NBR 14063 - 1998 - -Leos e Graxas - Tratamento Em Efluentes de Minera--o

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Copyright © 1998, ABNT–Associação Brasileira de Normas Técnicas Printed in Brazil/ Impresso no Brasil Todos os direitos reservados Sede: Rio de Janeiro Av. Treze de Maio, 13 - 28º andar CEP 20003-900 - Caixa Postal 1680 Rio de Janeiro - RJ Tel.: PABX (021) 210 -3122 Fax: (021) 240-8249/532-2143 Endereço Telegráfico: NORMATÉCNICA ABNT-Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR 14063 ABR 1998 Óleos e graxas - Processos de tratamento em efluentes de mineração Palavras-chave: Óleo e graxas. Tratamento de efluentes. Mineração. Meio ambiente 10 páginas Origem: Projeto 01:602.07-007:1997 CEET - Comissão de Estudo Especial Temporária de Meio Ambiente CE-01:602.07 - Comissão de Estudo de Poluição das Águas na Mineração NBR 14063 - Oil and grease - Processes of treatment in mining effluents Descriptors: Oil and grease. Treatment of effluents. Mining environment Válida a partir de 01.06.1998 Sumário Prefácio 1 Objetivo 2 Definições 3 Requisitos ANEXOS A Níveis de tratamento de óleos e graxas B Descrição dos níveis e técnicas do sistema de trata- mento de oleos e graxas na mineração C Seqüência de tratamento de óleos e graxas D Tratamento dos resíduos sólidos impregnados de óleos e graxas E Bibliografia Prefácio A ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas - é o Fórum Nacional de Normalização. As Normas Brasileiras, cujo conteúdo é de responsabilidade dos Comitês Bra- sileiros (CB) e dos Organismos de Normalização Setorial (ONS), são elaboradas por Comissões de Estudo (CE), formadas por representantes dos setores envolvidos, delas fazendo parte: produtores, consumidores e neutros (universidades, laboratórios e outros). Os Projetos de Norma Brasileira, elaborados no âmbito dos CB e ONS, circulam para Votação Nacional entre os associados da ABNT e demais interessados. Os anexos A, B, C, D e E desta Norma são de caráter in- formativo. 1 Objetivo Esta Norma caracteriza processos de remoção de óleos e graxas, de origem mineral, visando fornecer subsídios à elaboração de projetos de tratamento de efluentes de mineração, atendendo aos padrões legais vigentes (máximo de 20 mg/L), às condições de saúde ocupacional e segurança, operacionalidade, economicidade, aban- dono e minimização dos impactos ao meio ambiente. 2 Definições Para os efeitos desta Norma, aplicam-se as seguintes definições. 2.1 afluente do sistema de tratamento: Fração líquida, sólida e gasosa que entra em um sistema. 2.2 dispersões mecânicas: Distribuições de pequenas gotículas de óleo, cujo diâmetro pode variar desde micras até frações do milímetro, e que apresentam estabilidade devido a forças de interações elétricas e forças outras que as devidas à presença de materiais que modificam a tensão superficial. 2.3 efluente do sistema de tratamento: Fração líquida, sólida e gasosa emergente do sistema. 2.4 emulsão: Mistura líquida heterogênea de duas ou mais fases, normalmente não miscíveis entre si, mas mantidas em suspensão uma na outra, por forte agitação ou por emulsionantes que modificam a tensão superficial.

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ABNT-AssociaçãoBrasileira deNormas Técnicas

NBR 14063ABR 1998

Óleos e graxas - Processos detratamento em efluentes de mineração

Palavras-chave: Óleo e graxas. Tratamento de efluentes.Mineração. Meio ambiente

10 páginas

Origem: Projeto 01:602.07-007:1997CEET - Comissão de Estudo Especial Temporária de Meio AmbienteCE-01:602.07 - Comissão de Estudo de Poluição das Águas na MineraçãoNBR 14063 - Oil and grease - Processes of treatment in mining effluentsDescriptors: Oil and grease. Treatment of effluents. Mining environmentVálida a partir de 01.06.1998

SumárioPrefácio1 Objetivo2 Definições3 RequisitosANEXOSA Níveis de tratamento de óleos e graxasB Descrição dos níveis e técnicas do sistema de trata- mento de oleos e graxas na mineraçãoC Seqüência de tratamento de óleos e graxasD Tratamento dos resíduos sólidos impregnados de óleos

e graxasE Bibliografia

Prefácio

A ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas - é oFórum Nacional de Normalização. As Normas Brasileiras,cujo conteúdo é de responsabilidade dos Comitês Bra-sileiros (CB) e dos Organismos de Normalização Setorial(ONS), são elaboradas por Comissões de Estudo (CE),formadas por representantes dos setores envolvidos,delas fazendo parte: produtores, consumidores e neutros(universidades, laboratórios e outros).

Os Projetos de Norma Brasileira, elaborados no âmbitodos CB e ONS, circulam para Votação Nacional entre osassociados da ABNT e demais interessados.

Os anexos A, B, C, D e E desta Norma são de caráter in-formativo.

1 Objetivo

Esta Norma caracteriza processos de remoção de óleose graxas, de origem mineral, visando fornecer subsídiosà elaboração de projetos de tratamento de efluentes demineração, atendendo aos padrões legais vigentes(máximo de 20 mg/L), às condições de saúde ocupacionale segurança, operacionalidade, economicidade, aban-dono e minimização dos impactos ao meio ambiente.

2 Definições

Para os efeitos desta Norma, aplicam-se as seguintesdefinições.

2.1 afluente do sistema de tratamento: Fração líquida,sólida e gasosa que entra em um sistema.

2.2 dispersões mecânicas: Distribuições de pequenasgotículas de óleo, cujo diâmetro pode variar desde micrasaté frações do milímetro, e que apresentam estabilidadedevido a forças de interações elétricas e forças outrasque as devidas à presença de materiais que modificam atensão superficial.

2.3 efluente do sistema de tratamento: Fração líquida,sólida e gasosa emergente do sistema.

2.4 emulsão: Mistura líquida heterogênea de duas oumais fases, normalmente não miscíveis entre si, masmantidas em suspensão uma na outra, por forte agitaçãoou por emulsionantes que modificam a tensão superficial.

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2.5 emulsões estabilizadas quimicamente: Distribui-ções de gotículas de óleo, semelhantemente às disper-sões mecânicas, mas que apresentam uma estabilidadeadicional devido às interações químicas, tipicamentecausadas por agentes que modificam a tensão superficial,presentes na interface óleo/água.

2.6 flotação: Arraste da matéria em suspensão no meiolíquido até a superfície do mesmo.

2.7 óleos e graxas: Grupos de substâncias, de origemmineral, que incluem gorduras, graxas, ácidos, graxas li-vres, óleos minerais e outros materiais graxos, deter-minados em ensaios padronizados.

2.8 óleo dissolvido: Gotículas de óleo verdadeiramentedissolvidas na água do ponto de vista químico, mais asgotículas dispersas de óleo (geralmente menores que5 µ), de tal modo que a remoção pelos processos físicosnormais (tais como filtração, coalescência, repouso gra-vimétrico) é impossível.

2.9 óleo livre: Óleo com tamanho de gotículas na faixade 10 µ a 2 000 µ, que ascende rapidamente à superfícieda água, passado um pequeno tempo de repouso.

2.10 óleo emulsionado: Mistura de óleo e água, com ta-manho de gotículas menor ou igual a 10 µ, cuja separaçãonão se faz facilmente e é ajudada por processos químicose filtros de coalescência.

2.11 sedimentação: Processo de deposição, por gra-vidade, dos sólidos suspensos nas águas residuárias. Éobtido, normalmente, pela redução da velocidade dolíquido, abaixo do ponto a partir do qual pode transportaro material suspenso.

2.12 separação de óleos e graxas: Retirada de óleos egraxas da superfície das águas residuárias por processosfísicos e químicos.

2.13 separador API: Tanque separador de óleo mineral,tipo “American Petroleum Institute”, projetado de tal formaque o material flutuante (de baixa densidade) ascenda epermaneça na superfície para ser removido.

2.14 sistema de tratamento: Conjunto de estruturas,dispositivos, instalações, equipamentos e aparelhos di-versos, de maior ou menor complexidade, para tratamentode águas contendo óleos e graxas.

2.15 virtualmente ausente: Geralmente se refere a limitede concentração de óleos e graxas menor que 1 mg/L.Entretanto, cabe ao órgão competente, quando ne-cessário, quantificá-los para cada caso.

3 Requisitos

3.1 Condições gerais

Óleos e graxas lançados no meio ambiente podemapresentar odor questionável e aparência indesejável, operigo em potencial de se queimar na superfície dos eflu-entes e com isto causar acidentes, além de consumir ooxigênio necessário a muitas formas de vida na água,caso o efluente seja lançado em cursos d’água. Óleos egraxas, normalmente, contêm compostos metálicos solú-veis e insolúveis. Esta Norma não trata das respectivasextrações destes compostos.

3.2 Condições específicas

Esta seção trata das recomendações e condicionantesespecíficos de caráter orientativo, visando atender aosobjetivos desta Norma.

Na elaboração e implantação do projeto de remoção deóleos e graxas, devem ser atendidos os padrões esta-belecidos na legislação ambiental para lançamento deefluentes e de qualidade de água. Devem ser observadosos seguintes condicionantes:

a) controle dos produtos químicos empregados nalavagem e limpeza de equipamentos e máquinascontaminados com óleos e graxas, tais como osdetergentes, desingraxantes e surfatantes biodegra-dáveis. Deve-se exigir do fornecedor um certifica-do de qualidade comprovado do produto, incluin-do a listagem dos componentes químicos dosmesmos e parâmetros técnicos necessários paraarmazenamento e descarte final, que devem sercompatíveis com os critérios de não agressividade àsaúde humana e meio ambiente;

b) uso de um pré-sedimentador como parte do sis-tema de tratamento para a redução dos sólidossedimentáveis;

c) desvio de águas pluviais para fora do sistema detratamento de óleos e graxas;

d) o sistema de tratamento de óleos e graxas deveser, preferencialmente, coberto;

e) é importante que o esgotamento do afluente nãosofra movimento brusco e que seja garantidomovimento laminar;

f) o movimento turbulento deve ser evitado, tais comoos causados por bombas e desníveis;

g) o sistema de tratamento deve ser monitorado;

h) recomenda-se a implantação da pré-lavagem comtratamento primário do efluente, em separado dasdemais unidades geradoras de óleos e graxas, taiscomo as oficinas e postos de abastecimento;

i) o óleo usado contém compostos contendo metaissolúveis e insolúveis e para se atender a padrõesambientais internacionais vigentes, tais como RCRA(Resource Conservation and Recovery Act) do EPA(Environmental Protection Agency), recomenda-sea desmetalização do mesmo, antes de reciclá-lo.

3.3 Dificuldades metodológicas

A principal dificuldade em estabelecer orientações paraprojetos de norma em óleos e graxas reside na com-plexidade química e interações mecânicas da água esubstâncias contendo óleos e graxas. As cinco categoriasabaixo descrevem os diferentes modos nos quais óleose graxas podem existir na água: óleo livre, dispersõesmecânicas, emulsões estabilizadas quimicamente, óleodissolvido e o óleo que adere à superfície de partículassólidas e que é referido nesta Norma como “material sólidoencharcado de óleo”.

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O grau de dificuldade de um problema de separação óleo/água é, então, uma função da distribuição granulométricado óleo (distinguindo-se óleo livre de dispersões de óleo),da presença de agentes surfatantes, de óleos dissolvidose sólidos encharcados de óleo. A maior parte dos pro-blemas envolve mais a parte química diferenciada doóleo, e eles têm uma gama de diferentes efeitos no trata-mento necessário.

3.4 Sistemas de tratamento de efluentes contendoóleos e graxas

Os sistemas de tratamento de efluentes contendo óleos egraxas podem envolver vários níveis de tratamento. Nonível primário, um tratamento inicial é usado para separaro óleo livre do óleo disperso, emulsificado e frações solú-veis. É também usado para remover os sólidos enchar-cados de óleos/graxas.

Os processos comuns de separação utilizam as técnicasde sedimentação, flotação e técnicas relacionadas coma centrifugação.

No nível secundário de tratamento são usadas técnicasque visam a quebra das emulsões óleo/água e tambémpara remover o óleo disperso. As técnicas mais comunsempregadas no nível secundário consistem no tratamentoquímico e na coalescência.

Existe um nível terciário de tratamento, que consiste naremoção de frações de óleo finamente dispersas e solú-veis. O tratamento terciário inclui a ultrafiltração e o trata-mento biológico.

A tabela A.1 do anexo A apresenta os níveis de tratamentomais utilizados na prática corrente, as técnicas envolvidaspor nível de tratamento, bem como uma descrição sucintada faixa de aplicabilidade das respectivas técnicas pornível de tratamento.

O anexo B apresenta uma descrição pormenorizada dosníveis e técnicas comumente usados no sistema de trata-mento dos óleos e graxas na mineração. O anexo Capresenta sugestão de seqüência de tratamento de óleose graxas na mineração, objetivando-se a obtenção deum efluente final com concentração de óleos e graxasmenores que 20 mg/L.

O anexo D apresenta técnicas de tratamento dos resíduossólidos impregnados de óleos e graxas.

O anexo E apresenta a bibliografia sugerida a ser con-sultada ao longo do emprego desta Norma.

/ANEXO A

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Anexo A (informativo)Níveis de tratamento de óleos e graxas

Tabela A.1 - Níveis de tratamento, técnicas e descrição dos sistemas de tratamento de óleos/graxasna mineração

Níveis de Técnicas Concentração Tratamento esperada Descrição

(mg/L)

Primário Sedimentação 20-100 Separa óleo livre do óleo ·Flotação 1-20 disperso e/ou emulsionadoCentrifugação 50-70

Secundário Métodos químicos 1-50 Quebra as emulsões e removeCoalescência 1-30 o óleo disperso

Terciário Ultrafiltração 1-20 Remove frações finamenteTratamento 1-20 dispersas e o óleo solúvelbiológico

/ANEXO B

A.1 A tabela A.1 apresenta uma síntese dos diferentestipos de tratamento, técnicas e descrição dos sistemasde tratamento de óleos e graxas na mineração.

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Anexo B (informativo)Descrição dos níveis e técnicas do sistema de tratamento de óleos e graxas na mineração

B.1.2 Critérios dos separadores API

De modo geral, os critérios de projeto do separador APIdevem ser condicionados à:

a) velocidade horizontal através do separador deveser maior que 15 vezes a velocidade de ascensãodo glóbulo de óleo crítico, com limite superior de1 m/min;

b) profundidade de fluxo no separador deve estardentro dos limites de 1 m a 2,5 m. A largura do separa-dor deve estar compreendida entre 2 m e 6 m;

c) razão profundidade-largura deve estar dentro dafaixa de 0,3 e 0,5.

Os separadores CPI (corrogated plate interceptor) e PPI(parallel plate interceptor) também se baseiam no princí-pio da sedimentação.

Controle cuidadoso de fluxo para estes separadores podepermitir a separação de gotículas de óleo mais finas doque aquelas do óleo livre. Literatura disponível no assuntoreporta que separadores de gravidade são eficientes naremoção de óleos/graxas em efluentes, com uma médiado efluente final de 20 mg/L a 100 mg/L.

B.1.3 Equipamentos de flotação de ar

Os equipamentos de flotação de ar utilizam o conceito deseparação por gravidade, mas tendem a ser mais efi-cientes que os equipamentos que usam o princípio dasedimentação (separadores do tipo API) na remoção deóleo disperso, uma vez que a capacidade de flutuação éaumentada pela anexação de pequenas bolhas de ar àlenta ascensão dos glóbulos de óleo. Agentes coagu-lantes são comumente usados para promover a aglo-meração de matéria contendo óleo em flocos maiores,que possam ser removidos facilmente. Em suma, os equi-pamentos de flotação são precedidos de técnicas deseparação por gravidade já descritas acima e queremovem a maior parte do óleo livre e as partículas sólidasencharcadas de óleo, que sedimentaram no fundo do se-parador. Isto reduz despesas com o volume de arnecessário e também com floculantes químicos usadospara promover a aglomeração de matéria contendo óleo,em flocos maiores. No método, comercialmente maisusado, de se produzir bolhas, o ar é dissolvido no tanqueseparador à pressão de 2-4 atmosferas.

Dentro do tanque separador há um escape de pressão,resultando na formação de uma grande quantidade debolhas de ar, que vão arrastar as partículas de óleo e ma-téria em suspensão para a superfície, de onde são retira-das. Empregado junto com a floculação química, acelerao tratamento e melhora a aparência dos efluentes.

O equipamento de flotação de ar é efetivo, segundo dadosque a literatura disponível reporta, na produção de umefluente com 1 mg/L - 20 mg/L de óleo.

B.1 Tratamento primário (separação por gravidade)

B.1.1 Separadores do tipo API

Separadores por gravidade baseados no princípio desedimentação formam o tratamento mais utilizado. Baseia-se no princípio da diferença de gravidade específica entrea água e as gotículas imiscíveis de óleo e este princípio éusado para conduzir o óleo livre para a superfície daágua, onde então é removido. O separador API (AmericanPetroleum Institute) foi especificado segundo critériosbaseados na remoção de glóbulos de óleo maiores que150 µ (0,015 cm) em diâmetro. Parte do óleo (apenas afração correspondente ao óleo livre) se acumula na su-perfície da lâmina líquida por possuir gravidade específicamenor que a da água, mas o óleo emulsionado e pe-quenas partículas de óleo com diâmetro inferior a 150 µnão são separados. Os sólidos encharcados com o óleodevem sedimentar no fundo do separador.

A ascensão destes glóbulos se faz segundo a Lei deStokes:

( )νµ

ρ ρ =

-

g D18

2

w o

onde:

ν é a velocidade de ascensão;

g é a aceleração da gravidade;

D é o diâmetro do glóbulo de óleo;

wρ é a massa específica da água;

oρ é a massa específica do óleo;

µ é a viscosidade do fluido.

A eficiência de um separador de gravidade dependefortemente de um projeto hidráulico eficiente e do tempode residência para uma dada velocidade de ascensão eda geometria do sistema. Longos tempos de residênciaaumentam a eficiência do sistema de tratamento. Esteefeito é mostrado na figura B.1.

A remoção total de óleo dos afluentes jamais pode serobtida apenas por meio de separadores de gravidade.As partículas menores de óleo permanecem na água eos resíduos sólidos muito finos contaminados de óleodevem ter densidade próxima à da água e devem passarpelos separadores.

É importante que o esgotamento do afluente tenha fluxolaminar, evitando-se o movimento turbulento e a presençade agentes emulsificantes.

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B.1.4 Separadores centrifugadores

Os separadores centrifugadores também usam davantagem da diferença de gravidade específica entre óleoe água. Nesta técnica, a fase aquosa mais densa é mo-vida para a região mais externa do fluido em rotação. Osmateriais oleosos mais leves, próximos ao vortex, sãosubseqüentemente removidos. Se se deseja removeremulsões, a geometria do sistema de tratamento requermecanismos de coleta, a serem projetados, para removeruma pequena coluna de óleo na linha central. Para setirar maior partido das forças centrífugas, o benefício má-ximo deste equipamento se localiza nas regiões mais ex-ternas. Por esta razão, este equipamento tem uso limitadona remoção de emulsões de óleo em água. Entretanto, ébastante usado no tratamento de emulsões de água emóleo.

Os centrifugadores são bastante efetivos na remoção desólidos encharcados de óleo. A qualidade do efluentetem sido reportada na média de 50 mg/L até 70 mg/L deóleos e graxas.

B.2 Tratamento secundário (desemulsificação)

B.2.1 Processos químicos

Uma grande variedade de diferentes processos é usadapara quebrar as emulsões água-óleo. Estes processosincluem métodos físicos, químicos e elétricos. Os métodosquímicos são, de longe, os mais usados. Os processosquímicos de desemulsificação incluem, entre outros, ouso de processos de acidificação e coagulação. Oprocesso de acidificação é mais efetivo que o de coa-gulação, entretanto é muito mais caro e o efluente finaldeve ser neutralizado após a separação. A coagulaçãofeita com sais de alumínio e ou ferro é geralmente maisefetiva. Os coagulantes reagem como mostrado abaixo:

Fe2 (SO4)3 + 6 H2O ⇒ 2Fe(OH)3 + 3 H2SO4 (1)

Al2 (SO4)3 + 6 H2O ⇒ 2Al(OH)3 + 3 H2SO4 (2)

Dependendo do tipo de óleo, contéudo de substânciassurfactantes, etc., a qualidade do efluente final apresentacerca de 1 mg/L - 50 mg/L de óleo.

B.2.2 Meios coalescentes

O uso de meios coalescentes varia dependendo domaterial usado e do tamanho efetivo do poro. Exemplosde meios coalescentes são materiais fibrosos tais comonáilon ou propileno, os quais são dispostos de tal maneiraa formar cartucho rígido. A firmeza do envelopamento e odiâmetro da fibra controla a porosidade efetiva destes

equipamentos. Outros meios coalescentes incorporam ouso de tecidos firmes, de folhas de fibras de vidro firme-mente colocadas, placas de amianto (colocadas hori-zontal ou verticalmente), turfa e geotêxtil. Desde que osmeios coalescentes tendem a se colmatar com os mate-riais particulados, materiais mais baratos do tipo papéisem forma de pregas são usados como meio coalescenteou filtrante. Mais recentemente, espumas reticuladas depoliuretano têm sido usadas como meio coaslescente.Estas espumas são sorventes naturais, leves em peso erelativamente baratas, e podem ser moldadas de maneiraa controlar efetiva e rapidamente o tamanho do poro.Alguns separadores incorporam dispositivos de retro-lavagem, possibilitando assim a remoção dos sólidos,que colmataram e qualquer outro agente surfactante ade-rente ao meio coalescente. Para isto são prescritos vapor,água quente e/ou solventes.

A geometria e a orientação dos elementos coalescentesvariam de um projeto para outro.

B.3 Tratamento terciário

B.3.1 Biotecnologia

O tratamento de óleos dissolvidos e emulsões estabili-zadas, que não podem ser desestabilizadas por aditivosquímicos, apresentam um problema sério.

O tratamento biológico com micróbios é geralmentebastante efetivo na degradação deste material. Entretanto,os sistemas só são efetivos se um pré-tratamento e umaalta taxa de diluição forem empregados.

Altas taxas de óleo são problemáticas do ponto de vistado emprego da biotecnologia, pois os microorganismosabsorvem óleo em uma taxa maior que o metabolizam.

Efluentes tratados biologicamente contêm menos de10 mg/L de óleos e graxas.

B.3.2 Ultrafiltração

É baseada na separação por ação de uma membrana depolímero (funciona como peneira) controlando o fluxo demoléculas maiores que os poros da membrana. Aplica-se pressão para aumentar o fluxo do líquido através damembrana. As membranas tendem à colmatação devidoa presença de partículas suspensas e o fluxo tende, comisto, a diminuir.

A colmatação pode ser eliminada por retrolavagem oupor lavagem com detergentes. Este tratamento pode serutilizado para produzir um efluente essencialmente livrede óleos/graxas.

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Temperatura média de 30o

Conteúdo inicial de óleo de 45 ± 4mg/l

0

10

20

30

40

50

60

70

800 40 80 120 160 200

Tempo de Residência

Rem

oçã

o d

e Ó

leo

(%

)

rTempo de residência

Temperatura média de 30°Conteúdo inicial de óleo de 45 ± 4 mg/L

Figura B.1 - Efeito do tempo de residência na remoção do óleo nos separadores gravitacionais (Cheremisinoff,Trattner and Tabakin, 1989)

Rem

oção

de

óleo

(%

)

/ANEXO C

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8 NBR 14063:1998

....................................................................................................................

...............................................................

Óleo livre Sólidos + óleo Água + óleo Sólidos em suspensão

Óleo livre

(i) Reuso emindústriascerâmicas(ii) Refino

(i) Biorremediação(ii) Solidificação(iii) Incineração

(iii) "Venda"

/ANEXO D

t

t t

ttt

t t

t

t

t

t

TRATAMENTO TERCIÁRIO

Anexo C (informativo)Seqüência de tratamento de óleos e graxas

POSTOS DE ABASTECIMENTO

- Combustível - Água de Chuva

(mínimo)

PRÉ-LAVAGEM DE EQUIPAMENTOS

.......................................................................................

OFICINAS- Lubrificantes- Detergentes- Água de lavagem- Óleos e graxas (equipamentos)- Água de chuva (mínimo)

...............................................................................

t

t

TRATAMENTO PRIMÁRIO ............................................................ TRATAMENTO PRIMÁRIO

PRÉ-LAVAGEM DE EQUIPAMENTOS

................................................................................t

t

Sólidos encharcados de óleo

t

TRATAMENTO SECUNDÁRIO

Sólidos encharcados de óleo

Sólidos + óleo Água + óleo Sólidos em suspensão

conc. > 20 mg/L ?

......

......

......

......

......

.....

t

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Anexo D (informativo)Tratamento dos resíduos sólidos impregnados de óleos e graxas

/ANEXO E

Tabela D.1 - Gêneros de bactérias e fungos isolados do solo, mais usados, com habilidade de degradar hidrocarbonetos (Bossert and Bartha, 1984)

Bactéria Fungos

Achromobacter AcremoniumAcinetobacter AspergillusAlcaligenes AureobasidiumArthrobacter BeauveriaBacillus BotrytisBrevibacterium CandidaChromobacterium ChrysosporiumCorynebacterium CladosporiumCytophaga CochliobolusErwinia CylindrocarponFlavobacterium DebaryomycesMicrococcus FusariumMycobacterium GeotrichumNocardia GliocladiumProteus GraphiumPseudomonas HumicolaSarcina MoniliaSerratia MortierellaSpirillum PaecilomycesStreptomyces PenicilliumVibrio PhomaXanthomonas Rhodotorula

SaccharomycesScolecobasidiumSporobolomycesSprotrichumSpicariaTolypocladiumTorulopsisTrichodermaVerticillium

D.1 Os resíduos sólidos de granulometria mais aberta(arenosa) contaminados com óleos e graxas podem serusados em misturas asfálticas quentes. Esta é umatécnica universalmente aceita. Entretanto, argilascontaminadas com óleos e graxas não podem ser usa-das na confecção de asfaltos, devido ao fato de não pro-duzirem concreto asfáltico de boa qualidade, e podematé danificar o compartimento do equipamento deprodução asfáltica, que coleta finos ou partículas finas.Outra técnica de disposição é a colocação em aterrosindustriais.

Os resíduos sólidos de granulometria mais fina (argi-losa) contaminados com óleos e graxas podem serdepositados em aterros e submetidos a tratamentobiológico. Podem também ser colocados em aterrosindustriais, incinerados ou aproveitados na industriacerâmica. A seguir é descrito o tratamento biológico dosresíduos sólidos impregnados de óleos e graxas.

Hidrocarbonetos são degradados diretamente pelabactéria ou indiretamente através de co-metabolismo.O co-metabolismo ocorre através de enzimas produ-zidas pela bactérias. O produto final é o dióxido de car-

bono e água. Óleos e graxas são degradados pelos micro-organismos através de três maneiras de metabolismo:respiração aeróbica, respiração anaeróbica e fermentação.

De modo geral, os elementos químicos necessários parauma biorremediação de sucesso incluem oxigênio, água,nutrientes, temperatura moderada e pH controlado; o fatorprimário que limita o crescimento microbiológico no solo éa falta ou escassez de uma fonte de energia apropriada edisponível. Devem existir no mínimo 11 macro e micro-nutrientes em formas e quantidades apropriadas para ocrescimento microbiológico. Estes incluem: nitrogênio,potássio, sódio, enxofre, cálcio, magnésio, ferro, manganês,zinco e cobre. O pH apropriado é entre 6 e 8. Para a maioriadas espécies, o pH ideal é ligeiramente maior que 7. Atemperatura de 50oC representa um limite superior razoávelpara a atividade microbiológica.

D.2 A tabela D.1 apresenta os gêneros mais usados debactérias e fungos que degradam os hidrocarbonetos. Éafortunado que microorganismos de solo possuem ahabilidade de transformar uma ampla gama de produtosquímicos orgânicos derivados do petróleo contendo umavasta gama de aditivos.

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Anexo E (informativo)Bibliografia

Constituições: Federal, Estaduais e Leis Orgânicas Muni-cipais

Código de Mineração, Regulamento e Normas Regu-lamentares de Mineração

Código das Águas

Resoluções e Portarias da Legislação Ambiental e deRecursos Hídricos, nos níveis Federal, Estadual eMunicipal

Resoluções 001/86, 20/86 e 09/93 do CONAMA - Con-selho Nacional do Meio Ambiente

Deliberação normativa COPAM nº 010/86

Resolução 09/93 do CONAMA - Conselho Nacional doMeio Ambiente

Legislação referente a saúde, segurança e saúde ocupa-cional

Standard Methods for the Examination of Water andWastewater. Prepared and published by: AmericanPublic Health Association. American Water WorksAssociation and Water Environment Federation. 1995. NY

Cheremisinoff, P. N, Trattner R. B. and Tabakin, R. B. Oil/Water Separation Treatment technology. In Encyclopediaof Environmental Control Technology. Vol. 3. Edited by

Paul N. Cheremisinoff, p. 355-366. Gulf PublishingCompany, Houston, 1989

Bossert, I. and Bartha R., The Fate of Petroleum in SoilEcosystems. In: Petroleum Microbiology, Atlas R. M. ( ed.),Macmillan, NY

NBR 9896:1993 - Glossário de poluição das águas -Terminologia

NBR 10004:1987 - Resíduos sólidos - Classificação

NBR 12649:1992 - Caracterização de cargas poluidorasna mineração - Procedimento

NBR 13402:1995 - Caracterização de cargas poluidorasem efluentes líquidos industriais e domésticos - Proce-dimento

NBR 9897:1987 - Planejamento de amostragem deefluentes líquidos e corpos receptores - Procedimento

NBR 9898:1987 - Preservação e técnicas de amostra-gem em efluentes líquidos e corpos receptores - Proce-dimento

NBR 13348:1995 - Banho residual e efluente líquido -Determinação do teor de óleos e graxas - Método deensaio