LOGÍSTICA DO PETRÓLEO

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LOGÍSTICA DO PETRÓLEO LOGÍSTICA DO PETRÓLEO LOGÍSTICA DA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO Este capítulo vai apresentar as características da logística do petróleo no Brasil, sua distribuição, transporte e localização geográfica das refinarias e bases de distribuição (primárias e secundárias) e os principais fluxos de transferência de Gasolina e Diesel. CONSIDERAÇÕES INICIAIS Segundo Cardoso (2004), não existe tratamento logístico diferenciado quando o produto a ser movimentado for petróleo e / ou seus derivados, a não ser no aspecto de segurança ambiental, cujo tema foge ao escopo desta dissertação. Permanece então o conceito de Logística – visto em capítulo anterior. Trata-se igualmente de uma carga que, partindo de um ponto de origem, necessita chegar ao destino no prazo estipulado com menor custo benefício e satisfação do cliente, carga esta caracterizada por baixo valor agregado e mínimo de risco de obsolescência devido à sua demanda estável e, por se tratar de uma demanda estável, pode-se adotar uma política de antecipação à demanda. No futuro próximo, a demanda de combustíveis, como Etanol e GNV, tende a aumentar devido à crescente utilização dos veículos do tipo flex- fuel ou combustível flexível. Em se tratando de um País de grande dimensão geográfica como o Brasil, faz-se necessária a aplicação intensiva das novas tecnologias de informação e de ferramentas logísticas mais eficientes, para que toda a Cadeia de Suprimentos possa estar total e definitivamente integrada. No caso do mercado de combustíveis, podem ser considerados componentes da Cadeia de Suprimentos: transportador (ferroviário, rodoviário ou lacustre), produtores de combustíveis (Petrobras, refinarias particulares e petroquímicas), distribuidoras (Shell, Texaco Esso, Br, Ipiranga, etc) e consumidores (indústrias ou pessoas físicas). Para que as funções e atividades logísticas iniciem seu fluxo de forma mais precisa, é necessária a acuracidade nas etapas da obtenção da demanda que

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LOGSTICA DO PETRLEO LOGSTICA DO PETRLEO

LOGSTICA DA INDSTRIA DO PETRLEO

Este captulo vai apresentar as caractersticas da logstica do petrleo no Brasil, sua distribuio, transporte e localizao geogrfica das refinarias e bases de distribuio (primrias e secundrias) e os principais fluxos de transferncia de Gasolina e Diesel.

CONSIDERAES INICIAIS

Segundo Cardoso (2004), no existe tratamento logstico diferenciado quando o produto a ser movimentado for petrleo e / ou seus derivados, a no ser no aspecto de segurana ambiental, cujo tema foge ao escopo desta dissertao.

Permanece ento o conceito de Logstica visto em captulo anterior. Trata-se igualmente de uma carga que, partindo de um ponto de origem, necessita chegar

ao destino no prazo estipulado com menor custo benefcio e satisfao do cliente, carga esta caracterizada por baixo valor agregado e mnimo de risco de obsolescncia devido sua demanda estvel e, por se tratar de uma demanda estvel, pode-se adotar uma poltica de antecipao demanda.

No futuro prximo, a demanda de combustveis, como Etanol e GNV, tende a aumentar devido crescente utilizao dos veculos do tipo flex-fuel ou combustvel flexvel.

Em se tratando de um Pas de grande dimenso geogrfica como o Brasil, faz-se necessria a aplicao intensiva das novas tecnologias de informao e de ferramentas logsticas mais eficientes, para que toda a Cadeia de Suprimentos possa estar total e definitivamente integrada. No caso do mercado de combustveis, podem ser considerados componentes da Cadeia de Suprimentos:

transportador (ferrovirio, rodovirio ou lacustre), produtores de combustveis (Petrobras, refinarias particulares e petroqumicas), distribuidoras (Shell, Texaco Esso, Br, Ipiranga, etc) e consumidores (indstrias ou pessoas fsicas).

Para que as funes e atividades logsticas iniciem seu fluxo de forma mais precisa, necessria a acuracidade nas etapas da obteno da demanda que

compreende a pesquisa de mercado, anlise e desenvolvimento de produtos, aquisio de insumos, entre outras. No atendimento posterior a esta demanda est 28 o transporte, a distribuio, a armazenagem e o atendimento do pedido no prazo pr-determinado.

Os estoques de produtos refinados so provenientes das refinarias.

Posteriormente, so transportados (atravs de dutos ou navios) para as Bases Primrias das diversas Empresas Distribuidoras atuantes no mercado brasileiro, que, por sua vez, distribuem para suas Bases Secundrias, tornando possvel o abastecimento dos pontos mais remotos dos Brasil. Embora o modal dutovirio possua as menores tarifas de transporte alm de ser um dos mais seguros - o mesmo ainda insuficiente no Brasil, possuindo poucos dutos em operao, cerca de 10.000 Km sendo que a maior extenso est concentrada na regio Sul e Sudeste. Um estudo recente da COPPEAD, intitulado Planejamento Integrado do Sistema Logstico de Distribuio de Combustveis, mostra que no Brasil ainda no existe escala de volume que viabilize a construo de novos dutos. Onde j existe volume, a infra-estrutura dutoviria j est instalada, como o caso das regies Sul e Sudeste, responsveis por 68% do consumo de Gasolina e Diesel. Nestes locais esto presentes 76% de toda a estrutura dutoviria do pas.

O transporte entre as instalaes de Refinaria e as Bases Primrias feito geralmente por modal dutovirio (cujo proprietrio das instalaes a Petrobras Transportes S.A.) ou por navegao de cabotagem atravs da atracao de naviostanques (NTs) nos portos.

J as transferncias entre as instalaes das Bases Primrias e Secundrias so feitas por modal rodovirio (caminhes-tanque), e modal ferrovirio (vagestanque).Valores expressos em % Volume (m3) por modal.

DISTRIBUIO DISTRIBUO DE DERIVADOS DE PETRLEO

Para Cardoso (2004), denomina-se distribuio toda atividade ligada ao comrcio por atacado com a rede varejista ou com grandes consumidores.

No setor de petrleo e derivados, estas atividades so realizadas por empresas especializadas chamadas de Distribuidoras. Como atividades principais, tem-se a aquisio de produtos a granel e sua revenda por atacado para sua rede varejista ou para grandes consumidores.

Tais atividades abrangem no somente a comercializao, como tambm a aquisio, armazenamento, transporte e o controle de combustveis lquidos de

derivados de petrleo, alcois combustveis (anidro ou hidratado), gs lquido envasado, lubrificantes e outros combustveis automotivos.

BASES DE DISTRIBUIO

Das refinarias, os produtos seguem para as Bases Primrias das Distribuidoras segundo a melhor logstica. Atualmente este envio feito por modal dutovirio nos casos das Bases do Sul e Sudeste e por navegao de cabotagem no caso das Bases localizadas no litoral do Nordeste brasileiro.

De acordo com a ANP, o Brasil possui 322 bases, entre bases primrias e secundrias, das quais 131 (40,7%) situam-se na Regio Sudeste, 56 (17,4%) na Regio Sul, 47 (14,6%) na Regio Nordeste, 46 (14,3%) na Regio Norte e 42 (13,0%) na Regio Centro-Oeste.

O grande desafio logstico que as Distribuidoras enfrentam atualmente o de disponibilizar seus produtos nos pontos mais remotos do Brasil, com qualidade e preos competitivos.

De acordo com o estudo da COPPEAD, no que tange ao modal Ferrovirio, indica que o atendimento das transferncias por este modal atinge somente a 56% dos usurios atuais e mercado potencial, ou seja, 44% representam gargalos operacionais que geram custos anuais de R$ 50 milhes.

Estes gargalos impactam diretamente nas margens financeiras dos elos da cadeia de suprimentos de combustveis: Revendedores e Distribuidoras.

Para vencer as dimenses brasileiras, as principais Distribuidoras mantm Bases em diversas regies. Estas instalaes possuem toda a infra-estrutura necessria para receber, armazenar, misturar, embalar e distribuir os derivados de petrleo.

Por convenincias financeiras e de investimento, as Bases podem ser prprias (todos os ativos pertencentes a uma determinada Distribuidora), pools (cada empresa Distribuidora participa com um percentual de investimento) e Bases operadas por terceiros, na qual a empresa Distribuidora no possui ativo algum alm do produto a ser movimentado, e depende de terceiros para viabilizar a movimentao de seus produtos. O Grfico 5 ilustra o mercado brasileiro de distribuio de combustveis.

PARTICIPAO DAS DISTRIBUIDORAS NO MERCADO NACIONAL DE COMBUSTVEIS

TEXACO 9%

BR 25%

IPIRANGA 19%

SHELL 11%

ESSO 8%

AGIP+WAL 4%

OUTROS 24%

BASES DE DISTRIBUIO PRIMRIAS OU PRINCIPAIS

Estas bases tm como caracterstica receber os produtos diretamente de uma refinaria ou atravs de importao. O produto no passa por nenhuma outra Base.

BASES SECUNDRIAS OU DE INTERIOR

So caracterizadas por receberem o produto de outra Base, seja principal ou secundria.

O SINDICOM uma entidade representativa, a nvel nacional, das companhias distribuidoras de combustveis, lcool e lubrificantes. Fundado em 1941, o SINDICOM tornou-se o frum apropriado para discusses de assuntos jurdicos, fiscais, operacionais, de suprimentos e transportes, e de segurana industrial, sade ocupacional e proteo ao meio-ambiente que sejam comuns s empresas associadas e de representao junto ao governo.

Fonte: SINDICOM, ano-base 2004.

BASES DE DISTRIBUIO PRIMRIAS OU PRINCIPAIS

Estas bases tm como caracterstica receber os produtos diretamente de uma refinaria ou atravs de importao. O produto no passa por nenhuma outra Base.

BASES SECUNDRIAS OU DE INTERIOR

So caracterizadas por receberem o produto de outra Base, seja principal ou

secundria.

A Figura 1- exemplifica as funes das bases primrias e secundrias na logstica de distribuio de petrleo do Brasil.

O SINDICOM uma entidade representativa, a nvel nacional, das companhias distribuidoras de combustveis, lcool e lubrificantes. Fundado em 1941, o SINDICOM tornou-se o frum apropriado para discusses de assuntos jurdicos, fiscais, operacionais, de suprimentos e transportes, e de segurana industrial, sade ocupacional e proteo ao meio-ambiente que sejam comuns s empresas associadas e de representao junto ao governo.

Atualmente, por questes de investimento e anlise de custo benefcio, as Bases da Petrobras que esto localizadas em regies mais remotas servem a diversas outras empresas que no dispem da estrutura logstica para conduzir os produtos at aquela regio. Esta figura representa a localizao geogrfica de todas as Bases de Distribuio de Combustveis e seus modais de recebimento e distribuio de produtos.

DISTRIBUIO DE PETRLEO E DERIVADOS NO BRASIL

Logstica do Petrleo no Brasil (foco downstream)

Bases Primrias

Fluxo Primrio (Refinarias Bases Primrias)

Bases Secundrias

Transporte: cts

Transporte: dutos ou nts

Fluxo Transferncia (Base - Base)

Transporte: cts, vts, balsas

(Bases Clientes)

O aumento no preo final dos derivados de petrleo tem sido influenciado, de forma substancial, pelo alto custo do frete em conseqncia dos gargalos logsticos apresentado nos principais modos de transporte utilizados (rodovirio e ferrovirio). Tais entraves apresentados nesses modos de transporte so respectivamente: no que diz respeito ao sistema de transporte rodovirio, a precariedade da malha rodoviria e a ausncia de investimentos por parte do Setor Federal em recuperao e ampliao da mesma; j em relao ao sistema de transporte ferrovirio, esse, tem enfrentado srios problemas no que tange a ausncia de material rodante (vages-tanques, locomotivas), manuteno da via permanente, direito de passagem e variao do tamanho de bitolas.

Essa deficincia na infra-estrutura dos sistemas de transporte, em especial ao ferrovirio, tem ocasionado uma inverso do volume transportado entre as bases (primria/secundria) pelo modo ferrovirio para o rodovirio, que, embora apresente seus entraves utilizado devido a sua caracterstica de ser um sistema de transporte de fao acesso e conectividade com outras bases. Contudo, essa rpida interligao e acesso entre os elos da cadeia petrolfera, proporcionada por esse tipo de modo de transporte, tm gerado um alto custo, o qual tem refletido no preo do frete em decorrncia da precariedade da malha rodoviria e a grande distncia percorrida.

Desse modo, uma das alternativas para fazer com que o preo final dos derivados de petrleo no seja acrescido pelo alto custo do frete, seria a utilizao do sistema dutovirio devido a sua tarifa, por volume transportado, ser a menor em relao aos outros modos de transporte como, ferrovirio, e rodovirio. Porm, este tipo de sistema de transporte exige substanciais fluxos a ser transportados, em virtude, dos altos custos fixos auferidos, os quais necessitam ser rateados para que esse tipo de transporte seja vivel. Contudo, esse alto volume exigido, para que viabilize a construo de dutos que interligam as principais bases secundrias atendidas pela REPLAN, ficou aqum do nvel que torna esse empreendimento vivel como pode ser notado atravs dos estudos realizados pela Coppead.

Outra alternativa, seria a utilizao do modo ferrovirio em face rodovirio nos trechos os quais possuem traado ferrovirio, j que trata-se de um modo de transporte o qual tem sido umas das opes mais econmicas para o descolamento de grandes distncias e maiores volumes de cargas. Entretanto, para que haja uma utilizao de tais trechos ferrovirios necessita-se, no somente de investimentos na recuperao dessas malhas ferrovirias, as quais foram desativadas em detrimento de outros investimentos, como tambm de macios aportes financeiros para a compra de locomotivas, vages adequados para o transporte de petrleo e derivados, e manuteno da via permanente. Alm disso, h duas outras variveis as quais devem ser resolvidas: a primeira, trata-se da questo de direito de passagem, a qual poderia ser solucionada atravs de negociaes bilaterais (entre as concessionrias ferrovirias) ou por interveno governamental; a segunda, refere-se a diferenciao da bitola que faz com que ocorra a necessidade de transbordo da mercadoria, elevando o preo do frete. Por certo, esse custo adicional, devido ao transbordo, no seria um entrave para que haja a utilizao de um dado trecho ferrovirio por duas concessionrias distintas, em virtude de esses custos serem absorvidos pelas empresas ferrovirias devido ao grande volume a ser transportado de petrleo e derivados.

Enfim, se realizados tais investimentos e reformas necessrias, o transporte ferrovirio apresenta, em relao a outros modos no-rodovirios, como o sistema de transporte mais vivel para atender o fluxo entre as bases de distribuio (primria/secundria), fazendo com que preo do frete reduza e, conseqentemente, o preo final dos derivados do petrleo. Com isso, gera-se uma desonerao na cadeia produtiva do petrleo, que deixar de pagar R$50 milhes/ano (COPPEAD), devido insuficincia do modo rodovirio. http://www.youtube.com/watch?v=lAYikUJtxrMhttp://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=BwVHtXk9Eo8http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=Bf7WlrGp9oYhttp://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=pZhEvfUOjwMhttp://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=JP_XXVWAEvUhttp://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=u1al8KsvsfAhttp://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=9at5JG0ap-Edomingo, julho 21, 2013Gasoduto Coari-Manaus: um prejuzo bilionrio para os contribuintes!

A Petrobras tornou-se este ano a segunda petrolfera mais desvalorizada do mundo, numa lista que inclui as 50 maiores empresas de petrleo e gs integrados. A estatal brasileira aparece nesse ranking frente apenas da russa Gazprom, que enfrentou uma srie de crises por corrupo nos ltimos anos. O critrio de desvalorizao, neste caso, significa que o valor de mercado inferior ao valor patrimonial da empresa. Ou seja, os investidores esto dispostos a pagar pelas aes da Petrobras um preo menor que o total de ativos da companhia como reservas de petrleo, dinheiro em caixa, refinarias e plataformas. Esse desconto exigido pelo mercado era de 34%, segundo dados da Bloomberg News. Para analistas, o nmero revela a desconfiana com o futuro da empresa, aps decepes com o reajuste de preos dos combustveis, a queda da sua lucratividade e as mudanas na poltica de dividendos (os lucros pagos aos acionistas). O descalabro do gasoduto Coari-Manaus explica um pouco essa situao. Leia a matria, fique indignado e v pras ruas!

Em julho de 2001, o governo do Amazonas lanou, no Palcio do Planalto, em Braslia (DF), o edital para a contratao de uma empresa para realizar o transporte do gs natural de Urucu, campo situado a cerca de 600 Km de Manaus, por meio de barcaas.

O objetivo do governo era realizar uma mudana na matriz energtica das termeltricas e encerrar de vez a permanente crise energtica dos municpios amazonenses.

A cerimnia aconteceu na presena do presidente Fernando Henrique Cardoso.

At ento, o gs produzido na Provncia Petrolfera de Urucu, em Coari, era considerado a soluo para a questo energtica no Estado.

A utilizao de apenas a metade do gs produzido em Urucu nos dar uma folga de 30 anos, atendendo no s o Amazonas, como tambm Rondnia e Acre, destacou o governador Amazonino Mendes.

Amazonino Mendes defendia o transporte do gs em barcaas.

Para ele a maneira tradicional utilizada, o gasoduto, tinha a vantagem de ter custo operacional baixo, porm perdia em outros aspectos como a gerao de empregos no interior do estado e os impactos ambientais, com a abertura de 600 quilmetros de estrada para a tubulao.

Alm disso, o tempo de construo do gasoduto seria longo, estimado em mais de cinco anos.

O transporte por barcaas poderiam comear a ser feito em menos de dois anos.

No mesmo ano, o senador Jefferson Pres (PDT) props que a fixao de alquota zero da Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e das contribuies para os programas de Integrao Social (PIS) e de Formao do Patrimnio do Servidor Pblico (Pasep) no exclusse o gs natural transportado por barcaas ou qualquer outro meio de transporte, desde que destinado produo de energia eltrica.

O benefcio de alquota zero estava previsto em projeto de lei que beneficiava o setor de gs natural e carvo mineral destinados produo de energia eltrica.

Segundo Jefferson Pres, da forma como estava o projeto de lei, de iniciativa do Executivo, o gs a ser utilizado por termeltricas no Amazonas, que poderia ser transportado em barcaas, no poderia ganhar o benefcio, j que a proposta somente se referia ao gs natural canalizado.

Para o senador, se o esprito do legislador visava atenuar os efeitos da crise energtica e estimular usinas termeltricas, no havia por que excluir do benefcio o gs que no era transportado por gasodutos.

Devido s observaes feitas por Jefferson Pres, o relator do projeto, senador Bello Parga (PFL-MA), decidiu reexaminar o assunto e incluiu no projeto o benefcio tambm para o transporte de gs natural por barcaas.

Em maro de 2002, a Companhia de Gs do Amazonas (Cigs) desfez a parceria com a empresa norte-americana American Commercial Barge Line (ACBL), que havia vencido a licitao para implantao do sistema de transporte do gs natural.

Durante uma entrevista do governador Amazonino Mendes ao programa Ponto Crtico, da TV A Crtica, ele disse ter sido necessrio considerar a licitao deserta porque a empresa ACBL no havia cumprido os prazos determinados pelo edital do certame.

Infelizmente ns temos um problema a superar que foi absolutamente imprevisvel. Essa crise que se abateu sobre os Estados Unidos, sobretudo na questo energtica, afetou profundamente as empresas norte-americanas, disse Amazonino.

De acordo com o governador, a ACBL vinha pedindo alargamento de prazo para iniciar a implantao do sistema de transporte do gs.

Ocorre que isso tem um limite, tem uma tolerncia, porque a prpria controladora dessa empresa foi vendida. Ento um novo grupo assumiu e eles l nos Estados Unidos esto todos com medo de fazer novos investimentos, acrescentou o governador.

Amazonino disse que seria necessrio comear tudo de novo mas em patamares que no preocupam, com muito mais informaes.

O governador acrescentou ainda que j teria pessoas trabalhando na Europa, nos Estados Unidos, em Portugal e na Espanha para encontrar solues mais rpidas para o problema.

A previso era de que a ACBL investiria US$ 350 milhes para comear a operar no transporte do gs de Urucu em dezembro de 2002.

Nesse meio tempo, o deputado estadual Eron Bezerra e a deputada federal Vanessa Grazziotin, o casal vinte do atraso poltico stalinista em nosso estado, ajuizaram dezenas de aes judiciais contra o governo estadual para melar o processo licitatrio, o que acabou acontecendo por excessiva lenincia do Ministrio Pblico, que acatou as estapafrdias denncias do casal.

O transporte por barcaas que o Alasca utiliza para levar gs natural ao Japo h mais de 50 anos, atravessando o Oceano Pacfico foi abortado no nascedouro, por escusas manobras polticas que s serviram para enriquecer alguns espertalhes de alto coturno.

Eleitos em 2003, o presidente Lula e o governador Eduardo Braga garantiram em abril do mesmo ano, durante uma visita a Urucu, que o gasoduto Coari-Manaus ficaria pronto antes de 2006.

Tudo indica que era uma pegadinha de 1 de abril.

Lula e Braga foram reeleitos em 2006 e o gasoduto continuou a no sair do papel.

Os candidatos de Lula e Braga, Dilma e Omar, foram eleitos em 2010 e o gasoduto continuou a no sair do papel.

Estamos na metade 2013, e o gasoduto Coari-Manaus parece cada vez mais uma fico cientfica mesmo porque j se aventa resolver o problema energtico de Manaus com o linho de Tucuru.

E aqui foroso reconhecer o grande esforo da Petrobras para viabilizar na selva uma grande reserva que mais de gs natural do que de petrleo (90 bilhes de metros cbicos, somente suplantada pela da Bacia de Campos, que de 200 bilhes).

Em fase de produo desde os anos 90, a Petrobras faz o tratamento do petrleo e do gs na selva, envia petrleo e gs de cozinha por duto para um porto na margem do Rio Solimes e dali usa barcaas para colocar estes produtos em Manaus, reinjetando o metano por falta de uma definio a respeito do pleno uso do gs natural na Amaznia.

Em outubro do ano passado, a diretoria da Agncia Nacional de Energia Eltrica negou pedido de incluso dos custos de implantao do gasoduto Coari-Manaus e do sistema de distribuio de gs natural na capital amazonense entre os valores a serem ressarcidos pela Conta de Consumo de Combustveis.

O pedido apresentado por Petrobras e Companhia de Gs do Amazonas foi negado pela Aneel, por no atender a principal premissa para recebimento do subsdio: a reduo dos gastos da CCC com combustveis fsseis para a produo de energia eltrica.

Segundo a agncia, a estimativa em 2005 era de que o gs natural de Urucu reduziria em 70% o custo da energia de termeltricas j instaladas e de 57% do custo de contratao de energia de novas usinas em Manaus.

Naquela poca, o custo do transporte era calculado em R$ 4,36/milho BTU, sendo o preo do gs (molcula) em R$ 3,01/milho BTU e a margem de distribuio em R$ 0,45/milho BTU.

Em vez disso, segundo o diretor Romeu Rufino, o gasoduto trouxe prejuzos CCC, porque os valores estimados inicialmente para o insumo podem ter contribudo para o adiamento da interligao de Manaus ao Sistema Interligado Nacional, que s dever ocorrer no final de 2013.

O contrato de fornecimento tambm estabelece a obrigatoriedade do pagamento pelo gs, mesmo que no haja o transporte e o uso do insumo nas termeltricas do sistema local.

Rufino cita ainda clculo feito pela prpria Petrobras em 2010, que estimou o custo final do gs em R$ 37,65/milho BTU, considerados o transporte, o produto, a margem de distribuio, os ramais termeltricos e tributos como ICMS, PIS e Cofins.

Comparado ao preo do leo combustvel OC1A (R$ 1,41/kg) e ao consumo de um mesmo tipo de usina (0,242 m/kWh para o gs natural e 0,205 kg/kWh para o leo), o custo varivel de gerao a gs era de R$ 339,85/MWh, contra R$ 267,74/MWh na gerao a leo.

Relator do processo na agncia, o diretor questionou as condies do contrato de suprimento de 20 anos, firmado em 2006 entre a Petrobras, a Cigs e a Manaus Energia.

O acordo previa o fornecimento de 5,5 milhes de metros cbicos de gs por dia, com custos mais elevados que o previsto na fase de pr-contratao.

O transporte, por exemplo, foi estimado em R$ 9,20/milho BTU, na modalidade open-book (sujeito a alteraes).

As taxas de retorno eram 13% no transporte a 13,5% ao ano na distribuio.

A evoluo de custos fez com que o investimento na implantao do gasoduto passasse de R$ 2,488 bilhes para R$ 4,465 bilhes, o que elevou a parcela do transporte para R$ 16,24/milho BTU.

Esse valor 77% maior que o pactuado originalmente e 272% superior ao valor estimado em 2005.

A variao foi considerada absurda pelo relator, que tambm avaliou a taxa de retorno como absolutamente alta e fora do contexto com que a Aneel trabalha em relao s empresas do setor eltrico.

O diretor-geral da Aneel, Nelson Hubner, deixou claro que aceita discutir o pedido de recebimento dos benefcios a CCC, desde que revistas as condies contratuais.

Ele tambm questionou a taxa de retorno e disse que no existe preo equivalente para o insumo no mundo.

Isso no torna vivel nenhum uso industrial ou comercial para o gs, afirmou.

Resumo da opereta: o transporte por barcaas comearia a ser feito em 2003, com um investimento de U$ 350 milhes.

Dez anos depois, a Petrobras j gastou U$ 2,5 bilhes no gasoduto e ele ainda no saiu do papel.

Agora, calculem quanto os municpios do interior, incluindo os do Acre e Rondnia, teriam economizado com leo diesel nesses dez anos se as matrizes termeltricas tivessem sido mudadas e as usinas estivessem recebendo o gs por meio de barcaas desde 2003.

A conta do prejuzo aos cofres pblicos, por baixo, chegaria marca estratosfrica dos U$ 25 bilhes.

No a toa que a Petrobras, nas mos dos stalinistas e petistas, est amargando uma desvalorizao sem precedentes.

O ex-deputado Eron Bezerra e a atual senadora Vanessa Grazziotin, muito provavelmente, devem estar felizes da vida!

A viva rica...

Fonte: CandiruPoder tambm gostar de:

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