O Amor e Um Cao Dos Diabos - Charles Bukowski

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    "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e no maislutando por dinheiro e poder, ento nossa sociedade poder enfim evoluir a

    um novo nvel."

  • ParaCarl Weissner

  • 1mais uma criatura atordoada pelo amor

  • Sandra

    a alta e magradonzela do quartode brincoscoberta por um longovestido

    est sempre altaem sapatos de saltoespritoboletastrago

    Sandra se inclinaem sua cadeirainclina-se em direo aGlendale

    aguardo que sua cabeabata na maanetado guarda-roupaenquanto ela tentaacenderum novo cigarro numoutro j quaseconsumido

    aos 32 ela gosta dejovens limposimaculadoscom rostos semelhantes ao fundode pires recm-comprados

    depois de se vangloriara no mais poderacabou me trazendo seus prmiospara que eu desse uma olhada:garotos nulos, loiros e silenciosos

  • quea) sentamb) levantamc) falamao seu comando

    s vezes ela traz ums vezes doiss vezes trspara que eu osveja

    Sandra fica muito bem emvestidos longosSandra pode partir provavelmenteo corao de um homem

    espero que ela encontreum.

  • voc

    voc uma fera, ela dissesua enorme barriga brancae seus ps cabeludos.voc jamais corta as unhase tem mos gordascomo as patas de um gatoseu nariz vermelho e brilhantee os maiores bagos queeu j vi.voc lana esperma comouma baleia lana gua peloburaco das costas.

    fera, fera, fera,ela me beijou,o que voc quer para ocaf da manh?

  • a deusa de um metro e oitenta

    sou grandesuponho que por isso que minhas mulheres sempre

    [parecempequenasmas essa deusa de um metro e oitentaque negocia imveise artee que voa do Texaspara me vere eu voo ao Texaspara v-la bem, h nela o suficiente paraser agarradoe eu me agarro todonela,puxo-lhe a cabea para trs pelos cabelos,sou macho de verdade,chupo-lhe o lbio superiorsua xoxotasua almamonto sobre ela e lhe digo,vou lanar suco quente e brancodentro de voc. no voei desdeGalveston para jogarxadrez.

    depois nos deitamos enlaados como vinhas humanasmeu brao esquerdo debaixo de seu travesseiromeu brao direito sobre o lado de seu corpoaferro-me s suas mos,e meu peitobarrigabolaspauenroscam-se nelae atravs de nsno escuropassam raios

  • pra l e pra cpra l e pra cat que eu desfaleae ns durmamos.

    ela selvagemmas dcilminha deusa de um metro e oitentafaz-me rira risada do mutiladoque ainda precisa deamor,e seus olhos abenoadosfluem para o fundo de sua cabeacomo nascentes na montanhaao longenascentesfrescas e boas.

    ela me resguardoude tudo o que no estaqui.

  • j vi mendigos demais com os olhos vidrados bebendo vinho barato debaixoda ponte

    voc se senta comigono sofnesta noitenova mulher.

    voc j viu osdocumentriossobre animais carnvoros?

    eles mostram a morte.

    e agora me perguntoque animal entrens doisdevorarprimeiro o outrofsica epor fimespiritualmente?

    ns consumimos animaise ento um de nsconsome o outro,meu amor.

    enquanto issoprefiro que voc vprimeiro e do primeiro jeito

    se os grficos de performance passadassignificarem alguma coisaeu certamente ireiprimeiro e do ltimojeito.

  • gostosa e sexy

    sabe, ela disse, voc estava no bare por isso no pde vermas eu dancei com aquele cara.ns danamos juntossem parar.mas no fui para casa com eleporque ele sabia que eu estavacom voc.

    valeu mesmo, eudisse.

    ela estava sempre pensando em sexo.levava isso sempre consigocomo algo embrulhado num saco de papel.quanta energia.ela comeava por qualquer homem disponvelnos cafs da manhentre ovos e baconou mais tardeentre um sanduche no almoo ouum bife no jantar.

    moldei meu modo de ser inspirada em Marilyn Monroe,[ela

    medisse.

    ela est sempre fugindopara alguma discoteca local para danarcom algum otrio, um amigo certa vezme contou, estou surpreso que voccontinue com ela depois de tudo o que j aconteceu.ela desaparecia nas corridaspara depois surgir e dizertrs caras se ofereceram para me pagarum drinque.

  • ou ento eu a perdia no estacionamentoe a procurava e elaestava caminhando com um estranho.bem, ele veio desta direoeu vim daquela e nsmeio que caminhamos juntos. noqueria ferir os sentimentos dele.

    ela disse que eu era um homemmuito ciumento.

    um dia ela apenassubmergiuem seus rgos sexuaise desapareceu.

    era como um despertadorcaindo dentro do Grand Canyon.bateu e chocalhou etocou e tocoumas eu no pude maisv-la nem ouvi-la.

    me sinto bem melhoragora.dediquei-me ao sapateadoe agora visto um chapu de feltropreto levemente inclinadosobre o olhodireito.

  • a msica suave

    vence o amor porque nela no hferidas: pela manha mulher liga o rdio, Brahms ou Ivesou Stravinsky ou Mozart. ferve osovos contando em voz alta os segundos: 56,57, 58... descasca os ovos, os trazpara mim na cama. depois do caf da manh a mesma cadeira e ouvir a msicaclssica. A mulher est no seu primeiro copo descotch e no seu terceiro cigarro. digo-lheque preciso ir ao hipdromo. elaest aqui h 2 noites e 2 dias. quandovoltarei a v-la? pergunto. elasugere que fique a meu critrio.aceno com a cabea e Mozart toca.

  • entorpea seu rabo e seu crebro e seu corao...

    eu estava saindo de um caso que havia terminado mal.francamente, eu deslizava em direo ao fundo do poosentindo-me realmente desprezvel e acabadoquando tive sorte com essa dama em sua enorme camacoberta por um dossel enfeitado de joiasmaisvinho, champanhe, cigarros, boletas etev a cores.ficamos na cama ebebemos vinho, champanhe, fumamos, detonamos as

    [boletass dziasenquanto eu (sentindo-me desprezvel e acabado)tentava superar o caso que havia terminado mal.assistia tev tentando embotar meus sentidos,mas a coisa que realmente ajudoufoi esse drama muito longo(especialmente escrito para a televiso) sobreespies...espies americanos e espies russos, etodos eram to espertos ebacanas...at mesmo seus filhos no sabiamsuas esposas no sabiam, ede certo modoeles mesmos quase no sabiam...e logo vieram os contraespies, os agentes duplos:caras que trabalhavam para os dois lados, ee ento um deles passou de agente duploa agente triplo,e tudo se tornou agradavelmente confuso...acho que nem o cara que tinha escrito o roteirosabia o que estava acontecendo...aquilo seguiu por horas!hidroplanos se chocando contra icebergs,um padre em Madison, Wisc. matou seu irmo,um bloco de gelo foi despachado num cofre para o Peruno lugar do maior diamante do mundo, e

  • loiras entravam e saam de quartos comendonozes e doces recheados com creme;o agente triplo passou aagente qudruplo e todo mundo amavatodo mundoe eu segui vendo aquiloe as horas passaram ee tudo finalmente desapareceu como um clipe de papel emmeio a uma cesta de lixo e eume aproximei do aparelho e o desliguei epela primeira vez em uma semana e meiadormi bem.

  • uma das mais quentes

    ela usava uma peruca de um loiro platinadoe tinha a face carregada de rouge e pe no economizava no batomtraando uma enorme boca pintadae seu pescoo era coberto de rugasmas ainda tinha o rabo de uma garotae as pernas eram boas.ela usava calcinhas azuis que eu baixei eergui seu vestido, e luz bruxuleante da TVtomei-a de p.enquanto nos digladivamos ao redor do quarto(estou fodendo uma cova, pensei,trazendo os mortos de volta vida, maravilhosoto maravilhosocomo comer azeitonas geladas s 3 da manhcom metade da cidade em chamas)gozei.

    vocs podem ficar com suas virgens, rapazesdeem-me velhas gostosas no alto de seus saltoscom rabos que esqueceram de envelhecer.

    claro, voc tem que dar o fora depoisou ficar muito bbadoo que a mesmacoisa.

    bebemos vinho por horas e assistimos teve quando fomos pra camapara dormirela no tirou os dentes da bocaa noite toda.

  • cinzas

    peguei as cinzas dele, ela disse, e as lanceiao mar e as espalhei eelas nem sequer pareciam cinzaseo que dava peso urna eram osseixos verdes e azuis...

    ele no lhe deixou nem um centavo de seusmilhes?

    nada, ela disse.

    mesmo depois de todos aqueles cafs da manhe almoos e jantares ao lado dele? depoisde ter escutado toda a merda que ele falava?

    ele era um homem brilhante.

    voc sabe do que estou falando.

    seja como for, eu fiquei com as cinzas. e voc comeuminhas irms.

    nunca comi suas irms.

    comeu sim.

    comi uma delas.

    qual?

    a lsbica, respondi, ela me pagou o jantar e as bebidas,no tive muita escolha.

    estou indo, ela disse.

    no se esquea do frasco.

  • ela entrou para busc-lo.

    sobra to pouco de voc, ela disse, que quando voc morre e eles te queimam precisamacrescentar uma poro de seixos verdes e azuis.

    est bem, eu disse.

    vejo voc daqui a 6 meses! ela gritou e bateu a porta.

    bem, pensei, creio que para me livrar dela terei quecomer a outra irm. caminhei at o quarto e comecei a daruma olhada nos nmeros de telefone. tudo o que eu

    [lembravaera que elavivia em San Mateo e tinha um timoemprego.

  • foda

    ela tirou o vestidopor sobre a cabeae eu vi a calcinhaum tanto enterrada em suascarnes.

    simplesmente humano.agora teremos que faz-lo.eu terei que faz-lodepois de todo esse logro. como uma festa dois idiotasnuma cilada.

    debaixo dos lenisdepois que apagueias luzessuas calcinhas ainda estavamali. ela esperava umnmero introdutrio.eu no podia culp-la. mas simme perguntar por que ela estava alicomigo? onde esto os outroscaras? como voc pode se julgarsortudo tendo algum queoutros abandonaram?

    no precisvamos fazer aquiloembora tivssemos que faz-loera algo comorenovar o crditocom o homem do imposto derenda. tirei a calcinha.decidi no usara lngua. ainda assimpensava no momentoem que tudo estivesse terminado.

  • dormiremos juntosesta noitetentando nos acomodarentre os papis de parede.

    tento, falho,reparo no cabelo em suacabeamais do que tudo reparo no cabeloem suacabeae de relance emsuas narinasde porquinho

    tentonovamente.

  • eu

    mulheres no sabem como amar,ela me disse.voc sabe como amarmas mulheres s queremparasitar.sei disso porque soumulher.

    hahaha, eu ri.

    por isso no se preocupe por ter terminadocom Susanporque ela apenas ir parasitaroutro homem.

    falamos um pouco maisento eu me despedidesliguei o telefonefui ao banheiroe mandei uma boa merda de cervejabasicamente pensando, bem,continuo vivoe tenho a capacidade de expelirsobras do meu corpo.e poemas.e enquanto isso acontecerserei capaz de lidar comtraiosolidounhas encravadasgonorreiae o boletim econmico docaderno de finanas.com issome levanteime limpeidei a descarga

  • e ento pensei: verdade:eu sei comoamar.

    ergui minhas calas e caminheipara a outra pea.

  • outra cama

    outra camaoutra mulher

    mais cortinasoutro banheirooutra cozinha

    outros olhosoutro cabelooutrosps e dedos.

    todos procura.a busca eterna.

    voc fica na camaela se veste para o trabalhoe voc se pergunta o que aconteceu ltimae outra antes dela... tudo to confortvel esse fazer amoresse dormir juntosa suave delicadeza...

    aps ela partir voc se levanta e usao banheiro dela, tudo to intimidante e estranho.voc retorna para a cama edorme mais uma hora.

    quando voc vai embora com tristezamas voc a ver novamentequer funcione, quer no.

    voc dirige at a praia e fica sentadoem seu carro. quase meio-dia.

  • outra cama, outras orelhas, outrosbrincos, outras bocas, outros chinelos, outrosvestidos

    cores, portas, nmeros de telefone.

    voc foi, certa vez, suficientemente forte para viver sozinho.para um homem beirando os sessenta voc deveria ser mais sensato.

    voc d a partida no carro e engata a primeira,pensando, vou telefonar para Janie logo que chegar,no a vejo desde sexta-feira.

  • encurralado

    no dispa o meu amorvoc pode encontrar um manequim;no dispa um manequimvoc pode encontraro meu amor.

    ela h muito tempome esqueceu.

    ela experimenta um novochapue parece maiscoquetedo que nunca.

    ela umacrianae um manequime a morte.

    no tenho como odiarisso.

    ela no faznada fora docomum.

    queria apenas que elafizesse.

  • esta noite

    seus poemas sobre as garotas ainda estaro por adaqui a 50 anos quando as garotas j tiverem ido,meu editor me telefona.

    caro editor:parece que as garotas j seforam.

    entendo o que o senhor diz

    mas me d uma mulher verdadeiramente vivanesta noitecruzando o piso em minha direo

    e o senhor pode ficar com todos os poemas

    os bonsos mausou qualquer outro que eu venha a escreverdepois deste.

    entendo o que o senhor diz.

    O senhor entende o que eu digo?

  • a escapada

    escapar de uma viva negra um milagre to grande quanto a prpria arte.que rede ela pode tecerenquanto o arrasta vagarosamente em sua direoela ir abra-lodepois, quando estiver satisfeita,ela o matarainda no mesmo abraoe lhe sugar todo o sangue.

    escapei de minha viva negraporque ela possua machos demaisem sua redee enquanto ela abraava um delese depois o outro e ento aindaoutrome liberteiretorneiao lugar onde estava anteriormente.

    ela sentir minha falta no de meu amormas do gosto do meu sangue,mas ela boa, ela encontrar outrosangue;ela to boa que quase sinto falta de minha morte,mas no o suficiente;escapei. eu vejo as outrasteias.

  • a furadeira

    nosso livro de casamento,diz ali.dou uma olhada.eles duraram dez anos.foram jovens uma vez.agora eu durmo na cama dela.ele telefona:quero minha furadeira de volta.deixe-a separada.pegarei as crianas sdez.ao chegar ele espera do ladode fora.as crianas vo comele.ela volta para a camae eu estico uma pernaencosto-a nela.eu tambm tinha sido jovem.as relaes humanas simplesmente no sodurveis.pensei nas mulheres que passaram porminha vida.elas parecem inexistentes.

    ele levou a furadeira? pergunto.

    sim, levou.

    me pergunto se um dia terei que voltar parabuscar minha bermudae meu disco com a gravaoda Academy of St. Martin in the Fields? suponho quesim.

  • texana

    ela do Texas e pesa47 quilose para em frente aoespelho penteando oceanosde cabelos ruivosque descem ao longo de todassuas costas at a bunda.o cabelo mgico e lanafascas quando eu me deito na camae a vejo pente-los.ela parece uma criaturasada de um filme mas estaqui de fato. fazemos amorpelo menos uma vez por dia eela consegue me fazer rirsempre que deseja.as mulheres do Texas so sempresaudveis, e alm disso elalimpa meu refrigerador, minha pia,o banheiro, e faz comida ee me serve alimentos saudveise lava os pratostambm.

    Hank, ela me disse,segurando uma lata de suco deuva, este o melhor detodos.dizia na lata: suco natural de uvaROSA do Texas.

    ela se parece com a Katherine Hepburnna pocado ensino mdio, e vejo esses47 quilospenteando um metrode cabelo ruivodiante do espelho

  • e a sinto dentro de meuspulsos e no fundo dos meus olhos,e os dedos e as pernas e a barrigaa sentem, assim comoaquela outra parte,e toda Los Angeles se desfaze chora de contentamento,as paredes das alcovas tremem o oceano invade tudo e ela se virae me diz, maldito cabelo!e eu digo,sim.

  • a aranha

    ento houve um tempo emNew Orleansem que eu vivia com uma gorda,Marie, no Bairro Francse fiquei bastante doente.enquanto ela estava no trabalhoajoelhei-menaquela tardena cozinha erezei. no sou umhomem religiosomas era uma tarde escura demaise eu rezei:caro Deus: se voc me poupar,prometo-lhe nunca mais tomaroutro trago.fiquei ali de joelhos e foi como estarnum filme ao terminar minha oraoas nuvens se abriram e o solrasgou as cortinase deitou sobre mim.ento me ergui e fui dar uma cagada.havia uma aranha enorme no banheiro da Marie.mas caguei do mesmo jeito.uma hora depois comecei a me sentir muitomelhor. dei uma volta pelo bairroe sorri para as pessoas.parei na mercearia e compreiuma dzia de cervejas para Marie.comecei a me sentir to bem que uma hora depoisme sentei na cozinha e abriuma das cervejas.esvaziei-a e depois outrae ento fui l ematei a aranha.quando Marie voltou do trabalhoeu lhe dei um beijo daqueles,

  • depois sentei na cozinha e conversamosenquanto ela preparava o jantar.ela me perguntou o que eu tinha feito naquele diae eu lhe disse que tinha matado umaaranha. ela no ficoubraba. era uma boapessoa.

  • o fim de um breve caso

    tentei fazer o negcio de pdessa vez.normalmente no costumafuncionar.dessa vez pareciaque...

    ela seguia dizendo, meu Deus, voc tempernas lindas!

    tudo estava bemat que ela tirou osps do choe enroscou suas pernasem volta dos meus quadris.

    , meu Deus, voc tempernas lindas!

    ela pesava cerca de 63quilos e ficou ali presa enquanto eutrabalhava.

    foi s quando cheguei ao clmaxque senti a dorcorrer espinhaacima.

    deitei-a no sofe caminhei ao redorda sala.a dor continuava.

    olha s, eu lhe disse, melhor voc ir. tenhoque revelar uns filmes

  • na minha cmara escura.

    ela se vestiu e se foie eu segui at acozinha para um copodgua. peguei um copo cheiocom a mo esquerda.a dor correu para alm de minhasorelhas edeixei cair o copoque se espatifou no cho.

    entrei numa banheira cheia degua quente e sais Epsom.recm tinha acabado de me esticarquando o telefone tocou.ao tentar endireitarminhas costasa dor se estendeu porpescoo e braos.ca pesadamenteme agarrei s bordas da banheiraconsegui saircom raios verdes e amarelose luzes vermelhaslampejando em minha cabea.

    o telefone continuava tocando.atendi.al?

    EU TE AMO!, ela disse.

    obrigado, eu disse.

    tudo o que voc tempra me dizer?

    sim.

    v merda! ela disse e

  • desligou.

    o amor se esgota, penseiao caminhar de volta aobanheiro, mais rpidodo que um jato de esperma.

  • lamentando e se queixando

    ela escreve: voc vaise lamentar e se queixarem seus poemassobre como eu trepeicom 2 caras na semana passada.eu te conheo.ela escreve para medizer que meu sensorestava certo ela recm tinha trepadocom um terceiro caramas ela sabe que noquero saber com quem, nem por quenem como. ela encerra suacarta, com amor.

    ratos e baratastriunfaram novamente.a vem ele correndocom uma lesma em suaboca, entoandovelhas canes de amor.feche as janelaslamentefeche as portasqueixe-se.

  • um poema quase feito

    eu vejo voc bebendo numa fonte com suasminsculas mos azuis, no, suas mos no so minsculaselas so pequenas e a fonte na Franade onde voc me escreveu aquela ltima carta eeu respondi e nunca mais obtive retorno.voc costumava escrever poemas insanos sobreANJOS E DEUS, tudo em caixa alta, e vocconhecia artistas famosos e muitos deleseram seus amantes, e eu escrevia de volta, est tudo bem,v em frente, entre na vida deles, no sou ciumentoporque ns nem nos conhecemos. estivemos perto uma

    [vez emNew Orleans, metade de uma quadra, mas nunca nos

    [encontramos,nunca um contato. assim voc seguiu com os famosos,

    [escreveusobre os famosos, e, claro, descobriu que os famososestavam preocupados com a fama deles no com a jovem ebela garota em suas camas, que lhes dava aquilo, e

    [que acordavade manh para escrever em caixa alta poemas sobreANJOS E DEUS. ns sabemos que Deus est morto, eles nos

    [disseram,mas ao ouvi-la eu j no tinha certeza. talvezfosse a caixa alta. voc era uma das melhores poetas e eu disse para os editores, publiquem-

    na, publiquem-na,[ela louca mas

    mgica. no h mentira em seu fogo. eu te ameicomo um homem ama uma mulher que jamais tocou,

    [paraquem apenasescreveu, de quem manteve algumas fotografias. eu poderia

    [ter teamado mais se eu tivesse sentado numa pequena sala

    [enrolando umcigarro e ouvindo voc mijar no banheiro,mas isso no aconteceu. suas cartas ficaram mais tristes.seus amantes te traram. criana, escrevi de volta, todos os

  • amantes traem. isso no ajudou. voc disseque tinha um banco em que ia chorar e que ficava numa

    [pontee a ponte ficava sobre um rio e voc sentava no seu banco de

    [chorartodas as noites e descia o pranto pelos amantes quete machucaram e te esqueceram. escrevi de volta mas no

    [obtivequalquer retorno. um amigo me escreveu contando do seu

    [suicdio3 ou 4 meses depois de consumado. se eu tivesse te

    [conhecidoprovavelmente teria sido injusto com voc ou voc comigo. foi mesmo melhor assim.

  • blue cheese e chili

    essas mulheres supostamente deveriam aparecere me vermas elas nuncavm.h aquela com uma enorme cicatriz ao longoda barriga.h a outra que escreve poemase liga s 3 da manh, dizendo,eu te amo.h a que dana com umajiboiae escreve a cada quatrosemanas, dizendoque vir.e a 4 que alega dormirsemprecom meu ltimo livrodebaixo dotravesseiro.

    bato uma punheta no calore escuto Brahms e comoblue cheese com chili.

    essas mulheres so boas de cabea e decorpo, excelentes dentro ou fora da cama,perigosas e fatais, claro...mas por que todas tm de viverl no norte?

    sei que um dia elas irochegar, mas duas ou trsno mesmo dia, evamos sentar e conversare ento todas iro emborajuntas.

  • um outro qualquer as tere eu caminharei por aem meu short surradofumando cigarros demaise tentando extrair algumdramade nenhum progressode fato.

  • problemas relacionados outra mulher

    eu tinha lanado todo meu charme sobre elapor algumas noites em um bar no que nosso caso fosse novo,eu a amara por 16 mesesmas ela no queria ir at minha casaporque aquela outra mulher tem andado por l,e eu disse, tudo bem, tudo bem, o que vamos fazer?

    ela viera do norte e procurava por umlugar para ficarenquanto estava hospedada com sua amiga,e foi at seu trailer alugadoe voltou com alguns cobertores e disse,vamos at o parque.eu lhe disse que ela estava loucaque os policiais iam nos pegarmas ela respondeu no, est agradvel e enevoado,ento fomos para o parqueespalhamos o equipamento e comeamos atrabalhar e ento surgiram luzes de faris uma radiopatrulha ela disse, rpido, ponha suas calas! eu j estou comas minhas!eu disse, no posso. a minha est toda enrolada.e eles vieram com lanternase perguntaram o que estvamos fazendo e ela disse,beijando! um dos policiais me olhou edisse, no posso culp-lo, e depois de alguma conversafiada eles nos deixaram em paz.mas ainda assim ela no queria a cama onde aquela mulherhavia estado,ento acabamos num quarto escuro de motelsuando e beijando e trabalhandomas fazendo a coisa direitinho; depois, claro,de todo aquele sacrifcio...estvamos finalmente em minha casanaquela tarde seguintefazendo a mesma coisa.

  • aqueles policiais no foram maus, apesar de tudonaquela noite no parque e a primeira vez que eu digo alguma coisa desse tiposobre policiais,e,espero,que sejaa ltima.

  • M.T.[1]

    ela morava em Galveston e faziaM.T.e eu fui visit-la e fizemos amorininterruptamente ainda que o tempo estivesse muitoquentee tomamos mescalinae uma balsa at a ilhae dirigimos 200 milhas at o hipdromo maisprximo.ns dois ganhamos e fomos sentar num bar de caipiras odiado e no frequentado pelos nativos e ento fomos para um motel caipirae voltamos um ou dois dias depoise fiquei por l mais uma semanapintei-lhe um par de quadros decentes um de um homem sendo enforcadoe outro de uma mulher sendo fodida por um lobo.acordei certa noite e ela no estava na camae levantei e caminhei ao redor perguntando,Gloria, Gloria, onde voc est?era um lugar enorme e eu caminhava a esmoabrindo porta atrs de porta,ento abri uma que parecia a de um closete l estava ela de joelhoscercada por fotografias de7 ou 8 homensas cabeas raspadasem sua maioria usando culos sem armaes.havia uma pequena vela acesae eu disse, oh, me desculpe.Gloria vestia um quimono com guiasem pleno voo na parte de trs.fechei a porta e voltei para a cama.ela saiu 15 minutos depois.comeamos a nos beijar,sua lngua enorme deslizando para dentro e para fora da

    [minhaboca.

  • ela era uma garota grande e saudvel do Texas.escute, Gloria, consegui finalmente dizer,preciso de uma noite de folga.

    no dia seguinte ela me levou at o aeroporto.eu prometi escrever. Ela prometeu escrever.nenhum de ns escreveu.

  • a 5 do Bee

    escutei-a pela primeira vez enquanto trepava com uma[loira

    que tinha a maior xoxota emScranton.

    escutei-a novamente enquanto escrevia uma cartapara minha mepedindo US$ 5.000e ela me respondeu mandando3 tampinhas de garrafa eos ossinhos dos dedos indicadores dovov.

    a 5 acabar com vocna grama ou na pista do jquei,a gatinha disse,cruzando o tapetede papagaios estampados.

    se a 5 no te matara dcima ir,disse a prostituta Caliente.enquanto eles sobem amaravilhosa bandeira vermelha cor de ketchup93 ladres choram em meio apoeira prpura.

    a 5 como umaformiga numa mesa de caf da manh cheia debengalas ebesourossugando osuco de laranja do amanhecer que chega.

    e eu peguei as 3 tampinhas que minha memandou eas devorei

  • embrulhadas em pginas darevistaCosmopolitan.

    mas estou cansado da5e eu disse isso a uma mulher emOhio, certa vez, eurecm havia carregado carvo por 3 lancesde escadaeu estava tonto ebbado, e ela disse:

    como voc pode dizer que no d bolapara algo muito maior do que vocjamais ser?

    e eu disse:

    isso fcil.

    e ela se sentou em uma cadeira verde ee eu numa cadeira vermelhae depois dissonunca mais voltamos a fazeramor.

  • 40 graus

    ela cortou as unhas dos meus ps na noite passada,e pela manh ela disse, acho que vouficar deitada aqui pelo resto do dia.o que significava que ela no iria trabalhar.ela estava em meu apartamento o que significava outrodia e outra noite.ela era uma pessoa legalmas recm havia me dito que queria terum filho, queria casar, efazia 40 graus l fora.quando pensei em outra criana eoutro casamentocomecei realmente a passar mal.havia me resignado a morrer sozinhoem uma pequena pea...agora ela tentava remodelar meu plano de mestre.alm disso ela sempre batia a porta do meu carro com

    [muita forae comia com a cabea perto demais da mesa.nesse dia havamos ido ao correio, a uma loja dedepartamentos e depois a uma lancheria para almoar.j me sentia casado. na volta eu quaseentrei em um Cadillac.vamos encher a cara, eu disse.no, no, ela respondeu, muito cedo.e ento ela lacrou a porta do carro.continuava fazendo 40 graus.quando abri a caixa do correio descobri que a companhiade seguros queria mais 76 pratas.subitamente ela invadiu o quarto correndo e gritou, OLHA, ESTOU FICANDO VERMELHA!

    CHEIA DE MANCHAS! O QUE DEVO FAZER?tome um banho, eu lhe disse.fiz um interurbano para a seguradora eexigi saber a razo daquilo.ela comeou a gritar e a gemer l dabanheira e eu no conseguia ouvir nada e disse, um

    [momento,por favor!

  • tapei o telefone com a mo e gritei de volta para ela:OLHA S! ESTOU NUM INTERURBANO! SEGURE A

    [ONDA,PELO AMOR DE DEUS!o pessoal da seguradora insistia que eu lhes devia$76 e que me enviariam uma carta explicando por qu.desliguei e me estiquei na cama.eu j estava casado, me sentia casado.ela saiu do banheiro e disse, posso me deitarao seu lado?e eu disse, okem dez minutos sua cor tinha voltado ao normal.tudo porque ela havia tomado um comprimido de niacina[2].ela se lembrou de que isso acontecia sempre.ficamos ali estirados suando:nervos. ningum tem esprito suficiente para superar os

    [nervos.mas eu no podia dizer isso a ela.ela queria ter seu beb.que caralho.

  • pacific telephone

    v atrs dessas piranhas, ela disse,v atrs dessas putas,logo ficar de saco cheio de mim.

    no quero mais fazer esse tipo de merda,eu disse,relaxe.

    quando bebo, ela disse, sinto dor na minhabexiga, uma queimao.

    deixe a bebida comigo, eu disse.

    voc est s esperando o telefone tocar,ela disse,voc no para de olhar pro aparelho.se uma dessas piranhas ligar voc saircorrendo porta afora.

    no posso lhe prometer nada, eu disse.

    ento simples assim o telefone tocou.

    aqui a Madge, disse a voz. precisover voc imediatamente.

    oh, eu disse.

    estou num aperto, ela continuou, preciso de dezpratas rpido.

    logo estarei a, eu disse, edesliguei.

    ela me olhou, era uma piranha,ela disse, o rosto todo em chamas.

  • que diabos h com voc?

    escute, eu disse, tenho que ir.voc fica aqui. j volto.

    vou embora, ela disse. eu te amo mas voc louco, um caso perdido.

    ela apanhou a bolsa e bateu a porta.

    provavelmente algum distrbio profundamente enraizado[na

    infnciaque me faz assim vulnervel, pensei.ento sa de casa e fui at meu fusca.dirigi para o norte pela Western com o rdio ligado.havia putas caminhando pra l e pra cdos dois lados da rua e Madge pareciamais perdida do que qualquer uma delas.

  • 100 quilos

    estvamos na cama eela comeou a brigar:seu filho da puta! espere um minuto,vou acabar com a sua raa!

    comecei a rir:qual o problema? qual o problema?

    seu filho da puta! ela gritou.

    segurei-lhe as mos enquanto ela se contorcia.

    era um par de dcadas mais jovem do que euuma maluca bem-alimentada.ela era muito forte.

    seu filho da puta! vou acabar com a sua raa!ela gritou.

    rolei por sobre ela com meus 100 quilos efiquei apenas ali.

    uugg, uuuu, meu Deus, isso no justo, uuuu, meuDeus!

    rolei para o lado e caminhei at a outra pea esentei no sof.

    vou pegar voc, cretino, ela disse, voc no perde poresperar!

    s no o arranque com uma mordida, eu disse, ou voc[far

    triste uma meia dzia de mulheres.ela subiu sobre a cabeceira da minha cama(que possua uma superfcie plana embora estreita)e ficou ali empoleirada assistindo s notcias na

  • tv.a tv dava de frente para o quarto e a iluminavaali sentada sobre acabeceira.

    pensei que voc fosse normal, eu disse, mas to louca quanto as outras todas.

    fique quieto, ela disse, quero assistir aonoticirio!

    olhe, eu disse, vou...SHHHH!, ela disse.

    e l ficou sobre a cabeceira da minha camaassistindo realmente s notcias. aceitei-a daquelamaneira.

  • reviravolta

    ela dirige para a vaga no estacionamento enquantoeu me escoro contra o para-choque de meu carro.ela est bbada e seus olhos esto molhados de lgrimas:seu filho da puta, voc trepou comigo quando noestava a fim. disse pra eu continuar ligando,disse pra eu me mudar pra perto da cidade,e ento me disse pra deixar voc em paz.

    tudo muito dramtico e eu gostando daquilo.claro, bem, o que voc quer?

    quero falar com voc. quero ir pra suacasa e falar com voc...

    estou com algum agora. ela foi buscar umsanduche.

    quero falar com voc... demora um pouco prasuperar as coisas. preciso de mais tempo.

    claro. espere at que ela saia. no somosdesumanos. podemos tomar um drinque juntos.

    merda, ela disse, oh, merda!

    pulou dentro do carro e arrancou.

    a outra apareceu: quem era aquela?

    uma ex-amiga.

    agora ela se foi e estou aqui sentado e bbadoe meus olhos parecem molhados de lgrimas.est tudo muito silencioso e sinto como se um arpoestivesse atravessado no meio das minhas tripas.caminho at o banheiro e vomito.

  • piedade, eu penso, ser que a raa humana no sabe nadasobre piedade?

  • um poema para a velha dente-podre

    conheo uma mulherque segue comprando quebra-cabeasquebra-cabeaschinesesblocosaramespeas que finalmente se encaixamnuma espcie de ordem.ela se dedica questode modo matemticoresolve todos os seusquebra-cabeasvive perto do marpe acar para as formigas l forae acreditadefinitivamentenum mundo melhor.seu cabelo brancoraramente o penteiaseus dentes so podrese ela veste macaces frouxose amorfos sobre um corpo que a maioriadas mulheres desejaria ter.ao longo de muitos anos ela me irritoucom o que eu considerava suasexcentricidades:como mergulhar conchas na gua(para que ao regar as plantas elasrecebessem clcio).mas finalmente quando penso na suavidae a comparo a outras vidasmais deslumbrantes, originaise belaspercebo que ela machucou menosgente do que qualquer outra pessoa que conheo(e com machucar quero dizer simplesmente machucar).ela enfrentou alguns momentos terrveis,

  • momentos em que talvez eu devesse t-laajudado maisporque era a me da minha nicafilhae uma vez framos grandes amantes,mas ela havia superado essas dificuldadescomo eu dissedas pessoas que conheo ela foi a que machucoumenos gente,e se voc olhar para isso pelo que isso significa,bem,ela criou um mundo melhor.ela venceu.

    Frances, este poema pravoc.

  • comunho

    cavalos correndocom ela a milhas de distnciarindo com umlouco

    Bach e a bomba de hidrognioe ela a milhas de distnciarindo com umlouco

    o sistema bancrioguinchos de carrogndolas em Venezae ela a milhas de distnciarindo com umlouco

    voc nunca viu de fatouma escada antes(cada degrau olhandoseparadamente para voc)e do lado de forao vendedor de jornais parecendoimortalenquanto os carros passamdebaixo do solcomo um inimigoe voc se perguntapor que to difcilenlouquecer se que voc j no estlouco

    at agoravoc no tinha visto umaescada que se parecesse comuma escada

  • uma maaneta que se parecesse comuma maanetae sons como esses sons

    e quando a aranha aparecee olha pra vocpor fimvoc j no a odeiapor fimcom ela a milhas de distnciarindo com umlouco.

  • tentando acertar as contas:

    tnhamos fumado alguns baseados e tomado algumascervejas e eu estava estirado na camae ela disse, olha, eu fiz 3 abortosem sequncia, no quero que voc enfie essacoisa dentro de mim!

    o negcio comeava a crescer e ns doisolhvamos para ele.ah, qual , eu disse, minha namorada trepoucom 2 caras diferentes esta semana e estou tentandoacertar as contas.

    no me envolva nessa sua merdadomstica! o que quero que voc faa agora queTOQUE uma PUNHETA enquanto eu ASSISTO!quero VER voc bater atGOZAR! quero ver o SUCO jorrar!

    ok aproxime seu rosto.

    ela o aproximou e dei uma cuspida na palma da moe comecei a trabalhar.

    ele cresceu. um pouco antes de gozar euparei, segurando-o pela basepuxando a pele,a cabea pulsandoprpura e brilhante.

    oooh, ela disse.lanou a boca sobre ele, chupou-oese afastou.

    termine, ela disse.no!

  • voltei a bater e ento parei novamenteno ltimo instante e fiquei a balan-lo ao redor doquarto.

    ela o olhoucaiu outra vez sobre elechupoue tirou da boca.

    alternamos o processopra l e pra c

    vez aps vez.

    finalmente eu a arranqueida cadeirapara a camarolei pra cima delameti pra dentrotrabalheitrabalheie gozei.

    quando voltou dobanheiro ela disse,seu filho da puta, eu amo voc,amo voc h muito tempo.quando eu voltar a Santa Barbaravou escrever pra voc. Vivocom esse cara mas eu oodeio, no fao a mais vaga ideia do queestou fazendo ao lado dele.

    ok, eu disse, mas aproveitando que voc jest de p, poderia me trazer um copodgua? estou seco.ela seguiu at a cozinha ea ouvi reclamar quetodos os meus copos estavamsujos.

    disse a ela para usar uma

  • xcara. ouvia gua correndo epensei, mais uma fodae o jogo estar zeradoe poderei me apaixonar novamente por minha namorada isto se ela no tiver se envolvido numafoda extrao que provavelmente elafez.

  • Chicago

    consegui, ela disse, apareci.ela estava com botas novas, calase um suter branco. agora eu seio que eu quero. ela era de Chicago ehavia se mudado para o distrito de Fairfax, L.A.

    voc me prometeu champanhe,ela disse.eu estava bbado quando liguei. que tal umacerveja?no, me passa seu baseado.ela tragou, soltou:no l grande coisa.e me devolveu.

    h uma diferena, eu disse, entrefazer a coisa e simplesmente ficar duro.

    gosta das minhas botas?sim, bem legais.escuta, tenho que ir. posso usaro banheiro?claro.

    quando ela voltou tinha a boca muitopintada de batom. eu no via uma assimdesde que era garoto.beijei-a a caminho da portasentindo o batom grudar em meuslbios.

    tchau ela disse.tchau eu disse.caminhou pela passagem at o carro.eu fechei a porta.

    ela sabia o que queria e no era

  • eu.conheo mais mulheres desse tipo do que dequalquer outro.

  • garotas calmas e limpas em vestidos de algodo

    tudo o que eu sempre conheci sempre foram putas,[ex-prostitutas,

    loucas. vejo homens com mulheres calmas egentis vejo-os nos supermercados,caminhando juntos na rua,eu os vejo em seus apartamentos: pessoas empaz, vivendo juntas. sei que essa paz apenas parcial, masexiste paz, muitas horas e dias de paz.

    tudo o que eu sempre conheci foram boleteiras, alcolatras,putas, ex-prostitutas, loucas.

    quando uma vaioutra vempior do que sua antecessora.

    vejo tantos homens com garotas calmas e limpas emvestidos de algodogarotas com rostos que no so de predadoras ou deferas.

    nunca traga uma puta junto com voc, eu digo para[meus

    poucos amigos, eu me apaixonarei por ela.

    voc no consegue suportar uma boa mulher, Bukowski.preciso de uma boa mulher. preciso de uma boa mulhermais do que da mquina de escrever, mais do que domeu automvel, mais do que deMozart; preciso tanto de uma boa mulher que possosenti-la no ar, posso senti-lana ponta dos dedos, posso ver caladas construdaspara seus ps caminharem,posso ver travesseiros para sua cabea,posso sentir a expectativa da minha risada,posso v-la acariciar um gato,

  • posso v-la dormir,posso ver seus chinelos no cho.

    eu sei que ela existemas em que parte deste planeta ela estenquanto as putas continuam me encontrando?

  • provaremos as ilhas e o mar

    sei que em alguma noiteem algum quartologomeus dedos abrirocaminhoatravsde cabelos limpos emacios

    canes como as que nenhuma rdiotoca

    toda a tristeza, escarnecendoem correnteza.

  • 2eu, e aquela velha: aflio

  • este poeta

    este poeta andou bebendo durante 2 ou 3 dias e eleentrou no palco e olhou para a plateia eimediatamente soube que iria fazer aquilo. ha via umpiano de cauda no palcoe ele foi at l,abriu a tampa e vomitou dentro. ento fech ou atampa e fez sua leitura.

    eles tiveramque remover as cordas do piano e limpar o interiorpara en to recoloc-las.

    posso entenderpor que nunca voltaram a convid-lo. mas espalharparaoutras universidades que ele era um poetaque gostava de vomitar em pianos de cauda no foijusto.

    eles jamais consideraram a qualidade de sua leitura.conheo esse poeta: ele como todos ns: vomitarem qualquer lugar por dinheiro.

  • inverno

    um cachorro grande, sujo e feridoatingido por um carro e caminhandoem direo ao meio-fioemitindo enormessonsseu corpo curvadovermelho explodindo pelocu e pela boca.

    olho para ele esigo em frentepois como seriapara mim segurarum co moribundo junto aum meio-fio em Arcadia,o sangue escorrendo por minhacamisa e calas ecueca e meias e meussapatos? pareceria apenasuma tolice.alm disso, pus o olho no cavalonmero 2 no primeiro preoe queria fazer uma dobradinhacom o nmero 9no segundo. estudei o jornal parapagar algo em torno de $ 140assim eu tinha que deixar aquelecachorro morrer ali sozinhobem defronte aoshopping centercom as senhoras procura de pechinchasenquanto o primeiro floco deneve caa sobre aSierra Madre.

  • o que eles querem

    Vallejo escrevendo sobresolido enquanto morria defome;a orelha de Van Gogh rejeitada por umaputa;Rimbaud correndo para a fricaem busca de ouro e encontrandoum caso incurvel de sfilis;Beethoven ficou surdo;Pound foi arrastado pelas ruasnuma gaiola;Chatterton tomou veneno para rato;o crebro de Hemingway pingando dentrodo suco de laranja;Pascal cortando os pulsos na banheira;Artaud trancado com os loucos;Dostoivski de p contra um muro;Crane pulando na hlice de um barco;Lorca baleado na estrada pelo exrcitoespanhol;Berryman pulando de uma ponte;Burroughs atirando na mulher;Mailer esfaqueando a sua; isso o que eles querem:o danado dum showuma placa luminosano meio do inferno. isso o que eles querem,aquele bando deestpidosinarticuladostranquilossegurosadmiradores decarnavais.

  • Iron Mike

    falamos sobre este filme:Cagney servia uvasa uma mulhermais rpido do que ela conseguiacomer eento ela seapaixonava por ele.

    isso nem semprefunciona, digo a IronMike.

    ele d uma risadinha e diz,claro.

    ento ele desceu a moe tocou seu cinto.32 escalpos de mulherestavam pendurados ali.

    eu e meu enorme cacetejudeu, ele disse.

    ento ergue as mospara indicar otamanho.

    opa, sim, muito bem,eu disse.

    elas aparecem, eledisse, eu as trao, elascomeam a ficar, eu lhes digo, hora de ir.

    voc corajoso,Mike.

  • essa a no ia se mandarento eu tive que me levantar eesbofete-la... ela foiembora.

    eu no tenho sua fibra,Mike. elas ficam,lavam os pratos, esfregamas manchas de merda novaso, jogam fora osvelhos prospectos do Jockey Club...

    elas jamais vo me pegar,ele disse.sou invencvel.

    olhe, Mike, nenhum homem invencvel.algum diavo consider-lo louco peloolhar como num desenho a lpis feito por umacriana. voc no conseguirbeber um copodgua ou cruzar umquarto. haver asparedes e o som dasruas l fora, evoc ouvir metralhadorase tiros de morteiro. isso se darquando voc quiser, mas nopuder ter.

    os dentesnunca so por fimos dentes do amor.

  • guru

    grande barba negrame dizque eu no sintoterror

    olho pra eleminhas tripas chacoalhamcascalho

    vejo seus olhosvoltados pra cima

    ele forte

    tem unhas sujas

    e penduradas nas paredes:armas embainhadas.

    ele sabe das coisas:

    livrosas vantagenso melhor caminho paracasa

    gosto delemas creio que elemente

    (no tenho certeza de queele mente)

    sua esposa se sentanum cantoescuro

  • quando a conheciera a mulhermaislindaque eu j tinhavisto

    agora ela setornarasua gmea

    talvez no por culpadele:

    talvez a coisanos faa a todosassim

    no entanto, logo que deixeia casa delessenti terror

    a lua pareciadoente

    minhas mos escorregavamnovolante

    manobro meucarroe deso aladeira

    quase batonumcarro azul-esverdeadoestacionado

    enterre-me para sempre,Beatriz

  • poeta hesitante, hahaha

    co enjeitado doterror.

  • os professores

    sentado com os professoresfalamos sobre Allen Tatee John Crow Ransomos tapetes esto limpos eas mesas da cafeteria brilhame ento circulam conversassobre verbas e trabalhos emprogressoe h at umalareira.o piso da cozinha estbem enceradoe eu recm haviajantadodepois de ter bebido at as3 da manhaps a leiturada noite passada

    agora l vou eu outra veznuma faculdade prxima.estou em pleno Arkansas emjaneiroalgum chega a mencionarFaulknervou ao banheiroe vomito ojantarao sairl esto eles em seus casacos e sobretudosesperando na cozinha.devo entrar em15 minutos.haver um bom pblicoeles me dizem.

  • para Al

    no se preocupe com rejeies, parceiro,eu j fui rejeitadoantes.

    algumas vezes voc comete um erro, pegandoo poema erradoo mais comum para mim cometer o erro deescrev-lo.

    mas eu gosto de uma montaria em cada corridamesmo que o homemque organiza a largada da manh

    a coloque pagando 30 por um.

    tenho que pensar na morte mais e mais

    senilidade

    muletas

    poltronas

    escrevendo poesia prpura com acaneta pingando

    quando mocinhas com bocasde piranhacorpos como limoeiroscorpos como nuvenscorpos como flashes de luzpararem de bater minha porta.

    no se preocupe com rejeies, parceiro.fumei 25 cigarros esta noitee voc sabe sobre a cerveja.

  • o telefone tocou apenas uma vez:era engano.

  • como ser um grande escritor

    voc tem que trepar com um grande nmero de mulheresbelas mulherese escrever uns poucos e decentes poemas de amor.

    e no se preocupe com a idadee/ou com os talentos frescos e recm-chegados.

    apenas beba mais cervejamais e mais cerveja

    e v s corridas pelo menos uma vez porsemana

    e venase possvel.

    aprender a vencer difcil qualquer frouxo pode ser um bom perdedor.

    e no se esquea do Brahmse do Bach e tambm da suacerveja.

    no exagere no exerccio.

    durma at o meio-dia.

    evite cartes de crditoou pagar qualquer contano prazo.

    lembre-se que nenhum rabo no mundovale mais do que 50 pratas.(em 1977).

    e se voc tem a capacidade de amar

  • ame primeiro a si mesmomas esteja sempre alerta para a possibilidade de umaderrota totalmesmo que a razo para essa derrotaparea certa ou errada

    um gosto precoce da morte no necessariamenteuma coisa m.

    fique longe de igrejas e bares e museus,e como a aranha sejapaciente o tempo a cruz de todos,mais oexlioa derrotaa traio

    todo este esgoto.

    fique com a cerveja.

    a cerveja o sangue contnuo.

    uma amante contnua.

    arranje uma grande mquina de escrevere assim como os passos que sobem e descemdo lado de fora de sua janela

    bata na mquinabata forte

    faa disso um combate de pesos pesados

    faa como o touro no momento do primeiro ataquee lembre dos velhos cesque brigavam to bem:Hemingway, Cline, Dostoivski, Hamsun.

    se voc pensa que eles no ficaram loucos

  • em quartos apertadosassim como este em que agora voc est

    sem mulheressem comidasem esperana

    ento voc no est pronto.

    beba mais cerveja.h tempo.e se no hest tudo certotambm.

  • o preo

    bebendo um champanhe de 15 dlares Cordon Rouge na companhia de putas.

    uma se chama Georgia eno chegada em meia-cala:estou sempre tendo que ajud-lacom suas longas meias negras.

    a outra Pam mais bonitaporm meio desalmada, efumamos e conversamos ebrinco com suas pernas eenfio meu p descalo nabolsa aberta de Georgia.est cheia defrascos com plulas.tomo algumas delas.

    escutem, eu digo, uma devocs tem alma, a outraaparncia. posso combinarvocs duas? pegar a almae enfiar na aparncia?

    se voc me quer, diz Pam, vailhe custar cem pratas.

    bebemos um pouco mais e Georgiadespenca no cho e no conseguese levantar.

    digo a Pam que gosto muitode suas orelhas. seucabelo longo e natural eruivo.estava de brincadeira quando falei emcem, ela diz.

  • oh, eu digo, quanto vai mecustar?

    ela acende um cigarro commeu isqueiro e me olhaatravs da chama:

    seus olhos me dizem.

    olhe, eu digo, acho que nopoderei pagar aquele preo novamente.

    ela cruza as pernasd uma tragada em seu cigarro

    sorri enquanto expele a fumaae diz, claro que pode.

  • sozinho com todo mundo

    a carne cobre os ossose colocam uma menteali dentro ealgumas vezes uma alma,e as mulheres quebramvasos contra as paredese os homens bebemdemaise ningum encontra opar idealmas seguem naprocurarastejando para dentro e para forados leitos.a carne cobreos ossos e acarne buscamuito mais do que meracarne.

    de fato, no h qualquerchance:estamos todos presosa um destinosingular.

    ningum nunca encontrao par ideal.

    as lixeiras da cidade se completamos ferros-velhos se completamos hospcios se completamas sepulturas se completam

    nada maisse completa.

  • o segundo romance

    eles apareciam eperguntavamj terminou seusegundo romance?

    no.

    o que t pegando? o que t pegandoque voc notermina?

    hemorridas einsnia.

    ser que voc noperdeu?

    perdi o qu?

    voc sabe.

    agora quando eles aparecemeu lhes digo,sim. j terminei.sair em setembro.

    voc terminou o livro?

    sim.

    bem, escute. tenho que ir.

    nem mesmo o gatoaqui da vizinhanabate mais minhaporta.

  • que beleza.

  • Chopin Bukowski

    este meu piano.

    o telefone toca e as pessoas perguntam,o que voc est fazendo? que talencher a cara com a gente?

    e eu digo,estou ao piano.

    o qu?

    desligo.

    as pessoas precisam de mim. eu ascompleto. se no podem me verpor um tempo ficam desesperadas, ficamdoentes.

    mas se as vejo muito seguidoeu fico doente. difcil alimentarsem ser alimentado.

    meu piano me diz coisas emtroca.

    s vezes as coisas estoconfusas e nada boas.outras vezesconsigo ser to bom e sortudo comoChopin.

    s vezes me sinto enferrujadodesafinado. issofaz parte.

    posso me sentar e vomitar sobre asteclas

  • mas meuvmito.

    melhor do que sentar em uma salacom 3 ou 4 pessoas eseus pianos.

    este meu pianoe melhor que os deles.

    e eles gostam e desgostamdele.

  • dama melanclica

    ela fica ali sentadabebendo vinhoenquanto seu maridoest no trabalho.ela considerade suma importnciaque seus poemas sejampublicadosnas pequenasrevistas.possui doisou trs de pequenosvolumes de sua poesiamimeografados.tem dois outrs filhoscom idades que vode 6 a 15.j no maisa linda mulher quecostumava ser. mandafotos em que aparecesentada sobre uma pedrajunto ao oceanosozinha e condenada.podia ter estado com elauma vez. me perguntose ela acha que eupoderiasalv-la?

    em todos os seus poemasseu marido jamais mencionado.mas costumafalar sobre seujardimassim sabemos que est

  • l, de alguma maneira,e que talvez elatrepe com os botes de rosae os tentilhesantes de escreverseus poemas.

  • barata

    a barata rastejousobre os ladrilhosenquanto eu estava mijando eao virar minha cabeaela enfiou o traseironuma fenda.peguei o inseticida e disparei o aerossole disparei e dispareie finalmente a barata saiue me lanou um olhar muito nojento.ento desabou dentroda banheira e fiquei assistindo sua mortecom um prazer sutilpois eu pagava o aluguele ela no.recolhi-a comum tipo de papel higinicoazul-esverdeado e joguei-ana descarga. era tudo o que setinha a fazer, exceto quenas redondezas de Hollywood eWestern temos que seguirfazendo isso.dizem que algum dia essatribo herdara terramas faremos com queesperem maisalguns meses.

  • quem, diabos, Tom Jones?

    por duas semanasestive dormindo com umagarota de 24 anos deNova York na pocaem que ocorria a greve doslixeiros, e certa noiteminha antiga mulher de 34 anoschegou e disse, quero verminha rival. foi o que ela feze ento disse, , voc a coisinha mais querida!depois disso reparei que houve umagritaria de gatas selvagens urros e unhadas,lamentos de animal ferido,sangue e mijo...

    eu estava bbado e s decalo. tenteiseparar as duas e ca,torcendo o joelho. entoatravessaram a porta eavanaram ruaafora.

    chegaram viaturas cheiasde policiais. um helicptero dapolcia sobrevoou o local.

    fiquei no banheiroe sorri para o espelho.no comum que coisasto esplndidas assimaconteam aos 55 anos.

    muito melhor do que os distrbios emWatts[3].

  • a de 34 retornoupara dentro. estava todamijada e sua roupatransformada em farrapos e eraseguida por dois policiais quequeriam saber a razo daquilo tudo.

    erguendo meus caleseu tentava explicar.

  • derrota

    ouvindo Bruckner no rdiome perguntando por que no estava meio loucodepois do ltimo rompimento com minhaltima namorada.

    me perguntando por que no estou guiando pelas ruasbbadopor que no estou no banheirona escuridona escurido atrozponderandolacerado por pensamentos incompletos.

    suponhopor fim istocomo um homem comum:conheci muitas mulherese em vez de pensarquem est trepando com ela agora?eu pensonesse instante ela est aborrecendo terrivelmenteoutro desgraado.

    ouvir Bruckner no rdioparece algo to pacfico.

    muitas mulheres j passaram por aqui.estou sozinho afinalsem estar sozinho.

    pego um pincel Grumbachere limpo minhas unhas com a ponta afiada.

    percebo uma tomada na parede.

    veja, eu venci.

  • sinais de trnsito

    os velhos camaradas jogamno parque olhando o mar ao longepondo marcadores ao longo da pistacom gravetos de madeira.quatro jogam, dois para cada ladoe 18 ou 20 se sentam aosol e assistempercebo isso enquanto sigoem direo ao banheiro pblicoenquanto meu carro est no conserto.

    o parque abriga um velho canhoenferrujado e intil.seis ou sete veleiros cortamo mar l embaixo.

    termino a tarefasaioe eles continuam jogando.

    uma das mulheres usa uma maquiagem carregadabrincos falsos e fumaum cigarro.os homens so muito magrosmuito plidosusam relgios de pulso que lhes machucamos pulsos.

    a outra mulher muito gordae d uns risinhosa cada vez que um ponto marcado

    alguns deles tm a minha idade.

    eles me enojam

    o modo como esperam pela morte

  • com tanta paixoquanto um sinal de trnsito.

    essas so as pessoas que acreditam em comerciaisessas so as pessoas que compram dentaduras a prazoessas so as pessoas que comemoram feriadosessas so as pessoas que tm netosessas so as pessoas que votamessas so as pessoas que tm funerais

    esses so os mortosneblina e fumaao fedor no aros leprosos.

    esses so afinal quase todosque existem.

    gaivotas so melhoresalgas marinhas so melhoresareia suja melhor

    se pudesse posicionar aquele velho canhocontra elese faz-lo funcionareu o faria.

    eles me enojam.

  • 462-0614

    agora recebo muitas chamadas de telefone.todas iguais. Charles Bukowski,o escritor?sim, eu lhes respondo.e eles dizem que entendem minhaescrita,alguns deles so escritoresou querem ser escritorese esto em empregos estpidos ehorrveise no conseguem nem encarar a salao apartamentoas paredesessa noite...querem algum com quem possamconversar,no podem acreditarque no posso ajud-losque no conheo as palavras.no podem acreditarque agora mesmome dobro em meu quartosegurando minhas entranhase dizendoJesus Jesus Jesus,de novo no!eles no podem acreditarque as pessoas mal-amadasas ruasa solidoas paredestambm so minhas.e quando desligo o telefoneeles acham que escondi ojogo.

    no escrevo a partir da sabedoria.

  • quando o telefone tocaeu tambm gostaria de ouvir palavrasque pudessem aliviar um pouco algumadessas coisas.

    por isso que meu nome est nalista.

  • fotografias

    elas o fotografam em sua varandae no seu sofe voc de p no quintalou encostado em seu carro

    essas fotgrafasmulheres com rabos enormesque lhe parecem melhoresque seus olhos ou suas almas

    este jogo com o autorna verdade no passa de umnmero barato Hemingwaye James Joyce

    mas veja l esto os livrosvoc os escreveununca esteve em Parismas escreveu todos aqueles livrosatrs de voc(e outros que no esto ali,perdidos ou roubados)

    tudo o que voc tem que fazer se parecer com o Bukowskipara as cmerasmas

    voc segue de olhonaquelesrabos enormes e magnficose pensando outra pessoa os est faturando

    olhe aqui nos meus olhoselas dizem e disparam suas cmeras

  • acionam o flash de suas cmerase acariciam suas cmeras

    Hemingway costumava boxear oupescar ou ir s touradasmas depois que elas se vovoc bate uma debaixo dos lenise toma um banho quente

    elas nunca mandam as fotoscomo prometeme seus rabos magnficos se vopara sempree voc se comportou como um timo literato ainda vivologo em breve mortoolhando fundo para seus olhos e almase tudo mais.

  • social

    o traado azul da ondarasgos de estrada amarela

    um volanteuma mulher insana sentadaao seu lado

    reclamando enquanto o oceanofaz espuma

    e pessoas em motor homesamarelas ebrancasimpedem sua passagempor um tempofrenticoenquanto voc escutaculpado disso eculpado daquilo

    voc admiteisso e aquilomas nunca osuficiente

    ela quer conquistasesplndidase voc est escaldado poressas conquistasesplndidas

    chegando lela descecaminha em direo casa

    voc mija junto ao

  • para-lamas do seu carrobbado de cerveja

    pequenas gotas de vocpingando napoeirana poeiraseca

    depois de fechar o zper vocse pe em marchapara encontrar os amigosdela.

  • um poema para a armadura peitoral

    tenho um ditado, os duros sempre retornam.

    mas Vera era mais doce do que a maioria,e assim fiquei surpreso quandoela chegou naquela noitedizendo, me deixe entrar.

    no, no, estou trabalhando num soneto.

    ficarei s um minuto, depois mevou.

    Vera, se eu deixar voc entrar sei que s sair daquiem 3 ou 4 dias.

    era noite e eu no acenderaa luz da varanda e assim no pude v-lase aproximarmasela lanou uma direita queexplodiu bem no centro do meupeito.

    baby, esse foi um soco lindo.agora caia fora.

    ento fechei a porta.

    ela voltou 5 minutos depois:Hank, no consigo achar meu carro, eujuro que no consigo achar. me ajudea encontr-lo!

    vi meu amigo Bobby-the-Riffcaminhando. ei, Bobby ajudeessa a a achar o carro. nosfalamos depois.

  • foram juntos.

    mais tarde Bobby disse que encontraramo carro na frente do ptio de algum,motor e luzesligados.

    no ouvi mais falar de Veradesde entoa no ser que seja elaquem me ligas 2 e 3 e 4 da manhe no responde quando eudigo al.

    mas Bobby diz quepode cuidar delaento decidi deix-lapara Bobby.

    ela mora numa rua lateral em algum lugar deGlendalee eu o ajudo a abrir omapa rodovirio enquanto bebemos nossasSchlitz dietticas.

  • o pior e o melhor

    nos hospitais e nas cadeiasest o piornos hospciosest o piornas coberturasest o piornos albergues vagabundosest o piornas leituras de poesianos concertos de rocknos shows beneficentes para os invlidosest o piornos funeraisnos casamentosest o piornas paradasnos rinques de patinaonas orgias sexuaisest o pior meia-noites 3 da manhs 5h45 da tardeest o pior

    pelotes de fuzilamentorasgando o cuisto o melhor

    pensar na ndiaolhando para as carrocinhas de pipocaassistindo ao touro pegar o matadoristo o melhor

    lmpadas encaixotadasum velho co se coandoamendoins em um saquinhoisto o melhor

  • jogar inseticida nas baratasum par de meias limpascoragem natural vencendo o talento naturalisto o melhor

    de frente para pelotes de fuzilamentolanar pedaos de po s gaivotasfatiar tomatesisto o melhortapetes com marcas de cigarrofendas nas caladasgaronetes que mantm a sanidadeisto o melhor

    minhas mos mortasmeu corao mortosilncioadgio de pedraso mundo em chamasisto o melhorpara mim.

  • cupons

    cigarros umedecidos por cervejada noite passadavoc acende umse engasgaabre a porta em busca de are junto entradaest um pardal mortosua cabea e seu peitoarrancados.

    pendurado maanetah um anncio da All AmericanBurgerque consiste de alguns cuponsquedizemque na comprade um hambrguerde 12 de fev. a 15 de fev.voc ganha de graaum pacote de batatasfritas mdio e umcopo pequeno de coca-cola.

    pego o anncioembrulho o pardal com elelevo at a lata de lixoe despejo ldentro.

    veja:renunciando a batatas fritas e cocapara ajudar a manterminha cidadelimpa.

  • sorte

    o que est mal a respeito dissotudo ver as pessoasbebendo caf eesperando. gostaria deembeb-los todosna sorte. eles precisamdisso. precisam bemmais do que eu.

    sento nos cafse os vejo aesperar. no creioque haja muito maisa fazer. as moscasvo pra l e pra cnos vidros das janelase bebemos nossocaf e fingimosno olhar unspara os outros.espero junto com eles.entre o movimentodas moscasas pessoas vagueiam.

  • co

    um co apenascaminhando sozinho numa calada quente em plenoveroparece ter mais poderdo que dez mil deuses.

    por que isso?

  • guerra de trincheira

    abatido pela gripebebendo cervejao rdio num volumesuficientemente alto para superaros sons produzidospelo estreo das pessoas querecm se mudarampara a casaao lado.dormindo ou acordadoseles ajustam seu aparelhono volume mximodeixando suasportas e janelasabertas.

    cada um deles tem18, casados, vestemsapatos vermelhos,so loiros,magros.tocam detudo: jazz,msica clssica, rock,country, modernacontanto que estejaalta.

    este o problemade ser pobre:temos que conviver como som dos outros.semana passada foiminha vez:havia duas mulheresaquibrigando entre sie elas

  • correram pela caladagritando.a polcia veio.

    agora a vezdeles.agora caminhopra l e pra c emmeus cales sujos,dois tampes de borrachaenfiados bem fundoem meus ouvidos.

    chego a pensar emassassinato.esses coelhospequenos e rudes!pedacinhos ambulantesde ranho!

    mas na nossa terrae do nosso jeitonunca ter havidouma chance;somente quandoas coisas no estoindo to malpor um instanteque esquecemos.

    algum dia cada umdeles estar mortoalgum dia cada umdeles ter umcaixo separadoe ento haversilncio.

    mas por ora Bob DylanBob Dylan BobDylan por a

  • afora.

  • a noite em que trepei com meu despertador

    certa vezpassando fome na Filadlfiaeu ocupava um quartinhocaa a tarde e a noite chegavae me postei junto janela no 3 andarno escuro e olhei para umacozinha que ficava no outro lado do 2 andare avistei uma bela garota loiraabraar um jovem e ali beij-locom o que parecia ser fomee fiquei parado a olh-los at que seseparassem.ento dei meia-volta e acendi a luz do quarto.vi minha cmoda e suas gavetase meu despertador sobre ela.peguei o relgioe o levei pra cama comigotrepei com ele at que os ponteiros cassem fora.depois sa e vaguei pelas ruasat sentir meus ps se encherem de bolhas.quando voltei fui at a janelae olhei pra baixo e l pro outro ladoe a luz na cozinha deles estavaapagada.

  • quando me penso morto

    penso em automveis estacionadosnas vagas

    quando me penso mortopenso em panelas de fritura

    quando me penso mortopenso em algum fazendo amor com vocquando no estou por perto

    quando me penso mortorespiro com dificuldade

    quando me penso mortopenso em todas as pessoas que esperam pela morte

    quando me penso mortopenso que nunca mais poderei beber gua

    quando me penso mortoo ar fica completamente puro

    as baratas na minha cozinhatremem

    e algum ter que jogarfora minhas cuecas limpas esujas

  • noite de Natal, sozinho

    noite de Natal, sozinho,num quarto de moteljunto costaperto do Pacfico ouviu?

    eles tentaram fazer desse lugar algoespanhol, htapearias e lmpadas, eo banheiro limpo, hminibarras de saboneterosa.

    no nos encontraro poraqui:as piranhas ou as damas ouos adoradoresde dolos.

    l na cidadeeles esto bbados e em pnicofurando sinais vermelhosarrebentando suas cabeasem homenagem ao aniversrio deCristo. isso uma beleza.

    em breve terei terminado esta garrafa derum porto-riquenho.pela manh vomitarei e tomareibanho, voltarei paracasa, comerei um sanduche uma da tarde,estarei no meu quarto por volta dasduas,estirado na cama,esperando o telefone tocar,sem responder,meu feriado uma

  • evaso, minha razono .

  • certa vez houve uma mulher que enfiou a cabea dentro do forno

    o terror se torna por fim quasesuportvelmas nunca completamente

    o terror se arrasta como um gatorasteja como um gatopor minha mente

    posso ouvir a risada das massas

    elas so forteselas sobrevivero

    como a barata

    nunca tire seus olhos da barata

    voc no voltar a v-la outra vez.

    as massas esto em todo lugarsabem como fazer as coisas:elas tm raivas sadias e mortaispor coisas sadias emortais.

    gostaria de estar dirigindo um Buick 1952 azulou um Buick 1942 azul-marinhoou um Buick 1932 azulsobre um desfiladeiro do inferno e em direo aomar.

  • camas, banheiros, voc e eu...

    pensando nas camasusadas e reutilizadaspara treparpara morrer.

    nesta terraalguns de ns trepam mais do quens morremosmas a maioria de ns morremelhor do quetrepamos,e morremosbocado a bocado tambm em parquestomando sorvete, ounos iglusda demncia,ou em esteiras de palhaou sobre amoresdesembarcadosouou.

    :camas, camas, camas:banheiros, banheiros, banheiros

    o sistema de esgoto humano a maior inveno domundo.

    e voc me inventoue eu inventei voce por isso que ns nodamosmais certonesta cama.voc era a maior inveno

  • do mundoat que resolveume mandar descargaabaixo.

    agora a sua vezde esperar que algum aperteo boto.algum far issocom voc,puta,e se eles no fizeremvoc far misturada ao seu prprioadeusverde ou amarelo ou brancoou azulou lavanda.

  • isso ento...

    o mesmo que antesou que da outra vezou da vez anterior a essa.eis um paue eis uma bocetae eis um problema.

    a cada vezvoc pensabem eu aprendi desta vez:vou dizer a ela que faa issoe eu farei isto,j no quero a coisa toda,s um pouco de confortoe um pouco de sexoe apenas um mnimo deamor.

    agora novamente esperoe os anos vo escasseando.tenho meu rdioe as paredes da cozinhaso amarelas.sigo esvaziando as garrafas esperados passos.

    espero que a morte reservemenos do que isto.

  • imaginao e realidade

    h muitas mulheres solteiras no mundocom um ou dois ou trs filhose algum se pergunta aonde foram os maridosou aonde foramos amantesdeixando para trstodas essas mos e esses olhos e esses pse essas vozes.ao passar por suas casasgosto de abrir armrios eolhar o que h dentroou ento debaixo da piaou no guarda-roupa espero encontrar o maridoou o amante e ele me dir:ei, parceiro, voc no percebeu asestrias, ela tem estriase peitos cados e comecebolas o tempo todo e peida... massou um cara habilidoso. posso consertar coisas,sei como usar um torno mecnico etroco sozinho o leo do carro. sei jogarsinuca, boliche, posso chegar em 5 ou6 em qualquer maratona pora. tenho um jogo de tacos degolfe, lano a bola a longas distncias. seionde fica o clitris e o que fazer comele. tenho um chapu de caubi com as abasdobradas para cima.sou bom com o lao e com os punhosconheo os ltimos passos de dana.

    e eu direi, veja s, estou de sada.e sumirei antes que ele acabe me desafiandopara uma queda de braosou me conte uma piada bagaceiraou me mostre a tatuagem no seubceps direito em movimento.

  • mas de fatotudo o que encontro no armrio soxcaras de caf e pratos marrons, grandes e rachadose debaixo da pia uma pilha de traposendurecidos, e no guarda-roupa mais cabidesdo que roupas, e s quando ela me mostrao lbum e as fotos dele to bom quanto uma caladeira, ou um carrinho desupermercado cujas rodas no esto emperradas que a dvida ntima se desfaz, e aspginas avanam e ali est uma criana comum traje de banho vermelho e l esta outraperseguindo uma gaivota em Santa Mnica.e a vida se torna triste e nada perigosae, dessa maneira, boa o suficiente:t-la para lhe trazer uma xcara de caf emuma daquelas xcaras sem que eleaparea.

  • roubada

    sigo pensando que ela estar l foraagoraesperando por mimazulo para-choque frontal amassadoa cruz de Malta penduradano retrovisor.o tapete de borrachaembolado debaixo dos pedais.8 km/lo bom e velho TRV 491a fiel amante de um homem,o modo como eu lhe engatava a segundaao dobrar uma esquinao modo como ela podia furar um sinalquando ningum estava por perto.o modo como conquistvamos enormese pequenos espaoschuvasolneblinahostilidadeo impacto das coisas.

    sa das lutas no Olympic na ltimatera-feira noitee minha caranga tinha sumidocom outro amantepara outro lugar.

    as lutas tinham sido boas.chamei um txi numa estaoe me sentei numa cafeteria para comeruma rosquinha com geleia acompanhada de caf eesperei,e eu sabia que se encontrasseo homem que a havia roubadoeu o mataria.

  • o txi chegou. acenei para omotorista, paguei pela rosquinha e pelocaf, sa noite afora,entrei no carro, e lhe disse, Hollywood coma Western, e naquela noiteem especfico aquilo foi tudo.

  • o humilde herdou

    se eu sofro assim diante dessamquina de escreverpense em como eu me sentiriaentre os colhedoresde alface em Salinas?

    penso nos homensque conheci nasfbricassem qualquer chance deescapar sufocados enquanto vivemsufocados enquanto riemde Bob Hope ou LucilleBall enquanto2 ou 3 crianas jogambolas de tnis contraas paredes.

    alguns suicdios jamais soregistrados.

  • os insanos sempre me amaram

    e os subnormais.ao longo de todo o ensinofundamentalensino mdiofaculdadeos rejeitados seuniam amim.caras com um s braocaras com tiquescaras com problemas de falacaras com uma pelcula brancasobre um dos olhos,covardesmisantroposassassinostaradose ladres.e em todasas fbricas e navagabundagemsempre atraos rejeitados. eles me encontravamlogo de cara e se grudavamem mim. continuamfazendo isso.aqui na vizinhana h agoraum que meencontrou.ele anda por a empurrando umcarrinho de supermercadocheio de lixo:bengalas partidas, cadarossacos vazios de batata frita,caixas de leite, jornais, canetas...ei, parceiro, o que t fazendo?eu paro e conversamos umpouco.

  • ento eu digo adeusmas ele continua meseguindopara alm dosputeiros e dosprostbulos...me mantenha informado,parceiro, me mantenha informado,quero saber o que estacontecendo.esse o meu insano do momento.nunca o vi falarcom maisningum.o carrinho chacoalhaum pouco atrsde mimento alguma coisacai.ele se detm parajunt-la.enquanto ele se ocupa disso euentro pela porta de umhotel verde que fica naesquinacruzoo saguosaio pela portados fundos eali h um gatocagandoabsolutamente deliciado,que me arreganha osdentes.

  • Big Max

    durante o ensino mdioBig Max era um problema.ficvamos sentados na hora do recreiocomendo nossos sanduches com manteiga de amendoime batatas fritas.ele tinha pelos no narize sobrancelhas cerradas, seus lbiosbrilhavam com saliva.j usava tnis nmero43. suas camisas ficavam esturricadas em seupeito enorme. seus pulsos pareciamduas toras. e ele cruzava as sombras atrs do ginsioonde sentvamos, meu amigo Eli e eu.caras, ele ficava ali parado, caras,vocs sentam com seus ombros cados!vocs caminham com os ombroscados! como que vo conseguiralguma coisa?

    no respondamos.

    ento Max olhava pra mim.fique de p!

    eu me levantava e ele ficava caminhandos minhas costas e dizia, erga seusombros assim!

    e ele puxava meus ombros para trs.veja! no faz voc se sentir melhor?

    claro, Max.

    logo ele se afastava e eu voltava minhapostura normal.

    Big Max estava pronto para enfrentar o

  • mundo. olhar para ele nos deixavaenojados.

  • aprisionado

    no inverno caminhando em meuteto meus olhos do tamanho de luzes deposte. tenho quatro patas como um rato maslavo minhas roupas ntimas barbeado ede ressaca e de pau duro e sem advogado.tenho cara de esfrego. cantocanes de amor e carrego ao.

    preferiria morrer a chorar. no suportoa matilha no posso viver sem ela.inclino minha cabea contra o refrigeradorbranco e quero gritar comoo ltimo lamento de vida para todo sempre massou maior do que as montanhas.

  • o modo como voc joga o jogo

    chame-a de amorcoloque-a de p sob a luzimperfeitaponha-lhe um vestidoreze cante implore chore riaapague as luzesligue o rdioacrescente-lhe enfeites:manteiga, ovos crus, jornais deontem;um cadaro novo, e entopprica, acar, sal, pimenta,ligue para sua tia velha e bbada emCalexico;chame-a de amor,espete-a bem, adicionerepolho e molho de ma,ento a esquente primeirono lado esquerdo,depois nodireito,ponha-a numa caixalivre-se deladeixe-a nos degraus de uma portavomitando como voc farnashortnsias.

  • no continente

    eu sou frouxo. eusonho tambm.me deixo sonhar. sonho emser famoso. sonho emcaminhar nas ruas de Londres eParis. sonho emsentar em cafsbebendo vinhos caros epegando um txi de volta a um bomhotel.sonho emconhecer lindas mulheres no saguoedispens-las porquetenho um soneto em mente quequero escreverantes do nascer do sol. quando o sol nascerestarei dormindo e haver umgato estranho enroladono parapeito da janela.

    penso que todos nos sentimos assimde vez em quando.eu gostaria mesmo de visitarAndernatch, na Alemanha, o lugar ondecomecei. depois gostaria devoar at Moscou para checaro sistema de transporte coletivo assimteria alguma coisa levemente obscena parasussurrar no ouvido do prefeito deLos Angeles quando retornasse para estelugar fodido.

    poderia acontecer.estou pronto.

    j vi lesmas escalarem

  • paredes de trs metros de altura edesaparecerem.

    voc no deve confundir isto comambio.eu seria capaz de rir ao receberuma mo perfeita nas cartas

    e no esquecerei de voc.vou lhe mandar cartes-postais einstantneos, e osoneto acabado.

  • 12:18 a.m.

    decapitado no meio danoitecoando os lados do meu corpoestou coberto de mordidaslivro aos chutes minhas pernas brancas dos lenisenquanto as sirenes soamh um disparo de arma de fogo.

    vou cozinhaem busca de um copo dguadestruir o devaneio de uma baratadestruir a prpria barata.um vendaval vem do norteenquanto o homem no apartamentoda frenteenfia seu pau no rabo de suafilha de 4anos.

    escuto os gritosacendo um charutoenfio-o nos lbios de minhacabea decapitada. um coronaenvelhecidoum Medalist Naturles, N 7.

    retorno ao banheirocom um inseticida.aperto a vlvula.sai o spray. tenhonuseas,penso em antigas batalhasem amores mortos.

    tanta coisa acontece na escuridoainda que amanh

  • o sol continue seguindo seu rumo,voc receber uma multa se estacionardo lado sul de uma rua numaquinta-feiraou do lado norte nasexta.

    a eficincia do sol e daleiprotege a sanidade.

    alguma coisa me morde.disparoenlouquecidamente o spray em meuslenis.

    volto-mevejo o espelho na escurido o charutoa pana flcidameu reflexoenvelhecido.

    dou uma risada.

    bom que eles nosaibam.

    pego minha cabea

    coloco-a novamente em meupescoo

    entro sob os lenis e

    no consigo dormir.

  • txi

    a danarina mexicana balanava suas plumas eseu rabo para mim,sem que eu lhe tivesse pedido, eminha mulher enlouqueceu e saiu correndo do caf ecomeou a chover e dava para ouvir os pingos notelhado e eu estava sem emprego e me restavam 13 diasde aluguel.s vezes, quando uma mulher corre assim de voc de se perguntar se no faz isso por questeseconmicas, bem, no se pode culp-las se eu tivesse que ser comido, preferia que fossepor algum com grana.estamos todos assustados, mas quando voc feio eest completamente fodido voc sefortalece, e chamei o garom e disse,achou que vou virar esta mesa, estoude saco cheio, pirado, preciso deao, chame o seu leo-de-chcara, mijarei naclavcula dele.

    fuiposto pra fora bruscamente.chovia. dei um jeito de me recompor sob a chuva ecaminhei pela rua desertaalgodo-docequinquilharias venda, todas as lojinhas fechadascom cadeados Woolworth de 67 centavos.

    chego ao final da rua a tempode v-la entrar num txicom outro cara

    desabo junto a uma lata de lixo, me levantoe mijo nela, sentindo-me triste e logo nemtanto, sabendo que havia coisas demais que eles podiam

    [fazercontra voc, o mijo escorrendo pela lata

  • corrugada, os filsofos deveriam ter algo a dizer sobreisso. mulheres. a sorte delas contra o seudestino. o vencedor leva Barcelona. prximobar.

  • como voc no est fora da lista?

    os homens ligam e me perguntam isto.

    voc realmente Charles Bukowskio escritor?

    sou escritor de vez em quando, eu digo,na maior parte do tempo eu no fao nada.

    escute, eles dizem, eu gosto das suascoisas se importa se eu aparecer acom uma dzia de latinhas?

    voc pode traz-las, eu digodesde que no entre...

    quando as mulheres ligam, eu digo,, sim, escrevo, sou um escritorapenas no estou escrevendo nada neste exato momento.

    me sinto tola ligando para voc,elas dizem, e fiquei surpresade achar seu nome na lista telefnica.

    tenho meus motivos, eu digo,a propsito, por que voc no aparecepra tomar uma cerveja?

    voc no se importaria?

    e elas chegammulheres lindasboas de corpo e mente e olho.

    frequentemente no h sexomas estou acostumadoainda assim bombom demais apenas olhar para elas...

  • e em alguns raros momentostenho uma mar inesperada de sortepara variar.

    para um homem de 55 que no transouat os 23e no muitas vezes mais at os 50creio que deva continuar listadona Pacific Telephoneat conseguir o mesmo nmero de mulheresque os homens normais conseguiram.

    claro, terei que continuarescrevendo poemas imortaismas a inspirao est l.

  • boletim do tempo

    suponho que esteja chovendo em alguma cidade espanholaneste momentoenquanto me sinto maldeste jeito;gosto de pensar nissoagora.vamos a um vilarejo mexicano isso soa bem:um vilarejo mexicanoenquanto me sinto maldeste jeitoas paredes amareladas pelo tempo aquela chuval fora,um porco se movendo em seu chiqueiro noiteincomodado pela chuva,os olhos diminutos como pontas de cigarro,e seu maldito rabo:pode v-lo?no consigo imaginar as pessoas.talvez elas tambm estejam se sentindo mal,quase to mal quanto eu.pergunto-me o que elas fazem quando se sentemassim?provavelmente no o mencionam.dizem apenas,veja, est chovendo.Assim melhor mesmo.

  • velho limpo

    daqui auma semana farei55.

    sobre o queescrevereiquando ele nolevantar maispela manh?

    meus crticosvo adorarquando a minha diversopassar a sertartarugase estrelas-do-mar.

    chegaro inclusive adizercoisas boas sobremim

    como se eu tivessefinalmentealcanado arazo.

  • alguma coisa

    estou sem fsforos.as molas de meu sofestouraram.roubaram minha maleta.roubaram minha tela a leo dedois olhos rosados.meu carro quebrou.lesmas escalam as paredes de meu banheiro.meu corao est partido.mas as aes tiveram um dia de altano mercado.

  • uma janela de vidros espelhados

    ces e anjos no somuito diferentes.frequentemente vou comer nesselugarpor volta das 2h20 da tardeporque todas as pessoas que almoamali esto particularmente arruinadasfelizes pelo simples fato de estarem vivas ecomendo feijoprximas a uma janela de vidros espelhadosque impede a passagem do calore no deixa que os carros e ascaladas cheguem ao interior.

    podemos tomar quanto cafde graa quisermose nos sentamos e em silncio bebemoso caf preto e forte.

    bom estar sentado em algum lugarneste mundo s 2h20 da tardesem sentir-se carneado at obranco dos ossos. mesmoestando arruinados, sabemos disso.

    ningum nos incomodano incomodamos ningum.

    anjos e ces no somuito diferentess 2h20 da tarde.

    tenho minha mesa favoritae depois de terminar

    empilho os pratos, pires,o copo, os talheres

  • com cuidado fao sorte minha oferenda e l fora o solsegue trabalhando bemdescrevendoseu arcoenquanto aqui dentroreinaa escurido.

  • junkies

    ela aplicou no pescoo, ela medisse. eu disse que era para me aplicarna bunda e ela tentou e disse, oh-oh,e eu disse, que merda est acontecendo?ela disse, nada, este o modo Nova Yorkde fazer a coisa, e tentou enfiar a agulha de novo e disse,oh, merda. Peguei o negcio e tentei me aplicarno brao, consegui injetar uma parte.no sei por que as pessoasse metem com isso, no h nadade mais. acho que so todos uns coitadose querem realmente chegar ao fundo do poo. noh sada, como se eles no conseguissemchegar onde querem ou pretendeme no tivessem outra sada.isso tinha que ser assim.ela aplicou no pescoo.

    eu sei, eu disse. liguei pra ela, elamal conseguia falar, disse que estava comlaringite. tome um pouco deste vinho.

    era vinho branco e 4h20 da manh e suafilha dormia no quarto. a teva cabo estava ligada sem volume eum enorme pster com um John Wayne ainda jovemnos velava, e no nos beijamos nem sequer fizemosamor e acabei saindo de l s 6h15depois que a cerveja e o vinho acabarame tambm para que sua filha no acordasse para ir aocolgio e me encontrasse ali sentado nacama de sua mecom o John Wayne e a noite encerradae sem quaisquer esperanas para quem quer que fosse...

  • 99 para um

    o tubaro resplandecentequer meus bagosenquanto atravesso a seo de carnesem busca de salame e queijo

    donas de casa prpurasapalpando abacates de 75 centavossabem que meu carrinho umpau monstruoso

    sou um homem com um relgio antigoparado em uma cabine telefnica numa espeluncachupando um bico vermelho como morangode cabea para baixo em meio multido na Filadlfia.

    de repente tudo ao meu redor so gritos deESTUPRO ESTUPRO ESTUPRO ESTUPRO ESTUPROe eu estou metendo em alguma coisa debaixo de mimcabelos de um ruivo opaco, mau hlito, dentes azuis

    costumava gostar de Monetcostumava gostar muito de Monetera divertido, eu pensava, o que ele faziacom as cores

    mulheres so caras demaiscoleiras para cachorro so carasvou comear a vender ar em sacos alaranjadoscom os dizeres: florescncias da lua

    costumava gostar de garrafas cheias de sanguejovens garotas em casacos de pelo de cameloPrncipe Valenteo toque mgico do Popeye

    o esforo est no esforocomo um saca-rolhas

  • um homem de verdade no deixa farelos de cortia no vinho

    este pensamento j ocorreu a milhes de homensao se barbearema remoo da vida talvez fosse prefervel remoo dos pelos

    cuspa algodo e limpe seu espelhoretrovisor, corra como se tivesse vontade, ex-atleta,as putas vencero, os tolos vencero,mas dispare como um cavalo ao sinal da largada.

  • o estouro

    demaisto pouco

    to gordoto magroou ningum.

    risos oulgrimas

    odiososamantes

    estranhos com faces comocabeas detachinhas

    exrcitos correndo atravsde ruas de sanguebrandindo garrafas de vinhobaionetando e fodendovirgens.

    ou um velho num quarto baratocom uma fotografia de M. Monroe.

    h tamanha solido no mundoque voc pode v-la no movimento lento dosbraos de um relgio.

    pessoas to cansadasmutiladastanto pelo amor como pelo desamor.

    as pessoas simplesmente no so boas umas com as outrascara a cara.

  • os ricos no so bons para os ricosos pobres no so bons para os pobres.

    estamos com medo.

    nosso sistema educacional nos diz quepodemos ser todosgrandes vencedores.

    eles no nos contarama respeito das misriasou dos suicdios.

    ou do terror de uma pessoasofrendo sozinhanum lugar qualquer

    intocadaincomunicvel

    regando uma planta.

    as pessoas no so boas umas com as outras.as pessoas no so boas umas com as outras.as pessoas no so boas umas com as outras.

    suponho que nunca sero.no peo para que sejam.

    mas s vezes eu penso sobreisso.

    as contas dos rosrios balanaroas nuvens nublaroe o assassino degolar a crianacomo se desse uma mordida numa casquinha de sorvete.

    demaisto pouco

    to gordo

  • to magroou ningum

    mais odiosos que amantes.

    as pessoas no so boas umas com as outras.talvez se elas fossemnossas mortes no seriam to tristes.

    enquanto isso eu olho para as jovens garotastalosflores do acaso.

    tem que haver um caminho.

    com certeza deve haver um caminho sobre o qual aindano pensamos.

    quem colocou este crebro dentro de mim?

    ele choraele demandaele diz que h uma chance.

    ele no dirno.

  • um cavalo de olhos azul-esverdeados

    o que voc v aquilo que v:os hospcios raramenteesto visveis.

    que continuemos caminhando por ae nos coando e acendendocigarros

    mais miraculoso

    do que os banhos das beldadesdo que as rosas e as mariposas.

    sentar-se em um pequeno quartoe beber uma latinha de cervejae fechar um cigarroouvindo Brahmsem um radinho vermelho

    como ter voltadode uma dzia de batalhascom vida

    ouvir o somda geladeira

    enquanto as beldades banhadas apodrecem

    e as laranjas e masrolam para longe.

  • 3Scarlet

  • Scarlet

    fico feliz quando elas chegame feliz quando se vo

    feliz quando escuto os saltosse aproximando de minha portafeliz quando esses saltosse afastam

    feliz por foderfeliz por me importarfeliz quando tudo termina

    edesde que as coisas ou estocomeando ou terminandofico feliza maior parte do tempo

    e os gatos caminham pra cima e pra baixoe a terra gira em torno do sole o telefone toca:

    a Scarlet.

    quem?

    Scarlet.

    certo, pinta a.

    e desligo pensandotalvez seja isso

    entrodou uma cagada rpidame barbeiome banho

  • me visto

    ponho o lixoe as caixas cheias de garrafas vaziaspra fora

    me sento ao som dossaltos se aproximandoparecendo mais a aproximao de um exrcitodo que o som da vitria

    Scarlete na minha cozinha a torneiracontinua pingandoprecisando de conserto.

    cuidarei disso maistarde.

  • ruiva de cima a baixo

    cabelos ruivoslegtimosela os pe em movimentoe perguntameu rabo continua gostoso?

    que comdia.

    h sempre uma mulherpra salvar voc de outra

    e assim que ela o salvaest pronta paradestru-lo.

    s vezes eu odeio voc,ela disse.

    afastou-se e foi se sentarna minha varanda para ler meu exemplardo Catulo, e ficoupor l cerca de uma hora.

    as pessoas passavam de l para cem frente minha casase perguntando como umcara to velho e feio podia arranjaruma beldade daquelas.

    nem eu sabia.

    assim que ela entrou eu a puxeipara o meu colo.ergui meu copo e lhedisse, beba isso.

    oh, ela disse, voc misturou

  • vinho com Jim Beam, logo vai ficarsafado.

    voc passa hena nos cabelos,no?

    voc no enxerga nada, ela disse ese levantou e baixousuas calas e a calcinha eos pelos l embaixo tinham amesma cor dos cabelosl em cima.

    o prprio Catulo no poderia ter desejadograa mais histrica oumagnfica;depois ele seenamorou de

    rapazolasinsuficientemente loucospara se tornarmulheres.

  • como uma flor na chuva

    cortei a unha do dedo mdioda modireitarealmente curtae comecei a correr o dedo ao longo de sua bocetaenquanto ela se sentava muito ereta na camaespalhando uma loo por seus braosfacee seiosdepois do banho.ento acendeu um cigarro:no deixe que isso o desanime,e seguiu fumando e esfregando aloo.continuei tocando sua boceta.quer uma ma?, perguntei.claro, ela disse, tem uma a?mas eu lhe dei outra coisa...ela comeou a se contorcere depois rolou para um lado,ela estava ficando molhada e abertacomo uma flor na chuva.ento ela se voltou sobre a barrigae seu cu maravilhosoolhou para mime eu passei minha mo por baixo echeguei outra vez na boceta.ela se espichou e agarrou meupau, virando-se e se contorcendo toda,penetrei-ameu rosto mergulhando na massade cabelos ruivos que se alastrava feito enchentede sua cabeae meu pau intumescido adentrouo milagre.mais tarde tiramos sarro da looe do cigarro e da ma.depois eu sa para comprar um pouco de frango

  • e camaro e batatas fritas e po docee pur de batatas e molho esalada de repolho, e ns comemos. ela me dissequo bem ela se sentia e eu lhe disseo quo bem eu me sentia e ns comemoso frango e o camaro e as batatas fritas e o po docee o pur de batatas e o molho etambm a salada de repolho.

  • castanho-claro

    um olhar castanho-claro

    esse estpido, vazio e maravilhosoolhar castanho-claro.

    darei um jeitonele.

    voc no precisa maisme enganarcom seus truquesde Clepatrade cinema

    j se deu contade que se eu fosse uma calculadoraeu poderia entrar em paneregistrandoas infinitas vezes que voc usouesse olhar castanho-claro?

    no que no seja o que h de melhoresse seu olhar castanho-claro.

    algum dia um filho da puta loucoir mat-la

    e ento voc gritar meu nomee finalmente entendero que j devia ter entendido

    h muitotempo.

  • brincos enormes

    saio para busc-la.ela est em alguma misso.ela est sempre cheia de missesmuitas coisas pra fazer.nunca tenho nada pra fazer.

    ela sai de seu apartamentovejo-a se aproximar do meu carro

    ela vem descalavestida de modo casualexceto por enormes brincos.

    acendo um cigarroe quando ergo os olhosela est estirada no meio da rua

    uma rua bastante movimentada

    todos os seus 50 quilosto magnficos quanto qualquer coisa que voc possaimaginar.

    ligo o rdioe espero ela se levantar.

    ela o faz.

    abro a porta do carro.ela entra. afasto-me do cordo dacalada. ela gosta da cano que toca na rdioe aumenta o volume.

    ela parece gostar de todas as canesela parece conhecer todas as canescada vez que a vejo ela parece aindamelhor

  • 200 anos atrs eles a teriam queimadoem um poste

    agora ela passa seurmel enquanto nossocarro segue adiante.

  • ela saiu do banheiro com sua cabeleira ruiva flamejante e disse...

    os policiais querem que eu v at l e identifiqueum cara que tentou me estuprar.perdi outra vez a chave do meu carro; tenhoa que abre a porta, mas no a que d partida naignio.essas pessoas esto tentando tirar minha filha de mim,mas eu no vou deixar.Rochelle quase tomou uma overdose, ento foi at oHarry com um bagulho, e ele a pegou de jeito.ela teve as costelas fissuradas, voc sabe,e uma delas lhe perfurou o pulmo. elaest no hospital conectada a uma mquina.

    onde est meu pente?o seu est sempre imundo.

    eu lhe disse,eu no vi o seupente.

  • uma assassina

    a consistncia impressionante:boca fedorentapodre por dentro eum corpo quase perfeito,uma longa e luminosa cabeleira loira que confunde a mime aos outros

    ela segue de homem em homemoferecendo carcias

    ela fal