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1 O Ensino de Geografia no Ensino Fundamental II: Uma Observação da didática de Geografia no 6° Ano da Escola Ana Maria do Couto em Cuiabá-MT Joelson de Souza Passos [email protected] Universidade Federal de Mato Grosso INTRODUÇÃO A Geografia só é reconhecida enquanto ciência e disciplina a partir do século XIX. Neste período a Geografia era baseada no positivismo, dessa forma o conteúdo passado aos alunos eram meramente informacionais, sendo transmitido de forma descritiva e enumerativa, visando a decoração do conteúdo pelo aluno, não havendo uma discussão com os alunos, refletindo sobre a sua participação nesse contexto social de produção e reprodução do espaço, ou seja, não relacionando o conteúdo no cotidiano do aluno. Iniciou-se posteriormente vários debates entre profissionais, acadêmicos e outros sujeitos, que estavam envolvidos com o ensino de Geografia, perceberam a necessidade de se mudar essa visão tradicionalista de se ensinar a Geografia, e, dessa forma, por meio de políticas públicas, por exemplo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), assim como por exigência da própria ciência, tendo em vista que a própria a Geografia passando por momento de transformação, onde os autores buscavam novas visões de mundo, como o marxismo, fenomenologia, entre outras influenciando dessa forma como esta seria trabalhada na educação básica (CALLAI, 2005). Neste contexto a Geografia se mostra como uma disciplina significativa e indispensável para o desenvolvimento de um cidadão pensante, crítico e atuante na sociedade, e o professor desempenha papel de fundamental importância neste sentido, assim sendo sua formação deve ser consolidada e constante. O ensino de geografia deve fazer com que o aluno compreenda o seu lugar de vivência. Portanto, deve ser um conhecimento de caráter estratégico que sirva para, além,

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O Ensino de Geografia no Ensino Fundamental II: Uma Observação da didática de

Geografia no 6° Ano da Escola Ana Maria do Couto em Cuiabá-MT

Joelson de Souza Passos

[email protected]

Universidade Federal de Mato Grosso

INTRODUÇÃO

A Geografia só é reconhecida enquanto ciência e disciplina a partir do século XIX.

Neste período a Geografia era baseada no positivismo, dessa forma o conteúdo passado aos

alunos eram meramente informacionais, sendo transmitido de forma descritiva e

enumerativa, visando a decoração do conteúdo pelo aluno, não havendo uma discussão

com os alunos, refletindo sobre a sua participação nesse contexto social de produção e

reprodução do espaço, ou seja, não relacionando o conteúdo no cotidiano do aluno.

Iniciou-se posteriormente vários debates entre profissionais, acadêmicos e outros sujeitos,

que estavam envolvidos com o ensino de Geografia, perceberam a necessidade de se mudar

essa visão tradicionalista de se ensinar a Geografia, e, dessa forma, por meio de políticas

públicas, por exemplo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), assim como por

exigência da própria ciência, tendo em vista que a própria a Geografia passando por

momento de transformação, onde os autores buscavam novas visões de mundo, como o

marxismo, fenomenologia, entre outras influenciando dessa forma como esta seria

trabalhada na educação básica (CALLAI, 2005).

Neste contexto a Geografia se mostra como uma disciplina significativa e

indispensável para o desenvolvimento de um cidadão pensante, crítico e atuante na

sociedade, e o professor desempenha papel de fundamental importância neste sentido,

assim sendo sua formação deve ser consolidada e constante.

O ensino de geografia deve fazer com que o aluno compreenda o seu lugar de

vivência. Portanto, deve ser um conhecimento de caráter estratégico que sirva para, além,

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de educar o aluno, também para auxiliá-lo a mudar e compreender o seu espaço de

vivência e o mundo como um todo.

Este artigo foi desenvolvido a partir da observação feita no Ensino Fundamental II

na Escola Estadual Ana Maria do Couto, localizada em Cuiabá/MT, por meio da disciplina

de Estágio Curricular Supervisionado I, sendo fundamentada pela Lei n.° 6.494/1977 e

regulamentada pelo Decreto n.° 87.497/1982 e alterada pela Lei 8.859/1994 e pela Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) 9.394/1996.

O Estágio Curricular Supervisionado é de fundamental importância para o aluno de

licenciatura, pois este lhe proporciona associar a teoria, aprendida durante todas as

disciplinas cursadas na faculdade com a prática, momento em que está em sala de aula,

aprendendo e passando o conhecimento para os alunos. Podendo, por meio deste,

identificar estratégias para resolver os problemas que poderiam ser encontrados em sua

carreira profissional. Além de permitir o desenvolvimento do raciocínio, senso crítico, a

sua criatividade entre outras capacidades do estudante que visem desenvolver seu perfil

profissional.

OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho é o de relatar a experiência obtida, por meio de

observação, em sala de aula, do comportamento dos alunos e do professor, visando

identificar as dificuldades do professor em desempenho do seu papel nesse processo de

ensino-aprendizagem com os alunos de 6° ano do Ensino Fundamental II, realizados na

Escola Estadual Ana Maria do Couto localizada na região da Morada da Serra, no bairro

CPA 2. Tendo como objetivos específicos: observar as aulas de Geografia dada no 6º ano e

9º ano; Observar o comportamento dos alunos em sala de aula; Identificar as dificuldades

do professor em ensinar o conteúdo para os alunos; Identificar e compreender às práticas

pedagógicas utilizadas pelo professor; e Observar o comportamento do professor enquanto

desempenha sua função.

METODOLOGIA

A fim de identificar e compreender o comportamento dos alunos em sala de aula e

do professor ao ensinar o conteúdo de Geografia para os alunos, observando suas práticas

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pedagógicas, materiais didáticos e como se dá a interação entre aluno-professor nesse

processo de ensino-aprendizagem é que foi feita esta observação em sala de aula.

Para realização desta pesquisa adotou-se os seguintes procedimentos

metodológicos: inicialmente foi feito uma pesquisa bibliográfica e discussão de livros e

artigos, em sala de aula na universidade, de autores como Helena Callai, Nídia Pontuschka,

Paulo Freire, Cavalcanti, István Mészáros, Maria Simielli, entre outros, em busca de

compreender como se deu o processo do ensino de Geografia na educação básica, além de

buscar compreender como se portar como professor, no sentido de entender o processo de

avaliação do aluno, como aprender e ensinar, enfim este universo que engloba a Geografia

como disciplina.

Posteriormente, houve o contato com a escola, conversas com direção, coordenação

e professor de Geografia, da Escola Estadual Ana Maria do Couto, a fim de obter

autorização, para fazer a observação na instituição, após receber a autorização, houve

novamente diálogo com o professor da escola para verificar como se daria o processo de

observação de suas aulas e em quais turmas seriam feitas estas análises. Em sala de aula,

buscou sentar-se na última cadeira central do fundo da sala, quando disponível, para que

pudesse ter uma visão de todos os alunos, sem que estes se dispersassem na aula, por causa

da presença de um estranho na sala. Vale ressaltar que foi feito apenas observação em sala

de aula, não havendo planejamento ou regência de aula, ou qualquer tipo de interferência

na aula do professor, seja para opinar ou explicar conteúdos. Foi feito anotação e gravação

de áudio das aulas.

CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA

A geografia, como ciência, é dinâmica e construída por meio das múltiplas relações

entre a sociedade e a natureza, sendo modificadas no cotidiano. Desse modo, no ensino de

geografia é preciso refletir sobre o que ensinar, como ensinar, para que ensinar e para

quem ensinar. Deve-se também buscar superar o tradicionalismo da geografia.

Para Callai (2004, p.3) “a escola deve ser geradora de motivações para estabelecer

inter-relações e produzir aprendizagens, e o professor ser o mediador deste processo”, ou

seja, o professor deve construir junto com os alunos os conceitos a partir da vivência dos

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alunos, mostrando a ele que tudo está conectado, não ficando preso apenas ao lugar, mas

mostrando as relações que este tem com o mundo e vice-versa, construindo dessa forma

um aluno critico que consiga se localizar espacialmente e compreender o movimento da

totalidade dialeticamente.

Com isso Callai (2004, p.3) afirma que “o mundo da vida precisa entrar para dentro

da escola”, ou seja, trazer o cotidiano para dentro do debate com o aluno, enquanto sujeito

social, “para que esta também seja viva, para que consiga acolher os alunos e possa dar-

lhes condições de realizarem a sua formação, de desenvolver um senso crítico e ampliar as

suas visões de mundo” (CALLAI, 2004, p.3), dessa forma, estabelecendo as inter-relações

entre o aluno e o mundo fazer com que ele aprenda sem decorar e saiba relacionar com

tudo a sua volta, saindo daquela visão tradicional da descrição.

Assim, Callai (2010, p. 17) afirma que:

“A geografia escolar, assim como a ciência geográfica, tem a função de estudar,

analisar e buscar explicações para o espaço produzido pela humanidade.

Enquanto a matéria de ensino cria as condições para que o aluno se reconheça

como sujeito que participa do espaço em que vive e estuda, compreendendo que

os fenômenos que ali acontecem são resultado da vida e do trabalho dos homens

em sua trajetória de construção da própria sociedade demarcada em seus espaços

e tempos”.

Nesta perspectiva Callai (2010, p.16) afirma que “a finalidade da educação

geográfica é contribuir na construção de um pensamento geográfico, quer dizer,

desenvolver modos de pensar que envolvam a dimensão espacial”. E professor nesse papel

de mediador do conhecimento, também aprende ao mesmo tempo em que ensina, como já

dizia Freire (1996, p.12) “Não há docência sem discência, quem ensina aprende ao ensinar

e quem aprende ensina ao aprender. Quem ensina, ensina alguma coisa a alguém”. Dessa

forma o conhecimento está sempre em transformação, e Mészáros (2005, p. 12) sustenta

que a educação deve ser sempre continuada, permanente ou não é educação.

Dessa forma, buscou-se fazer uma observação do papel desempenhado pelo

professor e o comportamento dos alunos nesse processo de ensino-aprendizagem, sendo

observação feita na Escola Estadual Ana Maria do Couto, localizada na Avenida Brasil,

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905, no bairro Morada da Serra – CPA 2, na cidade de Cuiabá/MT, pertencente à Rede

Estadual de Ensino, criada pelo Decreto n.° 1.757/1985 de 12/12/1985, autorizada pela

Portaria n.° 331/1987 – CEE/MT, tendo em vista que a escola atende aluno de vários

bairros do entorno do CPA 2, estando localizada na região central do bairro, tendo em sua

proximidade a questão forte do comércio, assim como cursos d’água que estão suprimidos

e degradados por causa da urbanização.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

As observações foram feitas em três turmas distintas do 6° ano, sendo todas

realizadas no período matutino. A observação iniciou-se desde antes da entrada na sala de

aula, onde os alunos são reunidos no pátio para cantar o Hino Nacional e orar o “Pai

Nosso”, isso ocorre todas às segundas-feiras.

A aula iniciou-se às 7:15, o professor e os alunos entram em sala, cada um senta em

seu lugar, organizados em fila. Fica apenas um aluno em pé, outros estão conversando e

pegando os cadernos, enquanto isso o professor organiza seu material em sua mesa.

O professor se levanta escreve a data no quadro e começa a interagir com os alunos.

Dá bom dia, pergunta se os alunos descansaram. Depois me apresenta para a turma. Ele irá

fazer uma discussão sobre o filme “A marcha dos pinguins”, uma aluna diz que foi

emocionante.

Ele fala que os alunos deveriam fazer uma relação do clima com os pinguins, que

só conseguem viver lá por causa do frio. Ele pede para os alunos pegarem o livro didático,

mostra onde ficam os polos e os climas polares, onde se passa o filme.

Há na sala 21 alunos, todos estão prestando atenção na explicação do professor,

apenas 3 alunos estão sem livro didático, o professor pergunta qual o clima, a maioria dos

alunos respondem, quase que como coral, um aluno chega atrasado, porém não atrapalha o

professor, que continua explicando, agora sobre a reprodução dos pinguins. Os alunos

querem saber o motivo de ser o macho a cuidar do ovo e não a fêmea. E que deveria ser o

macho a ir trazer alimentos para a fêmea. O professor se embaraça e não consegue

responder e diz que isso é coisa da natureza. Outra aluna continua e diz que deveria ser o

contrário, o professor diz: “deixa isso pra lá, se não vocês vão...” e dá risadas.

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Um aluno bate na porta e interrompe a aula pedindo um livro preto, professor

balança a cabeça negativamente e continua a aula, outro aluno entra atrasado na sala de

aula.

O professor relaciona o conteúdo com a questão do aquecimento global,

contextualizando os alunos sobre o assunto, dessa forma ele explana também a respeito das

coordenadas Geográficas, explicando o que é latitude e o que é latitude, posteriormente

começa a escrever no quadro o conteúdo da aula que ele acabou de explicar, ele fica de

costas para os alunos, logo dois alunos no fundo começam a dar soco um no outro, outros

alunos conversam. O professor reclama do uso de boné na sala de aula há três alunos com

boné.

O texto que ele passou é sobre fatores que influenciam na dinâmica do clima,

explica sobre latitude, altitude, continentalidade e maritimidade. Incidência solar,

inclinação da terra tudo isto é explicado para os alunos.

O professor sai da sala por uns instantes, a conversa aumenta rapidamente, uns

levantam, outro vai apontar o lápis e outros copiando o texto. O professor volta e fala para

todos que é só isso, até a próxima aula, não explica ou comenta o que foi passado no

quadro. A maioria dos alunos estão copiando o que foi passado no quadro, pois ele dividiu

o quadro em três partes, e encheu até a metade da terceira parte.

Os alunos vão terminando de escrever e ficam conversando baixo, sem levantar da

cadeira, alguns alunos vão na cadeira do professor com o caderno para ver que copiaram o

texto, ele fala que está “OK”, que ele só irá corrigir na próxima aula, a aula se encerra com

24 alunos.

No 6° B a observação se inicia no segundo horário, há 24 alunos na sala de aula e

estes não estão organizados em filas, tendo alunos sentados em duplas e até trios. Professor

inicia fazendo chamada e pede para um aluno apagar o quadro, enquanto isso vários alunos

se levantam e começam a andar e conversar com outros alunos estão curiosos pelo fato de

ter um estranho na sala.

O professor começa falando que eles vão copiar, então vários alunos reclamam:

“Ah não, professor. O senhor só sabe passar texto.” Os alunos do 6° B estão mais

hiperativos que o 6° A.

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O professor começa a passar no quadro, ele para e chama a atenção dos alunos por

estarem de pé. Ele agora dá bom dia aos alunos e fala como será a aula e que passará um

filme nas próximas aulas, ele fala também que a aula está acabando.

O conteúdo passado pra os alunos copiarem é a respeito da pressão atmosférica e a

formação dos ventos, sendo explicado sobre a variação da atmosférica, formação dos

ventos, zonas de alta e baixa pressão, ventos alísios e sobre os aparelhos utilizados para

medir a pressão atmosférica e a direção e velocidade dos ventos.

O professor termina de passar o conteúdo e começa a circular pela sala olhando os

alunos que estão copiando. Ele sai da sala deixando-os sozinhos, a conversa aumenta e a

circulação dos alunos também. Uma educadora entra na sala e avisa aos alunos para

pegarem a merenda, quando o professor volta para a sala os alunos ainda estão comendo,

processo este que se estende até o final da aula, fazendo com que o professor não consiga

terminar de explicar o conteúdo passado no quadro, perdendo aproximadamente 15

minutos de sua aula. A aula encerra e o professor sai da sala de aula.

A observação feita no 6° D ocorreu na terceira aula, tendo em sala 26 alunos, todos

muito agitados, o professor pede para os alunos organizarem as cadeiras em três fileiras

viradas para a parede lateral da sala e anuncia que a aula de hoje será um vídeo.

O professor instala o Datashow e antes de iniciar o vídeo o explica o motivo de

passar o vídeo e o que ele traz, pede para os alunos prestarem atenção e anotarem tudo o

que virem, o professor precisa falar com a voz alterada, em tom mais alto que nas outras

turmas de 6° anos quando ele vai iniciar o filme aparece a educadora avisando para os

alunos irem comprar salgado, pois de manhã não há intervalo.

O professor espera os alunos voltarem e apresenta o filme “A marcha dos

pinguins”, então começa a passar o filme, mas vários alunos estão comendo e conversando,

mesmo após o filme ter começado, não prestando atenção.

O filme inicia com as geleiras, icebergs. O professor sai da sala e a conversa

aumenta, não dá para escutar o que está sendo falado no filme por causa da conversa alta,

porém percebe-se que é sobre alteração da paisagem, os pinguins aparecem. O professor

entra na sala e os alunos fazem silêncio automaticamente. O filme começa a falar sobre

vários assuntos, apresentando os pinguins como personagem principal e a dublagem dos

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pinguins, fala sobre acasalamento, sol, estrelas, campo magnético, entre outros.

Considerando os pinguins como nômades, pois saem de um lugar para o outro.

As cenas de acasalamento causam comentários e risos nos alunos. No filme

apresenta a foca/morsa como vilã por ela atacar os pinguins. Apresenta o ciclo da vida dos

pinguins desde a reprodução até a hora em que o pinguim nasce, cresce e vai para o oceano

iniciando um novo ciclo. A medida que o fim do filme chega a conversa vai aumentando, o

professor termina o filme e explica que fará uma explanação com os alunos sobre o

conteúdo que o filme passa e o conteúdo que eles estão estudando na próxima aula. Alguns

alunos pedem para o professor passar novamente o filme. Porém não dá tempo. A aula

termina e o professor sai da sala.

Em suma foi possível verificar que a quantidade de alunos quase não varia nas

turmas, assim como está bem distribuídos os alunos por gênero. A sala de aula é bem

confortável e possui boa iluminação e ar-condicionado. O professor não utilizou-se de

mapas para situar os alunos em relação ao espaço em que ele estava trabalhando. Os

materiais didáticos utilizados foram quadro negro, giz e Datashow para passar o vídeo.

Apesar de a Escola Ana Maria do Couto ser pública e mantidas pelo governo

estadual, percebe-se que a estrutura, tanto humana quanto física é boa, e sua localização é

de extrema importância, pois está localizada na parte central da Região da Morada da

Serra, no bairro CPA 2, sendo de fácil acesso e dessa forma a escola recebe alunos dos

bairros ao seu entorno, como três barras, CPA I, CPA II e CPA III, CPA IV Morada do

Ouro, Altos da Serra,1° de Março, entre outros, percebendo-se também que há vários

alunos de bairros distantes estudam na escola, por ela ser reconhecida por sua qualidade no

ensino, alunos dos bairros Tijucal, Pedra 90, por exemplo são encontrados na escola. É

possível também perceber a diferença das classes sociais, como média e baixa, sendo

possível verificar isto por suas vestimentas e também comportamento, no entanto como foi

observado apenas uma aula com os alunos, sendo necessário passar mais tempo com os

alunos para fazer entrevistas com os mesmos por meio de questionários.

Quadro 01 Observações

Ensino Fundamental II

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Ano Horário Turma Alunos

Feminino Masculino Total

Ano

1º 6º A 11 13 24

2º 6º B 12 12 24

3º 6º D 13 13 26

3

horários

3

turmas 36 38 74

Fonte: dados primários levantados em observação na sala de aula. Elaboração: Joelson de Souza Passos

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foram observadas 3 turmas do 6° ano, analisado as práticas pedagógicas do

professor e dos alunos, tendo 36 alunos do sexo feminino e 38 do sexo masculino

totalizando 74 alunos (Quadro 01).

É possível observar que quanto mais dinâmico é o professor, mais a turma interage

com ele e o respeita, dessa forma ficou evidente que a postura do professor é de

fundamental importância para que ele consiga passar os seus conhecimentos para os alunos

de forma que ele atinja o maior número deles.

Além de também ficar evidente que o professor além de observar também é

observado a todo momento, e os alunos estão esperando qualquer deslize em seu

comportamento ou explicação para que comecem a utilizar contra o professor e rir dele.

Logo o professor, que é um ser humano, tende a ser falho, porém deve buscar repensar o

que será falado em sala de aula e a maneira como irá passar o conteúdo para que não caia

em algo desanimador para os alunos, tendo em vista que estes, podem se espelhar no

professor e em um futuro se tornar um profissional da área da Geografia.

Também foi notado que não é possível deixar os alunos sem fazer nada ou

sozinhos, pois eles começam a bagunçar e conversar, por isso deve-se planejar a aula para

que dure o tempo certo, dentro do horário que lhe é permitido, não devendo, no entanto,

esquecer que sempre há imprevistos, como por exemplo, a hora do lanche, intervenção da

aula para recados, falta de luz, equipamento quebrado, dentre outros, então precisa-se ter

um plano B, C e até D para que caso haja algum imprevisto os alunos não fiquem sem o

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que fazer, e também para que as aulas não sejam cansativas e enjoativas, pois deve-se

trabalhar o conteúdo de acordo como os alunos estão respondendo, pois há dias e turmas

em que os alunos estão interagindo, cooperando com a aula, no entanto há outros dias em

que as turmas não estão animados, logo depende do professor identificar isto e tentar

reanima-los.

Foi possível observar que há variados tipos de alunos, tanto pela questão social,

quanto do fator psicológico, havendo aqueles alunos mais comportados, aqueles que não

falam nada, nem interagem com os próprios alunos, enquanto havia os que se davam bem

com a maioria. Há também os alunos que participavam mais da aula, interagindo com o

professor quase que a todo momento, enquanto outros não participavam, além de ter

também alguns alunos, que mesmo sabendo que é proibido, estavam utilizando celular na

sala de aula, no entanto os próprios colegas alertavam o professor que tinha alguém

mexendo no celular. Contudo vale ressaltar que deve ser feita uma pesquisa mais

aprofundada, não julgando os alunos precipitadamente, pois foi utilizado apenas uma aula

para a observação por turma.

Enfim o objetivo proposto tanto na disciplina de Estágio Curricular Supervisionado

I, quanto neste artigo, foi claramente alcançado, sendo apresentado nos resultados e

discussões toda a observação feita em sala de aula. Tendo em vista que ainda há muito o

que melhorar na educação brasileira, além de que cada escola possui a sua realidade e a

observada na escola Ana Maria do Couto é apenas uma de muitas realidades escolares do

Brasil, podendo haver casos que se assemelham, como existem casos em que a realidade

está muito mais distante, seja pela falta de estrutura física seja pela falta de profissionais

qualificados, tendo um enorme universo ainda a ser aprofundado.

Por fim nota-se que o professor tem que ser mais dinâmico ao passar o conteúdo,

tentando dialogar com todos os alunos, percorrendo a sala de aula, utilizar vários materiais

didáticos como: vídeos, data show, mapas, globo terrestre, tentar prender a atenção do

aluno e fazer com que o mesmo participe da aula, construindo dialeticamente os conceitos

da geografia com o aluno, relacionando com o cotidiano, para que o aluno não apenas

decore o que está sendo passado para ele, mas sim consiga abstrair, concretizar e abstrair o

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conteúdo, correlacionando com sua vida cotidiana. Esta pesquisa está em andamento como

parte do Trabalho de Final de Curso (TFC) de Licenciatura Plena em Geografia na

Universidade Federal de Mato Grosso.

BIBLIOGRAFIA

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Formação de professores: conteúdos e metodologias no ensino de Geografia. Goiânia:

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CALLAI, Helena Copeti. Aprendendo a ler o mundo: a Geografia nos anos iniciais do

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Disponível em <http://www.cedes.unicamp.br>. Acesso: 05/02/2014

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