezeacute perguntou

-Que dia vocecircs vatildeo voltar

Tardes de vai e vem

Foto Claudia Lapouble

Foto Amanda Lelis

Fotos Roberta Andrade

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O Ponto

10 bull Profi ssatildeoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

Editoras e diagramadoras da paacutegina Renata Valentim e Roberta Andrade

O ensino do jornalismo no divatildeEnquanto o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo cria comissatildeo para repensar a construccedilatildeo do conhecimento jornaliacutestico no seacuteculo XXI os jornais impressos enfrentam o desafi o de revisar sua vocaccedilatildeo

RENATA VALENTIM

6ordm PERIacuteODO

Na dinacircmica da era da infor-maccedilatildeo em que a internet se fi rma como o mais acessiacutevel mais veloz e mais democraacute-tico meio de transmissatildeo de informaccedilatildeo o jornalismo viu-se em crise de identidade Boa parcela dos estudiosos e prati-cantes da atividade jornaliacutestica sentiu-se ameaccedilada pela des-centralizaccedilatildeo da notiacutecia nesse novo meio o leitor agora eacute tambeacutem produtor de informa-ccedilatildeo Outra fragilidade reside na escassez das vagas do mercado que natildeo comporta os milhares de jornalistas receacutem-formados despejados pelas faculdades De acordo com dados de 2005 obtidos pelo Observatoacuterio Uni-versitaacuterio apenas 125 dos graduados em jornalismo con-seguem manter-se de peacute na car-reira A proliferaccedilatildeo das esco-las particulares de jornalismo

choca-se com o enxugamento das redaccedilotildees onde prevale-cem os chamados profi ssionais multimiacutedia que precisam ser capazes de produzir informa-ccedilatildeo para um grande nuacutemero de suportes

Neste cenaacuterio onde tam-beacutem satildeo incluiacutedas a queda da velha Lei de Imprensa e o polecircmico fi m da obrigatorie-dade do diploma para o exer-ciacutecio da profi ssatildeo no dia 17 de junho foi criada pelo MEC uma comissatildeo que estabeleceraacute as novas diretrizes curriculares dos cursos de jornalismo no Brasil Um dos fundadores da Escola de Comunicaccedilatildeo e Artes da USP professor Joseacute Marques de Melo preside o grupo res-ponsaacutevel por elaborar as pro-postas de mudanccedilas a serem implantadas nas escolas de jornalismo do paiacutes Aleacutem dele seis acadecircmicos e uma repre-sentante do mercado estatildeo incumbidos de ateacute o iniacutecio do segundo semestre apresentar o

balanccedilo das anaacutelises A neces-sidade de reforma segundo o ministro Fernando Haddad eacute ratifi cada pelos dados obtidos pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo cerca de 80 dos cursos de jornalismo satildeo considerados de baixa qualidade A inten-ccedilatildeo da comissatildeo eacute que as pro-postas sejam elaboradas por meio da participaccedilatildeo e opiniatildeo de sindicatos universidades e empresas de comunicaccedilatildeo emitidas nas trecircs audiecircncias puacuteblicas que foram realizadas entre marccedilo e maio deste ano ndash no Rio de Janeiro Recife e Satildeo Paulo respectivamente

Efeito placebo Apesar da pertinente preo-

cupaccedilatildeo em melhorar o ensino do jornalismo no Brasil as pro-postas delineadas pela comis-satildeo satildeo ainda desconhecidas e por isso mesmo carregadas de polecircmica Algumas sugestotildees anunciadas antes mesmo da realizaccedilatildeo da primeira audiecircn-

cia como a separaccedilatildeo do jorna-lismo da Comunicaccedilatildeo Social dividem profi ssionais e aca-decircmicos Como uma forma de ampliaccedilatildeo do debate para aleacutem das audiecircncias ndash que restringi-ram a participaccedilatildeo de alguns segmentos importantes na dis-cussatildeo como os estudantes ndash o professor Joseacute Marques de Melo tem procurado expor alguns dos posicionamentos da comis-satildeo em palestras e entrevistas pelo paiacutes Durante o programa Observatoacuterio da Imprensa do dia 26 de maio ele explicou que o grupo natildeo pretende apresen-tar um novo curriacuteculo ldquoNossa funccedilatildeo eacute examinar as matrizes para nossas escolas e universi-dades Eu defendo particular-mente que o curriacuteculo eacute uma competecircncia da universidade Noacutes teremos de buscar dire-trizes curriculares que sejam consensuais em relaccedilatildeo agrave for-maccedilatildeo do novo jornalista mas deixar agrave universidade liberdade de accedilatildeo Se uma universidade quer oferecer um curso de gra-duaccedilatildeo para repoacuterteres e um curso de poacutes-graduaccedilatildeo para editores isso eacute um direito que a universidade tem e pode fazerrdquo defende

O resgate do selfO presidente da comissatildeo

eacute tambeacutem categoacuterico ao tratar da separaccedilatildeo da personalidade do jornalista contemporacircneo Segundo ele a sociedade bra-sileira necessita tal como pre-cisa de profi ssionais da notiacutecia especializada de jornalistas generalistas bem formados de que sejam capazes de se diri-gir efi cientemente para toda a populaccedilatildeo e de interpretar a realidade de forma mais ampla ldquonoacutes temos um paiacutes com 200 milhotildees de habitantes e 10 milhotildees de exemplares diaacuterios de jornais lidos Precisamos na verdade fazer jornal para quem natildeo lecirc jornal para aqueles que estatildeo agrave margem da cultura jor-naliacutesticardquo diz

Marques de Melo ressaltou tambeacutem que do ponto de vista da organizaccedilatildeo curricular haacute uma certa confusatildeo quando se trata de mateacuterias teoacutericas e praacuteticas ldquoEu acho que o que faz falta no jornalismo natildeo satildeo mateacuterias praacuteticas para elas temos bons laboratoacuterios O que faz falta satildeo as mateacuterias teoacuteri-cas E natildeo chamo de teoacutericas a sociologia a histoacuteria Isso diga-mos eacute o conteuacutedo humaniacutestico

Eu gostaria de ter mais mateacuterias que dessem conta das questotildees eacuteticas das questotildees morais O que temos eacute um excesso de aulas de teoria da comunica-ccedilatildeo de sociologia da cultura cuja aplicaccedilatildeo eacute descolada do jornalismo Precisa haver uma integraccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica jornaliacutesticardquo afi rma

Mas ainda com a iniciativa de avaliar a si mesmo o mal-es-tar de algumas questotildees sobre a identidade do jornalismo ainda permanecem turvas como eacute o caso da vocaccedilatildeo do jornalismo como negoacutecio e como serviccedilo de utilidade puacuteblica traccedilos contraditoacuterios que se chocam no interior da academia cau-sando estranheza nas salas de aula Essa feiccedilatildeo esquizofrecircnica foi detectada durante inves-tigaccedilotildees feitas pelo grupo de pesquisa ldquoA imagem do pen-samento e o ensino do jorna-lismordquo realizada por estudantes de jornalismo da Universidade Fumec e coordenada pelos professores Rodrigo Fonseca e Claacuteudia Chaves Em entrevistas feitas com os coordenadores dos principais cursos de jornalismo privados de Belo Horizonte os alunos registraram unacircnime constrangimento ainda que velado ao questionarem a pre-senccedila das disciplinas teacutecnicas nas grades curriculares como se fossem dignas de condena-ccedilatildeo O desejo de formaccedilatildeo do ldquoagente social criacuteticordquo tambeacutem eacute maioria absoluta no discurso dos entrevistados desta vez sem constrangimento ldquoA gente percebe tanto na avaliaccedilatildeo das entrevistas quanto no cotidiano das aulas que eacute elogioso falar do jornalismo dessa maneira con-denando as disciplinas praacuteticas Mas fi co confuso em pensar em como seraacute depois da forma-tura quando tiver que atuar no mercadordquo diz Frederico Porto um dos alunos envolvidos na pesquisa A resposta para esse questionamento existencial cada vez mais frequumlente no ter-reno dos discentes foi sugerida por Marques de Melo desta vez no programa Rede Miacutedia da Rede Minas realizado em 30 de marccedilo Ele acredita que a formaccedilatildeo do jornalista deve estar voltada para o mercado mas alerta ldquoa universidade tem que estar aleacutem do mercado Natildeo pode soacute estar atrelada agraves exigecircncias do mercado tem de estar tambeacutem atrelada agraves exi-gecircncias da sociedaderdquo

Fotomontagem faz referecircncia ao quadro O Grito do pintor norueguecircs Edward Munch

Ilustraccedilatildeo Roberta Andrade - 6ordm periacuteodo

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Profi ssatildeo bull 11Editoras e diagramadoras da paacutegina Renata Valentim e Roberta Andrade

A crise de identidade natildeo estaacute restrita ao conhecimento

que possibilita a produ-ccedilatildeo jornaliacutestica a dis-tribuiccedilatildeo de conteuacutedo tambeacutem vecirc-se impressa por outros suportes e rit-mos ditados por novas formas de consumo de informaccedilatildeo O jornalismo

impresso que jaacute rivalizou com o raacutedio e com a televisatildeo no

seacuteculo passado hoje concorre com a veloci-dade com a alta interatividade com o enorme alcance e sobretudo com o baixo custo da produccedilatildeo de notiacutecia para a internet e demais suportes digitais

Rogeacuterio Ortega acredita que chegaraacute o dia em que natildeo compensaraacute mais imprimir papel para fazer jor-nal ldquoSoacute que ningueacutem sabe quando vai ser ndash e a respon-saacutevel por isso eacute a publicidade Natildeo tenho dados atu-alizados mas ateacute onde sei no Brasil o faturamento publicitaacuterio dos veiacuteculos impressos eacute muitiacutessimo maior que o dos online Nos EUA jaacute natildeo eacute esse o panoramardquo diz Laacute os sinais de mudanccedila parecem mais concretos No mecircs de maio o criador do site Amazon Jeff Bezos e o presi-dente do jornal Th e New York Times Arthur Sulzberger Jr lanccedilaram o Kindle DX uma versatildeo com tela expandida do e-reader proje-tado originalmente para leitura de livros aca-decircmicos vendidos no site de Bezos A expansatildeo da tela ndash que agora tem 246 centiacutemetros na dia-gonal ndash tem o propoacutesito de tornar mais confor-taacutevel a leitura do jornal Os empreendedores do lanccedilamento apostam no aparelho como res-posta viaacutevel agrave crise da imprensa americana que

viu a circulaccedilatildeo de seus jornais cair draacutesticos 46 em apenas seis meses em 2008 ldquoComo vai ser quando as geraccedilotildees que lecircem tudo na internet desde o comeccedilo forem hegemocircnicas Quando o mercado perceber isso e comeccedilar a achar que anunciar em jornal natildeo com-pensa mais a lsquomudanccedila de suportersquo do papel para os meios digitais estaraacute proacutexima O que natildeo signifi caraacute lsquoextinccedilatildeorsquo dos jornais eles devem continuar a existir de outro modordquo considera Ortega

O Brasil tambeacutem foi afetado pela crise fi nanceira dos impressos A Gazeta Mercantil jornal dedi-cado ao segmento econocircmico com quase 90 anos em atividade vive um periacuteodo criacutetico A Editora JB SA anunciou no uacuteltimo mecircs a devoluccedilatildeo do jor-nal Gazeta Mercantil para seu antigo proprietaacuterio o

empresaacuterio Luiz Fernando Levy o que pocircs a vida do veiacuteculo em risco a circulaccedilatildeo do jornal foi interrom-pida no dia 29 de maio No entanto Levy afi rmou em nota agrave imprensa que a suspensatildeo da circulaccedilatildeo eacute momentacircnea

Palestrantes do Foacuterum de Debates 1ordf Terccedila promo-vido pelo Sindicato dos Jornalistas Profi ssionais de Minas Gerais os professores Seacutergio Amadeu da Faculdade Caacutes-per Liacutebero e Geane Alzamora da PUC Minas pondera-ram sobre os impactos da internet na praacutetica jornaliacutestica no uacuteltimo dia 2 de junho Amadeu durante sua exposiccedilatildeo sobre o tema disse acreditar que a maioria das universi-dades natildeo estaacute apta a formar o jornalista na era da infor-maccedilatildeo Explicada por ele como meio onde predomina a liberdade e a quebra da hierarquia na produccedilatildeo e dissemi-naccedilatildeo de informaccedilatildeo a internet desafi a os meios tradicio-nais por dar menos importacircncia ao capital porque eacute capaz de oferecer conteuacutedo a custo quase zero ldquoNa internet natildeo eacute difiacutecil falar o difiacutecil eacute ser ouvidordquo diz Alzamora que desde meados dos anos de 1990 ndash natildeo coincidecircncia o iniacutecio da popularizaccedilatildeo da web ndash estuda o cruzamento jornalismo x internet afi rma que a vocaccedilatildeo do jornalismo na rede estaacute no formato colaborativo Nichos como os sites OhMyNews

e Overmundo satildeo demonstraccedilotildees claras de que ldquoa versatildeo mais atualizadardquo do profi ssional da notiacutecia atuaraacute como um gerenciador das interaccedilotildees feitas na rede

No balanccedilo do divatilde resta a dica a palavra-chave parece ser a reciclagem Tal como a proacutepria inter-

net que tem sua forma e conteuacutedo renovados a todo o tempo porque estaacute sujeita ao exame dos

interagentes o jornalismo e seus profi ssionais precisam examinar-se e reconfi gurar-se para acompanhar o fl uxo da informaccedilatildeo Como diz o fi loacutesofo Charles Sanders Peirce ldquoas palavras

aprendem com o tempordquo E o jornalista aprenderaacute na lida com elas novos caminhos

m queer jor-spon-s atu-ento

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O mal-estar do impresso

O Ponto Como vocecirc vecirc o ensino do jornalismo hoje no paiacutes

Rogeacuterio Ortega Vejo pelo contato com jornalis-tas receacutem-formados que o panorama natildeo mudou muito em 20 anos ndash a natildeo ser pela possibilidade de em alguns cursos montar uma grade que resulta numa espeacutecie de curso de jornalismo em periacuteodo integral com disciplinas de outras faculdades Tam-beacutem me parece haver uma conversa mais produtiva da academia com as redaccedilotildees ndash no iniacutecio dos anos 90 era uma coisa muito ldquoa induacutestria cultural laacute e noacutes seres pensantes e criacuteticos aquirdquo Acho que natildeo haacute necessidade de um curso de jornalismo que dure quatro ou cinco anos e duvido que a comissatildeo do MEC da qual sei pouco ponha isso em questatildeo Eacute legal sim haver um lugar em que se possam abor-dar histoacuteria e teoria do jornalismo linguagem eacutetica jornaliacutestica etc Mas pra isso natildeo satildeo necessaacuterios quatro anos Jornalismo podia ser por exemplo soacute uma poacutes-graduaccedilatildeo Na minha opiniatildeo sairiam muito mais bem preparados

OP - A partir do seu contato com os ldquofocasrdquo (receacutem-formados em jornalismo) que chegam agrave Folha o que vocecirc percebe como a maior defi ciecircn-cia do jovem jornalista E o que poderia ser feito para corrigir essa defi ciecircncia

Os ldquofocasrdquo da Folha natildeo vecircm soacute de faculdades de jornalismo Quem sobrevive ao programa de treina-mento da Folha e chega agrave redaccedilatildeo tem bom texto e na maioria dos casos boa cultura geral Mas para quem saiu do curso de jornalismo faltam certos conheci-mentos especiacutefi cos que satildeo valiosos na hora de cobrir certos assuntos importantes e que a pessoa teria se por exemplo tivesse cursado direito ou economia Muita gente acaba aprendendo essas coisas na raccedila na lida ndash mas sofreria menos se as tivesse estudado antes

OP - A respeito das ferramentas digitais vocecirc acredita na afirmaccedilatildeo de que a internet estaacute atrofiando a praacutetica jornaliacutestica O jornalismo online merece a demonizaccedilatildeo que lhe tem sido atribuiacuteda

Acredito que pelo contraacuterio a internet abriu novas possibilidades Qualquer um pode escrever qualquer coisa na web a custo zero ou quase zero mas quem estaacute interessado em se informar vai procurar notiacutecias que sejam confi aacuteveis bem apuradas bem escritas Ou seja o feijatildeo-com-arroz de sempre da praacutetica jornaliacutes-tica soacute que online feito em ldquotempo realrdquo e atualizaacutevel Claro que em um jornal impresso haacute mais tempo para apurar confrontar versotildees descartar coisas que se revelem boatos No online pela proacutepria natureza do meio eacute muito mais faacutecil que o rumor a versatildeo natildeo

confi rmada informaccedilotildees incorretas textos mal escri-tos etc sejam colocados no ar Claro depois podem ser feitas atualizaccedilotildees e correccedilotildees mas de todo modo eacute difiacutecil aliar rapidez e precisatildeo

OP - Como vocecirc vecirc a utilizaccedilatildeo da blogosfera para a praacutetica jornalistica

Blog pode servir para tudo inclusive para jorna-lismo -e bom jornalismo acredito Mas por enquanto soacute as grandes empresas jornaliacutesticas -ou grandes por-tais- tecircm estrutura e dinheiro para mandar repoacuterteres fazerem coberturas dispendiosas e que demandem tempo Natildeo eacute uma aacuterea em que ldquoblogueiros inde-pendentesrdquo possam competir Ainda assim eacute uma descentralizaccedilatildeo da informaccedilatildeo que vejo com muito bons olhos No Brasil os meios de comunicaccedilatildeo satildeo concentrados ou estatildeo na matildeo de governos Eacute bom -saudaacutevel- poder fugir disso

O jornalismo na visatildeo do mercado

O redator de Primeira Paacutegina da Folha de S Paulo Rogeacuterio Ortega 38 eacute jornalista for-mado pela Escola de Comunicaccedilotildees e Artes da USP Com quase 18 anos de carreira ele daacute a sua visatildeo da comissatildeo formada pelo MEC mostra-se favoraacutevel agrave queda da exigecircncia do diploma e vecirc com bons olhos os desafi os trazidos pela internet

Rodrigo Z

avagli - 6ordm periacuteodo

Arquivo Pessoal

10-11 - roberta e renaindd 210-11 - roberta e renaindd 2 82809 115017 AM82809 115017 AM

O PoontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

12 bull Especial

10A NOSDA REDACcedilAtildeO

Em uma deacutecada foram 73 ediccedilotildees Apro-ximadamente 400 mil exemplares distribu-iacutedos Seis mudanccedilas de logomarca Quatro modificaccedilotildees graacuteficas Cinco coordenado-res e trecircs premiaccedilotildees recebidas duas em acircmbito nacional e uma internacional A primeira distinccedilatildeo conferida ao O Ponto foi em 2005 quando recebeu o tiacutetulo de melhor jornal laboratoacuterio do Brasil pela Pesquisa Experimental em Comunicaccedilatildeo (Expocom) considerado um dos mais importantes eventos cientiacuteficos nacionais Em 2006 outros dois precircmios na aacuterea de produccedilatildeo laboratorial vieram e O Ponto foi eleito o melhor jornal experimental de Minas Gerais e tambeacutem da Ameacuterica Latina levando o trofeacuteu Patildeo de Queijo de Notiacutecias (PQN) e uma medalha da Expo-comSUR pela notoriedade do trabalho jor-naliacutestico desenvolvido A medalha desta uacuteltima conquista cunhada em ouro e gra-vada com o nome e a localidade do evento (ExpocomSUR ndash Santa Cruz de La SierraBoliacutevia) ainda estaacute agrave mostra no quadro expositor de antigos e recentes exempla-res de O Ponto - escrito e planejado por trecircs geraccedilotildees de estudantes de jornalismo e tambeacutem por alunos de publicidade que jaacute desenvolveram interessantes peccedilas publicitaacuterias que marcaram a evoluccedilatildeo e a dinacircmica do jornal durante todos estes anos de atividades

Os trofeacuteus angariados tambeacutem deco-ram a mobiacutelia da redaccedilatildeo do jornal ndash onde coordenador monitores e voluntariados se debruccedilam diariamente sob o trabalho de apuraccedilatildeo produccedilatildeo supervisatildeo e revi-satildeo das pautas e mateacuterias criadas em um esforccedilo que visa dar continuidade qualita-tiva a este produto acadecircmico de renome criado e dirigido outrora pelos ex-alunos Hoje muitos deles profi ssionais bem sucedidos que fazem questatildeo de salientar quando questionados a infl uecircncia que a participaccedilatildeo em O Ponto como monitores e voluntaacuterios exerceu na vida profi ssional posteriormente

Em entrevista para esta reportagem comemorativa dos lsquodez anosrsquo todos os entrevistados (ex-alunos e monitores)

sem exceccedilatildeo foram nostaacutelgicos quanto agrave eacutepoca de estaacutegio e voluntariado no qual muitos fizeram sacrifiacutecios e estripulias para trazerem agrave tona um furo jornaliacutestico redigirem uma mateacuteria relevante e dia-gramarem da melhor forma o conteuacutedo que produziram ldquoAprendi a ser jornalista em O Ponto Aprendi a respeitar os cole-gas de trabalho e aprendi a cobrar e ser cobrado O Ponto me mostrou que com superaccedilatildeo conhecimento teacutecnico e liber-dade podemos fazer um bom jornalismordquo pontua Frederico Wanderley ex-aluno da Fumec e integrante da primeira turma de jornalismo da Universidade

Ernesto Braga ex-monitor do jornal tambeacutem ressaltou em entrevista a impor-tacircncia da experiecircncia vivenciada no jornal laboratoacuterio para o ofiacute-cio da profi ssatildeo ldquoO Ponto foi fundamen-tal para mim Embora a realidade de uma redaccedilatildeo de jornal diaacuterio seja completamente diferente ndash mais corrida e tensa ndash do ponto de vista do dead line As noccedilotildees de produccedilatildeo reportagem fotografi a e ediccedilatildeo apreendidas em O Ponto me permitiram compreender um pouco mais sobre o processo de fazer jornal () Meu portifoacutelio foi exatamente as mateacuterias que fi z para O Pontordquo admite

Portanto independente dos marcos citados e de outras cifras e estatiacutesticas do jornal a relevacircncia de O Ponto no espaccedilo acadecircmico nestes dez anos de existecircncia se daacute por outras razotildees o jornal eacute primordial-mente um instrumento praacutetico um meio de experimentaccedilatildeo teoacuterico-praacutetica dos alunos que visa munir o estudante de experiecircncias relevantes que possam ser um diferencial na hora de se introduzir na realidade da profi s-satildeo ndash que requer muita perspicaacutecia ousa-dia e estilo para se destacar Aleacutem disso O Ponto eacute um veiacuteculo que surgiu de uma pro-posta pedagoacutegica e jornaliacutestica consistente e aguerrida que propiciou notaacuteveis reper-cussotildees para o curso e claro ensinamentos

frutiacuteferos para os estudantes que souberam e sabem usufruir ainda das possibilidades que o jornal se predispotildee a dar atraveacutes da praacutetica e do trabalho

De acordo com o Projeto Poliacutetico Peda-goacutegico do curso de Comunicaccedilatildeo Social O Ponto lanccedilado em junho de 1999 tinha e ainda tem como premissa se prestar a ser atraveacutes do trabalho dos alunos e sob coor-denaccedilatildeo criteriosa dos professores um veiacuteculo de ldquojornalismo de conversaccedilatildeordquo em contraposiccedilatildeo ao jornalismo puramente informativo factiacutevel feito pela imprensa

convencional A proposta era lanccedilar um impresso ndash e sua periodicidade (men-sal) permite que isto seja possiacutevel - que debatesse com mais profundidade os paradigmas sociais explo-rando e adentrando mais nas complexidades de cada acontecimento na comuni-dade regional e internacio-nal incitando discussotildees relevantes para o puacuteblico leitor

A proposta era natildeo soacute falar por exemplo sobre o

paacutereo entre dois candidatos de uma elei-ccedilatildeo municipal em Belo Horizonte ou onde quer que fosse Mas sim criticar se neces-saacuterio a forma como os embates poliacuteticos ou a falta deles se datildeo em plena eacutepoca eleitoral como mostrou a reportagem ldquoDisputa eleitoral sem disputardquo ndash publi-cada em O Ponto em setembro de 2006

O objetivo do projeto pedagoacutegico eacute evi-denciar problemas relegados ao esqueci-mento como por exemplo a inadimplecircncia do Governo de Minas Gerais para com os problemas ambientais (hiacutedricos) do Estado como fez os ex-alunos Pedro Blank e Ernesto Braga na reportagem do ano de 2000 ldquoDes-caso Mata o Rio das Velhasrdquo ldquoUma mateacuteria que repercutiu muito () virando inclusive editorial do jornal Estado de Minasrdquo con-forme relembra o proacuteprio autor da mateacuteria Ernesto Braga O jornalista ainda ressaltou ldquoo engraccedilado desta mateacuteria eacute que sem saber que O Ponto tinha uma tiragem de quatro mil exemplares e pensando que ele circu-lava apenas na faculdade uma das fontes

O Ponto estaacute completando uma deacutecada de jornalismo laboratorial Para comee alunos que participaram da criaccedilatildeo do jornal para resgatar um pouco da su

ldquoO Ponto foi fundamental para

mim ()embora uma redaccedilatildeo de jornal

diaacuterio seja diferenteMeu portifoacutelio foi

exatamente as mateacuterias que fi z para O

PontordquoErnesto Braga ex-monitor

12-16 - 10 anos O Pontoindd 112-16 - 10 anos O Pontoindd 1 82809 123340 PM82809 123340 PM

O Poonto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Especial bull 13

(da mateacuteria) desceu o cacete no Estado E com a repercussatildeo ele (a fonte) ligou para o coordenador alegando que natildeo tinha falado aquilo que tinha sido publicado pedindo retrataccedilatildeo Ele esteve entatildeo na faculdade e ouviu toda a gravaccedilatildeo da entrevista no estuacute-dio da raacutedio e natildeo teve mais o que contes-tarrdquo recorda Braga

Portanto a intenccedilatildeo de O Ponto foi e ainda eacute publicar e propor assuntos que pos-sam render refl exotildees audaciosas que per-mitam ao leitor extrapolar o senso comum e os pensamentos instrumentais alcanccedilando o campo das ideacuteias criacuteticas e producentes do ponto de vista social que tenham propoacutesitos de mobilizaccedilatildeo e desalienaccedilatildeo das pessoas em geral Seja em forma de denuacutencia em uma grande reportagem em forma de traccedilo como na charge que prima pelo tom criacutetico e irocircnico ou nas mateacuterias e notas que repor-tam acontecimentos e eventualidades desco-nhecidas mas impor-tantes para a dinacircmica da sociedade seja no campo econocircmico poliacutetico ou cultural

Satildeo dez anos de accedilatildeo estudantil em todas as etapas produtivas do jornal desde a criaccedilatildeo de pautas ateacute a distri-buiccedilatildeo do jornal

Dez anos de tentativas Acertos erros aprendizagem e repercussotildees Polecircmicas e alguns deslizes

Haacute uma deacutecada O Ponto vem prestan-do-se a ser para os alunos um instrumento de aprendizagem e lapidaccedilatildeo profi ssional E apesar dos altos e baixos que toda ati-

vidade laboratorial implica o desafi o tem sido cumprido

Difi culdades teacutecnicas problemas entre alunos ndash editores e repoacuterteres - no cum-primento do prazo na entrega de mateacuterias alguns detalhes estruturais com relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo do jornal entraves de uacuteltima hora fotografi as infograacutefi cos e diagrama-ccedilotildees pendentes incompletas ou inapro-priadas fazem parte da rotina da produccedilatildeo de O Ponto Como em qualquer outra reda-ccedilatildeo de laboratoacuterio E satildeo exatamente esses desafi os que permitem agravequeles alunos que se doam agrave praacutetica colaborativa como repoacuter-teres voluntaacuterios e monitores do jornal descobrir suas aptidotildees capacidades e tam-beacutem a aprimorarem teacutecnicas e adquirirem conhecimento ainda desconhecidos

O iniacutecio o fi m e o meioNeste intertiacutetulo consta

uma informaccedilatildeo de cunho histoacuterico sobre O Ponto Esta frase ndash O iniacutecio o fi m e o meio que parece estar com a loacutegica inver-tida foi o primeiro e uacutenico slogan que o jornal teve Joatildeo Henrique Faria que trabalhou como consul-tor na criaccedilatildeo do curso de Comunicaccedilatildeo Social na

Fumec entre 1996 e 1997 e tambeacutem como coordenador em 1998 ndash logo quando o curso foi fundado - relata que o slogan surgiu de um concurso interno lanccedilado para alunos e que visava dar uma identidade ideoloacutegica e esteacutetica para o jornal que juntamente agrave raacutedio foram os primeiros laboratoacuterios do curso de Comunicaccedilatildeo a entrarem em fun-

cionamento Foi neste periacuteodo de inaugura-ccedilatildeo do curso que surgiu a marca O Ponto e o distintivo publicitaacuterio ldquoo iniacutecio o fi m e o meiordquo para o impresso

O slogan faz referecircncia agrave letra de muacutesica ldquoGitardquo do compositor Raul Seixas para enfatizar a proposta editorial do veiacute-culo - a ordem de disposiccedilatildeo das repor-tagens naquela eacutepoca no interior jornal O acutemeio` portanto eram as paacuteginas res-guardadas para as editorias referentes a assuntos institucionais ndash da universidade e tambeacutem para os assuntos que versavam sobre os proacuteprios meios de comunicaccedilatildeo ndash cobertura atuaccedilatildeo das miacutedias eventos e paradigmas ndash tudo no miolo do impresso O acutefim` era o espaccedilo reservado no jornal para as mateacuterias de poliacuteticas puacuteblicas sendo a sociedade a principal interessada e a proacutepria finalidade das reportagens e O Ponto o proacuteprio lsquofimrsquo O acuteiniacutecio` final-mente eram mateacuterias sobre variedades que falavam sobre questotildees gerais - curio-sidades entretenimento opiniotildees Este estilo de iacutendice e de divisatildeo do jornal durou dois anos desde o lanccedilamento ateacute que reformulaccedilotildees graacuteficas resultaram na retirada do slogan de layout de O PontoMudanccedilas compreensiacuteveis tratando-se de um jornal laboratoacuterio que prima pela experimentaccedilatildeo e inovaccedilatildeo

Um nome de impactoA democracia que foi sempre uma

maacutexima no funcionamento do laboratoacuterio de jornalismo impresso ndash todos os alunos sem exceccedilatildeo do 1ordm ao 8ordm periacuteodo devem e podem escrever ndash esteve presente tambeacutem no concurso que deu nome ao jornal O nome O Ponto foi criado pelo ex-aluno de

Editor e diagramador da paacutegina

10A NOSomemorar esse feito nossa equipe de reportagem ouviu os primeiros monitores a sua histoacuteria precircmios conquistados mateacuterias de repercussatildeo e mudanccedilas graacutefi cas

Da esquerda para a direita os ex-monitores Ernesto Braga Pedro Blank e Frederico Wanderley do Ponto para as redaccedilotildees

ldquoCriei (o nome) O Ponto pensando no sentido ortograacutefi co e ao mesmo tempo no signifi cado da palavra como ponto de vistardquo

Faacutebio Santos ex-aluno

12-16 - 10 anos O Pontoindd 212-16 - 10 anos O Pontoindd 2 82809 123341 PM82809 123341 PM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

14 bull Especial Editor e diagramador da paacutegina

19991999 2000 2004

Esta mateacuteria assinada pelos ex-alunos Ernesto Braga e Pedro Henrique Blank denunciou a poluiccedilatildeo no Rio das Velhas A partir da constataccedilatildeo de que 90 da carga poluidora lanccedilada no rio era proveniente da coleta dos esgotos domeacutesticos ldquoNa eacutepoca o entatildeo superintendente do jornal Estado de Minas Eacutedison Zenoacutebio publicou uma nota em sua coluna no jornal parabenizando pela mateacute-riardquo recorda o professor Rogeacuterio Bastos

Em ldquoAnunciou virou mancheterdquo o aluno Pedro Penido criticou a cobertura da imprensa entorno do deacutefi ct zero e a publicidade do governo do Estado sobre esse fato estampada nos trecircs jornais da capital Jaacute ldquoA imprensa errourdquo eacute uma criacutetica ao comportamento da imprensa na cobertura de um assassinato no Edifiacutecio JK O trabalho dos repoacuterteres Sinaacuteria Ferreira e Guilhermo Tacircngari pautou uma discussatildeo no Brasil das Gerais da Rede Minas Sinaacuteria Ferreira monitora na eacutepoca foi uma das participantes do programa

O Ponto eacute lanccedilado O impresso vem entatildeo ao mundo em for-mato Standard 315 mm x 560 mm papel jornal

jornalismo Faacutebio Santos que participou do processo seletivo do nome do jornal-laboratoacuterio do curso de Jornalismo da Fumec ldquoCriei acuteO Ponto` pensando no sentido ortograacutefico e ao mesmo tempo no signifi-cado da palavra como ponto de vistardquo

ldquoO Ponto eacute um nome de impacto Representa o acircngulo o lsquoxrsquo da questatildeordquo explica Joatildeo Henrique Faria que na ocasiatildeo participou do processo de escolha do nome O acutex` a que Faria se refere diz respeito a forma mais precisa de tratar um acontecimento Na seara jornaliacutestica consiste em diagnosticar o que de mais importante existe no fato esmiuccedilar seus anteceden-tes e desdobramentos O objetivo eacute enfi m noticiar de forma complexa contextualizada sem contudo recair no erro de julgar fazer juiacutezo de valor sobre um determi-nado acontecimento

Porque mudar eacute precisoEm maio de 2009 foi lanccedilado o novo projeto graacutefi co

do jornal com draacutesticas mudanccedilas de formato estilo e tambeacutem de logomarca cujo grafi smo conteacutem agora um ponto dentro da letra ldquoordquo reforccedilando a marca do impresso em seu nome O novo logotipo do jornal O Ponto eacute meacuterito do aluno do 2ordm periacuteodo do curso de Design Graacutefi co da Fumec Giovanni Batista Cocircrrea vencedor do concurso de reformulaccedilatildeo do logotipo

do jornal ldquoUsei uma fonte parecida com a anterior e desenhei a primeira letra lsquoorsquo da palavra como um lsquopontorsquo aproveitando sua forma natural pois acredito que uma marca deve ser simples e ao mesmo tempo marcanterdquo explica

A nova reformulaccedilatildeo graacutefi ca coordenada pela pro-fessora Duacutenya Azevedo e que contou com dois volun-taacuterios ndash os alunos Roberta Andrade e Pedro Leone - foi desenvolvido no segundo semestre de 2008 com base em pesquisas bibliograacutefi cas

De forma geral a opccedilatildeo por migrar do formato Stan-dart (o antigo jornalatildeo ndash de 53 cm de altura por 297 de largura) para o Berliner (289 cm por 43 cm) veio da demanda de adequaccedilatildeo as transformaccedilotildees que o meio impresso vem passando no mundo e no Brasil dimi-nuiccedilatildeo do puacuteblico leitor em detrimento dos veiacuteculos digitais o que culminou na reduccedilatildeo dos lucros dos jornais e do pessoal ndash jornalistas nas redaccedilotildees O que acentuou a disputa entre os jornais pelo leitor gerando a necessidade de reinvenccedilatildeo dos layouts para capta-ccedilatildeo deste puacuteblico que estaacute migrando para os canais de notiacutecia instantacircnea na internet

Conforme explica a professora Duacutenya Azevedo o formato Berliner eacute economicamente mais vantajoso - sua impressatildeo eacute mais barata e desperdiccedila menos papel eacute um formato mais praacutetico de ser manuseado

e passiacutevel de se aproximar de um layout de revista tipo de impresso mais bem acabado esteticamente e benquisto Razotildees estas ndash economia esteacutetica e tipo de manuseio - que infl uenciaram na decisatildeo de reformu-lar O Ponto

ldquoO objetivo do novo formato eacute aproximar O Ponto do estilo magazine (revista) ateacute mesmo pela sua periodi-cidade mensalrdquo explica Roberta Andrade ldquoQueriacuteamos diminuir o formato preservando poreacutem a valorizaccedilatildeo do textordquo reforccedila Pedro Leone Assim optou-se por uma tipografi a mais espaccedilada e menor para compor um layout mais arejado modernordquo

Eacute nesta linha de atuaccedilatildeo mantendo as antigas pre-missas do curso de liberdade de atuaccedilatildeo democracia e de ensaios profi ssionais que O Ponto segue traccedilando sua trajetoacuteria no espaccedilo acadecircmico concomitante-mente a histoacuteria dos estudantes no curso Sempre tendo em mente que a credibilidade de um jornal pre-cisa ser renovada constantemente seja ele velho ou novo Tenha ele 10 ou 100 anos de existecircncia Seja ele profi ssional ou laboratorial pois o que deve ser exal-tado e cumprido eacute a seriedade do trabalho sem isen-ccedilatildeo de culpa e responsabilidade em caso de erros Pois o desafi o em qualquer um dos veiacuteculos ndash seja um jornal renomado ou universitaacuterio eacute reportar com eacutetica e pro-fi ssionalismo as informaccedilotildees prestadas ao leitor

Alguns marcos em 10 ANOS

Imag

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12-16 - 10 anos O Pontoindd 312-16 - 10 anos O Pontoindd 3 82809 34455 PM82809 34455 PM

O Ponto

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Especial bull 15

2006

No fi nal de 2005 o jornal obteve outro rele-vante resultado um estudo sobre sua proposta editorial Os ex-alunos de jornalismo formados em 2005 Rafael Werkema e Renata Quintatildeo produziram o livro Jornal laboratoacuterio - uma pro-posta editorial criacutetica como parte do projeto de conclusatildeo de curso e dedicaram esta obra ldquoa todos os que veem O Ponto como espaccedilo para a formaccedilatildeo de agentes transformadores da socie-daderdquo Werkema declarou tambeacutem que este estudo abre refl exatildeo sobre a importacircncia do jornalismo impresso experimental que difere do modelo sisudo e congelado da grande imprensa

20092009Em janeiro de 2006 o jornal recebeu o precircmio Patildeo de Queijo de notiacutecias (PQN) Na eacutepoca a ex-coordenadora de O Ponto Ana Paola Valente fez a seguinte declaraccedilatildeo sobre o feito ldquoEsta eacute uma conquista coletiva construiacuteda principalmente pelos alunos que fazem o jornal e acreditam neste projetordquoEm maio o jornal foi eleito o melhor jornal laboratoacuterio da Ameacuterica Latina na III Mos-tra Internacional da Pesquisa Experimen-tal da Comunicaccedilatildeo EXPOCOM-SUR

2005

Para aleacutem das atividades ligadas ao produto impresso O Ponto tambeacutem se faz presente em vaacuterias iniciativas e eventos na Faculdade de Ciecircncias Humanas Uma dessas accedilotildees foi o debate poliacutetico entre os candidatos agrave Prefeitura de Belo Horizonte em 2008 Organizado pelos monitores de O Ponto e da Redaccedilatildeo Modelo e orien-tados pelos professores coordenadores o evento reuniu seis dos nove candidatos ao pleito no auditoacuterio Phoenix da Fumec no mecircs de setembro

Dois assuntos mar-caram a tocircnica do debate dos candida-tos as preocupaccedilotildees com educaccedilatildeo e com o transporte puacuteblico na capital mineira As inquietaccedilotildees estiveram presentes nas questotildees apresentadas pelos estudantes O auditoacuterio recebeu mais de 200 universitaacuterios

Compareceram ao evento os candi-datos Gustavo Valadares (DEM) Jorge Periquito (PRTB) Leonardo Quintatildeo (PMDB) Pedro Paulo (PCO) Seacutergio Miranda (PDT-PCB) e Vanessa Portu-gal (PSTU) Somente trecircs candidatos ndash Andreacute Alves (PT do B) Jocirc Moraes (PC do B) e Maacutercio Lacerda (PSB) ndash natildeo partici-

param e alegaram confl ito de agenda Os presentes elogiaram a organizaccedilatildeo

do evento e destacaram a importacircncia de se promover esclarecimentos poliacuteticos aos jovens jaacute que o tempo de duraccedilatildeo dos programas eleitorais na miacutedia natildeo era sufi ciente para informar os eleitores sobre os problemas da cidade bem como das propostas dos candidatos ao pleito

O envolvimento da equipe de O Ponto natildeo para por aiacute Em colaboraccedilatildeo com o Nuacutecelo de Estu-dos Escola da Ter-ceira Idade (Neeti) o laboratoacuterio assumiu tambeacutem no uacuteltimo semestre a diagrama-ccedilatildeo e fechamento do jornal Degrau publi-caccedilatildeo semestral dos alunos do curso que produzem crocircnicas poesias e outros tex-tos de cunho pessoal

Em momentos de polecircmica a ordem eacute arregaccedilar as mangas Apoacutes decisatildeo do Supremo Tribunal Federal no fi nal do primeiro semestre deste ano de por fi m agrave obrigatoriedade do diploma para o exer-ciacutecio profi ssional do jornalismo os moni-tores de O Ponto foram mobilizados para sair em campo e ouvir os profi ssionais do mercado sobre o impacto da decisatildeo na

vida dos atuais e futuros profi ssinais Como resultado da iniciativa foi pro-

duzido um viacutedeo com depoimentos de representantes da imprensa belo-hori-zontina tranquilizando os estudantes e avaliando como baixo o impacto da medida do STF na hora da contrataccedilatildeo prevalecendo a importacircncia de se ter um curso de formaccedilatildeo jornaliacutestica

Ensino de qualidadeO laboratoacuterio de jornalismo impresso

da Fumec prima tambeacutem pela qualidade do ensino As atividades de produccedilatildeo de cada ediccedilatildeo do jornal laboratoacuterio assim como a delimitaccedilatildeo dos papeacuteis dos par-ticipantes e colaboradores em cada uma delas satildeo todas executadas e coordena-das por estudantes Os alunos desde o primeiro semestre do curso satildeo estimu-lados a participar de O Ponto

As reuniotildees de pauta satildeo divulgadas para todo o corpo dicente de Jornalismo e coordenadas pela monitoria As suges-totildees de assuntos e enfoques para as mateacute-rias satildeo responsabilidade dos alunos que estatildeo cursando a disciplina Ediccedilatildeo II Eles assumem a ediccedilatildeo do jornal a cada semestre orientados pelo professor da disciplina e auxiliados pelos monitores

Quanto agrave apuraccedilatildeo das mateacuterias a reportagem pode ser executada por todos os periacuteodos A fotografi a tambeacutem eacute uma atividade preferencialmente dos alunos do curso Iniciativas de convergecircncia

tambeacutem satildeo praticadas pelos estudantes da Fumec como por exemplo em repor-tagem publicada na ediccedilatildeo nuacutemero 69 Intitulada ldquoEstudante vira gari por um diardquo a reportagem foi produzida para o impresso para a internet (Ponto Eletrocirc-nico) e em viacutedeo simultacircneamente Para isso uma equipe foi para as ruas executar a reportagem e no caso do repoacuterter tam-beacutem da coleta de lixo

A ediccedilatildeo do texto e a diagramaccedilatildeo satildeo executadas pelos alunos que estatildeo cur-sando Ediccedilatildeo II A revisatildeo fi nal do texto e do layout da paacutegina satildeo tarefas dos monitores e posteriormente o material eacute enviado para a graacutefi ca

O Jornal Laboratoacuterio O Ponto eacute na avaliaccedilatildeo do Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social da Universidade Fumec Seacutergio Arreguy o principal ins-trumento de experimentaccedilatildeo para o jor-nalismo impresso ldquoElaborado desde o projeto graacutefi co pautas apuraccedilatildeo e produ-ccedilatildeo de mateacuterias pelos alunos sob a super-visatildeo e coordenaccedilatildeo dos professores eacute o resultado de muito trabalho dedicaccedilatildeo e comprometimento de todos os envol-vidos materializado em um Jornal de excelente qualidade Refl exo de um curso seacuterio aprovado e reconhecido sobretudo pelo mercado de Belo Horizonterdquo

Aureacutelio JoseacuteCoordenador do Jornal-laboratoacuterio e

professor do curso de Jornalismo

Atividades vatildeo aleacutem da produccedilatildeo impressa

ldquoResultado de muito trabalho e

comprometimento o jornal eacute refl exo

de um curso seacuterio e reconhecido pelo

mercado de BHrdquoSeacutergio Arreguy coordenador do curso de Comunicaccedilatildeo Social

12-16 - 10 anos O Pontoindd 412-16 - 10 anos O Pontoindd 4 82809 34457 PM82809 34457 PM

O Ponto

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16 bull Especial

Com a palavra alguns ex-monitores

ldquoO meu

primeiro contato praacutetico

com o jornalismo ocorreu no Jor-

nal O Ponto Durante oito meses

como

monitor e nos quatro anos de curso

vivi cada

dia na redaccedilatildeo e pude ajudar a c

onstruir com

reportagens diagramaccedilotildees ou material fotograacutefi co

esse jornal que respeito muito por

ter me mostrado de

forma sincera alguns valores da mi

nha profi ssatildeo

As discussotildees interessadas que tive

mos naquela redaccedilatildeo

fi cam para toda a carreira juntame

nte com as boas pessoas

com as quais pude conviver nesse

periacuteodo Com o Ponto

percebi que o jornalismo antes de

escrever deve ldquoolharrdquo

para o mundo e buscar seu recorte

Por mais difiacutecil que

fosse terminar uma paacutegina sempre

compensava olhar para

ela impressa na pilha de jornais

no fi m do mecircs Esse

desafi o nos motivou e deve motivar

a cada diardquo

Enzo Menezes ex-monitor

ldquoDurante um ano e meio fui moni-

tora do jornal O Ponto podendo

adquirir muito conhecimento Mesmo

sendo um jornal mensal e por isso com-

posto de reportagens natildeo de notiacutecias pude

aprender sobre a rotina de uma redaccedilatildeo Aprendi

como nasce um jornal desde a reuniatildeo de pau-

tas o acompanhamento dos repoacuterteres e editores

revisatildeo das paacuteginas montagem da boneca o fecha-

mento ateacute o jornal impresso Comecei no jornal no

sexto periacuteodo entatildeo tive que apreender a editar

e diagramar uma paacutegina Ao mesmo tempo tambeacutem era

responsaacutevel pela ediccedilatildeo fi nal do jornal tendo que

colaborar com os demais alunos Foi muito grati-

fi cante fazer parte da equipe do jornal labora-

toacuterio foi um grande aprendizadordquo

Poliane Bosco ex-monitora

ldquoFui um dos primeiros monito-res do jornal e da 1ordf turma de jornalismo da Fumec Como na eacutepoca os repoacuterteres eram voluntaacuteriospassaacutevamos nas

salas chamando o pessoal Nas primeiras ediccedilotildees ateacute falavam que existia uma lsquopanelinharsquo porque as

mateacuterias eram sempre dos mesmos - eu o Ernesto Braga o Pedro Blank por exemplo porque era quem se interessava em escrever A mateacuteria que me marcou mais foi a primeira a primeira a gente nunca esquece (risos) Acho que o tiacutetulo era lsquoDe volta aos porotildees da loucurarsquo que saiu como manchete na primeira ediccedilatildeo e era sobre um manicocircmio em Barbacena O pessoal de psicologia ia fazer um estudo laacute e nos ofere-cemos para cobrir Vimos que a situaccedilatildeo do lugar era a mesma haacute 20 anos segundo um livro dos anos 80 sobre a instituiccedilatildeordquo

Murilo Rocha ex-monitor

ldquoA moni-toria foi uma experiecircncia

muito bacana pois foi a primeira vez que tive contato com a produccedilatildeo de

um jornal Tiacutenhamos a funccedilatildeo de editar mas tambeacutem faziacuteamos mateacuterias diagramaacutevamos tiraacute-

vamos fotos orientaacutevamos os repoacuterteres enfi m era uma trabalheira soacute Lembro-me de uma mateacuteria que fi z sobre salaacuterio miacutenimo (maio2001 14ordf ediccedilatildeo) e ganhou a manchete de O Ponto para minha surpresa Eu e o Daniel Bianchini na eacutepoca fotoacutegrafo e teacutec-nico do laboratoacuterio de fotografi a da Fumec subimos a favela para saber quantas eram e como viviam as

pessoas que recebiam um salaacuterio miacutenimordquo

Angeacutelica Diniz ex-monitora

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Foto arquivo O Ponto

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Esporte bull 17Editor e diagramador da paacutegina Rodrigo Zavaghli e Joatildeo Procoacutepio 6ordm periacuteodo

Domingo um dia em que a populaccedilatildeo de um paiacutes inteiro parou diante das tevecircs para assistir ao embate de duas equipes esportivas disputando o tiacutetulo nacional O vencedor vem estabelecendo uma supremacia invejaacutevel Eacute o maior ganha-dor da deacutecada e jaacute desponta como favo-rito para a proacutexima temporada Enfrenta apenas um desafi o manter o elenco para continuar competitivo em um ramo que movimenta milhotildees em dinheiro anualmente

Poderia estar falando do Brasil e o time citado poderia perfeitamente ser o Satildeo Paulo Mas a cena descrita se passa nos Estados Unidos o campeatildeo se chama Los Angeles Lakers e o esporte natildeo eacute o futebol mas sim o basquete Com uma atuaccedilatildeo impecaacutevel do cestinha Kobe Bryant os Lakers derrotaram o Orlando Magic em uma seacuterie melhor de sete jogos levantando o caneco pela quarta vez desde o ano 2000 Eacute o deacutecimo tiacutetulo do teacutecnico Phil Jackson em 15 da equipe de LA Somados a esses nuacutemeros 15 milhotildees de televisores americanos esta-vam ligados no jogo durante a exibiccedilatildeo e a movimentaccedilatildeo fi nanceira do esporte tambeacutem natildeo fi ca atraacutes das grandes trans-ferecircncias de jogadores brasileiros para o futebol europeu A estrela do basquete Shaquille OacuteNeil deve trocar de time por nada menos que 20 milhotildees de doacutelares -uma pechincha- Mostra-se assim que o basquete pode seguir uma foacutermula de sucesso da mesma forma que fazemos com o nosso esporte nacional

A liga americana eacute uma das mais assis-tidas no paiacutes e no mundo sendo transmi-tida para 42 paiacuteses e possui uma foacutermula diferente e atraente com fase de grupos os famosos mata-matas e divisotildees por conferecircncias tornando toda a temporada uma grande festa com direito inclusive agraves tradicionais e nada desejaacuteveis brigas de torcida

A NBBA Associaccedilatildeo Nacional de Basquete

dos Estados Unidos a NBA eacute o exemplo que o Brasil estaacute tentando seguir para reerguer o esporte no paiacutes A preocupa-ccedilatildeo eacute grande uma vez que por exemplo a equipe masculina nacional que jaacute con-tou com estrelas como Oscar Schmidt aleacutem de jogadores que hoje fazem fama no exterior como Leandrinho Nenecirc e Anderson Varejatildeo nem se quer conquis-tou vaga para disputar as duas uacuteltimas olimpiacuteadas Isso para um esporte em que o Brasil jaacute foi campeatildeo mundial no cada vez mais longiacutenquo ano de 1959 eacute sinal de crise

Mas o racha no basquete brasileiro natildeo envolve apenas o desempenho do time em quadra Nos uacuteltimos anos o que se viu foi um show de falta de organizaccedilatildeo por parte da Confederaccedilatildeo Brasileira de Basquete (CBB) que em 2006 natildeo con-seguiu promover o campeonato nacio-nal ateacute o fi m Faltou a fi nal e a histoacuteria

enveredou para a poliacutetica Os clubes paulistas insatisfeitos com a conjun-tura romperam com a confederaccedilatildeo e disputaram um torneio paralelo criado por eles em 2008 No preacute-oliacutempico do mesmo ano a seleccedilatildeo brasileira dispu-tou por vaacuterios motivos muitos deles obscuros com desfalque de todos os jogadores que disputavam a Liga Ame-ricana Perdeu

Insustentaacutevel por si soacute a nova aposta da CBB eacute o Novo Basquete Brasil A sigla NBB natildeo foi por acaso A semelhanccedila com a NBA eacute justamente o foco do novo torneio organizado pelos clubes com a chancela da Confederaccedilatildeo Eacute uma ten-tativa de reconciliaccedilatildeo dos times com a entidade dos jogadores com a seleccedilatildeo e por consequumlecircncia das torcidas com a quadra O formato traz turno returno e fase fi nal com mata-mata para defi nir semifi nalistas e fi nalistas A fi nal eacute deci-dida em no maacuteximo cinco partidas E que comece a campanha para as Olim-piacuteadas do Rio

OlimpiacuteadasQue o governo brasileiro estaacute em cam-

panha para sediar os Jogos Oliacutempicos de 2016 jaacute estaacute claro para todo mundo O que acontece nas entrelinhas poreacutem eacute um esforccedilo coletivo por parte da miacutedia do governo e de todo o setor esportivo em geral em alavancar o esporte no paiacutes Desmistifi car a conversa de que aqui soacute o futebol presta Eacute bom para os clubes bom para os cofres puacuteblicos e bom para as empresas privadas fora a melhoria na imagem do paiacutes laacute fora Para se ter uma ideia o Pan do Rio gastou cerca de sete milhotildees de reais em uma soacute cidade Jaacute a reforma do Maracanatilde palco da fi nal da copa de 2014 tem orccedilamento pre-visto em ateacute 1 bilhatildeo Eacute muito dinheiro envolvido e logicamente muita gente interessada

O NBB se torna claramente mais uma peccedila nesse complexo tabuleiro aonde o objetivo eacute vender o Brasil como paiacutes do esporte Ronaldo Adriano Fred fora outras movimentaccedilotildees de grandes estrelas do esporte nacional que retor-nam ao paiacutes mostram que aos poucos estamos tentando construir uma cultura esportiva o que nos encaixa como uma luva na candidatura para as olimpiacuteadas

A verdade eacute que temos um longo caminho a percorrer O Rio de Janeiro jaacute ateacute possui um esqueleto de estrutura eacute verdade feita nos Jogos Pan Ameri-canos de 2006 e pretende ampliar o investimento com a Copa do Mundo de futebol mas a incompatibilidade ainda eacute latente Falta resolver o problema da seguranccedila puacuteblica A reforma do estaacute-dio do Maracanatilde jaacute tem orccedilamento mas natildeo tem quem pague E o que sinaliza o desespero para ser capaz de receber um evento desse porte eacute a corrida das cidades sede da Copa de 2014 Das 12 cidades sede todas com planejamentos astronomicamente caros para a compe-ticcedilatildeo apenas uma ndashBrasiacutelia- declarou de onde viraacute o dinheiro

Formaccedilatildeo de baseO lado positivo de toda a politicagem

que envolve a corrida pelas olimpiacuteadas eacute a formaccedilatildeo de novos atletas e de esco-linhas de base nos vaacuterios clubes do paiacutes Afi nal se por um lado esporte eacute fi nan-ceiramente um bom negoacutecio ele natildeo deixa de ser saudaacutevel e interessante para a sociedade A efi ciecircncia de escolinhas de esporte nas periferias em termos de estatiacutesticas de criminalidade aleacutem do trabalho seacuterio de dignidade e auto-estima que eacute feito na grande maioria dos casos por professores voluntaacuterios eacute inegaacutevel

O Mackenzie Esporte Clube tradi-cional formador de atletas de Belo Hori-zonte por exemplo usa suas escolinhas de esporte para segundo sua assessoria de imprensa auxiliar na educaccedilatildeo e inte-graccedilatildeo social de crianccedilas e jovens Aleacutem dos clubes escolas particulares ou seja com verbas como o Coleacutegio Santo Agos-tinho realizam projetos sociais para pro-mover a integraccedilatildeo e dignidade atraveacutes do esporte Exemplo disso era o time de vocirclei Sada Betim hoje Sada Cruzeiro que enquanto ainda associado agrave prefeitura da cidade e usando suas dependecircncias abria portas para jovens da periferia para integrar suas escolas baacutesicas do esporte

Estrutura para tais iniciativas eacute o que natildeo falta O Minas Tecircnis clube de maior destaque no cenaacuterio esportivo mineiro eacute o detentor de uma das mais invejaacuteveis estruturas esportivas do paiacutes Eacute o exem-

plo de que eacute possiacutevel dar suporte para for-mar equipes competitvas em vaacuterios espor-tes Finalista da Superliga de vocirclei clube de formaccedilatildeo do medalista pan americano Th iago Pereira da nataccedilatildeo medalista oliacutempico do judocirc com Ketleyn Quadros e semifi nalista da NBB com a equipe de basquete Conquistas que geram pergun-tas Eacute possiacutevel estender tamanho sucesso para a populaccedilatildeo em geral O Brasil seraacute capaz de utilizar o potencial que tem de mobilizar a sociedade por causas tatildeo inte-ressantes quanto o esporte para alavan-car os setores prejudicados de seu povo ou vai jogar todos os problemas e todas as desculpas por suas falhas sob o grande guarda-chuva da beleza do esporte Seraacute as Olimpiacuteadas uma oportunidade para o sucesso ou mais uma grande farra para os poliacuteticos e para a miacutedia

O Novo Basquete Brasil pode ser parte da resposta O objetivo principal do tor-neio eacute revigorar o esporte atrair o puacuteblico de volta e recolocar o basquete brasileiro em niacuteveis oliacutempicos para em seu obje-tivo secundaacuterio apoiar a campanha para o Rio 2016 Se der certo bom para o Bra-sil Ganha em notoriedade em trabalho bem feito e abre um leque de esperanccedilas para os projetos que viratildeo Se der errado reforccedila a capacidade do brasileiro de fazer auecirc sem saber aonde vai dar E costuma dar em pizza Em obras superfaturadas em estrutura precaacuteria e em novas festas como mensalotildees castelos e farras aeacutereas em geral

O Novo Esporte BrasilFinal do Novo Basquete Brasil levanta a discussatildeo das poliacuteticas esportivas no Brasil

PEDRO LEONE

6ordm PERIacuteODO

Foto Divulgaccedilatildeo

Minas e Flamengo em jogo realizado na arena da Rua da Bahia

17 - novo esporte brasilindd 117 - novo esporte brasilindd 1 82809 115027 AM82809 115027 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

18 bull Entretenimento Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O que vocecirc acha que o CQC traz de novo para a TV brasileira

Rafi nha Bastos O CQC eacute um formato novo Soacute o fato de existir um formato novo numa televisatildeo tatildeo repetida porque os formatos se repetem muito na televisatildeo a novela do SBT eacute igual a da Band que eacute igual a da Globo que eacute igual a da Record os telejornais tambeacutem satildeo parecidos os programas de auditoacuterio Entatildeo soacute o fato de ser um programa diferente um formato de televisatildeo diferente jaacute eacute uma novidade Eu acho que eacute isso que o CQC traz

OPComo vocecirc entende a junccedilatildeo de ldquojornalismo e humorrdquo

RB Eu acho que o jornalismo eacute muito convencional Ele tem um formato muito especiacutefi co no Brasil haacute muito tempo Entatildeo o fato de a gente estar fazendo uma coisa mais bem humorada vem quebrar um pouco com esses paradigmas que satildeo muito estabelecidos do jornalismo A gente estaacute fazendo de uma maneira diferente de fazer o jornalismo Eu acho interessante a receptividade que eu tenho tido com as mateacuterias laacute do ldquoProteste Jaacuterdquo Satildeo muito legais o povo gosta e se sente representado Entatildeo eu acho que tem sido muito bom

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

RB Natildeo existe isso Eu sou contra esse negoacutecio de ldquohumor inteligenterdquo porque natildeo eacute porque o Tiririca faz um humor para o povatildeo que ele natildeo eacute inteligente Ele eacute um gecircnio aliaacutes entendeu Natildeo acho que a questatildeo eacute ldquointeligenterdquo Eu acho que a questatildeo eacute a seguinte o humor do CQC precisa de mais referecircncia O pessoal precisa conhecer um pouco das coisas que a gente estaacute falando estar um pouco informado sobre poliacutetica Talvez a pessoa que assiste ao CQC esteja atraacutes de um humor com mais informaccedilatildeo um humor mais criacutetico e o humor natildeo eacute tatildeo popular mas natildeo signifi ca que natildeo eacute mais inteligente do que o humor popular

OPVocecirc natildeo teme que o CQC caia na ldquomesmicerdquo

RB Eacute muito cedo para dizer ainda Muito cedo O que acontece eacute que os pro-gramas humoriacutesticos caem na mesmice e isso eacute estrateacutegico O ldquoNerson da Capi-tingardquo faz a mesma piada toda semana

porque as pessoas precisam entender a piada O povatildeo a galera ldquomassardquo precisa saber a hora que ela tem que rir Por isso que parece que eacute muito repetitivo Porque natildeo eacute um humor feito pra gente natildeo eacute um humor feito para a galera faculdade para a galera que tem um espiacuterito criacutetico um pouco mais aguccedilado Eacute para o povatildeo Eacute muito bem feito A tendecircncia do CQC natildeo eacute ir por esse caminho mas pode ser que ele se repita Isso eacute uma busca eterna

OPA experiecircncia da stand-up comedy contribui para a abordagem de suas fontes

RB O fato de eu ser comediante me ajuda Eu faccedilo um programa de humor hoje que por mais que tenha uma pegada jornaliacutestica eacute um programa de humor O objetivo dele eacute ser engraccedilado eacute ser divertido Tanto a minha formaccedilatildeo de jornalista quanto o meu trabalho de comediante estatildeo juntos ali quando eu estou na frente do viacutedeo

OPEm sua opiniatildeo onde podemos perceber o jornalismo no CQC

RB O quadro ldquoProteste jaacuterdquo eacute o quadro mais jornaliacutestico do programa Ele aborda os problemas levanta e vai atraacutes de soluccedilotildees conversa com os governantes Eu acho que esse eacute o quadro mais jornaliacutestico mas natildeo signifi ca que as mateacuterias de ldquobaladardquo natildeo sejam jornaliacutesticas Mas eu soacute acho que o mais parecido com o formato tradicional de jornalismo eacute o ldquoProteste Jaacuterdquo

OPComo vocecirc percebe a inserccedilatildeo da publicidade no programa Vocecirc acha que o excesso de propaganda pode pre-judicar a atraccedilatildeo

RB Eu acho que eacute feito de uma maneira muito suave Eacute algo inovador O que o CQC faz natildeo existe em nenhum outro programa A gente natildeo interrompe natildeo mostra nenhum produto ou merchan durante o programa Satildeo propagandas fei-tas com o proacuteprio elenco Entatildeo eu acho

que eacute diferente e o programa tem que se bancar Ele precisa ter publicidade

OPMas vocecirc natildeo acha que haacute uma quebra do discurso Por exemplo o Marcelo Tas chama uma mateacuteria ldquoredondardquo e faz menccedilatildeo a uma determi-nada marca de cerveja Quando manda a mateacuteria haacute um corte com outra propa-ganda entrando

RB Vocecirc natildeo acha isso muito melhor do que parar e falar assim ldquogente vamos falar de seguro sauacutederdquo e a pessoa sair Vocecirc tem que vender vocecirc tem que fazer publicidade Natildeo tem como O programa precisa se bancar de alguma forma Eu acho que a melhor maneira uma maneira interessante de fazer os merchans eacute da maneira como a gente faz Natildeo inter-rompe natildeo tem a ver com a mateacuteria natildeo estaacute no meio do conteuacutedo natildeo tem a ver com o conteuacutedo do programa estaacute sepa-rado Eu acho que eacute uma maneira tran-quila Se eacute a melhor maneira eu natildeo sei mas eu acho interessante

OPEm abril assessores de comuni-caccedilatildeo dos parlamentares se reuniram em Brasiacutelia para questionar a liberdade com que os repoacuterteres atuam no Con-gresso Nacional O diretor de comuni-caccedilatildeo da Cacircmara poreacutem afi rmou que natildeo alteraria as regras atuais e que cabia aos assessores explicar aos deputados como lidar com o tipo de jornalismo praticado pelos programas O CQC foi pivocirc desta atitude

RB O Congresso faz as leis dele O Congresso olha muito para o proacuteprio umbigo Natildeo existe nada que infl uencie diretamente as decisotildees do Congresso Eles decidem por eles mesmo Por isso que eles estatildeo em Brasiacutelia que fi ca a 500 km de Rio e Satildeo Paulo

OPVocecirc acha que os poliacuteticos satildeo alvo faacutecil para o humor Por quecirc

RB Eu acho que natildeo Eu acho que os poliacuteticos satildeo difiacuteceis porque satildeo uma concorrecircncia para os comediantes Os proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia entatildeo jaacute eacute muito difiacutecil vocecirc tirar sarro de algo que jaacute eacute engraccedilado As notiacutecias do ldquoJornal Nacionalrdquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQC Eacute mais difiacutecil ainda Eacute uma busca eterna para natildeo fi car se repetindo e natildeo fi car falando coisas que jaacute satildeo ditas por outros telejornais

Os bastidores do risoEm entrevista exclusiva Rafi nha Bastos repoacuterter do programa televisivo Custe o Que Custar (CQC) abre o jogo e conta como o humor eacute levado a seacuterio na atraccedilatildeo semanal na emissora Bandeirantes

Uma das cenas protagonizadas por Rafi nha Bastos no quadro ldquoProteste jaacuterdquo

ldquoOs proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia () As notiacutecias do lsquoJornal Nacionalrsquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQCrdquo

Rafi nha Bastos

AMANDA ARAUacuteJO

FLAacuteVIO CAMPOS

NATASHA MUZZI

8ordm PERIacuteODO

Belo Horizonte abril de 2009 Enquanto esperaacutevamos a reapresen-taccedilatildeo da peccedila ldquoArte do Insultordquo para realizar uma entrevista com o humo-rista Rafi nha Bastos marcaacutevamos quais seriam as principais perguntas que deveriam ser feitas considerando o pouco tempo que teriacuteamos dispo-

niacutevel nos bastidores do evento Casa cheia nervosismo em alta muita gente querendo conversar e chamar a atenccedilatildeo do ldquohomem de pretordquo do programa CQC Difiacutecil tarefa eacute con-seguir uma entrevista quando se eacute apenas estudante Mas conseguimos o acesso e a conversa se estendeu por bem mais tempo do que esperaacuteva-mos Nosso objetivo era questionar o apresentador e repoacuterter sobre a jun-ccedilatildeo entre jornalismo e humor presen-tes no programa por ele apresentado

a fi m de somar ao nosso trabalho de conclusatildeo de curso que apresentava a mesma discussatildeo Em maio de volta agrave mesma casa de espetaacuteculos nos encontramos com o tambeacutem repoacuterter da atraccedilatildeo Danilo Gentili com cer-teza bem mais afi ados e preparados para a sarcaacutesticas intervenccedilotildees do humorista

De forma descontraiacuteda fomos recebidos pelas duas grandes fi guras do Stand-up Comedy e agora ldquoastrosrdquo do irreverente CQC que toparam

falar sobre o jornalismo do programa liberdade de imprensa poliacutetica e claro humor Aleacutem de compor a bancada do programa Rafi nha Bastos eacute jornalista e comediante apresentando espetaacuteculos de improviso por todo o paiacutes Publicitaacuterio e humorista Danilo Gentilli foi um dos fundadores da comeacutedia ao vivo na capital paulista O resultado deste inusitado e divertido bate-papo com os dois repoacuterteres vocecirc confere agora em entrevistas editadas especialmente para O Ponto

Foto Divulgaccedilatildeo

18-19 - cqc prontaindd 118-19 - cqc prontaindd 1 82809 115038 AM82809 115038 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Entretenimento bull 19Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O ano de 2008 rendeu ao CQC nove precircmios Quatro deles somam como melhor programa de humor eou como melhor produccedilatildeo humoriacutestica Porque vocecirc acha que a miacutedia ainda natildeo premiou o programa como melhor telejornal

Danilo Gentili O CQC trabalha com fatos jornaliacutesticos mas natildeo eacute um telejor-nal O CQC natildeo estaacute todo dia mostrando os fatos do dia entatildeo natildeo pode ser clas-sifi cado como um telejornal O ldquoGlobo Repoacuterterrdquo natildeo pode ser classifi cado ldquoum telejornalrdquo eacute um programa jornaliacutestico Eu acho que a miacutedia natildeo enxerga o CQC como um programa jornaliacutestico Na ver-dade se for para eu escolher se o CQC eacute jornaliacutestico ou humoriacutestico eu escolheria que ele eacute humoriacutestico porque quando eu vou fazer eu me preocupo primeiro em fazer a pessoa rir Eu vou abrir a boca eu vou falar com esse cara mas a uacutenica razatildeo de eu falar com esse cara eacute fazer uma piada Se eu for falar com ele e a pessoa natildeo rir natildeo tem porque eu estar aqui

OPA maioria das pautas poliacuteticas do programa satildeo destinadas agrave vocecirc A que vocecirc atribui isso Vocecirc seria o mais cara de pau dos ldquohomens de pretordquo

DG Pode ser Talvez seja Eu gosto de fazer poliacutetica com um produtor laacute em especiacutefi co A gente vai com muita von-tade de fazer o que a gente faz de chegar para o cara e perguntar Na verdade eacute o seguinte eu natildeo sei os outros repoacuterteres mas eu no CQC natildeo tenho a pretensatildeo de ser amigo de ningueacutem Seja de poliacutetico ou de celebridade eu natildeo tenho a pre-tensatildeo Vocecircs natildeo vatildeo me ver em festas de celebridades ldquoOh fui convidado pra festa e estou aquirdquo Eu natildeo tenho essa vontade natildeo eacute o meu mundo Entatildeo eu vou pra perguntar o que eu sempre quis e talvez o que todo mundo que estaacute em casa sempre quis saber

OPComo eacute a sua preparaccedilatildeo antes de cobrir as pautas poliacuteticas na Casa Legislativa Vocecirc planeja suas piadas antes ou eacute realmente no improviso

DG A reuniatildeo de pauta geralmente acontece no caminho Eu e o produtor ou no aviatildeo ou no carro Eu e o produ-tor falando ldquoquem vocecirc acha que vai estar laacute Ah Tal pessoa tal pessoa tal pessoa fez isso A gente pode falar issordquo A gente tenta mais ou menos ter uma noccedilatildeo do que dizer

OPMas inclui uma piada pronta DG A gente tenta prever e tenta ir

com umas cartas na manga mas a gente sabe que eacute impossiacutevel Porque eu posso ir com uma pergunta pronta e o cara me daacute uma resposta que ningueacutem esperava Aiacute em cima disso eu tenho que fazer outra piada

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

DG Taacute isso no site do CQC Vocecircs acreditaram nisso (risos) Natildeo sei eu acho que o humor tem que ser engra-ccedilado natildeo tem que ser inteligente Eacute o

que eu acho entendeu O que seria humor inteligente Natildeo sei o humor eacute muito subjetivo pra classifi car ldquoesse humor eacute inteligente esse natildeo eacuterdquo Eu acho que o humor inteligente eacute aquele que se comunica de uma forma efi caz com o seu puacuteblico O Tiririca eacute esquisito mais eacute um humor inteligente para muita gente Eu gosto do Tiririca

OPComo publicitaacuterio como vocecirc avalia esse novo modelo de publici-dade inserido no programa

DG Mas natildeo eacute tatildeo diferente assim Na verdade eacute igual as outras porque nas outras o cara faz a propaganda e a agecircncia que ganha e no CQC tambeacutem a gente faz a propaganda e a produtora que ganha

OPVocecirc acha que o riso midiatizado esse humor ldquopastelatildeordquo que a gente vecirc por aiacute deixa perder um pouco da fun-ccedilatildeo do riso que estaacute em ser criacutetico

DG Depende do humor pastelatildeo eu gosto muito Eu gosto do Chaves gosto dos Trecircs Patetas gosto do Jerry Lewis gosto do Mr Been Eacute tudo humor pastelatildeo Eu acho que o termo que vocecirc queira achar natildeo eacute ldquohumor pastelatildeordquo eacute um humor grosseiro tipo ldquoAh vou peidar em puacuteblicordquo e todo mundo ri disso Eacute um humor primaacuterio Tal-vez seja o que vocecirc queria dizer Pastelatildeo eu gosto muito o humor do Chaves eacute pas-

telatildeo e eacute muito inteligente O do Mr Been tambeacutem eacute muito inteligente ele bolar tudo aquilo e tal Agora tem o humor primaacuterio que eacute esse humor de bordatildeo humor de escatologia humor de falar qualquer coisa Geralmente ningueacutem ri se natildeo sabe do que estaacute rindo Eu tento fazer no meu show e no CQC um riso que depende do contexto Vocecirc vai ver isso quando eu for falar com um poliacutetico no CQC Por exemplo eu fi z uma mateacuteria e eu encontrei o Joatildeo Paulo Cunha um cara que era do mensalatildeo Eu sei que 90 do meu puacuteblico do CQC talvez natildeo se lembre ou natildeo saiba quem eacute o cara Entatildeo se eu fi zesse a piada ningueacutem ia rir ningueacutem ia achar graccedila Entatildeo antes de eu chegar no cara eu falei aquele ali eacute tal cara que fez tal coisa e naquela eacutepoca ele fez o mensalatildeo Falou que pagou 50 mil numa conta em TV a cabo e natildeo sei o que Aiacute o pessoal jaacute sabe do que eu vou falar Entatildeo eu jaacute deixei a pessoa a par do conceito Quando eu chego no cara e faccedilo as piadas a pessoa sabe do que eu estou falando Entatildeo eu informei a pessoa para ela poder rir No meu show eu faccedilo isso Eu falo de uma por-ccedilatildeo de coisas que vatildeo rir porque eles estatildeo dentro do conceito Eu vou falar de tracircnsito eu natildeo preciso explicar o que eacute o tracircnsito Todo mundo sabe o que eacute o tracircnsito entatildeo eles acabam rindo disso por exemplo

OPEm entrevista ao portal UOL no dia 24042008 vocecirc disse que os bra-sileiros natildeo tecircm muito senso de humor Porque vocecirc acha entatildeo que o pro-grama estaacute dando certo no Brasil Vocecirc acha que o CQC devolveu agrave sociedade um pouco desse senso

DG O problema do brasileiro eacute que ele tem o senso de humor primaacuterio Ele natildeo tem um senso de humor Pra vocecirc ter senso de humor vocecirc tem que ver o que estaacute acontecendo reconhecer a reali-dade para poder rir dela O brasileiro tem a auto estima muito baixa O brasileiro soacute brinca com os outros ele natildeo brinca con-

sigo proacuteprio Vocecirc vecirc piada de brasileiro eacute sempre o portuguecircs eacute sempre a loira Por exemplo tem o portuguecircs o brasi-leiro e o americano O brasileiro sempre se sai bem ele tem autoestima baixa ele natildeo sabe rir de si Se o CQC devolveu isso para o brasileiro Eu acho que natildeo Pouca coisa a gente devolveu isso para o brasileiro O brasileiro estaacute rindo ainda do poliacutetico ele estaacute rindo ainda da cele-bridade que a gente ridiculariza Eu jaacute saiacute na rua e quando eu fui na ldquoMarcha para Jesusrdquo falar deles ningueacutem riu

OPNo CQC vocecirc tem vontade de fazer o quadro Proteste Jaacute

DG Proteste Jaacute Natildeo sei cara Tudo que eu tenho vontade eu faccedilo Eu tenho von-tade que muita coisa que eu faccedilo entre mas acaba natildeo entrando porque os caras falam que eu pego pesado (risos) Se eu fi zesse o Proteste Jaacute talvez eu fi zesse dife-rente eu natildeo sei Eu natildeo tenho vontade de fazer o Proteste Jaacute natildeo

OPTem alguma entrevista sua que vocecirc considera a melhor

DG Natildeo Tem muita entrevista que eu vejo na TV e falo nossa essa natildeo foi a melhor que eu fiz Porque cortam muita coisa

OPQue elementos jornaliacutesticos vocecirc nota no programa CQC

DG Jornalismo tem porque a gente como fala no iniacutecio do programa eacute um ldquoresumo semanal de notiacuteciasrdquo Mas taacute eacute um resumo semanal de notiacutecias taacute bom vaia gente fi nge que eacute O que tem eacute a gente brinca com algumas coisas que aconteceram durante aquela semana durante aqueles dias proacuteximos Eacute o mais proacuteximo que tem do jornalismo A gente sempre que pode estaacute no fato na hora do fato Mas agraves vezes natildeo daacute entatildeo vai cobrir festinha e natildeo sei o que mas a intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e ldquobrincarrdquo com ele

ldquoA gente sempre que pode estaacute no fato na hora do

fato A intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente

pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e

lsquobrincarrsquo com elerdquo

Danilo Gentili

O humorista Danilo Gentili foi um dos fundadores da comeacutedia ldquocara limpardquo na capital paulista e hoje desafi a poliacuteticos

Foto divulgaccedilatildeo

O cara de pau dos homens de pretoDanilo Gentilli o temido repoacuterter pelos poliacuteticos no dia-a-dia do senado conta como se prepara para as pautas polecircmicas

18-19 - cqc prontaindd 218-19 - cqc prontaindd 2 82809 115039 AM82809 115039 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

20 bull Miacutedia

RENATA VALENTIM

6ordmPERIODO

Que o advento das miacutedias digitais pocircs um ponto de interrogaccedilatildeo no horizonte dos meios tradicionais jaacute se sabe Mas a transformaccedilatildeo destinada ao raacutedio parece ser de fato a de maior impacto Seja no campo das novas tecnologias de trans-missatildeo dos novos suportes ao aacuteudio no nuacutemero de funcionaacuterios contratados ou na avaliaccedilatildeo do poder de infl uecircncia no gosto da audiecircncia a revoluccedilatildeo vivida pelas raacutedios eacute atestada tanto por profi s-sionais da aacuterea quanto pelos ouvintes

O CD hoje obsoleto popularizado no Brasil no fi nal dos anos de 1980 jaacute signi-fi cou uma transformaccedilatildeo importante no dia-a-dia do radialista Em vez de exe-cuccedilotildees musicais feitas pelo LP ou ldquobola-chatildeordquo que o operador ou sonoplasta vigiava do iniacutecio ao fi m da faixa transmi-tida os tocadores de compact disc per-mitiam a programaccedilatildeo de vaacuterias faixas em sequumlecircncia poupando-lhe tempo O que veio a seguir economizou bem mais que isso a inovadora transformaccedilatildeo de muacutesica em kilobytes deu origem a sof-twares de execuccedilatildeo automaacutetica

Assim as raacutedios gerando programa-ccedilatildeo por 24h dispensaram seus locutores e sonoplastas da madrugada e dos fi nais de semana adaptando seus conteuacutedos para que sistemas de automaccedilatildeo tra-balhassem sozinhos Aleacutem das muacutesicas em formato digital apresentaccedilotildees de muacutesica passaram a ser tambeacutem gravadas

e reproduzidas como se fossem feitas ao vivo Natildeo foram poucos locutores desem-pregados No caso das afi liadas de gran-des redes de FM a reduccedilatildeo no quadro de profi ssionais da voz foi ainda maior Em alguns casos haacute somente um ou dois locutores agrave disposiccedilatildeo que datildeo conta da geraccedilatildeo de toda a programaccedilatildeo local

Com experiecircncia na aacuterea haacute mais de 20 anos a locutora e programadora musical Glaacuteucia Lara 40 lamenta ldquoem um fi nal de semana antes das mudanccedilas promo-vidas pelo advento do mp3 cerca de sete pessoas estariam trabalhando em uma emissora de raacutedio Hoje eacute comum esca-lar locutores para comandarem a pro-gramaccedilatildeo ao vivo soacute nos programas que contam com a participaccedilatildeo do ouvinte Do resto quem cuida eacute o computadorrdquo conta ela que jaacute passou por diversas emissoras do interior do estado e por afi -liadas de grandes redes como a Antena 1 de Belo Horizonte E o sonoplasta entatildeo ldquoNa era do CD essa fi gura foi extinta dos quadros O locutor natildeo eacute soacute responsaacutevel hoje por apresentar muacutesicas e interagir com o ouvinte Tambeacutem assumiu a res-ponsabilidade de operar os aparelhos

e pessoalmente acho que isso facilita a locuccedilatildeo porque natildeo haacute mais aquela dependecircncia de um sinal do sonoplasta aquela sintonia de timing necessaacuteria para esse trabalho de equipe decirc certo O locutor faz tudordquo pondera

Eu baixo tu baixasO mp3 tambeacutem alterou a forma de

distribuir novos trabalhos musicais A popularizaccedilatildeo da internet e a troca de arquivos por meio de softwares seme-lhantes ao pioneiro Napster deram iniacutecio agrave decadecircncia dos CDs e ao decliacutenio das grandes gravadoras que fracassaram ao combater tanto a pirataria quanto o com-partilhamento online de mp3

O casamento das gravadoras com o raacutedio e a TV que detinham a foacutermula exclusiva de atrair a atenccedilatildeo do puacuteblico para seu artista entrou em crise A par-ceria de divulgaccedilatildeo perdeu espaccedilo con-sideraacutevel para uma revolucionaacuteria forma de acesso a novos trabalhos musicais feita na internet Para a tristeza de grava-doras e artistas a vendagem de CDs caiu drasticamente fazendo dos shows e tur-necircs sua principal fonte de lucro Foi-se o

tempo em que um artista de sucesso ven-dia mais de 2 milhotildees de coacutepias de seu trabalho o campeatildeo do mercado fono-graacutefi co brasileiro em 2006 Padre Marcelo Rossi registrou cerca de 860 mil coacutepias vendidas de seu aacutelbum ldquoMinha Becircnccedilatildeordquo editado pela Sony BMG Um nuacutemero pequeno se comparado aos 35 milhotildees de coacutepias de seu primeiro disco ldquoMuacutesi-cas Para Louvar ao Senhorrdquo de 1998

A estagiaacuteria de pesquisa de mercado Karina Zandona 22 comprova esse fenocirc-meno Fatilde de Th e Killers ela conta que hoje procura se informar do lanccedilamento de aacutelbuns das suas bandas preferidas por sites especializados e faz download deles quando jaacute estatildeo disponiacuteveis ldquoSoacute ouccedilo muacutesica pelo PC e pelo mp3 player Raacutedio soacute ouccedilo agraves vezes quando minha matildee ouve em casa E sempre satildeo as programa-ccedilotildees informativas como a Raacutedio Itatiaia Natildeo consigo mais fi car exposta a tanto hit lsquoda modinharsquo como os de black music no raacutediordquo diz No caso da comerciaacuteria Ellen Colombini 24 a infl uecircncia da internet eacute ainda mais efetiva ldquoouvia muito raacutedio quando adolescente e assistia muito agrave MTV Era fatilde de coisas do tipo Hanson

por exemplo (risos) Mas quando passei a usar a internet e descobri a maravilha que eacute fazer download de muacutesica natildeo liguei mais o raacutedio Sou viciada em fazer downloads vou baixando tudo o que encontro e que me parece interessante pelo release que acompanha o link ou mesmo pelo nome da banda Escuto tudo e seleciono o que me agrada Se aprovado vou passando adiante E a partir do que eu recomendo para os amigos recebo deles arquivos de artis-tas parecidas com o que eu enviei e sobre os quais natildeo vejo ningueacutem falarrdquo comenta

A engenheira ambiental Eduarda Stancioli 24 eacute ouvinte da Last FM paacutegina online na qual o usaacuterio cria a pragramaccedilatildeo sem a interrupccedilatildeo de publicidade e locutores ldquoComo passo mais tempo usando o computador da empresa que o resto do pessoal e natildeo posso fazer dowloads o site foi uma oacutetima soluccedilatildeo para ouvir muacutesica enquanto faccedilo meus projetosrdquo Eduarda diz que a facildade estaacute no fato da pro-gramaccedilatildeo ser sua criaccedilatildeo onde vocecirc seleciona os artistas ou estilo de muacutesica da sua preferecircncia podendo mudaacute-la qualquer hora E ainda poder contar com sugestotildees musicais do serviccedilo geradas a partir do tipo de muacutesica que se ouve

Contra a mareacuteCurioso eacute o exemplo da estudante

Ceciacutelia Portugal 21 anos Apreciadora de axeacute music adora ouvir a Extra FM enquanto dirige Diferente de Ellen e

Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

O raacutedio na onda do ciberespaccedilo

Imagem do programa de dowloads de arqui-vos de muacutesica e viacutedeos Limewire

Paacutegina da raacutedio na internet a Last FM

Saiba o que a troca de arquivos de muacutesica pela internet fez com o raacutedio de entretenimento como as pes-soas encarram isso e quais satildeo as apostas das raacutedios para natildeo perderem seus ouvintes e patrocinadores

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Miacutedia bull 21Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

Karina o costume de baixar muacutesica pela internet natildeo a afas-tou do haacutebito de ouvir raacutedio ldquooutro dia ouvi uma muacutesica nova do Tomate ex-vocalista do Rapazolla Corri pra casa procurei o arquivo para down-load e depois gravei num CD para ouvir com as amigas no caminho pra baladardquo conta ldquoA maior graccedila do raacutedio que sem-pre tive o costume de ouvir eacute a companhia que faz Parece que natildeo estou sozinha no carro enquanto ouccedilo E me divirto com as esquetes de humor que tecircm por aiacuterdquo diz

Essa parece mesmo ser a nova vocaccedilatildeo do raacutedio como destaca o locutor e produtor Gleyson Lage da 98 FM de Belo Horizonte ndash primeira emissora a operar em frequumlecircncia modu-lada na Ameacuterica Latina ldquoAleacutem das promoccedilotildees e do aumento das formas de interatividade o humor eacute uma forma de fi de-lizar o ouvinte de perfi l mais passivo que tem menos dispo-nibilidade ou motivaccedilatildeo para manter contato por telefone ou e-mailrdquo Apostando nisso a 98 FM ndash cuja programaccedilatildeo eacute 100 local ndash conta com trecircs progra-mas de cunho humoriacutestico para enfrentar a concorrecircncia Os Manos Silicone Show e Graffi ti auto-intitulado o pior programa de raacutedio do Brasil

Para o locutor publicitaacuterio Tovar Luiz 43 o FM nasceu engraccedilado ldquoo grande barato das raacutedios FM desde a sua popu-larizaccedilatildeo no iniacutecio dos anos de 1980 foi o seu perfi l descontra-iacutedo A locuccedilatildeo nessas emisso-ras sempre foi bem mais aacutegil e despojada O hoje apresentador de TV Ceacutesar Filho por exemplo comeccedilou a carreira no raacutedio e

fi cou famoso pelo bordatildeo lsquobeijo pra vocecirc feiarsquo Natildeo era ofensa era pra fazer o ouvinte rir O FM foi uma revoluccedilatildeo em termos de lin-guagemrdquo lembra E ele parece ter razatildeo O programa Pacircnico um dos maiores fenocircmenos televi-sivos dos uacuteltimos tempos eacute deri-vado de um programa de raacutedio da rede Jovem Pan 2 de Satildeo Paulo comandado pelo locutor Emiacutelio Surita Seguindo o fl uxo as demais redes destinadas ao puacuteblico jovem tambeacutem investi-ram na programaccedilatildeo que faz rir E a partir das redes as emissoras locais que fazem concorrecircncia agraves afi liadas tambeacutem acompanham a tendecircncia para natildeo perder seu espaccedilo no mercado

Falando neleExistem hoje 23 FMs no dial

de Belo Horizonte Pelo menos quatro delas satildeo dedicadas aos jovens Jovem Pan 2 (991) Mix FM (917) 98FM (983) e Oi FM (939) Destas somente a 98FM natildeo eacute afi liada de uma grande rede Haacute trecircs anos em atividade na emissora Gleyson Lage confi rma a reduccedilatildeo no nuacutemero de vagas aos profi ssio-nais da aacuterea ldquonuma raacutedio local satildeo necessaacuterios 20 funcionaacuterios para produzir toda uma grade enquanto numa afi liada jun-tando a programaccedilatildeo execu-tada pelo sateacutelite com aquela gerada pela automaccedilatildeo da transmissatildeo apenas cinco datildeo

conta do recado para o tempo destinado agrave grade local Eacute com-plicadordquo conta

No entanto ele vecirc a partici-paccedilatildeo das redes de raacutedio como positiva no que se refere agrave qua-lidade ldquoquando uma rede tem um bom conteuacutedo ndash boa plaacutes-tica bons locutores bons tex-tos ndash ela acaba por estimular as emissoras locais a manterem o mesmo niacutevel Haacute um ganho em criatividade que poderia natildeo existir se todo o conteuacutedo fosse localrdquo acredita

Enquanto isso os ouvintes se queixam da repeticcedilatildeo nas grades musicais ldquochega a ser engraccedilado Estava ouvindo uma muacutesica numa determinada

raacutedio Quando acabou troquei para a estaccedilatildeo seguinte e estava tocando a mesma muacutesica Acho que como todos os meios de comunicaccedilatildeo as raacutedios precisam abrir o leque de opccedilotildeesrdquo opina Karina Zandona estagiaacuteria de pesquisa de mercado 22

Karina completa ldquoateacute a Rede Globo tem inovado na inserccedilatildeo de muacutesicas de artistas desconhecidos do grande puacuteblico como trilha das suas produccedilotildees (como foi o caso do cantor Beirut presente na trilha sonora da minisseacuterie Capitu exibida em janeiro de 2009) O raacutedio podia acompanhar essa tendecircnciardquo sugere

Com a digitalizaccedilatildeo da muacutesica o sonoplasta sai de cena eacute o locutor quem faz tudo

Foto

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O Ponto

Editor e diagramador da paacuteginaLira Faacutevilla e Felipe Barbosa 6ordm periacuteodo

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

22 bull Cultura

CLAUDIA LAPOUBLE

6ordmPERIacuteODO

ldquoO processo pelo qual se arma-zenam informaccedilotildees no disco de vinil feito de PVC material derivado do petroacuteleo consiste em imprimir nele ranhuras ou ldquoriscosrdquo cujas formas tanto em profundidade como abertura mantecircm correspondecircncia com a informaccedilatildeo que se deseja arma-zenar Essas ranhuras visiacuteveis no disco a olho nu satildeo feitas no disco matriz com um estilete no momento da gravaccedilatildeo Esse esti-lete eacute movido pela accedilatildeo da forccedila magneacutetica que age sobre eletro-iacutematildes que estatildeo acoplados a elerdquo (in Leituras de Fiacutesica GREF- Departamento de fiacutesica da USP SP2005)

Eacute assim que a muacutesica se ldquoimprimerdquo no plaacutestico que depois ao ser arranhado pela agulha libertaraacute novamente os sons no ar Para os apaixonados por vinil o ritual de tirar o disco da estante limpaacute-lo colocaacute-lo no toca discos posicionar a agu-lha delicadamente sobre ele tomando todo o cuidado para natildeo arranhaacute-lo e repetir todo esse processo na hora de virar o disco para ouvir o lado b signi-fi ca uma relaccedilatildeo mais proacutexima com a muacutesica Era preciso dedi-car tempo a escutar o disco Mais do que uma miacutedia de armazena-mento analoacutegico do som o disco de vinil eacute um objeto de arte e uma peccedila que daacute materialidade agrave muacutesica

Dados da Associaccedilatildeo de Gra-vadoras da Ameacuterica (Record Industry Association of Aeme-rica) mostram que as vendas de LPs aumentaram em quase 130 entre os anos de 2007 e 2008 De acordo com o informe anual divulgado pelo oacutergatildeo ldquoo vinil continua sua ascensatildeo As vendas nesse formato somaram

US$57 milhotildees e vem mais do que duplicando ano apoacutes anordquo Ainda segundo o documento ldquotrata-se do produto preferido por audiofi los e colecionadores e o aumento nas vendas se deve tanto agrave re-gravaccedilatildeo de mate-rial de cataacutelogo quanto a novos lanccedilamentosrdquo

Com os nuacutemeros da induacutes-tria apontando para uma queda nas vendas de CDs e em tempos em que se fala em livre acesso agrave muacutesica atraveacutes da internet o vinil se apresenta como uma saiacuteda para quem ainda gosta da muacutesica palpaacutevel apreciaacute-la com todos os sentidos inclusive o tato

Um Brasil em vinil ldquoContar a histoacuteria do Brasil

atraveacutes da muacutesica guardando um exemplar de tudo o que foi gravado em vinil no paiacutesrdquo esse era o objetivo de Edu Pampani 46 quando em 2005 fundou a Discoteca Puacuteblica o primeiro espaccedilo dedicado agrave memoacuteria musical brasileira do paiacutes

Apaixonado por muacutesica e claro pelos discos de vinil Pam-pani conta que a ideacuteia da Dis-coteca nasceu quando ele ainda morava na Bahia e tinha uma loja de discos Segundo ele quando o Compact Disc (CD) comeccedilou a se popularizar na deacutecada de 90 as pessoas o procuravam para trocar seus LPs por CDs

O espaccedilo tem hoje um acervo de cerca de 12 mil peccedilas que contam a historia do Brasil pelos sulcos no plaacutestico PVC Eacute possiacute-vel ouvir por exemplo gravaccedilotildees de jogos de futebol ou vinhetas de programas de raacutedio dos anos 50 aleacutem de claacutessicos da muacutesica popular brasileira em gravaccedilotildees originais Com todas essas rari-dades Pampani garante natildeo ter nenhum disco favorito ldquosempre me perguntam Edu qual eacute o disco mais raro que vocecirc tem

e eu respondo raro eacute ter todos eles juntosrdquo

De volta ao plaacutesticoApesar de natildeo ser a miacutedia mais

utilizada pelo grande puacuteblico o disco de vinil tem um puacuteblico fi el principalmente entre os DJs que segundo Pampani ldquoprocuram sempre coisa nova se ele quer tocar Jorge Bem por exemplo ele vai procurar aquela muacutesica que ningueacutem lembra mais que ele gravou Esse pes-soal tem que fi car garimpando semprerdquo

O DJ e fundador do selo Vinyl Land Luiz Valente ou DJ Luiz PF eacute um desses garimpeiros de sebos Ele conta que sua paixatildeo pelos LPs nasceu quando ele mesmo selecionava as muacutesi-cas que iriam compor o som ambiente de seu bar o ldquoLugarrdquo Em 2003 Luiz sentiu que pode-ria abrir espaccedilo para DJs que pesquisavam e procuravam por muacutesicas que fugiam do lugar comum ldquoeu fui fazendo festas por um tempo chamando DJs que discotecavam com vinil pra ser um contra ponto a essa outra galerardquo conta

Radicado em Londres desde 2006 Luiz conta que ao chegar agrave Europa percebeu que diferente do que acontecia no Brasil ldquolaacute o negoacutecio natildeo tinha acabado nada se achava tudo pra com-prar coisas novas a galera atual todo mundo lanccedilava era uma coisa de canto de loja mas fun-cionando vendendordquo Na capital inglesa o DJ trabalhou na grava-dora Whatmusiccom que aleacutem de CDs lanccedilava tambeacutem traba-lhos em vinil

A paixatildeo pela ldquocultura de acetatordquo e o trabalho como DJ foram o incentivo para que Luiz fundasse em 2008 a Vinyl Land selo que vem com a proposta de lanccedilar muacutesicos que se interes-sem em gravar em vinil Segundo

ele o selo nasceu de sua proacutepria necessidade como DJ ldquoeu

jaacute discotecava com vinil e fui achando bandas

novas que queria tocar mas natildeo tinha como porque eram de uma eacutepoca em que natildeo tinha mais vinil ai eu pensei jaacute que natildeo tem eu faccedilo

e comecei a procurar contatos e tentar orga-

nizar o selordquo Com apenas um ano

no mercado a Vinyl Land

jaacute lanccedilou trecircs discos dentre

eles um compacto simples do Autoramas

Novas marcas no PVCFoi pela Vinyl Land que a

banda Th e Dead Lovers Twisted Heart que nunca havia lanccedilado seu trabalho comercialmente lanccedilou seu primeiro EP O com-pacto auto-intitulado traz cinco muacutesicas antes disponiacuteveis para download na internet O disco prensado na Alemanha teve tiragem limitada de 200 coacutepias

Com infl uecircncias que vatildeo de Odair Joseacute e Roberto Carlos ateacute Franz Ferdinand e Jack White passando pela literatura de Mark Twain (o grupo tem uma muacutesica em homenagem a Huck-leberry Finn personagem do autor americano) e os cartunis-tas Laerte e Angeli a banda for-mada por Ivan (guitarra e vocal)

Guto (guitarra) Paty (bateria) e

Velvs (baixo) jaacute era conhecida dos frequumlentadores de casas de shows de Belo Horizonte antes de lanccedilar seu EP

Segundo Ivan a ideacuteia de ter seu primeiro trabalho gravado em vinil casou muito bem com a banda ldquoa gente ainda natildeo tinha lanccedilado um disco propriamente dito e hoje o suporte fiacutesico eacute cada vez menos importante porque na verdade a muacutesica vocecirc acha em qualquer lugar e um disco um CD na verdade natildeo faz mais tanto sentido E nossa ideia era que jaacute que vocecirc vai comprar um objeto o vinil eacute um objeto muito mais legal tanto esteticamente quanto no manusear fora que tem toda essa coisa da retomada e eacute uma boa proposta que tem tudo a ver com a bandardquo afi rma o muacutesico provando que o velho vinil estaacute mais novo que nunca

O novos sonsdo velho vinil

Com a popularizaccedilatildeo dos sites de divulagaccedilatildeo de muacutesica na internet o vinil retorna como alternativa interessante para novos muacutesicos e ouvintes

Dj Luiz PF fundador do selo Vinyl Land

Os diferentes formatos do vinil-LP abreviatura do inglecircs Long Play ou ldquo12 polegadasrdquo Disco com 31 cm de diametro com capacidade normal de cerca de 20 minutos por lado O formato LP era utilizado usualmente para a comercializaccedilatildeo de aacutelbuns completos-EP abreviatura do inglecircs Extended Play Disco com 17 cm de diametro e capacidade de cerca de 8 minutos por lado continha em torno de quatro faixas -Single ou compacto simples abreviatura de Single Play ldquo7 polegadasrdquo ou compacto simples Disco com 17 cm de diametro e capacidade normal de 4 minutos por lado O single era geralmente empregado para a difusatildeo das muacutesicas de trabalho de um aacutelbum completo a ser posteriormente lanccedilado -Maacutexi abreviatura do inglecircs Maxi Single Disco com 31 cm de diametro sua capacidade era de cerca de 12 minutos por lado

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The Dead loverrsquos Twisted Heart Pati Vels Guto e Ivan

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Culturabull 23Editor e diagramador da paacutegina Baacuterbara Rodrigues 8ordm periacuteodo

Festival Internacional de Corais homenageia

BAacuteRBARA RODRIGUES 8ordm PERIacuteODO

A seacutetima ediccedilatildeo do Festival Interna-cional de Corais ndash FIC acontece de 18 a 27 de setembro de 2009 e teraacute como tema a vida e obra de Villa-Lobos con-siderado o maior compositor das Ameacute-ricas Seratildeo cerca de 300 apresenta-ccedilotildees de 120 corais de todo o Brasil e do exterior que percorreratildeo 12 cidades de Minas Gerais

O festival realizado pela Universi-dade FUMEC tem o intuito de popula-

rizar os corais e grupos vocais amadores e profissionais e evidenciar atividades culturais de empresas instituiccedilotildees de ensino comunidades associaccedilotildees e fundaccedilotildees com apresentaccedilotildees de corais e shows de artistas nacionais sempre com a bandeira da muacutesica brasileira agrave frente

Regidos pelo Maestro Lindomar Gomes produtor cultural e coordena-dor do FIC os 30 integrantes do coral da FUMEC seratildeo um dos grupos a se apresentar ldquoNosso coral sempre parti-cipou de festivais seguindo a maacutexima de Fernando Brant de que lsquotodo artista

tem de ir aonde o povo estaacutersquo A cada ano o FIC escolhe um tema que traduza a identidade musical brasileira Este ano celebraremos os 50 anos de morte de Villa-Lobos responsaacutevel por implantar o canto coral no paiacutes na deacutecada de 1930 e o muacutesico que mais cantou as belezas nacionaisrdquo enfatiza

Em cada ediccedilatildeo do festival os com-positores Leonardo Cunha e Fernando Brant satildeo responsaacuteveis pela muacutesica-tema que ao final do evento eacute cantada por todos os corais A composiccedilatildeo deste ano ganhou o nome de ldquoMestre Villardquo exultando o que de mais haacute de caracte-

riacutestico na vida e obra do mestre Durante todo o festival alguns locais

da cidade como o Palaacutecio das Artes Sesc Laces JK e a aacuterea de convivecircn-cia da FUMEC receberatildeo exposiccedilotildees de fotos textos e trilhas sonoras do acervo do Museu Villa-Lobos no Rio de Janeiro A banda mineira 14 Bis e o muacutesico Renato Teixeira fazem shows no interior de Minas e no dia 27 no Parque Municipal encontro de todos os corais participantes marcaraacute o fechamento do evento onde mais de mil vozes se uni-ratildeo para cantar os temas do maestro homenageado

O maestro e coordenador do FIC Lindomar Gomes e os integrantes do Coral da Fumec

Mestre Villa daacute o tom dentro e fora do paiacutesO carioca Heitor Villa-Lobos

foi responsaacutevel por universa-lizar a muacutesica nacional acres-centando em grande parte de suas mil obras a sonoridade da fauna brasileira de tribos indiacute-genas e africanas aleacutem de refe-recircncias de cantigas do choro e do samba

Na defi niccedilatildeo do maestro Lindomar Gomes a impor-tacircncia de Heitor Villa-Lobos estaacute no fato de ele ldquodecifrar a alma brasileira e colocaacute-la em muacutesicardquo Devido agraves homena-gens ao compositor nas prin-cipais capitais do Brasil e do

mundo Gomes natildeo eacute o uacutenico a pensar assim

Peccedilas de Villa-Lobos fazem parte das temporadas da Filar-mocircnica de Belo Horizonte da Orquestra Sinfocircnica do Teatro Nacional Claacuteudio Santoro em Brasiacutelia da Sinfocircnica Munici-pal de Campinas e da Orques-tra Sinfocircnica Brasileira do Rio

Internacional Em janeiro o maestro John

Neschling regeu a Filarmocircnica de Varsoacutevia na Polocircnia com os ldquoChoros n 6rdquo A soprano Adriane Queiroz cantou as ldquoBachianas

Brasileiras nordm 5rdquo em Berlim e o regente da OSB do Rio Roberto Minczuk esteve no Japatildeo em agosto para apresentar as ldquoBachianas Brasileirasrdquo

Ainda este ano deve chegar agraves livrarias o ldquoFolha Explica Villa-Lobosrdquo da Publifolha do violonista Faacutebio Zanon que em entrevista ao jornal Folha de Satildeo Paulo afi rmou ldquoO uni-verso sonoro de Villa-Lobos eacute uma coisa arrasadora Nossa ideia de Brasil seria muito mais pobre sem a leitura efetuada por Villa-Lobos de nosso patri-mocircnio musicalrdquo

Programaccedilatildeo completa e outras informaccedilotildees sobre FIC 2009 wwwfestivaldecoraiscombr

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Foto divulgaccedilatildeo

O compositor e maestro Villa-Lobos cuja obra eacute reconhecida e celebrada internacionalmente

23 - festivaldecoraisindd 123 - festivaldecoraisindd 1 82809 115113 AM82809 115113 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

24 bull Cultura Editor e diagramador da paacutegina Amanda Lelis 6ordm periodo

COLCHAde retalhos

CU

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Magia

Escrevo uma letra

e jaacute natildeo estou no mesmo lugar

Pedro Cunha Instrumento de cordas vocais tocado pela alma

a palavra na garganta que vira muacutesica

o som da orquestra do coraccedilatildeo

dos gagos e desafi nados

aos cegos de paixatildeo

VozBaacuterbara Rodrigues

Natildeo sei bem o que eacute

Se eacute invenccedilatildeo

Se eacute na verdade a mais pura verdade

Se sou eu tentando fugir

Se sou eu tentando apagar

Natildeo encarar o que estaacute acontecendo

Esquecer a minha confusatildeo

De querer sem conhecer

De te amar sem te encontrar

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Queria esquecer

E perdoar entatildeo

Voltar na decisatildeo

Para minha vida rotineira

Que eu levei a vida inteira

O meu sufoco e os seus gritos

Meu confortaacutevel desespero

Minha mania de querer ser mais para mundo

Do que o mundo eacute para mim

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Confortaacutevel DesesperoPaula Macintyre

Preso agrave falta de sono procurando ver

Atraveacutes da luz de um trago num bastatildeo de morte

Talvez com sorte entatildeo eu possa crer

Que os dias se passaram mas o amor fi cou

Mesmo sonhando acordado algo ainda restou

De tardes tatildeo bonitas

Em que o brilho dos teus olhos eu pude enxergar

Os teus negros cabelos quero entatildeo tocar

apesar de estares tatildeo afl ita

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia

que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Por mais que em outras camas eu possa deitar

que braccedilos e abraccedilos venham me afagar

O brilho dos teus olhos ainda me ilumina

por vaacuterias ruas sujas que eu tentei fugir

estenderia um tapete pra vocecirc entrar

sentado vago na varanda escura a esperar

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Mas eu mudaria tudo isso pra te ter aqui

comigo ao meu lado todo dia a me fazer sorrir

Para ouvir a muacutesica wwwmyspacecombandatravessia

DuetoAlvaro Castro

Do entendimento tardio de se assistir a uma passagem de som

Cracke se quebra o silecircncio a voz dos barulhos instrumentais

cala todos os outros sons do silecircncio Antes de ser melodiosos

os sons comeccedilam desencontrados como tateando no escuro

dos ritmos tentando se encontrar e dar as matildeos para soacute assim

iniciar seu dialogo-danccedila em brincadeiras harmoniosas que

encantam e enfeiticcedilam Na sutileza dos tons na alegria de fazer

barulhos musicais modifi cam a muacutesica mil vezes re-arranjada

ajeitam afi nam se enfeitam

e a muacutesica fi nalmente sai Perfeita

AntesClaudia Lapouble

Sssshhiiii

silecircnciosopro suspiro sussurro

sublime submerso submarino submundo

some sobe segue sangue sinistro

sem focirclegosufoco

SClaudia Lapouble

A canccedilatildeo natildeo paacutera O berimbau controla o medo que corre

nas ruas vindo daqueles que natildeo se deixaram dissolver pela

aacutegua trazida com a chuva Na cidade escorre toda a calmaria

e a melodia se arrasta molhando o chatildeo Enquanto o ceacuteu se

desmancha aos poucos sobre a rua deserta eles cantam Voz

para um canto que veio aveludar meus ouvidos acalentar

clamoroso de uma vida inteira e fosse essa noite a vida

inteira fez-se a noite lembranccedila da cantiga que me converteu

inteira Pandeiro Meacutedio Viola e a chuva que ritmava a

cantoria O breu e noacutes no breu O escuro arrasta o invisiacutevel

para dentro da cidade que chora para dentro dos meus olhos

que fi tam atentos os olhos deles que me encantam Hora um

hora outro me arrasta em companhia agrave suas vozes As gotas

respondem ao coro num canto suave o pandeiro acompanha

o berimbau e o repique respinga umas gotas tontas de

musicalidade goteja um som que sobrevoa a superfiacutecie

Sobre o invisiacutevelAmanda Lelis

Gabriel Guedes e violino em show na Praccedila da Liberdade

O som da alma se apresenta em desejo e verso livre

na terccedila indecente suave

no violino do seus sonhos em coro cresce a quarta corda

dissonante

eacute a Musica

No canto viacutevido em tom sincero e leve expande

compaixatildeo as notas graves

fi delidade ao escrever a voz da alma sobre arpejos

inconstantes

eacute a Musica

MuacutesicaPedro Gontijo e

Bernardo Gontijo

Te aperto contra o peito

te penduro nas costas

no churrasco passa de matildeo em matildeo

e ainda assim me faz companhia

nas noites de solidatildeo

Ode ao violatildeoBaacuterbara Rodrigues

Ajude a costurar nossa colcha balaioretalhosgmailcom

24 - Colcha de retalhos corrigidoindd 124 - Colcha de retalhos corrigidoindd 1 82809 115124 AM82809 115124 AM

Page 8: Jornal O Ponto - agosto 2009

O Ponto

Editoras e diagramadoras da paacutegina Claacuteudia Lapouble e Amanda Lelis

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

8 bull Sociedade

Lares para a Melhor IdadeCom fi scalizaccedilotildees e leis especiacutefi cas para o idoso asilos deixam de ser vistos como sinocircnimo de abandono

JUSCILENE M SIQUEIRA

NATHAacuteLIA MAGALHAtildeES

PAULA SAMPAIO

5ordm PERIODO

De acordo com a lei 10741 de 1ordm de outubro de 2003 eacute con-siderado idoso todo cidadatildeo com idade igual ou superior a 60 anos Devido aos avanccedilos no campo da sauacutede e agrave reduccedilatildeo da taxa de natalidade a populaccedilatildeo de idosos no Brasil vem aumen-tando a cada ano Estima-se que em 2020 a populaccedilatildeo com mais de 60 anos chegaraacute a 30 milhotildees (13 do total) segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatiacutestica IBGEEsses iacutendices que se devem principalmente aos avanccedilos no campo da sauacutede e agrave reduccedilatildeo das taxas de natalidade tornam cada vez mais comum a convi-vecircncia de pessoas de trecircs gera-ccedilotildees na mesma casa

Apesar das estatiacutesticas que mostram que a estrutura fami-liar brasileira estaacute se modi-fando haacute lares em que o idoso eacute responsavel pelo sustento da famiacutelia o choque de geraccedilotildees e a rotina do dia a dia torna o con-vivio difiacutecil Eacute quando muitas famiacutelias ou os proacuteprios idosos pensam em outro ambiente que melhor atenda agraves suas neces-sidades Os asilos atualmente chamados de Instituiccedilotildees de Longa Permanecircncia para Idosos (ILPI) se tornam uma soluccedilatildeo para essa situaccedilatildeo

LaresA ldquoVida Ativardquo eacute uma insti-

tuiccedilatildeo privada que segundo a diretora Maacutercia Leatildeo recebe idosos que procuram o local por conta proacutepria ldquoEles geralmente optam por natildeo morar sozinhos e nem com os fi lhos e acham a convivecircncia de um hotel muito impessoalrdquo diz a diretora da ins-tituiccedilatildeo A casa possui convecirc-nios com planos de sauacutede que garantem aos moradores anten-dimento de geriatras fonoau-dioacutelogos fi sioterapeutas nutri-cionista dentistas entre outros profi ssionais aleacutem de medi-camentos Nove funcionaacuterios estatildeo agrave disposiccedilatildeo dos idosos seis teacutecnicos de enfermagem dois de serviccedilos gerais e uma secretaria Mas o preccedilo de todo esse conforto eacute alto fi car em uma instituiccedilatildeo como essa custa cerca de R$ 2 mil a R$ 2500 por mecircs

Maacutercia Leatildeo tambeacutem eacute dire-tora do ldquoSolar das Estaccedilotildeesrdquo ins-tituiccedilatildeo destinada a idosos com

doenccedilas degenerativas do sis-tema nervoso central Segundo ela esses idosos requerem cui-dados especiais e ressalta ldquocom-parar um idoso a uma crianccedila eacute um grande erro pois aleacutem de possuiacuterem necessidades espe-ciais ldquoos idosos natildeo tecircm tempo tudo eacute pra ontem mas a pers-pectiva de mudanccedila eacute lenta e trabalhosardquo

Mas haacute uma parcela grande da populaccedilatildeo de terceira idade que natildeo tem condiccedilotildees de se manter em instituiccedilotildees como as mencionadas acima Esses encontram acolhida em lares fi lantroacutepicos como o Nuacutecleo Assistencial Caminhos para Jesus fundado haacute 40 anos A casa abriga atualmente 62 ido-sos aleacutem de dar assistecircncia a crianccedilas portadoras de defi ci-ecircncia O lar dispotildee aos idosos a opccedilatildeo de apenas passar o dia na casa ou se mudar defi niti-vamente e passar os fi nais de semana em casa Mas segundo Joicemara Santana secretaacuteria da instituiccedilatildeo grande parte dos idosos que moram na casa natildeo tecircm famiacutelia alguns deles satildeo ex-moradores de rua e sequer pos-suem documentos

A casa que natildeo possui con-vecircnio com outras instituiccedilotildees estaacute buscando parcerias com empresas interessadas em con-tribuir e os moradores que tecircm condiccedilatildeo contribuem com 50 do salaacuterio Aleacutem da ajuda dos idosos o asilo se manteacutem atra-veacutes de doaccedilotildees solicitadas via telefone

Apesar das difi culdades fi nanceiras o lar oferece assis-tecircncia de profi ssionais nas aacutereas de geriatria psicologia fi siote-rapeuta psiquiatra assistecircncia

social terapeuta ocupacional fonoaudioacuteloga enfermeiro e voluntaacuterios

O Lar de Idosas Santa Tereza e Santa Terezinha localizada no bairro Santa Tereza regiatildeo leste da capital eacute um exemplo de instituiccedilatildeo que assim como a Associaccedilatildeo Caminhos para Jesus consegue - mesmo com poucos recursos oferecer a suas moradoras a assistecircncia que precisam com respeito e claro muito carinho A casa que hoje possui 12 moradoras tem capa-cidade para abrigar ateacute 15 eacute ligada agrave Sociedade Satildeo Vicente de Paula e tem a particularidade de receber apenas senhoras que procuram o lar por vontade proacutepria

As idosas que optam por morar na instituiccedilatildeo contri-buem com dois salaacuterios miacuteni-mos mas eacute graccedilas agraves doaccedilotildees e ao trabalho de voluntarios que a casa consegue se manter

LeisEm 23 de setembro de 2003

a Comissatildeo Diretora do Senado Federal aprovou o Estatuto do Idoso que garante agrave ldquomelhor idaderdquo o direito agrave liberdade ao respeito e agrave dignidade Consta do artigo 10 paragrafo dois ldquoO direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade fiacutesica psiacutequica e moral abran-gendo a preservaccedilatildeo da imagem da identidade da autonomia de valores ideacuteias e crenccedilas dos espaccedilos e dos objetos pessoaisrdquo

De acordo com o Estatuto as ILPI devem oferecer estru-tura fiacutesica adequada instala-ccedilotildees sanitaacuterias alimentaccedilatildeo apropriada boas condiccedilotildees de limpeza e higiene profi ssio-

nais habilitados e jamais devem apresentar opressatildeo ou violecircn-cia aos idosos

A Promotoria do Idoso orgatildeo que cuida dos direitos do cida-datildeo da terceira idade tem fun-ccedilatildeo de receber denuacutencias contra abandono abusos e maus tratos e agir legalmente para protege-los A promotoria foi criada em 2001 apoacutes a divulgaccedilatildeo do rela-toacuterio da Comissatildeo dos Direitos Humanos que apontava uma seacuterie de denuacutencias contra os asilos onde os idosos sofriam todo tipo de violecircncia e eram abandonados e negligencia-dos O relatoacuterio daquele ano foi enviado aos governos federal e estadual contendo sugestotildees de poliacuteticas puacuteblicas para melhorar o atendimento ao idoso

FiscalizaccedilatildeoPara que uma casa de idosos

entre em atividade deve cum-prir uma seacuterie de requisitos primeiramente o proprietaacuterio deve requerer um alvaraacute junto agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria de sua regional e entatildeo seu estabele-cimento passa por uma vistoria inicial para concessatildeo do alvaraacute esta fi scalizaccedilatildeo se repetiraacute anu-almente para que a licenccedila seja renovada

Segundo Joseacute Carlos Silva gerente da Vigilacircncia Sanitaacuteria da regional do Barreiro existe um acordo entre a ANVISA e o Ministeacuterio Puacuteblico para reali-zar no miacutenimo duas fi scaliza-ccedilotildees anuais natildeo agendadas em cada ILPI aleacutem das duas visitas obrigatoacuterias a vigilacircncia entra em accedilatildeo sempre que uma denuacutencia eacute feita Na existecircncia de irregularidades o asilo seraacute acompanhado periodicamente ateacute que a situaccedilatildeo seja regulari-zada Caso natildeo sejam tomadas providecircncias a instituiccedilatildeo tem seu alvaraacute suspenso Se as irre-gularidades forem consideradas graves como no caso de maus tratos aleacutem do alvaraacute suspenso a instituiccedilatildeo seraacute interditada e os moradores acompanhados pelo Serviccedilo Social da regiatildeo e encaminhados a outros ILPI proacuteximos

Vespasiano

Ribeiratildeodas Neves

Contagem

Ibiriteacute

Brumadinho

Nova Lima

Sabaraacute

Santa Luzia

VENDNNNNDA NOVAND NORTE

NNNNONNONORDESTENO

NOROESTELESTE

OESTE

CENTRO-SUL

BARREIRO

Esacala 1160000Fonte Prodebel

PAMPULHA

ILPI Filantroacutepica

ILPI Privada

Segundo a PBH haacute na capital mais de 1100 idosos vivendo em asilos As ILPI somam 76 instituiccedilotildees 42 fi lantroacutepicas e 34 privadas A maior concentraccedilatildeo estaacute nas regiotildees Noroeste (10 lares fi lantroacutepicos) e Pampulha (15 lares privados)

Moradoras do Lar de Idosas Santa Tereza e Santa Terezinha

Disque Idoso (31)3277-4646

Delegacia Especializada de Proteccedilatildeo ao Idoso 0800-305000

Nuacutecleo Assistencial Caminhos para Jesus ligue 0800-0315600

Info

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Foto Amanda Lelis

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O Ponto

Editor e diagramador da paacuteginaClaudia Lapouble e Amanda Lelis

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Sociedade bull 9

AMANDA LELIS

CLAUDIA LAPOUBLE

ROBERTA ANDRADE

6 PERIODO

Todo indiviacuteduo eacute personagem de uma histoacuteria observada de maneira bem parti-cular num mundo que eacute soacute seu Toda narra-tiva eacute uacutenica se diferencia de qualquer outra ainda que seja sobre a mesma histoacuteria e contada pela mesma pessoa O momento eacute imprescindiacutevel o clima o ambiente o humor detalhes que infl uenciam em todo conto seja ele veriacutedico ou natildeo Contra-riando a procura insistente por tudo o que eacute novo decidimos correr atraacutes da memoacuteria ouvir quem tem histoacuterias para contar

Depois de aguardar por alguns minutos vinha dona Zezeacute como gosta de ser cha-mada o cabelo delicadamente arrumado com um arco colorido colar de peacuterolas maquiagem perfume e uma piada na ponta da liacutengua Sua percepccedilatildeo de tempo eacute dife-rente da nossa o que lhe acontece hoje natildeo eacute tatildeo importante quanto agravequela memoacuteria do passado que sabe nos contar com detalhes minuciosos Dona Zezeacute tem mesmo mania de misturar o hoje com o ontem sonhos natildeo realizados com realizaccedilotildees antigas paixotildees fortes da mocidade com carecircncias atuais Parte verdadeira parte imaginaacuteria sua histoacuteria tem caracteriacutesticas peculiares a cronologia se confunde e sua narrativa segue o caminho traccedilado pela sua mente num vai-e-vem luacutedico e caracteriacutestico

A irreverecircncia de Maria Joseacute eacute marca registrada ldquoquando vem visita todo mundo me cumprimenta eles acham graccedila por-que eu sou assim muito pra frente saberdquo brincou dona Zezeacute Com 82 anos haacute 5 vive no Lar de Idosas onde moram cerca de 15 senhoras De prosa boa nos fez rir muitas vezes rememorou sua juventude os bailes sua paixatildeo pela danccedila de salatildeo pela costura bordado e pelo marido Moacir Siqueira que faleceu haacute alguns anos

A imagem do marido se confundia agraves vezes com a imagem do seu pai Ao falar de um se lembrava do outro como se ela visse no marido muito mais velho que ela a fi gura do pai protetor ldquoEle me tratava como uma crianccedila meu marido cuidou de mim como uma boneca assim como meu pairdquo rememorou Nascida em Araxaacute Maria Joseacute

morava no Grande Hotel da cidade onde conheceu seu marido que era contador Ela contou que Moacir vinha de Satildeo Paulo e se hospedava no Grande Hotel ldquoEle vinha de Satildeo Paulo para o garimpo em Estrela do Sul alugava a terra colocava os homens pra trabalhar e fi cava laacute de braccediladardquo disse entre gargalhadas Ficou satisfeita em falar do marido com uma piscada de olho comple-tou ldquoAh mas ele era bonito demais menina eu precisava te mostrar um retratinho dele parecia um artistardquo

Dona Zezeacute lembra com saudade do tempo em que era enfermeira e do cari-nho que tinha com as pessoas que cuidava ldquoSou assim ateacute hoje vocecirc tem que ver com as crianccedilas olha como sou com as crian-ccedilas grandes (se referindo a noacutes) eu abraccedilo acarinho e me perguntam com quem vocecirc aprendeu a ser tatildeo carinhosa A vida ensina pra gente muita coisardquo completou emocionada

Peacute-de-valsa dona Zezeacute fazia festa por onde passava ldquoSe natildeo tivesse uma velhinha vigiando a Zezeacute eu natildeo podia sair Gostava tanto de danccedilar que quando ia costurar fi cava me lembrando da danccedila a maacutequina ia pra laacute e pra caacute meu peacute ia no ritmo cos-turava o que natildeo devia Quando a gente ia no baile era eu chegar que comeccedilava a dan-ccedilar A primeira a chegar no salatildeo era eu mas natildeo tinha culpa porque os homens eacute que me chamavam pra danccedilar uairdquo disse orgu-lhosa entre risos

Muito vaidosa Maria Joseacute falou sobre sua coleccedilatildeo de acessoacuterios contou que natildeo podia ir em um baile com a mesma roupa o mesmo brinco o mesmo colar ou um anel nunca repetia um adorno e ainda hoje eacute assim ldquoEu gosto de me arrumar eacute a vida que eu levo Pra receber visita eu coloco uma roupa bonita Para receber vocecircs eu tomo um banho e passo uma maquiagem neacute Assim que eu sourdquo Apesar disso quando falamos em foto dona Zezeacute logo disse sor-ridente ldquoVai tirar minha foto Potildee laacute na roccedila de arroz pra espantar os bichosrdquo

Com tanta irreverecircncia dona Zezeacute daacute exemplo de personalidade esbanjando alegria Ao chegarmos no portatildeo de saiacuteda de braccedilos dados conosco dona Zezeacute perguntou

-Que dia vocecircs vatildeo voltar

Tardes de vai e vem

Foto Claudia Lapouble

Foto Amanda Lelis

Fotos Roberta Andrade

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O Ponto

10 bull Profi ssatildeoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

Editoras e diagramadoras da paacutegina Renata Valentim e Roberta Andrade

O ensino do jornalismo no divatildeEnquanto o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo cria comissatildeo para repensar a construccedilatildeo do conhecimento jornaliacutestico no seacuteculo XXI os jornais impressos enfrentam o desafi o de revisar sua vocaccedilatildeo

RENATA VALENTIM

6ordm PERIacuteODO

Na dinacircmica da era da infor-maccedilatildeo em que a internet se fi rma como o mais acessiacutevel mais veloz e mais democraacute-tico meio de transmissatildeo de informaccedilatildeo o jornalismo viu-se em crise de identidade Boa parcela dos estudiosos e prati-cantes da atividade jornaliacutestica sentiu-se ameaccedilada pela des-centralizaccedilatildeo da notiacutecia nesse novo meio o leitor agora eacute tambeacutem produtor de informa-ccedilatildeo Outra fragilidade reside na escassez das vagas do mercado que natildeo comporta os milhares de jornalistas receacutem-formados despejados pelas faculdades De acordo com dados de 2005 obtidos pelo Observatoacuterio Uni-versitaacuterio apenas 125 dos graduados em jornalismo con-seguem manter-se de peacute na car-reira A proliferaccedilatildeo das esco-las particulares de jornalismo

choca-se com o enxugamento das redaccedilotildees onde prevale-cem os chamados profi ssionais multimiacutedia que precisam ser capazes de produzir informa-ccedilatildeo para um grande nuacutemero de suportes

Neste cenaacuterio onde tam-beacutem satildeo incluiacutedas a queda da velha Lei de Imprensa e o polecircmico fi m da obrigatorie-dade do diploma para o exer-ciacutecio da profi ssatildeo no dia 17 de junho foi criada pelo MEC uma comissatildeo que estabeleceraacute as novas diretrizes curriculares dos cursos de jornalismo no Brasil Um dos fundadores da Escola de Comunicaccedilatildeo e Artes da USP professor Joseacute Marques de Melo preside o grupo res-ponsaacutevel por elaborar as pro-postas de mudanccedilas a serem implantadas nas escolas de jornalismo do paiacutes Aleacutem dele seis acadecircmicos e uma repre-sentante do mercado estatildeo incumbidos de ateacute o iniacutecio do segundo semestre apresentar o

balanccedilo das anaacutelises A neces-sidade de reforma segundo o ministro Fernando Haddad eacute ratifi cada pelos dados obtidos pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo cerca de 80 dos cursos de jornalismo satildeo considerados de baixa qualidade A inten-ccedilatildeo da comissatildeo eacute que as pro-postas sejam elaboradas por meio da participaccedilatildeo e opiniatildeo de sindicatos universidades e empresas de comunicaccedilatildeo emitidas nas trecircs audiecircncias puacuteblicas que foram realizadas entre marccedilo e maio deste ano ndash no Rio de Janeiro Recife e Satildeo Paulo respectivamente

Efeito placebo Apesar da pertinente preo-

cupaccedilatildeo em melhorar o ensino do jornalismo no Brasil as pro-postas delineadas pela comis-satildeo satildeo ainda desconhecidas e por isso mesmo carregadas de polecircmica Algumas sugestotildees anunciadas antes mesmo da realizaccedilatildeo da primeira audiecircn-

cia como a separaccedilatildeo do jorna-lismo da Comunicaccedilatildeo Social dividem profi ssionais e aca-decircmicos Como uma forma de ampliaccedilatildeo do debate para aleacutem das audiecircncias ndash que restringi-ram a participaccedilatildeo de alguns segmentos importantes na dis-cussatildeo como os estudantes ndash o professor Joseacute Marques de Melo tem procurado expor alguns dos posicionamentos da comis-satildeo em palestras e entrevistas pelo paiacutes Durante o programa Observatoacuterio da Imprensa do dia 26 de maio ele explicou que o grupo natildeo pretende apresen-tar um novo curriacuteculo ldquoNossa funccedilatildeo eacute examinar as matrizes para nossas escolas e universi-dades Eu defendo particular-mente que o curriacuteculo eacute uma competecircncia da universidade Noacutes teremos de buscar dire-trizes curriculares que sejam consensuais em relaccedilatildeo agrave for-maccedilatildeo do novo jornalista mas deixar agrave universidade liberdade de accedilatildeo Se uma universidade quer oferecer um curso de gra-duaccedilatildeo para repoacuterteres e um curso de poacutes-graduaccedilatildeo para editores isso eacute um direito que a universidade tem e pode fazerrdquo defende

O resgate do selfO presidente da comissatildeo

eacute tambeacutem categoacuterico ao tratar da separaccedilatildeo da personalidade do jornalista contemporacircneo Segundo ele a sociedade bra-sileira necessita tal como pre-cisa de profi ssionais da notiacutecia especializada de jornalistas generalistas bem formados de que sejam capazes de se diri-gir efi cientemente para toda a populaccedilatildeo e de interpretar a realidade de forma mais ampla ldquonoacutes temos um paiacutes com 200 milhotildees de habitantes e 10 milhotildees de exemplares diaacuterios de jornais lidos Precisamos na verdade fazer jornal para quem natildeo lecirc jornal para aqueles que estatildeo agrave margem da cultura jor-naliacutesticardquo diz

Marques de Melo ressaltou tambeacutem que do ponto de vista da organizaccedilatildeo curricular haacute uma certa confusatildeo quando se trata de mateacuterias teoacutericas e praacuteticas ldquoEu acho que o que faz falta no jornalismo natildeo satildeo mateacuterias praacuteticas para elas temos bons laboratoacuterios O que faz falta satildeo as mateacuterias teoacuteri-cas E natildeo chamo de teoacutericas a sociologia a histoacuteria Isso diga-mos eacute o conteuacutedo humaniacutestico

Eu gostaria de ter mais mateacuterias que dessem conta das questotildees eacuteticas das questotildees morais O que temos eacute um excesso de aulas de teoria da comunica-ccedilatildeo de sociologia da cultura cuja aplicaccedilatildeo eacute descolada do jornalismo Precisa haver uma integraccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica jornaliacutesticardquo afi rma

Mas ainda com a iniciativa de avaliar a si mesmo o mal-es-tar de algumas questotildees sobre a identidade do jornalismo ainda permanecem turvas como eacute o caso da vocaccedilatildeo do jornalismo como negoacutecio e como serviccedilo de utilidade puacuteblica traccedilos contraditoacuterios que se chocam no interior da academia cau-sando estranheza nas salas de aula Essa feiccedilatildeo esquizofrecircnica foi detectada durante inves-tigaccedilotildees feitas pelo grupo de pesquisa ldquoA imagem do pen-samento e o ensino do jorna-lismordquo realizada por estudantes de jornalismo da Universidade Fumec e coordenada pelos professores Rodrigo Fonseca e Claacuteudia Chaves Em entrevistas feitas com os coordenadores dos principais cursos de jornalismo privados de Belo Horizonte os alunos registraram unacircnime constrangimento ainda que velado ao questionarem a pre-senccedila das disciplinas teacutecnicas nas grades curriculares como se fossem dignas de condena-ccedilatildeo O desejo de formaccedilatildeo do ldquoagente social criacuteticordquo tambeacutem eacute maioria absoluta no discurso dos entrevistados desta vez sem constrangimento ldquoA gente percebe tanto na avaliaccedilatildeo das entrevistas quanto no cotidiano das aulas que eacute elogioso falar do jornalismo dessa maneira con-denando as disciplinas praacuteticas Mas fi co confuso em pensar em como seraacute depois da forma-tura quando tiver que atuar no mercadordquo diz Frederico Porto um dos alunos envolvidos na pesquisa A resposta para esse questionamento existencial cada vez mais frequumlente no ter-reno dos discentes foi sugerida por Marques de Melo desta vez no programa Rede Miacutedia da Rede Minas realizado em 30 de marccedilo Ele acredita que a formaccedilatildeo do jornalista deve estar voltada para o mercado mas alerta ldquoa universidade tem que estar aleacutem do mercado Natildeo pode soacute estar atrelada agraves exigecircncias do mercado tem de estar tambeacutem atrelada agraves exi-gecircncias da sociedaderdquo

Fotomontagem faz referecircncia ao quadro O Grito do pintor norueguecircs Edward Munch

Ilustraccedilatildeo Roberta Andrade - 6ordm periacuteodo

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Profi ssatildeo bull 11Editoras e diagramadoras da paacutegina Renata Valentim e Roberta Andrade

A crise de identidade natildeo estaacute restrita ao conhecimento

que possibilita a produ-ccedilatildeo jornaliacutestica a dis-tribuiccedilatildeo de conteuacutedo tambeacutem vecirc-se impressa por outros suportes e rit-mos ditados por novas formas de consumo de informaccedilatildeo O jornalismo

impresso que jaacute rivalizou com o raacutedio e com a televisatildeo no

seacuteculo passado hoje concorre com a veloci-dade com a alta interatividade com o enorme alcance e sobretudo com o baixo custo da produccedilatildeo de notiacutecia para a internet e demais suportes digitais

Rogeacuterio Ortega acredita que chegaraacute o dia em que natildeo compensaraacute mais imprimir papel para fazer jor-nal ldquoSoacute que ningueacutem sabe quando vai ser ndash e a respon-saacutevel por isso eacute a publicidade Natildeo tenho dados atu-alizados mas ateacute onde sei no Brasil o faturamento publicitaacuterio dos veiacuteculos impressos eacute muitiacutessimo maior que o dos online Nos EUA jaacute natildeo eacute esse o panoramardquo diz Laacute os sinais de mudanccedila parecem mais concretos No mecircs de maio o criador do site Amazon Jeff Bezos e o presi-dente do jornal Th e New York Times Arthur Sulzberger Jr lanccedilaram o Kindle DX uma versatildeo com tela expandida do e-reader proje-tado originalmente para leitura de livros aca-decircmicos vendidos no site de Bezos A expansatildeo da tela ndash que agora tem 246 centiacutemetros na dia-gonal ndash tem o propoacutesito de tornar mais confor-taacutevel a leitura do jornal Os empreendedores do lanccedilamento apostam no aparelho como res-posta viaacutevel agrave crise da imprensa americana que

viu a circulaccedilatildeo de seus jornais cair draacutesticos 46 em apenas seis meses em 2008 ldquoComo vai ser quando as geraccedilotildees que lecircem tudo na internet desde o comeccedilo forem hegemocircnicas Quando o mercado perceber isso e comeccedilar a achar que anunciar em jornal natildeo com-pensa mais a lsquomudanccedila de suportersquo do papel para os meios digitais estaraacute proacutexima O que natildeo signifi caraacute lsquoextinccedilatildeorsquo dos jornais eles devem continuar a existir de outro modordquo considera Ortega

O Brasil tambeacutem foi afetado pela crise fi nanceira dos impressos A Gazeta Mercantil jornal dedi-cado ao segmento econocircmico com quase 90 anos em atividade vive um periacuteodo criacutetico A Editora JB SA anunciou no uacuteltimo mecircs a devoluccedilatildeo do jor-nal Gazeta Mercantil para seu antigo proprietaacuterio o

empresaacuterio Luiz Fernando Levy o que pocircs a vida do veiacuteculo em risco a circulaccedilatildeo do jornal foi interrom-pida no dia 29 de maio No entanto Levy afi rmou em nota agrave imprensa que a suspensatildeo da circulaccedilatildeo eacute momentacircnea

Palestrantes do Foacuterum de Debates 1ordf Terccedila promo-vido pelo Sindicato dos Jornalistas Profi ssionais de Minas Gerais os professores Seacutergio Amadeu da Faculdade Caacutes-per Liacutebero e Geane Alzamora da PUC Minas pondera-ram sobre os impactos da internet na praacutetica jornaliacutestica no uacuteltimo dia 2 de junho Amadeu durante sua exposiccedilatildeo sobre o tema disse acreditar que a maioria das universi-dades natildeo estaacute apta a formar o jornalista na era da infor-maccedilatildeo Explicada por ele como meio onde predomina a liberdade e a quebra da hierarquia na produccedilatildeo e dissemi-naccedilatildeo de informaccedilatildeo a internet desafi a os meios tradicio-nais por dar menos importacircncia ao capital porque eacute capaz de oferecer conteuacutedo a custo quase zero ldquoNa internet natildeo eacute difiacutecil falar o difiacutecil eacute ser ouvidordquo diz Alzamora que desde meados dos anos de 1990 ndash natildeo coincidecircncia o iniacutecio da popularizaccedilatildeo da web ndash estuda o cruzamento jornalismo x internet afi rma que a vocaccedilatildeo do jornalismo na rede estaacute no formato colaborativo Nichos como os sites OhMyNews

e Overmundo satildeo demonstraccedilotildees claras de que ldquoa versatildeo mais atualizadardquo do profi ssional da notiacutecia atuaraacute como um gerenciador das interaccedilotildees feitas na rede

No balanccedilo do divatilde resta a dica a palavra-chave parece ser a reciclagem Tal como a proacutepria inter-

net que tem sua forma e conteuacutedo renovados a todo o tempo porque estaacute sujeita ao exame dos

interagentes o jornalismo e seus profi ssionais precisam examinar-se e reconfi gurar-se para acompanhar o fl uxo da informaccedilatildeo Como diz o fi loacutesofo Charles Sanders Peirce ldquoas palavras

aprendem com o tempordquo E o jornalista aprenderaacute na lida com elas novos caminhos

m queer jor-spon-s atu-ento

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O mal-estar do impresso

O Ponto Como vocecirc vecirc o ensino do jornalismo hoje no paiacutes

Rogeacuterio Ortega Vejo pelo contato com jornalis-tas receacutem-formados que o panorama natildeo mudou muito em 20 anos ndash a natildeo ser pela possibilidade de em alguns cursos montar uma grade que resulta numa espeacutecie de curso de jornalismo em periacuteodo integral com disciplinas de outras faculdades Tam-beacutem me parece haver uma conversa mais produtiva da academia com as redaccedilotildees ndash no iniacutecio dos anos 90 era uma coisa muito ldquoa induacutestria cultural laacute e noacutes seres pensantes e criacuteticos aquirdquo Acho que natildeo haacute necessidade de um curso de jornalismo que dure quatro ou cinco anos e duvido que a comissatildeo do MEC da qual sei pouco ponha isso em questatildeo Eacute legal sim haver um lugar em que se possam abor-dar histoacuteria e teoria do jornalismo linguagem eacutetica jornaliacutestica etc Mas pra isso natildeo satildeo necessaacuterios quatro anos Jornalismo podia ser por exemplo soacute uma poacutes-graduaccedilatildeo Na minha opiniatildeo sairiam muito mais bem preparados

OP - A partir do seu contato com os ldquofocasrdquo (receacutem-formados em jornalismo) que chegam agrave Folha o que vocecirc percebe como a maior defi ciecircn-cia do jovem jornalista E o que poderia ser feito para corrigir essa defi ciecircncia

Os ldquofocasrdquo da Folha natildeo vecircm soacute de faculdades de jornalismo Quem sobrevive ao programa de treina-mento da Folha e chega agrave redaccedilatildeo tem bom texto e na maioria dos casos boa cultura geral Mas para quem saiu do curso de jornalismo faltam certos conheci-mentos especiacutefi cos que satildeo valiosos na hora de cobrir certos assuntos importantes e que a pessoa teria se por exemplo tivesse cursado direito ou economia Muita gente acaba aprendendo essas coisas na raccedila na lida ndash mas sofreria menos se as tivesse estudado antes

OP - A respeito das ferramentas digitais vocecirc acredita na afirmaccedilatildeo de que a internet estaacute atrofiando a praacutetica jornaliacutestica O jornalismo online merece a demonizaccedilatildeo que lhe tem sido atribuiacuteda

Acredito que pelo contraacuterio a internet abriu novas possibilidades Qualquer um pode escrever qualquer coisa na web a custo zero ou quase zero mas quem estaacute interessado em se informar vai procurar notiacutecias que sejam confi aacuteveis bem apuradas bem escritas Ou seja o feijatildeo-com-arroz de sempre da praacutetica jornaliacutes-tica soacute que online feito em ldquotempo realrdquo e atualizaacutevel Claro que em um jornal impresso haacute mais tempo para apurar confrontar versotildees descartar coisas que se revelem boatos No online pela proacutepria natureza do meio eacute muito mais faacutecil que o rumor a versatildeo natildeo

confi rmada informaccedilotildees incorretas textos mal escri-tos etc sejam colocados no ar Claro depois podem ser feitas atualizaccedilotildees e correccedilotildees mas de todo modo eacute difiacutecil aliar rapidez e precisatildeo

OP - Como vocecirc vecirc a utilizaccedilatildeo da blogosfera para a praacutetica jornalistica

Blog pode servir para tudo inclusive para jorna-lismo -e bom jornalismo acredito Mas por enquanto soacute as grandes empresas jornaliacutesticas -ou grandes por-tais- tecircm estrutura e dinheiro para mandar repoacuterteres fazerem coberturas dispendiosas e que demandem tempo Natildeo eacute uma aacuterea em que ldquoblogueiros inde-pendentesrdquo possam competir Ainda assim eacute uma descentralizaccedilatildeo da informaccedilatildeo que vejo com muito bons olhos No Brasil os meios de comunicaccedilatildeo satildeo concentrados ou estatildeo na matildeo de governos Eacute bom -saudaacutevel- poder fugir disso

O jornalismo na visatildeo do mercado

O redator de Primeira Paacutegina da Folha de S Paulo Rogeacuterio Ortega 38 eacute jornalista for-mado pela Escola de Comunicaccedilotildees e Artes da USP Com quase 18 anos de carreira ele daacute a sua visatildeo da comissatildeo formada pelo MEC mostra-se favoraacutevel agrave queda da exigecircncia do diploma e vecirc com bons olhos os desafi os trazidos pela internet

Rodrigo Z

avagli - 6ordm periacuteodo

Arquivo Pessoal

10-11 - roberta e renaindd 210-11 - roberta e renaindd 2 82809 115017 AM82809 115017 AM

O PoontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

12 bull Especial

10A NOSDA REDACcedilAtildeO

Em uma deacutecada foram 73 ediccedilotildees Apro-ximadamente 400 mil exemplares distribu-iacutedos Seis mudanccedilas de logomarca Quatro modificaccedilotildees graacuteficas Cinco coordenado-res e trecircs premiaccedilotildees recebidas duas em acircmbito nacional e uma internacional A primeira distinccedilatildeo conferida ao O Ponto foi em 2005 quando recebeu o tiacutetulo de melhor jornal laboratoacuterio do Brasil pela Pesquisa Experimental em Comunicaccedilatildeo (Expocom) considerado um dos mais importantes eventos cientiacuteficos nacionais Em 2006 outros dois precircmios na aacuterea de produccedilatildeo laboratorial vieram e O Ponto foi eleito o melhor jornal experimental de Minas Gerais e tambeacutem da Ameacuterica Latina levando o trofeacuteu Patildeo de Queijo de Notiacutecias (PQN) e uma medalha da Expo-comSUR pela notoriedade do trabalho jor-naliacutestico desenvolvido A medalha desta uacuteltima conquista cunhada em ouro e gra-vada com o nome e a localidade do evento (ExpocomSUR ndash Santa Cruz de La SierraBoliacutevia) ainda estaacute agrave mostra no quadro expositor de antigos e recentes exempla-res de O Ponto - escrito e planejado por trecircs geraccedilotildees de estudantes de jornalismo e tambeacutem por alunos de publicidade que jaacute desenvolveram interessantes peccedilas publicitaacuterias que marcaram a evoluccedilatildeo e a dinacircmica do jornal durante todos estes anos de atividades

Os trofeacuteus angariados tambeacutem deco-ram a mobiacutelia da redaccedilatildeo do jornal ndash onde coordenador monitores e voluntariados se debruccedilam diariamente sob o trabalho de apuraccedilatildeo produccedilatildeo supervisatildeo e revi-satildeo das pautas e mateacuterias criadas em um esforccedilo que visa dar continuidade qualita-tiva a este produto acadecircmico de renome criado e dirigido outrora pelos ex-alunos Hoje muitos deles profi ssionais bem sucedidos que fazem questatildeo de salientar quando questionados a infl uecircncia que a participaccedilatildeo em O Ponto como monitores e voluntaacuterios exerceu na vida profi ssional posteriormente

Em entrevista para esta reportagem comemorativa dos lsquodez anosrsquo todos os entrevistados (ex-alunos e monitores)

sem exceccedilatildeo foram nostaacutelgicos quanto agrave eacutepoca de estaacutegio e voluntariado no qual muitos fizeram sacrifiacutecios e estripulias para trazerem agrave tona um furo jornaliacutestico redigirem uma mateacuteria relevante e dia-gramarem da melhor forma o conteuacutedo que produziram ldquoAprendi a ser jornalista em O Ponto Aprendi a respeitar os cole-gas de trabalho e aprendi a cobrar e ser cobrado O Ponto me mostrou que com superaccedilatildeo conhecimento teacutecnico e liber-dade podemos fazer um bom jornalismordquo pontua Frederico Wanderley ex-aluno da Fumec e integrante da primeira turma de jornalismo da Universidade

Ernesto Braga ex-monitor do jornal tambeacutem ressaltou em entrevista a impor-tacircncia da experiecircncia vivenciada no jornal laboratoacuterio para o ofiacute-cio da profi ssatildeo ldquoO Ponto foi fundamen-tal para mim Embora a realidade de uma redaccedilatildeo de jornal diaacuterio seja completamente diferente ndash mais corrida e tensa ndash do ponto de vista do dead line As noccedilotildees de produccedilatildeo reportagem fotografi a e ediccedilatildeo apreendidas em O Ponto me permitiram compreender um pouco mais sobre o processo de fazer jornal () Meu portifoacutelio foi exatamente as mateacuterias que fi z para O Pontordquo admite

Portanto independente dos marcos citados e de outras cifras e estatiacutesticas do jornal a relevacircncia de O Ponto no espaccedilo acadecircmico nestes dez anos de existecircncia se daacute por outras razotildees o jornal eacute primordial-mente um instrumento praacutetico um meio de experimentaccedilatildeo teoacuterico-praacutetica dos alunos que visa munir o estudante de experiecircncias relevantes que possam ser um diferencial na hora de se introduzir na realidade da profi s-satildeo ndash que requer muita perspicaacutecia ousa-dia e estilo para se destacar Aleacutem disso O Ponto eacute um veiacuteculo que surgiu de uma pro-posta pedagoacutegica e jornaliacutestica consistente e aguerrida que propiciou notaacuteveis reper-cussotildees para o curso e claro ensinamentos

frutiacuteferos para os estudantes que souberam e sabem usufruir ainda das possibilidades que o jornal se predispotildee a dar atraveacutes da praacutetica e do trabalho

De acordo com o Projeto Poliacutetico Peda-goacutegico do curso de Comunicaccedilatildeo Social O Ponto lanccedilado em junho de 1999 tinha e ainda tem como premissa se prestar a ser atraveacutes do trabalho dos alunos e sob coor-denaccedilatildeo criteriosa dos professores um veiacuteculo de ldquojornalismo de conversaccedilatildeordquo em contraposiccedilatildeo ao jornalismo puramente informativo factiacutevel feito pela imprensa

convencional A proposta era lanccedilar um impresso ndash e sua periodicidade (men-sal) permite que isto seja possiacutevel - que debatesse com mais profundidade os paradigmas sociais explo-rando e adentrando mais nas complexidades de cada acontecimento na comuni-dade regional e internacio-nal incitando discussotildees relevantes para o puacuteblico leitor

A proposta era natildeo soacute falar por exemplo sobre o

paacutereo entre dois candidatos de uma elei-ccedilatildeo municipal em Belo Horizonte ou onde quer que fosse Mas sim criticar se neces-saacuterio a forma como os embates poliacuteticos ou a falta deles se datildeo em plena eacutepoca eleitoral como mostrou a reportagem ldquoDisputa eleitoral sem disputardquo ndash publi-cada em O Ponto em setembro de 2006

O objetivo do projeto pedagoacutegico eacute evi-denciar problemas relegados ao esqueci-mento como por exemplo a inadimplecircncia do Governo de Minas Gerais para com os problemas ambientais (hiacutedricos) do Estado como fez os ex-alunos Pedro Blank e Ernesto Braga na reportagem do ano de 2000 ldquoDes-caso Mata o Rio das Velhasrdquo ldquoUma mateacuteria que repercutiu muito () virando inclusive editorial do jornal Estado de Minasrdquo con-forme relembra o proacuteprio autor da mateacuteria Ernesto Braga O jornalista ainda ressaltou ldquoo engraccedilado desta mateacuteria eacute que sem saber que O Ponto tinha uma tiragem de quatro mil exemplares e pensando que ele circu-lava apenas na faculdade uma das fontes

O Ponto estaacute completando uma deacutecada de jornalismo laboratorial Para comee alunos que participaram da criaccedilatildeo do jornal para resgatar um pouco da su

ldquoO Ponto foi fundamental para

mim ()embora uma redaccedilatildeo de jornal

diaacuterio seja diferenteMeu portifoacutelio foi

exatamente as mateacuterias que fi z para O

PontordquoErnesto Braga ex-monitor

12-16 - 10 anos O Pontoindd 112-16 - 10 anos O Pontoindd 1 82809 123340 PM82809 123340 PM

O Poonto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Especial bull 13

(da mateacuteria) desceu o cacete no Estado E com a repercussatildeo ele (a fonte) ligou para o coordenador alegando que natildeo tinha falado aquilo que tinha sido publicado pedindo retrataccedilatildeo Ele esteve entatildeo na faculdade e ouviu toda a gravaccedilatildeo da entrevista no estuacute-dio da raacutedio e natildeo teve mais o que contes-tarrdquo recorda Braga

Portanto a intenccedilatildeo de O Ponto foi e ainda eacute publicar e propor assuntos que pos-sam render refl exotildees audaciosas que per-mitam ao leitor extrapolar o senso comum e os pensamentos instrumentais alcanccedilando o campo das ideacuteias criacuteticas e producentes do ponto de vista social que tenham propoacutesitos de mobilizaccedilatildeo e desalienaccedilatildeo das pessoas em geral Seja em forma de denuacutencia em uma grande reportagem em forma de traccedilo como na charge que prima pelo tom criacutetico e irocircnico ou nas mateacuterias e notas que repor-tam acontecimentos e eventualidades desco-nhecidas mas impor-tantes para a dinacircmica da sociedade seja no campo econocircmico poliacutetico ou cultural

Satildeo dez anos de accedilatildeo estudantil em todas as etapas produtivas do jornal desde a criaccedilatildeo de pautas ateacute a distri-buiccedilatildeo do jornal

Dez anos de tentativas Acertos erros aprendizagem e repercussotildees Polecircmicas e alguns deslizes

Haacute uma deacutecada O Ponto vem prestan-do-se a ser para os alunos um instrumento de aprendizagem e lapidaccedilatildeo profi ssional E apesar dos altos e baixos que toda ati-

vidade laboratorial implica o desafi o tem sido cumprido

Difi culdades teacutecnicas problemas entre alunos ndash editores e repoacuterteres - no cum-primento do prazo na entrega de mateacuterias alguns detalhes estruturais com relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo do jornal entraves de uacuteltima hora fotografi as infograacutefi cos e diagrama-ccedilotildees pendentes incompletas ou inapro-priadas fazem parte da rotina da produccedilatildeo de O Ponto Como em qualquer outra reda-ccedilatildeo de laboratoacuterio E satildeo exatamente esses desafi os que permitem agravequeles alunos que se doam agrave praacutetica colaborativa como repoacuter-teres voluntaacuterios e monitores do jornal descobrir suas aptidotildees capacidades e tam-beacutem a aprimorarem teacutecnicas e adquirirem conhecimento ainda desconhecidos

O iniacutecio o fi m e o meioNeste intertiacutetulo consta

uma informaccedilatildeo de cunho histoacuterico sobre O Ponto Esta frase ndash O iniacutecio o fi m e o meio que parece estar com a loacutegica inver-tida foi o primeiro e uacutenico slogan que o jornal teve Joatildeo Henrique Faria que trabalhou como consul-tor na criaccedilatildeo do curso de Comunicaccedilatildeo Social na

Fumec entre 1996 e 1997 e tambeacutem como coordenador em 1998 ndash logo quando o curso foi fundado - relata que o slogan surgiu de um concurso interno lanccedilado para alunos e que visava dar uma identidade ideoloacutegica e esteacutetica para o jornal que juntamente agrave raacutedio foram os primeiros laboratoacuterios do curso de Comunicaccedilatildeo a entrarem em fun-

cionamento Foi neste periacuteodo de inaugura-ccedilatildeo do curso que surgiu a marca O Ponto e o distintivo publicitaacuterio ldquoo iniacutecio o fi m e o meiordquo para o impresso

O slogan faz referecircncia agrave letra de muacutesica ldquoGitardquo do compositor Raul Seixas para enfatizar a proposta editorial do veiacute-culo - a ordem de disposiccedilatildeo das repor-tagens naquela eacutepoca no interior jornal O acutemeio` portanto eram as paacuteginas res-guardadas para as editorias referentes a assuntos institucionais ndash da universidade e tambeacutem para os assuntos que versavam sobre os proacuteprios meios de comunicaccedilatildeo ndash cobertura atuaccedilatildeo das miacutedias eventos e paradigmas ndash tudo no miolo do impresso O acutefim` era o espaccedilo reservado no jornal para as mateacuterias de poliacuteticas puacuteblicas sendo a sociedade a principal interessada e a proacutepria finalidade das reportagens e O Ponto o proacuteprio lsquofimrsquo O acuteiniacutecio` final-mente eram mateacuterias sobre variedades que falavam sobre questotildees gerais - curio-sidades entretenimento opiniotildees Este estilo de iacutendice e de divisatildeo do jornal durou dois anos desde o lanccedilamento ateacute que reformulaccedilotildees graacuteficas resultaram na retirada do slogan de layout de O PontoMudanccedilas compreensiacuteveis tratando-se de um jornal laboratoacuterio que prima pela experimentaccedilatildeo e inovaccedilatildeo

Um nome de impactoA democracia que foi sempre uma

maacutexima no funcionamento do laboratoacuterio de jornalismo impresso ndash todos os alunos sem exceccedilatildeo do 1ordm ao 8ordm periacuteodo devem e podem escrever ndash esteve presente tambeacutem no concurso que deu nome ao jornal O nome O Ponto foi criado pelo ex-aluno de

Editor e diagramador da paacutegina

10A NOSomemorar esse feito nossa equipe de reportagem ouviu os primeiros monitores a sua histoacuteria precircmios conquistados mateacuterias de repercussatildeo e mudanccedilas graacutefi cas

Da esquerda para a direita os ex-monitores Ernesto Braga Pedro Blank e Frederico Wanderley do Ponto para as redaccedilotildees

ldquoCriei (o nome) O Ponto pensando no sentido ortograacutefi co e ao mesmo tempo no signifi cado da palavra como ponto de vistardquo

Faacutebio Santos ex-aluno

12-16 - 10 anos O Pontoindd 212-16 - 10 anos O Pontoindd 2 82809 123341 PM82809 123341 PM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

14 bull Especial Editor e diagramador da paacutegina

19991999 2000 2004

Esta mateacuteria assinada pelos ex-alunos Ernesto Braga e Pedro Henrique Blank denunciou a poluiccedilatildeo no Rio das Velhas A partir da constataccedilatildeo de que 90 da carga poluidora lanccedilada no rio era proveniente da coleta dos esgotos domeacutesticos ldquoNa eacutepoca o entatildeo superintendente do jornal Estado de Minas Eacutedison Zenoacutebio publicou uma nota em sua coluna no jornal parabenizando pela mateacute-riardquo recorda o professor Rogeacuterio Bastos

Em ldquoAnunciou virou mancheterdquo o aluno Pedro Penido criticou a cobertura da imprensa entorno do deacutefi ct zero e a publicidade do governo do Estado sobre esse fato estampada nos trecircs jornais da capital Jaacute ldquoA imprensa errourdquo eacute uma criacutetica ao comportamento da imprensa na cobertura de um assassinato no Edifiacutecio JK O trabalho dos repoacuterteres Sinaacuteria Ferreira e Guilhermo Tacircngari pautou uma discussatildeo no Brasil das Gerais da Rede Minas Sinaacuteria Ferreira monitora na eacutepoca foi uma das participantes do programa

O Ponto eacute lanccedilado O impresso vem entatildeo ao mundo em for-mato Standard 315 mm x 560 mm papel jornal

jornalismo Faacutebio Santos que participou do processo seletivo do nome do jornal-laboratoacuterio do curso de Jornalismo da Fumec ldquoCriei acuteO Ponto` pensando no sentido ortograacutefico e ao mesmo tempo no signifi-cado da palavra como ponto de vistardquo

ldquoO Ponto eacute um nome de impacto Representa o acircngulo o lsquoxrsquo da questatildeordquo explica Joatildeo Henrique Faria que na ocasiatildeo participou do processo de escolha do nome O acutex` a que Faria se refere diz respeito a forma mais precisa de tratar um acontecimento Na seara jornaliacutestica consiste em diagnosticar o que de mais importante existe no fato esmiuccedilar seus anteceden-tes e desdobramentos O objetivo eacute enfi m noticiar de forma complexa contextualizada sem contudo recair no erro de julgar fazer juiacutezo de valor sobre um determi-nado acontecimento

Porque mudar eacute precisoEm maio de 2009 foi lanccedilado o novo projeto graacutefi co

do jornal com draacutesticas mudanccedilas de formato estilo e tambeacutem de logomarca cujo grafi smo conteacutem agora um ponto dentro da letra ldquoordquo reforccedilando a marca do impresso em seu nome O novo logotipo do jornal O Ponto eacute meacuterito do aluno do 2ordm periacuteodo do curso de Design Graacutefi co da Fumec Giovanni Batista Cocircrrea vencedor do concurso de reformulaccedilatildeo do logotipo

do jornal ldquoUsei uma fonte parecida com a anterior e desenhei a primeira letra lsquoorsquo da palavra como um lsquopontorsquo aproveitando sua forma natural pois acredito que uma marca deve ser simples e ao mesmo tempo marcanterdquo explica

A nova reformulaccedilatildeo graacutefi ca coordenada pela pro-fessora Duacutenya Azevedo e que contou com dois volun-taacuterios ndash os alunos Roberta Andrade e Pedro Leone - foi desenvolvido no segundo semestre de 2008 com base em pesquisas bibliograacutefi cas

De forma geral a opccedilatildeo por migrar do formato Stan-dart (o antigo jornalatildeo ndash de 53 cm de altura por 297 de largura) para o Berliner (289 cm por 43 cm) veio da demanda de adequaccedilatildeo as transformaccedilotildees que o meio impresso vem passando no mundo e no Brasil dimi-nuiccedilatildeo do puacuteblico leitor em detrimento dos veiacuteculos digitais o que culminou na reduccedilatildeo dos lucros dos jornais e do pessoal ndash jornalistas nas redaccedilotildees O que acentuou a disputa entre os jornais pelo leitor gerando a necessidade de reinvenccedilatildeo dos layouts para capta-ccedilatildeo deste puacuteblico que estaacute migrando para os canais de notiacutecia instantacircnea na internet

Conforme explica a professora Duacutenya Azevedo o formato Berliner eacute economicamente mais vantajoso - sua impressatildeo eacute mais barata e desperdiccedila menos papel eacute um formato mais praacutetico de ser manuseado

e passiacutevel de se aproximar de um layout de revista tipo de impresso mais bem acabado esteticamente e benquisto Razotildees estas ndash economia esteacutetica e tipo de manuseio - que infl uenciaram na decisatildeo de reformu-lar O Ponto

ldquoO objetivo do novo formato eacute aproximar O Ponto do estilo magazine (revista) ateacute mesmo pela sua periodi-cidade mensalrdquo explica Roberta Andrade ldquoQueriacuteamos diminuir o formato preservando poreacutem a valorizaccedilatildeo do textordquo reforccedila Pedro Leone Assim optou-se por uma tipografi a mais espaccedilada e menor para compor um layout mais arejado modernordquo

Eacute nesta linha de atuaccedilatildeo mantendo as antigas pre-missas do curso de liberdade de atuaccedilatildeo democracia e de ensaios profi ssionais que O Ponto segue traccedilando sua trajetoacuteria no espaccedilo acadecircmico concomitante-mente a histoacuteria dos estudantes no curso Sempre tendo em mente que a credibilidade de um jornal pre-cisa ser renovada constantemente seja ele velho ou novo Tenha ele 10 ou 100 anos de existecircncia Seja ele profi ssional ou laboratorial pois o que deve ser exal-tado e cumprido eacute a seriedade do trabalho sem isen-ccedilatildeo de culpa e responsabilidade em caso de erros Pois o desafi o em qualquer um dos veiacuteculos ndash seja um jornal renomado ou universitaacuterio eacute reportar com eacutetica e pro-fi ssionalismo as informaccedilotildees prestadas ao leitor

Alguns marcos em 10 ANOS

Imag

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12-16 - 10 anos O Pontoindd 312-16 - 10 anos O Pontoindd 3 82809 34455 PM82809 34455 PM

O Ponto

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Especial bull 15

2006

No fi nal de 2005 o jornal obteve outro rele-vante resultado um estudo sobre sua proposta editorial Os ex-alunos de jornalismo formados em 2005 Rafael Werkema e Renata Quintatildeo produziram o livro Jornal laboratoacuterio - uma pro-posta editorial criacutetica como parte do projeto de conclusatildeo de curso e dedicaram esta obra ldquoa todos os que veem O Ponto como espaccedilo para a formaccedilatildeo de agentes transformadores da socie-daderdquo Werkema declarou tambeacutem que este estudo abre refl exatildeo sobre a importacircncia do jornalismo impresso experimental que difere do modelo sisudo e congelado da grande imprensa

20092009Em janeiro de 2006 o jornal recebeu o precircmio Patildeo de Queijo de notiacutecias (PQN) Na eacutepoca a ex-coordenadora de O Ponto Ana Paola Valente fez a seguinte declaraccedilatildeo sobre o feito ldquoEsta eacute uma conquista coletiva construiacuteda principalmente pelos alunos que fazem o jornal e acreditam neste projetordquoEm maio o jornal foi eleito o melhor jornal laboratoacuterio da Ameacuterica Latina na III Mos-tra Internacional da Pesquisa Experimen-tal da Comunicaccedilatildeo EXPOCOM-SUR

2005

Para aleacutem das atividades ligadas ao produto impresso O Ponto tambeacutem se faz presente em vaacuterias iniciativas e eventos na Faculdade de Ciecircncias Humanas Uma dessas accedilotildees foi o debate poliacutetico entre os candidatos agrave Prefeitura de Belo Horizonte em 2008 Organizado pelos monitores de O Ponto e da Redaccedilatildeo Modelo e orien-tados pelos professores coordenadores o evento reuniu seis dos nove candidatos ao pleito no auditoacuterio Phoenix da Fumec no mecircs de setembro

Dois assuntos mar-caram a tocircnica do debate dos candida-tos as preocupaccedilotildees com educaccedilatildeo e com o transporte puacuteblico na capital mineira As inquietaccedilotildees estiveram presentes nas questotildees apresentadas pelos estudantes O auditoacuterio recebeu mais de 200 universitaacuterios

Compareceram ao evento os candi-datos Gustavo Valadares (DEM) Jorge Periquito (PRTB) Leonardo Quintatildeo (PMDB) Pedro Paulo (PCO) Seacutergio Miranda (PDT-PCB) e Vanessa Portu-gal (PSTU) Somente trecircs candidatos ndash Andreacute Alves (PT do B) Jocirc Moraes (PC do B) e Maacutercio Lacerda (PSB) ndash natildeo partici-

param e alegaram confl ito de agenda Os presentes elogiaram a organizaccedilatildeo

do evento e destacaram a importacircncia de se promover esclarecimentos poliacuteticos aos jovens jaacute que o tempo de duraccedilatildeo dos programas eleitorais na miacutedia natildeo era sufi ciente para informar os eleitores sobre os problemas da cidade bem como das propostas dos candidatos ao pleito

O envolvimento da equipe de O Ponto natildeo para por aiacute Em colaboraccedilatildeo com o Nuacutecelo de Estu-dos Escola da Ter-ceira Idade (Neeti) o laboratoacuterio assumiu tambeacutem no uacuteltimo semestre a diagrama-ccedilatildeo e fechamento do jornal Degrau publi-caccedilatildeo semestral dos alunos do curso que produzem crocircnicas poesias e outros tex-tos de cunho pessoal

Em momentos de polecircmica a ordem eacute arregaccedilar as mangas Apoacutes decisatildeo do Supremo Tribunal Federal no fi nal do primeiro semestre deste ano de por fi m agrave obrigatoriedade do diploma para o exer-ciacutecio profi ssional do jornalismo os moni-tores de O Ponto foram mobilizados para sair em campo e ouvir os profi ssionais do mercado sobre o impacto da decisatildeo na

vida dos atuais e futuros profi ssinais Como resultado da iniciativa foi pro-

duzido um viacutedeo com depoimentos de representantes da imprensa belo-hori-zontina tranquilizando os estudantes e avaliando como baixo o impacto da medida do STF na hora da contrataccedilatildeo prevalecendo a importacircncia de se ter um curso de formaccedilatildeo jornaliacutestica

Ensino de qualidadeO laboratoacuterio de jornalismo impresso

da Fumec prima tambeacutem pela qualidade do ensino As atividades de produccedilatildeo de cada ediccedilatildeo do jornal laboratoacuterio assim como a delimitaccedilatildeo dos papeacuteis dos par-ticipantes e colaboradores em cada uma delas satildeo todas executadas e coordena-das por estudantes Os alunos desde o primeiro semestre do curso satildeo estimu-lados a participar de O Ponto

As reuniotildees de pauta satildeo divulgadas para todo o corpo dicente de Jornalismo e coordenadas pela monitoria As suges-totildees de assuntos e enfoques para as mateacute-rias satildeo responsabilidade dos alunos que estatildeo cursando a disciplina Ediccedilatildeo II Eles assumem a ediccedilatildeo do jornal a cada semestre orientados pelo professor da disciplina e auxiliados pelos monitores

Quanto agrave apuraccedilatildeo das mateacuterias a reportagem pode ser executada por todos os periacuteodos A fotografi a tambeacutem eacute uma atividade preferencialmente dos alunos do curso Iniciativas de convergecircncia

tambeacutem satildeo praticadas pelos estudantes da Fumec como por exemplo em repor-tagem publicada na ediccedilatildeo nuacutemero 69 Intitulada ldquoEstudante vira gari por um diardquo a reportagem foi produzida para o impresso para a internet (Ponto Eletrocirc-nico) e em viacutedeo simultacircneamente Para isso uma equipe foi para as ruas executar a reportagem e no caso do repoacuterter tam-beacutem da coleta de lixo

A ediccedilatildeo do texto e a diagramaccedilatildeo satildeo executadas pelos alunos que estatildeo cur-sando Ediccedilatildeo II A revisatildeo fi nal do texto e do layout da paacutegina satildeo tarefas dos monitores e posteriormente o material eacute enviado para a graacutefi ca

O Jornal Laboratoacuterio O Ponto eacute na avaliaccedilatildeo do Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social da Universidade Fumec Seacutergio Arreguy o principal ins-trumento de experimentaccedilatildeo para o jor-nalismo impresso ldquoElaborado desde o projeto graacutefi co pautas apuraccedilatildeo e produ-ccedilatildeo de mateacuterias pelos alunos sob a super-visatildeo e coordenaccedilatildeo dos professores eacute o resultado de muito trabalho dedicaccedilatildeo e comprometimento de todos os envol-vidos materializado em um Jornal de excelente qualidade Refl exo de um curso seacuterio aprovado e reconhecido sobretudo pelo mercado de Belo Horizonterdquo

Aureacutelio JoseacuteCoordenador do Jornal-laboratoacuterio e

professor do curso de Jornalismo

Atividades vatildeo aleacutem da produccedilatildeo impressa

ldquoResultado de muito trabalho e

comprometimento o jornal eacute refl exo

de um curso seacuterio e reconhecido pelo

mercado de BHrdquoSeacutergio Arreguy coordenador do curso de Comunicaccedilatildeo Social

12-16 - 10 anos O Pontoindd 412-16 - 10 anos O Pontoindd 4 82809 34457 PM82809 34457 PM

O Ponto

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16 bull Especial

Com a palavra alguns ex-monitores

ldquoO meu

primeiro contato praacutetico

com o jornalismo ocorreu no Jor-

nal O Ponto Durante oito meses

como

monitor e nos quatro anos de curso

vivi cada

dia na redaccedilatildeo e pude ajudar a c

onstruir com

reportagens diagramaccedilotildees ou material fotograacutefi co

esse jornal que respeito muito por

ter me mostrado de

forma sincera alguns valores da mi

nha profi ssatildeo

As discussotildees interessadas que tive

mos naquela redaccedilatildeo

fi cam para toda a carreira juntame

nte com as boas pessoas

com as quais pude conviver nesse

periacuteodo Com o Ponto

percebi que o jornalismo antes de

escrever deve ldquoolharrdquo

para o mundo e buscar seu recorte

Por mais difiacutecil que

fosse terminar uma paacutegina sempre

compensava olhar para

ela impressa na pilha de jornais

no fi m do mecircs Esse

desafi o nos motivou e deve motivar

a cada diardquo

Enzo Menezes ex-monitor

ldquoDurante um ano e meio fui moni-

tora do jornal O Ponto podendo

adquirir muito conhecimento Mesmo

sendo um jornal mensal e por isso com-

posto de reportagens natildeo de notiacutecias pude

aprender sobre a rotina de uma redaccedilatildeo Aprendi

como nasce um jornal desde a reuniatildeo de pau-

tas o acompanhamento dos repoacuterteres e editores

revisatildeo das paacuteginas montagem da boneca o fecha-

mento ateacute o jornal impresso Comecei no jornal no

sexto periacuteodo entatildeo tive que apreender a editar

e diagramar uma paacutegina Ao mesmo tempo tambeacutem era

responsaacutevel pela ediccedilatildeo fi nal do jornal tendo que

colaborar com os demais alunos Foi muito grati-

fi cante fazer parte da equipe do jornal labora-

toacuterio foi um grande aprendizadordquo

Poliane Bosco ex-monitora

ldquoFui um dos primeiros monito-res do jornal e da 1ordf turma de jornalismo da Fumec Como na eacutepoca os repoacuterteres eram voluntaacuteriospassaacutevamos nas

salas chamando o pessoal Nas primeiras ediccedilotildees ateacute falavam que existia uma lsquopanelinharsquo porque as

mateacuterias eram sempre dos mesmos - eu o Ernesto Braga o Pedro Blank por exemplo porque era quem se interessava em escrever A mateacuteria que me marcou mais foi a primeira a primeira a gente nunca esquece (risos) Acho que o tiacutetulo era lsquoDe volta aos porotildees da loucurarsquo que saiu como manchete na primeira ediccedilatildeo e era sobre um manicocircmio em Barbacena O pessoal de psicologia ia fazer um estudo laacute e nos ofere-cemos para cobrir Vimos que a situaccedilatildeo do lugar era a mesma haacute 20 anos segundo um livro dos anos 80 sobre a instituiccedilatildeordquo

Murilo Rocha ex-monitor

ldquoA moni-toria foi uma experiecircncia

muito bacana pois foi a primeira vez que tive contato com a produccedilatildeo de

um jornal Tiacutenhamos a funccedilatildeo de editar mas tambeacutem faziacuteamos mateacuterias diagramaacutevamos tiraacute-

vamos fotos orientaacutevamos os repoacuterteres enfi m era uma trabalheira soacute Lembro-me de uma mateacuteria que fi z sobre salaacuterio miacutenimo (maio2001 14ordf ediccedilatildeo) e ganhou a manchete de O Ponto para minha surpresa Eu e o Daniel Bianchini na eacutepoca fotoacutegrafo e teacutec-nico do laboratoacuterio de fotografi a da Fumec subimos a favela para saber quantas eram e como viviam as

pessoas que recebiam um salaacuterio miacutenimordquo

Angeacutelica Diniz ex-monitora

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Foto arquivo O Ponto

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Esporte bull 17Editor e diagramador da paacutegina Rodrigo Zavaghli e Joatildeo Procoacutepio 6ordm periacuteodo

Domingo um dia em que a populaccedilatildeo de um paiacutes inteiro parou diante das tevecircs para assistir ao embate de duas equipes esportivas disputando o tiacutetulo nacional O vencedor vem estabelecendo uma supremacia invejaacutevel Eacute o maior ganha-dor da deacutecada e jaacute desponta como favo-rito para a proacutexima temporada Enfrenta apenas um desafi o manter o elenco para continuar competitivo em um ramo que movimenta milhotildees em dinheiro anualmente

Poderia estar falando do Brasil e o time citado poderia perfeitamente ser o Satildeo Paulo Mas a cena descrita se passa nos Estados Unidos o campeatildeo se chama Los Angeles Lakers e o esporte natildeo eacute o futebol mas sim o basquete Com uma atuaccedilatildeo impecaacutevel do cestinha Kobe Bryant os Lakers derrotaram o Orlando Magic em uma seacuterie melhor de sete jogos levantando o caneco pela quarta vez desde o ano 2000 Eacute o deacutecimo tiacutetulo do teacutecnico Phil Jackson em 15 da equipe de LA Somados a esses nuacutemeros 15 milhotildees de televisores americanos esta-vam ligados no jogo durante a exibiccedilatildeo e a movimentaccedilatildeo fi nanceira do esporte tambeacutem natildeo fi ca atraacutes das grandes trans-ferecircncias de jogadores brasileiros para o futebol europeu A estrela do basquete Shaquille OacuteNeil deve trocar de time por nada menos que 20 milhotildees de doacutelares -uma pechincha- Mostra-se assim que o basquete pode seguir uma foacutermula de sucesso da mesma forma que fazemos com o nosso esporte nacional

A liga americana eacute uma das mais assis-tidas no paiacutes e no mundo sendo transmi-tida para 42 paiacuteses e possui uma foacutermula diferente e atraente com fase de grupos os famosos mata-matas e divisotildees por conferecircncias tornando toda a temporada uma grande festa com direito inclusive agraves tradicionais e nada desejaacuteveis brigas de torcida

A NBBA Associaccedilatildeo Nacional de Basquete

dos Estados Unidos a NBA eacute o exemplo que o Brasil estaacute tentando seguir para reerguer o esporte no paiacutes A preocupa-ccedilatildeo eacute grande uma vez que por exemplo a equipe masculina nacional que jaacute con-tou com estrelas como Oscar Schmidt aleacutem de jogadores que hoje fazem fama no exterior como Leandrinho Nenecirc e Anderson Varejatildeo nem se quer conquis-tou vaga para disputar as duas uacuteltimas olimpiacuteadas Isso para um esporte em que o Brasil jaacute foi campeatildeo mundial no cada vez mais longiacutenquo ano de 1959 eacute sinal de crise

Mas o racha no basquete brasileiro natildeo envolve apenas o desempenho do time em quadra Nos uacuteltimos anos o que se viu foi um show de falta de organizaccedilatildeo por parte da Confederaccedilatildeo Brasileira de Basquete (CBB) que em 2006 natildeo con-seguiu promover o campeonato nacio-nal ateacute o fi m Faltou a fi nal e a histoacuteria

enveredou para a poliacutetica Os clubes paulistas insatisfeitos com a conjun-tura romperam com a confederaccedilatildeo e disputaram um torneio paralelo criado por eles em 2008 No preacute-oliacutempico do mesmo ano a seleccedilatildeo brasileira dispu-tou por vaacuterios motivos muitos deles obscuros com desfalque de todos os jogadores que disputavam a Liga Ame-ricana Perdeu

Insustentaacutevel por si soacute a nova aposta da CBB eacute o Novo Basquete Brasil A sigla NBB natildeo foi por acaso A semelhanccedila com a NBA eacute justamente o foco do novo torneio organizado pelos clubes com a chancela da Confederaccedilatildeo Eacute uma ten-tativa de reconciliaccedilatildeo dos times com a entidade dos jogadores com a seleccedilatildeo e por consequumlecircncia das torcidas com a quadra O formato traz turno returno e fase fi nal com mata-mata para defi nir semifi nalistas e fi nalistas A fi nal eacute deci-dida em no maacuteximo cinco partidas E que comece a campanha para as Olim-piacuteadas do Rio

OlimpiacuteadasQue o governo brasileiro estaacute em cam-

panha para sediar os Jogos Oliacutempicos de 2016 jaacute estaacute claro para todo mundo O que acontece nas entrelinhas poreacutem eacute um esforccedilo coletivo por parte da miacutedia do governo e de todo o setor esportivo em geral em alavancar o esporte no paiacutes Desmistifi car a conversa de que aqui soacute o futebol presta Eacute bom para os clubes bom para os cofres puacuteblicos e bom para as empresas privadas fora a melhoria na imagem do paiacutes laacute fora Para se ter uma ideia o Pan do Rio gastou cerca de sete milhotildees de reais em uma soacute cidade Jaacute a reforma do Maracanatilde palco da fi nal da copa de 2014 tem orccedilamento pre-visto em ateacute 1 bilhatildeo Eacute muito dinheiro envolvido e logicamente muita gente interessada

O NBB se torna claramente mais uma peccedila nesse complexo tabuleiro aonde o objetivo eacute vender o Brasil como paiacutes do esporte Ronaldo Adriano Fred fora outras movimentaccedilotildees de grandes estrelas do esporte nacional que retor-nam ao paiacutes mostram que aos poucos estamos tentando construir uma cultura esportiva o que nos encaixa como uma luva na candidatura para as olimpiacuteadas

A verdade eacute que temos um longo caminho a percorrer O Rio de Janeiro jaacute ateacute possui um esqueleto de estrutura eacute verdade feita nos Jogos Pan Ameri-canos de 2006 e pretende ampliar o investimento com a Copa do Mundo de futebol mas a incompatibilidade ainda eacute latente Falta resolver o problema da seguranccedila puacuteblica A reforma do estaacute-dio do Maracanatilde jaacute tem orccedilamento mas natildeo tem quem pague E o que sinaliza o desespero para ser capaz de receber um evento desse porte eacute a corrida das cidades sede da Copa de 2014 Das 12 cidades sede todas com planejamentos astronomicamente caros para a compe-ticcedilatildeo apenas uma ndashBrasiacutelia- declarou de onde viraacute o dinheiro

Formaccedilatildeo de baseO lado positivo de toda a politicagem

que envolve a corrida pelas olimpiacuteadas eacute a formaccedilatildeo de novos atletas e de esco-linhas de base nos vaacuterios clubes do paiacutes Afi nal se por um lado esporte eacute fi nan-ceiramente um bom negoacutecio ele natildeo deixa de ser saudaacutevel e interessante para a sociedade A efi ciecircncia de escolinhas de esporte nas periferias em termos de estatiacutesticas de criminalidade aleacutem do trabalho seacuterio de dignidade e auto-estima que eacute feito na grande maioria dos casos por professores voluntaacuterios eacute inegaacutevel

O Mackenzie Esporte Clube tradi-cional formador de atletas de Belo Hori-zonte por exemplo usa suas escolinhas de esporte para segundo sua assessoria de imprensa auxiliar na educaccedilatildeo e inte-graccedilatildeo social de crianccedilas e jovens Aleacutem dos clubes escolas particulares ou seja com verbas como o Coleacutegio Santo Agos-tinho realizam projetos sociais para pro-mover a integraccedilatildeo e dignidade atraveacutes do esporte Exemplo disso era o time de vocirclei Sada Betim hoje Sada Cruzeiro que enquanto ainda associado agrave prefeitura da cidade e usando suas dependecircncias abria portas para jovens da periferia para integrar suas escolas baacutesicas do esporte

Estrutura para tais iniciativas eacute o que natildeo falta O Minas Tecircnis clube de maior destaque no cenaacuterio esportivo mineiro eacute o detentor de uma das mais invejaacuteveis estruturas esportivas do paiacutes Eacute o exem-

plo de que eacute possiacutevel dar suporte para for-mar equipes competitvas em vaacuterios espor-tes Finalista da Superliga de vocirclei clube de formaccedilatildeo do medalista pan americano Th iago Pereira da nataccedilatildeo medalista oliacutempico do judocirc com Ketleyn Quadros e semifi nalista da NBB com a equipe de basquete Conquistas que geram pergun-tas Eacute possiacutevel estender tamanho sucesso para a populaccedilatildeo em geral O Brasil seraacute capaz de utilizar o potencial que tem de mobilizar a sociedade por causas tatildeo inte-ressantes quanto o esporte para alavan-car os setores prejudicados de seu povo ou vai jogar todos os problemas e todas as desculpas por suas falhas sob o grande guarda-chuva da beleza do esporte Seraacute as Olimpiacuteadas uma oportunidade para o sucesso ou mais uma grande farra para os poliacuteticos e para a miacutedia

O Novo Basquete Brasil pode ser parte da resposta O objetivo principal do tor-neio eacute revigorar o esporte atrair o puacuteblico de volta e recolocar o basquete brasileiro em niacuteveis oliacutempicos para em seu obje-tivo secundaacuterio apoiar a campanha para o Rio 2016 Se der certo bom para o Bra-sil Ganha em notoriedade em trabalho bem feito e abre um leque de esperanccedilas para os projetos que viratildeo Se der errado reforccedila a capacidade do brasileiro de fazer auecirc sem saber aonde vai dar E costuma dar em pizza Em obras superfaturadas em estrutura precaacuteria e em novas festas como mensalotildees castelos e farras aeacutereas em geral

O Novo Esporte BrasilFinal do Novo Basquete Brasil levanta a discussatildeo das poliacuteticas esportivas no Brasil

PEDRO LEONE

6ordm PERIacuteODO

Foto Divulgaccedilatildeo

Minas e Flamengo em jogo realizado na arena da Rua da Bahia

17 - novo esporte brasilindd 117 - novo esporte brasilindd 1 82809 115027 AM82809 115027 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

18 bull Entretenimento Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O que vocecirc acha que o CQC traz de novo para a TV brasileira

Rafi nha Bastos O CQC eacute um formato novo Soacute o fato de existir um formato novo numa televisatildeo tatildeo repetida porque os formatos se repetem muito na televisatildeo a novela do SBT eacute igual a da Band que eacute igual a da Globo que eacute igual a da Record os telejornais tambeacutem satildeo parecidos os programas de auditoacuterio Entatildeo soacute o fato de ser um programa diferente um formato de televisatildeo diferente jaacute eacute uma novidade Eu acho que eacute isso que o CQC traz

OPComo vocecirc entende a junccedilatildeo de ldquojornalismo e humorrdquo

RB Eu acho que o jornalismo eacute muito convencional Ele tem um formato muito especiacutefi co no Brasil haacute muito tempo Entatildeo o fato de a gente estar fazendo uma coisa mais bem humorada vem quebrar um pouco com esses paradigmas que satildeo muito estabelecidos do jornalismo A gente estaacute fazendo de uma maneira diferente de fazer o jornalismo Eu acho interessante a receptividade que eu tenho tido com as mateacuterias laacute do ldquoProteste Jaacuterdquo Satildeo muito legais o povo gosta e se sente representado Entatildeo eu acho que tem sido muito bom

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

RB Natildeo existe isso Eu sou contra esse negoacutecio de ldquohumor inteligenterdquo porque natildeo eacute porque o Tiririca faz um humor para o povatildeo que ele natildeo eacute inteligente Ele eacute um gecircnio aliaacutes entendeu Natildeo acho que a questatildeo eacute ldquointeligenterdquo Eu acho que a questatildeo eacute a seguinte o humor do CQC precisa de mais referecircncia O pessoal precisa conhecer um pouco das coisas que a gente estaacute falando estar um pouco informado sobre poliacutetica Talvez a pessoa que assiste ao CQC esteja atraacutes de um humor com mais informaccedilatildeo um humor mais criacutetico e o humor natildeo eacute tatildeo popular mas natildeo signifi ca que natildeo eacute mais inteligente do que o humor popular

OPVocecirc natildeo teme que o CQC caia na ldquomesmicerdquo

RB Eacute muito cedo para dizer ainda Muito cedo O que acontece eacute que os pro-gramas humoriacutesticos caem na mesmice e isso eacute estrateacutegico O ldquoNerson da Capi-tingardquo faz a mesma piada toda semana

porque as pessoas precisam entender a piada O povatildeo a galera ldquomassardquo precisa saber a hora que ela tem que rir Por isso que parece que eacute muito repetitivo Porque natildeo eacute um humor feito pra gente natildeo eacute um humor feito para a galera faculdade para a galera que tem um espiacuterito criacutetico um pouco mais aguccedilado Eacute para o povatildeo Eacute muito bem feito A tendecircncia do CQC natildeo eacute ir por esse caminho mas pode ser que ele se repita Isso eacute uma busca eterna

OPA experiecircncia da stand-up comedy contribui para a abordagem de suas fontes

RB O fato de eu ser comediante me ajuda Eu faccedilo um programa de humor hoje que por mais que tenha uma pegada jornaliacutestica eacute um programa de humor O objetivo dele eacute ser engraccedilado eacute ser divertido Tanto a minha formaccedilatildeo de jornalista quanto o meu trabalho de comediante estatildeo juntos ali quando eu estou na frente do viacutedeo

OPEm sua opiniatildeo onde podemos perceber o jornalismo no CQC

RB O quadro ldquoProteste jaacuterdquo eacute o quadro mais jornaliacutestico do programa Ele aborda os problemas levanta e vai atraacutes de soluccedilotildees conversa com os governantes Eu acho que esse eacute o quadro mais jornaliacutestico mas natildeo signifi ca que as mateacuterias de ldquobaladardquo natildeo sejam jornaliacutesticas Mas eu soacute acho que o mais parecido com o formato tradicional de jornalismo eacute o ldquoProteste Jaacuterdquo

OPComo vocecirc percebe a inserccedilatildeo da publicidade no programa Vocecirc acha que o excesso de propaganda pode pre-judicar a atraccedilatildeo

RB Eu acho que eacute feito de uma maneira muito suave Eacute algo inovador O que o CQC faz natildeo existe em nenhum outro programa A gente natildeo interrompe natildeo mostra nenhum produto ou merchan durante o programa Satildeo propagandas fei-tas com o proacuteprio elenco Entatildeo eu acho

que eacute diferente e o programa tem que se bancar Ele precisa ter publicidade

OPMas vocecirc natildeo acha que haacute uma quebra do discurso Por exemplo o Marcelo Tas chama uma mateacuteria ldquoredondardquo e faz menccedilatildeo a uma determi-nada marca de cerveja Quando manda a mateacuteria haacute um corte com outra propa-ganda entrando

RB Vocecirc natildeo acha isso muito melhor do que parar e falar assim ldquogente vamos falar de seguro sauacutederdquo e a pessoa sair Vocecirc tem que vender vocecirc tem que fazer publicidade Natildeo tem como O programa precisa se bancar de alguma forma Eu acho que a melhor maneira uma maneira interessante de fazer os merchans eacute da maneira como a gente faz Natildeo inter-rompe natildeo tem a ver com a mateacuteria natildeo estaacute no meio do conteuacutedo natildeo tem a ver com o conteuacutedo do programa estaacute sepa-rado Eu acho que eacute uma maneira tran-quila Se eacute a melhor maneira eu natildeo sei mas eu acho interessante

OPEm abril assessores de comuni-caccedilatildeo dos parlamentares se reuniram em Brasiacutelia para questionar a liberdade com que os repoacuterteres atuam no Con-gresso Nacional O diretor de comuni-caccedilatildeo da Cacircmara poreacutem afi rmou que natildeo alteraria as regras atuais e que cabia aos assessores explicar aos deputados como lidar com o tipo de jornalismo praticado pelos programas O CQC foi pivocirc desta atitude

RB O Congresso faz as leis dele O Congresso olha muito para o proacuteprio umbigo Natildeo existe nada que infl uencie diretamente as decisotildees do Congresso Eles decidem por eles mesmo Por isso que eles estatildeo em Brasiacutelia que fi ca a 500 km de Rio e Satildeo Paulo

OPVocecirc acha que os poliacuteticos satildeo alvo faacutecil para o humor Por quecirc

RB Eu acho que natildeo Eu acho que os poliacuteticos satildeo difiacuteceis porque satildeo uma concorrecircncia para os comediantes Os proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia entatildeo jaacute eacute muito difiacutecil vocecirc tirar sarro de algo que jaacute eacute engraccedilado As notiacutecias do ldquoJornal Nacionalrdquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQC Eacute mais difiacutecil ainda Eacute uma busca eterna para natildeo fi car se repetindo e natildeo fi car falando coisas que jaacute satildeo ditas por outros telejornais

Os bastidores do risoEm entrevista exclusiva Rafi nha Bastos repoacuterter do programa televisivo Custe o Que Custar (CQC) abre o jogo e conta como o humor eacute levado a seacuterio na atraccedilatildeo semanal na emissora Bandeirantes

Uma das cenas protagonizadas por Rafi nha Bastos no quadro ldquoProteste jaacuterdquo

ldquoOs proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia () As notiacutecias do lsquoJornal Nacionalrsquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQCrdquo

Rafi nha Bastos

AMANDA ARAUacuteJO

FLAacuteVIO CAMPOS

NATASHA MUZZI

8ordm PERIacuteODO

Belo Horizonte abril de 2009 Enquanto esperaacutevamos a reapresen-taccedilatildeo da peccedila ldquoArte do Insultordquo para realizar uma entrevista com o humo-rista Rafi nha Bastos marcaacutevamos quais seriam as principais perguntas que deveriam ser feitas considerando o pouco tempo que teriacuteamos dispo-

niacutevel nos bastidores do evento Casa cheia nervosismo em alta muita gente querendo conversar e chamar a atenccedilatildeo do ldquohomem de pretordquo do programa CQC Difiacutecil tarefa eacute con-seguir uma entrevista quando se eacute apenas estudante Mas conseguimos o acesso e a conversa se estendeu por bem mais tempo do que esperaacuteva-mos Nosso objetivo era questionar o apresentador e repoacuterter sobre a jun-ccedilatildeo entre jornalismo e humor presen-tes no programa por ele apresentado

a fi m de somar ao nosso trabalho de conclusatildeo de curso que apresentava a mesma discussatildeo Em maio de volta agrave mesma casa de espetaacuteculos nos encontramos com o tambeacutem repoacuterter da atraccedilatildeo Danilo Gentili com cer-teza bem mais afi ados e preparados para a sarcaacutesticas intervenccedilotildees do humorista

De forma descontraiacuteda fomos recebidos pelas duas grandes fi guras do Stand-up Comedy e agora ldquoastrosrdquo do irreverente CQC que toparam

falar sobre o jornalismo do programa liberdade de imprensa poliacutetica e claro humor Aleacutem de compor a bancada do programa Rafi nha Bastos eacute jornalista e comediante apresentando espetaacuteculos de improviso por todo o paiacutes Publicitaacuterio e humorista Danilo Gentilli foi um dos fundadores da comeacutedia ao vivo na capital paulista O resultado deste inusitado e divertido bate-papo com os dois repoacuterteres vocecirc confere agora em entrevistas editadas especialmente para O Ponto

Foto Divulgaccedilatildeo

18-19 - cqc prontaindd 118-19 - cqc prontaindd 1 82809 115038 AM82809 115038 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Entretenimento bull 19Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O ano de 2008 rendeu ao CQC nove precircmios Quatro deles somam como melhor programa de humor eou como melhor produccedilatildeo humoriacutestica Porque vocecirc acha que a miacutedia ainda natildeo premiou o programa como melhor telejornal

Danilo Gentili O CQC trabalha com fatos jornaliacutesticos mas natildeo eacute um telejor-nal O CQC natildeo estaacute todo dia mostrando os fatos do dia entatildeo natildeo pode ser clas-sifi cado como um telejornal O ldquoGlobo Repoacuterterrdquo natildeo pode ser classifi cado ldquoum telejornalrdquo eacute um programa jornaliacutestico Eu acho que a miacutedia natildeo enxerga o CQC como um programa jornaliacutestico Na ver-dade se for para eu escolher se o CQC eacute jornaliacutestico ou humoriacutestico eu escolheria que ele eacute humoriacutestico porque quando eu vou fazer eu me preocupo primeiro em fazer a pessoa rir Eu vou abrir a boca eu vou falar com esse cara mas a uacutenica razatildeo de eu falar com esse cara eacute fazer uma piada Se eu for falar com ele e a pessoa natildeo rir natildeo tem porque eu estar aqui

OPA maioria das pautas poliacuteticas do programa satildeo destinadas agrave vocecirc A que vocecirc atribui isso Vocecirc seria o mais cara de pau dos ldquohomens de pretordquo

DG Pode ser Talvez seja Eu gosto de fazer poliacutetica com um produtor laacute em especiacutefi co A gente vai com muita von-tade de fazer o que a gente faz de chegar para o cara e perguntar Na verdade eacute o seguinte eu natildeo sei os outros repoacuterteres mas eu no CQC natildeo tenho a pretensatildeo de ser amigo de ningueacutem Seja de poliacutetico ou de celebridade eu natildeo tenho a pre-tensatildeo Vocecircs natildeo vatildeo me ver em festas de celebridades ldquoOh fui convidado pra festa e estou aquirdquo Eu natildeo tenho essa vontade natildeo eacute o meu mundo Entatildeo eu vou pra perguntar o que eu sempre quis e talvez o que todo mundo que estaacute em casa sempre quis saber

OPComo eacute a sua preparaccedilatildeo antes de cobrir as pautas poliacuteticas na Casa Legislativa Vocecirc planeja suas piadas antes ou eacute realmente no improviso

DG A reuniatildeo de pauta geralmente acontece no caminho Eu e o produtor ou no aviatildeo ou no carro Eu e o produ-tor falando ldquoquem vocecirc acha que vai estar laacute Ah Tal pessoa tal pessoa tal pessoa fez isso A gente pode falar issordquo A gente tenta mais ou menos ter uma noccedilatildeo do que dizer

OPMas inclui uma piada pronta DG A gente tenta prever e tenta ir

com umas cartas na manga mas a gente sabe que eacute impossiacutevel Porque eu posso ir com uma pergunta pronta e o cara me daacute uma resposta que ningueacutem esperava Aiacute em cima disso eu tenho que fazer outra piada

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

DG Taacute isso no site do CQC Vocecircs acreditaram nisso (risos) Natildeo sei eu acho que o humor tem que ser engra-ccedilado natildeo tem que ser inteligente Eacute o

que eu acho entendeu O que seria humor inteligente Natildeo sei o humor eacute muito subjetivo pra classifi car ldquoesse humor eacute inteligente esse natildeo eacuterdquo Eu acho que o humor inteligente eacute aquele que se comunica de uma forma efi caz com o seu puacuteblico O Tiririca eacute esquisito mais eacute um humor inteligente para muita gente Eu gosto do Tiririca

OPComo publicitaacuterio como vocecirc avalia esse novo modelo de publici-dade inserido no programa

DG Mas natildeo eacute tatildeo diferente assim Na verdade eacute igual as outras porque nas outras o cara faz a propaganda e a agecircncia que ganha e no CQC tambeacutem a gente faz a propaganda e a produtora que ganha

OPVocecirc acha que o riso midiatizado esse humor ldquopastelatildeordquo que a gente vecirc por aiacute deixa perder um pouco da fun-ccedilatildeo do riso que estaacute em ser criacutetico

DG Depende do humor pastelatildeo eu gosto muito Eu gosto do Chaves gosto dos Trecircs Patetas gosto do Jerry Lewis gosto do Mr Been Eacute tudo humor pastelatildeo Eu acho que o termo que vocecirc queira achar natildeo eacute ldquohumor pastelatildeordquo eacute um humor grosseiro tipo ldquoAh vou peidar em puacuteblicordquo e todo mundo ri disso Eacute um humor primaacuterio Tal-vez seja o que vocecirc queria dizer Pastelatildeo eu gosto muito o humor do Chaves eacute pas-

telatildeo e eacute muito inteligente O do Mr Been tambeacutem eacute muito inteligente ele bolar tudo aquilo e tal Agora tem o humor primaacuterio que eacute esse humor de bordatildeo humor de escatologia humor de falar qualquer coisa Geralmente ningueacutem ri se natildeo sabe do que estaacute rindo Eu tento fazer no meu show e no CQC um riso que depende do contexto Vocecirc vai ver isso quando eu for falar com um poliacutetico no CQC Por exemplo eu fi z uma mateacuteria e eu encontrei o Joatildeo Paulo Cunha um cara que era do mensalatildeo Eu sei que 90 do meu puacuteblico do CQC talvez natildeo se lembre ou natildeo saiba quem eacute o cara Entatildeo se eu fi zesse a piada ningueacutem ia rir ningueacutem ia achar graccedila Entatildeo antes de eu chegar no cara eu falei aquele ali eacute tal cara que fez tal coisa e naquela eacutepoca ele fez o mensalatildeo Falou que pagou 50 mil numa conta em TV a cabo e natildeo sei o que Aiacute o pessoal jaacute sabe do que eu vou falar Entatildeo eu jaacute deixei a pessoa a par do conceito Quando eu chego no cara e faccedilo as piadas a pessoa sabe do que eu estou falando Entatildeo eu informei a pessoa para ela poder rir No meu show eu faccedilo isso Eu falo de uma por-ccedilatildeo de coisas que vatildeo rir porque eles estatildeo dentro do conceito Eu vou falar de tracircnsito eu natildeo preciso explicar o que eacute o tracircnsito Todo mundo sabe o que eacute o tracircnsito entatildeo eles acabam rindo disso por exemplo

OPEm entrevista ao portal UOL no dia 24042008 vocecirc disse que os bra-sileiros natildeo tecircm muito senso de humor Porque vocecirc acha entatildeo que o pro-grama estaacute dando certo no Brasil Vocecirc acha que o CQC devolveu agrave sociedade um pouco desse senso

DG O problema do brasileiro eacute que ele tem o senso de humor primaacuterio Ele natildeo tem um senso de humor Pra vocecirc ter senso de humor vocecirc tem que ver o que estaacute acontecendo reconhecer a reali-dade para poder rir dela O brasileiro tem a auto estima muito baixa O brasileiro soacute brinca com os outros ele natildeo brinca con-

sigo proacuteprio Vocecirc vecirc piada de brasileiro eacute sempre o portuguecircs eacute sempre a loira Por exemplo tem o portuguecircs o brasi-leiro e o americano O brasileiro sempre se sai bem ele tem autoestima baixa ele natildeo sabe rir de si Se o CQC devolveu isso para o brasileiro Eu acho que natildeo Pouca coisa a gente devolveu isso para o brasileiro O brasileiro estaacute rindo ainda do poliacutetico ele estaacute rindo ainda da cele-bridade que a gente ridiculariza Eu jaacute saiacute na rua e quando eu fui na ldquoMarcha para Jesusrdquo falar deles ningueacutem riu

OPNo CQC vocecirc tem vontade de fazer o quadro Proteste Jaacute

DG Proteste Jaacute Natildeo sei cara Tudo que eu tenho vontade eu faccedilo Eu tenho von-tade que muita coisa que eu faccedilo entre mas acaba natildeo entrando porque os caras falam que eu pego pesado (risos) Se eu fi zesse o Proteste Jaacute talvez eu fi zesse dife-rente eu natildeo sei Eu natildeo tenho vontade de fazer o Proteste Jaacute natildeo

OPTem alguma entrevista sua que vocecirc considera a melhor

DG Natildeo Tem muita entrevista que eu vejo na TV e falo nossa essa natildeo foi a melhor que eu fiz Porque cortam muita coisa

OPQue elementos jornaliacutesticos vocecirc nota no programa CQC

DG Jornalismo tem porque a gente como fala no iniacutecio do programa eacute um ldquoresumo semanal de notiacuteciasrdquo Mas taacute eacute um resumo semanal de notiacutecias taacute bom vaia gente fi nge que eacute O que tem eacute a gente brinca com algumas coisas que aconteceram durante aquela semana durante aqueles dias proacuteximos Eacute o mais proacuteximo que tem do jornalismo A gente sempre que pode estaacute no fato na hora do fato Mas agraves vezes natildeo daacute entatildeo vai cobrir festinha e natildeo sei o que mas a intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e ldquobrincarrdquo com ele

ldquoA gente sempre que pode estaacute no fato na hora do

fato A intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente

pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e

lsquobrincarrsquo com elerdquo

Danilo Gentili

O humorista Danilo Gentili foi um dos fundadores da comeacutedia ldquocara limpardquo na capital paulista e hoje desafi a poliacuteticos

Foto divulgaccedilatildeo

O cara de pau dos homens de pretoDanilo Gentilli o temido repoacuterter pelos poliacuteticos no dia-a-dia do senado conta como se prepara para as pautas polecircmicas

18-19 - cqc prontaindd 218-19 - cqc prontaindd 2 82809 115039 AM82809 115039 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

20 bull Miacutedia

RENATA VALENTIM

6ordmPERIODO

Que o advento das miacutedias digitais pocircs um ponto de interrogaccedilatildeo no horizonte dos meios tradicionais jaacute se sabe Mas a transformaccedilatildeo destinada ao raacutedio parece ser de fato a de maior impacto Seja no campo das novas tecnologias de trans-missatildeo dos novos suportes ao aacuteudio no nuacutemero de funcionaacuterios contratados ou na avaliaccedilatildeo do poder de infl uecircncia no gosto da audiecircncia a revoluccedilatildeo vivida pelas raacutedios eacute atestada tanto por profi s-sionais da aacuterea quanto pelos ouvintes

O CD hoje obsoleto popularizado no Brasil no fi nal dos anos de 1980 jaacute signi-fi cou uma transformaccedilatildeo importante no dia-a-dia do radialista Em vez de exe-cuccedilotildees musicais feitas pelo LP ou ldquobola-chatildeordquo que o operador ou sonoplasta vigiava do iniacutecio ao fi m da faixa transmi-tida os tocadores de compact disc per-mitiam a programaccedilatildeo de vaacuterias faixas em sequumlecircncia poupando-lhe tempo O que veio a seguir economizou bem mais que isso a inovadora transformaccedilatildeo de muacutesica em kilobytes deu origem a sof-twares de execuccedilatildeo automaacutetica

Assim as raacutedios gerando programa-ccedilatildeo por 24h dispensaram seus locutores e sonoplastas da madrugada e dos fi nais de semana adaptando seus conteuacutedos para que sistemas de automaccedilatildeo tra-balhassem sozinhos Aleacutem das muacutesicas em formato digital apresentaccedilotildees de muacutesica passaram a ser tambeacutem gravadas

e reproduzidas como se fossem feitas ao vivo Natildeo foram poucos locutores desem-pregados No caso das afi liadas de gran-des redes de FM a reduccedilatildeo no quadro de profi ssionais da voz foi ainda maior Em alguns casos haacute somente um ou dois locutores agrave disposiccedilatildeo que datildeo conta da geraccedilatildeo de toda a programaccedilatildeo local

Com experiecircncia na aacuterea haacute mais de 20 anos a locutora e programadora musical Glaacuteucia Lara 40 lamenta ldquoem um fi nal de semana antes das mudanccedilas promo-vidas pelo advento do mp3 cerca de sete pessoas estariam trabalhando em uma emissora de raacutedio Hoje eacute comum esca-lar locutores para comandarem a pro-gramaccedilatildeo ao vivo soacute nos programas que contam com a participaccedilatildeo do ouvinte Do resto quem cuida eacute o computadorrdquo conta ela que jaacute passou por diversas emissoras do interior do estado e por afi -liadas de grandes redes como a Antena 1 de Belo Horizonte E o sonoplasta entatildeo ldquoNa era do CD essa fi gura foi extinta dos quadros O locutor natildeo eacute soacute responsaacutevel hoje por apresentar muacutesicas e interagir com o ouvinte Tambeacutem assumiu a res-ponsabilidade de operar os aparelhos

e pessoalmente acho que isso facilita a locuccedilatildeo porque natildeo haacute mais aquela dependecircncia de um sinal do sonoplasta aquela sintonia de timing necessaacuteria para esse trabalho de equipe decirc certo O locutor faz tudordquo pondera

Eu baixo tu baixasO mp3 tambeacutem alterou a forma de

distribuir novos trabalhos musicais A popularizaccedilatildeo da internet e a troca de arquivos por meio de softwares seme-lhantes ao pioneiro Napster deram iniacutecio agrave decadecircncia dos CDs e ao decliacutenio das grandes gravadoras que fracassaram ao combater tanto a pirataria quanto o com-partilhamento online de mp3

O casamento das gravadoras com o raacutedio e a TV que detinham a foacutermula exclusiva de atrair a atenccedilatildeo do puacuteblico para seu artista entrou em crise A par-ceria de divulgaccedilatildeo perdeu espaccedilo con-sideraacutevel para uma revolucionaacuteria forma de acesso a novos trabalhos musicais feita na internet Para a tristeza de grava-doras e artistas a vendagem de CDs caiu drasticamente fazendo dos shows e tur-necircs sua principal fonte de lucro Foi-se o

tempo em que um artista de sucesso ven-dia mais de 2 milhotildees de coacutepias de seu trabalho o campeatildeo do mercado fono-graacutefi co brasileiro em 2006 Padre Marcelo Rossi registrou cerca de 860 mil coacutepias vendidas de seu aacutelbum ldquoMinha Becircnccedilatildeordquo editado pela Sony BMG Um nuacutemero pequeno se comparado aos 35 milhotildees de coacutepias de seu primeiro disco ldquoMuacutesi-cas Para Louvar ao Senhorrdquo de 1998

A estagiaacuteria de pesquisa de mercado Karina Zandona 22 comprova esse fenocirc-meno Fatilde de Th e Killers ela conta que hoje procura se informar do lanccedilamento de aacutelbuns das suas bandas preferidas por sites especializados e faz download deles quando jaacute estatildeo disponiacuteveis ldquoSoacute ouccedilo muacutesica pelo PC e pelo mp3 player Raacutedio soacute ouccedilo agraves vezes quando minha matildee ouve em casa E sempre satildeo as programa-ccedilotildees informativas como a Raacutedio Itatiaia Natildeo consigo mais fi car exposta a tanto hit lsquoda modinharsquo como os de black music no raacutediordquo diz No caso da comerciaacuteria Ellen Colombini 24 a infl uecircncia da internet eacute ainda mais efetiva ldquoouvia muito raacutedio quando adolescente e assistia muito agrave MTV Era fatilde de coisas do tipo Hanson

por exemplo (risos) Mas quando passei a usar a internet e descobri a maravilha que eacute fazer download de muacutesica natildeo liguei mais o raacutedio Sou viciada em fazer downloads vou baixando tudo o que encontro e que me parece interessante pelo release que acompanha o link ou mesmo pelo nome da banda Escuto tudo e seleciono o que me agrada Se aprovado vou passando adiante E a partir do que eu recomendo para os amigos recebo deles arquivos de artis-tas parecidas com o que eu enviei e sobre os quais natildeo vejo ningueacutem falarrdquo comenta

A engenheira ambiental Eduarda Stancioli 24 eacute ouvinte da Last FM paacutegina online na qual o usaacuterio cria a pragramaccedilatildeo sem a interrupccedilatildeo de publicidade e locutores ldquoComo passo mais tempo usando o computador da empresa que o resto do pessoal e natildeo posso fazer dowloads o site foi uma oacutetima soluccedilatildeo para ouvir muacutesica enquanto faccedilo meus projetosrdquo Eduarda diz que a facildade estaacute no fato da pro-gramaccedilatildeo ser sua criaccedilatildeo onde vocecirc seleciona os artistas ou estilo de muacutesica da sua preferecircncia podendo mudaacute-la qualquer hora E ainda poder contar com sugestotildees musicais do serviccedilo geradas a partir do tipo de muacutesica que se ouve

Contra a mareacuteCurioso eacute o exemplo da estudante

Ceciacutelia Portugal 21 anos Apreciadora de axeacute music adora ouvir a Extra FM enquanto dirige Diferente de Ellen e

Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

O raacutedio na onda do ciberespaccedilo

Imagem do programa de dowloads de arqui-vos de muacutesica e viacutedeos Limewire

Paacutegina da raacutedio na internet a Last FM

Saiba o que a troca de arquivos de muacutesica pela internet fez com o raacutedio de entretenimento como as pes-soas encarram isso e quais satildeo as apostas das raacutedios para natildeo perderem seus ouvintes e patrocinadores

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Miacutedia bull 21Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

Karina o costume de baixar muacutesica pela internet natildeo a afas-tou do haacutebito de ouvir raacutedio ldquooutro dia ouvi uma muacutesica nova do Tomate ex-vocalista do Rapazolla Corri pra casa procurei o arquivo para down-load e depois gravei num CD para ouvir com as amigas no caminho pra baladardquo conta ldquoA maior graccedila do raacutedio que sem-pre tive o costume de ouvir eacute a companhia que faz Parece que natildeo estou sozinha no carro enquanto ouccedilo E me divirto com as esquetes de humor que tecircm por aiacuterdquo diz

Essa parece mesmo ser a nova vocaccedilatildeo do raacutedio como destaca o locutor e produtor Gleyson Lage da 98 FM de Belo Horizonte ndash primeira emissora a operar em frequumlecircncia modu-lada na Ameacuterica Latina ldquoAleacutem das promoccedilotildees e do aumento das formas de interatividade o humor eacute uma forma de fi de-lizar o ouvinte de perfi l mais passivo que tem menos dispo-nibilidade ou motivaccedilatildeo para manter contato por telefone ou e-mailrdquo Apostando nisso a 98 FM ndash cuja programaccedilatildeo eacute 100 local ndash conta com trecircs progra-mas de cunho humoriacutestico para enfrentar a concorrecircncia Os Manos Silicone Show e Graffi ti auto-intitulado o pior programa de raacutedio do Brasil

Para o locutor publicitaacuterio Tovar Luiz 43 o FM nasceu engraccedilado ldquoo grande barato das raacutedios FM desde a sua popu-larizaccedilatildeo no iniacutecio dos anos de 1980 foi o seu perfi l descontra-iacutedo A locuccedilatildeo nessas emisso-ras sempre foi bem mais aacutegil e despojada O hoje apresentador de TV Ceacutesar Filho por exemplo comeccedilou a carreira no raacutedio e

fi cou famoso pelo bordatildeo lsquobeijo pra vocecirc feiarsquo Natildeo era ofensa era pra fazer o ouvinte rir O FM foi uma revoluccedilatildeo em termos de lin-guagemrdquo lembra E ele parece ter razatildeo O programa Pacircnico um dos maiores fenocircmenos televi-sivos dos uacuteltimos tempos eacute deri-vado de um programa de raacutedio da rede Jovem Pan 2 de Satildeo Paulo comandado pelo locutor Emiacutelio Surita Seguindo o fl uxo as demais redes destinadas ao puacuteblico jovem tambeacutem investi-ram na programaccedilatildeo que faz rir E a partir das redes as emissoras locais que fazem concorrecircncia agraves afi liadas tambeacutem acompanham a tendecircncia para natildeo perder seu espaccedilo no mercado

Falando neleExistem hoje 23 FMs no dial

de Belo Horizonte Pelo menos quatro delas satildeo dedicadas aos jovens Jovem Pan 2 (991) Mix FM (917) 98FM (983) e Oi FM (939) Destas somente a 98FM natildeo eacute afi liada de uma grande rede Haacute trecircs anos em atividade na emissora Gleyson Lage confi rma a reduccedilatildeo no nuacutemero de vagas aos profi ssio-nais da aacuterea ldquonuma raacutedio local satildeo necessaacuterios 20 funcionaacuterios para produzir toda uma grade enquanto numa afi liada jun-tando a programaccedilatildeo execu-tada pelo sateacutelite com aquela gerada pela automaccedilatildeo da transmissatildeo apenas cinco datildeo

conta do recado para o tempo destinado agrave grade local Eacute com-plicadordquo conta

No entanto ele vecirc a partici-paccedilatildeo das redes de raacutedio como positiva no que se refere agrave qua-lidade ldquoquando uma rede tem um bom conteuacutedo ndash boa plaacutes-tica bons locutores bons tex-tos ndash ela acaba por estimular as emissoras locais a manterem o mesmo niacutevel Haacute um ganho em criatividade que poderia natildeo existir se todo o conteuacutedo fosse localrdquo acredita

Enquanto isso os ouvintes se queixam da repeticcedilatildeo nas grades musicais ldquochega a ser engraccedilado Estava ouvindo uma muacutesica numa determinada

raacutedio Quando acabou troquei para a estaccedilatildeo seguinte e estava tocando a mesma muacutesica Acho que como todos os meios de comunicaccedilatildeo as raacutedios precisam abrir o leque de opccedilotildeesrdquo opina Karina Zandona estagiaacuteria de pesquisa de mercado 22

Karina completa ldquoateacute a Rede Globo tem inovado na inserccedilatildeo de muacutesicas de artistas desconhecidos do grande puacuteblico como trilha das suas produccedilotildees (como foi o caso do cantor Beirut presente na trilha sonora da minisseacuterie Capitu exibida em janeiro de 2009) O raacutedio podia acompanhar essa tendecircnciardquo sugere

Com a digitalizaccedilatildeo da muacutesica o sonoplasta sai de cena eacute o locutor quem faz tudo

Foto

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O Ponto

Editor e diagramador da paacuteginaLira Faacutevilla e Felipe Barbosa 6ordm periacuteodo

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

22 bull Cultura

CLAUDIA LAPOUBLE

6ordmPERIacuteODO

ldquoO processo pelo qual se arma-zenam informaccedilotildees no disco de vinil feito de PVC material derivado do petroacuteleo consiste em imprimir nele ranhuras ou ldquoriscosrdquo cujas formas tanto em profundidade como abertura mantecircm correspondecircncia com a informaccedilatildeo que se deseja arma-zenar Essas ranhuras visiacuteveis no disco a olho nu satildeo feitas no disco matriz com um estilete no momento da gravaccedilatildeo Esse esti-lete eacute movido pela accedilatildeo da forccedila magneacutetica que age sobre eletro-iacutematildes que estatildeo acoplados a elerdquo (in Leituras de Fiacutesica GREF- Departamento de fiacutesica da USP SP2005)

Eacute assim que a muacutesica se ldquoimprimerdquo no plaacutestico que depois ao ser arranhado pela agulha libertaraacute novamente os sons no ar Para os apaixonados por vinil o ritual de tirar o disco da estante limpaacute-lo colocaacute-lo no toca discos posicionar a agu-lha delicadamente sobre ele tomando todo o cuidado para natildeo arranhaacute-lo e repetir todo esse processo na hora de virar o disco para ouvir o lado b signi-fi ca uma relaccedilatildeo mais proacutexima com a muacutesica Era preciso dedi-car tempo a escutar o disco Mais do que uma miacutedia de armazena-mento analoacutegico do som o disco de vinil eacute um objeto de arte e uma peccedila que daacute materialidade agrave muacutesica

Dados da Associaccedilatildeo de Gra-vadoras da Ameacuterica (Record Industry Association of Aeme-rica) mostram que as vendas de LPs aumentaram em quase 130 entre os anos de 2007 e 2008 De acordo com o informe anual divulgado pelo oacutergatildeo ldquoo vinil continua sua ascensatildeo As vendas nesse formato somaram

US$57 milhotildees e vem mais do que duplicando ano apoacutes anordquo Ainda segundo o documento ldquotrata-se do produto preferido por audiofi los e colecionadores e o aumento nas vendas se deve tanto agrave re-gravaccedilatildeo de mate-rial de cataacutelogo quanto a novos lanccedilamentosrdquo

Com os nuacutemeros da induacutes-tria apontando para uma queda nas vendas de CDs e em tempos em que se fala em livre acesso agrave muacutesica atraveacutes da internet o vinil se apresenta como uma saiacuteda para quem ainda gosta da muacutesica palpaacutevel apreciaacute-la com todos os sentidos inclusive o tato

Um Brasil em vinil ldquoContar a histoacuteria do Brasil

atraveacutes da muacutesica guardando um exemplar de tudo o que foi gravado em vinil no paiacutesrdquo esse era o objetivo de Edu Pampani 46 quando em 2005 fundou a Discoteca Puacuteblica o primeiro espaccedilo dedicado agrave memoacuteria musical brasileira do paiacutes

Apaixonado por muacutesica e claro pelos discos de vinil Pam-pani conta que a ideacuteia da Dis-coteca nasceu quando ele ainda morava na Bahia e tinha uma loja de discos Segundo ele quando o Compact Disc (CD) comeccedilou a se popularizar na deacutecada de 90 as pessoas o procuravam para trocar seus LPs por CDs

O espaccedilo tem hoje um acervo de cerca de 12 mil peccedilas que contam a historia do Brasil pelos sulcos no plaacutestico PVC Eacute possiacute-vel ouvir por exemplo gravaccedilotildees de jogos de futebol ou vinhetas de programas de raacutedio dos anos 50 aleacutem de claacutessicos da muacutesica popular brasileira em gravaccedilotildees originais Com todas essas rari-dades Pampani garante natildeo ter nenhum disco favorito ldquosempre me perguntam Edu qual eacute o disco mais raro que vocecirc tem

e eu respondo raro eacute ter todos eles juntosrdquo

De volta ao plaacutesticoApesar de natildeo ser a miacutedia mais

utilizada pelo grande puacuteblico o disco de vinil tem um puacuteblico fi el principalmente entre os DJs que segundo Pampani ldquoprocuram sempre coisa nova se ele quer tocar Jorge Bem por exemplo ele vai procurar aquela muacutesica que ningueacutem lembra mais que ele gravou Esse pes-soal tem que fi car garimpando semprerdquo

O DJ e fundador do selo Vinyl Land Luiz Valente ou DJ Luiz PF eacute um desses garimpeiros de sebos Ele conta que sua paixatildeo pelos LPs nasceu quando ele mesmo selecionava as muacutesi-cas que iriam compor o som ambiente de seu bar o ldquoLugarrdquo Em 2003 Luiz sentiu que pode-ria abrir espaccedilo para DJs que pesquisavam e procuravam por muacutesicas que fugiam do lugar comum ldquoeu fui fazendo festas por um tempo chamando DJs que discotecavam com vinil pra ser um contra ponto a essa outra galerardquo conta

Radicado em Londres desde 2006 Luiz conta que ao chegar agrave Europa percebeu que diferente do que acontecia no Brasil ldquolaacute o negoacutecio natildeo tinha acabado nada se achava tudo pra com-prar coisas novas a galera atual todo mundo lanccedilava era uma coisa de canto de loja mas fun-cionando vendendordquo Na capital inglesa o DJ trabalhou na grava-dora Whatmusiccom que aleacutem de CDs lanccedilava tambeacutem traba-lhos em vinil

A paixatildeo pela ldquocultura de acetatordquo e o trabalho como DJ foram o incentivo para que Luiz fundasse em 2008 a Vinyl Land selo que vem com a proposta de lanccedilar muacutesicos que se interes-sem em gravar em vinil Segundo

ele o selo nasceu de sua proacutepria necessidade como DJ ldquoeu

jaacute discotecava com vinil e fui achando bandas

novas que queria tocar mas natildeo tinha como porque eram de uma eacutepoca em que natildeo tinha mais vinil ai eu pensei jaacute que natildeo tem eu faccedilo

e comecei a procurar contatos e tentar orga-

nizar o selordquo Com apenas um ano

no mercado a Vinyl Land

jaacute lanccedilou trecircs discos dentre

eles um compacto simples do Autoramas

Novas marcas no PVCFoi pela Vinyl Land que a

banda Th e Dead Lovers Twisted Heart que nunca havia lanccedilado seu trabalho comercialmente lanccedilou seu primeiro EP O com-pacto auto-intitulado traz cinco muacutesicas antes disponiacuteveis para download na internet O disco prensado na Alemanha teve tiragem limitada de 200 coacutepias

Com infl uecircncias que vatildeo de Odair Joseacute e Roberto Carlos ateacute Franz Ferdinand e Jack White passando pela literatura de Mark Twain (o grupo tem uma muacutesica em homenagem a Huck-leberry Finn personagem do autor americano) e os cartunis-tas Laerte e Angeli a banda for-mada por Ivan (guitarra e vocal)

Guto (guitarra) Paty (bateria) e

Velvs (baixo) jaacute era conhecida dos frequumlentadores de casas de shows de Belo Horizonte antes de lanccedilar seu EP

Segundo Ivan a ideacuteia de ter seu primeiro trabalho gravado em vinil casou muito bem com a banda ldquoa gente ainda natildeo tinha lanccedilado um disco propriamente dito e hoje o suporte fiacutesico eacute cada vez menos importante porque na verdade a muacutesica vocecirc acha em qualquer lugar e um disco um CD na verdade natildeo faz mais tanto sentido E nossa ideia era que jaacute que vocecirc vai comprar um objeto o vinil eacute um objeto muito mais legal tanto esteticamente quanto no manusear fora que tem toda essa coisa da retomada e eacute uma boa proposta que tem tudo a ver com a bandardquo afi rma o muacutesico provando que o velho vinil estaacute mais novo que nunca

O novos sonsdo velho vinil

Com a popularizaccedilatildeo dos sites de divulagaccedilatildeo de muacutesica na internet o vinil retorna como alternativa interessante para novos muacutesicos e ouvintes

Dj Luiz PF fundador do selo Vinyl Land

Os diferentes formatos do vinil-LP abreviatura do inglecircs Long Play ou ldquo12 polegadasrdquo Disco com 31 cm de diametro com capacidade normal de cerca de 20 minutos por lado O formato LP era utilizado usualmente para a comercializaccedilatildeo de aacutelbuns completos-EP abreviatura do inglecircs Extended Play Disco com 17 cm de diametro e capacidade de cerca de 8 minutos por lado continha em torno de quatro faixas -Single ou compacto simples abreviatura de Single Play ldquo7 polegadasrdquo ou compacto simples Disco com 17 cm de diametro e capacidade normal de 4 minutos por lado O single era geralmente empregado para a difusatildeo das muacutesicas de trabalho de um aacutelbum completo a ser posteriormente lanccedilado -Maacutexi abreviatura do inglecircs Maxi Single Disco com 31 cm de diametro sua capacidade era de cerca de 12 minutos por lado

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The Dead loverrsquos Twisted Heart Pati Vels Guto e Ivan

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Culturabull 23Editor e diagramador da paacutegina Baacuterbara Rodrigues 8ordm periacuteodo

Festival Internacional de Corais homenageia

BAacuteRBARA RODRIGUES 8ordm PERIacuteODO

A seacutetima ediccedilatildeo do Festival Interna-cional de Corais ndash FIC acontece de 18 a 27 de setembro de 2009 e teraacute como tema a vida e obra de Villa-Lobos con-siderado o maior compositor das Ameacute-ricas Seratildeo cerca de 300 apresenta-ccedilotildees de 120 corais de todo o Brasil e do exterior que percorreratildeo 12 cidades de Minas Gerais

O festival realizado pela Universi-dade FUMEC tem o intuito de popula-

rizar os corais e grupos vocais amadores e profissionais e evidenciar atividades culturais de empresas instituiccedilotildees de ensino comunidades associaccedilotildees e fundaccedilotildees com apresentaccedilotildees de corais e shows de artistas nacionais sempre com a bandeira da muacutesica brasileira agrave frente

Regidos pelo Maestro Lindomar Gomes produtor cultural e coordena-dor do FIC os 30 integrantes do coral da FUMEC seratildeo um dos grupos a se apresentar ldquoNosso coral sempre parti-cipou de festivais seguindo a maacutexima de Fernando Brant de que lsquotodo artista

tem de ir aonde o povo estaacutersquo A cada ano o FIC escolhe um tema que traduza a identidade musical brasileira Este ano celebraremos os 50 anos de morte de Villa-Lobos responsaacutevel por implantar o canto coral no paiacutes na deacutecada de 1930 e o muacutesico que mais cantou as belezas nacionaisrdquo enfatiza

Em cada ediccedilatildeo do festival os com-positores Leonardo Cunha e Fernando Brant satildeo responsaacuteveis pela muacutesica-tema que ao final do evento eacute cantada por todos os corais A composiccedilatildeo deste ano ganhou o nome de ldquoMestre Villardquo exultando o que de mais haacute de caracte-

riacutestico na vida e obra do mestre Durante todo o festival alguns locais

da cidade como o Palaacutecio das Artes Sesc Laces JK e a aacuterea de convivecircn-cia da FUMEC receberatildeo exposiccedilotildees de fotos textos e trilhas sonoras do acervo do Museu Villa-Lobos no Rio de Janeiro A banda mineira 14 Bis e o muacutesico Renato Teixeira fazem shows no interior de Minas e no dia 27 no Parque Municipal encontro de todos os corais participantes marcaraacute o fechamento do evento onde mais de mil vozes se uni-ratildeo para cantar os temas do maestro homenageado

O maestro e coordenador do FIC Lindomar Gomes e os integrantes do Coral da Fumec

Mestre Villa daacute o tom dentro e fora do paiacutesO carioca Heitor Villa-Lobos

foi responsaacutevel por universa-lizar a muacutesica nacional acres-centando em grande parte de suas mil obras a sonoridade da fauna brasileira de tribos indiacute-genas e africanas aleacutem de refe-recircncias de cantigas do choro e do samba

Na defi niccedilatildeo do maestro Lindomar Gomes a impor-tacircncia de Heitor Villa-Lobos estaacute no fato de ele ldquodecifrar a alma brasileira e colocaacute-la em muacutesicardquo Devido agraves homena-gens ao compositor nas prin-cipais capitais do Brasil e do

mundo Gomes natildeo eacute o uacutenico a pensar assim

Peccedilas de Villa-Lobos fazem parte das temporadas da Filar-mocircnica de Belo Horizonte da Orquestra Sinfocircnica do Teatro Nacional Claacuteudio Santoro em Brasiacutelia da Sinfocircnica Munici-pal de Campinas e da Orques-tra Sinfocircnica Brasileira do Rio

Internacional Em janeiro o maestro John

Neschling regeu a Filarmocircnica de Varsoacutevia na Polocircnia com os ldquoChoros n 6rdquo A soprano Adriane Queiroz cantou as ldquoBachianas

Brasileiras nordm 5rdquo em Berlim e o regente da OSB do Rio Roberto Minczuk esteve no Japatildeo em agosto para apresentar as ldquoBachianas Brasileirasrdquo

Ainda este ano deve chegar agraves livrarias o ldquoFolha Explica Villa-Lobosrdquo da Publifolha do violonista Faacutebio Zanon que em entrevista ao jornal Folha de Satildeo Paulo afi rmou ldquoO uni-verso sonoro de Villa-Lobos eacute uma coisa arrasadora Nossa ideia de Brasil seria muito mais pobre sem a leitura efetuada por Villa-Lobos de nosso patri-mocircnio musicalrdquo

Programaccedilatildeo completa e outras informaccedilotildees sobre FIC 2009 wwwfestivaldecoraiscombr

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Foto divulgaccedilatildeo

O compositor e maestro Villa-Lobos cuja obra eacute reconhecida e celebrada internacionalmente

23 - festivaldecoraisindd 123 - festivaldecoraisindd 1 82809 115113 AM82809 115113 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

24 bull Cultura Editor e diagramador da paacutegina Amanda Lelis 6ordm periodo

COLCHAde retalhos

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Magia

Escrevo uma letra

e jaacute natildeo estou no mesmo lugar

Pedro Cunha Instrumento de cordas vocais tocado pela alma

a palavra na garganta que vira muacutesica

o som da orquestra do coraccedilatildeo

dos gagos e desafi nados

aos cegos de paixatildeo

VozBaacuterbara Rodrigues

Natildeo sei bem o que eacute

Se eacute invenccedilatildeo

Se eacute na verdade a mais pura verdade

Se sou eu tentando fugir

Se sou eu tentando apagar

Natildeo encarar o que estaacute acontecendo

Esquecer a minha confusatildeo

De querer sem conhecer

De te amar sem te encontrar

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Queria esquecer

E perdoar entatildeo

Voltar na decisatildeo

Para minha vida rotineira

Que eu levei a vida inteira

O meu sufoco e os seus gritos

Meu confortaacutevel desespero

Minha mania de querer ser mais para mundo

Do que o mundo eacute para mim

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Confortaacutevel DesesperoPaula Macintyre

Preso agrave falta de sono procurando ver

Atraveacutes da luz de um trago num bastatildeo de morte

Talvez com sorte entatildeo eu possa crer

Que os dias se passaram mas o amor fi cou

Mesmo sonhando acordado algo ainda restou

De tardes tatildeo bonitas

Em que o brilho dos teus olhos eu pude enxergar

Os teus negros cabelos quero entatildeo tocar

apesar de estares tatildeo afl ita

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia

que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Por mais que em outras camas eu possa deitar

que braccedilos e abraccedilos venham me afagar

O brilho dos teus olhos ainda me ilumina

por vaacuterias ruas sujas que eu tentei fugir

estenderia um tapete pra vocecirc entrar

sentado vago na varanda escura a esperar

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Mas eu mudaria tudo isso pra te ter aqui

comigo ao meu lado todo dia a me fazer sorrir

Para ouvir a muacutesica wwwmyspacecombandatravessia

DuetoAlvaro Castro

Do entendimento tardio de se assistir a uma passagem de som

Cracke se quebra o silecircncio a voz dos barulhos instrumentais

cala todos os outros sons do silecircncio Antes de ser melodiosos

os sons comeccedilam desencontrados como tateando no escuro

dos ritmos tentando se encontrar e dar as matildeos para soacute assim

iniciar seu dialogo-danccedila em brincadeiras harmoniosas que

encantam e enfeiticcedilam Na sutileza dos tons na alegria de fazer

barulhos musicais modifi cam a muacutesica mil vezes re-arranjada

ajeitam afi nam se enfeitam

e a muacutesica fi nalmente sai Perfeita

AntesClaudia Lapouble

Sssshhiiii

silecircnciosopro suspiro sussurro

sublime submerso submarino submundo

some sobe segue sangue sinistro

sem focirclegosufoco

SClaudia Lapouble

A canccedilatildeo natildeo paacutera O berimbau controla o medo que corre

nas ruas vindo daqueles que natildeo se deixaram dissolver pela

aacutegua trazida com a chuva Na cidade escorre toda a calmaria

e a melodia se arrasta molhando o chatildeo Enquanto o ceacuteu se

desmancha aos poucos sobre a rua deserta eles cantam Voz

para um canto que veio aveludar meus ouvidos acalentar

clamoroso de uma vida inteira e fosse essa noite a vida

inteira fez-se a noite lembranccedila da cantiga que me converteu

inteira Pandeiro Meacutedio Viola e a chuva que ritmava a

cantoria O breu e noacutes no breu O escuro arrasta o invisiacutevel

para dentro da cidade que chora para dentro dos meus olhos

que fi tam atentos os olhos deles que me encantam Hora um

hora outro me arrasta em companhia agrave suas vozes As gotas

respondem ao coro num canto suave o pandeiro acompanha

o berimbau e o repique respinga umas gotas tontas de

musicalidade goteja um som que sobrevoa a superfiacutecie

Sobre o invisiacutevelAmanda Lelis

Gabriel Guedes e violino em show na Praccedila da Liberdade

O som da alma se apresenta em desejo e verso livre

na terccedila indecente suave

no violino do seus sonhos em coro cresce a quarta corda

dissonante

eacute a Musica

No canto viacutevido em tom sincero e leve expande

compaixatildeo as notas graves

fi delidade ao escrever a voz da alma sobre arpejos

inconstantes

eacute a Musica

MuacutesicaPedro Gontijo e

Bernardo Gontijo

Te aperto contra o peito

te penduro nas costas

no churrasco passa de matildeo em matildeo

e ainda assim me faz companhia

nas noites de solidatildeo

Ode ao violatildeoBaacuterbara Rodrigues

Ajude a costurar nossa colcha balaioretalhosgmailcom

24 - Colcha de retalhos corrigidoindd 124 - Colcha de retalhos corrigidoindd 1 82809 115124 AM82809 115124 AM

Page 9: Jornal O Ponto - agosto 2009

O Ponto

Editor e diagramador da paacuteginaClaudia Lapouble e Amanda Lelis

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Sociedade bull 9

AMANDA LELIS

CLAUDIA LAPOUBLE

ROBERTA ANDRADE

6 PERIODO

Todo indiviacuteduo eacute personagem de uma histoacuteria observada de maneira bem parti-cular num mundo que eacute soacute seu Toda narra-tiva eacute uacutenica se diferencia de qualquer outra ainda que seja sobre a mesma histoacuteria e contada pela mesma pessoa O momento eacute imprescindiacutevel o clima o ambiente o humor detalhes que infl uenciam em todo conto seja ele veriacutedico ou natildeo Contra-riando a procura insistente por tudo o que eacute novo decidimos correr atraacutes da memoacuteria ouvir quem tem histoacuterias para contar

Depois de aguardar por alguns minutos vinha dona Zezeacute como gosta de ser cha-mada o cabelo delicadamente arrumado com um arco colorido colar de peacuterolas maquiagem perfume e uma piada na ponta da liacutengua Sua percepccedilatildeo de tempo eacute dife-rente da nossa o que lhe acontece hoje natildeo eacute tatildeo importante quanto agravequela memoacuteria do passado que sabe nos contar com detalhes minuciosos Dona Zezeacute tem mesmo mania de misturar o hoje com o ontem sonhos natildeo realizados com realizaccedilotildees antigas paixotildees fortes da mocidade com carecircncias atuais Parte verdadeira parte imaginaacuteria sua histoacuteria tem caracteriacutesticas peculiares a cronologia se confunde e sua narrativa segue o caminho traccedilado pela sua mente num vai-e-vem luacutedico e caracteriacutestico

A irreverecircncia de Maria Joseacute eacute marca registrada ldquoquando vem visita todo mundo me cumprimenta eles acham graccedila por-que eu sou assim muito pra frente saberdquo brincou dona Zezeacute Com 82 anos haacute 5 vive no Lar de Idosas onde moram cerca de 15 senhoras De prosa boa nos fez rir muitas vezes rememorou sua juventude os bailes sua paixatildeo pela danccedila de salatildeo pela costura bordado e pelo marido Moacir Siqueira que faleceu haacute alguns anos

A imagem do marido se confundia agraves vezes com a imagem do seu pai Ao falar de um se lembrava do outro como se ela visse no marido muito mais velho que ela a fi gura do pai protetor ldquoEle me tratava como uma crianccedila meu marido cuidou de mim como uma boneca assim como meu pairdquo rememorou Nascida em Araxaacute Maria Joseacute

morava no Grande Hotel da cidade onde conheceu seu marido que era contador Ela contou que Moacir vinha de Satildeo Paulo e se hospedava no Grande Hotel ldquoEle vinha de Satildeo Paulo para o garimpo em Estrela do Sul alugava a terra colocava os homens pra trabalhar e fi cava laacute de braccediladardquo disse entre gargalhadas Ficou satisfeita em falar do marido com uma piscada de olho comple-tou ldquoAh mas ele era bonito demais menina eu precisava te mostrar um retratinho dele parecia um artistardquo

Dona Zezeacute lembra com saudade do tempo em que era enfermeira e do cari-nho que tinha com as pessoas que cuidava ldquoSou assim ateacute hoje vocecirc tem que ver com as crianccedilas olha como sou com as crian-ccedilas grandes (se referindo a noacutes) eu abraccedilo acarinho e me perguntam com quem vocecirc aprendeu a ser tatildeo carinhosa A vida ensina pra gente muita coisardquo completou emocionada

Peacute-de-valsa dona Zezeacute fazia festa por onde passava ldquoSe natildeo tivesse uma velhinha vigiando a Zezeacute eu natildeo podia sair Gostava tanto de danccedilar que quando ia costurar fi cava me lembrando da danccedila a maacutequina ia pra laacute e pra caacute meu peacute ia no ritmo cos-turava o que natildeo devia Quando a gente ia no baile era eu chegar que comeccedilava a dan-ccedilar A primeira a chegar no salatildeo era eu mas natildeo tinha culpa porque os homens eacute que me chamavam pra danccedilar uairdquo disse orgu-lhosa entre risos

Muito vaidosa Maria Joseacute falou sobre sua coleccedilatildeo de acessoacuterios contou que natildeo podia ir em um baile com a mesma roupa o mesmo brinco o mesmo colar ou um anel nunca repetia um adorno e ainda hoje eacute assim ldquoEu gosto de me arrumar eacute a vida que eu levo Pra receber visita eu coloco uma roupa bonita Para receber vocecircs eu tomo um banho e passo uma maquiagem neacute Assim que eu sourdquo Apesar disso quando falamos em foto dona Zezeacute logo disse sor-ridente ldquoVai tirar minha foto Potildee laacute na roccedila de arroz pra espantar os bichosrdquo

Com tanta irreverecircncia dona Zezeacute daacute exemplo de personalidade esbanjando alegria Ao chegarmos no portatildeo de saiacuteda de braccedilos dados conosco dona Zezeacute perguntou

-Que dia vocecircs vatildeo voltar

Tardes de vai e vem

Foto Claudia Lapouble

Foto Amanda Lelis

Fotos Roberta Andrade

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O Ponto

10 bull Profi ssatildeoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

Editoras e diagramadoras da paacutegina Renata Valentim e Roberta Andrade

O ensino do jornalismo no divatildeEnquanto o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo cria comissatildeo para repensar a construccedilatildeo do conhecimento jornaliacutestico no seacuteculo XXI os jornais impressos enfrentam o desafi o de revisar sua vocaccedilatildeo

RENATA VALENTIM

6ordm PERIacuteODO

Na dinacircmica da era da infor-maccedilatildeo em que a internet se fi rma como o mais acessiacutevel mais veloz e mais democraacute-tico meio de transmissatildeo de informaccedilatildeo o jornalismo viu-se em crise de identidade Boa parcela dos estudiosos e prati-cantes da atividade jornaliacutestica sentiu-se ameaccedilada pela des-centralizaccedilatildeo da notiacutecia nesse novo meio o leitor agora eacute tambeacutem produtor de informa-ccedilatildeo Outra fragilidade reside na escassez das vagas do mercado que natildeo comporta os milhares de jornalistas receacutem-formados despejados pelas faculdades De acordo com dados de 2005 obtidos pelo Observatoacuterio Uni-versitaacuterio apenas 125 dos graduados em jornalismo con-seguem manter-se de peacute na car-reira A proliferaccedilatildeo das esco-las particulares de jornalismo

choca-se com o enxugamento das redaccedilotildees onde prevale-cem os chamados profi ssionais multimiacutedia que precisam ser capazes de produzir informa-ccedilatildeo para um grande nuacutemero de suportes

Neste cenaacuterio onde tam-beacutem satildeo incluiacutedas a queda da velha Lei de Imprensa e o polecircmico fi m da obrigatorie-dade do diploma para o exer-ciacutecio da profi ssatildeo no dia 17 de junho foi criada pelo MEC uma comissatildeo que estabeleceraacute as novas diretrizes curriculares dos cursos de jornalismo no Brasil Um dos fundadores da Escola de Comunicaccedilatildeo e Artes da USP professor Joseacute Marques de Melo preside o grupo res-ponsaacutevel por elaborar as pro-postas de mudanccedilas a serem implantadas nas escolas de jornalismo do paiacutes Aleacutem dele seis acadecircmicos e uma repre-sentante do mercado estatildeo incumbidos de ateacute o iniacutecio do segundo semestre apresentar o

balanccedilo das anaacutelises A neces-sidade de reforma segundo o ministro Fernando Haddad eacute ratifi cada pelos dados obtidos pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo cerca de 80 dos cursos de jornalismo satildeo considerados de baixa qualidade A inten-ccedilatildeo da comissatildeo eacute que as pro-postas sejam elaboradas por meio da participaccedilatildeo e opiniatildeo de sindicatos universidades e empresas de comunicaccedilatildeo emitidas nas trecircs audiecircncias puacuteblicas que foram realizadas entre marccedilo e maio deste ano ndash no Rio de Janeiro Recife e Satildeo Paulo respectivamente

Efeito placebo Apesar da pertinente preo-

cupaccedilatildeo em melhorar o ensino do jornalismo no Brasil as pro-postas delineadas pela comis-satildeo satildeo ainda desconhecidas e por isso mesmo carregadas de polecircmica Algumas sugestotildees anunciadas antes mesmo da realizaccedilatildeo da primeira audiecircn-

cia como a separaccedilatildeo do jorna-lismo da Comunicaccedilatildeo Social dividem profi ssionais e aca-decircmicos Como uma forma de ampliaccedilatildeo do debate para aleacutem das audiecircncias ndash que restringi-ram a participaccedilatildeo de alguns segmentos importantes na dis-cussatildeo como os estudantes ndash o professor Joseacute Marques de Melo tem procurado expor alguns dos posicionamentos da comis-satildeo em palestras e entrevistas pelo paiacutes Durante o programa Observatoacuterio da Imprensa do dia 26 de maio ele explicou que o grupo natildeo pretende apresen-tar um novo curriacuteculo ldquoNossa funccedilatildeo eacute examinar as matrizes para nossas escolas e universi-dades Eu defendo particular-mente que o curriacuteculo eacute uma competecircncia da universidade Noacutes teremos de buscar dire-trizes curriculares que sejam consensuais em relaccedilatildeo agrave for-maccedilatildeo do novo jornalista mas deixar agrave universidade liberdade de accedilatildeo Se uma universidade quer oferecer um curso de gra-duaccedilatildeo para repoacuterteres e um curso de poacutes-graduaccedilatildeo para editores isso eacute um direito que a universidade tem e pode fazerrdquo defende

O resgate do selfO presidente da comissatildeo

eacute tambeacutem categoacuterico ao tratar da separaccedilatildeo da personalidade do jornalista contemporacircneo Segundo ele a sociedade bra-sileira necessita tal como pre-cisa de profi ssionais da notiacutecia especializada de jornalistas generalistas bem formados de que sejam capazes de se diri-gir efi cientemente para toda a populaccedilatildeo e de interpretar a realidade de forma mais ampla ldquonoacutes temos um paiacutes com 200 milhotildees de habitantes e 10 milhotildees de exemplares diaacuterios de jornais lidos Precisamos na verdade fazer jornal para quem natildeo lecirc jornal para aqueles que estatildeo agrave margem da cultura jor-naliacutesticardquo diz

Marques de Melo ressaltou tambeacutem que do ponto de vista da organizaccedilatildeo curricular haacute uma certa confusatildeo quando se trata de mateacuterias teoacutericas e praacuteticas ldquoEu acho que o que faz falta no jornalismo natildeo satildeo mateacuterias praacuteticas para elas temos bons laboratoacuterios O que faz falta satildeo as mateacuterias teoacuteri-cas E natildeo chamo de teoacutericas a sociologia a histoacuteria Isso diga-mos eacute o conteuacutedo humaniacutestico

Eu gostaria de ter mais mateacuterias que dessem conta das questotildees eacuteticas das questotildees morais O que temos eacute um excesso de aulas de teoria da comunica-ccedilatildeo de sociologia da cultura cuja aplicaccedilatildeo eacute descolada do jornalismo Precisa haver uma integraccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica jornaliacutesticardquo afi rma

Mas ainda com a iniciativa de avaliar a si mesmo o mal-es-tar de algumas questotildees sobre a identidade do jornalismo ainda permanecem turvas como eacute o caso da vocaccedilatildeo do jornalismo como negoacutecio e como serviccedilo de utilidade puacuteblica traccedilos contraditoacuterios que se chocam no interior da academia cau-sando estranheza nas salas de aula Essa feiccedilatildeo esquizofrecircnica foi detectada durante inves-tigaccedilotildees feitas pelo grupo de pesquisa ldquoA imagem do pen-samento e o ensino do jorna-lismordquo realizada por estudantes de jornalismo da Universidade Fumec e coordenada pelos professores Rodrigo Fonseca e Claacuteudia Chaves Em entrevistas feitas com os coordenadores dos principais cursos de jornalismo privados de Belo Horizonte os alunos registraram unacircnime constrangimento ainda que velado ao questionarem a pre-senccedila das disciplinas teacutecnicas nas grades curriculares como se fossem dignas de condena-ccedilatildeo O desejo de formaccedilatildeo do ldquoagente social criacuteticordquo tambeacutem eacute maioria absoluta no discurso dos entrevistados desta vez sem constrangimento ldquoA gente percebe tanto na avaliaccedilatildeo das entrevistas quanto no cotidiano das aulas que eacute elogioso falar do jornalismo dessa maneira con-denando as disciplinas praacuteticas Mas fi co confuso em pensar em como seraacute depois da forma-tura quando tiver que atuar no mercadordquo diz Frederico Porto um dos alunos envolvidos na pesquisa A resposta para esse questionamento existencial cada vez mais frequumlente no ter-reno dos discentes foi sugerida por Marques de Melo desta vez no programa Rede Miacutedia da Rede Minas realizado em 30 de marccedilo Ele acredita que a formaccedilatildeo do jornalista deve estar voltada para o mercado mas alerta ldquoa universidade tem que estar aleacutem do mercado Natildeo pode soacute estar atrelada agraves exigecircncias do mercado tem de estar tambeacutem atrelada agraves exi-gecircncias da sociedaderdquo

Fotomontagem faz referecircncia ao quadro O Grito do pintor norueguecircs Edward Munch

Ilustraccedilatildeo Roberta Andrade - 6ordm periacuteodo

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Profi ssatildeo bull 11Editoras e diagramadoras da paacutegina Renata Valentim e Roberta Andrade

A crise de identidade natildeo estaacute restrita ao conhecimento

que possibilita a produ-ccedilatildeo jornaliacutestica a dis-tribuiccedilatildeo de conteuacutedo tambeacutem vecirc-se impressa por outros suportes e rit-mos ditados por novas formas de consumo de informaccedilatildeo O jornalismo

impresso que jaacute rivalizou com o raacutedio e com a televisatildeo no

seacuteculo passado hoje concorre com a veloci-dade com a alta interatividade com o enorme alcance e sobretudo com o baixo custo da produccedilatildeo de notiacutecia para a internet e demais suportes digitais

Rogeacuterio Ortega acredita que chegaraacute o dia em que natildeo compensaraacute mais imprimir papel para fazer jor-nal ldquoSoacute que ningueacutem sabe quando vai ser ndash e a respon-saacutevel por isso eacute a publicidade Natildeo tenho dados atu-alizados mas ateacute onde sei no Brasil o faturamento publicitaacuterio dos veiacuteculos impressos eacute muitiacutessimo maior que o dos online Nos EUA jaacute natildeo eacute esse o panoramardquo diz Laacute os sinais de mudanccedila parecem mais concretos No mecircs de maio o criador do site Amazon Jeff Bezos e o presi-dente do jornal Th e New York Times Arthur Sulzberger Jr lanccedilaram o Kindle DX uma versatildeo com tela expandida do e-reader proje-tado originalmente para leitura de livros aca-decircmicos vendidos no site de Bezos A expansatildeo da tela ndash que agora tem 246 centiacutemetros na dia-gonal ndash tem o propoacutesito de tornar mais confor-taacutevel a leitura do jornal Os empreendedores do lanccedilamento apostam no aparelho como res-posta viaacutevel agrave crise da imprensa americana que

viu a circulaccedilatildeo de seus jornais cair draacutesticos 46 em apenas seis meses em 2008 ldquoComo vai ser quando as geraccedilotildees que lecircem tudo na internet desde o comeccedilo forem hegemocircnicas Quando o mercado perceber isso e comeccedilar a achar que anunciar em jornal natildeo com-pensa mais a lsquomudanccedila de suportersquo do papel para os meios digitais estaraacute proacutexima O que natildeo signifi caraacute lsquoextinccedilatildeorsquo dos jornais eles devem continuar a existir de outro modordquo considera Ortega

O Brasil tambeacutem foi afetado pela crise fi nanceira dos impressos A Gazeta Mercantil jornal dedi-cado ao segmento econocircmico com quase 90 anos em atividade vive um periacuteodo criacutetico A Editora JB SA anunciou no uacuteltimo mecircs a devoluccedilatildeo do jor-nal Gazeta Mercantil para seu antigo proprietaacuterio o

empresaacuterio Luiz Fernando Levy o que pocircs a vida do veiacuteculo em risco a circulaccedilatildeo do jornal foi interrom-pida no dia 29 de maio No entanto Levy afi rmou em nota agrave imprensa que a suspensatildeo da circulaccedilatildeo eacute momentacircnea

Palestrantes do Foacuterum de Debates 1ordf Terccedila promo-vido pelo Sindicato dos Jornalistas Profi ssionais de Minas Gerais os professores Seacutergio Amadeu da Faculdade Caacutes-per Liacutebero e Geane Alzamora da PUC Minas pondera-ram sobre os impactos da internet na praacutetica jornaliacutestica no uacuteltimo dia 2 de junho Amadeu durante sua exposiccedilatildeo sobre o tema disse acreditar que a maioria das universi-dades natildeo estaacute apta a formar o jornalista na era da infor-maccedilatildeo Explicada por ele como meio onde predomina a liberdade e a quebra da hierarquia na produccedilatildeo e dissemi-naccedilatildeo de informaccedilatildeo a internet desafi a os meios tradicio-nais por dar menos importacircncia ao capital porque eacute capaz de oferecer conteuacutedo a custo quase zero ldquoNa internet natildeo eacute difiacutecil falar o difiacutecil eacute ser ouvidordquo diz Alzamora que desde meados dos anos de 1990 ndash natildeo coincidecircncia o iniacutecio da popularizaccedilatildeo da web ndash estuda o cruzamento jornalismo x internet afi rma que a vocaccedilatildeo do jornalismo na rede estaacute no formato colaborativo Nichos como os sites OhMyNews

e Overmundo satildeo demonstraccedilotildees claras de que ldquoa versatildeo mais atualizadardquo do profi ssional da notiacutecia atuaraacute como um gerenciador das interaccedilotildees feitas na rede

No balanccedilo do divatilde resta a dica a palavra-chave parece ser a reciclagem Tal como a proacutepria inter-

net que tem sua forma e conteuacutedo renovados a todo o tempo porque estaacute sujeita ao exame dos

interagentes o jornalismo e seus profi ssionais precisam examinar-se e reconfi gurar-se para acompanhar o fl uxo da informaccedilatildeo Como diz o fi loacutesofo Charles Sanders Peirce ldquoas palavras

aprendem com o tempordquo E o jornalista aprenderaacute na lida com elas novos caminhos

m queer jor-spon-s atu-ento

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naccedilatildeonais pde ofeeacute difiacutecmeadpopuinternno for

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O mal-estar do impresso

O Ponto Como vocecirc vecirc o ensino do jornalismo hoje no paiacutes

Rogeacuterio Ortega Vejo pelo contato com jornalis-tas receacutem-formados que o panorama natildeo mudou muito em 20 anos ndash a natildeo ser pela possibilidade de em alguns cursos montar uma grade que resulta numa espeacutecie de curso de jornalismo em periacuteodo integral com disciplinas de outras faculdades Tam-beacutem me parece haver uma conversa mais produtiva da academia com as redaccedilotildees ndash no iniacutecio dos anos 90 era uma coisa muito ldquoa induacutestria cultural laacute e noacutes seres pensantes e criacuteticos aquirdquo Acho que natildeo haacute necessidade de um curso de jornalismo que dure quatro ou cinco anos e duvido que a comissatildeo do MEC da qual sei pouco ponha isso em questatildeo Eacute legal sim haver um lugar em que se possam abor-dar histoacuteria e teoria do jornalismo linguagem eacutetica jornaliacutestica etc Mas pra isso natildeo satildeo necessaacuterios quatro anos Jornalismo podia ser por exemplo soacute uma poacutes-graduaccedilatildeo Na minha opiniatildeo sairiam muito mais bem preparados

OP - A partir do seu contato com os ldquofocasrdquo (receacutem-formados em jornalismo) que chegam agrave Folha o que vocecirc percebe como a maior defi ciecircn-cia do jovem jornalista E o que poderia ser feito para corrigir essa defi ciecircncia

Os ldquofocasrdquo da Folha natildeo vecircm soacute de faculdades de jornalismo Quem sobrevive ao programa de treina-mento da Folha e chega agrave redaccedilatildeo tem bom texto e na maioria dos casos boa cultura geral Mas para quem saiu do curso de jornalismo faltam certos conheci-mentos especiacutefi cos que satildeo valiosos na hora de cobrir certos assuntos importantes e que a pessoa teria se por exemplo tivesse cursado direito ou economia Muita gente acaba aprendendo essas coisas na raccedila na lida ndash mas sofreria menos se as tivesse estudado antes

OP - A respeito das ferramentas digitais vocecirc acredita na afirmaccedilatildeo de que a internet estaacute atrofiando a praacutetica jornaliacutestica O jornalismo online merece a demonizaccedilatildeo que lhe tem sido atribuiacuteda

Acredito que pelo contraacuterio a internet abriu novas possibilidades Qualquer um pode escrever qualquer coisa na web a custo zero ou quase zero mas quem estaacute interessado em se informar vai procurar notiacutecias que sejam confi aacuteveis bem apuradas bem escritas Ou seja o feijatildeo-com-arroz de sempre da praacutetica jornaliacutes-tica soacute que online feito em ldquotempo realrdquo e atualizaacutevel Claro que em um jornal impresso haacute mais tempo para apurar confrontar versotildees descartar coisas que se revelem boatos No online pela proacutepria natureza do meio eacute muito mais faacutecil que o rumor a versatildeo natildeo

confi rmada informaccedilotildees incorretas textos mal escri-tos etc sejam colocados no ar Claro depois podem ser feitas atualizaccedilotildees e correccedilotildees mas de todo modo eacute difiacutecil aliar rapidez e precisatildeo

OP - Como vocecirc vecirc a utilizaccedilatildeo da blogosfera para a praacutetica jornalistica

Blog pode servir para tudo inclusive para jorna-lismo -e bom jornalismo acredito Mas por enquanto soacute as grandes empresas jornaliacutesticas -ou grandes por-tais- tecircm estrutura e dinheiro para mandar repoacuterteres fazerem coberturas dispendiosas e que demandem tempo Natildeo eacute uma aacuterea em que ldquoblogueiros inde-pendentesrdquo possam competir Ainda assim eacute uma descentralizaccedilatildeo da informaccedilatildeo que vejo com muito bons olhos No Brasil os meios de comunicaccedilatildeo satildeo concentrados ou estatildeo na matildeo de governos Eacute bom -saudaacutevel- poder fugir disso

O jornalismo na visatildeo do mercado

O redator de Primeira Paacutegina da Folha de S Paulo Rogeacuterio Ortega 38 eacute jornalista for-mado pela Escola de Comunicaccedilotildees e Artes da USP Com quase 18 anos de carreira ele daacute a sua visatildeo da comissatildeo formada pelo MEC mostra-se favoraacutevel agrave queda da exigecircncia do diploma e vecirc com bons olhos os desafi os trazidos pela internet

Rodrigo Z

avagli - 6ordm periacuteodo

Arquivo Pessoal

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O PoontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

12 bull Especial

10A NOSDA REDACcedilAtildeO

Em uma deacutecada foram 73 ediccedilotildees Apro-ximadamente 400 mil exemplares distribu-iacutedos Seis mudanccedilas de logomarca Quatro modificaccedilotildees graacuteficas Cinco coordenado-res e trecircs premiaccedilotildees recebidas duas em acircmbito nacional e uma internacional A primeira distinccedilatildeo conferida ao O Ponto foi em 2005 quando recebeu o tiacutetulo de melhor jornal laboratoacuterio do Brasil pela Pesquisa Experimental em Comunicaccedilatildeo (Expocom) considerado um dos mais importantes eventos cientiacuteficos nacionais Em 2006 outros dois precircmios na aacuterea de produccedilatildeo laboratorial vieram e O Ponto foi eleito o melhor jornal experimental de Minas Gerais e tambeacutem da Ameacuterica Latina levando o trofeacuteu Patildeo de Queijo de Notiacutecias (PQN) e uma medalha da Expo-comSUR pela notoriedade do trabalho jor-naliacutestico desenvolvido A medalha desta uacuteltima conquista cunhada em ouro e gra-vada com o nome e a localidade do evento (ExpocomSUR ndash Santa Cruz de La SierraBoliacutevia) ainda estaacute agrave mostra no quadro expositor de antigos e recentes exempla-res de O Ponto - escrito e planejado por trecircs geraccedilotildees de estudantes de jornalismo e tambeacutem por alunos de publicidade que jaacute desenvolveram interessantes peccedilas publicitaacuterias que marcaram a evoluccedilatildeo e a dinacircmica do jornal durante todos estes anos de atividades

Os trofeacuteus angariados tambeacutem deco-ram a mobiacutelia da redaccedilatildeo do jornal ndash onde coordenador monitores e voluntariados se debruccedilam diariamente sob o trabalho de apuraccedilatildeo produccedilatildeo supervisatildeo e revi-satildeo das pautas e mateacuterias criadas em um esforccedilo que visa dar continuidade qualita-tiva a este produto acadecircmico de renome criado e dirigido outrora pelos ex-alunos Hoje muitos deles profi ssionais bem sucedidos que fazem questatildeo de salientar quando questionados a infl uecircncia que a participaccedilatildeo em O Ponto como monitores e voluntaacuterios exerceu na vida profi ssional posteriormente

Em entrevista para esta reportagem comemorativa dos lsquodez anosrsquo todos os entrevistados (ex-alunos e monitores)

sem exceccedilatildeo foram nostaacutelgicos quanto agrave eacutepoca de estaacutegio e voluntariado no qual muitos fizeram sacrifiacutecios e estripulias para trazerem agrave tona um furo jornaliacutestico redigirem uma mateacuteria relevante e dia-gramarem da melhor forma o conteuacutedo que produziram ldquoAprendi a ser jornalista em O Ponto Aprendi a respeitar os cole-gas de trabalho e aprendi a cobrar e ser cobrado O Ponto me mostrou que com superaccedilatildeo conhecimento teacutecnico e liber-dade podemos fazer um bom jornalismordquo pontua Frederico Wanderley ex-aluno da Fumec e integrante da primeira turma de jornalismo da Universidade

Ernesto Braga ex-monitor do jornal tambeacutem ressaltou em entrevista a impor-tacircncia da experiecircncia vivenciada no jornal laboratoacuterio para o ofiacute-cio da profi ssatildeo ldquoO Ponto foi fundamen-tal para mim Embora a realidade de uma redaccedilatildeo de jornal diaacuterio seja completamente diferente ndash mais corrida e tensa ndash do ponto de vista do dead line As noccedilotildees de produccedilatildeo reportagem fotografi a e ediccedilatildeo apreendidas em O Ponto me permitiram compreender um pouco mais sobre o processo de fazer jornal () Meu portifoacutelio foi exatamente as mateacuterias que fi z para O Pontordquo admite

Portanto independente dos marcos citados e de outras cifras e estatiacutesticas do jornal a relevacircncia de O Ponto no espaccedilo acadecircmico nestes dez anos de existecircncia se daacute por outras razotildees o jornal eacute primordial-mente um instrumento praacutetico um meio de experimentaccedilatildeo teoacuterico-praacutetica dos alunos que visa munir o estudante de experiecircncias relevantes que possam ser um diferencial na hora de se introduzir na realidade da profi s-satildeo ndash que requer muita perspicaacutecia ousa-dia e estilo para se destacar Aleacutem disso O Ponto eacute um veiacuteculo que surgiu de uma pro-posta pedagoacutegica e jornaliacutestica consistente e aguerrida que propiciou notaacuteveis reper-cussotildees para o curso e claro ensinamentos

frutiacuteferos para os estudantes que souberam e sabem usufruir ainda das possibilidades que o jornal se predispotildee a dar atraveacutes da praacutetica e do trabalho

De acordo com o Projeto Poliacutetico Peda-goacutegico do curso de Comunicaccedilatildeo Social O Ponto lanccedilado em junho de 1999 tinha e ainda tem como premissa se prestar a ser atraveacutes do trabalho dos alunos e sob coor-denaccedilatildeo criteriosa dos professores um veiacuteculo de ldquojornalismo de conversaccedilatildeordquo em contraposiccedilatildeo ao jornalismo puramente informativo factiacutevel feito pela imprensa

convencional A proposta era lanccedilar um impresso ndash e sua periodicidade (men-sal) permite que isto seja possiacutevel - que debatesse com mais profundidade os paradigmas sociais explo-rando e adentrando mais nas complexidades de cada acontecimento na comuni-dade regional e internacio-nal incitando discussotildees relevantes para o puacuteblico leitor

A proposta era natildeo soacute falar por exemplo sobre o

paacutereo entre dois candidatos de uma elei-ccedilatildeo municipal em Belo Horizonte ou onde quer que fosse Mas sim criticar se neces-saacuterio a forma como os embates poliacuteticos ou a falta deles se datildeo em plena eacutepoca eleitoral como mostrou a reportagem ldquoDisputa eleitoral sem disputardquo ndash publi-cada em O Ponto em setembro de 2006

O objetivo do projeto pedagoacutegico eacute evi-denciar problemas relegados ao esqueci-mento como por exemplo a inadimplecircncia do Governo de Minas Gerais para com os problemas ambientais (hiacutedricos) do Estado como fez os ex-alunos Pedro Blank e Ernesto Braga na reportagem do ano de 2000 ldquoDes-caso Mata o Rio das Velhasrdquo ldquoUma mateacuteria que repercutiu muito () virando inclusive editorial do jornal Estado de Minasrdquo con-forme relembra o proacuteprio autor da mateacuteria Ernesto Braga O jornalista ainda ressaltou ldquoo engraccedilado desta mateacuteria eacute que sem saber que O Ponto tinha uma tiragem de quatro mil exemplares e pensando que ele circu-lava apenas na faculdade uma das fontes

O Ponto estaacute completando uma deacutecada de jornalismo laboratorial Para comee alunos que participaram da criaccedilatildeo do jornal para resgatar um pouco da su

ldquoO Ponto foi fundamental para

mim ()embora uma redaccedilatildeo de jornal

diaacuterio seja diferenteMeu portifoacutelio foi

exatamente as mateacuterias que fi z para O

PontordquoErnesto Braga ex-monitor

12-16 - 10 anos O Pontoindd 112-16 - 10 anos O Pontoindd 1 82809 123340 PM82809 123340 PM

O Poonto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Especial bull 13

(da mateacuteria) desceu o cacete no Estado E com a repercussatildeo ele (a fonte) ligou para o coordenador alegando que natildeo tinha falado aquilo que tinha sido publicado pedindo retrataccedilatildeo Ele esteve entatildeo na faculdade e ouviu toda a gravaccedilatildeo da entrevista no estuacute-dio da raacutedio e natildeo teve mais o que contes-tarrdquo recorda Braga

Portanto a intenccedilatildeo de O Ponto foi e ainda eacute publicar e propor assuntos que pos-sam render refl exotildees audaciosas que per-mitam ao leitor extrapolar o senso comum e os pensamentos instrumentais alcanccedilando o campo das ideacuteias criacuteticas e producentes do ponto de vista social que tenham propoacutesitos de mobilizaccedilatildeo e desalienaccedilatildeo das pessoas em geral Seja em forma de denuacutencia em uma grande reportagem em forma de traccedilo como na charge que prima pelo tom criacutetico e irocircnico ou nas mateacuterias e notas que repor-tam acontecimentos e eventualidades desco-nhecidas mas impor-tantes para a dinacircmica da sociedade seja no campo econocircmico poliacutetico ou cultural

Satildeo dez anos de accedilatildeo estudantil em todas as etapas produtivas do jornal desde a criaccedilatildeo de pautas ateacute a distri-buiccedilatildeo do jornal

Dez anos de tentativas Acertos erros aprendizagem e repercussotildees Polecircmicas e alguns deslizes

Haacute uma deacutecada O Ponto vem prestan-do-se a ser para os alunos um instrumento de aprendizagem e lapidaccedilatildeo profi ssional E apesar dos altos e baixos que toda ati-

vidade laboratorial implica o desafi o tem sido cumprido

Difi culdades teacutecnicas problemas entre alunos ndash editores e repoacuterteres - no cum-primento do prazo na entrega de mateacuterias alguns detalhes estruturais com relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo do jornal entraves de uacuteltima hora fotografi as infograacutefi cos e diagrama-ccedilotildees pendentes incompletas ou inapro-priadas fazem parte da rotina da produccedilatildeo de O Ponto Como em qualquer outra reda-ccedilatildeo de laboratoacuterio E satildeo exatamente esses desafi os que permitem agravequeles alunos que se doam agrave praacutetica colaborativa como repoacuter-teres voluntaacuterios e monitores do jornal descobrir suas aptidotildees capacidades e tam-beacutem a aprimorarem teacutecnicas e adquirirem conhecimento ainda desconhecidos

O iniacutecio o fi m e o meioNeste intertiacutetulo consta

uma informaccedilatildeo de cunho histoacuterico sobre O Ponto Esta frase ndash O iniacutecio o fi m e o meio que parece estar com a loacutegica inver-tida foi o primeiro e uacutenico slogan que o jornal teve Joatildeo Henrique Faria que trabalhou como consul-tor na criaccedilatildeo do curso de Comunicaccedilatildeo Social na

Fumec entre 1996 e 1997 e tambeacutem como coordenador em 1998 ndash logo quando o curso foi fundado - relata que o slogan surgiu de um concurso interno lanccedilado para alunos e que visava dar uma identidade ideoloacutegica e esteacutetica para o jornal que juntamente agrave raacutedio foram os primeiros laboratoacuterios do curso de Comunicaccedilatildeo a entrarem em fun-

cionamento Foi neste periacuteodo de inaugura-ccedilatildeo do curso que surgiu a marca O Ponto e o distintivo publicitaacuterio ldquoo iniacutecio o fi m e o meiordquo para o impresso

O slogan faz referecircncia agrave letra de muacutesica ldquoGitardquo do compositor Raul Seixas para enfatizar a proposta editorial do veiacute-culo - a ordem de disposiccedilatildeo das repor-tagens naquela eacutepoca no interior jornal O acutemeio` portanto eram as paacuteginas res-guardadas para as editorias referentes a assuntos institucionais ndash da universidade e tambeacutem para os assuntos que versavam sobre os proacuteprios meios de comunicaccedilatildeo ndash cobertura atuaccedilatildeo das miacutedias eventos e paradigmas ndash tudo no miolo do impresso O acutefim` era o espaccedilo reservado no jornal para as mateacuterias de poliacuteticas puacuteblicas sendo a sociedade a principal interessada e a proacutepria finalidade das reportagens e O Ponto o proacuteprio lsquofimrsquo O acuteiniacutecio` final-mente eram mateacuterias sobre variedades que falavam sobre questotildees gerais - curio-sidades entretenimento opiniotildees Este estilo de iacutendice e de divisatildeo do jornal durou dois anos desde o lanccedilamento ateacute que reformulaccedilotildees graacuteficas resultaram na retirada do slogan de layout de O PontoMudanccedilas compreensiacuteveis tratando-se de um jornal laboratoacuterio que prima pela experimentaccedilatildeo e inovaccedilatildeo

Um nome de impactoA democracia que foi sempre uma

maacutexima no funcionamento do laboratoacuterio de jornalismo impresso ndash todos os alunos sem exceccedilatildeo do 1ordm ao 8ordm periacuteodo devem e podem escrever ndash esteve presente tambeacutem no concurso que deu nome ao jornal O nome O Ponto foi criado pelo ex-aluno de

Editor e diagramador da paacutegina

10A NOSomemorar esse feito nossa equipe de reportagem ouviu os primeiros monitores a sua histoacuteria precircmios conquistados mateacuterias de repercussatildeo e mudanccedilas graacutefi cas

Da esquerda para a direita os ex-monitores Ernesto Braga Pedro Blank e Frederico Wanderley do Ponto para as redaccedilotildees

ldquoCriei (o nome) O Ponto pensando no sentido ortograacutefi co e ao mesmo tempo no signifi cado da palavra como ponto de vistardquo

Faacutebio Santos ex-aluno

12-16 - 10 anos O Pontoindd 212-16 - 10 anos O Pontoindd 2 82809 123341 PM82809 123341 PM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

14 bull Especial Editor e diagramador da paacutegina

19991999 2000 2004

Esta mateacuteria assinada pelos ex-alunos Ernesto Braga e Pedro Henrique Blank denunciou a poluiccedilatildeo no Rio das Velhas A partir da constataccedilatildeo de que 90 da carga poluidora lanccedilada no rio era proveniente da coleta dos esgotos domeacutesticos ldquoNa eacutepoca o entatildeo superintendente do jornal Estado de Minas Eacutedison Zenoacutebio publicou uma nota em sua coluna no jornal parabenizando pela mateacute-riardquo recorda o professor Rogeacuterio Bastos

Em ldquoAnunciou virou mancheterdquo o aluno Pedro Penido criticou a cobertura da imprensa entorno do deacutefi ct zero e a publicidade do governo do Estado sobre esse fato estampada nos trecircs jornais da capital Jaacute ldquoA imprensa errourdquo eacute uma criacutetica ao comportamento da imprensa na cobertura de um assassinato no Edifiacutecio JK O trabalho dos repoacuterteres Sinaacuteria Ferreira e Guilhermo Tacircngari pautou uma discussatildeo no Brasil das Gerais da Rede Minas Sinaacuteria Ferreira monitora na eacutepoca foi uma das participantes do programa

O Ponto eacute lanccedilado O impresso vem entatildeo ao mundo em for-mato Standard 315 mm x 560 mm papel jornal

jornalismo Faacutebio Santos que participou do processo seletivo do nome do jornal-laboratoacuterio do curso de Jornalismo da Fumec ldquoCriei acuteO Ponto` pensando no sentido ortograacutefico e ao mesmo tempo no signifi-cado da palavra como ponto de vistardquo

ldquoO Ponto eacute um nome de impacto Representa o acircngulo o lsquoxrsquo da questatildeordquo explica Joatildeo Henrique Faria que na ocasiatildeo participou do processo de escolha do nome O acutex` a que Faria se refere diz respeito a forma mais precisa de tratar um acontecimento Na seara jornaliacutestica consiste em diagnosticar o que de mais importante existe no fato esmiuccedilar seus anteceden-tes e desdobramentos O objetivo eacute enfi m noticiar de forma complexa contextualizada sem contudo recair no erro de julgar fazer juiacutezo de valor sobre um determi-nado acontecimento

Porque mudar eacute precisoEm maio de 2009 foi lanccedilado o novo projeto graacutefi co

do jornal com draacutesticas mudanccedilas de formato estilo e tambeacutem de logomarca cujo grafi smo conteacutem agora um ponto dentro da letra ldquoordquo reforccedilando a marca do impresso em seu nome O novo logotipo do jornal O Ponto eacute meacuterito do aluno do 2ordm periacuteodo do curso de Design Graacutefi co da Fumec Giovanni Batista Cocircrrea vencedor do concurso de reformulaccedilatildeo do logotipo

do jornal ldquoUsei uma fonte parecida com a anterior e desenhei a primeira letra lsquoorsquo da palavra como um lsquopontorsquo aproveitando sua forma natural pois acredito que uma marca deve ser simples e ao mesmo tempo marcanterdquo explica

A nova reformulaccedilatildeo graacutefi ca coordenada pela pro-fessora Duacutenya Azevedo e que contou com dois volun-taacuterios ndash os alunos Roberta Andrade e Pedro Leone - foi desenvolvido no segundo semestre de 2008 com base em pesquisas bibliograacutefi cas

De forma geral a opccedilatildeo por migrar do formato Stan-dart (o antigo jornalatildeo ndash de 53 cm de altura por 297 de largura) para o Berliner (289 cm por 43 cm) veio da demanda de adequaccedilatildeo as transformaccedilotildees que o meio impresso vem passando no mundo e no Brasil dimi-nuiccedilatildeo do puacuteblico leitor em detrimento dos veiacuteculos digitais o que culminou na reduccedilatildeo dos lucros dos jornais e do pessoal ndash jornalistas nas redaccedilotildees O que acentuou a disputa entre os jornais pelo leitor gerando a necessidade de reinvenccedilatildeo dos layouts para capta-ccedilatildeo deste puacuteblico que estaacute migrando para os canais de notiacutecia instantacircnea na internet

Conforme explica a professora Duacutenya Azevedo o formato Berliner eacute economicamente mais vantajoso - sua impressatildeo eacute mais barata e desperdiccedila menos papel eacute um formato mais praacutetico de ser manuseado

e passiacutevel de se aproximar de um layout de revista tipo de impresso mais bem acabado esteticamente e benquisto Razotildees estas ndash economia esteacutetica e tipo de manuseio - que infl uenciaram na decisatildeo de reformu-lar O Ponto

ldquoO objetivo do novo formato eacute aproximar O Ponto do estilo magazine (revista) ateacute mesmo pela sua periodi-cidade mensalrdquo explica Roberta Andrade ldquoQueriacuteamos diminuir o formato preservando poreacutem a valorizaccedilatildeo do textordquo reforccedila Pedro Leone Assim optou-se por uma tipografi a mais espaccedilada e menor para compor um layout mais arejado modernordquo

Eacute nesta linha de atuaccedilatildeo mantendo as antigas pre-missas do curso de liberdade de atuaccedilatildeo democracia e de ensaios profi ssionais que O Ponto segue traccedilando sua trajetoacuteria no espaccedilo acadecircmico concomitante-mente a histoacuteria dos estudantes no curso Sempre tendo em mente que a credibilidade de um jornal pre-cisa ser renovada constantemente seja ele velho ou novo Tenha ele 10 ou 100 anos de existecircncia Seja ele profi ssional ou laboratorial pois o que deve ser exal-tado e cumprido eacute a seriedade do trabalho sem isen-ccedilatildeo de culpa e responsabilidade em caso de erros Pois o desafi o em qualquer um dos veiacuteculos ndash seja um jornal renomado ou universitaacuterio eacute reportar com eacutetica e pro-fi ssionalismo as informaccedilotildees prestadas ao leitor

Alguns marcos em 10 ANOS

Imag

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12-16 - 10 anos O Pontoindd 312-16 - 10 anos O Pontoindd 3 82809 34455 PM82809 34455 PM

O Ponto

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Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Especial bull 15

2006

No fi nal de 2005 o jornal obteve outro rele-vante resultado um estudo sobre sua proposta editorial Os ex-alunos de jornalismo formados em 2005 Rafael Werkema e Renata Quintatildeo produziram o livro Jornal laboratoacuterio - uma pro-posta editorial criacutetica como parte do projeto de conclusatildeo de curso e dedicaram esta obra ldquoa todos os que veem O Ponto como espaccedilo para a formaccedilatildeo de agentes transformadores da socie-daderdquo Werkema declarou tambeacutem que este estudo abre refl exatildeo sobre a importacircncia do jornalismo impresso experimental que difere do modelo sisudo e congelado da grande imprensa

20092009Em janeiro de 2006 o jornal recebeu o precircmio Patildeo de Queijo de notiacutecias (PQN) Na eacutepoca a ex-coordenadora de O Ponto Ana Paola Valente fez a seguinte declaraccedilatildeo sobre o feito ldquoEsta eacute uma conquista coletiva construiacuteda principalmente pelos alunos que fazem o jornal e acreditam neste projetordquoEm maio o jornal foi eleito o melhor jornal laboratoacuterio da Ameacuterica Latina na III Mos-tra Internacional da Pesquisa Experimen-tal da Comunicaccedilatildeo EXPOCOM-SUR

2005

Para aleacutem das atividades ligadas ao produto impresso O Ponto tambeacutem se faz presente em vaacuterias iniciativas e eventos na Faculdade de Ciecircncias Humanas Uma dessas accedilotildees foi o debate poliacutetico entre os candidatos agrave Prefeitura de Belo Horizonte em 2008 Organizado pelos monitores de O Ponto e da Redaccedilatildeo Modelo e orien-tados pelos professores coordenadores o evento reuniu seis dos nove candidatos ao pleito no auditoacuterio Phoenix da Fumec no mecircs de setembro

Dois assuntos mar-caram a tocircnica do debate dos candida-tos as preocupaccedilotildees com educaccedilatildeo e com o transporte puacuteblico na capital mineira As inquietaccedilotildees estiveram presentes nas questotildees apresentadas pelos estudantes O auditoacuterio recebeu mais de 200 universitaacuterios

Compareceram ao evento os candi-datos Gustavo Valadares (DEM) Jorge Periquito (PRTB) Leonardo Quintatildeo (PMDB) Pedro Paulo (PCO) Seacutergio Miranda (PDT-PCB) e Vanessa Portu-gal (PSTU) Somente trecircs candidatos ndash Andreacute Alves (PT do B) Jocirc Moraes (PC do B) e Maacutercio Lacerda (PSB) ndash natildeo partici-

param e alegaram confl ito de agenda Os presentes elogiaram a organizaccedilatildeo

do evento e destacaram a importacircncia de se promover esclarecimentos poliacuteticos aos jovens jaacute que o tempo de duraccedilatildeo dos programas eleitorais na miacutedia natildeo era sufi ciente para informar os eleitores sobre os problemas da cidade bem como das propostas dos candidatos ao pleito

O envolvimento da equipe de O Ponto natildeo para por aiacute Em colaboraccedilatildeo com o Nuacutecelo de Estu-dos Escola da Ter-ceira Idade (Neeti) o laboratoacuterio assumiu tambeacutem no uacuteltimo semestre a diagrama-ccedilatildeo e fechamento do jornal Degrau publi-caccedilatildeo semestral dos alunos do curso que produzem crocircnicas poesias e outros tex-tos de cunho pessoal

Em momentos de polecircmica a ordem eacute arregaccedilar as mangas Apoacutes decisatildeo do Supremo Tribunal Federal no fi nal do primeiro semestre deste ano de por fi m agrave obrigatoriedade do diploma para o exer-ciacutecio profi ssional do jornalismo os moni-tores de O Ponto foram mobilizados para sair em campo e ouvir os profi ssionais do mercado sobre o impacto da decisatildeo na

vida dos atuais e futuros profi ssinais Como resultado da iniciativa foi pro-

duzido um viacutedeo com depoimentos de representantes da imprensa belo-hori-zontina tranquilizando os estudantes e avaliando como baixo o impacto da medida do STF na hora da contrataccedilatildeo prevalecendo a importacircncia de se ter um curso de formaccedilatildeo jornaliacutestica

Ensino de qualidadeO laboratoacuterio de jornalismo impresso

da Fumec prima tambeacutem pela qualidade do ensino As atividades de produccedilatildeo de cada ediccedilatildeo do jornal laboratoacuterio assim como a delimitaccedilatildeo dos papeacuteis dos par-ticipantes e colaboradores em cada uma delas satildeo todas executadas e coordena-das por estudantes Os alunos desde o primeiro semestre do curso satildeo estimu-lados a participar de O Ponto

As reuniotildees de pauta satildeo divulgadas para todo o corpo dicente de Jornalismo e coordenadas pela monitoria As suges-totildees de assuntos e enfoques para as mateacute-rias satildeo responsabilidade dos alunos que estatildeo cursando a disciplina Ediccedilatildeo II Eles assumem a ediccedilatildeo do jornal a cada semestre orientados pelo professor da disciplina e auxiliados pelos monitores

Quanto agrave apuraccedilatildeo das mateacuterias a reportagem pode ser executada por todos os periacuteodos A fotografi a tambeacutem eacute uma atividade preferencialmente dos alunos do curso Iniciativas de convergecircncia

tambeacutem satildeo praticadas pelos estudantes da Fumec como por exemplo em repor-tagem publicada na ediccedilatildeo nuacutemero 69 Intitulada ldquoEstudante vira gari por um diardquo a reportagem foi produzida para o impresso para a internet (Ponto Eletrocirc-nico) e em viacutedeo simultacircneamente Para isso uma equipe foi para as ruas executar a reportagem e no caso do repoacuterter tam-beacutem da coleta de lixo

A ediccedilatildeo do texto e a diagramaccedilatildeo satildeo executadas pelos alunos que estatildeo cur-sando Ediccedilatildeo II A revisatildeo fi nal do texto e do layout da paacutegina satildeo tarefas dos monitores e posteriormente o material eacute enviado para a graacutefi ca

O Jornal Laboratoacuterio O Ponto eacute na avaliaccedilatildeo do Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social da Universidade Fumec Seacutergio Arreguy o principal ins-trumento de experimentaccedilatildeo para o jor-nalismo impresso ldquoElaborado desde o projeto graacutefi co pautas apuraccedilatildeo e produ-ccedilatildeo de mateacuterias pelos alunos sob a super-visatildeo e coordenaccedilatildeo dos professores eacute o resultado de muito trabalho dedicaccedilatildeo e comprometimento de todos os envol-vidos materializado em um Jornal de excelente qualidade Refl exo de um curso seacuterio aprovado e reconhecido sobretudo pelo mercado de Belo Horizonterdquo

Aureacutelio JoseacuteCoordenador do Jornal-laboratoacuterio e

professor do curso de Jornalismo

Atividades vatildeo aleacutem da produccedilatildeo impressa

ldquoResultado de muito trabalho e

comprometimento o jornal eacute refl exo

de um curso seacuterio e reconhecido pelo

mercado de BHrdquoSeacutergio Arreguy coordenador do curso de Comunicaccedilatildeo Social

12-16 - 10 anos O Pontoindd 412-16 - 10 anos O Pontoindd 4 82809 34457 PM82809 34457 PM

O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

16 bull Especial

Com a palavra alguns ex-monitores

ldquoO meu

primeiro contato praacutetico

com o jornalismo ocorreu no Jor-

nal O Ponto Durante oito meses

como

monitor e nos quatro anos de curso

vivi cada

dia na redaccedilatildeo e pude ajudar a c

onstruir com

reportagens diagramaccedilotildees ou material fotograacutefi co

esse jornal que respeito muito por

ter me mostrado de

forma sincera alguns valores da mi

nha profi ssatildeo

As discussotildees interessadas que tive

mos naquela redaccedilatildeo

fi cam para toda a carreira juntame

nte com as boas pessoas

com as quais pude conviver nesse

periacuteodo Com o Ponto

percebi que o jornalismo antes de

escrever deve ldquoolharrdquo

para o mundo e buscar seu recorte

Por mais difiacutecil que

fosse terminar uma paacutegina sempre

compensava olhar para

ela impressa na pilha de jornais

no fi m do mecircs Esse

desafi o nos motivou e deve motivar

a cada diardquo

Enzo Menezes ex-monitor

ldquoDurante um ano e meio fui moni-

tora do jornal O Ponto podendo

adquirir muito conhecimento Mesmo

sendo um jornal mensal e por isso com-

posto de reportagens natildeo de notiacutecias pude

aprender sobre a rotina de uma redaccedilatildeo Aprendi

como nasce um jornal desde a reuniatildeo de pau-

tas o acompanhamento dos repoacuterteres e editores

revisatildeo das paacuteginas montagem da boneca o fecha-

mento ateacute o jornal impresso Comecei no jornal no

sexto periacuteodo entatildeo tive que apreender a editar

e diagramar uma paacutegina Ao mesmo tempo tambeacutem era

responsaacutevel pela ediccedilatildeo fi nal do jornal tendo que

colaborar com os demais alunos Foi muito grati-

fi cante fazer parte da equipe do jornal labora-

toacuterio foi um grande aprendizadordquo

Poliane Bosco ex-monitora

ldquoFui um dos primeiros monito-res do jornal e da 1ordf turma de jornalismo da Fumec Como na eacutepoca os repoacuterteres eram voluntaacuteriospassaacutevamos nas

salas chamando o pessoal Nas primeiras ediccedilotildees ateacute falavam que existia uma lsquopanelinharsquo porque as

mateacuterias eram sempre dos mesmos - eu o Ernesto Braga o Pedro Blank por exemplo porque era quem se interessava em escrever A mateacuteria que me marcou mais foi a primeira a primeira a gente nunca esquece (risos) Acho que o tiacutetulo era lsquoDe volta aos porotildees da loucurarsquo que saiu como manchete na primeira ediccedilatildeo e era sobre um manicocircmio em Barbacena O pessoal de psicologia ia fazer um estudo laacute e nos ofere-cemos para cobrir Vimos que a situaccedilatildeo do lugar era a mesma haacute 20 anos segundo um livro dos anos 80 sobre a instituiccedilatildeordquo

Murilo Rocha ex-monitor

ldquoA moni-toria foi uma experiecircncia

muito bacana pois foi a primeira vez que tive contato com a produccedilatildeo de

um jornal Tiacutenhamos a funccedilatildeo de editar mas tambeacutem faziacuteamos mateacuterias diagramaacutevamos tiraacute-

vamos fotos orientaacutevamos os repoacuterteres enfi m era uma trabalheira soacute Lembro-me de uma mateacuteria que fi z sobre salaacuterio miacutenimo (maio2001 14ordf ediccedilatildeo) e ganhou a manchete de O Ponto para minha surpresa Eu e o Daniel Bianchini na eacutepoca fotoacutegrafo e teacutec-nico do laboratoacuterio de fotografi a da Fumec subimos a favela para saber quantas eram e como viviam as

pessoas que recebiam um salaacuterio miacutenimordquo

Angeacutelica Diniz ex-monitora

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Foto arquivo O Ponto

12-16 - 10 anos O Pontoindd 512-16 - 10 anos O Pontoindd 5 82809 123353 PM82809 123353 PM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Esporte bull 17Editor e diagramador da paacutegina Rodrigo Zavaghli e Joatildeo Procoacutepio 6ordm periacuteodo

Domingo um dia em que a populaccedilatildeo de um paiacutes inteiro parou diante das tevecircs para assistir ao embate de duas equipes esportivas disputando o tiacutetulo nacional O vencedor vem estabelecendo uma supremacia invejaacutevel Eacute o maior ganha-dor da deacutecada e jaacute desponta como favo-rito para a proacutexima temporada Enfrenta apenas um desafi o manter o elenco para continuar competitivo em um ramo que movimenta milhotildees em dinheiro anualmente

Poderia estar falando do Brasil e o time citado poderia perfeitamente ser o Satildeo Paulo Mas a cena descrita se passa nos Estados Unidos o campeatildeo se chama Los Angeles Lakers e o esporte natildeo eacute o futebol mas sim o basquete Com uma atuaccedilatildeo impecaacutevel do cestinha Kobe Bryant os Lakers derrotaram o Orlando Magic em uma seacuterie melhor de sete jogos levantando o caneco pela quarta vez desde o ano 2000 Eacute o deacutecimo tiacutetulo do teacutecnico Phil Jackson em 15 da equipe de LA Somados a esses nuacutemeros 15 milhotildees de televisores americanos esta-vam ligados no jogo durante a exibiccedilatildeo e a movimentaccedilatildeo fi nanceira do esporte tambeacutem natildeo fi ca atraacutes das grandes trans-ferecircncias de jogadores brasileiros para o futebol europeu A estrela do basquete Shaquille OacuteNeil deve trocar de time por nada menos que 20 milhotildees de doacutelares -uma pechincha- Mostra-se assim que o basquete pode seguir uma foacutermula de sucesso da mesma forma que fazemos com o nosso esporte nacional

A liga americana eacute uma das mais assis-tidas no paiacutes e no mundo sendo transmi-tida para 42 paiacuteses e possui uma foacutermula diferente e atraente com fase de grupos os famosos mata-matas e divisotildees por conferecircncias tornando toda a temporada uma grande festa com direito inclusive agraves tradicionais e nada desejaacuteveis brigas de torcida

A NBBA Associaccedilatildeo Nacional de Basquete

dos Estados Unidos a NBA eacute o exemplo que o Brasil estaacute tentando seguir para reerguer o esporte no paiacutes A preocupa-ccedilatildeo eacute grande uma vez que por exemplo a equipe masculina nacional que jaacute con-tou com estrelas como Oscar Schmidt aleacutem de jogadores que hoje fazem fama no exterior como Leandrinho Nenecirc e Anderson Varejatildeo nem se quer conquis-tou vaga para disputar as duas uacuteltimas olimpiacuteadas Isso para um esporte em que o Brasil jaacute foi campeatildeo mundial no cada vez mais longiacutenquo ano de 1959 eacute sinal de crise

Mas o racha no basquete brasileiro natildeo envolve apenas o desempenho do time em quadra Nos uacuteltimos anos o que se viu foi um show de falta de organizaccedilatildeo por parte da Confederaccedilatildeo Brasileira de Basquete (CBB) que em 2006 natildeo con-seguiu promover o campeonato nacio-nal ateacute o fi m Faltou a fi nal e a histoacuteria

enveredou para a poliacutetica Os clubes paulistas insatisfeitos com a conjun-tura romperam com a confederaccedilatildeo e disputaram um torneio paralelo criado por eles em 2008 No preacute-oliacutempico do mesmo ano a seleccedilatildeo brasileira dispu-tou por vaacuterios motivos muitos deles obscuros com desfalque de todos os jogadores que disputavam a Liga Ame-ricana Perdeu

Insustentaacutevel por si soacute a nova aposta da CBB eacute o Novo Basquete Brasil A sigla NBB natildeo foi por acaso A semelhanccedila com a NBA eacute justamente o foco do novo torneio organizado pelos clubes com a chancela da Confederaccedilatildeo Eacute uma ten-tativa de reconciliaccedilatildeo dos times com a entidade dos jogadores com a seleccedilatildeo e por consequumlecircncia das torcidas com a quadra O formato traz turno returno e fase fi nal com mata-mata para defi nir semifi nalistas e fi nalistas A fi nal eacute deci-dida em no maacuteximo cinco partidas E que comece a campanha para as Olim-piacuteadas do Rio

OlimpiacuteadasQue o governo brasileiro estaacute em cam-

panha para sediar os Jogos Oliacutempicos de 2016 jaacute estaacute claro para todo mundo O que acontece nas entrelinhas poreacutem eacute um esforccedilo coletivo por parte da miacutedia do governo e de todo o setor esportivo em geral em alavancar o esporte no paiacutes Desmistifi car a conversa de que aqui soacute o futebol presta Eacute bom para os clubes bom para os cofres puacuteblicos e bom para as empresas privadas fora a melhoria na imagem do paiacutes laacute fora Para se ter uma ideia o Pan do Rio gastou cerca de sete milhotildees de reais em uma soacute cidade Jaacute a reforma do Maracanatilde palco da fi nal da copa de 2014 tem orccedilamento pre-visto em ateacute 1 bilhatildeo Eacute muito dinheiro envolvido e logicamente muita gente interessada

O NBB se torna claramente mais uma peccedila nesse complexo tabuleiro aonde o objetivo eacute vender o Brasil como paiacutes do esporte Ronaldo Adriano Fred fora outras movimentaccedilotildees de grandes estrelas do esporte nacional que retor-nam ao paiacutes mostram que aos poucos estamos tentando construir uma cultura esportiva o que nos encaixa como uma luva na candidatura para as olimpiacuteadas

A verdade eacute que temos um longo caminho a percorrer O Rio de Janeiro jaacute ateacute possui um esqueleto de estrutura eacute verdade feita nos Jogos Pan Ameri-canos de 2006 e pretende ampliar o investimento com a Copa do Mundo de futebol mas a incompatibilidade ainda eacute latente Falta resolver o problema da seguranccedila puacuteblica A reforma do estaacute-dio do Maracanatilde jaacute tem orccedilamento mas natildeo tem quem pague E o que sinaliza o desespero para ser capaz de receber um evento desse porte eacute a corrida das cidades sede da Copa de 2014 Das 12 cidades sede todas com planejamentos astronomicamente caros para a compe-ticcedilatildeo apenas uma ndashBrasiacutelia- declarou de onde viraacute o dinheiro

Formaccedilatildeo de baseO lado positivo de toda a politicagem

que envolve a corrida pelas olimpiacuteadas eacute a formaccedilatildeo de novos atletas e de esco-linhas de base nos vaacuterios clubes do paiacutes Afi nal se por um lado esporte eacute fi nan-ceiramente um bom negoacutecio ele natildeo deixa de ser saudaacutevel e interessante para a sociedade A efi ciecircncia de escolinhas de esporte nas periferias em termos de estatiacutesticas de criminalidade aleacutem do trabalho seacuterio de dignidade e auto-estima que eacute feito na grande maioria dos casos por professores voluntaacuterios eacute inegaacutevel

O Mackenzie Esporte Clube tradi-cional formador de atletas de Belo Hori-zonte por exemplo usa suas escolinhas de esporte para segundo sua assessoria de imprensa auxiliar na educaccedilatildeo e inte-graccedilatildeo social de crianccedilas e jovens Aleacutem dos clubes escolas particulares ou seja com verbas como o Coleacutegio Santo Agos-tinho realizam projetos sociais para pro-mover a integraccedilatildeo e dignidade atraveacutes do esporte Exemplo disso era o time de vocirclei Sada Betim hoje Sada Cruzeiro que enquanto ainda associado agrave prefeitura da cidade e usando suas dependecircncias abria portas para jovens da periferia para integrar suas escolas baacutesicas do esporte

Estrutura para tais iniciativas eacute o que natildeo falta O Minas Tecircnis clube de maior destaque no cenaacuterio esportivo mineiro eacute o detentor de uma das mais invejaacuteveis estruturas esportivas do paiacutes Eacute o exem-

plo de que eacute possiacutevel dar suporte para for-mar equipes competitvas em vaacuterios espor-tes Finalista da Superliga de vocirclei clube de formaccedilatildeo do medalista pan americano Th iago Pereira da nataccedilatildeo medalista oliacutempico do judocirc com Ketleyn Quadros e semifi nalista da NBB com a equipe de basquete Conquistas que geram pergun-tas Eacute possiacutevel estender tamanho sucesso para a populaccedilatildeo em geral O Brasil seraacute capaz de utilizar o potencial que tem de mobilizar a sociedade por causas tatildeo inte-ressantes quanto o esporte para alavan-car os setores prejudicados de seu povo ou vai jogar todos os problemas e todas as desculpas por suas falhas sob o grande guarda-chuva da beleza do esporte Seraacute as Olimpiacuteadas uma oportunidade para o sucesso ou mais uma grande farra para os poliacuteticos e para a miacutedia

O Novo Basquete Brasil pode ser parte da resposta O objetivo principal do tor-neio eacute revigorar o esporte atrair o puacuteblico de volta e recolocar o basquete brasileiro em niacuteveis oliacutempicos para em seu obje-tivo secundaacuterio apoiar a campanha para o Rio 2016 Se der certo bom para o Bra-sil Ganha em notoriedade em trabalho bem feito e abre um leque de esperanccedilas para os projetos que viratildeo Se der errado reforccedila a capacidade do brasileiro de fazer auecirc sem saber aonde vai dar E costuma dar em pizza Em obras superfaturadas em estrutura precaacuteria e em novas festas como mensalotildees castelos e farras aeacutereas em geral

O Novo Esporte BrasilFinal do Novo Basquete Brasil levanta a discussatildeo das poliacuteticas esportivas no Brasil

PEDRO LEONE

6ordm PERIacuteODO

Foto Divulgaccedilatildeo

Minas e Flamengo em jogo realizado na arena da Rua da Bahia

17 - novo esporte brasilindd 117 - novo esporte brasilindd 1 82809 115027 AM82809 115027 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

18 bull Entretenimento Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O que vocecirc acha que o CQC traz de novo para a TV brasileira

Rafi nha Bastos O CQC eacute um formato novo Soacute o fato de existir um formato novo numa televisatildeo tatildeo repetida porque os formatos se repetem muito na televisatildeo a novela do SBT eacute igual a da Band que eacute igual a da Globo que eacute igual a da Record os telejornais tambeacutem satildeo parecidos os programas de auditoacuterio Entatildeo soacute o fato de ser um programa diferente um formato de televisatildeo diferente jaacute eacute uma novidade Eu acho que eacute isso que o CQC traz

OPComo vocecirc entende a junccedilatildeo de ldquojornalismo e humorrdquo

RB Eu acho que o jornalismo eacute muito convencional Ele tem um formato muito especiacutefi co no Brasil haacute muito tempo Entatildeo o fato de a gente estar fazendo uma coisa mais bem humorada vem quebrar um pouco com esses paradigmas que satildeo muito estabelecidos do jornalismo A gente estaacute fazendo de uma maneira diferente de fazer o jornalismo Eu acho interessante a receptividade que eu tenho tido com as mateacuterias laacute do ldquoProteste Jaacuterdquo Satildeo muito legais o povo gosta e se sente representado Entatildeo eu acho que tem sido muito bom

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

RB Natildeo existe isso Eu sou contra esse negoacutecio de ldquohumor inteligenterdquo porque natildeo eacute porque o Tiririca faz um humor para o povatildeo que ele natildeo eacute inteligente Ele eacute um gecircnio aliaacutes entendeu Natildeo acho que a questatildeo eacute ldquointeligenterdquo Eu acho que a questatildeo eacute a seguinte o humor do CQC precisa de mais referecircncia O pessoal precisa conhecer um pouco das coisas que a gente estaacute falando estar um pouco informado sobre poliacutetica Talvez a pessoa que assiste ao CQC esteja atraacutes de um humor com mais informaccedilatildeo um humor mais criacutetico e o humor natildeo eacute tatildeo popular mas natildeo signifi ca que natildeo eacute mais inteligente do que o humor popular

OPVocecirc natildeo teme que o CQC caia na ldquomesmicerdquo

RB Eacute muito cedo para dizer ainda Muito cedo O que acontece eacute que os pro-gramas humoriacutesticos caem na mesmice e isso eacute estrateacutegico O ldquoNerson da Capi-tingardquo faz a mesma piada toda semana

porque as pessoas precisam entender a piada O povatildeo a galera ldquomassardquo precisa saber a hora que ela tem que rir Por isso que parece que eacute muito repetitivo Porque natildeo eacute um humor feito pra gente natildeo eacute um humor feito para a galera faculdade para a galera que tem um espiacuterito criacutetico um pouco mais aguccedilado Eacute para o povatildeo Eacute muito bem feito A tendecircncia do CQC natildeo eacute ir por esse caminho mas pode ser que ele se repita Isso eacute uma busca eterna

OPA experiecircncia da stand-up comedy contribui para a abordagem de suas fontes

RB O fato de eu ser comediante me ajuda Eu faccedilo um programa de humor hoje que por mais que tenha uma pegada jornaliacutestica eacute um programa de humor O objetivo dele eacute ser engraccedilado eacute ser divertido Tanto a minha formaccedilatildeo de jornalista quanto o meu trabalho de comediante estatildeo juntos ali quando eu estou na frente do viacutedeo

OPEm sua opiniatildeo onde podemos perceber o jornalismo no CQC

RB O quadro ldquoProteste jaacuterdquo eacute o quadro mais jornaliacutestico do programa Ele aborda os problemas levanta e vai atraacutes de soluccedilotildees conversa com os governantes Eu acho que esse eacute o quadro mais jornaliacutestico mas natildeo signifi ca que as mateacuterias de ldquobaladardquo natildeo sejam jornaliacutesticas Mas eu soacute acho que o mais parecido com o formato tradicional de jornalismo eacute o ldquoProteste Jaacuterdquo

OPComo vocecirc percebe a inserccedilatildeo da publicidade no programa Vocecirc acha que o excesso de propaganda pode pre-judicar a atraccedilatildeo

RB Eu acho que eacute feito de uma maneira muito suave Eacute algo inovador O que o CQC faz natildeo existe em nenhum outro programa A gente natildeo interrompe natildeo mostra nenhum produto ou merchan durante o programa Satildeo propagandas fei-tas com o proacuteprio elenco Entatildeo eu acho

que eacute diferente e o programa tem que se bancar Ele precisa ter publicidade

OPMas vocecirc natildeo acha que haacute uma quebra do discurso Por exemplo o Marcelo Tas chama uma mateacuteria ldquoredondardquo e faz menccedilatildeo a uma determi-nada marca de cerveja Quando manda a mateacuteria haacute um corte com outra propa-ganda entrando

RB Vocecirc natildeo acha isso muito melhor do que parar e falar assim ldquogente vamos falar de seguro sauacutederdquo e a pessoa sair Vocecirc tem que vender vocecirc tem que fazer publicidade Natildeo tem como O programa precisa se bancar de alguma forma Eu acho que a melhor maneira uma maneira interessante de fazer os merchans eacute da maneira como a gente faz Natildeo inter-rompe natildeo tem a ver com a mateacuteria natildeo estaacute no meio do conteuacutedo natildeo tem a ver com o conteuacutedo do programa estaacute sepa-rado Eu acho que eacute uma maneira tran-quila Se eacute a melhor maneira eu natildeo sei mas eu acho interessante

OPEm abril assessores de comuni-caccedilatildeo dos parlamentares se reuniram em Brasiacutelia para questionar a liberdade com que os repoacuterteres atuam no Con-gresso Nacional O diretor de comuni-caccedilatildeo da Cacircmara poreacutem afi rmou que natildeo alteraria as regras atuais e que cabia aos assessores explicar aos deputados como lidar com o tipo de jornalismo praticado pelos programas O CQC foi pivocirc desta atitude

RB O Congresso faz as leis dele O Congresso olha muito para o proacuteprio umbigo Natildeo existe nada que infl uencie diretamente as decisotildees do Congresso Eles decidem por eles mesmo Por isso que eles estatildeo em Brasiacutelia que fi ca a 500 km de Rio e Satildeo Paulo

OPVocecirc acha que os poliacuteticos satildeo alvo faacutecil para o humor Por quecirc

RB Eu acho que natildeo Eu acho que os poliacuteticos satildeo difiacuteceis porque satildeo uma concorrecircncia para os comediantes Os proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia entatildeo jaacute eacute muito difiacutecil vocecirc tirar sarro de algo que jaacute eacute engraccedilado As notiacutecias do ldquoJornal Nacionalrdquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQC Eacute mais difiacutecil ainda Eacute uma busca eterna para natildeo fi car se repetindo e natildeo fi car falando coisas que jaacute satildeo ditas por outros telejornais

Os bastidores do risoEm entrevista exclusiva Rafi nha Bastos repoacuterter do programa televisivo Custe o Que Custar (CQC) abre o jogo e conta como o humor eacute levado a seacuterio na atraccedilatildeo semanal na emissora Bandeirantes

Uma das cenas protagonizadas por Rafi nha Bastos no quadro ldquoProteste jaacuterdquo

ldquoOs proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia () As notiacutecias do lsquoJornal Nacionalrsquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQCrdquo

Rafi nha Bastos

AMANDA ARAUacuteJO

FLAacuteVIO CAMPOS

NATASHA MUZZI

8ordm PERIacuteODO

Belo Horizonte abril de 2009 Enquanto esperaacutevamos a reapresen-taccedilatildeo da peccedila ldquoArte do Insultordquo para realizar uma entrevista com o humo-rista Rafi nha Bastos marcaacutevamos quais seriam as principais perguntas que deveriam ser feitas considerando o pouco tempo que teriacuteamos dispo-

niacutevel nos bastidores do evento Casa cheia nervosismo em alta muita gente querendo conversar e chamar a atenccedilatildeo do ldquohomem de pretordquo do programa CQC Difiacutecil tarefa eacute con-seguir uma entrevista quando se eacute apenas estudante Mas conseguimos o acesso e a conversa se estendeu por bem mais tempo do que esperaacuteva-mos Nosso objetivo era questionar o apresentador e repoacuterter sobre a jun-ccedilatildeo entre jornalismo e humor presen-tes no programa por ele apresentado

a fi m de somar ao nosso trabalho de conclusatildeo de curso que apresentava a mesma discussatildeo Em maio de volta agrave mesma casa de espetaacuteculos nos encontramos com o tambeacutem repoacuterter da atraccedilatildeo Danilo Gentili com cer-teza bem mais afi ados e preparados para a sarcaacutesticas intervenccedilotildees do humorista

De forma descontraiacuteda fomos recebidos pelas duas grandes fi guras do Stand-up Comedy e agora ldquoastrosrdquo do irreverente CQC que toparam

falar sobre o jornalismo do programa liberdade de imprensa poliacutetica e claro humor Aleacutem de compor a bancada do programa Rafi nha Bastos eacute jornalista e comediante apresentando espetaacuteculos de improviso por todo o paiacutes Publicitaacuterio e humorista Danilo Gentilli foi um dos fundadores da comeacutedia ao vivo na capital paulista O resultado deste inusitado e divertido bate-papo com os dois repoacuterteres vocecirc confere agora em entrevistas editadas especialmente para O Ponto

Foto Divulgaccedilatildeo

18-19 - cqc prontaindd 118-19 - cqc prontaindd 1 82809 115038 AM82809 115038 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Entretenimento bull 19Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O ano de 2008 rendeu ao CQC nove precircmios Quatro deles somam como melhor programa de humor eou como melhor produccedilatildeo humoriacutestica Porque vocecirc acha que a miacutedia ainda natildeo premiou o programa como melhor telejornal

Danilo Gentili O CQC trabalha com fatos jornaliacutesticos mas natildeo eacute um telejor-nal O CQC natildeo estaacute todo dia mostrando os fatos do dia entatildeo natildeo pode ser clas-sifi cado como um telejornal O ldquoGlobo Repoacuterterrdquo natildeo pode ser classifi cado ldquoum telejornalrdquo eacute um programa jornaliacutestico Eu acho que a miacutedia natildeo enxerga o CQC como um programa jornaliacutestico Na ver-dade se for para eu escolher se o CQC eacute jornaliacutestico ou humoriacutestico eu escolheria que ele eacute humoriacutestico porque quando eu vou fazer eu me preocupo primeiro em fazer a pessoa rir Eu vou abrir a boca eu vou falar com esse cara mas a uacutenica razatildeo de eu falar com esse cara eacute fazer uma piada Se eu for falar com ele e a pessoa natildeo rir natildeo tem porque eu estar aqui

OPA maioria das pautas poliacuteticas do programa satildeo destinadas agrave vocecirc A que vocecirc atribui isso Vocecirc seria o mais cara de pau dos ldquohomens de pretordquo

DG Pode ser Talvez seja Eu gosto de fazer poliacutetica com um produtor laacute em especiacutefi co A gente vai com muita von-tade de fazer o que a gente faz de chegar para o cara e perguntar Na verdade eacute o seguinte eu natildeo sei os outros repoacuterteres mas eu no CQC natildeo tenho a pretensatildeo de ser amigo de ningueacutem Seja de poliacutetico ou de celebridade eu natildeo tenho a pre-tensatildeo Vocecircs natildeo vatildeo me ver em festas de celebridades ldquoOh fui convidado pra festa e estou aquirdquo Eu natildeo tenho essa vontade natildeo eacute o meu mundo Entatildeo eu vou pra perguntar o que eu sempre quis e talvez o que todo mundo que estaacute em casa sempre quis saber

OPComo eacute a sua preparaccedilatildeo antes de cobrir as pautas poliacuteticas na Casa Legislativa Vocecirc planeja suas piadas antes ou eacute realmente no improviso

DG A reuniatildeo de pauta geralmente acontece no caminho Eu e o produtor ou no aviatildeo ou no carro Eu e o produ-tor falando ldquoquem vocecirc acha que vai estar laacute Ah Tal pessoa tal pessoa tal pessoa fez isso A gente pode falar issordquo A gente tenta mais ou menos ter uma noccedilatildeo do que dizer

OPMas inclui uma piada pronta DG A gente tenta prever e tenta ir

com umas cartas na manga mas a gente sabe que eacute impossiacutevel Porque eu posso ir com uma pergunta pronta e o cara me daacute uma resposta que ningueacutem esperava Aiacute em cima disso eu tenho que fazer outra piada

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

DG Taacute isso no site do CQC Vocecircs acreditaram nisso (risos) Natildeo sei eu acho que o humor tem que ser engra-ccedilado natildeo tem que ser inteligente Eacute o

que eu acho entendeu O que seria humor inteligente Natildeo sei o humor eacute muito subjetivo pra classifi car ldquoesse humor eacute inteligente esse natildeo eacuterdquo Eu acho que o humor inteligente eacute aquele que se comunica de uma forma efi caz com o seu puacuteblico O Tiririca eacute esquisito mais eacute um humor inteligente para muita gente Eu gosto do Tiririca

OPComo publicitaacuterio como vocecirc avalia esse novo modelo de publici-dade inserido no programa

DG Mas natildeo eacute tatildeo diferente assim Na verdade eacute igual as outras porque nas outras o cara faz a propaganda e a agecircncia que ganha e no CQC tambeacutem a gente faz a propaganda e a produtora que ganha

OPVocecirc acha que o riso midiatizado esse humor ldquopastelatildeordquo que a gente vecirc por aiacute deixa perder um pouco da fun-ccedilatildeo do riso que estaacute em ser criacutetico

DG Depende do humor pastelatildeo eu gosto muito Eu gosto do Chaves gosto dos Trecircs Patetas gosto do Jerry Lewis gosto do Mr Been Eacute tudo humor pastelatildeo Eu acho que o termo que vocecirc queira achar natildeo eacute ldquohumor pastelatildeordquo eacute um humor grosseiro tipo ldquoAh vou peidar em puacuteblicordquo e todo mundo ri disso Eacute um humor primaacuterio Tal-vez seja o que vocecirc queria dizer Pastelatildeo eu gosto muito o humor do Chaves eacute pas-

telatildeo e eacute muito inteligente O do Mr Been tambeacutem eacute muito inteligente ele bolar tudo aquilo e tal Agora tem o humor primaacuterio que eacute esse humor de bordatildeo humor de escatologia humor de falar qualquer coisa Geralmente ningueacutem ri se natildeo sabe do que estaacute rindo Eu tento fazer no meu show e no CQC um riso que depende do contexto Vocecirc vai ver isso quando eu for falar com um poliacutetico no CQC Por exemplo eu fi z uma mateacuteria e eu encontrei o Joatildeo Paulo Cunha um cara que era do mensalatildeo Eu sei que 90 do meu puacuteblico do CQC talvez natildeo se lembre ou natildeo saiba quem eacute o cara Entatildeo se eu fi zesse a piada ningueacutem ia rir ningueacutem ia achar graccedila Entatildeo antes de eu chegar no cara eu falei aquele ali eacute tal cara que fez tal coisa e naquela eacutepoca ele fez o mensalatildeo Falou que pagou 50 mil numa conta em TV a cabo e natildeo sei o que Aiacute o pessoal jaacute sabe do que eu vou falar Entatildeo eu jaacute deixei a pessoa a par do conceito Quando eu chego no cara e faccedilo as piadas a pessoa sabe do que eu estou falando Entatildeo eu informei a pessoa para ela poder rir No meu show eu faccedilo isso Eu falo de uma por-ccedilatildeo de coisas que vatildeo rir porque eles estatildeo dentro do conceito Eu vou falar de tracircnsito eu natildeo preciso explicar o que eacute o tracircnsito Todo mundo sabe o que eacute o tracircnsito entatildeo eles acabam rindo disso por exemplo

OPEm entrevista ao portal UOL no dia 24042008 vocecirc disse que os bra-sileiros natildeo tecircm muito senso de humor Porque vocecirc acha entatildeo que o pro-grama estaacute dando certo no Brasil Vocecirc acha que o CQC devolveu agrave sociedade um pouco desse senso

DG O problema do brasileiro eacute que ele tem o senso de humor primaacuterio Ele natildeo tem um senso de humor Pra vocecirc ter senso de humor vocecirc tem que ver o que estaacute acontecendo reconhecer a reali-dade para poder rir dela O brasileiro tem a auto estima muito baixa O brasileiro soacute brinca com os outros ele natildeo brinca con-

sigo proacuteprio Vocecirc vecirc piada de brasileiro eacute sempre o portuguecircs eacute sempre a loira Por exemplo tem o portuguecircs o brasi-leiro e o americano O brasileiro sempre se sai bem ele tem autoestima baixa ele natildeo sabe rir de si Se o CQC devolveu isso para o brasileiro Eu acho que natildeo Pouca coisa a gente devolveu isso para o brasileiro O brasileiro estaacute rindo ainda do poliacutetico ele estaacute rindo ainda da cele-bridade que a gente ridiculariza Eu jaacute saiacute na rua e quando eu fui na ldquoMarcha para Jesusrdquo falar deles ningueacutem riu

OPNo CQC vocecirc tem vontade de fazer o quadro Proteste Jaacute

DG Proteste Jaacute Natildeo sei cara Tudo que eu tenho vontade eu faccedilo Eu tenho von-tade que muita coisa que eu faccedilo entre mas acaba natildeo entrando porque os caras falam que eu pego pesado (risos) Se eu fi zesse o Proteste Jaacute talvez eu fi zesse dife-rente eu natildeo sei Eu natildeo tenho vontade de fazer o Proteste Jaacute natildeo

OPTem alguma entrevista sua que vocecirc considera a melhor

DG Natildeo Tem muita entrevista que eu vejo na TV e falo nossa essa natildeo foi a melhor que eu fiz Porque cortam muita coisa

OPQue elementos jornaliacutesticos vocecirc nota no programa CQC

DG Jornalismo tem porque a gente como fala no iniacutecio do programa eacute um ldquoresumo semanal de notiacuteciasrdquo Mas taacute eacute um resumo semanal de notiacutecias taacute bom vaia gente fi nge que eacute O que tem eacute a gente brinca com algumas coisas que aconteceram durante aquela semana durante aqueles dias proacuteximos Eacute o mais proacuteximo que tem do jornalismo A gente sempre que pode estaacute no fato na hora do fato Mas agraves vezes natildeo daacute entatildeo vai cobrir festinha e natildeo sei o que mas a intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e ldquobrincarrdquo com ele

ldquoA gente sempre que pode estaacute no fato na hora do

fato A intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente

pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e

lsquobrincarrsquo com elerdquo

Danilo Gentili

O humorista Danilo Gentili foi um dos fundadores da comeacutedia ldquocara limpardquo na capital paulista e hoje desafi a poliacuteticos

Foto divulgaccedilatildeo

O cara de pau dos homens de pretoDanilo Gentilli o temido repoacuterter pelos poliacuteticos no dia-a-dia do senado conta como se prepara para as pautas polecircmicas

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O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

20 bull Miacutedia

RENATA VALENTIM

6ordmPERIODO

Que o advento das miacutedias digitais pocircs um ponto de interrogaccedilatildeo no horizonte dos meios tradicionais jaacute se sabe Mas a transformaccedilatildeo destinada ao raacutedio parece ser de fato a de maior impacto Seja no campo das novas tecnologias de trans-missatildeo dos novos suportes ao aacuteudio no nuacutemero de funcionaacuterios contratados ou na avaliaccedilatildeo do poder de infl uecircncia no gosto da audiecircncia a revoluccedilatildeo vivida pelas raacutedios eacute atestada tanto por profi s-sionais da aacuterea quanto pelos ouvintes

O CD hoje obsoleto popularizado no Brasil no fi nal dos anos de 1980 jaacute signi-fi cou uma transformaccedilatildeo importante no dia-a-dia do radialista Em vez de exe-cuccedilotildees musicais feitas pelo LP ou ldquobola-chatildeordquo que o operador ou sonoplasta vigiava do iniacutecio ao fi m da faixa transmi-tida os tocadores de compact disc per-mitiam a programaccedilatildeo de vaacuterias faixas em sequumlecircncia poupando-lhe tempo O que veio a seguir economizou bem mais que isso a inovadora transformaccedilatildeo de muacutesica em kilobytes deu origem a sof-twares de execuccedilatildeo automaacutetica

Assim as raacutedios gerando programa-ccedilatildeo por 24h dispensaram seus locutores e sonoplastas da madrugada e dos fi nais de semana adaptando seus conteuacutedos para que sistemas de automaccedilatildeo tra-balhassem sozinhos Aleacutem das muacutesicas em formato digital apresentaccedilotildees de muacutesica passaram a ser tambeacutem gravadas

e reproduzidas como se fossem feitas ao vivo Natildeo foram poucos locutores desem-pregados No caso das afi liadas de gran-des redes de FM a reduccedilatildeo no quadro de profi ssionais da voz foi ainda maior Em alguns casos haacute somente um ou dois locutores agrave disposiccedilatildeo que datildeo conta da geraccedilatildeo de toda a programaccedilatildeo local

Com experiecircncia na aacuterea haacute mais de 20 anos a locutora e programadora musical Glaacuteucia Lara 40 lamenta ldquoem um fi nal de semana antes das mudanccedilas promo-vidas pelo advento do mp3 cerca de sete pessoas estariam trabalhando em uma emissora de raacutedio Hoje eacute comum esca-lar locutores para comandarem a pro-gramaccedilatildeo ao vivo soacute nos programas que contam com a participaccedilatildeo do ouvinte Do resto quem cuida eacute o computadorrdquo conta ela que jaacute passou por diversas emissoras do interior do estado e por afi -liadas de grandes redes como a Antena 1 de Belo Horizonte E o sonoplasta entatildeo ldquoNa era do CD essa fi gura foi extinta dos quadros O locutor natildeo eacute soacute responsaacutevel hoje por apresentar muacutesicas e interagir com o ouvinte Tambeacutem assumiu a res-ponsabilidade de operar os aparelhos

e pessoalmente acho que isso facilita a locuccedilatildeo porque natildeo haacute mais aquela dependecircncia de um sinal do sonoplasta aquela sintonia de timing necessaacuteria para esse trabalho de equipe decirc certo O locutor faz tudordquo pondera

Eu baixo tu baixasO mp3 tambeacutem alterou a forma de

distribuir novos trabalhos musicais A popularizaccedilatildeo da internet e a troca de arquivos por meio de softwares seme-lhantes ao pioneiro Napster deram iniacutecio agrave decadecircncia dos CDs e ao decliacutenio das grandes gravadoras que fracassaram ao combater tanto a pirataria quanto o com-partilhamento online de mp3

O casamento das gravadoras com o raacutedio e a TV que detinham a foacutermula exclusiva de atrair a atenccedilatildeo do puacuteblico para seu artista entrou em crise A par-ceria de divulgaccedilatildeo perdeu espaccedilo con-sideraacutevel para uma revolucionaacuteria forma de acesso a novos trabalhos musicais feita na internet Para a tristeza de grava-doras e artistas a vendagem de CDs caiu drasticamente fazendo dos shows e tur-necircs sua principal fonte de lucro Foi-se o

tempo em que um artista de sucesso ven-dia mais de 2 milhotildees de coacutepias de seu trabalho o campeatildeo do mercado fono-graacutefi co brasileiro em 2006 Padre Marcelo Rossi registrou cerca de 860 mil coacutepias vendidas de seu aacutelbum ldquoMinha Becircnccedilatildeordquo editado pela Sony BMG Um nuacutemero pequeno se comparado aos 35 milhotildees de coacutepias de seu primeiro disco ldquoMuacutesi-cas Para Louvar ao Senhorrdquo de 1998

A estagiaacuteria de pesquisa de mercado Karina Zandona 22 comprova esse fenocirc-meno Fatilde de Th e Killers ela conta que hoje procura se informar do lanccedilamento de aacutelbuns das suas bandas preferidas por sites especializados e faz download deles quando jaacute estatildeo disponiacuteveis ldquoSoacute ouccedilo muacutesica pelo PC e pelo mp3 player Raacutedio soacute ouccedilo agraves vezes quando minha matildee ouve em casa E sempre satildeo as programa-ccedilotildees informativas como a Raacutedio Itatiaia Natildeo consigo mais fi car exposta a tanto hit lsquoda modinharsquo como os de black music no raacutediordquo diz No caso da comerciaacuteria Ellen Colombini 24 a infl uecircncia da internet eacute ainda mais efetiva ldquoouvia muito raacutedio quando adolescente e assistia muito agrave MTV Era fatilde de coisas do tipo Hanson

por exemplo (risos) Mas quando passei a usar a internet e descobri a maravilha que eacute fazer download de muacutesica natildeo liguei mais o raacutedio Sou viciada em fazer downloads vou baixando tudo o que encontro e que me parece interessante pelo release que acompanha o link ou mesmo pelo nome da banda Escuto tudo e seleciono o que me agrada Se aprovado vou passando adiante E a partir do que eu recomendo para os amigos recebo deles arquivos de artis-tas parecidas com o que eu enviei e sobre os quais natildeo vejo ningueacutem falarrdquo comenta

A engenheira ambiental Eduarda Stancioli 24 eacute ouvinte da Last FM paacutegina online na qual o usaacuterio cria a pragramaccedilatildeo sem a interrupccedilatildeo de publicidade e locutores ldquoComo passo mais tempo usando o computador da empresa que o resto do pessoal e natildeo posso fazer dowloads o site foi uma oacutetima soluccedilatildeo para ouvir muacutesica enquanto faccedilo meus projetosrdquo Eduarda diz que a facildade estaacute no fato da pro-gramaccedilatildeo ser sua criaccedilatildeo onde vocecirc seleciona os artistas ou estilo de muacutesica da sua preferecircncia podendo mudaacute-la qualquer hora E ainda poder contar com sugestotildees musicais do serviccedilo geradas a partir do tipo de muacutesica que se ouve

Contra a mareacuteCurioso eacute o exemplo da estudante

Ceciacutelia Portugal 21 anos Apreciadora de axeacute music adora ouvir a Extra FM enquanto dirige Diferente de Ellen e

Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

O raacutedio na onda do ciberespaccedilo

Imagem do programa de dowloads de arqui-vos de muacutesica e viacutedeos Limewire

Paacutegina da raacutedio na internet a Last FM

Saiba o que a troca de arquivos de muacutesica pela internet fez com o raacutedio de entretenimento como as pes-soas encarram isso e quais satildeo as apostas das raacutedios para natildeo perderem seus ouvintes e patrocinadores

20-21 - Mate ria Ra dio final prontaindd 120-21 - Mate ria Ra dio final prontaindd 1 82809 115051 AM82809 115051 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Miacutedia bull 21Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

Karina o costume de baixar muacutesica pela internet natildeo a afas-tou do haacutebito de ouvir raacutedio ldquooutro dia ouvi uma muacutesica nova do Tomate ex-vocalista do Rapazolla Corri pra casa procurei o arquivo para down-load e depois gravei num CD para ouvir com as amigas no caminho pra baladardquo conta ldquoA maior graccedila do raacutedio que sem-pre tive o costume de ouvir eacute a companhia que faz Parece que natildeo estou sozinha no carro enquanto ouccedilo E me divirto com as esquetes de humor que tecircm por aiacuterdquo diz

Essa parece mesmo ser a nova vocaccedilatildeo do raacutedio como destaca o locutor e produtor Gleyson Lage da 98 FM de Belo Horizonte ndash primeira emissora a operar em frequumlecircncia modu-lada na Ameacuterica Latina ldquoAleacutem das promoccedilotildees e do aumento das formas de interatividade o humor eacute uma forma de fi de-lizar o ouvinte de perfi l mais passivo que tem menos dispo-nibilidade ou motivaccedilatildeo para manter contato por telefone ou e-mailrdquo Apostando nisso a 98 FM ndash cuja programaccedilatildeo eacute 100 local ndash conta com trecircs progra-mas de cunho humoriacutestico para enfrentar a concorrecircncia Os Manos Silicone Show e Graffi ti auto-intitulado o pior programa de raacutedio do Brasil

Para o locutor publicitaacuterio Tovar Luiz 43 o FM nasceu engraccedilado ldquoo grande barato das raacutedios FM desde a sua popu-larizaccedilatildeo no iniacutecio dos anos de 1980 foi o seu perfi l descontra-iacutedo A locuccedilatildeo nessas emisso-ras sempre foi bem mais aacutegil e despojada O hoje apresentador de TV Ceacutesar Filho por exemplo comeccedilou a carreira no raacutedio e

fi cou famoso pelo bordatildeo lsquobeijo pra vocecirc feiarsquo Natildeo era ofensa era pra fazer o ouvinte rir O FM foi uma revoluccedilatildeo em termos de lin-guagemrdquo lembra E ele parece ter razatildeo O programa Pacircnico um dos maiores fenocircmenos televi-sivos dos uacuteltimos tempos eacute deri-vado de um programa de raacutedio da rede Jovem Pan 2 de Satildeo Paulo comandado pelo locutor Emiacutelio Surita Seguindo o fl uxo as demais redes destinadas ao puacuteblico jovem tambeacutem investi-ram na programaccedilatildeo que faz rir E a partir das redes as emissoras locais que fazem concorrecircncia agraves afi liadas tambeacutem acompanham a tendecircncia para natildeo perder seu espaccedilo no mercado

Falando neleExistem hoje 23 FMs no dial

de Belo Horizonte Pelo menos quatro delas satildeo dedicadas aos jovens Jovem Pan 2 (991) Mix FM (917) 98FM (983) e Oi FM (939) Destas somente a 98FM natildeo eacute afi liada de uma grande rede Haacute trecircs anos em atividade na emissora Gleyson Lage confi rma a reduccedilatildeo no nuacutemero de vagas aos profi ssio-nais da aacuterea ldquonuma raacutedio local satildeo necessaacuterios 20 funcionaacuterios para produzir toda uma grade enquanto numa afi liada jun-tando a programaccedilatildeo execu-tada pelo sateacutelite com aquela gerada pela automaccedilatildeo da transmissatildeo apenas cinco datildeo

conta do recado para o tempo destinado agrave grade local Eacute com-plicadordquo conta

No entanto ele vecirc a partici-paccedilatildeo das redes de raacutedio como positiva no que se refere agrave qua-lidade ldquoquando uma rede tem um bom conteuacutedo ndash boa plaacutes-tica bons locutores bons tex-tos ndash ela acaba por estimular as emissoras locais a manterem o mesmo niacutevel Haacute um ganho em criatividade que poderia natildeo existir se todo o conteuacutedo fosse localrdquo acredita

Enquanto isso os ouvintes se queixam da repeticcedilatildeo nas grades musicais ldquochega a ser engraccedilado Estava ouvindo uma muacutesica numa determinada

raacutedio Quando acabou troquei para a estaccedilatildeo seguinte e estava tocando a mesma muacutesica Acho que como todos os meios de comunicaccedilatildeo as raacutedios precisam abrir o leque de opccedilotildeesrdquo opina Karina Zandona estagiaacuteria de pesquisa de mercado 22

Karina completa ldquoateacute a Rede Globo tem inovado na inserccedilatildeo de muacutesicas de artistas desconhecidos do grande puacuteblico como trilha das suas produccedilotildees (como foi o caso do cantor Beirut presente na trilha sonora da minisseacuterie Capitu exibida em janeiro de 2009) O raacutedio podia acompanhar essa tendecircnciardquo sugere

Com a digitalizaccedilatildeo da muacutesica o sonoplasta sai de cena eacute o locutor quem faz tudo

Foto

Robert

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O Ponto

Editor e diagramador da paacuteginaLira Faacutevilla e Felipe Barbosa 6ordm periacuteodo

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

22 bull Cultura

CLAUDIA LAPOUBLE

6ordmPERIacuteODO

ldquoO processo pelo qual se arma-zenam informaccedilotildees no disco de vinil feito de PVC material derivado do petroacuteleo consiste em imprimir nele ranhuras ou ldquoriscosrdquo cujas formas tanto em profundidade como abertura mantecircm correspondecircncia com a informaccedilatildeo que se deseja arma-zenar Essas ranhuras visiacuteveis no disco a olho nu satildeo feitas no disco matriz com um estilete no momento da gravaccedilatildeo Esse esti-lete eacute movido pela accedilatildeo da forccedila magneacutetica que age sobre eletro-iacutematildes que estatildeo acoplados a elerdquo (in Leituras de Fiacutesica GREF- Departamento de fiacutesica da USP SP2005)

Eacute assim que a muacutesica se ldquoimprimerdquo no plaacutestico que depois ao ser arranhado pela agulha libertaraacute novamente os sons no ar Para os apaixonados por vinil o ritual de tirar o disco da estante limpaacute-lo colocaacute-lo no toca discos posicionar a agu-lha delicadamente sobre ele tomando todo o cuidado para natildeo arranhaacute-lo e repetir todo esse processo na hora de virar o disco para ouvir o lado b signi-fi ca uma relaccedilatildeo mais proacutexima com a muacutesica Era preciso dedi-car tempo a escutar o disco Mais do que uma miacutedia de armazena-mento analoacutegico do som o disco de vinil eacute um objeto de arte e uma peccedila que daacute materialidade agrave muacutesica

Dados da Associaccedilatildeo de Gra-vadoras da Ameacuterica (Record Industry Association of Aeme-rica) mostram que as vendas de LPs aumentaram em quase 130 entre os anos de 2007 e 2008 De acordo com o informe anual divulgado pelo oacutergatildeo ldquoo vinil continua sua ascensatildeo As vendas nesse formato somaram

US$57 milhotildees e vem mais do que duplicando ano apoacutes anordquo Ainda segundo o documento ldquotrata-se do produto preferido por audiofi los e colecionadores e o aumento nas vendas se deve tanto agrave re-gravaccedilatildeo de mate-rial de cataacutelogo quanto a novos lanccedilamentosrdquo

Com os nuacutemeros da induacutes-tria apontando para uma queda nas vendas de CDs e em tempos em que se fala em livre acesso agrave muacutesica atraveacutes da internet o vinil se apresenta como uma saiacuteda para quem ainda gosta da muacutesica palpaacutevel apreciaacute-la com todos os sentidos inclusive o tato

Um Brasil em vinil ldquoContar a histoacuteria do Brasil

atraveacutes da muacutesica guardando um exemplar de tudo o que foi gravado em vinil no paiacutesrdquo esse era o objetivo de Edu Pampani 46 quando em 2005 fundou a Discoteca Puacuteblica o primeiro espaccedilo dedicado agrave memoacuteria musical brasileira do paiacutes

Apaixonado por muacutesica e claro pelos discos de vinil Pam-pani conta que a ideacuteia da Dis-coteca nasceu quando ele ainda morava na Bahia e tinha uma loja de discos Segundo ele quando o Compact Disc (CD) comeccedilou a se popularizar na deacutecada de 90 as pessoas o procuravam para trocar seus LPs por CDs

O espaccedilo tem hoje um acervo de cerca de 12 mil peccedilas que contam a historia do Brasil pelos sulcos no plaacutestico PVC Eacute possiacute-vel ouvir por exemplo gravaccedilotildees de jogos de futebol ou vinhetas de programas de raacutedio dos anos 50 aleacutem de claacutessicos da muacutesica popular brasileira em gravaccedilotildees originais Com todas essas rari-dades Pampani garante natildeo ter nenhum disco favorito ldquosempre me perguntam Edu qual eacute o disco mais raro que vocecirc tem

e eu respondo raro eacute ter todos eles juntosrdquo

De volta ao plaacutesticoApesar de natildeo ser a miacutedia mais

utilizada pelo grande puacuteblico o disco de vinil tem um puacuteblico fi el principalmente entre os DJs que segundo Pampani ldquoprocuram sempre coisa nova se ele quer tocar Jorge Bem por exemplo ele vai procurar aquela muacutesica que ningueacutem lembra mais que ele gravou Esse pes-soal tem que fi car garimpando semprerdquo

O DJ e fundador do selo Vinyl Land Luiz Valente ou DJ Luiz PF eacute um desses garimpeiros de sebos Ele conta que sua paixatildeo pelos LPs nasceu quando ele mesmo selecionava as muacutesi-cas que iriam compor o som ambiente de seu bar o ldquoLugarrdquo Em 2003 Luiz sentiu que pode-ria abrir espaccedilo para DJs que pesquisavam e procuravam por muacutesicas que fugiam do lugar comum ldquoeu fui fazendo festas por um tempo chamando DJs que discotecavam com vinil pra ser um contra ponto a essa outra galerardquo conta

Radicado em Londres desde 2006 Luiz conta que ao chegar agrave Europa percebeu que diferente do que acontecia no Brasil ldquolaacute o negoacutecio natildeo tinha acabado nada se achava tudo pra com-prar coisas novas a galera atual todo mundo lanccedilava era uma coisa de canto de loja mas fun-cionando vendendordquo Na capital inglesa o DJ trabalhou na grava-dora Whatmusiccom que aleacutem de CDs lanccedilava tambeacutem traba-lhos em vinil

A paixatildeo pela ldquocultura de acetatordquo e o trabalho como DJ foram o incentivo para que Luiz fundasse em 2008 a Vinyl Land selo que vem com a proposta de lanccedilar muacutesicos que se interes-sem em gravar em vinil Segundo

ele o selo nasceu de sua proacutepria necessidade como DJ ldquoeu

jaacute discotecava com vinil e fui achando bandas

novas que queria tocar mas natildeo tinha como porque eram de uma eacutepoca em que natildeo tinha mais vinil ai eu pensei jaacute que natildeo tem eu faccedilo

e comecei a procurar contatos e tentar orga-

nizar o selordquo Com apenas um ano

no mercado a Vinyl Land

jaacute lanccedilou trecircs discos dentre

eles um compacto simples do Autoramas

Novas marcas no PVCFoi pela Vinyl Land que a

banda Th e Dead Lovers Twisted Heart que nunca havia lanccedilado seu trabalho comercialmente lanccedilou seu primeiro EP O com-pacto auto-intitulado traz cinco muacutesicas antes disponiacuteveis para download na internet O disco prensado na Alemanha teve tiragem limitada de 200 coacutepias

Com infl uecircncias que vatildeo de Odair Joseacute e Roberto Carlos ateacute Franz Ferdinand e Jack White passando pela literatura de Mark Twain (o grupo tem uma muacutesica em homenagem a Huck-leberry Finn personagem do autor americano) e os cartunis-tas Laerte e Angeli a banda for-mada por Ivan (guitarra e vocal)

Guto (guitarra) Paty (bateria) e

Velvs (baixo) jaacute era conhecida dos frequumlentadores de casas de shows de Belo Horizonte antes de lanccedilar seu EP

Segundo Ivan a ideacuteia de ter seu primeiro trabalho gravado em vinil casou muito bem com a banda ldquoa gente ainda natildeo tinha lanccedilado um disco propriamente dito e hoje o suporte fiacutesico eacute cada vez menos importante porque na verdade a muacutesica vocecirc acha em qualquer lugar e um disco um CD na verdade natildeo faz mais tanto sentido E nossa ideia era que jaacute que vocecirc vai comprar um objeto o vinil eacute um objeto muito mais legal tanto esteticamente quanto no manusear fora que tem toda essa coisa da retomada e eacute uma boa proposta que tem tudo a ver com a bandardquo afi rma o muacutesico provando que o velho vinil estaacute mais novo que nunca

O novos sonsdo velho vinil

Com a popularizaccedilatildeo dos sites de divulagaccedilatildeo de muacutesica na internet o vinil retorna como alternativa interessante para novos muacutesicos e ouvintes

Dj Luiz PF fundador do selo Vinyl Land

Os diferentes formatos do vinil-LP abreviatura do inglecircs Long Play ou ldquo12 polegadasrdquo Disco com 31 cm de diametro com capacidade normal de cerca de 20 minutos por lado O formato LP era utilizado usualmente para a comercializaccedilatildeo de aacutelbuns completos-EP abreviatura do inglecircs Extended Play Disco com 17 cm de diametro e capacidade de cerca de 8 minutos por lado continha em torno de quatro faixas -Single ou compacto simples abreviatura de Single Play ldquo7 polegadasrdquo ou compacto simples Disco com 17 cm de diametro e capacidade normal de 4 minutos por lado O single era geralmente empregado para a difusatildeo das muacutesicas de trabalho de um aacutelbum completo a ser posteriormente lanccedilado -Maacutexi abreviatura do inglecircs Maxi Single Disco com 31 cm de diametro sua capacidade era de cerca de 12 minutos por lado

Arq

uivo

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Barro

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The Dead loverrsquos Twisted Heart Pati Vels Guto e Ivan

22 - diagramacao vinilindd 122 - diagramacao vinilindd 1 82809 115104 AM82809 115104 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Culturabull 23Editor e diagramador da paacutegina Baacuterbara Rodrigues 8ordm periacuteodo

Festival Internacional de Corais homenageia

BAacuteRBARA RODRIGUES 8ordm PERIacuteODO

A seacutetima ediccedilatildeo do Festival Interna-cional de Corais ndash FIC acontece de 18 a 27 de setembro de 2009 e teraacute como tema a vida e obra de Villa-Lobos con-siderado o maior compositor das Ameacute-ricas Seratildeo cerca de 300 apresenta-ccedilotildees de 120 corais de todo o Brasil e do exterior que percorreratildeo 12 cidades de Minas Gerais

O festival realizado pela Universi-dade FUMEC tem o intuito de popula-

rizar os corais e grupos vocais amadores e profissionais e evidenciar atividades culturais de empresas instituiccedilotildees de ensino comunidades associaccedilotildees e fundaccedilotildees com apresentaccedilotildees de corais e shows de artistas nacionais sempre com a bandeira da muacutesica brasileira agrave frente

Regidos pelo Maestro Lindomar Gomes produtor cultural e coordena-dor do FIC os 30 integrantes do coral da FUMEC seratildeo um dos grupos a se apresentar ldquoNosso coral sempre parti-cipou de festivais seguindo a maacutexima de Fernando Brant de que lsquotodo artista

tem de ir aonde o povo estaacutersquo A cada ano o FIC escolhe um tema que traduza a identidade musical brasileira Este ano celebraremos os 50 anos de morte de Villa-Lobos responsaacutevel por implantar o canto coral no paiacutes na deacutecada de 1930 e o muacutesico que mais cantou as belezas nacionaisrdquo enfatiza

Em cada ediccedilatildeo do festival os com-positores Leonardo Cunha e Fernando Brant satildeo responsaacuteveis pela muacutesica-tema que ao final do evento eacute cantada por todos os corais A composiccedilatildeo deste ano ganhou o nome de ldquoMestre Villardquo exultando o que de mais haacute de caracte-

riacutestico na vida e obra do mestre Durante todo o festival alguns locais

da cidade como o Palaacutecio das Artes Sesc Laces JK e a aacuterea de convivecircn-cia da FUMEC receberatildeo exposiccedilotildees de fotos textos e trilhas sonoras do acervo do Museu Villa-Lobos no Rio de Janeiro A banda mineira 14 Bis e o muacutesico Renato Teixeira fazem shows no interior de Minas e no dia 27 no Parque Municipal encontro de todos os corais participantes marcaraacute o fechamento do evento onde mais de mil vozes se uni-ratildeo para cantar os temas do maestro homenageado

O maestro e coordenador do FIC Lindomar Gomes e os integrantes do Coral da Fumec

Mestre Villa daacute o tom dentro e fora do paiacutesO carioca Heitor Villa-Lobos

foi responsaacutevel por universa-lizar a muacutesica nacional acres-centando em grande parte de suas mil obras a sonoridade da fauna brasileira de tribos indiacute-genas e africanas aleacutem de refe-recircncias de cantigas do choro e do samba

Na defi niccedilatildeo do maestro Lindomar Gomes a impor-tacircncia de Heitor Villa-Lobos estaacute no fato de ele ldquodecifrar a alma brasileira e colocaacute-la em muacutesicardquo Devido agraves homena-gens ao compositor nas prin-cipais capitais do Brasil e do

mundo Gomes natildeo eacute o uacutenico a pensar assim

Peccedilas de Villa-Lobos fazem parte das temporadas da Filar-mocircnica de Belo Horizonte da Orquestra Sinfocircnica do Teatro Nacional Claacuteudio Santoro em Brasiacutelia da Sinfocircnica Munici-pal de Campinas e da Orques-tra Sinfocircnica Brasileira do Rio

Internacional Em janeiro o maestro John

Neschling regeu a Filarmocircnica de Varsoacutevia na Polocircnia com os ldquoChoros n 6rdquo A soprano Adriane Queiroz cantou as ldquoBachianas

Brasileiras nordm 5rdquo em Berlim e o regente da OSB do Rio Roberto Minczuk esteve no Japatildeo em agosto para apresentar as ldquoBachianas Brasileirasrdquo

Ainda este ano deve chegar agraves livrarias o ldquoFolha Explica Villa-Lobosrdquo da Publifolha do violonista Faacutebio Zanon que em entrevista ao jornal Folha de Satildeo Paulo afi rmou ldquoO uni-verso sonoro de Villa-Lobos eacute uma coisa arrasadora Nossa ideia de Brasil seria muito mais pobre sem a leitura efetuada por Villa-Lobos de nosso patri-mocircnio musicalrdquo

Programaccedilatildeo completa e outras informaccedilotildees sobre FIC 2009 wwwfestivaldecoraiscombr

Foto

div

ulg

accedilatildeo

Foto divulgaccedilatildeo

O compositor e maestro Villa-Lobos cuja obra eacute reconhecida e celebrada internacionalmente

23 - festivaldecoraisindd 123 - festivaldecoraisindd 1 82809 115113 AM82809 115113 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

24 bull Cultura Editor e diagramador da paacutegina Amanda Lelis 6ordm periodo

COLCHAde retalhos

CU

RT

Are

talh

os

Magia

Escrevo uma letra

e jaacute natildeo estou no mesmo lugar

Pedro Cunha Instrumento de cordas vocais tocado pela alma

a palavra na garganta que vira muacutesica

o som da orquestra do coraccedilatildeo

dos gagos e desafi nados

aos cegos de paixatildeo

VozBaacuterbara Rodrigues

Natildeo sei bem o que eacute

Se eacute invenccedilatildeo

Se eacute na verdade a mais pura verdade

Se sou eu tentando fugir

Se sou eu tentando apagar

Natildeo encarar o que estaacute acontecendo

Esquecer a minha confusatildeo

De querer sem conhecer

De te amar sem te encontrar

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Queria esquecer

E perdoar entatildeo

Voltar na decisatildeo

Para minha vida rotineira

Que eu levei a vida inteira

O meu sufoco e os seus gritos

Meu confortaacutevel desespero

Minha mania de querer ser mais para mundo

Do que o mundo eacute para mim

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Confortaacutevel DesesperoPaula Macintyre

Preso agrave falta de sono procurando ver

Atraveacutes da luz de um trago num bastatildeo de morte

Talvez com sorte entatildeo eu possa crer

Que os dias se passaram mas o amor fi cou

Mesmo sonhando acordado algo ainda restou

De tardes tatildeo bonitas

Em que o brilho dos teus olhos eu pude enxergar

Os teus negros cabelos quero entatildeo tocar

apesar de estares tatildeo afl ita

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia

que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Por mais que em outras camas eu possa deitar

que braccedilos e abraccedilos venham me afagar

O brilho dos teus olhos ainda me ilumina

por vaacuterias ruas sujas que eu tentei fugir

estenderia um tapete pra vocecirc entrar

sentado vago na varanda escura a esperar

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Mas eu mudaria tudo isso pra te ter aqui

comigo ao meu lado todo dia a me fazer sorrir

Para ouvir a muacutesica wwwmyspacecombandatravessia

DuetoAlvaro Castro

Do entendimento tardio de se assistir a uma passagem de som

Cracke se quebra o silecircncio a voz dos barulhos instrumentais

cala todos os outros sons do silecircncio Antes de ser melodiosos

os sons comeccedilam desencontrados como tateando no escuro

dos ritmos tentando se encontrar e dar as matildeos para soacute assim

iniciar seu dialogo-danccedila em brincadeiras harmoniosas que

encantam e enfeiticcedilam Na sutileza dos tons na alegria de fazer

barulhos musicais modifi cam a muacutesica mil vezes re-arranjada

ajeitam afi nam se enfeitam

e a muacutesica fi nalmente sai Perfeita

AntesClaudia Lapouble

Sssshhiiii

silecircnciosopro suspiro sussurro

sublime submerso submarino submundo

some sobe segue sangue sinistro

sem focirclegosufoco

SClaudia Lapouble

A canccedilatildeo natildeo paacutera O berimbau controla o medo que corre

nas ruas vindo daqueles que natildeo se deixaram dissolver pela

aacutegua trazida com a chuva Na cidade escorre toda a calmaria

e a melodia se arrasta molhando o chatildeo Enquanto o ceacuteu se

desmancha aos poucos sobre a rua deserta eles cantam Voz

para um canto que veio aveludar meus ouvidos acalentar

clamoroso de uma vida inteira e fosse essa noite a vida

inteira fez-se a noite lembranccedila da cantiga que me converteu

inteira Pandeiro Meacutedio Viola e a chuva que ritmava a

cantoria O breu e noacutes no breu O escuro arrasta o invisiacutevel

para dentro da cidade que chora para dentro dos meus olhos

que fi tam atentos os olhos deles que me encantam Hora um

hora outro me arrasta em companhia agrave suas vozes As gotas

respondem ao coro num canto suave o pandeiro acompanha

o berimbau e o repique respinga umas gotas tontas de

musicalidade goteja um som que sobrevoa a superfiacutecie

Sobre o invisiacutevelAmanda Lelis

Gabriel Guedes e violino em show na Praccedila da Liberdade

O som da alma se apresenta em desejo e verso livre

na terccedila indecente suave

no violino do seus sonhos em coro cresce a quarta corda

dissonante

eacute a Musica

No canto viacutevido em tom sincero e leve expande

compaixatildeo as notas graves

fi delidade ao escrever a voz da alma sobre arpejos

inconstantes

eacute a Musica

MuacutesicaPedro Gontijo e

Bernardo Gontijo

Te aperto contra o peito

te penduro nas costas

no churrasco passa de matildeo em matildeo

e ainda assim me faz companhia

nas noites de solidatildeo

Ode ao violatildeoBaacuterbara Rodrigues

Ajude a costurar nossa colcha balaioretalhosgmailcom

24 - Colcha de retalhos corrigidoindd 124 - Colcha de retalhos corrigidoindd 1 82809 115124 AM82809 115124 AM

Page 10: Jornal O Ponto - agosto 2009

O Ponto

10 bull Profi ssatildeoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

Editoras e diagramadoras da paacutegina Renata Valentim e Roberta Andrade

O ensino do jornalismo no divatildeEnquanto o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo cria comissatildeo para repensar a construccedilatildeo do conhecimento jornaliacutestico no seacuteculo XXI os jornais impressos enfrentam o desafi o de revisar sua vocaccedilatildeo

RENATA VALENTIM

6ordm PERIacuteODO

Na dinacircmica da era da infor-maccedilatildeo em que a internet se fi rma como o mais acessiacutevel mais veloz e mais democraacute-tico meio de transmissatildeo de informaccedilatildeo o jornalismo viu-se em crise de identidade Boa parcela dos estudiosos e prati-cantes da atividade jornaliacutestica sentiu-se ameaccedilada pela des-centralizaccedilatildeo da notiacutecia nesse novo meio o leitor agora eacute tambeacutem produtor de informa-ccedilatildeo Outra fragilidade reside na escassez das vagas do mercado que natildeo comporta os milhares de jornalistas receacutem-formados despejados pelas faculdades De acordo com dados de 2005 obtidos pelo Observatoacuterio Uni-versitaacuterio apenas 125 dos graduados em jornalismo con-seguem manter-se de peacute na car-reira A proliferaccedilatildeo das esco-las particulares de jornalismo

choca-se com o enxugamento das redaccedilotildees onde prevale-cem os chamados profi ssionais multimiacutedia que precisam ser capazes de produzir informa-ccedilatildeo para um grande nuacutemero de suportes

Neste cenaacuterio onde tam-beacutem satildeo incluiacutedas a queda da velha Lei de Imprensa e o polecircmico fi m da obrigatorie-dade do diploma para o exer-ciacutecio da profi ssatildeo no dia 17 de junho foi criada pelo MEC uma comissatildeo que estabeleceraacute as novas diretrizes curriculares dos cursos de jornalismo no Brasil Um dos fundadores da Escola de Comunicaccedilatildeo e Artes da USP professor Joseacute Marques de Melo preside o grupo res-ponsaacutevel por elaborar as pro-postas de mudanccedilas a serem implantadas nas escolas de jornalismo do paiacutes Aleacutem dele seis acadecircmicos e uma repre-sentante do mercado estatildeo incumbidos de ateacute o iniacutecio do segundo semestre apresentar o

balanccedilo das anaacutelises A neces-sidade de reforma segundo o ministro Fernando Haddad eacute ratifi cada pelos dados obtidos pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo cerca de 80 dos cursos de jornalismo satildeo considerados de baixa qualidade A inten-ccedilatildeo da comissatildeo eacute que as pro-postas sejam elaboradas por meio da participaccedilatildeo e opiniatildeo de sindicatos universidades e empresas de comunicaccedilatildeo emitidas nas trecircs audiecircncias puacuteblicas que foram realizadas entre marccedilo e maio deste ano ndash no Rio de Janeiro Recife e Satildeo Paulo respectivamente

Efeito placebo Apesar da pertinente preo-

cupaccedilatildeo em melhorar o ensino do jornalismo no Brasil as pro-postas delineadas pela comis-satildeo satildeo ainda desconhecidas e por isso mesmo carregadas de polecircmica Algumas sugestotildees anunciadas antes mesmo da realizaccedilatildeo da primeira audiecircn-

cia como a separaccedilatildeo do jorna-lismo da Comunicaccedilatildeo Social dividem profi ssionais e aca-decircmicos Como uma forma de ampliaccedilatildeo do debate para aleacutem das audiecircncias ndash que restringi-ram a participaccedilatildeo de alguns segmentos importantes na dis-cussatildeo como os estudantes ndash o professor Joseacute Marques de Melo tem procurado expor alguns dos posicionamentos da comis-satildeo em palestras e entrevistas pelo paiacutes Durante o programa Observatoacuterio da Imprensa do dia 26 de maio ele explicou que o grupo natildeo pretende apresen-tar um novo curriacuteculo ldquoNossa funccedilatildeo eacute examinar as matrizes para nossas escolas e universi-dades Eu defendo particular-mente que o curriacuteculo eacute uma competecircncia da universidade Noacutes teremos de buscar dire-trizes curriculares que sejam consensuais em relaccedilatildeo agrave for-maccedilatildeo do novo jornalista mas deixar agrave universidade liberdade de accedilatildeo Se uma universidade quer oferecer um curso de gra-duaccedilatildeo para repoacuterteres e um curso de poacutes-graduaccedilatildeo para editores isso eacute um direito que a universidade tem e pode fazerrdquo defende

O resgate do selfO presidente da comissatildeo

eacute tambeacutem categoacuterico ao tratar da separaccedilatildeo da personalidade do jornalista contemporacircneo Segundo ele a sociedade bra-sileira necessita tal como pre-cisa de profi ssionais da notiacutecia especializada de jornalistas generalistas bem formados de que sejam capazes de se diri-gir efi cientemente para toda a populaccedilatildeo e de interpretar a realidade de forma mais ampla ldquonoacutes temos um paiacutes com 200 milhotildees de habitantes e 10 milhotildees de exemplares diaacuterios de jornais lidos Precisamos na verdade fazer jornal para quem natildeo lecirc jornal para aqueles que estatildeo agrave margem da cultura jor-naliacutesticardquo diz

Marques de Melo ressaltou tambeacutem que do ponto de vista da organizaccedilatildeo curricular haacute uma certa confusatildeo quando se trata de mateacuterias teoacutericas e praacuteticas ldquoEu acho que o que faz falta no jornalismo natildeo satildeo mateacuterias praacuteticas para elas temos bons laboratoacuterios O que faz falta satildeo as mateacuterias teoacuteri-cas E natildeo chamo de teoacutericas a sociologia a histoacuteria Isso diga-mos eacute o conteuacutedo humaniacutestico

Eu gostaria de ter mais mateacuterias que dessem conta das questotildees eacuteticas das questotildees morais O que temos eacute um excesso de aulas de teoria da comunica-ccedilatildeo de sociologia da cultura cuja aplicaccedilatildeo eacute descolada do jornalismo Precisa haver uma integraccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica jornaliacutesticardquo afi rma

Mas ainda com a iniciativa de avaliar a si mesmo o mal-es-tar de algumas questotildees sobre a identidade do jornalismo ainda permanecem turvas como eacute o caso da vocaccedilatildeo do jornalismo como negoacutecio e como serviccedilo de utilidade puacuteblica traccedilos contraditoacuterios que se chocam no interior da academia cau-sando estranheza nas salas de aula Essa feiccedilatildeo esquizofrecircnica foi detectada durante inves-tigaccedilotildees feitas pelo grupo de pesquisa ldquoA imagem do pen-samento e o ensino do jorna-lismordquo realizada por estudantes de jornalismo da Universidade Fumec e coordenada pelos professores Rodrigo Fonseca e Claacuteudia Chaves Em entrevistas feitas com os coordenadores dos principais cursos de jornalismo privados de Belo Horizonte os alunos registraram unacircnime constrangimento ainda que velado ao questionarem a pre-senccedila das disciplinas teacutecnicas nas grades curriculares como se fossem dignas de condena-ccedilatildeo O desejo de formaccedilatildeo do ldquoagente social criacuteticordquo tambeacutem eacute maioria absoluta no discurso dos entrevistados desta vez sem constrangimento ldquoA gente percebe tanto na avaliaccedilatildeo das entrevistas quanto no cotidiano das aulas que eacute elogioso falar do jornalismo dessa maneira con-denando as disciplinas praacuteticas Mas fi co confuso em pensar em como seraacute depois da forma-tura quando tiver que atuar no mercadordquo diz Frederico Porto um dos alunos envolvidos na pesquisa A resposta para esse questionamento existencial cada vez mais frequumlente no ter-reno dos discentes foi sugerida por Marques de Melo desta vez no programa Rede Miacutedia da Rede Minas realizado em 30 de marccedilo Ele acredita que a formaccedilatildeo do jornalista deve estar voltada para o mercado mas alerta ldquoa universidade tem que estar aleacutem do mercado Natildeo pode soacute estar atrelada agraves exigecircncias do mercado tem de estar tambeacutem atrelada agraves exi-gecircncias da sociedaderdquo

Fotomontagem faz referecircncia ao quadro O Grito do pintor norueguecircs Edward Munch

Ilustraccedilatildeo Roberta Andrade - 6ordm periacuteodo

10-11 - roberta e renaindd 110-11 - roberta e renaindd 1 82809 115016 AM82809 115016 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Profi ssatildeo bull 11Editoras e diagramadoras da paacutegina Renata Valentim e Roberta Andrade

A crise de identidade natildeo estaacute restrita ao conhecimento

que possibilita a produ-ccedilatildeo jornaliacutestica a dis-tribuiccedilatildeo de conteuacutedo tambeacutem vecirc-se impressa por outros suportes e rit-mos ditados por novas formas de consumo de informaccedilatildeo O jornalismo

impresso que jaacute rivalizou com o raacutedio e com a televisatildeo no

seacuteculo passado hoje concorre com a veloci-dade com a alta interatividade com o enorme alcance e sobretudo com o baixo custo da produccedilatildeo de notiacutecia para a internet e demais suportes digitais

Rogeacuterio Ortega acredita que chegaraacute o dia em que natildeo compensaraacute mais imprimir papel para fazer jor-nal ldquoSoacute que ningueacutem sabe quando vai ser ndash e a respon-saacutevel por isso eacute a publicidade Natildeo tenho dados atu-alizados mas ateacute onde sei no Brasil o faturamento publicitaacuterio dos veiacuteculos impressos eacute muitiacutessimo maior que o dos online Nos EUA jaacute natildeo eacute esse o panoramardquo diz Laacute os sinais de mudanccedila parecem mais concretos No mecircs de maio o criador do site Amazon Jeff Bezos e o presi-dente do jornal Th e New York Times Arthur Sulzberger Jr lanccedilaram o Kindle DX uma versatildeo com tela expandida do e-reader proje-tado originalmente para leitura de livros aca-decircmicos vendidos no site de Bezos A expansatildeo da tela ndash que agora tem 246 centiacutemetros na dia-gonal ndash tem o propoacutesito de tornar mais confor-taacutevel a leitura do jornal Os empreendedores do lanccedilamento apostam no aparelho como res-posta viaacutevel agrave crise da imprensa americana que

viu a circulaccedilatildeo de seus jornais cair draacutesticos 46 em apenas seis meses em 2008 ldquoComo vai ser quando as geraccedilotildees que lecircem tudo na internet desde o comeccedilo forem hegemocircnicas Quando o mercado perceber isso e comeccedilar a achar que anunciar em jornal natildeo com-pensa mais a lsquomudanccedila de suportersquo do papel para os meios digitais estaraacute proacutexima O que natildeo signifi caraacute lsquoextinccedilatildeorsquo dos jornais eles devem continuar a existir de outro modordquo considera Ortega

O Brasil tambeacutem foi afetado pela crise fi nanceira dos impressos A Gazeta Mercantil jornal dedi-cado ao segmento econocircmico com quase 90 anos em atividade vive um periacuteodo criacutetico A Editora JB SA anunciou no uacuteltimo mecircs a devoluccedilatildeo do jor-nal Gazeta Mercantil para seu antigo proprietaacuterio o

empresaacuterio Luiz Fernando Levy o que pocircs a vida do veiacuteculo em risco a circulaccedilatildeo do jornal foi interrom-pida no dia 29 de maio No entanto Levy afi rmou em nota agrave imprensa que a suspensatildeo da circulaccedilatildeo eacute momentacircnea

Palestrantes do Foacuterum de Debates 1ordf Terccedila promo-vido pelo Sindicato dos Jornalistas Profi ssionais de Minas Gerais os professores Seacutergio Amadeu da Faculdade Caacutes-per Liacutebero e Geane Alzamora da PUC Minas pondera-ram sobre os impactos da internet na praacutetica jornaliacutestica no uacuteltimo dia 2 de junho Amadeu durante sua exposiccedilatildeo sobre o tema disse acreditar que a maioria das universi-dades natildeo estaacute apta a formar o jornalista na era da infor-maccedilatildeo Explicada por ele como meio onde predomina a liberdade e a quebra da hierarquia na produccedilatildeo e dissemi-naccedilatildeo de informaccedilatildeo a internet desafi a os meios tradicio-nais por dar menos importacircncia ao capital porque eacute capaz de oferecer conteuacutedo a custo quase zero ldquoNa internet natildeo eacute difiacutecil falar o difiacutecil eacute ser ouvidordquo diz Alzamora que desde meados dos anos de 1990 ndash natildeo coincidecircncia o iniacutecio da popularizaccedilatildeo da web ndash estuda o cruzamento jornalismo x internet afi rma que a vocaccedilatildeo do jornalismo na rede estaacute no formato colaborativo Nichos como os sites OhMyNews

e Overmundo satildeo demonstraccedilotildees claras de que ldquoa versatildeo mais atualizadardquo do profi ssional da notiacutecia atuaraacute como um gerenciador das interaccedilotildees feitas na rede

No balanccedilo do divatilde resta a dica a palavra-chave parece ser a reciclagem Tal como a proacutepria inter-

net que tem sua forma e conteuacutedo renovados a todo o tempo porque estaacute sujeita ao exame dos

interagentes o jornalismo e seus profi ssionais precisam examinar-se e reconfi gurar-se para acompanhar o fl uxo da informaccedilatildeo Como diz o fi loacutesofo Charles Sanders Peirce ldquoas palavras

aprendem com o tempordquo E o jornalista aprenderaacute na lida com elas novos caminhos

m queer jor-spon-s atu-ento

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O mal-estar do impresso

O Ponto Como vocecirc vecirc o ensino do jornalismo hoje no paiacutes

Rogeacuterio Ortega Vejo pelo contato com jornalis-tas receacutem-formados que o panorama natildeo mudou muito em 20 anos ndash a natildeo ser pela possibilidade de em alguns cursos montar uma grade que resulta numa espeacutecie de curso de jornalismo em periacuteodo integral com disciplinas de outras faculdades Tam-beacutem me parece haver uma conversa mais produtiva da academia com as redaccedilotildees ndash no iniacutecio dos anos 90 era uma coisa muito ldquoa induacutestria cultural laacute e noacutes seres pensantes e criacuteticos aquirdquo Acho que natildeo haacute necessidade de um curso de jornalismo que dure quatro ou cinco anos e duvido que a comissatildeo do MEC da qual sei pouco ponha isso em questatildeo Eacute legal sim haver um lugar em que se possam abor-dar histoacuteria e teoria do jornalismo linguagem eacutetica jornaliacutestica etc Mas pra isso natildeo satildeo necessaacuterios quatro anos Jornalismo podia ser por exemplo soacute uma poacutes-graduaccedilatildeo Na minha opiniatildeo sairiam muito mais bem preparados

OP - A partir do seu contato com os ldquofocasrdquo (receacutem-formados em jornalismo) que chegam agrave Folha o que vocecirc percebe como a maior defi ciecircn-cia do jovem jornalista E o que poderia ser feito para corrigir essa defi ciecircncia

Os ldquofocasrdquo da Folha natildeo vecircm soacute de faculdades de jornalismo Quem sobrevive ao programa de treina-mento da Folha e chega agrave redaccedilatildeo tem bom texto e na maioria dos casos boa cultura geral Mas para quem saiu do curso de jornalismo faltam certos conheci-mentos especiacutefi cos que satildeo valiosos na hora de cobrir certos assuntos importantes e que a pessoa teria se por exemplo tivesse cursado direito ou economia Muita gente acaba aprendendo essas coisas na raccedila na lida ndash mas sofreria menos se as tivesse estudado antes

OP - A respeito das ferramentas digitais vocecirc acredita na afirmaccedilatildeo de que a internet estaacute atrofiando a praacutetica jornaliacutestica O jornalismo online merece a demonizaccedilatildeo que lhe tem sido atribuiacuteda

Acredito que pelo contraacuterio a internet abriu novas possibilidades Qualquer um pode escrever qualquer coisa na web a custo zero ou quase zero mas quem estaacute interessado em se informar vai procurar notiacutecias que sejam confi aacuteveis bem apuradas bem escritas Ou seja o feijatildeo-com-arroz de sempre da praacutetica jornaliacutes-tica soacute que online feito em ldquotempo realrdquo e atualizaacutevel Claro que em um jornal impresso haacute mais tempo para apurar confrontar versotildees descartar coisas que se revelem boatos No online pela proacutepria natureza do meio eacute muito mais faacutecil que o rumor a versatildeo natildeo

confi rmada informaccedilotildees incorretas textos mal escri-tos etc sejam colocados no ar Claro depois podem ser feitas atualizaccedilotildees e correccedilotildees mas de todo modo eacute difiacutecil aliar rapidez e precisatildeo

OP - Como vocecirc vecirc a utilizaccedilatildeo da blogosfera para a praacutetica jornalistica

Blog pode servir para tudo inclusive para jorna-lismo -e bom jornalismo acredito Mas por enquanto soacute as grandes empresas jornaliacutesticas -ou grandes por-tais- tecircm estrutura e dinheiro para mandar repoacuterteres fazerem coberturas dispendiosas e que demandem tempo Natildeo eacute uma aacuterea em que ldquoblogueiros inde-pendentesrdquo possam competir Ainda assim eacute uma descentralizaccedilatildeo da informaccedilatildeo que vejo com muito bons olhos No Brasil os meios de comunicaccedilatildeo satildeo concentrados ou estatildeo na matildeo de governos Eacute bom -saudaacutevel- poder fugir disso

O jornalismo na visatildeo do mercado

O redator de Primeira Paacutegina da Folha de S Paulo Rogeacuterio Ortega 38 eacute jornalista for-mado pela Escola de Comunicaccedilotildees e Artes da USP Com quase 18 anos de carreira ele daacute a sua visatildeo da comissatildeo formada pelo MEC mostra-se favoraacutevel agrave queda da exigecircncia do diploma e vecirc com bons olhos os desafi os trazidos pela internet

Rodrigo Z

avagli - 6ordm periacuteodo

Arquivo Pessoal

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O PoontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

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10A NOSDA REDACcedilAtildeO

Em uma deacutecada foram 73 ediccedilotildees Apro-ximadamente 400 mil exemplares distribu-iacutedos Seis mudanccedilas de logomarca Quatro modificaccedilotildees graacuteficas Cinco coordenado-res e trecircs premiaccedilotildees recebidas duas em acircmbito nacional e uma internacional A primeira distinccedilatildeo conferida ao O Ponto foi em 2005 quando recebeu o tiacutetulo de melhor jornal laboratoacuterio do Brasil pela Pesquisa Experimental em Comunicaccedilatildeo (Expocom) considerado um dos mais importantes eventos cientiacuteficos nacionais Em 2006 outros dois precircmios na aacuterea de produccedilatildeo laboratorial vieram e O Ponto foi eleito o melhor jornal experimental de Minas Gerais e tambeacutem da Ameacuterica Latina levando o trofeacuteu Patildeo de Queijo de Notiacutecias (PQN) e uma medalha da Expo-comSUR pela notoriedade do trabalho jor-naliacutestico desenvolvido A medalha desta uacuteltima conquista cunhada em ouro e gra-vada com o nome e a localidade do evento (ExpocomSUR ndash Santa Cruz de La SierraBoliacutevia) ainda estaacute agrave mostra no quadro expositor de antigos e recentes exempla-res de O Ponto - escrito e planejado por trecircs geraccedilotildees de estudantes de jornalismo e tambeacutem por alunos de publicidade que jaacute desenvolveram interessantes peccedilas publicitaacuterias que marcaram a evoluccedilatildeo e a dinacircmica do jornal durante todos estes anos de atividades

Os trofeacuteus angariados tambeacutem deco-ram a mobiacutelia da redaccedilatildeo do jornal ndash onde coordenador monitores e voluntariados se debruccedilam diariamente sob o trabalho de apuraccedilatildeo produccedilatildeo supervisatildeo e revi-satildeo das pautas e mateacuterias criadas em um esforccedilo que visa dar continuidade qualita-tiva a este produto acadecircmico de renome criado e dirigido outrora pelos ex-alunos Hoje muitos deles profi ssionais bem sucedidos que fazem questatildeo de salientar quando questionados a infl uecircncia que a participaccedilatildeo em O Ponto como monitores e voluntaacuterios exerceu na vida profi ssional posteriormente

Em entrevista para esta reportagem comemorativa dos lsquodez anosrsquo todos os entrevistados (ex-alunos e monitores)

sem exceccedilatildeo foram nostaacutelgicos quanto agrave eacutepoca de estaacutegio e voluntariado no qual muitos fizeram sacrifiacutecios e estripulias para trazerem agrave tona um furo jornaliacutestico redigirem uma mateacuteria relevante e dia-gramarem da melhor forma o conteuacutedo que produziram ldquoAprendi a ser jornalista em O Ponto Aprendi a respeitar os cole-gas de trabalho e aprendi a cobrar e ser cobrado O Ponto me mostrou que com superaccedilatildeo conhecimento teacutecnico e liber-dade podemos fazer um bom jornalismordquo pontua Frederico Wanderley ex-aluno da Fumec e integrante da primeira turma de jornalismo da Universidade

Ernesto Braga ex-monitor do jornal tambeacutem ressaltou em entrevista a impor-tacircncia da experiecircncia vivenciada no jornal laboratoacuterio para o ofiacute-cio da profi ssatildeo ldquoO Ponto foi fundamen-tal para mim Embora a realidade de uma redaccedilatildeo de jornal diaacuterio seja completamente diferente ndash mais corrida e tensa ndash do ponto de vista do dead line As noccedilotildees de produccedilatildeo reportagem fotografi a e ediccedilatildeo apreendidas em O Ponto me permitiram compreender um pouco mais sobre o processo de fazer jornal () Meu portifoacutelio foi exatamente as mateacuterias que fi z para O Pontordquo admite

Portanto independente dos marcos citados e de outras cifras e estatiacutesticas do jornal a relevacircncia de O Ponto no espaccedilo acadecircmico nestes dez anos de existecircncia se daacute por outras razotildees o jornal eacute primordial-mente um instrumento praacutetico um meio de experimentaccedilatildeo teoacuterico-praacutetica dos alunos que visa munir o estudante de experiecircncias relevantes que possam ser um diferencial na hora de se introduzir na realidade da profi s-satildeo ndash que requer muita perspicaacutecia ousa-dia e estilo para se destacar Aleacutem disso O Ponto eacute um veiacuteculo que surgiu de uma pro-posta pedagoacutegica e jornaliacutestica consistente e aguerrida que propiciou notaacuteveis reper-cussotildees para o curso e claro ensinamentos

frutiacuteferos para os estudantes que souberam e sabem usufruir ainda das possibilidades que o jornal se predispotildee a dar atraveacutes da praacutetica e do trabalho

De acordo com o Projeto Poliacutetico Peda-goacutegico do curso de Comunicaccedilatildeo Social O Ponto lanccedilado em junho de 1999 tinha e ainda tem como premissa se prestar a ser atraveacutes do trabalho dos alunos e sob coor-denaccedilatildeo criteriosa dos professores um veiacuteculo de ldquojornalismo de conversaccedilatildeordquo em contraposiccedilatildeo ao jornalismo puramente informativo factiacutevel feito pela imprensa

convencional A proposta era lanccedilar um impresso ndash e sua periodicidade (men-sal) permite que isto seja possiacutevel - que debatesse com mais profundidade os paradigmas sociais explo-rando e adentrando mais nas complexidades de cada acontecimento na comuni-dade regional e internacio-nal incitando discussotildees relevantes para o puacuteblico leitor

A proposta era natildeo soacute falar por exemplo sobre o

paacutereo entre dois candidatos de uma elei-ccedilatildeo municipal em Belo Horizonte ou onde quer que fosse Mas sim criticar se neces-saacuterio a forma como os embates poliacuteticos ou a falta deles se datildeo em plena eacutepoca eleitoral como mostrou a reportagem ldquoDisputa eleitoral sem disputardquo ndash publi-cada em O Ponto em setembro de 2006

O objetivo do projeto pedagoacutegico eacute evi-denciar problemas relegados ao esqueci-mento como por exemplo a inadimplecircncia do Governo de Minas Gerais para com os problemas ambientais (hiacutedricos) do Estado como fez os ex-alunos Pedro Blank e Ernesto Braga na reportagem do ano de 2000 ldquoDes-caso Mata o Rio das Velhasrdquo ldquoUma mateacuteria que repercutiu muito () virando inclusive editorial do jornal Estado de Minasrdquo con-forme relembra o proacuteprio autor da mateacuteria Ernesto Braga O jornalista ainda ressaltou ldquoo engraccedilado desta mateacuteria eacute que sem saber que O Ponto tinha uma tiragem de quatro mil exemplares e pensando que ele circu-lava apenas na faculdade uma das fontes

O Ponto estaacute completando uma deacutecada de jornalismo laboratorial Para comee alunos que participaram da criaccedilatildeo do jornal para resgatar um pouco da su

ldquoO Ponto foi fundamental para

mim ()embora uma redaccedilatildeo de jornal

diaacuterio seja diferenteMeu portifoacutelio foi

exatamente as mateacuterias que fi z para O

PontordquoErnesto Braga ex-monitor

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(da mateacuteria) desceu o cacete no Estado E com a repercussatildeo ele (a fonte) ligou para o coordenador alegando que natildeo tinha falado aquilo que tinha sido publicado pedindo retrataccedilatildeo Ele esteve entatildeo na faculdade e ouviu toda a gravaccedilatildeo da entrevista no estuacute-dio da raacutedio e natildeo teve mais o que contes-tarrdquo recorda Braga

Portanto a intenccedilatildeo de O Ponto foi e ainda eacute publicar e propor assuntos que pos-sam render refl exotildees audaciosas que per-mitam ao leitor extrapolar o senso comum e os pensamentos instrumentais alcanccedilando o campo das ideacuteias criacuteticas e producentes do ponto de vista social que tenham propoacutesitos de mobilizaccedilatildeo e desalienaccedilatildeo das pessoas em geral Seja em forma de denuacutencia em uma grande reportagem em forma de traccedilo como na charge que prima pelo tom criacutetico e irocircnico ou nas mateacuterias e notas que repor-tam acontecimentos e eventualidades desco-nhecidas mas impor-tantes para a dinacircmica da sociedade seja no campo econocircmico poliacutetico ou cultural

Satildeo dez anos de accedilatildeo estudantil em todas as etapas produtivas do jornal desde a criaccedilatildeo de pautas ateacute a distri-buiccedilatildeo do jornal

Dez anos de tentativas Acertos erros aprendizagem e repercussotildees Polecircmicas e alguns deslizes

Haacute uma deacutecada O Ponto vem prestan-do-se a ser para os alunos um instrumento de aprendizagem e lapidaccedilatildeo profi ssional E apesar dos altos e baixos que toda ati-

vidade laboratorial implica o desafi o tem sido cumprido

Difi culdades teacutecnicas problemas entre alunos ndash editores e repoacuterteres - no cum-primento do prazo na entrega de mateacuterias alguns detalhes estruturais com relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo do jornal entraves de uacuteltima hora fotografi as infograacutefi cos e diagrama-ccedilotildees pendentes incompletas ou inapro-priadas fazem parte da rotina da produccedilatildeo de O Ponto Como em qualquer outra reda-ccedilatildeo de laboratoacuterio E satildeo exatamente esses desafi os que permitem agravequeles alunos que se doam agrave praacutetica colaborativa como repoacuter-teres voluntaacuterios e monitores do jornal descobrir suas aptidotildees capacidades e tam-beacutem a aprimorarem teacutecnicas e adquirirem conhecimento ainda desconhecidos

O iniacutecio o fi m e o meioNeste intertiacutetulo consta

uma informaccedilatildeo de cunho histoacuterico sobre O Ponto Esta frase ndash O iniacutecio o fi m e o meio que parece estar com a loacutegica inver-tida foi o primeiro e uacutenico slogan que o jornal teve Joatildeo Henrique Faria que trabalhou como consul-tor na criaccedilatildeo do curso de Comunicaccedilatildeo Social na

Fumec entre 1996 e 1997 e tambeacutem como coordenador em 1998 ndash logo quando o curso foi fundado - relata que o slogan surgiu de um concurso interno lanccedilado para alunos e que visava dar uma identidade ideoloacutegica e esteacutetica para o jornal que juntamente agrave raacutedio foram os primeiros laboratoacuterios do curso de Comunicaccedilatildeo a entrarem em fun-

cionamento Foi neste periacuteodo de inaugura-ccedilatildeo do curso que surgiu a marca O Ponto e o distintivo publicitaacuterio ldquoo iniacutecio o fi m e o meiordquo para o impresso

O slogan faz referecircncia agrave letra de muacutesica ldquoGitardquo do compositor Raul Seixas para enfatizar a proposta editorial do veiacute-culo - a ordem de disposiccedilatildeo das repor-tagens naquela eacutepoca no interior jornal O acutemeio` portanto eram as paacuteginas res-guardadas para as editorias referentes a assuntos institucionais ndash da universidade e tambeacutem para os assuntos que versavam sobre os proacuteprios meios de comunicaccedilatildeo ndash cobertura atuaccedilatildeo das miacutedias eventos e paradigmas ndash tudo no miolo do impresso O acutefim` era o espaccedilo reservado no jornal para as mateacuterias de poliacuteticas puacuteblicas sendo a sociedade a principal interessada e a proacutepria finalidade das reportagens e O Ponto o proacuteprio lsquofimrsquo O acuteiniacutecio` final-mente eram mateacuterias sobre variedades que falavam sobre questotildees gerais - curio-sidades entretenimento opiniotildees Este estilo de iacutendice e de divisatildeo do jornal durou dois anos desde o lanccedilamento ateacute que reformulaccedilotildees graacuteficas resultaram na retirada do slogan de layout de O PontoMudanccedilas compreensiacuteveis tratando-se de um jornal laboratoacuterio que prima pela experimentaccedilatildeo e inovaccedilatildeo

Um nome de impactoA democracia que foi sempre uma

maacutexima no funcionamento do laboratoacuterio de jornalismo impresso ndash todos os alunos sem exceccedilatildeo do 1ordm ao 8ordm periacuteodo devem e podem escrever ndash esteve presente tambeacutem no concurso que deu nome ao jornal O nome O Ponto foi criado pelo ex-aluno de

Editor e diagramador da paacutegina

10A NOSomemorar esse feito nossa equipe de reportagem ouviu os primeiros monitores a sua histoacuteria precircmios conquistados mateacuterias de repercussatildeo e mudanccedilas graacutefi cas

Da esquerda para a direita os ex-monitores Ernesto Braga Pedro Blank e Frederico Wanderley do Ponto para as redaccedilotildees

ldquoCriei (o nome) O Ponto pensando no sentido ortograacutefi co e ao mesmo tempo no signifi cado da palavra como ponto de vistardquo

Faacutebio Santos ex-aluno

12-16 - 10 anos O Pontoindd 212-16 - 10 anos O Pontoindd 2 82809 123341 PM82809 123341 PM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

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Esta mateacuteria assinada pelos ex-alunos Ernesto Braga e Pedro Henrique Blank denunciou a poluiccedilatildeo no Rio das Velhas A partir da constataccedilatildeo de que 90 da carga poluidora lanccedilada no rio era proveniente da coleta dos esgotos domeacutesticos ldquoNa eacutepoca o entatildeo superintendente do jornal Estado de Minas Eacutedison Zenoacutebio publicou uma nota em sua coluna no jornal parabenizando pela mateacute-riardquo recorda o professor Rogeacuterio Bastos

Em ldquoAnunciou virou mancheterdquo o aluno Pedro Penido criticou a cobertura da imprensa entorno do deacutefi ct zero e a publicidade do governo do Estado sobre esse fato estampada nos trecircs jornais da capital Jaacute ldquoA imprensa errourdquo eacute uma criacutetica ao comportamento da imprensa na cobertura de um assassinato no Edifiacutecio JK O trabalho dos repoacuterteres Sinaacuteria Ferreira e Guilhermo Tacircngari pautou uma discussatildeo no Brasil das Gerais da Rede Minas Sinaacuteria Ferreira monitora na eacutepoca foi uma das participantes do programa

O Ponto eacute lanccedilado O impresso vem entatildeo ao mundo em for-mato Standard 315 mm x 560 mm papel jornal

jornalismo Faacutebio Santos que participou do processo seletivo do nome do jornal-laboratoacuterio do curso de Jornalismo da Fumec ldquoCriei acuteO Ponto` pensando no sentido ortograacutefico e ao mesmo tempo no signifi-cado da palavra como ponto de vistardquo

ldquoO Ponto eacute um nome de impacto Representa o acircngulo o lsquoxrsquo da questatildeordquo explica Joatildeo Henrique Faria que na ocasiatildeo participou do processo de escolha do nome O acutex` a que Faria se refere diz respeito a forma mais precisa de tratar um acontecimento Na seara jornaliacutestica consiste em diagnosticar o que de mais importante existe no fato esmiuccedilar seus anteceden-tes e desdobramentos O objetivo eacute enfi m noticiar de forma complexa contextualizada sem contudo recair no erro de julgar fazer juiacutezo de valor sobre um determi-nado acontecimento

Porque mudar eacute precisoEm maio de 2009 foi lanccedilado o novo projeto graacutefi co

do jornal com draacutesticas mudanccedilas de formato estilo e tambeacutem de logomarca cujo grafi smo conteacutem agora um ponto dentro da letra ldquoordquo reforccedilando a marca do impresso em seu nome O novo logotipo do jornal O Ponto eacute meacuterito do aluno do 2ordm periacuteodo do curso de Design Graacutefi co da Fumec Giovanni Batista Cocircrrea vencedor do concurso de reformulaccedilatildeo do logotipo

do jornal ldquoUsei uma fonte parecida com a anterior e desenhei a primeira letra lsquoorsquo da palavra como um lsquopontorsquo aproveitando sua forma natural pois acredito que uma marca deve ser simples e ao mesmo tempo marcanterdquo explica

A nova reformulaccedilatildeo graacutefi ca coordenada pela pro-fessora Duacutenya Azevedo e que contou com dois volun-taacuterios ndash os alunos Roberta Andrade e Pedro Leone - foi desenvolvido no segundo semestre de 2008 com base em pesquisas bibliograacutefi cas

De forma geral a opccedilatildeo por migrar do formato Stan-dart (o antigo jornalatildeo ndash de 53 cm de altura por 297 de largura) para o Berliner (289 cm por 43 cm) veio da demanda de adequaccedilatildeo as transformaccedilotildees que o meio impresso vem passando no mundo e no Brasil dimi-nuiccedilatildeo do puacuteblico leitor em detrimento dos veiacuteculos digitais o que culminou na reduccedilatildeo dos lucros dos jornais e do pessoal ndash jornalistas nas redaccedilotildees O que acentuou a disputa entre os jornais pelo leitor gerando a necessidade de reinvenccedilatildeo dos layouts para capta-ccedilatildeo deste puacuteblico que estaacute migrando para os canais de notiacutecia instantacircnea na internet

Conforme explica a professora Duacutenya Azevedo o formato Berliner eacute economicamente mais vantajoso - sua impressatildeo eacute mais barata e desperdiccedila menos papel eacute um formato mais praacutetico de ser manuseado

e passiacutevel de se aproximar de um layout de revista tipo de impresso mais bem acabado esteticamente e benquisto Razotildees estas ndash economia esteacutetica e tipo de manuseio - que infl uenciaram na decisatildeo de reformu-lar O Ponto

ldquoO objetivo do novo formato eacute aproximar O Ponto do estilo magazine (revista) ateacute mesmo pela sua periodi-cidade mensalrdquo explica Roberta Andrade ldquoQueriacuteamos diminuir o formato preservando poreacutem a valorizaccedilatildeo do textordquo reforccedila Pedro Leone Assim optou-se por uma tipografi a mais espaccedilada e menor para compor um layout mais arejado modernordquo

Eacute nesta linha de atuaccedilatildeo mantendo as antigas pre-missas do curso de liberdade de atuaccedilatildeo democracia e de ensaios profi ssionais que O Ponto segue traccedilando sua trajetoacuteria no espaccedilo acadecircmico concomitante-mente a histoacuteria dos estudantes no curso Sempre tendo em mente que a credibilidade de um jornal pre-cisa ser renovada constantemente seja ele velho ou novo Tenha ele 10 ou 100 anos de existecircncia Seja ele profi ssional ou laboratorial pois o que deve ser exal-tado e cumprido eacute a seriedade do trabalho sem isen-ccedilatildeo de culpa e responsabilidade em caso de erros Pois o desafi o em qualquer um dos veiacuteculos ndash seja um jornal renomado ou universitaacuterio eacute reportar com eacutetica e pro-fi ssionalismo as informaccedilotildees prestadas ao leitor

Alguns marcos em 10 ANOS

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12-16 - 10 anos O Pontoindd 312-16 - 10 anos O Pontoindd 3 82809 34455 PM82809 34455 PM

O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina

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2006

No fi nal de 2005 o jornal obteve outro rele-vante resultado um estudo sobre sua proposta editorial Os ex-alunos de jornalismo formados em 2005 Rafael Werkema e Renata Quintatildeo produziram o livro Jornal laboratoacuterio - uma pro-posta editorial criacutetica como parte do projeto de conclusatildeo de curso e dedicaram esta obra ldquoa todos os que veem O Ponto como espaccedilo para a formaccedilatildeo de agentes transformadores da socie-daderdquo Werkema declarou tambeacutem que este estudo abre refl exatildeo sobre a importacircncia do jornalismo impresso experimental que difere do modelo sisudo e congelado da grande imprensa

20092009Em janeiro de 2006 o jornal recebeu o precircmio Patildeo de Queijo de notiacutecias (PQN) Na eacutepoca a ex-coordenadora de O Ponto Ana Paola Valente fez a seguinte declaraccedilatildeo sobre o feito ldquoEsta eacute uma conquista coletiva construiacuteda principalmente pelos alunos que fazem o jornal e acreditam neste projetordquoEm maio o jornal foi eleito o melhor jornal laboratoacuterio da Ameacuterica Latina na III Mos-tra Internacional da Pesquisa Experimen-tal da Comunicaccedilatildeo EXPOCOM-SUR

2005

Para aleacutem das atividades ligadas ao produto impresso O Ponto tambeacutem se faz presente em vaacuterias iniciativas e eventos na Faculdade de Ciecircncias Humanas Uma dessas accedilotildees foi o debate poliacutetico entre os candidatos agrave Prefeitura de Belo Horizonte em 2008 Organizado pelos monitores de O Ponto e da Redaccedilatildeo Modelo e orien-tados pelos professores coordenadores o evento reuniu seis dos nove candidatos ao pleito no auditoacuterio Phoenix da Fumec no mecircs de setembro

Dois assuntos mar-caram a tocircnica do debate dos candida-tos as preocupaccedilotildees com educaccedilatildeo e com o transporte puacuteblico na capital mineira As inquietaccedilotildees estiveram presentes nas questotildees apresentadas pelos estudantes O auditoacuterio recebeu mais de 200 universitaacuterios

Compareceram ao evento os candi-datos Gustavo Valadares (DEM) Jorge Periquito (PRTB) Leonardo Quintatildeo (PMDB) Pedro Paulo (PCO) Seacutergio Miranda (PDT-PCB) e Vanessa Portu-gal (PSTU) Somente trecircs candidatos ndash Andreacute Alves (PT do B) Jocirc Moraes (PC do B) e Maacutercio Lacerda (PSB) ndash natildeo partici-

param e alegaram confl ito de agenda Os presentes elogiaram a organizaccedilatildeo

do evento e destacaram a importacircncia de se promover esclarecimentos poliacuteticos aos jovens jaacute que o tempo de duraccedilatildeo dos programas eleitorais na miacutedia natildeo era sufi ciente para informar os eleitores sobre os problemas da cidade bem como das propostas dos candidatos ao pleito

O envolvimento da equipe de O Ponto natildeo para por aiacute Em colaboraccedilatildeo com o Nuacutecelo de Estu-dos Escola da Ter-ceira Idade (Neeti) o laboratoacuterio assumiu tambeacutem no uacuteltimo semestre a diagrama-ccedilatildeo e fechamento do jornal Degrau publi-caccedilatildeo semestral dos alunos do curso que produzem crocircnicas poesias e outros tex-tos de cunho pessoal

Em momentos de polecircmica a ordem eacute arregaccedilar as mangas Apoacutes decisatildeo do Supremo Tribunal Federal no fi nal do primeiro semestre deste ano de por fi m agrave obrigatoriedade do diploma para o exer-ciacutecio profi ssional do jornalismo os moni-tores de O Ponto foram mobilizados para sair em campo e ouvir os profi ssionais do mercado sobre o impacto da decisatildeo na

vida dos atuais e futuros profi ssinais Como resultado da iniciativa foi pro-

duzido um viacutedeo com depoimentos de representantes da imprensa belo-hori-zontina tranquilizando os estudantes e avaliando como baixo o impacto da medida do STF na hora da contrataccedilatildeo prevalecendo a importacircncia de se ter um curso de formaccedilatildeo jornaliacutestica

Ensino de qualidadeO laboratoacuterio de jornalismo impresso

da Fumec prima tambeacutem pela qualidade do ensino As atividades de produccedilatildeo de cada ediccedilatildeo do jornal laboratoacuterio assim como a delimitaccedilatildeo dos papeacuteis dos par-ticipantes e colaboradores em cada uma delas satildeo todas executadas e coordena-das por estudantes Os alunos desde o primeiro semestre do curso satildeo estimu-lados a participar de O Ponto

As reuniotildees de pauta satildeo divulgadas para todo o corpo dicente de Jornalismo e coordenadas pela monitoria As suges-totildees de assuntos e enfoques para as mateacute-rias satildeo responsabilidade dos alunos que estatildeo cursando a disciplina Ediccedilatildeo II Eles assumem a ediccedilatildeo do jornal a cada semestre orientados pelo professor da disciplina e auxiliados pelos monitores

Quanto agrave apuraccedilatildeo das mateacuterias a reportagem pode ser executada por todos os periacuteodos A fotografi a tambeacutem eacute uma atividade preferencialmente dos alunos do curso Iniciativas de convergecircncia

tambeacutem satildeo praticadas pelos estudantes da Fumec como por exemplo em repor-tagem publicada na ediccedilatildeo nuacutemero 69 Intitulada ldquoEstudante vira gari por um diardquo a reportagem foi produzida para o impresso para a internet (Ponto Eletrocirc-nico) e em viacutedeo simultacircneamente Para isso uma equipe foi para as ruas executar a reportagem e no caso do repoacuterter tam-beacutem da coleta de lixo

A ediccedilatildeo do texto e a diagramaccedilatildeo satildeo executadas pelos alunos que estatildeo cur-sando Ediccedilatildeo II A revisatildeo fi nal do texto e do layout da paacutegina satildeo tarefas dos monitores e posteriormente o material eacute enviado para a graacutefi ca

O Jornal Laboratoacuterio O Ponto eacute na avaliaccedilatildeo do Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social da Universidade Fumec Seacutergio Arreguy o principal ins-trumento de experimentaccedilatildeo para o jor-nalismo impresso ldquoElaborado desde o projeto graacutefi co pautas apuraccedilatildeo e produ-ccedilatildeo de mateacuterias pelos alunos sob a super-visatildeo e coordenaccedilatildeo dos professores eacute o resultado de muito trabalho dedicaccedilatildeo e comprometimento de todos os envol-vidos materializado em um Jornal de excelente qualidade Refl exo de um curso seacuterio aprovado e reconhecido sobretudo pelo mercado de Belo Horizonterdquo

Aureacutelio JoseacuteCoordenador do Jornal-laboratoacuterio e

professor do curso de Jornalismo

Atividades vatildeo aleacutem da produccedilatildeo impressa

ldquoResultado de muito trabalho e

comprometimento o jornal eacute refl exo

de um curso seacuterio e reconhecido pelo

mercado de BHrdquoSeacutergio Arreguy coordenador do curso de Comunicaccedilatildeo Social

12-16 - 10 anos O Pontoindd 412-16 - 10 anos O Pontoindd 4 82809 34457 PM82809 34457 PM

O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

16 bull Especial

Com a palavra alguns ex-monitores

ldquoO meu

primeiro contato praacutetico

com o jornalismo ocorreu no Jor-

nal O Ponto Durante oito meses

como

monitor e nos quatro anos de curso

vivi cada

dia na redaccedilatildeo e pude ajudar a c

onstruir com

reportagens diagramaccedilotildees ou material fotograacutefi co

esse jornal que respeito muito por

ter me mostrado de

forma sincera alguns valores da mi

nha profi ssatildeo

As discussotildees interessadas que tive

mos naquela redaccedilatildeo

fi cam para toda a carreira juntame

nte com as boas pessoas

com as quais pude conviver nesse

periacuteodo Com o Ponto

percebi que o jornalismo antes de

escrever deve ldquoolharrdquo

para o mundo e buscar seu recorte

Por mais difiacutecil que

fosse terminar uma paacutegina sempre

compensava olhar para

ela impressa na pilha de jornais

no fi m do mecircs Esse

desafi o nos motivou e deve motivar

a cada diardquo

Enzo Menezes ex-monitor

ldquoDurante um ano e meio fui moni-

tora do jornal O Ponto podendo

adquirir muito conhecimento Mesmo

sendo um jornal mensal e por isso com-

posto de reportagens natildeo de notiacutecias pude

aprender sobre a rotina de uma redaccedilatildeo Aprendi

como nasce um jornal desde a reuniatildeo de pau-

tas o acompanhamento dos repoacuterteres e editores

revisatildeo das paacuteginas montagem da boneca o fecha-

mento ateacute o jornal impresso Comecei no jornal no

sexto periacuteodo entatildeo tive que apreender a editar

e diagramar uma paacutegina Ao mesmo tempo tambeacutem era

responsaacutevel pela ediccedilatildeo fi nal do jornal tendo que

colaborar com os demais alunos Foi muito grati-

fi cante fazer parte da equipe do jornal labora-

toacuterio foi um grande aprendizadordquo

Poliane Bosco ex-monitora

ldquoFui um dos primeiros monito-res do jornal e da 1ordf turma de jornalismo da Fumec Como na eacutepoca os repoacuterteres eram voluntaacuteriospassaacutevamos nas

salas chamando o pessoal Nas primeiras ediccedilotildees ateacute falavam que existia uma lsquopanelinharsquo porque as

mateacuterias eram sempre dos mesmos - eu o Ernesto Braga o Pedro Blank por exemplo porque era quem se interessava em escrever A mateacuteria que me marcou mais foi a primeira a primeira a gente nunca esquece (risos) Acho que o tiacutetulo era lsquoDe volta aos porotildees da loucurarsquo que saiu como manchete na primeira ediccedilatildeo e era sobre um manicocircmio em Barbacena O pessoal de psicologia ia fazer um estudo laacute e nos ofere-cemos para cobrir Vimos que a situaccedilatildeo do lugar era a mesma haacute 20 anos segundo um livro dos anos 80 sobre a instituiccedilatildeordquo

Murilo Rocha ex-monitor

ldquoA moni-toria foi uma experiecircncia

muito bacana pois foi a primeira vez que tive contato com a produccedilatildeo de

um jornal Tiacutenhamos a funccedilatildeo de editar mas tambeacutem faziacuteamos mateacuterias diagramaacutevamos tiraacute-

vamos fotos orientaacutevamos os repoacuterteres enfi m era uma trabalheira soacute Lembro-me de uma mateacuteria que fi z sobre salaacuterio miacutenimo (maio2001 14ordf ediccedilatildeo) e ganhou a manchete de O Ponto para minha surpresa Eu e o Daniel Bianchini na eacutepoca fotoacutegrafo e teacutec-nico do laboratoacuterio de fotografi a da Fumec subimos a favela para saber quantas eram e como viviam as

pessoas que recebiam um salaacuterio miacutenimordquo

Angeacutelica Diniz ex-monitora

Foto

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Foto arquivo O Ponto

12-16 - 10 anos O Pontoindd 512-16 - 10 anos O Pontoindd 5 82809 123353 PM82809 123353 PM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Esporte bull 17Editor e diagramador da paacutegina Rodrigo Zavaghli e Joatildeo Procoacutepio 6ordm periacuteodo

Domingo um dia em que a populaccedilatildeo de um paiacutes inteiro parou diante das tevecircs para assistir ao embate de duas equipes esportivas disputando o tiacutetulo nacional O vencedor vem estabelecendo uma supremacia invejaacutevel Eacute o maior ganha-dor da deacutecada e jaacute desponta como favo-rito para a proacutexima temporada Enfrenta apenas um desafi o manter o elenco para continuar competitivo em um ramo que movimenta milhotildees em dinheiro anualmente

Poderia estar falando do Brasil e o time citado poderia perfeitamente ser o Satildeo Paulo Mas a cena descrita se passa nos Estados Unidos o campeatildeo se chama Los Angeles Lakers e o esporte natildeo eacute o futebol mas sim o basquete Com uma atuaccedilatildeo impecaacutevel do cestinha Kobe Bryant os Lakers derrotaram o Orlando Magic em uma seacuterie melhor de sete jogos levantando o caneco pela quarta vez desde o ano 2000 Eacute o deacutecimo tiacutetulo do teacutecnico Phil Jackson em 15 da equipe de LA Somados a esses nuacutemeros 15 milhotildees de televisores americanos esta-vam ligados no jogo durante a exibiccedilatildeo e a movimentaccedilatildeo fi nanceira do esporte tambeacutem natildeo fi ca atraacutes das grandes trans-ferecircncias de jogadores brasileiros para o futebol europeu A estrela do basquete Shaquille OacuteNeil deve trocar de time por nada menos que 20 milhotildees de doacutelares -uma pechincha- Mostra-se assim que o basquete pode seguir uma foacutermula de sucesso da mesma forma que fazemos com o nosso esporte nacional

A liga americana eacute uma das mais assis-tidas no paiacutes e no mundo sendo transmi-tida para 42 paiacuteses e possui uma foacutermula diferente e atraente com fase de grupos os famosos mata-matas e divisotildees por conferecircncias tornando toda a temporada uma grande festa com direito inclusive agraves tradicionais e nada desejaacuteveis brigas de torcida

A NBBA Associaccedilatildeo Nacional de Basquete

dos Estados Unidos a NBA eacute o exemplo que o Brasil estaacute tentando seguir para reerguer o esporte no paiacutes A preocupa-ccedilatildeo eacute grande uma vez que por exemplo a equipe masculina nacional que jaacute con-tou com estrelas como Oscar Schmidt aleacutem de jogadores que hoje fazem fama no exterior como Leandrinho Nenecirc e Anderson Varejatildeo nem se quer conquis-tou vaga para disputar as duas uacuteltimas olimpiacuteadas Isso para um esporte em que o Brasil jaacute foi campeatildeo mundial no cada vez mais longiacutenquo ano de 1959 eacute sinal de crise

Mas o racha no basquete brasileiro natildeo envolve apenas o desempenho do time em quadra Nos uacuteltimos anos o que se viu foi um show de falta de organizaccedilatildeo por parte da Confederaccedilatildeo Brasileira de Basquete (CBB) que em 2006 natildeo con-seguiu promover o campeonato nacio-nal ateacute o fi m Faltou a fi nal e a histoacuteria

enveredou para a poliacutetica Os clubes paulistas insatisfeitos com a conjun-tura romperam com a confederaccedilatildeo e disputaram um torneio paralelo criado por eles em 2008 No preacute-oliacutempico do mesmo ano a seleccedilatildeo brasileira dispu-tou por vaacuterios motivos muitos deles obscuros com desfalque de todos os jogadores que disputavam a Liga Ame-ricana Perdeu

Insustentaacutevel por si soacute a nova aposta da CBB eacute o Novo Basquete Brasil A sigla NBB natildeo foi por acaso A semelhanccedila com a NBA eacute justamente o foco do novo torneio organizado pelos clubes com a chancela da Confederaccedilatildeo Eacute uma ten-tativa de reconciliaccedilatildeo dos times com a entidade dos jogadores com a seleccedilatildeo e por consequumlecircncia das torcidas com a quadra O formato traz turno returno e fase fi nal com mata-mata para defi nir semifi nalistas e fi nalistas A fi nal eacute deci-dida em no maacuteximo cinco partidas E que comece a campanha para as Olim-piacuteadas do Rio

OlimpiacuteadasQue o governo brasileiro estaacute em cam-

panha para sediar os Jogos Oliacutempicos de 2016 jaacute estaacute claro para todo mundo O que acontece nas entrelinhas poreacutem eacute um esforccedilo coletivo por parte da miacutedia do governo e de todo o setor esportivo em geral em alavancar o esporte no paiacutes Desmistifi car a conversa de que aqui soacute o futebol presta Eacute bom para os clubes bom para os cofres puacuteblicos e bom para as empresas privadas fora a melhoria na imagem do paiacutes laacute fora Para se ter uma ideia o Pan do Rio gastou cerca de sete milhotildees de reais em uma soacute cidade Jaacute a reforma do Maracanatilde palco da fi nal da copa de 2014 tem orccedilamento pre-visto em ateacute 1 bilhatildeo Eacute muito dinheiro envolvido e logicamente muita gente interessada

O NBB se torna claramente mais uma peccedila nesse complexo tabuleiro aonde o objetivo eacute vender o Brasil como paiacutes do esporte Ronaldo Adriano Fred fora outras movimentaccedilotildees de grandes estrelas do esporte nacional que retor-nam ao paiacutes mostram que aos poucos estamos tentando construir uma cultura esportiva o que nos encaixa como uma luva na candidatura para as olimpiacuteadas

A verdade eacute que temos um longo caminho a percorrer O Rio de Janeiro jaacute ateacute possui um esqueleto de estrutura eacute verdade feita nos Jogos Pan Ameri-canos de 2006 e pretende ampliar o investimento com a Copa do Mundo de futebol mas a incompatibilidade ainda eacute latente Falta resolver o problema da seguranccedila puacuteblica A reforma do estaacute-dio do Maracanatilde jaacute tem orccedilamento mas natildeo tem quem pague E o que sinaliza o desespero para ser capaz de receber um evento desse porte eacute a corrida das cidades sede da Copa de 2014 Das 12 cidades sede todas com planejamentos astronomicamente caros para a compe-ticcedilatildeo apenas uma ndashBrasiacutelia- declarou de onde viraacute o dinheiro

Formaccedilatildeo de baseO lado positivo de toda a politicagem

que envolve a corrida pelas olimpiacuteadas eacute a formaccedilatildeo de novos atletas e de esco-linhas de base nos vaacuterios clubes do paiacutes Afi nal se por um lado esporte eacute fi nan-ceiramente um bom negoacutecio ele natildeo deixa de ser saudaacutevel e interessante para a sociedade A efi ciecircncia de escolinhas de esporte nas periferias em termos de estatiacutesticas de criminalidade aleacutem do trabalho seacuterio de dignidade e auto-estima que eacute feito na grande maioria dos casos por professores voluntaacuterios eacute inegaacutevel

O Mackenzie Esporte Clube tradi-cional formador de atletas de Belo Hori-zonte por exemplo usa suas escolinhas de esporte para segundo sua assessoria de imprensa auxiliar na educaccedilatildeo e inte-graccedilatildeo social de crianccedilas e jovens Aleacutem dos clubes escolas particulares ou seja com verbas como o Coleacutegio Santo Agos-tinho realizam projetos sociais para pro-mover a integraccedilatildeo e dignidade atraveacutes do esporte Exemplo disso era o time de vocirclei Sada Betim hoje Sada Cruzeiro que enquanto ainda associado agrave prefeitura da cidade e usando suas dependecircncias abria portas para jovens da periferia para integrar suas escolas baacutesicas do esporte

Estrutura para tais iniciativas eacute o que natildeo falta O Minas Tecircnis clube de maior destaque no cenaacuterio esportivo mineiro eacute o detentor de uma das mais invejaacuteveis estruturas esportivas do paiacutes Eacute o exem-

plo de que eacute possiacutevel dar suporte para for-mar equipes competitvas em vaacuterios espor-tes Finalista da Superliga de vocirclei clube de formaccedilatildeo do medalista pan americano Th iago Pereira da nataccedilatildeo medalista oliacutempico do judocirc com Ketleyn Quadros e semifi nalista da NBB com a equipe de basquete Conquistas que geram pergun-tas Eacute possiacutevel estender tamanho sucesso para a populaccedilatildeo em geral O Brasil seraacute capaz de utilizar o potencial que tem de mobilizar a sociedade por causas tatildeo inte-ressantes quanto o esporte para alavan-car os setores prejudicados de seu povo ou vai jogar todos os problemas e todas as desculpas por suas falhas sob o grande guarda-chuva da beleza do esporte Seraacute as Olimpiacuteadas uma oportunidade para o sucesso ou mais uma grande farra para os poliacuteticos e para a miacutedia

O Novo Basquete Brasil pode ser parte da resposta O objetivo principal do tor-neio eacute revigorar o esporte atrair o puacuteblico de volta e recolocar o basquete brasileiro em niacuteveis oliacutempicos para em seu obje-tivo secundaacuterio apoiar a campanha para o Rio 2016 Se der certo bom para o Bra-sil Ganha em notoriedade em trabalho bem feito e abre um leque de esperanccedilas para os projetos que viratildeo Se der errado reforccedila a capacidade do brasileiro de fazer auecirc sem saber aonde vai dar E costuma dar em pizza Em obras superfaturadas em estrutura precaacuteria e em novas festas como mensalotildees castelos e farras aeacutereas em geral

O Novo Esporte BrasilFinal do Novo Basquete Brasil levanta a discussatildeo das poliacuteticas esportivas no Brasil

PEDRO LEONE

6ordm PERIacuteODO

Foto Divulgaccedilatildeo

Minas e Flamengo em jogo realizado na arena da Rua da Bahia

17 - novo esporte brasilindd 117 - novo esporte brasilindd 1 82809 115027 AM82809 115027 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

18 bull Entretenimento Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O que vocecirc acha que o CQC traz de novo para a TV brasileira

Rafi nha Bastos O CQC eacute um formato novo Soacute o fato de existir um formato novo numa televisatildeo tatildeo repetida porque os formatos se repetem muito na televisatildeo a novela do SBT eacute igual a da Band que eacute igual a da Globo que eacute igual a da Record os telejornais tambeacutem satildeo parecidos os programas de auditoacuterio Entatildeo soacute o fato de ser um programa diferente um formato de televisatildeo diferente jaacute eacute uma novidade Eu acho que eacute isso que o CQC traz

OPComo vocecirc entende a junccedilatildeo de ldquojornalismo e humorrdquo

RB Eu acho que o jornalismo eacute muito convencional Ele tem um formato muito especiacutefi co no Brasil haacute muito tempo Entatildeo o fato de a gente estar fazendo uma coisa mais bem humorada vem quebrar um pouco com esses paradigmas que satildeo muito estabelecidos do jornalismo A gente estaacute fazendo de uma maneira diferente de fazer o jornalismo Eu acho interessante a receptividade que eu tenho tido com as mateacuterias laacute do ldquoProteste Jaacuterdquo Satildeo muito legais o povo gosta e se sente representado Entatildeo eu acho que tem sido muito bom

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

RB Natildeo existe isso Eu sou contra esse negoacutecio de ldquohumor inteligenterdquo porque natildeo eacute porque o Tiririca faz um humor para o povatildeo que ele natildeo eacute inteligente Ele eacute um gecircnio aliaacutes entendeu Natildeo acho que a questatildeo eacute ldquointeligenterdquo Eu acho que a questatildeo eacute a seguinte o humor do CQC precisa de mais referecircncia O pessoal precisa conhecer um pouco das coisas que a gente estaacute falando estar um pouco informado sobre poliacutetica Talvez a pessoa que assiste ao CQC esteja atraacutes de um humor com mais informaccedilatildeo um humor mais criacutetico e o humor natildeo eacute tatildeo popular mas natildeo signifi ca que natildeo eacute mais inteligente do que o humor popular

OPVocecirc natildeo teme que o CQC caia na ldquomesmicerdquo

RB Eacute muito cedo para dizer ainda Muito cedo O que acontece eacute que os pro-gramas humoriacutesticos caem na mesmice e isso eacute estrateacutegico O ldquoNerson da Capi-tingardquo faz a mesma piada toda semana

porque as pessoas precisam entender a piada O povatildeo a galera ldquomassardquo precisa saber a hora que ela tem que rir Por isso que parece que eacute muito repetitivo Porque natildeo eacute um humor feito pra gente natildeo eacute um humor feito para a galera faculdade para a galera que tem um espiacuterito criacutetico um pouco mais aguccedilado Eacute para o povatildeo Eacute muito bem feito A tendecircncia do CQC natildeo eacute ir por esse caminho mas pode ser que ele se repita Isso eacute uma busca eterna

OPA experiecircncia da stand-up comedy contribui para a abordagem de suas fontes

RB O fato de eu ser comediante me ajuda Eu faccedilo um programa de humor hoje que por mais que tenha uma pegada jornaliacutestica eacute um programa de humor O objetivo dele eacute ser engraccedilado eacute ser divertido Tanto a minha formaccedilatildeo de jornalista quanto o meu trabalho de comediante estatildeo juntos ali quando eu estou na frente do viacutedeo

OPEm sua opiniatildeo onde podemos perceber o jornalismo no CQC

RB O quadro ldquoProteste jaacuterdquo eacute o quadro mais jornaliacutestico do programa Ele aborda os problemas levanta e vai atraacutes de soluccedilotildees conversa com os governantes Eu acho que esse eacute o quadro mais jornaliacutestico mas natildeo signifi ca que as mateacuterias de ldquobaladardquo natildeo sejam jornaliacutesticas Mas eu soacute acho que o mais parecido com o formato tradicional de jornalismo eacute o ldquoProteste Jaacuterdquo

OPComo vocecirc percebe a inserccedilatildeo da publicidade no programa Vocecirc acha que o excesso de propaganda pode pre-judicar a atraccedilatildeo

RB Eu acho que eacute feito de uma maneira muito suave Eacute algo inovador O que o CQC faz natildeo existe em nenhum outro programa A gente natildeo interrompe natildeo mostra nenhum produto ou merchan durante o programa Satildeo propagandas fei-tas com o proacuteprio elenco Entatildeo eu acho

que eacute diferente e o programa tem que se bancar Ele precisa ter publicidade

OPMas vocecirc natildeo acha que haacute uma quebra do discurso Por exemplo o Marcelo Tas chama uma mateacuteria ldquoredondardquo e faz menccedilatildeo a uma determi-nada marca de cerveja Quando manda a mateacuteria haacute um corte com outra propa-ganda entrando

RB Vocecirc natildeo acha isso muito melhor do que parar e falar assim ldquogente vamos falar de seguro sauacutederdquo e a pessoa sair Vocecirc tem que vender vocecirc tem que fazer publicidade Natildeo tem como O programa precisa se bancar de alguma forma Eu acho que a melhor maneira uma maneira interessante de fazer os merchans eacute da maneira como a gente faz Natildeo inter-rompe natildeo tem a ver com a mateacuteria natildeo estaacute no meio do conteuacutedo natildeo tem a ver com o conteuacutedo do programa estaacute sepa-rado Eu acho que eacute uma maneira tran-quila Se eacute a melhor maneira eu natildeo sei mas eu acho interessante

OPEm abril assessores de comuni-caccedilatildeo dos parlamentares se reuniram em Brasiacutelia para questionar a liberdade com que os repoacuterteres atuam no Con-gresso Nacional O diretor de comuni-caccedilatildeo da Cacircmara poreacutem afi rmou que natildeo alteraria as regras atuais e que cabia aos assessores explicar aos deputados como lidar com o tipo de jornalismo praticado pelos programas O CQC foi pivocirc desta atitude

RB O Congresso faz as leis dele O Congresso olha muito para o proacuteprio umbigo Natildeo existe nada que infl uencie diretamente as decisotildees do Congresso Eles decidem por eles mesmo Por isso que eles estatildeo em Brasiacutelia que fi ca a 500 km de Rio e Satildeo Paulo

OPVocecirc acha que os poliacuteticos satildeo alvo faacutecil para o humor Por quecirc

RB Eu acho que natildeo Eu acho que os poliacuteticos satildeo difiacuteceis porque satildeo uma concorrecircncia para os comediantes Os proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia entatildeo jaacute eacute muito difiacutecil vocecirc tirar sarro de algo que jaacute eacute engraccedilado As notiacutecias do ldquoJornal Nacionalrdquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQC Eacute mais difiacutecil ainda Eacute uma busca eterna para natildeo fi car se repetindo e natildeo fi car falando coisas que jaacute satildeo ditas por outros telejornais

Os bastidores do risoEm entrevista exclusiva Rafi nha Bastos repoacuterter do programa televisivo Custe o Que Custar (CQC) abre o jogo e conta como o humor eacute levado a seacuterio na atraccedilatildeo semanal na emissora Bandeirantes

Uma das cenas protagonizadas por Rafi nha Bastos no quadro ldquoProteste jaacuterdquo

ldquoOs proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia () As notiacutecias do lsquoJornal Nacionalrsquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQCrdquo

Rafi nha Bastos

AMANDA ARAUacuteJO

FLAacuteVIO CAMPOS

NATASHA MUZZI

8ordm PERIacuteODO

Belo Horizonte abril de 2009 Enquanto esperaacutevamos a reapresen-taccedilatildeo da peccedila ldquoArte do Insultordquo para realizar uma entrevista com o humo-rista Rafi nha Bastos marcaacutevamos quais seriam as principais perguntas que deveriam ser feitas considerando o pouco tempo que teriacuteamos dispo-

niacutevel nos bastidores do evento Casa cheia nervosismo em alta muita gente querendo conversar e chamar a atenccedilatildeo do ldquohomem de pretordquo do programa CQC Difiacutecil tarefa eacute con-seguir uma entrevista quando se eacute apenas estudante Mas conseguimos o acesso e a conversa se estendeu por bem mais tempo do que esperaacuteva-mos Nosso objetivo era questionar o apresentador e repoacuterter sobre a jun-ccedilatildeo entre jornalismo e humor presen-tes no programa por ele apresentado

a fi m de somar ao nosso trabalho de conclusatildeo de curso que apresentava a mesma discussatildeo Em maio de volta agrave mesma casa de espetaacuteculos nos encontramos com o tambeacutem repoacuterter da atraccedilatildeo Danilo Gentili com cer-teza bem mais afi ados e preparados para a sarcaacutesticas intervenccedilotildees do humorista

De forma descontraiacuteda fomos recebidos pelas duas grandes fi guras do Stand-up Comedy e agora ldquoastrosrdquo do irreverente CQC que toparam

falar sobre o jornalismo do programa liberdade de imprensa poliacutetica e claro humor Aleacutem de compor a bancada do programa Rafi nha Bastos eacute jornalista e comediante apresentando espetaacuteculos de improviso por todo o paiacutes Publicitaacuterio e humorista Danilo Gentilli foi um dos fundadores da comeacutedia ao vivo na capital paulista O resultado deste inusitado e divertido bate-papo com os dois repoacuterteres vocecirc confere agora em entrevistas editadas especialmente para O Ponto

Foto Divulgaccedilatildeo

18-19 - cqc prontaindd 118-19 - cqc prontaindd 1 82809 115038 AM82809 115038 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Entretenimento bull 19Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O ano de 2008 rendeu ao CQC nove precircmios Quatro deles somam como melhor programa de humor eou como melhor produccedilatildeo humoriacutestica Porque vocecirc acha que a miacutedia ainda natildeo premiou o programa como melhor telejornal

Danilo Gentili O CQC trabalha com fatos jornaliacutesticos mas natildeo eacute um telejor-nal O CQC natildeo estaacute todo dia mostrando os fatos do dia entatildeo natildeo pode ser clas-sifi cado como um telejornal O ldquoGlobo Repoacuterterrdquo natildeo pode ser classifi cado ldquoum telejornalrdquo eacute um programa jornaliacutestico Eu acho que a miacutedia natildeo enxerga o CQC como um programa jornaliacutestico Na ver-dade se for para eu escolher se o CQC eacute jornaliacutestico ou humoriacutestico eu escolheria que ele eacute humoriacutestico porque quando eu vou fazer eu me preocupo primeiro em fazer a pessoa rir Eu vou abrir a boca eu vou falar com esse cara mas a uacutenica razatildeo de eu falar com esse cara eacute fazer uma piada Se eu for falar com ele e a pessoa natildeo rir natildeo tem porque eu estar aqui

OPA maioria das pautas poliacuteticas do programa satildeo destinadas agrave vocecirc A que vocecirc atribui isso Vocecirc seria o mais cara de pau dos ldquohomens de pretordquo

DG Pode ser Talvez seja Eu gosto de fazer poliacutetica com um produtor laacute em especiacutefi co A gente vai com muita von-tade de fazer o que a gente faz de chegar para o cara e perguntar Na verdade eacute o seguinte eu natildeo sei os outros repoacuterteres mas eu no CQC natildeo tenho a pretensatildeo de ser amigo de ningueacutem Seja de poliacutetico ou de celebridade eu natildeo tenho a pre-tensatildeo Vocecircs natildeo vatildeo me ver em festas de celebridades ldquoOh fui convidado pra festa e estou aquirdquo Eu natildeo tenho essa vontade natildeo eacute o meu mundo Entatildeo eu vou pra perguntar o que eu sempre quis e talvez o que todo mundo que estaacute em casa sempre quis saber

OPComo eacute a sua preparaccedilatildeo antes de cobrir as pautas poliacuteticas na Casa Legislativa Vocecirc planeja suas piadas antes ou eacute realmente no improviso

DG A reuniatildeo de pauta geralmente acontece no caminho Eu e o produtor ou no aviatildeo ou no carro Eu e o produ-tor falando ldquoquem vocecirc acha que vai estar laacute Ah Tal pessoa tal pessoa tal pessoa fez isso A gente pode falar issordquo A gente tenta mais ou menos ter uma noccedilatildeo do que dizer

OPMas inclui uma piada pronta DG A gente tenta prever e tenta ir

com umas cartas na manga mas a gente sabe que eacute impossiacutevel Porque eu posso ir com uma pergunta pronta e o cara me daacute uma resposta que ningueacutem esperava Aiacute em cima disso eu tenho que fazer outra piada

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

DG Taacute isso no site do CQC Vocecircs acreditaram nisso (risos) Natildeo sei eu acho que o humor tem que ser engra-ccedilado natildeo tem que ser inteligente Eacute o

que eu acho entendeu O que seria humor inteligente Natildeo sei o humor eacute muito subjetivo pra classifi car ldquoesse humor eacute inteligente esse natildeo eacuterdquo Eu acho que o humor inteligente eacute aquele que se comunica de uma forma efi caz com o seu puacuteblico O Tiririca eacute esquisito mais eacute um humor inteligente para muita gente Eu gosto do Tiririca

OPComo publicitaacuterio como vocecirc avalia esse novo modelo de publici-dade inserido no programa

DG Mas natildeo eacute tatildeo diferente assim Na verdade eacute igual as outras porque nas outras o cara faz a propaganda e a agecircncia que ganha e no CQC tambeacutem a gente faz a propaganda e a produtora que ganha

OPVocecirc acha que o riso midiatizado esse humor ldquopastelatildeordquo que a gente vecirc por aiacute deixa perder um pouco da fun-ccedilatildeo do riso que estaacute em ser criacutetico

DG Depende do humor pastelatildeo eu gosto muito Eu gosto do Chaves gosto dos Trecircs Patetas gosto do Jerry Lewis gosto do Mr Been Eacute tudo humor pastelatildeo Eu acho que o termo que vocecirc queira achar natildeo eacute ldquohumor pastelatildeordquo eacute um humor grosseiro tipo ldquoAh vou peidar em puacuteblicordquo e todo mundo ri disso Eacute um humor primaacuterio Tal-vez seja o que vocecirc queria dizer Pastelatildeo eu gosto muito o humor do Chaves eacute pas-

telatildeo e eacute muito inteligente O do Mr Been tambeacutem eacute muito inteligente ele bolar tudo aquilo e tal Agora tem o humor primaacuterio que eacute esse humor de bordatildeo humor de escatologia humor de falar qualquer coisa Geralmente ningueacutem ri se natildeo sabe do que estaacute rindo Eu tento fazer no meu show e no CQC um riso que depende do contexto Vocecirc vai ver isso quando eu for falar com um poliacutetico no CQC Por exemplo eu fi z uma mateacuteria e eu encontrei o Joatildeo Paulo Cunha um cara que era do mensalatildeo Eu sei que 90 do meu puacuteblico do CQC talvez natildeo se lembre ou natildeo saiba quem eacute o cara Entatildeo se eu fi zesse a piada ningueacutem ia rir ningueacutem ia achar graccedila Entatildeo antes de eu chegar no cara eu falei aquele ali eacute tal cara que fez tal coisa e naquela eacutepoca ele fez o mensalatildeo Falou que pagou 50 mil numa conta em TV a cabo e natildeo sei o que Aiacute o pessoal jaacute sabe do que eu vou falar Entatildeo eu jaacute deixei a pessoa a par do conceito Quando eu chego no cara e faccedilo as piadas a pessoa sabe do que eu estou falando Entatildeo eu informei a pessoa para ela poder rir No meu show eu faccedilo isso Eu falo de uma por-ccedilatildeo de coisas que vatildeo rir porque eles estatildeo dentro do conceito Eu vou falar de tracircnsito eu natildeo preciso explicar o que eacute o tracircnsito Todo mundo sabe o que eacute o tracircnsito entatildeo eles acabam rindo disso por exemplo

OPEm entrevista ao portal UOL no dia 24042008 vocecirc disse que os bra-sileiros natildeo tecircm muito senso de humor Porque vocecirc acha entatildeo que o pro-grama estaacute dando certo no Brasil Vocecirc acha que o CQC devolveu agrave sociedade um pouco desse senso

DG O problema do brasileiro eacute que ele tem o senso de humor primaacuterio Ele natildeo tem um senso de humor Pra vocecirc ter senso de humor vocecirc tem que ver o que estaacute acontecendo reconhecer a reali-dade para poder rir dela O brasileiro tem a auto estima muito baixa O brasileiro soacute brinca com os outros ele natildeo brinca con-

sigo proacuteprio Vocecirc vecirc piada de brasileiro eacute sempre o portuguecircs eacute sempre a loira Por exemplo tem o portuguecircs o brasi-leiro e o americano O brasileiro sempre se sai bem ele tem autoestima baixa ele natildeo sabe rir de si Se o CQC devolveu isso para o brasileiro Eu acho que natildeo Pouca coisa a gente devolveu isso para o brasileiro O brasileiro estaacute rindo ainda do poliacutetico ele estaacute rindo ainda da cele-bridade que a gente ridiculariza Eu jaacute saiacute na rua e quando eu fui na ldquoMarcha para Jesusrdquo falar deles ningueacutem riu

OPNo CQC vocecirc tem vontade de fazer o quadro Proteste Jaacute

DG Proteste Jaacute Natildeo sei cara Tudo que eu tenho vontade eu faccedilo Eu tenho von-tade que muita coisa que eu faccedilo entre mas acaba natildeo entrando porque os caras falam que eu pego pesado (risos) Se eu fi zesse o Proteste Jaacute talvez eu fi zesse dife-rente eu natildeo sei Eu natildeo tenho vontade de fazer o Proteste Jaacute natildeo

OPTem alguma entrevista sua que vocecirc considera a melhor

DG Natildeo Tem muita entrevista que eu vejo na TV e falo nossa essa natildeo foi a melhor que eu fiz Porque cortam muita coisa

OPQue elementos jornaliacutesticos vocecirc nota no programa CQC

DG Jornalismo tem porque a gente como fala no iniacutecio do programa eacute um ldquoresumo semanal de notiacuteciasrdquo Mas taacute eacute um resumo semanal de notiacutecias taacute bom vaia gente fi nge que eacute O que tem eacute a gente brinca com algumas coisas que aconteceram durante aquela semana durante aqueles dias proacuteximos Eacute o mais proacuteximo que tem do jornalismo A gente sempre que pode estaacute no fato na hora do fato Mas agraves vezes natildeo daacute entatildeo vai cobrir festinha e natildeo sei o que mas a intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e ldquobrincarrdquo com ele

ldquoA gente sempre que pode estaacute no fato na hora do

fato A intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente

pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e

lsquobrincarrsquo com elerdquo

Danilo Gentili

O humorista Danilo Gentili foi um dos fundadores da comeacutedia ldquocara limpardquo na capital paulista e hoje desafi a poliacuteticos

Foto divulgaccedilatildeo

O cara de pau dos homens de pretoDanilo Gentilli o temido repoacuterter pelos poliacuteticos no dia-a-dia do senado conta como se prepara para as pautas polecircmicas

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O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

20 bull Miacutedia

RENATA VALENTIM

6ordmPERIODO

Que o advento das miacutedias digitais pocircs um ponto de interrogaccedilatildeo no horizonte dos meios tradicionais jaacute se sabe Mas a transformaccedilatildeo destinada ao raacutedio parece ser de fato a de maior impacto Seja no campo das novas tecnologias de trans-missatildeo dos novos suportes ao aacuteudio no nuacutemero de funcionaacuterios contratados ou na avaliaccedilatildeo do poder de infl uecircncia no gosto da audiecircncia a revoluccedilatildeo vivida pelas raacutedios eacute atestada tanto por profi s-sionais da aacuterea quanto pelos ouvintes

O CD hoje obsoleto popularizado no Brasil no fi nal dos anos de 1980 jaacute signi-fi cou uma transformaccedilatildeo importante no dia-a-dia do radialista Em vez de exe-cuccedilotildees musicais feitas pelo LP ou ldquobola-chatildeordquo que o operador ou sonoplasta vigiava do iniacutecio ao fi m da faixa transmi-tida os tocadores de compact disc per-mitiam a programaccedilatildeo de vaacuterias faixas em sequumlecircncia poupando-lhe tempo O que veio a seguir economizou bem mais que isso a inovadora transformaccedilatildeo de muacutesica em kilobytes deu origem a sof-twares de execuccedilatildeo automaacutetica

Assim as raacutedios gerando programa-ccedilatildeo por 24h dispensaram seus locutores e sonoplastas da madrugada e dos fi nais de semana adaptando seus conteuacutedos para que sistemas de automaccedilatildeo tra-balhassem sozinhos Aleacutem das muacutesicas em formato digital apresentaccedilotildees de muacutesica passaram a ser tambeacutem gravadas

e reproduzidas como se fossem feitas ao vivo Natildeo foram poucos locutores desem-pregados No caso das afi liadas de gran-des redes de FM a reduccedilatildeo no quadro de profi ssionais da voz foi ainda maior Em alguns casos haacute somente um ou dois locutores agrave disposiccedilatildeo que datildeo conta da geraccedilatildeo de toda a programaccedilatildeo local

Com experiecircncia na aacuterea haacute mais de 20 anos a locutora e programadora musical Glaacuteucia Lara 40 lamenta ldquoem um fi nal de semana antes das mudanccedilas promo-vidas pelo advento do mp3 cerca de sete pessoas estariam trabalhando em uma emissora de raacutedio Hoje eacute comum esca-lar locutores para comandarem a pro-gramaccedilatildeo ao vivo soacute nos programas que contam com a participaccedilatildeo do ouvinte Do resto quem cuida eacute o computadorrdquo conta ela que jaacute passou por diversas emissoras do interior do estado e por afi -liadas de grandes redes como a Antena 1 de Belo Horizonte E o sonoplasta entatildeo ldquoNa era do CD essa fi gura foi extinta dos quadros O locutor natildeo eacute soacute responsaacutevel hoje por apresentar muacutesicas e interagir com o ouvinte Tambeacutem assumiu a res-ponsabilidade de operar os aparelhos

e pessoalmente acho que isso facilita a locuccedilatildeo porque natildeo haacute mais aquela dependecircncia de um sinal do sonoplasta aquela sintonia de timing necessaacuteria para esse trabalho de equipe decirc certo O locutor faz tudordquo pondera

Eu baixo tu baixasO mp3 tambeacutem alterou a forma de

distribuir novos trabalhos musicais A popularizaccedilatildeo da internet e a troca de arquivos por meio de softwares seme-lhantes ao pioneiro Napster deram iniacutecio agrave decadecircncia dos CDs e ao decliacutenio das grandes gravadoras que fracassaram ao combater tanto a pirataria quanto o com-partilhamento online de mp3

O casamento das gravadoras com o raacutedio e a TV que detinham a foacutermula exclusiva de atrair a atenccedilatildeo do puacuteblico para seu artista entrou em crise A par-ceria de divulgaccedilatildeo perdeu espaccedilo con-sideraacutevel para uma revolucionaacuteria forma de acesso a novos trabalhos musicais feita na internet Para a tristeza de grava-doras e artistas a vendagem de CDs caiu drasticamente fazendo dos shows e tur-necircs sua principal fonte de lucro Foi-se o

tempo em que um artista de sucesso ven-dia mais de 2 milhotildees de coacutepias de seu trabalho o campeatildeo do mercado fono-graacutefi co brasileiro em 2006 Padre Marcelo Rossi registrou cerca de 860 mil coacutepias vendidas de seu aacutelbum ldquoMinha Becircnccedilatildeordquo editado pela Sony BMG Um nuacutemero pequeno se comparado aos 35 milhotildees de coacutepias de seu primeiro disco ldquoMuacutesi-cas Para Louvar ao Senhorrdquo de 1998

A estagiaacuteria de pesquisa de mercado Karina Zandona 22 comprova esse fenocirc-meno Fatilde de Th e Killers ela conta que hoje procura se informar do lanccedilamento de aacutelbuns das suas bandas preferidas por sites especializados e faz download deles quando jaacute estatildeo disponiacuteveis ldquoSoacute ouccedilo muacutesica pelo PC e pelo mp3 player Raacutedio soacute ouccedilo agraves vezes quando minha matildee ouve em casa E sempre satildeo as programa-ccedilotildees informativas como a Raacutedio Itatiaia Natildeo consigo mais fi car exposta a tanto hit lsquoda modinharsquo como os de black music no raacutediordquo diz No caso da comerciaacuteria Ellen Colombini 24 a infl uecircncia da internet eacute ainda mais efetiva ldquoouvia muito raacutedio quando adolescente e assistia muito agrave MTV Era fatilde de coisas do tipo Hanson

por exemplo (risos) Mas quando passei a usar a internet e descobri a maravilha que eacute fazer download de muacutesica natildeo liguei mais o raacutedio Sou viciada em fazer downloads vou baixando tudo o que encontro e que me parece interessante pelo release que acompanha o link ou mesmo pelo nome da banda Escuto tudo e seleciono o que me agrada Se aprovado vou passando adiante E a partir do que eu recomendo para os amigos recebo deles arquivos de artis-tas parecidas com o que eu enviei e sobre os quais natildeo vejo ningueacutem falarrdquo comenta

A engenheira ambiental Eduarda Stancioli 24 eacute ouvinte da Last FM paacutegina online na qual o usaacuterio cria a pragramaccedilatildeo sem a interrupccedilatildeo de publicidade e locutores ldquoComo passo mais tempo usando o computador da empresa que o resto do pessoal e natildeo posso fazer dowloads o site foi uma oacutetima soluccedilatildeo para ouvir muacutesica enquanto faccedilo meus projetosrdquo Eduarda diz que a facildade estaacute no fato da pro-gramaccedilatildeo ser sua criaccedilatildeo onde vocecirc seleciona os artistas ou estilo de muacutesica da sua preferecircncia podendo mudaacute-la qualquer hora E ainda poder contar com sugestotildees musicais do serviccedilo geradas a partir do tipo de muacutesica que se ouve

Contra a mareacuteCurioso eacute o exemplo da estudante

Ceciacutelia Portugal 21 anos Apreciadora de axeacute music adora ouvir a Extra FM enquanto dirige Diferente de Ellen e

Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

O raacutedio na onda do ciberespaccedilo

Imagem do programa de dowloads de arqui-vos de muacutesica e viacutedeos Limewire

Paacutegina da raacutedio na internet a Last FM

Saiba o que a troca de arquivos de muacutesica pela internet fez com o raacutedio de entretenimento como as pes-soas encarram isso e quais satildeo as apostas das raacutedios para natildeo perderem seus ouvintes e patrocinadores

20-21 - Mate ria Ra dio final prontaindd 120-21 - Mate ria Ra dio final prontaindd 1 82809 115051 AM82809 115051 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Miacutedia bull 21Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

Karina o costume de baixar muacutesica pela internet natildeo a afas-tou do haacutebito de ouvir raacutedio ldquooutro dia ouvi uma muacutesica nova do Tomate ex-vocalista do Rapazolla Corri pra casa procurei o arquivo para down-load e depois gravei num CD para ouvir com as amigas no caminho pra baladardquo conta ldquoA maior graccedila do raacutedio que sem-pre tive o costume de ouvir eacute a companhia que faz Parece que natildeo estou sozinha no carro enquanto ouccedilo E me divirto com as esquetes de humor que tecircm por aiacuterdquo diz

Essa parece mesmo ser a nova vocaccedilatildeo do raacutedio como destaca o locutor e produtor Gleyson Lage da 98 FM de Belo Horizonte ndash primeira emissora a operar em frequumlecircncia modu-lada na Ameacuterica Latina ldquoAleacutem das promoccedilotildees e do aumento das formas de interatividade o humor eacute uma forma de fi de-lizar o ouvinte de perfi l mais passivo que tem menos dispo-nibilidade ou motivaccedilatildeo para manter contato por telefone ou e-mailrdquo Apostando nisso a 98 FM ndash cuja programaccedilatildeo eacute 100 local ndash conta com trecircs progra-mas de cunho humoriacutestico para enfrentar a concorrecircncia Os Manos Silicone Show e Graffi ti auto-intitulado o pior programa de raacutedio do Brasil

Para o locutor publicitaacuterio Tovar Luiz 43 o FM nasceu engraccedilado ldquoo grande barato das raacutedios FM desde a sua popu-larizaccedilatildeo no iniacutecio dos anos de 1980 foi o seu perfi l descontra-iacutedo A locuccedilatildeo nessas emisso-ras sempre foi bem mais aacutegil e despojada O hoje apresentador de TV Ceacutesar Filho por exemplo comeccedilou a carreira no raacutedio e

fi cou famoso pelo bordatildeo lsquobeijo pra vocecirc feiarsquo Natildeo era ofensa era pra fazer o ouvinte rir O FM foi uma revoluccedilatildeo em termos de lin-guagemrdquo lembra E ele parece ter razatildeo O programa Pacircnico um dos maiores fenocircmenos televi-sivos dos uacuteltimos tempos eacute deri-vado de um programa de raacutedio da rede Jovem Pan 2 de Satildeo Paulo comandado pelo locutor Emiacutelio Surita Seguindo o fl uxo as demais redes destinadas ao puacuteblico jovem tambeacutem investi-ram na programaccedilatildeo que faz rir E a partir das redes as emissoras locais que fazem concorrecircncia agraves afi liadas tambeacutem acompanham a tendecircncia para natildeo perder seu espaccedilo no mercado

Falando neleExistem hoje 23 FMs no dial

de Belo Horizonte Pelo menos quatro delas satildeo dedicadas aos jovens Jovem Pan 2 (991) Mix FM (917) 98FM (983) e Oi FM (939) Destas somente a 98FM natildeo eacute afi liada de uma grande rede Haacute trecircs anos em atividade na emissora Gleyson Lage confi rma a reduccedilatildeo no nuacutemero de vagas aos profi ssio-nais da aacuterea ldquonuma raacutedio local satildeo necessaacuterios 20 funcionaacuterios para produzir toda uma grade enquanto numa afi liada jun-tando a programaccedilatildeo execu-tada pelo sateacutelite com aquela gerada pela automaccedilatildeo da transmissatildeo apenas cinco datildeo

conta do recado para o tempo destinado agrave grade local Eacute com-plicadordquo conta

No entanto ele vecirc a partici-paccedilatildeo das redes de raacutedio como positiva no que se refere agrave qua-lidade ldquoquando uma rede tem um bom conteuacutedo ndash boa plaacutes-tica bons locutores bons tex-tos ndash ela acaba por estimular as emissoras locais a manterem o mesmo niacutevel Haacute um ganho em criatividade que poderia natildeo existir se todo o conteuacutedo fosse localrdquo acredita

Enquanto isso os ouvintes se queixam da repeticcedilatildeo nas grades musicais ldquochega a ser engraccedilado Estava ouvindo uma muacutesica numa determinada

raacutedio Quando acabou troquei para a estaccedilatildeo seguinte e estava tocando a mesma muacutesica Acho que como todos os meios de comunicaccedilatildeo as raacutedios precisam abrir o leque de opccedilotildeesrdquo opina Karina Zandona estagiaacuteria de pesquisa de mercado 22

Karina completa ldquoateacute a Rede Globo tem inovado na inserccedilatildeo de muacutesicas de artistas desconhecidos do grande puacuteblico como trilha das suas produccedilotildees (como foi o caso do cantor Beirut presente na trilha sonora da minisseacuterie Capitu exibida em janeiro de 2009) O raacutedio podia acompanhar essa tendecircnciardquo sugere

Com a digitalizaccedilatildeo da muacutesica o sonoplasta sai de cena eacute o locutor quem faz tudo

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O Ponto

Editor e diagramador da paacuteginaLira Faacutevilla e Felipe Barbosa 6ordm periacuteodo

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

22 bull Cultura

CLAUDIA LAPOUBLE

6ordmPERIacuteODO

ldquoO processo pelo qual se arma-zenam informaccedilotildees no disco de vinil feito de PVC material derivado do petroacuteleo consiste em imprimir nele ranhuras ou ldquoriscosrdquo cujas formas tanto em profundidade como abertura mantecircm correspondecircncia com a informaccedilatildeo que se deseja arma-zenar Essas ranhuras visiacuteveis no disco a olho nu satildeo feitas no disco matriz com um estilete no momento da gravaccedilatildeo Esse esti-lete eacute movido pela accedilatildeo da forccedila magneacutetica que age sobre eletro-iacutematildes que estatildeo acoplados a elerdquo (in Leituras de Fiacutesica GREF- Departamento de fiacutesica da USP SP2005)

Eacute assim que a muacutesica se ldquoimprimerdquo no plaacutestico que depois ao ser arranhado pela agulha libertaraacute novamente os sons no ar Para os apaixonados por vinil o ritual de tirar o disco da estante limpaacute-lo colocaacute-lo no toca discos posicionar a agu-lha delicadamente sobre ele tomando todo o cuidado para natildeo arranhaacute-lo e repetir todo esse processo na hora de virar o disco para ouvir o lado b signi-fi ca uma relaccedilatildeo mais proacutexima com a muacutesica Era preciso dedi-car tempo a escutar o disco Mais do que uma miacutedia de armazena-mento analoacutegico do som o disco de vinil eacute um objeto de arte e uma peccedila que daacute materialidade agrave muacutesica

Dados da Associaccedilatildeo de Gra-vadoras da Ameacuterica (Record Industry Association of Aeme-rica) mostram que as vendas de LPs aumentaram em quase 130 entre os anos de 2007 e 2008 De acordo com o informe anual divulgado pelo oacutergatildeo ldquoo vinil continua sua ascensatildeo As vendas nesse formato somaram

US$57 milhotildees e vem mais do que duplicando ano apoacutes anordquo Ainda segundo o documento ldquotrata-se do produto preferido por audiofi los e colecionadores e o aumento nas vendas se deve tanto agrave re-gravaccedilatildeo de mate-rial de cataacutelogo quanto a novos lanccedilamentosrdquo

Com os nuacutemeros da induacutes-tria apontando para uma queda nas vendas de CDs e em tempos em que se fala em livre acesso agrave muacutesica atraveacutes da internet o vinil se apresenta como uma saiacuteda para quem ainda gosta da muacutesica palpaacutevel apreciaacute-la com todos os sentidos inclusive o tato

Um Brasil em vinil ldquoContar a histoacuteria do Brasil

atraveacutes da muacutesica guardando um exemplar de tudo o que foi gravado em vinil no paiacutesrdquo esse era o objetivo de Edu Pampani 46 quando em 2005 fundou a Discoteca Puacuteblica o primeiro espaccedilo dedicado agrave memoacuteria musical brasileira do paiacutes

Apaixonado por muacutesica e claro pelos discos de vinil Pam-pani conta que a ideacuteia da Dis-coteca nasceu quando ele ainda morava na Bahia e tinha uma loja de discos Segundo ele quando o Compact Disc (CD) comeccedilou a se popularizar na deacutecada de 90 as pessoas o procuravam para trocar seus LPs por CDs

O espaccedilo tem hoje um acervo de cerca de 12 mil peccedilas que contam a historia do Brasil pelos sulcos no plaacutestico PVC Eacute possiacute-vel ouvir por exemplo gravaccedilotildees de jogos de futebol ou vinhetas de programas de raacutedio dos anos 50 aleacutem de claacutessicos da muacutesica popular brasileira em gravaccedilotildees originais Com todas essas rari-dades Pampani garante natildeo ter nenhum disco favorito ldquosempre me perguntam Edu qual eacute o disco mais raro que vocecirc tem

e eu respondo raro eacute ter todos eles juntosrdquo

De volta ao plaacutesticoApesar de natildeo ser a miacutedia mais

utilizada pelo grande puacuteblico o disco de vinil tem um puacuteblico fi el principalmente entre os DJs que segundo Pampani ldquoprocuram sempre coisa nova se ele quer tocar Jorge Bem por exemplo ele vai procurar aquela muacutesica que ningueacutem lembra mais que ele gravou Esse pes-soal tem que fi car garimpando semprerdquo

O DJ e fundador do selo Vinyl Land Luiz Valente ou DJ Luiz PF eacute um desses garimpeiros de sebos Ele conta que sua paixatildeo pelos LPs nasceu quando ele mesmo selecionava as muacutesi-cas que iriam compor o som ambiente de seu bar o ldquoLugarrdquo Em 2003 Luiz sentiu que pode-ria abrir espaccedilo para DJs que pesquisavam e procuravam por muacutesicas que fugiam do lugar comum ldquoeu fui fazendo festas por um tempo chamando DJs que discotecavam com vinil pra ser um contra ponto a essa outra galerardquo conta

Radicado em Londres desde 2006 Luiz conta que ao chegar agrave Europa percebeu que diferente do que acontecia no Brasil ldquolaacute o negoacutecio natildeo tinha acabado nada se achava tudo pra com-prar coisas novas a galera atual todo mundo lanccedilava era uma coisa de canto de loja mas fun-cionando vendendordquo Na capital inglesa o DJ trabalhou na grava-dora Whatmusiccom que aleacutem de CDs lanccedilava tambeacutem traba-lhos em vinil

A paixatildeo pela ldquocultura de acetatordquo e o trabalho como DJ foram o incentivo para que Luiz fundasse em 2008 a Vinyl Land selo que vem com a proposta de lanccedilar muacutesicos que se interes-sem em gravar em vinil Segundo

ele o selo nasceu de sua proacutepria necessidade como DJ ldquoeu

jaacute discotecava com vinil e fui achando bandas

novas que queria tocar mas natildeo tinha como porque eram de uma eacutepoca em que natildeo tinha mais vinil ai eu pensei jaacute que natildeo tem eu faccedilo

e comecei a procurar contatos e tentar orga-

nizar o selordquo Com apenas um ano

no mercado a Vinyl Land

jaacute lanccedilou trecircs discos dentre

eles um compacto simples do Autoramas

Novas marcas no PVCFoi pela Vinyl Land que a

banda Th e Dead Lovers Twisted Heart que nunca havia lanccedilado seu trabalho comercialmente lanccedilou seu primeiro EP O com-pacto auto-intitulado traz cinco muacutesicas antes disponiacuteveis para download na internet O disco prensado na Alemanha teve tiragem limitada de 200 coacutepias

Com infl uecircncias que vatildeo de Odair Joseacute e Roberto Carlos ateacute Franz Ferdinand e Jack White passando pela literatura de Mark Twain (o grupo tem uma muacutesica em homenagem a Huck-leberry Finn personagem do autor americano) e os cartunis-tas Laerte e Angeli a banda for-mada por Ivan (guitarra e vocal)

Guto (guitarra) Paty (bateria) e

Velvs (baixo) jaacute era conhecida dos frequumlentadores de casas de shows de Belo Horizonte antes de lanccedilar seu EP

Segundo Ivan a ideacuteia de ter seu primeiro trabalho gravado em vinil casou muito bem com a banda ldquoa gente ainda natildeo tinha lanccedilado um disco propriamente dito e hoje o suporte fiacutesico eacute cada vez menos importante porque na verdade a muacutesica vocecirc acha em qualquer lugar e um disco um CD na verdade natildeo faz mais tanto sentido E nossa ideia era que jaacute que vocecirc vai comprar um objeto o vinil eacute um objeto muito mais legal tanto esteticamente quanto no manusear fora que tem toda essa coisa da retomada e eacute uma boa proposta que tem tudo a ver com a bandardquo afi rma o muacutesico provando que o velho vinil estaacute mais novo que nunca

O novos sonsdo velho vinil

Com a popularizaccedilatildeo dos sites de divulagaccedilatildeo de muacutesica na internet o vinil retorna como alternativa interessante para novos muacutesicos e ouvintes

Dj Luiz PF fundador do selo Vinyl Land

Os diferentes formatos do vinil-LP abreviatura do inglecircs Long Play ou ldquo12 polegadasrdquo Disco com 31 cm de diametro com capacidade normal de cerca de 20 minutos por lado O formato LP era utilizado usualmente para a comercializaccedilatildeo de aacutelbuns completos-EP abreviatura do inglecircs Extended Play Disco com 17 cm de diametro e capacidade de cerca de 8 minutos por lado continha em torno de quatro faixas -Single ou compacto simples abreviatura de Single Play ldquo7 polegadasrdquo ou compacto simples Disco com 17 cm de diametro e capacidade normal de 4 minutos por lado O single era geralmente empregado para a difusatildeo das muacutesicas de trabalho de um aacutelbum completo a ser posteriormente lanccedilado -Maacutexi abreviatura do inglecircs Maxi Single Disco com 31 cm de diametro sua capacidade era de cerca de 12 minutos por lado

Arq

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The Dead loverrsquos Twisted Heart Pati Vels Guto e Ivan

22 - diagramacao vinilindd 122 - diagramacao vinilindd 1 82809 115104 AM82809 115104 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Culturabull 23Editor e diagramador da paacutegina Baacuterbara Rodrigues 8ordm periacuteodo

Festival Internacional de Corais homenageia

BAacuteRBARA RODRIGUES 8ordm PERIacuteODO

A seacutetima ediccedilatildeo do Festival Interna-cional de Corais ndash FIC acontece de 18 a 27 de setembro de 2009 e teraacute como tema a vida e obra de Villa-Lobos con-siderado o maior compositor das Ameacute-ricas Seratildeo cerca de 300 apresenta-ccedilotildees de 120 corais de todo o Brasil e do exterior que percorreratildeo 12 cidades de Minas Gerais

O festival realizado pela Universi-dade FUMEC tem o intuito de popula-

rizar os corais e grupos vocais amadores e profissionais e evidenciar atividades culturais de empresas instituiccedilotildees de ensino comunidades associaccedilotildees e fundaccedilotildees com apresentaccedilotildees de corais e shows de artistas nacionais sempre com a bandeira da muacutesica brasileira agrave frente

Regidos pelo Maestro Lindomar Gomes produtor cultural e coordena-dor do FIC os 30 integrantes do coral da FUMEC seratildeo um dos grupos a se apresentar ldquoNosso coral sempre parti-cipou de festivais seguindo a maacutexima de Fernando Brant de que lsquotodo artista

tem de ir aonde o povo estaacutersquo A cada ano o FIC escolhe um tema que traduza a identidade musical brasileira Este ano celebraremos os 50 anos de morte de Villa-Lobos responsaacutevel por implantar o canto coral no paiacutes na deacutecada de 1930 e o muacutesico que mais cantou as belezas nacionaisrdquo enfatiza

Em cada ediccedilatildeo do festival os com-positores Leonardo Cunha e Fernando Brant satildeo responsaacuteveis pela muacutesica-tema que ao final do evento eacute cantada por todos os corais A composiccedilatildeo deste ano ganhou o nome de ldquoMestre Villardquo exultando o que de mais haacute de caracte-

riacutestico na vida e obra do mestre Durante todo o festival alguns locais

da cidade como o Palaacutecio das Artes Sesc Laces JK e a aacuterea de convivecircn-cia da FUMEC receberatildeo exposiccedilotildees de fotos textos e trilhas sonoras do acervo do Museu Villa-Lobos no Rio de Janeiro A banda mineira 14 Bis e o muacutesico Renato Teixeira fazem shows no interior de Minas e no dia 27 no Parque Municipal encontro de todos os corais participantes marcaraacute o fechamento do evento onde mais de mil vozes se uni-ratildeo para cantar os temas do maestro homenageado

O maestro e coordenador do FIC Lindomar Gomes e os integrantes do Coral da Fumec

Mestre Villa daacute o tom dentro e fora do paiacutesO carioca Heitor Villa-Lobos

foi responsaacutevel por universa-lizar a muacutesica nacional acres-centando em grande parte de suas mil obras a sonoridade da fauna brasileira de tribos indiacute-genas e africanas aleacutem de refe-recircncias de cantigas do choro e do samba

Na defi niccedilatildeo do maestro Lindomar Gomes a impor-tacircncia de Heitor Villa-Lobos estaacute no fato de ele ldquodecifrar a alma brasileira e colocaacute-la em muacutesicardquo Devido agraves homena-gens ao compositor nas prin-cipais capitais do Brasil e do

mundo Gomes natildeo eacute o uacutenico a pensar assim

Peccedilas de Villa-Lobos fazem parte das temporadas da Filar-mocircnica de Belo Horizonte da Orquestra Sinfocircnica do Teatro Nacional Claacuteudio Santoro em Brasiacutelia da Sinfocircnica Munici-pal de Campinas e da Orques-tra Sinfocircnica Brasileira do Rio

Internacional Em janeiro o maestro John

Neschling regeu a Filarmocircnica de Varsoacutevia na Polocircnia com os ldquoChoros n 6rdquo A soprano Adriane Queiroz cantou as ldquoBachianas

Brasileiras nordm 5rdquo em Berlim e o regente da OSB do Rio Roberto Minczuk esteve no Japatildeo em agosto para apresentar as ldquoBachianas Brasileirasrdquo

Ainda este ano deve chegar agraves livrarias o ldquoFolha Explica Villa-Lobosrdquo da Publifolha do violonista Faacutebio Zanon que em entrevista ao jornal Folha de Satildeo Paulo afi rmou ldquoO uni-verso sonoro de Villa-Lobos eacute uma coisa arrasadora Nossa ideia de Brasil seria muito mais pobre sem a leitura efetuada por Villa-Lobos de nosso patri-mocircnio musicalrdquo

Programaccedilatildeo completa e outras informaccedilotildees sobre FIC 2009 wwwfestivaldecoraiscombr

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Foto divulgaccedilatildeo

O compositor e maestro Villa-Lobos cuja obra eacute reconhecida e celebrada internacionalmente

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O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

24 bull Cultura Editor e diagramador da paacutegina Amanda Lelis 6ordm periodo

COLCHAde retalhos

CU

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talh

os

Magia

Escrevo uma letra

e jaacute natildeo estou no mesmo lugar

Pedro Cunha Instrumento de cordas vocais tocado pela alma

a palavra na garganta que vira muacutesica

o som da orquestra do coraccedilatildeo

dos gagos e desafi nados

aos cegos de paixatildeo

VozBaacuterbara Rodrigues

Natildeo sei bem o que eacute

Se eacute invenccedilatildeo

Se eacute na verdade a mais pura verdade

Se sou eu tentando fugir

Se sou eu tentando apagar

Natildeo encarar o que estaacute acontecendo

Esquecer a minha confusatildeo

De querer sem conhecer

De te amar sem te encontrar

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Queria esquecer

E perdoar entatildeo

Voltar na decisatildeo

Para minha vida rotineira

Que eu levei a vida inteira

O meu sufoco e os seus gritos

Meu confortaacutevel desespero

Minha mania de querer ser mais para mundo

Do que o mundo eacute para mim

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Confortaacutevel DesesperoPaula Macintyre

Preso agrave falta de sono procurando ver

Atraveacutes da luz de um trago num bastatildeo de morte

Talvez com sorte entatildeo eu possa crer

Que os dias se passaram mas o amor fi cou

Mesmo sonhando acordado algo ainda restou

De tardes tatildeo bonitas

Em que o brilho dos teus olhos eu pude enxergar

Os teus negros cabelos quero entatildeo tocar

apesar de estares tatildeo afl ita

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia

que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Por mais que em outras camas eu possa deitar

que braccedilos e abraccedilos venham me afagar

O brilho dos teus olhos ainda me ilumina

por vaacuterias ruas sujas que eu tentei fugir

estenderia um tapete pra vocecirc entrar

sentado vago na varanda escura a esperar

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Mas eu mudaria tudo isso pra te ter aqui

comigo ao meu lado todo dia a me fazer sorrir

Para ouvir a muacutesica wwwmyspacecombandatravessia

DuetoAlvaro Castro

Do entendimento tardio de se assistir a uma passagem de som

Cracke se quebra o silecircncio a voz dos barulhos instrumentais

cala todos os outros sons do silecircncio Antes de ser melodiosos

os sons comeccedilam desencontrados como tateando no escuro

dos ritmos tentando se encontrar e dar as matildeos para soacute assim

iniciar seu dialogo-danccedila em brincadeiras harmoniosas que

encantam e enfeiticcedilam Na sutileza dos tons na alegria de fazer

barulhos musicais modifi cam a muacutesica mil vezes re-arranjada

ajeitam afi nam se enfeitam

e a muacutesica fi nalmente sai Perfeita

AntesClaudia Lapouble

Sssshhiiii

silecircnciosopro suspiro sussurro

sublime submerso submarino submundo

some sobe segue sangue sinistro

sem focirclegosufoco

SClaudia Lapouble

A canccedilatildeo natildeo paacutera O berimbau controla o medo que corre

nas ruas vindo daqueles que natildeo se deixaram dissolver pela

aacutegua trazida com a chuva Na cidade escorre toda a calmaria

e a melodia se arrasta molhando o chatildeo Enquanto o ceacuteu se

desmancha aos poucos sobre a rua deserta eles cantam Voz

para um canto que veio aveludar meus ouvidos acalentar

clamoroso de uma vida inteira e fosse essa noite a vida

inteira fez-se a noite lembranccedila da cantiga que me converteu

inteira Pandeiro Meacutedio Viola e a chuva que ritmava a

cantoria O breu e noacutes no breu O escuro arrasta o invisiacutevel

para dentro da cidade que chora para dentro dos meus olhos

que fi tam atentos os olhos deles que me encantam Hora um

hora outro me arrasta em companhia agrave suas vozes As gotas

respondem ao coro num canto suave o pandeiro acompanha

o berimbau e o repique respinga umas gotas tontas de

musicalidade goteja um som que sobrevoa a superfiacutecie

Sobre o invisiacutevelAmanda Lelis

Gabriel Guedes e violino em show na Praccedila da Liberdade

O som da alma se apresenta em desejo e verso livre

na terccedila indecente suave

no violino do seus sonhos em coro cresce a quarta corda

dissonante

eacute a Musica

No canto viacutevido em tom sincero e leve expande

compaixatildeo as notas graves

fi delidade ao escrever a voz da alma sobre arpejos

inconstantes

eacute a Musica

MuacutesicaPedro Gontijo e

Bernardo Gontijo

Te aperto contra o peito

te penduro nas costas

no churrasco passa de matildeo em matildeo

e ainda assim me faz companhia

nas noites de solidatildeo

Ode ao violatildeoBaacuterbara Rodrigues

Ajude a costurar nossa colcha balaioretalhosgmailcom

24 - Colcha de retalhos corrigidoindd 124 - Colcha de retalhos corrigidoindd 1 82809 115124 AM82809 115124 AM

Page 11: Jornal O Ponto - agosto 2009

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Profi ssatildeo bull 11Editoras e diagramadoras da paacutegina Renata Valentim e Roberta Andrade

A crise de identidade natildeo estaacute restrita ao conhecimento

que possibilita a produ-ccedilatildeo jornaliacutestica a dis-tribuiccedilatildeo de conteuacutedo tambeacutem vecirc-se impressa por outros suportes e rit-mos ditados por novas formas de consumo de informaccedilatildeo O jornalismo

impresso que jaacute rivalizou com o raacutedio e com a televisatildeo no

seacuteculo passado hoje concorre com a veloci-dade com a alta interatividade com o enorme alcance e sobretudo com o baixo custo da produccedilatildeo de notiacutecia para a internet e demais suportes digitais

Rogeacuterio Ortega acredita que chegaraacute o dia em que natildeo compensaraacute mais imprimir papel para fazer jor-nal ldquoSoacute que ningueacutem sabe quando vai ser ndash e a respon-saacutevel por isso eacute a publicidade Natildeo tenho dados atu-alizados mas ateacute onde sei no Brasil o faturamento publicitaacuterio dos veiacuteculos impressos eacute muitiacutessimo maior que o dos online Nos EUA jaacute natildeo eacute esse o panoramardquo diz Laacute os sinais de mudanccedila parecem mais concretos No mecircs de maio o criador do site Amazon Jeff Bezos e o presi-dente do jornal Th e New York Times Arthur Sulzberger Jr lanccedilaram o Kindle DX uma versatildeo com tela expandida do e-reader proje-tado originalmente para leitura de livros aca-decircmicos vendidos no site de Bezos A expansatildeo da tela ndash que agora tem 246 centiacutemetros na dia-gonal ndash tem o propoacutesito de tornar mais confor-taacutevel a leitura do jornal Os empreendedores do lanccedilamento apostam no aparelho como res-posta viaacutevel agrave crise da imprensa americana que

viu a circulaccedilatildeo de seus jornais cair draacutesticos 46 em apenas seis meses em 2008 ldquoComo vai ser quando as geraccedilotildees que lecircem tudo na internet desde o comeccedilo forem hegemocircnicas Quando o mercado perceber isso e comeccedilar a achar que anunciar em jornal natildeo com-pensa mais a lsquomudanccedila de suportersquo do papel para os meios digitais estaraacute proacutexima O que natildeo signifi caraacute lsquoextinccedilatildeorsquo dos jornais eles devem continuar a existir de outro modordquo considera Ortega

O Brasil tambeacutem foi afetado pela crise fi nanceira dos impressos A Gazeta Mercantil jornal dedi-cado ao segmento econocircmico com quase 90 anos em atividade vive um periacuteodo criacutetico A Editora JB SA anunciou no uacuteltimo mecircs a devoluccedilatildeo do jor-nal Gazeta Mercantil para seu antigo proprietaacuterio o

empresaacuterio Luiz Fernando Levy o que pocircs a vida do veiacuteculo em risco a circulaccedilatildeo do jornal foi interrom-pida no dia 29 de maio No entanto Levy afi rmou em nota agrave imprensa que a suspensatildeo da circulaccedilatildeo eacute momentacircnea

Palestrantes do Foacuterum de Debates 1ordf Terccedila promo-vido pelo Sindicato dos Jornalistas Profi ssionais de Minas Gerais os professores Seacutergio Amadeu da Faculdade Caacutes-per Liacutebero e Geane Alzamora da PUC Minas pondera-ram sobre os impactos da internet na praacutetica jornaliacutestica no uacuteltimo dia 2 de junho Amadeu durante sua exposiccedilatildeo sobre o tema disse acreditar que a maioria das universi-dades natildeo estaacute apta a formar o jornalista na era da infor-maccedilatildeo Explicada por ele como meio onde predomina a liberdade e a quebra da hierarquia na produccedilatildeo e dissemi-naccedilatildeo de informaccedilatildeo a internet desafi a os meios tradicio-nais por dar menos importacircncia ao capital porque eacute capaz de oferecer conteuacutedo a custo quase zero ldquoNa internet natildeo eacute difiacutecil falar o difiacutecil eacute ser ouvidordquo diz Alzamora que desde meados dos anos de 1990 ndash natildeo coincidecircncia o iniacutecio da popularizaccedilatildeo da web ndash estuda o cruzamento jornalismo x internet afi rma que a vocaccedilatildeo do jornalismo na rede estaacute no formato colaborativo Nichos como os sites OhMyNews

e Overmundo satildeo demonstraccedilotildees claras de que ldquoa versatildeo mais atualizadardquo do profi ssional da notiacutecia atuaraacute como um gerenciador das interaccedilotildees feitas na rede

No balanccedilo do divatilde resta a dica a palavra-chave parece ser a reciclagem Tal como a proacutepria inter-

net que tem sua forma e conteuacutedo renovados a todo o tempo porque estaacute sujeita ao exame dos

interagentes o jornalismo e seus profi ssionais precisam examinar-se e reconfi gurar-se para acompanhar o fl uxo da informaccedilatildeo Como diz o fi loacutesofo Charles Sanders Peirce ldquoas palavras

aprendem com o tempordquo E o jornalista aprenderaacute na lida com elas novos caminhos

m queer jor-spon-s atu-ento

o

-

e

naccedilatildeonais pde ofeeacute difiacutecmeadpopuinternno for

e Ovmaisum g

Nparec

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O mal-estar do impresso

O Ponto Como vocecirc vecirc o ensino do jornalismo hoje no paiacutes

Rogeacuterio Ortega Vejo pelo contato com jornalis-tas receacutem-formados que o panorama natildeo mudou muito em 20 anos ndash a natildeo ser pela possibilidade de em alguns cursos montar uma grade que resulta numa espeacutecie de curso de jornalismo em periacuteodo integral com disciplinas de outras faculdades Tam-beacutem me parece haver uma conversa mais produtiva da academia com as redaccedilotildees ndash no iniacutecio dos anos 90 era uma coisa muito ldquoa induacutestria cultural laacute e noacutes seres pensantes e criacuteticos aquirdquo Acho que natildeo haacute necessidade de um curso de jornalismo que dure quatro ou cinco anos e duvido que a comissatildeo do MEC da qual sei pouco ponha isso em questatildeo Eacute legal sim haver um lugar em que se possam abor-dar histoacuteria e teoria do jornalismo linguagem eacutetica jornaliacutestica etc Mas pra isso natildeo satildeo necessaacuterios quatro anos Jornalismo podia ser por exemplo soacute uma poacutes-graduaccedilatildeo Na minha opiniatildeo sairiam muito mais bem preparados

OP - A partir do seu contato com os ldquofocasrdquo (receacutem-formados em jornalismo) que chegam agrave Folha o que vocecirc percebe como a maior defi ciecircn-cia do jovem jornalista E o que poderia ser feito para corrigir essa defi ciecircncia

Os ldquofocasrdquo da Folha natildeo vecircm soacute de faculdades de jornalismo Quem sobrevive ao programa de treina-mento da Folha e chega agrave redaccedilatildeo tem bom texto e na maioria dos casos boa cultura geral Mas para quem saiu do curso de jornalismo faltam certos conheci-mentos especiacutefi cos que satildeo valiosos na hora de cobrir certos assuntos importantes e que a pessoa teria se por exemplo tivesse cursado direito ou economia Muita gente acaba aprendendo essas coisas na raccedila na lida ndash mas sofreria menos se as tivesse estudado antes

OP - A respeito das ferramentas digitais vocecirc acredita na afirmaccedilatildeo de que a internet estaacute atrofiando a praacutetica jornaliacutestica O jornalismo online merece a demonizaccedilatildeo que lhe tem sido atribuiacuteda

Acredito que pelo contraacuterio a internet abriu novas possibilidades Qualquer um pode escrever qualquer coisa na web a custo zero ou quase zero mas quem estaacute interessado em se informar vai procurar notiacutecias que sejam confi aacuteveis bem apuradas bem escritas Ou seja o feijatildeo-com-arroz de sempre da praacutetica jornaliacutes-tica soacute que online feito em ldquotempo realrdquo e atualizaacutevel Claro que em um jornal impresso haacute mais tempo para apurar confrontar versotildees descartar coisas que se revelem boatos No online pela proacutepria natureza do meio eacute muito mais faacutecil que o rumor a versatildeo natildeo

confi rmada informaccedilotildees incorretas textos mal escri-tos etc sejam colocados no ar Claro depois podem ser feitas atualizaccedilotildees e correccedilotildees mas de todo modo eacute difiacutecil aliar rapidez e precisatildeo

OP - Como vocecirc vecirc a utilizaccedilatildeo da blogosfera para a praacutetica jornalistica

Blog pode servir para tudo inclusive para jorna-lismo -e bom jornalismo acredito Mas por enquanto soacute as grandes empresas jornaliacutesticas -ou grandes por-tais- tecircm estrutura e dinheiro para mandar repoacuterteres fazerem coberturas dispendiosas e que demandem tempo Natildeo eacute uma aacuterea em que ldquoblogueiros inde-pendentesrdquo possam competir Ainda assim eacute uma descentralizaccedilatildeo da informaccedilatildeo que vejo com muito bons olhos No Brasil os meios de comunicaccedilatildeo satildeo concentrados ou estatildeo na matildeo de governos Eacute bom -saudaacutevel- poder fugir disso

O jornalismo na visatildeo do mercado

O redator de Primeira Paacutegina da Folha de S Paulo Rogeacuterio Ortega 38 eacute jornalista for-mado pela Escola de Comunicaccedilotildees e Artes da USP Com quase 18 anos de carreira ele daacute a sua visatildeo da comissatildeo formada pelo MEC mostra-se favoraacutevel agrave queda da exigecircncia do diploma e vecirc com bons olhos os desafi os trazidos pela internet

Rodrigo Z

avagli - 6ordm periacuteodo

Arquivo Pessoal

10-11 - roberta e renaindd 210-11 - roberta e renaindd 2 82809 115017 AM82809 115017 AM

O PoontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

12 bull Especial

10A NOSDA REDACcedilAtildeO

Em uma deacutecada foram 73 ediccedilotildees Apro-ximadamente 400 mil exemplares distribu-iacutedos Seis mudanccedilas de logomarca Quatro modificaccedilotildees graacuteficas Cinco coordenado-res e trecircs premiaccedilotildees recebidas duas em acircmbito nacional e uma internacional A primeira distinccedilatildeo conferida ao O Ponto foi em 2005 quando recebeu o tiacutetulo de melhor jornal laboratoacuterio do Brasil pela Pesquisa Experimental em Comunicaccedilatildeo (Expocom) considerado um dos mais importantes eventos cientiacuteficos nacionais Em 2006 outros dois precircmios na aacuterea de produccedilatildeo laboratorial vieram e O Ponto foi eleito o melhor jornal experimental de Minas Gerais e tambeacutem da Ameacuterica Latina levando o trofeacuteu Patildeo de Queijo de Notiacutecias (PQN) e uma medalha da Expo-comSUR pela notoriedade do trabalho jor-naliacutestico desenvolvido A medalha desta uacuteltima conquista cunhada em ouro e gra-vada com o nome e a localidade do evento (ExpocomSUR ndash Santa Cruz de La SierraBoliacutevia) ainda estaacute agrave mostra no quadro expositor de antigos e recentes exempla-res de O Ponto - escrito e planejado por trecircs geraccedilotildees de estudantes de jornalismo e tambeacutem por alunos de publicidade que jaacute desenvolveram interessantes peccedilas publicitaacuterias que marcaram a evoluccedilatildeo e a dinacircmica do jornal durante todos estes anos de atividades

Os trofeacuteus angariados tambeacutem deco-ram a mobiacutelia da redaccedilatildeo do jornal ndash onde coordenador monitores e voluntariados se debruccedilam diariamente sob o trabalho de apuraccedilatildeo produccedilatildeo supervisatildeo e revi-satildeo das pautas e mateacuterias criadas em um esforccedilo que visa dar continuidade qualita-tiva a este produto acadecircmico de renome criado e dirigido outrora pelos ex-alunos Hoje muitos deles profi ssionais bem sucedidos que fazem questatildeo de salientar quando questionados a infl uecircncia que a participaccedilatildeo em O Ponto como monitores e voluntaacuterios exerceu na vida profi ssional posteriormente

Em entrevista para esta reportagem comemorativa dos lsquodez anosrsquo todos os entrevistados (ex-alunos e monitores)

sem exceccedilatildeo foram nostaacutelgicos quanto agrave eacutepoca de estaacutegio e voluntariado no qual muitos fizeram sacrifiacutecios e estripulias para trazerem agrave tona um furo jornaliacutestico redigirem uma mateacuteria relevante e dia-gramarem da melhor forma o conteuacutedo que produziram ldquoAprendi a ser jornalista em O Ponto Aprendi a respeitar os cole-gas de trabalho e aprendi a cobrar e ser cobrado O Ponto me mostrou que com superaccedilatildeo conhecimento teacutecnico e liber-dade podemos fazer um bom jornalismordquo pontua Frederico Wanderley ex-aluno da Fumec e integrante da primeira turma de jornalismo da Universidade

Ernesto Braga ex-monitor do jornal tambeacutem ressaltou em entrevista a impor-tacircncia da experiecircncia vivenciada no jornal laboratoacuterio para o ofiacute-cio da profi ssatildeo ldquoO Ponto foi fundamen-tal para mim Embora a realidade de uma redaccedilatildeo de jornal diaacuterio seja completamente diferente ndash mais corrida e tensa ndash do ponto de vista do dead line As noccedilotildees de produccedilatildeo reportagem fotografi a e ediccedilatildeo apreendidas em O Ponto me permitiram compreender um pouco mais sobre o processo de fazer jornal () Meu portifoacutelio foi exatamente as mateacuterias que fi z para O Pontordquo admite

Portanto independente dos marcos citados e de outras cifras e estatiacutesticas do jornal a relevacircncia de O Ponto no espaccedilo acadecircmico nestes dez anos de existecircncia se daacute por outras razotildees o jornal eacute primordial-mente um instrumento praacutetico um meio de experimentaccedilatildeo teoacuterico-praacutetica dos alunos que visa munir o estudante de experiecircncias relevantes que possam ser um diferencial na hora de se introduzir na realidade da profi s-satildeo ndash que requer muita perspicaacutecia ousa-dia e estilo para se destacar Aleacutem disso O Ponto eacute um veiacuteculo que surgiu de uma pro-posta pedagoacutegica e jornaliacutestica consistente e aguerrida que propiciou notaacuteveis reper-cussotildees para o curso e claro ensinamentos

frutiacuteferos para os estudantes que souberam e sabem usufruir ainda das possibilidades que o jornal se predispotildee a dar atraveacutes da praacutetica e do trabalho

De acordo com o Projeto Poliacutetico Peda-goacutegico do curso de Comunicaccedilatildeo Social O Ponto lanccedilado em junho de 1999 tinha e ainda tem como premissa se prestar a ser atraveacutes do trabalho dos alunos e sob coor-denaccedilatildeo criteriosa dos professores um veiacuteculo de ldquojornalismo de conversaccedilatildeordquo em contraposiccedilatildeo ao jornalismo puramente informativo factiacutevel feito pela imprensa

convencional A proposta era lanccedilar um impresso ndash e sua periodicidade (men-sal) permite que isto seja possiacutevel - que debatesse com mais profundidade os paradigmas sociais explo-rando e adentrando mais nas complexidades de cada acontecimento na comuni-dade regional e internacio-nal incitando discussotildees relevantes para o puacuteblico leitor

A proposta era natildeo soacute falar por exemplo sobre o

paacutereo entre dois candidatos de uma elei-ccedilatildeo municipal em Belo Horizonte ou onde quer que fosse Mas sim criticar se neces-saacuterio a forma como os embates poliacuteticos ou a falta deles se datildeo em plena eacutepoca eleitoral como mostrou a reportagem ldquoDisputa eleitoral sem disputardquo ndash publi-cada em O Ponto em setembro de 2006

O objetivo do projeto pedagoacutegico eacute evi-denciar problemas relegados ao esqueci-mento como por exemplo a inadimplecircncia do Governo de Minas Gerais para com os problemas ambientais (hiacutedricos) do Estado como fez os ex-alunos Pedro Blank e Ernesto Braga na reportagem do ano de 2000 ldquoDes-caso Mata o Rio das Velhasrdquo ldquoUma mateacuteria que repercutiu muito () virando inclusive editorial do jornal Estado de Minasrdquo con-forme relembra o proacuteprio autor da mateacuteria Ernesto Braga O jornalista ainda ressaltou ldquoo engraccedilado desta mateacuteria eacute que sem saber que O Ponto tinha uma tiragem de quatro mil exemplares e pensando que ele circu-lava apenas na faculdade uma das fontes

O Ponto estaacute completando uma deacutecada de jornalismo laboratorial Para comee alunos que participaram da criaccedilatildeo do jornal para resgatar um pouco da su

ldquoO Ponto foi fundamental para

mim ()embora uma redaccedilatildeo de jornal

diaacuterio seja diferenteMeu portifoacutelio foi

exatamente as mateacuterias que fi z para O

PontordquoErnesto Braga ex-monitor

12-16 - 10 anos O Pontoindd 112-16 - 10 anos O Pontoindd 1 82809 123340 PM82809 123340 PM

O Poonto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Especial bull 13

(da mateacuteria) desceu o cacete no Estado E com a repercussatildeo ele (a fonte) ligou para o coordenador alegando que natildeo tinha falado aquilo que tinha sido publicado pedindo retrataccedilatildeo Ele esteve entatildeo na faculdade e ouviu toda a gravaccedilatildeo da entrevista no estuacute-dio da raacutedio e natildeo teve mais o que contes-tarrdquo recorda Braga

Portanto a intenccedilatildeo de O Ponto foi e ainda eacute publicar e propor assuntos que pos-sam render refl exotildees audaciosas que per-mitam ao leitor extrapolar o senso comum e os pensamentos instrumentais alcanccedilando o campo das ideacuteias criacuteticas e producentes do ponto de vista social que tenham propoacutesitos de mobilizaccedilatildeo e desalienaccedilatildeo das pessoas em geral Seja em forma de denuacutencia em uma grande reportagem em forma de traccedilo como na charge que prima pelo tom criacutetico e irocircnico ou nas mateacuterias e notas que repor-tam acontecimentos e eventualidades desco-nhecidas mas impor-tantes para a dinacircmica da sociedade seja no campo econocircmico poliacutetico ou cultural

Satildeo dez anos de accedilatildeo estudantil em todas as etapas produtivas do jornal desde a criaccedilatildeo de pautas ateacute a distri-buiccedilatildeo do jornal

Dez anos de tentativas Acertos erros aprendizagem e repercussotildees Polecircmicas e alguns deslizes

Haacute uma deacutecada O Ponto vem prestan-do-se a ser para os alunos um instrumento de aprendizagem e lapidaccedilatildeo profi ssional E apesar dos altos e baixos que toda ati-

vidade laboratorial implica o desafi o tem sido cumprido

Difi culdades teacutecnicas problemas entre alunos ndash editores e repoacuterteres - no cum-primento do prazo na entrega de mateacuterias alguns detalhes estruturais com relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo do jornal entraves de uacuteltima hora fotografi as infograacutefi cos e diagrama-ccedilotildees pendentes incompletas ou inapro-priadas fazem parte da rotina da produccedilatildeo de O Ponto Como em qualquer outra reda-ccedilatildeo de laboratoacuterio E satildeo exatamente esses desafi os que permitem agravequeles alunos que se doam agrave praacutetica colaborativa como repoacuter-teres voluntaacuterios e monitores do jornal descobrir suas aptidotildees capacidades e tam-beacutem a aprimorarem teacutecnicas e adquirirem conhecimento ainda desconhecidos

O iniacutecio o fi m e o meioNeste intertiacutetulo consta

uma informaccedilatildeo de cunho histoacuterico sobre O Ponto Esta frase ndash O iniacutecio o fi m e o meio que parece estar com a loacutegica inver-tida foi o primeiro e uacutenico slogan que o jornal teve Joatildeo Henrique Faria que trabalhou como consul-tor na criaccedilatildeo do curso de Comunicaccedilatildeo Social na

Fumec entre 1996 e 1997 e tambeacutem como coordenador em 1998 ndash logo quando o curso foi fundado - relata que o slogan surgiu de um concurso interno lanccedilado para alunos e que visava dar uma identidade ideoloacutegica e esteacutetica para o jornal que juntamente agrave raacutedio foram os primeiros laboratoacuterios do curso de Comunicaccedilatildeo a entrarem em fun-

cionamento Foi neste periacuteodo de inaugura-ccedilatildeo do curso que surgiu a marca O Ponto e o distintivo publicitaacuterio ldquoo iniacutecio o fi m e o meiordquo para o impresso

O slogan faz referecircncia agrave letra de muacutesica ldquoGitardquo do compositor Raul Seixas para enfatizar a proposta editorial do veiacute-culo - a ordem de disposiccedilatildeo das repor-tagens naquela eacutepoca no interior jornal O acutemeio` portanto eram as paacuteginas res-guardadas para as editorias referentes a assuntos institucionais ndash da universidade e tambeacutem para os assuntos que versavam sobre os proacuteprios meios de comunicaccedilatildeo ndash cobertura atuaccedilatildeo das miacutedias eventos e paradigmas ndash tudo no miolo do impresso O acutefim` era o espaccedilo reservado no jornal para as mateacuterias de poliacuteticas puacuteblicas sendo a sociedade a principal interessada e a proacutepria finalidade das reportagens e O Ponto o proacuteprio lsquofimrsquo O acuteiniacutecio` final-mente eram mateacuterias sobre variedades que falavam sobre questotildees gerais - curio-sidades entretenimento opiniotildees Este estilo de iacutendice e de divisatildeo do jornal durou dois anos desde o lanccedilamento ateacute que reformulaccedilotildees graacuteficas resultaram na retirada do slogan de layout de O PontoMudanccedilas compreensiacuteveis tratando-se de um jornal laboratoacuterio que prima pela experimentaccedilatildeo e inovaccedilatildeo

Um nome de impactoA democracia que foi sempre uma

maacutexima no funcionamento do laboratoacuterio de jornalismo impresso ndash todos os alunos sem exceccedilatildeo do 1ordm ao 8ordm periacuteodo devem e podem escrever ndash esteve presente tambeacutem no concurso que deu nome ao jornal O nome O Ponto foi criado pelo ex-aluno de

Editor e diagramador da paacutegina

10A NOSomemorar esse feito nossa equipe de reportagem ouviu os primeiros monitores a sua histoacuteria precircmios conquistados mateacuterias de repercussatildeo e mudanccedilas graacutefi cas

Da esquerda para a direita os ex-monitores Ernesto Braga Pedro Blank e Frederico Wanderley do Ponto para as redaccedilotildees

ldquoCriei (o nome) O Ponto pensando no sentido ortograacutefi co e ao mesmo tempo no signifi cado da palavra como ponto de vistardquo

Faacutebio Santos ex-aluno

12-16 - 10 anos O Pontoindd 212-16 - 10 anos O Pontoindd 2 82809 123341 PM82809 123341 PM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

14 bull Especial Editor e diagramador da paacutegina

19991999 2000 2004

Esta mateacuteria assinada pelos ex-alunos Ernesto Braga e Pedro Henrique Blank denunciou a poluiccedilatildeo no Rio das Velhas A partir da constataccedilatildeo de que 90 da carga poluidora lanccedilada no rio era proveniente da coleta dos esgotos domeacutesticos ldquoNa eacutepoca o entatildeo superintendente do jornal Estado de Minas Eacutedison Zenoacutebio publicou uma nota em sua coluna no jornal parabenizando pela mateacute-riardquo recorda o professor Rogeacuterio Bastos

Em ldquoAnunciou virou mancheterdquo o aluno Pedro Penido criticou a cobertura da imprensa entorno do deacutefi ct zero e a publicidade do governo do Estado sobre esse fato estampada nos trecircs jornais da capital Jaacute ldquoA imprensa errourdquo eacute uma criacutetica ao comportamento da imprensa na cobertura de um assassinato no Edifiacutecio JK O trabalho dos repoacuterteres Sinaacuteria Ferreira e Guilhermo Tacircngari pautou uma discussatildeo no Brasil das Gerais da Rede Minas Sinaacuteria Ferreira monitora na eacutepoca foi uma das participantes do programa

O Ponto eacute lanccedilado O impresso vem entatildeo ao mundo em for-mato Standard 315 mm x 560 mm papel jornal

jornalismo Faacutebio Santos que participou do processo seletivo do nome do jornal-laboratoacuterio do curso de Jornalismo da Fumec ldquoCriei acuteO Ponto` pensando no sentido ortograacutefico e ao mesmo tempo no signifi-cado da palavra como ponto de vistardquo

ldquoO Ponto eacute um nome de impacto Representa o acircngulo o lsquoxrsquo da questatildeordquo explica Joatildeo Henrique Faria que na ocasiatildeo participou do processo de escolha do nome O acutex` a que Faria se refere diz respeito a forma mais precisa de tratar um acontecimento Na seara jornaliacutestica consiste em diagnosticar o que de mais importante existe no fato esmiuccedilar seus anteceden-tes e desdobramentos O objetivo eacute enfi m noticiar de forma complexa contextualizada sem contudo recair no erro de julgar fazer juiacutezo de valor sobre um determi-nado acontecimento

Porque mudar eacute precisoEm maio de 2009 foi lanccedilado o novo projeto graacutefi co

do jornal com draacutesticas mudanccedilas de formato estilo e tambeacutem de logomarca cujo grafi smo conteacutem agora um ponto dentro da letra ldquoordquo reforccedilando a marca do impresso em seu nome O novo logotipo do jornal O Ponto eacute meacuterito do aluno do 2ordm periacuteodo do curso de Design Graacutefi co da Fumec Giovanni Batista Cocircrrea vencedor do concurso de reformulaccedilatildeo do logotipo

do jornal ldquoUsei uma fonte parecida com a anterior e desenhei a primeira letra lsquoorsquo da palavra como um lsquopontorsquo aproveitando sua forma natural pois acredito que uma marca deve ser simples e ao mesmo tempo marcanterdquo explica

A nova reformulaccedilatildeo graacutefi ca coordenada pela pro-fessora Duacutenya Azevedo e que contou com dois volun-taacuterios ndash os alunos Roberta Andrade e Pedro Leone - foi desenvolvido no segundo semestre de 2008 com base em pesquisas bibliograacutefi cas

De forma geral a opccedilatildeo por migrar do formato Stan-dart (o antigo jornalatildeo ndash de 53 cm de altura por 297 de largura) para o Berliner (289 cm por 43 cm) veio da demanda de adequaccedilatildeo as transformaccedilotildees que o meio impresso vem passando no mundo e no Brasil dimi-nuiccedilatildeo do puacuteblico leitor em detrimento dos veiacuteculos digitais o que culminou na reduccedilatildeo dos lucros dos jornais e do pessoal ndash jornalistas nas redaccedilotildees O que acentuou a disputa entre os jornais pelo leitor gerando a necessidade de reinvenccedilatildeo dos layouts para capta-ccedilatildeo deste puacuteblico que estaacute migrando para os canais de notiacutecia instantacircnea na internet

Conforme explica a professora Duacutenya Azevedo o formato Berliner eacute economicamente mais vantajoso - sua impressatildeo eacute mais barata e desperdiccedila menos papel eacute um formato mais praacutetico de ser manuseado

e passiacutevel de se aproximar de um layout de revista tipo de impresso mais bem acabado esteticamente e benquisto Razotildees estas ndash economia esteacutetica e tipo de manuseio - que infl uenciaram na decisatildeo de reformu-lar O Ponto

ldquoO objetivo do novo formato eacute aproximar O Ponto do estilo magazine (revista) ateacute mesmo pela sua periodi-cidade mensalrdquo explica Roberta Andrade ldquoQueriacuteamos diminuir o formato preservando poreacutem a valorizaccedilatildeo do textordquo reforccedila Pedro Leone Assim optou-se por uma tipografi a mais espaccedilada e menor para compor um layout mais arejado modernordquo

Eacute nesta linha de atuaccedilatildeo mantendo as antigas pre-missas do curso de liberdade de atuaccedilatildeo democracia e de ensaios profi ssionais que O Ponto segue traccedilando sua trajetoacuteria no espaccedilo acadecircmico concomitante-mente a histoacuteria dos estudantes no curso Sempre tendo em mente que a credibilidade de um jornal pre-cisa ser renovada constantemente seja ele velho ou novo Tenha ele 10 ou 100 anos de existecircncia Seja ele profi ssional ou laboratorial pois o que deve ser exal-tado e cumprido eacute a seriedade do trabalho sem isen-ccedilatildeo de culpa e responsabilidade em caso de erros Pois o desafi o em qualquer um dos veiacuteculos ndash seja um jornal renomado ou universitaacuterio eacute reportar com eacutetica e pro-fi ssionalismo as informaccedilotildees prestadas ao leitor

Alguns marcos em 10 ANOS

Imag

ens r

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O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Especial bull 15

2006

No fi nal de 2005 o jornal obteve outro rele-vante resultado um estudo sobre sua proposta editorial Os ex-alunos de jornalismo formados em 2005 Rafael Werkema e Renata Quintatildeo produziram o livro Jornal laboratoacuterio - uma pro-posta editorial criacutetica como parte do projeto de conclusatildeo de curso e dedicaram esta obra ldquoa todos os que veem O Ponto como espaccedilo para a formaccedilatildeo de agentes transformadores da socie-daderdquo Werkema declarou tambeacutem que este estudo abre refl exatildeo sobre a importacircncia do jornalismo impresso experimental que difere do modelo sisudo e congelado da grande imprensa

20092009Em janeiro de 2006 o jornal recebeu o precircmio Patildeo de Queijo de notiacutecias (PQN) Na eacutepoca a ex-coordenadora de O Ponto Ana Paola Valente fez a seguinte declaraccedilatildeo sobre o feito ldquoEsta eacute uma conquista coletiva construiacuteda principalmente pelos alunos que fazem o jornal e acreditam neste projetordquoEm maio o jornal foi eleito o melhor jornal laboratoacuterio da Ameacuterica Latina na III Mos-tra Internacional da Pesquisa Experimen-tal da Comunicaccedilatildeo EXPOCOM-SUR

2005

Para aleacutem das atividades ligadas ao produto impresso O Ponto tambeacutem se faz presente em vaacuterias iniciativas e eventos na Faculdade de Ciecircncias Humanas Uma dessas accedilotildees foi o debate poliacutetico entre os candidatos agrave Prefeitura de Belo Horizonte em 2008 Organizado pelos monitores de O Ponto e da Redaccedilatildeo Modelo e orien-tados pelos professores coordenadores o evento reuniu seis dos nove candidatos ao pleito no auditoacuterio Phoenix da Fumec no mecircs de setembro

Dois assuntos mar-caram a tocircnica do debate dos candida-tos as preocupaccedilotildees com educaccedilatildeo e com o transporte puacuteblico na capital mineira As inquietaccedilotildees estiveram presentes nas questotildees apresentadas pelos estudantes O auditoacuterio recebeu mais de 200 universitaacuterios

Compareceram ao evento os candi-datos Gustavo Valadares (DEM) Jorge Periquito (PRTB) Leonardo Quintatildeo (PMDB) Pedro Paulo (PCO) Seacutergio Miranda (PDT-PCB) e Vanessa Portu-gal (PSTU) Somente trecircs candidatos ndash Andreacute Alves (PT do B) Jocirc Moraes (PC do B) e Maacutercio Lacerda (PSB) ndash natildeo partici-

param e alegaram confl ito de agenda Os presentes elogiaram a organizaccedilatildeo

do evento e destacaram a importacircncia de se promover esclarecimentos poliacuteticos aos jovens jaacute que o tempo de duraccedilatildeo dos programas eleitorais na miacutedia natildeo era sufi ciente para informar os eleitores sobre os problemas da cidade bem como das propostas dos candidatos ao pleito

O envolvimento da equipe de O Ponto natildeo para por aiacute Em colaboraccedilatildeo com o Nuacutecelo de Estu-dos Escola da Ter-ceira Idade (Neeti) o laboratoacuterio assumiu tambeacutem no uacuteltimo semestre a diagrama-ccedilatildeo e fechamento do jornal Degrau publi-caccedilatildeo semestral dos alunos do curso que produzem crocircnicas poesias e outros tex-tos de cunho pessoal

Em momentos de polecircmica a ordem eacute arregaccedilar as mangas Apoacutes decisatildeo do Supremo Tribunal Federal no fi nal do primeiro semestre deste ano de por fi m agrave obrigatoriedade do diploma para o exer-ciacutecio profi ssional do jornalismo os moni-tores de O Ponto foram mobilizados para sair em campo e ouvir os profi ssionais do mercado sobre o impacto da decisatildeo na

vida dos atuais e futuros profi ssinais Como resultado da iniciativa foi pro-

duzido um viacutedeo com depoimentos de representantes da imprensa belo-hori-zontina tranquilizando os estudantes e avaliando como baixo o impacto da medida do STF na hora da contrataccedilatildeo prevalecendo a importacircncia de se ter um curso de formaccedilatildeo jornaliacutestica

Ensino de qualidadeO laboratoacuterio de jornalismo impresso

da Fumec prima tambeacutem pela qualidade do ensino As atividades de produccedilatildeo de cada ediccedilatildeo do jornal laboratoacuterio assim como a delimitaccedilatildeo dos papeacuteis dos par-ticipantes e colaboradores em cada uma delas satildeo todas executadas e coordena-das por estudantes Os alunos desde o primeiro semestre do curso satildeo estimu-lados a participar de O Ponto

As reuniotildees de pauta satildeo divulgadas para todo o corpo dicente de Jornalismo e coordenadas pela monitoria As suges-totildees de assuntos e enfoques para as mateacute-rias satildeo responsabilidade dos alunos que estatildeo cursando a disciplina Ediccedilatildeo II Eles assumem a ediccedilatildeo do jornal a cada semestre orientados pelo professor da disciplina e auxiliados pelos monitores

Quanto agrave apuraccedilatildeo das mateacuterias a reportagem pode ser executada por todos os periacuteodos A fotografi a tambeacutem eacute uma atividade preferencialmente dos alunos do curso Iniciativas de convergecircncia

tambeacutem satildeo praticadas pelos estudantes da Fumec como por exemplo em repor-tagem publicada na ediccedilatildeo nuacutemero 69 Intitulada ldquoEstudante vira gari por um diardquo a reportagem foi produzida para o impresso para a internet (Ponto Eletrocirc-nico) e em viacutedeo simultacircneamente Para isso uma equipe foi para as ruas executar a reportagem e no caso do repoacuterter tam-beacutem da coleta de lixo

A ediccedilatildeo do texto e a diagramaccedilatildeo satildeo executadas pelos alunos que estatildeo cur-sando Ediccedilatildeo II A revisatildeo fi nal do texto e do layout da paacutegina satildeo tarefas dos monitores e posteriormente o material eacute enviado para a graacutefi ca

O Jornal Laboratoacuterio O Ponto eacute na avaliaccedilatildeo do Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social da Universidade Fumec Seacutergio Arreguy o principal ins-trumento de experimentaccedilatildeo para o jor-nalismo impresso ldquoElaborado desde o projeto graacutefi co pautas apuraccedilatildeo e produ-ccedilatildeo de mateacuterias pelos alunos sob a super-visatildeo e coordenaccedilatildeo dos professores eacute o resultado de muito trabalho dedicaccedilatildeo e comprometimento de todos os envol-vidos materializado em um Jornal de excelente qualidade Refl exo de um curso seacuterio aprovado e reconhecido sobretudo pelo mercado de Belo Horizonterdquo

Aureacutelio JoseacuteCoordenador do Jornal-laboratoacuterio e

professor do curso de Jornalismo

Atividades vatildeo aleacutem da produccedilatildeo impressa

ldquoResultado de muito trabalho e

comprometimento o jornal eacute refl exo

de um curso seacuterio e reconhecido pelo

mercado de BHrdquoSeacutergio Arreguy coordenador do curso de Comunicaccedilatildeo Social

12-16 - 10 anos O Pontoindd 412-16 - 10 anos O Pontoindd 4 82809 34457 PM82809 34457 PM

O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

16 bull Especial

Com a palavra alguns ex-monitores

ldquoO meu

primeiro contato praacutetico

com o jornalismo ocorreu no Jor-

nal O Ponto Durante oito meses

como

monitor e nos quatro anos de curso

vivi cada

dia na redaccedilatildeo e pude ajudar a c

onstruir com

reportagens diagramaccedilotildees ou material fotograacutefi co

esse jornal que respeito muito por

ter me mostrado de

forma sincera alguns valores da mi

nha profi ssatildeo

As discussotildees interessadas que tive

mos naquela redaccedilatildeo

fi cam para toda a carreira juntame

nte com as boas pessoas

com as quais pude conviver nesse

periacuteodo Com o Ponto

percebi que o jornalismo antes de

escrever deve ldquoolharrdquo

para o mundo e buscar seu recorte

Por mais difiacutecil que

fosse terminar uma paacutegina sempre

compensava olhar para

ela impressa na pilha de jornais

no fi m do mecircs Esse

desafi o nos motivou e deve motivar

a cada diardquo

Enzo Menezes ex-monitor

ldquoDurante um ano e meio fui moni-

tora do jornal O Ponto podendo

adquirir muito conhecimento Mesmo

sendo um jornal mensal e por isso com-

posto de reportagens natildeo de notiacutecias pude

aprender sobre a rotina de uma redaccedilatildeo Aprendi

como nasce um jornal desde a reuniatildeo de pau-

tas o acompanhamento dos repoacuterteres e editores

revisatildeo das paacuteginas montagem da boneca o fecha-

mento ateacute o jornal impresso Comecei no jornal no

sexto periacuteodo entatildeo tive que apreender a editar

e diagramar uma paacutegina Ao mesmo tempo tambeacutem era

responsaacutevel pela ediccedilatildeo fi nal do jornal tendo que

colaborar com os demais alunos Foi muito grati-

fi cante fazer parte da equipe do jornal labora-

toacuterio foi um grande aprendizadordquo

Poliane Bosco ex-monitora

ldquoFui um dos primeiros monito-res do jornal e da 1ordf turma de jornalismo da Fumec Como na eacutepoca os repoacuterteres eram voluntaacuteriospassaacutevamos nas

salas chamando o pessoal Nas primeiras ediccedilotildees ateacute falavam que existia uma lsquopanelinharsquo porque as

mateacuterias eram sempre dos mesmos - eu o Ernesto Braga o Pedro Blank por exemplo porque era quem se interessava em escrever A mateacuteria que me marcou mais foi a primeira a primeira a gente nunca esquece (risos) Acho que o tiacutetulo era lsquoDe volta aos porotildees da loucurarsquo que saiu como manchete na primeira ediccedilatildeo e era sobre um manicocircmio em Barbacena O pessoal de psicologia ia fazer um estudo laacute e nos ofere-cemos para cobrir Vimos que a situaccedilatildeo do lugar era a mesma haacute 20 anos segundo um livro dos anos 80 sobre a instituiccedilatildeordquo

Murilo Rocha ex-monitor

ldquoA moni-toria foi uma experiecircncia

muito bacana pois foi a primeira vez que tive contato com a produccedilatildeo de

um jornal Tiacutenhamos a funccedilatildeo de editar mas tambeacutem faziacuteamos mateacuterias diagramaacutevamos tiraacute-

vamos fotos orientaacutevamos os repoacuterteres enfi m era uma trabalheira soacute Lembro-me de uma mateacuteria que fi z sobre salaacuterio miacutenimo (maio2001 14ordf ediccedilatildeo) e ganhou a manchete de O Ponto para minha surpresa Eu e o Daniel Bianchini na eacutepoca fotoacutegrafo e teacutec-nico do laboratoacuterio de fotografi a da Fumec subimos a favela para saber quantas eram e como viviam as

pessoas que recebiam um salaacuterio miacutenimordquo

Angeacutelica Diniz ex-monitora

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Foto arquivo O Ponto

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Esporte bull 17Editor e diagramador da paacutegina Rodrigo Zavaghli e Joatildeo Procoacutepio 6ordm periacuteodo

Domingo um dia em que a populaccedilatildeo de um paiacutes inteiro parou diante das tevecircs para assistir ao embate de duas equipes esportivas disputando o tiacutetulo nacional O vencedor vem estabelecendo uma supremacia invejaacutevel Eacute o maior ganha-dor da deacutecada e jaacute desponta como favo-rito para a proacutexima temporada Enfrenta apenas um desafi o manter o elenco para continuar competitivo em um ramo que movimenta milhotildees em dinheiro anualmente

Poderia estar falando do Brasil e o time citado poderia perfeitamente ser o Satildeo Paulo Mas a cena descrita se passa nos Estados Unidos o campeatildeo se chama Los Angeles Lakers e o esporte natildeo eacute o futebol mas sim o basquete Com uma atuaccedilatildeo impecaacutevel do cestinha Kobe Bryant os Lakers derrotaram o Orlando Magic em uma seacuterie melhor de sete jogos levantando o caneco pela quarta vez desde o ano 2000 Eacute o deacutecimo tiacutetulo do teacutecnico Phil Jackson em 15 da equipe de LA Somados a esses nuacutemeros 15 milhotildees de televisores americanos esta-vam ligados no jogo durante a exibiccedilatildeo e a movimentaccedilatildeo fi nanceira do esporte tambeacutem natildeo fi ca atraacutes das grandes trans-ferecircncias de jogadores brasileiros para o futebol europeu A estrela do basquete Shaquille OacuteNeil deve trocar de time por nada menos que 20 milhotildees de doacutelares -uma pechincha- Mostra-se assim que o basquete pode seguir uma foacutermula de sucesso da mesma forma que fazemos com o nosso esporte nacional

A liga americana eacute uma das mais assis-tidas no paiacutes e no mundo sendo transmi-tida para 42 paiacuteses e possui uma foacutermula diferente e atraente com fase de grupos os famosos mata-matas e divisotildees por conferecircncias tornando toda a temporada uma grande festa com direito inclusive agraves tradicionais e nada desejaacuteveis brigas de torcida

A NBBA Associaccedilatildeo Nacional de Basquete

dos Estados Unidos a NBA eacute o exemplo que o Brasil estaacute tentando seguir para reerguer o esporte no paiacutes A preocupa-ccedilatildeo eacute grande uma vez que por exemplo a equipe masculina nacional que jaacute con-tou com estrelas como Oscar Schmidt aleacutem de jogadores que hoje fazem fama no exterior como Leandrinho Nenecirc e Anderson Varejatildeo nem se quer conquis-tou vaga para disputar as duas uacuteltimas olimpiacuteadas Isso para um esporte em que o Brasil jaacute foi campeatildeo mundial no cada vez mais longiacutenquo ano de 1959 eacute sinal de crise

Mas o racha no basquete brasileiro natildeo envolve apenas o desempenho do time em quadra Nos uacuteltimos anos o que se viu foi um show de falta de organizaccedilatildeo por parte da Confederaccedilatildeo Brasileira de Basquete (CBB) que em 2006 natildeo con-seguiu promover o campeonato nacio-nal ateacute o fi m Faltou a fi nal e a histoacuteria

enveredou para a poliacutetica Os clubes paulistas insatisfeitos com a conjun-tura romperam com a confederaccedilatildeo e disputaram um torneio paralelo criado por eles em 2008 No preacute-oliacutempico do mesmo ano a seleccedilatildeo brasileira dispu-tou por vaacuterios motivos muitos deles obscuros com desfalque de todos os jogadores que disputavam a Liga Ame-ricana Perdeu

Insustentaacutevel por si soacute a nova aposta da CBB eacute o Novo Basquete Brasil A sigla NBB natildeo foi por acaso A semelhanccedila com a NBA eacute justamente o foco do novo torneio organizado pelos clubes com a chancela da Confederaccedilatildeo Eacute uma ten-tativa de reconciliaccedilatildeo dos times com a entidade dos jogadores com a seleccedilatildeo e por consequumlecircncia das torcidas com a quadra O formato traz turno returno e fase fi nal com mata-mata para defi nir semifi nalistas e fi nalistas A fi nal eacute deci-dida em no maacuteximo cinco partidas E que comece a campanha para as Olim-piacuteadas do Rio

OlimpiacuteadasQue o governo brasileiro estaacute em cam-

panha para sediar os Jogos Oliacutempicos de 2016 jaacute estaacute claro para todo mundo O que acontece nas entrelinhas poreacutem eacute um esforccedilo coletivo por parte da miacutedia do governo e de todo o setor esportivo em geral em alavancar o esporte no paiacutes Desmistifi car a conversa de que aqui soacute o futebol presta Eacute bom para os clubes bom para os cofres puacuteblicos e bom para as empresas privadas fora a melhoria na imagem do paiacutes laacute fora Para se ter uma ideia o Pan do Rio gastou cerca de sete milhotildees de reais em uma soacute cidade Jaacute a reforma do Maracanatilde palco da fi nal da copa de 2014 tem orccedilamento pre-visto em ateacute 1 bilhatildeo Eacute muito dinheiro envolvido e logicamente muita gente interessada

O NBB se torna claramente mais uma peccedila nesse complexo tabuleiro aonde o objetivo eacute vender o Brasil como paiacutes do esporte Ronaldo Adriano Fred fora outras movimentaccedilotildees de grandes estrelas do esporte nacional que retor-nam ao paiacutes mostram que aos poucos estamos tentando construir uma cultura esportiva o que nos encaixa como uma luva na candidatura para as olimpiacuteadas

A verdade eacute que temos um longo caminho a percorrer O Rio de Janeiro jaacute ateacute possui um esqueleto de estrutura eacute verdade feita nos Jogos Pan Ameri-canos de 2006 e pretende ampliar o investimento com a Copa do Mundo de futebol mas a incompatibilidade ainda eacute latente Falta resolver o problema da seguranccedila puacuteblica A reforma do estaacute-dio do Maracanatilde jaacute tem orccedilamento mas natildeo tem quem pague E o que sinaliza o desespero para ser capaz de receber um evento desse porte eacute a corrida das cidades sede da Copa de 2014 Das 12 cidades sede todas com planejamentos astronomicamente caros para a compe-ticcedilatildeo apenas uma ndashBrasiacutelia- declarou de onde viraacute o dinheiro

Formaccedilatildeo de baseO lado positivo de toda a politicagem

que envolve a corrida pelas olimpiacuteadas eacute a formaccedilatildeo de novos atletas e de esco-linhas de base nos vaacuterios clubes do paiacutes Afi nal se por um lado esporte eacute fi nan-ceiramente um bom negoacutecio ele natildeo deixa de ser saudaacutevel e interessante para a sociedade A efi ciecircncia de escolinhas de esporte nas periferias em termos de estatiacutesticas de criminalidade aleacutem do trabalho seacuterio de dignidade e auto-estima que eacute feito na grande maioria dos casos por professores voluntaacuterios eacute inegaacutevel

O Mackenzie Esporte Clube tradi-cional formador de atletas de Belo Hori-zonte por exemplo usa suas escolinhas de esporte para segundo sua assessoria de imprensa auxiliar na educaccedilatildeo e inte-graccedilatildeo social de crianccedilas e jovens Aleacutem dos clubes escolas particulares ou seja com verbas como o Coleacutegio Santo Agos-tinho realizam projetos sociais para pro-mover a integraccedilatildeo e dignidade atraveacutes do esporte Exemplo disso era o time de vocirclei Sada Betim hoje Sada Cruzeiro que enquanto ainda associado agrave prefeitura da cidade e usando suas dependecircncias abria portas para jovens da periferia para integrar suas escolas baacutesicas do esporte

Estrutura para tais iniciativas eacute o que natildeo falta O Minas Tecircnis clube de maior destaque no cenaacuterio esportivo mineiro eacute o detentor de uma das mais invejaacuteveis estruturas esportivas do paiacutes Eacute o exem-

plo de que eacute possiacutevel dar suporte para for-mar equipes competitvas em vaacuterios espor-tes Finalista da Superliga de vocirclei clube de formaccedilatildeo do medalista pan americano Th iago Pereira da nataccedilatildeo medalista oliacutempico do judocirc com Ketleyn Quadros e semifi nalista da NBB com a equipe de basquete Conquistas que geram pergun-tas Eacute possiacutevel estender tamanho sucesso para a populaccedilatildeo em geral O Brasil seraacute capaz de utilizar o potencial que tem de mobilizar a sociedade por causas tatildeo inte-ressantes quanto o esporte para alavan-car os setores prejudicados de seu povo ou vai jogar todos os problemas e todas as desculpas por suas falhas sob o grande guarda-chuva da beleza do esporte Seraacute as Olimpiacuteadas uma oportunidade para o sucesso ou mais uma grande farra para os poliacuteticos e para a miacutedia

O Novo Basquete Brasil pode ser parte da resposta O objetivo principal do tor-neio eacute revigorar o esporte atrair o puacuteblico de volta e recolocar o basquete brasileiro em niacuteveis oliacutempicos para em seu obje-tivo secundaacuterio apoiar a campanha para o Rio 2016 Se der certo bom para o Bra-sil Ganha em notoriedade em trabalho bem feito e abre um leque de esperanccedilas para os projetos que viratildeo Se der errado reforccedila a capacidade do brasileiro de fazer auecirc sem saber aonde vai dar E costuma dar em pizza Em obras superfaturadas em estrutura precaacuteria e em novas festas como mensalotildees castelos e farras aeacutereas em geral

O Novo Esporte BrasilFinal do Novo Basquete Brasil levanta a discussatildeo das poliacuteticas esportivas no Brasil

PEDRO LEONE

6ordm PERIacuteODO

Foto Divulgaccedilatildeo

Minas e Flamengo em jogo realizado na arena da Rua da Bahia

17 - novo esporte brasilindd 117 - novo esporte brasilindd 1 82809 115027 AM82809 115027 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

18 bull Entretenimento Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O que vocecirc acha que o CQC traz de novo para a TV brasileira

Rafi nha Bastos O CQC eacute um formato novo Soacute o fato de existir um formato novo numa televisatildeo tatildeo repetida porque os formatos se repetem muito na televisatildeo a novela do SBT eacute igual a da Band que eacute igual a da Globo que eacute igual a da Record os telejornais tambeacutem satildeo parecidos os programas de auditoacuterio Entatildeo soacute o fato de ser um programa diferente um formato de televisatildeo diferente jaacute eacute uma novidade Eu acho que eacute isso que o CQC traz

OPComo vocecirc entende a junccedilatildeo de ldquojornalismo e humorrdquo

RB Eu acho que o jornalismo eacute muito convencional Ele tem um formato muito especiacutefi co no Brasil haacute muito tempo Entatildeo o fato de a gente estar fazendo uma coisa mais bem humorada vem quebrar um pouco com esses paradigmas que satildeo muito estabelecidos do jornalismo A gente estaacute fazendo de uma maneira diferente de fazer o jornalismo Eu acho interessante a receptividade que eu tenho tido com as mateacuterias laacute do ldquoProteste Jaacuterdquo Satildeo muito legais o povo gosta e se sente representado Entatildeo eu acho que tem sido muito bom

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

RB Natildeo existe isso Eu sou contra esse negoacutecio de ldquohumor inteligenterdquo porque natildeo eacute porque o Tiririca faz um humor para o povatildeo que ele natildeo eacute inteligente Ele eacute um gecircnio aliaacutes entendeu Natildeo acho que a questatildeo eacute ldquointeligenterdquo Eu acho que a questatildeo eacute a seguinte o humor do CQC precisa de mais referecircncia O pessoal precisa conhecer um pouco das coisas que a gente estaacute falando estar um pouco informado sobre poliacutetica Talvez a pessoa que assiste ao CQC esteja atraacutes de um humor com mais informaccedilatildeo um humor mais criacutetico e o humor natildeo eacute tatildeo popular mas natildeo signifi ca que natildeo eacute mais inteligente do que o humor popular

OPVocecirc natildeo teme que o CQC caia na ldquomesmicerdquo

RB Eacute muito cedo para dizer ainda Muito cedo O que acontece eacute que os pro-gramas humoriacutesticos caem na mesmice e isso eacute estrateacutegico O ldquoNerson da Capi-tingardquo faz a mesma piada toda semana

porque as pessoas precisam entender a piada O povatildeo a galera ldquomassardquo precisa saber a hora que ela tem que rir Por isso que parece que eacute muito repetitivo Porque natildeo eacute um humor feito pra gente natildeo eacute um humor feito para a galera faculdade para a galera que tem um espiacuterito criacutetico um pouco mais aguccedilado Eacute para o povatildeo Eacute muito bem feito A tendecircncia do CQC natildeo eacute ir por esse caminho mas pode ser que ele se repita Isso eacute uma busca eterna

OPA experiecircncia da stand-up comedy contribui para a abordagem de suas fontes

RB O fato de eu ser comediante me ajuda Eu faccedilo um programa de humor hoje que por mais que tenha uma pegada jornaliacutestica eacute um programa de humor O objetivo dele eacute ser engraccedilado eacute ser divertido Tanto a minha formaccedilatildeo de jornalista quanto o meu trabalho de comediante estatildeo juntos ali quando eu estou na frente do viacutedeo

OPEm sua opiniatildeo onde podemos perceber o jornalismo no CQC

RB O quadro ldquoProteste jaacuterdquo eacute o quadro mais jornaliacutestico do programa Ele aborda os problemas levanta e vai atraacutes de soluccedilotildees conversa com os governantes Eu acho que esse eacute o quadro mais jornaliacutestico mas natildeo signifi ca que as mateacuterias de ldquobaladardquo natildeo sejam jornaliacutesticas Mas eu soacute acho que o mais parecido com o formato tradicional de jornalismo eacute o ldquoProteste Jaacuterdquo

OPComo vocecirc percebe a inserccedilatildeo da publicidade no programa Vocecirc acha que o excesso de propaganda pode pre-judicar a atraccedilatildeo

RB Eu acho que eacute feito de uma maneira muito suave Eacute algo inovador O que o CQC faz natildeo existe em nenhum outro programa A gente natildeo interrompe natildeo mostra nenhum produto ou merchan durante o programa Satildeo propagandas fei-tas com o proacuteprio elenco Entatildeo eu acho

que eacute diferente e o programa tem que se bancar Ele precisa ter publicidade

OPMas vocecirc natildeo acha que haacute uma quebra do discurso Por exemplo o Marcelo Tas chama uma mateacuteria ldquoredondardquo e faz menccedilatildeo a uma determi-nada marca de cerveja Quando manda a mateacuteria haacute um corte com outra propa-ganda entrando

RB Vocecirc natildeo acha isso muito melhor do que parar e falar assim ldquogente vamos falar de seguro sauacutederdquo e a pessoa sair Vocecirc tem que vender vocecirc tem que fazer publicidade Natildeo tem como O programa precisa se bancar de alguma forma Eu acho que a melhor maneira uma maneira interessante de fazer os merchans eacute da maneira como a gente faz Natildeo inter-rompe natildeo tem a ver com a mateacuteria natildeo estaacute no meio do conteuacutedo natildeo tem a ver com o conteuacutedo do programa estaacute sepa-rado Eu acho que eacute uma maneira tran-quila Se eacute a melhor maneira eu natildeo sei mas eu acho interessante

OPEm abril assessores de comuni-caccedilatildeo dos parlamentares se reuniram em Brasiacutelia para questionar a liberdade com que os repoacuterteres atuam no Con-gresso Nacional O diretor de comuni-caccedilatildeo da Cacircmara poreacutem afi rmou que natildeo alteraria as regras atuais e que cabia aos assessores explicar aos deputados como lidar com o tipo de jornalismo praticado pelos programas O CQC foi pivocirc desta atitude

RB O Congresso faz as leis dele O Congresso olha muito para o proacuteprio umbigo Natildeo existe nada que infl uencie diretamente as decisotildees do Congresso Eles decidem por eles mesmo Por isso que eles estatildeo em Brasiacutelia que fi ca a 500 km de Rio e Satildeo Paulo

OPVocecirc acha que os poliacuteticos satildeo alvo faacutecil para o humor Por quecirc

RB Eu acho que natildeo Eu acho que os poliacuteticos satildeo difiacuteceis porque satildeo uma concorrecircncia para os comediantes Os proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia entatildeo jaacute eacute muito difiacutecil vocecirc tirar sarro de algo que jaacute eacute engraccedilado As notiacutecias do ldquoJornal Nacionalrdquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQC Eacute mais difiacutecil ainda Eacute uma busca eterna para natildeo fi car se repetindo e natildeo fi car falando coisas que jaacute satildeo ditas por outros telejornais

Os bastidores do risoEm entrevista exclusiva Rafi nha Bastos repoacuterter do programa televisivo Custe o Que Custar (CQC) abre o jogo e conta como o humor eacute levado a seacuterio na atraccedilatildeo semanal na emissora Bandeirantes

Uma das cenas protagonizadas por Rafi nha Bastos no quadro ldquoProteste jaacuterdquo

ldquoOs proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia () As notiacutecias do lsquoJornal Nacionalrsquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQCrdquo

Rafi nha Bastos

AMANDA ARAUacuteJO

FLAacuteVIO CAMPOS

NATASHA MUZZI

8ordm PERIacuteODO

Belo Horizonte abril de 2009 Enquanto esperaacutevamos a reapresen-taccedilatildeo da peccedila ldquoArte do Insultordquo para realizar uma entrevista com o humo-rista Rafi nha Bastos marcaacutevamos quais seriam as principais perguntas que deveriam ser feitas considerando o pouco tempo que teriacuteamos dispo-

niacutevel nos bastidores do evento Casa cheia nervosismo em alta muita gente querendo conversar e chamar a atenccedilatildeo do ldquohomem de pretordquo do programa CQC Difiacutecil tarefa eacute con-seguir uma entrevista quando se eacute apenas estudante Mas conseguimos o acesso e a conversa se estendeu por bem mais tempo do que esperaacuteva-mos Nosso objetivo era questionar o apresentador e repoacuterter sobre a jun-ccedilatildeo entre jornalismo e humor presen-tes no programa por ele apresentado

a fi m de somar ao nosso trabalho de conclusatildeo de curso que apresentava a mesma discussatildeo Em maio de volta agrave mesma casa de espetaacuteculos nos encontramos com o tambeacutem repoacuterter da atraccedilatildeo Danilo Gentili com cer-teza bem mais afi ados e preparados para a sarcaacutesticas intervenccedilotildees do humorista

De forma descontraiacuteda fomos recebidos pelas duas grandes fi guras do Stand-up Comedy e agora ldquoastrosrdquo do irreverente CQC que toparam

falar sobre o jornalismo do programa liberdade de imprensa poliacutetica e claro humor Aleacutem de compor a bancada do programa Rafi nha Bastos eacute jornalista e comediante apresentando espetaacuteculos de improviso por todo o paiacutes Publicitaacuterio e humorista Danilo Gentilli foi um dos fundadores da comeacutedia ao vivo na capital paulista O resultado deste inusitado e divertido bate-papo com os dois repoacuterteres vocecirc confere agora em entrevistas editadas especialmente para O Ponto

Foto Divulgaccedilatildeo

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Entretenimento bull 19Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O ano de 2008 rendeu ao CQC nove precircmios Quatro deles somam como melhor programa de humor eou como melhor produccedilatildeo humoriacutestica Porque vocecirc acha que a miacutedia ainda natildeo premiou o programa como melhor telejornal

Danilo Gentili O CQC trabalha com fatos jornaliacutesticos mas natildeo eacute um telejor-nal O CQC natildeo estaacute todo dia mostrando os fatos do dia entatildeo natildeo pode ser clas-sifi cado como um telejornal O ldquoGlobo Repoacuterterrdquo natildeo pode ser classifi cado ldquoum telejornalrdquo eacute um programa jornaliacutestico Eu acho que a miacutedia natildeo enxerga o CQC como um programa jornaliacutestico Na ver-dade se for para eu escolher se o CQC eacute jornaliacutestico ou humoriacutestico eu escolheria que ele eacute humoriacutestico porque quando eu vou fazer eu me preocupo primeiro em fazer a pessoa rir Eu vou abrir a boca eu vou falar com esse cara mas a uacutenica razatildeo de eu falar com esse cara eacute fazer uma piada Se eu for falar com ele e a pessoa natildeo rir natildeo tem porque eu estar aqui

OPA maioria das pautas poliacuteticas do programa satildeo destinadas agrave vocecirc A que vocecirc atribui isso Vocecirc seria o mais cara de pau dos ldquohomens de pretordquo

DG Pode ser Talvez seja Eu gosto de fazer poliacutetica com um produtor laacute em especiacutefi co A gente vai com muita von-tade de fazer o que a gente faz de chegar para o cara e perguntar Na verdade eacute o seguinte eu natildeo sei os outros repoacuterteres mas eu no CQC natildeo tenho a pretensatildeo de ser amigo de ningueacutem Seja de poliacutetico ou de celebridade eu natildeo tenho a pre-tensatildeo Vocecircs natildeo vatildeo me ver em festas de celebridades ldquoOh fui convidado pra festa e estou aquirdquo Eu natildeo tenho essa vontade natildeo eacute o meu mundo Entatildeo eu vou pra perguntar o que eu sempre quis e talvez o que todo mundo que estaacute em casa sempre quis saber

OPComo eacute a sua preparaccedilatildeo antes de cobrir as pautas poliacuteticas na Casa Legislativa Vocecirc planeja suas piadas antes ou eacute realmente no improviso

DG A reuniatildeo de pauta geralmente acontece no caminho Eu e o produtor ou no aviatildeo ou no carro Eu e o produ-tor falando ldquoquem vocecirc acha que vai estar laacute Ah Tal pessoa tal pessoa tal pessoa fez isso A gente pode falar issordquo A gente tenta mais ou menos ter uma noccedilatildeo do que dizer

OPMas inclui uma piada pronta DG A gente tenta prever e tenta ir

com umas cartas na manga mas a gente sabe que eacute impossiacutevel Porque eu posso ir com uma pergunta pronta e o cara me daacute uma resposta que ningueacutem esperava Aiacute em cima disso eu tenho que fazer outra piada

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

DG Taacute isso no site do CQC Vocecircs acreditaram nisso (risos) Natildeo sei eu acho que o humor tem que ser engra-ccedilado natildeo tem que ser inteligente Eacute o

que eu acho entendeu O que seria humor inteligente Natildeo sei o humor eacute muito subjetivo pra classifi car ldquoesse humor eacute inteligente esse natildeo eacuterdquo Eu acho que o humor inteligente eacute aquele que se comunica de uma forma efi caz com o seu puacuteblico O Tiririca eacute esquisito mais eacute um humor inteligente para muita gente Eu gosto do Tiririca

OPComo publicitaacuterio como vocecirc avalia esse novo modelo de publici-dade inserido no programa

DG Mas natildeo eacute tatildeo diferente assim Na verdade eacute igual as outras porque nas outras o cara faz a propaganda e a agecircncia que ganha e no CQC tambeacutem a gente faz a propaganda e a produtora que ganha

OPVocecirc acha que o riso midiatizado esse humor ldquopastelatildeordquo que a gente vecirc por aiacute deixa perder um pouco da fun-ccedilatildeo do riso que estaacute em ser criacutetico

DG Depende do humor pastelatildeo eu gosto muito Eu gosto do Chaves gosto dos Trecircs Patetas gosto do Jerry Lewis gosto do Mr Been Eacute tudo humor pastelatildeo Eu acho que o termo que vocecirc queira achar natildeo eacute ldquohumor pastelatildeordquo eacute um humor grosseiro tipo ldquoAh vou peidar em puacuteblicordquo e todo mundo ri disso Eacute um humor primaacuterio Tal-vez seja o que vocecirc queria dizer Pastelatildeo eu gosto muito o humor do Chaves eacute pas-

telatildeo e eacute muito inteligente O do Mr Been tambeacutem eacute muito inteligente ele bolar tudo aquilo e tal Agora tem o humor primaacuterio que eacute esse humor de bordatildeo humor de escatologia humor de falar qualquer coisa Geralmente ningueacutem ri se natildeo sabe do que estaacute rindo Eu tento fazer no meu show e no CQC um riso que depende do contexto Vocecirc vai ver isso quando eu for falar com um poliacutetico no CQC Por exemplo eu fi z uma mateacuteria e eu encontrei o Joatildeo Paulo Cunha um cara que era do mensalatildeo Eu sei que 90 do meu puacuteblico do CQC talvez natildeo se lembre ou natildeo saiba quem eacute o cara Entatildeo se eu fi zesse a piada ningueacutem ia rir ningueacutem ia achar graccedila Entatildeo antes de eu chegar no cara eu falei aquele ali eacute tal cara que fez tal coisa e naquela eacutepoca ele fez o mensalatildeo Falou que pagou 50 mil numa conta em TV a cabo e natildeo sei o que Aiacute o pessoal jaacute sabe do que eu vou falar Entatildeo eu jaacute deixei a pessoa a par do conceito Quando eu chego no cara e faccedilo as piadas a pessoa sabe do que eu estou falando Entatildeo eu informei a pessoa para ela poder rir No meu show eu faccedilo isso Eu falo de uma por-ccedilatildeo de coisas que vatildeo rir porque eles estatildeo dentro do conceito Eu vou falar de tracircnsito eu natildeo preciso explicar o que eacute o tracircnsito Todo mundo sabe o que eacute o tracircnsito entatildeo eles acabam rindo disso por exemplo

OPEm entrevista ao portal UOL no dia 24042008 vocecirc disse que os bra-sileiros natildeo tecircm muito senso de humor Porque vocecirc acha entatildeo que o pro-grama estaacute dando certo no Brasil Vocecirc acha que o CQC devolveu agrave sociedade um pouco desse senso

DG O problema do brasileiro eacute que ele tem o senso de humor primaacuterio Ele natildeo tem um senso de humor Pra vocecirc ter senso de humor vocecirc tem que ver o que estaacute acontecendo reconhecer a reali-dade para poder rir dela O brasileiro tem a auto estima muito baixa O brasileiro soacute brinca com os outros ele natildeo brinca con-

sigo proacuteprio Vocecirc vecirc piada de brasileiro eacute sempre o portuguecircs eacute sempre a loira Por exemplo tem o portuguecircs o brasi-leiro e o americano O brasileiro sempre se sai bem ele tem autoestima baixa ele natildeo sabe rir de si Se o CQC devolveu isso para o brasileiro Eu acho que natildeo Pouca coisa a gente devolveu isso para o brasileiro O brasileiro estaacute rindo ainda do poliacutetico ele estaacute rindo ainda da cele-bridade que a gente ridiculariza Eu jaacute saiacute na rua e quando eu fui na ldquoMarcha para Jesusrdquo falar deles ningueacutem riu

OPNo CQC vocecirc tem vontade de fazer o quadro Proteste Jaacute

DG Proteste Jaacute Natildeo sei cara Tudo que eu tenho vontade eu faccedilo Eu tenho von-tade que muita coisa que eu faccedilo entre mas acaba natildeo entrando porque os caras falam que eu pego pesado (risos) Se eu fi zesse o Proteste Jaacute talvez eu fi zesse dife-rente eu natildeo sei Eu natildeo tenho vontade de fazer o Proteste Jaacute natildeo

OPTem alguma entrevista sua que vocecirc considera a melhor

DG Natildeo Tem muita entrevista que eu vejo na TV e falo nossa essa natildeo foi a melhor que eu fiz Porque cortam muita coisa

OPQue elementos jornaliacutesticos vocecirc nota no programa CQC

DG Jornalismo tem porque a gente como fala no iniacutecio do programa eacute um ldquoresumo semanal de notiacuteciasrdquo Mas taacute eacute um resumo semanal de notiacutecias taacute bom vaia gente fi nge que eacute O que tem eacute a gente brinca com algumas coisas que aconteceram durante aquela semana durante aqueles dias proacuteximos Eacute o mais proacuteximo que tem do jornalismo A gente sempre que pode estaacute no fato na hora do fato Mas agraves vezes natildeo daacute entatildeo vai cobrir festinha e natildeo sei o que mas a intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e ldquobrincarrdquo com ele

ldquoA gente sempre que pode estaacute no fato na hora do

fato A intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente

pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e

lsquobrincarrsquo com elerdquo

Danilo Gentili

O humorista Danilo Gentili foi um dos fundadores da comeacutedia ldquocara limpardquo na capital paulista e hoje desafi a poliacuteticos

Foto divulgaccedilatildeo

O cara de pau dos homens de pretoDanilo Gentilli o temido repoacuterter pelos poliacuteticos no dia-a-dia do senado conta como se prepara para as pautas polecircmicas

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O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

20 bull Miacutedia

RENATA VALENTIM

6ordmPERIODO

Que o advento das miacutedias digitais pocircs um ponto de interrogaccedilatildeo no horizonte dos meios tradicionais jaacute se sabe Mas a transformaccedilatildeo destinada ao raacutedio parece ser de fato a de maior impacto Seja no campo das novas tecnologias de trans-missatildeo dos novos suportes ao aacuteudio no nuacutemero de funcionaacuterios contratados ou na avaliaccedilatildeo do poder de infl uecircncia no gosto da audiecircncia a revoluccedilatildeo vivida pelas raacutedios eacute atestada tanto por profi s-sionais da aacuterea quanto pelos ouvintes

O CD hoje obsoleto popularizado no Brasil no fi nal dos anos de 1980 jaacute signi-fi cou uma transformaccedilatildeo importante no dia-a-dia do radialista Em vez de exe-cuccedilotildees musicais feitas pelo LP ou ldquobola-chatildeordquo que o operador ou sonoplasta vigiava do iniacutecio ao fi m da faixa transmi-tida os tocadores de compact disc per-mitiam a programaccedilatildeo de vaacuterias faixas em sequumlecircncia poupando-lhe tempo O que veio a seguir economizou bem mais que isso a inovadora transformaccedilatildeo de muacutesica em kilobytes deu origem a sof-twares de execuccedilatildeo automaacutetica

Assim as raacutedios gerando programa-ccedilatildeo por 24h dispensaram seus locutores e sonoplastas da madrugada e dos fi nais de semana adaptando seus conteuacutedos para que sistemas de automaccedilatildeo tra-balhassem sozinhos Aleacutem das muacutesicas em formato digital apresentaccedilotildees de muacutesica passaram a ser tambeacutem gravadas

e reproduzidas como se fossem feitas ao vivo Natildeo foram poucos locutores desem-pregados No caso das afi liadas de gran-des redes de FM a reduccedilatildeo no quadro de profi ssionais da voz foi ainda maior Em alguns casos haacute somente um ou dois locutores agrave disposiccedilatildeo que datildeo conta da geraccedilatildeo de toda a programaccedilatildeo local

Com experiecircncia na aacuterea haacute mais de 20 anos a locutora e programadora musical Glaacuteucia Lara 40 lamenta ldquoem um fi nal de semana antes das mudanccedilas promo-vidas pelo advento do mp3 cerca de sete pessoas estariam trabalhando em uma emissora de raacutedio Hoje eacute comum esca-lar locutores para comandarem a pro-gramaccedilatildeo ao vivo soacute nos programas que contam com a participaccedilatildeo do ouvinte Do resto quem cuida eacute o computadorrdquo conta ela que jaacute passou por diversas emissoras do interior do estado e por afi -liadas de grandes redes como a Antena 1 de Belo Horizonte E o sonoplasta entatildeo ldquoNa era do CD essa fi gura foi extinta dos quadros O locutor natildeo eacute soacute responsaacutevel hoje por apresentar muacutesicas e interagir com o ouvinte Tambeacutem assumiu a res-ponsabilidade de operar os aparelhos

e pessoalmente acho que isso facilita a locuccedilatildeo porque natildeo haacute mais aquela dependecircncia de um sinal do sonoplasta aquela sintonia de timing necessaacuteria para esse trabalho de equipe decirc certo O locutor faz tudordquo pondera

Eu baixo tu baixasO mp3 tambeacutem alterou a forma de

distribuir novos trabalhos musicais A popularizaccedilatildeo da internet e a troca de arquivos por meio de softwares seme-lhantes ao pioneiro Napster deram iniacutecio agrave decadecircncia dos CDs e ao decliacutenio das grandes gravadoras que fracassaram ao combater tanto a pirataria quanto o com-partilhamento online de mp3

O casamento das gravadoras com o raacutedio e a TV que detinham a foacutermula exclusiva de atrair a atenccedilatildeo do puacuteblico para seu artista entrou em crise A par-ceria de divulgaccedilatildeo perdeu espaccedilo con-sideraacutevel para uma revolucionaacuteria forma de acesso a novos trabalhos musicais feita na internet Para a tristeza de grava-doras e artistas a vendagem de CDs caiu drasticamente fazendo dos shows e tur-necircs sua principal fonte de lucro Foi-se o

tempo em que um artista de sucesso ven-dia mais de 2 milhotildees de coacutepias de seu trabalho o campeatildeo do mercado fono-graacutefi co brasileiro em 2006 Padre Marcelo Rossi registrou cerca de 860 mil coacutepias vendidas de seu aacutelbum ldquoMinha Becircnccedilatildeordquo editado pela Sony BMG Um nuacutemero pequeno se comparado aos 35 milhotildees de coacutepias de seu primeiro disco ldquoMuacutesi-cas Para Louvar ao Senhorrdquo de 1998

A estagiaacuteria de pesquisa de mercado Karina Zandona 22 comprova esse fenocirc-meno Fatilde de Th e Killers ela conta que hoje procura se informar do lanccedilamento de aacutelbuns das suas bandas preferidas por sites especializados e faz download deles quando jaacute estatildeo disponiacuteveis ldquoSoacute ouccedilo muacutesica pelo PC e pelo mp3 player Raacutedio soacute ouccedilo agraves vezes quando minha matildee ouve em casa E sempre satildeo as programa-ccedilotildees informativas como a Raacutedio Itatiaia Natildeo consigo mais fi car exposta a tanto hit lsquoda modinharsquo como os de black music no raacutediordquo diz No caso da comerciaacuteria Ellen Colombini 24 a infl uecircncia da internet eacute ainda mais efetiva ldquoouvia muito raacutedio quando adolescente e assistia muito agrave MTV Era fatilde de coisas do tipo Hanson

por exemplo (risos) Mas quando passei a usar a internet e descobri a maravilha que eacute fazer download de muacutesica natildeo liguei mais o raacutedio Sou viciada em fazer downloads vou baixando tudo o que encontro e que me parece interessante pelo release que acompanha o link ou mesmo pelo nome da banda Escuto tudo e seleciono o que me agrada Se aprovado vou passando adiante E a partir do que eu recomendo para os amigos recebo deles arquivos de artis-tas parecidas com o que eu enviei e sobre os quais natildeo vejo ningueacutem falarrdquo comenta

A engenheira ambiental Eduarda Stancioli 24 eacute ouvinte da Last FM paacutegina online na qual o usaacuterio cria a pragramaccedilatildeo sem a interrupccedilatildeo de publicidade e locutores ldquoComo passo mais tempo usando o computador da empresa que o resto do pessoal e natildeo posso fazer dowloads o site foi uma oacutetima soluccedilatildeo para ouvir muacutesica enquanto faccedilo meus projetosrdquo Eduarda diz que a facildade estaacute no fato da pro-gramaccedilatildeo ser sua criaccedilatildeo onde vocecirc seleciona os artistas ou estilo de muacutesica da sua preferecircncia podendo mudaacute-la qualquer hora E ainda poder contar com sugestotildees musicais do serviccedilo geradas a partir do tipo de muacutesica que se ouve

Contra a mareacuteCurioso eacute o exemplo da estudante

Ceciacutelia Portugal 21 anos Apreciadora de axeacute music adora ouvir a Extra FM enquanto dirige Diferente de Ellen e

Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

O raacutedio na onda do ciberespaccedilo

Imagem do programa de dowloads de arqui-vos de muacutesica e viacutedeos Limewire

Paacutegina da raacutedio na internet a Last FM

Saiba o que a troca de arquivos de muacutesica pela internet fez com o raacutedio de entretenimento como as pes-soas encarram isso e quais satildeo as apostas das raacutedios para natildeo perderem seus ouvintes e patrocinadores

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Miacutedia bull 21Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

Karina o costume de baixar muacutesica pela internet natildeo a afas-tou do haacutebito de ouvir raacutedio ldquooutro dia ouvi uma muacutesica nova do Tomate ex-vocalista do Rapazolla Corri pra casa procurei o arquivo para down-load e depois gravei num CD para ouvir com as amigas no caminho pra baladardquo conta ldquoA maior graccedila do raacutedio que sem-pre tive o costume de ouvir eacute a companhia que faz Parece que natildeo estou sozinha no carro enquanto ouccedilo E me divirto com as esquetes de humor que tecircm por aiacuterdquo diz

Essa parece mesmo ser a nova vocaccedilatildeo do raacutedio como destaca o locutor e produtor Gleyson Lage da 98 FM de Belo Horizonte ndash primeira emissora a operar em frequumlecircncia modu-lada na Ameacuterica Latina ldquoAleacutem das promoccedilotildees e do aumento das formas de interatividade o humor eacute uma forma de fi de-lizar o ouvinte de perfi l mais passivo que tem menos dispo-nibilidade ou motivaccedilatildeo para manter contato por telefone ou e-mailrdquo Apostando nisso a 98 FM ndash cuja programaccedilatildeo eacute 100 local ndash conta com trecircs progra-mas de cunho humoriacutestico para enfrentar a concorrecircncia Os Manos Silicone Show e Graffi ti auto-intitulado o pior programa de raacutedio do Brasil

Para o locutor publicitaacuterio Tovar Luiz 43 o FM nasceu engraccedilado ldquoo grande barato das raacutedios FM desde a sua popu-larizaccedilatildeo no iniacutecio dos anos de 1980 foi o seu perfi l descontra-iacutedo A locuccedilatildeo nessas emisso-ras sempre foi bem mais aacutegil e despojada O hoje apresentador de TV Ceacutesar Filho por exemplo comeccedilou a carreira no raacutedio e

fi cou famoso pelo bordatildeo lsquobeijo pra vocecirc feiarsquo Natildeo era ofensa era pra fazer o ouvinte rir O FM foi uma revoluccedilatildeo em termos de lin-guagemrdquo lembra E ele parece ter razatildeo O programa Pacircnico um dos maiores fenocircmenos televi-sivos dos uacuteltimos tempos eacute deri-vado de um programa de raacutedio da rede Jovem Pan 2 de Satildeo Paulo comandado pelo locutor Emiacutelio Surita Seguindo o fl uxo as demais redes destinadas ao puacuteblico jovem tambeacutem investi-ram na programaccedilatildeo que faz rir E a partir das redes as emissoras locais que fazem concorrecircncia agraves afi liadas tambeacutem acompanham a tendecircncia para natildeo perder seu espaccedilo no mercado

Falando neleExistem hoje 23 FMs no dial

de Belo Horizonte Pelo menos quatro delas satildeo dedicadas aos jovens Jovem Pan 2 (991) Mix FM (917) 98FM (983) e Oi FM (939) Destas somente a 98FM natildeo eacute afi liada de uma grande rede Haacute trecircs anos em atividade na emissora Gleyson Lage confi rma a reduccedilatildeo no nuacutemero de vagas aos profi ssio-nais da aacuterea ldquonuma raacutedio local satildeo necessaacuterios 20 funcionaacuterios para produzir toda uma grade enquanto numa afi liada jun-tando a programaccedilatildeo execu-tada pelo sateacutelite com aquela gerada pela automaccedilatildeo da transmissatildeo apenas cinco datildeo

conta do recado para o tempo destinado agrave grade local Eacute com-plicadordquo conta

No entanto ele vecirc a partici-paccedilatildeo das redes de raacutedio como positiva no que se refere agrave qua-lidade ldquoquando uma rede tem um bom conteuacutedo ndash boa plaacutes-tica bons locutores bons tex-tos ndash ela acaba por estimular as emissoras locais a manterem o mesmo niacutevel Haacute um ganho em criatividade que poderia natildeo existir se todo o conteuacutedo fosse localrdquo acredita

Enquanto isso os ouvintes se queixam da repeticcedilatildeo nas grades musicais ldquochega a ser engraccedilado Estava ouvindo uma muacutesica numa determinada

raacutedio Quando acabou troquei para a estaccedilatildeo seguinte e estava tocando a mesma muacutesica Acho que como todos os meios de comunicaccedilatildeo as raacutedios precisam abrir o leque de opccedilotildeesrdquo opina Karina Zandona estagiaacuteria de pesquisa de mercado 22

Karina completa ldquoateacute a Rede Globo tem inovado na inserccedilatildeo de muacutesicas de artistas desconhecidos do grande puacuteblico como trilha das suas produccedilotildees (como foi o caso do cantor Beirut presente na trilha sonora da minisseacuterie Capitu exibida em janeiro de 2009) O raacutedio podia acompanhar essa tendecircnciardquo sugere

Com a digitalizaccedilatildeo da muacutesica o sonoplasta sai de cena eacute o locutor quem faz tudo

Foto

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O Ponto

Editor e diagramador da paacuteginaLira Faacutevilla e Felipe Barbosa 6ordm periacuteodo

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

22 bull Cultura

CLAUDIA LAPOUBLE

6ordmPERIacuteODO

ldquoO processo pelo qual se arma-zenam informaccedilotildees no disco de vinil feito de PVC material derivado do petroacuteleo consiste em imprimir nele ranhuras ou ldquoriscosrdquo cujas formas tanto em profundidade como abertura mantecircm correspondecircncia com a informaccedilatildeo que se deseja arma-zenar Essas ranhuras visiacuteveis no disco a olho nu satildeo feitas no disco matriz com um estilete no momento da gravaccedilatildeo Esse esti-lete eacute movido pela accedilatildeo da forccedila magneacutetica que age sobre eletro-iacutematildes que estatildeo acoplados a elerdquo (in Leituras de Fiacutesica GREF- Departamento de fiacutesica da USP SP2005)

Eacute assim que a muacutesica se ldquoimprimerdquo no plaacutestico que depois ao ser arranhado pela agulha libertaraacute novamente os sons no ar Para os apaixonados por vinil o ritual de tirar o disco da estante limpaacute-lo colocaacute-lo no toca discos posicionar a agu-lha delicadamente sobre ele tomando todo o cuidado para natildeo arranhaacute-lo e repetir todo esse processo na hora de virar o disco para ouvir o lado b signi-fi ca uma relaccedilatildeo mais proacutexima com a muacutesica Era preciso dedi-car tempo a escutar o disco Mais do que uma miacutedia de armazena-mento analoacutegico do som o disco de vinil eacute um objeto de arte e uma peccedila que daacute materialidade agrave muacutesica

Dados da Associaccedilatildeo de Gra-vadoras da Ameacuterica (Record Industry Association of Aeme-rica) mostram que as vendas de LPs aumentaram em quase 130 entre os anos de 2007 e 2008 De acordo com o informe anual divulgado pelo oacutergatildeo ldquoo vinil continua sua ascensatildeo As vendas nesse formato somaram

US$57 milhotildees e vem mais do que duplicando ano apoacutes anordquo Ainda segundo o documento ldquotrata-se do produto preferido por audiofi los e colecionadores e o aumento nas vendas se deve tanto agrave re-gravaccedilatildeo de mate-rial de cataacutelogo quanto a novos lanccedilamentosrdquo

Com os nuacutemeros da induacutes-tria apontando para uma queda nas vendas de CDs e em tempos em que se fala em livre acesso agrave muacutesica atraveacutes da internet o vinil se apresenta como uma saiacuteda para quem ainda gosta da muacutesica palpaacutevel apreciaacute-la com todos os sentidos inclusive o tato

Um Brasil em vinil ldquoContar a histoacuteria do Brasil

atraveacutes da muacutesica guardando um exemplar de tudo o que foi gravado em vinil no paiacutesrdquo esse era o objetivo de Edu Pampani 46 quando em 2005 fundou a Discoteca Puacuteblica o primeiro espaccedilo dedicado agrave memoacuteria musical brasileira do paiacutes

Apaixonado por muacutesica e claro pelos discos de vinil Pam-pani conta que a ideacuteia da Dis-coteca nasceu quando ele ainda morava na Bahia e tinha uma loja de discos Segundo ele quando o Compact Disc (CD) comeccedilou a se popularizar na deacutecada de 90 as pessoas o procuravam para trocar seus LPs por CDs

O espaccedilo tem hoje um acervo de cerca de 12 mil peccedilas que contam a historia do Brasil pelos sulcos no plaacutestico PVC Eacute possiacute-vel ouvir por exemplo gravaccedilotildees de jogos de futebol ou vinhetas de programas de raacutedio dos anos 50 aleacutem de claacutessicos da muacutesica popular brasileira em gravaccedilotildees originais Com todas essas rari-dades Pampani garante natildeo ter nenhum disco favorito ldquosempre me perguntam Edu qual eacute o disco mais raro que vocecirc tem

e eu respondo raro eacute ter todos eles juntosrdquo

De volta ao plaacutesticoApesar de natildeo ser a miacutedia mais

utilizada pelo grande puacuteblico o disco de vinil tem um puacuteblico fi el principalmente entre os DJs que segundo Pampani ldquoprocuram sempre coisa nova se ele quer tocar Jorge Bem por exemplo ele vai procurar aquela muacutesica que ningueacutem lembra mais que ele gravou Esse pes-soal tem que fi car garimpando semprerdquo

O DJ e fundador do selo Vinyl Land Luiz Valente ou DJ Luiz PF eacute um desses garimpeiros de sebos Ele conta que sua paixatildeo pelos LPs nasceu quando ele mesmo selecionava as muacutesi-cas que iriam compor o som ambiente de seu bar o ldquoLugarrdquo Em 2003 Luiz sentiu que pode-ria abrir espaccedilo para DJs que pesquisavam e procuravam por muacutesicas que fugiam do lugar comum ldquoeu fui fazendo festas por um tempo chamando DJs que discotecavam com vinil pra ser um contra ponto a essa outra galerardquo conta

Radicado em Londres desde 2006 Luiz conta que ao chegar agrave Europa percebeu que diferente do que acontecia no Brasil ldquolaacute o negoacutecio natildeo tinha acabado nada se achava tudo pra com-prar coisas novas a galera atual todo mundo lanccedilava era uma coisa de canto de loja mas fun-cionando vendendordquo Na capital inglesa o DJ trabalhou na grava-dora Whatmusiccom que aleacutem de CDs lanccedilava tambeacutem traba-lhos em vinil

A paixatildeo pela ldquocultura de acetatordquo e o trabalho como DJ foram o incentivo para que Luiz fundasse em 2008 a Vinyl Land selo que vem com a proposta de lanccedilar muacutesicos que se interes-sem em gravar em vinil Segundo

ele o selo nasceu de sua proacutepria necessidade como DJ ldquoeu

jaacute discotecava com vinil e fui achando bandas

novas que queria tocar mas natildeo tinha como porque eram de uma eacutepoca em que natildeo tinha mais vinil ai eu pensei jaacute que natildeo tem eu faccedilo

e comecei a procurar contatos e tentar orga-

nizar o selordquo Com apenas um ano

no mercado a Vinyl Land

jaacute lanccedilou trecircs discos dentre

eles um compacto simples do Autoramas

Novas marcas no PVCFoi pela Vinyl Land que a

banda Th e Dead Lovers Twisted Heart que nunca havia lanccedilado seu trabalho comercialmente lanccedilou seu primeiro EP O com-pacto auto-intitulado traz cinco muacutesicas antes disponiacuteveis para download na internet O disco prensado na Alemanha teve tiragem limitada de 200 coacutepias

Com infl uecircncias que vatildeo de Odair Joseacute e Roberto Carlos ateacute Franz Ferdinand e Jack White passando pela literatura de Mark Twain (o grupo tem uma muacutesica em homenagem a Huck-leberry Finn personagem do autor americano) e os cartunis-tas Laerte e Angeli a banda for-mada por Ivan (guitarra e vocal)

Guto (guitarra) Paty (bateria) e

Velvs (baixo) jaacute era conhecida dos frequumlentadores de casas de shows de Belo Horizonte antes de lanccedilar seu EP

Segundo Ivan a ideacuteia de ter seu primeiro trabalho gravado em vinil casou muito bem com a banda ldquoa gente ainda natildeo tinha lanccedilado um disco propriamente dito e hoje o suporte fiacutesico eacute cada vez menos importante porque na verdade a muacutesica vocecirc acha em qualquer lugar e um disco um CD na verdade natildeo faz mais tanto sentido E nossa ideia era que jaacute que vocecirc vai comprar um objeto o vinil eacute um objeto muito mais legal tanto esteticamente quanto no manusear fora que tem toda essa coisa da retomada e eacute uma boa proposta que tem tudo a ver com a bandardquo afi rma o muacutesico provando que o velho vinil estaacute mais novo que nunca

O novos sonsdo velho vinil

Com a popularizaccedilatildeo dos sites de divulagaccedilatildeo de muacutesica na internet o vinil retorna como alternativa interessante para novos muacutesicos e ouvintes

Dj Luiz PF fundador do selo Vinyl Land

Os diferentes formatos do vinil-LP abreviatura do inglecircs Long Play ou ldquo12 polegadasrdquo Disco com 31 cm de diametro com capacidade normal de cerca de 20 minutos por lado O formato LP era utilizado usualmente para a comercializaccedilatildeo de aacutelbuns completos-EP abreviatura do inglecircs Extended Play Disco com 17 cm de diametro e capacidade de cerca de 8 minutos por lado continha em torno de quatro faixas -Single ou compacto simples abreviatura de Single Play ldquo7 polegadasrdquo ou compacto simples Disco com 17 cm de diametro e capacidade normal de 4 minutos por lado O single era geralmente empregado para a difusatildeo das muacutesicas de trabalho de um aacutelbum completo a ser posteriormente lanccedilado -Maacutexi abreviatura do inglecircs Maxi Single Disco com 31 cm de diametro sua capacidade era de cerca de 12 minutos por lado

Arq

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The Dead loverrsquos Twisted Heart Pati Vels Guto e Ivan

22 - diagramacao vinilindd 122 - diagramacao vinilindd 1 82809 115104 AM82809 115104 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Culturabull 23Editor e diagramador da paacutegina Baacuterbara Rodrigues 8ordm periacuteodo

Festival Internacional de Corais homenageia

BAacuteRBARA RODRIGUES 8ordm PERIacuteODO

A seacutetima ediccedilatildeo do Festival Interna-cional de Corais ndash FIC acontece de 18 a 27 de setembro de 2009 e teraacute como tema a vida e obra de Villa-Lobos con-siderado o maior compositor das Ameacute-ricas Seratildeo cerca de 300 apresenta-ccedilotildees de 120 corais de todo o Brasil e do exterior que percorreratildeo 12 cidades de Minas Gerais

O festival realizado pela Universi-dade FUMEC tem o intuito de popula-

rizar os corais e grupos vocais amadores e profissionais e evidenciar atividades culturais de empresas instituiccedilotildees de ensino comunidades associaccedilotildees e fundaccedilotildees com apresentaccedilotildees de corais e shows de artistas nacionais sempre com a bandeira da muacutesica brasileira agrave frente

Regidos pelo Maestro Lindomar Gomes produtor cultural e coordena-dor do FIC os 30 integrantes do coral da FUMEC seratildeo um dos grupos a se apresentar ldquoNosso coral sempre parti-cipou de festivais seguindo a maacutexima de Fernando Brant de que lsquotodo artista

tem de ir aonde o povo estaacutersquo A cada ano o FIC escolhe um tema que traduza a identidade musical brasileira Este ano celebraremos os 50 anos de morte de Villa-Lobos responsaacutevel por implantar o canto coral no paiacutes na deacutecada de 1930 e o muacutesico que mais cantou as belezas nacionaisrdquo enfatiza

Em cada ediccedilatildeo do festival os com-positores Leonardo Cunha e Fernando Brant satildeo responsaacuteveis pela muacutesica-tema que ao final do evento eacute cantada por todos os corais A composiccedilatildeo deste ano ganhou o nome de ldquoMestre Villardquo exultando o que de mais haacute de caracte-

riacutestico na vida e obra do mestre Durante todo o festival alguns locais

da cidade como o Palaacutecio das Artes Sesc Laces JK e a aacuterea de convivecircn-cia da FUMEC receberatildeo exposiccedilotildees de fotos textos e trilhas sonoras do acervo do Museu Villa-Lobos no Rio de Janeiro A banda mineira 14 Bis e o muacutesico Renato Teixeira fazem shows no interior de Minas e no dia 27 no Parque Municipal encontro de todos os corais participantes marcaraacute o fechamento do evento onde mais de mil vozes se uni-ratildeo para cantar os temas do maestro homenageado

O maestro e coordenador do FIC Lindomar Gomes e os integrantes do Coral da Fumec

Mestre Villa daacute o tom dentro e fora do paiacutesO carioca Heitor Villa-Lobos

foi responsaacutevel por universa-lizar a muacutesica nacional acres-centando em grande parte de suas mil obras a sonoridade da fauna brasileira de tribos indiacute-genas e africanas aleacutem de refe-recircncias de cantigas do choro e do samba

Na defi niccedilatildeo do maestro Lindomar Gomes a impor-tacircncia de Heitor Villa-Lobos estaacute no fato de ele ldquodecifrar a alma brasileira e colocaacute-la em muacutesicardquo Devido agraves homena-gens ao compositor nas prin-cipais capitais do Brasil e do

mundo Gomes natildeo eacute o uacutenico a pensar assim

Peccedilas de Villa-Lobos fazem parte das temporadas da Filar-mocircnica de Belo Horizonte da Orquestra Sinfocircnica do Teatro Nacional Claacuteudio Santoro em Brasiacutelia da Sinfocircnica Munici-pal de Campinas e da Orques-tra Sinfocircnica Brasileira do Rio

Internacional Em janeiro o maestro John

Neschling regeu a Filarmocircnica de Varsoacutevia na Polocircnia com os ldquoChoros n 6rdquo A soprano Adriane Queiroz cantou as ldquoBachianas

Brasileiras nordm 5rdquo em Berlim e o regente da OSB do Rio Roberto Minczuk esteve no Japatildeo em agosto para apresentar as ldquoBachianas Brasileirasrdquo

Ainda este ano deve chegar agraves livrarias o ldquoFolha Explica Villa-Lobosrdquo da Publifolha do violonista Faacutebio Zanon que em entrevista ao jornal Folha de Satildeo Paulo afi rmou ldquoO uni-verso sonoro de Villa-Lobos eacute uma coisa arrasadora Nossa ideia de Brasil seria muito mais pobre sem a leitura efetuada por Villa-Lobos de nosso patri-mocircnio musicalrdquo

Programaccedilatildeo completa e outras informaccedilotildees sobre FIC 2009 wwwfestivaldecoraiscombr

Foto

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accedilatildeo

Foto divulgaccedilatildeo

O compositor e maestro Villa-Lobos cuja obra eacute reconhecida e celebrada internacionalmente

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O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

24 bull Cultura Editor e diagramador da paacutegina Amanda Lelis 6ordm periodo

COLCHAde retalhos

CU

RT

Are

talh

os

Magia

Escrevo uma letra

e jaacute natildeo estou no mesmo lugar

Pedro Cunha Instrumento de cordas vocais tocado pela alma

a palavra na garganta que vira muacutesica

o som da orquestra do coraccedilatildeo

dos gagos e desafi nados

aos cegos de paixatildeo

VozBaacuterbara Rodrigues

Natildeo sei bem o que eacute

Se eacute invenccedilatildeo

Se eacute na verdade a mais pura verdade

Se sou eu tentando fugir

Se sou eu tentando apagar

Natildeo encarar o que estaacute acontecendo

Esquecer a minha confusatildeo

De querer sem conhecer

De te amar sem te encontrar

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Queria esquecer

E perdoar entatildeo

Voltar na decisatildeo

Para minha vida rotineira

Que eu levei a vida inteira

O meu sufoco e os seus gritos

Meu confortaacutevel desespero

Minha mania de querer ser mais para mundo

Do que o mundo eacute para mim

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Confortaacutevel DesesperoPaula Macintyre

Preso agrave falta de sono procurando ver

Atraveacutes da luz de um trago num bastatildeo de morte

Talvez com sorte entatildeo eu possa crer

Que os dias se passaram mas o amor fi cou

Mesmo sonhando acordado algo ainda restou

De tardes tatildeo bonitas

Em que o brilho dos teus olhos eu pude enxergar

Os teus negros cabelos quero entatildeo tocar

apesar de estares tatildeo afl ita

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia

que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Por mais que em outras camas eu possa deitar

que braccedilos e abraccedilos venham me afagar

O brilho dos teus olhos ainda me ilumina

por vaacuterias ruas sujas que eu tentei fugir

estenderia um tapete pra vocecirc entrar

sentado vago na varanda escura a esperar

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Mas eu mudaria tudo isso pra te ter aqui

comigo ao meu lado todo dia a me fazer sorrir

Para ouvir a muacutesica wwwmyspacecombandatravessia

DuetoAlvaro Castro

Do entendimento tardio de se assistir a uma passagem de som

Cracke se quebra o silecircncio a voz dos barulhos instrumentais

cala todos os outros sons do silecircncio Antes de ser melodiosos

os sons comeccedilam desencontrados como tateando no escuro

dos ritmos tentando se encontrar e dar as matildeos para soacute assim

iniciar seu dialogo-danccedila em brincadeiras harmoniosas que

encantam e enfeiticcedilam Na sutileza dos tons na alegria de fazer

barulhos musicais modifi cam a muacutesica mil vezes re-arranjada

ajeitam afi nam se enfeitam

e a muacutesica fi nalmente sai Perfeita

AntesClaudia Lapouble

Sssshhiiii

silecircnciosopro suspiro sussurro

sublime submerso submarino submundo

some sobe segue sangue sinistro

sem focirclegosufoco

SClaudia Lapouble

A canccedilatildeo natildeo paacutera O berimbau controla o medo que corre

nas ruas vindo daqueles que natildeo se deixaram dissolver pela

aacutegua trazida com a chuva Na cidade escorre toda a calmaria

e a melodia se arrasta molhando o chatildeo Enquanto o ceacuteu se

desmancha aos poucos sobre a rua deserta eles cantam Voz

para um canto que veio aveludar meus ouvidos acalentar

clamoroso de uma vida inteira e fosse essa noite a vida

inteira fez-se a noite lembranccedila da cantiga que me converteu

inteira Pandeiro Meacutedio Viola e a chuva que ritmava a

cantoria O breu e noacutes no breu O escuro arrasta o invisiacutevel

para dentro da cidade que chora para dentro dos meus olhos

que fi tam atentos os olhos deles que me encantam Hora um

hora outro me arrasta em companhia agrave suas vozes As gotas

respondem ao coro num canto suave o pandeiro acompanha

o berimbau e o repique respinga umas gotas tontas de

musicalidade goteja um som que sobrevoa a superfiacutecie

Sobre o invisiacutevelAmanda Lelis

Gabriel Guedes e violino em show na Praccedila da Liberdade

O som da alma se apresenta em desejo e verso livre

na terccedila indecente suave

no violino do seus sonhos em coro cresce a quarta corda

dissonante

eacute a Musica

No canto viacutevido em tom sincero e leve expande

compaixatildeo as notas graves

fi delidade ao escrever a voz da alma sobre arpejos

inconstantes

eacute a Musica

MuacutesicaPedro Gontijo e

Bernardo Gontijo

Te aperto contra o peito

te penduro nas costas

no churrasco passa de matildeo em matildeo

e ainda assim me faz companhia

nas noites de solidatildeo

Ode ao violatildeoBaacuterbara Rodrigues

Ajude a costurar nossa colcha balaioretalhosgmailcom

24 - Colcha de retalhos corrigidoindd 124 - Colcha de retalhos corrigidoindd 1 82809 115124 AM82809 115124 AM

Page 12: Jornal O Ponto - agosto 2009

O PoontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

12 bull Especial

10A NOSDA REDACcedilAtildeO

Em uma deacutecada foram 73 ediccedilotildees Apro-ximadamente 400 mil exemplares distribu-iacutedos Seis mudanccedilas de logomarca Quatro modificaccedilotildees graacuteficas Cinco coordenado-res e trecircs premiaccedilotildees recebidas duas em acircmbito nacional e uma internacional A primeira distinccedilatildeo conferida ao O Ponto foi em 2005 quando recebeu o tiacutetulo de melhor jornal laboratoacuterio do Brasil pela Pesquisa Experimental em Comunicaccedilatildeo (Expocom) considerado um dos mais importantes eventos cientiacuteficos nacionais Em 2006 outros dois precircmios na aacuterea de produccedilatildeo laboratorial vieram e O Ponto foi eleito o melhor jornal experimental de Minas Gerais e tambeacutem da Ameacuterica Latina levando o trofeacuteu Patildeo de Queijo de Notiacutecias (PQN) e uma medalha da Expo-comSUR pela notoriedade do trabalho jor-naliacutestico desenvolvido A medalha desta uacuteltima conquista cunhada em ouro e gra-vada com o nome e a localidade do evento (ExpocomSUR ndash Santa Cruz de La SierraBoliacutevia) ainda estaacute agrave mostra no quadro expositor de antigos e recentes exempla-res de O Ponto - escrito e planejado por trecircs geraccedilotildees de estudantes de jornalismo e tambeacutem por alunos de publicidade que jaacute desenvolveram interessantes peccedilas publicitaacuterias que marcaram a evoluccedilatildeo e a dinacircmica do jornal durante todos estes anos de atividades

Os trofeacuteus angariados tambeacutem deco-ram a mobiacutelia da redaccedilatildeo do jornal ndash onde coordenador monitores e voluntariados se debruccedilam diariamente sob o trabalho de apuraccedilatildeo produccedilatildeo supervisatildeo e revi-satildeo das pautas e mateacuterias criadas em um esforccedilo que visa dar continuidade qualita-tiva a este produto acadecircmico de renome criado e dirigido outrora pelos ex-alunos Hoje muitos deles profi ssionais bem sucedidos que fazem questatildeo de salientar quando questionados a infl uecircncia que a participaccedilatildeo em O Ponto como monitores e voluntaacuterios exerceu na vida profi ssional posteriormente

Em entrevista para esta reportagem comemorativa dos lsquodez anosrsquo todos os entrevistados (ex-alunos e monitores)

sem exceccedilatildeo foram nostaacutelgicos quanto agrave eacutepoca de estaacutegio e voluntariado no qual muitos fizeram sacrifiacutecios e estripulias para trazerem agrave tona um furo jornaliacutestico redigirem uma mateacuteria relevante e dia-gramarem da melhor forma o conteuacutedo que produziram ldquoAprendi a ser jornalista em O Ponto Aprendi a respeitar os cole-gas de trabalho e aprendi a cobrar e ser cobrado O Ponto me mostrou que com superaccedilatildeo conhecimento teacutecnico e liber-dade podemos fazer um bom jornalismordquo pontua Frederico Wanderley ex-aluno da Fumec e integrante da primeira turma de jornalismo da Universidade

Ernesto Braga ex-monitor do jornal tambeacutem ressaltou em entrevista a impor-tacircncia da experiecircncia vivenciada no jornal laboratoacuterio para o ofiacute-cio da profi ssatildeo ldquoO Ponto foi fundamen-tal para mim Embora a realidade de uma redaccedilatildeo de jornal diaacuterio seja completamente diferente ndash mais corrida e tensa ndash do ponto de vista do dead line As noccedilotildees de produccedilatildeo reportagem fotografi a e ediccedilatildeo apreendidas em O Ponto me permitiram compreender um pouco mais sobre o processo de fazer jornal () Meu portifoacutelio foi exatamente as mateacuterias que fi z para O Pontordquo admite

Portanto independente dos marcos citados e de outras cifras e estatiacutesticas do jornal a relevacircncia de O Ponto no espaccedilo acadecircmico nestes dez anos de existecircncia se daacute por outras razotildees o jornal eacute primordial-mente um instrumento praacutetico um meio de experimentaccedilatildeo teoacuterico-praacutetica dos alunos que visa munir o estudante de experiecircncias relevantes que possam ser um diferencial na hora de se introduzir na realidade da profi s-satildeo ndash que requer muita perspicaacutecia ousa-dia e estilo para se destacar Aleacutem disso O Ponto eacute um veiacuteculo que surgiu de uma pro-posta pedagoacutegica e jornaliacutestica consistente e aguerrida que propiciou notaacuteveis reper-cussotildees para o curso e claro ensinamentos

frutiacuteferos para os estudantes que souberam e sabem usufruir ainda das possibilidades que o jornal se predispotildee a dar atraveacutes da praacutetica e do trabalho

De acordo com o Projeto Poliacutetico Peda-goacutegico do curso de Comunicaccedilatildeo Social O Ponto lanccedilado em junho de 1999 tinha e ainda tem como premissa se prestar a ser atraveacutes do trabalho dos alunos e sob coor-denaccedilatildeo criteriosa dos professores um veiacuteculo de ldquojornalismo de conversaccedilatildeordquo em contraposiccedilatildeo ao jornalismo puramente informativo factiacutevel feito pela imprensa

convencional A proposta era lanccedilar um impresso ndash e sua periodicidade (men-sal) permite que isto seja possiacutevel - que debatesse com mais profundidade os paradigmas sociais explo-rando e adentrando mais nas complexidades de cada acontecimento na comuni-dade regional e internacio-nal incitando discussotildees relevantes para o puacuteblico leitor

A proposta era natildeo soacute falar por exemplo sobre o

paacutereo entre dois candidatos de uma elei-ccedilatildeo municipal em Belo Horizonte ou onde quer que fosse Mas sim criticar se neces-saacuterio a forma como os embates poliacuteticos ou a falta deles se datildeo em plena eacutepoca eleitoral como mostrou a reportagem ldquoDisputa eleitoral sem disputardquo ndash publi-cada em O Ponto em setembro de 2006

O objetivo do projeto pedagoacutegico eacute evi-denciar problemas relegados ao esqueci-mento como por exemplo a inadimplecircncia do Governo de Minas Gerais para com os problemas ambientais (hiacutedricos) do Estado como fez os ex-alunos Pedro Blank e Ernesto Braga na reportagem do ano de 2000 ldquoDes-caso Mata o Rio das Velhasrdquo ldquoUma mateacuteria que repercutiu muito () virando inclusive editorial do jornal Estado de Minasrdquo con-forme relembra o proacuteprio autor da mateacuteria Ernesto Braga O jornalista ainda ressaltou ldquoo engraccedilado desta mateacuteria eacute que sem saber que O Ponto tinha uma tiragem de quatro mil exemplares e pensando que ele circu-lava apenas na faculdade uma das fontes

O Ponto estaacute completando uma deacutecada de jornalismo laboratorial Para comee alunos que participaram da criaccedilatildeo do jornal para resgatar um pouco da su

ldquoO Ponto foi fundamental para

mim ()embora uma redaccedilatildeo de jornal

diaacuterio seja diferenteMeu portifoacutelio foi

exatamente as mateacuterias que fi z para O

PontordquoErnesto Braga ex-monitor

12-16 - 10 anos O Pontoindd 112-16 - 10 anos O Pontoindd 1 82809 123340 PM82809 123340 PM

O Poonto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Especial bull 13

(da mateacuteria) desceu o cacete no Estado E com a repercussatildeo ele (a fonte) ligou para o coordenador alegando que natildeo tinha falado aquilo que tinha sido publicado pedindo retrataccedilatildeo Ele esteve entatildeo na faculdade e ouviu toda a gravaccedilatildeo da entrevista no estuacute-dio da raacutedio e natildeo teve mais o que contes-tarrdquo recorda Braga

Portanto a intenccedilatildeo de O Ponto foi e ainda eacute publicar e propor assuntos que pos-sam render refl exotildees audaciosas que per-mitam ao leitor extrapolar o senso comum e os pensamentos instrumentais alcanccedilando o campo das ideacuteias criacuteticas e producentes do ponto de vista social que tenham propoacutesitos de mobilizaccedilatildeo e desalienaccedilatildeo das pessoas em geral Seja em forma de denuacutencia em uma grande reportagem em forma de traccedilo como na charge que prima pelo tom criacutetico e irocircnico ou nas mateacuterias e notas que repor-tam acontecimentos e eventualidades desco-nhecidas mas impor-tantes para a dinacircmica da sociedade seja no campo econocircmico poliacutetico ou cultural

Satildeo dez anos de accedilatildeo estudantil em todas as etapas produtivas do jornal desde a criaccedilatildeo de pautas ateacute a distri-buiccedilatildeo do jornal

Dez anos de tentativas Acertos erros aprendizagem e repercussotildees Polecircmicas e alguns deslizes

Haacute uma deacutecada O Ponto vem prestan-do-se a ser para os alunos um instrumento de aprendizagem e lapidaccedilatildeo profi ssional E apesar dos altos e baixos que toda ati-

vidade laboratorial implica o desafi o tem sido cumprido

Difi culdades teacutecnicas problemas entre alunos ndash editores e repoacuterteres - no cum-primento do prazo na entrega de mateacuterias alguns detalhes estruturais com relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo do jornal entraves de uacuteltima hora fotografi as infograacutefi cos e diagrama-ccedilotildees pendentes incompletas ou inapro-priadas fazem parte da rotina da produccedilatildeo de O Ponto Como em qualquer outra reda-ccedilatildeo de laboratoacuterio E satildeo exatamente esses desafi os que permitem agravequeles alunos que se doam agrave praacutetica colaborativa como repoacuter-teres voluntaacuterios e monitores do jornal descobrir suas aptidotildees capacidades e tam-beacutem a aprimorarem teacutecnicas e adquirirem conhecimento ainda desconhecidos

O iniacutecio o fi m e o meioNeste intertiacutetulo consta

uma informaccedilatildeo de cunho histoacuterico sobre O Ponto Esta frase ndash O iniacutecio o fi m e o meio que parece estar com a loacutegica inver-tida foi o primeiro e uacutenico slogan que o jornal teve Joatildeo Henrique Faria que trabalhou como consul-tor na criaccedilatildeo do curso de Comunicaccedilatildeo Social na

Fumec entre 1996 e 1997 e tambeacutem como coordenador em 1998 ndash logo quando o curso foi fundado - relata que o slogan surgiu de um concurso interno lanccedilado para alunos e que visava dar uma identidade ideoloacutegica e esteacutetica para o jornal que juntamente agrave raacutedio foram os primeiros laboratoacuterios do curso de Comunicaccedilatildeo a entrarem em fun-

cionamento Foi neste periacuteodo de inaugura-ccedilatildeo do curso que surgiu a marca O Ponto e o distintivo publicitaacuterio ldquoo iniacutecio o fi m e o meiordquo para o impresso

O slogan faz referecircncia agrave letra de muacutesica ldquoGitardquo do compositor Raul Seixas para enfatizar a proposta editorial do veiacute-culo - a ordem de disposiccedilatildeo das repor-tagens naquela eacutepoca no interior jornal O acutemeio` portanto eram as paacuteginas res-guardadas para as editorias referentes a assuntos institucionais ndash da universidade e tambeacutem para os assuntos que versavam sobre os proacuteprios meios de comunicaccedilatildeo ndash cobertura atuaccedilatildeo das miacutedias eventos e paradigmas ndash tudo no miolo do impresso O acutefim` era o espaccedilo reservado no jornal para as mateacuterias de poliacuteticas puacuteblicas sendo a sociedade a principal interessada e a proacutepria finalidade das reportagens e O Ponto o proacuteprio lsquofimrsquo O acuteiniacutecio` final-mente eram mateacuterias sobre variedades que falavam sobre questotildees gerais - curio-sidades entretenimento opiniotildees Este estilo de iacutendice e de divisatildeo do jornal durou dois anos desde o lanccedilamento ateacute que reformulaccedilotildees graacuteficas resultaram na retirada do slogan de layout de O PontoMudanccedilas compreensiacuteveis tratando-se de um jornal laboratoacuterio que prima pela experimentaccedilatildeo e inovaccedilatildeo

Um nome de impactoA democracia que foi sempre uma

maacutexima no funcionamento do laboratoacuterio de jornalismo impresso ndash todos os alunos sem exceccedilatildeo do 1ordm ao 8ordm periacuteodo devem e podem escrever ndash esteve presente tambeacutem no concurso que deu nome ao jornal O nome O Ponto foi criado pelo ex-aluno de

Editor e diagramador da paacutegina

10A NOSomemorar esse feito nossa equipe de reportagem ouviu os primeiros monitores a sua histoacuteria precircmios conquistados mateacuterias de repercussatildeo e mudanccedilas graacutefi cas

Da esquerda para a direita os ex-monitores Ernesto Braga Pedro Blank e Frederico Wanderley do Ponto para as redaccedilotildees

ldquoCriei (o nome) O Ponto pensando no sentido ortograacutefi co e ao mesmo tempo no signifi cado da palavra como ponto de vistardquo

Faacutebio Santos ex-aluno

12-16 - 10 anos O Pontoindd 212-16 - 10 anos O Pontoindd 2 82809 123341 PM82809 123341 PM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

14 bull Especial Editor e diagramador da paacutegina

19991999 2000 2004

Esta mateacuteria assinada pelos ex-alunos Ernesto Braga e Pedro Henrique Blank denunciou a poluiccedilatildeo no Rio das Velhas A partir da constataccedilatildeo de que 90 da carga poluidora lanccedilada no rio era proveniente da coleta dos esgotos domeacutesticos ldquoNa eacutepoca o entatildeo superintendente do jornal Estado de Minas Eacutedison Zenoacutebio publicou uma nota em sua coluna no jornal parabenizando pela mateacute-riardquo recorda o professor Rogeacuterio Bastos

Em ldquoAnunciou virou mancheterdquo o aluno Pedro Penido criticou a cobertura da imprensa entorno do deacutefi ct zero e a publicidade do governo do Estado sobre esse fato estampada nos trecircs jornais da capital Jaacute ldquoA imprensa errourdquo eacute uma criacutetica ao comportamento da imprensa na cobertura de um assassinato no Edifiacutecio JK O trabalho dos repoacuterteres Sinaacuteria Ferreira e Guilhermo Tacircngari pautou uma discussatildeo no Brasil das Gerais da Rede Minas Sinaacuteria Ferreira monitora na eacutepoca foi uma das participantes do programa

O Ponto eacute lanccedilado O impresso vem entatildeo ao mundo em for-mato Standard 315 mm x 560 mm papel jornal

jornalismo Faacutebio Santos que participou do processo seletivo do nome do jornal-laboratoacuterio do curso de Jornalismo da Fumec ldquoCriei acuteO Ponto` pensando no sentido ortograacutefico e ao mesmo tempo no signifi-cado da palavra como ponto de vistardquo

ldquoO Ponto eacute um nome de impacto Representa o acircngulo o lsquoxrsquo da questatildeordquo explica Joatildeo Henrique Faria que na ocasiatildeo participou do processo de escolha do nome O acutex` a que Faria se refere diz respeito a forma mais precisa de tratar um acontecimento Na seara jornaliacutestica consiste em diagnosticar o que de mais importante existe no fato esmiuccedilar seus anteceden-tes e desdobramentos O objetivo eacute enfi m noticiar de forma complexa contextualizada sem contudo recair no erro de julgar fazer juiacutezo de valor sobre um determi-nado acontecimento

Porque mudar eacute precisoEm maio de 2009 foi lanccedilado o novo projeto graacutefi co

do jornal com draacutesticas mudanccedilas de formato estilo e tambeacutem de logomarca cujo grafi smo conteacutem agora um ponto dentro da letra ldquoordquo reforccedilando a marca do impresso em seu nome O novo logotipo do jornal O Ponto eacute meacuterito do aluno do 2ordm periacuteodo do curso de Design Graacutefi co da Fumec Giovanni Batista Cocircrrea vencedor do concurso de reformulaccedilatildeo do logotipo

do jornal ldquoUsei uma fonte parecida com a anterior e desenhei a primeira letra lsquoorsquo da palavra como um lsquopontorsquo aproveitando sua forma natural pois acredito que uma marca deve ser simples e ao mesmo tempo marcanterdquo explica

A nova reformulaccedilatildeo graacutefi ca coordenada pela pro-fessora Duacutenya Azevedo e que contou com dois volun-taacuterios ndash os alunos Roberta Andrade e Pedro Leone - foi desenvolvido no segundo semestre de 2008 com base em pesquisas bibliograacutefi cas

De forma geral a opccedilatildeo por migrar do formato Stan-dart (o antigo jornalatildeo ndash de 53 cm de altura por 297 de largura) para o Berliner (289 cm por 43 cm) veio da demanda de adequaccedilatildeo as transformaccedilotildees que o meio impresso vem passando no mundo e no Brasil dimi-nuiccedilatildeo do puacuteblico leitor em detrimento dos veiacuteculos digitais o que culminou na reduccedilatildeo dos lucros dos jornais e do pessoal ndash jornalistas nas redaccedilotildees O que acentuou a disputa entre os jornais pelo leitor gerando a necessidade de reinvenccedilatildeo dos layouts para capta-ccedilatildeo deste puacuteblico que estaacute migrando para os canais de notiacutecia instantacircnea na internet

Conforme explica a professora Duacutenya Azevedo o formato Berliner eacute economicamente mais vantajoso - sua impressatildeo eacute mais barata e desperdiccedila menos papel eacute um formato mais praacutetico de ser manuseado

e passiacutevel de se aproximar de um layout de revista tipo de impresso mais bem acabado esteticamente e benquisto Razotildees estas ndash economia esteacutetica e tipo de manuseio - que infl uenciaram na decisatildeo de reformu-lar O Ponto

ldquoO objetivo do novo formato eacute aproximar O Ponto do estilo magazine (revista) ateacute mesmo pela sua periodi-cidade mensalrdquo explica Roberta Andrade ldquoQueriacuteamos diminuir o formato preservando poreacutem a valorizaccedilatildeo do textordquo reforccedila Pedro Leone Assim optou-se por uma tipografi a mais espaccedilada e menor para compor um layout mais arejado modernordquo

Eacute nesta linha de atuaccedilatildeo mantendo as antigas pre-missas do curso de liberdade de atuaccedilatildeo democracia e de ensaios profi ssionais que O Ponto segue traccedilando sua trajetoacuteria no espaccedilo acadecircmico concomitante-mente a histoacuteria dos estudantes no curso Sempre tendo em mente que a credibilidade de um jornal pre-cisa ser renovada constantemente seja ele velho ou novo Tenha ele 10 ou 100 anos de existecircncia Seja ele profi ssional ou laboratorial pois o que deve ser exal-tado e cumprido eacute a seriedade do trabalho sem isen-ccedilatildeo de culpa e responsabilidade em caso de erros Pois o desafi o em qualquer um dos veiacuteculos ndash seja um jornal renomado ou universitaacuterio eacute reportar com eacutetica e pro-fi ssionalismo as informaccedilotildees prestadas ao leitor

Alguns marcos em 10 ANOS

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O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Especial bull 15

2006

No fi nal de 2005 o jornal obteve outro rele-vante resultado um estudo sobre sua proposta editorial Os ex-alunos de jornalismo formados em 2005 Rafael Werkema e Renata Quintatildeo produziram o livro Jornal laboratoacuterio - uma pro-posta editorial criacutetica como parte do projeto de conclusatildeo de curso e dedicaram esta obra ldquoa todos os que veem O Ponto como espaccedilo para a formaccedilatildeo de agentes transformadores da socie-daderdquo Werkema declarou tambeacutem que este estudo abre refl exatildeo sobre a importacircncia do jornalismo impresso experimental que difere do modelo sisudo e congelado da grande imprensa

20092009Em janeiro de 2006 o jornal recebeu o precircmio Patildeo de Queijo de notiacutecias (PQN) Na eacutepoca a ex-coordenadora de O Ponto Ana Paola Valente fez a seguinte declaraccedilatildeo sobre o feito ldquoEsta eacute uma conquista coletiva construiacuteda principalmente pelos alunos que fazem o jornal e acreditam neste projetordquoEm maio o jornal foi eleito o melhor jornal laboratoacuterio da Ameacuterica Latina na III Mos-tra Internacional da Pesquisa Experimen-tal da Comunicaccedilatildeo EXPOCOM-SUR

2005

Para aleacutem das atividades ligadas ao produto impresso O Ponto tambeacutem se faz presente em vaacuterias iniciativas e eventos na Faculdade de Ciecircncias Humanas Uma dessas accedilotildees foi o debate poliacutetico entre os candidatos agrave Prefeitura de Belo Horizonte em 2008 Organizado pelos monitores de O Ponto e da Redaccedilatildeo Modelo e orien-tados pelos professores coordenadores o evento reuniu seis dos nove candidatos ao pleito no auditoacuterio Phoenix da Fumec no mecircs de setembro

Dois assuntos mar-caram a tocircnica do debate dos candida-tos as preocupaccedilotildees com educaccedilatildeo e com o transporte puacuteblico na capital mineira As inquietaccedilotildees estiveram presentes nas questotildees apresentadas pelos estudantes O auditoacuterio recebeu mais de 200 universitaacuterios

Compareceram ao evento os candi-datos Gustavo Valadares (DEM) Jorge Periquito (PRTB) Leonardo Quintatildeo (PMDB) Pedro Paulo (PCO) Seacutergio Miranda (PDT-PCB) e Vanessa Portu-gal (PSTU) Somente trecircs candidatos ndash Andreacute Alves (PT do B) Jocirc Moraes (PC do B) e Maacutercio Lacerda (PSB) ndash natildeo partici-

param e alegaram confl ito de agenda Os presentes elogiaram a organizaccedilatildeo

do evento e destacaram a importacircncia de se promover esclarecimentos poliacuteticos aos jovens jaacute que o tempo de duraccedilatildeo dos programas eleitorais na miacutedia natildeo era sufi ciente para informar os eleitores sobre os problemas da cidade bem como das propostas dos candidatos ao pleito

O envolvimento da equipe de O Ponto natildeo para por aiacute Em colaboraccedilatildeo com o Nuacutecelo de Estu-dos Escola da Ter-ceira Idade (Neeti) o laboratoacuterio assumiu tambeacutem no uacuteltimo semestre a diagrama-ccedilatildeo e fechamento do jornal Degrau publi-caccedilatildeo semestral dos alunos do curso que produzem crocircnicas poesias e outros tex-tos de cunho pessoal

Em momentos de polecircmica a ordem eacute arregaccedilar as mangas Apoacutes decisatildeo do Supremo Tribunal Federal no fi nal do primeiro semestre deste ano de por fi m agrave obrigatoriedade do diploma para o exer-ciacutecio profi ssional do jornalismo os moni-tores de O Ponto foram mobilizados para sair em campo e ouvir os profi ssionais do mercado sobre o impacto da decisatildeo na

vida dos atuais e futuros profi ssinais Como resultado da iniciativa foi pro-

duzido um viacutedeo com depoimentos de representantes da imprensa belo-hori-zontina tranquilizando os estudantes e avaliando como baixo o impacto da medida do STF na hora da contrataccedilatildeo prevalecendo a importacircncia de se ter um curso de formaccedilatildeo jornaliacutestica

Ensino de qualidadeO laboratoacuterio de jornalismo impresso

da Fumec prima tambeacutem pela qualidade do ensino As atividades de produccedilatildeo de cada ediccedilatildeo do jornal laboratoacuterio assim como a delimitaccedilatildeo dos papeacuteis dos par-ticipantes e colaboradores em cada uma delas satildeo todas executadas e coordena-das por estudantes Os alunos desde o primeiro semestre do curso satildeo estimu-lados a participar de O Ponto

As reuniotildees de pauta satildeo divulgadas para todo o corpo dicente de Jornalismo e coordenadas pela monitoria As suges-totildees de assuntos e enfoques para as mateacute-rias satildeo responsabilidade dos alunos que estatildeo cursando a disciplina Ediccedilatildeo II Eles assumem a ediccedilatildeo do jornal a cada semestre orientados pelo professor da disciplina e auxiliados pelos monitores

Quanto agrave apuraccedilatildeo das mateacuterias a reportagem pode ser executada por todos os periacuteodos A fotografi a tambeacutem eacute uma atividade preferencialmente dos alunos do curso Iniciativas de convergecircncia

tambeacutem satildeo praticadas pelos estudantes da Fumec como por exemplo em repor-tagem publicada na ediccedilatildeo nuacutemero 69 Intitulada ldquoEstudante vira gari por um diardquo a reportagem foi produzida para o impresso para a internet (Ponto Eletrocirc-nico) e em viacutedeo simultacircneamente Para isso uma equipe foi para as ruas executar a reportagem e no caso do repoacuterter tam-beacutem da coleta de lixo

A ediccedilatildeo do texto e a diagramaccedilatildeo satildeo executadas pelos alunos que estatildeo cur-sando Ediccedilatildeo II A revisatildeo fi nal do texto e do layout da paacutegina satildeo tarefas dos monitores e posteriormente o material eacute enviado para a graacutefi ca

O Jornal Laboratoacuterio O Ponto eacute na avaliaccedilatildeo do Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social da Universidade Fumec Seacutergio Arreguy o principal ins-trumento de experimentaccedilatildeo para o jor-nalismo impresso ldquoElaborado desde o projeto graacutefi co pautas apuraccedilatildeo e produ-ccedilatildeo de mateacuterias pelos alunos sob a super-visatildeo e coordenaccedilatildeo dos professores eacute o resultado de muito trabalho dedicaccedilatildeo e comprometimento de todos os envol-vidos materializado em um Jornal de excelente qualidade Refl exo de um curso seacuterio aprovado e reconhecido sobretudo pelo mercado de Belo Horizonterdquo

Aureacutelio JoseacuteCoordenador do Jornal-laboratoacuterio e

professor do curso de Jornalismo

Atividades vatildeo aleacutem da produccedilatildeo impressa

ldquoResultado de muito trabalho e

comprometimento o jornal eacute refl exo

de um curso seacuterio e reconhecido pelo

mercado de BHrdquoSeacutergio Arreguy coordenador do curso de Comunicaccedilatildeo Social

12-16 - 10 anos O Pontoindd 412-16 - 10 anos O Pontoindd 4 82809 34457 PM82809 34457 PM

O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

16 bull Especial

Com a palavra alguns ex-monitores

ldquoO meu

primeiro contato praacutetico

com o jornalismo ocorreu no Jor-

nal O Ponto Durante oito meses

como

monitor e nos quatro anos de curso

vivi cada

dia na redaccedilatildeo e pude ajudar a c

onstruir com

reportagens diagramaccedilotildees ou material fotograacutefi co

esse jornal que respeito muito por

ter me mostrado de

forma sincera alguns valores da mi

nha profi ssatildeo

As discussotildees interessadas que tive

mos naquela redaccedilatildeo

fi cam para toda a carreira juntame

nte com as boas pessoas

com as quais pude conviver nesse

periacuteodo Com o Ponto

percebi que o jornalismo antes de

escrever deve ldquoolharrdquo

para o mundo e buscar seu recorte

Por mais difiacutecil que

fosse terminar uma paacutegina sempre

compensava olhar para

ela impressa na pilha de jornais

no fi m do mecircs Esse

desafi o nos motivou e deve motivar

a cada diardquo

Enzo Menezes ex-monitor

ldquoDurante um ano e meio fui moni-

tora do jornal O Ponto podendo

adquirir muito conhecimento Mesmo

sendo um jornal mensal e por isso com-

posto de reportagens natildeo de notiacutecias pude

aprender sobre a rotina de uma redaccedilatildeo Aprendi

como nasce um jornal desde a reuniatildeo de pau-

tas o acompanhamento dos repoacuterteres e editores

revisatildeo das paacuteginas montagem da boneca o fecha-

mento ateacute o jornal impresso Comecei no jornal no

sexto periacuteodo entatildeo tive que apreender a editar

e diagramar uma paacutegina Ao mesmo tempo tambeacutem era

responsaacutevel pela ediccedilatildeo fi nal do jornal tendo que

colaborar com os demais alunos Foi muito grati-

fi cante fazer parte da equipe do jornal labora-

toacuterio foi um grande aprendizadordquo

Poliane Bosco ex-monitora

ldquoFui um dos primeiros monito-res do jornal e da 1ordf turma de jornalismo da Fumec Como na eacutepoca os repoacuterteres eram voluntaacuteriospassaacutevamos nas

salas chamando o pessoal Nas primeiras ediccedilotildees ateacute falavam que existia uma lsquopanelinharsquo porque as

mateacuterias eram sempre dos mesmos - eu o Ernesto Braga o Pedro Blank por exemplo porque era quem se interessava em escrever A mateacuteria que me marcou mais foi a primeira a primeira a gente nunca esquece (risos) Acho que o tiacutetulo era lsquoDe volta aos porotildees da loucurarsquo que saiu como manchete na primeira ediccedilatildeo e era sobre um manicocircmio em Barbacena O pessoal de psicologia ia fazer um estudo laacute e nos ofere-cemos para cobrir Vimos que a situaccedilatildeo do lugar era a mesma haacute 20 anos segundo um livro dos anos 80 sobre a instituiccedilatildeordquo

Murilo Rocha ex-monitor

ldquoA moni-toria foi uma experiecircncia

muito bacana pois foi a primeira vez que tive contato com a produccedilatildeo de

um jornal Tiacutenhamos a funccedilatildeo de editar mas tambeacutem faziacuteamos mateacuterias diagramaacutevamos tiraacute-

vamos fotos orientaacutevamos os repoacuterteres enfi m era uma trabalheira soacute Lembro-me de uma mateacuteria que fi z sobre salaacuterio miacutenimo (maio2001 14ordf ediccedilatildeo) e ganhou a manchete de O Ponto para minha surpresa Eu e o Daniel Bianchini na eacutepoca fotoacutegrafo e teacutec-nico do laboratoacuterio de fotografi a da Fumec subimos a favela para saber quantas eram e como viviam as

pessoas que recebiam um salaacuterio miacutenimordquo

Angeacutelica Diniz ex-monitora

Foto

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Foto arquivo O Ponto

12-16 - 10 anos O Pontoindd 512-16 - 10 anos O Pontoindd 5 82809 123353 PM82809 123353 PM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Esporte bull 17Editor e diagramador da paacutegina Rodrigo Zavaghli e Joatildeo Procoacutepio 6ordm periacuteodo

Domingo um dia em que a populaccedilatildeo de um paiacutes inteiro parou diante das tevecircs para assistir ao embate de duas equipes esportivas disputando o tiacutetulo nacional O vencedor vem estabelecendo uma supremacia invejaacutevel Eacute o maior ganha-dor da deacutecada e jaacute desponta como favo-rito para a proacutexima temporada Enfrenta apenas um desafi o manter o elenco para continuar competitivo em um ramo que movimenta milhotildees em dinheiro anualmente

Poderia estar falando do Brasil e o time citado poderia perfeitamente ser o Satildeo Paulo Mas a cena descrita se passa nos Estados Unidos o campeatildeo se chama Los Angeles Lakers e o esporte natildeo eacute o futebol mas sim o basquete Com uma atuaccedilatildeo impecaacutevel do cestinha Kobe Bryant os Lakers derrotaram o Orlando Magic em uma seacuterie melhor de sete jogos levantando o caneco pela quarta vez desde o ano 2000 Eacute o deacutecimo tiacutetulo do teacutecnico Phil Jackson em 15 da equipe de LA Somados a esses nuacutemeros 15 milhotildees de televisores americanos esta-vam ligados no jogo durante a exibiccedilatildeo e a movimentaccedilatildeo fi nanceira do esporte tambeacutem natildeo fi ca atraacutes das grandes trans-ferecircncias de jogadores brasileiros para o futebol europeu A estrela do basquete Shaquille OacuteNeil deve trocar de time por nada menos que 20 milhotildees de doacutelares -uma pechincha- Mostra-se assim que o basquete pode seguir uma foacutermula de sucesso da mesma forma que fazemos com o nosso esporte nacional

A liga americana eacute uma das mais assis-tidas no paiacutes e no mundo sendo transmi-tida para 42 paiacuteses e possui uma foacutermula diferente e atraente com fase de grupos os famosos mata-matas e divisotildees por conferecircncias tornando toda a temporada uma grande festa com direito inclusive agraves tradicionais e nada desejaacuteveis brigas de torcida

A NBBA Associaccedilatildeo Nacional de Basquete

dos Estados Unidos a NBA eacute o exemplo que o Brasil estaacute tentando seguir para reerguer o esporte no paiacutes A preocupa-ccedilatildeo eacute grande uma vez que por exemplo a equipe masculina nacional que jaacute con-tou com estrelas como Oscar Schmidt aleacutem de jogadores que hoje fazem fama no exterior como Leandrinho Nenecirc e Anderson Varejatildeo nem se quer conquis-tou vaga para disputar as duas uacuteltimas olimpiacuteadas Isso para um esporte em que o Brasil jaacute foi campeatildeo mundial no cada vez mais longiacutenquo ano de 1959 eacute sinal de crise

Mas o racha no basquete brasileiro natildeo envolve apenas o desempenho do time em quadra Nos uacuteltimos anos o que se viu foi um show de falta de organizaccedilatildeo por parte da Confederaccedilatildeo Brasileira de Basquete (CBB) que em 2006 natildeo con-seguiu promover o campeonato nacio-nal ateacute o fi m Faltou a fi nal e a histoacuteria

enveredou para a poliacutetica Os clubes paulistas insatisfeitos com a conjun-tura romperam com a confederaccedilatildeo e disputaram um torneio paralelo criado por eles em 2008 No preacute-oliacutempico do mesmo ano a seleccedilatildeo brasileira dispu-tou por vaacuterios motivos muitos deles obscuros com desfalque de todos os jogadores que disputavam a Liga Ame-ricana Perdeu

Insustentaacutevel por si soacute a nova aposta da CBB eacute o Novo Basquete Brasil A sigla NBB natildeo foi por acaso A semelhanccedila com a NBA eacute justamente o foco do novo torneio organizado pelos clubes com a chancela da Confederaccedilatildeo Eacute uma ten-tativa de reconciliaccedilatildeo dos times com a entidade dos jogadores com a seleccedilatildeo e por consequumlecircncia das torcidas com a quadra O formato traz turno returno e fase fi nal com mata-mata para defi nir semifi nalistas e fi nalistas A fi nal eacute deci-dida em no maacuteximo cinco partidas E que comece a campanha para as Olim-piacuteadas do Rio

OlimpiacuteadasQue o governo brasileiro estaacute em cam-

panha para sediar os Jogos Oliacutempicos de 2016 jaacute estaacute claro para todo mundo O que acontece nas entrelinhas poreacutem eacute um esforccedilo coletivo por parte da miacutedia do governo e de todo o setor esportivo em geral em alavancar o esporte no paiacutes Desmistifi car a conversa de que aqui soacute o futebol presta Eacute bom para os clubes bom para os cofres puacuteblicos e bom para as empresas privadas fora a melhoria na imagem do paiacutes laacute fora Para se ter uma ideia o Pan do Rio gastou cerca de sete milhotildees de reais em uma soacute cidade Jaacute a reforma do Maracanatilde palco da fi nal da copa de 2014 tem orccedilamento pre-visto em ateacute 1 bilhatildeo Eacute muito dinheiro envolvido e logicamente muita gente interessada

O NBB se torna claramente mais uma peccedila nesse complexo tabuleiro aonde o objetivo eacute vender o Brasil como paiacutes do esporte Ronaldo Adriano Fred fora outras movimentaccedilotildees de grandes estrelas do esporte nacional que retor-nam ao paiacutes mostram que aos poucos estamos tentando construir uma cultura esportiva o que nos encaixa como uma luva na candidatura para as olimpiacuteadas

A verdade eacute que temos um longo caminho a percorrer O Rio de Janeiro jaacute ateacute possui um esqueleto de estrutura eacute verdade feita nos Jogos Pan Ameri-canos de 2006 e pretende ampliar o investimento com a Copa do Mundo de futebol mas a incompatibilidade ainda eacute latente Falta resolver o problema da seguranccedila puacuteblica A reforma do estaacute-dio do Maracanatilde jaacute tem orccedilamento mas natildeo tem quem pague E o que sinaliza o desespero para ser capaz de receber um evento desse porte eacute a corrida das cidades sede da Copa de 2014 Das 12 cidades sede todas com planejamentos astronomicamente caros para a compe-ticcedilatildeo apenas uma ndashBrasiacutelia- declarou de onde viraacute o dinheiro

Formaccedilatildeo de baseO lado positivo de toda a politicagem

que envolve a corrida pelas olimpiacuteadas eacute a formaccedilatildeo de novos atletas e de esco-linhas de base nos vaacuterios clubes do paiacutes Afi nal se por um lado esporte eacute fi nan-ceiramente um bom negoacutecio ele natildeo deixa de ser saudaacutevel e interessante para a sociedade A efi ciecircncia de escolinhas de esporte nas periferias em termos de estatiacutesticas de criminalidade aleacutem do trabalho seacuterio de dignidade e auto-estima que eacute feito na grande maioria dos casos por professores voluntaacuterios eacute inegaacutevel

O Mackenzie Esporte Clube tradi-cional formador de atletas de Belo Hori-zonte por exemplo usa suas escolinhas de esporte para segundo sua assessoria de imprensa auxiliar na educaccedilatildeo e inte-graccedilatildeo social de crianccedilas e jovens Aleacutem dos clubes escolas particulares ou seja com verbas como o Coleacutegio Santo Agos-tinho realizam projetos sociais para pro-mover a integraccedilatildeo e dignidade atraveacutes do esporte Exemplo disso era o time de vocirclei Sada Betim hoje Sada Cruzeiro que enquanto ainda associado agrave prefeitura da cidade e usando suas dependecircncias abria portas para jovens da periferia para integrar suas escolas baacutesicas do esporte

Estrutura para tais iniciativas eacute o que natildeo falta O Minas Tecircnis clube de maior destaque no cenaacuterio esportivo mineiro eacute o detentor de uma das mais invejaacuteveis estruturas esportivas do paiacutes Eacute o exem-

plo de que eacute possiacutevel dar suporte para for-mar equipes competitvas em vaacuterios espor-tes Finalista da Superliga de vocirclei clube de formaccedilatildeo do medalista pan americano Th iago Pereira da nataccedilatildeo medalista oliacutempico do judocirc com Ketleyn Quadros e semifi nalista da NBB com a equipe de basquete Conquistas que geram pergun-tas Eacute possiacutevel estender tamanho sucesso para a populaccedilatildeo em geral O Brasil seraacute capaz de utilizar o potencial que tem de mobilizar a sociedade por causas tatildeo inte-ressantes quanto o esporte para alavan-car os setores prejudicados de seu povo ou vai jogar todos os problemas e todas as desculpas por suas falhas sob o grande guarda-chuva da beleza do esporte Seraacute as Olimpiacuteadas uma oportunidade para o sucesso ou mais uma grande farra para os poliacuteticos e para a miacutedia

O Novo Basquete Brasil pode ser parte da resposta O objetivo principal do tor-neio eacute revigorar o esporte atrair o puacuteblico de volta e recolocar o basquete brasileiro em niacuteveis oliacutempicos para em seu obje-tivo secundaacuterio apoiar a campanha para o Rio 2016 Se der certo bom para o Bra-sil Ganha em notoriedade em trabalho bem feito e abre um leque de esperanccedilas para os projetos que viratildeo Se der errado reforccedila a capacidade do brasileiro de fazer auecirc sem saber aonde vai dar E costuma dar em pizza Em obras superfaturadas em estrutura precaacuteria e em novas festas como mensalotildees castelos e farras aeacutereas em geral

O Novo Esporte BrasilFinal do Novo Basquete Brasil levanta a discussatildeo das poliacuteticas esportivas no Brasil

PEDRO LEONE

6ordm PERIacuteODO

Foto Divulgaccedilatildeo

Minas e Flamengo em jogo realizado na arena da Rua da Bahia

17 - novo esporte brasilindd 117 - novo esporte brasilindd 1 82809 115027 AM82809 115027 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

18 bull Entretenimento Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O que vocecirc acha que o CQC traz de novo para a TV brasileira

Rafi nha Bastos O CQC eacute um formato novo Soacute o fato de existir um formato novo numa televisatildeo tatildeo repetida porque os formatos se repetem muito na televisatildeo a novela do SBT eacute igual a da Band que eacute igual a da Globo que eacute igual a da Record os telejornais tambeacutem satildeo parecidos os programas de auditoacuterio Entatildeo soacute o fato de ser um programa diferente um formato de televisatildeo diferente jaacute eacute uma novidade Eu acho que eacute isso que o CQC traz

OPComo vocecirc entende a junccedilatildeo de ldquojornalismo e humorrdquo

RB Eu acho que o jornalismo eacute muito convencional Ele tem um formato muito especiacutefi co no Brasil haacute muito tempo Entatildeo o fato de a gente estar fazendo uma coisa mais bem humorada vem quebrar um pouco com esses paradigmas que satildeo muito estabelecidos do jornalismo A gente estaacute fazendo de uma maneira diferente de fazer o jornalismo Eu acho interessante a receptividade que eu tenho tido com as mateacuterias laacute do ldquoProteste Jaacuterdquo Satildeo muito legais o povo gosta e se sente representado Entatildeo eu acho que tem sido muito bom

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

RB Natildeo existe isso Eu sou contra esse negoacutecio de ldquohumor inteligenterdquo porque natildeo eacute porque o Tiririca faz um humor para o povatildeo que ele natildeo eacute inteligente Ele eacute um gecircnio aliaacutes entendeu Natildeo acho que a questatildeo eacute ldquointeligenterdquo Eu acho que a questatildeo eacute a seguinte o humor do CQC precisa de mais referecircncia O pessoal precisa conhecer um pouco das coisas que a gente estaacute falando estar um pouco informado sobre poliacutetica Talvez a pessoa que assiste ao CQC esteja atraacutes de um humor com mais informaccedilatildeo um humor mais criacutetico e o humor natildeo eacute tatildeo popular mas natildeo signifi ca que natildeo eacute mais inteligente do que o humor popular

OPVocecirc natildeo teme que o CQC caia na ldquomesmicerdquo

RB Eacute muito cedo para dizer ainda Muito cedo O que acontece eacute que os pro-gramas humoriacutesticos caem na mesmice e isso eacute estrateacutegico O ldquoNerson da Capi-tingardquo faz a mesma piada toda semana

porque as pessoas precisam entender a piada O povatildeo a galera ldquomassardquo precisa saber a hora que ela tem que rir Por isso que parece que eacute muito repetitivo Porque natildeo eacute um humor feito pra gente natildeo eacute um humor feito para a galera faculdade para a galera que tem um espiacuterito criacutetico um pouco mais aguccedilado Eacute para o povatildeo Eacute muito bem feito A tendecircncia do CQC natildeo eacute ir por esse caminho mas pode ser que ele se repita Isso eacute uma busca eterna

OPA experiecircncia da stand-up comedy contribui para a abordagem de suas fontes

RB O fato de eu ser comediante me ajuda Eu faccedilo um programa de humor hoje que por mais que tenha uma pegada jornaliacutestica eacute um programa de humor O objetivo dele eacute ser engraccedilado eacute ser divertido Tanto a minha formaccedilatildeo de jornalista quanto o meu trabalho de comediante estatildeo juntos ali quando eu estou na frente do viacutedeo

OPEm sua opiniatildeo onde podemos perceber o jornalismo no CQC

RB O quadro ldquoProteste jaacuterdquo eacute o quadro mais jornaliacutestico do programa Ele aborda os problemas levanta e vai atraacutes de soluccedilotildees conversa com os governantes Eu acho que esse eacute o quadro mais jornaliacutestico mas natildeo signifi ca que as mateacuterias de ldquobaladardquo natildeo sejam jornaliacutesticas Mas eu soacute acho que o mais parecido com o formato tradicional de jornalismo eacute o ldquoProteste Jaacuterdquo

OPComo vocecirc percebe a inserccedilatildeo da publicidade no programa Vocecirc acha que o excesso de propaganda pode pre-judicar a atraccedilatildeo

RB Eu acho que eacute feito de uma maneira muito suave Eacute algo inovador O que o CQC faz natildeo existe em nenhum outro programa A gente natildeo interrompe natildeo mostra nenhum produto ou merchan durante o programa Satildeo propagandas fei-tas com o proacuteprio elenco Entatildeo eu acho

que eacute diferente e o programa tem que se bancar Ele precisa ter publicidade

OPMas vocecirc natildeo acha que haacute uma quebra do discurso Por exemplo o Marcelo Tas chama uma mateacuteria ldquoredondardquo e faz menccedilatildeo a uma determi-nada marca de cerveja Quando manda a mateacuteria haacute um corte com outra propa-ganda entrando

RB Vocecirc natildeo acha isso muito melhor do que parar e falar assim ldquogente vamos falar de seguro sauacutederdquo e a pessoa sair Vocecirc tem que vender vocecirc tem que fazer publicidade Natildeo tem como O programa precisa se bancar de alguma forma Eu acho que a melhor maneira uma maneira interessante de fazer os merchans eacute da maneira como a gente faz Natildeo inter-rompe natildeo tem a ver com a mateacuteria natildeo estaacute no meio do conteuacutedo natildeo tem a ver com o conteuacutedo do programa estaacute sepa-rado Eu acho que eacute uma maneira tran-quila Se eacute a melhor maneira eu natildeo sei mas eu acho interessante

OPEm abril assessores de comuni-caccedilatildeo dos parlamentares se reuniram em Brasiacutelia para questionar a liberdade com que os repoacuterteres atuam no Con-gresso Nacional O diretor de comuni-caccedilatildeo da Cacircmara poreacutem afi rmou que natildeo alteraria as regras atuais e que cabia aos assessores explicar aos deputados como lidar com o tipo de jornalismo praticado pelos programas O CQC foi pivocirc desta atitude

RB O Congresso faz as leis dele O Congresso olha muito para o proacuteprio umbigo Natildeo existe nada que infl uencie diretamente as decisotildees do Congresso Eles decidem por eles mesmo Por isso que eles estatildeo em Brasiacutelia que fi ca a 500 km de Rio e Satildeo Paulo

OPVocecirc acha que os poliacuteticos satildeo alvo faacutecil para o humor Por quecirc

RB Eu acho que natildeo Eu acho que os poliacuteticos satildeo difiacuteceis porque satildeo uma concorrecircncia para os comediantes Os proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia entatildeo jaacute eacute muito difiacutecil vocecirc tirar sarro de algo que jaacute eacute engraccedilado As notiacutecias do ldquoJornal Nacionalrdquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQC Eacute mais difiacutecil ainda Eacute uma busca eterna para natildeo fi car se repetindo e natildeo fi car falando coisas que jaacute satildeo ditas por outros telejornais

Os bastidores do risoEm entrevista exclusiva Rafi nha Bastos repoacuterter do programa televisivo Custe o Que Custar (CQC) abre o jogo e conta como o humor eacute levado a seacuterio na atraccedilatildeo semanal na emissora Bandeirantes

Uma das cenas protagonizadas por Rafi nha Bastos no quadro ldquoProteste jaacuterdquo

ldquoOs proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia () As notiacutecias do lsquoJornal Nacionalrsquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQCrdquo

Rafi nha Bastos

AMANDA ARAUacuteJO

FLAacuteVIO CAMPOS

NATASHA MUZZI

8ordm PERIacuteODO

Belo Horizonte abril de 2009 Enquanto esperaacutevamos a reapresen-taccedilatildeo da peccedila ldquoArte do Insultordquo para realizar uma entrevista com o humo-rista Rafi nha Bastos marcaacutevamos quais seriam as principais perguntas que deveriam ser feitas considerando o pouco tempo que teriacuteamos dispo-

niacutevel nos bastidores do evento Casa cheia nervosismo em alta muita gente querendo conversar e chamar a atenccedilatildeo do ldquohomem de pretordquo do programa CQC Difiacutecil tarefa eacute con-seguir uma entrevista quando se eacute apenas estudante Mas conseguimos o acesso e a conversa se estendeu por bem mais tempo do que esperaacuteva-mos Nosso objetivo era questionar o apresentador e repoacuterter sobre a jun-ccedilatildeo entre jornalismo e humor presen-tes no programa por ele apresentado

a fi m de somar ao nosso trabalho de conclusatildeo de curso que apresentava a mesma discussatildeo Em maio de volta agrave mesma casa de espetaacuteculos nos encontramos com o tambeacutem repoacuterter da atraccedilatildeo Danilo Gentili com cer-teza bem mais afi ados e preparados para a sarcaacutesticas intervenccedilotildees do humorista

De forma descontraiacuteda fomos recebidos pelas duas grandes fi guras do Stand-up Comedy e agora ldquoastrosrdquo do irreverente CQC que toparam

falar sobre o jornalismo do programa liberdade de imprensa poliacutetica e claro humor Aleacutem de compor a bancada do programa Rafi nha Bastos eacute jornalista e comediante apresentando espetaacuteculos de improviso por todo o paiacutes Publicitaacuterio e humorista Danilo Gentilli foi um dos fundadores da comeacutedia ao vivo na capital paulista O resultado deste inusitado e divertido bate-papo com os dois repoacuterteres vocecirc confere agora em entrevistas editadas especialmente para O Ponto

Foto Divulgaccedilatildeo

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Entretenimento bull 19Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O ano de 2008 rendeu ao CQC nove precircmios Quatro deles somam como melhor programa de humor eou como melhor produccedilatildeo humoriacutestica Porque vocecirc acha que a miacutedia ainda natildeo premiou o programa como melhor telejornal

Danilo Gentili O CQC trabalha com fatos jornaliacutesticos mas natildeo eacute um telejor-nal O CQC natildeo estaacute todo dia mostrando os fatos do dia entatildeo natildeo pode ser clas-sifi cado como um telejornal O ldquoGlobo Repoacuterterrdquo natildeo pode ser classifi cado ldquoum telejornalrdquo eacute um programa jornaliacutestico Eu acho que a miacutedia natildeo enxerga o CQC como um programa jornaliacutestico Na ver-dade se for para eu escolher se o CQC eacute jornaliacutestico ou humoriacutestico eu escolheria que ele eacute humoriacutestico porque quando eu vou fazer eu me preocupo primeiro em fazer a pessoa rir Eu vou abrir a boca eu vou falar com esse cara mas a uacutenica razatildeo de eu falar com esse cara eacute fazer uma piada Se eu for falar com ele e a pessoa natildeo rir natildeo tem porque eu estar aqui

OPA maioria das pautas poliacuteticas do programa satildeo destinadas agrave vocecirc A que vocecirc atribui isso Vocecirc seria o mais cara de pau dos ldquohomens de pretordquo

DG Pode ser Talvez seja Eu gosto de fazer poliacutetica com um produtor laacute em especiacutefi co A gente vai com muita von-tade de fazer o que a gente faz de chegar para o cara e perguntar Na verdade eacute o seguinte eu natildeo sei os outros repoacuterteres mas eu no CQC natildeo tenho a pretensatildeo de ser amigo de ningueacutem Seja de poliacutetico ou de celebridade eu natildeo tenho a pre-tensatildeo Vocecircs natildeo vatildeo me ver em festas de celebridades ldquoOh fui convidado pra festa e estou aquirdquo Eu natildeo tenho essa vontade natildeo eacute o meu mundo Entatildeo eu vou pra perguntar o que eu sempre quis e talvez o que todo mundo que estaacute em casa sempre quis saber

OPComo eacute a sua preparaccedilatildeo antes de cobrir as pautas poliacuteticas na Casa Legislativa Vocecirc planeja suas piadas antes ou eacute realmente no improviso

DG A reuniatildeo de pauta geralmente acontece no caminho Eu e o produtor ou no aviatildeo ou no carro Eu e o produ-tor falando ldquoquem vocecirc acha que vai estar laacute Ah Tal pessoa tal pessoa tal pessoa fez isso A gente pode falar issordquo A gente tenta mais ou menos ter uma noccedilatildeo do que dizer

OPMas inclui uma piada pronta DG A gente tenta prever e tenta ir

com umas cartas na manga mas a gente sabe que eacute impossiacutevel Porque eu posso ir com uma pergunta pronta e o cara me daacute uma resposta que ningueacutem esperava Aiacute em cima disso eu tenho que fazer outra piada

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

DG Taacute isso no site do CQC Vocecircs acreditaram nisso (risos) Natildeo sei eu acho que o humor tem que ser engra-ccedilado natildeo tem que ser inteligente Eacute o

que eu acho entendeu O que seria humor inteligente Natildeo sei o humor eacute muito subjetivo pra classifi car ldquoesse humor eacute inteligente esse natildeo eacuterdquo Eu acho que o humor inteligente eacute aquele que se comunica de uma forma efi caz com o seu puacuteblico O Tiririca eacute esquisito mais eacute um humor inteligente para muita gente Eu gosto do Tiririca

OPComo publicitaacuterio como vocecirc avalia esse novo modelo de publici-dade inserido no programa

DG Mas natildeo eacute tatildeo diferente assim Na verdade eacute igual as outras porque nas outras o cara faz a propaganda e a agecircncia que ganha e no CQC tambeacutem a gente faz a propaganda e a produtora que ganha

OPVocecirc acha que o riso midiatizado esse humor ldquopastelatildeordquo que a gente vecirc por aiacute deixa perder um pouco da fun-ccedilatildeo do riso que estaacute em ser criacutetico

DG Depende do humor pastelatildeo eu gosto muito Eu gosto do Chaves gosto dos Trecircs Patetas gosto do Jerry Lewis gosto do Mr Been Eacute tudo humor pastelatildeo Eu acho que o termo que vocecirc queira achar natildeo eacute ldquohumor pastelatildeordquo eacute um humor grosseiro tipo ldquoAh vou peidar em puacuteblicordquo e todo mundo ri disso Eacute um humor primaacuterio Tal-vez seja o que vocecirc queria dizer Pastelatildeo eu gosto muito o humor do Chaves eacute pas-

telatildeo e eacute muito inteligente O do Mr Been tambeacutem eacute muito inteligente ele bolar tudo aquilo e tal Agora tem o humor primaacuterio que eacute esse humor de bordatildeo humor de escatologia humor de falar qualquer coisa Geralmente ningueacutem ri se natildeo sabe do que estaacute rindo Eu tento fazer no meu show e no CQC um riso que depende do contexto Vocecirc vai ver isso quando eu for falar com um poliacutetico no CQC Por exemplo eu fi z uma mateacuteria e eu encontrei o Joatildeo Paulo Cunha um cara que era do mensalatildeo Eu sei que 90 do meu puacuteblico do CQC talvez natildeo se lembre ou natildeo saiba quem eacute o cara Entatildeo se eu fi zesse a piada ningueacutem ia rir ningueacutem ia achar graccedila Entatildeo antes de eu chegar no cara eu falei aquele ali eacute tal cara que fez tal coisa e naquela eacutepoca ele fez o mensalatildeo Falou que pagou 50 mil numa conta em TV a cabo e natildeo sei o que Aiacute o pessoal jaacute sabe do que eu vou falar Entatildeo eu jaacute deixei a pessoa a par do conceito Quando eu chego no cara e faccedilo as piadas a pessoa sabe do que eu estou falando Entatildeo eu informei a pessoa para ela poder rir No meu show eu faccedilo isso Eu falo de uma por-ccedilatildeo de coisas que vatildeo rir porque eles estatildeo dentro do conceito Eu vou falar de tracircnsito eu natildeo preciso explicar o que eacute o tracircnsito Todo mundo sabe o que eacute o tracircnsito entatildeo eles acabam rindo disso por exemplo

OPEm entrevista ao portal UOL no dia 24042008 vocecirc disse que os bra-sileiros natildeo tecircm muito senso de humor Porque vocecirc acha entatildeo que o pro-grama estaacute dando certo no Brasil Vocecirc acha que o CQC devolveu agrave sociedade um pouco desse senso

DG O problema do brasileiro eacute que ele tem o senso de humor primaacuterio Ele natildeo tem um senso de humor Pra vocecirc ter senso de humor vocecirc tem que ver o que estaacute acontecendo reconhecer a reali-dade para poder rir dela O brasileiro tem a auto estima muito baixa O brasileiro soacute brinca com os outros ele natildeo brinca con-

sigo proacuteprio Vocecirc vecirc piada de brasileiro eacute sempre o portuguecircs eacute sempre a loira Por exemplo tem o portuguecircs o brasi-leiro e o americano O brasileiro sempre se sai bem ele tem autoestima baixa ele natildeo sabe rir de si Se o CQC devolveu isso para o brasileiro Eu acho que natildeo Pouca coisa a gente devolveu isso para o brasileiro O brasileiro estaacute rindo ainda do poliacutetico ele estaacute rindo ainda da cele-bridade que a gente ridiculariza Eu jaacute saiacute na rua e quando eu fui na ldquoMarcha para Jesusrdquo falar deles ningueacutem riu

OPNo CQC vocecirc tem vontade de fazer o quadro Proteste Jaacute

DG Proteste Jaacute Natildeo sei cara Tudo que eu tenho vontade eu faccedilo Eu tenho von-tade que muita coisa que eu faccedilo entre mas acaba natildeo entrando porque os caras falam que eu pego pesado (risos) Se eu fi zesse o Proteste Jaacute talvez eu fi zesse dife-rente eu natildeo sei Eu natildeo tenho vontade de fazer o Proteste Jaacute natildeo

OPTem alguma entrevista sua que vocecirc considera a melhor

DG Natildeo Tem muita entrevista que eu vejo na TV e falo nossa essa natildeo foi a melhor que eu fiz Porque cortam muita coisa

OPQue elementos jornaliacutesticos vocecirc nota no programa CQC

DG Jornalismo tem porque a gente como fala no iniacutecio do programa eacute um ldquoresumo semanal de notiacuteciasrdquo Mas taacute eacute um resumo semanal de notiacutecias taacute bom vaia gente fi nge que eacute O que tem eacute a gente brinca com algumas coisas que aconteceram durante aquela semana durante aqueles dias proacuteximos Eacute o mais proacuteximo que tem do jornalismo A gente sempre que pode estaacute no fato na hora do fato Mas agraves vezes natildeo daacute entatildeo vai cobrir festinha e natildeo sei o que mas a intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e ldquobrincarrdquo com ele

ldquoA gente sempre que pode estaacute no fato na hora do

fato A intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente

pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e

lsquobrincarrsquo com elerdquo

Danilo Gentili

O humorista Danilo Gentili foi um dos fundadores da comeacutedia ldquocara limpardquo na capital paulista e hoje desafi a poliacuteticos

Foto divulgaccedilatildeo

O cara de pau dos homens de pretoDanilo Gentilli o temido repoacuterter pelos poliacuteticos no dia-a-dia do senado conta como se prepara para as pautas polecircmicas

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O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

20 bull Miacutedia

RENATA VALENTIM

6ordmPERIODO

Que o advento das miacutedias digitais pocircs um ponto de interrogaccedilatildeo no horizonte dos meios tradicionais jaacute se sabe Mas a transformaccedilatildeo destinada ao raacutedio parece ser de fato a de maior impacto Seja no campo das novas tecnologias de trans-missatildeo dos novos suportes ao aacuteudio no nuacutemero de funcionaacuterios contratados ou na avaliaccedilatildeo do poder de infl uecircncia no gosto da audiecircncia a revoluccedilatildeo vivida pelas raacutedios eacute atestada tanto por profi s-sionais da aacuterea quanto pelos ouvintes

O CD hoje obsoleto popularizado no Brasil no fi nal dos anos de 1980 jaacute signi-fi cou uma transformaccedilatildeo importante no dia-a-dia do radialista Em vez de exe-cuccedilotildees musicais feitas pelo LP ou ldquobola-chatildeordquo que o operador ou sonoplasta vigiava do iniacutecio ao fi m da faixa transmi-tida os tocadores de compact disc per-mitiam a programaccedilatildeo de vaacuterias faixas em sequumlecircncia poupando-lhe tempo O que veio a seguir economizou bem mais que isso a inovadora transformaccedilatildeo de muacutesica em kilobytes deu origem a sof-twares de execuccedilatildeo automaacutetica

Assim as raacutedios gerando programa-ccedilatildeo por 24h dispensaram seus locutores e sonoplastas da madrugada e dos fi nais de semana adaptando seus conteuacutedos para que sistemas de automaccedilatildeo tra-balhassem sozinhos Aleacutem das muacutesicas em formato digital apresentaccedilotildees de muacutesica passaram a ser tambeacutem gravadas

e reproduzidas como se fossem feitas ao vivo Natildeo foram poucos locutores desem-pregados No caso das afi liadas de gran-des redes de FM a reduccedilatildeo no quadro de profi ssionais da voz foi ainda maior Em alguns casos haacute somente um ou dois locutores agrave disposiccedilatildeo que datildeo conta da geraccedilatildeo de toda a programaccedilatildeo local

Com experiecircncia na aacuterea haacute mais de 20 anos a locutora e programadora musical Glaacuteucia Lara 40 lamenta ldquoem um fi nal de semana antes das mudanccedilas promo-vidas pelo advento do mp3 cerca de sete pessoas estariam trabalhando em uma emissora de raacutedio Hoje eacute comum esca-lar locutores para comandarem a pro-gramaccedilatildeo ao vivo soacute nos programas que contam com a participaccedilatildeo do ouvinte Do resto quem cuida eacute o computadorrdquo conta ela que jaacute passou por diversas emissoras do interior do estado e por afi -liadas de grandes redes como a Antena 1 de Belo Horizonte E o sonoplasta entatildeo ldquoNa era do CD essa fi gura foi extinta dos quadros O locutor natildeo eacute soacute responsaacutevel hoje por apresentar muacutesicas e interagir com o ouvinte Tambeacutem assumiu a res-ponsabilidade de operar os aparelhos

e pessoalmente acho que isso facilita a locuccedilatildeo porque natildeo haacute mais aquela dependecircncia de um sinal do sonoplasta aquela sintonia de timing necessaacuteria para esse trabalho de equipe decirc certo O locutor faz tudordquo pondera

Eu baixo tu baixasO mp3 tambeacutem alterou a forma de

distribuir novos trabalhos musicais A popularizaccedilatildeo da internet e a troca de arquivos por meio de softwares seme-lhantes ao pioneiro Napster deram iniacutecio agrave decadecircncia dos CDs e ao decliacutenio das grandes gravadoras que fracassaram ao combater tanto a pirataria quanto o com-partilhamento online de mp3

O casamento das gravadoras com o raacutedio e a TV que detinham a foacutermula exclusiva de atrair a atenccedilatildeo do puacuteblico para seu artista entrou em crise A par-ceria de divulgaccedilatildeo perdeu espaccedilo con-sideraacutevel para uma revolucionaacuteria forma de acesso a novos trabalhos musicais feita na internet Para a tristeza de grava-doras e artistas a vendagem de CDs caiu drasticamente fazendo dos shows e tur-necircs sua principal fonte de lucro Foi-se o

tempo em que um artista de sucesso ven-dia mais de 2 milhotildees de coacutepias de seu trabalho o campeatildeo do mercado fono-graacutefi co brasileiro em 2006 Padre Marcelo Rossi registrou cerca de 860 mil coacutepias vendidas de seu aacutelbum ldquoMinha Becircnccedilatildeordquo editado pela Sony BMG Um nuacutemero pequeno se comparado aos 35 milhotildees de coacutepias de seu primeiro disco ldquoMuacutesi-cas Para Louvar ao Senhorrdquo de 1998

A estagiaacuteria de pesquisa de mercado Karina Zandona 22 comprova esse fenocirc-meno Fatilde de Th e Killers ela conta que hoje procura se informar do lanccedilamento de aacutelbuns das suas bandas preferidas por sites especializados e faz download deles quando jaacute estatildeo disponiacuteveis ldquoSoacute ouccedilo muacutesica pelo PC e pelo mp3 player Raacutedio soacute ouccedilo agraves vezes quando minha matildee ouve em casa E sempre satildeo as programa-ccedilotildees informativas como a Raacutedio Itatiaia Natildeo consigo mais fi car exposta a tanto hit lsquoda modinharsquo como os de black music no raacutediordquo diz No caso da comerciaacuteria Ellen Colombini 24 a infl uecircncia da internet eacute ainda mais efetiva ldquoouvia muito raacutedio quando adolescente e assistia muito agrave MTV Era fatilde de coisas do tipo Hanson

por exemplo (risos) Mas quando passei a usar a internet e descobri a maravilha que eacute fazer download de muacutesica natildeo liguei mais o raacutedio Sou viciada em fazer downloads vou baixando tudo o que encontro e que me parece interessante pelo release que acompanha o link ou mesmo pelo nome da banda Escuto tudo e seleciono o que me agrada Se aprovado vou passando adiante E a partir do que eu recomendo para os amigos recebo deles arquivos de artis-tas parecidas com o que eu enviei e sobre os quais natildeo vejo ningueacutem falarrdquo comenta

A engenheira ambiental Eduarda Stancioli 24 eacute ouvinte da Last FM paacutegina online na qual o usaacuterio cria a pragramaccedilatildeo sem a interrupccedilatildeo de publicidade e locutores ldquoComo passo mais tempo usando o computador da empresa que o resto do pessoal e natildeo posso fazer dowloads o site foi uma oacutetima soluccedilatildeo para ouvir muacutesica enquanto faccedilo meus projetosrdquo Eduarda diz que a facildade estaacute no fato da pro-gramaccedilatildeo ser sua criaccedilatildeo onde vocecirc seleciona os artistas ou estilo de muacutesica da sua preferecircncia podendo mudaacute-la qualquer hora E ainda poder contar com sugestotildees musicais do serviccedilo geradas a partir do tipo de muacutesica que se ouve

Contra a mareacuteCurioso eacute o exemplo da estudante

Ceciacutelia Portugal 21 anos Apreciadora de axeacute music adora ouvir a Extra FM enquanto dirige Diferente de Ellen e

Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

O raacutedio na onda do ciberespaccedilo

Imagem do programa de dowloads de arqui-vos de muacutesica e viacutedeos Limewire

Paacutegina da raacutedio na internet a Last FM

Saiba o que a troca de arquivos de muacutesica pela internet fez com o raacutedio de entretenimento como as pes-soas encarram isso e quais satildeo as apostas das raacutedios para natildeo perderem seus ouvintes e patrocinadores

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Miacutedia bull 21Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

Karina o costume de baixar muacutesica pela internet natildeo a afas-tou do haacutebito de ouvir raacutedio ldquooutro dia ouvi uma muacutesica nova do Tomate ex-vocalista do Rapazolla Corri pra casa procurei o arquivo para down-load e depois gravei num CD para ouvir com as amigas no caminho pra baladardquo conta ldquoA maior graccedila do raacutedio que sem-pre tive o costume de ouvir eacute a companhia que faz Parece que natildeo estou sozinha no carro enquanto ouccedilo E me divirto com as esquetes de humor que tecircm por aiacuterdquo diz

Essa parece mesmo ser a nova vocaccedilatildeo do raacutedio como destaca o locutor e produtor Gleyson Lage da 98 FM de Belo Horizonte ndash primeira emissora a operar em frequumlecircncia modu-lada na Ameacuterica Latina ldquoAleacutem das promoccedilotildees e do aumento das formas de interatividade o humor eacute uma forma de fi de-lizar o ouvinte de perfi l mais passivo que tem menos dispo-nibilidade ou motivaccedilatildeo para manter contato por telefone ou e-mailrdquo Apostando nisso a 98 FM ndash cuja programaccedilatildeo eacute 100 local ndash conta com trecircs progra-mas de cunho humoriacutestico para enfrentar a concorrecircncia Os Manos Silicone Show e Graffi ti auto-intitulado o pior programa de raacutedio do Brasil

Para o locutor publicitaacuterio Tovar Luiz 43 o FM nasceu engraccedilado ldquoo grande barato das raacutedios FM desde a sua popu-larizaccedilatildeo no iniacutecio dos anos de 1980 foi o seu perfi l descontra-iacutedo A locuccedilatildeo nessas emisso-ras sempre foi bem mais aacutegil e despojada O hoje apresentador de TV Ceacutesar Filho por exemplo comeccedilou a carreira no raacutedio e

fi cou famoso pelo bordatildeo lsquobeijo pra vocecirc feiarsquo Natildeo era ofensa era pra fazer o ouvinte rir O FM foi uma revoluccedilatildeo em termos de lin-guagemrdquo lembra E ele parece ter razatildeo O programa Pacircnico um dos maiores fenocircmenos televi-sivos dos uacuteltimos tempos eacute deri-vado de um programa de raacutedio da rede Jovem Pan 2 de Satildeo Paulo comandado pelo locutor Emiacutelio Surita Seguindo o fl uxo as demais redes destinadas ao puacuteblico jovem tambeacutem investi-ram na programaccedilatildeo que faz rir E a partir das redes as emissoras locais que fazem concorrecircncia agraves afi liadas tambeacutem acompanham a tendecircncia para natildeo perder seu espaccedilo no mercado

Falando neleExistem hoje 23 FMs no dial

de Belo Horizonte Pelo menos quatro delas satildeo dedicadas aos jovens Jovem Pan 2 (991) Mix FM (917) 98FM (983) e Oi FM (939) Destas somente a 98FM natildeo eacute afi liada de uma grande rede Haacute trecircs anos em atividade na emissora Gleyson Lage confi rma a reduccedilatildeo no nuacutemero de vagas aos profi ssio-nais da aacuterea ldquonuma raacutedio local satildeo necessaacuterios 20 funcionaacuterios para produzir toda uma grade enquanto numa afi liada jun-tando a programaccedilatildeo execu-tada pelo sateacutelite com aquela gerada pela automaccedilatildeo da transmissatildeo apenas cinco datildeo

conta do recado para o tempo destinado agrave grade local Eacute com-plicadordquo conta

No entanto ele vecirc a partici-paccedilatildeo das redes de raacutedio como positiva no que se refere agrave qua-lidade ldquoquando uma rede tem um bom conteuacutedo ndash boa plaacutes-tica bons locutores bons tex-tos ndash ela acaba por estimular as emissoras locais a manterem o mesmo niacutevel Haacute um ganho em criatividade que poderia natildeo existir se todo o conteuacutedo fosse localrdquo acredita

Enquanto isso os ouvintes se queixam da repeticcedilatildeo nas grades musicais ldquochega a ser engraccedilado Estava ouvindo uma muacutesica numa determinada

raacutedio Quando acabou troquei para a estaccedilatildeo seguinte e estava tocando a mesma muacutesica Acho que como todos os meios de comunicaccedilatildeo as raacutedios precisam abrir o leque de opccedilotildeesrdquo opina Karina Zandona estagiaacuteria de pesquisa de mercado 22

Karina completa ldquoateacute a Rede Globo tem inovado na inserccedilatildeo de muacutesicas de artistas desconhecidos do grande puacuteblico como trilha das suas produccedilotildees (como foi o caso do cantor Beirut presente na trilha sonora da minisseacuterie Capitu exibida em janeiro de 2009) O raacutedio podia acompanhar essa tendecircnciardquo sugere

Com a digitalizaccedilatildeo da muacutesica o sonoplasta sai de cena eacute o locutor quem faz tudo

Foto

Robert

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O Ponto

Editor e diagramador da paacuteginaLira Faacutevilla e Felipe Barbosa 6ordm periacuteodo

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

22 bull Cultura

CLAUDIA LAPOUBLE

6ordmPERIacuteODO

ldquoO processo pelo qual se arma-zenam informaccedilotildees no disco de vinil feito de PVC material derivado do petroacuteleo consiste em imprimir nele ranhuras ou ldquoriscosrdquo cujas formas tanto em profundidade como abertura mantecircm correspondecircncia com a informaccedilatildeo que se deseja arma-zenar Essas ranhuras visiacuteveis no disco a olho nu satildeo feitas no disco matriz com um estilete no momento da gravaccedilatildeo Esse esti-lete eacute movido pela accedilatildeo da forccedila magneacutetica que age sobre eletro-iacutematildes que estatildeo acoplados a elerdquo (in Leituras de Fiacutesica GREF- Departamento de fiacutesica da USP SP2005)

Eacute assim que a muacutesica se ldquoimprimerdquo no plaacutestico que depois ao ser arranhado pela agulha libertaraacute novamente os sons no ar Para os apaixonados por vinil o ritual de tirar o disco da estante limpaacute-lo colocaacute-lo no toca discos posicionar a agu-lha delicadamente sobre ele tomando todo o cuidado para natildeo arranhaacute-lo e repetir todo esse processo na hora de virar o disco para ouvir o lado b signi-fi ca uma relaccedilatildeo mais proacutexima com a muacutesica Era preciso dedi-car tempo a escutar o disco Mais do que uma miacutedia de armazena-mento analoacutegico do som o disco de vinil eacute um objeto de arte e uma peccedila que daacute materialidade agrave muacutesica

Dados da Associaccedilatildeo de Gra-vadoras da Ameacuterica (Record Industry Association of Aeme-rica) mostram que as vendas de LPs aumentaram em quase 130 entre os anos de 2007 e 2008 De acordo com o informe anual divulgado pelo oacutergatildeo ldquoo vinil continua sua ascensatildeo As vendas nesse formato somaram

US$57 milhotildees e vem mais do que duplicando ano apoacutes anordquo Ainda segundo o documento ldquotrata-se do produto preferido por audiofi los e colecionadores e o aumento nas vendas se deve tanto agrave re-gravaccedilatildeo de mate-rial de cataacutelogo quanto a novos lanccedilamentosrdquo

Com os nuacutemeros da induacutes-tria apontando para uma queda nas vendas de CDs e em tempos em que se fala em livre acesso agrave muacutesica atraveacutes da internet o vinil se apresenta como uma saiacuteda para quem ainda gosta da muacutesica palpaacutevel apreciaacute-la com todos os sentidos inclusive o tato

Um Brasil em vinil ldquoContar a histoacuteria do Brasil

atraveacutes da muacutesica guardando um exemplar de tudo o que foi gravado em vinil no paiacutesrdquo esse era o objetivo de Edu Pampani 46 quando em 2005 fundou a Discoteca Puacuteblica o primeiro espaccedilo dedicado agrave memoacuteria musical brasileira do paiacutes

Apaixonado por muacutesica e claro pelos discos de vinil Pam-pani conta que a ideacuteia da Dis-coteca nasceu quando ele ainda morava na Bahia e tinha uma loja de discos Segundo ele quando o Compact Disc (CD) comeccedilou a se popularizar na deacutecada de 90 as pessoas o procuravam para trocar seus LPs por CDs

O espaccedilo tem hoje um acervo de cerca de 12 mil peccedilas que contam a historia do Brasil pelos sulcos no plaacutestico PVC Eacute possiacute-vel ouvir por exemplo gravaccedilotildees de jogos de futebol ou vinhetas de programas de raacutedio dos anos 50 aleacutem de claacutessicos da muacutesica popular brasileira em gravaccedilotildees originais Com todas essas rari-dades Pampani garante natildeo ter nenhum disco favorito ldquosempre me perguntam Edu qual eacute o disco mais raro que vocecirc tem

e eu respondo raro eacute ter todos eles juntosrdquo

De volta ao plaacutesticoApesar de natildeo ser a miacutedia mais

utilizada pelo grande puacuteblico o disco de vinil tem um puacuteblico fi el principalmente entre os DJs que segundo Pampani ldquoprocuram sempre coisa nova se ele quer tocar Jorge Bem por exemplo ele vai procurar aquela muacutesica que ningueacutem lembra mais que ele gravou Esse pes-soal tem que fi car garimpando semprerdquo

O DJ e fundador do selo Vinyl Land Luiz Valente ou DJ Luiz PF eacute um desses garimpeiros de sebos Ele conta que sua paixatildeo pelos LPs nasceu quando ele mesmo selecionava as muacutesi-cas que iriam compor o som ambiente de seu bar o ldquoLugarrdquo Em 2003 Luiz sentiu que pode-ria abrir espaccedilo para DJs que pesquisavam e procuravam por muacutesicas que fugiam do lugar comum ldquoeu fui fazendo festas por um tempo chamando DJs que discotecavam com vinil pra ser um contra ponto a essa outra galerardquo conta

Radicado em Londres desde 2006 Luiz conta que ao chegar agrave Europa percebeu que diferente do que acontecia no Brasil ldquolaacute o negoacutecio natildeo tinha acabado nada se achava tudo pra com-prar coisas novas a galera atual todo mundo lanccedilava era uma coisa de canto de loja mas fun-cionando vendendordquo Na capital inglesa o DJ trabalhou na grava-dora Whatmusiccom que aleacutem de CDs lanccedilava tambeacutem traba-lhos em vinil

A paixatildeo pela ldquocultura de acetatordquo e o trabalho como DJ foram o incentivo para que Luiz fundasse em 2008 a Vinyl Land selo que vem com a proposta de lanccedilar muacutesicos que se interes-sem em gravar em vinil Segundo

ele o selo nasceu de sua proacutepria necessidade como DJ ldquoeu

jaacute discotecava com vinil e fui achando bandas

novas que queria tocar mas natildeo tinha como porque eram de uma eacutepoca em que natildeo tinha mais vinil ai eu pensei jaacute que natildeo tem eu faccedilo

e comecei a procurar contatos e tentar orga-

nizar o selordquo Com apenas um ano

no mercado a Vinyl Land

jaacute lanccedilou trecircs discos dentre

eles um compacto simples do Autoramas

Novas marcas no PVCFoi pela Vinyl Land que a

banda Th e Dead Lovers Twisted Heart que nunca havia lanccedilado seu trabalho comercialmente lanccedilou seu primeiro EP O com-pacto auto-intitulado traz cinco muacutesicas antes disponiacuteveis para download na internet O disco prensado na Alemanha teve tiragem limitada de 200 coacutepias

Com infl uecircncias que vatildeo de Odair Joseacute e Roberto Carlos ateacute Franz Ferdinand e Jack White passando pela literatura de Mark Twain (o grupo tem uma muacutesica em homenagem a Huck-leberry Finn personagem do autor americano) e os cartunis-tas Laerte e Angeli a banda for-mada por Ivan (guitarra e vocal)

Guto (guitarra) Paty (bateria) e

Velvs (baixo) jaacute era conhecida dos frequumlentadores de casas de shows de Belo Horizonte antes de lanccedilar seu EP

Segundo Ivan a ideacuteia de ter seu primeiro trabalho gravado em vinil casou muito bem com a banda ldquoa gente ainda natildeo tinha lanccedilado um disco propriamente dito e hoje o suporte fiacutesico eacute cada vez menos importante porque na verdade a muacutesica vocecirc acha em qualquer lugar e um disco um CD na verdade natildeo faz mais tanto sentido E nossa ideia era que jaacute que vocecirc vai comprar um objeto o vinil eacute um objeto muito mais legal tanto esteticamente quanto no manusear fora que tem toda essa coisa da retomada e eacute uma boa proposta que tem tudo a ver com a bandardquo afi rma o muacutesico provando que o velho vinil estaacute mais novo que nunca

O novos sonsdo velho vinil

Com a popularizaccedilatildeo dos sites de divulagaccedilatildeo de muacutesica na internet o vinil retorna como alternativa interessante para novos muacutesicos e ouvintes

Dj Luiz PF fundador do selo Vinyl Land

Os diferentes formatos do vinil-LP abreviatura do inglecircs Long Play ou ldquo12 polegadasrdquo Disco com 31 cm de diametro com capacidade normal de cerca de 20 minutos por lado O formato LP era utilizado usualmente para a comercializaccedilatildeo de aacutelbuns completos-EP abreviatura do inglecircs Extended Play Disco com 17 cm de diametro e capacidade de cerca de 8 minutos por lado continha em torno de quatro faixas -Single ou compacto simples abreviatura de Single Play ldquo7 polegadasrdquo ou compacto simples Disco com 17 cm de diametro e capacidade normal de 4 minutos por lado O single era geralmente empregado para a difusatildeo das muacutesicas de trabalho de um aacutelbum completo a ser posteriormente lanccedilado -Maacutexi abreviatura do inglecircs Maxi Single Disco com 31 cm de diametro sua capacidade era de cerca de 12 minutos por lado

Arq

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The Dead loverrsquos Twisted Heart Pati Vels Guto e Ivan

22 - diagramacao vinilindd 122 - diagramacao vinilindd 1 82809 115104 AM82809 115104 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Culturabull 23Editor e diagramador da paacutegina Baacuterbara Rodrigues 8ordm periacuteodo

Festival Internacional de Corais homenageia

BAacuteRBARA RODRIGUES 8ordm PERIacuteODO

A seacutetima ediccedilatildeo do Festival Interna-cional de Corais ndash FIC acontece de 18 a 27 de setembro de 2009 e teraacute como tema a vida e obra de Villa-Lobos con-siderado o maior compositor das Ameacute-ricas Seratildeo cerca de 300 apresenta-ccedilotildees de 120 corais de todo o Brasil e do exterior que percorreratildeo 12 cidades de Minas Gerais

O festival realizado pela Universi-dade FUMEC tem o intuito de popula-

rizar os corais e grupos vocais amadores e profissionais e evidenciar atividades culturais de empresas instituiccedilotildees de ensino comunidades associaccedilotildees e fundaccedilotildees com apresentaccedilotildees de corais e shows de artistas nacionais sempre com a bandeira da muacutesica brasileira agrave frente

Regidos pelo Maestro Lindomar Gomes produtor cultural e coordena-dor do FIC os 30 integrantes do coral da FUMEC seratildeo um dos grupos a se apresentar ldquoNosso coral sempre parti-cipou de festivais seguindo a maacutexima de Fernando Brant de que lsquotodo artista

tem de ir aonde o povo estaacutersquo A cada ano o FIC escolhe um tema que traduza a identidade musical brasileira Este ano celebraremos os 50 anos de morte de Villa-Lobos responsaacutevel por implantar o canto coral no paiacutes na deacutecada de 1930 e o muacutesico que mais cantou as belezas nacionaisrdquo enfatiza

Em cada ediccedilatildeo do festival os com-positores Leonardo Cunha e Fernando Brant satildeo responsaacuteveis pela muacutesica-tema que ao final do evento eacute cantada por todos os corais A composiccedilatildeo deste ano ganhou o nome de ldquoMestre Villardquo exultando o que de mais haacute de caracte-

riacutestico na vida e obra do mestre Durante todo o festival alguns locais

da cidade como o Palaacutecio das Artes Sesc Laces JK e a aacuterea de convivecircn-cia da FUMEC receberatildeo exposiccedilotildees de fotos textos e trilhas sonoras do acervo do Museu Villa-Lobos no Rio de Janeiro A banda mineira 14 Bis e o muacutesico Renato Teixeira fazem shows no interior de Minas e no dia 27 no Parque Municipal encontro de todos os corais participantes marcaraacute o fechamento do evento onde mais de mil vozes se uni-ratildeo para cantar os temas do maestro homenageado

O maestro e coordenador do FIC Lindomar Gomes e os integrantes do Coral da Fumec

Mestre Villa daacute o tom dentro e fora do paiacutesO carioca Heitor Villa-Lobos

foi responsaacutevel por universa-lizar a muacutesica nacional acres-centando em grande parte de suas mil obras a sonoridade da fauna brasileira de tribos indiacute-genas e africanas aleacutem de refe-recircncias de cantigas do choro e do samba

Na defi niccedilatildeo do maestro Lindomar Gomes a impor-tacircncia de Heitor Villa-Lobos estaacute no fato de ele ldquodecifrar a alma brasileira e colocaacute-la em muacutesicardquo Devido agraves homena-gens ao compositor nas prin-cipais capitais do Brasil e do

mundo Gomes natildeo eacute o uacutenico a pensar assim

Peccedilas de Villa-Lobos fazem parte das temporadas da Filar-mocircnica de Belo Horizonte da Orquestra Sinfocircnica do Teatro Nacional Claacuteudio Santoro em Brasiacutelia da Sinfocircnica Munici-pal de Campinas e da Orques-tra Sinfocircnica Brasileira do Rio

Internacional Em janeiro o maestro John

Neschling regeu a Filarmocircnica de Varsoacutevia na Polocircnia com os ldquoChoros n 6rdquo A soprano Adriane Queiroz cantou as ldquoBachianas

Brasileiras nordm 5rdquo em Berlim e o regente da OSB do Rio Roberto Minczuk esteve no Japatildeo em agosto para apresentar as ldquoBachianas Brasileirasrdquo

Ainda este ano deve chegar agraves livrarias o ldquoFolha Explica Villa-Lobosrdquo da Publifolha do violonista Faacutebio Zanon que em entrevista ao jornal Folha de Satildeo Paulo afi rmou ldquoO uni-verso sonoro de Villa-Lobos eacute uma coisa arrasadora Nossa ideia de Brasil seria muito mais pobre sem a leitura efetuada por Villa-Lobos de nosso patri-mocircnio musicalrdquo

Programaccedilatildeo completa e outras informaccedilotildees sobre FIC 2009 wwwfestivaldecoraiscombr

Foto

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accedilatildeo

Foto divulgaccedilatildeo

O compositor e maestro Villa-Lobos cuja obra eacute reconhecida e celebrada internacionalmente

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O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

24 bull Cultura Editor e diagramador da paacutegina Amanda Lelis 6ordm periodo

COLCHAde retalhos

CU

RT

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talh

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Magia

Escrevo uma letra

e jaacute natildeo estou no mesmo lugar

Pedro Cunha Instrumento de cordas vocais tocado pela alma

a palavra na garganta que vira muacutesica

o som da orquestra do coraccedilatildeo

dos gagos e desafi nados

aos cegos de paixatildeo

VozBaacuterbara Rodrigues

Natildeo sei bem o que eacute

Se eacute invenccedilatildeo

Se eacute na verdade a mais pura verdade

Se sou eu tentando fugir

Se sou eu tentando apagar

Natildeo encarar o que estaacute acontecendo

Esquecer a minha confusatildeo

De querer sem conhecer

De te amar sem te encontrar

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Queria esquecer

E perdoar entatildeo

Voltar na decisatildeo

Para minha vida rotineira

Que eu levei a vida inteira

O meu sufoco e os seus gritos

Meu confortaacutevel desespero

Minha mania de querer ser mais para mundo

Do que o mundo eacute para mim

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Confortaacutevel DesesperoPaula Macintyre

Preso agrave falta de sono procurando ver

Atraveacutes da luz de um trago num bastatildeo de morte

Talvez com sorte entatildeo eu possa crer

Que os dias se passaram mas o amor fi cou

Mesmo sonhando acordado algo ainda restou

De tardes tatildeo bonitas

Em que o brilho dos teus olhos eu pude enxergar

Os teus negros cabelos quero entatildeo tocar

apesar de estares tatildeo afl ita

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia

que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Por mais que em outras camas eu possa deitar

que braccedilos e abraccedilos venham me afagar

O brilho dos teus olhos ainda me ilumina

por vaacuterias ruas sujas que eu tentei fugir

estenderia um tapete pra vocecirc entrar

sentado vago na varanda escura a esperar

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Mas eu mudaria tudo isso pra te ter aqui

comigo ao meu lado todo dia a me fazer sorrir

Para ouvir a muacutesica wwwmyspacecombandatravessia

DuetoAlvaro Castro

Do entendimento tardio de se assistir a uma passagem de som

Cracke se quebra o silecircncio a voz dos barulhos instrumentais

cala todos os outros sons do silecircncio Antes de ser melodiosos

os sons comeccedilam desencontrados como tateando no escuro

dos ritmos tentando se encontrar e dar as matildeos para soacute assim

iniciar seu dialogo-danccedila em brincadeiras harmoniosas que

encantam e enfeiticcedilam Na sutileza dos tons na alegria de fazer

barulhos musicais modifi cam a muacutesica mil vezes re-arranjada

ajeitam afi nam se enfeitam

e a muacutesica fi nalmente sai Perfeita

AntesClaudia Lapouble

Sssshhiiii

silecircnciosopro suspiro sussurro

sublime submerso submarino submundo

some sobe segue sangue sinistro

sem focirclegosufoco

SClaudia Lapouble

A canccedilatildeo natildeo paacutera O berimbau controla o medo que corre

nas ruas vindo daqueles que natildeo se deixaram dissolver pela

aacutegua trazida com a chuva Na cidade escorre toda a calmaria

e a melodia se arrasta molhando o chatildeo Enquanto o ceacuteu se

desmancha aos poucos sobre a rua deserta eles cantam Voz

para um canto que veio aveludar meus ouvidos acalentar

clamoroso de uma vida inteira e fosse essa noite a vida

inteira fez-se a noite lembranccedila da cantiga que me converteu

inteira Pandeiro Meacutedio Viola e a chuva que ritmava a

cantoria O breu e noacutes no breu O escuro arrasta o invisiacutevel

para dentro da cidade que chora para dentro dos meus olhos

que fi tam atentos os olhos deles que me encantam Hora um

hora outro me arrasta em companhia agrave suas vozes As gotas

respondem ao coro num canto suave o pandeiro acompanha

o berimbau e o repique respinga umas gotas tontas de

musicalidade goteja um som que sobrevoa a superfiacutecie

Sobre o invisiacutevelAmanda Lelis

Gabriel Guedes e violino em show na Praccedila da Liberdade

O som da alma se apresenta em desejo e verso livre

na terccedila indecente suave

no violino do seus sonhos em coro cresce a quarta corda

dissonante

eacute a Musica

No canto viacutevido em tom sincero e leve expande

compaixatildeo as notas graves

fi delidade ao escrever a voz da alma sobre arpejos

inconstantes

eacute a Musica

MuacutesicaPedro Gontijo e

Bernardo Gontijo

Te aperto contra o peito

te penduro nas costas

no churrasco passa de matildeo em matildeo

e ainda assim me faz companhia

nas noites de solidatildeo

Ode ao violatildeoBaacuterbara Rodrigues

Ajude a costurar nossa colcha balaioretalhosgmailcom

24 - Colcha de retalhos corrigidoindd 124 - Colcha de retalhos corrigidoindd 1 82809 115124 AM82809 115124 AM

Page 13: Jornal O Ponto - agosto 2009

O Poonto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Especial bull 13

(da mateacuteria) desceu o cacete no Estado E com a repercussatildeo ele (a fonte) ligou para o coordenador alegando que natildeo tinha falado aquilo que tinha sido publicado pedindo retrataccedilatildeo Ele esteve entatildeo na faculdade e ouviu toda a gravaccedilatildeo da entrevista no estuacute-dio da raacutedio e natildeo teve mais o que contes-tarrdquo recorda Braga

Portanto a intenccedilatildeo de O Ponto foi e ainda eacute publicar e propor assuntos que pos-sam render refl exotildees audaciosas que per-mitam ao leitor extrapolar o senso comum e os pensamentos instrumentais alcanccedilando o campo das ideacuteias criacuteticas e producentes do ponto de vista social que tenham propoacutesitos de mobilizaccedilatildeo e desalienaccedilatildeo das pessoas em geral Seja em forma de denuacutencia em uma grande reportagem em forma de traccedilo como na charge que prima pelo tom criacutetico e irocircnico ou nas mateacuterias e notas que repor-tam acontecimentos e eventualidades desco-nhecidas mas impor-tantes para a dinacircmica da sociedade seja no campo econocircmico poliacutetico ou cultural

Satildeo dez anos de accedilatildeo estudantil em todas as etapas produtivas do jornal desde a criaccedilatildeo de pautas ateacute a distri-buiccedilatildeo do jornal

Dez anos de tentativas Acertos erros aprendizagem e repercussotildees Polecircmicas e alguns deslizes

Haacute uma deacutecada O Ponto vem prestan-do-se a ser para os alunos um instrumento de aprendizagem e lapidaccedilatildeo profi ssional E apesar dos altos e baixos que toda ati-

vidade laboratorial implica o desafi o tem sido cumprido

Difi culdades teacutecnicas problemas entre alunos ndash editores e repoacuterteres - no cum-primento do prazo na entrega de mateacuterias alguns detalhes estruturais com relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo do jornal entraves de uacuteltima hora fotografi as infograacutefi cos e diagrama-ccedilotildees pendentes incompletas ou inapro-priadas fazem parte da rotina da produccedilatildeo de O Ponto Como em qualquer outra reda-ccedilatildeo de laboratoacuterio E satildeo exatamente esses desafi os que permitem agravequeles alunos que se doam agrave praacutetica colaborativa como repoacuter-teres voluntaacuterios e monitores do jornal descobrir suas aptidotildees capacidades e tam-beacutem a aprimorarem teacutecnicas e adquirirem conhecimento ainda desconhecidos

O iniacutecio o fi m e o meioNeste intertiacutetulo consta

uma informaccedilatildeo de cunho histoacuterico sobre O Ponto Esta frase ndash O iniacutecio o fi m e o meio que parece estar com a loacutegica inver-tida foi o primeiro e uacutenico slogan que o jornal teve Joatildeo Henrique Faria que trabalhou como consul-tor na criaccedilatildeo do curso de Comunicaccedilatildeo Social na

Fumec entre 1996 e 1997 e tambeacutem como coordenador em 1998 ndash logo quando o curso foi fundado - relata que o slogan surgiu de um concurso interno lanccedilado para alunos e que visava dar uma identidade ideoloacutegica e esteacutetica para o jornal que juntamente agrave raacutedio foram os primeiros laboratoacuterios do curso de Comunicaccedilatildeo a entrarem em fun-

cionamento Foi neste periacuteodo de inaugura-ccedilatildeo do curso que surgiu a marca O Ponto e o distintivo publicitaacuterio ldquoo iniacutecio o fi m e o meiordquo para o impresso

O slogan faz referecircncia agrave letra de muacutesica ldquoGitardquo do compositor Raul Seixas para enfatizar a proposta editorial do veiacute-culo - a ordem de disposiccedilatildeo das repor-tagens naquela eacutepoca no interior jornal O acutemeio` portanto eram as paacuteginas res-guardadas para as editorias referentes a assuntos institucionais ndash da universidade e tambeacutem para os assuntos que versavam sobre os proacuteprios meios de comunicaccedilatildeo ndash cobertura atuaccedilatildeo das miacutedias eventos e paradigmas ndash tudo no miolo do impresso O acutefim` era o espaccedilo reservado no jornal para as mateacuterias de poliacuteticas puacuteblicas sendo a sociedade a principal interessada e a proacutepria finalidade das reportagens e O Ponto o proacuteprio lsquofimrsquo O acuteiniacutecio` final-mente eram mateacuterias sobre variedades que falavam sobre questotildees gerais - curio-sidades entretenimento opiniotildees Este estilo de iacutendice e de divisatildeo do jornal durou dois anos desde o lanccedilamento ateacute que reformulaccedilotildees graacuteficas resultaram na retirada do slogan de layout de O PontoMudanccedilas compreensiacuteveis tratando-se de um jornal laboratoacuterio que prima pela experimentaccedilatildeo e inovaccedilatildeo

Um nome de impactoA democracia que foi sempre uma

maacutexima no funcionamento do laboratoacuterio de jornalismo impresso ndash todos os alunos sem exceccedilatildeo do 1ordm ao 8ordm periacuteodo devem e podem escrever ndash esteve presente tambeacutem no concurso que deu nome ao jornal O nome O Ponto foi criado pelo ex-aluno de

Editor e diagramador da paacutegina

10A NOSomemorar esse feito nossa equipe de reportagem ouviu os primeiros monitores a sua histoacuteria precircmios conquistados mateacuterias de repercussatildeo e mudanccedilas graacutefi cas

Da esquerda para a direita os ex-monitores Ernesto Braga Pedro Blank e Frederico Wanderley do Ponto para as redaccedilotildees

ldquoCriei (o nome) O Ponto pensando no sentido ortograacutefi co e ao mesmo tempo no signifi cado da palavra como ponto de vistardquo

Faacutebio Santos ex-aluno

12-16 - 10 anos O Pontoindd 212-16 - 10 anos O Pontoindd 2 82809 123341 PM82809 123341 PM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

14 bull Especial Editor e diagramador da paacutegina

19991999 2000 2004

Esta mateacuteria assinada pelos ex-alunos Ernesto Braga e Pedro Henrique Blank denunciou a poluiccedilatildeo no Rio das Velhas A partir da constataccedilatildeo de que 90 da carga poluidora lanccedilada no rio era proveniente da coleta dos esgotos domeacutesticos ldquoNa eacutepoca o entatildeo superintendente do jornal Estado de Minas Eacutedison Zenoacutebio publicou uma nota em sua coluna no jornal parabenizando pela mateacute-riardquo recorda o professor Rogeacuterio Bastos

Em ldquoAnunciou virou mancheterdquo o aluno Pedro Penido criticou a cobertura da imprensa entorno do deacutefi ct zero e a publicidade do governo do Estado sobre esse fato estampada nos trecircs jornais da capital Jaacute ldquoA imprensa errourdquo eacute uma criacutetica ao comportamento da imprensa na cobertura de um assassinato no Edifiacutecio JK O trabalho dos repoacuterteres Sinaacuteria Ferreira e Guilhermo Tacircngari pautou uma discussatildeo no Brasil das Gerais da Rede Minas Sinaacuteria Ferreira monitora na eacutepoca foi uma das participantes do programa

O Ponto eacute lanccedilado O impresso vem entatildeo ao mundo em for-mato Standard 315 mm x 560 mm papel jornal

jornalismo Faacutebio Santos que participou do processo seletivo do nome do jornal-laboratoacuterio do curso de Jornalismo da Fumec ldquoCriei acuteO Ponto` pensando no sentido ortograacutefico e ao mesmo tempo no signifi-cado da palavra como ponto de vistardquo

ldquoO Ponto eacute um nome de impacto Representa o acircngulo o lsquoxrsquo da questatildeordquo explica Joatildeo Henrique Faria que na ocasiatildeo participou do processo de escolha do nome O acutex` a que Faria se refere diz respeito a forma mais precisa de tratar um acontecimento Na seara jornaliacutestica consiste em diagnosticar o que de mais importante existe no fato esmiuccedilar seus anteceden-tes e desdobramentos O objetivo eacute enfi m noticiar de forma complexa contextualizada sem contudo recair no erro de julgar fazer juiacutezo de valor sobre um determi-nado acontecimento

Porque mudar eacute precisoEm maio de 2009 foi lanccedilado o novo projeto graacutefi co

do jornal com draacutesticas mudanccedilas de formato estilo e tambeacutem de logomarca cujo grafi smo conteacutem agora um ponto dentro da letra ldquoordquo reforccedilando a marca do impresso em seu nome O novo logotipo do jornal O Ponto eacute meacuterito do aluno do 2ordm periacuteodo do curso de Design Graacutefi co da Fumec Giovanni Batista Cocircrrea vencedor do concurso de reformulaccedilatildeo do logotipo

do jornal ldquoUsei uma fonte parecida com a anterior e desenhei a primeira letra lsquoorsquo da palavra como um lsquopontorsquo aproveitando sua forma natural pois acredito que uma marca deve ser simples e ao mesmo tempo marcanterdquo explica

A nova reformulaccedilatildeo graacutefi ca coordenada pela pro-fessora Duacutenya Azevedo e que contou com dois volun-taacuterios ndash os alunos Roberta Andrade e Pedro Leone - foi desenvolvido no segundo semestre de 2008 com base em pesquisas bibliograacutefi cas

De forma geral a opccedilatildeo por migrar do formato Stan-dart (o antigo jornalatildeo ndash de 53 cm de altura por 297 de largura) para o Berliner (289 cm por 43 cm) veio da demanda de adequaccedilatildeo as transformaccedilotildees que o meio impresso vem passando no mundo e no Brasil dimi-nuiccedilatildeo do puacuteblico leitor em detrimento dos veiacuteculos digitais o que culminou na reduccedilatildeo dos lucros dos jornais e do pessoal ndash jornalistas nas redaccedilotildees O que acentuou a disputa entre os jornais pelo leitor gerando a necessidade de reinvenccedilatildeo dos layouts para capta-ccedilatildeo deste puacuteblico que estaacute migrando para os canais de notiacutecia instantacircnea na internet

Conforme explica a professora Duacutenya Azevedo o formato Berliner eacute economicamente mais vantajoso - sua impressatildeo eacute mais barata e desperdiccedila menos papel eacute um formato mais praacutetico de ser manuseado

e passiacutevel de se aproximar de um layout de revista tipo de impresso mais bem acabado esteticamente e benquisto Razotildees estas ndash economia esteacutetica e tipo de manuseio - que infl uenciaram na decisatildeo de reformu-lar O Ponto

ldquoO objetivo do novo formato eacute aproximar O Ponto do estilo magazine (revista) ateacute mesmo pela sua periodi-cidade mensalrdquo explica Roberta Andrade ldquoQueriacuteamos diminuir o formato preservando poreacutem a valorizaccedilatildeo do textordquo reforccedila Pedro Leone Assim optou-se por uma tipografi a mais espaccedilada e menor para compor um layout mais arejado modernordquo

Eacute nesta linha de atuaccedilatildeo mantendo as antigas pre-missas do curso de liberdade de atuaccedilatildeo democracia e de ensaios profi ssionais que O Ponto segue traccedilando sua trajetoacuteria no espaccedilo acadecircmico concomitante-mente a histoacuteria dos estudantes no curso Sempre tendo em mente que a credibilidade de um jornal pre-cisa ser renovada constantemente seja ele velho ou novo Tenha ele 10 ou 100 anos de existecircncia Seja ele profi ssional ou laboratorial pois o que deve ser exal-tado e cumprido eacute a seriedade do trabalho sem isen-ccedilatildeo de culpa e responsabilidade em caso de erros Pois o desafi o em qualquer um dos veiacuteculos ndash seja um jornal renomado ou universitaacuterio eacute reportar com eacutetica e pro-fi ssionalismo as informaccedilotildees prestadas ao leitor

Alguns marcos em 10 ANOS

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O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Especial bull 15

2006

No fi nal de 2005 o jornal obteve outro rele-vante resultado um estudo sobre sua proposta editorial Os ex-alunos de jornalismo formados em 2005 Rafael Werkema e Renata Quintatildeo produziram o livro Jornal laboratoacuterio - uma pro-posta editorial criacutetica como parte do projeto de conclusatildeo de curso e dedicaram esta obra ldquoa todos os que veem O Ponto como espaccedilo para a formaccedilatildeo de agentes transformadores da socie-daderdquo Werkema declarou tambeacutem que este estudo abre refl exatildeo sobre a importacircncia do jornalismo impresso experimental que difere do modelo sisudo e congelado da grande imprensa

20092009Em janeiro de 2006 o jornal recebeu o precircmio Patildeo de Queijo de notiacutecias (PQN) Na eacutepoca a ex-coordenadora de O Ponto Ana Paola Valente fez a seguinte declaraccedilatildeo sobre o feito ldquoEsta eacute uma conquista coletiva construiacuteda principalmente pelos alunos que fazem o jornal e acreditam neste projetordquoEm maio o jornal foi eleito o melhor jornal laboratoacuterio da Ameacuterica Latina na III Mos-tra Internacional da Pesquisa Experimen-tal da Comunicaccedilatildeo EXPOCOM-SUR

2005

Para aleacutem das atividades ligadas ao produto impresso O Ponto tambeacutem se faz presente em vaacuterias iniciativas e eventos na Faculdade de Ciecircncias Humanas Uma dessas accedilotildees foi o debate poliacutetico entre os candidatos agrave Prefeitura de Belo Horizonte em 2008 Organizado pelos monitores de O Ponto e da Redaccedilatildeo Modelo e orien-tados pelos professores coordenadores o evento reuniu seis dos nove candidatos ao pleito no auditoacuterio Phoenix da Fumec no mecircs de setembro

Dois assuntos mar-caram a tocircnica do debate dos candida-tos as preocupaccedilotildees com educaccedilatildeo e com o transporte puacuteblico na capital mineira As inquietaccedilotildees estiveram presentes nas questotildees apresentadas pelos estudantes O auditoacuterio recebeu mais de 200 universitaacuterios

Compareceram ao evento os candi-datos Gustavo Valadares (DEM) Jorge Periquito (PRTB) Leonardo Quintatildeo (PMDB) Pedro Paulo (PCO) Seacutergio Miranda (PDT-PCB) e Vanessa Portu-gal (PSTU) Somente trecircs candidatos ndash Andreacute Alves (PT do B) Jocirc Moraes (PC do B) e Maacutercio Lacerda (PSB) ndash natildeo partici-

param e alegaram confl ito de agenda Os presentes elogiaram a organizaccedilatildeo

do evento e destacaram a importacircncia de se promover esclarecimentos poliacuteticos aos jovens jaacute que o tempo de duraccedilatildeo dos programas eleitorais na miacutedia natildeo era sufi ciente para informar os eleitores sobre os problemas da cidade bem como das propostas dos candidatos ao pleito

O envolvimento da equipe de O Ponto natildeo para por aiacute Em colaboraccedilatildeo com o Nuacutecelo de Estu-dos Escola da Ter-ceira Idade (Neeti) o laboratoacuterio assumiu tambeacutem no uacuteltimo semestre a diagrama-ccedilatildeo e fechamento do jornal Degrau publi-caccedilatildeo semestral dos alunos do curso que produzem crocircnicas poesias e outros tex-tos de cunho pessoal

Em momentos de polecircmica a ordem eacute arregaccedilar as mangas Apoacutes decisatildeo do Supremo Tribunal Federal no fi nal do primeiro semestre deste ano de por fi m agrave obrigatoriedade do diploma para o exer-ciacutecio profi ssional do jornalismo os moni-tores de O Ponto foram mobilizados para sair em campo e ouvir os profi ssionais do mercado sobre o impacto da decisatildeo na

vida dos atuais e futuros profi ssinais Como resultado da iniciativa foi pro-

duzido um viacutedeo com depoimentos de representantes da imprensa belo-hori-zontina tranquilizando os estudantes e avaliando como baixo o impacto da medida do STF na hora da contrataccedilatildeo prevalecendo a importacircncia de se ter um curso de formaccedilatildeo jornaliacutestica

Ensino de qualidadeO laboratoacuterio de jornalismo impresso

da Fumec prima tambeacutem pela qualidade do ensino As atividades de produccedilatildeo de cada ediccedilatildeo do jornal laboratoacuterio assim como a delimitaccedilatildeo dos papeacuteis dos par-ticipantes e colaboradores em cada uma delas satildeo todas executadas e coordena-das por estudantes Os alunos desde o primeiro semestre do curso satildeo estimu-lados a participar de O Ponto

As reuniotildees de pauta satildeo divulgadas para todo o corpo dicente de Jornalismo e coordenadas pela monitoria As suges-totildees de assuntos e enfoques para as mateacute-rias satildeo responsabilidade dos alunos que estatildeo cursando a disciplina Ediccedilatildeo II Eles assumem a ediccedilatildeo do jornal a cada semestre orientados pelo professor da disciplina e auxiliados pelos monitores

Quanto agrave apuraccedilatildeo das mateacuterias a reportagem pode ser executada por todos os periacuteodos A fotografi a tambeacutem eacute uma atividade preferencialmente dos alunos do curso Iniciativas de convergecircncia

tambeacutem satildeo praticadas pelos estudantes da Fumec como por exemplo em repor-tagem publicada na ediccedilatildeo nuacutemero 69 Intitulada ldquoEstudante vira gari por um diardquo a reportagem foi produzida para o impresso para a internet (Ponto Eletrocirc-nico) e em viacutedeo simultacircneamente Para isso uma equipe foi para as ruas executar a reportagem e no caso do repoacuterter tam-beacutem da coleta de lixo

A ediccedilatildeo do texto e a diagramaccedilatildeo satildeo executadas pelos alunos que estatildeo cur-sando Ediccedilatildeo II A revisatildeo fi nal do texto e do layout da paacutegina satildeo tarefas dos monitores e posteriormente o material eacute enviado para a graacutefi ca

O Jornal Laboratoacuterio O Ponto eacute na avaliaccedilatildeo do Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social da Universidade Fumec Seacutergio Arreguy o principal ins-trumento de experimentaccedilatildeo para o jor-nalismo impresso ldquoElaborado desde o projeto graacutefi co pautas apuraccedilatildeo e produ-ccedilatildeo de mateacuterias pelos alunos sob a super-visatildeo e coordenaccedilatildeo dos professores eacute o resultado de muito trabalho dedicaccedilatildeo e comprometimento de todos os envol-vidos materializado em um Jornal de excelente qualidade Refl exo de um curso seacuterio aprovado e reconhecido sobretudo pelo mercado de Belo Horizonterdquo

Aureacutelio JoseacuteCoordenador do Jornal-laboratoacuterio e

professor do curso de Jornalismo

Atividades vatildeo aleacutem da produccedilatildeo impressa

ldquoResultado de muito trabalho e

comprometimento o jornal eacute refl exo

de um curso seacuterio e reconhecido pelo

mercado de BHrdquoSeacutergio Arreguy coordenador do curso de Comunicaccedilatildeo Social

12-16 - 10 anos O Pontoindd 412-16 - 10 anos O Pontoindd 4 82809 34457 PM82809 34457 PM

O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

16 bull Especial

Com a palavra alguns ex-monitores

ldquoO meu

primeiro contato praacutetico

com o jornalismo ocorreu no Jor-

nal O Ponto Durante oito meses

como

monitor e nos quatro anos de curso

vivi cada

dia na redaccedilatildeo e pude ajudar a c

onstruir com

reportagens diagramaccedilotildees ou material fotograacutefi co

esse jornal que respeito muito por

ter me mostrado de

forma sincera alguns valores da mi

nha profi ssatildeo

As discussotildees interessadas que tive

mos naquela redaccedilatildeo

fi cam para toda a carreira juntame

nte com as boas pessoas

com as quais pude conviver nesse

periacuteodo Com o Ponto

percebi que o jornalismo antes de

escrever deve ldquoolharrdquo

para o mundo e buscar seu recorte

Por mais difiacutecil que

fosse terminar uma paacutegina sempre

compensava olhar para

ela impressa na pilha de jornais

no fi m do mecircs Esse

desafi o nos motivou e deve motivar

a cada diardquo

Enzo Menezes ex-monitor

ldquoDurante um ano e meio fui moni-

tora do jornal O Ponto podendo

adquirir muito conhecimento Mesmo

sendo um jornal mensal e por isso com-

posto de reportagens natildeo de notiacutecias pude

aprender sobre a rotina de uma redaccedilatildeo Aprendi

como nasce um jornal desde a reuniatildeo de pau-

tas o acompanhamento dos repoacuterteres e editores

revisatildeo das paacuteginas montagem da boneca o fecha-

mento ateacute o jornal impresso Comecei no jornal no

sexto periacuteodo entatildeo tive que apreender a editar

e diagramar uma paacutegina Ao mesmo tempo tambeacutem era

responsaacutevel pela ediccedilatildeo fi nal do jornal tendo que

colaborar com os demais alunos Foi muito grati-

fi cante fazer parte da equipe do jornal labora-

toacuterio foi um grande aprendizadordquo

Poliane Bosco ex-monitora

ldquoFui um dos primeiros monito-res do jornal e da 1ordf turma de jornalismo da Fumec Como na eacutepoca os repoacuterteres eram voluntaacuteriospassaacutevamos nas

salas chamando o pessoal Nas primeiras ediccedilotildees ateacute falavam que existia uma lsquopanelinharsquo porque as

mateacuterias eram sempre dos mesmos - eu o Ernesto Braga o Pedro Blank por exemplo porque era quem se interessava em escrever A mateacuteria que me marcou mais foi a primeira a primeira a gente nunca esquece (risos) Acho que o tiacutetulo era lsquoDe volta aos porotildees da loucurarsquo que saiu como manchete na primeira ediccedilatildeo e era sobre um manicocircmio em Barbacena O pessoal de psicologia ia fazer um estudo laacute e nos ofere-cemos para cobrir Vimos que a situaccedilatildeo do lugar era a mesma haacute 20 anos segundo um livro dos anos 80 sobre a instituiccedilatildeordquo

Murilo Rocha ex-monitor

ldquoA moni-toria foi uma experiecircncia

muito bacana pois foi a primeira vez que tive contato com a produccedilatildeo de

um jornal Tiacutenhamos a funccedilatildeo de editar mas tambeacutem faziacuteamos mateacuterias diagramaacutevamos tiraacute-

vamos fotos orientaacutevamos os repoacuterteres enfi m era uma trabalheira soacute Lembro-me de uma mateacuteria que fi z sobre salaacuterio miacutenimo (maio2001 14ordf ediccedilatildeo) e ganhou a manchete de O Ponto para minha surpresa Eu e o Daniel Bianchini na eacutepoca fotoacutegrafo e teacutec-nico do laboratoacuterio de fotografi a da Fumec subimos a favela para saber quantas eram e como viviam as

pessoas que recebiam um salaacuterio miacutenimordquo

Angeacutelica Diniz ex-monitora

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Foto arquivo O Ponto

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Esporte bull 17Editor e diagramador da paacutegina Rodrigo Zavaghli e Joatildeo Procoacutepio 6ordm periacuteodo

Domingo um dia em que a populaccedilatildeo de um paiacutes inteiro parou diante das tevecircs para assistir ao embate de duas equipes esportivas disputando o tiacutetulo nacional O vencedor vem estabelecendo uma supremacia invejaacutevel Eacute o maior ganha-dor da deacutecada e jaacute desponta como favo-rito para a proacutexima temporada Enfrenta apenas um desafi o manter o elenco para continuar competitivo em um ramo que movimenta milhotildees em dinheiro anualmente

Poderia estar falando do Brasil e o time citado poderia perfeitamente ser o Satildeo Paulo Mas a cena descrita se passa nos Estados Unidos o campeatildeo se chama Los Angeles Lakers e o esporte natildeo eacute o futebol mas sim o basquete Com uma atuaccedilatildeo impecaacutevel do cestinha Kobe Bryant os Lakers derrotaram o Orlando Magic em uma seacuterie melhor de sete jogos levantando o caneco pela quarta vez desde o ano 2000 Eacute o deacutecimo tiacutetulo do teacutecnico Phil Jackson em 15 da equipe de LA Somados a esses nuacutemeros 15 milhotildees de televisores americanos esta-vam ligados no jogo durante a exibiccedilatildeo e a movimentaccedilatildeo fi nanceira do esporte tambeacutem natildeo fi ca atraacutes das grandes trans-ferecircncias de jogadores brasileiros para o futebol europeu A estrela do basquete Shaquille OacuteNeil deve trocar de time por nada menos que 20 milhotildees de doacutelares -uma pechincha- Mostra-se assim que o basquete pode seguir uma foacutermula de sucesso da mesma forma que fazemos com o nosso esporte nacional

A liga americana eacute uma das mais assis-tidas no paiacutes e no mundo sendo transmi-tida para 42 paiacuteses e possui uma foacutermula diferente e atraente com fase de grupos os famosos mata-matas e divisotildees por conferecircncias tornando toda a temporada uma grande festa com direito inclusive agraves tradicionais e nada desejaacuteveis brigas de torcida

A NBBA Associaccedilatildeo Nacional de Basquete

dos Estados Unidos a NBA eacute o exemplo que o Brasil estaacute tentando seguir para reerguer o esporte no paiacutes A preocupa-ccedilatildeo eacute grande uma vez que por exemplo a equipe masculina nacional que jaacute con-tou com estrelas como Oscar Schmidt aleacutem de jogadores que hoje fazem fama no exterior como Leandrinho Nenecirc e Anderson Varejatildeo nem se quer conquis-tou vaga para disputar as duas uacuteltimas olimpiacuteadas Isso para um esporte em que o Brasil jaacute foi campeatildeo mundial no cada vez mais longiacutenquo ano de 1959 eacute sinal de crise

Mas o racha no basquete brasileiro natildeo envolve apenas o desempenho do time em quadra Nos uacuteltimos anos o que se viu foi um show de falta de organizaccedilatildeo por parte da Confederaccedilatildeo Brasileira de Basquete (CBB) que em 2006 natildeo con-seguiu promover o campeonato nacio-nal ateacute o fi m Faltou a fi nal e a histoacuteria

enveredou para a poliacutetica Os clubes paulistas insatisfeitos com a conjun-tura romperam com a confederaccedilatildeo e disputaram um torneio paralelo criado por eles em 2008 No preacute-oliacutempico do mesmo ano a seleccedilatildeo brasileira dispu-tou por vaacuterios motivos muitos deles obscuros com desfalque de todos os jogadores que disputavam a Liga Ame-ricana Perdeu

Insustentaacutevel por si soacute a nova aposta da CBB eacute o Novo Basquete Brasil A sigla NBB natildeo foi por acaso A semelhanccedila com a NBA eacute justamente o foco do novo torneio organizado pelos clubes com a chancela da Confederaccedilatildeo Eacute uma ten-tativa de reconciliaccedilatildeo dos times com a entidade dos jogadores com a seleccedilatildeo e por consequumlecircncia das torcidas com a quadra O formato traz turno returno e fase fi nal com mata-mata para defi nir semifi nalistas e fi nalistas A fi nal eacute deci-dida em no maacuteximo cinco partidas E que comece a campanha para as Olim-piacuteadas do Rio

OlimpiacuteadasQue o governo brasileiro estaacute em cam-

panha para sediar os Jogos Oliacutempicos de 2016 jaacute estaacute claro para todo mundo O que acontece nas entrelinhas poreacutem eacute um esforccedilo coletivo por parte da miacutedia do governo e de todo o setor esportivo em geral em alavancar o esporte no paiacutes Desmistifi car a conversa de que aqui soacute o futebol presta Eacute bom para os clubes bom para os cofres puacuteblicos e bom para as empresas privadas fora a melhoria na imagem do paiacutes laacute fora Para se ter uma ideia o Pan do Rio gastou cerca de sete milhotildees de reais em uma soacute cidade Jaacute a reforma do Maracanatilde palco da fi nal da copa de 2014 tem orccedilamento pre-visto em ateacute 1 bilhatildeo Eacute muito dinheiro envolvido e logicamente muita gente interessada

O NBB se torna claramente mais uma peccedila nesse complexo tabuleiro aonde o objetivo eacute vender o Brasil como paiacutes do esporte Ronaldo Adriano Fred fora outras movimentaccedilotildees de grandes estrelas do esporte nacional que retor-nam ao paiacutes mostram que aos poucos estamos tentando construir uma cultura esportiva o que nos encaixa como uma luva na candidatura para as olimpiacuteadas

A verdade eacute que temos um longo caminho a percorrer O Rio de Janeiro jaacute ateacute possui um esqueleto de estrutura eacute verdade feita nos Jogos Pan Ameri-canos de 2006 e pretende ampliar o investimento com a Copa do Mundo de futebol mas a incompatibilidade ainda eacute latente Falta resolver o problema da seguranccedila puacuteblica A reforma do estaacute-dio do Maracanatilde jaacute tem orccedilamento mas natildeo tem quem pague E o que sinaliza o desespero para ser capaz de receber um evento desse porte eacute a corrida das cidades sede da Copa de 2014 Das 12 cidades sede todas com planejamentos astronomicamente caros para a compe-ticcedilatildeo apenas uma ndashBrasiacutelia- declarou de onde viraacute o dinheiro

Formaccedilatildeo de baseO lado positivo de toda a politicagem

que envolve a corrida pelas olimpiacuteadas eacute a formaccedilatildeo de novos atletas e de esco-linhas de base nos vaacuterios clubes do paiacutes Afi nal se por um lado esporte eacute fi nan-ceiramente um bom negoacutecio ele natildeo deixa de ser saudaacutevel e interessante para a sociedade A efi ciecircncia de escolinhas de esporte nas periferias em termos de estatiacutesticas de criminalidade aleacutem do trabalho seacuterio de dignidade e auto-estima que eacute feito na grande maioria dos casos por professores voluntaacuterios eacute inegaacutevel

O Mackenzie Esporte Clube tradi-cional formador de atletas de Belo Hori-zonte por exemplo usa suas escolinhas de esporte para segundo sua assessoria de imprensa auxiliar na educaccedilatildeo e inte-graccedilatildeo social de crianccedilas e jovens Aleacutem dos clubes escolas particulares ou seja com verbas como o Coleacutegio Santo Agos-tinho realizam projetos sociais para pro-mover a integraccedilatildeo e dignidade atraveacutes do esporte Exemplo disso era o time de vocirclei Sada Betim hoje Sada Cruzeiro que enquanto ainda associado agrave prefeitura da cidade e usando suas dependecircncias abria portas para jovens da periferia para integrar suas escolas baacutesicas do esporte

Estrutura para tais iniciativas eacute o que natildeo falta O Minas Tecircnis clube de maior destaque no cenaacuterio esportivo mineiro eacute o detentor de uma das mais invejaacuteveis estruturas esportivas do paiacutes Eacute o exem-

plo de que eacute possiacutevel dar suporte para for-mar equipes competitvas em vaacuterios espor-tes Finalista da Superliga de vocirclei clube de formaccedilatildeo do medalista pan americano Th iago Pereira da nataccedilatildeo medalista oliacutempico do judocirc com Ketleyn Quadros e semifi nalista da NBB com a equipe de basquete Conquistas que geram pergun-tas Eacute possiacutevel estender tamanho sucesso para a populaccedilatildeo em geral O Brasil seraacute capaz de utilizar o potencial que tem de mobilizar a sociedade por causas tatildeo inte-ressantes quanto o esporte para alavan-car os setores prejudicados de seu povo ou vai jogar todos os problemas e todas as desculpas por suas falhas sob o grande guarda-chuva da beleza do esporte Seraacute as Olimpiacuteadas uma oportunidade para o sucesso ou mais uma grande farra para os poliacuteticos e para a miacutedia

O Novo Basquete Brasil pode ser parte da resposta O objetivo principal do tor-neio eacute revigorar o esporte atrair o puacuteblico de volta e recolocar o basquete brasileiro em niacuteveis oliacutempicos para em seu obje-tivo secundaacuterio apoiar a campanha para o Rio 2016 Se der certo bom para o Bra-sil Ganha em notoriedade em trabalho bem feito e abre um leque de esperanccedilas para os projetos que viratildeo Se der errado reforccedila a capacidade do brasileiro de fazer auecirc sem saber aonde vai dar E costuma dar em pizza Em obras superfaturadas em estrutura precaacuteria e em novas festas como mensalotildees castelos e farras aeacutereas em geral

O Novo Esporte BrasilFinal do Novo Basquete Brasil levanta a discussatildeo das poliacuteticas esportivas no Brasil

PEDRO LEONE

6ordm PERIacuteODO

Foto Divulgaccedilatildeo

Minas e Flamengo em jogo realizado na arena da Rua da Bahia

17 - novo esporte brasilindd 117 - novo esporte brasilindd 1 82809 115027 AM82809 115027 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

18 bull Entretenimento Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O que vocecirc acha que o CQC traz de novo para a TV brasileira

Rafi nha Bastos O CQC eacute um formato novo Soacute o fato de existir um formato novo numa televisatildeo tatildeo repetida porque os formatos se repetem muito na televisatildeo a novela do SBT eacute igual a da Band que eacute igual a da Globo que eacute igual a da Record os telejornais tambeacutem satildeo parecidos os programas de auditoacuterio Entatildeo soacute o fato de ser um programa diferente um formato de televisatildeo diferente jaacute eacute uma novidade Eu acho que eacute isso que o CQC traz

OPComo vocecirc entende a junccedilatildeo de ldquojornalismo e humorrdquo

RB Eu acho que o jornalismo eacute muito convencional Ele tem um formato muito especiacutefi co no Brasil haacute muito tempo Entatildeo o fato de a gente estar fazendo uma coisa mais bem humorada vem quebrar um pouco com esses paradigmas que satildeo muito estabelecidos do jornalismo A gente estaacute fazendo de uma maneira diferente de fazer o jornalismo Eu acho interessante a receptividade que eu tenho tido com as mateacuterias laacute do ldquoProteste Jaacuterdquo Satildeo muito legais o povo gosta e se sente representado Entatildeo eu acho que tem sido muito bom

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

RB Natildeo existe isso Eu sou contra esse negoacutecio de ldquohumor inteligenterdquo porque natildeo eacute porque o Tiririca faz um humor para o povatildeo que ele natildeo eacute inteligente Ele eacute um gecircnio aliaacutes entendeu Natildeo acho que a questatildeo eacute ldquointeligenterdquo Eu acho que a questatildeo eacute a seguinte o humor do CQC precisa de mais referecircncia O pessoal precisa conhecer um pouco das coisas que a gente estaacute falando estar um pouco informado sobre poliacutetica Talvez a pessoa que assiste ao CQC esteja atraacutes de um humor com mais informaccedilatildeo um humor mais criacutetico e o humor natildeo eacute tatildeo popular mas natildeo signifi ca que natildeo eacute mais inteligente do que o humor popular

OPVocecirc natildeo teme que o CQC caia na ldquomesmicerdquo

RB Eacute muito cedo para dizer ainda Muito cedo O que acontece eacute que os pro-gramas humoriacutesticos caem na mesmice e isso eacute estrateacutegico O ldquoNerson da Capi-tingardquo faz a mesma piada toda semana

porque as pessoas precisam entender a piada O povatildeo a galera ldquomassardquo precisa saber a hora que ela tem que rir Por isso que parece que eacute muito repetitivo Porque natildeo eacute um humor feito pra gente natildeo eacute um humor feito para a galera faculdade para a galera que tem um espiacuterito criacutetico um pouco mais aguccedilado Eacute para o povatildeo Eacute muito bem feito A tendecircncia do CQC natildeo eacute ir por esse caminho mas pode ser que ele se repita Isso eacute uma busca eterna

OPA experiecircncia da stand-up comedy contribui para a abordagem de suas fontes

RB O fato de eu ser comediante me ajuda Eu faccedilo um programa de humor hoje que por mais que tenha uma pegada jornaliacutestica eacute um programa de humor O objetivo dele eacute ser engraccedilado eacute ser divertido Tanto a minha formaccedilatildeo de jornalista quanto o meu trabalho de comediante estatildeo juntos ali quando eu estou na frente do viacutedeo

OPEm sua opiniatildeo onde podemos perceber o jornalismo no CQC

RB O quadro ldquoProteste jaacuterdquo eacute o quadro mais jornaliacutestico do programa Ele aborda os problemas levanta e vai atraacutes de soluccedilotildees conversa com os governantes Eu acho que esse eacute o quadro mais jornaliacutestico mas natildeo signifi ca que as mateacuterias de ldquobaladardquo natildeo sejam jornaliacutesticas Mas eu soacute acho que o mais parecido com o formato tradicional de jornalismo eacute o ldquoProteste Jaacuterdquo

OPComo vocecirc percebe a inserccedilatildeo da publicidade no programa Vocecirc acha que o excesso de propaganda pode pre-judicar a atraccedilatildeo

RB Eu acho que eacute feito de uma maneira muito suave Eacute algo inovador O que o CQC faz natildeo existe em nenhum outro programa A gente natildeo interrompe natildeo mostra nenhum produto ou merchan durante o programa Satildeo propagandas fei-tas com o proacuteprio elenco Entatildeo eu acho

que eacute diferente e o programa tem que se bancar Ele precisa ter publicidade

OPMas vocecirc natildeo acha que haacute uma quebra do discurso Por exemplo o Marcelo Tas chama uma mateacuteria ldquoredondardquo e faz menccedilatildeo a uma determi-nada marca de cerveja Quando manda a mateacuteria haacute um corte com outra propa-ganda entrando

RB Vocecirc natildeo acha isso muito melhor do que parar e falar assim ldquogente vamos falar de seguro sauacutederdquo e a pessoa sair Vocecirc tem que vender vocecirc tem que fazer publicidade Natildeo tem como O programa precisa se bancar de alguma forma Eu acho que a melhor maneira uma maneira interessante de fazer os merchans eacute da maneira como a gente faz Natildeo inter-rompe natildeo tem a ver com a mateacuteria natildeo estaacute no meio do conteuacutedo natildeo tem a ver com o conteuacutedo do programa estaacute sepa-rado Eu acho que eacute uma maneira tran-quila Se eacute a melhor maneira eu natildeo sei mas eu acho interessante

OPEm abril assessores de comuni-caccedilatildeo dos parlamentares se reuniram em Brasiacutelia para questionar a liberdade com que os repoacuterteres atuam no Con-gresso Nacional O diretor de comuni-caccedilatildeo da Cacircmara poreacutem afi rmou que natildeo alteraria as regras atuais e que cabia aos assessores explicar aos deputados como lidar com o tipo de jornalismo praticado pelos programas O CQC foi pivocirc desta atitude

RB O Congresso faz as leis dele O Congresso olha muito para o proacuteprio umbigo Natildeo existe nada que infl uencie diretamente as decisotildees do Congresso Eles decidem por eles mesmo Por isso que eles estatildeo em Brasiacutelia que fi ca a 500 km de Rio e Satildeo Paulo

OPVocecirc acha que os poliacuteticos satildeo alvo faacutecil para o humor Por quecirc

RB Eu acho que natildeo Eu acho que os poliacuteticos satildeo difiacuteceis porque satildeo uma concorrecircncia para os comediantes Os proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia entatildeo jaacute eacute muito difiacutecil vocecirc tirar sarro de algo que jaacute eacute engraccedilado As notiacutecias do ldquoJornal Nacionalrdquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQC Eacute mais difiacutecil ainda Eacute uma busca eterna para natildeo fi car se repetindo e natildeo fi car falando coisas que jaacute satildeo ditas por outros telejornais

Os bastidores do risoEm entrevista exclusiva Rafi nha Bastos repoacuterter do programa televisivo Custe o Que Custar (CQC) abre o jogo e conta como o humor eacute levado a seacuterio na atraccedilatildeo semanal na emissora Bandeirantes

Uma das cenas protagonizadas por Rafi nha Bastos no quadro ldquoProteste jaacuterdquo

ldquoOs proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia () As notiacutecias do lsquoJornal Nacionalrsquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQCrdquo

Rafi nha Bastos

AMANDA ARAUacuteJO

FLAacuteVIO CAMPOS

NATASHA MUZZI

8ordm PERIacuteODO

Belo Horizonte abril de 2009 Enquanto esperaacutevamos a reapresen-taccedilatildeo da peccedila ldquoArte do Insultordquo para realizar uma entrevista com o humo-rista Rafi nha Bastos marcaacutevamos quais seriam as principais perguntas que deveriam ser feitas considerando o pouco tempo que teriacuteamos dispo-

niacutevel nos bastidores do evento Casa cheia nervosismo em alta muita gente querendo conversar e chamar a atenccedilatildeo do ldquohomem de pretordquo do programa CQC Difiacutecil tarefa eacute con-seguir uma entrevista quando se eacute apenas estudante Mas conseguimos o acesso e a conversa se estendeu por bem mais tempo do que esperaacuteva-mos Nosso objetivo era questionar o apresentador e repoacuterter sobre a jun-ccedilatildeo entre jornalismo e humor presen-tes no programa por ele apresentado

a fi m de somar ao nosso trabalho de conclusatildeo de curso que apresentava a mesma discussatildeo Em maio de volta agrave mesma casa de espetaacuteculos nos encontramos com o tambeacutem repoacuterter da atraccedilatildeo Danilo Gentili com cer-teza bem mais afi ados e preparados para a sarcaacutesticas intervenccedilotildees do humorista

De forma descontraiacuteda fomos recebidos pelas duas grandes fi guras do Stand-up Comedy e agora ldquoastrosrdquo do irreverente CQC que toparam

falar sobre o jornalismo do programa liberdade de imprensa poliacutetica e claro humor Aleacutem de compor a bancada do programa Rafi nha Bastos eacute jornalista e comediante apresentando espetaacuteculos de improviso por todo o paiacutes Publicitaacuterio e humorista Danilo Gentilli foi um dos fundadores da comeacutedia ao vivo na capital paulista O resultado deste inusitado e divertido bate-papo com os dois repoacuterteres vocecirc confere agora em entrevistas editadas especialmente para O Ponto

Foto Divulgaccedilatildeo

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Entretenimento bull 19Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O ano de 2008 rendeu ao CQC nove precircmios Quatro deles somam como melhor programa de humor eou como melhor produccedilatildeo humoriacutestica Porque vocecirc acha que a miacutedia ainda natildeo premiou o programa como melhor telejornal

Danilo Gentili O CQC trabalha com fatos jornaliacutesticos mas natildeo eacute um telejor-nal O CQC natildeo estaacute todo dia mostrando os fatos do dia entatildeo natildeo pode ser clas-sifi cado como um telejornal O ldquoGlobo Repoacuterterrdquo natildeo pode ser classifi cado ldquoum telejornalrdquo eacute um programa jornaliacutestico Eu acho que a miacutedia natildeo enxerga o CQC como um programa jornaliacutestico Na ver-dade se for para eu escolher se o CQC eacute jornaliacutestico ou humoriacutestico eu escolheria que ele eacute humoriacutestico porque quando eu vou fazer eu me preocupo primeiro em fazer a pessoa rir Eu vou abrir a boca eu vou falar com esse cara mas a uacutenica razatildeo de eu falar com esse cara eacute fazer uma piada Se eu for falar com ele e a pessoa natildeo rir natildeo tem porque eu estar aqui

OPA maioria das pautas poliacuteticas do programa satildeo destinadas agrave vocecirc A que vocecirc atribui isso Vocecirc seria o mais cara de pau dos ldquohomens de pretordquo

DG Pode ser Talvez seja Eu gosto de fazer poliacutetica com um produtor laacute em especiacutefi co A gente vai com muita von-tade de fazer o que a gente faz de chegar para o cara e perguntar Na verdade eacute o seguinte eu natildeo sei os outros repoacuterteres mas eu no CQC natildeo tenho a pretensatildeo de ser amigo de ningueacutem Seja de poliacutetico ou de celebridade eu natildeo tenho a pre-tensatildeo Vocecircs natildeo vatildeo me ver em festas de celebridades ldquoOh fui convidado pra festa e estou aquirdquo Eu natildeo tenho essa vontade natildeo eacute o meu mundo Entatildeo eu vou pra perguntar o que eu sempre quis e talvez o que todo mundo que estaacute em casa sempre quis saber

OPComo eacute a sua preparaccedilatildeo antes de cobrir as pautas poliacuteticas na Casa Legislativa Vocecirc planeja suas piadas antes ou eacute realmente no improviso

DG A reuniatildeo de pauta geralmente acontece no caminho Eu e o produtor ou no aviatildeo ou no carro Eu e o produ-tor falando ldquoquem vocecirc acha que vai estar laacute Ah Tal pessoa tal pessoa tal pessoa fez isso A gente pode falar issordquo A gente tenta mais ou menos ter uma noccedilatildeo do que dizer

OPMas inclui uma piada pronta DG A gente tenta prever e tenta ir

com umas cartas na manga mas a gente sabe que eacute impossiacutevel Porque eu posso ir com uma pergunta pronta e o cara me daacute uma resposta que ningueacutem esperava Aiacute em cima disso eu tenho que fazer outra piada

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

DG Taacute isso no site do CQC Vocecircs acreditaram nisso (risos) Natildeo sei eu acho que o humor tem que ser engra-ccedilado natildeo tem que ser inteligente Eacute o

que eu acho entendeu O que seria humor inteligente Natildeo sei o humor eacute muito subjetivo pra classifi car ldquoesse humor eacute inteligente esse natildeo eacuterdquo Eu acho que o humor inteligente eacute aquele que se comunica de uma forma efi caz com o seu puacuteblico O Tiririca eacute esquisito mais eacute um humor inteligente para muita gente Eu gosto do Tiririca

OPComo publicitaacuterio como vocecirc avalia esse novo modelo de publici-dade inserido no programa

DG Mas natildeo eacute tatildeo diferente assim Na verdade eacute igual as outras porque nas outras o cara faz a propaganda e a agecircncia que ganha e no CQC tambeacutem a gente faz a propaganda e a produtora que ganha

OPVocecirc acha que o riso midiatizado esse humor ldquopastelatildeordquo que a gente vecirc por aiacute deixa perder um pouco da fun-ccedilatildeo do riso que estaacute em ser criacutetico

DG Depende do humor pastelatildeo eu gosto muito Eu gosto do Chaves gosto dos Trecircs Patetas gosto do Jerry Lewis gosto do Mr Been Eacute tudo humor pastelatildeo Eu acho que o termo que vocecirc queira achar natildeo eacute ldquohumor pastelatildeordquo eacute um humor grosseiro tipo ldquoAh vou peidar em puacuteblicordquo e todo mundo ri disso Eacute um humor primaacuterio Tal-vez seja o que vocecirc queria dizer Pastelatildeo eu gosto muito o humor do Chaves eacute pas-

telatildeo e eacute muito inteligente O do Mr Been tambeacutem eacute muito inteligente ele bolar tudo aquilo e tal Agora tem o humor primaacuterio que eacute esse humor de bordatildeo humor de escatologia humor de falar qualquer coisa Geralmente ningueacutem ri se natildeo sabe do que estaacute rindo Eu tento fazer no meu show e no CQC um riso que depende do contexto Vocecirc vai ver isso quando eu for falar com um poliacutetico no CQC Por exemplo eu fi z uma mateacuteria e eu encontrei o Joatildeo Paulo Cunha um cara que era do mensalatildeo Eu sei que 90 do meu puacuteblico do CQC talvez natildeo se lembre ou natildeo saiba quem eacute o cara Entatildeo se eu fi zesse a piada ningueacutem ia rir ningueacutem ia achar graccedila Entatildeo antes de eu chegar no cara eu falei aquele ali eacute tal cara que fez tal coisa e naquela eacutepoca ele fez o mensalatildeo Falou que pagou 50 mil numa conta em TV a cabo e natildeo sei o que Aiacute o pessoal jaacute sabe do que eu vou falar Entatildeo eu jaacute deixei a pessoa a par do conceito Quando eu chego no cara e faccedilo as piadas a pessoa sabe do que eu estou falando Entatildeo eu informei a pessoa para ela poder rir No meu show eu faccedilo isso Eu falo de uma por-ccedilatildeo de coisas que vatildeo rir porque eles estatildeo dentro do conceito Eu vou falar de tracircnsito eu natildeo preciso explicar o que eacute o tracircnsito Todo mundo sabe o que eacute o tracircnsito entatildeo eles acabam rindo disso por exemplo

OPEm entrevista ao portal UOL no dia 24042008 vocecirc disse que os bra-sileiros natildeo tecircm muito senso de humor Porque vocecirc acha entatildeo que o pro-grama estaacute dando certo no Brasil Vocecirc acha que o CQC devolveu agrave sociedade um pouco desse senso

DG O problema do brasileiro eacute que ele tem o senso de humor primaacuterio Ele natildeo tem um senso de humor Pra vocecirc ter senso de humor vocecirc tem que ver o que estaacute acontecendo reconhecer a reali-dade para poder rir dela O brasileiro tem a auto estima muito baixa O brasileiro soacute brinca com os outros ele natildeo brinca con-

sigo proacuteprio Vocecirc vecirc piada de brasileiro eacute sempre o portuguecircs eacute sempre a loira Por exemplo tem o portuguecircs o brasi-leiro e o americano O brasileiro sempre se sai bem ele tem autoestima baixa ele natildeo sabe rir de si Se o CQC devolveu isso para o brasileiro Eu acho que natildeo Pouca coisa a gente devolveu isso para o brasileiro O brasileiro estaacute rindo ainda do poliacutetico ele estaacute rindo ainda da cele-bridade que a gente ridiculariza Eu jaacute saiacute na rua e quando eu fui na ldquoMarcha para Jesusrdquo falar deles ningueacutem riu

OPNo CQC vocecirc tem vontade de fazer o quadro Proteste Jaacute

DG Proteste Jaacute Natildeo sei cara Tudo que eu tenho vontade eu faccedilo Eu tenho von-tade que muita coisa que eu faccedilo entre mas acaba natildeo entrando porque os caras falam que eu pego pesado (risos) Se eu fi zesse o Proteste Jaacute talvez eu fi zesse dife-rente eu natildeo sei Eu natildeo tenho vontade de fazer o Proteste Jaacute natildeo

OPTem alguma entrevista sua que vocecirc considera a melhor

DG Natildeo Tem muita entrevista que eu vejo na TV e falo nossa essa natildeo foi a melhor que eu fiz Porque cortam muita coisa

OPQue elementos jornaliacutesticos vocecirc nota no programa CQC

DG Jornalismo tem porque a gente como fala no iniacutecio do programa eacute um ldquoresumo semanal de notiacuteciasrdquo Mas taacute eacute um resumo semanal de notiacutecias taacute bom vaia gente fi nge que eacute O que tem eacute a gente brinca com algumas coisas que aconteceram durante aquela semana durante aqueles dias proacuteximos Eacute o mais proacuteximo que tem do jornalismo A gente sempre que pode estaacute no fato na hora do fato Mas agraves vezes natildeo daacute entatildeo vai cobrir festinha e natildeo sei o que mas a intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e ldquobrincarrdquo com ele

ldquoA gente sempre que pode estaacute no fato na hora do

fato A intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente

pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e

lsquobrincarrsquo com elerdquo

Danilo Gentili

O humorista Danilo Gentili foi um dos fundadores da comeacutedia ldquocara limpardquo na capital paulista e hoje desafi a poliacuteticos

Foto divulgaccedilatildeo

O cara de pau dos homens de pretoDanilo Gentilli o temido repoacuterter pelos poliacuteticos no dia-a-dia do senado conta como se prepara para as pautas polecircmicas

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O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

20 bull Miacutedia

RENATA VALENTIM

6ordmPERIODO

Que o advento das miacutedias digitais pocircs um ponto de interrogaccedilatildeo no horizonte dos meios tradicionais jaacute se sabe Mas a transformaccedilatildeo destinada ao raacutedio parece ser de fato a de maior impacto Seja no campo das novas tecnologias de trans-missatildeo dos novos suportes ao aacuteudio no nuacutemero de funcionaacuterios contratados ou na avaliaccedilatildeo do poder de infl uecircncia no gosto da audiecircncia a revoluccedilatildeo vivida pelas raacutedios eacute atestada tanto por profi s-sionais da aacuterea quanto pelos ouvintes

O CD hoje obsoleto popularizado no Brasil no fi nal dos anos de 1980 jaacute signi-fi cou uma transformaccedilatildeo importante no dia-a-dia do radialista Em vez de exe-cuccedilotildees musicais feitas pelo LP ou ldquobola-chatildeordquo que o operador ou sonoplasta vigiava do iniacutecio ao fi m da faixa transmi-tida os tocadores de compact disc per-mitiam a programaccedilatildeo de vaacuterias faixas em sequumlecircncia poupando-lhe tempo O que veio a seguir economizou bem mais que isso a inovadora transformaccedilatildeo de muacutesica em kilobytes deu origem a sof-twares de execuccedilatildeo automaacutetica

Assim as raacutedios gerando programa-ccedilatildeo por 24h dispensaram seus locutores e sonoplastas da madrugada e dos fi nais de semana adaptando seus conteuacutedos para que sistemas de automaccedilatildeo tra-balhassem sozinhos Aleacutem das muacutesicas em formato digital apresentaccedilotildees de muacutesica passaram a ser tambeacutem gravadas

e reproduzidas como se fossem feitas ao vivo Natildeo foram poucos locutores desem-pregados No caso das afi liadas de gran-des redes de FM a reduccedilatildeo no quadro de profi ssionais da voz foi ainda maior Em alguns casos haacute somente um ou dois locutores agrave disposiccedilatildeo que datildeo conta da geraccedilatildeo de toda a programaccedilatildeo local

Com experiecircncia na aacuterea haacute mais de 20 anos a locutora e programadora musical Glaacuteucia Lara 40 lamenta ldquoem um fi nal de semana antes das mudanccedilas promo-vidas pelo advento do mp3 cerca de sete pessoas estariam trabalhando em uma emissora de raacutedio Hoje eacute comum esca-lar locutores para comandarem a pro-gramaccedilatildeo ao vivo soacute nos programas que contam com a participaccedilatildeo do ouvinte Do resto quem cuida eacute o computadorrdquo conta ela que jaacute passou por diversas emissoras do interior do estado e por afi -liadas de grandes redes como a Antena 1 de Belo Horizonte E o sonoplasta entatildeo ldquoNa era do CD essa fi gura foi extinta dos quadros O locutor natildeo eacute soacute responsaacutevel hoje por apresentar muacutesicas e interagir com o ouvinte Tambeacutem assumiu a res-ponsabilidade de operar os aparelhos

e pessoalmente acho que isso facilita a locuccedilatildeo porque natildeo haacute mais aquela dependecircncia de um sinal do sonoplasta aquela sintonia de timing necessaacuteria para esse trabalho de equipe decirc certo O locutor faz tudordquo pondera

Eu baixo tu baixasO mp3 tambeacutem alterou a forma de

distribuir novos trabalhos musicais A popularizaccedilatildeo da internet e a troca de arquivos por meio de softwares seme-lhantes ao pioneiro Napster deram iniacutecio agrave decadecircncia dos CDs e ao decliacutenio das grandes gravadoras que fracassaram ao combater tanto a pirataria quanto o com-partilhamento online de mp3

O casamento das gravadoras com o raacutedio e a TV que detinham a foacutermula exclusiva de atrair a atenccedilatildeo do puacuteblico para seu artista entrou em crise A par-ceria de divulgaccedilatildeo perdeu espaccedilo con-sideraacutevel para uma revolucionaacuteria forma de acesso a novos trabalhos musicais feita na internet Para a tristeza de grava-doras e artistas a vendagem de CDs caiu drasticamente fazendo dos shows e tur-necircs sua principal fonte de lucro Foi-se o

tempo em que um artista de sucesso ven-dia mais de 2 milhotildees de coacutepias de seu trabalho o campeatildeo do mercado fono-graacutefi co brasileiro em 2006 Padre Marcelo Rossi registrou cerca de 860 mil coacutepias vendidas de seu aacutelbum ldquoMinha Becircnccedilatildeordquo editado pela Sony BMG Um nuacutemero pequeno se comparado aos 35 milhotildees de coacutepias de seu primeiro disco ldquoMuacutesi-cas Para Louvar ao Senhorrdquo de 1998

A estagiaacuteria de pesquisa de mercado Karina Zandona 22 comprova esse fenocirc-meno Fatilde de Th e Killers ela conta que hoje procura se informar do lanccedilamento de aacutelbuns das suas bandas preferidas por sites especializados e faz download deles quando jaacute estatildeo disponiacuteveis ldquoSoacute ouccedilo muacutesica pelo PC e pelo mp3 player Raacutedio soacute ouccedilo agraves vezes quando minha matildee ouve em casa E sempre satildeo as programa-ccedilotildees informativas como a Raacutedio Itatiaia Natildeo consigo mais fi car exposta a tanto hit lsquoda modinharsquo como os de black music no raacutediordquo diz No caso da comerciaacuteria Ellen Colombini 24 a infl uecircncia da internet eacute ainda mais efetiva ldquoouvia muito raacutedio quando adolescente e assistia muito agrave MTV Era fatilde de coisas do tipo Hanson

por exemplo (risos) Mas quando passei a usar a internet e descobri a maravilha que eacute fazer download de muacutesica natildeo liguei mais o raacutedio Sou viciada em fazer downloads vou baixando tudo o que encontro e que me parece interessante pelo release que acompanha o link ou mesmo pelo nome da banda Escuto tudo e seleciono o que me agrada Se aprovado vou passando adiante E a partir do que eu recomendo para os amigos recebo deles arquivos de artis-tas parecidas com o que eu enviei e sobre os quais natildeo vejo ningueacutem falarrdquo comenta

A engenheira ambiental Eduarda Stancioli 24 eacute ouvinte da Last FM paacutegina online na qual o usaacuterio cria a pragramaccedilatildeo sem a interrupccedilatildeo de publicidade e locutores ldquoComo passo mais tempo usando o computador da empresa que o resto do pessoal e natildeo posso fazer dowloads o site foi uma oacutetima soluccedilatildeo para ouvir muacutesica enquanto faccedilo meus projetosrdquo Eduarda diz que a facildade estaacute no fato da pro-gramaccedilatildeo ser sua criaccedilatildeo onde vocecirc seleciona os artistas ou estilo de muacutesica da sua preferecircncia podendo mudaacute-la qualquer hora E ainda poder contar com sugestotildees musicais do serviccedilo geradas a partir do tipo de muacutesica que se ouve

Contra a mareacuteCurioso eacute o exemplo da estudante

Ceciacutelia Portugal 21 anos Apreciadora de axeacute music adora ouvir a Extra FM enquanto dirige Diferente de Ellen e

Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

O raacutedio na onda do ciberespaccedilo

Imagem do programa de dowloads de arqui-vos de muacutesica e viacutedeos Limewire

Paacutegina da raacutedio na internet a Last FM

Saiba o que a troca de arquivos de muacutesica pela internet fez com o raacutedio de entretenimento como as pes-soas encarram isso e quais satildeo as apostas das raacutedios para natildeo perderem seus ouvintes e patrocinadores

20-21 - Mate ria Ra dio final prontaindd 120-21 - Mate ria Ra dio final prontaindd 1 82809 115051 AM82809 115051 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Miacutedia bull 21Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

Karina o costume de baixar muacutesica pela internet natildeo a afas-tou do haacutebito de ouvir raacutedio ldquooutro dia ouvi uma muacutesica nova do Tomate ex-vocalista do Rapazolla Corri pra casa procurei o arquivo para down-load e depois gravei num CD para ouvir com as amigas no caminho pra baladardquo conta ldquoA maior graccedila do raacutedio que sem-pre tive o costume de ouvir eacute a companhia que faz Parece que natildeo estou sozinha no carro enquanto ouccedilo E me divirto com as esquetes de humor que tecircm por aiacuterdquo diz

Essa parece mesmo ser a nova vocaccedilatildeo do raacutedio como destaca o locutor e produtor Gleyson Lage da 98 FM de Belo Horizonte ndash primeira emissora a operar em frequumlecircncia modu-lada na Ameacuterica Latina ldquoAleacutem das promoccedilotildees e do aumento das formas de interatividade o humor eacute uma forma de fi de-lizar o ouvinte de perfi l mais passivo que tem menos dispo-nibilidade ou motivaccedilatildeo para manter contato por telefone ou e-mailrdquo Apostando nisso a 98 FM ndash cuja programaccedilatildeo eacute 100 local ndash conta com trecircs progra-mas de cunho humoriacutestico para enfrentar a concorrecircncia Os Manos Silicone Show e Graffi ti auto-intitulado o pior programa de raacutedio do Brasil

Para o locutor publicitaacuterio Tovar Luiz 43 o FM nasceu engraccedilado ldquoo grande barato das raacutedios FM desde a sua popu-larizaccedilatildeo no iniacutecio dos anos de 1980 foi o seu perfi l descontra-iacutedo A locuccedilatildeo nessas emisso-ras sempre foi bem mais aacutegil e despojada O hoje apresentador de TV Ceacutesar Filho por exemplo comeccedilou a carreira no raacutedio e

fi cou famoso pelo bordatildeo lsquobeijo pra vocecirc feiarsquo Natildeo era ofensa era pra fazer o ouvinte rir O FM foi uma revoluccedilatildeo em termos de lin-guagemrdquo lembra E ele parece ter razatildeo O programa Pacircnico um dos maiores fenocircmenos televi-sivos dos uacuteltimos tempos eacute deri-vado de um programa de raacutedio da rede Jovem Pan 2 de Satildeo Paulo comandado pelo locutor Emiacutelio Surita Seguindo o fl uxo as demais redes destinadas ao puacuteblico jovem tambeacutem investi-ram na programaccedilatildeo que faz rir E a partir das redes as emissoras locais que fazem concorrecircncia agraves afi liadas tambeacutem acompanham a tendecircncia para natildeo perder seu espaccedilo no mercado

Falando neleExistem hoje 23 FMs no dial

de Belo Horizonte Pelo menos quatro delas satildeo dedicadas aos jovens Jovem Pan 2 (991) Mix FM (917) 98FM (983) e Oi FM (939) Destas somente a 98FM natildeo eacute afi liada de uma grande rede Haacute trecircs anos em atividade na emissora Gleyson Lage confi rma a reduccedilatildeo no nuacutemero de vagas aos profi ssio-nais da aacuterea ldquonuma raacutedio local satildeo necessaacuterios 20 funcionaacuterios para produzir toda uma grade enquanto numa afi liada jun-tando a programaccedilatildeo execu-tada pelo sateacutelite com aquela gerada pela automaccedilatildeo da transmissatildeo apenas cinco datildeo

conta do recado para o tempo destinado agrave grade local Eacute com-plicadordquo conta

No entanto ele vecirc a partici-paccedilatildeo das redes de raacutedio como positiva no que se refere agrave qua-lidade ldquoquando uma rede tem um bom conteuacutedo ndash boa plaacutes-tica bons locutores bons tex-tos ndash ela acaba por estimular as emissoras locais a manterem o mesmo niacutevel Haacute um ganho em criatividade que poderia natildeo existir se todo o conteuacutedo fosse localrdquo acredita

Enquanto isso os ouvintes se queixam da repeticcedilatildeo nas grades musicais ldquochega a ser engraccedilado Estava ouvindo uma muacutesica numa determinada

raacutedio Quando acabou troquei para a estaccedilatildeo seguinte e estava tocando a mesma muacutesica Acho que como todos os meios de comunicaccedilatildeo as raacutedios precisam abrir o leque de opccedilotildeesrdquo opina Karina Zandona estagiaacuteria de pesquisa de mercado 22

Karina completa ldquoateacute a Rede Globo tem inovado na inserccedilatildeo de muacutesicas de artistas desconhecidos do grande puacuteblico como trilha das suas produccedilotildees (como foi o caso do cantor Beirut presente na trilha sonora da minisseacuterie Capitu exibida em janeiro de 2009) O raacutedio podia acompanhar essa tendecircnciardquo sugere

Com a digitalizaccedilatildeo da muacutesica o sonoplasta sai de cena eacute o locutor quem faz tudo

Foto

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O Ponto

Editor e diagramador da paacuteginaLira Faacutevilla e Felipe Barbosa 6ordm periacuteodo

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

22 bull Cultura

CLAUDIA LAPOUBLE

6ordmPERIacuteODO

ldquoO processo pelo qual se arma-zenam informaccedilotildees no disco de vinil feito de PVC material derivado do petroacuteleo consiste em imprimir nele ranhuras ou ldquoriscosrdquo cujas formas tanto em profundidade como abertura mantecircm correspondecircncia com a informaccedilatildeo que se deseja arma-zenar Essas ranhuras visiacuteveis no disco a olho nu satildeo feitas no disco matriz com um estilete no momento da gravaccedilatildeo Esse esti-lete eacute movido pela accedilatildeo da forccedila magneacutetica que age sobre eletro-iacutematildes que estatildeo acoplados a elerdquo (in Leituras de Fiacutesica GREF- Departamento de fiacutesica da USP SP2005)

Eacute assim que a muacutesica se ldquoimprimerdquo no plaacutestico que depois ao ser arranhado pela agulha libertaraacute novamente os sons no ar Para os apaixonados por vinil o ritual de tirar o disco da estante limpaacute-lo colocaacute-lo no toca discos posicionar a agu-lha delicadamente sobre ele tomando todo o cuidado para natildeo arranhaacute-lo e repetir todo esse processo na hora de virar o disco para ouvir o lado b signi-fi ca uma relaccedilatildeo mais proacutexima com a muacutesica Era preciso dedi-car tempo a escutar o disco Mais do que uma miacutedia de armazena-mento analoacutegico do som o disco de vinil eacute um objeto de arte e uma peccedila que daacute materialidade agrave muacutesica

Dados da Associaccedilatildeo de Gra-vadoras da Ameacuterica (Record Industry Association of Aeme-rica) mostram que as vendas de LPs aumentaram em quase 130 entre os anos de 2007 e 2008 De acordo com o informe anual divulgado pelo oacutergatildeo ldquoo vinil continua sua ascensatildeo As vendas nesse formato somaram

US$57 milhotildees e vem mais do que duplicando ano apoacutes anordquo Ainda segundo o documento ldquotrata-se do produto preferido por audiofi los e colecionadores e o aumento nas vendas se deve tanto agrave re-gravaccedilatildeo de mate-rial de cataacutelogo quanto a novos lanccedilamentosrdquo

Com os nuacutemeros da induacutes-tria apontando para uma queda nas vendas de CDs e em tempos em que se fala em livre acesso agrave muacutesica atraveacutes da internet o vinil se apresenta como uma saiacuteda para quem ainda gosta da muacutesica palpaacutevel apreciaacute-la com todos os sentidos inclusive o tato

Um Brasil em vinil ldquoContar a histoacuteria do Brasil

atraveacutes da muacutesica guardando um exemplar de tudo o que foi gravado em vinil no paiacutesrdquo esse era o objetivo de Edu Pampani 46 quando em 2005 fundou a Discoteca Puacuteblica o primeiro espaccedilo dedicado agrave memoacuteria musical brasileira do paiacutes

Apaixonado por muacutesica e claro pelos discos de vinil Pam-pani conta que a ideacuteia da Dis-coteca nasceu quando ele ainda morava na Bahia e tinha uma loja de discos Segundo ele quando o Compact Disc (CD) comeccedilou a se popularizar na deacutecada de 90 as pessoas o procuravam para trocar seus LPs por CDs

O espaccedilo tem hoje um acervo de cerca de 12 mil peccedilas que contam a historia do Brasil pelos sulcos no plaacutestico PVC Eacute possiacute-vel ouvir por exemplo gravaccedilotildees de jogos de futebol ou vinhetas de programas de raacutedio dos anos 50 aleacutem de claacutessicos da muacutesica popular brasileira em gravaccedilotildees originais Com todas essas rari-dades Pampani garante natildeo ter nenhum disco favorito ldquosempre me perguntam Edu qual eacute o disco mais raro que vocecirc tem

e eu respondo raro eacute ter todos eles juntosrdquo

De volta ao plaacutesticoApesar de natildeo ser a miacutedia mais

utilizada pelo grande puacuteblico o disco de vinil tem um puacuteblico fi el principalmente entre os DJs que segundo Pampani ldquoprocuram sempre coisa nova se ele quer tocar Jorge Bem por exemplo ele vai procurar aquela muacutesica que ningueacutem lembra mais que ele gravou Esse pes-soal tem que fi car garimpando semprerdquo

O DJ e fundador do selo Vinyl Land Luiz Valente ou DJ Luiz PF eacute um desses garimpeiros de sebos Ele conta que sua paixatildeo pelos LPs nasceu quando ele mesmo selecionava as muacutesi-cas que iriam compor o som ambiente de seu bar o ldquoLugarrdquo Em 2003 Luiz sentiu que pode-ria abrir espaccedilo para DJs que pesquisavam e procuravam por muacutesicas que fugiam do lugar comum ldquoeu fui fazendo festas por um tempo chamando DJs que discotecavam com vinil pra ser um contra ponto a essa outra galerardquo conta

Radicado em Londres desde 2006 Luiz conta que ao chegar agrave Europa percebeu que diferente do que acontecia no Brasil ldquolaacute o negoacutecio natildeo tinha acabado nada se achava tudo pra com-prar coisas novas a galera atual todo mundo lanccedilava era uma coisa de canto de loja mas fun-cionando vendendordquo Na capital inglesa o DJ trabalhou na grava-dora Whatmusiccom que aleacutem de CDs lanccedilava tambeacutem traba-lhos em vinil

A paixatildeo pela ldquocultura de acetatordquo e o trabalho como DJ foram o incentivo para que Luiz fundasse em 2008 a Vinyl Land selo que vem com a proposta de lanccedilar muacutesicos que se interes-sem em gravar em vinil Segundo

ele o selo nasceu de sua proacutepria necessidade como DJ ldquoeu

jaacute discotecava com vinil e fui achando bandas

novas que queria tocar mas natildeo tinha como porque eram de uma eacutepoca em que natildeo tinha mais vinil ai eu pensei jaacute que natildeo tem eu faccedilo

e comecei a procurar contatos e tentar orga-

nizar o selordquo Com apenas um ano

no mercado a Vinyl Land

jaacute lanccedilou trecircs discos dentre

eles um compacto simples do Autoramas

Novas marcas no PVCFoi pela Vinyl Land que a

banda Th e Dead Lovers Twisted Heart que nunca havia lanccedilado seu trabalho comercialmente lanccedilou seu primeiro EP O com-pacto auto-intitulado traz cinco muacutesicas antes disponiacuteveis para download na internet O disco prensado na Alemanha teve tiragem limitada de 200 coacutepias

Com infl uecircncias que vatildeo de Odair Joseacute e Roberto Carlos ateacute Franz Ferdinand e Jack White passando pela literatura de Mark Twain (o grupo tem uma muacutesica em homenagem a Huck-leberry Finn personagem do autor americano) e os cartunis-tas Laerte e Angeli a banda for-mada por Ivan (guitarra e vocal)

Guto (guitarra) Paty (bateria) e

Velvs (baixo) jaacute era conhecida dos frequumlentadores de casas de shows de Belo Horizonte antes de lanccedilar seu EP

Segundo Ivan a ideacuteia de ter seu primeiro trabalho gravado em vinil casou muito bem com a banda ldquoa gente ainda natildeo tinha lanccedilado um disco propriamente dito e hoje o suporte fiacutesico eacute cada vez menos importante porque na verdade a muacutesica vocecirc acha em qualquer lugar e um disco um CD na verdade natildeo faz mais tanto sentido E nossa ideia era que jaacute que vocecirc vai comprar um objeto o vinil eacute um objeto muito mais legal tanto esteticamente quanto no manusear fora que tem toda essa coisa da retomada e eacute uma boa proposta que tem tudo a ver com a bandardquo afi rma o muacutesico provando que o velho vinil estaacute mais novo que nunca

O novos sonsdo velho vinil

Com a popularizaccedilatildeo dos sites de divulagaccedilatildeo de muacutesica na internet o vinil retorna como alternativa interessante para novos muacutesicos e ouvintes

Dj Luiz PF fundador do selo Vinyl Land

Os diferentes formatos do vinil-LP abreviatura do inglecircs Long Play ou ldquo12 polegadasrdquo Disco com 31 cm de diametro com capacidade normal de cerca de 20 minutos por lado O formato LP era utilizado usualmente para a comercializaccedilatildeo de aacutelbuns completos-EP abreviatura do inglecircs Extended Play Disco com 17 cm de diametro e capacidade de cerca de 8 minutos por lado continha em torno de quatro faixas -Single ou compacto simples abreviatura de Single Play ldquo7 polegadasrdquo ou compacto simples Disco com 17 cm de diametro e capacidade normal de 4 minutos por lado O single era geralmente empregado para a difusatildeo das muacutesicas de trabalho de um aacutelbum completo a ser posteriormente lanccedilado -Maacutexi abreviatura do inglecircs Maxi Single Disco com 31 cm de diametro sua capacidade era de cerca de 12 minutos por lado

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The Dead loverrsquos Twisted Heart Pati Vels Guto e Ivan

22 - diagramacao vinilindd 122 - diagramacao vinilindd 1 82809 115104 AM82809 115104 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Culturabull 23Editor e diagramador da paacutegina Baacuterbara Rodrigues 8ordm periacuteodo

Festival Internacional de Corais homenageia

BAacuteRBARA RODRIGUES 8ordm PERIacuteODO

A seacutetima ediccedilatildeo do Festival Interna-cional de Corais ndash FIC acontece de 18 a 27 de setembro de 2009 e teraacute como tema a vida e obra de Villa-Lobos con-siderado o maior compositor das Ameacute-ricas Seratildeo cerca de 300 apresenta-ccedilotildees de 120 corais de todo o Brasil e do exterior que percorreratildeo 12 cidades de Minas Gerais

O festival realizado pela Universi-dade FUMEC tem o intuito de popula-

rizar os corais e grupos vocais amadores e profissionais e evidenciar atividades culturais de empresas instituiccedilotildees de ensino comunidades associaccedilotildees e fundaccedilotildees com apresentaccedilotildees de corais e shows de artistas nacionais sempre com a bandeira da muacutesica brasileira agrave frente

Regidos pelo Maestro Lindomar Gomes produtor cultural e coordena-dor do FIC os 30 integrantes do coral da FUMEC seratildeo um dos grupos a se apresentar ldquoNosso coral sempre parti-cipou de festivais seguindo a maacutexima de Fernando Brant de que lsquotodo artista

tem de ir aonde o povo estaacutersquo A cada ano o FIC escolhe um tema que traduza a identidade musical brasileira Este ano celebraremos os 50 anos de morte de Villa-Lobos responsaacutevel por implantar o canto coral no paiacutes na deacutecada de 1930 e o muacutesico que mais cantou as belezas nacionaisrdquo enfatiza

Em cada ediccedilatildeo do festival os com-positores Leonardo Cunha e Fernando Brant satildeo responsaacuteveis pela muacutesica-tema que ao final do evento eacute cantada por todos os corais A composiccedilatildeo deste ano ganhou o nome de ldquoMestre Villardquo exultando o que de mais haacute de caracte-

riacutestico na vida e obra do mestre Durante todo o festival alguns locais

da cidade como o Palaacutecio das Artes Sesc Laces JK e a aacuterea de convivecircn-cia da FUMEC receberatildeo exposiccedilotildees de fotos textos e trilhas sonoras do acervo do Museu Villa-Lobos no Rio de Janeiro A banda mineira 14 Bis e o muacutesico Renato Teixeira fazem shows no interior de Minas e no dia 27 no Parque Municipal encontro de todos os corais participantes marcaraacute o fechamento do evento onde mais de mil vozes se uni-ratildeo para cantar os temas do maestro homenageado

O maestro e coordenador do FIC Lindomar Gomes e os integrantes do Coral da Fumec

Mestre Villa daacute o tom dentro e fora do paiacutesO carioca Heitor Villa-Lobos

foi responsaacutevel por universa-lizar a muacutesica nacional acres-centando em grande parte de suas mil obras a sonoridade da fauna brasileira de tribos indiacute-genas e africanas aleacutem de refe-recircncias de cantigas do choro e do samba

Na defi niccedilatildeo do maestro Lindomar Gomes a impor-tacircncia de Heitor Villa-Lobos estaacute no fato de ele ldquodecifrar a alma brasileira e colocaacute-la em muacutesicardquo Devido agraves homena-gens ao compositor nas prin-cipais capitais do Brasil e do

mundo Gomes natildeo eacute o uacutenico a pensar assim

Peccedilas de Villa-Lobos fazem parte das temporadas da Filar-mocircnica de Belo Horizonte da Orquestra Sinfocircnica do Teatro Nacional Claacuteudio Santoro em Brasiacutelia da Sinfocircnica Munici-pal de Campinas e da Orques-tra Sinfocircnica Brasileira do Rio

Internacional Em janeiro o maestro John

Neschling regeu a Filarmocircnica de Varsoacutevia na Polocircnia com os ldquoChoros n 6rdquo A soprano Adriane Queiroz cantou as ldquoBachianas

Brasileiras nordm 5rdquo em Berlim e o regente da OSB do Rio Roberto Minczuk esteve no Japatildeo em agosto para apresentar as ldquoBachianas Brasileirasrdquo

Ainda este ano deve chegar agraves livrarias o ldquoFolha Explica Villa-Lobosrdquo da Publifolha do violonista Faacutebio Zanon que em entrevista ao jornal Folha de Satildeo Paulo afi rmou ldquoO uni-verso sonoro de Villa-Lobos eacute uma coisa arrasadora Nossa ideia de Brasil seria muito mais pobre sem a leitura efetuada por Villa-Lobos de nosso patri-mocircnio musicalrdquo

Programaccedilatildeo completa e outras informaccedilotildees sobre FIC 2009 wwwfestivaldecoraiscombr

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Foto divulgaccedilatildeo

O compositor e maestro Villa-Lobos cuja obra eacute reconhecida e celebrada internacionalmente

23 - festivaldecoraisindd 123 - festivaldecoraisindd 1 82809 115113 AM82809 115113 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

24 bull Cultura Editor e diagramador da paacutegina Amanda Lelis 6ordm periodo

COLCHAde retalhos

CU

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talh

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Magia

Escrevo uma letra

e jaacute natildeo estou no mesmo lugar

Pedro Cunha Instrumento de cordas vocais tocado pela alma

a palavra na garganta que vira muacutesica

o som da orquestra do coraccedilatildeo

dos gagos e desafi nados

aos cegos de paixatildeo

VozBaacuterbara Rodrigues

Natildeo sei bem o que eacute

Se eacute invenccedilatildeo

Se eacute na verdade a mais pura verdade

Se sou eu tentando fugir

Se sou eu tentando apagar

Natildeo encarar o que estaacute acontecendo

Esquecer a minha confusatildeo

De querer sem conhecer

De te amar sem te encontrar

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Queria esquecer

E perdoar entatildeo

Voltar na decisatildeo

Para minha vida rotineira

Que eu levei a vida inteira

O meu sufoco e os seus gritos

Meu confortaacutevel desespero

Minha mania de querer ser mais para mundo

Do que o mundo eacute para mim

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Confortaacutevel DesesperoPaula Macintyre

Preso agrave falta de sono procurando ver

Atraveacutes da luz de um trago num bastatildeo de morte

Talvez com sorte entatildeo eu possa crer

Que os dias se passaram mas o amor fi cou

Mesmo sonhando acordado algo ainda restou

De tardes tatildeo bonitas

Em que o brilho dos teus olhos eu pude enxergar

Os teus negros cabelos quero entatildeo tocar

apesar de estares tatildeo afl ita

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia

que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Por mais que em outras camas eu possa deitar

que braccedilos e abraccedilos venham me afagar

O brilho dos teus olhos ainda me ilumina

por vaacuterias ruas sujas que eu tentei fugir

estenderia um tapete pra vocecirc entrar

sentado vago na varanda escura a esperar

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Mas eu mudaria tudo isso pra te ter aqui

comigo ao meu lado todo dia a me fazer sorrir

Para ouvir a muacutesica wwwmyspacecombandatravessia

DuetoAlvaro Castro

Do entendimento tardio de se assistir a uma passagem de som

Cracke se quebra o silecircncio a voz dos barulhos instrumentais

cala todos os outros sons do silecircncio Antes de ser melodiosos

os sons comeccedilam desencontrados como tateando no escuro

dos ritmos tentando se encontrar e dar as matildeos para soacute assim

iniciar seu dialogo-danccedila em brincadeiras harmoniosas que

encantam e enfeiticcedilam Na sutileza dos tons na alegria de fazer

barulhos musicais modifi cam a muacutesica mil vezes re-arranjada

ajeitam afi nam se enfeitam

e a muacutesica fi nalmente sai Perfeita

AntesClaudia Lapouble

Sssshhiiii

silecircnciosopro suspiro sussurro

sublime submerso submarino submundo

some sobe segue sangue sinistro

sem focirclegosufoco

SClaudia Lapouble

A canccedilatildeo natildeo paacutera O berimbau controla o medo que corre

nas ruas vindo daqueles que natildeo se deixaram dissolver pela

aacutegua trazida com a chuva Na cidade escorre toda a calmaria

e a melodia se arrasta molhando o chatildeo Enquanto o ceacuteu se

desmancha aos poucos sobre a rua deserta eles cantam Voz

para um canto que veio aveludar meus ouvidos acalentar

clamoroso de uma vida inteira e fosse essa noite a vida

inteira fez-se a noite lembranccedila da cantiga que me converteu

inteira Pandeiro Meacutedio Viola e a chuva que ritmava a

cantoria O breu e noacutes no breu O escuro arrasta o invisiacutevel

para dentro da cidade que chora para dentro dos meus olhos

que fi tam atentos os olhos deles que me encantam Hora um

hora outro me arrasta em companhia agrave suas vozes As gotas

respondem ao coro num canto suave o pandeiro acompanha

o berimbau e o repique respinga umas gotas tontas de

musicalidade goteja um som que sobrevoa a superfiacutecie

Sobre o invisiacutevelAmanda Lelis

Gabriel Guedes e violino em show na Praccedila da Liberdade

O som da alma se apresenta em desejo e verso livre

na terccedila indecente suave

no violino do seus sonhos em coro cresce a quarta corda

dissonante

eacute a Musica

No canto viacutevido em tom sincero e leve expande

compaixatildeo as notas graves

fi delidade ao escrever a voz da alma sobre arpejos

inconstantes

eacute a Musica

MuacutesicaPedro Gontijo e

Bernardo Gontijo

Te aperto contra o peito

te penduro nas costas

no churrasco passa de matildeo em matildeo

e ainda assim me faz companhia

nas noites de solidatildeo

Ode ao violatildeoBaacuterbara Rodrigues

Ajude a costurar nossa colcha balaioretalhosgmailcom

24 - Colcha de retalhos corrigidoindd 124 - Colcha de retalhos corrigidoindd 1 82809 115124 AM82809 115124 AM

Page 14: Jornal O Ponto - agosto 2009

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

14 bull Especial Editor e diagramador da paacutegina

19991999 2000 2004

Esta mateacuteria assinada pelos ex-alunos Ernesto Braga e Pedro Henrique Blank denunciou a poluiccedilatildeo no Rio das Velhas A partir da constataccedilatildeo de que 90 da carga poluidora lanccedilada no rio era proveniente da coleta dos esgotos domeacutesticos ldquoNa eacutepoca o entatildeo superintendente do jornal Estado de Minas Eacutedison Zenoacutebio publicou uma nota em sua coluna no jornal parabenizando pela mateacute-riardquo recorda o professor Rogeacuterio Bastos

Em ldquoAnunciou virou mancheterdquo o aluno Pedro Penido criticou a cobertura da imprensa entorno do deacutefi ct zero e a publicidade do governo do Estado sobre esse fato estampada nos trecircs jornais da capital Jaacute ldquoA imprensa errourdquo eacute uma criacutetica ao comportamento da imprensa na cobertura de um assassinato no Edifiacutecio JK O trabalho dos repoacuterteres Sinaacuteria Ferreira e Guilhermo Tacircngari pautou uma discussatildeo no Brasil das Gerais da Rede Minas Sinaacuteria Ferreira monitora na eacutepoca foi uma das participantes do programa

O Ponto eacute lanccedilado O impresso vem entatildeo ao mundo em for-mato Standard 315 mm x 560 mm papel jornal

jornalismo Faacutebio Santos que participou do processo seletivo do nome do jornal-laboratoacuterio do curso de Jornalismo da Fumec ldquoCriei acuteO Ponto` pensando no sentido ortograacutefico e ao mesmo tempo no signifi-cado da palavra como ponto de vistardquo

ldquoO Ponto eacute um nome de impacto Representa o acircngulo o lsquoxrsquo da questatildeordquo explica Joatildeo Henrique Faria que na ocasiatildeo participou do processo de escolha do nome O acutex` a que Faria se refere diz respeito a forma mais precisa de tratar um acontecimento Na seara jornaliacutestica consiste em diagnosticar o que de mais importante existe no fato esmiuccedilar seus anteceden-tes e desdobramentos O objetivo eacute enfi m noticiar de forma complexa contextualizada sem contudo recair no erro de julgar fazer juiacutezo de valor sobre um determi-nado acontecimento

Porque mudar eacute precisoEm maio de 2009 foi lanccedilado o novo projeto graacutefi co

do jornal com draacutesticas mudanccedilas de formato estilo e tambeacutem de logomarca cujo grafi smo conteacutem agora um ponto dentro da letra ldquoordquo reforccedilando a marca do impresso em seu nome O novo logotipo do jornal O Ponto eacute meacuterito do aluno do 2ordm periacuteodo do curso de Design Graacutefi co da Fumec Giovanni Batista Cocircrrea vencedor do concurso de reformulaccedilatildeo do logotipo

do jornal ldquoUsei uma fonte parecida com a anterior e desenhei a primeira letra lsquoorsquo da palavra como um lsquopontorsquo aproveitando sua forma natural pois acredito que uma marca deve ser simples e ao mesmo tempo marcanterdquo explica

A nova reformulaccedilatildeo graacutefi ca coordenada pela pro-fessora Duacutenya Azevedo e que contou com dois volun-taacuterios ndash os alunos Roberta Andrade e Pedro Leone - foi desenvolvido no segundo semestre de 2008 com base em pesquisas bibliograacutefi cas

De forma geral a opccedilatildeo por migrar do formato Stan-dart (o antigo jornalatildeo ndash de 53 cm de altura por 297 de largura) para o Berliner (289 cm por 43 cm) veio da demanda de adequaccedilatildeo as transformaccedilotildees que o meio impresso vem passando no mundo e no Brasil dimi-nuiccedilatildeo do puacuteblico leitor em detrimento dos veiacuteculos digitais o que culminou na reduccedilatildeo dos lucros dos jornais e do pessoal ndash jornalistas nas redaccedilotildees O que acentuou a disputa entre os jornais pelo leitor gerando a necessidade de reinvenccedilatildeo dos layouts para capta-ccedilatildeo deste puacuteblico que estaacute migrando para os canais de notiacutecia instantacircnea na internet

Conforme explica a professora Duacutenya Azevedo o formato Berliner eacute economicamente mais vantajoso - sua impressatildeo eacute mais barata e desperdiccedila menos papel eacute um formato mais praacutetico de ser manuseado

e passiacutevel de se aproximar de um layout de revista tipo de impresso mais bem acabado esteticamente e benquisto Razotildees estas ndash economia esteacutetica e tipo de manuseio - que infl uenciaram na decisatildeo de reformu-lar O Ponto

ldquoO objetivo do novo formato eacute aproximar O Ponto do estilo magazine (revista) ateacute mesmo pela sua periodi-cidade mensalrdquo explica Roberta Andrade ldquoQueriacuteamos diminuir o formato preservando poreacutem a valorizaccedilatildeo do textordquo reforccedila Pedro Leone Assim optou-se por uma tipografi a mais espaccedilada e menor para compor um layout mais arejado modernordquo

Eacute nesta linha de atuaccedilatildeo mantendo as antigas pre-missas do curso de liberdade de atuaccedilatildeo democracia e de ensaios profi ssionais que O Ponto segue traccedilando sua trajetoacuteria no espaccedilo acadecircmico concomitante-mente a histoacuteria dos estudantes no curso Sempre tendo em mente que a credibilidade de um jornal pre-cisa ser renovada constantemente seja ele velho ou novo Tenha ele 10 ou 100 anos de existecircncia Seja ele profi ssional ou laboratorial pois o que deve ser exal-tado e cumprido eacute a seriedade do trabalho sem isen-ccedilatildeo de culpa e responsabilidade em caso de erros Pois o desafi o em qualquer um dos veiacuteculos ndash seja um jornal renomado ou universitaacuterio eacute reportar com eacutetica e pro-fi ssionalismo as informaccedilotildees prestadas ao leitor

Alguns marcos em 10 ANOS

Imag

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O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Especial bull 15

2006

No fi nal de 2005 o jornal obteve outro rele-vante resultado um estudo sobre sua proposta editorial Os ex-alunos de jornalismo formados em 2005 Rafael Werkema e Renata Quintatildeo produziram o livro Jornal laboratoacuterio - uma pro-posta editorial criacutetica como parte do projeto de conclusatildeo de curso e dedicaram esta obra ldquoa todos os que veem O Ponto como espaccedilo para a formaccedilatildeo de agentes transformadores da socie-daderdquo Werkema declarou tambeacutem que este estudo abre refl exatildeo sobre a importacircncia do jornalismo impresso experimental que difere do modelo sisudo e congelado da grande imprensa

20092009Em janeiro de 2006 o jornal recebeu o precircmio Patildeo de Queijo de notiacutecias (PQN) Na eacutepoca a ex-coordenadora de O Ponto Ana Paola Valente fez a seguinte declaraccedilatildeo sobre o feito ldquoEsta eacute uma conquista coletiva construiacuteda principalmente pelos alunos que fazem o jornal e acreditam neste projetordquoEm maio o jornal foi eleito o melhor jornal laboratoacuterio da Ameacuterica Latina na III Mos-tra Internacional da Pesquisa Experimen-tal da Comunicaccedilatildeo EXPOCOM-SUR

2005

Para aleacutem das atividades ligadas ao produto impresso O Ponto tambeacutem se faz presente em vaacuterias iniciativas e eventos na Faculdade de Ciecircncias Humanas Uma dessas accedilotildees foi o debate poliacutetico entre os candidatos agrave Prefeitura de Belo Horizonte em 2008 Organizado pelos monitores de O Ponto e da Redaccedilatildeo Modelo e orien-tados pelos professores coordenadores o evento reuniu seis dos nove candidatos ao pleito no auditoacuterio Phoenix da Fumec no mecircs de setembro

Dois assuntos mar-caram a tocircnica do debate dos candida-tos as preocupaccedilotildees com educaccedilatildeo e com o transporte puacuteblico na capital mineira As inquietaccedilotildees estiveram presentes nas questotildees apresentadas pelos estudantes O auditoacuterio recebeu mais de 200 universitaacuterios

Compareceram ao evento os candi-datos Gustavo Valadares (DEM) Jorge Periquito (PRTB) Leonardo Quintatildeo (PMDB) Pedro Paulo (PCO) Seacutergio Miranda (PDT-PCB) e Vanessa Portu-gal (PSTU) Somente trecircs candidatos ndash Andreacute Alves (PT do B) Jocirc Moraes (PC do B) e Maacutercio Lacerda (PSB) ndash natildeo partici-

param e alegaram confl ito de agenda Os presentes elogiaram a organizaccedilatildeo

do evento e destacaram a importacircncia de se promover esclarecimentos poliacuteticos aos jovens jaacute que o tempo de duraccedilatildeo dos programas eleitorais na miacutedia natildeo era sufi ciente para informar os eleitores sobre os problemas da cidade bem como das propostas dos candidatos ao pleito

O envolvimento da equipe de O Ponto natildeo para por aiacute Em colaboraccedilatildeo com o Nuacutecelo de Estu-dos Escola da Ter-ceira Idade (Neeti) o laboratoacuterio assumiu tambeacutem no uacuteltimo semestre a diagrama-ccedilatildeo e fechamento do jornal Degrau publi-caccedilatildeo semestral dos alunos do curso que produzem crocircnicas poesias e outros tex-tos de cunho pessoal

Em momentos de polecircmica a ordem eacute arregaccedilar as mangas Apoacutes decisatildeo do Supremo Tribunal Federal no fi nal do primeiro semestre deste ano de por fi m agrave obrigatoriedade do diploma para o exer-ciacutecio profi ssional do jornalismo os moni-tores de O Ponto foram mobilizados para sair em campo e ouvir os profi ssionais do mercado sobre o impacto da decisatildeo na

vida dos atuais e futuros profi ssinais Como resultado da iniciativa foi pro-

duzido um viacutedeo com depoimentos de representantes da imprensa belo-hori-zontina tranquilizando os estudantes e avaliando como baixo o impacto da medida do STF na hora da contrataccedilatildeo prevalecendo a importacircncia de se ter um curso de formaccedilatildeo jornaliacutestica

Ensino de qualidadeO laboratoacuterio de jornalismo impresso

da Fumec prima tambeacutem pela qualidade do ensino As atividades de produccedilatildeo de cada ediccedilatildeo do jornal laboratoacuterio assim como a delimitaccedilatildeo dos papeacuteis dos par-ticipantes e colaboradores em cada uma delas satildeo todas executadas e coordena-das por estudantes Os alunos desde o primeiro semestre do curso satildeo estimu-lados a participar de O Ponto

As reuniotildees de pauta satildeo divulgadas para todo o corpo dicente de Jornalismo e coordenadas pela monitoria As suges-totildees de assuntos e enfoques para as mateacute-rias satildeo responsabilidade dos alunos que estatildeo cursando a disciplina Ediccedilatildeo II Eles assumem a ediccedilatildeo do jornal a cada semestre orientados pelo professor da disciplina e auxiliados pelos monitores

Quanto agrave apuraccedilatildeo das mateacuterias a reportagem pode ser executada por todos os periacuteodos A fotografi a tambeacutem eacute uma atividade preferencialmente dos alunos do curso Iniciativas de convergecircncia

tambeacutem satildeo praticadas pelos estudantes da Fumec como por exemplo em repor-tagem publicada na ediccedilatildeo nuacutemero 69 Intitulada ldquoEstudante vira gari por um diardquo a reportagem foi produzida para o impresso para a internet (Ponto Eletrocirc-nico) e em viacutedeo simultacircneamente Para isso uma equipe foi para as ruas executar a reportagem e no caso do repoacuterter tam-beacutem da coleta de lixo

A ediccedilatildeo do texto e a diagramaccedilatildeo satildeo executadas pelos alunos que estatildeo cur-sando Ediccedilatildeo II A revisatildeo fi nal do texto e do layout da paacutegina satildeo tarefas dos monitores e posteriormente o material eacute enviado para a graacutefi ca

O Jornal Laboratoacuterio O Ponto eacute na avaliaccedilatildeo do Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social da Universidade Fumec Seacutergio Arreguy o principal ins-trumento de experimentaccedilatildeo para o jor-nalismo impresso ldquoElaborado desde o projeto graacutefi co pautas apuraccedilatildeo e produ-ccedilatildeo de mateacuterias pelos alunos sob a super-visatildeo e coordenaccedilatildeo dos professores eacute o resultado de muito trabalho dedicaccedilatildeo e comprometimento de todos os envol-vidos materializado em um Jornal de excelente qualidade Refl exo de um curso seacuterio aprovado e reconhecido sobretudo pelo mercado de Belo Horizonterdquo

Aureacutelio JoseacuteCoordenador do Jornal-laboratoacuterio e

professor do curso de Jornalismo

Atividades vatildeo aleacutem da produccedilatildeo impressa

ldquoResultado de muito trabalho e

comprometimento o jornal eacute refl exo

de um curso seacuterio e reconhecido pelo

mercado de BHrdquoSeacutergio Arreguy coordenador do curso de Comunicaccedilatildeo Social

12-16 - 10 anos O Pontoindd 412-16 - 10 anos O Pontoindd 4 82809 34457 PM82809 34457 PM

O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

16 bull Especial

Com a palavra alguns ex-monitores

ldquoO meu

primeiro contato praacutetico

com o jornalismo ocorreu no Jor-

nal O Ponto Durante oito meses

como

monitor e nos quatro anos de curso

vivi cada

dia na redaccedilatildeo e pude ajudar a c

onstruir com

reportagens diagramaccedilotildees ou material fotograacutefi co

esse jornal que respeito muito por

ter me mostrado de

forma sincera alguns valores da mi

nha profi ssatildeo

As discussotildees interessadas que tive

mos naquela redaccedilatildeo

fi cam para toda a carreira juntame

nte com as boas pessoas

com as quais pude conviver nesse

periacuteodo Com o Ponto

percebi que o jornalismo antes de

escrever deve ldquoolharrdquo

para o mundo e buscar seu recorte

Por mais difiacutecil que

fosse terminar uma paacutegina sempre

compensava olhar para

ela impressa na pilha de jornais

no fi m do mecircs Esse

desafi o nos motivou e deve motivar

a cada diardquo

Enzo Menezes ex-monitor

ldquoDurante um ano e meio fui moni-

tora do jornal O Ponto podendo

adquirir muito conhecimento Mesmo

sendo um jornal mensal e por isso com-

posto de reportagens natildeo de notiacutecias pude

aprender sobre a rotina de uma redaccedilatildeo Aprendi

como nasce um jornal desde a reuniatildeo de pau-

tas o acompanhamento dos repoacuterteres e editores

revisatildeo das paacuteginas montagem da boneca o fecha-

mento ateacute o jornal impresso Comecei no jornal no

sexto periacuteodo entatildeo tive que apreender a editar

e diagramar uma paacutegina Ao mesmo tempo tambeacutem era

responsaacutevel pela ediccedilatildeo fi nal do jornal tendo que

colaborar com os demais alunos Foi muito grati-

fi cante fazer parte da equipe do jornal labora-

toacuterio foi um grande aprendizadordquo

Poliane Bosco ex-monitora

ldquoFui um dos primeiros monito-res do jornal e da 1ordf turma de jornalismo da Fumec Como na eacutepoca os repoacuterteres eram voluntaacuteriospassaacutevamos nas

salas chamando o pessoal Nas primeiras ediccedilotildees ateacute falavam que existia uma lsquopanelinharsquo porque as

mateacuterias eram sempre dos mesmos - eu o Ernesto Braga o Pedro Blank por exemplo porque era quem se interessava em escrever A mateacuteria que me marcou mais foi a primeira a primeira a gente nunca esquece (risos) Acho que o tiacutetulo era lsquoDe volta aos porotildees da loucurarsquo que saiu como manchete na primeira ediccedilatildeo e era sobre um manicocircmio em Barbacena O pessoal de psicologia ia fazer um estudo laacute e nos ofere-cemos para cobrir Vimos que a situaccedilatildeo do lugar era a mesma haacute 20 anos segundo um livro dos anos 80 sobre a instituiccedilatildeordquo

Murilo Rocha ex-monitor

ldquoA moni-toria foi uma experiecircncia

muito bacana pois foi a primeira vez que tive contato com a produccedilatildeo de

um jornal Tiacutenhamos a funccedilatildeo de editar mas tambeacutem faziacuteamos mateacuterias diagramaacutevamos tiraacute-

vamos fotos orientaacutevamos os repoacuterteres enfi m era uma trabalheira soacute Lembro-me de uma mateacuteria que fi z sobre salaacuterio miacutenimo (maio2001 14ordf ediccedilatildeo) e ganhou a manchete de O Ponto para minha surpresa Eu e o Daniel Bianchini na eacutepoca fotoacutegrafo e teacutec-nico do laboratoacuterio de fotografi a da Fumec subimos a favela para saber quantas eram e como viviam as

pessoas que recebiam um salaacuterio miacutenimordquo

Angeacutelica Diniz ex-monitora

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Foto arquivo O Ponto

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Esporte bull 17Editor e diagramador da paacutegina Rodrigo Zavaghli e Joatildeo Procoacutepio 6ordm periacuteodo

Domingo um dia em que a populaccedilatildeo de um paiacutes inteiro parou diante das tevecircs para assistir ao embate de duas equipes esportivas disputando o tiacutetulo nacional O vencedor vem estabelecendo uma supremacia invejaacutevel Eacute o maior ganha-dor da deacutecada e jaacute desponta como favo-rito para a proacutexima temporada Enfrenta apenas um desafi o manter o elenco para continuar competitivo em um ramo que movimenta milhotildees em dinheiro anualmente

Poderia estar falando do Brasil e o time citado poderia perfeitamente ser o Satildeo Paulo Mas a cena descrita se passa nos Estados Unidos o campeatildeo se chama Los Angeles Lakers e o esporte natildeo eacute o futebol mas sim o basquete Com uma atuaccedilatildeo impecaacutevel do cestinha Kobe Bryant os Lakers derrotaram o Orlando Magic em uma seacuterie melhor de sete jogos levantando o caneco pela quarta vez desde o ano 2000 Eacute o deacutecimo tiacutetulo do teacutecnico Phil Jackson em 15 da equipe de LA Somados a esses nuacutemeros 15 milhotildees de televisores americanos esta-vam ligados no jogo durante a exibiccedilatildeo e a movimentaccedilatildeo fi nanceira do esporte tambeacutem natildeo fi ca atraacutes das grandes trans-ferecircncias de jogadores brasileiros para o futebol europeu A estrela do basquete Shaquille OacuteNeil deve trocar de time por nada menos que 20 milhotildees de doacutelares -uma pechincha- Mostra-se assim que o basquete pode seguir uma foacutermula de sucesso da mesma forma que fazemos com o nosso esporte nacional

A liga americana eacute uma das mais assis-tidas no paiacutes e no mundo sendo transmi-tida para 42 paiacuteses e possui uma foacutermula diferente e atraente com fase de grupos os famosos mata-matas e divisotildees por conferecircncias tornando toda a temporada uma grande festa com direito inclusive agraves tradicionais e nada desejaacuteveis brigas de torcida

A NBBA Associaccedilatildeo Nacional de Basquete

dos Estados Unidos a NBA eacute o exemplo que o Brasil estaacute tentando seguir para reerguer o esporte no paiacutes A preocupa-ccedilatildeo eacute grande uma vez que por exemplo a equipe masculina nacional que jaacute con-tou com estrelas como Oscar Schmidt aleacutem de jogadores que hoje fazem fama no exterior como Leandrinho Nenecirc e Anderson Varejatildeo nem se quer conquis-tou vaga para disputar as duas uacuteltimas olimpiacuteadas Isso para um esporte em que o Brasil jaacute foi campeatildeo mundial no cada vez mais longiacutenquo ano de 1959 eacute sinal de crise

Mas o racha no basquete brasileiro natildeo envolve apenas o desempenho do time em quadra Nos uacuteltimos anos o que se viu foi um show de falta de organizaccedilatildeo por parte da Confederaccedilatildeo Brasileira de Basquete (CBB) que em 2006 natildeo con-seguiu promover o campeonato nacio-nal ateacute o fi m Faltou a fi nal e a histoacuteria

enveredou para a poliacutetica Os clubes paulistas insatisfeitos com a conjun-tura romperam com a confederaccedilatildeo e disputaram um torneio paralelo criado por eles em 2008 No preacute-oliacutempico do mesmo ano a seleccedilatildeo brasileira dispu-tou por vaacuterios motivos muitos deles obscuros com desfalque de todos os jogadores que disputavam a Liga Ame-ricana Perdeu

Insustentaacutevel por si soacute a nova aposta da CBB eacute o Novo Basquete Brasil A sigla NBB natildeo foi por acaso A semelhanccedila com a NBA eacute justamente o foco do novo torneio organizado pelos clubes com a chancela da Confederaccedilatildeo Eacute uma ten-tativa de reconciliaccedilatildeo dos times com a entidade dos jogadores com a seleccedilatildeo e por consequumlecircncia das torcidas com a quadra O formato traz turno returno e fase fi nal com mata-mata para defi nir semifi nalistas e fi nalistas A fi nal eacute deci-dida em no maacuteximo cinco partidas E que comece a campanha para as Olim-piacuteadas do Rio

OlimpiacuteadasQue o governo brasileiro estaacute em cam-

panha para sediar os Jogos Oliacutempicos de 2016 jaacute estaacute claro para todo mundo O que acontece nas entrelinhas poreacutem eacute um esforccedilo coletivo por parte da miacutedia do governo e de todo o setor esportivo em geral em alavancar o esporte no paiacutes Desmistifi car a conversa de que aqui soacute o futebol presta Eacute bom para os clubes bom para os cofres puacuteblicos e bom para as empresas privadas fora a melhoria na imagem do paiacutes laacute fora Para se ter uma ideia o Pan do Rio gastou cerca de sete milhotildees de reais em uma soacute cidade Jaacute a reforma do Maracanatilde palco da fi nal da copa de 2014 tem orccedilamento pre-visto em ateacute 1 bilhatildeo Eacute muito dinheiro envolvido e logicamente muita gente interessada

O NBB se torna claramente mais uma peccedila nesse complexo tabuleiro aonde o objetivo eacute vender o Brasil como paiacutes do esporte Ronaldo Adriano Fred fora outras movimentaccedilotildees de grandes estrelas do esporte nacional que retor-nam ao paiacutes mostram que aos poucos estamos tentando construir uma cultura esportiva o que nos encaixa como uma luva na candidatura para as olimpiacuteadas

A verdade eacute que temos um longo caminho a percorrer O Rio de Janeiro jaacute ateacute possui um esqueleto de estrutura eacute verdade feita nos Jogos Pan Ameri-canos de 2006 e pretende ampliar o investimento com a Copa do Mundo de futebol mas a incompatibilidade ainda eacute latente Falta resolver o problema da seguranccedila puacuteblica A reforma do estaacute-dio do Maracanatilde jaacute tem orccedilamento mas natildeo tem quem pague E o que sinaliza o desespero para ser capaz de receber um evento desse porte eacute a corrida das cidades sede da Copa de 2014 Das 12 cidades sede todas com planejamentos astronomicamente caros para a compe-ticcedilatildeo apenas uma ndashBrasiacutelia- declarou de onde viraacute o dinheiro

Formaccedilatildeo de baseO lado positivo de toda a politicagem

que envolve a corrida pelas olimpiacuteadas eacute a formaccedilatildeo de novos atletas e de esco-linhas de base nos vaacuterios clubes do paiacutes Afi nal se por um lado esporte eacute fi nan-ceiramente um bom negoacutecio ele natildeo deixa de ser saudaacutevel e interessante para a sociedade A efi ciecircncia de escolinhas de esporte nas periferias em termos de estatiacutesticas de criminalidade aleacutem do trabalho seacuterio de dignidade e auto-estima que eacute feito na grande maioria dos casos por professores voluntaacuterios eacute inegaacutevel

O Mackenzie Esporte Clube tradi-cional formador de atletas de Belo Hori-zonte por exemplo usa suas escolinhas de esporte para segundo sua assessoria de imprensa auxiliar na educaccedilatildeo e inte-graccedilatildeo social de crianccedilas e jovens Aleacutem dos clubes escolas particulares ou seja com verbas como o Coleacutegio Santo Agos-tinho realizam projetos sociais para pro-mover a integraccedilatildeo e dignidade atraveacutes do esporte Exemplo disso era o time de vocirclei Sada Betim hoje Sada Cruzeiro que enquanto ainda associado agrave prefeitura da cidade e usando suas dependecircncias abria portas para jovens da periferia para integrar suas escolas baacutesicas do esporte

Estrutura para tais iniciativas eacute o que natildeo falta O Minas Tecircnis clube de maior destaque no cenaacuterio esportivo mineiro eacute o detentor de uma das mais invejaacuteveis estruturas esportivas do paiacutes Eacute o exem-

plo de que eacute possiacutevel dar suporte para for-mar equipes competitvas em vaacuterios espor-tes Finalista da Superliga de vocirclei clube de formaccedilatildeo do medalista pan americano Th iago Pereira da nataccedilatildeo medalista oliacutempico do judocirc com Ketleyn Quadros e semifi nalista da NBB com a equipe de basquete Conquistas que geram pergun-tas Eacute possiacutevel estender tamanho sucesso para a populaccedilatildeo em geral O Brasil seraacute capaz de utilizar o potencial que tem de mobilizar a sociedade por causas tatildeo inte-ressantes quanto o esporte para alavan-car os setores prejudicados de seu povo ou vai jogar todos os problemas e todas as desculpas por suas falhas sob o grande guarda-chuva da beleza do esporte Seraacute as Olimpiacuteadas uma oportunidade para o sucesso ou mais uma grande farra para os poliacuteticos e para a miacutedia

O Novo Basquete Brasil pode ser parte da resposta O objetivo principal do tor-neio eacute revigorar o esporte atrair o puacuteblico de volta e recolocar o basquete brasileiro em niacuteveis oliacutempicos para em seu obje-tivo secundaacuterio apoiar a campanha para o Rio 2016 Se der certo bom para o Bra-sil Ganha em notoriedade em trabalho bem feito e abre um leque de esperanccedilas para os projetos que viratildeo Se der errado reforccedila a capacidade do brasileiro de fazer auecirc sem saber aonde vai dar E costuma dar em pizza Em obras superfaturadas em estrutura precaacuteria e em novas festas como mensalotildees castelos e farras aeacutereas em geral

O Novo Esporte BrasilFinal do Novo Basquete Brasil levanta a discussatildeo das poliacuteticas esportivas no Brasil

PEDRO LEONE

6ordm PERIacuteODO

Foto Divulgaccedilatildeo

Minas e Flamengo em jogo realizado na arena da Rua da Bahia

17 - novo esporte brasilindd 117 - novo esporte brasilindd 1 82809 115027 AM82809 115027 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

18 bull Entretenimento Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O que vocecirc acha que o CQC traz de novo para a TV brasileira

Rafi nha Bastos O CQC eacute um formato novo Soacute o fato de existir um formato novo numa televisatildeo tatildeo repetida porque os formatos se repetem muito na televisatildeo a novela do SBT eacute igual a da Band que eacute igual a da Globo que eacute igual a da Record os telejornais tambeacutem satildeo parecidos os programas de auditoacuterio Entatildeo soacute o fato de ser um programa diferente um formato de televisatildeo diferente jaacute eacute uma novidade Eu acho que eacute isso que o CQC traz

OPComo vocecirc entende a junccedilatildeo de ldquojornalismo e humorrdquo

RB Eu acho que o jornalismo eacute muito convencional Ele tem um formato muito especiacutefi co no Brasil haacute muito tempo Entatildeo o fato de a gente estar fazendo uma coisa mais bem humorada vem quebrar um pouco com esses paradigmas que satildeo muito estabelecidos do jornalismo A gente estaacute fazendo de uma maneira diferente de fazer o jornalismo Eu acho interessante a receptividade que eu tenho tido com as mateacuterias laacute do ldquoProteste Jaacuterdquo Satildeo muito legais o povo gosta e se sente representado Entatildeo eu acho que tem sido muito bom

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

RB Natildeo existe isso Eu sou contra esse negoacutecio de ldquohumor inteligenterdquo porque natildeo eacute porque o Tiririca faz um humor para o povatildeo que ele natildeo eacute inteligente Ele eacute um gecircnio aliaacutes entendeu Natildeo acho que a questatildeo eacute ldquointeligenterdquo Eu acho que a questatildeo eacute a seguinte o humor do CQC precisa de mais referecircncia O pessoal precisa conhecer um pouco das coisas que a gente estaacute falando estar um pouco informado sobre poliacutetica Talvez a pessoa que assiste ao CQC esteja atraacutes de um humor com mais informaccedilatildeo um humor mais criacutetico e o humor natildeo eacute tatildeo popular mas natildeo signifi ca que natildeo eacute mais inteligente do que o humor popular

OPVocecirc natildeo teme que o CQC caia na ldquomesmicerdquo

RB Eacute muito cedo para dizer ainda Muito cedo O que acontece eacute que os pro-gramas humoriacutesticos caem na mesmice e isso eacute estrateacutegico O ldquoNerson da Capi-tingardquo faz a mesma piada toda semana

porque as pessoas precisam entender a piada O povatildeo a galera ldquomassardquo precisa saber a hora que ela tem que rir Por isso que parece que eacute muito repetitivo Porque natildeo eacute um humor feito pra gente natildeo eacute um humor feito para a galera faculdade para a galera que tem um espiacuterito criacutetico um pouco mais aguccedilado Eacute para o povatildeo Eacute muito bem feito A tendecircncia do CQC natildeo eacute ir por esse caminho mas pode ser que ele se repita Isso eacute uma busca eterna

OPA experiecircncia da stand-up comedy contribui para a abordagem de suas fontes

RB O fato de eu ser comediante me ajuda Eu faccedilo um programa de humor hoje que por mais que tenha uma pegada jornaliacutestica eacute um programa de humor O objetivo dele eacute ser engraccedilado eacute ser divertido Tanto a minha formaccedilatildeo de jornalista quanto o meu trabalho de comediante estatildeo juntos ali quando eu estou na frente do viacutedeo

OPEm sua opiniatildeo onde podemos perceber o jornalismo no CQC

RB O quadro ldquoProteste jaacuterdquo eacute o quadro mais jornaliacutestico do programa Ele aborda os problemas levanta e vai atraacutes de soluccedilotildees conversa com os governantes Eu acho que esse eacute o quadro mais jornaliacutestico mas natildeo signifi ca que as mateacuterias de ldquobaladardquo natildeo sejam jornaliacutesticas Mas eu soacute acho que o mais parecido com o formato tradicional de jornalismo eacute o ldquoProteste Jaacuterdquo

OPComo vocecirc percebe a inserccedilatildeo da publicidade no programa Vocecirc acha que o excesso de propaganda pode pre-judicar a atraccedilatildeo

RB Eu acho que eacute feito de uma maneira muito suave Eacute algo inovador O que o CQC faz natildeo existe em nenhum outro programa A gente natildeo interrompe natildeo mostra nenhum produto ou merchan durante o programa Satildeo propagandas fei-tas com o proacuteprio elenco Entatildeo eu acho

que eacute diferente e o programa tem que se bancar Ele precisa ter publicidade

OPMas vocecirc natildeo acha que haacute uma quebra do discurso Por exemplo o Marcelo Tas chama uma mateacuteria ldquoredondardquo e faz menccedilatildeo a uma determi-nada marca de cerveja Quando manda a mateacuteria haacute um corte com outra propa-ganda entrando

RB Vocecirc natildeo acha isso muito melhor do que parar e falar assim ldquogente vamos falar de seguro sauacutederdquo e a pessoa sair Vocecirc tem que vender vocecirc tem que fazer publicidade Natildeo tem como O programa precisa se bancar de alguma forma Eu acho que a melhor maneira uma maneira interessante de fazer os merchans eacute da maneira como a gente faz Natildeo inter-rompe natildeo tem a ver com a mateacuteria natildeo estaacute no meio do conteuacutedo natildeo tem a ver com o conteuacutedo do programa estaacute sepa-rado Eu acho que eacute uma maneira tran-quila Se eacute a melhor maneira eu natildeo sei mas eu acho interessante

OPEm abril assessores de comuni-caccedilatildeo dos parlamentares se reuniram em Brasiacutelia para questionar a liberdade com que os repoacuterteres atuam no Con-gresso Nacional O diretor de comuni-caccedilatildeo da Cacircmara poreacutem afi rmou que natildeo alteraria as regras atuais e que cabia aos assessores explicar aos deputados como lidar com o tipo de jornalismo praticado pelos programas O CQC foi pivocirc desta atitude

RB O Congresso faz as leis dele O Congresso olha muito para o proacuteprio umbigo Natildeo existe nada que infl uencie diretamente as decisotildees do Congresso Eles decidem por eles mesmo Por isso que eles estatildeo em Brasiacutelia que fi ca a 500 km de Rio e Satildeo Paulo

OPVocecirc acha que os poliacuteticos satildeo alvo faacutecil para o humor Por quecirc

RB Eu acho que natildeo Eu acho que os poliacuteticos satildeo difiacuteceis porque satildeo uma concorrecircncia para os comediantes Os proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia entatildeo jaacute eacute muito difiacutecil vocecirc tirar sarro de algo que jaacute eacute engraccedilado As notiacutecias do ldquoJornal Nacionalrdquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQC Eacute mais difiacutecil ainda Eacute uma busca eterna para natildeo fi car se repetindo e natildeo fi car falando coisas que jaacute satildeo ditas por outros telejornais

Os bastidores do risoEm entrevista exclusiva Rafi nha Bastos repoacuterter do programa televisivo Custe o Que Custar (CQC) abre o jogo e conta como o humor eacute levado a seacuterio na atraccedilatildeo semanal na emissora Bandeirantes

Uma das cenas protagonizadas por Rafi nha Bastos no quadro ldquoProteste jaacuterdquo

ldquoOs proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia () As notiacutecias do lsquoJornal Nacionalrsquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQCrdquo

Rafi nha Bastos

AMANDA ARAUacuteJO

FLAacuteVIO CAMPOS

NATASHA MUZZI

8ordm PERIacuteODO

Belo Horizonte abril de 2009 Enquanto esperaacutevamos a reapresen-taccedilatildeo da peccedila ldquoArte do Insultordquo para realizar uma entrevista com o humo-rista Rafi nha Bastos marcaacutevamos quais seriam as principais perguntas que deveriam ser feitas considerando o pouco tempo que teriacuteamos dispo-

niacutevel nos bastidores do evento Casa cheia nervosismo em alta muita gente querendo conversar e chamar a atenccedilatildeo do ldquohomem de pretordquo do programa CQC Difiacutecil tarefa eacute con-seguir uma entrevista quando se eacute apenas estudante Mas conseguimos o acesso e a conversa se estendeu por bem mais tempo do que esperaacuteva-mos Nosso objetivo era questionar o apresentador e repoacuterter sobre a jun-ccedilatildeo entre jornalismo e humor presen-tes no programa por ele apresentado

a fi m de somar ao nosso trabalho de conclusatildeo de curso que apresentava a mesma discussatildeo Em maio de volta agrave mesma casa de espetaacuteculos nos encontramos com o tambeacutem repoacuterter da atraccedilatildeo Danilo Gentili com cer-teza bem mais afi ados e preparados para a sarcaacutesticas intervenccedilotildees do humorista

De forma descontraiacuteda fomos recebidos pelas duas grandes fi guras do Stand-up Comedy e agora ldquoastrosrdquo do irreverente CQC que toparam

falar sobre o jornalismo do programa liberdade de imprensa poliacutetica e claro humor Aleacutem de compor a bancada do programa Rafi nha Bastos eacute jornalista e comediante apresentando espetaacuteculos de improviso por todo o paiacutes Publicitaacuterio e humorista Danilo Gentilli foi um dos fundadores da comeacutedia ao vivo na capital paulista O resultado deste inusitado e divertido bate-papo com os dois repoacuterteres vocecirc confere agora em entrevistas editadas especialmente para O Ponto

Foto Divulgaccedilatildeo

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Entretenimento bull 19Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O ano de 2008 rendeu ao CQC nove precircmios Quatro deles somam como melhor programa de humor eou como melhor produccedilatildeo humoriacutestica Porque vocecirc acha que a miacutedia ainda natildeo premiou o programa como melhor telejornal

Danilo Gentili O CQC trabalha com fatos jornaliacutesticos mas natildeo eacute um telejor-nal O CQC natildeo estaacute todo dia mostrando os fatos do dia entatildeo natildeo pode ser clas-sifi cado como um telejornal O ldquoGlobo Repoacuterterrdquo natildeo pode ser classifi cado ldquoum telejornalrdquo eacute um programa jornaliacutestico Eu acho que a miacutedia natildeo enxerga o CQC como um programa jornaliacutestico Na ver-dade se for para eu escolher se o CQC eacute jornaliacutestico ou humoriacutestico eu escolheria que ele eacute humoriacutestico porque quando eu vou fazer eu me preocupo primeiro em fazer a pessoa rir Eu vou abrir a boca eu vou falar com esse cara mas a uacutenica razatildeo de eu falar com esse cara eacute fazer uma piada Se eu for falar com ele e a pessoa natildeo rir natildeo tem porque eu estar aqui

OPA maioria das pautas poliacuteticas do programa satildeo destinadas agrave vocecirc A que vocecirc atribui isso Vocecirc seria o mais cara de pau dos ldquohomens de pretordquo

DG Pode ser Talvez seja Eu gosto de fazer poliacutetica com um produtor laacute em especiacutefi co A gente vai com muita von-tade de fazer o que a gente faz de chegar para o cara e perguntar Na verdade eacute o seguinte eu natildeo sei os outros repoacuterteres mas eu no CQC natildeo tenho a pretensatildeo de ser amigo de ningueacutem Seja de poliacutetico ou de celebridade eu natildeo tenho a pre-tensatildeo Vocecircs natildeo vatildeo me ver em festas de celebridades ldquoOh fui convidado pra festa e estou aquirdquo Eu natildeo tenho essa vontade natildeo eacute o meu mundo Entatildeo eu vou pra perguntar o que eu sempre quis e talvez o que todo mundo que estaacute em casa sempre quis saber

OPComo eacute a sua preparaccedilatildeo antes de cobrir as pautas poliacuteticas na Casa Legislativa Vocecirc planeja suas piadas antes ou eacute realmente no improviso

DG A reuniatildeo de pauta geralmente acontece no caminho Eu e o produtor ou no aviatildeo ou no carro Eu e o produ-tor falando ldquoquem vocecirc acha que vai estar laacute Ah Tal pessoa tal pessoa tal pessoa fez isso A gente pode falar issordquo A gente tenta mais ou menos ter uma noccedilatildeo do que dizer

OPMas inclui uma piada pronta DG A gente tenta prever e tenta ir

com umas cartas na manga mas a gente sabe que eacute impossiacutevel Porque eu posso ir com uma pergunta pronta e o cara me daacute uma resposta que ningueacutem esperava Aiacute em cima disso eu tenho que fazer outra piada

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

DG Taacute isso no site do CQC Vocecircs acreditaram nisso (risos) Natildeo sei eu acho que o humor tem que ser engra-ccedilado natildeo tem que ser inteligente Eacute o

que eu acho entendeu O que seria humor inteligente Natildeo sei o humor eacute muito subjetivo pra classifi car ldquoesse humor eacute inteligente esse natildeo eacuterdquo Eu acho que o humor inteligente eacute aquele que se comunica de uma forma efi caz com o seu puacuteblico O Tiririca eacute esquisito mais eacute um humor inteligente para muita gente Eu gosto do Tiririca

OPComo publicitaacuterio como vocecirc avalia esse novo modelo de publici-dade inserido no programa

DG Mas natildeo eacute tatildeo diferente assim Na verdade eacute igual as outras porque nas outras o cara faz a propaganda e a agecircncia que ganha e no CQC tambeacutem a gente faz a propaganda e a produtora que ganha

OPVocecirc acha que o riso midiatizado esse humor ldquopastelatildeordquo que a gente vecirc por aiacute deixa perder um pouco da fun-ccedilatildeo do riso que estaacute em ser criacutetico

DG Depende do humor pastelatildeo eu gosto muito Eu gosto do Chaves gosto dos Trecircs Patetas gosto do Jerry Lewis gosto do Mr Been Eacute tudo humor pastelatildeo Eu acho que o termo que vocecirc queira achar natildeo eacute ldquohumor pastelatildeordquo eacute um humor grosseiro tipo ldquoAh vou peidar em puacuteblicordquo e todo mundo ri disso Eacute um humor primaacuterio Tal-vez seja o que vocecirc queria dizer Pastelatildeo eu gosto muito o humor do Chaves eacute pas-

telatildeo e eacute muito inteligente O do Mr Been tambeacutem eacute muito inteligente ele bolar tudo aquilo e tal Agora tem o humor primaacuterio que eacute esse humor de bordatildeo humor de escatologia humor de falar qualquer coisa Geralmente ningueacutem ri se natildeo sabe do que estaacute rindo Eu tento fazer no meu show e no CQC um riso que depende do contexto Vocecirc vai ver isso quando eu for falar com um poliacutetico no CQC Por exemplo eu fi z uma mateacuteria e eu encontrei o Joatildeo Paulo Cunha um cara que era do mensalatildeo Eu sei que 90 do meu puacuteblico do CQC talvez natildeo se lembre ou natildeo saiba quem eacute o cara Entatildeo se eu fi zesse a piada ningueacutem ia rir ningueacutem ia achar graccedila Entatildeo antes de eu chegar no cara eu falei aquele ali eacute tal cara que fez tal coisa e naquela eacutepoca ele fez o mensalatildeo Falou que pagou 50 mil numa conta em TV a cabo e natildeo sei o que Aiacute o pessoal jaacute sabe do que eu vou falar Entatildeo eu jaacute deixei a pessoa a par do conceito Quando eu chego no cara e faccedilo as piadas a pessoa sabe do que eu estou falando Entatildeo eu informei a pessoa para ela poder rir No meu show eu faccedilo isso Eu falo de uma por-ccedilatildeo de coisas que vatildeo rir porque eles estatildeo dentro do conceito Eu vou falar de tracircnsito eu natildeo preciso explicar o que eacute o tracircnsito Todo mundo sabe o que eacute o tracircnsito entatildeo eles acabam rindo disso por exemplo

OPEm entrevista ao portal UOL no dia 24042008 vocecirc disse que os bra-sileiros natildeo tecircm muito senso de humor Porque vocecirc acha entatildeo que o pro-grama estaacute dando certo no Brasil Vocecirc acha que o CQC devolveu agrave sociedade um pouco desse senso

DG O problema do brasileiro eacute que ele tem o senso de humor primaacuterio Ele natildeo tem um senso de humor Pra vocecirc ter senso de humor vocecirc tem que ver o que estaacute acontecendo reconhecer a reali-dade para poder rir dela O brasileiro tem a auto estima muito baixa O brasileiro soacute brinca com os outros ele natildeo brinca con-

sigo proacuteprio Vocecirc vecirc piada de brasileiro eacute sempre o portuguecircs eacute sempre a loira Por exemplo tem o portuguecircs o brasi-leiro e o americano O brasileiro sempre se sai bem ele tem autoestima baixa ele natildeo sabe rir de si Se o CQC devolveu isso para o brasileiro Eu acho que natildeo Pouca coisa a gente devolveu isso para o brasileiro O brasileiro estaacute rindo ainda do poliacutetico ele estaacute rindo ainda da cele-bridade que a gente ridiculariza Eu jaacute saiacute na rua e quando eu fui na ldquoMarcha para Jesusrdquo falar deles ningueacutem riu

OPNo CQC vocecirc tem vontade de fazer o quadro Proteste Jaacute

DG Proteste Jaacute Natildeo sei cara Tudo que eu tenho vontade eu faccedilo Eu tenho von-tade que muita coisa que eu faccedilo entre mas acaba natildeo entrando porque os caras falam que eu pego pesado (risos) Se eu fi zesse o Proteste Jaacute talvez eu fi zesse dife-rente eu natildeo sei Eu natildeo tenho vontade de fazer o Proteste Jaacute natildeo

OPTem alguma entrevista sua que vocecirc considera a melhor

DG Natildeo Tem muita entrevista que eu vejo na TV e falo nossa essa natildeo foi a melhor que eu fiz Porque cortam muita coisa

OPQue elementos jornaliacutesticos vocecirc nota no programa CQC

DG Jornalismo tem porque a gente como fala no iniacutecio do programa eacute um ldquoresumo semanal de notiacuteciasrdquo Mas taacute eacute um resumo semanal de notiacutecias taacute bom vaia gente fi nge que eacute O que tem eacute a gente brinca com algumas coisas que aconteceram durante aquela semana durante aqueles dias proacuteximos Eacute o mais proacuteximo que tem do jornalismo A gente sempre que pode estaacute no fato na hora do fato Mas agraves vezes natildeo daacute entatildeo vai cobrir festinha e natildeo sei o que mas a intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e ldquobrincarrdquo com ele

ldquoA gente sempre que pode estaacute no fato na hora do

fato A intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente

pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e

lsquobrincarrsquo com elerdquo

Danilo Gentili

O humorista Danilo Gentili foi um dos fundadores da comeacutedia ldquocara limpardquo na capital paulista e hoje desafi a poliacuteticos

Foto divulgaccedilatildeo

O cara de pau dos homens de pretoDanilo Gentilli o temido repoacuterter pelos poliacuteticos no dia-a-dia do senado conta como se prepara para as pautas polecircmicas

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O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

20 bull Miacutedia

RENATA VALENTIM

6ordmPERIODO

Que o advento das miacutedias digitais pocircs um ponto de interrogaccedilatildeo no horizonte dos meios tradicionais jaacute se sabe Mas a transformaccedilatildeo destinada ao raacutedio parece ser de fato a de maior impacto Seja no campo das novas tecnologias de trans-missatildeo dos novos suportes ao aacuteudio no nuacutemero de funcionaacuterios contratados ou na avaliaccedilatildeo do poder de infl uecircncia no gosto da audiecircncia a revoluccedilatildeo vivida pelas raacutedios eacute atestada tanto por profi s-sionais da aacuterea quanto pelos ouvintes

O CD hoje obsoleto popularizado no Brasil no fi nal dos anos de 1980 jaacute signi-fi cou uma transformaccedilatildeo importante no dia-a-dia do radialista Em vez de exe-cuccedilotildees musicais feitas pelo LP ou ldquobola-chatildeordquo que o operador ou sonoplasta vigiava do iniacutecio ao fi m da faixa transmi-tida os tocadores de compact disc per-mitiam a programaccedilatildeo de vaacuterias faixas em sequumlecircncia poupando-lhe tempo O que veio a seguir economizou bem mais que isso a inovadora transformaccedilatildeo de muacutesica em kilobytes deu origem a sof-twares de execuccedilatildeo automaacutetica

Assim as raacutedios gerando programa-ccedilatildeo por 24h dispensaram seus locutores e sonoplastas da madrugada e dos fi nais de semana adaptando seus conteuacutedos para que sistemas de automaccedilatildeo tra-balhassem sozinhos Aleacutem das muacutesicas em formato digital apresentaccedilotildees de muacutesica passaram a ser tambeacutem gravadas

e reproduzidas como se fossem feitas ao vivo Natildeo foram poucos locutores desem-pregados No caso das afi liadas de gran-des redes de FM a reduccedilatildeo no quadro de profi ssionais da voz foi ainda maior Em alguns casos haacute somente um ou dois locutores agrave disposiccedilatildeo que datildeo conta da geraccedilatildeo de toda a programaccedilatildeo local

Com experiecircncia na aacuterea haacute mais de 20 anos a locutora e programadora musical Glaacuteucia Lara 40 lamenta ldquoem um fi nal de semana antes das mudanccedilas promo-vidas pelo advento do mp3 cerca de sete pessoas estariam trabalhando em uma emissora de raacutedio Hoje eacute comum esca-lar locutores para comandarem a pro-gramaccedilatildeo ao vivo soacute nos programas que contam com a participaccedilatildeo do ouvinte Do resto quem cuida eacute o computadorrdquo conta ela que jaacute passou por diversas emissoras do interior do estado e por afi -liadas de grandes redes como a Antena 1 de Belo Horizonte E o sonoplasta entatildeo ldquoNa era do CD essa fi gura foi extinta dos quadros O locutor natildeo eacute soacute responsaacutevel hoje por apresentar muacutesicas e interagir com o ouvinte Tambeacutem assumiu a res-ponsabilidade de operar os aparelhos

e pessoalmente acho que isso facilita a locuccedilatildeo porque natildeo haacute mais aquela dependecircncia de um sinal do sonoplasta aquela sintonia de timing necessaacuteria para esse trabalho de equipe decirc certo O locutor faz tudordquo pondera

Eu baixo tu baixasO mp3 tambeacutem alterou a forma de

distribuir novos trabalhos musicais A popularizaccedilatildeo da internet e a troca de arquivos por meio de softwares seme-lhantes ao pioneiro Napster deram iniacutecio agrave decadecircncia dos CDs e ao decliacutenio das grandes gravadoras que fracassaram ao combater tanto a pirataria quanto o com-partilhamento online de mp3

O casamento das gravadoras com o raacutedio e a TV que detinham a foacutermula exclusiva de atrair a atenccedilatildeo do puacuteblico para seu artista entrou em crise A par-ceria de divulgaccedilatildeo perdeu espaccedilo con-sideraacutevel para uma revolucionaacuteria forma de acesso a novos trabalhos musicais feita na internet Para a tristeza de grava-doras e artistas a vendagem de CDs caiu drasticamente fazendo dos shows e tur-necircs sua principal fonte de lucro Foi-se o

tempo em que um artista de sucesso ven-dia mais de 2 milhotildees de coacutepias de seu trabalho o campeatildeo do mercado fono-graacutefi co brasileiro em 2006 Padre Marcelo Rossi registrou cerca de 860 mil coacutepias vendidas de seu aacutelbum ldquoMinha Becircnccedilatildeordquo editado pela Sony BMG Um nuacutemero pequeno se comparado aos 35 milhotildees de coacutepias de seu primeiro disco ldquoMuacutesi-cas Para Louvar ao Senhorrdquo de 1998

A estagiaacuteria de pesquisa de mercado Karina Zandona 22 comprova esse fenocirc-meno Fatilde de Th e Killers ela conta que hoje procura se informar do lanccedilamento de aacutelbuns das suas bandas preferidas por sites especializados e faz download deles quando jaacute estatildeo disponiacuteveis ldquoSoacute ouccedilo muacutesica pelo PC e pelo mp3 player Raacutedio soacute ouccedilo agraves vezes quando minha matildee ouve em casa E sempre satildeo as programa-ccedilotildees informativas como a Raacutedio Itatiaia Natildeo consigo mais fi car exposta a tanto hit lsquoda modinharsquo como os de black music no raacutediordquo diz No caso da comerciaacuteria Ellen Colombini 24 a infl uecircncia da internet eacute ainda mais efetiva ldquoouvia muito raacutedio quando adolescente e assistia muito agrave MTV Era fatilde de coisas do tipo Hanson

por exemplo (risos) Mas quando passei a usar a internet e descobri a maravilha que eacute fazer download de muacutesica natildeo liguei mais o raacutedio Sou viciada em fazer downloads vou baixando tudo o que encontro e que me parece interessante pelo release que acompanha o link ou mesmo pelo nome da banda Escuto tudo e seleciono o que me agrada Se aprovado vou passando adiante E a partir do que eu recomendo para os amigos recebo deles arquivos de artis-tas parecidas com o que eu enviei e sobre os quais natildeo vejo ningueacutem falarrdquo comenta

A engenheira ambiental Eduarda Stancioli 24 eacute ouvinte da Last FM paacutegina online na qual o usaacuterio cria a pragramaccedilatildeo sem a interrupccedilatildeo de publicidade e locutores ldquoComo passo mais tempo usando o computador da empresa que o resto do pessoal e natildeo posso fazer dowloads o site foi uma oacutetima soluccedilatildeo para ouvir muacutesica enquanto faccedilo meus projetosrdquo Eduarda diz que a facildade estaacute no fato da pro-gramaccedilatildeo ser sua criaccedilatildeo onde vocecirc seleciona os artistas ou estilo de muacutesica da sua preferecircncia podendo mudaacute-la qualquer hora E ainda poder contar com sugestotildees musicais do serviccedilo geradas a partir do tipo de muacutesica que se ouve

Contra a mareacuteCurioso eacute o exemplo da estudante

Ceciacutelia Portugal 21 anos Apreciadora de axeacute music adora ouvir a Extra FM enquanto dirige Diferente de Ellen e

Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

O raacutedio na onda do ciberespaccedilo

Imagem do programa de dowloads de arqui-vos de muacutesica e viacutedeos Limewire

Paacutegina da raacutedio na internet a Last FM

Saiba o que a troca de arquivos de muacutesica pela internet fez com o raacutedio de entretenimento como as pes-soas encarram isso e quais satildeo as apostas das raacutedios para natildeo perderem seus ouvintes e patrocinadores

20-21 - Mate ria Ra dio final prontaindd 120-21 - Mate ria Ra dio final prontaindd 1 82809 115051 AM82809 115051 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Miacutedia bull 21Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

Karina o costume de baixar muacutesica pela internet natildeo a afas-tou do haacutebito de ouvir raacutedio ldquooutro dia ouvi uma muacutesica nova do Tomate ex-vocalista do Rapazolla Corri pra casa procurei o arquivo para down-load e depois gravei num CD para ouvir com as amigas no caminho pra baladardquo conta ldquoA maior graccedila do raacutedio que sem-pre tive o costume de ouvir eacute a companhia que faz Parece que natildeo estou sozinha no carro enquanto ouccedilo E me divirto com as esquetes de humor que tecircm por aiacuterdquo diz

Essa parece mesmo ser a nova vocaccedilatildeo do raacutedio como destaca o locutor e produtor Gleyson Lage da 98 FM de Belo Horizonte ndash primeira emissora a operar em frequumlecircncia modu-lada na Ameacuterica Latina ldquoAleacutem das promoccedilotildees e do aumento das formas de interatividade o humor eacute uma forma de fi de-lizar o ouvinte de perfi l mais passivo que tem menos dispo-nibilidade ou motivaccedilatildeo para manter contato por telefone ou e-mailrdquo Apostando nisso a 98 FM ndash cuja programaccedilatildeo eacute 100 local ndash conta com trecircs progra-mas de cunho humoriacutestico para enfrentar a concorrecircncia Os Manos Silicone Show e Graffi ti auto-intitulado o pior programa de raacutedio do Brasil

Para o locutor publicitaacuterio Tovar Luiz 43 o FM nasceu engraccedilado ldquoo grande barato das raacutedios FM desde a sua popu-larizaccedilatildeo no iniacutecio dos anos de 1980 foi o seu perfi l descontra-iacutedo A locuccedilatildeo nessas emisso-ras sempre foi bem mais aacutegil e despojada O hoje apresentador de TV Ceacutesar Filho por exemplo comeccedilou a carreira no raacutedio e

fi cou famoso pelo bordatildeo lsquobeijo pra vocecirc feiarsquo Natildeo era ofensa era pra fazer o ouvinte rir O FM foi uma revoluccedilatildeo em termos de lin-guagemrdquo lembra E ele parece ter razatildeo O programa Pacircnico um dos maiores fenocircmenos televi-sivos dos uacuteltimos tempos eacute deri-vado de um programa de raacutedio da rede Jovem Pan 2 de Satildeo Paulo comandado pelo locutor Emiacutelio Surita Seguindo o fl uxo as demais redes destinadas ao puacuteblico jovem tambeacutem investi-ram na programaccedilatildeo que faz rir E a partir das redes as emissoras locais que fazem concorrecircncia agraves afi liadas tambeacutem acompanham a tendecircncia para natildeo perder seu espaccedilo no mercado

Falando neleExistem hoje 23 FMs no dial

de Belo Horizonte Pelo menos quatro delas satildeo dedicadas aos jovens Jovem Pan 2 (991) Mix FM (917) 98FM (983) e Oi FM (939) Destas somente a 98FM natildeo eacute afi liada de uma grande rede Haacute trecircs anos em atividade na emissora Gleyson Lage confi rma a reduccedilatildeo no nuacutemero de vagas aos profi ssio-nais da aacuterea ldquonuma raacutedio local satildeo necessaacuterios 20 funcionaacuterios para produzir toda uma grade enquanto numa afi liada jun-tando a programaccedilatildeo execu-tada pelo sateacutelite com aquela gerada pela automaccedilatildeo da transmissatildeo apenas cinco datildeo

conta do recado para o tempo destinado agrave grade local Eacute com-plicadordquo conta

No entanto ele vecirc a partici-paccedilatildeo das redes de raacutedio como positiva no que se refere agrave qua-lidade ldquoquando uma rede tem um bom conteuacutedo ndash boa plaacutes-tica bons locutores bons tex-tos ndash ela acaba por estimular as emissoras locais a manterem o mesmo niacutevel Haacute um ganho em criatividade que poderia natildeo existir se todo o conteuacutedo fosse localrdquo acredita

Enquanto isso os ouvintes se queixam da repeticcedilatildeo nas grades musicais ldquochega a ser engraccedilado Estava ouvindo uma muacutesica numa determinada

raacutedio Quando acabou troquei para a estaccedilatildeo seguinte e estava tocando a mesma muacutesica Acho que como todos os meios de comunicaccedilatildeo as raacutedios precisam abrir o leque de opccedilotildeesrdquo opina Karina Zandona estagiaacuteria de pesquisa de mercado 22

Karina completa ldquoateacute a Rede Globo tem inovado na inserccedilatildeo de muacutesicas de artistas desconhecidos do grande puacuteblico como trilha das suas produccedilotildees (como foi o caso do cantor Beirut presente na trilha sonora da minisseacuterie Capitu exibida em janeiro de 2009) O raacutedio podia acompanhar essa tendecircnciardquo sugere

Com a digitalizaccedilatildeo da muacutesica o sonoplasta sai de cena eacute o locutor quem faz tudo

Foto

Robert

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O Ponto

Editor e diagramador da paacuteginaLira Faacutevilla e Felipe Barbosa 6ordm periacuteodo

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

22 bull Cultura

CLAUDIA LAPOUBLE

6ordmPERIacuteODO

ldquoO processo pelo qual se arma-zenam informaccedilotildees no disco de vinil feito de PVC material derivado do petroacuteleo consiste em imprimir nele ranhuras ou ldquoriscosrdquo cujas formas tanto em profundidade como abertura mantecircm correspondecircncia com a informaccedilatildeo que se deseja arma-zenar Essas ranhuras visiacuteveis no disco a olho nu satildeo feitas no disco matriz com um estilete no momento da gravaccedilatildeo Esse esti-lete eacute movido pela accedilatildeo da forccedila magneacutetica que age sobre eletro-iacutematildes que estatildeo acoplados a elerdquo (in Leituras de Fiacutesica GREF- Departamento de fiacutesica da USP SP2005)

Eacute assim que a muacutesica se ldquoimprimerdquo no plaacutestico que depois ao ser arranhado pela agulha libertaraacute novamente os sons no ar Para os apaixonados por vinil o ritual de tirar o disco da estante limpaacute-lo colocaacute-lo no toca discos posicionar a agu-lha delicadamente sobre ele tomando todo o cuidado para natildeo arranhaacute-lo e repetir todo esse processo na hora de virar o disco para ouvir o lado b signi-fi ca uma relaccedilatildeo mais proacutexima com a muacutesica Era preciso dedi-car tempo a escutar o disco Mais do que uma miacutedia de armazena-mento analoacutegico do som o disco de vinil eacute um objeto de arte e uma peccedila que daacute materialidade agrave muacutesica

Dados da Associaccedilatildeo de Gra-vadoras da Ameacuterica (Record Industry Association of Aeme-rica) mostram que as vendas de LPs aumentaram em quase 130 entre os anos de 2007 e 2008 De acordo com o informe anual divulgado pelo oacutergatildeo ldquoo vinil continua sua ascensatildeo As vendas nesse formato somaram

US$57 milhotildees e vem mais do que duplicando ano apoacutes anordquo Ainda segundo o documento ldquotrata-se do produto preferido por audiofi los e colecionadores e o aumento nas vendas se deve tanto agrave re-gravaccedilatildeo de mate-rial de cataacutelogo quanto a novos lanccedilamentosrdquo

Com os nuacutemeros da induacutes-tria apontando para uma queda nas vendas de CDs e em tempos em que se fala em livre acesso agrave muacutesica atraveacutes da internet o vinil se apresenta como uma saiacuteda para quem ainda gosta da muacutesica palpaacutevel apreciaacute-la com todos os sentidos inclusive o tato

Um Brasil em vinil ldquoContar a histoacuteria do Brasil

atraveacutes da muacutesica guardando um exemplar de tudo o que foi gravado em vinil no paiacutesrdquo esse era o objetivo de Edu Pampani 46 quando em 2005 fundou a Discoteca Puacuteblica o primeiro espaccedilo dedicado agrave memoacuteria musical brasileira do paiacutes

Apaixonado por muacutesica e claro pelos discos de vinil Pam-pani conta que a ideacuteia da Dis-coteca nasceu quando ele ainda morava na Bahia e tinha uma loja de discos Segundo ele quando o Compact Disc (CD) comeccedilou a se popularizar na deacutecada de 90 as pessoas o procuravam para trocar seus LPs por CDs

O espaccedilo tem hoje um acervo de cerca de 12 mil peccedilas que contam a historia do Brasil pelos sulcos no plaacutestico PVC Eacute possiacute-vel ouvir por exemplo gravaccedilotildees de jogos de futebol ou vinhetas de programas de raacutedio dos anos 50 aleacutem de claacutessicos da muacutesica popular brasileira em gravaccedilotildees originais Com todas essas rari-dades Pampani garante natildeo ter nenhum disco favorito ldquosempre me perguntam Edu qual eacute o disco mais raro que vocecirc tem

e eu respondo raro eacute ter todos eles juntosrdquo

De volta ao plaacutesticoApesar de natildeo ser a miacutedia mais

utilizada pelo grande puacuteblico o disco de vinil tem um puacuteblico fi el principalmente entre os DJs que segundo Pampani ldquoprocuram sempre coisa nova se ele quer tocar Jorge Bem por exemplo ele vai procurar aquela muacutesica que ningueacutem lembra mais que ele gravou Esse pes-soal tem que fi car garimpando semprerdquo

O DJ e fundador do selo Vinyl Land Luiz Valente ou DJ Luiz PF eacute um desses garimpeiros de sebos Ele conta que sua paixatildeo pelos LPs nasceu quando ele mesmo selecionava as muacutesi-cas que iriam compor o som ambiente de seu bar o ldquoLugarrdquo Em 2003 Luiz sentiu que pode-ria abrir espaccedilo para DJs que pesquisavam e procuravam por muacutesicas que fugiam do lugar comum ldquoeu fui fazendo festas por um tempo chamando DJs que discotecavam com vinil pra ser um contra ponto a essa outra galerardquo conta

Radicado em Londres desde 2006 Luiz conta que ao chegar agrave Europa percebeu que diferente do que acontecia no Brasil ldquolaacute o negoacutecio natildeo tinha acabado nada se achava tudo pra com-prar coisas novas a galera atual todo mundo lanccedilava era uma coisa de canto de loja mas fun-cionando vendendordquo Na capital inglesa o DJ trabalhou na grava-dora Whatmusiccom que aleacutem de CDs lanccedilava tambeacutem traba-lhos em vinil

A paixatildeo pela ldquocultura de acetatordquo e o trabalho como DJ foram o incentivo para que Luiz fundasse em 2008 a Vinyl Land selo que vem com a proposta de lanccedilar muacutesicos que se interes-sem em gravar em vinil Segundo

ele o selo nasceu de sua proacutepria necessidade como DJ ldquoeu

jaacute discotecava com vinil e fui achando bandas

novas que queria tocar mas natildeo tinha como porque eram de uma eacutepoca em que natildeo tinha mais vinil ai eu pensei jaacute que natildeo tem eu faccedilo

e comecei a procurar contatos e tentar orga-

nizar o selordquo Com apenas um ano

no mercado a Vinyl Land

jaacute lanccedilou trecircs discos dentre

eles um compacto simples do Autoramas

Novas marcas no PVCFoi pela Vinyl Land que a

banda Th e Dead Lovers Twisted Heart que nunca havia lanccedilado seu trabalho comercialmente lanccedilou seu primeiro EP O com-pacto auto-intitulado traz cinco muacutesicas antes disponiacuteveis para download na internet O disco prensado na Alemanha teve tiragem limitada de 200 coacutepias

Com infl uecircncias que vatildeo de Odair Joseacute e Roberto Carlos ateacute Franz Ferdinand e Jack White passando pela literatura de Mark Twain (o grupo tem uma muacutesica em homenagem a Huck-leberry Finn personagem do autor americano) e os cartunis-tas Laerte e Angeli a banda for-mada por Ivan (guitarra e vocal)

Guto (guitarra) Paty (bateria) e

Velvs (baixo) jaacute era conhecida dos frequumlentadores de casas de shows de Belo Horizonte antes de lanccedilar seu EP

Segundo Ivan a ideacuteia de ter seu primeiro trabalho gravado em vinil casou muito bem com a banda ldquoa gente ainda natildeo tinha lanccedilado um disco propriamente dito e hoje o suporte fiacutesico eacute cada vez menos importante porque na verdade a muacutesica vocecirc acha em qualquer lugar e um disco um CD na verdade natildeo faz mais tanto sentido E nossa ideia era que jaacute que vocecirc vai comprar um objeto o vinil eacute um objeto muito mais legal tanto esteticamente quanto no manusear fora que tem toda essa coisa da retomada e eacute uma boa proposta que tem tudo a ver com a bandardquo afi rma o muacutesico provando que o velho vinil estaacute mais novo que nunca

O novos sonsdo velho vinil

Com a popularizaccedilatildeo dos sites de divulagaccedilatildeo de muacutesica na internet o vinil retorna como alternativa interessante para novos muacutesicos e ouvintes

Dj Luiz PF fundador do selo Vinyl Land

Os diferentes formatos do vinil-LP abreviatura do inglecircs Long Play ou ldquo12 polegadasrdquo Disco com 31 cm de diametro com capacidade normal de cerca de 20 minutos por lado O formato LP era utilizado usualmente para a comercializaccedilatildeo de aacutelbuns completos-EP abreviatura do inglecircs Extended Play Disco com 17 cm de diametro e capacidade de cerca de 8 minutos por lado continha em torno de quatro faixas -Single ou compacto simples abreviatura de Single Play ldquo7 polegadasrdquo ou compacto simples Disco com 17 cm de diametro e capacidade normal de 4 minutos por lado O single era geralmente empregado para a difusatildeo das muacutesicas de trabalho de um aacutelbum completo a ser posteriormente lanccedilado -Maacutexi abreviatura do inglecircs Maxi Single Disco com 31 cm de diametro sua capacidade era de cerca de 12 minutos por lado

Arq

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The Dead loverrsquos Twisted Heart Pati Vels Guto e Ivan

22 - diagramacao vinilindd 122 - diagramacao vinilindd 1 82809 115104 AM82809 115104 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Culturabull 23Editor e diagramador da paacutegina Baacuterbara Rodrigues 8ordm periacuteodo

Festival Internacional de Corais homenageia

BAacuteRBARA RODRIGUES 8ordm PERIacuteODO

A seacutetima ediccedilatildeo do Festival Interna-cional de Corais ndash FIC acontece de 18 a 27 de setembro de 2009 e teraacute como tema a vida e obra de Villa-Lobos con-siderado o maior compositor das Ameacute-ricas Seratildeo cerca de 300 apresenta-ccedilotildees de 120 corais de todo o Brasil e do exterior que percorreratildeo 12 cidades de Minas Gerais

O festival realizado pela Universi-dade FUMEC tem o intuito de popula-

rizar os corais e grupos vocais amadores e profissionais e evidenciar atividades culturais de empresas instituiccedilotildees de ensino comunidades associaccedilotildees e fundaccedilotildees com apresentaccedilotildees de corais e shows de artistas nacionais sempre com a bandeira da muacutesica brasileira agrave frente

Regidos pelo Maestro Lindomar Gomes produtor cultural e coordena-dor do FIC os 30 integrantes do coral da FUMEC seratildeo um dos grupos a se apresentar ldquoNosso coral sempre parti-cipou de festivais seguindo a maacutexima de Fernando Brant de que lsquotodo artista

tem de ir aonde o povo estaacutersquo A cada ano o FIC escolhe um tema que traduza a identidade musical brasileira Este ano celebraremos os 50 anos de morte de Villa-Lobos responsaacutevel por implantar o canto coral no paiacutes na deacutecada de 1930 e o muacutesico que mais cantou as belezas nacionaisrdquo enfatiza

Em cada ediccedilatildeo do festival os com-positores Leonardo Cunha e Fernando Brant satildeo responsaacuteveis pela muacutesica-tema que ao final do evento eacute cantada por todos os corais A composiccedilatildeo deste ano ganhou o nome de ldquoMestre Villardquo exultando o que de mais haacute de caracte-

riacutestico na vida e obra do mestre Durante todo o festival alguns locais

da cidade como o Palaacutecio das Artes Sesc Laces JK e a aacuterea de convivecircn-cia da FUMEC receberatildeo exposiccedilotildees de fotos textos e trilhas sonoras do acervo do Museu Villa-Lobos no Rio de Janeiro A banda mineira 14 Bis e o muacutesico Renato Teixeira fazem shows no interior de Minas e no dia 27 no Parque Municipal encontro de todos os corais participantes marcaraacute o fechamento do evento onde mais de mil vozes se uni-ratildeo para cantar os temas do maestro homenageado

O maestro e coordenador do FIC Lindomar Gomes e os integrantes do Coral da Fumec

Mestre Villa daacute o tom dentro e fora do paiacutesO carioca Heitor Villa-Lobos

foi responsaacutevel por universa-lizar a muacutesica nacional acres-centando em grande parte de suas mil obras a sonoridade da fauna brasileira de tribos indiacute-genas e africanas aleacutem de refe-recircncias de cantigas do choro e do samba

Na defi niccedilatildeo do maestro Lindomar Gomes a impor-tacircncia de Heitor Villa-Lobos estaacute no fato de ele ldquodecifrar a alma brasileira e colocaacute-la em muacutesicardquo Devido agraves homena-gens ao compositor nas prin-cipais capitais do Brasil e do

mundo Gomes natildeo eacute o uacutenico a pensar assim

Peccedilas de Villa-Lobos fazem parte das temporadas da Filar-mocircnica de Belo Horizonte da Orquestra Sinfocircnica do Teatro Nacional Claacuteudio Santoro em Brasiacutelia da Sinfocircnica Munici-pal de Campinas e da Orques-tra Sinfocircnica Brasileira do Rio

Internacional Em janeiro o maestro John

Neschling regeu a Filarmocircnica de Varsoacutevia na Polocircnia com os ldquoChoros n 6rdquo A soprano Adriane Queiroz cantou as ldquoBachianas

Brasileiras nordm 5rdquo em Berlim e o regente da OSB do Rio Roberto Minczuk esteve no Japatildeo em agosto para apresentar as ldquoBachianas Brasileirasrdquo

Ainda este ano deve chegar agraves livrarias o ldquoFolha Explica Villa-Lobosrdquo da Publifolha do violonista Faacutebio Zanon que em entrevista ao jornal Folha de Satildeo Paulo afi rmou ldquoO uni-verso sonoro de Villa-Lobos eacute uma coisa arrasadora Nossa ideia de Brasil seria muito mais pobre sem a leitura efetuada por Villa-Lobos de nosso patri-mocircnio musicalrdquo

Programaccedilatildeo completa e outras informaccedilotildees sobre FIC 2009 wwwfestivaldecoraiscombr

Foto

div

ulg

accedilatildeo

Foto divulgaccedilatildeo

O compositor e maestro Villa-Lobos cuja obra eacute reconhecida e celebrada internacionalmente

23 - festivaldecoraisindd 123 - festivaldecoraisindd 1 82809 115113 AM82809 115113 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

24 bull Cultura Editor e diagramador da paacutegina Amanda Lelis 6ordm periodo

COLCHAde retalhos

CU

RT

Are

talh

os

Magia

Escrevo uma letra

e jaacute natildeo estou no mesmo lugar

Pedro Cunha Instrumento de cordas vocais tocado pela alma

a palavra na garganta que vira muacutesica

o som da orquestra do coraccedilatildeo

dos gagos e desafi nados

aos cegos de paixatildeo

VozBaacuterbara Rodrigues

Natildeo sei bem o que eacute

Se eacute invenccedilatildeo

Se eacute na verdade a mais pura verdade

Se sou eu tentando fugir

Se sou eu tentando apagar

Natildeo encarar o que estaacute acontecendo

Esquecer a minha confusatildeo

De querer sem conhecer

De te amar sem te encontrar

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Queria esquecer

E perdoar entatildeo

Voltar na decisatildeo

Para minha vida rotineira

Que eu levei a vida inteira

O meu sufoco e os seus gritos

Meu confortaacutevel desespero

Minha mania de querer ser mais para mundo

Do que o mundo eacute para mim

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Confortaacutevel DesesperoPaula Macintyre

Preso agrave falta de sono procurando ver

Atraveacutes da luz de um trago num bastatildeo de morte

Talvez com sorte entatildeo eu possa crer

Que os dias se passaram mas o amor fi cou

Mesmo sonhando acordado algo ainda restou

De tardes tatildeo bonitas

Em que o brilho dos teus olhos eu pude enxergar

Os teus negros cabelos quero entatildeo tocar

apesar de estares tatildeo afl ita

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia

que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Por mais que em outras camas eu possa deitar

que braccedilos e abraccedilos venham me afagar

O brilho dos teus olhos ainda me ilumina

por vaacuterias ruas sujas que eu tentei fugir

estenderia um tapete pra vocecirc entrar

sentado vago na varanda escura a esperar

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Mas eu mudaria tudo isso pra te ter aqui

comigo ao meu lado todo dia a me fazer sorrir

Para ouvir a muacutesica wwwmyspacecombandatravessia

DuetoAlvaro Castro

Do entendimento tardio de se assistir a uma passagem de som

Cracke se quebra o silecircncio a voz dos barulhos instrumentais

cala todos os outros sons do silecircncio Antes de ser melodiosos

os sons comeccedilam desencontrados como tateando no escuro

dos ritmos tentando se encontrar e dar as matildeos para soacute assim

iniciar seu dialogo-danccedila em brincadeiras harmoniosas que

encantam e enfeiticcedilam Na sutileza dos tons na alegria de fazer

barulhos musicais modifi cam a muacutesica mil vezes re-arranjada

ajeitam afi nam se enfeitam

e a muacutesica fi nalmente sai Perfeita

AntesClaudia Lapouble

Sssshhiiii

silecircnciosopro suspiro sussurro

sublime submerso submarino submundo

some sobe segue sangue sinistro

sem focirclegosufoco

SClaudia Lapouble

A canccedilatildeo natildeo paacutera O berimbau controla o medo que corre

nas ruas vindo daqueles que natildeo se deixaram dissolver pela

aacutegua trazida com a chuva Na cidade escorre toda a calmaria

e a melodia se arrasta molhando o chatildeo Enquanto o ceacuteu se

desmancha aos poucos sobre a rua deserta eles cantam Voz

para um canto que veio aveludar meus ouvidos acalentar

clamoroso de uma vida inteira e fosse essa noite a vida

inteira fez-se a noite lembranccedila da cantiga que me converteu

inteira Pandeiro Meacutedio Viola e a chuva que ritmava a

cantoria O breu e noacutes no breu O escuro arrasta o invisiacutevel

para dentro da cidade que chora para dentro dos meus olhos

que fi tam atentos os olhos deles que me encantam Hora um

hora outro me arrasta em companhia agrave suas vozes As gotas

respondem ao coro num canto suave o pandeiro acompanha

o berimbau e o repique respinga umas gotas tontas de

musicalidade goteja um som que sobrevoa a superfiacutecie

Sobre o invisiacutevelAmanda Lelis

Gabriel Guedes e violino em show na Praccedila da Liberdade

O som da alma se apresenta em desejo e verso livre

na terccedila indecente suave

no violino do seus sonhos em coro cresce a quarta corda

dissonante

eacute a Musica

No canto viacutevido em tom sincero e leve expande

compaixatildeo as notas graves

fi delidade ao escrever a voz da alma sobre arpejos

inconstantes

eacute a Musica

MuacutesicaPedro Gontijo e

Bernardo Gontijo

Te aperto contra o peito

te penduro nas costas

no churrasco passa de matildeo em matildeo

e ainda assim me faz companhia

nas noites de solidatildeo

Ode ao violatildeoBaacuterbara Rodrigues

Ajude a costurar nossa colcha balaioretalhosgmailcom

24 - Colcha de retalhos corrigidoindd 124 - Colcha de retalhos corrigidoindd 1 82809 115124 AM82809 115124 AM

Page 15: Jornal O Ponto - agosto 2009

O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Especial bull 15

2006

No fi nal de 2005 o jornal obteve outro rele-vante resultado um estudo sobre sua proposta editorial Os ex-alunos de jornalismo formados em 2005 Rafael Werkema e Renata Quintatildeo produziram o livro Jornal laboratoacuterio - uma pro-posta editorial criacutetica como parte do projeto de conclusatildeo de curso e dedicaram esta obra ldquoa todos os que veem O Ponto como espaccedilo para a formaccedilatildeo de agentes transformadores da socie-daderdquo Werkema declarou tambeacutem que este estudo abre refl exatildeo sobre a importacircncia do jornalismo impresso experimental que difere do modelo sisudo e congelado da grande imprensa

20092009Em janeiro de 2006 o jornal recebeu o precircmio Patildeo de Queijo de notiacutecias (PQN) Na eacutepoca a ex-coordenadora de O Ponto Ana Paola Valente fez a seguinte declaraccedilatildeo sobre o feito ldquoEsta eacute uma conquista coletiva construiacuteda principalmente pelos alunos que fazem o jornal e acreditam neste projetordquoEm maio o jornal foi eleito o melhor jornal laboratoacuterio da Ameacuterica Latina na III Mos-tra Internacional da Pesquisa Experimen-tal da Comunicaccedilatildeo EXPOCOM-SUR

2005

Para aleacutem das atividades ligadas ao produto impresso O Ponto tambeacutem se faz presente em vaacuterias iniciativas e eventos na Faculdade de Ciecircncias Humanas Uma dessas accedilotildees foi o debate poliacutetico entre os candidatos agrave Prefeitura de Belo Horizonte em 2008 Organizado pelos monitores de O Ponto e da Redaccedilatildeo Modelo e orien-tados pelos professores coordenadores o evento reuniu seis dos nove candidatos ao pleito no auditoacuterio Phoenix da Fumec no mecircs de setembro

Dois assuntos mar-caram a tocircnica do debate dos candida-tos as preocupaccedilotildees com educaccedilatildeo e com o transporte puacuteblico na capital mineira As inquietaccedilotildees estiveram presentes nas questotildees apresentadas pelos estudantes O auditoacuterio recebeu mais de 200 universitaacuterios

Compareceram ao evento os candi-datos Gustavo Valadares (DEM) Jorge Periquito (PRTB) Leonardo Quintatildeo (PMDB) Pedro Paulo (PCO) Seacutergio Miranda (PDT-PCB) e Vanessa Portu-gal (PSTU) Somente trecircs candidatos ndash Andreacute Alves (PT do B) Jocirc Moraes (PC do B) e Maacutercio Lacerda (PSB) ndash natildeo partici-

param e alegaram confl ito de agenda Os presentes elogiaram a organizaccedilatildeo

do evento e destacaram a importacircncia de se promover esclarecimentos poliacuteticos aos jovens jaacute que o tempo de duraccedilatildeo dos programas eleitorais na miacutedia natildeo era sufi ciente para informar os eleitores sobre os problemas da cidade bem como das propostas dos candidatos ao pleito

O envolvimento da equipe de O Ponto natildeo para por aiacute Em colaboraccedilatildeo com o Nuacutecelo de Estu-dos Escola da Ter-ceira Idade (Neeti) o laboratoacuterio assumiu tambeacutem no uacuteltimo semestre a diagrama-ccedilatildeo e fechamento do jornal Degrau publi-caccedilatildeo semestral dos alunos do curso que produzem crocircnicas poesias e outros tex-tos de cunho pessoal

Em momentos de polecircmica a ordem eacute arregaccedilar as mangas Apoacutes decisatildeo do Supremo Tribunal Federal no fi nal do primeiro semestre deste ano de por fi m agrave obrigatoriedade do diploma para o exer-ciacutecio profi ssional do jornalismo os moni-tores de O Ponto foram mobilizados para sair em campo e ouvir os profi ssionais do mercado sobre o impacto da decisatildeo na

vida dos atuais e futuros profi ssinais Como resultado da iniciativa foi pro-

duzido um viacutedeo com depoimentos de representantes da imprensa belo-hori-zontina tranquilizando os estudantes e avaliando como baixo o impacto da medida do STF na hora da contrataccedilatildeo prevalecendo a importacircncia de se ter um curso de formaccedilatildeo jornaliacutestica

Ensino de qualidadeO laboratoacuterio de jornalismo impresso

da Fumec prima tambeacutem pela qualidade do ensino As atividades de produccedilatildeo de cada ediccedilatildeo do jornal laboratoacuterio assim como a delimitaccedilatildeo dos papeacuteis dos par-ticipantes e colaboradores em cada uma delas satildeo todas executadas e coordena-das por estudantes Os alunos desde o primeiro semestre do curso satildeo estimu-lados a participar de O Ponto

As reuniotildees de pauta satildeo divulgadas para todo o corpo dicente de Jornalismo e coordenadas pela monitoria As suges-totildees de assuntos e enfoques para as mateacute-rias satildeo responsabilidade dos alunos que estatildeo cursando a disciplina Ediccedilatildeo II Eles assumem a ediccedilatildeo do jornal a cada semestre orientados pelo professor da disciplina e auxiliados pelos monitores

Quanto agrave apuraccedilatildeo das mateacuterias a reportagem pode ser executada por todos os periacuteodos A fotografi a tambeacutem eacute uma atividade preferencialmente dos alunos do curso Iniciativas de convergecircncia

tambeacutem satildeo praticadas pelos estudantes da Fumec como por exemplo em repor-tagem publicada na ediccedilatildeo nuacutemero 69 Intitulada ldquoEstudante vira gari por um diardquo a reportagem foi produzida para o impresso para a internet (Ponto Eletrocirc-nico) e em viacutedeo simultacircneamente Para isso uma equipe foi para as ruas executar a reportagem e no caso do repoacuterter tam-beacutem da coleta de lixo

A ediccedilatildeo do texto e a diagramaccedilatildeo satildeo executadas pelos alunos que estatildeo cur-sando Ediccedilatildeo II A revisatildeo fi nal do texto e do layout da paacutegina satildeo tarefas dos monitores e posteriormente o material eacute enviado para a graacutefi ca

O Jornal Laboratoacuterio O Ponto eacute na avaliaccedilatildeo do Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social da Universidade Fumec Seacutergio Arreguy o principal ins-trumento de experimentaccedilatildeo para o jor-nalismo impresso ldquoElaborado desde o projeto graacutefi co pautas apuraccedilatildeo e produ-ccedilatildeo de mateacuterias pelos alunos sob a super-visatildeo e coordenaccedilatildeo dos professores eacute o resultado de muito trabalho dedicaccedilatildeo e comprometimento de todos os envol-vidos materializado em um Jornal de excelente qualidade Refl exo de um curso seacuterio aprovado e reconhecido sobretudo pelo mercado de Belo Horizonterdquo

Aureacutelio JoseacuteCoordenador do Jornal-laboratoacuterio e

professor do curso de Jornalismo

Atividades vatildeo aleacutem da produccedilatildeo impressa

ldquoResultado de muito trabalho e

comprometimento o jornal eacute refl exo

de um curso seacuterio e reconhecido pelo

mercado de BHrdquoSeacutergio Arreguy coordenador do curso de Comunicaccedilatildeo Social

12-16 - 10 anos O Pontoindd 412-16 - 10 anos O Pontoindd 4 82809 34457 PM82809 34457 PM

O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

16 bull Especial

Com a palavra alguns ex-monitores

ldquoO meu

primeiro contato praacutetico

com o jornalismo ocorreu no Jor-

nal O Ponto Durante oito meses

como

monitor e nos quatro anos de curso

vivi cada

dia na redaccedilatildeo e pude ajudar a c

onstruir com

reportagens diagramaccedilotildees ou material fotograacutefi co

esse jornal que respeito muito por

ter me mostrado de

forma sincera alguns valores da mi

nha profi ssatildeo

As discussotildees interessadas que tive

mos naquela redaccedilatildeo

fi cam para toda a carreira juntame

nte com as boas pessoas

com as quais pude conviver nesse

periacuteodo Com o Ponto

percebi que o jornalismo antes de

escrever deve ldquoolharrdquo

para o mundo e buscar seu recorte

Por mais difiacutecil que

fosse terminar uma paacutegina sempre

compensava olhar para

ela impressa na pilha de jornais

no fi m do mecircs Esse

desafi o nos motivou e deve motivar

a cada diardquo

Enzo Menezes ex-monitor

ldquoDurante um ano e meio fui moni-

tora do jornal O Ponto podendo

adquirir muito conhecimento Mesmo

sendo um jornal mensal e por isso com-

posto de reportagens natildeo de notiacutecias pude

aprender sobre a rotina de uma redaccedilatildeo Aprendi

como nasce um jornal desde a reuniatildeo de pau-

tas o acompanhamento dos repoacuterteres e editores

revisatildeo das paacuteginas montagem da boneca o fecha-

mento ateacute o jornal impresso Comecei no jornal no

sexto periacuteodo entatildeo tive que apreender a editar

e diagramar uma paacutegina Ao mesmo tempo tambeacutem era

responsaacutevel pela ediccedilatildeo fi nal do jornal tendo que

colaborar com os demais alunos Foi muito grati-

fi cante fazer parte da equipe do jornal labora-

toacuterio foi um grande aprendizadordquo

Poliane Bosco ex-monitora

ldquoFui um dos primeiros monito-res do jornal e da 1ordf turma de jornalismo da Fumec Como na eacutepoca os repoacuterteres eram voluntaacuteriospassaacutevamos nas

salas chamando o pessoal Nas primeiras ediccedilotildees ateacute falavam que existia uma lsquopanelinharsquo porque as

mateacuterias eram sempre dos mesmos - eu o Ernesto Braga o Pedro Blank por exemplo porque era quem se interessava em escrever A mateacuteria que me marcou mais foi a primeira a primeira a gente nunca esquece (risos) Acho que o tiacutetulo era lsquoDe volta aos porotildees da loucurarsquo que saiu como manchete na primeira ediccedilatildeo e era sobre um manicocircmio em Barbacena O pessoal de psicologia ia fazer um estudo laacute e nos ofere-cemos para cobrir Vimos que a situaccedilatildeo do lugar era a mesma haacute 20 anos segundo um livro dos anos 80 sobre a instituiccedilatildeordquo

Murilo Rocha ex-monitor

ldquoA moni-toria foi uma experiecircncia

muito bacana pois foi a primeira vez que tive contato com a produccedilatildeo de

um jornal Tiacutenhamos a funccedilatildeo de editar mas tambeacutem faziacuteamos mateacuterias diagramaacutevamos tiraacute-

vamos fotos orientaacutevamos os repoacuterteres enfi m era uma trabalheira soacute Lembro-me de uma mateacuteria que fi z sobre salaacuterio miacutenimo (maio2001 14ordf ediccedilatildeo) e ganhou a manchete de O Ponto para minha surpresa Eu e o Daniel Bianchini na eacutepoca fotoacutegrafo e teacutec-nico do laboratoacuterio de fotografi a da Fumec subimos a favela para saber quantas eram e como viviam as

pessoas que recebiam um salaacuterio miacutenimordquo

Angeacutelica Diniz ex-monitora

Foto

s a

rquiv

o p

ess

oal

Foto arquivo O Ponto

12-16 - 10 anos O Pontoindd 512-16 - 10 anos O Pontoindd 5 82809 123353 PM82809 123353 PM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Esporte bull 17Editor e diagramador da paacutegina Rodrigo Zavaghli e Joatildeo Procoacutepio 6ordm periacuteodo

Domingo um dia em que a populaccedilatildeo de um paiacutes inteiro parou diante das tevecircs para assistir ao embate de duas equipes esportivas disputando o tiacutetulo nacional O vencedor vem estabelecendo uma supremacia invejaacutevel Eacute o maior ganha-dor da deacutecada e jaacute desponta como favo-rito para a proacutexima temporada Enfrenta apenas um desafi o manter o elenco para continuar competitivo em um ramo que movimenta milhotildees em dinheiro anualmente

Poderia estar falando do Brasil e o time citado poderia perfeitamente ser o Satildeo Paulo Mas a cena descrita se passa nos Estados Unidos o campeatildeo se chama Los Angeles Lakers e o esporte natildeo eacute o futebol mas sim o basquete Com uma atuaccedilatildeo impecaacutevel do cestinha Kobe Bryant os Lakers derrotaram o Orlando Magic em uma seacuterie melhor de sete jogos levantando o caneco pela quarta vez desde o ano 2000 Eacute o deacutecimo tiacutetulo do teacutecnico Phil Jackson em 15 da equipe de LA Somados a esses nuacutemeros 15 milhotildees de televisores americanos esta-vam ligados no jogo durante a exibiccedilatildeo e a movimentaccedilatildeo fi nanceira do esporte tambeacutem natildeo fi ca atraacutes das grandes trans-ferecircncias de jogadores brasileiros para o futebol europeu A estrela do basquete Shaquille OacuteNeil deve trocar de time por nada menos que 20 milhotildees de doacutelares -uma pechincha- Mostra-se assim que o basquete pode seguir uma foacutermula de sucesso da mesma forma que fazemos com o nosso esporte nacional

A liga americana eacute uma das mais assis-tidas no paiacutes e no mundo sendo transmi-tida para 42 paiacuteses e possui uma foacutermula diferente e atraente com fase de grupos os famosos mata-matas e divisotildees por conferecircncias tornando toda a temporada uma grande festa com direito inclusive agraves tradicionais e nada desejaacuteveis brigas de torcida

A NBBA Associaccedilatildeo Nacional de Basquete

dos Estados Unidos a NBA eacute o exemplo que o Brasil estaacute tentando seguir para reerguer o esporte no paiacutes A preocupa-ccedilatildeo eacute grande uma vez que por exemplo a equipe masculina nacional que jaacute con-tou com estrelas como Oscar Schmidt aleacutem de jogadores que hoje fazem fama no exterior como Leandrinho Nenecirc e Anderson Varejatildeo nem se quer conquis-tou vaga para disputar as duas uacuteltimas olimpiacuteadas Isso para um esporte em que o Brasil jaacute foi campeatildeo mundial no cada vez mais longiacutenquo ano de 1959 eacute sinal de crise

Mas o racha no basquete brasileiro natildeo envolve apenas o desempenho do time em quadra Nos uacuteltimos anos o que se viu foi um show de falta de organizaccedilatildeo por parte da Confederaccedilatildeo Brasileira de Basquete (CBB) que em 2006 natildeo con-seguiu promover o campeonato nacio-nal ateacute o fi m Faltou a fi nal e a histoacuteria

enveredou para a poliacutetica Os clubes paulistas insatisfeitos com a conjun-tura romperam com a confederaccedilatildeo e disputaram um torneio paralelo criado por eles em 2008 No preacute-oliacutempico do mesmo ano a seleccedilatildeo brasileira dispu-tou por vaacuterios motivos muitos deles obscuros com desfalque de todos os jogadores que disputavam a Liga Ame-ricana Perdeu

Insustentaacutevel por si soacute a nova aposta da CBB eacute o Novo Basquete Brasil A sigla NBB natildeo foi por acaso A semelhanccedila com a NBA eacute justamente o foco do novo torneio organizado pelos clubes com a chancela da Confederaccedilatildeo Eacute uma ten-tativa de reconciliaccedilatildeo dos times com a entidade dos jogadores com a seleccedilatildeo e por consequumlecircncia das torcidas com a quadra O formato traz turno returno e fase fi nal com mata-mata para defi nir semifi nalistas e fi nalistas A fi nal eacute deci-dida em no maacuteximo cinco partidas E que comece a campanha para as Olim-piacuteadas do Rio

OlimpiacuteadasQue o governo brasileiro estaacute em cam-

panha para sediar os Jogos Oliacutempicos de 2016 jaacute estaacute claro para todo mundo O que acontece nas entrelinhas poreacutem eacute um esforccedilo coletivo por parte da miacutedia do governo e de todo o setor esportivo em geral em alavancar o esporte no paiacutes Desmistifi car a conversa de que aqui soacute o futebol presta Eacute bom para os clubes bom para os cofres puacuteblicos e bom para as empresas privadas fora a melhoria na imagem do paiacutes laacute fora Para se ter uma ideia o Pan do Rio gastou cerca de sete milhotildees de reais em uma soacute cidade Jaacute a reforma do Maracanatilde palco da fi nal da copa de 2014 tem orccedilamento pre-visto em ateacute 1 bilhatildeo Eacute muito dinheiro envolvido e logicamente muita gente interessada

O NBB se torna claramente mais uma peccedila nesse complexo tabuleiro aonde o objetivo eacute vender o Brasil como paiacutes do esporte Ronaldo Adriano Fred fora outras movimentaccedilotildees de grandes estrelas do esporte nacional que retor-nam ao paiacutes mostram que aos poucos estamos tentando construir uma cultura esportiva o que nos encaixa como uma luva na candidatura para as olimpiacuteadas

A verdade eacute que temos um longo caminho a percorrer O Rio de Janeiro jaacute ateacute possui um esqueleto de estrutura eacute verdade feita nos Jogos Pan Ameri-canos de 2006 e pretende ampliar o investimento com a Copa do Mundo de futebol mas a incompatibilidade ainda eacute latente Falta resolver o problema da seguranccedila puacuteblica A reforma do estaacute-dio do Maracanatilde jaacute tem orccedilamento mas natildeo tem quem pague E o que sinaliza o desespero para ser capaz de receber um evento desse porte eacute a corrida das cidades sede da Copa de 2014 Das 12 cidades sede todas com planejamentos astronomicamente caros para a compe-ticcedilatildeo apenas uma ndashBrasiacutelia- declarou de onde viraacute o dinheiro

Formaccedilatildeo de baseO lado positivo de toda a politicagem

que envolve a corrida pelas olimpiacuteadas eacute a formaccedilatildeo de novos atletas e de esco-linhas de base nos vaacuterios clubes do paiacutes Afi nal se por um lado esporte eacute fi nan-ceiramente um bom negoacutecio ele natildeo deixa de ser saudaacutevel e interessante para a sociedade A efi ciecircncia de escolinhas de esporte nas periferias em termos de estatiacutesticas de criminalidade aleacutem do trabalho seacuterio de dignidade e auto-estima que eacute feito na grande maioria dos casos por professores voluntaacuterios eacute inegaacutevel

O Mackenzie Esporte Clube tradi-cional formador de atletas de Belo Hori-zonte por exemplo usa suas escolinhas de esporte para segundo sua assessoria de imprensa auxiliar na educaccedilatildeo e inte-graccedilatildeo social de crianccedilas e jovens Aleacutem dos clubes escolas particulares ou seja com verbas como o Coleacutegio Santo Agos-tinho realizam projetos sociais para pro-mover a integraccedilatildeo e dignidade atraveacutes do esporte Exemplo disso era o time de vocirclei Sada Betim hoje Sada Cruzeiro que enquanto ainda associado agrave prefeitura da cidade e usando suas dependecircncias abria portas para jovens da periferia para integrar suas escolas baacutesicas do esporte

Estrutura para tais iniciativas eacute o que natildeo falta O Minas Tecircnis clube de maior destaque no cenaacuterio esportivo mineiro eacute o detentor de uma das mais invejaacuteveis estruturas esportivas do paiacutes Eacute o exem-

plo de que eacute possiacutevel dar suporte para for-mar equipes competitvas em vaacuterios espor-tes Finalista da Superliga de vocirclei clube de formaccedilatildeo do medalista pan americano Th iago Pereira da nataccedilatildeo medalista oliacutempico do judocirc com Ketleyn Quadros e semifi nalista da NBB com a equipe de basquete Conquistas que geram pergun-tas Eacute possiacutevel estender tamanho sucesso para a populaccedilatildeo em geral O Brasil seraacute capaz de utilizar o potencial que tem de mobilizar a sociedade por causas tatildeo inte-ressantes quanto o esporte para alavan-car os setores prejudicados de seu povo ou vai jogar todos os problemas e todas as desculpas por suas falhas sob o grande guarda-chuva da beleza do esporte Seraacute as Olimpiacuteadas uma oportunidade para o sucesso ou mais uma grande farra para os poliacuteticos e para a miacutedia

O Novo Basquete Brasil pode ser parte da resposta O objetivo principal do tor-neio eacute revigorar o esporte atrair o puacuteblico de volta e recolocar o basquete brasileiro em niacuteveis oliacutempicos para em seu obje-tivo secundaacuterio apoiar a campanha para o Rio 2016 Se der certo bom para o Bra-sil Ganha em notoriedade em trabalho bem feito e abre um leque de esperanccedilas para os projetos que viratildeo Se der errado reforccedila a capacidade do brasileiro de fazer auecirc sem saber aonde vai dar E costuma dar em pizza Em obras superfaturadas em estrutura precaacuteria e em novas festas como mensalotildees castelos e farras aeacutereas em geral

O Novo Esporte BrasilFinal do Novo Basquete Brasil levanta a discussatildeo das poliacuteticas esportivas no Brasil

PEDRO LEONE

6ordm PERIacuteODO

Foto Divulgaccedilatildeo

Minas e Flamengo em jogo realizado na arena da Rua da Bahia

17 - novo esporte brasilindd 117 - novo esporte brasilindd 1 82809 115027 AM82809 115027 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

18 bull Entretenimento Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O que vocecirc acha que o CQC traz de novo para a TV brasileira

Rafi nha Bastos O CQC eacute um formato novo Soacute o fato de existir um formato novo numa televisatildeo tatildeo repetida porque os formatos se repetem muito na televisatildeo a novela do SBT eacute igual a da Band que eacute igual a da Globo que eacute igual a da Record os telejornais tambeacutem satildeo parecidos os programas de auditoacuterio Entatildeo soacute o fato de ser um programa diferente um formato de televisatildeo diferente jaacute eacute uma novidade Eu acho que eacute isso que o CQC traz

OPComo vocecirc entende a junccedilatildeo de ldquojornalismo e humorrdquo

RB Eu acho que o jornalismo eacute muito convencional Ele tem um formato muito especiacutefi co no Brasil haacute muito tempo Entatildeo o fato de a gente estar fazendo uma coisa mais bem humorada vem quebrar um pouco com esses paradigmas que satildeo muito estabelecidos do jornalismo A gente estaacute fazendo de uma maneira diferente de fazer o jornalismo Eu acho interessante a receptividade que eu tenho tido com as mateacuterias laacute do ldquoProteste Jaacuterdquo Satildeo muito legais o povo gosta e se sente representado Entatildeo eu acho que tem sido muito bom

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

RB Natildeo existe isso Eu sou contra esse negoacutecio de ldquohumor inteligenterdquo porque natildeo eacute porque o Tiririca faz um humor para o povatildeo que ele natildeo eacute inteligente Ele eacute um gecircnio aliaacutes entendeu Natildeo acho que a questatildeo eacute ldquointeligenterdquo Eu acho que a questatildeo eacute a seguinte o humor do CQC precisa de mais referecircncia O pessoal precisa conhecer um pouco das coisas que a gente estaacute falando estar um pouco informado sobre poliacutetica Talvez a pessoa que assiste ao CQC esteja atraacutes de um humor com mais informaccedilatildeo um humor mais criacutetico e o humor natildeo eacute tatildeo popular mas natildeo signifi ca que natildeo eacute mais inteligente do que o humor popular

OPVocecirc natildeo teme que o CQC caia na ldquomesmicerdquo

RB Eacute muito cedo para dizer ainda Muito cedo O que acontece eacute que os pro-gramas humoriacutesticos caem na mesmice e isso eacute estrateacutegico O ldquoNerson da Capi-tingardquo faz a mesma piada toda semana

porque as pessoas precisam entender a piada O povatildeo a galera ldquomassardquo precisa saber a hora que ela tem que rir Por isso que parece que eacute muito repetitivo Porque natildeo eacute um humor feito pra gente natildeo eacute um humor feito para a galera faculdade para a galera que tem um espiacuterito criacutetico um pouco mais aguccedilado Eacute para o povatildeo Eacute muito bem feito A tendecircncia do CQC natildeo eacute ir por esse caminho mas pode ser que ele se repita Isso eacute uma busca eterna

OPA experiecircncia da stand-up comedy contribui para a abordagem de suas fontes

RB O fato de eu ser comediante me ajuda Eu faccedilo um programa de humor hoje que por mais que tenha uma pegada jornaliacutestica eacute um programa de humor O objetivo dele eacute ser engraccedilado eacute ser divertido Tanto a minha formaccedilatildeo de jornalista quanto o meu trabalho de comediante estatildeo juntos ali quando eu estou na frente do viacutedeo

OPEm sua opiniatildeo onde podemos perceber o jornalismo no CQC

RB O quadro ldquoProteste jaacuterdquo eacute o quadro mais jornaliacutestico do programa Ele aborda os problemas levanta e vai atraacutes de soluccedilotildees conversa com os governantes Eu acho que esse eacute o quadro mais jornaliacutestico mas natildeo signifi ca que as mateacuterias de ldquobaladardquo natildeo sejam jornaliacutesticas Mas eu soacute acho que o mais parecido com o formato tradicional de jornalismo eacute o ldquoProteste Jaacuterdquo

OPComo vocecirc percebe a inserccedilatildeo da publicidade no programa Vocecirc acha que o excesso de propaganda pode pre-judicar a atraccedilatildeo

RB Eu acho que eacute feito de uma maneira muito suave Eacute algo inovador O que o CQC faz natildeo existe em nenhum outro programa A gente natildeo interrompe natildeo mostra nenhum produto ou merchan durante o programa Satildeo propagandas fei-tas com o proacuteprio elenco Entatildeo eu acho

que eacute diferente e o programa tem que se bancar Ele precisa ter publicidade

OPMas vocecirc natildeo acha que haacute uma quebra do discurso Por exemplo o Marcelo Tas chama uma mateacuteria ldquoredondardquo e faz menccedilatildeo a uma determi-nada marca de cerveja Quando manda a mateacuteria haacute um corte com outra propa-ganda entrando

RB Vocecirc natildeo acha isso muito melhor do que parar e falar assim ldquogente vamos falar de seguro sauacutederdquo e a pessoa sair Vocecirc tem que vender vocecirc tem que fazer publicidade Natildeo tem como O programa precisa se bancar de alguma forma Eu acho que a melhor maneira uma maneira interessante de fazer os merchans eacute da maneira como a gente faz Natildeo inter-rompe natildeo tem a ver com a mateacuteria natildeo estaacute no meio do conteuacutedo natildeo tem a ver com o conteuacutedo do programa estaacute sepa-rado Eu acho que eacute uma maneira tran-quila Se eacute a melhor maneira eu natildeo sei mas eu acho interessante

OPEm abril assessores de comuni-caccedilatildeo dos parlamentares se reuniram em Brasiacutelia para questionar a liberdade com que os repoacuterteres atuam no Con-gresso Nacional O diretor de comuni-caccedilatildeo da Cacircmara poreacutem afi rmou que natildeo alteraria as regras atuais e que cabia aos assessores explicar aos deputados como lidar com o tipo de jornalismo praticado pelos programas O CQC foi pivocirc desta atitude

RB O Congresso faz as leis dele O Congresso olha muito para o proacuteprio umbigo Natildeo existe nada que infl uencie diretamente as decisotildees do Congresso Eles decidem por eles mesmo Por isso que eles estatildeo em Brasiacutelia que fi ca a 500 km de Rio e Satildeo Paulo

OPVocecirc acha que os poliacuteticos satildeo alvo faacutecil para o humor Por quecirc

RB Eu acho que natildeo Eu acho que os poliacuteticos satildeo difiacuteceis porque satildeo uma concorrecircncia para os comediantes Os proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia entatildeo jaacute eacute muito difiacutecil vocecirc tirar sarro de algo que jaacute eacute engraccedilado As notiacutecias do ldquoJornal Nacionalrdquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQC Eacute mais difiacutecil ainda Eacute uma busca eterna para natildeo fi car se repetindo e natildeo fi car falando coisas que jaacute satildeo ditas por outros telejornais

Os bastidores do risoEm entrevista exclusiva Rafi nha Bastos repoacuterter do programa televisivo Custe o Que Custar (CQC) abre o jogo e conta como o humor eacute levado a seacuterio na atraccedilatildeo semanal na emissora Bandeirantes

Uma das cenas protagonizadas por Rafi nha Bastos no quadro ldquoProteste jaacuterdquo

ldquoOs proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia () As notiacutecias do lsquoJornal Nacionalrsquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQCrdquo

Rafi nha Bastos

AMANDA ARAUacuteJO

FLAacuteVIO CAMPOS

NATASHA MUZZI

8ordm PERIacuteODO

Belo Horizonte abril de 2009 Enquanto esperaacutevamos a reapresen-taccedilatildeo da peccedila ldquoArte do Insultordquo para realizar uma entrevista com o humo-rista Rafi nha Bastos marcaacutevamos quais seriam as principais perguntas que deveriam ser feitas considerando o pouco tempo que teriacuteamos dispo-

niacutevel nos bastidores do evento Casa cheia nervosismo em alta muita gente querendo conversar e chamar a atenccedilatildeo do ldquohomem de pretordquo do programa CQC Difiacutecil tarefa eacute con-seguir uma entrevista quando se eacute apenas estudante Mas conseguimos o acesso e a conversa se estendeu por bem mais tempo do que esperaacuteva-mos Nosso objetivo era questionar o apresentador e repoacuterter sobre a jun-ccedilatildeo entre jornalismo e humor presen-tes no programa por ele apresentado

a fi m de somar ao nosso trabalho de conclusatildeo de curso que apresentava a mesma discussatildeo Em maio de volta agrave mesma casa de espetaacuteculos nos encontramos com o tambeacutem repoacuterter da atraccedilatildeo Danilo Gentili com cer-teza bem mais afi ados e preparados para a sarcaacutesticas intervenccedilotildees do humorista

De forma descontraiacuteda fomos recebidos pelas duas grandes fi guras do Stand-up Comedy e agora ldquoastrosrdquo do irreverente CQC que toparam

falar sobre o jornalismo do programa liberdade de imprensa poliacutetica e claro humor Aleacutem de compor a bancada do programa Rafi nha Bastos eacute jornalista e comediante apresentando espetaacuteculos de improviso por todo o paiacutes Publicitaacuterio e humorista Danilo Gentilli foi um dos fundadores da comeacutedia ao vivo na capital paulista O resultado deste inusitado e divertido bate-papo com os dois repoacuterteres vocecirc confere agora em entrevistas editadas especialmente para O Ponto

Foto Divulgaccedilatildeo

18-19 - cqc prontaindd 118-19 - cqc prontaindd 1 82809 115038 AM82809 115038 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Entretenimento bull 19Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O ano de 2008 rendeu ao CQC nove precircmios Quatro deles somam como melhor programa de humor eou como melhor produccedilatildeo humoriacutestica Porque vocecirc acha que a miacutedia ainda natildeo premiou o programa como melhor telejornal

Danilo Gentili O CQC trabalha com fatos jornaliacutesticos mas natildeo eacute um telejor-nal O CQC natildeo estaacute todo dia mostrando os fatos do dia entatildeo natildeo pode ser clas-sifi cado como um telejornal O ldquoGlobo Repoacuterterrdquo natildeo pode ser classifi cado ldquoum telejornalrdquo eacute um programa jornaliacutestico Eu acho que a miacutedia natildeo enxerga o CQC como um programa jornaliacutestico Na ver-dade se for para eu escolher se o CQC eacute jornaliacutestico ou humoriacutestico eu escolheria que ele eacute humoriacutestico porque quando eu vou fazer eu me preocupo primeiro em fazer a pessoa rir Eu vou abrir a boca eu vou falar com esse cara mas a uacutenica razatildeo de eu falar com esse cara eacute fazer uma piada Se eu for falar com ele e a pessoa natildeo rir natildeo tem porque eu estar aqui

OPA maioria das pautas poliacuteticas do programa satildeo destinadas agrave vocecirc A que vocecirc atribui isso Vocecirc seria o mais cara de pau dos ldquohomens de pretordquo

DG Pode ser Talvez seja Eu gosto de fazer poliacutetica com um produtor laacute em especiacutefi co A gente vai com muita von-tade de fazer o que a gente faz de chegar para o cara e perguntar Na verdade eacute o seguinte eu natildeo sei os outros repoacuterteres mas eu no CQC natildeo tenho a pretensatildeo de ser amigo de ningueacutem Seja de poliacutetico ou de celebridade eu natildeo tenho a pre-tensatildeo Vocecircs natildeo vatildeo me ver em festas de celebridades ldquoOh fui convidado pra festa e estou aquirdquo Eu natildeo tenho essa vontade natildeo eacute o meu mundo Entatildeo eu vou pra perguntar o que eu sempre quis e talvez o que todo mundo que estaacute em casa sempre quis saber

OPComo eacute a sua preparaccedilatildeo antes de cobrir as pautas poliacuteticas na Casa Legislativa Vocecirc planeja suas piadas antes ou eacute realmente no improviso

DG A reuniatildeo de pauta geralmente acontece no caminho Eu e o produtor ou no aviatildeo ou no carro Eu e o produ-tor falando ldquoquem vocecirc acha que vai estar laacute Ah Tal pessoa tal pessoa tal pessoa fez isso A gente pode falar issordquo A gente tenta mais ou menos ter uma noccedilatildeo do que dizer

OPMas inclui uma piada pronta DG A gente tenta prever e tenta ir

com umas cartas na manga mas a gente sabe que eacute impossiacutevel Porque eu posso ir com uma pergunta pronta e o cara me daacute uma resposta que ningueacutem esperava Aiacute em cima disso eu tenho que fazer outra piada

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

DG Taacute isso no site do CQC Vocecircs acreditaram nisso (risos) Natildeo sei eu acho que o humor tem que ser engra-ccedilado natildeo tem que ser inteligente Eacute o

que eu acho entendeu O que seria humor inteligente Natildeo sei o humor eacute muito subjetivo pra classifi car ldquoesse humor eacute inteligente esse natildeo eacuterdquo Eu acho que o humor inteligente eacute aquele que se comunica de uma forma efi caz com o seu puacuteblico O Tiririca eacute esquisito mais eacute um humor inteligente para muita gente Eu gosto do Tiririca

OPComo publicitaacuterio como vocecirc avalia esse novo modelo de publici-dade inserido no programa

DG Mas natildeo eacute tatildeo diferente assim Na verdade eacute igual as outras porque nas outras o cara faz a propaganda e a agecircncia que ganha e no CQC tambeacutem a gente faz a propaganda e a produtora que ganha

OPVocecirc acha que o riso midiatizado esse humor ldquopastelatildeordquo que a gente vecirc por aiacute deixa perder um pouco da fun-ccedilatildeo do riso que estaacute em ser criacutetico

DG Depende do humor pastelatildeo eu gosto muito Eu gosto do Chaves gosto dos Trecircs Patetas gosto do Jerry Lewis gosto do Mr Been Eacute tudo humor pastelatildeo Eu acho que o termo que vocecirc queira achar natildeo eacute ldquohumor pastelatildeordquo eacute um humor grosseiro tipo ldquoAh vou peidar em puacuteblicordquo e todo mundo ri disso Eacute um humor primaacuterio Tal-vez seja o que vocecirc queria dizer Pastelatildeo eu gosto muito o humor do Chaves eacute pas-

telatildeo e eacute muito inteligente O do Mr Been tambeacutem eacute muito inteligente ele bolar tudo aquilo e tal Agora tem o humor primaacuterio que eacute esse humor de bordatildeo humor de escatologia humor de falar qualquer coisa Geralmente ningueacutem ri se natildeo sabe do que estaacute rindo Eu tento fazer no meu show e no CQC um riso que depende do contexto Vocecirc vai ver isso quando eu for falar com um poliacutetico no CQC Por exemplo eu fi z uma mateacuteria e eu encontrei o Joatildeo Paulo Cunha um cara que era do mensalatildeo Eu sei que 90 do meu puacuteblico do CQC talvez natildeo se lembre ou natildeo saiba quem eacute o cara Entatildeo se eu fi zesse a piada ningueacutem ia rir ningueacutem ia achar graccedila Entatildeo antes de eu chegar no cara eu falei aquele ali eacute tal cara que fez tal coisa e naquela eacutepoca ele fez o mensalatildeo Falou que pagou 50 mil numa conta em TV a cabo e natildeo sei o que Aiacute o pessoal jaacute sabe do que eu vou falar Entatildeo eu jaacute deixei a pessoa a par do conceito Quando eu chego no cara e faccedilo as piadas a pessoa sabe do que eu estou falando Entatildeo eu informei a pessoa para ela poder rir No meu show eu faccedilo isso Eu falo de uma por-ccedilatildeo de coisas que vatildeo rir porque eles estatildeo dentro do conceito Eu vou falar de tracircnsito eu natildeo preciso explicar o que eacute o tracircnsito Todo mundo sabe o que eacute o tracircnsito entatildeo eles acabam rindo disso por exemplo

OPEm entrevista ao portal UOL no dia 24042008 vocecirc disse que os bra-sileiros natildeo tecircm muito senso de humor Porque vocecirc acha entatildeo que o pro-grama estaacute dando certo no Brasil Vocecirc acha que o CQC devolveu agrave sociedade um pouco desse senso

DG O problema do brasileiro eacute que ele tem o senso de humor primaacuterio Ele natildeo tem um senso de humor Pra vocecirc ter senso de humor vocecirc tem que ver o que estaacute acontecendo reconhecer a reali-dade para poder rir dela O brasileiro tem a auto estima muito baixa O brasileiro soacute brinca com os outros ele natildeo brinca con-

sigo proacuteprio Vocecirc vecirc piada de brasileiro eacute sempre o portuguecircs eacute sempre a loira Por exemplo tem o portuguecircs o brasi-leiro e o americano O brasileiro sempre se sai bem ele tem autoestima baixa ele natildeo sabe rir de si Se o CQC devolveu isso para o brasileiro Eu acho que natildeo Pouca coisa a gente devolveu isso para o brasileiro O brasileiro estaacute rindo ainda do poliacutetico ele estaacute rindo ainda da cele-bridade que a gente ridiculariza Eu jaacute saiacute na rua e quando eu fui na ldquoMarcha para Jesusrdquo falar deles ningueacutem riu

OPNo CQC vocecirc tem vontade de fazer o quadro Proteste Jaacute

DG Proteste Jaacute Natildeo sei cara Tudo que eu tenho vontade eu faccedilo Eu tenho von-tade que muita coisa que eu faccedilo entre mas acaba natildeo entrando porque os caras falam que eu pego pesado (risos) Se eu fi zesse o Proteste Jaacute talvez eu fi zesse dife-rente eu natildeo sei Eu natildeo tenho vontade de fazer o Proteste Jaacute natildeo

OPTem alguma entrevista sua que vocecirc considera a melhor

DG Natildeo Tem muita entrevista que eu vejo na TV e falo nossa essa natildeo foi a melhor que eu fiz Porque cortam muita coisa

OPQue elementos jornaliacutesticos vocecirc nota no programa CQC

DG Jornalismo tem porque a gente como fala no iniacutecio do programa eacute um ldquoresumo semanal de notiacuteciasrdquo Mas taacute eacute um resumo semanal de notiacutecias taacute bom vaia gente fi nge que eacute O que tem eacute a gente brinca com algumas coisas que aconteceram durante aquela semana durante aqueles dias proacuteximos Eacute o mais proacuteximo que tem do jornalismo A gente sempre que pode estaacute no fato na hora do fato Mas agraves vezes natildeo daacute entatildeo vai cobrir festinha e natildeo sei o que mas a intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e ldquobrincarrdquo com ele

ldquoA gente sempre que pode estaacute no fato na hora do

fato A intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente

pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e

lsquobrincarrsquo com elerdquo

Danilo Gentili

O humorista Danilo Gentili foi um dos fundadores da comeacutedia ldquocara limpardquo na capital paulista e hoje desafi a poliacuteticos

Foto divulgaccedilatildeo

O cara de pau dos homens de pretoDanilo Gentilli o temido repoacuterter pelos poliacuteticos no dia-a-dia do senado conta como se prepara para as pautas polecircmicas

18-19 - cqc prontaindd 218-19 - cqc prontaindd 2 82809 115039 AM82809 115039 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

20 bull Miacutedia

RENATA VALENTIM

6ordmPERIODO

Que o advento das miacutedias digitais pocircs um ponto de interrogaccedilatildeo no horizonte dos meios tradicionais jaacute se sabe Mas a transformaccedilatildeo destinada ao raacutedio parece ser de fato a de maior impacto Seja no campo das novas tecnologias de trans-missatildeo dos novos suportes ao aacuteudio no nuacutemero de funcionaacuterios contratados ou na avaliaccedilatildeo do poder de infl uecircncia no gosto da audiecircncia a revoluccedilatildeo vivida pelas raacutedios eacute atestada tanto por profi s-sionais da aacuterea quanto pelos ouvintes

O CD hoje obsoleto popularizado no Brasil no fi nal dos anos de 1980 jaacute signi-fi cou uma transformaccedilatildeo importante no dia-a-dia do radialista Em vez de exe-cuccedilotildees musicais feitas pelo LP ou ldquobola-chatildeordquo que o operador ou sonoplasta vigiava do iniacutecio ao fi m da faixa transmi-tida os tocadores de compact disc per-mitiam a programaccedilatildeo de vaacuterias faixas em sequumlecircncia poupando-lhe tempo O que veio a seguir economizou bem mais que isso a inovadora transformaccedilatildeo de muacutesica em kilobytes deu origem a sof-twares de execuccedilatildeo automaacutetica

Assim as raacutedios gerando programa-ccedilatildeo por 24h dispensaram seus locutores e sonoplastas da madrugada e dos fi nais de semana adaptando seus conteuacutedos para que sistemas de automaccedilatildeo tra-balhassem sozinhos Aleacutem das muacutesicas em formato digital apresentaccedilotildees de muacutesica passaram a ser tambeacutem gravadas

e reproduzidas como se fossem feitas ao vivo Natildeo foram poucos locutores desem-pregados No caso das afi liadas de gran-des redes de FM a reduccedilatildeo no quadro de profi ssionais da voz foi ainda maior Em alguns casos haacute somente um ou dois locutores agrave disposiccedilatildeo que datildeo conta da geraccedilatildeo de toda a programaccedilatildeo local

Com experiecircncia na aacuterea haacute mais de 20 anos a locutora e programadora musical Glaacuteucia Lara 40 lamenta ldquoem um fi nal de semana antes das mudanccedilas promo-vidas pelo advento do mp3 cerca de sete pessoas estariam trabalhando em uma emissora de raacutedio Hoje eacute comum esca-lar locutores para comandarem a pro-gramaccedilatildeo ao vivo soacute nos programas que contam com a participaccedilatildeo do ouvinte Do resto quem cuida eacute o computadorrdquo conta ela que jaacute passou por diversas emissoras do interior do estado e por afi -liadas de grandes redes como a Antena 1 de Belo Horizonte E o sonoplasta entatildeo ldquoNa era do CD essa fi gura foi extinta dos quadros O locutor natildeo eacute soacute responsaacutevel hoje por apresentar muacutesicas e interagir com o ouvinte Tambeacutem assumiu a res-ponsabilidade de operar os aparelhos

e pessoalmente acho que isso facilita a locuccedilatildeo porque natildeo haacute mais aquela dependecircncia de um sinal do sonoplasta aquela sintonia de timing necessaacuteria para esse trabalho de equipe decirc certo O locutor faz tudordquo pondera

Eu baixo tu baixasO mp3 tambeacutem alterou a forma de

distribuir novos trabalhos musicais A popularizaccedilatildeo da internet e a troca de arquivos por meio de softwares seme-lhantes ao pioneiro Napster deram iniacutecio agrave decadecircncia dos CDs e ao decliacutenio das grandes gravadoras que fracassaram ao combater tanto a pirataria quanto o com-partilhamento online de mp3

O casamento das gravadoras com o raacutedio e a TV que detinham a foacutermula exclusiva de atrair a atenccedilatildeo do puacuteblico para seu artista entrou em crise A par-ceria de divulgaccedilatildeo perdeu espaccedilo con-sideraacutevel para uma revolucionaacuteria forma de acesso a novos trabalhos musicais feita na internet Para a tristeza de grava-doras e artistas a vendagem de CDs caiu drasticamente fazendo dos shows e tur-necircs sua principal fonte de lucro Foi-se o

tempo em que um artista de sucesso ven-dia mais de 2 milhotildees de coacutepias de seu trabalho o campeatildeo do mercado fono-graacutefi co brasileiro em 2006 Padre Marcelo Rossi registrou cerca de 860 mil coacutepias vendidas de seu aacutelbum ldquoMinha Becircnccedilatildeordquo editado pela Sony BMG Um nuacutemero pequeno se comparado aos 35 milhotildees de coacutepias de seu primeiro disco ldquoMuacutesi-cas Para Louvar ao Senhorrdquo de 1998

A estagiaacuteria de pesquisa de mercado Karina Zandona 22 comprova esse fenocirc-meno Fatilde de Th e Killers ela conta que hoje procura se informar do lanccedilamento de aacutelbuns das suas bandas preferidas por sites especializados e faz download deles quando jaacute estatildeo disponiacuteveis ldquoSoacute ouccedilo muacutesica pelo PC e pelo mp3 player Raacutedio soacute ouccedilo agraves vezes quando minha matildee ouve em casa E sempre satildeo as programa-ccedilotildees informativas como a Raacutedio Itatiaia Natildeo consigo mais fi car exposta a tanto hit lsquoda modinharsquo como os de black music no raacutediordquo diz No caso da comerciaacuteria Ellen Colombini 24 a infl uecircncia da internet eacute ainda mais efetiva ldquoouvia muito raacutedio quando adolescente e assistia muito agrave MTV Era fatilde de coisas do tipo Hanson

por exemplo (risos) Mas quando passei a usar a internet e descobri a maravilha que eacute fazer download de muacutesica natildeo liguei mais o raacutedio Sou viciada em fazer downloads vou baixando tudo o que encontro e que me parece interessante pelo release que acompanha o link ou mesmo pelo nome da banda Escuto tudo e seleciono o que me agrada Se aprovado vou passando adiante E a partir do que eu recomendo para os amigos recebo deles arquivos de artis-tas parecidas com o que eu enviei e sobre os quais natildeo vejo ningueacutem falarrdquo comenta

A engenheira ambiental Eduarda Stancioli 24 eacute ouvinte da Last FM paacutegina online na qual o usaacuterio cria a pragramaccedilatildeo sem a interrupccedilatildeo de publicidade e locutores ldquoComo passo mais tempo usando o computador da empresa que o resto do pessoal e natildeo posso fazer dowloads o site foi uma oacutetima soluccedilatildeo para ouvir muacutesica enquanto faccedilo meus projetosrdquo Eduarda diz que a facildade estaacute no fato da pro-gramaccedilatildeo ser sua criaccedilatildeo onde vocecirc seleciona os artistas ou estilo de muacutesica da sua preferecircncia podendo mudaacute-la qualquer hora E ainda poder contar com sugestotildees musicais do serviccedilo geradas a partir do tipo de muacutesica que se ouve

Contra a mareacuteCurioso eacute o exemplo da estudante

Ceciacutelia Portugal 21 anos Apreciadora de axeacute music adora ouvir a Extra FM enquanto dirige Diferente de Ellen e

Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

O raacutedio na onda do ciberespaccedilo

Imagem do programa de dowloads de arqui-vos de muacutesica e viacutedeos Limewire

Paacutegina da raacutedio na internet a Last FM

Saiba o que a troca de arquivos de muacutesica pela internet fez com o raacutedio de entretenimento como as pes-soas encarram isso e quais satildeo as apostas das raacutedios para natildeo perderem seus ouvintes e patrocinadores

20-21 - Mate ria Ra dio final prontaindd 120-21 - Mate ria Ra dio final prontaindd 1 82809 115051 AM82809 115051 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Miacutedia bull 21Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

Karina o costume de baixar muacutesica pela internet natildeo a afas-tou do haacutebito de ouvir raacutedio ldquooutro dia ouvi uma muacutesica nova do Tomate ex-vocalista do Rapazolla Corri pra casa procurei o arquivo para down-load e depois gravei num CD para ouvir com as amigas no caminho pra baladardquo conta ldquoA maior graccedila do raacutedio que sem-pre tive o costume de ouvir eacute a companhia que faz Parece que natildeo estou sozinha no carro enquanto ouccedilo E me divirto com as esquetes de humor que tecircm por aiacuterdquo diz

Essa parece mesmo ser a nova vocaccedilatildeo do raacutedio como destaca o locutor e produtor Gleyson Lage da 98 FM de Belo Horizonte ndash primeira emissora a operar em frequumlecircncia modu-lada na Ameacuterica Latina ldquoAleacutem das promoccedilotildees e do aumento das formas de interatividade o humor eacute uma forma de fi de-lizar o ouvinte de perfi l mais passivo que tem menos dispo-nibilidade ou motivaccedilatildeo para manter contato por telefone ou e-mailrdquo Apostando nisso a 98 FM ndash cuja programaccedilatildeo eacute 100 local ndash conta com trecircs progra-mas de cunho humoriacutestico para enfrentar a concorrecircncia Os Manos Silicone Show e Graffi ti auto-intitulado o pior programa de raacutedio do Brasil

Para o locutor publicitaacuterio Tovar Luiz 43 o FM nasceu engraccedilado ldquoo grande barato das raacutedios FM desde a sua popu-larizaccedilatildeo no iniacutecio dos anos de 1980 foi o seu perfi l descontra-iacutedo A locuccedilatildeo nessas emisso-ras sempre foi bem mais aacutegil e despojada O hoje apresentador de TV Ceacutesar Filho por exemplo comeccedilou a carreira no raacutedio e

fi cou famoso pelo bordatildeo lsquobeijo pra vocecirc feiarsquo Natildeo era ofensa era pra fazer o ouvinte rir O FM foi uma revoluccedilatildeo em termos de lin-guagemrdquo lembra E ele parece ter razatildeo O programa Pacircnico um dos maiores fenocircmenos televi-sivos dos uacuteltimos tempos eacute deri-vado de um programa de raacutedio da rede Jovem Pan 2 de Satildeo Paulo comandado pelo locutor Emiacutelio Surita Seguindo o fl uxo as demais redes destinadas ao puacuteblico jovem tambeacutem investi-ram na programaccedilatildeo que faz rir E a partir das redes as emissoras locais que fazem concorrecircncia agraves afi liadas tambeacutem acompanham a tendecircncia para natildeo perder seu espaccedilo no mercado

Falando neleExistem hoje 23 FMs no dial

de Belo Horizonte Pelo menos quatro delas satildeo dedicadas aos jovens Jovem Pan 2 (991) Mix FM (917) 98FM (983) e Oi FM (939) Destas somente a 98FM natildeo eacute afi liada de uma grande rede Haacute trecircs anos em atividade na emissora Gleyson Lage confi rma a reduccedilatildeo no nuacutemero de vagas aos profi ssio-nais da aacuterea ldquonuma raacutedio local satildeo necessaacuterios 20 funcionaacuterios para produzir toda uma grade enquanto numa afi liada jun-tando a programaccedilatildeo execu-tada pelo sateacutelite com aquela gerada pela automaccedilatildeo da transmissatildeo apenas cinco datildeo

conta do recado para o tempo destinado agrave grade local Eacute com-plicadordquo conta

No entanto ele vecirc a partici-paccedilatildeo das redes de raacutedio como positiva no que se refere agrave qua-lidade ldquoquando uma rede tem um bom conteuacutedo ndash boa plaacutes-tica bons locutores bons tex-tos ndash ela acaba por estimular as emissoras locais a manterem o mesmo niacutevel Haacute um ganho em criatividade que poderia natildeo existir se todo o conteuacutedo fosse localrdquo acredita

Enquanto isso os ouvintes se queixam da repeticcedilatildeo nas grades musicais ldquochega a ser engraccedilado Estava ouvindo uma muacutesica numa determinada

raacutedio Quando acabou troquei para a estaccedilatildeo seguinte e estava tocando a mesma muacutesica Acho que como todos os meios de comunicaccedilatildeo as raacutedios precisam abrir o leque de opccedilotildeesrdquo opina Karina Zandona estagiaacuteria de pesquisa de mercado 22

Karina completa ldquoateacute a Rede Globo tem inovado na inserccedilatildeo de muacutesicas de artistas desconhecidos do grande puacuteblico como trilha das suas produccedilotildees (como foi o caso do cantor Beirut presente na trilha sonora da minisseacuterie Capitu exibida em janeiro de 2009) O raacutedio podia acompanhar essa tendecircnciardquo sugere

Com a digitalizaccedilatildeo da muacutesica o sonoplasta sai de cena eacute o locutor quem faz tudo

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O Ponto

Editor e diagramador da paacuteginaLira Faacutevilla e Felipe Barbosa 6ordm periacuteodo

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

22 bull Cultura

CLAUDIA LAPOUBLE

6ordmPERIacuteODO

ldquoO processo pelo qual se arma-zenam informaccedilotildees no disco de vinil feito de PVC material derivado do petroacuteleo consiste em imprimir nele ranhuras ou ldquoriscosrdquo cujas formas tanto em profundidade como abertura mantecircm correspondecircncia com a informaccedilatildeo que se deseja arma-zenar Essas ranhuras visiacuteveis no disco a olho nu satildeo feitas no disco matriz com um estilete no momento da gravaccedilatildeo Esse esti-lete eacute movido pela accedilatildeo da forccedila magneacutetica que age sobre eletro-iacutematildes que estatildeo acoplados a elerdquo (in Leituras de Fiacutesica GREF- Departamento de fiacutesica da USP SP2005)

Eacute assim que a muacutesica se ldquoimprimerdquo no plaacutestico que depois ao ser arranhado pela agulha libertaraacute novamente os sons no ar Para os apaixonados por vinil o ritual de tirar o disco da estante limpaacute-lo colocaacute-lo no toca discos posicionar a agu-lha delicadamente sobre ele tomando todo o cuidado para natildeo arranhaacute-lo e repetir todo esse processo na hora de virar o disco para ouvir o lado b signi-fi ca uma relaccedilatildeo mais proacutexima com a muacutesica Era preciso dedi-car tempo a escutar o disco Mais do que uma miacutedia de armazena-mento analoacutegico do som o disco de vinil eacute um objeto de arte e uma peccedila que daacute materialidade agrave muacutesica

Dados da Associaccedilatildeo de Gra-vadoras da Ameacuterica (Record Industry Association of Aeme-rica) mostram que as vendas de LPs aumentaram em quase 130 entre os anos de 2007 e 2008 De acordo com o informe anual divulgado pelo oacutergatildeo ldquoo vinil continua sua ascensatildeo As vendas nesse formato somaram

US$57 milhotildees e vem mais do que duplicando ano apoacutes anordquo Ainda segundo o documento ldquotrata-se do produto preferido por audiofi los e colecionadores e o aumento nas vendas se deve tanto agrave re-gravaccedilatildeo de mate-rial de cataacutelogo quanto a novos lanccedilamentosrdquo

Com os nuacutemeros da induacutes-tria apontando para uma queda nas vendas de CDs e em tempos em que se fala em livre acesso agrave muacutesica atraveacutes da internet o vinil se apresenta como uma saiacuteda para quem ainda gosta da muacutesica palpaacutevel apreciaacute-la com todos os sentidos inclusive o tato

Um Brasil em vinil ldquoContar a histoacuteria do Brasil

atraveacutes da muacutesica guardando um exemplar de tudo o que foi gravado em vinil no paiacutesrdquo esse era o objetivo de Edu Pampani 46 quando em 2005 fundou a Discoteca Puacuteblica o primeiro espaccedilo dedicado agrave memoacuteria musical brasileira do paiacutes

Apaixonado por muacutesica e claro pelos discos de vinil Pam-pani conta que a ideacuteia da Dis-coteca nasceu quando ele ainda morava na Bahia e tinha uma loja de discos Segundo ele quando o Compact Disc (CD) comeccedilou a se popularizar na deacutecada de 90 as pessoas o procuravam para trocar seus LPs por CDs

O espaccedilo tem hoje um acervo de cerca de 12 mil peccedilas que contam a historia do Brasil pelos sulcos no plaacutestico PVC Eacute possiacute-vel ouvir por exemplo gravaccedilotildees de jogos de futebol ou vinhetas de programas de raacutedio dos anos 50 aleacutem de claacutessicos da muacutesica popular brasileira em gravaccedilotildees originais Com todas essas rari-dades Pampani garante natildeo ter nenhum disco favorito ldquosempre me perguntam Edu qual eacute o disco mais raro que vocecirc tem

e eu respondo raro eacute ter todos eles juntosrdquo

De volta ao plaacutesticoApesar de natildeo ser a miacutedia mais

utilizada pelo grande puacuteblico o disco de vinil tem um puacuteblico fi el principalmente entre os DJs que segundo Pampani ldquoprocuram sempre coisa nova se ele quer tocar Jorge Bem por exemplo ele vai procurar aquela muacutesica que ningueacutem lembra mais que ele gravou Esse pes-soal tem que fi car garimpando semprerdquo

O DJ e fundador do selo Vinyl Land Luiz Valente ou DJ Luiz PF eacute um desses garimpeiros de sebos Ele conta que sua paixatildeo pelos LPs nasceu quando ele mesmo selecionava as muacutesi-cas que iriam compor o som ambiente de seu bar o ldquoLugarrdquo Em 2003 Luiz sentiu que pode-ria abrir espaccedilo para DJs que pesquisavam e procuravam por muacutesicas que fugiam do lugar comum ldquoeu fui fazendo festas por um tempo chamando DJs que discotecavam com vinil pra ser um contra ponto a essa outra galerardquo conta

Radicado em Londres desde 2006 Luiz conta que ao chegar agrave Europa percebeu que diferente do que acontecia no Brasil ldquolaacute o negoacutecio natildeo tinha acabado nada se achava tudo pra com-prar coisas novas a galera atual todo mundo lanccedilava era uma coisa de canto de loja mas fun-cionando vendendordquo Na capital inglesa o DJ trabalhou na grava-dora Whatmusiccom que aleacutem de CDs lanccedilava tambeacutem traba-lhos em vinil

A paixatildeo pela ldquocultura de acetatordquo e o trabalho como DJ foram o incentivo para que Luiz fundasse em 2008 a Vinyl Land selo que vem com a proposta de lanccedilar muacutesicos que se interes-sem em gravar em vinil Segundo

ele o selo nasceu de sua proacutepria necessidade como DJ ldquoeu

jaacute discotecava com vinil e fui achando bandas

novas que queria tocar mas natildeo tinha como porque eram de uma eacutepoca em que natildeo tinha mais vinil ai eu pensei jaacute que natildeo tem eu faccedilo

e comecei a procurar contatos e tentar orga-

nizar o selordquo Com apenas um ano

no mercado a Vinyl Land

jaacute lanccedilou trecircs discos dentre

eles um compacto simples do Autoramas

Novas marcas no PVCFoi pela Vinyl Land que a

banda Th e Dead Lovers Twisted Heart que nunca havia lanccedilado seu trabalho comercialmente lanccedilou seu primeiro EP O com-pacto auto-intitulado traz cinco muacutesicas antes disponiacuteveis para download na internet O disco prensado na Alemanha teve tiragem limitada de 200 coacutepias

Com infl uecircncias que vatildeo de Odair Joseacute e Roberto Carlos ateacute Franz Ferdinand e Jack White passando pela literatura de Mark Twain (o grupo tem uma muacutesica em homenagem a Huck-leberry Finn personagem do autor americano) e os cartunis-tas Laerte e Angeli a banda for-mada por Ivan (guitarra e vocal)

Guto (guitarra) Paty (bateria) e

Velvs (baixo) jaacute era conhecida dos frequumlentadores de casas de shows de Belo Horizonte antes de lanccedilar seu EP

Segundo Ivan a ideacuteia de ter seu primeiro trabalho gravado em vinil casou muito bem com a banda ldquoa gente ainda natildeo tinha lanccedilado um disco propriamente dito e hoje o suporte fiacutesico eacute cada vez menos importante porque na verdade a muacutesica vocecirc acha em qualquer lugar e um disco um CD na verdade natildeo faz mais tanto sentido E nossa ideia era que jaacute que vocecirc vai comprar um objeto o vinil eacute um objeto muito mais legal tanto esteticamente quanto no manusear fora que tem toda essa coisa da retomada e eacute uma boa proposta que tem tudo a ver com a bandardquo afi rma o muacutesico provando que o velho vinil estaacute mais novo que nunca

O novos sonsdo velho vinil

Com a popularizaccedilatildeo dos sites de divulagaccedilatildeo de muacutesica na internet o vinil retorna como alternativa interessante para novos muacutesicos e ouvintes

Dj Luiz PF fundador do selo Vinyl Land

Os diferentes formatos do vinil-LP abreviatura do inglecircs Long Play ou ldquo12 polegadasrdquo Disco com 31 cm de diametro com capacidade normal de cerca de 20 minutos por lado O formato LP era utilizado usualmente para a comercializaccedilatildeo de aacutelbuns completos-EP abreviatura do inglecircs Extended Play Disco com 17 cm de diametro e capacidade de cerca de 8 minutos por lado continha em torno de quatro faixas -Single ou compacto simples abreviatura de Single Play ldquo7 polegadasrdquo ou compacto simples Disco com 17 cm de diametro e capacidade normal de 4 minutos por lado O single era geralmente empregado para a difusatildeo das muacutesicas de trabalho de um aacutelbum completo a ser posteriormente lanccedilado -Maacutexi abreviatura do inglecircs Maxi Single Disco com 31 cm de diametro sua capacidade era de cerca de 12 minutos por lado

Arq

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Barro

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The Dead loverrsquos Twisted Heart Pati Vels Guto e Ivan

22 - diagramacao vinilindd 122 - diagramacao vinilindd 1 82809 115104 AM82809 115104 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Culturabull 23Editor e diagramador da paacutegina Baacuterbara Rodrigues 8ordm periacuteodo

Festival Internacional de Corais homenageia

BAacuteRBARA RODRIGUES 8ordm PERIacuteODO

A seacutetima ediccedilatildeo do Festival Interna-cional de Corais ndash FIC acontece de 18 a 27 de setembro de 2009 e teraacute como tema a vida e obra de Villa-Lobos con-siderado o maior compositor das Ameacute-ricas Seratildeo cerca de 300 apresenta-ccedilotildees de 120 corais de todo o Brasil e do exterior que percorreratildeo 12 cidades de Minas Gerais

O festival realizado pela Universi-dade FUMEC tem o intuito de popula-

rizar os corais e grupos vocais amadores e profissionais e evidenciar atividades culturais de empresas instituiccedilotildees de ensino comunidades associaccedilotildees e fundaccedilotildees com apresentaccedilotildees de corais e shows de artistas nacionais sempre com a bandeira da muacutesica brasileira agrave frente

Regidos pelo Maestro Lindomar Gomes produtor cultural e coordena-dor do FIC os 30 integrantes do coral da FUMEC seratildeo um dos grupos a se apresentar ldquoNosso coral sempre parti-cipou de festivais seguindo a maacutexima de Fernando Brant de que lsquotodo artista

tem de ir aonde o povo estaacutersquo A cada ano o FIC escolhe um tema que traduza a identidade musical brasileira Este ano celebraremos os 50 anos de morte de Villa-Lobos responsaacutevel por implantar o canto coral no paiacutes na deacutecada de 1930 e o muacutesico que mais cantou as belezas nacionaisrdquo enfatiza

Em cada ediccedilatildeo do festival os com-positores Leonardo Cunha e Fernando Brant satildeo responsaacuteveis pela muacutesica-tema que ao final do evento eacute cantada por todos os corais A composiccedilatildeo deste ano ganhou o nome de ldquoMestre Villardquo exultando o que de mais haacute de caracte-

riacutestico na vida e obra do mestre Durante todo o festival alguns locais

da cidade como o Palaacutecio das Artes Sesc Laces JK e a aacuterea de convivecircn-cia da FUMEC receberatildeo exposiccedilotildees de fotos textos e trilhas sonoras do acervo do Museu Villa-Lobos no Rio de Janeiro A banda mineira 14 Bis e o muacutesico Renato Teixeira fazem shows no interior de Minas e no dia 27 no Parque Municipal encontro de todos os corais participantes marcaraacute o fechamento do evento onde mais de mil vozes se uni-ratildeo para cantar os temas do maestro homenageado

O maestro e coordenador do FIC Lindomar Gomes e os integrantes do Coral da Fumec

Mestre Villa daacute o tom dentro e fora do paiacutesO carioca Heitor Villa-Lobos

foi responsaacutevel por universa-lizar a muacutesica nacional acres-centando em grande parte de suas mil obras a sonoridade da fauna brasileira de tribos indiacute-genas e africanas aleacutem de refe-recircncias de cantigas do choro e do samba

Na defi niccedilatildeo do maestro Lindomar Gomes a impor-tacircncia de Heitor Villa-Lobos estaacute no fato de ele ldquodecifrar a alma brasileira e colocaacute-la em muacutesicardquo Devido agraves homena-gens ao compositor nas prin-cipais capitais do Brasil e do

mundo Gomes natildeo eacute o uacutenico a pensar assim

Peccedilas de Villa-Lobos fazem parte das temporadas da Filar-mocircnica de Belo Horizonte da Orquestra Sinfocircnica do Teatro Nacional Claacuteudio Santoro em Brasiacutelia da Sinfocircnica Munici-pal de Campinas e da Orques-tra Sinfocircnica Brasileira do Rio

Internacional Em janeiro o maestro John

Neschling regeu a Filarmocircnica de Varsoacutevia na Polocircnia com os ldquoChoros n 6rdquo A soprano Adriane Queiroz cantou as ldquoBachianas

Brasileiras nordm 5rdquo em Berlim e o regente da OSB do Rio Roberto Minczuk esteve no Japatildeo em agosto para apresentar as ldquoBachianas Brasileirasrdquo

Ainda este ano deve chegar agraves livrarias o ldquoFolha Explica Villa-Lobosrdquo da Publifolha do violonista Faacutebio Zanon que em entrevista ao jornal Folha de Satildeo Paulo afi rmou ldquoO uni-verso sonoro de Villa-Lobos eacute uma coisa arrasadora Nossa ideia de Brasil seria muito mais pobre sem a leitura efetuada por Villa-Lobos de nosso patri-mocircnio musicalrdquo

Programaccedilatildeo completa e outras informaccedilotildees sobre FIC 2009 wwwfestivaldecoraiscombr

Foto

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accedilatildeo

Foto divulgaccedilatildeo

O compositor e maestro Villa-Lobos cuja obra eacute reconhecida e celebrada internacionalmente

23 - festivaldecoraisindd 123 - festivaldecoraisindd 1 82809 115113 AM82809 115113 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

24 bull Cultura Editor e diagramador da paacutegina Amanda Lelis 6ordm periodo

COLCHAde retalhos

CU

RT

Are

talh

os

Magia

Escrevo uma letra

e jaacute natildeo estou no mesmo lugar

Pedro Cunha Instrumento de cordas vocais tocado pela alma

a palavra na garganta que vira muacutesica

o som da orquestra do coraccedilatildeo

dos gagos e desafi nados

aos cegos de paixatildeo

VozBaacuterbara Rodrigues

Natildeo sei bem o que eacute

Se eacute invenccedilatildeo

Se eacute na verdade a mais pura verdade

Se sou eu tentando fugir

Se sou eu tentando apagar

Natildeo encarar o que estaacute acontecendo

Esquecer a minha confusatildeo

De querer sem conhecer

De te amar sem te encontrar

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Queria esquecer

E perdoar entatildeo

Voltar na decisatildeo

Para minha vida rotineira

Que eu levei a vida inteira

O meu sufoco e os seus gritos

Meu confortaacutevel desespero

Minha mania de querer ser mais para mundo

Do que o mundo eacute para mim

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Confortaacutevel DesesperoPaula Macintyre

Preso agrave falta de sono procurando ver

Atraveacutes da luz de um trago num bastatildeo de morte

Talvez com sorte entatildeo eu possa crer

Que os dias se passaram mas o amor fi cou

Mesmo sonhando acordado algo ainda restou

De tardes tatildeo bonitas

Em que o brilho dos teus olhos eu pude enxergar

Os teus negros cabelos quero entatildeo tocar

apesar de estares tatildeo afl ita

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia

que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Por mais que em outras camas eu possa deitar

que braccedilos e abraccedilos venham me afagar

O brilho dos teus olhos ainda me ilumina

por vaacuterias ruas sujas que eu tentei fugir

estenderia um tapete pra vocecirc entrar

sentado vago na varanda escura a esperar

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Mas eu mudaria tudo isso pra te ter aqui

comigo ao meu lado todo dia a me fazer sorrir

Para ouvir a muacutesica wwwmyspacecombandatravessia

DuetoAlvaro Castro

Do entendimento tardio de se assistir a uma passagem de som

Cracke se quebra o silecircncio a voz dos barulhos instrumentais

cala todos os outros sons do silecircncio Antes de ser melodiosos

os sons comeccedilam desencontrados como tateando no escuro

dos ritmos tentando se encontrar e dar as matildeos para soacute assim

iniciar seu dialogo-danccedila em brincadeiras harmoniosas que

encantam e enfeiticcedilam Na sutileza dos tons na alegria de fazer

barulhos musicais modifi cam a muacutesica mil vezes re-arranjada

ajeitam afi nam se enfeitam

e a muacutesica fi nalmente sai Perfeita

AntesClaudia Lapouble

Sssshhiiii

silecircnciosopro suspiro sussurro

sublime submerso submarino submundo

some sobe segue sangue sinistro

sem focirclegosufoco

SClaudia Lapouble

A canccedilatildeo natildeo paacutera O berimbau controla o medo que corre

nas ruas vindo daqueles que natildeo se deixaram dissolver pela

aacutegua trazida com a chuva Na cidade escorre toda a calmaria

e a melodia se arrasta molhando o chatildeo Enquanto o ceacuteu se

desmancha aos poucos sobre a rua deserta eles cantam Voz

para um canto que veio aveludar meus ouvidos acalentar

clamoroso de uma vida inteira e fosse essa noite a vida

inteira fez-se a noite lembranccedila da cantiga que me converteu

inteira Pandeiro Meacutedio Viola e a chuva que ritmava a

cantoria O breu e noacutes no breu O escuro arrasta o invisiacutevel

para dentro da cidade que chora para dentro dos meus olhos

que fi tam atentos os olhos deles que me encantam Hora um

hora outro me arrasta em companhia agrave suas vozes As gotas

respondem ao coro num canto suave o pandeiro acompanha

o berimbau e o repique respinga umas gotas tontas de

musicalidade goteja um som que sobrevoa a superfiacutecie

Sobre o invisiacutevelAmanda Lelis

Gabriel Guedes e violino em show na Praccedila da Liberdade

O som da alma se apresenta em desejo e verso livre

na terccedila indecente suave

no violino do seus sonhos em coro cresce a quarta corda

dissonante

eacute a Musica

No canto viacutevido em tom sincero e leve expande

compaixatildeo as notas graves

fi delidade ao escrever a voz da alma sobre arpejos

inconstantes

eacute a Musica

MuacutesicaPedro Gontijo e

Bernardo Gontijo

Te aperto contra o peito

te penduro nas costas

no churrasco passa de matildeo em matildeo

e ainda assim me faz companhia

nas noites de solidatildeo

Ode ao violatildeoBaacuterbara Rodrigues

Ajude a costurar nossa colcha balaioretalhosgmailcom

24 - Colcha de retalhos corrigidoindd 124 - Colcha de retalhos corrigidoindd 1 82809 115124 AM82809 115124 AM

Page 16: Jornal O Ponto - agosto 2009

O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

16 bull Especial

Com a palavra alguns ex-monitores

ldquoO meu

primeiro contato praacutetico

com o jornalismo ocorreu no Jor-

nal O Ponto Durante oito meses

como

monitor e nos quatro anos de curso

vivi cada

dia na redaccedilatildeo e pude ajudar a c

onstruir com

reportagens diagramaccedilotildees ou material fotograacutefi co

esse jornal que respeito muito por

ter me mostrado de

forma sincera alguns valores da mi

nha profi ssatildeo

As discussotildees interessadas que tive

mos naquela redaccedilatildeo

fi cam para toda a carreira juntame

nte com as boas pessoas

com as quais pude conviver nesse

periacuteodo Com o Ponto

percebi que o jornalismo antes de

escrever deve ldquoolharrdquo

para o mundo e buscar seu recorte

Por mais difiacutecil que

fosse terminar uma paacutegina sempre

compensava olhar para

ela impressa na pilha de jornais

no fi m do mecircs Esse

desafi o nos motivou e deve motivar

a cada diardquo

Enzo Menezes ex-monitor

ldquoDurante um ano e meio fui moni-

tora do jornal O Ponto podendo

adquirir muito conhecimento Mesmo

sendo um jornal mensal e por isso com-

posto de reportagens natildeo de notiacutecias pude

aprender sobre a rotina de uma redaccedilatildeo Aprendi

como nasce um jornal desde a reuniatildeo de pau-

tas o acompanhamento dos repoacuterteres e editores

revisatildeo das paacuteginas montagem da boneca o fecha-

mento ateacute o jornal impresso Comecei no jornal no

sexto periacuteodo entatildeo tive que apreender a editar

e diagramar uma paacutegina Ao mesmo tempo tambeacutem era

responsaacutevel pela ediccedilatildeo fi nal do jornal tendo que

colaborar com os demais alunos Foi muito grati-

fi cante fazer parte da equipe do jornal labora-

toacuterio foi um grande aprendizadordquo

Poliane Bosco ex-monitora

ldquoFui um dos primeiros monito-res do jornal e da 1ordf turma de jornalismo da Fumec Como na eacutepoca os repoacuterteres eram voluntaacuteriospassaacutevamos nas

salas chamando o pessoal Nas primeiras ediccedilotildees ateacute falavam que existia uma lsquopanelinharsquo porque as

mateacuterias eram sempre dos mesmos - eu o Ernesto Braga o Pedro Blank por exemplo porque era quem se interessava em escrever A mateacuteria que me marcou mais foi a primeira a primeira a gente nunca esquece (risos) Acho que o tiacutetulo era lsquoDe volta aos porotildees da loucurarsquo que saiu como manchete na primeira ediccedilatildeo e era sobre um manicocircmio em Barbacena O pessoal de psicologia ia fazer um estudo laacute e nos ofere-cemos para cobrir Vimos que a situaccedilatildeo do lugar era a mesma haacute 20 anos segundo um livro dos anos 80 sobre a instituiccedilatildeordquo

Murilo Rocha ex-monitor

ldquoA moni-toria foi uma experiecircncia

muito bacana pois foi a primeira vez que tive contato com a produccedilatildeo de

um jornal Tiacutenhamos a funccedilatildeo de editar mas tambeacutem faziacuteamos mateacuterias diagramaacutevamos tiraacute-

vamos fotos orientaacutevamos os repoacuterteres enfi m era uma trabalheira soacute Lembro-me de uma mateacuteria que fi z sobre salaacuterio miacutenimo (maio2001 14ordf ediccedilatildeo) e ganhou a manchete de O Ponto para minha surpresa Eu e o Daniel Bianchini na eacutepoca fotoacutegrafo e teacutec-nico do laboratoacuterio de fotografi a da Fumec subimos a favela para saber quantas eram e como viviam as

pessoas que recebiam um salaacuterio miacutenimordquo

Angeacutelica Diniz ex-monitora

Foto

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Foto arquivo O Ponto

12-16 - 10 anos O Pontoindd 512-16 - 10 anos O Pontoindd 5 82809 123353 PM82809 123353 PM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Esporte bull 17Editor e diagramador da paacutegina Rodrigo Zavaghli e Joatildeo Procoacutepio 6ordm periacuteodo

Domingo um dia em que a populaccedilatildeo de um paiacutes inteiro parou diante das tevecircs para assistir ao embate de duas equipes esportivas disputando o tiacutetulo nacional O vencedor vem estabelecendo uma supremacia invejaacutevel Eacute o maior ganha-dor da deacutecada e jaacute desponta como favo-rito para a proacutexima temporada Enfrenta apenas um desafi o manter o elenco para continuar competitivo em um ramo que movimenta milhotildees em dinheiro anualmente

Poderia estar falando do Brasil e o time citado poderia perfeitamente ser o Satildeo Paulo Mas a cena descrita se passa nos Estados Unidos o campeatildeo se chama Los Angeles Lakers e o esporte natildeo eacute o futebol mas sim o basquete Com uma atuaccedilatildeo impecaacutevel do cestinha Kobe Bryant os Lakers derrotaram o Orlando Magic em uma seacuterie melhor de sete jogos levantando o caneco pela quarta vez desde o ano 2000 Eacute o deacutecimo tiacutetulo do teacutecnico Phil Jackson em 15 da equipe de LA Somados a esses nuacutemeros 15 milhotildees de televisores americanos esta-vam ligados no jogo durante a exibiccedilatildeo e a movimentaccedilatildeo fi nanceira do esporte tambeacutem natildeo fi ca atraacutes das grandes trans-ferecircncias de jogadores brasileiros para o futebol europeu A estrela do basquete Shaquille OacuteNeil deve trocar de time por nada menos que 20 milhotildees de doacutelares -uma pechincha- Mostra-se assim que o basquete pode seguir uma foacutermula de sucesso da mesma forma que fazemos com o nosso esporte nacional

A liga americana eacute uma das mais assis-tidas no paiacutes e no mundo sendo transmi-tida para 42 paiacuteses e possui uma foacutermula diferente e atraente com fase de grupos os famosos mata-matas e divisotildees por conferecircncias tornando toda a temporada uma grande festa com direito inclusive agraves tradicionais e nada desejaacuteveis brigas de torcida

A NBBA Associaccedilatildeo Nacional de Basquete

dos Estados Unidos a NBA eacute o exemplo que o Brasil estaacute tentando seguir para reerguer o esporte no paiacutes A preocupa-ccedilatildeo eacute grande uma vez que por exemplo a equipe masculina nacional que jaacute con-tou com estrelas como Oscar Schmidt aleacutem de jogadores que hoje fazem fama no exterior como Leandrinho Nenecirc e Anderson Varejatildeo nem se quer conquis-tou vaga para disputar as duas uacuteltimas olimpiacuteadas Isso para um esporte em que o Brasil jaacute foi campeatildeo mundial no cada vez mais longiacutenquo ano de 1959 eacute sinal de crise

Mas o racha no basquete brasileiro natildeo envolve apenas o desempenho do time em quadra Nos uacuteltimos anos o que se viu foi um show de falta de organizaccedilatildeo por parte da Confederaccedilatildeo Brasileira de Basquete (CBB) que em 2006 natildeo con-seguiu promover o campeonato nacio-nal ateacute o fi m Faltou a fi nal e a histoacuteria

enveredou para a poliacutetica Os clubes paulistas insatisfeitos com a conjun-tura romperam com a confederaccedilatildeo e disputaram um torneio paralelo criado por eles em 2008 No preacute-oliacutempico do mesmo ano a seleccedilatildeo brasileira dispu-tou por vaacuterios motivos muitos deles obscuros com desfalque de todos os jogadores que disputavam a Liga Ame-ricana Perdeu

Insustentaacutevel por si soacute a nova aposta da CBB eacute o Novo Basquete Brasil A sigla NBB natildeo foi por acaso A semelhanccedila com a NBA eacute justamente o foco do novo torneio organizado pelos clubes com a chancela da Confederaccedilatildeo Eacute uma ten-tativa de reconciliaccedilatildeo dos times com a entidade dos jogadores com a seleccedilatildeo e por consequumlecircncia das torcidas com a quadra O formato traz turno returno e fase fi nal com mata-mata para defi nir semifi nalistas e fi nalistas A fi nal eacute deci-dida em no maacuteximo cinco partidas E que comece a campanha para as Olim-piacuteadas do Rio

OlimpiacuteadasQue o governo brasileiro estaacute em cam-

panha para sediar os Jogos Oliacutempicos de 2016 jaacute estaacute claro para todo mundo O que acontece nas entrelinhas poreacutem eacute um esforccedilo coletivo por parte da miacutedia do governo e de todo o setor esportivo em geral em alavancar o esporte no paiacutes Desmistifi car a conversa de que aqui soacute o futebol presta Eacute bom para os clubes bom para os cofres puacuteblicos e bom para as empresas privadas fora a melhoria na imagem do paiacutes laacute fora Para se ter uma ideia o Pan do Rio gastou cerca de sete milhotildees de reais em uma soacute cidade Jaacute a reforma do Maracanatilde palco da fi nal da copa de 2014 tem orccedilamento pre-visto em ateacute 1 bilhatildeo Eacute muito dinheiro envolvido e logicamente muita gente interessada

O NBB se torna claramente mais uma peccedila nesse complexo tabuleiro aonde o objetivo eacute vender o Brasil como paiacutes do esporte Ronaldo Adriano Fred fora outras movimentaccedilotildees de grandes estrelas do esporte nacional que retor-nam ao paiacutes mostram que aos poucos estamos tentando construir uma cultura esportiva o que nos encaixa como uma luva na candidatura para as olimpiacuteadas

A verdade eacute que temos um longo caminho a percorrer O Rio de Janeiro jaacute ateacute possui um esqueleto de estrutura eacute verdade feita nos Jogos Pan Ameri-canos de 2006 e pretende ampliar o investimento com a Copa do Mundo de futebol mas a incompatibilidade ainda eacute latente Falta resolver o problema da seguranccedila puacuteblica A reforma do estaacute-dio do Maracanatilde jaacute tem orccedilamento mas natildeo tem quem pague E o que sinaliza o desespero para ser capaz de receber um evento desse porte eacute a corrida das cidades sede da Copa de 2014 Das 12 cidades sede todas com planejamentos astronomicamente caros para a compe-ticcedilatildeo apenas uma ndashBrasiacutelia- declarou de onde viraacute o dinheiro

Formaccedilatildeo de baseO lado positivo de toda a politicagem

que envolve a corrida pelas olimpiacuteadas eacute a formaccedilatildeo de novos atletas e de esco-linhas de base nos vaacuterios clubes do paiacutes Afi nal se por um lado esporte eacute fi nan-ceiramente um bom negoacutecio ele natildeo deixa de ser saudaacutevel e interessante para a sociedade A efi ciecircncia de escolinhas de esporte nas periferias em termos de estatiacutesticas de criminalidade aleacutem do trabalho seacuterio de dignidade e auto-estima que eacute feito na grande maioria dos casos por professores voluntaacuterios eacute inegaacutevel

O Mackenzie Esporte Clube tradi-cional formador de atletas de Belo Hori-zonte por exemplo usa suas escolinhas de esporte para segundo sua assessoria de imprensa auxiliar na educaccedilatildeo e inte-graccedilatildeo social de crianccedilas e jovens Aleacutem dos clubes escolas particulares ou seja com verbas como o Coleacutegio Santo Agos-tinho realizam projetos sociais para pro-mover a integraccedilatildeo e dignidade atraveacutes do esporte Exemplo disso era o time de vocirclei Sada Betim hoje Sada Cruzeiro que enquanto ainda associado agrave prefeitura da cidade e usando suas dependecircncias abria portas para jovens da periferia para integrar suas escolas baacutesicas do esporte

Estrutura para tais iniciativas eacute o que natildeo falta O Minas Tecircnis clube de maior destaque no cenaacuterio esportivo mineiro eacute o detentor de uma das mais invejaacuteveis estruturas esportivas do paiacutes Eacute o exem-

plo de que eacute possiacutevel dar suporte para for-mar equipes competitvas em vaacuterios espor-tes Finalista da Superliga de vocirclei clube de formaccedilatildeo do medalista pan americano Th iago Pereira da nataccedilatildeo medalista oliacutempico do judocirc com Ketleyn Quadros e semifi nalista da NBB com a equipe de basquete Conquistas que geram pergun-tas Eacute possiacutevel estender tamanho sucesso para a populaccedilatildeo em geral O Brasil seraacute capaz de utilizar o potencial que tem de mobilizar a sociedade por causas tatildeo inte-ressantes quanto o esporte para alavan-car os setores prejudicados de seu povo ou vai jogar todos os problemas e todas as desculpas por suas falhas sob o grande guarda-chuva da beleza do esporte Seraacute as Olimpiacuteadas uma oportunidade para o sucesso ou mais uma grande farra para os poliacuteticos e para a miacutedia

O Novo Basquete Brasil pode ser parte da resposta O objetivo principal do tor-neio eacute revigorar o esporte atrair o puacuteblico de volta e recolocar o basquete brasileiro em niacuteveis oliacutempicos para em seu obje-tivo secundaacuterio apoiar a campanha para o Rio 2016 Se der certo bom para o Bra-sil Ganha em notoriedade em trabalho bem feito e abre um leque de esperanccedilas para os projetos que viratildeo Se der errado reforccedila a capacidade do brasileiro de fazer auecirc sem saber aonde vai dar E costuma dar em pizza Em obras superfaturadas em estrutura precaacuteria e em novas festas como mensalotildees castelos e farras aeacutereas em geral

O Novo Esporte BrasilFinal do Novo Basquete Brasil levanta a discussatildeo das poliacuteticas esportivas no Brasil

PEDRO LEONE

6ordm PERIacuteODO

Foto Divulgaccedilatildeo

Minas e Flamengo em jogo realizado na arena da Rua da Bahia

17 - novo esporte brasilindd 117 - novo esporte brasilindd 1 82809 115027 AM82809 115027 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

18 bull Entretenimento Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O que vocecirc acha que o CQC traz de novo para a TV brasileira

Rafi nha Bastos O CQC eacute um formato novo Soacute o fato de existir um formato novo numa televisatildeo tatildeo repetida porque os formatos se repetem muito na televisatildeo a novela do SBT eacute igual a da Band que eacute igual a da Globo que eacute igual a da Record os telejornais tambeacutem satildeo parecidos os programas de auditoacuterio Entatildeo soacute o fato de ser um programa diferente um formato de televisatildeo diferente jaacute eacute uma novidade Eu acho que eacute isso que o CQC traz

OPComo vocecirc entende a junccedilatildeo de ldquojornalismo e humorrdquo

RB Eu acho que o jornalismo eacute muito convencional Ele tem um formato muito especiacutefi co no Brasil haacute muito tempo Entatildeo o fato de a gente estar fazendo uma coisa mais bem humorada vem quebrar um pouco com esses paradigmas que satildeo muito estabelecidos do jornalismo A gente estaacute fazendo de uma maneira diferente de fazer o jornalismo Eu acho interessante a receptividade que eu tenho tido com as mateacuterias laacute do ldquoProteste Jaacuterdquo Satildeo muito legais o povo gosta e se sente representado Entatildeo eu acho que tem sido muito bom

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

RB Natildeo existe isso Eu sou contra esse negoacutecio de ldquohumor inteligenterdquo porque natildeo eacute porque o Tiririca faz um humor para o povatildeo que ele natildeo eacute inteligente Ele eacute um gecircnio aliaacutes entendeu Natildeo acho que a questatildeo eacute ldquointeligenterdquo Eu acho que a questatildeo eacute a seguinte o humor do CQC precisa de mais referecircncia O pessoal precisa conhecer um pouco das coisas que a gente estaacute falando estar um pouco informado sobre poliacutetica Talvez a pessoa que assiste ao CQC esteja atraacutes de um humor com mais informaccedilatildeo um humor mais criacutetico e o humor natildeo eacute tatildeo popular mas natildeo signifi ca que natildeo eacute mais inteligente do que o humor popular

OPVocecirc natildeo teme que o CQC caia na ldquomesmicerdquo

RB Eacute muito cedo para dizer ainda Muito cedo O que acontece eacute que os pro-gramas humoriacutesticos caem na mesmice e isso eacute estrateacutegico O ldquoNerson da Capi-tingardquo faz a mesma piada toda semana

porque as pessoas precisam entender a piada O povatildeo a galera ldquomassardquo precisa saber a hora que ela tem que rir Por isso que parece que eacute muito repetitivo Porque natildeo eacute um humor feito pra gente natildeo eacute um humor feito para a galera faculdade para a galera que tem um espiacuterito criacutetico um pouco mais aguccedilado Eacute para o povatildeo Eacute muito bem feito A tendecircncia do CQC natildeo eacute ir por esse caminho mas pode ser que ele se repita Isso eacute uma busca eterna

OPA experiecircncia da stand-up comedy contribui para a abordagem de suas fontes

RB O fato de eu ser comediante me ajuda Eu faccedilo um programa de humor hoje que por mais que tenha uma pegada jornaliacutestica eacute um programa de humor O objetivo dele eacute ser engraccedilado eacute ser divertido Tanto a minha formaccedilatildeo de jornalista quanto o meu trabalho de comediante estatildeo juntos ali quando eu estou na frente do viacutedeo

OPEm sua opiniatildeo onde podemos perceber o jornalismo no CQC

RB O quadro ldquoProteste jaacuterdquo eacute o quadro mais jornaliacutestico do programa Ele aborda os problemas levanta e vai atraacutes de soluccedilotildees conversa com os governantes Eu acho que esse eacute o quadro mais jornaliacutestico mas natildeo signifi ca que as mateacuterias de ldquobaladardquo natildeo sejam jornaliacutesticas Mas eu soacute acho que o mais parecido com o formato tradicional de jornalismo eacute o ldquoProteste Jaacuterdquo

OPComo vocecirc percebe a inserccedilatildeo da publicidade no programa Vocecirc acha que o excesso de propaganda pode pre-judicar a atraccedilatildeo

RB Eu acho que eacute feito de uma maneira muito suave Eacute algo inovador O que o CQC faz natildeo existe em nenhum outro programa A gente natildeo interrompe natildeo mostra nenhum produto ou merchan durante o programa Satildeo propagandas fei-tas com o proacuteprio elenco Entatildeo eu acho

que eacute diferente e o programa tem que se bancar Ele precisa ter publicidade

OPMas vocecirc natildeo acha que haacute uma quebra do discurso Por exemplo o Marcelo Tas chama uma mateacuteria ldquoredondardquo e faz menccedilatildeo a uma determi-nada marca de cerveja Quando manda a mateacuteria haacute um corte com outra propa-ganda entrando

RB Vocecirc natildeo acha isso muito melhor do que parar e falar assim ldquogente vamos falar de seguro sauacutederdquo e a pessoa sair Vocecirc tem que vender vocecirc tem que fazer publicidade Natildeo tem como O programa precisa se bancar de alguma forma Eu acho que a melhor maneira uma maneira interessante de fazer os merchans eacute da maneira como a gente faz Natildeo inter-rompe natildeo tem a ver com a mateacuteria natildeo estaacute no meio do conteuacutedo natildeo tem a ver com o conteuacutedo do programa estaacute sepa-rado Eu acho que eacute uma maneira tran-quila Se eacute a melhor maneira eu natildeo sei mas eu acho interessante

OPEm abril assessores de comuni-caccedilatildeo dos parlamentares se reuniram em Brasiacutelia para questionar a liberdade com que os repoacuterteres atuam no Con-gresso Nacional O diretor de comuni-caccedilatildeo da Cacircmara poreacutem afi rmou que natildeo alteraria as regras atuais e que cabia aos assessores explicar aos deputados como lidar com o tipo de jornalismo praticado pelos programas O CQC foi pivocirc desta atitude

RB O Congresso faz as leis dele O Congresso olha muito para o proacuteprio umbigo Natildeo existe nada que infl uencie diretamente as decisotildees do Congresso Eles decidem por eles mesmo Por isso que eles estatildeo em Brasiacutelia que fi ca a 500 km de Rio e Satildeo Paulo

OPVocecirc acha que os poliacuteticos satildeo alvo faacutecil para o humor Por quecirc

RB Eu acho que natildeo Eu acho que os poliacuteticos satildeo difiacuteceis porque satildeo uma concorrecircncia para os comediantes Os proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia entatildeo jaacute eacute muito difiacutecil vocecirc tirar sarro de algo que jaacute eacute engraccedilado As notiacutecias do ldquoJornal Nacionalrdquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQC Eacute mais difiacutecil ainda Eacute uma busca eterna para natildeo fi car se repetindo e natildeo fi car falando coisas que jaacute satildeo ditas por outros telejornais

Os bastidores do risoEm entrevista exclusiva Rafi nha Bastos repoacuterter do programa televisivo Custe o Que Custar (CQC) abre o jogo e conta como o humor eacute levado a seacuterio na atraccedilatildeo semanal na emissora Bandeirantes

Uma das cenas protagonizadas por Rafi nha Bastos no quadro ldquoProteste jaacuterdquo

ldquoOs proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia () As notiacutecias do lsquoJornal Nacionalrsquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQCrdquo

Rafi nha Bastos

AMANDA ARAUacuteJO

FLAacuteVIO CAMPOS

NATASHA MUZZI

8ordm PERIacuteODO

Belo Horizonte abril de 2009 Enquanto esperaacutevamos a reapresen-taccedilatildeo da peccedila ldquoArte do Insultordquo para realizar uma entrevista com o humo-rista Rafi nha Bastos marcaacutevamos quais seriam as principais perguntas que deveriam ser feitas considerando o pouco tempo que teriacuteamos dispo-

niacutevel nos bastidores do evento Casa cheia nervosismo em alta muita gente querendo conversar e chamar a atenccedilatildeo do ldquohomem de pretordquo do programa CQC Difiacutecil tarefa eacute con-seguir uma entrevista quando se eacute apenas estudante Mas conseguimos o acesso e a conversa se estendeu por bem mais tempo do que esperaacuteva-mos Nosso objetivo era questionar o apresentador e repoacuterter sobre a jun-ccedilatildeo entre jornalismo e humor presen-tes no programa por ele apresentado

a fi m de somar ao nosso trabalho de conclusatildeo de curso que apresentava a mesma discussatildeo Em maio de volta agrave mesma casa de espetaacuteculos nos encontramos com o tambeacutem repoacuterter da atraccedilatildeo Danilo Gentili com cer-teza bem mais afi ados e preparados para a sarcaacutesticas intervenccedilotildees do humorista

De forma descontraiacuteda fomos recebidos pelas duas grandes fi guras do Stand-up Comedy e agora ldquoastrosrdquo do irreverente CQC que toparam

falar sobre o jornalismo do programa liberdade de imprensa poliacutetica e claro humor Aleacutem de compor a bancada do programa Rafi nha Bastos eacute jornalista e comediante apresentando espetaacuteculos de improviso por todo o paiacutes Publicitaacuterio e humorista Danilo Gentilli foi um dos fundadores da comeacutedia ao vivo na capital paulista O resultado deste inusitado e divertido bate-papo com os dois repoacuterteres vocecirc confere agora em entrevistas editadas especialmente para O Ponto

Foto Divulgaccedilatildeo

18-19 - cqc prontaindd 118-19 - cqc prontaindd 1 82809 115038 AM82809 115038 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Entretenimento bull 19Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O ano de 2008 rendeu ao CQC nove precircmios Quatro deles somam como melhor programa de humor eou como melhor produccedilatildeo humoriacutestica Porque vocecirc acha que a miacutedia ainda natildeo premiou o programa como melhor telejornal

Danilo Gentili O CQC trabalha com fatos jornaliacutesticos mas natildeo eacute um telejor-nal O CQC natildeo estaacute todo dia mostrando os fatos do dia entatildeo natildeo pode ser clas-sifi cado como um telejornal O ldquoGlobo Repoacuterterrdquo natildeo pode ser classifi cado ldquoum telejornalrdquo eacute um programa jornaliacutestico Eu acho que a miacutedia natildeo enxerga o CQC como um programa jornaliacutestico Na ver-dade se for para eu escolher se o CQC eacute jornaliacutestico ou humoriacutestico eu escolheria que ele eacute humoriacutestico porque quando eu vou fazer eu me preocupo primeiro em fazer a pessoa rir Eu vou abrir a boca eu vou falar com esse cara mas a uacutenica razatildeo de eu falar com esse cara eacute fazer uma piada Se eu for falar com ele e a pessoa natildeo rir natildeo tem porque eu estar aqui

OPA maioria das pautas poliacuteticas do programa satildeo destinadas agrave vocecirc A que vocecirc atribui isso Vocecirc seria o mais cara de pau dos ldquohomens de pretordquo

DG Pode ser Talvez seja Eu gosto de fazer poliacutetica com um produtor laacute em especiacutefi co A gente vai com muita von-tade de fazer o que a gente faz de chegar para o cara e perguntar Na verdade eacute o seguinte eu natildeo sei os outros repoacuterteres mas eu no CQC natildeo tenho a pretensatildeo de ser amigo de ningueacutem Seja de poliacutetico ou de celebridade eu natildeo tenho a pre-tensatildeo Vocecircs natildeo vatildeo me ver em festas de celebridades ldquoOh fui convidado pra festa e estou aquirdquo Eu natildeo tenho essa vontade natildeo eacute o meu mundo Entatildeo eu vou pra perguntar o que eu sempre quis e talvez o que todo mundo que estaacute em casa sempre quis saber

OPComo eacute a sua preparaccedilatildeo antes de cobrir as pautas poliacuteticas na Casa Legislativa Vocecirc planeja suas piadas antes ou eacute realmente no improviso

DG A reuniatildeo de pauta geralmente acontece no caminho Eu e o produtor ou no aviatildeo ou no carro Eu e o produ-tor falando ldquoquem vocecirc acha que vai estar laacute Ah Tal pessoa tal pessoa tal pessoa fez isso A gente pode falar issordquo A gente tenta mais ou menos ter uma noccedilatildeo do que dizer

OPMas inclui uma piada pronta DG A gente tenta prever e tenta ir

com umas cartas na manga mas a gente sabe que eacute impossiacutevel Porque eu posso ir com uma pergunta pronta e o cara me daacute uma resposta que ningueacutem esperava Aiacute em cima disso eu tenho que fazer outra piada

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

DG Taacute isso no site do CQC Vocecircs acreditaram nisso (risos) Natildeo sei eu acho que o humor tem que ser engra-ccedilado natildeo tem que ser inteligente Eacute o

que eu acho entendeu O que seria humor inteligente Natildeo sei o humor eacute muito subjetivo pra classifi car ldquoesse humor eacute inteligente esse natildeo eacuterdquo Eu acho que o humor inteligente eacute aquele que se comunica de uma forma efi caz com o seu puacuteblico O Tiririca eacute esquisito mais eacute um humor inteligente para muita gente Eu gosto do Tiririca

OPComo publicitaacuterio como vocecirc avalia esse novo modelo de publici-dade inserido no programa

DG Mas natildeo eacute tatildeo diferente assim Na verdade eacute igual as outras porque nas outras o cara faz a propaganda e a agecircncia que ganha e no CQC tambeacutem a gente faz a propaganda e a produtora que ganha

OPVocecirc acha que o riso midiatizado esse humor ldquopastelatildeordquo que a gente vecirc por aiacute deixa perder um pouco da fun-ccedilatildeo do riso que estaacute em ser criacutetico

DG Depende do humor pastelatildeo eu gosto muito Eu gosto do Chaves gosto dos Trecircs Patetas gosto do Jerry Lewis gosto do Mr Been Eacute tudo humor pastelatildeo Eu acho que o termo que vocecirc queira achar natildeo eacute ldquohumor pastelatildeordquo eacute um humor grosseiro tipo ldquoAh vou peidar em puacuteblicordquo e todo mundo ri disso Eacute um humor primaacuterio Tal-vez seja o que vocecirc queria dizer Pastelatildeo eu gosto muito o humor do Chaves eacute pas-

telatildeo e eacute muito inteligente O do Mr Been tambeacutem eacute muito inteligente ele bolar tudo aquilo e tal Agora tem o humor primaacuterio que eacute esse humor de bordatildeo humor de escatologia humor de falar qualquer coisa Geralmente ningueacutem ri se natildeo sabe do que estaacute rindo Eu tento fazer no meu show e no CQC um riso que depende do contexto Vocecirc vai ver isso quando eu for falar com um poliacutetico no CQC Por exemplo eu fi z uma mateacuteria e eu encontrei o Joatildeo Paulo Cunha um cara que era do mensalatildeo Eu sei que 90 do meu puacuteblico do CQC talvez natildeo se lembre ou natildeo saiba quem eacute o cara Entatildeo se eu fi zesse a piada ningueacutem ia rir ningueacutem ia achar graccedila Entatildeo antes de eu chegar no cara eu falei aquele ali eacute tal cara que fez tal coisa e naquela eacutepoca ele fez o mensalatildeo Falou que pagou 50 mil numa conta em TV a cabo e natildeo sei o que Aiacute o pessoal jaacute sabe do que eu vou falar Entatildeo eu jaacute deixei a pessoa a par do conceito Quando eu chego no cara e faccedilo as piadas a pessoa sabe do que eu estou falando Entatildeo eu informei a pessoa para ela poder rir No meu show eu faccedilo isso Eu falo de uma por-ccedilatildeo de coisas que vatildeo rir porque eles estatildeo dentro do conceito Eu vou falar de tracircnsito eu natildeo preciso explicar o que eacute o tracircnsito Todo mundo sabe o que eacute o tracircnsito entatildeo eles acabam rindo disso por exemplo

OPEm entrevista ao portal UOL no dia 24042008 vocecirc disse que os bra-sileiros natildeo tecircm muito senso de humor Porque vocecirc acha entatildeo que o pro-grama estaacute dando certo no Brasil Vocecirc acha que o CQC devolveu agrave sociedade um pouco desse senso

DG O problema do brasileiro eacute que ele tem o senso de humor primaacuterio Ele natildeo tem um senso de humor Pra vocecirc ter senso de humor vocecirc tem que ver o que estaacute acontecendo reconhecer a reali-dade para poder rir dela O brasileiro tem a auto estima muito baixa O brasileiro soacute brinca com os outros ele natildeo brinca con-

sigo proacuteprio Vocecirc vecirc piada de brasileiro eacute sempre o portuguecircs eacute sempre a loira Por exemplo tem o portuguecircs o brasi-leiro e o americano O brasileiro sempre se sai bem ele tem autoestima baixa ele natildeo sabe rir de si Se o CQC devolveu isso para o brasileiro Eu acho que natildeo Pouca coisa a gente devolveu isso para o brasileiro O brasileiro estaacute rindo ainda do poliacutetico ele estaacute rindo ainda da cele-bridade que a gente ridiculariza Eu jaacute saiacute na rua e quando eu fui na ldquoMarcha para Jesusrdquo falar deles ningueacutem riu

OPNo CQC vocecirc tem vontade de fazer o quadro Proteste Jaacute

DG Proteste Jaacute Natildeo sei cara Tudo que eu tenho vontade eu faccedilo Eu tenho von-tade que muita coisa que eu faccedilo entre mas acaba natildeo entrando porque os caras falam que eu pego pesado (risos) Se eu fi zesse o Proteste Jaacute talvez eu fi zesse dife-rente eu natildeo sei Eu natildeo tenho vontade de fazer o Proteste Jaacute natildeo

OPTem alguma entrevista sua que vocecirc considera a melhor

DG Natildeo Tem muita entrevista que eu vejo na TV e falo nossa essa natildeo foi a melhor que eu fiz Porque cortam muita coisa

OPQue elementos jornaliacutesticos vocecirc nota no programa CQC

DG Jornalismo tem porque a gente como fala no iniacutecio do programa eacute um ldquoresumo semanal de notiacuteciasrdquo Mas taacute eacute um resumo semanal de notiacutecias taacute bom vaia gente fi nge que eacute O que tem eacute a gente brinca com algumas coisas que aconteceram durante aquela semana durante aqueles dias proacuteximos Eacute o mais proacuteximo que tem do jornalismo A gente sempre que pode estaacute no fato na hora do fato Mas agraves vezes natildeo daacute entatildeo vai cobrir festinha e natildeo sei o que mas a intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e ldquobrincarrdquo com ele

ldquoA gente sempre que pode estaacute no fato na hora do

fato A intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente

pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e

lsquobrincarrsquo com elerdquo

Danilo Gentili

O humorista Danilo Gentili foi um dos fundadores da comeacutedia ldquocara limpardquo na capital paulista e hoje desafi a poliacuteticos

Foto divulgaccedilatildeo

O cara de pau dos homens de pretoDanilo Gentilli o temido repoacuterter pelos poliacuteticos no dia-a-dia do senado conta como se prepara para as pautas polecircmicas

18-19 - cqc prontaindd 218-19 - cqc prontaindd 2 82809 115039 AM82809 115039 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

20 bull Miacutedia

RENATA VALENTIM

6ordmPERIODO

Que o advento das miacutedias digitais pocircs um ponto de interrogaccedilatildeo no horizonte dos meios tradicionais jaacute se sabe Mas a transformaccedilatildeo destinada ao raacutedio parece ser de fato a de maior impacto Seja no campo das novas tecnologias de trans-missatildeo dos novos suportes ao aacuteudio no nuacutemero de funcionaacuterios contratados ou na avaliaccedilatildeo do poder de infl uecircncia no gosto da audiecircncia a revoluccedilatildeo vivida pelas raacutedios eacute atestada tanto por profi s-sionais da aacuterea quanto pelos ouvintes

O CD hoje obsoleto popularizado no Brasil no fi nal dos anos de 1980 jaacute signi-fi cou uma transformaccedilatildeo importante no dia-a-dia do radialista Em vez de exe-cuccedilotildees musicais feitas pelo LP ou ldquobola-chatildeordquo que o operador ou sonoplasta vigiava do iniacutecio ao fi m da faixa transmi-tida os tocadores de compact disc per-mitiam a programaccedilatildeo de vaacuterias faixas em sequumlecircncia poupando-lhe tempo O que veio a seguir economizou bem mais que isso a inovadora transformaccedilatildeo de muacutesica em kilobytes deu origem a sof-twares de execuccedilatildeo automaacutetica

Assim as raacutedios gerando programa-ccedilatildeo por 24h dispensaram seus locutores e sonoplastas da madrugada e dos fi nais de semana adaptando seus conteuacutedos para que sistemas de automaccedilatildeo tra-balhassem sozinhos Aleacutem das muacutesicas em formato digital apresentaccedilotildees de muacutesica passaram a ser tambeacutem gravadas

e reproduzidas como se fossem feitas ao vivo Natildeo foram poucos locutores desem-pregados No caso das afi liadas de gran-des redes de FM a reduccedilatildeo no quadro de profi ssionais da voz foi ainda maior Em alguns casos haacute somente um ou dois locutores agrave disposiccedilatildeo que datildeo conta da geraccedilatildeo de toda a programaccedilatildeo local

Com experiecircncia na aacuterea haacute mais de 20 anos a locutora e programadora musical Glaacuteucia Lara 40 lamenta ldquoem um fi nal de semana antes das mudanccedilas promo-vidas pelo advento do mp3 cerca de sete pessoas estariam trabalhando em uma emissora de raacutedio Hoje eacute comum esca-lar locutores para comandarem a pro-gramaccedilatildeo ao vivo soacute nos programas que contam com a participaccedilatildeo do ouvinte Do resto quem cuida eacute o computadorrdquo conta ela que jaacute passou por diversas emissoras do interior do estado e por afi -liadas de grandes redes como a Antena 1 de Belo Horizonte E o sonoplasta entatildeo ldquoNa era do CD essa fi gura foi extinta dos quadros O locutor natildeo eacute soacute responsaacutevel hoje por apresentar muacutesicas e interagir com o ouvinte Tambeacutem assumiu a res-ponsabilidade de operar os aparelhos

e pessoalmente acho que isso facilita a locuccedilatildeo porque natildeo haacute mais aquela dependecircncia de um sinal do sonoplasta aquela sintonia de timing necessaacuteria para esse trabalho de equipe decirc certo O locutor faz tudordquo pondera

Eu baixo tu baixasO mp3 tambeacutem alterou a forma de

distribuir novos trabalhos musicais A popularizaccedilatildeo da internet e a troca de arquivos por meio de softwares seme-lhantes ao pioneiro Napster deram iniacutecio agrave decadecircncia dos CDs e ao decliacutenio das grandes gravadoras que fracassaram ao combater tanto a pirataria quanto o com-partilhamento online de mp3

O casamento das gravadoras com o raacutedio e a TV que detinham a foacutermula exclusiva de atrair a atenccedilatildeo do puacuteblico para seu artista entrou em crise A par-ceria de divulgaccedilatildeo perdeu espaccedilo con-sideraacutevel para uma revolucionaacuteria forma de acesso a novos trabalhos musicais feita na internet Para a tristeza de grava-doras e artistas a vendagem de CDs caiu drasticamente fazendo dos shows e tur-necircs sua principal fonte de lucro Foi-se o

tempo em que um artista de sucesso ven-dia mais de 2 milhotildees de coacutepias de seu trabalho o campeatildeo do mercado fono-graacutefi co brasileiro em 2006 Padre Marcelo Rossi registrou cerca de 860 mil coacutepias vendidas de seu aacutelbum ldquoMinha Becircnccedilatildeordquo editado pela Sony BMG Um nuacutemero pequeno se comparado aos 35 milhotildees de coacutepias de seu primeiro disco ldquoMuacutesi-cas Para Louvar ao Senhorrdquo de 1998

A estagiaacuteria de pesquisa de mercado Karina Zandona 22 comprova esse fenocirc-meno Fatilde de Th e Killers ela conta que hoje procura se informar do lanccedilamento de aacutelbuns das suas bandas preferidas por sites especializados e faz download deles quando jaacute estatildeo disponiacuteveis ldquoSoacute ouccedilo muacutesica pelo PC e pelo mp3 player Raacutedio soacute ouccedilo agraves vezes quando minha matildee ouve em casa E sempre satildeo as programa-ccedilotildees informativas como a Raacutedio Itatiaia Natildeo consigo mais fi car exposta a tanto hit lsquoda modinharsquo como os de black music no raacutediordquo diz No caso da comerciaacuteria Ellen Colombini 24 a infl uecircncia da internet eacute ainda mais efetiva ldquoouvia muito raacutedio quando adolescente e assistia muito agrave MTV Era fatilde de coisas do tipo Hanson

por exemplo (risos) Mas quando passei a usar a internet e descobri a maravilha que eacute fazer download de muacutesica natildeo liguei mais o raacutedio Sou viciada em fazer downloads vou baixando tudo o que encontro e que me parece interessante pelo release que acompanha o link ou mesmo pelo nome da banda Escuto tudo e seleciono o que me agrada Se aprovado vou passando adiante E a partir do que eu recomendo para os amigos recebo deles arquivos de artis-tas parecidas com o que eu enviei e sobre os quais natildeo vejo ningueacutem falarrdquo comenta

A engenheira ambiental Eduarda Stancioli 24 eacute ouvinte da Last FM paacutegina online na qual o usaacuterio cria a pragramaccedilatildeo sem a interrupccedilatildeo de publicidade e locutores ldquoComo passo mais tempo usando o computador da empresa que o resto do pessoal e natildeo posso fazer dowloads o site foi uma oacutetima soluccedilatildeo para ouvir muacutesica enquanto faccedilo meus projetosrdquo Eduarda diz que a facildade estaacute no fato da pro-gramaccedilatildeo ser sua criaccedilatildeo onde vocecirc seleciona os artistas ou estilo de muacutesica da sua preferecircncia podendo mudaacute-la qualquer hora E ainda poder contar com sugestotildees musicais do serviccedilo geradas a partir do tipo de muacutesica que se ouve

Contra a mareacuteCurioso eacute o exemplo da estudante

Ceciacutelia Portugal 21 anos Apreciadora de axeacute music adora ouvir a Extra FM enquanto dirige Diferente de Ellen e

Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

O raacutedio na onda do ciberespaccedilo

Imagem do programa de dowloads de arqui-vos de muacutesica e viacutedeos Limewire

Paacutegina da raacutedio na internet a Last FM

Saiba o que a troca de arquivos de muacutesica pela internet fez com o raacutedio de entretenimento como as pes-soas encarram isso e quais satildeo as apostas das raacutedios para natildeo perderem seus ouvintes e patrocinadores

20-21 - Mate ria Ra dio final prontaindd 120-21 - Mate ria Ra dio final prontaindd 1 82809 115051 AM82809 115051 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Miacutedia bull 21Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

Karina o costume de baixar muacutesica pela internet natildeo a afas-tou do haacutebito de ouvir raacutedio ldquooutro dia ouvi uma muacutesica nova do Tomate ex-vocalista do Rapazolla Corri pra casa procurei o arquivo para down-load e depois gravei num CD para ouvir com as amigas no caminho pra baladardquo conta ldquoA maior graccedila do raacutedio que sem-pre tive o costume de ouvir eacute a companhia que faz Parece que natildeo estou sozinha no carro enquanto ouccedilo E me divirto com as esquetes de humor que tecircm por aiacuterdquo diz

Essa parece mesmo ser a nova vocaccedilatildeo do raacutedio como destaca o locutor e produtor Gleyson Lage da 98 FM de Belo Horizonte ndash primeira emissora a operar em frequumlecircncia modu-lada na Ameacuterica Latina ldquoAleacutem das promoccedilotildees e do aumento das formas de interatividade o humor eacute uma forma de fi de-lizar o ouvinte de perfi l mais passivo que tem menos dispo-nibilidade ou motivaccedilatildeo para manter contato por telefone ou e-mailrdquo Apostando nisso a 98 FM ndash cuja programaccedilatildeo eacute 100 local ndash conta com trecircs progra-mas de cunho humoriacutestico para enfrentar a concorrecircncia Os Manos Silicone Show e Graffi ti auto-intitulado o pior programa de raacutedio do Brasil

Para o locutor publicitaacuterio Tovar Luiz 43 o FM nasceu engraccedilado ldquoo grande barato das raacutedios FM desde a sua popu-larizaccedilatildeo no iniacutecio dos anos de 1980 foi o seu perfi l descontra-iacutedo A locuccedilatildeo nessas emisso-ras sempre foi bem mais aacutegil e despojada O hoje apresentador de TV Ceacutesar Filho por exemplo comeccedilou a carreira no raacutedio e

fi cou famoso pelo bordatildeo lsquobeijo pra vocecirc feiarsquo Natildeo era ofensa era pra fazer o ouvinte rir O FM foi uma revoluccedilatildeo em termos de lin-guagemrdquo lembra E ele parece ter razatildeo O programa Pacircnico um dos maiores fenocircmenos televi-sivos dos uacuteltimos tempos eacute deri-vado de um programa de raacutedio da rede Jovem Pan 2 de Satildeo Paulo comandado pelo locutor Emiacutelio Surita Seguindo o fl uxo as demais redes destinadas ao puacuteblico jovem tambeacutem investi-ram na programaccedilatildeo que faz rir E a partir das redes as emissoras locais que fazem concorrecircncia agraves afi liadas tambeacutem acompanham a tendecircncia para natildeo perder seu espaccedilo no mercado

Falando neleExistem hoje 23 FMs no dial

de Belo Horizonte Pelo menos quatro delas satildeo dedicadas aos jovens Jovem Pan 2 (991) Mix FM (917) 98FM (983) e Oi FM (939) Destas somente a 98FM natildeo eacute afi liada de uma grande rede Haacute trecircs anos em atividade na emissora Gleyson Lage confi rma a reduccedilatildeo no nuacutemero de vagas aos profi ssio-nais da aacuterea ldquonuma raacutedio local satildeo necessaacuterios 20 funcionaacuterios para produzir toda uma grade enquanto numa afi liada jun-tando a programaccedilatildeo execu-tada pelo sateacutelite com aquela gerada pela automaccedilatildeo da transmissatildeo apenas cinco datildeo

conta do recado para o tempo destinado agrave grade local Eacute com-plicadordquo conta

No entanto ele vecirc a partici-paccedilatildeo das redes de raacutedio como positiva no que se refere agrave qua-lidade ldquoquando uma rede tem um bom conteuacutedo ndash boa plaacutes-tica bons locutores bons tex-tos ndash ela acaba por estimular as emissoras locais a manterem o mesmo niacutevel Haacute um ganho em criatividade que poderia natildeo existir se todo o conteuacutedo fosse localrdquo acredita

Enquanto isso os ouvintes se queixam da repeticcedilatildeo nas grades musicais ldquochega a ser engraccedilado Estava ouvindo uma muacutesica numa determinada

raacutedio Quando acabou troquei para a estaccedilatildeo seguinte e estava tocando a mesma muacutesica Acho que como todos os meios de comunicaccedilatildeo as raacutedios precisam abrir o leque de opccedilotildeesrdquo opina Karina Zandona estagiaacuteria de pesquisa de mercado 22

Karina completa ldquoateacute a Rede Globo tem inovado na inserccedilatildeo de muacutesicas de artistas desconhecidos do grande puacuteblico como trilha das suas produccedilotildees (como foi o caso do cantor Beirut presente na trilha sonora da minisseacuterie Capitu exibida em janeiro de 2009) O raacutedio podia acompanhar essa tendecircnciardquo sugere

Com a digitalizaccedilatildeo da muacutesica o sonoplasta sai de cena eacute o locutor quem faz tudo

Foto

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O Ponto

Editor e diagramador da paacuteginaLira Faacutevilla e Felipe Barbosa 6ordm periacuteodo

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

22 bull Cultura

CLAUDIA LAPOUBLE

6ordmPERIacuteODO

ldquoO processo pelo qual se arma-zenam informaccedilotildees no disco de vinil feito de PVC material derivado do petroacuteleo consiste em imprimir nele ranhuras ou ldquoriscosrdquo cujas formas tanto em profundidade como abertura mantecircm correspondecircncia com a informaccedilatildeo que se deseja arma-zenar Essas ranhuras visiacuteveis no disco a olho nu satildeo feitas no disco matriz com um estilete no momento da gravaccedilatildeo Esse esti-lete eacute movido pela accedilatildeo da forccedila magneacutetica que age sobre eletro-iacutematildes que estatildeo acoplados a elerdquo (in Leituras de Fiacutesica GREF- Departamento de fiacutesica da USP SP2005)

Eacute assim que a muacutesica se ldquoimprimerdquo no plaacutestico que depois ao ser arranhado pela agulha libertaraacute novamente os sons no ar Para os apaixonados por vinil o ritual de tirar o disco da estante limpaacute-lo colocaacute-lo no toca discos posicionar a agu-lha delicadamente sobre ele tomando todo o cuidado para natildeo arranhaacute-lo e repetir todo esse processo na hora de virar o disco para ouvir o lado b signi-fi ca uma relaccedilatildeo mais proacutexima com a muacutesica Era preciso dedi-car tempo a escutar o disco Mais do que uma miacutedia de armazena-mento analoacutegico do som o disco de vinil eacute um objeto de arte e uma peccedila que daacute materialidade agrave muacutesica

Dados da Associaccedilatildeo de Gra-vadoras da Ameacuterica (Record Industry Association of Aeme-rica) mostram que as vendas de LPs aumentaram em quase 130 entre os anos de 2007 e 2008 De acordo com o informe anual divulgado pelo oacutergatildeo ldquoo vinil continua sua ascensatildeo As vendas nesse formato somaram

US$57 milhotildees e vem mais do que duplicando ano apoacutes anordquo Ainda segundo o documento ldquotrata-se do produto preferido por audiofi los e colecionadores e o aumento nas vendas se deve tanto agrave re-gravaccedilatildeo de mate-rial de cataacutelogo quanto a novos lanccedilamentosrdquo

Com os nuacutemeros da induacutes-tria apontando para uma queda nas vendas de CDs e em tempos em que se fala em livre acesso agrave muacutesica atraveacutes da internet o vinil se apresenta como uma saiacuteda para quem ainda gosta da muacutesica palpaacutevel apreciaacute-la com todos os sentidos inclusive o tato

Um Brasil em vinil ldquoContar a histoacuteria do Brasil

atraveacutes da muacutesica guardando um exemplar de tudo o que foi gravado em vinil no paiacutesrdquo esse era o objetivo de Edu Pampani 46 quando em 2005 fundou a Discoteca Puacuteblica o primeiro espaccedilo dedicado agrave memoacuteria musical brasileira do paiacutes

Apaixonado por muacutesica e claro pelos discos de vinil Pam-pani conta que a ideacuteia da Dis-coteca nasceu quando ele ainda morava na Bahia e tinha uma loja de discos Segundo ele quando o Compact Disc (CD) comeccedilou a se popularizar na deacutecada de 90 as pessoas o procuravam para trocar seus LPs por CDs

O espaccedilo tem hoje um acervo de cerca de 12 mil peccedilas que contam a historia do Brasil pelos sulcos no plaacutestico PVC Eacute possiacute-vel ouvir por exemplo gravaccedilotildees de jogos de futebol ou vinhetas de programas de raacutedio dos anos 50 aleacutem de claacutessicos da muacutesica popular brasileira em gravaccedilotildees originais Com todas essas rari-dades Pampani garante natildeo ter nenhum disco favorito ldquosempre me perguntam Edu qual eacute o disco mais raro que vocecirc tem

e eu respondo raro eacute ter todos eles juntosrdquo

De volta ao plaacutesticoApesar de natildeo ser a miacutedia mais

utilizada pelo grande puacuteblico o disco de vinil tem um puacuteblico fi el principalmente entre os DJs que segundo Pampani ldquoprocuram sempre coisa nova se ele quer tocar Jorge Bem por exemplo ele vai procurar aquela muacutesica que ningueacutem lembra mais que ele gravou Esse pes-soal tem que fi car garimpando semprerdquo

O DJ e fundador do selo Vinyl Land Luiz Valente ou DJ Luiz PF eacute um desses garimpeiros de sebos Ele conta que sua paixatildeo pelos LPs nasceu quando ele mesmo selecionava as muacutesi-cas que iriam compor o som ambiente de seu bar o ldquoLugarrdquo Em 2003 Luiz sentiu que pode-ria abrir espaccedilo para DJs que pesquisavam e procuravam por muacutesicas que fugiam do lugar comum ldquoeu fui fazendo festas por um tempo chamando DJs que discotecavam com vinil pra ser um contra ponto a essa outra galerardquo conta

Radicado em Londres desde 2006 Luiz conta que ao chegar agrave Europa percebeu que diferente do que acontecia no Brasil ldquolaacute o negoacutecio natildeo tinha acabado nada se achava tudo pra com-prar coisas novas a galera atual todo mundo lanccedilava era uma coisa de canto de loja mas fun-cionando vendendordquo Na capital inglesa o DJ trabalhou na grava-dora Whatmusiccom que aleacutem de CDs lanccedilava tambeacutem traba-lhos em vinil

A paixatildeo pela ldquocultura de acetatordquo e o trabalho como DJ foram o incentivo para que Luiz fundasse em 2008 a Vinyl Land selo que vem com a proposta de lanccedilar muacutesicos que se interes-sem em gravar em vinil Segundo

ele o selo nasceu de sua proacutepria necessidade como DJ ldquoeu

jaacute discotecava com vinil e fui achando bandas

novas que queria tocar mas natildeo tinha como porque eram de uma eacutepoca em que natildeo tinha mais vinil ai eu pensei jaacute que natildeo tem eu faccedilo

e comecei a procurar contatos e tentar orga-

nizar o selordquo Com apenas um ano

no mercado a Vinyl Land

jaacute lanccedilou trecircs discos dentre

eles um compacto simples do Autoramas

Novas marcas no PVCFoi pela Vinyl Land que a

banda Th e Dead Lovers Twisted Heart que nunca havia lanccedilado seu trabalho comercialmente lanccedilou seu primeiro EP O com-pacto auto-intitulado traz cinco muacutesicas antes disponiacuteveis para download na internet O disco prensado na Alemanha teve tiragem limitada de 200 coacutepias

Com infl uecircncias que vatildeo de Odair Joseacute e Roberto Carlos ateacute Franz Ferdinand e Jack White passando pela literatura de Mark Twain (o grupo tem uma muacutesica em homenagem a Huck-leberry Finn personagem do autor americano) e os cartunis-tas Laerte e Angeli a banda for-mada por Ivan (guitarra e vocal)

Guto (guitarra) Paty (bateria) e

Velvs (baixo) jaacute era conhecida dos frequumlentadores de casas de shows de Belo Horizonte antes de lanccedilar seu EP

Segundo Ivan a ideacuteia de ter seu primeiro trabalho gravado em vinil casou muito bem com a banda ldquoa gente ainda natildeo tinha lanccedilado um disco propriamente dito e hoje o suporte fiacutesico eacute cada vez menos importante porque na verdade a muacutesica vocecirc acha em qualquer lugar e um disco um CD na verdade natildeo faz mais tanto sentido E nossa ideia era que jaacute que vocecirc vai comprar um objeto o vinil eacute um objeto muito mais legal tanto esteticamente quanto no manusear fora que tem toda essa coisa da retomada e eacute uma boa proposta que tem tudo a ver com a bandardquo afi rma o muacutesico provando que o velho vinil estaacute mais novo que nunca

O novos sonsdo velho vinil

Com a popularizaccedilatildeo dos sites de divulagaccedilatildeo de muacutesica na internet o vinil retorna como alternativa interessante para novos muacutesicos e ouvintes

Dj Luiz PF fundador do selo Vinyl Land

Os diferentes formatos do vinil-LP abreviatura do inglecircs Long Play ou ldquo12 polegadasrdquo Disco com 31 cm de diametro com capacidade normal de cerca de 20 minutos por lado O formato LP era utilizado usualmente para a comercializaccedilatildeo de aacutelbuns completos-EP abreviatura do inglecircs Extended Play Disco com 17 cm de diametro e capacidade de cerca de 8 minutos por lado continha em torno de quatro faixas -Single ou compacto simples abreviatura de Single Play ldquo7 polegadasrdquo ou compacto simples Disco com 17 cm de diametro e capacidade normal de 4 minutos por lado O single era geralmente empregado para a difusatildeo das muacutesicas de trabalho de um aacutelbum completo a ser posteriormente lanccedilado -Maacutexi abreviatura do inglecircs Maxi Single Disco com 31 cm de diametro sua capacidade era de cerca de 12 minutos por lado

Arq

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The Dead loverrsquos Twisted Heart Pati Vels Guto e Ivan

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Culturabull 23Editor e diagramador da paacutegina Baacuterbara Rodrigues 8ordm periacuteodo

Festival Internacional de Corais homenageia

BAacuteRBARA RODRIGUES 8ordm PERIacuteODO

A seacutetima ediccedilatildeo do Festival Interna-cional de Corais ndash FIC acontece de 18 a 27 de setembro de 2009 e teraacute como tema a vida e obra de Villa-Lobos con-siderado o maior compositor das Ameacute-ricas Seratildeo cerca de 300 apresenta-ccedilotildees de 120 corais de todo o Brasil e do exterior que percorreratildeo 12 cidades de Minas Gerais

O festival realizado pela Universi-dade FUMEC tem o intuito de popula-

rizar os corais e grupos vocais amadores e profissionais e evidenciar atividades culturais de empresas instituiccedilotildees de ensino comunidades associaccedilotildees e fundaccedilotildees com apresentaccedilotildees de corais e shows de artistas nacionais sempre com a bandeira da muacutesica brasileira agrave frente

Regidos pelo Maestro Lindomar Gomes produtor cultural e coordena-dor do FIC os 30 integrantes do coral da FUMEC seratildeo um dos grupos a se apresentar ldquoNosso coral sempre parti-cipou de festivais seguindo a maacutexima de Fernando Brant de que lsquotodo artista

tem de ir aonde o povo estaacutersquo A cada ano o FIC escolhe um tema que traduza a identidade musical brasileira Este ano celebraremos os 50 anos de morte de Villa-Lobos responsaacutevel por implantar o canto coral no paiacutes na deacutecada de 1930 e o muacutesico que mais cantou as belezas nacionaisrdquo enfatiza

Em cada ediccedilatildeo do festival os com-positores Leonardo Cunha e Fernando Brant satildeo responsaacuteveis pela muacutesica-tema que ao final do evento eacute cantada por todos os corais A composiccedilatildeo deste ano ganhou o nome de ldquoMestre Villardquo exultando o que de mais haacute de caracte-

riacutestico na vida e obra do mestre Durante todo o festival alguns locais

da cidade como o Palaacutecio das Artes Sesc Laces JK e a aacuterea de convivecircn-cia da FUMEC receberatildeo exposiccedilotildees de fotos textos e trilhas sonoras do acervo do Museu Villa-Lobos no Rio de Janeiro A banda mineira 14 Bis e o muacutesico Renato Teixeira fazem shows no interior de Minas e no dia 27 no Parque Municipal encontro de todos os corais participantes marcaraacute o fechamento do evento onde mais de mil vozes se uni-ratildeo para cantar os temas do maestro homenageado

O maestro e coordenador do FIC Lindomar Gomes e os integrantes do Coral da Fumec

Mestre Villa daacute o tom dentro e fora do paiacutesO carioca Heitor Villa-Lobos

foi responsaacutevel por universa-lizar a muacutesica nacional acres-centando em grande parte de suas mil obras a sonoridade da fauna brasileira de tribos indiacute-genas e africanas aleacutem de refe-recircncias de cantigas do choro e do samba

Na defi niccedilatildeo do maestro Lindomar Gomes a impor-tacircncia de Heitor Villa-Lobos estaacute no fato de ele ldquodecifrar a alma brasileira e colocaacute-la em muacutesicardquo Devido agraves homena-gens ao compositor nas prin-cipais capitais do Brasil e do

mundo Gomes natildeo eacute o uacutenico a pensar assim

Peccedilas de Villa-Lobos fazem parte das temporadas da Filar-mocircnica de Belo Horizonte da Orquestra Sinfocircnica do Teatro Nacional Claacuteudio Santoro em Brasiacutelia da Sinfocircnica Munici-pal de Campinas e da Orques-tra Sinfocircnica Brasileira do Rio

Internacional Em janeiro o maestro John

Neschling regeu a Filarmocircnica de Varsoacutevia na Polocircnia com os ldquoChoros n 6rdquo A soprano Adriane Queiroz cantou as ldquoBachianas

Brasileiras nordm 5rdquo em Berlim e o regente da OSB do Rio Roberto Minczuk esteve no Japatildeo em agosto para apresentar as ldquoBachianas Brasileirasrdquo

Ainda este ano deve chegar agraves livrarias o ldquoFolha Explica Villa-Lobosrdquo da Publifolha do violonista Faacutebio Zanon que em entrevista ao jornal Folha de Satildeo Paulo afi rmou ldquoO uni-verso sonoro de Villa-Lobos eacute uma coisa arrasadora Nossa ideia de Brasil seria muito mais pobre sem a leitura efetuada por Villa-Lobos de nosso patri-mocircnio musicalrdquo

Programaccedilatildeo completa e outras informaccedilotildees sobre FIC 2009 wwwfestivaldecoraiscombr

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Foto divulgaccedilatildeo

O compositor e maestro Villa-Lobos cuja obra eacute reconhecida e celebrada internacionalmente

23 - festivaldecoraisindd 123 - festivaldecoraisindd 1 82809 115113 AM82809 115113 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

24 bull Cultura Editor e diagramador da paacutegina Amanda Lelis 6ordm periodo

COLCHAde retalhos

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Magia

Escrevo uma letra

e jaacute natildeo estou no mesmo lugar

Pedro Cunha Instrumento de cordas vocais tocado pela alma

a palavra na garganta que vira muacutesica

o som da orquestra do coraccedilatildeo

dos gagos e desafi nados

aos cegos de paixatildeo

VozBaacuterbara Rodrigues

Natildeo sei bem o que eacute

Se eacute invenccedilatildeo

Se eacute na verdade a mais pura verdade

Se sou eu tentando fugir

Se sou eu tentando apagar

Natildeo encarar o que estaacute acontecendo

Esquecer a minha confusatildeo

De querer sem conhecer

De te amar sem te encontrar

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Queria esquecer

E perdoar entatildeo

Voltar na decisatildeo

Para minha vida rotineira

Que eu levei a vida inteira

O meu sufoco e os seus gritos

Meu confortaacutevel desespero

Minha mania de querer ser mais para mundo

Do que o mundo eacute para mim

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Confortaacutevel DesesperoPaula Macintyre

Preso agrave falta de sono procurando ver

Atraveacutes da luz de um trago num bastatildeo de morte

Talvez com sorte entatildeo eu possa crer

Que os dias se passaram mas o amor fi cou

Mesmo sonhando acordado algo ainda restou

De tardes tatildeo bonitas

Em que o brilho dos teus olhos eu pude enxergar

Os teus negros cabelos quero entatildeo tocar

apesar de estares tatildeo afl ita

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia

que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Por mais que em outras camas eu possa deitar

que braccedilos e abraccedilos venham me afagar

O brilho dos teus olhos ainda me ilumina

por vaacuterias ruas sujas que eu tentei fugir

estenderia um tapete pra vocecirc entrar

sentado vago na varanda escura a esperar

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Mas eu mudaria tudo isso pra te ter aqui

comigo ao meu lado todo dia a me fazer sorrir

Para ouvir a muacutesica wwwmyspacecombandatravessia

DuetoAlvaro Castro

Do entendimento tardio de se assistir a uma passagem de som

Cracke se quebra o silecircncio a voz dos barulhos instrumentais

cala todos os outros sons do silecircncio Antes de ser melodiosos

os sons comeccedilam desencontrados como tateando no escuro

dos ritmos tentando se encontrar e dar as matildeos para soacute assim

iniciar seu dialogo-danccedila em brincadeiras harmoniosas que

encantam e enfeiticcedilam Na sutileza dos tons na alegria de fazer

barulhos musicais modifi cam a muacutesica mil vezes re-arranjada

ajeitam afi nam se enfeitam

e a muacutesica fi nalmente sai Perfeita

AntesClaudia Lapouble

Sssshhiiii

silecircnciosopro suspiro sussurro

sublime submerso submarino submundo

some sobe segue sangue sinistro

sem focirclegosufoco

SClaudia Lapouble

A canccedilatildeo natildeo paacutera O berimbau controla o medo que corre

nas ruas vindo daqueles que natildeo se deixaram dissolver pela

aacutegua trazida com a chuva Na cidade escorre toda a calmaria

e a melodia se arrasta molhando o chatildeo Enquanto o ceacuteu se

desmancha aos poucos sobre a rua deserta eles cantam Voz

para um canto que veio aveludar meus ouvidos acalentar

clamoroso de uma vida inteira e fosse essa noite a vida

inteira fez-se a noite lembranccedila da cantiga que me converteu

inteira Pandeiro Meacutedio Viola e a chuva que ritmava a

cantoria O breu e noacutes no breu O escuro arrasta o invisiacutevel

para dentro da cidade que chora para dentro dos meus olhos

que fi tam atentos os olhos deles que me encantam Hora um

hora outro me arrasta em companhia agrave suas vozes As gotas

respondem ao coro num canto suave o pandeiro acompanha

o berimbau e o repique respinga umas gotas tontas de

musicalidade goteja um som que sobrevoa a superfiacutecie

Sobre o invisiacutevelAmanda Lelis

Gabriel Guedes e violino em show na Praccedila da Liberdade

O som da alma se apresenta em desejo e verso livre

na terccedila indecente suave

no violino do seus sonhos em coro cresce a quarta corda

dissonante

eacute a Musica

No canto viacutevido em tom sincero e leve expande

compaixatildeo as notas graves

fi delidade ao escrever a voz da alma sobre arpejos

inconstantes

eacute a Musica

MuacutesicaPedro Gontijo e

Bernardo Gontijo

Te aperto contra o peito

te penduro nas costas

no churrasco passa de matildeo em matildeo

e ainda assim me faz companhia

nas noites de solidatildeo

Ode ao violatildeoBaacuterbara Rodrigues

Ajude a costurar nossa colcha balaioretalhosgmailcom

24 - Colcha de retalhos corrigidoindd 124 - Colcha de retalhos corrigidoindd 1 82809 115124 AM82809 115124 AM

Page 17: Jornal O Ponto - agosto 2009

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Esporte bull 17Editor e diagramador da paacutegina Rodrigo Zavaghli e Joatildeo Procoacutepio 6ordm periacuteodo

Domingo um dia em que a populaccedilatildeo de um paiacutes inteiro parou diante das tevecircs para assistir ao embate de duas equipes esportivas disputando o tiacutetulo nacional O vencedor vem estabelecendo uma supremacia invejaacutevel Eacute o maior ganha-dor da deacutecada e jaacute desponta como favo-rito para a proacutexima temporada Enfrenta apenas um desafi o manter o elenco para continuar competitivo em um ramo que movimenta milhotildees em dinheiro anualmente

Poderia estar falando do Brasil e o time citado poderia perfeitamente ser o Satildeo Paulo Mas a cena descrita se passa nos Estados Unidos o campeatildeo se chama Los Angeles Lakers e o esporte natildeo eacute o futebol mas sim o basquete Com uma atuaccedilatildeo impecaacutevel do cestinha Kobe Bryant os Lakers derrotaram o Orlando Magic em uma seacuterie melhor de sete jogos levantando o caneco pela quarta vez desde o ano 2000 Eacute o deacutecimo tiacutetulo do teacutecnico Phil Jackson em 15 da equipe de LA Somados a esses nuacutemeros 15 milhotildees de televisores americanos esta-vam ligados no jogo durante a exibiccedilatildeo e a movimentaccedilatildeo fi nanceira do esporte tambeacutem natildeo fi ca atraacutes das grandes trans-ferecircncias de jogadores brasileiros para o futebol europeu A estrela do basquete Shaquille OacuteNeil deve trocar de time por nada menos que 20 milhotildees de doacutelares -uma pechincha- Mostra-se assim que o basquete pode seguir uma foacutermula de sucesso da mesma forma que fazemos com o nosso esporte nacional

A liga americana eacute uma das mais assis-tidas no paiacutes e no mundo sendo transmi-tida para 42 paiacuteses e possui uma foacutermula diferente e atraente com fase de grupos os famosos mata-matas e divisotildees por conferecircncias tornando toda a temporada uma grande festa com direito inclusive agraves tradicionais e nada desejaacuteveis brigas de torcida

A NBBA Associaccedilatildeo Nacional de Basquete

dos Estados Unidos a NBA eacute o exemplo que o Brasil estaacute tentando seguir para reerguer o esporte no paiacutes A preocupa-ccedilatildeo eacute grande uma vez que por exemplo a equipe masculina nacional que jaacute con-tou com estrelas como Oscar Schmidt aleacutem de jogadores que hoje fazem fama no exterior como Leandrinho Nenecirc e Anderson Varejatildeo nem se quer conquis-tou vaga para disputar as duas uacuteltimas olimpiacuteadas Isso para um esporte em que o Brasil jaacute foi campeatildeo mundial no cada vez mais longiacutenquo ano de 1959 eacute sinal de crise

Mas o racha no basquete brasileiro natildeo envolve apenas o desempenho do time em quadra Nos uacuteltimos anos o que se viu foi um show de falta de organizaccedilatildeo por parte da Confederaccedilatildeo Brasileira de Basquete (CBB) que em 2006 natildeo con-seguiu promover o campeonato nacio-nal ateacute o fi m Faltou a fi nal e a histoacuteria

enveredou para a poliacutetica Os clubes paulistas insatisfeitos com a conjun-tura romperam com a confederaccedilatildeo e disputaram um torneio paralelo criado por eles em 2008 No preacute-oliacutempico do mesmo ano a seleccedilatildeo brasileira dispu-tou por vaacuterios motivos muitos deles obscuros com desfalque de todos os jogadores que disputavam a Liga Ame-ricana Perdeu

Insustentaacutevel por si soacute a nova aposta da CBB eacute o Novo Basquete Brasil A sigla NBB natildeo foi por acaso A semelhanccedila com a NBA eacute justamente o foco do novo torneio organizado pelos clubes com a chancela da Confederaccedilatildeo Eacute uma ten-tativa de reconciliaccedilatildeo dos times com a entidade dos jogadores com a seleccedilatildeo e por consequumlecircncia das torcidas com a quadra O formato traz turno returno e fase fi nal com mata-mata para defi nir semifi nalistas e fi nalistas A fi nal eacute deci-dida em no maacuteximo cinco partidas E que comece a campanha para as Olim-piacuteadas do Rio

OlimpiacuteadasQue o governo brasileiro estaacute em cam-

panha para sediar os Jogos Oliacutempicos de 2016 jaacute estaacute claro para todo mundo O que acontece nas entrelinhas poreacutem eacute um esforccedilo coletivo por parte da miacutedia do governo e de todo o setor esportivo em geral em alavancar o esporte no paiacutes Desmistifi car a conversa de que aqui soacute o futebol presta Eacute bom para os clubes bom para os cofres puacuteblicos e bom para as empresas privadas fora a melhoria na imagem do paiacutes laacute fora Para se ter uma ideia o Pan do Rio gastou cerca de sete milhotildees de reais em uma soacute cidade Jaacute a reforma do Maracanatilde palco da fi nal da copa de 2014 tem orccedilamento pre-visto em ateacute 1 bilhatildeo Eacute muito dinheiro envolvido e logicamente muita gente interessada

O NBB se torna claramente mais uma peccedila nesse complexo tabuleiro aonde o objetivo eacute vender o Brasil como paiacutes do esporte Ronaldo Adriano Fred fora outras movimentaccedilotildees de grandes estrelas do esporte nacional que retor-nam ao paiacutes mostram que aos poucos estamos tentando construir uma cultura esportiva o que nos encaixa como uma luva na candidatura para as olimpiacuteadas

A verdade eacute que temos um longo caminho a percorrer O Rio de Janeiro jaacute ateacute possui um esqueleto de estrutura eacute verdade feita nos Jogos Pan Ameri-canos de 2006 e pretende ampliar o investimento com a Copa do Mundo de futebol mas a incompatibilidade ainda eacute latente Falta resolver o problema da seguranccedila puacuteblica A reforma do estaacute-dio do Maracanatilde jaacute tem orccedilamento mas natildeo tem quem pague E o que sinaliza o desespero para ser capaz de receber um evento desse porte eacute a corrida das cidades sede da Copa de 2014 Das 12 cidades sede todas com planejamentos astronomicamente caros para a compe-ticcedilatildeo apenas uma ndashBrasiacutelia- declarou de onde viraacute o dinheiro

Formaccedilatildeo de baseO lado positivo de toda a politicagem

que envolve a corrida pelas olimpiacuteadas eacute a formaccedilatildeo de novos atletas e de esco-linhas de base nos vaacuterios clubes do paiacutes Afi nal se por um lado esporte eacute fi nan-ceiramente um bom negoacutecio ele natildeo deixa de ser saudaacutevel e interessante para a sociedade A efi ciecircncia de escolinhas de esporte nas periferias em termos de estatiacutesticas de criminalidade aleacutem do trabalho seacuterio de dignidade e auto-estima que eacute feito na grande maioria dos casos por professores voluntaacuterios eacute inegaacutevel

O Mackenzie Esporte Clube tradi-cional formador de atletas de Belo Hori-zonte por exemplo usa suas escolinhas de esporte para segundo sua assessoria de imprensa auxiliar na educaccedilatildeo e inte-graccedilatildeo social de crianccedilas e jovens Aleacutem dos clubes escolas particulares ou seja com verbas como o Coleacutegio Santo Agos-tinho realizam projetos sociais para pro-mover a integraccedilatildeo e dignidade atraveacutes do esporte Exemplo disso era o time de vocirclei Sada Betim hoje Sada Cruzeiro que enquanto ainda associado agrave prefeitura da cidade e usando suas dependecircncias abria portas para jovens da periferia para integrar suas escolas baacutesicas do esporte

Estrutura para tais iniciativas eacute o que natildeo falta O Minas Tecircnis clube de maior destaque no cenaacuterio esportivo mineiro eacute o detentor de uma das mais invejaacuteveis estruturas esportivas do paiacutes Eacute o exem-

plo de que eacute possiacutevel dar suporte para for-mar equipes competitvas em vaacuterios espor-tes Finalista da Superliga de vocirclei clube de formaccedilatildeo do medalista pan americano Th iago Pereira da nataccedilatildeo medalista oliacutempico do judocirc com Ketleyn Quadros e semifi nalista da NBB com a equipe de basquete Conquistas que geram pergun-tas Eacute possiacutevel estender tamanho sucesso para a populaccedilatildeo em geral O Brasil seraacute capaz de utilizar o potencial que tem de mobilizar a sociedade por causas tatildeo inte-ressantes quanto o esporte para alavan-car os setores prejudicados de seu povo ou vai jogar todos os problemas e todas as desculpas por suas falhas sob o grande guarda-chuva da beleza do esporte Seraacute as Olimpiacuteadas uma oportunidade para o sucesso ou mais uma grande farra para os poliacuteticos e para a miacutedia

O Novo Basquete Brasil pode ser parte da resposta O objetivo principal do tor-neio eacute revigorar o esporte atrair o puacuteblico de volta e recolocar o basquete brasileiro em niacuteveis oliacutempicos para em seu obje-tivo secundaacuterio apoiar a campanha para o Rio 2016 Se der certo bom para o Bra-sil Ganha em notoriedade em trabalho bem feito e abre um leque de esperanccedilas para os projetos que viratildeo Se der errado reforccedila a capacidade do brasileiro de fazer auecirc sem saber aonde vai dar E costuma dar em pizza Em obras superfaturadas em estrutura precaacuteria e em novas festas como mensalotildees castelos e farras aeacutereas em geral

O Novo Esporte BrasilFinal do Novo Basquete Brasil levanta a discussatildeo das poliacuteticas esportivas no Brasil

PEDRO LEONE

6ordm PERIacuteODO

Foto Divulgaccedilatildeo

Minas e Flamengo em jogo realizado na arena da Rua da Bahia

17 - novo esporte brasilindd 117 - novo esporte brasilindd 1 82809 115027 AM82809 115027 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

18 bull Entretenimento Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O que vocecirc acha que o CQC traz de novo para a TV brasileira

Rafi nha Bastos O CQC eacute um formato novo Soacute o fato de existir um formato novo numa televisatildeo tatildeo repetida porque os formatos se repetem muito na televisatildeo a novela do SBT eacute igual a da Band que eacute igual a da Globo que eacute igual a da Record os telejornais tambeacutem satildeo parecidos os programas de auditoacuterio Entatildeo soacute o fato de ser um programa diferente um formato de televisatildeo diferente jaacute eacute uma novidade Eu acho que eacute isso que o CQC traz

OPComo vocecirc entende a junccedilatildeo de ldquojornalismo e humorrdquo

RB Eu acho que o jornalismo eacute muito convencional Ele tem um formato muito especiacutefi co no Brasil haacute muito tempo Entatildeo o fato de a gente estar fazendo uma coisa mais bem humorada vem quebrar um pouco com esses paradigmas que satildeo muito estabelecidos do jornalismo A gente estaacute fazendo de uma maneira diferente de fazer o jornalismo Eu acho interessante a receptividade que eu tenho tido com as mateacuterias laacute do ldquoProteste Jaacuterdquo Satildeo muito legais o povo gosta e se sente representado Entatildeo eu acho que tem sido muito bom

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

RB Natildeo existe isso Eu sou contra esse negoacutecio de ldquohumor inteligenterdquo porque natildeo eacute porque o Tiririca faz um humor para o povatildeo que ele natildeo eacute inteligente Ele eacute um gecircnio aliaacutes entendeu Natildeo acho que a questatildeo eacute ldquointeligenterdquo Eu acho que a questatildeo eacute a seguinte o humor do CQC precisa de mais referecircncia O pessoal precisa conhecer um pouco das coisas que a gente estaacute falando estar um pouco informado sobre poliacutetica Talvez a pessoa que assiste ao CQC esteja atraacutes de um humor com mais informaccedilatildeo um humor mais criacutetico e o humor natildeo eacute tatildeo popular mas natildeo signifi ca que natildeo eacute mais inteligente do que o humor popular

OPVocecirc natildeo teme que o CQC caia na ldquomesmicerdquo

RB Eacute muito cedo para dizer ainda Muito cedo O que acontece eacute que os pro-gramas humoriacutesticos caem na mesmice e isso eacute estrateacutegico O ldquoNerson da Capi-tingardquo faz a mesma piada toda semana

porque as pessoas precisam entender a piada O povatildeo a galera ldquomassardquo precisa saber a hora que ela tem que rir Por isso que parece que eacute muito repetitivo Porque natildeo eacute um humor feito pra gente natildeo eacute um humor feito para a galera faculdade para a galera que tem um espiacuterito criacutetico um pouco mais aguccedilado Eacute para o povatildeo Eacute muito bem feito A tendecircncia do CQC natildeo eacute ir por esse caminho mas pode ser que ele se repita Isso eacute uma busca eterna

OPA experiecircncia da stand-up comedy contribui para a abordagem de suas fontes

RB O fato de eu ser comediante me ajuda Eu faccedilo um programa de humor hoje que por mais que tenha uma pegada jornaliacutestica eacute um programa de humor O objetivo dele eacute ser engraccedilado eacute ser divertido Tanto a minha formaccedilatildeo de jornalista quanto o meu trabalho de comediante estatildeo juntos ali quando eu estou na frente do viacutedeo

OPEm sua opiniatildeo onde podemos perceber o jornalismo no CQC

RB O quadro ldquoProteste jaacuterdquo eacute o quadro mais jornaliacutestico do programa Ele aborda os problemas levanta e vai atraacutes de soluccedilotildees conversa com os governantes Eu acho que esse eacute o quadro mais jornaliacutestico mas natildeo signifi ca que as mateacuterias de ldquobaladardquo natildeo sejam jornaliacutesticas Mas eu soacute acho que o mais parecido com o formato tradicional de jornalismo eacute o ldquoProteste Jaacuterdquo

OPComo vocecirc percebe a inserccedilatildeo da publicidade no programa Vocecirc acha que o excesso de propaganda pode pre-judicar a atraccedilatildeo

RB Eu acho que eacute feito de uma maneira muito suave Eacute algo inovador O que o CQC faz natildeo existe em nenhum outro programa A gente natildeo interrompe natildeo mostra nenhum produto ou merchan durante o programa Satildeo propagandas fei-tas com o proacuteprio elenco Entatildeo eu acho

que eacute diferente e o programa tem que se bancar Ele precisa ter publicidade

OPMas vocecirc natildeo acha que haacute uma quebra do discurso Por exemplo o Marcelo Tas chama uma mateacuteria ldquoredondardquo e faz menccedilatildeo a uma determi-nada marca de cerveja Quando manda a mateacuteria haacute um corte com outra propa-ganda entrando

RB Vocecirc natildeo acha isso muito melhor do que parar e falar assim ldquogente vamos falar de seguro sauacutederdquo e a pessoa sair Vocecirc tem que vender vocecirc tem que fazer publicidade Natildeo tem como O programa precisa se bancar de alguma forma Eu acho que a melhor maneira uma maneira interessante de fazer os merchans eacute da maneira como a gente faz Natildeo inter-rompe natildeo tem a ver com a mateacuteria natildeo estaacute no meio do conteuacutedo natildeo tem a ver com o conteuacutedo do programa estaacute sepa-rado Eu acho que eacute uma maneira tran-quila Se eacute a melhor maneira eu natildeo sei mas eu acho interessante

OPEm abril assessores de comuni-caccedilatildeo dos parlamentares se reuniram em Brasiacutelia para questionar a liberdade com que os repoacuterteres atuam no Con-gresso Nacional O diretor de comuni-caccedilatildeo da Cacircmara poreacutem afi rmou que natildeo alteraria as regras atuais e que cabia aos assessores explicar aos deputados como lidar com o tipo de jornalismo praticado pelos programas O CQC foi pivocirc desta atitude

RB O Congresso faz as leis dele O Congresso olha muito para o proacuteprio umbigo Natildeo existe nada que infl uencie diretamente as decisotildees do Congresso Eles decidem por eles mesmo Por isso que eles estatildeo em Brasiacutelia que fi ca a 500 km de Rio e Satildeo Paulo

OPVocecirc acha que os poliacuteticos satildeo alvo faacutecil para o humor Por quecirc

RB Eu acho que natildeo Eu acho que os poliacuteticos satildeo difiacuteceis porque satildeo uma concorrecircncia para os comediantes Os proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia entatildeo jaacute eacute muito difiacutecil vocecirc tirar sarro de algo que jaacute eacute engraccedilado As notiacutecias do ldquoJornal Nacionalrdquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQC Eacute mais difiacutecil ainda Eacute uma busca eterna para natildeo fi car se repetindo e natildeo fi car falando coisas que jaacute satildeo ditas por outros telejornais

Os bastidores do risoEm entrevista exclusiva Rafi nha Bastos repoacuterter do programa televisivo Custe o Que Custar (CQC) abre o jogo e conta como o humor eacute levado a seacuterio na atraccedilatildeo semanal na emissora Bandeirantes

Uma das cenas protagonizadas por Rafi nha Bastos no quadro ldquoProteste jaacuterdquo

ldquoOs proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia () As notiacutecias do lsquoJornal Nacionalrsquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQCrdquo

Rafi nha Bastos

AMANDA ARAUacuteJO

FLAacuteVIO CAMPOS

NATASHA MUZZI

8ordm PERIacuteODO

Belo Horizonte abril de 2009 Enquanto esperaacutevamos a reapresen-taccedilatildeo da peccedila ldquoArte do Insultordquo para realizar uma entrevista com o humo-rista Rafi nha Bastos marcaacutevamos quais seriam as principais perguntas que deveriam ser feitas considerando o pouco tempo que teriacuteamos dispo-

niacutevel nos bastidores do evento Casa cheia nervosismo em alta muita gente querendo conversar e chamar a atenccedilatildeo do ldquohomem de pretordquo do programa CQC Difiacutecil tarefa eacute con-seguir uma entrevista quando se eacute apenas estudante Mas conseguimos o acesso e a conversa se estendeu por bem mais tempo do que esperaacuteva-mos Nosso objetivo era questionar o apresentador e repoacuterter sobre a jun-ccedilatildeo entre jornalismo e humor presen-tes no programa por ele apresentado

a fi m de somar ao nosso trabalho de conclusatildeo de curso que apresentava a mesma discussatildeo Em maio de volta agrave mesma casa de espetaacuteculos nos encontramos com o tambeacutem repoacuterter da atraccedilatildeo Danilo Gentili com cer-teza bem mais afi ados e preparados para a sarcaacutesticas intervenccedilotildees do humorista

De forma descontraiacuteda fomos recebidos pelas duas grandes fi guras do Stand-up Comedy e agora ldquoastrosrdquo do irreverente CQC que toparam

falar sobre o jornalismo do programa liberdade de imprensa poliacutetica e claro humor Aleacutem de compor a bancada do programa Rafi nha Bastos eacute jornalista e comediante apresentando espetaacuteculos de improviso por todo o paiacutes Publicitaacuterio e humorista Danilo Gentilli foi um dos fundadores da comeacutedia ao vivo na capital paulista O resultado deste inusitado e divertido bate-papo com os dois repoacuterteres vocecirc confere agora em entrevistas editadas especialmente para O Ponto

Foto Divulgaccedilatildeo

18-19 - cqc prontaindd 118-19 - cqc prontaindd 1 82809 115038 AM82809 115038 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Entretenimento bull 19Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O ano de 2008 rendeu ao CQC nove precircmios Quatro deles somam como melhor programa de humor eou como melhor produccedilatildeo humoriacutestica Porque vocecirc acha que a miacutedia ainda natildeo premiou o programa como melhor telejornal

Danilo Gentili O CQC trabalha com fatos jornaliacutesticos mas natildeo eacute um telejor-nal O CQC natildeo estaacute todo dia mostrando os fatos do dia entatildeo natildeo pode ser clas-sifi cado como um telejornal O ldquoGlobo Repoacuterterrdquo natildeo pode ser classifi cado ldquoum telejornalrdquo eacute um programa jornaliacutestico Eu acho que a miacutedia natildeo enxerga o CQC como um programa jornaliacutestico Na ver-dade se for para eu escolher se o CQC eacute jornaliacutestico ou humoriacutestico eu escolheria que ele eacute humoriacutestico porque quando eu vou fazer eu me preocupo primeiro em fazer a pessoa rir Eu vou abrir a boca eu vou falar com esse cara mas a uacutenica razatildeo de eu falar com esse cara eacute fazer uma piada Se eu for falar com ele e a pessoa natildeo rir natildeo tem porque eu estar aqui

OPA maioria das pautas poliacuteticas do programa satildeo destinadas agrave vocecirc A que vocecirc atribui isso Vocecirc seria o mais cara de pau dos ldquohomens de pretordquo

DG Pode ser Talvez seja Eu gosto de fazer poliacutetica com um produtor laacute em especiacutefi co A gente vai com muita von-tade de fazer o que a gente faz de chegar para o cara e perguntar Na verdade eacute o seguinte eu natildeo sei os outros repoacuterteres mas eu no CQC natildeo tenho a pretensatildeo de ser amigo de ningueacutem Seja de poliacutetico ou de celebridade eu natildeo tenho a pre-tensatildeo Vocecircs natildeo vatildeo me ver em festas de celebridades ldquoOh fui convidado pra festa e estou aquirdquo Eu natildeo tenho essa vontade natildeo eacute o meu mundo Entatildeo eu vou pra perguntar o que eu sempre quis e talvez o que todo mundo que estaacute em casa sempre quis saber

OPComo eacute a sua preparaccedilatildeo antes de cobrir as pautas poliacuteticas na Casa Legislativa Vocecirc planeja suas piadas antes ou eacute realmente no improviso

DG A reuniatildeo de pauta geralmente acontece no caminho Eu e o produtor ou no aviatildeo ou no carro Eu e o produ-tor falando ldquoquem vocecirc acha que vai estar laacute Ah Tal pessoa tal pessoa tal pessoa fez isso A gente pode falar issordquo A gente tenta mais ou menos ter uma noccedilatildeo do que dizer

OPMas inclui uma piada pronta DG A gente tenta prever e tenta ir

com umas cartas na manga mas a gente sabe que eacute impossiacutevel Porque eu posso ir com uma pergunta pronta e o cara me daacute uma resposta que ningueacutem esperava Aiacute em cima disso eu tenho que fazer outra piada

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

DG Taacute isso no site do CQC Vocecircs acreditaram nisso (risos) Natildeo sei eu acho que o humor tem que ser engra-ccedilado natildeo tem que ser inteligente Eacute o

que eu acho entendeu O que seria humor inteligente Natildeo sei o humor eacute muito subjetivo pra classifi car ldquoesse humor eacute inteligente esse natildeo eacuterdquo Eu acho que o humor inteligente eacute aquele que se comunica de uma forma efi caz com o seu puacuteblico O Tiririca eacute esquisito mais eacute um humor inteligente para muita gente Eu gosto do Tiririca

OPComo publicitaacuterio como vocecirc avalia esse novo modelo de publici-dade inserido no programa

DG Mas natildeo eacute tatildeo diferente assim Na verdade eacute igual as outras porque nas outras o cara faz a propaganda e a agecircncia que ganha e no CQC tambeacutem a gente faz a propaganda e a produtora que ganha

OPVocecirc acha que o riso midiatizado esse humor ldquopastelatildeordquo que a gente vecirc por aiacute deixa perder um pouco da fun-ccedilatildeo do riso que estaacute em ser criacutetico

DG Depende do humor pastelatildeo eu gosto muito Eu gosto do Chaves gosto dos Trecircs Patetas gosto do Jerry Lewis gosto do Mr Been Eacute tudo humor pastelatildeo Eu acho que o termo que vocecirc queira achar natildeo eacute ldquohumor pastelatildeordquo eacute um humor grosseiro tipo ldquoAh vou peidar em puacuteblicordquo e todo mundo ri disso Eacute um humor primaacuterio Tal-vez seja o que vocecirc queria dizer Pastelatildeo eu gosto muito o humor do Chaves eacute pas-

telatildeo e eacute muito inteligente O do Mr Been tambeacutem eacute muito inteligente ele bolar tudo aquilo e tal Agora tem o humor primaacuterio que eacute esse humor de bordatildeo humor de escatologia humor de falar qualquer coisa Geralmente ningueacutem ri se natildeo sabe do que estaacute rindo Eu tento fazer no meu show e no CQC um riso que depende do contexto Vocecirc vai ver isso quando eu for falar com um poliacutetico no CQC Por exemplo eu fi z uma mateacuteria e eu encontrei o Joatildeo Paulo Cunha um cara que era do mensalatildeo Eu sei que 90 do meu puacuteblico do CQC talvez natildeo se lembre ou natildeo saiba quem eacute o cara Entatildeo se eu fi zesse a piada ningueacutem ia rir ningueacutem ia achar graccedila Entatildeo antes de eu chegar no cara eu falei aquele ali eacute tal cara que fez tal coisa e naquela eacutepoca ele fez o mensalatildeo Falou que pagou 50 mil numa conta em TV a cabo e natildeo sei o que Aiacute o pessoal jaacute sabe do que eu vou falar Entatildeo eu jaacute deixei a pessoa a par do conceito Quando eu chego no cara e faccedilo as piadas a pessoa sabe do que eu estou falando Entatildeo eu informei a pessoa para ela poder rir No meu show eu faccedilo isso Eu falo de uma por-ccedilatildeo de coisas que vatildeo rir porque eles estatildeo dentro do conceito Eu vou falar de tracircnsito eu natildeo preciso explicar o que eacute o tracircnsito Todo mundo sabe o que eacute o tracircnsito entatildeo eles acabam rindo disso por exemplo

OPEm entrevista ao portal UOL no dia 24042008 vocecirc disse que os bra-sileiros natildeo tecircm muito senso de humor Porque vocecirc acha entatildeo que o pro-grama estaacute dando certo no Brasil Vocecirc acha que o CQC devolveu agrave sociedade um pouco desse senso

DG O problema do brasileiro eacute que ele tem o senso de humor primaacuterio Ele natildeo tem um senso de humor Pra vocecirc ter senso de humor vocecirc tem que ver o que estaacute acontecendo reconhecer a reali-dade para poder rir dela O brasileiro tem a auto estima muito baixa O brasileiro soacute brinca com os outros ele natildeo brinca con-

sigo proacuteprio Vocecirc vecirc piada de brasileiro eacute sempre o portuguecircs eacute sempre a loira Por exemplo tem o portuguecircs o brasi-leiro e o americano O brasileiro sempre se sai bem ele tem autoestima baixa ele natildeo sabe rir de si Se o CQC devolveu isso para o brasileiro Eu acho que natildeo Pouca coisa a gente devolveu isso para o brasileiro O brasileiro estaacute rindo ainda do poliacutetico ele estaacute rindo ainda da cele-bridade que a gente ridiculariza Eu jaacute saiacute na rua e quando eu fui na ldquoMarcha para Jesusrdquo falar deles ningueacutem riu

OPNo CQC vocecirc tem vontade de fazer o quadro Proteste Jaacute

DG Proteste Jaacute Natildeo sei cara Tudo que eu tenho vontade eu faccedilo Eu tenho von-tade que muita coisa que eu faccedilo entre mas acaba natildeo entrando porque os caras falam que eu pego pesado (risos) Se eu fi zesse o Proteste Jaacute talvez eu fi zesse dife-rente eu natildeo sei Eu natildeo tenho vontade de fazer o Proteste Jaacute natildeo

OPTem alguma entrevista sua que vocecirc considera a melhor

DG Natildeo Tem muita entrevista que eu vejo na TV e falo nossa essa natildeo foi a melhor que eu fiz Porque cortam muita coisa

OPQue elementos jornaliacutesticos vocecirc nota no programa CQC

DG Jornalismo tem porque a gente como fala no iniacutecio do programa eacute um ldquoresumo semanal de notiacuteciasrdquo Mas taacute eacute um resumo semanal de notiacutecias taacute bom vaia gente fi nge que eacute O que tem eacute a gente brinca com algumas coisas que aconteceram durante aquela semana durante aqueles dias proacuteximos Eacute o mais proacuteximo que tem do jornalismo A gente sempre que pode estaacute no fato na hora do fato Mas agraves vezes natildeo daacute entatildeo vai cobrir festinha e natildeo sei o que mas a intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e ldquobrincarrdquo com ele

ldquoA gente sempre que pode estaacute no fato na hora do

fato A intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente

pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e

lsquobrincarrsquo com elerdquo

Danilo Gentili

O humorista Danilo Gentili foi um dos fundadores da comeacutedia ldquocara limpardquo na capital paulista e hoje desafi a poliacuteticos

Foto divulgaccedilatildeo

O cara de pau dos homens de pretoDanilo Gentilli o temido repoacuterter pelos poliacuteticos no dia-a-dia do senado conta como se prepara para as pautas polecircmicas

18-19 - cqc prontaindd 218-19 - cqc prontaindd 2 82809 115039 AM82809 115039 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

20 bull Miacutedia

RENATA VALENTIM

6ordmPERIODO

Que o advento das miacutedias digitais pocircs um ponto de interrogaccedilatildeo no horizonte dos meios tradicionais jaacute se sabe Mas a transformaccedilatildeo destinada ao raacutedio parece ser de fato a de maior impacto Seja no campo das novas tecnologias de trans-missatildeo dos novos suportes ao aacuteudio no nuacutemero de funcionaacuterios contratados ou na avaliaccedilatildeo do poder de infl uecircncia no gosto da audiecircncia a revoluccedilatildeo vivida pelas raacutedios eacute atestada tanto por profi s-sionais da aacuterea quanto pelos ouvintes

O CD hoje obsoleto popularizado no Brasil no fi nal dos anos de 1980 jaacute signi-fi cou uma transformaccedilatildeo importante no dia-a-dia do radialista Em vez de exe-cuccedilotildees musicais feitas pelo LP ou ldquobola-chatildeordquo que o operador ou sonoplasta vigiava do iniacutecio ao fi m da faixa transmi-tida os tocadores de compact disc per-mitiam a programaccedilatildeo de vaacuterias faixas em sequumlecircncia poupando-lhe tempo O que veio a seguir economizou bem mais que isso a inovadora transformaccedilatildeo de muacutesica em kilobytes deu origem a sof-twares de execuccedilatildeo automaacutetica

Assim as raacutedios gerando programa-ccedilatildeo por 24h dispensaram seus locutores e sonoplastas da madrugada e dos fi nais de semana adaptando seus conteuacutedos para que sistemas de automaccedilatildeo tra-balhassem sozinhos Aleacutem das muacutesicas em formato digital apresentaccedilotildees de muacutesica passaram a ser tambeacutem gravadas

e reproduzidas como se fossem feitas ao vivo Natildeo foram poucos locutores desem-pregados No caso das afi liadas de gran-des redes de FM a reduccedilatildeo no quadro de profi ssionais da voz foi ainda maior Em alguns casos haacute somente um ou dois locutores agrave disposiccedilatildeo que datildeo conta da geraccedilatildeo de toda a programaccedilatildeo local

Com experiecircncia na aacuterea haacute mais de 20 anos a locutora e programadora musical Glaacuteucia Lara 40 lamenta ldquoem um fi nal de semana antes das mudanccedilas promo-vidas pelo advento do mp3 cerca de sete pessoas estariam trabalhando em uma emissora de raacutedio Hoje eacute comum esca-lar locutores para comandarem a pro-gramaccedilatildeo ao vivo soacute nos programas que contam com a participaccedilatildeo do ouvinte Do resto quem cuida eacute o computadorrdquo conta ela que jaacute passou por diversas emissoras do interior do estado e por afi -liadas de grandes redes como a Antena 1 de Belo Horizonte E o sonoplasta entatildeo ldquoNa era do CD essa fi gura foi extinta dos quadros O locutor natildeo eacute soacute responsaacutevel hoje por apresentar muacutesicas e interagir com o ouvinte Tambeacutem assumiu a res-ponsabilidade de operar os aparelhos

e pessoalmente acho que isso facilita a locuccedilatildeo porque natildeo haacute mais aquela dependecircncia de um sinal do sonoplasta aquela sintonia de timing necessaacuteria para esse trabalho de equipe decirc certo O locutor faz tudordquo pondera

Eu baixo tu baixasO mp3 tambeacutem alterou a forma de

distribuir novos trabalhos musicais A popularizaccedilatildeo da internet e a troca de arquivos por meio de softwares seme-lhantes ao pioneiro Napster deram iniacutecio agrave decadecircncia dos CDs e ao decliacutenio das grandes gravadoras que fracassaram ao combater tanto a pirataria quanto o com-partilhamento online de mp3

O casamento das gravadoras com o raacutedio e a TV que detinham a foacutermula exclusiva de atrair a atenccedilatildeo do puacuteblico para seu artista entrou em crise A par-ceria de divulgaccedilatildeo perdeu espaccedilo con-sideraacutevel para uma revolucionaacuteria forma de acesso a novos trabalhos musicais feita na internet Para a tristeza de grava-doras e artistas a vendagem de CDs caiu drasticamente fazendo dos shows e tur-necircs sua principal fonte de lucro Foi-se o

tempo em que um artista de sucesso ven-dia mais de 2 milhotildees de coacutepias de seu trabalho o campeatildeo do mercado fono-graacutefi co brasileiro em 2006 Padre Marcelo Rossi registrou cerca de 860 mil coacutepias vendidas de seu aacutelbum ldquoMinha Becircnccedilatildeordquo editado pela Sony BMG Um nuacutemero pequeno se comparado aos 35 milhotildees de coacutepias de seu primeiro disco ldquoMuacutesi-cas Para Louvar ao Senhorrdquo de 1998

A estagiaacuteria de pesquisa de mercado Karina Zandona 22 comprova esse fenocirc-meno Fatilde de Th e Killers ela conta que hoje procura se informar do lanccedilamento de aacutelbuns das suas bandas preferidas por sites especializados e faz download deles quando jaacute estatildeo disponiacuteveis ldquoSoacute ouccedilo muacutesica pelo PC e pelo mp3 player Raacutedio soacute ouccedilo agraves vezes quando minha matildee ouve em casa E sempre satildeo as programa-ccedilotildees informativas como a Raacutedio Itatiaia Natildeo consigo mais fi car exposta a tanto hit lsquoda modinharsquo como os de black music no raacutediordquo diz No caso da comerciaacuteria Ellen Colombini 24 a infl uecircncia da internet eacute ainda mais efetiva ldquoouvia muito raacutedio quando adolescente e assistia muito agrave MTV Era fatilde de coisas do tipo Hanson

por exemplo (risos) Mas quando passei a usar a internet e descobri a maravilha que eacute fazer download de muacutesica natildeo liguei mais o raacutedio Sou viciada em fazer downloads vou baixando tudo o que encontro e que me parece interessante pelo release que acompanha o link ou mesmo pelo nome da banda Escuto tudo e seleciono o que me agrada Se aprovado vou passando adiante E a partir do que eu recomendo para os amigos recebo deles arquivos de artis-tas parecidas com o que eu enviei e sobre os quais natildeo vejo ningueacutem falarrdquo comenta

A engenheira ambiental Eduarda Stancioli 24 eacute ouvinte da Last FM paacutegina online na qual o usaacuterio cria a pragramaccedilatildeo sem a interrupccedilatildeo de publicidade e locutores ldquoComo passo mais tempo usando o computador da empresa que o resto do pessoal e natildeo posso fazer dowloads o site foi uma oacutetima soluccedilatildeo para ouvir muacutesica enquanto faccedilo meus projetosrdquo Eduarda diz que a facildade estaacute no fato da pro-gramaccedilatildeo ser sua criaccedilatildeo onde vocecirc seleciona os artistas ou estilo de muacutesica da sua preferecircncia podendo mudaacute-la qualquer hora E ainda poder contar com sugestotildees musicais do serviccedilo geradas a partir do tipo de muacutesica que se ouve

Contra a mareacuteCurioso eacute o exemplo da estudante

Ceciacutelia Portugal 21 anos Apreciadora de axeacute music adora ouvir a Extra FM enquanto dirige Diferente de Ellen e

Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

O raacutedio na onda do ciberespaccedilo

Imagem do programa de dowloads de arqui-vos de muacutesica e viacutedeos Limewire

Paacutegina da raacutedio na internet a Last FM

Saiba o que a troca de arquivos de muacutesica pela internet fez com o raacutedio de entretenimento como as pes-soas encarram isso e quais satildeo as apostas das raacutedios para natildeo perderem seus ouvintes e patrocinadores

20-21 - Mate ria Ra dio final prontaindd 120-21 - Mate ria Ra dio final prontaindd 1 82809 115051 AM82809 115051 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Miacutedia bull 21Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

Karina o costume de baixar muacutesica pela internet natildeo a afas-tou do haacutebito de ouvir raacutedio ldquooutro dia ouvi uma muacutesica nova do Tomate ex-vocalista do Rapazolla Corri pra casa procurei o arquivo para down-load e depois gravei num CD para ouvir com as amigas no caminho pra baladardquo conta ldquoA maior graccedila do raacutedio que sem-pre tive o costume de ouvir eacute a companhia que faz Parece que natildeo estou sozinha no carro enquanto ouccedilo E me divirto com as esquetes de humor que tecircm por aiacuterdquo diz

Essa parece mesmo ser a nova vocaccedilatildeo do raacutedio como destaca o locutor e produtor Gleyson Lage da 98 FM de Belo Horizonte ndash primeira emissora a operar em frequumlecircncia modu-lada na Ameacuterica Latina ldquoAleacutem das promoccedilotildees e do aumento das formas de interatividade o humor eacute uma forma de fi de-lizar o ouvinte de perfi l mais passivo que tem menos dispo-nibilidade ou motivaccedilatildeo para manter contato por telefone ou e-mailrdquo Apostando nisso a 98 FM ndash cuja programaccedilatildeo eacute 100 local ndash conta com trecircs progra-mas de cunho humoriacutestico para enfrentar a concorrecircncia Os Manos Silicone Show e Graffi ti auto-intitulado o pior programa de raacutedio do Brasil

Para o locutor publicitaacuterio Tovar Luiz 43 o FM nasceu engraccedilado ldquoo grande barato das raacutedios FM desde a sua popu-larizaccedilatildeo no iniacutecio dos anos de 1980 foi o seu perfi l descontra-iacutedo A locuccedilatildeo nessas emisso-ras sempre foi bem mais aacutegil e despojada O hoje apresentador de TV Ceacutesar Filho por exemplo comeccedilou a carreira no raacutedio e

fi cou famoso pelo bordatildeo lsquobeijo pra vocecirc feiarsquo Natildeo era ofensa era pra fazer o ouvinte rir O FM foi uma revoluccedilatildeo em termos de lin-guagemrdquo lembra E ele parece ter razatildeo O programa Pacircnico um dos maiores fenocircmenos televi-sivos dos uacuteltimos tempos eacute deri-vado de um programa de raacutedio da rede Jovem Pan 2 de Satildeo Paulo comandado pelo locutor Emiacutelio Surita Seguindo o fl uxo as demais redes destinadas ao puacuteblico jovem tambeacutem investi-ram na programaccedilatildeo que faz rir E a partir das redes as emissoras locais que fazem concorrecircncia agraves afi liadas tambeacutem acompanham a tendecircncia para natildeo perder seu espaccedilo no mercado

Falando neleExistem hoje 23 FMs no dial

de Belo Horizonte Pelo menos quatro delas satildeo dedicadas aos jovens Jovem Pan 2 (991) Mix FM (917) 98FM (983) e Oi FM (939) Destas somente a 98FM natildeo eacute afi liada de uma grande rede Haacute trecircs anos em atividade na emissora Gleyson Lage confi rma a reduccedilatildeo no nuacutemero de vagas aos profi ssio-nais da aacuterea ldquonuma raacutedio local satildeo necessaacuterios 20 funcionaacuterios para produzir toda uma grade enquanto numa afi liada jun-tando a programaccedilatildeo execu-tada pelo sateacutelite com aquela gerada pela automaccedilatildeo da transmissatildeo apenas cinco datildeo

conta do recado para o tempo destinado agrave grade local Eacute com-plicadordquo conta

No entanto ele vecirc a partici-paccedilatildeo das redes de raacutedio como positiva no que se refere agrave qua-lidade ldquoquando uma rede tem um bom conteuacutedo ndash boa plaacutes-tica bons locutores bons tex-tos ndash ela acaba por estimular as emissoras locais a manterem o mesmo niacutevel Haacute um ganho em criatividade que poderia natildeo existir se todo o conteuacutedo fosse localrdquo acredita

Enquanto isso os ouvintes se queixam da repeticcedilatildeo nas grades musicais ldquochega a ser engraccedilado Estava ouvindo uma muacutesica numa determinada

raacutedio Quando acabou troquei para a estaccedilatildeo seguinte e estava tocando a mesma muacutesica Acho que como todos os meios de comunicaccedilatildeo as raacutedios precisam abrir o leque de opccedilotildeesrdquo opina Karina Zandona estagiaacuteria de pesquisa de mercado 22

Karina completa ldquoateacute a Rede Globo tem inovado na inserccedilatildeo de muacutesicas de artistas desconhecidos do grande puacuteblico como trilha das suas produccedilotildees (como foi o caso do cantor Beirut presente na trilha sonora da minisseacuterie Capitu exibida em janeiro de 2009) O raacutedio podia acompanhar essa tendecircnciardquo sugere

Com a digitalizaccedilatildeo da muacutesica o sonoplasta sai de cena eacute o locutor quem faz tudo

Foto

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O Ponto

Editor e diagramador da paacuteginaLira Faacutevilla e Felipe Barbosa 6ordm periacuteodo

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

22 bull Cultura

CLAUDIA LAPOUBLE

6ordmPERIacuteODO

ldquoO processo pelo qual se arma-zenam informaccedilotildees no disco de vinil feito de PVC material derivado do petroacuteleo consiste em imprimir nele ranhuras ou ldquoriscosrdquo cujas formas tanto em profundidade como abertura mantecircm correspondecircncia com a informaccedilatildeo que se deseja arma-zenar Essas ranhuras visiacuteveis no disco a olho nu satildeo feitas no disco matriz com um estilete no momento da gravaccedilatildeo Esse esti-lete eacute movido pela accedilatildeo da forccedila magneacutetica que age sobre eletro-iacutematildes que estatildeo acoplados a elerdquo (in Leituras de Fiacutesica GREF- Departamento de fiacutesica da USP SP2005)

Eacute assim que a muacutesica se ldquoimprimerdquo no plaacutestico que depois ao ser arranhado pela agulha libertaraacute novamente os sons no ar Para os apaixonados por vinil o ritual de tirar o disco da estante limpaacute-lo colocaacute-lo no toca discos posicionar a agu-lha delicadamente sobre ele tomando todo o cuidado para natildeo arranhaacute-lo e repetir todo esse processo na hora de virar o disco para ouvir o lado b signi-fi ca uma relaccedilatildeo mais proacutexima com a muacutesica Era preciso dedi-car tempo a escutar o disco Mais do que uma miacutedia de armazena-mento analoacutegico do som o disco de vinil eacute um objeto de arte e uma peccedila que daacute materialidade agrave muacutesica

Dados da Associaccedilatildeo de Gra-vadoras da Ameacuterica (Record Industry Association of Aeme-rica) mostram que as vendas de LPs aumentaram em quase 130 entre os anos de 2007 e 2008 De acordo com o informe anual divulgado pelo oacutergatildeo ldquoo vinil continua sua ascensatildeo As vendas nesse formato somaram

US$57 milhotildees e vem mais do que duplicando ano apoacutes anordquo Ainda segundo o documento ldquotrata-se do produto preferido por audiofi los e colecionadores e o aumento nas vendas se deve tanto agrave re-gravaccedilatildeo de mate-rial de cataacutelogo quanto a novos lanccedilamentosrdquo

Com os nuacutemeros da induacutes-tria apontando para uma queda nas vendas de CDs e em tempos em que se fala em livre acesso agrave muacutesica atraveacutes da internet o vinil se apresenta como uma saiacuteda para quem ainda gosta da muacutesica palpaacutevel apreciaacute-la com todos os sentidos inclusive o tato

Um Brasil em vinil ldquoContar a histoacuteria do Brasil

atraveacutes da muacutesica guardando um exemplar de tudo o que foi gravado em vinil no paiacutesrdquo esse era o objetivo de Edu Pampani 46 quando em 2005 fundou a Discoteca Puacuteblica o primeiro espaccedilo dedicado agrave memoacuteria musical brasileira do paiacutes

Apaixonado por muacutesica e claro pelos discos de vinil Pam-pani conta que a ideacuteia da Dis-coteca nasceu quando ele ainda morava na Bahia e tinha uma loja de discos Segundo ele quando o Compact Disc (CD) comeccedilou a se popularizar na deacutecada de 90 as pessoas o procuravam para trocar seus LPs por CDs

O espaccedilo tem hoje um acervo de cerca de 12 mil peccedilas que contam a historia do Brasil pelos sulcos no plaacutestico PVC Eacute possiacute-vel ouvir por exemplo gravaccedilotildees de jogos de futebol ou vinhetas de programas de raacutedio dos anos 50 aleacutem de claacutessicos da muacutesica popular brasileira em gravaccedilotildees originais Com todas essas rari-dades Pampani garante natildeo ter nenhum disco favorito ldquosempre me perguntam Edu qual eacute o disco mais raro que vocecirc tem

e eu respondo raro eacute ter todos eles juntosrdquo

De volta ao plaacutesticoApesar de natildeo ser a miacutedia mais

utilizada pelo grande puacuteblico o disco de vinil tem um puacuteblico fi el principalmente entre os DJs que segundo Pampani ldquoprocuram sempre coisa nova se ele quer tocar Jorge Bem por exemplo ele vai procurar aquela muacutesica que ningueacutem lembra mais que ele gravou Esse pes-soal tem que fi car garimpando semprerdquo

O DJ e fundador do selo Vinyl Land Luiz Valente ou DJ Luiz PF eacute um desses garimpeiros de sebos Ele conta que sua paixatildeo pelos LPs nasceu quando ele mesmo selecionava as muacutesi-cas que iriam compor o som ambiente de seu bar o ldquoLugarrdquo Em 2003 Luiz sentiu que pode-ria abrir espaccedilo para DJs que pesquisavam e procuravam por muacutesicas que fugiam do lugar comum ldquoeu fui fazendo festas por um tempo chamando DJs que discotecavam com vinil pra ser um contra ponto a essa outra galerardquo conta

Radicado em Londres desde 2006 Luiz conta que ao chegar agrave Europa percebeu que diferente do que acontecia no Brasil ldquolaacute o negoacutecio natildeo tinha acabado nada se achava tudo pra com-prar coisas novas a galera atual todo mundo lanccedilava era uma coisa de canto de loja mas fun-cionando vendendordquo Na capital inglesa o DJ trabalhou na grava-dora Whatmusiccom que aleacutem de CDs lanccedilava tambeacutem traba-lhos em vinil

A paixatildeo pela ldquocultura de acetatordquo e o trabalho como DJ foram o incentivo para que Luiz fundasse em 2008 a Vinyl Land selo que vem com a proposta de lanccedilar muacutesicos que se interes-sem em gravar em vinil Segundo

ele o selo nasceu de sua proacutepria necessidade como DJ ldquoeu

jaacute discotecava com vinil e fui achando bandas

novas que queria tocar mas natildeo tinha como porque eram de uma eacutepoca em que natildeo tinha mais vinil ai eu pensei jaacute que natildeo tem eu faccedilo

e comecei a procurar contatos e tentar orga-

nizar o selordquo Com apenas um ano

no mercado a Vinyl Land

jaacute lanccedilou trecircs discos dentre

eles um compacto simples do Autoramas

Novas marcas no PVCFoi pela Vinyl Land que a

banda Th e Dead Lovers Twisted Heart que nunca havia lanccedilado seu trabalho comercialmente lanccedilou seu primeiro EP O com-pacto auto-intitulado traz cinco muacutesicas antes disponiacuteveis para download na internet O disco prensado na Alemanha teve tiragem limitada de 200 coacutepias

Com infl uecircncias que vatildeo de Odair Joseacute e Roberto Carlos ateacute Franz Ferdinand e Jack White passando pela literatura de Mark Twain (o grupo tem uma muacutesica em homenagem a Huck-leberry Finn personagem do autor americano) e os cartunis-tas Laerte e Angeli a banda for-mada por Ivan (guitarra e vocal)

Guto (guitarra) Paty (bateria) e

Velvs (baixo) jaacute era conhecida dos frequumlentadores de casas de shows de Belo Horizonte antes de lanccedilar seu EP

Segundo Ivan a ideacuteia de ter seu primeiro trabalho gravado em vinil casou muito bem com a banda ldquoa gente ainda natildeo tinha lanccedilado um disco propriamente dito e hoje o suporte fiacutesico eacute cada vez menos importante porque na verdade a muacutesica vocecirc acha em qualquer lugar e um disco um CD na verdade natildeo faz mais tanto sentido E nossa ideia era que jaacute que vocecirc vai comprar um objeto o vinil eacute um objeto muito mais legal tanto esteticamente quanto no manusear fora que tem toda essa coisa da retomada e eacute uma boa proposta que tem tudo a ver com a bandardquo afi rma o muacutesico provando que o velho vinil estaacute mais novo que nunca

O novos sonsdo velho vinil

Com a popularizaccedilatildeo dos sites de divulagaccedilatildeo de muacutesica na internet o vinil retorna como alternativa interessante para novos muacutesicos e ouvintes

Dj Luiz PF fundador do selo Vinyl Land

Os diferentes formatos do vinil-LP abreviatura do inglecircs Long Play ou ldquo12 polegadasrdquo Disco com 31 cm de diametro com capacidade normal de cerca de 20 minutos por lado O formato LP era utilizado usualmente para a comercializaccedilatildeo de aacutelbuns completos-EP abreviatura do inglecircs Extended Play Disco com 17 cm de diametro e capacidade de cerca de 8 minutos por lado continha em torno de quatro faixas -Single ou compacto simples abreviatura de Single Play ldquo7 polegadasrdquo ou compacto simples Disco com 17 cm de diametro e capacidade normal de 4 minutos por lado O single era geralmente empregado para a difusatildeo das muacutesicas de trabalho de um aacutelbum completo a ser posteriormente lanccedilado -Maacutexi abreviatura do inglecircs Maxi Single Disco com 31 cm de diametro sua capacidade era de cerca de 12 minutos por lado

Arq

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The Dead loverrsquos Twisted Heart Pati Vels Guto e Ivan

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Culturabull 23Editor e diagramador da paacutegina Baacuterbara Rodrigues 8ordm periacuteodo

Festival Internacional de Corais homenageia

BAacuteRBARA RODRIGUES 8ordm PERIacuteODO

A seacutetima ediccedilatildeo do Festival Interna-cional de Corais ndash FIC acontece de 18 a 27 de setembro de 2009 e teraacute como tema a vida e obra de Villa-Lobos con-siderado o maior compositor das Ameacute-ricas Seratildeo cerca de 300 apresenta-ccedilotildees de 120 corais de todo o Brasil e do exterior que percorreratildeo 12 cidades de Minas Gerais

O festival realizado pela Universi-dade FUMEC tem o intuito de popula-

rizar os corais e grupos vocais amadores e profissionais e evidenciar atividades culturais de empresas instituiccedilotildees de ensino comunidades associaccedilotildees e fundaccedilotildees com apresentaccedilotildees de corais e shows de artistas nacionais sempre com a bandeira da muacutesica brasileira agrave frente

Regidos pelo Maestro Lindomar Gomes produtor cultural e coordena-dor do FIC os 30 integrantes do coral da FUMEC seratildeo um dos grupos a se apresentar ldquoNosso coral sempre parti-cipou de festivais seguindo a maacutexima de Fernando Brant de que lsquotodo artista

tem de ir aonde o povo estaacutersquo A cada ano o FIC escolhe um tema que traduza a identidade musical brasileira Este ano celebraremos os 50 anos de morte de Villa-Lobos responsaacutevel por implantar o canto coral no paiacutes na deacutecada de 1930 e o muacutesico que mais cantou as belezas nacionaisrdquo enfatiza

Em cada ediccedilatildeo do festival os com-positores Leonardo Cunha e Fernando Brant satildeo responsaacuteveis pela muacutesica-tema que ao final do evento eacute cantada por todos os corais A composiccedilatildeo deste ano ganhou o nome de ldquoMestre Villardquo exultando o que de mais haacute de caracte-

riacutestico na vida e obra do mestre Durante todo o festival alguns locais

da cidade como o Palaacutecio das Artes Sesc Laces JK e a aacuterea de convivecircn-cia da FUMEC receberatildeo exposiccedilotildees de fotos textos e trilhas sonoras do acervo do Museu Villa-Lobos no Rio de Janeiro A banda mineira 14 Bis e o muacutesico Renato Teixeira fazem shows no interior de Minas e no dia 27 no Parque Municipal encontro de todos os corais participantes marcaraacute o fechamento do evento onde mais de mil vozes se uni-ratildeo para cantar os temas do maestro homenageado

O maestro e coordenador do FIC Lindomar Gomes e os integrantes do Coral da Fumec

Mestre Villa daacute o tom dentro e fora do paiacutesO carioca Heitor Villa-Lobos

foi responsaacutevel por universa-lizar a muacutesica nacional acres-centando em grande parte de suas mil obras a sonoridade da fauna brasileira de tribos indiacute-genas e africanas aleacutem de refe-recircncias de cantigas do choro e do samba

Na defi niccedilatildeo do maestro Lindomar Gomes a impor-tacircncia de Heitor Villa-Lobos estaacute no fato de ele ldquodecifrar a alma brasileira e colocaacute-la em muacutesicardquo Devido agraves homena-gens ao compositor nas prin-cipais capitais do Brasil e do

mundo Gomes natildeo eacute o uacutenico a pensar assim

Peccedilas de Villa-Lobos fazem parte das temporadas da Filar-mocircnica de Belo Horizonte da Orquestra Sinfocircnica do Teatro Nacional Claacuteudio Santoro em Brasiacutelia da Sinfocircnica Munici-pal de Campinas e da Orques-tra Sinfocircnica Brasileira do Rio

Internacional Em janeiro o maestro John

Neschling regeu a Filarmocircnica de Varsoacutevia na Polocircnia com os ldquoChoros n 6rdquo A soprano Adriane Queiroz cantou as ldquoBachianas

Brasileiras nordm 5rdquo em Berlim e o regente da OSB do Rio Roberto Minczuk esteve no Japatildeo em agosto para apresentar as ldquoBachianas Brasileirasrdquo

Ainda este ano deve chegar agraves livrarias o ldquoFolha Explica Villa-Lobosrdquo da Publifolha do violonista Faacutebio Zanon que em entrevista ao jornal Folha de Satildeo Paulo afi rmou ldquoO uni-verso sonoro de Villa-Lobos eacute uma coisa arrasadora Nossa ideia de Brasil seria muito mais pobre sem a leitura efetuada por Villa-Lobos de nosso patri-mocircnio musicalrdquo

Programaccedilatildeo completa e outras informaccedilotildees sobre FIC 2009 wwwfestivaldecoraiscombr

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Foto divulgaccedilatildeo

O compositor e maestro Villa-Lobos cuja obra eacute reconhecida e celebrada internacionalmente

23 - festivaldecoraisindd 123 - festivaldecoraisindd 1 82809 115113 AM82809 115113 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

24 bull Cultura Editor e diagramador da paacutegina Amanda Lelis 6ordm periodo

COLCHAde retalhos

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Magia

Escrevo uma letra

e jaacute natildeo estou no mesmo lugar

Pedro Cunha Instrumento de cordas vocais tocado pela alma

a palavra na garganta que vira muacutesica

o som da orquestra do coraccedilatildeo

dos gagos e desafi nados

aos cegos de paixatildeo

VozBaacuterbara Rodrigues

Natildeo sei bem o que eacute

Se eacute invenccedilatildeo

Se eacute na verdade a mais pura verdade

Se sou eu tentando fugir

Se sou eu tentando apagar

Natildeo encarar o que estaacute acontecendo

Esquecer a minha confusatildeo

De querer sem conhecer

De te amar sem te encontrar

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Queria esquecer

E perdoar entatildeo

Voltar na decisatildeo

Para minha vida rotineira

Que eu levei a vida inteira

O meu sufoco e os seus gritos

Meu confortaacutevel desespero

Minha mania de querer ser mais para mundo

Do que o mundo eacute para mim

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Confortaacutevel DesesperoPaula Macintyre

Preso agrave falta de sono procurando ver

Atraveacutes da luz de um trago num bastatildeo de morte

Talvez com sorte entatildeo eu possa crer

Que os dias se passaram mas o amor fi cou

Mesmo sonhando acordado algo ainda restou

De tardes tatildeo bonitas

Em que o brilho dos teus olhos eu pude enxergar

Os teus negros cabelos quero entatildeo tocar

apesar de estares tatildeo afl ita

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia

que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Por mais que em outras camas eu possa deitar

que braccedilos e abraccedilos venham me afagar

O brilho dos teus olhos ainda me ilumina

por vaacuterias ruas sujas que eu tentei fugir

estenderia um tapete pra vocecirc entrar

sentado vago na varanda escura a esperar

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Mas eu mudaria tudo isso pra te ter aqui

comigo ao meu lado todo dia a me fazer sorrir

Para ouvir a muacutesica wwwmyspacecombandatravessia

DuetoAlvaro Castro

Do entendimento tardio de se assistir a uma passagem de som

Cracke se quebra o silecircncio a voz dos barulhos instrumentais

cala todos os outros sons do silecircncio Antes de ser melodiosos

os sons comeccedilam desencontrados como tateando no escuro

dos ritmos tentando se encontrar e dar as matildeos para soacute assim

iniciar seu dialogo-danccedila em brincadeiras harmoniosas que

encantam e enfeiticcedilam Na sutileza dos tons na alegria de fazer

barulhos musicais modifi cam a muacutesica mil vezes re-arranjada

ajeitam afi nam se enfeitam

e a muacutesica fi nalmente sai Perfeita

AntesClaudia Lapouble

Sssshhiiii

silecircnciosopro suspiro sussurro

sublime submerso submarino submundo

some sobe segue sangue sinistro

sem focirclegosufoco

SClaudia Lapouble

A canccedilatildeo natildeo paacutera O berimbau controla o medo que corre

nas ruas vindo daqueles que natildeo se deixaram dissolver pela

aacutegua trazida com a chuva Na cidade escorre toda a calmaria

e a melodia se arrasta molhando o chatildeo Enquanto o ceacuteu se

desmancha aos poucos sobre a rua deserta eles cantam Voz

para um canto que veio aveludar meus ouvidos acalentar

clamoroso de uma vida inteira e fosse essa noite a vida

inteira fez-se a noite lembranccedila da cantiga que me converteu

inteira Pandeiro Meacutedio Viola e a chuva que ritmava a

cantoria O breu e noacutes no breu O escuro arrasta o invisiacutevel

para dentro da cidade que chora para dentro dos meus olhos

que fi tam atentos os olhos deles que me encantam Hora um

hora outro me arrasta em companhia agrave suas vozes As gotas

respondem ao coro num canto suave o pandeiro acompanha

o berimbau e o repique respinga umas gotas tontas de

musicalidade goteja um som que sobrevoa a superfiacutecie

Sobre o invisiacutevelAmanda Lelis

Gabriel Guedes e violino em show na Praccedila da Liberdade

O som da alma se apresenta em desejo e verso livre

na terccedila indecente suave

no violino do seus sonhos em coro cresce a quarta corda

dissonante

eacute a Musica

No canto viacutevido em tom sincero e leve expande

compaixatildeo as notas graves

fi delidade ao escrever a voz da alma sobre arpejos

inconstantes

eacute a Musica

MuacutesicaPedro Gontijo e

Bernardo Gontijo

Te aperto contra o peito

te penduro nas costas

no churrasco passa de matildeo em matildeo

e ainda assim me faz companhia

nas noites de solidatildeo

Ode ao violatildeoBaacuterbara Rodrigues

Ajude a costurar nossa colcha balaioretalhosgmailcom

24 - Colcha de retalhos corrigidoindd 124 - Colcha de retalhos corrigidoindd 1 82809 115124 AM82809 115124 AM

Page 18: Jornal O Ponto - agosto 2009

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

18 bull Entretenimento Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O que vocecirc acha que o CQC traz de novo para a TV brasileira

Rafi nha Bastos O CQC eacute um formato novo Soacute o fato de existir um formato novo numa televisatildeo tatildeo repetida porque os formatos se repetem muito na televisatildeo a novela do SBT eacute igual a da Band que eacute igual a da Globo que eacute igual a da Record os telejornais tambeacutem satildeo parecidos os programas de auditoacuterio Entatildeo soacute o fato de ser um programa diferente um formato de televisatildeo diferente jaacute eacute uma novidade Eu acho que eacute isso que o CQC traz

OPComo vocecirc entende a junccedilatildeo de ldquojornalismo e humorrdquo

RB Eu acho que o jornalismo eacute muito convencional Ele tem um formato muito especiacutefi co no Brasil haacute muito tempo Entatildeo o fato de a gente estar fazendo uma coisa mais bem humorada vem quebrar um pouco com esses paradigmas que satildeo muito estabelecidos do jornalismo A gente estaacute fazendo de uma maneira diferente de fazer o jornalismo Eu acho interessante a receptividade que eu tenho tido com as mateacuterias laacute do ldquoProteste Jaacuterdquo Satildeo muito legais o povo gosta e se sente representado Entatildeo eu acho que tem sido muito bom

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

RB Natildeo existe isso Eu sou contra esse negoacutecio de ldquohumor inteligenterdquo porque natildeo eacute porque o Tiririca faz um humor para o povatildeo que ele natildeo eacute inteligente Ele eacute um gecircnio aliaacutes entendeu Natildeo acho que a questatildeo eacute ldquointeligenterdquo Eu acho que a questatildeo eacute a seguinte o humor do CQC precisa de mais referecircncia O pessoal precisa conhecer um pouco das coisas que a gente estaacute falando estar um pouco informado sobre poliacutetica Talvez a pessoa que assiste ao CQC esteja atraacutes de um humor com mais informaccedilatildeo um humor mais criacutetico e o humor natildeo eacute tatildeo popular mas natildeo signifi ca que natildeo eacute mais inteligente do que o humor popular

OPVocecirc natildeo teme que o CQC caia na ldquomesmicerdquo

RB Eacute muito cedo para dizer ainda Muito cedo O que acontece eacute que os pro-gramas humoriacutesticos caem na mesmice e isso eacute estrateacutegico O ldquoNerson da Capi-tingardquo faz a mesma piada toda semana

porque as pessoas precisam entender a piada O povatildeo a galera ldquomassardquo precisa saber a hora que ela tem que rir Por isso que parece que eacute muito repetitivo Porque natildeo eacute um humor feito pra gente natildeo eacute um humor feito para a galera faculdade para a galera que tem um espiacuterito criacutetico um pouco mais aguccedilado Eacute para o povatildeo Eacute muito bem feito A tendecircncia do CQC natildeo eacute ir por esse caminho mas pode ser que ele se repita Isso eacute uma busca eterna

OPA experiecircncia da stand-up comedy contribui para a abordagem de suas fontes

RB O fato de eu ser comediante me ajuda Eu faccedilo um programa de humor hoje que por mais que tenha uma pegada jornaliacutestica eacute um programa de humor O objetivo dele eacute ser engraccedilado eacute ser divertido Tanto a minha formaccedilatildeo de jornalista quanto o meu trabalho de comediante estatildeo juntos ali quando eu estou na frente do viacutedeo

OPEm sua opiniatildeo onde podemos perceber o jornalismo no CQC

RB O quadro ldquoProteste jaacuterdquo eacute o quadro mais jornaliacutestico do programa Ele aborda os problemas levanta e vai atraacutes de soluccedilotildees conversa com os governantes Eu acho que esse eacute o quadro mais jornaliacutestico mas natildeo signifi ca que as mateacuterias de ldquobaladardquo natildeo sejam jornaliacutesticas Mas eu soacute acho que o mais parecido com o formato tradicional de jornalismo eacute o ldquoProteste Jaacuterdquo

OPComo vocecirc percebe a inserccedilatildeo da publicidade no programa Vocecirc acha que o excesso de propaganda pode pre-judicar a atraccedilatildeo

RB Eu acho que eacute feito de uma maneira muito suave Eacute algo inovador O que o CQC faz natildeo existe em nenhum outro programa A gente natildeo interrompe natildeo mostra nenhum produto ou merchan durante o programa Satildeo propagandas fei-tas com o proacuteprio elenco Entatildeo eu acho

que eacute diferente e o programa tem que se bancar Ele precisa ter publicidade

OPMas vocecirc natildeo acha que haacute uma quebra do discurso Por exemplo o Marcelo Tas chama uma mateacuteria ldquoredondardquo e faz menccedilatildeo a uma determi-nada marca de cerveja Quando manda a mateacuteria haacute um corte com outra propa-ganda entrando

RB Vocecirc natildeo acha isso muito melhor do que parar e falar assim ldquogente vamos falar de seguro sauacutederdquo e a pessoa sair Vocecirc tem que vender vocecirc tem que fazer publicidade Natildeo tem como O programa precisa se bancar de alguma forma Eu acho que a melhor maneira uma maneira interessante de fazer os merchans eacute da maneira como a gente faz Natildeo inter-rompe natildeo tem a ver com a mateacuteria natildeo estaacute no meio do conteuacutedo natildeo tem a ver com o conteuacutedo do programa estaacute sepa-rado Eu acho que eacute uma maneira tran-quila Se eacute a melhor maneira eu natildeo sei mas eu acho interessante

OPEm abril assessores de comuni-caccedilatildeo dos parlamentares se reuniram em Brasiacutelia para questionar a liberdade com que os repoacuterteres atuam no Con-gresso Nacional O diretor de comuni-caccedilatildeo da Cacircmara poreacutem afi rmou que natildeo alteraria as regras atuais e que cabia aos assessores explicar aos deputados como lidar com o tipo de jornalismo praticado pelos programas O CQC foi pivocirc desta atitude

RB O Congresso faz as leis dele O Congresso olha muito para o proacuteprio umbigo Natildeo existe nada que infl uencie diretamente as decisotildees do Congresso Eles decidem por eles mesmo Por isso que eles estatildeo em Brasiacutelia que fi ca a 500 km de Rio e Satildeo Paulo

OPVocecirc acha que os poliacuteticos satildeo alvo faacutecil para o humor Por quecirc

RB Eu acho que natildeo Eu acho que os poliacuteticos satildeo difiacuteceis porque satildeo uma concorrecircncia para os comediantes Os proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia entatildeo jaacute eacute muito difiacutecil vocecirc tirar sarro de algo que jaacute eacute engraccedilado As notiacutecias do ldquoJornal Nacionalrdquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQC Eacute mais difiacutecil ainda Eacute uma busca eterna para natildeo fi car se repetindo e natildeo fi car falando coisas que jaacute satildeo ditas por outros telejornais

Os bastidores do risoEm entrevista exclusiva Rafi nha Bastos repoacuterter do programa televisivo Custe o Que Custar (CQC) abre o jogo e conta como o humor eacute levado a seacuterio na atraccedilatildeo semanal na emissora Bandeirantes

Uma das cenas protagonizadas por Rafi nha Bastos no quadro ldquoProteste jaacuterdquo

ldquoOs proacuteprios poliacuteticos fazem comeacutedia () As notiacutecias do lsquoJornal Nacionalrsquo agraves vezes satildeo mais engraccediladas que as notiacutecias do CQCrdquo

Rafi nha Bastos

AMANDA ARAUacuteJO

FLAacuteVIO CAMPOS

NATASHA MUZZI

8ordm PERIacuteODO

Belo Horizonte abril de 2009 Enquanto esperaacutevamos a reapresen-taccedilatildeo da peccedila ldquoArte do Insultordquo para realizar uma entrevista com o humo-rista Rafi nha Bastos marcaacutevamos quais seriam as principais perguntas que deveriam ser feitas considerando o pouco tempo que teriacuteamos dispo-

niacutevel nos bastidores do evento Casa cheia nervosismo em alta muita gente querendo conversar e chamar a atenccedilatildeo do ldquohomem de pretordquo do programa CQC Difiacutecil tarefa eacute con-seguir uma entrevista quando se eacute apenas estudante Mas conseguimos o acesso e a conversa se estendeu por bem mais tempo do que esperaacuteva-mos Nosso objetivo era questionar o apresentador e repoacuterter sobre a jun-ccedilatildeo entre jornalismo e humor presen-tes no programa por ele apresentado

a fi m de somar ao nosso trabalho de conclusatildeo de curso que apresentava a mesma discussatildeo Em maio de volta agrave mesma casa de espetaacuteculos nos encontramos com o tambeacutem repoacuterter da atraccedilatildeo Danilo Gentili com cer-teza bem mais afi ados e preparados para a sarcaacutesticas intervenccedilotildees do humorista

De forma descontraiacuteda fomos recebidos pelas duas grandes fi guras do Stand-up Comedy e agora ldquoastrosrdquo do irreverente CQC que toparam

falar sobre o jornalismo do programa liberdade de imprensa poliacutetica e claro humor Aleacutem de compor a bancada do programa Rafi nha Bastos eacute jornalista e comediante apresentando espetaacuteculos de improviso por todo o paiacutes Publicitaacuterio e humorista Danilo Gentilli foi um dos fundadores da comeacutedia ao vivo na capital paulista O resultado deste inusitado e divertido bate-papo com os dois repoacuterteres vocecirc confere agora em entrevistas editadas especialmente para O Ponto

Foto Divulgaccedilatildeo

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Entretenimento bull 19Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O ano de 2008 rendeu ao CQC nove precircmios Quatro deles somam como melhor programa de humor eou como melhor produccedilatildeo humoriacutestica Porque vocecirc acha que a miacutedia ainda natildeo premiou o programa como melhor telejornal

Danilo Gentili O CQC trabalha com fatos jornaliacutesticos mas natildeo eacute um telejor-nal O CQC natildeo estaacute todo dia mostrando os fatos do dia entatildeo natildeo pode ser clas-sifi cado como um telejornal O ldquoGlobo Repoacuterterrdquo natildeo pode ser classifi cado ldquoum telejornalrdquo eacute um programa jornaliacutestico Eu acho que a miacutedia natildeo enxerga o CQC como um programa jornaliacutestico Na ver-dade se for para eu escolher se o CQC eacute jornaliacutestico ou humoriacutestico eu escolheria que ele eacute humoriacutestico porque quando eu vou fazer eu me preocupo primeiro em fazer a pessoa rir Eu vou abrir a boca eu vou falar com esse cara mas a uacutenica razatildeo de eu falar com esse cara eacute fazer uma piada Se eu for falar com ele e a pessoa natildeo rir natildeo tem porque eu estar aqui

OPA maioria das pautas poliacuteticas do programa satildeo destinadas agrave vocecirc A que vocecirc atribui isso Vocecirc seria o mais cara de pau dos ldquohomens de pretordquo

DG Pode ser Talvez seja Eu gosto de fazer poliacutetica com um produtor laacute em especiacutefi co A gente vai com muita von-tade de fazer o que a gente faz de chegar para o cara e perguntar Na verdade eacute o seguinte eu natildeo sei os outros repoacuterteres mas eu no CQC natildeo tenho a pretensatildeo de ser amigo de ningueacutem Seja de poliacutetico ou de celebridade eu natildeo tenho a pre-tensatildeo Vocecircs natildeo vatildeo me ver em festas de celebridades ldquoOh fui convidado pra festa e estou aquirdquo Eu natildeo tenho essa vontade natildeo eacute o meu mundo Entatildeo eu vou pra perguntar o que eu sempre quis e talvez o que todo mundo que estaacute em casa sempre quis saber

OPComo eacute a sua preparaccedilatildeo antes de cobrir as pautas poliacuteticas na Casa Legislativa Vocecirc planeja suas piadas antes ou eacute realmente no improviso

DG A reuniatildeo de pauta geralmente acontece no caminho Eu e o produtor ou no aviatildeo ou no carro Eu e o produ-tor falando ldquoquem vocecirc acha que vai estar laacute Ah Tal pessoa tal pessoa tal pessoa fez isso A gente pode falar issordquo A gente tenta mais ou menos ter uma noccedilatildeo do que dizer

OPMas inclui uma piada pronta DG A gente tenta prever e tenta ir

com umas cartas na manga mas a gente sabe que eacute impossiacutevel Porque eu posso ir com uma pergunta pronta e o cara me daacute uma resposta que ningueacutem esperava Aiacute em cima disso eu tenho que fazer outra piada

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

DG Taacute isso no site do CQC Vocecircs acreditaram nisso (risos) Natildeo sei eu acho que o humor tem que ser engra-ccedilado natildeo tem que ser inteligente Eacute o

que eu acho entendeu O que seria humor inteligente Natildeo sei o humor eacute muito subjetivo pra classifi car ldquoesse humor eacute inteligente esse natildeo eacuterdquo Eu acho que o humor inteligente eacute aquele que se comunica de uma forma efi caz com o seu puacuteblico O Tiririca eacute esquisito mais eacute um humor inteligente para muita gente Eu gosto do Tiririca

OPComo publicitaacuterio como vocecirc avalia esse novo modelo de publici-dade inserido no programa

DG Mas natildeo eacute tatildeo diferente assim Na verdade eacute igual as outras porque nas outras o cara faz a propaganda e a agecircncia que ganha e no CQC tambeacutem a gente faz a propaganda e a produtora que ganha

OPVocecirc acha que o riso midiatizado esse humor ldquopastelatildeordquo que a gente vecirc por aiacute deixa perder um pouco da fun-ccedilatildeo do riso que estaacute em ser criacutetico

DG Depende do humor pastelatildeo eu gosto muito Eu gosto do Chaves gosto dos Trecircs Patetas gosto do Jerry Lewis gosto do Mr Been Eacute tudo humor pastelatildeo Eu acho que o termo que vocecirc queira achar natildeo eacute ldquohumor pastelatildeordquo eacute um humor grosseiro tipo ldquoAh vou peidar em puacuteblicordquo e todo mundo ri disso Eacute um humor primaacuterio Tal-vez seja o que vocecirc queria dizer Pastelatildeo eu gosto muito o humor do Chaves eacute pas-

telatildeo e eacute muito inteligente O do Mr Been tambeacutem eacute muito inteligente ele bolar tudo aquilo e tal Agora tem o humor primaacuterio que eacute esse humor de bordatildeo humor de escatologia humor de falar qualquer coisa Geralmente ningueacutem ri se natildeo sabe do que estaacute rindo Eu tento fazer no meu show e no CQC um riso que depende do contexto Vocecirc vai ver isso quando eu for falar com um poliacutetico no CQC Por exemplo eu fi z uma mateacuteria e eu encontrei o Joatildeo Paulo Cunha um cara que era do mensalatildeo Eu sei que 90 do meu puacuteblico do CQC talvez natildeo se lembre ou natildeo saiba quem eacute o cara Entatildeo se eu fi zesse a piada ningueacutem ia rir ningueacutem ia achar graccedila Entatildeo antes de eu chegar no cara eu falei aquele ali eacute tal cara que fez tal coisa e naquela eacutepoca ele fez o mensalatildeo Falou que pagou 50 mil numa conta em TV a cabo e natildeo sei o que Aiacute o pessoal jaacute sabe do que eu vou falar Entatildeo eu jaacute deixei a pessoa a par do conceito Quando eu chego no cara e faccedilo as piadas a pessoa sabe do que eu estou falando Entatildeo eu informei a pessoa para ela poder rir No meu show eu faccedilo isso Eu falo de uma por-ccedilatildeo de coisas que vatildeo rir porque eles estatildeo dentro do conceito Eu vou falar de tracircnsito eu natildeo preciso explicar o que eacute o tracircnsito Todo mundo sabe o que eacute o tracircnsito entatildeo eles acabam rindo disso por exemplo

OPEm entrevista ao portal UOL no dia 24042008 vocecirc disse que os bra-sileiros natildeo tecircm muito senso de humor Porque vocecirc acha entatildeo que o pro-grama estaacute dando certo no Brasil Vocecirc acha que o CQC devolveu agrave sociedade um pouco desse senso

DG O problema do brasileiro eacute que ele tem o senso de humor primaacuterio Ele natildeo tem um senso de humor Pra vocecirc ter senso de humor vocecirc tem que ver o que estaacute acontecendo reconhecer a reali-dade para poder rir dela O brasileiro tem a auto estima muito baixa O brasileiro soacute brinca com os outros ele natildeo brinca con-

sigo proacuteprio Vocecirc vecirc piada de brasileiro eacute sempre o portuguecircs eacute sempre a loira Por exemplo tem o portuguecircs o brasi-leiro e o americano O brasileiro sempre se sai bem ele tem autoestima baixa ele natildeo sabe rir de si Se o CQC devolveu isso para o brasileiro Eu acho que natildeo Pouca coisa a gente devolveu isso para o brasileiro O brasileiro estaacute rindo ainda do poliacutetico ele estaacute rindo ainda da cele-bridade que a gente ridiculariza Eu jaacute saiacute na rua e quando eu fui na ldquoMarcha para Jesusrdquo falar deles ningueacutem riu

OPNo CQC vocecirc tem vontade de fazer o quadro Proteste Jaacute

DG Proteste Jaacute Natildeo sei cara Tudo que eu tenho vontade eu faccedilo Eu tenho von-tade que muita coisa que eu faccedilo entre mas acaba natildeo entrando porque os caras falam que eu pego pesado (risos) Se eu fi zesse o Proteste Jaacute talvez eu fi zesse dife-rente eu natildeo sei Eu natildeo tenho vontade de fazer o Proteste Jaacute natildeo

OPTem alguma entrevista sua que vocecirc considera a melhor

DG Natildeo Tem muita entrevista que eu vejo na TV e falo nossa essa natildeo foi a melhor que eu fiz Porque cortam muita coisa

OPQue elementos jornaliacutesticos vocecirc nota no programa CQC

DG Jornalismo tem porque a gente como fala no iniacutecio do programa eacute um ldquoresumo semanal de notiacuteciasrdquo Mas taacute eacute um resumo semanal de notiacutecias taacute bom vaia gente fi nge que eacute O que tem eacute a gente brinca com algumas coisas que aconteceram durante aquela semana durante aqueles dias proacuteximos Eacute o mais proacuteximo que tem do jornalismo A gente sempre que pode estaacute no fato na hora do fato Mas agraves vezes natildeo daacute entatildeo vai cobrir festinha e natildeo sei o que mas a intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e ldquobrincarrdquo com ele

ldquoA gente sempre que pode estaacute no fato na hora do

fato A intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente

pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e

lsquobrincarrsquo com elerdquo

Danilo Gentili

O humorista Danilo Gentili foi um dos fundadores da comeacutedia ldquocara limpardquo na capital paulista e hoje desafi a poliacuteticos

Foto divulgaccedilatildeo

O cara de pau dos homens de pretoDanilo Gentilli o temido repoacuterter pelos poliacuteticos no dia-a-dia do senado conta como se prepara para as pautas polecircmicas

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O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

20 bull Miacutedia

RENATA VALENTIM

6ordmPERIODO

Que o advento das miacutedias digitais pocircs um ponto de interrogaccedilatildeo no horizonte dos meios tradicionais jaacute se sabe Mas a transformaccedilatildeo destinada ao raacutedio parece ser de fato a de maior impacto Seja no campo das novas tecnologias de trans-missatildeo dos novos suportes ao aacuteudio no nuacutemero de funcionaacuterios contratados ou na avaliaccedilatildeo do poder de infl uecircncia no gosto da audiecircncia a revoluccedilatildeo vivida pelas raacutedios eacute atestada tanto por profi s-sionais da aacuterea quanto pelos ouvintes

O CD hoje obsoleto popularizado no Brasil no fi nal dos anos de 1980 jaacute signi-fi cou uma transformaccedilatildeo importante no dia-a-dia do radialista Em vez de exe-cuccedilotildees musicais feitas pelo LP ou ldquobola-chatildeordquo que o operador ou sonoplasta vigiava do iniacutecio ao fi m da faixa transmi-tida os tocadores de compact disc per-mitiam a programaccedilatildeo de vaacuterias faixas em sequumlecircncia poupando-lhe tempo O que veio a seguir economizou bem mais que isso a inovadora transformaccedilatildeo de muacutesica em kilobytes deu origem a sof-twares de execuccedilatildeo automaacutetica

Assim as raacutedios gerando programa-ccedilatildeo por 24h dispensaram seus locutores e sonoplastas da madrugada e dos fi nais de semana adaptando seus conteuacutedos para que sistemas de automaccedilatildeo tra-balhassem sozinhos Aleacutem das muacutesicas em formato digital apresentaccedilotildees de muacutesica passaram a ser tambeacutem gravadas

e reproduzidas como se fossem feitas ao vivo Natildeo foram poucos locutores desem-pregados No caso das afi liadas de gran-des redes de FM a reduccedilatildeo no quadro de profi ssionais da voz foi ainda maior Em alguns casos haacute somente um ou dois locutores agrave disposiccedilatildeo que datildeo conta da geraccedilatildeo de toda a programaccedilatildeo local

Com experiecircncia na aacuterea haacute mais de 20 anos a locutora e programadora musical Glaacuteucia Lara 40 lamenta ldquoem um fi nal de semana antes das mudanccedilas promo-vidas pelo advento do mp3 cerca de sete pessoas estariam trabalhando em uma emissora de raacutedio Hoje eacute comum esca-lar locutores para comandarem a pro-gramaccedilatildeo ao vivo soacute nos programas que contam com a participaccedilatildeo do ouvinte Do resto quem cuida eacute o computadorrdquo conta ela que jaacute passou por diversas emissoras do interior do estado e por afi -liadas de grandes redes como a Antena 1 de Belo Horizonte E o sonoplasta entatildeo ldquoNa era do CD essa fi gura foi extinta dos quadros O locutor natildeo eacute soacute responsaacutevel hoje por apresentar muacutesicas e interagir com o ouvinte Tambeacutem assumiu a res-ponsabilidade de operar os aparelhos

e pessoalmente acho que isso facilita a locuccedilatildeo porque natildeo haacute mais aquela dependecircncia de um sinal do sonoplasta aquela sintonia de timing necessaacuteria para esse trabalho de equipe decirc certo O locutor faz tudordquo pondera

Eu baixo tu baixasO mp3 tambeacutem alterou a forma de

distribuir novos trabalhos musicais A popularizaccedilatildeo da internet e a troca de arquivos por meio de softwares seme-lhantes ao pioneiro Napster deram iniacutecio agrave decadecircncia dos CDs e ao decliacutenio das grandes gravadoras que fracassaram ao combater tanto a pirataria quanto o com-partilhamento online de mp3

O casamento das gravadoras com o raacutedio e a TV que detinham a foacutermula exclusiva de atrair a atenccedilatildeo do puacuteblico para seu artista entrou em crise A par-ceria de divulgaccedilatildeo perdeu espaccedilo con-sideraacutevel para uma revolucionaacuteria forma de acesso a novos trabalhos musicais feita na internet Para a tristeza de grava-doras e artistas a vendagem de CDs caiu drasticamente fazendo dos shows e tur-necircs sua principal fonte de lucro Foi-se o

tempo em que um artista de sucesso ven-dia mais de 2 milhotildees de coacutepias de seu trabalho o campeatildeo do mercado fono-graacutefi co brasileiro em 2006 Padre Marcelo Rossi registrou cerca de 860 mil coacutepias vendidas de seu aacutelbum ldquoMinha Becircnccedilatildeordquo editado pela Sony BMG Um nuacutemero pequeno se comparado aos 35 milhotildees de coacutepias de seu primeiro disco ldquoMuacutesi-cas Para Louvar ao Senhorrdquo de 1998

A estagiaacuteria de pesquisa de mercado Karina Zandona 22 comprova esse fenocirc-meno Fatilde de Th e Killers ela conta que hoje procura se informar do lanccedilamento de aacutelbuns das suas bandas preferidas por sites especializados e faz download deles quando jaacute estatildeo disponiacuteveis ldquoSoacute ouccedilo muacutesica pelo PC e pelo mp3 player Raacutedio soacute ouccedilo agraves vezes quando minha matildee ouve em casa E sempre satildeo as programa-ccedilotildees informativas como a Raacutedio Itatiaia Natildeo consigo mais fi car exposta a tanto hit lsquoda modinharsquo como os de black music no raacutediordquo diz No caso da comerciaacuteria Ellen Colombini 24 a infl uecircncia da internet eacute ainda mais efetiva ldquoouvia muito raacutedio quando adolescente e assistia muito agrave MTV Era fatilde de coisas do tipo Hanson

por exemplo (risos) Mas quando passei a usar a internet e descobri a maravilha que eacute fazer download de muacutesica natildeo liguei mais o raacutedio Sou viciada em fazer downloads vou baixando tudo o que encontro e que me parece interessante pelo release que acompanha o link ou mesmo pelo nome da banda Escuto tudo e seleciono o que me agrada Se aprovado vou passando adiante E a partir do que eu recomendo para os amigos recebo deles arquivos de artis-tas parecidas com o que eu enviei e sobre os quais natildeo vejo ningueacutem falarrdquo comenta

A engenheira ambiental Eduarda Stancioli 24 eacute ouvinte da Last FM paacutegina online na qual o usaacuterio cria a pragramaccedilatildeo sem a interrupccedilatildeo de publicidade e locutores ldquoComo passo mais tempo usando o computador da empresa que o resto do pessoal e natildeo posso fazer dowloads o site foi uma oacutetima soluccedilatildeo para ouvir muacutesica enquanto faccedilo meus projetosrdquo Eduarda diz que a facildade estaacute no fato da pro-gramaccedilatildeo ser sua criaccedilatildeo onde vocecirc seleciona os artistas ou estilo de muacutesica da sua preferecircncia podendo mudaacute-la qualquer hora E ainda poder contar com sugestotildees musicais do serviccedilo geradas a partir do tipo de muacutesica que se ouve

Contra a mareacuteCurioso eacute o exemplo da estudante

Ceciacutelia Portugal 21 anos Apreciadora de axeacute music adora ouvir a Extra FM enquanto dirige Diferente de Ellen e

Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

O raacutedio na onda do ciberespaccedilo

Imagem do programa de dowloads de arqui-vos de muacutesica e viacutedeos Limewire

Paacutegina da raacutedio na internet a Last FM

Saiba o que a troca de arquivos de muacutesica pela internet fez com o raacutedio de entretenimento como as pes-soas encarram isso e quais satildeo as apostas das raacutedios para natildeo perderem seus ouvintes e patrocinadores

20-21 - Mate ria Ra dio final prontaindd 120-21 - Mate ria Ra dio final prontaindd 1 82809 115051 AM82809 115051 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Miacutedia bull 21Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

Karina o costume de baixar muacutesica pela internet natildeo a afas-tou do haacutebito de ouvir raacutedio ldquooutro dia ouvi uma muacutesica nova do Tomate ex-vocalista do Rapazolla Corri pra casa procurei o arquivo para down-load e depois gravei num CD para ouvir com as amigas no caminho pra baladardquo conta ldquoA maior graccedila do raacutedio que sem-pre tive o costume de ouvir eacute a companhia que faz Parece que natildeo estou sozinha no carro enquanto ouccedilo E me divirto com as esquetes de humor que tecircm por aiacuterdquo diz

Essa parece mesmo ser a nova vocaccedilatildeo do raacutedio como destaca o locutor e produtor Gleyson Lage da 98 FM de Belo Horizonte ndash primeira emissora a operar em frequumlecircncia modu-lada na Ameacuterica Latina ldquoAleacutem das promoccedilotildees e do aumento das formas de interatividade o humor eacute uma forma de fi de-lizar o ouvinte de perfi l mais passivo que tem menos dispo-nibilidade ou motivaccedilatildeo para manter contato por telefone ou e-mailrdquo Apostando nisso a 98 FM ndash cuja programaccedilatildeo eacute 100 local ndash conta com trecircs progra-mas de cunho humoriacutestico para enfrentar a concorrecircncia Os Manos Silicone Show e Graffi ti auto-intitulado o pior programa de raacutedio do Brasil

Para o locutor publicitaacuterio Tovar Luiz 43 o FM nasceu engraccedilado ldquoo grande barato das raacutedios FM desde a sua popu-larizaccedilatildeo no iniacutecio dos anos de 1980 foi o seu perfi l descontra-iacutedo A locuccedilatildeo nessas emisso-ras sempre foi bem mais aacutegil e despojada O hoje apresentador de TV Ceacutesar Filho por exemplo comeccedilou a carreira no raacutedio e

fi cou famoso pelo bordatildeo lsquobeijo pra vocecirc feiarsquo Natildeo era ofensa era pra fazer o ouvinte rir O FM foi uma revoluccedilatildeo em termos de lin-guagemrdquo lembra E ele parece ter razatildeo O programa Pacircnico um dos maiores fenocircmenos televi-sivos dos uacuteltimos tempos eacute deri-vado de um programa de raacutedio da rede Jovem Pan 2 de Satildeo Paulo comandado pelo locutor Emiacutelio Surita Seguindo o fl uxo as demais redes destinadas ao puacuteblico jovem tambeacutem investi-ram na programaccedilatildeo que faz rir E a partir das redes as emissoras locais que fazem concorrecircncia agraves afi liadas tambeacutem acompanham a tendecircncia para natildeo perder seu espaccedilo no mercado

Falando neleExistem hoje 23 FMs no dial

de Belo Horizonte Pelo menos quatro delas satildeo dedicadas aos jovens Jovem Pan 2 (991) Mix FM (917) 98FM (983) e Oi FM (939) Destas somente a 98FM natildeo eacute afi liada de uma grande rede Haacute trecircs anos em atividade na emissora Gleyson Lage confi rma a reduccedilatildeo no nuacutemero de vagas aos profi ssio-nais da aacuterea ldquonuma raacutedio local satildeo necessaacuterios 20 funcionaacuterios para produzir toda uma grade enquanto numa afi liada jun-tando a programaccedilatildeo execu-tada pelo sateacutelite com aquela gerada pela automaccedilatildeo da transmissatildeo apenas cinco datildeo

conta do recado para o tempo destinado agrave grade local Eacute com-plicadordquo conta

No entanto ele vecirc a partici-paccedilatildeo das redes de raacutedio como positiva no que se refere agrave qua-lidade ldquoquando uma rede tem um bom conteuacutedo ndash boa plaacutes-tica bons locutores bons tex-tos ndash ela acaba por estimular as emissoras locais a manterem o mesmo niacutevel Haacute um ganho em criatividade que poderia natildeo existir se todo o conteuacutedo fosse localrdquo acredita

Enquanto isso os ouvintes se queixam da repeticcedilatildeo nas grades musicais ldquochega a ser engraccedilado Estava ouvindo uma muacutesica numa determinada

raacutedio Quando acabou troquei para a estaccedilatildeo seguinte e estava tocando a mesma muacutesica Acho que como todos os meios de comunicaccedilatildeo as raacutedios precisam abrir o leque de opccedilotildeesrdquo opina Karina Zandona estagiaacuteria de pesquisa de mercado 22

Karina completa ldquoateacute a Rede Globo tem inovado na inserccedilatildeo de muacutesicas de artistas desconhecidos do grande puacuteblico como trilha das suas produccedilotildees (como foi o caso do cantor Beirut presente na trilha sonora da minisseacuterie Capitu exibida em janeiro de 2009) O raacutedio podia acompanhar essa tendecircnciardquo sugere

Com a digitalizaccedilatildeo da muacutesica o sonoplasta sai de cena eacute o locutor quem faz tudo

Foto

Robert

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O Ponto

Editor e diagramador da paacuteginaLira Faacutevilla e Felipe Barbosa 6ordm periacuteodo

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

22 bull Cultura

CLAUDIA LAPOUBLE

6ordmPERIacuteODO

ldquoO processo pelo qual se arma-zenam informaccedilotildees no disco de vinil feito de PVC material derivado do petroacuteleo consiste em imprimir nele ranhuras ou ldquoriscosrdquo cujas formas tanto em profundidade como abertura mantecircm correspondecircncia com a informaccedilatildeo que se deseja arma-zenar Essas ranhuras visiacuteveis no disco a olho nu satildeo feitas no disco matriz com um estilete no momento da gravaccedilatildeo Esse esti-lete eacute movido pela accedilatildeo da forccedila magneacutetica que age sobre eletro-iacutematildes que estatildeo acoplados a elerdquo (in Leituras de Fiacutesica GREF- Departamento de fiacutesica da USP SP2005)

Eacute assim que a muacutesica se ldquoimprimerdquo no plaacutestico que depois ao ser arranhado pela agulha libertaraacute novamente os sons no ar Para os apaixonados por vinil o ritual de tirar o disco da estante limpaacute-lo colocaacute-lo no toca discos posicionar a agu-lha delicadamente sobre ele tomando todo o cuidado para natildeo arranhaacute-lo e repetir todo esse processo na hora de virar o disco para ouvir o lado b signi-fi ca uma relaccedilatildeo mais proacutexima com a muacutesica Era preciso dedi-car tempo a escutar o disco Mais do que uma miacutedia de armazena-mento analoacutegico do som o disco de vinil eacute um objeto de arte e uma peccedila que daacute materialidade agrave muacutesica

Dados da Associaccedilatildeo de Gra-vadoras da Ameacuterica (Record Industry Association of Aeme-rica) mostram que as vendas de LPs aumentaram em quase 130 entre os anos de 2007 e 2008 De acordo com o informe anual divulgado pelo oacutergatildeo ldquoo vinil continua sua ascensatildeo As vendas nesse formato somaram

US$57 milhotildees e vem mais do que duplicando ano apoacutes anordquo Ainda segundo o documento ldquotrata-se do produto preferido por audiofi los e colecionadores e o aumento nas vendas se deve tanto agrave re-gravaccedilatildeo de mate-rial de cataacutelogo quanto a novos lanccedilamentosrdquo

Com os nuacutemeros da induacutes-tria apontando para uma queda nas vendas de CDs e em tempos em que se fala em livre acesso agrave muacutesica atraveacutes da internet o vinil se apresenta como uma saiacuteda para quem ainda gosta da muacutesica palpaacutevel apreciaacute-la com todos os sentidos inclusive o tato

Um Brasil em vinil ldquoContar a histoacuteria do Brasil

atraveacutes da muacutesica guardando um exemplar de tudo o que foi gravado em vinil no paiacutesrdquo esse era o objetivo de Edu Pampani 46 quando em 2005 fundou a Discoteca Puacuteblica o primeiro espaccedilo dedicado agrave memoacuteria musical brasileira do paiacutes

Apaixonado por muacutesica e claro pelos discos de vinil Pam-pani conta que a ideacuteia da Dis-coteca nasceu quando ele ainda morava na Bahia e tinha uma loja de discos Segundo ele quando o Compact Disc (CD) comeccedilou a se popularizar na deacutecada de 90 as pessoas o procuravam para trocar seus LPs por CDs

O espaccedilo tem hoje um acervo de cerca de 12 mil peccedilas que contam a historia do Brasil pelos sulcos no plaacutestico PVC Eacute possiacute-vel ouvir por exemplo gravaccedilotildees de jogos de futebol ou vinhetas de programas de raacutedio dos anos 50 aleacutem de claacutessicos da muacutesica popular brasileira em gravaccedilotildees originais Com todas essas rari-dades Pampani garante natildeo ter nenhum disco favorito ldquosempre me perguntam Edu qual eacute o disco mais raro que vocecirc tem

e eu respondo raro eacute ter todos eles juntosrdquo

De volta ao plaacutesticoApesar de natildeo ser a miacutedia mais

utilizada pelo grande puacuteblico o disco de vinil tem um puacuteblico fi el principalmente entre os DJs que segundo Pampani ldquoprocuram sempre coisa nova se ele quer tocar Jorge Bem por exemplo ele vai procurar aquela muacutesica que ningueacutem lembra mais que ele gravou Esse pes-soal tem que fi car garimpando semprerdquo

O DJ e fundador do selo Vinyl Land Luiz Valente ou DJ Luiz PF eacute um desses garimpeiros de sebos Ele conta que sua paixatildeo pelos LPs nasceu quando ele mesmo selecionava as muacutesi-cas que iriam compor o som ambiente de seu bar o ldquoLugarrdquo Em 2003 Luiz sentiu que pode-ria abrir espaccedilo para DJs que pesquisavam e procuravam por muacutesicas que fugiam do lugar comum ldquoeu fui fazendo festas por um tempo chamando DJs que discotecavam com vinil pra ser um contra ponto a essa outra galerardquo conta

Radicado em Londres desde 2006 Luiz conta que ao chegar agrave Europa percebeu que diferente do que acontecia no Brasil ldquolaacute o negoacutecio natildeo tinha acabado nada se achava tudo pra com-prar coisas novas a galera atual todo mundo lanccedilava era uma coisa de canto de loja mas fun-cionando vendendordquo Na capital inglesa o DJ trabalhou na grava-dora Whatmusiccom que aleacutem de CDs lanccedilava tambeacutem traba-lhos em vinil

A paixatildeo pela ldquocultura de acetatordquo e o trabalho como DJ foram o incentivo para que Luiz fundasse em 2008 a Vinyl Land selo que vem com a proposta de lanccedilar muacutesicos que se interes-sem em gravar em vinil Segundo

ele o selo nasceu de sua proacutepria necessidade como DJ ldquoeu

jaacute discotecava com vinil e fui achando bandas

novas que queria tocar mas natildeo tinha como porque eram de uma eacutepoca em que natildeo tinha mais vinil ai eu pensei jaacute que natildeo tem eu faccedilo

e comecei a procurar contatos e tentar orga-

nizar o selordquo Com apenas um ano

no mercado a Vinyl Land

jaacute lanccedilou trecircs discos dentre

eles um compacto simples do Autoramas

Novas marcas no PVCFoi pela Vinyl Land que a

banda Th e Dead Lovers Twisted Heart que nunca havia lanccedilado seu trabalho comercialmente lanccedilou seu primeiro EP O com-pacto auto-intitulado traz cinco muacutesicas antes disponiacuteveis para download na internet O disco prensado na Alemanha teve tiragem limitada de 200 coacutepias

Com infl uecircncias que vatildeo de Odair Joseacute e Roberto Carlos ateacute Franz Ferdinand e Jack White passando pela literatura de Mark Twain (o grupo tem uma muacutesica em homenagem a Huck-leberry Finn personagem do autor americano) e os cartunis-tas Laerte e Angeli a banda for-mada por Ivan (guitarra e vocal)

Guto (guitarra) Paty (bateria) e

Velvs (baixo) jaacute era conhecida dos frequumlentadores de casas de shows de Belo Horizonte antes de lanccedilar seu EP

Segundo Ivan a ideacuteia de ter seu primeiro trabalho gravado em vinil casou muito bem com a banda ldquoa gente ainda natildeo tinha lanccedilado um disco propriamente dito e hoje o suporte fiacutesico eacute cada vez menos importante porque na verdade a muacutesica vocecirc acha em qualquer lugar e um disco um CD na verdade natildeo faz mais tanto sentido E nossa ideia era que jaacute que vocecirc vai comprar um objeto o vinil eacute um objeto muito mais legal tanto esteticamente quanto no manusear fora que tem toda essa coisa da retomada e eacute uma boa proposta que tem tudo a ver com a bandardquo afi rma o muacutesico provando que o velho vinil estaacute mais novo que nunca

O novos sonsdo velho vinil

Com a popularizaccedilatildeo dos sites de divulagaccedilatildeo de muacutesica na internet o vinil retorna como alternativa interessante para novos muacutesicos e ouvintes

Dj Luiz PF fundador do selo Vinyl Land

Os diferentes formatos do vinil-LP abreviatura do inglecircs Long Play ou ldquo12 polegadasrdquo Disco com 31 cm de diametro com capacidade normal de cerca de 20 minutos por lado O formato LP era utilizado usualmente para a comercializaccedilatildeo de aacutelbuns completos-EP abreviatura do inglecircs Extended Play Disco com 17 cm de diametro e capacidade de cerca de 8 minutos por lado continha em torno de quatro faixas -Single ou compacto simples abreviatura de Single Play ldquo7 polegadasrdquo ou compacto simples Disco com 17 cm de diametro e capacidade normal de 4 minutos por lado O single era geralmente empregado para a difusatildeo das muacutesicas de trabalho de um aacutelbum completo a ser posteriormente lanccedilado -Maacutexi abreviatura do inglecircs Maxi Single Disco com 31 cm de diametro sua capacidade era de cerca de 12 minutos por lado

Arq

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Barro

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The Dead loverrsquos Twisted Heart Pati Vels Guto e Ivan

22 - diagramacao vinilindd 122 - diagramacao vinilindd 1 82809 115104 AM82809 115104 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Culturabull 23Editor e diagramador da paacutegina Baacuterbara Rodrigues 8ordm periacuteodo

Festival Internacional de Corais homenageia

BAacuteRBARA RODRIGUES 8ordm PERIacuteODO

A seacutetima ediccedilatildeo do Festival Interna-cional de Corais ndash FIC acontece de 18 a 27 de setembro de 2009 e teraacute como tema a vida e obra de Villa-Lobos con-siderado o maior compositor das Ameacute-ricas Seratildeo cerca de 300 apresenta-ccedilotildees de 120 corais de todo o Brasil e do exterior que percorreratildeo 12 cidades de Minas Gerais

O festival realizado pela Universi-dade FUMEC tem o intuito de popula-

rizar os corais e grupos vocais amadores e profissionais e evidenciar atividades culturais de empresas instituiccedilotildees de ensino comunidades associaccedilotildees e fundaccedilotildees com apresentaccedilotildees de corais e shows de artistas nacionais sempre com a bandeira da muacutesica brasileira agrave frente

Regidos pelo Maestro Lindomar Gomes produtor cultural e coordena-dor do FIC os 30 integrantes do coral da FUMEC seratildeo um dos grupos a se apresentar ldquoNosso coral sempre parti-cipou de festivais seguindo a maacutexima de Fernando Brant de que lsquotodo artista

tem de ir aonde o povo estaacutersquo A cada ano o FIC escolhe um tema que traduza a identidade musical brasileira Este ano celebraremos os 50 anos de morte de Villa-Lobos responsaacutevel por implantar o canto coral no paiacutes na deacutecada de 1930 e o muacutesico que mais cantou as belezas nacionaisrdquo enfatiza

Em cada ediccedilatildeo do festival os com-positores Leonardo Cunha e Fernando Brant satildeo responsaacuteveis pela muacutesica-tema que ao final do evento eacute cantada por todos os corais A composiccedilatildeo deste ano ganhou o nome de ldquoMestre Villardquo exultando o que de mais haacute de caracte-

riacutestico na vida e obra do mestre Durante todo o festival alguns locais

da cidade como o Palaacutecio das Artes Sesc Laces JK e a aacuterea de convivecircn-cia da FUMEC receberatildeo exposiccedilotildees de fotos textos e trilhas sonoras do acervo do Museu Villa-Lobos no Rio de Janeiro A banda mineira 14 Bis e o muacutesico Renato Teixeira fazem shows no interior de Minas e no dia 27 no Parque Municipal encontro de todos os corais participantes marcaraacute o fechamento do evento onde mais de mil vozes se uni-ratildeo para cantar os temas do maestro homenageado

O maestro e coordenador do FIC Lindomar Gomes e os integrantes do Coral da Fumec

Mestre Villa daacute o tom dentro e fora do paiacutesO carioca Heitor Villa-Lobos

foi responsaacutevel por universa-lizar a muacutesica nacional acres-centando em grande parte de suas mil obras a sonoridade da fauna brasileira de tribos indiacute-genas e africanas aleacutem de refe-recircncias de cantigas do choro e do samba

Na defi niccedilatildeo do maestro Lindomar Gomes a impor-tacircncia de Heitor Villa-Lobos estaacute no fato de ele ldquodecifrar a alma brasileira e colocaacute-la em muacutesicardquo Devido agraves homena-gens ao compositor nas prin-cipais capitais do Brasil e do

mundo Gomes natildeo eacute o uacutenico a pensar assim

Peccedilas de Villa-Lobos fazem parte das temporadas da Filar-mocircnica de Belo Horizonte da Orquestra Sinfocircnica do Teatro Nacional Claacuteudio Santoro em Brasiacutelia da Sinfocircnica Munici-pal de Campinas e da Orques-tra Sinfocircnica Brasileira do Rio

Internacional Em janeiro o maestro John

Neschling regeu a Filarmocircnica de Varsoacutevia na Polocircnia com os ldquoChoros n 6rdquo A soprano Adriane Queiroz cantou as ldquoBachianas

Brasileiras nordm 5rdquo em Berlim e o regente da OSB do Rio Roberto Minczuk esteve no Japatildeo em agosto para apresentar as ldquoBachianas Brasileirasrdquo

Ainda este ano deve chegar agraves livrarias o ldquoFolha Explica Villa-Lobosrdquo da Publifolha do violonista Faacutebio Zanon que em entrevista ao jornal Folha de Satildeo Paulo afi rmou ldquoO uni-verso sonoro de Villa-Lobos eacute uma coisa arrasadora Nossa ideia de Brasil seria muito mais pobre sem a leitura efetuada por Villa-Lobos de nosso patri-mocircnio musicalrdquo

Programaccedilatildeo completa e outras informaccedilotildees sobre FIC 2009 wwwfestivaldecoraiscombr

Foto

div

ulg

accedilatildeo

Foto divulgaccedilatildeo

O compositor e maestro Villa-Lobos cuja obra eacute reconhecida e celebrada internacionalmente

23 - festivaldecoraisindd 123 - festivaldecoraisindd 1 82809 115113 AM82809 115113 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

24 bull Cultura Editor e diagramador da paacutegina Amanda Lelis 6ordm periodo

COLCHAde retalhos

CU

RT

Are

talh

os

Magia

Escrevo uma letra

e jaacute natildeo estou no mesmo lugar

Pedro Cunha Instrumento de cordas vocais tocado pela alma

a palavra na garganta que vira muacutesica

o som da orquestra do coraccedilatildeo

dos gagos e desafi nados

aos cegos de paixatildeo

VozBaacuterbara Rodrigues

Natildeo sei bem o que eacute

Se eacute invenccedilatildeo

Se eacute na verdade a mais pura verdade

Se sou eu tentando fugir

Se sou eu tentando apagar

Natildeo encarar o que estaacute acontecendo

Esquecer a minha confusatildeo

De querer sem conhecer

De te amar sem te encontrar

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Queria esquecer

E perdoar entatildeo

Voltar na decisatildeo

Para minha vida rotineira

Que eu levei a vida inteira

O meu sufoco e os seus gritos

Meu confortaacutevel desespero

Minha mania de querer ser mais para mundo

Do que o mundo eacute para mim

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Confortaacutevel DesesperoPaula Macintyre

Preso agrave falta de sono procurando ver

Atraveacutes da luz de um trago num bastatildeo de morte

Talvez com sorte entatildeo eu possa crer

Que os dias se passaram mas o amor fi cou

Mesmo sonhando acordado algo ainda restou

De tardes tatildeo bonitas

Em que o brilho dos teus olhos eu pude enxergar

Os teus negros cabelos quero entatildeo tocar

apesar de estares tatildeo afl ita

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia

que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Por mais que em outras camas eu possa deitar

que braccedilos e abraccedilos venham me afagar

O brilho dos teus olhos ainda me ilumina

por vaacuterias ruas sujas que eu tentei fugir

estenderia um tapete pra vocecirc entrar

sentado vago na varanda escura a esperar

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Mas eu mudaria tudo isso pra te ter aqui

comigo ao meu lado todo dia a me fazer sorrir

Para ouvir a muacutesica wwwmyspacecombandatravessia

DuetoAlvaro Castro

Do entendimento tardio de se assistir a uma passagem de som

Cracke se quebra o silecircncio a voz dos barulhos instrumentais

cala todos os outros sons do silecircncio Antes de ser melodiosos

os sons comeccedilam desencontrados como tateando no escuro

dos ritmos tentando se encontrar e dar as matildeos para soacute assim

iniciar seu dialogo-danccedila em brincadeiras harmoniosas que

encantam e enfeiticcedilam Na sutileza dos tons na alegria de fazer

barulhos musicais modifi cam a muacutesica mil vezes re-arranjada

ajeitam afi nam se enfeitam

e a muacutesica fi nalmente sai Perfeita

AntesClaudia Lapouble

Sssshhiiii

silecircnciosopro suspiro sussurro

sublime submerso submarino submundo

some sobe segue sangue sinistro

sem focirclegosufoco

SClaudia Lapouble

A canccedilatildeo natildeo paacutera O berimbau controla o medo que corre

nas ruas vindo daqueles que natildeo se deixaram dissolver pela

aacutegua trazida com a chuva Na cidade escorre toda a calmaria

e a melodia se arrasta molhando o chatildeo Enquanto o ceacuteu se

desmancha aos poucos sobre a rua deserta eles cantam Voz

para um canto que veio aveludar meus ouvidos acalentar

clamoroso de uma vida inteira e fosse essa noite a vida

inteira fez-se a noite lembranccedila da cantiga que me converteu

inteira Pandeiro Meacutedio Viola e a chuva que ritmava a

cantoria O breu e noacutes no breu O escuro arrasta o invisiacutevel

para dentro da cidade que chora para dentro dos meus olhos

que fi tam atentos os olhos deles que me encantam Hora um

hora outro me arrasta em companhia agrave suas vozes As gotas

respondem ao coro num canto suave o pandeiro acompanha

o berimbau e o repique respinga umas gotas tontas de

musicalidade goteja um som que sobrevoa a superfiacutecie

Sobre o invisiacutevelAmanda Lelis

Gabriel Guedes e violino em show na Praccedila da Liberdade

O som da alma se apresenta em desejo e verso livre

na terccedila indecente suave

no violino do seus sonhos em coro cresce a quarta corda

dissonante

eacute a Musica

No canto viacutevido em tom sincero e leve expande

compaixatildeo as notas graves

fi delidade ao escrever a voz da alma sobre arpejos

inconstantes

eacute a Musica

MuacutesicaPedro Gontijo e

Bernardo Gontijo

Te aperto contra o peito

te penduro nas costas

no churrasco passa de matildeo em matildeo

e ainda assim me faz companhia

nas noites de solidatildeo

Ode ao violatildeoBaacuterbara Rodrigues

Ajude a costurar nossa colcha balaioretalhosgmailcom

24 - Colcha de retalhos corrigidoindd 124 - Colcha de retalhos corrigidoindd 1 82809 115124 AM82809 115124 AM

Page 19: Jornal O Ponto - agosto 2009

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Entretenimento bull 19Editor e diagramador da paacutegina Aacutelvaro Castro 6ordm periacuteodo

O Ponto O ano de 2008 rendeu ao CQC nove precircmios Quatro deles somam como melhor programa de humor eou como melhor produccedilatildeo humoriacutestica Porque vocecirc acha que a miacutedia ainda natildeo premiou o programa como melhor telejornal

Danilo Gentili O CQC trabalha com fatos jornaliacutesticos mas natildeo eacute um telejor-nal O CQC natildeo estaacute todo dia mostrando os fatos do dia entatildeo natildeo pode ser clas-sifi cado como um telejornal O ldquoGlobo Repoacuterterrdquo natildeo pode ser classifi cado ldquoum telejornalrdquo eacute um programa jornaliacutestico Eu acho que a miacutedia natildeo enxerga o CQC como um programa jornaliacutestico Na ver-dade se for para eu escolher se o CQC eacute jornaliacutestico ou humoriacutestico eu escolheria que ele eacute humoriacutestico porque quando eu vou fazer eu me preocupo primeiro em fazer a pessoa rir Eu vou abrir a boca eu vou falar com esse cara mas a uacutenica razatildeo de eu falar com esse cara eacute fazer uma piada Se eu for falar com ele e a pessoa natildeo rir natildeo tem porque eu estar aqui

OPA maioria das pautas poliacuteticas do programa satildeo destinadas agrave vocecirc A que vocecirc atribui isso Vocecirc seria o mais cara de pau dos ldquohomens de pretordquo

DG Pode ser Talvez seja Eu gosto de fazer poliacutetica com um produtor laacute em especiacutefi co A gente vai com muita von-tade de fazer o que a gente faz de chegar para o cara e perguntar Na verdade eacute o seguinte eu natildeo sei os outros repoacuterteres mas eu no CQC natildeo tenho a pretensatildeo de ser amigo de ningueacutem Seja de poliacutetico ou de celebridade eu natildeo tenho a pre-tensatildeo Vocecircs natildeo vatildeo me ver em festas de celebridades ldquoOh fui convidado pra festa e estou aquirdquo Eu natildeo tenho essa vontade natildeo eacute o meu mundo Entatildeo eu vou pra perguntar o que eu sempre quis e talvez o que todo mundo que estaacute em casa sempre quis saber

OPComo eacute a sua preparaccedilatildeo antes de cobrir as pautas poliacuteticas na Casa Legislativa Vocecirc planeja suas piadas antes ou eacute realmente no improviso

DG A reuniatildeo de pauta geralmente acontece no caminho Eu e o produtor ou no aviatildeo ou no carro Eu e o produ-tor falando ldquoquem vocecirc acha que vai estar laacute Ah Tal pessoa tal pessoa tal pessoa fez isso A gente pode falar issordquo A gente tenta mais ou menos ter uma noccedilatildeo do que dizer

OPMas inclui uma piada pronta DG A gente tenta prever e tenta ir

com umas cartas na manga mas a gente sabe que eacute impossiacutevel Porque eu posso ir com uma pergunta pronta e o cara me daacute uma resposta que ningueacutem esperava Aiacute em cima disso eu tenho que fazer outra piada

OPO site ofi cial do CQC apresenta o humor que vocecircs praticam como sendo um ldquohumor inteligenterdquo Vocecirc acredita nesta expressatildeo

DG Taacute isso no site do CQC Vocecircs acreditaram nisso (risos) Natildeo sei eu acho que o humor tem que ser engra-ccedilado natildeo tem que ser inteligente Eacute o

que eu acho entendeu O que seria humor inteligente Natildeo sei o humor eacute muito subjetivo pra classifi car ldquoesse humor eacute inteligente esse natildeo eacuterdquo Eu acho que o humor inteligente eacute aquele que se comunica de uma forma efi caz com o seu puacuteblico O Tiririca eacute esquisito mais eacute um humor inteligente para muita gente Eu gosto do Tiririca

OPComo publicitaacuterio como vocecirc avalia esse novo modelo de publici-dade inserido no programa

DG Mas natildeo eacute tatildeo diferente assim Na verdade eacute igual as outras porque nas outras o cara faz a propaganda e a agecircncia que ganha e no CQC tambeacutem a gente faz a propaganda e a produtora que ganha

OPVocecirc acha que o riso midiatizado esse humor ldquopastelatildeordquo que a gente vecirc por aiacute deixa perder um pouco da fun-ccedilatildeo do riso que estaacute em ser criacutetico

DG Depende do humor pastelatildeo eu gosto muito Eu gosto do Chaves gosto dos Trecircs Patetas gosto do Jerry Lewis gosto do Mr Been Eacute tudo humor pastelatildeo Eu acho que o termo que vocecirc queira achar natildeo eacute ldquohumor pastelatildeordquo eacute um humor grosseiro tipo ldquoAh vou peidar em puacuteblicordquo e todo mundo ri disso Eacute um humor primaacuterio Tal-vez seja o que vocecirc queria dizer Pastelatildeo eu gosto muito o humor do Chaves eacute pas-

telatildeo e eacute muito inteligente O do Mr Been tambeacutem eacute muito inteligente ele bolar tudo aquilo e tal Agora tem o humor primaacuterio que eacute esse humor de bordatildeo humor de escatologia humor de falar qualquer coisa Geralmente ningueacutem ri se natildeo sabe do que estaacute rindo Eu tento fazer no meu show e no CQC um riso que depende do contexto Vocecirc vai ver isso quando eu for falar com um poliacutetico no CQC Por exemplo eu fi z uma mateacuteria e eu encontrei o Joatildeo Paulo Cunha um cara que era do mensalatildeo Eu sei que 90 do meu puacuteblico do CQC talvez natildeo se lembre ou natildeo saiba quem eacute o cara Entatildeo se eu fi zesse a piada ningueacutem ia rir ningueacutem ia achar graccedila Entatildeo antes de eu chegar no cara eu falei aquele ali eacute tal cara que fez tal coisa e naquela eacutepoca ele fez o mensalatildeo Falou que pagou 50 mil numa conta em TV a cabo e natildeo sei o que Aiacute o pessoal jaacute sabe do que eu vou falar Entatildeo eu jaacute deixei a pessoa a par do conceito Quando eu chego no cara e faccedilo as piadas a pessoa sabe do que eu estou falando Entatildeo eu informei a pessoa para ela poder rir No meu show eu faccedilo isso Eu falo de uma por-ccedilatildeo de coisas que vatildeo rir porque eles estatildeo dentro do conceito Eu vou falar de tracircnsito eu natildeo preciso explicar o que eacute o tracircnsito Todo mundo sabe o que eacute o tracircnsito entatildeo eles acabam rindo disso por exemplo

OPEm entrevista ao portal UOL no dia 24042008 vocecirc disse que os bra-sileiros natildeo tecircm muito senso de humor Porque vocecirc acha entatildeo que o pro-grama estaacute dando certo no Brasil Vocecirc acha que o CQC devolveu agrave sociedade um pouco desse senso

DG O problema do brasileiro eacute que ele tem o senso de humor primaacuterio Ele natildeo tem um senso de humor Pra vocecirc ter senso de humor vocecirc tem que ver o que estaacute acontecendo reconhecer a reali-dade para poder rir dela O brasileiro tem a auto estima muito baixa O brasileiro soacute brinca com os outros ele natildeo brinca con-

sigo proacuteprio Vocecirc vecirc piada de brasileiro eacute sempre o portuguecircs eacute sempre a loira Por exemplo tem o portuguecircs o brasi-leiro e o americano O brasileiro sempre se sai bem ele tem autoestima baixa ele natildeo sabe rir de si Se o CQC devolveu isso para o brasileiro Eu acho que natildeo Pouca coisa a gente devolveu isso para o brasileiro O brasileiro estaacute rindo ainda do poliacutetico ele estaacute rindo ainda da cele-bridade que a gente ridiculariza Eu jaacute saiacute na rua e quando eu fui na ldquoMarcha para Jesusrdquo falar deles ningueacutem riu

OPNo CQC vocecirc tem vontade de fazer o quadro Proteste Jaacute

DG Proteste Jaacute Natildeo sei cara Tudo que eu tenho vontade eu faccedilo Eu tenho von-tade que muita coisa que eu faccedilo entre mas acaba natildeo entrando porque os caras falam que eu pego pesado (risos) Se eu fi zesse o Proteste Jaacute talvez eu fi zesse dife-rente eu natildeo sei Eu natildeo tenho vontade de fazer o Proteste Jaacute natildeo

OPTem alguma entrevista sua que vocecirc considera a melhor

DG Natildeo Tem muita entrevista que eu vejo na TV e falo nossa essa natildeo foi a melhor que eu fiz Porque cortam muita coisa

OPQue elementos jornaliacutesticos vocecirc nota no programa CQC

DG Jornalismo tem porque a gente como fala no iniacutecio do programa eacute um ldquoresumo semanal de notiacuteciasrdquo Mas taacute eacute um resumo semanal de notiacutecias taacute bom vaia gente fi nge que eacute O que tem eacute a gente brinca com algumas coisas que aconteceram durante aquela semana durante aqueles dias proacuteximos Eacute o mais proacuteximo que tem do jornalismo A gente sempre que pode estaacute no fato na hora do fato Mas agraves vezes natildeo daacute entatildeo vai cobrir festinha e natildeo sei o que mas a intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e ldquobrincarrdquo com ele

ldquoA gente sempre que pode estaacute no fato na hora do

fato A intenccedilatildeo eacute sempre o maacuteximo que a gente

pode pegar o fato que estaacute acontecendo na semana e

lsquobrincarrsquo com elerdquo

Danilo Gentili

O humorista Danilo Gentili foi um dos fundadores da comeacutedia ldquocara limpardquo na capital paulista e hoje desafi a poliacuteticos

Foto divulgaccedilatildeo

O cara de pau dos homens de pretoDanilo Gentilli o temido repoacuterter pelos poliacuteticos no dia-a-dia do senado conta como se prepara para as pautas polecircmicas

18-19 - cqc prontaindd 218-19 - cqc prontaindd 2 82809 115039 AM82809 115039 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

20 bull Miacutedia

RENATA VALENTIM

6ordmPERIODO

Que o advento das miacutedias digitais pocircs um ponto de interrogaccedilatildeo no horizonte dos meios tradicionais jaacute se sabe Mas a transformaccedilatildeo destinada ao raacutedio parece ser de fato a de maior impacto Seja no campo das novas tecnologias de trans-missatildeo dos novos suportes ao aacuteudio no nuacutemero de funcionaacuterios contratados ou na avaliaccedilatildeo do poder de infl uecircncia no gosto da audiecircncia a revoluccedilatildeo vivida pelas raacutedios eacute atestada tanto por profi s-sionais da aacuterea quanto pelos ouvintes

O CD hoje obsoleto popularizado no Brasil no fi nal dos anos de 1980 jaacute signi-fi cou uma transformaccedilatildeo importante no dia-a-dia do radialista Em vez de exe-cuccedilotildees musicais feitas pelo LP ou ldquobola-chatildeordquo que o operador ou sonoplasta vigiava do iniacutecio ao fi m da faixa transmi-tida os tocadores de compact disc per-mitiam a programaccedilatildeo de vaacuterias faixas em sequumlecircncia poupando-lhe tempo O que veio a seguir economizou bem mais que isso a inovadora transformaccedilatildeo de muacutesica em kilobytes deu origem a sof-twares de execuccedilatildeo automaacutetica

Assim as raacutedios gerando programa-ccedilatildeo por 24h dispensaram seus locutores e sonoplastas da madrugada e dos fi nais de semana adaptando seus conteuacutedos para que sistemas de automaccedilatildeo tra-balhassem sozinhos Aleacutem das muacutesicas em formato digital apresentaccedilotildees de muacutesica passaram a ser tambeacutem gravadas

e reproduzidas como se fossem feitas ao vivo Natildeo foram poucos locutores desem-pregados No caso das afi liadas de gran-des redes de FM a reduccedilatildeo no quadro de profi ssionais da voz foi ainda maior Em alguns casos haacute somente um ou dois locutores agrave disposiccedilatildeo que datildeo conta da geraccedilatildeo de toda a programaccedilatildeo local

Com experiecircncia na aacuterea haacute mais de 20 anos a locutora e programadora musical Glaacuteucia Lara 40 lamenta ldquoem um fi nal de semana antes das mudanccedilas promo-vidas pelo advento do mp3 cerca de sete pessoas estariam trabalhando em uma emissora de raacutedio Hoje eacute comum esca-lar locutores para comandarem a pro-gramaccedilatildeo ao vivo soacute nos programas que contam com a participaccedilatildeo do ouvinte Do resto quem cuida eacute o computadorrdquo conta ela que jaacute passou por diversas emissoras do interior do estado e por afi -liadas de grandes redes como a Antena 1 de Belo Horizonte E o sonoplasta entatildeo ldquoNa era do CD essa fi gura foi extinta dos quadros O locutor natildeo eacute soacute responsaacutevel hoje por apresentar muacutesicas e interagir com o ouvinte Tambeacutem assumiu a res-ponsabilidade de operar os aparelhos

e pessoalmente acho que isso facilita a locuccedilatildeo porque natildeo haacute mais aquela dependecircncia de um sinal do sonoplasta aquela sintonia de timing necessaacuteria para esse trabalho de equipe decirc certo O locutor faz tudordquo pondera

Eu baixo tu baixasO mp3 tambeacutem alterou a forma de

distribuir novos trabalhos musicais A popularizaccedilatildeo da internet e a troca de arquivos por meio de softwares seme-lhantes ao pioneiro Napster deram iniacutecio agrave decadecircncia dos CDs e ao decliacutenio das grandes gravadoras que fracassaram ao combater tanto a pirataria quanto o com-partilhamento online de mp3

O casamento das gravadoras com o raacutedio e a TV que detinham a foacutermula exclusiva de atrair a atenccedilatildeo do puacuteblico para seu artista entrou em crise A par-ceria de divulgaccedilatildeo perdeu espaccedilo con-sideraacutevel para uma revolucionaacuteria forma de acesso a novos trabalhos musicais feita na internet Para a tristeza de grava-doras e artistas a vendagem de CDs caiu drasticamente fazendo dos shows e tur-necircs sua principal fonte de lucro Foi-se o

tempo em que um artista de sucesso ven-dia mais de 2 milhotildees de coacutepias de seu trabalho o campeatildeo do mercado fono-graacutefi co brasileiro em 2006 Padre Marcelo Rossi registrou cerca de 860 mil coacutepias vendidas de seu aacutelbum ldquoMinha Becircnccedilatildeordquo editado pela Sony BMG Um nuacutemero pequeno se comparado aos 35 milhotildees de coacutepias de seu primeiro disco ldquoMuacutesi-cas Para Louvar ao Senhorrdquo de 1998

A estagiaacuteria de pesquisa de mercado Karina Zandona 22 comprova esse fenocirc-meno Fatilde de Th e Killers ela conta que hoje procura se informar do lanccedilamento de aacutelbuns das suas bandas preferidas por sites especializados e faz download deles quando jaacute estatildeo disponiacuteveis ldquoSoacute ouccedilo muacutesica pelo PC e pelo mp3 player Raacutedio soacute ouccedilo agraves vezes quando minha matildee ouve em casa E sempre satildeo as programa-ccedilotildees informativas como a Raacutedio Itatiaia Natildeo consigo mais fi car exposta a tanto hit lsquoda modinharsquo como os de black music no raacutediordquo diz No caso da comerciaacuteria Ellen Colombini 24 a infl uecircncia da internet eacute ainda mais efetiva ldquoouvia muito raacutedio quando adolescente e assistia muito agrave MTV Era fatilde de coisas do tipo Hanson

por exemplo (risos) Mas quando passei a usar a internet e descobri a maravilha que eacute fazer download de muacutesica natildeo liguei mais o raacutedio Sou viciada em fazer downloads vou baixando tudo o que encontro e que me parece interessante pelo release que acompanha o link ou mesmo pelo nome da banda Escuto tudo e seleciono o que me agrada Se aprovado vou passando adiante E a partir do que eu recomendo para os amigos recebo deles arquivos de artis-tas parecidas com o que eu enviei e sobre os quais natildeo vejo ningueacutem falarrdquo comenta

A engenheira ambiental Eduarda Stancioli 24 eacute ouvinte da Last FM paacutegina online na qual o usaacuterio cria a pragramaccedilatildeo sem a interrupccedilatildeo de publicidade e locutores ldquoComo passo mais tempo usando o computador da empresa que o resto do pessoal e natildeo posso fazer dowloads o site foi uma oacutetima soluccedilatildeo para ouvir muacutesica enquanto faccedilo meus projetosrdquo Eduarda diz que a facildade estaacute no fato da pro-gramaccedilatildeo ser sua criaccedilatildeo onde vocecirc seleciona os artistas ou estilo de muacutesica da sua preferecircncia podendo mudaacute-la qualquer hora E ainda poder contar com sugestotildees musicais do serviccedilo geradas a partir do tipo de muacutesica que se ouve

Contra a mareacuteCurioso eacute o exemplo da estudante

Ceciacutelia Portugal 21 anos Apreciadora de axeacute music adora ouvir a Extra FM enquanto dirige Diferente de Ellen e

Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

O raacutedio na onda do ciberespaccedilo

Imagem do programa de dowloads de arqui-vos de muacutesica e viacutedeos Limewire

Paacutegina da raacutedio na internet a Last FM

Saiba o que a troca de arquivos de muacutesica pela internet fez com o raacutedio de entretenimento como as pes-soas encarram isso e quais satildeo as apostas das raacutedios para natildeo perderem seus ouvintes e patrocinadores

20-21 - Mate ria Ra dio final prontaindd 120-21 - Mate ria Ra dio final prontaindd 1 82809 115051 AM82809 115051 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Miacutedia bull 21Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

Karina o costume de baixar muacutesica pela internet natildeo a afas-tou do haacutebito de ouvir raacutedio ldquooutro dia ouvi uma muacutesica nova do Tomate ex-vocalista do Rapazolla Corri pra casa procurei o arquivo para down-load e depois gravei num CD para ouvir com as amigas no caminho pra baladardquo conta ldquoA maior graccedila do raacutedio que sem-pre tive o costume de ouvir eacute a companhia que faz Parece que natildeo estou sozinha no carro enquanto ouccedilo E me divirto com as esquetes de humor que tecircm por aiacuterdquo diz

Essa parece mesmo ser a nova vocaccedilatildeo do raacutedio como destaca o locutor e produtor Gleyson Lage da 98 FM de Belo Horizonte ndash primeira emissora a operar em frequumlecircncia modu-lada na Ameacuterica Latina ldquoAleacutem das promoccedilotildees e do aumento das formas de interatividade o humor eacute uma forma de fi de-lizar o ouvinte de perfi l mais passivo que tem menos dispo-nibilidade ou motivaccedilatildeo para manter contato por telefone ou e-mailrdquo Apostando nisso a 98 FM ndash cuja programaccedilatildeo eacute 100 local ndash conta com trecircs progra-mas de cunho humoriacutestico para enfrentar a concorrecircncia Os Manos Silicone Show e Graffi ti auto-intitulado o pior programa de raacutedio do Brasil

Para o locutor publicitaacuterio Tovar Luiz 43 o FM nasceu engraccedilado ldquoo grande barato das raacutedios FM desde a sua popu-larizaccedilatildeo no iniacutecio dos anos de 1980 foi o seu perfi l descontra-iacutedo A locuccedilatildeo nessas emisso-ras sempre foi bem mais aacutegil e despojada O hoje apresentador de TV Ceacutesar Filho por exemplo comeccedilou a carreira no raacutedio e

fi cou famoso pelo bordatildeo lsquobeijo pra vocecirc feiarsquo Natildeo era ofensa era pra fazer o ouvinte rir O FM foi uma revoluccedilatildeo em termos de lin-guagemrdquo lembra E ele parece ter razatildeo O programa Pacircnico um dos maiores fenocircmenos televi-sivos dos uacuteltimos tempos eacute deri-vado de um programa de raacutedio da rede Jovem Pan 2 de Satildeo Paulo comandado pelo locutor Emiacutelio Surita Seguindo o fl uxo as demais redes destinadas ao puacuteblico jovem tambeacutem investi-ram na programaccedilatildeo que faz rir E a partir das redes as emissoras locais que fazem concorrecircncia agraves afi liadas tambeacutem acompanham a tendecircncia para natildeo perder seu espaccedilo no mercado

Falando neleExistem hoje 23 FMs no dial

de Belo Horizonte Pelo menos quatro delas satildeo dedicadas aos jovens Jovem Pan 2 (991) Mix FM (917) 98FM (983) e Oi FM (939) Destas somente a 98FM natildeo eacute afi liada de uma grande rede Haacute trecircs anos em atividade na emissora Gleyson Lage confi rma a reduccedilatildeo no nuacutemero de vagas aos profi ssio-nais da aacuterea ldquonuma raacutedio local satildeo necessaacuterios 20 funcionaacuterios para produzir toda uma grade enquanto numa afi liada jun-tando a programaccedilatildeo execu-tada pelo sateacutelite com aquela gerada pela automaccedilatildeo da transmissatildeo apenas cinco datildeo

conta do recado para o tempo destinado agrave grade local Eacute com-plicadordquo conta

No entanto ele vecirc a partici-paccedilatildeo das redes de raacutedio como positiva no que se refere agrave qua-lidade ldquoquando uma rede tem um bom conteuacutedo ndash boa plaacutes-tica bons locutores bons tex-tos ndash ela acaba por estimular as emissoras locais a manterem o mesmo niacutevel Haacute um ganho em criatividade que poderia natildeo existir se todo o conteuacutedo fosse localrdquo acredita

Enquanto isso os ouvintes se queixam da repeticcedilatildeo nas grades musicais ldquochega a ser engraccedilado Estava ouvindo uma muacutesica numa determinada

raacutedio Quando acabou troquei para a estaccedilatildeo seguinte e estava tocando a mesma muacutesica Acho que como todos os meios de comunicaccedilatildeo as raacutedios precisam abrir o leque de opccedilotildeesrdquo opina Karina Zandona estagiaacuteria de pesquisa de mercado 22

Karina completa ldquoateacute a Rede Globo tem inovado na inserccedilatildeo de muacutesicas de artistas desconhecidos do grande puacuteblico como trilha das suas produccedilotildees (como foi o caso do cantor Beirut presente na trilha sonora da minisseacuterie Capitu exibida em janeiro de 2009) O raacutedio podia acompanhar essa tendecircnciardquo sugere

Com a digitalizaccedilatildeo da muacutesica o sonoplasta sai de cena eacute o locutor quem faz tudo

Foto

Robert

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O Ponto

Editor e diagramador da paacuteginaLira Faacutevilla e Felipe Barbosa 6ordm periacuteodo

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

22 bull Cultura

CLAUDIA LAPOUBLE

6ordmPERIacuteODO

ldquoO processo pelo qual se arma-zenam informaccedilotildees no disco de vinil feito de PVC material derivado do petroacuteleo consiste em imprimir nele ranhuras ou ldquoriscosrdquo cujas formas tanto em profundidade como abertura mantecircm correspondecircncia com a informaccedilatildeo que se deseja arma-zenar Essas ranhuras visiacuteveis no disco a olho nu satildeo feitas no disco matriz com um estilete no momento da gravaccedilatildeo Esse esti-lete eacute movido pela accedilatildeo da forccedila magneacutetica que age sobre eletro-iacutematildes que estatildeo acoplados a elerdquo (in Leituras de Fiacutesica GREF- Departamento de fiacutesica da USP SP2005)

Eacute assim que a muacutesica se ldquoimprimerdquo no plaacutestico que depois ao ser arranhado pela agulha libertaraacute novamente os sons no ar Para os apaixonados por vinil o ritual de tirar o disco da estante limpaacute-lo colocaacute-lo no toca discos posicionar a agu-lha delicadamente sobre ele tomando todo o cuidado para natildeo arranhaacute-lo e repetir todo esse processo na hora de virar o disco para ouvir o lado b signi-fi ca uma relaccedilatildeo mais proacutexima com a muacutesica Era preciso dedi-car tempo a escutar o disco Mais do que uma miacutedia de armazena-mento analoacutegico do som o disco de vinil eacute um objeto de arte e uma peccedila que daacute materialidade agrave muacutesica

Dados da Associaccedilatildeo de Gra-vadoras da Ameacuterica (Record Industry Association of Aeme-rica) mostram que as vendas de LPs aumentaram em quase 130 entre os anos de 2007 e 2008 De acordo com o informe anual divulgado pelo oacutergatildeo ldquoo vinil continua sua ascensatildeo As vendas nesse formato somaram

US$57 milhotildees e vem mais do que duplicando ano apoacutes anordquo Ainda segundo o documento ldquotrata-se do produto preferido por audiofi los e colecionadores e o aumento nas vendas se deve tanto agrave re-gravaccedilatildeo de mate-rial de cataacutelogo quanto a novos lanccedilamentosrdquo

Com os nuacutemeros da induacutes-tria apontando para uma queda nas vendas de CDs e em tempos em que se fala em livre acesso agrave muacutesica atraveacutes da internet o vinil se apresenta como uma saiacuteda para quem ainda gosta da muacutesica palpaacutevel apreciaacute-la com todos os sentidos inclusive o tato

Um Brasil em vinil ldquoContar a histoacuteria do Brasil

atraveacutes da muacutesica guardando um exemplar de tudo o que foi gravado em vinil no paiacutesrdquo esse era o objetivo de Edu Pampani 46 quando em 2005 fundou a Discoteca Puacuteblica o primeiro espaccedilo dedicado agrave memoacuteria musical brasileira do paiacutes

Apaixonado por muacutesica e claro pelos discos de vinil Pam-pani conta que a ideacuteia da Dis-coteca nasceu quando ele ainda morava na Bahia e tinha uma loja de discos Segundo ele quando o Compact Disc (CD) comeccedilou a se popularizar na deacutecada de 90 as pessoas o procuravam para trocar seus LPs por CDs

O espaccedilo tem hoje um acervo de cerca de 12 mil peccedilas que contam a historia do Brasil pelos sulcos no plaacutestico PVC Eacute possiacute-vel ouvir por exemplo gravaccedilotildees de jogos de futebol ou vinhetas de programas de raacutedio dos anos 50 aleacutem de claacutessicos da muacutesica popular brasileira em gravaccedilotildees originais Com todas essas rari-dades Pampani garante natildeo ter nenhum disco favorito ldquosempre me perguntam Edu qual eacute o disco mais raro que vocecirc tem

e eu respondo raro eacute ter todos eles juntosrdquo

De volta ao plaacutesticoApesar de natildeo ser a miacutedia mais

utilizada pelo grande puacuteblico o disco de vinil tem um puacuteblico fi el principalmente entre os DJs que segundo Pampani ldquoprocuram sempre coisa nova se ele quer tocar Jorge Bem por exemplo ele vai procurar aquela muacutesica que ningueacutem lembra mais que ele gravou Esse pes-soal tem que fi car garimpando semprerdquo

O DJ e fundador do selo Vinyl Land Luiz Valente ou DJ Luiz PF eacute um desses garimpeiros de sebos Ele conta que sua paixatildeo pelos LPs nasceu quando ele mesmo selecionava as muacutesi-cas que iriam compor o som ambiente de seu bar o ldquoLugarrdquo Em 2003 Luiz sentiu que pode-ria abrir espaccedilo para DJs que pesquisavam e procuravam por muacutesicas que fugiam do lugar comum ldquoeu fui fazendo festas por um tempo chamando DJs que discotecavam com vinil pra ser um contra ponto a essa outra galerardquo conta

Radicado em Londres desde 2006 Luiz conta que ao chegar agrave Europa percebeu que diferente do que acontecia no Brasil ldquolaacute o negoacutecio natildeo tinha acabado nada se achava tudo pra com-prar coisas novas a galera atual todo mundo lanccedilava era uma coisa de canto de loja mas fun-cionando vendendordquo Na capital inglesa o DJ trabalhou na grava-dora Whatmusiccom que aleacutem de CDs lanccedilava tambeacutem traba-lhos em vinil

A paixatildeo pela ldquocultura de acetatordquo e o trabalho como DJ foram o incentivo para que Luiz fundasse em 2008 a Vinyl Land selo que vem com a proposta de lanccedilar muacutesicos que se interes-sem em gravar em vinil Segundo

ele o selo nasceu de sua proacutepria necessidade como DJ ldquoeu

jaacute discotecava com vinil e fui achando bandas

novas que queria tocar mas natildeo tinha como porque eram de uma eacutepoca em que natildeo tinha mais vinil ai eu pensei jaacute que natildeo tem eu faccedilo

e comecei a procurar contatos e tentar orga-

nizar o selordquo Com apenas um ano

no mercado a Vinyl Land

jaacute lanccedilou trecircs discos dentre

eles um compacto simples do Autoramas

Novas marcas no PVCFoi pela Vinyl Land que a

banda Th e Dead Lovers Twisted Heart que nunca havia lanccedilado seu trabalho comercialmente lanccedilou seu primeiro EP O com-pacto auto-intitulado traz cinco muacutesicas antes disponiacuteveis para download na internet O disco prensado na Alemanha teve tiragem limitada de 200 coacutepias

Com infl uecircncias que vatildeo de Odair Joseacute e Roberto Carlos ateacute Franz Ferdinand e Jack White passando pela literatura de Mark Twain (o grupo tem uma muacutesica em homenagem a Huck-leberry Finn personagem do autor americano) e os cartunis-tas Laerte e Angeli a banda for-mada por Ivan (guitarra e vocal)

Guto (guitarra) Paty (bateria) e

Velvs (baixo) jaacute era conhecida dos frequumlentadores de casas de shows de Belo Horizonte antes de lanccedilar seu EP

Segundo Ivan a ideacuteia de ter seu primeiro trabalho gravado em vinil casou muito bem com a banda ldquoa gente ainda natildeo tinha lanccedilado um disco propriamente dito e hoje o suporte fiacutesico eacute cada vez menos importante porque na verdade a muacutesica vocecirc acha em qualquer lugar e um disco um CD na verdade natildeo faz mais tanto sentido E nossa ideia era que jaacute que vocecirc vai comprar um objeto o vinil eacute um objeto muito mais legal tanto esteticamente quanto no manusear fora que tem toda essa coisa da retomada e eacute uma boa proposta que tem tudo a ver com a bandardquo afi rma o muacutesico provando que o velho vinil estaacute mais novo que nunca

O novos sonsdo velho vinil

Com a popularizaccedilatildeo dos sites de divulagaccedilatildeo de muacutesica na internet o vinil retorna como alternativa interessante para novos muacutesicos e ouvintes

Dj Luiz PF fundador do selo Vinyl Land

Os diferentes formatos do vinil-LP abreviatura do inglecircs Long Play ou ldquo12 polegadasrdquo Disco com 31 cm de diametro com capacidade normal de cerca de 20 minutos por lado O formato LP era utilizado usualmente para a comercializaccedilatildeo de aacutelbuns completos-EP abreviatura do inglecircs Extended Play Disco com 17 cm de diametro e capacidade de cerca de 8 minutos por lado continha em torno de quatro faixas -Single ou compacto simples abreviatura de Single Play ldquo7 polegadasrdquo ou compacto simples Disco com 17 cm de diametro e capacidade normal de 4 minutos por lado O single era geralmente empregado para a difusatildeo das muacutesicas de trabalho de um aacutelbum completo a ser posteriormente lanccedilado -Maacutexi abreviatura do inglecircs Maxi Single Disco com 31 cm de diametro sua capacidade era de cerca de 12 minutos por lado

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The Dead loverrsquos Twisted Heart Pati Vels Guto e Ivan

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Culturabull 23Editor e diagramador da paacutegina Baacuterbara Rodrigues 8ordm periacuteodo

Festival Internacional de Corais homenageia

BAacuteRBARA RODRIGUES 8ordm PERIacuteODO

A seacutetima ediccedilatildeo do Festival Interna-cional de Corais ndash FIC acontece de 18 a 27 de setembro de 2009 e teraacute como tema a vida e obra de Villa-Lobos con-siderado o maior compositor das Ameacute-ricas Seratildeo cerca de 300 apresenta-ccedilotildees de 120 corais de todo o Brasil e do exterior que percorreratildeo 12 cidades de Minas Gerais

O festival realizado pela Universi-dade FUMEC tem o intuito de popula-

rizar os corais e grupos vocais amadores e profissionais e evidenciar atividades culturais de empresas instituiccedilotildees de ensino comunidades associaccedilotildees e fundaccedilotildees com apresentaccedilotildees de corais e shows de artistas nacionais sempre com a bandeira da muacutesica brasileira agrave frente

Regidos pelo Maestro Lindomar Gomes produtor cultural e coordena-dor do FIC os 30 integrantes do coral da FUMEC seratildeo um dos grupos a se apresentar ldquoNosso coral sempre parti-cipou de festivais seguindo a maacutexima de Fernando Brant de que lsquotodo artista

tem de ir aonde o povo estaacutersquo A cada ano o FIC escolhe um tema que traduza a identidade musical brasileira Este ano celebraremos os 50 anos de morte de Villa-Lobos responsaacutevel por implantar o canto coral no paiacutes na deacutecada de 1930 e o muacutesico que mais cantou as belezas nacionaisrdquo enfatiza

Em cada ediccedilatildeo do festival os com-positores Leonardo Cunha e Fernando Brant satildeo responsaacuteveis pela muacutesica-tema que ao final do evento eacute cantada por todos os corais A composiccedilatildeo deste ano ganhou o nome de ldquoMestre Villardquo exultando o que de mais haacute de caracte-

riacutestico na vida e obra do mestre Durante todo o festival alguns locais

da cidade como o Palaacutecio das Artes Sesc Laces JK e a aacuterea de convivecircn-cia da FUMEC receberatildeo exposiccedilotildees de fotos textos e trilhas sonoras do acervo do Museu Villa-Lobos no Rio de Janeiro A banda mineira 14 Bis e o muacutesico Renato Teixeira fazem shows no interior de Minas e no dia 27 no Parque Municipal encontro de todos os corais participantes marcaraacute o fechamento do evento onde mais de mil vozes se uni-ratildeo para cantar os temas do maestro homenageado

O maestro e coordenador do FIC Lindomar Gomes e os integrantes do Coral da Fumec

Mestre Villa daacute o tom dentro e fora do paiacutesO carioca Heitor Villa-Lobos

foi responsaacutevel por universa-lizar a muacutesica nacional acres-centando em grande parte de suas mil obras a sonoridade da fauna brasileira de tribos indiacute-genas e africanas aleacutem de refe-recircncias de cantigas do choro e do samba

Na defi niccedilatildeo do maestro Lindomar Gomes a impor-tacircncia de Heitor Villa-Lobos estaacute no fato de ele ldquodecifrar a alma brasileira e colocaacute-la em muacutesicardquo Devido agraves homena-gens ao compositor nas prin-cipais capitais do Brasil e do

mundo Gomes natildeo eacute o uacutenico a pensar assim

Peccedilas de Villa-Lobos fazem parte das temporadas da Filar-mocircnica de Belo Horizonte da Orquestra Sinfocircnica do Teatro Nacional Claacuteudio Santoro em Brasiacutelia da Sinfocircnica Munici-pal de Campinas e da Orques-tra Sinfocircnica Brasileira do Rio

Internacional Em janeiro o maestro John

Neschling regeu a Filarmocircnica de Varsoacutevia na Polocircnia com os ldquoChoros n 6rdquo A soprano Adriane Queiroz cantou as ldquoBachianas

Brasileiras nordm 5rdquo em Berlim e o regente da OSB do Rio Roberto Minczuk esteve no Japatildeo em agosto para apresentar as ldquoBachianas Brasileirasrdquo

Ainda este ano deve chegar agraves livrarias o ldquoFolha Explica Villa-Lobosrdquo da Publifolha do violonista Faacutebio Zanon que em entrevista ao jornal Folha de Satildeo Paulo afi rmou ldquoO uni-verso sonoro de Villa-Lobos eacute uma coisa arrasadora Nossa ideia de Brasil seria muito mais pobre sem a leitura efetuada por Villa-Lobos de nosso patri-mocircnio musicalrdquo

Programaccedilatildeo completa e outras informaccedilotildees sobre FIC 2009 wwwfestivaldecoraiscombr

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Foto divulgaccedilatildeo

O compositor e maestro Villa-Lobos cuja obra eacute reconhecida e celebrada internacionalmente

23 - festivaldecoraisindd 123 - festivaldecoraisindd 1 82809 115113 AM82809 115113 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

24 bull Cultura Editor e diagramador da paacutegina Amanda Lelis 6ordm periodo

COLCHAde retalhos

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Magia

Escrevo uma letra

e jaacute natildeo estou no mesmo lugar

Pedro Cunha Instrumento de cordas vocais tocado pela alma

a palavra na garganta que vira muacutesica

o som da orquestra do coraccedilatildeo

dos gagos e desafi nados

aos cegos de paixatildeo

VozBaacuterbara Rodrigues

Natildeo sei bem o que eacute

Se eacute invenccedilatildeo

Se eacute na verdade a mais pura verdade

Se sou eu tentando fugir

Se sou eu tentando apagar

Natildeo encarar o que estaacute acontecendo

Esquecer a minha confusatildeo

De querer sem conhecer

De te amar sem te encontrar

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Queria esquecer

E perdoar entatildeo

Voltar na decisatildeo

Para minha vida rotineira

Que eu levei a vida inteira

O meu sufoco e os seus gritos

Meu confortaacutevel desespero

Minha mania de querer ser mais para mundo

Do que o mundo eacute para mim

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Confortaacutevel DesesperoPaula Macintyre

Preso agrave falta de sono procurando ver

Atraveacutes da luz de um trago num bastatildeo de morte

Talvez com sorte entatildeo eu possa crer

Que os dias se passaram mas o amor fi cou

Mesmo sonhando acordado algo ainda restou

De tardes tatildeo bonitas

Em que o brilho dos teus olhos eu pude enxergar

Os teus negros cabelos quero entatildeo tocar

apesar de estares tatildeo afl ita

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia

que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Por mais que em outras camas eu possa deitar

que braccedilos e abraccedilos venham me afagar

O brilho dos teus olhos ainda me ilumina

por vaacuterias ruas sujas que eu tentei fugir

estenderia um tapete pra vocecirc entrar

sentado vago na varanda escura a esperar

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Mas eu mudaria tudo isso pra te ter aqui

comigo ao meu lado todo dia a me fazer sorrir

Para ouvir a muacutesica wwwmyspacecombandatravessia

DuetoAlvaro Castro

Do entendimento tardio de se assistir a uma passagem de som

Cracke se quebra o silecircncio a voz dos barulhos instrumentais

cala todos os outros sons do silecircncio Antes de ser melodiosos

os sons comeccedilam desencontrados como tateando no escuro

dos ritmos tentando se encontrar e dar as matildeos para soacute assim

iniciar seu dialogo-danccedila em brincadeiras harmoniosas que

encantam e enfeiticcedilam Na sutileza dos tons na alegria de fazer

barulhos musicais modifi cam a muacutesica mil vezes re-arranjada

ajeitam afi nam se enfeitam

e a muacutesica fi nalmente sai Perfeita

AntesClaudia Lapouble

Sssshhiiii

silecircnciosopro suspiro sussurro

sublime submerso submarino submundo

some sobe segue sangue sinistro

sem focirclegosufoco

SClaudia Lapouble

A canccedilatildeo natildeo paacutera O berimbau controla o medo que corre

nas ruas vindo daqueles que natildeo se deixaram dissolver pela

aacutegua trazida com a chuva Na cidade escorre toda a calmaria

e a melodia se arrasta molhando o chatildeo Enquanto o ceacuteu se

desmancha aos poucos sobre a rua deserta eles cantam Voz

para um canto que veio aveludar meus ouvidos acalentar

clamoroso de uma vida inteira e fosse essa noite a vida

inteira fez-se a noite lembranccedila da cantiga que me converteu

inteira Pandeiro Meacutedio Viola e a chuva que ritmava a

cantoria O breu e noacutes no breu O escuro arrasta o invisiacutevel

para dentro da cidade que chora para dentro dos meus olhos

que fi tam atentos os olhos deles que me encantam Hora um

hora outro me arrasta em companhia agrave suas vozes As gotas

respondem ao coro num canto suave o pandeiro acompanha

o berimbau e o repique respinga umas gotas tontas de

musicalidade goteja um som que sobrevoa a superfiacutecie

Sobre o invisiacutevelAmanda Lelis

Gabriel Guedes e violino em show na Praccedila da Liberdade

O som da alma se apresenta em desejo e verso livre

na terccedila indecente suave

no violino do seus sonhos em coro cresce a quarta corda

dissonante

eacute a Musica

No canto viacutevido em tom sincero e leve expande

compaixatildeo as notas graves

fi delidade ao escrever a voz da alma sobre arpejos

inconstantes

eacute a Musica

MuacutesicaPedro Gontijo e

Bernardo Gontijo

Te aperto contra o peito

te penduro nas costas

no churrasco passa de matildeo em matildeo

e ainda assim me faz companhia

nas noites de solidatildeo

Ode ao violatildeoBaacuterbara Rodrigues

Ajude a costurar nossa colcha balaioretalhosgmailcom

24 - Colcha de retalhos corrigidoindd 124 - Colcha de retalhos corrigidoindd 1 82809 115124 AM82809 115124 AM

Page 20: Jornal O Ponto - agosto 2009

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

20 bull Miacutedia

RENATA VALENTIM

6ordmPERIODO

Que o advento das miacutedias digitais pocircs um ponto de interrogaccedilatildeo no horizonte dos meios tradicionais jaacute se sabe Mas a transformaccedilatildeo destinada ao raacutedio parece ser de fato a de maior impacto Seja no campo das novas tecnologias de trans-missatildeo dos novos suportes ao aacuteudio no nuacutemero de funcionaacuterios contratados ou na avaliaccedilatildeo do poder de infl uecircncia no gosto da audiecircncia a revoluccedilatildeo vivida pelas raacutedios eacute atestada tanto por profi s-sionais da aacuterea quanto pelos ouvintes

O CD hoje obsoleto popularizado no Brasil no fi nal dos anos de 1980 jaacute signi-fi cou uma transformaccedilatildeo importante no dia-a-dia do radialista Em vez de exe-cuccedilotildees musicais feitas pelo LP ou ldquobola-chatildeordquo que o operador ou sonoplasta vigiava do iniacutecio ao fi m da faixa transmi-tida os tocadores de compact disc per-mitiam a programaccedilatildeo de vaacuterias faixas em sequumlecircncia poupando-lhe tempo O que veio a seguir economizou bem mais que isso a inovadora transformaccedilatildeo de muacutesica em kilobytes deu origem a sof-twares de execuccedilatildeo automaacutetica

Assim as raacutedios gerando programa-ccedilatildeo por 24h dispensaram seus locutores e sonoplastas da madrugada e dos fi nais de semana adaptando seus conteuacutedos para que sistemas de automaccedilatildeo tra-balhassem sozinhos Aleacutem das muacutesicas em formato digital apresentaccedilotildees de muacutesica passaram a ser tambeacutem gravadas

e reproduzidas como se fossem feitas ao vivo Natildeo foram poucos locutores desem-pregados No caso das afi liadas de gran-des redes de FM a reduccedilatildeo no quadro de profi ssionais da voz foi ainda maior Em alguns casos haacute somente um ou dois locutores agrave disposiccedilatildeo que datildeo conta da geraccedilatildeo de toda a programaccedilatildeo local

Com experiecircncia na aacuterea haacute mais de 20 anos a locutora e programadora musical Glaacuteucia Lara 40 lamenta ldquoem um fi nal de semana antes das mudanccedilas promo-vidas pelo advento do mp3 cerca de sete pessoas estariam trabalhando em uma emissora de raacutedio Hoje eacute comum esca-lar locutores para comandarem a pro-gramaccedilatildeo ao vivo soacute nos programas que contam com a participaccedilatildeo do ouvinte Do resto quem cuida eacute o computadorrdquo conta ela que jaacute passou por diversas emissoras do interior do estado e por afi -liadas de grandes redes como a Antena 1 de Belo Horizonte E o sonoplasta entatildeo ldquoNa era do CD essa fi gura foi extinta dos quadros O locutor natildeo eacute soacute responsaacutevel hoje por apresentar muacutesicas e interagir com o ouvinte Tambeacutem assumiu a res-ponsabilidade de operar os aparelhos

e pessoalmente acho que isso facilita a locuccedilatildeo porque natildeo haacute mais aquela dependecircncia de um sinal do sonoplasta aquela sintonia de timing necessaacuteria para esse trabalho de equipe decirc certo O locutor faz tudordquo pondera

Eu baixo tu baixasO mp3 tambeacutem alterou a forma de

distribuir novos trabalhos musicais A popularizaccedilatildeo da internet e a troca de arquivos por meio de softwares seme-lhantes ao pioneiro Napster deram iniacutecio agrave decadecircncia dos CDs e ao decliacutenio das grandes gravadoras que fracassaram ao combater tanto a pirataria quanto o com-partilhamento online de mp3

O casamento das gravadoras com o raacutedio e a TV que detinham a foacutermula exclusiva de atrair a atenccedilatildeo do puacuteblico para seu artista entrou em crise A par-ceria de divulgaccedilatildeo perdeu espaccedilo con-sideraacutevel para uma revolucionaacuteria forma de acesso a novos trabalhos musicais feita na internet Para a tristeza de grava-doras e artistas a vendagem de CDs caiu drasticamente fazendo dos shows e tur-necircs sua principal fonte de lucro Foi-se o

tempo em que um artista de sucesso ven-dia mais de 2 milhotildees de coacutepias de seu trabalho o campeatildeo do mercado fono-graacutefi co brasileiro em 2006 Padre Marcelo Rossi registrou cerca de 860 mil coacutepias vendidas de seu aacutelbum ldquoMinha Becircnccedilatildeordquo editado pela Sony BMG Um nuacutemero pequeno se comparado aos 35 milhotildees de coacutepias de seu primeiro disco ldquoMuacutesi-cas Para Louvar ao Senhorrdquo de 1998

A estagiaacuteria de pesquisa de mercado Karina Zandona 22 comprova esse fenocirc-meno Fatilde de Th e Killers ela conta que hoje procura se informar do lanccedilamento de aacutelbuns das suas bandas preferidas por sites especializados e faz download deles quando jaacute estatildeo disponiacuteveis ldquoSoacute ouccedilo muacutesica pelo PC e pelo mp3 player Raacutedio soacute ouccedilo agraves vezes quando minha matildee ouve em casa E sempre satildeo as programa-ccedilotildees informativas como a Raacutedio Itatiaia Natildeo consigo mais fi car exposta a tanto hit lsquoda modinharsquo como os de black music no raacutediordquo diz No caso da comerciaacuteria Ellen Colombini 24 a infl uecircncia da internet eacute ainda mais efetiva ldquoouvia muito raacutedio quando adolescente e assistia muito agrave MTV Era fatilde de coisas do tipo Hanson

por exemplo (risos) Mas quando passei a usar a internet e descobri a maravilha que eacute fazer download de muacutesica natildeo liguei mais o raacutedio Sou viciada em fazer downloads vou baixando tudo o que encontro e que me parece interessante pelo release que acompanha o link ou mesmo pelo nome da banda Escuto tudo e seleciono o que me agrada Se aprovado vou passando adiante E a partir do que eu recomendo para os amigos recebo deles arquivos de artis-tas parecidas com o que eu enviei e sobre os quais natildeo vejo ningueacutem falarrdquo comenta

A engenheira ambiental Eduarda Stancioli 24 eacute ouvinte da Last FM paacutegina online na qual o usaacuterio cria a pragramaccedilatildeo sem a interrupccedilatildeo de publicidade e locutores ldquoComo passo mais tempo usando o computador da empresa que o resto do pessoal e natildeo posso fazer dowloads o site foi uma oacutetima soluccedilatildeo para ouvir muacutesica enquanto faccedilo meus projetosrdquo Eduarda diz que a facildade estaacute no fato da pro-gramaccedilatildeo ser sua criaccedilatildeo onde vocecirc seleciona os artistas ou estilo de muacutesica da sua preferecircncia podendo mudaacute-la qualquer hora E ainda poder contar com sugestotildees musicais do serviccedilo geradas a partir do tipo de muacutesica que se ouve

Contra a mareacuteCurioso eacute o exemplo da estudante

Ceciacutelia Portugal 21 anos Apreciadora de axeacute music adora ouvir a Extra FM enquanto dirige Diferente de Ellen e

Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

O raacutedio na onda do ciberespaccedilo

Imagem do programa de dowloads de arqui-vos de muacutesica e viacutedeos Limewire

Paacutegina da raacutedio na internet a Last FM

Saiba o que a troca de arquivos de muacutesica pela internet fez com o raacutedio de entretenimento como as pes-soas encarram isso e quais satildeo as apostas das raacutedios para natildeo perderem seus ouvintes e patrocinadores

20-21 - Mate ria Ra dio final prontaindd 120-21 - Mate ria Ra dio final prontaindd 1 82809 115051 AM82809 115051 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Miacutedia bull 21Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

Karina o costume de baixar muacutesica pela internet natildeo a afas-tou do haacutebito de ouvir raacutedio ldquooutro dia ouvi uma muacutesica nova do Tomate ex-vocalista do Rapazolla Corri pra casa procurei o arquivo para down-load e depois gravei num CD para ouvir com as amigas no caminho pra baladardquo conta ldquoA maior graccedila do raacutedio que sem-pre tive o costume de ouvir eacute a companhia que faz Parece que natildeo estou sozinha no carro enquanto ouccedilo E me divirto com as esquetes de humor que tecircm por aiacuterdquo diz

Essa parece mesmo ser a nova vocaccedilatildeo do raacutedio como destaca o locutor e produtor Gleyson Lage da 98 FM de Belo Horizonte ndash primeira emissora a operar em frequumlecircncia modu-lada na Ameacuterica Latina ldquoAleacutem das promoccedilotildees e do aumento das formas de interatividade o humor eacute uma forma de fi de-lizar o ouvinte de perfi l mais passivo que tem menos dispo-nibilidade ou motivaccedilatildeo para manter contato por telefone ou e-mailrdquo Apostando nisso a 98 FM ndash cuja programaccedilatildeo eacute 100 local ndash conta com trecircs progra-mas de cunho humoriacutestico para enfrentar a concorrecircncia Os Manos Silicone Show e Graffi ti auto-intitulado o pior programa de raacutedio do Brasil

Para o locutor publicitaacuterio Tovar Luiz 43 o FM nasceu engraccedilado ldquoo grande barato das raacutedios FM desde a sua popu-larizaccedilatildeo no iniacutecio dos anos de 1980 foi o seu perfi l descontra-iacutedo A locuccedilatildeo nessas emisso-ras sempre foi bem mais aacutegil e despojada O hoje apresentador de TV Ceacutesar Filho por exemplo comeccedilou a carreira no raacutedio e

fi cou famoso pelo bordatildeo lsquobeijo pra vocecirc feiarsquo Natildeo era ofensa era pra fazer o ouvinte rir O FM foi uma revoluccedilatildeo em termos de lin-guagemrdquo lembra E ele parece ter razatildeo O programa Pacircnico um dos maiores fenocircmenos televi-sivos dos uacuteltimos tempos eacute deri-vado de um programa de raacutedio da rede Jovem Pan 2 de Satildeo Paulo comandado pelo locutor Emiacutelio Surita Seguindo o fl uxo as demais redes destinadas ao puacuteblico jovem tambeacutem investi-ram na programaccedilatildeo que faz rir E a partir das redes as emissoras locais que fazem concorrecircncia agraves afi liadas tambeacutem acompanham a tendecircncia para natildeo perder seu espaccedilo no mercado

Falando neleExistem hoje 23 FMs no dial

de Belo Horizonte Pelo menos quatro delas satildeo dedicadas aos jovens Jovem Pan 2 (991) Mix FM (917) 98FM (983) e Oi FM (939) Destas somente a 98FM natildeo eacute afi liada de uma grande rede Haacute trecircs anos em atividade na emissora Gleyson Lage confi rma a reduccedilatildeo no nuacutemero de vagas aos profi ssio-nais da aacuterea ldquonuma raacutedio local satildeo necessaacuterios 20 funcionaacuterios para produzir toda uma grade enquanto numa afi liada jun-tando a programaccedilatildeo execu-tada pelo sateacutelite com aquela gerada pela automaccedilatildeo da transmissatildeo apenas cinco datildeo

conta do recado para o tempo destinado agrave grade local Eacute com-plicadordquo conta

No entanto ele vecirc a partici-paccedilatildeo das redes de raacutedio como positiva no que se refere agrave qua-lidade ldquoquando uma rede tem um bom conteuacutedo ndash boa plaacutes-tica bons locutores bons tex-tos ndash ela acaba por estimular as emissoras locais a manterem o mesmo niacutevel Haacute um ganho em criatividade que poderia natildeo existir se todo o conteuacutedo fosse localrdquo acredita

Enquanto isso os ouvintes se queixam da repeticcedilatildeo nas grades musicais ldquochega a ser engraccedilado Estava ouvindo uma muacutesica numa determinada

raacutedio Quando acabou troquei para a estaccedilatildeo seguinte e estava tocando a mesma muacutesica Acho que como todos os meios de comunicaccedilatildeo as raacutedios precisam abrir o leque de opccedilotildeesrdquo opina Karina Zandona estagiaacuteria de pesquisa de mercado 22

Karina completa ldquoateacute a Rede Globo tem inovado na inserccedilatildeo de muacutesicas de artistas desconhecidos do grande puacuteblico como trilha das suas produccedilotildees (como foi o caso do cantor Beirut presente na trilha sonora da minisseacuterie Capitu exibida em janeiro de 2009) O raacutedio podia acompanhar essa tendecircnciardquo sugere

Com a digitalizaccedilatildeo da muacutesica o sonoplasta sai de cena eacute o locutor quem faz tudo

Foto

Robert

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O Ponto

Editor e diagramador da paacuteginaLira Faacutevilla e Felipe Barbosa 6ordm periacuteodo

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

22 bull Cultura

CLAUDIA LAPOUBLE

6ordmPERIacuteODO

ldquoO processo pelo qual se arma-zenam informaccedilotildees no disco de vinil feito de PVC material derivado do petroacuteleo consiste em imprimir nele ranhuras ou ldquoriscosrdquo cujas formas tanto em profundidade como abertura mantecircm correspondecircncia com a informaccedilatildeo que se deseja arma-zenar Essas ranhuras visiacuteveis no disco a olho nu satildeo feitas no disco matriz com um estilete no momento da gravaccedilatildeo Esse esti-lete eacute movido pela accedilatildeo da forccedila magneacutetica que age sobre eletro-iacutematildes que estatildeo acoplados a elerdquo (in Leituras de Fiacutesica GREF- Departamento de fiacutesica da USP SP2005)

Eacute assim que a muacutesica se ldquoimprimerdquo no plaacutestico que depois ao ser arranhado pela agulha libertaraacute novamente os sons no ar Para os apaixonados por vinil o ritual de tirar o disco da estante limpaacute-lo colocaacute-lo no toca discos posicionar a agu-lha delicadamente sobre ele tomando todo o cuidado para natildeo arranhaacute-lo e repetir todo esse processo na hora de virar o disco para ouvir o lado b signi-fi ca uma relaccedilatildeo mais proacutexima com a muacutesica Era preciso dedi-car tempo a escutar o disco Mais do que uma miacutedia de armazena-mento analoacutegico do som o disco de vinil eacute um objeto de arte e uma peccedila que daacute materialidade agrave muacutesica

Dados da Associaccedilatildeo de Gra-vadoras da Ameacuterica (Record Industry Association of Aeme-rica) mostram que as vendas de LPs aumentaram em quase 130 entre os anos de 2007 e 2008 De acordo com o informe anual divulgado pelo oacutergatildeo ldquoo vinil continua sua ascensatildeo As vendas nesse formato somaram

US$57 milhotildees e vem mais do que duplicando ano apoacutes anordquo Ainda segundo o documento ldquotrata-se do produto preferido por audiofi los e colecionadores e o aumento nas vendas se deve tanto agrave re-gravaccedilatildeo de mate-rial de cataacutelogo quanto a novos lanccedilamentosrdquo

Com os nuacutemeros da induacutes-tria apontando para uma queda nas vendas de CDs e em tempos em que se fala em livre acesso agrave muacutesica atraveacutes da internet o vinil se apresenta como uma saiacuteda para quem ainda gosta da muacutesica palpaacutevel apreciaacute-la com todos os sentidos inclusive o tato

Um Brasil em vinil ldquoContar a histoacuteria do Brasil

atraveacutes da muacutesica guardando um exemplar de tudo o que foi gravado em vinil no paiacutesrdquo esse era o objetivo de Edu Pampani 46 quando em 2005 fundou a Discoteca Puacuteblica o primeiro espaccedilo dedicado agrave memoacuteria musical brasileira do paiacutes

Apaixonado por muacutesica e claro pelos discos de vinil Pam-pani conta que a ideacuteia da Dis-coteca nasceu quando ele ainda morava na Bahia e tinha uma loja de discos Segundo ele quando o Compact Disc (CD) comeccedilou a se popularizar na deacutecada de 90 as pessoas o procuravam para trocar seus LPs por CDs

O espaccedilo tem hoje um acervo de cerca de 12 mil peccedilas que contam a historia do Brasil pelos sulcos no plaacutestico PVC Eacute possiacute-vel ouvir por exemplo gravaccedilotildees de jogos de futebol ou vinhetas de programas de raacutedio dos anos 50 aleacutem de claacutessicos da muacutesica popular brasileira em gravaccedilotildees originais Com todas essas rari-dades Pampani garante natildeo ter nenhum disco favorito ldquosempre me perguntam Edu qual eacute o disco mais raro que vocecirc tem

e eu respondo raro eacute ter todos eles juntosrdquo

De volta ao plaacutesticoApesar de natildeo ser a miacutedia mais

utilizada pelo grande puacuteblico o disco de vinil tem um puacuteblico fi el principalmente entre os DJs que segundo Pampani ldquoprocuram sempre coisa nova se ele quer tocar Jorge Bem por exemplo ele vai procurar aquela muacutesica que ningueacutem lembra mais que ele gravou Esse pes-soal tem que fi car garimpando semprerdquo

O DJ e fundador do selo Vinyl Land Luiz Valente ou DJ Luiz PF eacute um desses garimpeiros de sebos Ele conta que sua paixatildeo pelos LPs nasceu quando ele mesmo selecionava as muacutesi-cas que iriam compor o som ambiente de seu bar o ldquoLugarrdquo Em 2003 Luiz sentiu que pode-ria abrir espaccedilo para DJs que pesquisavam e procuravam por muacutesicas que fugiam do lugar comum ldquoeu fui fazendo festas por um tempo chamando DJs que discotecavam com vinil pra ser um contra ponto a essa outra galerardquo conta

Radicado em Londres desde 2006 Luiz conta que ao chegar agrave Europa percebeu que diferente do que acontecia no Brasil ldquolaacute o negoacutecio natildeo tinha acabado nada se achava tudo pra com-prar coisas novas a galera atual todo mundo lanccedilava era uma coisa de canto de loja mas fun-cionando vendendordquo Na capital inglesa o DJ trabalhou na grava-dora Whatmusiccom que aleacutem de CDs lanccedilava tambeacutem traba-lhos em vinil

A paixatildeo pela ldquocultura de acetatordquo e o trabalho como DJ foram o incentivo para que Luiz fundasse em 2008 a Vinyl Land selo que vem com a proposta de lanccedilar muacutesicos que se interes-sem em gravar em vinil Segundo

ele o selo nasceu de sua proacutepria necessidade como DJ ldquoeu

jaacute discotecava com vinil e fui achando bandas

novas que queria tocar mas natildeo tinha como porque eram de uma eacutepoca em que natildeo tinha mais vinil ai eu pensei jaacute que natildeo tem eu faccedilo

e comecei a procurar contatos e tentar orga-

nizar o selordquo Com apenas um ano

no mercado a Vinyl Land

jaacute lanccedilou trecircs discos dentre

eles um compacto simples do Autoramas

Novas marcas no PVCFoi pela Vinyl Land que a

banda Th e Dead Lovers Twisted Heart que nunca havia lanccedilado seu trabalho comercialmente lanccedilou seu primeiro EP O com-pacto auto-intitulado traz cinco muacutesicas antes disponiacuteveis para download na internet O disco prensado na Alemanha teve tiragem limitada de 200 coacutepias

Com infl uecircncias que vatildeo de Odair Joseacute e Roberto Carlos ateacute Franz Ferdinand e Jack White passando pela literatura de Mark Twain (o grupo tem uma muacutesica em homenagem a Huck-leberry Finn personagem do autor americano) e os cartunis-tas Laerte e Angeli a banda for-mada por Ivan (guitarra e vocal)

Guto (guitarra) Paty (bateria) e

Velvs (baixo) jaacute era conhecida dos frequumlentadores de casas de shows de Belo Horizonte antes de lanccedilar seu EP

Segundo Ivan a ideacuteia de ter seu primeiro trabalho gravado em vinil casou muito bem com a banda ldquoa gente ainda natildeo tinha lanccedilado um disco propriamente dito e hoje o suporte fiacutesico eacute cada vez menos importante porque na verdade a muacutesica vocecirc acha em qualquer lugar e um disco um CD na verdade natildeo faz mais tanto sentido E nossa ideia era que jaacute que vocecirc vai comprar um objeto o vinil eacute um objeto muito mais legal tanto esteticamente quanto no manusear fora que tem toda essa coisa da retomada e eacute uma boa proposta que tem tudo a ver com a bandardquo afi rma o muacutesico provando que o velho vinil estaacute mais novo que nunca

O novos sonsdo velho vinil

Com a popularizaccedilatildeo dos sites de divulagaccedilatildeo de muacutesica na internet o vinil retorna como alternativa interessante para novos muacutesicos e ouvintes

Dj Luiz PF fundador do selo Vinyl Land

Os diferentes formatos do vinil-LP abreviatura do inglecircs Long Play ou ldquo12 polegadasrdquo Disco com 31 cm de diametro com capacidade normal de cerca de 20 minutos por lado O formato LP era utilizado usualmente para a comercializaccedilatildeo de aacutelbuns completos-EP abreviatura do inglecircs Extended Play Disco com 17 cm de diametro e capacidade de cerca de 8 minutos por lado continha em torno de quatro faixas -Single ou compacto simples abreviatura de Single Play ldquo7 polegadasrdquo ou compacto simples Disco com 17 cm de diametro e capacidade normal de 4 minutos por lado O single era geralmente empregado para a difusatildeo das muacutesicas de trabalho de um aacutelbum completo a ser posteriormente lanccedilado -Maacutexi abreviatura do inglecircs Maxi Single Disco com 31 cm de diametro sua capacidade era de cerca de 12 minutos por lado

Arq

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The Dead loverrsquos Twisted Heart Pati Vels Guto e Ivan

22 - diagramacao vinilindd 122 - diagramacao vinilindd 1 82809 115104 AM82809 115104 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Culturabull 23Editor e diagramador da paacutegina Baacuterbara Rodrigues 8ordm periacuteodo

Festival Internacional de Corais homenageia

BAacuteRBARA RODRIGUES 8ordm PERIacuteODO

A seacutetima ediccedilatildeo do Festival Interna-cional de Corais ndash FIC acontece de 18 a 27 de setembro de 2009 e teraacute como tema a vida e obra de Villa-Lobos con-siderado o maior compositor das Ameacute-ricas Seratildeo cerca de 300 apresenta-ccedilotildees de 120 corais de todo o Brasil e do exterior que percorreratildeo 12 cidades de Minas Gerais

O festival realizado pela Universi-dade FUMEC tem o intuito de popula-

rizar os corais e grupos vocais amadores e profissionais e evidenciar atividades culturais de empresas instituiccedilotildees de ensino comunidades associaccedilotildees e fundaccedilotildees com apresentaccedilotildees de corais e shows de artistas nacionais sempre com a bandeira da muacutesica brasileira agrave frente

Regidos pelo Maestro Lindomar Gomes produtor cultural e coordena-dor do FIC os 30 integrantes do coral da FUMEC seratildeo um dos grupos a se apresentar ldquoNosso coral sempre parti-cipou de festivais seguindo a maacutexima de Fernando Brant de que lsquotodo artista

tem de ir aonde o povo estaacutersquo A cada ano o FIC escolhe um tema que traduza a identidade musical brasileira Este ano celebraremos os 50 anos de morte de Villa-Lobos responsaacutevel por implantar o canto coral no paiacutes na deacutecada de 1930 e o muacutesico que mais cantou as belezas nacionaisrdquo enfatiza

Em cada ediccedilatildeo do festival os com-positores Leonardo Cunha e Fernando Brant satildeo responsaacuteveis pela muacutesica-tema que ao final do evento eacute cantada por todos os corais A composiccedilatildeo deste ano ganhou o nome de ldquoMestre Villardquo exultando o que de mais haacute de caracte-

riacutestico na vida e obra do mestre Durante todo o festival alguns locais

da cidade como o Palaacutecio das Artes Sesc Laces JK e a aacuterea de convivecircn-cia da FUMEC receberatildeo exposiccedilotildees de fotos textos e trilhas sonoras do acervo do Museu Villa-Lobos no Rio de Janeiro A banda mineira 14 Bis e o muacutesico Renato Teixeira fazem shows no interior de Minas e no dia 27 no Parque Municipal encontro de todos os corais participantes marcaraacute o fechamento do evento onde mais de mil vozes se uni-ratildeo para cantar os temas do maestro homenageado

O maestro e coordenador do FIC Lindomar Gomes e os integrantes do Coral da Fumec

Mestre Villa daacute o tom dentro e fora do paiacutesO carioca Heitor Villa-Lobos

foi responsaacutevel por universa-lizar a muacutesica nacional acres-centando em grande parte de suas mil obras a sonoridade da fauna brasileira de tribos indiacute-genas e africanas aleacutem de refe-recircncias de cantigas do choro e do samba

Na defi niccedilatildeo do maestro Lindomar Gomes a impor-tacircncia de Heitor Villa-Lobos estaacute no fato de ele ldquodecifrar a alma brasileira e colocaacute-la em muacutesicardquo Devido agraves homena-gens ao compositor nas prin-cipais capitais do Brasil e do

mundo Gomes natildeo eacute o uacutenico a pensar assim

Peccedilas de Villa-Lobos fazem parte das temporadas da Filar-mocircnica de Belo Horizonte da Orquestra Sinfocircnica do Teatro Nacional Claacuteudio Santoro em Brasiacutelia da Sinfocircnica Munici-pal de Campinas e da Orques-tra Sinfocircnica Brasileira do Rio

Internacional Em janeiro o maestro John

Neschling regeu a Filarmocircnica de Varsoacutevia na Polocircnia com os ldquoChoros n 6rdquo A soprano Adriane Queiroz cantou as ldquoBachianas

Brasileiras nordm 5rdquo em Berlim e o regente da OSB do Rio Roberto Minczuk esteve no Japatildeo em agosto para apresentar as ldquoBachianas Brasileirasrdquo

Ainda este ano deve chegar agraves livrarias o ldquoFolha Explica Villa-Lobosrdquo da Publifolha do violonista Faacutebio Zanon que em entrevista ao jornal Folha de Satildeo Paulo afi rmou ldquoO uni-verso sonoro de Villa-Lobos eacute uma coisa arrasadora Nossa ideia de Brasil seria muito mais pobre sem a leitura efetuada por Villa-Lobos de nosso patri-mocircnio musicalrdquo

Programaccedilatildeo completa e outras informaccedilotildees sobre FIC 2009 wwwfestivaldecoraiscombr

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Foto divulgaccedilatildeo

O compositor e maestro Villa-Lobos cuja obra eacute reconhecida e celebrada internacionalmente

23 - festivaldecoraisindd 123 - festivaldecoraisindd 1 82809 115113 AM82809 115113 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

24 bull Cultura Editor e diagramador da paacutegina Amanda Lelis 6ordm periodo

COLCHAde retalhos

CU

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Magia

Escrevo uma letra

e jaacute natildeo estou no mesmo lugar

Pedro Cunha Instrumento de cordas vocais tocado pela alma

a palavra na garganta que vira muacutesica

o som da orquestra do coraccedilatildeo

dos gagos e desafi nados

aos cegos de paixatildeo

VozBaacuterbara Rodrigues

Natildeo sei bem o que eacute

Se eacute invenccedilatildeo

Se eacute na verdade a mais pura verdade

Se sou eu tentando fugir

Se sou eu tentando apagar

Natildeo encarar o que estaacute acontecendo

Esquecer a minha confusatildeo

De querer sem conhecer

De te amar sem te encontrar

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Queria esquecer

E perdoar entatildeo

Voltar na decisatildeo

Para minha vida rotineira

Que eu levei a vida inteira

O meu sufoco e os seus gritos

Meu confortaacutevel desespero

Minha mania de querer ser mais para mundo

Do que o mundo eacute para mim

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Confortaacutevel DesesperoPaula Macintyre

Preso agrave falta de sono procurando ver

Atraveacutes da luz de um trago num bastatildeo de morte

Talvez com sorte entatildeo eu possa crer

Que os dias se passaram mas o amor fi cou

Mesmo sonhando acordado algo ainda restou

De tardes tatildeo bonitas

Em que o brilho dos teus olhos eu pude enxergar

Os teus negros cabelos quero entatildeo tocar

apesar de estares tatildeo afl ita

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia

que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Por mais que em outras camas eu possa deitar

que braccedilos e abraccedilos venham me afagar

O brilho dos teus olhos ainda me ilumina

por vaacuterias ruas sujas que eu tentei fugir

estenderia um tapete pra vocecirc entrar

sentado vago na varanda escura a esperar

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Mas eu mudaria tudo isso pra te ter aqui

comigo ao meu lado todo dia a me fazer sorrir

Para ouvir a muacutesica wwwmyspacecombandatravessia

DuetoAlvaro Castro

Do entendimento tardio de se assistir a uma passagem de som

Cracke se quebra o silecircncio a voz dos barulhos instrumentais

cala todos os outros sons do silecircncio Antes de ser melodiosos

os sons comeccedilam desencontrados como tateando no escuro

dos ritmos tentando se encontrar e dar as matildeos para soacute assim

iniciar seu dialogo-danccedila em brincadeiras harmoniosas que

encantam e enfeiticcedilam Na sutileza dos tons na alegria de fazer

barulhos musicais modifi cam a muacutesica mil vezes re-arranjada

ajeitam afi nam se enfeitam

e a muacutesica fi nalmente sai Perfeita

AntesClaudia Lapouble

Sssshhiiii

silecircnciosopro suspiro sussurro

sublime submerso submarino submundo

some sobe segue sangue sinistro

sem focirclegosufoco

SClaudia Lapouble

A canccedilatildeo natildeo paacutera O berimbau controla o medo que corre

nas ruas vindo daqueles que natildeo se deixaram dissolver pela

aacutegua trazida com a chuva Na cidade escorre toda a calmaria

e a melodia se arrasta molhando o chatildeo Enquanto o ceacuteu se

desmancha aos poucos sobre a rua deserta eles cantam Voz

para um canto que veio aveludar meus ouvidos acalentar

clamoroso de uma vida inteira e fosse essa noite a vida

inteira fez-se a noite lembranccedila da cantiga que me converteu

inteira Pandeiro Meacutedio Viola e a chuva que ritmava a

cantoria O breu e noacutes no breu O escuro arrasta o invisiacutevel

para dentro da cidade que chora para dentro dos meus olhos

que fi tam atentos os olhos deles que me encantam Hora um

hora outro me arrasta em companhia agrave suas vozes As gotas

respondem ao coro num canto suave o pandeiro acompanha

o berimbau e o repique respinga umas gotas tontas de

musicalidade goteja um som que sobrevoa a superfiacutecie

Sobre o invisiacutevelAmanda Lelis

Gabriel Guedes e violino em show na Praccedila da Liberdade

O som da alma se apresenta em desejo e verso livre

na terccedila indecente suave

no violino do seus sonhos em coro cresce a quarta corda

dissonante

eacute a Musica

No canto viacutevido em tom sincero e leve expande

compaixatildeo as notas graves

fi delidade ao escrever a voz da alma sobre arpejos

inconstantes

eacute a Musica

MuacutesicaPedro Gontijo e

Bernardo Gontijo

Te aperto contra o peito

te penduro nas costas

no churrasco passa de matildeo em matildeo

e ainda assim me faz companhia

nas noites de solidatildeo

Ode ao violatildeoBaacuterbara Rodrigues

Ajude a costurar nossa colcha balaioretalhosgmailcom

24 - Colcha de retalhos corrigidoindd 124 - Colcha de retalhos corrigidoindd 1 82809 115124 AM82809 115124 AM

Page 21: Jornal O Ponto - agosto 2009

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Miacutedia bull 21Editor e diagramador da paacutegina Ana Paula Macintyre 6ordm periodo

Karina o costume de baixar muacutesica pela internet natildeo a afas-tou do haacutebito de ouvir raacutedio ldquooutro dia ouvi uma muacutesica nova do Tomate ex-vocalista do Rapazolla Corri pra casa procurei o arquivo para down-load e depois gravei num CD para ouvir com as amigas no caminho pra baladardquo conta ldquoA maior graccedila do raacutedio que sem-pre tive o costume de ouvir eacute a companhia que faz Parece que natildeo estou sozinha no carro enquanto ouccedilo E me divirto com as esquetes de humor que tecircm por aiacuterdquo diz

Essa parece mesmo ser a nova vocaccedilatildeo do raacutedio como destaca o locutor e produtor Gleyson Lage da 98 FM de Belo Horizonte ndash primeira emissora a operar em frequumlecircncia modu-lada na Ameacuterica Latina ldquoAleacutem das promoccedilotildees e do aumento das formas de interatividade o humor eacute uma forma de fi de-lizar o ouvinte de perfi l mais passivo que tem menos dispo-nibilidade ou motivaccedilatildeo para manter contato por telefone ou e-mailrdquo Apostando nisso a 98 FM ndash cuja programaccedilatildeo eacute 100 local ndash conta com trecircs progra-mas de cunho humoriacutestico para enfrentar a concorrecircncia Os Manos Silicone Show e Graffi ti auto-intitulado o pior programa de raacutedio do Brasil

Para o locutor publicitaacuterio Tovar Luiz 43 o FM nasceu engraccedilado ldquoo grande barato das raacutedios FM desde a sua popu-larizaccedilatildeo no iniacutecio dos anos de 1980 foi o seu perfi l descontra-iacutedo A locuccedilatildeo nessas emisso-ras sempre foi bem mais aacutegil e despojada O hoje apresentador de TV Ceacutesar Filho por exemplo comeccedilou a carreira no raacutedio e

fi cou famoso pelo bordatildeo lsquobeijo pra vocecirc feiarsquo Natildeo era ofensa era pra fazer o ouvinte rir O FM foi uma revoluccedilatildeo em termos de lin-guagemrdquo lembra E ele parece ter razatildeo O programa Pacircnico um dos maiores fenocircmenos televi-sivos dos uacuteltimos tempos eacute deri-vado de um programa de raacutedio da rede Jovem Pan 2 de Satildeo Paulo comandado pelo locutor Emiacutelio Surita Seguindo o fl uxo as demais redes destinadas ao puacuteblico jovem tambeacutem investi-ram na programaccedilatildeo que faz rir E a partir das redes as emissoras locais que fazem concorrecircncia agraves afi liadas tambeacutem acompanham a tendecircncia para natildeo perder seu espaccedilo no mercado

Falando neleExistem hoje 23 FMs no dial

de Belo Horizonte Pelo menos quatro delas satildeo dedicadas aos jovens Jovem Pan 2 (991) Mix FM (917) 98FM (983) e Oi FM (939) Destas somente a 98FM natildeo eacute afi liada de uma grande rede Haacute trecircs anos em atividade na emissora Gleyson Lage confi rma a reduccedilatildeo no nuacutemero de vagas aos profi ssio-nais da aacuterea ldquonuma raacutedio local satildeo necessaacuterios 20 funcionaacuterios para produzir toda uma grade enquanto numa afi liada jun-tando a programaccedilatildeo execu-tada pelo sateacutelite com aquela gerada pela automaccedilatildeo da transmissatildeo apenas cinco datildeo

conta do recado para o tempo destinado agrave grade local Eacute com-plicadordquo conta

No entanto ele vecirc a partici-paccedilatildeo das redes de raacutedio como positiva no que se refere agrave qua-lidade ldquoquando uma rede tem um bom conteuacutedo ndash boa plaacutes-tica bons locutores bons tex-tos ndash ela acaba por estimular as emissoras locais a manterem o mesmo niacutevel Haacute um ganho em criatividade que poderia natildeo existir se todo o conteuacutedo fosse localrdquo acredita

Enquanto isso os ouvintes se queixam da repeticcedilatildeo nas grades musicais ldquochega a ser engraccedilado Estava ouvindo uma muacutesica numa determinada

raacutedio Quando acabou troquei para a estaccedilatildeo seguinte e estava tocando a mesma muacutesica Acho que como todos os meios de comunicaccedilatildeo as raacutedios precisam abrir o leque de opccedilotildeesrdquo opina Karina Zandona estagiaacuteria de pesquisa de mercado 22

Karina completa ldquoateacute a Rede Globo tem inovado na inserccedilatildeo de muacutesicas de artistas desconhecidos do grande puacuteblico como trilha das suas produccedilotildees (como foi o caso do cantor Beirut presente na trilha sonora da minisseacuterie Capitu exibida em janeiro de 2009) O raacutedio podia acompanhar essa tendecircnciardquo sugere

Com a digitalizaccedilatildeo da muacutesica o sonoplasta sai de cena eacute o locutor quem faz tudo

Foto

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O Ponto

Editor e diagramador da paacuteginaLira Faacutevilla e Felipe Barbosa 6ordm periacuteodo

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

22 bull Cultura

CLAUDIA LAPOUBLE

6ordmPERIacuteODO

ldquoO processo pelo qual se arma-zenam informaccedilotildees no disco de vinil feito de PVC material derivado do petroacuteleo consiste em imprimir nele ranhuras ou ldquoriscosrdquo cujas formas tanto em profundidade como abertura mantecircm correspondecircncia com a informaccedilatildeo que se deseja arma-zenar Essas ranhuras visiacuteveis no disco a olho nu satildeo feitas no disco matriz com um estilete no momento da gravaccedilatildeo Esse esti-lete eacute movido pela accedilatildeo da forccedila magneacutetica que age sobre eletro-iacutematildes que estatildeo acoplados a elerdquo (in Leituras de Fiacutesica GREF- Departamento de fiacutesica da USP SP2005)

Eacute assim que a muacutesica se ldquoimprimerdquo no plaacutestico que depois ao ser arranhado pela agulha libertaraacute novamente os sons no ar Para os apaixonados por vinil o ritual de tirar o disco da estante limpaacute-lo colocaacute-lo no toca discos posicionar a agu-lha delicadamente sobre ele tomando todo o cuidado para natildeo arranhaacute-lo e repetir todo esse processo na hora de virar o disco para ouvir o lado b signi-fi ca uma relaccedilatildeo mais proacutexima com a muacutesica Era preciso dedi-car tempo a escutar o disco Mais do que uma miacutedia de armazena-mento analoacutegico do som o disco de vinil eacute um objeto de arte e uma peccedila que daacute materialidade agrave muacutesica

Dados da Associaccedilatildeo de Gra-vadoras da Ameacuterica (Record Industry Association of Aeme-rica) mostram que as vendas de LPs aumentaram em quase 130 entre os anos de 2007 e 2008 De acordo com o informe anual divulgado pelo oacutergatildeo ldquoo vinil continua sua ascensatildeo As vendas nesse formato somaram

US$57 milhotildees e vem mais do que duplicando ano apoacutes anordquo Ainda segundo o documento ldquotrata-se do produto preferido por audiofi los e colecionadores e o aumento nas vendas se deve tanto agrave re-gravaccedilatildeo de mate-rial de cataacutelogo quanto a novos lanccedilamentosrdquo

Com os nuacutemeros da induacutes-tria apontando para uma queda nas vendas de CDs e em tempos em que se fala em livre acesso agrave muacutesica atraveacutes da internet o vinil se apresenta como uma saiacuteda para quem ainda gosta da muacutesica palpaacutevel apreciaacute-la com todos os sentidos inclusive o tato

Um Brasil em vinil ldquoContar a histoacuteria do Brasil

atraveacutes da muacutesica guardando um exemplar de tudo o que foi gravado em vinil no paiacutesrdquo esse era o objetivo de Edu Pampani 46 quando em 2005 fundou a Discoteca Puacuteblica o primeiro espaccedilo dedicado agrave memoacuteria musical brasileira do paiacutes

Apaixonado por muacutesica e claro pelos discos de vinil Pam-pani conta que a ideacuteia da Dis-coteca nasceu quando ele ainda morava na Bahia e tinha uma loja de discos Segundo ele quando o Compact Disc (CD) comeccedilou a se popularizar na deacutecada de 90 as pessoas o procuravam para trocar seus LPs por CDs

O espaccedilo tem hoje um acervo de cerca de 12 mil peccedilas que contam a historia do Brasil pelos sulcos no plaacutestico PVC Eacute possiacute-vel ouvir por exemplo gravaccedilotildees de jogos de futebol ou vinhetas de programas de raacutedio dos anos 50 aleacutem de claacutessicos da muacutesica popular brasileira em gravaccedilotildees originais Com todas essas rari-dades Pampani garante natildeo ter nenhum disco favorito ldquosempre me perguntam Edu qual eacute o disco mais raro que vocecirc tem

e eu respondo raro eacute ter todos eles juntosrdquo

De volta ao plaacutesticoApesar de natildeo ser a miacutedia mais

utilizada pelo grande puacuteblico o disco de vinil tem um puacuteblico fi el principalmente entre os DJs que segundo Pampani ldquoprocuram sempre coisa nova se ele quer tocar Jorge Bem por exemplo ele vai procurar aquela muacutesica que ningueacutem lembra mais que ele gravou Esse pes-soal tem que fi car garimpando semprerdquo

O DJ e fundador do selo Vinyl Land Luiz Valente ou DJ Luiz PF eacute um desses garimpeiros de sebos Ele conta que sua paixatildeo pelos LPs nasceu quando ele mesmo selecionava as muacutesi-cas que iriam compor o som ambiente de seu bar o ldquoLugarrdquo Em 2003 Luiz sentiu que pode-ria abrir espaccedilo para DJs que pesquisavam e procuravam por muacutesicas que fugiam do lugar comum ldquoeu fui fazendo festas por um tempo chamando DJs que discotecavam com vinil pra ser um contra ponto a essa outra galerardquo conta

Radicado em Londres desde 2006 Luiz conta que ao chegar agrave Europa percebeu que diferente do que acontecia no Brasil ldquolaacute o negoacutecio natildeo tinha acabado nada se achava tudo pra com-prar coisas novas a galera atual todo mundo lanccedilava era uma coisa de canto de loja mas fun-cionando vendendordquo Na capital inglesa o DJ trabalhou na grava-dora Whatmusiccom que aleacutem de CDs lanccedilava tambeacutem traba-lhos em vinil

A paixatildeo pela ldquocultura de acetatordquo e o trabalho como DJ foram o incentivo para que Luiz fundasse em 2008 a Vinyl Land selo que vem com a proposta de lanccedilar muacutesicos que se interes-sem em gravar em vinil Segundo

ele o selo nasceu de sua proacutepria necessidade como DJ ldquoeu

jaacute discotecava com vinil e fui achando bandas

novas que queria tocar mas natildeo tinha como porque eram de uma eacutepoca em que natildeo tinha mais vinil ai eu pensei jaacute que natildeo tem eu faccedilo

e comecei a procurar contatos e tentar orga-

nizar o selordquo Com apenas um ano

no mercado a Vinyl Land

jaacute lanccedilou trecircs discos dentre

eles um compacto simples do Autoramas

Novas marcas no PVCFoi pela Vinyl Land que a

banda Th e Dead Lovers Twisted Heart que nunca havia lanccedilado seu trabalho comercialmente lanccedilou seu primeiro EP O com-pacto auto-intitulado traz cinco muacutesicas antes disponiacuteveis para download na internet O disco prensado na Alemanha teve tiragem limitada de 200 coacutepias

Com infl uecircncias que vatildeo de Odair Joseacute e Roberto Carlos ateacute Franz Ferdinand e Jack White passando pela literatura de Mark Twain (o grupo tem uma muacutesica em homenagem a Huck-leberry Finn personagem do autor americano) e os cartunis-tas Laerte e Angeli a banda for-mada por Ivan (guitarra e vocal)

Guto (guitarra) Paty (bateria) e

Velvs (baixo) jaacute era conhecida dos frequumlentadores de casas de shows de Belo Horizonte antes de lanccedilar seu EP

Segundo Ivan a ideacuteia de ter seu primeiro trabalho gravado em vinil casou muito bem com a banda ldquoa gente ainda natildeo tinha lanccedilado um disco propriamente dito e hoje o suporte fiacutesico eacute cada vez menos importante porque na verdade a muacutesica vocecirc acha em qualquer lugar e um disco um CD na verdade natildeo faz mais tanto sentido E nossa ideia era que jaacute que vocecirc vai comprar um objeto o vinil eacute um objeto muito mais legal tanto esteticamente quanto no manusear fora que tem toda essa coisa da retomada e eacute uma boa proposta que tem tudo a ver com a bandardquo afi rma o muacutesico provando que o velho vinil estaacute mais novo que nunca

O novos sonsdo velho vinil

Com a popularizaccedilatildeo dos sites de divulagaccedilatildeo de muacutesica na internet o vinil retorna como alternativa interessante para novos muacutesicos e ouvintes

Dj Luiz PF fundador do selo Vinyl Land

Os diferentes formatos do vinil-LP abreviatura do inglecircs Long Play ou ldquo12 polegadasrdquo Disco com 31 cm de diametro com capacidade normal de cerca de 20 minutos por lado O formato LP era utilizado usualmente para a comercializaccedilatildeo de aacutelbuns completos-EP abreviatura do inglecircs Extended Play Disco com 17 cm de diametro e capacidade de cerca de 8 minutos por lado continha em torno de quatro faixas -Single ou compacto simples abreviatura de Single Play ldquo7 polegadasrdquo ou compacto simples Disco com 17 cm de diametro e capacidade normal de 4 minutos por lado O single era geralmente empregado para a difusatildeo das muacutesicas de trabalho de um aacutelbum completo a ser posteriormente lanccedilado -Maacutexi abreviatura do inglecircs Maxi Single Disco com 31 cm de diametro sua capacidade era de cerca de 12 minutos por lado

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The Dead loverrsquos Twisted Heart Pati Vels Guto e Ivan

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O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Culturabull 23Editor e diagramador da paacutegina Baacuterbara Rodrigues 8ordm periacuteodo

Festival Internacional de Corais homenageia

BAacuteRBARA RODRIGUES 8ordm PERIacuteODO

A seacutetima ediccedilatildeo do Festival Interna-cional de Corais ndash FIC acontece de 18 a 27 de setembro de 2009 e teraacute como tema a vida e obra de Villa-Lobos con-siderado o maior compositor das Ameacute-ricas Seratildeo cerca de 300 apresenta-ccedilotildees de 120 corais de todo o Brasil e do exterior que percorreratildeo 12 cidades de Minas Gerais

O festival realizado pela Universi-dade FUMEC tem o intuito de popula-

rizar os corais e grupos vocais amadores e profissionais e evidenciar atividades culturais de empresas instituiccedilotildees de ensino comunidades associaccedilotildees e fundaccedilotildees com apresentaccedilotildees de corais e shows de artistas nacionais sempre com a bandeira da muacutesica brasileira agrave frente

Regidos pelo Maestro Lindomar Gomes produtor cultural e coordena-dor do FIC os 30 integrantes do coral da FUMEC seratildeo um dos grupos a se apresentar ldquoNosso coral sempre parti-cipou de festivais seguindo a maacutexima de Fernando Brant de que lsquotodo artista

tem de ir aonde o povo estaacutersquo A cada ano o FIC escolhe um tema que traduza a identidade musical brasileira Este ano celebraremos os 50 anos de morte de Villa-Lobos responsaacutevel por implantar o canto coral no paiacutes na deacutecada de 1930 e o muacutesico que mais cantou as belezas nacionaisrdquo enfatiza

Em cada ediccedilatildeo do festival os com-positores Leonardo Cunha e Fernando Brant satildeo responsaacuteveis pela muacutesica-tema que ao final do evento eacute cantada por todos os corais A composiccedilatildeo deste ano ganhou o nome de ldquoMestre Villardquo exultando o que de mais haacute de caracte-

riacutestico na vida e obra do mestre Durante todo o festival alguns locais

da cidade como o Palaacutecio das Artes Sesc Laces JK e a aacuterea de convivecircn-cia da FUMEC receberatildeo exposiccedilotildees de fotos textos e trilhas sonoras do acervo do Museu Villa-Lobos no Rio de Janeiro A banda mineira 14 Bis e o muacutesico Renato Teixeira fazem shows no interior de Minas e no dia 27 no Parque Municipal encontro de todos os corais participantes marcaraacute o fechamento do evento onde mais de mil vozes se uni-ratildeo para cantar os temas do maestro homenageado

O maestro e coordenador do FIC Lindomar Gomes e os integrantes do Coral da Fumec

Mestre Villa daacute o tom dentro e fora do paiacutesO carioca Heitor Villa-Lobos

foi responsaacutevel por universa-lizar a muacutesica nacional acres-centando em grande parte de suas mil obras a sonoridade da fauna brasileira de tribos indiacute-genas e africanas aleacutem de refe-recircncias de cantigas do choro e do samba

Na defi niccedilatildeo do maestro Lindomar Gomes a impor-tacircncia de Heitor Villa-Lobos estaacute no fato de ele ldquodecifrar a alma brasileira e colocaacute-la em muacutesicardquo Devido agraves homena-gens ao compositor nas prin-cipais capitais do Brasil e do

mundo Gomes natildeo eacute o uacutenico a pensar assim

Peccedilas de Villa-Lobos fazem parte das temporadas da Filar-mocircnica de Belo Horizonte da Orquestra Sinfocircnica do Teatro Nacional Claacuteudio Santoro em Brasiacutelia da Sinfocircnica Munici-pal de Campinas e da Orques-tra Sinfocircnica Brasileira do Rio

Internacional Em janeiro o maestro John

Neschling regeu a Filarmocircnica de Varsoacutevia na Polocircnia com os ldquoChoros n 6rdquo A soprano Adriane Queiroz cantou as ldquoBachianas

Brasileiras nordm 5rdquo em Berlim e o regente da OSB do Rio Roberto Minczuk esteve no Japatildeo em agosto para apresentar as ldquoBachianas Brasileirasrdquo

Ainda este ano deve chegar agraves livrarias o ldquoFolha Explica Villa-Lobosrdquo da Publifolha do violonista Faacutebio Zanon que em entrevista ao jornal Folha de Satildeo Paulo afi rmou ldquoO uni-verso sonoro de Villa-Lobos eacute uma coisa arrasadora Nossa ideia de Brasil seria muito mais pobre sem a leitura efetuada por Villa-Lobos de nosso patri-mocircnio musicalrdquo

Programaccedilatildeo completa e outras informaccedilotildees sobre FIC 2009 wwwfestivaldecoraiscombr

Foto

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Foto divulgaccedilatildeo

O compositor e maestro Villa-Lobos cuja obra eacute reconhecida e celebrada internacionalmente

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O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

24 bull Cultura Editor e diagramador da paacutegina Amanda Lelis 6ordm periodo

COLCHAde retalhos

CU

RT

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talh

os

Magia

Escrevo uma letra

e jaacute natildeo estou no mesmo lugar

Pedro Cunha Instrumento de cordas vocais tocado pela alma

a palavra na garganta que vira muacutesica

o som da orquestra do coraccedilatildeo

dos gagos e desafi nados

aos cegos de paixatildeo

VozBaacuterbara Rodrigues

Natildeo sei bem o que eacute

Se eacute invenccedilatildeo

Se eacute na verdade a mais pura verdade

Se sou eu tentando fugir

Se sou eu tentando apagar

Natildeo encarar o que estaacute acontecendo

Esquecer a minha confusatildeo

De querer sem conhecer

De te amar sem te encontrar

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Queria esquecer

E perdoar entatildeo

Voltar na decisatildeo

Para minha vida rotineira

Que eu levei a vida inteira

O meu sufoco e os seus gritos

Meu confortaacutevel desespero

Minha mania de querer ser mais para mundo

Do que o mundo eacute para mim

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Confortaacutevel DesesperoPaula Macintyre

Preso agrave falta de sono procurando ver

Atraveacutes da luz de um trago num bastatildeo de morte

Talvez com sorte entatildeo eu possa crer

Que os dias se passaram mas o amor fi cou

Mesmo sonhando acordado algo ainda restou

De tardes tatildeo bonitas

Em que o brilho dos teus olhos eu pude enxergar

Os teus negros cabelos quero entatildeo tocar

apesar de estares tatildeo afl ita

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia

que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Por mais que em outras camas eu possa deitar

que braccedilos e abraccedilos venham me afagar

O brilho dos teus olhos ainda me ilumina

por vaacuterias ruas sujas que eu tentei fugir

estenderia um tapete pra vocecirc entrar

sentado vago na varanda escura a esperar

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Mas eu mudaria tudo isso pra te ter aqui

comigo ao meu lado todo dia a me fazer sorrir

Para ouvir a muacutesica wwwmyspacecombandatravessia

DuetoAlvaro Castro

Do entendimento tardio de se assistir a uma passagem de som

Cracke se quebra o silecircncio a voz dos barulhos instrumentais

cala todos os outros sons do silecircncio Antes de ser melodiosos

os sons comeccedilam desencontrados como tateando no escuro

dos ritmos tentando se encontrar e dar as matildeos para soacute assim

iniciar seu dialogo-danccedila em brincadeiras harmoniosas que

encantam e enfeiticcedilam Na sutileza dos tons na alegria de fazer

barulhos musicais modifi cam a muacutesica mil vezes re-arranjada

ajeitam afi nam se enfeitam

e a muacutesica fi nalmente sai Perfeita

AntesClaudia Lapouble

Sssshhiiii

silecircnciosopro suspiro sussurro

sublime submerso submarino submundo

some sobe segue sangue sinistro

sem focirclegosufoco

SClaudia Lapouble

A canccedilatildeo natildeo paacutera O berimbau controla o medo que corre

nas ruas vindo daqueles que natildeo se deixaram dissolver pela

aacutegua trazida com a chuva Na cidade escorre toda a calmaria

e a melodia se arrasta molhando o chatildeo Enquanto o ceacuteu se

desmancha aos poucos sobre a rua deserta eles cantam Voz

para um canto que veio aveludar meus ouvidos acalentar

clamoroso de uma vida inteira e fosse essa noite a vida

inteira fez-se a noite lembranccedila da cantiga que me converteu

inteira Pandeiro Meacutedio Viola e a chuva que ritmava a

cantoria O breu e noacutes no breu O escuro arrasta o invisiacutevel

para dentro da cidade que chora para dentro dos meus olhos

que fi tam atentos os olhos deles que me encantam Hora um

hora outro me arrasta em companhia agrave suas vozes As gotas

respondem ao coro num canto suave o pandeiro acompanha

o berimbau e o repique respinga umas gotas tontas de

musicalidade goteja um som que sobrevoa a superfiacutecie

Sobre o invisiacutevelAmanda Lelis

Gabriel Guedes e violino em show na Praccedila da Liberdade

O som da alma se apresenta em desejo e verso livre

na terccedila indecente suave

no violino do seus sonhos em coro cresce a quarta corda

dissonante

eacute a Musica

No canto viacutevido em tom sincero e leve expande

compaixatildeo as notas graves

fi delidade ao escrever a voz da alma sobre arpejos

inconstantes

eacute a Musica

MuacutesicaPedro Gontijo e

Bernardo Gontijo

Te aperto contra o peito

te penduro nas costas

no churrasco passa de matildeo em matildeo

e ainda assim me faz companhia

nas noites de solidatildeo

Ode ao violatildeoBaacuterbara Rodrigues

Ajude a costurar nossa colcha balaioretalhosgmailcom

24 - Colcha de retalhos corrigidoindd 124 - Colcha de retalhos corrigidoindd 1 82809 115124 AM82809 115124 AM

Page 22: Jornal O Ponto - agosto 2009

O Ponto

Editor e diagramador da paacuteginaLira Faacutevilla e Felipe Barbosa 6ordm periacuteodo

Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

22 bull Cultura

CLAUDIA LAPOUBLE

6ordmPERIacuteODO

ldquoO processo pelo qual se arma-zenam informaccedilotildees no disco de vinil feito de PVC material derivado do petroacuteleo consiste em imprimir nele ranhuras ou ldquoriscosrdquo cujas formas tanto em profundidade como abertura mantecircm correspondecircncia com a informaccedilatildeo que se deseja arma-zenar Essas ranhuras visiacuteveis no disco a olho nu satildeo feitas no disco matriz com um estilete no momento da gravaccedilatildeo Esse esti-lete eacute movido pela accedilatildeo da forccedila magneacutetica que age sobre eletro-iacutematildes que estatildeo acoplados a elerdquo (in Leituras de Fiacutesica GREF- Departamento de fiacutesica da USP SP2005)

Eacute assim que a muacutesica se ldquoimprimerdquo no plaacutestico que depois ao ser arranhado pela agulha libertaraacute novamente os sons no ar Para os apaixonados por vinil o ritual de tirar o disco da estante limpaacute-lo colocaacute-lo no toca discos posicionar a agu-lha delicadamente sobre ele tomando todo o cuidado para natildeo arranhaacute-lo e repetir todo esse processo na hora de virar o disco para ouvir o lado b signi-fi ca uma relaccedilatildeo mais proacutexima com a muacutesica Era preciso dedi-car tempo a escutar o disco Mais do que uma miacutedia de armazena-mento analoacutegico do som o disco de vinil eacute um objeto de arte e uma peccedila que daacute materialidade agrave muacutesica

Dados da Associaccedilatildeo de Gra-vadoras da Ameacuterica (Record Industry Association of Aeme-rica) mostram que as vendas de LPs aumentaram em quase 130 entre os anos de 2007 e 2008 De acordo com o informe anual divulgado pelo oacutergatildeo ldquoo vinil continua sua ascensatildeo As vendas nesse formato somaram

US$57 milhotildees e vem mais do que duplicando ano apoacutes anordquo Ainda segundo o documento ldquotrata-se do produto preferido por audiofi los e colecionadores e o aumento nas vendas se deve tanto agrave re-gravaccedilatildeo de mate-rial de cataacutelogo quanto a novos lanccedilamentosrdquo

Com os nuacutemeros da induacutes-tria apontando para uma queda nas vendas de CDs e em tempos em que se fala em livre acesso agrave muacutesica atraveacutes da internet o vinil se apresenta como uma saiacuteda para quem ainda gosta da muacutesica palpaacutevel apreciaacute-la com todos os sentidos inclusive o tato

Um Brasil em vinil ldquoContar a histoacuteria do Brasil

atraveacutes da muacutesica guardando um exemplar de tudo o que foi gravado em vinil no paiacutesrdquo esse era o objetivo de Edu Pampani 46 quando em 2005 fundou a Discoteca Puacuteblica o primeiro espaccedilo dedicado agrave memoacuteria musical brasileira do paiacutes

Apaixonado por muacutesica e claro pelos discos de vinil Pam-pani conta que a ideacuteia da Dis-coteca nasceu quando ele ainda morava na Bahia e tinha uma loja de discos Segundo ele quando o Compact Disc (CD) comeccedilou a se popularizar na deacutecada de 90 as pessoas o procuravam para trocar seus LPs por CDs

O espaccedilo tem hoje um acervo de cerca de 12 mil peccedilas que contam a historia do Brasil pelos sulcos no plaacutestico PVC Eacute possiacute-vel ouvir por exemplo gravaccedilotildees de jogos de futebol ou vinhetas de programas de raacutedio dos anos 50 aleacutem de claacutessicos da muacutesica popular brasileira em gravaccedilotildees originais Com todas essas rari-dades Pampani garante natildeo ter nenhum disco favorito ldquosempre me perguntam Edu qual eacute o disco mais raro que vocecirc tem

e eu respondo raro eacute ter todos eles juntosrdquo

De volta ao plaacutesticoApesar de natildeo ser a miacutedia mais

utilizada pelo grande puacuteblico o disco de vinil tem um puacuteblico fi el principalmente entre os DJs que segundo Pampani ldquoprocuram sempre coisa nova se ele quer tocar Jorge Bem por exemplo ele vai procurar aquela muacutesica que ningueacutem lembra mais que ele gravou Esse pes-soal tem que fi car garimpando semprerdquo

O DJ e fundador do selo Vinyl Land Luiz Valente ou DJ Luiz PF eacute um desses garimpeiros de sebos Ele conta que sua paixatildeo pelos LPs nasceu quando ele mesmo selecionava as muacutesi-cas que iriam compor o som ambiente de seu bar o ldquoLugarrdquo Em 2003 Luiz sentiu que pode-ria abrir espaccedilo para DJs que pesquisavam e procuravam por muacutesicas que fugiam do lugar comum ldquoeu fui fazendo festas por um tempo chamando DJs que discotecavam com vinil pra ser um contra ponto a essa outra galerardquo conta

Radicado em Londres desde 2006 Luiz conta que ao chegar agrave Europa percebeu que diferente do que acontecia no Brasil ldquolaacute o negoacutecio natildeo tinha acabado nada se achava tudo pra com-prar coisas novas a galera atual todo mundo lanccedilava era uma coisa de canto de loja mas fun-cionando vendendordquo Na capital inglesa o DJ trabalhou na grava-dora Whatmusiccom que aleacutem de CDs lanccedilava tambeacutem traba-lhos em vinil

A paixatildeo pela ldquocultura de acetatordquo e o trabalho como DJ foram o incentivo para que Luiz fundasse em 2008 a Vinyl Land selo que vem com a proposta de lanccedilar muacutesicos que se interes-sem em gravar em vinil Segundo

ele o selo nasceu de sua proacutepria necessidade como DJ ldquoeu

jaacute discotecava com vinil e fui achando bandas

novas que queria tocar mas natildeo tinha como porque eram de uma eacutepoca em que natildeo tinha mais vinil ai eu pensei jaacute que natildeo tem eu faccedilo

e comecei a procurar contatos e tentar orga-

nizar o selordquo Com apenas um ano

no mercado a Vinyl Land

jaacute lanccedilou trecircs discos dentre

eles um compacto simples do Autoramas

Novas marcas no PVCFoi pela Vinyl Land que a

banda Th e Dead Lovers Twisted Heart que nunca havia lanccedilado seu trabalho comercialmente lanccedilou seu primeiro EP O com-pacto auto-intitulado traz cinco muacutesicas antes disponiacuteveis para download na internet O disco prensado na Alemanha teve tiragem limitada de 200 coacutepias

Com infl uecircncias que vatildeo de Odair Joseacute e Roberto Carlos ateacute Franz Ferdinand e Jack White passando pela literatura de Mark Twain (o grupo tem uma muacutesica em homenagem a Huck-leberry Finn personagem do autor americano) e os cartunis-tas Laerte e Angeli a banda for-mada por Ivan (guitarra e vocal)

Guto (guitarra) Paty (bateria) e

Velvs (baixo) jaacute era conhecida dos frequumlentadores de casas de shows de Belo Horizonte antes de lanccedilar seu EP

Segundo Ivan a ideacuteia de ter seu primeiro trabalho gravado em vinil casou muito bem com a banda ldquoa gente ainda natildeo tinha lanccedilado um disco propriamente dito e hoje o suporte fiacutesico eacute cada vez menos importante porque na verdade a muacutesica vocecirc acha em qualquer lugar e um disco um CD na verdade natildeo faz mais tanto sentido E nossa ideia era que jaacute que vocecirc vai comprar um objeto o vinil eacute um objeto muito mais legal tanto esteticamente quanto no manusear fora que tem toda essa coisa da retomada e eacute uma boa proposta que tem tudo a ver com a bandardquo afi rma o muacutesico provando que o velho vinil estaacute mais novo que nunca

O novos sonsdo velho vinil

Com a popularizaccedilatildeo dos sites de divulagaccedilatildeo de muacutesica na internet o vinil retorna como alternativa interessante para novos muacutesicos e ouvintes

Dj Luiz PF fundador do selo Vinyl Land

Os diferentes formatos do vinil-LP abreviatura do inglecircs Long Play ou ldquo12 polegadasrdquo Disco com 31 cm de diametro com capacidade normal de cerca de 20 minutos por lado O formato LP era utilizado usualmente para a comercializaccedilatildeo de aacutelbuns completos-EP abreviatura do inglecircs Extended Play Disco com 17 cm de diametro e capacidade de cerca de 8 minutos por lado continha em torno de quatro faixas -Single ou compacto simples abreviatura de Single Play ldquo7 polegadasrdquo ou compacto simples Disco com 17 cm de diametro e capacidade normal de 4 minutos por lado O single era geralmente empregado para a difusatildeo das muacutesicas de trabalho de um aacutelbum completo a ser posteriormente lanccedilado -Maacutexi abreviatura do inglecircs Maxi Single Disco com 31 cm de diametro sua capacidade era de cerca de 12 minutos por lado

Arq

uivo

Pesso

alLuan

Barro

s

The Dead loverrsquos Twisted Heart Pati Vels Guto e Ivan

22 - diagramacao vinilindd 122 - diagramacao vinilindd 1 82809 115104 AM82809 115104 AM

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Culturabull 23Editor e diagramador da paacutegina Baacuterbara Rodrigues 8ordm periacuteodo

Festival Internacional de Corais homenageia

BAacuteRBARA RODRIGUES 8ordm PERIacuteODO

A seacutetima ediccedilatildeo do Festival Interna-cional de Corais ndash FIC acontece de 18 a 27 de setembro de 2009 e teraacute como tema a vida e obra de Villa-Lobos con-siderado o maior compositor das Ameacute-ricas Seratildeo cerca de 300 apresenta-ccedilotildees de 120 corais de todo o Brasil e do exterior que percorreratildeo 12 cidades de Minas Gerais

O festival realizado pela Universi-dade FUMEC tem o intuito de popula-

rizar os corais e grupos vocais amadores e profissionais e evidenciar atividades culturais de empresas instituiccedilotildees de ensino comunidades associaccedilotildees e fundaccedilotildees com apresentaccedilotildees de corais e shows de artistas nacionais sempre com a bandeira da muacutesica brasileira agrave frente

Regidos pelo Maestro Lindomar Gomes produtor cultural e coordena-dor do FIC os 30 integrantes do coral da FUMEC seratildeo um dos grupos a se apresentar ldquoNosso coral sempre parti-cipou de festivais seguindo a maacutexima de Fernando Brant de que lsquotodo artista

tem de ir aonde o povo estaacutersquo A cada ano o FIC escolhe um tema que traduza a identidade musical brasileira Este ano celebraremos os 50 anos de morte de Villa-Lobos responsaacutevel por implantar o canto coral no paiacutes na deacutecada de 1930 e o muacutesico que mais cantou as belezas nacionaisrdquo enfatiza

Em cada ediccedilatildeo do festival os com-positores Leonardo Cunha e Fernando Brant satildeo responsaacuteveis pela muacutesica-tema que ao final do evento eacute cantada por todos os corais A composiccedilatildeo deste ano ganhou o nome de ldquoMestre Villardquo exultando o que de mais haacute de caracte-

riacutestico na vida e obra do mestre Durante todo o festival alguns locais

da cidade como o Palaacutecio das Artes Sesc Laces JK e a aacuterea de convivecircn-cia da FUMEC receberatildeo exposiccedilotildees de fotos textos e trilhas sonoras do acervo do Museu Villa-Lobos no Rio de Janeiro A banda mineira 14 Bis e o muacutesico Renato Teixeira fazem shows no interior de Minas e no dia 27 no Parque Municipal encontro de todos os corais participantes marcaraacute o fechamento do evento onde mais de mil vozes se uni-ratildeo para cantar os temas do maestro homenageado

O maestro e coordenador do FIC Lindomar Gomes e os integrantes do Coral da Fumec

Mestre Villa daacute o tom dentro e fora do paiacutesO carioca Heitor Villa-Lobos

foi responsaacutevel por universa-lizar a muacutesica nacional acres-centando em grande parte de suas mil obras a sonoridade da fauna brasileira de tribos indiacute-genas e africanas aleacutem de refe-recircncias de cantigas do choro e do samba

Na defi niccedilatildeo do maestro Lindomar Gomes a impor-tacircncia de Heitor Villa-Lobos estaacute no fato de ele ldquodecifrar a alma brasileira e colocaacute-la em muacutesicardquo Devido agraves homena-gens ao compositor nas prin-cipais capitais do Brasil e do

mundo Gomes natildeo eacute o uacutenico a pensar assim

Peccedilas de Villa-Lobos fazem parte das temporadas da Filar-mocircnica de Belo Horizonte da Orquestra Sinfocircnica do Teatro Nacional Claacuteudio Santoro em Brasiacutelia da Sinfocircnica Munici-pal de Campinas e da Orques-tra Sinfocircnica Brasileira do Rio

Internacional Em janeiro o maestro John

Neschling regeu a Filarmocircnica de Varsoacutevia na Polocircnia com os ldquoChoros n 6rdquo A soprano Adriane Queiroz cantou as ldquoBachianas

Brasileiras nordm 5rdquo em Berlim e o regente da OSB do Rio Roberto Minczuk esteve no Japatildeo em agosto para apresentar as ldquoBachianas Brasileirasrdquo

Ainda este ano deve chegar agraves livrarias o ldquoFolha Explica Villa-Lobosrdquo da Publifolha do violonista Faacutebio Zanon que em entrevista ao jornal Folha de Satildeo Paulo afi rmou ldquoO uni-verso sonoro de Villa-Lobos eacute uma coisa arrasadora Nossa ideia de Brasil seria muito mais pobre sem a leitura efetuada por Villa-Lobos de nosso patri-mocircnio musicalrdquo

Programaccedilatildeo completa e outras informaccedilotildees sobre FIC 2009 wwwfestivaldecoraiscombr

Foto

div

ulg

accedilatildeo

Foto divulgaccedilatildeo

O compositor e maestro Villa-Lobos cuja obra eacute reconhecida e celebrada internacionalmente

23 - festivaldecoraisindd 123 - festivaldecoraisindd 1 82809 115113 AM82809 115113 AM

O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

24 bull Cultura Editor e diagramador da paacutegina Amanda Lelis 6ordm periodo

COLCHAde retalhos

CU

RT

Are

talh

os

Magia

Escrevo uma letra

e jaacute natildeo estou no mesmo lugar

Pedro Cunha Instrumento de cordas vocais tocado pela alma

a palavra na garganta que vira muacutesica

o som da orquestra do coraccedilatildeo

dos gagos e desafi nados

aos cegos de paixatildeo

VozBaacuterbara Rodrigues

Natildeo sei bem o que eacute

Se eacute invenccedilatildeo

Se eacute na verdade a mais pura verdade

Se sou eu tentando fugir

Se sou eu tentando apagar

Natildeo encarar o que estaacute acontecendo

Esquecer a minha confusatildeo

De querer sem conhecer

De te amar sem te encontrar

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Queria esquecer

E perdoar entatildeo

Voltar na decisatildeo

Para minha vida rotineira

Que eu levei a vida inteira

O meu sufoco e os seus gritos

Meu confortaacutevel desespero

Minha mania de querer ser mais para mundo

Do que o mundo eacute para mim

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Confortaacutevel DesesperoPaula Macintyre

Preso agrave falta de sono procurando ver

Atraveacutes da luz de um trago num bastatildeo de morte

Talvez com sorte entatildeo eu possa crer

Que os dias se passaram mas o amor fi cou

Mesmo sonhando acordado algo ainda restou

De tardes tatildeo bonitas

Em que o brilho dos teus olhos eu pude enxergar

Os teus negros cabelos quero entatildeo tocar

apesar de estares tatildeo afl ita

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia

que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Por mais que em outras camas eu possa deitar

que braccedilos e abraccedilos venham me afagar

O brilho dos teus olhos ainda me ilumina

por vaacuterias ruas sujas que eu tentei fugir

estenderia um tapete pra vocecirc entrar

sentado vago na varanda escura a esperar

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Mas eu mudaria tudo isso pra te ter aqui

comigo ao meu lado todo dia a me fazer sorrir

Para ouvir a muacutesica wwwmyspacecombandatravessia

DuetoAlvaro Castro

Do entendimento tardio de se assistir a uma passagem de som

Cracke se quebra o silecircncio a voz dos barulhos instrumentais

cala todos os outros sons do silecircncio Antes de ser melodiosos

os sons comeccedilam desencontrados como tateando no escuro

dos ritmos tentando se encontrar e dar as matildeos para soacute assim

iniciar seu dialogo-danccedila em brincadeiras harmoniosas que

encantam e enfeiticcedilam Na sutileza dos tons na alegria de fazer

barulhos musicais modifi cam a muacutesica mil vezes re-arranjada

ajeitam afi nam se enfeitam

e a muacutesica fi nalmente sai Perfeita

AntesClaudia Lapouble

Sssshhiiii

silecircnciosopro suspiro sussurro

sublime submerso submarino submundo

some sobe segue sangue sinistro

sem focirclegosufoco

SClaudia Lapouble

A canccedilatildeo natildeo paacutera O berimbau controla o medo que corre

nas ruas vindo daqueles que natildeo se deixaram dissolver pela

aacutegua trazida com a chuva Na cidade escorre toda a calmaria

e a melodia se arrasta molhando o chatildeo Enquanto o ceacuteu se

desmancha aos poucos sobre a rua deserta eles cantam Voz

para um canto que veio aveludar meus ouvidos acalentar

clamoroso de uma vida inteira e fosse essa noite a vida

inteira fez-se a noite lembranccedila da cantiga que me converteu

inteira Pandeiro Meacutedio Viola e a chuva que ritmava a

cantoria O breu e noacutes no breu O escuro arrasta o invisiacutevel

para dentro da cidade que chora para dentro dos meus olhos

que fi tam atentos os olhos deles que me encantam Hora um

hora outro me arrasta em companhia agrave suas vozes As gotas

respondem ao coro num canto suave o pandeiro acompanha

o berimbau e o repique respinga umas gotas tontas de

musicalidade goteja um som que sobrevoa a superfiacutecie

Sobre o invisiacutevelAmanda Lelis

Gabriel Guedes e violino em show na Praccedila da Liberdade

O som da alma se apresenta em desejo e verso livre

na terccedila indecente suave

no violino do seus sonhos em coro cresce a quarta corda

dissonante

eacute a Musica

No canto viacutevido em tom sincero e leve expande

compaixatildeo as notas graves

fi delidade ao escrever a voz da alma sobre arpejos

inconstantes

eacute a Musica

MuacutesicaPedro Gontijo e

Bernardo Gontijo

Te aperto contra o peito

te penduro nas costas

no churrasco passa de matildeo em matildeo

e ainda assim me faz companhia

nas noites de solidatildeo

Ode ao violatildeoBaacuterbara Rodrigues

Ajude a costurar nossa colcha balaioretalhosgmailcom

24 - Colcha de retalhos corrigidoindd 124 - Colcha de retalhos corrigidoindd 1 82809 115124 AM82809 115124 AM

Page 23: Jornal O Ponto - agosto 2009

O Ponto Belo Horizonte 27 de agosto de 2009

Culturabull 23Editor e diagramador da paacutegina Baacuterbara Rodrigues 8ordm periacuteodo

Festival Internacional de Corais homenageia

BAacuteRBARA RODRIGUES 8ordm PERIacuteODO

A seacutetima ediccedilatildeo do Festival Interna-cional de Corais ndash FIC acontece de 18 a 27 de setembro de 2009 e teraacute como tema a vida e obra de Villa-Lobos con-siderado o maior compositor das Ameacute-ricas Seratildeo cerca de 300 apresenta-ccedilotildees de 120 corais de todo o Brasil e do exterior que percorreratildeo 12 cidades de Minas Gerais

O festival realizado pela Universi-dade FUMEC tem o intuito de popula-

rizar os corais e grupos vocais amadores e profissionais e evidenciar atividades culturais de empresas instituiccedilotildees de ensino comunidades associaccedilotildees e fundaccedilotildees com apresentaccedilotildees de corais e shows de artistas nacionais sempre com a bandeira da muacutesica brasileira agrave frente

Regidos pelo Maestro Lindomar Gomes produtor cultural e coordena-dor do FIC os 30 integrantes do coral da FUMEC seratildeo um dos grupos a se apresentar ldquoNosso coral sempre parti-cipou de festivais seguindo a maacutexima de Fernando Brant de que lsquotodo artista

tem de ir aonde o povo estaacutersquo A cada ano o FIC escolhe um tema que traduza a identidade musical brasileira Este ano celebraremos os 50 anos de morte de Villa-Lobos responsaacutevel por implantar o canto coral no paiacutes na deacutecada de 1930 e o muacutesico que mais cantou as belezas nacionaisrdquo enfatiza

Em cada ediccedilatildeo do festival os com-positores Leonardo Cunha e Fernando Brant satildeo responsaacuteveis pela muacutesica-tema que ao final do evento eacute cantada por todos os corais A composiccedilatildeo deste ano ganhou o nome de ldquoMestre Villardquo exultando o que de mais haacute de caracte-

riacutestico na vida e obra do mestre Durante todo o festival alguns locais

da cidade como o Palaacutecio das Artes Sesc Laces JK e a aacuterea de convivecircn-cia da FUMEC receberatildeo exposiccedilotildees de fotos textos e trilhas sonoras do acervo do Museu Villa-Lobos no Rio de Janeiro A banda mineira 14 Bis e o muacutesico Renato Teixeira fazem shows no interior de Minas e no dia 27 no Parque Municipal encontro de todos os corais participantes marcaraacute o fechamento do evento onde mais de mil vozes se uni-ratildeo para cantar os temas do maestro homenageado

O maestro e coordenador do FIC Lindomar Gomes e os integrantes do Coral da Fumec

Mestre Villa daacute o tom dentro e fora do paiacutesO carioca Heitor Villa-Lobos

foi responsaacutevel por universa-lizar a muacutesica nacional acres-centando em grande parte de suas mil obras a sonoridade da fauna brasileira de tribos indiacute-genas e africanas aleacutem de refe-recircncias de cantigas do choro e do samba

Na defi niccedilatildeo do maestro Lindomar Gomes a impor-tacircncia de Heitor Villa-Lobos estaacute no fato de ele ldquodecifrar a alma brasileira e colocaacute-la em muacutesicardquo Devido agraves homena-gens ao compositor nas prin-cipais capitais do Brasil e do

mundo Gomes natildeo eacute o uacutenico a pensar assim

Peccedilas de Villa-Lobos fazem parte das temporadas da Filar-mocircnica de Belo Horizonte da Orquestra Sinfocircnica do Teatro Nacional Claacuteudio Santoro em Brasiacutelia da Sinfocircnica Munici-pal de Campinas e da Orques-tra Sinfocircnica Brasileira do Rio

Internacional Em janeiro o maestro John

Neschling regeu a Filarmocircnica de Varsoacutevia na Polocircnia com os ldquoChoros n 6rdquo A soprano Adriane Queiroz cantou as ldquoBachianas

Brasileiras nordm 5rdquo em Berlim e o regente da OSB do Rio Roberto Minczuk esteve no Japatildeo em agosto para apresentar as ldquoBachianas Brasileirasrdquo

Ainda este ano deve chegar agraves livrarias o ldquoFolha Explica Villa-Lobosrdquo da Publifolha do violonista Faacutebio Zanon que em entrevista ao jornal Folha de Satildeo Paulo afi rmou ldquoO uni-verso sonoro de Villa-Lobos eacute uma coisa arrasadora Nossa ideia de Brasil seria muito mais pobre sem a leitura efetuada por Villa-Lobos de nosso patri-mocircnio musicalrdquo

Programaccedilatildeo completa e outras informaccedilotildees sobre FIC 2009 wwwfestivaldecoraiscombr

Foto

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Foto divulgaccedilatildeo

O compositor e maestro Villa-Lobos cuja obra eacute reconhecida e celebrada internacionalmente

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O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

24 bull Cultura Editor e diagramador da paacutegina Amanda Lelis 6ordm periodo

COLCHAde retalhos

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os

Magia

Escrevo uma letra

e jaacute natildeo estou no mesmo lugar

Pedro Cunha Instrumento de cordas vocais tocado pela alma

a palavra na garganta que vira muacutesica

o som da orquestra do coraccedilatildeo

dos gagos e desafi nados

aos cegos de paixatildeo

VozBaacuterbara Rodrigues

Natildeo sei bem o que eacute

Se eacute invenccedilatildeo

Se eacute na verdade a mais pura verdade

Se sou eu tentando fugir

Se sou eu tentando apagar

Natildeo encarar o que estaacute acontecendo

Esquecer a minha confusatildeo

De querer sem conhecer

De te amar sem te encontrar

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Queria esquecer

E perdoar entatildeo

Voltar na decisatildeo

Para minha vida rotineira

Que eu levei a vida inteira

O meu sufoco e os seus gritos

Meu confortaacutevel desespero

Minha mania de querer ser mais para mundo

Do que o mundo eacute para mim

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Confortaacutevel DesesperoPaula Macintyre

Preso agrave falta de sono procurando ver

Atraveacutes da luz de um trago num bastatildeo de morte

Talvez com sorte entatildeo eu possa crer

Que os dias se passaram mas o amor fi cou

Mesmo sonhando acordado algo ainda restou

De tardes tatildeo bonitas

Em que o brilho dos teus olhos eu pude enxergar

Os teus negros cabelos quero entatildeo tocar

apesar de estares tatildeo afl ita

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia

que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Por mais que em outras camas eu possa deitar

que braccedilos e abraccedilos venham me afagar

O brilho dos teus olhos ainda me ilumina

por vaacuterias ruas sujas que eu tentei fugir

estenderia um tapete pra vocecirc entrar

sentado vago na varanda escura a esperar

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Mas eu mudaria tudo isso pra te ter aqui

comigo ao meu lado todo dia a me fazer sorrir

Para ouvir a muacutesica wwwmyspacecombandatravessia

DuetoAlvaro Castro

Do entendimento tardio de se assistir a uma passagem de som

Cracke se quebra o silecircncio a voz dos barulhos instrumentais

cala todos os outros sons do silecircncio Antes de ser melodiosos

os sons comeccedilam desencontrados como tateando no escuro

dos ritmos tentando se encontrar e dar as matildeos para soacute assim

iniciar seu dialogo-danccedila em brincadeiras harmoniosas que

encantam e enfeiticcedilam Na sutileza dos tons na alegria de fazer

barulhos musicais modifi cam a muacutesica mil vezes re-arranjada

ajeitam afi nam se enfeitam

e a muacutesica fi nalmente sai Perfeita

AntesClaudia Lapouble

Sssshhiiii

silecircnciosopro suspiro sussurro

sublime submerso submarino submundo

some sobe segue sangue sinistro

sem focirclegosufoco

SClaudia Lapouble

A canccedilatildeo natildeo paacutera O berimbau controla o medo que corre

nas ruas vindo daqueles que natildeo se deixaram dissolver pela

aacutegua trazida com a chuva Na cidade escorre toda a calmaria

e a melodia se arrasta molhando o chatildeo Enquanto o ceacuteu se

desmancha aos poucos sobre a rua deserta eles cantam Voz

para um canto que veio aveludar meus ouvidos acalentar

clamoroso de uma vida inteira e fosse essa noite a vida

inteira fez-se a noite lembranccedila da cantiga que me converteu

inteira Pandeiro Meacutedio Viola e a chuva que ritmava a

cantoria O breu e noacutes no breu O escuro arrasta o invisiacutevel

para dentro da cidade que chora para dentro dos meus olhos

que fi tam atentos os olhos deles que me encantam Hora um

hora outro me arrasta em companhia agrave suas vozes As gotas

respondem ao coro num canto suave o pandeiro acompanha

o berimbau e o repique respinga umas gotas tontas de

musicalidade goteja um som que sobrevoa a superfiacutecie

Sobre o invisiacutevelAmanda Lelis

Gabriel Guedes e violino em show na Praccedila da Liberdade

O som da alma se apresenta em desejo e verso livre

na terccedila indecente suave

no violino do seus sonhos em coro cresce a quarta corda

dissonante

eacute a Musica

No canto viacutevido em tom sincero e leve expande

compaixatildeo as notas graves

fi delidade ao escrever a voz da alma sobre arpejos

inconstantes

eacute a Musica

MuacutesicaPedro Gontijo e

Bernardo Gontijo

Te aperto contra o peito

te penduro nas costas

no churrasco passa de matildeo em matildeo

e ainda assim me faz companhia

nas noites de solidatildeo

Ode ao violatildeoBaacuterbara Rodrigues

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24 - Colcha de retalhos corrigidoindd 124 - Colcha de retalhos corrigidoindd 1 82809 115124 AM82809 115124 AM

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O PontoBelo Horizonte 27 de agosto de 2009

24 bull Cultura Editor e diagramador da paacutegina Amanda Lelis 6ordm periodo

COLCHAde retalhos

CU

RT

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os

Magia

Escrevo uma letra

e jaacute natildeo estou no mesmo lugar

Pedro Cunha Instrumento de cordas vocais tocado pela alma

a palavra na garganta que vira muacutesica

o som da orquestra do coraccedilatildeo

dos gagos e desafi nados

aos cegos de paixatildeo

VozBaacuterbara Rodrigues

Natildeo sei bem o que eacute

Se eacute invenccedilatildeo

Se eacute na verdade a mais pura verdade

Se sou eu tentando fugir

Se sou eu tentando apagar

Natildeo encarar o que estaacute acontecendo

Esquecer a minha confusatildeo

De querer sem conhecer

De te amar sem te encontrar

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Queria esquecer

E perdoar entatildeo

Voltar na decisatildeo

Para minha vida rotineira

Que eu levei a vida inteira

O meu sufoco e os seus gritos

Meu confortaacutevel desespero

Minha mania de querer ser mais para mundo

Do que o mundo eacute para mim

Entatildeo vou fi car

Andar devagar

E natildeo me preocupar

Com o que natildeo eacute meu

Confortaacutevel DesesperoPaula Macintyre

Preso agrave falta de sono procurando ver

Atraveacutes da luz de um trago num bastatildeo de morte

Talvez com sorte entatildeo eu possa crer

Que os dias se passaram mas o amor fi cou

Mesmo sonhando acordado algo ainda restou

De tardes tatildeo bonitas

Em que o brilho dos teus olhos eu pude enxergar

Os teus negros cabelos quero entatildeo tocar

apesar de estares tatildeo afl ita

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia

que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Por mais que em outras camas eu possa deitar

que braccedilos e abraccedilos venham me afagar

O brilho dos teus olhos ainda me ilumina

por vaacuterias ruas sujas que eu tentei fugir

estenderia um tapete pra vocecirc entrar

sentado vago na varanda escura a esperar

Memoacuterias claras como quadros de Frida

Deixaram Khalo de triste despedida

em samba doce feito um sonho bom

que embala as noites frias nas areias do Leblon

Natildeo natildeo mudaria isso tudo pra te ver ali

parado eu natildeo sabia que o amor pra vocecirc eacute feito de ldquoserdquo

Mas eu mudaria tudo isso pra te ter aqui

comigo ao meu lado todo dia a me fazer sorrir

Para ouvir a muacutesica wwwmyspacecombandatravessia

DuetoAlvaro Castro

Do entendimento tardio de se assistir a uma passagem de som

Cracke se quebra o silecircncio a voz dos barulhos instrumentais

cala todos os outros sons do silecircncio Antes de ser melodiosos

os sons comeccedilam desencontrados como tateando no escuro

dos ritmos tentando se encontrar e dar as matildeos para soacute assim

iniciar seu dialogo-danccedila em brincadeiras harmoniosas que

encantam e enfeiticcedilam Na sutileza dos tons na alegria de fazer

barulhos musicais modifi cam a muacutesica mil vezes re-arranjada

ajeitam afi nam se enfeitam

e a muacutesica fi nalmente sai Perfeita

AntesClaudia Lapouble

Sssshhiiii

silecircnciosopro suspiro sussurro

sublime submerso submarino submundo

some sobe segue sangue sinistro

sem focirclegosufoco

SClaudia Lapouble

A canccedilatildeo natildeo paacutera O berimbau controla o medo que corre

nas ruas vindo daqueles que natildeo se deixaram dissolver pela

aacutegua trazida com a chuva Na cidade escorre toda a calmaria

e a melodia se arrasta molhando o chatildeo Enquanto o ceacuteu se

desmancha aos poucos sobre a rua deserta eles cantam Voz

para um canto que veio aveludar meus ouvidos acalentar

clamoroso de uma vida inteira e fosse essa noite a vida

inteira fez-se a noite lembranccedila da cantiga que me converteu

inteira Pandeiro Meacutedio Viola e a chuva que ritmava a

cantoria O breu e noacutes no breu O escuro arrasta o invisiacutevel

para dentro da cidade que chora para dentro dos meus olhos

que fi tam atentos os olhos deles que me encantam Hora um

hora outro me arrasta em companhia agrave suas vozes As gotas

respondem ao coro num canto suave o pandeiro acompanha

o berimbau e o repique respinga umas gotas tontas de

musicalidade goteja um som que sobrevoa a superfiacutecie

Sobre o invisiacutevelAmanda Lelis

Gabriel Guedes e violino em show na Praccedila da Liberdade

O som da alma se apresenta em desejo e verso livre

na terccedila indecente suave

no violino do seus sonhos em coro cresce a quarta corda

dissonante

eacute a Musica

No canto viacutevido em tom sincero e leve expande

compaixatildeo as notas graves

fi delidade ao escrever a voz da alma sobre arpejos

inconstantes

eacute a Musica

MuacutesicaPedro Gontijo e

Bernardo Gontijo

Te aperto contra o peito

te penduro nas costas

no churrasco passa de matildeo em matildeo

e ainda assim me faz companhia

nas noites de solidatildeo

Ode ao violatildeoBaacuterbara Rodrigues

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