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24
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Já há 211 anos, o Marques de

Pombal fazia seus governadores

indiretos. E ensinava-lhes como

bem governar. Onde.a novidade ?

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koluna

aborta

wmm

O idolo barrado-

1

Mais dramática que a saída dé Tostão do

Cruzeiro, está sendo a saída de José Luiz

Magalhães Lins do Banco Nacional de

Minas Gerais. Como Tostão, José Luiz

abandonou o time porque não concorda

com a nova disciplina interna. Ele era

dono do time. Dizem mesmo que a cada

partida o José Luiz ganhava mais. E

assim como Tostão tem dinheiro para es-

fregar na cara do Felício Brandi, assim o

José Luiz, que é inegavelmente um era-

que na sua posição, tem

quase tanto di-

nheiro quanto o dono do Banco.

O José Luiz Magalhães Lins chegou àque-

Ia posição em que só voltará a jogar se

receber uma proposta mirabolante. De

outro Banco ou do próprio Nacional.

Como é natural, são muitos os bancos

que querem o José Luiz. O que faz o seu

passe subir de preço. Mas assim como o

Cruzeiro precisa livrar-se do "mito"

Tostão, assim o Nacional precisa remover

o seu mito José Luiz.

3

O José Luiz, como o Tostão, é desses"avantes"

que precisam de espaço para

construir suas jogadas. Enquanto o velho

Magalhãés jogava em outra área e o

Eduardo e o Marcos estavam ainda nos

juvenis, o José Luiz marcava o ritmo de

atuação de seu time. Ele era, o meio-

campo e o homem de área. Distribuidor

de bolas e goleador. Uma vocação total

de ídolo e de líder.

4

Mas os tempos mudam, e as táticas de

jogo, também. Os mesmos anos que fize-

ram o Marcos e o Eduardo subir para o

time de cima, tornaram o Zé Luiz enfas-

tiado do gol. Ultimamente, ele só jogava

no segundo tempo, isto é, no expediente

da tarde. E o que é pior: toda vez que

entrava, como um Di Stefano decadente,

embaralhava tudo. Na ánsiao de conti-

nuar marcando gols, avançava sobre os

próprios companheiros, desperdiçando

bolas que o Marcos e o Eduardo, melhor

colocados, facilmente converteriam. A

torcida começou a perceber que o velho

ídolo estava gasto. E, esquecida das gló-

rias passadas (nada é mais inconstante do

que uma torcida de Banco ou de fute-

boi), chegou até a vaiar o José Luiz em

algumas partidas. Até o pessoal do time,

que deveu ao José Luiz muitas vitórias

no antigamente, começou a perceber que

era uma bobagem centrar a bola para ele.

Os ídolos, hoje, são outros.

Com muifa dignidade (a dignidade que o

excesso de dinheiro ganho no clube faci-

lita), o José Luiz*^passou ao Eduardo a

camisa 10. Para muitos clubes menores,

o José Luiz ainda tem jogo de sobra. Mas

o Nacional, com a sua barração, está de

alma nova. E o Eduardo e o Marcos estão

correndo o campo todo, engolindo a

bola, como se quisessem ganhar as parti-

das sozinhos. Voltou a ser emocionante

atuar pelo Nacional.

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José Luís de Magalhães Lins

Delfim Neto

AGENDA

Não é que o Brasil já está

posando de grande potên-

cia. Bastaram quatro anos

de milagre para que a trans-

formação se operasse. Nem

Hermann Kahn com os seus

130 de Ql seria capaz de fa-

zer uma previsão tão teme-

rária: 4 anos para sairmos

do subdesenvolvimento.

Neste fim-de-semana Delfim

Neto esteve em Caracas. Foi

como Observador notem

bem observador, da reunião

de 14 ministros da Fazenda

de países latino-americanos

que foram tomar posição

prévia com relação à reu-

nião da UNCTAD, que se

realiza, dia 13 deste mês em

Santiago do Chile.

Delfim estava de passa-

gem para os Estados Uni-

dos, em mais uma de suas

periódicas, que estão se tor-

nando constantes, viagens

para assinatura de mais um

empréstimo para o nosso

desenvolvimento, e resolveu

fazer escala na capital vene-

zuelana, somente para

observar, porque

o Brasil já

havia deliberado que não

participará mais de grupos e

que reivindica para si uma

situação diferente, não quer

mais se ombrear com os

subdesenvolvidos. Exige que

se lhe reconheçam um sts-

tus de potência.

— Não queremos mais pe-

dir favores. Não mais parti-

ciparemos de grupos de

pressão política. Perdere-

mos as vantagens que são

dadas às nações pobres, mas

conquistaremos os privilé-

gios das nações ricas - disse

um técnico da assessoria in-

ternacional do Delfim, defi-

nindo a nova estratégia bra-

sileira.

O Brasil quer negociar li-

vremente. Concorrer no

mercado internacional ofe-

recendo seus produtos pelos

preços correntes e, se possí-

vel, ditar os seus preços. Co-

mo concessão aos 77 sub-

desenvolvidos da UNCTAD,

concordamos em apoiar al-

gumas teses de grupo, como

por exemplo a da poluição

que estamos considerando

como uma casca de banana

jogada na estrada do desen-

volvimento pelos países que

já alcançaram suas metas.

A Editoria

A tese de Vi lar de Quei-

rós de que devemos defen-

der a poluição como fator

de desenvolvi mento - a

poluibrás —

será pregada pe-

Io Brasil no Chile. Procura-

remos interessar os sub-

desenvolvidos para ela, ape-

sar de não nos engajarmos

nas teses deles.

Dizem que esta posição

prévia do Brasil com relação

ao não engajamento poli ti-

co tem endereço certo: a

China Comunista pela pri-

me ira vez participará de

uma reunião de âmbito tão

grande — 143 países, e cer-

tamente procurará tirar pro-

veito, pelo menos formando

um grupo numeroso de na-

ções para segui-la. O Brasil

comparece ao Chile vacina-

do. De antemão todos já sa-

bem que não assumiremos

qualquer compromisso. Va-

mos nos desligar dos sub-

desenvolvidos, os que mais

protestam, para procurar-

mos uma terceira posição,

em termos de riqueza é cia-

ro. Só que potência inter-

mediária não existe, é uma

terminologia nova. E se Mao

resolver ficar conosco, rei-

vindicando as mesmas con-

dições para a China?

Muita expectativa em tor-

no da fala do presidente

Mediei no dia 31 de março,

anunciando novas medidas

para contenção da inflação.

No Ministério da Fazenda

foram feitas muitas reuniões

nos últimos dias, mas nin-

guém revelou nada a respei-

to. Não se sabe como a in-

fiação será garroteada.

Quem tem ido constante-

mente lá são os presidente

do BNH, Rubens Costa, e

da Caixa Econômica Fede-

ral, Giampaolo Marcelo Fal-

co. Será que o PIS c as casas

populares estão contribuin-

do para aumentar a infla-

ção?

A venda indiscriminada

de açúcar pelo Brasil ao ex-

terior, ocupando o lugar

deixado vago por Cuba, está

preocupando alguns setores

das classes produtoras. Esta-

mos exportando sem qual-

quer medida de precaução e

uma crise no abastecimento

interno já se prenuncia para

os próximos meses.

una

H9

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Oliveira

Bastos

A vida religiosa na América

Latina continua dependente do

exterior, ao passo que

todas

as congregações que

nasceram

aqui, não passam

de imitação

CURSILH

VES TI BULA R

ãJê

1LPE

Assim

como

se fala de uma

dependência

econômica, de uma

dependência tecnológica,

de uma dependência

militar, pode-se e

deve-se falar de uma

dependência religiosa.

Segundo pesquisa

realizada pela CLAR,

em fins do ano passado,

existem, na América

Latina, 37.224

religiosos e 130.

709 religiosas, ou seja,

um total de 167.933

religiosos. Deste total,

45,42% dos religiosos

e 25,48% das religiosas

são estrangeiros.

No Brasil, a

porcentagem de religiosos

estrangeiros é de

49,29% e 15,95% de

religiosas.

Diante

desses

dados, que

conclusões

tiraram os pesquisadores?

Limito-me a

transcrever: "a)

a Vida

Religiosa na América

Latina continua ainda

dépendente do Exterior,

b) Os centros de decisão

governos gerais

e

bom número de provinciais

estão na Europa ou na

América do Norte.

c) Os tipos de vida

religiosa que medraram

entre nós foram

transplantados de

formas exteriores.

d) As Congregações que

nasceram entre nós

não passam de imitação

- seja no espíHto, nas

obras e na organização -

de modelos europeus e

americanos, e) Se de

um momento para outro

os religiosos

estrangeiros se

retirassem, a Igreja

local entraria em colapso

em amplas regiões, ao

menos em sua forma

estrutural." (Ver

SEDOC, 44, janeiro

de 1972).

Esta

citação

é importante,

a meu ver,

para que situemos o

problema dos "Cursilhos

de Cristandade", hoje

em franca expansão em

toda a América Latina.

Trata-se de mais uma

forma de vida religiosa

importada, regida por

uma estrutura de poder

hierarquizada, mas com

seus comandos de

decisões instalados fora

de nossos países e de

nosso continente. O fato

de existirem

Secretariados Nacionais

e mesmo um Escritório

Latino-Americano de

Cursilhos de Cristandade

não implica numa

descentralização

completa de competências,

até porque, como

veremos no documento que

adiante divulgamos, os

Secretariados Nacionais

latino-americanos estão

sendo publicamente

submetidos a críticas,

duras críticas de

estratégia.

kontexto

SE

TOMEI a

decisão de tratar

deste assunto,

foi para preservar a

posição do Sebastião Néry

e a do próprio jornal.

E para dizer: ninguém

aqui, no POLITIKA,

é contra os Cursilhos.

Vou mais longe:

eu sou até a favor.

E sou a favor justamente

porque vejo, nos

Cursilhos, um potencial

político de

extraordinária

maleabilidade. Não creio,

como o Néry, que os

Cursilhos sejam um

movimento politicamente

de direita. Embora

reconheça que muitos

cursilhistas brasileiros

são de "extrema

direita".

Embora reconheça que

a origem espanhola do

movimento force uma

conclusão dessa natureza.

in*:- k: jjiMIfc

is.®:'>. *#'

JUSTAMENTE

porque os

Cursilhos

ainda não se

comprometeram com

nenhuma força

política atuante na

América Latina, é

possível esperar-se que

o empenho "na

promoção

de laicato adulto,

plenamente comprometido

na ordenação do mundo

com o espírito do

Evangelho", se traduza,

entre nós, numa tomada

de posição política

mais profunda e mais

revolucionária.

E

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poiitika!

kontexto

O cursilho seleciona os seus

agentes nos pré-cursilhos, e

os prepara para

assumirem a

vanguarda das transformações,

sociais, em todos os níveis.

CURS/LHO.

VESTIBULAR

DO GOLPE

O

SEBASTIÃO

Néry quis

apenas agitar

a questão,

jornalisticamente. E

o conseguiu. Se o

movimento é de direita

ou não, pouco importa

no momento. A questão

central, levantada por

este jornal, é que

ninguém deve olhar o

movimento como

politicamente neutro.

Porque o próprio

movimento não pretende

ser neutro. O movimento

tem "objetivos",

e

alcançará esse objetivo,

com maior eficácia,

dentro de essência

própria, finalidade e

método, "na

medida em

que selecione, no

pré-cursilho, os agentes

mais responsáveis pela

transformação social

em todos os níveis".

Qualquer que seja a

noção que tenhamos

de religião ou de política,

não resta dúvida que

esse objetivo e a forma

de alcançá-lo são

eminentemente políticos.

0 DARMOS

publicidade

ao documento

aprovado no II Encontro

Mundial de

Secretariados nacionais

de Cursilhos de

Cristandade, realizado

em maio de(17 a 21),

em Tlaxcala (México),

queremos reafirmar a

nossa convicção de que

o movimento tem

objetivos políticos

e deixar ao tempo e aos

leitores a conclusão

sobre a tendência (se

de direita, do centro

ou de esquerda) do

mesmo. Nem se diga que

este é um documento

secreto. Ele foi

divulgado, no Brasil,

pelo próprio Secretariado

nacional dos Cursilhos,

conforme indicação da

revista SE DOC, no. 29,

de outubro de 1970.

Que falem os cursilhos

por suas próprias palavras.

A

DEPOIMENTO

Guilherme Souza Magalhães mora

em Niterói e fez, no México, o

T.L.C. Este é o seu depoimento

f >

Não

li a reportagem de Sebastião

Nery, que admiro muito, sobre

os cursilhos, somente o artigo do

Pe. Paulo Martinechen Neto"Terapêutica

ocupacional da direita".

Fiz o T.L.C. (Treinamento de Lideran-

ça Cristã) que é um movimento associado

ao Cursilho. Aqui vai um esclarecimento,

algumas críticas e sugestões sobre o mo-

vimento.

Em 17-21 de maio de 1970 realizou-se

em Tlaxcalo (México) o II Encontro

Lati no-Americano e II Mundial de Secre-

tariados Nacionais de CursHhos da Cris-

tandade; entre outras coisas consta nas

suas conclusões:

10 — Deve-se evitar os desvios do méto-

do que se traduzam numa pressão moral

sobre os cursilhistas, porque poderia levá-

los a uma posição sacramentaiista, carente

de compromisso e vice-versa.

12 — 0 cursilhista deve ser conscienti-

zado na projeção social através da atuali-

zação dos esquemas em seus aspectos

bíblico,, doutrinai e social, e através da

sua adequação às realidades locais .na*

linha do Vaticano II e de Medellin...

13 — Esta atualização e adequação con-

tribuirão mais eficazmente à solução da

problemática latino-americana, se unidas

à mentalização e conscientização dos diri-

gentes num Evangelho encarnado na reali-

dade do homem hodierno.

26 - Visto que a grande maioria dos

nossos irmãos da América Latina vive em

situação injusta de miséria, recomenda-se

aos membros do movimento e especial-

mente aos dirigentes, orientar a sua ação

apostólica à promoção integral deles

apoiando-a com a vivência de uma autên-

tica pobreza evangélica, em consonância

com os documentos de Medellin: "São

responsáveis pela injustiça todos os que

não atuam em função da justiça na plenamedida das suas possibilidades e permane-

cem passivos por temor aos sacrifí-

cios. .. ".

(Ver SEDOC, outubro de

Í970).

O próximo encontro se realizará agora

em abril, aqui no Brasil.

Bem, vê-se por ai que nem tudo está

tão preto no Cursilho. Nota-se nitidamen-

te uma preocupação primária com a pro-

moção do homem onde isto é necessário.

Não se pode ser sem ter.

Se os Cursilhos forem um veículo de

conscientização, de promoção do homem,

e de combate às injustiças, serão uma

força.

No entanto, daquilo que tenho conheci-

mento, o movimento aqui no Brasil tem

errado redondamente, por que?

~_Ê apresentado e visto por muitos

que vão fazê-lo como uma última tenta ti-

va de aproximação da religião, da Igreja.

Como o Cursilho nao dá uma visão geral e

critica da religião, e sim uma quantidadeenorme de informação e conselho - é

como encher um copo rachado com

muita água, dura pouco.

A resposta que se dá a esta crítica é

que o Cursilho continua (4o. dia), então

aí o pessoal conseguiria se estruturar

melhor. Mas, de 500 pessoas que fazem o

encontro umas 50-se tanto - conti-

nuam a freqüentá-lo. Será válido por

causa destes 50 queimar o último cartu-

cho de 450? -

Seria muito melhor dar um amplo apa-

nhado da Igreja como encarnação na his-

tória, mostrando todos os erros e acertos,

derrotas e vitórias; passando por uma

visão do que se leva hoje para cada um

tirar uma perspectiva da Igreja do futuro.

— Um dos pontos considerados

chaves são os depoimentos dados por

pessoas convertidas pelo movimento. Até

que ponto isto é válido e duradouro

frente os, em números muito maiores,

contra-testemunhos que recebemos cada

dia se não se tem uma estrutura sólida?

— A quantidade de conhecimento

transmitidos é tão grande que atua como

uma verdadeira massificação porque:

Vem a primeira matraca (palestra),

nasce uma dúvida, discordo disto, daquilo

mais; não posso discutir, não conheço

ninguém, não tem tempo. Vem a segunda

matraca, mais dúvidas, mais dúvidas, não

discute. Vem a terceira, a quarta, a

quinta, a décima; as dúvidas são muitas, jáesqueci mais da metade delas, as poucas

que me lembro não há tempo pra discutir.

Acaba a pessoa desistindo, cedendo e

aceitando por comodidade, por cansaço

tudo o que é dito.

Alguns vão dizer que após as matracas

há tempo para discutir. Bem, o tempo é

tão pequeno e as dúvidas tão grandes que

a maioria das discussões fica por terminar.

4 - No Cursilho é difícil a pessoa man-

ter uma lucidez crítica porque o ambiente

é de um envolvimento emocional muito

grande. Os que conseguem resistir muitas

vezes são tidos como prejudiciais ao gru-

po, ao andamento do trabalho. A pessoamesma'fica numa angústia trem da (es-tarei fazendo o papel do advogado do

diabo? será que só eu não entendo o quedizem? ) e muita

gente acaba cedendo na

última hora.

Sugestões:

— Num movimento grande como este

é fundamental uma volta constante às

origens, aos objetivos primeiros. Uma das

causas das diferenças que se vê em sua

aplicação. Conheço dirigentes e muitos

cursilhistas e nunca ouvi falar neste II

Encontro Internacional, nas suas conclu-

sões.

- Como foi muito bem colocado no

Encontro Internacional, o Cursilho deve

ser antes de tudo um movimento que

possibilite um encontro consigo mesmo e

com os outros como pessoas (promoção)

para sobre esta base dar informações e

esclarecimentosda atividade-encarnação

da Igreja. Não deve ser seu objetivo arras-

tar pessoas para suas fileiras, mas sim dar

uma abertura neste sentido.

Para terminar — a hora é de agir, de

apontar falhas para construir, é importan-

te pesquisar e aproveitar o que tem de

bem em cada movimento. Se ficarmos

sentados esperando que ele ressuscite é

bem possível que se torne uma força de

direita. Não se muda uma estrutura sem

se participar dela.

\

Precisamos incentivar e lutar por uma

Igreja que aos poucos volta às origens,

que aos poucos volta às catacumbas...

4

o

o

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i

CURSILHO,

VESTIBULAR

DO GOLPE

POLITIKA

Deve-se evitar os desvios

do método que se traduzam

numa pressão moral sobre os

cursilhistas para não levá-los

a uma posição sacramentalista

5kontexto

*1* CUMENTOA revista SEDOC divulgou como selo

"internacional" ais

conclusões do II Econtro latinoamericano e II Mundial dós

cursilhos, realizados no México

^¦"teç*

:&*

CURSILHO DE CRISTANDADE

De 17-21 de maio p.p. realizou-se em

Tlaxcala (México) o II Encontro

latino-americano e II Mundial de

Secretariados nacionais de Cursilhos de

Cristandade. Apresentamos a seguir as

conclusões do encontro que nos foram

enviados pelo Secretariado Nacional.

INTRODUÇÃO

0 Segundo Encontro latino-americano

de Delegados Nacionais de Cursilhos de

Cristandade, em cumprimento à

recomendação do Primeiro Encontro

realizado em Bogotá, em agosto de 1968,

continuou a reflexão iniciada naquela

ocasião, à luz das experiências havidas e

do espírito das decisões pastorais tomadas

pelo Episcopado latino-americano.

Os Documentos de Medellin,

inspirados no Concilio Vaticano II, são o

testemunho de uma Igreja que toma

consciência do mundo em que vive e no

qual quer encarnar-se como força

transformante e libertadora.

Neste espírito, o encontro aceita plenae conscientemente o seu compromisso na

ação da Igreja no mundo, como agente da

pastoral segundo a sua essência própria e

finalidade; preocupado com os bispos da

América Latina em seu esforço portransformar as comunidades em família

de Deus, empenha-se na promoção de um

laicato adulto, plenamente comprometidona ordenação do mundo com o espírito

uo Evangeiho.

Fruto desta reflexão são os seguintes:

ACORDO

1. Cremos que nosso Movimentoalcançará o seu objetivo com maioreficácia dentro da sua essência própria,finalidade e método, e inserido na

pastoral da Igreja, na medida em queselecione, no pré-cursilho, os agentes mais

responsáveis pela transformação social em

todos os n íveis.

2. Referidos agentes, ao compreenderno Cursilho que um compromisso comCristo supõe um compromisso com omundo e com o desenvolvimento integraloe todo o homem e de todos os homens.

cooperarão na ordenação das estruturas

segundo o espírito evangélico.

3. É, agora mais do que nunca,

necessário conhecer os elementos chaves

de cada ambiente, as vértebras. Importa

conhecer a possibilidade de nuclear

cristãmente a vértebra com os elementos

disponíveis, se aquela, eleita, tem quem a

ajude e a quem ajudar. Ou seguramente

saber se há problemas de base queaconselhem uma abstenção momentânea

da ação, por impossibilidade de esperar-se

um resultado adequado. Muitos outros

aspectos importantes devem ser objeto de

estudo profundo no pré-cursilho, com

vista ao pós-cursilho.4. Deve-se procurar, a partir do

pré-cursilho, a possibilidade de que os

candidatos sejam apoiados no seu

peregrinar do Quarto Dia. Deve-se

programar, portanto, o mais breve

possível, a assistência ao Cursilho de

outros candidatos do mesmo ambiente.

5. Não se deve passar em silêncio a

importância de selecionar também

elementos que, ainda que não estejam

comprometidos na mudança, tenham um

potencial que os faça capazes de

encontrar a sua vocação pessoal de

compromisso.

6. É finalidade dos Cursilhos a

cristianização dos ambientes, e como a,

tendência do homem moderno é

associar-se em grupos eleitos livremente e

não em grupos territoriais, deve dar-se

prefe/ência às comunidades ambientais,

que em muitos casos podem coincidir

com comunidades paroquiais ou

territoriais.

7. É necessário que no Cursilho se

evidencie, por atos, atitudes e palavras

que seus próprios carismas suscitem, o

testemunho individual e coletivo da

Equipe comprometida, para se tornar

comunitários esses carismas.

8. Para assistir a um Cursilho, são

requeridos a preparação, constantemente

renovada, dos dirigentes (sacerdotes e

leigos) e o seu testemunho dentro e fora

do Movimento, bem como a manutenção

viva e atual da dinâmica do Cursilho.

9. Recordamos aqui no Encontro de

Bogotá também se faz a mesma

recomendação. Insiste-se nela por

considerar que essa tem que ser a linha

devida que até agora não foi cumprida

plenamente.10. Deve-se evitar os desvios do

método que se traduzam numa pressão

moral sobre os cursilhistas, porque

poderia levá-los a uma 'posição

sacramentalista, carente de compromisso

ou vice-versa.

11. Dever-se-ia incluir nos "rollos"

o

maior número possível de testemunhos de

ação comunitária em ambiente

tipicamente temporal e mundano, e não

tão — somente nos eclesiais. Importa

indicar também, com a maior clareza, que

a ação comunitária e apostólica não se

realiza necessariamente em campanha

exclusivamente de católicos e muito

menos de cursilhistas.

12. O cursilhista deve ser

conscientizado na projeção social através

da atualização dos esquemas, em seus

aspectos bíblico, doutrinai e social, e

através da sua adequação as realidades

locais na linha do Vaticano II e de

Medellin, efetuada por uma comissão de

sacerdotes e leigos.

13. Esta atualização e adequação

contribuirão mais eficazmente à solução

da problemática latino-americana, se

unidas à mentalização e conscientização

dos dirigentes num Evangelho encarnado

na realidade do homem hodierno.

14. O esforço dd u-Cato-ai na América

Latina, segundo a decisão do Episcopado

em Medellin, deve estar orientado para a

transformação das comunidades de base

em família de Deus. O movimento de

Cursilhos portanto, dentro da sua

finalidade própria, deve participar neste

esforço comum.

15. Na reunião de Grupos deve o

cursilhista encontrar a vivência da

comunhão cristã a que foi chamado.

16. Deve ser a reunião de Grupo,

conseqüentemente, não somente um

núcleo de comunidade, mas mais ainda,

uma verdadeira comunidade cristã.

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f?í"

POLITIKA

kontexto

Os Cursilhos admitem que

não

há miséria igual à da América

Latina. E mostram que

tudo é

solucionado com a

"vivência

de

uma total pobreza

evangélica

CURS/LHO,

VESTIBULAR

DO GOLPE

São responsáveis

pela injustiça todos os que

não atuam para que

haja uma completa justiça.

t:

17. Como comunidade, assim mesmo

está aberta à realidade da Igreja e do

mundo, e há de ser, por sua vez, núcleo

comunitário de verdadeira influência no

mundo e nas comunidades eclesiais de

base.

18. Seu fim, por conseguinte, é ser

fermento comunitário do Evangelho nas

comunidades humanas e nas estruturas

temporais.

19. Deve-se revisar o dinamismo e a

estrutura da reunião de Grupo e fazer as

adaptações necessárias para conseguir que

ela alcance plenamente a sua finalidade,

tendo em conta o seu nascimento,

crescimento e desenvolvimento, bem

como as eondições e circunstâncias das

pessoas que a compõem.

20. Nesta linha de pensamento,

cremos que a dinâmica comunitária da

reunião de Grupo permite a possível

participação de cristãos que não tenham

feito o Cursilho, mas que compartilham a

vivência do cristianismo e seu

compromisso, sobre a base da amizade.

21. O que se disse da finalidade

dinâmica da reunião de Grupo,

excetuadas as diferenças, deverá aplicar-se

também à Ultréya.

22. Para conseguir<se esta abertura

necessita-se de uma mentalização e

conscientização prévias em cada lugar,

iniciando-se este trabalho na Escola de

Dirigentes.

23. Recomenda-se e urge aos

Secretariados Nacionais e Diocesanos que

na Escola e nos demais meios de que

disponham se mentalizem os dirigentes,

estudando os documentos Papais, os do

Vaticano II, os de Medellin, Episcopais de

cada país, e as Conclusões de Bogotá e de

Tlaxcala.

24. Deve o Movimento de Cursilho

dispensar maior atenção à promoção da

mulher, lá onde não o faz, reconhecendo

o seu papel na Igreja e no mundo e o seu

lugar nas estruturas do próprio

Movimento.

25. Convém que as Escolas convidem

técnicos especializados nos problemas

específicos da Pastoral.

26. Visto que a grande maioria dos

nossos irmãos da América Latina vive em

situação injusta de miséria, recomenda-se

aos membros do Movimento, e

especialmente aos dirigentes, orientar a

sua ação apostólica à promoção integral

deles, apoiando-a com a vivência de uma

autêntica pobreza evangélica, em

consonância com os Documentos de

Medellin: "São

responsáveis pela injustiça

todos os tttjr não atuam 'tjn

função da

justiça ilp, plena medida dás suas

possibilidiÍ|Í e permanecem passivos por

temor ao» si^nfícios .. <

27. Quf se celebrem Encontros

latino-americanos de Delegados Nacionais

de CursMos de Cristandade cada dois

anos. Propõe-se que a sede do II

Encontro, em 1972, seja o Brasil, e no

caso de que aceite, recomende-se a sua

organização ao Secretariado Nacional

desse País, que contará para isso com a

ajuda de todos os Secretariados Nacionais

da América Latina.

28. Aprova-se a criação de um

Escritório latino-americano de Cursilhos

de Cristandade que funcionará como

órgão de serviço, de informação e de

comunicação; terá a sua sede no país

onde se celebrar o imediato Encontro de

Delegados Nacionais. Terminado o

Encontro o Escritório mudará a sua sede

ao país onde se celebrará o Encontro

seguinte.

PRÉ—CURSILHO

Reafirmamos serem necessárias as

qualidades que sempre se exigiram dos

candidatos ao Cursilho; mas cremos

necessário insistir em que os candidatos

sejam pessoas maduras, ao menos" em

potência e que possam ser fermentos de

cristandade, com inquietude social.

0> pré-cursilho será preferen temente

uma atividade apostólica de uma

comunidade cristã, porque os homens que

se pretende levar aos Cursilhos devem ser

requisitados e preparados em uma ação

comunitária (trabalho de grupos,

comunidades de base) e em ordem a uma

futura integração em um grupo, para a

vertebração da cristandade.

CURSILHO

Posto que esta visão comunitária

sempre foi algo peculiar ao Movimento de

Cursilhos de Cristandade, este tem direito

de esperar do Cursilho, como método:

Umá mentalização que origine atitudes

novas na piedade, como expressão da

vivência comunitária da salvação, pela

palavra e pelo testemunho.

A decisão de insertar-se em uma

comunidade de amigos (reunião de

Grupo) que o impulsione do grupo à

inserção e compromisso com a sua

comunidade humana e o leve a pasmá-la

como concretização de Igreja.

A decisão de incorporar-se à

Comunidade de Salvação (Igreja), plena e

ativamente.

O pós-cursi!ho deve propiciar o pleno

desenvolvimento desta mentalidade e

assegurar o conseguido no Cursilho,

sobretudo através da Escola de Dirigentes

e da Ultréya.

É necessário que a figura de Cristo,

"Encarnado" no mundo e solidário com o

destino de todos os homens, seja

apresentada com o caráter de Libertador.

Por isso, julgamos que se deve fazer

finca-pé no aspecto da* Igreja como Povo

de Deus, realização histórica desse Cristo

Libertado, insistindo na solidariedade da

sua dimensão humana.

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CURSILHO.

VESTIBULAR

DO GOLPE

Enquanto os que

concluíram

o Cursilho não se incorporam

à comunidade, os dirigentes

ficam como responsáveis pela

perseverança de seus ideais

kontexto

SEDOC

O internacionalismo é

uma de suas dominantes

internacional

Cursilhos de Cristandade

De 17-21 de maio p.p. realizou-se em Tlaxcala

(México) o II Encontro latino-americano

e II Mundial de Secretariados nacionais

de Cursilhos de cristandade. Apresentamos a

seguir as conclusões do encontro que nos

foram mviadas pelo Secretqriado Nacional.

IntroduçAo

0 Segundo Encontro Latino-americano de De-

legados Nacionais de Cursilhos de Cristandade,

em cumprimento à recomendação do Primeiro

Encontro realizado em Bogotá, em agôcto de

1968, continuou a reflexão iniciada naquela

ocasião, à luz das experiências havidas e do es-

pirito das decisões pastorais tomadas pelo Epis-

copado Latino-americano.

Os Documentos de Medellin, inspirados no

Concilio Vaticano II, sâo o testemunho de uma

Igreja que toma consciência do mundo em que

vive e no .qual quer encarnar-se como fArça

transformante e libertadora.

Neste espirito, o encontro aceita plena e cons-

cientemente o seu compromisso na ação da Igre-

ja no mundo, como agente da pastoral

segundo

a sua essência própria e finalidade; preocupa-

do com os bispos da América Latina em seu

esfôrço por transformar as comunidades em fa-

mflia de Deus, empenha-se na promoção de um

laicato adulto, plenamente comprometido na or-

denação do mundo com o espirito do Evangelho.

Fruto desta reflexão sãos os seguintes:

abstenção momentânea da ação, por impôs-

sibilidade de esperar-se um resultado adequado.

Muitos outros aspectos importantes devem ser

objeto de estudo profundo no pré-cursilho, com

vista ao pós-cursilho.4. Deve-se procurar, a partir do pré-cursilho,

a possibilidade de que os candidatos sejam

apoiados no seu peregrinar do Quarto Dia. Deve-

se programar, portanto, o mais breve possível,

a assistência ao Cursilho de outros candidatos

do mesmo ambiente.

5. Não se deve passar em silêncio a importán-

cia de selecionar também elementos que, ainda

que não estejam comprometidos na mudança,

tenham um potencial que os faça capazes de en-

contrar a sua vocação pessoal de compromisso.

6. E* finalidade dos Cursilhos a cristianização

dos ambientes, e como a tendência do homem

moderno é associar-se em grupos eleitos livre-

mente e não em grupos territoriais, deve dar-se

preferência às comunidades ambientais, que em

muitos casos podem coincidir com comunidades

paroquiais ou territoriais.

7. E' necessário que no Cursilho se evidencie,

por atos, atitudes e palavras que seus próprios

carismas suscitem, o testemunho individual e I

coletivo da Equipe comprometida, para se tornar

comunitários êsses carismas.

8. Para assistir a um Cursilho, são requeri-

dos a preparação, constantemente renovada, dos

dirigentes (sacerdotes e leigos) e o seu teste-

munho dentro e fora do Movimento^ bem como

a manutenção viva e atual da dinâmica do

Cursilho.

9. Recordamos aqui que no Encontro de Bo-

?.mKAm M Iàt » mi f»rnm»nHarin In-

O compromisso social

do cursilhista não é

entrave ao movimento

Afirmamos, por isso, que o Movimento

de Cursilhos pretende realizar uma

conversação evangélica pessoal do

cursilhista. Quer dizer, visa a reestruturar

toda a sua vida sobre o verdadeiro eixo,

que deve ser Jesus Cristo Ressuscitado em

seu Mistério Pascal, e, dessa maneira,

integrá-lo consciente e responsável mente

na história da salvação, bem como

projetá-lo, como Homem Cristão, na

construção do mundo novo, que seja

autêntica comunidade de amor.

Com relação a esta comunidade de

amor, é necessário insistir sobre a

urgência de se viver uma escala dé valores

real e cristã, visto que, não se dando isso,

correríamos o perigo de desenvolver o

individualismo. No desenvolvimento da

nossa escala de valores tornaremos

possível captar mais facilmente os sinais

dos tempos, e ao interpretá-los e vivê-los,

desenvolveremos uma comunidade

solidária e cristã.

0 movimento de Cursilhos terá que

buscar o equilíbrio entre a pessoa e a

comunidade.

PÓS-CURSILHO

0 Movimento de Cursilhos de

Cristandade sempre procurou colaborar

com a ação de toda a Igreja na promoção

de comunidade cristã; não obstante, a sua

colaboração tem sido limitada por

algumas deficiências, como, por exemplo,

o fenômeno dos grupos fechados, em

situação de "ghetto",

as reuniões de

Grupos e Ultréya exclusivamente como

meios de perseverança, sem projeção

comunitária, etc.

Para evitar tudo isto, sem

comprometer a essência, finalidade e

método do Movimento, deve-se melhorar

a atitude de solidariedade, mentaiizando e

conscientizando os cursilhistas e,

especialmente os dirigentes, acerca^ da

produção do homem, da consolidação e

espiritualidade da sua própria família e da

dos outros e do compromisso com os

irmãos em todos os planos, assim como

também acerca da colaboração e serviço

nas campanhas de caridade e de

apostolado, inclusive no nível

internacional.

Todavia, o compromisso social do

cursilhista não deverá ser tanto fruto de

uma motivação exterior, como de uma

tomada de consciência do seu

compromisso e união com Cristo. A

projeção social não é um objetivo, é uma

conseqüência do compromisso batismal.

Não é praticamente o Movimento de

Cursilhos de Cristandade, como

instituição, mas o cristão é que deve

tomar o seu compromisso dentro do

temporal.

Reconhecemos que muitas das

deficiências que se notam no Pós-cursilho

se devem principalmente à mentalidade

de alguns dirigentes, como conseqüência

de uma visão defeituosa da Pastoral e da

Igreja e das realidades e problemas do seu

mundo.

Por isso, a Escola cuidará da sua

formação cristã integral, ao mesmo tempo

que da formação como dirigentes do

Movimento, visto que este será o que

forem aqueles.

Os dirigentes devem-se responsabilizar

pela perseverança dos que assistiram ao

Cursilho, durante o tempo prudencial,

enquanto se incorporam plenamente em

sua comunidade cristã.

A perseverança específica, dentro das

estruturas do Momento, não esgota a

autêntica vida comunitária do cristão que

participou de um Cursilho, nem

tampouco as responsabilidades do próprio

Movimento; em razão do que, temos que

aceitar que a Ultréya é uma comunidade

de educação na fé e de transição, para

viver em íntima colaboração como as

estruturas eclesiais, numa ação pastoral de

conjunto. Nesta linha de pensamento,

cremos que a dinâmica comunitária da

reunião de Grupo e da Ultréya (salvas as

diferenças) permite a possível

participação de cristãos que não tenham

feito o Cursilho, mas que compartilham a

vivência do cristianismo e seu

compromisso, sobre a base da amizade.

Nos pós-cursilhos, o mesmo que no

Cursilho, deve-se motivar para fomentar

Comunidade Eucarística, tendo-se como

linha mestra a sacramentalidade da

comunidade. O Povo de Deus, não

somente é conduzido e invisivelmente

sustentado pelo Espírito de Cristo, senão

que, ademais, segundo a vontade de seu

Fundador, tem que formar uma

verdadeira família visível.

"Deve-se

patentear o que todos viam na primeira

comunidade cristã: que eram um só

coração e uma só alma. Isto exige que na

Cristandade Católica, pequenas

cristandades se reúnam ao redor da Mesa

Eucarística, para viverem a unidade e para

comunicarem essa unidade de amor.

RECOMENDAÇÕES

Suscite-se uma renovação progressiva

de esquemas e "rollos"

à luz do Vaticano

II, das Conferências Episcopais.

Encontros Mundiais de Cursilhos,

j tendo-se em conta os ambientes,

circunstâncias e necessidades da Igreja em

cada país. Para acertar nesta adaptação

importa conhecer a fundo o fundamental,

o importante e o acidental. É isto uma

atribuição dos Secretariados Nacionais,

que pode ser aquilatada em encontros

internacionais, procurando suscitar o

desenvolvimento na identidade da

essência, finalidade e método.

Sejam tidos mais em conta no

pré-cursilho os operários, camponeses e

jovens, porque ao conviverem e

compartilharem as vivências do Cursilho

podem contagiar com eficácia as

inquietudes que eles vivem na própria

carne.

Promocione-se, dentro do Movimento,

onde isto não se faz, e com especiaí

atenção, a mulher, reconhecendo o seu

papel na Igreja e no mundo e o seu lugar

nas estruturas do próprio Movimento.

Insista-se em manter, em face á

tendência dessacralizadora, as formas

externas de espiritualidade em todas as

manifestações e atos do^Moyimento.

Impulsionem-se as comunidades de

base territoriais ou ambientais, através de

reuniões de Grupo e Ultréyas.

Faça-se nas Escolas um sério e

profundo estudo do conteúdo dos

"rollos" e da sua concatenação, a fim de

conseguir uma melhor e mais clara

consciência da dimensão comunitária da

Salvação. Assim poderão os dirigentes

transmitir esta atitude ao nível de

vivência em Ultréyas, reuniões de grupos

e contatos pessoais.

Capacite-se aos dirigentes para que

saibam interpretar os sinais dos tempos,

pondo uma atenção especial na reflexão

sobre o tema da Graça em relação com as

realidades terrestres (cultura, trabalho,

economia, etc.)

Procure-se, para se obter melhores

frutos, facilitar tudo o que leve o

Movimento a uma comunicação maior

com o seu meio ambiente e evite-se tudo

o que tenda a isolá-lo ou encerrá-lo em si

mesmo.

Os frutos do Encontro requerem de

todos:

Progressiva conversão pessoal e

estrutural.

Renovação de mentalidades,

atitudes e condutas.

Maior espírito de abertura e

compromisso, características todas da

Igreja de hoje.

Tlaxcala — México, 21 de maio de 1970.

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POLITIKA

8konjuntura

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O governador indireto, feito

sob medida para acabar com asucessão de crises, não teve

sua missão cumprida em Natal.

Cortês é o próprio crisófilo.

Santana

Junior

DESCORTESIAO governador indireto

é o Menino Jesus nacional:

veio para trazer a paz."Glória à ARENA em

Brasília e paz nos Estados

aos correligionários deboa vontade.

"Só que o

Menino Jesus nacionalfalhou. Não trouxe a paz.

Trouxe a crise. Sem estrela

do Oriente e sem ReisMagos, trouxe a crise.

E que crises!

Cortês Pereira, governadordo Rio Grande do Norte,

por exemplo. Não tem

ainda um ano deadministração, mas já teve

oportunidade de mostrar

que é um crisófilo:

tem a crise nas veias.

BflflflftV^fl «fll.

Cortês Pereira

O Menino Jesusde Natal sem paz

Começou com inescondfvel delírio «de grandeza. Achava-se capaz dedominar as forças internas e desencontradas da ARENA e esmagar os

adversários — a maior parte deles refugiada no MDB, através da liderança

do deputado federal Henrique Eduardo Alves.

Em almoço com os repórteres políticos, Cortês não foi cortês com seu

ex-adversário, deputado federal o governador do Rio Grande do Norte,

Aluízio Alves. Perguntado o que achava da declaração do governador de

Pernambuco, Eraldo Gueiros, ex-procurador e ex-Ministro do Superior

Tribunal Militar, que, no mesmo local e em almoço semelhante, citara

como uma das injustiças da Revolução a cassação dos direitos políticos do

sr. Aluízio Alves, respondeu peremptório e dogmático:

- Osr. Aluízio Alves está morto. E eu não trato de pessoas mortas."Não significava sinal de vida, para Cortês, a circunstância de o filho do

ex-governador, com 21 anos de idade, estudante, sem dinheiro, ter obtidomais de 70 mil votos em duzentos e poucos dias, ou seja um cada trêsvotos, numa eleição proporcional, fato inédito na história política doBrasil.

Cortês Pereira estava no auge de seu poder e de sua gloria. Mas, as coisasassim muito esplendorosas não costumam durar muito. Talvez Cortês jáesteja aprendendo essa lição. Pois tem vários motivos para aprendê-la.

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POLITIKA

O Menino Jesus

de Natal sem paz

Os economistas ensinam quecustos diretos são muito mais

inflacionários que os custos

indiretos. Em política, não. E

o país está pagando caríssimo

9konjuntura

Os governadores indiretos estão aí para provar

que o povo

é o melhor

conselheiro- 0 primeiro foi a demissão do

major Ronaldo Leite do comando

da Polícia Militar. Riograndense do

Norte, com largo prestígio na Guar-

nição Militar, acreditou nas inten-

ções superiores do novo Governo.

Em menos de 6 meses, largava a

Polícia em protesto aos processos

da politicagem e voltou à corpora-

ção militar, após atuação isenta.

- Outra crise estourou na Gua-

nabara: o jornalista Fernando Luís

da Câmara Cascudo, que concor-

dará em chefiar o escritório do Es-

tado no Rio, para transformá-lo

num pólo de irradiação e prestígio,

também não suportou as intrigas

que foram envolvendo o governo de

Cortez.

- Felinto Rodrigues, diretor

do Serviço Nacional do Teatro,

aceitara ser presidente de um órgão

estadual de turismo. Quando se pre-

parava para assumir o posto, Cortez

assina um contrato que onerava a

nova organização em um milhão de

cruzeiros para um escritório desço-

nhecido estudar a viabilidade do

turismo no Rio Grande do Norte.

Estava provado, aí, que Cortez Pe-

reira ia viver de crises, e sem saber

resolvê-las.

- Na correnteza, explodiu a

crise maior: um auxiliar de Cortez

agrediu em um restaurante o ho-

mem de sua maior confiança, Secre-

tário de Finanças com carta branca,

espécie de primeiro secretário do

governo, com o agravante de ter de-

sacatado o secretário e sua mulher,

em meio ao estarreci mento geral.Cortez ficou fazendo apelos aosHnic 1 Inr» oorn pr.rir.lir r>c rlocofnm .vjwio. Oiii, |juiu onywici >_/»> uv_jUlwlu>J|

ajudado pela mulher, ferida na sua

honra. Outro, para evitar novas ce-

nas daquele tipo.

0 Secretário de Finanças, Aris-

tides Braga, foi embora para seu

posto no Banco do Nordeste, com

mais dois auxiliares técnicos, masrompido com o governador. Estásubstituído, até hoje, interinamen-te, sem Cortez encontrar saída.

Vindo ao Rio, e perguntado pelascrises, deu uma de falso poder:

- Não há crise. Tenho, agora, umsecretariado homogêneo e ccmpe-tente.

5 - E voou para Natal. 24 horas

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depois, o prefeito da Capital, Ubi-

rata Pereira Galvão, sobrinho legíti-

mo de Cortez, filho de uma sua

irmã, entrega-lhe o cargo irrevoga-

velmente, porque não quer admitir

interferências familiares na adminis-

tração. E sai do governo acusado

pelo tio de ser "instrumento

hábil

da oposição".

A substituição foi uma novela. A

cidade passou 20 dias, inclusive du-

rante o carnaval, sem prefeito, a

administração entregue à matroca.

O substituto legal era o vereador

Gilberto Rodrigues, do MDB. O

governador não deixou que ele assu-

misse, retardando a publicação da

demissão, até encontrar o substitu-

to, que saiu de outro setor, por in-

dicação familiar, em nada fortale-

cendo o governo.Perdeu o prefeito, que era o pon-

to alto de sua administração; per-

deu*a amizade do sobrinho; deixou

a cidade sem prefeito quase um

mês, e, no fim, transferiu de uma

repartição para outra o novo prefei-

to, que tinha as graças domésticas.

Este já revelou o alcance do tiro:

convidou um advogado para chefe

da Casa Civil, que aceitou, ex-verea-

dor pela cidade de Natal. Depois de

uma semana, mandou chamá-lo e

disse que o governador achara boa a

escolha, mas exigia uma carta em

que o advogado dissesse que já nao

pertencia ao MDB. O homem re-

cusou-se. Foi desconvidado.

6 - Em meio a isto, outro secre-

Aloisio Alves

tário deixa o governo: o de Águas e

Esgotos, engenheiro conceituado jia

cidade. Não suportara as interferên-

cias domésticas, e, sobretudo, os

desmandos do irmão do governa-

dor, que é diretor administrativo,

um dos 13 parentes próximos no-

meados por Cortez para o primeiro

e o segundo escalão do Governo.

7 - A essa altura, não sabemos se

o Cortez ainda fala com a arrogân-

cia inicial. Até porque, nesse inte-

rim, houve uma "prova

de povo". O

município de Arez foi sempre

domínio tradicional dos grupos que

formam a Arena. O MDB pratica-

mente não existia. Apresentou,

quase por simbolismo, dois cândida-

tos a prefeito e vice-prefeito, que

haviam sido derrotados fragorosa-

mente para vereadores, há dois

anos. A tônica da campanha foi o

governo Cortez. Com surpresa até

para os candidatos do MDB, o go-

verno foi esmagadoramente derrota-

do. Em pouco mais de 1.000 votos,

a derrota foi de algumas centenas.

8 - Agora, Cortez Pereira terá

umas explicações novas a dar ao

ministro Andreazza, ao sr. Eliseu

Resende, ao Ministério da Fazenda,

a todas as autoridades federais que

concordaram em delegar recursos

da União, e, ainda, em avaliar em-

préstimo de 5 milhões de dólares

para Cortez Pereira aplicar na BR

227, no RGN.

A história é contada por um en-

genheiro, Luís Jorge, diretor de

Obras e Operações do Departamen-

to Estadual de Estradas de Roda-

gem. Foi chamado pelo Diretor Ge-

ral para acrescentar nas folhas de

pagamento, 600 mil cruzeiros que

se destinavam a pagar juros por fora

do empréstimo em dólares. Re-

cusou-se. Viu-se na contigência de

afastar-se do cargo em comissão, ls-

to foi em junho de 71.

Pois agora verifica o engenheiro

que as folhas de pagamento haviam

sido inchadas, não em 600 mil, mas

em CrS 2.715.000,00. Ou seja, 10%

do total do empréstimo. Vai ver

como foi. Da primeira à 6a. medi-

ção, os custos de transporte de ma-

terial eram de uma distância média

de 4 quilômetros. Distância real.

Pois, na 7a. medição, os 4 quilôme-

tros passaram a 8, como se a terra

fosse de borracha. E mais: com

luxos retrospectivos, pois, para a

conta chegar aos dois milhões e se-

tecentos mil e quinze cruzeiros, foi

necessário aumentar a distância des-

de a primeira medição, ou seja, nas

7 medições. O homem, escandaliza-

do, pôs a boca no mundo, e come-

çaram as investigações. Em que

estão essas investigações, ministro

Andreazza? Que nos diz a dr. Eli-

seu Resende?

E há outras investigações. Mas,

até agora, elas vão ficando em

algum esconderijo protegido de

algum órgão governamental. Vez

por outra, aparece uma luzinha: o

juiz de crimes em Natal manda fa-

zer perícia e pede certidões de óbi-

to e sepultamento. . . Os rumores

aumentam e os inquéritos voltam

ao silêncio que convém a um gove-

rno indireto que, a esta altura, tal-

vez tenha que se preocupar com ou-

trás mortes - e verdadeiras - que

não as dos seus adversários. Ou em

sair da prisão familiar, que dia^a dia

escraviza o governo a conveniências

e interesses que terminarão por con-

duzí-lo a um beco também indireto.

E sem saída.

Os economistas ensinam que os

custos diretos são muito mais infla-

cionários que os custos indiretos.

Em política, não. O País está pagan-

do custos indiretos que nunca ima-

ginou. Os governadores indiretos

estão aí provando que o povo é

sempre o melhor conselheiro. No

mínimo, o povo sabe que a paz

pode até não vir pela estrela dos

três Reis magos. Mas sabe que ja-

mais viria pelo telefone de Brasília.

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POLITIKA

IOekonomia

Os governadores da área do

polígono das secas perderam o

direito de discutir e aprovaros programas de aplicações de

recursos da SUDENE na região

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Hélio

Duque

ESPOLIAÇÃOJA NÃO HÁ COMO NEGAR: 0 ESVAZIAMENTO DA SUDENE

Ê UM FATO. FORA DE DISCUSSÃO. NUMA DAS

SUAS ÚLTIMAS REUNIÕES, 0 SEU CONSELHO

DELIBERATIVO, QUE Ê INTEGRADO, ENTRE OUTROS,

PELOS GOVERNADORES DOS ESTADOS NORDESTINOS

E MAIS 0 DE MINAS GERAIS, POR TER GRANDE

PARTE DE SUA REGIÃO NORTE NA ÁREA DO POLÍGONO

DAS SECAS, RECEBEU 0 GOLPE FINAL. OS CHEFES

DOS EXECUTIVOS NORDESTINOS JÁ NÃO TÊM MAIS

O DIREITO DE DISCUTIR E APROVAR PROGRAMAS

DE APLICAÇÕES DE RECURSOS NA REGIÃO. TODOS

ESSES PODERES FORAM ENFE/XADOS NAS MÃOS

DO SUPERINTENDENTE DO ÕRGÃO.

,

O SUL ESTAEXPLORANDO

O NORDESTEO tradicional

"O Estado de S. Paulo", no seu editorial de 7-3-72, vê assim essa medida:

"Não há como negar o risco de agravar-se o

esvaziamento da SUDENE. Não há a menor dúvida que esse esvaziamento é um fato. Não exageraremos em afirmar, até, que a SUDENE éhoje um órgão sem maior poder de decisão e que sua crescente inanidade entremostra há já alguns anos, o seu enfraquecimento político,mas também a evasão de técnicos, responsável pelo clima de apatia e indiferença que nela reina, agravado ainda pela indicação, para seus ^

principais postos, a partir da própria superintendência, de pessoas desprovidas de maiores conhecimentos técnicos, econômicos ou dos mais ™simples problemas regionais .'Esse esvaziamento do órgão que deveria ser o responsável pela política de planejamento governamental na regi-

So, não se circunscreve apenas ao episódio lembrado pelo "Estado".

Ele vem se processando de maneira gradativa. Por exemplo, no mo-

mento em que o governo federal adotou uma série de medidas para a região, nem ao menos consultou aquele organismo.

*-**#.

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POLITIKA

0 SUL ESTA

EXPLORANDO

O NORDESTE

O esvaziamento da SUDENE

começou com a diminuição de

sua autonomia e prosseguiu

com o desvio de seus recursos

para outros órgãos regionais

ekonomia

A disparidade de níveis de renda existente

entre o nordeste e o centro-sul é o

problema

É o caso da Transamazônica, que

terá parte dos recursos da sua cons-

trução carreados da região, portan-

to retirados dos incentivos fiscais; o

Reílorestamento; o Turismo regio-

nal; a Pesca; e o Proterra.

Configurava-se assim no próprio

procedimento do governo

federal

uma forma de ação de ignorar a

existência da SUDENE.

Necessário se torna recordar que

a SUDENE foi criada em seguida a

uma seca dizimadora e de um nú-

mero enorme de gritos e protestos

contra a situação de atraso e de

subdesenvolvimento em que se en-

contrava o Nordeste, em relação ao

País. 0 descompasso era, como ain-

da hoje o é, flagrande entre o Nor-

deste e o Centro-Sul. Enquanto

aquele ficava mais pobre, mais sub-

desenvolvido, o que quer dizer mais

miserável, no outro ocorria exata-

mente o contrário. E foi assim que

uma consciência nacional pela re-

denção do nordeste foi criada. No

entender de muitos até mesmo

como um fundamento de segurança

nacional. Já que uma região em

processo de empobrecimento e uma

outra em processo de enriquecimen-

to poderia causar inquietações in-

temas.

0 grupo de trabalho que foi res-

ponsável pela sua constituição e que

tinha no então economista Celso

Furtado seu coordenador afirmava:"A

disparidade de níveis de rendas,

existentes entre o Nordeste e o

Centro-Sul do País constitui, sem

lugar de dúvida, o mais grave pro-

blema a enfrentar na etapa presente

do desenvolvimento econômico

nacional".

Daí nasceu a SUDENE, como

objetivo maior de fazer com que o

nordeste crescesse harmonicamente

com as outras regiões brasileiras. E

data de então, os incentivos fiscais,

notadamente, o 34/18. Sem dúvida,

esse mecanismo foi responsável pela

canalização de recursos para a re-

9>ão, numa primeira etapa. Mas

numa segunda etapa, iniciou-se a

fase de mutilação do 34/18. E al-

9uns dos recursos que era canali-

zados para a região são desviados

para outros setores igualmente con-

siderados pelo governo como priori-

tários. E assim o esvaziamento foi

se estendendo no que diz respeito à

aplicação de recursos na região.

Agora, apenas 50 por cento dos

recursos provenientes dos incenti-

vos fiscais são aplicados na região.

O desenvolvimento da indústria

hoteleira, o incremento da pesca e a

necessidade de renovação contínua

das reservas florestais consumidas

pelo parque industrial absorverão

nos próximos anos os 50 por centos

dos recursos que ainda estão livres.

Dos 50 por cento restantes, 30 por

cento serão aplicados obrigatoria-

mente noPIN (Plano de Integração

Nacional, avultando aí as rodovias

amazônicas, mais particularmente a

Transamazônica), ficando para o

Nordeste, nada mais que o -saldo

final de 20 por cento. Pode-se mes-

mo verificar que à Amazônia está

atribuída soma de recursos bem j

mais significativo do que a que foi

-

posta à disposição dos nordestinos,

pois na Amazônia residem aproxi-

madamente 8 milhões de brasilei-

ros, já no Nordeste residem 30 mi-

Ihões de brasileiros.

E mais: há pouco tempo o Banco

do Nordeste comprovou que dos

incentivos fiscais destinados à

SUDENE, entre 10 e 25 pór cento

ficam nos Estados sulistas, onde

estão as matrizes das empresas fi-

nanciadoras e beneficiárias do abati-

mento de tributos, com os escritó-

rios de captação de recursos. Os

próprios setores oficiais revelaram,

ainda, que certas agências de capta-

ção de recursos cobram uma taxa

nunca inferior a cinco por cento do

total de investimentos projetados, a

título de serviços prestados e despe-

sas realizadas. Outros estudos feitos

no Nordeste, inclusive por governos

estaduais revelaram que o Imposto

de Circulação de Mercadorias tam-

bém atua contrariamente aos inte-

resses nordestinos.

Como sabem os entendidos cm

tributação, foi o sr. Roberto Cam-

pos um dos inspiradores da nossa

reforma tributária. As vendas passa-

ram a ser tributadas, a partir de

então, com o ICM o qual incide,

sobre a diferença de preços, de

compra ® venda, de um mesmo

produto num estabelecimento.

Quando uma fábrica efetua uma

venda para um comprador de outro

Estado, a mesma é tributada em 1 b

por cento e o imposto pago pelo

consumidor do Estado é recolhido

pelo Estado exportador.

Com essa sistemática criou-se o

paradoxo dos contribuinetes dos

Estados mais pobres recolherem im-

postos para os Estados mais ricos,

os quais se tornam mais ricos. Se-

gundo a Fundação IBGE, o Nordes-

te exportou em 1969 um total de

CrS 373.622.000 e importou Cr$

2.553.376.000 dos Estados do

Centro-Sul. Calculando o ICM cor-

respondente, encontramos:

ICM pago pelo Nordeste

ao Centro-Sul Cr$ 383.006.400

ICM pago pelo Centro-Sul

ao Nordestte Cr$ 56.043.300

Diferença Cr$ 326.963.100

Isso vem a significar recursos dre-

nados da região pobre para a região

rica. Nesse mesmo ano o Noreste

recolheu sob a forma de incentivos

fiscais, inclusive a sua própria con-

tribuição, o total de CrS

456.682.000 valores em cruzeiro no

mesmo ano.

Continuando no nosso raciocí-

nio, se retirássemos o artigo 34/18

advindo do próprio Nordeste, o

valor dos incentivos fiscais da região

Centro-Sul, investido lá deve-ficar

em torno de Cr$ 388.000.000

Valor equivalente ao que o Nordes-

te pagou de ICM, no mesmo ano.

São dados oficiais, que compro

vam uma crescente espoliação da

região pobre pela região rica sob o

ponto de vista jurídicô-econômico.

E isso fica acrescido então de um

novo ingrediente: o esvaziamento

dos órgãos que teriam que coorde-

nar e planejar o desenvolvimento

regional.

Esse esvaziamento iniciou-se

quando o superintendente da

SUDENE perdeu a condição de su-

hordinado diretamente ao Presiden

te da República. Quando da sua

criação, além de estar subordinada

ao poder central o seu superin-

tendente tinha um "status"

de mi-

nistro de Estado. Com o advento da

Revolução, o órgão iniciara sua fase

aguda de esvaziamento, perdendo

numa primeira etapa, a subordina-

ção ao Presidente da República,

passando a ligar-se ao Ministro de

Coordenação de Organismos Regio-

nais, hoje Ministério do Interior.

Acreditamos que por ser um órgão

de planejamento, o setor em que

deveria se subordinar à SUDENE

devesse ser o Ministério do Planeja-

mento.

Essa simpies subordinação redu-

ziu os seus poderes. Passou a ser um

dos órgãos a mais que tem atuação

sobre toda a problemática regional,

em setores específicos. A exemplo

do Departamento Nacional de

Obras contra as Secas, da Comissão

do Vale do São Francisco, etc. Al-

gum tempo depois, a criação do

Grupo Especial de Racionalização

da Agro-lndústria Canavieira do

Nordeste, foi outra forma de esva-

ziamento. Aliás esse órgão,

GERAN, foi extinto recentemente,

após ser consagrado quando do seu

surgimento como o verdadeiro sal-

vador da economia açucareira regio-

nal.

Nesse tento processo de esvazia-

mento da SUDENE, os Planos Dire-

tores do Nordeste desapareceram e

em seu lugar surgiu o plano de

Desenvolvimento Regional, enqua-

drado nos princípios emanados do

Ministério do Planejamento. Mais a

frante, diante da frágil atuação do

organismo no setor agrícola, o go-

verno lançou o PROTERRA, alte-

rando a política agrária regional. E

a SUDENE só tomou conhecimento

quando o fato estava oficializado.

Em 1972, em fevereiro, ocorreu

o lançamento do PROVALE, alte-

rando a programação da SUDENE

para a região banhada pelo Rio São

Francisco. E mais uma vez, a

SUDENE fora marginalizada.

No entender de diversos técnicos

em planejamento, a existência da

SUDENE após esses fatos, perdera a

sua razão de ser, como órgão de

planejamento econômico do Nor-

deste e, até mesmo, como órgão de

planejamento do qoverno federal.

Temos, portanto, que constatar

que a resolução última do órgão

retirando o poder de atuação dos

governadores e outros membros no

seu Conselho Deliberativo, foi um

capítulo a mais na marginalização

da SUDENE, que após 12 anos se

vê reduzida quase que à condição

de órgão indesejado.

Enquanto isso, sua missão funda-

mental que é superar o subdesenvol-

vimento nordestino vai sendo es-

quecida e relegada a uma posição

secundária. Até quando?

¦

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POLITIKA

Segurança e

Insegurança

Com a explosão da refinaria de

Duque de Caxias, o município não

é mais considerado como área de se-

gurança. Os moradores das redon-

cfezas esrôb focfos se mudando. £ a

insegurança. £ a insegurança. Nin-

guém segura mais o caxiense.

Meu Deus,

que seja

O governo, ao que tudo indi-

ca, resolveu segurar o touro da

inflação pelos cornos. Só mere-

ce aplausos pela disposição.

Ainda mais que a nossa infla-

ção tem fôlego de sete gatos. E

se alimenta por sete mil bocas,

nem todas visíveis.

Vejam o caso do crédito di-

reto ao consumidor. Consumi*

dor, como todo manual de eco-

nomia explica, é aquele que é

consumido pela inflação. Pois o

consumidor de bens ditos durá-

veis tem duas inflações em ei-

ara dele: a propriamente dita e

a do crédito direto. £ na hora

do crédito direto que o consu-

mi dor se estrepa e o país se en-

rola Como?

É fácil de ver. No ano passa-

do,*o PNB cresceu 11,3 por

cento e a inflação oficial foi de

18,5 por cento. Digamos que a

economia, infiacionada, cres-

eeu 29,8 por cento. Pois bem:

o crédito direto ao consumi-

dor, segundo revelações ofi-

ciais, cresceu mais de 100 por

cento. Uma diferença brutal.

Se o crédito direto cresceu 10

vezes mais do que a produção

(11,3%), é sinal de que ele, nes-

se período, financiou a própria

inflação, isto é, financiou mais

títulos (vencidos) do que novos

objetos de consumo.

O presidente disse que, a

partir de 31 de março, a luta

contra a inflação tomaria outro

aspecto. Para valer. Só dizendo

como Casimiro de Abreu:"Meu

Deus, que seja já".

Os médicos

explorados

Os médicos cariocas que tra-

balham para a SUSEME estão

reclamando. Dizem que seus

vencimentos são aviltantes —

recebem três salários-mínimos

regionais para um horário que

prevê de duas a quatro horas

diárias — o que lhes obriga a

constantes pulações, para en-

contrarem o decantado equilí-

brio orçamentário. Existem ca-

sos, por exemplo, de profissio-

nais que lecionam na parte da

manhã, em Faculdades, traba-

lham à tarde nos hospitais e co-

brem o horário noturno com

mais algumas aulinhai. Ora, mi-

nha gente, qual poderá ser o

aproveitamento desse pessoal,

em qualquer de suas atividades,

uma vez que eles não têm, se-

quer, tempo para prepará-las.

Afinal, esse negócio de lidar

com a vida dos outros é uma

coisa, parece, que merece

maior respeito. Mas o nosso

amigo Antônio de Pádua Cha-

gas Freitas não pensa assim. E a

situação persiste.

Já temos

candidato

Mediei mandou o reca-

do: é um desserviço ao

país e, sobretudo, ao regi-

me a discussão prematura

da sucessão presidencial.

Concordamos. Nós aqui no

POLITIKA já temos o nos-

so candidato e não admiti-

mos que surja outro.

Assim sendo, é melhor que

o debate seja encerrado lo-

go. Antes de começar.

Falar com

tamboretes

S/A do 4B

"Depois

que o Brasil

deixou de ter vergonha de

ser um País capitalista, tu-

do vai", disse o ministro

Delfim Neto no grande

banquete com que o Jor-

nal do Brasil lançou um su-

plemento econômico inti-

tu lado (ó tempos! ó costu-

mes!) BRASIL S.A.

A festa, com o motivo e

os convidados, transfor-

mou-se numa situação-sím-

bolo. O governo, represen-

tado por três ministros da

área econômica, serviu de

avalista a uma picaretagem

de longo curso. Um suple-

mento em que as empre-

sas, quase compulsoria-

mente, transferiram ao jor-

nal da condessa mais de

dois bilhões de cruzeiros.

E em que as autoridades

econômico-financeiras,

também quase compulso-

riamente, escreveram arti-

gos mais ou menos óbvios,

sobre o BRASIL S.A., isto

é, sobre o . país olhado

como engrenagem comer-

ciai, explorado publici-

tariamente como se fosse

uma marca de sabonete ou

de papel yes.

Não temos mais vergo-

nha do nosso capitalismo,

disse o ministro. E mais dó

que disse, provou.

Arena compra

o POLÍTIKA.

Queda

ministerial

O ministro Mário

Gibson Barboza caiu do

cavalo. Machado de Assis

dizia que é preferível cair

das núvens do que do ter-

ceiro andar. Pois nós dize-

mos que é preferível cair

do cavalo do que do Minis-

tério. Bom ginete ministe-

rial, Gibson revelou-se um

mau administrador de

montar ias.

O pior é que o ministro

quebrou uma perna (logo a

direita) e, segundo os pri-

meiros telegramas, parece

ter afetado a bacia.

Até que ponto a queda

ministerial, por sua vez,

afetará a diplomacia brasi-

leira, é o que veremos. Pois

do jeito que está o minis-

tro não poderá tocar se-

quer nos problemas da Ba-

cia do Prata.

O leitor menos avisado

poderá pensar que esta foto

foi encomendada. Mas não

foi. Ela veio do Serviço de

Imprensa da Secretariado

Interior do Estado de São

Paulo. E é a demonstração de

que POLITIKA é aquele

negócio: os 1.400

convencionais da Arena

portavam, como não poderia

deixar de acontecer, seu

exemplarzinho do jornal.

Era a demonstração, que se

tornava por demais óbvia,

de nossa penetração.

Estamos penetrando, cada

dia, mais um pouco. O que

é bom. Em tempo: da

Convenção da Arena de São

Paulo, foi reeleito o

deputado estadual

Salvador Julianelli.

bacia

das alma*

No já célebre banquete do Bra-

sil S.A., Roberto Campos

(BIG-Univest) e Marcí/io Mar-

ques Moreira (União de Ban-

cosj encontraram-se. Marcílio

elogiou o bom aspecto do ex-

ministro do Planejamento.

Campos, numa clara alusão à

fusão Bradesco-União de Ban-

cos, fez blague: "Como?

Você

ainda fala com tamboretes? ".

Por falar em fusões, uma das

bombas do Brasil S.A. é a pro-

palada (nos bastidores) fusão

Banco Nacional de Minas Ge-

rais — B/G Univest. Magalhães

Pinto que, no governo Costa e

Silva, lutou para

"humanizar"

a política econômica de Cam-

pos, teria oportunidade, com

essa fusão, de "humanizar"

os

juros de seu complexo bancá-

rio.

¦mi

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Editorial

SÔ QUERIA LEMBRAR QUE, DESDE QUE O V/SCONHF df /IDIir*iia t c»Â ¦»

ESCREVEU 0 TRATADO DE DIREITO ADMINISTRATIVO OU QUEMULn pflhn eu ,00»

PUBLICOU SEU MAGNÍFICO ENSAIO RETRATO DO BRtólL

DOS TRAÇOS CARACTERÍSTICOS DE UM CERTO TIPO DE BRAU?F!Rn fSliZfa ha >

IMITAÇÃO. DA IMITAÇÃO GERAL OU DE MODELOS JÁ OBSOI^TOS^MAL^OMPRFF/jnmnv

OU INSUFICIENTEMENTE DIGERIDOS. POR EXEMPLO COPIAR MODELOS np /nur^rln

REVOLUCÃO^ÍBERN^VCAENn^FvÁ^n1^57^'^' QUANDO NOSSO TEMPO ÊO DA

REVOLUÇÃO C/BERNET/CA E NOSSO ESPAÇO Ê O BRASIL(MARCÍLIO MARQUES MOREIRA).

POLI TI K A

bada

ydasalmas

Solidão

remunerada

0 governador Euclides Tri-

ches esteve no Rio, almoçou

com os repórteres políticos,

elogiou o presidente Mediei, su-

biu ao Pão de Açúcar, enfim,

fez todas as coisas que se reco-

mendam a um turista político.

Na sua ausência, o vice-gover-

nador Edmar Fetter assumiu o

governo, como manda a Consti-

tuição do Estado. A Arena gaú-

cha, depois dessa viagem, está

pacificada. Sim, amigos, por-

que o grande problema pol ítico

do R.G. do Sul era que o gover-

nador não podia viajar. Viajan-

do, o vice-governador teria que

assumir e isso o Euclides não

permitia. Mas Edmar e Euclides

trocaram de bem e quem levou

a culpa foi um assessor de Ed-

mar Fetter, a quem se atribuiu

todas as maquinações que sepa-

ravam os dois homens públicos.

Ao comunicar a sua demissão

do gabinete do vice-governa-

dor, o assessor acusado, Rober-

to Aveline, distribuiu nota sibi-

lina à imprensa, por onde se vé

que a malícia e a picardia estão

correndo soltas na política gaú-

cha. Diz a nota: "A

opção do

sr. Edmar Fetter levou-me à

exoneração de seu gabinete.

Deixo minhas funções sem má-

goas e sem ressentimentos. 0

vice-governador é um homem

bom, correto e digno. Por tais

qualidades sempre revelou sua

inconformidade em viver numa

solidão remunerada. Por esta e

outras razões deve-se a sua in-

sistência em assumir o governo

do Eblado. Soube peio noticiá-

rio da imprensa que o sr. Ed-

mar Fetter vai assumir o gover-

no no dia 3 de abril e por um

período de quatro dias. E isto,

coincidentemente, com o meu

afastamento do gabinete. É fá-

cil deduzir-se o preço da transa-

ção".

Para um país que comemora

oito anos de vitória sobre os

maus costumes políticos, essas

palavras de Roberto Aveline

soam um pouco fortes. Mas é o

estilo: sutileza de gaúcho é o

mesmo que um Fenemé passan-

do por um campo de camélias.

Hepatite

conjuntural

0 colunista Sérgio Fi-

gueiredo (Correio da Ma-

nhã, Última Hora) é um

dos homens que melhor

conhecem os bastidores do

poder econômico, no Bra-

sil. Sua coluna, não raro,

assume o aspecto de um

boletim oficial antecipado

das medidas que vão ser

adotadas pelas autoridades

financeiras. Os empresá-

rios, sempre supersticiosos,

consultam a coluna do Sér-

gio como se fosse uma

bola de cristal infal ível.

Boêmio e franzino, o

Sérgio não se cuida. Por

esse motivo, viu-se atacado

e quase abatido por molés-

tia insidiosa. 0 ministro da

Fazenda foi visitá-lo, quan-

do Sérgio já estava melhor

e terçando armas verbais.

Houve um diálogo:

Delfim:

isso, rapaz?

Como foi

Sérgio: —

Uma hepatite

conjuntural. Mas, por fa-

vor, não me receite doses

maciças de PNB.

Olha os "orne",

oh Lidovlno

0 deputado (estadual)

gaúcho Lidovino Fontes

abandonou a secretaria do

MDB para dedicar-se, se-

gundo ele, a um verdadei-

ro apostolado. Vai percor-

rer o Brasil inteiro pregan-

do a doutrina trabalhista

de Alberto Pasqualini, na

esperança de que o MDB

venha a adotar essa bandei-

ra. Para os amigos que o

aconselham a desistir da

idéia "face

à abafada

atmosfera de exceção" que

estamos vivendo, o deputa-

do gaúcho, já em plena

pregação, responde:

"Uma

formiguinha preta numa

noite escura sobre a terra

preta, Deus a vê".

Pois nós achamos que o

perigo para o Lidovino é

de ser descoberto. Não

tanto por Deus, mas pelos

homens.

Antonio, voce

é bárbaro !

Bastou o Ziraldo inventar o neo-

logismo Baihunos, para o governa-

dor Antônio Carlos Magalhães ater-

rar no Rio com força total. (Publici-

tária, naturalmente). Quem não viu

as fotos imensas nas páginas nobres

do Jornal do Brasil? Era o próprio

Átila do Nordeste.

E mandou brasa: — "Já vi os

homens mais honestos do Brasil,

como Otávio Mangabeira, pedindo

votos de integralistas e de comunis-

tas". Mas esqueceu de dizer que a

Bahia já viu um dos governadores

mais honestos do Brasil (ele, Antô-

nio Carlos) elegendo-se várias vezes

deputado à custa dos votos de um

ilustre precursor do Esquadrão da

Morte na Bahia, o famoso Urbano

de Almeida Neto, vulgo "Urbano

Cem Contos", legendário no Esta-

do.

E mais: a outra banda de suas

eleições sempre veio das centenas,

milhares de nomeações feitas nos

Correios e Telegráfos da Bahia, que

ele controlou nos governos de Jus-

celino, Jânio e Jango. Será que o

doutor Plinio Salgado acha os votos

que elegiam Antônio Carlos mais

limpos do que os dele?

O governador supõe que jornal

só se lê até as primeiras páginas. Do

contrário, não deixaria o JB fazer

aquela falseta de publicar, na 3a.

página, íntegra de seu discurso

(como se fosse um pronunciamento

presidencial) e, lá no fim da edição,

uma gorda, gordíssima página de

publicidade de seu governo, no mes-

mo dia.

Será possível? Nem se disfarça

mais neste País?

Cartilha

antropóloga

Esta vem de Mato Gros-

so. Dirigentes do Mnhral,

lá das bandas dos índios,

quiseram impressionar o

ministro Costa Cavalcanti.

Trouxeram-lhe um índio

com uma cartilha debaixo

do braço:

0 que é isto, meu

filho?

Ê a cartilha, doutor.

Você aprendeu a ler?

Aprendi. Graças ao

Mobrai, aprendi.

E aquele menino sen-

tado ali no chão?

Almoço!

©s empregados

desempregados

Departamento

Intersindical de Estatística e

Estudos Sócio-Econõmicos —

DIEESE — é conhecido de

todo mundo. E se sabe que ele

não brinca em serviço. Depois

de fazer uma pesquisa no

mercado de trabalho, chegou à

seguinte conclusão: embora

continuem crescendo as

oportunidades de novos

empregos, o desemprego está

cada vez maior. Incoerência?

Vejam:

— Em São Paulo, que

absorve aproximadamente 45%

da força de trabalho do País,

no ano passado, foram admiti-

das no mercado 1,5 milhão de

pessoas, ao passo que 1,2 mi-

íhão foram dispensadas, o que

corresponde a um ingresso de

300 mil pessoas, das quais 200

mil para o chamado primeiro

emprego. A Guanabara, segun-

da colocada, tem como núme-

ros: 500 mil admissões e 400

mil demissões.

- O número de desempre-

gados cresceu, de 1940 até

1969, quando o IBGE fez sua

última pesquisa por amostra-

gem de domicílios, nas seguin-

tes proporções: de 15 a 19

anos, de 19,9% para 7,8%; de

20 a 24 anos, de 3,1% para

5,8% de 25 a 34 anos, de 2,7%

para 3,4%; de 35 a 44 anos, de

2,3% para 3,8%; de 45 a 54

anos, de 3,3% para 6,7%; de 55

a 64 anos, de 7,0% para 16,1%;

e de mais de 65 anos, de 20,0%

para 43,2%.

- E o importante é que nos

atuais levantamentos estatísti-

cos só são indicados como de-

sempregados os que não esta-

vam exercendo qualquer tipo

de atividade na época em que a

pesquisa foi feita. Porisso, são

considerados empregados todos

os trabalhadores que, durante

aquele período, apesar de de-

sempregados, realizavam pe-

quenas tarefas, como abrir um

poço, capinar um j2rcS• rn cü

regar uma horta.

- 570 mil pessoas consegui-

ram, no ano passado, seu pri-

meiro emprego, o que prova

que o mercado absorve, anual-

mente, um número maior de

desempregados, o que não im-

pede, no entanto, que o desem-

prego continue em níveis altos

nas zonas urbanas: 3 milhões

de trabalhadores, em 1970, fo-

ram demitidos por motivos

econômicos. Somente em São

Paulo e na Guanabara há, pela

menos, 480 mil desemprega-

dos.

Barraram

ffTio Patinhas"

wm§ •

w/\m

Antenor Patifto, o homem

que durante muitos anos contri-

buiu para que o povo boliviano

permanecesse na miséria, agindo

como uma ave de rapina rouban-

do as riquezas do pais andino,

chegou ao Brasil todo presun-

çoso, pensando que havia desem-

barcado em La Paz. No aeropor-

to mesmo anunciou que seria re-

cebido por Delfim Neto.Os asses-

sores do ministro ficaram sur-

presos com a declaração, pois na

agenda ministerial não constava

nenhuma audiência com o rei do

estanho, que associado a Antô-

nio Sanchez Galdeano, está

transferindo sua área de atuação

para o Brasil. Assim mesmo, *5

marcaram a audiência, pedida

por telefone pelo representante

da Companhia Estanífera Brasi-

leira. Delfim concordou em rece-

bê-lo — depois de dar um "chá

de cadeira" no presunçoso indus-

trial — desde que ele dissesse a

que vinha.

Como pensava que estava na

La Paz de outrora, Patino

negou-se a revelar previamente o

que queri3. Delfim, mostrando

que não se curvava à pretensão do"Tio

Patinhas", recusou-se a

recebê-lo. O negócio dele é com

o Ministério das Minas e Energia,

disseram alguns assessores. Mes-

mo porque Delfim não recebeu

qualquer convite quando da"festa

do século", dada em Lis-

boa para 1.400 convidados."Tio

Patinhas" ficou com os

seus milhões e Delfim com sua

importância de ministro de país *

desenvolvido.

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w

POLITIKA

história

O marquês de Pombal era quem

indicava os governadores das

províncias e.como era um fiel

seguidor de el-rei, lhes dava

as normas de como se conduzir

Jorge

França

ELEIÇÃO

.V. -

Quando o Brasil era colônia

de Portugal, isso há muitos

anos, e os governadoresde suas províncias eram

escolhidos indiretamente,

sem qualquer participaçãodo povo, que apenas devia

obediência a el-rei, ao

contrário do que ocorre

agora, com os governantesdevendo obediência ao

povo, o Marquês de Pombal,

uma das principais figuras

da Europa de então,

Primeiro-Ministro de

D. Maria I, e que granjearafama por ter expulsado os

Jesuítas de Portugal e do

Brasil, nomeou para o

cargo de Capitão-General

do Maranhão, em 1761- 47 anos portanto antes

de D. João VI fugir para

a colônia em companhia da

corte - a Joaquim de

Melo e Povoas, a quem

entregou uma carta

recomendando a forma

de governar.0 documento redigido pelo

Marquês de Pombal, na

mesma linha de Maquiavel

em seu primoroso"O

Príncipe", envelhecido

por 211 anos, é de muito

valor, pelo que representa

no estudo comparativo

da história política do

Brasil. Há 211 anos

escolhia-se um governador

para uma província do

Brasil, e a este dirigente

dizia o homem que o elegeu,

que o povo que iria

governar era obediente,

fiel a el-rei, aos seus

generais e ministros.

Lembrava ainda que quase

todos os que governam

querem que os lisongeiem,

e sempre ouvem com agrado

os elogios que se lhes

fazem, recomendando que

quando os aduladores se

chegassem a ele, os

fizesse afugentar.

¦iftbLAi-4

WfW '¦ a. .

' ' ^mm^ma*-s-smmmmmmaammm~m——o~~a^m^»^~—»~^^^m^^^m********^

No tempo do Brasil

colônia, era um marquês

¦

quem escolhia os

governadores indiretos\

lt arquei d* Pombmi.

"Justo me pareceu, depois de querer

V: exc. entrar instruído no seu

generalato, sabendo do clima, dos

fructos/viveres da jornada e do precisocommodo delia para o seu transporte,

que tambem se instruísse no gênio dos

que tambem se instruísse no gênio dos

povos e em um breve methodo de

governar, e dirigir suas acções com

menos embaraço do que acontece a quem

primeiro ha de praticar para conhecer,

e que quando se chega a fazer senhor das

cousas, é quando tem involuntariamente

errado com animo de acertar.

O povo que v. exc. vai governar,é obediente, fiel a el-rei, aos seus

generais e ministros:com essas

circumstanclas, é certo que ha de

amar a um general prudente, affavel,

modesto e civil."A

justiça, e a paz com que v. exc. o

governar, o farão igualmente bem-quisto

e respeitado, porque, com uma e outra

cousa, se sustenta a saúde publica.Engana-se quem entende que o temor com

que se faz obdecer, é mais conveniente

do que a benignidade com que se faz amar;

pois a razão natural ensina que a

obediência forçada é violenta, e ^^

voluntária segura W^

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No tempo do Brasil

colônia, erauf

quem escolhia os

Quase todos os que governamchegados ao poder pelas viasindiretas, vivem dos elogiosfáceis dos aduladores. Todosdependem dos que os bajulam.

POLITIKA

15história

'Imite oo primeiro em tudo aquilo em que achar

ter sido grato ao povo, ao rei e à república""Mmc

montora***,**: ciiHctitnp plrm rt con 7*\*r. , P rl-**, rum iHIí^q • nôn , !?<-..-.-. „i_ . ¦ ¦ . _ • . ."Nos

generaes substitue el-rei o seu alto

poder, fazendo duas imagens suas: esta

lembrança fará a v.exc. exemplar de

predicados virtuosos, para que não vejam

os subditos a sombra da copia desmentir

as luzes do original, que é puro e perfeito.

Conheçam todos em v.exc. que el-rei é

pio, e que o manda para ser pae, e não

tyranno: porque isto é o mesmo quev.exc. vé praticar pelo seu regio ministro:

casos ha em que se deve usar de rigor,

apezar da própria vontade; assim como

vemos pelo professor, ou cauterisar uma

chaga, ou cortar um braço para restaurar

a saude de uma vida, da mesma forma

quem governa se não pôde conservar a

saude do corpo mixto de republica, porcausa de um membro podre, justo é

cortal-o, para não contaminar a saude dos

mais. Pese v.exc. na balança do

entendimento a sua benevolência, quenão diminua a autoridade do respeito,

nem a justa severidade das leis, obrigado

do amor, porque neste equilíbrio está a

arte de um feliz governo. A jurisdição queel-rei confere a v.exc. jamais sirva paravingar as suas paixões; porque é injuria do

poder, usar da espada da justiça fora dos

casos delia."Duvido

se ha quem saiba executar estas

virtudes; com tudo seja v.exc. o exemplar,

para conseguir a palavra de uma victoria,

tão heróica como invencível. Defenda

v.exc. o respeito do lugar pela autoridade

de el-rei, castigando a quem pretendermanchai-o; porém os seus aggravos

pessoaes saiba dissimular, e esquecer-se

delles. Os aduladores não se conhecem¦pelas roupas que vestem, nem pelas

palavras que falam; quasi todos os que os

ouvem, são do gênio do rei Achab, que sóestimava os profetas que lhe prediziamcousas que o lisongeavam; e porqueMicheas em certa oceasião lhe disse o quelhe não convinha, logo o apartou de si

com ódio. Quasi todos os que governam,

querem que os lisongeem, e sempre

ouvem com agrado os elogios que se lhes

fazem. Desta espécie de homens ou de

inimigos em toda a parte se encontram; e

v.exc. se achará também no seu governo;aparte-os pois de si, como veneno mortal.

0 Es pi ri to-San to diz que os que

yovernam, devem ter os ouvidos cercadosde espinhos, só para que, quando osaduladores se cheguem a elles, osestimem, e os façam afugentar. Um crimeha em direito, que os jurisconsultoschamam crime stelionatus, crime deengano, derivando a sua etymologiadaquelle animal stelião que não mata comveneno, e só entorpece a quem vé,introduzindo diversas quantidades eeffeitos no animo: castigue v.exc. a estessteliões, e, negue-lhes attenção, para queo deixem obrar livre, e lhe não paralisemos sentidos, nem o animo. V.exc. vae paraum governo tão moderno, que é o 4o.

Peneral que o continua a crear: imite aoPrimeiro em tudo aquilo que achar ters|do grato ao povo, e util ao serviço do rei

e da republica; não altere cousa algumacom força, e nem violência, porque é

preciso muito tempo, e muito geito, paraemendar costumes inveterados, ainda quesejam escandalosos. Os mesmos príncipesencontram difficuldades neste empenho;

Tiberio não conseguio tirar os jogosiIlícitos e públicos, introduzidos porAugusto; Galba pouco tempo reinou por

querer emendar as desenvolturas de Nero,

e Pertinaz pouco menos de um anno

empunhou o sceptro por intentar

reformar as tropas relaxadas por seu

antecessor Cômodo! Com tudo, quando a

razão o permitte, e é preciso desterrar

abusos, e destruir costumes perniciosos,em beneficio de el-rei, da justiça e do bem

commum, seja com muita prudência e

moderação; que o modo vence mais que o

poder. Essa doutrina é de Aristóteles, e

todos aquelles que a praticaram não se

arrependeram."Em

qualquer resolução que v.exc.

intentar observe estas tres cousas —

prudência para deliberar, destresa paradispor, e perseverança para acabar. Não

resolva v.exc. com acceleração as

dependências árduas de seu governo para

que lhe não aconteça logo emendal-as;

menos mal é dilatar-se para acertar com

maduro conselho, que deferir com

ligeiresa para se arrepender com pesar sem

remédio. Quando duvidar, informe-se;

pergunte; e para não dar a entender o que

quer obrar, figure o caso, como questão,

as pessoas que o possam saber, para o

informarem em termos. Também não

quero dizer que por isso se sujeite v.exc. a

tudo e a todos; mas sim que ouça e

pratique para resolver por si o que

entender; porque de v.exc. confiou el-rei

o governo, e não de outro. A familia de

v.exc. seja a cousa mais importante e

escolhida, que comsigo leve, pois por ella

ha de v.exc. ser amado, ou aborrecido; e

por ella ha de ser applaudido, ou

murmurado. São os creados inimigos

domésticos, quando são desleaes e

companheiros estimaveis, quando são

fieis; se não são como devem ser,

participam para fora o que sabem de

dentro e depois passam a dizer dentro o

que se não sonha fora; e o mais é que,man,—,*-. i-***i-* tirlric tr*r*r l.i-Kír o Ver(Í9de'rO<:

acham grata atenção no que contam,

prejudicando muitas vezes com mentira a

innocencia do aceusado por vingança dos

seus particulares interesses. É muito

precisa a boa eleição da familia que um

general ha de levar comsigo,

principalmente para a America, porque o

paiz influe, em quasi todos, o espirito da

ambição e relaxação das virtudes,

mormente na da caridade, cujo despreso

abre a porta para outros muitos males e

vicios."Por

mão dos criados não aceite v.exc.

petição, e nem requerimento, ainda que

seja daquelle de que v.exc. formar o mais

solido conceito; para que não aconteça

que, á sombra da supplica, que vai

despida de favor, se introduza a que se

acompanha de empenho e de interesse. A

mentira veste galas; a verdade não: esta,

por innocente, presa-se de andar nua;

aquella, por maliciosa, procura enfeites,

•para parecer formosa; e como os olhos se

namoram do que vêem, e os ouvidos do

que ouvem em taes casos a confidencia

que v.exc. fizer do criado, e a informação

que elle der do requerimento que

apadrinha, quando não obrigue que v.exc.

pela sua rectidão offenda a puresa da

justiça, pôde facilmente inclinalo a

favorecer o despacho; mas, para que assim

não sueceda (que a experiência é a melhor

mestra, e o primeiro documento para o

acerto) dissera a v.exc. que mandasse

fazer uma pequena caixa com abertura

para as partes meterem dentro os papeis,

posta em alguma casa exterior, cuja chave

só v.exc. confiará de si, para a mandar

abrir, e despachar de noite, para de

manhã se entregar ás partes, e não receber

requerimento algum por mão de pessoa

sua, que não seja a própria ou procurador

das partes.

"Tiradas as horas do seu precioso e

natural descanço, dê v.exc. audiência,

todos os dias, e a todos e em qualquerocasião que lhe queiram falar. Das

primeiras informações nunca v.exc. se

capacite, ainda que estas venham

acompanhadas de lagrimas, e a causa

justificada com o sangue do próprio

queixoso; por que nesta mesma figura

podem enganar a v.exc; e se a natureza

deu com previdência dous ouvidos, seja

um para ouvir o ausente e o outro para o

aceusador. Attenda v.exc. e escute o

afflicto que se queixa, lastimado e

offendido; console-o; mas comtudo não

lhe defrra sem plena informação, e esta

que seja pelo ministro, ou pessoa muito

confidente; para que assim defira v.exc.

com maduresa e rectidão, sem que lhe

fique lugar de se arrepender de que tiver

obrado; com este método livra-se v.exc.

também de muitas queixas vãs e falsas de

muitos que sem verdade as fazem,

confiados na promptidão com que alguns

superiores castigam, levados da primeiraaceusação que se lhes faz. Quando assim

--,*-*»,- -**,. *-l%*tK* c4 lf»CXCt V*liyUH^IM, IIIOMUt

castigar o informante, e o queixoso, ainda

que tenha mediado tempo; isto tanto parasatisfação da justiça e de seu respeito,

como para exemplo dos que quizeremintentar o mesmo. Não consinta v.exc.

violência dos ricos contra os pobres; seja

defensor das pessoas miseráveis; porquede ordinário os poderosos são soberbos, e

pretendem destruir e desestimar oshumildes; esta recomendação é das leisdivinas e humanas e sendo v.exc. o fielexecutor de ambas, como bom catholico,e bom vassalo, fará nisso serviço a Deus e

a el-rei."Toda

a republica se compõe de mais

pobres e humildes, que de ricos e

opulentos; e nestes termos, conheça antes

a maior parte do povo a v.exc. por pai,

para o acclamarem defensor da piedade,do que a menor protector das suas

temeridades para se gloriarem do seu

rigor. Pouco importará que se estimulem

de v.exc. não concorrer para que as suas

violências; porque estes mesmos queagora se queixaram conhecendo a justiçacom que v.exc. procede logo confissão a

verdade; porque a virtude tem comsigo a

proeminencia de se vêr exaltada pelosmesmos que a perseguem e aborrecem. Há

muitos casos que merecendo castigo,

primeiro ha-de haver uma prudenteadmoestação reprehensiva, ou pela

qualidade da pessoa, ou pela natureza da

culpa; esta é a oceasião em que v.exc. ha

de mandar chamar o culpado e com elle

somente sem outras testemunhas,

reprehendel-o, e encarregar-lhe a emenda

com segredo de correção, com tanto

empenho, que se revelar ou abusar do

conselho, que lhe será preciso, castigal-o

publica e asperamente para exemplo dos

mais; esta reprehensão deve ser cheia de

gravidade, e de palavras moderadas;

porque estas infundem no réo um certo

espirito de pejo para emenda, e respeito

para com v.exc. a cuja autoridade em

muitas oceasiões é mais efficaz a

moderação com que se reprehende, de

que a severidade com que se castiga: o

concerto de modo nas oceasiões faz uma

suave harmonia e este a mando e a

obediência."Nunca

v.exc. trate mal de palavras nem

aeções a pessoa alguma dos seus subditos,

e que lhe fazem requerimento; porque o

superior deve mandar castigar, que paraisso tem cadeias, ferros e officiaes que lhe

obedeçam; mas nunca deve injuriar com

palavras e afrontas, porque os homens se

são honrados, sentem menos o peso dos

grilhões e a privação da liberdade, que a

descompostura de palavras ignominiosas;

e se o não são, nenhum frueto se tira em

proferir impropérios.

Quem se preoecupa das suas paixõesfaz-se escravo dellas, e descompõe a sua

própria autoridade."Mostre-se

v.exc. em todos os momentos

de paixão e de perigo, superior e

inalterável; porque com os dous atributos,rfO nrnHonon o wolr\r r\ tnrv» r>r~\r\ r\t* rnnr

subditos. Tenha por descrédito, como

superior, provar o seu poder na fraquesa

dos miseráveis pretende pretendentes. Só

tres Divindades sei que pintaram os

antigos com os olhos vendados, signal de

que não eram cegas: mas que elles as

faziam e adoravam: ha um Pluto, Deus da

riquesa; um Cupido, Deus do amor; e uma

Astréa, Deusa da justiça. Negue v.exc.

culto a semelhantes Divindades, e nunca

consinta que se lhes erijam templos e se

lhes consagrem votos pelos officiaes de

el-rei; porque é prejudicial em quem

governa riquesa cega, amor cego, — e

justiça cega." ^^

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A <

CAXIAS

CONSTRÓI

MUSEU

PARA

CAXIAS

Como parte das solenidades comemorativas do oitavo

aniversário da Revolução de 31 de Março, o prefeito

de Duque de Caxias, general Carlos Marciano de

Medeiros, recebeu a visita dos governadores Raimundo

Padilha e Chagas Freitas, do Rio de Janeiro e da

Guanabara, e do comandante do I Exército,

general Sílvio Coelho da Frota, para a inauguração

da cobertura das ruínas onde nasceu Duque de

Caxias e do Museu que guarda objetos pertencentes

ao Patrono do Exército e do Município.

Hpr>«

A

O prefeito Carlos Marciano de Medeiros quando entrega ao Exército o

Museu de Caxias, construído sobre as ruínas da casa onde nasceu o Patrono

do Município, que virá a se constituir no mais novo ponto de atraçao

turística do Estado do Rio de Janeiro.

I '7

M

A nova sede da Prefeitura

Municipal, inaugurada

pelo general Carlos Marciano

de Medeiros no dia 31

de março, após vários

atos de paralisação

em sua construção.** - •<

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Os governadores Raimundo Padilha e Chagas Freitas, acompanhados do comandante dó I Exército,

general Sílvio Coelho da Frota, desatam a fita simbólica do Museu de Duque de Caxias.

Dr. José Corroí diretor de Relações Públicas da Prefeitura, falando na ho-

mèmigem prestada ao marechal Eurico Gaspar Dutra.

A solenidade marcou o ponto alto das

comemorações levadas a efeito pelo gene-

ral Carlos Marciano de Medeiros, que inau-

gurou, no mesmo dia 31 de março, a

Ponte Laguna e Dourados, a Praça Presi-

dente Dutra, a Escola Moacir Padilha, a

nova sede da Prefeitura Municipal de

Duque de Caxias — (iujas obras vinham se

desenrolando há vários anos —

e homena-

geou o governador Raimundo Padilha,

inaugurando um seu retrato na Galeria de

Honra da Câmara de Vereadores.

O MUSEU

Contando com a presença do general

Sílvio Coelho da Frota, comandante do I

Exécito; do general Fritz de Azevedo

Manso, comandante da I Divisão do Exér-

cito; do general José Pinto de Araújo, co-

mandante da Artilharia Divisionária; do

general Carlos Alberto Cabral Ribeiro, co-

mandante da I Brigada de Infantaria; do

general Gentil Marcondes Filho, coman-

dante da II Brigada de Infantaria; do gene-

ral Arnaldo Calderari, comandante do

Grupamento de Unidade-Escola; o gover-

nador Raimundo Padilha, acompanhado

do Chefe do Executivo da Guanabara,

inaugurou o Museu de Caxias, afirmando

que

"em seu perfil moral não se encon-

tram falhas".

Disse, adiante, que,

"soldado

por exce-

lência, Caxias nos inspira a todos e deve

servir como um exemplo sempre vivo para

a mocidade brasileira. Quantas nações po-

derão orgulhar-se de um filho tão perfei-

to? "

E enfatizou que esta é a hora da

"afirmação e definição nacionais, ao res-

saltar que a Revolução de 31 de março de

1964 foi um movimento cívico que pôs

fim à fraude e às distorções, que quase

levam o País ao abismo", para, voltando

ao Patrono do Exército, dizer que

"guer-

reiro" pacificador e inspirador do movi-

mento redentor que visa a união e a inte-

gridade da Pátria, nada melhor que se falar

de Duque de Caxias hoje".

AS OBRAS

Tendo como representante do presiden-

te Garrastazu Mediei o dr. Felício dos

Santos, o prefeito Carlos Marciano de Me-

deiros inaugurou a Ponte Laguna e Doura-

dos, em homenagem à turma da qual fize-

ram parte o presidente da República e o

Chefe do Executivo Caxiense. A seguir, o

Prefeito Municipal, acompanhado de seu

staff, inaugurou a Praça Presidente Dutra,

tendo discursado em nome do ex-presi-

dente da República o dr. José Carbeiro,

diretor da Divisão de Relações Públicas da

Prefeitura de Caxias, que agradeceu a ho-

menagem, dizendo que as realizações do

general Carlos Marciano de Medeiros

"sempre foram os ideais do Marechal

Dutra".

Em companhia do governador Raimun-

do Padilha, o Prefeito de Caxias inaugu-

rou, na localidade de Vila Selma, o Grupo

Escolar Municipal Jornalista Moacir Padi-

lha, filho do governador fluminense. A

fita simbólica foi desatada pelo governa-

dor e senhora Raimundo Padilha-e pela

viúva do homenageado. Por fim, a convite

dos vereadores, o Chefe do Executivo do

Estado do Rio de Janeiro compareceu à

Câmara Municipal, onde teve seu retrato

inaugurado na Galeria de Honra, ocasião

em que afirmou "que

o povo não se enga-

na. Sabe o que quer. E por isso sabe esco-

lher seus verdadeiros líderes, autênticos e

devotados à causa pública".

Ainda em prosseguimento ao seu pro-

grama de inaugarações, prefeito Carlos

Marciano de Medeiros entregou à popula-

ção de Santa Lúcia a Praça Engenheiro

Edgard Prado Lopes, sendo saudado, na

ocasião, pelo filho do homenageado, enge-

nheiro Edgard Prado Lopes Filho, Diretor

da Divisão de Obras e Viação do Municí-

pio, que disse que

"sei das emoções que

me vão na alma quando realizo a inaugura-

ção de uma obra de engenharia com o

nome de meu pai. E concluiu: "o

rastilho

solar de inteligência e de inteireza ética do

engenheiro Edgard Prado Lopes haverá de

nortear sempre aos elementos que lhe

foram devotados, pelas obras que reali-

zou".

A PREFEITURA

Finalizando a série de inaugurações, o

prefeito Carlos Marciano de Medeiros en-

tregou ao povo a nova sede da Prefeitura

Municipal, afirmando que o nome do go-

vernador Raimundo Padilha havia sido

dado àquele próprio Municipal, "em

agra-

decimento ao muito que tem feito em

prol do engrandeci mento de Duque de

Caxias e de outros municípios do Estado

do Rio de Janeiro". Agradecendo, o Chefe

do Executivo fluminense disse que se sen-

tia emocionado, frisando que

"na terra do

Pacificador, a pacificação é uma realidade

política e administrativa", ressaltando que"para

empreendermos a obra ciclópica de

restauração fluminense era mister que ti-

véssemos a habilidade e a humildade de

impor as fórmulas corretas".

SSfâwTvJ'

I

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SebastiãoNery

POLITIKA

17folklorepolítiko

Juracy Magalhães

Híf>* ¦'"'.•'"yfl

Lomanto Júnior

Fé é como calo.

Cada um tem o seu e

quanto mais escondido

mais incomoda.

Entre o pensamentomítico e o pensamento

científico, vai

exatamente a distânciaentre adorar o Sol e

pisar na Lua. E ohomem não chegou à lua

de joelhos. Foi de pémesmo. Montado num

cavalo eletrônico.

iSE^T''''Jtfll

^a^a aj flflflflflflflflflflflBflflflflflflflflL... J^BBBBBBBBBBBBBBBBBB

¦HHÉRÉBLuis Vianna Filho

Mas também é verdade

que há mais mistérioneste mundo

do que banhana queixada de Herman

Kahn, o futurólogo.A mão, por exemplo.Estará ou não escrito

nela o destino decada um de nós?

A MAO DOS POLÍTICOSNewton Pinto de Araújo é

um sábio. Um sábio manual.Foi diretor do Departamento

de Saúde da Bahia, é clínico e

pediatra de comprovada com-

potência. Vive cercado de livrosde medicina e quiromancia. Lermãos, para ele, não é hobbynem brincadeira. É ciência,ciência pura. Por isso mesmoele, que as estuda dia a dia, sóas lê excepcionalmente, muitoexcepcionalmente. Os tratados

de ciências ocultas sobem nas

paredes de sua casa como pira-mides. (Aviso: não tem telefo-ne, náo dá consultas e detesta

chatos).

Um dia, elegeu-se deputado

na Bahia. O .secretário da Agri-cultura, do governador «Juracy

Magalhães, Lafaiete Coutinho,

foi à Assembléia prestar infor-

mações. Depois da sessão, ficou

um grupo batendo papo.Newton Pinto viu a mão de La-

faiete pousada sobre a mesa,

olhou, críspou o rosto. Lafaiete

percebeu:O

que é que você viu em

minha mão?

-Nada.

Pode dizer. Sou paraíba-

no. (E deu uma gargalhada).

Não tenho medo de nada.

Então vá para casa, arru-

me sua vida, que você vai mor*

rer dentro de dez dias.

Lafaiete deu outra gargalha-

da. Era um homem saudável,

•generoso, bem humorado,

excepcionalmente inteligente e

ativo:

Então vou matar muita

gente. Viajo amanhã para Porto

Alegre, de avião.

Na saída da Assembléia me

perguntou:Vou ao Rio Grande do Sul

tratar com Osvaldo Aranha da

candidatura do Juracy à presi-

rtênria Ha Rppúhlira Quer ir

comigo?

-Vou.

Só queria saber se você

tinha acreditado na conversa

do Newton Pinto. O que eu

quero é que você vá ao Con-

gresso dos Jornalistas, em For-

taleza, para arrancar uma mo-

ção em favor de uma cândida-

tura do Nordeste, qualquer que

ela seja.

Era 31 de agosto de 1959.

Viajou. Dia 6 de setembro, de

volta de Porto Alegre, desceu

no Rio. Foi ao Banco do Distri-

to Federal, ali na Presidente

Vargas, encontrar-se com Luna

Freire (depois deputado pelaBahia), diretor. Estavam lá ou-

tros baianos: .Hélio Ramos, de-

putado; Salomão Rehm, coro-

nei da Policia Militar, líder do

cacau e deputado; João Nô,

ex-depu tado e advogado no

Rio. Quando Lafaiete saiu, «Sa-

lomão Rehm ficou pálido:

Coitado do Lafaiete.Coitado

por quê? Jovem,

milionário e vai ser o governa-

dor depois de Juracy. E o uni-

co homem, na Bahia, capaz de

unir PSD e UDN.

Pois não vai ser não. Vai

morrer em 24 horas.

Como você sabe?

Não sei. Mas vi a morte na

cara dele. Vai morrer, coitado.

Ninguém levou Salomão a

sério. E Salomão, que morava

no Rio, não sabia nada do que

Newton «Pinto tinha dito. Dia

seguinte, 7 de setembro, La-

faiete «desceu no aeroporto de

Salvador, foi direto ao Palácio

da Aclamação almoçar com Ju-

Saiu, foi para

do jardim, caiu fulminado por

um colapso cardíaco.

Lomanto Júnior, ex-governa-

dor da Bahia, fazia 15 anos.

Houve festa na fazenda do ve-

Iho Tote Lomanto, lá em Itagi,

então município de Jequié, su-

doeste do Estado. Newton Pin-

to, jovem médico da cidade,

amigo da familia, estava lá. Pe-

gou a mão magra do rapazola

alto:

Você gosta de estudar?

Um pouco.

Pois trate de estudar

muito. Já aconteceu muita des-

graça à Bahia e vai ser muito

chato você ser um governador

semi-analfabeto.

Em 1962, prefeito de Je-

quié, Lomanto sai candidato a

governador, pelo PTB, para dis-

putar com Waldir Pires, do

PSD, e Josafá Marinho, da coli-

gação UDN-PR-PL-PDC. Lo-

manto não tinha a menor chan-

ce. l/Valdir e Josafá disputariam

palmo a palmo. Encontro

Newton Pinto (do PL, como

Josafá) na rua:

Como é, mestre, contente

com a candidatura de seu ami-

go Josafá?

Não. É uma pena. É meu

amigo, de meu partido, meu

candidato, mas não vai ser o

governador.

Perde para Waldir?

Não. O governador vai ser

o Lomanto. Há mais de 20

anos vi a mão dele e ontem vi

de novo. Como é que vai ser,

não sei. Só sei que o governa-

dor vai ser ele.

À noite era a convenção da

UDN para homologar a candi-

datura de Josafá, já publica-

mente apoiada por Juracy, go-

vemador e dono do partido.

Nove horas da noite, a conven-

ção pelo meio, discurso de lá,

discurso de cá, Josafá em casa

amarrando a gravata e esperan-

do o resultado, Lomanto tem

um encontro com os dois filhos

de Juracy no apartamento de

Manoel Navais, presidente do

PR, no Hotel da Bahia, saem os

quatro para o palácio, conver-

sam, Juracy liga para a conven-

ção, chama Rui Santos dá a or-

dem:

O candidato é Lomanto.

Duas horas depois, Lomanto

entra sob palmas na convenção

da UDN, abençoado por Jura-

cy, que não o tolerava. Atrás

de Juracy vieram Manoel No-

vais e seu PR, Luis Viana e seu

PL, Rubem Nogueira e seu

PRP, Hélio Machado e seu

PDC, Josafá continuou em

casa, de gravata amarrada, traí-

do por Juracy.

Três de outubro, candidato

pelo PSD ao Senado, Josafá re-

cebe uma consagração e derro-

ta o candidato de Juracy. Mas

Lomanto se elege governador.

Semi-analfabeto, como Newton

Pinto vira, aos quinze anos, na

mão magra.

Em dezembro de 1929, Ge-

t'j!ÍO VflfflES £"1*"*'''' •"'•¦-S'*!*~*S!T*V*>

do Rio Grande do Sul (naquele

tempo governador era presiden-

te, hoje é proconsul) veio ao

Rio ler sua plataforma de can-

didato à presidência da Repú-

blica.

Depois da solenidade, foi

jantar no Hotel Glória. Esta*

vam lá João Neves da Fontou-

ra, Batista Luzardo, outros.

Entra o deputado Auler Defrei-

tas com um rapaz magro, more-

no, que acabava de chegar de

Paris e apresenta-o a Getulio:

— Presidente, sou um estu-

dioso de quiromancia e queria

ver a mão de V. Exa.

Mas eu não acredito.Exa., a quiromancia é uma

ciência, que estudei na Europa.

Os senhores, que estão inician-

do esta luta política, devem

aproveitar a experiência da qui-romancia como mais um instru-

mento de ajuda para encontrar

os melhore caminhos para o

País.

Getulio concordou. 0 rapaz

magro e moreno olhou a mão

de Vargas e arregalou os olhos:

Presidente, estou vendo

candelabros em sua mão. «Só

tinha visto isto na mão de Cie-

menceau. Mas um só. Na mão

de V. Exa. estou vendo quatro.

V. Exa. não chegará ao poder

pelo voto, mas pelas armas. Te-

rá 3 lustros (15 anos) de poder,com as luzes dos candelabros

ameaçando apagar-se várias ve-

zes, até que enfim se apagam.

Mas logo depois há novo bri*

Iho, os candelabros de novo se

acendem, para, afinal, sumirem

definitivamente nas sombras.

Getulio achou graça, João

Neves e Batista Luzardo riram

muito, o rapaz magro e moreno

foi-se embora. Não aconteceu

outra coisa. Essa história está

contada no livro de memórias

de João Neves da Fontoura.

O nome do rapaz era «Sana

Khan.

Um estudante m agri cel a de

olho esbugalhado saía do escri-

cório do advogado Vicente

Rao, ex-ministro da Justiça de

Getulio Vargas, em São Paulo.

Na porta, encontra-se com um

senhor magro e moreno que

chegava. Apresentados, come-

çaram a conversar e foram até a

sala de Vicente Rao. 0 senhor

magro e moreno pediu para ver

a mão do estudante m agri cel a

de olho esbugalhado:

0 que é que você faz?

Estudo direito e ensino

português.Você vai ser político. Ve-

reador, deputado, prefeito, go-vemador, presidente da Repú-

blica, em pouco tempo. Sai da

Presidência e a ela volta depois

para ser assassinado.

0 estudante magricela e

olho esbugalhado chamava-se

Jânio Quadros. O senhor magro

e moreno. Sana Khan.

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POLITIKA

POLÍTIKA está apoiando a

companha liderada por jovens

que reivindicam só o direito

de ter onde morar. O ministro

Passarinho apoia a iniciativa

Philomena

Gebran

ALBERGUE

0 primeiro Albergue da

Juventude apareceu na Ale-

manha, em 190Q. Em 1929/

vários foram instalados fia

França. Em 1945, foi orga-

nizada uma Federação In-

ternacional. Hoje, as estatís-

ticas mostram que existem

61000

"albergues

na Europa,

2.500 na América do Norte,

900 no Japão,- alguns na

América Latina, espalhados

entre Uruguai e Argentina.

No Chile estão sendo cons-

truídos30.

E no Brasil? No Brasil é

ainda um movimento que

muito breve se tornará reali-

dade. É o "Movimento

Na-

cional de Albergue da

Juventude", lançado no dia

13 de maio de 1971, na

Casa do Estudante do

Brasil, na presença de vários

reitores e do ministro da

Educação, Jarbas Passari-

nho. 0 movimento nasceu

da sensibilidade e do des-

prendimento de uma das

pessoas que mais se preo-

cupa e trabalha pela juven-

tude brasileira: Paschoal

Carlos Magno. Na verdade,

Paschoal não iniciou agora o

movimento, pois há muito

sua casa de Santa Tereza é

um verdadeiro abrigo para

tantos jovens do País, que

aqui. chegam assutados à

procura de seu caminho e

dali partem orientados e

incentivados pelo entusias-

mo e confiança que Pas-

choal tem na juventude. Por

isso não é de estranhar que

de suas mãos tenha brotado

o Movimento dos Alber-

gues, que tem como elemen-

to básico a "Federação

Bra-

sileira dos Albergues de

Juventude", filiada à "Inter-

national Youth Hostel

Federation", representante

de 46 países) com o objeti-

vo de fundar, organizar e

supervisionar os albergues

em todo o País. A Federa-

ção tem como presidente

eleito Luiz Santiago Alves

de Mesquita, diretor-secretá-

rio da CEB.

4

kampanha

J

4«S

Albergue. Casa de pouso.

Asilo para passar a noite.

Segundo a Delta

Larousse,"nome dado

aos antigos palácios dos

Cavaleiros da Ordem de

Malta". (Ilha do

Mediterrâneo onde foi

instalada a "Ordem

Hospitaeira" dos

«veleiros cristãos).

. Ã Europa foi pioneira

em transformar esses

asilos em casas de

férias ou simplesmente

acolhimento para jovens.

Especificamente para

jovens. Seja qual for

sua condição social,

estudantes, operários,

hippies, etc. A única

condição necessária, é

ser jòvem, menor de 30

anos. O resto é simples.

Chega. Entra. Fica.

E parte quando quiser.

Mas não ó um hotel.

£ muito mais simples que

um hotel, é uma casa.

Mas muito mais amplo

que uma casa.

E uma comunidade.

dormir

Jarbas PassarinhoMário Andreazza

i

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0^ a

Pe/o#direito

de dormir——————-«^—._——___^

POLITIKA

Estudante sugere aproveitaros vagões de trem que estãonos

" cemitérios

" para deles

fazer dormitórios adptados.

Andreazza está com a palavra

19kampanha

Albergues mostrarão aos jovens nossa culturaUma pergunta feita constantemente a

Paschoal é de que forma começaram osalbergues. Como sempre, Paschoal tem tu-do pensado:

- "A 9 de agosto de 1971, a Casa do

Estudante do Brasil enviou uma carta aoministro Jarbas Passarinho, propondouma fórmula simples e de baixo custo, e

porisso fácil de ser realizada em curto pra-zo ou até mesmo imediatamente, até queo Brasil tenha uma rede de albergues da

juventude, especialmente construídos eequipados. Pedimos ao ministro colocar

prédios escolares a disposição que durante

as férias seriam transformados em alber-

gues da juventude, mediante o pagamentode uma taxa mínima de manutenção. Este

pedido já foi amplamente divulgado e odr. Luiz Mesquita já informou que a Se-cretaria de Turismo da GB está fazendo

um cadastramento de escolas do Estado,

que possam ser aproveitadas. Há poucotempo recebemos uma carta de um estu-

dante, com uma interessante sugestão,

que aproveito para passar ao Ministro An-

dreaza."Existem

nos Cemitérios de Trens, das

mais distantes e variadas regiões, um nú-

mero considerável de vagões de madeira,

tipo passageiros, já com compartimentos

sanitários e lavabo, que adaptados, até

mesmo pelos setores de recuperação das

próprias estradas de ferro, poderiam ser

aproveitados como albergues. Bastaria,

neste caso, substituir os bancos por beli-

ches móveis. A curto prazo, para execu-

ção, e a longo prazo, para utilização, devi-

do a resistência de seu material, os vagões

são a mais simpática alternativa pra o mo-

mento". s

Está dado o recado, Paschoal.

Mas, enquanto aguarda, Paschoal não

descansa. Em julho do ano passado foi ao

Paraná, para o 11 Congresso da Campanha

Nacional de Escolas da Comunidade. E

sua proposta aos delegados do Congresso,

para usar as escolas, principalmente as da

orla marítima e das cidades históricas, co-

mo pousadas para os jovens viajantes, ob-

teve logo a maior receptividade. Aqui

mesmo, no Rio, Paschoal já conseguiu

abrir um albergue na própria Casa do Es-

tudante do Brasil, com 100 lugares, ocu-

pando dois andares de sua sede. E no Es-

tado do Rio, além da Aldeia de Arcozelo,nontra •* sede campestre do Centro Excur-

sionista Brasileiro, no Arraial do Cabo, -

Cabo Frio.

Para Paschoal, os Albergues da Juven-

tude "permitirão

aos jovens uma visão

global dos problemas nacionais, principal-mente regionais, constando - in loco as

condições e necessidades das diversasáreas, tendo uma vivência física dos pro-blemas".

"Mas, para isso precisaríamos contar

com a colaboração de todos. Tenho lem-

brado muito a figura de meu grande ami-

go e grande brasileiro Euvaldo Lodi, quemuito nos ajudou no Teatro de Estudantee no teatro Deuse. Muitas vezes bati à sua

porta, para que ajudasse corais, orques-trás, teatros, competições esportivas, se-

minanos de jovens e sempre fui atendido

prontamente".

"A Federação das Indústrias criou o

Instituto Euvaldo Lodi, que tem a suafrente Jorge Behring Matos. Dirigi ao Ins-tituto, recentemente, ofício solicitandosua ajuda na campanha dos albergues. Suacolaboração poderá ser feita através deconvênios para uso dos albergues com

programações que visem a integração em-

presa-universidade. Todos os universitá-rios indicados por esse Instituto terão

prioridade assegurada nos nossos alber-

gues. É uma pena que o Instituto EuvaldoLodi não tenha compreendido a missãodos albergues. Daí o silêncio a esse ofício,enviado por uma instituição da importân-cia da Casa do Estudante do Brasil, quetem 43 anos de existência, reconhecida deutilidade pública, federal e municipal."

- De 22 a 28 de setembro último, rea-

lizou-se, em Buenos Aires o I Congresso

Lati no-Americano de Albergues de Juven-

tude, - a que estiveram presentes repre-

sentantes da Argentina, Uruguai, Chile,Equador, México. O Brasil se fez repre-

sentar pela Casa do Estudante do Brasil,

que está à frente, desde maio passado, do

Movimento Nacional de Albergues de Ju-

ventude - com uma delegação dos estu-

dantes Aurora Maria Dias da Cunha, Lenir

Eliza Barbosa, Flavio Peixoto, Paulo Hen-

rique Almeida Rodrigues e pelo Professor

Joaquim Trotta, presidente da Associação

Guanabarina de Albergues da Juventude.

São Paulo esteve presente pelo dinâmico

presidente de seus Albergues, o advogado

João Martins. A International Youth Hos-

tel Federation - mandou, de Londres, pa-ra presidir os trabalhos, seu secretário-ge-

ral, Graham Heath.

Durante o Congresso, foi lida a seguin-

te mensagem do ministro Jarbas Passari-

nho:

"No momento em que é inaugurado na

bela capital da Argentina o Primeiro Con-

gresso Latino-Americano de Albergues de

Juventude, saúdo seus organizadores e

participantes com o melhor do meu entu-

siasmo.

* 'à -• •Mais da metade da população brasileira

tem menos de 20 anos. A educação no

exercício de 1971 confirma a decisão na-

cional de ser área prioritária na atuação

administrativa. E posso comunicar-lhes,

com alegria, que o Brasil figura entre os

países que mais estão investindo no ensi-

no. Essa é a imagem do meu país que hoje

tem 93 milhões e que terá 100 milhões de

habitantes nos próximos dois anos. Com-

preende-se pois que o Movimento Nacio-

nal de Albergues de Juventude patroci-nado pela Casa do Estudante do Brasil,

mereça o melhor dos apoios.

A menos de um ano, num encontro

realizado em Brasília, foi estudada a pos-sibilidade de que fortalezas sem mais ser-

ventia militar e pontos históricos, enobre-

cidos pelo tempo, fossem preservados e

transformados em pousadas úteis ao de-

senvolvimento do turismo dentro do terri-

tório brasileiro. Não pensávamos escrupu-

losamente naquele momento em alber-

gues para jovens, mas hoje diante do mo-

vimento cada vez maior, que vivamente

interessa à mocidade do meu país, sou

dos que concordam em que essas fortale-

zas, devidamente recuperadas, esses mo-

numentos salvos da ação destruidora dotempo, transformem-se em albergues de

juventude.

O Ministério da Educação e Cultura háde amparar dentro de suas possibilidadesesse movimento, que tem-na Casa do Es-tudante do Brasil - de tão admirável cré-dito diante da mocidade do meu país eem Paschoal Carlos Magno, seu grande be-nemérito a garantia do seu êxito.

Paschoal não pára. Quando pensa algu-ma coisa, não mais descansa. Nem bemchegou de sua viagem ao Sul, onde foiarticular a criação dos albergues, foi logobolando planos para prosseguir seu traba-lho aqui:

"É preciso

construir

muito mais 33

"Todo um plano está sendo elaborado

no sentido de interessar autoridades esta-

duais, municipais, universidades, entida-

des econômicas, sociedades culturais,

associações artísticas, a favor da criação

de albergues da juventude. A Casa do Es-tudante do Brasil iniciará, na segunda

quinzena de abril, sua nova campanha

através do Brasil, visitando, todos os seusEstados. Uma delegação composta pormim, seu presidente, por Luiz Mesquita,

diretor-secretário e presidente da Feração

Brasileira de Albergues para a Juventude,

do professor Joaquim Motta, presidenteda Associação dos Albergues da Guanaba-ra, e de vários estudantes. Consegui seis

passagens com o Ministério da Educação eas outras vou conseguir batendo na portados amigos.

"Nesta longa e grande jornada falare-

mos sobre os albergues, incansavelmente:

em rádio, televisão, jornais etc, distribui-

remos cartazes, enfim vamos alvoraçar a

mocidade e o povo para um novo e cons-

trutivo ideal. Repetindo neste começo de

velhice, o que fiz em 1929, a favor da

Casa do Estudante do Brasil. A Bandeira,demorará dois ou três dias em cada para-da. E em cada parada faremos exposições

de fotografias (Brasília, Transamazônica,

Aldeia de Arcozelo, arquitetura, artes

plásticas etc.)

"Recebi de Recife através de João

Mendonça de Amorim Filho, que muitotem trabalhado pelos estudantes, inte-ressante sugestão que já foi incluída no

programa:

1. Utilizar para Albergues daJuventude, prédios e locais históricos, for-tes antigos, conventos, mosteiros e casasde personagens de nossa história. Muitasvezes esses locais são abandonados porfalta oe meios para sua conservação e pre-

judicados pela falta de utilização.

2. A utilização desses locais, não sóbeneficiaria seus monumentos, como pre-servaria a beleza paisagística da região. Asua utilização, portanto, traria imensos

benefícios, tanto para os alberguistas, co-mo serviria de ponto de atração turística.

Citei esta carta como exemplo. Pois na

verdade recebo muitas cartas de todo o

Brasil. Todos interessados em colaborar

de São Paulo, recebo carta de João Bap-

tista Martins, presidente dos Albergues da

Juventude de São Paulo comunicando:- A Prefeitura de São Paulo construiu e

equipou dois belos albergues. E o prefeitode Campos do Jordão criou para a moci-

dade do Brasil, a Casa da Cultura que é

também um importante albergue para jo-vens."

A instalação de uma rede de albergues

para a juventude, seria altamente benéfico

para que nossos jovens apreendessem acultura de seu país. Posso até enumerarestes benefícios:

1. Seria uma forma de estímulo para a

juventude brasileira se voltar para o co-

nhecimento dos grandes feitos da História

do Brasil.

2. Levaria os jovens a conhecer o

Brasil, descobrindo aspectos novos da vi-

da, da cuitura, aas tradições e do povobrasileiro.

3. Serviria de apoio infra-estrutural aos

programas de deslocamento de estudantes

e jovens pesquisadores, de uma região

para outra.*>'-*.

4. Proporcionaria o surgimento de pon-tos de atração turística, que estão hoje

abandonados ou são desconhecidos.

5. Proporcionaria.um intercâmbio, en-tre estudantes, escoteiros bandeirantes,

grupos folclóricos, esportivos, etc."

M

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NEGÓCIOS E INVESTIMENTOSFrancisco Alexandria

____________ * _____B '••¦ ^^___H

___a__.'^H __h

Quem está rindo à toa é o MaxPaskin, presidente do Grupo que le-va seu nome. É que uma das empre-sas do seu conglomerado, a PAS-KIN S.A. Indústria Petroquímica,inaugurada recentemente, mandou

para a Guanabara 10 toneladas demetacrilato de metila. Trata-se de

produto da maior importância nofabrico de acrílico e quase todo eleera importado de várias procedén-das. £ o País dando seus primeirospassos num setor da maior influên-cia para a meta do Brasil grande quetodos nós almejamos.

Do jovem empresário, apenas 37

anos, Linaldo Uchôa de Medeiros,

conversando numa roda de amigos:"Apesar

da insistência de grandenúmero de amigos no sentido de

que meu nome fosse lançado a um

cargo eletivo, na realidade preferime fixar mesmo na iniciativa priva-da, dando minha modesta contri-

buição à grande meta desenvolvida

pelo ilustre presidente Garrastazu

Mediei". Linaldo é o presidente do

Grupo Empresarial Lume, con glo-merado formado por 14 empresas,

por enquanto, que vai desde finan-

ciamento imobiliário e corretagens

de imóveis, a turismo, construção

civil, mineração, distribuidora de

títulos e valores mobiliários, etc.

Esta é muito boa. O vice-presi-dente da Caixa Econômica Federal,Sebastião França dos Anjos - quenão se perca pelo nome - apesar de

ganhar uma pequena fortuna pormês ainda acha pouco. Tanto assim

que arranjou mais um emprego paraseu filho, Sebastiãozinho. Arranjarmais um emprego todos nós deve-mos, pois a vida está pela hora damorte. Açora arranjar emprego fa-turando importância altíssima àscustas dos cofres públicos, aí é de-

Enquanto o filho do vice-

presidente da Caixa, que não tem

curso superior, náo sendo portantohabilitado, inclusive por ter apenas

20 anos, ganha ordenado altíssimo.

NestorJost

grande número de funcionários daautarquia, com mais de 10 anos decasa, ganha pouco mais de mil cru-zeiros, fato que além de escândalo-soé imoral.

Anjos (dosSebastiãozinho dosanjos?) Filho, foi

professor do Fino de IntegraçãoSocial - PIS - com ordenado dedois mil e quatrocentos cruzeiros.Além disso, presta serviço a seu pai,como oficial de gabinete, perceben-do pela Caixa, segundo consta,outro tanto. Será que o presidenteGiampaoto Falco tem conhecimen-to disso?

Por falar em Caixa: é impressio-

nan te como esta entidade pode che-

gar a uma situação de tanto desta-

que com elementos medíocres e

carreiristas como o atual assessor de

imprensa, José Carauta. Medíocre e

carreirista, Carauta, de fuxico em

fuxico, vai se promovendo e ga-nhando caminho, a ponto de ter

sido nomeado Assessor de Imprensa

da entidade.

Investimento é para quem enten-de do negócio: aí está o exemplo deFernando Torres, que está promo-vendo, com absoluto êxito de bilhe-teria, o espetáculo - Computa,Computador, Computa , - no Tea-tro Santa Rosa. Quatro semanascom a casa praticamente lotada

para ver a excelente interpretaçãode Fernanda Montenegro e o textode Mllôr Fernandes. Não há dúvidade que o bom teatro é sempre umexcelente negócio e

Uma empresa brasileira (Debrás)que tem filial em Nova Iorque estáinteressada em exportar para os Es-tados Unidos apenas isto: 10 mi-Ihões de cabos de vassouras, 1 mi-Ihão de formas para gelo 1 milhão deformas para bolo com fundo remo-vivei. 500 mil capachos e 1 milhão

de rolos de 1/2 quilo de cordão desisal. Se você ó produtor de algumdesses artigos, procure a Debrás naRua México, 111, aqui no Rio.

Está andando de vento em popaa construção do supermercado daCobal, no Leblon. A grande obraestá sendo construída pela Contai, amesma firma que esta construindoo outro mercado da Cobal cm Bra-sília e o Parque Morada do Sol, aliem Botafogo.

Circulando no Rio, onde vieram

a passeio, os jovens - busi-

nessmen - Luiz Carlos e Roberto

Fahel. Dentro de alguns dias eles

irão a São Paulo, onde tratarão de

uma série de assuntos ligados aos

seus inúmeros negócios da Bahia.

No fim do ano, a meta dos irmãos

Fahel é a Europa e África, onde

pretendem praticar seu hoby prefe-rido, que é a caça ao tigre.

O primeiro escalão do Banco do

Brasil tem estado impressionado

com a capacidadeNestor Jost Trabalhando mais de

12 horas por dia, Jost faz questãode tomar conhecimento de tudo o

que acontecer na sua administração.

Tudo isso nem chega a ser novidade

para os que conhecem a capacidade

de trabalho do presidente de nossa

principal casa de crédito.

Nao foi por acaso que um grupode banqueiros suíços que estava noPaís há pouco tempo quis conhecera organização do BB. Depois de to-marem conhecimento de todas asengrenagens do Banco os visitantessuíços não mediram palavras de elo-gios à nossa modelar casa de crédi-to. Hoje não se pode falar em Ban-co do Brasil sem esquecer sua gran-de transformação sofrida nos últi-mos 4 anos. Para melhor, felizmen-te.

______________jili^ ",^_^____________!

____M_^ HÍ "*

• mmW~t^. tL\wW

'\mW^'^mmmtmmmÊLmWr Í^^B

Apesar da grande e natural eufo-iia da exportação, a verdade é queenquanto algumas medidas prclimi-ninares no sentido de proteger o ex-

portador não forem tomadas, esta-remos sempre com nossos preçosfora de competição no disputado

/mercado internacional.

Só para que se tenha uma idéia

da desigualdade, basta se dizer que

a Itália, apenas para se citar um

exemplo, tem seus fretes 50% mais

baixo do que o nosso. Consideran-

do-se que toda mercadoria é expor-

tada FOB, é óbvio que já entra-

mos - se chegarmos a entrar - no

mercado com uma grande desvanta-

gem. Por trás de tudo, como sempre

acontece nestes casos, uma tremen-

da gang, internacional mancomuna-

da com armadores nacionais. Quem

irá tomar providência?

Desde que deixou a presidênciado BNH, a professora Sandra Cavai-canti vem emprestando seu inesgo-tável talento à iniciativa privada.Agora mesmo, está trabalhando vio-lentamente na Lasa, Engenharia eProspecções, onde é muito estimada

por todos, desde os diretores até omais humilde funcionário.

,._^,

.Sandra Cavalcanti

Aplaudida por todos a adminis-

tração do prefeito Oswaldo Pieru-

cetti em matéria de iniciativas visan-

do ao desenvolvimento de Belo Ho-

rizonte. Com larga experiência e

muito folêgo, o prefeito mineiro

vai enfrentando os grandes proble-

mas da capital mineira.

Giampaolo Falco

ponto de

encontroO ministro da Fazenda, Delfim Neto, preparando suas malas com

vistas à próxima reunião de financistas representantes de grandenúmero de países do chamado terceiro mundo. O homem não

pára. +++ Estou recebendo a revista Fiat Lux, por sinal muito bem

paginada, com matérias de real interesse para a coletividade,

inclusive com ampla cobertura às bolsas de estudos que são doadas

pela Rat a dezenas de famílias de poucos recursos. Trata-se de um

órgão criado com o objetivo de divulgar fatos e assuntosrelacionados com a grande indústria de fósforos e é editada sob a

responsabilidade do Chefe de Relações Públicas da empresa, sr. Edu

Vargas, um dos homens que mais entendem de RP em todo o

País. +++ Também em meu poder o Lume órgão oficial do Grupo

dirigido por Linaldo Uchóa de Medeiros. Por sinal está cada vez

melhor, inclusive com informações gerais do interesse de todos.Lume é dirigido pelo jornalista e businessman ÁlvaroAmericano. +++ Na praia de Ipanema, com seus filhos, o homem domercado de capitais José Lúcio Cólen. SuasGuanaminas - Corretora de Títulos vai muito bem. Também,

pudera, poucos entendem do mercado de papéis como José

Lúcio. +++ Vocês já visitaram as novas agências do Banco Halles?

Tanto a nova da Candelária, quanto a da Quitanda com Sete de

Setembro foram montadas dentro do melhor bom gosto. FranciscoPinto, João Jabour e José Sylvio Magalhães estão de parabéns peladinâmica desenvolvida pelo Halles na atual conjuntura do mundodas finanças. +++ Na Presidente Vargas desfilando com aquelaelegância britânica que sempre lhe caracterizou, o empresário do

mercado de capitais, Haroldo Lutterbach, diretor da

Bumerangue - Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários.Trata-se da única empresa brasileira do setor, que tem filial em NovaIorque. A Bumerangue tem anda filiais em São Paulo, capital, e SãoJosé dos Campos. +++ Está havendo tremenda revolta na Barra daTijuco e adjacências, inclusive São Conrado, contra o cidadãoespanhol Orlando Gandola Nestor, proprietário dos hotéis Play Boy,Toledo, Canadá, Serra-Mar - Turist Hotel e Holiday. Ê que o citadosenhor, contrariando todas as leis do Pais, transformou suas casas dehospedagens em ninho de amor. O que mais se estranha é o eternosilêncio da Polícia. +++ O Juiz de futebol José Teixeira,considerado por muitos superior a Armando Marques, está muito

feliz com o sucesso que sua butique vem obtendo. Trata-se de casaespecializada em artigos para homens e fica ali na sobreloja doEdifício Central.

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_______

Murilo

Marroquim

Em 1945, Priestley previu asmutações por que passaria oteatro, passando a refletirtemas políticos ou sociais,deixando de ser só distração

POLITIKA

21eu vi

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H-^^_. ^ ______^____

W^"^<_ í- imm1 t^áèm*mmA____>. m^^t^^mmt

Priestley

__M /* guerraacendeu o estopim

da contestaçãoEsta é uma segunda reportagem sobre

"futurologia" no mundo da guerra e do após-guerra. A primeira foi umaentrev.ste com G. B. Shaw e o que/'deveria" ocorrer após a segunda guerra. Esta segunda é com J. B. Prié.tíey Estetambém, nao precisa de apresentação. Mantenho a integridade das minhas notas, para que o leitor se inteire de toda á

lT?^4Am T?3' 5 T6 encontrava na ,inha da f rente- c<>mo correspondente de guerra. A conversa com Priestley foiem torno de política. Onde ele errou ou acertou? É o que o leitor vai observar. Esta é uma história de 1945.

-

1945

Há algumas semanas atrás estive emLondres com J. B. Priestley, que dispensaapresentações em qualquer parte do mun-do onde a moderna literatura inglesa sejaconhecida.

-No seu apartamento em "The

Alba-ny", nos arredores de Piccadilly Circus,Priestley tem dado à luz algumas das me-lhores peças, em novelas ou teatro, da li-

teratura inglesa de hoje. Nesse seu aparta-mento, um tranqüilo e histórico edifício

da velha Londres, falou-me longamente

sobre a orientação pol ítica do mundo dehoje e insistiu particularmente em cha-mar-me a atenção para o potencial revolu-

cionario das classes médias especializadas.

Disse-me que vai a Moscou no próximoverão e confessou também que o Brasilexerce alguma fascinação sobre seu espíri-to; mas viajaria ao Brasil - adiantou-me — somente depois que o seu teatrofosse conhecido da mocidade e das massasbrasileiras.

Priestlev preocupa-se sobretudo, nesta

fase de dúvida literária, com o teatro.

Depois da nossa palestra fiquei de en-viar-lhe um pequeno questionário e ele ga-rantiu-me

que o responderia. Enviei o

questionário e poucos dias depois vim

para a frente ocidental. Ontem, aqui naAlemanha, à margem do Reno, recebi asrespostas de Priestley. E esta coincidênciaé curiosa, pois Priestley narra problemassobre a Alemanha e o mundo de amanhã.

Dou a seguir minhas perguntas e suasrespostas:

"- Que papel está reservado ao teatro

em favor do progresso moral, intelectual epolítico dos povos no após-guerra?

"

é provável que nos próximos dois

anos os povos procurem o teatro a fim deescaparem aos problemas da vida real, e

assim poderemos constatar que muitas pe-ças românticas ou comédias ligeiras obte-nham grande popularidade. Depois disso,contudo, é extremamente provável que osinteresses religiosos, políticos ou sociaissejam refletidos no drama e o teatro seráentão considerado como algo mais do queum centro de fácil distração.

Julga que a política aliada de

"rendi-

ção incondicional" é sábia em face da re-sistência alemã?

Nunca acreditei na política de rendi-

ção incondicional e sempre considerei

mais sábio o ponto de vista assumido pe-los russos -

procurar separar a massa do

povo alemão de seus dirigentes nazistas.

Que se deve esperar nos campos espi-ritual e político com o retorno da Rússiaà Europa depois de vinte e cinco anos?

Esta é uma questão difícil. Tem-se

que a economia socialista planificada rus-

sa terá influência na economia da Europa.

Qt*e os extraordinários feitos do exércitorusso comprovam o fortalecimento donovo espírito comunal russo, e que aomesmo tempo, os próprios russos não

mais sentindo-se ilhados por um mundo

hostil, serão profundamente influenciados

pelas novas relações econômicas, pol íticas

e cultural que manterão com o resto da

Europa.

O temor da Rússia desempenhou um

papel muito sinistro nos negócios mun-

diais, nos últimos vinte e cinco anos. E

temor ao resto do mundo desempenhou

um mau papel nos negócios russos.

Que possibilidades abrem-se ao cam-

po da arte depois da guerra? Julga possi-

vel o aparecimento de novas Barbusse,Remarque etc?

Duvido que esta guerra produza

novos soldados - autores que atraiam amesma atenção conseguida por Barbusse e

Remarque. A razão para isso está em quea resposta individual à guerra moderna jánão é um assunto novo, como o era havia

vinte e cinco anos.

Os aviadores poderão nos dar algum

novo trabalho valioso, e os vários aspectos

da guerra total podem produzir sua pró-

pria literatura. (Minha novela "Daylight

on Saturday", por exemplo, foi lida com

vida numa das vastas novas fábricas de

aviões).

Julga que o choque desta guerra mar-

cará o começo duma nova orientação emliteratura com respeito aos problemassocial, filosófico, ou religioso? Ou nãoterá exercido influência particular sobreescritores?

Outra questão difícil. Mas antecipo

uma certa particularização sobre os pro-blen_t«-fc reíiyiõiot» n<_ literatura do futuro

próximo. Essa particularização se farácontra o maiterialismo marxista, tãoobservada no século XIX, e bem podere-mos ver uma nova ênfase sobre os pontosde vista transcendental, metafísico oumístico. Haverá provavelmente um pro-testo, em nome da alma ou da mente indi-viduaL contra a vasta maquinaria da orga-nização social. Mas este protesto necessa-riamente não seguirá a linha de reação

política de pré-gue rra etc.

Como autor, que espécie de literatu-ra considera ideal em favor da paz univer-sal?"

Pode a literatura desenvolver-se numreinado de opressão e produzir grandes

intelectuais? E que contribuição podemos escritores fazer a fim de salvar funda-mentos morais e ideológicos desta guerracontra possíveis reacionários políticos eintelectuais que surjam no após-guerra?

Os escritores conhecidos tem umagrande responsabilidade pessoal nestesdias, pois um grande número de pessoasespera ser guiado por eles, pois os consi-dera honestos e sensíveis.

"A maioria dos nosso males provém,

primeiro, da má-fé e egoísmo, e desejo de

satisfazer os próprios desejos às expensas

de outras pessoas; segundo, de falta deimaginação, da facilidade para ver e com-

preender que somos todos interdependen-

tes e que nossas vidas estão intimamente

entrelaçadas. Poetas, dramaturgos, nove-

listas, ensaístas, todos estão aptos a tornar

muito claro, sem necessariamente se tor-narem grosseiramente didáticos. Eles po-dem

"compelir" seus leitores ou audiên-

cias a viverem vidas de outras pessoas, arirem com elas e a sofrerem com elas; e aomesmo tempo eles podem claramente

mostrar, como nu._d. viu<_& s><_u entrelaça-

das. (Eu próprio tenho feito isto sempre e

sempre, num novo drama prestes a ser le-

vado aqui em Londres, particularizo esta

questão). Ao mesmo tempo, os escritores,

em sua capacidade de cidadãos respeita-

veis, podem protestar contra políticas e

medidas que lhes pareçam reacionárias e

podem insistir sobre um melhor nível devida para o povo comum. Este não é o

momento em que os escritores devem re-

tirar-se — a menos que julguem não poderagir de outro modo -

pelo contrário, eles

devem insistir em escrever e falar pelasmassas de povos que não podem escrever

ou falar por si mesmas".

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POL5TIKA

koluna do

paskoal

Paschoal

Carlos

Magno

O enterro do

príncipe

Milão, 28 de dezembro

de 1955 -

Numa data

igual a esta, há trinta e sete

anos, descíamos a Rua do

Ouvidor. íamos a caminho

do S. Bento, naquela ma-

nhã cinzenta. Com ameaça

de chuva no ar. Havia mui-

ta gente parada diante da

TJotícia onde um cartaz

anunciava que naquela ma-

drugada morrera Olavo Bi-

lac. Nós o amávamos desde

os tempos da escola de Do-

na Leonor Posada, que fa-

lava dele freqüentemente

com admiração, que era

amor também.

Fazia-nos aprender suas

poesias de cor. 0 chamava

de Príncipe. Sua poesia da-

va-lhe um reinado sem

fronteiras. Tão Príncipe

como os da Itália, cujas fo-

tografias ilustravam uma

das paredes da oficina de

papai. Seu reino era'deste

mundo e do outro, porque

feito de música.

Nunca o tínhamos visto,

a não ser por acaso, senta-

do junto à cascata lumino-

sa mesmo no centro do sa-

lão de espera do Cinema

Odeon, que ficava na es-

quina da Rua Sete com a

Avenida. Lia um livro, de

cabeça baixa. Era feio, ti-

nha um bigode ralo, com

pontas para cima, e usava

pince-nez.

Passamos e repassamos

diante dele, em silêncio,

depois que papai o aponta-

ra, dizendo-nos em voz

baixa: "Aquele

ali é o Bi-

lac..." Lembro-me que,

de pernas cruzadas se po-

dia distinguir entre a meia

e a pele um pedaço de pa-

pel fino ou de tecido bran-

co. Ao que José, diante da

minha descoberta, acres-

centou misteriosamente:"Na

certa é para esconder

alguma ferida... "

E con-

tinuou: Já ouvi dizer, lá no

Ginásio, que ele é morfé-

tico... "

Não lhe perguntei o sen-

tido da palavra morfético.

Guardei-a na memória. Mal

chegado à casa corri ao di-

cionário,que me revelou

ser morfético sinônimo de

leproso.

Muito tvais tarde, Leôn-

cio Correia, na sua casa da

Tijuca, o defendia dessa

acusação, aconselhando-

me: "Vá

se acostumando,

pois se chegar á celebri-

dade, como lhe desejo, di-

rão de você cobras e lagar-

tos... "

Durante a campanha da

Ctsa do Estudante fiquei,

em Belém amigo de um

poeta sensível, iluminado

de bondade, chamado Jon-

athas Batista. Entre os prê-

mios que a vida lhe dera,

havia um cartão de Olavo

Bilac.

Eleito Príncipe dos/Poe-

tas Brasileiros, Olavo Bilac

encontrava-se na Europa.

Na véspera de sua chegada

ao Rio, onde se lhe prepa-

. ravam grandes manifesta-

ções, Maurício de Lacerda

y não se conforma e ataca a

homenagem que a Câmara

lhe prestaria, mandando

saudá-lo a bordo por uma

delegação composta de um

representante de cada Es-

tado.

Maurício de Lacerda se

opõe. Como a Câmara se

faria representar, numa ho-

menagem excepcional,

àquele que era o maior pe-

derasta do Brasil? Jonathas

Batista, em Belém, escreve

uma, duas crônicas defen-

dendo o poeta. Olavo Bilac

as lê e manda-lhe um car-

tão: "Obrigado,

Jonathas

Batista. Não foi este o pri-

meiro nem será o último

Maurício Lacerda na mi-

nha vida. Abraços"

O grande Poeta está

morto. Não tínhamos co-

ragem de andar pelas ruas,

subir o morro de S. Bento,

sentar num banco ouvindo

aulas, estudando. Dona

L eonor Posada — pensava

eu, mastigando minha

emoção de menino — que

foi namorada dele, deverá

estar sofrendo. Eu deveria

correr depressa à sua casa,

na Avenida Mém de Sá, e

consolá-la. Mas que pala-

vras usar para gente grande

que está sofrendo?

O melhor era voltar a

Paula Matos. Papai ficou

surpreso quando me viu

atravessar a xácara, entrar

de cabeça baixa:

Que é que há? Está

doente?

Sentei-me num dos ban-

cos de sua oficina de al-

faiate

Ólavo Bilac morreu.

Li agorinha mesmo na por-

ta da Notícia.

Papai balançou sua ca-

beça:

Que pena!...

No dia seguinte, papai

não trabalhou. Sua oficina

parou. Levou-nos ao Silo-

geu para que estivéssemos

presentes ao enterro do

Príncipe.

Chovia (nuito. Entramos

com dificuldade no grande

salão, onde centenas de

pessoas desfilavam diante

da essa em silêncio ou cho-

rando. Muitas levavam fio-

res que depositavam junto

ao caixão. Meninos esco-

teiros rodeavam a essa. Eu

me encontrava próximo de

uma jovem linda, que dizia

baixo a um amigo, quase

chorando:Quem

agora escreverá

versos para mim? (Anos

mais tarde soube seu no-

me. Chamava-se Rosalina

Coelho Lisboa)

Houve silêncio. Coelho

Neto falou. Pediu a Olavo

Bi lac, que tanto amara e

compreendera as estrelas,

que sua alma se transfor-

masse numa estrela, para

iluminar o Brasil. Não há

palmas. Há soluços. Muitos

soluços.

Cheiro de flores emur-

checendo. Os círios esta-

Iam. Estão levando as co-

roas para fora. Agora os es-

coteiros cantam o Hino à

Bandeira, cujos versos são

dele e que cantávamos to-

das as manhãs na escola de

Dona Leonor. Já não são

mais os escoteiros que can-

tam sozinhos. São todos os

presentes: Salve lindo pen-

dão da esperança...

Fecham o caixão. Papai

nos empurra para a saída.

Chove muito. Muito. O co-

che está parado junto à es-

cadaria do Silogeu. Seus

cavalos empenachados, co-

bertos de mantos de renda

preta. Colocam o caixão

na carruagem.

Há muita gente choran-

do. Distingo, encostada a

uma coluna de pedra, Do-

na Leonor Posada, que dei-

xa de enxugar as lágrimas e

faz com a mão trêmula um

gesto de adeus. A carrua-

gem parte lentamente. Os

cadetes estendem os bra-

ços em continência.

Com a finalidade de comemorar o transcurso do

oitavo aniversário da Revolução de 31 de Março, a

Câmara Municipal de Duque de Caxias, com a

presença do prefeito Carlos Marciano de Medeiros,

realizou Sessão Solene, sob a presidência do

vereador Francisco Estácio da Silva. Além dos

representantes do Comando da Primeira Brigada de

Infantaria, do Primeiro Batalhão de Saúde e

do Batalhão de Infantaria, estiveram presentes

à solenidade os vereadores Durval Gonçalves,

Arando Maia, Enos Figueira, Fernando Figueiredo,

Jorge Fortunato, José Marreto, José Carlos Lacerda,

José Faria, José de Jesus, José Ribeiro Neto, José

Calado, Jovelino Tavares, Laury Vilar, Luiz Braz de

Luna, Luiz Francisco, Manoel Barcelos, Raimundo

Gonçalves Milagres, Tomé Siqeira Barreto e Wilson

Macedo, sendo orador oficial da cerimônia o

prefeito-general Carlos Marciano de Medeiros.

una

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oi

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-

POLITIKA*

A Editoria

JOSÊ DOS SANTOS CRUZ (Guaratinguetá - SP) - "Que negócio é

esse de Cursi/ho. Embora tenha lido as reportagens que vocês publicaram,permanecem inúmeras dúvidas. Se possível, gostaria que vocês meexplicassem as fina/idades de tais cursos, como são preparados, em quecondições são realizados. Enfim, dessem-me uma orientação completa. Emtempo: muito bom o trabalho que vocês vêm realizando em prol doengrandeci men to do jornalismo político no Brasil".

Como você pode ver, José, na terceira página desse número, o Oliveiraapresenta inúmeros documentos e um depoimento sobre os Cursilhos, quecertamente eliminarão suas dúvidas. Apareça sempre.

23korreio

Cursilho já preocupa. O que é bom.**

CAMILO RICCKruaProme-

rim, 666 - Tucuruvi -SP)

- "Tive o prazer de ter em mi-

nhas mãos o número 21 dePOLITIKA e me interessei peloartigo Cursilho, Terapêutica

Ocupacionai da Direita, do

padre Paulo Martinechen Neto.

Não fiz o cursilho, mas já háum ano venho me interessando

por saber a verdade sobre o

movimento. Daquilo que obser-

vei até agora em grupos decursilhistas e de informações

que tive sobre o assunto, possoconcordar com muitas coisas

que o padre Paulo disse. Outras

afirmações suas não concordo,

no momento, por não ter co-nhecimento de causa. Por isso,

peço aos senhores, se possível,enviarem-me os números atra-

sados de POLITIKA que versa-

rem sobre o assunto cursilho, a

fim de que eu possa me apro-

fundar mais nesta questão, o

que é de meu interesse".

0 negócio é o seguinte,

Camilo: até o momento, tirante

a matéria assinada pelo padrePaulo, POLITIKA não teve par-te ativa nas discussões sobre oscursilhos. Serviu, isto sim, de

meio de divulgação de inúme-

ras opiniões, umas a favpr e ou-

trás contra. Tudo começou

quando o Nery resolveu publi-car uma declaração, devida-

mente gravada, de um grupo decursilhistas. Daí surgiram as

discussões, que como você

pode ver se estendem até estenúmero. Seu pedido foi atendi-

do, seguindo os exemplares

atrasados pelo reembolso pos-tal. Volte sempre.Temos mui-to prazer.

ANTÔNIO DOS SANTOS

(rua do Príncipe,

526 - Recife - PE) - "A ma-

teria (paga, evidentemente

Duque de Caxias acompanha o

desenvolvimento do Brasil,idêntica aos famosos jornais da

tela, que somente interessam

aos personagens neia aborda-

dos, destoa completamente do

espírito de POLITIKA, que se

firmou com magnífico tablói-

de. Levei um tremendo susto.

Por obséquio, quando de outra

carga dessas, coloquem, em

cima do título da reportagem,o aviso: matéria paga ou anún-cio. Vocês têm obrigações com

os jovens brasileiros desinfor-mados da política brasileira,

qye detestam tais tipos de re-

portagem, data vênia. Por ou-tro lado, Mobral neles, de MuryLydia, ocupou espaço muitoimportante de POLITIKA, que

deveria ter dado outra feição

ao artigo. Um recado para oLydia: que seria da vida se nãoexistissem as coisas que

"não

produzem absolutamente nada,não contribuem de nenhumaforma para o desenvolvimento

nacional"? Era melhor ser umGustavo Corção. . Toda socie-

dade organizada pune o erro —

apenas uma frase. Qual a socie-

dade que não mantém seuserros? Ora, há coisas mais im-

portantes para discutir e acusar

no futebol ou coisa que o va-

lha. Francamente, Mury Lydia

devia escrever para jornaleco de

colégio, pelo estilo. Sem mais,

tudo bem. A matéria sobre os

cursilhos só falta uma coisa:

mais matéria. O folclore poli-tiko é um achado. Falta aos ar-

tigos do Murilo Marroquim si-

tuar os fatos no tempo e no es-

paço. Legendas para as fotos".

Olha, Antônio, aqui todos

sabem que estão expostos às

criticas. Por isso, ninguém re-

clama. Acreditamos que, de-

pois de sua análise, tirante o

que não presta, o POLITIKA

até que é bonzinho. O Mury

manda lhe dizer que sabe queas sociedades mantêm - e algu-

mas cultuam — o erro, o quevem, de certa forma, a provar o

que ele pretendia: que as socie-

dades, não organizadas como

tal, preservam o erro para sua

própria sobrevivência. Ade-

mais, as legendas, algumas ve-

zes, são desnecessárias, por se-

rem óbvias. No tocante ao Mar-

roquim, as suas reclamações

coincidem com as de inúmeros

outros leitores, o que o fez al-

terar seus escritos, datando-os.

Suas sugestões foram devida-

mente anotadas e serão estuda-

das, a tempo e hora. Para en-

cerrar: não somos suficiente-

mente loucos para rejeitar

publicidade.

DOMINGOS DINIZ (Pira-

porá — MG) - "Venho me deli-

ciando, toda semana, com

POLITIKA, especialmente com

o folklore polítiko. Parabéns.

O jornal está excelente. A me-

dida exata. Nem tão gosador e

humorístico como o Pasquim,

nem tão sério como a chamada

grande imprensa(? ). Acabo de

ler o artigo do Mury Lydia,

Mobral neles. Ela tocou no

maior tabu do Brasil: futebol.

Só mesmo vocês tiveram a co-

ragem de mexer na ferida. Fu-

tebol, rádio e televisão, neste

País patropi, são sinônimos de

subcultura. E vai a gente falar

deles, que todas as desgraças

caem sobre a gente. Aqui mes-

mo, porque fiz leve crítica à te-

levisão, explicando que há — e

há mesmo - outros problemasmais urgentes: rede de esgoto,

matadouro (as reses são abati-

das no mato, promiscuidade,conduzida a carne em carroças

sujas), centro de abasteci-

mento, curso científico (apenastemos aqui formação e técnico

de comércio), grupos escolares,

professores, assistência social.

E todos eles são mais importan-

tes que a instalação de repeti-

dora de televisão. Pois bem, os

doutíssimos vereadores de mi-

nha terra, num rasgo luminoso

de inspiração, num gesto de

salva-pátrias, aprovaram um

requerimento me considerando

persona non grata ao munici-

pio. Só porque em minha mo-

desta coluna bocapi, no jornallocal, critiquei a televisão, ci-

tando Ponte Preta, Paulo

Autran, Nestor de Holanda e

Antônio Maria. Em anexo, se-

guem alguns exemplares de

nosso jornal zinho, editado nes-

sas perdidas barrancas sanfran-

ciscanas".

Obrigado, Domingos. Um es-

clareei mento: ela não é ela, é

ele. O Mury é homem, e diz-se

fanático. Agora, quanto ao per-sona non grata, convenhamos,

você abusou. Afinal, nem sem-

pre as verdades podem ser ditas

em toda a sua plenitude. Mes-mo porque os donos da verda-

de assim não o desejam. Volte

sempre, colabore conosco em

seu jornal, nunca jornalzinho.

EDGARD VENANT (Brasi-lia) - "Já

faz aproximadamen-

te dois anos que eu não lia jor-nal nem revista e nem escutava

o rádio. Um amigo vem insis-

tindo, há algumas semanas, pa-ra que eu lesse o POLITIKA,

inclusive me trazendo os exem-

plares. Não vou repetir os elo-

gios que já lhes fizeram outros

leitores, mas quero transmitir-

lhes os meus parabéns. Venho

endossar o pedido de uma re-

portagem sobre o ensino brasi-

leiro. Como professor que sou

e que já passou por todas as

etapas do ensino (primário, mé-

dio e universitário, particular e

público) eu faria a sugestão se-

guinte, para um roteiro: (1)filosofia do ensino universi-

tário; basicamente a falha prin-cipal neste setor se encontra

numa reversão lógica: primeirotecnológica e, finalmente, teó-

rica. Freqüentemente, esta últi-

ma não sendo atingida, o ensi-

no universitário fica caracteri-

zado por um derrame de pro

posições práticas sem a devida

justificativa teórica. Ora, é sabi-

do que a tecnologia é uma con-

seqüência simples e fácil da

teoria e mais, que a universi

dade é o local de estudos de

ciência, onde também existem

escolas que aplicam estas ciên-

cias. Em resumo, o modelo

ideal de universidade seria o an-

tigo padrão Universidade de

Brasília, hoje totalmente defor-

mado. Por que? Para que? Por

quem? (2) Filosofia do ensino

secundário: que simplesmente

não existe. Aqui há um amon-

toado de porcarias. As sucessi-

vas tentativas de remendar re-

sultaram numa colcha de reta-

lhos inaceitável. E o piore queseria tão simples definir o ensi-

no secundário como sendo

aquele em que a mente das nos-

sas crianças seria aberta para os

segredos da natureza. A este

respeito eu contaria um fato:

me revoltando contra a idiotice

de uma escola, que insistia em

ensinar o meu filho a escrever

bem bonitinho, tentei dar-lhes

uma prova de que a criança, en-

tão com quatro anos, entende-

ria melhor e aceitaria melhor o

estudo das ciências naturais.

Abri um pinto vivo e mostrei-

lhe o funcionamento do ani-

mal. Aos seus mestres eu o

exibi, respondendo-me com

perfeição às perguntas mais tri-

viais possíveis, como utilidade

do coração ou do pulmão. Na-

turalmente, me responderam os

mestres:"há instruções governa-mentais que dizem o que deve

ser ensinado às crianças". Há

um programa. Se eu quisesse,sendo diretor de uma escola,

modificar o ensino, simples-

mente não poderia. Porque é

proibido. Há os regulamentos.

E, naturalmente, as nossas

crianças é que pagam o pato,

pois ficam sendo embotadas

nas escolas secundárias e depois

nas universidades".

Muito bem, professor Ve-

nant, o tema é dos mais atuais

e será devidamente abordado.

Estamos satisfeitos, principal-mente, por termos conseguido

quebrar seu jejum de leitura. É

uma honra para a gente.

GENERAL TÁCITO REIS

DE FREITAS (presidente da

Comissão Nacional de Defesa e

pelo Desenvolvimento da Ama-

zônia - Rio - GB) - "Temos

a satisfação de enviar-lhe, com

o presente, um exemplar do

sexto número de nossa publica-

ção A Amazônia Brasileira em

Foco, em cujas páginas se en-

contra o trabalho da dra. Irene

Garrido Filha, transcrito no nú-

mero 19 desse excelente e pres-tigioso semanário. Muito gratosficamos pela divulgação e des-

taque dados aos trabalhos da

nossa estimada amiga e colabo-

radora, dra. Irene, e desde jános colocamos à sua disposição

para publicação futura de ou-

trás colaborações que lhe pos-sam interessar".

General, nós é que agrade-

cem os poder contar com traba-

lhos brilhantes como o que

publicamos. A oferta de novas

colaborações só podemos res-

ponder com votos da maior

proximidade.

ANTÔNIO CARLOS SIL-

VEIRA (Rio Grande,

RS) — "Seu jornal, que é de

todos e mesmo dos que não sa-

bem, tem estado excelente. É o

caso da reportagem do Sebas-

tião Nery, número 20, sobre

governadores indiretos. Escre-

vo, aliás, para colocar uma in-

formação complementar ao

assunto: a tendência, a nível

nacional, de condenar à miséria

o interior em benefício de

obras estrondosas nas capitais.

Ao exemplo baiano, ajunto eu,

agora, o caso gaúcho. A Asso-

ciação dos Municípios da Zona

Sul do Estado vai entrar com

recurso administrativo contra

os novos índices de retorno do

ICM, fixados dias atrás. A prin-cipal cidade atingida é Pelotas,

com 205 mil habitantes, segun-

da do Estado, que sofrerá uma

redução de 33,5% na arrecada-

ção do imposto. Mas Santana

de Boa Vista, por exemplo, o

menor município da Associa-

ção, perderá 43%. Diz o presi-dente da entidade ao governa-dor do Estado:

"se não houver

uma revisão nos índices do

ICM recém-divulgados, vão se

verificar paralisações de obras,

fechamento de escolas, dispen-

sa de professores e funcionários

municipais, com as mais desas-

trosas conseqüências para a

Zona Sul do Estado". Vamos

ver o desenrolar da crise. En-

quanto isso, diga ao Sebastião

Nery, por favor, que ele é o res-

ponsável pelo que há de melhor

em POLITIKA."

Antônio, todo mundo está

esperando, esperando, esperan-

do. O Nery agradece os elogios.

E nós, as informações com-

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