MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

96
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO Estudo comparativo do efeito do estresse térmico sobre a morfologia e o sistema de defesa antioxidante em eritrócitos dos peixes antárticos Notothenia rossii (Richardson, 1844) e Notothenia coriiceps (Richardson, 1844) CURITIBA 2014

Transcript of MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

Page 1: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO

Estudo comparativo do efeito do estresse térmico sobre a morfologia e o

sistema de defesa antioxidante em eritrócitos dos peixes antárticos

Notothenia rossii (Richardson, 1844) e Notothenia coriiceps (Richardson,

1844)

CURITIBA 2014

Page 2: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

2

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

Estudo comparativo do efeito do estresse térmico sobre a morfologia e o

sistema de defesa antioxidante em eritrócitos dos peixes antárticos : Notothenia

rossii (Richardson, 1844) e Notothenia coriiceps (Richardson, 1844)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Biologia Celular e Molecular, Setor

de Ciências Biológicas da Universidade Federal do

Paraná, como requisito parcial à obtenção do título

de Mestre em Biologia Celular e Molecular

Orientadora: Drª Lucélia Donatti

CURITIBA

2014

Page 3: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

3

Page 4: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

4

Page 5: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

5

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho, primeiramente a Deus, pois me possibilitou chegar

até aqui.

Aos meus pais Américo e Terezinha que sempre acreditaram que o estudo é o

único caminho para o crescimento e a independência pessoal.

Ao meu amado Adriano que com todo o seu apoio, carinho e paciência, me faz

crer que eu seria capaz de enfrentar todos os obstáculos.

Nada eu teria conseguido sem o amor de vocês!

Page 6: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

6

AGRADECIMENTOS

Agradeço...

A Deus, pelo dom de minha vida, e por minha profissão pela qual sou

apaixonada.

Aos meus pais, Américo e Terezinha, pois nunca mediram esforços para me

apoiar, e sempre me ajudaram e me encorajaram a enfrentar as dificuldades.

Ao meu noivo Adriano, que esteve sempre ao meu lado, por me ajudar sempre

a ver o lado bom das coisas, mesmo nos momentos mais difíceis. Sem seu

amor e carinho eu não teria conseguido.

Aos meus irmãos Filipe, Fernanda e Camila, que com sua amizade me dão a

certeza de que nunca estarei só.

À Lucélia Donatti, pela orientação, amizade e pelos conselhos valiosos. Devo

muito a você!

Ao Sr. Nino e aos técnicos Alessandra e Israel pela ajuda com o material de

microscopia.

Às amigas do laboratório de Biologia Adaptativa. À Alana pelo incentivo de que

mesmo nos momentos difíceis, tudo se resolverá, à Cintia, pela paciência ao

me ensinar as técnicas utilizadas, à Mariana por ser sempre tão prestativa, à

Pri pelas inúmeras aventuras, à Tânia pela ajuda com a estatística, e que

ajuda! A TODAS pela amizade e por todos os bons momentos! Tenho vocês

em meu coração!

Às agências de fomento, CAPES, CNPq, FAPERJ, INCT‐APA, sem as quais

não seria possível todo o deslocamento logístico necessários neste trabalho.

À marinha do Brasil, por apoio na Expedição Antártica XXIX, na qual os

bioensaios deste trabalho foram desenvolvidos.

Page 7: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

7

RESUMO

Peixes antárticos são espécies adaptadas ao frio, consideradas

estenotérmicas, sendo seu metabolismo eficiente em baixas temperaturas.

Estudos recentes sobre alterações climáticas relatam que a Península Antártica

apresenta aquecimento acelerado, é extremamente importante entender a

plasticidade metabólica e os mecanismos bioquímicos envolvidos na

aclimatação a altas temperaturas de peixes antárticos para a conservação

destas espécies e do ecossistema Antártico. O presente trabalho teve o

objetivo de analisar o efeito do estresse térmico sobre a morfologia e o sistema

de defesa antioxidante em eritrócitos de Notothenia rossii e Notothenia

coriiceps, expostos durante 1, 3 e 6 dias a 8+0.5°C e a 0+0.5°C. Variações

morfológicas nos eritrócitos e nos níveis de atividade de alguns constituintes

enzimáticos como a glutationa peroxidase (GPx); superóxido dismutase (SOD);

glutationa S-transferase (GST); catalase (CAT); glutationa redutase (GR) e

quantificação do constituinte não enzimático, glutationa reduzida (GSH) e

lipoperoxidação lipídica (LPO), por dosagem de malonaldeído (MDA) foram

analisados. Em N. coriiceps o aumento da temperatura a 8°C não modulou os

níveis de SOD e GPx. Mas modulou negativamente os níveis de CAT em 1

(87% menor em 8°C quando comparado a 0°C) e 3 dias (90% menor em 8°C

quando comparado a 0°C). A GST foi modulada positivamente em 3 dias

(57,9% maior em 8°C quando comparado a 0°C) e negativamente em 6 dias

(81,9% menor em 8°C quando comparados a 0°C). A GR foi modulada

positivamente em 1 dia ( 69,9% maior em 8°C quando comparado a 0°C) e 3

dias (81% maior em 8°C quando comparado a 0°C). Em Notothenia rossii o

aumento da temperatura não modulou os níveis de GPx e GR. Mas, a SOD foi

modulada positivamente em 6 dias (68% maiores em 8°C quando comparados

a 0°C) e a CAT foi modulada positivamente em 3 dias (97% maiores em 8°C

quando comparados a 0°C) e negativamente em 6 dias (86% menores em 8°C

quando comparados a 0°C). A GST também foi modulada negativamente em 6

dias (81,9% menor em 8°C quando comparados a 0°C). Os níveis de GSH não

foram modulados pela temperatura em ambas as espécies. O níveis de MDA

foram modulado negativamente em 3 dias a 8°C em ambas as espécies e

houve modulação positiva em 1 dia para N. coriiceps pelo aumento da

temperatura. Análises morfológicas dos eritrócitos indicaram que em N.

coriiceps o aquecimento a 8°C determinou o aumento da frequência de

alterações no formato celular, presença de vesículas na membrana plasmática,

núcleo em Blebbed e fissura nuclear. Em N. rossii o estresse térmico

influenciou o aumento da frequência de alterações no formato celular e a

presença de núcleos em Blebbed. A proporção de eritrócitos maduros e

imaturos, a frequência de micronúcleo, o deslocamento celular, volume celular

e nuclear não foram influenciados pelo estresse térmico em ambas as

espécies. Foi possível concluir que, nos nototenideos antárticos, N. rossii e N.

Page 8: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

8

coriiceps, espécies filogeneticamente muito próximas, os padrões de resposta

frente ao aumento da temperatura ambiental foram diferentes.

Palavras-chaves: eritrócitos, temperatura, estresse oxidativo, anormalidades

celulares.

Page 9: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

9

ABSTRACT

Antarctic fish are cold-adapted species, considered stenothermal; the metabolism of this fishes is very efficient at low temperatures. Recent studies about climatic changes report accelerated warming in the Antartic Peninsula. For the conservation of Antartic ecosystem and species is extremely important to understand the metabolic plasticity and biochemical mechanisms involved in high temperatures acclimation of Antartic fishes. This study aimed to verify the effect of heat stress on the morphology and the antioxidant defense system in erythrocytes of Notothenia coriiceps and Notothenia rossii, exposed for 1, 3 and 6 days to 8 +0.5 +0.5 ° C and 0 ° C. Morphological changes in erythrocytes and activity levels of some enzymatic constituents like glutathione peroxidase ( GPx ), superoxide dismutase ( SOD ), glutathione S - transferase ( GST ), catalase ( CAT ), glutathione reductase ( GR ) and quantification of non-enzymatic constituent, reduced glutathione ( GSH ) and lipid peroxidation ( LPO ), by measurement of malondialdehyde (MDA) were analyzed. The temperature increase to 8ºC in N.coriiceps do not modulated levels of SOD and GPx, although, negatively modulates the levels of CAT 1 (87 % less than 8 ° C as compared to 0 ° C) and 3 days (90 % less than 8 ° C as compared to 0 ° C). GST was positively modulated in 3 days (57.9% 8 ° C higher in comparison to 0 ° C) and negatively within 6 days (81.9 % less than 8 ° C as compared to 0 ° C). The GR was positively modulated at 1 day ( 69.9% 8 ° C higher in comparison to 0 ° C) and 3 days (81 % increase at 8 ° C as compared to 0 ° C). The temperature increase in N. rossii do not modulate GPx levels of GR . However, SOD was positively modulated in 6 days (68 % higher when compared to 8C 0 ° C) and CAT was positively modulated in 3 days (97% at 8 ° C higher in comparison to 0 ° C) and negatively 6 days (86 % lower at 8 ° C as compared to 0 ° C). GST was also negatively modulated in 6 days (81.9 % less than 8 ° C as compared to 0 ° C). Morphological analysis of erythrocytes indicated that in N. coriiceps heating at 8 °C determined the increase frequency of changes in cell format, presence of vesicles in plasma membrane and Blebbed nucleus. Heat stress at 6 days in N. rossii influenced an increase frequency of changes in cell shape and presence of Blebbed nucleus. The proportion of mature and immature erythrocytes, frequency of micronucleus and cell displacement, cell and nuclear volume were not affected by heat stress in both species. In conclusion, N. rossii and N. coriiceps, phylogenetically close Antarctic nototenideos, have different patterns of response due to increased environmental temperature. Keywords: erythrocytes, temperature, oxidative stress, cellular abnormalities.

Page 10: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

10

LISTA DE FIGURAS Figura 1- Contimente Antártico e Oceano Austral. ........................................................ 15

Figura 2: Espécies estudadas. ....................................................................................... 18

Figura 3: Local de estudo. .............................................................................................. 20

Figura 4: Geração de espécies reativas de oxigênio e danos celulares. ...................... 23

Figura 5: Representação esquemática dos sistemas de defesa antioxidantes. ........... 24

Figura 6: Locais de coleta na Baia do Almirantado – Ilha Rei George. ........................ 27

Figura 7: Coleta dos exemplares de N. coriiceps e N. rossii. ........................................ 28

Figura 8: Módulo de aquário da Estação Antártica Comandante Ferraz. ..................... 28

Figura 9: Desenho esquemático do protocolo experimental. ........................................ 29

Figura 10: Coleta de sangue. ......................................................................................... 30

Figura 11: Níveis de Atividade da superóxido dismutase (SOD) e catalase (CAT)...... 37

Figura 12: Níveis de Atividade da glutationa S-transferase (GST), glutationa redutase

(GR) e glutationa peroxidase (GPx). .............................................................................. 39

Figura 13: Concentração de Glutationa reduzida (GSH) e (MDA). ............................... 41

Figura 14: Morfologia de eritrócitos maduros e alterações morfológicas observadas em

N. coriiceps e N. rossii em microscopia de luz. ............................................................. 46

Figura 15: Alterações morfológicas em eritrócitos de N. coriiceps e N. rossii

observadas em microscopia de luz. ............................................................................... 47

Figura 16: Alterações morfológicas em eritrócitos de N. coriiceps e N. rossii

observadas em microscopia eletrônica de varredura. ................................................... 48

Figura 17: Alterações morfológicas em eritrócitos de N. coriiceps e N. rossii

observadas em microscopia eletrônica de transmissão. ............................................... 49

Page 11: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

11

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Efeito da temperatura na atividade das enzimas antioxidantes nos eritrócitos

de Notothenia coriiceps. .........................................................................................................42

Tabela 2: Efeito da temperatura na atividade das enzimas antioxidantes nos eritrócitos

de Notothenia rossii. ...............................................................................................................42

Tabela 3: Efeito da temperatura nos níveis de glutationa reduzida (GSH) e

malonaldeído (MDA). .............................................................................................................43

Tabela 4: Alterações morfológicas nos eritrócitos de Notothenia coriiceps, submetidos

às temperaturas de 0° e 8°C por 1,3 e 6 dias. ....................................................................50

Tabela 5: Alterações morfológicas de eritrócitos de Notothenia rossii, submetidos às

temperaturas de 0° e 8°C por 1, 3 e 6 dias. ........................................................................51

Tabela 6: Maior eixo, menor eixo e volume celular e nuclear de eritrócitos de

Notothenia coriiceps, submetidos às temperaturas de 0° e 8°c por 1,3 e 6 dias. ..........52

Tabela 7: Maior eixo, menor eixo e volume celular e nuclear de eritrócitos de

Notothenia rossii, submetidos às temperaturas de 0° e 8°c por 1,3 e 6 dias. ................53

Page 12: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

12

LISTA DAS PRINCIPAIS ABREVIATURAS

AFGPs – Glicoproteínas anticongelantes (do inglês AntiFreeze GlicoProteins)

AR – Glaciar Ecology

BSA – Albumina bovina

CAT – Catalase(s)

CDNB – (1-cloro-2,4-dinitrobenzeno)

CME-UFPR – Centro de Microscopia Eletrônica da Universidade Federal do

Paraná

CTmax – Temperatura Crítica máxima (do inglês Critical Thermal maximum)

DTNB - Ácido 5,5'-ditiobis-2-nitrobenzóico

EACF – Estação Antártica Comandante Ferraz

EBN – Eritrócito(s) com bolha(s) nucleare(s)

EDN – Eritrócito(s) com deslocamento nuclear

EDTA – Ácido etileno diamino tetraacético (do inglês Ethylenediaminetetracetic

acid)

EFC – Eritrócito(s) com alteração de formato celular

EFN – Eritrócito(s) com fissura nuclear

EI – Eritrócito imaturo

EM – Eritrócito maduro

ERO(s) – Espécie(s) Reativa(s) de Oxigênio

EVM – Eritrócito(s) com formação de vesículas na membrana celular

Eµ - Eritrócito com micronúcleo

GPx – Glutationa Peroxidase

GR – Glutationa Redutase

GSH – Glutationa Reduzida

GSSG – Glutationa dissulfeto (glutationa oxidada)

GST – Glutationa S-transferase(s)

H2 O2 – Peróxido de hidrogênio

LPO – Peroxidação lipídica (do inglês lipid peroxidation)

MET – Microscopia eletrênica de varredura

MEV – Microscopia eletrônica de varredura

Page 13: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

13

MO – Microscopia de Luz

MDA – Malondialdeído

Mg – Miligramas

NADH –Nicotinamida adenina dinucleotídeo reduzido (do inglês Reduced

nicotinamide adenine dinucleotide)

NBT – Azul de nitrotetrazólio

O2 - - Radical ânion superóxido

OH – Radical hidroxila

SOD – Superóxido dismutase(s)

PP- Punta Plaza

TBARS – Substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (do inglês Thiobarbituric

Acid Reactive Substances)

TCA - Ácido tricloroacético

U – Unidade Internacional de Enzimas

µM – Micrómetro

Page 14: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

14

SUMÁRIO

1. ................................................................................................. INTRODUÇÃO

........................................................................................................................ 15

2- OBJETIVOS ............................................................................................... 26

2. 1 - Objetivo Geral ........................................................................................ 26

2. 2 - Objetivos específicos ............................................................................. 26

3. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................... 27

3.1 Coletas ...................................................................................................... 27

3. 3 Procedimentos Analíticos ......................................................................... 31

3.3.1 Determinação da atividade das enzimas do estresse oxidativo .............. 31

3.3.2 Determinação da concentração de Glutationa Reduzida ........................ 33

3.3.3 Determinação do índice da Peroxidação Lipídica (LPO) ........................ 33

3.3.4 Análises morfológicas ............................................................................ 33

3.4 Análises estatísticas .................................................................................. 35

4. RESULTADOS ........................................................................................... 36

4.1 Atividade das enzimas antioxidantes ......................................................... 36

4.2 Determinação de GSH e LPO .................................................................. 40

4.3 Alterações Morfológicas ............................................................................ 43

5. DISCUSSÃO ............................................................................................... 54

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 66

ANEXOS: ....................................................................................................... 88

Page 15: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

15

1. INTRODUÇÃO

O ambiente marinho antártico, representado pelo Oceano Austral ou

Oceano Antártico (SIDELL, 2000), ocupa aproximadamente 35 milhões de Km2

e apresenta uma variedade de características físicas e flutuações sazonais

relativas à sua posição geográfica (CLARK, 1983; EASTMAN, 1993). É

constituído pela porção sul dos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico, com 3.000

a 5.000 metros de profundidade (EKAU, 1991) (Figura 1). Possui como

característica um sistema circumpolar de correntes e frentes hidrográficas,

incluindo a Convergência Antártica, uma das maiores e mais velozes correntes

marítimas, que isola e separa o Oceano Austral dos oceanos que o formam e

afeta diretamente as condições locais de clima (DI PRISCO et al., 1991;

FELICIO, 2007).

Figura 1- Contimente Antártico e Oceano Austral. Fonte: Modificado de Ahlert; Aquino, 2009.

Page 16: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

16

O estabelecimento da Convergência Antártica tornou o ambiente

antártico isolado climática e biologicamente (JOHNSTON et al., 1991), assim

os animais que vivem nesta região sofreram pressões adaptativas, que

selecionaram característica singulares para a vida (KAWALL e SOMERO 1996;

KAWALL, 1998; SOMERO et al. 1998; SOMERO, 2004) em um ambiente

extremamente frio e estável (SIDELL, 2000). A temperatura da água do mar

permanece estável em torno de -1,9°C nas regiões nordeste e em áreas

próximas à Península e ilhas pode variar de +1,5°C (no verão) a -1,8°C (no

inverno) (SIDELL, 2000). O regime de luz na Antártica é bem característico de

regiões polares. No inverno há longos períodos sem luz enquanto que no verão

a luz é praticamente constante. Já, na primavera e no outono as condições são

intermediárias (RIVKIN e PUTT, 1987).

A ictiofauna antártica concentra apenas 1,9% das espécies de peixes,

exclusivamente marinhos, do planeta, algo em torno de 322 espécies

distribuídas em 50 famílias (EASTMAN, 2005). A Subordem Notothenoidei, da

ordem Perciformes, predominante na região, está representada por 8 famílias,

44 gêneros e 129 espécies, destas, 101 são exclusivamente antárticas, sendo

a família Notothenidae a mais abundante (EASTMAN, 2005). Estudos sugerem

que esse grupo é monofilético, surgindo de um “vácuo ecológico”, e que a

fauna anterior teria sido totalmente extinta (EASTMAN, 1993). A grande maioria

das espécies da família Notothenidae é sedentária demersal, mas algumas

espécies teriam se adaptado a viver no ambiente pelágico, e outras associadas

ao gelo na superfície (EASTMAN, 1989; EKAU, 1991).

As espécies analisadas neste trabalho, Notothenia coriiceps e

Notothenia rossii, pertencem a família Notothenidae. Ambas as espécies são

endêmicas e representam duas das quatro espécies mais abundantes na Baía

do Almirantado (CASAUX et al., 1990; BARNES et al., 2006), sendo

encontradas normalmente em profundidades em torno de 200 metros

(FISHBASE, 2013), nas regiões Antárticas e Subantárticas, assim como nas

águas costeiras da Nova Zelândia e América do Sul (EASTMAN, 1993).

A coloração do corpo de adultos de N. coriiceps aproxima-se do marrom

escuro e pode apresentar manchas marrom claras, pretas ou esverdeadas

enquanto que o abdome pode variar de amarelo claro a amarelo–esverdeado,

Page 17: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

17

dependendo da idade (FISHER e HUREAU, 1985). O corpo é largo com

cabeça grande levemente deprimida (Figura 2A). A espécie é caracteriza como

onívora, e sua dieta pode variar de acordo com disponibilidade de alimento

(CASAUX et al., 2003) e com a profundidade (KNOX, 1994). A ingestão

consiste de animais bentônicos como anfípodas, gastrópodes e bivalves

(principalmente em profundidades de até 20 metros) (KNOX, 1994), e animais

pelágicos como pequenos peixes e krill antártico (principalmente em

profundidades superiores a 170 metros) (PERMITIN e TARDIYERA, 1978;

KNOX, 1994).

A coloração do corpo de N. rossii pode variar de acordo com a idade. Os

juvenis podem variar de amarelo a marrom ou laranja, e os adultos marrom

clara com o dorso mais escuro apresentando pontos negros ao longo do corpo.

A cabeça e o corpo são levemente comprimidos com a boca disposta de forma

oblíqua (FISHER e HUREAU, 1985) (Figura 2B). A dieta de N. rossii é

classificada como ontogenética, são classificados como carnívoros e a ingestão

pode ser de anfípodas, gastrópodes, decápodes, organismos bentônicos e krill

antártico (HUREAU, 1970; TARVERDIYEVA, 1972; KNOX, 1994).

Page 18: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

18

Figura 2: Espécies estudadas. Indivíduo adulto de Notothenia coriiceps (A). Indivíduo adulto

de Notothenia rossii (B). Fonte: Beatriz Bouchinhas.

Page 19: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

19

As baixas temperaturas dos mares antárticos não foram o único fator

seletivo e determinante da biodiversidade, mas o confinamento ecológico e a

oscilação sazonal do suprimento alimentar também são apontados como

fatores importantes para explicar a baixa diversidade de peixes antárticos

(EASTMAN, 1993). Outro aspecto importante reside na estabilidade térmica do

meio, em especial das zonas de gelo marinho permanente, a qual pode ter sido

de extrema importância para o processo de seleção e adaptação molecular dos

organismos antárticos (EASTMAN, 1991; HUBOLD, 1991; MONTGOMERY e

CLEMENTS, 2000).

Entre as adaptações conhecidas, os peixes antárticos possuem um

comportamento conhecido como adaptação metabólica ao frio (JOHNSTON et

al., 1991), isto é, apresentam metabolismo relativamente baixo, mas as taxas

metabólicas são mais altas do que o esperado caso fosse feita uma projeção

do metabolismo de peixes temperados em temperaturas próximas a 0°C

(JOHNSTON et al., 1991). Estudos indicam que algumas enzimas de peixes

antárticos são mais ativas em temperaturas baixas quando comparadas às

enzimas de peixes de águas mais quentes (MACDONALD et al., 1987). Outro

exemplo da influência das baixas temperaturas foi o surgimento, no sangue dos

nototenídeos antárticos, de proteínas anticongelantes (AFGPs- AntiFreeze

GlicoProteins) (CHEN et al., 1997; CHENG et al., 2003; HARDING et al., 2003;

JIN e DEVRIES, 2006; CHENG e DETRICH, 2007; CULLINS et al., 2011) e a

escassez de hemoglobina, sendo que em algumas espécies ela não é

expressa (DI PRISCO et al., 2007). JIN e DEVRIES (2006) aclimataram o

nototenídeo antártico, Pagothenia borchgrevinki, coletados na região de

McMurdo, à temperatura de 4°C durante 4 a 16 semanas. Foi observado que

após 16 semanas os níveis de AFGP no plasma diminuíram 60% na

concentração de pequenas AFGP e 20% na concentração de grandes AFGP.

Nos últimos 60 anos a temperatura da água do Oceano Austral

aumentou cerca de 0.2°C em profundidades entre 700 a 1100 metros (entre 35

e 65°S), e recentemente este aumento está sendo registrado em águas

superficiais (RENWICK, 2002; TURNER et al., 2005). A água dos lagos da

região está aquecendo mais rapidamente do que o ar, em consequência da

diminuição da camada de gelo (KING, 1994; KING e HARANGOZO, 1998;

Page 20: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

20

QUAYALE et al.; 2002, 2003), causada pelas pressões ambientais sobre o

continente antártico (CLARKE et al., 2007, HELLMER et al., 2012, ROSS et al.,

2012).

A Península Antártica, onde se localiza a Estação Antártica Brasileira

Comandante Ferraz (EACF) - Baía do Almirantado, ilha Rei George,

arquipélago das Shetlands do Sul, local onde o presente estudo foi realizado, é

uma das três regiões do planeta, que apresenta aquecimento acelerado

(CLARKE et al., 2007; TURNER, 2007) (Figura 3). O aquecimento da

Península Antártica, tem provocando degelo intenso tanto de geleiras, como de

neve acumulada durante o inverno e do gelo marinho, acarretando alterações

na salinidade e na densidade da água do mar, diminuindo a salinidade do mar

em regiões costeiras (DI PRISCO, 2000; CLARKE et al., 2007).

Figura 3: Local de estudo. Na Península Antártica (A) encontra-se a Ilha Rei George (B), onde

localiza-se a Baia do Almirantado(C), local onde o presente estudo foi realizado. Fonte: Modificado de Simões et al., (2004).

Page 21: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

21

A temperatura é um fator abiótico que influencia diretamente a fisiologia

e a taxa metabólica de organismos ectotérmicos, pois limita reações

enzimáticas e afeta a estabilidade de macromoléculas (WEDEMEYER et al.,

1990; WEINSTEIN e SOMERO, 1998). No caso de ectotérmicos antárticos,

devido a estabilidade térmica do ambiente, essas variações podem ser letais

(WEINSTEIN e SOMERO, 1998).

Organismos antárticos possuem menor tolerância aguda ao calor,

quando comparados a espécies tropicais, mas podem suportar o aumento de

temperatura se aclimatados a temperaturas superiores, como por exemplo,

Trematomus bernacchii e Trematomus pennellii que após aclimatação a 4°C,

suportaram até 14°C (PODRABSKY e SOMERO, 2006). BILYK e DEVRIES

(2011) determinaram a temperatura crítica máxima (CTMax ambiental) de 11

espécies de peixes antárticos, dentre eles N. coriiceps e N. rossii, e para

ambas a CTMax encontrada foi em torno de 16.2°C (SEEBACHER et al.,

2005; PODRABSKI e SOMERO, 2006; HUDSON et al., 2008). PÖRTNER

(2002) verificou que a fase inicial de aclimatação ao calor em peixes antárticos

pode prejudicar o aporte de oxigênio aos órgão centrais. LOWE e DAVISON

(2005) ao submeter os nototenídeos Pagothenia borchgrevinki e T. bernacchii à

estresse térmico obseravaram que hove hiperglicemia associada à lenta

liberação de cortisol no plasma, e aumento do hematócrito em P.

Borchgrevinki, devido ao aumento da temperatura. Acredita-se que há aumento

no hematócrito, no início da aclimatação ao calor, para melhorar a capacidade

respiratória (HEISE e ABELE, 2008). O estresse térmico analisado em fígado e

músculo do peixe antártico Pachycara brachycephalum, causou diminuição do

conteúdo lipídico, redução de carboidratos e alteração nos níveis de proteínos

dos dois tecidos (BRODTE et al., 2006). THORNE et al. (2010), expuseram o

nototenídeo Harpagifer antarcticus a estresse térmico agudo (6°C por 48 horas)

e como resposta registaram repostas inflamatórias no tecido hepático.

Organismos vivos devem possuir sistemas que regulem e mantenham a

homeostase, já que estão sujeitos a mudanças rápidas nas condições bióticas

e abióticas do meio em que habitam que podem ou não ser estressoras

(MARIANO et al., 2009; COGO et al., 2009). São exemplos dessas alterações,

além da temperatura, as mudanças de pH e salinidade, poluentes orgânicos e

Page 22: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

22

inorgânicos, aumento na concentração de amonia e nitrito e redução de O2

dissolvido (COGO et al., 2009).

Ao longo do processo evolutivo a sobrevivência dos organismos esteve

relacionada a capacidade de se ajustar aos agentes estressores e recuperar a

homeostase. A tolerância térmica, por exemplo, está estritamente relacionada à

capacidade do organismo em metabolizar o oxigênio, já que o equilíbrio de O2

nos tecidos pode ser alterado com o aumento ou o declínio da temperatura do

ambiente, gerando espécies reativas de oxigênio (EROs) (ABELE et al., 1998).

A partir do momento que o gás oxigênio passou a ser incorporado no

processo de respiração celular as EROs fazem parte do metabolismo dos

organismos aeróbicos (STADTMAN e LEVINE, 2000). As EROS são moléculas

ou ínos provenientes das reações de ativação ou redução do oxigênio

molecular, ou produtos da reação de redução do O2 (MONTEIRO et al., 2006).

A produção destes compostos na célula é natural e pode ter origens diferentes,

dentre elas, a utilização de 02 na cadeia respirátória pela mitocôndria a fim

obter enegia através de reações de oxidação, em processos de defesa

antimicrobiana por células fagocitárias em reações de auto-oxidação de 02 e

por microssomos do retículo endoplasmático (HALLIWELL e GUTTERIGGE,

2000). São exemplos de EROs, o ânion radical superóxido (O2-), o peróxido de

hidrogênio (H2O2), o radical hidroxila (OH) e o oxigênio livre (O) (STADTMAN e

LEVINE, 2000; MONTEIRO et al., 2006). Entretanto caso haja um desequilíbrio

, esses radicais podem ser prejudiciais e/ou letais as células pois reagem com

lipídeos, proteínas e ácidos nucleicos (STADTMAN e LEVINE, 2000) (Figura 4).

Page 23: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

23

Figura 4: Geração de EROs e danos celularesO metabolismo aeróbico pode resultar em

espécies reativas de oxigênio (EROs) (A). A ação dos radicais livres sobre estruturas celulares pode causar danos à célula (B). Fonte: Modificado de http://medicinanaturale.pro/antiossidanti-vitamine-minerali-alimentazione-spor/-(A); http://pierre.senellart.com/travaux/divers/freer.gif (B).

A fim de proteger a célula dos danos causados pelas EROs, houve a

seleção de um sistema de defesa antioxidante (DROGE, 2002; HALLIWELL,

2007), formado por enzimas capazes de anular os radicais resultantes do

metabolismo aeróbico (Figura 5), dentre elas, catalase (CAT), superóxido

dismutase (SOD), glutationa-S-trasferase (GST), glutationa peroxidase (GPx) e

glutationa redutase (GR) (LEHNINGER, et al., 2007). Já os compostos

antioxidantes não enzimáticos atuam impedindo reações de auto-oxidação e

podem reduzir radicais livres (SAYEED et al., 2003), sendo representados pelo

ácido ascórbico e tiós não proteicos, dentre eles a glutationa reduzida (GSH)

(AHMAD et al., 2000; ORUÇ et al., 2004).

Page 24: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

24

Figura 5: Representação esquemática dos sistemas de defesa antioxidantes. Enzimas, SOD,

CAT, GPx e GR e suas vias de ação. Fonte: Modificado de http://www.sigmaaldrich.com/life-science/metabolomics/enzyme-explorer/cell-signaling-enzymes/superoxide-dismutase.html

O estresse oxidativo se dá quando o sistema de defesa antioxidante não

é capaz de remover as EROs o que causará danos às moléculas orgânicas

(HAGERMAN, 2006). O estresse oxidativo pode ser desencadeado por

temperaturas extremas. Com o choque térmico há alteração no transporte de

elétrons e pode haver a formação de EROs, ocasionando modificações na

estrutura de moléculas importantes para a célula (COGO et al., 2009).

Os eritrócitos de peixes diferem dos mamíferos pois são células

nucleadas, ovais ou elípticas (CAMPBELL, 1991; DE CARVALHO et al., 2009),

entretanto sua origem é similar pois acredita-se que derivam de uma célula

fonte, que ao proliferar-se gera outras células, são classificados de acordo com

o grau de maturação, entretanto são considerados eritrócitos maduros as

células que após a diferenciação são capazes de desempenharem suas

funções específicas (TAVARES-DIAS e MORAES, 2004). Embora o tecido da

origem hematopoiética possa variar de entre as diferentes famílias de peixes

(FORERO, 1995; PIMPÃO, 2006), os principais tecidos que dão origem aos

eritrócitos e outras células sanguíneas são o baço e o rim cefálico, sendo que,

nestes tecidos a atividade eritropoiética pode sofrer influência de fatores

Page 25: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

25

ambientais como aumento da temperatura e estresse (TAVARES-DIAS e

MORAES, 2004).

Estudos indicam que o número e o tamanho dos eritrócitos na circulação

estão relacionados à posição na escala evolutiva, habilidade natatória,

demanda respiratória e taxa metabólica das espécies, ou seja, maior número

de eritrócitos é encontrado em espécies mais ativas, eritrócitos de menor

tamanho e em menor número são encontrados em espécies mais sedentárias

(TANDON e JOSHI, 1976; RAMBHASKAR e SRINIVASA-RAO, 1987).

Os eritrócitos desempenham a função de transporte dos gases oxigênio

e carbônico (FRIEDMAN et al.,2004) e são células com alto teor de ácidos

graxos poli-insaturados em suas membranas (CLEMENS e WALLER,1987).

Assim os eritrócitos estão expostos ao ataque de EROs e por esse motivo

devem possuir múltiplos sistemas antioxidantes, para defender-se das EROs

(TIANO et al., 2000; 2003; FRIEDMAN et al., 2004). O estresse oxidativo em

eritrócitos pode ser avaliado por diversas abordagens experimentais e há

diferentes maneiras da célula responder a este estresse, seja por aumento nas

concentrações de antioxidantes não enzimáticos, alteração na atividade das

enzimas de defesa, e em casos mais graves a lise celular (BAINNY et al.,

1996), que pode ser causada por peroxidação lipídica (LPO) (GUTTERIDGE,

1995; LACKNER, 1998; DUTRA et al., 2008). Morfologicamente o estresse

oxidativo em eritrócitos pode causar acúmulo de danos e lesões celulares

(NAGASAKA, 2004), como perda de formato e até lise celular (BAINNY et al.,

1996).

Há pouca literatura sobre a aclimatação de peixes antárticos em

temperaturas diferentes da subzero (-1,96 a 0°C) (SOMERO e DEVRIES, 1967;

LOWE e DAVISON, 2005; JIN e DEVRIES 2006; CLARKE et al., 2007; CLARK

e PECK, 2009; BILYK e DEVRIES, 2011). Neste contexto, entender o

metabolismo oxidativo e suas defesas em eritrócitos, é importante, já que pode

fornecer informações básicas sobre aspectos fisiológicos e ecológicos de duas

espécies de peixes predominantes na Baía do Almirantado, Ilha Rei George,

Península Antártica. Os dados gerados neste trabalho podem servir de

subsídios para a tomada de decisão visando à conservação destas espécies

frente às mudanças climáticas globais.

Page 26: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

26

2- OBJETIVOS

2. 1 - Objetivo Geral

Avaliar comparativamente aspectos do metabolismo oxidativo e suas

defesas antioxidantes, bem como as alterações morfológicas, em eritrócitos

dos peixes antárticos Notothenia rossii e Notothenia coriiceps frente ao

aumento da temperatura (8°C).

2. 2 - Objetivos específicos

Investigar as possíveis variações na atividade das enzimas antioxidantes

superóxido dismutase (SOD), catalase (CAT), glutationa peroxidase

(GPx), glutationa S-tranferase (GST) e glutationa redutase (GR),

influenciado pelo estresse térmico, nos eritrócitos dos peixes antáricos

N. rossii e N. coriiceps.

Investigar as possíveis variações nas concentrações de glutationa

reduzida (GSH) influenciado pelo estresse térmico, nos eritrócitos dos

peixes antáricos N. rossii e N. coriiceps.

Avaliar a peroxidação lipídica (LPO) frente ao estresse térmico nos

eritrócitos dos peixes antáricos N. rossii e N. coriiceps.

Avaliar as possíveis alterações morfológicas causadas pelo estresse

térmico nos eritrócitos dos peixes antáricos N. rossii e N. coriiceps.

Comparar a atividade das enzimas antioxidantes, a concentração de

GSH e a LPO, bem como as alterações morfológicas, frente ao estresse

térmico nos eritrócitos dos peixes antáricos N. rossii e N. coriiceps.

Page 27: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

27

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Coletas

Na Baía do Almirantado, Ilha Rei George, as coletas foram realizadas

em Ponta Plaza (PP - 62° 05’ 64,5’’ S; 58° 24’ 31.7’’ W) e Arctowski, em frente

ao glaciar Ecology (AR - 62°10’.65’’ S; 58°26.5’ W), locais de maior abundância

de N. rossii e N. coriiceps na Baía do Almirantado (Figura 6).

Figura 6: Locais de coleta na Baia do Almirantado – Ilha Rei George. Os espécimes de Nothenia coriiceps e Notothenia rossii foram coletados na Punta Plaza (PP) e no Glaciar Ecology (AR). A EACF está representada no mapa como CF (62º05’0”S/ 58º23’28”W). (Fonte: Edson Rodrigues Júnior)

Exemplares de N. rossii (n= 60) e de N. coriiceps (n=60), foram

capturados com linha e anzol. A profundidade de coleta variou entre 10 a 25

metros e a pesca foi realizada com o auxílio de botes pneumáticos do tipo

“Zodiac” ou a bordo da lancha oceanográfica “Skua” (Figura 7). Os peixes

foram transportados dos locais de coleta para os módulos de aquários

(laboratórios) da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF)

(62º05’0”S/58º23’28”W) e mantidos sob condições controladas de temperatura

(0◦C + 0.5◦C), salinidade (35 + 1,0 psu), fotoperíodo (12 horas luz/12 horas

escuro) e aeração durante 3 dias (Figura 8).

Page 28: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

28

Figura 7: Coleta dos exemplares de N. coriiceps e N. rossii. Utilizando-se vara e anzol (A) a bordo de botes pneumáticos (B) ou a bordo da lancha oceanográfica "Skua”(C). (Fotos: Beatriz Bove da Costa Boucinhas (A e C); O autor (B).

Figura 8: Módulo de aquário da Estação Antártica Comandante Ferraz.Preparo dos tanques com termostato (A). Espécimes de N. coriiceps acondicionados em tanque (B). (Fotos: O autor (A); Edson Rodrigues Júnior (B)).

A B C

Page 29: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

29

3.2 - Protocolo experimental

N. rossii e N. coriiceps foram randomicamente selecionadas e

transferidas para tanques de 1000 L contendo água do mar à temperatura de 8

± 0,5oC, durante 24 horas (1 dia), 72 horas (3 dias) e 144 horas (6 dias),

caracterizando os animais experimentais (Figura 9 A). Os animais controles

foram mantidos nas mesmas condições e tempos dos experimentais, com

exceção da temperatura que foi de 0 ± 0,5°C (Figura 9 B). A salinidade foi de

35 psu + 1,0 e o fotoperíodo de 12 horas luz e 12 horas escuro. O número de

peixes para cada situação experimental foi de 10 indivíduos.

Figura 9: Desenho esquemático do protocolo experimental. (A) Grupo experimental, animais

submetidos à temperatura de 8°C. (B) Grupo controle, animais mantidos à temperatura de 0°C. Fonte: O autor, 2013.

B A

Page 30: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

30

A temperatura da água dos tanques foi rigorosamente mantida com

termostatos Aquaterm 09-01T-11457 (Full Cauge) acoplados a aquecedores

(Altman). A água do mar foi captada a uma profundidade de 4 metros, em

frente da EACF, e bombeada para os tanques. Os tanques foram limpos a cada

dois dias e 50% da água trocada.

A alimentação foi a base de músculo epaxial de peixes Antárticos,

oferecida a cada dois dias na quantidade correspondente a 1% da sua massa

corpórea.

Após a realização dos bioensaios, os animais foram anestesiados com

benzocaína 1% (p v-1

), o sangue coletado com seringa heparinizada mediante

punção da veia caudal (Figura 10). Em seguida os animais foram mortos via

secção medular e medidas biométricas (comprimento e peso) foram realizadas.

Figura 10: Coleta de sangue. Obtenção de sangue por meio da punção da veia caudal (A). Coleta de sangue realizada com seringa heparinizada (B). Fotos: Gabriela Raga.

Page 31: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

31

Os eritrócitos foram obtidos mediante centrifugação do sangue total a

2000 rpm por 10 minutos a 40C. Após a retirada do plasma, parte dos

eritrócitos foi fixada em fixador Karnovsky com adaptações (paraformaldeído

2%, glutaraldeído 2,5% em tampãp cacodilato 0,1M pH 7.2 a 4C)

(KARNOVSKY, 1965) durante 2 horas e posteriormente transferida para

tampão cacodilato 0,1M pH 7.2 a 4C para as análises morfológicas. Parte dos

eritrócitos foi lavada em NaCl 0,9%, centrifugada a 5000 x g durante 10 min a

4°C e em seguida foi adicionado tampão Tris-HCl 20 mM, pH 8,0 (3:1 v/v) para

obtenção do hemolizado que foi centrifugado a 12000 x g durante 15 min a 40C

e o sobrenadante congelado em nitrogênio líquido visando as análises

enzimáticas.

O material foi transportado da EACF para o Laboratório de Biologia

Adaptativa do Departamento de Biologia Celular da Universidade Federal do

Paraná, onde foram realizadas as analises enzimáticas e morfológicas.

3. 3 Procedimentos Analíticos

Maiores detalhes das metodologias utilizadas neste trabalho constam no

Anexo I.

3.3.1 Determinação da atividade das enzimas do estresse oxidativo

Os hemolizados das amostras foram tratados com clorofórmio e etanol

na proporção de 1:2 (ROCHE e BOGE, 1993), e centrifugados a 5000 x g por

15 minutos. O sobrenadante foi separado para as análises bioquímicas.

As leituras espectrofotométricas foram realizadas em leitor de

microplacas Epoch (Bio-Tech) com exceção da CAT que foi lida no

espectrofotometro Shimadzu UV-2600 em cubeta de quartzo.

A concentração de proteínas totais foi determinada pelo método de

BRADFORD (1976), utilizando-se soro de albumina bovina (BSA) para o

estabelecimento da curva padrão e a absorbância das amostras foi verificada a

595nm. As amostras não foram normalizadas, pois continham concentração de

Page 32: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

32

proteínas inferior a 1mg/mL. Os valores obtidos com a dosagem de proteínas

totais foram diretamente utilizados no cálculo das enzimas.

Os níveis de atividade da superóxido dismutase (SOD) foram avaliados

pela inibição da redução do azul de nitrotetrazólio (NBT) para azul formazan

pelo O2- gerado pela hidroxilamina em solução alcalina (CROUCH et al., 1981).

A leitura foi realizada em 560nm.

Os níveis de atividade da catalase (CAT) foram avaliados pelo consumo

de peróxido de hidrogênio (H2O2) espectrofotometricamente a 240nm. O meio

de reação conteve tampão fosfato de potássio (50mM, pH 7,0) e peróxido de

hidrogênio 10mM (BEUTLER, 1975).

Os níveis de atividade da glutationa peroxidase (GPx) foram

determinados através da oxidação de NADPH a 340nm. A enzima utiliza

glutationa reduzida (GSH) para reduzir peróxido orgânico originando glutationa

dissulfídica (GSSG). Esta última é reduzida pela enzima glutationa redutase

(GR) utilizando elétrons doados pelo NADPH (WENDEL, 1981).

Os níveis de atividade da glutationa-S-tranferase (GST) foram

determinados de acordo com a metolologia de KEEN et al. (1976) utilizando o

1-cloro-2,4-dinitrobenzeno (CDNB) como substrato. A glutationação do CDNB

foi medida espectrofotometricamente em 340nm.

Os níveis de atividade da glutationa redutase (GR) foram avaliados

espectrofotometricamente através da oxidação do NADPH com a concomitante

redução da GSSG com absorbância em 340nm. O meio de reação conteve

tampão fosfato de potássio (100mM, pH 7,0), EDTA 1mM, NADPH 0,1MmM e

glutationa oxidada 1mM (CARLBERG e MANNERVIK, 1985).

O valores da atividade das enzimas antioxidantes foram expressos em

U/mg de proteína. Uma unidade de actividade de SOD é definida como a

quantidade de enzima que inibe a reação de oxidação de NBT em 50% da

inibição máxima. Uma unidade de atividade de CAT, GPx, GST e GR é definida

como a quantidade de enzima que consome 1 mmol de substrato ou a geração

de um mol de produto por minuto.

Page 33: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

33

3.3.2 Determinação da concentração de Glutationa Reduzida

A concentração de glutationa (GSH) e outros tióis foram determinados

através do método descrito por SEDILAK e LINDSAY (1968). Foi adicionado ao

material 200 uL de TCA a 30% à 50 uL de amostra, centrifugado a 9000

rpm/10min/40C. Ao sobrenadante foi acrescentado 0,25 mM DTNB. O método

baseia-se na precipitação de proteínas e posterior reação de tióis não proteicos

com o DTNB gerando produto que absorve luz a 415 nm. Os Valores de GSH

foram expressos em nmols de tióis por mg de proteínas.

3.3.3 Determinação do índice da Peroxidação Lipídica (LPO)

O índice de peroxidação lipídica (LPO) foi avaliado pelos níveis dos

produtos finais da peroxidação lipídica, o malonaldeído (MDA), pela reação de

TBARS. Os níveis de MDA foram determinados espectrofotometricamente em

535 nm, utilizando MDA (Merck, Darmstadt, Germany) como padrão

(UCHIYAMA e MIHARA, 1978). Os valores de TBARS foram expressos em

nmols de MDA por grama de massa úmida.

3.3.4 Análises morfológicas

Para as análises de microscopia de luz (ML) após a fixação, realizou-se

o esfregaço das amostras em lâminas de vidro que foram coradas com May-

Grunwald (RIOS, 2010). As imagens foram obtidas utilizando o microscópio

com scanner Zeiss - Imager.Z2, através do programa MetaSystems/VSViewer.

Para as análises das alterações celulares, 1000 eritrócitos foram tipificados por

indivíduo em: eritrócitos maduros (EM), eritrócitos imaturos ou eritroblastos

(EI); eritrócito com alteração de formato celular (EFC); eritrócito com formação

de vesículas na membrana plasmática (EVM); eritrócito com deslocamento de

núcleo (EDN); eritrócito com presença de micronúcleo (Eµ); eritrócito com

Page 34: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

34

bolha nuclear ou “Blebbed” (EBN) e eritrócito com fissura nuclear ou “Notched”-

(EFN), conforme metodologia adaptada de GRISOLIA et al. (2009) e SOUZA e

FONTANETTI (2006). Para as análises de volume celular, 250 eritrócitos foram

mensurados por indivíduo, onde obteve-se o eixo maior (µm) e o eixo menor

(µm) da célula e do núcleo. Em seguida aplicou-se a fórmula V=4/3π(a/2)(b2/2)

para cálculo dos volumes celular e nuclear, onde V = volume; π=3,14; a=eixo

maior; b= eixo menor (FELIP et al., 2009). Dados de volume foram expressos

em µm3.

Para as análises em microscopia eletrônica de transmissão (MET), após

fixação, os eritrócitos foram pós-fixados em tetróxido de ósmio a 2% em

tampão cacodilato 0,1M pH 7.2 por 1 hora. A contrastação em blocos foi feita

com acetato de uranila 2% durante 2 horas. O material foi desidratado em série

alcoólica crescente e em seguida colocado em acetona. A impregnação e

inclusão ocorreram em resina Epon-812 (LUFT, 1961). Os cortes foram obtidos

em ultramicrótomo Sorval Porter Blum MT-2 com utilização de navalhas de

vidro e de diamante. Os cortes ultra-finos foram contrastados em solução

aquosa de acetato de uranila 2% (WATSON, 1958) e nitrato de chumbo

(REYNOLDS, 1963). A visualização e documentação do material foram

realizadas em microscópio eletrônico de transmissão JEOL 1200EX II do

Centro de Microscopia Eletrônica da Universidade Federal do Paraná (C.M.E.-

UFPR).

Nas análises em microscopia eletrônica de varredura (MEV) após

fixação, os eritrócitos foram submetidos ao ponto crítico, obtido em um Bal-Tec

CPD – 030 com gás carbônico e em seguida metalizados em ouro em um

Balzers SCD – 030. As análises e a documentação do material foram

realizadas no microscópio eletrônico de varredura JEOL-JSM 6360 LV do

C.M.E – UFPR.

Page 35: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

35

3.4 Análises estatísticas

Para a análise dos níveis das enzimas do estresse oxidativo (SOD, CAT,

GPX, GST e GR) e dos parâmetros não enzimáticos (GSH e MDA) os dados

foram tratados estatisticamente através da análise de variância bi – fatorial

(ANOVA bi-fatorial) visando verificar o efeito das duas variáveis independentes

(temperatura e tempo de exposição) e a possível interação entre ambos. Em

caso significativo foi realizado o pós-teste de Tukey para a comparação das

médias. A homogeneidade das variâncias foi testada a priori pelo teste de

Levene e em caso significativo os dados foram log-transformados.

Os dados morfométricos referente as alterações morfológicas, foram

previamente testados para a normalidade através do teste Kolmogorov-

Smirnov e homogeneidade das variâncias através do teste de Levene. Caso os

dados fossem homogêneos eram submetidos à análise de variância bi-fatorial

(ANOVA duas-vias) (F), no qual o tempo de exposição (1, 3 e 6 dias) e a

temperatura (0 e 8°C) foram as variáveis categóricas. Em caso dos dados

serem não-paramétricos foi utilizada a análise não-paramétrica de Kruskal-

Wallis (H), através do software R 2.5.1. Em caso de

variação significativa (p<0,05) foram submetidos ao pós teste de Tukey e

comparações múltiplas respectivamente.

Page 36: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

36

4. RESULTADOS

4.1 Atividade das enzimas antioxidantes

Em N. coriiceps os níveis de SOD não foram modulados pelo aumento

da temperatura a 8°C e ao longo do tempo (Figura 11A). Já em N. rossii, o

aquecimento em 8°C modulou positivamente os níveis de SOD em relação a

0°C, em 6 dias de exposição, sendo que a 8°C os níveis de SOD foram 68%

maiores quando comparados a 0°C. Ao longo dos tempos de exposição em

0°C os níveis de SOD em N. rossii aumentaram em 3 dias quando comparados

a 1 e 6 dias. Já em 8°C houve aumento nos níveis de SOD em 3 e 6 dias

quando comparados a 1 dia (Figura 11 B).

O aquecimento em 8°C modulou os níveis de CAT em relação a 0°C nas

duas espécies analisadas (Figuras 11 C - D). Em N. coriiceps os níveis de CAT

em 1 dia a 0°C foram 87% maiores quando comparados a 8°C, e em 3 dias a

0°C foram 90% maiores quando comparados a 8°C. Em N. rossii o

aquecimento em 8°C modulou os níveis de CAT em relação a 0°C em 3 e 6

dias. Em 3 dias os níveis de CAT em 8°C foram 97% maiores quando

comparados a 0°C e em 6 dias foram 86% menores em 8°C quando

comparados a 0°C. Ao longo do tempo, em N. coriiceps o tempo de exposição

não influenciou os níveis de CAT em 8°C, já em 0°C houve diminuição de 51%

entre 1 e 3 dias, e de 91% entre 3 e 6 dias (Figura 11 C) . Em N. rossii a 8°C

houve aumento de 88% nos níveis de CAT em 3 dias de exposição quando

comparado a 1 e 6 dias enquanto que em 0°C os níveis de CAT foram 86%

maiores em 1 dia quando comparado a 3 dias, e 79% maiores em 3 dias

quando comparado a 6 dias (Figura 11 D).

Page 37: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

37

1 2 3 4 5 60

100

200

300

400

8°C0°C

A

a

a

aa

a

Tempo (dias)

SO

D U

/mg p

rote

ína

1 2 3 4 5 60

200

400

600

800B

b

a

b

b

a

*

0°C

8°C

Tempo (dias)

SO

D U

/mg p

rote

ína

1 2 3 4 5 60

1

2

3

4

5C

c

a

ab

a

*

*

0°C

8°C

Tempo (dias)

CA

T U

/mg p

rote

ína

1 2 3 4 5 60.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5D

b

a

b

a

c

*

*

0°C8°C

Tempo (dias)

CA

T U

/mg p

rote

ína

Notothenia coriiceps Notothenia rossii

Figura 11: Níveis de Atividade da superóxido dismutase (SOD) e catalase (CAT). Eritrócitos de

Notothenia coriiceps (A e C) e Notothenia rossii (B e D), expostos a 0°C e 8°C (circulo vazio e

quadrado cheio respectivamente) durante 1, 3 e 6 dias. As linhas verticais indicam médias +

EP. As letras minúsculas diferentes indicam que há diferenças entre os tempos de exposição

em cada temperatura (0°C e 8°C). Asteriscos indicam diferenças significativas (P ≤ 0,05) entre

as temperaturas (0°C e 8°C).

O aquecimento em 8°C não modulou os níveis de GPx em relação a 0°C

em ambas as espécies analisadas (Figura 12 A-B). Em N. coriiceps ao longo

do tempo, os níveis de GPx apresentaram variações, sendo que em 0°C foram

51% e 66% maiores em 1 dia quando comparados a 3 e 6 dias

respectivamente. Em 8°C os níveis de GPx foram 56% menores em 6 dias

quando comparados aos níveis de 1 dia. Em N. rossii, em 0°C os níveis de GPx

diminuíram 50% em 3 dias em relação a 1 dia e estes níveis mantiveram-se

constantes em 6 dias quando comparamos com 1 dia. Já, em 8°C houve

diminuição dos níveis de GPx entre 1 e 3 dias, sendo 46,4% menor em 3 dias.

O aquecimento em 8°C modulou os níveis de GST em relação a 0◦C em

ambas as espécies analisadas. Em N. coriiceps a modulação positiva dos

níveis de GST ocorreu em 3 dias, sendo 57,9% maior em 8°C quando

comparada a 0°C (Figura 12 C), enquanto que em N. rossii a modulação

Page 38: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

38

negativa ocorreu em 6 dias, sendo 81,9% menor em 8°C quando comparada a

0°C (Figura 12 D). Em ambas as espécies analisadas houve diferença nos

níveis de GST ao longo dos tempos de exposição. Em N.coriiceps, a 0°C, em 1

e 3 dias os níveis de GST foram 66% menores quando comparados a 6 dias

enquanto que em 8°C foram 52% e 57% menores em 1 dia quando

comparados a 3 e 6 dias respectivamente. Já em N. rossii a 8◦C os níveis de

GST foram 85% menores em 6 dias quando comparados a 1 e 3 dias enquanto

que a 0◦C os níveis de GST não foram alterados ao longo do tempo.

O aquecimento em 8oC modulou os níveis de GR em relação a 0oC em

N. coriiceps enquanto que em N.rossii não foi observado esta modulação

(Figuras 12 E-F). Em N. coriiceps em 8°C houve modulação positiva nos níveis

de GR em 1 e 3 dias quando comparados a 0°C, sendo respectivamente 69,9%

e 81% maiores em 8°C. Ao longo do tempo em N. coriiceps em 8°C os níveis

de GR foram 68% e 76% maiores em 1 dia quando comparados a 3 e 6 dias

respectivamente. Já em 0°C os níveis de GR em 3 dias foram 80% menores,

quando comparados a 1 dia e 70% menor quando comparado a 6 dias (Figura

12E). Ao longo do tempo em N. rossii a 0°C houve aumento de 79% e 73%,

nos níveis de GR respectivamente em 3 e 6 dias quando comparados a 1 dia.

Em 8°C houve aumento de 48% e 55% nos níveis GR respectivamente em 3 e

6 dias quando comparados a 1 dia (Figura 12F).

Page 39: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

39

1 2 3 4 5 60.0

0.1

0.2

0.3

0.4

8°C0°C

A

ab

b

a

a

b

Tempo (dias)

GP

X U

/mg p

rote

ína

1 2 3 4 5 60.0

0.1

0.2

0.3

0.4B

b

aba

b

a

b

0°C

8°C

Tempo (dias)

GP

X U

/mg p

rote

ína

1 2 3 4 5 60.0

0.1

0.2

0.3C

b

a

b

a

*

0°C

8°C

Tempo (dias)

GS

T U

/mg p

rote

ína

1 2 3 4 5 60.0

0.1

0.2

0.3D

aa

a

b

*a

0°C

8°C

Tempo (dias)

GS

T U

/mg p

rote

ína

1 2 3 4 5 60.000

0.005

0.010

0.015E

b

a

ba

ab

*

*

0°C

8°C

Tempo (dias)

GR

U/m

g p

rote

ína

1 2 3 4 5 60.000

0.005

0.010

0.015F

bb

aa

0°C

8°C

Tempo (dias)

GR

U/m

g p

rote

ína

Notothenia coriiceps Notothenia rossii

Figura 12: Níveis de Atividade da glutationa S-transferase (GST), glutationa redutase (GR) e glutationa peroxidase (GPx). Eritrócitos de Notothenia coriiceps (A, C e E) e Notothenia rossii (B, D e F), expostos a 0°C e 8°C (circulo vazio e quadrado cheio respectivamente) durante 1, 3 e 6 dias. As linhas verticais indicam médias +EP. As letras minúsculas diferentes indicam que há diferenças entre os tempos de exposição em cada temperatura (0°C e 8°C). Asteriscos indicam diferenças significativas (P ≤ 0,05) entre as temperaturas (0°C e 8°C).

Page 40: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

40

4.2 Determinação de GSH e LPO

O aquecimento em 8°C não modulou a concentração de GSH em

relação a 0°C em ambas as espécies analisadas (Figuras 13 A-B). Em N.

coriiceps ao longo do tempo os níveis de GSH em 0°C em 3 e 6 dias foram

respectivamente 59,38% e 56,66% menores quando comparados a 1 dia. Em

8°C a concentração de GSH em 6 dias foi 53,68% menor quando comparado a

1 dia (Figura 13 A). Em N. rossii não houve diferença significativa o longo dos

tempos de exposição (Figura 13 B).

O aquecimento em 8°C modulou o conteúdo de MDA em relação a 0°C

em ambas as espécies analisadas (Figuras 13 C-D). Em N. coriiceps ocorreu

modulação negativa em 3 dias, sendo 44, 3% menor em 8°C quando

comparado a 0°C (Figura 13 C). Em N. rossii ocorreu modulação positiva em 1

dia, sendo 54,47% maior em 8°C quando comparado a 0°C, em 3 dias foi

observada modulação negativa, sendo 61,94% menor em 8°C quando

comparado a 0°C (Figura 13 C). Houve diferenças no conteúdo de MDA ao

longo dos tempos de exposição em ambas as espécies. Em N. coriiceps a 0°C

o conteúdo de MDA em 1 dia foi 62,34% e 54,44% menor quando comparado a

3 e 6 dias, respectivamente. Em 8°C o conteúdo de MDA em 6 dias foi 52,6% e

22,7% maior quando comparado a 1 e 3 dias, respectivamente. Em N. rossii a

0°C houve aumento de 49,39% e 67,75% no conteúdo de MDA

respectivamente em 3 e 6 dias quando comparados a 1 dia, e em 3 dias a 8°C

houve diminuição de 65,77% e 83,18% no conteúdo de MDA respectivamente

quando comparado a 1 e 6 dias. (Figura 13 C-D )

Page 41: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

41

1 2 3 4 5 60

200

400

600A

a

aba

b

b

b

0°C

8°C

Tempo (dias)

GS

H [

tiois

] nm

ole

s/m

g

pro

tein

a

1 2 3 4 5 680

100

120

140

160

180

200B 0°C

8°C

Tempo (dias)

GS

H [

tiois

] nm

ole

s/m

g

pro

tein

a

1 2 3 4 5 60

2

4

6

8

10C

a

a

bb

*

0°C

8°C

Tempo exposição

MD

A (

nm

ols

/gw

m)

1 2 3 4 5 60

10

20

30

40

50D

a

b

ba

b

c

*

*

0°C

8°C

Tempo exposição

MD

A (

nm

ols

/gw

m)

Notothenia coriiceps Notothenia rossii

Figura 13: Concentração de Glutationa reduzida (GSH) e (MDA). Eritrócitos de Notothenia coriiceps (A e C) e Notothenia rossii (B e D), expostos a 0°C e 8°C (circulo vazio e quadrado cheio respectivamente) durante 1, 3 e 6 dias. As linhas verticais indicam médias + EP. As letras minúsculas diferentes indicam que há diferenças entre os tempos de exposição em cada temperatura (0°C e 8°C).

Os valores médio + erro padrão (EP) da determinação da atividade das

enzimas antioxidantes (SOD, GST, GPx, GR e CAT) e da concentração do

antioxidante não enzimático da GSH e da LPO estão apresentados nas

tabelas 1, 2 e 3 respectivamente:

Page 42: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

42

Tabela 1: Efeito da temperatura na atividade das enzimas antioxidantes nos eritrócitos de Notothenia coriiceps. Valores médios + EP. da atividade da superóxido dismutase (SOD), catalase (CAT), glutationa-S-transferase (GST), glutationa peroxidase (GPx) e glutationa redutase (GR) nos eritrócitos de Notothenia coriiceps, expostos as temperaturas de 0°C e 8°C por 1,3 e 6 dias. O número de amostras para cada análise está indicado entre parênteses. Valores expressos em U/mg proteína.

SOD CAT GPX GST GR

0°C – 1 dia 154,59 + 17,27 (9) 3,41 + 0,31 (10) 0,33 + 0,03 (9) 0,08 + 0,01 (8) 0,0031 + 0,0006 (8)

0°C – 3 dias 191,65 + 13,06 (10) 1,67 + 0,20 (10) 0,16 + 0,02 (9) 0,08 + 0,01 (10) 0,0006 + 0,0001 (9)

0°C – 6 dias 239,15 + 51,18 (8) 0,15 + 0,02 (10) 0,11 + 0,01 (9) 0,24 + 0,03 (9) 0,0020 + 0,0003 (8)

8°C – 1 dia 208,83 + 26,05 (9) 0,42 + 0,13 (9) 0,25 + 0,03 (10) 0,09 + 0,01 (9) 0,0103 + 0,0020 (10)

8°C – 3 dias 296,76 + 24,12 (8) 0,16 + 0,02 (9) 0,19 + 0,02 (10) 0,19 + 0,00 (9) 0,0032 + 0,0002 (10)

8°C – 6 dias 216,24 + 17,74 (10) 0,15 + 0,02 (9) 0,11 + 0,01 (10) 0,21 + 0,03 (9) 0,0024 + 0,0002 (9)

Tabela 2: Efeito da temperatura na atividade das enzimas antioxidantes nos eritrócitos de Notothenia rossii. Valores médios + EP da atividade da superóxido dismutase (SOD), catalase (CAT), glutationa-S-transferase (GST), glutationa peroxidase (GPx) e glutationa redutase (GR) nos eritrócitos de Notothenia rossii, expostos as temperaturas de 0°C e 8°C por 1,3 e 6dias. O número de amostras para cada análise está indicado entre parênteses. Valores expressos em U/mg proteína.

SOD CAT GPX GST GR

0°C – 1 dia 113,05 + 9,15 (8) 0,14 + 0,01 (8) 0,36 + 0,02 (9) 0,12 + 0,01 (9) 0,0016 + 0,0002 (8)

0°C – 3 dias 495,30 + 76,58 (8) 1,00 + 0,12 (8) 0,18 + 0,03 (7) 0,10 + 0,02 (9) 0,0078 + 0,0005 (8)

0°C – 6 dias 126,58 + 18,52 (8) 1,79 + 0,18 (9) 0,18 + 0,02 (8) 0,11 + 0,01 (8) 0,0061 + 0,0006 (8)

8°C – 1 dia 110,97 + 13,61 (8) 0,21 + 0,02 (9) 0,28 + 0,03 (8) 0,14 + 0,02 (9) 0,0026 + 0,0002 (8)

8°C – 3 dias 422,68 + 69,31 (7) 1,97 + 0,31 (8) 0,15 + 0,03 (8) 0,14 + 0,02 (10) 0,0050 + 0,0002 (8)

8°C – 6 dias 406,00 + 43,00 (9) 0,25 + 0,03 (8) 0,20 + 0,01 (9) 0,02 + 0,00 (7) 0,0058 + 0,0010 (9)

Page 43: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

43

Tabela 3: Efeito da temperatura nos níveis de glutationa reduzida (GSH) e malonaldeído

(MDA). Valores médios + EP da atividade da enzima glutationa reduzida (U/mg proteina ou [tiois] nmoles. mg proteína

-1) e malonaldeído ([MDA] µmols . gwm

-1) nos eritrócitos de

Notothenia coriiceps (NC) Notothenia rossii (NR) expostos as temperaturas de 0°C e 8°C por 1,3 e 6 dias. NC NR N. coriiceps N. rossii

GSH MDA GSH MDA

0°C – 1 dia 408,15 + 86,37 (8) 3,28 + 0,26 (10) 108,59 + 6,65 (10) 9,11 + 1,13 (9)

0°C – 3 dias 165,78 + 17,91 (10) 8,71 + 0,40 (8) 144,6508 + 29,42 (10) 18,00 + 1,60 (10)

0°C – 6 dias 176,87 + 28,83 (9) 7,20 + 0,64 (10) 133,26 + 24,10 (10) 28,25 + 2,85 (8)

8°C – 1 dia 290,78 + 42,40 (10) 3,75 + 0,33 (5) 134,53 + 15,17 (10) 20,01 + 3,08 (8)

8°C – 3 dias 219,00 + 37,37 (9) 4,85 + 0,33 (7) 116,20 + 17,79 (10) 6,85 + 1,08 (10)

8°C – 6 dias 134,67 + 6,20 (10) 7,91 + 0,86 (10) 99,23 + 13,85 (10) 40,74 + 3,21 (8)

4.3 Alterações Morfológicas

As alterações morfológicas encontradas em eritrócitos de N.coriiceps e

N.rossii podem ser visualizadas nas figuras 14 (ML), 15 (ML), 16 (MEV) e 17

(MET).

Em ambas as espécies, eritrócitos normais considerados como controle,

possuem formato oval a elipsoidal com núcleo central acompanhando o

formato da célula e elétron denso devido ao predomínio de heterocromatina

(Figuras 14A-B e 16A-B). O citoplasma é homogêneo em ML (Figuras 14A-B),

mas, contendo compartimentos limitados por membranas quando visualizados

em MET (Figura 17C). Eritrócitos maduros (Figura 14A-B) e eritrócitos imaturos

ou eritroblastos com formatos celular e nuclear arredondados e cromatina

menos densa (Figura 14C) foram observados tanto em N. coriiceps quanto em

N.rossii, sendo que a proporção entre células maduras e eritroblastos estão

representadas respectivamente nas tabelas 4 e 5.

Qualitativamente, as análises de ML, MET e MEV para ambas as

espécies, tanto para os animais controle (0°C) quanto para os experimentais

(8°C) indicaram a presença de alterações na morfologia celular, onde os

eritrócitos perderam a forma oval original adquirindo formato irregular (Figuras

Page 44: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

44

14D; 16E-F; 17D-E-F). Lise celular foi observada, havendo rompimento de

membranas e extravasamento do citoplasma celular (Figuras 16G-H).

Membranas plasmáticas foram alteradas, com ondulações ou saliências

(Figuras 16C; 17G), havendo formação de vesículas (Figuras 14D; 16D; 17H-I )

e deslocamento nuclear para a periferia da célula (Figuras 15A; 17J).

Alterações nucleares, como a presença de micronúleos (Figura 15B), bolhas

nucleares ou “Blebbed”, caracterizado pela perda no formato elipsoidal da

membrana do núcleo, podendo apresentar protuberâncias no núcleo contendo

cromatina (Figura 15C) e núcleo com fissura ou “Notched”, caracterizado por

corte ou invaginação do envelope nuclear (Figuras 15D; 17K) foram

observadas.

Os valores médios e o erro padrão (EP) das alterações morfológicas

observadas neste trabalho estão representados na Tabela 4 para N. coriiceps e

Tabela 5 para N. rossii.

O aquecimento em 8°C não influenciou na proporção de células

maduras e eritroblastos, em ambas as espécies analisadas, mas ao longo do

tempo esta proporção variou somente em N. rossii a 0°C. (Tabelas 4 e 5). A

frequência de eritrócitos apresentando alterações de formato celular (EFC) foi

influenciada pelo aumento da temperatura (8°C) em ambas as espécies

analisadas (Tabelas 4 e 5). Em N. coriiceps em 1 dia a 8°C (16, 30 + 4,63) a

frequência de EFC foi 9,3 vezes maior quando comparada a 0°C (1,75 + 0,94)

enquanto que em 3 dias a 8°C (14,56 + 2,01) a frequência de EFC foi 2,4 vezes

maior quando comparada a 0°C (6,11 + 1,55) (Tabela 4). Em N. rossii em 6

dias a 8°C (3,11 + 0,68) houve aumento de 9,4 vezes na frequência de EFC

quando comparados a 0°C (0,33 + 0,24). Ao longo dos tempos, apenas em N.

rossii a 0°C foi observada diferença na frequência de EFC entre 1 e 6 dias

(Tabela 5).

O aquecimento em 8°C influenciou na frequência de eritrócitos com

formação de vesículas na membrana plasmática (EVM) somente em N.

coriiceps (Tabelas 4 e 5). Em 1 dia a 8°C (63,20 + 7,38) a frequência de EVM

foi 3,3 vezes maior comparado a 1 dia a 0°C (19,38 + 3,35). Em ambas as

espécies, ao longo dos tempos de exposição não foram observadas diferenças

nas frequências de EVM (Tabelas 4 e 5).

Page 45: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

45

Em N.coriiceps e N. rossii a frequência de deslocamento nuclear (EDN)

e micronúcleo (Eµ) não foram influenciados pelo aumento da temperatura nem

ao longo do tempo (Tabelas 4 e 5).

A frequência de alterações na morfologia nuclear com bolhas nucleares

ou Blebbed (EBN) foram influenciadas pelo aquecimento em 8°C em ambas as

espécies analisadas (Tabelas 4 e 5). Em N. coriiceps em 3 dias a 8°C (27, 78 +

5,49) a frequência (EBN) foi 3,8 vezes maior quando comparada a 0°C (7,22 +

1,27) enquanto que em 6 dias a 8°C (29,78 + 5,02) a frequência de EBN foi 3

vezes maior quando comparada a 0°C (9,90 + 1,79) (Tabela 4). Em N. rossii a

frequência de EBN em 6 dias a 8°C (27,22 + 1,85) foi 2,2 vezes maior quando

comparada a 0°C (12,33 + 1,55) (Tabela 5). Em ambas as espécies, ao longo

dos tempos de exposição não foram observadas diferenças nas frequências de

EBN (Tabelas 4 e 5).

A frequência de alterações na morfologia nuclear do tipo fissura nuclear

ou “Notched” (EFN) foi influenciada pelo aquecimento em 8°C somente em N.

coriiceps (Tabelas 4 e 5). Em 6 dias a 8°C ( 8,78 + 1,66) a frequência de EFN

foi 3,6 vezes maior quando comparada a 0°C (2,40 + 0,62). Em ambas as

espécies, ao longo dos tempos de exposição não foram observadas diferenças

nas frequências de EFN (Tabelas 4 e 5).

Para ambas as espécies obtiveram-se as medidas do maior eixo celular

e nuclear (µm), menor eixo celular e nuclear (µm) e volume celular e nuclear

(µm³). Em ambas as espécies N. coriiceps (Tabela 6) e N. rossii (Tabela 7) o

aumento da temperatura não influenciou na medida dos eixos e volume celular

e nuclear dos eritrócitos e não houve diferença entre os grupos experimentais

(8°C) e os grupos controles (0°C). Em N. coriiceps 0°C em 1 dia registrou-se

que o menor eixo do eritrócito foi em média 12, 53% e 11,47% maior quando

comparado a 3 e 6 dias, respectivamente. E o volume do eritrócito em 1 dia

0°C foi 25,3% e 19,35% maior quando comparado a 3 e 6 dias,

respectivamente. Em N.rossii o tempo não influenciou na alteração dos

parâmetros analisados.

Page 46: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

46

Figura 14: Morfologia de eritrócitos maduros e alterações morfológicas observadas em N.

coriiceps e N. rossii em microscopia de luz. A e B Eritrócitos de N. coriiceps e N. rossii, respectivamente, a 0°C - 6 dias (considerados controle) (barra = 10 µm). C: Eritroblasto de N. rossii a 8°C – 1 dia (seta larga preta)(barra = 5 µm). D: Eritrócitos de N. rossii a 8°C - 6 dias com alteração na morfologia celular (asteristo) e formação de vesículas de membrana. Vesículas em formação (seta estreita preta) (barra = 10 µm).

Page 47: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

47

Figura 15: Alterações morfológicas em eritrócitos de N. coriiceps e N. rossii observadas em

microscopia de luz. A: Eritrócito de N. coriiceps a 0°C – 6 dias com deslocamento de núcleo (seta vermelha) (barra = 5 µm) B: Eritrócito de N. coriiceps a 8°C - 3 dias com presença de micronúcleo (seta preta fina) (barra = 5 µm). C: Eritrócito de N. coriiceps a 8°C - 3 dias apresentando alteração na morfologia nuclear, em bledd (seta larga). (barra = 10 µm) D: Eritrócito de N. coriiceps a 8°C - 3 dias com fissura nuclear (seta vazada) (barra = 5 µm).

Page 48: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

48

Figura 16: Alterações morfológicas em eritrócitos de N. coriiceps e N. rossii observadas em microscopia eletrônica de varredura. A e B- Eritrócitos de N. coriiceps e N. rossii, respectivamente, a 0°C por 6 dias (considerados controle). C- Notothenia rossii 0°C – 6 dias: Eritrócito com ondulações ou saliências na membrana (setas finas pretas). D- N. coriiceps 8°C – 6 dias: Eritrócito com formação de vesícula de membrana. Vesículas em formação (seta fina preta). E- N. rossii 8°C – 1 dia e F- N. coriiceps 8°C – 3 dias: Eritrócitos com alteração na morfologia celular (asteristo), com perda do formato elipsoidal. G- N. rossii 8°C – 6 dias e H- N. coriiceps 8°C – 6 dias: Eritrócitos com extravazamento citoplasmático (setas vazadas).

Page 49: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

49

Figura 17: Alterações morfológicas em eritrócitos de N. coriiceps e N. rossii observadas em microscopia eletrônica de transmissão. A- N. coriiceps 0°C – 6 dias e B- N. rossii 0°C – 3 dias: Eritrócitos com morfologia celular e nuclear regulares, considerados controle (barra = 2 µm). C- N. coriiceps 0°C – 1 dia: Citoplasma de eritrócito apresentando compartimentos limitados por membrana (seta vazada) (barra = 0,5 µm). D- N. coriiceps 8°C – 3 dias (barra = 5 µm). E- N. rossii 8°C – 3 dias (barra = 2 µm) e F- N. rossii 8°C – 6 dias (barra = 2 µm): Eritrócito com alterações na morfologia celular (asterisco). G- N. rossii 0°C – 1 dia: Eritrócito com ondulações ou saliências na membrana (seta fina) (barra = 0,5 µm). H- N. rossii 8°C – 3 dias e I- N. rossii 8°C – 6 dias: Eritrócito com formação de vesículas na membrana celular. sendo Vesículas em formação ou sendo liberadas (seta fina) (barra = 0,5 µm). J- N. coriiceps 8°C – 1 dia: Eritrócito apresentando deslocamento nuclear (seta entalhada) (barra = 5 µm).. K- N. coriiceps 8°C – 6 dias: Eritrócito com fissura nuclear (seta entalhada) (barra = 2 µm). L- N. coriiceps 8°C 1 dia:

Eritrócito com núcleo apresentando intensa heterocromatinização (seta entalhada) (barra = 2 µm).

Page 50: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

50

Tabela 4: Frequência das alterações morfológicas nos eritrócitos de Notothenia coriiceps, submetidos às temperaturas de 0° e 8°C por 1,3 e 6 dias. Média (+ EP) da proporção entre células maduras e eritroblastos, no número de células maduras, numero de células com alteração na forma celular e da membrana plasmática e alterações nucleares (núcleo deslocado, micronúcleo alterado, em forma de fenda ou disforme) observados em 1000 eritrócitos. O resultado da ANOVA não paramétrica comparando os grupos experimentais é apresentado, os asteriscos sobre o p indicam interações significativas. As letras sobrescritas indicam os resultados do pós-teste entre os tempos para cada temperatura investigada e os asteriscos indicam a diferença entre as temperaturas para cada um dos tempos.

0°C 8°C

Kruskal-Wallis

p

1 dia 3 dias 6 dias 1 dia 3 dias 6 dias

Proporção células maduras (EM) /eritroblastos (EB)

3,22 + 0,30

2,45 + 0,24

3,12 + 0,28

4,11 + 0,64

3,24 + 0,66

3,07 + 0,25

5,72 0,33

Células em maturação (EB) 31,13 + 2,81

23,89 + 2,26

30,20 + 2,62

39,20 + 5,90

31,11 + 6,03

29,78 + 2,32

5,83 0,32

Alteração

celular

Formato (EFC)

1,75 + 0,94*

6,11 + 1,55*

4,90 + 0,57

16,30 + 4,63

14,56 + 2,01

5,89 + 0,56

28,02 <0,001*

Formação de vesículas (EVM)

19,38 + 3,35*

14,56 + 2,05

27,80 + 3,14

63,20 + 7,38

28,44 + 5,31

25,56 + 1,93

30,89 <0,001*

Deslocamento (EDN)

7,13 + 1,73

9,00 + 2,07

12,70 + 3,79

5,20 + 0,70

5,44 + 1,92

7,44 + 1,96

4,97 0,42

Alteração

Nuclear

Micronúcleo (Eµ)

1,00 + 0,38

0,67 + 0,29

0,20 + 0,13

1,10 + 0,43

0,75 + 0,30

0,63 + 0,35

4,51 0,48

Bolha nuclear ou Blebbed (EBN)

20,63 + 2,85

7,22 + 1,27*

9,90 + 1,79*

21,70 + 2,44

27,78 + 5,49

29,78 + 5,02

27,36 <0,001*

Fissura nuclear (EFN)

5,38 + 0,53

2,67 + 0,87

2,40 + 0,62*

5,80 + 1,12

7,67 + 1,86

8,78 + 1,66

17,10 <0,001*

Page 51: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

51

Tabela 5: Frequência das alterações morfológicas de eritrócitos de Notothenia rossii, submetidos às temperaturas de 0° e 8°C por 1, 3 e 6 dias. Média (+ EP) da proporção entre células maduras e eritroblastos, no número de células maduras, numero de células com alteração na forma celular e da membrana plasmática e alterações nucleares (núcleo deslocado, micronúcleo alterado, em forma de fenda ou disforme) observados em 1000 eritrócitos. O resultado da ANOVA não paramétrica comparando os grupos experimentais é apresentado, os asteriscos sobre o p indicam interações significativas. As letras sobrescritas indicam os resultados do pós-teste entre os tempos para cada temperatura investigada e os asteriscos indicam a diferença entre as temperaturas para cada um dos tempos.

0°C 8°C

Kruskal-Wallis

p

1 dia 3 dias 6 dias 1 dia 3 dias 6 dias

Proporção células maduras (EM)/eritroblastos(EB)

3,55 + 0,40

a 2,09 + 0,19

b 1,74 + 0,12

b

3,19 + 0,40

2,79 +0,13

2,75 +0,38

24,95 <0,001*

Células em maturação 34,17 + 3,74

a

20,44 + 1,77

b

17,11 + 1,17

b

30,78 + 3,72

27,10 +1,24

26,67 +3,58

24,95 <0,001*

Alteração celular

Formato(EFC) 4,17 + 0,48

a

0,89 +0,20

ab

0,33 + 0,24

b *

5,11 + 1,65

3,40 +0,79

3,11 +0,68

26,62 <0,001*

Formação de vesículas (EVM)

28,83 + 3,96

22,56 + 2,76

18,89 + 1,79

35,78 + 3,90

26,10 +0,98

43,33 +4,11 26,71 <0,001*

Deslocamento 6,00

+ 2,97 4,44 + 1,28

5,00 + 2,19

7,33 + 2,12

5,80 +0,94

2,78 +0,55

6,79 0,24

Alteração Nuclear

Micronúcleo 0,33 + 0,21

0,00 0,22 + 0,22

1,22 + 0,43

0,40 +0,16

1,44 +0,85

12,98 0,02*

Bolha nuclear ou Blebbed (EBN)

13,17 + 3,66

10,67 + 1,24

12,33 + 1,55 *

18,33 + 2,40

15,40 +1,84

27,22 + ,85 23,66 <0,001*

Fissura nuclear (EFN)

2,83 + 0,95

2,44 + 0,77

2,67 + 0,83

7,22 + 2,40

4,00 +0,67

2,44 +1,43

13,12 0,02*

Page 52: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

52

Tabela 6: Medida de maior eixo, menor eixo e volume celular e nuclear de eritrócitos de Notothenia coriiceps, submetidos às temperaturas de 0° e 8°c por 1,3 e 6 dias. São apresentados a média + EP (mínimo-máximo) e número de indivíduos dos eixos maior e menor da célula e do núcleo do eritrócito e volume celular e nuclear. O resultado da ANOVA duas vias (co-fatores utilizados tempo (t) e temperatura (te)) comparando os grupos experimentais são apresentados, os asteriscos indicam interações significativas e as letras sobrescritas indicam os resultados do pós-teste Tukey entre os tempos para cada temperatura e os asterisco indicam a diferença entre as temperaturas para cada um dos tempos investigados.

0°C 8°C ANOVA

1 dia 3 dias 6 dias 1 dia 3 dias 6 dias F P

Eritrócito

Maior eixo 12,42 + 0,04

(8,01–19,05) 1785

12,11 + 0,03 (6,96-17,56)

2482

12,84 + 0,03 (6,52-18,20)

2239

12,82 + 0,03 (7,19-19,30)

2250

12,40 + 0,03 (7,54-17,94)

2233

12,14 + 0,03 (7,12-19,06)

2225

T: 0,00 TE: 1,10 TXTE: 2,80

0,98 0,34 0,07

Menor eixo 9,41 + 0,03A

(6,06-13,52) 1785

8,23 + 0,02 B

(4,30-11,75)

2500

8,33 + 0,02 B

(4,45-11,78)

2250

8,72 + 0,02 (5,48-12,40)

2250

8,64 + 0,02 (4,23-12,16)

2250

8,21 + 0,03 (4,08-11,97)

2250

T: 0,52 TE: 6,56 TXTE: 2,89

0,47 0,00* 0,06

Volume 589,4 + 4,1 A

(168,7-1307,2)

1777

440,2 + 2,9 B

(99,2-

1120,0) 2482

475,4 + 3,0 AB

(110,0-1106,0)

2239

521,0 + 3,3 (169,7-1391,4)

2250

490,6 + 2,7 (116,2-1074,8)

2233

438,1 + 3,0 (97,7-1021,7)

2225

T: 0,56 TE: 6,64 TXTE: 2,28

0,46 0,03* 0,11

Núcleo do eritrócito

Maior eixo 5,88 + 0,02 (3,48-12,87)

1793

5,48 + 0,02 (2,73-10,95)

2500

5,90 + 0,02 (3,40-8,88)

2250

5,93 + 0,02 (2,27-8,98)

2250

5,83 + 0,02 (3,34-13,53)

2248

5,46 + 0,02 (3,02-9,23)

2250

T: 0,00 TE: 2,11 TXTE: 5,00

0,95 0,13 0,01*

Menor eixo 3,43 + 0,02 (1,09-11,41)

1790

3,07 + 0,01 (1,00-5,87)

2495

3,17 + 0,02 (0,91-6,06)

2245

3,37 + 0,01 (0,98-5,83)

2250

3,30 + 0,02 (1,37-8,91)

2250

3,08 + 0,02 (1,00-6,08)

2248

T: 0,19 TE: 4,79 TXTE: 2,01

0,67 0,01* 0,14

Volume 38,62 + 0,54 (6,16-378,83)

1785

29,05 + 0,31 (3,26-97,43)

2488

33,60 + 0,40 (3,96-141,25)

2239

37,45 + 0,37 (4,63-114,87)

2243

34,67 + 0,35 (4,73-217,99)

2245

29,03 + 0,33 (2,55-116,85)

2246

T: 0,00 TE: 4,43 TXTE: 2,44

0,98 0,02* 0,10

Page 53: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

53

Tabela 7: Medida de maior eixo, menor eixo e volume celular e nuclear de eritrócitos de Notothenia rossii, submetidos às temperaturas de 0° e 8°c por

1,3 e 6 dias. São apresentados a média + ep (mínimo-máximo) e número de indivíduos dos eixos maior e menor da célula e do núcleo do eritrócito e volume celular e nuclear. O resultado da ANOVA não paramétrica comparando os grupos experimentais são apresentados, os asteriscos indicam interações significativas e as letras sobrescritas indicam os resultados do pós-teste entre os tempos para cada temperatura e os asteriscos indicam a diferença entre as temperaturas para cada um dos tempos investigados.

0°C 8°C

Kruskal-Wallis

P

1 dia 3 dias 6 dias 1 dia 3 dias 6 dias

Eritrócito

Maior eixo 14,72 + 0,04

(10,67–21,79) 1363

15,14 + 0,13 (1,83-72,33)

2095

14,06 + 0,03 (9,18-18,54)

2398

13,96 + 0,07 (1,20-20,30)

991

13,75 + 0,03 (8,57-18,63)

2250

13,00 + 0,06 (8,43-20,39)

1065 21,80 <0,001*

Menor eixo 9,66 + 0,04 (4,11-13,26)

1357

9,18 + 0,03 (1,31-14,39)

2100

9,43 + 0,02 (1,96-13,47)

2396

9,16 + 0,05 (4,48-13,28)

990

8,71 + 0,02 (5,28-12,85)

2247

9,40 + 0,05 (5,12-13,77)

1069 12,29 0,03*

Volume 734,1 + 5,9 (121,3-1833,9)

1357

688,2 + 8,3 (19,5-

5074,7) 2094

670,0 + 3,9 (35,4-1480,5)

2393

640,53 + 8,3 (190,3-1465,1)

989

554,7 + 3,3 (172,4-1276,3)

2247

630,6 + 8,2 (115,6-1846,7)

1064

13,57 0,02*

Núcleo do eritrócito

Maior eixo 5,75 + 0,03 (2,01-8,88)

1363

5,78 + 0,02 (1,01-13,02)

2099

5,72 + 0,02 (3,25-8,66)

2400

5,96 + 0,03 (3,13-9,27)

991

5,83 + 0,02 (3,18-10,02)

2249

5,40 + 0,04 (2,86-12,13)

1070 3,28 0,66

Menor eixo 3,18 + 0,02 (0,93-6,38)

1363

3,08 + 0,02 (0,91-5,67)

2100

3,12 + 0,01 (0,92-5,40)

2400

3,18 + 0,02 (1,46-5,66)

991

3,37 + 0,02 (0,81-8,96)

2249

3,22 + 0,03 (1,5-11,2)

1070 7,38 0,19

Volume 32,10 + 0,41 (3,05-107,97)

1363

30,38 + 0,34 (2,41-

114,57) 2099

30,70 + 0,28 (1,99-85,24)

2399

33,90 + 0,56 (6,72-116,31)

991

38,47 + 0,62 (1,94-333,17)

2248

33,06 + 0,75 (4,97-204,85)

1069 7,53 0,18

Page 54: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

54

5. DISCUSSÃO

Os eritrócitos são células sensíveis ao estresse oxidativo (CIMEM, 2008;

HUA-TAO LI el al, 2013), por desempenharem papel central no transporte de

O2 e CO2. O citoplasma dos eritrócitos apresenta concentrações elevadas de

ferro e oxigênio, que em combinação podem gerar espécies reativas de

oxigênio (EROs) (HUA-TAO LI el al., 2013). Estudos indicam que os eritrócitos

possuem mecanismos responsáveis pela defesa frente à formação de ânion

superóxido, em consequência das altas concentrações de oxigênio que é

transportado por essas células (HOLETON, 1970; CASSINI et al. 1993).

Embora a geração de EROs seja parte integrante do metabolismo, pois atuam

em várias vias de sinalização celular (IMAI e NAKAGAWA, 2002, GRIM et al.,

2013), fatores abióticos externos podem alterar a homeostase redox do

organismo gerando o estresse oxidativo (BAGNYUKOVA, 2006), que pode

ocasionar danos ás moléculas biológicas (HALLIWELL e GUTTERIDGE, 2007;

GRIM et al., 2013). Estudos com peixes e invertebrados marinhos

demonstraram que a aclimatação a temperaturas mais elevadas,

principalmente de maneira aguda, resulta em danos oxidativos (PARIHA e

DUBEY, 1995; ESTEVEZ et al., 2002;. LUSHCHAK e BAGNYUJOVA, 2006,

MUELLER et al., 2012; GRIM et al., 2013). Quando isso acontece, é necessária

a rápida remoção das EROs, pelos componentes enzimáticos e não

enzimáticos do sistema de defesa antioxidante (JOS et al., 2005; HUA-TAO LI

el al., 2013).

Neste trabalho, investigamos se eritrócitos de N. coriiceps e N. rossii,

duas espécies endêmicas da Antártica, sofrem alterações na morfologia celular

e possuem a capacidade de passar por ajustes no metabolismo oxidativo e de

defesas antioxidantes frente ao aumento da temperatura ambiental. A

temperatura de 0°C foi escolhida como controle por estar dentro da faixa média

de variação térmica do Oceano Austral (SIDELL, 2000) e da Baía do

Almirantado, local de coletas das espécies utilizados neste trabalho. A

temperatura de 8°C é uma condição próxima à máxima térmica tolerada pelos

Page 55: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

55

peixes antárticos (SOMERO e DEVRIES, 1967; PÖRTNER et al. 2004; LOWE

e DAVISON, 2005).

Os padrões de resposta e os perfis ao longo do tempo dos níveis de

atividade das enzimas antioxidantes de eritrócitos ao aumento da temperatura

ambiental foram diferentes entre N. coriiceps e N. rossii. Isto pode ser

explicado por diferenças fenotípicas espécie – específicas descritas para

peixes teleósteos, (MARTÍNEZ- ALVAREZ et al, 2005; GRIM et al., 2011;

VINAGRE et al , 2012; GRIM et al., 2013; MADEIRA et al., 2013). AKSNES e

LEIF (1981), ao analizarem, nove espécies de peixes da costa norueguesa,

verificaram que a atividade de SOD, CAT e GPx pode variar de acordo com a

espécie e o tecido analisado, sendo que os níveis de CAT variaram até quatro

vezes na mesma família de peixes. WDZIECZAK et al.(1981), obtiveram

valores significativamente diferentes das atividades de SOD e CAT em

eritrócitos de sete espécies de peixes de água doce e quatro marinhas

coletados diretamente da natureza.

Há poucos estudos avaliando o efeito da temperatura no sistema de

defesa antioxidante de organismos marinhos, sendo que as informações

disponíveis envolvem geralmente invertebrados (WISTON et al., 1990; ABELE

et al., 2002; PARK et al., 2008; KELLER et al., 2004; BROUWER et al., 2003).

Para peixes ainda são excassas as referências disponíveis (VINAGRE et al.,

2012), e não há relato do comportamento do metabolismo oxidativo e seus

marcadores, analisados neste trabalho, frente ao aumento da temperatura em

eritrócitos de peixes antárticos. No entanto, outros marcadores foram utilizados

e a aclimatação e a tolerância térmica de organismos antárticos a temperaturas

elevadas têm sido estudadas (SOMERO e DEVRIES, 1967; BRAUER et al.,

2005; LOWE et al., 2005; LANNIG et al., 2005; BRODTE et al., 2006; JIN e

DEVRIES 2006; CLARKE et al., 2007; FRANKLIN et al., 2007; CLARK e PECK,

2009; BILYK e DEVRIES, 2011; WINDISCH et al., 2011, JAYASUNDARA,

2013).

SOD e CAT são enzimas importantes no combate à EROs em

organismos aquáticos (WINSTON e GIULIOZ, 1991; HUA-TAO LI el al., 2013).

A SOD catalisa a dismutação de O2• em H2O2, sendo este último decomposto

pela CAT em O2 e H2O2 (VASCONCELOS et al., 2007), assim as duas enzimas

Page 56: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

56

atuam associadas metabolicamente (AEBI, 1984). A SOD é uma metaloenzima

e algumas isoformas estão bem estabelecidas em peixes antárticos (CASSINI

et al., 1997; KEN et al., 2002; SANTOVITO et al., 2006). Acredita-se que essa

família de metaloenzimas evoluiu para manter-se cataliticamente ativa, mesmo

frente aos desafios de pressão térmica (CASSINI et al., 1997; ABELE e

PUNTARULO, 2004; LESSER, 2006).

Os níveis de SOD em eritrócitos de N. rossii, coletados da natureza, são

aproximadamente de 240 U/mg proteína (ANSALDO et al., 2000) enquanto que

no presente estudo variaram de 113,05 + 9,15 a 495,30 + 76,58 U/mg

proteínas, não possibilitando comparação devido as condições experimentais

envolvidas. Para N. coriiceps os níveis basais encontrados na natureza não

são documentados. O aquecimento em 8°C não alterou os níveis de atividade

da SOD em eritrócitos de N. coriiceps enquanto que em N. rossii modulou

positivamente. Apesar, de trabalharem com outros tipos celulares e tecidos,

MULLER et al. (2012) ao analisarem tecidos cardíaco e muscular de N.

coriiceps e outras espécies de peixes antárticos também não encontraram

alteração nos níveis de SOD ao expor os animais a sua temperatura crítica

máxima (CTMax). Em peixes não antárticos, a não modulação da SOD foi

observada por BAGNYKOVA (2007) em cérebro, fígado e rins do peixe de

água doce Carassius auratus transferidos de 3°C para 23°C por até 5 dias e

por GRIM et al. (2010) no músculo cardíaco das espécies marinhas Fundulus

heteroclitus macrolepidotus e Lepomis macrochirus mantidos em 25°C durante

dois meses. A modulação positiva da SOD em peixes de água doce foi

verificada por PARIHAR et al. (1997) nas brânquias de Heteropneustes fossilis

transferidos de 25°C para 32°C ou 37°C por até 4 horas e por LUSHCHAK

(2006) nos rins, cérebro e músculo de C. auratus, exposto a 35°C durante 1-12

horas. Estes estudos, como os resultados encontrados por nós, sugerem que

a modulação da SOD frente ao aumento da temperatura pode estar

relacionada ao tempo de exposição. Neste trabalho, não analisamos os níveis

de SOD nas horas iniciais do aquecimento a 8°C, isto é, antes de 24 horas, no

entanto, nossos resultados indicam que, para N.rossii seis dias é tempo

suficiente para que ocorra a modulação positiva da SOD frente ao aquecimento

a 8°C enquanto que para N.coriiceps não, o que pode indicar que os eritrócitos

Page 57: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

57

desta espécie não foram capazes de aumentar a expressão de SOD frente ao

desafio térmico, ou que o aumento da temperatura pode ter prejudicado a

atividade da enzima, levando ao maior acúmulo de radicais O2• na célula.

Os níveis de CAT em N. coriiceps foram modulados negativamente

frente ao estresse térmico, enquanto que em N. rossii houve inicialmente

aumento (modulação positiva) seguido de queda (modulação negativa) na

atividade da CAT. Resultados semelhantes foram encontrados por VINAGRE et

al. (2012) em músculo do peixe marinho Dicentrarchus labrax exposto a 18°C

(controle), 24°C e 28°C (experimentais) por até 30 dias. A resposta ao

estresse oxidativo, para a CAT pode ser dependente do tempo de exposição à

temperaturas elevadas, sendo menor fora do ótimo de temperatura para a

espécie (VINAGRE et al. 2012), como o observado neste trabalho para N.

coriiceps em todos os tempos analisados. Estes dados sugerem que N.

coriiceps é mais suceptível ao aumento da temperatura quando comparado a

N. rossii que apresentou níveis menores de CAT somente em 6 dias. Já,

trabalhos com peixes aclimatados a altas temperaturas e a curto período de

tempo (inferior a 24 horas) os resultados encontrados são diferentes.

MUELLER et al. (2012), não verificaram modulação dos níveis de CAT no

coração e músculo em N. coriiceps exposta a sua CTMax que foi de 17,1 ± 0,2

°C durante 4,5 horas e por LUSHCHAK (2006) em figado de C. auratus, onde

houve diminuição de 40% nos níveis de CAT após 1 hora de choque térmico

retornando ao nívies iniciais após 6 horas. BAGNYKOVA (2006) verificou em C.

auratus, coletados na natureza, que a atividade da CAT não foi alterada ao

longo do inverno e verão, sugerindo que talvez as EROs geradas pelo aumento

da temperatura possam ter sido neutralizadas pelas defesas antioxidantes não

enzimáticas e que a não modulação da CAT esteja associada à sua localização

intracelular em peroxissomas. BENEDETTI (2010) analisou o efeito da

sazonalidade sobre os níveis da CAT no fígado de três nototenídeos antárticos

do gênero Trematomus e verificou que a atividade da CAT nos peixes

antárticos é menor do que em peixes de clima temperado e que a capacidade

de decompor peróxido de hidrogênio via CAT não é reforçada em peixes

antárticos. FRIDOVICH (1974), sugeriu que a CAT não é regulada de acordo

Page 58: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

58

com a necessidade da célula, ou seja, não haveria aumento na expressão da

enzima, mesmo com o aumento intracelular de peróxidos.

GPx, GST e GR são enzimas antioxidantes dependentes de GSH e

estão relacionadas principalmente a biomarcadores para poluição ambiental,

exposição a xenobiontes e metais pesados em peixes tropicais (BAINY et al.,

1996; STEGEMAN et al., 1992, LACKNER, 1998) e antárticos (BENETTI et al.

2007; GHOSH et al. 2013). Porém esses marcadores já foram utilizados para

avaliar estresse oxidativo induzido pelo estresse térmico em peixes tropicais e

temperados (HEISE at al., 2006; BAGNYUKOVA et al., 2007; LEGGATT et al.,

2007; GRIM et al., 2013).

A GPx é uma selenoproteína que reduz hidroperóxidos (H2O2) a água

(H2O) e oxigênio (O2) convertendo GSH em GSSG (BRIGELIUS-FLOHE,

1999). A GST catalisa a conjugação de GSH a metabólitos tóxicos facilitando a

excreção destas substâncias (HALLIWELL e GUTTERIDGE, 1999), além de

serem importantes para a desintoxicação dos peróxidos lipídicos (RUDNEVA et

al., 2010). A GR é uma flavoproteína dependente de NADPH, importante no

metabolismo oxidativo pois recupera glutationa oxidada para a forma reduzida

(HALLIWELL e GUTTERIDGE, 1999), sendo esta recuperação importante pois

mantém ativo e integro o sistema celular de proteção antioxidante

(VASCONCELOS et al., 2007).

Em N. coriiceps e N. rossii, o aquecimento em 8°C não influenciou a

atividade de GPx. Resultados semelhantes foram obtidos por GRIM et al.

(2013) em músculos cardíaco e esquelético de robalo (Morone saxatilis)

aclimatados a 25°C por seis semanas. LEGGATT (2007) submeteu linhagens

de células hepáticas (RTH-149) do peixe de água doce Oncorhynchus mykiss a

alterações de temperatura e verificou que a atividade da GPx não é modulada

pela temperatura. Brânquias e glândula digestiva do molusco antártico

Lanternula elliptica aumentaram sua atividade de GPx após doze horas de

estresse térmico (PARK et al., 2008). Estudos indicam que peixes antárticos

apresentam níveis mais elevados de defesas antioxidantes quando

comparados a peixes tropicais (GRIM et al., 2013) e análises de microarranjo

revelaram que a GPx é up-regulada em tecidos de notothenídeos antárticos

quando comparados à peixes de clima temperado (CHEN et al., 2008). O que

Page 59: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

59

pode explicar a não modulção da enzima sob estresse oxidativo, em N.

coriiceps e N. rossii, no presente estudo.

Nos eritrócitos de N. coriiceps a temperatura de 8°C modulou

positivamente a atividade de GST em 3 dias enquanto que em N. rossii

modulou negativamente em 6 dias. RUDNEVA et al. (2010), ao analisarem

espécies de peixes teleósteos e elasmobrânquios descreveram que a atividade

de GST em eritrócitos é inferior aos valores encontrados no fígado e que há

diferenças interespecíficas na atividade da GST nos eritrócitos. Ao induzirem o

estresse térmico, em peixes marinhos, MADEIRA et al. (2013) verificaram

aumento na atividade de GST muscular, após exposição a sua CTMáx e

concluíram que embora o aumento tenha sido registrado, é possível observar a

depleção da atividade do antioxidante devido à desnaturação da proteína,

sendo a hipertermia capaz de reduzir as defesas antioxidantes. O aumento leve

de estresse oxidativo é capaz de induzir o aumento da atividade de GST, mas

em casos de forte estresse oxidativo a enzima pode ter sua atividade suprimida

(LI el al., 2010), o que pode ter ocorrido em N.rossii especificamente neste

caso, onde houve redução da GST frente ao estresse térmico quando

comparada ao controle.

O aumento da temperatura (8°C) modulou positivamente os níveis de

GR somente em N. coriiceps em 1 e 3 dias. Estes resultados podem estar

diretamente ligados a não modulação de GSH, em N. coriiceps, pois o aumento

da atividade da GR seria capaz de manter os níveis de GSH. Entretanto, são

necessários estudos complementares, pois mesmo sem a modulação da GR

em N. rossii não se observou queda nos níveis de GSH. Estes resultados

podem estar relacionados à ação de múltiplos sistemas alternativos presentes

no citosol do eritrócito capazes de reduzir GSSG e manter os níveis de GSH

suficientemente altos frente ao estresse oxidativo (MORGAN et al., 2012). A

GSH é um antioxidante não enzimático de baixo peso molecular, importante

por neutralizar EROs e servir de cofator para várias enzimas GSH -

dependentes (HALLIWELL e GUTTERIGDE, 2007; GRIM et al., 2013). Assim a

GSH é utilizada como biomarcador para estresse oxidativo induzido

principalmente por contaminação ambiental (ATLI e CANLI, 2008; ZANG et al.,

2008), sendo que a diminuição na concentração de GSH indicaria estresse

Page 60: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

60

agudo e o aumento da adaptação à detoxificação (VAN DER OOST et al.,

2003). Em eritrócitos uma das funções de GSH é proteger a célula contra a

formação espontânea de metahemoglobina (CIMEN, 2008). Se esgotados de

GSH os eritrócitos tornam-se muito sensíveis ao estresse oxidativo (LI et al.,

2006).

Os eritrócitos de peixes, assim como de outros vertebrados, são células

suceptíveis à peroxidação lipídica (LPO), pois apresentam alto conteúdo de

ácidos graxos polinsaturados em sua membrana e à presença de hemoglobina.

Acredita-se que a maior causa de hemólise seja a desnaturação oxidativa da

membrana de eritrócitos por LPO (LACKNER, 1998). A LPO pode ser explicada

como uma reação em cadeia iniciada pela reação de um radical livre (um

oxigênio molecular) com um ácido graxo insaturado, resultando em radicais

peroxilas (BENZIE, 1996; HALLIWELL e GUTTERIDGE, 1999; LIMA e

ABDALLA, 2001), que podem reagir com o DNA, e outras moléculas biológicas

(GUTTERIDGE, 1995). A LPO pode ainda afetar membranas biológicas,

diminuindo a fluidez, alterando potencial de membrana e permeabilidade,

ocasionando eventualmente a ruptura da estrutura (GUTTERIDGE, 1995;

DUTRA et al., 2008). O presente estudo avaliou através dos níveis de

malonaldeído (MDA), um dos produtos finais da peroxidação lipídica, os

indicies de LPO. O aumento dos níveis de MDA foi detectado nos peixe

antártico Pleuragrama antarcticum, no início da primavera austral, quando as

condições pró-oxidativas aumentam (REGOLI et al., 2005). Em um estudo

comparativo entre icefishes e notothenídeos submetidos a CTMax, o aumento

nos níveis de MDA no músculo cardíaco, só foi verificado no primeiro grupo

(MUELLER et al., 2012). Em ambas as espécies deste trabalho, houve

modulação negativa dos níveis de MDA em 8°C a 3 dias, e em N. coriiceps

este resultado pode estar associado, de forma positiva com os níveis de GST,

já que esta enzima é responsável pela remoção dos produtos da

lipoperoxidação (HERMES-LIMA, 2004; BAGNYUKOVA et al. 2006), assim o

aumento nos níveis de GST a 8°C em 3 dias pode ter influenciado na

modulação negativa de MDA. Já em N. rossii a modulação positiva dos níveis

de MDA a 8°C em 1 dia, pode indicar estado de estresse oxidativo devido ao

aumento da temperatura por choque térmico. Pode haver associação entre os

Page 61: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

61

níveis de MDA e GST ao longo dos tempos de exposição em 8°C, já que os

níveis de MDA aumentaram quando comparamos 3 e 6 dias, e os níveis de

GST diminuíram quando comparamos os mesmos tempos, o que pode indicar

que sob a temperatura de 8°C a enzima não foi capaz de metabolizar o

excesso de MDA.

Alterações na morfologia celular e nuclear dos eritrócitos estão

relacionadas a distúrbios que alteram sua homeostase (TAVARES-DIAS e

MORAES, 2004). Os radicais livres em excesso são capazes de promover, nos

eritrócitos de peixes, degradações no DNA e LPO que danificam membranas

celulares, causando danos irreversíveis que podem levar à apoptose (CIMEN,

2008).

Alterações nos parâmetros hematológicos podem variar de acordo com

a capacidade que a espécie possui de enfrentar os desafios térmicos (QIANG

et al., 2013). Estudos indicam que a elevação da temperatura é capaz de

aumentar o número de eritrócitos na circulação de peixes (GUIJARRO et ai.,

2003; DE PEDRO et ai., 2005). O aumento do número de eritroblastos

(eritrócitos imaturos) na circulação indica maior atividade eritropoiética que

pode ser estimulada diretamente pela carência de oxigênio (HOUSTON e

MURRAD, 1992). O aumento da temperatura diminui a concentração de O2 na

água e causa hipóxia, e consequentemente ocorre aumento da atividade

eritropoiética em peixes visando melhorar o aporte de oxigênio aos tecidos

(HOUSTON e MURRAD, 1992; VALENZUELA et al., 2002; WELLS et al.,

2005). HOUSTON e MURAD (1991) verificaram que o estresse térmico por

aclimatação lenta ou choque térmico em C. auratus aumentou o número de

eritroblastos na circulação, indicando maturação acelerada. Neste trabalho, o

aquecimento em 8°C, em ambas as espécies não alterou a frequência de

eritroblastos e a proporção de células maduras e eritroblastos, indicando que

N. coriiceps e N. rossii, foram capazes de enfrentar o estresse térmico sem

aumento da atividade eritropoiética.

A alteração de forma dos eritrócitos foi influenciada pelo aumento da

temperatura (8°C) em ambas as espécies, ocorrendo alterações do formato

celular com maior frequência nos tempos iniciais (1 e 3 dias) em N. coriiceps e

em 6 dias em N. rosii. Alterações no formato de eritrócitos estão relacionadas a

Page 62: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

62

macromoléculas celulares constituintes do citoesqueleto, dentre elas,

filamentos de actina, abundantes nestas células (CIMA e BALLARIN, 1999,

OLIVEIRA-RIBEIRO et al., 2006). ANBUMANI e MOHANKUMAR (2012)

sugerem que essas alterações no formato celular acarretam perda de conteúdo

citoplasmático e antecedem eventos apoptóticos.

A frequência de eritrócitos com formação de vesículas na membrana

plasmática (EVM) foi influenciada pelo aumento da temperatura (8°C) e foi

observada somente em N. coriiceps. A formação de vesículas na membrana

plasmática de eritrócitos é muito estudada em humanos (GREENWALT, 2006).

Em peixes WONG et al. (2012) foram os primeiros a descrever essa alteração

em eritrócitos de Sparus sarba, e embora os marcadores de fragmentação

nuclear e ativação de caspases tenham indicado processos de morte celular,

corpos apoptóticos não foram visualizados. A formação de vesículas ocorreria

pelo enfraquecimento do citoesqueleto em determinadas áreas (WONG et al.,

2012), e o fluxo citoplasmático nestas regiões formaria as saliências (TAYLOR

et al., 2008) vistas em microscopia, como o observado neste trabalho.

As análises do volume celular têm por objetivo avaliar a perda de

conteúdo citoplasmático ou nuclear. O aumento do volume celular pode sugerir

a perda de hemoglobina, ou alterações do grupo heme, assim o aumento da

área de trocas gasosas, ocasionada pelo aumento do volume, compensaria

essa perda (CIMA e BALLARIN, 1999; OLIVEIRA-RIBEIRO et al., 2006). Em

mamíferos há estudos que relacionam a alteração de volume celular com

hipertermia, já que o aumento da temperatura estimularia a entrada de Ca2+ e o

aumento deste íon no citosol, induz a formação de vesículas (FOLLER et al. ,

2010). A entrada de Ca2+, provoca ainda a perda citosólica de K+ e Cl o que

leva a célula a perder água e diminuir seu volume (FOLLER et al. , 2010;

MOORE et al., 2013). Mas, em peixes, estudos indicam que alterações de

volume podem estar relacionadas a contaminantes, como por exemplo, os

metais pesados (OLIVEIRA-RIBEIRO et al., 2006). Para as espécies

analisadas o aumento da temperatura não acarretou em alterações nos

volumes celular e nuclear. Entretanto estudos complementares são

necessários, para melhor compreender as alterações de volume e suas

Page 63: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

63

relações com formação de vesículas, observadas neste trabalho, frente ao

estresse térmico.

As alterações na morfologia nuclear de eritrócitos podem indicar

impactos ambientais sobre os organismos (CARRASCO et al., 1990;

TALYKINA et al., 2003; SOUZA e FONTANETTI, 2006; DA SILVA et al.,2012).

O deslocamento de núcleo para a periferia da célula (EDN), por exemplo, é um

tipo de alteração citoplasmática, que está envolvida com o processo de

denucleação e consequentemente à formação de células anucleadas

(ANBUMANI e MOHANKUMAR, 2012). Embora essa alteração tenha sido

registrada no presente estudo, não houve diferenças nas frequências de EDN

por influência do aumento da temperatura em N. coriiceps e N. rossii.

Estudos recentes ressaltam a importância da análise de outras

alterações nucleares além da presença de micronúcleo (BOLOGNESI et al.,

2006; OSMAN et al., 2011; ANBUMANI e MOHANKUMAR, 2012), indicando

correlação entre elas (OSMAN e HARABAWY , 2010). Embora os processos

que levam à formação de tais alterações não estejam bem estabelecidos

(ANBUMANI e MOHANKUMAR, 2012), acredita-se que mutações na lâmina

nuclear (filamento intermediário, constituinte estrutural do envoltório nuclear)

sejam responsáveis pela perda do formato oval e estabilidade do envelope

nuclear (ALBERTS et al., 1997; STRUNJAK-PEROVIC et al., 2009; ANBUMANI

e MOHANKUMAR, 2012). Os processos celulares intrínsecos que levam à

formação de micronúcleos são conhecidos e resultam da fragmentação do

material genético (efeito clastogênico) ou de falhas na formação do fuso

mitótico levando à eliminação de cromossomos inteiros (efeito aneugênico)

(LAU et al., 2007). Agentes químicos, físicos ou biológicos induzem a formação

de micronúcleos (SOUZA e FONTANETTI, 2006; DA SILVA et al.,2012).

Estudos indicam que as demais alterações nucleares registradas no presente

estudo possuem origem semelhante ao micronúcleo (FENECH et al., 1999;

FENECH, 2000; SERRANO e GARCIA, 2001; ÇAVAS e ERGENE-

GOZUKARA, 2003), e a formação destas alterações nucleares possibilitariam a

eliminação e inativação do material genético danificado da célula (SOUZA e

FONTANETTI, 2006). A temperatura de 8°C não influenciou a presença de

micronúcleos, mas aumentou a frequência de bolhas nucleares ou Blebbed

Page 64: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

64

(EBN) em N. coriiceps (3 e 6 dias) e N. rossii (6 dias). NORMANN et al., (2010)

verificaram maior frequência de alterações nucleares, como bolhas e fissuras,

do que presença de micronúcleo, em eritrócitos de peixes de água doce e

sugeriram que tais resultados estariam relacionados à exposição aguda ao

contaminante. Assim, o aumento na frequência de alterações nucleares estaria

relacionado à exposição aguda ao agente estressor, indicando células

apoptóticas (ANBUMANI e MOHANKUMAR, 2012). Exposições prolongadas ao

agente estressor permitiriam substituições celulares (MURANLI e GUNER,

2011) ou reparos aos danos celulares (ANBUMANI e MOHANKUMAR, 2012).

Page 65: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

65

6. CONCLUSÃO

Em ambas as espécies N. rossii e N. coriiceps, espécies

filogeneticamente muito próximas (NEAR e CHENG, 2008), os padrões

de resposta frente ao aumento da temperatura ambiental foram

diferentes;

Em N. coriiceps o aumento da temperatura a 8°C modulou

a atividade de CAT, GST, GR e LPO;

Em N. rossii o aumento da temperatura a 8°C modulou a

atividade de SOD, CAT, GST e LPO;

Para N. coriiceps os marcadores: SOD, GPX e GSH podem

não ser indicados para avaliar estresse oxidativo por aumento da

temperatura;

Para N. rossii os marcadores: GPX, GR e GSH podem não

ser indicados para avaliar estresse oxidativo por aumento da

temperatura;

Em N. coriiceps o aumento da temperatura a 8°C

influenciou na frequência das seguintes alterações celulares: alteração

de formato celular, formação de vesículas, bolha nuclear e fissura

nuclear;

Em N. rossii o aumento da temperatura a 8°C influenciou

na frequência das seguintes alterações celulares: alteração de formato

celular e bolha nuclear;

Embora sejam necessários estudos complementares, os

eritrócitos podem fornecer material para monitoramento do impacto do

aquecimento global, sem que haja prejuízo para a espécie estudada,

visto que não há necessidade de sacrifício do animal;

Page 66: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

66

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABELE, D.; BURLANDO, B.; VIARENGO, A.; PORTNER, H. O.. Exposure to elevated temperatures and hydrogen peroxide elicits oxidative stress and antioxidant response in the Antarctic intertidal limpet Nacella concinna. Comparative Biochemistry and Physiology Part B: Biochemistry and Molecular Biology, v. 120, n. 2, p. 425-435, 1998. ABELE, E. M., PUNTARULO, D.: Lipid radical generation in polar (Laternula elliptica) and temperate (Mya arenaria) bivalves. Comp. Biochem. Physiol, B v.132, p. 729–737, 2002. ABELE, D., PUNTARULO, S.: Formation of reactive species and induction of antioxidant defence systems in polar and temperate marine invertebrates and fish. Comp. Biochem. Physiol. A, v. 138, p. 405–415, 2004. AEBI, H. Catalase in vitro. Methods Enzymol., v.105, p.121-126, 1984. AHLERT, S.; AQUINO, F. Mapa da Antártica. Climanálise, Boletim de Monitoramento e Análise Climática – CPTEC/INPE. Disponível em: http://www6.cptec.inpe.br/revclima/boletim/. Acesso em: 10/06/2013. AHMAD, I.,HAMID T, FATIMA M, CHAND HS, JAIN SK, ATHAR M, RAISUDDIN S.: Induction of hepatic antioxidantes in freshwater catfish (Channa punctatus, Bloch) is a biomarker of paper mill effluent exposure. Biochim. Biophys. Acta, v.1519, p.37-48, 2000. ALBERTS, B; BRAY, D; LEWIS, J. et al.: Biologia Molecular da Célula. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, p. 1294, 1997. AKSNES A. and REIN. L., Catalase, glutathione peroxidase and superoxide dismutase in different fish species. Comp. Biochem, Physiol B, Vol. 69, p. 893-896, 1981. ANSALDO M, LUQUET CM, EVELSON PA, POLO JAM, LLESUY S.: Antioxidant levels from different Antarctic fish caught around South Georgia Island and Shag Rocks. Polar Biol, v. 23, p.160 – 165, 2000.

Page 67: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

67

ANBUMANI, S. E MOHANKUMAR MARY N.: Gamma radiation induced micronuclei and erythrocyte cellular abnormalities in the fish Catla catla. Aquatic Toxicology, v.122– 123 , p. 125– 132, 2012. ATLI, G. E CANLI, M.: Responses of metallothionein and reduced glutathione in a freshwater fish Oreochromis niloticus following metal exposures. Environmental Toxicology and Pharmacology, v.25, p. 33–38, 2008. BAGNYUKOVA T.V., CHAHRAK, O. I., LUSHCHAK, V. I.: Coordinated response of goldfish antioxidant defenses to environmental stress. Aquatic Toxicology, v. 78, p. 325–331, 2006. BAGNYUKOVA, T.V., LUZHNA, L.I., POGRIBNY, I.P., LUSHCHAK, V.I.,. Oxidative stress and antioxidant defenses in goldfish liver in response to short-term exposure to arsenite. Environ. Mol. Mutagen, v. 48, p.658–665, 2007. BAGNYUKOVA, T.V., LUSHCHAK, O.V., STOREY, K.B., LUSHCHAK, V.I: Oxidative stress and antioxidant defense responses by goldfish tissues to acute change of temperature from 3 to 23 °C. J. Therm. Biol., v. 32, p. 227–234, 2007. BAINY, A.C.D.; SAITO, E.; CARVALHO, P.S.M.; JUNQUEIRA, V.B.C. Oxidative stress in gills, erythrocytes, liver and kidney of Nile tilapia (Oreochromis niloticus) from a polluted site. Aquat. Toxicol., v.34, p. 151-162, 1996. BARNES, D.K.A., FUENTES, V., CLARKE, A., SCHLOSS, I.R., WALLACE, M.I.. Spatial andtemporal variation in shallow seawater temperatures around Antarctica. Deep-Sea Research Part II: Topical Studieis in Oceanography, v.53, p. 853-865, 2006. BENEDETTI, M., MARTUCCIO, G., FATTORINI, D., CANAPA, A., BARUCCA, M., NIGRO, M., REGOLI, F.. Oxidative and modulatory effects of trace metals on metabolism of polycyclic aromatic hydrocarbons in the Antarctic fish Trematomus bernacchii, Aquat. Toxicol, v. 85, p. 167–175, 2007. BENEDETTI M., NIGRO M., REGOLI F.,: Characterisation of antioxidant defences in three Antarctic notothenioid species from Terra Nova Bay (Ross Sea). Chemistry and Ecology, v. 26:4, p.305-314, 2010.

Page 68: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

68

BEUTLER, E. Red cell metabolism: a manual of biochemical methods. New York: Grune e Stratton, p.160, 1975. BENZIE, I.F.F. Lipid peroxidation: a review of causes, consequences, measurements and dietary influences. Int. J. Food Sci. Nut., v.47, p. 233-261, 1996. BILYK KT, DEVRIES AL.: Heat tolerance and its plasticity in Antarctic fishes. Comp Biochem Physiol, v.158A, p.382–390, 2011. BOLOGNESI, C., PERRONE, E., ROGGIERI, P., PAMPANIN, D.M., SCIUTTO, A.: Assessment of micronuclei induction in peripheral erythrocytes of fish exposed to xenobiotics under controlled conditions. Aquatic Toxicology, p.78S, S93–S98, 2006. BRADFORD M.M.. A rapid and sensitive method for the quantification of microgram quantities of protein utilizing the principle of protein-dye binding. Anal Biochem, v.72(1), p. 248 – 254, 1976. BRAUER PR, SANMANN JN, PETZEL DH. Effects of warm acclimation on Na+, K+-ATPase-subunit expression in chloride cells of Antarctic fish. Anat Rec A Discov Mol Cell Evol Biol, v.285, p.600–609, 2005. BRIGELIUS-FLOHÉ, R.: Tissue-specific functions of individual glutathione peroxidases. Free Radic. Biol. Med, v.27, p.951–965, 1999. BRODTE, E.; KNUST, R.; PÖRTNER, H. O.. Temperature-dependent energy allocation to growth in Antarctic and boreal eelpout (Zoarcidae). Polar Biology, v. 30, p. 95–107, 2006. BROUWER, M., BROUWER, T.H., GRATER, W., BROWN-PETERSON, N.: Replacement of a cytosolic copper/zinc superoxide dismutase by a novel cytosolic manganese superoxide dismutase in crustaceans that use copper (haemocyanin) for oxygen transport. Biochem. J., v.374, p.219–228, 2003. CAMPBELL, T. W. Hematology of exotic animals. Compendium on Continuing Education for the Practicing Veterinarian, v. 13, n. 6, p. 950-957, 1991.

Page 69: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

69

CARLBERG, I.; MANNERVIK, B. Glutathione-Reductase. Methods Enzymol, v.113, p.484-490, 1985. CARRASCO, K.R., TILBURY, K.L., MAYERS, M.S.: Assessment of the piscine micronuclei test as in situ biological indicator of chemical contaminants effects, Can. J. Fish. Aquat. Sci, v.47, 1990. CASAUX, R. J., MAZZOTTA, A. S. E BERRERA-ORO, E. R. Seasonal aspects of the biology and diet of nearshore nototheniid fish at Potter Cove, South Shetland Islands, Antartica. Polar Biology, v. 11, n.1, p. 63-72. 1990. CASAUX, R.; BARRERA-ORO, E.; BARONI, A.; RAMÓN, A. Ecology of inshore notothenioid fish from the Danco Coast, Antarctic Peninsula. Polar Biology, v.26, p.157-165. 2003. CASSINI A., FAVERO M., ALBERGONI V. - Comparative studies of antioxidant enzymes in red-blooded and white-blooded antarctic teleost fish. Pagothenia bernacchii and Chionodraco hamatus. Camp. Btochem. Physrol. v. 106C, n. 2, p. 333-336, 1993. CASSINI, A., FAVERO, M., DE LAURETO, P., ALBERGON, V.: Cu–Zn superxide dismutase from Pagothenia bernacchii: catalytic and molecular properties. In: Battaglia, B., Valencia, J., Walton, D.W.H. (Eds.), Antarctic Communities, Species, Structure, and Survival. Cambridge University Press, p. 266–271, 1997. CAVAS, T., ERGENE-GOZUKARA, S.: Micronuclei, nuclear lesions and interphase silver stained nucleolar organizer regions (AgNORs) as cytogenotoxicity indicators in Oreochromis niloticus exposed to textile mill effluent. Mutation Research, v.538, p. 81–91, 2003. CIMA F., BALLARIN L.: TBT-induced apoptosis in tunicate haemocytes. Appl. Organometal. Chem., v.13, p. 697-703, 1999. CHENG, C.H.; CHEN, L.; NEAR, T. J.; JIN, Y. Functional antifreeze glycoprotein genes in temperate-water New Zealand nototheniid fish infer an Antarctic evolutionary origin. Mol. Biol. Evol, v.20(11), p.1897–1908, 2003. CHENG, C.H.; Detrich III, H.W. Molecular ecophysiology of Antarctic notothenioid fishes. Phil. Trans. R. Soc. B, v.362, p. 2215–2232. 2007.

Page 70: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

70

CHEN, L.; DE VRIES, A. L. E CHENG, C. C. Convergent evolution of antifreeze glycoproteins in Antartic notothenioid fish and Arctic cod. Proc. Natl. Acad. Sci. USA. Evolution, v. 94, p. 3817–3822. 1997. CHEN, Z., CHENG, C.H., ZHANG, J., CAO, L., CHEN, L., ZHOU, L., JIN, Y., YA, H., DENG, C., DAI, Z., XU, Q., HU, P., SUN, S., SHEN, Y.: Transcriptomic and genomic evolution under constant cold in Antarctic notothenioids fish. Proc. Natl. Acad. Sci. U. S. A., v.105, p.12944–12949, 2008. CIMEN MYB. Free radical metabolism in human erythrocytes. Clin Chim Acta, v.390, p.1-11, 2008. CLARKE, A.. Oceanogr. Mar. Biol. Annu. Rev, v.21, p.341–453, 1983. CLARK, A., MURPHY, E.J., MEREDITH, M.P., KING, J.C., PECK, L.S., BARNES, D.K.A., SMITH, R.C. Climate change and the marine ecosystem of the western Antarctic Peninsula. Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences, v. 362, p.149-166, 2007. CLARK, M.S.; PECK, L.S. HSP70 heat shock proteins and environmental stress in Antarctic marine organisms: a mini-review. Marine Genomics, v.2, p.11-18, 2009. CLEMENS, M.R., WALLER, H.D. Lipid peroxidation in erythrocytes. Chem Phys Lipids, v.45, p.251– 68, 1987. COGO AJD, SIQUEIRA AF, RAMOS AC, CRUZ ZMA e SILVA AG. Utilização de enzimas do estresse oxidativo como biomarcadoras de impactos ambientais. Natureza on line, v.7(1), p.37-42, 2009. [on line] http://www.naturezaonline.com.br CROUCH, R.K.; GANDY, S.C.; KIMSEY, G. The inhibition of islet superoxide dismutase by diabetogenic drugs. Diabetes, v.30, p.235-41, 1981. CULLINS, T.L.; DE VRIES, A.L.; TORRES, J.J. Antifreeze proteins in pelagic fishes from Marguerite Bay (Western Antarctica). Deep-Sea Research II, v.58, p. 1690-1694, 2011.

Page 71: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

71

DA SILVA, A.S.E., DE LIMA, J.T.A.X., BLANCO, B.S.. Hematologia em peixes (Revisão Bibliográfica) - Revista Centauro, v.3, n.1, p. 24 - 32, 2012. Versão On-line ISSN 178-7573. DE CARVALHO, ELIANORA GOMES; SEIBERT, CARLA SIMONE; COELHO, MICHELLA SOARES; MARQUES, ELINEIDE EUGEN. Hematological parameters of native fish species of the Tocantins river, Auchenipterus nuchalis, Psectrogaster amazonica and Squaliforma emarginata (Teleostei, Ostariophysi)/Parametros hematologicos de especies nativas do rio Tocantins, Auchenipterus nuchalis, Psectrogaster amazonica e Squaliforma emarginata (Teleostei, Ostariophysi) The Free Library (April, 1), 2009. Disponível em: http://www.thefreelibrary.com/Hematological parameters of native fish species of the Tocantins...-a0230483658. Acesso em: 28/11/2013. DE PEDRO, N.; GUIJARRO, A.I.; LÓPEZ-PATIÑO, M.A; MARTÍNEZ-ÁLVAREZ, R.; DELGADO, M.J. Daily and seasonal variations in hematological and biochemical parameters in the tench, Tinca tinca Linnaeus, 1758. Aquaculture Research, v. 36, n. 12, p. 1185-1196, 2005. DI PRISCO, G.; MARESCA, B.; TOTA, B. Biology of antarctic fish. Spriger-Verlag, Berlin, 1991. DI PRISCO, G. Life style and biochemical adaptation in Antarctic fishes. J. Mar. Sys., v.27, p.253-265, 2000. DI PRISCO, G.; EASTMAN, J. T.; GIORDANO, D.; PARISI, E.; VERDE, C. Biogeography and adaptation of Notothenioid fish: Hemoglobin function and globin–gene evolution. Gene., v.398, p.143–155, 2007. DRÖGE, J.A. Free radicals in the physiological control of cell function. Physiological Reviews, v.82, p. 47-95, 2002. DUTRA, B. K., SANTOS, R. B., BUENO, A A P., OLIVEIRA, G. T. Seasonal variations in the biochemical composition and lipoperoxidation of Hyalella curvispina (Crustacea, Amphipoda). Comparative biochemistry and physiology. Part A, Molecular & integrative physiology, v.151 (3), p. 322, 2008. EASTMAN, J.T. The fossil and modern fish faunas of Antarctica: Evolution and Diversity. In Biology of Antarctic Fish (ed. G. di Prisco, B. Maresca e B. Tota). New York: Springer-Verlag, p. 116-130, 1991.

Page 72: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

72

EASTMAN, J.T. Zoogeographic origins and evolution of the modern fauna. Antarctic Fish Biology. Evolution in a Unique Environment. San Diego, Academic Press, 1993. EASTMAN, J.T. The nature of the diversity of Antarctic fishes. Polar Biology, v.28, p. 93-107, 2005. EASTMAN, J.T., GRANDE, L. Evolution of the Antarctica fish fauna with emphasis on the recent notothenioids. In: CRAME, J.A. Origins and evolution of the Antarctica biota. Geol. Soc. Spec. Publ., v. 47, p. 241-252, 1989. EKAU, W. Morphological Adaptations and Mode of Life in High Antarctic Fish. In: DI PRISCO, G., Maresca, B., Tota, B. Biology of Antarctic Fish. Berlim: Springer- Verlag, p.23-29, 1991. ESTEVEZ, S.M., ABELE, D., PUNTAROLO, S.. Lipid radical generation in polar (Laternula elliptica) and temperate (Mya arenaria) bivalves. Comp. Biochem. Physiol., B 132, 729– 737, 2002. FELÍCIO, R.. Antártida: A geografia do continente gelado e as operações brasileiras. Disponível em: http://confins.revues.org/index122.html. Acesso em: 24/10/2014. FELIP A., CARRILLO M., HERRÁEZ M.P., ZANUY S., BASURCO B., Protocol K - Erythrocyte meas urements [Pratical guide of protocols: methods of verification of the ploidy]. Advances in fish reproduction and their application to broodstock management: a pratical manual for sea bass Zaragoza : CIHEAM / CSIC-IATS. Options Méditerranéennes : Série B. Etudes et Recherches, n. 63, p.71-74, 2009. FENECH, M.; CROTT, J.; TURNER, J.; BROWN, S. Necrosis, apoptosis, cytostasis and DNA damage in human lymphocytes measured simultaneously within the cytokinesis-block micronucleus assay: description of the method and results for hydrogen peroxide. Mutagenesis, v. 14, p. 605-612, 1999. FENECH, M.: The in vitro micronucleus technique, Mutat. Res., v.455, p.81–95, 2000.

Page 73: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

73

FISHBASE. Disponível em: http://www.fishbase.org/summary/Notothenia-rossii.html e http://www.fishbase.org/summary/Notothenia-coriiceps.html. Acesso em 01/08/2014. FISHER, W., HUREAU, J.C. (Eds) FAO Species identification sheets for fishery purposes: Southern Ocean. Food and Agriculture Organization of United Nations. Rome, v. 2, 1985. FOLLER, M., BRAUN, M., QADRI, S.M., LANG, E., MAHMUD, H., LANG, F..Temperature sensitivity of suicidal erythrocyte death. Eur J Clin Invest ,

v.40, p. 534‐540, 2010.

FORERO, A.R. Determinacion de algunos aspectos hematologicos de Oncorhynchus mikiss (Salmoniformes :Salmonidae). Rev. Biol. Trop., v.43,p.283-288,1995. FRANKLIN C.E., DAVISON W., SEEBACHER F., Antarctic fish can compensate for rising temperatures: thermal acclimation of cardiac performance in Pagothenia borchgrevinki. J Exp Biol, v. 210, p. 3068–3074, 2007. FRIDOVlCH I. Superoxide dismutases. Adv. Enzymol., v.41, p.35-97, 1974. FRIEDMAN, J.S. et al. SOD2-deficiency anemia: protein oxidation and altered protein expression reveal targets of damage, stress response, and antioxidant responsiveness. Blood, v.104, p. 2565-2573, 2004. GHOSH R, LOKMAN PM, LAMARE MD, METCALF VJ, BURRITT DJ, DAVISON W, HAGEMAN KJ.: Changes in physiological responses of an Antarctic fish, the emerald rock cod (Trematomus bernacchii), following exposure to polybrominated diphenyl ethers (PBDEs). Aquat Toxicol. Mar., v.15, p.128-129, 2013. GRIM, J.M., MILES, D.R.B., CROCKETT, E.L.: Temperature acclimation alters oxidative capacities and composition of membrane lipids without influencing activities of enzymatic antioxidants or susceptibility to lipid peroxidation in fish muscle. J. Exp. Biol., v. 213, p.445–452, 2010.

Page 74: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

74

GRIM, J.M., HYNDMAN, K.A., KRISKA, T., GIROTTI, A., CROCKETT, E.L.: Relationship between oxidizable fatty acid content and level of antioxidant glutathione peroxidases in marine fishes. J. Exp. Biol., v.214, p.3751–3759, 2011. GRIM, J.M., SIMONIK E. A., SEMONES, M.C., KUHN, D.E., CROCKETT, E.L: The glutathione-dependent system of antioxidant defense is not modulated by temperature acclimation in muscle tissues from striped bass, Morone saxatilis- Comparative Biochemistry and Physiology, Part A, v.164, p. 383–390, 2013. GREENWALT, T.J.. The how and why of exocytic vesicles. Transfusion, v.46, p.143–152, 2006. GRISOLIA, C. K.; RIVERO, C. L. G.; STARLING, F. L. R. M.; SILVA, I. C. R.; BARBOSA, A. C.; DOREA, J. G. Profile of micronucleus frequencies and DNA 67 damage in different species of fish in a eutrophic tropical lake. Genetics and Molecular Biology, v. 32, p. 138-143, 2009. GUIJARRO, A.I.; LOPEZ-PATIÑO, M.A., PINILLOS, M.L. ISORNA, E., DE PEDRO, N., ALONSO-GÓMEZ, A.L., ALONSOBEDATE, M.; DELGADO, M.J. Seasonal changes in haematology and metabolic resources in the tench. Journal of Fish Biology, v. 62, n. 4, p. 803-815, 2003. GUTTERIDGE, JMC. Lipid peroxidation and antioxidants as biomarkers of tissue damage. Clin. Chem., v.41, p.1819–1828, 1995. HAGERMAN, H. M. A. Oxidative Stress. Exercise and Aging, v. 1, p.184, 2006. HALLIWELL, B. AND GUTTERIDGE, J. M. C.: Free Radicals in Biology and Medicine. Oxford: Oxford University Press, 1999. HALLIWELL, B.; GUTTERIDGE, J.M.C. Free radicals in biology and medicine. 3.ed. Oxford University Press, p. 936, 2000. HALLIWELL, B., GUTTERIDGE,J.: Free Radicals in Biology and Medicine. Oxford University Press, Oxford, London, 2007.

Page 75: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

75

HARDING, M. M.; ANDERBERG, P. I.; HAYMET, A. D. J. “Antifreeze” glycoproteins from polar fish. Eur. J. Biochem, v. 270, n.7, p.1381-1392, 2003. HEISE, K., PUNTARULO S., NIKINMAA M., ABELE, D.,. PÖRTNER, HANS-O.: Oxidative stress during stressful heat exposure and recovery in the North Sea eelpout Zoarces viviparus L. The Journal of Experimental Biology, v.209, p.353-363, 2006. HEISE K, ABELE D.. Responde of blood parameters of the Antarctic fish Notothenia coriiceps (Richardson, 1844) to warming and hypoxia. The Potter Cove coastal ecosystem, Antarctica. Synopsis of reasearcj performes 1999-2006 at the Dallmann Laboratory and Jubany Station, King George Island (Isla 25 de Mayo). Wiencke C, Ferreyra G, Abele D, Marenssi S (Eds.) Berichte zur Polarforschu, 2008. Disponível em: hdl:10013/epic.30247. HELLMER, H.H., KAUKER, F., TIMMERMANN, R., DETERMANN, J., RAE, J.. Twenty-first-century warming of a large Antarctic ice-shelf cavity by a redirected coastal current. Nature, v. 485, p. 225–228, 2012. HERMES-LIMA, M. Oxygen in biology and biochemistry: role of free radicals. In: STOREY, K.B. (ed.) Functional metabolism: regulation and adaptation. New York, John Wiley e Sons, Inc., p. 319-368, 2004. HOLETON G. F.. Oxygen uptake and circulation by a haemoglobinless antarctic fish compared with three redblooded antarctic fish. Comp. Biochem. Physiol., v.34, p.457- 465, 1970. HUA-TAO LI, LIN FENGA, WEI-DAN JIANGA, YANG LIUA, JUN JIANGA, SHU-HONG LI, XIAO-QIU ZHOUA,: Oxidative stress parameters and anti-apoptotic response to hydroxyl radicals in fish erythrocytes: Protective effects of glutamine, alanine, citrulline and proline. Aquatic Toxicology, v.126, p. 169– 179, 2013. HUREAU, J.C. Biologie comparée de quelques poissons antarctiques (Nototheniidae), Bull. Inst. Océanogr., Monaco, v. 68, p. 1-244, 1970. HUBOLD, G. Ecology of notothenioid fish in the Weddell Sea. In: (Ed.). Biology of Antarctic fishes. Springer-Verlag, New York, p.3-22. 1991. HUDSON HA, BRAURER PR, SCOWELD MA, PETZEL DH.: Effects of warm acclimation on serum osmolality, cortisol and hematocrit levels in the Antarctic fish Trematomus bernacchii. Polar Biol., v.31, p. 991-997. 2008.

Page 76: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

76

HOUSTON, A. H. and MURADA, A.: Hematological characterization of goldfish, Carassius auratus L., by image analysis: effects of thermal acclimation and heat shock. Can. J. Zool., v.69, p. 2041-2047, 1991. HOUSTON, A.H., MURRAD, A.: Erythrodynamics in goldfish, Carassius auratus L.: temperature effects. Physiology Zoology, v.65 (1), p.55– 76, 1992. IMAI, H., NAKAGAWA, Y.:Biological Significance of phospholipid hydroperoxide glutathione peroxidase (PHGPx, GPx4) in mammalian cells. Free Radic. Biol. Med., v. 34, p.145–169, 2002. JAYASUNDARA, N.; HEALY, T.M.; SOMERO, G.N. Effects of temperature acclimation on cardiorespiratory performance of the Antarctic notothenioid Trematomus bernacchii. Polar Biology, v. 36, p. 1047-1057, 2013. JIN, Y., DEVRIES, A. L. Antifreeze glycoprotein levels in Antarctic notothenioid fishes inhabiting different thermal environments and the effect of warm acclimation. Comparative Biochemistry and Physiology - B Biochemistry and Molecular Biology, v. 144, n. 3, p. 290-300. 2006. JOHNSTON, I.A., CLARKE, A., WARD, P. Temperature and metabolic rate in sedentary fish from the Antartic, North Sea and Indo-West Pacific Ocean. Mar Bio., Berlin, v. 191, p. 191-195, 1991. JOS, Á., PICHARDO, S., PRIETO, A.I., REPETTO, G., VÁZQUEZ, C.M., MORENO, I., CAMEÁN, A.M..: Toxic cyanobacterial cells containing microcystins induce oxidative stress in exposed tilapia fish (Oreochromis sp.) under laboratory conditions. Aquatic Toxicology, v.72, p. 261–271, 2005. KAWALL H.G., SOMERO G.N.. Temperature compensation of enzymatic activities in brain of Antarctic fishes: evidence for metabolic cold adaptation. Antarctic Journal of United States, v. 1996, p. 115-117, 1996. KAWALL H.G.. Metabolic responses of Antarctic organisms: responses to the ice-edge bloom and cold adaptation. Tese de doutorado em “Marine Science”. Department of Marine Science. College of Arts and Science. University of South Florida, p. 101, 1998.

Page 77: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

77

KARNOVSKY, M. J. A formaldehyde-glutaraldehyde fixative of high osmolality for use in electron microscopy. J Cell. Biol., v. 27, p.137-138, 1965 KEEN, J.H.; HABIG, W.H.; JAKOBY, W.B. Mechanism for several activities of the gluthatione Stransferases. J. Biol. Chem., v.251, p.6183–6188, 1976. KEN, C.F., WENG, D.F., DUAN, K.J., LIN, C.T.: Characterization of copper/ zinc-superoxide dismutase from Pagrus major cDNA and enzyme stability. J. Agric. Food Chem., v. 50, p. 784–789, 2002. KING, J.C.. Recent climate variability in the vicinity of the Antarctic Peninsula. Int. J. Climatol., v. 14, p. 357-369, 1994. KING, J.C.; HARANGOZO, S.A. Climate change in the western Antarctic Peninsula since 1945: observations and possible causes. Annals of Glaciology. 27: 571-575.1998. KELLER, M., SOMMER, A.M., PORTNER, H.O., ABELE, D.: Seasonality of energetic functioning and production of reactive oxygen species by lugworm (Arenicola marina) mitochondria exposed to acute temperature changes. J. Exp. Biol., v. 207, p. 2529–2538, 2004. KNOX, G. A. The biology of the Southern Ocean. Cambridge University Press, p.444, 1994. LACKNER, R. “Oxidative stress” in fish by environmental pollutants. In: BRAUNBECK, T, HINTON, D.E., STREIT, B; Fish Ecotoxicology. Birkhauser Verl., Basel, pp.203-224. 1998. LANNIG, G., STORCH, D., PÖRTNER, H-O.. Aerobic mitochondrial capacities in Antarctic and temperate eelpout (Zoarcidae) subjected to warm versus cold acclimation. Polar Biolol, v. 28, p. 575-584, 2005. LAU, A.H.; KNAKIEVICZ, T.; PRÁ, D.; ERDTMANN, B. FRESHWATER PLANARIANS AS NOVEL ORGANISMS FOR GENOTOXICITY TESTING: Analysis of chromosome aberrations. Environmental and Molecular Mutagenesis, v. 48, p. 475-482, 2007.

Page 78: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

78

LEGGATT, R.A., BRAUNER, C.J., SCHULTE, P.M., IWAMA, G.K.: Effects of acclimation and incubation temperature on the glutathione antioxidant system in killifish and RTH-149 cells. Comp. Biochem. Physiol. A, v.146, p.322–328, 2007. LEHNINGER, A.L.; NELSON, D.L.; COX, M.M. Princípios de Bioquímica, 4a. Edição, Editora Sarvier, 2007. LESSER, M.P. Oxidative stress in marine environments: biochemistry and physiological ecology. Annu. Rev. Physiol., v.68, p. 253–278, 2006. LI, S.-D., SU, Y.-D., LI, M. AND ZOU, CH.-G.: Hemin-mediated hemolisis in erythrocytes: effects of ascorbic acid and glutathione. Acta Biochem. Biophys. Sinica., v. 38(1), p. 63-69, 2006. LI Z.H., ZLABEK V., GRABIC R., LI P., RANDAK T.: Modulation of glutathione-related antioxidant defense system of fish chronically treated by the fungicide propiconazole. Comparative Biochemistry and Physiology C, v. 152, p. 392–398, 2010. LIMA, ÉMERSON SILVA; ABDALLA, DULCINEIA SAES PARRA. Peroxidação lipídica: mecanismos e avaliação em amostras biológicas. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v. 37, n. 3, p. 293-303, 2001. LOWE, C. J.; DAVISON, W. Plasma osmolarity, glucose concentration and erythrocyte responses of two Antarctic nototheniid fishes to acute and chronic thermal change. Journal of Fish Biology, v. 67, n. 3, p. 752-766, 2005. LUFT, J. A. Improvements in an epoxy resin embedding methods. Journal of Biophysics, Biochemistry and Cytology, v. 9, p. 409-414, 1961. LUSHCHAK, V.I., BAGNYUJOVA, T.: Temperature increase results in oxidative stress in goldfish tissues. I. Indices of oxidative stress. Comp. Biochem. Physiol. C, v.143, p.30–35, 2006. MACDONALD J.A, MONTGOMERY J.C, WELLS R.M.G Comparative physiology of Antarctic fishes. Adv Mar Biol, v. 24, p. 321-388, 1987.

Page 79: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

79

MADEIRA, D., NARCISO, L.S, CABRAL, H.N., VINAGRE, C., DINIZ, M.S.: Influence of temperature in thermal and oxidative stress responses in estuarine fish. Comparative Biochemistry and Physiology, Part A, v.166, p. 237–243, 2013. MARIANO, W.S.; OBA, E.T.; SANTOS, L.R.B.; FERNANDES, M.N. Respostas fisiologicas de jeju, Hoplerythrinus unitaeniatus (Characiformes, Erythrinidae) expostos ao ar atmosferico. Rev. Bras. Saúde Prod. An., v. 10 (1), p. 210-223, 2009. MARTÍNEZ-ÁLVAREZ, R., MORALES, A., SANZ, A.: Antioxidant defences in fish: biotic and abiotic factors. Rev. Fish Biol. Fish., v.15, p.75–88, 2005. MONTEIRO, D.A.; ALMEIDA, J.A.; RANTIN, F.T.; KALININ, A.L. Oxidative stress biomarkers in the freshwater characid fish, Brycon cephalus, exposed to organophosphorus insecticide Folisuper 600 (methyl parathion).Comp Biochem Physiol Part C, v. 143, p. 141-149, 2006. MONTGOMERY, J.; CLEMENTS, K. Disaptation and recovery in the evolution of Antarctic fishes. Trends in Ecology and Evolution, v. 15, n. 7, p. 267-271, 2000. MOORE, T., SOROKULOVA, I., PUSTOVYY, O., GLOBA, L., VODYANOY, V.. Microscopic evaluation of vesicles shed by rat erythrocytes at elevated temperatures, Journal of Thermal Biology. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.jtherbio. Acesso em: 01/08/2013. MORGAN, B., EZERIŅA, D., AMOAKO T. N E., RIEMER, J., SEEDORF, M. e DICK, T.P.: Multiple glutathione disulfide removal pathways mediate cytosolic redox homeostasis. Nature America, Inc. All rights reserved doi:10.1038/nchembio.1142, 2012. MUELLER, I.A., DEVOR, D.P., GRIM, J.M., BEERS, J.M., CROCKETT, E.L., O'BRIEN, .M.,:Exposure to critical thermal maxima causes oxidative stress in hearts of white- but not red-blooded Antarctic notothenioid fishes. J. Exp. Biol., v. 215, p. 3655–3664, 2012. MURANLI, F.D.G., GUNER, U.: Induction of micronuclei and nuclear abnormalities in erythrocytes of mosquito fish (Gambusia affinis) following exposure to the pyrethroid insecticide lambda-cyhalothrin. Mutation Research, v. 726, p. 104– 108, 2011.

Page 80: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

80

NAGASAKA, R.; OKAMOTO, N.; USHIO, H. Partial oxidative-stress perturbs membrane permeability and fluidity of fish nucleated red blood cells. Comparative Biochemistry and Physiology, v. 139, p. 259-266, 2004.

NEAR, T. J. & CHENG, C.H.C. Phylogenetics of notothenioid fishes (Teleostei: Acanthomorpha): Inferences from mitochondrial and nuclear gene sequences. Molecular Phylogenetics and Evolution, v.47, p. 832–840, 2008. NORMANN, C.A.B.M; Correa, L., PINTO, M. S.: Dano Ambiental em trecho do Rio dos Sinos – Relatório- 2010. OLIVEIRA-RIBEIRO, C.A., FILIPACK NETO, F., MELA, M., SILVA, P.H., RANDI, M.A.F., COSTA, J.R.A., PELLETIER, E.: Hematological findings in neotropical fish Hoplias malabaricus exposed to subchronic and dietary doses of methylmercury, inorganic lead and tributyltin chloride. Environ. Res., v.101, p. 74–80, 2006. ORUÇ, E. Ö, SEVGILER, Y., ÜNER, N. Tissue-specific oxidative stress responses in fish exposed to 2,4-D and azinphosmethyl. Comp Biochem Physiol Part C, v.137,p. 43-51, 2004. OSMAN, A.G.M., HARABAWY, A.: Hematotoxic and genotoxic potential of ultrtaviolet A radiation on the African cat fish Clarias gariepinus (Burchell, 1822). Journal of Fisheries International, v. 5, p.44–53, 2010. OSMAN, A.G.M., ABD EL REHEEM, A.M., MOUSTAFA, M.A., MAHMOUD, U.M., ABUEL-FADL, K.Y., KLOAS, W.:In situ evaluation of the genotoxic potential of the river Nile: I. Micronucleus and nuclear lesions tests of erythrocytes of Oreochromis niloticus niloticus (Linnaeus, 1758) and Clarias gariepinus (Burchell, 1822). Toxicological and Environmental Chemistry, v. 93, p.1002–1017, 2011. PARIHAR, M.S., DUBEY, A.K.: Lipid peroxidation and ascorbic acid status in respiratory organs of male and female freshwater catfish Heteropneustes fossilis exposed to temperature increase. Comp. Biochem. Physiol. C., v.112, p.309–313, 1995. PARIHAR, M. S., TARANGINI, J., HEMNANI, T., DUBEY A. K and PRAKASH, P.. Responses of superoxide dismutase, glutathione peroxidase and reduced glutathione antioxidant defenses in gills of the freshwater catfish

Page 81: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

81

(heteropneustes fossills) to short-term elevated temperature - J. rhcrm. Eiol., v.22, n. 2, p. 151-156, 1997. PARK H, AHN IY, PARK KI,: Hyun S. Response of antioxidant defence system to thermal stress in the Antarctic clam Laternula elliptica. Antarctic Sci, v. 20(6), p. 521-526, 2008. PERMITIN, Y. Y., TARVERDIYEVA, M. I. The feeding of fish of the family Nototheniidae and Chaenichthyidae of the South Orkneys. Biol. Morya (Vladivost), Vlaadivostok, v. 2, p. 75-81, 1978. PIMPÃO, C.T. Avaliação da estimulação de LPS na migração celular em Rhamdia quelen expostos à deltametrina. Rev. Acad., Curitiba, v.3, n.4, p. 11-17, out/dez. 2005. PODRABSKI JE, SOMERO GN: Inducible heat tolerance in Antarctic notothenioid fishes. Polar Biol., v.30, p.39-43, 2006. PÖRTNER H.O.: Climate variations and the physiological basis of temperature dependent biogeography: systemic to molecular hierarchy of thermal tolerance in animals. Comp Biochem Physiol., v.132A, p.739-761, 2002. PORTNER, H. O., MARK, F. C. e BOCK, C.: Oxygen limited thermal tolerance in fish? Answers obtained by nuclear magnetic resonance techniques. Resp. Physiol. Neurobiol., v.141, p.243–260, 2004. QIANG, J., YANG H., WANG, H., KPUNDEH, M.D., PAO XU, P.: Interacting effects of water temperature and dietary protein level on hematological parameters in Nile tilapia juveniles, Oreochromis niloticus (L.) and mortality under Streptococcus iniae infection. Fish & Shellfish Immunology, v.34, p. 8-16, 2013. QUAYALE, W.C., PECK, L.S., ELLIS-EVANS, C.J., PEAT, H.J., HARRIGAN, P.R..Extreme responses to climate change in Antarctic lakes. Science, v. 295, p. 645, 2002. QUAYALE, W.C., CONVEY, P., PECK, L.S., ELLIS-EVANS, C.J., BUTLER, H.G., PEAT, H.G.. Ecological responses of maritime Antarctic lakes to regional climate change. Antarct. Res. Ser, v. 76, p.335–347, 2003.

Page 82: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

82

RAMBHASKAR, B.; SRINIVASA-RAO, K. Comparative haematological of ten species of marine fish from Visakhapatnam coast. J. Fish Biol, v.30, p. 59-66, 1987.

REGOLI F., NIGRO M., BENEDETTI M., FATTORINI D., GORBI S. Antioxidant efficiency in early life stages of the Antarctic silverfish, Pleuragramma antarcticum: Responsiveness to pro-oxidant conditions of platelet ice and chemical exposure. Aquatic Toxicology, v.75, p.43–52, 2005. REINOLDS, E.S. The use of lead citrate at high pH as an electron-opaque stain in electron microscopy. Journal of Cell Biology, v. 17, p. 208-212, 1963. RENWICK, J.A.. Southern Hemisphere Circulation and Relations with Sea Ice and Sea Surface Temperature. J. Climate, v.15, p. 3058-3068, 2002. RIOS, F. S. . HEMATOLOGIA. In: CIRO ALBERTO DE OLIVEIRA RIBEIRO; HERCULANO S. REIS FILHO; SONIA R. GROTZNER. (Org.). Técnicas e métodos para utilização prática de microcopia. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2010. RIVKIN, R. B., PUTT, M. Diel periodicity of photosystensis in polar phytoplankton: influence on primary production. Science (Washington DC), v.238, p. 1285 -1288. 1987. ROCHE, H., BOGE´, G.,. Effects of Cu, Zn and Cr salts on antioxidant enzyme activities in vitro of red blood cells of a marine fish Dicentrarchus labrax. Toxicol. In Vitro, v. 7, p.623-629, 1993. ROSS, N., BINGHAM, R.G,, CORR, H.F.J., FERRACCIOLI, F., JORDAN, T.A., BROCQ, A.L., RIPPIN, D.M., YOUNG, D., BLANKENSHIP, D.D., SIEGERT, M.J..Steep reverse bed slope at the grounding line of the Weddell Sea sector in West Antarctica. Nature Geoscience, v.5, p. 393–396, 2012. RUDNEVA, IRINA I., KUZMINOVA, NATALYA S., SKURATOVSKAYA, EKATERINA N.: Glutathione-S-Transferase Activity in Tissues of Black Sea Fish Species Asian. J. Exp. Biol. SCI., v.1 (1), p.141-150, 2010.

Page 83: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

83

SANTOVITO G., CASSINI A., PICCINNI, E.: Cu,Zn superoxide dismutase from Trematomus bernacchii: Functional conservation and erratic molecular evolution in Antarctic teleosts - Comparative Biochemistry and Physiology C, v.143, p. 444–454, 2006. SAYEED, I.; PARVEZ, S.; PANDEY, S.; BIN-HAFEEZ, B.; HANQUE, R.; RAISUDDIN, S. Oxidative stress biomarkers of exposure to deltamethrin in freshwater fish, Channa punctatus Bloch. Ecotox. Env. Saf, v.56, p. 295-301, 2003. SEEBACHER F, DAVISON W, LOWE CJ, FRANKLIN CE.: A falsification of the thermal specialization paradigm: compensation for elevated temperatures in Antarctic fishes. Biol Lett, v. 1(2), p.151-154, 2005. SERRANO-GARCIA,L., MONTERO-MONTAYA, R.: Micronuclei and chromatid buds are the result of related genotoxic events, Environ. Mol. Mutagen, v. 38, p.38–45, 2001. SIDELL, B. D. Life at Body Temperatures below 0ºC: The Physiology and Biochemistry of Antarctic Fishes. Gravitational and Space Biology Bulletin, v.13(2), 2000. SEDLAK, J. e LINDSAY, R.H. Estimation of total protein bound and nonprotein sulphydril groups in tissues with Ellman’s reagent. Analytical Biochemistry, v.25, p.192-205, 1968. SIES, H.; KOCH, O.R.; MARTINO, E.; BOVERIS, A. Increased biliary glutathione disulfide release in chronically ethanol-treated rats. FEBS Letters, v.103, p.287-290, 1979. SIMÕES, J.C.; ARIGONY-NETO, J.; BREMER, U.F. O uso de mapas antárticos em publicações. Pesquisa Antártica Brasileira, v.4, p.191-197, 2004. SOMERO GN, DEVRIES AL.: Temperature tolerance of some Antarctic fishes. Science, v.156 (772), p. 257, 1967. SOMERO G.N., FIELDS P.A., HOFMANN G.E., WEINSTEIN R.B., KAWALL H.. Cold adaptation and stenothermy in Antarctic Notothenioids fishes: what has

Page 84: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

84

been gained and what has been lost? Fishes of Antarctica- A Biological Overview. Springer -Verlag, Milano, p. 363, 1998. SOMERO, G. N. Adaptation of enzymes to temperature: searching for basic "strategies". Comparative Biochemistry and Physiology Part B: Biochemistry and Molecular Biology, v. 139, n. 3, p. 321-333, 2004. SOUZA, T. S.; FONTANETTI, C. S.: Micronucleus test and observation of nuclear alterations in erythrocytes of Nile tilapia exposed to waters affected by refinery effluent. Mutatation Research, v.605, p.87–93, 2006. STRUNJAK-PEROVIC, I., POPOVIC, N.T., COZ-RAKOVAC, R., JADAN, M.: Nuclear abnormalities of marine fish erythrocytes. Journal of Fish Biology, v.74, p. 2239–2249, 2009. STADTMAN, E.R.; LEVINE, R.L. Protein oxidation. Ann NY Acad Sci, v.899, p. 191–208, 2000. STEGEMAN, J.J; BROUWER, M.; DI GIULIO, R.T.; FÖRLIN, L.; FOWLER, B.A.; SANDERS, B.M.; VAN VELD, P.A. Molecular responses to environmental contamination: enzyme and protein systems as indicators of chemical exposure and effect. In: HUGGET, R.J.; KIMERLE, R.A.; MEHRLE JR, P.M.; BERGMAN, H.L. (eds.) Biomarkers. Biochemical, physiological, and histological markers of anthropogenic stress. Boca Raton, Lewis Publishers, p. 235-335, 1992. TANDON, R.S.; JOSHI, B.D. Total red and white blood cell count of 33 species of fresh water teleosts. Z. Tierphysiol. Tierernahrg. Futtermittelkde, v.37, p. 293-297, 1976. TARVERDYIEVA, M.I. Daily food consumption and feeding pattern of the South Georgian cod (Notothenia rossii marmorata) and the Patagonian toothfish (Dissostichus eleginoides) in the South Georgia area. J. Ichthyol., Bethesda, v. 12, n.4, p. 684-692, 1972. TAVARES-DIAS, M.; MORAES, F. R. Hematologia de peixes teleósteos. Ribeirão Preto. Villimpress, p.144, 2004.

Page 85: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

85

TAYLOR, R.C., CULLEN, S.P., MARTIN, S.J.: Apoptosis: controlled demolition at the cellular level. Nature Reviews Molecular Cell Biology, v. 9, p. 231–241, 2008. TALYKINA MG, PAPOULIAS DM, ALLERT JA, IZYUOV YU, VILLALOBOS SA, GIESY JP, TILLITT DE: The effect of polychlorinated naphthalenes and tributyltin on the occurrence of aberrant nuclei in erythroid cells of medaka. Environ. Sciences, v.10(6), p. 337–348, 2003. TIANO, L., BALLARINI, P., SANTONI, G., WOZNIAK, M., FALCIONI, G.. Morphological and functional changes of mitochondria from density separated trout erythrocytes. Biochim. Biophys. Acta , v.1457, p.118–128, 2000. TIANO, L., FEDELIA, D., SANTONIB, G., DAVIESC, I., WAKABAYASHID, T., FALCIONIA, G..Ebselen prevents mitochondrial ageing due to oxidative stress: in vitro study of fish erythrocytes. Mitochondrion, v. 2, p. 428–436, 2003. THORNE MAS, BURNS G, FRASER KPP, HILLYARD G, CLARK MS. Transcription profiling of acute temperature stress in the Antarctic plunderfish Harpagifer antarcticus. Mar Genomics, v. 3(1), p. 35-44, 2010. TURNER, J.; COLWELL, S.R; MARSHALL, G.J.; LACHALAN-COPE, T.A.; CARLETON, A.M.; JONES, P.D.; LAGUN, V.; REID, P.A.; IAGOVIKINA, S. Antarctic climate change during the last 50 years. International Journal of Climatology, v. 25, p. 279-294, 2005. TURNER, J.; OVERLAND, J.E.; WALSH, J.E. An Artic and Antarctic perspective on recent climate change. International Journal of Climatology, v. 27, p. 277-293, 2007. UCHIYAMA, M., & MIHARA, M.. Determination of malondialdehyde precursor in tissue by thiobarbituric acid method. Analytical Biochemistry, v. 86, p.271–278, 1978. VALENZUELA, A.; ALVEAL, K.; TARIFÑO, E. Respuestas hematologicas de truchas (oncorhynchus mykiss walbaum 1792) a estrés hipoxico agudo: serie roja. 2002. Proceeding of the IV Symposium-Workshop of Chilean Association of Ichthyology. Gayana, v. 66, n. 2, p. 255-261, 2002.

Page 86: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

86

VINAGRE, C., MADEIRA, D., NARCISO, L.S, CABRAL, H.N., DINIZ, M.S.: Effect of temperature on oxidative stress in fish: Lipid peroxidation and catalase activity in the muscle of juvenile seabass, Dicentrarchus labrax. Ecol. Indic., v.23, p. 274–279, 2012. VAN DER OOST, R., BEYER, J., VERMEULEN, N.P.E.: Fish bioaccumulation and biomarkers risk assessment: a review. Environmental Toxicology and Pharmacology, v. 13, p.57-149, 2003. VASCONCELOS, R.P., REIS-SANTOS, P., FONSECA, V., MAIA, A., RUANO, M., FRANÇA, S.,VINAGRE, C., COSTA, M.J., CABRAL, H.: Assessing anthropogenic pressures on estuarine fish nurseries along the Portuguese coast: a multi-metric index and conceptual approach. Science of the Total Environment, v. 374, p.199-215, 2007. ZHANG X., YANG F., ZHANG X., XU Y., LIAO T., SONG S., WANG H.: Induction of hepatic enzymes and oxidative stress in Chinese rare minnow (Gobiocypris rarus) exposed to waterborne hexabromocyclododecane (HBCDD). Aquatic Toxicology, v. 86, p. 4–11, 2008. WATSON, M. L. Staining of tissue sections for electron microscopy with heavy metals. Journal of Biophysics, Biochemestry and Cytology, v. 4, p. 75-478, 1958. WDZIECZAK, J., ZALENA, G., BARTKOWIAK, A., WITAS H., and LEYKO, W.; Comparative studies on superoxide dismutase, catalase and peroxidase levels in erythrocytes of different fish species. Comp. Biochem. Physiol., v.68B, 1981. WEDEMEYER, G.A., BARTON, B.A., MCLEAY, D.J.. Stress and acclimation. In Schreck, C.B., Moyle, P.B. (eds.), Methods for fish biology. American Fisheries Society, Bethesda, Maryland, p. 451–489, 1990. WEINSTEIN RB, SOMERO GN. .Effects of temperature on mitochondrial function in the Antarctic fish Trematomus bernacchii. Comp Physiol B, v.168, p. 190-196, 1998. WELLS, R.M.G.; BALDWINS, J.; SEYMOUR, R.S.; CHRISTIAN, K.; BRITTAIN, T. Red blood cell function and haematology in two tropical freshwater fishes from Australia. Comparative Physiology and Biochemistry, v. 141, p. 87-93, 2005.

Page 87: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

87

WENDEL, A. Glutathione peroxidase. Methods Enzymol, v.77, p.325-333, 1981. WINDISCH, S.H., KATHÖVER, R., PÖRTNER, H-O., Frickenhaus, S., Lucassen, M.. Thermal acclimation in Antarctic fish: Transcriptomic profiling of metabolic pathways. Am. J. Physiol. Regul. Integr. Comp. Physiol, v.301, p.1453-1466, 2011. WINSTON, G.W., LIVINGSTONE, D.R., LIPS, F.: Oxygen reduction metabolism by the digestive gland of the common marine mussel, Mytilus edulis L. J. Exp. Zool., v. 255, p.296–308, 1990. WINSTON, G.W., GIULIOZ, R.T.D.;Prooxidant and Antioxidant in aquatic organisms. Aquatic Toxicology, v.19, p.137–161,1991. WONG, S.K., ZHANG, X.H., WOO, N.Y.S.. Vibrio alginolyticus thermolabile hemolysin (TLH) induces apoptosis, membrane vesiculation and necrosis in sea bream erythrocytes.- Aquaculture, v.330–333, p. 29–36, 2012.

Page 88: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

88

ANEXOS

Anexo 1........................................................................................................... 89

Anexo 2........................................................................................................... 94

Page 89: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

89

Anexo 1 – Processamento Enzimático

1.1 Superóxido dismutase (SOD) (CROUCH et al., 1981)

MEIO DE REAÇÃO 1. Solução de NBT (7,5 ml) Preparar solução de EDTA 1,0 mM (10 ml) - dissolver 0,0037 g de EDTA sal dissódico (MM = 372,24 g.mol-1) em 10 ml de água desionizada. Em outro recipiente, adicionar 375 μl da solução de EDTA a 1,0 mM em 7,125 ml de água desionizada e dissolver 0,0018 g de NBT (MM = 817.64 g.mol-1; [NBT] final na microplaca = 100 μM) nesta solução de EDTA ([final] = 0,05 mM. 2. Solução de hidroxilamina (12 ml) Dissolver 0,0615 g de cloreto de hidroxilamina (MM = 69.49 g.mol-1) em 12 ml de tampão carbonato de sódio a 182 mM, pH 10,2 ([hidroxilamina] final na microplaca = 36,85 mM) MONTAR A PLACA - Pipetar em triplicata 30 μl do sobrenadante da amostra; - Pipetar branco - 30 μl de etanol a 25% em PBS (branco, em triplicata) em microplaca de 96 poços; - Pipetar 70 μl da amostra de solução de NBT - Pipetar 100 μl de solução de hidroxilamina para iniciar a reação - Leitura em: 560 nm (tempo zero) e após 4 h de incubação. Proteger da luz durante a incubação. PARA CÁLCULO DA ATIVIDADE: [(ABS/h do branco / ABS/h da amostra) -1] x 20/3. Os resultados serão expressos em: Unidades x mg proteina-1 (1 unidade de SOD equivale a atividade capaz de inibir a redução do NBT em 50%). REAGENTES: - PBS, pH 7,2; Água desionizada;Tampão carbonato de sódio (182 mM, pH 10,2); Solução de EDTA (0,05 mM); etanol; Azul de nitrotetrazólio (NBT); Cloreto ou sulfato de hidroxilamina;30 μl de amostra tratada com etanol e clorofómio;

Page 90: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

90

1.2 Catalase (CAT) (baseado em AEBI, 1984)

MEIO DE REAÇÃO (50 ml) - 2,5 ml de Tampão Tris-HCl 1,0 M, EDTA 5,0 mM, pH 8,0 (pode ser estocado) 47,32 ml de água desionizada -180 μl de H2O2 (30%, d=1,1 g.ml-1, MM = 34 g.mol-1; concentração final no ensaio = 30 mM) CUBETA: – Pipetar 990 μl de meio de reação em cubeta de quartzo; - Pipetar 10 μl da amostra – Misturar por inversão – Leitura em 240 nm (tempo total = 60 s, intervalos = 1 s) em espectrofotômetro de cubeta. PARA CÁLCULO DA ATIVIDADE: Selecionar o primeiro intervalo de 30 s cujo r2 > 0,99 e calcular delta ABS no intervalo de 1 min ((ABS inicial – ABS final) x2). REAGENTES: - Peróxido de hidrogênio; Água ultrapura;Tampão Tris-EDTA; PBS, pH 7,2; - Utilizar cubeta de quartzo. - 10 μl da amostra

Page 91: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

91

1.3 Glutationa S-Transferase (GST) (KEEN et al., 1976 modificado)

MEIO DE REAÇÃO (20 ml) - 0,0093 g de GSH ([GSH] final = 1,5 mM) - 0,0122 g de CDNB ([CDNB] final = 2 mM; diluir inicialmente em 1 ml de etanol PA)19 ml de tampão fosfato de potássio (0,1 M, pH 6,5) MONTAR A PLACA – Branco: 20 μl de tampão fosfato de potássio; - 20 μl da amostra em microplaca de 96 poços (em triplicata) - 180 μl de meio de reação (com micropipeta multicanal) Leitura em: 340 nm (tempo total = 300 s, intervalos = 20-50 s) PARA CÁLCULO DA ATIVIDADE: Para calcular a atividade da GST empregar a fórmula: (ΔABS/min x 10)/5,76. Os resultados serão expressos em: μmoles de tioéter formado x min-1 x mg de proteína-1.

REAGENTES: - Tampão fosfato de potássio 0,1 M, pH 6,5; PBS, pH 7,2; Glutationa (GSH); 1-cloro-2,4-dinitrobenzeno (CDNB);

Page 92: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

92

1. 4 Glutationa Peroxidase (GPx)

MEIO DE REAÇÃO (para 100 poços) - 0,0027 g de azida sódica (MM = 65,01 g.mol-1; [azida] final na microplaca = 2 mM) - 0,0035 g de NADPH (MM = 833,4 g.mol-1; [NADPH] final na microplaca = 0,2 mM) - 0,0127 g de GSH (MM = 307,32 g.mol-1; [GSH] final na microplaca = 2 mM) - 45 μl de glutationa redutase (GR, 2,7 mg prot.ml-1, 168 U.mg prot-1; [GR] final na microplaca = 1 U.ml-1) - 14,45 ml de tampão fosfato de sódio (0,1 M, pH 7,0).

SOLUÇÃO DE PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO (10 ml)

Preparar uma solução contendo 26 μl de H2O2 (~30%, d=1,1 g.ml-1, MM = 34

g.mol-1) em 10 ml de tampão fosfato de sódio (0,1 M, pH 7,0). Então, pipetar 1

ml desta solução + 9 ml de tampão fosfato de sódio (0,1 M, pH 7,0) ([H2O2]

final na microplaca = 0,5 mM).

MONTAR A PLACA: - 20 μl do sobrenadante da amostra (em triplicata) em microplaca de 96 poços - Branco: 20 μl de PBS; - 140 μl de meio de reação 1 (com micropipeta multicanal) e aguardar 2 min –40 μl de solução com peróxido de hidrogênio (com micropipeta multicanal) - Leitura em: 340 nm (tempo total = 180 s, intervalos = 10-20 s);

CÁLCULO DA ATIVIDADE;

Para calcular a atividade da GPx empregar a fórmula: (ΔABS/min x 10)/3,732.

Os resultados serão expressos em: μmoles de NADPH oxidado x min-1 x mg

de proteína-1.

REAGENTES: - Tampão fosfato de sódio (0,1 M, pH 7,0); Solução de H2O2 (5 mM); PBS, pH 7,2; Glutationa reduzida (GSH); Nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato reduzido (NADPH); Glutationa redutase (GR).

Page 93: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

93

1.5 Glutationa Redutase (GR) (SIES et al., 1979)

MEIO DE REAÇÃO (16 ml) - 0,0089 g de NADPH (MM = 833,4 g.mol-1; [NADPH] final na microplaca = 0,5 mM) - 0,0653 g de GSSG (MM = 612,63 g.mol-1; [GSSG] final na microplaca = 5,0 mM) - 16 ml de tampão fosfato de potássio 0,1 M, EDTA 5,0 mM, pH 7,6

MONTAR A PLACA: - 50 μl do sobrenadante da amostra (em triplicata) em microplaca de 96 poços - 50 μl de PBS (branco, em triplicata) em microplaca de 96 poços - 150 μl de meio de reação (com micropipeta multicanal) 7 - Leitura em 340 nm (tempo total = 10 min, intervalos = 40 s)

CÁLCULO DA ATIVIDADE

Para calcular a atividade da GPx empregar a fórmula: (ΔABS/min x 3)/14,928.

Os resultados serão expressos em: μmoles de NADPH oxidado x min-1 x mg

de proteína-1.

REAGENTES: - Tampão fosfato de potássio 0,1 M, EDTA 5,0 mM, pH 7,6; PBS, pH 7,2; Glutationa dissulfeto (GSS); Nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato reduzido (NADPH);

Page 94: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

94

ANEXO 2 – Processamento – Defesa antioxidante

2.1 Glutationa Reduzida (GSH) e outros tióis (baseado em SEDLAK e

LINDSAY, 1968)

Soluções: 1. Solução de ácido tricloroacético a 50% (10 ml) Dissolver 5 g de ácido tricloroacético em 10 ml de água desionizada 2. Solução de DTNB (8 ml) Dissolver 0,0079 g de ácido 5,5'-ditiobis-2-nitrobenzóico (DTNB, MM=396,3 g.mol-1) em 500 μl de metanol PA. Então, adicionar 7,5 ml de tampão Tris-base a 0,4 M, pH 8,9 ([DTNB] = 2,5 mM). 3. Curva-padrão de GSH (fazer uma curva para cada análise realizada) Dissolver 0,0012 g GSH (MM = 307,32 g.mol-1) em 976 μl de tampão tris-base a 0,4 M, pH 8,9 ([GSH] = 4 mM). PREPARAR AMOSTRA: - Adicionar 50 μl da solução de ácido tricloroacético a 50% aos 200 μl do sobrenadante ainda congelado do tecido ([proteínas] > 5 mg.ml-1). - Branco: 50 μl da solução de ácido tricloroacético a 50% em 200 μl de PBS - Misturar bem - Centrifugar a 5000 g por 10 min e 4 °C MONTAR PLACA: – Pipetar 50 μl do branco; – Pipetar 50 μl da curva-padrão; – Pipetar 50 μl do sobrenadante das amostras; – 230 μl do tampão Tris-base 0,4 M, pH 8,9 – em todos os poços; – Adicionar em todos os poços utilizados 20 μl de solução de DTNB – encubar por 5-10 min a temperatura ambiente - Leitura em 415 nm; PARA CÁLCULO DA CONCETRAÇÃO DE GSH: Com a curva padrão encontrar a equação da reta (y= a x + b), calcular a concentração de tióis através da fórmula [Tióis] =((Média ABS – branco) x 1,25) / (a x [proteínas]). A concentração de tióis será expressa em nanomoles de tióis x mg de proteínas-1

REAGENTES: - Água desionizada; PBS, pH 7,2; Tampão tris-base a 0,4 M, pH 8,9; Ácido 5,5'-ditiobis-2-nitrobenzóico (DTNB); Ácido tricloroacético (TCA); Metanol.

Page 95: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

95

2.2 Determinação da concentração de Malonaldeído (MDA)

QuantiChromTM TBARS Assay Kit (DTBA-100)

CONTEÚDO DO KIT:

TBA Reagente : 25 ml de padrão: MDA 50 ul de 15 mM 10 % de ácido tricloroacético ( TCA) a 25 mL.

PREPARAÇÃO DA AMOSTRA:

1 . Para soro e plasma , transferir 100 ul de cada amostra para um tubo de 1,5 ml marcado. Para as amostras de tecido , pesar ~ 20 mg em 200 ul de fosfato arrefecida com gelo de solução salina tamponada ( PBS ) . Homogeneizar o tecido por breve sonicação ( por exemplo, 20 segundos) sobre o gelo . Se desejado , remover 20 mL alíquota para análise de proteínas . Colocar 100 mL de lisado de tecido num tubo rotulado 1,5 mL de micro - centrífuga . Para as células , de colheita 5 x 10 6 células em 200 ul de PBS gelado e sonicado a romper as células . Se desejado , remover 20 mL alíquota para análise de proteínas . Colocar 100 mL de lisado celular num tubo de 1,5 mL de micro - centrífuga rotulado

2 . Adicionar 200 mL de 10 % de TCA a 100 uL de cada amostra . Incubar por 5 minutos em gelo.

3 . Centrifugar 5 min a 14.000 rpm em centrífuga de microtubos (Centrifugador Eppendorf). Transferir 200 mL de cada sobrenadante límpido para um novo tubo marcado . Factor de diluição para estas amostras pré-tratadas é n = 3.

PROCEDIMENTO ensaio colorimétrico:

Configure banho-maria ou bloco de aquecimento e ajustar a temperatura para 100 ° C. Equilibrar todos os componentes à temperatura ambiente. Adicionar 450 mL dH2O a 15 mm tubo padrão e misture (MDA final de 1,5 mM).

1 . Padrões . Misturar 15 uL de MDA a 1,5 mM, com 735 mL dH 2O ( final de 30 iM MDA ) . Dilui-se os padrões , como mostrado na Tabela .

Amostras. Transferir 200 uL de cada amostra para tubos separados .

Page 96: MARIA ROSA DMENGEON PEDREIRO.pdf

96

2 . Reação de cor . Para cada um dos padrões e amostras , adicionar 200 mL de reagente TBA . Tubos Vortex para misturar e incubar a 100 ° C durante 60 min . Esfriar os tubos à temperatura ambiente. Vortex e brevemente centrífuga tubos. 3 . Pipetar 100 ul em duplicata a partir de cada tubo para poços de uma placa de 96 poços de fundo plano clara . Ler em 535nm ( 525 a 545nm ) . CÁLCULO. Para calcular a concentração de TBARS da amostra, aplica-se a fórmula:

n é o factor de diluição da amostra (n = 3 para amostras desproteinizadas).