Museu do Marcapasso do DECA ganha sede fixa no Instituto ... · reprogramação da gestão...

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Ano 2014, Dezembro, nº 3 Informativo do Departamento de Estimulação Cardíaca Artificial Dia do Portador de Marcapasso leva informação e serviço para mais de 27 mil pessoas e entra para a história da entidade CBHPM 2014: AMB anuncia novos procedimentos na área de estimulação cardíaca Artigos científicos discutem a “Estimulação Ventricular Direita Septal Alta” e o “Choque de DEA no portador de marcapasso” Pág. 6 Pág. 12 Págs. 9 e 10 Museu do Marcapasso do DECA ganha sede fixa no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC)

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Ano 2014, Dezembro, nº 3 Informativo do Departamento de Estimulação Cardíaca Artificial

Dia do Portador de Marcapasso leva

informação e serviço para mais de 27 mil pessoas e

entra para a história da entidade

CBHPM 2014: AMB anuncia novos

procedimentos na área de estimulação cardíaca

Artigos científicos discutem a “Estimulação Ventricular Direita Septal

Alta” e o “Choque de DEA no portador de

marcapasso”Pág. 6 Pág. 12 Págs. 9 e 10

Museu do Marcapasso do DECA ganha sede fixa no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC)

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Expediente

Departamento de Estimulação Cardíaca - DECA

Gestão 2014

PresidenteCláudio José Fuganti

Vice-PresidenteLuiz Paulo Rangel Gomes da Silva

SecretáriaCecília Monteiro Boya Barcellos

Diretor FinanceiroAntonio Malan Cavalcanti Lima

Diretor AdministrativoÁlvaro Roberto Barros Costa

Diretor CientíficoAntônio Vítor Moraes Júnior

Diretora de ComunicaçãoStela Maria Vitorino Sampaio

Diretor de Defesa ProfissionalEmanoel Gledeston Dantas Licarião

Diretor de EventosGiancarlo Grossi Mota

Diretor de MemóriasGenildo Ferreira Nunes

Diretor de RegistrosSilas dos Santos Galvão Filho

Diretor de Relação InstitucionalEduardo Rodrigues Bento Costa

Diretor da RElAMPACelso Salgado de Melo

Conselho Deliberativo Wilson Lopes Pereira

Antonio Carlos Assumpção (Caio)Antônio Macedo do Nascimento Junior

Cândido Rodrigues Martins GomesJosé Carlos Pachón Mateos

Comunicação:Débora Valejo

Assessoria de Imprensa:DOC PRESS

Diagramação:Rudolf Serviços Gráficos

Impressão:Graftipo

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Editorial

Caros leitores

É com muita satisfação que estamos terminando mais um ano de trabalho e, certamente, nossa diretoria não mediu esforços para cumprir as metas e realizar as ações que tinham como objetivo o fortalecimento do nosso departamento.

Nessa edição mostraremos o grande impacto que o Dia do Portador de Marcapasso causou na mídia. A mobilização ocor-reu em 39 cidades. As principais emissoras de TV, rádio, jornais locais e sites do Brasil deram amplo espaço para a ação do DECA. O dia 23 de setembro de 2014 entrou para a história do DECA/SBCCV como a maior ação da entidade em prol da população.

Na área da educação médica continuada, foi à vez das cida-des de Salvador, Bahia, Belo Horizonte, capital mineira, e São José dos Campos, no interior de São Paulo, receberem, em ou-tubro e novembro, o PRONE (Programa Nacional de Ensino), levando conhecimento em estimulação cardíaca para clínicos, cardiologistas, residentes e estudantes de medicina dessas lo-calidades. Parabenizamos os coordenadores locais pelo grande sucesso desses eventos.

Na esquina científica, convidamos o Dr. André Queiroga, o Dr. Carlos Assumpção e a Dr. Stela Sampaio para abordarem temas importantes e atualizados na área da estimulação cardíaca.

Enfim, temos a imensa alegria de comunicar que o Museu do Marcapasso do DECA está de casa nova. O maior acervo sobre estimulação cardíaca artificial do mundo, com mais de 500 peças, ficará hospedado no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia.

Boa Leitura.

Genildo Ferreira Nunes

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ÍndicePalavra do Presidente

Caros colegas,Estamos realizando a última edição do nosso Jornal em 2014. Foi um

ano de grandes realizações, o segundo de um projeto de três anos de gestão, iniciado na presidência do Dr. Luiz Paulo Rangel em 2013 e con-tinuado em nosso mandato em 2014-2015.

Conseguimos cumprir toda a agenda programada em 2013, com a reprogramação da gestão administrativa do Departamento, reorganiza-ção da Relampa, trazendo toda sua edição para dentro da nossa sede. O Diretor da Relampa, Dr. Celso Salgado de Mello, tem realizado um excelente trabalho, trazendo significativa melhora no número e qualida-de das publicações. Além disso, estamos fazendo um grande projeto de atualização dos dados do RBM até 2015.

Em 2014, cumprimos também toda agenda do PRONE e Simpósio Internacional de Estimulação Cardíaca. Implantamos o projeto inédito “DIA DO PORTADOR DE MARCAPASSO”, com enorme repercussão nas mídias locais e nacional.

Com grande alegria e orgulho, inauguramos a sede do Museu do Mar-capasso no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDCP), graças ao inestimável esforço, dedicação e persistência da Dra. Amanda Guerra de Moraes Rego Souza, diretora geral do IDCP e ao incansável trabalho do Dr. Celso Salgado de Melo, o grande idealizador e responsável pela busca das mais de 500 peças que constituem o maior acervo sobre a história da estimulação cardíaca no Brasil.

Comunicamos que a AMB confirmou a publicação de novos proce-dimentos na CBHPM 2014 relacionados à ECA, um trabalho conjunto com o DECA/SBCCV. Nossa agenda em 2015 será a validação dos pro-cedimentos no Rol da ANS.

A parte negativa do ano foi a relação extremamente conflituosa com a SOBRAC, que teve início em fevereiro de 2014 com a solicitação da extin-ção do Grupo de Estudos em ECA, criado pelo DECA na SBC em 2013, e que culminou com a publicação no site da SOBRAC da prova de pro-ficiência em Estimulação Cardíaca Artificial, prontamente retirada do site após nossos protestos. Vivenciamos também a completa exclusão do DECA da programação de estimulação cardíaca artificial (ECA) e da presença no Congresso Brasileiro de Arritmias Cardíacas de 2014, rompendo unilateral-mente acordo de 12 anos entre as duas sociedades. Tudo isso foi amplamen-te discutido na assembleia da SOBRAC no CBAC no Rio de Janeiro.

Sentindo-se agredido, desrespeitado e tendo a responsabilidade de representar, normatizar e defender a ECA brasileira há mais de 30 anos, o DECA foi obrigado a recorrer as vias judiciais para garantir e resguar-dar o direito legítimo de cerca de 800 afiliados, cardiologistas e cirur­giões cardíacos que efetivamente exercem a ECA no Brasil.

Esperamos que o alvorecer de 2015 traga de volta o diálogo de bom senso entre as duas sociedades, para que possamos caminhar realmente para a tão esperada união das sociedades desde que as competências de cada uma, eletrofisiologia clínica e estimulação cardíaca, sejam reconhe-cidas e respeitadas mutuamente.

Terminamos 2014 com a sensação do dever cumprido, tendo uma atuação firme na defesa dos interesses e na garantia de direitos sobre a ECA nacional, para todos nossos afiliados.

Um Natal repleto de muita paz e alegria, não esquecendo do verda-deiro significado dessa data, onde o nascimento de Jesus vem renovar todas as nossas esperanças.

Um Ano Novo com grandes conquistas e realizações!!!

Cláudio Fuganti

O Museu do Marcapasso do DECA está de casa nova 4

Lançamento do Tratado de Estimulação Cardíaca no Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo 5

Dia do Portador de Marcapasso acontece simultaneamente em 39 cidades brasileiras 6

Na mídia: Dia do Portador de Marcapasso foi destaque em mais de 100 veículos de comunicação, entre TVs, rádios, jornais locais e sites 8

Estimulação Ventricular Direita Septal Alta: Devemos Esquecer Esta Ideia? 9

É seguro um portador de marcapasso receber um choque de DEA? 10

DECA realiza PRONEs em Salvador (BA), Belo Horizonte (MG) e São José dos Campos (SP) 12

Resolução Normativa da CBHPM 2014 contempla novos procedimentos na área de estimulação cardíaca 12

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Capa

O maior acervo sobre estimulação cardíaca artificial do mundo – com mais de 500 peças – ficará hospedado, a partir de agora, no Instituto Dante Pazzanese de Car-diologia (IDPC). No último dia 27 de novembro, foi inau-gurada a sede fixa do Museu do Marcapasso do DECA. A cerimônia contou com a presença da diretora do IDPC, Amanda Guerra, do presidente do DECA, Dr. Claudio Fuganti e do idealizador e curador do museu Dr. Celso Salgado de Melo, entre outros membros da diretoria da entidade. A inauguração do museu, que fica ao lado do Auditório Décio Silvestre Kormann, no andar da direto-ria, coincidiu com o encerramento do Jubileu de Diaman-te do Instituto.

O Museu do Marcapasso do DECA está de casa nova

“O convite da diretora do Dante, Amanda Guerra de Moraes Rego Souza, coroou os es-forços de Celso Salgado de Melo, e de todas as diretorias recentes do Departamento que vinham incansavelmente procurando um lo-cal adequado para o nosso brilhante museu. Isso é mais uma prova de que, quando luta-mos as brigas justas, os resultados positivos podem demorar, mas sempre aparecem”, comemorou Cláudio Fuganti.

E não é por acaso que a casa própria do Museu seja no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. “A principal ajuda para reunir as peças foi do Departa-mento de Estimulação Cardíaca Artificial do Dante, do acervo de Décio Kormann, e de colegas de várias regiões do Brasil, que enviaram marcapassos e outros equipamen-tos”, ressalta Celso Salgado de Melo.

O Museu reúne geradores de marcapassos antigos, cabos­eletrodos, cartazes, fitas cassete, fitas de vídeo, fo-tografias, programadores antigos, livros, folders, filmes V8 e peças originais fabricadas artesanalmente na antiga ofi-cina do Instituto de Cardiologia do Estado de São Paulo. “No final de 1974, comecei a colecionar geradores de marcapasso com desgastes, que eram substituídos duran-te as cirurgias de pacientes em Uberaba. Em um ano, já

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Capa

tinha conseguido um grande número de peças”, lembra o criador do museu.

O acervo também tem peças internacionais. “Nesses anos de história, mantivemos muitos intercâmbios, princi-palmente com Seymour Furman, responsável pelo museu da Heart Rhythm Society, presente em vários congressos americanos. Muitas peças repetidas foram trocados com

eles. Enviamos também várias peças para o museu da Bakken Society and Library, de Minneapolis (EUA)”, lembra Celso Salgado de Melo.

No site do Museu (http://www.deca.org.br/museu/), en contram-se todas as peças fotografadas e catalogadas, que pode ser acessadas por todos que desejam conhecer a fantástica história da estimulação cardíaca artificial.

A 5ª edição do Tratado de estimulação cardíaca artificial acaba de ser lançada no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Ampliada e atualizada, a obra reúne todas as informações para aqueles que desejam conhecer o funcionamento dos dispositivos cardíacos eletrônicos implantáveis.

Editada por Celso Salgado de Melo, diretor do DECA, Tratado de estimulação cardíaca artificial possui 62 capítulos escritos por renomados especialistas da área com o objetivo de apresentar todas as informações a respeito dos dispositivos e seus avanços tecnológicos como por exemplo: complexo estimulante do coração; bradiarritmias; conceitos básicos na estimulação cardíaca; cabos-eletrodos; indicações para o implante de marcapasso definitivo; marcapasso como opção terapêutica para o tratamento da insuficiência cardíaca; síndrome do QRS largo e síndrome ventricular do marcapasso: uma nova fase na estimulação cardíaca artificial; evidências atuais para a indicação de cardiodesfibriladores implantáveis; e arritmias na estimulação cardíaca artificial.

Lançamento do Tratado de Estimulação Cardíaca no Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo

Dr. Celso Salgado de Melo

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Aconteceu

Uma mobilização sem precedentes. O dia 23 de se-tembro de 2014 entrou para a história do DECA/SBCCV como a maior ação da entidade em prol da população. Profissionais de 39 cidades se engajaram para levar infor-mação e serviço para mais de 27 mil pessoas, de norte a sul do país.

Dia do Portador de Marcapasso acontece simultaneamente em 39 cidades brasileiras

Para o presidente do DECA, Dr. Cláudio Fuganti, o envol-vimento e dedicação dos coordenadores locais foram fun-damentais para o sucesso da campanha, pioneira no Brasil.

As ações foram variadas e aconteceram em parques, hospitais, entidades médicas, shoppings, universidades, cen tros médicos, terminais de ônibus, postos de saúde,

Araçatuba (SP)

Belo Horizonte (MG)

Brasília (DF)

Belém (PA)

Boa Vista (RR)

Campo Grande (MS)

Natal (RN)

Ribeirão Preto (SP)

Santos (SP)

Palmas (TO) Recife (PE)Alagoas (Al)

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Aconteceu

entre outros. Além da distribuição de cartilhas, houve também avaliação gratuita dos dispositivos eletrônicos implantáveis cardíacos, exposição de aparelhos, exibição de vídeos informativos, palestras, realização de eletrocar-diograma, serviços como aferição de pressão, avaliação de glicemia e orientação de reanimação em caso de para-da cardiorrespiratória; com a presença de cardiologistas estimulistas, fisioterapeutas e profissionais diretamente ligados ao implante de marcapassos.

Algumas cidades realizaram ações simultâneas em locais variados, como São Paulo (4 hospitais e uma praça), Rio de Janeiro (3 hospitais) e Maceió (4 hospitais).

O Dia do Portador de Marcapasso também teve o objetivo de alertar a opinião pública sobre a necessida-de de melhorar o acesso dos pacientes que precisam desses dispositivos e ao profissional médico, principal-mente no Sistema Único de Saúde, uma vez que atu-almente muitas pessoas morrem na fila de espera por um implante.

“Ano que vem pretendemos ampliar a ação e pres-tar serviço para um número ainda maior de pessoas. É preciso alertar a opinião pública sobre a necessidade de melhorar o acesso dos pacientes ao profissional médico”, conclui Cláudio Fuganti.

Curitiba (PR)

Goiânia (GO)

Hospital São luiz do Jabaquara - São Paulo (SP)

Fortaleza (CE)

Franca (SP)

Itajuba (MG)

Juiz de Fora (MG)

londrina (PR)

Marília (SP)

São José dos Campos (SP)

Uberaba (MG)

Salvador (BA)

Santa Casa - São Paulo (SP)

São Paulo (SP)

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Aconteceu

As principais emissoras de TV, rádio, jornais locais e sites do Brasil deram amplo espaço para a ação do DECA. Ao todo, foram exibidas pelo menos 34 matérias em tele-jornais nacionais e locais, que atingiram mais de 4 milhões

Na mídia: Dia do Portador de Marcapasso foi destaque em mais de 100 veículos de

comunicação, entre TVs, rádios, jornais locais e sites

de telespectadores em todo o país; mais de 20 matérias em rádios, com um público estimado de quase 1 milhão de ouvintes; e os jornais impressos publicaram mais de 55 matérias, lidas por pelo menos 2,2 milhões de leitores.

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Esquina Científica

A estimulação cardíaca permanente em ápice do ven-trículo direito pode estar correlacionada à deterioração da função sistólica de ventrículo esquerdo em longo pra-zo, com desenvolvimento de cardiomiopatia dilatada e consequente insuficiência cardíaca. A estimulação septal alta de ventrículo direito há muito é sugerida como alter-nativa mais fisiológica1, respeitando os caminhos naturais do sistema de condução intraventricular.

Para testar esta hipótese, o estudo multicêntrico PROTECT PACE2, do grupo de Gammage et al, apre-sentado no HEART RHYTHM 2014, recrutou 240 pacien-tes com bloqueio atrioventricular (BAV) de alto grau e função de ventrículo esquerdo normal, randomizando-os para estimulação septal alta de ventrículo direito versus estimulação apical de ventrículo direito. Após dois anos de acompanhamento, ambos os grupos demonstraram diminuição da fração de ejeção (FE) em relação aos va-lores de base. Contudo, não houve diferença de FE entre os dois grupos de estimulação cardíaca (eletrodo ventri-cular em septo alto versus ponta), concluindo-se que a estimulação septal alta de ventrículo direito não conferiu nenhum efeito protetor sobre função ventricular após se-guimento de dois anos. Apenas o tempo de fluoroscopia foi significativamente maior na estimulação septal alta em comparação com a estimulação apical (10.6 minutos vs 5.3 minutos, p<0,001).

Seria este o fim da estimulação septal alta? O tempo de fluoroscopia certamente não é o problema principal,

Estimulação Ventricular Direita Septal Alta: Devemos Esquecer Esta Ideia?

▸por André Queiroga - Doutor em Medicina Cardiovascular Pela Universidade de Birmingham - Reino Unido

pois tecnicamente o implante é, no máximo, marginalmen-te mais difícil que na estimulação apical alta. Além do mais, em estudos clínicos, sabe-se que nem sempre as mãos mais experientes realizam os implantes. Resta-nos apenas ponderar se esses dados permanecerão os mesmos após um período maior de acompanhamento ou se houve al-gum erro na concepção e desenho do estudo. Será que ficaremos com o mesmo dissabor dos resultados do UK PACE3, que também foi incapaz de mostrar benefícios da estimulação bicameral sobre a monocameral ventricular em pacientes com BAV avançado, acima de 70 anos de idade?

O bom senso certamente orienta-nos a implantar ele-trodos ventriculares septais altos, mas infelizmente as evi-dências ainda não consubstanciam esta prática.

Referências bibliográficas 1. Harris ZI, Gammage MD. Alternative Right Ventricular Pacing

Sites: Do We Need Them? Europace. 2000;2:93­98.2. Kaye JC, Linker NJ, Marwick T, Pouliot E and Gammage MD.

A Randomized Comparison of the Effect of Right Ventricular Apex and High Septum on Left Ventricular Sistolic Function in Patients with High Grade Atrioventriclar Block: The Results of the Protect-Pace Study. Heart Rhythm. Vol. 11, nº 5, May Supplement 2014, S18.

3. Toff WD, Camm AJ and Skehan JD, for the United Kingdom Pacing and Cardiovascular Events (UKPACE) Trial Investigators. Single­Chamber versus Dual­Chamber Pacing for High-Grade Atrioventricular Block. N Engl J Med 2005;353:145-55.

O Departamento de Estimulação Cardíaca Artificial (DECA) informa a mudança de endereço da nossa sede para

Rua Afonso Celso, 1178 – Vila Mariana, São Paulo – SP CEP: 04119-061, próximo a estação Santa Cruz do MetrôDepartamento de Estimulação

Cardíaca Artificial

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O idoso é a faixa da população que mais cresce1 e a degeneração do sistema de condução, a dislipidemia, hipertensão, diabetes e coronariopatia, contribuem para o aparecimento de substratos arritmogênicos2. A car-diopatia isquêmica é a maior causa de morte súbita3. Tanto as bradi como as taquiarritmias aumentam com a idade. A cardioversão desfibrilação transtorácica (CDT) é uma terapia eficaz para taquicardias malignas e o desenvolvi-mento dos marcapassos (MP) permitiram a recuperação de bradicardias2,4.

O número de portadores de MP, bem como a ocor-rência de paradas cardíacas extra hospitalares, vem aumentando4.

Desfibriladores cardíacos externos, capazes de inter-romper morte arrítmica não ficaram restritos a hospital. Na forma que equipamentos automáticos ou semiauto-máticos, denominados desfibriladores externos automá-ticos (DEA), passaram a equipar veículos de atendimento médico, se tornaram obrigatórios em locais de aglomera-ção populacional, como aeronaves, aeroportos, locais de espetáculos, estádios, etc e capazes de serem operados por leigos. A possibilidade aplicação de CDT em um por-tador de MP ficou muito provável.

Os DEA utilizam ondas monofásicas (Mono) e/ou bi-fásicas (Bi) de 120 a 360 Joules(J)5 e não se conhece os efeitos adversos do seu uso na clínica, particularmente em portadores de MP. Mais de 200.000/ano DEA são ven-didos nos EUA. Seu uso aumenta a sobrevivência após pa-rada cardíaca fora de hospital, reforçando a importância da compreensão do efeito sobre o limiar de estimulação ventricular (LEV) após CDT4.

Assim algumas perguntas merecem respostas: É segu-ro a CDT em portadores de MP? Qual o comportamento do LEV após uma CDT?

O aumento do LEV tem sido observado após CDT, contudo, poucos estudos avaliaram este fenômeno em relação a energia e a forma de onda.

Analisamos, em suínos submetidos a MP, o LEV após CDT de 360J, mono e Bi, comparando-se os resultados, a cada minuto, durante 10 minutos em três situações:

É seguro um portador de marcapasso receber um choque de DEA?

▸por Antonio Carlos Assumpção - Mestre, Doutor, Especialista em Estimulação Cardíaca (DECA)

sem indução de fibrilação ventricular (FV) e CDT, (Gru-po I); induzindo FV, sem intervenção por um minuto, massagem cardíaca externa por 2 minutos e CDT, (Gru-po II) e FV, sem intervenção por 2 minutos, massagem cardíaca por 4 minutos e CDT, (Grupo III). (Figura. 1). A impedância e onda R foram obtidas no inicio e final de cada experimento.

Um total de 143 experimentos foram concluídos. No final do período, os grupos I e II mostraram valores constantes LEV. O Grupo III mostrou aumento no LEV após choque Mono e Bi, sem diferença entre elas. O choque Mono foi associada a maiores valores de LEV quando o tempo de FV foi maior. (Gráfico. 1 e Gráfico. 2)

A onda R e impedância antes e depois de um choque externo não mostrou diferenças entre os grupos. A incor-poração de tecnologia como, diodo regulador de tensão6, evolução da estrutura dos e ampliação da área de contato dos eletrodos, associado ao fato da CDT não utilizar o eletrodo de comando7, indicam o motivo de não encon-trarmos alterações do LEV nos Grupos I e II.

Esquina Científica

Figura 1. A) Distribuição das ETAPAS e Grupos.

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Esquina Científica

A isquemia, explica as alterações do Grupo III, que em Mono e Bi houve um aumento gradual do LEV, pela diminuição das correntes iônicas, quando a hipóxia pro-longada passa ser o fator determinante, demonstrado por Reiter8.

Zhang, concluiu que o choque Bi foi superior na inter-rupção da FV, com menor dano miocárdico9. Tang, após FV, observou diferença desfavorável da função ventricu-lar utilizando ondas Mono10. Como todos receberam a mesma técnica anestésica e as curvas do Grupo III tem variações semelhantes, acreditamos que as diferença fo-ram devidos ao formato de onda, quando associadas à isquemia miocárdica.

Por utilizarmos um MP atual, as informações de segu-rança destes dispositivos submetidos a CDT são concretas e sugerem que considerando o LEV, a CDT em portadores de MP podem ser seguras nas seguintes situações:

• tratamento de TPSV/Fibrilação atrial/Flutter atrial (Gru po I);

• PCR em um menor intervalo, como em hospitais, clíni-cas e ambulatórios, (Grupo II);

• PCR Em atendimentos fora de hospitais, (Grupo III).

Conclusão

A CDT não tem impacto significativo sobre o LEV, neste modelo. Na Mono, houve aumento do LEV quando o período de FV foi mais longo.

Gráfico 2. Evolução dos LEV após choque Bi nos diferentes grupos, sem evidências de alterações significativas.

Gráfico 1. Evolução dos LEV após choque Mono nos dife-rentes Grupos. (*P < 0.05 e **P < 0.001 pelo teste Bon fer -roni post-hoc para comparações múltiplas).

Referências bibliográficas1. Tarlov AR. The coming influence of a social sciences perspective on

medical education. Academic medicine: journal of the Association of American Medical Colleges. 1992 Nov;67(11):724-31.

2. Duprez DA. Angina in the elderly. European heart journal. 1996 Dec;17 Suppl G:8-13.

3. Gandhi MM. Clinical epidemiology of coronary heart disease in the UK. British journal of hospital medicine. 1997 Jun 18-Jul 8;58(1):23-7.

4. Weisfeldt ML, Sitlani CM, Ornato JP, Rea T, Aufderheide TP, Davis D, et al. Survival after application of automatic external defibrillators before arrival of the emergency medical system: evaluation in the resuscitation outcomes consortium population of 21 million. Journal of the American College of Cardiology. 2010 Apr 20;55(16):1713­20. PubMed PMID: 20394876.

5. Fornazier CM, S.C.; Buss, G.; Trindade,E.; Pereira,A.A.; Barbieri,D.X.; Silva, J.E.L.; et. al. BIT ­ Boletim Informativo de Tecnovigilância. In: ANdVS A, editor. Abordagem de Vigilância Sanitária de Produtos para Saúde Comercialidados no Brasil: Desfibrilador Externo. BIT n° 1 – Jan - Fev - Mar de 2011 ed. Brasilia: Ministério da Saúde; 2011.

6. Lau FY, Bilitch M, Wintroub HJ. Protection of implanted pacemakers from excessive electrical energy of D.C. shock. The American journal of cardiology. 1969 Feb;23(2):244-9.

7. Yee R, Jones DL, Jarvis E, Donner AP, Klein GJ. Changes in pacing threshold and R wave amplitude after transvenous catheter countershock. Journal of the American College of Cardiology. 1984 Sep;4(3):543-9.

8. Reiter MJ, Lindenfeld J, Tyndal CM, Jr., Breckinridge S, Mann DE. Effects of ventricular fibrillation and defibrillation on pacing threshold in the anesthetized dog. Journal of the American College of Cardiology. 1989 Jan;13(1):180-4.

9. Zhang Y, Karlsson G, Davies LR, Coddington WJ, Kerber RE. Biphasic and monophasic transthoracic defibrillation in pigs with acute left ventricular dysfunction. Resuscitation. 2001 Jul;50(1):95-101.

10. Tang W, Weil MH, Sun S, Povoas HP, Klouche K, Kamohara T, et al. A comparison of biphasic and monophasic waveform defibrillation after prolonged ventricular fibrillation. Chest. 2001 Sep;120(3):948­54.

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PRONE

Acontece

DECA realiza PRONEs em Salvador (BA), Belo Horizonte (MG) e São José dos Campos (SP)

As cidades de Salvador, Bahia, Belo Horizonte, capital mineira, e São José dos Campos, no interior de São Paulo, receberam, em outubro e novembro,

o PRONE (Programa Nacional de Ensino), realizado pelo Departamento de Estimulação Cardíaca Artificial (DECA) para levar conhecimento para clínicos, cardiologistas, residentes e estudantes de medicina de todo o país.

A programação foi dividida em dois dias, com módulos temáticos em Síncope, Morte Súbita, Fibrilação Atrial e Insuficiência Cardíaca.

Em seis anos, mais de 2500 profissionais em 25 cidades, já participaram do Programa Nacional de Ensino do DECA, que reúne os maiores especialistas da área para apresentar o que há de mais moderno no combate às doenças.

A agenda dos PRONEs de 2015 estará disponível no site do DECA em breve..

Resolução Normativa da CBHPM 2014 contempla novos procedimentos na área de estimulação cardíaca

A Associação Médica Brasileira (AMB) acaba de incluir os procedimentos “Implante de Cardiodesfibrilador Multissítio – TRC­D (Gerador e Eletrodos)” e “Implante de Monitor de Eventos – (Looper Implantável)” na Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM).

A Resolução Normativa CNHM nº 016/2014 foi aprovada pela Câmara Técnica Permanente da CBHPM de 11/09/2014 e tem validade imediata.

“Nossa agenda em 2015 será a validação dos procedimentos no Rol da ANS, quando então haverá obrigatoriedade na cobertura desses procedimentos por parte dos Planos de Saúde Complementar. Parabéns a todos do DECA/SBCCV que há anos trabalham pela Estimulação Cardíaca no Brasil”, comemorou o presidente do DECA, Cláudio Fuganti.

Salvador (BA) Belo Horizonte (MG) São José dos Campos (SP)

Salvador – BA