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Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física
Universidade de Coimbra
MATURAÇÃO E DESEMPENHO MAXIMAL NUMA PROVA DE CURTA DURAÇÃO EM CICLOERGÓMETRO
Estudo em hoquistas masculinos sub-17
Mestrado em Treino Desportivo para Crianças e Jovens
Marco Alexandre Fernandes Marques
SETEMBRO, 2010
UNIVERSIDADE DE COIMBRA
Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física
MATURAÇÃO E DESEMPENHO MAXIMAL NUMA PROVA DE CURTA DURAÇÃO EM CICLOERGÓMETRO
Estudo em hoquistas masculinos sub-17
Dissertação com vista à obtenção do grau
de Mestre em Treino Desportivo para
Crianças e Jovens na especialidade de
Ciências do Desporto
Orientador: Professor Doutor Manuel
João Coelho e Silva
Co – orientador: Mestre Vasco Vaz
MARCO ALEXANDRE FERNANDES MARQUES
SETEMBRO, 2010
i
AGRADECIMENTOS
Ao finalizar mais um percurso escolar, Curso de Mestrado em Treino Desportivo para Crianças
e Jovens realizado na Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade
de Coimbra, não posso deixar de agradecer a todos aqueles que directa ou indirectamente,
permitiram, colaboraram e apoiaram a realização deste trabalho. A todos expresso mais uma
vez o meu profundo agradecimento e reconhecimento.
Ao Prof. Doutor Manuel João Coelho e Silva, pela excelente orientação e
disponibilidade demonstrada ao longo de todo este processo, assim como, pela mestria nos
conhecimentos transmitidos.
Ao Mestre Vasco Vaz, pelos conhecimentos transmitidos, pela constante
disponibilidade e fundamental ajuda em todas as fases deste trabalho.
Ao Mestre João Santos, pela partilha de conhecimento, disponibilidade para o auxílio
e incentivo. Obrigado!
A todos os professores, da parte curricular, do quarto Curso de Mestrado em
Treino Desportivo para Crianças e Jovens, da Faculdade de Ciências do Desporto e
Educação Física da Universidade de Coimbra.
Aos colegas do curso de mestrado pela cooperação, solidariedade e
companheirismo demonstrado.
Aos atletas Associação de Patinagem de Coimbra (Associação Académica de
Coimbra), na Associação de Patinagem de Leiria (Sporting Clube Marinhense, Hóquei Clube
Leiria e Marrazes, Associação Desportiva Alcobacense, Biblioteca Instrução e Recreio),
Associação de Patinagem de Aveiro (Associação Desportiva Sanjoanense, Hóquei Clube da
Mealhada, União Desportiva Oliveirense), Associação de Patinagem de Santarém (Sporting
Clube de Tomar), Associação de Patinagem do Minho (Óquei Clube de Barcelos), Associação
de Patinagem do Porto (Futebol Clube do Porto, Associação Cultural e Recreativa de
Gulpilhares, Grupo Desportivo de Infante Sagres), Associação de Patinagem de Lisboa (Sport
Lisboa e Benfica, Hóquei Clube de Sintra, Hóquei Clube de Alverca), Associação de Patinagem
de Setúbal (Hóquei Clube de Sesimbra)., bem como os respectivos técnicos e corpo
directivo,pelo seu contributo inexcedível na recolha de dados.
ii
A toda a minha família, pelo suporte constante. Aos meus pais, em quem me revejo
incondicionalmente e a quem agradeço todos os dias o esforço constante que têm feito. A
educação que me deram é a base da minha conduta, mais uma vez obrigado.
Por fim à Carina, pelo simples facto de existir e conseguir, com isso, dar sentido a todos os
momentos da minha vida. Pelo suporte, pela paciência exacerbada e pela compreensão. Será
sempre a minha fonte de inspiração.
iii
RESUMO
Objectivo: Determinar o efeito da variação associada à maturação numa prova maximal de
curta duração em cicloergómetro em hoquistas de 14-16 anos de idade.
Metodologia: Foram observados 122 jovens hoquistas do sexo masculino, todos
pertencentes ao escalão etário de 14-16 anos a competir nos campeonatos distritais e nacionais no escalão de Juvenis. Consideraram-se variáveis morfológicas (Estatura, massa corporal, massa muscular absoluta, massa esquelética absoluta, massa gorda absoluta, massa muscular relativa, massa esquelética relativa, massa gorda relativa e índice de androginia), indicadores de maturação (maturação sexual). A determinação do desempenho numa prova maximal de curta duração realizada em laboratório através do teste Wingate. A análise de dados considerou a estatística descritiva. Foi testado efeito da maturação sexual através da ANOVA e ANCOVA. Recorreu-se à correlação de Pearson para estudar a associação entre os outputs de aptidão anaeróbia e os indicadores de morfologia externa. O nível de significância foi mantido em 5%.
Resultados: A distribuição da amostra por estádios de pilosidade púbica enquadra 96% dos
hoquistas nos estádios PH4 (n=58) e PH5 (n=59). A análise da variância para testar o efeito da maturação sobre as medidas morfológicas verificou-se um efeito significativo sobre as
seguintes variáveis dependentes: estatura (F(2,118)=6,579 p<0.00 ²=0.10), massa corporal
(F(2,118)=7.840, p<0.00, ²=0.12), índice de androginia (F(2,118)=9,468 p<0.00, ²=0.13), massa muscular em valores absolutos (F(2,118)=5,369 p<0.00, ²=0.08), percentagem de massa muscular (F(2,118)=10.429, p<0.00, ²=0.15) e massa esquelética expressa em kg (F(2,118)=3.148,
p<0.05, ²=0.05. Na prova laboratorial de potência anaeróbia foram encontrados resultados
igualmente significativos: APP (F(2,118)=26.340, p<0.01, ²=0.31, expressando os resultados em
watts; F(2,118)=13.243, p<0.01, ²=0.18, quando os resultados são expressos por unidade de
massa corporal), AMP (watts: F(2,118)=26.352, p<0.01, ²=0.31; watts.kg-1
: F(2,118)=13.680,
p<0.00, ²=0.19) e índice de fadiga (F(2,118)= 6.819, p<0.05, ²=0.10).
Conclusões: O desempenho anaeróbio parece ser influênciado pelo estado de maturação.
A massa corporal e o índice de androginia são as variáveis que mais contribuem para explicar o desempenho anaeróbio.
iv
ABSTRACT
Aim: Determine the effect of variation associated to maturation during a maximal test of short duration on cicleergometer in hockey players between 14 and 16 years old.
Methodology: 122 young male hockey players – aged between 14 and 16 years old – were observed competing in district and national championships in the juvenile division. Morphological variables were considered (height, body mass, total muscle mass, total skeletal mass, total fat mass, relative muscle mass, relative skeletal mass, relative fat mass and androgyny index), maturation gauge (sexual maturation). The performance was determined during a short duration maximal test performed in laboratory applying the Wingate test. Data analysis considered statistics as descriptive. The effect of sexual maturation was tested using ANOVA and ANCOVA. Pearson’s correlation was appealed to study the association between anaerobic ability outputs and the external morphology gauges. The significance level was kept at 5%.
Results: The distribution of sample by stages of pubic pilosity puts 96% of hockey players in
stages PH4 (n=58) and PH5 (n=59). In the analysis of variation to test the effect of maturation over morphological measures, a significant effect could be observed on the following dependent
variables: height (F(2,118)=6,579 p<0.00 ²=0.10),body mass (F(2,118)=7.840, p<0.00, ²=0.12),
androgyny index (F(2,118)=9,468 p<0.00, ²=0.13), muscle mass in total values (F(2,118)=5,369
p<0.00, ²=0.08), muscle mass percentage (F(2,118)=10.429, p<0.00, ²=0.15) and skeletal mass
in kilograms (F(2,118)=3.148, p<0.05, ²=0.05. During the laboratorial test of anaerobic power
there were also found significant results: APP (F(2,118)=26.340, p<0.01, ²=0.31, expressing the
results in watts; F(2,118)=13.243, p<0.01, ²=0.18, when the results are expressed by unit of body
mass; AMP (watts: F(2,118)=26.352, p<0.01, ²=0.31; watts.kg-1
: F(2,118)=13.680, p<0.00, ²=0.19)
and fatigue index (F(2,118)= 6.819, p<0.05, ²=0.10). Conclusions: Anaerobic performance seems to be influenced by the maturation state. Body mass and androgyny index are the variables which most contribute to explain anaerobic performance.
v
ÍNDICE GERAL
LISTA DE TABELAS vii
LISTA DE QUADROS xi
ABREVIATURAS x
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO 2
CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA
5
2.1.Conceitos de crescimento, maturação e desenvolvimento 5
2.2.O período pubertário e a variação da morfologia externa 6
2.2.1.Variação da estatura e massa corporal 6
2.2.2.Variação da adiposidade e composição corporal 7
2.2.3.Variação do somatótipo 7
2.3.Indicadores maturacionais 8
2.3.1.Maturação sexual 8
2.3.2.Estudos realizados com a maturação somática 9
2.4.Capacidades Funcionais no período pubertário 10
2.4.1Desempenho funcional com relevância no hóquei patins 11
2.4.2.Parametros anaeróbios 12
2.4.3.Testes de avaliação da via anaeróbia 13
CAPÍTULO III – METODOLOGIA
21
3.1.Amostra 21
3.2.Variaveis e administração dos testes 22
3.2.1.Medidas antropométricas simples 22
3.2.2.Medidas antropométricas compostas 22
3.2.3. Maturação 24
3.3.Avaliação da potência anaeróbia 25
3.4.Procedimentos 27
3.5.Controlo da qualidade dos dados 27
3.6.Tratamento estatístico 29
CAPÍTULO IV – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
31
4.1.Estudo descritivo para a totalidade da amostra 31
4.2.Estudo da variação associada à maturação sexual 32
vi
4.3.Estudo de um modelo preditivo para as medidas anaeróbias 33
CAPÍTULO V – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 35
5.1.Estado de crescimento dos jovens hoquistas 35
5.2.Maturação Biológica 36
5.2.1. Maturação sexual 36
5.3.Parâmetros anaeróbios 37
5.3.1.Análise dos outputs de desempenho anaeróbio. 37
5.3.2.Efeito do estatuto maturacional dada pela pilosidade púbica sobre o
perfil morfológico e traço anaeróbio 38
5.3.3. Variáveis preditoras do traço anaeróbio 39
CAPÍTULO VI – CONCLUSÕES 41
CAPÍTULO VII- BIBLIOGRAFIA 43
ANEXOS 57
ANEXO 1: Termo de Consentimento e Participação Voluntária no Estudo.
ANEXO 2 Variáveis Antropométricas (Antropometria de Superfície).
ANEXO 3: Maturação sexual (Cinco estádios de desenvolvimento da
Pilosidade púbica).
ANEXO 4: Protocolo do teste de laboratório (Teste Wingate).
ANEXO 5: Ficha Individual de Caracterização do Jovem Hoquista.
vii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Distribuição dos efectivos da amostra por clube 22
Tabela 2. Determinação do erro técnico de medida (Se) e do coeficiente de fiabilidade (R) (n=25)
29
Tabela 3. Valores mínimo, máximo, média e desvio padrão para a totalidade da amostra (n=122) nas variáveis antropométricas
31
Tabela 4. Valores mínimo, máximo, média e desvio padrão para a totalidade da amostra
(n=122) nas medidas das variáveis do somatótipo (n=122) 31
Tabela 5. Valores mínimo, máximo, média e desvio padrão para a totalidade da amostra
(n=122) nas capacidades funcionais 31
Tabela 6. Média ajustada, erro padrão e resultado da análise da covariância (Ancova
tendo a Idade cronológica com covariável) para testar o efeito da maturação sobre as
medidas da morfologia externa (n=122)
32
Tabela 7. Média ajustada, erro padrão e resultado da análise da covariância (Ancova
tendo a Idade cronológica com covariável) para testar o efeito da maturação sobre as
medidas das variáveis do somatótipo (n=122)
33
Tabela 8. Média ajustada, erro padrão e resultado da análise da covariância (Ancova
tendo a Idade cronológica com covariável) para testar o efeito da maturação sobre as
medidas das capacidades funcionais (n=122)
33
viii
Tabela 9. Resultados da análise de regressão linear múltipla (modo backward) para
obtenção de modelos explicativos nos parâmetros resultantes da prova Wingate 33
ix
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1. Testes para avaliar performance anaeróbia e características de avaliação
(Adaptado de Armstrong, 1997b). PA (Potência Anaeróbia), MI (Membros Inferiores),
MS (Membros Supriores)
13
x
ABREVIATURAS
Lista de abreviaturas
# Número cardinal
% Percentagem
∑ PGS Soma das pregas de gordura subcutânea
ACSM American College of Sports Medicine
AMPA Anaerobic Mean Power Absoluto
AMPR Anaerobic Mean Power Relativo
APPA Anaerobic Peak Power Absoluto
APPR Anaerobic Peak Power Relativo
CA Capacidade anaeróbia máxima
cm Centímetros
DBA Diâmetro Biacromial
DBC Diâmetro Bicristal
DBCH Diâmetro Bicôndilo-umeral
DCBF Diâmetro Bicôndilo-femural
DCH Diâmetro umeral
Dp Desvio padrão
DTRNZL Diâmetro do Tornozelo
DPLS Diâmetro do pulso
et al. e outros
FCDEF-UC Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da
Universidade de Coimbra
FPP Federação de Patinagem de Portugal
H Altura
HP Hóquei Patins
IMC Índice de massa corporal
in Inch
Kg Kilogramas
kg/m2 Kilograma por metros quadrado
m Metros
MC Massa corporal
mm Milímetros
N Número de indivíduos da amostra
Nº rep. Número de repetições
p Significância
xi
PA Potência Anaeróbia máxima
PBA Perimetro Abdominal
PGL Perimetro Geminal
PH1 Estádio de pilosidade púbica 1
PH2 Estádio de pilosidade púbica 2
PH3 Estádio de pilosidade púbica 3
PH4 Estádio de pilosidade púbica 4
PH5 Estádio de pilosidade púbica 5
PVC Pico de Velocidade de Crescimento
seg. Segundos
SKCR Skinfold Crural
SKGL Skinfold Geminal
SPSS Statistical Program for Social Sciences
SUB Prega Subescapular
TRIC Prega Tricipital
VO2 Consumo de oxigénio
VO2máx Consumo máximo de oxigénio
RAST
W
Running-based Anaerobic Sprint Test
Watts
WANT Teste de Wingate
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
O desporto constitui um fenómeno central em muitas sociedades (Coelho e Silva et al., 2004a)
e uma característica comum na vida de crianças e jovens de todo o mundo (Coelho e Silva &
Malina, 2004b), onde o processo de formação e preparação dos jovens atletas tende a iniciar
cada vez mais cedo nas várias modalidades desportivas.
Quando abordamos a temática do desporto infanto-juvenil, nomeadamente os aspectos
relacionados com a sua estruturação formativa/competitiva, constatamos que a grande maioria
das modalidades agrupa os atletas por escalões etários, normalmente por períodos de dois
anos, de acordo com a idade cronológica (Malina & Beunen, 1996; Battista & Seefeldt, 2003),
assim sendo, é notório em todas as modalidades desportivas a existência de diferenças
significativas de rendimento e prestação motora entre os diversos jovens praticantes. Dentro do
mesmo escalão, por vezes, verifica-se que existem atletas com estados maturacionais bastante
diferentes. Uns maturacionalmente mais avançados, outros mais atrasados.
Para aferir o estatuto maturacional dos sujeitos podemos fazê-lo baseando-nos em
vários indicadores de maturação biológica, dos quais salientamos os mais usados: somáticos,
sexuais e esqueléticos. No entanto, no entender de vários autores de referência a maturação
esquelética é o melhor indicador. Esta tem sido utilizada por diversos autores em estudos de
diferentes modalidades (Baxter-Jones et al., 2005; Beunen, et at, 1997; Claessens et al., 2000;
Figueiredo et al., 2009; Hitchen & Stratton, 2000; Horta, 2003; Malina et al. 2004; Malina, 2000;
Malina et al., 2007a; Mirwald et al., 2002; Morais, 2007; Rama et al., 2006; Ribeiro, 2005;
Roche & Sun, 2003; Rowland, 2004; Stratton et al., 2004).
Malina (1993, 1997) e Vaz (2003) são proeminentes, quando referem necessidade de
conhecer aprofundadamente o modelo de rendimento superior e psicológico da modalidade
desportiva para o qual se pretendem os jovens atletas (Pienaar, 1997; Spamer & Steyn, 1998).
Este processo é mais complicado nos jogos desportivos colectivos do que em desportos
individuais (Coelho e Silva, 1995; Reilly, Williams, Nevill & Franks, 2000), onde existem
objectivos discretos de quantificação da performance, criando espaço para formas mais
objectivas de selecção.
À medida que as modalidades se tornam mais competitivas e especializadas, a
detecção, identificação e selecção de jovens talentos desportivos, tende a ocorrer em idades
cronológicas cada vez mais baixas, levando à necessidade de entender o impacto potêncial do
efeito relativo da idade no desporto para este grupo etário (Helsen, Starkes & Winckel, 2000).
Introdução
2
No hóquei em patins o jogo formal, tem actualmente, o seu início aos 6 anos de idade,
fundamentando a afirmação feita por Sobral (1995) e Pacheco (2001), em que nos últimos
anos se tem verificado um aumento significativo da actividade desportiva e da participação em
competições, por parte de crianças, com idades cada vez mais baixas, fenómeno este, que se
afirma na modalidade, nas últimas décadas (Vaz, 2003). Os mesmos quadros competitivos,
compelem os jovens hoquistas a uma primeira internacionalização aos 14 anos, podendo
estender-se até aos 16 anos (idade cronológica).
Impõe-se antecipar uma fase de especialização aprofundada, o que segundo Balyi &
Hamilton (2004), em desportos de recrutamento precoce esta etapa terá como objectivo o de
treinar para ganhar, obrigando a um aumentar do grau de especialização na modalidade
escolhida, de forma a atingir os níveis de rendimento pretendidos, contrariando o apoio na
estatura ou vantagens de força associadas a uma precocidade maturacional, pois isto não
reflecte necessariamente uma maior habilidade motora ou maior capacidade de rendimento
(Baxter-Jones,1995; Helsen et al., 2000; Coelho e Silva, Figueiredo, Gonçalves, Vaz & Malina,
2004).
Começam a existir alguns estudos que consideram a associação multivariada entre a
morfologia e a aptidão (Figueiredo et al., 2009; Mota, et al., 2002; Nedeljkovic, et al., 2007).
Num estudo realizado por Figueiredo et al. (2009), com jovens futebolistas, apontaram um
efeito significativo da maturação esquelética aos 11-12 anos, tendo sido observados melhores
desempenhos entre os futebolistas maturacionalmente atrasados. No grupo de 13 e 14 anos, a
maturação não produziu qualquer efeito significativo sobre a prova intermitente de endurance
aeróbia. Com jovens basquetebolistas (Coelho e Silva et al., 2008) a maturação sexual não
produziu qualquer efeito significativo nem aos 14 anos, nem aos 15 anos, sobre a prova
contínua de percursos de 20 metros em ritmo progressivo, conhecida como PACER.
Nas crianças, a capacidade para realizar actividades do tipo anaeróbia é
significativamente inferior à dos adolescentes e adultos (Bar-Or, 1983). Estudos transversais
têm indicado que o desempenho de tarefas anaeróbias aumenta com o decorrer do processo
de crescimento, sendo este incremento visível nas expressões anaeróbias de curta, média ou
longa duração (Armstrong & Welsman, 2000a; Van Praagh, 2001; Malina et al., 2004a. Outros
autores como, (Davies, Barnes & Godfrey,1972; Di Prampero & Cerretelli, 1969;
Kurowski,1977; e Margaria, Aghemo & Rovelli,1966), concluíram que a ―performance‖
anaeróbia progride com a idade e que este padrão é contrário ao que é descrito para o
consumo de oxigénio por quilograma de peso corporal, o qual, em indivíduos do sexo
masculino, permanece virtualmente sem modificações da infância à fase adulta.
A determinação da capacidade anaeróbia de desportistas tem recaído na interpretação
de outputs mecânicos, particularmente da potência mecânica, relativos a esforços de carácter
Introdução
3
marcadamente anaeróbio, esforços energeticamente sustentados por aqueles recursos
bioenergéticos. As limitações impostas no âmbito da determinação da função anaeróbia, quer
na investigação em geral, quer no controlo do treino em particular, enquanto elemento
regulador do processo de treino desportivo, parecem complicar-se um pouco mais quando os
sujeitos avaliados são crianças ou jovens no período circum-pubertário. Este facto deve-se não
só a constrangimentos de ordem ética, relacionados com o carácter invasivo de alguns
procedimentos de avaliação, mas também às particularidades da forte variação inter-individual
no crescimento somático e na maturação biológica e da sua relação com a resposta ao treino
desportivo, revestindo-se de muito interesse a determinação de competências de desportistas
muito jovens e a eventual comparação dos dados com resultados de desportistas adultos
(Ribeiro, 2007).
Quando se realizam competições a nível nacional e internacional nos escalões de
formação, será que podemos afirmar que todos os atletas envolventes na competição serão
iguais? Existem inúmeros factores que poderão influenciar as performances dos atletas em
competição. Um destes factores será o grau de maturação. Armstrong et al. (1997), mostraram
que a maturação sexual exerce uma forte influência na potência anaeróbia (PA) e na
capacidade (CA). A energia fornecida pelo metabolismo anaeróbio é utilizada em actividades
de curta duração e exercícios de alta intensidade. A avaliação da performance anaeróbia em
laboratório é difícil, devido à falta de uma ―marca‖ fisiológica (como o VO2max) para determinar,
tanto a contribuição anaeróbia de um exercício específico, como um nível de capacidades
anaeróbias do indivíduo (Rowland,1996; Armstrong,2000). Para a avaliação da performance
anaeróbia, recorre-se frequentemente ao protocolo do teste Wingate, desenvolvido em meados
de 1970, no Instituto Wingate de Israel, que tem sido o teste de avaliação da performance
anaeróbia mais utilizado em todos os laboratórios (Júnior, 2007).
O presente estudo foi desenhado para observar o desempenho anaeróbio numa prova de
maximal de curta duração em hoquistas de idades compreendidas entre os 14 e 16 anos de
idade de acordo com a variação associada ao estádio maturacional avaliado pela pilosidade
púbica.
CAPÍTULO II
REVISÃO DA LITERATURA
O conhecimento e compreensão da natureza biológica e dos processos maturacionais são
fundamentais para a condução de pesquisas relacionadas com a resposta ao exercício
(Rowland, 1996a). Quanto é que o crescimento e a maturação determinam o resultado
desportivo? Quanto influência o treino desportivo o crescimento e a maturação? São questões
para as quais ainda não temos respostas satisfatórias. Os resultados da literatura, neste
capítulo, são muitas vezes discordantes (Malina, 1994; Rogol et al., 2000), obstando à
construção de um corpo de conhecimentos estável, o que não é de todo, surpreendente dada a
complexidade desta relação entre o crescimento, a maturação e o treino (Ribeiro, 2007).
2.1. Conceitos de crescimento, maturação e desenvolvimento
Desde que nasce, o ser humano entra num processo integrado que envolve o crescimento e
maturação biológicas e o desenvolvimento de vários domínios comportamentais, processo este
que atravessa vários grupos de idades e que não tem uma ligação absoluta com a idade
cronológica do mesmo (Malina et al., 2004a). Normalmente o crescimento, a maturação e o
desenvolvimento são tratados como sinónimos, no entanto são fenómenos distintos, mas
interrelacionados na vida dos indivíduos, principalmente nas duas primeiras décadas de vida,
uma vez que são as que concentram o maior número de modificações qualitativas e
quantitativas, o que provoca mudanças perceptíveis, não só no tamanho, proporção e
composição corporal, como também na complexidade funcional e maturacional (Baxter-Jones
et al., 2005; Malina, 2001; Malina et al., 2004a).
Segundo Machado (2007), o crescimento diz respeito às mudanças na quantidade de
substância viva no organismo. È um aspecto quantitativo, normalmente medido em unidades
de tempo (cm/ano, g/dia, ect.) e que enfatiza as mudanças normais de dimensão e que podem
resultar na alteração do tamanho. Outros autores como Roche, (1986); Sobral, (1994); Malina
et al. (2004a), descrevem o crescimento como um aumento das dimensões corporais desde o
nascimento ao estado adulto, assistindo-se a modificações celulares, nomeadamente a
hiperplasia, ou seja, o aumento do número de células e duplicação do ADN, a hipertrofia (o
aumento do tamanho das células) e accretion, ou seja, o aumento das substâncias intra e extra
celulares.
A maturação biológica da criança apresenta uma grande variabilidade individual, nem
sempre em consonância com a sua idade cronológica (Horta, 2003; Malina, 1991). É muitas
Revisão da Literatura
6
vezes associada à idade esquelética e aos estádios de maturação sexual (Malina & Cumming,
2004). No entanto esta associação é redutora porque, abrange uma realidade mais complexa,
pois segundo Beunen (1993) Malina & Bouchard (1991); Malina et al. (2004a) Roche (1986),
esta é responsável pela introdução de uma considerável força de variância na morfologia e na
aptidão desportiva motora. Segundo Malina et al. (2004a), alguns autores têm mesmo
defendido a consideração da idade óssea como determinante dos agrupamentos da formação
desportiva. Oliveira (2006) Malina, Chamarro, Serratosa & Morate (2007a), referem que o
conceito de maturação, refere-se às variações na velocidade e no tempo do surgimento de
determinadas características, capacitando o indivíduo a atingir a maturidade biológica.‖A
maturação é um processo individual que segue um tempo específico (Malina et al. 2004a).
O desenvolvimento é um processo de mudanças graduais (qualitativas) de um nível
simples para um nível mais complexo (Machado, 2007) associado à aquisição de competências
sociais, numa multiplicidade de domínios inter-relacionados, em que a criança se adapta à
sociedade (Malina et al., 2004; Malina & Bouchard, 1991; Stratton et al., 2004).
2.2. O período pubertário e a variação da morfologia externa
Nas condições actuais da competição desportiva ao mais alto nível, os atletas concorrem, em
dimensão e forma do corpo, para protótipos característicos das suas modalidades. A
antropometria, permite a quantificação das dimensões externas do corpo humano, por um
conjunto de técnicas de medida sistematizadas, posições de medida normalizadas e recurso ao
uso de instrumentos apropriados Claussens, Beunen & Malina, (2000). As medidas obtidas
são, geralmente, divididas em massa, comprimentos, diâmetros, circunferências ou perímetros,
curvaturas ou arcos e pregas de tecidos moles (pregas de gordura subcutânea).
2.2.1. Variação da estatura e massa corporal
Malina et al. (2004a) referem que os incrementos da estatura dependem do aumento do
tamanho do tronco e dos membros inferiores, estando estas estruturas sujeitas a ritmos de
crescimento diferenciados. Mencionam ainda que o pico de velocidade de crescimento destas
duas medidas parcelares da estatura acontecem em momentos diferentes. O pico de
velocidade de crescimento dos membros da estatura situa-se entre os picos de velocidade de
crescimento dos membros inferiores e da altura sentado, acontecendo primeiro o
desenvolvimento dos membros inferiores e posteriormente, o desenvolvimento do tronco.
Segundo os mesmos autores, um rápido crescimento das extremidades inferiores é
uma característica do início do salto pubertário, referindo, ainda que as idades do take-off para
Revisão da Literatura
7
o comprimento dos membros inferiores e da altura sentado diferem de 0.1 anos, enquanto a
idade de ocorrência do pico de velocidade de crescimento (taxa máxima de crescimento) entre
estas variáveis difere em cerca de um ano. Esta evidência sugere que o crescimento do tronco
está mais tempo em crescimento.
2.2.2. Variação da adiposidade e composição corporal
Até aos 5 ou 6 anos de idade as crianças acumulam mais gordura subcutânea nas
extremidades do que no tronco. A partir desta idade vão acumulando, também, gordura
subcutânea na parte superior do corpo. Durante o salto pubertário os rapazes sofrem um
incremento de gordura no tronco, ao mesmo tempo que decresce a adiposidade nos membros
(Malina, 1999). Esta constatação é reforçada por Malina et al. (2004a), onde verificamos que os
rapazes, depois dos 11 anos, mostram um decréscimo nos valores da gordura subcutânea dos
membros e um ligeiro aumento nos valores do tronco.
Para Malina et al. (2004a), a composição corporal numa perspectiva bicompartimental
sofre uma estabilização, ou um ligeiro aumento, da massa gorda no sexo masculino durante o
salto pubertário. No entanto, verifica-se um acréscimo acentuado da massa não gorda (fat-free
body mass) neste período, como consequência do aumento substancial da massa muscular e
óssea.
2.2.3. Variação do somatótipo
O perfil de um jovem está sujeito a alterações significativas durante a infância e a adolescência
(Carter & Heath, 1990). Com efeito, estes autores indicam que os jovens do sexo masculino
tendem a diminuir o valor da segunda componente do somatótipo, mesomorfismo e a sofrer um
ligeiro aumento no ectomorfismo durante a primeira metade do salto pubertário mas que, na
segunda metade, esta tendência é alterada para uma categoria ecto-mesomorfa, mesomorfa
equilibrada ou endo-mesomorfa. No entanto é importante fazer notar a variação inter-individual,
pois é comum encontrar, dentro da mesma faixa etária (tendo como referência a idade
cronológica), grupos muito heterogéneos (Carter & Heath, 1990).
Após vários estudos em crianças e adolescentes, Malina (2003), menciona que na fase
pré-pubertária as crianças vão sofrendo incrementos na estatura e na massa corporal. Apesar
da variabilidade existente entre os indivíduos os ganhos situam-se, em média, pelos 5-8cm e 2-
3kg por ano entre os 6 e os 10 anos de idade. Com o início da puberdade as taxas de
crescimento aumentam, primeiro para a estatura e posteriormente para a massa corporal. A
puberdade é caracterizada pelo salto pubertário, sendo um momento de considerável variação
Revisão da Literatura
8
na ocorrência dos eventos biológicos (timing) e no ritmo em que eles surgem (tempo). O salto
de crescimento pubertário, nos rapazes, começa por volta dos 11-12 anos, atinge o pico de
velocidade de crescimento aproximadamente aos 14 anos e, de seguida, verifica-se uma
desaceleração mas o crescimento contínua até aos 18-20 anos de idade. A massa corporal, a
massa não gorda e a massa muscular também evidenciam picos de velocidade de
crescimento, ocorrendo, todos eles, alguns meses depois do pico de velocidade de
crescimento para a estatura. Durante o período de máximo crescimento em estatura (13-15
anos), os rapazes ganham, em média, aproximadamente 14 kg em massa não gorda 11.5 kg
em massa gorda.
2.3. Indicadores maturacionais
A determinação do estatuto maturacional pode ser feita por intermédio de indicadores de
maturação, sendo os mais comuns a maturação sexual, a maturação somática e a maturação
esquelética, estes encontram-se correlacionados entre si, mas nenhum deles determina, por si,
só, uma descrição completa do processo de maturação (Bielicki, Koniarek & Malina, 1984;
Faulkner, 1996; Malina et al., 2007b; Malina & Beunem, 1996; Malina & Bouchard, 1991, Malina
et al., 2004a).
2.3.1. Maturação sexual
Caracteres sexuais secundários e estádios de desenvolvimento
Uma das metodologias mais usadas refere-se ao desenvolvimento dos caracteres sexuais
secundários, sendo os indicadores mais referenciados: o desenvolvimento do pénis e escroto
nos rapazes e o desenvolvimento mamário e aparecimento da menarca nas raparigas. O uso
deste método como indicador como status maturacional tem sido bastante utilizado, em virtude
da sua simplicidade e economia. No entanto, alguns autores (Baxter-Jones et al., 2005;
Beunen, 1989; Malina & Beunen, 1996; Matsudo & Matsudo, 1994; Roche & Sun, 2003),
referem algumas limitações ao método, como a restrição aos anos pubertários e invasão da
privacidade individual, podendo provocar algum constrangimento em adolescentes.
De acordo com Tanner (1962), o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários
encontram-se agrupados segundo estádios por cada carácter. A pilosidade púbica apresenta
cinco estádios de desenvolvimento. Diferentes autores (Beunen, 1989; Baxter-Jones & Malina,
2001; Claessens et al., 2006; Malina 2002; Malina & Beunen, 1996; Malina et al., 2004; Roche
& Sun, 2003), descrevem os traços gerais dos estádios de desenvolvimento dos diferentes
caracteres sexuais secundários: O estádio 1 corresponde ao estado pré-púbere, isto é, à
ausência de manifestação do carácter analisado; o estádio 2 indica o aparecimento desse
Revisão da Literatura
9
carácter, por exemplo, a elevação inicial da mama na rapariga ou o aparecimento da pilosidade
púbica em ambos os sexos; os estádios 3 e 4 caracterizam-se pela continuação do processo
de maturação do carácter em causa e são, de algum modo, mais difíceis de distinguir; o
estádio 5 corresponde ao adulto ou estado maturo do carácter avaliado.
Segundo Beunen (1989), Claessens et al. (2000) e Malina et al. (2004) ao considerar-se
apenas cinco estádios estamos a ser pouco sensíveis na discriminação dos sujeitos uma vez
que se integra no mesmo estádio um jovem que esteja a entrar nesse estádio e um outro que
esteja já na transição para o estádio seguinte. Para tentar resolver este facto, Claessens et al.
(2000) e Baxter-Jones, Eisenmann & Sherar (2005), consideraram ser importante acrescentar a
idade cronológica à classificação da maturação sexual.
2.3.2. Estudos realizados com a maturação somática
A maturação somática pode analisar-se através de medidas corporais. Porém, segundo
Faulker (1996) e Malina et al. (2004), as medidas corporais para poderem ser indicadores de
maturação requerem dados longitudinais.
Estudos realizados na população europeia referem que o momento do pico de
velocidade de crescimento em altura ocorre entre os 13.8 e os 14.2 anos (Malina et al., 2004a).
O cálculo da idade em que ocorre o PVC em estatura, através da fórmula proposta por Mirwald,
Baxter-Jones, Bailey & Beunen (2002), demonstrou estimar o estado maturacional dentro de
uma margem de erro de 1.18 anos, 95% das vezes, em rapazes e 1.14 anos, 95% das vezes
em raparigas.
Por outro lado, a metodologia proposta por Mirwald et al. (2002) para avaliar a maturity
offset, tem sido utilizada em alguns estudos como os, de Simmons, White & Stager (2004) em
nadadores, Goulopoulou, Heffernan, Fernhall, Yates, Baxter-Jones & Unnithan (2006) em
adolescentes escolares e de Monsma, Pfeiffer, Harvey, Ross, Brown & Malina (2005) com
patinadores e bailarinas. Malina, Claessens, Van Aken, Thomis, Lefevre, Philipparts & Beunen
(2006), procuraram verificar a robustez desta fórmula numa amostra de ginastas femininas,
seguidas longitudinalmente, tendo concluído que apresenta debilidades quando aplicada a
sujeitos com baixa estatura. Estes autores apontam, ainda a falta de precisão das fórmulas do
trabalho original já que não é claramente especificada a necessidade de multiplicar por cem o
rácio entre a massa corporal e a estatura.
Vaz (2003), procurou identificar o momento de ocorrência dos diferentes estádios de
maturação sexual (desenvolvimento genital e pilosidade púbica), de um grupo representativo
Revisão da Literatura
10
de jovens hoquistas portugueses, clarificando que no escalão de juvenis, o hoquista de nível
superior, com aproximadamente 16 anos de idade, encontra-se no estádio pós-pubertário de
maturação sexual. Em conjunto, estes dados sugerem um jovem atleta com um estado de
crescimento adulto, corroborando a condição de domínio claro, dos atletas maturacionalmente
avançados.
2.4. Capacidades funcionais no período pubertário
Sobral (1988) refere que para além das modificações dimensionais, o período pubertário é
também assinalado por modificações fisiológicas importantes, com consequências imediatas
sobre a condução do processo de treino do adolescente atleta uma vez que é natural que as
modificações fisiológicas acompanhem as de ordem dimensional pois a dimensão de um órgão
não é irrelevante para a sua capacidade funcional.
O desenvolvimento da força é um assunto focado na maioria das obras que abordam as
temáticas do crescimento, maturação e desenvolvimento. Num artigo de revisão, De Ste Croix
(2007) a força é uma capacidade que sofre incrementos durante a infância e o período
pubertário (Blimkie, 1989; Beuen & Malina, 1998; Blimkie & Sale, 1998; Malina et al., 2004a;
Stratton et al., 2004; Rowland, 2004). No entanto Malina et al. (2004a), referem que nem todas
as tarefas dependem das diferentes expressões desta capacidade apresentarem um padrão de
desenvolvimento idêntico.
A força muscular e a potência dos membros inferiores são fundamentais, assumindo-se
como um dos factores de performance mais relevantes (Adams et al., 1992; Magalhães et al.,
2001; Moras, 1995; Sousa, 2003; Villa 2003).
Segundo Mero (1998), a forma de evolução da velocidade e da potência muscular
parece não ser muito diferente da já expressa para a força, ainda que os mecanismos
envolvidos, pelo menos aqueles que têm maior predominância sobre o fenómeno, possam não
ser exactamente os mesmos.
O desempenho nas tarefas de velocidade evolui favoravelmente com a idade,
desenvolvendo-se linearmente, nos rapazes, durante o período de crescimento, (Bompa, 1995;
Malina et al., 2004; Mero, 1988. Rowland 2004), referem que a velocidade parece estar na
dependência de dois factores fundamentais: a força muscular e a coordenação neuromuscular.
No entanto a intensidade com que cada um destes factores participa na manifestação da
velocidade ainda não é consensual. Bompa (1995), cita que embora alguns ganhos na
Revisão da Literatura
11
velocidade possam ser resultantes do desenvolvimento da coordenação neuromuscular, a
maior responsabilidade cabe aos incrementos de força.
O estudo da influência da maturação no desempenho funcional tem também sido alvo
de investigação (Malina et al., 2004b), fazendo emergir a relação existente entre a cadência do
processo maturacional e tarefas demonstrativas de aptidão na modalidade de futebol, como é o
caso da força explosiva, da endurance aeróbia ou da velocidade. Os jovens posicionados num
ponto mais adiantado do percurso maturacional, são em média mais fortes e obtêm valores
absolutos de VO2max
mais elevados, quando comparados com indivíduos da mesma idade, mas
menos maturos (Malina et al., 2004a).
O desempenho funcional dos jovens é em grande parte influênciado pelo timing em que
ocorre o salto pubertário. A curva de desempenho em vários testes onde se pretende avaliar a
aptidão motora, reflecte o momento em que se verifica o aumento da taxa de crescimento
(Malina, 2004). Philippaerts et al. (2006), verificaram que os desempenhos em tarefas de
agilidade, velocidade, força explosiva, endurance aeróbia e desempenho anaeróbio aumentam
de forma evidente aquando do pico de crescimento em estatura.
Numa pesquisa pela literatura existente, verificou-se que estudos realizados em
Portugal na área do futebol como o de Horta, Miller, Branco, Rio, Rodrigues, Miranda,
Rodrigues, Aguiar & Costa (2001), avaliaram a importância da composição corporal e da
maturidade biológica num universo de 137 jovens futebolistas adolescentes, de idades
compreendidas 10.7 e os 16.5 anos, cujos resultados no subgrupo dos 14 aos 16.5 (n=55)
apontam para uma maturidade precoce, implicando uma selecção de jovens futebolistas a
partir dos 15 anos. Também Seabra, Maia & Garganta (2001), avaliaram o crescimento,
maturação, aptidão física, força explosiva e habilidades motoras específicas em jovens
futebolistas do sexo masculino de 12 a 16 anos de idade, Coelho e Silva et al. (2004), o perfil
dos jovens jogadores de futebol (Profile of youth soccer players:age related variation and
stability) e Fragoso, Vieira, Castro, Júnior, Capela, Oliveira & Barroso (2004), a relação da força
e maturação em jogadores de futebol adolescentes (Maturation and strength of adolescent
soccer players).
Na perspectiva genérica do desempenho motor, este é usualmente avaliado através de
uma variedade de tarefas que requerem a utilização de factores como a velocidade, equilíbrio,
flexibilidade, força explosiva e resistência muscular (Beunen & Malina, 1996).
2.4.1. Desempenho funcional com relevância no hóquei em patins
Revisão da Literatura
12
Os testes utilizados na avaliação do desempenho funcional do hoquista podem ser de natureza
anaeróbia ou aeróbia. A capacidade anaeróbia refere-se à aptidão para desempenhar uma
determinada tarefa, num reduzido período de tempo (normalmente menos de trinta segundos)
a alta intensidade, como por exemplo, um salto ou um sprint. O desempenho aeróbio refere-se
à capacidade de obter, distribuir e utilizar oxigénio para a produção de energia, sendo
determinante em actividades de endurance (Malina, 2004).
O desempenho motor parece estar relacionado com a influência que a maturação
exerce sobre a dimensionalidade somática. Embora essa influência seja transitória, verifica-se
que as vantagens associadas a uma maturação precoce provavelmente influenciam o processo
de selecção, principalmente no início da adolescência (Malina 2005).
Num estudo realizado por Malina et al. (2004b), com 69 jovens futebolistas de 13-15
anos, portugueses, foi possível verificar que 21% a 50% da variância em três tarefas motoras
(impulsão vertical, resistência aeróbia e velocidade) é explicada pelo tamanho corporal, anos
de prática e maturação sexual.
2.4.2. Parâmetros anaeróbios
O hóquei em patins parece ser um jogo mais rápido, quando comparado com outros jogos
desportivos de evasão (Santos, 2006.) A proficiência ao nível da performance na modalidade
de Hóquei patins depende muito da capacidade anaeróbia, assumindo a velocidade um papel
de destaque dentro desta capacidade.
Segundo Manaças (1988), o jogo de hóquei em patins é extremamente exigente, que se
disputa num regime alternado, esta intermitência, de acções de curta duração e de intensidade
variável (máxima e sub-máxima), com pausas frequentes de curta duração apesar de dificultar
a recuperação total dos sistemas funcionais, permitem uma determinada recuperação entre
esforços, evitando a acumulação de fadiga e esgotamento do jogador (Areces, 2005). Blanco,
Enseñat & Balagué (1993), verificam efectivamente que a relação trabalho-pausa, é de 1-1.02,
em que o tempo de trabalho chega a ser inferior ao tempo de pausa.
Os constrangimentos técnicos e éticos estão na base da dificuldade de uma avaliação
directa (biopsia muscular) das vias energéticas anaeróbias em crianças e jovens. Por esta
razão muitos investigadores adoptaram a avaliação do trabalho mecânico que está na
dependência das vias anaeróbias (desempenho nos testes de avaliação) como forma de
quantificar a sua aptidão (Van Praagh, 1997; Jones & Round, 2000; Sargeant, 2000).
Revisão da Literatura
13
O desempenho de tarefas anaeróbias aumenta com o decorrer do processo de
crescimento (Armstrong & Welsman, 2000; Van Praagh, 2001; Malina et al., 2004), sendo este
incremento visível nas expressões anaeróbias de curta, média ou longa duração (Bouchard,
Taylor, Simoneau & Dulac, 1991).
Inbar & Bar-or (1986), sugerem que o melhor do desempenho anaeróbio de crianças e
jovens não está somente na dependência de factores quantitativos (incremento da massa
corporal e da massa muscular) mas também de aspectos qualitativos do músculo ou da
activação das unidades motoras.
Diversos autores (Bar-Or, 1996; Armstrong & Welsman, 2000; Van Praagh, 2001; Malina
et al., 2004a; Rowland, 2004; Martin et al., 2004), referem a menor capacidade por parte dos
pré-pubertários para a utilização da via glicólitica. Esta menor utilização deve-se ao facto de
existir, nesta fase, uma menor concentração da enzima fosfofrutoquinase, situação que limita o
processo glicolitico. Para além disto indicam uma menor taxa de utilização do glicogénio
muscular no período pré-pubertário e na primeira metade do período pubertário com nítido
prejuízo em actividades com duração entre os 10 e os 60 segundos.
Armstrong (2009), sugere que existem alterações na potência aeróbia e anaeróbia,
relacionadas com a idade e sexo, as quais não são sincronizadas e indicam que ambos os
sexos, podem experimentar um aumento mais marcado no metabolismo anaeróbio do que
aeróbio, à medida que passam da infância para a adolescência, até à fase de adulto jovem.
Minahan et al. (2007) concluíram que a maior potência anaeróbia não reflecte uma maior
capacidade anaeróbia. No entanto, a capacidade de manter um sprint durante 30 segundos
está relacionado com a capacidade anaeróbia.
2.4.3. Protocolos maximais de curta duração
Para Armstrong (1997b) e Van Praagh (1997), o que os testes para avaliação da performance
anaeróbia medem é a ―Potência‖ (máxima quantidade de energia, que pode ser produzida por
um sistema energético durante um exercício máximo dentro de uma unidade de tempo) e a
―Capacidade‖ (a quantidade total de energia disponível de um sistema energético, para realizar
um determinado exercício máximo), e sendo assim poderíamos então subdividir os testes e
protocolos existentes segundo estas potencialidades (Quadro I).
Quadro 1. Testes para avaliar performance anaeróbia e características de avaliação (Adaptado de
Armstrong, 1997b). PA (Potência Anaeróbia), MI (Membros Inferiores), MS (Membros Superiores).
Teste Variável Avaliada Vantagens Desvantagens
Teste Anaeróbio de Wingate
PA e CA Pode ser adaptado
performance de MI e MS. A resistência não permite
optimizar PA e CA.
Continua
Revisão da Literatura
14
(WANT) Seguro e fácil de administrar em crianças e
jovens. Boa Correlação com testes
de campo.
Componente aeróbia considerável.
Margaria Step Test (MST)
PA Não necessita de
equipamentos caros
Requer uma a boa coordenação para alcançar
uma boa performance
Teste Força velocidade PA Obtêm PA óptimo através de uma série de valores
Maior tempo e aplicação de teste no total.
Não está validado para crianças e jovens.
Cunningham e Faulkner Treadmill Test
Capacidade anaeróbia máxima
Modelo de exercício reflecte muitas actividades
desportivas
Duração do teste indica a alta contribuição aeróbia.
Máximo deficit de O2
acumulado Capacidade anaeróbia
máxima
Menos sensível por factores motivacionais do
que outros testes para performance anaeróbia.
Questionável aceitação da linearidade entre o
VO2máx e a intensidade de exercício em
características supramaximais.
Teste de Wingate
O teste de Wingate (WANT), desenvolvido por Inbar, Bar-Or & Skinner (1996), procurou
estimular o interesse pela capacidade anaeróbia, como componente da aptidão física,
avaliando as capacidades anaeróbias de curta e média duração, mas apesar deste teste
depender essencialmente da actividade simultânea dos sistemas de metabolismo anaeróbio
(Adams, 1998), o metabolismo aeróbio não deixa de ser significativo (Inbar et al., 1996).
Segundo Laurent et al. (2007), o teste de Wingate é o protocolo mais utilizado para
avaliar a capacidade anaeróbica em artigos e investigações. Este teste permite mensurar a
potência muscular, prover informações da potência de pico, resistência e fadiga muscular, além
de ser de simples aplicação, de baixo custo, seguro (não-invasivo), mostrar-se de fácil
realização tanto para membros inferiores como para membros superiores, possui um alto grau
de validade e reprodutibilidade (Inbar et al., 1996). Em virtude destes factos, o WANT mostra
uma grande aceitação pela comunidade científica.
As características do WANT (Confiabilidade – no qual foram feitos estudos, com várias
populações, com o objectivo de apurar a confiança deste teste (Inbar et al., 1996). Os
Coeficientes de confiabilidade para este teste, quando realizado em condições padronizadas,
variaram entre 0.86 e 0.99. Deste modo, pode considerar-se este teste altamente fiável;
Validade – dada a dificuldade em encontrar um teste padrão que medisse a potência anaeróbia
máxima e a endurance local dos membros superiores e inferiores, os promotores deste
projecto decidiram comparar os resultados do WANT com vários índices de desempenho
anaeróbio. Foram considerados os testes de campo, de laboratório, variáveis histoquímicas e a
participação das vias energéticas. Ainda que com reservas específicas de cada caso, foram
encontradas elevadas correlações entre os resultados do WANT e as variáveis estudadas nos
Continuação do Quadro-1
Revisão da Literatura
15
diversos índices de desempenho anaeróbio; Sensibilidade – Inbar et al. (1996) consideram que
o WANT é sensível aos aumentos da performance anaeróbia, resultantes de vários tipos de
treino desta capacidade física, quando usado em crianças, adolescentes e adultos têm sido
exploradas por vários grupos. A sua confiança no teste–re–teste em crianças atinge 0.92 e
0.97 (Bar-Or, 1987).
O teste anaeróbico de Wingate, apesar de não ser um teste Gold Standart, até mesmo
por não existir um neste tipo de teste, demonstra ser o teste mais válido para avaliar as
capacidades por ele testadas, sendo o mais utilizado em toda a literatura científica e o mais
reproduzido. Mesmo assim existem algumas falhas metodológicas no seu protocolo e assim
como algumas limitações,como é caso de uma discrepância na determinação das cargas e
ineficiência em avaliar um músculo em si ou agrupamento muscular, respectivamente. Porém,
ainda assim, este teste é o mais confiável e deve continuar a ser o mais utilizado para
pesquisas e testes laboratoriais em atletas até que surja um que seja capaz de determinar com
mais precisão os parâmetros que o WANT se propõe avaliar (Arruda, 2008).
Aspectos que afectam o desempenho no teste Wingate
Normalmente os testes metabólicos obedecem a instruções previamente estabelecidas para o
indivíduo testado, a fim de evitar erros metodológicos, em relação à alimentação, ao descanso
prévio e à orientação sobre o teste em si. Souissi et al. (2003), investigaram a interferência da
privação de uma noite de sono sobre o desempenho do WANT no dia subsequente e
verificaram que a privação de 24 horas de sono não interferiu no desempenho do indivíduo, na
questão potência máxima, média, ou mesmo nas concentrações sanguíneas de lactato.
Contudo, a privação de 36 horas de sono afectaram negativamente a potência máxima e
média,permanecendo inalterado as concentrações de lactato, talvez, de acordo com Bedu et al.
(1991), que referem que este facto deve-se ao período muito curto de duração do teste, não
induzindo a utilização de glicogenólise anaeróbica.
No que se refere à alimentação prévia, Langford et al. (1997) conduziram um estudo
que verificou que uma baixa ingestão de Hidratos de Carbono conduz a uma diminuição da
capacidade de trabalho anaeróbico, provavelmente em virtude da baixa disponibilidade de
glicogénio muscular, aumentando a actividade simpática no descanso e no pós-exercício.
Numa outra investigação em que a metodologia consistia numa restrição da hidratação
verificou-se que uma baixa ingestão líquida, acompanhada ou não de uma exposição ao calor
prejudica o desempenho no Teste Wingate (Cheuvront et al., 2006).
Revisão da Literatura
16
Outro dos factores que podem influenciar o resultado do teste é a motivação. Como já
foi mencionado, a duração do teste é curta o suficiente para manter o indivíduo devidamente
motivado ao longo do seu desenvolvimento, contudo, Inbar et al. (1996), analisaram o efeito da
motivação sobre o desempenho no teste de Wingate (WANT) de indivíduos adultos não atletas,
nas seguintes situações: presença de audiência; competição individual; competição em grupo;
punição; recompensa; associação em grupo e responsabilidade social. Observou-se que os
estímulos motivacionais baseados em informações cognitivas tiveram pouco ou nenhum efeito
sobre o desempenho, ao contrário, da motivação baseada em factores emocionais (punição e
recompensa), onde estes estímulos influenciaram, sobretudo a potência de pico.
Desctaca-se ainda um outro ponto influente na performance do teste, que seria a
maturação sexual. Armstrong et al. (1997) afirmam que o desenvolvimento da potência
anaeróbica ocorre durante a fase da adolescência e, portanto, os jovens possuem uma menor
potência de pico e média (Armstrong et al. 1997; Inbar E Bar-Or, 1996; Keller et al. 2000).
Keller et al. (2000), explicam este déficit como uma possível diminuição das concentrações de
fosfocreatina, menor massa muscular, menor concentração de fibras tipo II ou mesmo, um
controle motor reduzido em relação aos adultos.
As diferenças entre géneros também são factores limitantes na performance, onde
Inbar et al. (1996), delimita três factores para um rendimento inferior no teste na relação entre
homens e mulheres, os quais nas mulheres seriam a sua relativa ineficiência esquelética para
certas demandas físicas, o seu maior percentual de gordura e menor quantidade de massa
muscular, além da sua menor capacidade de suportar os níveis de lactato. Porém, de acordo
com Weber et al. (2006), as diferenças entre géneros são qualitativamente similares para a
porção inferior do corpo, contudo, na porção superior do tronco existe larga vantagem para o
género masculino.
Outro aspecto de fundamental relevância é a utilização de presilha nos pedais na
utilização do teste para os membros inferiores, uma vez que, estas possibilitarão a aplicação
de uma força superior por parte do sujeito durante todo o ciclo de movimento, através não só
do movimento de empurrar o pedal, mas também, de puxá-lo.
Um dos ponto de discussão actual é a utilização da travagem electromagnética em lvez
da mecânica. Dotan (2006), refere que não é possível comparar os resultados de ergômetros
de travagem mecânica com os resultados de travagem electromagnética, uma vez que,
algumas evidências sugerem a baixa correlação entre os diferentes tipos de imposição de
carga. Por outro lado, Micklewright et al. (2006), evidenciaram na sua investigação que a
travagem electromagnética pode ser designada como um indicador válido de performance em
Revisão da Literatura
17
exercícios anaeróbicos e nas suas respostas metabólicas, assim como, o teste com travagem
mecânica.
Algumas limitações do teste de Wingate
O valor da resistência a aplicar durante o teste é de 0.075kg. Kg-1
da massa corporal do sujeito.
Esta força mantém-se constante ao longo do teste mas, como é tão elevada, o sujeito não
consegue manter a velocidade inicial por um período superior a alguns segundos (Does, 2005).
No entanto, este valor tem sido alvo de acesas discussões e controvérsias. Segundo
Armstrong et al. (1997), este valor não permite optimizar a performance em adultos e não
atende às diferenças interindividuais. É neste âmbito que surge a maior limitação do teste de
Wingate: uma vez que a potência resulta do produto da força pela velocidade, os valores
máximos da potência máxima e da capacidade anaeróbia, só são realmente alcançados
consoante a aplicação da ―resistência óptima‖, cujo valor é muitas vezes difícil de determinar. A
resistência óptima deve indicar o valor mais elevado possível da potência anaeróbia. Assume-
se que um indivíduo atinge a carga óptima correspondente à potência máxima se um
acréscimo de carga induzir a um decréscimo de potência (Correia, 2004).
Outra questão que se coloca é se a mesma carga, será óptima tanto para se obter a
potência máxima como a capacidade máxima. Geralmente, a potência anaeróbia máxima e a
capacidade anaeróbia são determinadas, mas a validade destas medidas é questionada
(Mcarteney et al., 1983 citado por Winter et al, 1996) porque a carga do Wingate, não permite
activar os músculos necessários, para dar origem à velocidade requerida para optimizar a
potência (Hiil, 1983 citado por Winter et al, 1996).
Na tentativa de ultrapassar estas limitações, alguns autores optaram por utilizar no teste
Wingate a carga ideal determinada anteriormente por meio do teste Força Velocidade. Esta
abordagem foi inicialmente proposta por Vandewalle et al. (1987) e por Van Praagh et al.
(1990), que constataram uma elevada correlação (r=0.93) entre a potência máxima atingida
neste teste e o Wingate.
Estudos relacionados
Um estudo realizado com rapazes de 12 anos, sem treino e saudáveis revelaram que o teste
de Wingate é sensível a alterações incrementais na resistência estandardizada (0.065 – 0.080
Kg.Kg-1
da massa corporal). Para ser mais específico, a potência no teste de Wingate é
sensível a pequenos incrementos na resistência enquanto que a capacidade anaeróbia é
somente sensível a incrementos maiores na resistência. Para além do mais, optimizando
Revisão da Literatura
18
situações de resistência no teste wingate, melhora a sua relação com tarefas de desempenho
anaeróbio (Almuzaini, 2000).
Num estudo realizado por Gamboa (2009), em crianças com idades compreendidas
entre os 12 e os 15 anos, utilizando o teste de Wingate verificou que as crianças que viviam
numa em zonas geográficas de maior altitude não apresentavam melhorias na potência
anaeróbia quando o teste era realizado ao nível do mar.
Asano et al. (2009), efectuaram um estudo onde tinham como objectivo determinar e
comparar o perfil da potência anaeróbia através do teste Wingate em 65 atletas do sexo
masculino da modalidade de futebol, divididos em grupos de acordo com a categoria em que
competem: sub 13 (n=29), sub 15 (n=19), sub 17 (n=19). Os autores concluíram que a potência
anaeróbia máxima absoluta e a potência média absoluta são mais elevadas nos atletas sub 17,
porém os resultados da potência máxima relativa sugere que os atletas da categoria de sub 13
não apresentem a capacidade anaeróbia totalmente desenvolvida.
Outros autores decidiram utilizar o teste Força-velocidade e RAST para determinar a
potência anaeróbia máxima.
Correia (2004), realizou um estudo com 19 sujeitos com uma idade média de 21.3
anos, praticantes regulares de actividades física através do teste força velocidade retirou a
seguinte conclusão: O valor da carga óptima utilizada no teste Wingate e respectivos valores
de potência atingidos, quer em termos absolutos, quer em termos relativos, são
significativamente diferentes comparativamente aos valores alcançados com a carga
estandardizada. Assim, a carga proposta originalmente (0.075kg.kg-1
MC) parece-nos não ser a
mais indicada para assegurar o desempenho máximo no teste Wingate, em jovens adultos.
Este mesmo estudo propôs a utilização do teste Força Velocidade como forma de obter o valor
da carga óptima. Sugeriu ainda a necessidade de reformular o protocolo do teste Wingate
tradicional.
O RAST foi desenvolvido pela Universidade de Wolverhampton (Reino Unido) com o
objectivo de determinar a potência máxima, média e mínima, além do índice de fadiga na
corrida. Zacharogiannis et al. (2004) verificaram altas correlações significativas entre as
potências máxima e média determinadas pelo RAST e pelo teste de Wingate.
César et al. (2008), realizou um estudo com o objectivo de comparar a potência
anaeróbia máxima (PAM), potência anaeróbia média (PM) e o índice de fadiga (IF), em 84
atletas de futebol subdivididos: 26 profissionais, 33 juniores e 25 juvenis, utilizando o protocolo
Revisão da Literatura
19
Running Based anaeróbic Sprint Test (RAST). Concluíram que a potência anaeróbia nestes
jogadores aumenta da categoria de juvenil à categoria de profissional. Verificaram ainda que o
teste RAST permitiu uma mensuração objectiva da potência máxima e do índice de fadiga de
jogadores de futebol e apontam as diferenças de potência muscular existente entre as
categorias de jogadores.
Para Zacharogiannis et al. (2004), Balciunas et al. (2006) e César et al. (2008), embora
tenham utilizado o RAST para mensuração das potências máxima, média, mínima e índice de
fadiga, não foram encontrados na literatura nenhuns trabalhos que usaram esse protocolo para
a avaliação de atletas de Hóquei em Patins.
CAPÍTULO III
METODOLOGIA
3.1. Amostra
Esta investigação contou com a participação de 122 jovens hoquistas do sexo masculino, no
escalão etário de 14-16 anos de idade. O grupo de hoquistas do sexo masculino inclui atletas
federados a competir nos campeonatos distritais e nacionais no escalão de Juvenis, inscritos
em diversos clubes filiados em várias Associações pertencentes à Federação de Patinagem de
Portugal a saber: Associação de Patinagem de Coimbra (Associação Académica de Coimbra),
na Associação de Patinagem de Leiria (Sporting Clube Marinhense, Hóquei Clube Leiria e
Marrazes, Associação Desportiva Alcobacense, Biblioteca Instrução e Recreio), Associação de
Patinagem de Aveiro (Associação Desportiva Sanjoanense, Hóquei Clube da Mealhada, União
Desportiva Oliveirense), Associação de Patinagem de Santarém (Sporting Clube de Tomar),
Associação de Patinagem do Minho (Óquei Clube de Barcelos), Associação de Patinagem do
Porto (Futebol Clube do Porto, Associação Cultural e Recreativa de Gulpilhares, Grupo
Desportivo de Infante Sagres), Associação de Patinagem de Lisboa (Sport Lisboa e Benfica,
Hóquei Clube de Sintra, Hóquei Clube de Alverca), Associação de Patinagem de Setúbal
(Hóquei Clube de Sesimbra).
De acordo com a Tabela1, a amostra encontra-se distribuída por clubes e a sua filiação
associativa.
Tabela 1. Distribuição dos efectivos da amostra por clube.
Clube Associação nº de atletas
Associação Académica de Coimbra Coimbra 19
Associação Desportiva de Alcobaça Leiria 1
Futebol Clube de Alverca Lisboa 3
Hóquei Clube de Barcelos Minho 4
Biblioteca e Recreio (Valado de Frades) Leiria 4
Futebol Clube do Porto Porto 5
Associação Recreativa e D. de Gulpilhares Porto 4
Clube Desportivo de Infante Sagres Porto 1
Hóquei Clube Leiria Marrazes Leiria 8
Hóquei Clube da Mealhada Aveiro 24
União Desportiva da Oliveirense Aveiro 15
Clube Desportivo Paço d’Arcos Lisboa 4
Clube Futebol da Parede Lisboa 1
Salesiana Lisboa 1
Associação Desportiva da Sanjoanense Aveiro 2
Sporting Clube de Tomar Ribatejo 9
Grupo Desportivo de Sesimbra Setúbal 1
Hóquei Clube de Sintra Lisboa 3
Sport Lisboa e Benfica Lisboa 1
Continua
Metodologia
22
Sporting Clube Marinhense Leiria 11
Totais 122
3.2. Variáveis e administração dos testes
3.2.1. Medidas antropométricas simples
A antropometria pressupõe o uso de referências cuidadosamente definidas e descritas para a
estandardização dos procedimentos de medida. É necessária a utilização de instrumentos
apropriados e em boas condições. Adoptámos no nosso estudo os procedimentos
antropométricos, descritos por Lohman, Roche & Martorell (1988), também referidos por Malina
(1995) e Malina et al. (2004a), que correspondem aos guidelines do International Society for
Advancement in kinanthropometry. As medidas antropométricas simples utilizadas no presente
foram: a) estatura e massa corporal; b: Pregas (tricipital, bicipital, subescapular, suprailíaca,
crural e geminal); c: Diâmetros (bicôndilo-umeral, bicôndilo-femural, bicristal, biacromial, pulso,
tornozelo) d: Perímetros (abdominal, crural, geminal) e Circunferência (braquial máxima,
geminal).O protocolo das medidas antropométricas simples pode ser consultado no Anexo 2
3.2.2. Medidas antropometricas compostas
As medidas antropométricas compostas utilizadas no presente estudo foram: a) Índice de
androginia (Tanner et al.,1951); b) massa gorda, utilizando a formula de Boileau et al. (1988); c)
massa muscular, (Martin et al. 19901); d) massa esquelética (Drinkwater et al.,1986
1) e)
somatotipologia (Carter &Heath 1990).
Massa Gorda (%)
Para a determinação da percentagem de massa gorda utilizaram-se os procedimentos
previstos por Boileau et al. (1985).
1.35 x (TRIC+SUB) – 0.012 x (TRIC + SUB)2-3.4
Massa Muscular (Kg)
Para a determinação de massa muscular utilizaram-se os procedimentos previstos por Martin et
al. (19901).
[ H x (0.0553 x (PCR – 3.14 x (SKCR/10))2 + (0.0987 x PAB)
2 + (0.0331 x (PGL – 3.14 x
(SKGL/10))2 – 2.445 ] x 0.001
Massa Esquelética (kg)
Continuação da Tabela 1
Metodologia
23
Para a determinação de massa esquelética utilizaram-se os procedimentos previstos por
Drinkwater et al. (19861).
[ (DCH + DPLS + DBCF + DTRNZ)/4 ]2 x H x 0.92 x 0.001
Índices
Androginia
Os diâmetros bicristal e biacromial são utilizados na determinação da geometria do corpo. O
tronco trapezoidal corresponde ao tipo masculino, enquanto o tronco rectangular é
característico do tipo feminino. Optámos por este índice e não por outro uma vez que este tem
sido frequentemente utilizado em estudos com jovens.
(Diâmetro bicristal/diâmetro biacromial) x 100
Somatotipologia
Para a determinação do somatótipo utilizaram-se os procedimentos previstos por Carter e
Heath (1990).
Endomorfismo
No cálculo desta componente utilizámos a fórmula
-0.7182 + 0.1451(X) – 0.00068(X2) + 0.0000014(X
3)
em que (X) corresponde à soma das pregas de gordura subcutânea tricipital,
subescapular e suprailiaca. Para corrigir o endomorfismo para a estatura multiplicámos
(X) por (170.18/estatura do observado). Este procedimento é proposto por Carter e Heath
(1990) e por Malina (1995), no entanto, a vasta literatura que faz uso da somatotipologia
não é clara quanto à obediência deste pressuposto.
Mesomorfismo
Determinado com recurso à fórmula:
[(0.858 x diâmetro bicôndilo-umeral) + (0.601 x diâmetro bicôndilo-femoral) + (0.188 x
circunferência braquial máxima corrigida) + (0.161 x circunferência geminal corrigida)] –
(estatura x 0.131) + 4.50
A correcção das circunferências era feita através da subtracção das pregas de gordura
divididas por 10. Isto é, à circunferência braquial máxima subtraia-se a prega de gordura
1Retirados da obra de Eston e Reilly (1996):Kinanthropomtry and Exercise Physiology
Metodologia
24
tricipital dividida por 10 e à circunferência geminal subtraia-se a prega de gordura
geminal também dividida por 10. A necessidade de dividir as pregas de gordura por 10
resulta do facto das circunferências estarem em cm e as pregas de gordura em mm.
Ectomorfismo
Na determinação da terceira componente do somatótipo necessitámos de calcular
previamente o índice ponderal recíproco (IPR) dado pela seguinte expressão:
Estatura (cm)/massa corporal (kg)⅓
Se IPR ≥ 40.75, ectomorfismo = IPR x 0.732 – 28.58
Se IPR < 40.75 e > 38.25, ectomorfismo = IPR x 0.463 – 17.63
Se IPR ≤ 38.25, ectomorfismo = 0.1
3.2.3. Maturação
Maturação sexual avaliada por um perito
Utilizaram-se os 5 estádios de desenvolvimento da pilosidade púbica descritos por Tanner
(1962). Para o efeito recorreu-se a um observador com vasta experiência nesta avaliação.
A descrição dos estádios de desenvolvimento genital e da pilosidade púbica, tendo
como exemplo o sexo masculino, é apresentada a seguinte forma por Malina et al. (2004a)
Desenvolvimento Genital e da Pilosidade Púbica
Estádio 1
O pénis, escroto e testículos apresentam uma dimensão idêntica ao verificado durante a
infância. Ausência de pilosidade púbica. Os pêlos que se encontram na região púbica não
diferem dos encontrados na região abdominal.
Estádio 2
O escroto e os testículos aumentaram de tamanho. A pele do escroto é mais fina e enrugada
assumindo uma coloração mais avermelhada sendo, no entanto, difícil de verificar em
fotografias. O pénis sofreu poucas, ou nenhuma, alterações relativamente ao estádio anterior.
Existem já alguns pêlos púbicos erectos ou ligeiramente encaracolados e com uma tonalidade
mais escura. Estes pêlos são dispersos e poderão sitiar-se na base do pénis/ou no escroto.
Metodologia
25
Este estádio é difícil de verificar em fotografias sendo preferível o uso de desenhos com uma
breve descrição escrita.
Estádio 3
O pénis aumentou o seu comprimento mas não regista alterações no seu perímetro. O escroto
e os testículos aumentaram o seu tamanho em relação ao estádio 2 apresentando-se o escroto
mais abaixo relativamente ao pénis. Os pêlos púbicos são mais escuros, mais grossos e mais
encaracolados, situando-se à volta da base do pénis.
Estádio 4
O pénis aumentou de tamanho (comprimento e perímetro). A zona distal do pénis apresenta
uma forma cónica registando-se um aumento desta região. O escroto e os testículos continuam
a aumentar e a pele do escroto torna-se mais escura. Os pêlos púbicos são idênticos ao adulto
(coloração idêntica ao cabelo, grossos e encaracolados) mas a área coberta é
consideravelmente inferior à do adulto. A pilosidade não se espalha para a região periférica das
coxas, isto é, não ultrapassa as dobras inguinais.
Estádio 5
O pénis, escroto e testículos apresentam o tamanho e a forma adulta. Os pêlos púbicos têm a
forma e a distribuição típica do adulto. Cobrem uma área triangular e expandem-se para lá das
dobras inguinais.
3.3. Avaliação da potência anaeróbia
Para avaliação da potencia anaeróbia através do protocolo do teste Wingate, foi utilizada a
bicicleta ergométrica de MI, Monark modelo 824 E, com sensor óptico ligado a um computador,
com utilização do software SMI Powernfor IBM and Compatibles ( DOS) version 3.02, que por
16 marcas contidas na flywheel ( 1,615 metros de circunferência), calculando assim a
velocidade linear através da seguinte formula:
V= X Pulsos x 1rev x 1,615m 1s 16 pulsos 1 rev
Interligado a um sistema de travagem da Flywheel, existe um ― Cesto‖ pesando
aproximadamente 500grs, onde são adicionados kg (em forma de pesos), que quando soltos
(Accionados simultaneamente com o registo dos pulsos) exercem atrito à flywheel, de forma
que este atrito ofereça resistência à pedalada do sujeito. Esta resistência é considerada como
a força.
Metodologia
26
Através da identificação da velocidade linear e da força aplicada, calculou-se então a PA
máxima e PA mínima, na qual o < nº de pulsos determina a PA mínima, pela seguinte fórmula:
Potência = Força x Velocidade
O pico de potência e a potência mínima foram determinados pela média de um período
de 5 a 6 segundos, ou seja, segundos consecutivos que produzem alta e baixas potências.
O software SMI Power for IBM and Compatibles ( DOS) version 3.02, também fornece
dados sobre a capacidade anaeróbica (CA), calculando a média de todos os segundos de
realização dos testes ( ∑ Potências/ 30 seg).
A partir destes dados também foi determinado o índice de fadiga (IF), utilizando a
seguinte fórmula:
IF (%) = Potência Máxima - Potência Mínima x 100
Potência Máxima
A bicicleta ergométrica foi calibrada antes de cada sessão de testes pela resistência da
carga padrão e velocidade dos pedais, segundo as suas normas:
Ajustamento da fita de tensão do cicloergómetro Monark 824 E®
• Verificar se a fita está colocada correctamente na superfície de contacto da
roda. Em seguida retira-lhe a cavilha de segurança do aparelho de tensão e colocar
4kg no cesto.
• Rodar a roda do cicloergómetro com a mão. O cesto deverá então elevar-se, a
distância entre eles e a roda deverá centrar-se entre os 3 e os 8 cm.
• Se tal não se verificar, a fita deverá ser ajustada ao aparelho de tensão. Para
tal, deve desapertar-se o parafuso do aparelho de tensão.
• Concluídas estas operações, deverá verificar-se novamente se ao elevar-se e o
cesto, este se encontra a uma distância da roda entre 3 e 8 cm.
• Para terminar, deve-se apertar novamente o parafuso do aparelho de tensão.
O WANT consistiu em pedalar num cicloergómetro durante 30 segundos a uma carga
constante, num esforço supra-máximo, onde obtemos os valores referentes à potência
anaeróbia máxima ( PA), capacidade anaeróbia (CA) e o índice de fadiga ( IF). A altura do
Metodologia
27
selim deve ser ajustada para cada sujeito de modo que se observe uma ligeira flexão de
joelhos quando o pé se encontra no pedal e este está no seu ponto mais baixo (Tavares,
2002). A resistência constante foi de 0.075kg (0.74N) Kg-1
por unidade de massa corporal
(Armstrong et al., 1997; Armstrong et al., 2000b; Falk e Bar-Or., 1993; Carlson e Naugthon,
1994; Chia et al., 1997; Ratel et al., 2002; Willians, 1997). Antes do teste é realizado um
aquecimento padrão de 4 minutos, a pedalar a 60 rotações por minuto, intercalados por 3
sprints máximos de 2 a 3 segundos ao final de cada minuto. No final dos 4 minutos e durante
um intervalo de 2 minutos o sujeito realizará uma série de exercícios de alongamentos durante
15 segundos. O teste começa quando o indivíduo mantiver constante 60 rpm contra uma
resistência mínima, realiza-se então, uma contagem de ― 3-2-1- vai‖, activando a resistência
previamente definida e o registo simultâneo do computador. No final do teste os indivíduos
realizaram uma recuperação activa no cicloergómetro a pedalar a 60rpm durante um minuto e
mais 4 minutos de recuperação passiva.
3.4. Procedimentos
Após obter autorização institucional, mediante a revisão científica e ética do projecto
precedente ao estudo pelo Conselho Científico da Faculdade de Ciências do Desporto e
Educação Física da Universidade de Coimbra (FCDEF-UC) e com base no protocolo de
cooperação entre a FCDEF-UC e a Federação de Patinagem de Portugal (FPP), foi elaborada
a aprovação formal do mesmo também pela direcção técnica nacional da FPP.
A FPP forneceu a listagem dos atletas de interesse distrital e nacional. Posteriormente
foi obtido um termo de consentimento que continha toda a informação relevante, promovendo o
entendimento das implicações e concordância com uma participação voluntária, susceptível de
ser interrompida em qualquer altura. O termo de consentimento visou a explicação sumária do
estudo e objectivos do mesmo; permissão de utilização dos resultados para fins científicos e
pedagógicos; assinatura dos responsáveis pela realização do teste e garantia das normas de
segurança estabelecidas e assinatura do indivíduo a testar, do seu responsável legal e de um
responsável técnico ou directivo (Anexo 1). A maioria das avaliações foi efectuada nas
instalações da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de
Coimbra, isto é, no Pavilhão III do Estádio Universitário de Coimbra e Laboratório de
Biocinética, situado no mesmo edifício. Atendendo aos momentos avaliativos, a decorrer no
final das correspondentes épocas desportivas, os testes foram realizados durante um dia para
cada subgrupo de aproximadamente 10 atletas.
3.5. Controlo da qualidade dos dados
A totalidade das variáveis do presente estudo, foram sujeitas a um processo de concordância
inter-observador, ou seja, os diferentes especialistas envolvidos terão que ser alvo da
Metodologia
28
determinação do erro técnico de medida e coeficiente de fiabilidade, avaliando
aproximadamente 25 jogadores (que integrem a amostra) em duas semanas consecutivas.
Determinação do erro técnico de medida e do coeficiente de fiabilidade
A fiabilidade pode ser avaliada recorrendo à análise de réplicas das medidas obtidas num curto
lapso de tempo, sendo expressa em função da proporção estabelecida entre a variância do
erro e a variância inter-individual (Mueller & Martorell, 1988). O coeficiente de fiabilidade varia
entre 0 e 1, sendo estimados pela seguinte fórmula:
R= 1 – (r2/s
2)
Na fórmula, s2 é a variância inter-individual e r é o erro técnico de medida. Quanto maior
for a fiabilidade dos procedimentos de medição, menor porção de variância intra-individual
estará presente na variância inter-individual. A variância inter-individual (s2) é determinada pela
seguinte fórmula:
s2 = (n1.s1
2 + n2.s2
2)/(n1+n2)
Em que n1 e n2 são as dimensões amostrais, s1 e s2 o desvio padrão nos momentos 1 e 2.
A determinação do erro técnico de medida é feita recorrendo à fórmula proposta por
Malina et al. (1973):
r = (z2/2N)
0.5
Em que z2 é o quadrado da diferença entre as medidas consecutivas para cada sujeito.
A Tabela 2, reporta a determinação do erro técnico de medida e do coeficiente de
fiabilidade, recorrendo à análise de réplicas das medidas obtidas num lapso de tempo
espaçado de oito dias, numa amostra de 25 hoquistas de 14-16 anos de idade, de nível local e
que fizeram parte da amostra principal do estudo.
Tabela 2. Determinação do erro técnico de medida (Se) e do coeficiente de fiabilidade (R) (n=25).
Variáveis Se R
Antropométricas
Tamanho corporal:
Massa corporal 0.54 0.99 Estatura 0.88 0.99
Pregas
Tricipital 0.50 0.98 Bicipital 0.47 0.97 Sub-escapular 0.32 0.98 Supra-íliaca 0.52 0.97 Crural 0.45 0.97 Geminal medial 0.42 0.95
Testes de Laboratório
Potência anaeróbia
WAnT PP 17.5 0.98
Continua
Metodologia
29
WAnT MP 18.3 0.98 WAnT IF 2.4 0.71
3.6. Tratamento estatístico
Inicialmente produziu-se a caracterização da amostra através da estatística descritiva,
nomeadamente, através de parâmetros de tendência central (média) e de dispersão (desvio
padrão e amplitude).
Quanto à distribuição total da amostra pelos estádios de maturação sexual, foi
analisada a variância (ANOVA), a covariância (ANCOVA), controlando para o efeito espúrio da
idade cronológica. As variáveis dependentes consideradas foram as morfológicas e as medidas
marcadoras do traço anaeróbio. O efeito da maturação sexual como fonte significativa de
variação do tamanho corporal, da somatotipologia e do traço anaeróbio, foi testada através da
análise da variância (ANOVA).
A análise da regressão linear múltipla foi utilizada para identificar as variáveis
correlatas capazes de explicar a variância dos resultados em cada uma das medidas do traço
anaeróbio. Este procedimento, baseou-se na técnica backward com um valor de corte de
p≤0.10. Este procedimento parte de um modelo inicial que associa a combinação linear de
todas as variáveis independentes com a variável dependente. De seguida testa,
sucessivamente, a possibilidade de remover uma variável independente sem prejudicar a
magnitude da associação entre os dois lados da equação.
Para todos os testes de estatística inferencial, o nível de significância foi mantido em
5%, valor estabelecido para ciências sociais e comportamentais. Utilizamos o software
Statistical Program for Social Sciences – SPSS, versão 15.0 para Windows e o Microsoft Office
Excell 2010.
Continuação da Tabela 2
CAPÍTULO IV
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
4.1. Estudo descritivo para a totalidade da amostra
A Tabela 3 apresenta a estatística descritiva relativa às medidas antropométricas. A amplitude
de variação é de 37.5 cm para a estatura, de 44 kg para a massa corporal, de 29.3 kg para a
massa muscular absoluta, de 21.2 kg para a massa gorda absoluta. A amplitude de variação do
índice de androginia é de 32.9. Registamos os valores da Tabela 3 que identificam o perfil do
somatótipo do hoquista.
Tabela 3. Valores mínimo, máximo, média e desvio padrão para a totalidade da amostra (n=122) nas variáveis antropométricas.
Mínimo Máximo Média Desvio Padrão
Idade cronológica, anos 14.6 16.7 15.7 0.4
Estatura, cm 153.6 191.1 171.1 6.8
Massa corporal, kg 47.5 91.5 64.6 7.9
Massa muscular absoluta, kg 20.7 50.0 33.6 5.2
Massa esquelética absoluta, kg 6.7 12.9 8.7 1.1
Massa gorda absoluta, kg 5.6 26.8 11.8 4.6
Massa muscular relativa, % 35.8 61.2 52.0 5.1
Massa esquelética relativa, % 10.3 17.4 13.5 1.3
Massa gorda relativa, % 10.1 32.3 18.0 5.4
Índice de androginia, # 75.10 108.00 90.23 6.53
A análise das três componentes do somatótipo (Tabela 4), sugere que a globalidade da
amostra total apresenta um perfil somático mesomorfo-equilibrado.
Tabela 4. Valores mínimo, máximo, média e desvio padrão para a totalidade da amostra (n=122) nas medidas das variáveis do somatótipo (n=122).
Mínimo Máximo Média Desvio Padrão
Endomorfismo 1.7 8.1 3.6 1.39 Mesomorfismo 0.3 7.7 4.6 1.14 Ectomorfismo 0.4 5.6 3.1 1.14
A Tabela 5 apresenta a estatística descritiva relativa à potência máxima anaeróbia. Os valores
absolutos e relativos à massa corporal da APP são de 614.9 watts e de 9.47 watts.kg-1
. Os
valores absolutos e relativos à massa corporal da AMP são de 513.1 watts e de 7.93 watts.kg-1
.
A percentagem do Índice de fadiga apresenta uma média de 0.43%.
Tabela 5. Valores mínimo, máximo, média e desvio padrão para a totalidade da amostra (n=122) nas capacidades funcionais.
Mínimo Máximo Média Desvio Padrão
Continua
Apresentação dos Resultados
32
Want: APP, watts 352.0 921.0 614.9 119.1
Want: AMP, watts 307.0 738.0 513.1 94.6
Want: APP, watts . kg-1
5.94 12.33 9.47 1.35
Want: AMP, watts . kg-1
4.94 10.25 7.93 1.10
Índice de fadiga, % 0.13 0.64 0.43 0.12
APP (anaerobic peak power); AMP (anaerobic mean power).
4.2. Estudo da variação associada à maturação sexual
A Tabela 6 apresenta a média e desvio padrão das medidas antropométricas, por estádio de
maturação sexual, dada pela pilosidade púbica, aditando ainda os resultados da análise da
variância para testar o efeito da maturação sobre as medidas morfológicas. Verificou-se um
efeito significativo sobre as seguintes variáveis dependentes: estatura (F(2,118)=6.579 p<0.00
²=0.10), massa corporal (F(2,118)=7.840, p<0.00, ²=0.12), índice de androginia (F(2,118)=9.468
p<0.00, ²=0.13), massa muscular em valores absolutos (F(2,118)=5,369 p<0.00, ²=0.08),
percentagem de massa muscular (F(2,118)=10.429, p<0.01, ²=0.15) e massa esquelética
expressa em kg (F(2,118)=3.148, p<0.05, ²=0.05). O gradiente de variação dos valores médios é
sempre crescente (estádio 3 <estádio 4 <estádio 5).
Tabela 6. Média ajustada. erro padrão e resultado da análise da covariância (Ancova tendo a Idade cronológica com covariável) para testar o efeito da maturação sobre as medidas da morfologia externa (n=122).
PH3 (n=5)
___________
PH4 (n=58)
_____________
PH5 (n=59)
___________
F(2,118)
p
² Média Dp Média Dp Média Dp
Estatura, cm 164.4 2.7 169.8 0.8 172.9 0.8 6.579 0.00 0.10
Massa corporal, kg 56.3 3.4 62.6 0.9 67.2 0.9 7.840 0.00 0.12
Massa muscular absoluta, kg 25.2 2.2 32.7 0.6 35.2 0.6 5.369 0.00 0.08
Massa esquelética absoluta, kg 8.2 0.6 8.5 0.1 8.9 0.1 3.148 0.05 0.05
Massa gorda absoluta, kg 11.5 2.1 11.5 0.6 12.2 0.7 0.269 0.77 0.01
Massa muscular relativa, % 44.8 2.7 52.5 0.7 52.2 0.7 10.429 0.00 0.15
Massa esquelética relativa, % 14.7 0.6 13.6 0.2 13.3 0.2 2.488 .0.09 0.04
Massa gorda relativa, % 19.6 2.4 18.1 0.7 17.8 0.7 0.286 0.75 0.01
Índice de androginia, # 84.84 2.70 88.17 0.79 92.70 0.79 9.468 0.00 0.13
PH (Estádio de pilosidade púbica em inglês pubic hair)
Quando analisamos a combinação linear das três componentes do somatótipo como variável
dependente, o efeito da maturação sexual não se mostra significativo [Lambda de Wilks=0.946,
F(6,230)=1.082, p=0.37, ²=0.03]. Também a análise univariada da variância, tendo cada uma
das três componentes como variáveis dependentes não se mostrou significativa, sendo os
resultados apresentados na Tabela 7.
Tabela 7. Média ajustada, erro padrão e resultado da análise da covariância (Ancova tendo a Idade cronológica com covariável) para testar o efeito da maturação sobre as medidas das variáveis do somatótipo (n=122).
Continuação da Tabela 5
Apresentação dos Resultados
33
PH3 (n=5)
___________
PH4 (n=58)
_____________
PH5 (n=59)
___________
F(2,118)
p
² Média Dp Média Dp Média Dp
Endomorfismo 4.2 0.6 3.6 0.2 3.5 0.2 0.575 0.56 0.01
Mesomorfismo 4.6 0.5 4.6 0.2 4.7 0.2 0.074 0.93 0.00
Ectomorfismo 3.4 0.5 3.2 0.2 3.1 0.2 0.408 0.67 0.01
Tabela 8. Média ajustada, erro padrão e resultado da análise da covariância (Ancova tendo a Idade cronológica com covariável) para testar o efeito da maturação sobre as medidas das capacidades funcionais (n=122).
PH3 (n=5)
_____________
PH4 (n=58)
___________
PH5 (n=59)
___________
F(2,118)
p
² Média Dp Média Dp Média Dp
Want: APP, watts 432.7 44.8 563.5 13.1 680.8 13.2 26.340 0.00 0.31
Want: APP, watts . kg-1
7.94 0.56 9.00 0.16 10.06 0.16 13.243 0.00 0.18
Want: AMP, watts 358.3 5.9 473.6 10.5 564.9 10.5 26.352 0.00 0.31
Want: AMP, watts . kg-1
6.54 0.46 7.56 0.13 8.41 0.13 13.680 0.00 0.19
Índice de fadiga, % 0.47 0.05 0.39 0.02 0.47 0.02 6.819 0.02 0.10
SSCM (salto sem contramovimento); SCCM (salto com contramovimento); APP (anaerobic peak power); AMP (anaerobic mean power)
Na prova laboratorial de potência anaeróbia foram encontrados resultados igualmente
significativos: APP (F(2,118)=26.340, p<0.01, ²=0.31, expressando os resultados em watts;
F(2,118)=13.243, p<0.01, ²=0.18, quando os resultados são expressos por unidade de massa
corporal), AMP (watts: F(2,118)=26.352, p<0.01, ²=0.31; watts.kg-1
: F(2,118)=13.680, p<0.00,
²=0.19) e índice de fadiga (F(2,118)= 6.819, p<0.05, ²=0.10), sendo os resultados apresentados
na Tabela 8.
4.3. Estudo de um modelo preditivo para as medidas anaeróbias
Recorremos à análise da regressão linear múltipla para verificar a quantidade de variância que
é explicada na potência e capacidade aneróbia tendo como variáveis independentes: massa
corporal, massa muscular relativa,massa gorda relativa e o indíce de androginia. Apenas são
expostos na Tabela 9 os resultados estatisticamente significativos (p≤0.05 ou p≤0.01).
A análise dos preditores seleccionados para integrarem os vários modelos explicativos
evidência o papel do índice de androginia e da massa gorda em termos percentuais da (3
entradas) e da massa corporal e da massa muscular relativa (2 entradas).
Tabela 9. Resultados da análise de regressão linear múltipla (modo backward) para obtenção de modelos explicativos nos parâmetros resultantes da prova Wingate (Want).
Variável
Dependente
Preditores
Modelo preditivo
Variáveis Coeficiente
estandardizado P R²
R² ajustado
F p
Continua
Apresentação dos Resultados
34
Wingate APP, Massa corporal Índice de androginia Massa gorda relativa
0.67 0.24 -0.26
0.00 0.00 0.00
0.60
0.60
59.31
0.00
Wingate AMP,
Massa corporal Índice de androginia Massa muscular relativa Massa gorda relativa
0.61 0.29 0.12 -0.20
0.00 0.00 0.04 0.01
0.60
0.59
42.90
0.00
Índice de fadiga. Índice de androginia Massa muscular relativa Massa gorda relativa
0.33 -0.53 -0.14
0.00 0.00 0.06
0.37
0.35
22.71
0.00
(*) p≤0.05, (**) p≤0.01. APP (anaerobic peak power); AMP (anaerobic mean power)
Ambas variáveis da potência anaeróbia máxima e média apresentam uma maior
sobreposição de variância (60%) que o indíce de fadiga (37%). Com coeficientes negativos, a
massa gorda relativa é preditora nas três variáveis dependentes enquanto a massa muscular
relativa apenas exibe valor negativo no indíce de fadiga.
Continuação da Tabela 9
CAPÍTULO V
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
5.1. Estado de crescimento dos jovens hoquistas
A escassez de atletas, neste estudo, em estádios de maturação mais baixos pode comprovar o
conceito da selecção desportiva baseada no tamanho corporal ao longo dos escalões de
formação (Claessens, 2005). Malina (2003,) acrescenta que o processo de selecção, favorece
os jogadores com um maior tamanho corporal e que estão geralmente avançados em termos
da idade esquelética e/ou maturação sexual. Os resultados do estudo vão ao encontro da
literatura, porque a maturação parece provocar um aumento nas variáveis somáticas (Horta,
2003).
Os dados obtidos revelam que os hoquistas avançados maturacionalmente apresentam
maior composição corporal, com valores estatisticamente significativos (p ≤ 0.01) para a
estatura, massa corporal, massa muscular absoluta, massa muscular relativa e índice de
androginia. Os atletas pertencentes ao estádio maturacional PH3 têm em média menos 5.4
centímetros de altura em comparação com os do PH4, aumentando essa diferença para 8.5
centímetros em relação aos atletas pertencentes ao PH5 (164.4 cm, 169.8 cm e 172.9cm,
respectivamente). Os jovens mais maturos (PH5) possuem em média 67.5 Kg, para 62.6 kg do
PH4, o grupo menos maturo da amostra apresenta apenas 56.3 Kg, uma diferença de 10.9 kg
para os jovens maturacionalmente mais avançados (PH5).
Na variação da estrutura física os jovens com uma maturidade precoce demonstram
valores superiores de massa magra e muscular, tendo menor presença de massa gorda em
comparação com os jovens da mesma idade cronológica, mas com estados maturacionais
tardios (Malina et al, 2001). Corroborando a afirmação anterior, os hoquistas da nossa amostra
revelaram percentagens de massa gorda superiores nos indivíduos menos maturos (PH3 –
19.6%; PH4 – 18.1% e PH5 – 17.1%). O presente estudo está em concordância com o estudo
realizado por Romeiro (2007), onde se verificaram diferenças significativas nas percentagens
de massa muscular nas comparações entre grupos (PH3 < PH4, p ≤ 0.01; PH3 < PH5, p ≤ 0.01
e PH4 < PH5, p ≤ 0.01),revelando uma tendência no aumento acentuado da massa muscular.
A maior presença de massa muscular observada nos atletas maturacionalmente mais
avançados, vem confirmar que o ganho da massa muscular ocorre durante e após o salto
pubertário (Malina, 1988; Seabra et al., 2001; Ferrari et al., 2007).
Ao analisarmos os valores médios do estudo para a estatura e massa corporal com
base nos dados produzidos pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC, 2000),
Discussão dos Resultados
36
apuramos que a amostra total apresenta valores médios de estatura entre os P25% e P50%, o
que já não se verifica com a massa corporal, que tende a situar-se entre os P50% e P75%.
Malina (1994a), apresenta para um conjunto de modalidades, a posição normativa para a
estatura e massa corporal, referindo que no caso do futebol a média das duas variáveis situa-
se mais ou menos no P50%, no Basquetebol entre o P50%-> P90%, no hóquei no gelo mais ou
menos P50% para a estatura e a massa corporal.
Quando confrontamos os resultados por nós obtidos com os recolhidos em outras
modalidades desportivas verificamos que, para a estatura e para as mesmas idades os nossos
atletas apresentam uma estatura consideravelmente mais baixa. Na modalidade de Futebol no
estudo de Mujika et al. (2009), para o escalão sub 15 apresentam uma estatura média de 174.0
cm e para o escalão de sub 16 uma estatura média de 175.0 cm; para atletas de Andebol no
estudo Mohamed et al. (2009), os atletas sub 15 apresentam uma estatura média de 171.0 cm;
para atletas de Hóquei em Campo, no estudo de Elferink-Gemser et al. (2007), para atletas sub
16 a estatura média situa-se nos 176.0 cm; em Basquetebol no estudo realizado por
Stadtmann et al. (2009) a estatura média situa-se nos 187.0 cm. Os elementos da nossa
amostra são consistentemente mais baixos, tendência esta que não se encontra para a massa
corporal visto que as médias obtidas no nosso estudo estão situadas acima ou abaixo das
médias verificadas em outras modalidades desportivas. A menor estatura encontrada para os
hoquistas em início de especialização, pode encontrar uma potêncial justificação na colocação
do centro de gravidade numa posição mais próxima do solo.
Apesar de não existir muitos estudos sobre a dimensão corporal de hoquistas, nos
estudos realizados por Vaz (2003), Romeiro (2007) e Santos (2009), para as mesmas idades,
os valores para a estatura e massa corporal encontram-se na vizinhança dos apontados na
nossa amostra, indiciando uma tipificação do perfil morfológico do jovem hoquista neste
escalão etário.
5.2. Maturação Biológica
5.2.1. Maturação Sexual
A avaliação dos caracteres sexuais secundários (avaliados pericialmente), não isenta das suas
limitações, indica o estádio em que se deparam os avaliados no momento da observação, mas
não proporcionam informação de quando é que o atleta entrou num determinado estádio e
durante quanto tempo é que permaneceu nesse mesmo estádio (Malina et al., 2004a). A
distribuição da presente amostra, incide apenas sobre três estádios de maturação sexual (PH3,
PH4 e PH5), estando 4% dos sujeitos no estádio PH3, 48% dos sujeitos no estádio PH4 e 48%
do total da amostra no estado maturo.
Discussão dos Resultados
37
Dados disponíveis estimam as idades de sobreposição aos vários estádios de
maturação sexual para a população de crianças e jovens, indicando que nas populações
branca não-hispânica, negra não-hispânica e hispânica, a idade média de entrada no PH4 era
de 14.89 anos, 15.21 anos e 15.25 anos, respectivamente, e no PH5 era de 16.84 anos, 16.67
anos e 17.14 anos de idade. (Sun et al., 2002). Comparativamente, estes dados demonstram
uma tendência dos hoquistas serem maturacionalmente adiantados nas idades investigadas.
A comparação com jovens de outros desportos é limitada porque existe uma
considerável amplitude de idades entre estudos, ou porque os dados são limitados ao futebol
(Coelho e Silva et al., 2003; Malina et al., 2004b; Seabra et al., 2001), ou ao basquetebol
(Coelho e Silva et al., 2008). Entre 69 futebolistas de 13.2-15.1 anos de idade (Malina et al.,
2004b), 58% situavam-se no PH4 e PH5. Esta pesquisa é das poucas, dentro do nosso
conhecimento, que dentro deste intervalo etário apresenta atletas classificados em todos os
estádios de pilosidade púbica. Seabra et al. (2001), mostraram que entre os 46 futebolistas
com uma idade média de 16.1 anos, 65% foram classificados no PH5 e os restantes no PH4.
Por sua vez, Coelho e Silva et al. (2003), com 66 futebolistas portugueses de 12.9-16.8 anos
de idade, classifica 48 futebolistas de 14-16 anos de idade no PH3 (8%), PH4 (67%) e PH5
(25%).
Baxter-Jones et al. (1995), sugerem que as modalidades desportivas em que o
tamanho corporal seja necessário para o sucesso desportivo, tendem a privilegiar os atletas
maturacionalmente adiantados. Apesar dos hoquistas investigados possuírem valores mais
elevados de massa corporal do que a elevadas estaturas, são concordantes com esta
tendência, sobretudo com a sobreocupação do estádio PH5.
Os nossos resultados são concordantes com os de Vaz (2003), em que 94% dos 84
sujeitos, com 14.8-16.6 anos de idade, foram classificados no PH4 e PH5, com os do Romeiro
(2007), em que 90.2% dos 82 sujeitos, com uma média de idades situada nos 15.8 anos, foram
classificados no PH4 e PH5, assim como os de Santos (2009), em que 100% dos 63 sujeitos,
com uma média de idades situada nos 15.7anos foram classificados no PH4 e PH5.
Os resultados confirmam a tendência em previligiar os jovens adiantados no processo
de maturação biológica na selecção desportiva no hóquei em patins.
5.3. Parâmetros anaeróbios
5.3.1. Análise dos outputs de desempenho anaeróbio
Discussão dos Resultados
38
O teste de Wingate é a prova de laboratório mais comum na avaliação do desempenho
anaeróbio (Rowland,2005). As variáveis obtidas na prova de 30 segundos em cicloergómetro
são o pico de potência ou a potência máxima (peak power) e a potência média (mean power).
A potência média é associada à capacidade de produção energética maioritariamente dada
pelo metabolismo anaeróbio glicolítico (Beneke et al., 2002). A massa corporal é geralmente
utilizada como medida de normalização dos outputs.
Tendo em consideração as diferenças nos cicloergómetros referênciados nos
diferentes estudos relatados, os outputs observados no teste de Wingate na amostra do
presente estudo são superiores aos valores reportados na literatura em amostra de jovens não-
praticantes (Rotstein et al.,1986; Armstrong et al.,1997; Nidl et al.,1995; Kasabalis, Douda &
Tokmakidis, 2005; Almazaini, 2007). A média dos valores reportados na literatura são de 531
Watts e 9.1 Watts/Kg para o pico de potência absoluta e em relação à massa corporal
respectivamente, 413 Watts e 6.3 Watts/kg para a potência média absoluta e relativa.
O maior desenvolvimento do metabolismo anaeróbio observado nos jovens hoquistas
estudados relativamente às amostras de adolescentes não-praticantes sugere que a solicitação
dos mecanismos energéticos no treino e na competição poderão ter implicações no
desempenho anaeróbio.
Comparação com outras modalidades
Quando comparamos o presente estudo com um estudo em jovens futebolistas de 15-16 anos
(Coelho e Silva et al., 2005) e com estudo em jovens basquetebolistas de 15-16 anos
(Carvalho, 2007), verificamos que a nossa amostra de hoquistas apresenta uma performance
inferior. Os futebolistas no pico de potência absoluta apresentam valores de 669±109.2, os
basquetebolistas de 642±147.1 e o presente estudo de 614.9±119.1. No entanto, esta diferença
fica mais moderada quando os resultados são relativizados pela massa corporal como
podemos verificar: futebolistas 10.8±0.8; basquetebolistas 9.4±1.0; presente estudo 9.5±1.35.
Em relação à potência média o comportamento das variáveis é idêntico.
5.3.2. Efeito do estatuto maturacional dado pela pilosidade púbica sobre o perfil
morfológico e traço anaeróbio
Coelho e Silva (2004b), afirma que o teste Wingate, realizado no cicloergómetro Monark, é o
protocolo mais utilizado na avaliação da aptidão anaeróbia, providenciando resultados de
potência e capacidade anaeróbia. Nesta prova, ocorrem diferenças significativas entre os
grupos PH3, PH4 e PH5, com os últimos a exercer potência máxima de 680.8 Watts contra
563.5 Watts do grupo maturacional intermédio da amostra e mais 248.1 Watts do que os
Discussão dos Resultados
39
atletas do estádio PH3 (432.7 Watts). Segundo Horta (2003), com a potência anaeróbia a
aumentar linearmente devido ao incremento da massa muscular na adolescência, os jovens
com níveis mais elevados desta massa tendem a ter melhor performance anaeróbia.
Corroborando, assim, os estudos de Malina and Bouchard (2002), que demonstram, que os
jovens em estágios maturacionais mais adiantados têm uma vantagem significante em
situações que envolvem capacidades condicionais.
Malina et al. (2004c), com futebolistas (15-16 anos), concluíram que o tamanho
corporal e o estádio maturacional tinham uma contribuição muito significativa nos resultados
das provas aeróbias, na potência muscular dos membros inferiores e na velocidade de corrida.
Também Ré et al. (2005), chegaram às mesmas conclusões, num estudo com 58 atletas de 15-
16 anos de idade, pertencentes a diversas modalidades desportivas, referindo que a massa
corporal tem uma influência directa nos resultados das provas de aptidão física (salto vertical,
horizontal e velocidade) e que os grupos com maior massa corporal reflectem uma maior
quantidade de massa muscular promovendo níveis de performance motora superiores.
Estas conclusões estão de acordo com os resultados do presente estudo, no qual os
hoquistas maturacionalmente mais avançados obtiveram melhores performances. Na
comparação entre grupos (PH3 <PH4 e PH3 <PH5) registaram-se diferenças significativas na
prova de Wingate.
Armstrong & Welsman, (2000); Van Praagh, (2001); Malina et al., (2004), referem que o
desempenho de tarefas anaeróbias aumenta com o decorrer dos processos de crescimento. O
nosso estudo, aponta para uma tendência idêntica, onde a potência anaeróbia mostra-se
sensível ao efeito da maturação sexual.
5.3.3. Variáveis preditoras do traço anaeróbio
Estudos apresentando modelos preditivos da performance humana utilizaram a pilosidade
púbica como indicador de maturação biológica (Malina et al., 2004b; Malina et al., 2004), outros
como Beunen, Ostyn, Simons, Renson & Van Gerven (1981), referem que a idade cronológica,
idade esquelética, estatura e massa corporal, por si só, não prestam um contributo elevado à
explicação da variância, apresentando as interacções entre estas variáveis como os principais
preditores do desempenho.
Recentemente, Coelho e Silva et al. (2008) apontam a maturação sexual, a massa
corporal e a interacção da estatura com a massa corporal (hxw), como justificação para 31% da
força explosiva dos jovens basquetebolistas, a idade e o peso, para 18% da variância da
endurance aeróbia, concluindo que, em traços gerais, é a óptima combinação entre estatura e
Discussão dos Resultados
40
peso, que mais importa em jovens basquetebolistas. Consistentes entre si, estes estudos
reflectem que a maioria da variância nos testes das capacidades funcionais não é explicada
pelo tamanho corporal e pela maturação sexual.
Para identificar as variáveis preditoras de potência muscular dos membros inferiores na
prova do Wingate foram incluídas no modelo estatístico: a massa corporal, o índice de
androginia e a massa gorda relativa. Dos factores bio-maturacionais de morfologia
considerados na explicação da variância no traço anaeróbio dos hoquistas, evidência-se que a
participação das variáveis independentes é idêntica na potência e na capacidade anaeróbia. A
massa corporal e o índice de androginia, revelam-se como os indicadores que mais vezes
contribuem para a explicação da variância, são estas as variáveis que surgem como principais
preditores do traço anaeróbio. A porção de variância explicada pelo modelo final na prova de
potência anaeróbia é de 60%, para a capacidade anaeróbia de 60% e de 37% para o índice de
fadiga.
Os resultados obtidos pelos jovens hoquistas tendem a confirmar os resultados já
confirmados por Docherty & Gaul (1991) e Carvalho (2007), ambos verificaram que a massa
corporal foi o preditor mais significativo no pico de potência e na capacidade anaeróbia.
CAPÍTULO VI
Conclusões
Com base nos resultados, apresentamos de seguida as principais conclusões deste estudo:
Os atletas maturacionalmente mais avançados, verificados através da pilosidade púbica,
manifestam valores mais elevados para as variáveis de morfologia externa, estatura,
massa corporal, massa muscular absoluta, massa gorda absoluta, massa esquelética
absoluta e índice de androginia.
Os atletas pertencentes ao estádio PH5 apresentam uma potência anaeróbia máxima mais
desenvolvida do que os atletas pertencentes aos estádios maturacionais PH3 e PH4.
Os atletas adultos jovens apresentam uma potência anaeróbia máxima mais desenvolvida
do que os rapazes pós-pubertários.
Os atletas pertencentes ao estádio PH5 apresentam uma capacidade anaeróbia mais
desenvolvida do que os atletas pertencentes aos estádios maturacionais PH3 e PH4.
Os atletas adultos jovens apresentam uma capacidade anaeróbia mais desenvolvida do
que os rapazes pós-pubertários.
O estatuto maturacional pós-pubertário em adultos jovens, demonstram indicadores de
potência e capacidade anaeróbia inferiores nos hoquistas relativamente a atletas de outras
modalidades.
O estado de maturação influência o desempenho anaeróbio significativamente nas
medidas absolutas e relativas.
A maturação, a massa corporal e o índice de androginia são as variáveis que mais
contribuem para o desempenho anaeróbio.
Conclusões
42
O volume de resultados levanta um conjunto de questões interessantes para responder em
pesquisas futuras:
Realizar um estudo comparativo semelhante em que diferencie os atletas distritais,
nacionais e internacionais, de modo a verificar as diferenças existentes entre eles e a sua
capacidade anaeróbia.
Dada a especificidade que apresenta a modalidade, seria importante realizar um teste de
campo para correlacionar com o teste Wingate de forma a serem retiradas conclusões
quanto à fiabilidade do teste de laboratório para o hóquei em patins.
Importância do treino anaeróbio no hóquei em patins é fundamental neste escalão etário,
porque a partir deste escalão define-se a sua projecção a nível internacional considerando
a performance anaeróbia importante nas tomadas de decisão em situações de jogo de
curta duração.
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Termo de Consentimento
A Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra e a
Federação de Patinagem de Portugal aproveitando a colaboração no acompanhamento das
Selecções Nacionais e Distritais, estão empenhadas na investigação no âmbito do Hóquei em
Patins.
O estudo em que está a ser convidado a participar, foi desenhado para examinar o
desempenho anaeróbio durante a adolescência com uma atenção especial dedicada à
variação associada à maturação, estudada pela pilosidade púbica.
Assim, o atleta __________________________________________________________, bem
como o seu responsável legal ______________________________________________, e o
responsável técnico ________________________________________________, tiveram a
oportunidade de discutir os procedimentos com a equipa de investigação e perceberam que o
primeiro iria ser avaliado quanto à morfologia externa. Será também, avaliado o desempenho o
aneróbio através de métodos seguros aplicados por técnicos qualificados. No âmbito do registo
multi-método dos testes, serão captadas imagens para uso restrito onde a confidencialidade
das mesmas estará assegurada.
Dado o entendimento das implicações do estudo, permitindo assim a utilização dos resultados
para fins científicos e pedagógicos e concordância com uma participação voluntária,
susceptível de ser interrompida em qualquer altura:
Eu (atleta) __________________________________________________, concordo em
participar nas sessões acima descritas, e eu (responsável legal pelo atleta)
__________________________________________________, autorizo a sua participação,
utilização dos resultados e utilização do registo de imagem com uso restrito confinado às
instituições envolvidas.
Eu (responsável técnico) __________________________________________________,
autorizo a sua participação e utilização dos resultados.
Coimbra_____de______________de________
Assinatura do Atleta Assinatura Responsável Legal Assinatura Responsável Técnico
________________ _________________________ __________________________
Massa corporal Apesar de na medição da massa corporal ser desejável que os sujeitos se apresentem
desprovidos de vestuário, decidimos restringir a roupagem a peças leves, ficando os
observados em fato de banho ou em calções e camisola de manga curta e descalços. Será
utilizada uma balança electrónica SECA, modelo 770, que providencia dados até às 100
gramas.
Estatura
Com a mesma roupagem permitida para a medição da massa corporal, o observado será
acostado ao estadiómetro, sendo a cabeça ajustada pelo observador de forma a orientar
correctamente o Plano Horizontal de Frankfurt. Por fim, seguindo as recomendações de
Gordon et al. (1988), será pedido ao sujeito para inspirar o máximo volume de ar, mantendo a
posição erecta. Utilizar-se-à um estadiometro portátil Harpender.
Pregas
Tricipital
A prega de gordura assume uma orientação vertical na face posterior do braço direito, a meia
distância entre os pontos acromial e olecraneano. Recorreu-se a um Slim Guide Skinfold
Caliper tal como para todas as outras pregas.
Bicipital
Trata-se de uma prega vertical medida na face anterior do braço direito, ao mesmo nível da
prega tricipital.
Subescapular
Esta prega assume uma orientação oblíqua (olha para baixo e para fora) e é medida na região
posterior do tronco, mesmo abaixo do vértice inferior da omoplata.
Suprailíaca
Como o próprio nome indica, a prega suprailíaca é medida imediatamente acima da crista
ilíaca, ao nível da linha midaxilar.
Crural
Esta prega é destacada na face anterior da coxa direita e a meia distância do sulco inguinal e
do bordo proximal da rótula.
Geminal
Esta prega vertical é medida com a articulação do joelho flectida em ângulo recto, estando o
observado sentado. A dobra de gordura subcutânea é destacada na face interna,
aproximadamente ao mesmo nível do plano horizontal onde foi medida a circunferência
geminal.
ANEXO 3
Maturação Sexual Auto-Percepcionada
Fonte Bibliográfica:
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assessment of sexual maturity in brasilian boys and girls: concordance
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455.
TESTE DE WINGATE
O teste anaeróbio de Wingate foi realizado numa bicicleta ergométrica MonarK modelo 814E,
depois assegurado o seu bom funcionamento. Esta prova é largamente utilizada para avaliar a
potência e capacidade anaeróbia (Chia, Amstrong & Childs, 1997). O teste consiste em pedalar
trinta segundos, contra uma resistência constante equivalente a 0.75 N.Kg ֿ ¹ de massa corporal
(kg)
O aquecimento consiste em pedalar durante três minutos a 60 rotações por minuto (rpm).
O exercício preparatório é efectuado com uma intensidade de 30 W. Durante esse esforço
ocorrem três sprints de dois ou três segundos, contra a resistência calculada para a massa
corporal e que irá ser utilizada no teste propriamente dito. O primeiro sprint acontece no final do
primeiro minuto, sendo os restantes realizados no final de cada minuto seguinte. Após o
terceiro minuto o atleta continua a pedalar mais um minuto. Cumprido este aquecimento, o
observado sai da bicicleta e executa uma série de alongamentos para os músculos
quadricipitais, adutores e para os isquiotibiais, antes de se sentar novamente numa outra
bicicleta (já preparada com a resistência adequada para a sua corpulência).
O protocolo de teste implica que quinze segundos antes do início do teste, levanta-se o
cesto da fita da roda da bicicleta para reduzir a tensão da corda da bicicleta e o sujeito é
solicitado a iniciar, em ritmo estável (60 rpm), o pedalar contra uma resistência mínima. Uma
vez atingido o “steady-sate” a pedalar, normalmente durante cinco segundos, é dado o sinal ao
indivíduo para se preparar. Ao ouvir a palavra ―já‖, o sujeito inicia o exercício em esforço
maximal para atingir o pico máximo de rotações e consequentemente de potência mecânica –
isto acontece habitualmente nos primeirs 5 a 6 segundos. Depois, o atleta é incentivado pela
equipa de avaliadores em manter um desempenho o mais elevado possível para que aconteça
o menor declínio da potência anaeróbia até ao limite temporal de 30 segundos.
No final dos 30 segundos, o cesto é levantado e o atleta continua a pedalar contra uma
carga de (0.50 Kg) durante alguns minutos até recuperar suficientemente do esforço do
exercício.