Marcio Bontempo - Alimentaçao Para Um Novo Mundo

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i \i i men t acao para um A consciência ao se alimenta r como garantia para a saúde e o futuro da vida na Terra

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guia para boa alimentação

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A consciência ao se al imenta r como garant iapara a saúde e o futuro da vida na Terra

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Dr. Mareio Bontempo

 Alimentação 

para um Novo Mundo

A consciência ao se alimentar como garantia 

para a saúde e o futuro da vida na Terra

 ____ 1 ___E D I T O R A R E C O R D

RIO DE JANEIRO • SÃO PAULO

2003

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Este trabalho foi inspirado no exem plo de vida de

Roberta, minha esposa, e a ela é dedicado,

com todo o meu amor e gratidão.

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SUMARIO

Prefácio (por Hichio Kushi)Apresentação — Contribuindo para um mundo melhor

PARTE I

1. IntroduçãoPor que adotar uma alimentação vegetariana

Por que não com er carne

2. Um cardápio industrial: íast food,  açúcar, corantes, irradiados, 

transgênicos, etc. Com o pagamos a conta...

Alimentos sintéticos e aditivos químicos — O perigo disfarçadoAgrotóxicos — Dá para viver com eles?

O que há de errado em consum ir leite e seus derivados

A polêmica dos alimentos transgênicos

Alimentos irradiados

O que mais evitar na alimentação industrializada

3. Com endo bichos — Quem é o animal?

Histórias para boi m orrer

É a ave um vegetal?

Quem é o porco?

Os bichos embutidos

Com er peixe é uma alternativa?Conclusões sobre a covardia em relação aos animais

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MÁRCIO BONTEMPO

4. Curiosidades do mundo dos criadores de animais 129

5. Direitos dos animais 133Animais de testes de laboratório — As piores atrocidades i 45

O que podemos fazer para evitar os testes com animais 153

Declaração Universal dos Direitos dos Animais 155

Com o ajudar os animais — Um resumo 157

PARTE II

6. Pesquisas atuais sobre saúde e notícias a favor do

vegetarianismo 163

Consum o de carne e osteoporose 169

7. O vegetarianismo nas religiões e filosofias 177

8. Ajude a salvar e a melhorar o mundo 189

O impacto ambiental do consumo de animais 189

9. Com o obter os nutrientes necessários 2 0 1

Vitaminas 202Proteínas e aminoácidos 206

Minerais e microminerais mais importantes 208

Cardápio para reposição de proteínas, cálcio, ferro e zinco  

para homens e mulheres entre 25 e 60 anos 2 18

Fontes vegetais de nutrientes 220

Alimentação adequada para gestantes 2 2 1

Alimentação adequada para atletas e desportistas 223

Alimentação para pessoas em fase de crescimento 226

Com o prevenir carências nutricionais através de suplementos 

— Um suplemento “veggie" 227

O s bons alimentos 227

‘Alimentos funcionais" — Uma novidade muito antiga 246

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Cereais integrais 247

Verduras, legumes, raízes e turbérculos 253

Frutas — A comida que é o melhor remédio 255Brotos germinados 262

Enzimas 264

10. Dieta para um novo tempo 277

Dicas gerais para uma boa alimentação 278

11. Fteceitas práticas, nutritivas e deliciosas 285

Sumário das receitas 286

12. Endereços úteis, sites  e e-mails   afins 307

13. Obras consultadas e recomendadas 3 17

ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

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PREFÁCIO

De vez em quando surgem livros que nos impressionam e mudam profunda-

mente a nossa vida. Existem diversos exemplos, como A Modest Proposal,  de

Jonathan Swift, no início do século XVII!, o Erewhon, de Samuel Butler, no sé-

culo X IX , o Macrobiótica Zen , os livros de Georges Ohsaw a, já no século X X ,

Diet For a New America, de John Robbíns, que há poucos anos produziu uma

verdadeira revolução dietética em prol do vegetarianismo consciente na Am é-

rica do Norte,

Este novo livro de Mareio Bontempo segue essa tradição, oferecendo aoconsumidor moderno uma quantidade de informações úteis e de primeira li-

nha quanto aos nossos hábitos alimentares. O estilo levem ente irônico, mas

embasado em sua ciência médica, confere um tempero especial à obra, que

acaba tratando a questão do vegetarianismo de modo consistente. O lado sa-

tírico do livro tem notável importância, e funciona como uma crítica aos valo-

res inversos da sociedade. Ainda mais agora, quando surgem obras antagônicas

à defesa de uma nova vida, como a recémlançada nos Estados Unidos Saving 

the Planet with Pestiddes and Plastic (Salvando o planeta com pesticidas e plás-

ticos), que na verdade é uma reação infundada e desesperada da indústria far-

macêutica e da agropecuária industrializada contra o movimento em prol da

alimentação orgânica e da saúde holística.

Alimentação para um novo mundo  apresenta uma análise penetrante dos

hábitos alimentares e do comportamento da sociedade moderna, alertando oleitor para a sua responsabilidade quanto ao futuro do mundo. Em uma abor-

dagem muito sensata e divertida, o autor propõe a restauração da saúde mun-

dial em todos os níveis possíveis: individual, familiar, social e ambiental.

Com o médico, Mareio Bontempo apresenta uma profunda, inusitada e

incomum compreensão da medicina moderna, sendo que a sua descrição sobre

o efeito dos alimentos industrializados na saúde humana, bem como o das

drogas, remédios e produtos químicos, presentes no meio ambiente e utiliza

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dos pelo homem (tanto em si mesmo como nos pobres animais), toma a lei-

tura mais que excitante e motivadora de reflexões.

O livro todo é uma critica bem fundamentada à dieta moderna, rica em

produtos animais, com elevados teores de gorduras saturadas e colesterol,

açúcar refinado, saí industrial, fast food e  alimentos aítamente processados (in-

cluindo irradiados e transgênicos), apontados como agentes da onda de doen-

ças degenerativas que ameaçam e têm prejudicado a saúde individual, familiar

e da humanidade.

Assim como Hipócrates, Hufeland, Sagen Ishizuka, Georges Ohsawa e

outros pioneiros, Mareio Bontempo resgata nesta obra o nosso potencial de

autodeterminação e autocondução, ao mesmo tempo em que encoraja o lei-

to r a assum ir a responsabilidade sobre a sua saúde e o seu destino. Lendo as

suas advertências e sugestões, nós nos sentimos capazes de fazer valer o nos-

so direito de liberdade em relação às nossas escolhas, de ser natural mente sau-

dáveis neste planeta e juntos criar, enfim, um mundo de saúde e de paz.

M i c h i o   K u s h i*  

Brookline, MassacbusettsJunho de 1999

*Mich io Kushi é atuaimente o mais importante representante da alimentação baseada na filosofia do 

Princípio Único e da Ordem do Universo. Foi discípulo direto de Georges Ohsawa e tornou-se,  

principalmente nos Estados Unidos, o grande mestre inspirador do desenvolvimento de uma alimentação mais consciente. C o m mais de cem obras publicadas em cinquenta anos de dedicação a 

causa da Macrobiótica, Michio é hoje procurado por pessoas do mundo inteiro, em busca dos seus 

ensinamentos. Fundador do Kushi Institute, em Becket. Massacbusetts. EUA, e do movimento paci

fista O n e Peaceful Wbrld, já fez milhares de discípulos, entre eles Jacques de Langne (Do-ln), Herman 

Aihara e Michel Abshera (Georges Ohsawa Macrobiotic Fundation), Willian Dufty (autor do livro 

Sugar Blues), John Ftobbins (autor de Diet for a New America),  Fiavio Zanata (Brasil) e o autor desta 

obra, seu discípulo direto. Mareio Bontempo.

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APRESENTAÇAO — CONTRIBUINDO 

PARA UM MUNDO MELHOR

“A paz no mu ndo, o u em qua lquer outra esfera, resultará, principalmente, 

de nossa atitude mental. O vegetarianismo pode nos prop orcionar essa 

atitude adequada à paz.,. Ele expressa um m odo de vida aprimorado que, se  

for praticado universalmente, poderá conduzir as naçõe s a um convívio

melhor, mais justo e mais harmonioso."

U T h a n t

O sonho de um mundo perfeito, sem violência, fom e, dones ou sofrimentos,

é, certamente, algo que qualquer cidadão deste pequeno planeta almeja. Hoje,centenas de milhares de movimentos — sejam de cunho ambientalista, social,

religioso, filosófico, caritativo, governamentais ou populares oficiais ou não —

dedicamse a esse fim, Grandes quantias, compostas de verbas de várias ori-

gens, são investidas no combate à fome, às doenças, às calamidades naturais,

etc . Tudo voltado para a luta por um mundo melhor. Apesar disso, mesmo com

resultados razoáveis, continuamos a assistir, a ler, a ouvir histórias sobre violên-

cia, fom e, d or... Q uer dizer, o mesmo de sempre e com alguns agravantes es-

pecíficos e gerais.

O esforço global pela paz, por exem plo, que envo lve setores variados da

comunidade mundial, parece frágil e impotente diante de fatos como os re-

centes ataques terroristas aos Estados Unidos. Não nos referimos aos ata-

ques propriamente ditos, que representam um ato deplorável e abjeto, mas

a reação de um presidente da república, incitando o revanchismo e o ódio eusando o "orgulho nacional ferido”, com o justificativa para dar vazão a impul-

sos neuróticos obscuros e a escusos interesses imperialistas, bélicos, ou sabe

se lá o que mais. O s mesmos interesses e impulsos que criaram desigualdades

socioeconômicas entre as nações, provocando a ira dos esfomeados ou

injustiçados. Dessa forma, desfalecem as nossas esperanças pela paz e por

um mundo diferente.

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No entanto, em todo esse contexto uma importante reflexão raramente

é lembrada. Mesmo que determinados e fortes, os movimentos são sempre

iniciativa de um grupo e não de um indivíduo. A Grande Revolução, a única que

pode realmente mudar o mundo, é a revolução pessoal. A única que jamais

poderá sofrer repressão, e que aponta para uma “desidentificação" progressi-

va com os valores do mundo material e da cultura vigente alienante. É o ho-

mem negando aquilo que historicamente o manteve afastado da "verdade

verdadeira” (diante de tantas "verdades" inventadas pela mentira), tornandoo

incapaz de centralizar a atenção em si mesmo. Ao contrário, inventaramse

milhares de formas de distrair a sua atenção, com milhares de atrativos, mira-

gens e promessas vãs. Desde a idéia da riqueza, das vantagens do conforto, da

luxúria, do poder, etc., o homem tem sido iludido. Ainda que as mais profun-

das filosofias, sempre disponíveis, tenham revelado que as miragens do mun-

do só levam, no meio ou no final da história, à dor e ao sofrimento, insistese

em buscar essas falácias.

Está bem claro que a ambição humana, o egoísmo e o desejo são a base

de toda dor e de tudo o que acontece de ruim no mundo, A pobreza nada

mais é do que a antítese da riqueza, uma vez que os seus valores e essências

são exatamente os mesmos. Um homem pobre sonha em ter dinheiro, e luta,

como se isso fosse resolver todos os seus problemas. N o outro extremo, no

entanto, os valores se revelam iguais, pois o que é aparente solução para o

pobre é problema real para o rico (quanto mais se tem mais insensível se fica e

mais complexa se torna a vida). E nesse círculo vicioso, as pessoas, em todas as

épocas e circunstâncias, são envolvidas.

A "luta pela vida" embruteceu o homem. Tornouo insensível. Deixouo

tão centrado na própria angústia de existir que anestesiou a sua capacidade de

reflexão e discernimento. Hoje ele é um agressor da natureza. Acha que pode

ser dono da terra, dos animais e de tudo o que existe. Exaure da natureza

matériasprimas que um dia não mais existirão, devolvendoas em forma de

venenos e toxinas capazes de pôr em risco a vida como um todo.

Não há mais solução centralizada em ações de grupos ou grandes movi-

mentos sociais ou religiosos (neste setor, os choques entre as diversas seitas,

crenças e o fracasso do ecumenismo já selaram esse caminho). Mesmo que

Jesus, Buda, Krishna ou outros avatares se manifestassem agora, na tentativa

de “salvar” a Terra do colapso, teriam de enfrentar sérias dificuldades e talvez

nada conseguissem.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

A revolução pessoal, isto é, a autoreflexâo ou mudança interior, é a nossa

única saída. Com eçando pela "desidentificação", ela produz resultados a partir

da premissa de que, “se eu quero mudar o mundo, devo começar por mim

mesmo”. Ato contínuo, é só procurar ver em si mesmo como o mundo e os

seus valores estão ligados. Se observarmos os hábitos, o comportamento, o

tipo de diversão, de atividades, etc., vamos verificar que “nós somos o mun-

do’'. A chave para a transformação está em nós mesmos. Isso se torna claro à

medida que praticamos a autoobservação.

Muitas filosofias que apontam em direção ao autoconhecimento, à supe-

ração do universo conceituai, à compreensão do funcionamento da mente trivial

e do ego material mundano (formado, moldado e condicionado desde a mais

tenra infância) podem nos ajudar nesse caminho. A maior parte delas mostra

que os “grandes problemas" existenciais não podem ser resolvidos, pelo me-

nos como a nossa mente trivial imagina e muito menos através de quiméricas

“grandes soluções". Convém ressaltar que não estamos falando de “autoaju

da", mais uma falácia ineficaz e decepcionante, mais um artefato da mente

discriminativa, ou seja, muito mais um treinamento para o infeliz acreditar que

é fe liz...

Precisamos apelar para a dialética relativista e entender que, para “grandes

problemas", precisamos de pequenas soluções. Assim como tudo o que há de

aparentemente complexo na vida é composto por uma teia de pequenas coisas

infinitamente menores e as grandes verdades, uma vez compreendidas, mos-

tramse extremamente simples, também é possível simplificarmos a nossa vida.Portanto, se queremos um mundo mais suave, tranqüilo, saudável, o ca-

minho parece ser o oposto ao da intelectualização ou da adoção, de um siste-

ma racional ou fundamentado em teorias complexas, best sellers, revelações,

preceitos, rituais, hipóteses, correntes de pensamento, profetas, gurus, etc.

Tudo o que pode alienarnos de nós mesmos, despertando nosso poder

pessoal de discernir e experienciar a vida e de captar as impressões do exterior

de forma completamente pura, sem os filtros dos “préconceitos”, das idéiaspnéformadas e de quaisquer informações registradas, nos levará a trilhar o

autocaminho. Teremos aí a única chance de se r autênticos e de fazer com que

as impressões absorvidas tenham uma legitimidade indelével e irrefutável.

Em termos práticos, então, como isso funciona? O autocaminho é deter-

minado pelo próprio autocaminho, Não existem caminhos; eles são feitos ao

se caminhar.... com os próprios passos.

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Mas dicas podem ser dadas.

Se quiser tentar comece pelo mais simples em sua vida, o mais básico, que

é o tema deste trabalho: a sua comida!Se observarmos bem, o alimento é a coisa mais necessária à manutenção

do corpo. Com er é o primeiro ato da nossa vida depois de respirar

Hoje os habitantes da Tenra não se alimentam mais obedecendo às leis da

natureza, mas aos seus desejos e aos seus impulsos de satisfazer sensações.

Se!ecionase o alimento muito mais com base no prazer que ele pode propor-

cionar do que na sua capacidade nutritiva ou nos seus benefícios. E a indústria

alimentícia trabalha justamente em cima disso, criando miríades de formas de

atrair e incrementar o consumo.

Podemos afirmar que atualmente ternos apenas dois tipos de alimentação:

a burra, centrada apenas no prazer oral excessivo, e a inteligente, baseada em

escolhas esclarecidas e saudáveis. ínfelizmente, a primeira não afeta somente

os seus adeptos — cerca de 98% da população mundial — , provocando pro-

blemas de saúde já tão conhecidos: doenças cardiovasculares, câncer, degene

rações, mal de Parkinson, Alzheimer, radicais livres, osteoporose, etc., etc. (Há

cerca de dez anos, o Departamento de Saúde dos Estados Unidos anunciou

que 68% das doenças modernas tinham como causa a dieta industrializada.)

Ela afeta a vida como um todo, a começar pelo meio ambiente e pela herança

genética (o genoma) das futuras gerações.

Portanto, quando observamos alguém saboreando um hambúrguer com

uma CocaCola, ou algo similar, enganamonos imaginando que ele está pre-

 judicando apenas a si mesmo, entupindose de colesterol, hormônios, antibió-

ticos, toxinas e outras especialidades próprias do fast food  (veja adiante como

isso acontece), Lamentavelmente, não é assim. Sem que possamos nos dar

conta, o impacto daquele alegre lanche (alegre só no começo, pois a carne

gordurosa, a maionese, o ovo encharcado, o queijo derretido logo provocam

enjôo, irritação gástrica, sensação de plenitude, fermentação, flatulência...) p ro-

duz efeitos mais tristes do que podemos supor — seja no meio ambiente, na

manutenção e crescimento da fome mundial, na violência, na injustiça social e

no enfraquecimento racial humano, conforme ficará demonstrado mais adiante.

Sendo um dos nossos temas centrais, o consumo de carne é uma das prin-

cipais causas da fome, da dor, da destruição do meio ambiente e da violência.

Ao optarmos pela adoção de uma dieta totalmente livre de produtos de o ri-

gem animal, estaremos contribuindo para transformar o mundo.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

Este trabalho vai mostrar que a forma com o nos alimentamos, como sele-

cionamos os nossos alimentos, é o primeiro e mais importante passo para criar-

mos um mundo melhor.

Assim como no passado os mestres Zen mostraram que, ao se adotar uma

alimentação simples, é possível simplificar o corpo, a mente e a própria vida,

também podemos simplificar o mundo começando por nós mesmos. É só lem-

brar o que John Lennon disse em Imagine,

Para quem já se alimenta conscientemente, ótimo. Ajudenos a difundir

ainda mais a idéia de uma alimentação adequada para todos. Caso contrário,

 juntese a nós! Não é aceitável, não é possível um Novo Mundo, um Novo

Tempo, sem uma dieta adequada. O nosso futuro está em nossas mãos.

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1. INTRODUÇÃO

Por que adotar uma alimentação vegetariana

'Até que tenhamos coragem de reconhecer a crueldade pelo que ela é —  

seja a vítima um anima! hum ano ou não — não podem os esperar que as 

coisas melhorem ... não po demos ter paz vivendo entre ho men s cujos 

corações se deleitam em matar criaturas vivas. Cada ato que glorifica o  

prazer de matar, atrasa o progresso da humanidade.’’

RACHEL C a RSON  (Sí/ent Spring)

Com o desenvolvimento da civilização, em vez de aprimorarmos os nossos

hábitos alimentares, de buscarmos uma melhor qualidade nutritiva, tomamos

exatamente o caminho oposto. O ser humano foi perdendo o contato direto

com a natureza e deixando de perceber a necessidade de estar em harmo-

nia com o meio ambiente.

Cientistas concluíram recentemente que os nossos mais remotos ances-

trais eram vegetarianos e só comiam carne em períodos de extrema crise.Darwin concorda que os primeiros humanóides eram comedores de frutas,

nozes e legumes. Von Linné afirma que, comparada à dos outros animais, a

estrutura do homem, tanto interna quanto externa, indica que legumes e frutas

constituem o seu alimento natural.

Foi apenas durante a última era gíacial, quando essa dieta tom ouse ínaces

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sível, que os primeiros seres humanos tiveram que com er carne para sobrevi-

v e r— costume que permaneceu, seja por necessidade, hábito ou condiciona-

mento.

Somente nas últimas décadas temos reagido contra o modelo alimentarimposto pela indústria alimentícia e contra a tendência ao consumo de animais

torturados. As pessoas mais conscientes estão constatando que a comida quí-

mica e a carne são prejudiciais e devem ser evitadas. Surgiram assim inúmeros

movimentos e padrões nutritivos, formando inclusive diversas correntes. A

macrobiótica, importada do Japão na década de 60, foi um marco importante

na história da alimentação, levando a humanidade a perceber a necessidade de

pensar o que come. Pela primeira vez no Ocidente, questionouse em maior

escala os perigos da carne, do açúcar branco, dos produtos artificiais, dos

agrotóxicos, etc., com o requinte adicional de buscar equilibrar os alimentos

segundo a antiga filosofia dos opostos/complementares, o Yin e o Yang. Além

disso, foi também a primeira vez que nos condentizamos de que 05 alimentos

tanto podem gerar doenças e matar (industrializados), como curar ou salvar

vidas (arroz integral, tofu...).Embora a prática do vegetarianismo sempre tenha existido, foi somente

após a implantação da macrobiótica que essa opção ganhou força, reforçada

pela idéia de uma dieta livre de agrotóxicos, isenta de produtos animais e quí-

micos, chamada alimentação orgânica.

O tipo de vegetarianismo anterior à década de 60 era muito mais praticado

por razões de saúde ou por motivos religiosos do que pela compaixão pelos

animais. Atualmente, a questão da justiça na escolha dos alimentos, a preocu-pação com o meio ambiente e com as futuras gerações — conforme será visto

adiante — também contam.

O s vegetarianos compreenderam que, para contribuir com uma socieda-

de mais pacífica, é necessário primeiro resolver o problema da violência, da

qua! participamos, de modo indireto, ao com er carne. Não é de surpreender,

portanto, que milhares de pessoas de todos os níveis tenham se tomado vege-

tarianas, optando por aquela que é considerada "a dieta do novo mundo". Elas

estão convencidas de que uma alimentação sem carne ou produtos de origem

animal é um passo decisivo rumo a uma sociedade melhor. Saber que pessoas

famosas fizeram também essa opção é não só confortador com o estimulante.

Eis algumas delas:

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

Vegetarianos famosos

Abraham Lincoln Madre Tereza de CalcutáAlbert Einstein Mahatma GandhiAlbert Schweitzer MarkTwainAlexandre Pope Milar. KunderaArnold Schwarzenegger Montai gneArthur Schopenhauer Paul e Linda MacCartneyBenjamin Frankiin Percy B. ShelleyBob Dylan PitágorasBuda (Sidarta Gautama) PlatãoDal ai Lama PlutarcoCharles Darwin Rabindranath TagoreClemente de Alexandria Rachel Carson

Confúcio Ralph Wáldo Emersonámile Zola RamakrishnaFrancisco de Assis RamatísGeorge Berriard Shaw Ftei AshokaHenry David Thoreau Richand Gere

H.G. Wells FUchard Wagner

Isaae Newton Sai BabaJeanJacques Rousseau São BasílioJesus Cristo Shirley MacLaineKrishna SócratesKrishnamurti SwedenborgJohn Milton Thomas Edison

Lamartine U ThantLaolsé Victor Hugo

Léon Tolstoi Voltai re

Brasileiros vegetarianos famosos: Rita Lee, Ederjofre, Stenio Garcia, Gilberto

Gil, Royce Grade.

Para um estudo mais apurado, é bom conhecer as diversas moda/idodes

de vegetarianismo  hoje praticadas:

Ovolactovegetarianismo

Admite o consumo de ovos e, além dos alimentos vegetais, leite dos mamífe-

ros e seus derivados: manteiga, queijo, requeijão, iogurte, etc. Conform e já foi

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mencionado, há ovoiactovegetarianos que estão conscientes da prática de uma

alimentação integral e orgânica e outros que não, permitindose o uso de ali-

mentos industrializados, como o açúcar, por exemplo.

Lacto-vegetarianismo

É semelhante ao tipo anterior de dieta, com a diferença de que evita o consu-

mo de ovos que, para os seus adeptos, representam uma vida em potencial.

Seu consumo significaria, então, a interrupção de um tipo de processo de vida.

Curiosamente, os ovos hoje consumidos no mundo inteiro raramente possuem

vida de fato, pois não são galados, ou seja, não têm mais energia vital. Seu con-sumo é bastante prejudicial à saúde por se r rico em antibióticos, toxinas, ácidos

graxos saturados (co leste ro l..,), hormônios, etc.

Vegetarismo — ou "Vegan"

Este tipo de vegetarianismo evita qualquer tipo de alimento que possa ter

origem animal, inclusive ovos, leite e seus derivados. E conhecido interna-cionalmente com o vegan, termo que passou a denominar também aqueles

que o praticam — "veganistas". Seus seguidores são mais radicais: têm tan-

to amor aos bichos que evitam inclusive os demais produtos derivados de

animais, como bolsas, cintos, sapatos e roupas de couro, travesseiros de

penas, etc.

Frugivorismo

É a modalidade que admite apenas o consumo de frutas, sejam cruas ou cozi-

das. Nenhum outro produto é aceito, pois, segundo os seus adeptos, das re-

presentam o alimento ideal para o homem. Suas conclusões foram tiradas a

partir de observações bíblicas, antropológicas, antropométricas e com base na

teoria evolutiva de Darwin. Os antigos primatas não eram carnívoros, mas

frugívoros, como, aliás, são até hoje.Há uma vertente que aceita os cereais integrais, crus ou cozidos, por

considerálos como “pequenos frutos”. De um modo geral, os frugívoros ten-

dem também a evitar o acréscimo de sal nos alimentos que consomem.

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ALIMENTAÇAO PARA UM NOVO MUNDO

Cerealismo

Não é bem um tipo opcional de vegetarianismo, mas um ramo da alimentação

e da medicina natural. No entanto, podem ser encontrados alguns raros segui-

dores desse tipo de dieta baseada apenas no consumo exclusivo de cereais

integrais, cozidos ou crus, incluindo ou não o sal,

Co m o técnica alimentar, o cerealismo visa à desintoxicação profunda do

organismo e à renovação biológica da parte humoral do sangue.

Crudivor ismo

É a modalidade que só admite alimentos crus. Baseiase na idéia de que os

alimentos devem ser consumidos conforme a natureza os fornece, sem a ne-

cessidade do fogo e do sal. Seus adeptos entendem que o fogo destrói a parte

mais importante dos alimentos naturais: sua energia vital.

O crudivorismo aceita principalmente as frutas, verduras, raízes, alguns

tubérculos e cereais passíveis de ser ingeridos crus como trigo (triguilho pica-

do, broto, etc.) e aveia. Os pratos são muito bonitos, coloridos e saborosos.

A alimentação natural recomenda dietas cruas como tratamento de diver-

sas doenças, Sua ação é basicamente oxigenante, vitalizante e purificadora, ca-

paz de eliminar elementos nocivos ao organismo. Pratos e cardápios compostos

por alimentos crus poderão ser encontrados mais adiante.

 Alimentação orgânica

Outra corrente que vem ganhando importância cada vez maior e se tomando

muito difundida é a chamada alimentação orgânica, que evita os agrotóxicos e

os aditivos químicos, com o os conservantes, corantes, arom atizantes artificiais,

etc,

Essa concepção alimentar surgiu durante a década de 60 nos Estados Uni-dos, mobilizando muitas fazendas na produção de alimentos tnteiramente li-

vres de produtos químicos. No Brasil, essa atividade já existe, mas ainda é

incipiente e realizada em pequeníssima escala, contrastando com os Estados

Unidos, a Europa e o Japão, onde os próprios governos incentivam a pesquisa

e a produção de alimentos através de uma agricultura biológica.

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MÁRCIO BONTEMPO

 Adotando uma dieta vegetariana consciente

Atualmente, não basta apenas parar de com er carne animal ou seus derivados

para estarmos seguros de ter uma dieta perfeita. Se quisermos escapar de sé-rias doenças carenciais é necessário também evitar o açúcar branco, o sal refi-

nado, as farinhas e grãos descorticados (pão e arroz brancos, por exem plo), os

alimentos industrializados e sintéticos, os enlatados, os óleos refinados, os irra-

diados, os congelados e, de preferência, os transgênicos. Consumir estes pro-

dutos é talvez o p ior erro daqueles que param de com er carne, Um a vez que

a pessoa ainda consuma carne, ela dispõe de nutrientes que acabam compen-

sando aquilo que o alimento manipulado perdeu, Essa vantagem é apenas quan-

titativa, e depende do tipo de proteína animal escolhida. Qualitativamente é

uma boa escolha, mas devemos estar preparados para alguns tipos de carên-

cias nutricionais. Isso no entanto pode ser facilmente contornado, se evitarmos

os itens acima relacionados estabelecendo uma dieta rica em cereais integrais,

leguminosas, frutas, raízes, tubérculos, etc.

O açúcar branco, conforme será visto adiante, é um antinutriente e roubaelementos do nosso corpo. Se associarmos o seu uso ao consumo de grãos

descorticados (sem vitaminas), enlatados (de reduzida carga de nutrientes), ir-

radiados (empobrecidos), estaremos aumentando o risco de desenvolver ca-

rências nutricionais de vários tipos.

Podese dizer que, através do vegetarianismo consciente, da escolha cor-

reta dos alimentos, o homem busca o próprio equilíbrio e harmonia em rela-

ção às leis naturais, Isso inclui a abordagem analítica quantitativa que caracterizaa nutrição acadêmica na questão da compreensão científica sobre a importân-

cia dos nutrientes — com o as proteínas, aminoácidos, vitaminas, sais m inerais,

lipídios, açúcares, oligoelementos, calorias — e das necessidades básicas do

organismo humano relativas a esses mesmos elementos. É preciso, hoje, esta-

belecer uma compreensão sensata e racional quanto a estas questões, pois elas

envolvem aspectos orgânicos, médicos, individuais e culturais de grande im-

portância.

Curiosamente, é essa preocupação que nos leva a fortalecer ainda mais os

argumentos que nos certificam ser a came um alimento a ser evitado, confor-

me será visto a seguir.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

Por que não comer carne

Segundo os adeptos da alimentação vegetariana, existem cerca de 30 razões

para não se comer carne. Eis aigumas deias:

 A proteína da carne não é superior 

O argumento de que a proteína da carne animal é insubstituível é falso. Um a

proteína é uma cadeia de aminoácidos, que podem ser obtidos de várias ou-

tras fontes e em quantidades mais que suficientes. Existem 22 aminoácidosconhecidos, sendo que dez deles não são facilmente sintetizados pelo orga-

nismo humano a partir de fontes mais simples; precisam portanto ser absor-

vidos em porções m aiores. O co rre , entretanto, que uma boa variedade de

alimentos, entre eles frutas, cereais integrais, ieguminosas (feijão, ervilha, len-

tilha, grãodebico, soja, vagem, e tc.) e legumes (com o, por exem pio, a ce-

noura e a abóbora) possuem esses nutrientes em quantidades adequadas, O

tabu que aponta a carne animal como "única" fonte de aminoácidos essen-ciais é baseado no fato de que ela possui quantidades um pouco maiores em

sua cadeia protéica; no entanto, uma simples composição de alimentos, com

cadeias menores de aminoácidos, já cobre as necessidades básicas do orga-

nismo.

Temos sidos totalmente condicionados a acreditar que não podemos ser

saudáveis sem com er grandes porções de carne, mas a verdade é exatamente

oposta.Nos anos 50, os cientistas classificaram as proteínas da carne como de "pri-

meira classe” e as de legumes com o de "segunda classe” . Entretanto, esta idéia

tem sido totalmente contestada. As proteínas vegetais têmse mostrado tão

efetivas e nutritivas quanto as da carne. Não se admite mais tal distinção. Há

grande variedade protéica na alimentação vegetariana, entre 8 e 12% nos ce-

reais. A soja é incrivelmente rica, possuindo duas vezes mais quantidade de

proteínas que a carne. Muitas nozes, sementes e feijões têm teo r protéico ava-liado em 30% .

Em 1954, em H arvard, após um estudo minucioso, dentistas descobriram

que, quando vários legumes, cereais e derivados do leite eram consumidos

em qualquer combinação, havia sempre mais proteína do que o necessário.

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Eles não conseguiram detectar nenhuma deficiência, independente da combi-

nação dos alimentos usados.

A maioria das pessoas ingere de 10 a 18% das calorias diárias na forma de

proteína, quando na realidade necessitamos somente de 5 a 6%! Mesmo secoméssemos somente batatas cozidas, estaríamos ingerindo II % de proteína

— o dobro do necessário!

Portanto, é preciso descartar a falsa idéia de que a carne nos dá força e de

que a sua ausência pode nos enfraquecer. Muitos campeões e atletas são intei-

ramente vegetarianos. Animais extremamente fortes, com o o touro, o búfalo,

os gorilas, são vegetarianos e não sofrem carências nutricionais de nenhum

tipo. Mais à frente apresentarem os argumentos, em geral negligenciados, queapontam a carne como um produto até mesmo perigoso para a saúde.

Faisa sensação de satisfação

A sensação de “satisfação" provocada pela carne devese ao fato de ela exigir

uma digestão mais prolongada, com uma ação estimulante de enzimas, e nãoà sua capacidade de fornecer nutrientes, fator menos influente nesta questão.

As pessoas acostumadas ao consumo de carne, principalmente da carne bovi-

na, estão organicamente condicionadas à sua presença. Mesmo ingerindo uma

refeição vegetariana composta de todos os nutrientes necessários, não se sen-

tirão satisfeitas ou plenas; sentemse como se alguma coisa indefinida estivesse

faltando. Só com o tempo é possível acostumarse a uma alimentação vegeta-

riana e evitar a sensação de fraqueza, comum quando se inicia uma modifica-ção dietética dessa natureza.

Pessoas não acostumadas a comer carne têm efeitos desagradáveis quan-

do a consomem, como peso digestivo, malestar, digestão longa, indisposição,

dor de cabeça, intestino preso, etc.

Carne cozida tem menos nutrientes

Todas as análises feitas a partir dos componentes da carne animal são realiza-

das mais comumente com a carne crua, não se levando em consideração

que o cozimento reduz substancialmente as taxas de proteínas e vitaminas.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

São, portanto, carentes as dietas cujos balanceamentos não se baseiam nes-

sa diferenciação. São diversas as proteínas e as vitaminas ditas termolábeis, 

que se modificam (ou se destroem ) sob a ação do calor. Desse modo, o chur-

rasco e as carnes longamente cozidas ou assadas perdem cerca de 30 % de

seus nutrientes principais, com concentração de lipoproteínas densas, Para

uma absorção adequada de nutrientes, devese ingerir a carne mal cozida

ou, preferencialmente, crua , o que não é , contudo, um hábito saudável nem

culturalmente aceito hoje em dia.

Fisiologia humana

A dieta de qualquer animal se ajusta à sua estrutura fisiológica. Portanto, vêse

que a constituição do corpo humano e de seu sistema digestivo é completa-

mente diferente da dos animais carnívoros. De acordo com a dieta, podemos

dividir os animais em dois grandes grupos: carnívoros e herbívoros.

O s animais carnívoros são, naturalmente, dotados de dentes cortantes, com

caninos pontiagudos, o que lhes permite prender e dilacerar mais facilmente a

carne. A denttção humana é adequada para mastigar grãos e frutas; não é pró-

pria para mastigar carne, daí a necessidade de cozimento, para tornar o produ-

to m acio. Iod os eles possuem um sistema digestivo muito simples e curto —

apenas três vezes o comprimento de seus corpos, para a expulsão rápida das

bactérias putrefatas da carne em decomposição, bem como estômagos com

dez vezes mais ácido clorídrico do que os de animais nãocarnívoros.

Os animais herbívoros vivem de gramas, ervas, frutos, cereais, sementes,

folhas e outras plantas, que, em geral, são alimentos fibrosos e volumosos. A

digestão começa na boca com a ação da enzima ptialina, da saliva. Esses ali-

mentos devem se r bem mastigados e misturados à ptialina, para serem digeridos

apropriadamente. O tamanho dos intestinos dos herbívoros é comparati-

vamente bem mais longo que o dos carnívoros. O do macaco antropóide, as-sim como o sistema digestivo humano, tem cerca de doze vezes o comprimento

do corpo.

O s herbívoros têm 24 dentes “molares" e fazem movimentos laterais com

as mandíbulas, para triturar os alimentos, ao contrário dos carnívoros, que só

fazem movimentos verticais.

Estudos recentes demonstraram que uma dieta carnívora produz efeitos

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maléficos nos animais herbívoros. O dr. Willian Collins, cientista do centro mé-

dico do Lincoln Medicai and Mental Health Center, em Nova 'tórk, descobriu

que os animais carnívoros têm “capacidade quase ilimitada para ingerir gordu-

ras saturadas e colesterol". Por outro lado, se 200 g de gordura animal forem

acrescentados diariamente à dieta de um rato, depois de dois meses seus va-

sos sanguíneos se tornarão enrijecidos, devido à gordura, com o desenvolvi-

mento da arteriosclerose.

Não somente o sistema digestivo humano é completamente diferente do

dos animais carnívoros. Nossa pele tem milhões de poros minúsculos para li-

berar a água e esfriar o corpo através do suor; bebemos água com movimen-

tos de sucção como os outros animais vegetarianos; nossos dentes e nossa

estrutura mandibular são próprios de vegetarianos. Nós não temos caninos

afiados e pontiagudos para cortar a carne.

Charles Darw in, autor da teoria da evolução, confirma que a nossa anato-

mia não mudou ao longo da história. Von Linné afirma que a estrutura do ho-

mem, tanto interna quanto externa, comparada com a dos outros animais,

mostra que legumes e frutas constituem o seu alimento natural.

 A carne não tem fibras

Resíduos anormais permanecem mais tempo em nossos intestinos quando

ingerimos uma dieta com baixo teo r de fibras. Não só toxinas são absorvidaspelas paredes do intestino, aumentando o risco de câncer; ocorre também uma

diminuição da umidade, o que toma as fezes mais secas e duras. Quando o

intestino está preso , há necessidade de se realizar m aior esforço na evacuação,

o que pode provocar hemorróidas e fissuras anais.

 Alimento antiecológico

A agropecuária é, hoje, a principal causa do desmatamento em todo o planeta.

É costume a derrubada de florestas para a criação de rebanhos. Um bife equi-

vale a três árvores médias (valem por um bifinho.

Se no Brasil continuarmos a comer carne de vaca, até 2010 toda a Mata

Atlântica terá desaparecido.

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ALIMENTAÇAO PARA UM NOVO MUNDO

O consum o de carne estimula a devastação das matas e assim tomase

um ato destrutivo que põe em risco o futuro da humanidade. O vegetarianismo,

portanto, é a opção adequada para os militantes ambientais mais conscientes.

 Aspectos humanistas e sentimentais

Uma das principais motivações que levam as pessoas a se tornar vegetarianas é

o amor pelos animais e a vontade de reduzir seus sofrimentos, a verdadeira

tortura por que passam ao longo da sua vida somente para servir de alimento

ao homem. Esses aspectos serão apresentados mais adiante,

Razões econômicas

Ao se tornar vegetariana uma pessoa economiza muito ao fazer suas compras,

ao selecionar pratos nos restaurantes e pelo simples fato de não comer ne-

nhum tipo de carne. Em média, a carne de qualquer animal custa 16 vezes

mais do que os vegetais, mesmo considerando os mais caros, como os cogu-

melos comestíveis. Vitela, foie  gras, camarões, lagostas, ostras, etc. são itens

sofisticados que custam demais. A famosa sopa de barbatana de tubarão é um

dos pratos mais caros do mundo, só perdendo para a caríssima sopa de ninho

de andorinha. O s pratos da culinária japonesa e da francesa, que na grande

maioria das vezes têm componentes animais, são excessiva e desnecessaria-

mente caros.

O va lor gasto em restaurantes aristocráticos poderia acabar com a fome

no m undo. Mas isso se as pessoas tivessem mais senso de justiça e com pai-

xão e cultivassem sim plesmente o sabor natural dos alim entos, red i-

recionando (pelo menos em parte), o gasto nesses restaurantes para a

população carente. Freqüentar um pouco menos um tipo de ambiente pode

ser de certo modo confortador para aqueles que têm e podem cultivar o

hábito da gastronom ia.

Quando nos sentamos para um "bom" jantar num restaurante caro , toda

aquela encenação de maitres vestidos a rigor, garçons excessivamente aten-

ciosos e polidos, o salão com suas toalhas imaculadas e talheres bem postos,

o champanhe francês, os pratos deliciosos (sem pre, no entanto, carregados,

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de produtos prejudiciais à saúde), as sobremesas fantásticas, a música am-

biente, etc. nos impede de enxergar o verdadeiro preço desse jantar, que é

o seu custo social. Na verdade, todo esse ambiente é uma grande farsa; todo

aquele fino trato, a atenção desm esurada, tudo é hipócrita e falso. O freguês

é tido, na verdade, com o um "chato” que exige demais. O s sorrisos forçados

não nos deixam perceber os bastidores dessa realidade. Basta visitar a cozi-

nha de um "bom restaurante” para, via de regra, constatar, entre outras coi-

sas deploráve is, abaru lheira, as brigas, os.xingamentos, a agitação, a fumaça,

o suor, a tem peratura elevada, a devolução de alimentos não comidos para apanela e a falta de higiene (chefs metem o dedo na panela e na boca sem o

menor constrangimento, garçons usam a mesma mão que carrega bandejas

para ajeitar verduras, ajudantes limpam o molho que sujou o prato com pa-

nos imundos).1

Certamente um indivíduo consciente saberá perceber a ilusão que isso

representa. Certam ente não se sentirá bem ao saber que aquele sabor sofisti-

cado, excessivo, tem como custo a fome e a angústia de alguma criança, em

alguma parte do planeta. Segundo dados oficiais da FAO (Organização para

Alimentação e Agricultura), 40 mil crianças morrem de fome diariamente no

mundo, ou seja, uma a cada dois segundos.

Para as donasdecasa, sem pre conta muito a econom ia na hora das com-

pras. Não é difícil entender que, adquirindo apenas itens vegetais, economi-

zamse milhares de reais ao longo dos anos e de toda a vida. Não existemestudos conhecidos sobre esse tipo de avaliação, mas certamente faremos uma

economia brutal ao nos tornarmos vegetarianos.

Mas a principal economia é a que diz respeito à redução dos gastos com a

saúde (ou com as doenças), Em outro capítulo, apontaremos diversas provas

de que o consumo de carne é o principal fator desencadeante das doenças

crônicas no mundo, gerando despesas descomunais não só para o indivíduo

mas também para a saúde pública, os sistemas privados de saúde, o governo,

a Previdência Social, as seguradoras, etc. Todo mundo perde. Só quem lucra é

a indústria farmacêutica.

'Confirmando esses argjjmentos, no ano passado o chef  americanoAnthony Bourtíain, do Les Halles, 

bistrô francês de Manhattan, publicou suas memórias em KiCchen Confidsntial. O   livro virou best 

seller. mas provocou a ira dos seus colegas ao desnudar o obscuro mundo das cozinhas.

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ALIMENTAÇAO PARA UM NOVO MUNDO

Questão religiosa e filosófica

Muitas tradições religiosas, notadamente cristãs ou hindus, desaconselham o

consumo de carne animal para aqueles que almejam a ascensão espiritual. Se-

gundo os mestres antigos, a carne transfere energias densas e inferiores para

aqueles que a consomem .

Este assunto será apreciado daqui a pouco.

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2. UM CARDÁPIO INDUSTRIAL:

FAST FOOD , AÇÚCAR, CORANTES, 

IRRADIADOS, TRANSGÊNICOS, ETC. 

COMO PAGAMOS A CONTA...

"...e então passaram a enve nenar os seus corpo s com comidas e bebidas 

doces, a fumrgar o peito com fumaças, a perturbar o pensamento com  álcool. Trocaram o bom alimento que nasce nas árvores e no s prados por  

aqueles guardados, estragados, estranhos. Nã o com em apenas o que se 

caça, o necessário, mas, como se o animal fosse um inimigo, tiram-lhe a  

liberdade, prende m-no e m altratam-no. matando-o sem piedade. Nã o sei 

como podem comer dessa carne. Eies não conseguem ver que estão  

com endo também todo aquele sofrimento. Isso não agrada ao Gran de  

Espirito, que acaba por enviar-lhes doenças e dores... Talvez seja por não  

enten der estas coisas que não sabem mais com er, beb er água, respirar, 

ouvir o vento, co rrer pela relva... N ão podem ensinar mais nada a seus 

filhos... e mo rrem mais cedo . sem ao me no s saber por que viveram..."

Chefe comanche desconhecido

Depois de milênios consumindo alimentos naturais, cultivados ou não, vivendo

em harmonia com a natureza, desfrutando as benesses de um meio ambiente

puro, o ser humano passou a atacálo como um vândalo idiota. Começou a

derrubar as árvores e a acabar com as florestas, com o se elas fossem suas ini-

migas. Passou a explorar matériasprimas da Terra, corroendo as suas entra-

nhas em busca de minerais e riquezas. Depois, inventou de se intrometer

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naquilo que come, introduzindo no alimento produtos tóxicos (agrotóxicos),

empobrecendoo (com adubos químicos que acabam por tom ar aterra esté-

ril), retirando dele partes importantes (como a película dos cereais, por exem-

plo, para te r o arroz branco, o pão branco, etc.), intoxicandoo com herbicidas

(para matar plantas "daninhas"), formicídas, antibióticos, corantes, aromatizantes

artificiais e outros venenos. Orgulhosamente também, inventou alimentos com-

pletamente artificiais. Rnalmente acabou por irradiar a comida com raios peri-

gosos e a modificála geneticamente (transgênicos), Tudo isso criado e apoiado

por técnicos de aspecto sério, de semblantes orgulhosos, que tudo fazem em

nome da necessidade de uma produção maior de alimentos. O que eles não

sabiam (e continuam sem saber) é que isso determinaria também uma maior

produção de coisas indesejáveis: carências nutricionais, doenças degenerativas,

degradação ambiental, enfraquecimento biológico, risco da inviabilidade racial,

mutações, etc.

A aplicação dos chamados "defensivos agrícolas" e dos adubos ou fertili-

zantes surgiu co m a Revolução Industrial, que marcou o início da "Era da Agres-

são à Natureza", quando o homem começou a extrair descontroladamente as

matériasprimas do planeta e o crescimento populacional passou a exigir maior

produção agrícola. Com a necessidade cada vez maior de alimentos, as

monoculturas tornaramse cada vez mais vastas, favorecendo o surgimento

das pragas agrícolas que exigem agrotóxicos. Da mesma forma, a indústria ali-

mentícia desenvolveu técnicas de conservação e transformação dos produtos,

O interesse no lucro hipertrofiou o poder das grandes empresas produtoras

de farmacos e defensivos agrícolas, que passaram a form ar lobbies e cartéis de

alta influência econômica e política nos governos de, praticamente, todos os

países. A indústria de agrotóxicos sofisticou seus m étodos, criando não somen-

te inseticidas e fungicidas, mas herbicidas seletivos de grande poder de pene-

tração na célula humana e de imensa capacidade tóxica, cancerígena ou

teratogênica.

Em associação ao uso dos agrotóxicos, a indústria de alimentos aprimo-

rou os seus métodos de criação de aditivos alimentares (corantes, aro-matizantes, etc.), criando uma imensa gama de produtos completamente

supérfluos e prejudiciais à saúde, presentes em produtos como sorvetes,

chicletes, chocolates, bombons, refrigerantes e sim ilares, O desconhecimento

e o descontrole dos governos e das autoridades sanitárias quanto aos perigos

dessas substâncias puseram em risco a saúde de todos os habitantes da Terra.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNOO

Quanto aos agrotóxicos, é necessário conhecer os meios para evitálos, con-

forme será exposto mais adiante.

É potencialmente perigoso, sob vários aspectos, consumir alimentos que

contenham qualquer produto químico. Contrariando as características natu-

rais dos alimentos disponíveis desde a criação do mundo, há pouco menos de

um século o homem vem criando, de modo crescente, uma grande variedade

de venenos, que são incorporados àquilo que comemos. São centenas de mi-

lhares, absolutamente supérfluos, destinados quase que somente à satisfação

do paladar e ao estímulo do consumo descontrolado. A cada instante um novo

chocolate ou refrigerante de mirabolante sabor é apresentado pela indústria

alimentícia. Um intrincado jogo de interesses envolve a fabricação desses pro-

dutos e revela um imenso descaso quanto aos seus efeitos sobre a saúde indi-

vidual ou coletiva, a curto, médio e longo prazos — além de iludir um mercado

consumidor muito mal informado.

Até o início do século X X existiam, apenas, cerca de oitocentos tipos de

alimentos conhecidos, configurando todas as possibilidades de recursos natu-

rais disponíveis no campo da alimentação. Hoje, são quase 40 mil produtos,

sendo que cerca de 39.200 representam criações sintéticas ou artificiais ou,

mais especificamente, “comida de laboratório". É justamente esse início de sé-

culo que marca o aparecimento, em maior escala, das doenças degenerativas

entre as populações mais abastadas, como resultado da interferência química

sintética sobre a sutil bioenergética dos seres vivos — ou antes, a interferência

da tecnosfera, criada pelo homem, sobre a biosfera.

Segundo pesquisas mais recentes, cerca de 85% das doenças modernas,

com o o câncer, a arteriosclerose, o diabetes, o reum atismo, etc., são causadas

pelos alimentos industrializados ou sintéticos. Pela primeira vez na história da

humanidade, o homem criou produtos de cadeia molecular capazes de pene-

trar e interferir poderosamente no intrincado metabolismo intracelular, o que

significa poluirtambém a célula. Não se conhece quase nada a respeito de como

a maior parte dos produtos sintéticos se comporta no organismo, mesmo

porque não existem condições técnicas necessárias para se avaliar o efeito, a

médio e longo prazos, de produtos como DDX  corantes, etc. Sabese, contu-

do, que o D D T (diclorodifeniltricloroetano) já está presente nos mares e nos

organismos vivos marinhos, no leite materno e no leite das vacas do mundo

inteiro.

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Alimentos sintéticos e aditivos químicos —

O perigo disfarçado

Silenciosamente, sem nos darmos conta, as nossas crianças podem estar

sendo envenenadas, expostas a doenças degenerativas, sofrendo de vários

tipos de alergias e prejudicando sua capacidade intelectual e seu rendimen-

to escolar, devido ao consum o de guloseimas industrializadas aparentem ente

inofensivas.

Hoje os aditivos químicos são recursos largamente utilizados pela indústria

de alimentos e são conhecidos como corantes, aromatizantes, conservantes,

estabilizantes, antioxidantes, edulcorantes, espessantes, acidificantes e outros.

O uso de aditivos é recente na história humana, e começou com a neces-

sidade de conservar os alimentos. Antes, apenas os edulcorantes — basica-

mente o melaço ou o açúcar mascavo — eram considerados aditivos, sendo

usados para acelerar a fermentação do vinho e da cerveja.

Os produtos enlatados praticamente iniciaram a prática da conservação.

Com a ampliação da industrialização de alimentos, outras substâncias foramsendo incorporadas, como acidulantes, estabilizantes e corantes — todas na-

turais ou de fonte natural. Com o tempo, a indústria alimentícia desenvolveu

se profusamente, criando centenas de aditivos artificiais ou sintéticos, que

permitiram tomála a segunda maior fonte de lucros no mundo, só perdendo

para a indústria bélica. Se eles antes eram realmente naturais, úteis e necessá-

rios, passaram a ser em sua maioria artificiais, e perigosos para a saúde, além ■

de terem se tomado um pretexto para a geração de lucros formidáveis, porserem segredos industriais de megacorporações internacionais.

Argumentos que subestimam a inteligência humana, como aqueles que

apontam os aditivos artificiais como "benefidadores" ou ‘'melhoradores'' dos

alimentos, são m eros pretextos para o seu uso, já que possibilitam grandes lu-

cros, a despeito do impacto negativo que são capazes de produzir sobre o

organismo, como os antibióticos, por exemplo, largamente aplicados na con-

servação de carnes e de outros produtos, mas que podem produzir bactériasresistentes às nossas defesas. Basicamente, nenhum alimento produzido pela

natureza precisa ser “melhorado".

Em muitos países a lei exige que qualquer produto destinado à alimenta-

ção humana que contenha aditivos relacione os seus nomes na embalagem.

Como geralmente muitos deles são usados, acabam sendo mencionados por

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

meto de códigos — os códigos de rotulagem, que são propositadamente im-

pressos com letras pequeníssimas. Mesmo que o consumidor conseguisse

enxergálos, não saberia identificálos nem tampouco descobrir a quantidade

de cada aditivo presente num determinado produto. Desse modo, ficam

institucionalizados o desrespeito, o poucocaso e a inconseqüência, tanto dos

fabricantes quanto dos responsáveis pela saúde coletiva, em relação aos con-

sumidores.

O controle da toxicidade dos aditivos e a sua liberação fica por conta de

uma comissão mista formada por membros da FAO e da OMS (Organização

para Alimentação e Agricultura e Organização Mundial da Saúde) denominada

Codex Alimentarius. Tal comissão, além de não possuir um centro próprio para

pesquisas, recebe relatórios técnicos de empresas produtoras de alimentos e

medicamentos (como a Nestlé, a Du Pont, a Union Carbide, a Monsanto, etc.),

o que coloca em dúvida os dados que dizem respeito à segurança e à inocuidade

desses produtos. O interesse comercial dessas indústrias nos impede de con-

fiar totalmente nas informações.

Existem, hoje, mais de trinta aditivos sintéticos proibidos, mas que antes

faziam parte da lista de produtos "inócuos". A cada ano, novas substâncias são

inventadas e outras saem da lista "permitida" em direção à lista proibida. Curio-

samente, quando um novo aditivo é criado, seja um corante, aromatizante ou

qualquer outro, ele primeiro ingressa na lista dos permitidos. Se por acaso ele

se mostrar prejudicial, vai sendotransferido para outras listas; "duvidosos11, "proi-

bidos”, e finalmente, "perigosos", quando então, supostamente, é banido do

grupo geral dos aditivos alimentares. Foi o que ocorreu, por exemplo, com odióxido de titânio (que ainda aparece em confertos prateados e coloridos para

bolos e balas, mas somente em países como o Brasil). Tratase de um aditivo

capaz de produzir leucemia em animais de laboratório, já havendo estudos in-

dicando essa mesma possibilidade para os seres humanos. O uso do dióxido

de titânio como aditivo também foi proibido no Brasil há alguns anos, mas, cu-

riosamente, a Nestlé lançou no mercado um produto denominado Smarties

que, petulantemente, apresenta esse elemento na sua embalagem.No grupo específico dos corantes, havia, até bem pouco tempo, uma curiosa

classificação dividindose em três tipos: C l, C ll e C íli. O s primeiros são os na-

turais (açafrão, clorofila, etc.); os segundos, os "artificiais" e os terceiros, os "qui

micamente definidos" (definidos para quem?). Os corantes C ll formam um grupo

com cerca de 30 componentes, sendo que cada um deles tem uma dose diária

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MÁRCIO BONTÊMPO

máxima específica, N o entanto, nas embalagens brasileiras — mesmo quando

vários corantes estão presentes — não se especifica qual deles está sendo usa-

do, nem a sua quantidade, aparecendo uma simples referência: “Cll".A capacidade de tolerância aos aditivos — assim com o aos medicamen-

tos — não é igual para todas as pessoas, incluindo crianças, adultos, espor-

tistas, doentes, grávidas e idosos. A dosagem máxima permitida por lei

provém de um gabarito vinculado à unidade aleatória de tempo. Não se

sabe, p or exem plo, quanto de determinado aditivo uma pessoa pode con-

sumir por dia, semana ou mês. Conclusão: com relação ao consumo des-

sas substâncias, não há — e nenhum fabricante garante — segurança totalpara a saúde.

A grande m aioria dos aditivos apresenta toxicidade, Todos possuem uma

dosagem máxima diária tolerada pelo organismo, sendo prejudiciais além

desse lim ite. No entanto, não há controle da quantidade ingerida pelo con-

sumidor. Mesmo que houvesse, desconhecese a capacidade de tolerância

do organism o. Co nsiderando se ainda que os seres humanos têm diferen-

tes níveis de tolerância aos produtos quím icos, estamos diante de um gran-de descontrole. Não se pode padronizar níveis de tolerância de produtos

sintéticos, pois as reações alérgicas, as respostas e o acúmulo são sempre

quantitativa e qualitativamente diferentes de um indivíduo para outro. Mes-

mo sem contar com esse aspecto, qualquer pessoa, principalmente as crian-

ças, pode facilmente (e inclusive motivada pela mídia!) comprar e ingerir

qualquer guloseima industrializada— chocolates, balas, iogurtes, por exem -

plo — , o que pode ultrapassar as quantidades máximas diárias permitidas,

ainda que ela não apresente restrições individuais quanto à tolerância a

determinada substância.

Se contarmos que a maior parte dos efeitos dos aditivos alimentares ocor-

re geralmente a longo prazo e por acumulação, variando de um organismo para

outro, o caso fica ainda mais preocupante. É de se perguntar, por exemplo, o

que acontece com o pigmento de um refrigerante artificial de uva (daqueles

capazes de deixar a língua roxa...), se a pessoa que o ingere não urina dessa

cor, nem apresenta a pela roxa? Para onde vai esse pigmento ou o que acon-

tece com ele dentro do organismo? Q ue tipo de interferência essa substância

artificial — não prevista pelo código genético humano — pode provocar na

sutil bioquímica humana? A inconseqüência das autoridades sanitárias mundiais

é tamanha, que as respostas a estas perguntas seriam condição para que se

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

liberasse ou não o consum o desse tipo de refrigerante, por exem plo. Mas, na

realidade, não é isso o que acontece. O interesse das indústrias no lucro supe-

ra a sensatez humana.

A maior parte dos aditivos sintéticos, principalmente os corantes e aro

matizantes, tem efeito acumulativo no organismo, o que elimina o argumento

das “doses máximas diárias permitidas" e qualquer viabilidade ou sentido rela-

cionado à "segurança de consum o". Essas substâncias são capazes de atingir o

interior da célula e o seu núcleo, interferindo nas funções celulares mais no-

bres, produzindo mutações e degenerações. Com o avanço da biologia

molecular, não se pode mais aceitar o raciocínio que permite doses máximastoleradas de qualquer aditivo alimentar artificial. Atualmente, a medicina

ortomolecular relaciona a presença desses aditivos no organismo com a eleva-

ção dos níveis de radicais livres.

Como podem causar doenças degenerativas bem posteriores à sua

ingestão, ou como resultado do uso contínuo, eventual, ou mesmo pelo

acúmulo de vários tipos de aditivos no organismo, fica difícil estabelecer uma

relação de causa e efeito entre eles e os males que são capazes de provocar.Os estudos mostram que os alimentos industrializados que contêm ele-

mentos sintéticos podem produzir as seguintes doenças, aqui relacionadas por

ordem alfabética:

Agranulocitose Desequilíbrios hormonais

Anemia Dificuldade de aprendizagem

Anencefalia Distúrbios gastrointestinais variados

An sied ade ínfentíl Doenças teratogânicas (doenças congênitas)

Baixa resistência a infecções Leucemia

C ân cer Má formação do feto

Deficiência imunológica Obesidade

Deficiência mental em bebês Re açõ es alérgicas variadas

Descalcificação dos osso s e dos dentes

Fonte: Food and Nutrition Board.  National Resea rch Cou ncil da National Aca dem y of Sciences. 

USA. 1987.

Para evitar os efeitos dos produtos contendo aditivos, convém evitar tudo

o que é industrializado e que possa contêlos. Não é difícil. É só uma questão

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MÁRCIO BONTEMPO

de cuidado. Se entendermos que todos os produtos artificiais criados pela in-

dústria de alimentos não são imprescindíveis, sendo perfeitamente dispensá-

veis e totalmente supérfluos, sem importância nutricional alguma (a não ser

calorias vazias, gorduras saturadas e perigosas), por que consumilos? Se en-

tendermos também que esses produtos são, todos eles, de algum modo, pre-

 judiciais à saúde, e que fazem parte de uma gigantesca estrutura de marketing, 

que mobiliza a enorme força da mídia para incentivar o seu desnecessário con-

sum o, talvez fiquemos mais convencidos a não comprálos, e a não presentear

as crianças com eles.

Um grande engano, por exemplo, é considerar "alimentícios" esses pro-dutos, pois não são exatamente “comida", e muito menos necessários. São

simplesmente guloseimas que funcionam, na verdade, como antinutrientes,

inibindo a assimilação de elementos nutritivos importantes, com o aminoácidos,

minerais e microminerais. Se a maior parte deles contém açúcar como

edulcorante, todos os problemas relacionados ao consumo de açúcar refina-

do devem ser acrescentados aos efeitos desses produtos. Se uma criança

ingerir um copo de refrigerante ou doces e balas pouco antes de uma refei-ção, haverá inibição do seu apetite, o que geralmente determina uma m enor

ingestão de alimentos necessários e, conseqüentemente, de nutrientes no-

bres. A repetição desse com portamento pode provocar carências nutricionais

subclínicas promotoras de deficiências imunológícas, obesidade infantojuve

nil e fenômenos de depressão psíquica, que tanto preocupam os pediatras e

nutricionistas conscientes.

Sugerese então que esses produtos não sejam mais incluídos na classifica-

ção de “alimentos” (o que caracterizaria “propaganda enganosa"), mas que se

crie uma outra modalidade, talvez um novo grupo. Sugerimos:  produtos 

nutricionalmente supérfluos.

Certamente as empresas envolvidas não permitirão que o Ministério da

Saúde crie essa classificação. O seu poder de influência e o grande lobbie que

representam no Brasil controlam a maior parte das resoluções dos órgãos sa-

nitários e de fiscalização neste país, mesmo havendo risco para a saúde da

população, Se não fosse assim, a Nestlé não colocaria no mercado produtos

com aditivos que não são mais permitidos pela lei, como por exemplo o seu

colorido e alegre "Smarties". O dióxido de titânio presente no "Smarties" foi

classificado pelo Ministério da Saúde como INS171, e não é ironia nossa...

Fãra quem duvidar, é só conferir: o produto pode ser adquirido nas padarias,

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

supermercados, cinemas, cantinas escolares, nos ambulantes e camelôs, e até

pela Internet.

Todo este tema, contudo, é mais preocupante por sabermos que existemnutricionistas e outros profissionais de saúde — certamente malinformados ou

com preguiça de se inform ar— que não conseguem enxergar tudo isto e, bi

sonhamente, consideram produtos artificiais, como essas guloseimas adocica-

das, inócuos e seguros. Certam ente assim o fazem por desconhecer detalhes

mais recentes do mundo da biologia molecular, que mostram que o câncer,

por exemplo, pode se r desencadeado a partir de uma única célula em contato

com quantidades ínfimas de derivados moleculares do alcatrão da hulha, dopetróleo, e tc. Para com pletara informação, 98% dos aditivos sintéticos deri-

vam exatamente dessas fontes... É a biologia molecular derrubando definitiva

mente o argumento das "doses máximas diárias toleradas” . Qualquer quantidade

de corante ou aromatizante sintético é capaz de produzir anomalias e altera-

ções em nível celular. Até um simples fóton de raio ionizante pode desenca-

dear o câncer...

Ao recebermos informações como estas, não mais podemos negligen-ciar a nossa responsabilidade no sentido de evitar e desaconselhar o consu-

mo dessas substâncias, quer sejamos pais de família, profissionais de saúde,

com erciantes desse tipo de produtos, donos de cantinas escolares, etc. Aliás,

essas cantinas são hoje consideradas as maiores inimigas da saúde infantil, pois

oferecem grande quantidade de doces, guloseimas, frituras, carnes, etc. Na

medida do possível, o ideal seria preparar os lanches em casa e conscientizar

as crianças, levandoas a evitar esse gênero de “alimentos” na cantina ou nos

bares.

Médicos pediatras e nutricionistas estão particulanmente envolvidos nessa

tarefa, devendo informar seus clientes sobre os riscos que tais produtos ofere-

cem à saúde. Isso começa com o seu próprio exemplo; caso contrário, qual-

quer orientação sua no sentido de evitar o consumo desses produtos perderá

legitimidade.

Os produtos a que nos referimos são praticamente todas as balas, choco-

lates, iogurtes industrializados, caixinhas de dropes, jujubas, bebidas acho

colatadas, refrigerantes, sorvetes, gelatinas sintéticas, snacks, etc. Os mais

perigosos são, obviameníe, os mais coloridos, de design  tentador, produzidos

por grandes empresas, apresentados na TV exibidos nos outdoors, revistas,

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MÁRCIO BONTEMPO

etc. Empresas que se apresentam como "preocupadas com a saúde dos con-

sumidores" ou que mostram uma imagem de benevolência, "tipo Nestlé", são

aquelas cujos produtos devem ser sumariamente evitados, pois são revestidosde um componente pior do que as cores que envolvem as suas balas e gulosei-

mas: a mentira.

Concentramos aqui maior atenção nas crianças por serem elas o principal

"públicoaSvo" da propaganda dessas empresas, na tentativa de ampliar o con-

sumo dos seus produtos. Mas os argumentos apresentados são válidos para

pessoas de qualquer idade, principalmente as grávidas, que podem te r tanto a

sua saúde quanto a da criança afetadas. Citam os aqui a Nestlé por ser, se não a

maior, uma das mais fortes empresas do mundo na área de alimentação infantil

e de guloseimas supérfulas. Certam ente a empresa não tem interesse na saú-

de ou no bemestar dos seus consumidores, sendo voltada apenas para o lu-

cro, tal como suas irmãs. Em função disso, ela tem sido combatida por grupos

de consumidores e pais em todos os países. A Nestlé promove a alimentação

infantil artificial em todo o mundo, infringindo o código de mercado da Organi-

zação Mundial de Saúde. Na visão dos seus opositores, enquanto a empresa

lucra, os outros pagam por isso.

Na década de 60 , na Inglaterra, a N estlé foi alvo de críticas violentas e de

processos, provocados pela sua ação na África, quando cerca de dois milhões

de íactentes morreram de gastrenterite e diarréias, devido à propaganda

desencadeada pela empresa em todo o continente, mostrando as "vantagens"

do aleitamento artificial. Convencidas pelos seus argumentos, mães interrom-peram a amamentação, provocando as mortes. O fato foi acompanhado por

grupos ativistas e resumido no livro que se tornou apócrifo, denominado The 

Baby Killer Skandal (O escândalo do assassino de bebês), do grupo inglês W ar

or Want. Apesar de proibido pelas autoridades, graças à influência lobista da

empresa, a obra teve mais de um milhão de exemplares vendidos e serviu

para alertar o mundo sobre as falcatruas da N estlé. Serviu também para le-

var a companhia à Corte e a promover indenizações. Contudo, devido aopoder da organização, não se feia mais no assunto. Nada mais se soube so-

bre os indenizações aos povos africanos vitimados, ao grupo W ar or Want e

ao livro...

A Organização Mundial de Saúde e o Fundo das Nações Unidas para a in-

fância informam que 1,5 milhão de crianças poderiam ser salvas se a propagan-

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ALIMENTAÇAO PARA UM NOVO MUNDO

da a favor do uso de leite em pó fosse proibida. Milhões de crianças ficam

doentes por não se r amamentadas.

Atualmente o grupo Baby Miik Action coordena uma ação internacional de

boicote à Nestié em 18 países, com base no fato de que a empresa controla

40% de todo o mercado mundial de leite em pó infantil, usando a sua influên-

cia para controlar as atividades mercantis e os governos. Os m embros do gru-

po apontam a Nestié como a única companhia internacional a violar a lei de

mercado, com propaganda falsa.

H oje, qualquer cidadão do mundo pode participar do boicote via Internet.2

Os ativistas sugerem que se evite a compra e o uso de qualquer produto da

empresa, em qualquer parte do mundo.

Pais, pediatras, nutricionistas e educadores conscientes, convencidos dos

perigos do consum o de alimentos que contenham aditivos sintéticos, encon-

tram uma dificuldade inicial ao iidar ou "negociar" com as crianças na tentati-

va de evitar que elas tenham contato com esses produtos. Por isso, é

necessário conhecer as diversas alternativas que existem para doces e simila-res. Há inúmeras receitas de guloseimas e sobremesas naturais e atrativas,

como doces, gelatinas, bolos, sorvetes, chocolates, iogurtes caseiros ou in-

dustriais — todos desenvolvidos para compensar as crianças habituadas aos

produtos sintéticos.

Num próximo capítulo, na seção de receitas, relacionamos uma grande

quantidade de opções. Fora isto, os entrepostos e as lojas especializadas em

alimentos naturais apresentam diversas alternativas nesse sentido.

•O boicote mundial à Nestié é apoiado por mais de 100 grupos religiosos, de saúde e d e consumi-

dores, com cerca de 90 escritórios, 80 unidades estudantis, 17 autoridades sanitárias, 12 empresas 

de importação e exportação, 74 políticos ou partidos políticos e diversas celebridades no mundo  

inteiro. A Nestié tem sido solicitada pela Advertising Standards Authority (ASA) a não dar continuida-

de à propaganda realizada em ! 998 contra o referido boicote. Além de estimular os consumidores a não adquirir os produtos da Nestié, o boicote sugere o envio de e-mail  diretamente para a em-

presa, com os seguintes termos:

'I understand that Nestle baby milk substitutes contribute to the unnecessary death of 1.5 million  

infant deaths per year, I therefore pledge to do my best not to buy any N est le products. i shall con-

tinue my boycott until independent monitoring demonstrates that Nestle no longer unethically 

advertises or promotes breastmílk substitutes."

Enviar para: [email protected]

O s ativistas propõem ainda que esta mensagem seja enviada para todos os amigos e pessoas co -

nhecidas através da internet.

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MÁRCIO BONTEMPO

Agrotóxicos — Dá para viver com eles?

Os agrotóxicos talvez sejam os produtos químicos que mais refletem a in-

terferência do homem na natureza, pois foram as primeiras substâncias a

estar presentes naquilo que é mais importante para a manutenção da vida:

a comida.

Hoje o mundo inteiro se preocupa com a sua presença nos alimentos e

há um intenso movimento no sentido de evitálos. No Brasil, praticamente

todos os produtos agrícolas e a carne dos animais de criação em larga escala

apresentam vestígios de agrotóxicos. Eles se dividem em vários grupos, com o

inseticidas, fungicidas, antibióticos, herbicidas comuns e seletivos, desfolhantes,

horm ônios sintéticos para animais, etc. Tem os desde o mais simples formicida,

passando pelo D D T, o B H C e família, até agentes desfolhantes extrem am en-

te tóxicos, criados para a Guerra do Vietnã e hoje largamente usados na agri-

cultura. No Brasil, dentre os produtos agrícolas que mais recebem agrotóxicosdestacamse o tomate, a batatainglesa, o morango comercial e o mamão

papaia.

Na impossibilidade de se evitar completamente a ingestão desses ingre-

dientes através dos alimentos, podese minimizar o contato com eles obede-

cendose às seguintes medidas:

— Com pre frutas, verduras, legumes, pescados e similares em feiras li-

vres ou em pequenos produtores. Evite os supere hipermercados.

— Rejeite a batata, o tom ate, o morango e o mamão papaia que não se-

 jam de produção orgânica ou de pequena escala.

— Evite as frutas resultantes de enxertos, com o a nêspera, a nectarina, a

bergamota, a ameixapreta, etc.

— Procure cultivar alimentos em hortas comunitárias e domésticas, can-teiros, vasos, etc.

— Adquira apenas os produtos da estação, de acordo com a seguinte ta-

bela:

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

Época de safra dos alimentos

Mês do ano Legumes, verduras,  etc. Frutas

Janeiro Abóbora, Abobrinha, Agrião, Alho- poró, Almeirão, Aspargo, Batata-inglesa, 

Berinjela, Beterraba, Brócolis, 

Catalunha, Ce bola, Cebolinha, 

Cenoura, Chicória, Cogumelo, Couve, 

Espinafre, Inhame, Jiló, Mandioca, 

Mandioquinha, Maxixe, Milho verde, 

Mostarda, Nabo, Palmito, Pimentão, 

Quiabo, Rabanete, Repolho, Rúcula, 

Salsa, Salsão (aipo), Tomate, Vagem.

Abacaxi, M teixa, Am eixa importada, Banana-d'água, Banana- 

maçã, Caju, Figo, Goiaba, Jaca, 

Laranja-pêra, Limão-taiti, Limão- 

galego, Maçã, Manga, Maracujá 

azedo , Maracujá doce, Melancia, 

Melão, Pêra, Pêssego, Uva-itália.

Fevereiro A bób ora, Abobrinha, Agrião, A lho- 

poró, Aspargo, Batata-inglesa, 

Berinjela, Beterraba, Cebola, 

Cebolinha, Cogumelo, Couve, 

Inhame, Jiló, Mandioca, 

Mandioquinha, Maxixe, Milho verde, 

Mostarda, Palmito, Pimentão, 

Quiabo, Rabanete, Repolho, Salsa, 

Salsão (aipo). Tomate.

Abacate, Abacaxi, Am eixa, Ameixa 

importada, Banana-d'água, Banana- 

maçã, Caju, Caqui, Figo, Fruta-do- 

conde, Goiaba, Jaca, Limão-taiti, 

Limão-galego, Maçã, Maracujá 

azedo, Maracujá doce, Melancia, 

Melão, Pêra importada, Uva-itália, 

Uva-isabel.

Março Abóbora, Abobrinha, Alho-poró, 

Aspargo, Batata-inglesa, Berinjela, 

Cará, Cebola, Cebolinha, Chuchu, 

Cogumelo, Inhame, Jiló, Mandioca, 

Mandioquinha, Maxixe, Milho verde, 

Palmito, Pimentão, Quiabo, 

Rabanete, Repolho, Vagem,

Abacate, Am eixa importada, 

Banana-d'água, Banana-maçã, 

Caqui, Rgo, Goiaba, Jaca, Laranja- 

lima, Lima-da-pérsia, Limão-taiti, 

Limão-galego, Maçã, Maracujá 

azedo, Maracujá doce, Melancia, 

Melão, Pêra importada, Uva, Uva- 

itália, Uva-isabel.

Abril Abóbora, Abobrinha, Aspargo, Batata-inglesa, Berinjela, Cará, 

Cebolinha, Chuchu, Cogumelo, 

Inhame, Jiló, Mandioca, 

Mandioquinha, Maxixe, Milho verde, 

Fãlmito, Pimentão. Quiabo, 

Rabanete, Rep olho, Vagem.

Abacate, Banana-d'água, Banana- maçã, Caqui, Figo, Goiaba, Jaca, 

Laranja-seleta, Laranja-lima, Laranja- 

pêra, Lima-da-pérsia, Limão-taiti, 

Limão-galego. Maçã, Maçã 

argentina, Mamão-bahia, Maracujá 

azedo, Maracujá doce, Melancia, 

Pêra importada, "Tangerina, Uva,

Maio Abóbora, Abobrinha, Alface, Batata- 

inglesa, Berinjela, Cará, Chuchu, Cogumelo, Inhame, Jiló, Mandioca, 

Mandioquinha, Pimentão, Quiabo, 

Rabanete, Rúcula, Salsa, Tomate, 

Vagem.

Abacate, Banana-d'água, Banana- 

maçã, Banana-prata, Jaca, Laranja- seleta, Laranja-lima, Laranja pêra, 

Lima-da-pérsia, Limão-taiti, Maçã 

argentina, Mamão-bahia, Mamão 

amarelo, Maracujá azedo, Maracujá 

doce, Melancia, Tangerina, 

Tangerina-poncã.

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MÁRCIO BONTEMPO

Junho Acetga, Alface, Batata-inglesa,

Brócolis. Cará , Chu chu, C ogum elo, 

Ervilha, Inhame, Mandioca, 

Mandioquinha, Rúcula, Salsa, Tomate.

Abacate, Banana-d'água, Banana- 

maçã, Banana-prata, Jaca, Laranja- 

seleta, Laranja-lima, Laranja-pêra, 

Lima-da-pérsia, Limão-taiti, Maçã 

argentina, Mamão-bahia, Mamão amarelo, Maracujá azedo, 

Maracujá doce, Melancia, 

Tangerina, Tangerina-poncã.

 ju ih o Abóbora, Acelga, Alface, Batata 

inglesa, Bnócolis, Cará, Cenoura, 

Erva-doce, Ervilha, Espinafre, Inhame, 

Mandioca, Mandioquinha, Mostarda, 

Na bo, Rúcula, Salsa, Toma te.

Abacate, Abacaxi, Banana-d'água, 

Banana-prata, Laranja-seleta, 

Laranja-lima, Laranja-pêra, Lima-da- 

pérsá, Limão-taiti, Maçã argentina, 

Mamão-bahia, M amão amarelo, 

Maracujá azedo , Melão, Morango.

Agosto Acelga, Agrião, Alface, Almeirão, 

Beterraba, Brócolis, Cará, Catalunha, 

Cebola, Cenoura, Chicória, Couve, 

Couve-flor, Erva-doce, Ervilha, 

Espinafre, Inhame, Mostarda, Nabo, 

Rúcula, Salsa.

Abacaxi, Banana-prata, Jabuticaba, 

Laranja-lima, Laranja-pêra, Lima- 

da-pérsia, M açã argentina, Melão, 

Morango.

Setem bro Acelga, Agrião, Alface, Alho,

Almeirão, Beterraba, Brócolis, 

Catalunha, Cebola, Cenoura, 

Chicória, Cogumelo, Couv e, Co uve-  

flor, Erva-doce, Espinafre. Mostarda, 

Nabo, Repolho, Salsa, Salsão (aipo).

Abacaxi, Banana-prata, Jabuticaba, 

Laranja-pêra, Maçã argentina, 

Morango, Nêspera.

Outubro Acelga, Alcachofra, Alface, Alho, Alho- 

poró, Almeirão, Beterraba, Brócolis, 

Catalunha, Cebola, Cenoura,

Chicória, Chuchu, Cogumelo, Couve, 

Couve-flor, Erva-doce, Espinafre, 

Mostarda, Nabo, Repolho, Salsa, 

Salsão (aipo). Vagem.

Banana-prata, Jabuticaba, 

Morango, Nectarina, Nêspera.

N o v em b r o Alcachofra, Alface, A lh o-p oró . 

Almeirão, Beterraba, Catalunha, 

Cebola, Cebolinha, Cenoura, 

Chicória, Couve, Espinafre, Mostarda, 

Repolho. Salsa, Salsão (aipo), Vagem.

 jabuticaba, Morango , Nectarina , 

Pêssego.

Dezembro Alcachofra, Alho, Alho-poró, Almeirão, 

Beterraba, Catalunha Cebola, 

Cebolinha, Cenoura, Couve, Repolho, 

Salsa, Salsão (aipo), Tomate, Vagem.

Abacaxi, Ameixa, Melão, Pêssego.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

Os vegetais têm mais agrotóxicos do que a carne

Um dos argumentos usados contra a alimentação vegetariana afirma que os

vegetais, e não a carne, estão contaminados pelos agrotóxicos. Apesar dos ta-bus e da desinformação dos médicos e das autoridades sanitárias, essa afirma-

ção, hoje, é o inverso da realidade.

Um gráfico esclarecedor — publicado em 1969, nos Estados Unidos, pelo

Pesticides Monitoring Journal  — demonstrou que os derivados de produtos

animais contêm mais D D T e seus similares que os produtos vegetais. O bserve

as dosagens assinaladas:

Presença de agrotóxicos nos diversos tipos de alimentos

Carne bovina, pescados e aves 0,281 ppm*

Laticínios 0 ,112 ppm

Óleos, gorduras e similares 0,041 ppm

Vegetais verdes 0,036 ppm

Frutas 0,027 ppm

Legumes 0,026 ppm

Grãos e cereais integrais 0,008 ppm

Raízes0,007 ppm

Batatainglesa 0,003 ppm**

*PPM — partes por milhão.

* *O s dados acima referem-se aos Estados Unidos e ao Canadá. N o Brasil os núm eros são  

relâtivamente semelhantes, co m ex ceçã o da batata comum , que entre nós registra forte pre

sença de agrotóxicos.

Com relação à carne bovina, suína, ovina, e ao leite e seus derivados, es-tudos no Brasil não só confirmam os índices registrados como acrescentam que

há um descontrole na utilização desses venenos agrícolas, o que determina maio-

res concentrações de toxinas nos produtos citados.

A carne bovina contém a mais alta concentração de herbicidas entre todos

7/17/2019 Marcio Bontempo - Alimentaçao Para Um Novo Mundo

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MÁRCIO BONTEMPQ

os alimentos comercializados na América do Norte, segundo o National

Research Council (N R C ) da National Academy of Sciences. Oitenta por cento

de todos os herbicidas usados nos Estados Unidos são pulverizados no milho e

na soja, usados primaríamente para alimentar o gado. Depois de consumidaspelo rebanho, as substâncias químicas acumuladas em seus corpos são trans-

mitidas aos consumidores através dos bifes cortadínhos do açougue.

Resíduos de agrotóxicos na alimentação norte-americana

O D D T e seus semelhantes se depositam na gordura dos animais, onde é muito

difícil ser assimilados. Assim, quando o gado come capim ou ragão impregna-

dos de pesticidas, essas substâncias ficam retidas em seu corpo. Portanto, quando

o homem se alimenta dessa carne, ele recebe toda a concentração de D D T e

de outras matérias acumuladas durante toda a vida animal. Como eles se ali-

mentam na "etapa final” da cadeia alimentar, os seres humanos tornamse os

últimos consum idores, sendo, portanto, os receptores da mais alta concentra-ção de pesticidas. De fato, a carne contém 13 vezes mais D D T do que os le-

gumes, as frutas e a ração animal. A Universidade Estadual de lowa demonstrou,

através de pesquisas, que a maior parte do D D T encontrado nos organismos

humanos vem da carne.

O New York Times relatou: “Um grave risco potencial à saúde são as subs

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tâncias contaminadoras invisíveis — bactérias com o a salmoneía e resíduos de

pesticidas, nitratos, nitritos, hormônios, antibióticos e outros produtos quími-

cos" (18 .7. í 971).

Há tempos fezse uma experiência nos EUA, que foi relatada por Robert J.

Co urtine : “Pulverizaram com D D T as ervas de uma pastagem e com essa for-

ragem alimentaram as vacas. Com o leite dessas vacas fezse manteiga, que foi

dada a ratos. Os ratos morreram , e foi verificado que o D D T contido em seus

estômagos possuía poder mortífero igual àquele que havia sido empregado

inicialmente." Tal pesticida é igualmente absorvido junto com os legumes, os

frutos, os cereais, o leite, a carne... Os inseticidas penetram nas gramíneas; in-

geridos pelos animais, acumulamse na sua gordura e voltam a encontrarse

nos produtos alimentícios de origem animal. Depois de medirem a percenta-

gem de D D T existente em diversos produtos americanos, foram encontrados:

• 89/milhão na gordura de vaca

• 65/milhão nos ovos

• 500/milhão na gordura de galinha

• 12/milhão no leite de vaca

O D D T absorvido pelas vacas através da forragem é também armazenado

na gordura, sendo depois eliminado lentamente pelo leite, durante meses. Até

no leite humano, em 30 de 32 casos, se encontrou D D T em proporções que

variavam entre 0 ,1 e 0 ,77 por milhão. Assim, os seres humanos, quer sejam

alimentados pela mãe ou com leite de vaca, ingerem resíduos venenosos des-

de os primeiros dias de vida. Esta intoxicação é muito grave, porque a sua ali-mentação é composta só de leite e os organismos jovens são mais sensíveis a

venenos do que os adultos.

Dioxina  — 0 pior veneno

A dioxina, ou tetraclorodibenzoparadioxina (TC D D ), é um composto aftamente

tóxico e persistente, que se forma na elaboração de herbicidas, como o 2 ,4 ,5T

Pela sua alta toxidez, faz parte da lista dos chamados “ultravenenos". A substân-

cia ficou conhecida na Guerra do Vietnã porque integrava o herbicida apelida-

do de "agente laranja", usado portropas americanas durante o conflito.

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Um estudo feito peia Agência de Proteção Ambiental (EPA), nos Estados

Unidos, enfatiza que, embora a emissão de dioxina tenha caído desde 1970,

quando foi amplamente utilizada, a substância ainda representa uma ameaça

para aqueles que ingerem elementos químicos contidos em certos alimentos.

Existem fontes naturais e artificiais de dioxina, como lixo hospitalar e dom ésti-

co e resíduos industriais originários da produção de papel.

A dioxina contamina a água e as plantas, sendo ingerida por peixes e ani-

mais que se alimentam de vegetais. Por se acumular na gordura, atravessa toda

a cadeia alimentar até chegar ao homem, causando diversos tipos de câncer,

com o o de pulmão. Ela tem uma dose letal (D L5 0) de 0 ,0 0 1 mg/kg, ou seja,

um único grama pode intoxicar e matar cerca de 10.000 pessoas.

O s produtos veterinários mais comuns aplicados nos animais são os antibió-

ticos, sulfamidas e hormônios, que podem dar origem às dioxinas. Segundo o

estudo da EPA, a probabilidade de as pessoas que seguem dietas ricas em co-

midas gordurosas de origem animal desenvolverem câncer é de I em 100,

estimativa dez vezes maior que a anteriormente prevista. Esses alimentos, ge-

ralmente com alto índice de dioxina, são ingeridos ao longo dos anos e, porterem efeito cumulativo, as consequências só são sentidas a longo prazo.

O s pesquisadores que participaram do estudotambém concluíram que essa

substância está relacionada com a diabetes e com problemas no desenvolvi-

mento infantil. As crianças estão mais expostas à matéria tóxica do que os adul-

tos, já que além de consumirem grande quantidade de laticínios bebem leite

materno, que também pode conter dioxina.

Os vegetais podem neutralizar venenos neles contidos

Enquando os produtos de origem animal, notadamente a carne, apresentam

índices elevados de venenos agrícolas e toxinas, provenientes da ação do ho-

mem no meio ambiente, os vegetais, que também podem contêlos, possuern

um poder especial de eliminálos do próprio organismo que deles se alimenta.

O problema das nitrosaminas, por exemplo, diz respeito às carnes e seus

derivados (salsicha, chouriço, presunto e fiambre), devido à adição de nitrrtos

usados para manter a cor da carne mais apetitosa. Esses elementos tendem a

se concentrar na gordura animal e a se acumular. Apesar disso, pouco se divul-

ga a quantidade de nitrosaminas utilizada nesses produtos. Preferese afirmar,

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sem comprovações, que os vegetais cultivados ou industrializados têm mais

nitrosaminas. Mesmo assim, os nitratos que ingerimos provenientes dos legu-

mes e frutos têm seus efeitos quase anulados, o que não ocorre com a carnepor eles contaminada. Assim, nada ainda está decidido quanto à agricultura bio-

lógica, Os nitratos, na boca ou no estômago, podem transformarse em nitritos

que, por sua vez, produzem nitrosaminas— substâncias cancerígenas, No caso

dos vegetais estes efeitos negativos são parcialmente neutralizados pelas vita-

minas C e E , os carotenóides e os flavonóides, o que não acontece com os

outros alimentos. Mesmo assim, é m elhor te r certos cuidados: lavar, descascar

e cozer eliminam grande parte dos nitratos. No caso das alfaces, que sãoconsumidas cruas, é especialmente importante não aproveitar as folhas exte-

riores e as nervuras, onde eles se concentram, Deixando de consumir estas

partes, estaremos eliminando 30 % deles.

0 que há de errado em consumir leite e seus derivados

O consumo desses produtos contribui para a devastação e degradação

ambiental, quase que nas mesmas proporções que o consumo de carne bo

■ina. Em busca de novas pastagens, são com uns o desmatamento e as quei-

madas, principalmente no Brasil. Por essa razão, o vegetariano autêntico não

:az uso do leite de vaca e dos seus derivados. Mas existem razões ligadas à

saúde que apontam os laticínios como alimentos inadequados para o consu-

mo humano.

Nos últimos anos, principalmente, têm crescido as evidências sobre os

efeitos negativos do leite e dos seus derivados sobre o organismo humano.

Considerados excelentes alimentos até há alguns anos, eles hoje estão sendo

questionados por muitos médicos e nutricionistas, principalmente nos Estados

Unidos e na Europa.

Recentemente, os estudos do dr. FranckA, Oski e John D. Bell compro-

vam que, mesmo não lhes acrescentando nenhum aditivo ou açúcar, os laticí-

nios não são apropriados para o hom em, uma vez que a natureza fez com que

cada espécie de mamífero produzisse o seu próprio leite. Pouco depois dos

três anos de idade, ou assim que a primeira dentição começa a se definir, o

organismo humano vai perdendo uma enzima denominada lactose. Com isso

o leite de vaca tom ase um produto de difícil digestão, perturbando a assimila

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ção de outros nutrientes e favorecendo as fermentações digestivas que pro-

vocam flatulências.

Diferentemente do leite humano, o leite de vaca possui vários compo-

nentes em quantidades desproporcionais para o homem, com o a caseína e a

lactoalbumina. Contém também alérgenos diversos (produzem vários tipos

de reações alérgicas), como as imunoglobutinas, por exemplo, que provo-

cam alergias em diferentes mamíferos, menos no bezerro. O excesso de

albuminas, de mucopoiissacarídeos e de outros compostos mucosos faz do

leite integral um dos produtos mais mucogênicos, sendo portanto capaz de

aum entar a secreção das mucosas. Muitos organismos descarregam o exces-

so de compostos mucóides lácteos através dos "emunctórios naturais”, ouseja, das áreas forradas por mucosas, como o conduto auditivo, as paredes

dos brônquios, a mucosa nasal, as paredes dos seios da face, as paredes va

ginais e, também, através da pele e do couro cabeludo. Respectivamente,

isto contribui para o surgimento de bronquites, rinites, sinusites, corrimentos

vaginais, eczemas, descamações, caspas e seborréias. A medicina natural in-

tegral compreende que estes fenômenos resultam da descarga de toxinas e

de material ácido do sangue. O excesso de consumo de laticínios favorece aprodução de ácido lático.

Há algum tempo, o leite de vaca era recomendado pelos médicos para o

tratamento auxiliar da úlcera gástrica, mas hoje está sendo contraindicado. Por

ser alcalino na sua forma natural, o leite de vaca tem, de fato, um efeito ime-

diato e espetacular sobre os sintomas de queimação determinados pelos áci-

dos do estômago sobre uma úlcera. Mas quase que imediatamente ele talha e

azeda, gerando ácido lático nos intestinos, o que contribui para a assimilação epresença de maior quantidade de elementos acidificantes. Isso faz com que o

sangue forneça mais íons H + , o que incrementa a produção de ácido clorídri-

co no estômago, perpetuando o processo. Com o a pessoa que sofre de úlce-

ra tem alívio imediato com o leite, acaba por consum ir quantidades crescentes

do produto, sem saber que caiu num círculo vicioso.

Estudos mais recentes revelam dados estarrecedores que têm causado

muita polêmica, Recomendado como um dos alimentos capazes de prevenir aosteoporose, o leite hoje está sendo apontado como um dos fatores que a

provocam.

A osteoporose é um enfraquecimento do tecido ósseo derivado de uma

carência de minerais, entre eles o cálcio, Muito comum no sexo feminino na

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menopausa e no envelhecimento, ela pode produzir alterações na estrutura da

coluna vertebral e fraturas espontâneas causadas por poucas trações, Como o

leite de vaca (de cabra e outros) é rico em cálcio, imaginase que ele seja bené-

fico nesses casos. Contudo, uma visão global ou integral nos revela que os mine-

rais interagem entre si e se interdependem. No tecido ósseo, o cálcio, o fósforo

e o magnésio têm função importante quanto à formação e manutenção do osso,

Numa analogia muito simples, poderiamos imaginar que o cálcio é o tijolo de um

muro; o magnésio, o cimento e o fósforo, a água que mistura o cimento. Com -

parado ao leite humano o leite de vaca é particularmente muito pobre em

magnésio (que o bezerro obtém mais tarde através da clorofila do capim, sendoo leite, portanto, adaptado a esta condição), além de tertam bém pouco fósforo.

Como o leite fornece muito cálcio, mas quase nenhum magnésio, este cálcio

(secundário) excessivo acaba exigindo uma complementação bioquímica com o

magnésio (menor com o fósforo), que acaba por ser retirado lenta e continua-

mente do tecido ósseo, enfraquecendoo ao longo dos anos. Entretanto, com

base em estudos mais atuais, descobriuse que somente o leite não seria um fa-

tor tão importante na questão da osteoporose.Segundo a indústria de laticínios, para manter os ossos fortes precisamos

ingerir cálcio através do leite. No entanto, pesquisas demonstraram que mes-

mo algumas mulheres que bebiam três copos de leite por dia acusavam defi-

ciência deste mineral.

Mais de 25% das mulheres acima dos 60 anos nos EU A já perderam mais

da metade de seu tecido ósseo. O consumo excessivo de proteínas através da

carne e dos laticínios acidula o sangue, provocando a redução de cálcio nosossos para neutralizar essa acidez. As mulheres vegetarianas, ao contrário,

têm ossos fortes, posturas eretas e pouquíssimas fraturas na idade avançada.

Isso se deve ao feto de que as verduras têm mais cálcio do que o leite, além de

não apresentarem excessos de proteína capazes de causar acidez e perda óssea.

O teo r mais elevado de cálcio no leite de vaca — adequado para o bezer-

ro, mas excessivo para seres humanos — é um dos fatores que contribuem

para a maior incidência de arteriosclerose, aterosclerose, cálculos renais ebiliares, além de anomalias ósseas, já que o cálcio, juntamente com o sódio e o

colesterol, tende a contribuir para a formação de placas endurecidas dentro

das artérias.

A precipitação do cálcio excedente na corrente sanguínea favorece a for-

mação de cálculos renais, segundo pesquisas realizadas em Boston, Mas

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sachusetts, em 1998. Não é sem razão que o leite seja o primeiro alimento a

ser suspenso por médicos bem informados em situações de litíase renal.

Também verificamos na alimentação humana a presença constante de um

agente descaldficante, sensivelmente negligenciado pela medicina oficial e bas-

tante utilizado junto com o leite: o açúcar branco, A elevada e crescente inci-

dência de osteoporose nos dias de hoje se deve ao hábito de se consumir

excessivamente laticínios e açúcar branco. Em quantidades excessivas, o açú-

car atua retirando basicamente o cálcio e o magnésio primários presentes nos

ossos e nos dentes.

Resumo dos problemas provocados peto consumo 

de leite e derivados

Alergias alimentares Caspa

Alergias de pele Dermatíte seborréica

Alergias subdfnieas Enxaqueca

Arteriosderose cerebral Flatulênda

Artrite Fluxos vaginaís

Artrose Gases intestinais

Asma brônquica Infecções intestinais

Aterosderose coronariana Osteoporose

Bronquite Reumatismo

Cálculos biliares Rinite

Cálculos renais Sinusite

Fonte: Franck A. O ski e John D . Bell, em Dorít Drínk Your Milk. Av on Boo ks, N ova York, 1969,

Adeptos da alimentação natural com base na abordagem macrobiótica afir-

mam que o leite de cada mamífero é adequado para cada espécie. Se uma

delas se alimentar regularmente do leite de uma outra espécie, surgirão pro-

blemas. Seriam as doenças que acabamos de enumerar ligadas a essa forma

de entendimento? Possivelmente sim. O estudo e a observação das leis da

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natureza indicam que toda e qualquer infração cometida contra elas resulta

em multa ou em dano à saúde. De fato a estrutura do leite de vaca é própria

para bezerros, mas não exatamente adequada para os homens. O bezerro

cresce cerca de dez vezes mais rapidamente que os humanos nos primeiros

meses de vida e, como já vimos, nesse período precisam de menos magnésio

do que nós; além disso, os anticorpos gerados pelo organismo da vaca para

a defesa imunológica do bezerro tornamse antígenos para os seres huma-

nos e podem desencadear distúrbios alérgicos de várias proporções. Exis-

tem outros numerosos elementos presentes no leite de vaca que são

importantes para bezerros, mas inadequados para homens. O leite humano,

ao contrário, é perfeitamente próprio para o nosso consumo, mesmo apre,

sentando quantidades menores de vários nutrientes (principalmente proteí-

nas), quando comparado ao leite de vaca. Mas não há como consumir leite

humano, a não ser no início da vida.

Convém lembrar que, se quisermos obedecer aos ditames das leis natu-

rais, devemos parar de tomar leite assim que nascem os dentes. A esta altura,o leite, mesmo humano, deixa de ser um alimento completo. É o que aconte-

ce com os demais mamíferos, que mudam a sua dieta logo que nascem os

dentes. O seres humanos são os únicos "animais" que continuam a se alimen-

tar de leite — obviamente de outros animais — durante toda a sua vida.

Comparando o leite das diferentes espécies

Porcentagemde proteínas

Tempo necessáriopara dobrar o peso

Humano 5% 180 dias

Égua 11% 60 dias

Vaca 15% 47 diasCabra 17% 19 dias

Cadela 30% 8 dias

Gata 40% 7 dias

Rata 49% 4 dias

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Entre as opções de substitutos saudáveis para o leite de vaca podemos encon-

trar o leite de soja, de amêndoas (ver receita adiante), de aveia, de arroz inte-

gral e de cereais, preparado através do cozimento prolongado de farinhas decereais integrais.

A polêmica dos alimentos transgênicos

'O conhecimento atual não nos permite prever os efeitos, a longo prazo, da

liberação de organismos transgênicos no meio ambiente."

Dr . Ren é Vo n  SCOMBERG, técnico e conselheiro

do Parlamento europeu

Considerase transgênico qualquer alimento modificado geneticamente. Atra-

vés das técnicas da engenharia genética ou da biotecnologia introduzse uma

ou mais seqüências de D N A de outra espécie, ou uma sequência modificada

da mesma. Organismo transgênico é aquele que recebeu um gene, ou seja,

um pedaço de DN A que não existia. Toda e qualquer espécie viva é formada

por um conjunto de genes, o DN A, que vai determinar suas características.

O s efeitos do avanço da biotecnologia e dos transgênicos na indústria dealimentos continuam sendo discutidos no mundo inteiro.

Animais também podem ser transgênicos. A empresa de biotecnologia de

Edimburgo, PPL Therapeutics, a mesma que criou Dolly, a primeira ovelha

clonada do mundo, produziu mais um clone. Tratase de Polly, uma ovelha que

representa um avanço em relação a Dolly: tem um gene humano. Ela é a pri-

meira ovelha transgênica criada a partir da tecnologia de clonagem e está sen-

do considerada pelos cientistas um passo crucial na comercialização destatécnica. Polly contém um gene humano, responsável pela produção de uma

proteína humana em seu leite, que permitirá tratar doenças que vão da hemofilia

à osteoporose. O método de clonagem permitirá o nascimento apenas de fê-

meas e a obtenção de um rebanho inteiro a partir de uma só geração.

Acreditase que o que vai realmente valorizar a planta transgênica será o

desenvolvimento de variedades mais resistentes às pragas, o que, teorícamen

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te, exigiría o emprego de menos agrotóxicos nas culturas vegetais. Além disso,

esperase que os alimentos transgênicos garantam maior teor de nutrientes,

principalmente proteínas e lipídios. Considerase também que estes alimentos

possam ser mais baratos e o seu cultivo mais eficiente do que o convencional,

o que poderia se r a solução para o abastecimento da população mundial, re-

solvendo a situação da fome.

Essa idéia principiou quando as primeiras experiências americanas com

transgênicos produziram tomates com genes que modificam a parede celular

da solanácea, aumentando sua vida útil. Usouse o bacilo turigensis,  bactéria

usada como biopesticida, colocandose a sua toxina dentro das plantas, o que

produziu m aior resistência a pragas e m elhoria da qualidade. O bacilo foi intro-

duzido também no genoma do algodão e do m ilho, mostrando a possibilidade

de redução dos custos de produção e menor uso de inseticidas.

Nos Estados Unidos, a soja é o produto vegetal que vem sendo largamen-

te produzido através da biotecnologia. Ficou famoso o caso da soja RR (Roundup

Ready), resistente ao herbicida glifosato (herbicida Roundup). Um gene origi-nado de uma bactéria de solo que tinha o poder de quebrar a molécula do

herbicida foi introduzido nesse tipo de soja, fazendo com que o vegetal, que

normalmente não resistiría à aplicação do herbicida, não morresse ao ser atin-

gido pelo produto, enquanto as ervas daninhas não resistiram à aplicação.

Atualmente cerca de 70% da área destinada ao plantio de algodão nos

Estados Unidos é cultivada com variedades transgênicas — alteradas genetica-

mente para com bater principal mente a lagarta da maçã e a lagarta rosada, os

dois principais problemas dessa cultura nos EU A . A previsão é de que, na pró-

xima safra, os transgênicos ocupem 80 a 90% da área destinada ao algodão no

país.

 A Monsanto entra no campo

A Monsanto é uma empresa norteamericana pioneira na pesquisa e na pro-

dução de alimentos transgênicos. Com a ajuda da engenharia genética, ela vem

desenvolvendo sementes dos mais variados tipos, da colza ao milho, toman

doas altamente produtivas e resistentes a pragas. Mas nenhuma supersafra

vem de graça. O s agricultores pagam uma fortuna pelas sementes da Monsanto

e são obrigados a assinar um contrato que os impede de plantar sementes pro-

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venientes de suas colheitas. Isso quer dizer que, se quiserem repetir o sucesso

da safra seguinte, têm de recorrer mais uma vez à companhia para conseguir

um novo carregamento.

Usando a engenharia genética e com a ajuda de genes inteligentes — ainda

em fase de desenvolvimento — , a Monsanto quer criar futuras safras com um

novo propósito: a esterilidade. No momento em que as plantas atingirem a

maturidade, as sementes perderão a capacidade de reprodução, Esse novo gene

— chamado de Terminator  (Exterminador do Futuro) — está sendo motivo de

preocupação no mundo inteiro. Caso essa nova tecnologia tome conta do

mercado, acreditase que, em breve, os agricultores estarão implorando pelas

sementes da Monsanto, dispostos a pagar qualquer preço para garantir uma

nova safra. O perigo maior, segundo algumas previsões, estaria na dissemina-

ção do gene esterilizador. Com o vento, o pólen dessas plantas podería fertili-

zar outras da mesma família, culminando com a contaminação, de forma

irreversível, de toda a flora terrestre.

O s pesquisadores conseguiram rem over de uma célula vegetal o segmen-

to de D N A responsável pela produção de toxina e introduzir esse material

genético letal no genoma de plantas comerciais. Em associação com outros

dois elementos, o gene assassino permanece inativo até um estágio avançado

de desenvolvimento, quando atoxina produzida afeta apenas as sementes, não

a planta. Entretanto, como a empresa precisa produzir inicialmente uma quan-

tidade suficiente de sementes para a venda, os cientistas acrescentaram mais

uma seqüência de D N A para neutralizar os genes esterilizadores. Uma vez

produzidas as sementes necessárias, elas serão imersas em antibiótico para que

o gene repressor seja ativado e as sementes se tomem estéreis.

Embora a maior parte dos cientistas acredite que não haja perigo na

criação do “exterm inador do futuro", o fato é que, de posse dessa tecnologia,

a Monsanto estará numa situação privilegiada e de grande poder. Jeremy

Rifkin, especializado em biotecnologia, tem a seguinte opinião: “Em se tra-tando de marketing,  a nova tecnologia é fantástica, mas do ponto de vista

social, ela é calamitosa, porque o que está em jogo é o controle das se-

mentes da vida."

Muitas organizações e instituições do mundo inteiro estão reagindo contra

a Monsanto. A empresa, no entanto, não é a criadora da tecnologia do ‘'exter-

minador do futuro". Ela foi desenvolvida pelo Departamento de Agricultura

norteamericano, em parceria com a empresa produtora de sementes, a D el-

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ta and Pine Land, do Mississippi, que vendeu as patentes para a Monsanto por

um bilhão de dólares.

A Monsanto vem criando inimigos, especialmente em países em desenvol-vimento. Em muitos deles, os agricultores não têm condições de com prar es-

sas sementes de primeira linha todos os anos e precisam usar uma porção de

cada colheita para o plantio no ano seguinte. Na visão da empresa, o "Extermi

nador do Futuro" é particularmente importante nessas regiões, onde não exis-

te proteção efetiva para suas patentes. Mas esse é um argumento pouco

convincente nos países pobres. Segundo Hope Shand, diretor de pesquisa da

Fundação Internacional para o Avanço Rural, “não haverá benefícios para osagricultores".

A Monsanto contraargumenta a favor dos seus produtos. Além de produ-

zir um dos herbicidas mais populares do mundo, a companhia desenvolveu

plantas mais resistentes ao veneno, permitindo que os agricultores pulverizem

a plantação sem prejuízo à sua colheita. Os cientistas da empresa também

desenvolveram plantas capazes de produzir uma toxina inofensiva para o ho-

mem , mas fatal para os insetos. Atualmente eles pesquisam outras substâncias

que podem ser incorporadas ao material genético e serão capazes de comba-

te r mais de vinte doenças. Se as supersementes — com ou sem o Extermina

dor do Futuro— forem adotadas em países em desenvolvimento, o aumento

de produtividade seria uma boa justificativa para a compra anual de sementes a

um custo mais elevado.

Os técnicos da Monsanto também contestam as sombrias previsões dosambientalistas. Eles descartam o risco de uma esterilização generalizada. Se-

gundo a empresa, a transmissão dos genes “assassinos” pode até ocorrer, mas

é pouco provável. Precauções simples, com o o isolamento das plantações que

contêm o gene alterado, estão aptas a reso lver o problema.

0 perigo dos alimentos transgênicos

Em relação aos alimentos transgênicos, a verdade é que, enquanto alguns den-

tistas dizem que eles são inofensivos a saúde e ao meio ambiente, até hoje

nenhum conseguiu provar isso. Há cientistas mais prudentes que exigem no-

vas pesquisas, já que há evidências de que existem riscos potenciais relaciona-

dos aos transgênicos. Vamos a eles.

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Cientistas menos envolvidos com os interesses comerciais da Monsanto

afirmam que o gene "exterminador” poderá ser levado pelo vento junto com

os grãos de pólen e fecundar as flores de plantas silvestres ou domésticas, tor-

nandoas também estéreis, e provocando uma irreparável destruição no

patrimônio biológico da humanidade.

Dizem também que novos elementos tóxicos podem ser agregados aos

alimentos. Muitas plantas produzem naturalmente uma variedade de compos-

tos — como as neurotoxinas, inibidoras de enzimas— que podem ser tóxicos

e alterar a qualidade dos alimentos. Geralm ente, estes compostos estão pre-

sentes em níveis nãotóxicos, mas através da engenharia genética podem serproduzidos em altos níveis.

Existem também riscos para a saúde, já que existe a possibilidade do D N A

inserido na comida ser tóx ico. No Japão, um suplemento alimentar “engenhei

rado“ causou dezenas de mortes e deixou centenas de pessoas inválidas em

razão da sua toxicidade.

Há também relatos de respostas alérgicas de indivíduos que consumiram

um transgênico que possuía um gene da castanhadopará brasileira. Com a

engenharia genética, novas proteínas causadoras dessas reações alérgicas po-

dem entrar nos alimentos. Alergênicos são proteínas que causam reações alér-

gicas. Transferidas de um alimento para outro, as proteínas podem conferir à

nova planta as propriedades alergênicas do doador. Embora as pessoas nor-

malmente costumem identificar os produtos que as afetam, com a transferên-

cia dos alergênicos perdese a identificação e a pessoa só vai descobrir o quelhe fez mal após a ingestão do alimento.

É possível ainda que o D N A inserido possa sertransferido para os microor-

ganismos da flora intestinal conferindo resistência bacteriana aos antibióticos.

Segundo um estudo da Royal Society da Inglaterra, há chances de que isso

ocorra. Os genes antibióticoresistentes podem diminuir a eficácia de alguns

antibióticos em seres humanos e nos animais.

A qualidade nutricional dos alimentos da engenharia genética também podeser reduzida. Pode ser significativamente alterada a quantidade de nutrientes

nos alimentos “engenheirados”. Sua absorção ou metabolismo também po-

dem ser modificados e novas substâncias correm o risco de alterar a composi-

ção dos alimentos. O gene introduzido pode não só estimular a atividade de

genes inativos, como inativar genes antes ativos. Isso resultaria na deficiência

de uma proteína ou no surgimento de uma nova proteína, causando distúrbios

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imprevisíveis no metabolismo da célula, como a geração de novos compostos

ou modificação nos níveis de concentração dos já existentes.

No que diz respeito à segurança em relação à liberação dos transgênicos,

a avaliação é feita através da equivalência substancial, isto é, se o transgênico

possui as mesmas substâncias que o alimento original. Alguns cientistas alegam

que esse método não é seguro uma vez que existe a possibilidade de novas

proteínas nocivas ao metabolismo não serem detectadas, Com o essa avaliação

foi aprovada por rigorosos órgãos americanos como sendo segura, os trans-

gênicos avaliados são vendidos em vários países, inclusive no Brasil,

 A engenharia genética cria um aminoâcido tóxico

Suplementos alimentares, como aminoácidos, geralmente são fabricados por

processos fermentativos. Grandes quantidades de bactérias são cultivadas em

tonéis e o suplemento é extraído das bactérias e purificado. O aminoâcido

triptofano tem sido produzido deste modo há muitos anos.

No final dos anos 80, a companhia Showa Denko K.K. decidiu usar a en-

genharia genética para acelerar e aumentar a eficiência da produção de

triptofano. Foram inseridos vários genes que alteraram a bactéria, levandoa a

expressar certas enzimas, em níveis muito acima do normal, e outras que nor-

malmente não fariam parte da bactéria original. Estas enzimas alteraram subs-

tancialmente o metabolismo celular do triptofano provocando um grande

aumento da sua produção. A bactéria alterada foi imediatamente utilizada na

produção comercial do aminoâcido, posto à venda no mercado norteameri-

cano em i 988. Substancial mente ele foi considerado equivalente ao triptofano

que estava sendo vendido há anos. Só que, em poucos meses, causou a morte

de 37 pessoas e 1.500 ou mais incapacitações permanentes.

Meses se passaram até que se descobrisse que o envenenamento fora

provocado por uma toxina presente no aminoâcido produzido pela bactéria

modificada pela Showa Denko através da engenharia genética. A nova doença

foi batizada de EMS (eosinophilia myalgia syndrome), porque seus sintomas

iniciais eram: aumento do número das células sanguíneas (eosinófilos) e dores

musculares (mialgia). Mais tarde mostrouse que o triptofano produzido pelas

bactérias modificadas continha um ou mais contaminantes tóx icos. O mais

importante deles, chamado EBT, foi identificado como um produto da dime

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MÁRCIO BQNTEMPO

rização do triptofano, E le representava menos de 0 ,1% do peso total do pro-

duto, mas ainda assim foi suficiente para matar pessoas.

Assim , parece que a manipulação genética para aumentar a sua biossíntese

levou a um aumento dos níveis celulares dotriptofano e de seus precursores.

Nestes aítos níveis, esses compostos reagiram com eles mesmos, gerando uma

toxina mortal.

Sendo quimicamente muito parecida com o amínoácido, esta toxina não

poderia ter sido facilmente separada dele, o que ocasionou a contamina-

ção do produto com ercial final em níveis altamente tóxicos para os consu-

midores.

 Alimentos transgênicos podem afetar as abelhas e seus produtos

Recentemente um caso envolvendo abelhas e transgênicos assustou os britâ-

nicos. Um pólen geneticamente modificado foi encontrado no mel produzido

em locais próximos a campos experimentais de transgênicos. A descoberta foi

divulgada pela organização ecológica Friends of the Earth (Amigos da Terra) que

agora está reivindicando a suspensão imediata dos testes com safras de canola

e milho geneticamente modificados feitos ao ar livre.

O s testes foram realizados pelo cientista Andreas Heissenberger, da Agên-

cia Federal de Meio Ambiente da Áustria. O s criadores que possuem colméias

próximas aos campos experimentais estão sendo advertidos para que retiremsuas abelhas das imediações. Eles se queixam de não te r sido alertados sobre a

“vizinhança" e agora a Associação dos Criadores de Abelhas da Inglaterra —

que representa 350 produtores em todo o país — quer compensação pela

perda de renda provocada pela mudança das colméias.

Transgênicos e o meio ambiente

Ainda não se sabe ao certo se a produção de transgênicos traz mais prejuízos

ou benefícios para o meio ambiente.

Foi comprovado que uma planta transgênica inserida no ambiente toma o

espaço das plantas naturais, formando uma plantação só de transgênicos. Isso é

considerado perigoso, já que estas plantas (as transgênicas) correriam o risco

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A.LIMENTAÇAO PARA UM NOVO MUNDO

de ser atacadas por “superpragas" capazes de resistir a pesticidas e de se re-

produzir, danificando assim toda a plantação.

Por outro lado, também foi comprovado que há plantas geneticamentemodificadas que limpam os lençóis freáticos. Bactérias transgênicas que despo

iuem ambientes já estão até sendo usadas.

Existem outros fatos a ser analisados. Um problema recente aconteceu com

o milho transgênico. Em laboratório, notouse que as borboletas monarcas que

se alimentaram do pólen desse milho morreram , mas quando a experiência foi

refeita em local aberto isso não ocorreu.

Diante destes fatos, vêse que o impacto dos transgênicos no meio am-

biente ainda é incerto. O ideal seria que, com o avanço das pesquisas, se con-

seguisse encontrar métodos que trouxessem apenas bons resultados para a

espécie humana e o meio ambiente.

 Algumas das declarações enganosas ou falsas dos defensores da biotecnologia:

“A engenharia genética é apenas uma variedade do melhoramento conven-

cional.”

A verdade é que a engenharia genética é fundamentalmente diferente do

que se denomina melhoramento genético. Devido à inserção artificial de genes

estranhos, substâncias nocivas podem aparecer deforma inesperada. Isto é um

fato científico, experimentalmente comprovado.

"Não existem evidências de que os organismos modificados geneticamen-

te sejam nocivos ao meio ambiente,"

Ao contrário, não existe nenhuma evidência de que estes organismos não

sejam nocivos ao meio ambiente. Um grande número de testes de campo já

fos realizado, mas, na sua grande maioria, de forma superficial e sem que fos-

sem incluídas investigações mais amplas quanto aos impactos ambientais a médio

e longo prazos. Existem inúmeras razões para se tem er a ocorrência de pro-

blemas ecológicos que, pela natureza da tecnologia empregada, provavelmen-

te serão, na sua maioria, impossíveis de reparar.

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MÁRCIO BONTEMPO

 A opinião pública mundial e os transgênicos

Alimentos modificados geneticamente são produzidos em iarga escala e já são

maioria nos Estados Unidos, onde o governo ainda não exige identificação es

pecial nos rótulos desse tipo de produto. Contudo, 90% dos consumidores

norteamericanos manifestam posição contrária aos alimentos transgênicos.

Nesse sentido, são acompanhados por consumidores do mundo inteiro: 78 %

dos suecos, 77% dos franceses, 65% dos italianos e holandeses, 63% dos di-

namarqueses, 58% dos ingleses, 70% dos australianos e cerca de 80% dos

brasileiros. No Japão, um abaixoassinado com 1,7 milhão de assinaturas foilevado ao governo.

Existe também uma forte campanha mundial liderada pelo Greenpeace para

impedir o desenvolvimento da biotecnologia.

Transgênicos e o governo brasileiro

Quando há alguns anos o tema da engenharia genética dos alimentos chegou

ao Brasil, era notório o descuido do governo e a falta de informação. A

desregulamentação é favorável às empresas interessadas e vem sendo busca-

da em todos os países como uma estratégia para facilitar a liberação, a comer-

cialização e a industrialização dos transgênicos. Isso explica por que no Brasil

havia má vontade das autoridades em impor um marco regulatório eficiente

para esses produtos.Criouse a Lei da Bíossegurança, que começou a tramitar no Congresso

Nacional a partir de 1989, com o objetivo não só de preservar a diversidade e

a integridade do patrimônio genético brasileiro, como de proteger a vida. Em

1995, essa lei foi sancionada pelo presidente da República e estabeleceu a cria-

ção da Comissão Técnica Nacional de Bíossegurança (C TN B io) — com poder

de aprovar ou não testes de campo e a comercialização de plantas transgênicas

e de outros produtos da biotecnologia. No entanto, só poderão requerer au-

torização aqueles que tiverem o certificado de qualidade e de bíossegurança da

CTNBio .

Uma das resoluções do governo brasileiro foi a exigência de rótulo

identificador na embalagem dos produtos alimentícios obtidos por meio da

biotecnologia. Essa posição será levada à reunião do Com itê de Rotulagem do

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

CódexAlim entarius, entidade que é referência para a Organização Mundial do

Comércio (O M C) na definição de padrões de alimentos em todo o mundo. A

decisão, que obriga todos os trangênicos a se identificarem em selo fixado na

embalagem, representa um avanço: até então, o governo brasileiro vinha sus-

tentando posição idêntica à dos Estados Unidos, ou seja, não rotular alimentos

'substancialmente equivalentes". A resolução se baseia no Código de Defesa

do Consumidor que, em seu artigo 3 1, diz que a apresentação de produtos

ceve assegurar informações corretas e daras sobre suas características, quali-

dades, composição e origem. Essa atitude do governo foi fruto das pesquisas

realizadas pelo Instituto de Defesa do Consumidor (ID EC ), segundo as quaisconsumidores do mundo inteiro, incluindo o Brasil, querem que os alimentos

transgênicos sejam rotulados. Levantamento de uma emissora de televisão

nacional mostrou que mais de 90% dos brasileiros fazem questão dessa iden-

tificação.

No Brasil, até o momento as pesquisas feitas com transgênicos têm busca-

do variedades mais resistentes e diferenciadas, como o algodão colorido. A

Embrapa e seus associados vêm trabalhando para a obtenção de algodão

transgênico no Brasil. O objetivo aqui é o combate às pragas, mas haverá

mudanças em relação ao modelo americano, considerado de custo muito ele

.ado, A previsão é de que a primeira variedade brasileira de algodão transgênico

seja apresentada até 2003.

Apesar das dúvidas, de pontos inconclusivos e da regulamentação in-

completa, empresas brasileiras já estão plantando soja modificada geneti-

camente.

Sem se importar com a lei, companhias interessadas no plantio da soja

no Brasil baseiamse em informações "seguras" emitidas pela Monsanto.

Uma delas procura mostrar que os primeiros produtos da engenharia ge-

nética de plantas são espécies resistentes a herbicidas. Já os próximos —

que estão sendo cultivados em cerca de 10 m ilhões de hectares em alguns

países — serão responsáveis pela redução de inseticidas, que custam hojeUS$ 10 m ilhões à agricultura, sem falar nos problemas ambientais deco r-

rentes de seu uso. Só no Brasil são gastos quase US$ 2 bilhões por ano

com agrotóxicos.

Ambientalistas e entidades ligadas à saúde pública acreditam que deve-

mos discutir melhor o papel do governo e da C TN B io , que se apóia no in-

constitucional Decreto 1.752 de 20.12 .19 95: liberar os transgênicos sem levar

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MÁRCIO BONTEMPO

em conta o seu impacto sobre o m eio ambiente, A comissão tampouco res-

pondeu às contestações de entidades civis, como a SBPC (Sociedade Brasi-

leira para o Progresso da Ciência). Além de tudo, ainda atropela o Código deDefesa do Consumidor, que garante o direito de escolher o que comer a

despeito de simples menções em rótulos. Diversos artigos e reportagens

publicados na imprensa recentemente questionam aspectos relacionados ao

processo de avaliação dos alimentos geneticamente m odificados e a atuação

da CT N Bio .

Há m uitos aspectos questionáveis com relação a esta com issão, que atua

anonimam ente e sem remuneração na implantação da Lei de Biossegurança(Lei 8.974 , de 5 .1. 1995 ). De acordo com essa lei, a C T N B io pode decidir

sem solicitar docum entos das empresas interessadas, que são exigidos ape-

nas quando a comissão julgar necessário. A com issão entendeu que esses

documentos relativos à segurança não eram necessários no caso da soja

transgênica tolerante ao herbicida Roundup e é, perante a opinião pública,

responsável por tal decisão, A comissão afirma ter analisado essa questão“exaustivamente". Diz que acompanhou sua evolução experimental e sua

liberação com ercial em todo o m undo. Analisou todas as evidências relati-

vas à sua segurança quanto à alimentação humana ou animal, sua liberação

ambiental e não encontrou nenhuma evidência real que justificasse a não

aprovação do seu uso em escala comercial no Brasil. Nenhum argumento

apresentado pelo ID EC ou pelos cientistas envolvidos nesse episódio, como

a SBPC (ou qualquer outra organização interessada), deixou de ser analisa-do criteriosam ente.

Ap esar de todos os seus argumentos, a posição determinada da CTN B io

é apenas aparente. Na verdade, tratase de uma comissão confusa, com-

posta por mem bros não remunerados, que emitem pareceres inconclusivos.

Cientistas sem nenhum compromisso oficial com o governo ou com as em-

presas ligadas à biotecnologia afirmam categoricamente que não há evidência

de aumento de produtividade nos experimentos realizados com a soja no

país. Contudo, as estimativas apontam que, só no Brasil, o plantio da soja

Roundup Ready provo cará aumento no consum o de glifosato — de 2 para

20 milhões de litros por ano. Além disso, agricultores, principalmente os

de menor porte, vão transformarse em reféns das empresas. A introdu-

ção da tecnologia terminator,  já patenteada nos EUA e com pedido de

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

patenteamento no Brasil, poderá acabar com a opção de usar parte dos

grãos colhidos como sementes, já que esses grãos passarão a ser estéreis.

Portanto, a substituição dos agrotóxicos por uma agricultura biológica esustentável é questionável.

Felizmente, a justiça brasileira tem respondido, em parte, a esses desres-

peitos, corrigindo os rumos do trabalho da CTN Bio ao determ inara rotulagem

completa dos transgênicos. Enquanto isso, eventos envolvendo o confisco de

soja transgênica têm sido relatados no Brasil.

Em São Paulo a juíza Raquel Fernandes Perrini, da I I a Vara da Justiça Fe-

deral, atendendo a pedido formulado pelo D E C , proibiu o plantio da soja

transgênica em escala comercial no país até que se façam estudos técnicos

sobre eventuais riscos que esse produto possa oferecer aos consum idores, à

população em geral e ao m eio ambiente. Alem disso, determinou que todo

oroduto transgênico seja devidam ente identificado, através de rótulo coloca-

do na embalagem. Essa providência é importante não só para a defesa dos

consum idores, mas também para a proteção do meio ambiente, já que exis-te a possibilidade de a soja transgênica cruzar com outras plantas e dar ori-

gem a uma erva daninha resistente a herbicidas.

Devemos ficar alertas. Enquanto os cientistas estiverem divididos a favor

e contra os transgênicos, nós, as pessoas comuns, só podemos ter medo.

Não é possível sentir segurança a respeito de algo que nem os cientistas en-

tendem . Causa indignação pensar que nos induzem a com er coisas que não

sabem se poderão nos dar mais vida ou se nos trarão doenças e morte. A

rotulagem dos transgênicos é necessária, pois só assim podemos saber o que

estamos com prando. Infelizmente isso não garante nem substitui as questões

oertinentes à segurança alimentar, pois não é prova de que esses produtos

sejam inofensivos.

É preciso tomar algumas providências que defendem o consumidor e o

meio ambiente, antes que os alimentos geneticamente modificados sejam pro-duzidos em grande escala e consumidos pela população, Por enquanto, procu-

re evitálos. Existem muitos produtos alimentícios importados dos Estados

Unidos contendo transgênicos, principalmente aqueles à base de soja. Não

adquirilos é uma forma de protesto, até que tenham os total segurança quanto

à sua inocuidade.

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Produtos com transgênicos, a ser evitados

Produtos com presença de transgênicos no Brasil

Prod uto E m p re sa País de O rig e m Porcentagem d e transgênicos D ata do teste

Nestogeno N estlé do Brasil Brasil 0 , 1% de soja Roundup Ready da M onsanto,

Menos de 1% de soja Roundup Ready

20/6/00

e 4/4/01

Pringjes Original Procte r & Gamble Estados Unidos M ilho Bt 176 da Novartis 20/6/00

Sopa Knorr c reme

de milho verde

Ref inações de

Milho Brasil

Brasil 4 ,7 % de soja Roundup Ready (reincidente) 20/6/00

e 4/4/01

Sopa Knorr macarrão

e legumes

Refinações de

Milho Brasil

Brasil Traços de soja Roundup Ready e m ilho Bt 176 20/9/00

C u p Nood les Nissin-Ajinomoto Estados Unidos 4,5 % de soja Roundup Ready, meno s de

1% de soja Roundup R eady (reincidente)

20/6/00

e 4/4/01

ProSobee Preparado

InstantâneoBristol-M yers Estados Unidos 1,9% d e soja Roundup Ready, menos de 1%

(reincidente)

20/6/00

e 4/4/01

B ac‘os G ourm and Alim entos Estados Unidos 8 ,7 % de soja Roundup Ready 20/6/00

Supra Sòy integral Josapar Bélgica 0 ,7 % de soja Roundup Ready, m enos de

1% de soja Roundup Ready (reincidente)

20/6/00

e 4/4/01

Sopa Pokemon Arisco Refinações de M ilho Brasil Brasil Traços de soja Roundup Ready e m ilho Bt 176 20/9/00

Mistura para boio de

chocolate Sadia

Sadia Brasil Traços de soja Roundup Ready e m ilho Bt 176 20/9/00

Ovomalt ine Cereais e Fibras N ovartis Brasil Tra ço s de soja R oundup R ead y e m ilho B t 176 2 0/9 /0 0

Aptam il Support Produtos

Nutricionais Ltda.

Argentina Menos de l%  de soja Ftoundup Ready

in Natura — Mistu ra

de Cerea is

AUF Natur Ind. E Com.

De Produtos

Brasil M enos de 1% de soja Roundup Ready

Salsicha Sw ift Sw ift A rm o u r Brasi! 3 ,9 de soja Roundup Ready 20/6/00

B ro in h a d e m ilho Yokí Yoki A lim en tosA S Brasil M enos de 1% de soja Roundup Ready

 M Á   R  C  I   O

B  O N T E  M P  O

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

Produtos importados que apresentaram contaminação

Produto Empresa País de Origem

Aptamii Support Produtos Argentina

C u p N oodles Nissin-Aiirsomoto Alim. Ltda. Estados Unidos

ProSobee Preparo Instantâneo Bristol Myers Estados Unidos

Supra Soy Integral Joaquim O liveira S A Brasil

Cinco produtos que já estavam na lista dos contaminados 

e voltaram a apresentar contaminação

Produto Em p re sa

Cr em e de Milho Verde Knorr Refinações de Milho Brasil Ltda.

Cup Noodles Nissin-Ajinomoto Alim. Ltda.

Nestogeno com Soja Nestié do Brasil

ProSobee Preparo Instantâneo Bristol Myers

Supra Soy Integral Joaquim O liveira S.A.

Fonte: Greenpeace e IDEC.

Alimentos irradiados

Diante do que foi até agora visto em termos da relação tecnologia/alimentos,

qualquer técnica voltada de algum modo para a área alimentar passa obrigato-

riamente pelo crivo da dúvida. A irradiação dos alimentos, ao que parece, é

aquela que mais estranheza nos provoca. Vamos ver o que é isso.

Nos Estados Unido s, o InstiLuto de Tecnologia de Massachusetts (M IT)

vem realizando pesquisas nessa área desde 1899 e , na Europa, cientistas ale-

mães e franceses começaram a se interessar pelo assunto a partir de 1914.

O s resultados desses estudos não foram animadores, porque o processo de

irradiação provocava alterações que comprometiam a aceitação do produto

pelos consumidores. A partir de 195 0, novas pequisas pareciam sugerir pro

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MÁRCIO BQNTEMPO

váveis benefícios sem se buscar efeitos indesejáveis, e verificouse que, além

do potencial de diminuir a incidência de intoxicações alimentares, a irradia-

ção inibia o brotamento de raízes e tubércu los, desinfetava frutos, vegetais e

grãos, atrasava a decom posição, eliminava organismos patogênicos e aumen-

tava o tem po de estocagem de carnes, frutos do mar, frutas e sucos de frutas

que podiam se r conservados durante muito tempo, até anos, sem refrigera-

ção. Então, a tragédia provocada pela bomba atômica durante a Segunda

G uerra M undial, o acidente na usina de Chernobyl (e , entre nós, o Cé sio 90 ,

em Goiânia), repercutiram de maneira negativa sobre os estudos que vinham

sendo realizados. A opinião pública mundial se tornou mais crítica e passou aexigir explicações, tais como: se a comida irradiada se torna radioativa, se a

irradiação produz toxinas nos alimentos, se a técnica acarreta a perda de

nutrientes, se as doses de radiação são seguras para a saúde, quais os seus

efeitos sobre o sabor, a co r e a textura dos alimentos e se o processo é ino -

fensivo para o meio ambiente,

Respostas para essas questões foram buscadas através de inúmeras pes-

quisas, grande parte delas realizadas nos EUA, onde alimentos irradiados

foram servidos a prisioneiros, voluntários, astronautas, pacientes imunode

prim idos e militares de várias partes do mundo. Entre 1964 e 199 7, a O r-

ganização M undial de Saúde (O M S) acompanhou os resultados desses

estudos em conjunto com a Organização das Nações Unidas para Agricul-

tura e Alimentação (FAO) e a Agência Internacional de Energia Atômica

(AlEA), através de uma série de reuniões com especialistas de diversos países

do mundo. Na última reunião, em setembro de 1997, foi anunciada uma

conclusão provisória: a OMS aprovava e recomendava a irradiação de ali-

mentos em doses que não comprometessem as suas características orga

nolépticas, sem necessidade de testes toxicológicos. Depois disso, a nova

técnica foi aprovada pelas autoridades sanitárias de 40 países. Diversos ali-

m entos têm sido regularmente subm etidos a esse p rocesso, sendo os mais

com uns os cereais, as frutas, vários tipos de vegetais, tem peros, grãos, fru-tos do mar, carnes e aves. Segundo dados oficiais da Fundação para Educa-

ção em Alim entos Irradiados, dos Estados Unido s, mais de 1,5 tonelada de

alimentos é irradiada no mundo a cada ano. Embora essa quantidade re-

presente apenas uma pequena fração do que é consumido no mundo todo ,

sua tendência é crescer.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

O que é a irradiação do alimento

Quando um produto alimentício é irradiado, ocorre ionização, ou seja, criam

se cargas positivas ou negativas que produzem efeitos químicos e biológicos

capazes de impedir a divisão celular nas bactérias pela ruptura de sua estrutura

molecular. Dizse que a quantidade de energia utilizada para se conseguir esse

efeito não é suficiente para causar radioatividade nos alimentos, e que não há

perigo de eles entrarem em contato com a fonte de radiação.

Argumentos favoráveis a essa técnica garantem que ela pode induzir a for-

mação de algumas substâncias — chamadas de produtos radiolrticos — na

constituição dos alimentos. Estas substâncias não são radioativas nem exclusi-

vas dos irradiados. Muitas delas são encontradas naturalmente nos alimentos

ou produzidas durante o processo de aquecimento, como a glicose, o ácido

fórmico e o dióxido de carbono. As pesquisas não encontraram associação entre

a sua presença e efeitos nocivos aos seres humanos. Em relação aos nutrien-

tes, a irradiação promove poucas mudanças. Outros processos de conserva-

ção, como o aquecimento, causam reduções muito maiores dos nutrientes.

As vitaminas, por exemplo, são muito sensíveis a qualquer tipo de proces-samento. Sabese que a vitamina B I (tiamina) é das mais sensíveis à irradiação,

mas mesmo assim as perdas são mínimas. A vitamina C (ácido ascórbico), sob

o seu efeito, é convertida em ácido dehidroascórbico, que é outra forma ativa

da vitamina C .

Outros argumentos têm razão econômica. Segundo a FAO, cerca de 25%

de toda a produção mundial de alimentos se perde pela ação de microorganismos,

insetos e roedores. A germinação prematura de raízes e tubérculos condena àlata de lixo toneladas desses produtos e é um fenômeno mais intenso nos paí-

ses de clima quente, com o o Brasil. A irradiação ajudaria a reduzir essas perdas

e a diminuir a dependência aos pesticidas químicos, alguns deles extrem am en-

te nocivos para o meio ambiente, como o m etilbrometo, por exem plo.

Existem doses seguras de irradiação para a saúde? 

Na irradiação de alimentos utilizase como fontes de radiação os isótopos

radioativos, mais frequentemente o Cobalto 60, obtido pelo bombardeamento

com nêutrons do meta! Cobalto 59 em um reator nuclear. De acordo com a

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MÁRCIO BONTEMPO

OM S, alimentos irradiados com doses de até I OkGy não necessitam de ava-

liação toxicológica ou nutricional. É o caso dos que são consum idos no mun-

do, que não recebem mais do que essa dosagem. A dose de radiação é medida

em Grays (G ) ou quilograys (kG y), onde I Gray é igual a 0 ,0 0 1kG y que, por

sua vez, é igual a I Joule de energia absorvida por quilograma de alimento

irradiado, fera retardar o amadurecimento das frutas, por exemplo, não é

necessário mais do que I kGy, para inibir o brotamento de raízes e tubércu-

los (batata, cebola, alho, e tc,), a dose necessária varia de 0,05 a 0 ,15 kGy,

para preven ir que os grãos sejam infestados por insetos, 0 ,1 a 2kGy são su-

ficientes.

Nem todos os alimentos podem ser irradiados. É o caso do leite, por exem-

plo, que adquire um sabor ruim. Fãra se adotar essa técnica como processo de

conservação, é preciso que se realize um estudo das características orga

nolépticas do alimento depois de ele sofrer a irradiação. Na maioria dos ali-

mentos, entretanto, segundo os técnicos envolvidos no processo, essas

alterações são mínimas ou simplesmente inexisíem.

 A irradiação e o meio ambiente

Afirmase que a irradiação é um processo bastante seguro, que não produz

nenhum tipo de resíduo. O s isótopos radioativos obtidos pelo bombardeamento

com nêutrons do metal Cobalto 59 produz o Cobalto 60, que é duplamenteencapsulado em tubos de aço inoxidável, o que impede qualquer vazamento.

A meiavida desse elemento é de 5,3 anos.

Segundo informações técnicas, os produtos passam pela câmara da irra-

diação através de um sistema transportador composto por esteiras, onde são

irradiados num ritmo controlado e preciso, de forma a receber a quantidade

exata de energia. Os níveis enérgicos são baixos e os produtos não se tornam

radioativos. O processo é monitorado eletronicamente, de modo que a fontede radiação, quando não utilizada, é mantida dentro de uma piscina profunda.

Os técnicos informam que a câmara é composta de paredes de concreto e

portas de chumbo, o que impossibilita qualquer vazamento. Há ainda disposi-

tivos de travamento e alarme, que impedem que a fonte de radiação se eleve

da piscina caso as portas da câmara não estejam lacradas.

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ALIMENTAÇAO PARA UM NOVO MUNDO

 Alimentos irradiados no Brasil 

N o Brasil, a legislação sobre irradiação de alimentos existe desde 1985 (Porta-

ria Dinal n° 9 do Ministério da Saúde, 8 .3 .1985. Apenas o Centro de Energia

Nuclear para Agricultura (CEN A ), da Universidade de São Paulo, em Piracicaba,

realiza esse serviço no Brasil. O Instituto de Pesquisas N ucleares da USR além

de desenvolver estudos sobre o tema, trabalha junto aos produtores prestan-

do informações.

Conclusões

A maior parte das pesquisas é realizada por empresas ou instituições envolvi-

das direta ou indiretamente no processo. São elas também que se encarregam

das campanhas educativas em prol da aceitação do consum o de alimentos irra-

diados, Um estudo realizado na Alemanha revelou que os consumidores se

preocupam com o processamento dos alimentos que consom em. N o entan-

to , essa preocupação foi maior no caso dos pesticidas (55% ) e conservantes

(43 % ) do que no da irradiação (38 % ). Em bora uma parcela dos consumido-

res seja extremamente contrária a essa técnica alimentar, a maioria muda de

opinião após ser exposta às campanhas educativas. N a Argentina, uma campa-

nha de esclarecimento aumentou muito a aceitabilidade das cebolas irradiadas.

Na França aconteceu o mesmo depois que uma rede de supermercados co-

locou à venda morangos irradiados. Devidamente esclarecida a respeito de suas

qualidades, a população passou a optar por esse tipo de produto.

Mesmo diante desses fatos, não existe ainda um estudo conclusivo e total-

mente neutro, ou pelo menos não tendencioso, que nos garanta a inocuidade

desses alimentos e dos seus possíveis efeitos antinutrientes ou poluidores em

relação ao meio ambiente. Há muitas questões pendentes. Um exemplo é a

questão das enzimas naturais, que se perdem quase completamente quando

os alimentos são submetidos à radiação. Assim, proteases, catepsina, amilases,

lipases, etc. desaparecem durante o processo, o que exigiría a sua suplementação

todas as vezes em que se usasse alimentos irradiados. Neste caso, seria necessá-

rio que todo produto dessa natureza fosse identificado no rótulo e que o seu

consum o exigisse uma complementação enzimática administrada por médicos

ou nutricionistas. Com o isso é impossível, estamos diante de um sério impasse.

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MÁRCIO BONTEMPO

Outra questão diz respeito ao destino dos resíduos radiativos, principal-

mente o isótopo Cobalto 60. Se ele tem uma meiavida de 5,3 anos, a quanti-

dade de alimentos irradiados numa região não pode ser muito grande, sob o

risco de não term os espaço suficiente para estocar os produtos que ainda con-

tenham partículas de radioatividade, incluase a questão da segurança, indis-

pensável para se evitar vazamentos na manipulação do material e no estoque,

além de falhas no dispositivo de alarme do travamento das "piscinas", etc. Se

nas usinas atômicas, onde a segurança é tida como exemplar, há riscos (e histó-

rias) de vazamentos e acidentes, o que poderemos esperar de empresas que

irradiam alimentos e manipulam artefatos radiativos?

Portanto, ainda é cedo para aceitarmos tacitamente a utilização desses

produtos, mesmo que existam aparentes vantagens, como a redução da

necessidade do uso de pesticidas e conservantes na estocagem. A Portaria

9 da Dinal não nos oferece garantias palpáveis; tampouco o Instituto de

Pesquisas Nuc leares, pois é composto apenas po rtécn icos . As pessoas que

liberaram a talidom ida com o um calmante inofensivo também se com por-

taram assim.M elhor optar por alimentos orgânicos, frescos, oriundos da pequena pro-

dução, adquiridos em entrepostos e através de empresas idôneas, envolvidas

com o compromisso de oferecer alimentos puros, que não precisam ser con-

servados, irradiados, bombardeados, congelados, expostos a microondas e a

todas as outras formas de manipulação industrial humana.

0 que mais evitar na alimentação industrializada

 Açúcar branco

Não existe na natureza nenhum tipo de composto isolado e concentrado como

a sacarose — o açúcar refinado. Todos os alimentos são compostos. Ele, o açú-

car, é obra do homem, que conseguiu a façanha de retirar de um alimento in-

tegrado, como a beterraba e a cana, apenas um princípio químico ativo.

Portanto, o açúcar refinado deve ser visto como uma droga, de preferência

em duplo sentido, de modo a evidenciar a sua realidade.

A natureza sempre nos forneceu energia química, representada pela glicose

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

e outras substâncias semelhantes, presentes em estruturas de cadeias mole-

culares mais complexas, os açúcares compostos, os amidos, encontrados nos

cereais, nas frutas, nos tubérculos, nas raízes, etc. O organismo sempre con-

tou com a mastigação para digerir o amido na boca através da ação da ptialina,

enzima capaz de quebrar as cadeias moleculares de modo a obter glicose,

frutose, dextrose e outros açúcares primários, que geram energia quando as-

similados, Com a "descoberta" do açúcar refinado, criouse um elemento novo

para o corpo humano, capaz de lhe fornecer imediatamente uma enorme car-

ga de glicose. E sem exigir mastigação, uma vez que o ingerimos diretamente,

depois de dissolvêlo nas bebidas e comidas. Só que o organismo não contava

com isso. Acostumado há milênios ao contato com o amido, a frutose, etc.,

e!e passou a trabalhar com uma nova informação: a presença de cargas super

rápidas de glicose.

Antes do surgimento do açúcar não era costume acrescentar nenhum

adoçante aos alimentos. Apreciavase o sabor natural de tudo . A idéia de ado-

çar bebidas e comidas surgiu há pouco mais de dois séculos (e intensificouse

nos últimos cinqüenta anos). Depois do incremento do plantio da canade

açúcar na América, a Europa criou um mercado consumidor que se ampliou

enormemente; mesmo assim, o produto consumido por ingleses, franceses,

alemães, espanhóis, entre outros, era o açúcar mascavo marrom, muito forte

e carregado, mais destinado à fermentação precoce da cerveja e do vinho do

que para a adoçagem de tortas, bolos, compotas e, muito menos, de sucos,

leite, etc.

O paladar dos povos do passado era voltado para a apreciação do sa-bor conforme a natureza do próprio alimento. O s burgueses da França de

Luís XV , por exem plo, preferiam o pão integra! bruto, com sabor forte de

trigo, aos croissants  e brioches consumidos pela Corte, adoçados com o

mascavo oriundo do C aribe. Eles achavam essas variações enjoativas e in-

capazes de sustentar um trabalhador, um soldado ou um agricultor. Apenas

os aristocratas de vida sedentária e tediosa poderiam dispor dessas gulosei-

mas feitas com farinha empobrecida e repletos de açúcar form ador de ga-ses intestinais.

Os exércitos, antigamente, tampouco consumiam açúcar. Se o fizessem,

talvez precisassem de um contingente de igual número de homens para trans-

portar toneladas de sacos do mascavo necessário para "energizar” dez, vinte,

cinqüenta ou cem mil pessoas...

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MÁRCIO BONTEMPO

Quanto ao mel ou outras formas de açúcares, também não havia o hábito

de acrescentálos aos alimentos.

O açúcar é prejudicial à saúde por ser um produto m uito concentrado que

desestabiliza os mecanismos de compensação do organismo e exige com

plementação bioquímica, o que produz perdas minerais (cálcio, magnésio, etc .)

crônicas e constantes.

Hoje as pessoas praticamente se viciaram no açúcar e, só nos Estados

Unidos, a média de consumo é de aproximadamente 300 gramas por pessoa.

Isso significa 9 quilos de açúcar por mês e ... cerca de 100 quilos por ano!

Se entendermos que esse composto é totaimente desnecessário para o

organismo, que todo açúcar de que o corpo precisa ele retira dos alimentos

comuns (glicose) e que todo excesso tem efeito desequilibrante, então pode-

mos ter uma breve idéia dos perigos que o hábito comporta. O consumo de

açúcar está ligado às seguintes doenças;

Arteriosderose Hipercolesteroiemia

Câncer Hipoglicemia

Cáries dentárias Obesidade

Deficiência imunológica Osíeoporose

Depressão psíquica Reumatismo

Diabetes melito

O hábito de consumir açúcar branco é hoje considerado uma das causas

do aumento da incidência da diabetes. Co m o vimos, o organismo humano está

preparado para receber a glicose proveniente de cereais, frutas, legumes,

leguminosas, etc. Ela é importante com o fonte de energia celular. Normalmente,

tem os glicose suficiente reservada no fígado (sob a form a de glicogênio, ou na

própria capa gordurosa que, ao se desdobrar, fornece energia). Isto explica por

que antigamente não necessitavamos de açúcar branco, o mascavo, m el, etc.Esta glicose (ou frutose) é derivada da quebra da molécula do amido, o que

permite uma assimilação lenta do nutriente— daí o amido ser considerado um

“açúcar lento". O açúcar branco fornece cargas muito rápidas e imediatas de

glicose, por isso é chamado de “açúcar rápido". Cada molécula de sacarose

possui apenas duas moléculas de glicose, que são separadas muito rapidamen-

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

te no tubo intestinal. Esse feto engana o metabolismo glicídico, que envolve

reações muito complexas das quais participam enzimas, insulina, mediadores

químicos, mecanismos de feedback, etc, Como o corpo humano está "progra-

mado" para lidar bem com o açúcar lento, de modo a poder metabo!izáloconvenientemente, obedecendo aos parâmetros autoreguladores, quando se

ingere uma quantidade grande de açúcar branco, o organismo se confunde e

acaba se desregulando com o tempo.

Há um mecanismo de regulação dos níveis de glicose no sangue que pro-

cura mantêla entre 70 e 120 mg por 100 ml. Quando este nível é ultrapassa-

do, um pouco mais de insulina é liberada para compensar e normalizar essa

taxa, Um simples sorvete pode provocar elevações acima de 300 mg, mas

apenas num trecho de 100 ml de sangue. E este é o problema: o nível se eleva

num pequeno trecho do sangue proveniente dos intestinos, onde o açúcar foi

rapidamente assimilado. O s sensores do fígado e do pâncreas "avisam” o cére-

bro de que a quantidade de glicose captada é de "300 mg” e o cérebro, por

sua vez, determina a liberação de insulina relativa a essa quantidade, que não é

uma realidade para a totalidade do sangue circulante. Isto ocorre porque a “pro-

gramação” biológica do organismo é destinada a assimilar o açúcar “lento” que,

ao ser processado gradativamente, permite uma saturação de glicose também

lenta e bem distribuída. Se esta situação acontece de vez em quando não causa

problema, mas desde que seja constante, através dos anos — como mostra a

realidade dos hábitos alimentares modernos — produz um condicionamento

metabólico e bioquímico que libera constantemente insulina, quantidades um

pouco acima do normal. Isto tende a instalar uma situação de constante baixados níveis de glicose (hipogücemía reativa ou funcional), apesar do consumo de

doses elevadas de açúcar (glicose). A pessoa desenvolve, assim, uma necessi-

dade constante de doces ou de açúcar, que pode ser crescente, transforman

dose, freqüentemente, em compulsão.

A hipoglicemia é uma situação orgânica variável, que pode afetar as pes-

soas de várias maneiras. Pode ser imperceptível, com apenas um pouco mais

de fome perto das refeições, ou algumas tonteiras passageiras e ansiedade, atégraus intermediários com sudorese, taquicardia, cansaço, feita de memória, forte

ansiedade ou depressão — sintomas que, curiosamente, desaparecem tem -

porariamente com a ingestão de doces. Em graus mais acentuados, a hipo-

glicemia pode determinar distúrbios orgânicos subjetivos, semelhantes a um

distúrbio neurovegetativo, com sensações corporais desagradáveis, de difícil

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MÁRCIO SONTEMPO

descrição, pensamentos estranhos e forte depressão. Estes casos, sempre re-

lacionados com uma melhora temporária após a ingestão de açúcar, fre

qüentemente são encaminhados para tratamento psiquiátrico ou psicológico.

A única forma de tratamento é a suspensão gradativa do açúcar (tratamentoidêntico ao dos toxicômanos e farmacodependentes) e a adoção de dietas

muito controladas.

À medida que esse tipo de hipoglicemia se mantém, pode ocorrer uma

falência relativa da capacidade do pâncreas em produzir insulina, elevandose

os níveis de açúcar do sangue (hiperglicemia), surgindo assim o diabetes. Isto

porém depende sobremaneira da predisposição herdada pelo organismo. Pré

diabéticostêm maior tendência a te r primeiro hipoglicemia e, depois, diabetesem graus variáveis, desde aquele controlável com dietas e/ou hipoglicemiantes

orais até aqueles que exigem insulina sintética.

Esta é a relação do açúcar com o crescimento da incidência de diabetes no

mundo, segundo dados oficiais e diversos estudos modernos.

Por sua ação desmineraiizante, antinutriente, condicionante, desreguladora

e vidante, o açúcar é considerado um dos produtos mais prejudiciais ao orga-

nismo.

É importante consumir os alimentos como a natureza os fornece; portan-

to, não é preciso acrescentar nada aos sucos, às saladas de frutas etc. Existem

formidáveis receitas de doces caseiros, tortas e bolos adoçados apenas com o

talento culinário — como faziam os antigos, que apuravam o açúcar próprio

das frutas, ou usavam apenas pequenas quantidade de mel (que não é saudá-

vel quando aquecido). Bananas, mangas, laranjas, morangos, tâmaras, etc., pos-suem o próprio açúcar (frutose), que pode ser apurado por cozimento,

bastando lhe acrescentar uma pitada de sal marinho.

O hábito de se usar açúcar branco surge do condicionamento do paladar

que começa desde o nascimento, quando as mamadeiras do aleitamento arti-

ficial já recebem sacarose ou outras formas concentradas de açúcares.

Um dos ensinamentos principais da alimentação natural é o de não forne-

ce r às crianças alimentos adoçados. Nenhum açúcar; ou antes, nenhuma glicoseé necessária ao corpo humano além daquela naturalmente presente nos ali-

mentos. O radocín o serve não só para crianças como para adultos, desportistas,

doentes, gestantes, lactantes, etc.

Para que se tenha saúde e equilíbrio é preciso praticar uma alimentação

que dispense o açúcar branco, toierandose, eventualmente, mel ou açú-

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ALIMENTAÇAO PARA UM NOVO MUNDO

car mascavo em algumas guloseimas inevitáveis, como bolos de aniversá-

rios, tortas, etc, Para as crianças ou adultos dependentes de com idas e be-

bidas muito adoçadas, convém proceder a uma eliminação gradativa e

inteligente do açúcar branco. Nessa fase, tanto o mel quanto o mascavo

podem assumir uma função importante, até que se estabeleça uma dieta

completamente natural.

Adoçantes artificiais são muito perigosos para a saúde, talvez mais do que

o próprio açúcar branco. O cidamato e a sacarina são proibidos em numero-

sos países devido ao seu potencial cancerígeno e teratogênico (deformações

no feto), O aspartame, apesar de ser um produto considerado “naturai", é um

derivado sintético da fenilanina, capaz de produzir vários problemas orgânicos,mas de intensidade menor.

Para quem necessita de adoçantes, sugerese a estévia verdadeira (em pó).

Devese ressaltar que existem falsificações e misturas nos chamados ''adoçantes

naturais” que não são recomendáveis.

Sat refinado

O sal de mesa comum não é natural, mas resultante de um com plexo pro-

cesso industrial que, através de elevadas temperaturas e banhos sucessivos,

retira do sal marinho natural quase a totalidade dos seus minerais (cerca de

83), restando apenas o cloreto de sódio, ao qual são acrescentados vários

compostos químicos como: carbonato de cálcio, dextrose e talco mineral,

ferrocianato de sódio, fosfato tricálcico de alumínio, iodeto de potássio, oxi-

do de cálcio (cal), prussiato amarelo de sódio, silicato aluminado de sódio e

outros.

O sal natural, ou sal marinho, é um produto benéfico, composto por

nutrientes primários (elem en tos), entre eles o iodo natural das algas mari-

nhas microscópicas presentes no sal. Se usado em quantidades normais, o

sal marinho contribui para a reposição mineral do organismo e para um bom

funcionam ento da glândula tireó ide. Pode ser encontrado já moído bem fino

nos entrepostos e nas casas de produtos naturais. O uso do sal refinado,

por outro lado, é prejudicial à saúde, estando ligado ao surgimento das se-

guintes doenças:

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MÁRCIO BONTEMPO

Arteriosclerose Edâmpsia e préedâmpsia

Arteriosderose cerebral Edemas dos membros inferiores

Cálculos biliares Nódulos da tireóideCálculos da bexiga Pressão alta

Cálculos renais Retenção de líquidos

Doenças das glândulas paratireóides Tensão prémenstrual

Cuidados com os óleos enlatados, gorduras efríturas

Gorduras ou lipídios são compostos complexos que têm com o função principal

a reserva de energia do organismo. Deste modo, sempre que há excedente

calórico não utilizado, o corpo não tem com o livrarse dessa energia extra e aca-

ba por armazenála sob a forma de gordura em suas várias partes ou segmentos.

As gorduras representam uma questão importante. Afinal, o que determi-

na o diagnóstico de peso excessivo é o ganho de gorduras na massa corporal.

Isto é notório, uma vez que ninguém engorda acumulando carboídratos, pro-

teínas ou vitaminas. Embora seja possível ganhar um pouco de peso com o

crescimento da massa muscular (proteínas), é o aumento do tecido gorduroso

(adíposo) o responsável peta elevação global de peso.

As gorduras ganham mais importância se nos lembrarmos do fato de que,

quando há uma quantidade de nutrientes excedente (proveniente da ingestão

de carboidratos, proteínas e vitaminas), desde que não utilizada pelo corpo em

trabalhos musculares e demais funções, ela se transforma em gorduras. Uma

situação inversa, contudo, não ocorre facilmente, a não ser em casos raros,

com o em certos jejuns forçados, subnutrição e outros.

Mesmo sendo o menos importante dos nutrientes, o organismo necessita

sem pre de uma pequena quantidade de gorduras, uma vez que elas têm fun-

ções bioquímicas importantes, como a participação no metabolismo hormonal.Mas a pequena dose de lipídios presente nos alimentos naturais (milho, arroz,

soja, sementes, frutas oleaginosas, etc.) é suficiente para a suplementação lipídica

do organismo. Podese até afirmar com certeza que os lipídios não são nu-

trientes essenciais (com o os aminoácidos), mas secundários, uma vez que to-

dos os demais tendem a se transformar em gorduras.

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ALIMENTAÇAO PARA UM NOVO MUNDO

Existem dois tipos básicos de lipídios ou gorduras: as saturadas e as

insaturadas. As primeiras são de cadeia m olecular longa e caracterizam os ele-

mentos de digestão mais difícil, representadas pelas gorduras presentes na

carne do porco, da vaca (e de outros animais de carne verm elha) e de algu-

mas aves; as segundas são de cadeia m olecular menor e , portanto, de mais

fácil digestão, representadas pela gordura dos peixes e dos vegetais oleagi-

nosos.

A grande maioria dos óleos vegetais industrializados e enlatados hoje

disponíveis constituise de produtos refinados qu imicam ente, acidificados e

acrescidos de aditivos antioxidantes. Não são produtos salutares e tendem

fortemente à saturação ao prim eiro aquecimento; favorecem mais facilmente

a elevação dos níveis sanguíneos de gordura e as deposições gordurosas

nas artérias.

As frituras repetidas ou a reutilização contínua do mesmo óleo em frituras

sucessivas, como acontece em pastelarias, etc., toma o óleo ou a gordura

ricos em benzopireno (um dos maiores cancerígenos conhecidos), gorduras

poliinsaturadas e alantoína, um derivado irritante das mucosas digestivas capaz

de reduzir a função da elastina na pele, favorecendo o aparecimento e o au-

mento das rugas, celulrtes e estrias.

Uma alimentação equilibrada e saudável evita tanto os óleos refinados

comuns quanto as frituras, quaisquer que sejam os óleos utilizados. Frituras

não são formas saudáveis de preparo dos alimentos, muito menos quando

se usa gordura animal, como a banha de porco. Existem formas menos pre-

 judiciais que usam óleos nãorefinados, como o óleo bruto de girassol, o de

canola, o de gergelim e o azeite de dendê. As frituras em margarina ou man-

teiga devem se r igualmente evitadas. A manteiga aquecida ou rançosa é rica

em ácido butírico, que também reduz a função da elastina na pele. O vos fri-

tos na manteiga, por exemplo, fornecem cargas enormes de ácidos graxos

polissaturados, com grande capacidade de fazer engordar e de favorecer o

infarto, a arteriosclerose , a aterosclerose, etc. O ideal é elim inar os alimen-

tos fritos e preferilos assados, grelhados em pouco óleo bruto, cozidos ou

crus (saladas, por exemplo).

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MÁRCIO BÜNTEMPO

Cereais decorticados, farinhas brancas e "enriquecidas

Se há um século o homem podia alimentarse quase exdusivamente de pão,

hoje isso não é mais possível, Ele já não é um alimento completo e confiável,Pior é que no cultivo do trigo são usados adubos e pesticidas químicos. A arma-

zenagem dos grãos é feita em silos hermeticamente fechados, o que facilita a

fermentação e a ação dos insetos e dos parasitas — daí o uso de inseticidas.

Perde substâncias nutritivas preciosas, como o gérmen e a base protéica, con-

tendo glúten, sais minerais (fósforo, cálcio, magnésio, ferro, silício, iodo,

manganês) e vitaminas B e E. Assim, quanto mais branca é a farinha, menos

nutritiva ela é,

O necéminventado processo de decorticação ou de refinamento dos

grãos de cereais só fez empobrecer esses alimentos m ilenares, retirando deles

a maior parte das vitaminas e fibras (película), dos óleos essenciais ricos em

vitaminas A e D e das proteínas (gérmen) restando quase que somente o

amido, que possui apenas valor energético, pobre em minerais, vitaminas e

oligoelementos.Desde o início da civilização, os cereais representaram um alimento sagra-

do e eram a base alimentar de muitos povos, A retirada da fina película nutritiva

que os envolve, notadamente o arroz e o trigo, devese a interesses comer-

ciais das empresas fabricantes de ração animal, aliados à tendência humana ao

consumo de alimentos mais macios, que exigem menos mastigação, como pão

e arroz brancos. A História registra a técnica francesa de peneirar finamente as

farinhas de trigo ou de centeio para a produção dos aristocráticos cra/ssants,

que tornaram os padeiros da França mestres famosos na arte de empobrecer

o tradicional pão integral. Por volta do século X IV a Europa considerava o pão

feito a partir de grãos integrais um alimento tipicamente plebeu, ao passo que

os pães macios, os biscoitos, os brioches, etc,, feitos com farinhas muito finas

e peneiradas, adocicados e fermentados, eram próprios para a mesa dos no-

bres e dos burgueses bemsucedidos.

N o início do século X X , intensificouse mundialmente o hábito de descor

ticar os grãos dos cereais. No O riente, principalmente na China, surgiram gran-

des "epidemias1' de um mal desconhecido que ceifou milhões de vidas, mais

tarde identificada com o uma doença carencial derivada da falta de vitaminas do

com plexo B, hoje conhecida com o beribéri. Muitos são os relatos de casos em

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

que a dieta à base de cereais descorticados foi a causa de muitas mortes. Lon-

gas expedições e viagens que transportavam ração baseada em farinha ou ar-roz brancos resultaram em desastres.

Se hoje em dia não há mais beribéri — pois continuase a consumir pães e

arroz brancos — isto se deve à multiplicidade de tipos de alimentos que aca-

bam por cobrir a deficiência vitamínica da dieta habitual. Contudo, embora a

ocorrência do beribéri seja hoje remota, o uso de dietas pobres em vitaminas

do com plexo B favorece situações subciínicas frequentes — mas poucodiagnosticadas — de distúrbios nervosos variados, cansaço, queda de cabelos,

envelhecimento precoce, elevação dos níveis de radicais livres, perturbações

digestivas, má assimilação de outros nutrientes, redução dos níveis de enzimas

variadas, síndrome prémenstrual, insônia e outros. Como são sintomas co-

muns que podem ser provocados por vários outros fatores, fica difícil estabele-

cer uma relação de causa e efeito com as reduções relativas dos níveis corporaisde vitaminas do complexo B. O fato de que o consumo excessivo de açúcar

branco também reduz os níveis de vitaminas do complexo B é bastante signifi-

cativo.

Outro componente dos cereais retirado com o processo da descorticação

é o importante ácido glutâmico, responsável pelo bom crescimento cerebral e

pelo desenvolvimento da capacidade intelectual, e um participante ativo das

trocas iônicas de toda atividade metabólica do sistema nervoso. Uma redução,

mesmo pequena, de ácido glutâmico na dieta resulta em todo tipo de proble-

mas, dos mais simples aos mais graves, como irritabilidade, incapacidade de

reter informações, memória fraca, fadiga mental e, inclusive, retardo mental,

no caso da falta do nutriente em cérebros de crianças de até dois anos de ida-

de. N os países onde foram criados programas de retom o ao uso de pães inte-

grais para populações carentes, houve uma rápida recuperação da capacidade

de aprendizagem infantil e uma notável redução dos índices de retardo mental,

superior aos programas de simples inclusão de ácido glutâmico na dieta. Estes

dados podem ser verificados através dos editais da FAO, um órgão das Nações

Unidas.

A antiga União Soviética, preocupada com o problema, propagou a impor-

tâ i d d ã i t ! t l ã lt d f i lh

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MÁRCIO BONTEMPO

Por essa razão, temse tentado ao menos estimular o hábito do consumo de

pães de hambúrguer enriquecidos com sementes de gergelim, de certo modo

ricas em ácido giutâmico.O processo de descorticação, chamado erroneamente de “bene

ficiamento" (o nome mais apropriado seria "maleficiamento” ou , antes, “em -

pobrecimento"), também elimina as fibras dos cereais, o que resulta em

perturbações digestivas variadas. Sabese, por exemplo, que dietas pobres

em fibras causam a doença diverticular do cólon e estão ligadas ao câncer

intestinal e a uma série de outras moléstias que são raras em populações

que consomem fibras. São elas que tornam as fezes mais calibrosas, menos

pastosas, menos putrefantes, facilitam a assimilação dos nutrientes e a

motilidade intestinal.

Embora o consumo de cereais descorticados seja um fenôm eno mundial,

notase uma tendência muito forte de retomo ao cereal integral como alimen-

to básico. O despertar da nova consciência alimentar tem mostrado a imensa

importância desse tipo de alimento, que deverá recuperar sua posição na dietahumana.

Para a prática de uma boa alimentação natural, é fundamental o consumo

de produtos integrais, mais especificamente de cereais integrais como arroz,

trigo, milho e aveia.

Radicais livres

Como os vilões do momento, os radicais livres são moléculas de oxigênio que

assimilaram elétrons em excesso, tomandose desequilibradas e destrutivas.

Elas agridem e danificam outros átomos e moléculas do organismo, que se tor-

nam igualmente instáveis, produzindo uma reação em cadeia de degeneraçãocelular. Os radicais livres são o principal fator de envelhecimento e podem até

mesmo destruir o D N A de nossas células, causando mutações e câncer —

especialmente se houver excesso de ferro no corpo, o que aumenta a produ-

ção de radicais livres nocivos. Devemos evitar alimentos que causam a sua for-

mação, como, por exemplo, carnes, peixes, óleos vegetais, frituras, açúcar, sal

refinado, alimentos transgênicos, irradiados, ou seja, todos os que foram até

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

aqui apresentados. Preferindo alimentos ricos em antioxidantes, tais como le-

gumes, frutas, cereais integrais, grãos e feijões, especialmente verduras e hor-taliças verdes, estaremos protegendo o organismo contra praticamente todas

as doenças.

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Cedo à sofreguidão do estômago. É a hora 

De comer. Coisa hedionda! Corro. E agora, 

 Antegozando a ensanguentada presa, 

Rodeado petas moscas repugnantes, 

Para comer meus próprios semelhantes 

Eis-me sentado à mesa! 

Como porções de carne morta... Ai! Como 

Os que, como eu, têm carne, com este assomo 

Que a espécie humana em comer carne tem!... 

Como! E pois que a Razão me não reprime, 

Possa a terra vingar-se do meu crime 

Comendo-me também 

— Augusto dos  Anoos  emÀ MESA

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3. COMENDO BICHOS — QUEM E O ANIMAL?

“O homem é o único animal que consegue estabelecer uma relação

amigável com as vítimas que ele pretende comer.”

Sa m u e l   Bu t l e r

Com base na alimentação da humanidade e no seu estado de consciência, pode

se considerar muito sábia a divisão acadêmica dos reinos da natureza em mine-

ral, vegetal e animal. Sim, pois embora os ciclos mais esotéricos admitam um

reino "hominal", que diferencia os seres humanos pela sua faculdade mental,

não se pode dizer — baseados no nosso fraquíssimo discernimento — que

sso seja aceitável. A função mental é pouco desenvolvida na grande maioria

cos homens, que ainda se alimenta em função dos seus desejos, buscando

satisfazer sabores e alimentar a guia. Não há uma seleção de alimentos em bases

"acionais. Portanto, somos basicamente "animais", (nostricto sensu, é claro...).

praticamos um tipo de canibalismo (ou talvez “animofagia") que se caracteriza

por comer seres semelhantes a nós... não ficando nada a dever aos índios que

comeram o D . Pero Sardinha, no Nordeste, há alguns séculos. Ou seja, não

merecemos ainda o sublime adjetivo que nos permiti ria pertencer a um "quar-

to reino”, o "hominal". Aqueles índios, pelo menos, foram até mais coerentes

do que nós, civilizados, pois comeram um hom em ... enquanto nós comemos

seres considerados "inferiores"... Se depender da forma como nos alimenta-

mos, a classificação homo sapiens  é incorreta.

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MÁRCIO BONTEMPO

Bichos que são comidos peto ser humano:

Arraia Codoma   Lagarto   Polvo

Avestruz   Coelho Lagosta Pombinha

Baleia Cotia Lula   Porco-do-mato

Barata Faisão Macaco   Preá

Búfalo   Formiga   Mariscos   Rã

Cabrito Gafanhoto Ostras Rato

Cão Gambá Ouriço   Siri

Capivara Ganso   Ouriço-do-mar lãnajura

Caranguejo   Gato   Paca Tartaruga

Carneiro Golfinho   Passarinho Tatu

Camarão Jacaré Pato   Tubarão

Camelo   javali Peixe-boi Vaca

Cavalo Jegue Peixes

Chester Jumento Perdiz

Cobra Lagarta Peru

Histórias para boi morrer

"Um hom em só é nobre quando consegue sentir piedade

po r todas as criaturas."

B u d a

 A farra  com o boi

Certa vez, numa bela manhã de domingo, em Nova Iguaçu, Rio de Janeiro,

um grupo de bons amigos reuniu-se para uma confraternização na pequena

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

fazenda do Maninho. Beberam cerveja aiegremente. Ficaram um pouco "al-

tos". Pensaram em com prar carne para fazer um churrasco. Só que o Maninho

possuía algumas “cabeças" de gado. Perto de onde estavam havia uma cerca eum pasto. Ali, placidamente, pastava um belo e forte boi branco. Um dos ami-

gos do M aninho, ao observar o animal, sugeriu com êlo, a princípio como pia-

da. Mas o álcool ajudou a atiçar a sanha da insensatez e resolveram abater o

boi para transformar, pelo menos parte dele, em churrasco.

A euforia que a idéia gerou foi suficiente para instigar instintos sádicos.

Maninho, no pleno exercício do seu poder de proprietário — inclusive da vida

do animal — deu ordem ao capataz para amarrálo e abatêlo.  Al   surgiu um

problema. O gado era leiteiro e o boi. apenas um dos componentes do gru-

po. Ninguém entendia de abate. Mesmo assim, ele foi amarrado. O bicho lu-

tou muito, mas acabou com cordas no pescoço, preso a uma árvore.

Então o capataz ordenou ao Zé Venâncio que matasse o boi, mas tanto

ele com o o Z é já tinham bebido bastante. Buscaram uma grande marreta para

acertálo na cabeça, que estava voltada para a árvore. Com o o animal se m e-xia muito, o Z é , que mal se mantinha em pé, não conseguia um bom ângulo,

Mas com o incentivo ruidoso dos convivas e amigos e diante dos gritos do

Maninho, Zé desfechou a primeira marretada. Errou o alvo, atingindo o pes-

coço do boi, atrás da orelha. O bicho deu um tremendo pulo e um grande

urro de dor. Zé caiu no chão, o que provocou gargalhadas. Mas ele, heroica-

mente, levantouse e, raivoso, desferiu outro golpe, errando outra vez o alvo

e acertando o focinho do boi. O sangue esguichou forte por todos os lados,

inclusive respingando as camisas do Zé, do capataz e de meia dúzia de peões

que tentavam conter o boi que, agora, espumava sangue e se agitava com uma

força enorme. Sob as gargalhadas crescentes dos observadores, Zé investiu

contra o animal novamente e desta vez acertou, não o centro do crânio da

vítima, mas o olho esquerdo, que saltou da órbita e ficou ligeiramente pendu-

rado. O sangue pintava, em matizes cruentos, a cena bárbara de um quadro

grotesco.

Várias outras marretadas foram desferidas sem que o animal desse mos-

tras de se render, ao contrário, a cada golpe, parecia revigorarse na dor e se

agitava sem se importar com a perda de um dos chifres. O s convidados com e-

çaram a se irritar com Z é , não por compaixão pelo animal, mas pela demora

do churrasco. Então o capataz trouxe um machado e afastou o Z é , tomando a

iniciativa de matar o animal. Desfechoulhe uma tremenda machadada, mas

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MÁRCIO BONTEMPO

não soube bem onde, N ão era possível identificar a cabeça da vítima, uma vez

que tudo não passava de uma massa vermelha. Depois de mais três ou quatro

golpes, o boi, enfim, começou a tonteare a arriar sobre as suas pernas. O olhoque sobrou, do lado direito, mostrava ta! expressão de terror, que era difícil

sustentar o seu olhar, mesmo para aqueles comensais mais insensíveis. Já

semideitado, o animal começou a trem er um pouco. O sangue já tingia prati-

camente todo o seu corpo, antes branco, além da roupa do capataz e dos aju-

dantes, que exultavam de contentamento. Antes, todos sentiam raiva do boi,

agora riam e dançavam em torno do bicho agonizante. Só que aquele boi estava

custando a morrer.Foi quando o Pelé da Zinha , moço de confiança do Maninho, que era cren-

te, não bebia, e assistia a tudo a certa distância, apareceu com um 38. Afastou

cada companheiro e, chorando, aproximouse da cabeça do animal, descarre-

gando os 6 tiros que a arma permitia. Só então o boi parou de se mexer e

exalou um derradeiro e libertador suspiro. Todos pararam. Reinou um silêncio

estranho. Pelé deixou o grupo, voltando as costas para todos e , já alguma dis-

tância, disse: “Eu não tenho coragem de com er a carne desse boi." O silêncio

durou pouco. Os "amigos", motivados pelo sangue e pelo clima, pouca aten-

ção deram ao que o moço disse. Um dos empregados trouxe facas e uma afi-

ada foice, com que começaram a descarnar o bicho, ali mesmo. Um dos

participantes pegou o coração do boi e m ordeuo, bebendo do sangue ali con-

tido . Mas daquela carne ninguém comeu.

O álcool e a insensatez não deixaram o grupo se lembrar de que a carnerecémtirada é muito dura — tem de ser maturada. O s pedaços colocados na

brasa haviam sido arrancados, indiscriminadamente, de partes da coxa do boi.

Acenderam churrasqueiras, queimaram nacos de carne, mas foi impossível

comêla. Não somente pela dureza da came, mas porque muitos dos convi-

dados foram embora, meio bêbados, decepcionados, até um pouco silencio-

sos, alguns dissimulando a irritação com gracejos idiotas, típicos. Maninho pegou

os filhos e foi para uma churrascaria.

A cena restante foi grotesca. O corpo do boi, ainda com parte do couro,

 jazia na relva, com a cabeça separada. Com o ninguém era açougueiro, tenta-

ram desossar o bicho, sem sucesso. Os cortes malfeitos, uma coxa pendente,

vísceras isoladas. Cães se aproximavam para roubar um tasco , algumas mulhe-

res e crianças, meio ressabiadas, arrancavam como podiam pequenas porções.

Empregados tentavam organizar a “farra". Depois foram embora, cobrindo o

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

que restou da brincadeira com uma lona. Por ordem do Maninho, no dia se-

guinte iriam tentar vender o que fosse possível para algum açougue. E ali, sob

uma 'ona suja, estava o que chamaram de "carcaça". Talvez uns 450 quilos docorpo de um animal inocente, torturado e assassinado, inutiimente...

Histórias verdadeiras na vida real 

A "Farra com o boi", infelizmente, não é uma história, mas um fato que acon-

teceu há alguns anos. Casos semelhantes ocorrem aos milhares pelo Brasil e

pelo mundo. Bois e vacas são criaturas dóceis, plácidas e amigas. No entanto,

são tratados como meros objetos de consumo, explorados e submetidos a

verdadeiras torturas ao longo de suas vidas, tanto pelo pequeno quanto pelo

grande criador.

Mesmo hoje em dia, o processo de abate permanece primitivo e vio-

lento. Animais entram no abatedouro um a um. O s criadores mais bem apa-relhados, como acontece nos Estados Unidos, usam um revólver pneumático

atordoador, mas o mais comum é a marretada na cabeça, nem sempre ce r-

teira. No Brasil, quando é chegada a hora do abate, os animais, em geral,

são forçados a entrar num co rredor estreito. Desesperam se, tentam fugir

de todas as formas, viramse de um lado para outro, os olhos cheios de

terror. Sentem o cheiro do sangue dos companheiros mortos e recusam

se a seguir adiante. Alguns, já sem forças, caem ; os que perm anecem de pé

são forçados a prosseguir, tangidos a choques elétricos. Ao final do percur-

so, um por um, são contidos em pequenos boxes e covardemente massa-

crados: recebem marretadas, tantas quantas forem necessárias, até que

tombem. Os golpes lhes causam mutilações nos chifres, olhos e focinho.

São então suspensos — alguns às vezes ainda vivos — por uma das patas

traseiras; seus músculos se rompem em virtude do grande peso de seus

corpos. Operários com longas facas cortam a garganta de cada animal, na

veia jugular e carótida, deixandoo sangrar até a morte, pendurado de ca-

beça para baixo.

No Brasil, este procedimento é comumente empregado no abate de bo-

vinos. Porcos, cabras, ovelhas, aves e outros animais são igualmente abatidos

com idêntica brutalidade, mas sem o uso do atordoamento.

Qualquer que seja o lugar do mundo, o gado é sempre exposto a duras

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MÁRCIO 80NTEMPQ

condições, sofrendo manejo bruto e, frequentemente, crueldades no decor-

rer de suas curtas vidas. Só nos Estados Unidos, onde cada cidadão comum

com e sete bois de aproximadam ente 500 kg em toda sua vida, mais de 100 milcabeças de gado são abatidas a cada 24 horas.

Principaimente no Brasil, o gado é rotineiramente castrado; seus chifres são

arrancados, e seu corpo é marcado a ferro quente sem anestesia. Estes proce-

dimentos são realizados somente para benefício econôm ico e conveniência dos

produtores de carne.

Ao pastar a céu aberto, eles são expostos a condições climáticas extremas,

que vão desde o calor insuportável até tempestades e secas. Muitos animais

sofrem e morrem de calor, frio, sede, fome, doenças e envenenamento por

plantas tóxicas.

Após diversos meses no campo, o gado é transportado para locais de en-

gorda, o que é feito através do fornecimento de grãos. Nesse local, dezenas

de m ilhares de animais são apinhados em áreas lamacentas, infestadas de mos-

cas e cheias de estrume, onde o estresse os torna suscetíveis à febre e a outrasdolorosas doenças debilitantes. Defenderse das moscas pode fazer com que

eles percam um ou mais quilos por dia, por isso os produtores os pulverizam

regularmente com inseticidas altamente tóxicos.

O gado não se adapta de imediato a comer grandes quantidades de grãos.

A mudança fisiológica abrupta na dieta de grama para grãos causa dolorosos

problemas digestivos, principalmente flatulência.

Para aumentar o ganho de peso e reduzir os custos, alguns produtores

adicionam papelão, jornais, serragem e até pó de cimento à ração. O utros pre-

ferem adicionar estrume de aves e suínos ou esgoto industrial e óleos.

Quando atingem o peso ideal, os animais são transportados por caminhão

até os matadouros. Frequentemente são manejados com brutalidade: levam

choques elétricos de aguilhões, são chutados e arrastados. Podem ser privados

de alimento e água e sofrer exposição a condições ambientais difíceis por lon-gos períodos.

Caminhões que transportam gado estão sempre superlotados, o que re-

sulta em quedas, pisoteamento e lesões durante o transporte.

O s animais que sofrem fratura de pernas, pelve, pescoço ou costas, e que

não têm mais com o iocomoverse para fora dos caminhões, podem ser sacri-

ficados impiedosamente. Acorrentados pelo pescoço ou pela perna, são arras-

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

tados para fora dos caminhões até o piso do matadouro, onde, muitas vezes,

agonizando de dor, chegam a esperar horas para ser abatidos.

Animais que estão doentes demais para m orrer não recebem eutanásia.

Em vez disso, podem ser jogados na "pilha de mortos" e deixados para m orrer

de doença, sede, fome ou hipotermia.

Nos Estados Unidos, embora seja requisito do Federal Humane Slaughter

Act de 1958 e revisto em 1978 (com exceção de abate kosher   e de outras

recomendações religiosas), o atordoamento nem sempre é feito com sucesso,

devido à incompetência, à indiferença ou à deficiência do equipamento.

Existe um tipo de abate de cunho "religioso" que segue o preceito segundo

o qual não se deve ingerir alimentos com sangue, como o praticado para a

produção de alimentos judaicos, a chamada comida kosher. Esse tipo de costu-

me é particularmente cruel porque os animais não são atordoados. Plenamen-

te conscientes e aterrorizados, são içados de cabeça para baixo por uma perna

para receb er um pequeno corte na jugular de modo a sangrar lentamente até

a morte, O abate kosher talvez seja pior do que o habitual, pois é marcado porum excepcional requinte de crueldade.

Vacas são mães atenciosas e sensíveis. Basta ve r como lambem carinhosa-

mente as suas crias e como estas necessitam da companhia de suas mães. Exis-

te uma profunda dependência amorosa entre esses animais. No entanto, os

grandes criadores de gado não se importam com isso. Assim que nascem, os

bebês são afastados de suas mães. N ão se permite nem ao menos que as va-

cas vejam a sua cria, pois do contrário não conseguiríam perm anecer tranqui-

las. Elas costumam agitarse e gritar desesperadamente quando são afastadas

do filhote. E assim começa uma das maiores crueldades que o ser humano pode

com eter contra os animais: a indústria da vitela.

Sendo uma carne alva, tenra e considerada deliciosa, a vitela é apreciada

em todo o mundo. Consequentemente, é uma das comidas mais caras que se

conhece, o que estimula a ambição dos criadores, em sua ânsia por lucros.Assim que nascem as pequenas vacas são retiradas da presença da mãe e

isoladas em compartimentos individuais onde recebem um banho frio e pas-

sam a se alimentar com leite fornecido não em tetas, mas em recipientes ou

canaletas. O ato de sugar, importante para esses pequenos seres, não lhes é

permitido, o que produz um alto índice de ansiedade. Costumam então sugar

qualquer coisa que lhes é dada, como dedos, pontas de roupas etc.

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MÁRCIO BONTEMPO

Sua carne deve ser sempre branca e macia. Pêra isso é necessário que os

músculos dos animais não se tornem avermelhados, como os tecidos de vacas

adultas. A técn ica de produção da vitela mostra que é preciso evitar a atividademuscular para impedir a oxigenação dos músculos. Para isso Os animais devem

ser mantidos em pequenas celas que impeçam seus movimentos. Depois de

um tempo, os animais são forçados a permanecer em pequenos currais indi-

viduais onde somente conseguem ficar de pé com o pescoço virado para a direita

ou para a esquerda. Em dias alternados, funcionários mudam a cabeça do ani-

mal cada dia para um lado. Raramente têm a cabeça voltada para a frente com

o pescoço esticado, pois isso permitiría a movimentação dos músculos do pes-coço, Este processo é mais comum algumas semanas depois do nascimento.

Ainda para evitar o tingímento dos músculos, os bebês são forçados a uma

dieta completamente isenta de ferro, o que lhes provoca uma fraqueza pro-

funda. A ausência do mineral em seus corpos produz uma grande ansiedade

por tudo aquilo que possa conter ferro , mas até a água que lhes é fornecida é

desmineralizada, Por isso os animais lambem pregos e material metálico das

suas celas e até mesmo a própria urina.

Visitar uma área de criação de vitela é como estar em um campo de con-

centração infantil. As novilhas olham para os visitantes e se aproximam como

quem pede ajuda. Tentam sugar dedos ou pedaços de roupas, enchem os olhos

de lágrimas e emitem sons guturais estranhos. Esse sofrimento não dura mais

do que três meses, quando já estão prontas para o abate. São então levadas

para um local onde são cruelmente mortas, em gerai com um corte profundo

na juguiar. para perder todo o sangue lentamente.

Todo ano, só nos EUA cerca de um mühão de novilhas são mortas para

servir aos refinados apreciadores de uma boa carne.

O hábito de comer vitela começou provavelmente quando vacas grávi-

das morriam e serviam de refeição. Percebeuse que o feto tinha uma carne

de textura muito tenra. Depois vieram os métodos para manter a carne da

bezerra macia por mais tempo. Por isso hoje se consegue essa façanha comanimais de até três m eses de idade, Muitos deles morrem antes de com ple-

tar três meses de nascidos, alguns por infecções (uma vez que seu sistema

imunológico é frágil devido à anemia), outros por uma doença de causa des-

conhecida. Apresentam diarréias constantes e ficam cada vez mais tristes, até

se entregará morte libertadora. Sua carne, mesmo nesses casos, é direcionada

para os restaurantes.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

É possível entender perfeitamente a origem dessa doença "de causa des-

conhecida". Se um bebê humano, imediatamente afastado de sua mãe ao nas-

cer, for amamentado artificialmente, estando preso a um berço que limite os

seus movimentos, sem receber carinho de forma alguma, sentindo fraqueza

constante, certamente viverá bem menos do que uma vaquinha.

A produção de leite também implica crueldade com os animais. Milhares

de bezerros são mortos, depois de ser criados em gaiolas minúsculas para que

não desenvolvam nem enrijeçam músculos e sejam abatidos e vendidos como

se fossem vitelas. Ao tomar o seu "leite", a pessoa tornase cúmplice dessa

produção e do abate indiscriminado de bezerros.

Atualmente uma vaca produz dez vezes mais leite do que a sua natureza

permiti ria. São tratadas como máquinas: não tomam sol, não amamentam seus

filhotes, recebem doses de hormônios, sentem dores (basta ver o tamanho

das tetas de uma vaca leiteira) e algumas contraem infecções, Quando estão

exaustas, são abatidas. Muitos animais doentes, que mal podem se levantar,

são arrastados para os matadouros assim mesmo, para não haver desperdício.

Não podemos nos esquecer dos bezerros que são vendidos para rodeios,onde sofrem fraturas de coluna, patas, hemorragias, e são quase sempre aba-

tidos de forma cruel.

Nos Estados Unidos, defensores da alimentação vegetariana e dos direitos

dos animais afirmam que, se um produtor de carne tratasse seu cão da manei-

ra como rotineiramente trata seu gado, seria multado, processado e provavel-

mente preso — e teria seu cão apreendido.

A McDonald's, rede multinacional de hambúrgueres, gasta milhões de dó-lares em campanhas de propaganda direcionada a crianças e jovens, tentando

mostrar que o seu produto é bom. Criaram até um palhaço chamado Ronald

McDonald's. Nos anúncios, ele mostra que os hambúrgueres nascem como

frutas e crescem em pacotes. Esse personagem era interpretado porjeffjuliano

que, ao inteirarse da forma como o gado vive e é assassinado, abandonou o

emprego milionário e tornouse vegetariano.

Os criadores costumam afirmar, com um orgulho sinistro, que “da vaca se apro-veita tudo", dos cascos ao chifre, sendo por isso um “animal muito útil ao homem”,

conforme aprendemos na escola. Até mesmo as patas, que não seriam comestí-

veis, fornecem material para a geléia de mocotó. Muitas gelatinas artificiais são pro-

duzidas com patas de vacas ou bois, além de conter corantes e aromatizantes

artificiais. Portanto, vegetarianos não devem consumirgeiatinase geléia de mocotó.

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MÁRCIO BONTEMPO

Se você ainda não foi convencido de que deve fazer a sua parte deixando

de comer carne, lembrese destas informações na próxima vez que se sentarnum restaurante de luxo e pedir uma vitela acompanhada de um bom vinho

francês.

Existe um grande movimento internacional de boicote ao consumo de vi-

tela criado justamente pela compaixão que sentimos em relação a esses filho-

tes. E disso você pode participar. Não peça mais vitela (ou a carne da mãe dela!)

nos restaurantes, nem a compre nos supermercados. Mas quer fazer mais? Não

frequente mais lugares que apresentem este tipo de prato em seu cardápio.

Melhor ainda: divulgue isto entre os seus amigos.

É a ave um vegetal?

Os produtos animais expostos nas prateleiras e freezers dos supermercados

são apresentados higienicamente limpos e empacotados num ambiente plá-

cido, tranquilo. Mas esse lugar calmo e perfumado, geralmente com música

suave ao fundo (que contribui mais ainda para oferecer um clima sereno),

esconde uma outra realidade. Sem mencionar detalhes da parte de apoio do

supermercado, de como a sujeira e a falta de higiene campeiam no ruidoso

setor de embalagens de frutas, legumes e verduras, com a presença de bara-

tas, roedores e de outros bichos, vamos direto ao setor de produtos ani-mais.

No caso dos frangos e seus derivados, deparamonos com partes desses

animais muito bem cortadas, limpas e arrumadas em embalagens brilhantes,

de aspecto sedutor; os ovos, também muito limpos e alvos, dentro de caixas

especiais, coloridas, empilhadas com esm ero. Não raro, o setor de frango do

agradável supermercado mostra a imagem de uma galinha sorrindo, muito fe-

liz devido à preferência do freguês pela sua carne ou pela granja que a

com ercializa. Nas campanhas promocionais, essas empresas freqüentemente

distribuem folhetinhos pelo supermercado muitas vezes por meio de uma

pessoa ridiculamente fantasiada de um alegre frangão. Contando historinhas de

galinhas e pintinhos amarelinhos, rechonchudos e bonitinhos, que vivem em

campos e chácaras, e les querem nos fazer crer que esses animais habitam ver-

dadeiros paraísos ou quintais alegres e muítifloridos e são criados com amor e

dedicação. Nada mais hipócrita e distante da realidade.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

Certa vez, num supermercado, John Robbins, tíder do movimento ameri-

cano Earth Save e autor de Diet Fora N ew America, observou uma piacaondeestava escrito “frango fresco". Ao verificar que, na verdade, o produto da ven-

da eram galinhas mortas, chamou o gerente e sugeriulhe que, para evitar a

propaganda enganosa, mudassem os dizeres da placa para "frango fresco mor-

to". Claro que o gerente não ficou nada satisfeito com a sugestão...

Por detrás da farsa da propaganda se encontra a dura realidade dos mi-

lhões de frangos criados em cativeiro, impedidos de ciscar alegremente, tris-

tes, sem direito à liberdade, ao sol, vivendo em “celas" superlotadas até atingir

o peso ideal (obtido através de hormônios e de outros m edicamentos), quan-

do são cruelmente abatidos. Depois de mortos são depenados, eviscerados,

limpos e cortados — não se sabe em que condições de higiene — para se r

enfim empacotados nas embalagens, congelados e enviados para o comércio.

Durante asua vida miserável, passam por verdadeira tortura. A superpopulação

estressa profundamente as aves. No setor das "unidades" poedeiras, as gali-nhas são expostas a luz artificial constante, de modo a pensarem que o dia é

contínuo, o que mantém o seu metabolismo ativo na produção de ovos. De-

vido à sobrecarga a que são forçadas, acabam vivendo pouco. Sob forte ten-

são, tendem a se bicare a se dilacerar. Mas a genialidade dos criadores resolveu

o problema: a “debicação", técnica de cortar a ponta do bico dos frangos ao

nascerem. Essa prática hoje é regularmente praticada, independente da dor

que possa produzir no animal. E com o produz! A ponta do bico das aves, assim

com o a parte interna da unha dos hom ens, é de grande sensibilidade. Calcula

se que a debicação produza uma dor semelhante àquela que sentimos aos cortar

a ponta de um dedo (ou do nosso nariz!). Tanto é assim que, após terem parte

dos seus bicos cortados, os pobres animais se debatem de dor e correm apa-

vorados de um lado para o outro, emitindo sons de agonia. Geralmente têm

sangramento profuso e correm o risco de morrer. O s criadores — não porhumanismo, é claro, mas para evitar prejuízos com a morte por hemorragia

— mais uma vez lançam mão da sua habitual inteligência: logo em seguida à

debicação, cauterizam o bico do pintinho com um aparelho que apresenta um

fundo incandescente... Ao conferirmos o modo como vivem esses animais e a

tortura a que são submetidos, percebem os que não somente as grandes gran-

 jas, mas tam bém as pocilgas e os locais de criação de gado, nada devem aos

campos de concentração.Muitos frangos e galinhas poedeiras morrem subitamente nessas "fazen

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MÁRCIO BONTEMPO

das", certamente de tristeza. Outras são transportadas em caminhões super-

lotados, sendo expostas ao sol, ao frio, ao vento, a chuva e a um jejum prolon-gado.

Obviamente, não seria conveniente que o supermercado, em vez de pa-

gar um palhaço disfarçado de galinha para fazer propaganda, mostrasse ima-

gens e filmes das cenas de debicação, da cauterização, dos galpões superlotados,

repletos de animais com olhares atônitos (sem entender que crime comete-

ram para estar ali), do transporte desumano, do abate cruento, etc. A música

de fundo poderia ser os tristes pios das aves deprimidas, ou dos pintinhos logoapós a debicação... Claro que não fariam isso. É mais fácil disfarçar com ima-

gens de fazendas cheias de galinhas felizes, tendo um monte de pintinhos à sua

volta... ao fundo uma montanha azul e um regato plácido... Nada mais distante

da verdade!

Curioso é perceber que quando afirmamos ser vegetarianos, seja num

restaurante ou entre pessoas que acabamos de conhecer, é comum ouvirse a

pergunta: "Mas você come frango, não é?"

Certa vez, num restaurante, afirmei ser vegetariano e pedi uma salada. O

gerente, para agradar, mandou servirme, sem que eu pedisse, um "peitinho

de frango" grelhado, como uma oferta da casa..,

Diante disso, podemos inferir que certas pessoas pensam que frangos e

aves em geral são vegetais. Se pudéssemos ver como eles nascem, vivem e

morrem nos criadouros, talvez entendéssemos por que são comparados a “ve-getais" ou a objetos. Isso vale para qualquer outra ave criada para consumo:

pato, marreco, ganso, faisão, chester, peru, avestruz, codorna, perdiz, etc.

Desde que criados industrialmente para o consumo humano, todas as aves

têm o mesmo destino que os frangos, algumas até envolvendo situações pio-

res, como é o caso dos gansos, de quem se produz o requintado foie gras.

Com os perus não é diferente

Rara quem comemora o Natal ou o Dia de Ação de Graças comendo peru,

preste atenção no seguinte:

De forma a se obter o máximo de lucro, a técnica da criação industrial de

perus recomenda que nas unidades maiores sejam “acomodadas" de 10 a 15

mil aves por cercado.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

A maioria delas é criada de forma intensiva em empresasfazendas. Elas

sâo engordadas em criadouros sem paredes ou em gaiolas para frangos, em

abrigos sem janelas e ma! iluminados. Usase luz baixa para tentar reduzir a

agressividade das aves umas com as outras, já adultas, elas têm pouco mais

espaço que uma galinha criada em gaiola. Cada peru criado para abate vive

confinado numa área de meio metro quadrado e recebe cerca de cem subs-

tâncias químicas durante a sua vida.

A criação intensiva também provoca doenças. Problemas no quadril,

ferimentos nos joelhos, úlceras nos pés e bolhas no peito são com uns. A taxa

de mortalidade é estimada em 7 % , ou seja, cerca de 2,5 milhões de perus por

ano. Muitos são indivíduos mais jovens que morrem de fome por não encon-

tra r os cochos de comida e água.

Usamse métodos de criação seletiva para acelerar a taxa de crescimento

e maximizar a massa corporal. Como resultado, muitos animais adultos sim-

plesmente não conseguem agüentaro pesoantinatura! do próprio corpo. Isso

pode provocar infecções das articulações da perna e do joelho e prostraçãogeneralizada.

A expectativa de vida natural de um peru é de cerca de dez anos. O s ani-

mais das fazendas são mortos entre 12 a 26 semanas, dependendo do tama-

nho da ave produzida.

Confinados num espaço reduzido e apinhado, tendem à agressividade e

muitas vezes se agridem, causando mutilações, como olhos e dedos perdidos.

Rara reduzir os ferimentos, mais de 20% dos perus têm o bico arrancado. A

extração consiste no corte de um terço do bico da ave com uma lâmina em

brasa. Estudos feitos com galinhas que sofreram a mesma mutilação mostra-

ram que a dor é prolongada e talvez permanente. Mesmo depois do corte do

bico eles ainda se atacam, produzindo ferimentos, infecções e até cegueira.

Levados para o matadouro em caixotes cheios, em trajetos que levam, às

vezes, vários dias, os perus não se alimentam nem bebem água. N o matadou-ro, são retirados dos caixotes e pendurados em ganchos, de cabeça para bai-

xo, como numa linha de montagem. Os animais, que pesam até 28 kg, são

suspensos pelos pés durante uns seis minutos e depois atordoados com um

banho de água eletrificada, Após o atordoam ento cortase a garganta das aves,

que são então mergulhadas num tanque de água fervente que solta suas penas

preparandoas para ser depenadas. Pesquisas revelaram que, a cada ano, cer-

ca de 35 mil perus vão para a água fervente ainda vivos.

7/17/2019 Marcio Bontempo - Alimentaçao Para Um Novo Mundo

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MÁRCIO BONTEMPO

Todos os anos, só na Inglaterra, cerca de i 6 m ilhões de perus são mortos

no período de Natal.

Depois de abatidos, eles recebem temperos químicos artificiais, incluindoantibióticos, numa quantidade tão grande que se transformam praticamente

em fórmulas químicas complexas, antes de ser congelados e encaminhados para

o comércio. Cada fabricante possui seus “segredos industriais", cujas fórmulas

são herméticas e garantidas por lei. Alguns desses produtos químicos são anti-

bióticos potentes, aromatizantes e até corantes sintéticos perigosos.

A carne dos perus não é saudável e representa um grande risco para a

saúde. Um a porção de 170 gramas de peru light   sem pele possui cerca de 274

calorias e seis gramas de gorduras saturadas. A mesma porção de peru, porém

com pele, tem 380 calorias e dezesseis gramas de gorduras saturadas.

Ovos  —  Advinhe o que há neies

Primeira informação importante: ovos de granja não são ovos! O s de codoma

também não! Aquelas coisas arredondadas que as aves de cativeiro produzem

são óvulos. Ovos são estruturas galadas, ou seja, contêm um embrião formado

pela fusão do óvulo da galinha com o sêmen dos galos. Mas as frangas produ-

toras não têm direito a te r contato com os galos. Com o os produtos das aves

não são galados, são apenas óvulos e, portanto, estruturas em plena degenera

ção progressiva. O ovo, se não for chocado, dura muito mais que o óvulo e émuito mais saudável.

Para aumentar a produção de “óvulos" as aves são alimentadas com ração

rica em estimulantes, geralmente hormônios, e são criminosae constantemente

expostas à luz artificial. Normalmente uma galinha põe um ovo por dia, mas

sob a influência da inteligência humana pode produzir até três! Um fenômeno!

Só que o preço por esse excesso de estímulo é o encurtamento substancial da

vida do animal. Galinhas foram transformadas em fábricas de ovos.

Se um ovo (galado) já possui quantidades significativas de colesterol, gor-

duras saturadas e toxinas, um óvulo é muito pior. Além dos hormônios sintéti-

cos, apresentam resíduos de antibióticos, proteínas em degeneração e taxas

progressivamente maiores de toxinas. São altamente prejuduciais à saúde, pois

contêm substâncias putrefantes muito agressivas aos intestinos e à flora intesti-

nal, ao sangue e aos tecidos nobres do organismo. Basta deixar um óvulo es-

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ALIMENTAÇÃO PARA ÜM NOVO MUNDO

tragar para perceber o que há lá den tro... O odor forte que um ovo estragado

ou velho exala já explica tud o...

Ovos galados, que não sejam de granja, os chamados "ovos caipiras" ver-dadeiros, além de ovos de patas e de outras aves domésticas, são mais sau-

dáveis.

 Algumas realidades sobre aves industrializadas:

Embora o frango (carne) seja a mais consumida, outras aves são “produzidas"

industrialmente para consumo. Assim, galinhas reprodutoras, poedeiras, pe-

rus, patos, gansos, codomas, perdizes, faisões e, mais recentem ente, avestru-

zes também são submetidos a uma vida torturante e/ou fazem parte do cardápio

humano. Nos Estados Unidos, segundo o American Journal of Nutrition, o 

seguinte gráfico mostra a proporção de consumo de frango, em relação às outras

Com o decréscimo do consumo de carne bovina nos Estados Unidos, a

procura por frango aumentou em cerca de dez vezes e o custo da ave indus-

trializada caiu para um terço do seu valor anterior, devido à demanda. Algo

semelhante ocorreu no Brasil.

Os norteamericanos consomem cerca de 25 kg per capita a cada ano, o

dobro do que consumiam há vinte anos, quando os frangos eram mais saudá-

veis, apresentando menor teor de gorduras saturadas, colesterol, hormônios,

antibióticos e outros elementos químicos.

Por causa disso, a cada ano, nos Estados Unidos, cerca de 6,5 milhões de

aves: Avestruzes

Frangosde carne

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MÁRCIO EONTEMPO

pessoas são acometidas de doenças derivadas do consum o de frango contami-

nado por bactérias e cerca de 900 pessoas morrem em conseqüência dessas

enfermidades, Um relatório recente apresentou 55 estudos diferentes mos-trando que aproximadamente 30% dos frangos postos à venda em todo o

país estão contaminados, de alguma forma, pela bactéria Salm onelae 62% pela

Cam pybbacter. Juntas, essas bactérias são responsáveis por 80% das doenças

e 75 % das disfunções orgânicas, segundo o Departam ento de Agricultura

(U SD A), a agência do governo responsável pela segurança dos alimentos.

No Brasil, as coisas são muito parecidas, embora a fiscalização seja bem

mais deficiente, ajudada pelo nosso habitual "jeitinho" que mobiliza "propinas",subornos, corrupção, etc. Aqui os frangos de 45 dias já atingem o peso "ideal",

E quanto antes forem abatidos e encaminhados para consumo, melhor, pois

cerca de 9 0% dos animais apresentam doenças, devido às condições artificiais

e forçadas em que vivem . Um a delas, um tipo de anemia muito comum entre

as aves, pode provocar câncer no sangue: a leucose aviária. Nada demais,

apenas um tipo de leucemia. Acreditase que essa doença não possa afetar os

seres humanos, mas pode matar os animais se ultrapassarem a idade de 45

dias! E isso não é bom, pois exigese que as aves a ser abatidas mostrem “sani-

dade”. O aspecto estético também conta: se os frangos acometidos de leucose

progredirem na doença podem apresentar fígados com metástases ou, no mí-

nimo, muito desenvolvidos, inchados, doentios e com manchas irregulares, o

que provocaria reações do consumidor.

Animais mortos ou doentes que chegam sem inspeção adequada aosabatedouros acabam certamente nos supermercados.

São necessários cerca de 2.400 litros de água para produzir aproximada-

mente 500 gramas de frango. São necessários 3 ,7 litros de gasolina para cerca

de 2 ,5 kg de frango. Com a mesma quantidade, agricultores podem produzir

8 kg de brócolis e soja suficiente para três fôrmas de tofu ou trigo para cinco

fôrmas de pão integral. A criação de frangos nos Estados Unidos utiliza cerca de

357 bilhões de litros de água anualmente, o bastante para manter cerca de 4 ,5milhões de pessoas. Para produzir uma porção de proteína de ave, são neces-

sárias 100 vezes mais água do que seria exigido para produzir a mesma porção

de proteína vegetal — da soja, por exem plo. Num a situação de escassez de

água mundial, prevista para as próximas décadas, esses números são muito sig-

nificativos.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

Quem é o porco?

Porcos são animais dóceis, amigos e podem v iverem contato conosco de modo

semelhante aos cães dom ésticos. São sensíveis e capazes de amar seus donos

se conviverem com seres realmente humanos. Porcos são também inteligen-

tes. Testes científicos demonstraram que estão aptos a realizar tarefas seme-

lhantes àquelas desempenhadas por cães e, em alguns casos, podem ser

adestrados para executar tarefas tão excepcionais que nenhum outro tipo de

animal conseguiría desempenhar.

Mas devido ao hábito hum ano de consum ir esse tipo de carne, o porco

é submetido a muitos tipos de agressões e desrespeitos. O modo com o co-

mem (fuçando a comida) deu origem à idéia de que eles não seriam “higiêni-

cos” . Daí o substantivo "porco" ter dado margem à criação do adjetivo do

mesmo nome. "Porco" ficou sendo o epíteto não somente de alguém que

não tem higiene, mas de diversos outros tipos como os obesos, os policiais,

as pessoas sujas, etc.Hoje considerase "porcaria" diversos tipos de hábitos ou atos, que os

porcos são incapazes de com eter — muito menos intencionalmente — , como

em itir j^ses, arrotar à mesa, re tirar secreções do nariz, falar com a boca cheia,

não gostar de tom ar banho, urinar fora do vaso sanitário, e tc. Convencionou

se usar o adjetivo "porco", numa referência ao animal, mas na verdade os se-

res humanos (e somente eles) são capazes de realizar mais "porcarias” —

inclusive conscientemente — do que qualquer porco. Considerase que o

anima! chafurda na lama e no lixo em busca de com ida e que tem coragem de

co m era sua costumeira "lavagem". Mas há porcos criados em condições espe-

ciais, embora sofrendo em cativeiro, que vivem e precisam de ambientes ex-

tremamente limpos, e se alimentam de ração especial.

Considerandose que porcos domésticos acabam em líxões ou comendo

lavagem em coxos (não por culpa deles), e que humanos comem de fato ver-dadeiras “porcarias", como, entre outras, intestinos de boi, rins, cérebro de

macaco, bunda de formiga, olho de passarinho e de atum, baratas, morcegos

(na China), ovas de peixes, pênis de cachorro, mortadela (feita com restos de

vários tipos de animais), chouriço (feito com sangue de porco), testículos de

vários animais, miolo (cérebro de boi), bofe (pulmão bovino), carnes putrefatas

(carnedesol), carne crua (quibe árabe), picanha sangrenta e buchada nordes-

tina, cabe a pergunta: Quem é o porco?

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Também em relação ao comportamento e à ética, podemos verificar que

realmente há humanos que são porcos (adjetivos) e que há porcos que, pela

sua sensibilidade e benevolência, são bem mais "humanos” (adjetivo) que mui-tos humanos (substantivo).

Talvez a mais injusta atitude do homem em relação a esses animais seja o

fato de ele ter sido "malignizado" nas escrituras sagradas e associado a Satanás.

Jesus teria induzido demônios a se esconderem em porcos. Esse e outros ar-

gumentos, incluindo as referências citadas no Corão e na lorá, por exemplo,

induziram grupos religiosos judaicos e árabes a não com er esse tipo de carne,

nem seus derivados. Se Jesus tivesse escolhido cães, em vez de porcos, para

encerrar os demônios, hoje o m elhor amigo do homem, sob o ângulo cristão,

poderia ser o porco. Sinceramente, o animai em si nada tem a ve r com tradi-

ções ou crenças humanas. Se bem que seria até conveniente para o porco ser

associado totalmente a Satanás, uma vez que assim poderia ser deixado em

paz. Fára a sua tristeza, porém, a maior parte dos cristãos não leva em consi-

deração o que Jesus Cristo fez, devorando leitões na própria festa do seu nas-cimento, ou seja, no Natal.

Vamos ve r então “quem ' é o porco.

Ele é simplesmente um animal também criado por Deus. Nada tem a ver

com o demônio. A verdade é que ele tem tudo para ser amigo do homem,

como ele realmente é. Há diversos casos descritos de porcos que viveram com o

cães em seu relacionamento com seres humanos. Tive um amigo em Minas

Gerais que, compadecido, salvou um leitãozinho de ser devorado na festamáxima da cristandade. O animalzinho, que recebeu o sugestivo nome de O inc,

foi criado por ele e acabou crescendo e habitando a sua casa. Já adulto, era

curiosíssimo ver o meu amigo assobiando para chamar o porco, que dormia

normalmente na soleira da porta e perambulava pela casa, como se fosse um

cachorro. O inc tinha por hábito sentarse à beira da mesa aguardando que lhe

fosse atirado algum pedaço de pão ou com ida... Imenso, mas não obeso, brin-

cava com as crianças, aguardava ansiosamente a volta do meu amigo (abanan-

do o seu pequeno rabo de alegria assim que ele chegava) e avisava, com

guinchos e agitação, a chegada de alguma pessoa estranha. Era acariciado pelas

pessoas e gostava disso, e, como qualquer cão, não aceitava o carinho de es-

tranhos. Quando o seu dono chegava do trabalho, O inc corria desengonçado

ao seu encontro.

Infelizmente o destino de O inc não foi feliz. Meu amigo teve de viajar para

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

o exterior, onde permaneceu por mais de dois anos. Cheio de tristeza e sau-

dades, Oinc não suportou a ausência e desenvolveu uma profunda depressão,

morrendo devido a uma baixa de imunidade que lhe desencadeou uma infec-

ção generalizada, Quem duvidar que animais têm sentimentos devería te r vis-

to o   olhar de Oinc uma semana depois da viagem do meu amigo...

Mas a grande maioria dos porcos não tem a mesma sorte de te r um dono

como o de O inc. Eles também são vistos como mercadorias, não como seres

.rvos e com sentimento. Devido à sua carne considerada saborosa, são criados

em larga escala no mundo inteiro, mas em condições tão vis e deploráveis queenvergonhariam qualquer pessoa dotada de um mínimo de sensibilidade. Tal-

vez sejam os animais que mais sofrem nas mãos dos seus criadores.

Aqueles que criam porcos em pequena escala e domesticamente costu-

mam castrar os animais (para que possam engordar bastante), forçandoos a

uma vida sedentária, reclusa e totalmente incômoda, alimentandoos com todo

tipo de resto de comida, preparandoos para ser abatidos. São mortos através

de uma fina, longa e cortante faca que lhes é cravada com perícia, diretamente

no coração. Sem se incomodarem se o animal sente dor e em que grau, esses

criadores, insensíveis, praticam esse ato friamente, em geral rindo, como se

estivessem fazendo algo trivial, como puxar uma descarga, por exemplo. Há

aqueles que têm como profissão matar porcos dessa maneira e assim, todos

os dias, realizam o seu trabalho. Conhecí um deles, uma pessoa no mínimo

asquerosa, que me confessou que a sensação que sentia ao introduzir a faca nopeito de um porco de 100 quilos era a mesma de matar um homem gordo ...

Nos matadouros, onde os animais são produzidos industrialmente, não é

muito diferente. Assim que nascem, os porquinhos machos são castrados sem

anestesia, de modo cruento. Depois de mamarem alguns dias, são afastados

da mãe e nunca mais a vêem. As porcas grávidas, nos dias finais da gravidez,

são mantidas num tipo de jaula tão pequena que não podem se mover, sendo

forçadas a se manter na mesma posição, de pé, sem se voltar para qualquerlado e sem poder deitarse. E assim têm os seus filhotes, como máquinas de

produzir porquinhos. Qualquer mulher que já teve um filho sabe do incômodo

característico dos dias finais que precedem o final da gravidez, que exigem a

busca de posições mais confortáveis a cada instante. Durante o próprio parto é

necessário mudar de posição várias vezes. Imaginem então que tremendo

desconforto deve ser sentir as dores, as contrações uterinas, sem poder me-

xerse ou deitarse... As porcas grávidas, geralmente muitas ao mesmo tem

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po, costumam urrar de dor, o que torna o ambiente em que vivem um local

onde se capta uma tristeza e uma agonia indescritíveis. O s animais apresentam

sempre um olhar apavorado, talvez pela tremenda dor a que são submetidos.Os demais porcos, castrados e programados para a engorda, vivem igual-

mente agrupados ou isolados em áreas muito exíguas e costumam agredirse

uns aos outros. Não raro matamse ou mutiíamse. Para evitar isso, muitos

criadores utilizam drogas calmantes na ração.

Porcos são animais de cascos fendidos, adequados para que possam andar

na terra, na lama, na relva ou em terrenos macios. No cativeiro, desde que

nascem, são forçados a viver em chão de cimento ou grade, completamenteantinaturais. Com o tempo e o aumento de peso, os cascos sofrem maior ten-

são, o que provoca abertura do ângulo e fissura central, muitas vezes com

ferimentos hemorrágicos, seguidos de infecção. Antibióticos são fornecidos em

grande quantidade, não para aliviar o sofrimento dos animais (que costumam

urrar de dor, sem conseguir andar), mas para evitar as mortes que provoca-

riam prejuízos. '‘Humanamente”, as feridas nos cascos são cauterizadas com

instrumento de metal em brasa. Muito técnico!

Os porcos também recebem cargas consideráveis de outras drogas, além

de vacinas e hormônios. Usados regularmente, os remédios contra parasitas, a

maior parte cancerígena (D D T e sim ilares), contaminam a gordura desses ani-

mais e se alojam no tecido adiposo. Isso faz do toucinho de origem industrial

algo perigoso para a saúde. Tãl qual a linguiça "pura" de porco, que de pura

não tem nada.

 A vingança do porco

Sem que queiram vingarse dos maustratos, torturas e do desrespeito com

que são (mal)tratados, os porcos, uma vez consumidos, "fornecem" uma car-

ne muito prejudicial à saúde, fazendo jus à sua fama de “perigosa". Sem contarcom o excesso de colesterol e gorduras saturadas do torresm o, do bacon e da

própria carne, rica em lipídios pesados, existem numerosas doenças que po-

dem ser transmitidas através da carne de porco. São relatados muitos tipos de

infecções bacterianas e parasitas (solitária) adquiridas da carne mal cozida do

porco. A perigosa cisticercose, um processo neurológico sério, incurável, pro-

duzido pela fixação de ovos da solitária no cérebro humano, causa muito sofri

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mento, com convulsões, dores, alterações funcionais variadas, etc ,, dependendo

da área do cérebro onde se fixe. Seria esta uma forma de vingança do porco?

Os bichos embutidos

Bichos embutidos estão sendo com ercializados sob aform a de salsichas, lingui-

ças, salames, paios, copas, mortadelas, presuntos, frios em geral, chouriços,

rosbifes, tender; lombos e outros mais sofisticados.Todos os perigos e problemas que o consumo de carne oferece à saúde

são agravados quando ela é industrializada para o preparo de embutidos. O

risco de se contrair doenças graves é ainda maior. Além dos hormônios e toxi-

nas oriundos da carne com que foram preparados, esses produtos necessitam

de quantidades consideráveis de conservantes (geralmente antibióticos),

corantes sintéticos, nitritos, nitratos, sulfitos, aromatizantes artificiais, além de

ser ricos em gorduras saturadas, colesterol, ácido úrico e outros ingredientes.

As variantes light  — os compostos de frango, chester e peru, por exemplo —

em alguns casos são piores do que os seus semelhantes, feitos de carne bovina

ou suína.

Cada fabricante desenvolve os seus segredos "industriais" de modo a agra-

dar a sua clientela ou atrair consum idores. O certo é que vários tipos de car-

ne costumam entrar nesse processo de produção. Muitos comem salsichasfeitas de frango com carne de cavalo, pensando que estão comendo carne

de porco,

Curioso é constatar que os proprietários de frigoríficos que produzem '‘ali-

mentos1’ embutidos, bem como seus funcionários, raramente consomem aquilo

que fabricam. Certa vez, trabalhando como médico em Blumenau, Santa

Catarina, atendi um dos sócios de uma das mais famosas empresas do gênero.

Ele me afirmou que jamais consumia os seus próprios produtos, devido à quan-

tidade de substâncias perigosas que eles continham e à qualidade biológica da

carne destinada à sua fabricação!

Se já é desaconselhável ingerir carne animal por causa dos perigos que ela

representa para a saúde, alimentarse de produtos embutidos é algo que se

aproxima da idiotice.

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Dados interessantes sobre a produção e o consumo de carne no Brasil

Utilizando informações fornecidas pela Associação Brasileira das Indústrias

Exportadoras de C arne , (a A B IEC ), tem os alguns dados curiosos:

O Brasil é hoje praticamente o segundo produtor mundial de carne, produzin-

do anuaimente 6,4 milhões de toneladas de carne bovina. Mesmo que uma

parte seja destinada à exportação, a média de consumo de cada brasileiro é de

36,6 kg por ano. Ou seja, cada brasileiro come aproximadamente uma vaca a

cada dez anos, o que significa que, ao longo de uma vida, come, em média

sete vacas.

O porco não tem melhor sorte. O Brasil produz 2 ,1 milhões de toneladas

por ano de carne suína, com 12,8 kg per capita. Mas como porcos pesam menos

do que vacas, cada brasileiro com e, em média, 13 porcos ao longo da sua

existência. já o frango, por se r uma carne mais barata, é o mais consumido em te r-

mos de “unidades”. O Brasil produz anualmente 6 milhões de toneladas de

galináceos. A média de consum o anua! é de 26 kg per capita.  Isso significa que

cada brasileiro consom e cerca de 2 1 frangos por ano, 2 10 a cada decênio e

devora, ao longo de sua existência (se os hormônios e os antibióticos permiti-

rem que v iva ...), cerca de 1.500 animais.

Comer peixe é uma alternativa?

Quando paramos de comer carne, surgem muitas dúvidas sobre como obter

proteínas e manter uma dieta quantitativamente saudável. Se frangos e aves,

devido aos aspectos sanitários e humanitários, também não devem ser consu-

midos, os peixes e frutos do mar aparecem como alternativas, até mesmo

consideradas saudáveis. Mas, infelizmente, não é bem assim. Embora a gordu-

ra da maioria dos peixes de água salgada e de água doce seja insaturada e be-

néfica para a saúde, os frutos do mar e muitos produtos dos rios e lagos são

ricos em colesterol. O hábito de consumir peixes crus, como o sashimi e o

sushi, mesmo sendo uma forma de adquirir proteínas de boa qualidade, não

isenta o seu apreciador de assimilar colesterol,

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ALIMENTAÇAO PARA UM NOVO MUNDO

Claro que peixes com o o atum e o salmão, e aqueles que vivem em águas

doces, são saudáveis, mas existem aspectos a ser compreendidos. Esses ani-

mais, quando mal conservados, são perigosos para a saúde. Para evitar o de-

senvolvimento de bactérias nocivas, o pescado recebe hoje conservantes, como

a amônia e seus derivados, que podem afetara saúde do consumidor. Peixe só

é bom fresco e, de preferência, recémpescado, quando conhecemos a sua

origem. Assim como a came vermelha e a das aves, o pescado também con-

tém ptomaínas e outras toxinas. As piores intoxicações alimentares são provo-cadas por frutos do mar deteriorados, como ostras, mariscos, camarões, etc.

Cerca de 20% dos seres humanos apresentam algum tipo de alergia às suas

proteínas, principalmente as do camarão.

O “peixeiro amigo" das peixarias e feiras talvez não seja tão amigo assim.

Muitos pescados são postos à venda e várias vezes recongelados, para ser

oferecidos como “frescos", no dia seguinte ou em feiras subsequentes em postasou filés. Aprendemos a reconhecer se um peixe é fresco através do olhos,

guelras, textura da pele, mas se ele é apresentado dessa forma, isso já não é

possível. Portanto comprar filés e postas de peixe congelados, oferecidos pe-

los supermercados, também não oferece nenhuma segurança,

Há atualmente um grande risco de contaminação humana por agentes

poluentes (PC B , D D T ) e metais pesados com o consumo de frutos do mar.Um marisco ou ostra é capaz de filtrar muitos litros de água do mar por dia, o

que pode determinar uma grande concentração de metais pesados e substân-

cias nocivas, capazes de contaminar o consumidor, às vezes mortalmente. Os

animais capturados próximo às grandes cidades são os mais perigosos, já que

são mais expostos ao problema. Recomendase, portanto, o consumo de pei-

xes oriundos de áreas distantes e do altomar, ou, pelo menos, de regiões afas-

tadas de áreas poluídas.

Consum ir a came desses animais também pode ser antiecológico. Veja por

que no item O impacto ambiental do consumo de animais.

Peixes também sentem dor 

Em um docum entário realizado nos EU A estudiosos declararam que os pei

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d'água com um anzol seria como tirar uma pessoa da água segurando suas

partes íntimas.

Muitos peixes, especialmente os que vivem no fundo do mar, usam a boca

não só para se alimentar, mas também como uma espécie de sensor geral.

Eles possuem uma alta densidade de nervos. Esta informação nos faz refletir

sobre os programas de pesca na TV em que os desportistas ou apresentado-

res capturam peixes com anzol. Aparentemente bons ecologistas ou bons

samaritanos, depois de fisgálos, eles os devolvem à água. Só que não podem

imaginar a dor e o estresse que provocam no animal, que, segundo os espe-cialistas, é suficiente para que a grande maioria não consiga sobreviver. A dor

na boca impede que eles se alimentem, o que facilita a inanição e a morte; o

sangramentofreqüentemente atrai predadores, como piranhas e jacarés. Q uan-

do esses programas estrearam, imitando os similares norteamericanos, en

tendeuse ser uma boa ação devolver à água os peixes capturados. Hoje

sabemos que o melhor é guardálos para servirem de alimento. Com o m orre-

rão de qualquer jeito, é melhor dar alguma utilidade a esse sacrifício. Mas oideal seria proibir esses torturantes programas.

A sensação de um peixe fora d'água se compara à de um homem sendo

asfixiado, sentindo suas forças se esvaírem lentamente. A retirada da água cau-

sa uma dor terrível e provoca o sangramento das guelras.

A dor gerada pelo imenso arpão de um mergulhador quando atravessa o

corpo de um peixe deve se r a mesma que sentiriamos se fôssemos trespassa-

dos por uma lança.

Peixes criados em tanques, como tilápias, carpas e trutas, também são sub-

metidos a forte estresse devido aos espaços exíguos em que são mantidos.

Em alguns restaurantes é possível ver aquários onde peixes e lagostas são ex-

postos para ser escolhidos pelos fregueses. Esses aquários estão longe de for-

necer o mesmo espaço que esses animais encontrariam na natureza. Muitas

vezes, em virtude da urgência em se preparar os pratos, são descarnados, têmo couro arrancado, ou são eviscerados ainda vivos! Há certas especialidades

culinárias japonesas, um tipo de s l /sN, em que o peixe é servido ainda vivo.

Segundo os experts, é necessário que ele ainda se mova ao ser servido, caso

contrário o prato deve ser devolvido!

Rãs passam pelo mesmo problema, pois são criadas em pequenos espa-

ços, abatidas com uma forte pancada na cabeça e, geralmente, têm o couro

arrancado ainda vivas, Com er rã é basicamente antiecológico. Esses batráquios

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

são muito importantes para a cadeia alimentar e o equilíbrio dos ecossistemas,

 já que se alimentam de insetos, Há quem diga que se rãs e sapos desapareces-

sem , os insetos dominariam a Terra, Mas fica aqui uma constatação interessan-

te; a capacidade dos seres humanos de comer um bicho que come moscas..,

Consumir pescados e similares durante um periodo de adaptação dietética,

rumo a uma alimentação totalmente vegetariana, é um recurso muito comum,

principalmente entre pessoas acostumadas a uma dieta rica em carne verm e-

lha e de aves,

Portanto, o consumo de peixes, frutos do mar e seus semelhantes fica acritério do(a) leitor(a). Apenas uma dica: se a preocupação diz respeito aos nu-

trientes, notadamente proteínas e minerais, podemos garantir que é possível

ob ter tudo o que necessitamos através dos vegetais.

Conclusões sobre a covardia em relação aos animais

“Quanto mais eu vejo animais serem mortos para virar comida, mais euentendo por que o McDonald 's engana as criancinhas, fazendoas crer que

hambúrgueres crescem em árvores, já nos saquinhos."

John  Robbins

Animais não nos dão a vida como contam as historinhas ou como os desenhos

animados e a propaganda em folhetos escolares procuram mostrar. N ós tira-

mos as suas vidas. Eles lutam até o fim para fugir da morte, do mesmo jeito

que faríamos se estivéssemos em seu lugar.

O porco, dócil e inteligente, não aceita a morte simplesmente pensando

que ela é apenas mais um passo na produção de bacorr,  portanto, será difícil

vêío cantando alegremente com o nos anúncios dos produtores de salsichas.

As galinhas não se aproximam dançando da faca que irá matálas, tentando

nos mostrar como vai ser gostoso saborear uma de suas coxas.

A gentil e paciente vaca não se rende docilmente à marreta ou à faca; ela se

agita e pula como pode para se livrar do gancho que prende uma de suas per-

nas, que foi quebrada e pendurada a uma corrente.

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MÁRCIO BGNTEMPO

Os indivíduos que matam os animais são chamados de profissionais. Eles

alegam que simplesmente estão realizando um trabalho ordinário (aqui, paranós, no duplo sentido), mesmo que isso envolva o assassinato de milhões de

criaturas inocentes. Eles consideram "natural” o que fazem. Se isso é natural,

que Deus os ajude.

Os produtores de leite nos EUA costumam fazer propaganda. Um a delas

mostra uma simpática vaca sorrindo, enquanto uma suave voz masculina avisa,

em off,  que o leite dessa empresa é proveniente de vacas felizes. Talvez ele

esteja se referindo ao efeito dos tranquilizantes e antidepressivos que esses

animais recebem regularmente para combater a tristeza dos ambientes onde

são criados.

Resultados dos prazeres da carne

“Os animais são meus amigos e eu não como os meus amigos."

George Bernard Shaw

Todos os produtos compostos por proteínas animais apresentam, obriga-toriamente, toxinas em quantidades variáveis. Toxinas são compostos or-

gânicos capazes de agredir o organismo e de prejudicar as funções

biológicas. A carne de porco, de vaca, as vísceras de todos os animais, as

carnes embutidas (presunto, salame, mortadela, salsichas, carnes defuma-

das, lingüiças industriais, etc.) são particularmente ricas em toxinas, por isto

são classificadas como alimentos cujos malefícios superam a capacidade nu-

tritiva. As principais toxinas presentes nesses produtos são a cadaverina,  a

 putrescino, o indol,  o escatol e o fenol. Assim como a uréia, são provenien-

tes da transformação bioquímica das proteínas, mas também podem ocor-

re r livrem ente na massa protéica. Se um pouco de carne permanece muito

tempo nos intestinos humanos (em caso de prisão de ventre, por exem-

plo), a intensidade de putrefação dentro do organismo passa a se r m aior, o

que permite uma maior formação e difusão dessas toxinas. O resultado da

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presença dessas substâncias venenosas no corpo humano é a redução da

capacidade orgânica às infecções, a tolerân cia maior à presença e ao cres-

cimento de bactérias patogênicas, uma maior tendência às inflamações einfecções em qualquer parte do organismo (apendicite, amigdalite, nefrite,

colite, dermatose, acne, espinhas, fluxos, corrimentos, entre outras), pre-

disposição ao câncer e aos tumores em geral, reumatismo, gota, etc,

Quando um animal está prestes a ser sacrificado, a bioquímica do seu or-

ganismo, devido ao seu estado de pânico, sofre profundas transformações.

Subprodutos tóxicos são lançados na corrente sanguínea, causando dores e

envenenando toda a carcaça.

De acordo com a Enciclopédia Britânica,  toxinas do corpo, inclusive o

ácido úrico e outros produtos tóxicos, encontramse presentes no sangue e

nos tecidos dos animais abatidos. “A  proteína obtida de nozes, leguminosas

(lentilhas, ervilhas, etc.), cereais e derivados do leite é considerada relativa-

mente pura quando comparada à da carne de gado, que possui 56% de im-

purezas.”

O nível de hormônios no sangue dos animais— especialmente a adrenalina

— muda radicalmente quando eles vêem seus semelhantes morrendo à sua

volta e lutam, inutilmente, pela vida e pela liberdade.

De acordo com o Instituto de Nutrição dos Estados Unidos, "a carne

de um animal m orto está rep leta de toxinas e de outros subprodutos noci-

vos”.

Por ocasião do abate, proteínas coagulam no corpo do animal e enzimas

degenerativas são liberadas. Em seguida, surgem as substâncias de putrefação,

chamadas ptomaínas. Com isso, a carne (bem como o peixe e os ovos) apre-

senta uma decomposição e uma putrefação extremamente rápidas! O tempo

exigido desde o abate, que passa pelo transporte da carne morta, a refrigera-

ção e a exposição no açougue, a chegada em casa ou no restaurante, o esto-

que nas geladeiras e freezers domésticos até ela ser cozida e servida, aumenta

gradativamente o estado de decomposição da carne. O congelamento não reduz

a quantidade de ptomaínas.

A carne passa íentamente pelo sistema digestivo humano. Ao contrário do

alimento vegetariano, que dem ora apenas um dia e meio para ser digerido, ela

leva cinco dias, período que expõe os órgãos digestivos à ação constante dos

subprodutos da decomposição da carne. Devido a esse processo de apodrecí

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mento, o hábito de comer carne desencadeia o envenenamento do cóion,

desgastando prematuramente esta parte do aparelho digestivo.

Câncer 

A carne vermelha é tida como o segundo m aior agente causador de câncer,

perdendo apenas para o fumo. Segundo os médicos, 35% de todas as mortes

causadas por uma doença se devem, em grande parte, à ingestão de alimentos

cám eos. Dados científicos comprovam que consum idores de produtos de ori-

gem animal apresentam maiores chances de contrair câncer de cólon, intesti-

no, estômago (o que mais mata no Brasil), boca, faringe, mama e próstata, entre

outros, Há maior incidência de câncer de cólon em populações que conso-

mem carne do que nos grupos vegetarianos.

São muitos os estudos científicos que apontam a relação entre o câncer e

a ingestão excessiva de carne animal. O consum o de proteínas além das ne-cessidades diárias (um grama por quilo de peso por dia) incrementa o metabo-

lismo nitrogenado, o que determ ina um efeito carcinogênico e carcinocinético 

(que fazem surgir e que favorecem o crescimento do tumor). Esse efeito é

particularmente mais intenso quando se consome carnes bovinas embutidas

ou enlatadas; mas as carnes brancas manipuladas ou criadas pelo homem —

notadamente as de frango, chester, peru tem perado, etc. — têm potencial

cancerígeno próximo ao das carnes verm elhas.

As carnes defumadas industrialmente (incluindo as de peixe, frango, etc.), bem

como churrasco, as almôndegas enlatadas e a carne de hambúrguer, quando

submetida ao aquecimento (nas chapas para sanduíches), formam um derivado

orgânico de elevada capacidade cancerígena — o benzopireno, considerado um

dos maiores agentes carcinogênicos do ambiente.

Estatísticas oficiais da Organização Mundial de Saúde apontam bem maiorincidência de câncer em populações consumidoras de carne que nos grupos

vegetarianos, em que a doença praticamente inexiste.

A cam e é o segundo item da lista de alimentos que oferecem maior risco

cancerígeno devido à contaminação por pesticidas. (O primeiro é o tom ate.)

Na relação dos alimentos contaminados por inseticidas ela figura em terceiro

lugar, o que representa quase ! I % do risco total de câncer.

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Hormônios

Nos Estados Unidos mais de 9596 de todo o gado de engorda estão atualmen-te recebendo hormônios, que promovem crescimento, e outros farmacêuti-

cos, cujos resíduos podem estar presentes nos cortes de carne.

Embora proibidos por lei na maioria dos países, o uso de hormônios do

tipo estrógeno anaboiizante é comum, principalmente nos países menos de-

senvolvidos. De modo a acelerar o ganho de peso, os criadores usam esti

muladores do crescimento e aditivos alimentares. Esteróides anabolizantes, na

forma de pequenos implantes liberados a longo prazo, são implantados nas

orelhas dos animais. Eles penetram lentamente na corrente sanguínea, aumen-

tando os níveis hormonais de duas a cinco vezes. O gado recebe estradiol,

testosterona e progesterona.

No Brasil é muito comum a aplicação desses hormônios no gado clandes-

tino, que, infelizmente, abastece cerca de 50% do mercado nacional. O mais

aplicado é o dietíletilbesírol, mais facilmente encontrado nas carnes bovinas esuínas, nas aves, nos ovos de granja e nos derivados dessas mesmas carnes

(presunto, salame, salsicha, e tc .). Sua aplicação visa ao aumento da massa mus-

cular e do peso do animal. As conseqüências dessa substância no organismo

são imprevisíveis, mas sabese, com certeza, que ele interfere no equilíbrio

endócrino humano, mesmo em quantidades mínimas. Seu efeito é geralmente

acumulativo e permanece durante meses nos tecidos gordurosos, tanto do

anima! quanto do consumidor.

O produto é um composto sintético capaz de causar alterações hipo

fisárias de vários tipos: tumores malignos e benignos do útero, câncer e

nódulo mamário, câncer e cistos ovarianos, diversas alterações menstruais,

câncer vaginal, esterilidade masculina e feminina, tumores malignos e be-

nignos da próstata, câncer masculino de mama, tumores testiculares, im-

potência, ejaculação precoce, oligoespermia e outros. Não somente acarne de boi ou de vaca é rica em horm ônios. Com o aum ento da deman-

da no consumo de frango (preço m enor), foi necessário increm entar a pro-

dução. Como já vimos, isto foi feito à base de hormônios anabolizantes

sintéticos, que fazem com que um frango atinja em apenas 45 dias o peso

ideal para o abate.

Existem pesquisas mostrando resultados da interferência progressiva dos

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horm ônios da carne consumida no organismo hum ano. N o Japão, onde pei-

xes e frutos do mar sem pre foram a princípa! fonte de proteínas, a população

mudou bruscamente de hábitos, passando a consum ir carne de vaca e frango

industrializado. O gráfico seguinte mostra o resultado desse hábito em rela-

ção ao aparecimento da primeira menstruação, que é um excelente indica-

dor, uma vez que, quando os níveis hormonais femininos atingem um certo

patamar, a menina atinge a puberdade e menstrua pela primeira vez. É um

gráfico revelador:

Relação entre o consumo de carne animal e a precoddade da menarca, entre adolescentes japonesas.

Idade da 1a menstruação

Ano

O estudo revelado nesse gráfico mostra que no fina! do século X IX , a idade

média do aparecimento da primeira menstruação era de aproximadamente 16

anos. Com parese com o ano de 197 4, onde isso oco rria, em média, por vol-

ta dos 12 anos de idade. Observase nitidamente a ação de interferentes hor-

monais e o seu impacto no organismo humano, uma vez que o consumo de

carne contendo hormônios veio se elevando gradativamente.

Não se pode nunca saber ao certo a quantidade de dietiletilbestrol de

um bife, de uma om elete ou de um frango assado; não se pode nem ao m enos

saber se ele está presente. As próprias autoridades sanitárias não conseguem

estabelecer uma fiscalização adequada quanto ao uso dessas substâncias, prin-

cipalmente nos países pobres, onde ainda é rara a concepção generalizada

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de respeito humano e de consciência coletiva. O mais curioso, porém , é o

fato de um produto de uso proibido por lei estar disponível para a venda no

comércio.A carne animal, notadamente a bovina, também contém doses elevadas

de um produto derivado da adrenalina, o adrenocromo,  que se transforma

depois em adrenolutina, capaz de produzir, quando em grandes quantidades,

irritabilidade, sensação de insatisfação, aumento de agressividade e exaltação

dos instintos. Por essa razão costumase afirmar que a carne faz o consumidor

tomarse violento. Embora não seja acrescida artificialmente à carne, a adrenalina

é o resultado do tremendo estresse vivido pelos animais nos mom entos que

antecedem o abate.

Outros produtos farmacêuticos veterinários

O s animais de criação recebem também uma grande variedade de rem édios,

seja para uso interno ou externo, que impregnam a carne da mesma forma.

O s mais comuns são os antibióticos, os carrapatiddas, os bem ícidas, as vacinas

e outros. Seus efeitos não representam muito para o organismo humano, mas

tornam a carne bovina, ovina ou suína um produto desviíalizado e tóxico, ab-

solutamente nada saudável.

O arsênico é um estimulante do crescimento bastante usado na criação de

gado para aumentar artificialmente a produtividade dos animais; anfetaminas,tranqüilizantes e centenas de outras drogas são utilizados com o mesmo fim. A

carne, o leite e os ovos, mesmo quando já prontos para o consumo, segura-

mente contêm resquícios dessas substâncias.

Em 1988, mais de 10 mil toneladas de antibióticos foram usadas nos Esta-

dos Unidos como aditivos alimentares para criações. As drogas foram usadas

para promover o crescimento e combater as doenças que correm à solta, vio-

lentas, nos currais e granjas de engorda superlotados e contaminados. Enquan-

to a indústria pecuarista declara que parou de impregnar a ração do gado de

antibióticos, des ainda estão sendo dados às vacas leiteiras, que fornecem 15%

de toda a carne consumida naquele país. Resíduos dessas substâncias muitas

vezes aparecem na carne que as pessoas consomem, tomando a população

humana cada vez mais vulnerável a variedades mais virulentas de bactérias cau-

sadoras de doenças.

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Obesidade

Na população norteamericana, o índice de obesidade observado entre os nãovegetarianos é quase dez vezes maior que aquele encontrado entre os estrita-

mente vegetarianos. A obesidade é um fator de diabetes, câncer, cálculos re-

nais e doenças cardiovasculares, entre outros males.

 Ácido úríco

O ácido úrico é uma das substâncias mais nocivas acumuladas no organismo

pelas pessoas que comem carne. A maior parte dos produtos animais possui

ácido úrico, principalmente as vísceras e a pele. Destaque maior deve se r dado

ao coração de frango, aos fígados bovino e ovino, ao miolo (cérebro de boi), à

pele do frango eà carne de porco em geral, Um bife de 100 gramas, por exem -

plo, contém cerca de três gramas de ácido úrico.

Um médico norteamericano analisou a urina de diversas pessoas e consta-tou que os rins dos carnívoros trabalham três vezes mais do que os dos vegeta-

rianos, tentando eliminar os compostos de nitrogênio nocivos encontrados na

carne. Enquanto jovens, as pessoas conseguem suportar este esforço adicional,

de modo que não surgem evidências de males ou lesões, mas à medida que os

rins envelhecem e se tornam prematuramente cansados, ficam incapacitados e,

como resultado, surgem as doenças renais. Quando os rins não mais conseguem

lidar com a sobrecarga de ácido úrico, ele pode ser depositado em todo o corpo.

Os músculos o absorvem tal como uma esponja absorve água. Entre as fibras

musculares, o ácido úrico forma cristais que podem enrijecêlas, desencadeando

uma grande quantidade de doenças ligadas aos músculos. Surgem problemas do-

lorosos, com o o reumatismo, a artrite, a gota e outros. Quando o ácido úrico é

depositado nos nervos, os resultados são neurites e dores ciáticas.

Hoje em dia, muitos médicos aconselham os pacientes que sofrem de taisdoenças a parar de comer carne ou a reduzir a sua ingestão.

 A carne é acidificante

Uma das maiores causas de problemas digestivos é o excesso de acidez. A

maioria dos alimentos cárneos é altamente acidificante do sangue. O corpo, no

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seu estado natural, é ligeiramente alcalino. Quando se ingere alimentos dessa

natureza, o sangue tornase ácido, e órgãos como o fígado, o coração e os rins

tornamse sobrecarregados, enfraquecidos e suscetíveis a doenças. Assim, as

toxinas são eliminadas com dificuldade, tendendo a se depositar nas juntas,

contribuindo para o surgimento de doenças reumáticas, como a gota e diver-

sas outras moléstias, como hemorróidas, pressão alta, males cardíacos, asma e

alergias.

Presença maciça de gordura saturada e colesterol

De um modo geral, as carnes animais possuem gorduras mais saturadas (pe-

sadas) que os óleos vegetais. Isso não só exige m aior trabalho do organismo

para a digestão e assimilação dos lipídios como mantém os níveis sanguíneos

de gordura, colesterol, triglicerídeos, sempre em níveis mais altos. Assim, as

deposições em artérias, articulações, sinus faciais e demais espaços são cons-

tantes, facilitando doenças como arteriosclerose, aterosclerose, infarto do

miocárdio, má circulação das extremidades e uma incalculável quantidade de

outros problemas.

Gráficos publicados pelo órgão de imprensa do Instituto Nacional do Cân-

cer e pelo estudo “Carne e alimentos estocados", do USD A, Washington, D .C .,

1976, apresentam a nítida relação entre o consumo de came, a incidência de

doenças cardíacas e de câncer intestinal em vários países.

Alimentos ricos em ácidos graxos saturados e colesterol: came de porco,

pele das aves, vísceras, banha, leite, ovos, carne de vaca em geral, salsichas,

camarão, lagosta, ostras e mariscos, que reconhecidamente podem ocasionar

o surgimento ou agravamento de doenças cardiovasculares.

Doenças cardiovasculares

Pelos seus altos níveis de colesterol, gordura saturada, ácido úrico e toxinas, a

carne bovina, que frequentemente vem sendo contaminada por substâncias

químicas e doenças, deve ser considerada um dos alimentos mais prejudiciais à

saúde existentes no mercado atualmente. Quase 70% , ou l ,5 milhão dos 2 ,1

milhões de mortes nos Estados Unidos, em 198 7, foram provocadas por

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doenças associadas à dieta — particularmente dietas com elevada taxa de gor-

dura saturada e colesterol, segundo o relatório do Departamento de Saúde.

Em 1990, o maior estudo jamais feito na China sobre os efeitos do consu-

mo de alimentos de origem animal confirmou os resultados das pesquisas an-

teriores realizadas nos Estados Unidos: elevada correlação entre consumo de

carne e a incidência de doença cardíaca e câncer. Os pesquisadores envolvidos

monitoraram os hábitos alimentares de 6.500 pessoas vivendo em 25 provín-

cias chinesas.

Quem come carne e gorduras envelhece mais cedo

Os esquimós, cujos alimentos principais são a carne e as gorduras, envelhe-

cem cedo e vivem em média 28 anos e meio. O kirgeses, membros de uma

tribo da Rússia Oriental, que se alimentam basicamente de carne, envelhecem

mais cedo e têm morte prematura; eles raramente passam dos quarenta anos

de idade.Pesquisas realizadas por antropólogos entre povos que não usavam carne

em sua alimentação, documentaram a saúde radiante, o vigor e a longevidade

desses grupos com o os hunzas do Paquistão, a tribo Otomi (nativa do México)

e os povos nativos do sudoeste dos Estados Unidos. Não era raro, em tais

tribos, haver indivíduos ativos e saudáveis com I 10 anos de idade, ou mais.

 Artrite

Uma pesquisa na Alemanha concluiu que consumidores de carne e laticínios

apresentam incidência de artrite quase quatro vezes maior do que aquela en-

contrada entre indivíduos que mantêm uma dieta de baixo teor de gordura.

Doenças infecciosas e parasitárias

Existem várias doenças provocadas pela ingestão de determinados produtos

animais passíveis de estar contaminados por bactérias, fungos e vírus, como a

salmonela, a echerichia coli e outras. Ao serem comidas cruas ou mal cozidas,

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as carnes dos animais, principalmente a de bois e porcos, podem produzir in-

toxicações e contaminações por brucelose, teníase, cisticercose e alguns tipos

mais raros de tuberculose.

Recentes descobertas sugeriram um possível elo entre novas doenças do

gado e doenças nos seres humanos. O vírus da leucemia bovina (BLV), um

retrovírus transmitido por insetos que causa malignidade e pode ser encontra-

do em 20% do gado e 60 % dos rebanhos americanos, é suspeito de te r um

elo causai em algumas formas de leucemia humana. Anticorpos do BLV foram

encontrados em pacientes vítimas de leucemia; células humanas in vitro foram

infectadas pelo BLV

O vírus bovino de imunodeficiência (B IV), que se descobriu estar gene-

ralizado nos rebanhos de gado americano nos anos 80, se parece genetica-

mente com o vírus do H IV (AID S). Tal como o vírus da A IDS nos humanos,

acreditase que e!e suprima os sistemas imunológicos do gado, tomandoos

suscetíveis a uma vasta gama de doenças e infecções. Cientistas infectaram

com sucesso células humanas com este BIV e pelo menos um estudo suge-

riu que, “no homem, ele pode ter um papel tanto em vírus malignos bemcomo em benignos". Em 1991, o U SD A declarou que não sabe ainda “se a

exposição às proteínas do BIV faz com que o soro hum ano... se torne H IV

positivo".

0 consumo de carne reduz as reservas de cálcio do organismo

Recentes pesquisas na China e nos Estados Unidos apontam que o consumo

de proteína animal (carne, leite e derivados) está provocando uma necessida-

de orgânica de maiores reservas de cálcio, para sua assimilação. Essas reservas

normalmente não estão disponíveis através de nossa alimentação diária. Então,

o corpo “rouba" cálcio do nosso esqueleto. Isso, com o tem po, pode resuftar

numa perda de 50 a 75% de massa óssea, principalmente em mulheres acima

dos 50 anos, idade em que 2 5% delas sofre de osteoporose.

Pesquisas recentes comprovam que, quanto mais proteínas consumimos,

menos cálcio absorvemos.

O acúmulo de proteínas obriga nossos fígados e rins a trabalhar em dobro

para excretar o excesso de BUN (nitrogênio de uréia do sangue), que possui

um efeito diurético. Para conhecer as conseqüências a longo prazo basta avaliar

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a endemia de osteoporose observada nas sociedades desenvolvidas que con-

somem proteínas em demasia.

A tribo dos Bantos, que vive na África à base de uma dieta vegetal de baixa

taxa de proteínas (476 gramas de proteína e 400 miligramas de cálcio por dia),

não conhece a osteoporose. Por outro lado, os esquimós têm o m aior consu-

mo de proteína diária do mundo (de í .250 a 1.400 gramas por dia, com pelo

menos 2.000 miligramas de cálcio de ossos de peixe) e sofrem dos mais altos

índices de osteoporose do planeta.

Muitos idosos e crianças têm problemas para assimilar alimentos altamen-

te protéicos e produtos derivados do leite, devido a dois fatores: a inabilidadedo seu metabolismo em “quebrar" a proteína, e a dificuldade dos rins em

excretar o excesso de nitrogênio de que seus corpos não necessitam. Isso sem

mencionar aqueles que são alérgicos ao leite animal,

Carne de animais doentes

Um outro risco a que as pessoas carnívoras estão expostas é a presença de

infecções não detectadas ou até mesmo ignoradas pelos produtores de ani-

mais de corte. É bem provável que um animal com câncer tenha o tumor

extraído para que o resto do corpo seja colocado no mercado, ou, pior

ainda, que a própria parte doente seja incorporada à preparação de salsi-

chas ou vendida com o m iúdos. Em certa região dos Estados U nidos, ondea inspeção de animais abatidos é feita rotineiramente, 25 mil cabeças de

gado com câncer nos olhos foram abatidas e colocadas no mercado como

carne saudável.

Conclusões

O organismo humano é adaptado a uma dieta de vegetais. Nossos antepas-

sados eram vegetarianos assim como nossos atuais parentes primatas mais

próximos. Portanto, não é de estranhar que alguns de nossos problemas de

saúde mais graves estejam relacionados ao consumo de produtos de origem

animal.

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Resumo dos efeitos dos prazeres da carne

N a Saúde Outros Efe itos

Ácido úrico (vísceras) Consciência ambientai

Agrotóxicos DesmaTamento

Câncer Escassez de água

Perda de nutrientes (carne cozida) Esgotamento dos combustíveis fósseis

Doenças cardiovasculares Destino das fezes

Doenças infecciosas e parasitárias Efeito estufa

Envelhecimento precoce Erosão do solo e desertificação

Falsa sensação de satisfação Consumo de frutos do mar e ecologia

Fisiologia humana imprópria Razões religiosas e filosóficas

Gorduras saturadas, colesterol Humanismo e amor aos animais

Hormônios Economia

Menos fibras Fome e justiça social

Obesidade

Intoxicação por produtos farmacêuticosveterinários

Proteína da carne não é superior

Redução das reservas de cálcio

Toxinas e venenos embutidos

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4. CURIOSIDADES DO MUNDO DOS 

CRIADORES DE ANIMAIS

Um desafio para quem gosta do sabor da carne

O s apreciadores de carne dizem que eta é mais saborosa do que os vegetais. Averdade é que a carne, comida sozinha, não tem sabor algum, ela precisa ser

cozida, acrescida de sal e de temperos vegetais “sem sabor” , como a cebola, o

alho, a salsa, a pimenta, o orégano... Se você a considera mais saborosa do que

os vegetais, é melhor provar direito. Ponha um naco de carne crua num prato.

Você não consegue comer isso!

 Anúncio colhido na Internet 

"Caro amigo:

Primeiramente queira nos desculpar pela invasão de seu espaço. Caso a

mensagem abaixo não seja de seu interesse, por favor, retome este email,

pedindo para ser excluído de nossa lista.

Somos produtores em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, da carne de

JAVONTEIRO, o cruzamento do javali europeu com o porco montei ro, suí-

no asselvajado amplamente distribuído por todo o Pantanal do Centro Oeste,

bem como em países vizinhos. Tratase de um projeto pioneiro onde busca-

mos produzir uma carne de excelente sabor com baixos teores de colesterol

e gordura. Estamos procurando distribuidores para formar parcerias. Visite nosso

site www.javonteiro.com.br e conheça mais sobre o nosso projeto.

Obrigado’

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Comentário nosso

O anúncio parece oferecer um objeto ou uma ferramenta qualquer, mas não

um ser vivo.

O javonteiro surge aqui como um prodígio da engenharia genética. A ma-

ravilha do poder do homem, capaz de imitar Deus e criar espécies diferen-

tes. Tratase de algo parecido com o chester, ave também "inventada" pelo

homem e que não existe na natureza.

O “porco monteiro” , o que seria? O nome de um animal? Um porco cha-mado Monteiro que foi capturado nas matas do Pantanal e utilizado para o cru-

zamento? Possivelmente fruto de uma raça de porcos antes selvagens que

recebeu, mui adequadamente, segundo supomos, o nome do seu caçador e

criador...

Vale a pena visitar o site em questão e conferir do que o ser humano é

capaz no que diz respeito aos animais.

 Anúncios de máquinas para um abate mais  "humano"

Z ILK A — UMA M ÁQUINA A SERVIÇO DO BEM DO S ANIMAIS

Características Técnicas:

Função: Insensibilizar bovinos, ovinos, caprinos e animais silvestres mantidos

em cativeiro por embolia cerebral para abate.

Produção: 200 animais/h.

Funcionamento: Por acionamento pneumático através de um gatilho, são acio-

nados os mecanismos internos da pistola, fazendo disparar um penetrador

contra o crânio do animal.

 Anúncio de depenadores de aves

“Os depenadores "Prosperidade"® são peças importantes durante o processo

de abate, pois, além de entrar em contato firme e direto com a sensível pele

das aves ainda vivas, alteram significativamente para melhor seu visual e, conse-

quentemente, o seu valor fina! de mercado, o que redunda em imensos

ganhos de produtividade para todos os abatedouros usuários.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

São fabricados desde 1990 mediante rigorosas normas técnicas internaci-

onais, executadas em conformidade com os mais exigentes e conceituados ór-

gãos fiscaíizadores, como o Instituto Adolfo Lutzdo Brasil, FDA — Federal DrugAdministration dos Estados Unidos— , Bayer da Alemanha e BG Ada Europa.

Assim, ao usar os produtos com a marca "Prosperidade"®, os abatedourostêm

a certeza de estar usufruindo de dedos depenadores saudáveis, ecologicamente

corretos, duráveis, seguros, confiáveis, econômicos e mundialmente reconhe-

cidos. No Brasil, todas as grandes unidades de abate de aves adotam, sem

exceção, os dedos depenadores com a marca “Prosperidade"®, sinônimo, in-

clusive, de confiabilidade também entre muitos abatedouros no exterior.

Para os criadores de aves, também existem outros instrumentos curiosos para

o abate mais l‘humanitário,, ou para facilitar o trabalho.

Sem comentários... Fico imaginando como é a mente de uma pessoa que cria

essas máquinas...

 Algumas outras propagandas curiosas

‘Abatedouro Paraíso das Rãs"

Imaginase que as rãs desse abatedouro não concordem com a alusão ao paraíso.

Para elas deve ser bem o contrário...

Apenas para concluir, em Varginha, sul de Minas Gerais, existe um aba-

tedouro de gado cujo nome representa, no mínimo, uma manifestação de

humor negro:

Abatedouro São Francisco de Assis"

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5. DIREITOS DOS AN IMA IS

Dedicado a Francisco de Assis

"Como zeladores do planeta, é nossa responsabilidade lidar com todas as

espécies corrt carinho, amor e compaixão. As crueldades que os animaissofrem nas mãos dos homens estão além da nossa compreensão. Por favor,

ajudenos a parar com esta loucura."

Richar d Gere

“Eu sou a favor dos direitos animais bem como dos direitos humanos. Essa é

a proposta de um ser humano integral."

Abraham Li nco ln

Hã quem afirme que os animais não têm alma. O utros supõem que eles não

têm sentimentos ou inteligência. Por não se comunicarem como seres hu-

manos, também não teriam sensibilidade ou capacidade de pensar ou refle-

tir. Sendo assim, os "bichos” , sejam hoje domesticados ou não, estão à mercê

completa dos seres humanos e são por eles tratados quase como objetos,

em todos os sentidos. Parece, sob certos aspectos, que eles são nossos ini-

migos, tal o grau de sofrimento a eles imposto ou as atrocidades a que são

submetidos.

Quando nos dedicamos a observar atentamente as diversas formas com

que os homens tratam os animais, causandolhes dores e sofrimentos, parece

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o nosso progresso, pois sempre foram o nosso meio de transporte antes da

invenção dos veículos automotores. Todas as grandes civilizações do passado

só puderam existir graças a ele. E nenhum dia especial lhe é reservado como

reconhecimento. O Dia do Cavalo. Sob este aspecto, se o cão é o melhor

amigo do homem, o cavalo é o melhor amigo da humanidade. Até hoje o ca-

valo e seus irmãos (o burro, o jumento, o jegue, e tc.) ainda representam uma

opção de tração , para carroças e charretes, servindo como meio de transpor-

te, diversão, caça e até esportes (corridas). Mesmo assim, o homem costuma

não reconhecer os serviços desses amigos silenciosos, prestandolhes pouca

atenção com o seres vivos. Quando estão já velhos e cansados, são abandona-dos para m orrer ou m ortos pelos próprios donos, seja para com er da sua car-

ne ou vendêla para algum frigorífico fabricante de mortadela ou salsicha.

Talvez não haja exemplo maior de amor cristão do que o cão, que, mes-

mo chutado e abandonado pelo melhor amigo, não lhe guarda nenhum ran-

cor, voltando sempre com o rabo abanando. Não nos foi ensinado a dara outra

face?

Cães são também companheiros dos homens, seja puxando trenós nos

pólos, seja levando conhaque para esquiadores perdidos na neve. Eles prote-

gem lares, pastoreiam ovelhas e gado, defendem crianças, a despeito de ser

abandonados na velhice, treinados para lutar e brigar, ou criados para servir de

alimento, como na China, onde o "melhor amigo do homem" é uma iguaria,

Lá, como aqui, os cães são criados normalmente entre os homens e, quando

o dono decide comêlo, basta assobiar. O dócil amigo se aproxima, recebe

uma forte pancada na cabeça e vai direto para a panela. No Brasil, gatos são

normalmente transformados em churrascos e vendidos nas ruas em espetos.

Quanto à inteligência, o que d izer dos alegres golfinhos, capazes de amar,

realizar cálculos matemáticos, ser leais e fiéis, medir distâncias e proteger

seres humanos do ataque de tubarões? Hoje, os cientistas atônitos obser-

vam as baleias se comunicarem segundo um método ainda não com preen

sfvel por seres humanos. Gatos são capazes de retornar às residênciasanteriores, mesmo quando distantes dezenas de quilômetros. Pombas fun-

cionam como melhores carteiros do que homens e foram extremamente

úteis no passado. Papagaios, periquitos e todos os psitacídeos também po-

dem sentir raiva, amor e ciúme. Galinhas são exemplos de mães dedicadas,

cuidando com extremo zelo de sua cria, mesmo que os seus ovos tenham

sido trocados por ovos de patas. (Seriam consideradas estúpidas por isso?

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MÁRCIO BONTEMPO

nos que os bichos cometeram crimes hediondos. Considerando ainda o modo

como são explorados e como vivem, fica difícil saber quem é realmente o

"animal". Nessas observações, freqüentemente somos assolados pelo senti-

mento de que há uma inversão de papéis. Sim, pois quando os "animais" são

tratados de modo não "humano" ou com desumanidade, respondem sem-

pre com uma suave complacência. Portanto, são eles que nos dão exemplos

de "humanidade",

Há "estudiosos" que ousam afirmar que “animais não sentem dor". Usam

esse argumento como pretexto para utilizálos em experiências e pesquisas de

laboratório. Não sabemos de que modo eles chegaram a essa conclusão, mascertamente não foi observando os gritos de um cachorro machucado, recém

atropelado! Afirmam que a formação do sistema nervoso dos animais é dife-

rente. Mas a neurologia nos mostra que, quanto mais ativas as vias aferentes

do sistema nervoso (aquelas que conduzem a sensibilidade), maior a sensibili-

dade à dor. Um simples exemplo, a capacidade olfativa de um cão sabujo é

cerca de 300 vezes maior do que a do homem de nariz mais aguçado. O cão

possui muito mais vias aferentes, portanto, é capaz de sentir muito mais dor!

Meu amigo John Robbins, célebre autor do best seller D/et For a New  

 America,  conta como ficou impressionado, ainda menino, quando viu sapos

sendo utilizados nas aulas de biologia do curso primário. Dezenas deles eram

abertos vivos apenas para mostrar aos alunos que as perninhas se moviam

quando uma corrente elétrica contínua era aplicada nos nervos da coluna dos

batráquios. Outra experiência procurava verificar se esses animais nadavam

melhor com ou sem cabeça. Dezenas deles — um para cada aluno — eram

decapitados e imediatamente colocados num tanque. Ao final da experiência

ficou cíaramente demonstrado e "cientificamente" comprovado que os sapos 

nadam melhor  com cabeça...

Animais são geralmente amorosos, integrados em si mesmos, obedientes

às leis da natureza.,, predicados que poucos humanos apresentam. Se tivésse-

mos essas qualidades, mantidas em uníssona e perfeita integração, como osanimais o fazem, certamente o mundo teria paz e harmonia.

Animais vivem nos dando exemplos de comportamento e atitude perfei-

tos. Em diversas situações são bem melhores que muitos seres humanos. Ve-

 jamos alguns casos.

Na sua relação com os animais, o homem tem se mostrado um algoz, in-

grato e insensível. O caso dos cavalos é notório. A essa espécie devemos todo

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nos que os bichos cometeram crimes hediondos, Considerando ainda o modo

como são explorados e como vivem, fica difícil saber quem é realmente o

"animal". Nessas observações, freqüentemente som os assolados pelo senti-mento de que há uma inversão de papéis. Sim, pois quando os "animais" são

tratados de modo não "humano" ou com desumanidade, respondem sem-

pre com uma suave complacência. Portanto, são eles que nos dão exemplos

de "humanidade".

Há "estudiosos" que ousam afirmar que “ar.imais não sentem dor”. Usam

esse argumento como pretexto para utilizálos em experiências e pesquisas de

laboratório, Não sabemos de que modo eles chegaram a essa conclusão, mascertamente não foi observando os gritos de um cachorro machucado, recém

atropelado! Afirmam que a formação do sistema nervoso dos animais é dife-

rente. Mas a neurologia nos mostra que, quanto mais ativas as vias aferentes

do sistema nervoso (aquelas que conduzem a sensibilidade), maior a sensibili-

dade à dor. Um simples exemplo, a capacidade olfativa de um cão sabujo é

cerca de 300 vezes maior do que a do homem de nariz mais aguçado. O cão

possui muito mais vias aferentes, portanto, é capaz de sentir muito mais dor!

Meu amigo John Robbins, célebre autor do best seller D/et For a  New

 America,  conta como ficou impressionado, ainda menino, quando viu sapos

sendo utilizados nas aulas de biologia do curso primário. Dezenas deles eram

abertos vivos apenas para mostrar aos alunos que as perninhas se moviam

quando uma corrente elétrica contínua era aplicada nos nervos da coluna dos

batráquios. Outra experiência procurava verificar se esses animais nadavamm elhor com ou sem cabeça. Dezenas deles — um para cada aluno — eram

decapitados e imediatamente colocados num tanque. Ao final da experiência

ficou claramente demonstrado e “cientificamente" comprovado que os sapos 

nadam melhoreom cabeça...

Animais são geralmente amorosos, integrados em si mesmos, obedientes

às leis da natureza... predicados que poucos humanos apresentam. Se tivésse-

mos essas qualidades, mantidas em uníssona e perfeita integração, como os

animais o fazem, certamente o mundo teria paz e harmonia.

Animais vivem nos dando exemplos de comportamento e atitude perfei-

tos. Em diversas situações são bem m elhores que muitos seres humanos. Ve-

 jamos alguns casos.

N a sua relação com os animais, o homem tem se m ostrado um algoz, in-

grato e insensível. O caso dos cavalos é notório. A essa espécie devemos todo

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o nosso progresso, pois sempre foram o nosso meio de transporte antes da

invenção dos veículos automotores. Todas as grandes civilizações do passado

só puderam existir graças a de. E nenhum dia especial lhe é reservado comoreconhecimento. O Dia do Cavalo. Sob este aspecto, se o cão é o melhor

amigo do homem, o cavalo é o melhor amigo da humanidade. Até hoje o ca-

valo e seus irmãos (o burro, o jumento, o jegue, e tc.) ainda representam uma

opção de tração, para carroças e charretes, servindo como meio de transpor-

te, d iversão, caça e até esportes (corridas). M esmo assim, o homem costuma

não reconhecer os serviços desses amigos silenciosos, prestandolhes pouca

atenção como seres vivos. Quando estão já velhos e cansados, são abandona-dos para morrer ou mortos pelos próprios donos, seja para comer da sua car-

ne ou vendêla para algum frigorífico fabricante de mortadela ou salsicha.

Talvez não haja exemplo maior de amor cristão do que o cão, que, mes-

mo chutado e abandonado pelo melhor amigo, não lhe guarda nenhum ran-

cor, voltando sempre com o rabo abanando. Não nos foi ensinado a dar a outra

face?

Cães são também companheiros dos homens, seja puxando trenós nos

pólos, seja levando conhaque para esquiadores perdidos na neve. Eles prote-

gem lares, pastoreiam ovelhas e gado, defendem crianças, a despeito de ser

abandonados na velhice, treinados para lutar e brigar, ou criados para serv ir de

alimento, como na China, onde o “melhor amigo do homem" é uma iguaria.

Lá, como aqui, os cães são criados normalmente entre os homens e, quando

o dono decide comêlo, basta assobiar, O dócil amigo se aproxima, recebe

uma forte pancada na cabeça e vai direto para a panela. N o Brasil, gatos são

normalmente transformados em churrascos e vendidos nas ruas em espetos.

Quanto à inteligência, o que dizer dos alegres golfinhos, capazes de amar,

realizar cálculos matemáticos, ser leais e fiéis, medir distâncias e proteger

seres humanos do ataque de tubarões? Hoje, os cientistas atônitos obser-

vam as baleias se comunicarem segundo um método ainda não compreen-

sível por seres humanos. Gatos são capazes de retornar às residênciasanteriores, mesmo quando distantes dezenas de quilômetros. Pombas fun-

cionam como melhores carteiros do que homens e foram extremamente

úteis no passado. Papagaios, periquitos e todos os psitacídeos também po-

dem sentir raiva, amor e ciúme. Galinhas são exemplos de mães dedicadas,

cuidando com extrem o zelo de sua cria, m esmo que os seus ovos tenham

sido trocados por ovos de patas. (Seriam consideradas estúpidas por isso?

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Seriam? Então por que procuram levar os seus “patinhos” à beira de um

lago para ensinálos a nadar, se não costumam fazer isso quando têm seus

pintinhos?) Estudos recentes mostram que as lulas sabem contar até 99 eque os polvos, am alguns aspectos, têm memória superior à dos homens,

inclusive sendo capazes de resolver quebracabeças que muitos seres hu-

manos não conseguiríam decifrar. Elefantes são conhecidos também pela

sua m emória e afetividade. C arneiros são dóceis e sensíveis, desenvolven-

do afeição pelos seus pastores. Eis por que os cam eirinhos têm sido m os-

trados como companheiros de anjos e crianças.

Enquanto isso, os homens se orgulham da sua capacidade de domar osanimais e as feras mais selvagens. Contudo, não há realmente motivo al-

gum de orgulho, pois qualquer treinamento é sempre uma grande agres-

são ao animal, que geraímente é condicionado por meio da fome ou do

medo. N os c ircos , podem os verificar que os animais não são felizes de fato.

Sua habilidade para realizar proezas que arrancam aplausos da platéia tem

um preço muito elevado: um sofrimento crucial, começando pela vida re-

clusa, em jaulas, longe do seu hábrtat natural, submetidos a treinamentos

atrozes, muitas vezes com choques elétricos, água fria, fome e esquecimen-

to, Se pudéssemos acompanhar a vida dos chimpanzés, dos cães, focas,

elefantes, leões, tigres e demais escravos do circo, certamente não aplau-

diriamos o espetáculo. Hoje, felizmente, há um vasto movimento mundial

pelo circo sem animais. No Brasil, o trabalho do artista Marcos Frota é um

belo exemplo de amor e respeito aos bichos. O circo sem animais é umcirco verdadeiramente humano.

Os animais não são somente explorados pelo homem apenas por suas

capacidades e habilidades. Dominálos e vencer a sua força por meio da nossa

"inteligência" superior sempre instigou os seres humanos. Embora submetidos

a terríveis atrocidades, esses animais geral mente não são agressivos. Os cava-

los e bois só ficam furiosos feito bestas por causa de uma fita de couro que lhes

aperta firmemente os testículos pouco antes do show. Em alguns casos um cin-

to de agulhas lhes é acrescentado ao abdome para aumentar sua fúria. Mesmo

assim, um tremendo choque elétrico lhes é aplicado no ânus assim que a por-

teira se abre para o heróico cowboy  receber todas as atenções e merecer os

aplausos da arena.

Ainda nesse contexto, temos a Farra do Boi, de Santa Catarina, onde tou-

ros são instigados à extenuação máxima por um grande grupo de sádicos (in

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

ciuindo crianças) que os espancam até a morte.3 Mas talvez a atitude mais covar-

de que se pode terem relação a eles, chamada indevidamente de “esporte", é

a tradicional tourada. Diante de uma platéia doentia, toureiros elegantementevestidos e orgulhosos submetem o animal não somente a sofrimentos, mas a

humilhações. Quando finalmente o toureiro introduz a espada no fundo do

coração do touro, que, estático, vai se abaixando aos poucos para morrer, isso

parece simbolizar a supremacia do homem sobre a fera. Mas aí cabe a pergun-

ta: quem é nealmente a fera no sentido real da palavra? Que significa essa “vitó-

ria" sobre um animal? Qual o nível de consciência e de humanidade do toureiro

e da platéia?Sinceramente, sentimos emoção não ao assistir às touradas, que nos cau-

sam asco, mas ao ver aquelas cenas de "acidentes" em que o touro acerta o

toureiro... Dizem que a carne do touro morto em touradas é distribuída para

consumo. Você, leitor(a), comeria a carne desse animal sofrido e humilhado?

Iria se sentir bem com isso?

Podese dizer o mesmo de caçadores que se orgulham de assassinar

animais nas selvas para ostentar suas cabeças e couros em suas salas. Quanto

heroísmo para manter ambientes tristes, que se tornam lúgubres pela pre-

sença constante daquelas “testemunhas" de crimes contra o direito dos ani-

mais de existir e viver em paz. Milhares de elefantes foram covardemente

dizimados, não para ter a sua carne comida, mas para lhes arrancarem as

lucrativas presas, enquanto a imensa e pesada “carcaça" era abandonada.

Pedaços" das presas de dóceis, inteligentes e sensíveis elefantes são hoje

A Far ra do Boi oc orre co m mais f requên c ia na época da Pâsc ca , cu lminando na Sextafe ira Santa .

Mas a lgumas com unidades ce lebram casamen tos , an iversár ios , jogos d e futebol e out ras ocas iões

espe c ia s p rom oven d o a F a r ra co Bo i . P roem inen tes emp resá r ios , c r iad ores d e g ad o , c idad ãos , p ro-

pr ie tário de restaurantes , donos de hoté is e p ol ít icos são os que do am os bois para a ‘ festa" . Antes

do even to o boi é conf inado sem a limento po r vár ios d ias . Para aum entar o desesp ero d o an imal ,

com ida e água são co locados num local onde e le possa ver,  mas não a lcançar . A Far ra com eça quan-

d o o boi é so l to e pe r seg u id o pe los “ f arnst as " — hom ens , m u lhe res e c ri anças — , q ue ca rreg am

pecaço s de pau , facas, lanças de bambu, cordas , ch icotes e pedras e perseguem o boi que , no de-

sesp ero de fug ir , cor re e m d i reção ao m ar e acaba se a fogando.

Fontes da WS PA Braz i l (W odd Soc ie ty for P rotêction of An ima is ) a f irmam t e r v i s to o gado sendo

torturado de d iversas ma ne i ras : an imais banhados em gasolina e depois incend iados , p imenta joga-

da em seus o lhos que , ge ra lm ente , são ar rancados . Par ticipantes quebram os corno s e patas do

an ima) e cor tam seus rabos . O s bois podem ser es faqueados e espancados , mas há um ce r to “cu i -

dado" para que c aramal perm ane ça v ivo até o final da “br incadeira” . Essa tortura p od e cont inuar

po r t rês d ias ou mais . F inalmen te o boi é m orto e a carne é d iv id ida entre os pa rt ic ipantes. Alguns

d izem que é u m r itua l s imbó l ico , um a encenaçã o ca Pa ixão de Cr i s to , em que o boi representar ia

Judas; ou t ros ac red itam q ue o an imal representa Satanás e , tor turando o Diabo , estar iam se l i v rando

dos pecados . Mas ho je em d ia a Far ra do Boi não tem nenh um a cono tação re l ig iosa .

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MÁRCIO BONTEMPO

caixinhas de alvo marfim que servem para guardar jóias, inúteis cabos de

facas de coleção, colares, estiletes, chaveiros, imagens de Buda (como se

Buda aceitasse isso!), santinhos ou uma coleção de bichinhos de algumacriança em algum lugar do m undo, Caçadores talvez sejam a pior categoria

de seres humanos, pois são impiedosos, covardes e desumanos. Sempre

ostentando o seu habitual sorriso imbecilizado, são responsáveis diretos pela

redução da biodiversidade do planeta e, em sua ignorância completa, não

sabem que estão contribuindo para o desaparecimento da vida na Terra.

Tudo por espo rte...

E o que dizer da grande covardia que representa a "caça à raposa", um / 

hábito tradicional dos lordes da Inglaterra? E de causar espanto a insensibilidade

dos participantes desse "esporte". São dezenas de cavalheiros muito bem ves-

tidos, com trajes caros (mas ares de idiotas), montados em custosos cavalos

purosangues, com armas luzidias e cães especialmente treinados. Cavaleiros,

cavalos e muitos cães perfumados, apenas por ostentação, perseguindo uma

pobre e assustada raposa — que sempre m orre com um tiro “misericordioso”e heróico. A nobre façanha é comemorada com champanhe e caviar, A carca-

ça da raposa é simplesmente abandonada numa vala ou dada aos cães, pois

nem ao menos serve como alimento.

Covardias semelhantes podem ser verificadas nas brigas entre animais, que

lutam às vezes até a morte para deleite dos assistentes e lucro dos seus

apostadores, como no caso das famosas brigas de galo no Brasil e de cães na

China. Certa vez, ao presenciar uma rinha de gaios, pude verificar o grau de

excitação dos participantes e o modo como levam a "sério" aquela atividade.

Os animais recebem esporas metálicas e cortantes, semelhantes a bisturis, com

as quais se dilaceram, muitas vezes arrancando olhos ou eviscerandose. E tre-

mendamente incômodo saber como preparam detalhadamente o animal para

o sacrifício e o requinte de crueldade com que esses galos são criados, À guisa

de “treinamento", para aumentar sua agressividade, muitos são propositadamente deixados horas a fio sob o sol escaldante, sem água, e com uma ração

plena de p imenta... N aquele dia, presenciando o “esporte", pensei como seria

interessante que os próprios donos dos galos brigassem entre si. Seria mais

coerente,

Em alguns lugares do Brasil, canários também são forçados a brigar. Dois

machos são estimulados a disputar uma fêmea até a morte. Mas o vencedor

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ALIMENTAÇAO PARA UM NOVO MUNDO

rão fica com ela: é preparado para a próxima luta para proporcionar novos

kjcros aos criadores.

Um outro "esporte", chamado de “tiro à pomba", considerado tambémsa grande nobreza, demonstrou a grande habilidade da mira dos esportistas,

Essa prática, antes das campanhas promovidas pelas sociedades protetoras dos

animais, fazia parte das Olimpíadas! Existe atualmente uma outra modalidade

ce “tiro ao pombo", em que os animais não são lançados ao ar, mas permane-

cem presos em painéis, à mercê dos atiradores.

O homem também explora a beleza, a peculiaridade e os aspectos curio-

sos dos animais, confinandoos em zoológicos. Os belos espécimes e as feras

são aprisionados em jaulas e em ambientes exíguos para o deleite das pessoas,

íe observarm os bem, os animais dos zôos são tristes e deprimidos. Essa sen-

sação, queiramos ou não, está sempre presente nas visitas aos "jardins" zooló

r :os(q ue de jardins não têm quase nad a...). As crianças — bem mais sensíveis

— em gera! sentem pena dos animais e não gostam verdadeiramente da “visi-

ta". E só conferir com os mais pequeninos. Afastados dos seus ambientes naturais, os bichos não entendem por que estão presos. Vale a pena perguntar:

cue crime cometeram para estar ali, entre as grades? Talvez esse sentimento

re injustiça explique o comportamento dos macacos, que costumam atirar fe-

zes nos visitantes.

O mesmo raciocínio serve para os criadores de pássaros em gaiolas e

 \ veiros. O s aficcionados desse estranho hobb y garantem “am ar” os passari-

nhos. Só não entendemos que tipo de amor é esse que aprisiona os seres

amados e os submete a uma vida extremamente sofrida, tolhendo comple

tarmente o seu direito à liberdade. Dizem que os pássaros não "cantam" ver

cadeiramente, mas "choram". Esses "criadores”, todos eles sem exceção,

olham com orgulho para as suas gaiolas e imaginam que aquele pequeno ser,

u e vive dentro daquela pequena prisão, está feliz. Não está! Se esses cria-

dores pudessem entender que não é possível aprisionar a beleza, a arte ou o

canto,,. Quando se tenta faze r isso, o resultado é justamente o contrário, ou

seja, a feiúra, a tristeza e o choro. A prisão não pode ser companheira da

beleza.

O cúmulo do desrespeito aos bichos é algo também antigo, mas muito

explorado atualmente: o uso de animais em filmes pornográficos. O absurdo

cesses atos de sodomia não merece nem mesmo ser comentado. Apenas para

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MÁRCIO BONTEMPO

evidenciar o grau de degeneração psíquica das pessoas que atuam nesse setor,

há um site na Internet que mostra relações sexuais entre seres humanos e

animais, como cães, porcos, cavalos, jumentos, com a seguinte chamada irôni-ca: We Love Animais!

Certamente o homem não demonstra amor ou respeito pelos animais,

É mais comum observarmos situações de ódio, Com o, por exem plo, nas ilhas

próximas ao arquipélago das Samoas, no Pacífico, infestada de tubarões. Ali

vive uma colônia de pescadores que apresenta muitos indivíduos mutilados,

com membros amputados pelos animais, e registros de muitas mortes entre

os nativos. Essa colônia desenvolveu um tal ódio pelos tubarões que anual

mente é realizada uma “festa" em que muitos animais são mortos através de

um método marcado por um especial requinte de perversidade: depois de

ferverem pequenas abóboras em grande quantidade, aplicam a elas, ainda

quentes, carnes com sangue. Essas abóboras são atiradas ao mar, onde

superabundam os tubarões, que acabam por abocanhálas. Ao atingir os es-

tômagos dos animais e aquecer o seu ambiente gástrico, a abóbora provocadores atrozes. Os tubarões não conseguem vomitála e acabam em plena

agonia, mordendose ou atirandose contras as rochas em busca do alívio

trazido pela morte. Os filmes mostram centenas deles pulando para fora

d agua, em completo desespero, diante da gritaria de satisfação dos nativos.

O s animais mortos não são com idos, mas suas cabeças viram troféus, Aque-

les que conseguem permanecer vivos são levados para a praia e queimados

numa grande fogue ira...

Outro exemplo notável de desamor para com os animais são as chama-

das petshops, as casas de bichos de estimação, onde podemos presenciar o

sofrimento daqueles seres presos, tristes e sem amor, aguardando que algu-

ma alma caridosa os adquira, Muitos adoecem e m orrem nessas casas de co -

mércio.

O resultado da ação do homem no mundo anima! está pondo em risco avida no planeta com a redução da biodiversidade. São centenas de espécies já

extintas e outras ameaçadas de extinção — não somente pelo consumo da

carne de animais silvestres, mas pelo hábito de querer têlos com o animais de

estimação. Por isso, no Brasil, araras, papagaios, borboletas, jabutis, macacos,

passarinhos, aranhas, escorpiões, cobras e tantas outras espécies da fauna sil-

vestre brasileira vêm sendo vítimas de um comércio ilegal que movimenta cer-

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ca de 2 bilhões de dólares por ano — aqui e lá fora. O tráfico de animais é a

terceira atividade ilícita mais lucrativa, depois do tráfico de drogas e armas. Anual-mente cerca de !2 milhões de animais são ilegalmente retirados das matas

brasileiras e vendidos em diversas cidades do país. Nesse tipo de atividade, a

perversidade em relação aos bichos é por vezes extrema, conforme pudemos

constatar.

O s traficantes de animais silvestres, além de caçarem , pagam crianças para

capturarem borboletas e passarinhos, que depois são transportados em condi-

ções absurdamente desumanas, muitas vezes sob o efeito de anestésicos e

drogas que os mantêm quietos. Estatísticas comprovam que, para cada animal

capturado que sobrevive, nove morrem durante o transporte, de sede, fome,

frio ou asfixia. A maioria dos papagaios morre em condições a que nenhum ser

humanos resistiría (alimentação inadequada, estresse e falta de exercício). Cada

animal retirado da natureza enfrenta crises de depressão geradas por solidão,

o que os faz perder a própria identidade.Para garantir a “beleza'' do artesanato feito com asas de borboleta, os ma-

chos são mergulhados, ainda vivos, em um tipo de solvente de tinta, que elimi-

na os parasitas. Alguns criadouros atuam com o pontos de “lavagem" de animais

contrabandeados.

Para capturar um filhote de macaco os traficantes não hesitam em matar a

mãe. Eles têm as presas arrancadas e são dopados com analgésicos para pare-

cer mansos. Apesar da Portaria 117/97N, de 15 .10 .199 7, em que o Ibama

legaliza a venda de animais silvestres apenas para criadouros credenciados, o

tráfico ilegal continua.

As autoridades ambientalistas consideram o “comércio ilegal de animais"

uma forma de tráfico. Ao nosso ver, contudo, qualquer negócio que envolva

seres vivos deve ser ilegal. Ao admitir a hipótese de um “comércio legal",

estarem os contribuindo, de um modo ou de outro, com o consumo de car-ne, com o aprisionamento de animais e, consequentemente, com a degra-

dação am biental.

Atualmente, diante das inúmeras evidências e estatísticas, determinando

que o consumo de carne é um ato antiecológico, seja de animais criados para

o abate, ou capturados nas selvas, devese evitar incluir carne animai — qual-

quer que ela seja — na nossa dieta. Não basta afirmar, com o fazem as auto-

ridades ambientalistas brasileiras, que, depois do desmatamento, a maior

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ameaça à fauna é o seu comércio ilegal. Tanto o Ibama quanto os demais

órgãos afins, além dos ecologistas, devem saber que a captura animal com

fins comerciais é apenas uma parte do problema. Os seres humanos conti-

nuam consumindo carne de animal silvestre e esta é a atividade que mais

devasta as florestas, excluindose, obviamente, o consum o de peixes de água

doce e do mar.

Sim, os homens comem animais silvestres e muitos outros. Basta conhe-

cer um pouco dos seus curiosos hábitos alimentares para se ter uma idéia

dos vários tipos de carnes e de seres que os humanos são capazes de consu-mir. O estudo serve também para confirmarmos o desrespeito, a insensibili-

dade e o poucocaso com que são tratados os animais, nossos irmãos

menores.

Podemos dizer que os seres humanos comem praticamente todos os ti-

pos de animais. Desde camelos e cavalos no deserto, tigres, javalis e elefan-

tes na África, avestruzes e cangurus na Oceania, até bichinhos, como paca,tatu, cotia, capivara, ouriço, gambá, cobras, gatosdomato, macacos, ta

najuras, tartarugas, peixesboi, botos, peixeselétricos e muitos outros devo-

rados no Brasil (a maioria passando por sofrimentos extremos). Animais

estranhos como cobras e ratos (China), baratas, lagartas, larvas, formigas e

gafanhotos (Tailândia) também fazem parte dos incomuns hábitos alimenta-

res da humanidade.

Há, contudo, hábitos piores, que não envolvem apenas animais esquisitos

e repulsivos, mas órgãos que exigem muita dor e sofrimento, como pênis de

cães (China) e de tigresdebengala (índia). Considerados alimentos afrodisíacos,

são consum idos por aficcionados que, para o seu prazer, permanecem indife-

rentes à dor que esses hábitos provocam. Muitas vezes o pênis desses animais

é retirado com eles ainda vivos. Após a extirpação, eles são deixados para a

engorda e consumo (caso dos cães) ou para a retirada da pele (caso dos tigres),que ocorre em seguida à morte do animal. N o Oriente a busca de m aior pra-

zer sexual desperta um frenesi pela bílis de ursos pardos, tida como um forte

afrodisíaco. Para isso, centenas de animais são criados e mantidos em jaulas

exíguas, com o abdome perfurado, para que uma sonda mantida na sua vesícula

biliar permita uma drenagem constante do líquido amarelo. Tratase de um

comércio milionário, embora as "fazendas” de criação desses ursos sejam lo-

cais degradantes, onde pessoas normais são incapazes de permanecer. Os ur-

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

sos urram de dor e choram continuamente, e seus gemidos podem ser ouvi-

dos a qu ilôm etros... Felizmente, existem movimentos internacionais tentandocoibir esse hábito que, no entanto, ainda resiste.'1

Há requintes ainda mais abomináveis, como o hábito de se consumir o

cérebro de certos primatas no Japão. Em um tipo de cerimônia macabra, o

grupo de comensais se reúne para uma refeição numa mesa em que orifícios

ocupam o lugar do prato. Ali são encaixadas as cabeças de macaquinhos vivos,

cujos pêlos são raspados. Com a ajuda de um martelinho as pessoas batem no

crânio do animal até que ele desfaleça. Então, o garçom retira os ossos supe-riores da cabeça dos macacos, expondolhes o cérebro, que recebe temperos

e molho de soja. São imediatamente saboreados por meio de palitinhos típicos

da culinária oriental. Também no Japão e nos estranhos mercados alimentícios

do Oriente, pequenas cobras são comidas vivas, após ter o seu couro retirado,

'Durante 1999 e 20 00, a WSPA (World Society for Protection of Animais) fez uma das investigações mais completas já apresentadas ao público sobre as fazendas de ursos na Ch ina. A investigação re- 

veiou como os ursos são cirurgicamente mutilados e “ordenbados" diariamente para extração de  

bílis. Esses animais são submetidos a requintes de crueldade assustadores e mesmo com todas as 

tentativas de se amenizar essa tragédia nem mesmo as condições mínimas para aliviar esses animais  

foi conseguida. A investigação da W SPA também mostra que as fazendas de ursos estão ameaçando 

a sobrevivência desses animais em seu hábitat, uma vez que esse '‘negócio" colocou a cabeça de 

ursos a preços muito elevados. A Convenção Internacional de Comércio das Espécies de Fauna e 

Flora Ameaçadas de Extinção (CfT ES — Convention on the International Trade in Endangered Species 

ofW ild Fauna and Flora) foi estab eleces pelas Nações Unidas para regulamentar o co mércio da vida 

selvagem. Esse acordo entrou em vigor em 1975 e, a partir de então, 150 países assinaram esse tratado, incluindo a China. Tocas as espécies de ursos do sudoeste da Ásia foram enquadradas no 

Appendix (, ond e se proíbe virtualmente todo tipo de comércio desses animais, partes de seus cor

pos e produtos derivados dos mesmos. Em novembro de 1999 e fevereiro de 2000 , investigadores 

da WSPA visitaram um total de 10 fazendas de ursos e m 6 províncias do sudoeste, sudeste e no

roeste da China, onde constataram as piores condições. Em média, as gaiolas encontradas medem  

0,8 x 1,3m x 2m, espaço tot2Í em que o urso mal pode se mover, sentar ou mesm o mudar de lado. 

Em cada fazenda visitada, o chão das. gaiolas foi construído com barras de ferro, negando aos ani

mais a possibilidade de-ficar em pé, ou deitar no chão firme.

A WSPA visitou duas fazendas modelos do governo chinês que afirma ter melhorado as condi

ções para os animais, aumentando o tamanho das gaiolas. Enquanto uma gaiola me no r é usada para ordenhar os ursos duas vezes por cia, uma outra gaiola conectada a essa proporciona mais espaço 

para o urso se virar e ficar em pé. Ferimentos na cabeça, nas patas e nas costas foram encontrados 

na maioria dos ursos que vivem nessas condições, por se rasparem repetidamente nas barras. Do  

lado de fora, também foi providenciado cercado externo. No entanto, no norte da China, onde o  

inverno é muito frio e o acesso não é permitido por cerca de 4 meses, e no sul da China, o cercado  

é usado para procriação de ursos. Ap esar de a temperatura chegar a 30 graus negativos em algumas 

partes do país, os “fazendeiros" não permitem que os animais hibernem, através de reforço de com

portamento não-natural. Na maioria das fazendas a dieta dos ursos é muito pobre. Purê de milho, 

maçãs, tomates e açúcar misturado com água são a fonte de alimentação principal desses animais, o  

que não é suficiente sem suplementos vitamínicos e minerais. O s ursos são alimentados duas vezes 

por dia para incentivar produção de bílis.

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MÁRCIO BGNTEMPO

antes mesmo de te r suas cabeças decepadas. Curioso também o hábito de se

consumir a sopa de barbatana de tubarão, um dos pratos mais caros do mun-do. Pescados vivos, são cruamente despojados de suas barbatanas e em segui-

da devolvidos ao mar. Via de regra são consumidos pelos companheiros, atraídos

pelo sangue dos cortes.

Atrocidades contra os animais existem em todas as partes do mundo. O

Brasil não fica longe: aqueles que apreciam caranguejos sabem que costu-

mam ser fervidos vivos! Caranguejo que não se move não é consum ido. Em

Recife, Pernambuco, grelham a lagosta viva, recémretirada de um tanque,de onde foi "escolhida" pelo freguês. Depois de ser colocada diretamente na

brasa com um peso por cima ela passa instantaneamente da cor verde/azul

para verm elha ...

Para ilustrar ainda mais a crueldade, podemos citar outro costume pratica-

do no Nordeste brasileiro, onde a carne dos dóceis jumentos é apreciada para

a produção de uma modalidade de carnedesol. Só que para tornar a carne

mais macia cortamse as patas do animal da articulação do joelho para baixo.

Eles ficam urrando de dor, correndo desesperadamente sobre seus cotocos

de pernas, esvaindose em sangue durante horas, até perder definitivamente

os sentidos, Dizem os criadores que isso é necessário, caso contrário a carne

permanece dura demais para ser consumida.

Termos outras informações sobre hábitos alimentares humanos que exi-

gem sofrimento animal. A França dá a sua contribuição com o caso do foiegras (patê de fígado de ganso). As aves são criadas apenas com o objetivo de terem

seus fígados transformados em caríssimo patê. Desde que nascem, os peque-

nos gansos recebem uma carga de alimentos muito rica em gorduras saturadas,

de modo a ter o seu fígado aumentado. São alimentados por meio de tubos

que atingem diretamente o seu estômago, pois, caso contrário, não comeriam

aquele tipo de comida. Muitas vezes é colocado um elástico nos seus pescoços

de modo a evitar a regurgitação. Nunca se alimentam por conta própria denenhum tipo de comida extra, além do ugordurama". Chegam à idade adulta

com fígados que podem atingir até cinco vezes o peso do resto do seu corpo.

Eles não se movimentam mais, pois perdem a capacidade de andar. São mor-

tos cruamente e, após terem retirados os seus fígados, suas carcaças são atira-

das no lixo, pois não servem para consum o devido ao excesso de antibióticos

e de outras drogas que recebem. Hoje muitos países produzem o foie gras, 

mas é na França que podem ser encontrados os melhores...

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

É fá também que se consomem formigas de abdome doce, um tipo de

inseto que, por possuir grande concentração de carboidratos em seu abdo-

me, é usado para o preparo de um dos mais sóbrios e caros tipos de gulosei-ma. Essas formigas são mergulhadas numa calda quente de chocolate derretido

de modo que o processo envolva apenas o seu abdome, deixando de fora o

resto do seu corpo. O “produto" é colocado em caixas especiais. As formigas

permanecem vivas por alguns dias, o suficiente para ser vendidas. Consom e

se apenas a parte do chocolate. O “resto" da “iguaria", que é a formiga ainda se

movendo, é dispensada.

Muitos objetos de consumo exigem crueldade com animais, como rou-pas, tênis, sapatos, bolsas e demais acessórios de couro, peças de marfim, ca-

sacos de pele, perfumes feitos com almíscar, travesseiros e petecas de penas,

bolas esportivas de couro, fantasias de carnaval (penas de avestruz, pavão, etc.).

Comprando produtos que não venham de animais, além de pagar bem mais

barato, estaremos agindo com ética, dando exemplo para as gerações futuras.

Animais de testes de laboratório — As piores atrocidades

“Atroc idades não são atrocidades me no res quando oco rrem em  

laboratórios, ou quan do rec ebem o nom e d e ‘pesquisa médica’."

G eo r g e   Ber n a r d   Sh a w

Quando assistimos a uma corrida de cavalos, um desfile ou uma competição

de cães de raça, uma premiação de bovinos ou eventos similares, não sabe-

mos ao certo como os criadores conseguem a façanha de conseguir espéci-

mes tão belos, obedientes, limpos, dóceis e elegantes. Se descobrirmos amaneira com o eles chegam a esses resultados, certamente não veremos m o-

tivo para justificar tanto orgulho nos olhares dos “proprietários". Os animais

são obrigados a suportar treinamentos estafantes e condições de vida descon

fortantes, totalmente antinaturais, Muitos recebem golpes dolorosos, surras,

choques elétricos, injeções, são submetidos a castrações, tratamentos odon

tológicos desnecessários, banhos gelados; passam por privações intensas, in

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dusive de atimentos e água, além de uma série de outros detalhes que fazem

parte dos segredos de cada criador, apenas para obter os "resultados" espera-

dos. Certamente esses animais sofrem, mas não enxergamos esse sofrimento

nesses "acontecimentos sociais”.

Entretanto, há algo extremamente crue l, que também não vemos e que

não pode se r mostrado pela TV ou em documentários (pois não conquistaria

aplausos ou admiração), mas que envolve sofrimentos infinitamente piores; os

animais utilizados em testes de laboratório e experiências científicas. Sem que

saibamos, centenas de milhares deles, como macacos, coelhos, cobaias, ratos,

hamsters, pombos, cães, pintinhos, gatos, porcos, cavalos, peixes, carneiros eoutros são regularmente submetidos atorturas que transformariam a rotina dos

campos de concentração em comédia. Tudo isso apenas para que possamos

usar com segurança e conforto um novo sabonete, um xampu, talvez um per-

fumado amaciante de roupas, um detergente que não irrite as nossas mãos,

um medicamento que não cause alergia, um desodorante que não produza

vermelhidão ou prurido, etc,

A maior parte dos produtos usados em residências são antes testados em

animais pelas empresas. Há documentários com fotos chocantes de animais

presos em jaulas, com cortes, queimaduras, pêlo raspado, pele arrancada, es-

coriações propositais, membros arrancados, infecções horrorosas, olhos infla-

mados e com hemorragia, e muito mais, em experiências realizadas apenas

para garantir a segurança de produtos usados pelo homem. Podemos citar al-

guns exemplos; substâncias aplicadas nos olhos de coelhos provocam queima-

dura e cegueira; animais são forçados a engolir matérias que produzem dores

lancinantes e morte (para se medir o tempo que um produto tóxico leva para

m atar...); compartimentos com centenas de animais são preenchidos com ga-

ses e fumaça tóxica que causam tremores, vômitos, sangramento nasal e oral

e morte; produtos de limpeza de chão e de roupas são passados na pele ras-

pada de porcos por 24 a 72 horas para se conhecer o tipo de reação que pro-

vocam ; detergente de louça e limpeza de vidros são aplicados em olhos abertosde coelhos e injetados no corpo de ratos; animais são obrigados a ingerir

polidores de móveis para se saber de que modo o envenenamento afeta os

seus delicados organismos; hamsters são trancados em espaços fechados para

inalar gases e inchar até a morte. Muitas outras formas de tortura são pratica-

das regularmente por diversas empresas. Laboratórios produtores de medica-

mentos realizam suplícios bem mais graves, porém não conhecidos. Animais

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

são presos, amarrados, amordaçados, de modo a não poder se debater e es-

capar da dor; têm de sofrer quietos, sem anestesia ou analgésicos. Invariavel-

mente evacuam e urinam de pavor ou dor. Muitos, desesperados, sempre

apresentando olhar de pânico, partem a própria coluna devido à contratura

muscular e a espasmos violentos produzidos pelos medicamentos ou produ-

tos. Tudo isso diante do olhar frio e calculista de algum técnico que anota os

"resultados” na sua prancheta.

Laboratórios farmacêuticos com etem atrocidades semelhantes, e até pio-

res, em nome da "ciência”. Na verdade esses testes visam elaborar substân-

cias para a produção de drogas com objetivos com erciais. Algumas delas sãoúteis e capazes de salvar vidas, mas a indústria farmacêutica, cuja competição

entre empresas tem como meta apenas o lucro, procura criar e aprimorar

fármacos ou marcas que permitam assegurar os seus objetivos mercantis. Por-

tanto, os animais não são sacrificados por uma causa nobre, em nome da

saúde da humanidade. Esse argumento característico das indústrias de rem é-

dios, que garantem estar contribuindo para o nosso bem estar, é totalmente

hipócrita e desrespeita não somente os animais, mas os próprios seres hu-

manos.

A filosofia médica que preconiza o uso de drogas, a chamada alopatia, é

responsável pelo aumento da incidência de doenças crônicas e degenerativas

nos seres humanos (e nos animais). Seguindo a idéia de que saúde é a ausên-

cia de sinais e sintomas, ela centraliza toda a sua ação no combate a eles, ou

seja, sua ação é basicamente sintomática. Sabemos que saúde física é conseqüência do restabelecimento das funções orgânicas. U sar apenas drogas não

somente é a antítese dessa idéia, como também produz intoxicações e inter-

ferências no organismo. Sem contar as interações medicamentosas, as do-

enças iatrogênicas (provocadas pelo remédio), o preço exorbitante dos

produtos farmacêuticos, e o custo social das doenças que, ao não serem eli-

minadas (pois as drogas geralmente mascaram a realidade causai da molés-

tia). exigem despesas colossais.Sabemos hoje que testes de drogas injetadas em animais não são exata-

mente válidos para seres humanos. Em termos de bioquímica, metabolismo e

estrutura genética, há profundas diferenças entre esses seres, o que invalida

muitos resultados.

Ao contrário do que muitos acreditam, a experimentação animal, além

de ser crue l, é responsável pela m orte de seres humanos. Conforme estudo

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MARCrO BONTEMPO

realizado pelo grupo Americans for Medicai Advancement, as conseqüências

fatais desse tipo de experiência são as seguintes:

De acordo com o Dr. Albert Sabin, pesquisas em animais prejudicaram o desen-

volvimento da vacina contra a pólio. A primeira delas, contra pólio e contra raiva,

funaonou bem em animais, mas matou as pessoas que receberam a aplicação.

Muitos pesquisadores adoecem ou morrem devido à exposição a micro-

organismos e agentes infecciosos que, embora inofensivos para animais, po-

dem ser fatais para humanos, como, por exemplo, o vírus da hepatite B.

Apesar das evidências clínicas e epidemiológicas que apontam a exposição

à benzina como uma das causas da leucemia em seres humanos, a substânaa

não foi retida como produto químico industrial. Tudo porque testes apoiados

pelos fabricantes não reproduziram a doença em camundongos expostos à

benzina.

Experimentos em ratos, tomsters, ponquinhosdaíndia e macacos não

revelaram relação entre fibra de vidro e câncer. Não até 1991, quando após

estudos feitos com humanos, a OSHA — Occupational, Safety and Health

Administration — os rotulou como cancerígenos.

Apesar de o arsênico ter sido reconhecido como substância cancerígena

por várias décadas, dentistas encontraram poucas evidênaas desse efeito em

animais. Só em 1977 o risco para humanos foi estabelecido, depois de o cân-

cer ter sido reproduzido em cobaias de laboratório.

A companhia farmacêutica Pharmacia & Upjohn interrompeu os testes clí-

nicos dos comprimidos de Unomide (roquinimex), criados para o tratamento

da esderose múltipla, após oito dos 1.200 pacientes terem sofrido ataques car-

díacos em consequência da medicação. Experimentos realizados em animais

não previram esse risco.

Muitas pessoas expostas ao amianto morreram porque dentistas não con-

seguiram produzir câncer expondo animais de laboratório a essa substânda.

Experiências falharam em mostrar que colesterol elevado e dieta rica em

gorduras aumentam o risco de doenças coronárias. Em vez de mudar hábitos

alimentares para prevenir esse mal, as pessoas mantiveram seus estilos de vida

com falsa sensação de segurança.

Erroneamente, estudos laboratoriais atestaram que os bloqueadores beta

não diminuiríam a pressão arterial dos homens, o que evitou o seu desenvol-

vimento. Até mesmo os vivisseccionistas admitiram que os testes de hiperten-

são em animais falharam nesse ponto. Por causa disso, milhares de pessoas foram

vítimas de derrame.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

Cirurgiões pensaram que haviam aperfeiçoado em coelhos a queratotomia

radial (cirurgia para melhorar a visão), mas o procedimento cegou os primei-

ros pacientes humanos, Isso porque a córnea do coelho tem a capacidade dese regenerar intemamente, enquanto a nossa se regenera apenas superficial-

mente. Atualmente, a cirurgia é feita apenas na superfície da córnea humana.

Transplantes combinados de coração e pulmão também foram “aperfeiçoa-

dos" em animais, mas os primeiros três pacientes morreram nos  23 dias sub-

sequentes à cirurgia. Dos 28 pacientes operados entre 1981 e 1985, oito

morreram logo após a intervenção cirúrgica, e dez desenvolveram bronquiolite

obliterante, uma complicação pulmonar que os cães submetidos aos experi-mentos não contraíram. Desses dez, quatro morreram e três nunca mais con-

seguiram viver sem o auxílio de um respirador artificial. A bronquiolite obliterante

passou a ser o maior risco da operação.

As perigosas drogas talidomida e DES foram lançadas no mercado depois

de ser testadas em animais. Dezenas de milhares de pessoas sofreram com o

resultado. A talidomina foi desenvolvida em 1954, destinada a controlar ansie-

dade, tensão e náuseas. Em 1957 passou a ser comercializada e em 1960 fo-ram descobertos os seus efeitos teratogênicos quando consumida porgestantes:

durante os três primeiros meses de gestação ela interfere na formação do feto,

provocando a focomelia, que consiste no encurtamento dos membros junto

ao tronco.

Cidosporin A inibe a rejeição de órgãos e seu desenvolvimento foi um

marco no sucesso dos transplantes. Se as evidências irrefutáveis em humanos

não tivessem derrubado as frágeis provas obtidas a partir de testes com ani-mais, a droga jamais teria sido liberada.

Experimentos com cobaias falharam em prever toxicidade do anestésico

geral metoxyflurano. Muitos indivíduos que receberam o medicamento per-

deram todas as suas funções renais.

Mais da metade dos 198 medicamentos lançados entre 1976 e 1985 foi

retirada do mercado, ou passou a trazer nas bulas seus efeitos colaterais, que

variam de severos a imprevisíveis. Tais efeitos incluem complicações comodisritmias letais, ataques cardíacos, falência renal, convulsões, parada respirató-

ria, insuficiência hepática, derrame e muitas outras.

Flosin (Indoprofeno), remédio para artrite, foi testado em ratos, macacos

e cães, que o toleraram bem. Afgumas pessoas morreram depois de fazer uso

da droga.

Zelmid, um antidepressivo, passou sem incidentes por ratos e cães; no

entanto, provocou sérios problemas neurológicos em seres humanos.

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Nomifensina, um outro antidepressivo, foi associado a insuficiência renal e

hepática, anemia e morte. Testes realizados anteriormente em animais não

revelaram seus efeitos colaterais.

Amrinone, medicamento indicado para insuficiência cardíaca, foi testado

em inúmeros animais e lançado sem restrições, Seus consumidores desenvol-

veram trombocitopenia, ou seja, ausência de células necessárias à coagulação,

Fialuridina, produto antiviral, causou danos no fígado de sete das quinze

pessoas que fizeram uso dele. Cinco acabaram morrendo e as outras duas

necessitaram de transplante do órgão. Entretanto a droga funcionou bem em

marmotas.

Clioquinol, um antidiarréico, passou nos testes feitos com ratos, gatos, cães

e coelhos. Em 1982, foi retirado das prateleiras em todo o mundo após a des-

coberta de que causava paralisia e cegueira nos homens.

Um remédio indicado para doenças do coração, Eraldin, provocou 23 mor-

tes e casos de cegueira em humanos, apesar de nenhum efeito colateral ter

sido observado em animais. Na época em que foi lançado, os cientistas afirma-

ram ter realizado estudos intensivos de toxicidade nos testes com cobaias. Após

os efeitos devastadores, os pesquisadores tentaram, sem sucesso, desenvol-

ver em animais resultados similares aos das vítimas humanas.

Opren, uma droga receitada para artrite, matou 6 1pessoas. Mais de 3.500

casos de reações graves têm sido documentados. No entanto, foi testada sem

problemas em macacos e outros animais.

Zomax, também indicado para artrite, matou 14 pessoas e fez sofrer mui-tas outras.

Metisergide, usado para tratar dor de cabeça, provoca fibrose retroperitonial

ou severa obstrução do coração, dos rins e das veias do abdome. Cientistas

não estão conseguindo reproduzir os mesmos efeitos em animais.

Pensavase que fumar não provocava câncer, porque o fumo não provo-

cava a doença nos animais de laboratório. As pessoas continuam fumando e

morrendo de câncer.

Suprofen, indicado para artrite, foi retirado do mercado quando pacientes

foram vítimas de intoxicação renal. Antes do seu lançamento, os pesquisadores

asseguraram que os testes apresentaram "perfil de segurança excelente, sem

efeitos cardíacos, renais ou no sistema nervoso central”.

Surgam, outra droga para artrite, continha um fator protetor para o estô-

mago que prevenia úlceras, um efeito colateral comum a muitos medicamen-

tos dessa natureza. Apesar dos resultados obtidos com animais em laboratórios,

úlceras foram verificadas em seres humanos.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

O diurético Selacryn foi intensivamente testado em animais. Em 1979, foi

retirado do mercado depois que 24 pessoas morreram de insuficiência hepáti-

ca causada pela droga.

Perexilina, receitado para o coração, foi suspenso de circulação quando

produziu insuficiência hepática não prognosticada em estudos com animais.

Mesmo sabendo que se tratava de um tipo específico de insuficiência hepática,

os cientistas não conseguiram induzila em animais.

Domperidone, destinada ao tratamento de náusea e vômito, provocou

batimentos cardíacos irregulares e teve que ser retirado do mercado. Cientis-

tas não conseguiram produzir o mesmo efeito em cães, mesmo usando uma

dosagem setenta vezes maior.

Mitoxantrone, usado em um tratamento para câncer, produziu insuficiên-

cia cardíaca. Foi testado extensivamente em cães, que não manifestaram os

mesmos sintomas,

A droga Carbenoxalone deveria prevenir a formação de úlceras gástricas,

mas causou retenção de água a ponto de causar insuficiência cardíaca em al-

guns pacientes. Depois de conhecer os efeitos da droga em humanos, os cien-

tistas a testaram em ratos, camundongos, macacos e coelhos, sem conseguir

reproduzir os mesmos sintomas.

O antibiótico Clindamicyn é responsável por uma condição intestinal cha-

mada colite pseudomembranosa. O medicamento foi testado em ratos e cães,

diariamente, durante um ano. As cobaias toleraram doses dez vezes maiores

que os seres humanos.

Cylert (pemoline), um medicamento usado no tratamento de déficit

de atenção/hiperatividade, causou insuficiência hepática em treze crianças.

Onze delas morreram ou tiveram que se submeter a um transplante de

fígado.

A combinação das drogas próprias para dieta, fenfluramina e dexfenfluramina

— ligadas a anormalidades na válvula do coração humano — , foi retirada do

mercado, apesar de as pesquisas em animais nunca terem revelado tais sin-

tomas.

O medicamento para diabetes troglitazone, mais conhecido como

Rezulin, foi testado em cobaias sem nenhuma indicação de problemas signi-

ficativos, mas causou lesão de fígado em humanos, O laboratório admitiu que

ao menos um paciente morreu e outro teve que ser submetido a um trans-

plante de fígado.

Há séculos a planta digitalis tem sido usada no tratamento de problemas

cardíacos. Entretanto, tentativas clínicas de usar a droga derivada da planta fo

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ram adiadas por ter causado pressão alta em animais. Evidências da eficácia do

medicamento em humanos acabaram invalidando a pesquisa em cobaias, Como

resultado, a digoxina, um análogo dadigitalis, tem salvado inúmeras vidas. Muitas

outras pessoas poderíam ter sobrevivido se a droga tivesse sido lançada antes.

O lãcrolimus é um agente antirejeição que quase ficou engavetado antes

de estudos clínicos por ser extremamente tóxico aos animais. Estudos em co-

baias sugeriram que a combinação do Tacrolimus com cyclosporin potencializaria

o produto, mas em humanos o efeito foi exatamente o oposto.

Experimentos em animais sugeriram que os corticosteróides ajudariam em

casos de choque séptico, uma severa infecção sanguínea causada por bacté-

rias. Em humanos, a reação foi diferente; o tratamento aumentou o índice de

mortes entre os pacientes.

Apesar de a penicilina ter sido ineficaz em coelhos, Aíexander Fleming usou

a substância em um paciente muito doente, uma vez que ele não tinha outro

recurso. Se os testes iniciais tivessem sido realizados em porquinhosdaíndia

ou em hamsters, as cobaias teriam morrido e talvez a humanidade nunca tives-

se se beneficiado da penicilina. Howard Fioney, ganhador do Prêmio Nobel da

Fáz como codescobridor efabricante do antibiótico, afirmou: "Felizmente nãotínhamos testes em animais nos anos 40. Caso contrário, talvez nunca tivésse-

mos conseguido uma licença para usar a penicilina e, possivelmente, outros

antibióticos jamais tivessem sido desenvolvidos."

No início de seu desenvolvimento, o flúor ficou retido como preventivo

de cáries, porque causou câncer em ratos.

Adose indicada de isoprotenenol, medicamento usado para o tratamento

de asma, funcionou em animais. Irrfelizmente, foi tóxico demais para humanos,provocando na GrãBretanha a morte, por overdose, de 3.500 asmáticos. Os

cientistas ainda encontram dificuldades para reproduzir resultados semelhan-

tes em animais.

Pesquisas laboratoriais feitas com cobaias produziram dados equivocados

sobre a rapidez com que o vírus HIV se reproduz. Por causa desse erro de

informação, pacientes não receberam tratamento imediato e tiveram suas vi-

das abreviadas,

A partir dessas colocações é possível concluir que animais não são neces-

sários para que a ciência se desenvolva. Existem outras formas de realizar pes-

quisas mais humanas e mais confiáveis, conforme diversas empresas hoje podem

comprovar.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

O que podemos fazer para evitar os testes com animais

Pelo que foi exposto, depende muito de nós reduzir, evitar ou interromper o

sofrimento e a morte dos animais condenados a ser cobaias de experiências.

O primeiro passo é usar remédios alopáticos apenas em casos realmente ne-

cessários. Em vez de apenas combater sintomas, opte por restabelecer a saú-

de e o equilíbrio através da adoção de uma dieta vegetariana, integral e orgânica,

a melhor medicina preventiva (e até curativa em muitos casos!) que existe. Em

segundo lugar, use apenas suplementos nutricionais, recursos fitoterápicos,

homeopatia, medicina ortomolecular, sob orientação médica, quando for ne-cessário tratar alguma enfermidade.

Em seguida, aderindo ao grande boicote internacional, evite adquirir ou

consumir produtos de empresas que utilizam animais em testes, instando os

parentes, amigos e conhecidos a fazer o mesmo.

Nos Estados Unidos, cerca de 550 companhias foram pressionadas pelos

grupos de defesa dos direitos dos animais a interromper esse tipo de experiên-

cia. A Avon e a Revlon são exemplos de empresas que pararam de molestar

animais. A Gillette afirma te r feito o m esmo, mas ainda está sob investigação. A

maior parte delas, no entanto, continua praticando atos desumanos contra os

animais, como, por exemplo, a Procter & Gamble (holding  da Max Factor,

Pantene, Cove r Girl e outras), que teima em manter o seu particular campo de

concentração animal, torturando e matando milhões de espécimes por ano.

Existem movimentos que visam estimular as empresas que não praticamesses testes nem utilizam elementos de origem animal nos seus produtos a

inscreverem a seguinte mensagem em seus rótulos:

“NOT TESTE D ON ANIMALS" (não testado em animais)

Apesar de várias companhias terem aderido a essa prática, ainda não é uma

praxe mundial. Por enquanto, devemos evitar adquirir produtos cujas marcas

pertençam às empresas que mencionaremos a seguir, até que elas se cons-

cientizem dos direitos dos animais. C om o são multinacionais em sua maioria,

os produtos dessas empresas também podem se r encontrados no Brasil. Mui-

tas marcas são nossas conhecidas. Não temos ainda nenhuma informação so-

bre empresas nacionais que pratiquem experiências com animais.

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Lista das empresas que ainda praticam testes com animais

Ajax Elida Fabergé/Gibbs (D en im Vasenoi, 

Impulse, Linic, Dove, Organics)

Alcon Labs Elizabeth Arden

Allergan, Inc. Fabergé

Anais Anais (Cacharei) Fendi

Aq ua Vital Gillette C o .* (O ral B, Liquid Paper, 

FVker, Astra, Braun. Duracell)

Aquafresn Beiersdorf, Inc. (Nivea) Giorgio Armani

Ariel Givenchy

Bausch & Lomb Head and Shoulders

B en ckiser (C oty, Lancaster. jo va n) H e ie n e C urtis Industries (Finesse, U nilev er)

Bic Jergens

Biospray Johnson & Johnson

Biothenm Kimberly-Clark C o . (Kleenex, Scott 

Paper, Huggies)

Braun (Gillette Com pany) Lever Brothers (G essy Lever)

Brisíol Myers Squiob Co. (Ctairol, Inc.)  

-prod. higiene e limpeza

Levi‘s: Strauss

Linic

Cacharei Max Factor (Procter & Gamble)

Calvin Klein Maybelline

Cif Nina Ricci

Clarion Obsession

Clerasil Pennex

Colgate-Palmolive (Palmolive, Ajax, 

Colgate, Soft Soap)

Pfizer

Procter & Gam ble Co . (Co verG irl, Pantene)

Coty Schering-Plough (Coppertone)

C rest S .C . Johnson Products

Dana Perfumes Shiseido

Denim Vidal Sasson

D ove Whitehall Labs (Koiynos)

Ecolab Y ves Saint Laurent

Eden (Cacharei) 3M (Scotch)

Eli Lilly & Co. (Merthiolaie)

Da dos retirados da revista Anima/ — sobre proteção de.animais 

* Em presa so b investigação

Sugere-se fazer cópias da lista e distribuir.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

Declaração Universal dos Direitos dos Animais

A Declaração Universal dos Direitos dos Animais foi proclamada na Unesco

em 15.10.1978.

Preâmbulo

Considerando que todo animal possui direitos,

Considerando que o desconhecimento e o desprezo destes direitos têmlevado e continuam a levar o homem a cometer crimes contra os animais e

contra a natureza,

Considerando que o reconhecimento pela espécie humana do direito à

existência dos animais constitui o fundamento da coexistência das outras espé-

cies no mundo,

Considerando que os genocídios são perpetrados pelo homem e o perigo

de continuara perpetrar outros.

Considerando que o respeito dos homens pelos animais está ligado ao

respeito dos homens pelo seu semelhante,

Considerando que a educação deve ensinar, desde a infância, a observar, a

compreender, a respeitar e a amar os animais,

Proclama-se o seguinte:

Art. 1 Todos os animais nascem iguais perante a vida e têm os mesmos

direitos à existência,

Art. 2o. Todo animal tem o direito a ser respeitado.

1. O homem, como espécie animal, não pode exterminaras outras espé-

cies ou explorálas violando esse direito. Ele tem o dever de pôr os seus co-

nhecimentos a serviço dos animais.

2. Todo animal tem o direito à atenção, aos cuidados e à proteção do ho-

mem.

Art. 3o. Nenhum animal será submetido a maustratos nem a atos cruéis e

degradantes.

I . Se for necessário m atar um animal, ele deve se r morto instantaneamen-

te, sem dor e de modo a não provocarlhe angústia ou sofrimento.

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A rt. 4 o. Todo animal selvagem tem o direito de viver íivre no seu próprio

ambiente natural — terrestre, aéreo ou aquático — e tem o direito de se re-

produzir.

I . Toda privação de liberdade, mesmo com fins educativos, é contrária a

este direito.

A rt . 5o. lodo animal que viva tradicionalmente no meio ambiente do ho-

mem tem o direito de viver e de crescer no ritmo e nas condições de vida e de

liberdade que ihe são próprias.

I . Toda alteração deste ritmo ou destas condições impostas pelo homemcom fins mercantis é contrária a este direito.

A rt. 6o. Todo animal que o homem escolheu como companheiro tem di-

reito a uma vida plena conforme a sua longevidade natural.

I . O abandono de um animal é um ato cruel e degradante.

A rt . 7o. Todo animal que esteja a serviço do homem tem direito a um limi-

te razoável de carga, duração e intensidade de trabalho, além de alimento e

repouso.A rt . 8o. A experimentação animal que implique sofrimento físico ou psi-

cológico é incompatível com os direitos da espécie, quer se trate de uma expe-

riência médica, científica, comercia! ou qualquer outra forma de experimentação.

I . As técnicas de substituição devem ser utilizadas e desenvolvidas.

A rt , 9o. Quando o anima! é criado como fonte de alimentação, deve ser

alimentado, alojado, transportado e morto sem que isso lhe provoque ansie-

dade ou dor.

A rt . 10. Nenhum animal deve ser explorado para divertimento do ho-

mem.

1. As exibições e os espetáculos que utilizem animais são incompatíveis

com a dignidade da espécie.

A rt . I I . Todo ato que resulte na morte de um animai inutilmente é um

biocídio, ou seja, um crime contra a vida.A rt . 12 . Todo ato que provoque a morte de um grande núm ero de ani-

mais selvagens é um genocídio, ou seja, um crime contra a espécie.

I . A poluição e a destruição do ambiente natural conduzem ao genocídio.

A rt. 1 3 .0 animal morto deve ser tratado com respeito.

I . As cenas de violência de que os animais são vítimas devem ser interditas

no cinema e na televisão, salvo se tiverem o objetivo de dem onstrar um aten-

tado aos direitos do animal.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

A rt. 14. O s organismos de proteção e de salvaguarda dos animais devem

estar representados em nível governamental.

! . Os direitos do animal devem ser defendidos pela lei como os direitos do

homem.

Como ajudar os animais — Um resumo

"Matar animais por esporte, prazer, aventura e por suas peles é umfenômeno ao mesmo tempo cruel e repugnante. Não há justificativa na

satisfação de uma brutalidade dessas."

Su a  Sa n t id a d e Da l a i-Lama

'A compaixão pelos animais é das mais nobres virtudes

da natureza humana."C h a r l e s  Da r w in

Diversos grupos de defesa dos direitos animais resumem atitudes que deve-

mos tomar; como seres humanos conscientes. Destacamos algumas:

1. Não coma carne

 2. Compre  produtos de empresas que não realizam testes com animais

Ligue para a centrai de atendimento dos fabricantes de produtos que você utiliza

no seu diaadia (os números dos telefones estão nos rótulos). Indague sobre

o teste de animais em seus laboratórios. Em caso positivo, façao saber da sua

indignação e diga que deixará de adquirir seus produtos. A opinião dos consu-

midores é vital para a mudança da política em presarial.

3. Evite produtos derivados de animais

4. Não compre animais em lojas. Adote   e esterilize

5. Informe-se, e participe

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Inscrevase em alguma lista onde possa se manter informado sobre o que acon-

tece com os animais. Rara saber mais.

6. Escreva cartas

Diversos web sites sobre animais sugerem que as pessoas escrevam cartas de

protesto. Enviar e-mails é muito importante, mas há campanhas que necessi-

tam de cartas, milhões delas, para que os representantes de governo conside-

rem os apelos expressivos. Copie ou elabore um modelo de carta, remetaaao seu destinatário e destribua envelopes selados para seus amigos fazerem o

mesmo. Você pode ajudar, é só querer.

7. Faça um trabalho voluntário

Muitas associações já têm bastante gente trabalhando no diaadia com os

animais, mas necessitam de outros tipos de ajuda voluntária. Você pode ar-

recadar ração com a vizinhança e distribuíla uma vez por mês, juntar jor-

nais velhos, rem édios, lixo reciclável (algumas entidades vendem latinhas e

embalagens plásticas usadas). A maioria das associações também precisa de

gente para elaborar campanhas, escrever artigos para a imprensa, fazer tra-

duções, etc. Escolha aquela mais perto de você e doe uma parte do seu

tempo.

8. Divulgue campanhas entre seus amigos

9. Associese a alguma entidade de defesa animal

10. Denuncie maus-tratos a animais

Com a nova Lei de Crimes Ambientais, não há mais razão para não se denun-

ciar maustratos a animais. Você pode ir a uma delegacia e fazer a queixa. Te-nha uma cópia da Lei impressa, mostre para o delegado e exija o cumprimento

da Lei. Você pode encontrála na Internet no seguinte endereço:

http: //www. a pasfa. org

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

Para refletir 

Grandes mudanças começam com atitudes individuais. Para os que amam erespeitam os animais, tornarse vegetariano e divulgar essa idéia é a maior con-

tribuição que se pode dar pelo fim do sofrimento deles — que é diferente do

fim através da morte pelo abate.

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PARTE II

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6. PESQUISAS ATUAIS SOBRE SAÚDE E 

NOTÍCIAS A FAVOR DO VEGETARIANISMO

Informações indicam que o número de vegetarianos está crescendo no mun-

do, principal mente entre os adolescentes. Nos Estados Unidos e na Europa o

consumo de carne de vitela caiu até 70% . O s supermercados incluíram pro-

dutos vegetarianos e vegan em suas prateleiras. A tendência à adoção de uma

alimentação que evite a exploração de animais vem crescendo além das ex-

pectativas, também pelo fato de ser mais saudável. É comum encontrarmos

pessoas que seguem a dieta vegan por indicação médica no controle da obe-

sidade e da pressão alta, uma vez que o colesterol diminui rapidamente quan-

do não se consome produtos de origem animal.

Cada ser humano que se toma vegetariano salva anualmente 35 animais

de viverem amontoados em gaiolas, de serem mutilados, drogados, manusea-

dos e abatidos cruamente pelos homens. Se um único indivíduo pára de co-

mer carne, ao longo de 20 anos terá poupado cerca de 700 animais. Numa

casa com seis pessoas vegetarianas, 4.200 animais seriam salvos nesse mesmoperíodo de tempo.

Dieta ocidental e doenças degenerativas

Pesquisadores chineses concluíram que a alimentação tipicamente ocidentalpode causar doenças cardíacas. Segundo eles, uma dieta baseada em arroz,

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mo que o tabagismo seja comum entre chineses. Foi observado também que

aqueles que emigravam para os Estados Unidos tendiam a desenvolver doen-

ças cardiovasculares quando abandonavam seus hábitos alimentares anterio-

res, adotando dietas ricas em carne animal e gorduras saturadas. (Fonte: Dr.Kam W oo, da Universidade de Hong Kong, durante um encontro promovido

pela American Heart Association, em 1999.)

Um estilo de vida saudável, que inclua uma alimentação com elevado teor de

fibras e baixo teor de gorduras saturadas, associada a exercícios e ao uso do

álcool com moderação, é capaz de reduzir drasticamente o risco de doenças

do coração, segundo relatam pesquisadores de Massachusetts. Um estudo

recente, conduzido entre enfermeiras, sugere que uma vida saudável pode

reduzir em 80% o risco de problemas cardiovasculares.

Dieta vegetariana e câncer 

Um estudo recente conduzido entre 50 mil vegetarianos (Adventistas do Séti-

mo Dia) revelou resultados que abalaram os pesquisadores de câncer em todo

o mundo. A pesquisa mostrava, claramente, que a taxa de incidência dessa doen-

ça entre os indivíduos que não comem alimentos de origem animal é surpre-

endentemente baixa.

Na Califórnia, um outro estudo realizado entre os mórmons mostrou que

a incidência de câncer nesse grupo é 50% menor do que na população em

geral. O s m órmons têm por hábito com er pouca carne.

Cientistas ingleses e americanos encontraram diferenças significativas entre

as bactérias intestinais das pessoas carnívoras: ao reagir com os sucos digesti-

vos, essas bactérias produziam substâncias cancerígenas. Isto talvez explique a

maior incidência de câncer intestinal em regiões onde é grande o consum o de

carne, como nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, e a razão de ele ser

extremamente raro em países cuja população é vegetariana, como na índia.Nos Estados Unidos, por exem plo, o câncer intestinal é a segunda forma mais

comum da doença (em primeiro lugar vem o câncer dos pulmões). A popula-

ção da Escócia, que consom e 20% mais carne do que a inglesa, tem uma das

mais altas taxas de câncer intestinal.

Não só o câncer do cólon, mas todos os outros tipos de câncer— dos seios,

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

ovários, útero e próstata — também já foram ligados diretamente ao consumo

de carne. Alimentos com alto teor de gordura aumentam a produção de

hormônios sexuais, como o estrogênio e a testosterona, contribuindo para a for-

mação de tumores nos seios e nos órgãos sexuais. Nas dietas vegetarianas, combaixo teor de gorduras, o nível de estrogênio cai significativamente. Seus adeptos

têm menor incidência de todas as formas de câncer do que as pessoas carnívo-

ras. Mulheres que comem carne diariamente têm quatro vezes mais chances de

contrair câncer de mama do que aquelas que comem pouca carne.

Dieta vegetariana reduziu a mortalidade na guerra

Por ocasião da Primeira Guerra Mundial, as pessoas foram forçadas a adotar

uma dieta vegetariana, o que provocou uma grande melhoria na saúde da

população. Na Dinamarca, devido ao bloqueio britânico, houve uma escassez

crucial de alimentos. O governo dinamarquês designou o diretor da Sociedade

Vegetariana Nacional para dirigir um prognama de racionam ento de alimentos

que se tornou famoso. Durante todo o bloqueio, os dinamarqueses foram for-

çados a subsistir alimentandose de cereais, legumes, frutas e derivados do leite.

No primeiro ano de racionamento, a taxa de mortalidade caiu em 17% . Quando

os noruegueses também foram obrigados a se tornar vegetarianos, devido à

escassez alimentar, houve uma queda nos casos de mortes por problemas cir-

culatórios. Depois da guerra, quando a população de ambos os países voltou

a consumir carne, as taxas de mortalidade relacionadas às doenças cardíacasretornaram aos níveis anteriores.

Vegetarianos pagam menos seguro

Uma notícia interessante: na Inglaterra, os vegetarianos pagam muito menos

por um seguro de vida. Como a incidência de doenças cardíacas é menor

entre eles, os vegetarianos são considerados grupo de m enor risco pelas se-

guradoras. Da mesma forma, restaurantes vegetarianos pagam menos por

seus seguros contra contaminação, porque os seus freqüentadores estão

menos sujeitos às infecções do que aqueles que frequentam outro tipo de

restaurante.

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Vegetarianos têm melhor condição imunológica

O  Centro de Pesquisas do Câncer da Alemanha demonstrou que os vegeta-

rianos têm o sistema imunológico duas vezes mais forte, sendo duas vezes mais

capaz de destruir as células cancerígenas.

Um estudo feito na China descobriu que os chineses consomem 20% mais

calorias que os americanos, mas que os americanos são 25% mais gordos. Isso

porque 37% das calorias na dieta americana provêm da gordura, ao passo que

menos de 15% das calorias da dieta rural chinesa têm a mesma origem. O

mesmo estudo descobriu que, na dieta ocidental, 70% da proteína vem de

fontes animais e 30% das plantas. Na China, apenas 11% vêm de produtosanimais e 89% de fontes vegetais. (Fonte: Universidade Rural de Pequim —

Newsletter , 143.991997).

 Antibiótico na ração animal é risco para a saúde humana

O  uso crescente de antibióticos na ração animal está produzindo não só resis-tência bacteriana— tanto em animais como em humanos— como o surgimento

de insetos agressores mais fortes. Esta informação é de Michael Osterholm,

membro da Infection Control Advisory NetWork, dos Estados Unidos, alertando

sobre a presença de antibióticos na ração para bois, porcos e frangos. Cientis-

tas norteamericanos e europeus alertam para o fato de que antibióticos po-

tentes têm sido regularmente acrescentados à ração, além de estar sendo usados

como remédios para tratar de infecções de animais e promover o seu cresci-

mento.

Em dezem bro de 20 0 1, a União Européia ordenou a suspensão de qua-

tro tipos de antibióticos usados na alimentação animal, afetando companhias

farmacêuticas poderosas, como a Rhone Poulec, a Pfizer, a Eli Lill/s Elanco

Animal Health e a Alpharma, que sofreram sérios prejuízos. Nos Estados Uni-

dos, as autoridades têm sido mais lentas nesse setor, pois a FDA (Food and

Drug Administration) é que monitora o uso veterinário de vários tipos de

drogas. Apesar das evidências de que a ingestão dessas substâncias através

da ração animal possa produzir resistência bacteriana em humanos, o órgão

parece tem er a reação da indústria farmacêutica, que possui um forte lobby  

no governo.

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Uma bactéria capaz de resistir a um dos mais poderosos antibióticos exis-

tentes, a vancomidna, foi detectada em frangos, porcos e vacas, nos Estados

Unidos, Com o uso de antibióticos na criação desses animais, mesmo bactérias

sensíveis àquele produto foram encontradas entre o rebanho, como salmonelas,colibactérias e outras.

Diante de fatos semelhantes, estudiosos têm afirmado que “existe uma

crescente evidência científica de que o uso de antibióticos na ração dos ani-

mais destinados ao abate permite o desenvolvimento de bactérias pato-

gênicas resistentes, capazes de infectar seres humanos através da cadeia

alim en tar'1.

Em Minnesota, pesquisadores noticiaram um caso de doença gastrointestinalcausada por um tipo de bactéria conhecida como Escherichia coli,  resistente a

antibióticos comuns acrescentados à ração de frangos de criação industria!.

Câncer de mama e o consumo de carne

No Uruguai, onde o câncer de mama é a forma mais comum de tum or ma-

ligno entre as mulheres, um estudo revelou que um consumo elevado de

carne — principalmente de came vermelha — está associado ao aumento

da incidência e do risco de câncer de mama, Mulheres que têm o hábito de

consum ir came verm elha com regularidade têm um risco 42 vezes maior de

desenvolver esse tipo de câncer. A came frita e exposta a temperaturas ele-

vadas durante o cozimento (como os churrascos) mostrou ser a forma maisdeterminante desse tipo de enfermidade. (Fonte: International Journal of  

Câncer   1996; 65:32831.)

Câncer de mama e o consumo de vegetais

Em 1996, um estudo realizado entre mulheres acima dos 40 anos de idademostrou que o consumo regular de vegetais reduziu em cerca de 54% o risco

do desenvolvimento do câncer de mama no período pósmenopausa. (Fonte:

Journal of the National Câncer   Instítute 1996; 88:3408.)

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Dietas vegetarianas durante o tratamento do câncer 

Um recente artigo apresentado no issues in Vegetarian Dietetics  (uma publica-

ção da American Dietetic Associatiorís Vegetarian Practice Group) anunciou

que uma dieta feita exclusívamente à base de vegetais é aitamente benéfica

para pessoas em fase de tratamento de câncer, qualquer que eie seja. (Fonte;

Donna Paglia, MS, RD, "Vegetarian Diets During Câncer Treatment", Issues in 

Vegetarian Dietetics,  vol. V i, n° 2, inverno de 1997.)

Doenças crônicas nos 

"países em desenvolvimento"

As seguintes informações foram extraídas do quarto capítulo do Worldwatch 

Institute s State of the World,  1997:

À medida que os países em desenvolvimento adotam o modelo alimentar dos

países ricos, baseado no consumo de quantidades elevadas de came animal

(motivado pela mídia, TV e marketing global), as doenças crônicas e degene-rativas assumem o lugar das doenças infectocontagiosas, predominantes nos

países menos ricos.

Em 1989, as moléstias cardiovasculares, incluindo a doença coronariana e

o infarto, foram a principal causa de morte na China. N o mesmo ano, na Am é-

rica Latina e no Caribe, o número de pessoas mortas por doenças crônicas

cardiovasculares foi o dobro das que sucumbiram às doenças infecciosas (queantes matavam mais). Um padrão similar foi observado em diversos países do

O riente Médio e da Ásia. N o ano 2000, nos países em desenvolvimento, sete

em cada dez mortes foram ocasionadas por doenças cardiovasculares, ou seja,

aproximadamente 60 % .

Durante a Guerra da Coréia, 200 soldados americanos mortos, com

idade média de 22 anos, foram examinados. Verificouse que 80% deles

tinham artérias enrijecidas e obstruídas pelos resíduos da carne, ao passoque, entre os soldados coreanos exam inados, todos da mesm a faixa etária,

não se constatou esse problema nos vasos sanguíneos. Eles eram basica-

mente vegetarianos.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

O prejuízo econômico resultante da incidência de doenças crônicas preo-

cupa os americanos, serviços de saúde não só do governo como da iniciativa

privada. N os Estados Unidos, até o ano 2000, foram gastos cerca de 180 bi-lhões de dólares — referentes a despesas médicas e coberturas previdendárias

— em tratamentos sobretudo do câncer e dos distúrbios do coração.

As estatísticas de doenças coronarianas e cardíacas são cinco vezes maio-

res entre homens norteamericanos do que em gregos e quatro vezes mais

comuns entne mulheres americanas do que em gregas.

Cerca de dois terços de toda a gordura saturada consumida no mundo se

originam da carne vermelha, do leite de vaca e dos ovos de granja.A política alimentar de diversos países desaconselha o consumo excessivo

de gorduras e de carne, ao contrário da recomendação em vigor no mundo

até há alguns anos, que mostrava esses itens como necessários e essenciais a

uma nutrição adequada. Em países asiáticos como a China, promover saúde

através da alimentação significa abandonar os padrões dietéticos ocidentais —

recémadotados— e retomar aos hábitos alimentares tradicionais de cada povo,

que incluem técnicas culinárias e preferências culturais. O valor de alimentos

como grãos, frutas e vegetais tem sido evidenciado. (Fonte: Envíronmental 

Nutrition,  fevereiro de 1997, p. I).

Doença de Crõhn e consumo de carne

Tratase de uma enfermidade crônica que afeta sensivelmente os intestinos. Apesar

de as causas da doença ainda não terem sido definidas, achados recentes apontam

a influência da alimentação. No Japão (onde a incidência da doença de Crõhn tem

aumentado) pesquisadores descobriram que a proteína animal é o nutriente que

mais se aproxima da origem desse mal. A proteína vegetal, por sua vez, está asso-

ciada à redução dos seus índices. (Fonte: American Journal ofClinicai Nutrition,  1996;

63:741745, conforme citado em Wsgetarian Journal,  set/out. de 1996, p. 14.)

Consumo de carne e osteoporose

Em janeiro de 2 0 0 1, o American Journal of Clinicai Nutrition publicou um estu-

do promovido ao longo de sete anos pelo Instituto Nacional de Saúde dos

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MÁRCIO BDNTEMPO

Estados Unidos, que mostrava a correlação entre proteínas animal e vegetal e

a perda de massa óssea entre senhoras de idade mais avançada. Um grupo de

1.000 mulheres entre 65 e 80 anos foi dividido em três categorias: uma se ali-

mentou de uma grande quantidade de proteína animal e pouca de vegetal: ou-

tra, intermediária, de uma dieta com porções iguais de cada tipo de proteína e

uma terceira, de pouca proteína animal e muita vegetal. O primeiro grupo apre-

sentou uma perda óssea três vezes superior ao terceiro e uma incidência de

fraturas ósseas quatro vezes superior ao segundo. (Fonte: American Journal of  

Clinicai Nutritíon,  janeiro de 2 0 0 1; 15 0 :165 ).

Consumo de carne e doenças

Metade dos adultos norteamericanos — 100 milhões de pessoas — sofre de

um ou mais tipos de doença crônica, seja cardíaca, renal, neoplásica, obliterativa,

diabetes ou senilidade, segundo o Journal of the American Medicai Association. 

Dois entre três adultos entre 45 e 64 anos e nove entre dez idosos têm pro-blemas cardíacos. Estas doenças custam três quartos de cada dólar exigido para

os cuidados com a saúde. N o ano 2030, de acordo com estimativas do gover-

no dos Estados Unidos, um entre cada cinco americanos terá 65 anos ou mais,

o que significa que 150 milhões de pessoas sofrerão de doenças crônicas. (Fonte:

 JAMA,  13 de novembro de 1996; 276 : 1473.)

Doença cardíaca e reposição hormonal

Um dos mais fortes argumentos que reforçam a necessidade de reposição

hormonal na mulher é a crença de que esse procedimento reduz os riscos de

doenças cardíacas. Atualmente, no entanto, essa informação está sendo ques-

tionada. Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Pittsburg afir-

mam que a reposição com estrogênio não reduz significamente o risco dessas

doenças. O s estudos anteriores, que afirmavam o contrário, não haviam leva-

do em conta a possibilidade de que pacientes que optam pela reposição

hormonal eram simplesmente mais saudáveis antes da menopausa.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

Fibra e doença cardíaca

Um a recente pesquisa realizada na Universidade de Harvard concluiu que uma

dieta rica em fibra, sozinha, independente do consumo de gorduras, é capaz

de preven ir doenças cardíacas. Homens que consumiram cerca de 29 gramas

de fibras por dia mostraram 36% menos possibilidades de desenvo lver pro-

blemas de coração do que aqueles que consum iram apenas 12 gramas, que é

a quantidade consumida em média na dieta americana. (Fonte: “Fat and Rber

Square O ff in the Fight Against H eart Disease” , Environmental Nutrition, outu-

bro de 1996, p. 2.)

Doença cardíaca e consumo de peixe

Durante a década de 80, acreditavase que com er peixe era um modo de pro-

teção contra doenças cardíacas. Atualmente, no entanto, o consenso entre

pesquisadores, contrariando expectativas e esperanças, é um pouco diferente.Em 1986, uma pesquisa realizada entre 45 mil dentistas do sexo masculino

mostrou que existem dúvidas com relação a isso: aqueles que consumiam seis

ou mais porções semanais de peixe não mostraram menor risco de desenvol-

ve r doenças cardiovasculares que homens que comiam apenas uma porção de

peixe por semana. (Fonte: Bonnie Liebman, “Is Seafood a Heart Saver?",

Nutridor? Action Healthletter,  vol. 23, n° 9, novembro de 1996, pp .67.)

 Aterosderose

Pesquisas mais recentes afirmam que o hormônio vegetal isoflavona, presente

no grão da soja, toma as artérias mais flexíveis e reduz o índice da doença,

(Fonte: Revista Época, 7 de fevereiro de 2000, p. 62.)

Doenças cardíacas e consumo de frutas

Um estudo realizado por pesquisadores ingleses em 11 mil adultos acima de 45

anos mostrou que pessoas que comem frutas diariamente têm 24% menos chances

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RARCIO BONTEMPO

de sofrer ataques cardíacos, 32% menos chances de enfartar e 2 1%  menos pro-

babilidade de m orrer de outras doenças vasculares. (Fonte: “The Healthy in a Study

Eat Fresh Frurt Daily", The Washington Pòst,  8 de outubro de 1996.)

Hipertensão arterial e dieta vegetariana

Cerca de 50 milhões de norteamericanos sofrem atualmente de pressão arterial

elevada. Um recente estudo nacional envolvendo pacientes hipertensos mostrou

a redução da pressão sanguínea daqueles que se submeteram a uma dieta rica emfibras, frutas e laticínios desnatados, mesmo sem a suspensão da medicação habi-

tual. Estes resultados sugerem que hábitos alimentares mais saudáveis podem subs-

tituir dragas que, em geral, produzem efeitos colaterais indesejáveis. (Fonte: Stuart

Auerback, "Diet Lowers Blood Pressure”, The Washington Post , i9 de novembro

de 1996.)

Comida de hospital

Não é somente no Brasil que a comida servida em hospitais é de má qualidade

ou perigosa para a saúde. Um a recente pesquisa americana, além de constatar o

habitual sabor sofrível dos menus hospitalares questionou o seu valor nutritivo e

verificou a possibilidade do surgimento de doenças. A pesquisa mostrou que 39%

dos cardáoios tinham, em média, 47% mais gorduras saturadas do que o padrão

recomendado, além de 8 1% mais colesterol e 54% mais sódio. Com esses re

suftados, os cientistas recomendaram que os hospitais reformulassem os seus

critérios, já que é totalmente incoerente que locais que devem promover saúde

forneçam dietas capazes de promover doenças. (Fonte: Don Colbum, “Hospital

Menus Fare Poorly in Nutrition", The Washingtonfbst, 2 de janeiro de 1997.)

Ferro na alimentação

Novas descobertas do Departamento de Agricuftura dos Estados Unidos indi-

cam que mulheres vegetarianas não têm níveis de ferro sanguíneo muito dife-

rentes daquelas que comem carne diariamente. O estudo sugere que o corpo

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ALIMENTAÇAO PARA UM NOVO MUNDO

humano é capaz de absorver de fontes vegetais todo o ferro de que necessita,

do mesmo modo como atua a partir de fontes animais. Pesquisas anteriores,

no entanto, já apontavam que os vegetarianos consomem, habitualmente, maior

quantidade de alimentos ricos em ferro do que os onivoristas — pessoas que

comem de tudo. (Fonte: Am y 0'C onno r, “The Irondad Truth", Vegetaáan 

Times,  fevereiro de 1997, p. 22.)

Doença da vaca louca I

Em outubro de i 996, pesquisadores ingleses informaram à conceituada revis-

ta Nature que foram verificadas sérias evidências de que a doença da vaca lou-

ca havia sido realmente transmitida do gado para seres humanos. (Fonte: Science

News,  voi. 150, 2 de novembro de 1996, p. 282.)

Doença da vaca louca I I

As autoridades sanitárias americanas estão preocupadas, uma vez que muitas

partes de animais, segundo dados da FDA, são recicladas para a produção de

ração bovina. Essa é a principal via de contaminação da doença da vaca louca.

(Fonte: FDA Press Release,  2 de janeiro de 1997.)

Obesidade e consumo de carne

Um estudo realizado pelo Brit/sh Medicai Journal avaliou que a média de peso

entre mulheres que comem carne e aquelas que adotam uma dieta vegetaria-

na é de aproximadamente 13 kg maior no primeiro grupo. (Fonte: British Medicai 

 Journal, 1996; 3 í 3:816 í 7 .)

Câncer de estômago e cebola

Estudos chineses apontam que o consumo de cebola e seus similares, como o

alho, a cebolinha, etc ., reduz consideravelmente o risco de câncer de estôma-

go. (Fonte: Gastroenterology,  1996; 110 :1020.)

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MÁRCIO BONTEMPO

Dieta vegetariana e saúde

Num estudo realizado no nordeste do México, pesquisadores observaram que

indivíduos que praticavam uma dieta vegetariana num período superior a cincoanos apresentavam menores concentrações de sódio, m aiores concentrações

de potássio e pressão arterial mais baixa. Adicionalmente, verificaram que 11,1%

dos que não obedeciam a essa dieta mostravam peso acima do normal e so

friam de hipertensão arterial. Entre os rigorosamente vegetarianos a incidência

desses mesmos problemas foi de apenas 2 ,7% . (Fonte: Nutrition Research,

! 995 ; I5 (6 ):8 1930.)

Dieta vegetariana e longevidade

Um estudo, com duração de 17 anos e realizado em 11 mil vegetarianos e

pessoas que optaram por uma alimentação mais saudável, mostrou que as ta-

xas de mortalidade foram reduzidas em 44% em comparação às taxas da po-pulação em geral. (Fonte: Britísfi Medicai Journal,  1996 ; 3 ! 3:775 79 .)

Saúde feminina, menopausa e soja

Pesquisadores da Bowman Gray School of Medicine, na Carolina do Nor-

te, Estados Unidos, descobriram que mulheres que receberam suplemen-

tos à base de soja relataram significativa redução dos sintomas da

menopausa, como calores e sudorese noturna. Num outro estudo, feito

ao longo de 18 semanas, os suplementos da soja foram também benéfi-

cos, apontando uma redução de 10% do co lesterol, 12% do colesterol

LDL e queda de seis pontos na pressão diastólica geral. O estudo concluiu

que a soja tem grande potencial como substituto alternativo ao estrogênioem terapias de reposição hormonal. Outras pesquisas relativas a esse efei-

to estão em andamento. (Fonte: “Research News”, Environmental Nutrition, 

fevereiro de 1997, p. 8.)

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Frangos geneticamente modificados podem se tornar  fábricas de remédios

A revista britânica New Scientist anunciou que frangos geneticamente modifi-

cados podem se tornar fábricas de remédios no futuro. Um artigo mostrou

que dois biopesquisadores americanos produziram galinhas com alterações ge-

néticas que as tornaram capazes de produzir ovos contendo drogas, proteínas

e anticorpos para tratamento de doenças humanas.

A GeneW orks, de Ann Arbor, Michigan, já produziu 60 dessas aves. Sem

relatar maiores detalhes, a empresa afirmou que as proteínas presentes nos

ovos dessas aves têm grande potencial para o tratamento de algumas doençashumanas. Segundo a NewScientist, o

 

funcionário da GeneW orks, Steve Sensoli

 já negociou cerca de 14 proteínas para seis companhias farmacêuticas de várias

partes do mundo.

Enquanto isso, a AviGenics de Atenas, Geórgia, está produzindo aves ca-

pazes de desenvolver o interferon humano, ou antibióticos naturais, para o

tratamento do câncer. As aves são capazes, inclusive, de transmitir genetica-

mente o interferon. Segundo o presidente da empresa, Carl Marhaver, os genessão microejetados na gema dos ovos. Quando nascem, os pintinhos já apre-

sentam a mudança que os leva a se transformar numa fábrica de drogas e pro-

teínas.

Comentário nosso

Nenhuma empresa, contudo, apresenta avaliação sobre o impacto dessas ex-

periências na genética humana, na alimentação e no meio ambiente. Tudo

permanece no terreno da exaltação à capacidade da ciência e das vantagens

econômicas do procedimento. Em vez de estudar as causas básicas das doen-

ças que pretendem tratar com as drogas produzidas por frangos, preferem

insistir na busca de mais uma droga. Na verdade, sabemos que há grandes in-

teresses lucrativos nessas descobertas, pois serão produtos extremamente caros,

capazes de estimular significamente a filosofia alopática da indústria farmacêuti-

ca. Entretanto, somente melhorando as condições ambientais, alimentares,

sociais e buscando um comportamento humano mais harmônico com as leis

naturais é possível termos a saúde coletiva ideal.

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7. 0 VEGETARIANISMO NAS RELIGIÕES 

E FILOSOFIAS

A alimentação vegetariana sem pre foi a dieta natural da humanidade. O s anti-

gos gregos, egípcios e hebreus descreveram o homem como frutívoro, Os

escritos mostram que os sacerdotes do Egito antigo nunca comeram carne.

Muitos sábios gregos eram grandes adeptos da dieta vegetariana, como Sócrates,

Platão, Pitágoras, Aristóteles e muitos outros. A notável civilização inca, bem

como a asteca, a maia e a tolteca, estava baseada nesse tipo de dieta, tendo o

milho como a sua principal fonte de proteínas. Buda ensinava a seus discípulos

a não comer carne. Sábios e santos adeptos do taoísmo eram vegetarianos,

assim como os primeiros cristãos e judeus.

A postura rigorosam ente vegetariana das antigas filosofias iniciáticas,

como o orfismo e o pitagorismo, era fruto de uma cultura já amplamente

difundida. A rejeição ao sacrifício de animais e ao consumo de carne era

 justificada pelo respeito à vida ou pela crença na reencarnação (a possibili-

dade de humanos reencamarem em animais). Os sacrifícios eram conde-

nados tanto por ser cruéis como por dissimular um desejo puro e simples

de comer carne.

Sábios vegetarianos existiram durante toda a Antigüidade, da Idade Clássi-

ca aos períodos helenístico e imperial. N a época romana, são eles que criticam

com unanimidade o sistema de sacrifícios. N o entanto, é somente com o Cris-

tianismo que esse costume acaba abolido ou seriamente transformado.

De início, a difusão cristã põe em questão a prática e a "filosofia" do sacrifício.

Nega o valor sacrifical do ponto de vista doutrinário, considerandoo uma falsa

oferenda feita a falsos deuses. Além disso, substitui o sacrifício animal pelo “vege

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MÁRCIO BONTEMPO

tal", lembrando, com as espécies sagradas do pão e do vinho, o sacrifício de Cristo .

Dessa vez, os rituais sacrificatórios foram condenados não pelas mesmas razões

alegadas pelos filósofos vegetarianos, mas sim por serem dedicados a seres maus:

os demônios. Segundo os primeiros autores cristãos, os demônios eram alimen-

tados pelos sacrifícios e tinham o poder de provocar doenças, nestituindo a saú-

de dos doentes somente após receber a oferenda. O s cristãos que se recusavam

a fazer sacrifícios aos deuses se abstinham de comer a carne dos animais sacrifi-

cados. À medida que o consumo da carne se desvincula da prática do sacrifício,

os ritos cristãos sacramentalizam o pão e o vinho.

O Alcorão , íívro sagrado do Islamismo, recomenda não com er animais

mortos, carne e sangue... O sobrinho de Maomé, um dos profetas que o su-cederam, aconselhou os discípulos: "Não transformem seus estômagos em

sepultura de animais."

Gandhi, um dos grandes mestres da humanidade pelo seu exemplo de

vida, adotou o princípio do ahimsa,  ou de nãoviolência. Ele o aplicava não

somente no relacionamento humano, mas na sua alimentação, entendendo

que não se deve matar os animais para comêlos, por se tratar também de

uma forma de violência.Uma das classificações alimentícias que deve ser adotada por todo aquele que

busca aperfeiçoar a sua vida está presente no Ayurveda, sistema médico indiano

clássico que divide os alimentos em três categorias: tomas, rajas e satva, as trêsgunos

ou qualidades da matéria. Segundo esta seleção, podese ter um corpo mais ou

menos sutil, assim como as emoções e os pensamentos terão uma característica.

Os alimentos satva são os que favorecem a sensibilidade espiritual, que fazem a

alma almejar o seu crescimento, que purificam o corpo e suavizam a mente, acal-

mandoa e facilitando a meditação. Alimentos satva são leves e suaves, como os

cereais (trigo, arroz, cevada, centeio, trigo sarraceno, milho, etc.), o leite fresco, as

frutas suaves, os alimentos doces naturais, como o m el, os néctares, etc. O s ali-

mentos rajas são os estimulantes, que favorecem o trabalho da mente, provocam

reações e tonificam. São os de tempero forte, mas naturais, como a pimenta, o

alho, a cebola, a assafétida, o gengibre, etc., além do café, dos chás estimulantes,

das plantas tonificantes e das bebidas alcoólicas. Os alimentos tamas são aqueles

que bloqueiam a percepção espiritual, embotam os pensamentos, densificam e

intoxicam o corpo físico, tomandoo menos apto a perceber o lado sutil das coisas.

São geralmente condicionados, secos, defumados, fétidos, de mau aspecto e mui-

to condimentados, como as carnes salgadas, a gordura densa, a salsicharia, os pre

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

suntos, salames e chouriços, a carne vermelha, as vísceras animais e alguns frutos

do mar, como os camarões, os mariscos e outros.

Segundo a visão ayurvédica, pela escolha dos alimentos podemos deter-

minar o nosso humor, o nosso temperamento, a nossa capacidade de discer-

nimento. Portanto, os alimentos mais próprios para quem busca a ascensão

espiritual são os satvo, usandose eventualmente algum alimento raja.

Na índia, diversos grupos religiosos praticam uma alimentação vegetariana. Entre

eles, os adeptos de Krishna que, além de evitar a carne, também se abstêm de

qualquer produto de origem animal, com exceção do leite. Bhaktivedanta Swami

Prabhupãda, criador do grupo internacional mente famoso denominado Hare

Krishna, tem uma visão mais profunda sobre a questão do sofrimento animal:

"Q u a n d o u m s e r hu m a n o t ira d es n ec es s a ri a m en t e a v id a d e ou t ra en t id a -

d e v iva , espec ia lm ente sob co ndições d e grande do r e sofrimento, es te ato de  

agressão dec larada prod uz u m a severa reação Kármica ; e se ano após ano, 

m ilhões d e an imais são c ruetmen te abatidos em gigantescos matadou ros , o  

acúm ulo de Kamna negat ivo produ zido nos sere s v ivos e no p laneta po r todo s  

aqueles qu e part ic ipam dessa matança , com prando , cozinhan do ou inger indo  

carne, é quase inimaginável .”

Também para outros hinduístas a alimentação ideal é aquela baseada na

observância à Lei de Deus, ou “Dharma", caracterizada pela moderação, pela

parcimônia, pela sobriedade, pela regularidade e voltada para o bemestar e o

bom funcionamento do organismo. A dieta do "homem superior” , sensibiliza-

do pela realidade do Dharma, deve ser composta por produtos leves, nutriti-vos, saudáveis, frescos, bonitos, ricos em energia estrutural (que podem ser

piantados e que b rotem ...), coloridos, naturais, orgânicos, nãoíndustrializados,

da estação, e adequados para o tipo do organismo de quem os consome.

Seguindo essa tinha de pensamento, a dieta perfeita deve primar pela qualida-

de e não ser fixada somente no aspecto quantidade. Os alimentos existem para

manter vivo e saudável o corpo físico e energético do ser humano.

"Se o corpo está saudável, o Tao prosperará.

Se o alimento e a bebida são regulados com correção, a felicidade será

apreciada com tranquilidade e a mente funcionará zeiosamente.

Este é o ensinamento de todos os Budas."

SUTRA BUDISTA

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MÁRCIO BONTEMPO

Co m o em tudo na vida, o tipo de alim entação e a seleção dos alim entos

também refletem o grau de consciência de uma pessoa em relação ao

Dharm a. Q uanto mais rudimentar essa consciência, tanto mais caótico será

o padrão alimentar; quanto mais aprimorada, mais apuradas e equilibra*das serão as nossas escolhas nutritivas, em harmonia com a Ordem do

Universo,

Alimentação baseada no Dharma consiste na prática de uma dietética sin-

tonizada com as leis e os ditames da natureza, o que, obviamente, depende do

grau de discernimento de cada um. Não pode ser considerada assim uma ali-

mentação baseada apenas no sabor, ou que busque unicamente a satisfação

exclusiva e intensa do paladar.Um indivíduo guloso e gfutão, sem controle dos seus impulsos e ansieda-

des, não pode estar em harmonia com o Dharm a. Com er sem moderação e

de modo excessivo é também uma forma de agredir o Dharma e gerar doen-

ças e sofrimentos.

Com base na dialética da Ordem do Universo, quando se busca descon-

trolada e continuamente o prazer (aqui, no caso, o sabor), atingese invariavel-

mente o seu pólo oposto, o sofrimento e a dor; frustração, culpa, acúmulos,

doenças degenerativas, envelhecimento precoce, alterações bioquímicas, per-

turbações funcionais, etc ., além da redução contínua do respeito próprio e do

autocontrole. O indivíduo passa a não confiar mais em si mesmo e fica à mercê

dos seus desejos, escravo de um comportamento alimentar tipicamente egoís-

ta, reflexo do seu próprio mundo psicomental.

“Aquele que aqui na Terra, Arjuna, não se alinha com a roda da vida, mas em vez

disso prefere perder tempo atirando-se ao prazer dos sentidos, vive em vão."

Bh a g a v a dG it a 3, !6

Infelizmente, o padrão alimentar atual da humanidade ainda está longe de obe-

decer aos apelos da Ordem do Universo ou do Dharma. O fato de existirem

no mundo bilhões de pessoas famintas e, paralelamente, sociedades mais abas-

tadas, onde ocorrem excesso de consumo e desperdício, é uma demonstra-

ção da falta de senso de justiça e de compaixão dos homens.

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ALIMENTAÇAO PARA UM NOVO MUNDO

O grande mestre Zen Taisen Deshimaru afirmava que o controie dos impulsos

do prazer do paladar e da satisfação dos desejos por guloseimas saborosas (que

geralmente só lhe trazem dissabores, desequilíbrios e doenças) é uma das

maiores contribuições que um se r pode dar à evolução psíquica da humanida-

de. Conseguindo entender a ilusão do paladar e suprimindo gradativamente

esses impulsos primários, a mente vai, aos poucos, percebendo uma nova si-

tuação de autocontrole altamerrte gratificante; vai descobrindo o prazer nos ali-

mentos simples e naturais, ao mesmo tempo em que o bemestar, a disposição

orgânica, o bom funcionamento do corpo e a boa saúde permitem sensações

e percepções inusitadas, antes bloqueadas pela constante necessidade de pra-

zeres imediatos e intensos. Somente quem passa pela experiência pode en-

tender este mecanismo mágico. Nesse estágio, o discernimento individual vai

se aguçando e surge um indescritível “senso de justiça", no qual se percebe

que o prazer da gula é tipicamente egoísta.

0 que há na Bíbtia

"E D eu ; os abençoou e disse: Eis que vo s dei as ervas que dão sementes  

sob re a terra e todas as árvores que e ncerram em si sementes d o seu 

gêne ro, pa ra qu e vo s sirvam de alimento. E a todo s os animais da terra e a 

todas as aves do céu e a tudo o qu e se m ove so bre a terra, e em que há 

alma vivente, toda a erva ve rde lhes será para mantimento.'

(Gên. 1:28-31)

Um dos temas pouco ventilados atualmente, pelo menos entre a m aior par-

te dos vários grupos religiosos cristãos, é a questão da carne como alimento.

Apesar da importância de se definir se a carne deve ou não estar presente

nas mesas de famílias cristãs, parecenos que a maioria das pessoas que di-

zem seguir os ensinamentos de Jesus preferem evitar pensar no assunto, con-

tinuando a com er a carne dos animais. Essa atitude passiva, e de certo modo

omissa, é fracamente alicerçada em citações bíblicas sem relação direta com

a questão,

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MÁRCIO BQNTEMPO

Utilizamse passagens escolhidas intencionalmente, que sirvam de pretexto

para que se continue a saborear os prazeres da carne animal. Uma delas, já

viciosa e surrada, é aquela em que Jesus teria dito que "o mais importante é o

que sai da boca do homem e não o que entra por ela". Pessoas ávidas pelo

prazer que a carne parece proporcionar enganam a si próprias, repetindo essa

passagem bíblica com a intenção de forçar o entendimento de que não impor-

ta o que se come, mas o que se fala. Tratase de um erro de interpretação e de

colocação. Afinal, só para lembrar, o carnívoro corre o risco de tertaxas eleva-

das de colesterol e m orrer do coração...

Quando realizamos uma análise mais apurada e honesta das Escrituras,

chegamos a conclusões que apontam a alimentação vegetariana como a dietaprópria do cristão verdadeiro.

Como o ideal é imitar Cristo em tudo, seria importante saber o que o Fi-

lho de Deus comia. Hoje existe uma certa polêmica entre os cristãos que dis-

cutem se Jesus comia carne ou não. O s grupos favoráveis justificam a sua crença

citando as referências à carne no Novo Testamento. Porém, o estudo atento

dos manuscritos originais gregos mostra que a maioria das palavras traduzidas

como “carne" são na verdade trophe, bromie  e outros termos, que queremdizer simplesmente “alimento11ou "comida". Um bom exem plo está no Evan-

gelho de Lucas (8 :55), onde se narra que Jesus levantou uma m ulher do meio

dos mortos e ordenou que lhe dessem carne. A palavra grega traduzida para

carne é  phago,  que significa apenas “com er”, Jesus teria dito "deixea co m er”.

Carne em grego é kreas, palavra que nunca foi usada por Jesus Cristo.

São fortes as evidências de que Jesus e seus discípulos eram vegetarianos.

Em Sãojerônimo, podemos ler: “Jesus Cristo, que apareceu quando se cum-

priu o tempo, novamente reuniu o final com o princípio, de modo que não é

mais permitido que nós comamos carne animal.”

Considerando que a maior parte dos santos era vegetariana, como São

Francisco, seria estranho que Jesus não fosse um deles. O apóstolo Paulo, dis-

cursando aos romanos, afirmou: “Melhor seria não comermos carne”, segun-

do Romanos 14:21.Na verdade, não existem escrituras dizendo que Jesus comia carneiro, que

certamente teria comido na Páscoa se não fosse vegetariano. Naquela época,

com o ainda hoje, havia muitos judeus que praticavam um tipo de alimentação

pela fé. Só os nãovegetarianos comiam carneiro na Páscoa, os vegetarianos

comiam pão sem levedura, conforme, ao que parece, fazia Jesus.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

Difícil associar a figura meiga de Jesus comendo uma coxa de frango, um

naco de carneiro, uma bisteca, ou um frango ao molho pardo... Ninguém ja-

mais o viu colocando carne na boca. A singela figura do N azareno não é com-

patível com banquetes onde cadáveres de animais temperados eram servidos.

Se prestarmos bem atenção, Jesus ensinou, em verdade, a amar e respeitar os

animais.

Apesar disso, a Cristandade inventou um dia em que se comemora o su-

posto nascimento do Salvador, sacrificando bilhões de animais em todo o mun-

do. Leitões, perus, chesters são mortos para com por a ceia das famílias que se

reúnem com o coração pleno de fraternidade. Paradoxal mente, o dia em que

aCristandade comemora a festa máxima da vida é aquele em que a maior quan-

tidade possível de animais se depara com a m orte.

Conforme pode ser facilmente confirmado, o Natal antigamente era um

período de reflexão, onde se desenvolviam o perdão, a fraternidade e o amor

cristão verdadeiro e se praticavam a prece e o jejum. Hoje, no entanto, pre-

senciamos mesas fartas e pantagruélicas, excessos e libações, inclusive alcoóli-

cas, que nada ficam a dever aos banquetes dos Césares. É um período em queo excesso de consumo e a concentração das atenções em bens materiais (pre-

sentes) são a antítese da vida espiritual ensinada por Jesus, confirmada por São

Francisco e por outros seres autênticos.

Isso, com certeza, opõese frontalmente aos ensinamentos bíblicos que pre-

gam a necessidade de amarmos e respeitarmos os animais, e não comêlos.

Seguindo esse mesmo raciocínio, a Semana Santa, outra data comemora-

tiva cristã, é marcada por mais uma grave incoerência quanto à questão daalimentação. Como sina! de respeito à morte de Cristo, só nesse período, de

Quintafeira Santa até o Dom ingo de Páscoa, não se come carne. Mas come

se peixe! Será que durante a Páscoa os peixes tomamse legumes? Talvez fru-

tas. Ah! sim. "Frutas do m ar"...

O verdade iro cristão, em respeito não som ente à morte e ao sofrim en-

to, mas à vida de Cristo e aos seus ensinamentos, não deveria comer carne

nunca! No que se refere à alimentação deveria fazer de toda a sua vida uma

“Semana Santa".

Tampouco podemos entender a que "fraternidade" as pessoas se referem

durante o período de Natal, Sim, pois elas se reúnem em casa, distribuem pre-

sentes, comem e bebem em excesso e nada mais além disso. De um modo

geral, nada é repassado aos pobres e necessitados ou aos carentes. E uma

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expressão de fraternidade hipócrita, mais presente na tela das TVs familiares

do que nos seus corações e atitudes.

O mesmo questionam ento pode ser feito com relação ao D ia de Ação

de Graças (Thanksgiving D ay), com em orado nos Estados Unidos com qua-se o mesmo significado do Natal. Para as famílias, unidas em profundo sen-

tim ento, a presença do peru é necessária e fundam ental. E quando milhões

e milhões de aves, criadas em grande sofrimento, engordadas em cativei-

ros exíguos, são abatidas sem compaixão. Servidas como refeição na festa

máxima do perdão, incoerente mente ninguém lhes pede perdão peio que

passaram ou por terem sido m ortas. Ao contrário, a oração geralmente feita

pela família é indiferente ao sacrifício do bicho, buscando apenas a santificação

da ceia.

Aliás, o hábito de orar às refeições, muito comum nos lares do mundo

inteiro, só pode ser considerado sensato e coerente se na mesa não houver

carne animal. Caso contrário, seria de se perguntar qual a validade dessa ora-

ção. Hayendo carne na mesa, a oração feita, em vez de abençoar o alimen-

to, não deveria ser para pedir perdão pela conivência na morte do animal?

Nesse caso, o ideal seria nem precisar rezar, bastando para Isso evitar bichos

à m esa ....

Segundo a leitura da Bíblia, fica claro que a alimentação, tanto dos povos

prédiluvianos como pósdiluvíanos, era eminentemente vegetariana. O argu-

mento de que Deus haveria autorizado N oé a consumir carne animal por não

haver vegetação sobre a Terra logo após o Dilúvio é um erro de interpretação

com base em Gênesis 9:34, que diz:

T u d o o q u e s e m o v e e v iv e s e rá p a ra v o s s o mantimento, ass im c o m o vo s dei 

as ervas ve rde s , tudo vo s dou agora . A ca rne, porém , co m a sua vida , is to é , 

c om seu sangue , não c om er e is .

Esse capítulo apresenta um aparente paradoxo. No seu início Deus parece

mostrar que "tudo o que se move e vive" pode ser usado como alimento, poucodepois afirma “a carne, porém, com a sua vida e o seu sangue", não deve ser

comida. Essa passagem da Bíblia sempre causou confusão. Afinal, Deus perm i-

te ou não que se coma carne? Na verdade, tratase de uma questão de inter-

pretação e, talvez, de um problema de tradução. A chave da resolução do

aparente paradoxo está na palavra “mantimento", que admite muitas formas

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aítemativas de entendimento, O term o não significa que "tudo o que se move

e vive pode ser usado como alimento", mas sim para a manutenção da vida, ou

seja, sem que haja necessidade de se matar um animal. Mostra que é possível

utilizar aquilo que esses seres vivos podem produzir para benefício do homem.

Aqui fica claro que, como “produto" proveniente de animais, temos o leite dos

vários mamíferos, os ovos, a lã, a seda, etc. Não fosse esse o entendimento, o

oaradoxo persistiría, sem resolução. Assim, aparece um amplo e confortante

sentido para o trecho "a carne, porém, com a sua vida, o seu sangue, não deve

ser comida". Isso parece permitir que animais mortos acidentalmente ou de

velhice possam ser comidos ou aproveitados.

Está claro, portanto, que não devemos matar os animais para comer a sua

carne. O trecho do mesmo capítulo “assim como vos dei as ervas verdes, tudo

vos dou agora" define a questão.

Mas entendem os que essa polêmica não deveria nos preocupar, uma vez

que já em Gênesis 1:2 8 ,3 1— trecho citado na epígrafe deste capítulo — , está

escrito: "Eis que vos dei as ervas que dão sementes sobre a terra e todas as

árvores que encerram em si sementes do seu gênero, para que vos sirvam de

alimento...” Isso mostra que a alimentação indicada por Deus é eminentemen-

te vegetariana.

Fàra ratificar esse posicionamento, o mesmo capítulo 9 do Livro de Gênesis

(9:5) contém uma citação mais grave e preocupante para quem come carne

animal: "Certam ente requererei o vosso sangue, o sangue das vossas vidas; de

todo animal o requererei, como também das mãos do homem, sim, das mãos

do irmão de cada um requererei a vida do homem."

"Animais são criaturas, não propriedade humana, nem utensílios, nem  

recursos ou bens, m as sim preciosos seres na visão de D eu s... Cristãos 

cujos oihos estão fixos no ho rro r da crucificação estão nu m a posição 

especial para com preen der o horror do sofrimento inocente. 

A vida de Cris to é a dem onstração da absoluta identificação de D eu s co m os  

fracos, os sem poder, e os vulneráveis, porém mais que tudo, com o  

sofrimento desprotegido, indefeso, inoce nte.”

Reverendo  Andrew  Linzey

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O exem plo de jesus a ser seguido é de amor e m isericórdia. Há outras

evidências de que tenha sido vegetariano. Por exemplo: no seu tempo, o

sacrifício animal era uma desculpa para os seres humanos comerem carne,

e Jesus se opunha a eles sem pre que podia. Por exem plo, ele expulsou dopátio do Templo pessoas que vendiam animais para serem sacrificados e

consumidos, Também instituiu o batismo no lugar dos sacrifícios animais,

afirmando que Deus "requer misericórdia, não sacrifício". A Ultima Ceia,

uma refeição evidentemente vegetariana, m arca nitidam ente o fim dos sa-

crifícios animais.

A forma desumana com que hoje são criados e abatidos os animais certa-

mente não é do agrado de Deus. O consumo desses seres, ainda que a ma-

neira como viveram ou morreram não seja vista, não pode ser um hábito

verdadeiramente cristão. Cada animal criado por Deus tem a capacidade de

sentir e de sofrer. Eles não cometeram crime algum para ser confinados em

gaiolas durante toda a sua vida miserável, para ser submetidos a atrocidades e

sofrimentos, a maioria descritos neste livro.

Quando se compra um frango, afguns bifes, presunto, salsicha ou morta-dela, estamos sendo no mínimo coniventes e, portanto, coautores anônimos

de todos esses crimes. Apenas se faz “vista grossa”. Cristãos que comem carne

parecem esquecer:

"Tudo aquilo que fizerdes a qualquer um desses pequeninos, a mim estareis

fazendo."

Não há nada de cristão ou de misericordioso em apoiar atividades que

confinam, torturam e matam as criaturas de Deus, sem maior motivo além dogosto que as pessoas adquiriram por carne.

O cristão verdadeiro, ao selecionar os seus alimentos, deve atender ao

chamado de Jesus pela misericórdia e compaixão com os animais. E evidente

que não há nada de compassivo no modo como eles são criados e vendidos

para servir de comida.

Finalizando este capítulo, mostramos o argumento final, que certamente

define a dieta adequada para o verdadeiro cristão: a vegetariana. Nos Dez

Mandamentos está escrito: “Não matarás.” Basta meditar sobre ele com ho-

nestidade. Acreditamos que esse importante aspecto das escrituras não se di-

rige apenas a seres humanos, mas a todos os seres vivos. Negálo, como o faz

a grande maioria dos cristãos, é negar um desígnio de Deus. Chegou a hora da

decisão para aqueles que ainda não o fizeram. Vamos tomála já? Chega de

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

procrastinar. Sabemos o que é certo e o tem os negligenciado, enganando-nos,

adiando uma decisão importante somente pelo prazer de saborear um naco

de um irmão menor, que precisou sofrer para nos satisfazer! Até quando? Não

é a gula também um dos pecados capitais? E, por cometê-la a cada refeição,

não temos sido cruéis? Não estaríamos agradando verdadeiramente a Deus

obedecendo as suas leis mais básicas?

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8. AJUDE A SALVAR E A MELHORAR 

O MUNDO

“Não temos consciência de como as nossas escolhas alimentares afetam o  

mund o. N ão en tendem os que em cada Big Mac existe um p edacinho de 

floresta tropical e qu e, a cada bilhão de ham búrgu eres vendido, ce rca de 

cem espécies são extintas. N ão com preend em os que, no frigir dos nossos 

bifes, está o sofrimento de animais, o empobrecimento do nosso solo, o  

devastar das nossas florestas, o desequilíbrio da n ossa econ om ia e o  

enfraquecimento da nossa saúde. N ão p ercebe m os que, n os bifes que 

saboream os, está o cho ro de centenas de m ilhões de seres que poderíam 

estar send o alimentados se não coméssem os essa carne. N ão vem os o 

ven eno se acum ulando na cadeia alimentar e nas nossas células, o  

envenen am ento das nossas crianças e d a nossa Terra, p or gerações

que ainda virão.”

JOHN R o b b in s , in Diet for a New America

0 impacto ambiental do consumo de animais

Há algumas décadas, quando nos sentávamos tranquilamente à mesa para

comer, tudo parecia cálido e algo cerimonioso. Para a maioria das famílias era

uma espécie de confraternização, muitas vezes quase religiosa. O alimento era

servido, geralmente um assado, ou um bife. Assistíamos ao exemplo pela TV

com as famílias norte-am ericanas.,.

Mas esse clima plácido, sem que percebéssemos, disfarçava uma situação

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da qual só tomaríamos consciência muito tempo depois, nos dias atuais: a con-

tribuição daquela refeição para a degradação ambiental, ampliando o risco de

ter um planeta intoxicado, doente, com a sua água potável comprometida, os

mares poluídos, o efeito estufa, o rombo na camada de ozônio e, pior ainda, a

possibilidade de não haver condições de vida (ou, pelo menos, uma boa qua-

lidade de vida biológica) para as futuras gerações.

Exagero? As carnes que comemos (e aqui a coincidência dos tempos do

verbo com er, no presente do indicativo e no pretérito perfeito, é bem fortui-

ta e adequada, pois o ato era realizado e continua a sêlo...) poderiam e po-

dem afetar o meio ambiente desse modo? Isoladamente não. Mas como

sabem os que todos os fenômenos da vida são sem pre multicausais, o ato decomer carne tem a sua parcela de participação. E não é pequena. Vejamos

por que, acompanhando informações da FAO (organismo da O N U para a

agricultura e a alimentação), do G reenpeace, do EarthSave e do grupo Friends

of Earth.

Antes, porém , é necessário entender que com er pouca carne, apenas um

bifinho eventualmente, ou um hambúrguer nos finais de semana, não minimiza

a nossa participação nesta questão. É uma grande ilusão pensar assim. Se al-

guém consome, alimenta a indústria. E por causa dos "bifinhos" o u " franguinhos”

ou da “costeletinha" de porco, quer sejam diários ou eventuais, que os animais

são criados e mortos e o meio ambiente é afetado, direta ou indiretamente.

Acontece! Apenas não enxergamos isso. Vejamos então:

Dados estarrecedores, mas reais

A produção de gado, sem contarmos com a de frangos e de porcos, é uma

ameaça primária ao meio ambiente global. Tratase de um dos principais fato-

res que contribuem para o desmatamento, a erosão do solo e consequente

(ou inconseqüente, depende do ponto de vista...) desertificação, a escassez

de água, a poluição dos rios, lençóis freáticos, mares e mananciais de águas, o

esgotamento dos combustíveis fósseis, o efeito estufa, a extinção de animais e

a perda da biodiversidade.

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Desmatamento

Quase a metade da massa de terra do globo é usada como pasto para gado e

outras criações. Cerca de 80% de todo o desmatamento e desaparecimento

de florestas, no planeta inteiro, devemse à pecuária. Em pastos muito férteis,

I O.OOOm2podem sustentar uma vaca por ano; em pastos de qualidade margi-

nal, são necessários 200.0000 m1, ou seja, vinte vezes mais.

Fazendas de gado são uma causa primária do desmatamento na América Lati-

na. Desde 1960, mais de um quarto de todas as florestas da Am érica Central

foram arrasadas para criar pastos. Quase 70% da terra desmatada no Panamáe na Costa Rica se transformaram em pasto.

Um só hambúrguer médio exportado pela América Latina requer o desma-

tamento de aproximadam ente 6 metros de floresta tropical e a destruição de

75 kg de m atéria viva, incluindo 20 a 30 diferentes espécies vegetais, 100

espécies de insetos e dúzias de espécies de aves, mamíferos, e répteis.

Nos anos 60, com ajuda de empréstimos do Banco Mundial e do Inter American

Development Bank, muitos governos da Am érica Central e do Sul começaram

a converter m ilhões de hectares de floresta amazônica e terras rurais em pas-

tos destinados a abastecer o mercado internacional de carne. Entre 19 7 1e 1977,

mais de US$ 3,5 bilhões em empréstimos e assistência técnica foram para a

América Latina para a criação de gado.

Na Costa Rica, interesses pecuaristas desmaiaram 80% das florestas tropicais

em apenas 20 anos, transformando a metade da terra arável em pastos. Hoje

em dia, apenas 2.000 famílias de fazendeiros poderosos possuem mais da

metade da terra produtiva do país, com 2 m ilhões de cabeças de gado pastan-

do. A maior parte da carne é exportada para os Estados Unidos.

No Brasil, 4,5% dos proprietários de terras possuem 8 1% das terras de fazen-

da, enquanto 70% das famílias rurais são “sem terra". Entre 1966 e 1983, qua-

se 65.000 krrríde floresta amazônica foram desmatados em nome de interesses

com erciais. O governo brasileiro estima que 38% de toda a floresta tropical

destruída durante este período pode ser atribuído ao desenvolvimento pecuarista

de grande escala, que beneficia apenas alguns poucos fazendeiros ricos.

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Se não reduzirmos em pelo menos 20% o consumo de carne bovina no

Brasil, até 2020 não terem os mais Mata Atlântica.

Erosão do solo e desertificação

O gado degrada o solo ao tirar a vegetação e compactar a terra . Cada animal

que pasta num campo aberto come cerca de 400 kg de vegetação a cada mês.

Seus poderosos cascos pisoteiam as plantas e comprimem o solo com um

impacto de, aproximadamente, 7 kg por centímetro quadrado.

Escassez de água

Produzir cerca de I kg de proteína de carne muitas vezes requer até 24 vezes

mais água que a produção de uma quantidade equivalente de proteína vegetal.

Só para produzir uma porção de proteína de ave são necessárias 100 vezesmais água do que seria exigido para a mesma porção de proteína vegetal, da

soja.

As reservas norteamericanas de água doce baixaram muito como resulta-

do do uso excessivo de água para o gado e outras criações. A falta d'água nos

Estados Unidos, especialmente no O este, chegou a níveis críticos. A demanda

atualmente excede o reabastecimento em 25% . O grande aqüífero de Ogallala,

uma das maiores reservas de água doce do mundo, já se encontra semiexau

rido no Kansas, Texas e N ovo M éxico. Na Califórnia, onde 42% da água de

irrigação são usados para ração ou produção das criações, os níveis freáticos

baixaram tanto que, em algumas áreas, a terra está afundando sob o vácuo.

Alguns reservatórios americanos e aqüíferos estão em seus mais baixos níveis

desde a última Era Gladal.

Esgotamento dos combustíveis fósseis

Atualmente são necessários 3 ,7 litros de gasolina para produzir 450 gramas de

carne alimentada com grãos nos Estados Unidos. O consumo anual de carne

de uma família americana comum com quatro pessoas requer mais de 962 li

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ALIMENTAÇAO PARA UM NOVO MUNDO

tros de combustível e libera 2 ,5 toneladas de C 0 2 para a atmosfera, o mesmo

que um carro comum emite num período de seis meses.

Fezes e contaminação do meio ambiente

O alto nível de contaminação produzido pelas fezes de animais preocupa as

autoridades sanitárias de todo o mundo. As fezes bovinas provocam a morte

de peixes e o surgimento de doenças. Nos Estados Unidos, o volume de fezes

animais é 130 vezes superior ao de excrementos humanos. Uma fazenda de

suínos no estado de Utah, por exemplo, produz mais dejetos do que a cidade

de Los Angeles. Com a proliferação dessas superfazendas em áreas populosas,

o lixo produzido está contaminando a água potável. Sabemos que as fezes de

frangos são excelentes adubos, mas infelizmente não pode ser mais considera-

dos assim. A grande quantidade de antibióticos e metais pesados presentes nas

fezes dos animais criados industrialmente inviabiliza essa possibilidade. Tanto

assim que os excrementos oriundos de granjas nos Estados Unidos represen-tam agora um sério problema ambiental, pois são milhões de toneladas diárias,

produzidas por bilhões de frangos; um material que não pode ser despejado

em qualquer lugar, nem podem ser reciclado. Só no estado do Arkansas, por

exemplo, são produzidas a cada dia cerca de 125 toneladas de fezes de fran-

gos, que não podem ser recicladas. Aterros sanitários estão sendo usados para

isso, mas denúncias de ecologistas e fazendeiros sobre a contaminação da água

dos lençóis freáticos estão gerando pesadelos para as autoridades.Em algumas fazendas do Texas, os criadores lançam os excrementos de fran-

gos em rios, o que tem provocado a contaminação de mananciais. Isso não ape-

nas enche de coliformes fecais a água a ser consumida por cerca de 300 mil

pessoas, como reduz a presença de trutas e de outros animais nesses rios.

Efeito estufa

O gado emite metano, outro gás causador do efeito estufa, via arrotos e flatulência.

Cientistas estimam que mais de 500 milhões de toneladas de metano são libera-

das a cada ano e que 1,3 bilhão de cabeças de gado, e outras criações ruminan-

tes do mundo, emitem aproximadamente 60 milhões de toneladas — 12% do

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total de todas as fontes. Tratase de um sério problema porque uma molécula de

metano retém 25 vezes mais calor solar que uma molécula de C 0 2.

0 consumo de carne e os ecoiogistas

Diante dos fatos apresentados, fica claro que uma das atitudes ecológicas mais

importantes é não comer carne.  Portanto, é completamente incoerente um

ecologista, militante ou não, ingerir qualquer tipo de carne animal. Muitos

ambientalistas não sabem que o consumo desse tipo de alimento é danoso para

o meio ambiente. Mas o preocupante é que muitos, ao receberem essa infor-

mação, continuam comendo carne. É preciso estarmos completamente cons-

cientes da maneira como os nossos atos, escolhas e hábitos afetam o nosso

ambiente, principalmente na questão da alimentação.

0 consumo de carne e a fome no mundo

Uma dieta vegetariana, além de favorecer a saúde e contribuir para a preserva-

ção ambiental, é uma opção que tem por base a consciência relativa a aspectos

socioeconômicos, Optar por uma alimentação vegetariana contribui, de alguma

forma, para reduzir a intolerável situação da fome no mundo. Vejamos como:

Segundo a FAO (Organização para a Alimentação e Agricultura) a produção

de carne causa fome e pobreza humana ao desviar grãos e terras férteis parasustentar gado em vez de pessoas. N os países em desenvolvimento, ela perpe-

tua e intensifica a pobreza e a injustiça, particularmente se a ração do gado ou das

aves é produzida para exportação. Se conservássemos a produção de cereais e

a distribuíssemos aos pobres e subnutridos, em vez de dála ao gado, poderia-

mos facilmente alimentar quase toda a população subnutrida do mundo.

 Alguns dados estarrecedores sobre a fome no mundo

A fome crônica e as doenças relacionadas a ela afetam mais que 1,3 bilhão de

pessoas, segundo a Organização Mundial da Saúde. Nunca antes na história da

humanidade tão grande percentual de nossa espécie— mais que 3 0 % — esteve

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

subnutrido. Na África, quase uma entre três pessoas se encontra nesse estado.

Na América Latina, quase uma entre cada sete pessoas dertase com fome todas as

roites. N a Ásia e no Pacífico, 27% das pessoas vivem à beira da morte por

inanição. No O riente Próximo, uma em nove está subnutrida.Afom e mundial é um problema tão grande que quase um quarto da popu-

lação mundial não dispõe de comida suficiente. Estimase que entre 40 a 60

milhões de pessoas morrem de fome e de doenças ligadas a ela a cada ano.

A subnutrição afeta quase 40 % de todas crianças nas nações em desen-

volvimento e contribui diretamente para uma estimativa de 60% de todas as

mortes infantis, segundo a U .S . Agency for International D evelopm ent. Mais

de 15 milhões de crianças m orrem a cada ano de doenças resultantes da

subnutrição.

4s causas da fome: a injustiça social e o consumo de carne

Poderiamos viver num mundo completamente sem fome ou desnutrição seos seus habitantes fossem mais conscientes em relação aos seus hábitos ali-

mentares, ou, pelo menos, tivessem informações acertadas sobre as razões

do sofrimento de milnões de pessoas. Se soubéssemos, por exem plo, que cerca

de 100 gramas da comida que deixamos no prato, que geralmente vão para o

lixo, poderiam alimentar três crianças nas áreas mais pobres do planeta, talvez

agíssemos diferente. Melhor ainda seria se entendéssemos que, ao com er 50

gramas de carne numa refeição — e não se trata do resto nem da sobra — ,estamos contribuindo para que cinco crianças passem fome em algum lugar do

mundo! Todos precisamos saber que uma criança morre de fome a cada 2

segundos neste planeta. Existem ainda outras informações igualmente estar

recedoras sobre o consumo de carne, todas invariavelmente associadas à ques-

tão da injustiça social:

Um quarto da população mundial usa de 80 a 86% dos recursos não

renováveis e consome 34 a 53 % dos alimentos. Cada homem, mulher ou

criança, só nos Estados Unidos, consome cerca de ! 00 kg de carne anualmen-

te, enquanto na índia o consumo anual é inferior a 2 kg por pessoa. Há vinte

anos, o americano comia em média 23 kg por ano; o consumo atual, só de

carne de gado, é de cerca de 58 kg.

Jean Mayer, um nutricionista de Harvard, calcula que, reduzindose

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em 10% a produção de carne, teríam os cereal suficiente para alim entar

60 m ilhões de pessoas; se a redução fosse de 50% , havería alim ento para

todos.

Se toda a soja produzida no mundo fosse direcionada para consumo hu-mano, em vez de animal, cerca de 1,3 bilhão de pessoas poderia ser alimenta-

do . Isso pode ser melhor dimensionado ao pensarmos que 95% de toda a

aveia, 80% de todo o milho e 90% de toda a proteína vegetal produzidos nos

Estados Unidos são destinados ao consumo animal. A verdade trágica e alar-

mante é que algo entre 80 e 90% de todos os cereais americanos são usados

para alimentar animais de corte.

Um núm ero crescente de cientistas e economistas defende a dieta vegeta-

riana com o solução para os grandes problemas alimentares do nosso planeta.

A carne é o alimento mais antieconômico e ineficiente que comemos. O

custo de meio quilo de proteína de carne é vinte vezes mais alto que o de pro-

teína vegetal, igualmente nutritiva. Das proteínas e calorias fornecidas aos ani-

mais, apenas 10% são recuperados na carne ingerida, o que significa um

desperdício de 90%.Vastas extensões de terra são usadas para a criação de animais de corte.

Estas terras poderiam ser muito mais produtivas se fossem utilizadas para o

plantio de cereais, feijões e legumes, para consumo direto do homem. Por

exemplo: um hectare de terra usado para criar gado fornece apenas um quilo

de proteína; no entanto, essa mesma área, usada para o plantio de soja, pro-

duziría 17 kg de proteína!

A produção de carne precisa de uma área 17 vezes m aior do que a neces-

sária para a plantação de soja. A seguinte tabela é reveladora:

Produção relativa de proteínas por hectare

Soja   356

A rroz 260

Milho   211

Trigo 138

C ar ne (gera!)   45

Ca rne bovina   20

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

 A pecuária da (dá) fome

A demanda por carne entre as populações mais abastadas exige precedência

sobre a necessidade de produção de grãos e legumes para as populações

pobres, principalmente nos países em desenvolvimento. Em nom e do lucro,

proprietários de terras tendem a optar pela criação de animais para o abate

em vez de cultivar vegetais. Isso pode ser facilmente verificado nos países em

desenvolvimento onde, mesmo nas áreas agrícolas, há uma grande produ-

ção de grãos e forragem para consumo animal, que geram lucros bem maisrapidamente, em detrimento da produção de vegetais para consumo huma-

no. O s criadores de gado, principalmente exportadores, aparecem com o cli-

entes em potencial e toda a política de exportação desses países, visando à

geração de divisas, acaba por incentivar indiretamente essa opção dos agri-

cultores.

A produção de vegetais para uso animal também ocorre em grandes paí-

ses. Dois terços dos grãos exportados pelos Estados Unidos destinamse à ali-mentação animal e servem apenas aos produtores que podem arcar com os

custos da criação. Criar gado, tanto de corte (abate) quanto de leite, não é a

maneira mais eficiente de se utilizar os recursos alimentares, pois requer uma

enorme quantidade de energia para produzir poucos alimentos utilizáveis —

exatamente o oposto da produção de vegetais.

Nos países em desenvolvimento, quanto mais se produz ração, menos

terra têm os lavradores para plantar sua própria comida, o que reduz o alimen-

to disponível. Como resultado, os preços sobem, e o impacto é mais sentido

pelos pobres. No Brasil, por exemplo, o feijãopreto, um dos pratos básicos

das populações mais carentes (sua principal fonte de ferro), está ficando mais

caro, pois muitos fazendeiros optaram pelo plantio de soja de olho no merca-

do internacional de rações. Além do mais, nos países em desenvolvimento, os

habitantes menos favorecidos não recebem benefícios sociais da pecuária. Aprodução moderna de came é um investimento intensivo que utiliza pouca mão

deobra, A usual fazenda pecuarista de floresta tropical emprega uma pessoa a

cada 2 mil cabeças de gado — uma pessoa por aproximadamente 20.000 km2.

A agricultura, por sua vez, pode muitas vezes sustentar 80 pessoas por quilô-

metro quadrado.

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MÁRCIO BONTEMPO

Consumir peixe e fru tos do mar pode ser antiecológico

O s pescados e frutos do m ar sempre representaram uma importante fonte de

nutrientes, e a pesca sem pre foi uma atividade de subsistência, O sabor sofisti-

cado dos frutos do mar tem atraído gastrônomos e gourmets do mundo intei-

ro, o que está sendo considerado uma ameaça à vida marinha.

Segundo um infonme da O N U , 17 das maiores áreas de pesca do mundo

estão esgotadas ou próximas do limite da sua capacidade natural. De acordo

com a União para a Conservação da Natureza, existem no mundo 1.0 8 1 pes-

queiros ameaçados de esgotamento. No Oceano Pacífico 106 regiões de pes3   de salmão estão atualmente extintas e uma dúzia seriamente ameaçada.

Duzentas áreas de pesca se encontram seriamente poluídas no planeta.

Dos 13 milhões de pescadores no mundo, 12 usam técnicas tradicionais

para capturar anualmente cerca da metade de todo o peixe pescado no mun-

do. Mas aproximadamente um milhão deles, lotados em 37 mil barcos, utili-

zam alta tecnologia de pesca industrial. Sonares e radares de grande precisão,

aviões localizadores de cardumes e redes eletrônicas imensas (algumas gran-des o bastante para conter até doze Jumbos 747), estão ajudando a extínguir

diversas espécies ou a reduzir dramaticamente a sua quantidade, ameaçando a

vida marinha. Com essa tecnologia agressiva e interferente, capturam a outra

metade dos peixes pescados anualmente em todo o planeta! Foram estes pes-

cadores tão bem aparelhados que quase fizeram as baleias desaparecerem. E

o teriam feito, não fossem as campanhas internacionais a favor delas. Aliás, ca-

çar baleias é um dos crimes mais hediondos que podemos com eter, uma vez

que são seres extremamente dóceis, sensíveis, inteligentes e inofensivos.

Segundo Tim Weiner, repórter do New York Times,  existem pelo menos

12 mil barcos irregulares que, com a ajuda de redes finas, praticam a pesca

predatória no golfo da Califórnia.

Tratase de um problema mundial, que não está permitindo que a vida

marinha se renove. Em 1989 , foram pescados 86 milhões de toneladas de

peixes, um núm ero quatro vezes maior que todo o produto da pesca ao lon-

go de 50 anos. Muitos pesqueiros e empresas de porte já entraram em colap-

so, mas diversos países, inclusive os Estados Unidos, o Japão, a China e o

México, continuam subsidiando grandes frotas comerciais para mantêlas em

atividade. E são eles a maior ameaça à vida marinha, Não estão preocupadas

com a alimentação dos povos, mas com o lucro,

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

As reservas biológicas e a biodiversidade marinha estão igualmente com-

prometidas por causa da pesca predatória e ilegal, praticada não som ente por

aqueles que utilizam alta tecnologia, mas também pelos pequenos pescadores,que pescam artesanalmente em colônias, empresas, grupos de barcos de pes-

ca, etc. Sem consciência quanto ao futuro da sua própria atividade, eles têm

sido responsáveis pela redução do pescado em todos os mares. O pior é que

tudo tende a piorar se não interromperem práticas predatórias como o uso de

redes de malha fina (que capturam animais pequenos, não aproveitados), a

utilização de explosivos, a pesca de parelha (dois barcos puxando juntos uma

rede), as armadilhas que capturam indiscriminadamente animais pequenos eovados, a pesca praticada fora da temporada permitida por lei (lagostas, atum,

sardinha, etc.).

Muitas espécies marinhas estão ameaçadas. Diversos tipos de peixes, siris

e lagostas, bem como arraias, cavalosmarinhos, tartarugas e polvos, estão se

tornando cada vez mais raros. A invasão dos manguezaís — pela especulação

imobiliária ou para a captura descontrolada de caranguejos — é algo extrem a-

mente perigoso para o meio ambiente e para a vida m arinha.

Apesar das campanhas contrárias à pesca ilegal e antiecológica, pescadores

continuam a praticála, seja por questões de sobrevivência ou para manter os

lucros.

É possível participar de movimentos e boicotes a favor dos seres marinhos

e contra os grandes trustes da pesca.

Um deles foi movido pelo grupo Greenpeace contra as empresas que enla-

tam e comercializam atum nos Estados Unidos. As redes usadas pelos pescado-

res costumavam capturar também golfinhos, que se alimentam de atum. Com o

não servem de alimento e competem com os pescadores, acabavam sendo

mortos — às vezes com requintes de crueldade — com marteladas, estocadas,

por asfixia, etc. O Greenpeace conseguiu sensibilizar os consumidores, conven-

cendoos a não comprar o produto das empresas que adquiriam atum dos pes-

cadores que capturavam golfinhos. O resultado foi surpreendente, graças àresposta dos consumidores, que seguiram as orientações dos ecologistas. No

Brasil, infelizmente, nem ficamos sabendo disso... Nas nunca é tarde. Hoje é

proibido capturar golfinhos, e os atunzeiros que desrespeitaram a lei estão sujei-

tos a multas, suspensão da atividade e até prisão.

Um a dieta vegetariana não inclui peixe, como alguns erroneam ente acre-

ditam, contudo, para quem quiser continuara consumilo ou para quem pne

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MÁRCIO BONTEMPO

tende substituir a carne verm elha ou das aves por peixes (o que é muitas vezes

mais saudável, ético e humano), convém saber que, como consumidores, de-

vemos evitar os pescados capturados por meio da pesca predatória, ou, pelo

menos, conhecer os períodos do ano em que a pesca de certos animais é proi-

bida por lei.

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9. COMO OBTER OS NUTRIENTES 

NECESSÁRIOS

“É bom comer um alimento sem se preocupar com o que

possa ter causado a sua morte."

D r . j. Ke luog

Como muitos conceitos dietéticos estão mudando, estamos presenciando o

despencar dos principais tabus do universo da alimentação. Atendência atual é

mais para uma abordagem qualitativa, em oposição à quantitativa, que caracte-

riza o prisma pelo qual a nutrição acadêmica analítica compreende a questão

alimentar.

Conforme estudos recentes, alimentos como o leite e seus derivados, a

carne animal e os ovos de granja produzem mais danos que benefícios, mes-

mo levando em conta a carência quantitativa sofrida pelas populações mais

pobres. A O N U tem desenvolvido programas visando à implantação de siste-

mas alimentares ricos, que forneçam quantidades suficientes de nutrientes e

um mínimo de toxinas ou de agentes poluentes (agrotóxicos, aditivos, antibió-

ticos, corantes artificiais, etc.).

A preocupação em obter da dieta os nutrientes necessários para a manu-

tenção da vida faz com que se consumam exageradamente alimentos que não

são tão ricos quanto se pensa. Hoje, nutrientes como o cálcio e o ferro e as

vitaminas essenciais merecem outros estudos interessantes como aquele que

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MÁRCIO BONTEMPO

fontes básicas de nutrientes e minerais: primária, secundária e terciária. A pri-

mária pertence ao reino vegetal, base de toda a cadeia alimentar, que sustenta

a vida na Terra; a secundária diz respeito ao organismo animal, que absorvenutrientes da fonte primária; a terciária é o laboratório que sintetiza vitaminas e

demais compostos. Obviamente, a fonte mais saudável é a primária, que for-

nece elementos facilmente absorvíveis e eíaboráveis pelo organismo humano

ou animal. Desse modo, o cálcio (dos vegetais, grãos de cereais e raízes), o

ferro (das leguminosas, brotos, frutas e legumes) e as vitaminas (dos cereais,

etc.) são murto bem aceitos pelo organismo, devido à sua harmonia atômica

estrutural em tropismo especial com o metabolismo do homem. Os mesmos

nutrientes obtidos de fonte secundária — como o cálcio dos laticínios, o ferro

do fígado, as vitaminas dos ovos; os aminoácidos da carne, etc. — não são bem

metabolizados pelo homem, pois já foram trabalhados por um outro organis-

mo. Absorvidos apenas pardalmente, criam condições anômalas, que a ciência

ainda não conhece total mente.

Existem muitos pontos obscuros, contradições e dúvidas ligadas à questão

alimentar que perturbam a compreensão e a prática de uma dieta adequada.

Entendemos que tudo pode se r solucionado se buscarmos individualizar a

dieta e evitarmos os padrões rígidos. Pára isso é preciso desenvolver minucio-

samente a autoobservação e o autoconhecimento. A partir de então o obser-

vador atento poderá conhecer mais sobre as leis universais que governam a

vida.

Vitaminas

Vitaminas são compostos orgânicos que foram descobertos em função da ob-

servação de certas anomalias que desapareciam com a ingestão de alimentos

de grupos específicos. Tal foi o caso do beribéri e do escorbuto, doenças que

são facilmente curadas com a ingestão de farelo de cereais integrais (vitaminas

do complexo B) e de frutas cítricas (vitamina C ), respectivamente. O fato deu

origem ao estudo de outros elementos nutricionais presentes nos alimentos,

surgindo assim a classificação atual das vitaminas.

As vitaminas são acessórios alimentares, sem os quais a vida é impossível.

A carência de uma ou mais vitaminas produz sérias alterações no organismo.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

Diferentemente dos demais nutrientes, como as proteínas, os carboidratos e

as gorduras, elas não entram na estrutura dos tecidos orgânicos e não sofrem

degradação para produzir energia.Hoje são conhecidas cerca de doze vitaminas e sua classificação é baseada

na sua solubilidade: as vitaminas do complexo B ( B I , B2 , B3, B6 e B I2 ) e a

vitamina C são solúveis na água (hidrossolúveis), enquanto as vitaminas A , D , E

e K são solúveis em gorduras (lipossolúveis).

Distribuídas nos vários alimentos, elas geralmente se apresentam sob a forma

de protovitaminas, ou formas quimicamente predecessoras, as vitaminas pri-

márias, que se transformam na vitamina propriamente dita dentro do organis

| mo. Por esta razão, a não ser em casos de carência extrem a e de hipovrtaminose

bem definida, apenas as fontes naturais de vitaminas são recomendáveis, uma

vez que este procedimento obedece às leis da natureza.

Atualmente são conhecidas diversas carências vitamínicas, além daquelas clás-

sicas. Sabese, por exemplo, que existem carências absolutas (beribéri, escorbuto,

raquitismo, xeroftalmia), facilmente detectáveis, e a$ relativas, de difícil detecção.Estas últimas são determinadas pela constante falta de pequenas quantidades de

vitaminas na dieta, como acontece nos regimes não balanceados, tnfelizmente os

resultados das carências relativas acontecem dentro da esfera nervosa e psíquica,

determinando sensações e sintomas dos mais variados, como cansaço mental,

irritabilidade, falta ou redução da memória, insatisfação existencial, diminuição do

poder de vontade, distonias neurovegetativas (como a síndrome prémenstrual,

por exem plo), predisposição à síndrome do pânico (carência relativa da nicotina

mida ou vitamina B6) e muitas outras — todas bem semelhantes àquelas produ-

zidas pela carência mineral de certos oligoelementos (zinco, selênio, cobre, etc,)

ligados à estafa mental e ao estresse crônico. Na prática, é possível verificar que

estes estados são muito comuns entre aqueles que adotam dietas e regimes sem

orientação profissional gabaritada.

A maior parte das dietas para emagrecer carece de um ou mais importan-tes elementos da nutrição, que são as vitaminas. Comumente podese verifi-

car a falta relativa de uma ou mais dessas vitaminas nos regimes pobres em

calorias. Preocupadas em emagrecer, as pessoas (geralmente orientadas por

profissionais) adotam regimes que sofrem de carência vitamínica.

A moderna ciência da nutrição ensina que é prejudicial ao organismo a falta

de uma ou mais vitaminas durante muito tempo, mesmo em pequenas quan-

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MÁRCIO BQNTEMPO

tidades, sendo fundamenta! a manutenção das necessidades diárias de todas as

vitaminas, sempre que se fizer uma refeição.

Como sabemos, a melhor maneira de obter vitaminas é através dos

alimentos vegetais, que representam a fonte primária destes nutrientes, ge-

ralmente no seu estado de prévitaminas. Aquelas provenientes do reino

anima! representam as chamadas fontes secundárias, enquanto as sintéticas

são fontes terciárias, de onde os nutrientes são obtidos apenas no estado

bioquímico de vitaminas prontas, e não em form a de protovitam inas. O

resultado do uso constante desse tipo de vitamina, principalmente as de

fonte terciária, é a dependência do organismo de estruturas vitamínicas que

não necessitam ser trabalhadas, gerando acomodação funcional e redução

da capacidade do corpo em “gerenciar" o seu m etabolismo e cobrir as suas

necessidades fundamentais.

As protovitaminas exigem do organismo uma atuação ativa. Suas estrutu-

ras são bem assimiladas, uma vez que perfeítamente identificadas e conduzidas

para as suas funções bioquímicas de modo extremamente adequado. Quando

são ingeridas prontas, o organismo vai gradativamente aceitando uma "atua-ção passiva". Aos poucos, os nutrientes de origem primária deixam de se r bem

assimilados, ocorrendo diversos tipos de carências relativas, O organismo en-

tra em deficiência subclínica quando lhe faftam as vitaminas de fontes secundá-

ria ou terciária, às quais se acostumou. Fermentações digestivas, dificuldades

enzimáticas, má assimilação, distúrbios bioquímicos setoriais, "sequestro" de

oligoelementos (zinco, cobre, etc.), aumento dos níveis de radicais livres

circulantes, incremento das oxidações intracelulares, alterações dos mecanis-mos de compensação, mudanças obscuras do metabolismo intermediário e

outros fenômenos de difícil compreensão passam a ocorrer com frequência

progressiva,

Se a obesidade, assim como todos os dem ais distúrbios da saúde, é pro-

duzida por um desequilíbrio essencial, temos aqui uma das suas causas. O

restabelecimento da normalidade m etabólica, um dos p ilares da nova m e-

dicina, é a via correta para a eliminação da maior parte das mazelas que

acom etem o ser humano. Portanto, aconselhase a adoção de dietas bem

balanceadas, compostas de produtos vegetais que forneçam vitaminas pri-

márias. Hoje em dia, sabese que é perfeitarmente possível obter todas as

vitaminas necessárias do reino vegetal, inclusive a vitamina B12, presente

em alimentos com o os brotos (de feijão, alfafa, nabo, lentilhas, e tc .), o queijo

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

de soja, o m/sso e outros. Conforme já foi apontado, existe também a ca-

pacidade de trasmutação biológica do organismo, cuja função é a de pro-

duzir qualquer nutriente primário a partir de outros com postos mais simpies.

É este fenômeno que explica o fato de animais totalmente herbívoros não

apresentarem carências protéicas, de esquimós não apresentarem escorbuto

(embora nunca comam frutas ou alimentos que contenham vitamina C ), de

animais carnívoros não apresentarem beribéri (em bora jam ais comam ce -

reais ou alimentos que contenham quantidades suficientes de vitaminas do

complexo B , tais com o a B I , B2 e B 6). Quando o se r está bem adaptado à

natureza, tudo redunda num equilíbrio perfeito. Quando um indivíduo in-gere nutrientes não adequados à sua natureza surgem os distúrbios. A

transmutação biológica é um fenômeno que compensa carências apenas

quando se pratica uma dieta fundamentada na ordem natural e se ingerem

alimentos ricos em energia vital estrutural. Carne animal e vitaminas sinté-

ticas são inadequadas à ordem biológica humana e têm o efeito de inibir —

e , às vezes, destruir — a capacidade de “autogerenciamento e autosus

tentação" do organismo, em que o mecanismo de trasmutação biológica

representa a mola mestra.

Devido à sua natureza química, as vitaminas sintéticas podem gerar da-

nos de difícil detecção aos sistemas orgânicos mais sutis. Um deles é a de-

pendência progressiva da supíementação vitamínica artificial devido à redução

da capacidade de transmutação e autoregulação do organismo. O utro efeito

é a conhecida “hipovitaminose pósvitamínica”, um estado de carênciavitamínica que se instala após longos períodos de ingestão dessas substân-

cias.

A ingestão de vitaminas sintéticas é contraindicada na obesidade ou nos

tratamentos de redução e manutenção do peso corporal, já que, quando usa-

das em grandes quantidades, abrem o apetite.

Vitamina B12

Também chamada de cianocobalamina, devido à presença em sua molécula de

um grupo ciânico ligado ao cobalto, a BI2 pertence às vitaminas do complexo

B. Suas funções biológicas estão relacionadas à síntese de ácidos nucléicos, à

transferência de grupos metilas lábeis das reações de transmetilação, à forma

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MÁRCIO BONTEMPO

ção de mielina no sistema nervoso e à participação no metabolismo de lipídios

e carboid ratos.

Suas fontes alimentares mais ricas são os extratos de fígado, mas ela tam-

bém pode ser obtida do reino vegetal através das algas clorela e Blue Green, e

da espiruüna de processos complexos de síntese orgânica e da fermentação

alcalina da soja e seus derivados.

As doses recomendadas para adultos variam entre 25 a 300 mcg diárias.

Proteínas e aminoãcidos

Am inoácido é o nome genérico dos com postos químicos que constituem os

elementos essenciais das proteínas. São fundamentais para a matéria viva e

indispensáveis à alimentação. Todas as proteínas são formadas poraminoácidos

ligados entre si por cadeias peptídicas. São conhecidos atualmente 22 ami

noácidos principais, divididos em 10 essenciais e 12 nãoessenciais. A bioquí-

mica moderna entende que os primeiros (essenciais) não podem ser sintetizadospelo organismo humano, que, no entanto, é capaz de sintetizar os não es-

senciais. Recentemente, no entanto, observouse que o organismo pode sin-

tetizar até mesmo os essenciais através de atividades hepáticas especiais.

Norm almente, através do fígado, que produz 80% dos aminoácidos neces-

sários.

O s aminoácidos conhecidos até hoje são, por ordem alfabética: ácido

aspártico, ácido glutâmico, alanina, arginina, cisteína, cistina, diiodotirosina,

fenilalanina, glicína, hidroxílisina, hidroxiprolina, histidina, isoleucina, leucina,

metionina, prolina, serina, tireonina, tireoxina, tirosina, triptofano e valina.

São assim considerados os aminoácidos não sintetizados pelo organismo

em situações comuns, que devem ser obtidos do meio exterior por meio da

alimentação ou da suplementação. O s essenciais são 10: ácido glutâmico, alanina,

arginina, fenilalanina, histidina, isoleucina, leucina, metionina, triptofano e valina.As combinações dos aminoácidos conhecidos formam mais de 50 mil tipos

de proteínas classificadas, além de mais de 20 mil tipos de enzimas. Fhra uma

proteína se r considerada de boa qualidade ela deve conter a maior quantidade

possível de aminioácidos essenciais, embora cada proteína tenha um aminoácido

predominante.

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A L IMENTAÇAO PARA UM NOVO MUNDO

Entre numerosas outras funções, os aminoácidos permitem que as vita-

minas e os minerais possam ser aproveitados e que atuem adequadamente

nos sistemas bioquímicos, principalmente no metabolismo. A carência de

qualquer um deles pode prejudicar a absorção de nutrientes, incluindo ou-

tros aminoácidos.

Hoje, tratamentos com suplementação de aminoácidos têmse mostrado

eficazes em numerosas doenças, principalmente aqueles relacionadas com a

estrutura muscular e o metabolismo cerebral.

As fontes alimentares mais comuns de aminoácidos são: proteínas presen-

tes na carne animal, levedura, leite bovino ou caprino, ovos; ou proteínas ve-

getais (sendo as da soja, do arroz e do trigo as mais com uns), O s grãos de

cereais integrais são mais ricos em tríptofano (película), lisina e ácido glutâmico

(glúten). O arroz integral é ígualmente rico em treonina. As frutas oleaginosas

possuem lisina e m etionina. O s legumes em geral contêm m etionina e

triptofano, A soja é particularmente rica em diversos aminoácidos, mas princi-

palmente em metionina.

Hoje é comprovadamente possível obter todos os aminoácidos de fon-

tes vegetais. A carne bovina é uma fonte atualmente em questão. Embora

ela forneça a m aior parte dos am inoácidos, se a ingestão diária for sup erior a

um grama por quilo de peso, ocorre uma elevação prejudicial do metabolis-

mo nftrogenado, proporcional à quantidade de carne ingerida. Combinan

dose vários vegetais, alguns laticínios e ovos, podese obter todos os

aminoácidos necessários para a nutrição humana, e em quantidades exigidaspara a manutenção de todas as funções corporais, sem o inconveniente da

elevação dos resíduos nitrogenados.

Dietas hiperprotéicas à base de came animal estão relacionadas atualmen-

te a diversas enfermidades, como o câncer, as doenças cardiovasculares e reu-

máticas, o envelhecimento precoce e a elevação dos radicais livres, capazes de

provocar processos degenerativos em geral.

Recentemente comprovouse que a proteína bovina e suína, quando ex-

posta a temperaturas superiores a 90 graus por mais de 10 m inutos, sofre uma

redução da quantidade de proteínas úteis e elevação dos níveis de lipoproteínas

associadas a ácidos graxos saturados e polissaturados.

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MÁRCIO BONTEMPO

Minerais e microminerais mais importantes

Cálcio

O cá ício é um m ineral importante por se r constituinte do tecido ósseo. Me

tabolicamente ele participa de muitos processos fisiológicos, tais como a

transmissão nervosa, a contração muscular, a coagulação sanguínea, a

permeabilidade das membranas, as reações imunes e de fixação do com

plem ento, afagocitose, a secreção e ação de algumas enzimas e horm ônios.Contratura e relaxamento muscular, controle de pressão arterial, assim como

mediação na transmissão nervosa, são outras funções importantes do

cálcio.

Há uma relação direta entre as proporções dos níveis de cálcio, magnésio

e fósforo, que é de 2 para I e de I para 3, respectivamente. Ou seja, há duas

vezes mais cálcio do que magnésio e três vezes mais fósforo do que cálcio.

Embora a dose diária de cálcio recomendada nos Estados Unidos para um adulto

médio seja de aproximadam ente 1,000 mg, estimase uma ingestão média de

743 mg por dia (530 mg para pessoas entre 35 e 50 anos). Em 1987 uma pes-

quisa realizada nos Estados Unidos mostrou que nenhum grupo de mulheres

em qualquer faixa etária atingiu o patamar do RDA (média de 5 0 1mg). D uran-

te a gravidez e lactação as necessidades diárias aumentam cerca de 400 mg

(total de 1.200 a 1.400 mg/dia).

Ferro

O ferro é um mineral essencial para a função das células sanguíneas, É um com-

ponente necessário da hemoglobina, uma proteína conjugada, composta de

quatro grupos heme, ligados a quatro cadeias polipeptídicas, que constituem aporção globina. O heme é responsável pela coloração característica e pela ca-

pacidade do sangue de transportar o oxigênio, A hemoglobina ligase ao oxigê-

nio nos capilares pulmonares para formar a oxiemoglobina, que percorre a

corrente sanguínea em direção aos tecidos, onde o oxigênio é liberado para

tom ar parte dos processos oxidativos.

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ALIMENTAÇAO PARA UM NOVO MUNDO

O ferro é armazenado sob a forma de dois complexos ferroprotéicos; a

ferritina e a hemossiderina. A forma mais concentrada de ferro é a hemos

siderina. A mioglobina, encontrada apenas no tecido muscular, está relacionadaà hemoglobina do sangue, tanto na estrutura como na função. E um transpor-

tador de oxigênio, que atua com o um reservatório deste elemento, alimentan-

do as células musculares e removendo o dióxido de carbono.

O ferro da dieta se apresenta sob duas formas: ferro heme ou não

heme (inorgânico). A absorção intestinal do ferro hem e enco ntrado na

hemoglobina e na mioglobina da carne, do peixe e das aves processase

por um mecanismo diferente daquele que absorve o ferro nãohem e, po-

rém não são conhecidos os detalhes desses processos. O heme parece se r

absorvido intacto, seguido pela liberação do ferro dentro da célula mucosa.

A absorção do ferro heme é mais eficiente e menos influenciada por fato-

res fisiológicos e alim entícios. Não está esclarecido , contudo, o modo pela

qual a mucosa intestinal percebe o estado ferroso no organismo, se heme

ou nãoheme.

O ferro é um dos minerais que exigem mais atenção, principalmente pelo

feto de não ser excretado com facilidade, nem ser consumido, como os ou-

tros. Por essa razão, é necessário evitar o seu excesso no organismo. O ferro

é expelido em pequenas quantidades nas fezes, na urina, através da menstruação

e nas hemorragias ou doações de sangue.

Fontes alimentares de ferro e biodisponibiiidade

Considerase que as melhores fontes de ferro são a carne, os peixes, as

aves e os ovos. As leguminosas, os vegetais folhosos verdes, as batatas, as

frutas secas, o pão e os cerea is integrais são as mais ricas fon tes vegetais. O

leite e seus derivados são notavelmente pobres em ferro. Alguns alimentos

como o m elaço, o açúcar mascavo e as frutas passas têm alta concentração

do m ineral, no en tanto, são consumidos em pequenas quantidades pela

população.

Em m édia, cerca de 40% do ferro da carne, do peixe e das aves domésti-

cas estão sob a forma de heme (hemoglobina e mioglobina), O s outros 6 0%

estão sob aform a de nãohem e, que também contém o ferro alimentar origi

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MÁRCIO BONTEMPO

nário de outras fontes, como, por exemplo, ovos, cereais, legumes, frutas, sais

ferrosos e suplementos. Embora menos influenciada pelas reservas de ferro

corporal que o ferro nãoheme, a disponibilidade do ferro heme varia aproxi-madamente de 25% , em pessoas com reservas de 500 mg, a 35% , em indiví-

duos com reservas baixas ou esgotadas.

Dois fatores dietéticos conhecidos aumentam substancialmente a absor-

ção do ferro nãoheme, o ácido ascórbico (vitamina C ) e um "fator carne"

desconhecido, que supostamente estaria presente nas carnes de vaca, carnei-

ro, porco, galinha, no fígado e no peixe, embora inexistente no leite, no queijo,

nos ovos ou nos vegetais. Deve ser observado que a absorção do ferro hemevaria com o nível das reservas, não com a composição da refeição. A substitui-

ção do café pelo chámate, por exemplo, reduz a absorção do mineral em mais

de 50% . O suco de laranja, ao contrário, ingerido no lugar do café (refeição

padrão), dobra a sua capacidade da absorção. (Fonte: American Journal of Clinicai 

Nutrition.  32:2484,1979).

Não está suficientemente bem definido o impacto que as dietas ricas em

fibras exercem sobre a biodisponibilidade do ferro.

Recentes pesquisas mostram que a biodisponibilidade ferrosa no leite hu-

mano é notavelmente elevada, apesar do seu baixo teor de ferro. Graças a

essa condição a quantidade disponível desse mineral é suficiente para satisfazer

as exigências do lactente durante o primeiro ano de vida,

Ainda não foram identificados os fatores responsáveis por esse fenôme-

no. Por outro lado, a adição de alimentos suplementares (como a carne) à

dieta da criança amamentada ao seio reduz a absorção do mineral presente

no leite humano. Esse fato argumenta contra a introdução precoce de ali-

mentos sólidos na dieta do bebê. O suprimento de ferro do leite humano é

suficiente.

 As fontes animais de ferro não sao superiores às vegetais

Amy 0'Connor, em matéria publicada no Vegetanan Times, apresenta um

informe do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, m ostrando que

mulheres vegetarianas não têm níveis de ferro sanguíneo muito diferentes

daquelas que comem carne diariamente. O estudo sugere que o corpo hu-

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

mano é capaz de absorver de fontes vegetais todo o ferro de que necessita,

do mesmo modo com o o faz a partir de fontes animais. Estudos anteriores,

no entanto, já apontavam que vegetarianos consomem, habitualmente,m aior quantidade de alimentos ricos em ferro do que os onivoristas — pes-

soas que comem de tudo.

C om p o s iç ã o d e f e r r o n o s a l i m e n t o s

(Em miligramas por 100 calorias)

Vegetais; Frutos: Cercais c grãos: Carne animal: Laticínios;

Espinafre ! 1,3 Morango 2.7 'eijão em geral 2.3 Bife de filé 1,2 Queijo cheddar. até 0,1

Mostarda 11,2 Abricó seco 23 Lentilhas 2.0 Músculo 1,1 Cottagc até 0.1

Couveflor 4,2 Limão 2,0 Sem. de abóbora 2,0 Atum em lata 0,9 Mussarela até 0,1

Couvechinesa 4,0 Amora 1,7 Sem. de girassol 1,4 Presunto 0,9 Leite desnatado até 0 ,1

Brócolís 3,1 Pêssego 13 Aveia 1,1 Bísteca de porco 0,9 Iogurte desnatado até 0,1

Cogumelos 3.0 Toranja 1,1 Trigo 1,0 Salame 0,9 Leite integral até 0,1

Ervilha 2,7 Ameixa mesca 1,0 Nor 0,9 Perto de frango 0,8 Sorvete até 0,1

Feijâoverde 2,7 Abacaxi 1.0 Amêndoa 0,8 Peru 0 ,7 Creme de leite 0,0

Tomate 2,4 Banana 0.8 Salmão 0,6 Manteiga 0,0

Alface 2,4 Laranja 0,8 Bacon 0,6

Apo 2 .4 Cordeiro 0,6

Cenoura 1,8 Fígado de boi 0,6

Cebola 1,4 Rim de porco 0,5

Pepino 0,6

Batatadoce 0,6

Fonte: Valor Nutritivo dos Alimentos. Instituto de Economia e Consumo de Alimentos, De-partamento deAgriculturados Estados Unidos da América, U.S, Government Printing Office,1977.

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MÁRCIO BONTEMPO

A listagem mostra claramente que as fontes vegetais de ferro são muito mais

ricas que as fontes animais. A seguinte tabela permite uma visão mais ampla

dessa distribuição:

Quantidade de ferro em miligramas por 100 calorias

Espinafre 11,5 Bisteca 1,9

Pepino 6.0 Alcatra 1.1

Alface 3,8   Grapefruit  1,1

Pimentão 3.3 Trigo 1,0

Morango 2,7 Peito de frango 0,8

Couve 2,4 Músculo 0,6

Feijão 2,3 Fígado de boi 0,1

Queijo cottoge 0,1

Leite 0,1

Portanto, no tratam ento e prevenção da anemia, o ideal é ministrar verduras,

frutas, cereais e sem entes, pois o famoso fígado de boi (0 ,6) não é uma fonte

tão rica como julgam os orientadores menos informados... Mas, com certeza,tratase de uma das mais ricas fontes de ácido úrico, uréia, indol, putrescina e

outras toxinas muito ativas em sua ação de reduzir a capacidade de defesa do

organismo, contribuindo para perdas minerais substanciais e, conseqüentemen

te, para o surgimento de carências, anemia, etc,

O organismo de um adufto médio possui de 3 a 5 gramas de ferro , dos

quais 500 a 1.000 mg são armazenados com o estoques não funcionais, princi-

palmente na ferritina, na hem osiderina, no fígado, na medula óssea, no baço e,

em menor quantidade, no tecido muscular.

Muitos autores apontam a carência de ferro como a mais comum deficiên-

cia nutricional no mundo, afetando pelo menos I bilhão de pessoas. Pelo me-

nos 58% da população norteamericana consome m enos ferro em doses mais

baixas que as indicadas pelo RDA (dose diária permitida).

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

Nos países do terce iro mundo estes dados são alarmantes, N a gestação, a

quantidade total de ferro a ser dirigida ao feto é de 800 mg. Ao longo dos nove

meses de gravidez é apontada uma necessidade de suplementação de outros

1242 mg/dia, o que perfaz um total de 30 a 60 mg de ferro por dia.

Uma dieta que satisfaça as necessidades mínimas de ferro de uma mulher em

fase fértil ( 18 mg/dia) chegaria a 3,000 calorias. Doses mais elevadas correm o risco

de provocar efeitos indesejáveis. Nos indivíduos que praticam esportes, a perda

diária normal ( I mg/dia) pode ser acrescida de mais um miligrama, devido ao suor,

o que eleva as necessidades mínimas apontadas pelo RDA para 20 mg/dia.

N o Brasil, um dos problemas com a suplementação de ferro é que aforma

mais habitual de se prescrever ou ingerir o m ineral é através da sua apresenta-

ção mais comum, o sulfato ferroso. Geralmente, somente 4 a 6% do ferro

ingerido desta forma é realmente absorvido. Desta percentagem somente

metade é utilizada pelo organismo, sendo o restante eliminado através do pró-

prio intestino.

A toxicidade do ferro proveniente dos alimentos é praticamente nula, mas

possível em organismos com distúrbios metabólicos específicos. O ferro férrico ,

geralmente presente nos suplementos, deve ser ministrado com cautela. Há

inclusive relatos apontando maior incidência de câncer em situações que indi-

cam níveis elevados desse tipo de ferro.

 Zinco

O zinco é um dos m inerais mais importantes, que participa da formação e fun-

ção de num erosas enzimas, atuando em grande parte dos fenôm enos biológi-

cos. É um dos componentes fundamentais das enzimas ligadas aos processos

oxidativos das células e essencial à ação de catalizadores, atuando diretamente

no crescimento e nas funções celulares.

Os alimentos naturais mais ricos em zinco são: grãos, pão integral, pão de

centeio, massas, frutos do mar, vegetais, frutas frescas, nozes. No entanto, a

quantidade de zinco presente nos alimentos varia de acordo com a qualidadedo solo plantado e dos fertilizantes utilizados. Além disso, as fontes vegetais

contêm ânions fixadores do zinco e no processo de moagem e industrialização

dos cereais há considerável perda do mineral.

As primeiras observações sobre deficiência de zinco foram realizadas por

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MÁRCIO 80NTEMP0

Prasad e Halstead em jovens que se alimentavam, quase que exclusivamente,

de pão e cereais, sem proteína animal. Entre os vários sintomas descritos estão

o nanismo e o hipogonadismo, a ausência ou deficiência de paladar e olfato e

sinais de cegueira noturna.

A deficiência de zinco causa diminuição da tolerância a carboidratos e, pro-

vavelmente, toma parte no desenvolvimento do diabetes no adulto, caracteri-

zado por uma diminuição na sensibilidade à insulina. Além disso, acarreta um

distúrbio na formação do colágeno, o que explicaria seus efeitos benéficos nos

processos de cicatrização de ferimentos e na recuperação de tecidos que so-

freram queimaduras.Observações realizadas em Bangladesh demonstraram que asuplementação

dietética de 50 mg/dia de zinco é benéfica na reabilitação nutricional de crian-

ças com quadro de desnutrição severa.

A carência de zinco parece provocar problemas na adesão e agregação

plaquetárias, que são reversíveis com a ingestão do mineral. Em crianças des-

nutridas, atrofia do timo e uma deficiência da imunidade humoral têm sido

observadas. Após a restauração nutricional, quando as proteínas plasmáticas eos níveis de corticosteróides retornam ao normal, a atrofia persiste e somente

é corrigida quando se restabelecem os níveis de zinco.

Diferentes estudos demonstraram o efeito do zinco na diminuição dos ní-

veis plasmátícos de colesterol. A administração de sulfato de zinco parece me-

lhorar a condição clínica de pacientes com aterosc lerose (Po reis, 196 8).

Observouse uma diminuição dos níveis plasmáticos e da quantidade de zinco

nos cabelos de pacientes com aterosclerose e insuficiência coronariana.

O zinco participa da molécula da superóxido desmutase, que protege as

células contra os efeitos tóxicos do oxigênio. A carência de zinco determina

uma diminuição da imunidade celular por reduzir a atividade da nucteosídeo

fosforitas, enzima essencial para a atividade dos lintócítos T

O zinco está envolvido nos mecanismos de estresse. Durante estes esta-

dos observase uma maior eliminação urinária de zinco o que pode gerar déficitsagudos.

A maior parte do zinco obtido através da alimentação, de 10 a 15 mg/dia,

é absorvida no duodeno, íleo e jejuno. No homem, de acordo com Turnlund

et a l., uma ingestão de 15 mg/dia parece suficiente. Pequena parte pode ser

absorvida no estômago e no cólon. Som ente 10 a 40% do zinco ingerido é

metabolizado. O mecanismo de absorção não é com pletamente conhecido.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

Uma vez absorvido, o zinco ligase às proteínas plasmáticas e é conduzido ao

fígado, onde se une a proteínas fixadoras de metais.

Algumas substâncias limitam a absorção do zinco; com o os fígados e as fi-

bras. O frtato, ácidofrtico, presente nos vegetais, prejudicam a biodisponibilidadedo mineral nesses alimentos. Outras substâncias agem aumentando a sua ab-

sorção, como a lactose. (Foumier, 1971; Grudento, 1982.). O leite de vaca,

apesar de mais rico em zinco que o humano, não melhora a deficiência deste

alimento. Isto se deve a dois fatores: a presença no leite humano de um fixador

com baixo peso m olecular que favorece a sua absorção e a grande quantidade

de cálcio presente no leite da vaca que interage com a absorção do mineral.

Algumas causas da deficiência de zinco: estresse, alcoolismo acentuado,tratamentos com DPeniciiina, nutrição parenteral prolongada, síndromes de

má absorção, doenças inílamatórias intestinais, síndromes diarréicas, enteropatia

perdedora de proteínas, síndrome nefrótica, queimaduras graves, gravidez,

aleitamento, talassemia, sudorese, alimentação inadequada.

Estudos indicam que são necessários 12 ,5 mg de zinco diários para manter

um balanço positivo. Considerandose que apenas 10 a 40% do zinco ingerido

na dieta são absorvidos, recomendase que a ingestão média do indivíduo adulto

seja em tom o de 15 mg/dia.

Durante a gravidez há uma necessidade maior de zinco, para que haja um

desenvolvimento fetal adequado. Por esta razão, recom endase um acréscimo

de 5 mg/dia, além das necessidades básicas, levandose em consideração que

muitas das dietas não contém níveis suficientes deste mineral. No período de

lactação, quando a perda através do leite materno é avaliado em tomo de 3

mg/dia, as necessidades são ainda maiores. Portanto, além das doses básicas

diárias, recomendase a adição de 10 mg/dia de zinco .

Nas crianças de um a dez anos, são recomendadas 10 mg/dia. No entan-

to, é necessário observar se o tipo de alimentação contém índices adequados

de zinco , se há consumo demasiado de açúcar branco (que elimina este ele-

mento), ou se há grande consumo de cereais que contenham fitato. Nas crian-

ças, em particular, há que se observar as perdas por sudorese excessiva e pelo

trato gastrointestinal (diarréias).

Em pacientes adultos, suplementos de zinco são sempre necessários em

suporte nutricional parenteral prolongado. Recomendase 0, í mg de zinco por

quilo de peso corpóreo.

O suplemento diário recomendado por via oral é em tom o de 5 a 10 mg.

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MÁRCIO BONTEMPO

Na criança, tem sido observada a aceleração do crescimento com doses de 4

a 5 mg/dia de zinco.

O zinco é muito pouco tóxico e existe boa margem de segurança entre

necessidades fisiológicas e as dosagens tóxicas.

Presença de proteínas, ferro, cálcio e zinco em alguns alimentos

Alimento Proteínas Ferro Cálcio Zinco(100 g) (em g) (em mg) (em mg) (em mg)

Ameixa seca   - 2,4 51 0,5

Amêndoas (torradas) 19 3,8 282 4,9

Amendoim (torrado) 26.5 1,8 88 6,6

Arroz (cozido) 2,3 0,2   - 0,4

Batata (cozida d  a pele) 1,8 0,3   - 0,3

Brócolis (cozido) 2,1 0,8 46 0,4

Castanha de caju (torrada) 16,8 6,0 45 5,6Couve 2,8 1,7 135 0,3

Ervilha (cozida) 4,2 ! .5 27 1,2

Feijão (cozido) 8,3 2,4 70 1,0

Rgos secos 2,4 2,2 14 0,5

Grão-de-bico (cozido) 8,5 2,8 49 1,5

Leite 3,4   - 119 0,3

Macarrão (cozido) 4,8 0,5 7 0,5

Manteiga de amendoim 24,7 1.6 34 2,5

Ovo (frito) 13,5 1,5 55 1,2

Pão branco 8,0 2,0 108 0,4

Pão integral 9,3 3,2 70 1,8

Queijo (de-Minas; de coalho) 24 0,4 673 2,6

Sementes de abóbora 21 3,3 55 10,3

Fonte: Almanaque de Nutrição,  Nutrition

Search Inc, McGraw Hill, 1973.

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ALIMENTAÇÃO PARA LM NOVO MUNDO

Quantidades de cálcio e proteínas em alguns alimentos (Para uma xícara de cada)

Cálcio(miligramas)

Proteínas(gramas)

Queijo cheddar 204,8 68,8

Leite integral 187 8,5

Castanha-do-pará 558 42

Amêndoas 328 26

Gergelim 253 42

Folhas de nabo 267 3,2

Dente-de-leão 252 3,6

Folhas de brócolis 132 4,6

Alga Kombu 240,5 16,5

Alga Hiziki 202,2 -

Aga Wakame 676 *

Aga Ágar-ágar 567 -

Camarão cozido 163 46,0

Lagosta cozida 130 37,0

Fonte: Almanaque de Nutrição,  Nutrition Search tnc.McGraw Kiil, 1973.

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MÁRCIO BONTEMPO

Cardápio para reposição de proteínas, cálcio, ferro e zinco 

para homens e mulheres entre 25 e 60 anos

Proteínas — Necessidades diárias: M ulheres: 0,5 g/kg/dia 

Hom ens : 0 ,6 g/kg/dia

1xícara de soja 20 g

1xícara de grão-de-bico 15 g

1hambúrguer de glúten I5g

I xícara de iogurte comum I4g

Vi xícara de manteiga de amendoim 8g

1xícara de semente de girassol 6g

Cálcio — Necessidades diárias: 1.000 mg

de xícara de avelãs 378 mg

1 xícara de couve crua picada 357 mg

1xícara de soja cozida 175 mg

V í  xícara de brócolis cozido 42 mg

Ferro — Necessidades diárias: M ulheres: 18 mg

Homens: 8 mg

180 g de castanha de caju 8 mg

100 g de lentilhas 2,5 mg

100 g de feijão-preto 2,4 mg

Z inco — Necessidades diárias: M ulheres: 12 mg

Homens: 15 mg

'A de xícara de germe de trigo 5 mg

1e 'A de xícara de farelo de trigo 5 mg

V í  xícara de tofu 2 mg

Um interessante estudo da Academia Nacional de Ciências dos Estados

Unidos mostra a tota! falta de necessidade de se obter proteínas de qualquer

fonte animal. Há alguns anos, a academia publicou um trabalho, apresentando

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

cardápios compostos apenas por fontes vegetais que cumpriam todas as exigên-

cias protéicas. A seguir, um exemplo de cardápio típico:

Desjejum Calorias Proteínas (g)

1xícara de suco de laranja 111 1,7

1xícara de mingau de aveia integrai 148 5,4

1colher de sopa de sem. de girassol 80 3,5

1colher de sopa de açúcar mascavo 52 0

3 colher de sopa de uvapassa 87 0,9

Almoço Calorias Proteínas (g)

2 colheres de sopa de pasta de amendoim 172 7,8

2 fatias grossas de pão integral puro 112 4,8

1colher de sopa de mel puro 64 0,1

1maçã média 87 0,3

2 cenouras pequenas 42 U

Jantar Calorias Proteínas (g)

1xícara de feijão cozido 236 15,6

1xícara de arroz integral cozido 178 3,8

1xícara e 1/3 de brócolis cozidos 52 6,24 cogumelos grandes 28 2,7

2 colheres de sopa de óleo de soja 248   -

1xícara de suco de maçã sem açúcar 64 0,8

Lanche da tarde Calorias Proteínas (g)

1xícara de pipocas de milho ç/ óleo 123 2,7

Total 1,993 57,7

Recomendado pela OMS 2,000 40,0

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MÁRCIO BONTEMPO

Fontes vegetais de nutrientes

Proteínas

Sementes:  Linhaça, abóbora, girassol.

Grãos: Ervilhas, feijões, lentilhas, amendoins, grãodebico, soja, além de no-

zes, amêndoas, castanhadopará, castanhas de caju.

Cereais: Trigo (pães, massa), aveia, centeio, milho, arroz.

Derivados de soja:  Tofu, tempeh, proteína texturizada de soja (PTS), leite de

soja.

Vitaminas

Vitamina A: Vegetais vermelhos, laranja ou amarelos, folhas verdes e frutas.

Vitaminas do complexo 6 ; Leveduras e cereais integrais, nozes.

Vitamina C :  Frutas frescas, verduras.

Vitamina D : Produzida pelo próprio organismo quando exposto ao sol.

Vitamina E : Ó leos vegetais, cereais integrais.

Vitamina K: Vegetais frescos e cereais integrais.

Minerais

Cálcio: Folhas verdes, nozes e sementes.

Fósforo:  Gémnen de trigo e castanhas.

Ferro:  Folhas verdes, cereais integrais, feijão, lentilhas. O consumo de alimen-

tos ricos em vitamina C aumenta o seu aproveitamento.

Carboidratos

Há três tipos principais de carboidratos: açúcares simples, amidos e fibras.

O s açúcares são encontrados nas frutas, amidos são encontrados em ce-

reais, grãos e em alguns vegetais, como a batata. Carboidratos não refinados,

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ALIMEN7AÇAD PARA UM NOVO MUNDO

obtidos a partir de cereais integrais, são de melhor qualidade, porque contém

fibras e vitaminas do complexo B. Fontes comuns de carboidratos: pães e mas-

sas em geral.

Fibras

Frutas, amêndoas, castanhas, coco, aveia, trigo, centeio, folhas, ervilhas, feijão.

Gorduras e óteos

Apesar de prejudiciais quando ingeridas em excesso, uma certa quantidade é

necessária para o corpo. As gorduras vegetais tendem a ser mais insaturadas,

sendo um dos benefícios mais evidentes da dieta vegetariana. Entre as gordu-

ras monoinsaturadas, destacase o azeite de oliva, entre as poliinsaturadas, o

óleo de girassol e de linho (linho dourado ou linhaça).

Alimentação adequada para gestantes

Com o no caso dos bebês recémnascidos, a mulher grávida necessita de uma

orientação dietéíica especial. Cada fase da gestação, cada pessoa em particular

e cada situação de saúde exige um tipo diferente de alimentação.

De um modo geral, a dieta da gestante deve ser muito rica em alimentos

construtivos (proteínas), pobre em gorduras saturadas e normal em energéticos.

Os orientadores nutricionais mais conscientes e bem informados são unâni-

mes em desaconselhar produtos sabidamente nocivos à saúde da gestante e

do ser em desenvolvimento no útero, como o açúcar branco, e todos os ali-

mentos que o contenham, enlatados, comidas artificiais ou que contenham

aditivos sintéticos, carne animal em geral, ovos de granja, frituras saturadas e

alimentos repletos de agrotóxicos.

Comidas saudáveis e importantes para a fase de gestação: cereais integrais,

leguminosas, m/sso, tofu,  legumes, verduras e frutas em abundância, glúten,

tubérculos, bem como vitaminas ricas em energia e cheias de cor.

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MÁRCIO BDNTEMPO

A gestação é um momento muito especial em que o organismo deve

estar em estado de pureza e bem carregado energeticam ente. É comum a

gestante apresentar desejos e vontades irresistíveis. Estes fenômenos cos-

tumam indicar carências significativas que se manifestam sob formas muitasvezes curiosas. Desejar alimentos doces, por exemplo, revela necessida-

des calóricas; ter desejo de comer carne, baixa taxa orgânica de proteínas

ou de aminoácidos. Sabiamente, o corpo “pede" aquilo que lhe falta,

frequentemente sob a forma de desejos os mais bizarros. A vontade de

comer tijolos, telhas ou tampa de filtros, por exemplo, manifesta falta de

cálcio, ferro ou microminerais.

Embora seja conveniente satisfazer os “desejos" da gestante, convém sa-

ber diferenciar os desejos reais, ligados às necessidades verdadeiras, daqueles

que fazem parte das preferências habituais da gestante. A diferença básica en-

tre eles é que, no primeiro caso, o desejo é um impulso irresistível, imperioso,

freqüentemente por alimentos ou coisas pelos quais a gestante não costuma se

sentir atraída.

A seguinte tabela aponta as necessidades nutricionais de gestantes, nãogestantes e lactantes, em termos de calorias, proteínas, cálcio, ferro e vitami-

nas A, B e D.

Não gestante   G estante Lactante

Calorias/dia 2.500 2.500 3.000

Proteínas (g/d ia) 60 85 100Cálcio (mg/dia) 0,8 1,5 2

Ferro (mg/dia) 12 15 15

Vitamina A (UI) 5.000 6.000 8.000

Vitamina B (mg/dia) 70 100 150

Vitamina D (UI) 4.000 600 600

A tabela seguinte, que completa a anterior, aponta as necessidades

nutricionais da gestante/iactante e crianças de 0 a 4 anos:

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

Unidade Lactentes Até 1 ano 14 anos Lactantes/gestantes

A UI 1,500 2.500 5.000 8.000

D U! 400 400 400 400

E UI 5 30 30 30

C mg 35 40 60 60

B mg 0,5 0,7 1,5 1.7

B2 mg 0,6 0,8 1,7 2

B6 mg 0,4 0,7 2 2,5

BI 2 mcg 2 3 6 8Ac, fól. mg 0,1 0.2 0,4 0,8

B3 mg 8 9 20 20

B5 mg 3 5 10 10

H mg 0,15 0,15 0,3 0,3

Alimentação adequada para atletas e desportistas

Uma das mais equivocadas informações acerca da dieta vegetariana é afirmar

que ela deixa a pessoa pálida, fraca e doente. A palavra "vegetariano" não pro-

vém de 'Vegetal", mas sim do termo latino vegetare , que significa “dar vida,

animar”. Quando os romanos usavam o termo homo vegetus,  referiamse a

uma pessoa vigorosa, dinâmica e saudável,

Na realidade, muitos estudos têm demonstrado que os vegetarianos são

mais fortes, mais ágeis e mais resistentes que as pessoas carnívoras. O Dr. H.

Schoutedem, da Universidade da Bélgica, realizou testes para com parar a re-

sistência física, a força e a rapidez no restabelecimento do cansaço entre esses

dois grupos. Os vegetarianos foram bastante superiores nos três aspectos. Em

1906 e i 907 , o Dr. Irving Siher, da Universidade de Yale, EU A, conduziu testes

de resistência, do qual participaram atletas, instrutores, doutores e enfermei-

ros. Surpreendentemente, os resultados revelaram que os vegetarianos tinham

duas vezes mais vigor do que aqueles que comiam carne. Testes semelhantes

realizados por J. H. Kellog, da Casa de Saúde de Battle Creek, em Michigan,

EUA, confirmaram as descobertas de Fisher Um estudo da Universidade de

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MÁRCIO BQNTEMPO

Bruxelas, feito pelo dr, J. Loteykó e por V Kipani, mostrou resultados compa-

ráveis aos do dr. Rsher. Durante os testes de resistência, os vegetarianos fo-

ram não só capazes de resistir por um período de tempo duas ou três vezes

maior do que os carnívoros, antes de chegar à exaustão, como também se

recuperaram da fadiga em um quinto do tempo.

Os animais mais poderosos e de vida mais longa são os vegetarianos. O

cavalo, o boi, o búfalo e o elefante, todos têm corpos grandes e saudáveis,

poder de resistência e uma força fenomenal que os capacitam a suportar car-

gas pesadas e a realizar trabalhos árduos para o hom em. Nenhum dos animais

carnívoros tem vigor ou resistência para servir como animal de carga.O clube dos ciclistas vegetarianos da Inglaterra tem conquistado mais c'e

40% dos recordes nacionais de ciclismo; por toda a Europa, ciclistas vegetari-

anos têm conseguido maior número de vitórias do que aqueles que comem

carne.

Um grande nadador vegetariano, M urray Rose, foi o mais jovem conquis-

tador de três medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos,

Bill Walton, um astro do basquete, ficou famoso por seu desempenho enér-gico e ofensivo. O s benefícios de sua experiência pessoa! estimularam outros a

seguir a dieta vegetariana.

Muitos atletas internacionaimente famosos, do passado e do presente,

mudaram para a dieta vegetariana. Por exemplo, o austríaco levantador de peso,

A , Anderson, que estabeleceu muitos recordes, e Johnny Weismuller; autor de

56 recordes mundiais de natação, ao mudarem a sua alimentação, não tiveram

nenhuma queda de força física. Na verdade, sua capacidade aumentou.

Atletas vegetarianos e seus recordes:

Dave Scott  

S/xto Linares 

Edwin Moses 

Stan Príce 

Robert Sweetgall

Único homem a vencer seis vezes o Iron 

man triatíon.

Vencedor de 24triatlons completos (nado,

bicicleta e corrida).

Corredor dos 400 metros rasos, oito ve-

zes campeão mundial.

Recordista mundial de corrida de longa dis-

tância.

Recordista mundia! de longadistância.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

Paavo Nurmi 

Bill Piokeríng 

Murray Rose 

 Andreas Cahling 

Roy Hilligan 

Pierro Verot 

Estelle Gray   e Cheryl Marek  

 James e Johnathon de Donato 

Ridgely Abele

 Arnold Schworznegger 

Vinte recordes mundiais de co rrida de dis-

tância, nove medalhas olímpicas.

Recorde mundial de natação. Atravessou o

canal da Mancha.

Recorde mundial de nado livre, 400 e 1.500

metros.

Vencedor do campeonato mundial de fisi

culturismo.

Vencedor do campeonato Mr. Am érica de

fisiculturismo.

Campeão mundial do declive de ski.

Recorde mundial de cross country em bici-

cleta.

Recorde mundial de natação estilo borbo-

leta.

Vencedor de oito campeonatos nacionais de

caratê, incluindo os campeonatos da Asso-

ciação Mundial de Caratê.

O famoso ator norteamericano, antes vá-

rias vezes vencedor dos campeonatos de

fisiculturismo e de Mr. U niverso , fazia filmes

carregados de violência e brutalidade (Coa- 

nan, o Bárbaro). Ao se torn ar vegetariano,

continuou a manter um físico privilegiado

e venceu alguns concursos, mas a sua men-

talidade mudou, passando a cultivar mais o

aspecto da arte e a qualidade da interpre-

tação . Já durante as filmagens de 0 Exter

minador do Futuro, o ator não se adequavamais ao gênero violento. Começou a par-

ticipar de filmes mais significaticos e com

melhor conteúdo. Em Um 7)ra no Jardim-  

de-lnfânda, segundo suas próprias palavras,

Arnold já se apresentava como um ator,

não como um corpo...

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MÁRCIO 80NTEMPO

Família Grade   N o Brasil, a famosa família G racie , que hoje

atrai a atenção do mundo inteiro por ter

criado uma modalidade brasileira de jiujrtsu,é composta basicamente de vegetarianos.

Os principais lutadores e atletas represen-

tantes dos Gracie mantêm essa alimentação

com o uma tradição familiar.

Alimentação para pessoas em fase de crescimento

Se uma dieta pura e balanceada é importante para o adulto, ela é muito mais

para a criança e o adolescente, devido às exigências ligadas ao crescimento do

corpo. Vejamos as necessidades nutricionais diárias básicas exigidas nessas duas

fases:

Carboidratos e gorduras

O suficiente para suprir as necessidades calóricas. O s carboidratos suprem de

25 a 55% das calorias; taxas mais elevadas tendem a engordar. As gorduras

entram com cerca de 35 % das calorias, mas o seu excesso tende a se acumu-

lar em caso de vida sedentária.

Proteínas Vitaminas Minerais

Variável conforme a idade. Vitamina A 5.000 UI Cálcio I.Og

Média de 2 g/kg/dia. Tiamina ( B 1) 1 mg Fósforo 1,5 g

Acima de 1 5 anos, l,0g/kg/dia. Riboflavina (B2) 2 mg Ferro 16,0 mg

Nicotinamida (B6) 10 mg lodo Traços

Vitamina C 60 mg

Vitamina 400 a B00 UI

Fonte: Food and Nutntion Roard   National Research Council. EUA.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

Como prevenir carências nutricionais através de suplementos 

— Um suplemento "veggie"

Talvez a maior preocupação de quem adota uma dieta à base de vegetais seja

a questão da aquisição dos nutrientes necessários. Para os casos mais específi-

cos, aconseihase a não mudar bruscamente para uma dieta vegetariana sem

orientação profissional, Contudo, já vimos anteriormente que é possível obter

dos alimentos de origem vegetal tudo o que se necessita em term os nutricionais.

Para ser um vegetariano bem nutrido, devese prestar atenção principal-

mente à quantidade adequada dos nutrientes básicos: proteínas, ferro, cálcio,vitamina B12 e zinco. Mesmo assim, é possível estabelecer um nível maior de

segurança através da suplementação desses nutrientes,

Um suplemento "veggie", adequado a todas as idades e condições, pode

ser estabelecido com base no IDR (índice diário recomendado), As quantida-

des de nutrientes são calculadas levandose em conta as necessidades mínimas

diárias dos quatro alementos, que podem ser suplementados através de cáp-

sulas, preparadas em farmácias especiais. Já uma suplementação protéica feitadesta forma não é conveniente nem prática; ele pode ser efetuada por meio

da própria alimentação.

Os bons alimentos

Soja  —  A principal fonte de proteínas

A soja, uma leguminosa cultivada e consumida pelos chineses há cerca de cin-

co mil anos, é um dos mais antigos alimentos humanos. Sua espécie mais an-

tiga, a soja selvagem, crescia principalmente nas terras baixas e úmidas, junto

aos juncos, nas proximidades dos lagos e rios da China Central. Há três mil

anos a soja se espalhou pela Ásia, onde começou a ser utilizada como alimen-

to . N o início do século X X passou a ser cultivada com ercialmente nos Estados

Unidos. A partir de então, houve um rápido crescimento na sua produção, com

o desenvolvimento das primeiras culturas comerciais.

N o Brasil, ela chegou com os primeiros imigrantes japoneses, em 1908 ,

mas foi introduzida oficialmente no Rio Grande do Sul somente em 19 ! 4. A

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MÁRCIO SONTEMPO

grande expansão da soja no Brasil aconteceu nos anos 70 , devido ao interesse

da indústria de óleo e a demanda do mercado internacional,

O grão passou a ser o alimento que mais atenção recebeu no mundo oci-dental depois que a Food and Drug Administration comprovou suas proprieda-

des nutritivas — superiores as da carne bovina — e divulgou que o consumo

diário de 25 gramas de proteína de soja — equivalente a meia xícara — ajuda-

va a prevenir doenças coronarianas. A partir de então a soja saiu do terreno

exclusivo dos nutricionistas e ganhou espaço nos consultórios médicos.

Os altos níveis de colesterol sanguíneo e do LDLcolesterol estão asso-

ciados a doenças cardiovasculares, como o infarto do miocárdio e a arteriosderose. Pesquisas da American HeartAssociation{AH A) (Associação Americana

do Coração) têm demonstrado que a ingestão de proteínas de soja reduz as

taxas de LD Lcolestero l. Pacientes acompanhados durante quatro semanas por

médicos da AHA tiveram proteína de soja incluída em sua dieta — sem qual-

quer outra alteração — e apresentaram uma redução nos níveis de LDL

colesterol em tom o de 3 3% . Isso significa que a introdução de pequena

quantidade dessa proteína na dieta diária, cerca de 20 g que equivalem a 50 g

de grãos, é suficiente para tornar o sangue e o coração mais saudáveis.

Em 2000, o Comitê de Nutrição da American Heart Assodation publicou

uma declaração no jornal Circulation,  recomendando oficialmente a inclusão

na alimentação diária de 25 gramas ou mais de proteína de soja, na forma de

suplemento protêico isolado (que mantém seus níveis de fttoquímicos intactos),

como fator de proteção à saúde cardíaca. Esta recomendação coincide com

uma recente declaração da FDA: "Vinte e cinco gramas diárias de proteína da

soja, como parte de uma dieta de baixos teores de gorduras saturadas e de

colesterol, pode reduzir os riscos de desenvolvimento de doenças cardíacas."

Hoje em dia, muitos países estudam a soja como um produto capaz de

prevenir uma série de doenças, além de reabilitar doentes. Congressos médi-

cos mundiais já incluem o grão em suas pautas de discussões, sinalizandoo

com o sinônimo de saúde. Pesquisas do mundo inteiro já confirmaram: as die-tas ricas em fibras e com baixos teores de gordura saturada, aliadas a exercícios

físicos e a um estilo de vida saudável, podem auxiliar no controle da obesidade

e proteger contra doenças cardiovasculares, câncer, osteoporose e diabetes.

Inúmeras pesquisas realizadas pela área médica no Japão, China, Estados

Unidos e Europa comprovam cientificamente os benefícios da soja na preven-

ção de doenças crônicas.

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ALIMENTAÇAQ PARA UM NOVO MUNDO

Menopausa e câncer ginecolõgico

Há poucos anos, foi confirmado que o consumo dos derivados da soja é um

importante hábito para o equilíbrio hormonal feminino e a proteção contra as

doenças da próstata. A prática médica diária tem com provado que a soja ate-

nua os desconfortos do climatério, como suores noturnos e ondas de calor.

O s grãos de soja contêm isoflavonas, compostos singulares constituídos

principalmente de genisteína, também chamado de frtoestrógeno ou hormônio

vegetal, que possui uma ação estrogênica moderada e atua na prevenção do

câncer relacionado ao estrogênio. Pesquisas realizadas no Japão, Estados Uni-

dos e Europa têm mostrado que a ingestão diária de alimentos à base de soja,

como tofu (queijo de soja), misso, natto e tempeh, reduz os riscos de câncer

de mama e próstata em 5 0% .

Osteoporose

Com o envelhecimento, as pessoas perdem cálcio, o que resulta, muitas ve-zes, em osteoporose. Na menopausa, esse processo se agrava com a defi-

ciência hormonal ovariana. Devido a sua ação estrogênica, a genisteína da soja

pode manter a estrutura óssea. Exames de densrtometria óssea comprovam

que o consumo do grão retarda a osteoporose decorrente da idade, como

também reduz significativamente a perda óssea total.

Câncer

A soja e seus derivados também possuem uma ação preventiva quanto aos

cânceres de cólon, re to, estômago e pulmão. Pára que os tum ores aumentem

seu tamanho, é necessário o desenvolvimento de novos vasos sanguíneos. O

bloqueio desse processo é visto como uma maneira potencialmente impor-

tante para controlar o câncer. A genisteína também inibe a formação desses

vasos e, conseqüentemente, o desenvolvimento dos tumores cancerígenos.

Em 1997, o Instituto Americano para Pesquisa do Câncer, em colaboração

com seu afiliado internacional, o Fundo Mundial para a Pesquisa do Câncer,

emitiu um relatório denominado 'Alimentação, nutrição e a prevenção do cân-

cer: uma perspectiva global". Este relatório analisou mais de 4.500 pesquisas e

estudos que envolveram a participação de mais de 120 colaboradores e revi-

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MÁRCIO BONTEMPO

sores, incluindo participantes da Organização Mundial de Saúde, da Organiza-

ção para Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO), da Agência In-

ternacional para a Pesquisa do Câncer e do Instituto Nacional do Câncer dos

EU A. Em 2 00 0, Riva Bitrum, presidente do Instituto Am ericano para a Pesquisado Câncer, afirmou: "Estudos consistentes mostram de modo definitivo e

encorajadorque uma dose diária de alimento à base de soja contribui para uma

redução do risco de câncer."

Profissionais de saúde do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Uni-

dos descobriram uma redução de 70% da incidência de câncer de próstata

entre homens que consomem alimentos à base de soja diariamente.

Diabetes e out ras doenças

As fibras de soja exercem importante papel na regulação dos níveis de glicose

no sangue, pois retardam sua absorção. Essa redução na velocidade assimilativa

auxilia no controle do diabetes. Há evidências de que o consumo da soja tem

efeito positivo no controle de outras doenças, como hipertensão, litíase (cál-culos biliares) e doenças renais.

Soja : heró i ou vi lã o — A po lêmic a acabou

Atualmente a soja é um dos alimentos mais comentados, que suscita opiniões

divergentes, com muitas correntes contraditórias e temas polêmicos. Classifi-

cada por uns como um produto perigoso para a saúde e por outros como umrecurso curativo e preventivo de muitas doenças, a soja tornouse o assunto

do dia, tanto no setor da nutrição quanto no da suplementação nutricional, atin-

gindo inclusive o delicado e ainda obscuro campo da reposição hormonal. Di-

ante dessa confusão, devemos refletir cuidadosamente e procurar conhecer as

verdades inerentes a esse tema. Mas isso só é possível se estudarmos a ques-

tão de modo não tendencioso e isento de preconceitos ou de opiniões pré

formadas.

A " maratona" da so ja

É interessante saber com o a maratona da soja começou no O cidente, pois no

Oriente o alimento é utilizado desde o passado mais remoto com o um impor-

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

tante recurso nutricional. Aqui, a soja começou a ser mais conhecida a partir

dos anos 60, com a maior difusão da alimentação orgânica e da macrobiótica.

No início, ela foi pouco utilizada fora desses círculos, até que nos Estados Uni-

dos médicos começaram a perceber que o consumo da soja e de seus deriva-

dos reduzia o risco de doenças cardíacas e de câncer. Além de ser considerada

fator de m elhor qualidade da vida biológica, ela se apresentava como um subs-

tituto ideal da proteína animal, na época já conhecida com o transportadora de

gorduras saturadas e de coiesterol. Em 1999, um famoso artigo publicado no

Time Magazine  anunciou que pouco mais de 500 gramas de soja poderíam

reduzir os níveis de coiesterol. Outras evidências acabaram por mobilizar a

FDA, que se mostrou convencido de que ela poderia prevenir ou mesmo

curar doenças.

Assim, a soja começou a sua escalada rumo ao sucesso. As vendas do pro-

duto, nos Estados Unidos, dispararam, Livros sobre a soja, o queijo de so ja—

o tofu — , etc., só vieram a firmar ainda mais a importância desse alimento.

Porém, cerca de vinte anos depois, diversas questões contra a soja já se

acumulavam, não somente nos Estados Unidos, mas no mundo inteiro. Isso,

no entanto, não abalou japoneses, chineses e coreanos, que continuaram a

consumir o produto, confiantes e indiferentes à polêmica gerada no distante

Ocidente.

Aqui, especialistas começaram a afirmar que a soja não passava de mera

propaganda, sem base científica. Apontaram o grão e seus derivados como

antinutrientes ricos em toxinas naturais contendo uma potente enzima capaz

de inibir a ação da tripsina e outras ligadas à digestão das proteínas. Afirmaramque o seu consumo poderia gerar sérios problemas, como perda da capacida-

de digestiva dos sucos gastrointestinais e deficiência na assimilação dos ami

noácidos. A presença de antinutrientes poderia provocar carências minerais

sérias, descalcificação, fraturas espontâneas, etc. Curiosamente, porém, esses

fatos pareciam só aparecer nos inúmeros artigos e nos escassos estudos cientí-

ficos, não entre as pessoas que consumiam a soja e seus derivados, Seus adeptos

sempre se mostravam bem mais saudáveis que o cidadão comum, consumidorde carne e açúcar, vítima de doenças cardiovasculares e de câncer, principais

responsáveis pelas mortes e pelas despesas com a "saúde". Mas precisamos

entender o que estava acontecendo e o que existe de realidade nas afirmações

dos antagonistas da soja.

A soja é, comprovadamente, um produto muito rico em proteínas e, preci-

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MÁRCIO BONTEMPO

samente por isso, é consumido. É verdade também que a proteína da soja é

menos digerível que a maior parte das proteínas de origem animal. No entanto,

a soja em forma de grão — aquela estudada pelos seus opositores — é rara-

mente consumida. As formas mais comuns do produto são os seus derivados,

como, por exemplo, o leite de soja, o tofu e o tempeh, cujo preparo toma a sua

proteína tão digerível quanto qualquer proteína animal. Além disso, conforme já

foi comprovado, retira dela fatores antinutrientes, como os fitatos, geralmente

presentes na película que envolve o grão. Ademais, qualquer efeito negativo liga-

do aos inibidores enzimáticos da proteína da soja é sempre fraco e irrelevante.

Esses mesmos fatores estão presentes em outras leguminosas, como os feijões,as lentilhas, o grãodebico, sem que isso seja motivo para que eles não sejam

tão largamente consumidos no mundo inteiro. O argumento de que a grande

quantidade de soja consumida pelos aficcionados determinaria uma maior con-

centração de fatores inibidores é até infantil. Primeiramente porque ela, confor-

me vimos acima, quase nunca é consumida na forma de grão. Além disso,

populações, como o povo brasileiro, que consomem grandes quantidades de

feijãopreto — que, digase de passagem, contém mais inibidores enzimáticosdo que a soja — não apresentam problemas digestivos em larga escala.

Nutricionistas e pesquisadores, utilizando métodos parciais de estudos, afir-

mam que a soja contém hemaglutinina, um componente que pode produzir

trombose pela aglutinação de células vermelhas do sangue humano. Afirmam

também que a hemaglutinina e os inibidores da tripsina são fatores que redu-

zem o crescimento corporal. Dizem ainda que a soja contém goitrogenos —

substâncias que reduzem a função tíreoidiana. É bem verdade que ela possuiessas substâncias, mas em quantidades tão insignificantes — tão inferiores ou

iguais a, por exem plo, uma semente de girassol ou de m ilho— , que qualquer

risco à saúde humana é afastado. Por outro lado, a came animal contém uma

quantidade tão grande de fatores realmente nocivos — capazes, estes sim, de

produzir graves doenças (fato comprovado por pesquisas sérias) — , que esses

supostos perigos da soja se transformam até em qualidades.

Conhecendo os interesses e a ambição dos com erciantes, criadores e pro-

dutores de carne, sabemos quais são exatamente os "perigos do consumo da

soja". Sabemos também que qualquer pesquisa científica, desde que não utili-

ze ou aplique parâmetros metodológicos amplos, pode chegará conclusão que

bem quiser. Assim, existem centenas de "pesquisas" que podem ser direcio-

nadas, obedecendo aos interesses dos seus financiadores.

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Falhas técnicas ocorridas em pesquisas podem melhor demonstrar o fato.

Com o o famoso caso Fallon e Enig, em que animais foram alimentados — ex

clusivamente, durante m eses a fio — com uma absurda quantidade de feijão

soja integral. Os resultados mostraram que os animais “não se desenvolveram

normalmente” e apresentaram "condições patológicas do pâncreas, incluindo

câncer". Utilizar apenas um tipo de alimento — qualquer que seja ele — que

não aquele naturalmente apropriado ou que faça parte do cardápio do animai,

pode causar diversos danos. Em fato não foi considerado na pesquisa. Cu rioso

é considerar que, se um se r humano for alimentado apenas com carne animal,

não consegue sobreviver por mais de 2 1 dias, morrendo devido a infecções

generalizadas...

Além do mais, estudar a ação de qualquer alimento utilizandose animais é

um processo duvidoso, pois o organismo humano reage de modo diferente.

Por exemplo, nos estudos de Failon e Enig inibidores da protease, isolados da

soja, m ostraramse capazes de desenvolver câncer em animais de laboratório.

Só que esse estudo foi realizado com a aplicação de elevadas doses desses

inibidores e, mesmo assim, testes semelhantes feitos com humanos, que con-sumiram grandes quantidades de soja, não demonstraram esse mesmo efeito.

Ao contrário, em quantidades naturais eles se mostraram potentes inibidores

dos cânceres de cólon, próstata e mama. D e um modo geral, podemos inferir

que qualquer organismo, que receba doses muito elevadas de uma mesma

substância, durante muito tempo (e a referida pesquisa com animais se esten-

deu durante m eses...), sofrerá profundas alterações bioquímicas e metabóli

cas, suficientes para produzir processos degenerativos semelhantes ao câncer.

Em 1985, a mesma pesquisa afirmou, nos Estados Unidos, que o consumo

de soja aumentava o risco de câncer de pâncreas em ratos. No entanto, o Ins-

tituto Nacional do Câncer mostrou que o pâncreas de animais como ratos e

frangos são particularmente sensíveis aos inibidores da protease presentes na

soja. Essa mesma sensibilidade não é encontrada no órgão humano ou no de

outros animais como hamsters, camundongos, cães, porcos e macacos. De

fato, enquanto ratos alimentados com soja mostram elevação do risco de cân-

cer pancreático, a mesma doença tem a sua incidência reduzida entre grupos

de humanos que consomem o mesmo alimento.

Geralmente, os estudos feitos com animais não levam em conta que, em

nível molecular, as funções humanas podem ser muito diferentes. Na pesquisa

feita com ratos, mencionada anteríormente, o organismo desses animais apre-

ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

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MÁRCIO BONTEMPO

sentou problemas com a soja, só que ela não cita que esses mesmos animais

tiveram problemas nutricionais quando consumiram apenas leite humano.

O co rre que o leite humano tem apenas 5% de proteínas, enquanto que o dos

ratos tem 45% . Isso m ostra que as exigências nutricionais e as respostas orgâ-

nicas são diferentes para as diversas espécies. O que é alimento para uma pode

ser um veneno para outra. O mesmo se pode dizer das drogas. Atalidom ida,

por exemplo, que causou máformação em centenas de bebês nascidos de

mães que usaram a droga como sedativo, foi amplamente testada em animais

e tida como segura,

A combinação entre fenfluramina e dexfenfluramina, utilizada recentementepor dietistas e antes testada em animais, mostrouse segura a princípio, mas foi

responsável por inúmeros casos de anormalidades cardíacas em humanos.

Outro exemplo aberrante é a droga Opren, meticulosamente testada em

macacos e utilizada por um período como a "nova droga contra a artrite": matou

61 pessoas antes de ser banida do m ercado. Há muitos outros casos seme-

lhantes.

Aproximadamente um quarto das 427 substâncias testadas em ratos e camundongos causaram câncer em camundongos, mas não em ratos, ou vice

versa, causaram câncer nos ratos, mas não nos camundongos.

Não apenas ratos e camundongos respondem diferentemente às mesmas

substâncias e dosagens; muitos químicos que causam câncer em ratos e ca-

mundongos não causam a mesma doença em hamsters. Se substâncias têm

efeitos diferentes em animais tão proximamente relacionados, podemos con-

cluir que esses testes não têm como fornecer informações precisas sobre efei-

tos cancerígenos em humanos

Em 1998, um artigo publicado na revista Nutrítion Rev/evv, de autoria do

Dr. K. O. Kline, do Departamento de Ciências Clínicas do Hospital Infantil

Du Pont, em Delaware, Estados Unidos, afirmou: "Está perfeitamente claro,

com comprovação na literatura médica, que diferentes espécies e diferentes

tecidos orgânicos são afetados pela soja de modo diferente. Isso é particular-mente verificado no caso das isoflavonas da soja, fitoestrógenos {hormônios

vegetais), que apresentam efeitos diferentes, mesmo em organismos huma-

nos, de uma pessoa para outra." Portanto, estudos em animais envolvendo

fitoestrógenos não podem ser conclusivos quanto aos seus efeitos em seres

humanos.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

A soja não in ibe a absorção de minerais

Alguns pesquisadores americanos, entre eles Falfon e Enig, estudarem a ação

do ácido frtico presente na soja (e em quase todos as leguminosas, na película de

cereais integrais, nas cascas de muitas frutas e em outros alimentos). O estudo con-

cluiu, que essa substância é capaz de inibir, no trato intestinal aabsorçãode minerais

essenciais, como o cálcio, o magnésio, o cobre e, especialmente, o zinco. Foi men-

cionado inclusive que vegetarianos consumidores de queijo de soja, como substi-

tuto da proteína anima! e dos laticínios, estavam correndo o risco de desenvolver

sérias carências minerais. Embora essas supostas carências nunca tenhiam sidoverificadas de modo realmente significativo, a campanha contra a soja continuou.

Houve “estudiosos" que definiram o bemestar, a serenidade e a "iluminação espi-

ritual" descritos por alguns vegetarianos como uma grave deficiência de zinco ...

É bem verdade que os fitatos presentes nos grãos, sementes e castanhas

podem reduzir a absorção de minerais nos intestinos, particularmente o zinco.

No entanto, estudos mostram que isso só é possível se a pessoa ingerir gran-

des quantidades desses alimentos — que apresentam, em sua maioria, suaspróprias taxas de zinco e demais minerais. Uma deficiência poderia oco rrer se

o indivíduo ingerisse apenas soja como alimento — e durante muito tempo.

Embora, os fitatos estejam em maior concentração na película da soja, eles são

retirados no preparo da maior parte dos seus subprodutos. Também é devido

a esse aspecto que não se recomenda o uso isolado do farelo do trigo ou do

arroz, mais ricos em fitatos. Ademais, quando o grão é consumido inteiro ou

em farinhas integrais, os fitatos adquirem uma ação reguladora na ingestão de

minerais, evitando assim o excesso de absorção, como um recurso harmo

nizador e equilibrante da natureza. Se essas substâncias fossem capazes de

realmente produzir carências, como explicar que os alimentos ricos nesses

componentes venham sendo consumidos há milênios pela humanidade sem

que se tenha notícias dessas manifestações nos relatos médicos?

Vejamos agora um resumo sobre o tema, especifcamente sobre cadamineral mencionado:

Zinco

Embora seja recomendado que os vegetarianos incluam alimentos ricos em

zinco em sua dieta, os níveis desse mineral mostramse normais nos cabelos,

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MÁRCIO BONTEMPO

na saliva e no sangue de pessoas que optaram por esse tipo de alimentação

sem se preocupar em fazer uso de alimentos ricos em zinco. A deficiência des-

te elemento pode ser particularmente perigosa em gestantes, mas estudos atuais

não apresentam diferenças significativas dos níveis de zinco entre gestantes

vegetarianas e não vegetarianas.

De qualquer modo, recomendase que os adeptos do vegetarianismo

mantenham uma suplementação baseada no !DR (índice diário recomen-

dado), estabelecido pelas autoridades sanitárias internacionais e brasileiras,

com o um modo de prevenir a possibilidade de carências desse m ineral. Esse

procedimento reduz a preocupação quanto a busca de alimentos ricos emzinco.

Ferro

Dietas vegetarianas são muito mais ricas em vitamina C , que aumenta a absor-

ção de ferro. Desse modo, mesmo sem ingerir carne animal (que possui um

pouco deste m ineral), e apesar da redução da absorção de ferro devido à açãodos fitatos, vegetarianos não têm maior tendência à deficiência ferrosa do que

os não vegetarianos.

Cobre

As dietas vegetarianas tendem a apresentar maiores concentrações de cobre,

o que compensa qualquer possibilidade de redução de absorção desse minerai

pela ação dos fitatos. Vegetarianos, em geral, consomem maiores quantidades

de cobre do que outros grupos.

Magnésio

Ainda que os teores mais elevados de fitatos da soja possam reduzir um poucoa absorção do magnésio, não importa: a alimentação vegetariana é marca

damente muito mais rica nesse importante mineral. Isso pode se r verificado ao

se constatar que os níveis séricos de magnésio são maiores em vegetarianos

do que em pessoas que comem cârne regularmente.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

Cá Lei O

O cálcio presente na soja é quase tão biodisponível quanto aquele presente no

leite de vaca. Centenas de estudos têm demonstrado que vegetarianos oci-dentais apresentam ossos mais saudáveis, um balanço de cálcio mais positivo,

menor incidência de osteoporose do que carnívoros, além de índices mais baixos

ce doenças cardíacas, câncer, hipertensão arterial, obesidade e diabetes, e uma

expectativa de vida muito maior.

Atualmente, nos Estados Unidos, a completa adequação da dieta vegeta-

riana é comprovada e documentada até mesmo por instituições que possuem

interesse no com ércio da carne, como é o caso da National Cattlemen's Beef

Association. Numa declaração oficial, esse órgão afirmou que “uma dieta ve-

getariana bem planejada pode oferecer os nutrientes diários necessários ao

organismo humano".

O consumo de soja nos Estados Unidos, segundo dados oficiais publicados

no American Journal of  Nutrition, foi responsável por reduções significativas no

kxxo do comércio da carne, na casa dos milhões de dólares anuais. Curiosamen-

te, a propaganda contra a soja, desencadeada nos Estados Unidos a partir dos

anos 80, reduziu esse prejuízo, favorecendo os criadores e comerciantes...

Se fôssemos acreditar nos artigos escritos por Fallon e Enig, praticamente

todas as informações relativas aos benefícios da soja deveríam ser esquecidas.

Por exemplo, o que dizer sobre a reputação da soja, confirmada pela ED A, de

reduzir os níveis do colesterol? "Para nós", dizem Fallon e Enig, “desistir do bife

e com er hambúrgueres vegetais não vai reduzir os níveis do colesterol de san-gue." O núcleo de verdade na declaração é que o consumo de soja tende a

reduzir o nível de co lesterol total na maioria das pessoas cujos níveis são altos.

Entretanto, m esmo indivíduos com níveis normais de colesterol se beneficiam

ao com er mais soja, já que, segundo dezenas de estudos, isso melhora a razão

entre o H D L (bom ) e LD L (ruim) colesterol. Reconhecido pela American Heart

Association, este fator tom ouse mais importante do que os níveis de colesterol

total em relação aos riscos de desenvolvimento de doenças cardíacas.

A to x idad e das iso f la vona s iso ladas da so ja

Suplementos concentrados de soja têm efeitos diferentes dos alimentos deri-

vados da soja. Cápsulas com concentrados de derivados, como as isoflavonas,

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MÁRCIO BONTEMPO

por exemplo (usualmente a ginesteína e a daídzeina) podem conter quantida-

des excessivas de compostos ativos. Embora não existam evidências cabais de

que a ingestão de megadoses de isoflavonas possa afetar o organismo, fica cla-

ro que não é sensato abusar dela. Um a orientação médica adequada é reco-

mendada para as pessoas que desejam optar por uma reposição hormonal em

bases vegetais.

Problemas reais com a soja

Obviamente não estamos nos referindo à soja comum, mas à soja transgênica.Esta, sim, tem problemas. Já mencionamos antes a questão da soja Roundup

Ready, modificada geneticamente pela Monsanto, principal empresa de enge-

nharia genética do mundo (citado no item A polêmica dos alimentos trans

gênicos"). Tudo o que foi dito sobre os riscos dos alimentos transgênicos vale

para a soja modificada geneticamente. Convém acrescentar que, de acordo

com pesquisas realizadas pela própria Monsanto, a soja Roundup Ready apre-

senta 29% menos colina (nutriente cerebral) e 26% mais inibidores da tripsina,

cujo potencial alergênico é maior do que a da soja comum .

O s derivados da soja são freqüentemente prescritos pela sua composição

rica em fitoestrógenos, mas ainda de acordo com testes da própria empresa, a

soja RR tem menores níveis não só desse componente, como da fenilalanína,

um aminoácido essencial ligado à síntese horm onal. Também as taxas de lecitina

envolvidas com fatores alérgicos são duas vezes maiores na soja transgênica.Portanto, a soja modificada geneticamente tem mais problemas e menos

elementos favoráveis do que a comum. Por essa razão, o melhor é optar pela

soja orgânica, evitando inclusive todos os produtos com postos que contenham

soja transgênica, já apontados em capítulos anteriores.

Os produtos derivados da soja

Leite de soja

Tratase de um alimento forte, com muita concentração de proteínas, vitami-

nas e sais minerais, e baixos teores de inibidores da tripsina e de fitatos. No

entanto, crianças recémnascidas, idosos avançados e casos clínicos especiais

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só devem ingerilo sob orientação médica nutricinal. Adultos podem ingerilo

com maior regularidade, fera crianças, aconselhase o uso alimentar do leite

de soja diluído em água. Contudo, pode se r um produto indigesto para alguns

organismos com dificuldade de dissociar as proteínas da soja. De um modo

geral, é um excelente recurso alimentar; que chega a ser muito prático e per-

mite associações variadas com frutas, mel, castanhas e legumes. Substitui com

vantagem o leite de vaca em bolos, tortas e suflês, pavês, empadões, milkshakes, 

sorvetes naturais, vitaminas, iogurtes, etc.

Leite de vaca versus    Leite de soja

A indústria de laticínios nos Estados Unidos também voltou as suas baterias

contra o leite de soja. Durante um tempo tentouse evitar a inclusão das bebi-

das à base desse tipo de leite no importante guia de laticínios chamado Dietary  

Guidelines for Americans.  Fabricantes de bebidas de soja foram processados

por usarem oterm o "leite” em seus produtos, sob a alegação de que apenas asindústrias de laticínios teriam esse direito. Tentaram também manter as bebi-

das feitas com leite de soja longe das prateleiras dos supermercados onde o

leite de vaca era vendido. Um representante do National Milk Producers

Federation afirmou que "o leite de soja e seus similares competem seriamente

com os laticínios".

Durante muito tem po, a indústria de laticínios norteamericana gastou cen-

tenas de milhares de dólares em propaganda, tentando convencer a popula-

ção de que o leite de vaca era melhor que o leite de soja, Um exemplo é a

citação do Doíry Bureau, que procurou comparar as propriedades nutritivas de

ambos os produtos, afirmando, entre outros argumentos, que o leite de soja

continha 50 % do fósforo, 40% da riboflavina, 10% da vitamina A e 3% do cálcio

contidos no leite de vaca.

Brenda Davis, dietista e excatedrática da American Dietetic Assodatiorís 

Vegetarian Practíce Group, disse não se impressionar com a propaganda da in-

dústria de laticínios, afirmando: “Podese obter todo o fósforo necessário atra-

vés de vários alimentos comuns, até mesmo além das necessidades, o que pode

ser perigoso. Fornecer apenas metade da quantidade de fósforo presente no

leite de vaca é uma vantagem, não uma desvantagem. 'Apenas 40 % de

riboflavina? Não é necessário se preocupar com ela, pois o nutriente está sig-

nificativamente presente nas folhas verdes, castanhas, cereais, legumes, etc. O

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que dizer do pão branco, que tem 90% menos riboflavina que o pão integral,

e ainda assim ninguém deixa de comêlo regularmente? O mesmo raciocínio

vale para a vitamina A. Mas a verdade tem de ser dita: o leite de vaca também

não tem vitamina A . A propaganda não diz que ela tem de ser acrescentada ao

leite ... Quanto ao cálcio, é uma grande mentira da indústria de laticínios afirmar

que o leite de soja tem apenas 3% do cálcio presente no leite de vaca. A soja

tem mais cálcio que o leite de vaca, como provam as tabelas disponíveis. Os

produtos à base de soja comercializados no mercado norteamericano podem

comprovar isso. Basta observar os seus rótulos. Por exemplo, o Westsoy Plus e o  Vitasoy Enriched fornecem 100% a mais de cálcio que o leite de vaca co-

mum; o Pacific Soy, 95% ; o Edensoy Extra fornece 6 7% a mais. £ importante

afirmar que aqui, neste país, os rótulos não mentem..."

Agora vejamos o que a indústria de laticínios esconde quanto às desvanta-

gens do leite de vaca, comparado ao leite de soja:

• O leite de vaca comum possui cerca de nove vezes mais gorduras

saturadas, capazes de contribuir diretamente para as doenças cardíacas

e muitas outras. O leite de soja, ao contrário, fornece dez vezes mais

ácidos graxos essenciais, insaturados, do que o leite de vaca.

• O leite de soja é livre de colesterol, enquanto que o leite de vaca co-

mum contém 34 mg de colesterol por xícara, sendo portanto, capaz

de promover doenças circulatórias.• O leite de soja contém pouquíssimo LDLcolesterol (o mau colesterol),

enquanto o leite de vaca possui em taxas elevadas.

• O leite de vaca não contém fitoestrógenos, capazes de prevenir o cân-

ce r e as doenças cardiovascu lares, como ocorre com o leite de soja.

• Homens que consomem leite de soja diariamente têm 70 % menos

chance de desenvolver câncer de próstata. O consumo de leite de vaca,

ao contrário, é tido com o um dos fatores que têm promovido a eleva-ção da incidência da doença no mundo inteiro.

N o Brasil existem muitos produtos à base de leite de soja disponíveis, não so-

mente nos entrepostos de produtos naturais, mas nos supermercados. No

entanto, recomendase optar por aqueles produzidos com soja integral e or-

gânica, feitos em casa ou artesanalmente, por serem muito mais saudáveis.

Diversos produtos industrializados, feitos com leite de soja e disponíveis no

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comércio, contém açúcar branco, aromatizantes artificiais e conservantes

(nrtritos, sulfrtos, etc.) É preciso tom ar cuidado. O melhor é aprender a fazer o

leite de soja e o tofu em casa, observando a seguinte receita:

Preparo do leite de soja

Deixe de molho, na véspera, a quantidade de soja que deseja transformar em

leite Geralmente meio quilo de grãos transformase em pouco mais de um

litro de leite. No dia seguinte, jogue fora a água e retire manualmente a maior

quantidade possível das películas translúcidas dos grãos. Passeos aos poucos

no liquidificador, acrescentando sempre um pouco de água para permitir que

sejam transformados numa pasta bem pouco densa, quase líquida. Vá reser-

vando a quantidade de soja liquefeita num recipiente à medida que ela é passa-

da no liquidificador. Não é aconselhável encher o copo do aparelho com grãos.

Depois de toda a soja estar transformada em pasta líquida, levea ao fogo numa

panela grande. Mantenha fogo brando até levantar fervura. Depois de algumtempo é possível notar a presença de uma espuma banca sobrenadante. Ela

deve ser retirada com uma escumadeira à medida que for surgindo, pois trata

se de um produto tóxico. Por esta razão, desaconselhase a utilização dos lei-

tes de soja em pó ou microtexturizados disponíveis no comércio: eles são

preparados com a película e contêm elementos tóxicos e antinutrientes muito

concentrados. A retirada dessa espuma torna o leite de soja muito mais

assimilável e nutritivo.Depois de uma prolongada fervura de mais de uma hora, desligue o fogo e

espere que ela esfrie. E importante que a quantidade de água acrescentada aos

grãos durante a liquefação não seja muito escassa, de modo a evitar que o pre-

paro seque demais na fervura. Caso isso aconteça, acrescente água à medida

que o produto apresentar ressecamento.

Já frio, use um coador de pano limpo para filtrar o preparo. Aquilo que

passar através do pano já é o leite de soja; a massa restante não deve ser mais

misturada ao líquido. Com ela podem ser feitos diversos pratos saborosos e

nutritivos, como croquetes, pastéis, refogados, etc.

O produto resultante do processo é geralmente um líquido amarelado forte.

Comumente, ele exige uma diluição em partes iguais de água, mas isso vai

depender do teor do leite, como resultado da habilidade do cozinheiro. No

princípio não é muito fácil produzir o leite, mas só a experiência pode aprimo-

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ra ra prática. Podem ser feitas grandes quantidades, mantidas em geladeira por

um tempo considerável. Tomado puro ou com meí, quente ou frio, asseme-

lhase de algum modo ao sabor do leite de vaca.

Tofu, ou queijo de soja

É preparado a partir do leite de soja talhado, acondicionado em forma especial.

Seu sabor aproximase mais ao da ricota, mas os menos avisados devem saber

que o tofu está longe de ter sabor de queijo. Raramente é consumido puro.devendo se r temperado e/ou acrescido a outros pratos, como refogados, pas-

téis, empadões, assados, patês vegetais, sopas, etc.

O tofu é também concentrado em proteínas, sem a presença de inibidores

da tripsina e dos frtatos do grão da soja.

Na culinária japonesa acrescentase habitualmente um tempero feito com

um pouco de shoyu e gengibre ralado. Usado milenarmente no Oriente, mas

 já muito difundido no O cidente, o tofu é úma importante fonte de nutrientes e

um bom substituto para a proteína animal. É vendido nos entrepostos natura-

listas e nas casas de alimentos japoneses. Há uma variedade sem aditivos, mais

recomendada, e uma outra que contém ácido acético, não muito saudável,

mas tolerável. Pode ser produzido em casa, mas isso exige algum trabalho e

tempo disponível.

Preparo do tofu caseiro

Prepare dois litros de leite de soja. Com o produto frio. acrescente uma colher

de sopa de sumo de limão peneirado. Deixe descansar por várias horas em

ambiente não muito frio. Depois, coloque o leite talhado nas fôrmas apropria-

das ao queijo de soja (disponíveis no com ércio especializado). O tofu estará

pronto em geralmente 24 horas. Há uma possibilidade de se encontrar o tofudefumado, especiaria deliciosa com a qual temperamse feijões, guisados e

muitos outros pratos.

Prote ína t ex tu r i zad a de soja

Obtida do grão da soja, após o processo de extração do seu óleo, a proteína

ou “carne de soja", como é popularmente conhecida, é constituída em média

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de 53% de proteína de alto valor biológico. Absorve o sabor dos temperos

facilmente, e por ser um produto précozido, necessita apenas ser hidratada

em água morna por 5 minutos, dispensando cozimento prolongado.

Por se r extremamente versátil na sua aplicação culinária, pode substituir a

carne moída em diversas preparações, como estrogonofe, feijoada vegetaria-

na, hambúrgueres, croquetes, picadinhos, recheios, caçarolas, sopas, refoga

dos, etc. (Ver receitas mais adiante.)

Tabela nutricional da proteína texturizada de soja (para aproximadamente 100 gramas)

Calorias 280 Niacina 3,0 mg

Proteínas 53 g Zinco 5,5 mg

Lipídios I.Og Potássio 2.200 mg

Glicídios 31 g Cáldo 340 mg

Vitamina B 1 0,6 mg Fósforo 700 mg

Vitamina B2 0,33 mg Ferro 8,0 mg

Vitamina B6 0,50 mg Manganês 2,6 mg

Ácido Fólico 0,35 mg Fibras 3,0 g

Acido Pantotênico 0,33 mg Colesterol 0 mg

Biotina 0,07 mg

Misso

O misso é um importante alimento de uso milenar no Extrem o Oriente. É pre-

parado com uma mistura bem balanceada de soja, cereais integrais e sal mari-

nho, deixada para fermentar em recipientes de madeira durante um tempo,

que varia entre um e seis meses. O produto final é uma pasta salgada de aspec-

to castanho e aroma parecido com o vinho tinto envelhecido. O gosto é mo-

deradamente salgado/adstríngente. É usado tradicíonalmente em cremes, sopas,

caldos, pastas, patês, saiadas, refogados, como molho paramacarronada, assa-

dos e em diversos outros pratos.

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O s diversos componentes do misso, resultantes do longo processo de fer-

mentação salina, tais como o ácido láctico, o ácido linolênico, a lecitina, a

metionina, etc., fazem dele não apenas uma apurada fonte de proteínas e nu-

trientes, mas um poderoso agente medicinal. Mesmo usado em pequenas

quantidades, tem ação desintoxicante, depuratíva e protetora do organismo.

Estudos muito recentes mostraram a capacidade deste alimento em comba-

te r as radiações atômicas. Tem ainda ação antiinfiamatória, é despoluente, facilita

a digestão em geral, limpa os resíduos intestinais, reconstituindo a flora intestinal

e restaurando a jovialidade da pele. É um dos segredos dos orientais para a ma-

nutenção da beleza da pele e o combate ao envelhecimento precoce. Sendotônico e fortificante, é indicado para todos os tipos de dieta, para o tratamento e

para a prevenção da anemia, das fraquezas orgânicas, durante as convalescenças,

doenças espoliativas e carenciais. Além disso, purifica o sangue e os tecidos em

geral, ativa os intestinos e é um bom antialérgico. Previne a arteriosderose e , apesar

de possuir sódio, é utilizado no combate à hipertensão arterial. Fortifica o fígado

combatendo os maus efeitos da nicotina e do álcool. N os tempos atuais, configu-

rase como um excelente recurso remineralizante na luta contra o estresse e seusefeitos deletérios.

O misso favorece o crescimento de bactérias intestinais amigas, que p

movem a boa função do ambiente digestivo. Seu processo de fermentação

desativa os inibidores da tripsina e a ação dos fitatos.

O misso mais recomendável é o orgânico, preparado a partir dos grãos

soja, de cereais sem agrotóxicos e do sal marinho puro. É melhor consumir o

de preparo caseiro, seguindo a receita a seguir. No comércio, podem ser en-

contrados vários tipos de misso, mas devemse evitar os industrializados, que

comumente contêm açúcar branco e glutamato m onossódico.

No preparo dos alimentos, é conveniente não ferver aqueles que contêm

misso, pois a fervura pode reduzir seu poder nutritivo e medicinal. É preferível

acrescentálo apenas depois que os pratos já estiverem prontos.

Shoyo, ou molho de soja

Também conhecido como Tamari, o  molho de soja é um produto resultante

da fermentação do misso, apresentando propriedades nutritivas e medicinais

multo semelhantes a ele. O shoyo brota regularmente na massa de soja e ce-

reais, em meio à fermentação salina.

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No comércio, o shoyo, ou molho de soja, pode ser encontrado indus-

trializado e acrescido de produtos químicos como aditivos. O ideal é aquele

produzido e conservado naturalmente, caracteristicamente mais diluído e sal-

gado (menos saboroso) que o shoyu industrializado, xaroposo, denso e mais

forte, rico em açúcar branco.

Tempeh

E preparado a partir dos grãos da soja descascados, triturados, précozidos

e, em seguida, inoculados com o fundo alimentício risopus o/igosporus. É apre-sentado em tabletes pequenos que apresentam pedaços visíveis de grãos de

soja ligados por uma massa esbranquiçada. De sabor exce lente, tem um pa-

ladar que lembra o do bacon.  Pode ser consumido depois de ligeiramente

aquecido, frito, cozido ou assado. Com ele podem ser feitos todos os pratos

que a criatividade culinária permite, principalmente  pizzas,  sanduíches, tor-

tas, etc.

O tempeh é um alimento secular da Indonésia, introduzido há algumas

cécadas no Ocidente, sendo hoje muito consumido em vários países da

Europa, no japão e nos Estados Unidos. No Brasil, ainda é muito pouco

conhecido e pode ser encontrado nas boas casas de alimentos naturais e

macro bióticos.

Tratase de um produto extrem amente concentrado em proteínas e fibras,

capaz de reduzir expressivamente os inibidores da tripsina e os frtatos da soja.Graças à ação do risopus oligosporus sobre a soja, produzse a importante

vitamina B 12, que é rara entre os alimentos naturais, mas encontrada em abun-

dância no fígado animal, nos rins, na carne em geral, nos ovos e nos laticínios.

A vitamina B 12 é basicamente um nutriente resultante da elaboração do orga-

nismo. Um metabolismo saudável consegue elaborar a vitamina a partir de

compostos simples presentes nos vegetais em geral, sem a necessidade de

ingestão de derivados animais. O co rre , porém, que os organismos acostuma-

dos a adquirir a vitamina B 12 da fonte animal reduzem a capacidade de síntese

do nutriente, daí a possibilidade do surgimento de carências e anemia durante

as fases de transições d ietéticas. A vitamina B 12 é essencial nafisiologia das células

vermelhas do sangue. Sua redução produz anemia megalobíástica e outros

problemas.

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O tempeb,  rico em vitamina B 12 , proteínas e muitos minerais, é um

mento forte e preventivo de várias doenças carenciais.

Composição do  t empeh (por 100 gramas do produto)

Proteínas 18 gramas (a carne tem cerca de 20)

Lipídios 5,3 gramas (a carne tem cerca de 10 a 30 gramas de gorduras

saturadas e cclesterol; o tempeh, somente lecitina e ácido

linolênico de fádl assimilação)Carboidratos 9,4 gramas

Fibras 4 gramas (a carne tem 0)

Vitaminas E, B 1, B2, B6 e B12, ácido fólico (a carne não tem e pode produzir

a anemia perniciosa), ácido pantotênico.

Minerais Cálcio, potássio, fósforo, ferro, magnésio, zinco e outros.

Outros produtos fe i tos com a so ja

A soja permite um semnúm ero de receitas que a criatividade é capaz de gerar.

Por exem plo, podese fritar os grãos da soja e temperálos com várias ervas e

condimentos, o que produz um excelente acompanhamento.

A manteiga de soja, o patê de soja (que pode ser feito com tofu) e so rve-

tes de soja, mais raros no Brasil, são muito comuns nos Estados Unidos e no

Japão

"Alimentos funcionais" — Uma novidade muito antiga

Recentemente, o Ministério da Saúde no Brasil criou uma nova classifica-

ção para alguns alimentos: os chamados “alimentos funcionais”, ou nutra

cêuticos, são aqueles que , além de cumprirem sua função nutricional básica,

contêm compostos que trazem benefícios à saúde e podem auxiliar na pre-

venção e redução de doenças crônicodegenerativas. Nesse grupo, estão

alimentos que possuem outros componentes com grande capacidade pro-

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tetora da saúde, como o alho, a semente da linhaça, os cereais, a soja, os

vegetais da família dos crucíferos, alguns produtos lácteos, etc. todos eles

receberam o status  de "medicamento” e têm sido classificados como ali-

mentos funcionais.

A classificação do Ministério da Saúde, contudo, é apenas mais uma classi-

ficação. N a verdade, todo alimento natural não processado industrialmente pode

ser classificado com o "funcional", já que contém elementos importantes para a

saúde, como vitaminas, minerais, enzimas, fibras, etc. Em contrapartida, foram

também classificados os "nãofuncionais”, alimentos que, por "algum" motivo,

não possuem todos os componentes de sua estrutura original. Seriam aqueles

que “não funcionam mais"...

Sugeririamos ao Ministério da Saúde uma classificação mais coerente:

alimentos naturais e alimentos modificados pe lo ho mem .  Sim, pois desde

que o homem passou a interferir na comida, seja por meio de aditivos sin-

téticos, “defensivos" agrícolas, irradiação, conservação química, transgenia,

etc. — , houve redução de nutrientes e de elementos na estrutura daquiloque com em os. Chega a ser irônico criar a classificação de “alimento funcio-

nal" para aquilo que, há m ilênios, sem pre “ funcionou", ou se ja, sem pre foi

natural e, sendo assim, é capaz de fornecener ao organismo o que ele pre-

cisa. E o que o organismo necessita são os nutrientes e princípios ativos

que a industrialização lhes retira. Quanto à capacidade “medicinal" dos ali-

mentos "funcionais", isso só é novidade para o Ministério da Saúde e para

a medicina oficial em sua ala conservadora, que demonstram estar muito

mal Informados sobre a História. Até mesmo Hipócrates, o Pai da Medici-

na, já sabia disso há quase 25 séculos: a melhor medicina é a prevenção

por meio de alimentos que cumprem completamente as suas funções no

organismo.

Cereais integrais

Todos os cerea is integrais são benéficos ao organism o, representando uma

fonte natural de energia vital, de energia química (carboidratos), de gordu-

ras essenciais, de vitaminas, proteínas, minerais e microminerais (oligo

elementos).

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 Arroz integral

O arroz integra! é aftamente nutritivo, sendo um dos poucos alimentos que

oferece 12 am inoáridos básicos em sua cadeia protéica, Além disso, é rico emcarboidratos, vitaminas do complexo B, minerais e gorduras poliinsaturadas.

Recentemente, com o advento da medicina ortomoiecuíar, descobriuse que

o arroz integral é um dos alimentos de maior poder antioxidante, sendo po-

tencialmente capaz de reduzir os radicais livres do organismo.

Trigo

Graças à sua riqueza em ácido glutâmico, o trigo é conhecido como o alimento

que realça a inteligência, a criatividade e o raciocínio. A grande quantidade de

vitaminas, proteínas (perde apenas para o arroz), óíeos essenciais, etc. man-

tém a resistência física e a energia corporaí.

O trigo é também usado em suas partes isoladas, tais como o farelo (fibrasda película), a farinha (para o pão, etc.), a sêmola, o gérmen e o glúten (parte

protéica separada do amido).

Valor nutritivo do pão de trigo integral em relação ao pão branco

Calorias 0% a mais

Proteínas 10% a mais

Cálcio 20% a mais

Ferro 30% a mais

Tiamina / Riboflavina / Niacina 40% a mais

Glúten

Também chamado seitan ou simplesmente “carne vegetal de trigo". Trata

se de uma matéria viscosa, castanha, obtida com a retirada do amido da

farinha integral do trigo na água. É uma ótima fonte de proteínas, principal-

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ALIMENTAÇAO PARA UM NOVO MUNDO

mente da  gliadin a  e da  g lu tein a   que, apesar de serem proteínas simples,

contêm uma boa carga de aminoácidos. Sendo assim, o giúten é um ali-

mento nutritivo, de grande importância na alimentação natural. Com ele

produzemse bifes vegetais e outros tipos de alimentos que imitam a car-

ne, tanto no aspecto quanto no sabor (que é aproximado). É uma opção

para diversos pratos, como bifes acebolados, sanduíches, estrogonofe, as-

sados, churrasco e todos aqueles em que se costuma usar carne animal. O

produto pode ser encontrado pronto para uso nos entrepostos apropria-

dos ou pode ser preparado facilmente em casa.

Trígo-sarraceno

 A

Também conhecido como trigo mourisco, mouro ou cashe, É  um grão muito

rico em cálcio, muito mais que o trigo comum e o arroz. Em 100 gramas de

trigosarraceno há I 14 miligramas de cálcio, enquanto que a mesma quantida-

de de trigo e de arroz possui 36 e I I miligramas, respecíivamente. Por estarazão, é recomendado para crianças raquíticas, descalcificadas, adolescentes em

franco crescimento, convalescentes e gestantes. Não tem a mesma quantida-

de de vitaminas e de proteínas que o trigo comum, mas possui dosagens maio-

res de triptofânio e sintomina do que qualquer outro cereal (inclusive maiores

que a carne animal). Também contem ácido glutâmico e microminerais em

porções razoáveis. Pela sua grande quantidade de zinco, é importante no com-

bate e na prevenção do estresse.

Centeio

Embora não seja um cereal tão rico em glúten, aminoácidos e vitamina B3 quanto

o trigo, o centeio é um excelente alimento, usado há milênios na confecção de

pães. Os povos que costumam usálo têm menor incidência de doenças

cardiovasculares, por isto ele é indicado para os casos de hipertensão arterial,

doenças cardíacas, arteriosclerose, etc.

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MÁRCIO BONTEMPO

Cevada

E talvez o mais antigo cereal usado como alimento pelo homem, Suas pro-

priedades nutritivas assemelhamse às do trigo, sendo também rica em cálcio,potássio e fósforo. Muito recomendada para atletas, pessoas em fase de cres-

cimento e como restaurador do equilíbrio nervoso.

 Aveia

É também um cereal de grande importância, cujo uso como alimento bási-

co é tão antigo quanto a humanidade, Altamente energético, sua composi-

ção de nutrientes assemelhase a do trigo, Por ser rica em marganês, é

particuíarmente recomendada no tratamento e na prevenção da anemia

causada por falta de ferro ou por perdas sanguíneas, Os escoceses usam a

aveia com o fonte energética há m ilênios. O s hunos, famosos pela resistên-

cia física, contavam apenas com a aveia como ração durante as campanhasde guerra.

Milho

O milho não étã o rico em nutrientes quanto os alimentos que acabamos de

citar. Possui menos vitaminas do com plexo B que o trigo, o centeio, a cevada eo arroz, e sua proteína — a zeína — tem menos aminoácidos. No entanto, o

milho foi extremamente importante como base alimentar dos povos préco

lombianos da Am érica. Sua poderosa carga de energia vital e magnética o dife-

rencia bastante dos demais.

Painço

É uma semente bem pequena, da mesma família do sorgo. Rica em fósforo,

magnésio e cálcio, é muito recomendada contra doenças nervosas.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

Linhaça

Nome aplicado às sementes do linho. A linhaça tradicional é uma semente

marrom escura e luzidia, pequena, pouco maior que o gergelim. Atualmente

se cultiva a semente dourada do linho, muito mais rica em ômega 3 e ácidos

graxos insaturados. Rica em fibras digeríveis, principalmente a lignina, protege

contra o câncer e as doenças femininas em geral. Muito rica em vitaminas, m i-

nerais e aminoácidos, é hoje um grande recurso nutricional. A semente apre-

senta também fibras não digeríveis, o que confere à linhaça propriedades

aíivadoras dos intestinos, sendo muito útil contra a prisão de ventre.

Composição nutricional das sementes de linho 

(Porção recomendada por dia: 25-46g)

 Análise em 100g RDA

Calorias: 333 kcal 2.000 kcalProteínas: 22,0 g 37 g (ou 0,8 a 1,4 g/kg/dia)

Carboidratos: 10,1 g 50 a 60% das calorias totais

Gorduras: 36,2 g 20 a 30% das calorias totais

Fibras: 21,94 g solúveis e insolúveis — 20 a 30 g

Colesterol: Og menos de 300 a 200 mg

Ômega3: 16,51 g 1,0 a 1,5 g

Ômega6: 5,74 g 4,0 g

Vitaminas RDA

A: 18,47 Ui 2.500 UI

E: 128,2 UI 10 UI

B 1: 0,6 mg 1,0 mg

B2: 3,26 mg 1,2 mg

B3: 4,78 mg 13 mg

B6: 0,86 mg 2,0 mg

B I2: 0,65 mg 2,0 mg

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MÁRCIO BONTEMPO

Composição nutricional das sementes de linho (Porção recomendada por dia: 25-46g) (Cont.)

Minerais RD A

Potássio: 777 mg 1,9 — 5,6 mg

Sódio: 253 mg 1,1 a 3,3 mg

Magnésio: 3.720 mg 300 mg

Fósforo: 6.551mg 800 mg

Ferro: 2,2 mg 5 — 9 mg

Cobre: 14,4 mg 2 — 3 mgZinco: 46,2 mg 15 mg

Manganês: 33,3 mg 2,5 — 5 mg

Selênio: 0,64 mg 70 mcg

Cromo: 0,24 mg 50 a 200 mcg

 Aminoácidos

Ácido aspártico: I0.35g

Serina: 3,99 g

Ácido glutâmico: 2 1,92 g

Prolina: 4,48 g

Glicina: 6,52 g

Alanina: 4,87 g

Cistina: 1,48 g

Valina: 4,64 g

Metionina: 1.28 g

Isole uci na: 3,83 g

Leucina: 6,18 g

Tirosina: 2,52 g

Feniialanina: 4,99 g

Usina: 4,64 g

Histídina; 2,12 g

Tríptofano: 0,41 g

Arginina: 10,47 g

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ALIMENTAÇAO PARA UH NOVO HUNDO

Verduras, Legumes, raízes e tubérculos

 Agrião

 Al caparra

 Alface

 Alfafa

 Alfavaca

Bardara

Batata-doce

Berinjela

Bertalha

Beterraba

Cebola

Chicórea

Confrei

Da família das crucíferas. Com o alimento é rico em iodo,cálcio e magnésio.

Útil como condimento, contém vitamina B I . Possui efei-

to tonificante e digestivo.

Rico em cálcio e magnésio.

Como alimento, é mais utilizada sob a forma de brotos

germinados (ve r Brotos). O broto de alfafa é reconsti

tuinte, indicado para os casos de anemia, fraquezas, falta

de apetite e má digestão.

Ou manjericão, Tem ação tônica, útil no combate ao can-

saço físico e à debilidade orgânica geral.

Raiz de efeito tônico, rica em vitaminas, aminoácidos,

cálcio e zinco.

Tubérculo rico em vitaminas (B í , B2, e C ), fécula ( 15% )e açúcar ( 10% ).

Como alimento, o bulbo tem ação mineralizante, a!ca

linizante e levemente laxante.

(,Baselia rubra). Como alimento (refogada como espina-

fre), é uma rica fonte de clorofila, iodo, ferro , cálcio, vita-

minas e aminoácidos, sendo quase semelhante ao

espinafre em sabor e propriedades nutritivas.A porcentagem de sacarina da "beterraba de açúcar" é

de ! 2% a 16% . A da forrageira, de 2% a 6% . R ica em

betaína, é um dos mais modernos recursos antioxidantes,

combatendo os radicais livres e prevenindo o câncer e as

doenças hepáticas.

Rica em sulfureto de alílo, substâncias hidrocarbonadas,

fermentos e sais orgânicos, contém vitaminas A , B I e

C . Ingerida crua, a cebola é um forte depurativo e

desintoxicante, sendo atualmente utilizada desta forma

no combate ao excesso de colesterol e de ácido úrico

(sumo cru).

Rica em cálcio, magnésio, iodo, ferro , manganês e zinco .

(Siph/tum offidnalis).  Utilizado há milênios pelos povos

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MÁRCIO BONTEMPO

Couve

Dente-de-leão

Gengibre

Girassol

Inhame

 Jiló

Mostarda

Salsa

Serralho

orientais, tem ação antianêmica, tônica, mineralízante, É

um alimento rico em ferro, magnésio, iodo, cálcio, ami

noácidos, proteínas e vitaminas,da família das crucíferas, é rica em vitamina K, cálcio,

magnésio e outros nutrientes.

(Tôraxocum offidnale). Pode ser usado como alimento em

saladas cruas, sendo uma fonte vegetal de iodo e de di-

versos minerais.

Um dos recursos vegetais mais utilizados pela humanida-de, desde os tempos mais remotos, é muito rico em vi-

tamina C . Com o condimento, auxilia a ação das enzimas

digestivas, sendo aplicado contra a dispepsiae aflatulência.

O girassol é uma flor gigante. Das suas sementes extrai

se um óleo bruto, fino, de excelente digestibilidade, mui-

to nutritivo e rico em ácidos graxos insaturados, proteínas

e lipoproteínas.(Colocasia esculenta). Tubérculo de grande valor alimen-

tício, é muito rico em m inerais e oligoelementos. Utiliza-

do íargamente como remédio na medicina natural, antiga,

doméstica e indígena.

Como alimento, tem ação mineralizante, protetora he-

pática e eupéptica.

Designação que abrange diversas plantas da família das

crucíferas. As mais conhecidas são a mostarda branca

(Sinapis alba} e a mostarda negra (Sinapis nigra). Suas fo-

lhas frescas podem ser comidas refogadas ou em saladas

cruas, constituindo uma boa fonte de iodo, ferro , cálcio e

fósforo.

Com o tempero, tem ação digestiva, tônica e fortificante(Sonchus oleraceus). Em muitas regiões a serralha é uti-

lizada como alimento (refogada ou em saladas cruas),

sendo uma excelente fonte de cálcio, manganês, ferro,

iodo, vitaminas e enzimas. Fortalece a visão é um exce-

lente recurso contra a anemia, as carências minerais ou

vitamínicas.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

Frutas — A comida que é o melhor remédio

 Abacate   Como alimento, é uma fruta nutritiva, digesti-va, antiinflamatória, rica em vitaminas, minerais

e aminoácidos, Costuma ser usada nos casos

de reumatismo, gota, afecções renais e hepáti-

cas, obstipação intestinal. Combate os males  

 produzidos pelo hábito de com er cam e, as per-

turbações digestivas, a prisão de ventre, as

flatulências, os abscessos estomacais, o reuma-

tismo, a gota, as afecções dos rins, do fígado,

da pele, etc. É uma das frutas mais nutritivas que

existem; tem quatro vezes mais valor nutritivo

que os outros frutos, exceto a banana. Nele se

encontram quase todas as vitaminas, inclusive

a vitamina C , uma das mais importantes. Por

conter pouco açúcar e quase nenhum amido,

o abacate é muito recomendável aos diabéti-

cos. Ao contrário do que sucede com os gor-

duras animais, suas abundantes substâncias

gordurosas não são prejudiciais, pois a fruta é

rica em gorduras insaturadas.

 Acero la (M alp ighia glabra )  É considerada a fruta com maior teor de vita-mina C . Rara cada I OOg de polpa existem de

2.000 a 5.000m g de vitamina C , quantidade

cem vezes maior do que a contida no limão.

É vítaminizante, antianêmica, adstringente,

aperiente, cicatrizante, antiinflamatória e mi

neralizante.

 Am eixa (P ru nus domestico) Graças ao seu conteúdo rico em magnésio,sódio e potássio, a ameixa é laxativa, sendo

recomendada contra a prisão de ventre. Pela

sua elevada taxa de fósforo é muito utilizada

nos casos de fraqueza gera), especialmente

quando ocorre debilidade cerebral. A ameixa

fresca é um agente terapêutico que age con

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MÁRCIO BQNTEMPO

tra as enfermidades causadas pelos ácidos

oriundos de uma alimentação baseada em

muita proteína— principal mente o ácido úrico— , tais como o reum atismo, a artrite, a gota,

a arteriosclerose, a nefrite, etc,

 Amêndoa  (Prunus amygdalus)  O fruto comido regularmente e bem mastiga-

do é muito benéfico contra a acidez ou úlcera

gástrica. Nestes casos, podemos associála a um

pouco de mel, suco de couve, agrião ou algu-

mas outras hortaliças. O leite de amêndoas é

um valioso alimento nos casos de anemia,

atuando contra as afecções das vias respirató-

rias e o diabetes. A amêndoa é um bom tônico

do sistema nervoso. Muito nutritiva, é riquíssima

em gorduras insaturadas e iipoproteínas. Suas

proteínas, de alto va lor biológico, são um subs-tituto da came.

Como preparar o nut r i t i vo le i te de amêndoas

Mergulhe uns 50 ou 60 gramas de amêndoas em água fria durante várias ho-

ras, ou então escaldeas com águafervente, para remover mais facilmente a

película. Uma vez peladas, tritureas com um pilão até transformálas numapasta. Acrescente água aos poucos, sem deixar de amassar. Deixe o conteúdo

repousar durante umas três horas, depois passeo por uma peneira fina. As

partículas maiores, presas na superfície da peneira, devem ser novamente tri-

turadas, até que se tenha aproveitado praticamente toda a porção de amên-

doas. Se quiser aromatize o refresco com casca de limão e adoceo com mel.

É um alimento de grande poder nutritivo que, embora semelhante ao leite de

vaca, superao em alguns nutrientes, Para melhor conserválo, guardeo nageladeira ou no congelador.

 Avelã   Fruto da aveleira, árvore da família das

betuláceas, é uma pequena castanha usa-

da como alimento no mundo inteiro, É

muito oleosa e rica em vitaminas B I , B2eC.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

 Azeitona   A azeitona é um alimento excelente para

os órgãos internos, recomendada aos

tuberculosos e aos que sofrem de outras

doenças pulmonares, principalmente a

asma. As azeitonas pretas, laxativas, pa-

recem possuir um efeito medicinal supe-

rior às verdes, adstringentes.

Banana  Existem no mundo mais de 30 varieda-

des de bananas. Representa um alimen-

to importante para muitas comunidadese povos, graças aos seus componentes

nutritivos, entre vitaminas, aminoácidos e

sais minerais, como cálcio, potássio, sódio,

fósforo, cloro , magnésio, enxofre, silício.

A banana contém vitaminas A , B 1, B2 , B5 ,

(niacina) e C , entre outras. Nas diversas

variedades, a vitamina A se encontra na

proporção de 200 a 300 UI em cada 100

g. O teo r de vitamina C também varia, de

um tipo para outro. Assim, em cada 100

gramas, a bananad'água possui 6,4 mg;

a maçã, 12 ,7 mg; a figo, 15,3 mg; a prata,

í 7 ,3 mg; a ouro, 9 ,4 mg.

Carambola (Averrhoa carambola)  Fruto da caramboleira, uma pequena ár-

vo re originária da índia, muito rico em fós-

foro e ácido oxálico. O suco da fruta é um

excelente febrífugo e atua contra o pres-

são alta.

Castanha (Castanea vulgaris)  Tratase de um alimento energético porexcelência, indicado para os anêmicos,

debilitados, tuberculosos e convalescen-

tes, e também para os doentes do fígado

e dos rins. Aumenta a secreção de leite

nas lactantes.

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Castanha-do-pará  

(Bertholletia excelsa)

C o co

Dendê   ( Elaeis guineensis)

Seu teo r de proteínas se equipara à das

amêndoas, nozes e avelãs. Contém a

excels ina, uma proteína de alto valor bi-

ológico, considerada quase completa.

Assim como as amêndoas, é possível

preparar um leite muito nutritivo das

castanhasdopará, de sabor e teor vita

mínico semelhantes aos do leite de

vaca. A farinha parcialmente desengordurada desta castanha tem a seguinte

com posição: água, 7 ,6% ; hidratos de

carbono, 13,6%; proteínas, 33,5% ; gor-

duras, 38,5%.

A água e o leite de coco são ricos em

gíícerofosfatos e lecitinas. Indicado contra

a arteriosclerose, é excelente para pro-

mover o desenvolvimento do tórax, dos

nervos, do cérebro e dos pulmões (a

chamada gordura de coco, geraímente

saturada, "pesada" e desaconselhavel, não

é derivada do cocodabahia, mas do

cocobabaçu). Tratase de um alimentomuito bom para os diabéticos, Uma co-

lherada de coco ralado fresco, tomado a

cada manhã, em jejum, expulsa os ver-

mes instestnais de todos os tipos. A água

do coco é famosa pelas suas aplicações nc

combate à úlcera do estômago, ao enjôo

de m ar e à artrite.

Fonte do famoso azeitededendê, utili-

zado largamente na culinária nordestina

brasileira, é uma das mais ricas fontes cs

vitamina A e carotenóides. Utilizado nos

alimentos serve para com bater a fraque-

za ocular, as dores de cabeça, a prisão ce

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

ventre e as cólicas abdominais. Apesar da

sua densidade e da coloração vermelha

carregada, é um óleo insaturado, reco-

mendável nos casos de excesso de colestero!, triglicerídios e aterosclerose

coronariana. Usado regularmente, adqui-

re propriedades anticancerígenas, graças

ao seu teo r de elementos antioxidantes.

As populações que consomem azeite de

dendê são as que apresentam as meno-

res incidências da doença.

Fruta-pâo (Artocarpus incisa)   Alimento essencialmente popular como

fonte de calorias e vitaminas do comple-

xo B. No Nordeste brasileiro, onde o tri-

go é caro e escasso, afrutapão é usada

na refeição matinal, sendo um recurso

abundante e barato.Uma-da-pérsia  Muito rica em vitamina C e e m compos-

tos que protegem as mucosas digestivas,

possui efeitos diuréticos. Suas proprieda-

des desintoxicantes fazem com que ela

seja útil nas monodietas de alguns dias.

Podese tomar o suco em jejum ou co-

mer as limas feito laranjas,Limão  Seus componentes principais são: ácido

cítrico, vitamina C , fósforo, magnésio, man-

ganês e potássio.

Os ácidos do limão, facilmente transfor-

mados em elementos alcalinizantes, alia-

dos às suas bases, fermentos e vitaminas,

o tomam poderoso para oxidar resíduos,

principal mente os protéicos, responsáveis

diretos pelo artritismo e todas as suas ma-

nifestações. Apesar de ser ácido, o sumo

do limão determina uma reação alcalina.

Graças a um processo metabólico, ele é

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utilizado como agente inibidor da acidez

gástrica.

Maçã Usada regularmente, é um depurativo do

sangue. O ácido málico que ela contém eli-mina os detritos provenientes do metabo-

lismo. É muito útil na gota e no reumatismo.

Devido ao seu elevadoteor de vitaminas (A,

B I , B2, C ) e sais minerais— especíalmen

te potássio, fósforo, sódio, ferro — é um

alimento especial para crianças fracas, pes-

soas que exercem atividades mentais, mães

que amamentam e convalescentes.

A/lomão Afruta madura é digestiva, diurética, emo

íiente, laxante e refrescante. Possui um

fermento solúvel, a papaína (mais abun-

dante no fruto verde e nas sem entes), de

grande poder digestivo, daí ser receitadopelos médicos nas doenças do estômago

e dos intestinos. O dr. John Harvey Ke-

llogg apontou o mamão como o mais

poderoso de todos os digestivos. Com i-

do em jejum, de manhã, é eficaz contra

diabete, bronquite e icterícia. É também

um ótimo depurativo do sangue.M elão  Fruta eficaz para todas as doen ças gíneco

lógicas e hormonais femininas. Indicado no

tratamento a longo prazo das cólicas mens-

truais e na tensão prémenstrual. A quan-

tidade a ser ingerida é livre, respeitandose

as refeições.

N oz   Porseu elevado teo r de fósforo, é um tô-

nico excelente para o cérebro. Serve tam-

bém para combater a debilidade nervosa.

Pinheiro  A fruta do pinheiro, chamada pinhão, ou

ata, é um alimento de ação tônica, antia

nêmica, nutritiva é energética.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

Pitanga  Planta de grande uso popular; rica em vi-

tamina C e bioflavonóídes. Seu consumo

regular combate o excesso de ácido úrico,

o reumatismo e a artrite.

Romã {Punica granatum).  É uma fruta oxidante, mineralizante, re-

frescante, utilizada pela medicina desde os

seus primórdios.

Tâmara (Phoenix dactylifera).  Com o alimento, é um tônico de primeira

linha, atuando nos caso de anemia, desnu-

trição e tuberculose. Tem efeito calmantesobre o sistema nervoso. Combate a in-

sônia, fortifica o estômago e os intestinos

e é recomendada para prevenir e comba-

te r colites, hemorragias e escorbuto. A tâ-

mara verde é lactígena, diurética e útil no

tratamento das hemorróidas. É um alimen-

to energético, de grande importância nutri-cional.

Tangerina  O fósforo e o cálcio favorecem o desen-

volvimento ósseo; o magnésio tonifica as

articulações e os músculos, beneficiando

os intestinos e o sistema nervoso; a vita-

mina C age contra as infecções, a neurite

e o escorbuto.

Como alimento, é muito útil contra arte

riosderose, debilidade da visão causada por

endurecimentos, gota, reumatismo, cálcu-

los, tumores (adenomas, condromas, fibro-

mas, gliomas, lipomas, miomas, míxomas,

neuromas, osteomas), cistos recentes, en-

durecimentos cálcicos e cristalizações de áci-

do úrico.

Uva  Com o alimento regular, a uva atua sobre

o fígado, o rim e o intestino. E la ativa os

rins e aumenta a diurese. Suas substân-

cias pécticas e seus tartaratos estimulam os

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intestinos. Diminui a formação de certos

compostos, como o indoi, o escatol e o

fenol, presentes na carne animal. A uva

tonifica, rem ineralizae renova os tecidos.

Para as crianças que ainda mamam no

peito, o suco de uva, fresco e puro, é uma

espécie de leite vegetal, que pode ser mi-

nistrado aos Sactentes na proporção de

três colheradas diárias. Tem ação preven-

tiva na arteriosderose e no câncer.

Brotos germinados

O s brotos são resultantes da germinação de grãos em contato com a água. A

germinação é o despertar da energia potencial do grão ou da vida latente trans-

formada em energia ativa. Através da ação da água, do ar e da luz iniciase omisterioso processo de dinamização da energia de reserva de uma semente,

que pode guardála por meses, anos, séculos ou até milênios. Essa energia

desperta é a própria vida presente nos alimentos e da qual todo o universo

depende.

O processo de germinação pode ser realizado em qualquer semente, mas

só alguns brotos são comestíveis, tais como os de alfafa, feijão, lentilha, ervilha,

grãodebico, soja, gergelim, girassol, linho, abóbora, rabanete, nabo compri-

do, agrião, mostarda, espinafre, milho, trigo, arroz, aveia e cevada. A maioria

dos brotos pode ser ingerida crua, alguns apenas cozidos, como o arroz e o

milho, e outros só moídos, como a cevada e a aveia.

A germinação, contudo, não desperta apenas a energia latente, mas multi-

plica as taxas de vitaminas e de alguns outros nutrientes em níveis muito eleva-

dos. O Dr. C . W. Bailey, da Universidade de Minnesota, estudou as modificaçõesocorridas no trigo germinado, concluindo que a quantidade de vitamina C au-

menta em 600% , comparado ao trigo seco , que contém apenas traços exí-

guos dessa vitamina.

O Dr. Burkholder, da Universidade de Yale, mediu a elevação das taxas de

vitamina B e de outros elementos presentes na aveia germinada, obtendo re-

sultados surpreendentes:

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

Ácido nicotínico 500% Inositol 100%

Ácido pantotênico 200% Riboflavina 135%

Ácido fólico 600% Piridoxina 500%Biotina 50% Tiamina 10%

A equipe do D r Piummer mediu a taxa de vitamina C de ervilhas secas, da

aveia e da soja, antes e até três dias após a germinação, concluindo o seguinte:

Vitamina C  

(em lOOg)

Horas de 

germinação

Vitamina C  

(em lOOg)

Aveia em grão seca 1 1 mg 96 horas 20 mg

120 horas 42 mg

Ervilha seca não tem vit. C 24 horas 8 mg

40 horas 69 mg

86 horas 86 mgSoja seca não tem vit. C . 24 horas 108 mg

72 horas 706 mg

Essas e outras pesquisas do gênero realizadas nos úftimos anos mostram que

os brotos germinados são excelentes fontes nutritivas, Eles têm sido consumi-

dos largamente no Oriente, na Europa e na América do Norte, mas só recen-

temente seu uso alimentício tem sido incentivado no Brasil, onde podem ser

encontrados nos entrepostos alternativos e em alguns supermercados, Os bro-

tos mais comumente consumidos no Brasil são, por ordem: o broto de feijão,

de alfafa, de nabo comprido e o trigo germinado,

Existe uma técnica medicinal muito antiga e extremamente eficaz, que con-

siste na ingestão de três colheres de sopa de trigo integral germinado, em je-

 jum. Mastigase prolongadamente e evitase qualquer alimento até o almoço.Realizada durante 2 1dias, serve como método de desintoxicação profunda e

de revitalização orgânica no tratamento de qualquer  doença, segundo os anti-

gos mestres. Os brotos não só nutrem, mesmo em pequena quantidade, como

são ricos em fatores anticancerígenos, além de prevenir as doenças dege-

nerativas. Eles podem ser obtidos no comércio, mas é mais recomendável

produzilos em casa.

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Preparo caseiro dos brotos germinados

A produção é extremamente simples. Escolha primeiro o tipo de grão a ser

germinado. Com o primeira vez, aconselhamos o feijão azuki ou a lentilha. Mais

tarde, poderá produzilos com sementes de alfaia, gergelim ou mostarda.

Lave bem os grãos na quantidade desejada. Em seguida, deixeos de mo-

lho em bastante água durante oito horas, num recipiente bem limpo. Escorra

toda a água, enxague bem e coloqueos numa grande embalagem de vidro

coberta por um pano leve. A cada três ou quatro horas tom e a lavar os grãos

sem retirálos do recipiente; atam pa de pano serve para ajudar a escorrer bema água virandose o vidro de boca para baixo por alguns minutos e depois co-

locandoo na posição normal. Evite que as sementes encharquem, pois

podem apodrecer. Os brotos não devem receber jatos fortes de água; ela deve

ser colocada gerrtilmente a cada período. Em geral, eles estarão prontos para

consum o em três a quatro dias. Existem outras técnicas de produção de brotos

em escala industrial. Rara se obter bons resultados é fundamental que a água

utilizada na germinação seja muito pura e que as sementes sejam, de preferên-cia, orgânicas.

Enzimas

Enzimas são estruturas protéicas ativas, básicas, que tornam a vida possível. Em

outras palavras, sem enzimas, não há vida. Elas representam a fonte da energia

orgânica e a vitalidade bioquímica centrai de toda estrutura viva existente, em

todas as suas possibilidades.

São elas as responsáveis pela formação estrutural, crescimento, desin-

toxicação, defesa e existência dos mecanismos de cura do nosso corpo. O

mesmo acontece em relação aos animais, às plantas, aos microorganismos e às

algas. Elas são também a força fundamental que regula as mais de dez mil fun-ções bioquímicas que ocorrem a cada segundo no nosso organismo, incluindo

a digestão e a absorção dos alimentos, o pensam ento, o humor, a sexualidade,

o equilíbrio hormonal, a circulação sanguínea, a respiração, os estímulos ner-

vosos, o funcionamento ideal do sistema imunológico, a reposição celular, a

proteção contra as doenças e o envelhecimento, o mecanismo do olfato, da

visão, do paladar do tato, da audição, o desenvolvimento e a inibição do cres-

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cimento celular e muitas outras funções vitais. Até a nossa vitalidade e longe-

vidade estão relacionadas às atividades enzimáticas.

Portanto, toda a nossa vida, bem como a nossa saúde, depende das enzimas

e, principalmente, da manutenção dos níveis enzimáticos no nosso corpo.

Por ocasião do nascimento, o corpo humano apresenta um potencial

enzimático metabóSico limitado, muito semelhante a uma conta bancária, com

um deposto inicial substancial. Quanto mais rapidamente usamos esse poten-

cial, mais curta é a nossa vida e mais doenças nos perturbarão. De modo que,

para se ter uma vida longa, saudável e feliz, é necessário evitar a depleção ou

o enfraquecimento enzimático através de “depostos regulares" no nosso “bancode enzimas", isso pode ser realizado por meio do consumo de alimentos ricos

em enzimas ou pela ingestão de suplementos adequados.

Recentes estudos concluem que a causa central das doenças degenerativas

e do envelhecimento precoce é exatamente a redução do nosso potencial

enzimático, que é provocado por dois fatores principais, em ordem de impor-

tância: a ingestão de alimentos pobres em enzimas e o estresse.

Carências enzimáticas são facilmente detectadas em pacientes que apre-sentam doenças crônicas, como o câncer, o reumatismo em todas as suas for-

mas e derivações, a artrite reumatóide, as alergias, as doenças da pele, as

doenças cardiovasculares, certos tipos de obesidade e dezenas de outras.

Com o advento da medicina ortomolecular, há algumas décadas, con-

vencionouse relacionar esses problemas à carência de vitaminas, minerais e

oligoelementos, que determina o surgimento dos infernais “radicais livres", res-

ponsáveis pela interferência na função celular e causa das enfermidades crôni-

cas. N o entanto, pesquisas mais atuais centralizam essas causas mais na carência

enzimática, uma vez que, sem enzimas, nem m esmo a função de assimilação e

distribuição das vitaminas e minerais pode ser efetivada.

Até mesmo os radicais livres surgem devido ao enfraquecimento de enzimas,

associado à carência de microminerais. Como exemplo, temos o zinco e o

cobre, envolvidos com uma enzima metabólica e intracelular, a SOD (SuperÓxido Dismutase). Quando enfraquecida, ela permite o surgimento de radi-

cais livres.

Portanto, concluise que a carência e o enfraquecimento do potencial

enzimático metabólico é o núcleo responsável não somente pelas doenças, mas

pelo envelhecimento prematuro. Pesquisas atuais indicam que os níveis enzi-

máticos nos tecidos corporais são elevados na infância e reduzidos na velhice.

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Um recémnascido, por exemplo, apresenta cerca de cem vezes mais enzimas

na sua corrente sanguínea do que um idoso, Em contrapartida, um idoso apre-

senta cerca de mil vezes mais radicais livres no seu organismo do que um bebê.

Onde não há enzimas, não há vida

Existem dois tipos básicos de enzimas: as endógenas, ou internas, e as exógenas,

ou externas, originadas fora do corpo. As endógenas dividemse em metabó

licas — presentes nas células, no sangue e nos tecidos em geral — e digestivas— presentes no trato digestivo. As exógenas são aquelas que provém dos ali-

mentos ou, mais modernamente, dos suplementos nutricionais especiais.

O alimento humano mais rico em enzimas e ativadores enzimáticos que

se conhece é o leite materno, ou antes, o colostro. Esse produto biológico é

de grande importância, não só por conter nutrientes em quantidades balance-

adas e apropriadas, e por ser uma fonte de anticorpos e de elementos prote-

tores, mas também pela presença de enzimas de elevado potencial. Enquantoo leite materno é rico em enzimas digestivas, o colostro é fértil em enzimas

metabólicas. O mesmo se pode dizer do leite dos demais mamíferos. As fru-

tas, incluindo as oleaginosas, os cereais integrais, as verduras, os legumes, as

raízes, o leite de outros animais, o mel, os ovos e a carne, desde que todos

crus, também possuem enzimas, bem como os alimentos fermentados em meie

salino (misso,  shoyu) e fermentados naturalmente com base protéica (queijo

de soja, queijo fresco, iogurte).

O cozimento destrói as enzimas digestivas presentes na comida, o que toma

os alimentos cozidos e industrializados produtos sem vida.

0 q u e são d e f a t o a s en z i m a s  

Biologicamente, são compostos protéicos complexos, caracterizados por lon-

gas cadeias de aminoácidos, unidos por ligações peptídicas. Os aminoácidos,

por sua vez, são derivados da quebra das cadeias protéicas e funcionam como

transportadores dos fatores vitais para a atividade enzimática. Há também as

co-enzimas, formadas a partir de vitaminas e minerais e destinadas à ativação

das enzimas. Combinadas aos aminoácidos, as vitaminas são, na maioria das

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vezes, formadoras da estrutura enzimática, enquanto os minerais e os oügoe

lementos são seus ativadores. Esta ativação produz cargas eletrostáticas que

determinam toda a dinâmica elétrica corporal, gerando a atração e a repulsão

de partículas dentro das enzimas. Esta energia é basicamente importante para

o sistema nervoso e para a transmissão dos estímulos ao longo dos nervos,

além de servir para regular a temperatura corpórea, a secreção glandular, a

atividade muscular e as demais funções que demandam carga imediata. Este

tipo de energia gerada pelo complexo enzimático é o único conhecido pela

ciência que não pode ser sinteticamente reproduzido.

Cada enzima possui uma função específica no corpo, segundo o arranjo

das cadeias de aminoácidos e componentes vitamínicos e minerais a elas asso-

ciadas, As enzimas estão ligadas a muitas outras importantes funções bioquími-

cas, como, por exemplo, à catálise. Catalisadores são estruturas que ativam

uma reação química, sem ser modificados ou envolvidos. Participam das rea-

ções de síntese, combinação, divisão e duplicação molecular. Enzimas com esta

função estão presentes, por exemplo, na quebra das cadeias protéicas de ali-mentos no trato digestivo, nos fenômenos da reprodução, na respiração e no

armazenamento energético no fígado.

Portanto, enzimas representam a “forçatarefa” do organismo, podendo acei-

tar outras analogias, tais como forças armadas, bombeiros, médicos, polícia, ar-

quitetos, construtores, dem olidores, companhias de seguro, etc. Comparadas a

uma construção, elas são como o cimento que liga todas as estruturas. Assim

como uma casa não pode se r construída somente com tijolos, vergalhões, canose fios, o corpo não pode existir somente com minerais, vitaminas e aminoácidos,

Existem mais de mil tipos básicos de enzimas metabólicas e, a cada dia,

novas são descobertas. Já as digestivas aparecem em número muito menor,

sendo que as principais são:

Amilases destinadas à quebra das moléculas dos amidos ou açúcares de

longa cadeia. A ptialina da saliva é um exemplo e aponta para

a importância da mastigação como fase inicial da digestão dos

amidos presentes nas farinhas, féculas, grãos, etc.

Proteases destinadas à quebra da cadeia de aminoácidos das proteínas,

seja das carnes, ovos, leite ou dos vegetais protéicos.

Lipases destinadas à quebra da cadeia molecular das gorduras (lipídios)

para a formação de giicerol e ácidos graxos.

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Há dezenas de outras enzimas digestivas com a mesma função de reduzir

as longas cadeias moleculares dos alimentos para transformálos em elemen-

tos menores, assimiláveis para o organismo. Uma vez assimilados, estas partesmenores serão reagrupadas, estruturadas e formarão células, tecidos, ossos,

sangue, humores, cartilagens, etc.

Apesar da disponibilidade de alimentos para a maior parte dos habitantes

do planeta, raramente vamos encontrar uma pessoa que não apresente um ou

mais tipos de deficiência enzimática, mesmo (e principalmente) entre os povos

que se alimentam abundantemente.

yls causas da falência enzimática

Antes desta civilização complexa, quando não havia poluição ambiental, não

existia ofa st food  e os alimentos não eram espoliados de seus nutrientes bási-

cos; quando o solo não estava desmineraiizado pelos adubos, o estresse nãominava as vitaminas e m icrom inerais dos nossos corpos e não se consumia o

desmineralizante açúcar branco e uma quantidade excessiva de café, álcool e

medicamentos, quando o nosso organismo não estava envenenado por me-

tais pesados, agrotóxicos e aditivos alimentares sintéticos e se consumia muito

mais alimentos crus como a natureza nos oferece, em vez de alimentos conge-

lados sem vitalidade, quando não existiam fomos de microondas destruindo

nutrientes e formando compostos moleculares perigosos; então, sim, as enzimas

podiam trabalhar normalmente e a humanidade não padecia de tantas doenças

degenerativas com o agora.

Toda a mudança básica nos hábitos humanos ocorreu nos últimos cem

anos. Antes disso, num período histórico que com preendeu mais de cinco

mil anos, somente as infecções, algumas endemias e epidemias, bem como

as doenças tropicais, eram as principais causas das mortes, depois das guer-ras. . .

O s cientistas dizem que, atualmente, o se r humano tem uma expectativa

de vida superior ao homem de séculos atrás. Isso é uma verdade. N o entan-

to , esquecem de completar que essa "extensão1' de vida é somente quantita-

tiva e não qualitativa. Em outras palavras, hoje vivese mais tempo, porém

carregandose mais doenças, Se compararmos os dois períodos, a qualidade

de vida biológica atual é imensamente inferior a do passado, apesar de todo

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

o avanço científico. Mas, com a descoberta das enzimas e do seu importante

papel vital, esse quadro tende a mudar, dando início a uma nova consciência

médicocientífica. Afinal, elas são a base de toda a vida, a chave da alquimia

orgânica.

Atingímos hoje o clímax da agressão, tanto do meio ambiente global quan-

to do nosso "meio ambiente interno". Nunca o ser humano padeceu de tantas

doenças crônicas, e foi ameaçado por tantas novas enfermidades. Ao mesmo

tempo, nunca as enzimas foram tão obstruídas e enfraquecidas nas suas fun-

ções.

As causas da carência enzimática se devem principalmente aos seguintes

fatores, por ordem de importância:

1. Consumo de alimentos cozidos

2. Estresse

3. Consum o de álcool, açúcar e demais saqueadores de vitaminas e minerais

4. Uso excessivo de medicamentos

5. Poluição ambiental

Um alimento cru geralmente traz consigo enzimas que servem para a

sua própria digestão, daí os processos de autólise, autodigestão (cereais,

frutas, verduras, tubérculos) e, no outro extremo, de putrefação (carnes,

ovos), que acontece quando um alimento é deixado sob efeito do tempo,sem conservação. As nossas enzimas digestivas, presentes na saliva (ptialina,

que é uma amilase), no estômago (proteases) e nos intestinos (lípases), e

as produzidas no pâncreas, atuam tãosom ente com o reservas ou para "re-

tocar" o p rocesso digestivo. N orm almente, o corpo conta com a presença

das enzimas digestivas que já vêm nos alimentos. Estudos recentes mos-

tram que a maioria dos animais apresenta uma perfeita adaptação orgânica

ao seu tipo característico de alimento. Geralmente, eles não produzem

grandes quantidades de enzimas digestivas. Na verdade, os órgãos animais

responsáveis pela produção dessas substâncias, como o pâncreas, têm um

funcionam ento muitas vezes m eno r que o m esmo órgão de um ser huma-

no moderno. Tanto o estômago de animais herbívoros, quanto o de carní-

voros, não mostra a presença desses elementos digestivos, uma vez que

contam com "estômagos enzímáticos", onde as enzimas presentes nos res

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pectivos tipos de alimentos se encarregam da digestão, sem que haja ne-

cessidade de outras enzimas serem produzidas.

Estudos revelaram que nos animais herbívoros, os alimentos permanecem

em "antecâmaras" (estômagos enzimáticos) durante um tem po considerável,

até que as suas enzimas terminem o primeiro estágio da ingestão, Nos carní-

voros ocorre o mesmo processo, porém mais rapidamente.

Corpos inteiros de focas, que ali estavam há murtas horas, foram encontra-

dos em estômagos de porcas em processo “autodigestivo", quando não havia

nenhuma glândula secretora de proteases. Isso ocorre em todos os organis-mos de animais carnívoros, uma vez que a carne animal é rica em caíepsina,

uma enzima capaz de prom over a autodigestão das proteínas. Essa função não

ocorre plenamente enquanto o animal está vivo, uma vez que a substância só

é ativada após a m orte das células.

Do mesmo modo, nos vegetais existem celulares, amilases, proteases,

iípases e outras enzimas que também só são ativadas por ocasião da morte

celular, de sua destruição ou da interrupção da oferta de material nutriente,

O s vegetais, notadam ente as folhas e as películas de cereais e leguminosas

(feijões e grãos em feixes) apresentam uma capa de celulose parcialmente

digerível para os seres humanos (daí eliminarmos cascas de feijão, tomate,

etc. pelas fezes). O s animais silvestres, herbívoros e ruminantes também não

produzem em seus corpos quantidades suficientes de celulase (enzima que

dissolve a celulose das folhas). A digestão ocorre nas suas “câmaras" ou préestômagos (pança), onde o calor corpóreo e a umidade favorecem a ação da

enzima que existe nas próprias folhas, isto é verdadeiro também para seres

humanos.

A celulase e outras substâncias enzimátícas presentes nos vegetais expli-

cam o processo de deterioração que eles sofrem quando, não conservados,

tornamse gradativamente gelatinosos. E aquela transformação que acontece

com a alface, o repolho e outras verduras, quando as suas folhas vão murchan-

do ou apresentam áreas amolecidas e geleificadas mais escuras. Isto se deve à

ação das enzimas, que podem ser ativadas por vários fatores, sendo um dos

principais a elevação da temperatura. Se exposta ao calor intenso, uma enzima

é completamente destruída, mas se mantida prolongadamente a uma tempe-

ratura corporal, por exemplo, será ativada e realizará as suas funções de ma-

neira adequada.

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ALIMENTAÇAO PARA UM NOVO MUNDO

O estômago humano é fisiologícamente dividido em duas partes, a

pròximal e a distai. Após uma refeição, os alimentos permanecem até cer-

ca de uma hora na parte superior, em “lento aquecimento", onde não re-

cebem nenhum tipo de enzima digestiva corpórea, a não ser as poucas

amilases salivares (que em geral resultam de uma quase convencional má

mastigação). Muito claramente, o corpo parece aguardar a autodigestão

alimentar, de modo muito semelhante ao que ocorre nos “estômagos

enzimáticos" das orcas e ruminantes. Somente depois deste período inicia

se o processo digestivo das proteínas com a ação do suco gástrico rico em

pepsina e outras enzimas, que existem apenas para "arrematar" uma que-bra de cadeias protéicas que deveria ter ocorrido anteriorm ente. Mas cha-

mamos atenção para o fato de a comida ingerida necessitar de calor e

umidade para que sejam ativadas as suas enzimas naturais. Se estes alim en-

tos não possuírem estas enzimas, nada de substancial ocorrerá nesse pri-

meiro período da digestão, a não ser a formação de gases (fermentação

peta ausência de enzimas) e eructação (arroto s). Co m eça então o silencio-

so e habitual tormento para o organismo, forçado a produzir enzimas di-

gestivas para compensar a sua ausência na comida.

Agora fica mais fácil entender porque o cozimento, ao destruir as enzimas

de qualquer alimento perturba uma ordem natural, uma programação biológi-

ca de milhões de anos, e vai sobrecarregar o organismo, exigindo dele a pro-

dução de enzimas digestivas. É como se fosse um "saque na conta bancária"

enzimática, cobrando um "desvio” de substratos presentes nas enzimas metabólicas, em direção aos órgãos que produzem essas substâncias para a diges-

tão. Desse modo, há um enfraquecimento das funções gerais que dependem

dessas importantes enzimas, expondo o organismo às mais variadas moléstias.

Este mecanismo é tido atualmente com o a causa nuclear da maioria das doen-

ças crônicas.

Animais domesticados, que se alimentam de rações e alimentos cozi-

dos, apresentam uma incidência de doenças muitas vezes superior à dos

animais selvagens ou daqueles que se alimentam adequadameníe, respei-

tando a sua natureza. Assim , cães, gatos, porcos, aves, cavalos, etc . p reci-

sam de veterinários e de remédios do mesmo modo que os seres humanos

necessitam de m édicos. Os seus organismos apresentam o mesmo tipo de

"desvio", em que o excesso de produção de enzimas digestivas determina

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uma exaustão do material que seria destinado à estruturação das enzimas

metabólicas.

Estudos recentes mostraram que o pâncreas de animais e seres huma-

nos submetidos a uma dieta cozida é mais pesado do que aqueles habituados

a ingestão de alimentos crus ou apropriados, segundo a sua natureza. O pân-

creas é obrigado a executar uma função extra, um trabalho m aior para pro-

duzir enzimas, o que determina o seu aumento de peso e volum e. Quando

humanos e animais fazem uso de alimentos crus ou apropriados, ou subme

temse a uma suplementação de enzimas digestivas, o pâncreas reduz o seu

volume e muitos sintomas ruins desaparecem, como, entre outros, fadiga,

gases, dores de cabeça, de estômago, alergias, prisão de ventre, alterações

circulatórias, distúrbios menstruais, inflamações e infecções, diarréias e defi-

ciências nutricionais.

Demais fatores redutores das ações enzimáticas são menos importan-

tes, mas contribuem para o problema. Nas condições de estresse, há im-

portantes perdas minerais, o que enfraquece as enzimas metabólicas e reduz

a capacidade das digestivas. O açúcar branco é com provadam ente um pro-duto desm ineralizante (rouba cálcio, magnésio e vitaminas do com plexo B),

um agente enfraquecedor do metabolism o. O abuso das bebidas alcoólicas

reduz as reservas corporais de tiamina (vitamina B I) e de outras vitaminas

envolvidas com a estruturação enzimática. O uso constante de m edicamen-

tos, principalmente antibióticos, enfraquece os mecanismos de defesa do

organismo, interfere nos processos de autoregulação e hom eostase, afe-

tando a função das enzim as. A poluição ambiental determ ina a presença decom postos químicos, moléculas agressoras e metais pesados que intoxicam

e alteram as funções celulares, prejudicando também a função das enzimas

protetoras.

Todos esses fatores reunidos são a causa da explosão dos radicais livres,

que se tomam abundantes devido à incapacidade das enzimas metabólicas de

inibir a sua formação (ações antioxidantes). Um a vez em quantidades elevadas,

estes radicais agressivos do oxigênio interferem nas atividades celulares, pro-

movendo mutações, erros genéticos, perturbações funcionais variadas, estímulos

excessivos da mitose, inibição de secreções celulares, e uma imensa série de

outros problemas.

Muitas vezes, somente a suplementação vitamínica e m ineral não é sufi-

ciente para resolver o problema da redução da capacidade das enzimas me

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

tabólicas. Se o caso estiver relacionado aos fatores 2, 3, 4 e 5, poderá ha-

ve r sucesso relativo , mas se a causa estiver ligada ao fator l , ou seja, ao

desvio de substratos metabólicos para a produção de enzimas digestivas,

somente o uso de alimentos crus e/ou a suplementação enzimática podem

ser efetivos.

0 que fazer para restaurar a capacidade enzimática

Pelo que foi exposto, fica óbvio que devemos adotar uma dieta crua, compostade saladas, frutas, etc. No entanto existem dois fatores que dificuitam, ou tor-

nam impossível, esta opção. Um deles, e mais importante, é a nossa vida so-

cial; o outro, a própria dificuldade de se comer somentes alimentos crus.

Aparentemente, parece que esse hábito imprime uma certa monotonia alimen-

tar, mas isto não passa de uma impressão.

Podemos perfeítamente tentar com er a maior quantidade possível de ali-

mentos crus, como saladas ricas compostas de verduras variadas, legumes crus

ioeterraba, cenoura, nabo), ralados e brotos germinados. Esta dieta deve ser

enriquecida com frutas em abundância e cereais integrais, como aveia em flo-

cos, flocos de milho (corn flakes),  laticínios frescos e frutas oleaginosas (nozes,

castanhas, etc .). O açúcar branco deve ser substituído pelo mel cru (não aque-

cido), que inclusive é rico em enzimas. Algas marinhas, queijo de soja (tofu),

misso e molho de soja (shoyu) são naturalmente ricos em enzimas e vitamina

312 . Na questão da carne animal, há uma enorm e vantagem em se adotar al-

guns elementos da culinária japonesa, como o sashimi, as ostras cruas e muitos

outros recursos. O peixe cru é muito saudável e também possui catepsinas

que promovem a sua própria digestão.

Não é necessário, porém, adotar uma dieta completamente crua, uma vez

que necessitamos das vitaminas e fibras dos importantes cereais integrais, como

o arroz, o trigo (para o nosso pão), o centeio, o milho, a cevada, o trigosarraceno, etc. Entretanto, estes devem ser sempre integrais, pois os decor

ticados perdem grande parte de seus nutrientes principais. Ademais, quando

mastigamos prolongadamente o arroz integral, uma fatia de pão integral, uma

espiga de milho, etc. — ainda que cozidos— , realizamos uma digestão quase

completa já na boca, através da ação da amilase, ou ptialina, que transforma o

amido em maltose e derivados. Assim, não sobrecarregamos o organismo,

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exigindo dele a elaboração de amilases intestinais, o que não provocaria desvi-

os de enzimas metabólicas. No entanto, se mesmo os cereais integrais não

forem bem mastigados, haverá exigência de produção extra de enzimas diges-

tivas através do pâncreas. Isto ocorre continuamente quando se ingere umarefeição típica do brasileiro — arroz branco com feijão — sem mastigála ade-

quadamente, provocando uma enorme sobrecarga orgânica para a produção

de amilases. Em relação à questão enzimática, devemos ressaltar que o prato

preferido do brasileiro — arroz, feijão, mais bife e batata frita — é um dos há-

bitos alimentares mais insalubres do planeta.

Infelizmente, os alimentos disponíveis atualmente, mesmo as frutas, cereais,

verduras e legumes, não possuem as quantidades adequadas de nutrientes

básicos devido ao enfraquecimento do solo, seja pelo uso de fertilizantes ou de

agrotóxicos. Devido à necessidade de produção de alimentos em larga escala,

ate rra própria ao cultivo recebe cargas crescentes de adubos químicos, o que

acaba por em pobrecer o solo e, consequentemente, a nossa comida. Estudos

recentes mostram que, atualmente, uma simples cenoura pode te r até 30% amenos de vitaminas e minerais do que antigamente, ou quando comparada a

outra cenoura que cresceu numa terra normal. O mesmo ocorre quanto a uma

infinidade de outros produtos, principalmente os importantes cereais, mesmo

que integrais.

Sobre essa questão, o Dr. Daniel T. Quingley, no seu livro The Natíona 

Malnutrition,  faz o seguinte comentário: “Qualquer pessoa que, no passado,

tenha comido açúcar, farinha refinada, com ida enlatada, etc. tem alguma doen-ça carencial e a extensão dessa carência vai depender da percentagem dessa

deficiência na dieta."

Quando ingerimos um alim ento que não apresenta a quantidade sufici-

ente de nutrientes básicos, não adquirimos a quantidade de minerais e

vitaminas necessária para a elaboração das nossas importantes enzimas me-

tabólicas, o que representa mais um fator de enfraquecimento enzimático.

Estabelecese então uma disputa por nutrientes, sendo que grande parte

dos aminoácidos, microminerais e vitaminas acaba destinada à elaboração

das enzimas digestivas. Isso ocorre crônica e continuamente no organis-

mo, enfraquecendoo e expondoo às doenças degenerativas e ao enve-

lhecim ento prem aturo.

Conclusão: se quisermos possuir uma boa saúde e prevenir as doenças

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

a!ém das mudanças dietétlcas propostas (ou mesmo quando não se possa adotá

las), necessitamos de uma suplementação enzimática, vitamíníca e mineral,

preferencialmente de fontes primárias.

O elevado índice de doenças degenerativas que acomete a humanidade

atual é sinal evidente de que as preocupações da Organização Mundial de Saú-

de, quanto ao estado evidente de degeneração biológica progressiva da raça

humana, são reais. E necessário modificar essa situação, resgatando a saúde do

indivíduo e da coletividade, de modo a evitar um provável colapso biológico

futuro.

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10. DIETA PARA UM NOVO TEMPO

"Ditosos os que a Luz Divina poupou ao guante rude e extraordinário da 

gula, que dece rto não os domina, pois se contentam só d o necessário."

D a n t e,  em 0 Inferno de Dante

Concebemos como alimento saudável e apropriado aquele que nos chega como

uma dádiva, ou presente da natureza, como é o caso dos cereais integrais e

das frutas, cujas plantas não  precisam ser mortas para servir de alimento: ou

morrem naturalmente, deixando as sementes, ou podem ser retiradas sem que

a planta principal tenha que ser sacrificada. Este é, exatamente, o tipo de ali-

mento mais recomendado para o homem superior, segundo o ensinamento

dos antigos mestres.

De acordo com a tradição alimentar dos chineses e indianos, o alimen-

to ideal para o consumo humano é aquele que não se deteriora ou apre-

senta odor ou gosto desagradável ao se degradar. Se a carne não for

conservada, fatalmente apodrecerá, e dela emanará um odor insuportável.

Por outro lado, frutas, verduras, cereais e tubérculos geralmente não se

tornam desagradáveis com o tempo. As frutas tendem a murchar e a secar;

as verduras a se gelatinizar; os cereais (integrais) a desidratar um pouco,

mantendo a sua estrutura e energia vital, servindo inclusive para ser planta-

dos, mesmo depois de longo tempo de colhidos. Arqueólogos descobri-

ram am ostras de trigo de 4 .00 0 anos de idade em tumbas de faraós egípcios

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— germ ináveis! Co m base nessa mesma tradição, se ingerirmos alimentos

que se deterioram e apresentam odores ruins, poderemos contaminar os

nossos corpos e prejudicar nossa saúde. Por outro lado, alimentos como

os cereais são extrem am ente benéficos ao organismo. Esta é uma boa for-

ma de avaliar que tipo de com ida devem os ingerir. Segundo Pitágoras, “ape-

nas os alimentos vivos e frescos podem dar condições ao homem de

conhecer a verdade”.

A dieta a se r adotada — seja por pessoas inteligentes, conscientes, sen-

síveis, de discernimento aguçado, capazes de superar as tendências inferio-

res de ceder aos impulsos do p razer oral excessivo, ou pelos indivíduos que,apresentando esses predicados, herdarão a Terra — deve se r baseada nos

mais lídimos princípios de amor e respeito aos animais. A dieta vegetariana é

a dieta do futuro, aquela que devemos adotar, se quisermos poupar nossos

recursos naturais e — o que é mais importante — as vidas preciosas de se-

res humanos em todo o mundo. O indivíduo vegetariano de hoje é o ser

humano do futuro.

Mas, com o vimos, não basta evitar a carne. É necessário evitar também as

frituras, os laticínios, o fast food, as batatas fritas, os refrigerantes, os produtos

artificiais, estabelecendo uma alimentação sem excessos, bem balanceada, va-

riada, sem açúcar ou outros desmineralizantes, rica em cereais integrais, frutas,

alimentos crus, etc.

Devemos adotar uma alimentação que não só previna as doenças como

elimine do corpo as condições anômalas. Porém, muito mais importante doque isso, confirmando um estado de consciência altruísta, é procurarmos nos

alimentar com o objetivo de reparar o dano genético que a tecnosfera (criada

pelo homem) produziu na biosfera (criada por Deus) e, portanto, no nosso

corpo. Esse é o único caminho para melhorarmos a qualidade biológica da raça

humana, permitindo uma m elhor condição orgânica e energética para as gera-

ções vindouras.

Dicas gerais para uma boa alimentação

• Mastigue sem pre prolongadamente os alimentos, principalmente os

grãos.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

Não coma em demasia.

Não beba líquidos durante as refeições.

Evite deitarse após as refeições; é sempre bom realizar caminhadas apósa ingestão substancial de alimentos.

Consum a sucos de frutas apenas após o preparo; os sucos guardados,

mesmo em geladeiras, perdem parte de suas qualidades, oxidam e fer-

mentam.

Acostume desde cedo as crianças a apreciar o paladar natural dos ali-

mentos, sem habituálas ao hiperestímulo do açúcar branco, ao exces-so de tem peros (mesm o vegetais!) e às guloseimas artificiais inventadas

pela indústria.

Durante as refeições, procure manter o siiêncío e a concentração.

Com a apenas quando tiver fome; forçar o organismo é mais prejudicial

que a falta circunstancial de alimentos. Isto sen/e principalmente para as

crianças, desde que sua inapetência não seja prolongada. Há ocasiões

em que o organismo rejeita os alimentos para poder reciclarse ener-

geticamente.

Alimentese apenas de produtos agradáveis; forçar a ingestão de pro-

dutos que não agradem ao paladar produz bloqueios enzimáticos e

consequente perturbação da digestão.

Faça refeições leves pela manhã.

Não faça refeições pesadas à noite, notadamente antes de dormir; isso

resulta em cansaço orgânico e envelhecimento precoce.

Evite feijões e alimentos preparados há muito tempo, principalmente

guardados na geladeira. Exceção para o picles preparado com sal.

Evite os tabus alim entares e aja com liberdade e desenvoltura na co-

zinha.

Evite ingerir alimentos entre as refeições.

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MÁRCIO BONTEMPO

Tabela de alimentos que causam e que curam doenças

Doenças   Alimen tos que causam   Alimentos que curam

Acne   Frituras/mante iga/carne/ovos Aveia/azeiteAofu/misso

Acidez no estômago Café/gaáosos/frituras/chá-mate Lima/azeite/couve/maçã

Aftas   LeiteArrturas/álcool/açúcar L ima^iló/maçã/melancia

Alergias   Laticínios/frutos do mar/aditivos 

químico

C e bo la/m/ssoAofu/1 i mào/  

agrião

Am idaiite Sorvetes/carnes/ovos/frituras Alh o/lim ão/ruibarbo/nabo

 japonês

A nem ia Açúcar/!eite/pão branco/sal Espinafre/couve/brócolis/salsa

Angina pectoris Carne/gord u ra satu rada/fritu ras/ovò Limlo/cebola/m/ssoAofu/uva

Ansiedade Carne/açúcar/café/chá   Aveia/mei/funcho/maracujá

Arteripsderose Gorduras/carne/lelte/ovos/frituras Toíu/misso/be ri njela/lin haça/  

uva

A rtrite Laticínios A/ísceras/açúcar/sal 1n hame/tofu/limão/abacaxi/   

uva

A rtro se Laticínios A/ísceras/açúcar/sal   InhameAofu/limão/abacaxi/ 

uva

Asma   Laticínios/açúcar/chocotate   AgriãoAofu/m/sso/arroz

integral

Aterosclero.se   Leite/queijos/frituras/ovos/álcool Tofu/mísso/be ri njela/l i n haça/  

uva

Bronquite comum   Laticínios/açúcar/aditivos quím icos   AbacaxiAofu/m;sso/arroz

integral

Cálculos biliares   Laticínios/açúcarArituras/sal   jiló/arroz íntegral/aveia/  

melancia

Cálculos renais   Laticínios/açúcar/sal   Azukt/m elão/arroz integral/  

uva/mel

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

Tabela de alimentos que causam e que curam doenças (cont.)

D oenças Alimentos que causam   Alimentos que curam

Câncer   Carne/v ísceras/açucar/ad itivos 

químicos

Arroz integral/tofu/m/sso/  

beterraba

C ár ie dentária A çúcar/pão branco/enia tado s Espinafre/tofu/azuki/brotos

Caspa   Laticínios/açúcar/massas brancras Limão/lima/nabo/cenoura

Cefa lé ia Laticíníos/café/chá/álcool   J ej u m/m/sso/alcachofra/uva

C elu lite Frituras/açúcar/laticínios/chocolate N aboA oíu/m/sso /inhame/  

aveia

C irro se Álcool/gorduras/Trituras Alcachofra/aipo/nabo/tofu

Cistos do ovário   Came/frango(granja)/ovos/teite Tofu/mísso/meião/arroz

integral

Colesterol, excesso de Frituras/gorduras/laticlnios/ovos   Berinjela/mÊso/limãoAofu/uva

Coíite Pão branco/açúcar/frituras Aveia/inhame/linhaça/arroz

integral

Corr ime nto s vaginais Leite/açúcar/massas brancas   A rro z integral/cítricos/nabo/  

alho

De pre ssão A çúcar/gorduras saturadas/café Alíace/aveia/mel/glúten/  

cidreira

D ia be te s Açúcar/café/pão branco/m assas   A rroz integral/azuki/m/sso/  

tofu

Distonia

neurovegetativa

Café/açúcar/came   ASface/chicórea/mel/maracujá

Eczem as Leite/frituras/pão branco A rro z integral/inhame/tofu/   

cebola

Envelhecimento

precoce

CarneAásceras/frrturas/açúcarAal   UnhaçaÀofu/mÉso/ãzeiteAiva

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Tabela de alimentos que causam e que curam doenças (cont.)

Doenças   Alim entos q ue causam Alim entos que curam

Enxaqueca Laticín ios/açúcar/pão branco/sal   Aze ite/alho/arroz integral/  

limão

Estrias Frituras/açúcar/iatícínios/choeolgte   NaboAofu/m/sso/inhame/ 

aveia

Flatulência Leite/pão branco/am iaos Aipo/funcho/salsa/abacaxi

Furúnculos Cam eM sceras/írituras/o vos   A rr oz integrai/m/sso/pepino/  

manga

G astre nte rite Frituras/leite/embutidos Inh am e/arroz integral/abacate

Gastr ite Frituras/gorduras/café/mate/íeite Lima/míssoAofu/arroz integral

G ota Vísceras/came/leteArituras/sal Abacaxi/nabo/inhame/m/sso

Hipertensão arterial   Sal refinado/gordura/cam e/  

átcooí/café

Alho/cebola/abacaxi/ 

limão

Impotência sexual Embutídos/açúcar/carne/álcool Pimenta/linhaça/orégano/ 

sálvia

infarto cardíaco   Cam e/g ord ura sat/frituras/ovo   Limão/cebola/alho/m/sso/ 

azeite

Insônia Café/mate/áloool   Línhaça/aveia/arroz integral/  

alecrim

Intestinos presos Pão branco/massas/batatas   Farelo/mamão/inhame/ 

quiabo

L eu ce mia A ditivos sirstéticos/açúcar   Tofu/linhaça/arroz integral/  

misso

L eu corréia Laticínios/açúcar/pão bran co   Al ho/melão/tofu/pimentas

Mastite Frango/latidnios/ovos/carne   Tofu/linhaça/brócolis/azeite

M en o pausa Cam e/leite/açú car/fran go/ovos   Tòfu/arroz integral/misso/  

melão

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«Si?

11. RECEITAS PRÁTICAS,

NUTRITIVAS E DELICIOSAS

As pessoas que não sabem cozinhar devem saber que, ao adotar uma dieta

vegetariana, começam a freqüentar mais a cozinha. Muitos principiantes relata-

ram que passaram a gostar de cozinhar pela primeira vez em suas vidas. Um

fato inesperado da culinária vegetariana é que, após aprender alguns princípiosbásicos (com um bom livro de culinária), podese facilmente aplicálos em um

núm ero aparentemente sem fim de cereais, legumes e vegetais em geral.

A seguir receitas selecionadas de colaboradores e amigos, como Alexan-

dre Pimentel e Waldomiro Espécie.

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Sumário das Receitas

Alga marinha hiziki refogada   287

Arroz integral — Cozimento na

panela de pressão   287

Arroz integral — Preparo

tradicional   287

Arroz integral — Técnica

macrobiótica   288

Arroz integral a carreteiro  288

Arroz integral à grega   289

Arroz integral à indiana   289

Bife com resíduo de soja   289

Bife de cenoura ou beterraba   290

Bife vegetal acebolado   290

Bolinho de fruta-pão recheado   291

Café de cevada com canela   291

Chá especial de maçã   291

Chantilly natural   292

Chapati (pãozinho indiano

de frigideira)   292

Coalhada caseira   292

Coração de bananeira   293

Creme de abacaxi   293

Creme de ervilha   294

Creme de milho verde com

azeitonas   294

Croquetes, bifes e salsichas à

base de proteína de soja  294

Farofa de germe de trigo   295

Feijão-preto 3 águas   295

Feijoada vegetariana com

feijão azuki 296

Gelatina de frutas 296

Geléia de maçã 296

Gersal 297

Goiaba recheada com ricota 297

Grão-de-bico especial 297

Lasanha integral298

Leite de soja 298

Lentilha ou ervilha especial 299

Macarrão com molho de algas 299

Macarrão de trígo-sarraceno soba 299 

Maionese sem ovo 299

Massa integral para panqueca 300

Molho branco 300

Fànetone tuttifrutti  301

Fânqueca de couve-flor 301

Pão arco-íris 302

Ftoienta com molho de algas 302

Pudim de frutas em camadas 303

Queijo de soja: tofu 303

Quibe vegetal 304

Sagu de frutas 304

Salada crua de abóbora japonesa 304 

Sorvete de abacaxi 305

Strogonoff vegetariano 305

Suflê de couve-flor 305

Trigo para quibe com legumes 306

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

Al ga marinha  hiziki  refogada

Ingredientes:

1 pacote de 50 gramas de alga marinha hiziki

1 dente de alho picado

 2 colheres de sopa de shoyu

4 colheres de sopa de óleo de 

gergelim ou de girassol 

Uma pitada de sal marinho

Modo de preparar.

Deixe a alga de molho emágua por duas horas. Coe. Doure o alho no óleo. Acres

cente a alga e o shoyu, deixando cozi

nhar por 15 minutos emfogo brando, 

com a paneLa tampada. 0 sal só deve 

ser colocado se for necessário realçar 

o gosto.

Ar r o z  integral  — cozimento na panel a de pr essão

Ingredientes:

 2 xícaras de arroz integral 

(opcionalmente deixado de 

molho por 8 horas)

3 xícaras de água1 colher de sopa de óleo de oliva

Modo de preparar:

Inicie o cozimento comfogo bemalto.

Quando estiver fervendo, baixe o fogo 

e coloque uma xícara virada (ou qual

quer outro peso) sobre a válvula da pa

neLa de pressão.

Esta técnica fará com que o arroz se 

contraia, tornando-se macio, solto e 

menos volumoso, semperder suas pro

priedades nutricionais.

Ar r o z integral  — pr epar o  t radic ional

Ingredientes:

 2 xícaras de arroz integral 4 xícaras de água quente 

1 colher de sopa de sal marinho 

1 colher de sopa de óleo 

(de preferência, oliva)

Modo de preparar.

Lembramos que o arroz integral exige 

paneLa grossa (as melhores são as de 

barro e as de aço inoxidável (inox) 

Escolha, lave e escorra o arroz, deixan-

do-o (opcionalmente) de molho por 

oito horas. Coloque-o numa panela para 

que seque e toste emfogo brando. Mexa 

de vez emquando para não queimar o 

fundo. 0 vapor da secagempré-cozinha 

o grão. Adicione e misture o óleo, não 

é preciso fritar.Acrescente a água quente rapidamente. 

0 tempo de cozimento emfogo baixo é 

de 1hora ou 30 minutos, se o arroz fi

car de molho por 8 horas.

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MÁRCIO BONTEMPO

Ar r o z  integral   — Técnica  macrobiótica

Esta receita serve para opreparo mais adequado do arroz: semnenhumtempero, 

semrefogar e compouco sat. 0 resultado é o arroz segundo a técnica macrobiótica 

clássica, apLicando-se a pressão para obter cozimento e sabor ideais.

Ingredientes  (para duas pessoas):

2 xícaras grandes de arroz integral 

orgânico

2 Ví   xícaras de água 

Uma pitada de sal marinho (opcional) Acima de 3 xícaras de arroz, igual

 

quantidade de água e mais sal

Modo de preparar:  (em panela de 

pressão):

Três minutos emfogo baixo 

Três minutos emfogo médio 

Fogo alto até chiar

Quando a válvula apitar, coloque um

peso bem fixo de 160 gramas sobre aválvula e deixe emfogo alto por mais

 

três minutos. Baixe o fogo e cozinhe por 

meia hora. Desligue, aguarde a saída de 

toda a pressão, retire o peso, a tampa 

da panela e coloque o arroz num reci

piente de madeira.

Ar r o z  integra l   a  carreteiro

Ingredientes:

2 xícaras de arroz integraL 

cozido na panela de pressão

1 xícara de proteína de soja miúda, 

hidratada e escorrida1 beterraba bem picada

2 tomates picados

1 colher de chá de colorau

Vz xícara de milho verde

Ví  de xícara de queijo colonial ralado 

ou tofu picado

2 batatas-cará bem picadas

1 cebola picada

1 xícara de couve flor picada

2 colheres de sopa de óleo de oliva

Modo de preparar:

Esquente o óleo em panela grande e 

acrescente a cebola picada; deixe-a dou

rar. Acrescente os demais ingredientes, 

com exceção do queijo ralado, e deixe 

refogar durante uns 15 ou 20 minutos. 

Adicione o arroz e leve-o a uma fôrma. 

Cubra comqueijo e leve ao forno bran

do por 10 minutos. 0 arroz integral a car

reteiro é um prato de sabor excelente 

ótimo para ocasiões especiais.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

Ar r o z  integra l  à grega

Ingredientes:

3 xícaras de arroz integral cozido 

na pressãoVz xícara de uvas-passas mistas

 

Vz xícara de maçã picada 

Vz xícara de ervilhas frescas

Vz xícara de milho verde 

fresco

Modo de preparar.

Misture muito bemtodos os ingredientes e sirva quente.

Ar r o z  integra l  à   indiana

Ingredientes:

2 xícaras de arroz integral cateto1 colher de chã de curry

 

5 folhas de hortelã2 cravos-da-índia

Ví  de colher de chá de cominho moido 1 pitada de noz-moscada moída 

1 colher de sopa de Óleo de oliva 

1 colher de chã de gengibre raLado 

1 colher de chá de sal marinho 

1 pitada de pimenta-do-reino 

V*de xícara de salsa picada

1 laranja-lima descascada e cortada 

emrodelas Longitudinais

Modo de preparar.

Quando 0  arroz estiver quase cozido 

acrescente 0  curry. Em outra panela, 

refogue os demais ingredientes no 

óleo quente. Misture-os ao arroz emum pirex. Enfeite com salsinha e rodelas de laranja-lima. Esta receita

 

também é ótima para festas e ocasiões exóticas.

Bif e  com  r esíduo   de  soja

Ingredientes:

4 xícaras de resíduo de soja 

1 xícara de farinha integral fina1 xícara de farinha de trigo comum2 dentes de alho triturados

 

1 colher de chã de cominho 

1 colher de chá de orégano 

1 colher de sopa de araruta1 colher de sopa de sal marinho

 

tempero verde a gosto

Modo de preparar.

Esquente 0  óleo. Quando estiver bemquente, junte 0  alho. Acrescente 0  resíduo de soja. Coloque os demais ingredientes, menos 0  tempero verde e as

 

farinhas. Ponha mais umpouquinho de 

ãgua e deixe cozinhar durante alguns 

minutos. Tire do fogo e espere esfriar. 

Acrescente 0  tempero verde e as farinhas, misturando beme modelando em

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formato de bife ou de almôndega. 

Frite os bifes emuma frigideira untada 

com óleo bemquente.

As almôndegas devem ser assadas no 

forno e levadas temperadas como mo

lho de sua preferência.

Bif e  de cenoura ou  beter r aba

Ingredientes:

2 xícaras de beterraba ou cenoura ralada 

1 ovo caipira (opcional)

1 xícara de farinha de trigo integral 

fina

1 xícara de farinha de trigo comum

1 cebola picada

1 colher de sopa de orégano

2 colheres de sopa de tempero verde 

1 colher de sopa de cominho

1 colher de sopa de noz-moscada 

ralada

outros temperos a gosto 

Modo de preparar.

Misture bem todos os ingredientes. 

Modele os bifes e frite em um pouco 

de óleo numa frigideira.

Essa massa também é ótima para bo

linhos.

Bif e vegetal  acebolado

Ingredientes:

100 gramas de proteína de soja/PVT 

miúda

50 gramas de germe de trigo natural 100 gramas de farinha branca comum

1 cenoura ralada média 

1 colher de sopa de orégano 

1 colher de chá de noz-moscada 

empó

1 colher de chá de sal marinho 

V2 xícara de shoyu macrobiótico 

outros temperos a gosto 

óleo de oliva

Modo de preparar.

Hidrate a proteína com água fervente, 

escorrendo-a bem, retirando 0  soro. 

Misture bastante todos os ingredientes, acrescentando mais farinha, se neces

sário. Modele os bifinhos (almôndegas 

ou croquetes) com as mãos, fritando- 

os empouquíssimo óleo ou assando no 

forno, emfrigideira untada.

Com um pouco de shoyu, doure a ce

bola em rodelas para enfeitar os bifes 

emuma tigela.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

Bolinho   de  f ru ta-pão  r echeado

Ingredientes: 

fruta-pão

queijo-minas ou carne de sojacebolacheiro-verdeóleo de girassolshoyumolho de tomate 

pimentão

Modo de preparar:

Cozinhe a fruta-pão e passe-a na máquina de moer. Modele-a como se fosse um bolinho de aipim.Prepare o molho comos demais ingredientes e recheie os bolinhos comquei- 

 jo-minas ou a carne de soja.Frite emóleo de girassol bem quente.

Caf é de  cevada  com  canela

Ingredientes:

500 mL de água6 colheres de sopa de cevadinha 

torrada e moída1 colher de chá de canela em pó2 cravos-da-índia

Modo de preparar :

Ferva a água com os cravos por 5 minutos.

Misture a cevada coma canela e coloque no coador de café.Despeje a água e sirva quente.Utilize açúcar mascavo ou estévia como 

adoçante.

Chá  especial   de maçã

Ingredientes:

150 gramas de maçã seca 

500 ml água 

1 limão-taiti (caldo)3 colheres de sopa de mel de abelhas 

natural5 cravos-da-índia

Modo de preparar:

Ferva todos os ingredientes, comexceção do mel, por 20 minutos. Aguarde 

uns 10 minutos depois da fervura e 

acrescente o mel.

Sirva quente ou gelado. Éparadisíaco!

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Chant i l l y natural

Ingredientes:

4 colheres de sopa de tofu1 colher de chã de essência natural 

de bauniLha

Vz  vidro de leite de coco

2 colheres de sopa de malte

Modo de preparar.

Misture tudo e leve ao Liquidificador. 

Bata bematé oconteúdo ficar cremoso. 

Se desejar, use o chantilly como cober

tura de bolo, substituindo omalte por 

açúcar mascavo peneirado.

Chapati  (pãozinho  indiano   de  f r ig ideir a )

Ingredientes:

200 gramas de farinha de 

trigo branca comum

100 gramas de farinha de 

trigo integraL fina 

água suficiente para dar liga 

1 colher de sopa de sal marinho

Modo de preparar.

Misture todos os ingredientes e amasse 

com as mãos, acrescentando água até 

obter uma massa macia e não pegajo

sa. Corte a massa empedacinhos iguais emforma de bolinhas (tamanho de uma

ameixa). Comumrolo, amasse as boli

nhas uma a uma até obter umcírculo 

semelhante a uma panqueca. Aqueça 

uma frigideira, panela de ferro ou cha

pa de fogão a Lenha. Quando estiver 

bemquente, asse os pãezinhos emfor

ma de disco, umde cada vez, virando- 

os dos dois Lados. Depois de ter assado 

cada unidade na frigideira de ferro, leve 

o pãozinho direto a uma chama ligada 

no bico do fogão. Nesse momento ele 

irá inchar, tomando-se oco como um

balão. Está pronto. Você poderá recheá- lo como uma panqueca!

Coalhada caseir a

Ingredientes:

2 litros de Leite integral de vaca 

2 (caldo de) limões-taiti 

1 colher de sopa de sal marinho 

temperos a gosto

Modo de preparar:

Ferva o Leite durante 6 minutos. As-sim

que desligar o fogo, despeje no leite o

caldo dos limões e mexa com uma co

lher inox.Em10 a 15 minutos, o soro estará se

parado da parte sólida do Leite. Então, 

coe sobre umpano limpo ou coador fino 

e acrescente osal. Obs.: Tambémpode 

ser doce.

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ALIMENTAÇAO PARA UM NOVO MUNDO

Está pronta a coalhada, substituta da 

margarina e da manteiga. Utilize-a misturada com salsa ou castanhas pica-

das, ervas frescas ou segundo a sua 

criatividade.

Coração   de bananeir a

Ingredientes:

1 coração de bananeira novo 

100 ml de suco de limão

2 colheres de sopa de sal marinho 

5 dentes de alho picados4 tomates médios picados sem pele e

 

sem sementes 

4 folhas de hortelã 

500 ml de água quente 

satsinha a gosto 

queijo parmesão opcional

Modo de preparar.

Retire as cascas vermelhas do coração 

de bananeira e reserve. Quando chegar 

ao miolo branco, corte-o como uma couve, empedaços bempequenos. Leve-os

a uma vasilha como suco de limão e a água quente, deixando de molho por 15

 

minutos. Escorra toda a água, espremen

do bem com o sal e lavando com mais 

água quente para retirar o Látex de gosto amargo. Passe-os para outro recipiente e adicione a hortelã picada, o sal

 

e o alho. Deixe descansar por alguns minutos e refogue comalho empouco óleo, acrescentando o tomate para formar um

molho.Pode ser coberto comqueijo parmesão 

e salsinha.É um prato barato, sofisticado e delicioso, presente emvárias tradições culinárias da humanidade.

Cr eme de abacaxi

Ingredientes:

Ví  abacaxi picado (200g)Vs abacaxi Liquidificado

 

1 litro de água200 gramas de açúcar mascavo 

300 gramas de amido de milho ou 

maisena10 cravos-da-índia

Modo de preparar.

Cozinhe todos os ingredientes, comexceção do amido de milho, durante 20

 

a 25 minutos. Acrescente o amido de milho-dissolvido emVí  xícara de água 

e cozinhe por mais 5 minutos.

7/17/2019 Marcio Bontempo - Alimentaçao Para Um Novo Mundo

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MÁRCIO BONTEMPQ 

Creme de  ervi lha

Ingredientes:

Vz   kg de ervilhas partidas Vz  xícara de moranga cabotia picada 

com casca

2 colheres de sopa de óleo de oLiva Vz   cebola picada 1 litro de água 1 colher de chã de orégano

1 colher de chá de Louro2 colheres de sopa de salsa picada

Modo de preparar.

Deixe a ervilha de molho por 8 horas.

Lave a ervilha muito bem, escorrendo 

até que o soro desapareça. Coloque aerviLha na panela de pressão comágua, deixando-a ferver por 20 minutos, con

tados a partir da fervura inicial. Tire do 

fogo e acrescente os demais ingredien

tes. Leve a mistura novamente ao fogo por uns 10 minutos.

Caso tenha coLocado água demais, deixe o creme ferver com a panela destam

pada por alguns minutos a mais. Servir morno ou quente. Se necessário, bata 

no liquidificador.

Cr eme  de milho verde  com azeitonas

Ingredientes:

2 xícaras de milho verde fresco Vi de xícara de azeitonas picadas Vi de pimentão picado

Vi de cebola picada (ou 4 dentes de 

alho)1 xícara de água

3 colheres de óleo de oliva

Modo de preparar:

Liquidifique bemo milho verde e reserva 

Refogue os demais ingredientes, semágua e comóleo. Acrescente o milho batido e

mexa comuma colher de pau, despejando 

água aos poucos para não grudar no fundo. Fica pronto em15 minutos.

Croquetes, bifes  e sa ls ichas  Â base de proteína  de soía

Ingredientes:

250 gramas de proteína de soja miúda natural 

Vi  batata-cará

Vi xícara de shoyu macrobiótico 

1 xícara de farinha integral fina 

1 xícara de farinha de trigo comum

Vi xícara de farinha 'de rósea

1 xícara de água

2 colheres de sopa de óleo de oliva Vi  cebola picada

1 colher de chã de sal marinho 

1 colher de chá de orégano 

1 colher de chá de cominho 

1 colher de chá de curry

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

Modo de preparar:

Coloque a proteína emágua quente para 

hidratar durante 30 minutos. Lave-a emágua corrente para retirar o soro. Junto

 

coma batata-cará, bata no liquidificador todos os temperos. Coloque a água aos poucos no liquidificador. Misture ocomposto à proteína e aplique as farinhas para dar liga. ModeLe como quiser. Pas

se na farinha de rosca e frite numa frigideira, com pouco óleo de oliva, bem

quente. Se preferir, asse no forno emfôrma untada.Para preparar as salsichas, liquidificar uma 

beterraba crua e misturá-la ao preparado, modelando-as. Asse-as no forno e, depois, use o molho de sua preferência.

Fa r ofa  de  germe  de  tr igo

Ingredientes:

250 gramas de germe de trigo 

1 colher de sopa rasa de sal marinho 

V a  de cebola picada 

1 cenoura ralada3 colheres de sopa de óleo de oliva

 

Modo de preparar:

Refogue a cebola e a cenoura no óleo

quente. Acrescente o germe de trigo e 

mexa comuma colher de pau por 5 ou 

10 minutos.Guarde emvidro seco e bemfechado.

 

É uma opção protéica e saborosa para 

as pessoas que não têm muito tempo 

de cozinhar. Dura até sete dias semestragar.

Feijão -preto  3 ÁGUAS

Ingredientes:

3 xícaras de feijão-preto 

5 xícaras de água1 cebola média2 folhas de louro1 colher de sopa rasa de sal marinho2 colheres de óleo de oliva

Modo de preparar:

Deixe o feijão de molho da noite para 

o dia. Jogue fora a primeira água. 

Cozinhe o feijão com as 5 xícaras de

água. Quando estiver fervendo, jogue 

fora a segunda água, Commais 5 xícaras de água, leve novamente ao fogo 

acrescentando os temperos. Deixe cozinhar por uns 25 ou 30 minutos.Frite a cebola no óleo e despeje sobre

 

o feijão já pronto, depois de desligar o fogo.A técnica das três águas é necessária 

para eliminar toxinas fermentativas do 

feijão-preto.

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MÁRCIO BONTEMPO

Feijoada  vegeta r iana  com  feijão   azuki

Ingredientes:

3 xícaras de feijão azuki 

5 xícaras de água

2 xícaras de moranga cabotia picada 

2 inhames pequenos

1 cenoura pequena

Vexícara de couve-flor picada

2 folhas de louro 

Ví  xícara de tofu

Vi pimentão picado 

Vi xícara de proteína de soja graúda 

hidratada e escorrida

2 colheres de sopa rasas de sal marinho 

1 colher de sopa de óleo de oliva

Modo de preparar:

Escolha o feijão e deixe-o de molho da 

noite para o dia.

Cozinhe-o na panela de pressão, ape

nas comsal, por 20 ou 25 minutos. 

Refogue os demais ingredientes emuma 

panela por 15 ou 20 minutos.

Misture tudo, formando uma deliciosa 

e saudável feijoada vegetariana.

Gelatina de  f rutas

Ingredientes:

 2 xícaras de suco de frutas 

de xícara de açúcar mascavo ou 

melado

2 colheres de sopa de suco de Limão 

1 colher de sopa de gelatina vegetal 

ágar-ágar

colher de chá de sal marinho 

1 xícara de água

Modo de preparar.

Coloque a água para ferver, Quando 

iniciar a fervura, retire do fogo e acres

cente a gelatina. Dissolva bem e mis

ture os demais ingredientes. Coloque 

em taças transparentes e guarde na 

geladeira.

Ao servir, acrescente frutas secas ou 

naturais, cobrindo comcreme branco ou 

coco ralado.

Gel éi a  DE MAÇÃ

Ingredientes:

1 kg de maçãs 

6 xícaras de açúcar mascavo 

casca de 1 laranja-lima ou limão 

canela emcasca

Modo de preparar.

Corte as maçãs emquatro. Coloque em

uma panela, acrescentando a raspa da 

laranja ou do limão mais a canela. Cu

bra comágua e deixe ferver. Retire dc 

fogo, passe emumcoador e acrescen-

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

te o açúcar. Leve novamente ao fogo 

por uns 30 minutos ou mais, até que

a geléia adquira a consistência dese

 jada.

G   e r s a l

Ingredientes:

16 porções de gergelim com casca 

1 porção de sal marinho

Modo de preparar:

Toste os ingredientes durante 5 ou 7

minutos numa frigideira, mexendo com

uma colher de pau. Deixe esfriar e tri-

ture no liquidificador. Guarde o con

teúdo emumvidro seco e bemfecha

do, Use como tempero sobre o arroz 

integral cozido ou sobre outros pratos 

à base de cereais. 0 gersal é alca- 

Linizante e possui várias propriedades 

nutritivas.

Goiaba   r echeada   com  r icota

Ingredientes

goiabas (de preferência, vermelhas)

ricota

cebola

óLeo de girassol 

shoyu

Modo de preparar.

Lave bemas goiabas e retire todos os

caroços com uma colher. Corte a fruta 

por cima, onde será recheada.

Lave a ricota.

Comos demais ingredientes prepare um

refogado, coloque a ricota e deixe co

zinhar umpouco. Use saísinha para dar 

umtoque.

Recheie as goiabas, coloque-as numa 

bandeja e leve-as ao forno para dourar.

Gr ão-de-bico   especial

Ingredientes:

3 xícaras de grão-de-bico 

6 xícaras de água 

1 cebola picada 

V* pimentão picado

1 colher de chã de sal marinho

2 folhas de louro

1 xícara de tofu picado emcubos 

1 colher de sopa de óleo de oliva

1 xícara de moranga (com casca) 

picada

Modo de preparar:

Deixe o grão-de-bico de molho por 12

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MARCTO BONTEMPO

horas. Depois de lavã-lo cozinhe-o em

panela de pressão com as 6 xícaras de 

água, por 30 ou 40 minutos.Refogue os demais ingredientes no

óLeo por 20 minutos, misture-os ao 

grão-de-bico e espere mais uns 5 mi

nutos para desLigar o fogo.

Lasanha  integral

Ingredientes:

1 pacote de massa para 

lasanha integral 

250 gramas de proteína de soja

1 cebola média picada

3 espigas de milho verde debuLhadas

2 molhos de espinafre 

2 cenouras refogadas

100 gramas de maionese de soja 

ou tofu 

água

sal marinho 

Modo de preparar:

Cozinhe a massa em uma panela com

água, umfio de óleo de oliva e sal marinho. Escorra a água e deixe esfriar.

Enquanto a massa esfria, hidrate a pro

teína emágua quente, lavando-a bem

e refogando-a com o milho e os tem

peros.

Com a cenoura, faça uma maionese, 

batendo-a no Liquidificador e acrescen

tando cebola frita.

Emuma fôrma untada coloque as cama

das de massa e recheios, cobrindo a última camada comamaionese de cenoura 

(ou de tofu). Polvilhe com orégano e

Leve ao forno bem quente por uns 15 

minutos.

Por ser umprato muito forte, esta la

sanha deve ser consumida emocasiões 

especiais.

Leite  de  soja

Ingredientes:

1 kg de soja emgrão 

5 Litros de água

Modo de preparar:

Deixe os grãos de soja de molho por 12 

horas.

Escorra a água e coloque os grãos so

bre um guardanapo em cima da mesa.

Passe umrolo de massas ou uma garra

fa sobre eles, comfirmeza.Dentro de uma bacia, lave o conteúdo 

comágua corrente, procurando retirar to

das as peles soltas dos grãos. Bata tudo 

no Liquidificador, até ficar emponto de 

creme, acrescentando água aos poucos. 

Se for preciso, bata duas vezes ou mais. 

Coloque o creme emuma paneta gran-

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

de e leve-a ao fogo, contando 25 mi

nutos a partir da primeira fervura. Mexa 

de vez emquando com uma colher de pau.

Retire do fogo, espere esfriar e coe num

pano de algodão limpo.

Lenti lha ou  ervi lha   especial

Siga a receita do Grão-de-bico Especial, substituindo o grão-de-bico por lentilha 

ou ervilha e deixando-as de molho por apenas quatro horas. 0 tempo de cozimento 

é de 25 ou 30 minutos.

Macarrão   com molho de a l ga s

Ingredientes:

250 gramas de macarrão integral 

4 xícaras de água1 colher de chá de sal marinho

2 xícaras de molho da receita da 

Polenta com Molho de Algas

Modo de preparar.

Esquente a água emuma panela. Quando 

ferver, acrescente omacarrão e cozinhe até 

que amoleça (de 15 a 20 minutos). 

Escorra a massa e misture-a ao molho, que 

poderá se acrescido de pimentão verme

lho picado, queijo parmesão ou tofu.

Macarrão  de t r i go -sarraceno   soba

Ingredientes:

100 gramas de macarrão 

Vz   litro de água 

Sal marinho a gosto

Modo de preparar:

Quebre o macarrão empedaços de apro

ximadamente 7 centímetros. Ferva em

água e coloque sal a gosto. Passe no 

escorredor após a fervura (a água pode 

ser usada para fazer sopa) e acrescen

te molho de misso.

Maionese sem  ovo

Ingredientes:

1 cenoura crua picada

3 cenouras cozidas picadas 

100 ml de óleo de oliva virgem

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MÁRCIO BONTEMPO

2 colheres de sopa de vinagre de 

maçã natural

1 colher de sopa de saL marinho 

1 colher de sopa de gengibre ralado 

ervas a gosto

Modo de preparar.

Bata todos os ingredientes no liquidi

ficador por 4 ou 5 minutos. Guarde em

vidro esterilizado e bem fechado. Utili

ze-a, também, como recheio de tortas sal

gadas.

Na geladeira dura de 5 a 7 dias.

Massa   integral  para  panqueca

Ingredientes:

1 xícara de farinha de trigo 

integral fina

2 xícara de farinha de trigo comum

1 colher de chá de sal marinho

Ví batata-cará ou 2 inhames pequenos 

6 xícaras de água

2 colheres de sopa de araruta

Modo de preparar:

Misture todos os ingredientes. Bata no

Liquidificador e deixe descansar por 

mais ou menos 2 horas.

Uma a uma, frite as panquecas emuma 

frigideira com pouco óLeo. Vire-as com

a escumadeíra e umgarfo ou, comcer

ta habilidade, jogue-as para o alto, vi- 

rando-as no ar.

Utilize como recheio o tofu temperado, 

ricota ou aquele citado na receita de 

lasanha.

Molho branco

Ingredientes:

200 gramas de tofu 

3 colheres de sopa de aveia emflocos 

finos

1 cebola cortada emcubos1 colher de sopa de araruta 

ou maisena

2 xícaras de água

Modo de preparar.

Bata tudo no Liquidificador até ficar 

bemcremoso. Leve ao fogo brando e co

zinhe, mexendo de vez em quando. 

Acrescente um pouco de óleo no final do cozimento.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

Panetone

Ingredientes:600 gramas de farinha de trigo 

branca comum

400 gramas de farinha de trigo 

integral fina

300 gramas de açúcar mascavo 

peneirado

60 gramas de fermento instantâneo

4 colheres de sopa de manteiga 

colonial

100 gramas de frutas cristalizadas 

naturais

100 gramas de uvas-passas (pretas e 

brancas)

4 colheres de sopa de gengibre ralado

4 colheres de sopa de raspa de casca 

de limão

400 ml de suco de uva morno

4 colheres de sopa de lecitina de soja

50 gramas de coco ralado natural

1 colher de sopa de canela empó

P a n q u e c a

Ingredientes:

2 xícaras de farinha de trigo comum

1 xícara de farinha integral

3 xícaras de água

2 colheres de sopa de óleo de oliva 

1 colher de sopa de sal marinho

1 couve-flor pequena 

1 cebola picada 

tempero verde

IJJI FRUTTI 

Modo de preparar.Misture muito bemtodos os ingredien

tes até formar uma massa uniforme, 

macia e não pegajosa. Se necessário, 

acrescente mais água. Amasse bem e 

deixe descansar por 10 minutos. Torne 

a amassar e aguarde até que a massa 

dobre de tamanho.

Divida-a emporções iguais, em forma 

de bolas, referentes ao número de pane- 

tones desejados (a quantidade acima dã 

para 5 ou 6 panetones). Ponha a mas

sa em fôrmas de papeL próprias para 

panetones, cobrindo comumpano lim

po por mais 10 minutos.

Corte-as superficialmente emforma de 

cruz com faca ou tesoura.

No centro de cada cruz, coloque 1 co

lher de sopa de manteiga.

Leve ao forno preaquecido e asse em

temperatura média, por aproximadamen

te 40 minutos. Deixe esfriar e sirva.

COUVE-FLOR 

'A xícara de shoyu macrobiótico 

1 colher de sopa de orégano

Modo de preparar.

Utilize a massa de panqueca da receita 

anterior. Para rechear, prepare umrefo- 

gado de couve-flor da seguinte maneira: 

doure a cebola em pouco óLeo, acres

centando a couve-flor picada, o shoyu

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MÁRCIO BONTEMPO

e os demais temperos, refogando tudo queca, coloque-as num pirex e enfeite 

por uns 15 minutos. Recheie cada pan- como molho de sua preferência.

PÃO ARCO-ÍRIS

Ingredientes:

Idem receita do Chapati.

Modo de preparar:

Prepare 3 massas diferentes feitas 

com corantes naturais de beterraba, 

espinafre e cenoura. Utilizar uma xí

cara da tintura natural, feita com o 

legume ou raiz refogado e liquidifi- 

cado, para 1 kg de farinha de trigo 

branca (+ fermento, sal, mascavo, 

etc.) Depois de bemamassadas separadamente, teremos 3 massas, 1 ver

melha, 1 amarela e 1 verde.

Passe o rolo ou uma garrafa sobre cada 

uma das massas, abrindo-as como se 

fosse massa de pastel.

Modele três massas para que fiquemdo 

mesmo tamanho emretângulos iguais.

CoLoque umretângulo de massa sobre 

outro na seguinte ordem: vermelho —

verde — amarelo. Enrole como se fos

se umrocambole, emforma de cilindro. 

Corte o cilindro empequenos pedaços 

de 5 ou 6cm. Leve estes pequenos 

pãezinhos cilíndricos a uma fôrma un- 

tada, dispondo-os lado a lado, todos na 

posição vertical. 0 ideal é fazer uma fila 

de 4 por 8.

Espere 20 minutos para que cresçamno 

forno quente, mas desligado. Ligue oforno e deixe-os assar por 25 a 30 mi

nutos.

Estes pães ficam muito bonitos, saudá

veis, especiais na ceia de Natal e são 

uma boa opção para crianças que não 

gostam de verduras e legumes.

POLENTA COM MOLHO DE ALGAS

Ingredientes:

2 xícaras de farinha de milho fina 

1 colher de chá de sal marinho 

4 xícaras de água 

6 rodelas de alga kombu 

Vi cebola picada 

1 pitada de cominho empó 

1 xícara de shoyu

1 colher de chá de gengibre ralado

Modo de preparar:

Em uma panela, misture a farinha de 

milho, a água e o sal, e cozinhe, mexendo comuma colher de pau até que 

a polenta se torne sólida.

Refogue a cebola no óleo quente e acres

cente os demais ingredientes, com ex

ceção do shoyu. Refogue por mais uns 

10 minutos, adicionando umpouco de

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

água sempre que secar. Despeje o shoyu 

e deixe refogar por mais 5 minutos. 

Aplique este molho sobre a polenta e 

sirva quente.

E uma ótima combinação de elemen

tos, tornando-se um prato apreciável 

por todos.

Pudim  de  f rutas em  camadas

Ingredientes:

2 xícaras de morango liquidificado 

mais 1 xícara de água2 xícaras de suco de uva natural mais 

1 xícara de água

2 xícaras de suco de maçã mais 1

xícara de água

2 colheres de sopa de caldo de limão

3 colheres de sopa de maisena para 

cada camada3 colheres de sopa de açúcar mascavo 

para cada camada

Modo de preparar:

Cozinhe separadamente cada item com

o açúcar mascavo, engrossando coma

maisena. Emuma fôrma refratãria, co

loque uma camada de cada vez e deixe 

esfriar (as camadas devemser cozidas 

emtempos diferentes).

Não acrescente a camada seguinte en

quanto a anterior não estiver fria.

Depois de tudo pronto, aplicar a co

bertura, cremosa, feita da seguinte 

maneira:

Em uma panela, coloque 2 xícaras deágua, 1 vidro de leite de coco, 2 co-

lheres de sopa de araruta, 2 colheres ^

de sopa de mel puro e leve tudo ao

fogo. Mexa sempre até ferver. Espere

esfriar e aplique sobre o pudim.

Q ueijo   de so ja : tofu

Ingredientes:

 2  litros de leite de soja 

4 limões-taiti médios 

2 colheres de sopa de sal marinho 

2 colheres de sopa de orégano 

outros temperos a gosto

Modo de preparar.

Aqueça o leite de soja até o ponto da

fervura. Retire do fogo e misture o suco 

dos limões coado. Acrescente o sal e 

os temperos, mexendo bem. Deixe des

cansar um pouco para coagular. Colo

que emumpano para escorrer, depois 

ponha dentro de uma vasilha revestida 

com umtecido de algodão. Aperte um

pouco e deixe assim por mais ou me

nos 24 horas.

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MÁRCIO BQNTEMPO

QUIBE VEGETAL

Ingredientes:

250 gramas de trigo burgol para quibe

1 ovo caipira (opcional)

2 colheres de sopa de óleo de oliva 

água

1 cebola média 

lk   batata-carã

4 colheres de sopa de farinha integral 

farinha de rosca

3 colheres de sopa de molho shoyu

Sagu

Ingredientes:

Vz   litro de suco de fruta 

Vz   litro de água 

V k  xícara de açúcar mas-cavo 

casca de 1 laranja-lima 

canela em casca 

4 cravos-da-índia 

1 colher de sopa de noz-moscada 

ralada

250 gramas de sagu

Modo de preparar.

Deixe otrigo burgol de molho emágua 

morna durante duas horas.

Enquanto isso, refogue os demais in

gredientes, com exceção da farinha, 

por alguns minutos. Tire do fogo e 

deixe esfriar. Coloque a farinha e 

modele, passando o quibe na farinha 

de rosca antes de fritar em pouquís

simo óleo de oliva.

Modo de preparar.

Coloque o sagu de molho por duas horas. 

Ferva os demais ingredientes junto com

o suco. Quando iniciar a fervura, adicio

ne, o sagu, deixando cozinhar por mais 

uns cinco minutos, mexendo sempre. Re

tire do fogo e deixe esfriar emtigelínhas. 

Quando estiver frio. Leve à geladeira. 

Sirva com creme de coco ou chantilly.

DE FRUTAS

Sa l a d a c r u a de abóbo r a  j apo nesa

Ingredientes:

1 abóbora japonesa pequena Maionese de soja (ver seção de 

maioneses) a gosto

Modo de preparar.

Lave bem a abóbora com escova de 

náilon e água, semretirar a casca. Rale

em ralador plástico, na espessura de

sejada, retirando apenas as sementes e os fiapos internos. Misture a maione

se de soja. Se quiser acrescente raba

nete picado ou co gume Los crus.

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ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

S o r v e t e   d e   a b a c a x i

Ingredientes:

V j abacaxi Liquidificado 

1 colher de sopa de essência natural 

de baunilha

4 colheres de sopa de extrato de soja 

1 xícara de açúcar mascavo peneirado 

1 xícara de água quente 

1 xícara de iogurte natural

Modo de preparar.

8ata todos os ingredientes num Li- 

quificador. Leve ao congelador. Depois 

de congelado, liquidifique novamente, 

acrescentando umpouco mais de iogur

te para facilitar o processo.

Se desejar, adicione chantilly natural.

St r q gono f f   veget ar iano

Ingredientes:

250 gramas de proteína de soja 

graúda

4 cenouras pequenas 

2 chuchus

250 gramas de vagem

2 batatas-carã 

2 cebolas médias

de xícara de óleo de oliva 

2 xícaras de molho branco 

4 colheres de sopa de salsa picada 

2 colheres de sopa de orégano

1 colher de sopa de sal marinho 

1 pitada de curry

Modo de preparar:

Hidrate a proteína emágua quente por uns 

30 minutos, lavando-a emágua corrente. 

Frite a cebola bempicada, acrescentando 

a proteína e os legumes igualmente pica

dos. Junto coma cebola refogue tudo em

uma panela. Quando o preparado estiver 

macio, misture omolho branco, cozinhan

do por mais alguns minutos.

Ingredientes:couve-flor

leite de coco

maisena

cebolinha

óleo de girassol

shoyu

SUFLÊ DE COUVE-FLOR 

Modo de preparar:Cozinhe as flores cortadas empedaços 

pequenos {não deixe cozinhar muito). 

Molho branco: corte a cebola xadrez e 

refogue-a com óleo (bem pouco). De

pois de dourá-la, coloque o leite de 

coco já quase fervido. Dilua em água

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MÁRCIO BONTEMPÜ

fria umpouco de maisena para engros- Coloque numa fôrma de vidro, salpique 

sar o creme. Salgue com shoyu. coco por cima e deixe dourar no forno.

Tr i g o  pa r a quibe  com  l egumes

Ingredientes:

3 xícaras de trigo burgol para quibe 

cozido e escorrido 

1 cebola média picada 

1 abobrinha comprida picada 

1 chuchu picado 

1 cenoura ralada 

1 beterraba ralada 

100 g de tofu 

1 inhame ralado 

10 cmde bardana ralada 

Arabanetes picados 

1 colher de chá de sal marinho

2 colheres de sopa de óleo de oliva 

1 colher de chã de noz-moscada ralada

Modo de preparar.

Cozinhe 2 xícaras do trigo burgol em

4 xícaras de água (o que resultará em3

xícaras de burgol cozido). Escorra bem

e reserve. Refogue a cebola no óleo 

quente e acrescente os demais ingre

dientes, deixando por mais 10 minu

tos. Misture o trigo burgol e cozinhe 

por mais 5 minutos.

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http://slidepdf.com/reader/full/marcio-bontempo-alimentacao-para-um-novo-mundo 292/299

12 . ENDEREÇOS ÚTEIS, S ITE S   

E E - M A I L S    AFINS

Amazonas Fbrever Gree n

Av. Giovanni Gronchi, 6 .186

Morumbi

São Paulo — SP

Tels.: (I I) 846-6993 — 846-6963

Fax: (1 1)846-8092

Animais SOS

www.geocities. com/Rain Forest/Vi nes/

5011/index.html

Associação Agir

www.geocities.com/heartland/6852/ 

agir.htm

Associação Brasileira Protetora dos  

Animais (Seçã o da Bahia)Travessa Mario, 10

Politeama

Salvador — BA

Tels.: (7 1) 329-18 13 — 359-8423 —

264-5983

http://abrapan.home.ml.org

Associação Catarinense de Proteção 

aos Animais— Acapra

Rua A!ba Dias Cunha, 15

Bairro Trindade

Florianópolis — SC

[email protected]

www.geocities.com/HeartlandMllage/ 

1780

Associação de Am paro aos AnimaisRua Vista de Porto Seguro, 959

São Paulo — SP

Tels.: (I 1)247-8169

Associação de Am paro aos Animais de 

Praia Grand e

Av. Costa e Silva, 794, 3.° AndarPraia Grande — SP

Associação dos Amigos e Protetores

dos Animais

Rua Cail Pereira, 365

Rosário

Recife — PE

7/17/2019 Marcio Bontempo - Alimentaçao Para Um Novo Mundo

http://slidepdf.com/reader/full/marcio-bontempo-alimentacao-para-um-novo-mundo 293/299

MÁRCIO BONTEMPO

Associação Internacional de Proteção  

aos Animais

Rua Moreira de Godoi, 495

São Paulo — SP

Associação Pró-Direito dos Animais

Av. Sergipe, 2 17

Porto Alegre — RS

Asso ciação Protetora de Animais São

Francisco de Assis

Rua Santo Eliseu, 272

Vila Maria

São Paulo — SP

leis.: (I I) 292-9308 — 6955-4352

http:/Avww,apasfa.org

Frente Brasileira para Abolição da 

VivissecçSo — FBAV

Caixa Postal 8.169

Rio de Janeiro — RJ

CEP 21032-970

leis. (21)9962-1526

[email protected]

Fundação Cloé-Misael C ardo so Pinto 

Filho de Proteção da Fauna e Flora

Rua Antonío Onisto — Casa do

Telhado Verde

Extrema — MG

leis.: (35) 435-1470 - 4 3 5 - 1 902

Instituto B rasileiro do Me io Amb iente 

e dos Recursos Naturais Renováveis  

— Ibama

Fbra receber denúncias e sugestões de

qualquer lugar do Brasil, para denunciar

ambulantes e vendedores de animais

silvestres ou para obter outras

informações:

Linha Verde 0800 61 8080.

Avenida L 4 Norte s.n., Edifício Sede do

Ibama

Brasília — DF

CEP 70.800-200

Tels.: (6 1) 226-8221— 226-9014

Fax: (61)322-1058

[email protected] 

www.ibama.gov.br

International Wildlife Coalition

R O. Box 5087

Florianópolis — SC

CEP 88040-970

Tels.: (48) 234-0021

Fax: (48) [email protected]

http://www.procergs.com.br/iwcbr

Liga Brasileira dos Direitos dos  

Animais

Av. Delfim Moreira, 396, cj, 0 1

Rio de Janeiro — RJ

Liga de Prevenção à Crueldade  

contra o Animal

Rua Espírito Santo, 935, ap. 803

Belo Horizonte — MG

Tels.: (31)224-4735

Sociedade d e Proteção aos Animais 

Francisco de Assis

Rua Desembarcador Botto de Menezes.

634

Mandacaru

João Pessoa — PB

7/17/2019 Marcio Bontempo - Alimentaçao Para Um Novo Mundo

http://slidepdf.com/reader/full/marcio-bontempo-alimentacao-para-um-novo-mundo 294/299

ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

Sociedade Educacional Fala Bicho

Caixa Postal 3 1.047

Rio de Janeiro — RJCEP 20732-970

Tels.: (21)508-1708

falabicho iniolink.com.br

www.falabicho.org.br

Sociedad e Juizforense de Proteção  

aos A nimais 

Caixa Postal 1. 103

Juiz de Fora — MG

Sociedade Norte Mineira Protetora  

dos Animais — SNMPA

Av. Coronel Prates, 106

Montes Claros — MG

Sociedade Petropolitana Protetora 

dos Animais — SPPA

Rua Marechal Hermes da Fonseca, 675

Petrópolis — RJ

Sociedad e Un ião Internacional Protetora dos Animais — SUI PA 

Av. Suburbana, 1.801

Benfica

Rio de Janeiro — RJ

CEP 20973-010

Tels.: (2 1) 2501- 1529 — 2501-9954

Fax: (21)[email protected] 

http://www.suipa.org.br

Sociedade Zoófiía Educativa — Sozed

Avenida Delfim Moreira, 1.044

FTio de Janeiro — RJ

Tels.: (2 1) 259-3926 — 273-3990

SOS Bichos Protetora

Rua Xavier de Gouveia, 189

Campo Belo

São Paulo — SP

SOS, Bichos

Rua Cravinhos, 85, casa 7

São Paulo — SP

Un ião em Defesa das Baleias

Rua Granja Julieta, 345

São Paulo — SP

fiax:(l 1)246-9354

Un ião Erechinen se Protetora dos 

Animais

Rua Torres Gonçalves 153/501Erechim — RS

Tels,: (54) 321-1329

W orld Society for the Protection o f  

Animais — W SPA

Ftua Manuel da Nóbnega, 47 1/02

São Paulo — SPCEP 04001-083

Tels.: (1 1)884-8787

W W F — Program Office

SHIS EQ Q L 6/8, cj E, 2 .° andar

Brasília — DF

CEP 71620-430Tels.: (61)248-2899

Fax: (61)248-7176

[email protected] 

http://www.wwf.org. br

7/17/2019 Marcio Bontempo - Alimentaçao Para Um Novo Mundo

http://slidepdf.com/reader/full/marcio-bontempo-alimentacao-para-um-novo-mundo 295/299

MÁRCIO BONTEMPO

Organizações internacionais de interesse

Animal Place

Providenciam morada e alojamento para

animais resgatados de abates e submissão

a sacrifícios ou trabalhos forçados

desumanos. 3448 Laguna CreekTrail,

Uacaville, CA 95688;

Tel. 707-449-4814.

www.animalplace.org

Associaíion o fVeterinariansfor  

Animal Rjghts

Trabalham pela proteção animal, com

base numa visão veterinária e ética.

RO, Box208,

Davis, CA 95617-0208;

Tel. 530-759-8106.

www.avar.org

C en te r for Science in the Pubiic 

Intenest — CSP1

Trabalham por uma melhor qualidade e

conscientização alimentar. Publicam o

periódico Nutrition Action Heo/th/etter.

1875 Connecticut Ave., NW, Ste. 300,

Washington, DC 20009;

Tei. 202-332-91 10.

www.cspinet.org

Citrzens for Health  

informam consumidores sobre opções

alimentares vegetarianas e

suplementação dietética.

R O. Box 2260,

Boulder, CO 80306;

Tel. 800-357-221 I .

www.citizens.org

EarthSave

Grupo liderado por John Robbins, autor

do best seíler D/et fbr a New America. 

A organização é internacional e divulga

matérias e eventos ligados à proteção

dos animais, vegetarianismo completo

(vegans) e atividades em fevor dos

direitos dos animais,

www.earthsave.org

Endangered Species Coalition

Lutam pela preservação das espécies

em perigo de extinção. 110! 14th St.

NW, Ste. 1400,

Washington, DC 20005;

Tel. 202-682-9400.

www.stopextinction.org

Farm Animal Reform Movement—

Farm

Promovem o vegetarianismo integral e

promovem campanhas educativas

quanto aos direitos dos animais.

R O. Box 30654,

Bethesda, MD 20824; 888-FARM-USA.

www.farmusa.org

Farm Sanctuary

Facultam alojamento e proteção aanimais salvos do abate cruento e vida

sacrificante em fazendas de criação e

abatedouros, aiém de promoverem

campanhas educativas de

esclarecimento sobre o direito animal,

Têm um santuário dedicado a animais,

R O . Box 150,

7/17/2019 Marcio Bontempo - Alimentaçao Para Um Novo Mundo

http://slidepdf.com/reader/full/marcio-bontempo-alimentacao-para-um-novo-mundo 296/299

ALIMENTAÇÃO PARA UM NDVO MUNDO

WatkinsGlen, NY 1489);

Tel. 607-583-2225;

RO . Box 1065,

Orland, CA 95963;

Tel. 530-865-4617.

www.farmsanctuary.org

www.fectoryfemning.com

Food and WaterDesenvolvem campanhas públicas contra

alimentos industrializados e agrotóxicos,

incluindo irradiação e transgênicos.

Publicam o Food and Water Journal and  

Wild Matters.

389 Rt. 215,

Walden, VT 05873; 800-EAT-SAFE.www.foodandwater.org

Food Animal Con cern s "Irust— FAC T

Promovem métodos mais humanos

de criação de galináceos e gado, com

programas de humanização.

R O. Box 14599,Chicago, IL606I4;

Tel. 773-525-4952.

www.fact.com

Friends of the Earth

Trabalham pela proteção do planeta

contra a degradação ambiental,biológica, cultural e pela diversidade

étnica. 1025 Vermont Ave., NW

Washington, DC 20005;

Tel. 202-783-7400;

www.foe.org

Global Resource Action Ce nte r for 

the Environment — Gra ce

Lutam pela preservação do futuro da

sociedade e do planeta, por uma

melhor qualidade de vida e ambiental,

15 E. 26thSt.,Rm . 915,

New York, NY 10010;

Tel. 212-726-9161.

www.gracelinks.org

Greenpeace Internacional

Campanhas e educação ambiental, com

ênfase na questão das florestas, clima,

oceanos e espécies animais.

702 H St., NW Ste. 300,

Washington, DC 20001;

Tel. 202-462-1 177.www.greenpeace.org

Hu m ane Farming Association

Trabalham para a coibição do abuso e

da tortura animal em fezendas de

criação através de campanhas educativas

na mídia em prol da consciênciavegetariana. R O. Box 3577,

San Rafael, CA 94912;

Tel. 415-485-1495.

www.hfe.org

Hum ane Society ofth e U nited States 

— H SU S

Promovem a consciência por um

tratamento mais humano e respeito em

relação aos animais.

2100 L St., NW

Washington, DC 20037.

www.hsus.org

7/17/2019 Marcio Bontempo - Alimentaçao Para Um Novo Mundo

http://slidepdf.com/reader/full/marcio-bontempo-alimentacao-para-um-novo-mundo 297/299

MÁRCIO BONTEMPO

International Vegetarian Union — IVU

Promove o vegetarianismo através de

grupos internacionais e realizando

congressos vegetarianos.

RO . Bo x97 10

V&shington, DC 20016;

202-3 62-VEGY.

www.ivu.org

North American Vegetarian Society—

Navs

Dedicado à promoção de eventos

ligados ao vegetarianismo nos Estados

Unidos. Publicam o periódico Vegetarian

Vbice.

P O . Box 72.

Dolgeville, NY 13329;Tel. 518-568-7970.

www.navs-online.org

O n e Reaceful Worid — O P W

Grupo macrobiótico de Massachussets,

liderado por Michio Kushi, atual líder

mundial da macrobiótica. Cursos,seminários, grupos, culinária e

alojamento para visitantes,

www.macrobiotics.org/opw. html

O ur Food, O ur World C ircle of Life

Foundation

Fundado por Julia Butterfly Hill, atua emconjunto com outras entidades similares

em favor da defesa do meio ambiente e

dos animais.

R O, Box 1940,

Redway, CA 95560;

Tel. 707-923-9522.

www.ci rdeoflifefoundation .org

People for the Ethical Treatm ent of  

Animais — Peta

Trabalham contra a crueldade e o

sacrifício animal, em fazendas,

laboratórios etc.

501 FrontSt.,

Norfolk. VA 23510; 757-622-PETA

www.peta-online.org

Rainforest Actíon NetWork

Atuam na área de proteção ambiental

ligada à defesa da Mata Atlântica e

outras atividades ecológicas.

221 Pine St.,

San Francisco, CA 94 i 04;

Tel. 415-398-4404.

www.ran.org

Safe Tãbles O u r Priority — Stop

Ampara vítimas de intoxicações e danos

produzidos por alimentos industrializados

e desenvolve política pública de

educação quanto a hábitos alimentares

mais saudáveis. R O. Box 46522,

Chicago, IL 60646-0522;

Tel. 312-957-0284;

www.stop-usa.org

T h e Fund for AnimaisProtegem a vida animal selvagem e

doméstica através de educação e

atuação legal.

200 West 57th S t, Ste. 705,

New York, NY 10019; 888-405-

FUND.

www.fund.org

7/17/2019 Marcio Bontempo - Alimentaçao Para Um Novo Mundo

http://slidepdf.com/reader/full/marcio-bontempo-alimentacao-para-um-novo-mundo 298/299

ALIMENTAÇÃO PARA UM NOVO MUNDO

Th e Hunger Projec í  

Trabalham contra a fome e a desnutrição

no mundo atuando nas comunidades

carentes.15 E. 26th St.,

New York, NY 10010;

Tel. 212-251-9100.

www.thp.org

Union of Co ncem ed Scientists — U C S

União dos dentistas consdentes dosEUA, que buscam uma atuação mais

responsável nas áreas de energia, meio

ambiente, transporte, recursos

esgotáveís e vida animal.

2 Brattle 5q.,

Cambridge MA 02238;

Tel. 617-547-5552

Worldwatch Inst i tu te

Produzem relatos e reportagens sobre

a questão ambiental global do planeta,

incluindo o famoso periódicoWorldW&tch,

1776 Massachusetts Ave., NW

Washington, DC 20036;

Tel. 202-452-1999.

www. worldwatch .org

www.ucsusa.oçg

7/17/2019 Marcio Bontempo - Alimentaçao Para Um Novo Mundo

http://slidepdf.com/reader/full/marcio-bontempo-alimentacao-para-um-novo-mundo 299/299