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O papel da afetividade no contexto do trabalho pedagógico: uma análise necessária

Autora: Erli do Rocio Cosmo1 Orientadora: Profª. Drª Valéria Lüders2

RESUMO:

O artigo trata da importância de se trabalhar os laços afetivos na escola e

baseia-se na teoria de Vygotsky que se fundamenta no desenvolvimento

humano como resultado de um processo sócio-histórico, dando ênfase ao

papel da linguagem e da aprendizagem, tendo como centro das atenções a

aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio, visando

refletir e debater situações reais vividas pelos discentes envolvidos no

desenvolvimento da afetividade. Na busca de uma compreensão para o

problema, aplicou-se a metodologia da pesquisa ação, por meio da pesquisa

qualitativa e quantitativa, com levantamento de dados para a análise da postura

dos discentes e seu relacionamento dentro do ambiente escolar.

Palavras - chave: afetividade – interação social – mediação – contexto escolar

1-Professora da Rede Estadual de Ensino do PR, participante do Programa de Desenvolvimento Educacional, turma 2010. Licenciada em Geografia e Pós Graduada em Pedagogia e Educação Básica. 2-

Doutora em Educação (UNICAMP), Graduação em Psicologia (PUC Campina), Graduação em Pedagogia

(UNICAMP), Professora da Universidade Federal do Paraná, Setor de Educação, Departamento de Teoria e Fundamentos da Educação, nas disciplinas de Psicologia de Educação e Fundamentos da Educação Especial.

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1 - Introdução

Este artigo teve por objetivo abordar as idéias existentes acerca do

conceito de afetividade no contexto escolar, entrando no campo da Psicologia

da Educação, pois o tema tem sido bastante debatido, tal sua importância no

processo de ensino e aprendizagem. Foi direcionado para alunos de 5ª série

do Ensino Fundamental do Colégio Estadual 1º Centenário, do Município de

Campo Largo, do Núcleo Regional Área Metropolitana Sul.

Mas afinal... O que é afetividade?

Afetividade vem do latim affectivus e significa influenciar, afetar atingindo

sentimentos, interesses, impulsos, tendências e valores. Segundo Ferreira,

afetividade significa:

Conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados sempre da impressão de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou tristeza. (FERREIRA, 1999, p.62).

A afetividade é sem dúvida um dos fatores que muito contribui para que

a personalidade da criança se desenvolva saudavelmente e manifesta-se nas

atitudes e comportamento e mais tarde, também, em sua expressão.

As pessoas criam laços de afetividade por intermédio de estímulos que

recebem do ambiente em que estão inseridas e esta produz efeitos agradáveis

sobre o desenvolvimento do ser humano.

Desta forma, a escola deve estar preparada para estabelecer vínculos

afetivos com o educando. Ela deve oferecer oportunidade para interagir,

liberdade para expressar-se, mas, principalmente, deve contribuir no processo

de descobertas e reflexões internas, que ajudarão o estudante na construção

de aprendizagens.

Com uma maior divulgação das idéias de Vygotsky, vem se

configurando uma visão essencialmente social para o processo de

aprendizagem dentro da perspectiva histórico-cultural, pois o enfoque está nas

relações sociais. E é através da interação com outros que a criança incorpora

os instrumentos culturais.

Partindo desse pressuposto, o papel do outro no processo de

aprendizagem torna-se fundamental. Consequentemente, a mediação e a

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qualidade das interações sociais ganharão destaque. Daí, a importância do

educando interagir com os colegas, com seus familiares e com os professores.

Cada criança tem características próprias. Têm muitas que são mais

tímidas (que demoram interagir com o grupo) e que precisam de estímulos para

garantir a interação, já outras, são bem agitadas e interagem com maior

facilidade.

O professor deve conhecer a sua turma para saber lidar com todos os

tipos de situação, porque o educando necessita na maioria das vezes da

mediação do professor para que ele se sinta seguro para se relacionar com o

grupo e assim garantir uma troca de saberes.

O presente artigo teve como finalidade oferecer subsídios aos

professores para reflexões em suas práticas pedagógicas vivenciadas no dia a

dia escolar, como também auxiliar e organizar conhecimentos básicos sobre o

assunto para ampliar as oportunidades de desenvolvimento humano. Na

implementação do projeto, refletiu-se sobre situações reais vividas pelos

discentes envolvidos, num clima de troca e cumplicidade que se fazem

importantes numa escola democrática, para a sensibilização dos sujeitos

envolvidos.

Ouvir falar que a escola está inadequada à realidade tornou-se senso

comum nos dias de hoje. No entanto, o profissional da educação, não deve

achar isso normal e resignar-se. É necessário, portanto, transformar a escola

num local agradável, no qual o aprendizado de fato aconteça! Para mudá-la,

todos os envolvidos devem querer e estar dispostos a receber seus educandos,

promovendo o seu desenvolvimento como pessoas e cidadãos, valorizando

inclusive, a afetividade.

Luck (1983, p.25), afirma que: “As relações afetivas assumem um papel

especial e singular no quadro educativo”.

Sendo assim, caberá a todos os envolvidos, desenvolver a afetividade

para o desenvolvimento da criança, onde sejam trabalhadas as emoções de

forma a sensibilizá-los, o que resultará num trabalho em que a aprendizagem

terá significado para a criança, seja no ambiente escolar ou no convívio com

seus familiares.

O docente deve ir além de somente trabalhar os conteúdos aos seus

discentes, o ideal é tratá-los com respeito e afetividade, sem perder com isso o

seu papel de mediador.

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A escola, como uma instituição pela qual se espera que todo o ser

humano passe, deve assumir o compromisso de educar seus discentes dentro

dos princípios democráticos e instituir uma verdadeira relação de afetividade

entre o universo escolar para que o processo ensino aprendizagem se efetue,

pois a criança que se educa eticamente torna-se um adulto capaz de ir ao

encontro do outro, reconhece-se com seus pares.

Portanto, o educador possui uma extrema importância na formação dos

laços afetivos deste indivíduo e deve vivenciar e demonstrar aos seus

educandos, através de postura e atitudes reflexivas. Há que se deixar o

pessimismo de lado e acreditar que juntos, unidos com a comunidade escolar,

é possível tornar a EDUCAÇÃO eficiente.

Por conseguinte, se o aprendizado estimula o desenvolvimento, a função

da escola é importantíssima, pois assume o papel na articulação entre ciência

e arte para contribuir no desenvolvimento psicológico. A dinâmica da sala de

aula, os laços afetivos criados, as formas de comunicação bem como a

interrelação professor-aluno são imprescindíveis para que o processo de

desenvolvimento e a construção do conhecimento se efetuem para a

concretização da socialização.

A psicologia sócio-histórica, que tem como foco a teoria de Vygotsky,

concebe o desenvolvimento humano a partir das relações sociais que a pessoa

cria no decorrer de sua vida. Desse modo, o processo de ensino aprendizagem

se constitui também dentro de interações que se nos manifesta nos diversos

grupos sociais.

Necessário, pois, pensar em um trabalho efetivo com relação à

educação voltada também para a afetividade, pois esta deve ser tratada de

forma concreta dentro do processo de escolarização por todo o educador que

deseja um mundo melhor e um ensino de qualidade, atingindo desse modo

uma aprendizagem significativa.

O espaço escolar não pode ser considerado apenas um ambiente

fechado por paredes, um abrigo nas quais as crianças, professores e

funcionários vão para se manterem “protegidos”. É, sobretudo, um espaço em

movimento, de desenvolvimento cognitivo e base fundamental na construção

das relações interpessoais.

Segundo Vygotsky, (1993) “o ser humano cresce num ambiente social e

a interação com outras pessoas é essencial ao seu desenvolvimento". E foi

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neste contexto que se propôs entender e buscar alternativas para que os

alunos consigam despertar para a sensibilidade.

2 - Desenvolvimento

Juntamente com os estudos realizados, fez-se necessário desenvolver

um material didático-pedagógico visando atender às expectativas e

necessidades do público alvo escolhido e as exigências do PDE – Programa de

Desenvolvimento Educacional, desenvolvido pela Secretaria de Estado da

Educação do Estado do Paraná, dentro do contexto de Formação Continuada.

O material didático desenvolvido foi direcionado aos alunos da 5ª série

do turno da manhã, do Colégio Estadual 1º Centenário– Ensino Fundamental,

do município de Campo Largo, do Núcleo Regional Área Metropolitana Sul.

Este material didático recebeu o nome de Caderno Pedagógico e foi

implementado em parceria com os professores de Língua Portuguesa,

Educação Física e Ensino Religioso, que disponibilizaram encontros durante

suas aulas, como também da Equipe Pedagógica e Diretiva para análise do

projeto, enriquecimento do mesmo e avaliação do seu desenvolvimento junto

aos alunos.

As atividades contidas no Caderno Pedagógico foram de grande valia,

pois nele discutiu-se a importância da afetividade no contexto escolar como

também no ensino-aprendizagem dos educandos.

As atividades com os alunos foram trabalhadas da seguinte forma: no

contato inicial foi exposto sobre a relevância da pesquisa a ser realizada junto à

turma, com a seguinte temática: “Laços Afetivos”. Utilizou-se espaço do

Laboratório de Informática, para assistirem o vídeo: “Parábola do lápis” onde foi

proposto o desenvolvimento de atividades em duplas, utilizando-se clip-art

relacionado ao vídeo apresentado. As duplas formadas desenvolveram frases

significativas ao tema. Na sequência apresentaram para a turma e justificaram

o porquê escolheram a gifts relacionada para a frase criada, desenvolvendo

assim um debate sobre laços afetivos.

Esta apresentação teve a finalidade de ouvi-los sobre situações vividas

em seu cotidiano escolar, familiar e social sendo que todos tiveram a

oportunidade de se expressarem ao relatar uma experiência pessoal

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vivenciada, bem como possibilitou uma melhor integração para assim expor o

que sentem com relação aos laços afetivos.

O afeto é o principal norteador da auto-estima, pois quando se

desenvolve a afetividade, a aprendizagem e a motivação serão cativadas

dentro do processo ensino aprendizagem. As crianças necessitam comunicar-

se, precisam ser ouvidas, acolhidas e principalmente valorizadas.

A escola deve buscar por ações para as inúmeras dificuldades que os

discentes apresentem. Preocupar-se com o educando por completo, tendo

sensibilidade para entendê-lo, buscar por ações que os valorizem,

independente de seu grau de crescimento intelectual, pois todas essas ações

mantêm relação direta com a motivação ou o desejo da criança em aprender.

Sentir-se parte integrante da escola, participando efetivamente de todo

os seus segmentos, faz com que docentes e discentes, tenham consciência do

seu papel, que são integrantes de uma grande equipe que trabalha

coletivamente por um único objetivo: a educação. Dessa forma, o trabalho será

mais dinâmico e a troca de experiências auxiliará na solução de problemas e

na diversidade de sua realidade.

Importante destacar que a afetividade não se dá apenas pelo contato

físico, mas também por posturas de cordialidade, tais como o elogio, o

reconhecimento, a motivação, pois são formas cognitivas que exprimem laços

de afetividade.

Vygotsky (1994), ao destacar a importância das interações sociais, traz a

idéia da mediação e da internalização como aspectos fundamentais para a

aprendizagem, defendendo que a construção do conhecimento ocorre a partir

de um intenso processo de interação entre as pessoas. Portanto, é a partir de

sua inserção na cultura que a criança, através da interação social com as

pessoas que a rodeiam, vai desenvolvendo-se.

Apropriando-se das práticas culturalmente estabelecidas, ela vai

evoluindo das formas elementares de pensamento para formas mais abstratas,

que a ajudarão a conhecer e controlar a realidade. Nesse sentido, Vygotsky

destaca a importância do outro não só no processo de construção do

conhecimento, mas também de constituição do próprio sujeito e de suas formas

de agir.

Segundo o autor, o processo de internalização envolve uma série de

transformações que colocam em relação o social e o individual. Afirma que

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“todas as funções no desenvolvimento da criança aparecem duas vezes:

primeiro, no nível social, e, depois no nível individual; primeiro entre pessoas

(interpsicológica), e, depois, no interior da criança (intrapsicológica).” (p. 75).

No segundo encontro, foi apresentado um relato de uma aluna referente

aos laços afetivos. Foi proposto um círculo de conversação ao ar livre, para

discussão e reflexões, oferecendo oportunidade para que todos interagissem,

se expressassem e principalmente para que esta dinâmica pudesse contribuir

no processo de descobertas e reflexões internas, sendo um facilitador na

construção de aprendizagens do educando e nas interações externas com o

meio em que vive.

Quando pensamos que nosso compromisso principal é a formação plena

do homem, não podemos desvincular desse pensamento que é preciso muito

mais do que conhecimento científico para que esta formação aconteça: é

preciso que a escola se converta em um ambiente humano e de fato, afetivo.

Temos que ter como meta o enriquecimento e desenvolvimento da

humanidade em cada um daqueles com os quais desenvolvemos nosso

trabalho pedagógico. Necessário compreender que os laços afetivos devem ser

cultivados em todas as relações, destacando, a afetividade docente, pois é ela

que criará esses vínculos com seus educandos, podendo cooperar de forma

positiva ou negativa no decorrer desse processo. Só de se fazer presente em

sala de aula já é razão de aprendizagem, pois sentimentos e emoções fazem

parte do desenvolvimento humano, tanto quanto habilidades cognitivas e

motoras.

Na contribuição de Luck (1983, p.20):

É preciso ter-se sempre em mente o entendimento de que o homem é um ser uno indiviso e que seus comportamentos conscientes traduzem, ao mesmo tempo, os três aspectos: cognição, afetividade e psicomotricidade.

A escola deve optar por um planejamento educacional que contemple o

desempenho cognitivo, não deixando de incluir o desenvolvimento dos

sentimentos e da afetividade para assim tornar a aprendizagem mais prazerosa

e significativa. De acordo com Luck (1983, p.12): A escola deve promover o

desenvolvimento integral do educando. Deve ajudá-lo a aprender em todos os

sentidos, isto é, não somente quanto a conhecimentos e habilidades

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intelectuais e ao mundo exterior, mas também quanto a habilidades sociais,

pessoais, atitudes, valores, ideais e seu mundo interno.

No contexto escolar, a afetividade contribui para o processo ensino-

aprendizagem. O docente estabelece também um convívio social e não apenas

o de transmitir saberes, pois o mesmo ouve, observa e interage com seus

discentes, e a aprendizagem destes depende da presença de modelos de

referência, isto é, de educadores que os discentes admirem e com quem

tenham boa convivência. A admiração é provocada normalmente pela postura

afetiva (compromissada) que os docentes devem demonstrar.

Já no terceiro encontro, fez-se uso de um questionário, buscando

evidenciar aspectos relevantes relacionados ao desenvolvimento afetivo e

saber como se sentem no ambiente escolar e como é percebida a falta ou a

presença de afetos em suas vidas. Lakatos e Marconi (1985) conceituam

questionário como um instrumento para recolher informação.

O questionário é uma técnica de investigação composta por questões

apresentadas por escrito a pessoas e permite que o pesquisador conheça

algum objeto de estudo (OLIVEIRA, 2005). As perguntas podem ser

classificadas quanto a sua forma da seguinte maneira: simples, quando a

pergunta é direcionada para determinado conhecimento que se quer saber ou

abertas, quando a resposta emite um conceito abrangente. Contém perguntas

abertas quando o interrogado responde com suas próprias palavras e, por isso,

são difíceis de tabular e analisar (LAKATOS E MARCONI, 1985), como

também perguntas fechadas que englobam todas as respostas possíveis,

sendo melhor de tabular. Perguntas duplas reúnem características de

perguntas abertas e fechadas (OLIVEIRA, 2005).

O questionário foi o instrumento de intervenção usado junto ao OUTRO

e tem o objetivo de investigar se na população discente observada, há registros

de mudanças relacionadas à auto-estima, à motivação para aprender a partir

do desencadeamento do trabalho com a afetividade.

No quarto encontro fez-se uso do laboratório interativo de teatro, com

profissional da área. Esta atividade teve como objetivo interagir em grupo,

sociabilizá-los e também estimulá-los em diversos aspectos que os levaram a

um melhor aprendizado. Para esta atividade buscou-se a fundamentação no

texto da Professora Tânia Stoltz: Teatro na escola: considerações a partir de

Vygotsky.

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A palavra interatividade atualmente tem sido muito utilizada quando se

refere às novas tecnologias de informação e da comunicação, contudo o ato de

interagir está diretamente relacionado às questões da linguagem e da

comunicação humana.

O teatro interativo surgiu na Grécia Antiga (século VII a.C), era

desenvolvido em festas religiosas para homenagear o deus Dionísio, como a

tragédia e a comédia. É, portanto, um instrumento fundamental na construção

do conhecimento, de importantíssimo estímulo para os educandos.

Trabalhar com atividades teatrais implica em mobilizar capacidades e

habilidades para a vida do aluno, tanto na escola como fora dela.

A proposta do teatro interativo foi aplicada através de um conto – O

Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, que teve como proposta os

valores que devemos cultivar em nossas vidas. O autor nos revela a mediação,

a importância da felicidade, da compaixão e da amizade como princípios

relevantes na vida de todo ser humano: “O essencial é invisível aos olhos”.

Primeiramente os alunos apenas ouviram sobre a narrativa para na sequência

refletir sobre a mesma. Num segundo momento receberam um texto com os

respectivos personagens do conto e em grupos desenvolveram a

dramatização.

Após o término da atividade, os alunos foram convidados a

expressarem-se por meio de um desenho.

Na quinta atividade, no momento de estudos dos professores foram

retomados os dados do questionário já analisados e tabulados e expostos aos

mesmos no sentido de sensibilibizá-los para melhoria do relacionamento

humano e ampliação dos laços afetivos no contexto escolar. Foi também

solicitado a esses professores que se expressem por meio de um relato escrito

o que pensam sobre a importância de se trabalhar com a afetividade em sala

de aula.

Destaca-se aqui que todas as produções e atividades executadas pelos

alunos ficaram expostas no mural da escola para apreciação do coletivo

escolar.

Outro aspecto de destaque foi o Grupo de Trabalho em Rede. A

socialização e a interação com este grupo – a troca de idéias, os depoimentos

e as vivencias destes profissionais em seu local de trabalho, foi de grande

auxilio para o desenvolvimento do referido artigo.

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No GTR foram trabalhadas quatro temáticas. A primeira temática foi

proposta para um processo de aprofundamento teórico; partindo-se da leitura

do projeto exposto, como referencial teórico, bem como anexos de leituras

pertinentes.

Esta etapa oportunizou aos participantes a socialização de idéias e

interações com o grupo que por meio da leitura do projeto - “O papel da

afetividade no contexto do trabalho pedagógico: uma análise necessária”. Fez-

se uma análise de suas respectivas escolas, partindo do aspecto da afetividade

no contexto escolar.

Por meio do Fórum, objetivou-se promover uma discussão sobre o

Projeto de Intervenção Pedagógica, para que houvesse interação entre os

participantes (destacados abaixo como Professor A, Professor B, Professor

C...) e tutora, o que contribuiu para ampliação das idéias relacionadas à

temática. Foi então lançada a seguinte reflexão:

Vygotsky (2003) argumenta que através de suas experiências percebe-

se que uma criança educada com afeto e carinho aprenderá e deterá o

aprendizado de forma mais sólida, firme e prolongada. Ao se falar em

afetividade na educação, em oposto ao senso comum, não se está querendo

que os docentes passem a abraçar e beijar seus alunos, mesmo que isso

ocorra até que com certa frequência, e nem sempre os docentes sentem

apreço por todos os seus educandos, o que é bastante explicável. Porém, ser

respeitada em sua individualidade não deixa de ser uma forma de afetividade

que a criança consegue sentir. Partindo deste pressuposto, responda: Qual sua

visão a respeito da importância da afetividade na educação de seus alunos?

Usa de afetividade ao dirigir-se a eles? Em que momento? Como resultado

destas indagações, alcançou-se várias reflexões, sendo que algumas delas

merecem destaque:

Professor A: “A importância da afetividade na educação dos meus alunos está no resultado que estes atingem como seres humanos”. Professor B: “Meu convívio com os alunos da escola se desenvolve com tranqüilidade. Eu os afeto desde o momento em que conto uma piada, quando lemos um texto e eu engasgo ou eles lêem o verbo no tempo errado, também quando eles choram por sofrerem coisas que eu nem seria capaz de imaginar que acontecessem, quando os perdemos, quando os recuperamos. Mas quando eles vencem somos nós os afetados, principalmente quando dizem que a culpa da vitória deles passou por nossas mãos”. Professor C: “A afetividade deve nortear todo o trabalho do professor, pois quando o professor assume uma turma, assume um relacionamento de pelo menos um ano, e se os laços afetivos

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não se estabelecerem a relação ficará insustentável, porém, não se pode confundir afetividade com permissividade, ser afetivo, não é ser "bonzinho". Professor D: “Nas ações pedagógicas onde a afetividade se faz presente, podemos perceber que o preconceito, a competição sem limites, a banalidade dos relacionamentos e a ambição sem medidas, dá lugar a um ambiente mais harmonioso e respeitoso”. Professor E: “Identifico-me com este tema e o reconheço como parte integrante do processo de ensino e aprendizagem. Compreendo a forte tendência de entendermos a afetividade pela ótica do senso comum, porém quando buscamos a sua essência, seu verdadeiro significado entendemos melhor sua importância. Penso que a afetividade significa respeito mútuo, ou seja, é eu enquanto professor valorizar, ouvir, entender, dialogar, exigir, brincar, orientar e principalmente querer ensinar e quererem aprender”.

Destacaram-se neste Fórum, alguns apontamentos como possíveis

causas da desmotivação escolar, o comprometimento com o processo ensino-

aprendizagem, faltou o sensibilizar-se de um olhar diferenciado sobre os

educandos, bem com a falta da presença efetiva da família, encorajando.

O professor deve saber que limite é um ato de amor, além disso, há que

se estabelecer uma hierarquia, uma relação de respeito, com atenção e afeto.

Cabe a nós educadores promover situações onde os valores sejam

trabalhados e vivenciados por todos.

Na segunda atividade proposta no GTR o objetivo foi o de refletir e

discutir sobre o tema proposto no Projeto de Intervenção Pedagógica na

escola.

Na fala de Freire (1996):

[...] como professor [...] preciso estar aberto ao gosto de querer bem

aos educandos e à própria prática educativa de que participo. Esta

abertura ao querer bem não significa, na verdade, que, porque, me

obrigo a querer bem a todos os alunos de maneira igual. Significa, de

fato, que a afetividade não me assusta que tenho de autenticamente

selar o meu compromisso com o educandos, numa prática específica

do ser humano. Na verdade, preciso descartar como falsa a

separação radical entre “seriedade docente” e “afetividade”. Não é

certo, sobretudo do ponto de vista democrático, que serei tão melhor

professor quanto mais severo, mais frio, mais distante e “cinzento” me

ponho nas minhas relações com os alunos, no trato dos objetos

cognoscíveis que devo ensinar. (FREIRE, 1996, p.159).

Foi então solicitado a seguinte atividade: Após a leitura da citação acima

comente: Como você avalia o seu relacionamento com seus alunos? Em sua

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opinião, o professor deve demonstrar afetividade em sala de aula?

Destacaram-se algumas reflexões:

Professor X: “Eu acredito que boa parte de nossas crianças no geral apresentam carência afetiva muito grande, já que muitos não podem contar com os pais para lhe dar carinho e tão pouco ouvi-los. A falta de carinho e de atenção que algumas crianças sofrem em casa pode culminar em problemas de comportamento na escola”. Professor Y: “É necessário trabalhar com o aluno real e não somente o ideal, para isso é necessário que o professor conheça realmente seu aluno o meio em que vive, o vínculo afetivo em sala de aula é fundamental para que o trabalho flua. Às vezes nossos alunos precisam apenas de um pouco de atenção”. Professora W: “Como coordenadora, procuro estar conversando com os professores quanto à importância de se ter um vínculo afetivo com o aluno, encontro resistência, dificuldade, pois alguns professores também têm sua afetividade abalada nos problemas do dia a dia, procuro passar sugestões de atividades que podem ser desenvolvidas em sala de aula e nos encontros de estudo”.

Buscar na prática pedagógica sempre o respeitar aos alunos e dedicar-

se a tarefa de ensinar foi relevante nesta atividade. É necessário ter

consciência da importância de estabelecer canais abertos de comunicação com

os alunos, dando-lhes possibilidades para se expressarem, fazendo com que a

tarefa de ensinar se torne prazerosa e fundamental no processo de ensino

aprendizagem.

A afetividade é um passo fundamental, um eixo norteador para o início

de uma saída para as violências cometidas por crianças e adolescentes.

Assim, os laços afetivos entre educadores-alunos-família é um caminho

promissor que influencia a autoestima, autoconceito e autoaconfiança de cada

aluno, independentemente da idade, fatores esses fundamentais para a

aprendizagem.

Já na terceira temática foi sugerido um vídeo: - Vygotsky - Breve Vida e

Obra youtube.com/watch?v=YJla-2t-HR e solicitado que se destacasse

pontos que tenham chamado atenção relacionando-os com a sua prática em

sala de aula. Solicitou-se também que comentassem sobre a relevância das

atividades e ações propostas na Produção Didática Pedagógica para a

realidade de sua escola, as quais obtiveram as seguintes conclusões:

Professor A: “No vídeo sobre Vygotsky, o que mais chama a atenção foram os quatro pensamentos chaves de sua teoria, a saber: interação, mediação, internalização e zdp (zona de desenvolvimento proximal). Nessa teoria, fica evidente que temos que estar sempre próximos do educando. Não podemos agir em sala de aula como alguém que simplesmente vai repassar conteúdo para outros, mas também interagirmos com nossos alunos, facilitando para que o ambiente ensino-aprendizagem seja propício.

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Professor B: Quanto à Produção Didático-Pedagógica da professora, vejo que as ações ali propostas encaixam perfeitamente na realidade da minha escola. Vejo que se aplica a todos, inclusive aos alunos do Ensino Médio. Afinal, são ações para serem aplicadas a pessoas que vem para a escola sem grande carga afetiva. Caberá a nós, educadores, desenvolvermos esse lado afetivo do aluno. Ninguém é só uma ilha...

A temática quatro foi sobre a Implementação Pedagógica do Projeto. Os

avanços e desafios enfrentados durante esta fase foi valiosa demais para a

socialização com a turma, relatou-se ao grupo toda a trajetória e os resultados

observados no desenvolvimento do Projeto na escola, necessárias inclusive

mais ações, pois a turminha da 5ª série era grande demais. A solução foi dividi-

los em grupos menores, o que facilitou a mediação entre eles. Foi proposto

trabalhar com Teatro interativo, como segue o comentário do GTR:

Professor A: “No texto da Professora Tania Stoltz: Teatro na Escola, ela comenta que:” O

teatro é extremamente motivador para crianças e adolescentes; os afeta nos aspectos

emocional, cognitivo, motor e social. Exige também mobilização da atenção, da percepção e da

memória, compreensão textual, capacidade de jogar com as palavras; trabalha a

expressividade e a imaginação. “Esses aspectos referentes à realidade juvenil são comumente

desconsiderados como significativos.”

Foi solicitado que comentassem com colegas de trabalho sobre o texto

acima. Você pratica este tipo de atividade? Se possível, relate sua experiência:

Professor B: “Teatro e educação estão interligados. Compete a nós, hoje, utilizarmos o teatro

para possibilitarmos que nossos alunos se expressem melhor, principalmente no desenvolvimento de suas relações afetivas. Trabalhar com teatro na escola não deve ser uma atividade exclusiva dos professores de Arte, mas de todos”. Professor C: “O teatro humaniza as pessoas (no caso, os alunos), pois se aproximam mais e aprendem a respeitar mais o outro e também se impõe exigindo respeito”. Professor D: “Como o tema desse GTR é a afetividade, trabalhar com teatro é de extrema importância, pois como diz a professora Tânia Stoltz, "o teatro é extremamente motivador para crianças e adolescentes; afeta-os nos aspectos emocional, cognitivo, motor e social". Esse é o fundamento da razão de ser da escola: trabalhar de forma que o aluno tenha uma formação plena”.

E finalmente propôs-se o “vivenciar na prática, onde os participantes

relataram uma das ações trabalhadas na Implementação para desenvolver em

sua escola, onde 100% optaram pelas atividades teatrais. Destacou-se os

seguintes relatos:

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Professor E: “Desde muito pequenas as crianças usam a arte de representar e organizar seus pensamentos e demonstrar suas emoções. Professor F: “É um trabalho riquíssimo (e interdisciplinar) que, infelizmente, está muito pouco presente na escola, acredito que por conta do nosso "conteúdismo"... Professor G: “Além de todos os aspectos "culturais" envolvidos, vale ressaltar que o teatro é uma importante ferramenta para envolver a família com a escola. Não reclamamos tanto desta falta de envolvimento? Então, eis aí uma excelente estratégia”. Professor H: “Em minha prática utilizo o Teatro em diversas situações, como a dramatização de textos mais curtos, em sala de aula e a produção de histórias para serem dramatizadas pelos alunos, gosto também de usar fantoches, sombras, sucatas para criar personagens. É um trabalho fundamental para a oralidade, a leitura, a interpretação e a escrita, além de estabelecer laços afetivos e respeito às diferenças individuais. O teatro ajuda a criança a se relacionar”. Professor I: “Li para meus alunos do 2° ano do ensino fundamental o livro de Ana Maria Machado, Menina Bonita do Laço de Fita, e decidiu-se usá-la numa encenação teatral. Foram chamados os pais e os colegas de outras salas para assistirem. O livro foi o estopim e todos contribuíram com idéias e a comunidade escolar se envolveu e na reunião de pais, apresentamos a peça e foi um sucesso, nenhuma criança ficou sem representante na reunião deste dia! Foi muito gratificante”. Professor J: “Há bastante tempo trabalho com teatro em sala de aula, demanda tempo e esforços de outras pessoas para que aconteça com sucesso. Sei que nem sempre é assim que funciona muitas vezes o professor é o único a se empenhar por sua turma, e na mesma medida que as idéias nascem, acabam morrendo...” Professor L: “Podemos dizer que somos todos iguais enquanto seres humanos, e aprendemos de formas diferentes, porém a forma lúdica no qual cito o teatro atinge a99% da clientela em questão, pois causa prazer, trabalhando com emoções, assim os resultados de aprendizagem são muito significativos”. Professor M: ”O professor que utiliza deste recurso é digno de receber reconhecimento, pois ele, enquanto educador criativo necessita de elogios para propulsionar o trabalho criativo e responsável, nosso trabalho está ligado a respostas com resultados de aprendizagem”.

Quando brinca de carrinho, de boneca, de escolinha, a criança está

representando o mundo adulto, seus conceitos e pré conceitos que está

formulando, além da maneira como é tratada e de como se vê nas relações

sociais estabelecidas. Qual mãe não fica atenta quando percebe que a criança

representa uma professora enérgica demais?

Os psicólogos usam a interpretação da criança para detectar problemas

emocionais dos quais ela não consegue expressar. Pode-se então concluir,

que seja, empírica ou cientificamente, o teatro nos dá informações sobre as

relações afetivas que uma criança tem estabelecido e isso nos ajuda enquanto

educadores a fazer as intervenções necessárias para que as questões

emocionais não interfiram negativamente na aprendizagem de um aluno. Este

já seria um motivo mais que suficiente para se trabalhar com teatro.

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No entanto, para se trabalhar o teatro na escola, se partirmos do ponto

de vista apenas da representação, exige-se do educando e do professor a

organização, a participação, a interação, a leitura, a atenção, a memorização,

aspectos estes, fundamentais para a aprendizagem de qualquer disciplina,

porém o teatro é apenas a apresentação, este é o ápice, mas antes disso

acontecer, o teatro precisa de uma pesquisa para se encontrar um texto, ou a

escrita de um texto, precisa de planejamento, de figurino, de cenário, de

direção, de divulgação, enfim exige envolvimento, responsabilidade e muitas

outras habilidades coordenadas, tomando tempo demais dos professores e

esta prática fica deixada de lado.

Para representar o resultado da pesquisa ação realizada, com relação

aos aspectos da afetividade no contexto escolar, utilizou-se de gráficos com

questionamentos para um total de 30 (trinta) alunos da 5ª série do Ensino

Fundamental.

Quando questionou-se aos alunos se os mesmos gostam de ir à Escola,

percebeu-se que a maioria demonstra gostar, pois dos 30 alunos consultados,

87% responderam que sim e apenas 13%, disseram que não gostam como se

apresenta no gráfico abaixo:

A – Gosto de ir à escola.

B – Não gosto de ir à escola

Fonte: Autora

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Em seguida, foram analisados como os alunos se sentem no ambiente

escolar (gráfico 2) e como percebem o compromisso e a atuação dos

professores (gráfico 3):

Gráfico 2

A

B

C

D

E

F

G

Fonte: Autora Fonte: Autora

NA ESCOLA: O QUE MAIS GOSTO EM MEUS PROFESSORES:

A – Me sinto bem neste lugar. A – A maneira como explicam a matéria.

B – Meus professores são legais. B – Quando deixam a turma bagunçar.

C – Tenho muitos amigos (a). C – A delicadeza com que me tratam.

D – Aprendo muitas coisas. D – O sorriso quando chegam e dizem bom dia.

E – Não me sinto bem neste local. E – A maneira de falar com a turma, sem gritar.

F- Meus professores não são legais. F- Alguns não se preocupam conosco

G- Venho porque meus pais me obrigam.

Percebeu-se que 30% sentem a escola como um local que se faz

amizades; 24% que ali, aprendem muitas coisas; 20% se sentem muito bem

neste ambiente; 10% mencionaram que os professores são bem legais. A

minoria - 8%, não gostam de seus professores; 4% porque os pais obrigam e

4% não se sentem bem no ambiente escolar. Concluiu-se que, existe a

consciência por parte da maioria dos alunos que a escola é um local prazeroso.

No gráfico 3, é possível analisar que: 30% acham muito importante a

acolhida do professor, que se dá através de um sorriso ao dar um bom dia para

a turma. Já para 26% sentem é como o professor explica a conteúdo. Para

20% é o seu tem de voz, fala sem gritar, 8% percebem a delicadeza como são

tratados. Neste gráfico o que fica preocupante é que 12% acham que seus

professores não se preocupam e 4%, quando os professores deixam fazer

bagunça. Com este questionário, foi possível compreender o quanto a postura

e o comprometimento do professor frente à turma é importante.

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Ao analisar os gráficos 4 sobre afetividade, foi possível perceber que a

afetividade para os alunos é expressado em quatro aspectos importantes: para

25%, afetividade é sentir o carinho das pessoas; 23%, é ser tratado com

respeito pelos outros; 20%, é tratar bem quem a gente gosta; 20% é quando há

união entre todos. Para os demais: 4% quando falam com delicadeza; 4% se

sentirem amados e 4% que é preocupante: nunca sentiu tal sentimento.

Já o gráfico 5, feito sobre a demonstração de afeto, percebeu-se que

para 40% são felizes e se sentem amados; 16%, é respeitar uns aos outros;

20% sentem que é viver de bem com a vida; 10% que quem demonstra afeto,

também o recebe; 10% é saber ser amigo; e no restante do gráfico fica um

alerta, pois para 8% não amam ninguém e para 4% é para se sentirem infelizes

e tristes.

Fonte: Autora Fonte: Autora

AFETIVIDADE É...: QUEM DEMOSTRA AFETO:

A – Tratar bem alguém que gostamos. A – É feliz e amado.

B – Ser tratado com respeito pelos outros. B – Também recebe afeto.

C – Quando falam com delicadeza comigo. C – Respeita os outros.

D – Não sei, nunca senti. D – Vive de bem com a vida.

E – União entre todos. E – Não ama ninguém.

F- É sentir-se amado (a). F- Sabe ser amigo.

G- Sentir o carinho das pessoas G- É infeliz e triste.

Os últimos gráficos (6 e 7) estabelecem a relação entre como a classe

percebe seus professores. No gráfico 6: 36% sentem que alguns professores

dão carinho e outros nem se importam; 24% dão carinho e atenção; 20%, ás

vezes dão carinho e atenção; 16% na maioria das vezes não se importam e 4%

percebem que os professores não gostam muito de dar aulas. E quando fazem

atividades (gráfico7): 30% gostam quando fazem uma atividade e são

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elogiados; assim como para 30% quando recebem parabéns. Já para 27% é

quando o professor comenta para a turma seu trabalho e para 13% ficam

tristes, pois os professores ignoram, nem olham.

Gráfico 6

A

B

C

D

E

Gráfico 7

A

B

C

D

Fonte: Autora Fonte: Autora

VOCÊ PERCEBE QUE TEUS PROFESSORES:

A – Na maioria das vezes não se importam com

que eu falo.

B – Alguns dão carinho e outros não se importam.

C – Parecem que não gostam muito de dar aulas.

D – Me dão carinho e atenção.

E - Às vezes dão carinho e atenção, mas não

sempre.

QUANDO FAÇO UMA ATIVIDADE, A MAIORIA DOS

MEUS PROFESSORES:

A – Me elogia.

B – Comenta com a turma sobre o que realizei.

C – Me dá parabéns.

D – Nem olha e me ignora.

3 - Conclusão Segundo FREIRE (1996:96):

“O bom professor é o que consegue, enquanto fala trazer o aluno até a

intimidade do movimento de seu pensamento. Sua aula assim é um

desafio e não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não

dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu

pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas

incertezas.”

Percebeu-se por meio dos resultados obtidos a importância dos laços

afetivos entre os discentes e docentes, pois se conquista espaços e respeito

através da mediação e da interação. A afetividade é aspecto positivo e deve

sim ser transmitida dentro do ambiente escolar.

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Segundo Vygotsky (REGO, 1999, p. 41.):

O ser humano transforma o seu meio para atender suas necessidades básicas transformando a si mesmo. Um educador não poderá se valer apenas da do uso automático das técnicas pedagógicas. Tem que haver uma integração da técnica na cultura, criando uma aprendizagem significativa.

Ao tornar as aulas atraentes, usando de laços afetivos, o bom professor

estimula a participação dos discentes e os mesmos percebem que são

respeitados. E esta mediação que ocorre no ambiente escolar, é o canal, o elo

pelo qual se realizará o processo de ensino-aprendizagem.

Sendo assim, conclui-se a importância de um trabalho integrado entre

família e escola na busca de motivar e demonstrar que a afetividade está

presente também no meio escolar. Deu-se subsídios aos professores para

reflexões em suas práticas pedagógicas vivenciadas no dia a dia escolar, como

também auxiliou-se quanto a organização de conhecimentos básicos sobre o

referido tema colaborando assim para a ampliação das oportunidades de

desenvolvimento humano e a convivência harmoniosa dos educandos.

Referências Bibliográficas:

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Paulo, 2005.

FERREIRA, A. B. H. Novo Aurélio XXI: o dicionário da Língua Portuguesa. 3ª

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escola: Promoção, medida e avaliação. Rio de Janeiro. Vozes Ltda., 1983.

PINO, A. (mimeo). A Afetividade e vida de relação. Campinas, UNICAMP:

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FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática

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FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 32ª. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,

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OLIVEIRA, M. E. de; STOLTZ, T. Teatro na escola: considerações a partir de

Vygotsky, Educar, Curitiba, n. 36, p. 77-93, 2010. Editora UFPR

OLIVEIRA, Djalma. P.R, Sistemas, organização e métodos: uma

abordagem gerencial. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2005.

PEIXOTO, Fernando. O que é teatro. São Paulo: brasiliense, 1998.

REGO, Teresa Cristina. 1999. Vygotsky, uma perspectiva histórico-cultural

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STOLTZ, Tânia – Fundamentos da Educação - Os Diversos Olhares do

Educar / Por que Vygotsky na educação? Curitiba: Juruá Editora, 2008.

VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes,

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VYGOTSKY, L. S. Formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes,

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VYGOTSKY, L. S, Psicologia Pedagógica. Porto Alegre. Porto Alegre:

Artmed, 2003