O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go...

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE IPORÁ CURSO DE GEOGRAFIA EDILENE DA SILVA ROCHA FARIAS O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO EM IPORÁ-GO 1999/2002 IPORÁ 2011

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE IPORÁ

CURSO DE GEOGRAFIA

EDILENE DA SILVA ROCHA FARIAS

O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DA EDUCAÇÃO

INCLUSIVA NA ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO EM

IPORÁ-GO 1999/2002

IPORÁ

2011

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE IPORÁ

CURSO DE GEOGRAFIA

EDILENE DA SILVA ROCHA FARIAS

O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DA EDUCAÇÃO

INCLUSIVA NA ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO EM

IPORÁ-GO 1999/2002

Trabalho de Conclusão apresentado à

Universidade Estadual de Goiás – Unidade

Universitária de Iporá, como exigência parcial

a conclusão do curso de graduação em

Geografia, modalidade Licenciatura.

Orientadora: Profª. Marilda de Lima Oliveira

Ferreira.

IPORÁ

2011

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Dedico

Dedico este trabalho a todos que acreditaram que ele seria

possível de ser realizado, aos que contribuíram direta ou

indiretamente para a realização deste, meus filhos, meus

pais, amigos, professores e em especial ao meu esposo que

me incentivou todo o momento dessa empreitada, com

muita paciência, amor e carinho.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus em primeiro lugar, por ter me contemplado com saúde e

perseverança, por ter me dado forças nessa longa jornada que termina com muita felicidade.

Aos meus filhos Isabelly e Guilherme, que tiveram muita paciência comigo, sempre

me ajudando e incentivando dizendo: “Mamãe não desista você consegue”. A vocês meus

amores, o meu muito obrigado. Amo Vocês!

Ao meu esposo Cleumar, meu maior incentivador, sempre colaborando para que eu

não desistisse de concluir o curso e esse trabalho, sendo meu amigo e fiel companheiro em

todos os momentos, principalmente nesses quatro anos para minha formação. Amor, te amo

muito!

Aos meus pais e irmãos que sempre me apoiaram nos meus estudos. Amo vocês!

A minha orientadora Marilda por ter acreditado na minha pesquisa, pela paciência,

pelas palavras de incentivo e pelo tempo dedicado. E principalmente por me fazer acreditar o

quanto é importante persistir no nosso objetivo e superar todos os obstáculos que surgirem.

Aos meus professores que contribuíram para minha formação acadêmica, em

especial ao Gilmar e a Fátima, que sempre me deram atenção, sendo amigos e companheiros

muito especiais, os quais jamais eu esquecerei. Vocês são demais!

Aos meus amigos que sempre me apoiaram e me incentivaram a concluir o curso.

Em especial a Tatiele, que conheci no curso e nos tornamos amigas e parceiras de todas as

horas, ela me ajudou e teve muita paciência comigo. Amiga você é muito especial para mim!

A todos que colaboraram para o enriquecimento desse trabalho e se dispuseram a

ajudar-me com muita boa vontade, professores, pais, alunos e a Escola Estadual Joaquim

Berto, que abriu suas portas para que pudesse realizar a pesquisa, sendo a mesma objeto de

estudo desse trabalho.

Enfim, obrigado a todos que colaboraram comigo de alguma forma.

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“E preciso que tenhamos o direito de sermos diferentes

quando a igualdade nos descaracteriza e o direito de

sermos iguais quando a diferença nos inferioriza”.

(Boaventura de Souza Santos)

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RESUMO

A escola para todos é um desafio constante para a educação. Foi pensando nisso que este

trabalho de pesquisa sobre o processo de implantação da educação inclusiva na Escola

Estadual Joaquim Berto em Iporá-Go, no período de 1999, fase da sensibilização, a 2002, fase

da consolidação, se realiza. Este trabalho foi feito com a finalidade de documentar a história

de implantação do processo de inclusão na Escola Estadual Joaquim Berto, elencando os

esforços percorridos e os obstáculos vencidos por aqueles que dela fizeram parte. Para isso, é

fundamentado, não somente em pesquisa bibliográfica a livros publicados sobre o tema, em

documentos nacionais, estaduais, da própria escola e da Subsecretaria Regional de Educação

de Iporá, como: atas, relatórios, memorial, leis, e decretos, mas, sobretudo em pesquisa

campo, por meio de entrevista a profissionais e alunos que estavam na escola, na época. Ao

decorrer da pesquisa ficaram evidenciadas as dificuldades enfrentadas pelos profissionais,

pais e alunos, até chegar à fase de consolidar a proposta de inclusão na referida escola. No

entanto, os resultados obtidos com a experiência de uma escola aberta às diferenças, que

oportunizava o convívio entre os alunos com deficiência e os “ditos normais”, foram

significativos para todos os entrevistados e também para a escola. Dentre os problemas que a

escola encontrou para a implantação da inclusão, o que foi considerado mais difícil, foram às

adaptações na estrutura pedagógica da escola, pois a mesma passou por uma grande

rotatividade de professores, fato que trouxe muitos transtornos ao processo. A pesquisa mostra

que a inclusão torna-se realidade à medida que os segmentos envolvidos se dispõe a estudar,

dialogar e juntos superar as barreiras físicas, que dão mais acessibilidade aos alunos e

atitudinais que prevê mudanças nos valores e na conduta com os mesmo. Barreiras essas que

se não fossem vencidas comprometeriam o desenvolvimento e a qualidade de ensino a ser

oferecido aos alunos com deficiência.

Palavras-chave: diversidade; desafios; superação e conquistas.

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ABSTRACT

The school for all is a constant challenge for education. Thinking about this research work on

the process of implementation of inclusive education in the State School in Iporá Joaquim

Berto-Go, from 1999, the sensitization phase, to 2002, phase of consolidation takes place.

This work was done in order to document the history of the deployment process of inclusion

in the State School Joaquim Berto, listing efforts traveled and the obstacles overcome by

those who were part of it. For it is founded, not only to books published literature on the

subject in national documents, state, the school and the Secretariat of Education Regional

Iporá, such as minutes, reports, memorial, laws and decrees, but especially in field research,

through interviews with professionals and students who were in school at the time. In the

course of research it became clear the difficulties faced by professionals, parents and students

to reach the phase of consolidating the proposed inclusion. However, the results obtained with

the experience of a school open to differences, which takes advantage of the interaction

between students with disabilities and the "so-called normal," were significant for all

respondents and also to school. Among the problems that the school met for the

implementation of inclusion, which was considered more difficult, the adjustments were in

the educational structure of the school, because it has experienced a high turnover of teachers,

a fact that has brought much disruption to the process. Research shows that the inclusion

becomes a reality as the segments involved are willing to study, discuss and together

overcome the physical barriers, which provide more accessibility to students and provides

attitudinal changes in values and behavior with the same. These barriers were not overcome

that hinder the development and quality of education being offered to students with

disabilities.

Keywords: diversity; challenges; overcoming and conquest.

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LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AEE Atendimento Educacional Especializado

CAEE Centro de Atendimento Educacional Especializado

CAS Centro de Apoio às Pessoas com Surdez

EEJB Escola Estadual Joaquim Berto

LDBN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

LIBRAS Língua Brasileira de Sinais

NEE Necessidades Educacionais Especiais

ONU Organizações das Nações Unidas

PDE Plano de Desenvolvimento da Escola

PEEDI Programa Estadual de Educação para a Diversidade numa Perspectiva Inclusiva

PPP Plano Político Pedagógico

PCNs Parâmetros Curriculares Nacionais

SEE Secretaria Estadual de Educação

SUEE Superintendência de Ensino Especial

SREs Subsecretarias Regionais de Educação

SRE Subsecretaria Regional de Educação

SAI Setor de Apoio a Inclusão

UE Unidade Escolar

UEG Universidade Estadual de Educação

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12

1 A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA ................................. 14

1.1 A Educação Inclusiva no Mundo ................................................................................. 14

1.2 A Educação Inclusiva no Brasil ................................................................................... 17

1.3 A inclusão em Goiás .................................................................................................... 20

1.4 A inclusão na cidade de Iporá ...................................................................................... 25

2 A IMPLANTAÇÃO DO PROCESSO DE INCLUSÃO NA ESCOLA

ESTADUAL JOAQUIM BERTO ....................................................................................... 27

2.1 Fase da Sensibilização – 1999 ...................................................................................... 27

2.2 Fase da Implantação – 2000 ......................................................................................... 30

2.3 Fase da Expansão – 2001 ............................................................................................. 33

2.4 Fase da Consolidação – 2002 ....................................................................................... 35

3 A IMPORTÂNCIA DA VIVÊNCIA DO PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO

DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO

PARA A COMUNIDADE ESCOLAR ENVOLVIDA ...................................................... 40

3.1 A vivência dos docentes no processo de implantação da educação inclusiva na Escola

Estadual Joaquim Berto ...................................................................................................... 41

3.2 A vivência dos alunos no processo de implantação da educação inclusiva na

Escola Estadual Joaquim Berto .......................................................................................... 45

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CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 53

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 55

ANEXOS .............................................................................................................................. 58

Anexo 1 – Carta de Consentimento da Escola Estadual Joaquim Berto para

o desenvolvimento da pesquisa

Anexo 2 – Carta de Consentimento dos professores entrevistados para uso das

respostas dadas por eles no trabalho de pesquisa monográfico

Anexo 3 - Entrevistas com professores que vivenciaram o processo de inclusão na

Escola Estadual Joaquim Berto nos anos de 1999-2002

Anexo 4 – Carta de Consentimento dos alunos entrevistados para uso das respostas

dadas por eles no trabalho de pesquisa monográfico

Anexo 5 - Entrevistas com alunos que vivenciaram o processo de inclusão na Escola

Estadual Joaquim Berto nos anos de 1999-2002

Anexo 6 - Quadro de pessoal docente/frequência da Escola Estadual Joaquim Berto nos

anos de 2000-2002

Anexo 7 – Fotos de momentos de estudos sobre a inclusão vivenciados pelos

profissionais da Escola Estadual Joaquim Berto nos anos de 1999-2002

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INTRODUÇÃO

Este trabalho monográfico versa sobre o processo de implantação da inclusão de

alunos com deficiência na Escola Estadual Joaquim Berto em Iporá-Go, no período de 1999 a

2002. Tem por o objetivo conhecer o processo histórico dessa implantação, discriminando os

esforços que foram feitos para que isso acontecesse, os caminhos percorridos pela escola para

oferecer uma educação verdadeiramente inclusiva e as contribuições desse processo para

aqueles que dele fizeram parte.

A inclusão ato de interação entre todos, independente da situação cognitiva,

emocional e física, traz um olhar para mudanças, adaptações e inovações necessárias, e é com

essa proposta que o desejo da pesquisa surgiu. Sua realização justifica-se na necessidade de

documentar os caminhos percorridos pela Escola Estadual Joaquim Berto, no processo de

implantação da inclusão, servindo, futuramente, de fundamentação para a prática de outros

estabelecimentos de ensino.

Outro motivo incentivador da pesquisa é o fato da pesquisadora conviver com uma

pessoa que tem deficiência e que não teve a oportunidade de ser incluída, pois a inclusão, de

fato, em Iporá, só começou no ano de 2000. Sendo assim, essa pessoa foi excluída e passou a

viver de forma segregada em casa.

Para a construção desse trabalho foram feitas leituras de livros de autores

conhecidos dentro do processo de inclusão como: MANTOAN, SASSAKI e outros, além de

leis, decretos, diretrizes, documentos da escola como: relatórios, Projeto Político Pedagógico,

atas, memorial e pesquisa campo por meio de observações e entrevistas com pessoas que

vivenciaram essa fase, o qual oportunizou o conhecimento do processo histórico, bem como,

os entraves e sucessos desse processo de inclusão.

Quanto à organização da pesquisa, esta foi desenvolvida em três capítulos. O

primeiro constitui-se por uma síntese centrada no processo histórico da educação de pessoas

com deficiência, no mundo, Brasil, Estado de Goiás e na cidade de Iporá, onde a Escola

Estadual Joaquim Berto, foi escolhida para ser a referência, na cidade e para as demais nove

cidades que pertenciam a Subsecretaria Regional de Educação de Iporá, no processo de

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educação inclusiva. Nesse processo foi descoberto que em todas as esferas, estava ocorrendo à

exclusão de pessoas que nasciam com alguma deficiência, que viviam totalmente excluídas ou

de forma segregada em casas ou em instituições. Somente a partir da década de 60 que

começa uma integração social engajada por médicos e educadores, e em 1981 iniciam

discussões quanto à inclusão, que ganha respaldo em 1994 com a Declaração de Salamanca.

No segundo capítulo foi descrito como aconteceu o processo de implantação da

inclusão na escola pesquisada, desde a sensibilização em 1999 à consolidação em 2002,

retratando como ocorreu o envolvimento da comunidade escolar, as adaptações ocorridas, a

formação de professores e profissionais que lá atuavam. Como fundamentações foram

utilizados documentos da unidade escolar pesquisada, da Subsecretaria Regional de Educação

de Iporá e entrevistas com pessoas envolvidas no processo. Nos quais foi possível visualizar

relatadas as dificuldades encontradas, as mudanças enfrentadas e os estudos realizados para

formação dos profissionais que atuavam na escola, na época da implantação da educação

inclusiva.

E por último, o terceiro capítulo, abordou o que a vivência do processo de

implantação da educação inclusiva na Escola Estadual Joaquim Berto, significou para a

comunidade escolar envolvida nele. Para isso foram realizadas entrevistas estruturadas com

professores, profissionais e alunos da escola, na época. Nestas, ficaram evidentes, como foi o

processo de implantação da educação inclusiva para cada um deles, bem como as

contribuições do mesmo para suas vidas, abordando ainda os pontos positivos e negativos

percebidos.

Enfim, o trabalho foi realizado no intuito de se documentar a fase de uma proposta

tão importante para a Escola Estadual Joaquim Berto quanto para a sociedade local e regional,

pois a educação inclusiva veio para dar a todos, sem distinção, a oportunidade de se conviver

com a diversidade, respeitando e se socializando com as diferenças.

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CAPÍTULO I

A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Considerando a amplitude histórica do aspecto abordado nesse capítulo, e

que não é este o foco principal da pesquisa, optou-se apenas por fazer uma síntese da

trajetória histórica da educação inclusiva no mundo, no Brasil, em Goiás e em Iporá.

1.1 A Educação Inclusiva no Mundo

É importante considerar que os contextos que envolvem as pessoas com

deficiências, no geral, têm sido contados por meio de análise de documentos

institucionais, legislação e outros registros escritos, além de outras formas como a

memória coletiva; de tal modo que não se dispõem de registros que caracterizem com

clareza, as relações sociedade e deficiência.

Para possibilitar melhor compreensão de tais processos e as mudanças de

concepções e conceitos a cerca do trabalho com as pessoas com necessidades especiais,

de uma maneira mais específica, far-se-á a seguir, uma retrospectiva com base nos

conhecimentos de alguns autores.

Na visão de Sassaki, famoso consultor e escritor da área da educação

inclusiva, “a história da educação das pessoas com necessidades especiais pode ser

compreendidas em quatro fases: Exclusão, Segregação, Integração e Inclusão” (Sassaki,

1999, p.111).

Segundo o autor acima citado (1999), essas fases podem ser caracterizadas a

partir de simples descrições, de modo que na fase da exclusão, as pessoas com

necessidades especiais eram excluídas do convívio da família e da sociedade. O período

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anterior a era cristã foi caracterizado pela total falta de atendimento e extermínio da

pessoa marcada pela deficiência. Na sociedade romana, a família tinha direito de

descartar os filhos considerados deficientes por meio do abandono e homicídio, e os

filhos que nasciam com deformidades físicas eram eliminados legitimamente pelos pais

ou abandonados em lugares sagrados ou nos rios, e os que escapavam da morte eram

transformados em objeto de entretenimento em circos ou se tornavam pedintes. Até o

século passado, as pessoas com deficiências eram trancados em porões, até o tempo

para causar-lhes a morte. Muitos eram jogados no esgoto como as crianças que nasciam

deformadas, outras eram lançadas em fogueiras.

A fase da segregação começa a partir do século XVI, período em que as

pessoas com deficiências continuam segregadas do convívio com a sociedade em

condições diferentes de sobrevivências. O atendimento a estas pessoas eram oferecidos

em instituições específicas, sendo isoladas em albergues, conventos e asilos. Nesse

cenário, surgem em alguns países em desenvolvimento, escolas especializadas, centro

de reabilitação e outros espaços sem grande especificidade de reflexão sobre a questão.

Nessa época, acreditava-se que as pessoas com deficiências não eram educadas e, por

isso, as instituições que as acolhiam nunca se dedicaram em pensar possibilidades do

direito a educação para elas. No continente europeu, a total negligência persistiu até o

início do século XVIII, onde a segregação acontecia por meio do isolamento em

hospitais de caridade, asilos, orfanatos, manicômios e prisões.

No século XX, mais ou menos no final da década de 60, observa-se o

surgimento de um movimento em prol da integração social das pessoas com

deficiências. E esta fase de integração se expandiu com movimentos formados por

educadores, médicos, por pessoas com deficiências, dentre outras, contribuindo na

busca de igualdade no ensino para classes excluídas.

Como alternativa de atendimento educacional, surgem às classes especiais

dentro das escolas comuns, numa concepção de normalização, na qual toda pessoa com

deficiência, tem o direito de experimentar um estilo de vida que seria “natural” à sua

cultura. A sociedade coloca, então, à disposição dessas pessoas, os recursos necessários

ao processo de normalização. Naquele momento, cabia a elas, o esforço de utilizarem

desses recursos e a partir deles, tornarem-se aptos a participar da sociedade. O

paradigma da integração responsabiliza as pessoas com deficiências pelos problemas

que elas apresentavam.

Na década de 80 o modelo segregado de educação especial começa a ser

questionado, desencadeando um movimento em busca de outras práticas pedagógicas e

mudanças nas políticas de atendimento as pessoas com deficiências. Para Sassaki, nesse

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período, inicio-se a fase de inclusão e a crença que mobiliza os defensores das

mudanças, era a seguinte: “Para que as pessoas com deficiências realmente pudessem

ter participação plena e igualdade de oportunidades, seria necessário que não pensassem

tanto em adaptar as pessoas à sociedade e sim em adaptar a sociedade as pessoas”

(1999, p.113).

Segundo Sassaki (ibdem), esse é o princípio que fundamenta a mobilização

em favor das mudanças de concepções de educação e educando, no campo específico

aqui abordado. De acordo com o mesmo autor a semente do conceito de inclusão foi

lançada em 1981, Ano Internacional das Pessoas Deficientes, proposto pelas

Organizações das Nações Unidas (ONU). O autor demarca este período como início do

período, por ele denominado de “Fase de Inclusão”.

As conquistas obtidas na fase de integração foram passos muito importantes

para se desenvolver o conceito de inclusão e os direitos educacionais para alunos

excluídos. Em relação a isso Walber e Silva corroboram:

A integração apesar de não ser um movimento ideal para a construção da

educação para todos, foi o pilar de sustentação para a chegada do processo

social de inclusão. As mudanças e conquistas da sociedade não são feitas por

saltos e sim passo a passo. Devemos sempre ressaltar que a luta para a

inserção das pessoas com necessidades especiais sempre acompanhou a

evolução da história humana (2006, p. 35).

Foi por meio da Conferência Mundial na Tailândia em 1990 (BRASIL,

1990), que teve início uma grande fase do movimento no conceito das diversidades, a

inclusão. Houve várias reuniões e convenções sobre a inclusão, dando maior ênfase a

Conferência Mundial sobre as Necessidades Educativas Especiais, de 1994 em

Salamanca na Espanha, (BRASIL, 1994), sendo destacada pela importância de ter mais

contribuído diretamente no projeto de inclusão no mundo inteiro, com a presença de 92

governos e 25 organizações internacionais, chegando todos a uma mesma conclusão: os

sistemas de ensino precisariam com urgência fornecer as condições necessárias para

uma educação especial no âmbito da escola comum.

A Declaração de Salamanca também fez um chamado a comunidade

internacional, especialmente aos associados ao movimento de educação para todos, para

que dessem respaldo a educação inclusiva e que apoiassem uma educação voltada para

as necessidade educacionais especiais como parte integral dos programas de educação.

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Com o respaldo da Declaração da Educação para todos, denominada a

Declaração de Jontien em 1990, na Tailândia, a educação no mundo começa a dar

passos mais avançados a caminho da proposta de educação para todos, sem

discriminações a qualquer pessoa independente de sua deficiência.

Portanto, o processo de inclusão no mundo é uma realidade, que se

concretiza em ações e transformações em vários países, alavancando conferências, leis e

decretos para que possam dar suporte e apoio a esse processo de inclusão que sofre e

sofrerá modificações com o passar dos anos, para que se adequem e passem a tender

melhor às pessoas com deficiências.

1.2 A Educação Inclusiva no Brasil

O percurso brasileiro da educação das pessoas com deficiências ocorre

desde a época do Império. Assim, as mobilizações em favor da implantação de

atendimento para esse tipo de público-alvo surgem a partir do século XIX com algumas

iniciativas temidas e isoladas, em instituições residenciais e hospitais, portanto fora do

sistema educacional institucional.

No Brasil, pode-se considerar seu início marcado com a fundação do

primeiro instituto para cegos, em 1854, hoje conhecido como Benjamim Constant, e a

criação do primeiro instituto para surdos em 1857, ambos no Rio de Janeiro, por meio

de decreto imperial. Assim, a Educação Especial brasileira se caracterizou por ações

isoladas e o atendimento destinava-se mais às pessoas com deficiências visuais,

auditivas e em menor quantidade às deficiências físicas. Em relação á deficiência

mental houve um silêncio quase absoluto.

Com a falta de serviços e o descaso do poder público, originaram-se

movimentos comunitários de entidades privadas e filantrópicas para atendimento

daqueles que sempre estiveram excluídos das escolas comuns. Exemplo disso, é a

criação em 1927 da primeira instituição brasileira dedicada aos “excepcionais”, com o

nome de Pestalozzi, em Canoas-RS. E em 1954 é fundada no Rio de Janeiro, a primeira

Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE).

Na década de 60, é aprovada a primeira Lei de Diretrizes e Bases da

Educação n° 4.024/61, que traz no titulo X, dois artigos que tratam, especificamente da

educação das pessoas com necessidades especiais, consideradas, na época, como

“Excepcionais”:

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Art.88 _ A educação de excepcionais deve, no que for possível, enquadrar-se

no sistema geral de educação, a fim de integrá-los na comunidade.

Art.89 _ Toda iniciativa privada considerada eficiente pelos conselhos

estaduais de educação e relativa á educação de excepcionais, receberá dos

poderes públicos tratamento especial mediante bolsas de estudo, empréstimos

e subvenções (BRASIL, 1961).

Portanto, a lei propõe assegurar o direito das pessoas “excepcionais” nas

escolas comuns, mas no que for possível, ou seja, essas pessoas teriam seus direitos à

educação, garantido desde que estas se adaptassem às práticas implementadas nas

escolas comuns, como assinala a professora Rosita Edler Carvalho:

O direito a educação está garantido aos excepcionais entendendo-se que para

contribuir para sua integração na comunidade, seu processo educativo de

enquadrar-se no sistema geral de educação. A esta diretriz segue outra a que á

integração ao que for possível (2005. p.64).

A Lei n° 5.692, de 11 de agosto de 1971, que alterava a Lei nº 4.024/61 em

relação ao ensino de 1º e 2º graus, trazia apenas um artigo dedicado a educação das

pessoas com deficiências, no qual deixava esse tipo de educação a cargo dos conselhos

estaduais de educação.

Entre as décadas de 70 e 90, os alunos com deficiência mental eram

caracterizados como “educáveis ou treináveis”; alunos surdos só aprenderiam por meio

da oralização e os alunos com dificuldades de aprendizagem eram encaminhados para

classes especiais.

Em alguns contextos, este modelo de atendimento ainda perdura, embora a

Constituição Federal de 1988 estabelece no seu artigo 205 que: “ A educação é direito

de todos” (BRASIL, 1988), e deve ser promovida “visando ao pleno desenvolvimento

das pessoas e seu preparo para a cidadania” (idem, ibdem), compreendendo que a

educação será baseada na aceitação das diferenças, na valorização do indivíduo,

independentemente dos fatores socioeconômicos, físicos e intelectuais.

A implantação do processo de inclusão nas escolas brasileiras iniciou-se a

partir da constituição de 1988 que estabelece em seu artigo 208, inciso III, “O

atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente

na rede regular de ensino” (BRASIL, 1988). Tal definição foi mais bem explicitada na

LDB n° 9.394/96, em seus artigos 58, 59 e 60, ficando destacado que “O Poder Público

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adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com

necessidades especiais na própria rede pública regular de ensino [...]” (BRASIL, 1996).

A convenção da Guatemala (1999) tem um respaldo no Brasil pelo Decreto

n° 3.956/2001, que em relação os direitos das pessoas deficientes, afirma que os

mesmos têm direitos iguais, dando ênfase maior na questão da educação especial,

quebrando as barreiras das discriminações das diversidades (BRASIL, 2001).

Em 2003, o MEC cria o Programa Educação Inclusiva, promovendo uma

mudança no processo de formação de gestores e educadores nos municípios brasileiros

assegurando a todos o direito a uma escolarização (MEC, 2007).

O Decreto n° 6.094/2007 foi publicado, tendo base na implantação do Plano

de Desenvolvimento da Educação - PDE, garantindo direitos e o compromisso ao

acesso e a acessibilidade a todos educandos especiais (BRASIL, 2007). Com isso pode-

se, dar maior reforço às escolas na preparação para melhor receber as pessoas com

deficiência no âmbito escolar.

Em setembro de 2008, o presidente Luís Inácio Lula da Silva, assina o

Decreto n° 6.571/2008, dando direcionamento ao Atendimento Educacional

Especializado, subsidiando na questão financeira e técnica do sistema de ensino público

nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios, possibilitando os atendimentos a

todos que de alguma forma são excluídos do ambiente escolar (BRASIL, 2008). Isso

vem afirmar o direito público e subjetivo da educação a todos, garantindo suporte

necessário ao atendimento das diversidades.

Assim, ao remeter o olhar para a história da educação especial no Brasil,

verifica-se que a evolução do atendimento educacional especial ocorreu com

características diferentes dos outros países. A fase da negligência ou omissão que pode

ser observada em outras nações até o século XVII, no Brasil pode ser estendida até o

início da década de 50. Somente em meados da década de 90, começaram as discussões

em torno do novo modelo de atendimento escolar denominado de inclusão escolar. Esse

novo paradigma surge como uma reação contrária ao processo de integração, e sua

efetivação prática gerou e ainda vem gerando muitas controvérsias e discussões. Isto

porque, a efetivação da prática educacional inclusiva não será garantida por meio de

leis, decretos ou portarias, mas sim pela preparação da escola para dar conta de trabalhar

com alunos que chega até ela, independentemente de suas diferenças ou características

individuais.

Page 21: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

20

1.3 A inclusão em Goiás

A história dos 12 anos de vivência da educação inclusiva em Goiás pode ser

encontrada em alguns documentos oficiais publicados pela própria Secretaria Estadual

de Educação. Para amparar as informações descritas nesse item, optou-se por

fundamentar, principalmente, no Caderno 9 da Coleção do Programa Estadual de

Educação para a Diversidade numa Perspectiva Inclusiva: 10 anos de história , por

acreditar que este resume de forma clara e coerente o processo percorrido pela

educação estadual.

Em Goiás a preocupação em atender os alunos com deficiência, se deu em

1953, por meio da lei nº 926, com a criação do Instituto Pestalozzi de Goiânia, sendo

inaugurado somente dois anos depois (GOIÁS/SEE/CEC, 2010).

Após um longo período, em 1973 criou-se em Goiás, a base para o

surgimento de um órgão responsável pela educação das pessoas com deficiência,

tratava-se da Seção de Ensino Superior, ligada ao Departamento de Ensino Supletivo da

Secretaria Estadual de Educação que, em 1976 passou a funcionar como Divisão de

Ensino Especial na Unidade de Ensino de 1° grau; criando classes especiais no ensino

regular, possibilitando a integração das pessoas com deficiência.

Assim permaneceu até 1982, quando foi criada por meio da portaria n°

1.674, a Unidade de Ensino Especial - UEE, coordenada por Avani Bastos e ligada a

Superintendência de Assuntos Educacionais da Secretaria Estadual de Educação – SEE.

Desde então, aumentou-se a quantidade de classes especiais no ensino regular, inclusive

em vários municípios, onde iniciou a sistematização de atendimento precoce na pré-

escola, no ensino fundamental e Médio, atendendo também pessoas superdotadas.

Foi por meio da lei 10.160 de nove de abril de 1987, que a Unidade de

Ensino Especial foi desativada, surgindo a Superintendência de Ensino Especial

(SUPEE), com o objetivo de orientar o oferecimento do ensino especial em todo estado

de Goiás. Para isso competia-lhe, então elaborar, coordenar, supervisionar, planejar,

assegurar e executar projetos na educação inclusiva em qualquer modalidade de ensino

(GOIÁS/SEE/CEC, 2010).

O processo inclusivo foi oficialmente implantado, no estado de Goiás, em

abril de 1999, quando o Professor Dalson Borges Gomes assumiu a Superintendência de

Ensino Especial, da Secretaria de Educação do Estado de Goiás, e faz significativas

mudanças no órgão, iniciando pela sigla que a identifica, passando a ser SUEE, sendo

Page 22: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

21

complementada por outras no que se refere à educação das pessoas com deficiência.

Entre essas mudanças pode-se ressaltar:

A extinção do Departamento de Triagem e Diagnóstico (setor que

diagnosticava previamente os alunos antes de encaminhá-los às escolas); A

parceria da Superintendência com as Secretarias Estaduais e Município de

Saúde, para encaminhamento das pessoas com deficiência; A reestruturação

das escolas especiais, estaduais e conveniadas, que passaram a integrar o

Projeto Unidades de Referência; O início do processo de extinção das classes

especiais do Estado; O encaminhamento/transferência dos alunos com

deficiência das escolas especiais para o ensino regular, bem como o retorno

dos alunos das classes especiais para as classes comuns, entre outras

(GOIÁS/SEE/CEE, 2010, p.9).

Em 1999, sob a orientação do consultor Romeu Kazumi Sassaki iniciou-se a

fase de formação dos profissionais que atuariam diretamente no processo de

implantação da educação inclusiva em Goiás. Estes recebiam as informações dos

palestrantes e logo após as multiplicavam nas coordenações e/ou circunscrição em que

atuavam. Dentre os cursos oferecidos pode-se destacar: Estudo sobre Educação

Inclusiva, Construindo uma proposta pedagógica para alunos com deficiência mental,

visual, auditiva, com ensino de Libras, Braille e outros.

Segundo o caderno 9 da coleção “Programa Estadual de Educação para a

Diversidade numa Perspectiva Inclusiva (PEEDI):10 anos de história” (2010), o

objetivo do programa citado baseia-se num projeto onde possa fazer as instituições

inclusivas, serem de referência e ainda implantar projetos de atendimentos educacionais

hospitalar, implantar ou criar recursos pedagógicos para estudantes especiais dentre

outros. De acordo com os seus objetivos, a SEE/SUEE desenvolve dez projetos que

correspondem ao PEEDI, a saber: Projeto Hoje, Projeto Caminhar Juntos, Projetos

Prevenir, Projeto Comunicação, Projeto Depende de Nós, Projeto Despertar, Projeto

Espaço Criativo, Projeto Re-fazer, Projeto Unidades de Referências e Projeto Escola

Inclusiva. Com estes projetos houve muitos avanços na educação inclusiva, e as ações

do PEEDI foram agendados para quatro anos, sendo em 1999 a Sensibilização, 2000 a

Implantação, 2001 a Expansão e de 2002 a consolidação.

Ainda segundo o caderno citado, no ano de 2004, teve início a realização

dos laboratórios Itinerantes, sendo estes realizados nas Subsecretarias Regionais de

Educação (SREs) e também em municípios parceiros do programa e contavam com a

participação da equipe da Superintendência de Ensino Especial , dos secretários

municipais de educação, prefeitos, gestores de escolas, professores e familiares de

alunos. Durante todo o dia eram proferidas palestras e ministradas oficinas sobre a

Page 23: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

22

temática da educação inclusiva. Neste mesmo ano a SUEE, implantou o Projeto Sala

Alternativa com duas grandes ações: Sociedade Goiânia de Inclusão, que tinha como

objetivo preparar o espaço para acolher a diversidade e a Ciranda de Aprendizagem, em

que a meta consistia em oferecer estudo aos profissionais da educação para que

desenvolvesse práticas educativas rumo à diversidade. Como objetivos específicos

dessa ação buscam-se:

Refletir e analisar á luz de pressupostos da teoria sócio histórica a questão da

aprendizagem e do desenvolvimento numa perspectiva inclusiva; Abordar

temas recorrentes ao desenvolvimento de práticas pedagógicas nas escolas

em processo de inclusão; e fomentar discussões acerca dos princípios legais e

filosófico da proposta de educação inclusiva, vislumbrando a ressignificação

do fazer pedagógico (GOIÁS/SEE/CEE, 2010, p. 28).

De acordo ainda com o caderno 9, em um primeiro momento a Ação

Ciranda da Aprendizagem aconteceu somente em Goiânia e por isso os profissionais do

interior do Estado deslocavam-se para lá para participarem do evento. Posteriormente,

após algumas alterações, a ação passou a ser denominada “Oficinas Temáticas: estudo e

reflexão sobre a diversidade”, as quais passaram a atender as regionais de Aparecida de

Goiânia, Inhumas, Palmeiras e Trindade. E as demais regionais do interior se juntaram

em quinze polos: Campos Belos de Goiás, Ceres, Formosa, Goianésia, Iporá,

Itapuranga, Itumbiara, Mineiros, Piranhas, Pires do Rio, Porangatu, Posse, Santa Helena

de Goiás, Silvânia, e Uruaçu.

Um outro marco do processo de consolidação da educação inclusiva em

Goiás foi em 2005 por ocasião da implantação do centro de capacitação de

Profissionais da Educação e de Atendimento as pessoas com surdez (CAS), com os

seguintes objetivos:

Promover cursos de Libras, cursos de Língua Portuguesa para surdos e cursos

para capacitação de interpretes de Libras; Promover capacitação de

profissionais da educação e demais recursos humanos da comunidade, para

atendimento á pessoa com surdez; Garantir aos alunos com surdez, acesso

aos recursos específicos necessários ao seu atendimento educacional; e

socializar informações sobre educação de surdos e orientar familiares quando

solicitado (GOIÁS/SEE/CEE, 2010, p. 29-30).

Com a implantação do CAS, ao desenvolver-se, propôs-se uma nova forma

de prestação de serviços, direcionada especificamente ao atendimento dos alunos com

deficiência auditiva, suprindo suas necessidades, para o desenvolvimento e a facilidade

da sua aprendizagem educacional.

Page 24: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

23

Em 2006 houve trocas de Superintendentes no estado, saindo professor

Dalson Borges, entrando Isa Lourdes de Araújo que permaneceu muito pouco tempo no

cargo, pois no mês de abril a Superintendência passa a ser de responsabilidade do

Professor Sebastião Donizete de Carvalho, o qual continuou com os trabalhos, projetos

e ações propostos pelos superintendentes anteriores, buscando ainda fazer inovações no

sentido de aprimorar meios para desenvolver a educação inclusiva no estado de Goiás.

Logo no início de sua coordenação, divulgou o documento: Diretrizes e Fundamentos

para Atuação da equipe Estadual de Apoio a Inclusão que visava:

Adotar técnicas de trabalho compartilhado [...] as quais representam uma

forma importante de organizar o trabalho educacional, conferindo unidade,

direção e sustentação às ações dos profissionais que subsidiam e

acompanham o cotidiano escolar cujo passos têm delineado o processo de

inclusão (SEE/SUEE, 2007, p.4, apud GOIÁS/SEE/CEE, 2010, p.34)

Ao publicar o documento fundamentado em conceitos específicos do

PEEDI, a SUEE esperava respaldar e fundamentar melhor a atuação da Equipe de Apoio

à Inclusão e consequentemente a ação pedagógica desenvolvida nas escolas que

estavam nesse processo.

Outra inovação da gestão do Prof. Sebastião Donizete foi o

desenvolvimento de projetos de pesquisas relevantes para o avanço do processo de

educação inclusiva em Goiás. Um deles constituía-se em investigar como estava se

desenvolvendo o trabalho nas escolas especiais, com o intuito de transformá-las em

Centros de Atendimentos Educacional Especializado (CAEE) objetivando viabilizar

mudanças em sua prática pedagógica e na sua estrutura de funcionamento

(GOIÁS/SEE/CEE, 2010).

De acordo com o caderno 9 já citado, no ano de 2009, encontra-se em

desenvolvimento o Projeto Teatro do Oprimido e o Projeto Prisma, estando em fase de

experimentação. O primeiro visa oferecer oportunidades de desenvolvimento das

múltiplas linguagens, fortalecendo a auto estima. O segundo tem como objetivo

desenvolver jogos e estimular o raciocínio lógico-matemático, desenvolver a capacidade

de resolver problemas e trabalhar a diversidade.

Muitas pessoas puderam capacitar-se em relação ao trabalho com a

diversidade por meio do atendimento recebido no decorrer destes dez anos de

desenvolvimento do PEEDI, sendo por meio dos dez projetos iniciais ou das ações e

projetos que surgiram após sua implantação.

Page 25: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

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Atualmente a inclusão passa por algumas mudanças e para melhor explicá-

las procuramos e entrevistamos a professora Wesilene Ferreira L. Siqueira, atual

coordenadora da REAI da Subsecretaria Regional de Educação de Iporá, que nos disse

como esta a inclusão hoje no Estado de Goiás:

A inclusão hoje já é um processo consolidado com a legislação que dá todo

amparo legal para o processo como: as resoluções 02/2001 que é do Conselho

Nacional de Educação, a 07/2006 Conselho Estadual de Educação, o Decreto

6.571/2008 e a Resolução 04/2009 e outras específicas nas diversas áreas da

deficiência. Atualmente em um processo de reestruturação, a rede de apoio

esta passando por mudanças, no sentido de diminuir o número de professores

de apoio por sala, que atendia diretamente as deficiências. Os recursos ainda

não são adequados para a manutenção de um processo como o da inclusão,

sendo que requerem metodologias diversificadas, recursos pedagógicos

diversos, melhor estruturação da parte física, maiores investimentos em

capacitações no sentido de preparar melhor os profissionais para lidarem com

a diversidade em sala de aula.

A professora Wesilene fala ainda sobre a participação do MEC no processo

de educação inclusiva e a falta de recursos para obterem materiais que poderiam

contribuir com o processo de aprendizagem dos alunos com deficiência.

Temos também a participação direta do MEC com a implantação dos

recursos. Porém, ainda não temos nenhuma sala completamente equipada e a

demora faz com que o trabalho não seja totalmente adequado para o processo

de aprendizagem dos alunos com necessidades Educacionais Especiais. Em

comparação com países como Canadá, França que tem uma estrutura

totalmente adequada para atender as deficiências e de maneira geral, a

educação realmente é prioridade, ainda estamos em passos lentos na direção

da qualidade da educação no Brasil, uma vez que faltam recursos e

investimentos reais nas unidades escolares.

Portanto, o processo de consolidação da Política de Educação Inclusiva em

Goiás é uma realidade, mas que ainda está em fase de adaptações, pois representa “um

trabalho inovador que se construiu em meio a muitos erros, dificuldades e também

conquistas, assumindo formas pedagógicas” (GOIÁS/SEE/CEE, 2010, p.43), voltada

para a diversidade e viabilizando o aprendizado por meio de trocas em grupos

heterogêneos.

Page 26: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

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1.4 A inclusão na cidade de Iporá

Considerando que não foi encontrada nenhuma obra que apresentasse a

história da inclusão em Iporá, os dados apresentados a seguir, são fundamentados em

um artigo escrito pela professora Wesilene Ferreira Leonel Siqueira, atual coordenadora

da inclusão na Subsecretaria Regional de Educação de Iporá, publicado no site do Jornal

online Oestegoiano em 06 de setembro de 2010.

No artigo a professora em questão afirma que, na cidade de Iporá, o

processo da Educação Inclusiva teve início no ano de 1999, por meio da Subsecretaria

Regional de Educação de Iporá – SRE, coordenado, na época, pela professora Ana

Maria Honorato, que se dedicou com muito entusiasmo nessa empreitada de fazer

acontecer à educação inclusiva em 10 escolas da Regional.

Para isso foi desenvolvidos no ano de 1999, grupos de estudos semanais de

temas na área de Educação para a Diversidade na Escola Estadual Joaquim Berto, em

que participavam todo o corpo docente da escola sede, além de convidados das demais

instituições em que seria implantado o processo de inclusão.

No ano de 2000, tendo em vista a implantação da Educação Inclusiva, a

Escola Estadual Joaquim Berto, passou a ser a primeira Escola Estadual Inclusiva de

referência na cidade de Iporá, sob a gestão da professora Wesilene Ferreira L. Siqueira.

E esse mesmo processo foi implantado em outros nove municípios jurisdicionados a

esta Subsecretaria Regional de Educação, sendo uma Escola Inclusiva em cada cidade, a

saber: Iporá. Isrealândia, Jaupaci, Ivolândia, Montes Claros de Goiás, Diorama,

Amorinópolis, Palestina, Caiapônia e Doverlândia.

Fundamentado nas recomendações da legislação nacional e estadual vigente,

em 2001 todas as escolas da regional passaram a ser inclusivas e, portanto, teriam que

receber a matrícula de todos os alunos que desejassem estudar, tendo ou não

deficiências. Então, com a expansão do Programa Estadual para a Diversidade numa

Perspectiva Inclusiva, foi necessário a implementação de grandes esforços da equipe da

Superintendência de Ensino Especial e consequentemente da SRE de Iporá para que as

escolas se estruturassem para atender a diversidade.

Houve muitos avanços em relação à consolidação e expansão desse processo

no Estado de Goiás como também na Regional de Iporá. E a partir de 2001 o processo

de inclusão foi implantado em mais duas escolas na cidade, sendo a Escola Estadual

Israel de Amorim e a Escola Estadual Edmo Teixeira, que passaram por algumas

Page 27: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

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transformações para que todos os alunos tenham o direito de desenvolver o seu estilo de

aprendizagem e com o uso de todas as suas inteligências (SIQUEIRA, 2010).

Após longos anos de acompanhamento às instituições de ensino básico de

Iporá e região, muitos avanços foram percebidos rumo à educação de qualidade para

todos. Isso aconteceu, sobretudo devido ao acompanhamento dado pelos profissionais

da Subsecretaria Regional de Educação de Iporá a toda comunidade escolar envolvida

no processo de inclusão. Embora, com muitas mudanças vivenciadas durante os anos,

causadas principalmente pelas políticas governamentais implementadas, a SRE conta,

desde o início do processo, com uma Rede de Apoio à Inclusão, formada por uma

equipe de multiprofissionais como: Intérprete de Libras, Psicólogos, Fonoaudiólogo,

Instrutores e Técnicos Pedagógicos na área da Inclusão. Esta equipe desdobra-se nas

Unidades Escolares, por meio de outros profissionais que dão suporte ao trabalho de

inclusão: professores de recursos, apoio, intérpretes de língua brasileira de sinais,

instrutor de LIBRAS e agente de higienização.

Foi implantado no início do ano de 2010, em Iporá o Centro de Atendimento

Educacional Especializado (CAEE), local onde os alunos especiais são atendidos no

contra turno para melhor desenvolvimento de aprendizagem (SIQUEIRA, 2010).

Para se ter uma noção da dimensão do trabalho feito pelos profissionais que

estão sob a égide da Subsecretaria Regional de Educação de Iporá, no ano de 2010, nas

diversas instituições de ensino que oferece a educação básica, foram atendidos 474

alunos que apresentam algum tipo de deficiência e que, portanto, recebem atendimento

especializado.

Pode-se dizer, portanto, que após onze anos de inclusão educacional, na

regional de Iporá, importantes avanços foram percebidos. Entre erros e acertos, o intuito

sempre foi o oferecimento de uma educação pública de qualidade a todos, sem

distinção.

Portanto, após as considerações feitas nesse primeiro capítulo em que se

abordou o processo de inclusão no mundo, no Brasil, em Goiás e Iporá, observa-se que

as reformas históricas nos sistemas educacionais somente se concretizaram a partir do

momento que as nações começaram a por em prática o que era preconizado na

Declaração de Salamanca, a qual tinha por finalidade atender as necessidades

individuais dos alunos.

Para melhor compreensão de como ocorreu o processo de implantação da

educação inclusiva na Escola Estadual Joaquim Berto em Iporá-Go, abordaremos no

capítulo seguinte todas as fases que o constituíram, sensibilização, implantação,

expansão e consolidação.

Page 28: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

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CAPÍTULO II

A IMPLANTAÇÃO DO PROCESSO DE INCLUSÃO NA

ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO

2.1 Fase de Sensibilização - 1999

Considerando as investigações a cerca do processo de implantação da

educação inclusiva, descobriu-se que em Iporá, cidade localizada no centro-oeste

goiano, interior de Goiás, o início da Educação Inclusiva se deu no ano de 1999. E para

ser a instituição de ensino que seria a referência desse processo, foi escolhida pela

Superintendência de Ensino Especial de Goiás (SUEE-GO), em parceria com a

Subsecretaria Regional de Educação de Iporá (SRE), a Escola Estadual Joaquim Berto.

Isto pelo fato de esta atender alguns critérios definidos para inclusão, como: localização,

estrutura arquitetônica, espaço físico e pelo atendimento de um número favorável de

alunos.

E a partir deste mesmo ano de 1999, a escola passou pelo período de

preparação. Nesta etapa ocorreu a sensibilização e formação, por meio de estudos

semanais oferecidos pela equipe do Setor de Apoio a Inclusão (SAI), da SRE-Iporá e

SUEE, visando capacitar os profissionais envolvidos no processo de inclusão. É

importante ressaltar que os cursos repassados aos profissionais por meio dos grupos de

estudos coordenados pela multiplicadora Ana Maria Honorato Borges, foram sob

orientação do consultor para assunto de educação inclusiva em Goiás, o professor

Romeu kazumi Sassaki.

Page 29: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

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Segundo Siqueira, esses estudos consistiam de:

Grupos de estudos coordenados pelas multiprofissionais da época do SAI

com Ana Maria Honorato. Os estudos eram direcionados para os tipos de

deficiência que estavam sendo matriculados na época como: adaptações

curriculares para trabalhar com o surdo, com o cego, com deficiente

intelectual e transtornos em geral. Geralmente ocorria no período vespertino

das 16:00 às 20:00 horas na própria UE, com a participação de professores e

alguns pais de alunos (2011).

Uma das mais ricas fontes de pesquisa em relação ao processo de

implantação da educação inclusiva na EEJB é o livro de Atas dos Grupos de Estudos de

1999, 2000 e 2001. Nele constam relatos de todas as reuniões para realização dos

grupos de estudos dedicados para formação continuada dos profissionais que ali

atuavam. Após a leitura completa do livro citado, fizemos uma seleção daquelas que

consideramos mais relevantes para a fundamentação do estudo aqui apresentado.

Podemos destacar a relatada na página 01, referente ao dia 16 de abril de

1999. Nessa data aconteceu o primeiro grupo de estudos do ano, com a presença de

todos os funcionários da escola, coordenado por Ana Maria Honorato, com o tema: A

inclusão de crianças portadoras de necessidades especiais na rede regular. Nesta, foi

discutida como trabalhar pedagogicamente o raciocínio, simulações, organizações de

grupos, o perceber e aprender a conviver com as diferenças e as características

individuais de cada um (ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO, 1999).

Considerando ainda as informações contidas no livro ata, na página 15,

notamos que no dia 24 de setembro de 1999, ocorreu a realização de mais um grupo de

estudos, momento em que foi discutido um texto da escritora MANTOAN, “Ser ou

Estar: eis a questão”. Segundo o registro, o “texto define o perfil do professor dessa

nova escola que deverá romper com seus padrões atuais e apontar para objetivos,

métodos e instrumentos de um ensino inovador, fundamentado em projeto também

inovador” (1999).

Consta na página 19, do livro já citado que, no dia 15 de outubro de 1999,

foi realizado mais um grupo de estudo na Escola Estadual Joaquim Berto, que, mais

uma vez, contou com a participação da professora Ana Maria Honorato.

Page 30: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

29

Expõem as várias dificuldades que esta encontrando para prosseguir com

todos os encargos que temos pela frente, fala que a Escola Estadual Joaquim

Berto será laboratório, que enfrentaremos inúmeros problemas, mas, sendo

éticos e tentarmos ajudar uns aos outros, com certeza, vamos conseguir, pois,

na verdade ninguém é 100% preparado e diante de cada dificuldade

deveremos estar juntos. (ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO, 1999)

Enfim, foram vários meses de estudos semanais, na instituição de ensino,

para que a formação dos profissionais acontecesse.

De acordo com Siqueira (2011) a formação dos profissionais contribuiu para

a própria implantação uma vez que os profissionais não tinham conhecimento no

trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais, sendo que na época as

universidades não se preocupavam em capacitar os professores nessa área.

Visando amenizar as dificuldades de aceitação dos pais, a Equipe da

Subsecretaria Regional de Educação de Iporá, realizou em 28/09/1999 uma reunião na

Escola Estadual Joaquim Berto, a qual contou com a participação de boa parte dos pais

de alunos da escola. De acordo com o relatório de trabalho da equipe,

A reunião foi positiva, um número considerável de pais compareceu, e

participou com perguntas, e não pareceram resistentes, pois na escola já

existem alguns alunos portadores de necessidades educacionais especiais. A

reunião transcorreu tranquila onde as professora Zilda Cândida de Ávila e

Iracema Barreto de Souza, membros do Departamento Técnico Pedagógico

desta Delegacia, que a pedido da multiplicadora ao Sr. Delegado Claiton

Alves dos Santos, estão juntas nesta luta que se inicia. (IPORÁ, 1999)

Além da preparação do prédio que abrigava a escola, onde foi realizada uma

reforma com adaptações físicas, construindo rampas e adequando os sanitários, o mais

difícil foi cuidar da formação das pessoas envolvidas no processo, pois isso significava

uma reforma atitudinal em relação à conduta de aceitação de pais, alunos e

profissionais, que chegaram com algumas idéias preconcebidas de que a inclusão não

daria certo.

Podemos confirmar essas adaptações feitas pela a entrevista realizada com a

professora Selma Regina Gomes, que atuou como Pedagoga da EEJB e da SRE de

Iporá, no período definido para pesquisa, 1999 a 2002:

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As adaptações previstas para receber os alunos com deficiência, se não me

falha a memória, foram: a) de caráter atitudinal: dentre outras, estas

adaptações previam uma mudança nos valores, nas condutas com relação às

crianças com deficiência e sua participação como aluno na rede regular de

ensino. b) arquitetônico: são as mudanças previstas para melhoria da

acessibilidade dos alunos com deficiência, que previam adaptações na

estrutura física das escolas. É preciso dizer que estas adaptações nunca foram

feitas a contento. c) pedagógico: foram as adaptações na estrutura pedagógica

da escola, que envolviam: PPP, programa de ensino, estratégias de ensino,

avaliação da aprendizagem, etc.

Para que o processo de implantação da educação inclusiva pudesse ser

implantado, no ano seguinte, as mudanças necessárias teriam realmente que acontecer,

pois, eram fundamentais para a dinamização das fases seguinte.

Portanto, essa etapa de sensibilização do processo foi de suma importância,

pois foi nela que a escola começou a formação dos profissionais para atender a proposta

de inclusão que seria implantada no ano seguinte.

2.2Fase de Implantação - 2000

No ano seguinte, em 2000 acontece a implantação do processo de inclusão,

onde a escola passa a ser Referência na cidade de Iporá, sendo a mesma a pioneira em

implantar a Educação Inclusiva, tendo como diretora da escola a professora Wesilene

Ferreira Leonel Siqueira, eleita nesse mesmo ano.

Segundo o Memorial da escola elaborado em 2002, com a implantação em

2000, foram matriculados 44 alunos inclusos, sendo, 08 com deficiência auditiva, 28

com deficiência mental, 03 com condutas típicas e 02 com deficiência física.

Considerando a pesquisa feita, notou-se que o processo de Implantação não

foi fácil, pois houve grande rotatividade no quadro de profissionais e ainda muita

rejeição por parte de alunos “ditos normais” e seus familiares. Por não aceitar os alunos

com deficiência, alguns professores pediram transferência para outras escolas, e os pais

dos alunos “ditos normais”, tiraram seus filhos da escola, por não concordarem que os

mesmos convivessem com os alunos diferentes. Com essa rotatividade, a escola teve

que buscar a contratação de professores temporários para completar o seu quadro de

docentes.

Page 32: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

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Conhecemos os argumentos pelos quais a escola tradicional resiste à inclusão

__eles refletem sua incapacidade de atuar diante da complexidade, da

diversidade, da variedade, do que é real nos seres humanos. Os alunos não

são virtuais, objetos categorizáveis__eles existem e fato, são pessoas que

provêm dos variados contextos culturais, representam diferentes segmentos

sociais, produzem e ampliam conhecimento e têm desejos, aspirações,

valores, sentimentos e costumes co os quais se identificam. Em resumo: esses

grupos de pessoas não são criações de nossa razão; eles existem em lugares e

tempos não ficcionais, evoluem, são compostos de seres vivos, encarnados!

(MANTOAN, 2006, p.34)

Segundo Siqueira (2010) no início da implantação vivenciou-se muitas

dificuldades em sensibilizar os pais dos alunos “ditos normais”, uma vez que os

mesmos por falta de conhecimento achavam que a presença de um aluno com

deficiência iria atrapalhar o rendimento de seus filhos. No primeiro ano de implantação

do processo de inclusão na Escola Estadual de Referência de Iporá Joaquim Berto,

houve uma diminuição considerável dos alunos devido à chegada daqueles com

deficiência. Esse processo foi mudando aos poucos, com muita sensibilização, reuniões

com pais e muito estudo.

Com a implantação da educação inclusiva a escola teve que rever seu

Projeto Político Pedagógico (PPP) e Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE),

fazendo adaptações necessárias ao processo de inclusão. Segundo Miguel, Silva e

Xavier, que também atuaram como docente na EEJB no período investigado,

O PPP, após a implantação da educação inclusiva propôs como missão ser

uma escola para todos, de forma a atender as necessidades individuais,

educando com sucesso, capacitando-os para atuarem de forma critica na

sociedade, mantendo um padrão de qualidade no ensino, envolvendo o maior

numero de pessoas no processo. No PDE a escola Inclusiva de Referência

Joaquim Berto estão previstas a implementação de medidas pedagógicas que

garantam o acesso a aprendizagem e ao conhecimento, possibilitando

também a permanência do aluno na escola e garantindo o sucesso do

processo educacional (2005, p.23).

De acordo com as autoras citadas acima (ibidem), na busca de um ensino de

qualidade para todos é que foi elaborada uma proposta pedagógica visando um

atendimento as necessidades especiais individuais, educando com sucesso todos os

alunos, capacitando-os para atuarem de forma participativa e crítica na sociedade,

mantendo um padrão de qualidade no ensino, considerando a diversidade dos níveis de

aprendizagem dos alunos. Para isso a escola adaptou as horas-atividades do professor de

forma coletiva para a realização do planejamento e discussão para escolhas das

Page 33: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

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metodologias mais eficazes a serem aplicadas conforme as necessidades especiais dos

alunos.

A respeito da importância da reformulação do Projeto Pedagógico de uma

escola inclusiva, Mantoan diz:

Essas escolas são realmente abertas às diferenças e capazes de ensinar a

turma toda. A possibilidade de ensinar todos os alunos, sem discriminações e

sem práticas do ensino especializado, deriva de uma reestruturação do projeto

pedagógico escolar como um todo e das reformulações que esse projeto exige

da escola, para que ela se ajuste a novos parâmetros de ação educativa. (2006,

p. 45)

Com a chegada dos alunos com deficiência a escola teve que rever suas

propostas pedagógicas adaptando-as conforme as necessidades de um processo de

ensino inclusivo. É o que se confirma na entrevista concedida pela Pedagoga Selma

Regina Gomes citada anteriormente.

Segundo ainda o livro de Atas da Escola Estadual Joaquim Berto, o ano de

2000 foi um tempo de muitos desafios e barreiras enfrentadas pelos profissionais, pais e

alunos para se adaptarem a escola inclusiva. Continuaram com os grupos de estudos, os

quais eram considerados de grande valia para a preparação dos profissionais envolvidos

no processo de inclusão da escola. E ao longo do ano, a multiplicadora Ana Maria

Honorato, em suas diversas participações nos momentos de formação na Instituição de

Ensino, ressalta a necessidade dos professores estarem sempre estudando sobre a

proposta interacionista de ensino, que deve permear a prática dos docentes da escola

inclusiva. Nesse mesmo, aconteceram também estudos sobre os Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCNs) e o Projeto Político Pedagógico da escola (PPP) da escola, que

deveria ser adequado para a realidade da inclusão.

Essa formação interna na Escola Joaquim Berto, era complementada por

cursos oferecidos pela SUEE, para docentes de todas as escolas inclusivas pertencentes

à SRE de Iporá. Um dos mais significativos foi o Curso de Língua Brasileira de Sinais

(LIBRAS) I, II, III e IV realizado de 17 de março de 2000 a 25 de novembro de 2001.

Ele acontecia em Iporá, em um final de semana por mês no período acima descrito e,

além da aprendizagem em relação à comunicação com os alunos com deficiência

auditiva, oportunizara a troca de experiência entre profissionais que tinham em comum

o fato de estar atuando em um processo inclusão, cheio de muitos desafios.

Page 34: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

33

De acordo com documentos pesquisados na escola, no ano de 2000, foi

organizado pela Equipe do SAI em parceria com a Escola Estadual Joaquim Berto, o I

Encontro Pedagógico das Escolas Inclusivas, com o tema: Construindo Uma Escola

Para Todos, realizado de 23 a 24 de outubro nas dependências da escola acima citada.

Este contou com a participação de quase 200 docentes oriundos das escolas inclusivas

pertencentes à regional de Iporá e configurou-se como um espaço de formação

permeado por estudo de teorias e trocas de experiências.

O ano de 2000 foi um ano de constantes estudos para a formação dos

profissionais em educação inclusiva, foi também um ano turbulento, pois a escola

enfrentou vários problemas com a rotatividade de professores e transferências de alunos,

por não aceitarem a conviver com os alunos deficientes.

2.3 Fase de Expansão - 2001

Em 2001 continua o processo de inclusão na Escola Estadual Joaquim Berto

com uma fase, denominada pela SUEE com expansão, onde os profissionais passaram

por intensivos estudos com a finalidade de intensificar a preparação e melhorar a

postura pedagógica diante dos alunos, pais e comunidade.

Dessa forma os grupos de estudos continuam acontecendo, contando para

isso, com a parceria da Equipe do Setor de Apoio à Inclusão (SAI) da SRE de Iporá,

para realização dos mesmos. Nesse espaço de formação, o grupo buscava incentivar os

profissionais que atuavam na escola inclusiva, elevando sempre a auto estima deles,

para um bom andamento de expansão da inclusão dentro da instituição de ensino.

Segundo pesquisa feita ao livro de Ata da instituição, na página 60, o grupo

de estudos do dia 24 de abril de 2001, teve como assunto a Inclusão e ocorreu sob

orientação da pedagoga do SAI, Selma Regina Gomes, que desenvolveu um estudo

sobre o que é Educação Inclusiva e como surgiu essa proposta educacional.

Ela comparou a Educação inclusiva a um termômetro que aponta para nós,

todo o descontentamento diante das desigualdades sociais, funciona como

um alerta contra a exclusão. Durante o estudo a professora Selma Regina

discorreu sobre o histórico da Educação Inclusiva, sendo um programa que

foi estudado através de debates, buscando o histórico do indivíduo e que a

partir da agregação do portador de necessidades especiais em instituições

houve maior pesquisa por parte de cientista que conseguiu diferenciar o

Page 35: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

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doente mental do deficiente mental. A partir daí sentiu-se a necessidade de

realizar trabalhos valorizando a competência individual e a sua socialização.

A professora Selma Regina fala que a intenção da escola inclusiva é mostrar

para toda sociedade que é possível e faz parte do contexto a existência, o

valor e a capacidade de cada um ser humano (ESCOLA ESTADUAL

JOAQUIM BERTO, 2001).

No grupo de estudos desse mesmo dia a atual diretora da escola Profa.

Creusa Alves da Cruz, que assumiu o cargo com a saída de Wesilene Siqueira, esclarece

que, a ansiedade demonstrada, principalmente pelas professoras das séries iniciais, é

causada por elas atuarem no início do processo de inclusão do aluno com deficiência na

escola. Ressalta que precisam compreender que os resultados não serão imediatos, mas

virá, desde que tenham paciência e persistência na busca de uma educação inclusiva de

qualidade (ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO, 2001).

No dia 28 de abril de 2001, registrado no livro de atas na página 61, está à

síntese do grupo de estudo realizado na escola. Este visava ampliar conhecimentos e

esclarecer dúvidas sobre o processo de inclusão.

A diretora esclareceu que o estudo sobre a inclusão ainda se fazia necessário,

devido aos funcionários novos que se faz maioria na escola ainda não terem

conhecimento do que realmente é e como funciona a escola. Nesse dia foi

repassada aos professores a reunião de coordenadores com o pessoal do SAI,

onde priorizava o trabalho inclusivo, sendo diferenciada do ensino de uma

escola onde não haja portadores de necessidades educacionais especiais e que

requer dos funcionários uma doação e não simplesmente uma prestação de

serviços (ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO, 2001).

Mais uma vez fica claro que a rotatividade de professores na Escola

Estadual Joaquim Berto era constante. Fato que pode ser comprovado pelo quadro de

pessoal da escola que consta nos anexos desse trabalho.

Outro grupo de estudo considerado importante para a formação dos

profissionais da escola inclusiva aconteceu no dia 14 de setembro de 2001, tendo seu

registro no livro de Atas, na página 65. Ele foi ministrado pela pedagoga Marilda de

Lima e pela Profa. Rosângela Leonel, pertencentes à equipe do SAI da SRE de Iporá.

Neste, foram apresentadas as principais características da escola inclusiva. Segundo

consta na ata,

Page 36: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

35

Mesmo sendo já feito um estudo desse tema no ano de 1999, surgiu à

necessidade de fazê-lo novamente devido a um grupo de novas professoras

que estão atuando. Dentre as principais características das escolas inclusivas

de acordo com Romeu Kazumi Sassaki, professor e estudioso da área, propõe

alguns itens. Entre os quais: Um senso de pertencer, Liderança, que envolve

o diretor no provimento de estratégias, Padrão de excelência, Colaboração e

cooperação, Novos papeis e responsabilidades, Parceria com pais,

Acessibilidade, Ambiente flexíveis de aprendizagem, Estratégias baseadas

em pesquisa, Novas formas de avaliação e Desenvolvimento continuado. A

pedagoga Marilda coloca que esses itens citados são fundamentais para que

haja mudanças, e que os profissionais têm que serem portadores dessas

características e cultivá-las dia-a-dia para que consigam seus objetivos. Ela

ressalta que nunca terão um desenvolvimento homogêneo numa turma, mais

que com dedicação e esforço poderão alcançar resultados positivos ressalta

também que esta aprendendo muito nos cursos e com a convivência com os

colegas e o quanto é importante acreditar no professor que tem uma postura

de afetividade, que sabe valorizar o concreto e tem consciência de sua

capacidade (ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO, 2001).

Os grupos de estudos realizados na escola Joaquim Berto contavam, quase

sempre, também com o auxílio da psicóloga da Equipe do SAI da SRE de Iporá,

Dilmari Moreira da Silva e Souza que contribuía com os professores orientando-os e

tirando-lhes dúvidas sobre as maneiras de lidar com os alunos deficientes e suas

famílias.

Segundo documentos da escola campo, visando intensificar a formação dos

profissionais envolvidos no processo de inclusão da Subsecretaria Regional de

Educação de Iporá, no ano de 2001, foi organizado pela Equipe do SAI, o II Encontro

Pedagógicos das Escolas Inclusivas, com o tema: “Ressignificando as Práticas

Pedagógicas nas Escolas Inclusivas”. Ele aconteceu nos dias 29 a 30 de outubro de

2001, na Escola Estadual Israel Amorim e, assim como o primeiro, contou com a

presença de diversos professores das escolas inclusivas da região.

Esse ano de 2001 foi um ano de intensos estudos e encontros pedagógicos

visando atender melhor a comunidade escolar, sempre contando com apoio da equipe do

SAI.

2.4 Fase de Consolidação - 2002

No ano de 2002 a Unidade Escolar enquanto escola inclusiva de referência

prepara-se para a consolidação do processo de inclusão. Segundo, o Memorial da escola

Page 37: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

36

que já foi citado anteriormente, a UE passa a contar com uma professora de recursos em

período integral com ambiente apropriado, professores de apoio nas salas de aula que

atendem acima de 04 alunos inclusos, professores intérpretes em cada período e

instrutora de libras, formando assim uma equipe de profissionais aptos a colaborar e

juntar forças para a consolidação.

De acordo ainda com o Memorial citado acima, os grupos de estudos nesse

ano de 2002 continuaram a acontecer semanalmente na UE, com o objetivo de discutir

as dificuldades encontradas pelos professores, e para que os mesmos trocassem

experiências vividas, havendo assim uma maior integração do grupo. As reuniões com

pais também continuaram acontecendo, o grupo de pais fazia parte dos projetos da

escola, e era realizado mensalmente. Nesse ano de consolidação do processo de

inclusão, a escola realizou vários encontros pedagógicos, oficinas de libras e outros

estudos.

O grupo do SAI, seguindo orientações da SUEE, desenvolveu durante o ano

de 2002, Encontros Pedagógicos na Escola estadual Joaquim Berto, nos quais, eram

trabalhados temas específicos da inclusão com profissionais advindos das escolas

inclusivas de Iporá e região. Esse momento de estudo e integração entre profissionais da

educação inclusiva de diversas escolas permitia, semanalmente, além do conhecimento

da teoria, a troca de experiências diárias. Sendo esses encontros pedagógicos de suma

importância para um ensino de qualidade. Assim, afirma Mantoan:

Tem-se um ensino de qualidade a partir de condições de trabalho pedagógico

que implicam formação de redes de saberes e de relações entrelaçadas por

caminhos imprevisíveis para chegar ao conhecimento; existe ensino de

qualidade quando as ações educativas se pautam pela solidariedade, pela

colaboração e pelo compartilhamento do processo educativo com todos os

que estão direta ou indiretamente nele envolvidos. (2006 p.45)

E com essa proposta de interação entre profissionais envolvidos nesse

processo que a escola continuou desenvolvendo os grupos de estudos, os cursos de

libras e os encontros pedagógicos.

Nesse ano de consolidação a escola ainda enfrenta muitas dificuldades, entre

elas a rotatividade no quadro de professores. Podemos ver que essa rotatividade foi um

problema desde a implantação do processo em 2000. No gráfico a seguir podemos

acompanhar esse problema:

Page 38: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

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*Fonte: Secretaria da Escola Estadual Joaquim Berto

Com a rotatividade de professores e outros problemas que a escola

enfrentou, o número de alunos matriculados no inicio do processo da implantação em

2000 até a consolidação em 2002 diminuiu muito. Podemos constatar essa diminuição

no gráfico a seguir:

*Fonte: Secretaria da Escola Estadual Joaquim Berto

Page 39: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

38

O que se viu nos gráficos acima só vem a confirmar o que foi relatado no

decorrer da pesquisa. A EEJB passou por momentos difíceis ao decorrer do processo.

Com a consolidação neste ano de 2002 a escola ainda enfrenta um dos seus maiores

problemas que foi a rotatividade no quadro de professores, chegando a contar, nesse

mesmo ano, com apenas quatro professores efetivos. E isso causou transtornos para a

UE, porque toda vez que se contratavam profissionais tinha que prepará-los, pois a

formação dos efetivos estava acontecendo desde 1999, quando eles aceitaram a proposta

de inclusão para a EEJB, e vinham participando de vários cursos de capacitação, ciclos

de estudos, encontros pedagógicos e outros eventos que trabalhavam temas específicos

da inclusão. E essa rotatividade trouxe outro problema, que foi a diminuição no número

de alunos matriculados. A escola que tinha 304 alunos matriculados em 2000, na sua

fase de implantação, diminui para 182 alunos matriculados em 2002, no ano de

consolidação do processo de inclusão. Tais problemas afetaram a credibilidade da escola

perante a sociedade.

Segundo dado das pesquisas realizadas ao longo desse trabalho percebeu-se

que, com o decorrer dos anos através de muito trabalho e dedicação dos profissionais

que optaram em aceitar e defender a proposta de inclusão dentro da escola EEJB, boa

parte dos problemas foram sanados. Isso pode ser visto nos dados de alunos

matriculados nesse ano de 2011, que são num total de 387 alunos, distribuídos nos dois

turnos, sendo 192 no turno matutino e 195 no turno vespertino, desse total 18 alunos são

alunos com deficiência. Hoje a escola tem sala multifuncional com muitos jogos e

tecnologias assistidas. A escola recebeu recentemente uma verba para dar mais

acessibilidade para os alunos, onde serão feitos corre mãos, pisos antiderrapantes, mais

rampas e outras mudanças para melhorar a vida dos alunos na escola.

Ainda segundo as observações feitas, hoje, a escola esta estruturada, todos

os profissionais sabem lidar com situações e diferenças de cada um, da melhor forma

possível. Os professores estão bem preparados na parte pedagógica e buscam sempre

estar se aperfeiçoando, participando sempre de cursos e encontros pedagógicos. Viu-se

que as mudanças na rede de apoio, em que a carga horária passa de 40hs para 30hs,

alterando a função do professor de apoio de sala, para professor itinerante, onde ele

auxilia três salas no mesmo turno, acabando aquele atendimento individualizado, tem

dificultado o trabalho da escola no momento. Os professores estão reclamando da falta

de apoio em sala de aula, porque os alunos estão sentindo muito a falta dele, dos

professores de apoio, que não só ajudam os alunos com deficiência, como os outros que

tem alguma dificuldade de aprendizagem. E mesmo com essas mudanças os professores

Page 40: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

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de apoio vão para a escola fazer o acompanhamento semanal no contra turno, pois o

professor titular não tem tempo para esse atendimento individualizado.

Mesmo com os problemas de antes e as mudanças de hoje, a escola resgatou

sua credibilidade perante a sociedade iporaense e região. Dado este que pode ser

comprovado pelos números citados acima cedido pela escola. Pois, a UE tem um

número muito grande de alunos matriculados e, segundo a pesquisa feita, é muito difícil

encontrar vagas na escola, porque para muitos ela continua sendo uma unidade de

referência.

E para enriquecer e dar sustentação do trabalho, no próximo capítulo será

relatada a vivência e a contribuição do processo de implantação da educação inclusiva

para a comunidade escolar envolvida no mesmo.

Page 41: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

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CAPÍTULO III

A IMPORTÂNCIA DA VIVÊNCIA DO PROCESSO DE

IMPLANTAÇÃO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA ESCOLA

ESTADUAL JOAQUIM BERTO PARA A COMUNIDADE ESCOLAR

ENVOLVIDA

Diante do exposto no capítulo anterior, fica evidente as muitas dificuldades

encontradas no processo de implantação da educação inclusiva na Escola Estadual

Joaquim Berto. No decorrer da pesquisa notou-se que houve pessoas que realmente se

engajaram nessa empreitada, acreditando que seria possível a inclusão nessa escola, e

nas demais, anos depois.

Foi um processo difícil e gradativo, passando pela sensibilização em 1999, a

implantação em 2000, a expansão em 2001 e a consolidação 2002. Essas fases foram de

suma importância para o processo ao longo dos anos até os dias de hoje.

Foram vários os obstáculos, dificuldades e anseios superados para que se

efetivassem a consolidação do processo. E tudo isso significou muito para os

professores, pais e alunos tanto no aspecto profissional, quanto no pessoal na vida de

cada um deles.

Como fundamentações para compreensão do significado, para a

comunidade escolar envolvida, da vivência do processo de implantação da educação

inclusiva na EEJB, optaram pela realização de entrevistas estruturadas realizadas com

pais, alunos e profissionais que estiveram na instituição de ensino nos anos de 1999 a

2002. É importante ressaltar, que como foram muitas as pessoas importantes no

processo, não foi possível colher o depoimento de todas elas. Assim, apresentamos a

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seguir, a opinião de cinco professoras e seis alunos, as quais se acreditam ser suficientes

para o alcance do objetivo proposto para esse capítulo.

3.1 A vivência dos docentes no processo de implantação da educação inclusiva

na Escola Estadual Joaquim Berto

Por acreditar na importância fundamental do docente em qualquer mudança

proposta para área educacional, iniciou-se, justamente, pelo diálogo estabelecido com

eles. A primeira entrevistada foi a professora Wesilene Ferreira Siqueira Leonel, que

trabalhou na escola campo da pesquisa como professora desde 1996, sendo nomeada

diretora da unidade no ano de 1999, portanto ela vivenciou o início do processo e hoje

ela é representante do ensino especial, coordenando à rede de apoio a inclusão na SRE-

Iporá. Ela diz que para ela a vivência desse processo significou:

Um crescimento incalculável, tanto na minha vida profissional, quanto

pessoal. Hoje com doze anos vivenciando esse processo de inclusão, tanto na

escola como na sociedade percebo que as mudanças como: respeito às

diferenças, o direito de todos pertencerem com dignidade à sociedade a qual

vive já foi muito grande. Muito ainda precisa acontecer para que possamos

dizer que temos uma “escola inclusiva”, porém os primeiros passos acredito

que com muita ousadia e vontade estamos dando para o trabalho com a

diversidade em nosso estado.

Quando foi perguntado para a professora Wesilene o que significou esse

processo na vida da comunidade ela afirmou que:

Acredito de maneira geral um crescimento no sentido de respeitar as

diferenças, valorizar e perceber que a diversidade pode enriquecer as pessoas,

tanto na vida pessoal quanto na convivência coletiva. Acredito que todos os

nossos alunos, pais e profissionais que vivenciaram a implantação do PEEDI,

hoje são pessoas menos excludentes e mais tolerantes com as diferenças em

nossa comunidade.

A professora citada acima enumera alguns pontos como sendo positivos e

outro negativo:

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Como positivo: maior integração entre os alunos, respeito às diferenças,

aceitação das famílias, conhecimento sobre as várias deficiências,

capacitação continuada tanto na escola como na SRE, profissionais melhores

preparados e o hábito de estudos. O ponto negativo é que depois de 12 anos

de implantação ainda existe profissionais que resistem ao processo, não

aceitando mudar metodologias e atitudes em relação à diversidade na escola.

A segunda entrevista foi feita com a professora Mariza Xavier Coutinho que

trabalhou na UE de 1998 a 2000, vivenciando o início do processo de implantação e

hoje trabalha na capacitação e orientação de professores na proposta da educação

inclusiva na SRE- Iporá e como professora do CAEE. Ela diz o que significou o

processo para ela: “Crescimento pessoal, profissional, aceitação e um crescimento

humano, pois aprendi muito com os alunos”.

Segundo ainda a professora Mariza o processo de inclusão para a

comunidade escolar significou “crescimento, tanto para os alunos e pais como para os

professores que aprenderam a viver com as diferenças, respeitando as mesmas”. E como

todo e qualquer processo tem-se pontos positivos e negativos, ela cita alguns:

Pontos positivos: valorização do outro, respeito à diversidade, oportunidade

para todos, uma socialização que perpassa os muros da escola, conhecimento

das diferenças, ou das necessidades educacionais especiais. Ponto negativo:

poucos recursos disponibilizados para dar mais condições ao processo de

inclusão.

A terceira entrevista foi realizada com a professora Selma Regina Gomes

que iniciou seu trabalho na UE em agosto de 1999, participando desde o início do

processo como pedagoga. Ali, vivenciou os quatro momentos do processo de

implantação da educação inclusiva: sensibilização (1999), implantação (2000),

expansão (2001) e consolidação (2002). Hoje ela trabalha como psicopedagoga na FAI.

Quanto a sua vivência do processo diz que:

O significado dessa experiência particular me trouxe conhecimentos que me

acompanham em minha vida profissional e pessoal. Eu pude também com o

passar dos anos desenvolver uma visão crítica deste processo. Hoje eu teria

uma postura diferente da que tive no início do meu trabalho com a inclusão.

Tenho questionamentos sérios com relação à participação do Estado neste

projeto e mantenho comigo dúvidas se o processo não está agravando a

situação de crianças que apenas têm dificuldades de adaptação à dinâmica da

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escola e são consideradas “inclusas” por sua situação de dificuldade. Sei que

muitos ganharam com este processo, entretanto considero que ele precisa ser

repensado e levado mais a sério pelo Estado.

Para a comunidade escolar, a professora Selma Regina disse o que a

vivência desses anos significou e elenca alguns pontos positivos e negativos no

processo de inclusão:

O processo de implantação da Inclusão Escolar foi impactante para todos os

profissionais envolvidos, mas todos nós de uma maneira ou de outra,

crescemos com ele. Elencando aspectos positivos e negativos deste processo

eu coloco da seguinte maneira: Pontos positivos: Apoio especializado para

atendimento ao aluno com NEE, Perseverança de muitos profissionais que

participaram do início de implantação do processo e continuam acreditando

até hoje, Os benefícios da inclusão são visíveis na capacidade de

comunicação e na sociabilidade desenvolvida pelos alunos de modo geral,

valorização da diversidade da condição de ser humano, As relações

interpessoais e os laços de afetividade, Amizade entre os alunos com

deficiência e os sem deficiência, Os professores e comunidade escolar em

geral se alargou em consequência deste projeto, entre outros. Pontos

negativos: Dificuldade na aprendizagem do conteúdo curricular, as maiores

conquistas estão relacionadas ao aspecto socializador da escola, O aspecto

burocrático imposto pela SEE, a equipe escolar ainda continua querendo

transformar o aluno com deficiência em um aluno normal, entre outros.

A quarta entrevistada foi à professora Creusa Alves da Cruz que trabalhou

na escola desde o ano de 1999 a julho de 2007, participando de todas as fases do

processo de inclusão da escola Joaquim Berto. Hoje ela trabalha no colégio Estadual

Aplicação, na função de professora de AEE. É com entusiasmo que a professora

relembra momentos e amizades que marcaram sua vida durante o período que trabalhou

na Escola Estadual Joaquim Berto. Ela disse que tem uma ligação de amor e carinho

pela escola, porque foi lá que viveu os melhores anos como profissional. Quando se

perguntou o que a vivência desse processo significou para ela, afirma que:

Foi fundamental na minha vida, tanto pessoal quanto profissional. Foi a partir

daí que percebi que precisava estudar mais e buscar novos conhecimentos

para aprimorar. Passei a ter uma nova visão em relação à condição do aluno,

as potencialidades e dificuldades, não só do aluno com deficiência como dos

demais alunos. Trabalhando na escola inclusiva adquiri uma nova visão da

prática pedagógica, antes eu achava que ser professor era passar conteúdos

para os alunos. Mas com o processo da inclusão aprendi que ser professor é

aprender, ensinar, aprender, participar.

Perguntou-se também a Profa. Creusa o que acredita que esse processo

significou para a comunidade escolar. Ao responder ela afirma que:

Page 45: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

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Acreditávamos que esse era mais um programa de governo, algo passageiro.

No primeiro momento não tínhamos noção da dimensão de todo o processo,

toda a estrutura proveniente da luta de longos e longos anos, depois vimos

que já havia toda uma legislação que amparava as pessoas que ali chegavam.

Para a comunidade o processo de inclusão trouxe benefícios como um todo,

pois a inclusão oportunizou um novo olhar, dando um novo significado para a

vida das pessoas.

Como resultado dessa vivência, a professora destacou alguns pontos

positivos e apenas um negativo no processo, como:

Pontos positivos: oportunidade das pessoas com deficiência expandir suas

potencialidades; entender as inteligências múltiplas; visão de ter que aprender

mais; formação continuada; a oportunidade das crianças e adultos

conviverem com as diferenças; a reformulação da estrutura da escola;

recebimento do laboratório de informática(mesmo que anos depois); a

reforma do prédio que veio através da luta de diretores da unidade escolar ao

decorrer dos anos. Ponto negativo: a estrutura física e os recursos financeiros

que não tínhamos, recursos esses que não eram só para a implantação da

inclusão.

E para encerrar as entrevistas com os profissionais que vivenciaram o

processo de inclusão da escola, conversou-se com a professora Maria Dias Xavier, que

começou a trabalhar na escola em 2000, onde esta até hoje, atuando como diretora da

UE. Ela diz que,

O processo significou muito para a vida profissional e pessoal, construí uma

prática pedagógica voltada para o princípio da proposta inclusiva e me

proporcionou grandes conhecimentos teóricos e práticos na área educacional,

enfim, foi onde construí minha identidade profissional.

A diretora disse ainda que o processo de inclusão significou uma

transformação para toda a comunidade escolar e aborda os pontos positivos para esse

processo de inclusão, sendo eles:

Tornou-se uma escola com uma proposta pedagógica sólida; professores mais

comprometidos; a volta da credibilidade como escola; a aprendizagem de que

as crianças com deficiência nos ensinam e nos ensinam a ser mais humanos e

crianças mais fraternas e solidárias, e que não atrapalham como se pensava.

Ao final das entrevistas com as profissionais mencionadas acima, que

vivenciaram o processo de inclusão, fica retratada a importância dessas vivências não só

para elas como para a comunidade envolvida nele. Pois, elas abraçaram a causa,

Page 46: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

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vestiram a camisa da inclusão e foram à luta por acreditar que seria possível a realização

dessa proposta de uma Educação Para Todos. E para o sucesso dessa empreitada

Mantoan, afirma que, “Temos de saber a onde queremos chegar. Para isso, é importante

que fique claro que não existe “o” caminho a ser seguido, mas caminhos a escolher,

decisões a tomar. E escolher é sempre correr riscos.” (2006, p. 11). E as profissionais da

entrevista sabiam muito bem onde queria chegar e percorreram vários caminhos durante

o processo de implantação para que ele viesse a se concretizar na EEJB.

3.2 A vivência dos alunos no processo de implantação da educação inclusiva na

Escola Estadual Joaquim Berto

E para continuar buscando a compreensão do significado da vivência do

processo de implantação da educação inclusiva na Escola Estadual Joaquim Berto para a

comunidade escolar envolvida, discorre-se a seguir sobre as entrevistas feitas com

alunos com deficiências que estudaram na escola e também constituem-se parte dessa

história. Isto porque todo o trabalho de implantação da educação inclusiva aconteceu

buscando melhorar a vida dos alunos na escola e na sociedade, assim afirma Mantoan:

A inclusão também se legitima, porque a escola, para muitos alunos, é o

único espaço de acesso aos conhecimentos. É o lugar que vai lhes

proporcionar condições de se desenvolverem e de se tornarem cidadãos, com

uma identidade sociocultural que lhes conferirá oportunidades de ser e de

viver dignamente (2006, p.36).

Visando investigar a importância da inclusão, tanto no aspecto escolar

quanto no social, na vida de seis alunos com deficiência, que estudaram na EEJB no

período de 2000 a 2002, e que tiveram a oportunidade do convívio com as pessoas

“ditas normais”, foram feitas, com eles, entrevistas estruturadas, as quais foram

aplicadas durante todo o mês de outubro de 2011.

Na primeira delas, entrevistamos o aluno Misael Apolion Campos Alves, 25

anos de idade, que tem deficiência auditiva. Ele estudou na EEJB na 3ª e 4ª séries. Ele

não lembra a idade que tinha na época, mas fala que foi no início do processo de

inclusão. Hoje cursa o 3º ano do ensino médio no Colégio estadual Dom Bosco.

Inicialmente, foi perguntado se ele teve dificuldades quando começou a

estudar em uma escola regular de ensino. Com ajuda da mãe como intérprete, ele

respondeu que, “Sim, porque pai e mãe de aluno tiraram o filho da escola achando que

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eu era doido e agrediria os outros. Achavam que por ser eu um deficiente auditivo eu era

doido, encontrei muita dificuldade, o começo foi difícil”. Quanto ao questionamento

feito sobre se sentiu preconceito por parte dos colegas, pais e professores, ele afirmou

que, “sim, pois a professora E., ficava me imitando fazendo deboche de mim. A minha

mãe discutiu com outras mães por preconceito comigo. Com os colegas não senti, eles

me acolhiam muito bem, todos eram carinhosos comigo”. Para ele a vivência desse

processo, “Foi muito bom porque eu estudei lá, e de lá fui para a escola Israel, depois

para o colégio Osório e hoje eu estudo no colégio Dom Bosco no 3ª ano. A professora

A. me ajudou muito a desenvolver porque ela fazia várias coisas para eu aprender”.

A entrevista é prosseguida perguntando-lhe, o que mais o marcou esse

tempo na escola. Como resposta, disse: “Eu gostava de ir para a escola, o que mais

gostava eram as gincanas eu participava com minha mãe me divertia muito. Gostei

muito da festa de aniversário da minha colega da escola”. Perguntou-se quais os pontos

positivos e negativos que viu nesse processo, e disse que como positivo, “Foi poder

estudar; conviver com pessoas; a minha mãe aprendeu libras para me entender; acabou

um pouco de preconceito com o surdo”. Para ele, “O preconceito e a dificuldade de

achar uma professora de libras”, foram os pontos negativos vivenciados.

As próximas perguntas, devido à dificuldade de comunicação, a mãe do

Misael, senhora N. preferiu responder. Quanto à opinião dela sobre a proposta de

inclusão dos alunos com deficiência na rede regular de ensino, ela respondeu que,

Foi muito bom e gratificante, pois, meu filho era um menino excluído por ser

diferente. A inclusão veio para melhorar a vida de muitas crianças diferentes,

o meu filho só não escuta. Mas não foi fácil eu corri atrás dessa inclusão. Não

só eu mais todos envolvidos nessa luta encontramos barreiras. A princípio

não tinha um professor de línguas. Fui atrás de ajuda não podia ficar

esperando, até que a professora Ana Maria Honorato conseguiu uma

professora de libras de Goiânia. Eu agradeço muito a professora Ana Maria,

me emociono em falar dela, porque se tem alguém que abraçou essa causa foi

ela e digo mais foi ela quem trouxe a inclusão para Iporá e acreditou que

daria certo. Na época com ela teve vários congressos e encontros sobre

inclusão. Tive a oportunidade de ir para Goiânia e participar de cursos junto

com a professora Zilda e isso contribuiu muito para mim e meu filho.

Para a vida social do aluno entrevistado, ela acredita que a contribuição

advinda da participação dele no processo de inclusão, foi muito grande, pois, “Ele

desenvolveu muito convivendo com as outras crianças, porque ele era muito tímido.

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Vejo que contribuiu com a socialização dele. Ele ficou mais alegre e feliz estudando

com pessoas “ditas normais”.

Para continuar a investigação para descobrir como foi a vivência dos alunos

durante esse período de três anos de implantação da educação inclusiva na EEJB,

entrevistamos a aluna Kênia Silva Maluf Franco, 25 anos de idade, com deficiência

mental, e que estudou na UE somente no ano de 2002, cursando a 4ª série e tinha 16

anos na época. Hoje ela esta cursando disciplinas isoladas no Curso de letras da

Unidade Universitária da UEG de Iporá. Foi perguntado se ela encontrou dificuldades

de adaptação ao iniciar seus estudos na escola. Ela respondeu que, “Sim, dificuldades

nas disciplinas, eu precisava muito dos professores de apoio para me ajudar. O professor

W. era o titular e a professora A. me ajudou muito, era intérprete e eu tinha uma boa

relação com eles”.

Ao ser indagada se havia sentido preconceito por parte dos colegas, pais e

professores, na EEJB, ela disse que, “Por parte de professores e pais não, mas sim de

uma colega a D. , que não quis realizar uma atividade comigo porque ela tinha

preconceito comigo”. Foi perguntado também sobre o significado da vivência desse

processo para o desenvolvimento dela e o que mais há marcou esse tempo na escola.

Para ela,

O processo foi muito bom, a meu ver está melhorando a cada ano. Contribuiu

para o meu desenvolvimento, tanto que eu ajudava os meus colegas que

tinham dificuldades. Eu gostava muito do momento de louvor, onde fazíamos

orações para iniciar as aulas, realizado no pátio da escola onde eu participei

de varias apresentações.

Perguntou-se sobre os pontos positivos e negativos que ela viu nesse

processo de inclusão. Ela afirmou que,

Os positivos foram, a melhor relação com os colegas que tem deficiência;

relacionar com outras pessoas; o trabalho do professor de recursos com jogos

e atividades pedagógicas que contribuiu muito com o aprendizado e a minha

colaboração em auxiliar a professora de recursos em algumas atividades”.

Como único ponto negativo destacou a “Dificuldade em aceitação das outras

pessoas que diziam que os alunos deficientes não aprendiam nada.

Por último, foi perguntado a ela o que acha da proposta de inclusão e qual a

contribuição do processo para sua vida social de quem dele participa. Ela disse,

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Achei muito boa, porque antes não tinha adaptações para os alunos

deficientes, com a inclusão abriu portas para nós estudar. Contribuiu muito,

pois com a professora de apoio consegui solucionar e resolver tarefas.

Aprendi mais fora dos muros da escola, a socializar mais com as pessoas

criando novas amizades. Tive acesso ao computador na realização de tarefas.

A terceira entrevista foi com o aluno Wellington Monteiro de Oliveira, 20

anos de idade, tem deficiência mental. Ele não lembra a série que cursou na EEJB, mas

diz que tinha uns 10 anos na época e hoje ele estuda na Escola Estadual Odilon José de

Oliveira. Começou-se perguntando das dificuldades encontradas, por ele, no início dos

seus estudos. Ele disse que foi mais complicado “com as disciplinas na sala porque era

difícil de aprender. E com os meninos que me batia e brigava comigo”. Quanto ao

enfrentamento de preconceito, nesse período, ele afirmou que “sim, um pouco dos

colegas. Porque eles me batiam, judiava de mim batendo com vara, chutava, dava murro

e eu contava pra tia e ela colocava os meninos de castigo”. Perguntou-se ainda sobre o

seu desenvolvimento nesse período que esteve na EEJB e ele disse que, “Foi bom, eu

aprendi ler, escrever e fazer as tarefas”. Para ele, “O, “teteio”, recreio era muito bom e

eu brincava muito”, sendo este momento o que mais lhe marcou na escola.

As próximas perguntas feitas ao Wellington foram respondidas pela mãe

dele a senhora C., devido ser estas de difícil compreensão para ele. Em relação aos

pontos positivos e negativos que viu nesse processo de inclusão, ela afirmou que foi

positivo os seguintes itens: “Melhorou o desenvolvimento; a mais atenção dos

professores; mais carinho e dedicação; a convivência com os outros ele melhorou

muito”. Para ela o fator negativo foi “os outros alunos judiar dele”.

Por último, ela falou sobre o que achava da proposta de inclusão e qual a

contribuição desse processo para a vida social do Wellington.

Ela veio para melhorar a qualidade de ensino oferecido, principalmente para

dar oportunidade para todos aprender, independente das diferenças. Então

considero muito boa essa proposta de inclusão, mas ainda tem que melhorar

um pouco. Contribuiu muito com o aprendizado dele. Em casa contribuiu

com o comportamento porque ele era muito nervoso, ele o mordia a se

mesmo e dava muito trabalho. Com a ajuda da psicóloga ele melhorou muito.

Com isso ele passou a conviver mais calmo com todo mundo.

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A quarta entrevista foi com o aluno Lindiorges Mendes Dourado, 19 anos de

idade, com deficiência física e déficit intelectual. Ele não lembra a série nem o ano que

estudou na escola. Hoje ele estuda no Colégio Ariston Gomes da Silva, cursando o 1º

ano do ensino médio. Ao ser indagado se havia encontrado dificuldades quanto

começou a estudar na EEJB, ele afirmou que, “no início encontrei um pouco

dificuldades nas disciplinas, mas depois melhorou”. Quanto ao preconceito, diferente do

que afirmaram os demais alunos entrevistados, ele disse, afirmou, “Não sofri

preconceito de ninguém”. Vivenciar a inclusão significou muito para o seu

desenvolvimento, pois, “Além do aprendizado, me deu oportunidade de fazer muitas

amizades, convivendo com todos independente de eu ser diferente e eles normais”. Para

ele, o que teve de mais marcante durante o processo de implantação da inclusão foram

“Os professores porque eles me ajudaram muito, eram carinhosos comigo e me

respeitava, marcou-me algumas amizades que fiz lá”.

Lindiorges, não viu nenhum ponto negativo na inclusão, apenas positivos,

sendo, “Novas amizades que me respeita; vínculo afetivo com os professores; a escola

boa para mim e meus colegas; conhecer a professora Wesilene e a atitude dos

professores resolverem os problemas era bom”.

Pela dificuldade de responder a questão seguinte, a resposta, sobre as

possíveis contribuições do processo de inclusão para vida social do Lindiorges, foi dada

pela mãe dele, a senhora V.. Para ela,

A inclusão abriu portas para todos conhecerem as diferenças e aprender a

conviver com ela. Foi muito boa essa proposta de inclusão. O meu filho

desenvolveu muito e torço para que a inclusão melhore cada dia mais.

Melhorou a socialização dele com as pessoas de fora da escola.

A quinta entrevista foi com a aluna Ana Cecillia Rosa de Souza, 17 anos de

idade, tem Síndrome de Down. Estudou na EEJB em 2000, fez o I jardim, ficou fora por

dois anos, depois voltou e ficou até 2010. Hoje estuda na escola Odilon José de

Oliveira. Quanto ao fato de ter enfrentado dificuldades quando foi para a escolar

regular, afirmou que, “Sim, não só eu mais todos, tanto alunos, pais e profissionais

encontraram muitas dificuldades”. Afirma que viveu preconceitos e que a vivência desse

processo significou, inicialmente, regressão no seu desenvolvimento, “pois vinha da

escola de Ensino Especial, que era uma escola pequena onde me sentia protegida, a

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mudança foi grande e isso trouxe transtornos, mais aos poucos fui me adaptando”.

Ressalta que “as amizades” foi o que mais marcou nesse processo de inclusão.

Considerando a complexidade das próximas perguntas, estas foram

respondidas pela mãe da aluna, a senhora N.. Para ela, o ponto positivo encontrado

nesse período de implantação da educação inclusiva, “foi à socialização dos alunos de

famílias que não proporcionavam essa possibilidade a eles”. Como ponto negativo

ressalta o fato da “inclusão começar antes da preparação de todos os profissionais da

educação, o que causou situações complicadas”. Para ela, a proposta da inclusão “é

linda, no entanto precisamos aprender e caminhar muito ainda, para que ela aconteça de

fato”.

Diferente do que afirmou todas as outras mães que ajudaram os filhos a

responder a entrevista, a de Ana Cecília, falou das poucas contribuições que o processo

teve para o desenvolvimento da filha.

Eu me decepcionei com a saída da minha filha do Ensino Especial. Pois a

Escola Estadual Joaquim Berto, não estava preparada para receber os alunos.

Houve uma regressão no desenvolvimento dela, porque na verdade não se

adaptou facilmente a escola. A comunidade escolar não estava preparada para

essa inclusão, o processo foi rápido, poderia ser mais devagar para que se

preparassem melhor para o recebimento dos alunos. A minha filha tinha

rejeição com a professora de apoio, porque ela não aceitava que a professora

a observasse. Os professores não tinham preconceito, mas tinham

dificuldades ao tratá-la porque ela tem psoríase. Quando os alunos saíram do

Ensino Especial a professora deles acompanhou-os por seis meses para que

pudessem acostumar em uma nova escola. E isso nos deixou mais tranquilos.

Mas mesmo assim foi uma adaptação difícil para todos.

A sexta e última entrevista foi feita com a aluna Kérolla Aline Silva, 20 anos

de idade, tem deficiência auditiva. Ela não lembra o ano que estudou na escola, mas

acha que tinha uns cinco anos. Ela é a primeira surda a estudar na Unidade Universitária

da UEG de Iporá-GO, e faz questão de lembrar que fez provas para ingressar na

universidade. Hoje esta cursando o segundo ano do curso de Letras e conta “com apoio

de um intérprete para melhor desenvolvimento meu”. Ressalta que “é também a

primeira surda a ser aprovada na prova do Centro de Apoio às Pessoas com Surdez

(CAS)”.

Ao ser indagada sobre as dificuldade iniciais, ela afirma que, “No começo

tive dificuldades por falta de professor de Libras porque era muito oralismo, depois é

Page 52: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

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que chegou a Libras, facilitando a comunicação com os colegas e professores”. Quanto

ao preconceito disse que “era muito criticada por meu pé ter deficiência e os colegas

criticava as minhas notas baixas”. Sobre o significado do processo de inclusão para seu

desenvolvimento, ela diz que, “Significou muito para mim porque com a inclusão veio

os intérpretes, que ensinava a nós a comunicarmos com todos”. Para ela, o que mais a

marcou durante esse período na EEJB, foi “Ficar junto com os amigos, hoje sinto falta”.

Quanto aos pontos positivos e negativos que ela viu na educação inclusiva

ressalta que, “A preocupação dos professores aprenderem para depois ensinar; mais

respeito com o surdo; a comunicação em Libras; a alegria de conviver com amigos”, foi

muito positivo. No entanto, acredita que “as leis são poucas, tem que ter mais leis que

ampare a inclusão”, sendo este, o único ponto negativo. Em se tratado de sua opinião

sobre a proposta de inclusão e da contribuição desta para sua vida social, ela respondeu

que,

Ela é muito bonita, mas os governantes têm que dar suporte para que as leis

saiam do papel. Porque não basta sermos inclusos só na escola mas também

na sociedade. A inclusão não é 100%, nos sentimos desamparados pelas leis.

A gente vai a uma loja não tem nenhum interprete para entender o que

queremos. As pessoas da sociedade ainda zombam de nós os surdos. Quando

era pequena não entendia muito que era inclusão, com o tempo comecei a

entender. Mas esse processo contribui muito com que sou hoje. Ainda bem

que com a inclusão o numero de interprete cresce a cada dia.

Com as entrevistas realizadas com os alunos que vivenciaram o processo de

inclusão, pôde-se constatar a importância do mesmo para a vida de cada um. Pois, foi

com a implantação da inclusão na Escola Estadual Joaquim Berto que os alunos

puderam estudar em salas regulares, convivendo com todos. Ao longo das entrevistas

percebia-se no olhar e no jeito de falar, a emoção de se lembrar de momentos tão

importantes para eles e suas famílias, mesmo com tantos problemas e dificuldades que

tiveram. É importante destacar que todos os alunos entrevistados continuam estudando.

Após as entrevistas foi possível constatar que o processo de inclusão foi de

suma importância para a comunidade escolar, pois no contato direto com pessoas que

vivenciaram o mesmo, viu-se que possuem olhares diferentes para a diversidade, mais

socializadas e que continuam acreditando em uma educação para todos. E por acreditar

nessa educação, os profissionais entrevistados continuam trabalhando com a educação

inclusiva, os alunos continuam seus estudos e, tudo isso se deve a implantação da

inclusão na EEJB como referência na cidade de Iporá que, apesar de tantos problemas,

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conseguiu superá-los e consolidar a inclusão. Notou-se nas entrevistas, o orgulho e o

prazer das pessoas em terem tido a oportunidade de viver essa experiência na escola

EEJB, pois todos falaram com muito carinho dos momentos de angústias, ansiedades e

felicidades vividos ali. Foi gratificante para a pesquisa todos os momentos que as

pessoas puderam compartilhar, um pouco da história deles vivenciadas na escola em

estudo.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao decorrer da pesquisa realizada sobre o processo de implantação da

educação inclusiva na Escola Estadual Joaquim Berto no período de 1999 a 2002, foi

possível perceber as dificuldades que a comunidade escolar encontrou para que de fato a

inclusão se consolidasse.

Observou-se também o grande número de pessoas engajadas nessa proposta

inclusiva, cada um com sua contribuição. Foi uma tarefa difícil, inovadora e

principalmente desafiadora. No entanto, foi realizada com empenho e dedicação de

quem acreditou na viabilidade, na importância e na contribuição que a proposta traria

para a vida das pessoas, tanto aquelas com deficiências, quanto as “ditas normais”, pois,

todos tiveram a oportunidade de conviver com as diferenças. Uns quiseram essa

experiência, outros não e acabaram mudando de escola.

Barreiras foram quebradas, e o preconceito no decorrer do processo foi

amenizado, porque o medo de lidar com pessoas com deficiência ficou claro no decorrer

da pesquisa, onde percebemos a rotatividade no quadro de professores e a diminuição

dos números de alunos matriculados.

Hoje, mediante informações obtidas na secretaria da escola, a situação é

bem diferente. Após 11 anos de inclusão, mesmo ela tendo sido implantada em outras

UE, a Escola Estadual Joaquim Berto, continua sendo referência na educação inclusiva

para a sociedade iporaense e região.

Nota-se que o trabalho de formação dos profissionais, fez com que a escola

conseguisse credibilidade junto aos pais, alunos e a sociedade. Isso fica claro devido à

grande procura por matrículas na escola, onde as vagas disponibilizadas são todas

preenchidas, e ainda ficam pessoas sem ser atendidas.

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A realização desse trabalho foi desafiadora, mas muito gratificante, pois ela

oportunizou conhecimentos. Não foi uma tarefa fácil, mas foi possível contar com a

colaboração de várias pessoas no sentido de oferecer o máximo de informações

necessárias para a conclusão deste. Pessoas essas que demonstraram no olhar e ao falar

o carinho que teve e tem com a escola. Ficou evidente o entusiasmo de todos ao

discorrer sobre algo que foi tão importante para suas vidas.

A execução desse trabalho possibilitou grandes aprendizagens, pois houve a

possibilidade de se conhecer pessoas e obras de autores que falam da inclusão. Teve-se

acesso a materiais ricos em conteúdo para que se pudesse chegar ao objetivo proposto,

que foi registrar esse processo de implantação e saber o que a vivência do mesmo

significou na vida da comunidade escolar. Foram vários dias de estudos, ansiedades e

dedicações para que a pesquisa fosse concluída. Foi um trabalho extenso, porém, muito

gratificante.

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55

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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______. Decreto Nº 6.094, de 24 de abril de 2007. Dispõe sobre a implementação do

Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, pela União Federal, em regime de

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56

colaboração com Municípios, Distrito Federal e Estados, e a participação das famílias e

da comunidade, mediante programas e ações de assistência técnica e financeira, visando

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República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 2007.

_______. Decreto Nº 6.571, de 17 de setembro de 2008. Dispõe sobre o atendimento

educacional especializado, regulamenta o parágrafo único do art. 60 da Lei nº 9.394, de

20 de dezembro de 1996, e acrescenta dispositivo ao Decreto nº 6.253, de 13 de

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2008.

CARVALHO, Rosita Edler. Educação Inclusiva: com pingos nos “is”. Porto Alegre:

Mediação, 2005. 3ª Ed.

GOIÁS/SEE/CEE. Programa Estadual de Educação para a Diversidade numa

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______________. Programa Estadual de Educação para a Diversidade numa

Perspectiva Inclusiva-educação inclusiva: garantia de respeito á diferença, 1999.

______________. Diretrizes e Fundamentos para a Atuação da Equipe Estadual de

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57

prorrogada pela Portaria nº 948, de 09 de outubro de 2007. Disponível em

http://peei.mec.gov.br/arquivos/política_nacional_educação_especial.pdf.

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SASSAKI, Romeu Kasumi. Inclusão: Construindo uma sociedade para todos. Rio

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ANEXO - 1

CARTA DE CONSENTIMENTO DA ESCOLA ESTADUAL

JOAQUIM BERTO PARA O DESENVOLVIMENTO DA

PESQUISA

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ANEXO - 2

CARTA DE CONSENTIMENTO DOS PROFESSORES

ENTREVISTADOS PARA USO DAS RESPOSTAS DADAS

POR ELES NO TRABALHO DE PESQUISA

MONOGRÁFICO

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ANEXO - 3

ENTREVISTAS COM PROFESSORES QUE

VIVENCIARAM O PROCESSO DE INCLUSÃO NA

ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO NO PERÍODO

DE 1999-2002

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ENTREVISTAS COM PROFESSORES QUE VIVENCIARAM O PROCESSO

DE INCLUSÃO NA ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO NO PERÍODO

DE 1999-2002

Entrevistada: Profa. Creusa Alves da Cruz (Coordenadora Pedagógica e Diretora da

escola, na época)

Iporá, 18/10/2011.

01-Qual o período que você trabalhou na Escola Estadual Joaquim Berto e em que

fases do processo de inclusão participou?

R: Trabalhei nos anos de 1999 a julho de 2007, portanto participei de todas as fases.

02-Como aconteceu á sensibilização da comunidade escolar?

R: Foram através de cursos de formação, encontros e palestras.

03-Que adaptações foram feitas na escola para receber os alunos com deficiência?

R: Inicialmente foi feita a adaptação arquitetônicas com rampas e banheiros, adaptações

atitudinal.

04-Como ocorria à formação de professores e profissionais da UE e quais cursos se

realizava?

R: Inicialmente foi através de grupos de estudos semanais oferecidos pela SRE e pela

SUEE.

05-Em que essa formação contribuiu para os profissionais na época?

R: Essa formação foi de fundamental importância, pois refletimos e refazemos nossas

praticas pedagógicas, o fazer pedagógico de todos da unidade escolar desde o auxiliar

de serviços gerais ao diretor porque todos tinham que saber a lidar com todos os alunos

havendo mudanças físicas e humanas.

06-Como foi à formação dos profissionais da SRE?

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R: Foi através de cursos realizados em Caldas Novas e Goiânia oferecido pela SUEE.

07-Houve problemas de aceitação por parte de pais, alunos e profissionais em

relação à chegada dos alunos com deficiência?

R: Sim, houve pais que não aceitaram os alunos com deficiência. As outras escolas não

queriam receber esses alunos e mandava-os para a nossa unidade escolar alegando que a

escola procurada não estava preparada para receber tais alunos. Mas na verdade nessa

época ninguém tinha preparação, estávamos em andamento a caminho da inclusão então

houve problemas os segmentos da unidade escolar.

08-O que a vivência desse processo significou para você?

R: Foi fundamental na minha vida, tanto pessoal quanto profissional. Foi a partir daí

que percebi que precisava estudar mais e buscar novos conhecimentos para aprimorar.

Passei a ter uma nova visão em relação à condição do aluno, as potencialidades e

dificuldades, não só do aluno com deficiência como dos demais alunos. Trabalhando na

escola inclusiva adquiri uma nova visão da prática pedagógica, antes eu achava que ser

professor era passar conteúdos para os alunos. Mas com o processo da inclusão aprendi

que ser professor é aprender, ensinar, aprender, participar.

09-Como aconteceu á sensibilização da comunidade escolar?

R: Uma ligação de amor e carinho, onde foi lá que vive os melhores anos meus como

profissional.

10-O que esse processo de inclusão significou na vida da comunidade escolar

envolvida nele, abordando os pontos positivos e negativos?

R: Acreditávamos que esse era mais um programa de governo, algo passageiro. No

primeiro momento não tínhamos noção da dimensão de todo o processo, toda a estrutura

proveniente da luta de longos e longos anos, depois vimos que já havia toda uma

legislação que amparava as pessoas que ali chegavam. Para a comunidade o processo

de inclusão trouxe benefícios como um todo, pois a inclusão oportunizou um novo

olhar, dando um novo significado para a vida das pessoas.

Pontos positivos:

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* Oportunidade das pessoas com deficiência expandir suas potencialidades;

* Entender as inteligências múltiplas;

* Visão de ter que aprender mais;

* Formação continuada;

* A oportunidade das crianças e adultos conviverem com a diferença;

* A reformulação da estrutura da escola;

* Recebimento do laboratório de informática (mesmo que anos depois);

* A reforma do prédio que veio através da luta de diretores da unidade escolar ao

decorrer dos anos;

Ponto negativo:

* Ponto negativo: a estrutura física e os recursos financeiros que não tínhamos, recursos

esses que não eram só para a implantação da inclusão.

11-Como esta a inclusão hoje em Goiás e como o governo lida com ela?

R: Houve uma mudança em relação à estrutura pensada inicialmente, mas se deu com o

próprio desenvolvimento da inclusão. Essa reestruturação é montada em cima de tudo

que foi feito até hoje com o trabalho na inclusão. As mudanças para mim são naturais

sendo elas positivas ou negativas depende do ponto de vista de cada um.

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ENTREVISTAS COM PROFESSORES QUE VIVENCIARAM O PROCESSO

DE INCLUSÃO NA ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO NO PERÍODO

DE 1999-2002

Entrevistada: Profa. Maria Dias Xavier (Atuou, na época, como...da Escola Estadual

Joaquim Berto)

Iporá, 18/10/2011.

01-Qual o período que você trabalhou na Escola Estadual Joaquim Berto e em que

fases do processo de inclusão participou?

R: Iniciei meu trabalho com a inclusão em 2000 e até hoje continuo trabalhando na

escola Joaquim Berto. Assim participei de todas as etapas da inclusão.

02-Como aconteceu à sensibilização da comunidade escolar?

R: A sensibilização aconteceu basicamente com dois projetos: Grupos de Pais para

sensibilizar pais sobre a proposta e Grupo de Estudos para a formação dos profissionais.

Ambos sustentam até hoje a proposta da escola.

03-Que adaptações foram feitas na escola para receber os alunos com deficiência?

R: Adaptações arquitetônicas: construção de rampas, alargamento das portas;

adaptações curriculares com plano individualizado e proposta de avaliação para a

diversidade.

04-Como ocorria à formação de professores e profissionais da Escola Estadual

Joaquim Berto e quais cursos se realizava?

R: A formação ocorria além do grupo de estudos; os cursos de formação oferecidos pela

SRE: libras, Braile e Soroban, déficit intelectual entre outros temas.

05-Em que essa formação contribuiu para os profissionais na época?

R: Contribuiu para melhorar a prática na sala de aula de uma forma geral e também lidar

com deficiências.

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06-Como foi à formação dos profissionais da SRE?

R: Eu não sei responder, já que não fazia parte desse setor.

07-Houve problemas de aceitação por parte de pais, alunos e profissionais em

relação à chegada dos alunos com deficiência?

Sim houve uma grande resistência, os pais dos alunos “ditos normais”, transferiram seus

filhos para outra escola e muitos professores efetivos pediram remoção para outra

unidade escolar.

08-O que a vivência desse processo significou para você?

Significou muito para a vida profissional e pessoal, construí uma prática pedagógica

voltada para o princípio da proposta inclusiva e me proporcionou grandes

conhecimentos teóricos e práticos na área educacional, enfim foi onde construí minha

identidade profissional.

09-Que ligação você tem com a UE hoje?

R: Continuo trabalhando na escola e hoje estou na direção da escola.

10-O que esse processo de inclusão significou na vida da comunidade escolar

envolvida nele, abordando os pontos positivos e negativos?

R: Significou uma transformação em toda a comunidade escolar, veja o porquê nos

pontos positivos:

*Tornou-se uma escola com uma proposta pedagógica sólida;

*Professores mais comprometidos;

*A volta da credibilidade como escola;

*A aprendizagem de que as crianças com deficiência nos ensinam e nos ensinam a ser

mais humanos;

*Crianças mais fraternas e solidarias, e que não atrapalham como se pensava.

Page 73: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

72

11-Como esta a inclusão hoje em Goiás e como o governo lida com ela?

R: Estou um pouco decepcionada, depois de 11 anos com a consolidação do processo,

considero que houve uma ruptura com as diretrizes estabelecidas para o II semestre de

2011. Creio que ocorreu um retrocesso no que se refere a proposta da atuação e

modulação do professor de apoio a inclusão itinerante, já que não atende as

necessidades reais da criança.

Page 74: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

73

ENTREVISTAS COM PROFESSORES QUE VIVENCIARAM O PROCESSO

DE INCLUSÃO NA ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO NO PERÍODO

DE 1999-2002

Entrevistada: Profa. Mariza Xavier Coutinho (Intérprete de Libras da escola na época e

atual intérprete do REAI E da Subsecretaria Regional de Educação de Iporá)

Data de realização: 29/0 9/2011.

01-Qual o período que você trabalhou na Escola Estadual Joaquim Berto e em que

fases do processo de inclusão participou?

R: Em 1998, 1999 e início de 2000, trabalhei na fase de sensibilização e início da

implantação.

02-Como aconteceu á sensibilização da comunidade escolar?

R: Através de grupos de estudos com pais e grupo de professores da UE e por meio de

palestra coordenada pela multiplicadora Ana Maria Honorato.

03-Que adaptações foram feitas na escola para receber os alunos com deficiência?

R: Foram feitas mudanças arquitetônicas, como rampas e adequação dos sanitários e

mudanças atitudinal como atitude de conduta em relação à aceitação de pais, alunos e

profissionais. Sendo essa mudança a mais difícil de ocorrer.

04-Como ocorria a formação de professores e profissionais da Escola Estadual

Joaquim Berto e quais cursos se realizava?

R: Receberam formação da SUEE que atualmente é a Gerência de Ensino Especial, os

quais eram realizados nas cidades de Goiânia e Caldas Novas. Nesses encontros

participava um representante de cada escola da jurisdição da SRE_Iporá. Os cursos

oferecidos eram: libras e braile na educação inclusiva em geral, deficiência intelectual,

surdez e cegueira.

05-Em que essa formação contribuiu para os profissionais na época?

Page 75: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

74

R: Contribuiu muito para os profissionais, tanto no requisito teórico como pratico da

inclusão. Sendo uma base como sustentação para o trabalho, pois foi através dessa

formação que nos tornou hoje referência na educação inclusiva.

06-Como foi à formação dos profissionais da SRE?

R: A formação aconteceu via SUEE que fornecia cursos e também cursos na própria

SRE. Porém o grande incentivo de estudos era in locu, dentro da Escola Estadual

Joaquim Berto, e foram esses feitos na Unidade Escolar que deram muita sustentação e

credibilidade.

07-Houve problemas de aceitação por parte de pais, alunos e profissionais em

relação a chegada dos alunos com deficiência?

R: A maioria dos pais não aceitou essa inclusão, porém a escola sempre fazia reuniões

para sensibilizar. Parte dos professores pediu transferência, pois não abraçou a causa.

Com os alunos não houve tanta resistência como a dos adultos.

08-O que a vivência desse processo significou para você?

R: Crescimento pessoal, profissional, aceitação e um crescimento humano, pois aprendi

muito com os alunos.

09-Que ligação você tem com a UE hoje?

R: Sempre tenho contato na forma de capacitação e visita in locu, orientação quanto a

proposta da educação inclusiva e principalmente como professor do Atendimento

Educacional Especializado (AEE).

10-O que esse processo de inclusão significou na vida da comunidade escolar

envolvida nele, abordando os pontos positivos e negativos?

R: Para a comunidade significou crescimento, tanto para os alunos e pais como para os

professores que aprenderam a viver com as diferenças respeitando as mesmas.

Pontos positivos:

*Valorização do outro;

*Respeito à diversidade;

Page 76: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

75

*Oportunidade para todos;

*Uma socialização que perpassa os muros da escola;

*Conhecimento das diferenças, ou das necessidades educacionais especiais.

Ponto negativo:

*Poucos recursos disponibilizados para dar mais condições ao processo de inclusão.

11-Como esta a inclusão hoje em Goiás e como o governo lida com ela?

R: Tá passando por um momento de reestruturação, tentando se adequar a proposta do

MEC.

Page 77: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

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ENTREVISTAS COM PROFESSORES QUE VIVENCIARAM O PROCESSO

DE INCLUSÃO NA ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO NO PERÍODO

DE 1999-2002

Entrevistada: Profa. Selma Regina Gomes (Atuou, na época, como Pedagoga da

Escola Estadual Joaquim Berto e do Setor de Apoio da Subsecretaria Regional de

Educação de Iporá)

Data de realização: 11/10/2011.

01-Qual o período que você trabalhou na Escola Estadual Joaquim Berto e em que

fases do processo de inclusão participou?

R: O início do meu trabalho nesta unidade escolar foi em agosto de 1999, período que

coincidiu com a minha efetivação como funcionária concursada da Secretaria de

Educação do Estado de Goiás. Recém concursada, fui modulada nesta escola, não por

opção, mas por indicação de uma funcionária do RH da Subsecretaria Regional de

Iporá. Então, peguei o processo de implantação do projeto de inclusão escolar já em

andamento. Participei, a partir do primeiro mês deste ano, agora sim, por opção e por

acreditar nas idéias que definiam a essência deste projeto, das etapas de sensibilização,

implementação, expansão e consolidação.

02-Como aconteceu á sensibilização da comunidade escolar?

R: A sensibilização aconteceu através de uma estratégia coletiva em que a equipe

escolar e equipe do Setor de Apoio à Inclusão se empenhou no sentido de levar à

comunidade em geral os princípios da inclusão utilizando como recurso: palestras,

minicursos, grupos de estudos, oficinas direcionadas para professores e coordenadores

das escolas e comunidade,confecção de camisetas e cartazes sobre a inclusão, etc.

03-Que adaptações foram feitas na escola para receber os alunos com deficiência?

R: As adaptações previstas para receber os alunos com deficiência se não me falha a

memória foram:

a) de caráter atitudinal: dentre outras, estas adaptações previam uma mudança

nos valores, nas condutas com relação à crianças com deficiência e sua participação

como aluno na rede regular de ensino

Page 78: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

77

b) arquitetônico: são as mudanças previstas para melhoria da acessibilidade dos

alunos com deficiência, que previam adaptações na estrutura física das escolas. É

preciso dizer que estas adaptações nunca foram feitas a contento.

c) pedagógico: foram as adaptações na estrutura pedagógica da escola, que

envolviam: PPP, programa de ensino, estratégias de ensino, avaliação da aprendizagem,

etc.

04-Como ocorria a formação de professores e profissionais da Escola Estadual

Joaquim Berto e quais cursos se realizava?

R: A formação dos professores era realizada através de oficinas e cursos de curta e

média duração. No início, uma equipe do Setor de Apoio à Inclusão, ia para encontros

de 40h oferecidos pela Secretaria de Educação do Estado de Goiás(SEE), através da

Superintendência de Ensino Especial, quando formação em várias áreas: Braille, Libras,

Deficiência Mental, Currículo e avaliação, Adaptações curriculares, Estratégias de

Ensino, etc.

05-Em que essa formação contribuiu para os profissionais na época?

R: Essa formação foi muito importante para o processo de implantação do projeto de

Inclusão Escolar, pois foi através dela que muitos profissionais modificaram sua visão

sobre o trabalho com crianças com necessidades educacionais especiais, fortaleceu a

prática pedagógica da escola e ajudou no processo de sensibilização da família sobre a

capacidade da escola em lidar com seus filhos. Entretanto, pode-se dizer que se tem

muito a ser feito para melhorar esta prática pedagógica.

06-Como foi à formação dos profissionais da SRE?

R: Como já disse alguns profissionais iam para encontros promovidos pela SEE sob a

responsabilidade da Superintendência de Ensino Especial, que geralmente aconteciam

em hotéis da cidade de Rio Quente, Caldas Novas, Quirinópolis. A equipe ficava

hospedada por uma semana nestes hotéis e participavam de palestras, minicursos,

oficinas com temas sobre inclusão escolar.

07-Houve problemas de aceitação por parte de pais, alunos e profissionais em

relação a chegada dos alunos com deficiência?

R: Sim, houve problemas de aceitação de todos os segmentos da escola.

08-O que a vivência desse processo significou para você?

Page 79: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

78

R: O significado dessa experiência particular, me trouxe conhecimentos que me

acompanham em minha vida profissional e pessoal. Eu pude também com o passar dos

anos desenvolver uma visão crítica deste processo. Hoje eu teria uma postura diferente

da que tive no início do meu trabalho com a inclusão. Tenho questionamentos sérios

com relação à participação do Estado neste projeto e mantenho comigo dúvidas se o

processo não está agravando a situação de crianças que apenas têm dificuldades de

adaptação à dinâmica da escola e são consideradas “inclusas” por sua situação de

dificuldade. Sei que muitos ganharam com este processo, entretanto considero que el

precisa ser repensado e levado mais a sério pelo Estado.

09-Que ligação você tem com a UE hoje?

R: Hoje minha ligação com esta UE é só de respeito pelos profissionais que lá atuam e

penso que também pela minha trajetória neste processo, eu também sou respeitada como

profissional pela equipe da escola. Tenho sempre a disponibilidade para ajudar no que

for preciso e estiver a meu alcance.

10-O que esse processo de inclusão significou na vida da comunidade escolar

envolvida nele, abordando os pontos positivos e negativos?

R: O processo de implantação da Inclusão Escolar foi impactante para todos os

profissionais envolvidos, mas todos nós de uma maneira ou de outra, crescemos com

ele. Elencando aspectos positivos e negativos deste processo eu coloco da seguinte

maneira.

Positivos

*1. Apoio especializado para atendimento ao aluno com NEE;

*2. Perseverança de muitos profissionais que participaram do início de implantação do

processo e continuam acreditando até hoje;

*3. Os benefícios da inclusão são visíveis na capacidade de comunicação e na

sociabilidade desenvolvida pelos alunos de modo geral;

*4. Valorização da diversidade da condição de ser humano;

*5. As relações interpessoais e os laços de afetividade, amizade entre os alunos com

deficiência, os sem deficiência, os professores e comunidade escolar em geral se alargou

em consequência deste projeto;

*6. Entre outros.

Page 80: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

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Negativos

*1. Dificuldade na aprendizagem do conteúdo curricular;

*2. As maiores conquistas estão relacionadas ao aspecto socializador da escola;

*3. O aspecto burocrático imposto pela SEE;

*4. A equipe escolar ainda continua querendo transformar o aluno com deficiência em

um aluno normal.

*5. Entre outros.

11-Como esta a inclusão hoje em Goiás e como o governo lida com ela?

R: Como estou acompanhando o processo do lado de fora atualmente, percebo falhas

graves com relação à participação do governo neste processo. Percebo que avançamos

muito no que diz respeito ao acesso à escola, à socialização dos alunos com deficiência,

mas ainda estamos pecando em relação à prática pedagógica da escola, sua estrutura

curricular e metodologias. Os avanços ficaram muito no aspecto prático enquanto o

aspecto pedagógico, principalmente no que diz respeito ao desempenho do aluno nas

atividades acadêmicas, ainda deixa a desejar.

Page 81: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

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ENTREVISTAS COM PROFESSORES QUE VIVENCIARAM O PROCESSO

DE INCLUSÃO NA ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO NO PERÍODO

DE 2000-2002

Entrevistada: Profa. Wesilene Ferreira L. Siqueira (Diretora da escola, na época, e

atual coordenadora da REAI)

Data de realização: 23/0 9/2011.

01-Qual o período que você trabalhou na Escola Estadual Joaquim Berto e em que

fases do processo de inclusão participou?

R: Em 1996 como professora, em 1999 na coordenação e nesse mesmo ano nomeada

diretora da UE, trabalhou na fase de implantação.

02-Como aconteceu á sensibilização da comunidade escolar?

R: Por meio de ciclos de estudo dos profissionais da UE, com as famílias e com a

participação da mídia como a rádio local.

03-Que adaptações foram feitas na escola para receber os alunos com deficiência?

R: Foram feitas rampas e banheiros adaptados.

04-Como ocorria à formação de professores e profissionais da Escola Estadual

Joaquim Berto e quais cursos se realizava?

R: Por meio de grupos de estudos coordenados pelas multiprofissionais da época da

REAI com Ana Maria Honorato. Os estudos eram direcionados para os tipos de

deficiência que estavam sendo matriculados na época como: adaptações curriculares

para trabalhar com o surdo, com o cego, com deficiente intelectual e transtornos em

geral. Geralmente ocorria no período vespertino das 16:00 às 20:00 horas na própria

UE, com a participação de professores e alguns pais de alunos.

05-Em que essa formação contribuiu para os profissionais na época?

Page 82: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

81

R: Para a própria implantação uma vez que os profissionais não tinham conhecimento

no trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais, sendo que na época as

universidades não se preocupavam em capacitar os professores nessa área.

06-Como foi a formação dos profissionais da SRE?

R: A formação acontecia em rede, em Goiânia na Secretaria de Estado, coordenado pela

SUEE, onde os cursos ocorria com a participação de mais ou menos 10 pessoas por

regionais em cursos de 40, 80 e 120 horas, que posteriormente eram repassados aos

profissionais das UE.

07-Houve problemas de aceitação por parte de pais, alunos e profissionais em

relação à chegada dos alunos com deficiência?

R: Sim, no início tivemos muitas dificuldades em sensibilizar os pais dos alunos “ditos

normais”, uma vez que os mesmos por falta de conhecimento achavam que a presença

de um aluno com NEE iria atrapalhar o rendimento de seus filhos. No primeiro ano de

implantação do processo de inclusão na Escola de Referência de Iporá Joaquim Berto,

houve uma diminuição considerável dos alunos devido à chegada dos alunos com

deficiência. Esse processo foi mudando aos poucos, com muita sensibilização, reuniões

com pais e muito estudo.

08-O que a vivência desse processo significou para você?

R: Um crescimento incalculável, tanto na minha vida profissional, quanto pessoal. Hoje

com 12 anos vivenciando esse processo de inclusão, tanto na escola como na sociedade

percebo que as mudanças como respeito às diferenças, o direito de todos pertencerem

com dignidade à sociedade a qual vive já foi muito grande. Muito ainda precisa

acontecer, para que possamos dizer que temos uma “escola inclusiva”, porém acredito

que com muita ousadia e vontade estamos os primeiros passos para o trabalho com a

diversidade em nosso estado.

09-Que ligação você tem com a UE hoje?

R: De coordenar o trabalho da rede de apoio a inclusão, tanto da escola como da

regional. Pois o meu cargo hoje é de Representante do Ensino Especial na SRE-Iporá.

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10-O que esse processo de inclusão significou na vida da comunidade escolar

envolvida nele, abordando os pontos positivos e negativos?

R: Acredito de maneira geral um crescimento no sentido de respeitar as diferenças,

valorizar e perceber que a diversidade pode enriquecer as pessoas, tanto na vida pessoal

quanto na convivência coletiva. Acredito que todos os nossos alunos, pais e

profissionais que vivenciaram a implantação do PEEDI, hoje são pessoas menos

excludentes e mais tolerantes com as diferenças em nossa comunidade. Os pontos

positivos são:

*Maior integração entre os alunos;

*Respeito às diferenças;

*Aceitação das famílias;

*Conhecimento sobre as varias deficiências;

*Capacitação continuada tanto na escola como na SRE;

*Profissionais melhores preparados e o hábito de estudos.

O ponto negativo:

*Depois de 12 anos de implantação ainda existem profissionais que resistem ao

processo, não aceitando mudar metodologias e atitudes em relação à diversidade na

escola.

11-Como esta a inclusão hoje em Goiás e como o governo lida com ela?

R: A inclusão hoje já é um processo consolidado com a legislação que dar todo amparo

legal para o processo como: as resoluções 02/2001 que é do Conselho Nacional de

Educação, a 07/2006 Conselho Estadual de Educação, a resolução 6.571/2008 e a

04/2009 e outras especificas nas diversas áreas da deficiência. Atualmente em um

processo de reestruturação, a sede de apoio esta passando por mudanças, no sentido de

diminuir o numero de professores de apoio por sala que atendia diretamente as

deficiências. Os recursos ainda não são adequados para a manutenção de um processo

como o da inclusão, sendo que requerem tanto metodologias diversificadas, recursos

pedagógicos diversos, melhor estruturação da parte física, maiores investimentos em

Page 84: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

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capacitações no sentido de preparar melhor os profissionais para lidarem com a

diversidade em sala de aula. Temos também a participação direta do MEC com a

implantação dos recursos. Porém ainda não temos nenhuma sala completamente

equipada e a demora faz com que o trabalho não seja totalmente adequado para o

processo de aprendizagem dos alunos com necessidades Educacionais Especiais. Em

comparação com países como Canadá, França que tem uma estrutura totalmente

adequada para atender as deficiências e de maneira geral, a educação realmente é

prioridade, ainda estamos em passos lentos na direção da qualidade da educação no

Brasil, uma vez que faltam recursos e investimentos reais nas unidades escolares.

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ANEXO - 4

CARTA DE CONSENTIMENTO DOS ALUNOS

ENTREVISTADOS PARA USO DAS RESPOSTAS DADAS

POR ELES NO TRABALHO DE PESQUISA

MONOGRÁFICO

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ANEXO - 5

ENTREVISTAS COM ALUNOS QUE VIVENCIARAM O

PROCESSO DE INCLUSÃO NA ESCOLA ESTADUAL

JOAQUIM BERTO NO PERÍODO DE 1999-2002

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ENTREVISTAS COM ALUNOS QUE VIVENCIARAM O PROCESSO DE

INCLUSÃO

Nome: Ana Cecillia Rosa de Souza.

Tipo de deficiência: Síndrome de Down.

Idade 17 anos.

Iporá, 18/10/2011.

01-Em que ano você estudou na Escola Estadual Joaquim Berto e qual era a sua

idade na época?

R: No primeiro ano de inclusão da escola fazia o I jardim, fiquei fora dois anos da

escola, voltei e fiquei até 2010.

02-Você encontrou dificuldades no início?

R: Sim, não só eu mais todos, tanto alunos, pais e profissionais encontraram muitas

dificuldades.

03-A escola fez alguma adaptação para receber vocês alunos?

R: Sim, rampas.

04-Você sentiu preconceito por parte dos colegas, pais e professores?

R: Sim.

05-O que a vivencia desse processo significou para o seu desenvolvimento?

R: A princípio regredi, pois vinha da escola de Ensino Especial, que era uma escola

pequena onde me sentia protegida, a mudança foi grande e isso trouxe transtornos, mais

aos poucos fui me adaptando.

06-O que mais te marcou nesse tempo na escola?

R: As amizades.

07-Quais os pontos positivos e negativos que você viu nesse processo de inclusão?

R: Pontos positivos: foi à socialização dos alunos de famílias que não proporcionavam

essa possibilidade a eles. (Resposta dada pela mãe, a senhora N.)

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Ponto negativo: foi à inclusão começar antes da preparação de todos os profissionais da

educação, o que causou situações complicadas. (Resposta dada pela mãe, a senhora N.)

08-O que você acha da proposta de inclusão?

R: A proposta é linda, no entanto, precisamos aprender e caminhar muito ainda, para

que ela aconteça de fato. (Resposta dada pela mãe, a senhora N.)

09-Qual a contribuição do processo na sua vida social?

R: Veio complementar o que minha família já fazia. (Resposta dada pela entrevistada)

R: Eu me decepcionei com a saída da minha filha do Ensino Especial. Pois a Escola

Estadual Joaquim Berto, não estava preparada para receber os alunos. Houve uma

regressão no desenvolvimento dela, porque na verdade não se adaptou facilmente a

escola. A comunidade escolar não estava preparada para essa inclusão, o processo foi

rápido, poderia ser mais devagar para que se preparassem melhor para o recebimento

dos alunos. A minha filha tinha rejeição com a professora de apoio, porque ela não

aceitava que a professora a observasse. Os professores não tinham preconceito, mas

tinham dificuldades ao tratá-la porque ela tem psoríase. Quando os alunos saíram do

Ensino Especial a professora deles acompanhou-os por seis meses para que pudessem

acostumar em uma nova escola. E isso nos deixou mais tranquilos. Mas mesmo assim

foi uma adaptação difícil para todos. (Resposta dada pela mãe, a senhora N.)

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ENTREVISTAS COM ALUNOS QUE VIVENCIARAM O PROCESSO DE

INCLUSÃO

Nome: Kênia Silva Maluf Franco.

Tipo de deficiência: mental.

Idade: 25 anos

Iporá, 15/10/2011.

01-Em que ano você estudou na escola Joaquim Berto e qual era a sua idade na

época?

R: Estudei a 4ª serie no ano de 2002 eu tinha 16 anos.

02-Você encontrou dificuldades no início?

R: Sim, dificuldade nas disciplinas, eu precisava muito dos professores de apoio para

me ajudar. O professor Wagner era o titular e a professora Alvina era interprete. E eu

tinha uma boa relação com eles. A Alvina me ajudou muito.

03-A escola fez alguma adaptação para receber vocês alunos?

R: Fizeram rampas para os alunos cadeirante.

04-Você sentiu preconceito por parte dos colegas, pais e professores?

R: Por parte de professores e pais não, mas sim de uma colega a D. ,que não quis

realizar uma atividade comigo porque ela tinha preconceito comigo.

05-O que a vivencia desse processo significou para o seu desenvolvimento?

R: O processo foi muito bom, a meu ver esta melhorando a cada ano. Contribuiu para o

meu desenvolvimento, tanto que eu ajudava os meus colegas que tinha dificuldades.

06-O que mais te marcou esse tempo na escola?

R: Eu gostava muito do momento de louvor, onde fazíamos orações para iniciar as

aulas, realizado no pátio da escola onde eu participei de varias apresentações.

07-Quais os pontos positivos e negativos que você viu nesse processo de inclusão?

R: Pontos positivos:

Page 96: O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go 1999 2002

95

*A melhor relação com os colegas que tem deficiência.

*Relacionar com outras pessoas;

*O trabalho do professor de recursos com jogos e atividades pedagógicas que contribuiu

muito com o aprendizado.

*A minha colaboração em auxiliar a professora de recursos em algumas atividades.

Ponto negativo:

*Dificuldade em aceitação das outras pessoas que diziam que os alunos deficientes não

aprendiam nada.

08-O que você acha da proposta de inclusão?

R: Achei muito boa, porque antes não tinha adaptações para os alunos deficientes, com

a inclusão abriu portas para nós estudar.

09-Qual a contribuição do processo na sua vida social?

R: Contribuiu muito, pois com a professora de apoio consegui solucionar e resolver

tarefas. Aprendi mais fora dos muros da escola, a socializar mais com as pessoas

criando novas amizades. Tive acesso ao computador na realização de tarefas.

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ENTREVISTAS COM ALUNOS QUE VIVENCIARAM O PROCESSO DE

INCLUSÃO

Nome: Kérolla Aline Silva.

Tipo de deficiência: auditiva.

Idade: 20 anos.

Iporá, 18/10/2011.

01-Em que ano você estudou na Escola Estadual Joaquim Berto e qual era a sua

idade na época?

R: Acho que tinha cinco anos de idade. Não lembro o ano.

02-Você encontrou dificuldades no início?

R: No começo tive dificuldades por falta de professor de libras porque era muito

oralismo, depois é que chegou a libras facilitando a comunicação com os colegas e

professores.

03-A escola fez alguma adaptação para receber vocês alunos?

R: Não me lembro.

04-Você sentiu preconceito por parte dos colegas, pais e professores?

R: Sim, eu era muito criticada por meu pé ter deficiência e os colegas criticavam as

minhas notas baixas.

05-O que a vivencia desse processo significou para o seu desenvolvimento?

R: Significou muito para mim porque com a inclusão veio os intérpretes que ensinava a

nós a comunicarmos com todos.

06-O que mais te marcou esse tempo na escola?

R: Ficar juntos com os amigos, hoje sinto falta.

07-Quais os pontos positivos e negativos que você viu nesse processo de inclusão?

R: Pontos positivos:

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97

*A preocupação dos professores aprenderem para depois ensinar;

*Mais respeito com o surdo;

*A comunicação em libras;

*A alegria de conviver com amigos.

O ponto negativo:

*É que as leis são poucas, tem que ter mais leis que ampare a inclusão.

08-O que você acha da proposta de inclusão?

R: Ela é muito bonita, mas o governante tem que dá suporte para que as leis saiam do

papel. Porque não basta sermos inclusos só na escola mas também na sociedade. A

inclusão não é 100%, nos sentimos desamparados pelas leis. A gente vai a uma loja não

tem nenhum intérprete para entender o queremos. As pessoas da sociedade ainda

zombam de nós os surdos.

09-Qual a contribuição do processo na sua vida social?

R: Quando era pequena não entendia muito o que era inclusão, com o tempo comecei a

entender. Mas esse processo contribui muito com o que sou hoje. Sou a primeira surda a

estudar na UEG de Iporá-GO, fiz provas para ingressar na universidade. Hoje estou

cursando o 2º ano do curso de Letras e conto com apoio de um intérprete para melhor

desenvolvimento meu. Ainda bem que com a inclusão o número de intérprete cresce a

cada dia. Sou também a primeira surda a ser aprovada na prova do Centro de Apoio às

Pessoas com Surdez (CAS).

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ENTREVISTAS COM ALUNOS QUE VIVENCIARAM O PROCESSO DE

INCLUSÃO

Nome: Lindiorges Mendes Dourado.

Tipo de deficiência: física e déficit intelectual.

Idade 19 anos.

Iporá, 18/10/2011.

01-Em que ano você estudou na Escola Estadual Joaquim Berto e qual era a sua

idade na época?

R: Não lembra o ano e a série. Acha que foi a 3ª serie.

02-Você encontrou dificuldades no início?

R: No início encontrei um pouco dificuldade nas disciplinas, mas depois melhorou.

03-A escola fez alguma adaptação para receber vocês alunos?

R: Fez rampas para os meninos irem para o recreio.

04-Você sentiu preconceito por parte dos colegas, pais e professores?

R: Não sofri preconceito de ninguém.

05-O que a vivencia desse processo significou para o seu desenvolvimento?

R: Além do aprendizado, me deu oportunidade de fazer muitas amizades convivendo

com todos independente de eu ser diferente e eles normais.

06-O que mais te marcou esse tempo na escola?

R: Os professores porque eles me ajudaram muito, eram carinhosos comigo e me

respeitava. Me marcou algumas amizades que fiz lá.

07-Quais os pontos positivos e negativos que você viu nesse processo de inclusão?

R: Não vejo pontos negativos, somente positivos:

*Novas amizades que me respeita;

*Vinculo afetivo com os professores;

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*A escola boa para mim e meus colegas;

*Conhecer a professora Wesilene;

*A atitude dos professores resolverem os problemas era boa.

08-O que você acha da proposta de inclusão?

R: A inclusão abriu portas para todos conhecerem as diferenças e aprender a conviver

com ela. Foi muito boa essa proposta de inclusão. O meu filho desenvolveu muito e

torço para que a inclusão melhore cada dia mais. (Resposta dada pela mãe dele, a

senhora V.)

09-Qual a contribuição do processo na sua vida social?

R: Melhorou a convivência dele em casa e com os outros. (Resposta dada pela mãe dele,

a senhora V.)

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ENTREVISTAS COM ALUNOS QUE VIVENCIARAM O PROCESSO DE

INCLUSÃO

Nome: Misael Apolion Campos Alves.

Tipo de deficiência: auditiva.

Idade: 25 anos

Iporá, 15/10/2011.

01-Em que ano você estudou na Escola Estadual Joaquim Berto e qual era a sua

idade na época?

R: Estudei na 3ª serie, não lembra a idade e o ano que estudou.

02-Você encontrou dificuldades no início?

R: Sim, porque pai e mãe de aluno tiraram o filho da escola achando que eu era doido e

agrediriam os outros. Achavam que por ser eu um deficiente auditivo eu era doido,

encontrei muita dificuldade, o começo foi difícil.

03-A escola fez alguma adaptação para receber vocês alunos?

R: Não fez muitas porque era o começo e não tinha muito recursos, mas fez rampas.

04-Você sentiu preconceito por parte dos colegas, pais e professores?

R: Sim, pois a professora E. , ficava me imitando fazendo deboche de mim. A minha

mãe discutiu com outras mães por preconceito comigo. Com os colegas não senti eles

me acolhia muito bem, todos eram carinhoso comigo.

05-O que a vivencia desse processo significou para o seu desenvolvimento?

R: Foi muito bom porque eu estudei lá, e de lá fui para a escola Israel, depois para o

colégio Osório e hoje eu estudo no colégio Dom Bosco no 3ª ano. A professora Alvina

me ajudou muito a desenvolver porque ela fazia varias coisas para eu aprender.

06-O que mais te marcou esse tempo na escola?

R: Eu gostava de ir para a escola, o que mais gostava eram as gincanas eu participava

com minha mãe, me divertia muito. Gostei muito da festa de aniversário da minha

colega da escola.

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07-Quais os pontos positivos e negativos que você viu nesse processo de inclusão?

Pontos positivos:

* Foi poder estudar;

*Conviver com pessoas;

*A minha mãe aprendeu libras para me entender;

*Acabou um pouco de preconceito com o surdo.

Pontos negativos:

*Foi o preconceito;

*E a dificuldade de achar uma professora de libras.

08-O que você acha da proposta de inclusão?

R: Foi muito bom e gratificante pois, meu filho era um menino excluído por ser

diferente. A inclusão veio para melhorar a vida de muitas crianças diferentes, o meu

filho só não escuta. Mas não foi fácil eu corri atrás dessa inclusão. Não só eu mais todos

envolvidos nessa luta encontramos barreiras. A princípio não tinha um professor de

línguas. Fui atrás de ajuda não podia ficar esperando, até que a professora Ana Maria

Honorato conseguiu uma professora de libras de Goiânia. Eu agradeço muito a

professora Ana Maria, me emociono em falar dela, porque se tem alguém que abraçou

essa causa foi ela e digo mais foi ela quem trouxe a inclusão para Iporá e acreditou que

daria certo. Na época com ela teve vários congressos e encontros sobre inclusão. Tive a

oportunidade de ir para Goiânia e participar de cursos junto com a professora Zilda e

isso contribuiu muito para mim e meu filho. (Resposta da mãe do Misael senhora N.)

09-Qual a contribuição do processo na sua vida social?

R: Ele desenvolveu muito convivendo com as outras crianças, porque ele era muito

tímido. Vejo que contribuiu com a socialização dele. Ele ficou mais alegre e feliz

estudando com pessoas “ditas normais”. (Resposta da mãe do Misael senhora N.)

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ENTREVISTAS COM ALUNOS QUE VIVENCIARAM O PROCESSO DE

INCLUSÃO

Nome: Wellignton Monteiro de Oliveira.

Tipo de deficiência: mental.

Idade: 20 anos

Iporá, 18/10/2011.

01-Em que ano você estudou na Escola Estadual Joaquim Berto e qual era a sua

idade na época?

R: Não lembro direito, acho que foi em 2001 com 10 anos de idade.

02-Você encontrou dificuldades no início?

R: Sim, com as disciplinas na sala porque era difícil de aprender. E com os meninos que

me batia e brigava comigo.

03-A escola fez alguma adaptação para receber vocês alunos?

R: Fez as rampas para os colegas andar com as cadeiras.

04-Você sentiu preconceito por parte dos colegas, pais e professores?

R: Sim, um pouco dos colegas. Porque eles me batiam, judiava de mim batendo com

vara, chutava, dava muro e eu contava pra tia e ela colocava os meninos de castigo.

05-O que a vivencia desse processo significou para o seu desenvolvimento?

R: Foi bom eu aprendi ler, escrever e fazer as tarefas.

06-O que mais te marcou esse tempo na escola?

R: O “teteio”, recreio era muito bom e eu brincava muito.

07-Quais os pontos positivos e negativos que você viu nesse processo de inclusão?

R:A mãe dele a senhora C., que respondeu essa questão.

Pontos positivos:

*Melhorou o desenvolvimento;

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*A maior atenção dos professores;

*Mais carinho e dedicação;

*A convivência com os outros, melhorou muito.

Negativo foi só de os outros alunos judiar dele.

08-O que você acha da proposta de inclusão?

R: A mãe responde: ela veio para melhorar a qualidade de ensino oferecido,

principalmente para dar oportunidade para todos aprender, independente das diferenças.

Então considero muito boa essa proposta de inclusão, mas ainda tem que melhorar um

pouco.

09-Qual a contribuição do processo na sua vida social?

R: A mãe fala, que contribuiu muito com o aprendizado dele. Em casa contribuiu com o

comportamento porque ele era muito nervoso, ele mordia a se mesmo e dava muito

trabalho. Com a ajuda da psicóloga ele melhorou muito. Com isso ele passou a conviver

mais calmo com todo mundo.

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ANEXO - 6

QUADRO DE PESSOAL DOCENTE/FREQUÊNCIA DA

ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO NO PERÍODO

DE 1999-2002

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ANEXO - 7

FOTOS DE MOMENTOS DE ESTUDOS SOBRE A

INCLUSÃO VIVENCIADOS PELOS PROFISSIONAIS DA

ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO NO PERÍODO

DE 1999-2002

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*Escola Estadual Joaquim Berto

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*Grupos de Estudos da Escola Joaquim Berto

*Grupos de Estudos da Escola Joaquim Berto

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*Grupo de Estudos da Escola Joaquim Berto

*Grupos de Estudos da Escola Joaquim Berto

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*Grupos de Estudos da Escola Joaquim Berto

*I Encontro das Escolas Inclusivas

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*I Encontro das Escolas Inclusivas

*II Encontro Pedagógico das Escolas Inclusivas

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*II Encontro Pedagógico das Escolas Inclusivas

*Curso de Libras

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*Curso de Libras

*Apresentação do Coral de Libras da Escola

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*Visita do consultor Romeu Kazumi Sassaki

*Confraternização da Equipe do SAI da SRE de Iporá

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*Encontro das escolas inclusivas

*Encontro das escolas inclusivas

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*Curso de aperfeiçoamento das escolas inclusivas