Luta da agricultura familiar pelo acesso aos mercados

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Andrea Amorim e José Gilberto, pais de Maria Jéssica e Gislaynne da Silva moram há 18 anos, comunidade Santa Rita de Cima, municipio Congo. Desde o início a família passou por inúmeras dificuldades, Andrea lembra que durante um tempo o único recurso financeiro que dispunham era a ajuda financeira do programa Bolsa Família. Logo no início moravam com o pai de José, depois se mudaram para casa de uma de suas irmãs, que vivia em São Paulo. Ao longo desse tempo a família desenvolveu, diversificou a propriedade e ampliou a casa, porém agora a família proprietária esta exigindo que eles saiam da propriedade. Atualmente, a família está com um processo na justiça e ganharam a primeira causa. Em 95, com o apoio da Articulação do Semi-Árido (ASA) através da construção da cisterna para água de beber e do incentivo da Congregação das Irmãs de São Pedro Canísio, a família começou a cultivar hortaliças e frutas, dois anos depois começaram a comercializar o excedente na feira local, junto com mais três famílias. “A partir daí as portas começaram a se abrir através da ASA, foi onde tudo melhorou na nossa vida”. Uma grande dificuldade para as famílias produzirem na região do Cariri Ocidental é a distribuição irregular de chuvas no decorrer do ano. Com o apoio das irmãs, o grupo conseguiu a escavação de um poço artesiano, porém a água do poço era salgada e matava as hortaliças. Com a aquisição de um poço amazonas, a dificuldade passou a ser a falta de energia, porém a questão foi solucionada com a chegada da energia. Após seis anos de luta o grupo, com 14 famílias das comunidades Santa Rita de Cima, O Trabalho e a Comercialização Coletiva Paraíba Ano 5 | nº 90 | novembro| 2011 Congo - Paraiba Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Luta da Agricultura Familiar Garante Acesso aos Mercados 1 Jéssica ajudando sua mãe Andrea na colheita das hortaliças Irmão Hilmária e Andrea na horta da agricultora

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Page 1: Luta da agricultura familiar pelo acesso aos mercados

Andrea Amorim e José Gilberto, pais de Maria Jéssica e Gislaynne da Silva moram há 18 anos, comunidade Santa Rita de Cima, municipio Congo.

Desde o início a família passou por inúmeras dificuldades, Andrea lembra que durante um tempo o único recurso financeiro que dispunham era a ajuda financeira do programa Bolsa Família.

Logo no início moravam com o pai de José, depois se mudaram para casa de uma de suas irmãs, que vivia em São Paulo.

Ao longo desse tempo a família desenvolveu, diversificou a propriedade e ampliou a casa, porém agora a família proprietária esta exigindo que eles saiam da propriedade.

Atualmente, a família está com um processo na justiça e ganharam a primeira causa.

Em 95, com o apoio da Articulação do Semi-Árido (ASA) através da construção da cisterna para água de beber e do incentivo da Congregação das Irmãs de São Pedro Canísio, a família começou a cultivar hortaliças e frutas, dois anos depois começaram a comercializar o excedente na feira local, junto

com mais três famílias. “A partir daí as portas começaram a se abrir através da ASA, foi onde tudo melhorou na nossa vida”.

Uma grande dificuldade para as famílias produzirem na região do Cariri Ocidental é a distribuição irregular de chuvas no decorrer do ano.

Com o apoio das irmãs, o grupo conseguiu a escavação de um poço artesiano, porém a água do poço era salgada e matava as hortaliças.

Com a aquisição de um poço amazonas, a dificuldade passou a ser a falta de energia, porém a questão foi solucionada com a chegada da energia.

Após seis anos de luta o grupo, com 14 famílias das comunidades Santa Rita de Cima,

O Trabalho e a Comercialização Coletiva

Paraíba

Ano 5 | nº 90 | novembro| 2011Congo - Paraiba

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Luta da Agricultura Familiar

Garante Acesso aos Mercados

1

Jéssica ajudando sua mãe Andrea na colheita das hortaliças

Irmão Hilmária e Andrea na horta da agricultora

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Santa Rita de Baixo e Riacho do Algodão, con-quistou um espaço na feira municipal. Também estão fornecendo produtos para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

Este ano (2011) o grupo recebeu o Selo de Certificação Coletiva OCS (Organismo de Controle Social), o qual garante a comercializa-ção de produtos orgânicos.

Geralmente a comercialização direta é feita pelas mulheres. Ela tem boa participação nas reuniões mensais da associação. Andrea comen-ta: “no início foi meio difícil, mas agora está muito tranquilo”.

Na feira são comercializados: verduras, frutas e legumes (alface, coentro, cenoura, beterraba, mamão, banana, coco, acelga, chicória, nabo, rabanete, almeirão, brócolis, quiabo, ceboli-nha, couve, laranja, limão, romã, acerola, giló, couve-flor), peixe, frango abatido, lanches, café da manhã, comidas e doces caseiros variados. Além de artesanatos, como: sandálias, panos de prato, porta retrato, jogo de mesa, bolsa, bonecas, entre outros.

As famílias também recebem o acompanhamento de um técnico do projeto Pais (PAIS - Produção Agroecológica Integrada Sustentável) que ajuda os produtores na produção agroecológica junto com mais dois técnicos da Base de Comercialização do MDA do Cariri Ocidental.

Atualmente Andrea é presidente do SINTRAF - Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar; da Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Santa Rita e Riacho do Algodão. Ela comenta: “Hoje tenho minha horta e minhas companheiras também e estamos na feira vendendo todos os sábados”.

“Geralmente consigo arrecadar por semana 130,00 reais, quando a feira esta boa, arrecado mais, praticamente vivemos desta renda, para feira, remédios, lanche da escola, calçados e roupas, além disso, a produção agroecológica é muito importante, pois nos da sustentabilidade e melhor qualidade de vida para nossa família”.

A família cultiva diversas espécies de plantas nativas e adaptadas, como: coentro, alface, coube, beterraba, pimenta, romã, cebolinha, mamão, banana, almeirão, chicória, agrião, nabo, rabanete, cenoura, catolone. Também cultivam diversas plantas medicinais, as quais a agricultora utiliza para fazer chás: capim santo, cidreira, anoxilina, bordo do Chile, hortelã grande e pequeno.

Alguns desafios ainda permanecem, como por exemplo: o transporte para levar os produtos da comunidade até a feira e a necessidade de organizar a produção para ter regularidade na distribuição; o acesso a outros mercados e a conquista da terra própria.

A filha mais velha do casal, participa das reuniões do “Centro 8 de março”, ela é incentivada a seguir o mesmo caminho de Andrea, atualmente é uma das monitoras do tele centro que existe na comunida-de. “Hoje nossa vida melhorou 100% ainda tem a bolsa, mas vivermos também na horta que produz para nossa alimentação e para a comercialização na feira”.

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André, José e Jéssica recebem o Selo de Certificação Coletiva

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