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Prática s Interventivas  Supervisionadas

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1 Instrumentos de Análise dos Relatos de Experiênciaem Serviço Social ..................................................................1

2 Subsídios para Operacionalização de Visita Técnica ............21 3 Demandas sociais, Organizacionais e Profissionais:

reflexões e orientações no âmbito da intervençãodo(a) assistente social. ........................................................39

4 Elaborando o Relatório de Visita Técnica .............................54

Sumário

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Instrumentos de Análise dos Relatos deExperiência em Serviço

Social1

Instrumentos de Análise dosRelatos de Experiência

1 Bacharel em Serviço Social, Especialista em Psicopedagogia Clinica e Institucio-nal, Mestre em Teologia, Doutoranda em Teologia. Professora do Curso de ServiçoSocial EAD, Canoas –RS e Pós-Graduação em Gestão de Políticas Sociais, CEULSULBRA, Santarém-PA.

Iarani A. Galúcio Lauxen1

Capítulo 1

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2 Práticas Interventivas Supervisionadas

Prezado(a)s aluno(a)s, ao retomar os objetivos do Curso de

Serviço Social EAD, é importante lembrar que se preten-de formar assistentes sociais comprometidos com o desenvol-vimento humano e social na perspectiva da valorização dosdireitos humanos e da consolidação da cidadania, capazesde responder às demandas sociais através da instauração depráticas profissionais, de conhecimentos e de alternativas com-petentes e coerentes frente às expressões da questão social,pautando-se no projeto ético-político do Serviço Social.

Para tanto, se torna necessário o exercício acadêmico devivenciar as Práticas Interventivas Supervisionadas, as quaisposteriormente serão complementadas com as disciplinas deEstágios Supervisionados. Neste momento o aluno poderá ini-ciar seu contato nos mais diversos espaços sócio-ocupacionaisdo assistente social e poder vivenciar um momento da sua ro-tina de trabalho.

Além de poder ter acesso, a realidade vivenciada neste cam-po, poder realizar entrevista com este profissional, e tirar suasdúvidas sobre a prática profissional, também poderá contar nes-te material didático com três relatos de experiências localizadosem seus anexos, descritos por profissionais nos mais diversosespaços, os quais servirão também para sua a reflexão, discus-são e análise referente aos elementos que compõe o processode trabalho do assistente social em espaços sócio ocupacionais.

Neste contexto, este capítulo foi elaborado especialmentecom o objetivo que ofertar instrumentais de análise que orien-tem a reflexão teórica crítica dos relatos de experiência emServiço Social, os quais irão conhecer logo mais nos capítulosa seguir.

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Capítulo 1 Instrumentos de Análise dos Relatos de Experiência3

Especificamente visa promover ao aluno o desenvolvimen-

to de conhecimentos, habilidades e atitudes na reflexão acercada operacionalização do processo de trabalho do assistentesocial, podendo identificar os elementos essenciais à práxis doServiço Social no exercício profissional, identificando os as-pectos teórico-metodológicos, ético-políticos e técnico-opera-tivos, propostos à profissão. Além disso, busca capacitar paraa reflexão sobre os diferentes campos de trabalho e áreas deatuação profissional, da apropriação de conhecimentos refe-rentes ao processo de trabalho do assistente social, supervisãoe aos atendimentos realizados.

Todos esses aspectos precisam ser identificados pelo edu-cando ao realizar a leitura dos relatos de experiências, de-senvolvendo a capacidade para reflexão e análise dos dadosinformados, dessa forma serão ofertados breves conceitos dosprincipais pontos que devem ser identificados para análise nosrelatos, com algumas dicas e exemplos para auxiliar na identi-ficação desses importantes aspetos de análise.

O capítulo está dividido em três subtítulos, o 1.1 contem-plará os principais pontos de análise sobre a Instituição, o 1.2os principais pontos de análise sobre o Serviço Social, o 1.3trará aspectos acerca dos instrumentos de análise teórico prá-tico e o 1.4 apresentará um modelo simplificado de análise deum relato de experiência.

Faz-se importante frisar que esta leitura analítica se faráem duas etapas: 1ª a identificação e análise dos aspectos re-lacionados à Instituição, e a 2ª dos aspectos relacionados aoServiço Social na Instituição.

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1.1 Principais pontos de análise sobre aInstituição

Ao analisar os relatos de experiência, alguns pontos devemmerecer esforçadamente sua atenção, afinal, estes serão seusprincipais elementos de análise, ou seja, no momento em quefor degustar dos relatos de experiências profissionais em Ser-

viço Social, será necessária a identificação destes elementospara uma boa reflexão teórica prática.

Faz importante destacar que não se pode deixar de refletirsobre dados trazidos sobre a Instituição em si e dados espe-cíficos do Serviço Social na instituição, são duas informaçõesdistintas, porém associadas com o objetivo de responder às

demandas as quais a Política Social a qual desenvolvem sepropôs.

Observe o organograma abaixo o qual indica os elemen-tos essenciais de reflexão que não podem faltar na sua análise.

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Capítulo 1 Instrumentos de Análise dos Relatos de Experiência5

No primeiro momento poderá identificar de qual instituição

está se falando, qual a sua missão institucional, o que darárelevância a sua existência social, posteriormente identificandoas suas demandas institucionais, as quais não necessariamen-te poderão ser as mesmas para o Serviço Social, em seguida aPolítica Social a qual se vincula e orienta seus serviços assisten-ciais e por fim o desfilamento de outras Políticas Sociais e redesde serviços às quais se relaciona e como se dá esse processo.

De forma breve se conceituará cada aspecto para que pos-sa identificar com clareza durante a leitura e análise dos rela-tos de experiência profissional.

1.1.1 A missão institucional

A instituição social é considerada um espaço político, uma or-ganização específica de uma dada política social a ser exe-cutada. “Elas ocupam um espaço político nos meandros dasrelações entre Estado e a sociedade civil. Elas fazem parte darede, do tecido social lançado pelas classes dominantes paraamealhar o conjunto da sociedade”. Faleiros, 2008, p. 31

Portanto, sua missão corresponde justamente a sua pro-posta existencial no contexto social e no aparelho estatal. Aoanalisar o relato procure identificar a missão da instituição.

1.1.2 Demandas institucionais As demandas institucionais são todas as dificuldades, contra-dições e problemáticas que uma pessoa, família, grupo oucomunidade leva para a organização, as quais não conse-

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guem superar sem uma intervenção externa, são consideradas

expressões e manifestações da questão social. A esse respeito,Iamamoto 2011, p. 151 diria: “é a na forma como o indivídu-os sociais se articulam no âmbito da produção dos meios devida que é possível constituir-se um tipo histórico de individua-lidade social, tal como se expressa hoje no mundo capitalista”.Esta individualidade social a que trata está relacionada à pro-dução do antagonismo de classes promovido pela sociedadecapitalista tão criticada por Marx. É neste contexto que Iama-moto ressalta a necessária atribuição da densidade históricaas problemáticas sociais, para se efetuar uma análise críticadas demandas profissionais contemporâneas.

Exemplo: assistência às necessidades à população de rua,a violência contra a mulher, aos impactos da dependência quí-mica na adolescência etc.

1.1.3 A Política Social As Políticas Sociais surgem como estratégias do Estado, com oobjetivo de ofertar proteção sociais a população.

Boschetti, 2003, em políticas sociais fundamentos e histó-ria traz que as Políticas Sociais são desdobramentos das mul-tifacetas da questão social no capitalismo, a sua interpretaçãopassa a ser um elemento constitutivo da relação entre o ServiçoSocial e a realidade, a qual tem como elemento de mediação“as estratégias de enfrentamento adotadas pelo Estado e pelasclasses, o que envolve a Política Social como um elementocentral.” p. 53

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Capítulo 1 Instrumentos de Análise dos Relatos de Experiência9

é poder identificar os aspectos relacionados especificamente

ao Serviço Social na Instituição.Dentre os pontos de análise vejamos:

1.2.1 Objetivos do Serviço SocialOs objetivos relacionam-se a existência no Serviço Social naInstituição, deve-se identificar porque o Serviço Social é impor-tante para a efetivação da Política Social ao qual desenvolvena instituição. Consiste em resolver ou, pelo menos minimizaros problemas da situação demandada.

1.2.2 Objeto de intervençãoNesse aspecto, deve-se redobrar a atenção e não confundir oobjeto de trabalho com o objetivo nem com o sujeito da ação.

Observe que para identificar o objeto deve sempre pergun-tar o que? Pois, para que? Será o objetivo e para quem? O

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sujeito. Portanto, o objeto será sempre a expressão da questão

social vivenciada pelo sujeito da ação, a problemática socialvivenciada por ele.

Exemplo:

SUJEITO ( quem?) OBJETO (o que?) Adolescentes dependentes

químicos

Os prejuízos sociais da

dependência químicaPessoa Idosa Exclusão social no mercado

de trabalho

Contudo, o objeto não é constituído pelas pessoas e simpela situação social e pelos problemas de diferentes naturezasencontradas nesta situação. (THIOLLENT, 2009, p. 18)

1. 2.3 Demandas para o Serviço Social As demandas do Serviço Social são produto do cotidiano e dascontradições da relação capital x trabalho, que resultam nasdesigualdades sociais recorrentes do antagonismo de classe

constituídas por um tipo histórico de individualidade social, edestas com o Estado, estando relacionado diretamente com aprática profissional cotidiana. Ela se constitui a partir das de-mandas institucionais, porém, abarcando todo o aporte con-textual que o sujeito está inserindo o qual espontaneamenteacaba por gerir outras demandas que passam ser especifica-mente do Serviço Social, é onde o profissional passa a recor-rer às redes de serviços (ver 1.1.4), com o objetivo de intervirsobre as necessidades sociais em sua totalidade.

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Capítulo 1 Instrumentos de Análise dos Relatos de Experiência11

Faz-se importante lembrar que a instituição pode apresen-

tar demanda reprimida, que correspondem as necessidadesapresentadas pela população usuária que não conseguem seratendidas pelo Serviço Social devido aos entraves políticos ins-titucionais, um deles é a limitação de recursos.

1.2.4 Instrumentais de intervenção Ao pensar a práxis a consciência participa ativamente, umavez que elabora finalidades e produz conhecimento. O enten-dimento desta categoria fundamenta o papel dos instrumentose da técnica no exercício profissional, não sendo de formaalguma dispensável a mediação pelos instrumentais.

Dentre os instrumentais técnicos- operativos já consolida-dos tradicionalmente pela profissão do Serviço Social pode-sedestacar: a observação, o relacionamento, abordagem, entre-vista, informação, visita domiciliar e reunião. Contudo, podemse ampliar, não significando que são singulares, inserindo aprática de acolhimento e grupos.

A forma como se aplica os instrumentais está diretamenteligada aos saberes teórico- práticos e metodológicos do co-nhecimento profissional, ele é o elo de contato para a inter-venção da realidade, reafirmado que o mesmo não dispensaa associação com as demais competências.

1.2.5 Resultados da ação profissionalOs resultados estão relacionados ao alcance das propostascontidas na missão institucional e ao objetivo do Serviço So-

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12 Práticas Interventivas Supervisionadas

cial, onde se poderá mensurar o produto do trabalho profis-

sional e da Política Social ofertada à população usuária. Estãotambém relacionados aos programas e/ou projetos sociaisdesenvolvidos pelo Serviço Social na instituição para atendera complexidade das demandas apresentadas. Neste contextodeverá se identificar na descrição dos relatos quais os resulta-dos da intervenção profissional do Serviço Social na determi-nada instituição.

1.2.6 Trabalhos InterdisciplinaresNo contexto atual em todos os campos profissionais se pre-sume muito a relação interdisciplinar para o desenvolvimen-to dos trabalhos institucionais, definido pela sensibilidade de

cada área do saber em perceber que esta isoladamente não sefinda, necessitando da contribuição de outras áreas. “O que sebusca é a substituição de uma ciência fragmentada por umaCiência unificada” (THIOLLENT, 2009, p. 16), possibilitandoespaços para que a intervenção profissional receba contribui-ções e/ou complementações, que permitam perceber o objetoem seu complexo contexto.

1.2.7 Desafios à profissãoOs desafios à profissão podem surgir subjetivamente. São ex-pressões trazidas pelos profissionais onde definirão alguns as-pectos que consideram merecer maior intervenção, seja do seufazer profissional, do Estado ou da sociedade, podem estar re-lacionados aos interesses políticos ou institucionais, ou mesmoenvolvendo questões éticas.

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Capítulo 1 Instrumentos de Análise dos Relatos de Experiência13

1.3 Instrumento de Análise teórico prático.

Não basta realizar a leitura de um relato de experiência semantes se munir da capacidade critico-reflexiva dessas informa-ções. É preciso desenvolver as habilidades para identificaçãodas categorias principais a serem analisadas e futuramentetrabalhadas no relatório de práticas supervisionadas.

Essas habilidades podem ser desenvolvidas por meio dealguns instrumentais de análise:

 Leitura inicial para a familiarização com o texto

 Obter conhecimento acerca da conceituação das cate-gorias teóricas de análise

 Releitura para a identificação e compreensão das cate-gorias

 A reflexão teórica crítica acerca da experiência profissio-nal descrita, quanto aos aspectos sobre a Instituição esobre o Serviço Social.

Ressalta-se que a reflexão teórica crítica para análise dosrelatos de experiências devem considerar as competências teó-rico-metodológica, técnico-operativa e ético-política do ServiçoSocial, traçando a relação dessas competências imprescindi-velmente com o processo de trabalho do assistente social, paraque assim possa se obter o caráter analítico que se espera.

Observe abaixo um quadro de apoio referenciando cadauma dessas competências, um instrumento indispensável noprocesso de análise dos relatos de experiência.

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14 Práticas Interventivas Supervisionadas

COMPETÊNCIAÉTICO-POLÍTICA

O Assistente Social não é um profissional “neutro”.Sua prática se realiza no marco das relações de podere de forças sociais da sociedade capitalista – relaçõesessas que são contraditórias. Assim, é fundamentalque o profissional tenha um posicionamento políticofrente às questões que aparecem na realidade social,para que possa ter clareza de qual é a direção socialda sua prática. Isso implica em assumir valores ético-

morais que sustentam a sua prática – valores essesque estão expressos no Código de Ética Profissionaldos Assistentes Sociais (Resolução CFAS nº 273/93)5,e que assumem claramente uma postura profissionalde articular sua intervenção aos interesses dos setoresmajoritários da sociedade;

COMPETÊNCIATEÓRICO-METODOLÓGICA

O profissional deve ser qualificado para conhecer arealidade social, política, econômica e cultural com aqual trabalha. Para isso, faz-se necessário um intensorigor teórico e metodológico, que lhe permita enxergara dinâmica da sociedade para além dos fenômenosaparentes, buscando apreender sua essência, seumovimento e as possibilidades de construção de novaspossibilidades profissionais;

COMPETÊNCIATÉCNICO-OPERATIVA

Competência técnico-operativa garantindo assimuma inserção qualificada no mercado de trabalho,que responda às demandas colocadas tanto pelosempregadores, quanto pelos objetivos estabelecidospelos profissionais e pela dinâmica da realidade social.

Fonte: Quadro elaborado a partir do texto: A prática do assistente social:conhecimento, instrumentalidade e intervenção profissional. (SOUSA, 2008)

Deve-se considerar que as três competências apresenta-das no quadro acima jamais podem ser vistas ou analisadasisoladamente, elas são indissociáveis, sendo que uma atrai a

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Capítulo 1 Instrumentos de Análise dos Relatos de Experiência15

outra para um exercício pleno do fazer profissional do assis-

tente social resguardando o que prevê o projeto ético políticodo Serviço Social para não cair na despolitização da práticapela prática.

1.4 Breve análise de um relato deexperiência

A seguir um quadro demonstrativo trará o modelo simplificadodos aspectos identificados na análise de um relato de experiência.

TÍTULO DO RELATO DE EXPERIÊNCIA:

O Serviço Social no enfrentamento da situação de rua A INSTITUIÇÃO:Centro de Referência à População de/na Rua / CREPAR.MISSÃOINSTITUCIONAL

Atender a necessidade da população de SãoLeopoldo em situação de vulnerabilidade social,de risco social, de exclusão social, bem como osdesfilados, dentre os quais este trabalho foca apopulação de/na rua.

DEMANADASINSTITUCIONAISPopulação de Rua

POLÍTICA SOCIAL Política Nacional de Assistência Social -Sistema Únicde Assistencial Social (SUAS)

REDES DESERVIÇO:

Postos de saúde, secretaria de obras, Secretaria deHabitação igrejas parceiras, albergues, Organizaçãode Apoio, Solidariedade e Prevenção à Aids, Casa

de convivência, Centro de Defesa da Criança edo Adolescente Bertholdo Weber– CEDECA e oPrograma de Apoio a Meninos e Meninas – PROAME

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16 Práticas Interventivas Supervisionadas

O SERVIÇO SOCIAL:Setor Social. (Identifique o setor onde trabalha oassistente social, se houver mais de um serviço ofertado na instituição naárea do Serviço Social).

OBJETIVO Atendimento a população de/na Rua de SãoLeopoldo e migrantes, na garantia dos seus direitossociais e proteção social especial de média e altacomplexidade.

OBJETO Situação de vulnerabilidade social da população de

rua de São Leopoldo-RS

DEMANDAS ATENDIDAS

Dependência química, necessidade de abrigagem,alimentação, roupas, passagem de retorno parasua cidade, escuta, confecção de documentos,suporte para elaboração de um projeto de vida, (re)aproximação dos vínculos familiares até inserçãoem atividade de geração de renda, espaço para o

descanso e higiene.INSTRUMENTOSDE INTERVENÇÃO

Abordagem e atendimento Social da rua,acolhimento, grupos, orientação básica eacompanhamento, roda de chimarrão, onde édiscutida a situação de rua, oficinas de criatividade,encaminhamentos a rede de serviços.

RESULTADOS

DA AÇÃOPROFISSIONAL

Inserção no mercado de trabalho informal e

consecutivamente arrumaram um local para morar,outros foram encaminhados para o Benefício dePrestação Continuada que, por serem idosos e semvínculos familiares, passaram a residir no Lar SãoFrancisco de Assis, outros retornaram para a famíliae os demais foram encaminhados para tratamento dedependência química.

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Capítulo 1 Instrumentos de Análise dos Relatos de Experiência17

TRABALHO

INTERDISCIPLINAR

Oficinas socioeducativas para os usuários, entre elasOficinas de Redução de Danos, Educação do Meio Ambiente, Curso Brasil Alfabetizando e Pintura emTela constituindo as atividades socioeducativas daCasa de Convivência. O trabalho interdisciplinarintrainstitucional é escasso devido não haver outrosprofissionais de nível superior no Centro comoPsicólogo e Terapeuta Ocupacional, deve se justificarpelo perfil da demanda que é rotativo, mas éconsideravelmente relevante.

DESAFIOS APROFISSÃO

Nas abordagens de rua verificou-se a necessidade,por motivos de segurança, da presença da BrigadaMilitar, pelo fato de alguns usuários se tornaremagressivos ao serem abordados pelos atendentessociais. O atendimento à população em situaçãode/na rua torna-se um grande desafio que somentecom Políticas Públicas estruturadas e integradas serápossível fazermos o enfrentamento dessa questãosocial.

CONSIDERAÇÕESSOBRE ASCOMPETÊNCIASTEÓRICO-METODOLÓGICA

ÉTICO-POLÍTICA,TÉCNICO-OPERATIVAS.

A autora traz reflexões significativas quanto aoprocesso de trabalho do assistente social nainstituição, que expressam a articulação com ascompetências teórico-metodológicas, quando buscamreferenciais teóricos, legislações que fundamentam

sua prática, exercitam a competência ético-política,quando buscam garantir o direito as Políticas Públicasa população de rua. Mesmo com os riscos ao seexpor em ambientes insalubres, desenvolvem suascompetências técnicas operativas quando buscaminserir atividades criativas para atrair a populaçãousuária e utilizam instrumentais específicos de apoio asua intervenção.

Fonte do relato de experiência: (ORTÁCIO, 2010, p. 81)

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18 Práticas Interventivas Supervisionadas

Referências BibliográficasBEHRING, Elaine Rossetti. BOSCHETTI, Ivanete.Política So-

cial: fundamentos e história . 9ed. São Paulo: Cortez,2011.

FALEIROS, Vicente de Paula.Saber profissional e poder ins-titucional. 8.ed. São Paulo: Cortez, 2008.

IAMAMOTO, Marilda Villela.O Serviço Social na contem-poraneidade : trabalho e formação profissional. 21. Ed.São Paulo, Cortez, 2011.

ORTÁCIO, Daniela de Almeida. O Serviço Social no enfren-tamento da situação de rua. In: Práticas interativas su-pervisionadas / organizado [por] Arno Vorpagel Scheune-

mann – Canoas : Ed. ULBRA, 2010. 168p.SOUSA, Charles Toniolo de. A prática do assistente social:

conhecimento, instrumentalidade e intervenção profissio-nal. Emancipação, Ponta Grossa, 8(1): 119-132, 2008.Disponível em http://www.uepg.br/emancipacao Acessoem 30 de mai, 2014.

THIOLLENT, Michel.Metodologia da pesquisa ação . 10. ed.São Paulo: Cortez Editora, 2000

ATIVIDADESPrezado (a) Aluno (a), após o estudo deste capítulo, o qualoportunizou a aquisição de competências para identificaçãoe análise dos pontos essenciais a serem identificados na in-

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Capítulo 1 Instrumentos de Análise dos Relatos de Experiência19

tervenção profissional do Serviço Social, escolha um dos dois

relatos de experiência disponíveis nos anexos, para responderas questões a seguir, e exercitar sua aprendizagem.

1. No quadro a seguir procure descrever os aspectos relacio-nados ao espaço institucional tecendo uma análise reflexi-va pessoal sobre cada um deles.

TÍTULO DO RELATO:

INSTITUIÇÃO:

1.1 Missão 1.2 Demandas 1.3 Política Social 1.4 Redes de serviços

2. Agora procure descrever os aspectos identificados relacio-nados à intervenção do Serviço Social na instituição, te-cendo uma análise reflexiva pessoal sobre cada um deles.

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20 Práticas Interventivas Supervisionadas

SERVIÇO SOCIAL

2.1 Objetivo 2.2 Objeto 2.3 Demandas 2.4 Instrumentos

3. Dando continuidade à análise do relato de experiência

que leu, trace suas reflexões acerca dos:3.1 Resultados 3.2 Considerações quanto a

interdisciplinaridade3.3 Desafios

Bom Estudo!

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Subsídios paraOperacionalização de

Visita Técnica

Lourenço Brito Felin

Capítulo 2

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22 Práticas Interventivas Supervisionadas

Introdução

A proposta da disciplina “Práticas Interventivas Supervisiona-das” compreende a identificação dos elementos presentes noroteiro para a visita institucional disponível na ferramenta ava-liação. Estes elementos foram trabalhados conceitualmente eexemplificados no Capítulo I. Mas o objetivo de preparação do

estudante de Serviço Social para ingresso no campo de estágioe posterior análise institucional impõe a necessidade de superara mera descrição de cada item relacionado no roteiro. Assim,faz-se imperativa a reflexão sobre tais aspectos, analisando aluz do referencial teórico as estratégias de intervenção utiliza-das no contexto institucional visitado. Interessa, sobretudo, acompreensão da metodologia desenvolvida na instituição e a

contribuição do Serviço Social para sua operacionalização.Nesse sentido, este capítulo pretende resgatar alguns dos

principais conteúdos acumulados ao longo das disciplinas docurso já realizadas até esta etapa da formação, bem como,demonstrar a importância da instituição para trabalho profis-sional do Assistente Social, aproximando o estudante à defi-

nição conceitual de dois paradigmas metodológicos que secontrapõem: regulação e articulação.

1 Resgatando conhecimentos necessáriosà visita técnica em Serviço Social

Uma visita técnica institucional requer do acadêmico conheci-mento construído ao longo da formação em serviço social que

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Capítulo 2 Subsídios para Operacionalização de Visita Técnica23

perpassam os diferentes núcleos formativos propostos pelas di-

retrizes curriculares da formação em serviço social. Uma cargasignificativa de conteúdos centra-se no núcleo de fundamentosdo trabalho profissional:

O conteúdo deste núcleo considera a profissionalizaçãodo Serviço Social como uma especialização do traba-lho e sua prática como concretização de um processo de

trabalho que tem como objeto as múltiplas expressõesda questão social. Tal perspectiva, permite recolocar asdimensões constitutivas do fazer profissional articuladasaos elementos fundamentais de todo e qualquer proces-so de trabalho: o objeto ou matéria prima sobre a qualincide a ação transformadora; os meios de trabalho -instrumentos, técnicas e recursos materiais e intelectuaisque propiciam uma potenciação da ação humana sobreo objeto; e a atividade do sujeito direcionada por uma fi-nalidade, ou seja, o próprio trabalho. (ABESS/CEDEPSS,1995 e 1996apud ABEPSS, 1996).

Todas as disciplinas cursadas até este ponto da grade curri-cular são importantes para a construção do olhar crítico, no de-senvolvimento de habilidades e competências necessárias para oexercício profissional em serviço social. Contudo, compreende-mos que alguns conteúdos devem ser resgatados pelos acadêmi-cos sob a forma de releituras, problematizações, novas discussõesjunto aos canais de comunicação e ferramentas de interação paraqualificação do processo de observação e entendimento da con-juntura social na qual as instituições sociais estão inseridas.

Destacamos, para especial atenção no resgate de conteú-dos que perpassam a construção do olhar crítico, as disciplinas

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24 Práticas Interventivas Supervisionadas

do núcleo de fundamentos do trabalho social e agregamos as-

pectos presentes nas ementas (descrição) das disciplinas (PPC– Serviço Social Ead, 2013).

Iniciamos com a “Ética Profissional em Serviço Social” quebusca a discussão dos fundamentos ontológicos da dimensãoético moral da vida social e seus rebatimentos na ética pro-fissional. Também aborda o processo de construção do ethos

profissional e as implicações ético-políticas no exercício pro-fissional. Por fim, propõe o estudo do Projeto Ético-Político doServiço Social. É uma disciplina do segundo semestre, queaborda o Código de Ética do Assistente Social, os princípiosfundamentais, bem como a legislação profissional (LOPES,2010; CFESS, 2011).

Os Fundamentos Teórico-metodológicos do Serviço SocialI e II tem como objetivo estudar a prática do Serviço Social, oreconhecimento e a reflexão acerca dos diferentes contextoshistórico, teórico-metodológicos, desde sua origem até a con-temporaneidade. Oportuniza a reflexão a partir do Movimentode Reconceituação até a adoção do Materialismo Históricocomo referencial da profissão. Estão presentes no segundo eterceiro semestre e possuem maior densidade teórica, sendonecessárias para a compreensão dos paradigmas que norte-aram a trajetória da profissão, bem como a transformaçãode uma identidade profissional atribuída para uma identidadeprofissional construída e pautada em princípios como autono-mia, cidadania e democracia. É neste momento da formaçãoque o acadêmico deve compreender o processo de rupturacom posturas conservadoras e neopositivistas no exercício pro-fissional (PELLIZZER, 2010).

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Capítulo 2 Subsídios para Operacionalização de Visita Técnica25

A disciplina de “Questão social” problematiza a produção

da desigualdade e a Questão Social como objeto de trabalhodo Assistente Social, aborda a configuração histórica e concei-tual e traz aportes teóricos para sua compreensão. É uma disci-plina do terceiro semestre e propõe o estudo aprofundado des-te fenômeno próprio das sociedades capitalistas de naturezacomplexa e contraditória. A questão social traz consigo expres-sões e manifestações e sobre estas é que incide a intervençãodo trabalho do assistente social, portanto é fundamental que oacadêmico consiga identificá-las (expressões e manifestaçõesda questão social) na vida dos sujeitos. (SILVEIRA, 2010).

A disciplina de “Processo de Trabalho em Serviço Social” re-mete à particularidade do Serviço Social como especializaçãodo trabalho coletivo; aos elementos constitutivos do processode trabalho do Serviço Social; às diferentes formas de apreen-são e deciframento da questão social a partir das dimensõesda prática profissional. Esta é uma disciplina do quarto semes-tre e aborda à luz do referencial dialético crítico os elementosObjeto-Meio-Produto enquanto constituição de um processode trabalho para o assistente social. Estes elementos são estu-

dados e aprofundados para que o acadêmico compreenda asistematização teórica presente na transformação da realidadesocial percebida por ações e resultados. Importante salientarque estas transformações são permeadas por objetivos que es-tão implícitos no processo de trabalho.

As disciplinas de Política Social abordam o desenvolvimen-to dos Direitos Humanos e Sociais, definição de Estado, direi-tos e a sua materialização nas políticas sociais. Assim como osistema de proteção social brasileira: saúde, assistência social,

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26 Práticas Interventivas Supervisionadas

previdência social, educação, habitação e trabalho bem como

os pressupostos, formação, gestão, participação popular nosespaços de controles sociais e as interfaces com o Serviço So-cial. São disciplinas do quarto e quinto semestre e abordamtemas contemporâneos que trazem subsídios para a compre-ensão da conjuntura social na qual se inserem diferentes ins-tituições que operacionalizam diferentes políticas públicas esociais (FALCÃO, GOETZ, 2010).

As disciplinas de Competência Técnico Operativa em Ser-viço Social I e II se propõem à análise de conjuntura e institu-cional, planejamento da intervenção, abordagens individuais ecoletivas, bem como o desenvolvimento de intervenção e ava-liação. São disciplinas do quinto e sexto semestre e instrumen-talizam o acadêmico para intervenção em campo de estágio.Também contribuem enquanto subsidio teórico em processosde observação de intervenções profissionais individuais e gru-pais (GOMES, LOPES, SANGHI, 2010).

Figura 1 Diagrama de conhecimentos pertinentes à visita técnica.

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Capítulo 2 Subsídios para Operacionalização de Visita Técnica27

Após este breve resgate de conteúdos, avançamos nosso

estudo para compreendermos dois paradigmas orientadoresda prática profissional: paradigma funcionalista-tecnocrático(metodologia de regulação) e o paradigma dialético e político(metodologia de regulação).

2 A intervenção profissional no contextoinstitucional: aproximações metodológicaspara a realização da visita institucional

O entendimento sobre o papel do Serviço Social e as poten-cialidades da intervenção profissional define-se a partir de umconjunto de elementos que articulam tanto aspectos estrutu-rais e conjunturais (macro) quanto às lógicas particulares dossujeitos da ação (micropoderes). As instituições configuram--se enquanto espaços sociais propícios para o encontro destasrelações mais gerais com o cotidiano do usuário. Nelas quese põem as condições para construção do objeto profissional.Conforme aponta Faleiros

é na dinâmica institucional que se estabelecem as cate-gorias de classificação dos usuários e principalmente dospobres [...], construindo-se os estigmas, as rejeições, asexclusões/inclusões, as formas de se pensar a adaptaçãoe a desadaptação. (2001, p. 33)

Para o autor, o objeto da intervenção profissional se definenas relações de forças a partir do encontro do usuário fragili-zado com o Assistente Social no contexto institucional. Neste

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28 Práticas Interventivas Supervisionadas

espaço privilegiado de lutas de poderes e confronto de interes-

ses sintetizam-se demandas sociais traduzidas pela lógica dainstituição, sobre as quais se formulam as estratégias de inter-venção profissional. Recursos e problemas se entrecruzam naesfera institucional condensando os limites e as possibilidadesdesta intervenção.

Figura 2 Correlação de forças no espaço institucional.

Podemos definir instituições sociais como:

Organizações específicas de política social, embora seapresentem como organismos autônomos e estruturadosem torno de normas e objetivos manifestos. Elas ocupamum espaço político nos meandros das relações entre o

Estado e a sociedade civil. Elas fazem parte da rede, dotecido social lançado pelas classes dominantes para ame-alhar o conjunto da sociedade (FALEIROS, 2011, p. 31).

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Capítulo 2 Subsídios para Operacionalização de Visita Técnica29

Na perspectiva da Correlação de Forças o trabalho pro-

fissional do Serviço Social se define no contexto das relaçõesde força mais gerais do capitalismo e nas particularidades dasrelações institucionais. Para Faleiros, o Assistente Social “atuaem uma correlação particular de forças, sob a forma institu-cionalizada, na mediação fragilização-exclusão/fortalecimen-to-inserção” (2001, p. 49), caracterizando a instituição comoespaço de saber e poder profissional. Nesse sentido,

O desafio profissional consiste justamente na reorienta-ção de seu cotidiano de acordo com a correlação deforças existentes, para facilitar o acesso da população ao

saber sobre elas mesmas, aos recursos disponíveis e aopoder de decisão (FALEIROS, 2011, p. 55).

Fazemos questão de sublinhar a importância dos contextosinstitucionais na medida em que eles fazem parte das trajetó-rias, itinerários e estratégias dos sujeitos pressupondo relaçõesde poder e saber que interferem diretamente no cotidiano. Domesmo modo, conformam o trabalho complexo de planejar,propor, acompanhar e avaliar a intervenção do Serviço Socialimplicada nestas trajetórias e estratégias. O encontro do Assis-tente Social com os usuários se dá em geral em uma instituiçãoquando os processos de fragilização são acirrados pela perdade poder e patrimônios. Trata-se, pois, do ponto de intersec-ção entre suas trajetórias, a partir do qual se construirão con-juntamente as alternativas de fortalecimento.

A particularidade do Serviço Social se dá no contexto de

suas funções institucionais, nessa rede institucional naqual se inscreve historicamente e onde há jogo de po-

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30 Práticas Interventivas Supervisionadas

der para definir objeto da ação, para dispor de recursos,

para propor estratégias, para montar operações (FALEI-ROS, 2001, p. 122).

Considerando essa relevância do espaço institucionalpara própria constituição da identidade profissional do Ser-viço Social, a proposta da disciplina de Práticas InterventivasSupervisionadas é propiciar o contato direto com estelocus

da intervenção do Assistente Social. Os saberes acumuladosao longo das diferentes disciplinas do curso (relembrados noitem anterior) e a compreensão dos diferentes aspectos a se-rem analisados na visita institucional (esclarecidos no Capítulo1) favorecem a construção de um olhar profissional para esteexercício. Ao instrumentalizar-se com estes conhecimentos oestudante poderá elaborar sua reflexão mediada por catego-rias teóricas que o aproximarão da prática profissional auxi-liando na ruptura com o senso comum.

Figura 3 Síntese teórica do processo de visita técnica.

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Capítulo 2 Subsídios para Operacionalização de Visita Técnica31

Nesse mesmo sentido, propomos agora uma reflexão so-

bre o papel do assistente social nos espaços institucionais,desafiando o olhar para a identificação da metodologia quenorteia a instituição visitada.

Seguindo a perspectiva do autor que viemos nos funda-mentando, podemos referir que a análise sobre o processo deconstrução do saber relativo à metodologia permite-nos iden-

tificar dois grandes paradigmas orientadores da prática profis-sional: paradigma funcionalista-tecnocrático (metodologia deregulação) e o paradigma dialético e político (metodologia deregulação).

a) Metodologia de Regulação:

Situa-se ao nível da prática, na busca pela compensaçãoatravés de recursos para uma determinada situação-problemaapresentada pelo usuário, de acordo com as normas institu-cionais pré-estabelecidas, concebendo os problemas como“desregulagens” que podem ser reparados pelos mecanismosinstitucionais. Essa perspectiva pauta-se na intenção de orga-nizar a integração dos sujeitos para garantir a expansão do

capital pelo acesso ao consumo e subordinação à lógica deprodução.

A metodologia de regulação de problemas consiste no es-tabelecimento de vínculos entre normas e recursos para solu-cionar “problemas” descontextualizando-os, retirando deles asmediações que o relacionam às forças sociais. O problema

aparece friamente apresentado, tecnicamente estudado, isola-do do contexto e da força mobilizadora que possa ter para apopulação.

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32 Práticas Interventivas Supervisionadas

O saber técnico-científico é sobreposto ao saber da po-

pulação e com tal expropriação do protagonismo dos sujei-tos retira-se simultaneamente a autonomia das decisões, bemcomo, as possibilidades de construção e reconhecimento deseu empoderamento. A população é forçada a despir-se desuas estratégias para se submeter às normas institucionais (ho-rários, rotinas, fluxos...) visando um alívio imediato ao proces-so de exploração e dominação que vivencia.

Em fim, esta perspectiva esvazia os significados imbricadosnas mediações que configuram a situação do sujeito tomandoo ”problema” como objeto de forma isolada cuja solução éresolvida pelo acesso ao recurso. O papel do assistente sociallimita-se a distribuição (regulagem) dos mecanismos/recursosinstitucionais submetendo a população aos seus critérios enormas.

b) Metodologia de Articulação:

Opondo-se à metodologia de regulação, a perspectiva dearticulação considera as relações sociais contraditórias media-das por forças/poderes que resultam nos problemas manifesta-

dos concretamente pelas demandas sociais. Segundo Faleirosas contradições se manifestam, se apresentam sob a for-ma de relações e o trabalho social nelas está inserido. Assim, um problema, uma questão apresentada pela po-pulação, por um indivíduo, são expressões das relaçõessociais e não o resultado estático de uma falha individualou coletiva, mesmo aparentemente apresentado comofalta de saúde, falta de habitação, falta de recreação,falta de alimentação. Os problemas vividos pela práti-

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Capítulo 2 Subsídios para Operacionalização de Visita Técnica33

ca do assistente social são o resultado de relações com-

plexas e é na articulação dessas relações que pode servisualizado o encaminhamento da superação de um pro-blema e não de sua “resolução” através de um recursosinstitucional (2011, p. 111/112).

Enquanto a superação contempla o movimento de forçasespecíficas e gerais que vão condicionar a modificação dos

efeitos das relações sobre uma determinada questão, areso-lução limita-se a um mecanismo pré-estabelecido, predetermi-nado pelas instituições para por fim ao processo/movimento.Enquanto a resolução (metodologia de regulação) considerao “problema” como um fim a ser atingido, a superação (meto-dologia de articulação) compreende o “problema” enquantoum ponto de partida para relação entre o particular e o geral,estabelecendo através dele o conjunto de mediações que per-mitem identificar a produção de efeitos econômicos, políticose ideológicos imbricados na intervenção profissional.

Essa perspectiva implica o reconhecimento do saber dousuário exigindo uma postura profissional que valorize formasde comunicação horizontais visando à participação dos sujei-tos nos processos decisórios e a garantia do protagonismo so-bre suas trajetórias individuais e coletivas. Para isso, é necessá-rio rompermos com as respostas prontas, “receitas” atribuídaspela instituição aplicadas a todos os contextos e demandasque se apresentam. Torna-se imperativo assumir uma posturacrítica aos mecanismos instituídos e às relações arbitrárias dereprodução da subalternidade dos usuários, assumindo a me-todologia enquanto um processo reflexivo “realizado a partirdo mapeamento das forças em presença, das suas perspecti-

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34 Práticas Interventivas Supervisionadas

vas sobre uma determinada questão e das formas alternativas

de ação” (FALEIROS, 2011, p. 116).

Após a contraposição sintética destas duas perspectivasmetodológicas, o desafio que se põe ao profissional (mesmoem formação) é identificar qual delas se manifesta com maiorênfase no contexto institucional ao qual ele se insere. A ob-servação do cotidiano profissional em uma determinada ins-tituição, bem como o levantamento das informações centraisjá definidos no instrumento orientador da visita institucional(cujos conceitos foram aprofundados no primeiro capítulo) eos conhecimentos acumulados ao longo da formação, permi-tem-nos construir uma reflexão que contemple a análise críticada metodologia de regulação e instrumentaliza-nos a elaboraralternativas voltadas para institucionalização da articulaçãocomo pressuposto metodológico da intervenção.

O exercício profissional do Serviço Social se dá no contextoinstitucional. Desde as primeiras vivências no estágio curricular

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Capítulo 2 Subsídios para Operacionalização de Visita Técnica35

a experiência do Assistente Social está diretamente associada

à instituição a qual se insere. Compreender as metodologiaspresentes nas instituições configura-se em um pressuposto fun-damental para alargar os sentidos da ação profissional e emum requisito primordial à formulação de alternativas que rom-pam com práticas burocráticas imediatistas e configurem umaintervenção pautada pelo direcionamento ético-político da pro-fissão.

3 O PLANEJAMENTO DA VISITA TÉCNICA

Uma visita técnica sempre será de conhecimento, nunca de in-tervenção. Se fosse de intervenção, estaríamos no universo daassessoria técnica. Em se tratando de um processo de conheci-mento da organização, do Serviço Social na organização e dotrabalho de um (ou mais) assistentes social desta organização,há que se definir as características do processo de observaçãoao longo da visita técnica.

A partir da sua estruturação, as observações podem serclassificadas em: estruturada (também chamada de planejadae sistemática); semiestruturada (define apenas alguns aspec-tos a serem observados e deixa espaço para elementos queemerjam ao longo da observação); não estruturada (tambémchamada de não planejada e assistemática). Quanto ao local,a observação pode ser classificada em observação de cam-po (ou, naturalística) e observação de laboratório. Quanto aonúmero de participantes, a observação pode ser classificadaem individual e coletiva. Tomando como referência a ação do

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36 Práticas Interventivas Supervisionadas

observador(a), a observação pode ser classificada em parti-

cipante e não participante. No que se refere à relação entreobservador(a) e observado(a), a observação pode ser classifi-cada em presencial e virtual.

A observação presencial pode ser direta ou indireta. Naobservação direta a presencialidade do(a) observador(a)é imediata, direta – não existe nada entre observador(a) e

observado(a), ambos se veem. Na observação presencial in-direta a presencialidade do(a) observador(a) é indireta, isto é,está presente, vê os(as) observados(as), mas estes(as) não oveem. Esta observação indireta pode ser declarada ou oculta.Na declarada os observados sabem que estão sendo observa-dos enquanto que na oculta, não sabem.

Definida e caracterizada a natureza da observação a serfeita na visita técnica, há que se planejar os demais aspectos.Considerando o fato de a visita técnica se constituir como umprocesso específico de observação, seu planejamento implicadefinir: visitador; visitado; relação entre visitador e visitado;objetivos; delimitação espacial e temporal; categorias de ob-servação; conceitos e categorias teóricos através dos quais sepretende analisar as categorias observadas; coleta de dados;relatório (identificação, análise compreensiva, sugestões). Oplanejamento de uma visita técnica requer que se defina:

a) Visitador(es):

b) Visitado(s):

c) Objetivo da visita:

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Capítulo 2 Subsídios para Operacionalização de Visita Técnica37

d) Objeto da visita: (processos, elementos, aspectos, carac-

terísticas que serão observados durante a visita)e) A relação entre visitador e visitado: como se dará a

mediação entre visitador(a) e visitado(a)? (natureza damediação); como articular a presença do(a) visitador(a)junto ao visitado(a) na perspectiva da confiança mútua?(legitimação da pesquisa); como gerenciar possíveis cri-

ses que possam ocorrer entre visitador(a) e visitado(a)?f) Local, data, horário e duração da visita: quando a obser-

vação será realizada? (cronograma); onde a observaçãoserá realizada? (delimitação espacial); quem ou o queserá observado? (delimitação espacial);

g) Conceitos e categorias teóricos (referencial teórico):quais conceitos e categorias teóricos respaldarão a aná-lise das categorias de observação. Em outras palavras,a análise colocará o que foi observado em diálogo comconceitos e categorias teóricas de Questão Social, Po-líticas Sociais, Processo de Trabalho, Fundamentos Te-órico-metodológicos e Competência Técnico-operativa.

O planejamento pode definir antecipadamente algumas(ou todas) as categorias e conceitos ou, pode indicarque serão escolhidos a partir dos dados obtidos na visitatécnica.

REFERÊNCIAS

ABEPSS, Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em ServiçoSocial.Diretrizes Gerais para o Curso de Serviço So-

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38 Práticas Interventivas Supervisionadas

cial. Rio de Janeiro, Nov. 1996. Disponível em: http://www.

cressrs.org.br/docs/Lei_de_Diretrizes_Curriculares.pdf.CFESS, Conselho Federal de Serviço Social.Código de Éti-

ca do Assistente Social. Brasília, 2011. Disponível em:http://www.cfess.org.br/arquivos/CEP2011_CFESS.pdf. Acesso em: 14 jul.2014.

FALCÃO, Eliete Ribeiro; GOETZ, Rúbia Geane.Políticas, Pro-teções e Controles Sociais. Canoas : ULBRA, 2010.

FALEIROS, V.P. Metodologia e Ideologia do Trabalho Social.8.ed. São Paulo: Cortez, 1993.

______ Saber profissional e poder institucional. 10.ed. SãoPaulo, Cortez, 2011.

______ Estratégias em Serviço Social. 3.ed. São Paulo: Cortez,2001.

GOMES, Kelines C., LOPES, Maria Suzete M.,SANGHI, Simo-ne da F. Competência Técnico-Operativa em ServiçoSocial. Canoas: Ed. ULBRA, 2010.

LOPES, Maria Suzete Muller.Ética Profissional em ServiçoSocial. Canoas: ULBRA, 2010.

PELLIZZER, Olema Palmira.História do Serviço Social.Ca-noas, 2010.

PPC, Projeto Pedagógico do Curso de Serviço Social EAD – Ul-bra. Canoas, 2013.

SILVEIRA, Sandra da Silva.Questão Social. Canoas: ULBRA,2010.

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Demandas Sociais,Organizacionais e

Profissionais: Reflexões eOrientações no Âmbitoda Intervenção do(a)

Assistente Social.

Demandas sociais,Organizacionais e Profissionais:...

Capítulo 3

Arno Vorpagel Scheunemann

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40 Práticas Interventivas Supervisionadas

Neste capítulo o foco está voltado para as demandas no

Serviço Social. Começaremos compreendendo “deman-da” a partir de alguns fundamentos etimológicos. Na sequên-cia, traremos fundamentos teórico-metodológicos para a com-preensão e resposta às demandas. Por fim, apresentaremostipologias de demandas com o intuito de facilitar a organiza-ção da compreensão e das respostas às mesmas.

1 Fundamentos etimológicos

Demanda tem sua origem na ação de demandar. Demandarvem do latimdemandare , que significa confiar algo a alguém,entregar a, encarregar de , comissionar, dar poderes a alguém,mandar, ordenar.

Dependendo do uso e do contexto, o termo “demanda”apresenta diferentes ignificados. Vejamos alguns:

a) Litígio – No contexto jurídico uma demanda pode serum litígio por algo, por exemplo: Os vizinhos estão

em demanda pela demarcação da divisa entre seusterrenos. Os avós maternos estão em demanda pelaguarda no neto.

b) Discussão – Em diferentes contextos, demanda podesignificar “discussão ou disputa”. Vejamos algunsexemplos. O casal vive em constantes demandas (dis-cussão). Os três alunos demandam o mesmo prêmio(disputa).

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Capítulo 3 Demandas sociais, Organizacionais e Profissionais:...41

c) Confronto, combate, peleja – Em contexto de jogos

ou guerra, demanda também pode expressar confronto,peleja, combate. Os jogadores entraram em demandassem fim pela posse da bola. Os soldados demandamcom os rebeldes pela ocupação da capital do país.

d) Procura – Em termos de mercado, demanda podeexpressar a procura por determinado bem ou objeto.

Frases como as seguintes exemplificam isso. Em diasde calor a demanda por aparelhos de ar condiciona-do aumenta. Nos dias que antecedem o Natal, a de-manda por presentes cresce. O comprador demandousítios com água corrente.

e) Exigência, reivindicação – Demanda também pode

expressar reivindicações, pleitos ou exigências socio-comunitárias. Esta concepção de demanda é a maiscomum no Serviço Social. Vejamos alguns exemplos.Em tempos de desemprego as demandas por cestabásica crescem. Os manifestantes apresentaram umamais de uma demanda. Em função da enchente, asprincipais demandas da comunidade são abrigo, rou-pa seca e comida. A comunidade local demanda açãomais efetiva do sistema de segurança.

Percebe-se, assim, que do ponto de vista etimológico, de-manda tem a ver com: confiar algo a alguém, entregar a, en-carregar de, comissionar, dar poderes a alguém; discussão oudisputa; confronto, peleja, combate; procura por determinadobem ou objeto; reivindicações, pleitos ou exigências socioco-munitárias.

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42 Práticas Interventivas Supervisionadas

Significados como confiar algo a alguém, entregar a, en-

carregar de, comissionar, dar poderes a alguém mostram que,ao demandar algo para o(a) assistente social, a pessoa, famí-lia, grupo ou comunidade está:

 confiando algo que é seu a alguém;

 entregando sua questão, seu problema para o(a) pro-fissional;

 encarregando este profissional de o(a) representá-lo(a);

 dando seus poderes a este(a) profissional decidir em seunome;

 comissionando este(a) profissional para o enfrentamentoe superação do seu problema;

 está enviando, à sua frente, este(a) assistente social parafalar, defender, reivindicar, representar e decidir lá eonde ele(a) não consegue estar presencialmente;

 discutindo ou disputando algo para o qual precisa daconvivência, dos conhecimentos, das habilidades e das

atitudes deste(a) assistente social; Â declarando que se encontra em confronto, peleja ecombate para os quais precisa da parceria deste(a) pro-fissional;

 procurando algo que, para conhecê-lo, compreendê-loe acessá-lo, precisa dos conhecimentos, do trabalho, daautorização, da assinatura, deste(a) assistente social;

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Capítulo 3 Demandas sociais, Organizacionais e Profissionais:...43

 reivindicando algo que lhe é ou cabe por direito, contu-

do lhe foi escamoteado pela estrutura e lógica produto-ras de desigualdades;

 de certa forma, “exigindo” o trabalho do(a) assistentesocial, uma vez que tem direito a isso.

A partir destes aspectos implicados na etimologia, ser de-mandado implica: privilégio, honra e poder de lutar e decidirpor e com aquele(a) que nos demanda; compromisso, res-ponsabilidade e obrigação ética de colocar conhecimentos,habilidades e atitudes a serviço que quem está demandando;compromisso, responsabilidade e obrigação ética de fazer edecidir a partir e em consonância com quem demanda; colo-car os conhecimentos, as habilidades e atitudes profissionais a

serviço das necessidades de quem demanda e não o inverso,colocando as demandas e demandatários a serviço dos inte-resses profissionais, sejam individuais ou da categoria; honrara confiança do(a) demandatário(a) em me comissionar comoseu(ua) representante.

2 Fundamentos teórico-metodológicos

Refletir sobre demandas ao(a) assistente social implica clari-ficar e diferenciar demandas sociais, demandas organizacio-nais/institucionais, demandas profissionais.Demanda social éaquilo que desafia a sociedade tomar uma posição ou agir – é

uma (ou mais) dificuldade, contradição, problema, desafio deuma pessoa, família, grupo ou comunidade para a sociedade.

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44 Práticas Interventivas Supervisionadas

Demandas organizacionais/institucionais são as ex-

pressões e manifestações da questão social que uma pessoa,família, grupo ou comunidade leva para a organização soba forma dificuldades, contradições, problemas que elas nãoconseguem superar sem uma intervenção externa. É importan-te lembrar que uma organização costuma receber demandasque não são nem podem ser suas demandas organizacionais.Uma demanda social trazida para a organização se transfor-ma em demanda organizacional se aquela organização temestrutura, profissionais e conhecimento para enfrentá-las. Asdemandas para as quais não há estrutura, profissionais e co-nhecimentos não podem ser consideradas demandas daquelaorganização. Por exemplo, uma família pode levar um proble-ma de desemprego para a escola. A escola, compreendendo

o problema, percebe que não pode transformar esta demandasocial em sua demanda organizacional, pois não se trata deum problema de educação ou ensino, logo, não dispõe daestrutura, de profissionais e conhecimentos necessários para oenfrentamento e superação do desemprego. A escola teria es-trutura, profissionais e conhecimentos necessários de deman-da de educação ou ensino.

Eis um dos principais desafios, clarificar quais demandassociais trazidas pelos usuários podem ser assumidas como de-mandas organizacionais. Explicando de outro jeito. Uma de-manda social é aquilo que desafia a sociedade tomar umaposição ou agir. Como a sociedade não consegue respon-der diretamente às demandas que lhe são colocadas, ela cria

organizações/instituições para atender as demandas separa-damente. Assim, as demandas são levadas às organizações.Logo, aquilo que uma pessoa, família, grupo ou comunidade

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Capítulo 3 Demandas sociais, Organizacionais e Profissionais:...45

leva é um problema que demanda (exige) uma ação da socie-

dade, é uma demanda social, mas é levada a uma organiza-ção, pois é através das organizações que a sociedade respon-de o que lhe é demandado.

Cabe à organização definir se ela tem estrutura, conheci-mentos e profissionais para enfrentar aquilo que lhe foi trazido.Caso a organização chegue à conclusão que sim, estará trans-

formando a demanda social em sua demanda organizacional.Isto é, reconhece que tem estrutura, profissionais e conheci-mentos para responder à demanda e entende que a questãotrazida demanda uma ação dela como organização. Caso aorganização chegue à conclusão que a questão trazida nãopode ser recebida como uma demanda sua, ela poderá infor-mar isso aos usuários, articulando com instituições que julgarhabilitadas para responder ao que está sendo demandado.Ou seja, em se tratando de uma organização comprometidacom as demandas da sociedade, empreenderá esforços paradescobrir onde aquela demanda da sociedade pode ser trans-formada em demanda organizacional.

Demandas sociais devem ser reconhecidas como organi-zacionais antes de serem transformadas em profissionais. Ditode outra forma, se eu trabalho como assistente social em umaorganização, seja ela um secretaria de prefeitura, uma ONG,uma empresa privada, uma associação, não posso receber,diretamente, as demandas sociais, como se eu fosse um as-sistente social autônomo. Meu vínculo com esta organizaçãorequer que eu atenda às demandas que ela coloca aos profis-sionais. Trata-se das demandas sociais que a organização, porentender que dispõe de estrutura, profissionais e conhecimen-

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46 Práticas Interventivas Supervisionadas

tos, decidiu que são demandas que podem ser respondidas

por ela. Ela, por sua vez, às dirige às profissões que integramsua equipe. Claro que os profissionais presentes nesta orga-nização, a partir das suas respectivas referências profissionais,haverão de dizer se é ou não uma demanda daquela profissão.

É importante que eu, como assistente social, tenha isso cla-ro, pois a estrutura que disponho para realizar meu trabalho

é a estrutura daquela organização. Querer, como assistentesocial da organização, atender demandas que a organizaçãoentende não serem suas:

 costuma gerar conflitos, porque o(a) assistente socialestá recebendo como suas demandas para as quais ainstituição não dispõe de estrutura;

 revela que o(a) assistente social, ou não conhece, ounão respeita o organização na qual trabalha;

 revela uma postura messiânica, pois o(a) assistente so-cial se entende acima da organização na qual trabalhae se julga capaz de responder às demandas sem a estru-tura da organização e as redes que ela integra;

 pode acontecer se esta organização e seus profissionaisentenderem que esta(s) demanda(s) podem ser deman-das para os profissionais já existentes na organizaçãoe, se a organização ampliar sua estrutura, criando ascondições organizacionais necessárias para o enfrenta-mento destas demandas;

 pode acontecer se esta organização e seus profissionaisentenderem que esta(s) demanda(s) exigem o trabalho

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Capítulo 3 Demandas sociais, Organizacionais e Profissionais:...47

de outros profissionais e, se a organização, ampliar sua

estrutura e equipe, criando as condições organizacionaisnecessárias para o enfrentamento destas demandas.

A partir das demandas organizacionais/institucionais sãodefinidas asdemandas profissionais. Uma organização quetem, em sua equipe, assistentes sociais, psicólogos e enfer-meiros pode transformar em demandas organizacionais as de-

mandas sociais que exijam o trabalho de uma ou mais destasprofissões. Cada profissão presente nesta organização, em in-teração com as demais, definirá quais das demandas organi-zacionais (ou, quais aspectos destas) podem ser transformadasem demanda profissional, ou de Serviço Social, ou de Psicolo-gia, ou de Enfermagem.

Clarificadas as demandas profissionais ao Serviço Socialna organização, será possível ao(s) assistente(s) social(is) de-finir qual(is) destas demandas podem ser transformadas emobjeto profissional (da profissão) naquela organização. E,por sua vez, cada assistente social (havendo mais de um naorganização) poderá definir qual(is) será(ão) seu(s)objeto(s)de intervenção .

Aquilo que cabe ao Serviço Social - de tudo aquilo que umapessoa, família, grupo ou comunidade leva para a organiza-ção - constitui oobjeto dado do assistente social. Chama-sede objeto dado, porque foi dado pela sociedade, através daorganização, à profissão. Este objeto dado pode ou não sertransformado em objeto de intervenção do(a) assistente social.Quando um objeto dado é transformado em objeto de inter-venção passa a chamar-seobjeto construído. Construído,

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48 Práticas Interventivas Supervisionadas

porque, transformando o objeto dado a partir e através dos

conhecimentos e habilidades teórico-metodológicos, o(a) as-sistente social construiu seu objeto de intervenção.

As demandas, sejam elas sociais, organizacionais ou profis-sionais, precisam ser compreendidas na perspectiva daQues-tão Social . O que significa isso na prática? Significa que o(a)assistente social, sempre que estiver diante de uma demanda

social, organizacional ou profissional, precisa se perguntar: estademanda tem algo a ver com o conjunto das desigualdadesproduzidas pelo modo capitalista de produção e reproduçãodos bens, da vida e da sociedade? E, se tem a ver com o con-junto destas desigualdades: como posso mostrar esta ligação?

É relativamente consensual no Serviço Social que a questão

social é composta pelo conjunto dedesigualdades econô-micas, sociais, políticas e culturais resultantes da contradiçãopresente no modo de produção e acumulação capitalistas – aprodução da riqueza é cada vez mais coletiva, enquanto aapropriação da riqueza produzida é cada vez mais particulare privada. Estas desigualdades se tornam visíveis de diferentesformas na educação, na cultura, na política, na economia,na saúde, no lazer etc. Estas diferentes visibilizações das de-sigualdades são asexpressões da Questão Social . Sempreque algo (uma violência, uma exclusão, uma limitação, umnão acesso a direitos, etc) é resultado do modo desigual deo capitalismo produzir os bens, a vida e as relações, é umaexpressão da Questão Social.

Quando a violência, por exemplo, é resultado destas desi-gualdades, ela é uma expressão da Questão Social. Esta ex-

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Capítulo 3 Demandas sociais, Organizacionais e Profissionais:...49

pressão da Questão Social (a violência) se manifesta de for-

ma bem específica na vida das diferentes pessoas, famílias,grupos e comunidades. Esta forma particular e específica dese mostrar no rosto e na vida de pessoas, famílias, grupos oucomunidades é chamada demanifestação da questão so-cial. Assim, as manifestações da Questão Social são formasparticulares de visibilização das suas expressões. Em outraspalavras, as manifestações da Questão Social mostram comoas expressões da Questão Social se tornam reais, vivas, con-cretas, palpáveis na vida dos sujeitos históricos.

Estas manifestações da Questão Social podem se tornardemandas sociais, organizacionais ou profissionais. O en-frentamento das demandas precisa superar a articulaçãoproblema-recurso, articulando problemas, recursos e usuários(FALEIROS, 2002). Esta articulação requer que se trabalhedialeticamente com as forças em presença, com os recursosdisponíveis, possíveis e necessários e, com os problemas. Istoé, articula estrategicamente sujeitos, relações de força, proble-mas e recursos.

Este processo implica em diferentes estratégias: 1) rearti-culação das referências sociais; 2) rearticulação dos patrimô-nios1; 3) contextualização dos problemas; 4) a articulação ins-titucional. A rearticulação de referências sociais implica em umprocesso de compreensão do problema à luz das trajetórias do

1 Patrimônio é um articulado a partir da concepção de “capitais” de Pierre Bour-dieu. Expressa que cada indivíduo sujeito tem diferentes patrimônios em cada umadas relações pessoais, particulares, gerais e fundamentais. Estes patrimônios po-dem ser afetivos, relacionais, familiares, sociais, econômicos, trabalhistas, políticos,culturais, religiosos...

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50 Práticas Interventivas Supervisionadas

sujeito nas diferentes redes. A rearticulação dos patrimônios

implica na construção de dispositivos de acesso aos recursos,equipamentos e benefícios. O que exige o conhecimento dosrecursos e dispositivos das políticas sociais e de sua operacio-nalização. A contextualização dos problemas busca ultrapas-sar a circunscrição limitada e individualizante, contemplandoas relações gerais e fundamentais. A articulação institucional,por sua vez, implica em um “plano estratégico institucionalcomplexo para reforçar as alianças com o cliente, estabeleceros níveis e ritmos das intervenções, os recursos e as oportuni-dades de usá-los, o envolvimento de diferentes setores institu-cionais, da sociedade, da família” (FALEIROS, 2002, 80).

3 Tipologias de demandasDemanda, por mais que seja um conceito específico, com-preende um leque relativamente de categorias, isto é, váriostipos de demandas podem ser identificados. Estamos refletindosobre as demandas no contexto da prática interventiva do(a)

assistente social, logo compreensão das demandas, planeja-mento e intervenção. Tanto a compreensão, quanto o planeja-mento e a intervenção são processos em permanente transfor-mação, abertos. Significa que haverá questões e aspectos queserão conhecidos, organizados e planejados antes, durante eapós a intervenção.

Nesta perspectiva, a compreensão das demandas com vis-tas à intervenção implica organizar, visualizar didaticamenteos diferentes tipos de demandas. Penso que no contexto da

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Capítulo 3 Demandas sociais, Organizacionais e Profissionais:...51

prática interventiva do(a) assistente social, tomando como re-

ferência o destinatário da demanda, podem ser identificadosos seguintes tipos (categorias de demanda):

a) Demandas sociais – são as expressões e manifes-tações da questão social que uma pessoa, família,grupo ou comunidade leva à sociedade sob a formadificuldades, contradições, problemas que demandam

uma posição ou ação desta sociedade;b) Demandas organizacionais - são as expressões e

manifestações da questão social que uma pessoa, fa-mília, grupo ou comunidade leva à organização soba forma dificuldades, contradições, problemas quedemandam uma posição ou ação desta organização.

Esta organização, por sua vez, reconhece que tem es-trutura, profissionais e conhecimentos para responderà demanda e entende que a questão trazida demandauma ação dela como organização;

c) Demandas profissionais – são as demandas sociaisque a organização, por entender que dispõe de estru-

tura, profissionais e conhecimentos, decidiu que sãodemandas que podem ser respondidas por a ela e as dirige às profissões que integram sua equipe. Osprofissionais presentes nesta organização, a partir dassuas respectivas referências profissionais (legais, éti-cas, epistemológicas e teórico-metodológicas), have-rão de dizer se é ou não uma demanda a ser dirigidaàquela profissão;

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52 Práticas Interventivas Supervisionadas

d) Demandas ao(à) assistente social - são as deman-

das à profissão (profissionais) que um(a) assistentesocial entende serem dirigidas a ele, considerando aorganização e divisão do trabalho no espaço organi-zacional que integra e na sua equipe.

Tomando como referêncianatureza do objeto da de-manda , podemos identificar:

a) Demandas por conhecimento – são as demandasque buscam compreender algo que desconhecem ouconhecem parcialmente. Podemos identificar deman-das dos usuários por informações e conhecimentos. Ao mesmo tempo,como assistentes sociais, pode-mos identificar com quais demandas por informações

e conhecimentos nós nos defrontamos, considerandoas demandas dos usuários.

b) Demandas por intervenção – são as demandas querequerem uma ação profissional imediata ou, a curto,médio e/ou longo prazo.

Considerando aorganização e articulação do trabalhoprofissional em um determinado espaço organizacional, po-demos identificar:

a) Demandas ao profissional – são as demandas dirigi-das a um profissional específico (integre ele uma equipeou não) ou, dirigidas a uma equipe, mas esta equipedecide que cabe a determinado profissional respondê-la;

b) Demandas à equipe – são as demandas dirigidas àequipe e, em equipe, respondidas;

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Capítulo 3 Demandas sociais, Organizacionais e Profissionais:...53

c) Demandas à rede – são as demandas dirigidas a um

profissional ou a uma equipe, os quais decidem que aresposta demanda ações da e em rede;

Tomando como referência acomposição da autoria dademanda, podemos identificar:

a) Demandas individuais – são as demandas trazidaspor um indivíduo;

b) Demandas coletivas – são as demandas trazidas poruma coletividade – uma família, um grupo, uma co-munidade, um movimento social.

REFERÊNCIAS:CANTALICE,Luciana Batista de Oliveira; SILVA, Edna Tania

Ferreira da. Mediações das atuais demandas postas ao as- sistente social. Teoria Política e Social. v.1, n.1, p.95-110,dez. 2008.

FALEIROS, Vicente de P. Estratégias em SS. 4ª ed., São Paulo :Cortez, 2002, 208 p.

MACHADO,Ednéia Maria. Questão Social: Objeto do ServiçoSocial? Universidade Estadual de Londrina. Serviço Socialem Revista. Vol. 2, n. 1, Jul./Dez. 1999, p. 39-48 (Publica-ção do Departamento de Serviço Social, Centro de EstudosSociais Aplicados)

PEREIRA, Potyara A. Pereira. Demandas e desafios contempo-râneos para o Serviço Social. Ser Social, Brasília, nº 19,jul/dez, 2006, p. 11-29.

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Elaborando o Relatóriode Visita Técnica12

1 Bacharel em Serviço Social (1994) e Teologia (1988 e 2012). Doutorem Teologia Prática: aconselhamento (2000). Professor de graduação depós-graduação em Serviço Social na ULBRA/Canoas, RS. Coordenador docurso de Serviço Social EaD-ULBRA.2 Bacharel em Serviço Social (2007), Especialista em Psicopedagogia Clínica eInstitucional (2010), Mestre em Teologia (2013), Doutoranda em Teologia (2014).Professora de graduação em Serviço Social EAD, ULBRA/Canoas, RS e pós-gradu-ação em Gestão de Políticas Sociais, CEULS ULBRA/Santarém, PA.

Arno Vorpagel Scheunemann 1

Iarani A Galúcio Lauxen 2

Capítulo 4

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Capítulo 4 Elaborando o Relatório de Visita Técnica 55

Este capítulo apresenta orientações e elementos básicos que

possam subsidiar a elaboração do seu relatório de visitatécnica e para isso teremos apoio de todos os conhecimentosadquiridos na disciplina Práticas Interventivas Supervisionadas.

O texto está dividido em quatro subtítulos, os quais trarãoconceitos, discussões, elementos essenciais, aspectos relativosao relatório específico de visita técnica, eles poderão ofere-

cer embasamento teórico - prático suficiente para que o leitorsinta-se seguro em elaborar seu próprio relatório.

O primeiro tópico abordará conceitos teóricos que pode-rão ajudar a desvelar o que é de fato um relatório.

Em seguida no tópico 4.2 será abordada a tipologia derelatórios para definição das suas características.

Posteriormente o tópico 4.3 apresenta passos para orga-nização do conteúdo a ser informado no relatório, para queassim o elaborador possa obter parâmetros para elaboraçãode um documento tão requisitado nas relações institucionais.

Enquanto o tópico 4.4 abordará especificamente o rela-

tório de práticas supervisionadas em Serviço Social o qualpretende esclarecer a objetividade deste e a importância dasua produção no decorrer da formação profissional de ServiçoSocial, disponibilizando orientações específicas a elaboraçãodo relatório a ser elaborado na atividade avaliativa desta dis-ciplina.

Por fim, se poderá também ter acesso a dicas interessan-tes para a elaboração de um relatório, além de bibliografiacomentada, a fim de indicar ao aluno à aproximação de li-

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56 Práticas Interventivas Supervisionadas

teraturas do Serviço Social que poderão complementar sua

aprendizagem.

4.1 O que é um relatório

Para se iniciar uma discussão que aponte para a elaboração

do relatório de práticas supervisionada em Serviço Social, éprimordial que o leitor saiba inicialmente conceituar o que éum relatório.

O relatório é um instrumento que se destina a apresentaros resultados, sejam eles parciais ou finais, de atividades, es-tágios, visitas técnicas ou pesquisas.

O dicionário Aurélio define relatório como um sufixo dorelato, como exposição mais ou menos minuciosa, do que seviu, ouviu ou observou. Por outro lado a web dicionário indicaque o relatório é a “[...] exposição ou relação, geralmenteescrita. Exposição circunstanciada dos factos de uma adminis-tração ou de uma sociedade”, conceitos esses bem associados

à forma descritiva e material dos fatos identificados em de-terminada circunstância, seja em uma experiência de estágio,seja em uma visita técnica acadêmica, ou uma visita domiciliarprofissional, todas essas ocorridas com objetivos específicosque buscam em si resultados, fundamentados.

Contudo, o relatório é a forma de materializar a realidadeidentificada e vivenciada, os dados obtidos, as informaçõescoletadas, por meio da descrição documental, fundamentadae atestada pelo elaborador do documento.

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Capítulo 4 Elaborando o Relatório de Visita Técnica 57

Para o Instituto Superior de Tecnologias Avançadas, 2004

o relatório consiste em um “documento através do qual umtécnico, engenheiro ou cientista faz o relato da forma comorealizou um determinado trabalho. O objetivo é comunicar(transmitir) ao leitor a experiência acumulada pelo autor na re-alização do trabalho e os resultados que obteve.” p. 3. Sabe--se que nesta perspectiva o relatório ora elaborado pelo autortornar-se-á um documento científico, portanto verificável, ouseja, ele pode ser reproduzido ou ter suas informações consta-tadas pelo leitor, garantindo que “o que é transmitido é cienti-ficamente verdadeiro: qualquer resultado, para ter valor cien-tífico, deve poder ser reproduzido”. Um resultado que só umapessoa consegue obter não tem qualquer validade científica.(idem, p. 3). Contudo todas as informações utilizadas no rela-

tório devem garantir as prerrogativas éticas na sua produção. A esse respeito, Heron Caldas, 2002, Professor Adjunto de

Física do Departamento de Ciências Naturais – DCNAT daUniversidade Federal de São João Del Rei – UFSJ elabora umroteiro intitulado: “o que é, para que serve e como se guiarna elaboração de um relatório experimental”, neste pode-se

acessar também um conceito que aproxima e caracteriza orelatório como um documento sem dúvidas ligado diretamentea prática da pesquisa científica.

O relatório, como o próprio nome diz, é o relato deta-lhado de um experimento científico, seja este realizadoem laboratório ou através de simulação computacional.Uma atividade prática de uma disciplina experimen-tal culmina com a elaboração do relatório, conferindo

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58 Práticas Interventivas Supervisionadas

a este, portanto, o papel de ser parte do experimento.

(CALDAS, 2002 p. 1)Ou seja, o relatório deixa de ser apenas uma mera descri-

ção, ou relato de experiência empírica, devendo ser adotadocomo um instrumento legal e científico, no qual estão contidosaspectos teóricos, metodológicos, técnicos operativos e ético--políticos de uma determinada abordagem.

4.2 O relatório e suas tipologias

Para se trabalhar a tipologia dos relatórios procurou-se resga-tar conceitos já discutidos no decorrer do curso. Na disciplina

Processo de Trabalho no Serviço Social destaca-se a existênciade uma diversa classificação de relatórios, diferenciados pelosseus critérios de análise.

É possível classificar os relatórios quanto a sua natureza,em: descritivos e analíticos.

Quanto aorelatório descritivo, SCHEUNEMANN, 2010,define:

Esse tipo de relatório contribui na “visualização”, “iden-tificação” e “caracterização” de todos os elementos queo usuário traz “misturados”. Opera com a “consciênciaprimária”. Trata-se da consciência que “surge quando osprocessos cognitivos passam a serem acompanhados por

uma experiência básica de percepção, sensação e emo-ção” (CAPRA, 2002, p. 55). (p. 96)

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Capítulo 4 Elaborando o Relatório de Visita Técnica 59

Enquanto que osanalíticos:

[...] além de descreverem o que aconteceu, analisam oque está sendo descrito. Essa análise necessariamente háque ser feita a partir de algum referencial teórico, normal-mente a partir daquele que fundamenta o processo detrabalho do assistente social que está relatando. Obser-vações feitas apenas a partir da experiência e percepção

pessoais não configuram “análise”, são “comentários”.Os relatórios analíticos operam com a consciência refle-xiva que “envolve um alto grau de abstração cognitiva.Ela inclui, entre outras coisas, a capacidade de formar ereter imagens mentais, o que nos permite elaborar valo-res, crenças, objetivos e estratégias” (CAPRA, 2002, p.55). O que, basicamente a diferencia é que a consciên-cia reflexiva compreende construções abstrato-reflexivasfeitas a partir das percepções, sensações e emoções queconstituem a consciência primária. Ela requer um distan-ciamento e uma mediação teórico-reflexiva na relaçãodo sujeito com aquilo que está relatado. (SCHEUNE-MANN, 2010, p. 97)

Portanto, os relatórios descritivos descrevem e apresentamos fatos ou circunstâncias ocorridos, operando com conhe-cimento sensível, resultado da consciência primária, na quala relação do sujeito com os fatos é direta(SCHEUNEMANN,2010, p. 97). Enquanto os analíticos, vão para além da des-crição, buscam analisar com fundamentação teórica as infor-mações coletadas ou as observações obtidas, resultando noconhecimento reflexivo, resultado da consciência reflexiva.Nesta, a relação do sujeito com os fatos é mediada pelos con-

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60 Práticas Interventivas Supervisionadas

ceitos e categorias teórico-metodológicos. Além disso, tanto

a teoria quanto os fatos, passam pela subjetividade do sujeito(SCHEUNEMANN, 2010, p. 97).

Além de categorizadas com base na sua natureza, os re-latórios podem ser classificados tomando como critério a suaabrangência, a natureza da descrição e análise, a dinâmicado registro.

O quadro abaixo apresenta objetivamente as característi-cas dessa classificação:

QUANTO A ABRANGÊNCIA AMPLO Busca trazer o máximo de elementos e informações de diferente

naturezas (econômica, política, cultural, social, espiritual), con-templando a trajetória pessoal e a trajetória social dos sujeitos,das famílias e dos grupos, contemplando experiências de bemestar ou de negação de direitos.

RESTRITO Restringe-se à descrição dos acontecimentos e das relaçõesdiretamente implicados na questão relatada, por exemplo: ado-ção, maus-tratos, perda do poder familiar, divisão de bens etc.(no caso da visita técnica, o processo de trabalho do assistentesocial na instituição). Não tem a preocupação de ser conclusivo(como o relatório resumido).

QUANTO A NATUREZA DA DESCRIÇÃO E ANÁLISEDETALHADO Preocupa-se em trazer os “detalhes” – aqueles elementos, acon

tecimentos, sentimentos, percepções, ideias, relações, relacio-namentos, valores que “fazem a diferença” mesmo sem estar àvista nos principais relatos, narrativas e falas dos envolvidos. Apreocupação não é fundamentar uma conclusão, mas fomentaralternativas e diversificar as percepções.

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Capítulo 4 Elaborando o Relatório de Visita Técnica 61

RESUMIDO Busca, em poucas palavras, fazer uma descrição focada semperder a dimensão do todo. Destaca os elementos que oprofissional julga mais importante, mas sem detalhá-los. Orelator deve ser objetivo e claro, em “ir direto ao ponto”, semser generalista e superficial e, ao mesmo tempo, sem ser parciale segmentado. Não há a preocupação em fornecer detalhespara estimular outras perspectivas, possibilidades, alternativas econclusões.

QUANTO A DINÂMICA DO REGISTROTEMÁTICO Traz os “temas” (assuntos) que surgiram ao longo da entrevista

diálogo e/ou visita domiciliar. A atenção volta-se para o registrodo “conteúdo” do diálogo, deixando em segundo plano a se-quência cronológica do seu surgimento. Procura “captar” o quefoi falado e “mostrar” quais são os principais temas do atendi-mento, visita, entrevista e diálogo. Sinalizam quais são os temasrecorrentes e centrais no processo quando há uma sequência de

encontros.DIALOGADO Compreende o relato do(s) diálogo(s) ocorrido. Traz o proces-

so da interação entre profissional e usuário. Assemelha-se ao“protocolo”, muito usado em profissões como a Psicologia e aTerapia Familiar. Sinaliza rupturas, intercorrências e continuida-des na interação comunicativa em questão. Atenta para os ele-mentos de linguagem não verbal (gestos, olhares, movimentosdos olhos, pés, mãos, postura corporal, fisionomia etc.) e comoesses elementos influenciam e/ou determinam a comunicação.

Fonte: Quadro elaborado a partir do texto:Documentação do processo de trabalho –relatórios sociais, retirado do livro da disciplina de Processo de trabalho no Serviço Social.(SCHEUNEMANN, 2010, p. 97-99)

A partir disso, é possível definir que o relatório de visitatécnica, solicitado na disciplina Práticas Interventivas Super-visionadas, considerando sua natureza, se caracteriza comoum relatório descritivo e analítico. Quanto a sua abrangên-

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62 Práticas Interventivas Supervisionadas

cia, uma vez que trata de visita técnica específica, se carac-

teriza mais como um relatório restrito. Quanto à natureza dadescrição se apresenta detalhado e, quanto à natureza daanálise se caracteriza como resumido, uma vez que serãodestacadas apenas alguns conceitos e teorias implicados narealidade organizacional visitada. Quanto à dinâmica do re-gistro, uma visita técnica costuma ser temática, uma vez quese registra os temas e aspectos, conforme aparecem. Excetoraras situações, não se faz registro dos diálogos em uma vi-sita técnica.

4.3 Organização do relatório de visitatécnica

A partir dos conceitos definidos acima, pode-se destacar al-guns elementos básicos e indicativos para a elaboração dorelatório. Além destes elementos, adisciplina CompetênciaTécnico Operativa em Serviço Social I, apresenta uma estru-tura de relatório de observação que pode servir de referência

na organização da estrutura do relatório de uma visita técnica:dados de identificação; descrição; análise compreensiva;sugestões.

Abaixo, os elementos básicos que não podem faltar no seurelatório de visita técnica.

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Capítulo 4 Elaborando o Relatório de Visita Técnica 63

3º ANÁLISE COMPREENSIVA

Compreende analisar: atividades e ações; histórias dominantes e al-ternativas; eventos e acontecimento; tempo; objetivos; metas; valores;sentimentos; conhecimentos e saberes; habilidades, espiritualidade, es-peranças. Este relato deve tomar como referência a explicação de cadaum destes elementos, apresentada na seção que trata das categorias deorganização da observação. Convém lembrar que se trata de uma aná-lise compreensiva- teoria, método e observados (as) passam pelo (a) ob-servador (a), são apresentados como ele (Ia) os percebe e compreende.

A análise compreensiva pode partir dos dados de observação, buscan-do conceitos e categorias teóricas que ampliem a compreensão dosdados coletados- caminha-se da prática para a teoria. Ou, pode partirdos conceitos e categorias teóricos, compreendendo, através destesconceitos e categorias, os dados coletados- caminha-se da teoria paraa prática. Ou ainda, mesclar as duas alternativas.

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64 Práticas Interventivas Supervisionadas

A observação do processo de trabalho apresentado pelo

assistente social, por ocasião da visita técnica, não possui umfim em si mesma. Quem observa não pode exercer a funçãoapenas de criticador das circunstâncias identificadas no espa-ço profissional daquele assistente social, mas tornar sua visitauma ação propositiva, a qual possa contribuir com o (a) ob-servado (a) na sua intervenção na instituição. Por isso, é impor-tante que, após a análise compreensiva, sejam relacionadossugestões para o trabalho profissional.

4.4 Elaborando o relatório de visitatécnica

O relatório da visita técnica em Serviço Social é um exercíciopara a elaboração futura de outros relatórios técnico-profis-sionais. A disciplina de Práticas Interventivas Supervisionadaspossibilita uma experiência de cunho mais prático na forma-ção acadêmica, provocando o aluno à busca de espaço deobservação, coleta de dados, e conhecimento de diferentes

espaços sócio-ocupacionais de trabalho do assistente social.Nesta perspectiva, a visita técnica a apresenta como uma ex-periência de inserção no universo da prática profissional noServiço Social, preparando os estágios, nos quais há que seultrapassar a visita e a observação.

Antes de apresentar um roteiro para a elaboração do rela-

tório da visita técnica, convém destacar algumas orientações:

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Capítulo 4 Elaborando o Relatório de Visita Técnica 65

 O aluno deve eleger uma instituição de interesse, que

possua em seu quadro funcional um (a) assistente socialpara a realização de uma visita técnica.

 A visita terá duração prevista entre 30 minutos a 60 mi-nutos, previamente agendada com a (o) Assistente So-cial.

 O planejamento da visita deverá considerar as refle-xões e orientação presentes nos capítulos: DEMANDASSOCIAIS, ORGANIZACIONAIS E PROFISSIONAIS: reflexões e orientações no âmbito da intervenção do (a)assistente social; Subsídios para a operacionalização davisita técnica.

 O relatório, quando concluído, deverá ser postado naferramenta avaliação desta disciplina, na data prevista,no cronograma de atividades.

 O conteúdo que apresentará no relatório deve buscar asuperação do senso comum, através da utilização dosreferenciais teóricos apreendidos nas disciplinas do cur-so de Serviço Social.

 O relatório da visita técnica não se resumirá à transcri-ção literal das respostas coletadas com o Assistente So-cial entrevistado, como se fosse um questionário. Comopode ser visto no roteiro abaixo, ele compreenderá: iden-tificação; descrição, análise compreensiva; sugestões.

Â

As informações coletadas (seja pela entrevista com oprofissional ou pela observação direta) devem ser anali-

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66 Práticas Interventivas Supervisionadas

sadas compreensivamente, à luz dos conceitos e catego-

rias teóricas destacadas nas demais disciplinas do curso.Neste contexto, segue uma proposta de roteiro para a ela-

boração do seu relatório de visita técnica.

4.4.1 Roteiro para elaboração do relatório de visita técnica.

O roteiro serve para organizar os conteúdos a serem abor-dados na descrição e análise dos dados coletados na visitatécnica.

ROTEIRO PARA O RELATÓRIO DA VISITA

TÉCNICA 1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

1.1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO (A) ALUNO(A)1.1.1 Nome:1.1.2 CGU:

1.1.3 Endereço Eletrônico:1.1.4 Polo:1.1.5 Período letivo: (ano/semestre)

1.2 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO VSITADA

1.2.1 Razão Social/Nome fantasia:1.2.2 Endereço: (rua, bairro, cidade, estado).

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Capítulo 4 Elaborando o Relatório de Visita Técnica 67

1.2.3 Fone e/ou e-mail:

1.2.4 Telefone:1.2.5 Gestores/dirigentes: (diretor, presidente, admi-nistrador, coordenador...)1.2.6 Abrangência: (nacional, estadual, municipal).1.2.7 Funcionamento (horário):

1.2.8 Vinculação administrativa (mantenedora):

2 DADOS DE DESCRIÇÃO2.1 Quando, como, por que e por quem foi a organização

constituída:

2.2 Descrição (breve) dos espaços físicos que compõem aorganização:

2.3 Descrição dos equipamentos materiais (móveis, uten-sílios, máquinas, salas da organização) e estratégicos(serviços, projetos, programas da organização e/oudas políticas sociais públicas estatais ou privadas) da

organização:2.4 Descrição da implantação, trajetória histórica e consti-

tuição atual do Serviço Social na organização:

2.5 Principais demandas sociais que chegam à organiza-ção:

2.6 Principais demandas organizacionais:

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2.7 Principais demandas profissionais do Serviço Social na

organização:2.8 Principais demandas profissionais do Serviço Social na

organização transformada em objeto de intervençãoda (o) assistente social:

2.9 Principais instrumentos utilizados pelo (a) assistente so-cial:

3 ANÁLISE COMPREENSIVA 3.1 Análise, a partir das categorias “expressões da Ques-

tão Social” e “manifestações da Questão Social”, dasdemandas profissionais transformadas em objeto de

intervenção da (o) assistente social.3.2 Análise, a partir das categorias “objeto dado” e “ob-

jeto construído”, de um dos objetos de intervenção da(o) assistente social.

3.3 Análise da intervenção da assistente social à luz dacategoria “processo de trabalho”.

3.4 Análise compreensiva da articulação do trabalho da(o) assistente social com uma (ou mais) das políticassociais.

3.5 Análise da Implicação do (a) visitador (a): (Nossosprincípios, valores e opções afetivas, político-ideoló-

gico, culturais, espirituais e profissionais definem, demaneira consciente ou inconsciente, tudo o que faze-mos e decidimos. Partindo deste pressuposto, apresen-

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Capítulo 4 Elaborando o Relatório de Visita Técnica 69

tar compreensivamente a implicação pessoal no pro-

cesso do planejamento e realização da visita técnica).

4 SUGESTÕES4.1 Sugestões (indicadores) para futuras visitas técnicas: (o

que você faria de um jeito diferente em visitas técnicasfuturas e, como faria isso).

4.2 Sugestões (indicadores) para o trabalho profissionaldo (a) assistente social visitado (a).

Dicas importantes  Defina um número de páginas suficientes para escrevercom profundidade o assunto pretendido. No relatórioque será apresentado como atividade avaliativa destadisciplina o tamanho máximo das respostas estará defi-nido nas orientações.

 Adeque sempre seu conteúdo a formatação das normasda ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas),remeter-se a disciplina Instrumentalização Científica.  Busque orientação e correção ortográfica se tiver dificul-dades, para evitar os erros gramaticais e incoerênciastextuais, organizando a ordem das palavras para nãomudar o sentido do que você quer dizer.

 Procure transmitir de fato o que interessa, de forma coe-rente, sem gírias ou linguagem muito técnica.

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70 Práticas Interventivas Supervisionadas

 O relatório deve apresentar linguagem clara, compre-

ensiva, concisa, pertinente. O “olhar” e a “voz” do (a)visitador (a) precisam transparecer no texto do relatório.

 O livro das disciplinas Processo de Trabalho em Servi-ço Social, Competência Técnico-operativa em ServiçoSocial, Política Social, Questão Social, bem como, dasdisciplinas de fundamentos teórico-metodológicos são

fundamentais para planejar, realizar e analisar a visitatécnica.

Referências Complementar Comentada:Indica-se a seguir alguns textos que enfocam sobre o relatóriopara complementação do conteúdo. Elas poderão possibili-tar o aprofundamento do estudo e o desvelamento de outrasinformações que permitiram a ampliação dos seus conheci-mentos a respeito da instrumentalidade do Serviço Social, daprática profissional e do processo de trabalho.

1. MAGALHÃES, Selma M. Avaliação e linguagem: relató-rios, laudos e pareceres. São Paulo: Veras, 2003.

Ref.:O texto distingue os instrumentos utilizados, nas in-terações diretas ( entrevista, visita, grupo), dos utilizados nasinterações indiretas ( relatório, laudos) e oferece estratégiaspara a produção de um texto quanto ao seu conteúdo e re-dação.

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Capítulo 4 Elaborando o Relatório de Visita Técnica 71

Referências BibliográficasCALDAS, Heron Carlos de Godoy. O que é, para que ser-

ve e como se guiar na Elaboração de um relatórioexperimental. Universidade Federal de São João Del Rei– UFSJ, 2002. Disponível em http://www.ufsj.edu.br/portal--repositorio. Acesso em 04 de mai, 2014.

FÁVERO, Eunice. O Estudo Social- fundamentos e particulari-dades de sua construção na Área Judiciária. InO Estudosocial em perícias, laudos e pareceres técnicos: con-tribuições ao debate no judiciário penitenciário e na pre-vidência social. CFESS (org.), 10ªed. – São Paulo: Cortez,2011.

GOMES, Kelines C., LOPES, Maria Suzete M.,SANGHI, Simo-ne da F. Competência Técnico-Operativa em ServiçoSocial I. Canoas: Ed. ULBRA, 2010.

SCHEUNEMANN, Arno V.( org.), LOPES, Maria S., COSTA, Ruthe C.; SANGHI, Simone.Processo de Trabalho no Servi-ço Social.. Canoas: Ed. ULBRA, 2010.

Normas para a elaboração de um relatório para a dis-ciplina de projecto integrado. Instituto Superior de Tec-nologias Avançadas Abril de 2004. Disponível em http://www.linooliveira.com/istec/pbd/ Regras Elaboracao Rela-torios.pdf. Acesso em 27 de mai, 2014.

Significado de relatório. Disponível em: http://www.dicionario-web.com.br, acesso em 04 de mai, 2014.

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SPEROTTO, Neila.Instrumentalidades do Serviço Social.

Porto Alegre: Imprensa Livre, 2009.SCHEUNEMANN, Arno V.Documentação do processo de

trabalho – relatórios sociais. In: SCHEUNEMANN, Arno V.(org.). Processo de trabalho no Serviço Social. Canoas:ULBRA, 2010, p. 97-99.

AtividadePrezado (a) Aluno (a), o objetivo maior desse estudo não estáem apenas possibilitar que seja capaz de definir as conceitua-ções sobre relatórios e sim o capacitar para a elaboração doseu relatório. Sua atividade será exercitar a elaboração de umrelatório sucinto, baseado nos elementos de organização (da-dos de identificação, descrição e análise compreensiva).

Escolha uma temática a ser abordada na sua entrevista,que pode ocorrer com um dos seus colegas ou alguém da suafamília, para ter informações para a elaboração do relatório.

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

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Capítulo 4 Elaborando o Relatório de Visita Técnica 73

DESCRIÇÃO DA ENTREVISTA

ANÁLISE COMPREENSIVA