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F A S C Í C U L O

CIÊNCIAS HUMANASE SUAS TECNOLOGIASHISTÓRIA, GEOGRAFIA, FILOSOFIA, SOCIOLOGIA E ATUALIDADES

13FASCÍCULO

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS 13

FASCÍCULO

CARO ALUNO,Com este fascículo de Ciências Humanas e suas Tecnologias, encerramos nossa contribuição para o seu sucesso no Enem 2015, após tratarmos de relevantes objetos do conhecimento dessa Área ao longo do nosso projeto.Para fi nalizar, no fascículo 13, discutiremos como as redes sociais se transformaram em um poderoso instrumento de desenvolvimento de movimentos democráticos, o processo de urbanização e a Evolução do pensamento político.

Bom estudo para você!

INTRODUÇÃO

Olá, querido estudante,

É possível que nenhum dos analistas que se depararam com as redes sociais tenham atinado para o poder que elas ostentam dentro de um cenário em que a censura ainda venha a ser um instrumento de dominação e manipulação dos interesses socio-políticos. O fato é que a internet não somente encurtou distâncias, aproximando os mais diversos povos e culturas, mas também se tornou um elemento de expressão e de exposição dos mais diversos indivíduos e agentes que poderiam passar ocultos pela História. O mundo oriental da Tunísia, Egito, Líbia, etc vieram a experimentar essa realidade na prática, enquanto países como o Irã ainda se fecham numa perspectiva de polêmica diplomática e política, quanto ao uso e destino do enriquecimento com o urânio. Sob desconfi anças da comunidade internacional essa nação de maioria xiita prossegue desafi ando os mais diversos interesses que ora se ligam ao petróleo, ora se associam à questão nuclear no planeta e suas repercussões de natureza energética e armamentista.

OBJETO DO CONHECIMENTO

As Redes Sociais como Instrumento Político

Com os incríveis avanços do mundo virtual fi ca até difícil pensar sobre como era a comunicação durante a pré-história ou durante a Idade Medieval, por exemplo... Com apenas um click uma informação é capaz de circular os mais diversos rincões da Terra. Falamos em informação, mas o que tem sido viral mesmo são os protestos cibernéticos, uma espécie de ativismo virtual, mais que real, porque é capaz de mobilizar esforços coletivos em favor de movimentos vinculados aos mais diversos interesses.

Grupos e diversos segmentos tem utilizado a Internet para fi ns ideológicos e políticos, com a fi nalidade de disseminar informações, confrontar contextos e opiniões, bem como articular ações tanto no ambiente virtual, quanto no mundo real. Esse fenômeno tem ampliado as possibilidades de criar um protagonismo histórico incomum de pessoas que, antes, estariam à margem dos acontecimentos.

Todos as semanas, praticamente, são criadas organizações online com estruturação complexa e uma verdadeira teia de irradiação que encontram nas adesões, conforme as ideais defendidas, a ampliação das suas múltiplas possibilidades a partir de um único ponto ciber. As ações intranet se acham associada à invasão de sites, à ativação de panes, à infi ltração em sites governamentais; em termos de “extranet”, coordenam-se passeatas, protestos, motins, enfi m...

Conforme estudos feitos em torno do fenômeno, pode-se caracterizar o ativismo na Internet, a partir de cinco elementos de análise:• Organização e mobilização;• Ideologização;• Vinculação a uma causa;• Ação;• Reação.

As variações no uso da Internet chegam a limites incalculáveis e a expansão das suas possibilidades tem levado a desdobramentos e variações que se assemelham a uma rede neural. Abaixo-assinados, petições virtuais, observatórios de ações políticas e de governos; sites de denúncia, entre outras ações são acompanhados de um neologismo próprio, tais como ciberativismo, fl ashmobs, hackerativismo, inclusive com a criação de games, RPGs virtuais que visam articular raciocínios e habilidades com objetivos sócio-político e ideológicos.

Exemplos contemporâneos

Registra-se que as pioneiras formas de ciberativismo tenham começado por volta dos anos noventa, sem solução de continuidade, entretanto, uma vez que a contemporaneidade mais recente tem testemunhado movimentos articulados pela Internet tanto em rede nacional, quanto em nível internacional.

De todas as ocorrências dessa categoria um deles se tornou clássico; é o caso do WikiLeaks, do jornalista Julian Assange que difundiu informações até então sigilosas dos mais diversos governos e estruturas políticas, bem como partidos e políticos variados, sobretudo, norte-americanos e quanto aos confl itos no Oriente.

Outro fato se deu no Irã, onde o Twitter se tornou um instrumento desse tipo de ativismo no ambiente virtual. Denúncias revelaram fraudes eleitorais do presidente Ahmadinejad, desencadeando movimentos de oposição e

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protestos em confronto com as autoridades do governo que passou a vetar emissoras, jornais e . A repressão e censura forçaram os ativistas a buscarem meios de comunicação através de canais como YouTube para divulgar cenas relativas ao modo como os movimentos estavam sendo reprimidos.

Caminho semelhante foi trilhado pelo que se convencionou chamar de Primavera Árabe; Tunísia, Egito, Líbia foram alguns dos palcos do ciberativismo, com força sufi ciente para destronar governos e ditaduras que já se perdiam pra mais de 20 anos no poder, em média. Nesses exemplos, os telefones passaram a atuar como meios de veiculação de mensagens publicadas no Google, uma possibilidade tecnológica que transformava a escrita de parentes ali residentes em comunicação com outros fora do mundo árabe.

As redes sociais não operaram sozinhas nesse ambiente de protestos planejados silenciosamente, tiveram a ajuda dos celulares, cujos dispositivos tecnológicos permitem a fi lmagem e a postagem em tempo real; numa fração de menos de um minuto, a denúncia, protesto, informação circula na rede, impulsionando o seu crescimento e servindo de testemunhas tecnológicas de cenas protagonizadas por cidadãos até então ignorados; espécie de Reality Show de rua...

Em 2013, o Brasil inteiro pode constatar a força desse instrumento virtual a partir do Facebook, por exemplo, que permitiu colocar na rua milhares de pessoas em luta pelo Passe Livre. Esse movimento foi o sufi ciente para fazer com que inúmeros grupos percebessem a força das multidões em favor de uma causa, em protesto ou oposição aos impostos, abusivos aumentos, discrepâncias da administração pública. Diversas cidades brasileiras protagonizaram movimentos dos mais variados interesses, através da mesma rotina: rede social-celular-rua.

É exatamente a transmissão, em tempo real, da atuação do movimento em confronto com policiais e autoridades que serviu de fomento à integração dos mais diversos grupos convergentes à proposta de protesto coletivo.

O dilema nuclear na política iranianaPara quem acreditava numa mais ampla tranquilidade

com o fim da era Ahmadinejad não contava com as possibilidades extremistas do então eleito Hassam Rouhani quando o mesmo passou a exigir o fi m de quaisquer sansões contra o Irã já em seu discurso de posse, sem dar sinais de rever o seu programa nuclear que tem sido alegado como de base exclusivamente energética. O presidente do Irã conta com o apoio do aiatolá supremo Ali Khamenei e com grande parte da população radical xiita.

O discurso se confronta com uma sér ie de recomendações, acusações e suspeitas levantadas pelos norte-americanos que aponta o programa nuclear como uma estratégia iraniana para a produção de armas atômicas em confronto com alegações de que o referido programa tem objetivos de pesquisa nas áreas energética e médica, ou seja, fi nalidades pacífi cas de desenvolvimento interno do país.

Apesar das tensões e desconfi anças mútuas geradas, sobretudo entre o governo iraniano e norte-americano, os dois

países tem procurado caminhar para um maior estreitamento dos laços diplomáticos, tendo iniciado mais amplos entendimentos através de uma conversa telefônica entre Obama e Rouhani, tendo este último afi rmado que jamais chegaria a produzir artefato nuclear. O presidente do Irã também declarou à NBC o tom amistoso e positivo do estadista norte-americano quando o mesmo encerrou a ligação saudando-o com a expressão “Deus olhe por você” (khodahafez).

Obama também já havia tomado a iniciativa de haver trocado correspondência com Rouhani, logo após a sua vitória nas eleições iranianas. Segundo ambos os presidentes parece haver um clima favorável que possibilite um mais amplo entendimento e acordo, relativamente à questão nuclear.

Com a fi nalidade de comprovar que o Irã tem realmente fi nalidades pacífi cas, sobretudo, quanto à construção de uma base de sustentação energética para o país, Rouhani enviou uma delegação para discutir a questão junto ao Conselho de Segurança da ONU, em Genebra. A Alemanha também integra essa reunião do Conselho, tendo em vista formulações anteriores.

A ideia proposta pelo Irã inclui, surpreendentemente, o estabelecimento de visitas periódicas do grupo de inspeção da ONU à infraestrutura nuclear do país, conforme o TNP (Tratado de Não Proliferação Nuclear) que, foi elaborado com a fi nalidade de vetar a utilização de armas nucleares em situações de guerra, bem como a sua total eliminação e destinação apenas para fi ns energéticos. Incluindo o Brasil e Taiwan, o acordo chancelado pela ONU já conta com cerca de 189 nações adesas; entretanto, estão de fora países como a Coreia do Norte, Parquistão, Israel e Índia.

Alguns avanços podem ser identificados com essa aproximação diplomática do Irã:• Novas negociações se estabeleceram em novembro de

2013;• O Reino Unido retomou suas relações bilaterais com o Irã;• Uma maior aproximação entre o Irã e os EUA.

PARA ENTENDER MELHOR O TEMA

Desde 1950, os Estados Unidos havia apoiado a construção de infraestrutura nuclear no Irã, porém, com a Revolução Pan-arabista do Aiatolá Khomeini e a deposição do aliado Reza Pahlevi, o país começou a sofrer limitações e sansões estabelecidas pelos norte-americanos, situação que se agravou com a tomada da embaixada dos EUA no Teerã fazendo cerca de sessenta e cinco reféns do novo regime, o regime radical dos aiatolás.

O distanciamento e rompimento das relações diplomáticas entre os dois países se agravou também quando o então presidente Jimmy Carter determinou, de forma radical, o fi m de qualquer auxílio ou relação com países, cujo governo fosse ditatorial; política denominada de “política dos direitos humanos”.

A postura norte-americana de total não alinhamento com países ditatoriais fez com que as autoridades iranianas viessem a se vincular diplomaticamente com a política de Saddam Hussein. Apesar disso, os dilemas econômicos de

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3Ciências Humanas e suas Tecnologias

ambos os países orientais os levaram a um confronto na Guerra do Golfo, em face da concorrência pelo controle de um canal petrolífero.

A política de distanciamento diplomático chegou a atingir muitas empresas e empresários que tinham relações com o Irã, enfraquecendo o seu programa nuclear o que exigiu uma movimentação mais ousada do estado, sobretudo, quando passou a estabelecer relações com a Rússia. Essa medida ampliou a preocupação das autoridades ocidentais e da ONU, expandindo as medidas restritivas de sansões econômicas, sobretudo, em face do radicalismo adotado pelo presidente Mahmoud Ahmadinejad, a partir de 2005, com uma queda signifi cativa das exportações iranianas.

Também devemos acrescentar à nossa análise o fator Terrorismo ou o fator “Guerra ao Terror”, o que também desencadeou uma série de confrontos articulados pelos Estados Unidos e que ampliaram o lastro de insegurança geral, uma vez que o governo norte-americano classifi cou países como Coreia do Norte, Iraque e Irã como integrantes do que se convencionou chamar “Eixo do Mal”.

Uma das medidas mais agressivas em termos de sansões econômicas foi o embargo total ao petróleo do Irã, a partir de 2012, além de vetar as articulações fi nanceiras com instituições iranianas, impedindo a transferência de capitais. Tudo isso se agravou ainda mais com a maneira afrontosa dos discursos do ex-presidente Ahmadinejad; um tom verbal antiamericano, respingando críticas e ameaças na direção de outros países do ocidente europeu; ameaças direcionadas ao Estado de Israel; levantando a possibilidade de fechar as rotas no estreito de Ormuz; bem como um ataque frontal ao contexto histórico do holocausto, apontando-o como inexistente, acusando os norte-americanos, ingleses e judeus de o haverem criado. Foi inevitável uma reação em cadeia que levaria ao isolamento do Irã no ambiente de muitas economias ocidentais.

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

Compreendendo a Habilidade– Identifi car o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.– Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças

nas legislações ou nas políticas públicas.

C-5H-21

H-22

01. Os tempos contemporâneos tem se caracterizado pela ampla complexidade dos processos de comunicação e das relações múltiplas entre os Estados Nacionais. A globalização e a formação de Megablocos político-econômicos tem ampliado por um lado a interação mercadológica e por outro têm acordado acirramentos nacionalistas preocupantes, dentro da perspectiva fundamentalista étnica. Novas formas de organização social têm surgido, mediante formas originais de relação entre os indivíduos e comunidades. No meio desse complexo situam-se as redes sociais como um dos instrumentos mais presentes, constantes e ostensivos nesse sentido.A partir desse referencial de análise, podemos dizer que as redes sociais ocupam um espaço possível de se interpretar a partir do(a)

a) disseminação dos princípios teóricos de esquerda, associadas a novas experiências do socialismo contemporâneo na França e na China, bem como em Cuba.

b) Crescimento do totalitarismo, a partir da ostensividade dos movimentos de cunho terrorista, sobretudo, na Europa, a exemplo da matança em Oslo.

c) rompimento diplomático entre nações, em face do descontrole sobre os movimentos terroristas e as constantes migrações e as barreiras étnicas.

d) ostensiva articulação social que mobilizou a chamada “Primavera” dos povos árabes, representando uma outra funcionalidade da internet.

e) a reação da censura de países autoritários para evitar o livre acesso à informação, em face da preocupação com a alienação geral produzida por esse meio.

Compreendendo a Habilidade– Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos

históricos.C-1

H-3

02. Leia o texto abaixo.

“No mundo árabe, países governados há décadas por regimes políticos centralizadores contabilizam metade da população com menos de 30 anos; desses, 56% têm acesso à Internet. Sentindo-se sem perspectivas de futuro e diante da estagnação da economia, esses jovens incubam vírus sedentos por modernidade e democracia. Em meados de dezembro, um tunisiano de 26 anos, vendedor de frutas, põe fogo no próprio corpo em protesto por trabalho, justiça e liberdade. Uma série de manifestações eclode na Tunísia e, como uma epidemia, o vírus libertário começa a se espalhar pelos países vizinhos, derrubando em seguida o presidente do Egito, Hosni Mubarak. Sites e redes sociais – como o Facebook e o Twitter – ajudaram a mobilizar manifestantes do norte da África a ilhas do Golfo Pérsico.”

SEQUEIRA, C. D.; VILLAMÉA, L. A epidemia da Liberdade. Isto é Internacional. 2 mar. 2011 (adaptado).

A partir das considerações levantadas pelo autor, dentro da perspectiva de instrumentação da Internet, podemos afi rmar que esse recurso favoreceu os jovens árabes com:Considerando os movimentos políticos mencionados no texto, o acesso à Internet permitiu aos jovens árabes a) ampliar a atuação dos regimes políticos autoritários

existentes.b) propagar ideias revolucionárias que articularam a

sociedade. c) um envolvimento indireto com a informação

democratizante. d) um distanciamento dos fatores de segurança nacional. e) a difusão de artigos voltados para o reforço do controle

estatal.

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FIQUE DE OLHO!

A PRIMAVERA EGÍPCIA

Com a renúncia presidencial de Hosni Mubarak, em 2011, a partir de uma onda ostensiva de passeatas e protestos heterogêneos, compostos por diversos segmentos sociais em oposição a 33 anos de autoritarismo e arbitrariedade governamental, o país mobilizou-se a novo processo eletivo escolhendo Mohamed Mursi. No entanto, a nação voltou a ser sacudida na segunda metade de 2013, em face da ação militar das Forças Armadas que depôs este último, colocando Adly Mansour no poder e suspendendo temporariamente a Constituição.

O fato é que o processo eletivo, numa perspectiva, teoricamente democrática, não havia atendido plenamente aos anseios populares; os egípcios retornaram às ruas exigindo a deposição de Mohamed Mursi do cargo de presidente; um movimento numeroso em oposição às forças policiais e integrantes da burocracia estatal insipiente. A praça de Tahrir tornou-se o eixo das mobilizações na capital; tão numerosas que se assemelharam àquelas que levaram à derrocada do antigo governante Mubarak.

Em face da pressão popular e dos riscos envolvidos, em termos de um possível conclave civil, o presidente recém eleito foi conduzido a um local estratégico do país, fi cando sem comunicação direta com outros setores do governo, porém, recebendo informações dos principais jornais escritos e televisivos. Ressalte-se que Mursi havia se tornado o primeiro governante muçulmano do Egito, contando com o apoio do partido Irmandade Muçulmana.

No fi nal de 2012 a deliberação de Mursi atribuindo-se mais amplos poderes, tais como imunidade judicial e intervenção sobre conselhos políticos e câmaras serviu de base para a eclosão dos movimentos de rua. Os protestos foram tão intensos que fi zeram o presidente eleito recuar. Em dezembro uma nova Carta Constitucional foi aprovada com a maioria dos votos, embora o quórum geral fosse reduzido, o partido da Irmandade Muçulmana defi niu o processo eletivo, porém, gerou tensões entre os membros das forças armadas com a marginalização dos militares do governo.

Um outro elemento que compôs os fatores da queda de Mursi está relacionado com a ideia de conspiração, conforme denúncia da Procuradoria Geral do Egito que apontou o seu envolvimento com o Hamas.

Os manifestos populares

As manifestações, embora heterogêneas, foram articuladas pelo Tamarod, uma espécie de agremiação popular de oposição ao novo governo eleito. Através de abaixo-assinados, o grupo pressionava pela retirada de Mursi, com a soma de mais de vinte milhões de assinaturas o Tamarod (ou “rebelde”, em árabe) exigiu seu afastamento até o mês de julho, sem o qual iniciariam nova onde de passeatas e protestos.

Utilizando-se da Internet como instrumento, através de redes sociais, o grupo árabe radical assumiu grande evidência nos manifestos com a distribuição de panfl etos em semáforos e calçadas exigindo melhorias na área de segurança; protestando contra a dívida externa do país com o FMI e contestavam a arbitrariedade usada na execução de indivíduos considerados nocivos à segurança nacional.

INTRODUÇÃO

Quando a Filosofi a surge na Grécia Antiga, por volta do século VI a.C. e, se consolida na cidade de Atenas que naquela época havia se tornado um centro intelectual e cultural, a Filosofi a vai adquirir uma característica bastante peculiar. Filósofos como Sócrates, Platão, Aristóteles e os Sofi stas vão concentrar boa parte de suas refl exões em torno das discussões antropológicas, quer dizer, em torno do próprio homem, do ponto de vista individual, normativo, social, político e existencial.

Por sua ênfase nas discussões antropológicas e em torno da realidade política ateniense podemos afirmar que havia uma preocupação por parte de tais pensadores em discutir o papel social e coletivo dos indivíduos e esta preocupação era tão forte que Aristóteles chegou a defi nir o homem como um zoon politikon, um “animal político”.

A ágora (praça pública) era o lugar privilegiado onde o debate em torno dos problemas políticos e sociais enfrentados pelos cidadãos atenienses se realizavam.

Vale lembrar que a Grécia Antiga é o berço da Democracia (governo do povo) e, pela primeira vez, os cidadãos poderiam participar diretamente da coisa pública (res pública). Assim surge, se assim podemos dizer, a Filosofi a Política.

Neste fascículo, portanto, você poderá aprofundar algumas das ideias que serão aqui esboçadas, seja na Filosofia Antiga, através do pensamento de Platão e Aristóteles; seja na Filosofi a Medieval, à luz do pensamento de Agostinho e Tomás de Aquino; seja na Filosofi a Moderna, mergulhando no pensamento de Maquiavel, Rousseau ou dos economistas clássicos, seja na Filosofi a Contemporânea, através do pensamento de Marx, Arendt, Heidegger, Habermas, Escola de Frankfurt, dentre outros.

Através destes pensadores, a fi losofi a se projeta para o campo da política, para pensar os desafi os do convívio sócio político, enfrentar e debater de perto a lógica das regras que devem presidir o jogo das relações políticas, para propor-se a avaliar o confronto de valores na esfera pública, para pôr a nu a presença do mecanismo Ideológico como mascarador do poder nas relações sociais, para apresentar a utopia que guia o raciocínio em direção a ruptura com as mazelas do sistema estabelecido quando apresenta traçado um Estado Ideal, para criar alternativas refl exivas e críticas para a superação da crise política e se debruçar sobre as formas de Estado. Se a fi losofi a pensa o poder, pensa os limites do poder, se pensa a justiça, discute as injustiças. É neste sentido que seu papel e sua função social vêm exatamente descritos por esta sua intromissão na dimensão das questões de relevância política e de relevância social, na governança dos interesses comuns.

Filosofia e Política têm mantido, entre si, ligações antigas.

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5Ciências Humanas e suas Tecnologias

OBJETO DO CONHECIMENTO

Evolução do pensamento político

Filosofi a política na antiguidade clássicaDesde os primeiros fi lósofos e pensadores gregos os

fatos relativos ao governo da sociedade humana vêm sendo objeto de estudos exercendo infl uência profunda e duradoura na cultura ocidental. Etimologicamente política vem do grego: politéia (πολιτεία), politiké (política em geral) e politikós (relativo aos cidadãos) e estava relacionado à organização das polis, as cidades-estados gregas – uma nova forma de organização política e social que ocorreu na Grécia Antiga. Desde então, a política passou a denominar a arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados.

Os dois primeiros grandes sistematizadores do pensamento político, Platão (428-7–348-7 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.), entendiam a política referente ao estudo da polis, suas estruturas, instituições, constituição. É de Aristóteles a ideia de que a política é a ciência “maior”, ou a mais importante do seu tempo, preocupado com um governo capaz de garantir o bem-estar geral (o bom governo) da sociedade. O político, nestas circunstâncias, é o homem capacitado a conduzir as pessoas dentro da Cidade, porém, para fazê-lo com segurança e equilíbrio, deveria ser ensinado por um fi lósofo, pessoa mais conhecedora do sumo bem.

Platão foi um dos expoentes da filosofia política clássica. Ele escreveu sobre o assunto principalmente em dois livros, A república e As leis. Nestes livros, apresenta a imagem de um Estado ideal. Para ele, a Cidade deveria ser conduzida pelo fi lósofo, o único ser capaz de orientar a ação humana para alcançar o Bem-Comum. Em sua utopia, defende a ideia de que uma sociedade bem ordenada é aquela onde cada indivíduo desempenha a função na qual é mais habilidoso. Os hábeis com as mãos deveriam ser artesãos, os fortes devem proteger a cidade e os sábios devem governá-la. Dividindo assim a sociedade em três classes: fi lósofos, soldados e escravos. Platão pensa também sobre como deve ser a educação nesta cidade ideal, para conseguir desenvolver em cada criança o seu potencial a fi m de que possa executar melhor a sua função. Cada indivíduo, para ele, será livre enquanto estiver cumprindo as leis, criadas com o intuito de melhor conduzir a cidade.

Aristóteles disse que a Cidade repousa sobre a sociabilidade natural. Para ele, os cidadãos de uma mesma coletividade, em sua diversidade e na desigualdade de suas atividades, aprendem a participar de uma obra comum tendente à autarcia (autonomia econômica e bem-viver) do todo. A constituição indica de que modo organizar os melhores poderes em cada caso, distinguir os cidadãos, aqueles para os quais se exerce autoridade política, os que a exercem, capazes de deliberar e de agir em conjunto.

Em Política, Aristóteles se preocupou menos com hipóteses de uma sociedade perfeita e mais em compreender a realidade política de seu tempo, estudando as leis de diferentes cidades e as formas de governo existentes. A melhor forma de organização política, defendida por ele, é um sistema misto de democracia e aristocracia, chamado politia, para evitar os confl itos de interesses entre os ricos e pobres. É dele também a ideia de que o homem é um animal político, isto é, que faz parte da natureza humana se organizar politicamente.

Uma visita aos clássicos faz-nos retomar a dignidade da política, principalmente aquela voltada para a obtenção do bem comum.

Filosofi a Política Medieval

Na Idade Média, período que vai de 476 (queda

do Império Romano) até 1453 (tomada de Constantinopla

pelos turcos), havia muita confusão entre o direito público

e o direito privado, a inexistência de um espírito crítico e a

procedência divina para os governantes do povo. No início, o

poder divino era atribuído à Igreja; depois, aos reis.

Santo Agostinho (354-430) e Santo Tomás de Aquino (1225-1274) são os principais nomes do período ligados

à fi losofi a e por decorrência à fi losofi a política.

Dessa forma, a fi losofi a política da Idade Média foi

fortemente infl uenciada pela fi losofi a greco-romana, pela

religião cristã e pelo islamismo. Baseando-se numa visão

holística, ela reforça a concepção de predominância da

Divindade na ordenação das coisas terrenas: primeiro os clérigos;

depois os reis. Essas ordenações foram, inicialmente,

extraídas do pensamento de Santo Agostinho, um dos

grandes baluartes da Idade Média, que, em sua obra

A Cidade de Deus, reabilita o poder que deve ser conferido

a Deus e dá-nos a impressão que somente os padres

seriam capazes de interpretar a vontade divina acerca da

boa administração terrena. Posteriormente vieram os reis,

imbuídos de poder divino, tendo como princípio fundamental

a citação do apóstolo Paulo: Non est potestas, nisi a deo, que

se traduz por “Todo o poder vem de Deus”.

O pensamento político contido na Cidade de Deus

forja-se no encontro de duas tradições: a da cultura

greco-romana e a das Escrituras judaico-cristãs. Da Antiguidade

grega Agostinho retém as ideias de Platão (República e Leis). Traça, assim, os planos de uma cidade ideal, a Cidade de

Deus, em contrapartida com a da cidade terrestre, em que

predominam a guerra, a injustiça, o egoísmo etc. Para ele, uma

Cidade perfeita não poderia existir senão no Além.

Santo Tomás de Aquino, outro expoente pensador

religioso da Idade Média, além de Aristóteles recebeu também

a infl uência do Islamismo (que prega total submissão a Deus).

Na sua concepção de poder, o príncipe-rei consiste em promulgar

regras de ação segundo a proporção (justiça distributiva) ou

a igualdade (justiça comutativa) e em reger uma vida boa

(bona vita) para os súditos cuja virtude consiste inteiramente na

obediência. O poder real, o poder divino, o dominium pertence

à Igreja, a entidade mais preparada para interpretar a revelação

divina. “É por isso que sob o Evangelho de Jesus Cristo os reis

devem estar submetidos aos padres”, afi rma.

A fi losofi a política deseja obter a unidade da Cidade.

Ela estabelece a necessidade de distribuir essas partes entre

as quais os padres que rezam pelo povo, os príncipes que o

governam, os cavaleiros que o defendem – segundo funções

específi cas. Ela explica que cada um deve realizar a sua tarefa.

Quanto ao rei, tem em seu reino o lugar que Deus tem no

universo e alma no corpo: dirige. O poder maior cabe à Igreja,

que constituindo o papado, torna-se uma força política ainda

maior, a tal ponto de proibir aos clérigos pagar impostos ao rei.

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6 Ciências Humanas e suas Tecnologias

Filosofi a política: do século XVI ao século XVIII

Entre os séculos XVI e XVIII constrói-se uma teoria monárquica de direito divino, segundo a qual o rei-legislador é provido de um poder que emana diretamente de Deus. Essa nova fi losofi a política concede ao rei total independência da Igreja. A pessoa do rei é considerada sagrada e ninguém poderia atentar a seu poder, que aliás não se exerce sem regra: a lei divina prescreve-lhe deveres aos quais ela deve ater-se sob pena de passar por um tirano. Nesse estado de coisas, chama-se a isso direito divino, porque o lícito resulta de uma prescrição divina. Os decretos divinos ensinam a legitimidade e a justiça, porque Deus o quer.

Como vimos, o poder, na Idade Média, oscilou entre os clérigos e os reis, mas sempre sob o guante da divindade: Deus concede a primazia ao padre ou ao rei; o povo veio para obedecer.

A partir de 1500 vemos a formação dos Estados modernos. Os fi lósofos e políticos dessa época têm como objetivo central persuadir o homem a se libertar do poder transcendental. O ponto de partida é o movimento da Reforma Protestante, iniciada por Martinho Lutero (1483-1546) e João Calvino (1509-1564) no começo do século XVI, em que ao se insurgirem contra as diretrizes da Igreja Romana, abrem caminho para a crítica do poder divino dos Estados. As normas do direito natural, e não as pretensas revelações divinas, devem nortear a governabilidade dos povos.

Nesse período, que pode ser descrito como a modernidade e unidade pela vontade, o papel da fi losofi a política é dispor e expor os novos conceitos que vão aparecendo no sentido de libertar o homem da infl uência misteriosa e oculta do divino. Descartes (1596-1650), por exemplo, condena os “humores desordenados e inquietos” dos políticos que tentam constantemente usurpar o poder. A teoria política quer ser primordialmente dessacralizadora e desmistifi cadora, antes de tornar-se mobilizadora.

A fi losofi a política começa a elaborar as suas teorias – embora controversa – em torno do direito natural e não mais em função da força, do dinheiro ou do poder transcendental. Os fi lósofos políticos começam a descrever a soberania como uma situação em que há anuência de todo o povo em relação aos seus representantes. Fala-se muito da vontade geral direcionando todos os atos das pessoas para esse tipo de controle político e social. Baruch Espinosa (1632-1677), Thomas Hobbes (1588-1679), John Locke (1632-1704), Immanuel Kant (1724-1804) e outros são os propagadores desta nova dimensão da política e da função do Estado na vida econômica de um país.

Thomas Hobbes levantou a hipótese de que a sociedade se organizava a partir de um contrato social, em que cada indivíduo prezava pela sua própria conservação dentro do convívio social, que implicava na perda de um pouco de liberdade. É neste instante, que homens assinavam um contrato fi ctício de convívio em sociedade. Se voltassem ao seu estado completamente livre, de natureza, o convívio em harmonia seria praticamente impossível. Em sua obra Leviatã, Hobbes coloca o Estado como ceifador da liberdade humana, usando seu poder para garantir a ordem social.

Já John Locke pensava nesse contrato como leis naturais, que impediam os indivíduos de viverem em guerra constante, antes da formação das sociedades. Para ele, a formação das sociedades ocorreu apenas pela necessidade da garantia da propriedade privada. Sua ideia de que o homem é livre e o Estado existe apenas para garantir o direito à vida e o direito da propriedade ocasionou em um novo fundamento conhecido como liberalismo político.

A efervescência dessas novas ideias desemboca no Contrato Social de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), publicado em 1762, em que nos seus quatro livros procura enaltecer o Estado (1º livro), a sua dinâmica (2º livro), o governo (3º livro) e “os princípios do direito político” (4º livro). Fala-nos da vontade geral, elemento-chave para a articulação de todas as políticas. Para ele, a vontade geral supõe que cada um (e não grupos, facções, partidos) se dê inteiramente, no ato de formação do povo pelo qual a vontade geral se engendra, e cuja soberania exprime a legitimidade. É por este ato que se defi ne a identidade do povo. Ele testemunha publicamente uma universalidade que assegura doravante a liberdade civil. Para o fi lósofo, a propriedade privada era a maior representação da desigualdade e causadora das mazelas sociais, como pobreza, crime e violência. Sua solução para melhorar essas sociedades é que os governos seguissem inteiramente os desejos e anseios da maioria dos cidadãos.

No século XX, a noções de contratos sociais foram retomadas com John Rawls (1921-2002), que prezava pelos princípios da justiça escolhidos em função da sociedade. Esses princípios seriam igualitários e designados pelos próprios indivíduos e que todos deveriam ter liberdades e oportunidades igualitárias.

Esta incursão pela história da fi losofi a política mostra-nos que as ideias estão em constante mudança. Procuremos captá-las pela sua forma real e não pelas distorções que os nossos preconceitos engendram.

Filosofi a política: Século XIXA Revolução Francesa, data simbólica e comemorável

de 1789, foi um divisor de águas na dimensão da fi losofi a política: além das questões do direito natural ou da vontade geral, a atenção focaliza-se na forma de governo e na formação dos cidadãos, nos movimentos e nas paixões das multidões. A fi losofi a do contrato social passa a dar lugar a uma fi losofi a política que leve em conta as forças contrárias que percorrem o campo político da história. Esse é o clima reinante no processo histórico entre 1800 e 1900.

Os confl itos no interior da fi losofi a dizem respeito à dicotomia entre a segurança da razão e as violências da história. Os fi lósofos políticos são obrigados a reformular os conceitos de súdito, cidadão, direito, lei, Estado, Nação etc. Por intermédio das revoluções, os princípios da autoridade legítima são respeitados. A questão primordial é: por que meios os delitos são punidos. Cesare Beccaria (1738-1794), por exemplo, condensa a teoria do contrato na seguinte questão: o que acontece se, no decurso da vida social, alguém se apropriar de uma parte maior do que a sua ou da parte dos outros? Ameaça a sociedade de dissolução.

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7Ciências Humanas e suas Tecnologias

O Estado, a Nação, o trabalho e a indústria são alguns temas de destaque nas lucubrações dos filósofos políticos desse período histórico. Cada qual, a seu turno, dá a sua contribuição. Friedrich Hegel (1770-1831), por exemplo, diz que o Estado não é questão de contrato nem questão de simples segurança ou de polícia, mas uma questão de educação, de atitude e comportamento direcionado ao quadro da “sociedade civil”, no sentido de buscar um querer racional de um fi m superior. Reitera que se deve levar a sério o termo “constituição” para que se possa prover a instituição e esta proteger o indivíduo.

O positivismo de Augusto Comte (1798-1857) teve também a sua infl uência. A sua fi losofi a política, derivada da física social, pretendia oferecer uma coexistência pacífi ca entre a ordem dos conservadores e o progresso dos revolucionários: pregava o amor como princípio, a ordem por base e o progresso por fi m. Na política positiva de Comte há quatro forças sociais existentes: a) os fi lósofos (classe especulativa); b) as mulheres (classe afetiva); c) os detentores de capitais (classe patrícia); d) o proletariado (classe plebeia) –, correspondentes às quatro faculdades humanas, ou seja, saber, amar, querer e poder.

A questão social – a oposição entre ricos e pobres –consubstanciada na luta de classes de Karl Marx (1818-1883) tem presença garantida nas discussões dos fi lósofos do século XIX. Daí surge o termo socialista, e mais tarde os socialistas utópicos ou românticos, representados por Saint-Simon (1760-1825), Fourier (1772-1837) e Proudhon (1809-1865). Estes fi lósofos pretendiam idealizar um modelo de Estado que pudesse suprir as necessidades da população, promovendo, como consequência, a harmonia e a perfeição de todos os membros da sociedade.

O Século XIX, como vimos, foi rico em novas concepções do Estado e da atuação da fi losofi a política. Acrescentamos ainda todos recursos da comunicação de massa e os efeitos da propaganda na veiculação da ideia política.

Filosofi a política: Século XXO Século XX forjou-se na usurpação do político.

Assistimos ao surgimento dos Estados totalitários, em que um único partido monopolizava as vontades dos indivíduos, indivíduos estes submetidos ao mass midia. É preciso que os fi lósofos políticos revisitem os temas de interesse geral, como é caso da ação, do político e da prudência. Reportando-se à prudência, vê-se que o termo conota uma atitude negativa, ou seja, a precaução das pessoas ante a missão de governar, e outra positiva, ou seja, adquira coragem e vá à luta.

Embora, nesta trajetória histórica, a fi losofi a política vê-se à frente de diversos problemas, o objetivo central da ação política continua o mesmo: obtenção do bem-comum pelo uso racional da justiça.

Enquanto o Século XIX é marcado pelas luzes da razão, o Século XX assiste a uma usurpação da política no sentido de abafar as vozes dominadas ou frágeis. O povo parece ignorar a dimensão política da vida. O político, devido às suas diversas falcatruas, cai no descrédito da sociedade, sendo motivo de muitos ditos jocosos e pejorativos. Em síntese: os políticos metamorfoseiam a política em simples administração.

Os estados totalitários e as guerras são os símbolos característicos desse período histórico. Observe que o povo, que deveria ser educado para pensar por si mesmo, é submetido aos cânones da mass midia. Campos de concentração, massacres, torturas, revoluções são as palavras chaves. Os políticos, ao se utilizarem de um partido único, acabam por incentivar a destruição da divergência e da controvérsia, elementos sumamente importantes na formação da cidadania.

Qual a função da Filosofi a Política? Os fi lósofos políticos aceitam o status quo ou promovem alguma mudança? Martin Heidegger (1889-1976), pelo seu desprezo por tudo o que é comum entre os homens, coloca-se ao lado dos que o aceitam. Émile Zola (1840-1902), por querer intervir a favor da verdade e da justiça, e Jürgen Habermas (1929), ao elaborar o conceito de espaço público, em que o Estado democrático moderno padece de vê-lo colonizado pela mídia e pelas outras instâncias de confi sco da palavra (ou de impregnação de modelos rígidos), estão ao lado daqueles que querem a modifi cação.

Nesse período histórico, alguns temas são revisitados: ação, política e prudência. O campo da prudência está conectado com o do agir, ou seja, ninguém deve agir por impulsos. A questão da prudência, já abordada por Aristóteles e outros fi lósofos da Antiguidade, assume aqui o seu sentido. A prudência política evoca, negativamente, a obrigação de evitar a temeridade e, positivamente, a obrigação de deliberar a fi m de indicar uma escolha preferencial.

Também é possível encontrar um certo realismo político nas análises da pensadora contemporânea Hanna Arendt (1906-1975). Arendt analisa a aproximação entre fi losofi a e política e entende que o político e o fi lósofo não se confundem, pois enquanto um busca um conhecimento abstrato e complexo sobre algo que é uma espécie de ser, o outro se preocupa com as ações, atos e posicionamentos que uma pessoa deve ter. Segundo ela, a fi losofi a tenta demasiadamente ser neutra para poder se posicionar. São discussões sobre o que é plausível, o que é lógico, o que faz sentido dentro de um esquema teórico, enquanto o político se importa mais com o que faz sentido dentro de um aspecto mais real, mais concreto.

Outros temas entram no debate, entre os quais destacamos: a universalidade regional e o corpo político, sobrevivência do sagrado e função do entusiasmo na política. Dentre todas as discussões, a que lança o Estado na sua função precípua de guardião da justiça e do bem comum é a que mais motiva os fi lósofos políticos. E por que? É que somente através de uma justiça voltada para o bem comum, os homens poderão viver de forma harmônica e equilibrada.

Estejamos convictos de que embora haja palavras e raciocínios novos, a questão política essencial continua sendo a de conseguir a maior felicidade para a maioria.

Vemos assim como o problema político evidencia o problema social – sua organização, seus mecanismos – e ambos têm ocupado os fi lósofos em todos os tempos.

Bibliografi aRUBY, Christian. Introdução à Filosofi a Política. Tradução de Maria Leonor F. R. Loureiro. São Paulo: Unesp, 1998.BOBBIO, Norberto. Teoria geral da política: a fi losofi a política e as lições dos clássicos. Tradução de Daniela Beccaccia Versiani. 11. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000.

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8 Ciências Humanas e suas Tecnologias

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

Compreendendo a Habilidade– Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos

analíticos e interpretativos, sobre situações ou fatos de natureza histórico-geográfi ca acerca das instituições sociais, políticas e ecocômicas.

C-3H-14

03. Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que amado. Responde-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos homens se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os fi lhos, quando, como acima disse, o perigo está longe; mas quando ele chega, revoltam-se.

MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.

A partir da análise histórica do comportamento humano em suas relações sociais e políticas, Maquiavel defi ne o homem como um sera) munido de virtude, com disposição nata a praticar o

bem a si e aos outros. b) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para

alcançar êxito na política. c) guiado por interesses, de modo que suas ações são

imprevisíveis e inconstantes. d) naturalmente racional, vivendo em um estado pré-social

e portando seus direitos naturais. e) sociável por natureza, mantendo relações pacífi cas com

seus pares.

Compreendendo a Habilidade– Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.C-5

H-24

04. A palavra democracia originou-se na Grécia Antiga e ganhou conteúdo diferente a partir do século XIX. Ao contrário do seu significado contemporâneo, a democracia na polis gregaa) funcionava num quadro de restrições específicas

de direitos políticos, convivendo com a escravidão, excluindo do direito de participação os estrangeiros e as mulheres.

b) abrangia o conjunto da população da cidade, reconhecendo o direito de participação de camponeses e artesãos em assembleias plebeias livremente eleitas.

c) pregava a igualdade de todas as camadas sociais perante a lei, garantindo a todos o direito de tomar a palavra na Assembleia dos cidadãos reunida na praça da cidade.

d) evitava a participação dos militares e guerreiros, considerando-os incapazes para o exército da livre discussão e para a tomada de decisões consensuais.

e) era exercida pelos cidadãos de maneira indireta, considerando que estes escolhiam seus representantes políticos por intermédio de eleições periódicas e regulares.

FIQUE DE OLHO!

MICHEL FOUCAULT E A GENEALOGIA DOS MICROPODERES

Desde cr ianças , adoramos os super-heró is . Torcemos por eles e esperamos que derrotem os vilões. São narrativas importantes em nossas vidas, e nos ajudam a assimilar noções de bem e mal, certo e errado. Em geral, nos identifi camos também como o mais fraco, que desafi a o poder do mais forte, como o tímido e fraco Clark Kent, que usa seus poderes secretos, como Superman, para derrotar Lex Luthor. Afi nal de contas, também somos fracos e o mundo, tão cruel, que não custa imaginar que temos algum tipo de superpoder para enfrentar os vilões que aparecem pelo caminho.

Agora, imaginem a confusão de uma HQ (História em Quadrinhos) como Watchmen – cujo fi lme estreiou em 2009 –, em que os super-heróis cuidam de sua própria vida, não têm mais uma “causa” pela qual lutar e, pior, alguns deles comportam-se como vilões! Escrita nos anos 80 por Alan Moore, o enredo é tipicamente pós-moderno. Em uma realidade fragmentada, com um cotidiano multifacetado e sem coesão, como agiriam os super-heróis? E como fi ca a questão do poder?

Para responder a essas perguntas, vamos conhecer um pouco do pensamento de Michel Foucault (1926-1984), um dos mais conhecidos e estudados filósofos franceses contemporâneos, sendo alinhado, por suas teorias, tanto entre os estruturalistas como entre os pós-estruturalistas ou pós-modernos. De sua obra, nos interessa discutir aqui apenas sua teoria do poder.

Poder no plural

Antes de Foucault, a teoria política concebia o poder como algo que uns tem, outros não, além de estar associado, mais comumente, à fi gura da Igreja ou do Estado. Toda teoria política clássica, de Maquiavel e os contratualistas (Hobbes, Locke e Rousseau) até Marx, discutia-se como legitimar o poder de uns poucos sobre muitos, e assim, manter (ou subverter, no caso de Marx) a ordem social.

Foucault entende o poder não como um objeto natural, mas uma prática social expressa por um conjunto de relações. Temos que pensar o poder não como uma “coisa” que uns tem e outros não, como, por exemplo, o pai e o fi lho, o rei e seus súditos, o presidente e seus governados, etc., mas como uma relação que se exerce, que opera entre os pares: o fi lho que negocia com o pai, os súditos que reivindicam ao rei, os governados que usam dispositivos legais para fi scalizar o presidente, etc.

Deste ponto de vista, poder não se restringe ao governo, mas espalha-se pela sociedade em um conjunto de práticas, a maioria delas essencial à manutenção do Estado. O poder é uma espécie de rede formada por mecanismos e dispositivos que se espraiam por todo cotidiano – uma rede da qual ninguém pode escapar. Ele molda nossos comportamentos, atitudes e discursos.

Para descobrir como o poder funciona, Foucault vai usar o método genealógico, empregado por Nietzsche para contar a “história secreta” dos valores. Vamos ver alguns exemplos disso.

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9Ciências Humanas e suas Tecnologias

Corpos Dóceis

Uma manifestação externa desses poderes que Foucault analisa diz respeito aos seus efeitos sobre nossos corpos, que ele chama de poder disciplinar e que caracterizou determinadas sociedades no século 20.

Foucault argumenta que nenhum poder que fosse somente repressor poderia se sustentar por muito tempo, porque uma hora as pessoas iriam se rebelar. Portanto, seu segredo é que, ao mesmo tempo em que reprime, gera conhecimento e corpos produtivos para o trabalho.

Era comum, e ainda é nos dias atuais, encontrarmos pátios escolares em que se formam fi las com crianças para entrar nas salas de aula. Depois, na sala de aula, era preciso que as crianças controlassem suas vontades corporais (fome, vontade de fazer xixi, etc.) até que tocasse o sinal. Este é um exemplo da domesticação de corpos de que fala o fi lósofo.

Mais tarde, na Igreja, no Exército e nas fábricas, esse indivíduo viveria a mesma rotina de adestramento corporal. O objetivo? Segundo Foucault, maximizar a utilidade econômica de nossos corpos, para o trabalho, e diminuir a força política e criativa, de contestação, que temos também, criaturas cheias de desejos que somos.

Afi nal de contas, imagine o que seria de uma sociedade, livre de mecanismos de poder, em que quiséssemos trabalhar ou estudar na hora em que desse na telha e resolvêssemos passar a maior parte do nosso tempo namorando, jogando futebol ou simplesmente não fazendo nada? E, para dar o exemplo para aqueles que são considerados corpos improdutivos para a sociedade, diz Foucault, foram criados asilos para os loucos e prisões para os ladrões. Desse encarceramento surgem áreas de conhecimento como a psiquiatria e a criminologia.

Resistências Locais

O ponto em que a teoria de poder de Foucault converge com o pós-modernismo é que, da mesma maneira que lidamos com o fi m das visões totalizantes de mundo, o poder também se pulveriza em micropoderes. E, consequentemente, a resistência aos poderes passa a ser local, em ações cada vez mais regionalizadas. Não adianta investir contra o Estado, achando que ele é a causa de todos os males.

Ele é apenas uma das representações desse poder que se exerce em uma série de mecanismos, que reproduzimos todos os dias sem ao menos nos darmos conta disso. Por exemplo, quando tratamos com autoritarismo nossos fi lhos, namoradas ou pais.

E onde Foucault identifi ca estes focos de resistências locais aos poderes? Nos movimentos ativistas pelos direitos humanos, além de gays, negros, feministas, ecologistas e outras minorias que se organizaram como pólos de contra poder, principalmente a partir da década de 1960, quando emerge o pós-modernismo.

Neste nosso mundo pós-moderno, fica cada dia mais difícil saber quem é o vilão e quem é o mocinho. Os super-heróis estão cada vez mais humanos. Ou, como diria Nietzsche, demasiadamente humanos.

Sugestão de leitura

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. São Paulo: Editora Graal, 2007.

INTRODUÇÃO

Caro aluno,

Nesse fascículo trataremos do processo de urbanização ( Vida urbana: redes e hierarquia nas cidades, pobreza e segregação espacial) que estatisticamente esteve presente em todas as edições anteriores da prova do Enem. Dessa forma, o estudo desse tema, é de salutar importância para que o aluno atinja seus objetivos e compreenda as contradições da sociedade moderna.

OBJETO DO CONHECIMENTO

Apesar de existirem cidades com mais de cinco mil anos, o processo de urbanização é um fenômeno de certa forma recente para a humanidade. Esse fenômeno corresponde ao processo de crescimento da população urbana em ritmo mais acelerado que a população rural, que teve início na Europa com a Revolução Industrial. A Inglaterra foi a primeira nação a experimentar esse processo, que ocorreu na primeira metade do século XIX, os demais países europeus se tornaram urbanizados entre a segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX. Segundo dados publicados pela ONU, no ano de 2008, a população urbana do planeta atingiu taxas superiores a 50%.

No pós Segunda Guerra Mundial, esse fenômeno foi concluído nas nações desenvolvidas e iniciado de forma acelerada em muitos países subdesenvolvidos de industrialização tardia, da America Latina e certas regiões da Ásia. O continente africano apresenta a menor taxa de urbanização.

Desse modo, podemos entender que existe uma relação próxima entre os processos de urbanização e industrialização, pois todos os países industrializados são urbanizados. Entretanto, existem países que apresentam níveis industrialização reduzidos, ou mesmo sem a existência de parques industriais, e mesmo assim, são fortemente urbanizados.

Cresce a população urbana no mundoCresce a população urbana no mundo

1950195000

Em b

ilhõe

s de

pes

soas

Em b

ilhõe

s de

pes

soas

110,70,7 0,80,8

1,01,01,21,2 1,31,3

1,51,5 1,71,72,02,0

2,32,32,62,6

2,92,93,23,2

3,53,53,93,9

4,24,24,64,6

5,05,0

22

33

44

55

19601960 19701970 19801980 19901990 20002000 20102010 20202020 20302030

As dez maiores megalópolis do mundo

Em milhões de habitantes na região metropolitana

1° - Tóquio (Japão) 1° - Tóquio (Japão)35,219,418,718,318,215,014,514,313,212,6

35,521,921,620,519,918,617,217,016,816,8

2° - Cidade do México3° - Cidade do México3° - Nova York

5° - Nova York4° - São Paulo 4° - São Paulo5° - Mumbai (Índia)

2° - Mumbai (Índia)

6° - Nova Delhi (Índia) 6° - Nova Delhi (Índia)7° - Xangai (China) 7° - Xangai (China)8° - Calcutá (Índia) 8° - Calcutá (Índia)

9° - Daca (Bangladesh)9° - Jacarta (Indonésia)10° - Jacarta (Indonésia)10° - Buenos Aires

2005 2015

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10 Ciências Humanas e suas Tecnologias

Urbanização em países desenvolvidosNa maioria esmagadora dos países desenvolvidos,

a urbanização ocorreu juntamente com a industrialização e a modernização do campo. A mão de obra camponesa viu-se atraída gradativamente pela maior oferta de emprego nos setores urbanos (indústria e comércio), bem como, a modernização ocorrida no meio rural, graças a Revolução Agrícola, contribuíram para a intensifi cação do êxodo rural.

A urbanização clássica se processou de forma lenta e gradual. As cidades foram se estruturando com o passar do tempo, para absorver os novos habitantes, ocorrendo melhorias na infraestrutura urbana e aumento da geração de empregos. Assim os problemas urbanos não se multiplicaram tanto como nos países subdesenvolvidos, pois a urbanização foi menos intensa, e acompanhada pela oferta de empregos urbanos, moradias, escolas, saneamento básico etc.

Urbanização em países subdesenvolvidos

Em países subdesenvolvidos, com economia alicerçada no setor primário, o processo de urbanização foi menos intenso, e o caso de muitas nações do continente africano e asiático, onde ocorre a predominância da população rural sobre a urbana.

No mundo subdesenvolvido, o processo de urbanização foi tardio, em relação aos país desenvolvido, acelerando-se a partir de meados do século XX com a implantação de parques industriais. Contribui também, para esse processo as precárias condições de vida presente no meio rural, em função da concentração fundiária, baixos salários e em alguns países, a intensifi cação do processo de mecanizada. É importante resaltar que o atual surto de urbanização que ocorre no mundo, está se processando nas nações subdesenvolvidas, uma vez que as nações desenvolvidas já são regiões urbanas.

O intenso êxodo rural foi responsável pelo surgimento de uma série de problemas urbanos como a macrocefalia urbana. Esse fenômeno, é resultado da elevada concentração das atividades econômicas, em particular os serviços, em certas cidades, que se tornam relativamente grandes. Apesar desse fenômeno ocorrer também em países desenvolvidos, ele adquire uma maior intensidade nos subdesenvolvidos. É importante resaltar que a urbanização não elimina a pobreza, muitas vezes ocorre somente uma transformação de pobreza urbana em rural.

Mesmo os centros mais dinâmicos dos países subdesenvolvidos não tem capacidade de absorver a grande quantidade de migrantes, favorecendo ao crescimento desordenado e o surgimento de um meio social marcado pelo caos urbano, onde proliferam as moradias subnormais, o desemprego, o subemprego e a elevação dos índices de violência e poluição.

A Urbanização BrasileiraNo inicio do século XX, apenas 10% da população

brasileira habitava as zonas urbanas, pois, naquela época, a economia nacional estava alicerçada no setor agroexportador. A partir da década de 1950, com a intensifi cação do processo de industrialização motivado pela política desenvolvimentista do presidente Juscelino Kubitschek, o processo de urbanização tornou-se cada vez mais acelerado. Somente na segunda metade do século XX, precisamente na década de 1970 o Brasil tornou-se um país urbano (55,9%), ou seja, a população residente na cidade superou a população rural.

Taxa de urbanização brasileira

População Urbana População Rural

1940 1950 19601960 1970 1980 1991 2000 2010

69%69%

31%31%

64%64%

36%36%

55%55%

45%45%

44%44%

56%56%

34%34%

66%66%

26%26%

74%74%

19%19%

81%81%

16%16%

84%84%

O processo de urbanização ocorrido no Brasil teve como principal indutor o êxodo rural, que entre as múltiplas razões de desencadeamento dessa migração, as mais decisivas são a modernização das técnicas de trabalho no campo, com a progressiva substituição do homem pela máquina e a estrutura fundiária caracterizada pela elevada concentração de terras. Desse modo, a pauperização das condições de vida no meio rural, direciona o fl uxo migratório para o espaço urbano.

Segundo os dados coletados pelo IBGE, através do censo demográfi co de 2010, a participação da população urbana na composição da população brasileira (85%) atinge níveis de urbanização próximos aos registrados em países desenvolvidos da Europa e Estados Unidos. Projeções feitas pela Organização das Nações Unidas (ONU) até 2050, a porcentagem da população brasileira que vivera em centros urbanos deve chegar a 93,6%.

A urbanização do país não se distribui igualitariamente por todo o território nacional, conforme podemos observar na tabela abaixo.

Brasil: Índice de urbanização por região (%)

Região 1950 1970 2010

Sudestes 44,5 72,7 %

Centro-Oeste 24,4 48 %

Sul 29,5 44,3 84,9%

Norte 31,5 45,1 73,5%

Nordeste 26,4 41,8 73,1%

Brasil 36,2 55,9 85%

Os Estados com as mais elevadas taxas de urbanização são: Rio de Janeiro (96,7%), Distrito Federal (96,6%) e São Paulo (95,9%). Em contrapartida, os estados que apresentam as menores taxas são: Maranhão (63,1%), Piauí (65,8%) e Pará (68,5%).

Metropolização

O acelerado crescimento de algumas cidades acabou contribuindo para o fenômeno da metropolização, isto é, a formação das grandes metrópoles, cidades que exercem comando e atração econômica e cultural sobre o restante do território. Esse processo, quando ocorre em nações subdesenvolvidas, e resultado da incapacidade de gerar empregos no ambiente rural, o que o que força o deslocamento de milhões de pessoas para as cidades que polarizam a economia de cada país.

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11Ciências Humanas e suas Tecnologias

Metrópoles brasileirasDe acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística) o Brasil possui, atualmente, doze metrópoles,

divididas em três grupos, de acordo com a extensão de sua área de infl uência.

• Metrópoles globais: exercem infl uência no cenário nacional e internacional. São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ).

• Metrópoles nacionais: polarizam grande parte do território, uma vez que possuem uma complexa estrutura de serviços e equipamentos urbanos. Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Belo Horizonte (MG), Salvador (BA), Recife (PE), Fortaleza (CE) e Brasília (DF).

• Metrópoles regionais: possuem uma área de infl uência que abrange as regiões onde estão localizadas. Belém (PA), Manaus (AM) e Goiânia (GO).

Região metropolitanaFormam um conjunto de municípios contíguos e integrados socioeconomicamente a uma cidade central, com serviços

públicos e infraestrutura comum. As regiões metropolitanas brasileiras foram criadas pelo Congresso Nacional em 1973, contudo, com a Constituição de 1988, foi facultada aos estados a criação de suas próprias regiões metropolitanas, através de leis complementares. De modo geral, as regiões metropolitanas constituem um aglomerado de municípios que tem por objetivo realizar tarefas públicas que exigem a cooperação entre os municípios, como os serviços de saneamento básico e de transporte coletivo.

Conurbação

Situação I

LEGENDALimite municipal

População urbana

área urbana

Momento 1 Momento 2 Momento 1 Momento 2

Situação II

É a unifi cação da malha urbana de duas ou mais cidades, em consequência de seu crescimento geográfi co horizontal, formando uma única mancha urbana. Geralmente esse processo dá origem à formação de regiões metropolitanas ou megalópoles. s limites municipais quase não são percebidos, por isso difi culta a identifi cação precisa de onde termina ou começa um município.

Cidades Globais

0º0º

POPULAÇÃO351810

(milhões)

LOS ANGELES

CIDADE DO MÉXICO

NOVA YORK

SÃO PAULOSÃO PAULO

LAGOS

MUMBAIMUMBAI

RIO DEJANEIRO

BUENOS AIRES

0 500 km

CAIROCAIRO

MOSCOU

DELHIDELHIPEQUIMPEQUIM

TÓQUIO

DACCADACCA XANGAI

MANILA

JACARTA

DACCADACCADACCADACCADACCADACCADACCADACCADACCADACCADACCADACCADACCADACCADACCADACCADACCADACCADACCADACCADACCADACCADACCADACCADACCADACCADACCADACCADACCADACCADACCADACCADACCADACCADACCADACCA

TÓQUIO

Também denominadas como metrópoles mundiais, são grandes aglomerações urbanas que possuem infl uência internacional, e por esse motivo, estão no topo da hierarquia urbana, pois polarizam sua infl uência para grande parte do globo. Nesse tipo de especial de cidade, existe uma grande concentração e movimentação fi nanceira, sedes de importantes bolsas de valores, grandes empresas transnacionais, importantes centros de pesquisas e desenvolvimento de novas tecnologias, escritórios de advocacia e marketing que operam em escala mundial. Exemplos de cidades globais: Nova Iorque (EUA),Tóquio (Japão), Londres (Reino Unido), Paris (França), Chicago (Estados Unidos), Los Angeles (Estados Unidos), Milão (Itália), Cidade de Cingapura (Cingapura), Hong Kong (China), São Paulo (Brasil), Cidade do México (México),Pequim (China) etc.

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12 Ciências Humanas e suas Tecnologias

Magacidades

QUADRO

AS MEGACIDADES NO NOVO MILÊNIO – 1975-2015(ÁREAS URBANAS COM MAIS DE 10 MILHÕES DE HABITANTES)

Aglomeração Urbana/PaísPopulação

(em milhões)Taxa de Crescimento(em porcentagem)

1975 2000 2015 1975-2000 2000-2015

Tóquio – Japão 19,8 26,4 27,2 1,16 0,19

São Paulo – Brasil 10,3 18 21,2 2,21 1,11

Cidade do México – México 10,7 18,1 20,4 2,1 0,82

Nova Iorque – EUA 15,9 16,7 17,9 0,21 0,47

Mumbai (Bombaim) – Índia 7,3 16,1 22,6 3,13 2,26

Los Angeles – EUA 8,9 13,2 14,5 1,57 0,62

Calcutá – Índia 7,9 13,1 16,7 2,02 1,66

Dacca – Bangladesh 2,2 12,5 22,8 7 3,99

Déli – Índia 4,4 12,4 20,9 4,13 3,45

Xangai – China 11,4 12,9 13,6 0,48 0,36

Buenos Aires – Argentina 9,1 12 13,2 1,1 0,61

Jacarta – Indonésia 4,8 11 17,3 3,31 3,0

Osaka – Japão 9,8 11 11 0,45 –

Beijing (Pequim) – China 8,5 10,8 11,7 0,95 0,49

Rio de Janeiro – Brasil 8 10,7 11,5 1,16 0,54

Karachi – Paquistão 4 10 16,2 3,69 3,19

Manila – Filipinas 5 10 12,8 2,75 1,56

Adaptado de: www.fnuap.org.br/ESTRUT/SERV/arquivos/TAB_Indicadores8.xls.

Esse termo surgiu em 1990, através de estudos da ONU, e faz referência a grandes centros urbanos com um número igual ou superior a 10 milhões de habitantes. Expressa, portanto, um aspecto estritamente quantitativo. Em 2010 existiam 23 megacidades no planeta:

• Ásia: Pequim, Xangai e Tiangin (China); Calcutá, Bombaim e Nova Déli (Índia); Tóquio e Osaka (Japão); Seul (Coreia do Sul); Daca (Bangladesh); Karachi (Paquistão); Jacarta (Indonésia); Manila (Filipinas); Bangcoc (Tailândia).

• América: Nova York e Los Angeles (Estados Unidos); São Paulo e Rio de Janeiro (Brasil); Cidade do México (México); Buenos Aires (Argentina).

• África: Lagos (Nigéria); Cairo (Egito).

• Europa: Moscou (Rússia).

Megalópoles

N

0 35

km

Principais zonasindustriaisLimite hipotéticoda megalópoleIndústrias variadas

Indústria aeronáuticae de armamentosIndústria automobílisticaPetroquímicaPortos importantes

RodoviasLimite estadual

Usina nuclear

SiderúrgicaIndústria naval

OCEANO ATLÂNTICO

São SebastiãoSantos

Mogi dasCruzes

Santo André

Pindamonhangaba

Guaratinguetá

Lorena

CruzeiroResende

Volta Redonda

Nova Iguaçu Duque de Caxias

Caçapava

TaubatéSão José dos Campos

CubatãoSão Bernardodo Campo

Votorantim

Sorocaba

São Roque

GuarulhosJacareí

Jundiaí

Itatiba

Americana

Paulinia

SumaréCampinas

Indataituba

Valinhos

São Paulo

MINAS GERAIS RIO DE JANEIRO

SÃO PAULORio de Janeiro

Angra dos Reis

Niterói

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13Ciências Humanas e suas Tecnologias

40°N

95°N

Golfo do México

OCEANOATLÂNTICO

OCEANOPACÍFICO

San DiegoSan DiegoPhoenixPhoenix

Los AngelesLos Angeles

San franciscoSan francisco33 22

11SacramentoSacramento

PortlandPortland

SeattleSeattle TacomaTacoma

MinneapolisMinneapolis

DenverDenverKansas CityKansas City

DallasDallas

houstonhouston Nova OrleansNova OrleansTampaTampa

MiamiMiami

AtlantaAtlanta

St.LouisSt.LouisVincinattiVincinatti

ChicagoChicago

MilwaukeeMilwaukeeDetroitDetroit

clevelandclevelandPittsburghPittsburgh

WashingtonWashingtonNorfolkNorfolk

BaltimoreBaltimoreFiladélfiaFiladélfia

Nova YorkNova York

BostonBoston

CANADÁ

MÉXICO

400 km

NMegalópoles

1 – Bos-Wash2 – Chippits3 – San-san

São áreas urbanizadas que se estendem na região de infl uência de duas ou mais metrópoles. Formam as mais importantes e maiores aglomerações urbanas da atualidade, onde ocorre um intenso desenvolvimento urbano-industrial-tecnológico e uma forte integração econômica através dos fl uxos de pessoas e mercadorias.

Principais megalópoles

• Bos-Wash, foi a primeira megalópole que surgiu, na qual se destacam as metrópoles de Boston, Nova York-Nova Jersey, Filadélfi a, Baltimore e Washington.

• Chipitts – abrange grandes cidades próximas a região dos Grandes Lagos, como Chicago a Pittsburgh Milwaukee, Detroit e Cleveland.

• San-San – se estende de San Francisco a San Diego, passando por Los Angeles, e forma um importante cinturão industrial da Califórnia.

• Tokaido abrange importantes metrópoles como Tóquio, Yokohama, Osaka, Nagoya, Kobe e Kioto.

• São Paulo e Rio de Janeiro – A expansão das suas regiões metropolitanas e das cidades localizadas sobre o eixo fez surgir a primeira megalópole do Brasil, onde estão concentrados 20% dos habitantes e 50% do PIB nacional.

Rede Urbana

Rede urbana

Metrópole

Fluxo de pessoas Fluxo de bens

CidadesCapital regional

A rede urbana é composta pelo conjunto de cidades, interligadas umas as outras através dos sistemas de transportes e de comunicações. As redes urbanas existentes nos países desenvolvidos podem ser descritas como densas e articuladas, pois tais países apresentam elevados níveis de industrialização e urbanização com economias dinâmicas e elevado mercado consumidor. Já a maior parte das nações subdesenvolvidas apresenta uma rede urbana pouco densa e desarticulada.

Hierarquia UrbanaAs zonas urbanas se relacionam entre si, através de um

sistema hierarquizado, onde, geralmente, os menores núcleos urbanos são subordinados aos maiores, uma vez que estes possuem serviços mais especializados. Deste modo, a metrópole possui o nível Máximo de hierarquização de poder e infl uência econômica, enquanto que a vila apresenta o nível mais baixo, e sofrendo a infl uencia das demais.• Metrópole mundial: as metrópoles de São Paulo

e Rio de Janeiro podem ser considerados nacionais e mundiais, pois exercem influência sobre todo o território nacional e também são os principais pontos de conexão do país com o exterior.

• Metrópole nacional: exerce influência em todo o território nacional (Brasília, Recife, Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte, Porto Alegra, Curitiba)

• Metrópoles regionais: exercem infl uências apenas nas suas respectivas macrorregiões (exemplos: Belém e Manaus, na região Norte)

• Capital regional: é uma cidade de porte médio que infl uencia a sua macrorregião

• Centro regional: cidade de porte médio que infl uência apenas o estado em que está inserida.

• Centro sub-regional: exerce sua infl uência nas cidades circunvizinhas.

• Cidade local: pequena cidade cuja infl uência só se faz sentir em sua zona urbana e rural.

• Vila: sede de um distrito.

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14 Ciências Humanas e suas Tecnologias

Com o advento do meio técnico-científi co informacional, já é possível constatar a existência de uma nova hierarquia urbana, na qual existe uma relação marcada pela maior fl exibilidade entre os componentes da hierarquia. Nela, através dos meios de comunicação de transportes os modernos bens e serviços estão mais acessíveis. O processo de globalização provocou uma transformação na hierarquia urbana, onde podemos constatar, que a integração das pessoas a moderna sociedade capitalista está diretamente ligada a disponibilidade de renda, e não somente as distâncias que as separam.

Relações entre as cidades em uma rede urbana

Esquema Clássico Esquema Atual

metrópole nacional

metrópole nacional

metrópole regional

metrópole regional

centro regional

centro regional

cidade local cidade local

vilavila

Função urbanaÉ o conjunto de atividades desempenhadas por uma

cidade em sua respectiva rede urbana, que signifi ca sua integração com outras cidades. Quanto mais importante for a função dessa cidade, maior e melhor será a posição dela na hierarquia urbana.

• Cidades turísticas: são cidades que apresentam atrativos turísticos e de lazer, seja pelos seus recursos naturais, seja pelas possibilidades oferecidas pelo seu espaço geográfi co. Dentre esse tipo de cidade, podemos citar Las Vegas (EUA), Porto Seguro (Brasil), Cancun (México) etc..

• Cidades industriais: são centros urbanos ligados economicamente com o setor industrial, nessa categoria temos o exemplo Camaçari (Brasil), Córdoba (Argentina), Manchester (Inglaterra), Dusseldorf (Alemanha) e muitas outras.

• Cidades portuárias: são cidades que exercem uma importante função na economia do país ao qual pertencem, pois são a partir delas que a maior parte das exportações e importações acontece: Exemplo:Santos (Brasil), Roterdã (Holanda) e Hamburgo (Alemanha).

• Cidades comerciais: são centros urbanos que possuem como principal fonte econômica a atividade do comércio e da prestação de serviços, nessa categoria temos o exemplo de Campina Grande (PB) Maringá (PR), Ribeirão Preto (SP), entre outras cidades.

• Cidades político-administrativas: são cidades onde se localizam importantes sedes administrativas de governos e parlamentos. Exemplos: Brasília (Brasil), Pretória (África do sul), Washington (EUA), Ottawa (Canadá), entre outras.

• Cidades religiosas: são formações urbanas que possuem suas dinâmicas econômicas majoritariamente centradas em algum tipo de atividade religiosa. Exemplos: Jerusalém (Israel), Meca (Arábia Saudita), Aparecida do Norte (Brasil), Santiago de Compostela (Espanha), Trindade (Brasil), entre outras.

• Múltiplas: são as cidades que apresentam simulta-neamente varias atividades que movimentam a sua economia.

Problemas urbanos

Em certas partes do globo, o processo de urbanização

não foi acompanhado de um crescimento equivalente

dos serviços necessários para elevar o padrão de vida da

população, devido a isso, nos centros urbanos dos países

subdesenvolvidos, são detectados vários problemas sociais e

ambientais, facilmente perceptíveis pela população brasileira.

Dentre os principais problemas destacam-se o desemprego,

a criminalidade, a favelização e a poluição do ar e da água.

Com base no relatório do Programa Habitat, órgão

ligado à ONU, revela que 52,3 milhões de brasileiros: cerca de

28% da população – vivem nas 16.433 favelas cadastradas

no país, contingente que chegará a 55 milhões de pessoas

em 2020.

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

Compreendendo a Habilidade– Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam

as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.C-4

H-19

05. (Enem/2014)

Região Metropolitanade Belo Horizonte

ConfinsConfins

VespasianoVespasianoSanta LuziaSanta Luzia

Ribeirãodas

Neves

Ribeirãodas

Neves

BetimBetimContagemContagem

Nova LimaNova Lima

IbiritéIbirité

ItabiritoItabirito

SabaráSabará

Saldo dodeslocamento Fluxo de pessoas

-75 275 a 31400-31 399 a 00 a 19 168

15 000 a 31 400

31 401 a 58 300

58 301 a 103 200

19 169 a 293 119 limite de município

Nota: O saldo considera apenas as pessoas que se deslocavam para o trabalho e retomavam aos seus municípios diariamente.

Belo HorizonteBelo Horizonte

BRASIL. IBGE. Atlas do censo demográfi co 2010 (Adaptado).

O fluxo migratório representado está associado ao

processo de

a) fuga de áreas degradadas.

b) inversão da hierarquia urbana.

c) busca por amenidades ambientais.

d) conurbação entre municípios contíguos.

e) desconcentração dos investimentos produtivos.

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15Ciências Humanas e suas Tecnologias

Compreendendo a Habilidade– Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam

as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.C-4

H-19

06. (Enem/2014) A urbanização brasileira, no início da segunda metade do século XX, promoveu uma radical alteração nas cidades. Ruas foram alargadas, túneis e viadutos foram construídos. O bonde foi a primeira vítima fatal. O destino do sistema ferroviário não foi muito diferente. O transporte coletivo saiu defi nitivamente dos trilhos.

JANOT, L. F. A caminho de Guaratiba. Disponível em: www.iab.org.br. Acesso em: 9 jan. 2014 (adaptado).

A relação entre transportes e urbanização é explicada, no texto, pelaa) retirada dos investimentos estatais aplicados em

transporte de massa.b) demanda por transporte individual ocasionada pela

expansão da mancha urbana.c) presença hegemônica do transporte alternativo

localizado nas periferias das cidades.d) aglomeração do espaço urbano metropolitano

impedindo a construção do transporte metroviário.e) predominância do transporte rodoviário associado à

penetração das multinacionais automobilísticas.

FIQUE DE OLHO!

Cidade: A ONU considera cidade todo aglomerado com mais de 20 mil habitantes. No Brasil, cidade e a sede político-administrativa de um município, independentemente do número de habitantes. Podem ser divididas em três categorias: cidade pequena (com população inferior a 100 mil habitantes), cidade de porte médio (que abrigam de 100 mil a 499.999 habitantes), grande cidade (com população superior a 5000 mil habitantes)

Sítio Urbano: é o local onde a cidade foi construída. Refere-se à sua topografi a, podendo ser, por exemplo, um planalto (Brasília), uma colina (São Paulo), ou mesmo uma planície (Manaus).

Situação Urbana: relaciona-se com os motivos naturais, geográfi cos ou históricos que infl uenciam o surgimento da cidade, como ocorre com as cidades fl uviais, marítimas ou de entroncamento, a exemplo de Feira de Santana na Bahia.

Cidades espontâneas: e o aglomerado urbano que surgiu naturalmente a partir de pequenos núcleos de povoamento. E o caso da maioria das cidades do Brasil

Cidades planejadas: são construídas deliberadamente, seguindo projetos previamente concebidos (Brasília, Belo Horizonte, Palmas, Goiânia, Teresina, Aracaju, etc.)

Cidades formais: são cidades dotadas de infraestrutura.Cidades informais: são compostas pelas regiões

periféricas, que não possuem infraestrutura sufi ciente.Verticalização: e a transformação arquitetônica de uma

cidade, ou seja, a mudança da forma horizontal das construções (ex: casas), para a verticalização (edifícios).

Segregação espacial: as regiões onde a parcela da população possui baixo poder aquisitivo ocorrem geralmente à omissão do poder público.

Ride: Região Integrada de Desenvolvimento são as áreas metropolitanas brasileiras que se situam em mais de uma unidade federativa. São criadas por legislação federal específi ca.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

Compreendendo a Habilidade– Identifi car registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.– Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.– Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para

mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.

C-3H-11

H-12

H-13

01. Veja a imagem abaixo e leia as afi rmativas abaixo:

1ª Afi rmativa

A foto acima faz referência à Primavera Árabe que se expandiu pelo mundo oriental durante o ano de 2011, na conta de movimentos coletivos em favor dos princípios democráticos para derrubar os regimes autoritários que se desenvolveram na região, gerando confrontos civis e militares, repressão e a desestruturação das ditaduras então vigentes.

2ª Afi rmativa

O fundamentalismo islâmico, uma tendência oculta por muito tempo, embora poderosa na vida do Oriente Médio, chamou a atenção do mundo com a Revolução iraniana de 1979. Valendo-se da significativa renda do petróleo iraniano, o aiatolá Khomeini criou um ‘Serviço para a exportação da Revolução islâmica’. No ano de 1982, milhares de militantes jovens de cerca de sessenta países estavam sendo treinados para divulgar sua mensagem contagiante por todo o mundo.Analisando a imagem e os textos anteriores, podemos afi rmar quea) a religião islâmica, fundada no século VII na Península

Arábica pelo profeta Maomé, tem como um dos seus princípios fundamentais o politeísmo pragmático, base para a existência de variados confl itos, tendo em vista os diferentes cultos existentes.

b) a expansão islâmica, iniciada no século VII, foi responsável pela formação de um império que se estendia da Península Ibérica, na Europa, até o rio Indo, na Ásia e essa base religiosa garante uma formação democrática para esse povo.

c) as primaveras da História tiveram todas uma fundamentação de natureza socialista, em contraposição aos princípios fi nanceiros do capitalismo, a exemplo da de Jasmim que redemocratizou as instituições tradicionais contemporâneas.

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16 Ciências Humanas e suas Tecnologias

d) a Primavera Árabe alcançou o governo iraniano na medida em que os grupos sociais interagiram com as redes sociais existentes e o contato diplomático com as nações que tiveram os seus regimes ditatoriais desarticulados.

e) o Irã é um dos redutos muçulmanos do mundo que resiste às influências do processo de globalização, mediante a ideologização de um antiamericanismo e pela preservação dos valores fundamentais do xiitismo, estabelecido no passado por Khomeini.

Compreendendo a Habilidade– Identifi car registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.– Analisar o papel da justiça como instituição na organização das

sociedades.

C-3H-11

H-12

02. A Guerra Fria nem sempre foi fria, tendo em vista que diversos instrumentos foram utilizados pelos blocos envolvidos e, sobretudo, pelas suas lideranças para anular a ideologia opositora. Um desses elementos foi o macartismo.Essa prática tinha como fi nalidade essenciala) estabelecer os princípios da polít ica externa

intervencionista norte-americana para o Continente Americano, em face da Revolução Cubana e da ameaça “vermelha” que tendia a se espalhar.

b) usar o Oceano Pacífi co como instrumento de difusão dos valores capitalistas, sobretudo, ao longo da região costeira, em busca de matéria-prima, mão de obra barata, mercado consumidor de base.

c) fixar as bases de instalação das multinacionais estadunidenses em regiões consideradas entrepostos de natureza comercial e industrial, para fins de expansão e ampliação do lastro de desenvolvimento das multinacionais.

d) apontar caminhos diplomáticos de desenvolvimento do capitalismo em vários territórios do mundo, para fi ns de fortalecer o bloco em oposição ao Socialismo Soviético, que se expandia no leste europeu.

e) fi scalizar, perseguir e inibir práticas socialistas, difusão das “ideias vermelhas”, principalmente em setores de difusão política e demais setores públicos, bem como nas universidades e nos meios de comunicação.

Compreendendo a Habilidade– Identifi car a papel dos meios de comunicação na construção da vida

social.C-5

H-21

03. Foi a política megalomaníaca dos Estados Unidos, a partir do Onze de Setembro, que destruiu, quase por completo, as bases políticas e ideológicas da sua infl uência hegemônica anterior e deixou o país com poucos elementos, além de um poder militar francamente atemorizante, que pudessem reforçar a herança da era da Guerra Fria.

HOBSBAWM, Eric. Globalização, Democracia e Terrorismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. p. 51.

A partir do fragmento acima pode-se inferir que a política externa dos Estados Unidos sofreu alterações a partir do ataque às Torres Gêmeas, daí o seu desdobramento na seguinte premissa: a) a hegemonia norte-americana somente foi restabelecida

quando o governo conseguiu eliminar o seu principal opositor e ativista muçulmano Osama Bin Laden.

b) a base da economia dos Estados Unidos passou a ser pautada no crescimento dos investimentos na indústria de base.

c) as ações terroristas tornaram-se instrumentos de desarticulação da política norte-americana, na medida em que envolveram integrantes do governo.

d) a exposição do terrorismo como fenômeno ameaçador passa a ser tão subjetiva quanto a condição do capital que a sustenta.

e) o uso da política como instrumento da fé, com a associação de ressentimentos políticos tornou-se uma prática exclusivista dos EUA.

Compreendendo a Habilidade– Identifi car registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na

organização do trabalho e/ou da vida social.C-4

H-16

04. Wilson Taylor (1856-1915) foi um engenheiro obcecado por efi ciência industrial, que defendeu o princípio da separação entre o trabalho de planejamento, realizado pelos gerentes, e o trabalho de execução, realizado pelos trabalhadores. A partir do ano 1980, tiveram início, no Reino Unido e nos Estados Unidos, as chamadas políticas neoliberais, que passaram a ser vistas como melhor resposta aos desafi os da globalização.

Thomaz Wood, A vida como extensão da empresa, em Carta Capital, nº 500. 2008. Adaptado.

A nova forma de disseminação das informações no mundo, permitiram que técnicas como a taylorista ganhassem novas interpretações, adaptações e desdobramentos, alcançando outras geografi as, tais como o Leste Europeu, a Ásia e a América. Essa nova conjuntura permitiu que o(a) a) Chile, ao adotar uma política neoliberal, reduzisse o seu

endividamento sócio-econômico. b) a estatização geral da informações se transformasse

num serviço de governo. c) a ampliação do acesso e desenvolvimento de hardwares

de fácil manuseio e operação. d) a expansão dos meios de privacidade dos indivíduos e

instituições envolvidas. e) o montante de informações viesse a se transformar num

instrumento de capitalização.

Compreendendo a Habilidade– Identifi car registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.C-3

H-11

05. Leia o texto a seguir.

A República de Veneza e o Ducado de Milão ao norte, o reino de Nápoles ao sul, os Estados papais e a república de Florença no centro formavam ao fi nal do século XV o que se pode chamar de mosaico da Itália sujeita a constantes invasões estrangeiras e confl itos internos. Nesse cenário, o fl orentino Maquiavel desenvolveu refl exões sobre como aplacar o caos e instaurar a ordem necessária para a unifi cação e a regeneração da Itália.

Adaptado de: SADEK, M. T. Nicolau Maquiavel: o cidadão sem fortuna, o intelectual de virtú. In: WEFORT, F. C. (Org.). Clássicos da política. v. 2.

São Paulo: Ática, 2003. p.11-24.

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17Ciências Humanas e suas Tecnologias

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a fi losofi a política de Maquiavel, assinale a alternativa correta.a) A anarquia e a desordem no Estado são aplacadas

com a existência de um Príncipe que age segundo a moralidade convencional e cristã.

b) A estabilidade do Estado resulta de ações humanas concretas que pretendem evitar a barbárie, mesmo que a realidade seja móvel e a ordem possa ser desfeita.

c) A história é compreendida como retilínea, portanto a ordem é resultado necessário do desenvolvimento e aprimoramento humano, sendo impossível que o caos se repita.

d) A ordem na política é inevitável, uma vez que o âmbito dos assuntos humanos é resultante da materialização de uma vontade superior e divina.

e) Há uma ordem natural e eterna em todas as questões humanas e em todo o fazer político, de modo que a estabilidade e a certeza são constantes nessa dimensão.

Compreendendo a Habilidade– Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica

dos fl uxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.

C-2H-8

06. O texto abaixo, de John Locke (1632-1704), revela algumas características de uma determinada corrente de pensamento.

“Se o homem no estado de natureza é tão livre, conforme dissemos, se é senhor absoluto da sua própria pessoa e posses, igual ao maior e a ninguém sujeito, por que abrirá ele mão dessa liberdade, por que abandonará o seu império e sujeitar-se-á ao domínio e controle de qualquer outro poder? Ao que é óbvio responder que, embora no estado de natureza tenha tal direito, a utilização do mesmo é muito incerta e está constantemente exposto à invasão de terceiros porque, sendo todos senhores tanto quanto ele, todo homem igual a ele e, na maior parte, pouco observadores da equidade e da justiça, o proveito da propriedade que possui nesse estado é muito inseguro e muito arriscado. Estas circunstâncias obrigam-no a abandonar uma condição que, embora livre, está cheia de temores e perigos constantes; e não é sem razão que procura de boa vontade juntar-se em sociedade com outros que estão já unidos, ou pretendem unir-se, para a mútua conservação da vida, da liberdade e dos bens a que chamo de propriedade.”

Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991.

Do ponto de vista político, podemos considerar o texto como uma tentativa de justifi cara) a existência do governo como um poder oriundo da

natureza. b) a origem do governo como uma propriedade do rei. c) o absolutismo monárquico como uma imposição da

natureza humana. d) a origem do governo como uma proteção à vida, aos

bens e aos direitos. e) o poder dos governantes, colocando a liberdade

individual acima da propriedade.

Compreendendo a Habilidade– Avaliar criticamente confl itos culturais, sociais, políticos, econômicos

ou ambientais ao longo da história.C-3

H-15

07. Sinto no meu corpoA dor que angustiaA lei ao meu redor

A lei que eu não queriaEstado violênciaEstado hipocrisia

A lei que não é minhaA lei que eu não queria

Estado Violência, Charles Gavin, em Titãs, Cabeça Dinossauro, WEA, 1989.

A letra dessa música, gravada pelos Titãs, a) critica a noção de Estado e sua ausência de controle,

aspectos comuns ao liberalismo e ao marxismo. b) constata que o corpo físico e o corpo político se

relacionam em sociedades de controle. c) critica o autoritarismo policial e o modelo de regulação

proposto pelo anarquismo. d) constata que o Estado autoritário, mesmo com boas

leis, é sabotado pela fi gura do policial. e) critica o Estado absolutista e seu rigor no âmbito da

aplicação das leis aos seus súditos e a tortura imposta aos escravos.

Compreendendo a Habilidade– Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos

e interpretativos, sobre situações ou fatos de natureza histórico-geográfi ca acerca das instituições sociais, políticas e econômicas.

C-3H-14

08. A China é a segunda maior economia do mundo. Quer garantir a hegemonia no seu quintal, como fi zeram os Estados Unidos no Caribe depois da guerra civil. As Filipinas temem por um atol de rochas desabitado que disputam com a China. O Japão está de plantão por umas ilhotas de pedra e vento, que a China diz que lhe pertencem. Mesmo o Vietnã desconfi a mais da China do que dos Estados Unidos. As autoridades de Hanói gostam de lembrar que o gigante americano invadiu o México uma vez. O gigante chinês invadiu o Vietnã dezessete.

André Petry. O Século do Pacífi co. Veja, 24.04.2013. Adaptado.

A persistência histórica dos conflitos geopolíticos descritos na reportagem pode ser filosoficamente compreendida pela teoriaa) iluminista, que preconiza a possibilidade de um estado

de emancipação racional da humanidade. b) maquiavélica, que postula o encontro da virtude com

a fortuna como princípios básicos da geopolítica. c) política de Rousseau, para quem a submissão à

vontade geral é condição para experiências de liberdade.

d) teológica de Santo Agostinho, que considera que o processo de iluminação divina afasta os homens do pecado.

e) política de Hobbes, que conceitua a competição e a desconfiança como condições básicas da natureza humana.

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18 Ciências Humanas e suas Tecnologias

Compreendendo a Habilidade– Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos

e interpretativos, sobre situações ou fatos de natureza histórico-geográfi ca acerca das instituições sociais, políticas e econômicas.

C-3H-14

09. Thomas Hobbes é conhecido por sua descrição do estado de natureza como um estado de guerra de todos os homens contra todos os homens. Para superar essa condição inicial de insegurança Hobbes propõe a instituição de um Estadoa) pautado por um ideal de isomeria e igualdade social.b) civil mediante um pacto que transfere todo direito

natural dos indivíduos a um soberano.c) liberal que assegure o direito à propriedade privada e

às liberdades do indivíduo.d) pautado por valores democráticos, no plano político, e

pelo mercado, no econômico.e) fundado no despotismo esclarecido e nos ideais

iluministas.

Compreendendo a Habilidade– Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam

as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.C-4

H-19

10. (Uncisal) Tendo como referência o texto abaixo, assinale a opção correta.

“As cidades milionárias (com mais de um milhão de habitantes) que eram apenas duas em 1960 – São Paulo e Rio de Janeiro são cinco em 1970, dez em 1980, doze em 1991, treze em 2000 e quinze em 2010 (IBGE). Esses números ganham maior signifi cação se nos lembrarmos que, historicamente, em 1872 a soma total das dez maiores cidades brasileiras não alcançavam um milhão de habitantes, pois somavam apenas 815.729 pessoas. Esta é a nova realidade da macro- urbanização ou metropolização brasileira”.

Adaptado. Santos, M. Urbanização Brasileira.

a) No Brasil, a modernização do campo teve relação direta com a aceleração da urbanização, caracterizada por uma metropolização que se disseminou por várias regiões brasileiras.

b) Embora no mundo globalizado a tendência migratória campo-cidade seja pequena, o Brasil, em função da desorganização econômica e social e das ilusões de que a vida nas cidades apresenta mais perspectivas, mantém taxas elevadas de fl uxo migratório.

c) Um ritmo de metropolização tão elevado, como o do Brasil, corresponde a índices equivalentes de crescimento industrial. Assim, a maior parte da população que se dirige às cidades é empregada no setor secundário.

d) Embora o ritmo de urbanização e metropolização no Brasil tenham sido muito elevados, o fenômeno fi cou restrito às regiões Sul e Sudeste, pois foi justamente nessas regiões que ocorreu o maior crescimento industrial.

e) A urbanização brasileira, com seu caráter metropolitano, indica defi nitivamente a passagem de nosso país para o estágio de país desenvolvido e moderno. Sabe-se que todos os países considerados desenvolvidos são aqueles que apresentam elevados índices de urbanização.

Compreendendo a Habilidade– Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica

dos fl uxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.

– Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.

C-2H-8

11. Leia com atenção.

PAU DE ARARALuiz Gonzaga

Quando eu vim do sertão,seu môço, do meu BodocóA malota era um sacoe o cadeado era um nóSó trazia a coragem e a caraViajando num pau-de-araraEu penei, mas aqui cheguei (bis)Trouxe um triângulo, no matolãoTrouxe um gonguê, no matolãoTrouxe um zabumba dentro do matolãoXóte, maracatu e baiãoTudo isso eu trouxe no meu matola

A letra da música pode ser relacionada a qual fenômeno social?a) Aglomeração.b) Conurbação.c) Êxodo Rural.d) Hipertrofi a do Terciário.e) Transumância.

GABARITOS

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

01 02 03 04 05 06

d b c a d e

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

01 02 03 04 05 06

e e d e b d

07 08 09 10 11

a e e a c

Supervisão Pedagógica: Marcelo PenaSupervisão Gráfi ca: Felipe Marques e Sebastião PereiraGerente do SFB: Fernanda Denardin

Projeto Gráfi co: Antônio Nailton, Daniel Paiva e João LimaEditoração Eletrônica: Antônio NailtonIlustrações: ARTE FBRevisão: Leidiane Souza

OSG.: 096957/15

Expediente

H-19C-4