Mundo Cana 2 Apr'10

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Abril de 2010 | ano 02 | n o 02 Berço da Cana, o Nordeste aposta em tecnologia Histórias de profissionais e empresas da região mostram a vitalidade do setor sucroalcooleiro. MUNDO CANA Maílson da Nóbrega, economista “A energia ‘verde’ tem um futuro promissor” Corda-de-viola: esse mal tem cura Por que a gestão das pessoas é tão importante?

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Agribusiness Arysta LifeScience Sugar Cane

Transcript of Mundo Cana 2 Apr'10

Page 1: Mundo Cana 2 Apr'10

Abril de 2010 | ano 02 | no 02

Berço daCana,o Nordeste apostaem tecnologiaHistórias de profissionais e empresas da região mostram a vitalidade dosetor sucroalcooleiro.

MUNDO CaNa

Maílson da Nóbrega,economista

“A energia ‘verde’ tem um futuro promissor”

Corda-de-viola: esse mal tem cura

Por que a gestão daspessoas é tão importante?

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*Conforme recomendação técnica Arysta LifeScience.

*Conforme recomendação técnica Arysta LifeScience.

mud

bum

.com

.br

Page 3: Mundo Cana 2 Apr'10

MUNDO CaNa

pág. 10pág. 8

pág. 12pág. 14

pág. 16 pág. 18

pág. 22pág. 20

pág. 5

EntrEvistaMaílson da Nóbrega

A energia “verde” tem um futuro promissor

pág. 4

EditorialAntonio Carlos CostaDiretor de Marketing da Arysta LifeScience

UsinaJapungu Agroindustrial (PB)

Vontade de crescere enfrentar os desafios

UsinaGrupo Arakaki (SP)Investimento em pessoas e tecnologia

UsinaGrupo Jalles Machado (GO)

Alta produtividadee atenção às pessoas

UsinaUsina Seresta (AL)Irrigação por gotejamento

ProdUtorBenon BarretoDecano da economia canavieira do Nordeste

ProjEtos Em canaProjeto Big Bag

Equipamento facilita distribuição de defensivo

PEsqUisaPedro Christoffoleti e acolheita mecanizada

ANO 02 - NÚMERO 02

ABRIL DE 2010

MUNDO CaNa

A revista Mundo Cana é o veículo decomunicação oficial da Arysta LifeScience

para o mercado sucroalcooleiro.

coordenação GeralAntonio Carlos Costa

Adriana Taguchi

supervisãoGustavo Gonella

ProduçãoTexto Assessoria de Comunicações

jornalista responsávelAltair Albuquerque (MTb 17.291)

redaçãoFelipe Fonseca

FotosFelipe Fonseca e Arquivo Arysta

Projeto Gráfico e Design

Ronaldo Albuquerque

Tiragem2.000 exemplres

Arysta LifeScience do BrasilRua Jundiaí, 50 – 4º andar

São Paulo/SP – Brasil CEP.: 04001-904

Telefone: 55 11 3054-5000 Fax: 55 11 3057-0525

[email protected]

consUltorDjalma Euzébio Simões Neto

Avanço acadêmico garante novas variedades de cana

3

pág. 26

artiGoCoriolano Xavier e José Luiz Tejon

Marketing Rural no Brasilpág. 24

manEjoCorda-de-viola:Controle é possível

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*Conforme recomendação técnica Arysta LifeScience.

*Conforme recomendação técnica Arysta LifeScience.

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bum

.com

.br

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Page 4: Mundo Cana 2 Apr'10

A alta da atividade sucroalcooleira no Nordeste é um bom termômetro

para se observar claros avanços do setor nesta primeira década do novo

milênio. Um dia porta de entrada dos colonizadores europeus, hoje não

apenas vende etanol e açúcar para o exterior como conquista números

excepcionais de vendas.

Entre as atividades produtivas do Nordeste, a cana ainda é o destaque de

uma lista crescente que inclui, entre outros itens, algodão, frutas e grãos.

Deve-se realçar também a forte atuação da indústria petroquímica, naval e

as universidades, que estão cada vez mais próximas do setor rural, sempre

em busca de melhorias de produtividade e eficiência.

Nessa segunda edição da Mundo Cana, o objetivo foi falar de cases

vitoriosos que brotaram da cana nordestina e que ilustram esse positivo

cenário. As histórias aqui relatadas pela nossa reportagem confirmam a

incontestável importância da região para o crescimento da economia. E

também ilustram a vocação natural do Nordeste na arte de gerir pessoas,

assunto recorrente em nossas reportagens. Afinal, é a energia das pessoas

que move os negócios. A diferença é sempre feita por elas.

Seguimos a trilha de acertos do setor sucroalcooleiro também na direção

de Goiás e do interior de São Paulo. Nestes trajetos, conhecemos usinas,

profissionais e agentes do segmento que ajudam, de forma inovadora, a

compor o mosaico de sucesso do agronegócio do País.

O cenário que se desenha a partir de iniciativas como as que o leitor

encontrará nas páginas seguintes mostra que a expectativa do agronegócio

para o país como um todo é otimista. Espera-se que o Brasil continue

exportando matéria-prima, pensadores e tecnologia.

E como diz o paraibano Maílson da Nóbrega, nosso entrevistado nessa

edição, o Brasil já virou gente grande nas exportações de commodities

agrícolas, fruto dos avanços tecnológicos proporcionados pelas pesquisas

da Embrapa e da maior profissionalização na gestão do agronegócio.

No papel de liderança que conquistamos no cenário global, renovamos aqui

o cumprimento aos produtores rurais, nossos parceiros e fornecedores das

matérias-primas para alimentação, energia, vestuário e tantos outros itens

indispensáveis em nosso dia a dia.

Boa leitura!Edito

rial

Triunfo nordestino

4

antonio carlos costa, Diretor de Marketing da Arysta LifeScience

MUNDO CaNa

>

Page 5: Mundo Cana 2 Apr'10

Empresários dos mais diferentes

setores e das maiores organizações

brasileiras param quando toma a

palavra o economista Maílson da

Nóbrega. Afinal, esse paraibano de

67 anos tem muito o que falar quan-

do o assunto é o destino do País e da

própria economia mundial.

Com longa carreira na área pública

e privada, Maílson foi ministro da

Fazenda entre 1988 e 1990, período

de grandes dificuldades para o País.

Saído do governo, foi um dos funda-

dores da MCM Consultores e, mais

tarde, em 1997, da Tendências Con-

sultoria, onde está até hoje e atende

empresas brasileiras e internacio-

nais, que desejam entender os novos

desafios que se apresentam num

mundo cada vez mais globalizado.

Nesse cenário, a bioenergia brasilei-

ra é um componente importante e

com potencial de avanços conside-

ráveis nos próximos anos. Maílson

da Nóbrega sabe disso e, nesta

entrevista exclusiva à revista Mundo

Cana, joga luz sobre a participação

do governo no fortalecimento do

segmento sucroalcooleiro e nas ne-

gociações internas e internacionais

para exportação de etanol e açúcar.

Entrevista Maílson da Nóbrega

5

MUNDO CaNa

O economista que tem o que falarO ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega é uma unanimidade: ninguém fica indiferente ao que ele diz. Por isso, é um dos economistas mais admirados do País.

Mundo Cana – Como o sr. vê o

futuro da energia “verde” no Brasil?

Maílson da Nóbrega – A energia

“verde” tem um futuro promissor.

O Brasil é muito competitivo na

produção de etanol. Os brasileiros

já se acostumaram a usar o álcool

como combustível e o carro flex

permitiu optar entre gasolina e ál-

cool de acordo com as condições de

oferta e preço. O país caminha para

ter toda sua frota de carros leves na

tecnologia flexfuel.

O Brasil ocupa posição de lideran-

ça em produção de etanol, mas o

que barra/trava as exportações,

considerando que o mundo busca

opções ao petróleo? O Brasil é o

segundo maior produtor, depois

>

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DIV

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“O Brasil virou gente grande nas exportações de commodities agrícolas”

Page 6: Mundo Cana 2 Apr'10

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MUNDO CaNa

dos Estados Unidos. Uma barreira

natural às exportações é o fato de

o biocombustível ser normalmente

mais caro do que outras alternativas,

particularmente nos países desen-

volvidos. Assim, é preciso um esfor-

ço, que não é fácil, para convencer

os consumidores a aceitar o álcool

como combustível, o que se acentua

quando entram em cena questões

associadas à soberania (criar uma

nova dependência externa para

suprimento de combustíveis).

O governo brasileiro está defen-

dendo corretamente a bionergia

perante as grandes nações? Hoje

se pode dizer que o setor privado

tem sido muito mais ativo do que o

governo na defesa dos interesses da

bioenergia. Infelizmente, a política

externa do governo Lula, muito

contaminada por visões ideológicas,

terceiro-mundistas e antiamerica-

nas, tem deixado a desejar quando

se trata da defesa dos interesses da

produção de bioenergia.

O que pode ser feito para melhorar

a imagem da produção rural no

Brasil – cana-de-açúcar, inclusive –

internacionalmente, considerando

que somos acusados de não ofere-

cer condições dignas de trabalho

e até trabalho infantil? É preciso

insistir que são marginais os casos

de trabalho escravo no Brasil. No

caso da cana-de-açúcar, os grandes

produtores são empresas de capital

aberto e exportam grande parte de

sua produção. Esse é cada vez mais

o padrão do setor, pois veremos no-

vos processos de abertura da capital.

As empresas têm compromissos

éticos internos e com seus acionis-

tas e clientes, que não podem ser

manchados por notícias de trabalho

escravo. Por outro lado, a imagem

dessas empresas na opinião pública

é fundamental para a continuidade e

a ampliação de seus negócios, o que

constitui um incentivo adicional para

a adoção de práticas corretas na

contratação de seus empregados, na

sua remuneração e na forma como

são tratados dentro das empresas.

E o açúcar? Como o sr. avalia a im-

portância dessa matéria-prima na

pauta de exportações e o seu po-

tencial de crescimento? O Brasil é o

maior produtor e exportador de açú-

car. Em anos recentes, fomos surpre-

endidos pelo aumento do consumo

mundial, que se imaginava caminhar

para a estagnação ou baixo cresci-

mento, dadas as restrições ao uso do

produto pelos consumidores de mais

alta renda (caso nos países ricos que

produzem e/ou importam açúcar).

O crescimento recente do consumo

se explica pela redução dos níveis de

pobreza nos países emergentes, de

que são exemplos relevantes a China

e a Índia. Opera-se, nesses países,

um fenômeno conhecido, qual seja o

da melhoria dos padrões de alimen-

tação à medida que a renda cresce.

Essa situação aponta para excelentes

perspectivas para o açúcar nos pró-

ximos anos, admitindo que os países

emergentes continuarão crescendo

a um ritmo superior ao das nações

ricas. Mais tarde, os consumidores

desses países, ao atingirem níveis

mais altos de renda e de educação,

podem reduzir o consumo, mas isso

levará tempo para ocorrer. O cenário

é, pois, muito positivo.

O agronegócio brasileiro é um gi-

gante e tem relevância indiscutível

na pauta de exportações. Por outro

lado, assistimos a um endureci-

mento nas negociações comer-

ciais, com utilização de barreiras

aos produtos nacionais. Como o sr.

visualiza esse embate nos pró-

ximos anos? O Brasil virou gente

Hoje se pode

dizer que o setor

privAdo tem sido

muito mAis Ativo do

que o governo nA

defesA dos interesses

dA bioenergiA

““

De que maneira a bioenergia pode

ser um agente positivo na negocia-

ção comercial de outros produtos

do Brasil? Não creio que a bioener-

gia possa constituir um instrumento

de barganha nas negociações de

comércio. A rigor, pode-se dar o

contrário, isto é, o Brasil admitir tra-

tamento favorecido na importação

de produtos oriundos de países que

se dispuserem a derrubar barreiras

contra o biocombustível brasileiro.

Page 7: Mundo Cana 2 Apr'10

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grande nas exportações de commo-

dities agrícolas, fruto dos avanços

tecnológicos proporcionados pelas

pesquisas da Embrapa e da maior

profissionalização na gestão do agro-

negócio. Deixamos de ser tomadores

de preço para nos transformar em

formadores. Esse novo status exige

preparação para defender nossos

interesses e expandir mercados.

Precisamos ter gente qualificada nas

negociações internacionais. O gover-

no jamais poderá ser a fonte quase

exclusiva, como foi no passado.

O setor produtivo também tem

de fazer a sua parte... Sim. E essa

consciência já está presente nas

lideranças do agronegócio, mas

precisa ser expandida. Iniciativas

como as da UNICA e da assessoria

do governo em negociações no âm-

bito da OMC têm nos proporcionado

vitórias como a do processo contra

os subsídios americanos em favor

do algodão. Temos necessidade de

contar, cada vez mais, com a consul-

toria de escritórios especializados

em defesa comercial no exterior e

em lobby perante os governos e os

parlamentos dos países que impõem

barreiras aos nossos produtos.

E em relação à questão tributária

do setor produtivo. Alimentos e

bionergia não poderiam ter algum

benefício? Infelizmente, o sistema

tributário brasileiro se tornou um

verdadeiro caos e vem piorando.

Não basta lutar por tratamentos

específicos para determinados

produtos, mas por uma reforma

abrangente. Por exemplo, talvez

mais importante do que eventuais

benefícios específicos para alimen-

tos e bioenergia seria evitar a pesa-

da tributação dos insumos utilizados

em sua produção, particularmente

itens sensíveis como combustíveis,

lubrificantes, transportes, comunica-

ções e energia, brutalmente tributa-

dos pelo ICMS.

E como o agronegócio pode contri-

buir para obter redução de tributos

incidentes sobre os elos da cadeia?

Importante para o agronegócio seria

mobilizar Estados e municípios em

torno de uma reforma do ICMS,

capaz de reduzir substancialmente

suas disfuncionalidades atuais e as-

segurar a plena desoneração das ex-

portações. Infelizmente, essa é uma

tarefa gigantesca, que exige nível de

coordenação e liderança política não

disponível na atualidade.

MUNDO CaNa

FELI

PE

FON

SE

CA

“Precisamos ter gente qualificada nas negociações

internacionais”

Page 8: Mundo Cana 2 Apr'10

MUNDO CaNa

Aimigração japonesa trouxe inúme-

ros benefícios para o Brasil. Motiva-

dos pelo potencial que a cafeicultu-

ra apresentava no início do século XX, muitos

japoneses deixaram família e emprego para

construir histórias de sucesso em outros

continentes. Muitos deram certo na nova

terra, como foi o caso dos antepassados dos

fundadores do Grupo

Mais de 9 mil hectares do Grupo arakaki destinam-se à produção da Usina Alcoeste

investimento em pessoAs e o uso de novAs

tecnologiAs compõem A receitA de sucesso do

grupo, locAlizAdo no interior de são pAulo

>

Respeito e qualidade:dogmas do Grupo Arakaki

Arakaki, que desempenha trabalho agrícola

de referência em Fernandópolis (SP).

Em 1983, quando o grupo iniciou as ativida-

des no setor sucroalcooleiro, os dirigentes

não esperavam chegar aos atuais números.

O braço agrícola do grupo administra atual-

mente área de 16.834 hectares, sendo que,

desse total, 9.500 hectares são destinados

à produção da Usina Alcoeste e 4.282 hec-

tares para produção da Usina Ouroeste. No

caso da Alcoeste, 100% da produção vêm

dos canaviais da Agrícola Arakaki. Ao todo,

são fornecidas 716.300 toneladas de cana

para a Alcoeste e 325.500 toneladas para a

Usina Ouroeste.

Mas o diferencial da empresa não está ape-

nas nos números e sim nas pessoas. Ao

todo, são 3 mil colaboradores. A estrutura

conta com cinco diretores e não tem dire-

tor-presidente. Segundo um dos dirigentes,

Luis Antonio Arakaki, a comparação entre

diferentes usinas brasileiras mostraria que

elas se parecem bastante no que diz respei-

Page 9: Mundo Cana 2 Apr'10

to às máquinas, mas em relação às pessoas

são bastante diferentes. “Como não traba-

lhamos com economia de escala e volume,

nosso maior investimento e patrimônio é a

equipe, que precisa estar motivada para tra-

balhar com agilidade”, explica.

Para motivar toda

a organização em

um único objetivo, o

grupo realiza treina-

mentos e investe em

administração parti-

cipativa. “As portas

estão sempre abertas

aos funcionários. Sa-

bemos que o merca-

do exige velocidade

e, para isso, precisamos de tecnologia de

ponta e pessoal disposto a realizar o traba-

lho com competência”, explica Arakaki, lem-

brando que a empresa só pôde se destacar

no mercado pelo aspecto humano porque,

acima de tudo, sempre ofereceu qualidade

em seus produtos e serviços.

FELIPE FONSECA

9

O investimento nas pessoas garante tam-

bém destaque em outras áreas, como a de

inovações tecnológicas. O grupo foi o único

escolhido no Brasil para os testes com a co-

lheitadeira manual, novidade que deve mo-

vimentar o setor especialmente em regiões

onde a máquina não

chega ao canavial.

Outro destaque veio

por meio da Usina

Alcoeste, do grupo.

A unidade participou

do primeiro embar-

que de etanol para

o mercado europeu.

No caso específico

desta usina, são pro-

duzidos anualmente 75 milhões de litros de

álcool e 700 mil toneladas de açúcar. “Nossa

expectativa é que, ainda que tenhamos difi-

culdades de comercialização, estejamos pre-

parados para assimilar as novas tecnologias

e continuar desempenhando um bom traba-

lho”, conclui Arakaki.

nosso mAior

investimento e pAtrimônio

é A equipe, que precisA

estAr motivAdA pArA

trAbAlHAr com AgilidAde

“ “

MUNDO CaNa

Para Luis Arakaki, o fator humano é um diferencial da usina

Page 10: Mundo Cana 2 Apr'10

Se fosse necessário resumir a histó-

ria da Japungu Agroindustrial numa

única frase, provavelmente a mais

adequada seria “cautela nos momentos de

euforia e serenidade para enfrentar os desa-

fios”. Mas um resumo deixaria passar muita

informação preciosa sobre as vitórias con-

quistadas desde que os empresários Luis-

mar Melo, Paulo Fernando e José Ivanildo

compraram uma usina em Santa Rita, na Pa-

raíba. Em 1989, eles deram um passo rumo

ao sucesso e deixaram de ser grandes forne-

cedores de cana para se tornarem importan-

tes referências no setor sucroalcooleiro. A

maioria das vitórias está simbolizada pelos

troféus, medalhas e diplomas dos principais

prêmios da atividade em nível nacional. Para

citar alguns: MasterCana (em 2001, 2003,

2004 e 2007), Revista Fisco (2003), Visão da

Agroindústria, entre outros.

Nenhum destes prêmios foi conquistado

sem esforço e dedicação. Um dos desafios

para atingir alta qualidade produtiva foram

as barreiras naturais da região onde a usina

está localizada. A topografia de grande par-

te do Nordeste é conhecida pelos obstáculos

que impõe à mecanização da colheita. No

caso da região onde a Japungu se encontra,

a dificuldade é outra: embora o relevo seja

MUNDO CaNa

Japungu vence osdesafios com cautela

As dificuldAdes normAis do plAntio e dA

industriAlizAção não são mAiores que A

vontAde de crescer nestA usinA pArAibAnA

José Bolivar lembra que o sucesso exige empenho e paciência

>

Page 11: Mundo Cana 2 Apr'10

11

plano, o solo é arenoso. “Isso exige conhe-

cimento e tecnologias que permitem atingir

bons índices produtivos”, explica José Bolí-

var de Melo Neto, diretor do grupo.

Os desafios, porém, não são maiores do que a

vontade de produzir cana. E com alta produ-

tividade. A parceria com bons fornecedores

garante que 25% da produção sejam tercei-

rizados. Considerando a unidade adquirida

pelo grupo em Goiás, a Agroval, o total de

colaboradores envolvidos gira em torno de 6

mil pessoas. A empresa possui filosofia de va-

lorização destes trabalhadores e, no caso dos

colhedores de cana, a usina já ultrapassou a

marca de 8 toneladas diárias por pessoa.

O foco do grupo se divide entre álcool e açú-

car. No caso deste, a previsão para 2010 é

de 3 milhões de sacos. A proximidade com o

Porto de Suape, em Pernambuco, é um trun-

fo que permite exportar aproximadamente

7% do total produzido. “Trabalhar com mer-

cado interno e externo permite se equilibrar

acompanhando a si-

tuação em cada um

deles. Mas ainda as-

sim a missão é árdua,

pois é difícil prever o

que vai acontecer em

médio prazo”, expli-

ca Bolívar Neto.

É devido a esta insta-

bilidade do mercado

financeiro que o gru-

po opta por agir com

cautela. Na crise eco-

nômica mais recente,

a Japungu não sofreu

tantos abalos como se observou em outras

empresas. “Nos últimos anos, o setor cresceu

em uma velocidade acima do normal e, em-

bora as perspectivas sejam muito boas para

quem produz cana, preferimos dar um passo

de cada vez”, diz o diretor agrícola.

Para quem deseja continuar crescendo no

setor, Bolívar dá mais uma dica da receita

de sucesso da Japungu. A organização inter-

na se divide em duas

frentes básicas: o

mercado, que é ins-

tável e imprevisível,

mas que permite ne-

gociar no momento

da comercialização e

guardar produto em

épocas menos turbu-

lentas; e a produção

agrícola, com gran-

des possibilidades de

aumento de lucros.

Especialmente nesta

área a Japungu não

dispensa o uso de tecnologias que permitam

aumentar a produtividade. “Temos uma his-

tória de sucesso, mas nosso foco está no fu-

turo, na melhoria contínua para acompanhar

o mercado lá fora”, aponta Bolívar.

nos últimos Anos,

o setor cresceu em umA

velocidAde AcimA do

normAl e, emborA As

perspectivAs sejAm muito

boAs pArA quem produz

cAnA, preferimos dAr

um pAsso de cAdA vez

FELIPE FONSECA

Estrutura enxuta para escoar melhor a produção

MUNDO CaNa

Page 12: Mundo Cana 2 Apr'10

Irrigar é precisoMUNDO CaNa

De gota em gota, os canaviais

da Usina Seresta, em Teotônio

Vilela (AL), se desenvolvem com

alta qualidade, chamando a atenção do

mercado nacional pelos elevados índices

de produtividade. A empresa implantou

há 11 anos o método de irrigação por go-

tejamento e a tecnologia tem demonstra-

do ser uma escolha acertada. A área total

com cana irrigada por este processo che-

ga a quase 1.500 hectares, sem contar os

17 hectares que foram usados como teste

para validar o sistema. “Quando opta-

mos por irrigação por gotejamen-

to havia no mercado receio

em introduzir a prática

em grandes áreas.

Nós fomos os

maiores im-

plantado-

res do

usinA serestA implAntou método viA

gotejAmento subterrâneo e colHe bons

resultAdos por AcreditAr nA tecnologiA

André Borges: gotejamento é opção lucrativa

>

Page 13: Mundo Cana 2 Apr'10

método, considerando a introdução de

uma única vez e não nos arrependemos

desse pioneirismo”, explica André Borges,

gerente agrícola da Seresta.

Entre as vantagens desta tecnologia desta-

ca-se o maior tempo necessário para reali-

zar a reforma do canavial. Enquanto áreas

onde a irrigação é feita com técnicas mais

tradicionais (aspersão ou via pivô rebocável)

precisam ser reformadas a cada seis anos

(média), a reforma nas áreas com goteja-

mento subterrâneo atinge intervalos de até

o dobro desse período.

O processo de funcionamento é basicamen-

te simples. A água é transportada por uma

rede de gotejadores até as áreas onde es-

tão as raízes da cana. Estes gotejadores es-

tão ligados a uma mangueira alimentadora

principal, que garante o abastecimento con-

tínuo de água. Para introduzir a tecnologia,

a Usina Seresta contou com a experiência da

empresa israelense Netafim, que também

tem projetos no Rio Grande do Norte, Cea-

rá, Goiás, Minas Gerais e São Paulo. “Nosso

objetivo é chegar aos 5.500 hectares irriga-

dos via gotejamento”, adianta Borges.

Além do maior tempo entre uma reforma da

13

FELIPE FONSECA

plantação e outra, a Seresta constatou eco-

nomia ao aderir a esta tecnologia. Isso se

explica porque o equipamento evita desper-

dício ao jogar água em pontos específicos

do canavial. A manutenção não tem custos

elevados e não exige grande interferência

humana no equipamento.

Em pouco tempo, a chamada “irrigação plena”

incentiva positivamente os índices de produ-

tividade do canavial. No caso da Seresta, os

números chegam a 120 toneladas por hectare

por ano, enquanto a cifra normalmente gira

em torno das 55 toneladas anuais por hecta-

re. “Com a irrigação por gotejamento, temos

a oportunidade de distribuir melhor a água em

grandes áreas, além de controlarmos a umida-

de do solo”, lembra André Borges. Este controle

garante menor infestação de plantas daninhas

e melhor qualidade fitossanitária da cana.

A resistência que esta tecnologia ainda en-

contra no país se explica pelo custo inicial do

investimento e, em muitos casos, pelo des-

conhecimento dos benefícios que o método

traz. “O aumento de produtividade com-

pensa o investimento, sem dúvida alguma.

Nossa expectativa é chegar à margem de

130 toneladas por hectare”, avisa Borges.

com A irrigAção por

gotejAmento, temos

A oportunidAde de

distribuir melHor A

águA em grAndes áreAs,

Além de controlArmos

A umidAde do solo

MUNDO CaNaEquipamento garante irrigação contínua e eficaz

Page 14: Mundo Cana 2 Apr'10

usinA de goiás comprovA que eficiênciA

produtivA e Atenção às prAticAs gerAm

excelentes resultAdos e conquistAs

14

Orespeito ao meio ambiente, o in-

vestimento em tecnologia de ponta

e as boas negociações comerciais

são características praticamente obrigató-

rias em empresas de sucesso. O Grupo Jalles

Machado, de Goianésia (GO), é um bom

exemplo de que estas práticas abrem portas

para novos e promissores negócios. A história

do grupo começou no início dos anos 1980,

quando o governo de Goiás decidiu fomentar

a produção de cana-de-açúcar no estado.

Em 1993, veio uma nova fase para a empre-

sa, que entrou no mercado de açúcar cristal.

Desde então, o grupo coleciona avanços

que o transformaram em uma referência em

cana de Goiás.

Um dos pontos de destaque da usina é o

investimento em colheita mecanizada, que

atinge cerca de 85% do canavial. Ao todo,

são 22 máquinas e, neste ano, está prevista

a chegada de outras quatro unidades. “Utili-

zamos agricultura de precisão para não des-

perdiçar produtos que fazem a diferença no

canavial, como os defensivos agrícolas e os

corretivos de solo”, explica Patrick Francino

Campos, gestor de projetos e processos da

Jalles Machado. Para garantir o bom uso

destes equipamentos e dos processos da

empresa, o grupo conta com cerca de 3 mil

colaboradores diretos.

Na usina, o investimento em tecnologia ca-

minha de mãos dados com a responsabili-

dade social. “Só na região de Goianésia, já

plantamos 800 mil árvores nativas, o que

está em sintonia com a filosofia de cuidados

com o meio ambiente”, lembra Campos.

MUNDO CaNa

Tecnologia eresponsabilidade social

FELIPE FONSECA

Patrick Campos: investimentos

constantes são marcas da Jalles Machado

>

Page 15: Mundo Cana 2 Apr'10

Graças a esta filosofia e à intensa profissiona-

lização do trabalho, a Jalles Machado obteve

certificações de qualidade, como a ISO 14000,

e está em busca da ISO 22000. É possível iden-

tificar esta filosofia na frase de Otávio Lage de

Siqueira, presidente do Conselho de Adminis-

tração do grupo: “Uma empresa que investe

em tecnologia e contribui para a economia de

seu país é vista como empreendedora. Mas,

se ela vai além e acre-

dita em cada de seus

colaboradores acima

de tudo, faz a dife-

rença e se torna uma

referência”.

A abertura ao conhe-

cimento e à tecnolo-

gia fez com que a Jalles Machado buscasse

variedades da cana adaptadas ao clima, solo

e precipitação de chuva da região. Entre os

vários tipos utilizados, o grupo utiliza as va-

riedades CP 867515 e IAC-SP 911099. “Antes

de iniciar o uso, fizemos testes com estas

espécies e percebemos que elas têm bom

desempenho, o que para nós e para o mer-

cado é muito desejado”, explica o técnico

responsável pelos tratos culturais da usina,

Antonio Ricardo Neto.

Por ser a terra a primeira fonte do lucro da usi-

na, os cuidados com o meio ambiente e com a

qualidade da produção estão sempre presen-

tes. No combate a plantas daninhas, como

brachiaria, corda-de-viola e capim colchão, a

Jalles Machado utiliza amicarbazone há pelo

menos três anos e, na área onde é aplicado,

o repasse chega a ser zero (repasse é a nova

aplicação para eliminar plantas daninhas que

tenham brotado posteriormente à aplicação

durante a cultura instalada ou após a colheita

da cana). “Realizamos monitoramentos perió-

dicos e temos observado o sucesso destas

aplicações”, completa o técnico.

FELIPE FONSECA

A preocupação ambiental também pode ser

notada pela área de cana orgânica plantada,

que corresponde a 20% dos 40 mil hectares

do grupo. Mesmo com as elevadas exigências

de manejo e produção apresentadas por com-

pradores internacionais, a usina consegue se

destacar nesse tipo de produção. Hoje, cerca

de 90% do mercado de açúcar orgânico dos

Estados Unidos estão nas mãos da Jalles Ma-

chado. Nas negocia-

ções de etanol, o foco

é o mercado interno.

A área plantada per-

mite que a Jalles

Machado seja autos-

suficiente na produ-

ção de cana. De 1983

para cá, a produção subiu de 1,5 milhão de to-

neladas anuais para 2,9 milhões de toneladas.

E as projeções seguem otimistas. Para este

ano, ainda que o Brasil continue dependen-

do do desempenho dos preços na Índia, as

expectativas são positivas. A Jalles Machado

dará continuidade ao preparo de uma nova

unidade em Goiás, que deve entrar em produ-

ção em 2011. A nova unidade deverá envolver

1.600 novos colaboradores. A empresa ainda

tem outro trunfo: a ferrovia Norte-Sul ficará

bem próxima da unidade e vai facilitar muito

o escoamento de produto. A previsão é de

mais sucesso para a usina.

empresA AcreditA nos

seus colAborAdores e isso

‘FAz TOdA A diFErENçA’

“ “

MUNDO CaNa

Na usina, a busca pela excelência contínua

Page 16: Mundo Cana 2 Apr'10

quando Benon Barreto se formou

em Engenharia Agronômica pela

Universidade Federal Rural de

Pernambuco, a realidade do setor sucro-

alcooleiro era outra. Era 1959 e, embora o

país já tivesse um histórico de quase cinco

séculos na plantação de cana, havia muitas

melhorias a ser feitas. Cinquenta anos de-

pois, o engenheiro agrônomo, produtor e

consultor acredita que muita coisa ainda vai

mudar, mas comemora as importantes con-

quistas no segmento.

Uma de suas marcas é a sinceridade com que

analisa todos os lados da produção pernam-

bucana. Seus comentários são feitos com a

segurança de quem observa o agronegócio

desde os 12 anos, quando via o plantio de

cana nas encostas declivosas ser efetuado

por um arado, tracionado por juntas de bois,

sob o comando do “velho carreiro”. Condena

literalmente o plantio de enxada, operação

ainda realizada com muita constância na re-

gião. Sua história também foi enriquecida pelo

trabalho com entidades como IAA (Instituto

do Açúcar e do Álcool), SUDENE (Superinten-

dência do Desenvolvimento do Nordeste), GE-

RAN (Grupo de Estudos para Racionalização

da Agroindústria Açucareira do Nordeste) e em

viagens internacionais onde conheceu e estu-

dou a realidade produtiva

de países como Cuba,

Austrália, Filipinas,

Estados Unidos

(Havaí), África do

Sul e outros.

Cana produzidacom conhecimento

ApAixonAdo pelo setor sucroAlcooleiro,

benon bArreto é conHecido como o

“decAno dA AtividAde do nordeste”

MUNDO CaNa

Benon: experiência e paixão na produção de cana

>

Page 17: Mundo Cana 2 Apr'10

Em 1980, quando Benon Barreto começou

a produzir cana, o país tinha cinco anos de

experiência com o Programa Nacional do

Álcool (Proálcool). Inclusive, o engenheiro

agrônomo teve participação em pelo me-

nos 60% na elaboração dos projetos reali-

zados pela TECAL (Tecnologia Açucareira

Ltda.) relativos a esse programa. Não é a

toa que é chamado por muitos “o decano

da economia canavieira do Nordeste”.

Nestes quase 30 anos de produção e meio

século acompanhando de perto o cenário

sucroalcooleiro, Benon Barreto viu usinas

ser criadas, outras ser extintas, investido-

res chegarem e novos colegas se somarem

ao time da cana no país. Como produtor,

porém, ele não esconde a preocupação

com as exigências sobre o agricultor, que

muitas vezes se equilibra entre a cobrança

do Estado e a rapidez do mercado. “A ques-

tão da queima do canavial é um exemplo de

assunto que precisa ser estudado com mais

cuidado. Aqui no Nordeste temos muitos

terrenos acidentados onde a máquina não

chega e por isso é necessário o corte manual

da lavoura e a queima”, detalha o consultor

e produtor.

Segundo ele, os empresários estão atentos

às novidades nesse assunto, especialmente

quem produz em áreas onde a topografia é

bastante irregular. Além da colheita, este

tipo de terreno dificulta por demais as ou-

tras operações agrícolas, tais como plantio,

tratos culturais, aplicação de fertilizantes e

corretivos. “Em regiões mais planas, é pos-

sível atingir produtividade de 8 toneladas

por dia na colheita da cana, enquanto nas

áreas acidentadas gira entre 3,5 e 4 tonela-

das dia”, compara Benon. Como produtor

rural, Benon Barreto exerce essa ativida-

de no Estado da Paraíba, com produção

anual em torno de 20.000 t de cana. Parte

do sucesso é explicado pelo conhecimento

que conseguiu reunir sobre o setor, já que

presta consultoria na faixa que vai do Mara-

nhão a Goiás. “Cada vez que viajo me certi-

fico que representamos um setor dinâmico

e pungente”, diz. A outra parte da explica-

ção deste sucesso está na sua escolha pela

honestidade, solidariedade e espírito de

união na condução de seus negócios. Cole-

cionador de frases, ele resume sua filosofia

numa única sentença: “Não se pode semear

de punhos fechados” (Adolfo Esquivel).

MUNDO CaNa

Logística de Pernambuco é facilitada pela proximidade de usinas

FELIPE FONSECA

>

lOgísTiCA FAvOrávEl Apesar dos terrenos acidentados, Pernambuco tem muitas vantagens econômicas na produção de cana. Segundo o pro-dutor e consultor Benon Barreto, o Porto de Suape, localizado entre os municípios pernambucanos de Ipojuca e Cabo de San-to Agostinho, é um dos trunfos da região. Instalado a apenas 40 km da capital Recife, ele é ponto de saída de etanol e açúcar. Enquanto produtores de outras regiões do Brasil estão num raio de mais de mil quilômetros de áreas portuárias, Suape situa-se no raio médio de 100 km das unidades produtoras do Estado e em torno de 300 km dos grandes pólos produtivos do Nordeste. “Além disso, nossa lavoura foi instalada nos tempos coloniais, o que nos dá um histórico muito grande de aprendizado e cresci-mento econômico ligado no campo”, observa Barreto.

Page 18: Mundo Cana 2 Apr'10

Conhecimentoque brota

pesquisAs constAntes gArAntem novAs

vAriedAdes de cAnA, proporcionAndo

Aumentos seguidos de produtividAde

MUNDO CaNa

Quando o inventor Benjamin

Franklin disse que “investir em

conhecimento sempre rende os

melhores juros”, ele provavelmente não se

referia ao setor sucroalcooleiro. Mas a frase

se encaixa perfeitamente. Desde que o Brasil

recebeu os primeiros portugueses, vem cole-

cionando novas técnicas de plantio e pesqui-

FELIPE FONSECA

sas para aumentar o rendimento da lavoura.

“Os experimentos voltados para a atividade

estão focados no aprimoramento do trabalho

realizado no campo. O resultado é o contínuo

aumento da produtividade da cana”, ressal-

ta Djalma Euzébio Simões Neto, engenheiro

agrônomo, consultor e professor da Universi-

dade Federal Rural de Pernambuco.

Não faltam provas da relevância das pesqui-

sas científicas para a cana. O próprio profes-

sor Djalma comanda uma equipe envolvida

em diferentes experimentos. Ele coordena

o Programa de Melhoramento Genético da

Cana-de-Açúcar. “Mesmo que leve algum

tempo, a universidade coloca nas mãos do

agricultor a tecnologia que pode alavancar a

produção. As variedades da cana são exem-

plos incontestáveis disso”, explica.

Quando descobertas em território nacional,

as variedades canavieiras levam no nome a

sigla RB (República do Brasil ou RIDESA Brasil)

somadas ao ano do cruzamento genético e

ao código de experimentação daquela culti-

var. Por exemplo: a variedade RB867515 (a

mais plantada no país) foi hibridizada em

1986, embora tenha sido lançada comercial-

mente 12 anos mais tarde, em 1998.

O mais importante é que estas cultivares

Djalma: o mundo está de olho no combustível limpo

>

Page 19: Mundo Cana 2 Apr'10

existem quase 100 milhões de hectares no

Brasil disponíveis para agricultura e a cana,

que ocupa hoje cerca de 8 milhões de hec-

tares, pode ser cultivada sem afetar outros

sistemas produtivos,

atingindo 15 milhões

para atender a de-

manda crescente de

etanol. E para quem

tem receio em re-

lação a este cresci-

mento, o professor

Djalma adverte: “A

cana-de-açúcar não

vai invadir o que não

deve”. O foco, no mo-

mento, é abastecer a

demanda interna e aumentar a quantidade

de produto e tecnologia para exportação.

Conhecimento, tecnologia e experiência

acumulada para isso não faltam.

contêm as características que os empre-

sários do setor sucroalcooleiro buscam. O

trabalho para chegar ao padrão desejado

é árduo. Os pesquisadores chegam a fazer

centenas de cruzamentos e produzem até

três milhões de plantas geneticamente di-

ferentes para selecionar três, duas, uma e

em alguns anos de cruzamentos nenhuma,

após mais de 10 anos de experimentação.

As cultivares precisam atender às exigências

climáticas, variações de solo e topografia da

região em que será plantada. “Nos últimos

meses, nós vimos o país comemorar a notí-

cia sobre a reserva de combustíveis fosseis,

o pré-sal, o que é fantástico. Mas não po-

demos nos esquecer que essas são fontes

esgotáveis. O mundo está cada vez mais

interessado no combustível limpo. E, para

isso, precisamos investir em produtividade

da cana”, acrescenta Simões Neto.

O consultor comemora as conquistas do

setor. Ao acompanhar a visita de estrangei-

ros interessados no know-how brasileiro,

ele percebe que os mais de 500 anos plan-

tando cana geraram conhecimento como

em nenhum outro

lugar do planeta.

“Quando o assunto

é etanol, o Brasil é a

principal referência

mundial”, resume.

Em solo de nações

como Angola, Mo-

çambique e países

da América Central

e do Sul, existem

diversas tecnologias

brasileiras, inclusive

variedades surgidas no Brasil.

E a expectativa é de que o país produza

ainda mais. Segundo dados do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),

19

o mundo está cAdA

vez mAis interessAdo

no combustível limpo.

e, pArA isso, precisAmos

investir em

produtividAde dA cAnA

MUNDO CaNa

FELIPE FONSECA

Pesquisas de cultivares consomem pelo menos uma década

Page 20: Mundo Cana 2 Apr'10

Lombos quebrados em busca do lucro

MUNDO CaNa

O desafio aparece justamente na hora da

colheita feita com máquina, pois este des-

nível impede que o equipamento corte a

cana inteira até o solo. A solução, assim, é

adotar uma prática chamada nacionalmen-

te de “manejo de quebra-lombo” (ou cien-

tificamente classificada como “operação

mecânica de sistematização do solo”). Fun-

ciona assim: 90 dias após o plantio da cana

planta, revolve-se a terra onde se formará o

canavial. Isso ni-

vela o terreno e

permite o maior

acolheita mecanizada trouxe diver-

sos benefícios para o setor sucro-

alcooleiro. É possível citar o avan-

ço da produtividade por hectare, o menor

desgaste humano e a proteção do meio

ambiente, pois a técnica dispensa a quei-

ma da palha no canavial. Existe, porém,

um desafio que surgiu apenas quando este

tipo de colheita começou a ser implantado

no País. Por ser necessário fazer sulcos na

terra para a instalação da primeira safra do

canavial, cria-se no solo um desnível entre

estes sulcos. Essas áreas mais elevadas

são popularmente conhecidas

como lombo.

Manejo da cana traz desafio (e solução)

pArA produtores que já optArAm pelA

colHeitA mecAnizAdA

Colheita mecânica trouxe desafio para produtores, explica Christoffoleti

>

Page 21: Mundo Cana 2 Apr'10

aproveitamento pela colheitadeira. Dessa

forma, uma área do Centro-Sul (sudeste,

centro-oeste e sul do Brasil) que recebe a

cana planta em fevereiro terá manejo de

quebra-lombro entre

maio e junho.

O professor dr. Pe-

dro J. Christoffoleti,

do Departamento

de Produção Vegetal

da Esalq/USP, lem-

bra que existe outra

questão importante

a ser considerada: o

revolvimento do solo

com a colheita me-

canizada pode inibir

a ação dos defensi-

vos agrícolas aplicados no início do plantio.

“Então, é necessário fazer uma segunda

aplicação. O ideal é trabalhar com produ-

tos especializados como os que têm ótimo

desempenho em períodos secos”, afirma.

Para o pesquisador, esse tipo de adapta-

ção mostra como o setor sucroalcooleiro

se adapta com facilidade aos desafios im-

postos pelo meio produtivo e também pelo

mercado. Desde 1981, quando Christoffo-

leti se formou em Engenharia Agronômi-

ca, muitas tecnologias foram incorporadas

pelos produtores. “Tivemos avanços muito

significativos em produtividade neste perí-

odo, com aumento de até 20 toneladas por

hectare”, lembra. De modo especial, ele

cita entre estes avanços as pesquisas e vá-

rias soluções em melhoramento genético,

irrigação, fertilidade do solo e controle de

plantas daninhas. “Hoje temos mais dispo-

nibilidade de bons produtos, inclusive para

períodos secos. A perda de produtividade é

cada vez menor e tende a zero”, completa

o professor.

Outra conquista é a organização crescente

do setor, o que mostra independência em

relação às decisões governamentais. “Não

temos mais cotas de produção, o que mos-

tra que o negócio

está totalmente des-

regulamentado e na

disputa por merca-

dos”. A maior ajuda

do Estado continua

sendo o incentivo. O

BNDES (Banco Na-

cional de Desenvol-

vimento Econômico

e Social), por exem-

plo, é responsável

pela maior parte dos

financiamentos em

cana. Outra ajuda importante é a divulgação

internacional, o que deve atrair ainda mais

a atenção de compradores estrangeiros de

etanol, tecnologias e práticas de manejo

que estão sendo desenvolvidas neste mo-

mento no país.

Quem conhece pessoalmente Pedro Chris-

toffoleti sabe que uma de suas paixões é

o conhecimento. Isso pôde ser observado

durante o “I Simpósio de manejo de plan-

tas daninhas na cultura da cana-de-açúcar”,

realizado em outubro de 2009, na Esalq. O

professor coordenou o evento, que abordou

temas preciosos à produção de cana, como

manejo em cana crua, em solo seco, colhei-

ta mecanizada e custo-benefício da aplica-

ção de herbicidas no canavial.

MUNDO CaNa

Hoje temos mAis

disponibilidAde de

bons produtos, inclusive

pArA períodos secos.

A perdA de produtividAde

é cAdA vez menor e

tende A zero

21

Page 22: Mundo Cana 2 Apr'10

Embalagemtamanho família

sistemA pArA descArregAmento de big bAgs

trAz lucro, evitA desperdício e permite mAior

controle dA AplicAção de defensivos AgrícolAs

quem trabalha com a proteção do

canavial sabe que a aplicação de

defensivos agrícolas exige aten-

ção e cuidados especiais. O manuseio do

produto precisa ser feito com qualidade e

precisão para evitar desperdícios. Também é

preciso considerar outro fator: as realidades

dos aplicadores espalhados pelo país são di-

versas e alguns ficam distantes dos centros

de distribuição de produtos (o que encarece

o reabastecimento das propriedades).

Atento a esses dois importantes dados, o

mercado encontrou uma solução para permi-

tir lucro aos canavieiros.

As chamadas emba-

lagens Big Bag, tam-

bém conhecidas como

FIBCs (Flexible Inter-

MUNDO CaNa

mediate Bulk Containers) ou, simplesmente,

bolsões que comportam grande quantidade

de produto, já estão à disposição e oferecem

facilidades na hora de proteger o canavial.

Como o peso destes bolsões é de mil quilos,

a empresa Dynamic Air adaptou um de seus

60 tipos de Bulk Buster para usar a Big Bag.

Usando o herbicida amicarbazone, a empresa

criou o equipamento ideal para o uso correto

deste defensivo em grandes embalagens no

campo. “O Bulk Buster reduz o risco de con-

taminação dos aplicadores, pois não há con-

tato humano diretamente com o produto”,

explica Horacio Paez, diretor da Dynamic Air.

O funcionamento do Bulk Buster é simples:

quando o Big Bag chega à propriedade, alças

mecânicas elevam o defensivo até a parte su-

perior do equipamento; depois, uma lâmina

perfura o bolsão e despeja o produto em um

tanque de dispersão, onde ele é misturado

com água; neste processo, um sistema de

dosagem garante que o herbicida seja fracio-

nado em parcelas entre 10 kg e 40 kg, com

pequenos intervalos; finalmente, a tubulação

de transporte carrega o defensivo devida-

mente dosado e misturado para o sistema de

aplicação a campo.

“Já fizemos Bulk Busters para indústrias dos

>

FELI

PE

FON

SE

CA

Horacio: bolsões facilitam manejo e reduzem custos

Page 23: Mundo Cana 2 Apr'10

mais variados segmentos de pelo menos 130

países. Este foi totalmente pensado para

vencer os desafios na hora de usar Big Bags

na cana”, reforça Paez. Para a adaptação do

equipamento, a Dynamic Air consumiu me-

ses na avaliação de soluções para superar

determinadas barreiras. Entre elas, estava a

proibição de energia pneumática (que vem da

compressão de ar atmosférico). Caso contrá-

rio, o Bulk Buster demandaria a instalação de

outros equipamentos, o que poderia tornar

o projeto inviável. Por isso, ele foi adaptado

para funcionar apenas com energia elétrica.

Para garantir a pesagem correta de cada dose

a ser misturada em água, o Bulk Buster traz

um sistema interessante de medição. Cha-

mado de Loss In Weight Feeding (dosagem

por perda de peso), o processo soma os quilos

do Big Bag quando ele chega ao equipamen-

to e vai descontando a cada dosagem. Todo o

peso do Bulk Buster já é descontado pela ba-

lança digital que acompanha o sistema.

Essa tecnologia faz parte do novo momen-

to do agronegócio, no qual os produtores

tornam-se empresários e agora desejam in-

vestir em soluções que melhorem sua atua-

ção no mercado. “O futuro da produção rural

caminha junto da tecnologia. Sem ela, hoje é

impensável o bom desempenho produtivo. A

automação do segmento da cana é uma con-

quista inquestionável dos últimos anos e sem

dúvida alguma ainda trará resultados surpre-

endentes”, analisa Paez.

O equipamento já está disponível no merca-

do e pode ser usado em qualquer usina.

23

DIVULGAçãO

Equipamento criado pela Dynamic Air

facilita distribuição de defensivos

VANTAGENS DA EMBALAGEM DE 500 kG

• Menor desgaste físico de quem manuseia o produto

• Redução do total de embalagens

• Precisão na dosagem

• Maior limpeza do ambiente no processo de mistura em água

• Menor custo com mão de obra

• Proteção do meio ambiente e das pessoas

• Gastos menores com manutenção

• Controle das paradas na produção

MUNDO CaNa

>

Evita fraudes e roubos por causa do seu tamanho

Page 24: Mundo Cana 2 Apr'10

Controle de pragas: corda-de-viola

espAlHAdA pelo brAsil, plAntA dAninHA

tem Ação AgressivA e AumentA o custo

do cAnAviAl, mAs controle é possível

Uma das mais conhecidas e fre-

quentes plantas daninhas da

cana é a corda-de-viola, planta

herbácea trepadeira da família das Convo-

vulaceae. Com ação em todo o continente

americano, ela pode chegar a três metros

de comprimento. Suas flores têm aparên-

cia vistosa e suas cores variam conforme a

espécie. Essa planta é anual e sua reprodu-

MUNDO CaNa

24

ção é feita por sementes, com adaptação a

qualquer tipo de solo. Segundo a Embrapa

(Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuá-

ria), a corda-de-viola possui mais de 140

espécies. Ela se tornou um grande desafio

para o setor sucroalcooleiro porque é ex-

tremamente agressiva para a cana, que não

consegue sobreviver se não houver contro-

le. “Mesmo se houver baixa infestação desta

praga e a cana sobreviver, ocorrerá signifi-

cativa queda da produtividade e ficará mais

caro produzir”, informa Rodrigo Gimenes,

especialista de Desenvolvimento de Produ-

to e Mercado da Arysta LifeScience.

A corda-de-viola ganhou destaque após o

avanço da colheita mecanizada. O espaço

onde havia o chamado colchão de palha (que

poderia impedir o aparecimento de plantas

daninhas) tornou-se o ambiente preferido

da planta invasora. “O desafio maior está no

controle do banco de sementes. Esta espé-

cie se espalha com facilidade pelo canavial,

inclusive com ajuda da própria colhedora”,

completa Gimenes.

Para a colheita mecânica, ela é um desafio

maior ainda. Essas pragas atrapalham signifi-

cativamente o processo, pois se enrolam nas

máquinas e seguram grande quantidade de

Planta daninha proliferou com o avanço da colheita mecanizada

>

Page 25: Mundo Cana 2 Apr'10

em criar soluções inteligentes para defen-

der o canavial contra espécies invasoras”,

resume Rodrigo Gimenes.

palha de cana. Isso compromete o rendimen-

to em até 30%. Há casos em que a presença

da corda-de-viola é tão forte que as plantas

chegam a inviabilizar a colheita mecânica. É

preciso, então, realizar a desinfecção mecâ-

nica ou química do canavial, práticas paliati-

vas que aumentam os custos de produção.

sOluçãO iNTEligENTEO ideal é prevenir. O mais adequado é o

uso de produtos que impeçam o nascimen-

to desse tipo de planta na lavoura de cana.

Estes insumos precisam ter ação prolonga-

da, pois a corda-de-viola pode germinar du-

rante todo o desenvolvimento do canavial,

mesmo que seja com poucas sementes.

Há alguns anos, a Arysta iniciou trabalhos

em cana-de-açúcar com amicarbazone, o

princípio ativo do herbicida Dinamic. Os pri-

meiros testes já mostravam a alta eficácia do

produto para combater a corda-de-viola. Ele

demonstrou eficiência ao combater tanto

espécies de folha estreita como as de folha

larga. O resultado surpreendeu com o con-

trole altamente satisfatório das trepadeiras

como nenhum outro defensivo do mercado.

“O controle de corda-de-viola com Dinamic

é uma ilustração do compromisso da Arysta

O MAIS ADEQUADO

É O USO DE DEFENSIVO

QUE IMPEçA O

NASCIMENTO DESSE

TIPO DE PLANTA

MUNDO CaNa

25

o ideal é prevenir o nascimento da

planta na lavoura de cana

>

Page 26: Mundo Cana 2 Apr'10

Oagronegócio e a sociedade

estão mais próximos. As pes-

soas estão mais interessa-

das em conhecer a origem dos alimen-

tos, modos de produção, processos

envolvidos no cultivo, sustentabilidade

do setor e garantia de qualidade dos

produtos. Para terem mais transparên-

cia, fornecedores de alimentos, fibras e

bioenergia precisam usar ferramentas

de mercadologia, planejamento e mar-

keting. Há mais ou menos 50 anos, o

Brasil era um país rural, com cerca de

O espetáculo do agronegócio

26

MUNDO CaNa

60% da população no campo. Porco

era sinônimo de gordura para cozinhar

e conservar alimentos e era difícil con-

vencer o agricultor a usar novidades

tecnológicas. O país mudou muito e,

hoje, quase 80% da população estão

nas cidades. O porco tornou-se carne

ultralight e hoje temos agricultura de

precisão, GPS e satélite.

Essa modernização permitiu aban-

donar pouco a pouco a cultura geren-

cial de agricultura de sobrevivência.

O produtor virou empresário rural. O

bom marketing

em agronegócio

exige observa-

ção de todo o

setor, que é uma

cadeia produtiva

que agrega valor

movida por de-

manda derivada.

As percepções

de demanda

se formam da

ponta do consumo para trás. Não

importa o elo: é fundamental enxergar

a cadeia inteira, pois cada segmento é

influenciado pelas outras etapas pro-

dutivas. As ferramentas de marketing

são fundamentais para chamar a aten-

ção dos países importadores sobre a

qualidade dos nossos produtos, es-

pecialmente de mercados mais exi-

gentes, como a União Europeia.

O agronegócio não desempenha ape-

nas o papel de fornecedor tradicional de

commodities. O foco inclui o exterior,

com operações e marcas internacionais já

presentes em praticamente todos os can-

tos do mundo. Neste novo cenário, o mar-

keting é essencial para gerenciar os ris-

cos. Não podemos nos expor a erros em

responsabilidade social, ambiental ou de

sanidade em nossos produtos, marcas

e imagem. Não investir na boa imagem

seria correr atrás do próprio rabo.

Em um mercado acirrado e em cons-

tante profissionalização, os empresá-

rios rurais podem utilizar as campa-

nhas de marketing e diálogos com as

mais diversas mídias para mostrar os

diferenciais do seu negócio, sustenta-

bilidade e compromisso com a socieda-

de. Tudo isso favorece a construção e a

consolidação de imagem no mercado.

Nos setores em ascensão, como o do

etanol, essa comunicação tem papel

fundamental ao aproximar fornecedo-

res, distribuidores e consumidores.

O agronegócio precisa se ver como

parte do espetáculo da comunica-

ção. As pessoas cultuam cada vez

mais o prazer, bem-estar, felicidade

aparente, moda, valor estético, reco-

nhecimento e visibilidade social. Es-

ses valores foram assimilados pelos

estrategistas empresariais e transfor-

mados em poderosa ferramenta per-

suasiva, por meio das tecnologias de

marketing. Na prática, isso significa

usar apelos emocionais na propagan-

da, especialmente de forma indireta.

Está aí uma lição a ser aprendida e mul-

tiplicada pelo campo.

Artigo por Coriolano Xavier e José luiz Tejon *

*coriolano Xavier (à direita) é coordenador adjunto do Núcleo de Agronegócio da ESPM e professor da FGV-Pec; José Luiz Tejon é responsável pelo núcleo de agronegócios na pós-graduação da ESPM, especialista em agronegócio por Harvard e professor da FGV. Em conjunto, eles publicaram, em 2009, o livro “Marketing & Agronegócio: A nova gestão – diálogo com a sociedade” (Editora Pearson Education).

>

como o mArketing pode AjudAr A expAndir

AindA mAis o setor rurAl no brAsil

>

Page 27: Mundo Cana 2 Apr'10

*Conforme recomendação técnica Arysta LifeScience.

mud

bum

.com

.br

Page 28: Mundo Cana 2 Apr'10