letramento critico e EJA

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CAMINHOS EM LINGUÍSTICA APLICADA Universidade de Taubaté – UNITAU O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: ENFATIZANDO O LETRAMENTO CRÍTICO E A INTERCULTURALIDADE 1 Katia Bruginski MULIK Universidade Federal do Paraná RESUMO: O objetivo deste artigo é apresentar uma proposta de trabalho realizada com os alunos do ensino médio da Educação de Jovens e Adultos acerca da temática alimentação. O trabalho partiu do princípio de que o ensino de língua inglesa na escola precisa superar visões utilitaristas. Nas atividades desenvolvidas adotou-se a concepção de língua como discurso dando ênfase ao letramento crítico e a interculturalidade. A prática ancorada sobre o letramento crítico sustenta uma visão emancipadora de ensino e propicia maior autonomia e capacidade reflexiva em ambos os envolventes no processo de aprendizagem: professores e alunos. Outro aspecto que precisa se fazer presente nas aulas de língua é a questão da interculturalidade, já que diferentes culturas se relacionam no mundo. O trabalho foi de suma importância para o desenvolvimento da criticidade e para a reflexão sobre as relações entre cultura e alimentação. Palavras-chave: Ensino de língua inglesa; Educação de Jovens e Adultos; Letramento crítico; Interculturalidade. TEACHING ENGLISH FOR YOUNG LEARNERS AND ADULTS: EMPHASIZING THE CRITICAL LITERACY AND THE INTERCULTURAL EDUCATION ABSTRACT: The aim of this article is to report a didactic sequence done with the students of the education for young people and adults concern eating. The activities were based on the assumptions that the teaching of a foreign language need to overcome beyond a utilitarian view. The activities were developed based on the conception of the language as a discourse emphasized the critical literacy and intercultural approach. The practice anchored on the critical literacy supports an emancipatory view of the education and provides autonomy and 1 Este trabalho foi apresentado na III Semana de Letras da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (26 a 30 de setembro de 2011); uma versão modificada deste artigo foi publicada como relato de experiência na Revista X, Vol. 2, No 1 (2011), ISSN: 1980-0614 – págs.: 11-19. 142 Revista CAMINHOS EM LINGUÍSTICA APLICADA, Volume 5, Número 2, 2011. Katia Bruginski MULIK, O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: ENFATIZANDO O LETRAMENTO CRÍTICO E A INTERCULTURALIDADE. p. 142-157. Disponível em: www.unitau.br/caminhosla

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    O ENSINO DA LNGUA INGLESA NA EDUCAO DE JOVENS E ADULTOS:

    ENFATIZANDO O LETRAMENTO CRTICO E A INTERCULTURALIDADE1

    Katia Bruginski MULIK

    Universidade Federal do Paran

    RESUMO: O objetivo deste artigo apresentar uma proposta de trabalho realizada com os alunos do ensino mdio da Educao de Jovens e Adultos acerca da temtica alimentao. O trabalho partiu do princpio de que o ensino de lngua inglesa na escola precisa superar vises utilitaristas. Nas atividades desenvolvidas adotou-se a concepo de lngua como discurso dando nfase ao letramento crtico e a interculturalidade. A prtica ancorada sobre o letramento crtico sustenta uma viso emancipadora de ensino e propicia maior autonomia e capacidade reflexiva em ambos os envolventes no processo de aprendizagem: professores e alunos. Outro aspecto que precisa se fazer presente nas aulas de lngua a questo da interculturalidade, j que diferentes culturas se relacionam no mundo. O trabalho foi de suma importncia para o desenvolvimento da criticidade e para a reflexo sobre as relaes entre cultura e alimentao. Palavras-chave: Ensino de lngua inglesa; Educao de Jovens e Adultos; Letramento crtico; Interculturalidade.

    TEACHING ENGLISH FOR YOUNG LEARNERS AND ADULTS: EMPHASIZING THE CRITICAL LITERACY AND THE INTERCULTURAL EDUCATION

    ABSTRACT: The aim of this article is to report a didactic sequence done with the students of the education for young people and adults concern eating. The activities were based on the assumptions that the teaching of a foreign language need to overcome beyond a utilitarian view. The activities were developed based on the conception of the language as a discourse emphasized the critical literacy and intercultural approach. The practice anchored on the critical literacy supports an emancipatory view of the education and provides autonomy and 1 Este trabalho foi apresentado na III Semana de Letras da Universidade Tecnolgica Federal do Paran (26 a 30 de setembro de 2011); uma verso modificada deste artigo foi publicada como relato de experincia na Revista X, Vol. 2, No 1 (2011), ISSN: 1980-0614 pgs.: 11-19.

    142Revista CAMINHOS EM LINGUSTICA APLICADA, Volume 5, Nmero 2, 2011.

    Katia Bruginski MULIK, O ENSINO DA LNGUA INGLESA NA EDUCAO DE JOVENS E ADULTOS: ENFATIZANDO O LETRAMENTO CRTICO E A INTERCULTURALIDADE. p. 142-157.

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    capacity for reflection on both engaging in the learning process: teachers and students . Another aspect which needs to be in classes is the interculturalism, since the cultures are related in the world. The work was very important for the development of criticality and reflection on the relations between culture and eating.Keywords: English teaching; Critical literacy; Intercultural approach; Education for young people and adults

    ENSEANZA DEL INGLS EN LA JUVENTUD Y EDUCACIN DE ADULTOS: LA ALFABETIZACIN/LETRAMENTO CRTICA Y LA INTERCULTURALIDAD

    RESUMEN: Este trabajo presenta una propuesta de trabajo con los estudiantes de secundaria de la educacin de jvenes y adultos sobre el tema de los alimentos. El estudio supone que la enseanza de ingls en la escuela debe superar el punto de vista utilitario. En las actividades adopt la concepcin del lenguaje como discurso haciendo hincapi en la alfabetizacin/letramento crtica y la interculturalidad. La prctica anclada en la alfabetizacin crtica apoya una visin emancipadora de la enseanza y proporciona una mayor autonoma y capacidad de reflexin tanto en la participacin en el proceso de aprendizaje: profesores y estudiantes. Otro aspecto que debe estar presente en las clases de lengua es la cuestin de la interculturalidad, ya que las diferentes culturas se relacionan con el mundo. El trabajo fue de suma importancia para el desarrollo de la crtica y la reflexin sobre las relaciones entre cultura y poder.Palabras-clave: Enseanza de Ingls, Educacin de Jvenes y Adultos, Alfabetizacin crtica/ letramento; Interculturalidad.

    INTRODUO

    Grandes transformaes vm ocorrendo na sociedade com o advento da globalizao

    e o desenvolvimento tecnolgico e cientfico. Tais fenmenos trazem consigo uma nova forma

    de encarar o mundo, bem como a ressignificao das tradies culturais. Alm disso, o

    convvio com outras culturas est cada vez mais presente nas relaes sociais. Hall (2006, p.

    68) admite que essas novas caractersticas temporais e espaciais, esto entre os aspectos

    mais importantes da globalizao a ter efeito sobre as identidades culturais. Nesse sentido, a

    escola precisa acompanhar essas transformaes promovendo o debate sobre as questes

    culturais a fim de subsidiar reflexes sobre a constituio desta nova sociedade.

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    Pensar a sociedade na era tecnolgica e da globalizao pensar tambm sobre as

    novas formas de comunicao que afetam e trazem novas formas de usar a linguagem, bem

    como de ensinar e aprend-la. Isso certamente desafia as conceituaes tradicionais de

    letramento, que vo alm das habilidades de decodificao (KERN e SCHULTZ, 2005). Nesse

    sentido, a escola precisa acompanhar essas transformaes promovendo debates a fim de

    subsidiar reflexes sobre a constituio desta nova sociedade.

    Segundo as Diretrizes Curriculares Estaduais da Educao Bsica Lngua Estrangeira

    Moderna (2008, p. 56) as sociedades contemporneas no sobrevivem de modo isolado;

    relacionam-se, atravessam fronteiras geopolticas e culturais, comunicam-se e buscam

    entender-se mutuamente. Nas DCE LEM (2008, p.56) ainda se argumenta que o ensino de

    uma LE (lngua estrangeira) deve considerar as relaes que podem ser estabelecidas entre a

    lngua estudada e a incluso social, objetivando o desenvolvimento da conscincia do papel

    das lnguas na sociedade e o reconhecimento da diversidade cultural.

    Buscando fundamentar a prtica do ensino de lngua inglesa a partir dos pressupostos

    tericos das DCE LEM e de uma aprendizagem crtica e significativa, a professora e autora

    deste artigo elaborou uma sequncia didtica para trabalhar com os alunos da Educao de

    Jovens e Adultos (doravante EJA) da disciplina de lngua inglesa acerca da temtica

    alimentao. O presente artigo visa fazer o relato dessa prtica ancorado sobre tais

    pressupostos. Inicialmente so discutidos aspectos relacionados a abordagem intercultural e o

    letramento crtico no ensino de lnguas. Em seguida, faz-se a descrio da sequncia didtica

    realizada com os alunos e por ltimo seguem-se as consideraes finais abordando a

    importncia e as implicaes do trabalho.

    FUNDAMENTAO TERICA

    A ABORDAGEM INTERCULTURAL NO ENSINO DE LNGUAS

    Corbett (2010) aponta que o ensino e o aprendizado intercultural desafiam os modelos

    tradicionais de ensino de lnguas, j que desafia a meta tradicional de educao lingustica

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    voltada para que o aprendiz se torne proficiente como um nativo da lngua. No entanto, no

    h como pensar em uma comunicao efetiva sem que se tenham conhecimentos sobre as

    relaes que se estabelecem nessa comunicao e que so carregadas de atributos culturais.

    A educao intercultural trata todos os valores culturais como abertos ao debate, e sujeitos a

    examinao crtica e negociao. Dito isso, esses debates podem ser idealmente

    caracterizados por princpios de empatia e respeito pelos outros (CORBETT, 2010, p. 5).

    Paran e Almeida (2010) advogam que o trabalho com a interculturalidade faz com

    que o aluno seja incentivado a desenvolver uma anlise mais profunda e uma maior

    conscientizao a respeito da prpria cultura, colocando-se em prtica a ideia de que

    possvel tornar familiar o que pouco conhecido.

    Na abordagem intercultural no ensino de LE prope-se que lngua e cultura sejam

    indissociveis (JORDO, 2004). Para Jordo (2006, p. 6-7), inserida em uma viso ps-

    estruturalista e foucaultiana de discurso, sempre que se ensina lngua se est ensinando

    cultura. Dentro dessa perspectiva a cultura no se resume a costumes, mas sim como

    conjuntos de procedimentos interpretativos construdos socialmente. Vale ressaltar que

    nesse sentido no h porque recomendar ao professor que se tenha uma abordagem

    intercultural, j que ao ensinar lngua se est automaticamente ensinando cultura. Essa viso

    de lngua se enquadra numa perspectiva bakhtiniana o emprego da lngua efetua-se em

    forma de enunciados (...) cada campo de utilizao da lngua elabora seus tipos relativamente

    estveis de enunciados, os quais denominamos gneros do discurso (BAKHTIN, 2003, p. 262-

    3). A inteno discursiva, bem como a sua individualidade e subjetividade aplicada a

    adaptada ao gnero escolhido, constituindo-se e desenvolvendo-se a partir dessa forma.

    Quando a lngua concebida como discurso, abre-se espao para que a construo de

    significados e resignificados seja possvel, uma vez que se tem oportunidade de compreender

    e perceber o mundo de formas diferentes. Jordo e Fogaa (2007, p. 87) defendem a

    concepo de lngua como discurso e afirmam que:

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    (...) a lngua como discurso implica o entendimento de nossas prticas de linguagem como prticas de (re) significarmos o mundo e o que acontece em nossa volta, a forma como percebemos a realidade. Uma mudana em nossas prticas discursivas nos leva a uma mudana de identidade e a diferentes leituras do mundo.

    A viso de lngua enquanto discurso se ope viso de lngua enquanto cdigo. Na

    primeira os sentidos so construdos de maneiras mltiplas, as possibilidades interpretativas e

    os modos de entender as culturas e as formas de pensar tambm se multiplicam. O discurso

    pode ser pensado em forma de sistema, um agrupamento de elementos interligados que

    formam um todo integrado (JORDO e MARTINEZ, 2009). J na segunda, a lngua vista como

    estrutura, com transparncia e neutralidade. As mensagens so transmitidas e decodificas

    para um leitor ou receptor e para compreender a mensagem, ambos, emissor e receptor,

    apenas precisam dominar o mesmo cdigo, ou seja, a mesma lngua.

    As DCE LEM (2008, p. 57) orientam para uma concepo de lngua como discurso:

    ao conceber a lngua como discurso, conhecer e ser capaz de usar uma lngua estrangeira, permite-se aos sujeitos perceberem-se como integrantes da sociedade e participantes ativos do mundo. [...] o aluno/sujeito aprende tambm como atribuir significados para entender melhor a realidade. A partir do confronto para a prpria identidade. Assim, atuar sobre os sentidos possveis e reconstruir sua identidade como agente social.

    Nessa perspectiva, aquele que aprende uma LE no aprende s a lngua, mas tambm

    que o mundo se encontra repleto de identidades diferentes da sua, que essas identidades

    tambm precisam ser respeitadas em suas singularidades (JORDO, 2004, p.3).. De acordo

    com Janzen (2002, p. 138), a minimizao do papel do outro no ensino de LE tem gerado

    dificuldades pedaggicas, limitando o dilogo cultural e consequentemente a aprendizagem,

    restringindo/impossibilitando, muitas vezes, a ampliao dos horizontes constitutivos de

    sentido do aluno.

    Bastos (2010, p. 32) argumenta sobre a importncia de se trabalhar como a

    desmitificao de esteretipos afirmando que o ensino de lnguas estrangeiras deve enfatizar 146

    Revista CAMINHOS EM LINGUSTICA APLICADA, Volume 5, Nmero 2, 2011. Katia Bruginski MULIK, O ENSINO DA LNGUA INGLESA NA EDUCAO DE JOVENS E ADULTOS:

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    que os esteretipos atribudos a cada povo, inclusive o nativo, no so absolutos, ou seja,

    nenhum povo desse ou daquele jeito. Nesse sentido, importante considerar o ser humano

    como um ser complexo que apresenta variaes de comportamento, de valores e crenas que

    podem ser modificadas dentro do processo histrico e cultural em que todos esto vivendo.

    Bastos ainda comenta que para que essa possibilidade de mobilidade e transformao possa

    se fortalecer fundamental que se questionem esteretipos que se tornaram verdades

    absolutas (...) atravs principalmente do ensino de lnguas (BASTOS, 2010, p. 32).

    Jordo e Martinez (2009, p. 248) advogam que as relaes comunicativas, ou seja, o

    contato estabelecido com outras lnguas e seus usurios dependem no apenas do

    conhecimento lingustico especfico, mas do estabelecimento de relaes afetivas com a

    cultura que atribuda a esses usurios. As autoras afirmam que, diante de uma situao de

    contato entre pessoas com lnguas maternas distintas, necessrio que: ambas estejam

    dispostas a compreender a viso de mundo uma da outra, a cultura uma da outra, para que a

    comunicao entre elas seja efetiva (...); precisamos tambm conhecer as estruturas

    culturais.

    O conhecimento de estruturas culturais o fator que favorece para a construo da

    competncia cultural nas aulas de lngua estrangeira que definida por Gimenez (2008, p. 4):

    A competncia cultural entendida como o conhecimento sobre o que um determinado grupo cultural e entendimento dos valores culturais sobre determinadas formas de agir ou sobre certas crenas. Ao invs de s olhar o outro, o aprendiz se olha tambm, mas permanece com a ideia de que para comunicar-se adequadamente na lngua estrangeira, deve olhar o mundo como o estrangeiro.

    O Common European Framework of Reference for Languages traz o componente

    cultural como algo importante a ser ensinado nas aulas de lnguas. Neste documento

    mencionado que preciso desenvolver nos alunos a conscincia intercultural que consiste na

    compreenso, no conhecimento e na conscincia das relaes entre as culturas locais e a

    cultura da lngua alvo levando-se em considerao as distines entre o regional e o social

    desses dois mundos. O documento recomenda considerar estes aspectos: 147

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    - Que experincia sociocultural e conhecimento prvio o aprendiz precisa ter;

    - Que experincia e conhecimento da vida social da sua comunidade, bem como da comunidade alvo o aluno ter que adquirir a fim de atingir as exigncias da comunicao na L2.

    - Qual conscincia das relaes entre a cultura local e a cultura alvo o aprendiz vai precisar de modo a desenvolver uma competncia intercultural adequada.

    LETRAMENTO CRTICO NAS AULAS DE LNGUA

    De acordo com Andreotti (2008, p. 42) o letramento crtico ajuda os alunos a

    analisarem as relaes entre lngua, poder, prticas sociais, identidades e desigualdades.

    Nesse sentido, os alunos podem imaginar-se de outro modo; para estar envolvido eticamente

    com a diferena; e para entender as implicaes potenciais de seus pensamentos e aes

    (idem)2. Semelhante posio de Andreotti, Souza (2011a, p.1) acredita que preparar os

    aprendizes para confrontos com diferenas de toda espcie se torna um objetivo pedaggico

    atual e premente, que pode ser alcanado atravs do letramento crtico.

    Segundo Pennycook (2003 apud. EDMUNDO 2010) h vrias orientaes diferentes

    quanto ao letramento crtico, tais como a pedagogia freiriana, as abordagens feministas e ps-

    estruturalistas, e as abordagens analticas de texto. Para Andreotti (2008, 43) o letramento

    crtico baseado no pressuposto estratgico que todo o conhecimento parcial e

    incompleto, construdo em seus contextos, culturas e experincias3. Nessa abordagem, a

    lngua entendida como ideolgica e construtora da realidade, sendo que a essa ltima s se

    tem acesso pelas interpretaes construdas pela linguagem. Nesse sentido, o conhecimento

    tambm dependente do contexto, complexo e dinmico (ANDREOTTI, 2008).

    2Critical literacy helps learners analyze the relationships between language, power, social practices, identities and inequalities; to imagine otherwise; to engage ethically with difference; and to understand the potential implications of their thoughts and actions.3 Critical literacy is based on the strategic assumption that all knowledge is partial and incomplete, constructed in our contexts, cultures and experiences.

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    possvel afirmar que diversas concepes de lngua j estiveram presentes nos

    currculos do ensino de lnguas. Isso pode ser notado quando se faz uma retrospectiva

    histrica sobre os mtodos de ensino de lnguas. Os primeiros mtodos sustentavam-se

    basicamente em trs pilares: vocabulrio, gramtica e a apresentao de ambos em situaes

    [...] como o uso de objetos concretos ou suas representaes grficas (DONNINI, PLATERO E

    WEIGEL, 2010, p. 15). Aps algum tempo, principalmente com o surgimento do

    Communicative Approach, a lngua era ensina tendo por finalidade o uso em comunicaes

    semelhantes a situaes reais de uso. O objetivo era o desenvolvimento da proficincia

    comunicativa, deixando de lado o domnio de estruturas gramaticais.

    Na dcada de 1990, surge no Brasil, demandas pelo resgate ao ensino de lnguas na

    Educao Bsica voltado para a formao do educando. Nesse sentido, o ensino voltado para

    aprendizagem de funes comunicativas, com forte influencia do estruturalismo, comea a ser

    questionado. Desse contexto, surge a necessidade da incorporao de temas voltados para a

    cidadania e o desenvolvimento de habilidades transdisciplinares capazes de contribuir para a

    formao geral do educando segundo uma perspectiva sociocultural (Idem). Para Donnini,

    Platero e Weigel (2010, p. 22) o ensino com nfase no letramento sustenta uma viso

    emancipadora de ensino de lnguas estrangeiras que possa propiciar maior autonomia

    intelectual e maior capacidade de reflexo tanto aos professores quanto aos aprendizes.

    O ensino sob a tica do letramento crtico prope a problematizao dos textos como

    forma de refletir sobre os sentidos construdos e de (re) conhecer e (re) elaborar as

    construes discursivas de si e dos outros no processo de leitura (EDMUNDO, 2010, p. 34-35).

    A leitura entendida como um processo interpretativo e a lngua, nesse segmento,

    concebida como discurso (idem). Em relao ao processo de interpretao dos textos, Souza

    (2011b, p. 293) advoga que no letramento crtico precisa-se assumir a responsabilidade das

    nossas leituras e no culpar o autor do texto pela sua escritura; precisamos perceber que os

    significados de um texto uma inter-relao entre a escrita e a leitura.

    Jordo (2007, p. 24) advoga que o letramento :

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    capaz de englobar a variedade de linguagens do mundo atual, chama nossa ateno para diferentes formas de construo e compartilhamento de sentidos possveis. Tais formas, que representam procedimentos interpretativos especficos, no podem prescindir de um trabalho escolar crtico, sem o qual podem ter os mesmos efeitos limitados e limitadores que a educao vem oportunizando historicamente.

    A autora afirma que atravs da prtica de leitura crtica ancorada sobre o letramento

    que possvel perceber e construir os significados do mundo, mundo esse em constante

    transformao. Se debruar sobre uma prtica de ensino que desperte essas potencialidades

    no aluno ajud-lo a construir e ao mesmo tempo reconstruir novas vises de mundo, de

    perceber e compreender o outro, pois na lngua estrangeira que o diferente sempre est

    presente, ensinar o aluno a lidar com esse diferente encarando-o de forma positiva que

    um dos grandes desafios do ensino de lngua estrangeira na escola.

    As autoras Salles e Gimenez (2008, p.159) acreditam que o papel do professor de

    lngua inglesa nos dias de hoje possibilitar espaos que contribuam para a construo da

    identidade cultural e da cidadania global dos alunos. Para elas, preciso pensar sobre o

    status da lngua inglesa como lngua franca e a sua posio na era da globalizao, j que tais

    aspectos refletem diretamente na vida dos alunos e interfere no papel do professor em sala de

    aula. O cenrio atual traz tona questionamentos sobre as relaes culturais e identitrias e

    apela para uma conscincia sobre a cidadania as quais no podem ser excludas das prticas

    docentes.

    SEQUNCIA DIDTICA

    O trabalho iniciou a partir da realizao de algumas atividades a fim de introduzir o

    vocabulrio de alimentao. Assim, props-se aos alunos a leitura de uma HQ da Magali (ver

    figura 1) de Maurcio de Souza intitulada Meals. O enredo consiste em uma conversa entre

    Magali e sua me aps o retorno da primeira de uma aula de ingls. A conversa, embora tenha

    sido realizada em lngua portuguesa por exemplo, Quando que vai sair o breakfast? tem

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    ingls sendo utilizado em algumas situaes, por parte da filha, a fim de mostrar a me o que

    aprendeu na aula.

    FIGURA 1 - HQ DA MAGALI

    Na sequncia solicitou-se aos alunos que identificassem os alimentos e as bebidas

    mencionados na HG a fim de selecion-los de acordo com sua respectiva refeio (por

    exemplo, breakfast: bread; lunch: rice; snack: cake). Em seguida, foi proposto que eles

    fizessem a sua lista prpria de coisas que consomem em cada refeio. Discutiu-se tambm se

    eles fazem todas as refeies, e esse momento ganhou destaque, j que a discusso conduziu

    os alunos a pensarem sobre a prpria realidade, uma vez que eles mencionaram as

    justificativas que levam alguns a no terem possibilidade de realizarem todas as refeies, pelo

    fato de possurem filhos, horrios do trabalho e etc, mostrando como a rotina pode influenciar

    nos hbitos alimentares.

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    Dando continuidade temtica das aulas anteriores, foi proposto aos alunos um

    warm-up que consistia em um bingo sobre comidas e bebidas. Em seguida, trabalhou-se com o

    gnero textual tabela nutricional Nutrition Facts. Cada aluno recebeu um texto procurando

    identificar o gnero, local de circulao, funcionalidade e contedo. Essa forma de trabalho

    pautou-se nas DCE LEM (2008, p. 63) que enfatizam que disponibilizar textos aos alunos no

    o bastante. necessrio provocar uma maior reflexo obre o uso de cada um deles e

    considerar o contexto de uso de seus interlocutores.

    As atividades posteriores, ainda sobre o gnero tabela nutricional, foram mais

    especficas a questes de vocabulrio: calories, choleterol, sodium, potassium, carbohydrate,

    protein, calcium e vitamin. Durante a realizao das atividades percebeu-se que os alunos

    tinham muitas dvidas sobre o significado dessas palavras em relao ao que benfico ou

    no para a sade principalmente. Dessa forma, props-se que eles trouxessem para a aula

    seguinte, uma pesquisa sobre os significados e as implicaes desse vocabulrio a fim de

    discutir esses aspectos em aula. A partir da pesquisa, montou-se uma tabela no quadro com a

    explicao de cada termo. Essa atividade teve uma repercusso muito positiva, uma vez que a

    partir da lngua inglesa os alunos tiveram a oportunidade de compreender melhor o gnero

    tabela nutricional e seu contedo, transpondo esse conhecimento para a lngua materna. Isso

    est em consonncia com as recomendaes da DCE LEM (2008, p. 60) consequentemente

    na lngua, e no por meio que se percebe e entende a realidade e, por efeito, a percepo do

    mundo est intimamente ligada ao conhecimento das lnguas.

    Neste estgio, os alunos j apresentavam um bom vocabulrio sobre alimentao e a

    partir disso, aspectos da interculturalidade puderam ser introduzidos. A primeira discusso foi

    sobre esteretipos culturais relacionados alimentao. Apresentaram-se alguns flashcards

    com figuras que ilustravam alguns alimentos como hambrguer, pizza, macarronada e

    feijoada. Nesse momento, discutiu-se sobre as relaes entre comidas e pases e como a

    cultura influencia na alimentao, alm disso, discutiu-se tambm sobre as formaes dos

    esteretipos culturais. Os alunos mostraram-se entusiasmados com a discusso questionando

    sobre as convenes que so feitas para que um determinado prato pertena a determinado

    pas: Professora, mas quem disse que a feijoada tem que ser o prato tpico do Brasil?; Qual 152

    Revista CAMINHOS EM LINGUSTICA APLICADA, Volume 5, Nmero 2, 2011. Katia Bruginski MULIK, O ENSINO DA LNGUA INGLESA NA EDUCAO DE JOVENS E ADULTOS:

    ENFATIZANDO O LETRAMENTO CRTICO E A INTERCULTURALIDADE. p. 142-157.Disponvel em: www.unitau.br/caminhosla

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    o critrio utilizado para se estabelecer isso, j que nem todos os brasileiros comem ou gostam

    de feijoada?.

    Dando continuidade ao trabalho realizou-se uma atividade sugerida por Corbett (2010)

    no livro Intercultural Language Activities. A atividade National Dishes: cultural associations

    consiste no preenchimento de uma tabela com o nome do prato, pas, tipo de refeio,

    acompanhamento, origem e o que as pessoas fazem aps saborearem o prato. A realizao

    dessa atividade teve os mesmos objetivos descritos por Corbett (2010) que eram fazer com

    que os alunos identificassem o prato associando-o com a cultura pertencente. Alm disso,

    fazer com que os alunos pesquisassem sobre comidas, nacionalidades e culturas.

    Na continuidade do trabalho, optou-se por explorar mais a fundo a questo da

    interculturalidade despertada atravs dos debates e das outras atividades. Solicitou-se que os

    alunos fizessem uma pesquisa de uma receita de um prato tpico de um pas de sua

    preferncia, bem com a origem e as razes do prato pertencer a determinada cultura de um

    pas. Os alunos, divididos em grupos, optaram por trabalhar com o Japo, Itlia e Alemanha.

    Aps a realizao da pesquisa, os alunos se reuniriam em grupos para a organizao do

    material. Discutiu-se sobre o que cada grupo havia trazido, explorando o gnero receita de

    forma coletiva. Os materiais foram organizados em forma de cartazes e expostos em um mural

    da escola. Nas aulas seguintes, cada grupo fez uma exposio oral sobre a receita e os aspectos

    culturais a ela relacionados. Como sugesto dos prprios alunos, cada grupo que apresentava

    deveria trazer o prato tpico para ser compartilhado com os colegas. Assim, a turma de ingls

    do ensino mdio da EJA pode saborear yakisoba, pizza e torta alem. Essa sequncia didtica

    foi desenvolvida em torno de doze aulas.

    CONSIDERAES FINAIS

    Este artigo procurou enfatizar os impactos do ensino por letramento crtico e a

    abordagem intercultural no ensino de lngua inglesa. Inicialmente apresentaram-se os

    153Revista CAMINHOS EM LINGUSTICA APLICADA, Volume 5, Nmero 2, 2011.

    Katia Bruginski MULIK, O ENSINO DA LNGUA INGLESA NA EDUCAO DE JOVENS E ADULTOS: ENFATIZANDO O LETRAMENTO CRTICO E A INTERCULTURALIDADE. p. 142-157.

    Disponvel em: www.unitau.br/caminhosla

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    subsdios tericos desses dois aspectos e em seguida a sequncia didtica realizada com a

    turma do ensino mdio de lngua inglesa da EJA.

    A elaborao e planejamento demandaram tempo, no entanto os resultados obtidos

    foram riqussimos. Alguns desafios foram superados como, por exemplo, a questo dos

    debates que no eram regularmente praticados nas aulas de ingls.

    O desafio de fazer apresentaes orais tambm foi superado e realizado com xito. No

    entanto, quando foram questionados sobre o aproveitamento da proposta de trabalho, um

    dos aspectos que chamou ateno foi o fato de alguns alunos falarem que tudo isso

    oportunizou a discusso sobre as relaes culturais e alimentares, em aspectos que no

    tinham sido percebidos por eles anteriormente. Outra meno interessante foi sobre a partilha

    que, segundo os alunos, foi um momento especial que proporcionou a integrao da turma e a

    oportunidade de experimentarem coisas que ainda no haviam saboreado.

    A realizao dessa sequncia didtica pode ser tomada como exemplo das

    possibilidades de se ensinar lngua fugindo de uma viso utilitarista, ou seja, com finalidade

    comunicativa ou aprendizagem de estruturas gramaticais apenas. O ensino por letramento

    crtico e a nfase na interculturalidade mostraram-se impactantes e positivos e certamente

    podem ser incorporadas a outros temas e a outras formas de trabalho, no s nas aulas de

    lngua estrangeira, mas em todas as disciplinas. Ensinar uma lngua no tarefa simplria,

    preciso planejamento e reflexo, porm tudo isso pode proporcionar resultados

    surpreendentes.

    REFERNCIAS

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    Katia Bruginski MULIK

    Mestranda em Estudos Lingusticos na Universidade Federal do Paran na linha de pesquisa em Ensino, aquisio e aprendizagem de lnguas estrangeiras; Especialista em Ensino de Lnguas Estrangeiras Modernas pela Universidade Tecnolgica Federal do Paran; professora de lngua inglesa na rede pblica estadual do Paran, SEED-PR. Contato: [email protected]

    157Revista CAMINHOS EM LINGUSTICA APLICADA, Volume 5, Nmero 2, 2011.

    Katia Bruginski MULIK, O ENSINO DA LNGUA INGLESA NA EDUCAO DE JOVENS E ADULTOS: ENFATIZANDO O LETRAMENTO CRTICO E A INTERCULTURALIDADE. p. 142-157.

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