Método de Gauss-Seidel aplicado na solução de fluxo de potência
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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E
TECNOLOGIA DE GOIÁS
BACHARELADO EM ENGENHARIA ELÉTRICA
Método de Gauss-Seidel aplicado na solução de Fluxo de Potência: Análise de um
algoritmo.
JOÃO PAULO M. TAVARES
ITUMBIARA
2015
SUMÁRIO
MÉTODO DE GAUSS-SEIDEL .......................................................................... 2
Aplicação: Fluxo de Potência ........................................................................... 3
ANÁLISE DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL ....................................... 5
Análise do Código ............................................................................................ 6
Resultados Obtidos ........................................................................................... 6
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 7
2
MÉTODO DE GAUSS-SEIDEL
Considere um sistema linear Ax=b de ordem n, cujo determinante é diferente de
zero (det(𝐴) ≠ 0), representado por:
[
𝑎11 𝑎12𝑎21 𝑎22
⋯ 𝑎1𝑛⋯ 𝑎2𝑛
⋮ ⋮𝑎𝑛1 𝑎𝑛2
⋱ ⋮⋯ 𝑎𝑛𝑛
] . [
𝑥1𝑥2⋮𝑥𝑛
] = [
𝑏1𝑏2⋮𝑏𝑛
]
Equação (1): Representação matricial de um sistema linear de ordem n.
A matriz de coeficientes A, pode ser representada por 𝑨 = 𝑹 + 𝑳 + 𝑫, sendo
que, R é a matriz triangular superior, L é a matriz triangular inferior e D é a matriz
diagonal principal.
𝑨 = [
0 𝑎120 0
⋯ 𝑎1𝑛⋯ 𝑎2𝑛
⋮ ⋮0 0
⋱ ⋮⋯ 0
] + [
0 0𝑎21 0
⋯ 0⋯ 0
⋮ ⋮𝑎𝑛1 𝑎𝑛2
⋱ ⋮⋯ 0
] + [
𝑎11 00 𝑎22
⋯ 0⋯ 0
⋮ ⋮0 0
⋱ ⋮⋯ 𝑎𝑛𝑛
]
Equação (2): Decomposição da matriz de coeficientes do sistema.
A partir da equação (2), uma representação alternativa para o sistema da equação
(1) é dada por:
(𝑹 + 𝑳 +𝑫). 𝒙 = 𝒃 ⇒ 𝒙 = −(𝑳 + 𝑫)−𝟏. 𝑹. 𝒙 + (𝑳 + 𝑫)−𝟏𝒃 Equação (3): Equação matricial alternativa do sistema.
O processo iterativo de Gauss-Seidel é dado por:
𝒙𝑘+1 = −(𝑳 + 𝑫)−𝟏. 𝑹. 𝒙𝑘 + (𝑳 + 𝑫)−𝟏𝒃
Equação (4): Representação matricial do método iterativo de Gauss-Seidel.
Multiplicando a equação (4) por 𝑳 + 𝑫, obtem-se:
(𝑳 + 𝑫). 𝒙𝑘+1 = −𝑹. 𝒙𝑘 + 𝒃 ⇒𝒙𝑘+1 = 𝑫−𝟏. (−𝑳. 𝒙𝑘+1 − 𝑹. 𝒙𝑘 + 𝒃) Equação (5): Representação matricial alternativa do método iterativo de Gauss-Seidel.
Com base na equação (5), o valor de um elemento 𝑥𝑖 na iteração 𝑘 + 1 é dado
por:
𝑥𝑖𝑘+1 =
1
𝑎𝑖𝑖(𝑏𝑖 −∑𝑎𝑖𝑗. 𝑥𝑗
𝑘+1
𝑖−1
𝑗=1
− ∑ 𝑎𝑖𝑗. 𝑥𝑗𝑘
𝑛
𝑗=𝑖+1
) , 𝑖 = 1,2, … , 𝑛
Equação (6): Valor de um elemento 𝒙𝒊 na iteração 𝒌 + 𝟏.
No método iterativo de Gauss-Seidel inicia-se o vetor de soluções 𝒙0 e obtem-se
soluções aproximadas para o sistema de equações. A convergência do método depende
apenas do sistema de equações, o que significa que o vetor de soluções 𝒙0 pode ser
inicializado com qualquer valor. Com base nessa característica, inicia-se o vetor de
soluções com um vetor nulo.
3
A cada iteração realizada deve se verificar a convergência do vetor de soluções.
Para isso define um valor para o erro mínimo 𝜀, que varia em torno de 10-4
a 10-6
.
Assim, quando a condição expressa na equação (7) for satisfeita encerra-se o processo
de iteração.
𝜀 > 𝑚𝑎𝑥|𝑥𝑖𝑘+1 − 𝑥𝑖
𝑘| Equação (7): Condição de parada do método iterativo.
Na implementação computacional, quando a convergência do sistema não é
verificada, é comum adotar uma segunda condição de parada em que se define um
número máximo de iterações M e verifica-se, a cada iteração, a condição apresentada na
equação (8).
𝑘 > 𝑀
Equação (8): Condição de parada alternativa para verificação da convergência.
Na figura (1) é apresentado o fluxograma detalhado de um algoritmo para
implementação do computacional do método de Gauss-Seidel. Os dados de entrada do
algoritmo são: a matriz de coeficientes: A; o vetor de resposta: b; o número máximo de
iterações: M; o erro mínimo: 𝜀; e a ordem do sistema: N. A partir dos dados de entrada
inicializa-se o vetor solução X com um vetor nulo, iniciando na sequencia o processo
iterativo. A cada nova iteração 𝑘, os elementos do vetor X são atualizados utilizando-se
a equação (6), além disso, as condições apresentadas nas equações (7) e (8) são
verificadas.
Aplicação: Fluxo de Potência
Um Sistema Elétrico de Potência (SEP) contendo 𝑛 barras, sendo a barra 1 do
tipo Vθ, pode ser modelado pelo seguinte sistema de equações:
[�̇�22 ⋯ �̇�2𝑛⋮ ⋱ ⋮�̇�𝑛2 ⋯ �̇�𝑛𝑛
] . [�̇�2⋮�̇�𝑛
] = [𝐼2̇ − �̇�1. �̇�21
⋮𝐼�̇� − �̇�1. �̇�𝑛1
]
Equação(9): Sistema de equações para um SEP cuja a barra 1 é do tipo Vθ.
A partir das equações (6) e (9), o processo iterativo de Gauss-Seidel aplicado ao
problema de fluxo de potência é dado pela seguinte expressão (considerando a barra 1
do tipo Vθ):
�̇�𝑖𝑘+1
=1
�̇�𝑖𝑖(𝐼�̇� − �̇�1. �̇�𝑖1 −∑�̇�𝑖𝑗. �̇�𝑗
𝑘+1𝑖−1
𝑗=2
− ∑ �̇�𝑖𝑗. �̇�𝑗𝑘
𝑛
𝑗=𝑖+1
) , 𝑖 = 2,3, … , 𝑛
Equação(10): Valor da tensão em uma barra 𝒊 na iteração 𝒌 + 𝟏.
4
Figura (1): Fluxograma do algoritmo do Método de Gauss-Seidel.
Substituindo 𝐼�̇� = (𝑃𝑖 − 𝑗𝑄𝑖) �̇�𝑖∗𝑘⁄ na equação (10), obtém-se a seguinte expressão:
�̇�𝑖𝑘+1
=1
�̇�𝑖𝑖(𝑃𝑖 − 𝑗𝑄𝑖
�̇�𝑖∗𝑘
− �̇�1. �̇�𝑖1 −∑�̇�𝑖𝑗. �̇�𝑗𝑘+1
𝑖−1
𝑗=2
− ∑ �̇�𝑖𝑗. �̇�𝑗𝑘
𝑛
𝑗=𝑖+1
) , 𝑖 = 2,3, … , 𝑛
Equação(11): Valor da tensão em uma barra 𝒊 na iteração 𝒌 + 𝟏.
Para barras do tipo PV, onde o Qi não é especificado e se conhece V, a potência
reativa é obtida pela seguinte expressão:
5
𝑄𝑖𝑘𝑐𝑎𝑙𝑐𝑢𝑙𝑎𝑑𝑜
= −𝐼𝑚{𝑉𝑖∗𝑘.∑(�̇�𝑖𝑗. �̇�𝑗
𝑘)
𝑛
𝑗=1
}
Equação (12): Potência reativa para barras do tipo PV.
A partir da equação (12), calcula-se um novo �̇�𝑖𝑘+1
a partir da expressão:
�̇�𝑖𝑘+1
𝑛𝑜𝑣𝑜=
1
�̇�𝑖𝑖(𝑃𝑖 − 𝑗𝑄𝑖
𝑘𝑐𝑎𝑙𝑐𝑢𝑙𝑎𝑑𝑜
�̇�𝑖∗𝑘
− �̇�1. �̇�𝑖1 −∑�̇�𝑖𝑗. �̇�𝑗𝑘+1
𝑖−1
𝑗=2
− ∑ �̇�𝑖𝑗. �̇�𝑗𝑘
𝑛
𝑗=𝑖+1
)
Equação (13): Calculo da tensão em barras PV para se determinar o novo ângulo da barra.
Após o calculo de �̇�𝑖𝑘+1
𝑛𝑜𝑣𝑜, o módulo de �̇�𝑖
𝑘+1é igual à tensão especificada nos dados
de entrada do problema e o argumento é igual ao argumento calculado em �̇�𝑖𝑘+1
𝑛𝑜𝑣𝑜.
ANÁLISE DA FERRAMENTA COMPUTACIONAL
O sistema analisado pela ferramenta consiste em um sistema de nove barras. Os
dados deste sistema são apresentados nas tabelas (1) e (2), que apresentam,
respectivamente, os dados dos ramos e das barras.
Barra Origem Barra Destino Resistência
[pu]
Impedância
[pu]
Impedância
Shunt [pu]
1 4 0 0,0576 0
2 7 0 0,0625 0
3 9 0 0,0586 0
4 5 0,01 0,085 0,088
4 6 0,017 0,092 0,079
5 7 0,032 0,161 0,153
6 9 0,039 0,17 0,179
7 8 0,0085 0,072 0,0745
8 9 0,0119 0,1008 0,1045 Tabela (1): Sistema de 9 Barras - Dados dos Ramos.
Barra Tipo Tensão
[p.u.]
θ
[°]
PG
[pu]
QG
[pu]
PD
[pu]
QD
[pu]
QMIN
[pu]
QMAX
[pu]
1 1 1,04 0 0 0 0 0 0 0
2 2 1,025 0 1,63 0 0 0 0,05025 0,08375
3 2 1,025 0 0,85 0 0 0 -0,0817 -0,1362
4 3 1 0 0 0 0 0 0 0
5 3 1 0 0 0 1,25 0,5 0 0
6 3 1 0 0 0 0,9 0,3 0 0
7 3 1 0 0 0 0 0 0 0
8 3 1 0 0 0 1 0,35 0 0
9 3 1 0 0 0 0 0 0 0 Tabela (2): Sistema de 9 Barras - Dados das Barras.
6
Análise do Código
O código da ferramenta pode ser divido em três grandes partes: Tratamento e
definição de dados; Método de Gauss-Seidel aplicado em Fluxo de Potência;
Apresentação dos resultados.
Na etapa de tratamento e definição de dados, os dados apresentados nas tabelas
(1) e (2) são armazenados em duas matrizes, que posteriormente, são decompostas em
vetores auxiliares. A partir da matriz formada pelos dados apresentados na tabela (1),
obtém-se a matriz de admitância do sistema, que é invertida na sequencia, obtendo
assim a matriz impedância do sistema. Com os dados apresentados na tabela (2) é
extraído vetores que são grande importância para o processo iterativo: tensão inicial das
barras; o tipo das barras; a potência ativa e a potência reativa líquida nas barras; e os
limites máximo e mínimo da potência reativa. Por fim, define-se o erro mínimo 𝜀=0,001
e o número máximo de iterações M=100.
Concluído a etapa de tratamento e definição de dados, descrita anteriormente,
inicia-se o processo iterativo de Gauss-Seidel. O algoritmo do processo iterativo de
Gauss-Seidel adaptado para a analise de fluxo de potência, é bastante similar ao
algoritmo apresentado no fluxograma da figura (1). No entanto, como há barras do tipo
PV inseridas no sistema e que estas possuem os limites máximo e mínimo de potência
reativa especificados, então há necessidade de se adicionar operações adicionais ao
algoritmo tradicional apresentado na figura (1). Vale ressaltar que para as barras do tipo
PQ não há necessidade de um tratamento especial, sendo que a tensão nestas barras é
determinada pela equação (11). Para as barras do tipo PV, calcula-se o valor da potência
reativa por meio da equação (12), na sequência verifica se restrição imposta pelos
limites foi quebrada. Se algum dos limites de potência reativa foi ultrapassado, o valor
calculado é substituído pelo valor do limite ultrapassado e barra passa a ser do tipo PQ.
Caso a barra PV não apresente uma violação nos limites de potência reativa, calcula-se
a tensão fasorial por meio da equação (13), por fim, mantem-se o módulo da tensão
igual ao especificado e substitui o argumento.
O processo iterativo contínua até que o número de iterações exceda o número
máximo M, ou até que erro máximo encontrado seja menor que o erro mínimo
especificado 𝜀. Vale ressaltar que diferente do processo iterativo tradicional,
apresentado na figura (1), em que o vetor x poderia ser iniciado como um vetor nulo, no
método de Gauss-Seidel adaptado para calculo do fluxo de potência, o vetor de soluções
x (�̇�) não pode conter nenhum zero. Essa característica é explicada pela equação (11).
Após a conclusão do processo iterativo e a obtenção da solução, é possível
calcular a potência na barra 1. Por fim, todos os resultados encontrados pelo método de
Gauss-Seidel são apresentados no fim do programa.
Resultados Obtidos
O método de Gauss-Seidel aplicado na analise de fluxo de potência para o
sistema de 9 barras, apresentado anteriormente, convergiu para uma solução após 42
iterações com um erro mínimo especificado 𝜀 = 0,0001. Os resultados obtidos com a
iteração são apresentados nas tabelas (3), (4) e (5).
7
Barra Tensão [pu] Ângulo [°] Potência Reativa
[pu]
1 1,04 0 0
2 1,0217 9,3382 0,0838
3 1,0162 4,7439 -0,1362
4 1,0238 -2,2432 0
5 0,9927 -4,0273 -0,5
6 1,0087 -3,7208 -0,3
7 1,0216 3,74 0
8 1,0103 0,7316 -0,35
9 1,0253 2,0071 0 Tabela (3): Tensões e potências reativas nas barras.
Barra Origem Barra Destino Potência Ativa
[pu]
Potência Reativa
[pu]
1 4 0,7235 0,3065
2 7 1,6291 0,0822
3 9 0,8489 -0,1378
4 5 0,323 0,419
4 6 0,2491 0,2184
5 7 -0,7959 -0,2786
6 9 -0,5619 -0,1973
7 8 0,7210 0,2649
8 9 -0,2084 -0,1724 Tabela (4): Fluxo de potência nos ramos.
Barra Potência Ativa [pu] Potência Reativa [pu]
1 0.7235 -0.3065 Tabela (5): Potência ativa e reativa na barra 1.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] BORGES, C. L. T.. Análise de Sistemas de Potência. Universidade Federal
do Rio de Janeiro -UFRJ- (Apostila), Departamento de Eletrotécnica. Março de 2005.
[2] FRANCO, N. B.. Cálculo Numérico. São Paulo: Pearson Prentice Hall,
2006.
[3] ZOCOLLOTTI, D.; MAGALHÃES, H. F.; PELLEGRINI, I. C. M.;
KRAHN, M.. Densenvolvimentode software didático para cálculo de Fluxo de Potência.
Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná (Projeto Final de Graduação).
Curitiba: 2002.