mmjornal 10

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Diretor – Mark Deputter \ quadrimestral \ distribuição gratuita Jornal 10 House on Fire Maria Matos Teatro Municipal set dez 2012

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Jornal 10 com a programação do Maria Matos Teatro Municipal - setembro a dezembro 2012

Transcript of mmjornal 10

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Jornal 10

House on Fire

Maria Matos Teatro Municipalset dez 2012

Page 2: mmjornal 10

teatro

música

dança

debate e pensamento

crianças e jovens

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line

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www.teatromariamatos.pt

Foguetes Maravilha • Ninguém falou que seria fácil21h30

14sexta

20quinta

Mário Afonso • Oficina Dança colorida

Primeiros Sintomas • As Bodas de Fígaro Uma tradução

10h00

21h30

Mário Afonso • Oficina Dança colorida

Primeiros Sintomas • As Bodas de Fígaro Uma tradução

10h00

21h30

Mário Afonso • Oficina Dança colorida

Primeiros Sintomas • As Bodas de Fígaro Uma tradução

16h30

21h30

Suzana Branco, Tânia Cardoso & Vera Alvelos • Bicicleta da República

Primeiros Sintomas • As Bodas de Fígaro Uma tradução

11h00e

16h30

21h30

6sábado

11quinta

12sexta

13sábado

14domingo

Suzana Branco, Tânia Cardoso & Vera Alvelos • Bicicleta da República

10h009terça

BEAK> • >>22h00

Foguetes Maravilha • 2histórias / Ele precisa começar uu espaço alkantara

Oneohtrix Point Never & Nate Boyce • Reliquary House

21h30

22h0025terça

Um Dia Cheio de Histórias10h30

às18h00

16domingo

Foguetes Maravilha • Ninguém falou que seria fácil21h3021sexta

Foguetes Maravilha • Ninguém falou que seria fácil21h3022sábado

Foguetes Maravilha • 2histórias / Ele precisa começar uu espaço alkantara

21h3026quarta

Dina Lopes • Oficina Um corpo que faz de conta

Victor Hugo Pontes • A Ballet Story

10h00

21h3028sexta

Dina Lopes • Oficina Um corpo que faz de conta

Victor Hugo Pontes • A Ballet Story

11h00e

16h30

21h3029

sábado

Dina Lopes • Oficina Um corpo que faz de conta11h00

e16h30

30domingo

Suzana Branco, Tânia Cardoso & Vera Alvelos • Bicicleta da República

10h004quinta

Suzana Branco, Tânia Cardoso & Vera Alvelos • Bicicleta da República

Primeiros Sintomas • As Bodas de Fígaro Uma tradução

11h00e

16h30

18h00

7domingo

Suzana Branco, Tânia Cardoso & Vera Alvelos • Bicicleta da República

Primeiros Sintomas • As Bodas de Fígaro Uma tradução

10h00

19h0010quarta

17quarta

Primeiros Sintomas • As Bodas de Fígaro Uma tradução19h00

18quinta

Primeiros Sintomas • As Bodas de Fígaro Uma tradução21h30

17h00às

20h0021

domingoAniversário mm • 100 Cage

VA Wölfl/NEUER TANZ • Ich sah: Das Lamm auf dem Berg Zion, Offb. 14,1

21h3027sábado

Palestra André Lepecki • Fazendo mundo(s)

VA Wölfl/NEUER TANZ • Ich sah: Das Lamm auf dem Berg Zion, Offb. 14,1

18h30

21h3026sexta

43.º

setembro

outubro

Mário Afonso • Oficina Dança colorida

Primeiros Sintomas • As Bodas de Fígaro Uma tradução

11h00e

16h30

18h00

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Mundo Perfeito & Foguetes Maravilha • Mundo Maravilha21h30

Mundo Perfeito & Foguetes Maravilha • Mundo Maravilha18h00

10sábado

11domingo

Mundo Perfeito & Foguetes Maravilha • Mundo Maravilha18h00

Mundo Perfeito & Foguetes Maravilha • Mundo Maravilha19h00

Seminário Florian Malzacher • Tackling Reality

Mundo Perfeito & Foguetes Maravilha • Mundo Maravilha

10h00às

13h30

21h30

Mundo Perfeito & Foguetes Maravilha • Mundo Maravilha21h30

Mundo Perfeito & Foguetes Maravilha • Mundo Maravilha21h302sexta

3sábado

4domingo

7quarta

8quinta

13terça

10h00

9sexta

Seminário Florian Malzacher • Tackling Reality

Palestra Florian Malzacher • Truth is concrete

Mundo Perfeito & Foguetes Maravilha • Mundo Maravilha

10h00às

13h30

18h30

21h30

António Jorge Gonçalves • Barriga da Baleia

António Jorge Gonçalves • Barriga da Baleia

Mundo Perfeito & Foguetes Maravilha • Mundo Maravilha

10h00

19h0014quarta

15quinta

António Jorge Gonçalves • Barriga da Baleia

Seminário Randy Martin • Knowledge LTD.

Anne Teresa De Keersmaeker & Jérôme Bel • 3Abschied uu Fundação Calouste Gulbenkian

Mundo Perfeito & Foguetes Maravilha • Mundo Maravilha

10h00

10h00às

13h30

21h00

21h30

16sexta

António Jorge Gonçalves • Barriga da Baleia

Seminário Randy Martin • Knowledge LTD.

Palestra Randy Martin • After Culture?

Anne Teresa De Keersmaeker & Jérôme Bel • 3Abschied uu Fundação Calouste Gulbenkian

Mundo Perfeito & Foguetes Maravilha • Mundo Maravilha

10h00

10h00às

13h30

18h30

19h00

21h30

17sábado

Seminário Randy Martin • Knowledge LTD.

António Jorge Gonçalves • Barriga da Baleia

Mundo Perfeito & Foguetes Maravilha • Mundo Maravilha

10h00às

13h30

11h00e

16h30

21h30

18domingo

11h00e

16h30António Jorge Gonçalves • Barriga da Baleia

Workshop de teatro José Fernando Azevedo • Cidade-Imagem, imagens da cidade

10h00às

13h3021quarta

Mário Afonso • Oficina Cores em movimento

Workshop de teatro José Fernando Azevedo • Cidade-Imagem, imagens da cidade

10h00

10h00às

13h3022quinta

Mário Afonso • Oficina Cores em movimento

Workshop de teatro José Fernando Azevedo • Cidade-Imagem, imagens da cidade

Palestra José Fernando Azevedo • Forma e Experiência em algumas cenas do “teatro de grupo” no Brasil

Anne Teresa De Keersmaeker • The Song

10h00

10h00às

13h30

18h30

21h30

23sexta

Mário Afonso • Oficina Cores em movimento

Anne Teresa De Keersmaeker • The Song

16h30

21h3024

sábado

25domingo

11h00e

16h30Mário Afonso • Oficina Cores em movimento

27terça

22h00 Alva Noto • Univrs (Uniscope Version)

Palestra Bojana Kunst • Movement Should Not Be Flexible

18h3030sexta

2domingo

5quarta

6quinta

7sexta

9domingo

12quarta

13quinta

15sábado

14sexta

11h00 Dina Lopes • Oficina Dias para experimentar: o Teatro

Cão Solteiro & Vasco Araújo • A Africana21h30

10h00 Dina Lopes • Oficina Dias para experimentar: o Teatro

10h00

21h30

Dina Lopes • Oficina Dias para experimentar: o Teatro

Cão Solteiro & Vasco Araújo • A Africana

11h00

18h00

Dina Lopes • Oficina Dias para experimentar: o Teatro

Cão Solteiro & Vasco Araújo • A Africana

10h00

21h30

Victor Hugo Pontes • Vice-versa

Cão Solteiro & Vasco Araújo • A Africana

10h00 Victor Hugo Pontes • Vice-versa

11h00e

16h30Victor Hugo Pontes • Vice-versa

10h00

21h30

Victor Hugo Pontes • Vice-versa

Cão Solteiro & Vasco Araújo • A Africana

16domingo

11h00

18h00

Victor Hugo Pontes • Vice-versa

Cão Solteiro & Vasco Araújo • A Africana

20quinta

22h00 Ben Frost • Music for Six Guitars20terça

22h00 Lula Pena feat. Mû

novembro

dezembro

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A nova temporada marca o início do Mais Crítica,

um seminário de formação para críticos de artes performativas, organizado pelo alkantara,

Culturgest, Teatro Maria Matos e Teatro São Luiz, que pretende multiplicar as vozes críticas existentes no nosso

país e o surgimento de novos espaços que possam amplificar o discurso sobre as artes.

Após uma fase de recolha de candidaturas, foram selecionados seis participantes: Alexandra Balona, Ana Bigotte Vieira, Ana Dinger, Jelena

Novak, Marta Brito e Rita Xavier Monteiro, cujas formações são diversas, da arquitetura à dança e à musicologia, passando pelas artes plásticas e estudos performativos, entre outras.

Mais Crítica é acompanhado por Liliana Coutinho, curadora e investigadora na área da Estética e das Ciências da Arte e pelo docente e investigador Rui Pina Coelho. Ao longo de dez meses, o grupo irá

assistir semanalmente a espetáculos e produzir textos e críticas que serão publicados no blogue do projeto. O programa inclui ainda

encontros com criadores, participação em seminários teóricos e encontros bimestrais sobre a temática da Crítica. As

atividades do Mais Crítica e os textos e críticas produzidos estão disponíveis no blogue

maiscritica.wordpress.com

Sem Título (pormenor), Ana Vieira, 1968, coleção da Fundação de Serralves, na exposição “O Poder da Arte”, Assembleia da República 2006Capa:

Setembro de 2011 marcou o início do projeto Verde passo a passo, um plano de operacionalização de práticas sustentáveis no quotidiano do Teatro Maria Matos. Um ano depois, os resultados são promissores e transversais a todas as áreas do Teatro. Reduzimos e consolidámos o nosso consumo elétrico, atingindo menos 28% de consumo, relativamente ao ano anterior, como reporta o relatório de análise de dados de abril de 2012 da Lisboa E-Nova – Agência Municipal de Energia e Ambiente de Lisboa: “Efetivamente, enquanto nos primeiros 4 meses de 2011, o Teatro consumiu 104 872 kWh, nos primeiros 4 meses deste ano, o consumo foi de apenas 86 423 kWh”.Outra das medidas adotadas com resultados significativos foi o consumo de água da torneira em substituição da água engarrafada. De 6960 garrafas, em 2009, reduzimos para 2220, em 2012. Em breve, queremos transitar para o consumo de água da torneira na totalidade, eliminando todo o plástico. Para isso, contamos com o apoio da ERSAR – Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos, que cedeu gratuitamente cantis reutilizáveis para a equipa do Teatro e artistas.Criámos ainda mecanismos de reciclagem e reutilização de resíduos e de papel. A maioria do papel utilizado anteriormente era já de origem nacional e reciclado, à exceção dos postais que apenas em setembro de 2011 passaram a ser produzidos nestes moldes, o que reduziu as emissões de CO2/kg de 3850 kg, em 2010, para 2343 kg, em 2012.

Cortesia da artista e do Museu de Serralves, fotografia de Luciana Fina e Moritz Elbert

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Nos últimos anos, tem-se verificado uma mudança de paradigma nas artes performativas e na criação artística em geral. Artistas, curadores, diretores artísticos, coreógrafos e agentes culturais começaram a reivindicar um papel ativo no debate público acerca de temas sociais, ambientais e políticos, argumentando que a criação artística oferece uma fonte especí-fica, mas válida, de conhecimento e experiência. A abordagem temática à arte voltou à ribalta e moldou um novo paradigma de arte política e de intervenção. Exemplos óbvios são o crescimento notável de projetos comunitários e espetáculos participativos ou a reinvenção do teatro documental.

A rede House on Fire junta dez teatros e festivais de dez países europeus que têm demonstrado um interesse ativo e, muitas vezes, desempenhando um papel preponderante no desenvolvimento deste paradigma. Perseguem uma política de programação baseada na convicção de que a arte tem uma voz específica e relevante no debate público e encaram o teatro como um lugar de reflexão e encontro no centro da cidade. Através do projeto House on Fire, procuram ampliar esta voz, investindo numa política de colaboração e coprodução internacional e na investigação conjunta do potencial crítico da criação artística contemporânea.

Ao longo de cinco anos, os parceiros de House on Fire propõem-se a desenvolver três tipos de atividades:

• Encomendas e coproduções internacionais de espetáculos com teor político ou documental – uma aproximação pelos artistas;• Coorganização de eventos culturais dedicados a temas relevantes da atualidade – uma aproximação pelos curadores;• Edição de uma série de publicações sobre arte e sociedade – uma aproximação pelos pensadores.

No âmago do empreendimento de House on Fire, encontram-se as noções de urgência e sustentabilidade. Parecem contraditórias, mas são, de facto, comple-mentares. A urgência é um sentimento que sempre acompanha a criação artística, mas confronta igualmente o facto de que certos problemas da atualidade precisam de ser resolvidos sem demora. A sustentabilidade é o que queremos oferecer aos artistas com quem colaboramos, mas é também aquilo que procuramos quando debatemos problemas candentes. O fogo representa a urgência, a casa representa a sustentabilidade que procuramos.

No contexto do Teatro Maria Matos, House on Fire vem solidificar e internacionalizar um projeto de programação que vai no seu quarto ano. A partir de agora, muitas das nossas coproduções serão realizadas no contexto desta rede e os nossos temas quadrimestrais serão espelhados, acompanhados e partilhados em Bruxelas, Viena, Londres, Amesterdão, Berlim e restantes cidades. Já estão confirmadas coproduções de obras de Tiago Rodrigues, Monika Gintersdorfer & Knut Klassen, De Warme Winkel, Rimini Protokoll, Edit Kaldor, Patrícia Portela, tg STAN, Meg Stuart e o International Institute of Political Murder, entre outros. De entre os temas que serão trabalhados no futuro próximo, destacam-se Arte & Política, Economia, Diversidade Cultural, Os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, O Individual e o Comum, Os Estados Unidos da Europa e Biopolítica & Transumanismo.

No arranque desta nova fase, queremos questionar o ponto de partida e voltar a olhar para a relação entre a arte e a política. Com curadoria do professor de Performance Studies da Universidade de Nova Iorque André Lepecki, apresentamos um ciclo de cinco palestras, dois seminários e um workshop, em que académicos, curadores e artistas debatem novas alianças entre filosofia política, estudos culturais e práticas artísticas.

House on Fire um mapa de afinidades

House on Fire é Archa Theatre (Praga), Bit Teatergarasjen (Bergen), Brut (Viena), Frascati (Amesterdão), Théâtre Garonne (Toulouse), Hebbel am Ufer (Berlim), Kaaitheater (Bruxelas), LIFT–London International Festival of Theatre, Malta Festival (Poznan) e Teatro Maria Matos (Lisboa).

House on Fire é apoiado pelo Programa Cultura da União Europeia.

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música

Sala Principal

sex 14 setembro 22h00

15€ / Com desconto 7,50€

BEAK>

BEAK> não é nenhuma extravagância de Geoff Barrow fora dos seus Portishead. Quando muito é a sua casa, o local perfeito onde algumas das suas grandes paixões florescem descontraidamente. Mas para quem gosta de ligar pontas soltas e desenhar cronogramas, ouçam Silence ou We Carry On em Third, o álbum de 2008 que fez regressar Portishead: é como se BEAK> já fosse um organismo em incubação ali, recebendo vitais nutrientes de um dos mais fundamentais projetos pop dos últimos 20 anos. Depois ouçam o psicadelismo de Fuzz Against Junk de Billy Fuller, e ainda o espírito progressista de Team Brick de Matt Williams. E se Third dos Portishead, onde Matt também participou, foi um álbum de parto lento e doloroso – de concretização quase impossível–, os dois álbuns de BEAK>, em 2009 e 2012, nasceram, em sessões espontâneas de estúdio de poucas horas, em takes diminutos, com direito a ganharem a sua independência sem overdubs ou outros acabamentos. Diríamos até que BEAK> é, neste momento, a língua materna de Geoff Barrow, onde todo um vocabulário vindo dos anos gloriosos do krautrock se fortalece graças a um espírito de comunicação raro entre três músicos que vislumbram o mesmo objetivo. Neu!, Can e La Düsseldorf (ou, até mesmo, os norte-americanos Silver Apples) voltam a pairar diante de nós, entronados por um essencial e vibrante motorik rítmico made in Germany, mas com peças brilhantemente fabricadas em Bristol.

e Portishead’s devotion to krautrock had already emerged in their most tense moments – moderately in the 90s; and then rather blatantly in 2008 with Third –, therefore it is not surprising to see Geoff Barrow, with contagious fun and no restraint, exercising with Matt Williams and Billy Fuller all the hypnotic energy of Germanic motorik from the 70s.

bateria, teclados Geoff Barrowbaixo Billy Fullerguitarra, teclados Matt Williams

>>

6 Jornal

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dom 16 setembro 10h30 às 18h00 Lotações limitadas

Um dia dedicado às histórias em forma de movimento, palavras, recortes e desenhos, outras contadas quase ao ouvido e algumas doces de comer e chorar por mais, que vão habitar os diferentes espaços do Teatro e do Jardim das Estacas. Começamos logo pela manhã com a estreia de alguns novos projetos para os mais pequenos e prosseguimos pelo dia fora com a reposição de espetáculos anteriormente apresentados no nosso Teatro.

e At the beginning of a new season, we dedicate a day to storytelling for children of different ages. Stories in the shape of a drawing, others almost whispered in your ears, while some others will make you eat and want more. Either inside the theatre or in the garden, the programme includes three performances, workshops and an installation.

Cheio de HistóriasUm Dia

espetáculos e oficinas

famílias

10h30 às 18h00

10h30 e 17h30

11h00 e 17h00

11h30 e 16h30

12h00 e 16h00

15h00 e 18h00

Para todas as idades

3 aos 5 anos

6 aos 8 anos

3 aos 5 anos

6 aos 8 anos

a partir dos 8 anos

• instalação • Histórias Transparentes

• teatro • No quintal da minha avó, os cavalos...

• oficina teatro • Piquenique de histórias

• oficina teatro e música • Malandruska

• dança • Histórias que me contaste tu no país...

• teatro • Daqui vê-se melhor

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7Jornal

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Luísa Domingos

Um piquenique de histórias que saem do cesto. Poemas que se trincam, histórias que se bebem e conversas que proliferam como zumbidos de abelhas.

criação Ana Helena Silvestre e Luísa Domingos apresentação Ana Helena Silvestre fotografia Rodrigo Pereira

Piquenique de histórias

Ana Helena Silvestre &

Jardim das Estacas Criança 3€ | Duração 40 min

Quando era pequena, viajava todos os verões até ao Minho. A minha avó dizia-me, “Quando começares a ver os muros de pedra é porque estás a chegar”. Naquele tempo não havia autoestradas e, do primeiro muro até chegar a Caminha, faltavam umas três horas de viagem. Para contrariar a longa viagem, fechava os olhos na esperança de o tempo passar mais depressa, sonhando com as coisas extraordinárias que me esperavam como os cavalos que nasciam das árvores no quintal da minha avó.

criação Maria de Vasconcelos cenografia Joana Patrício imagem Pere Borrel uma encomenda Maria Matos Teatro Municipal

No quintal da minha avó, os Maria de Vasconcelos

Sala de Ensaios Criança 3€ | Adulto 7€ | Duração 25 min

cavalos nasciam nas árvores

10h30 às 18h00

Para todas as idades | instalação

Uma grande janela cheia de histórias para descobrir, inventar e combinar. Deixa aqui uma ideia e leva outra.

Histórias TransparentesVanda Vilela

Foyer Entrada livre

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Vile

la10h30 e 17h30 teatro | 3 aos 5 anos

11h00 e 17h00 oficina teatro | 6 aos 8 anos©

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8 Jornal

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Dados lançados, espalham a sorte na relva. Histórias plantadas em rimas e janelas,cantadas de segredos falados por mãos e dedos… Abrem-se janelas e o que escondem elas?Perlimpimpim, a história começa assim!Fazemos histórias loucas em rimas cantadas, rebolam no chão e tãobalalão!

criação Leonor Pego música Mariana Sanchez

MalandruskaJardim das Estacas Criança 3€ | Adulto 3€ (Criança acompanhada de um adulto) | Duração 60 min

Leonor Pego & Mariana Sanchez

Uma contadora de histórias e uma bailarina partilham histórias sobre um país virado do avesso: “as pessoas daquele país calçavam os sapatos nas mãos e as luvas nos pés”. O mundo às avessas domina a narrativa sobre este país, sublinhando que tudo está certo por mais que a razão nos diga que não.

conceção Tânia Cardoso e Joana Manaças a partir de textos de dois livros de Manuel António Pina agradecimento Marta Madureira uma encomenda Maria Matos Teatro Municipal produção Maria Matos Teatro Municipal

Histórias que me contaste tu no país

Sala de EnsaiosCriança 3€ | Adulto 7€ | Duração 40 min

Tânia Cardoso & Joana Manaças

das pessoas de pernas para o arA partir de textos de Manuel António Pina

Em Daqui vê-se melhor, contamos a história do Teatro, desde o antigo Egito até aos dias de hoje. Vamos ver e ouvir como surgiu e cresceu, num diálogo entre um narrador, uma atriz e um ilustrador, que desenhará esta história em tempo real. “Os acontecimentos do mundo sempre influenciaram o Teatro. Sabem porquê? Porque a História do Teatro confunde-se com a História do Mundo.”

texto Isabel Minhós Martins desenho Bernardo Carvalho coordenação e interpretação Suzana Branco música Bernardo Devlin produção Maria Matos Teatro Municipal uma encomenda Maria Matos Teatro Municipal

Daqui vê-se melhorPalco da Sala Principal Criança 3€ | Adulto 7€ | Duração 45 min

Bernardo Carvalho & Suzana BrancoIsabel Minhós Martins,

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11h30 e 16h30

oficina teatro e música | 3 aos 5 anos

12h00 e 16h00

dança | produção mm | 6 aos 8 anos

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15h00 e 18h00

teatro | produção mm | A partir dos 8 anos

apresentação no âmbito da rede

cofinanciado por

apresentação no âmbito da rede

cofinanciado por

9Jornal

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teatro

Palco da Sala Principal

qui 20 a sáb 22 setembro 21h30 12€ / Com desconto 6€ | Duração 90 min

Ninguém falou que seria fácil mistura o quotidiano e o nonsense, com referências a filmes franceses dos anos 70, jogos de linguagem e brincadeiras de desconstrução e reconstrução de convenções teatrais, que se desenvolvem a partir de situações familiares. As personagens saltam da infância para as angústias da vida adulta, da velhice para o encontro amoroso, da sala de parto para a morte. Assim que o público entra na sala, a discussão de um casal inicia uma vertiginosa troca de papéis, que irá transportá-lo por lugares, épocas e situações diversas. Um homem torna-se pai, mas não quer deixar o colo da mãe, uma filha argumenta racionalmente sobre as razões para não largar a chucha, um jovem recém-licenciado decide hibernar, irmãos lutam por comida e carinho em duelos cinematográficos, os filhos crescem e tornam-se pais…Um espetáculo galardoado com os prémios brasileiros Shell, APTR e Questão de Crítica no ano 2011 na categoria Autor.

e Ninguém falou que seria fácil mixes everyday life with nonsense. On stage, an argument between a couple gives rise to a vertiginous game of role reversal. The characters leap from childhood into adult life, from old age into romantic encounters, from the delivery room into death. A sharp and affectionate performance where family relationships take centre stage.

texto e codireção Felipe Rocha direção Alex Cassal elenco Felipe Rocha, Renato Linhares e Stella Rabello assistência de direção Ignacio Aldunate direção de movimento Alice Ripoll iluminação Tomás Ribas cenário Aurora dos Campos banda sonora Rodrigo Marçal figurinos Antônio Medeiros colaboração na criação Marina Provenzano produção digressão Marta Vieira produção Foguetes Maravilha apoios Secretaria do Estado de Cultura do Rio de Janeiro e FATE (Fundo de Apoio ao Teatro) da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro texto escrito com o apoio Centre International des Récollets, Paris

Foguetes MaravilhaNinguém falou que seria fácil

Proveniente do Rio de Janeiro, o coletivo Foguetes Maravilha, formado pelos atores Alex Cassal e Felipe Rocha, atraiu no ano passado a atenção da crítica e do público brasileiros.

Em dose dupla, apresentam-se em Lisboa no Teatro Maria Matos e no espaço alkantara com o espetáculo Ninguém falou que seria fácil e os monólogos 2histórias e Ele precisa começar.

Um momento privilegiado de teatro e razão para comemorações quando se fala da nova dramaturgia brasileira. O Globo“ ”

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(Rio de Janeiro)

E no Teatro São Luiz…20 a 22 setembro 23h30Dulce de Michel Blois, Thiare Maia, Nuno Gil e Flávia Gusmão

digressão Alcanena, Cine-Teatro São Pedro – Festival Materiais Diversos, 28 setembro 2012

10 Jornal

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Foguetes Maravilha

2histórias Ele precisa começar2histórias marca o encontro de duas companhias, Foguetes Maravilha e Mundo Perfeito, com dois monólogos criados e apresentados no Teatro Maria Matos, em 2009, no contexto do projeto Estúdios. Neste espetáculo, são-nos apresentados dois pontos de vista sobre personagens limítrofes, deslocadas, inadaptadas. Cada uma delas, criada independentemente, investiga uma maneira pessoal de contar uma história a partir de pequenos objetos que contêm uma carga de memória e significado – um pente, um livro, uma fotografia do casamento dos pais. Uma radiografia dos momentos cruciais da nossa vida, aqueles que nos vão marcar de forma inexorável.

textos Alex Cassal e Sérgio Sant’anna conceção e interpretação Alex Cassal e Felipe Rocha direção Clara Kutner e Felipe Rocha direção de movimento Alice Ripoll colaboração Marina Provenzano produção digressão Marta Vieira produção Foguetes Maravilha monólogos criados para o evento Cartões de Visita (2009) coproduzido pelo Mundo Perfeito e Maria Matos Teatro Municipal

e In 2histórias  we are presented with two points of view on crucial moments in our lives, those which inexorably leave a mark on us. In Ele precisa começar, a 35-year-old man decides to write a theatre play. As he does not have a plan, he chooses to write about himself. Two monologues showcasing the creative universe of Alex Cassal and Felipe Rocha.

Um homem de 35 anos, fechado num quarto de hotel, decide escrever uma peça de teatro. Ele precisa começar. Como não tem nada planeado, escolhe-se a si mesmo no seu quarto de hotel, como ponto de partida para essa história. Um espetáculo sobre os processos da imaginação e sobre o impulso de realizar aqueles desejos guardados e adiados, como abrir um restaurante vegetariano, cantar num karaoke, pintar o cabelo de azul, escrever um livro, ter um filho ou atravessar o oceano num barco a remos.

texto e interpretação Felipe Rocha direção Alex Cassal e Felipe Rocha assistência de direção Stella Rabello direção de movimento Dani Lima iluminação Tomás Ribas cenário Aurora dos Campos banda sonora Felipe Rocha produção digressão Marta Vieira produção Foguetes Maravilha

teatro

espaço alkantara Calçada Marquês de Abrantes, n.º 99 (Santos)

ter 25 e qua 26 setembro 21h30 Preço único 6€ | Duração 50 min + 70 min Coapresentação alkantara

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(Rio de Janeiro)

11Jornal

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música

Quase sempre instrumental, abstrata e independente dos significantes que reificam as canções da pop ou do rock, a música de Oneohtrix Point Never – isto é, de Daniel Lopatin – acabaria, mais tarde ou mais cedo, por construir um diálogo com as artes visuais, em particular com aquelas que se fundamentam na imagem em movimento. Daí não constituir uma grande surpresa encontrá-lo ao lado de Nate Boyce, artista americano que centra a sua obra no vídeo e na produção de imagens, influenciado pelo cinema estrutural e pelas explosões cromáticas do psicadelismo. Depois de parte do seu trabalho ter servido de fundo para alguns concertos de Oneohtrix Point Never, Reliquary House representa a maturação desta colaboração, porventura a mais simbólica e complexa entre ambos. Estreada no MoMA, em Nova Iorque, no ano passado, no âmbito do projeto PopRally, articula formas e geometrias 3D inspiradas nas esculturas de Isamo Noguchi, David Smith, Jacob Epstein, Tony Smith ou Anthony Caro, com loops e samples não apenas de sons organizados (melodias, frases de piano) mas também de fragmentos de textos curatoriais e sinopses de obras. Nate Boyce e Daniel Lopatin tratam as peças dos artistas como assaltos alucinatórios e colocam-nas em movimento no ecrã, enquanto somos cercados por uma quadrifonia sonora.

e Based on works from an exhibition at MoMA, Reliquary House attracted enough attention to be now showcased at venues both in the USA and Europe. Lopatin’s immersive quadriphonic electronics, samples and loops are a perfect match for the colours and frantic shapes of Boyce’s imagery.

eletrónica Daniel Lopatinvídeo Nate Boyce

Oneohtrix Point Never & Nate BoyceSala Principal

ter 25 setembro 22h00

14€ / Com desconto 7€ Em colaboração com a Galeria Zé Dos Bois

Reliquary House

12 Jornal

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oficina dança | produção

3 aos 5 anos

oficina teatro | produção

3 aos 5 anos

Nesta oficina, iremos descobrir o teatro e reinventar as suas histórias e personagens. A viagem começa no nosso corpo, com as nossas memórias e palavras. Mas esse é apenas o ponto de partida, agora é tempo de misturar tudo o que nos contaram e imaginar. Como seria um encontro improvável entre o Capuchinho Vermelho, o Capitão Gancho e o Peixe Pompeu?

e In this workshop we discover theatre and reinvent its stories and characters. The journey starts in our bodies, with our memories and words. We mix together all the stories we have ever been told and kick-start our imagination. What would happen if we put together unlikely characters such as Little Red Riding Hood, Captain Hook and Peixe Pompeu?

O vermelho, o amarelo e o azul são três cores primárias que podemos encontrar nas luzes do Teatro, nos nossos livros favoritos, nas nossas roupas ou até na ponta do nariz. O que nos sugerem? Nesta oficina, procuraremos descobrir o que cada cor nos faz sentir e, a partir dessa interpretação, inventar uma pequena coreografia colorida.

e In this dance workshop, we investigate the relationships between primary colours – magenta-red, lemon-yellow and cyan-blue – and the sensations they provoke, seeking to translate them into representative movements.

Sala de Ensaios

qui 11 a dom 14 outubro

semana 10h00 sáb 16h30 dom 11h00 e 16h30

Criança 3€ | Adulto 3€ (Criança acompanhada de um adulto) | Duração 60 min

Dina Lopes estudou Teatro na Escola Superior de Teatro e Cinema. Enquanto atriz, destaca-se o trabalho com os encenadores Luís Miguel Cintra, João Mota, João Grosso. Começou a desenvolver oficinas de expressão dramática no Teatro O Bando em 1990, desde aí tem estado ligada ao ensino desta disciplina em diferentes contextos.

Dança coloridaSala de Ensaios

sex 28 a dom 30 setembro

sex 10h00 sáb e dom 11h00 e 16h30

Criança 3€ | Adulto 3€ (Criança acompanhada de um adulto) | Duração 60 min

Um corpo que faz de conta

Dina Lopes Mário Afonso

Mário Afonso foi bolseiro na escola de dança Rui Horta/Pro.Dança e concluiu, em 1998, a licenciatura em Dance Theatre Performance no Instituto das Artes da Holanda. Como criador para crianças e jovens, destacam-se os trabalhos Ser Pássaro. Ensaio para muitos Voos (CCB, 2001), Movimento Contínuo (Centro de Artes de Sines, 2006) e Tesouros Animados – Atelier de dança para Curiosos (Teatro Viriato, 2012).

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dança

A Ballet Story tem como ponto de partida o bailado Zephyrtine de David Chesky. Na versão original, Zephyrtine é um ballet clássico para crianças, um conto de fadas recheado de ele-mentos do maravilhoso e do fantástico. Mas Victor Hugo Pontes recusa radicalmente qualquer representação teatral em busca da ilustração da história original; o seu Ballet Story é um exercício de abstração e parte do movimento dos corpos no espaço em articulação com a música. Numa coreografia que mistura sem complexos elementos do bailado, da dança contemporânea e do street dance, os sete intérpretes formam uma estranha tribo urbana, um grupo de seres talvez humanos, que vão ocupando a plataforma ondulada onde se encontram, num equilíbrio frágil entre o indivíduo e o coletivo. Não há contos de fadas, mas o ambiente permanece misterioso e intrigante do início ao fim.

Encomendado por Guimarães 2012 – Capital Europeia da Cultura, A Ballet Story foi um dos pontos altos do festival GUIdance 2012, contando com uma receção entusiasta por parte do público e da crítica.

Victor Hugo Pontes

Sala Principal

sex 28 e sáb 29 setembro 21h30

12€ / Com desconto 6€ | Duração 70 min

A Ballet Story

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“A Ballet Story é uma grande peça logo desde os primeiros momentos, marcando de forma indelével o ano e transformando-se

no primeiro grande momento coreográfico de 2012.” Público

no âmbito da rede cofinanciada por

e In its original version, Zephyrtine is a fairy tale ballet for children, full of wonderful events and marvelous creatures. But Victor Hugo Pontes radically refuses the storyline; his Ballet Story is the result of an encounter of music and movement.

direção artística Victor Hugo Pontes música David Chesky versão musical Fundação Orquestra Estúdio, sob a direção do Maestro Rui Massena cenografia F. Ribeiro direção técnica e desenho de luz Wilma Moutinho intérpretes e cocriadores André Mendes, Elisabete Magalhães, João Dias, Joana Castro, Ricardo Pereira, Valter Fernandes e Vítor Kpez figurinos Victor Hugo Pontes registo vídeo Eva Ângelo registo fotográfico Susana Neves produtora executiva Joana Ventura coprodução Nome Próprio e Guimarães 2012 – Capital Europeia da Cultura apoios Ao Cabo Teatro, Ginasiano Escola de Dança e Lugar Instável agradecimentos Madalena Alfaia e Vera Santos

14 Jornal

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teatro e oficinateatro e oficinateatro e oficinateatro e oficinateatro e oficina

6 aos 12 anos

Sala de Ensaios

qui 4 a qua 10 outubro (exceto dias 5 e 8)

semana 10h00 sáb e dom 11h00 e 16h30

Criança 3€ | Adulto 7€ | Duração 90 min

Uma mulher republicana entra em cena. Vem de bicicleta e com ela traz um álbum de fotografias inspirado por Carolina Beatriz Ângelo, a primeira mulher a votar em Portugal, e pelo ideal republicano que guarda as histórias que outros viveram no momento da fundação da República. Entre fotografias, linhas, cordas e os cravos das mulheres republicanas, as crianças são convidadas a recriar os elementos da história da passagem da Monarquia à República.

e A republican woman enters the stage. She is on a bike and she is carrying a photo album. That album is full of stories that others have lived before. These are stories from the Republic, which will engage children in the events that happened over 100 years ago, such as the night between 4 and 5 October.

Bicicleta da República

conceção Suzana Branco, Tânia Cardoso e Vera Alvelosinterpretação Suzana Branco

Tânia Cardoso & Vera Alvelos

Suzana Branco,

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A música liga tudo, claro, mas se tirarmos a música? O Mozart resolve as lacunas, mas se tirarmos o Mozart? O Fígaro tem uma dívida, mas se a Marcelina for a sua mãe? É uma ópera quase cantada, é um Mozart que não descalça a bota, é um Da Ponte traduzido, é uma bastilha sem ninguém lhe tocar, é talvez em Sevilha, é o monólogo do Fígaro contra os privilégios e instituições que o Beaumarchais escreveu há muito tempo, é o direito à pernarda, não há portas nem janelas, nem entradas, nem saídas. Beaumarchais, Lorenzo da Ponte, Mozart e Miguel Castro Caldas estão convocados para um lugar onde o teatro e a ópera se encontram e se dividem. Ouvir-se-á em cena, pela voz dos atores ou das personagens (como depois cada um entender chamar-lhes), a música própria dos monólogos e dos diálogos e a coloquialidade das árias e dos recitativos.

Primeiros Sintomas

Sala Principal

sáb 6 a qui 18 outubro (exceto segundas e terças)

qua 19h00 qui a sáb 21h30 dom 18h00

12€ / Com desconto 6€

As Bodas de Fígaro

teatro | coprodução

Uma Tradução

e As Bodas de Fígaro Uma Tradução is a play where theatre and opera both meet and divide. Beaumarchais, Lorenzo da Ponte, Mozart and Miguel Castro Caldas have all been summoned: it is almost a singing opera; it is Mozart in trouble; it is a translation of Da Ponte; it is Figaro’s monologue against privileges and institutions written by Beaumarchais long before.

texto Miguel Castro Caldas encenação Bruno Bravo interpretação Ana Brandão, António Mortágua, David Almeida, Dinis Gomes, Inês Pereira, Ricardo Neves-Neves, Sandra Faleiro e Sofia Vitória figurinos e espaço cénico Stéphane Alberto desenho de luz José Manuel Rodrigues direção de produção Paula Fernandes coprodução Primeiros Sintomas e Maria Matos Teatro Municipal Primeiros Sintomas é uma estrutura financiada pelo Secretário de Estado da Cultura/DGArtes

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Aniversário | música

Vários locais do Teatro

dom 21 outubro 17h00 às 20h00

Preço único de aniversário 5€

100 Cage

Na música do século XX, não houve ninguém tão revolucionário como John Cage. Por muito que queiramos elaborar algumas listas de notáveis e tenhamos algum pudor em definir hierarquias, o nome Cage é incontornável para servir como sinónimo de alguém que durante décadas quis sempre rasgar o passado e olhar para a folha em branco como o desafio que interessava. Com um corpo de trabalho notável em qualidade e quantidade – são centenas as obras que criou entre o início da década de 30 até praticamente à data da sua morte, em 1992 –, quase todas as linguagens de vanguarda e experimentalismo devem a John Cage muita da liberdade, e aceitação, de que agora usufruem. Filho de um inventor pouco convencional, seguiu com a mesma criatividade uma vida cedida à paixão da música, tal como tinha, um dia, prometido a Schoenberg, seu mentor. A sua curiosidade e sede de conhecimento fê-lo beber influências de todas as artes, de muitas culturas, de muitos músicos e compositores; e à medida que ia aprendendo, devolvia-nos as suas revoluções nos instrumentos, nas notações, nas metodologias, nos concertos ou nos happenings. Não houve ninguém assim antes de Cage, e tudo se tornou possível depois dele.

No dia em que o Teatro Maria Matos comemora o seu 43.º aniversário, celebramos também o centésimo aniversário de John Cage. Vamos apresentar uma parte do seu importante legado sonoro, revelando também espaços do nosso Teatro raramente acessíveis ao público. Alguns dos mais aventureiros músicos nacionais irão não só interpretar, como inspirar-se nalgumas das emblemáticas composições do norte-americano, ocupando o nosso palco e sala principal, mas também camarins, subpalco, sala de ensaio e foyer. Piano preparado, percussão e eletrónica serão as inevitáveis figuras numa tarde em que também poderemos fruir de um piano-brinquedo, aparelhos de rádio, catos ou búzios, e ainda instalações sonoras, partituras e vídeos.

e On the day Teatro Maria Matos commemorates its 43th anniversary, we also celebrate John Cage’s 100th birthday. We will be showing part of his important musical legacy, while revealing some parts of the theatre that are usually hidden from the public: some of our most adventurous musicians will not only play but also get inspired by iconic compositions of this North American musician. Prepared piano, percussion and electronics will be the inevitable protagonists for the afternoon during which you can also enjoy sound installations, scores and videos as a way to celebrate one of the last century’s greatest art revolutionaries.

Carlos Santos, Carlos Zíngaro, David Maranha, Drumming, Eduardo Chagas,

Joana Gama, Joana Sá, Luís Bastos Machado, Luís Fernandes, Luís Martins, Nuno Morão, Nuno Rebelo, Paulo Raposo, Ricardo Guerreiro, Ricardo Jacinto

43.º

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sex 26 outubro a sex 30 novembro Em Português e Inglês

Vivemos num momento em que a economia global, a diversidade cultural multipolar e a ideologia neoliberal se agenciam na produção de um novo paradigma “paracolonial” (utilizando uma expressão de Aimé Césaire) onde se prenuncia o muito falado “fim da política”.Este entrelaçamento singular de forças obriga a pensar como o mundo produzido pela lógica implacável dos mercados e suas derivas erráticas, derivativos virtuais e performances de poder requer a formação de alternativas. Em resposta ao mundo neoliberal multipolar, com as suas reinventadas diversidades culturais e as suas massacradas e colonizadas forças de cultura, propõe-se um renovado commitment to theory (para usar a expressão de Homi Bhaba) aliado a um commitment to act (parafraseando Hanna Arendt). Ou seja: uma renovada aliança entre a ação política e o fazer cultural, ligada ao pensamento e à arte e orientada para a produção de outros modos de viver, experimentar e fazer. Trata-se, antes de tudo, de saber produzir devires.Foram convidados académicos, curadores e artistas cujo trabalho deriva do forjar de novas alianças entre filosofia política, estudos culturais, estudos da performance e práticas artísticas e curatoriais que resistem ao “devir cultural da economia, e ao devir económico da cultura”, recorrendo à expressão de Frederic Jameson, vislumbrando já em 1998 as dinâmicas que nos avassalam hoje em dia.

Cultura e a Produção do Mundo: derivas, derivativos e devires

ciclo palestras e seminários

Palestras 18h30 Entrada livre

sex 26 outubro André Lepecki Fazendo mundo(s)

sex 9 novembro Florian Malzacher Truth is concrete

sex 16 novembro Randy Martin After culture?

sex 23 novembro José Fernando Azevedo Forma e Experiência em algumas cenas do “teatro de grupo” no Brasil

sex 30 novembro Bojana Kunst Movement Should Not Be Flexible

Seminários e Workshop 10h00 às 13h30 Entrada livre mediante inscrição prévia obrigatória

qui 8 e sex 9 novembro Florian Malzacher Tackling Reality

qui 15 a sáb 17 novembro Randy Martin Knowledge LTD.

qua 21 a sex 23 novembro José Fernando Azevedo Cidade-Imagem, imagens da cidade

e We are living in a time in which global economy, multipolar cultural diversity and neoliberal ideology are shifting towards the rise of a new “paracolonial” (to use Aimé Césaire’s expression) paradigm which heralds the so-called “end of politics”. This unique interweaving of forces makes you think how the world – produced by the logic of free markets and their erratic drifts, virtual derivatives and power performances – requires the creation of alternatives. As a way of responding to the multipolar neoliberal world, with its reinvented cultural diversities and colonised cultural forces, a renewed alliance between political and cultural action is proposed, which is associated with thought and art and oriented towards the

production of other ways of living. Above all, it is about being able to produce changes. For this series of talks, we are inviting scholars, curators and artists whose work springs from the creation of new alliances between political philosophy, cultural studies, performance studies, as well as artistic and curatorial practices.

curadoria André Lepecki uma encomenda Maria Matos Teatro MunicipalUm projeto House on Fire com o apoio do Programa Cultura da União Europeia

18 Jornal

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Nesta palestra, introduz-se o tema deste ciclo. Analisando algumas performances recentes iremos ver de que maneira uma eventual ontologia política da performance não se reduz à sua temporalidade (efemeridade), mas principalmente à sua capacidade de produzir, fazer, compor e recompor o mundo nas suas realidades (atual e virtual). Uma ênfase especial será dada ao modo como este entendimento mais afirmativo da performance se entrecruza, histórica e teoricamente, com a

André Lepecki palestra

Fazendo mundo(s) – políticas da performance na multipolaridade planetária

mmcafé

sex 26 outubro 18h30

Florian Malzacher palestra

Truth is concrete. Artistic Strategies in Politics and Political Strategies in Art

mmcafé

sex 9 novembro 18h30

Onde quer que se presenciem momentos de agitação – no mundo árabe, nas revoltas sociais da Grécia ou da Espanha, nos movimentos Occupy, etc. – os artistas estão entre os primeiros a aderir. Mas serão eles meros cidadãos participativos em tais circunstâncias ou poderá a sua arte ser utilizada como ferramenta útil? Qual o papel da arte na corrente de eventos políticos a nível mundial, que são tão difíceis de acompanhar e compreender? Truth is concrete, um acampamento-maratona de 24 horas/7 dias em Graz (Áustria) com a participação de 200 artistas, ativistas e teóricos, procura formas de ação direta, bem como mudanças e conhecimentos tangíveis. Procura uma arte engajada, que não sirva apenas para exibir e documentar, e um ativismo que não signifique apenas “fazer por fazer”, mas que encontre formas inteligentes e criativas de autocapacitação. Truth is concrete é um esforço no sentido de se criar, não apenas mais um evento sobre política, mas um evento político em si mesmo. truthisconcrete.org

e Where ever societies get shaken up artists are usually among the first to join in. Truth is concrete, a 24-hour, 7-day marathon camp with 200 contributing artists, activists and theorists in Graz (Austria). It is an attempt to create not just another event about politics, but a political event itself.

Nos últimos anos, o conceito de curadoria tem-se tornado cada vez mais influente no domínio das artes performativas. No entanto, apesar de extensivamente debatido e teorizado no âmbito das artes plásticas, as implicações dos conceitos de curadoria (distintos do conceito mais amplo de programação) continuam ainda por refletir. Contextualizar é um dos termos-chave para a prática da curadoria – mas nas artes performativas este contexto encontra-se ainda limitado, em grande parte, à caixa negra. De que modo é que os festivais e outras formas de apresentação das artes performativas podem reforçar a capacidade de resposta contextual? De que forma é que se pode abordar a realidade à nossa volta – espacial, social, política, económica, etc – e contextualizar as obras de arte em relação às outras ou dentro do meio em que se encontram? O seminário analisa exemplos de curadoria nas artes performativas e discute ideias para projetos reais ou imaginados da autoria dos participantes. 

e The concept of the curator has become more influential in the performing arts in recent years. But while it has been heavily discussed within the visual arts, the implications of curatorial concepts in performance remain largely un-reflected. The workshop takes a look at examples and discusses concepts of imagined or real projects by participants.

seminário

Tackling Reality

qui 8 e sex 9 novembro 10h00 às 13h30

Entrada livre, máximo 12 participantesInscrição obrigatória até 25 outubro, envio de nota biográfica e carta de motivação, sujeita a seleção: [email protected] a estudantes e profissionais da área da Curadoria das Artes Performativas

emergência de críticas recentes aos conceitos de identidade cultural, globalização e capitalismo pós-fordista. A “multipolaridade” (de géneros, mas também planetária) surgirá através de discussão de trabalhos de  Maria José Arjona, Yingmei Duan, Lilibeth Cuenca, Tania Bruguera, Nevin Aladag, Marcela Levi, Yve Laris Cohen e Ralph Lemon. A palavra-chave é (acima de tudo): discussão…

e Through an analysis of a number of recent performances, André Lepecki will show how a possible political ontology of performance is not necessarily determined by its ephemerous nature, but rather by its capacity to produce, make, compose and recompose the world in its concreteness (actual and virtual).

André Lepecki (Rio de Janeiro/Nova Iorque) é Professor Associado no  Department of Performance Studies, New York University. Doutor pela New York University, é autor de Exhausting Dance: performance and the politics of movement (2006), traduzido atualmente em sete línguas e coordenador editorial de várias publicações. Foi curador do festival IN TRANSIT em Berlim (2008 e 2009) e cocurador para a exposição MOVE: choreographing you na Hayward Gallery, Londres (2010). Premiado pela Associação Internacional de Críticos de Arte na categoria Best Performance pela direção de 18 Happenings in 6 Parts de Allan Kaprow.

Florian Malzacher (Graz/Berlim) é coprogramador do festival steirischer herbst em Graz, diretor artístico da Bienal Impulse Theater e dramaturgo/curador freelance do Burgtheater de Viena. É membro fundador do coletivo de curadores Unfriendly Takeover (Frankfurt) e tem colaborado com Rimini Protokoll, Lola Arias e Nature Theater of Oklahoma. Tem

lecionado nas universidades de Viena e de Frankfurt e é membro do conselho consultivo do Mestrado em Teatro da DasArts, em Amesterdão. As suas publicações incluem obras sobre as companhias de teatro Forced Entertainment e Rimini Protokoll, bem como o título Curating Performing Arts.

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A cultura tem sido utilizada de diversas formas: no século XIX, como indicador da excelência estética e reconhecimento da alteridade pelo colonizador; em meados do século XX, como símbolo dos valores conservadores e, no final do milénio, como símbolo de emancipação. Mais recentemente, a cultura tem sido instrumentalizada como redentora das cidades ameaçadas pelo marasmo do pós-desenvolvimento, no contexto das cidades criativas. Depois do colapso financeiro, fomos atingidos pelas consequências da torrente dos derivativos. Haverá forma de pensar no derivativo de modo diferente e ver nele uma lógica social que revalorize os impulsos artísticos radicais que de outra forma parecem fragmentados e dispersos?

e Over the ages, culture has been put to many uses. After the financial debacle, ruin has been visited upon us in the tsunami of derivatives and their ken. Might there be a way to think the derivative otherwise, and see in it a social logic to revalue radical artistic impulses that otherwise seem fragmented and disbursed?

Randy Martin (Nova Iorque) tem formação e experiência no campo da dança, teatro e arte do palhaço, tendo igualmente desempenhando funções de administração académica. Atualmente é professor e diretor do Departamento de Arte e Políticas Públicas na Tisch School of the Arts, da Universidade de Nova Iorque, onde dirige o programa de pós-graduação em Política da Arte e um curso em Cidadania Artística. Publicou uma dezena de livros e mais de cem artigos sobre tópicos que vão da teoria marxista às culturas financeiras e das políticas da dança ao teatro nicaraguense.

Randy Martinpalestra

After Culture?mmcafé

sex 16 novembro 18h30

Como deveremos reagir quando os conhecimentos que diziam governar o mundo nos deixaram ficar mal e aqueles que assumem o controlo das nossas vidas se mostram indiferentes perante o próprio saber especializado que anteriormente afirmavam poder governar-se a si próprio? O velho pacto social da classe de profissionais empresariais encontra-se em processo de dissolução e as promessas de um futuro progressivamente melhor estão a ser anuladas; ao mesmo tempo, as ruas são ocupadas por mobilizações com resultados incertos. Estas sessões irão considerar esta complexa conjuntura de circunstâncias que reformularam as categorias básicas usadas até aqui para compreendermos o nosso mundo social. Se a arquitetura do conhecimento que compartimenta a economia, a política e a cultura se desmoronou, o que se lhe seguirá? Haverá um momento em que possamos estar juntos para lá das diferenças? Os três dias serão dedicados à situação atual da economia, da política e da cultura e ao reconhecimento das potencialidades radicais do presente. Abordaremos cada uma das sessões com uma reflexão sobre o derivativo, não como força colonizadora da finança, mas como decorrente de processos mais longos de descolonização e de não-saber que podem influenciar as nossas próprias formas de arbitragem.

e If the architecture of knowledge that partitions economy, polity and culture has fallen to ruin, what will rise and how will we engage a moment where we are together but not one? These three days will be divided between what has come of economy, polity and culture and how we might recognize the radical potentiality of the present.

seminário

Knowledge LTD:Toward a Social Logic of the Derivative

qui 15 a sáb 17 novembro

10h00 às 13h30

Entrada livre, máximo 15 participantesInscrição obrigatória até 1 novembro, envio de nota biográfica e carta de motivação, sujeita a seleção: [email protected] a estudantes e profissionais das artes e de Estudos Culturais

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No Brasil, a experiência do “teatro de grupo” define desde o final dos anos 90 um processo de politização da cena. É certo, moderno desde a sua origem, o teatro brasileiro é já um depoimento, da periferia do capitalismo, sobre os processos contemporâneos de espoliação e desagregação da vida. Essa intervenção pretende-se num só tempo uma apresentação e um depoimento sobre o modo como essa experiência teatral tem desenhado a fisionomia de uma sociedade que, além do otimismo atual, revela impasses não apenas locais, mas um outro lado de um processo que é mundial.

e From its very beginnings, Brazilian theatre is a statement, from the periphery of capitalism, about the contemporary processes of the destruction and disaggregation of life. Since the end of the 1990s, the development of “group theatre” has defined a process of growing politicization.

José Fernando Azevedo (São Paulo) é diretor e dramaturgo do Teatro de Narradores de São Paulo; professor de Teoria do Teatro e História do Teatro Brasileiro na Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo; doutor em Filosofia pela Faculdade de Filosofia da USP. Foi cocurador do Próximo Ato – Encontro Internacional de Teatro (2006-2009) e do programa Rumos Teatro (2011), ambos organizados pelo Itaú Cultural. Em 2011, foi cocurador do Festival Internacional de Teatro de Rio Preto. É cocoordenador do volume Próximo-Ato: Teatro de Grupo e editor da revista Camarim da Cooperativa Paulista de Teatro.

José Fernando Azevedopalestra

Forma e Experiência em algumas cenas do “teatro de grupo” no Brasil

mmcafé

sex 23 novembro 18h30

workshop de teatro

Cidade-Imagem, imagens da cidade:“Cenas de rua” e a elaboração poética dos materiais

qua 21 a sex 23 novembro

10h00 às 13h30

Entrada livre, máximo 15 participantesInscrição obrigatória até 8 novembro, envio de nota biográfica e carta de motivação, sujeita a seleção: [email protected] a estudantes e profissionais de teatro

Ao explorar procedimentos desenvolvidos no trabalho de criação do Teatro de Narradores, em São Paulo, o workshop teórico-prático estrutura-se a partir de uma aproximação ao trabalho de campo e a elaboração poética dos materiais. Com isso, pretende-se abarcar aspetos da dramaturgia, da atuação e da encenação, sob uma perspetiva dialética, e interrogar sobre o que se possa entender por um “teatro político” hoje. Durante os encontros, ações, intervenções e construção de cenas comporão momentos da investigação proposta, segundo temas definidos pelo grupo envolvido.

e In this practical-theoretical workshop, we will explore working methods developed by theatre company Teatro de Narradores from São Paulo. The fieldwork as well as the development of artistic materials will let us investigate aspects of dramaturgy, acting and stageing and ask questions regarding what could be “political theatre” today.

Atualmente, a dança e a performance contemporâneas são muitas vezes criadas segundo formas que apagam continuamente as diferenças e nuances entre expressões e subjetivizações. Por exemplo, a prática da dança na Europa, especialmente na última década, passou a estar subjugada à ilusão de uma flexibilidade e produção colaborativa constantes, à mobilidade pela mobilidade, em que as subjetividades do artista têm de tornar-se incorpóreas sob pena de perder ligação e perder oportunidades. Parece existir algo nos modos temporais das obras contemporâneas que, com a sua imaterialidade e flexibilidade, elimina a variabilidade das modulações nas formas de vida, a necessidade de diferentes articulações temporais daquilo que é

Bojana Kunst palestra

Movement Should Not Be Flexiblemmcafé

sex 30 novembro 18h30

vivido e as potencialidades da vida. Nesta palestra, falarei sobre esta peculiar forma de cansaço relacionada com a flexibilidade e o movimento contínuo que caracterizam a produção artística e o mercado artístico contemporâneos. Por conseguinte, perante as atuais condições culturais e económicas, a questão central será: como persistir na materialidade contingente das várias expressões que não pertencem a uma temporalidade acelerada de acumulação, mas sim à dinâmica política da mudança.

e It seems there is something in the temporal modes of contemporary art production and the arts market, which - with its immateriality, flexibility and constant mobility – forces artist’s subjectivities to become disembodied in order to maintain connection and realize possibilities. In my talk I would like to address this peculiar form of exhaustion

Bojana Kunst (Liubliana/Hamburgo) é filósofa, teórica de performance, dramaturga e professora convidada no Departamento de Estudos de Performance da Universidade de Hamburgo. Áreas de investigação: teoria da performance, coreografia contemporânea, teoria política, dramaturgia e filosofia da arte. É membro do conselho editorial das revistas Maska, Amfiteater e Performance Research. As suas publicações incluem Impossible Body (1999), Dangerous Connections: Body, Philosophy and Relation to the Artificial (2004) e Processes of Work and Collaboration in Contemporary Performance (2010).

21Jornal

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dança

“E eu vi o Cordeiro no Monte Sião”é o versículo que dá o título à peça de VA Wölfl. Não é uma surpresa que um dos coreógrafos mais visionários e destemidos da dança alemã se interesse pela poesia alucinatória do Apocalipse. As suas criações são caracterizadas por um imaginário radical e perturbador, algures entre o surrealismo e o hiper-realismo. Os seus espetáculos são sempre “espetáculos totais”, onde a dança, o teatro, o vídeo, a música e as artes visuais se encontram e onde o espectador é muitas vezes colocado dentro do artefato cenográfico – em “Ich sah das lamm…” uma mega-instalação de ciprestes condiciona a nossa relação com o palco.

As coreografias de VA Wölfl investem mais na perceção do que no próprio movimento e as imagens que cria continuam a perseguir-nos depois do fim do espetáculo. “Não é coincidência”, escreve o crítico de dança Arnd Wesemann, “que o som oco – um clique demoníaco – de 17 bailarinos a destravar as suas pistolas Walther PPK e a disparar sobre os seus próprios joelhos soe igual a um obturador da câmara. É uma imagem que se desenvolve em milésimos de segundo na cabeça de cada espectador, dividindo-o entre a sensação imediata de medo e a consciência da encenação, da falsificação.” Com uma precisão intransigente, o coreógrafo desconstrói a banalidade da vida quotidiana, expondo o vazio e a estigmatização de uma sociedade obcecada com a segurança e encurralada nos seus próprios medos.

e VA Wölfl is probably Germany’s most visionary and dauntless choreographer. No wonder that he and his ensemble took inspiration from a verse of the Apocalypse – And I looked and, lo, a Lamb stood on the mount Sion, Revelation, 14,1 – to create yet another work of radical and disturbing imagery, somewhere in between surrealism and hyper-realism. Starkly visual, the piece deconstructs the banality of business as usual and depicts a society enrolled in its own fears.

coreografia VA Wölfl com Alfonso Bordi, Jusin Carter, Montserrat Gardó Castillo, Petr Hastik, Nicholas Mansfield, Edgar Sandoval Diaz, Kristin Schuster, Yuki Takimori, Judith Wilhelm, Susanna Keye, Marco Wehrspann, Wolfgang Wehlau, N.N., N.N., VA Wölfl apoios Cidade de Düsseldorf, Ministério da Família, Crianças, Juventude, Cultura e Desporto de Nordrhein-Westfalen, Fundação Castelo e Parque Benrath, Fundação de Arte e Cultura da Sparkasse, Defence Systems & Equipment International London/Waffenmesse, Secretariado de Cultura de Wuppertal/Nordrhein-Westfalen e NEUER TANZ

VA Wölfl/NEUER TANZ(Düsseldorf)Ich sah: Das Lamm

auf dem Berg Zion,Offb. 14,1Sala Principal

sex 26 e sáb 27 outubro 21h30

15€ / Com desconto 7,50€ | Duração 90 min

Com o apoio

no contexto do programaCoreografia Contemporânea Alemã

Coapresentação

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Sala Principal

sex 2 a sáb 17 novembro (exceto segundas e terças)

qua 19h00 qui a sáb 21h30 dom 18h00

12€ / Com desconto 6€

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Mundo Maravilha

Somos oito atores em palco. Quatro portugueses e quatro brasileiros. Não sabemos ainda quantas pessoas estarão sentadas na plateia a olhar para nós, nem quantas dessas pessoas serão portuguesas, brasileiras ou de outras nacionalidades. Mas sabemos que essas pessoas terão objetos consigo. Objetos nos bolsos, nas mochilas, nos sacos. Esferográficas, chaves, bilhetes de metro, telemóveis, leitores de MP3, armas de fogo, livros. E nós, num truque de magia, adivinharemos que objetos cada membro do público transportou para dentro do teatro. E contaremos as histórias desses objetos como Pêro Vaz de Caminha narrou a chegada dos Portugueses ao Brasil ou Amir Klink a sua travessia do Atlântico num barco a remos.

Tiago Rodrigues convidou os Foguetes Maravilha para criar uma nova peça, no seguimento de uma colaboração no Teatro Maria Matos em 2009. “Inspirados pelas aventuras épicas que marcam o nosso passado partilhado, queremos construir um teatro que sirva para revelar o exotismo e a magia que se escondem por trás da banalidade do quotidiano. De que serve atravessar o mundo para nos encontrarmos se, entretanto, não tentarmos transformá-lo?”  

e Four Portuguese and four Brazilian actors search for adventure in everyday life. Following the steps of great explorers in reverse, they tell stories of small trivial objects similarly to the way Pêro Vaz de Caminha narrated the arrival of the Portuguese in Brazil or Amir Klink described his crossing of the Atlantic in a rowing boat.

conceção e interpretação Alex Cassal, Cláudia Gaiolas, Felipe Rocha, Paula Diogo, Renato Linhares, Stella Rabello, Tiago Rodrigues e outros artistas a definir desenho de luz e apoio técnico André Calado direção de produção e fotos de cena Magda Bizarro

produção Mundo Perfeito coprodução Maria Matos Teatro Municipal, Bit Teatergarasjen e Guimarães 2012 – Capital Europeia da Cultura apoio Festival Materiais Diversos residência artística O Espaço do Tempo e espaço alkantara digressão Guimarães, Espaço ASA, Guimarães 2012 – Capital Europeia da Cultura, 23 novembro 2012

Uma coprodução House on Fire com o apoio do Programa Cultura da União Europeia

teatro | coprodução

Foguetes Maravilha

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teatro | coprodução

3 aos 5 anos

Esta pequena epopeia marítima de desenhos luminosos, objetos manipulados e canções conta a história de Sari, uma menina que, cansada de esperar que os pais acordem, decide ir sozinha até à praia. Lá encontra Azur, mas é imediatamente engolida por uma grande onda que a leva pelo mar adentro, até à boca escancarada de uma baleia. Lá dentro, a solidão reina, apesar dos bichos estranhos que habitam entre os dentes grandes e de um velho muito velho que conta quantos peixes tem o mar. Vale-lhe então o engenhoso Azur que, vazando a água do oceano para dentro de um grande buraco, a consegue libertar. Mas que será feito agora da baleia e daqueles peixes, sem uma pinga de água para nadar?

e Sari, a little girl who is tired of waiting for her parents to wake up, decides to go to the beach by herself. Once there, she is swallowed by a wave that takes her into the belly of a whale… This is the start of a short epic about the sea that will be told with songs, luminous drawings and manipulated objects.

Sala de Ensaios

ter 13 a dom 18 novembro

semana 10h00 sáb e dom 11h00 e 16h30

Criança 3€ | Adulto 7€ | Duração 40 min

Barriga da BaleiaAntónio Jorge Gonçalves

criação António Jorge Gonçalves intérpretes Ana Brandão (narração, canções e movimento) e António Jorge Gonçalves (realização plástica, desenho e manipulação de objetos, sonoplastia) uma encomenda Maria Matos Teatro Municipal coprodução Maria Matos Teatro Municipal, Centro Cultural Vila Flor, Festival Temps d’Images

no âmbito da rede cofinanciada por

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dança

Tendo ficada fascinada com Der Abschied (A Despedida), a parte final de Das Lied von der Erde (Canção da Terra) de Gustav Mahler, Anne Teresa De Keersmaeker convidou Jérôme Bel para trabalhar com ela na criação de um espetáculo para esta música desafiante. Anne Teresa De Keersmaeker e Jérôme Bel sempre demonstraram um grande interesse mútuo pelo trabalho um do outro. Ao longo de vários anos, mantiveram um diálogo artístico intenso e reciprocamente valioso. Apesar das suas óbvias diferenças de estilo, partilham o princípio subjacente de que o palco não é um lugar para entretenimento, mas um lugar para questionar o estado do mundo. 3Abschied é o resultado desta colaboração única.

e 3Abschied is the result of an unprecedented collaboration between Anne Teresa De Keersmaeker and Jérôme Bel. Having been captivated by The Farewell, the final part of Gustav Mahler’s Song of the Earth for some time, Anne Teresa De Keersmaeker invited Jérôme Bel to work with her on creating a performance to this challenging music.

conceção Anne Teresa De Keersmaeker e Jérôme Bel música Gustav Mahler Der Abschied/Das Lied von der Erde transcrição Arnold Schoenberg músicos Orquestra Gulbenkian maestro Georges-Elie Octors meio-soprano Sara Fulgoni pianista Jean-Luc Fafchamps dança Anne Teresa De Keersmaeker assistente direção artística Anne Van Aerschot estagiário Maxime Kurvers direção de produção Johan Penson assistido por Tom Van Aken técnicos Davy Deschepper e Bardia produção Rosas coprodução La Monnaie/De Munt, Opéra de Lille, Sadler’s Wells, Theater an der Wien, Théâtre de la Ville com o Festival d’Automne à Paris e Hellerau European Center for the Arts Dresden em colaboração com R.B. Jérôme Bel

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Jérôme BelDe Keersmaeker & Anne Teresa

(Bruxelas/Paris)

uuGrande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian

qui 15 novembro 21h00 e sex 16 novembro 19h00

Plateia A 22€ / Plateia B 19€ / Plateia C 16€ / Balcão 11€ / Descontos ciclo teatro|música (ver pág. 39) | Duração 90 min

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Lula Pena é uma portuguesa de voz grave e violão eletrificado que canta como um poeta. Caetano Veloso

A história deste concerto começou há quase vinte anos em Barcelona, quando o guineense Mû, fascinado por um concerto a que assistira, decidiu entregar a Lula Pena a gravação de uma canção composta em sua homenagem. A cantora portuguesa estava, nessa altura, a deixar a capital da Catalunha para viver em Bruxelas e o gesto de Mû acabaria por se tornar temporariamente inconsequente. Até que um dia, ambos se encontram acidentalmente no estúdio Golden Pony, em Lisboa, onde Mû gravava a convite de Jorge Cruz. De imediato, Lula Pena percebeu que a admiração de Mû existira porque algo muito forte ligava a música de ambos e ficou claro que o encontro do passado foi um rastilho lento para que uma frutuosa colaboração acontecesse um dia. Partilhando uma cumplicidade intensa em palco, novos ritmos, respirações e silêncios transportam as canções de Troubadour – álbum de 2010 de Lula Pena – para um terreno inédito, repleto

de espiritualidade comovente e geografia indetermindada. Pelo meio, a liberdade das regras imporá jogos de improvisação que criarão momentos únicos e irrepetíveis, legitimando a razão pela qual esta colaboração acontece, exclusivamente, em cima de um palco, connosco do outro lado.

e After almost 20 years after their first encounter, Lula Pena and Mû have taken the steps towards a real collaboration, to be enjoyed exclusively on stage, where new rhythms and silences are interwoven into improvisations to recreate songs of Troubadour and celebrate the birth of new original work. 

guitarra, voz Lula Penasimbi, tonkorongh, harpa, tambor de água Mû

Sala Principal

ter 20 novembro 22h00

14€ / Com desconto 7€

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no âmbito da rede cofinanciada por

música

Lula Pena feat. Mû

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oficina teatro | produção

6 aos 8 anos

oficina dança | produção

6 aos 8 anos

Por muito incrível que possa parecer, é a partir de apenas três cores primárias – vermelho-magenta, amarelo-limão e azul-ciano – que podemos compor as cores secundárias, o laranja, o verde e o violeta. Durante esta oficina, vamos fazer várias pesquisas cromáticas por estas seis cores e explorar as sensações que nos provocam, procurando traduzi-las em movimentos e coreografias que as possam representar.

e The combination of the three primary colours forms many other colours that lend their characteristics to objects. In this workshop, we open the colour spectrum to interpret the movement of each individual thing: the sea, the fire, the sun.

Se por breve instantes pudesses escolher ser outra pessoa, quem serias? Nesta oficina, propomos que os mais novos descubram o seu corpo como uma nova forma de expressão. A partir de diferentes pontos de vista, surgem novas formas de o olhar: transformá-lo em cenário, em texto ou no centro de uma história. Recriar o teatro, experimentando através do corpo e da palavra novas formas de contar histórias e de brincar com o que nos parece sério.

e If you could be any other person for a while, who would you choose to be? In this workshop, we propose that youngsters discover their own bodies as a working tool, by transforming it into a set, a text or the centre of a plot. A workshop for reinventing theatre by experimenting with new ways of telling stories and joking about seemingly serious issues.

Sala de Ensaios

dom 2 qui 6 sex 7 dom 9 dezembro

semana 10h00 dom 11h00

Criança 3€ | Duração 90 min

Dina Lopes estudou Teatro na Escola Superior de Teatro e Cinema. Enquanto atriz, destaca-se o trabalho com os encenadores Luís Miguel Cintra, João Mota, João Grosso. Começou a desenvolver oficinas de expressão dramática no Teatro O Bando em 1990, desde aí tem estado ligada ao ensino desta disciplina em diferentes contextos.

Dias para experimentar:

Sala de Ensaios

qui 22 a dom 25 novembro

semana 10h00 sáb 16h30 dom 11h00 e 16h30

Criança 3€ | Duração 90 min

Cores em movimento

Dina LopesMário Afonso

Mário Afonso foi bolseiro na escola de dança Rui Horta/Pro.Dança e concluiu, em 1998, a licenciatura em Dance Theatre Performance no Instituto das Artes da Holanda. Como criador para crianças e jovens, destacam-se os trabalhos Ser Pássaro. Ensaio para muitos Voos (CCB, 2001), Movimento Continuo (Centro de Artes de Sines, 2006) e Tesouros Animados – Atelier de dança para Curiosos (Teatro Viriato, 2012).

o Teatro

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dança

The SongDe Keersmaeker

Anne Teresa

Sala Principal

sex 23 e sáb 24 novembro 21h30

15€ / Com desconto 7,50€ | Duração 1h50

criação Anne Teresa De Keersmaeker, Ann Veronica Janssens e Michel François criado com e dançado por Pieter Ampe, Bostjan Antoncic, Carlos Garbin, Matej Kejzar, Mark Lorimer, Mikael Marklund, Simon Mayer, Michael Pomero, Sandy Williams e Eleanor Bauer efeitos sonoros Céline Bernard cenografia Ann Veronica Janssens & Michel François figurinos Anne-Catherine Kunz ensaiadora Muriel Hérault dramaturgia Claire Diez conselheiros musicais Eugénie De Mey e Kris Dane conselheiro de efeitos sonoros Olivier Thys assistentes direção artística Anne Van Aerschot e Femke Gyselinck direção de produção Johan Penson assistido por Tom Van Aken técnicos Davy Deschepper, Jan Herinckx, Bardia Mohammad, Simo Reynders, Wannes De Rydt e Jitske Vandenbussche som Alex Fostier e Vanessa Court produção Rosas coprodução La Monnaie/De Munt, Théâtre de la Ville Paris, Grand Théâtre de Luxembourg e Concertgebouw Brugge

(Bruxelas)

[The Song] foi um desejo de regressar a um lugar com menos coisas. Há uma certa economia de meios que permitiu voltar a fazer perguntas fundamentais. O que é que se passa com este corpo? Como é que o movimento é gerado num corpo? Qual é a relação entre som e movimento? Qual é a relação entre a música e a dança?

Anne Teresa De Keersmaeker

The Song evoca um mundo em aceleração, um mundo que anda tão rápido que se ultrapassa a si próprio. Uma paragem parece inevitável e iminente. No centro desta tempestade, está o corpo, uma caixa de ressonância para uma realidade caótica. Dez bailarinos evoluem num palco despido e reduzido ao essencial: luz, som, movimento. O espaço que Anne Teresa De Keersmaeker criou, em colaboração com os artistas visuais Ann Veronica Janssens e Michel François, é um deserto. Uma terra árida que, apesar de tudo, dá ciclicamente lugar à vida: um solo rejubilante em que o corpo procura a sua própria leveza. Uma coreografia de grupo à imagem de um bando de pássaros em voo, onde as variações infinitas são uma ode à precisão matemática e inventividade humana.

e The Song is about a world that is rushing ahead of itself, dashing at an ever faster tempo. Created in collaboration with visual artists Ann Veronica Janssens and Michel François, The Song is performed by ten dancers – nine men and one woman – on an empty stage, which has been stripped to its bare essentials: light, sound and movement.

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música

Depois de alguns trabalhos que procuraram introduzir outras subtilezas na sua eletrónica –sobretudo em associação com outros músicos como Ryuichi Sakamoto ou Mika Vainio –, Carsten Nicolai editou em 2008 o álbum Unitxt onde as regras de ouro do techno – e, de um modo mais genérico, de grande parte da música de dança –, eram escrutinadas ao pormenor. Foi um disco calculista, meticuloso e infalível. No ano passado, Nicolai prosseguiu o estudo e voltou a dissecar as mesmas regras com Univrs, acrescentando informação e emoção suficientes para ouvirmos esta obra como uma das mais importantes da sua longa discografia, em que o poder quase científico (e também industrial) da montagem das suas partículas digitais encontrou uma narrativa atmosférica de fulminante hipnotismo. O projeto foi também ambicioso em termos visuais, ao incluir tanto na edição discográfica pela Raster-Noton como na versão de palco que iremos ver nesta noite, um trabalho de vídeo que nos guia através do som de Alva Noto. Ao vivo, uma tela de grande formato preenche-nos os sentidos e faz-nos mergulhar nas profundezas da matemática sonora de Univrs.

e With Unitxt, Carsten Nicolai returned to techno’s golden rules. With Univrs, the infallible mathematic of rhythm compel us to venture further into a universe of hyper-reality and digital ultra-speed. The wide-screen projections tear our senses apart on a hallucinating journey into the gears of Alva Noto’s machine.

Sala Principal

ter 27 novembro 22h00

15€ / Com desconto 7,50€

Alva Noto

eletrónica, imagem Carsten Nicolai

Univrs (Uniscope Version)

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teatro | coprodução ©

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A AfricanaVasco Araújo

Cão Solteiro &

Sala Principal

qua 5 sex 7 e dom 9 dezembro

qua 12 sex 14 e dom 16 dezembro

qua e sex 21h30 dom 18h00

15€ / Descontos ciclo teatro|música (Ver descontos na pág. 39)

autoria do projeto Cão Solteiro & Vasco Araújo texto original a partir do libreto José Maria Vieira Mendes adaptação musical a partir da partitura original Nicholas McNair atores e solistas Patrícia da Silva, Sónia Baptista, Paulo Lages, Bernardo Rocha, Vasco Araújo, Sónia Alcobaça, Coro Gulbenkian e Ensemble do Estúdio de Ópera da Escola Superior Música Lisboa coprodução Cão Solteiro, Maria Matos Teatro Municipal e Fundação Calouste Gulbenkian participação ESML apoio Avène e PlásCart Cão Solteiro é uma estrutura financiada pelo Secretário de Estado da Cultura/DGArtes

“A: Cheguei ao país maravilhoso. Ao desconhecido. Não estou em mim. Estou do outro lado. Sou a invenção do mundo. Sou um Grande Ó. Regressei ao paraíso. O tempo é redondo como a terra. O princípio é igual ao fim. Sou Adão e Eva e descobri o que já foi descoberto. Sou a globalização. Sou a heterogeneidade. E a imortalidade. Olho em volta e é tudo tão… é tudo tão… é tão… é tão… é tão… diferente, exato, é essa a palavra: diferente.“Neste espetáculo, tomam-se a música de L’Africaine de Meyerbeer e o libreto de Scribe, onde Vasco da Gama, navegador e descobridor, ambiciona um “país maravilhoso”. Partimos desta vontade para passar pelo inesgotável discurso da alteridade e do estrangeiro, pretextos para uma rescrita a pensar nas possibilidades de tais palavras nos tempos de hoje. Prossegue-se desta forma uma linha de trabalho que se

centra no cruzamento da linguagem teatral com a linguagem musical e o canto.

A Africana é o segundo projeto da companhia de teatro Cão Solteiro em parceria com o artista plástico Vasco Araújo. Estrearam no Teatro Maria Matos, em 2010, A Portugueza, uma masterclass de canto tendo como objeto de análise o Hino Nacional.

e In Giacomo Meyerbeer’s opera L’Africaine, the central character is Vasco da Gama, who aspires to discover an “amazing country”. Theatre company Cão Solteiro and visual artist Vasco Araújo depart from this desire to revisit the inexhaustible discourse on alterity. The perfect pretext to rewrite the work in view of its contemporary implications.

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dança | coprodução

3 aos 5 anos

Quanto tempo falta para ser grande? Se ficar com um dedo preso debaixo do pé durante cinco minutos isso é muito tempo? O que acontece se os ponteiros do relógio pararem? Uma história sem pés nem cabeça. Ou com dois braços, vários dedos, joelhos, pernas e um nariz… O ponto de partida é a conceção muito especial que as crianças têm do tempo e que aqui é explorada a partir do modo como elas tomam consciência do próprio corpo.Vice-versa assenta na ideia de que, na infância, se acredita em tudo: há um universo de fantasia em que todas as hipóteses são viáveis, em que é possível imaginar um mundo ao contrário e acreditar-se nele. Para o coreógrafo, as crianças querem ter tempo para imaginar, para acreditar que é possível ter-se quatro pernas e correr muito mais depressa, que se pode ser

gigante, ter quatro braços e vinte dedos, que do outro lado do espelho está outra pessoa igual a ela, que a imita, que as sombras são por vezes mais rápidas e por vezes mais lentas do que nós. Quem está por detrás da sombra? Onde se esconde a sombra? As crianças querem dormir e sonhar que os ursos de peluche andam sozinhos e as embalam durante a noite.

e How long does it take to grow up? If you stand on your finger for five minutes is that a long time? What happens when the hands of a clock stop? A story in which you can’t make sense of head or tail, or if you prefer, a story with two arms, many fingers, knees, legs and a nose, in a process that accompanies the development of the concept of time during infancy. The starting point is the very special conception that children have of time and growing up.

direção, coreografia e cenografia Victor Hugo Pontes música original Rui Lima e Sérgio Martins direção técnica e desenho de luz Wilma Moutinho figurinos Osvaldo Martins apoio dramatúrgico Madalena Alfaia interpretação Joana Faria e Mafalda Faria adereços Sandra Neves construção de cenografia Alexandra Barbosa, Carlos Lima e Sandra Neves confeção de figurinos Emília Pontes e Domingos de Freitas Pereira registo fotográfico Susana Neves montagem vídeo Eva Ângelo produção Nome Próprio produção executiva Joana Ventura coprodução Maria Matos Teatro Municipal, Teatro Viriato, Centro Cultural Vila Flor, FCD/Teatro do Campo Alegre e NEC agradecimentos Balleteatro e Teatro Art’Imagem

Sala de Ensaios

qua 12 a dom 16 dezembro

semana 10h00 sáb 11h00 e 16h30 dom 11h00

Criança 3€ | Adulto 7€ | Duração 40 min

Vice-versaVictor Hugo Pontes

no âmbito da rede cofinanciada por

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música

Music For Six GuitarsBen Frost

Sala Principal

qui 20 dezembro 22h00

15€ / Com desconto 7,50€

eletrónica e direção musical Ben Frostguitarras eléctricas Daniel Rejmer, Filho da Mãe, Filipe Felizardo, Manuel Mota, Riccardo Wanke e Shahzad Ismailytrombones (solistas da OCP) Luís Castelhano, Paulo Alves e Gonçalo Galvãotrompas (solistas da OCP) Nuno Cunha e Armando Martins

Para o dia a seguir a este concerto existe a crença de que o mundo deixará o atual ciclo e começará um novo. Quem acredita nesta fatalidade, aceita que a mudança transporta um fim trágico para o planeta e para toda a humanidade.  Não podíamos pensar num melhor cenário para recebermos novamente Ben Frost, um músico que cultiva o terror e o medo como forças inspiradoras e criadoras. No meio deste manto negro assumido, ele vem mostrar-nos uma das suas peças ao vivo mais emblemáticas e poderosas – recentemente retrabalhada por Nico Muhly para a apresentação que encerrou o Rolex Arts Weekend em Nova Iorque, como resultado do programa Mentor & Protégé que Frost teve com Brian Eno em 2011. Trabalhando contra a acústica da sala – Ben Frost

caracteriza habitualmente o espaço da performance como um “inimigo” –, o músico ergue uma fortaleza de eletricidade feita por seis guitarristas em total obediência ao maestro; em contraponto, um quinteto de instrumentos de sopro e processamento eletrónico irão aliviar-nos a pressão e dar-nos um certo sentimento de falsa proteção. Music For Six Guitars junta simultaneamente o punk e o metal como variantes essenciais do rock com a contenção e arquitetura do minimalismo norte-americano: afinal, dois pontos cardeais que têm balizado e valorizado toda a criação contemporânea de um dos mais brilhantes músicos da atualidade. Mesmo que o mundo acabe logo a seguir, este vai ser um dia para recordar na mente e no corpo.

As much as he may have impressed us last year on the Maria Matos stage, nothing has prepared us for this day. Music for Six Guitars blows your body away with a monumental electric tsunami, while affectionately massages your mind with the sound of electronics and a wind quintet. The world may comply with the prophecies and actually end tomorrow the following day...

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Bojana KunstFlorian Malzacher

Dossier

José Fernando Azevedo

André LepeckiRandy Martin

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A recente proliferação do adjetivo “político” em todos os tipos de discurso no âmbito das práticas artísticas poderá estar a atingir um grau de saturação generalizada. Isto pode ser um bom sinal: existe uma maior consciência política entre os praticantes e teorizadores da arte e uma maior consciência da necessidade de a arte se insurgir contra a total colonização da subjetividades e de corpos vivida no presente sob o suave epíteto da globalização. Contudo, esta proliferação do “político” em relação à “arte” encerra igualmente o risco de se tratar apenas de uma moda “política”. Que palavras, conceitos, criações coreográficas, passos, modos de corporizar, modos de inventar corpos, modos de agregar corpos, modos de movimento e de não-movimento conseguirão fazer com que o poder político da dança continue ativo, generativo, fértil, inventivo e inteligente – por oposição à superficialidade e transitoriedade do uso instrumental da palavra “política” enquanto refrão vazio de sentido no discurso artístico e no discurso crítico sobre arte?

Como se justifica que, nos atuais discursos europeus sobre a dança, factos políticos como o colonialismo, a colonização e a pós-colonização, o racismo e as suas interpelações, o racismo e as suas capacidades para produzir corpos e efeitos de movimento sejam mantidos sempre “à margem” do discurso crítico e das práticas coreográficas? Será que o subconsciente político da dança europeia e dos estudos de dança europeus consiste em recalcamentos das suas recentes e correntes histórias colonizadoras e modos colonizadores de subjetivação? É como se a teoria pós-colonial fosse uma matéria exclusiva das populações colonizadas (no passado ou no presente); como se a teoria pós-colonial se resumisse absurdamente a uma espécie de discurso “rancoroso” das minorias (o equivalente a dizer que a teoria marxista apenas teve relevância para o “pobre proletariado” e que a psicanálise apenas teve relevância para o paciente “neurótico”) e fosse irrelevante para o questionamento da criação de imagens corporais, dos movimentos (políticos e estéticos) e dos contramovimentos contemporâneos.

Na nossa era (segundo Luc Boltanski, a era em que a esquerda política deixou de acreditar em qualquer tipo de revolução), de que forma poderão ser reavaliadas as expectativas de Randy Martin, já expressas em 1998, segundo as quais, e uma vez que a dança compreende intimamente o significado da mobilização, a dança pode muito bem constituir um articulador privilegiado para novas formas de transformação social? Dado que, historicamente, se considerava que os “concertos” de dança instigavam diretamente (através da estimulação direta das “massas”) práticas revolucionárias, o que têm a dizer as práticas de dança correntes sobre as nossas subjetividades políticas momentâneas? Se a teoria política é também uma teoria da ação social, e se a coreografia teoriza e explora o modo de inventar ações, poderá a dança ser essa prática teorética e teoria prática através das quais a teoria política se possa compreender a si própria de uma forma mais pragmática? O que poderá a dança – entendida como prática de criação corpórea e de mobilizações sociais (mesmo que esta mobilização não envolva deslocamentos e seja apenas uma mobilização de intensidades) – oferecer às teorias críticas contemporâneas em termos de ação política? O que poderá a dança oferecer à noção de “movimento político”? Será possível pensar-se nos laços não metafóricos entre o político e o coreográfico sem atender à história do colonialismo e respetiva criação de corpos e dos sistemas semânticos de “leitura do corpo”? Como poderemos explicar a viragem teorética observada no domínio da dança europeia ao longo das duas últimas décadas (sendo mais preponderante a partir do final dos anos 90) e também a recente preocupação com o objeto “político” nas práticas artísticas, se estas “viragens” consecutivas parecem negligenciar, a todos os níveis, os debates sobre as formações raciais e as formações racistas na Europa contemporânea?

Extraído do artigo Dance and Politics in Dance [and] Theory. Gabriele Brandstetter, Gabriele Klein (eds.). Bielefeld, Transcript, 2012, prestes a ser publicado.

Breves reflexões sobre dança e políticaAndré Lepecki

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Qual o significado da afirmação que a finança é o espírito do tempo? No mercado de derivativos, o dinheiro parecia cair do céu, não uns tostões, mas sim quatriliões de dólares. Estes produtos financeiros fantasmagóricos estavam em todo o lado, criando grandes sombras de risco, provocando uma volatilidade calamitosa, acabando sempre desligados dos valores subjacentes a que anteriormente estavam associados. Mas ao mesmo tempo que pareciam existir no seu próprio mundo espectral, os derivativos faziam com que se estabelecessem todos os tipos de junção e interdependência entre itens de crédito e débito, até então remotos e dissociados. As hipotecas, as taxas de juro, os preços do câmbio e o valor das matérias-primas foram assombrados por todo o tipo de reivindicações de riqueza cujas origens ficavam escondidas. A ascensão destes mercados foi assegurada por modelos tão perfeitos que não requeriam regulamentações, uma vez que se moviam ao ritmo de algoritmos divinos cuja comprovação assentava nas suas próprias capacidades de autoexpansão. O apogeu do materialismo tinha-se transformado num tónico efervescente, um elixir a ser absorvido de modo universal, um remédio para tudo aquilo que anteriormente demonstrara ser venenoso. Este novo regime de crédito não necessitou sequer de “ser visto para ser acreditado”. Foi tudo uma questão de fé.

Mas rapidamente aqueles que tinham sido exaltados como senhores do universo sucumbiram, quais anjos caídos. Os sumos sacerdotes da ordem financeira, como Alan Greenspan, de quem se dizia que o próprio ato de respiração (etimologia de espírito) fazia mover os mercados, admitiu ter “detetado uma falha” nas ideias instigadoras que haviam mantido os rebanhos nas pastagens. De repente, surgiram, entre os inocentes, diabos disfarçados de profetas. Essa meia dúzia de diabos dominados por uma ganância excessiva tinham de ser expulsos do rebanho. Estes homens confiantes estavam muito longe de serem os especialistas sem espírito que Weber receou virem a tornar-se os prisioneiros de uma atitude calculista. Mais do que exprimir a ausência de alma característica do modelo, os indivíduos dominados pela razão financeira substituíram o olhar retrospetivo que justificava uma vida folgada por um olhar especulativo através do qual o futuro pudesse ser posto em prática no presente. Em vez de se adiar a gratificação para o dia do juízo final, a medida do valor de um indivíduo seria calculada dia após dia – não tanto num ascetismo material, mas numa gratificação adiada mediante a qual são obtidos lucros financeiros.

Aquilo que recentemente foi declarado como crise financeira pouco se rendeu ao ajuste de contas. Enquanto algumas empresas deixaram de existir, milhões de pessoas perderam as suas casas e os seus empregos e a todos foi pedido que sacrificassem o seu futuro no altar dos pecados do qual são excluídos. A perseguição da culpa eterizou a responsabilidade. O interesse público foi definido em termos de recuperação dos investimentos privados. Houve uma recuperação das finanças para mais uma vertiginosa escalada, mas agora numa atmosfera de desencantamento generalizado. Este mundo obscuro e oculto foi exposto sem qualquer iluminação.

Depois de todos os estragos provocados, o mundo das finanças continua estranhamente desmaterializado, fora da realidade económica: é etéreo, incompreensível, esbanjador. É como se as opacidades da economia política pudessem ser retificadas por uma economia moral — o mesmo movimento que originou a indústria — que separa as coisas verdadeiramente úteis na vida humana daquilo que se pode certamente prescindir. Além disso, as narrativas apocalípticas segundo as quais o colapso, tsunami, dilúvio, explosão da bolha financeira encontrou a sua imagem oposta, mas refletida em todos os tipos de catástrofes naturais e técnicas são tidas como decorrentes de uma dependência excessiva dos próprios modelos de gestão e avaliação de riscos designados para atenuar e controlar as incertezas improfícuas da natureza e da indústria. Para citar aquilo que um conhecido avatar de perigo proclamou triunfantemente na proa da sua embarcação preventiva: “bring it on”. A preempção é o tempo e a política da lógica financeira, para agir de acordo com as oportunidades, fazendo da sua antecipação um ato de autoprofecia. Um milhar de navios assim lançados irão certamente tornar as águas muito perigosas.

No entanto, se a finança é o espírito do tempo, isto poderá revelar tanto sobre o que significa este espírito como será sugestivo daquilo que é importante no mundo das finanças. O que é afirmado em tom de rejeição pertinente em relação às finanças (nomeadamente, que são ilusórias e efémeras, mas também que geram uma reciprocidade da dívida da qual não existe nenhum balanço final) aplica-se a muitos domínios igualmente em processo de desvalorização, rejeição, desinvestimento. Não se afirma o mesmo, por exemplo, em relação às humanidades, às artes ou ao ensino superior? Não seria mais útil investigar que outros tipos de dívida resultam de circunstâncias que ostentam uma abundância que depois afirmam não nos ser destinada; que promovem os prazeres do risco dos quais apenas alguns estão autorizados a recolher os benefícios; ou que promovem o contacto entre um grande número de estranhos para proclamarem o futuro que mais valorizam. O espírito (verbo e substantivo em inglês com o sentido de arrebatar, inebriar, respirar, tornar ativo) poderá extinguir-se ou ser realizado sob o signo de um mundo financeiro que augure um fim bem distinto do seu ponto de partida. Os sólidos foram derretidos,  vaporizados, e aquilo que foi profanado pode agora ser reanimado segundo princípios de movimento coletivamente sustentáveis. Esta súbita materialização de um espírito de associação que elimina as distâncias e torna o futuro presente constitui um meio pelo qual se poderá financiar uma espiritualidade transformativa.

Os Espíritos FinanceirosRandy Martin

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Florian Malzacher

A curadoria das artes performativas enquanto profissão, desafio e objetivo

No contexto das profissões que existem no âmbito das artes ou na sua periferia e que não são artísticas em si mesmas – ou seja, não diretamente artísticas –, o curador tem um perfil bastante jovem e indefinido. Nas artes visuais, meio em que se tornou uma estrela num curto espaço de tempo, o curador encontra-se no centro de uma controvérsia essencialmente gerada por si próprio. Já no campo da dança, do teatro e da performance, a sua presença é rara e, acima de tudo, passa facilmente despercebida. Tal facto torna-se ainda mais surpreendente dado o papel influente que tem desempenhado no domínio das artes performativas independentes, definindo e organizando a prática artística, os discursos, os formatos e as finanças. [...]

Até que ponto o termo “curador” será o mais adequado para designar o desempenho destas funções constitui presentemente um generalizado ponto de debate e, sobretudo, um centro de polémica. Contudo, há muito mais em jogo do que apenas os proveitos pessoais por comparação com os programadores, os quais poderão sentir-se pouco apreciados. A dificuldade na designação e definição desta nova ocupação é apenas sintomática de um género que carece de terminologia própria e o qual não possui sequer uma designação clara: teatro experimental? Teatro independente? Designações, todas elas, tendenciosas ou enganadoras. Time-based Art? Live Art? Pelo menos existe um esforço no sentido de definir as várias fronteiras entre os géneros. Devised theatre (ou seja, um teatro que tem de partir sempre do zero)? Teatro novo – passados tantos anos? Teatro pós-dramático? Sem dúvida um caso de sucesso, um termo comerciável. Mas em que medida é que poderá enquadrar-se aqui um tipo de dança que tem sido muito influente nos últimos anos, mas que ainda procura uma designação adequada: a dança conceptual?Enquanto românticos clandestinos, podíamos considerar que a falha constitui um lucro subversivo – uma atitude elitista de nicho, mas mais em termos de resignação defensiva e não de autoconfiança. Na verdade, a falta de terminologia indica sobretudo uma falta de articulação, uma falta de comunicação para lá da publicidade, indica a falta de muito mais do que apenas um discurso intradisciplinar nas artes performativas, as quais se mantêm espantosamente silenciosas a este respeito. Por conseguinte, verifica-se a necessidade de um trabalho de curadoria, o qual – tal como se verifica nas artes visuais, em que os catálogos, por exemplo, são parte integrante da maioria das exposições – consiste em larga medida na verbalização, na comunicação e no debate. Como parte integrante da tarefa central de criar contextos.

Contextos concretosContextos. Ligação entre artistas, obras de arte, públicos, culturas, realidades sociais e políticas, mundos paralelos, discursos, instituições. Não será por acaso que o curador surgiu na esfera das artes visuais numa altura em que as obras de arte já dificilmente funcionavam sem contexto, em que se recusavam a funcionar na ausência de um contexto; numa altura em que, bem pelo contrário, começaram a definir-se a si próprias precisamente através dos seus contextos, começando a procurá-los e inclusivamente a criá-los, bem como a questionar criticamente as instituições que as rodeavam; numa altura em que se extinguiu a noção da obra de arte aurática e do autor aurático para dar lugar a uma arte que já não era compreensível sem as suas relações. Por outro lado, a quantidade de informações relativas ao mundo em que vivemos e a complexidade da arte aumentaram exponencialmente – bem como a quantidade de arte produzida. O curador surgiu, simultaneamente, como causa e resultado desta evolução. […]Deste modo, um bom trabalho de curadoria consistirá, não em prejudicar a autonomia do trabalho artístico autónomo, mas em reforçar a mesma, sem, no entanto, considerá-la intocável, demasiado fraca, necessitada de proteção. Que grau de proximidade deverá existir entre a obra de arte e o seu respetivo enquadramento, até que ponto deverá um justapôr-se ao outro, que carga deverá ter o contexto?

Estes constituem pontos de debate fundamentais entre artistas e curadores de exposições –, mas são igualmente válidos na criação de programas para festivais ou para teatros. Os contextos podem proporcionar às obras de arte uma receção adequada –, mas podem também incapacitar as mesmas.Porém, os espetáculos de teatro e de dança não são quadros, não são artefactos transportáveis, nem mesmo instalações claramente definidas. Poucas exposições possuem a complexidade e a imprevisibilidade de um festival. Enquanto forma de arte social, o teatro terá sempre uma atitude diferente em termos de pragmatismo e de compromisso, irá necessitar de mais espaço e tempo, e por conseguinte permanecerá a um nível inferior a outros géneros em termos de agilidade. Nesta era de velocidade e de espaço sem limites, tal facto poderá representar uma desvantagem comercial, da mesma forma que noutras épocas representou uma vantagem. Mas por mais incómodas e relativamente diminutas que possam ser as possibilidades de contextualização no âmbito de um festival ou de uma temporada, também podem ser bastante eficazes. […]

Que mercado? Quanto aos programadores, parte dos constrangimentos que não conseguem absorver são relegados aos artistas. Sendo assim, qual é o limite? Durante quanto tempo se deve insistir e quando é que se deve desistir? Durante quanto tempo será positivo preservar algo, ainda que reduzido, e em que ponto será preferível uma retirada? O que pode ser considerada uma submissão precipitada à política e aos financiamentos? E o que seria um quixotismo litigante? O mercado do teatro independente, e em última instância do teatro enquanto tal, encontra-se bem protegido, sendo maioritariamente regulado através de dinheiros públicos e de instituições públicas. Nos últimos anos, surgiu um número crescente de patrocinadores, mas na Europa o seu papel é ainda muito limitado para poderem ter uma influência digna de registo sobre o programa: o facto de o Dublin Fringe Festival ter alterado o seu nome para Absolut Fringe, quando surgiu um produtor de vodka como seu principal patrocinador, constitui ainda um caso invulgar, mas talvez prenuncie o futuro. Em termos gerais, o mercado é muito pequeno, o público muito reduzido, os lucros muito limitados, e o género parece não ser suficientemente sexy para atrair os grandes investidores. Além disso, o formato volátil é bastante desadequado para o mercado livre da arte: uma atuação não é passível de ser comprada e colocada na parede, não é passível de ser colecionada e não acumula valor; nem sequer confere um estatuto especial. […]

O café Starbucks da arteMas talvez o problema não resida apenas no facto de existirem desigualdades e injustiças, de haver sempre uma agenda oculta por detrás da associação de curadores e artistas, ou de o facto de esta relação ser sempre também uma relação económica. Talvez o problema resida muito mais no facto de ser precisamente o teatro, essa grande máquina de reflexão sobre o mundo e sobre nós próprios, a não refletir o suficiente sobre os mecanismos aos quais nós – os programadores, os curadores, os diretores artísticos – nos encontramos expostos; mecanismos que, no entanto, nós próprios também utilizamos e por vezes criamos. Talvez o problema resida no facto de tendermos a buscar um consolo rápido na noção de que tudo seria ainda pior na nossa ausência, de que ainda estamos a tirar o melhor partido de uma situação em processo de agravamento.Somos o produto daquilo que Slavoj Žižek designa por “capitalismo cultural”: tomamos o café Starbucks da arte e ficamos contentes por parte do nosso dinheiro ajudar a proteger a floresta tropical (ou seja, por exemplo, a dança conceptual, os jovens artistas, os estudos de investigação). Trata-se de uma ação pseudo-adequada, uma vez que afinal protege essencialmente o sistema cujos espinhos acreditamos estar a limar. É o sistema dentro do qual produzimos primeiramente os defeitos para depois os tentarmos atenuar. Queremos um poder que não seja reconhecível enquanto tal.

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A intrigante relação entre a obra e o futuro está subjacente ao uso intensivo da palavra “projeto” nas profissões artísticas e em todas as profissões criativas em geral. Esta ampla designação, utilizada para todos os tipos de produtos culturais e obras artísticas, contém inclusivamente uma peculiar dimensão temporal que nunca tinha sido realçada ou questionada enquanto tal. Esta temporalidade peculiar contextualiza os processos artísticos contemporâneos de produção, colaboração e criação: a ideia de projeto constituíu-se como meta final da criação. Deste modo, “projeto” é também a designação utilizada para um sem-número de obras que surgem na continuidade de sucessivos acrescentos (suplementos); no entanto, a meta final do projeto nunca pode ser alcançada ou ultrapassada. Nesta singular continuidade, é sempre fundamental começar de novo; depois de cada complemento, existe sempre um intervalo através do qual tem de surgir algo diferente. Existe aqui algo de desconcertante: independentemente das inúmeras possibilidades que oferece, projeta, no entanto, como meta final da obra a sua própria conclusão. A temporalidade projetiva abre novas possibilidades, mas ao mesmo tempo não produz diferenças entre as mesmas: no final, vem sempre a conclusão das possibilidades que já haviam sido projetadas. Nesta dimensão temporal, podemos estabelecer uma ligação entre o trabalho dos artistas (e de outras forças criativas) e os processos produtivos do capitalismo. Podemos também observar como, com os novos modos de trabalho, a arte está a perder o seu papel constitutivo dentro da sociedade. O papel da arte encontra-se firmemente associado às dimensões temporais inventivas e imaginativas do ser e da complexidade percetiva, difíceis de manter através dos modos projetivos de trabalho. Esta temporalidade projetiva também provoca a aceleração do trabalho imaginativo e criativo e, nesta corrida em direção à meta, exige uma transformação contínua para alcançar uma nova, e ainda mais radical, individualização do sujeito.

O problema reside no facto de esta temporalidade projetiva de trabalho ter múltiplas consequências desconcertantes sobre a vida dos que estão envolvidos na criação contínua de projetos no campo cultural e artístico. A sua abstrata omnipresença parece estar a absorver literalmente a experiência do trabalho artístico e da criação de obras e, ao mesmo tempo, a formar a peculiar temporalidade da subjetividade envolvida na conclusão das mesmas. A enumeração dos projetos está, por conseguinte, associada a uma aceleração do tempo. É como se a temporalidade do projeto influenciasse também o ritmo de transformação da subjetividade, que terá de ser flexível, mas ao mesmo tempo mover-se no sentido de uma concretização, de uma realização, de uma implementação. Essa força de trabalho variável e flexível tem de se mover constantemente no sentido da finalização, da concretização do que foi prometido em presença, da realização de possibilidades.

Um projeto também não constitui uma progressão – estamos constantemente a projetar, mas na verdade não nos deslocamos, dado que com a temporalidade projetiva não se produzem diferenças. O que quero dizer com isto? Num projeto pode falar-se de um equilíbrio ou harmonia entre presença e futuro, no sentido em que aquilo que ainda está para vir já se encontra projetado na presença. Nesse sentido, a possibilidade do futuro resulta apenas do equilíbrio com as atuais estruturas de poder: a temporalidade projetiva nunca está associada a um tempo isolado, a um presente sem futuro. São precisamente as estruturas de poder atuais que também nos fazem acreditar que é possível prever aquilo que na verdade é imprevisível.

Este equilíbrio faz precisamente com que o tempo presente esteja de certo modo a evaporar-se. Isto não significa apenas que temos cada vez menos tempo para trabalhar por estarmos tão ocupados com o futuro, mas significa também que, com um tempo projetivo, os artistas e outros trabalhadores culturais se encontram na verdade cada vez mais abstraídos do atual contexto laboral. Todos os contextos de trabalho parecem iguais (cada vez mais são geridos segundo a mesma forma gerencial), as diferenças entre as comunidades e as complexidades colaborativas tornaram-se invisíveis e com isso também o seu poder político fica enfraquecido. No modo projetivo de trabalho, a subjetividade fica desligada dos atuais contextos de trabalho sociais, culturais e políticos, da sua antagónica e múltipla complexidade. Ao mesmo tempo, existe de facto uma carência de tempo nos modos de trabalho contemporâneos: uma carência real e não apenas teórica. Na verdade, nunca temos tempo. Na realidade, o que está em falta é o tempo presente: não temos um presente (apenas o futuro). Na nossa sociedade existe uma constante privação de tempo.

A temporalidade do projeto encontra-se fortemente associada com o papel do tempo enquanto um dos principais objetos da produção capitalista de valores e privatizações. A temporalidade está no centro da produção de diferenças, constitui a matéria da mudança social e estética. Esta mesma potencialidade encontra-se hoje reduzida devido à concretização administrativa das possibilidades e à especulação projetiva do que ainda há de vir, mesmo que em equilíbrio com o presente. Nesse sentido, a produção e criação de arte terá de repensar a relação entre a temporalidade e a sua produção e de encontrar novas formas de empurrar o tempo para fora do equilíbrio especulativo entre aquilo que existe e aquilo que ainda está para vir.

(Excertos do artigo The Project Horizon: on the Temporality of Making a ser publicado na revista Maska, setembro 2012)

Algumas reflexões sobre a noção ProjetoBojana Kunst

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Teatro de grupo: no Brasil, crítica por um lado, grupos por outro, não poupam esforços no sentido de uma definição. Objeto no primeiro caso, tentativa autorreflexiva no segundo, facto é que não se demora muito a cair numa metafísica da grupalidade. Para o argumento que segue, a expressão teatro de grupo designará, antes de mais nada, a política dos grupos. Daí a questão que atravessa este texto: qual é a política dos grupos?

A reiterada discussão sobre formas de produção não tem feito avançar diante dos impasses reais. Isto porque não se define o grupo como forma de produção senão pela imposição de um modelo abstrato, dificilmente verificado na diversidade das práticas. Grupos, organizamo-nos todos mais ou menos de maneira cooperativada, tentamos todos, de uma maneira ou de outra, horizontalizar nosso processo interno de decisão, visamos mais ou menos dinâmicas partilhadas de criação e relação com o público, estamos mais ou menos investidos de um espírito combativo na afirmação do “interesse público” do que fazemos e portanto engajados na luta por formas públicas de financiamento da produção. Mas todos esses aspetos refletem antes princípios norteadores de práticas cuja assimilação tende a dimensionamentos distintos a partir de um confronto com condições tão diversas quanto pode ser a diversidade produzida numa metrópole ou na extensão de um país como o Brasil.

Neste sentido, São Paulo é uma plataforma de observação privilegiada – e logo veremos, não como modelo ou horizonte para a produção teatral brasileira, mas sobretudo porque evidencia um limite a ser estudado e superado já na origem de qualquer nova tentativa de ação. O Movimento Arte Contra Barbárie evidenciou aos grupos a necessidade de um programa político que o Redemoinho, enquanto tentativa de movimento, tentou estabelecer em âmbito nacional. As conquistas que tivemos em São Paulo, que têm na Lei de Fomento o seu maior alcance, são resultados de uma luta que não se reduz ao confronto com o poder, com a gestão do momento, mas que é também uma luta interna. O teor desta luta não é paulista, abarca a experiência dos grupos no Brasil. Ora, ainda da plataforma paulistana, o mesmo Arte Contra Barbárie foi o sinal de alarme de uma nova perceção do problema da produção cultural, a partir do imbricamento de economia e política, e com ele se deu a tentativa de responder à altura ao desmanche sistemático empreendido na década de 1990. Com a aprovação da Lei de Fomento, em 2002, este ciclo ganha sua fisionomia própria, mas os limites práticos da lei – trinta projetos aprovados anualmente – num panorama em que os grupos se multiplicaram, fez com que a lei se tornasse um campo de “disputa”, agora entre grupos, pois “projetos” precisam ser aprovados, para que o trabalho continue. Não soubemos politizar esses limites.

Atuamos em grupo, buscamos definir o que isto seja, mas neste momento a política dos grupos precisa, a partir desta experiência, exceder os grupos. O grupo não é uma invenção dos anos 90, embora muitos acreditem que seja. Por isto mesmo, o que muitas vezes escapa é o facto de que os grupos surgidos então respondiam a uma conjuntura muito específica.

A nossa maior dificuldade é politizar este campo, fazer a pergunta: por que, a partir dos anos 1990, se tornou o coletivo uma alternativa efetiva para a produção teatral? Esta alternativa é efetivamente política ou imediatamente econômica? E é preciso entender que a forma de produção, mais ou menos coletivizada, a partir do modelo cooperativista, se quisermos, não é a única. Assim, antes de cairmos na abstração de um debate vago sobre forma de produção – uma discussão certamente necessária –, precisamos entender que somos trabalhadores precarizados na forma de uma intermitência sem regra, esta sendo a nossa efetiva condição prática. Iná Camargo Costa há anos vem chamando a atenção para isto. Mas não conseguimos ainda ver-nos assim e com isso estabelecer um outro campo de lutas. Há uma espécie de glamourização involuntária do precário. Logo se vê que a verdade de nossa situação é que ela não é específica. Envolve, antes, qualquer artista ou técnico que se ponha a mexer com arte neste país, inclusive aqueles que atuam na chamada indústria do entretenimento. A experiência dos grupos poderia politizar essa situação, ampliar o seu alcance, mobilizar de outra maneira a imaginação política dos envolvidos.

No que diz respeito aos programas de financiamento, reconhecemos a necessidade de alternativas, mas as condições internas de luta levam-nos sempre aos mesmos modelos. Não soubemos inventar alternativas. Negociamos muito. Essa luta tem-se inscrito numa outra, que é a luta pelo fundo público. Mas, posso estar errado, essa luta já é perdida. Um olhar menos desavisado atentará ao facto de que no Brasil, dos anos 1990 para cá, um sistema único de cultura vem-se impondo, constituído segundo uma partilha dirigida do fundo público, na forma da renúncia fiscal, por Serviços Sociais de Comércio e Indústria, gerências de grandes empresas estatais ou o dito capital misto, Institutos Culturais vinculados a instituições financeiras – e com isso vemos firmar-se um modelo de financiamento e normas de produção e circulação do bem cultural, cujo contraponto do Estado não chega a fazer figura, quando muito um arremedo performativo à custa de uma disputa de programa face à gestão do momento.Essa partilha dirigida é tanto mais evidente quando nos voltamos para o caso da região norte onde o governo garante isenção fiscal às empresas instaladas na Amazónia. Numa região onde as condições de vida se defrontam não apenas com a precariedade económica, mas com os desafios naturais mais extremos, o aparelho cultural e o teatral em particular está reduzido à escassez. Ali, a questão da produção confunde-se com circulação, e a descoberta do “custo amazónico” implica a elaboração de um outro modelo, para além de uma redistribuição de verbas. Mas o argumento evidente e real de que não se tem o mínimo é mais forte e a perspetiva empenhada da luta nos devolve ao plano da partilha do bolo mirrado dos programas existentes.

Os vínculos que estabelecemos com determinados campos da sociedade certamente definem os modelos que inventamos. O facto é que há muito tempo não nos perguntamos pelas alianças que somos capazes de fazer. Neste momento, a questão da continuidade do trabalho dos grupos, e portanto a de seu financiamento, é também uma pergunta pelas alianças que os grupos querem e são capazes de fazer. Isto, em muito, definirá a sua política, ou, se quisermos, o destino do teatro de grupo.

O processo Teatro(notas para um programa de trabalho)José Fernando Azevedo

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Coproduções em digressão setembro a dezembro 2012mala voadora e Third Angel What I heard about the world estreia: novembro 2010

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Ana Borralho & João Galante Atlas estreia: outubro 2011

Itália, Terni, Fast Festival, setembro 2012Torres Novas, Teatro Virgínia – Festival Materiais Diversos, 29 setembro 2012Viseu, Teatro Viriato, 12, 13 e 14 outubro 2012Brasil, Rio de Janeiro, Festival Panorama, novembro 2012

Gimba & Gonçalo Alegria A Palavra Manifesta estreia: outubro 2011

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Leonor Barata Azul estreia: janeiro 2012

Portimão, Tempo – Teatro Municipal de Portimão, 26 e 27 outubro 2012

Joana Providência, Gémeo Luís & Eugénio Roda catabrisa estreia: fevereiro 2012

Montijo, Cinema Teatro Joaquim d’Almeida, 12 e 13 outubro 2012Guimarães, Centro Cultural Vila Flor, 24 a 27 outubro 2012Viseu, Fundação Lapa do Lobo, 5 a 21 novembro 2012

Inês Barahona Verdadeira História do Teatro estreia: abril 2012

Viseu, Teatro Viriato, novembro 2012

Patrícia Portela & Christoph De Boeck Hortus estreia: junho 2012

Eslovénia, Liubliana, Bunker/ Festival Mladi Levi, 24 agosto a 2 setembro 2012Países Baixos, Utretcht, Gaudeamus International Music Weeks, setembro 2012Letónia, Riga, Techno-Ecologies Festival,, 4 a 6 outubro 2012Reino Unido, Londres, Festival Lift – ICA, outubro 2012

tg STANNora estreia: julho 2012

Noruega, Bergen, BIT Teatergarasjen, 30, 31 agosto e 1 setembro 2012Bélgica, Leuven, 30CC, 20 e 21 fevereiro 2013Bélgica, Antuérpia, Het Toneelhuis, 22 e 23 fevereiro 2013Bélgica, Ghent, Vooruit, 28 fevereiro, 1 e 2 março 2013Países Baixos, Amesterdão, Frascati, 24 e 25 maio 2013Bélgica, Bruxelas, Kaaitheater, 7 e 8 junho 2013Polónia, Poznan, Maltafestival, 25 e 26 junho 2013

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Guimarães, Espaço ASA, Guimarães 2012 – Capital Europeia da Cultura, 23 novembro 2012Alcanena, Cine-Teatro São Pedro, 24 novembro 2012

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Viseu, Teatro Viriato, 17 novembro 2012

Marlene Monteiro FreitasPARAÍSO – Coleção Privada estreia: setembro 2012

Minde, Festival Materiais Diversos, 14 setembro 2012Vila do Conde, Festival Circular, 21 setembro 2012

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Assinatura X/X0 setembro a dezembro de 4 a 18 setembro, usufrua de desconto de 20% na compra de 2 bilhetes inteiros, 30% na compra de 3 bilhetes inteiros, 40% na compra de 4 bilhetes inteiros, 50% na compra de 5 bilhetes inteiros ou mais para diferentes espetáculos deste quadrimestre no Maria Matos Teatro Municipal e no São Luiz Teatro Municipal. Não acumulável com outros descontos. Não extensível a bilhetes de preço único e ao espetáculo 3Abschied de Anne Teresa De Keersmaeker & Jérôme Bel. Apenas disponível nas bilheteiras centrais de ambos os Teatros. Assinatura não aplicável a todos os espetáculos do Teatro São Luiz, ver condições em www.teatrosaoluiz.pt e www.teatromariamatos.pt

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