Lingua portuguesa e redação modulo i

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1 PROFESSOR (A):___________________

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PROFESSOR (A):___________________

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1. ASPECTOS LINGUISTICOS

Variantes lingüísticas (variação lingüística)

A língua não é usada de modo homogêneo por todos os seus falantes. O uso de uma língua

varia de época para época, de região para região, de classe social para classe social, e

assim por diante. Nem individualmente podemos afirmar que o uso seja uniforme.

Dependendo da situação, uma mesma pessoa pode usar diferentes variedades de uma só

forma da língua.

Níveis de variação lingüística

É importante observar que o processo de variação ocorre em todos os níveis de

funcionamento da linguagem, sendo mais perceptível na pronúncia e no vocabulário. Esse

fenômeno da variação se torna mais complexo porque os níveis não se apresentam de

maneira estanque, eles se superpõem.

Nível fonológico - por exemplo, o l final de sílaba é pronunciado como consoante pelos

gaúchos, enquanto em quase todo o restante do Brasil é vocalizado, ou seja, pronunciado

como um u; o r caipira; o s chiado do carioca.

Nível morfo-sintático - muitas vezes, por analogia, por exemplo, algumas pessoas

conjugam verbos irregulares como se fossem regulares: "manteu" em vez de "manteve",

"ansio" em vez de "anseio"; certos segmentos sociais não realizam a concordância entre

sujeito e verbo, e isto ocorre com mais freqüência se o sujeito está posposto ao verbo. Há

ainda variedade em termos de regência: "eu lhe vi" ao invés de "eu o vi".

Nível vocabular - algumas palavras são empregadas em um sentido específico de acordo

com a localidade. Exemplos: em Portugal diz-se "miúdo", ao passo que no Brasil usa-se "

moleque", "garoto", "menino", "guri"; as gírias são, tipicamente, um processo de variação

vocabular. Existem dois tipos de variedades lingüísticas: os dialetos (variedades que

ocorrem em função das pessoas que utilizam a língua, ou seja, os emissores); os registros (

variedades que ocorrem em função do uso que se faz da língua, as quais dependem do

receptor, da mensagem e da situação).

Variação Dialetal/Variação Regional

Exemplos: aipim, mandioca, macaxeira (para designar a mesma raiz); tu e você (alternância

do pronome de tratamento e da forma verbal que o acompanha); vogais pretônicas abertas

em algumas regiões do Nordeste; o s chiado carioca e o s sibilado mineiro;

Variação Social

Exemplos: o meio social em que foi criada e/ou em que vive; o nível de escolaridade (no

caso brasileiro, essas variações estão normalmente inter-relacionadas (variação social) :

substituição do l por r (crube, pranta, prástico); eliminação do d no gerúndio

(correndo/correno); troca do a pelo o (saltar do ônibus/soltar do ônibus);

Variação Etária

Exemplo: A faixa etária (variação etária): irado, sinistro (termos usados pelos jovens para

elogiar, com conotação positiva, e pelos mais velhos, com conotação negativa).

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Variação Profissional

Exemplo: a profissão que exerce (variação profissional): linguagem médica (ter um infarto /

fazer um infarto); jargão policial ( elemento / pessoa; viatura / camburão);

Variação de Registro

Grau de Formalismo

· no vocabulário:

"Quero te pedir um grande favor." (mais informal)

"Venho solicitar a V.S. a concessão de auxílio-doença." (mais formal)

· na sintaxe:

Pronominais

Dê-me um cigarro

Diz a gramática

Do professor e do aluno

E do mulato sabido

Mas o bom negro e o bom branco

Da Nação Brasileira

Dizem todos os dias

Deixa disso camarada

Me dá um cigarro.

(Oswald de Andrade - Poesias Reunidas)

Modalidade de Uso

A expressão lingüística pode se realizar em diferentes modalidades: a escrita e a falada.

Vale a pena lembrar algumas diferenças: na língua falada, há entre falante e ouvinte um

intercâmbio direto, o que não ocorre com a língua escrita, na qual a comunicação se faz

geralmente na ausência de um dos participantes; na fala, as marcas de planejamento do

texto não aparecem, porque a produção e a execução se dão de forma simultânea, por isto

o texto oral é pontilhado de pausas, interrupções, retomadas, correções, etc.; isto não se

observa na escrita, porque o texto se apresenta acabado, houve um tempo para a sua

elaboração. É bom lembrar ainda que não se deve associar língua falada a informalidade,

nem língua escrita a formalidade, porque tanto em uma quanto em outra modalidade se

verificam diferentes graus de formalidade. Podem existir textos muito formais na língua

falada e textos completamente informais na língua escrita.

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4 Sintonia

Deve ser entendida como o ajustamento que o falante realiza na estruturação de seus

textos, a partir de informações que tem sobre o seu interlocutor. Por exemplo:

· ao falar com o filho ou deixar um bilhete para ele, a mãe usará um registro diferente

daquele que usaria com o seu chefe; isso se dá em função do diferente grau de intimidade

que mantém com cada um desses interlocutores;

· outro tipo de variação pode ser originada em função dos conhecimentos que o falante

supõe que o seu ouvinte tem a respeito de um determinado assunto que será o objeto da

comunicação. Desta forma, um especialista em um tema falará de formas diferentes em

conversa com outro especialista ou em uma conferência, para pessoas que se interessam

por aquele assunto, mas ainda não o dominam;

· diferenças serão observadas em função do grau de dignidade que o falante julga

apropriado ao seu interlocutor ou à ocasião, existindo aí uma ampla escala de registros, que

vai da blasfêmia ao eufemismo;

· os registros usados por um jovem poderão ser diferentes se ele for falar com sua

namorada, com uma pessoa a quem for solicitar um emprego, com uma pessoa idosa; da

mesma forma, escreverá textos distintos em um bilhete para sua mãe ou em um

requerimento dirigido a alguém para solicitar alguma coisa.

1.1. NOÇÕES DE FONOLOGIA: RELAÇÃO ENTRE SOM E LETRA, ORTOGRAFIA, EMPREGO DE INICIAIS MAIÚSCULAS, ACENTUAÇÃO GRÁFICA, ORTOEPIA, PROSÓDIA, DIVISÃO SILÁBICA

Fonologia é o ramo da Linguística que estuda o sistema sonoro de um idioma. Ao estudar a maneira como os fones (sons) se organizam dentro de uma língua, classifica-os em unidades capazes de distinguir significados, chamadas fonemas.

FONEMA

A palavra fonologia é formada pelos elementos gregos fono ( "som, voz") e log, logia (

"estudo", "conhecimento") . Significa literalmente " estudo dos sons" ou "estudo dos sons da

voz". O homem, ao falar, emite sons. Cada indivíduo tem uma maneira própria de realizar

esses sons no ato da fala. Essas particularidades na pronúncia de cada falante são

estudadas pela Fonética.

Dá-se o nome de fonema ao menor elemento sonoro capaz de estabelecer uma distinção de

significado entre as palavras. Observe, nos exemplos a seguir, os fonemas que marcam a

distinção entre os pares de palavras:

amor - ator

morro - corro

vento - cento

Cada segmento sonoro se refere a um dado da língua portuguesa que está em sua

memória: a imagem acústica que você, como falante de português, guarda de cada um

deles. É essa imagem acústica, esse referencial de padrão sonoro, que constitui o fonema.

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5 Os fonemas formam os significantes dos signos linguísticos. Geralmente, aparecem

representados entre barras. Assim: /m/, /b/, /a/, /v/, etc.

Fonema e Letra

1) O fonema não deve ser confundido com a letra. Na língua escrita, representamos os

fonemas por meio de sinais chamados letras. Portanto, letra é a representação gráfica do

fonema. Na palavra sapo, por exemplo, a letra s representa o fonema /s/ (lê-se sê); já na

palavra brasa, a letra s representa o fonema /z/ (lê-se zê).

2) Às vezes, o mesmo fonema pode ser representado por mais de uma letra do alfabeto. É o

caso do fonema /z/, que pode ser representado pelas letras z, s, x:

Exemplos:zebra; casamento; exílio.

3) Em alguns casos, a mesma letra pode representar mais de um fonema. A letra x, por

exemplo, pode representar:

- o fonema sê: texto

- o fonema zê: exibir

- o fonema chê: enxame

- o grupo de sons ks: táxi

4) O número de letras nem sempre coincide com o número de fonemas.

Exemplos:tóxico fonemas: /t/ó/k/s/i/c/o/ letras: t ó x i c o

1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6

galho fonemas: /g/a/lh/o/ letras: g a l h o

1 2 3 4 1 2 3 4 5

5) As letras m e n, em determinadas palavras, não representam fonemas. Observe os

exemplos:compra,conta.

Nessas palavras, m e n indicam a nasalização das vogais que as antecedem.

Veja ainda: nave: o /n/ é um fonema;

dança: o n não é um fonema; o fonema é /ã/, representado na escrita pelas letras a e n.

6) A letra h, ao iniciar uma palavra, não representa fonema.

Exemplos: hoje fonemas: ho / j / e / letras: h o j e

1 2 3 1 2 3 4

Classificação dos Fonemas

Os fonemas da língua portuguesa são classificados em:

1) Vogais

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6 As vogais são os fonemas sonoros produzidos por uma corrente de ar que passa livremente

pela boca. Em nossa língua, desempenham o papel de núcleo das sílabas. Assim, isso

significa que em toda sílaba há necessariamente uma única vogal.

Na produção de vogais, a boca fica aberta ou entreaberta. As vogais podem ser:

a) Orais: quando o ar sai apenas pela boca.

Por Exemplo:/a/, /e/, /i/, /o/, /u/.

b) Nasais: quando o ar sai pela boca e pelas fossas nasais.

Por Exemplo:

/ã/: fã, canto, tampa

//: dente, tempero

//: lindo, mim

/õ/ bonde, tombo

// nunca, algum

c) Átonas: pronunciadas com menor intensidade.

Por Exemplo:até, bola

d)Tônicas: pronunciadas com maior intensidade.

Por Exemplo:até, bola

Quanto ao timbre, as vogais podem ser:

Abertas

Exemplos:pé, lata, pó

Fechadas

Exemplos:mês, luta, amor

Reduzidas - Aparecem quase sempre no final das palavras.

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7 Exemplos:dedo, ave, gente

Quanto à zona de articulação:

Anteriores ou Palatais - A língua eleva-se em direção ao palato duro (céu da boca).

Exemplos:é, ê, i

Posteriores ou Velares - A língua eleva-se em direção ao palato mole (véu palatino).

Exemplos:ó, ô, u

Médias - A língua fica baixa, quase em repouso.

Por Exemplo:a

2) Semivogais

Os fonemas /i/ e /u/, algumas vezes, não são vogais. Aparecem apoiados em uma vogal,

formando com ela uma só emissão de voz (uma sílaba). Nesse caso, esses fonemas são

chamados de semivogais. A diferença fundamental entre vogais e semivogais está no fato

de que estas últimas não desempenham o papel de núcleo silábico.

Observe a palavra papai. Ela é formada de duas sílabas: pa-pai. Na última sílaba, o fonema

vocálico que se destaca é o a. Ele é a vogal. O outro fonema vocálico i não é tão forte

quanto ele. É a semivogal.

Outros exemplos:saudade, história, série.

Obs.: os fonemas /i/ e /u/ podem aparecer representados na escrita por" e", "o" ou "m".

Veja:pães / pãis mão / mãu/ cem /ci/

3) Consoantes

Para a produção das consoantes, a corrente de ar expirada pelos pulmões encontra

obstáculos ao passar pela cavidade bucal. Isso faz com que as consoantes sejam

verdadeiros "ruídos", incapazes de atuar como núcleos silábicos. Seu nome provém

justamente desse fato, pois, em português, sempre consoam ("soam com") as vogais.

Exemplos:/b/, /t/, /d/, /v/, /l/, /m/, etc.

Encontros Vocálicos

Os encontros vocálicos são agrupamentos de vogais e semivogais, sem consoantes intermediárias. É importante reconhecê-los para dividir corretamente os vocábulos em sílabas. Existem três tipos de encontros: oditongo, o tritongo e o hiato.

1) Ditongo

É o encontro de uma vogal e uma semivogal (ou vice-versa) numa mesma sílaba. Pode ser:

a) Crescente: quando a semivogal vem antes da vogal. Por Exemplo:sé-rie (i = semivogal, e = vogal)

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b) Decrescente: quando a vogal vem antes da semivogal. Por Exemplo:pai (a = vogal, i = semivogal)

c) Oral: quando o ar sai apenas pela boca. Exemplos:pai, série

d) Nasal: quando o ar sai pela boca e pelas fossas nasais. Por Exemplo:mãe

2) Tritongo

É a sequência formada por uma semivogal, uma vogal e uma semivogal, sempre nessa ordem, numa só sílaba. Pode ser oral ou nasal. Exemplos: Paraguai - Tritongo oral quão - Tritongo nasal

3) Hiato

É a sequência de duas vogais numa mesma palavra que pertencem a sílabas diferentes, uma vez que nunca há mais de uma vogal numa sílaba. Por Exemplo: saída (sa-í-da) poesia (po-e-si-a)

Encontros Consonantais

O agrupamento de duas ou mais consoantes, sem vogal intermediária, recebe o nome de encontro consonantal. Existem basicamente dois tipos:

- os que resultam do contato consoante + l ou r e ocorrem numa mesma sílaba, como em: pe-dra, pla-no, a-tle-ta, cri-se...

- os que resultam do contato de duas consoantes pertencentes a sílabas diferentes: por-ta, rit-mo, lis-ta...

Há ainda grupos consonantais que surgem no início dos vocábulos; são, por isso, inseparáveis: pneu, gno-mo,psi-có-lo-go...

Dígrafos

De maneira geral, cada fonema é representado, na escrita, por apenas uma letra. Por Exemplo:lixo - Possui quatro fonemas e quatro letras.

Há, no entanto, fonemas que são representados, na escrita, por duas letras. Por Exemplo:bicho - Possui quatro fonemas e cinco letras.

Na palavra acima, para representar o fonema | xe| foram utilizadas duas letras: o c e o h.

Assim, o dígrafo ocorre quando duas letras são usadas para representar um único fonema (di = dois + grafo = letra). Em nossa língua, há um número razoável de dígrafos que convém conhecer. Podemos agrupá-los em dois tipos: consonantais e vocálicos.

Dígrafos Consonantais

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Letras Fonemas Exemplos

lh lhe telhado

nh nhe marinheiro

ch xe chave

rr Re (no interior da

palavra) carro

ss se (no interior da

palavra) passo

qu que (seguido de e e i) queijo, quiabo

gu gue (seguido de e e i) guerra, guia

sc se crescer

sç se desço

xc se exceção

Dígrafos Vocálicos: registram-se na representação das vogais nasais.

Fonemas Letras Exemplos

ã am tampa

an canto

em templo

en lenda

im limpo

in lindo

õ om tombo

on tonto

um chumbo

un corcunda

Observação:

"Gu" e "qu" são dígrafos somente quando, seguidos de "e" ou "i", representam os fonemas /g/ e /k/:guitarra, aquilo. Nesses casos, a letra "u" não corresponde a nenhum fonema. Em algumas palavras, no entanto, o "u" representa um fonema semivogal ou vogal (aguentar, linguiça, aquífero...) Nesse caso, "gu" e"qu" não são dígrafos. Também não há dígrafos quando são seguidos de "a" ou "o" (quase, averiguo).

SÍLABA

Observe:

A - MOR

A palavra amor está dividida em grupos de fonemas pronunciados separadamente: a - mor. A cada um desses grupos pronunciados numa só emissão de voz dá-se o nome de sílaba. Em nossa língua, o núcleo da sílaba é sempre uma vogal: não existe sílaba sem vogal e nunca há mais do que uma vogal em cada sílaba. Dessa forma, para sabermos o número de sílabas de uma palavra, devemos perceber quantas vogais tem essa palavra.

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10 Atenção: as letras i e u (mais raramente com as letras e e o) podem representar semivogais.

Classificação das Palavras quanto ao Número de Sílabas

1) Monossílabas: possuem apenas uma sílaba. Exemplos:mãe, flor, lá, meu

2) Dissílabas: possuem duas sílabas. Exemplos:ca-fé, i-ra, a-í, trans-por

3) Trissílabas: possuem três sílabas. Exemplos:ci-ne-ma, pró-xi-mo, pers-pi-caz, O-da-ir

4) Polissílabas: possuem quatro ou mais sílabas. Exemplos: a-ve-ni-da, li-te-ra-tu-ra, a-mi-ga-vel-men-te, o-tor-ri-no-la-rin-go-lo-gis-ta

Divisão Silábica

Na divisão silábica das palavras, cumpre observar as seguintes normas:

a) Não se separam os ditongos e tritongos. Exemplos:foi-ce, a-ve-ri-guou

b) Não se separam os dígrafos ch, lh, nh, gu, qu. Exemplos:cha-ve, ba-ra-lho, ba-nha, fre-guês, quei-xa

c) Não se separam os encontros consonantais que iniciam sílaba. Exemplos:psi-có-lo-go, re-fres-co

d) Separam-se as vogais dos hiatos. Exemplos:ca-a-tin-ga, fi-el, sa-ú-de

e) Separam-se as letras dos dígrafos rr, ss, sc, sç xc. Exemplos:car-ro, pas-sa-re-la, des-cer, nas-ço, ex-ce-len-te

f) Separam-se os encontros consonantais das sílabas internas, excetuando-se aqueles em que a segunda consoante é l ou r. Exemplos:ap-to, bis-ne-to, con-vic-ção, a-brir, a-pli-car

Acento Tônico

Na emissão de uma palavra de duas ou mais sílabas, percebe-se que há uma sílaba de maior intensidade sonora do que as demais.

calor - a sílaba lor é a de maior intensidade.

faceiro - a sílaba cei é a de maior intensidade.

sólido - a sílaba só é a de maior intensidade.

Obs.: a presença da sílaba de maior intensidade nas palavras, em meio a sílabas de menor intensidade, é um dos elementos que dão melodia à frase.

Classificação da Sílaba quanto à Intensidade

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Tônica: é a sílaba pronunciada com maior intensidade.

Átona: é a sílaba pronunciada com menor intensidade.

Subtônica: é a sílaba de intensidade intermediária. Ocorre, principalmente, nas palavras derivadas, correspondendo à tônica da palavra primitiva. Veja o exemplo abaixo:

Palavra primitiva: be - bê

átona tônica

Palavra derivada: be - be - zi - nho

átona subtônica tônica átona

Classificação das Palavras quanto à Posição da Sílaba Tônica

De acordo com a posição da sílaba tônica, os vocábulos da língua portuguesa que contêm duas ou mais sílabas são classificados em:

Oxítonos: são aqueles cuja sílaba tônica é a última. Exemplos:avó, urubu, parabéns

Paroxítonos: são aqueles cuja sílaba tônica é a penúltima. Exemplos:dócil, suavemente, banana

Proparoxítonos: são aqueles cuja sílaba tônica é a antepenúltima. Exemplos:máximo, parábola, íntimo

Saiba que:

São palavras oxítonas, entre outras: cateter, mister, Nobel, novel, ruim, sutil, transistor, ureter.

São palavras paroxítonas, entre outras: avaro, aziago, boêmia, caracteres, cartomancia, celtibero, circuito, decano, filantropo, fluido, fortuito, gratuito, Hungria, ibero, impudico, inaudito, intuito, maquinaria, meteorito, misantropo, necropsia (alguns dicionários admitem também necrópsia), Normandia, pegada, policromo, pudico, quiromancia, rubrica, subido(a).

São palavras proparoxítonas, entre outras: aerólito, bávaro, bímano, crisântemo, ímprobo, ínterim, lêvedo, ômega, pântano, trânsfuga.

As seguintes palavras, entre outras, admitem dupla tonicidade: acróbata/acrobata,

hieróglifo/hieroglifo, Oceânia/Oceania, ortoépia/ortoepia, projétil/projetil, réptil/reptil, zângão/zangão.

Monossílabos

Leia em voz alta a frase abaixo:

O sol já se pôs.

Essa frase é formada apenas por monossílabos. É possível verificar que os monossílabos sol, já e pôs são pronunciados com maior intensidade que os outros. São tônicos. Possuem acento próprio e, por isso, não precisam apoiar-se nas palavras que os

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12 antecedem ou que os seguem. Já os monossílabos o e se sãoátonos, pois são pronunciados fracamente. Por não terem acento próprio, apoiam-se nas palavras que os antecedem ou que os seguem.

Critérios de Distinção

Muitas vezes, fazer a distinção entre um monossílabo átono e um tônico pode ser complicado. Por isso, observe os critérios a seguir.

1- Modificação da pronúncia da vogal final.

Nos monossílabos átonos a vogal final se modifica ou pode modificar-se na pronúncia. Com os tônicos, não ocorre tal possibilidade.

Exemplos: Vou de carro para o meu trabalho. (de = monossílabo átono - é possível a pronúncia di ônibus.)

Dê um auxílio às pessoas que necessitam. (dê = monossílabo tônico - é impossível a pronúncia di um auxílio.)

2- Significado isolado do monossílabo

O monossílabo átono não tem sentido quando isolado na frase. Veja: Meus amigos já compraram os convites, mas eu não. O monossílabo tônico, mesmo isolado, possui significado. Observe: Existem pessoas muito más.

Nessa frase, o monossílabo possui sentido: más = ruins.

São monossílabos átonos:

artigos: o, a, os, as, um, uns

pronomes pessoais oblíquos: me, te, se, o, a, os, as, lhe, nos, vos

preposições: a, com, de, em, por, sem, sob

pronome relativo: que

conjunções: e, ou, que, se

São monossílabos tônicos: todos aqueles que possuem autonomia na frase. Exemplos: mim, há, seu, lar, etc. Obs.: pode ocorrer que, de acordo com a autonomia fonética, um mesmo monossílabo seja átono numa frase, porém tônico em outra.

Exemplos:

Que foi? (átono) Você fez isso por quê? (tônico)

Acentuação Gráfica

Acento Prosódico e Acento Gráfico

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13 Todas as palavras de duas ou mais sílabas possuem uma sílaba tônica, sobre a qual recai o acento prosódico, isto é, o acento da fala. Veja:

es - per - te - za

ca - pí - tu - lo

tra - zer

e - xis - ti - rá

Dessas quatro palavras, note que apenas duas receberam o acento gráfico. Logo, conclui-se que:

Acento Prosódico é aquele que aparece em todas as palavras que possuem duas ou mais sílabas. Já oacento gráfico se caracteriza por marcar a sílaba tônica de algumas palavras. É o acento da escrita. Na língua portuguesa, os acentos gráficos empregados são:

Acento Agudo (´ ): utiliza-se sobre as letras a, i, u e sobre o e da sequência -em, indicando que essas letras representam as vogais das sílabas tônicas. Exemplos:Pará, ambíguo, saúde, vintém

Sobre as letras e e o, indica que representam as vogais tônicas com timbre aberto. Exemplos:pé, herói

Acento Grave (`): indica as diversas possibilidades de crase da preposição "a" com artigos e pronomes. Exemplos:à, às, àquele

Acento Circunflexo (^): indica que as letras e e o representam vogais tônicas, com timbre fechado. Pode surgir sobre a letra a, que representa a vogal tônica, normalmente diante de m, n ou nh. Exemplos:mês, bêbado, vovô, tâmara, sândalo, cânhamo

Til (~): indica que as letras a e o representam vogais nasais.

Exemplos: balão, põe

Regras de Acentuação Gráfica

Baseiam-se na constatação de que, em nossa língua, as palavras mais numerosas são as paroxítonas, seguidas pelas oxítonas. A maioria das paroxítonas termina em -a, -e, -o, -em, podendo ou não ser seguidas de "s". Essas paroxítonas, por serem maioria, não são acentuadas graficamente. Já as proparoxítonas, por serem pouco numerosas, são sempre acentuadas.

Proparoxítonas

Sílaba tônica: antepenúltima

As proparoxítonas são todas acentuadas graficamente. Exemplos:

trágico, patético, árvore

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14 Paroxítonas

Sílaba tônica: penúltima

Acentuam-se as paroxítonas terminadas em:

l fácil

n pólen

r cadáver

ps bíceps

x tórax

us vírus

i, is júri, lápis

om, ons iândom, íons

um, uns álbum, álbuns

ã(s), ão(s) órfã, órfãs, órfão, órfãos

ditongo oral (seguido ou não de s)

jóquei, túneis

Observações:

1) As paroxítonas terminadas em "n" são acentuadas (hífen), mas as que terminam em "ens", não. (hifens, jovens)

2) Não são acentuados os prefixos terminados em "i "e "r". (semi, super)

3) Acentuam-se as paroxítonas terminadas em ditongos crescentes: ea(s), oa(s), eo(s), ua(s), ia(s), ue(s), ie(s), uo(s),io(s).

Exemplos:

várzea, mágoa, óleo, régua, férias, tênue, cárie, ingênuo, início

Oxítonas

Sílaba tônica: última

Acentuam-se as oxítonas terminadas em:

a(s): sofá, sofás

e(s): jacaré, vocês

o(s): paletó, avós

em, ens: ninguém, armazéns

Monossílabos

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15 Os monossílabos, conforme a intensidade com que se proferem, podem ser tônicos ou átonos.

Monossílabos Tônicos

Possuem autonomia fonética, sendo proferidos fortemente na frase onde aparecem. Acentuam-se os monossílabos tônicos terminados em:

a(s): lá, cá e(s): pé, mês o(s): só, pó, nós, pôs

Monossílabos Átonos

Não possuem autonomia fonética, sendo proferidos fracamente, como se fossem sílabas átonas do vocábulo a que se apoiam.

Exemplos:

o(s), a(s), um, uns, me, te, se, lhe nos, de, em, e, que, etc.

Observações:

1) Os monossílabos átonos são palavras vazias de sentido, vindo representados por artigos, pronomes oblíquos, elementos de ligação (preposições, conjunções).

2) Há monossílabos que são tônicos numa frase e átonos em outras.

Exemplos:

Você trouxe sua mochila para quê? (tônico) / Que tem dentro da sua mochila? (átono)

Há sempre um mas para questionar. (tônico) / Eu sei seu nome, mas não me recordo agora. (átono)

Saiba que:

Muitos verbos, ao se combinarem com pronomes oblíquos, produzem formas oxítonas ou monossilábicas que devem ser acentuadas por acabarem assumindo alguma das terminações contidas nas regras. Exemplos:

beijar + a = beijá-la fez + o = fê-lo

dar + as = dá-las fazer + o = fazê-lo

Acento de Insistência

Sentimentos fortes (emoção, alegria, raiva, medo) ou a simples necessidade de enfatizar uma ideia podem levar o falante a emitir a sílaba tônica ou a primeira sílaba de certas palavras com uma intensidade e duração além do normal.

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16 Exemplos:

Está muuuuito frio hoje!

Deve haver equilíbrio entre exportação e importação.

Regras Especiais

Além das regras fundamentais, há um conjunto de regras destinadas a pôr em evidência alguns detalhes sonoros das palavras. Observe:

Ditongos Abertos

Os ditongos éi, éu e ói, sempre que tiverem pronúncia aberta em palavras oxítonas (éi e não êi), são acentuados. Veja:

éi (s):anéis, fiéis, papéis éu (s):troféu, céus ói (s): herói, constrói, caubóis

Obs.: os ditongos abertos ocorridos em palavras paroxítonas NÃO são acentuados.

Exemplos: assembleia, boia, colmeia, Coreia, estreia, heroico, ideia, jiboia, joia, paranoia, plateia, etc.

Atenção: a palavra destróier é acentuada por ser uma paroxítona terminada em "r" (e não por possuir ditongo aberto "ói").

Hiatos

Acentuam-se o "i" e "u" tônicos quando formam hiato com a vogal anterior, estando eles sozinhos na sílaba ou acompanhados apenas de "s", desde que não sejam seguidos por "-nh".

Exemplos:

sa - í - da e - go - ís -mo sa - ú - de

Não se acentuam, portanto, hiatos como os das palavras:

ju - iz ra - iz ru - im ca - ir

Razão: -i ou -u não estão sozinhos nem acompanhados de -s na sílaba.

Observação: cabe esclarecer que existem hiatos acentuados não por serem hiatos, mas por outras razões. Veja os exemplos abaixo:

po-é-ti-co: proparoxítona bo-ê-mio: paroxítona terminada em ditongo crescente. ja-ó: oxítona terminada em "o".

Page 17: Lingua portuguesa e redação  modulo i

17

Verbos Ter e Vir

Acentua-se com circunflexo a 3ª pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos ter e vir, bem como nos seus compostos (deter, conter, reter, advir, convir, intervir, etc.). Veja:

Ele tem Eles têm

Ela vem Elas vêm

Ele retém Eles retêm

Ele intervém Eles intervêm

Obs.: nos verbos compostos de ter e vir, o acento ocorre obrigatoriamente, mesmo no singular. Distingue-se o plural do singular mudando o acento de agudo para circunflexo:

ele detém -eles detêm ele advém -eles advêm.

Ortoépia ou Ortoepia

A palavra ortoépia se origina da união dos termos gregos orthos, que significa "correto" e hépos, que significa "palavra". Assim, a ortoépia se ocupa da correta produção oral das palavras.

Preceitos:

1) A perfeita emissão de vogais e grupos vocálicos, enunciando-os com nitidez, sem acrescentar nem omitir ou alterar fonemas, respeitando o timbre (aberto ou fechado) das vogais tônicas, tudo de acordo com as normas da fala culta.

2) A articulação correta e nítida dos fonemas consonantais.

3) A correta e adequada ligação das palavras na frase.

Veja a seguir alguns casos frequentes de pronúncias corretas e errôneas, de acordo com o padrão culto da língua portuguesa no Brasil.

CORRETAS ERRÔNEAS

adivinhar advinhar

advogado adevogado

apropriado apropiado

aterrissar aterrisar

bandeja bandeija

bochecha buchecha

boteco buteco

braguilha barguilha

bueiro boeiro

cabeleireiro cabelereiro

caranguejo carangueijo

Page 18: Lingua portuguesa e redação  modulo i

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eletricista eletrecista

empecilho impecilho

estupro, estuprador estrupo, estrupador

fragrância fragância

frustrado frustado

lagartixa largatixa

lagarto largato

mendigo mendingo

meteorologia metereologia

mortadela mortandela

murchar muchar

paralelepípedos paralepípedos

pneu peneu

prazerosamente prazeirosamente

privilégio previlégio

problemas poblemas ou pobremas

próprio própio

proprietário propietário

psicologia, psicólogo pissicologia, pissicólogo

salsicha salchicha

sobrancelha sombrancelha

superstição supertição

Em muitas palavras há incerteza, divergência quanto ao timbre de vogais tônicas /e/ e /o/. Recomenda-se proferir:

Com timbre aberto: acerbo, badejo, coeso, grelha, groselha, ileso, obeso, obsoleto, dolo, inodoro, molho (feixe, conjunto), suor. Com timbre fechado: acervo, cerda, interesse (substantivo), reses, algoz, algozes, crosta, bodas, molho (caldo), poça, torpe.

Prosódia

A prosódia ocupa-se da correta emissão de palavras quanto à posição da sílaba tônica, segundo as normas da língua culta. Existe uma série de vocábulos que, ao serem proferidos, acabam tendo o acento prosódico deslocado. Ao erro prosódico dá-se o nome de silabada. Observe os exemplos.

1) São oxítonas:

condor novel ureter

mister Nobel ruim

2) São paroxítonas:

austero ciclope Madagáscar recorde

caracteres filantropo pudico(dí) rubrica

Page 19: Lingua portuguesa e redação  modulo i

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3) São proparoxítonas:

aerólito lêvedo quadrúmano

alcíone munícipe trânsfuga

Existem palavras cujo acento prosódico é incerto, mesmo na língua culta. Observe os exemplos a seguir, sabendo que a primeira pronúncia dada é a mais utilizada na língua atual.

acrobata - acróbata réptil - reptil

Bálcãs - Balcãs xerox - xérox

projétil - projetil zangão - zângão

Ortografia

A ortografia se caracteriza por estabelecer padrões para a forma escrita das palavras. Essa escrita está relacionada tanto a critérios etimológicos (ligados à origem das palavras) quanto fonológicos (ligados aos fonemas representados). É importante compreender que a ortografia é fruto de uma convenção. A forma de grafar as palavras é produto de acordos ortográficos que envolvem os diversos países em que a língua portuguesa é oficial. A melhor maneira de treinar a ortografia é ler, escrever e consultar o dicionário sempre que houver dúvida.

O Alfabeto

O alfabeto da língua portuguesa é formado por 26 letras. Cada letra apresenta uma forma minúscula e outra maiúscula. Veja:

a A (á)

b B (bê)

c C (cê)

d D (dê)

e E (é)

f F (efe)

g G (gê ou guê)

h H (agá)

i I (i)

j J (jota)

k K (cá)

l L (ele)

m M (eme)

n N (ene)

o O (ó)

p P (pê)

q Q (quê)

r R (erre)

s S (esse)

t T (tê)

u U (u)

v V (vê)

w W (dáblio)

x X (xis)

y Y (ípsilon)

z Z (zê)

Observação: emprega-se também o ç, que representa o fonema /s/ diante das letras: a, o, e u em determinadas palavras.

Page 20: Lingua portuguesa e redação  modulo i

20 Emprego das letras K, W e Y

Utilizam-se nos seguintes casos:

a) Em antropônimos originários de outras línguas e seus derivados.

Exemplos: Kant, kantismo; Darwin, darwinismo; Taylor, taylorista.

b) Em topônimos originários de outras línguas e seus derivados.

Exemplos: Kuwait, kuwaitiano.

c) Em siglas, símbolos, e mesmo em palavras adotadas como unidades de medida de curso internacional.

Exemplos: K (Potássio), W (West), kg (quilograma), km (quilômetro), Watt.

Emprego de X e Ch

Emprega-se o X:

1) Após um ditongo.

Exemplos: caixa, frouxo, peixe

Exceção: recauchutar e seus derivados

2) Após a sílaba inicial "en".

Exemplos: enxame, enxada, enxaqueca

Exceção: palavras iniciadas por "ch" que recebem o prefixo "en-"

Exemplos: encharcar (de charco), enchiqueirar (de chiqueiro), encher e seus derivados (enchente, enchimento, preencher...)

3) Após a sílaba inicial "me-".

Exemplos: mexer, mexerica, mexicano, mexilhão

Exceção: mecha

4) Em vocábulos de origem indígena ou africana e nas palavras inglesas aportuguesadas.

Exemplos: abacaxi, xavante, orixá, xará, xerife, xampu

5) Nas seguintes palavras:

bexiga, bruxa, coaxar, faxina, graxa, lagartixa, lixa, lixo, puxar, rixa, oxalá, praxe, roxo, vexame, xadrez,xarope, xaxim, xícara, xale, xingar, etc.

Page 21: Lingua portuguesa e redação  modulo i

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Emprega-se o dígrafo Ch:

1) Nos seguintes vocábulos:

bochecha, bucha, cachimbo, chalé, charque, chimarrão, chuchu, chute, cochilo, debochar, fachada, fantoche, ficha, flecha, mochila, pechincha, salsicha, tchau, etc.

Para representar o fonema /j/ na forma escrita, a grafia considerada correta é aquela que ocorre de acordo com a origem da palavra. Veja os exemplos:

gesso: Origina-se do grego gypsos jipe: Origina-se do inglês jeep.

Emprega-se o G:

1) Nos substantivos terminados em -agem, -igem, -ugem

Exemplos: barragem, miragem, viagem, origem, ferrugem

Exceção: pajem

2) Nas palavras terminadas em -ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio

Exemplos: estágio, privilégio, prestígio, relógio, refúgio

3) Nas palavras derivadas de outras que se grafam com g

Exemplos: engessar (de gesso), massagista (de massagem), vertiginoso (de vertigem)

4) Nos seguintes vocábulos:

algema, auge, bege, estrangeiro, geada, gengiva, gibi, gilete, hegemonia, herege, megera, monge, rabugento, vagem.

Emprega-se o J:

1) Nas formas dos verbos terminados em -jar ou -jear

Exemplos

arranjar: arranjo, arranje, arranjem despejar:despejo, despeje, despejem gorjear: gorjeie, gorjeiam, gorjeando

Page 22: Lingua portuguesa e redação  modulo i

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enferrujar: enferruje, enferrujem viajar: viajo, viaje, viajem

2) Nas palavras de origem tupi, africana, árabe ou exótica

Exemplos: biju, jiboia, canjica, pajé, jerico, manjericão, Moji

3) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam j

Exemplos:

laranja- laranjeira loja- lojista lisonja - lisonjeador nojo- nojeira

cereja- cerejeira varejo- varejista rijo- enrijecer jeito- ajeitar

4) Nos seguintes vocábulos:

berinjela, cafajeste, jeca, jegue, majestade, jeito, jejum, laje, traje, pegajento

Emprego das Letras S e Z

Emprega-se o S:

1) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam s no radical

Exemplos:

análise- analisar catálise- catalisador

casa- casinha, casebre liso- alisar

2) Nos sufixos -ês e -esa, ao indicarem nacionalidade, título ou origem

Exemplos:

burguês- burguesa inglês- inglesa

chinês- chinesa milanês- milanesa

3) Nos sufixos formadores de adjetivos -ense, -oso e -osa

Exemplos:

catarinense gostoso- gostosa amoroso- amorosa

palmeirense gasoso- gasosa teimoso- teimosa

Page 23: Lingua portuguesa e redação  modulo i

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4) Nos sufixos gregos -ese, -isa, -osa

Exemplos:

catequese, diocese, poetisa, profetisa, sacerdotisa, glicose, metamorfose, virose

5) Após ditongos

Exemplos:

coisa, pouso, lousa, náusea

6) Nas formas dos verbos pôr e querer, bem como em seus derivados

Exemplos:

pus, pôs, pusemos, puseram, pusera, pusesse, puséssemos quis, quisemos, quiseram, quiser, quisera, quiséssemos repus, repusera, repusesse, repuséssemos

7) Nos seguintes nomes próprios personativos:

Baltasar, Heloísa, Inês, Isabel, Luís, Luísa, Resende, Sousa, Teresa, Teresinha, Tomás

8) Nos seguintes vocábulos:

abuso, asilo, através, aviso, besouro, brasa, cortesia, decisão,despesa, empresa, freguesia, fusível, maisena, mesada, paisagem, paraíso, pêsames, presépio, presídio, querosene, raposa, surpresa, tesoura, usura, vaso, vigésimo, visita, etc.

Emprega-se o Z:

1) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam z no radical

Exemplos:

deslize- deslizar razão- razoável vazio- esvaziar

raiz- enraizar cruz-cruzeiro

Page 24: Lingua portuguesa e redação  modulo i

24 2) Nos sufixos -ez, -eza, ao formarem substantivos abstratos a partir de adjetivos

Exemplos:

inválido- invalidez limpo-limpeza macio- maciez rígido- rigidez

frio- frieza nobre- nobreza pobre-pobreza surdo- surdez

3) Nos sufixos -izar, ao formar verbos e -ização, ao formar substantivos

Exemplos:

civilizar- civilização hospitalizar- hospitalização

colonizar- colonização realizar- realização

4) Nos derivados em -zal, -zeiro, -zinho, -zinha, -zito, -zita

Exemplos:

cafezal, cafezeiro, cafezinho, arvorezinha, cãozito, avezita

5) Nos seguintes vocábulos:

azar, azeite, azedo, amizade, buzina, bazar, catequizar, chafariz, cicatriz, coalizão, cuscuz, proeza, vizinho, xadrez, verniz, etc.

6) Nos vocábulos homófonos, estabelecendo distinção no contraste entre o S e o Z

Exemplos:

cozer (cozinhar) e coser (costurar) prezar( ter em consideração) e presar (prender) traz (forma do verbo trazer) e trás (parte posterior)

Observação: em muitas palavras, a letra X soa como Z. Veja os exemplos:

exame exato exausto exemplo existir exótico inexorável

Emprego de S, Ç, X e dos Dígrafos Sc, Sç, Ss, Xc, Xs

Page 25: Lingua portuguesa e redação  modulo i

25 Existem diversas formas para a representação do fonema /S/. Observe:

Emprega-se o S:

Nos substantivos derivados de verbos terminados em "andir","ender", "verter" e "pelir"

Exemplos:

expandir- expansão pretender- pretensão verter- versão expelir- expulsão

estender- extensão suspender- suspensão converter - conversão repelir- repulsão

Emprega-se Ç:

Nos substantivos derivados dos verbos "ter" e "torcer"

Exemplos:

ater- atenção torcer- torção

deter- detenção distorcer-distorção

manter- manutenção contorcer- contorção

Emprega-se o X:

Em alguns casos, a letra X soa como Ss

Exemplos:

auxílio, expectativa, experto, extroversão, sexta, sintaxe, texto, trouxe

Emprega-se Sc:

Nos termos eruditos

Exemplos:

acréscimo, ascensorista, consciência, descender, discente, fascículo, fascínio, imprescindível, miscigenação, miscível, plebiscito, rescisão, seiscentos, transcender, etc.

Emprega-se Sç:

Na conjugação de alguns verbos

Exemplos:

Page 26: Lingua portuguesa e redação  modulo i

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nascer- nasço, nasça crescer- cresço, cresça descer- desço, desça

Emprega-se Ss:

Nos substantivos derivados de verbos terminados em "gredir", "mitir", "ceder" e "cutir"

Exemplos:

agredir- agressão demitir- demissão ceder- cessão discutir- discussão

progredir- progressão transmitir-

transmissão exceder- excesso

repercutir-

repercussão

Emprega-se o Xc e o Xs:

Em dígrafos que soam como Ss

Exemplos:exceção, excêntrico, excedente, excepcional, exsudar

Observações sobre o uso da letra X

1) O X pode representar os seguintes fonemas:

/ch/ - xarope, vexame

/cs/ - axila, nexo

/z/ - exame, exílio

/ss/ - máximo, próximo

/s/ - texto, extenso

2) Não soa nos grupos internos -xce- e -xci-

Exemplos: excelente, excitar

Emprego das letras E e I

Na língua falada, a distinção entre as vogais átonas /e/ e /i / pode não ser nítida. Observe:

Emprega-se o E:

1) Em sílabas finais dos verbos terminados em -oar, -uar

Exemplos:

Page 27: Lingua portuguesa e redação  modulo i

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magoar - magoe, magoes

continuar- continue, continues

2) Em palavras formadas com o prefixo ante- (antes, anterior)

Exemplos: antebraço, antecipar

3) Nos seguintes vocábulos:

cadeado, confete, disenteria, empecilho, irrequieto, mexerico, orquídea, etc.

Emprega-se o I :

1) Em sílabas finais dos verbos terminados em -air, -oer, -uir

Exemplos:

cair- cai

doer- dói

influir- influi

2) Em palavras formadas com o prefixo anti- (contra)

Exemplos:Anticristo, antitetânico

3) Nos seguintes vocábulos:

aborígine, artimanha, chefiar, digladiar, penicilina, privilégio, etc.

Emprego das letras O e U

Emprega-se o O/U:

A oposição o/u é responsável pela diferença de significado de algumas palavras. Veja os exemplos:

comprimento (extensão) e cumprimento (saudação, realização)

soar (emitir som) e suar (transpirar)

Grafam-se com a letra O: bolacha, bússola, costume, moleque.

Grafam-se com a letra U: camundongo, jabuti, Manuel, tábua

Emprego da letra H

Esta letra, em início ou fim de palavras, não tem valor fonético. Conservou-se apenas como símbolo, por força da etimologia e da tradição escrita. A palavra hoje, por exemplo, grafa-se desta forma devido a sua origem na forma latina hodie.

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28 Emprega-se o H:

1) Inicial, quando etimológico

Exemplos: hábito, hesitar, homologar, Horácio

2) Medial, como integrante dos dígrafos ch, lh, nh

Exemplos: flecha, telha, companhia

3) Final e inicial, em certas interjeições

Exemplos: ah!, ih!, eh!, oh!, hem?, hum!, etc.

4) Em compostos unidos por hífen, no início do segundo elemento, se etimológico

Exemplos: anti-higiênico, pré-histórico, super-homem, etc.

Observações:

1) No substantivo Bahia, o "h" sobrevive por tradição. Note que nos substantivos derivados comobaiano, baianada ou baianinha ele não é utilizado.

2) Os vocábulos erva, Espanha e inverno não possuem a letra "h" na sua composição. No entanto, seus derivados eruditos sempre são grafados com h. Veja: herbívoro, hispânico, hibernal.

Emprego das Iniciais Maiúsculas e Minúsculas

1) Utiliza-se inicial maiúscula:

a) No começo de um período, verso ou citação direta.

Exemplos:

Disse o Padre Antonio Vieira: "Estar com Cristo em qualquer lugar, ainda que seja no inferno, é estar no Paraíso."

"Auriverde pendão de minha terra, Que a brisa do Brasil beija e balança, Estandarte que à luz do sol encerra As promessas divinas da Esperança…" (Castro Alves)

Observações:

- No início dos versos que não abrem período, é facultativo o uso da letra maiúscula.

Por Exemplo:

"Aqui, sim, no meu cantinho, vendo rir-me o candeeiro,

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gozo o bem de estar sozinho e esquecer o mundo inteiro."

- Depois de dois pontos, não se tratando de citação direta, usa-se letra minúscula.

Por Exemplo:

"Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro, incenso, mirra." (Manuel Bandeira)

b) Nos antropônimos, reais ou fictícios.

Exemplos:Pedro Silva, Cinderela, D. Quixote.

c) Nos topônimos, reais ou fictícios.

Exemplos: Rio de Janeiro, Rússia, Macondo.

d) Nos nomes mitológicos.

Exemplos: Dionísio, Netuno.

e) Nos nomes de festas e festividades.

Exemplos:Natal, Páscoa, Ramadã.

f) Em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais.

Exemplos: ONU, Sr., V. Ex.ª.

g) Nos nomes que designam altos conceitos religiosos, políticos ou nacionalistas.

Exemplos:Igreja (Católica, Apostólica, Romana), Estado, Nação, Pátria, União, etc.

Observação: esses nomes escrevem-se com inicial minúscula quando são empregados em sentido geral ou indeterminado.

Exemplo: Todos amam sua pátria.

Emprego FACULTATIVO de letra maiúscula:

a) Nos nomes de logradouros públicos, templos e edifícios.

Exemplos: Rua da Liberdade ou rua da Liberdade Igreja do Rosário ou igreja do Rosário Edifício Azevedo ou edifício Azevedo

2) Utiliza-se inicial minúscula:

a) Em todos os vocábulos da língua, nos usos correntes.

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Exemplos: carro, flor, boneca, menino, porta, etc.

b) Nos nomes de meses, estações do ano e dias da semana.

Exemplos: janeiro, julho, dezembro, etc. segunda, sexta, domingo, etc. primavera, verão, outono, inverno

c) Nos pontos cardeais.

Exemplos: Percorri o país de norte a sul e de leste a oeste. Estes são os pontos colaterais: nordeste, noroeste, sudeste, sudoeste.

Observação: quando empregados em sua forma absoluta, os pontos cardeais são grafados com letra maiúscula.

Exemplos: Nordeste (região do Brasil) Ocidente (europeu) Oriente (asiático)

Lembre-se:

Depois de dois-pontos, não se tratando de citação direta, usa-se letra minúscula.

Exemplo:

"Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas:ouro, incenso, mirra." (Manuel Bandeira)

Emprego FACULTATIVO de letra minúscula:

a) Nos vocábulos que compõem uma citação bibliográfica.

Exemplos: Crime e Castigo ou Crime e castigo Grande Sertão: Veredas ou Grande sertão: veredas Em Busca do Tempo Perdido ou Em busca do tempo perdido

b) Nas formas de tratamento e reverência, bem como em nomes sagrados e que designam crenças religiosas.

Exemplos: Governador Mário Covas ou governador Mário Covas Papa João Paulo II ou papa João Paulo II Excelentíssimo Senhor Reitor ou excelentíssimo senhor reitor Santa Maria ou santa Maria.

c) Nos nomes que designam domínios de saber, cursos e disciplinas.

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Exemplos: Português ou português Línguas e Literaturas Modernas ou línguas e literaturas modernas História do Brasil ou história do Brasil Arquitetura ou arquitetura

Notações Léxicas

Para representar os fonemas, muitas vezes há necessidade de recorrer a sinais gráficos denominados notações léxicas.

Emprego do Til

Til ( ~ )

O til sobrepõe-se sobre as letras a e o para indicar vogal nasal.

Pode aparecer em sílaba:

Tônica: balão, corações, maçã

Pretônica: balõezinhos, grã-fino

Átona: órgão, bênçãos

Outros Exemplos:Capitães, limão, mamão, bobão, chorão, devoções, põem, etc.

Observação:Se a sílaba onde figura o til for átona, acentua-se graficamente a sílaba predominante.

Por Exemplo: Órfãos, acórdão

Emprego do Apóstrofo

Apóstrofo ( ´ )

O uso deste sinal gráfico pode:

a) Indicar a supressão de uma vogal nos versos, por exigências métricas. Ocorre principalmente entre poetas portugueses

Exemplos:

esp´rança (esperança) minh'alma (minha alma) 'stamos (estamos)

b) Reproduzir certas pronúncias populares

Exemplos:

Olh'ele aí...(Guimarães Rosa) Não s'enxerga, enxerido! (Peregrino Jr.)

c) Indicar a supressão da vogal da preposição de em certas palavras compostas

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Exemplos:copo d´água, estrela d'alva, caixa d'água

1.2. NOÇÕES DE MORFOLOGIA: ELEMENTOS COMPOSICIONAIS DOS VOCÁBULOS,

PROCESSOS DE FORMAÇÃO VOCABULAR, CATEGORIAS GRAMATICAIS VARIÁVEIS,

FLEXÃO DAS PALAVRAS (GÊNERO, NÚMERO, PESSOA, TEMPO, MODO E VOZ)

MORFOLOGIA

Em linguística, Morfologia é o estudo da estrutura, da formação e da classificação das palavras. A peculiaridade da morfologia é estudar as palavras olhando para elas isoladamente e não dentro da sua participação na frase ou período. A morfologia está agrupada em dez classes, denominadas classes de palavras ou classes gramaticais. São elas: Substantivo, Artigo, Adjetivo, Numeral, Pronome, Verbo, Advérbio, Preposição, Conjunção e Interjeição.

ESTRUTURA DAS PALAVRAS

Estudar a estrutura é conhecer os elementos formadores das palavras. Assim, compreendemos melhor o significado de cada uma delas. Observe os exemplos abaixo:

art-ista brinc-a-mos cha-l-eira cachorr-inh-a-s

A análise destes exemplos mostra-nos que as palavras podem ser divididas em unidades menores, a que damos o nome de elementos mórficos ou morfemas.

Vamos analisar a palavra "cachorrinhas":

Nessa palavra observamos facilmente a existência de quatro elementos. São eles:

cachorr - este é o elemento base da palavra, ou seja, aquele que contém o significado.

inh - indica que a palavra é um diminutivo

a - indica que a palavra é feminina

s - indica que a palavra se encontra no plural

Morfemas: unidades mínimas de caráter significativo.

Obs.: existem palavras que não comportam divisão em unidades menores, tais como: mar, sol, lua, etc.

São elementos mórficos:

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1) Raiz, radical, tema: elementos básicos e significativos

2) Afixos (prefixos, sufixos), desinência, vogal temática: elementos modificadores da significação dos primeiros

3) Vogal de ligação, consoante de ligação: elementos de ligação ou eufônicos.

Raiz

É o elemento originário e irredutível em que se concentra a significação das palavras, consideradas do ângulohistórico. É a raiz que encerra o sentido geral, comum às palavras da mesma família etimológica. Observe o exemplo:

Raiz noc [Latim nocere = prejudicar] tem a significação geral de causar dano, e a ela se prendem, pela origem comum, as palavras nocivo, nocividade, inocente, inocentar, inócuo, etc.

Obs.: uma raiz pode sofrer alterações. Veja o exemplo:

at-o

at-or

at-ivo

aç-ão

ac-ionar

Radical

Observe o seguinte grupo de palavras:

livr- o

livr- inho

livr- eiro

livr- eco

Você reparou que há um elemento comum nesse grupo?

Você reparou que o elemento livr serve de base para o significado? Esse elemento é chamado de radical (ou semantema).

Radical: elemento básico e significativo das palavras, consideradas sob o aspecto gramatical e prático. É encontrado através do despojo dos elementos secundários (quando houver) da palavra.

Por Exemplo:

cert-o cert-eza in-cert-eza

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Afixos

Afixos são elementos secundários (geralmente sem vida autônoma) que se agregam a um radical ou tema para formar palavras derivadas. Sabemos que o acréscimo do morfema "-mente", por exemplo, cria uma nova palavra a partir de "certo": certamente, advérbio de modo. De maneira semelhante, o acréscimo dos morfemas "a-" e "-ar" à forma "cert-" cria o verbo acertar. Observe que a- e -ar são morfemas capazes de operar mudança de classe gramatical na palavra a que são anexados. Quando são colocados antes do radical, como acontece com "a-", os afixos recebem o nome de prefixos. Quando, como "-ar", surgem depois do radical, os afixos são chamados de sufixos. Veja os exemplos:

Prefixo Radical Sufixo

in at ivo

em pobr ecer

inter nacion al

Desinências

Desinências são os elementos terminais indicativos das flexões das palavras. Existem dois tipos:

Desinências Nominais: indicam as flexões de gênero (masculino e feminino) e de número (singular e plural) dos nomes.

Exemplos:

alun-o aluno-s

alun-a aluna-s

Observação: só podemos falar em desinências nominais de gêneros e de números em palavras que admitem tais flexões, como nos exemplos acima. Em palavras como mesa, tribo, telefonema, por exemplo, não temos desinência nominal de gênero. Já em pires, lápis, ônibus não temos desinência nominal de número.

Desinências Verbais: indicam as flexões de número e pessoa e de modo e tempo dos verbos.

Exemplos:

compr-o compra-s compra-mos compra-is compra-m

compra-va compra-va-s

A desinência "-o", presente em "am-o", é uma desinência número-pessoal, pois indica que o verbo está na primeira pessoa do singular; "-va", de "ama-va", é desinência modo-temporal: caracteriza uma forma verbal do pretérito imperfeito do indicativo, na 1ª conjugação.

Page 35: Lingua portuguesa e redação  modulo i

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Vogal Temática

Vogal Temática é a vogal que se junta ao radical, preparando-o para receber as desinências. Nos verbos, distinguem-se três vogais temáticas:

A

Caracteriza os verbos da 1ª conjugação.

Exemplos:

buscar, buscavas, etc.

E

Caracteriza os verbos da 2ª conjugação.

Exemplos:

romper, rompemos, etc.

I

Caracteriza os verbos da 3ª conjugação.

Exemplos:

proibir, proibirá, etc.

Tema

Tema é o grupo formado pelo radical mais vogal temática. Nos verbos citados acima, os temas são:

busca-, rompe-, proibi-

Vogais e Consoantes de Ligação

As vogais e consoantes de ligação são morfemas que surgem por motivos eufônicos, ou seja, para facilitar ou mesmo possibilitar a pronúncia de uma determinada palavra.

Exemplo:

parisiense (paris= radical, ense=sufixo, vogal de ligação=i)

Outros exemplos:

gas-ô-metro, alv-i-negro, tecn-o-cracia, pau-l-ada, cafe-t-eira, cha-l-eira, inset-i-cida, pe-z-inho, pobr-e-tão, etc.

Formação das Palavras

Existem dois processos básicos pelos quais se formam as palavras: a derivação e a composição. A diferença entre ambos consiste basicamente em que, no processo de derivação, partimos sempre de um único radical, enquanto no processo de composição

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sempre haverá mais de um radical.

Derivação

Derivação é o processo pelo qual se obtém uma palavra nova, chamada derivada, a partir de outra já existente, chamada primitiva. Observe o quadro abaixo:

Primitiva Derivada

mar marítimo, marinheiro,

marujo

terra enterrar, terreiro, aterrar

Observamos que "mar" e "terra" não se formam de nenhuma outra palavra, mas, ao contrário, possibilitam a formação de outras, por meio do acréscimo de um sufixo ou prefixo. Logo, mar e terra são palavras primitivas, e as demais, derivadas.

Tipos de Derivação

Derivação Prefixal ou Prefixação

Resulta do acréscimo de prefixo à palavra primitiva, que tem o seu significado alterado. Veja os exemplos:

crer- descrer ler- reler capaz- incapaz

Derivação Sufixal ou Sufixação

Resulta de acréscimo de sufixo à palavra primitiva, que pode sofrer alteração de significado ou mudança de classe gramatical.

Por Exemplo:alfabetização

No exemplo acima, o sufixo -ção transforma em substantivo o verbo alfabetizar. Este, por sua vez, já é derivado do substantivo alfabeto pelo acréscimo do sufixo -izar.

A derivação sufixal pode ser:

a) Nominal, formando substantivos e adjetivos.

Por Exemplo:

papel - papelaria riso - risonho

b) Verbal, formando verbos.

Por Exemplo:

atual - atualizar

c) Adverbial, formando advérbios de modo.

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Por Exemplo:

feliz - felizmente

Derivação Parassintética ou Parassíntese

Ocorre quando a palavra derivada resulta do acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo à palavra primitiva. Por meio da parassíntese formam-se nomes (substantivos e adjetivos) e verbos.

Considere o adjetivo " triste". Do radical "trist-" formamos o verbo entristecer através da junção simultânea do prefixo "en-" e do sufixo "-ecer". A presença de apenas um desses afixos não é suficiente para formar uma nova palavra, pois em nossa língua não existem as palavras "entriste", nem "tristecer".

Exemplos:

Palavra Inicial

Prefixo Radical Sufixo Palavra

Formada

mudo e mud ecer emudecer

alma des alm ado desalmado

Atenção!

Não devemos confundir derivação parassintética, em que o acréscimo de sufixo e de prefixo é obrigatoriamente simultâneo, com casos como os das palavras desvalorização e desigualdade. Nessas palavras, os afixos são acoplados em sequência: desvalorização provém de desvalorizar, que provém devalorizar, que por sua vez provém de valor.

É impossível fazer o mesmo com palavras formadas por parassíntese: não se pode dizer que expropriarprovém de "propriar" ou de "expróprio", pois tais palavras não existem. Logo, expropriar provém diretamente de próprio, pelo acréscimo concomitante de prefixo e sufixo.

erivação Regressiva

Ocorre derivação regressiva quando uma palavra é formada não por acréscimo, mas por redução.

Exemplos:

comprar (verbo) beijar (verbo)

compra (substantivo) beijo (substantivo)

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Saiba que:

Para descobrirmos se um substantivo deriva de um verbo ou se ocorre o contrário, podemos seguir a seguinte orientação:

- Se o substantivo denota ação, será palavra derivada, e

o verbo palavra primitiva.

- Se o nome denota algum objeto ou substância, verifica-se o contrário.

Vamos observar os exemplos acima: compra e beijo indicam ações, logo,

são palavras derivadas. O mesmo não ocorre, porém, com a palavra âncora, que é

um objeto. Neste caso, um substantivo primitivo que dá origem ao

verbo ancorar.

Por derivação regressiva, formam-se basicamente substantivos a partir de verbos. Por isso, recebem o nome de substantivos deverbais. Note que na linguagem popular, são frequentes os exemplos de palavras formadas por derivação regressiva. Veja:

o portuga (de português) o boteco (de botequim)

o comuna (de comunista)

Ou ainda:

agito (de agitar) amasso (de amassar)

chego (de chegar)

Obs.: o processo normal é criar um verbo a partir de um substantivo. Na derivação regressiva, a língua procede em sentido inverso: forma o substantivo a partir do verbo.

Derivação Imprópria

A derivação imprópria ocorre quando determinada palavra, sem sofrer qualquer acréscimo ou supressão em sua forma, muda de classe gramatical. Neste processo:

1) Os adjetivos passam a substantivos

Por Exemplo:

Os bons serão contemplados.

2) Os particípios passam a substantivos ou adjetivos

Por Exemplo:

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Aquele garoto alcançou um feito passando no concurso.

3) Os infinitivos passam a substantivos

Por Exemplo:

O andar de Roberta era fascinante. O badalar dos sinos soou na cidadezinha.

4) Os substantivos passam a adjetivos

Por Exemplo:

O funcionário fantasma foi despedido. O menino prodígio resolveu o problema.

5) Os adjetivos passam a advérbios

Por Exemplo:

Falei baixo para que ninguém escutasse.

6) Palavras invariáveis passam a substantivos

Por Exemplo:

Não entendo o porquê disso tudo.

7) Substantivos próprios tornam-se comuns.

Por Exemplo:

Aquele coordenador é um caxias! (chefe severo e exigente)

Observação: os processos de derivação vistos anteriormente fazem parte da Morfologia porque implicam alterações na forma das palavras. No entanto, a derivação imprópria lida basicamente com seu significado, o que acaba caracterizando um processo semântico. Por essa razão, entendemos o motivo pelo qual é denominada "imprópria".

Composição

Composição é o processo que forma palavras compostas, a partir da junção de dois ou mais radicais. Existem dois tipos:

Composição por Justaposição

Ao juntarmos duas ou mais palavras ou radicais, não ocorre alteração fonética.

Exemplos:

passatempo, quinta-feira, girassol, couve-flor

Obs.: em "girassol" houve uma alteração na grafia (acréscimo de um "s") justamente

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para manter inalterada a sonoridade da palavra.

Composição por Aglutinação

Ao unirmos dois ou mais vocábulos ou radicais, ocorre supressão de um ou mais de seus elementos fonéticos.

Exemplos:

embora (em boa hora) fidalgo (filho de algo - referindo-se à família nobre) hidrelétrico (hidro + elétrico) planalto (plano alto)

Obs.: ao aglutinarem-se, os componentes subordinam-se a um só acento tônico, o do último componente.

Redução

Algumas palavras apresentam, ao lado de sua forma plena, uma forma reduzida. Observe:

auto - por automóvel cine - por cinema micro - por microcomputador Zé - por José

Como exemplo de redução ou simplificação de palavras, podem ser citadas também as siglas, muito frequentes na comunicação atual. (Se desejar, veja mais sobre siglas na seção "Extras" -> Abreviaturas e Siglas)

Hibridismo

Ocorre hibridismo na palavra em cuja formação entram elementos de línguas diferentes.

Por Exemplo:auto (grego) + móvel (latim)

Onomatopeia

Numerosas palavras devem sua origem a uma tendência constante da fala humana para imitar as vozes e os ruídos da natureza. As onomatopeias são vocábulos que reproduzem aproximadamente os sons e as vozes dos seres.

Exemplos:miau, zum-zum, piar, tinir, urrar, chocalhar, cocoricar, etc.

Prefixos

Os prefixos são morfemas que se colocam antes dos radicais basicamente a fim de modificar-lhes o sentido; raramente esses morfemas produzem mudança de classe gramatical.

Os prefixos ocorrentes em palavras portuguesas se originam do latim e do grego, línguas em que funcionavam como preposições ou advérbios, logo, como vocábulos autônomos. Alguns prefixos foram pouco ou nada produtivos em português. Outros, por sua vez, tiveram grande utilidade na formação de novas palavras. Veja os exemplos:

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a- , contra- , des- , em- (ou en-) , es- , entre- re- , sub- , super- , anti-

Prefixos de Origem Grega

a-, an-: Afastamento, privação, negação, insuficiência, carência. Exemplos:

anônimo, amoral, ateu, afônico

ana- : Inversão, mudança, repetição. Exemplos:

analogia, análise, anagrama, anacrônico

anfi- : Em redor, em torno, de um e outro lado, duplicidade. Exemplos:

anfiteatro, anfíbio, anfibologia

anti- : Oposição, ação contrária. Exemplos:

antídoto, antipatia, antagonista, antítese

apo- : Afastamento, separação. Exemplos:

apoteose, apóstolo, apocalipse, apologia

arqui-, arce- : Superioridade hierárquica, primazia, excesso. Exemplos:

arquiduque,arquétipo, arcebispo, arquimilionário

cata- : Movimento de cima para baixo. Exemplos:

cataplasma, catálogo, catarata

di-: Duplicidade. Exemplos:

dissílabo, ditongo, dilema

dia- : Movimento através de, afastamento. Exemplos:

diálogo, diagonal, diafragma, diagrama

dis- : Dificuldade, privação. Exemplos :

dispneia, disenteria, dispepsia, disfasia

ec-, ex-, exo-, ecto- : Movimento para fora. Exemplos:

eclipse, êxodo, ectoderma, exorcismo

en-, em-, e-: Posição interior, movimento para dentro. Exemplos:

encéfalo, embrião, elipse, entusiasmo

endo- : Movimento para dentro. Exemplos:

endovenoso, endocarpo, endosmose

epi- : Posição superior, movimento para. Exemplos:

epiderme, epílogo, epidemia, epitáfio

eu- : Excelência, perfeição, bondade. Exemplos:

eufemismo, euforia, eucaristia, eufonia

hemi- : Metade, meio. Exemplos:

hemisfério, hemistíquio, hemiplégico

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hiper- : Posição superior, excesso. Exemplos:

hipertensão, hipérbole, hipertrofia

hipo- : Posição inferior, escassez. Exemplos:

hipocrisia, hipótese, hipodérmico

meta- : Mudança, sucessão. Exemplos:

metamorfose, metáfora, metacarpo

para- : Proximidade, semelhança, intensidade. Exemplos:

paralelo, parasita, paradoxo, paradigma

peri- : Movimento ou posição em torno de. Exemplos:

periferia, peripécia, período, periscópio

pro- : Posição em frente, anterioridade. Exemplos:

prólogo, prognóstico, profeta, programa

pros- : Adjunção, em adição a. Exemplos:

prosélito, prosódia

proto- : Início, começo, anterioridade. Exemplos:

proto-história, protótipo, protomártir

poli- : Multiplicidade. Exemplos:

polissílabo, polissíndeto, politeísmo

sin-, sim- : Simultaneidade, companhia. Exemplos:

síntese, sinfonia, simpatia, sinopse

tele- : Distância, afastamento. Exemplos:

televisão, telepatia, telégrafo

Prefixos de Origem Latina

a-, ab-, abs- : Afastamento, separação. Exemplos:

aversão, abuso, abstinência, abstração

a-, ad- : Aproximação, movimento para junto. Exemplos:

adjunto,advogado, advir, aposto

ante- : Anterioridade, procedência. Exemplos:

antebraço, antessala, anteontem, antever

ambi- : Duplicidade. Exemplos:

ambidestro, ambiente, ambiguidade, ambivalente

ben(e)-, bem- : Bem, excelência de fato ou ação. Exemplos:

benefício, bendito

bis-, bi-: Repetição, duas vezes. Exemplos:

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bisneto, bimestral, bisavô, biscoito

circu(m) - : Movimento em torno. Exemplos:

circunferência, circunscrito, circulação

cis- : Posição aquém. Exemplos:

cisalpino, cisplatino, cisandino

co-, con-, com- : Companhia, concomitância. Exemplos:

colégio, cooperativa, condutor

contra- : Oposição. Exemplos:

contrapeso, contrapor, contradizer

de- : Movimento de cima para baixo, separação, negação. Exemplos:

decapitar, decair, depor

de(s)-, di(s)- : Negação, ação contrária, separação. Exemplos:

desventura, discórdia, discussão

e-, es-, ex- : Movimento para fora. Exemplos:

excêntrico, evasão, exportação, expelir

en-, em-, in- : Movimento para dentro, passagem para um estado ou forma, revestimento. Exemplos:

imergir, enterrar, embeber, injetar, importar

extra- : Posição exterior, excesso. Exemplos:

extradição, extraordinário, extraviar

i-, in-, im- : Sentido contrário, privação, negação. Exemplos:

ilegal, impossível, improdutivo

inter-, entre- : Posição intermediária. Exemplos:

internacional, interplanetário

intra- : Posição interior. Exemplos:

- intramuscular, intravenoso, intraverbal

intro- : Movimento para dentro. Exemplos:

introduzir, introvertido, introspectivo

justa- : Posição ao lado. Exemplos:

justapor, justalinear

ob-, o- : Posição em frente, oposição. Exemplos:

obstruir, ofuscar, ocupar, obstáculo

per- : Movimento através. Exemplos:

percorrer, perplexo, perfurar, perverter

pos- : Posterioridade. Exemplos:

pospor, posterior, pós-graduado

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pre- : Anterioridade . Exemplos:

prefácio, prever, prefixo, preliminar

pro- : Movimento para frente. Exemplos:

progresso, promover, prosseguir, projeção

re- : Repetição, reciprocidade. Exemplos:

rever, reduzir, rebater, reatar

retro- : Movimento para trás. Exemplos:

retrospectiva, retrocesso, retroagir, retrógrado

so-, sob-, sub-, su- : Movimento de baixo para cima, inferioridade. Exemplos:

soterrar, sobpor, subestimar

super-, supra-, sobre- : Posição superior, excesso. Exemplos:

supercílio, supérfluo

soto-, sota- : Posição inferior. Exemplos:

soto-mestre, sota-voga, soto-pôr

trans-, tras-, tres-, tra- : Movimento para além, movimento através. Exemplos:

transatlântico, tresnoitar, tradição

ultra- : Posição além do limite, excesso. Exemplos:

ultrapassar, ultrarromantismo, ultrassom, ultraleve, ultravioleta

vice-, vis- : Em lugar de. Exemplos:

vice-presidente, visconde, vice-almirante

Quadro de Correspondência entre Prefixos Gregos e Latinos

PREFIXOSGREGOS PREFIXOS

LATINOS SIGNIFICADO EXEMPLOS

a, an des, in privação, negação anarquia, desigual, inativo

anti contra oposição, ação contrária antibiótico, contraditório

anfi ambi duplicidade, de um e outro lado,

em torno

anfiteatro, ambivalente

apo ab afastamento, separação apogeu, abstrair

di bi(s) duplicidade dissílabo, bicampeão

dia, meta trans movimento através diálogo, transmitir

e(n)(m) i(n)(m)(r) movimento para dentro encéfalo, ingerir, irromper

endo intra movimento para dentro, posição

interior

endovenoso, intramuscular

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e(c)(x) e(s)(x) movimento para fora, mudança de

estado

êxodo, excêntrico, estender

epi, super, hiper supra posição superior, excesso epílogo, supervisão, hipérbole,

supradito

eu bene excelência, perfeição, bondade eufemismo, benéfico

hemi semi divisão em duas partes hemisfério, semicírculo

hipo sub posição inferior hipodérmico, submarino

para ad proximidade, adjunção paralelo, adjacência

peri circum em torno de periferia, circunferência

cata de movimento para baixo catavento, derrubar

si(n)(m) cum simultaneidade, companhia sinfonia, silogeu, cúmplice

Sufixos

Sufixos são elementos (isoladamente insignificativos) que, acrescentados a um radical, formam nova palavra. Sua principal característica é a mudança de classe gramatical que geralmente opera. Dessa forma, podemos utilizar o significado de um verbo num contexto em que se deve usar um substantivo, por exemplo.

Como o sufixo é colocado depois do radical, a ele são incorporadas as desinências que indicam as flexões das palavras variáveis. Existem dois grupos de sufixos formadores de substantivos extremamente importantes para o funcionamento da língua. São os que formam nomes de ação e os que formam nomes de agente.

Sufixos que formam nomes de ação

-ada - caminhada -ez(a) - sensatez, beleza

-ança - mudança -ismo - civismo

-ância - abundância -mento - casamento

-ção - emoção -são - compreensão

-dão - solidão -tude - amplitude

-ença - presença -ura - formatura

Sufixos que formam nomes de agente

-ário(a) -secretário -or - lutador

-eiro(a) - ferreiro -nte - feirante

-ista - manobrista

Além dos sufixos acima, tem-se:

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Sufixos que formam nomes de lugar, depositório

-aria - churrascaria -or - corredor

-ário - herbanário -tério - cemitério

-eiro - açucareiro -tório - dormitório

-il - covil

Sufixos que formam nomes indicadores de abundância, aglomeração, coleção

>-aço - ricaço -ario(a) - casario, infantaria

-ada - papelada -edo - arvoredo

-agem - folhagem -eria - correria

-al - capinzal -io - mulherio

-ame - gentame -ume - negrume

Sufixos que formam nomes técnicos usados na ciência

-ite bronquite, hepatite (inflamação)

-oma mioma, epitelioma, carcinoma (tumores)

-ato, eto, ito sulfato, cloreto, sulfito (sais)

-ina cafeína, codeína (alcaloides, álcalis artificiais)

-ol fenol, naftol (derivado de hidrocarboneto)

-ite amotite (fósseis)

-ito granito (pedra)

-ema morfema, fonema, semema,

semantema (ciência linguística)

-io - sódio, potássio, selênio (corpos simples)

Sufixo que forma nomes de religião, doutrinas filosóficas, sistemas políticos

-ismo

budismo

kantismo

comunismo

SUFIXOS FORMADORES DE ADJETIVOS

a) de substantivos

-aco - maníaco -ento - cruento

-ado - barbado -eo - róseo

-áceo(a) - herbáceo, liláceas -esco - pitoresco

-aico - prosaico -este - agreste

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-al - anual -estre - terrestre

-ar - escolar -ício - alimentício

-ário - diário, ordinário -ico - geométrico

-ático - problemático -il - febril

-az - mordaz -ino - cristalino

-engo - mulherengo -ivo - lucrativo

-enho - ferrenho -onho - tristonho

-eno - terreno -oso - bondoso

-udo - barrigudo

b) de verbos

SUFIXO SENTIDO EXEMPLIFICAÇÃO

-(a)(e)(i)nte ação, qualidade, estado semelhante, doente, seguinte

-(á)(í)vel possibilidade de praticar ou sofrer uma ação louvável, perecível, punível

-io, -(t)ivo ação referência, modo de ser tardio, afirmativo, pensativo

-(d)iço, -(t)ício possibilidade de praticar ou sofrer uma ação, referência movediço, quebradiço, factício

-(d)ouro,-(t)ório ação, pertinência casadouro, preparatório

SUFIXOS ADVERBIAIS

Na Língua Portuguesa, existe apenas um único sufixo adverbial: É o sufixo "-mente", derivado do substantivo feminino latino mens, mentis que pode significar "a mente, o espírito, o intento".Este sufixo juntou-se a adjetivos, na forma feminina, para indicar circunstâncias, especialmente a de modo.

Exemplos: altiva-mente, brava-mente, bondosa-mente, nervosa-mente, fraca-mente, pia-mente

Já os advérbios que se derivam de adjetivos terminados em –ês (burgues-mente, portugues-mente, etc.) não seguem esta regra, pois esses adjetivos eram outrora uniformes.

Exemplos:cabrito montês / cabrita montês.

SUFIXOS VERBAIS

Os sufixos verbais agregam-se, via de regra, ao radical de substantivos e adjetivos para formar novos verbos.

Em geral, os verbos novos da língua formam-se pelo acréscimo da terminação-ar.

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Exemplos:esqui-ar; radiograf-ar; (a)doç-ar; nivel-ar; (a)fin-ar; telefon-ar; (a)portugues-ar.

Os verbos exprimem, entre outras ideias, a prática de ação. Veja:

-ar: cruzar, analisar, limpar

-ear: guerrear, golear

-entar: afugentar, amamentar

-ficar: dignificar, liquidificar

-izar: finalizar, organizar

Observe este quadro de sufixos verbais:

SUFIXOS SENTIDO EXEMPLOS

-ear frequentativo, durativo cabecear, folhear

-ejar frequentativo, durativo gotejar, velejar

-entar factitivo aformosentar, amolentar

-(i)ficar factitivo clarificar, dignificar

-icar frequentativo-diminutivo bebericar, depenicar

-ilhar frequentativo-diminutivo dedilhar, fervilhar

-inhar frequentativo-diminutivo-pejorativo escrevinhar, cuspinhar

-iscar frequentativo-diminutivo chuviscar, lambiscar

-itar frequentativo-diminutivo dormitar, saltitar

-izar factitivo civilizar, utilizar

Observações:

Verbo Frequentativo: é aquele que traduz ação repetida.

Verbo Factitivo: é aquele que envolve ideia de fazer ou causar.

Verbo Diminutivo: é aquele que exprime ação pouco intensa.

Radicais Gregos

O conhecimento dos radicais gregos é de indiscutível importância para a exata compreensão e fácil memorização de inúmeras palavras. Apresentamos a seguir duas relações de radicais gregos. A primeira agrupa os elementos formadores que normalmente são colocados no início dos compostos, a segunda agrupa aqueles que costumam surgir na parte final.

Radicais que atuam como primeiro elemento

Forma Sentido Exemplos

Aéros- ar Aeronave

Ánthropos- homem Antropófago

Autós- de si mesmo Autobiografia

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Bíblion- livro Biblioteca

Bíos- vida Biologia

Chróma- cor Cromático

Chrónos- tempo Cronômetro

Dáktyilos- dedo Dactilografia

Déka- dez Decassílabo

Démos- povo Democracia

Eléktron- (âmbar) eletricidade Eletroímã

Ethnos- raça Etnia

Géo- terra Geografia

Héteros- outro Heterogêneo

Hexa- seis Hexágono

Híppos- cavalo Hipopótamo

Ichthýs- peixe Ictiografia

Ísos- igual Isósceles

Líthos- pedra Aerólito

Makrós- grande, longo Macróbio

Mégas- grande Megalomaníaco

Mikrós- pequeno Micróbio

Mónos- um só Monocultura

Nekrós- morto Necrotério

Néos- novo Neolatino

Odóntos- dente Odontologia

Ophthalmós- olho Oftalmologia

Ónoma- nome Onomatopeia

Orthós- reto, justo Ortografia

Pan- todos, tudo Pan-americano

Páthos- doença Patologia

Penta- cinco Pentágono

Polýs- muito Poliglota

Pótamos- rio Hipopótamo

Pséudos- falso Pseudônimo

Psiché- alma, espírito Psicologia

Riza- raiz Rizotônico

Techné- arte Tecnografia

Thermós- quente Térmico

Tetra- quatro Tetraedro

Týpos- figura, marca Tipografia

Tópos- lugar Topografia

Zóon- Animal Zoologia

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Radicais que atuam como segundo elemento:

Forma Sentido Exemplos

-agogós Que conduz Pedagogo

álgos Dor Analgésico

-arché Comando, governo Monarquia

-dóxa Que opina Ortodoxo

-drómos Lugar para correr Hipódromo

-gámos Casamento Poligamia

-glótta; -glóssa Língua Poliglota, glossário

-gonía Ângulo Pentágono

-grápho Escrita Ortografia

-grafo Que escreve Calígrafo

-grámma Escrito, peso Telegrama, quilograma

-krátos Poder Democracia

-lógos Palavra, estudo Diálogo

-mancia Adivinhação Cartomancia

-métron Que mede Quilômetro

-morphé Que tem a forma Morfologia

-nómos Que regula Autônomo

-pólis; Cidade Petrópolis

-pterón Asa Helicóptero

-skopéo Instrumento para ver Microscópio

-sophós Sabedoria Filosofia

-théke Lugar onde se guarda Biblioteca

Radicais Latinos

Radicais que atuam como primeiro elemento:

Forma Sentido Exemplo

Agri Campo Agricultura

Ambi Ambos Ambidestro

Arbori- Árvore Arborícola

Bis-, bi- Duas vezes Bípede, bisavô

Calori- Calor Calorífero

Cruci- cruz Crucifixo

Curvi- curvo Curvilíneo

Equi- igual Equilátero, equidistante

Ferri-, ferro- ferro Ferrífero, ferrovia

Loco- lugar Locomotiva

Morti- morte Mortífero

Multi- muito Multiforme

Olei-, oleo- Azeite, óleo Oleígeno, oleoduto

Oni- todo Onipotente

Pedi- pé Pedilúvio

Pisci- peixe Piscicultor

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Pluri- Muitos, vários Pluriforme

Quadri-, quadru- quatro Quadrúpede

Reti- reto Retilíneo

Semi- metade Semimorto

Tri- Três Tricolor

Radicais que atuam como segundo elemento:

Forma Sentido Exemplos

-cida Que mata Suicida, homicida

-cola Que cultiva, ou habita Arborícola, vinícola, silvícola

-cultura Ato de cultivar Piscicultura, apicultura

-fero Que contém, ou produz Aurífero, carbonífero

-fico Que faz, ou produz Benefício, frigorífico

-forme Que tem forma de Uniforme, cuneiforme

-fugo Que foge, ou faz fugir Centrífugo, febrífugo

-gero Que contém, ou produz Belígero, armígero

-paro Que produz Ovíparo, multíparo

-pede Pé Velocípede, palmípede

-sono Que soa Uníssono, horríssono

-vomo Que expele Ignívomo, fumívomo

-voro Que come Carnívoro, herbívoro

SUBSTANTIVO

Tudo o que existe é ser e cada ser tem um nome. Substantivo é a classe gramatical de palavras variáveis, as quais denominam os seres. Além de objetos, pessoas e fenômenos, os substantivos também nomeiam:

-lugares: Alemanha, Porto Alegre...

-sentimentos: raiva, amor...

-estados: alegria, tristeza...

-qualidades: honestidade, sinceridade...

-ações: corrida, pescaria...

Morfossintaxe do substantivo

Nas orações de língua portuguesa, o substantivo em geral exerce funções diretamente relacionadas com o verbo: atua como núcleo do sujeito, dos complementos verbais (objeto direto ou indireto) e do agente da passiva. Pode ainda funcionar como núcleo do complemento nominal ou do aposto, como núcleo do predicativo do sujeito ou do objeto ou como núcleo do vocativo. Também encontramos substantivos como núcleos de adjuntos adnominais e de adjuntos adverbiais - quando essas funções são

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desempenhadas por grupos de palavras.

Você sabia que a palavra substantivo também pode ser um adjetivo?

Reproduzimos a seguir o verbete substantivo, do Dicionário de usos do português do Brasil, de Francisco S. Borba. Observe que as quatro primeiras acepções se referem à palavra em sua atuação como adjetivo.

Substantivo Adj [Qualificador de nome não animado]

1- que tem substância ou essência: destacava-se entre os homens hábeis daquele país o hábito de fazer uma conversa prosseguir horas a fio, sem que a proposta substantiva ganhasse clara configuração (REP); se olham as coisas não pelos resultados substantivos(VEJ);

2- essencial; profundo: eu te amo por você mesma, de um modo substantivo e positivo(LC)

3- fundamental; essencial: o submarino foi um elemento adjetivo na I Guerra Mundial e substantivo na II Guerra (VEJ)

4- que equivale a um substantivo, ou que o traz implícito: onde é que está a ideia substantiva no meio desses adjetivos?(CNT) . Nm

5- palavra que por si só designa a substância, ou seja, um ser real ou metafísico; palavra com que se nomeiam os seres, atos ou conceitos; nome: Há-kodesh é na origem um substantivo feminino (VEJ); Planctus era um particípio passado e não um substantivo (ACM)

Classificação dos Substantivos

1- Substantivos Comuns e Próprios

Observe a definição:

s.f. 1: Povoação maior que vila, com muitas casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, toda a sede de município é cidade). 2. O centro de uma cidade (em oposição aos bairros).

Qualquer "povoação maior que vila, com muitas casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas" será chamada cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substantivo comum.

Substantivo Comum: é aquele que designa os seres de uma mesma espécie de forma genérica.

Por exemplo: cidade, menino, homem, mulher, país, cachorro.

Estamos voando para Barcelona.

O substantivo Barcelona designa apenas um ser da espécie cidade. Esse substantivo é próprio.

Substantivo Próprio: é aquele que designa os seres de uma mesma espécie de forma

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particular.

Por exemplo:Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.

2 - Substantivos Concretos e Abstratos

LÂMPADA

MALA

Os substantivos lâmpada e mala designam seres com existência própria, que são independentes de outros seres. São assim, substantivos concretos.

Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que existe, independentemente de outros seres.

Obs.: os substantivos concretos designam seres do mundo real e do mundo imaginário.

Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra, Brasília, etc.

Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d'água, fantasma, etc.

Observe agora:

Beleza exposta

Jovens atrizes veteranas destacam-se pelo visual.

O substantivo beleza designa uma qualidade.

Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres que dependem de outros para se manifestar ou existir.

Pense bem: a beleza não existe por si só, não pode ser observada. Só podemos observar a beleza numa pessoa ou coisa que seja bela. A beleza depende de outro ser para se manifestar. Portanto, a palavra beleza é um substantivo abstrato.

Os substantivos abstratos designam estados, qualidades, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser abstraídos, e sem os quais não podem existir.

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Por exemplo: vida (estado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade (sentimento).

3 - Substantivos Coletivos

Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, outra abelha, mais outra abelha.

Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.

Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.

Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi necessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha, mais outra abelha...

No segundo caso, utilizaram-se duas palavras no plural.

No terceiro caso, empregou-se um substantivo no singular (enxame) para designar um conjunto de seres da mesma espécie (abelhas).

O substantivo enxame é um substantivo coletivo.

Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, mesmo estando no singular, designa um conjunto de seres da mesma espécie.

Principais Substantivos e Suas Formas Coletivas:

abelha - enxame, cortiço, colmeia;

abutre - bando;

acompanhante - comitiva, cortejo, séquito;

alho - (quando entrelaçados) réstia, enfiada, cambada;

aluno - classe;

amigo - (quando em assembleia) tertúlia;

animal - (em geral) piara, pandilha, (todos de uma região) fauna, (manada de cavalgaduras) récua, récova, (de carga) tropa, (de carga, menos de 10) lote, (de raça, para reprodução) plantel, (ferozes ou selvagens) alcateia;

anjo - chusma, coro, falange, legião, teoria;

apetrecho - (quando de profissionais) ferramenta, instrumental;

aplaudidor - (quando pagos) claque;

arcabuzeiro - batalhão, manga, regimento;

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argumento - carrada, monte, montão, multidão;

arma - (quando tomadas dos inimigos) troféu;

arroz - batelada;

artista - (quando trabalham juntos) companhia, elenco;

árvore - (quando em linha) alameda, carreira, rua, souto, (quando constituem maciço) arvoredo, bosque, (quando altas, de troncos retos a aparentar parque artificial) malhada;

asneira - acervo, chorrilho, enfiada, monte;

asno - manada, récova, récua;

assassino - choldra, choldraboldra;

assistente - assistência;

astro - (quando reunidos a outros do mesmo grupo) constelação;

ator - elenco;

autógrafo - (quando em lista especial de coleção) álbum;

ave - (quando em grande quantidade) bando, nuvem;

avião - esquadrão, esquadra, esquadrilha;

bala - saraiva, saraivada;

bandoleiro - caterva, corja, horda, malta, súcia, turba;

bêbado - corja, súcia, farândola;

boi - boiada, abesana, armento, cingel, jugada, jugo, junta, manada, rebanho, tropa;

bomba - bateria;

borboleta - boana, panapaná;

botão - (de qualquer peça de vestuário) abotoadura, (quando em fileira) carreira;

burro - (em geral) lote, manada, récua, tropa, (quando carregado) comboio;

busto - (quando em coleção) galeria;

cabelo - (em geral) chumaço, guedelha, madeixa, (conforme a separação) marrafa, trança;

cabo - cordame, cordoalha, enxárcia;

cabra - fato, malhada, rebanho;

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cadeira - (quando dispostas em linha) carreira, fileira, linha, renque;

cálice - baixela;

cameleiro - caravana;

camelo - (quando em comboio) cáfila;

caminhão - frota;

canção - (quando reunidas em livro) cancioneiro, (quando populares de uma região) folclore;

canhão - bateria;

cantilena - salsada;

cão - adua, cainçalha, canzoada, chusma, matilha;

capim - feixe, braçada, paveia;

cardeal - (em geral) sacro colégio, (quando reunidos para a eleição do papa) conclave, (quando reunidos sob a direção do papa) consistório;

carneiro - chafardel, grei, malhada, oviário, rebanho;

carro - (quando unidos para o mesmo destino) comboio, composição, (quando em desfile) corso;

carta - (em geral) correspondência;

casa - (quando unidas em forma de quadrados) quarteirão, quadra;

castanha - (quando assadas em fogueira) magusto;

cavalariano - (de cavalaria militar) piquete;

cavaleiro - cavalgada, cavalhada, tropel;

cavalgadura - cáfila, manada, piara, récova, récua, tropa, tropilha;

cavalo - manada, tropa;

cebola - (quando entrelaçadas pelas hastes) cambada, enfiada, réstia;

cédula - bolada, bolaço;

chave - (quando num cordel ou argola) molho, penca;

célula - (quando diferenciadas igualmente) tecido;

cereal - (em geral) fartadela, fartão, fartura, (quando em feixes) meda, moreia;

cigano - bando, cabilda, pandilha;

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cliente - clientela, freguesia;

coisa - (em geral) coisada, coisarada, ajuntamento, chusma, coleção, cópia, enfiada, (quando antigas e em coleção ordenada) museu, (quando em lista de anotação) rol, relação, (em quantidade que se pode abranger com os braços) braçada, (quando em série) sequência, série, sequela, coleção, (quando reunidas e sobrepostas) monte, montão, cúmulo;

coluna - colunata, renque;

cônego - cabido;

copo - baixela;

corda - (em geral) cordoalha, (quando no mesmo liame) maço, (de navio) enxárcia, cordame, massame, cordagem;

correia - (em geral) correame, (de montaria) apeiragem;

credor - junta, assembleia;

crença - (quando populares) folclore;

crente - grei, rebanho;

depredador - horda;

deputado - (quando oficialmente reunidos) câmara, assembleia;

desordeiro - caterva, corja, malta, pandilha, súcia, troça, turba;

diabo - legião;

dinheiro - bolada, bolaço, disparate;

disco - discoteca;

doze - (coisas ou animais) dúzia;

ébrio - Ver bêbado;

égua - Ver cavalo;

elefante - manada;

erro - barda;

escravo - (quando da mesma morada) senzala, (quando para o mesmo destino) comboio, (quando aglomerados) bando;

escrito - (quando em homenagem a homem ilustre) polianteia, (quando literários) analectos, antologia, coletânea, crestomatia, espicilégio, florilégio, seleta;

espectador - (em geral) assistência, auditório, plateia, (quando contratados para aplaudir) claque;

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espiga - (quando atadas) amarrilho, arregaçada, atado, atilho, braçada, fascal, feixe, gavela, lio, molho, paveia;

estaca - (quando fincadas em forma de cerca) paliçada;

estado - (quando unidos em nação) federação, confederação, república;

estampa - (quando selecionadas) iconoteca, (quando explicativas) atlas;

estátua - (quando selecionadas) galeria;

estrela - (quando cientificamente agrupadas) constelação, (quando em quantidade) acervo, (quando em grande quantidade) miríade;

estudante - (quando da mesma escola) classe, turma, (quando em grupo cantam ou tocam) estudantina, (quando em excursão dão concertos) tuna, (quando vivem na mesma casa) república;

fazenda - (quando comerciáveis) sortimento;

feiticeiro - (quando em assembleia secreta) conciliábulo;

feno - braçada, braçado;

filme - filmoteca, cinemoteca;

fio - (quando dobrado) meada, mecha, (quando metálicos e reunidos em feixe) cabo;

flecha - (quando caem do ar, em porção) saraiva, saraivada;

flor - (quando atadas) antologia, arregaçada, braçada, fascículo, feixe, festão, capela, grinalda, ramalhete, buquê, (quando no mesmo pedúnculo) cacho;

foguete - (quando agrupados em roda ou num travessão) girândola;

força naval - armada;

força terrestre - exército;

formiga - cordão, correição, formigueiro;

frade - (quanto ao local em que moram) comunidade, convento;

frase - (quando desconexas) apontoado;

freguês - clientela, freguesia;

fruta - (quando ligadas ao mesmo pedúnculo) cacho, (quanto à totalidade das colhidas num ano) colheita, safra;

fumo - malhada;

gafanhoto - nuvem, praga;

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garoto - cambada, bando, chusma;

gato - cambada, gatarrada, gataria;

gente - (em geral) chusma, grupo, multidão, (quando indivíduos reles) magote, patuleia, poviléu;

grão - manípulo, manelo, manhuço, manojo, manolho, maunça, mão, punhado;

graveto - (quando amarrados) feixe;

gravura - (quando selecionadas) iconoteca;

habitante - (em geral) povo, população, (quando de aldeia, de lugarejo) povoação;

herói - falange;

hiena - alcateia;

hino - hinário;

ilha - arquipélago;

imigrante - (quando em trânsito) leva, (quando radicados) colônia;

índio - (quando formam bando) maloca, (quando em nação) tribo;

instrumento - (quando em coleção ou série) jogo, ( quando cirúrgicos) aparelho, (quando de artes e ofícios) ferramenta, (quando de trabalho grosseiro, modesto) tralha;

inseto - (quando nocivos) praga, (quando em grande quantidade) miríade, nuvem, (quando se deslocam em sucessão) correição;

javali - alcateia, malhada, vara;

jornal - hemeroteca;

jumento - récova, récua;

jurado - júri, conselho de sentença, corpo de jurados;

ladrão - bando, cáfila, malta, quadrilha, tropa, pandilha;

lâmpada - (quando em fileira) carreira, (quando dispostas numa espécie de lustre) lampadário;

leão - alcateia;

lei - (quando reunidas cientificamente) código, consolidação, corpo, (quando colhidas aqui e ali) compilação;

leitão - (quando nascidos de um só parto) leitegada;

livro - (quando amontoados) chusma, pilha, ruma, (quando heterogêneos) choldraboldra,

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salgalhada, (quando reunidos para consulta) biblioteca, (quando reunidos para venda) livraria, (quando em lista metódica) catálogo;

lobo - alcateia, caterva;

macaco - bando, capela;

malfeitor - (em geral) bando, canalha, choldra, corja, hoste, joldra, malta, matilha, matula, pandilha, (quando organizados) quadrilha, sequela, súcia, tropa;

maltrapilho - farândola, grupo;

mantimento - (em geral) sortimento, provisão, (quando em saco, em alforge) matula, farnel, (quando em cômodo especial) despensa;

mapa - (quando ordenados num volume) atlas, (quando selecionados) mapoteca;

máquina - maquinaria, maquinismo;

marinheiro - marujada, marinhagem, companha, equipagem, tripulação;

médico - (quando em conferência sobre o estado de um enfermo) junta;

menino - (em geral) grupo, bando, (depreciativamente) chusma, cambada;

mentira - (quando em sequência) enfiada;

mercadoria - sortimento, provisão;

mercenário - mesnada;

metal - (quando entra na construção de uma obra ou artefato) ferragem;

ministro - (quando de um mesmo governo) ministério, (quando reunidos oficialmente) conselho;

montanha - cordilheira, serra, serrania;

mosca - moscaria, mosquedo;

móvel - mobília, aparelho, trem;

música - (quanto a quem a conhece) repertório;

músico - (quando com instrumento) banda, charanga, filarmônica, orquestra;

nação - (quando unidas para o mesmo fim) aliança, coligação, confederação, federação, liga, união;

navio - (em geral) frota, (quando de guerra) frota, flotilha, esquadra, armada, marinha, (quando reunidos para o mesmo destino) comboio;

nome - lista, rol;

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nota - (na acepção de dinheiro) bolada, bolaço, maço, pacote, (na acepção de produção literária, científica) comentário;

objeto - Ver coisa;

onda - (quando grandes e encapeladas) marouço;

órgão - (quando concorrem para uma mesma função) aparelho, sistema;

orquídea - (quando em viveiro) orquidário;

osso - (em geral) ossada, ossaria, ossama, (quando de um cadáver) esqueleto;

ouvinte - auditório;

ovelha - (em geral) rebanho, grei, chafardel, malhada, oviário;

ovo - (os postos por uma ave durante certo tempo) postura, (quando no ninho) ninhada;

padre - clero, clerezia;

palavra - (em geral) vocabulário, (quando em ordem alfabética e seguida de significação) dicionário, léxico, (quando proferidas sem nexo) palavrório;

pancada - pancadaria;

pantera - alcateia;

papel - (quando no mesmo liame) bloco, maço, (em sentido lato, de folhas ligadas e em sentido estrito, de 5 folhas) caderno, (5 cadernos) mão, (20 mãos) resma, (10 resmas) bala;

parente - (em geral) família, parentela, parentalha, (em reunião) tertúlia;

partidário - facção, partido, torcida;

partido político - (quando unidos para um mesmo fim) coligação, aliança, coalizão, liga;

pássaro - passaredo, passarada;

passarinho - nuvem, bando;

pau - (quando amarrados) feixe, (quando amontoados) pilha, (quando fincados ou unidos em cerca) bastida, paliçada;

peça - (quando devem aparecer juntas na mesa) baixela, serviço, (quando artigos comerciáveis, em volume para transporte) fardo, (em grande quantidade) magote, (quando pertencentes à artilharia) bateria, (de roupas, quando enroladas) trouxa, (quando pequenas e cosidas umas às outras para não se extraviarem na lavagem) apontoado, (quando literárias) antologia, florilégio, seleta, silva, crestomatia, coletânea, miscelânea;

peixe - (em geral e quando na água) cardume, (quando miúdos) boana, (quando em viveiro) aquário, (quando em fileira) cambada, espicha, enfiada, (quando à tona) banco, manta;

pena - (quando de ave) plumagem;

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pessoa - (em geral) aglomeração, banda, bando, chusma, colmeia, gente, legião, leva, maré, massa, mó, mole, multidão, pessoal, roda, rolo, troço, tropel, turba, turma, (quando reles) corja, caterva, choldra, farândola, récua, súcia, (quando em serviço, em navio ou avião) tripulação, (quando em acompanhamento solene) comitiva, cortejo, préstito, procissão, séquito, teoria, (quando ilustres) plêiade, pugilo, punhado, (quando em promiscuidade) cortiço, (quando em passeio) caravana, (quando em assembleia popular) comício, (quando reunidas para tratar de um assunto) comissão, conselho, congresso, conclave, convênio, corporação, seminário, (quando sujeitas ao mesmo estatuto) agremiação, associação, centro, clube, grêmio, liga, sindicato, sociedade;

pilha - (quando elétricas) bateria;

planta - (quando frutíferas) pomar, (quando hortaliças, legumes) horta, (quando novas, para replanta) viveiro, alfobre, tabuleiro, (quando de uma região) flora, (quando secas, para classificação) herbário;

ponto - (de costura) apontoado;

porco - (em geral) manada, persigal, piara, vara, (quando do pasto) vezeira;

povo - (nação) aliança, coligação, confederação, liga;

prato - baixela, serviço, prataria;

prelado - (quando em reunião oficial) sínodo;

prisioneiro - (quando em conjunto) leva, (quando a caminho para o mesmo destino) comboio;

professor - corpo docente, professorado, congregação;

quadro - (quando em exposição) pinacoteca, galeria;

querubim - coro, falange, legião;

recruta - leva, magote;

religioso - clero regular;

roupa - (quando de cama, mesa e uso pessoal) enxoval, (quando envoltas para lavagem) trouxa;

salteador - caterva, corja, horda, quadrilha;

selo - coleção;

serra - (acidente geográfico) cordilheira;

soldado - tropa, legião;

trabalhador - (quando reunidos para um trabalho braçal) rancho, (quando em trânsito) leva;

tripulante - equipagem, guarnição, tripulação;

utensílio - (quando de cozinha) bateria, trem, (quando de mesa) aparelho, baixela;

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vadio - cambada, caterva, corja, mamparra, matula, súcia;

vara - (quando amarradas) feixe, ruma;

velhaco - súcia, velhacada.

Obs.: na maioria dos casos, a forma coletiva se constrói mediante a adaptação do sufixo conveniente: arvoredo (de árvores), cabeleira (de cabelos), freguesia (de fregueses), palavratório (de palavras), professorado (de professores), tapeçaria (de tapetes), etc.

Formação dos Substantivos

4 - Substantivos Simples e Compostos

Chuva subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a terra.

O substantivo chuva é formado por um único elemento ou radical. É um substantivo simples.

Substantivo Simples: é aquele formado por um único elemento.

Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc.

Veja agora:O substantivo guarda-chuva é formado por dois elementos (guarda + chuva). Esse substantivo é composto.

Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou mais elementos.

Outros exemplos: beija-flor, passatempo.

5-Substantivos Primitivos e Derivados

Veja:Meu limão meu limoeiro,

meu pé de jacarandá..

O substantivo limão é primitivo, pois não se originou de nenhum outro dentro de língua portuguesa.

Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de nenhuma outra palavra da própria língua portuguesa.

O substantivo limoeiro é derivado, pois se originou a partir da palavra limão.

Substantivo Derivado: é aquele que se origina de outra palavra.

FLEXÃO DOS SUBSTANTIVOS

O substantivo é uma classe variável. A palavra é variável quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por exemplo, pode sofrer variações para indicar:

Plural: meninos

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Feminino: menina

Aumentativo: meninão

Diminutivo: menininho

Flexão de Gênero

Gênero é a propriedade que as palavras têm de indicar sexo real ou fictício dos seres. Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e feminino.

Pertencem ao gênero masculino os substantivos que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns. Veja estes títulos de filmes:

- O velho e o mar

- Um Natal inesquecível

- Os reis da praia

Pertencem ao gênero feminino os substantivos que podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:

A história sem fim

Uma cidade sem passado

As tartarugas ninjas

Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes

Substantivos Biformes (= duas formas): ao indicar nomes de seres vivos, geralmente o gênero da palavra está relacionado ao sexo do ser, havendo, portanto, duas formas, uma para o masculino e outra para o feminino.

Observe:gato - gata

homem - mulher

poeta - poetisa

prefeito - prefeita

Substantivos Uniformes: são aqueles que apresentam uma única forma, que serve tanto para o masculino quanto para o feminino. Classificam-se em:

Epicenos: têm um só gênero e nomeiam bichos.

Por exemplo:a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré fêmea.

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Sobrecomuns: têm um só gênero e nomeiam pessoas.

Por exemplo:a criança, a testemunha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o indivíduo.

Comuns de Dois Gêneros: indicam o sexo das pessoas por meio do artigo.

Por exemplo:o colega e a colega, o doente e a doente, o artista e a artista.

Saiba que:- Substantivos de origem grega terminados em ema ou oma, são masculinos.

Por exemplo:o axioma, o fonema, o poema, o sistema, o sintoma, o teorema.

- Existem certos substantivos que, variando de gênero, variam em seu significado.

Por exemplo:

o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora) o capital (dinheiro) e a capital (cidade)

Pó tem sexo?

O uso das palavras masculino e feminino costuma provocar confusão entre a categoria gramatical de gênero e a característica biológica dos sexos. Para evitar essa confusão, observe que definimos gênero como um fato relacionado com a concordância das palavras: pó, por exemplo, é um substantivo masculino pela concordância que estabelece com o artigo o, e não porque se possa pensar num possível comportamento sexual das partículas de poeira. Só faz sentido relacionar o gênero ao sexo quando se trata de palavras que designam pessoas e animais, como os pares professor/professora ou gato/gata.Ainda assim, essa relação não é obrigatória, pois há palavras que, mesmo pertencendo exclusivamente a um único gênero, podem indicar seres do sexo masculino ou feminino. É o caso de criança, do gênero feminino, que pode designar seres dos dois sexos.

Formação do Feminino dos Substantivos Biformes

a) Regra geral: troca-se a terminação -o por -a.

Por exemplo:aluno - aluna

b) Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao masculino.

Por exemplo:freguês - freguesa

c) Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino de três formas:

- troca-se -ão por -oa.

Por exemplo:

patrão - patroa

- troca-se -ão por -ã.

Por exemplo:

campeão - campeã

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-troca-se -ão por ona.

Por exemplo:

solteirão - solteirona

Exceções:

barão - baronesa ladrão- ladra sultão - sultana

d) Substantivos terminados em -or:

- acrescenta-se -a ao masculino.

Por exemplo:

doutor - doutora

- troca-se -or por -triz:

imperador - imperatriz

e) Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa:

-esa - -essa- -isa-

cônsul - consulesa abade - abadessa poeta - poetisa

duque - duquesa conde - condessa profeta - profetisa

f) Substantivos que formam o feminino trocando o -e final por -a:

elefante - elefanta

g) Substantivos que têm radicais diferentes no masculino e no feminino:

bode - cabra boi - vaca

h) Substantivos que formam o feminino de maneira especial, isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores:

czar - czarina réu – ré

Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes

Epicenos:

Observe:

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Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.

Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma para indicar o masculino e o feminino.

Alguns nomes de animais apresentam uma só forma para designar os dois sexos. Esses substantivos são chamados de epicenos. No caso dos epicenos, quando houver a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se palavras macho e fêmea.

Por exemplo: a cobra

A cobra macho picou o marinheiro.

A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.

Sobrecomuns:

Entregue as crianças à natureza.

A palavra crianças refere-se tanto a seres do sexo masculino, quanto a seres do sexo feminino.

Nesse caso, nem o artigo nem um possível adjetivo permitem identificar o sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja:

A criança chorona chamava-se João. A criança chorona chamava-se Maria.

Outros substantivos sobrecomuns:

a criatura João é uma boa criatura.

Maria é uma boa criatura.

o cônjuge O cônjuge de João faleceu.

O cônjuge de Marcela faleceu

Comuns de Dois Gêneros:

Observe a manchete:

Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.

Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher?

É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme. O restante da notícia nos informa que se trata de um homem.

A distinção de gênero pode ser feita através da análise do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substantivo.

Exemplos:

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o colega - a colega o imigrante - a imigrante um jovem - uma jovem artista famoso - artista famosa repórter francês - repórter francesa

Substantivos de Gênero Incerto

Existem numerosos substantivos de gênero incerto e flutuante, sendo usados com a mesma significação, ora como masculinos, ora como femininos.

a abusão erro comum, superstição, crendice

a aluvião sedimentos deixados pelas águas, inundação, grande numero

a cólera ou cólera-morbo doença infecciosa

a personagem pessoa importante, pessoa que figura numa história

a trama intriga, conluio, maquinação, cilada

a xerox (ou xérox) cópia xerográfica, xerocópia

o ágape refeição que os cristãos faziam em comum, banquete de confraternização

o caudal torrente, rio

o diabetes ou diabete doença

o jângal floresta própria da Índia

o lhama mamífero ruminante da família dos camelídeos

o ordenança soldado às ordens de um oficial

o praça soldado raso

o preá pequeno roedor

Note que:

1. A palavra personagem é usada indistintamente nos dois gêneros. a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada preferência pelo masculino: Por exemplo: O menino descobriu nas nuvens os personagens dos contos de carochinha. b) Com referência a mulher, deve-se preferir o feminino: O problema está nas mulheres de mais idade, que não aceitam a personagem.

Não cheguei assim, nem era minha intenção, a criar uma personagem. 2. Ordenança, praça (soldado) e sentinela (soldado, atalaia) são sentidos e usados na língua atual, como masculinos, por se referirem, ordinariamente, a homens.

3. Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo fotográfico Ana Belmonte.

Observe o gênero dos substantivos seguintes:

Masculinos

Femininos

o tapa o eclipse o lança-perfume o dó (pena) o sanduíche o clarinete o champanha o sósia

o clã o hosana o herpes o pijama o suéter o soprano o proclama o pernoite

a dinamite a áspide a derme a hélice a alcíone a filoxera a clâmide a omoplata

a pane a mascote a gênese a entorse a libido a cal a faringe a cólera

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o maracajá o púbis a cataplasma (doença) a ubá (canoa)

São geralmente masculinos os substantivos de origem grega terminados em -ma:

o grama (peso) o quilograma o plasma o apostema o diagrama

o epigrama o telefonema o estratagema o dilema o teorema

o apotegma o trema o eczema o edema o magma

o anátema o estigma o axioma o tracoma o hematoma

Exceções: a cataplama, a celeuma, a fleuma, etc.

Gênero dos Nomes de Cidades:

Salvo raras exceções, nomes de cidades são femininos.

Por exemplo:

A histórica Ouro preto. A dinâmica São Paulo. A acolhedora Porto Alegre. Uma Londres imensa e triste.

Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.

Gênero e Significação:

Muitos substantivos têm uma significação no masculino e outra no feminino. Observe:

o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os

movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai à frente de um bloco carnavalesco, manejando um bastão)

a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou

proibição de trânsito)

o cabeça (chefe) a cabeça (parte do corpo)

o cisma (separação religiosa, dissidência) a cisma (ato de cismar, desconfiança)

o cinza (a cor cinzenta) a cinza (resíduos de combustão)

o capital (dinheiro) a capital (cidade)

o coma (perda dos sentidos) a coma (cabeleira)

o coral (pópilo, a cor vermelha, canto em coro) a coral (cobra venenosa)

o crisma (óleo sagrado, usado na administração da

crisma e de outros sacramentos)

a crisma (sacramento da confirmação)

o cura (pároco) a cura (ato de curar)

o estepe (pneu sobressalente) a estepe (vasta planície de vegetação)

o guia (pessoa que guia outras) a guia (documento, pena grande das asas das aves)

o grama (unidade de peso) a grama (relva)

o caixa (funcionário da caixa) a caixa (recipiente, setor de pagamentos)

o lente (professor) a lente (vidro de aumento)

o moral (ânimo) a moral (honestidade, bons costumes, ética)

o nascente (lado onde nasce o Sol) a nascente (a fonte)

o maria-fumaça (trem como locomotiva a vapor) a maria-fumaça (locomotiva movida a vapor)

o pala (poncho) a pala (parte anterior do boné ou quépe, anteparo)

o rádio (aparelho receptor) a rádio (estação emissora)

o voga (remador) a voga (moda, popularidade)

Flexão de Número do Substantivo

Em português, há dois números gramaticais:

O singular, que indica um ser ou um grupo de seres;

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O plural, que indica mais de um ser ou grupo de seres.

A característica do plural é o s final.

Plural dos Substantivos Simples

a) Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e n fazem o plural pelo acréscimo de s.

Por exemplo:

pai - pais ímã - ímãs hífen - hifens (sem acento, no plural).

Exceção: cânon - cânones.

b) Os substantivos terminados em m fazem o plural em ns.

Por exemplo:homem - homens.

c) Os substantivos terminados em r e z fazem o plural pelo acréscimo de es.

Por exemplo:

revólver - revólveres raiz - raízes

Atenção: O plural de caráter é caracteres.

d) Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-se no plural, trocando o l por is.

Por exemplo:

quintal - quintais caracol - caracóis hotel - hotéis

Exceções: mal e males, cônsul e cônsules.

e) Os substantivos terminados em il fazem o plural de duas maneiras:

- Quando oxítonos, em is.

Por exemplo:

canil - canis

- Quando paroxítonos, em eis.

Por exemplo:

míssil - mísseis.

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Obs.: a palavra réptil pode formar seu plural de duas maneiras:

répteis ou reptis (pouco usada).

f) Os substantivos terminados em s fazem o plural de duas maneiras:

- Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o acréscimo de es.

Por exemplo:

ás - ases retrós - retroses

- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam invariáveis.

Por exemplo:

o lápis - os lápis o ônibus - os ônibus.

g) Os substantivos terminados em ão fazem o plural de três maneiras.

- substituindo o -ão por -ões:

Por exemplo:

ação - ações

- substituindo o -ão por -ães:

Por exemplo:

cão - cães

- substituindo o -ão por -ãos:

Por exemplo:

grão - grãos

h) Os substantivos terminados em x ficam invariáveis.

Por exemplo:

o látex - os látex.

Plural dos Substantivos Compostos

A formação do plural dos substantivos compostos depende da forma como são grafados, do tipo de palavras que formam o composto e da relação que estabelecem entre si. Aqueles que são grafados sem hífen comportam-se como os substantivos simples:

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aguardente e aguardentes girassol e girassóis

pontapé e pontapés malmequer e malmequeres

O plural dos substantivos compostos cujos elementos são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e discussões. Algumas orientações são dadas a seguir:

a) Flexionam-se os dois elementos, quando formados de:

substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-perfeitos adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-homens numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras b) Flexiona-se somente o segundo elemento, quando formados de:

verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas palavra invariável + palavra variável = alto-falante e alto-falantes palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-recos

c) Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando formados de:

substantivo + preposição clara + substantivo = água-de-colônia e águas-de-colônia

substantivo + preposição oculta + substantivo = cavalo-vapor e cavalos-vapor

substantivo + substantivo que funciona como determinante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do termo anterior.

Exemplos:

palavra-chave - palavras-chave bomba-relógio - bombas-relógio notícia-bomba - notícias-bomba homem-rã - homens-rã peixe-espada - peixes-espada

d) Permanecem invariáveis, quando formados de:

verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os saca-rolhas

e) Casos Especiais

o louva-a-deus e os louva-a-deus

o bem-te-vi e os bem-te-vis

o bem-me-quer e os bem-me-queres

o joão-ninguém e os joões-ninguém.

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Plural das Palavras Substantivadas

As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras classes gramaticais usadas como substantivo, apresentam, no plural, as flexões próprias dos substantivos.

Por exemplo: Pese bem os prós e os contras. O aluno errou na prova dos noves. Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.

Obs.: numerais substantivados terminados em -s ou -z não variam no plural. Por exemplo:

Nas provas mensais consegui muitos seis e alguns dez.

Plural dos Diminutivos

Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o s final e acrescenta-se o sufixo diminutivo.

pãe(s) + zinhos animai(s) + zinhos botõe(s) + zinhos chapéu(s) + zinhos farói(s) + zinhos tren(s) + zinhos colhere(s) + zinhas flore(s) + zinhas

pãezinhos animaizinhos botõezinhos chapeuzinhos faroizinhos trenzinhos colherezinhas florezinhas

mão(s) + zinhas papéi(s) + zinhos nuven(s) + zinhas funi(s) + zinhos túnei(s) + zinhos pai(s) + zinhos pé(s) + zinhos pé(s) + zitos

mãozinhas papeizinhos nuvenzinhas funizinhos tuneizinhos paizinhos pezinhos pezitos

Obs.: são anômalos os plurais pastorinhos(as), papelinhos, florzinhas, florinhas, colherzinhas e mulherzinhas, correntes na língua popular, e usados até por escritores de renome.

Plural dos Nomes Próprios Personativos

Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas sempre que a terminação se preste à flexão.

Por exemplo: Os Napoleões também são derrotados. As Raquéis e Esteres.

Plural dos Substantivos Estrangeiros

Substantivos ainda não aportuguesados devem ser escritos como na língua original, acrecentando-se-lhes um s (exceto quando terminam em s ou z).

Por exemplo:

os shows os shorts os jazz

Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acordo com as regras de nossa língua:

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Por exemplo: os clubes

os chopes

os jipes

os esportes

as toaletes

os bibelôs

os garçons

os réquiens

Observe o exemplo:

Este jogador faz gols toda vez que joga.

O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.

Plural com Mudança de Timbre

Certos substantivos formam o plural com mudança de timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato fonético chamado metafonia.

Singular Plural Singular Plural

corpo (ô) esforço fogo forno fosso imposto olho

corpos (ó) esforços fogos fornos fossos impostos olhos

osso (ô) ovo poço porto posto rogo tijolo

ossos (ó) ovos poços portos postos rogos tijolos

Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bolsos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc.

Obs.: distinga-se molho (ô), caldo (molho de carne), de molho (ó), feixe (molho de lenha).

Particularidades sobre o Número dos Substantivos

a) Há substantivos que só se usam no singular:

Por exemplo:

o sul, o norte, o leste, o oeste, a fé, etc.

b) Outros só no plural:

Por exemplo:

as núpcias, os víveres, os pêsames, as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.

c) Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do singular:

Por exemplo:

bem (virtude) e bens (riquezas)

honra (probidade, bom nome) e honras (homenagem, títulos)

d) Usamos às vezes, os substantivos no singular mas com sentido de plural:

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Por exemplo:

Aqui morreu muito negro. Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas improvisadas. Juntou-se ali uma população de retirantes que, entre homem, mulher e menino, ia bem cinquenta mil."

Flexão de Grau do Substantivo

Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:

Grau Normal - Indica um ser de tamanho considerado normal. Por exemplo: casa

Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho do ser. Classifica-se em: Analítico = o substantivo é acompanhado de um adjetivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande. Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador de aumento. Por exemplo: casarão. Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho do ser. Pode ser: Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena. Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador de diminuição. Por exemplo: casinha.

Amigão é amigo grande ou grande amigo?

No uso efetivo da língua, as formas sintéticas de indicação de grau são normalmente empregadas para conferir valores afetivos ao seres nomeados pelos substantivos. Observe formas como amigão, partidão, bandidaço; mulheraço, livrinho, ladrãozinho, rapazola, futebolzinho - em todas elas, o que interessa é transmitir dados como carinho, admiração, ironia ou desprezo, e não noções ligadas ao tamanho físico dos seres nomeados.

Substantivos na leitura e produção de textos

Saber nomear com precisão os seres e conceitos de que pretendemos tratar quando falamos ou redigimos é, obviamente, um fator de eficiência em nosso trabalho. Nesse sentido, conhecer os substantivos e refletir sobre os sentidos e significados que exprimem em situações de interações entre substantivos abstratos, verbos e adjetivos cognatos nos oferecem a possibilidade de reelaborar frases e estruturas oracionais em busca das mais adequadas a determinada necessidade ou estratégia comunicativa.

Conhecer os mecanismos de flexão dos substantivos é fundamental para o estabelecimento da concordância nas frases e orações de nossos textos orais ou escritos. No que diz respeito à indicação de grau, insistimos no valor afetivo que o aumentativo e o diminutivo formados por sufixação costumam transmitir: esse valor afetivo não é explorado apenas na língua coloquial, mas também na língua literária. As formas diminutivas e aumentativas são exploradas expressivamente por poetas e prosadores.

Além disso, os substantivos desempenham um papel importantíssimo nos mecanismos de coesão e coerência textuais. É normalmente por meio de um substantivo que se apresenta pela primeira vez, num texto, o ser, ato ou conceito de que vamos tratar. Depois disso, utilizam-se substantivos que mantêm, com esse primeiro, relações variáveis de significado, num processo de retomada que é parte importante da progressão textual. Por meio desse processo, delimita-se ou expande-se a abrangência do sentido dos conceitos analisados. Ao mesmo tempo, com a seleção vocabular, evidencia-se o ponto de vista do produtor do texto sobre o tema tratado.

ARTIGO

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Artigo é a palavra que, vindo antes de um substantivo, indica se ele está sendo empregado de maneira definida ou indefinida. Além disso, o artigo indica, ao mesmo tempo, o gênero e o número dos substantivos.

Classificação dos Artigos

Artigos Definidos: determinam os substantivos de maneira precisa: o, a, os, as.

Por exemplo:Eu matei o animal.

Artigos Indefinidos: determinam os substantivos de maneira vaga: um, uma, uns, umas.

Por exemplo:Eu matei um animal.

Combinação dos Artigos

É muito presente a combinação dos artigos definidos e indefinidos com preposições. Este quadro apresenta a forma assumida por essas combinações:

Preposições Artigos

o, os a, as um, uns uma, umas

a ao, aos à, às - -

de do, dos da, das dum, duns duma, dumas

em no, nos na, nas num, nuns numa, numas

por (per) pelo, pelos pela, pelas - -

- As formas à e às indicam a fusão da preposição a com o artigo definido a. Essa fusão de vogais idênticas é conhecida por crase.

- As formas pelo(s)/pela(s) resultam da combinação dos artigos definidos com a forma per, equivalente a por.

Artigos, leitura e produção de textos

O uso apropriado dos artigos definidos e indefinidos permite não apenas evitar problemas com o gênero e o número de determinados substantivos, mas principalmente explorar detalhes de significação bastante expressivos. Em geral, informações novas, nos textos, são introduzidas por pronomes indefinidos e, posteriormente, retomadas pelos definidos. Assim, o referente determinado pelo artigo definido passa a fazer parte de um conjunto argumentativo que mantém a coesão dos textos. Além disso, a sutileza de muitas modificações de significados transmitidas pelos artigos faz com que sejam frequentemente usados pelos escritores em seus textos literários.

ADJETIVO

Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou característica do ser e se "encaixa" diretamente ao lado de um substantivo.

Ao analisarmos a palavra bondoso, por exemplo, percebemos que além de expressar uma qualidade, ela pode ser "encaixada diretamente" ao lado de um substantivo: homem bondoso, moça bondosa, pessoa bondosa.

Já com a palavra bondade, embora expresse uma qualidade, não acontece o mesmo; não faz sentido dizer: homem bondade, moça bondade, pessoa bondade. Bondade, portanto, não é adjetivo, mas substantivo.

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Morfossintaxe do Adjetivo:

O adjetivo exerce sempre funções sintáticas relativas aos substantivos, atuando como adjunto adnominalou como predicativo (do sujeito ou do objeto).

Classificação do Adjetivo Explicativo: exprime qualidade própria do ser. Por exemplo: neve fria. Restritivo: exprime qualidade que não é própria do ser. Por exemplo: fruta madura.

Formação do Adjetivo

Quanto à formação, o adjetivo pode ser:

ADJETIVO SIMPLES Formado por um só radical. Por exemplo: brasileiro, escuro, magro, cômico.

ADJETIVO COMPOSTO

Formado por mais de um radical. Por exemplo: luso-brasileiro, castanho-escuro, amarelo-canário.

ADJETIVO PRIMITIVO

É aquele que dá origem a outros adjetivos.

Por exemplo: belo, bom, feliz, puro.

ADJETIVO DERIVADO

É aquele que deriva de substantivos ou verbos.

Por exemplo: belíssimo, bondoso, magrelo.

Adjetivo Pátrio

Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Observe alguns deles:

Estados e cidades brasileiros:

Acre acreano

Alagoas alagoano

Amapá amapaense

Aracaju aracajuano ou aracajuense

Amazonas amazonense ou baré

Belém (PA) belenense

Belo Horizonte belo-horizontino

Boa Vista boa-vistense

Brasília brasiliense

Cabo Frio cabo-friense

Campinas campineiro ou campinense

Curitiba curitibano

Estados Unidos estadunidense, norte-americano ou ianque

El Salvador salvadorenho

Guatemala guatemalteco

Índia indiano ou hindu (os que professam o hinduísmo)

Irã iraniano

Israel israelense ou israelita

Moçambique moçambicano

Mongólia mongol ou mongólico

Panamá panamenho

Porto Rico porto-riquenho

Somália somali

Adjetivo Pátrio Composto

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Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita. Observe alguns exemplos:

África afro- / Por exemplo: Cultura afro-americana

Alemanha germano- ou teuto- / Por exemplo: Competições teuto-inglesas

América américo- / Por exemplo: Companhia américo-africana

Ásia ásio- / Por exemplo: Encontros ásio-europeus

Áustria austro- / Por exemplo: Peças austro-búlgaras

Bélgica belgo- / Por exemplo: Acampamentos belgo-franceses

China sino- / Por exemplo: Acordos sino-japoneses

Espanha hispano- / Por exemplo: Mercado hispano-português

Europa euro- / Por exemplo: Negociações euro-americanas

França franco- ou galo- / Por exemplo: Reuniões franco-italianas

Grécia greco- / Por exemplo: Filmes greco-romanos

Índia indo- / Por exemplo: Guerras indo-paquistanesas

Inglaterra anglo- / Por exemplo: Letras anglo-portuguesas

Itália ítalo- / Por exemplo: Sociedade ítalo-portuguesa

Japão nipo- / Por exemplo: Associações nipo-brasileiras

Portugal luso- / Por exemplo: Acordos luso-brasileiros

LOCUÇÃO ADJETIVA

Locução = reunião de palavras. Sempre que são necessárias duas ou mais palavras para contar a mesma coisa,

tem-se locução. Às vezes, uma preposição + substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a Locução Adjetiva (expressão que equivale a um adjetivo.)

Por exemplo:

aves da noite (aves noturnas), paixão sem freio (paixão desenfreada). Observe outros exemplos:

de águia aquilino

de aluno discente

de anjo angelical

de ano anual

de aranha aracnídeo

de asno asinino

de baço esplênico

de bispo episcopal

de bode hircino

de boi bovino

de bronze brônzeo ou êneo

de cabelo capilar

de cabra caprino

de campo campestre ou rural

de cão canino

de carneiro arietino

de cavalo cavalar, equino, equídio ou hípico

de chumbo plúmbeo

de chuva pluvial

de cinza cinéreo

de coelho cunicular

de cobre cúprico

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de couro coriáceo

de criança pueril

de dedo digital

de diamante diamantino ou adamantino

de elefante elefantino

de enxofre sulfúrico

de esmeralda esmeraldino

de estômago estomacal ou gástrico

de falcão falconídeo

de farinha farináceo

de fera ferino

de ferro férreo

de fígado figadal ou hepático

de fogo ígneo

de gafanhoto acrídeo

de garganta gutural

de gelo glacial

de gesso gípseo

de guerra bélico

de homem viril ou humano

de ilha insular

de intestino celíaco ou entérico

de inverno hibernal ou invernal

de lago lacustre

de laringe laríngeo

de leão leonino

de lebre leporino

de lobo lupino

de lua lunar ou selênico

de macaco simiesco, símio ou macacal

de madeira lígneo

de marfim ebúrneo ou ebóreo

de mestre magistral

de monge monacal

de neve níveo ou nival

de nuca occipital

de orelha auricular

de ouro áureo

de ovelha ovino

de paixão passional

de pâncreas pancreático

de pato anserino

de peixe písceo ou ictíaco

de pombo columbino

de porco suíno ou porcino

de prata argênteo ou argírico

dos quadris ciático

de raposa vulpino

de rio fluvial

de serpente viperino

de sonho onírico

de terra telúrico, terrestre ou terreno

de trigo tritício

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de urso ursino

de vaca vacum

de velho senil

de vento eólico

de verão estival

de vidro vítreo ou hialino

de virilha inguinal

de visão óptico ou ótico

Obs.: nem toda locução adjetiva possui um adjetivo correspondente, com o mesmo significado.

Por exemplo:

Vi as alunas da 5ª série. O muro de tijolos caiu.

É necessário critério!

Há muitos adjetivos que mantêm certa correspondência de significado com locuções adjetivas, e vice-versa. No entanto, isso não significa que a substituição da locução pelo adjetivo seja sempre possível. Tampouco o contrário é sempre admissível. Colar de marfim é uma expressão cotidiana; seria pouco recomendável passar a dizer colar ebúrneo ou ebóreo, pois esses adjetivos têm uso restrito à linguagem literária. Contrato leonino é uma expressão usada na linguagem jurídica; é muito pouco provável que os advogados passem a dizer contrato de leão. Em outros casos, a substituição é perfeitamente possível, transformando a equivalência entre adjetivos e locuções adjetivas em mais uma ferramenta para o aprimoramento dos textos, pois oferece possibilidades de variação vocabular.

Por exemplo: A população das cidades tem aumentado. A falta de planejamento urbano faz com que isso se torne um imenso problema.

FLEXÃO DOS ADJETIVOS

O adjetivo varia em gênero, número e grau.

Gênero dos Adjetivos

Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem (masculino e femininino). De forma semelhante aos substantivos, classificam-se em:

Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e outra para o feminino.

Por exemplo:

ativo e ativa, mau e má, judeu e judia.

Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino somente o último elemento.

Por exemplo:

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o moço norte-americano, a moça norte-americana. Exceção: surdo-mudo e surda-muda.

Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como para o feminino.

Por exemplo:

homem feliz e mulher feliz.

Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no feminino.

Por exemplo:

conflito político-social e desavença político-social.

Número dos Adjetivos

Plural dos adjetivos simples

Os adjetivos simples flexionam-se no plural de acordo com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos substantivos simples.

Por exemplo:

mau e maus

feliz e felizes

ruim e ruins

boa e boas

Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra que estiver qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: a palavra cinza é originalmente um substantivo, porém, se estiver qualificando um elemento, funcionará como adjetivo. Ficará, então invariável. Logo: camisas cinza, ternos cinza.

Por exemplo: camisas cinza, ternos cinza.

Veja outros exemplos:

Motos vinho (mas: motos verdes)

Paredes musgo (mas: paredes brancas).

Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).

Adjetivo Composto

Adjetivo composto é aquele formado por dois ou mais elementos. Normalmente, esses elementos são ligados por hífen. Apenas o último elemento concorda com o substantivo a que se refere; os demais ficam na forma masculina, singular. Caso um dos elementos que formam o adjetivo composto seja um substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto ficará invariável.

Por exemplo: a palavra rosa é originalmente um substantivo, porém, se estiver qualificando

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um elemento, funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra palavra por hífen, formará um adjetivo composto; como é um substantivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará invariável.

Por exemplo:

Camisas rosa-claro.

Ternos rosa-claro.

Olhos verde-claros.

Calças azul-escuras e camisas verde-mar.

Telhados marrom-café e paredes verde-claras.

Obs.: - Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer adjetivo composto iniciado por cor-de-... são sempre invariáveis. - Os adjetivos compostos surdo-mudo e pele-vermelha têm os dois elementos flexionados.

Grau do Adjetivo

Os adjetivos flexionam-se em grau para indicar a intensidade da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo: o comparativo e o superlativo.

Comparativo

Nesse grau, comparam-se a mesma característica atribuída a dois ou mais seres ou duas ou mais características atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser de igualdade, de superioridade ou deinferioridade. Observe os exemplos abaixo:

1) Sou tão alto como você. Comparativo De Igualdade

No comparativo de igualdade, o segundo termo da comparação é introduzido pelas palavras como, quanto ouquão.

2) Sou mais alto (do) que você. Comparativo De Superioridade Analítico

No comparativo de superioridade analítico, entre os dois substantivos comparados, um tem qualidade superior. A forma é analítica porque pedimos auxílio a "mais...do que" ou "mais...que".

3) O Sol é maior (do) que a Terra. Comparativo De Superioridade Sintético

Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São eles:

bom-melhor pequeno-menor

mau-pior alto-superior

grande-maior baixo-inferior

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Observe que:

a) As formas menor e pior são comparativos de superioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais mau, respectivamente.

b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas (melhor, pior, maior e menor), porém, em comparações feitas entre duas qualidades de um mesmo elemento, deve-se usar as formas analíticas mais bom, mais mau,mais grande e mais pequeno.

Por exemplo: Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois elementos.

Pedro é mais grande que pequeno - comparação de duas qualidades de um mesmo elemento.

4) Sou menos alto (do) que você. Comparativo De Inferioridade

Sou menos passivo (do) que tolerante.

Superlativo O superlativo expressa qualidades num grau muito elevado ou em grau máximo. O grau superlativo pode serabsoluto ou relativo e apresenta as seguintes modalidades:

Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade de um ser é intensificada, sem relação com outros seres. Apresenta-se nas formas:

Analítica: a intensificação se faz com o auxílio de palavras que dão ideia de intensidade (advérbios).

Por exemplo:

O secretário é muito inteligente.

Sintética: a intensificação se faz por meio do acréscimo de sufixos.

Por exemplo:

O secretário é inteligentíssimo.

Observe alguns superlativos sintéticos:

benéfico beneficentíssimo

bom boníssimo ou ótimo

célebre celebérrimo

comum comuníssimo

cruel crudelíssimo

difícil dificílimo

doce dulcíssimo

fácil facílimo

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fiel fidelíssimo

frágil fragílimo

frio friíssimo ou frigidíssimo

humilde humílimo

jovem juveníssimo

livre libérrimo

magnífico magnificentíssimo

magro macérrimo ou magríssimo

manso mansuetíssimo

mau péssimo

nobre nobilíssimo

pequeno mínimo

pobre paupérrimo ou pobríssimo

preguiçoso pigérrimo

próspero prospérrimo

sábio sapientíssimo

sagrado sacratíssimo

Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de um ser é intensificada em relação a um conjunto de seres. Essa relação pode ser:

De Superioridade: Clara é a mais bela da sala.

De Inferioridade: Clara é a menos bela da sala. Note bem:

1) O superlativo absoluto analítico é expresso por meio dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, etc., antepostos ao adjetivo.

2) O superlativo absoluto sintético se apresenta sob duas formas : uma erudita, de origem latina, outra popular, de origem vernácula. A forma erudita é constituída pelo radical do adjetivo latino + um dos sufixos -íssimo, -imo ou érrimo. Por exemplo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo.

A forma popular é constituída do radical do adjetivo português + o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo.

3) Em vez dos superlativos normais seriíssimo, precariíssimo, necessariíssimo, preferem-se, na linguagem atual, as formas seríssimo, precaríssimo, necessaríssimo, sem o desagradável hiato i-í.

Adjetivos, leitura e produção de textos

A adjetivação é um dos elementos modalizadores de um texto, ou seja, imprime ao que se fala ou escreve. Quando é excessiva e voltada a obtenção de efeitos retóricos, prejudica a qualidade do texto e evidencia o despreparo ou a má-fé de quem escreve. Quando é feita com sobriedade e sensibilidade, contribui para a eficiência interlocutiva do texto.

Nos textos dissertativos, os adjetivos normalmente explicitam a posição de quem escreve em relação ao assunto tratado. É muitas vezes por meio de adjetivos que os juízos e avaliações do produtor do texto vêm a tona, transmitindo ao leitor atitudes como aprovação, reprovação, aversão, admiração, indiferença.

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Analisar a adjetivação de um texto dissertativo é, portanto, um bom caminho para captar com segurança a opinião de quem o produziu. Lembre-se de que é a sua adjetivação que deve cumprir esse papel quando você escreve.

Nos textos ou passagens descritivas, os adjetivos cumprem uma função mais plástica: é por meio deles que se costuma atribuir formas, cor, peso, sabor e outras dimensões aos seres que estão sendo descritos. É óbvio que, neste caso, o emprego de uma seleção sensível e eficiente de adjetivos conduz a um texto mais bem-sucedido, capaz de transmitir ao leitor uma impressão bastante nítida do ser ou objeto descrito. São nessas passagens descritivas que a adjetivação atua nos textos narrativos.

NUMERAL

Numeral é a palavra que indica os seres em termos numéricos, isto é, que atribui quantidade aos seres ou os situa em determinada sequência.

Exemplos:

1. Os quatro últimos ingressos foram vendidos há pouco.

[quatro: numeral = atributo numérico de "ingresso"]

2. Eu quero café duplo, e você?

...[duplo: numeral = atributo numérico de "café"]

3. A primeira pessoa da fila pode entrar, por favor!

...[primeira: numeral = situa o ser "pessoa" na sequência de "fila"]

Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que os números indicam em relação aos seres. Assim, quando a expressão é colocada em números (1, 1°, 1/3, etc.) não se trata de numerais, mas sim de algarismos.

Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a ideia expressa pelos números, existem mais algumas palavras consideradas numerais porque denotam quantidade, proporção ou ordenação. São alguns exemplos:década, dúzia, par, ambos(as), novena.

Classificação dos Numerais

Cardinais: indicam contagem, medida. É o número básico. Por exemplo: um, dois, cem mil, etc. Ordinais: indicam a ordem ou lugar do ser numa série dada. Por exemplo: primeiro, segundo, centésimo, etc. Fracionários: indicam parte de um inteiro, ou seja, a divisão dos seres. Por exemplo: meio, terço, dois quintos, etc. Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos seres, indicando quantas vezes a quantidade foi aumentada. Por exemplo: dobro, triplo, quíntuplo, etc.

Leitura dos Numerais Separando os números em centenas, de trás para frente, obtêm-se conjuntos numéricos, em forma de centenas e, no início, também de dezenas ou unidades. Entre esses conjuntos usa-se vírgula; as unidades ligam-se pela conjunção e. Por exemplo: 1.203.726 = um milhão, duzentos e três mil, setecentos e vinte e seis.

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45.520 = quarenta e cinco mil, quinhentos e vinte.

FLEXÃO DOS NUMERAIS

Os numerais cardinais que variam em gênero são um/uma, dois/duas e os que indicam centenas deduzentos/duzentas em diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatrocentas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, etc. variam em número: milhões, bilhões, trilhões, etc. Os demais cardinais são invariáveis.

Os numerais ordinais variam em gênero e número:

primeiro segundo milésimo

primeira segunda milésima

primeiros segundos milésimos

primeiras segundas milésimas

Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam em funções substantivas:

Por exemplo:Fizeram o dobro do esforço e conseguiram o triplo de produção.

Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais flexionam-se em gênero e número:

Por exemplo:Teve de tomar doses triplas do medicamento.

Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e número. Observe:um terço/dois terços uma terça parte duas terças partes

Os numerais coletivos flexionam-se em número. Veja:

uma dúzia um milheiro duas dúzias dois milheiros

É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de sentido. É o que ocorre em frases como:

Me empresta duzentinho...

É artigo de primeiríssima qualidade!

O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segunda divisão de futebol)

Emprego dos Numerais

Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até décimo e a partir daí os cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo:

Ordinais Cardinais

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João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)

D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)

Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)

Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)

Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)

Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:

Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)

Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

Ambos/ambas são considerados numerais. Significam "um e outro", "os dois" (ou "uma e outra", "as duas") e são largamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência.

Por exemplo:

Pedro e João parecem ter finalmente percebido a importância da solidariedade. Ambos agora participam das atividades comunitárias de seu bairro.

Obs.: a forma "ambos os dois" é considerada enfática. Atualmente, seu uso indica afetação, artificialismo.

Numerais, leitura e produção de textos

O conhecimento das formas da norma padrão dos numerais é obviamente importante para quem tem necessidade de produzir e interpretar textos em linguagem formal. Em particular nas exposições orais, o uso dessas formas é indispensável, por razões óbvias (não é possível substituir numerais por algarismos na língua falada!), e evita constrangimentos que podem comprometer a credibilidade do expositor.

Os numerais também podem ser empregados na produção e interpretação de textos dissertativos escritos. As palavras dessa classe gramatical compartilham com os pronomes a capacidade de retomar ou antecipar entes e dados e de inter-relacionar partes do texto. São, por isso, elementos importantes para a obtenção de coesão e coerência textuais.

PRONOME

Pronome é a palavra que se usa em lugar do nome, ou a ele se refere, ou ainda, que acompanha o nome qualificando-o de alguma forma.

Exemplos:

1. A moça era mesmo bonita. Ela morava nos meus sonhos!

[substituição do nome]

2. A moça que morava nos meus sonhos era mesmo bonita!

[referência ao nome]

3. Essa moça morava nos meus sonhos!

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[qualificação do nome]

Grande parte dos pronomes não possuem significados fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro de um contexto, o qual nos permite recuperar a referência exata daquilo que está sendo colocado por meio dos pronomes no ato da comunicação. Com exceção dos pronomes interrogativos e indefinidos, os demais pronomes têm por função principal apontar para as pessoas do discurso ou a elas se relacionar, indicando-lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em virtude dessa característica, os pronomes apresentam uma forma específica para cada pessoa do discurso.

Exemplos:

1. Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada.

[minha/eu: pronomes de 1ª pessoa = aquele que fala]

2. Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada?

[tua/tu: pronomes de 2ª pessoa = aquele a quem se fala]

3. A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada.

[dela/ela: pronomes de 3ª pessoa = aquele de quem se fala]

Em termos morfológicos, os pronomes são palavras variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em número (singular ou plural). Assim, espera-se que a referência através do pronome seja coerente em termos de gênero e número (fenômeno da concordância) com o seu objeto, mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado.

Exemplos:

1. [Fala-se de Roberta] 2. Ele quer participar do desfile da nossa escola neste ano.

[nossa: pronome que qualifica "escola" = concordância adequada]

[neste: pronome que determina "ano" = concordância adequada]

[ele: pronome que faz referência à "Roberta" = concordância inadequada]

Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.

Pronomes Pessoais

São aqueles que substituem os substantivos, indicando diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve assume os pronomes eu ou nós, usa os pronomes tu, vós, você ou vocês para designar a quem se dirige e ele, ela, eles ou elas para fazer referência à pessoa ou às pessoas de quem fala.

Os pronomes pessoais variam de acordo com as funções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto ou do caso oblíquo.

Pronome Reto

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Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sentença, exerce a função de sujeito ou predicativo do sujeito.

Por exemplo:

Nós lhe ofertamos flores.

Os pronomes retos apresentam flexão de número, gênero (apenas na 3ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a principal flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é assim configurado:

- 1ª pessoa do singular: eu

- 2ª pessoa do singular: tu

- 3ª pessoa do singular: ele, ela

- 1ª pessoa do plural: nós

- 2ª pessoa do plural: vós

- 3ª pessoa do plural: eles, elas

Atenção: esses pronomes não costumam ser usados como complementos verbais na língua-padrão. Frases como "Vi ele na rua" , "Encontrei ela na praça", "Trouxeram eu até aqui", comuns na língua oral cotidiana, devem ser evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua formal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspondentes: "Vi-o na rua", "Encontrei-a na praça", "Trouxeram-me até aqui".

Obs.: frequentemente observamos a omissão do pronome reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias formas verbais marcam, através de suas desinências, as pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto.

Por exemplo:

Fizemos boa viagem. (Nós)

Pronome Oblíquo

Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sentença, exerce a função de complemento verbal (objeto direto ou indireto) ou complemento nominal .

Por exemplo:

Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)

Obs.: em verdade, o pronome oblíquo é uma forma variante do pronome pessoal do caso reto. Essa variação indica a função diversa que eles desempenham na oração: pronome reto marca o sujeito da oração; pronome oblíquo marca o complemento da oração.

Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com a acentuação tônica que possuem, podendo serátonos ou tônicos.

Pronome Reflexivo

São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcionem como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação expressa pelo verbo.

O quadro dos pronomes reflexivos é assim configurado:

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- 1ª pessoa do singular (eu): me, mim.

Por exemplo:

Eu não me vanglorio disso.

Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi.

- 2ª pessoa do singular (tu): te, ti.

Por exemplo:

Assim tu te prejudicas.

Conhece a ti mesmo.

- 3ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo.

Por exemplo:

Guilherme já se preparou.

Ela deu a si um presente.

Antônio conversou consigo mesmo.

- 1ª pessoa do plural (nós): nos.

Por exemplo:

Lavamo-nos no rio.

- 2ª pessoa do plural (vós): vos.

Por exemplo:

Vós vos beneficiastes com a esta conquista.

Por exemplo:

- 3ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo.

Por exemplo:

Eles se conheceram.

Elas deram a si um dia de folga.

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2-PROPOSTA DE REDAÇÃO

Dominar a arte da escrita é um trabalho que exige prática e dedicação. Não existem fórmulas mágicas: o exercício contínuo, aliado à leitura de bons autores, e a reflexão são indispensáveis para a criação de bons textos. Nesta seção, serão apontadas algumas características que você deverá observar na produção de seus textos. Desejamos que as dicas

apresentadas sejam bastante úteis a você.

Ler, escrever e pensar

Saber escrever pressupõe, antes de mais nada, saber ler e pensar. O pensamento é expresso por palavras, que são registradas na escrita, que por sua vez é interpretada pela leitura. Como essas atividades estão intimamente relacionadas, podemos concluir que quem não pensa (ou pensa mal), não escreve (ou escreve mal); quem não lê (ou lê mal) não escreve (ou escreve mal).

Ler, portanto, é fundamental para escrever. Mas não basta ler, é preciso entender o que se lê. Entender significa ir além do simples significado das palavras que aparecem no texto. É preciso, também, compreender o sentido das frases, para que se alcance uma das finalidades da leitura: a compreensão de ideias e, num segundo momento, os recursos utilizados pelo autor na elaboração do texto.

Apesar do grande poder dos meios eletrônicos, a leitura é ainda uma das formas mais ricas de informação, pois grande parte do conhecimento nos é apresentado sob forma de linguagem escrita.

Lembre-se: estar bem informado é uma das normas mais importantes para quem quer escrever bem.

A Redação no Vestibular

Em vestibulares e concursos, a prova de Redação é um grande fator de eliminação. Através dela, as instituições têm um indicador mais concreto da formação do aluno, diferentemente das questões de múltipla escolha. Geralmente, exige-se que o candidato produza um texto dissertativo. Em menor proporção, podem ser solicitados ainda textos narrativos ou descritivos. Conheça as características de cada um desses textos:

1 - DISSERTAÇÃO: dissertar significa “falar sobre”. É o texto em que se expõem ideias, seguidas de argumentos que as comprovem. Na dissertação, você deve revelar sua opinião a respeito do assunto.

2 - DESCRIÇÃO: texto em que se indicam as características de um determinado objeto, pessoa, ambiente ou paisagem. Na descrição, você deve responder à pergunta: Como a coisa (lugar / pessoa) é? É importante tentar usar os mais variados sentidos: fale do aroma, dos cheiros, das cores, das sensações, de tudo que envolve a realidade a ser descrita.

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3 - NARRAÇÃO: texto em que se contam fatos ocorridos em determinado tempo e lugar, envolvendo personagens. Lembre-se: você deve “narrar a ação”, respondendo à pergunta: O que aconteceu?

Dissertação - Estrutura

1ª parte: Introdução

No primeiro parágrafo, o autor apresenta o tema que será abordado.

Dica: anuncie claramente o tema sobre o qual você escreverá e as delimitações propostas.

2ª parte: Desenvolvimento

Nos parágrafos subsequentes (geralmente dois), o autor apresenta uma série de argumentos ordenados logicamente, a fim de convencer o leitor.

Dica: argumente, discuta, exponha suas ideias, prove o que você pensa.

3ª parte: Conclusão

No último parágrafo, o autor "amarra" as ideias e procura transmitir uma mensagem ao leitor.

Dica: conclua de maneira clara, simples, coerente, confirmando o que foi exposto no desenvolvimento.

Atenção:

A dissertação deve obedecer à extensão mínima indicada na proposta, a qual costuma ser de 25 a 30 linhas, considerando letra de tamanho regular. Inicialmente, utilize a folha de rascunho e, depois, passe a limpo na folha de redação, sem rasuras e com letra legível. Utilize caneta; lápis, apenas no rascunho.

Planejando a Dissertação I

Quando você deseja ir a algum lugar ao qual nunca foi, você costuma, mesmo que mentalmente, elaborar um roteiro. Afinal de contas, você sabe que, caso não se planeje, correrá o risco de ficar rodando à toa e não chegar ao destino, e, se chegar, terá perdido mais tempo que o previsto.

Ao elaborarmos uma redação, não é diferente: se não tivermos um plano ou um roteiro previamente preparados, corremos o risco de ficar dando voltas em torno do tema, não chegando a lugar nenhum. Por isso, antes de escrever sua redação, é preciso planejá-la bem, procurando elaborar um esquema. Mas cuidado, não confunda esquema com rascunho! Esquema é um guia que estabelecemos para ser seguido, no qual colocamos em frases sucintas (ou mesmo palavras) o roteiro para a elaboração do texto. No rascunho, por outro lado, damos forma à redação, pois nele as ideias colocadas no esquema passam a ser redigidas, tomando a forma de frases que aos poucos se transformam em um texto coerente.

O primeiro passo para a elaboração do esquema é ter entendido o tema, pois de nada

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adiantará um ótimo esquema se ele não estiver adequado ao tema proposto. Em seguida, você poderá dividir seu esquema nas três partes básicas - introdução, desenvolvimento e conclusão. Na Introdução, é necessário informar a tese que você irá defender. No Desenvolvimento, escreva palavras capazes de resumir os argumentos que você apresentará para sustentar sua tese. Na Conclusão, escreva palavras que representem sua ideia final.

Atenção: quando você estiver fazendo o esquema do desenvolvimento, surgirão inúmeras ideias. Registre-as todas, mesmo que mais tarde você não venha a utilizá-las. Essas ideias normalmente vêm sem ordem alguma; por isso, mais tarde, é preciso ordená-las, selecionando as melhores e colocando-as em ordem de importância. Esse processo é conhecido como hierarquização das ideias.

Veja a seguir, um exemplo de esquema com as ideias já hierarquizadas:

Tema: Pena de morte: você é contra ou a favor?

Introdução:

contra - não resolve

Desenvolvimento:

1º parágrafo: direito à vida - religião

2º parágrafo: outros países - Estados Unidos

Conclusão:

ineficaz; solução: erradicação da miséria

Feito o esquema, é só segui-lo passo a passo, transformando as palavras em frases, dando forma à sua redação.

Planejando a Dissertação II

Veja a seguir outro tipo de roteiro. Siga os passos:

1) Interrogue o tema; 2) Responda-o de acordo com a sua opinião; 3) Apresente um argumento básico; 4) Apresente argumentos auxiliares; 5) Apresente um fato-exemplo; 6) Conclua.

Vamos supor que o tema de redação proposto seja: Nenhum homem vive sozinho. Tente seguir o roteiro:

1. Transforme o tema em uma pergunta: Nenhum homem vive sozinho?

2. Procure responder essa pergunta, de um modo simples e claro, concordando ou discordando (ou concordando em parte e discordando em parte): essa resposta é o seu ponto de vista.

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3. Pergunte a você mesmo, o porquê de sua resposta, uma causa, um motivo, uma razão para justificar sua posição: aí estará o seu argumento principal.

4. Agora, procure descobrir outros motivos que ajudem a defender o seu ponto de vista, a fundamentar sua posição. Estes serão os argumentos auxiliares.

5. Em seguida, procure algum fato que sirva de exemplo para reforçar a sua posição. Este fato-exemplo pode vir de sua memória visual, das coisas que você ouviu, do que você leu. Pode ser um fato da vida política, econômica, social. Pode ser um fato histórico. Ele precisa ser bastante expressivo e coerente com o seu ponto de vista. O fato-exemplo geralmente dá força e clareza à argumentação. Além disso, pessoaliza o nosso texto, diferenciando-o dos demais.

6. A partir desses elementos, você terá o rascunho de sua redação.