O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO UM ESTUDO DE CASO Vila Itajubá Iporá - GO.pdf
O Processo de Implantação Da Educação Inclusiva Na Escola Estadual Joaquim Berto Em Iporá-go...
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE IPORÁ
CURSO DE GEOGRAFIA
EDILENE DA SILVA ROCHA FARIAS
O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DA EDUCAÇÃO
INCLUSIVA NA ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO EM
IPORÁ-GO 1999/2002
IPORÁ
2011
1
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE IPORÁ
CURSO DE GEOGRAFIA
EDILENE DA SILVA ROCHA FARIAS
O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DA EDUCAÇÃO
INCLUSIVA NA ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO EM
IPORÁ-GO 1999/2002
Trabalho de Conclusão apresentado à
Universidade Estadual de Goiás – Unidade
Universitária de Iporá, como exigência parcial
a conclusão do curso de graduação em
Geografia, modalidade Licenciatura.
Orientadora: Profª. Marilda de Lima Oliveira
Ferreira.
IPORÁ
2011
2
3
4
Dedico
Dedico este trabalho a todos que acreditaram que ele seria
possível de ser realizado, aos que contribuíram direta ou
indiretamente para a realização deste, meus filhos, meus
pais, amigos, professores e em especial ao meu esposo que
me incentivou todo o momento dessa empreitada, com
muita paciência, amor e carinho.
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus em primeiro lugar, por ter me contemplado com saúde e
perseverança, por ter me dado forças nessa longa jornada que termina com muita felicidade.
Aos meus filhos Isabelly e Guilherme, que tiveram muita paciência comigo, sempre
me ajudando e incentivando dizendo: “Mamãe não desista você consegue”. A vocês meus
amores, o meu muito obrigado. Amo Vocês!
Ao meu esposo Cleumar, meu maior incentivador, sempre colaborando para que eu
não desistisse de concluir o curso e esse trabalho, sendo meu amigo e fiel companheiro em
todos os momentos, principalmente nesses quatro anos para minha formação. Amor, te amo
muito!
Aos meus pais e irmãos que sempre me apoiaram nos meus estudos. Amo vocês!
A minha orientadora Marilda por ter acreditado na minha pesquisa, pela paciência,
pelas palavras de incentivo e pelo tempo dedicado. E principalmente por me fazer acreditar o
quanto é importante persistir no nosso objetivo e superar todos os obstáculos que surgirem.
Aos meus professores que contribuíram para minha formação acadêmica, em
especial ao Gilmar e a Fátima, que sempre me deram atenção, sendo amigos e companheiros
muito especiais, os quais jamais eu esquecerei. Vocês são demais!
Aos meus amigos que sempre me apoiaram e me incentivaram a concluir o curso.
Em especial a Tatiele, que conheci no curso e nos tornamos amigas e parceiras de todas as
horas, ela me ajudou e teve muita paciência comigo. Amiga você é muito especial para mim!
A todos que colaboraram para o enriquecimento desse trabalho e se dispuseram a
ajudar-me com muita boa vontade, professores, pais, alunos e a Escola Estadual Joaquim
Berto, que abriu suas portas para que pudesse realizar a pesquisa, sendo a mesma objeto de
estudo desse trabalho.
Enfim, obrigado a todos que colaboraram comigo de alguma forma.
6
“E preciso que tenhamos o direito de sermos diferentes
quando a igualdade nos descaracteriza e o direito de
sermos iguais quando a diferença nos inferioriza”.
(Boaventura de Souza Santos)
7
RESUMO
A escola para todos é um desafio constante para a educação. Foi pensando nisso que este
trabalho de pesquisa sobre o processo de implantação da educação inclusiva na Escola
Estadual Joaquim Berto em Iporá-Go, no período de 1999, fase da sensibilização, a 2002, fase
da consolidação, se realiza. Este trabalho foi feito com a finalidade de documentar a história
de implantação do processo de inclusão na Escola Estadual Joaquim Berto, elencando os
esforços percorridos e os obstáculos vencidos por aqueles que dela fizeram parte. Para isso, é
fundamentado, não somente em pesquisa bibliográfica a livros publicados sobre o tema, em
documentos nacionais, estaduais, da própria escola e da Subsecretaria Regional de Educação
de Iporá, como: atas, relatórios, memorial, leis, e decretos, mas, sobretudo em pesquisa
campo, por meio de entrevista a profissionais e alunos que estavam na escola, na época. Ao
decorrer da pesquisa ficaram evidenciadas as dificuldades enfrentadas pelos profissionais,
pais e alunos, até chegar à fase de consolidar a proposta de inclusão na referida escola. No
entanto, os resultados obtidos com a experiência de uma escola aberta às diferenças, que
oportunizava o convívio entre os alunos com deficiência e os “ditos normais”, foram
significativos para todos os entrevistados e também para a escola. Dentre os problemas que a
escola encontrou para a implantação da inclusão, o que foi considerado mais difícil, foram às
adaptações na estrutura pedagógica da escola, pois a mesma passou por uma grande
rotatividade de professores, fato que trouxe muitos transtornos ao processo. A pesquisa mostra
que a inclusão torna-se realidade à medida que os segmentos envolvidos se dispõe a estudar,
dialogar e juntos superar as barreiras físicas, que dão mais acessibilidade aos alunos e
atitudinais que prevê mudanças nos valores e na conduta com os mesmo. Barreiras essas que
se não fossem vencidas comprometeriam o desenvolvimento e a qualidade de ensino a ser
oferecido aos alunos com deficiência.
Palavras-chave: diversidade; desafios; superação e conquistas.
8
ABSTRACT
The school for all is a constant challenge for education. Thinking about this research work on
the process of implementation of inclusive education in the State School in Iporá Joaquim
Berto-Go, from 1999, the sensitization phase, to 2002, phase of consolidation takes place.
This work was done in order to document the history of the deployment process of inclusion
in the State School Joaquim Berto, listing efforts traveled and the obstacles overcome by
those who were part of it. For it is founded, not only to books published literature on the
subject in national documents, state, the school and the Secretariat of Education Regional
Iporá, such as minutes, reports, memorial, laws and decrees, but especially in field research,
through interviews with professionals and students who were in school at the time. In the
course of research it became clear the difficulties faced by professionals, parents and students
to reach the phase of consolidating the proposed inclusion. However, the results obtained with
the experience of a school open to differences, which takes advantage of the interaction
between students with disabilities and the "so-called normal," were significant for all
respondents and also to school. Among the problems that the school met for the
implementation of inclusion, which was considered more difficult, the adjustments were in
the educational structure of the school, because it has experienced a high turnover of teachers,
a fact that has brought much disruption to the process. Research shows that the inclusion
becomes a reality as the segments involved are willing to study, discuss and together
overcome the physical barriers, which provide more accessibility to students and provides
attitudinal changes in values and behavior with the same. These barriers were not overcome
that hinder the development and quality of education being offered to students with
disabilities.
Keywords: diversity; challenges; overcoming and conquest.
9
LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AEE Atendimento Educacional Especializado
CAEE Centro de Atendimento Educacional Especializado
CAS Centro de Apoio às Pessoas com Surdez
EEJB Escola Estadual Joaquim Berto
LDBN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
LIBRAS Língua Brasileira de Sinais
NEE Necessidades Educacionais Especiais
ONU Organizações das Nações Unidas
PDE Plano de Desenvolvimento da Escola
PEEDI Programa Estadual de Educação para a Diversidade numa Perspectiva Inclusiva
PPP Plano Político Pedagógico
PCNs Parâmetros Curriculares Nacionais
SEE Secretaria Estadual de Educação
SUEE Superintendência de Ensino Especial
SREs Subsecretarias Regionais de Educação
SRE Subsecretaria Regional de Educação
SAI Setor de Apoio a Inclusão
UE Unidade Escolar
UEG Universidade Estadual de Educação
10
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12
1 A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA ................................. 14
1.1 A Educação Inclusiva no Mundo ................................................................................. 14
1.2 A Educação Inclusiva no Brasil ................................................................................... 17
1.3 A inclusão em Goiás .................................................................................................... 20
1.4 A inclusão na cidade de Iporá ...................................................................................... 25
2 A IMPLANTAÇÃO DO PROCESSO DE INCLUSÃO NA ESCOLA
ESTADUAL JOAQUIM BERTO ....................................................................................... 27
2.1 Fase da Sensibilização – 1999 ...................................................................................... 27
2.2 Fase da Implantação – 2000 ......................................................................................... 30
2.3 Fase da Expansão – 2001 ............................................................................................. 33
2.4 Fase da Consolidação – 2002 ....................................................................................... 35
3 A IMPORTÂNCIA DA VIVÊNCIA DO PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO
DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO
PARA A COMUNIDADE ESCOLAR ENVOLVIDA ...................................................... 40
3.1 A vivência dos docentes no processo de implantação da educação inclusiva na Escola
Estadual Joaquim Berto ...................................................................................................... 41
3.2 A vivência dos alunos no processo de implantação da educação inclusiva na
Escola Estadual Joaquim Berto .......................................................................................... 45
11
CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 53
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 55
ANEXOS .............................................................................................................................. 58
Anexo 1 – Carta de Consentimento da Escola Estadual Joaquim Berto para
o desenvolvimento da pesquisa
Anexo 2 – Carta de Consentimento dos professores entrevistados para uso das
respostas dadas por eles no trabalho de pesquisa monográfico
Anexo 3 - Entrevistas com professores que vivenciaram o processo de inclusão na
Escola Estadual Joaquim Berto nos anos de 1999-2002
Anexo 4 – Carta de Consentimento dos alunos entrevistados para uso das respostas
dadas por eles no trabalho de pesquisa monográfico
Anexo 5 - Entrevistas com alunos que vivenciaram o processo de inclusão na Escola
Estadual Joaquim Berto nos anos de 1999-2002
Anexo 6 - Quadro de pessoal docente/frequência da Escola Estadual Joaquim Berto nos
anos de 2000-2002
Anexo 7 – Fotos de momentos de estudos sobre a inclusão vivenciados pelos
profissionais da Escola Estadual Joaquim Berto nos anos de 1999-2002
12
INTRODUÇÃO
Este trabalho monográfico versa sobre o processo de implantação da inclusão de
alunos com deficiência na Escola Estadual Joaquim Berto em Iporá-Go, no período de 1999 a
2002. Tem por o objetivo conhecer o processo histórico dessa implantação, discriminando os
esforços que foram feitos para que isso acontecesse, os caminhos percorridos pela escola para
oferecer uma educação verdadeiramente inclusiva e as contribuições desse processo para
aqueles que dele fizeram parte.
A inclusão ato de interação entre todos, independente da situação cognitiva,
emocional e física, traz um olhar para mudanças, adaptações e inovações necessárias, e é com
essa proposta que o desejo da pesquisa surgiu. Sua realização justifica-se na necessidade de
documentar os caminhos percorridos pela Escola Estadual Joaquim Berto, no processo de
implantação da inclusão, servindo, futuramente, de fundamentação para a prática de outros
estabelecimentos de ensino.
Outro motivo incentivador da pesquisa é o fato da pesquisadora conviver com uma
pessoa que tem deficiência e que não teve a oportunidade de ser incluída, pois a inclusão, de
fato, em Iporá, só começou no ano de 2000. Sendo assim, essa pessoa foi excluída e passou a
viver de forma segregada em casa.
Para a construção desse trabalho foram feitas leituras de livros de autores
conhecidos dentro do processo de inclusão como: MANTOAN, SASSAKI e outros, além de
leis, decretos, diretrizes, documentos da escola como: relatórios, Projeto Político Pedagógico,
atas, memorial e pesquisa campo por meio de observações e entrevistas com pessoas que
vivenciaram essa fase, o qual oportunizou o conhecimento do processo histórico, bem como,
os entraves e sucessos desse processo de inclusão.
Quanto à organização da pesquisa, esta foi desenvolvida em três capítulos. O
primeiro constitui-se por uma síntese centrada no processo histórico da educação de pessoas
com deficiência, no mundo, Brasil, Estado de Goiás e na cidade de Iporá, onde a Escola
Estadual Joaquim Berto, foi escolhida para ser a referência, na cidade e para as demais nove
cidades que pertenciam a Subsecretaria Regional de Educação de Iporá, no processo de
13
educação inclusiva. Nesse processo foi descoberto que em todas as esferas, estava ocorrendo à
exclusão de pessoas que nasciam com alguma deficiência, que viviam totalmente excluídas ou
de forma segregada em casas ou em instituições. Somente a partir da década de 60 que
começa uma integração social engajada por médicos e educadores, e em 1981 iniciam
discussões quanto à inclusão, que ganha respaldo em 1994 com a Declaração de Salamanca.
No segundo capítulo foi descrito como aconteceu o processo de implantação da
inclusão na escola pesquisada, desde a sensibilização em 1999 à consolidação em 2002,
retratando como ocorreu o envolvimento da comunidade escolar, as adaptações ocorridas, a
formação de professores e profissionais que lá atuavam. Como fundamentações foram
utilizados documentos da unidade escolar pesquisada, da Subsecretaria Regional de Educação
de Iporá e entrevistas com pessoas envolvidas no processo. Nos quais foi possível visualizar
relatadas as dificuldades encontradas, as mudanças enfrentadas e os estudos realizados para
formação dos profissionais que atuavam na escola, na época da implantação da educação
inclusiva.
E por último, o terceiro capítulo, abordou o que a vivência do processo de
implantação da educação inclusiva na Escola Estadual Joaquim Berto, significou para a
comunidade escolar envolvida nele. Para isso foram realizadas entrevistas estruturadas com
professores, profissionais e alunos da escola, na época. Nestas, ficaram evidentes, como foi o
processo de implantação da educação inclusiva para cada um deles, bem como as
contribuições do mesmo para suas vidas, abordando ainda os pontos positivos e negativos
percebidos.
Enfim, o trabalho foi realizado no intuito de se documentar a fase de uma proposta
tão importante para a Escola Estadual Joaquim Berto quanto para a sociedade local e regional,
pois a educação inclusiva veio para dar a todos, sem distinção, a oportunidade de se conviver
com a diversidade, respeitando e se socializando com as diferenças.
14
CAPÍTULO I
A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Considerando a amplitude histórica do aspecto abordado nesse capítulo, e
que não é este o foco principal da pesquisa, optou-se apenas por fazer uma síntese da
trajetória histórica da educação inclusiva no mundo, no Brasil, em Goiás e em Iporá.
1.1 A Educação Inclusiva no Mundo
É importante considerar que os contextos que envolvem as pessoas com
deficiências, no geral, têm sido contados por meio de análise de documentos
institucionais, legislação e outros registros escritos, além de outras formas como a
memória coletiva; de tal modo que não se dispõem de registros que caracterizem com
clareza, as relações sociedade e deficiência.
Para possibilitar melhor compreensão de tais processos e as mudanças de
concepções e conceitos a cerca do trabalho com as pessoas com necessidades especiais,
de uma maneira mais específica, far-se-á a seguir, uma retrospectiva com base nos
conhecimentos de alguns autores.
Na visão de Sassaki, famoso consultor e escritor da área da educação
inclusiva, “a história da educação das pessoas com necessidades especiais pode ser
compreendidas em quatro fases: Exclusão, Segregação, Integração e Inclusão” (Sassaki,
1999, p.111).
Segundo o autor acima citado (1999), essas fases podem ser caracterizadas a
partir de simples descrições, de modo que na fase da exclusão, as pessoas com
necessidades especiais eram excluídas do convívio da família e da sociedade. O período
15
anterior a era cristã foi caracterizado pela total falta de atendimento e extermínio da
pessoa marcada pela deficiência. Na sociedade romana, a família tinha direito de
descartar os filhos considerados deficientes por meio do abandono e homicídio, e os
filhos que nasciam com deformidades físicas eram eliminados legitimamente pelos pais
ou abandonados em lugares sagrados ou nos rios, e os que escapavam da morte eram
transformados em objeto de entretenimento em circos ou se tornavam pedintes. Até o
século passado, as pessoas com deficiências eram trancados em porões, até o tempo
para causar-lhes a morte. Muitos eram jogados no esgoto como as crianças que nasciam
deformadas, outras eram lançadas em fogueiras.
A fase da segregação começa a partir do século XVI, período em que as
pessoas com deficiências continuam segregadas do convívio com a sociedade em
condições diferentes de sobrevivências. O atendimento a estas pessoas eram oferecidos
em instituições específicas, sendo isoladas em albergues, conventos e asilos. Nesse
cenário, surgem em alguns países em desenvolvimento, escolas especializadas, centro
de reabilitação e outros espaços sem grande especificidade de reflexão sobre a questão.
Nessa época, acreditava-se que as pessoas com deficiências não eram educadas e, por
isso, as instituições que as acolhiam nunca se dedicaram em pensar possibilidades do
direito a educação para elas. No continente europeu, a total negligência persistiu até o
início do século XVIII, onde a segregação acontecia por meio do isolamento em
hospitais de caridade, asilos, orfanatos, manicômios e prisões.
No século XX, mais ou menos no final da década de 60, observa-se o
surgimento de um movimento em prol da integração social das pessoas com
deficiências. E esta fase de integração se expandiu com movimentos formados por
educadores, médicos, por pessoas com deficiências, dentre outras, contribuindo na
busca de igualdade no ensino para classes excluídas.
Como alternativa de atendimento educacional, surgem às classes especiais
dentro das escolas comuns, numa concepção de normalização, na qual toda pessoa com
deficiência, tem o direito de experimentar um estilo de vida que seria “natural” à sua
cultura. A sociedade coloca, então, à disposição dessas pessoas, os recursos necessários
ao processo de normalização. Naquele momento, cabia a elas, o esforço de utilizarem
desses recursos e a partir deles, tornarem-se aptos a participar da sociedade. O
paradigma da integração responsabiliza as pessoas com deficiências pelos problemas
que elas apresentavam.
Na década de 80 o modelo segregado de educação especial começa a ser
questionado, desencadeando um movimento em busca de outras práticas pedagógicas e
mudanças nas políticas de atendimento as pessoas com deficiências. Para Sassaki, nesse
16
período, inicio-se a fase de inclusão e a crença que mobiliza os defensores das
mudanças, era a seguinte: “Para que as pessoas com deficiências realmente pudessem
ter participação plena e igualdade de oportunidades, seria necessário que não pensassem
tanto em adaptar as pessoas à sociedade e sim em adaptar a sociedade as pessoas”
(1999, p.113).
Segundo Sassaki (ibdem), esse é o princípio que fundamenta a mobilização
em favor das mudanças de concepções de educação e educando, no campo específico
aqui abordado. De acordo com o mesmo autor a semente do conceito de inclusão foi
lançada em 1981, Ano Internacional das Pessoas Deficientes, proposto pelas
Organizações das Nações Unidas (ONU). O autor demarca este período como início do
período, por ele denominado de “Fase de Inclusão”.
As conquistas obtidas na fase de integração foram passos muito importantes
para se desenvolver o conceito de inclusão e os direitos educacionais para alunos
excluídos. Em relação a isso Walber e Silva corroboram:
A integração apesar de não ser um movimento ideal para a construção da
educação para todos, foi o pilar de sustentação para a chegada do processo
social de inclusão. As mudanças e conquistas da sociedade não são feitas por
saltos e sim passo a passo. Devemos sempre ressaltar que a luta para a
inserção das pessoas com necessidades especiais sempre acompanhou a
evolução da história humana (2006, p. 35).
Foi por meio da Conferência Mundial na Tailândia em 1990 (BRASIL,
1990), que teve início uma grande fase do movimento no conceito das diversidades, a
inclusão. Houve várias reuniões e convenções sobre a inclusão, dando maior ênfase a
Conferência Mundial sobre as Necessidades Educativas Especiais, de 1994 em
Salamanca na Espanha, (BRASIL, 1994), sendo destacada pela importância de ter mais
contribuído diretamente no projeto de inclusão no mundo inteiro, com a presença de 92
governos e 25 organizações internacionais, chegando todos a uma mesma conclusão: os
sistemas de ensino precisariam com urgência fornecer as condições necessárias para
uma educação especial no âmbito da escola comum.
A Declaração de Salamanca também fez um chamado a comunidade
internacional, especialmente aos associados ao movimento de educação para todos, para
que dessem respaldo a educação inclusiva e que apoiassem uma educação voltada para
as necessidade educacionais especiais como parte integral dos programas de educação.
17
Com o respaldo da Declaração da Educação para todos, denominada a
Declaração de Jontien em 1990, na Tailândia, a educação no mundo começa a dar
passos mais avançados a caminho da proposta de educação para todos, sem
discriminações a qualquer pessoa independente de sua deficiência.
Portanto, o processo de inclusão no mundo é uma realidade, que se
concretiza em ações e transformações em vários países, alavancando conferências, leis e
decretos para que possam dar suporte e apoio a esse processo de inclusão que sofre e
sofrerá modificações com o passar dos anos, para que se adequem e passem a tender
melhor às pessoas com deficiências.
1.2 A Educação Inclusiva no Brasil
O percurso brasileiro da educação das pessoas com deficiências ocorre
desde a época do Império. Assim, as mobilizações em favor da implantação de
atendimento para esse tipo de público-alvo surgem a partir do século XIX com algumas
iniciativas temidas e isoladas, em instituições residenciais e hospitais, portanto fora do
sistema educacional institucional.
No Brasil, pode-se considerar seu início marcado com a fundação do
primeiro instituto para cegos, em 1854, hoje conhecido como Benjamim Constant, e a
criação do primeiro instituto para surdos em 1857, ambos no Rio de Janeiro, por meio
de decreto imperial. Assim, a Educação Especial brasileira se caracterizou por ações
isoladas e o atendimento destinava-se mais às pessoas com deficiências visuais,
auditivas e em menor quantidade às deficiências físicas. Em relação á deficiência
mental houve um silêncio quase absoluto.
Com a falta de serviços e o descaso do poder público, originaram-se
movimentos comunitários de entidades privadas e filantrópicas para atendimento
daqueles que sempre estiveram excluídos das escolas comuns. Exemplo disso, é a
criação em 1927 da primeira instituição brasileira dedicada aos “excepcionais”, com o
nome de Pestalozzi, em Canoas-RS. E em 1954 é fundada no Rio de Janeiro, a primeira
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE).
Na década de 60, é aprovada a primeira Lei de Diretrizes e Bases da
Educação n° 4.024/61, que traz no titulo X, dois artigos que tratam, especificamente da
educação das pessoas com necessidades especiais, consideradas, na época, como
“Excepcionais”:
18
Art.88 _ A educação de excepcionais deve, no que for possível, enquadrar-se
no sistema geral de educação, a fim de integrá-los na comunidade.
Art.89 _ Toda iniciativa privada considerada eficiente pelos conselhos
estaduais de educação e relativa á educação de excepcionais, receberá dos
poderes públicos tratamento especial mediante bolsas de estudo, empréstimos
e subvenções (BRASIL, 1961).
Portanto, a lei propõe assegurar o direito das pessoas “excepcionais” nas
escolas comuns, mas no que for possível, ou seja, essas pessoas teriam seus direitos à
educação, garantido desde que estas se adaptassem às práticas implementadas nas
escolas comuns, como assinala a professora Rosita Edler Carvalho:
O direito a educação está garantido aos excepcionais entendendo-se que para
contribuir para sua integração na comunidade, seu processo educativo de
enquadrar-se no sistema geral de educação. A esta diretriz segue outra a que á
integração ao que for possível (2005. p.64).
A Lei n° 5.692, de 11 de agosto de 1971, que alterava a Lei nº 4.024/61 em
relação ao ensino de 1º e 2º graus, trazia apenas um artigo dedicado a educação das
pessoas com deficiências, no qual deixava esse tipo de educação a cargo dos conselhos
estaduais de educação.
Entre as décadas de 70 e 90, os alunos com deficiência mental eram
caracterizados como “educáveis ou treináveis”; alunos surdos só aprenderiam por meio
da oralização e os alunos com dificuldades de aprendizagem eram encaminhados para
classes especiais.
Em alguns contextos, este modelo de atendimento ainda perdura, embora a
Constituição Federal de 1988 estabelece no seu artigo 205 que: “ A educação é direito
de todos” (BRASIL, 1988), e deve ser promovida “visando ao pleno desenvolvimento
das pessoas e seu preparo para a cidadania” (idem, ibdem), compreendendo que a
educação será baseada na aceitação das diferenças, na valorização do indivíduo,
independentemente dos fatores socioeconômicos, físicos e intelectuais.
A implantação do processo de inclusão nas escolas brasileiras iniciou-se a
partir da constituição de 1988 que estabelece em seu artigo 208, inciso III, “O
atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente
na rede regular de ensino” (BRASIL, 1988). Tal definição foi mais bem explicitada na
LDB n° 9.394/96, em seus artigos 58, 59 e 60, ficando destacado que “O Poder Público
19
adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com
necessidades especiais na própria rede pública regular de ensino [...]” (BRASIL, 1996).
A convenção da Guatemala (1999) tem um respaldo no Brasil pelo Decreto
n° 3.956/2001, que em relação os direitos das pessoas deficientes, afirma que os
mesmos têm direitos iguais, dando ênfase maior na questão da educação especial,
quebrando as barreiras das discriminações das diversidades (BRASIL, 2001).
Em 2003, o MEC cria o Programa Educação Inclusiva, promovendo uma
mudança no processo de formação de gestores e educadores nos municípios brasileiros
assegurando a todos o direito a uma escolarização (MEC, 2007).
O Decreto n° 6.094/2007 foi publicado, tendo base na implantação do Plano
de Desenvolvimento da Educação - PDE, garantindo direitos e o compromisso ao
acesso e a acessibilidade a todos educandos especiais (BRASIL, 2007). Com isso pode-
se, dar maior reforço às escolas na preparação para melhor receber as pessoas com
deficiência no âmbito escolar.
Em setembro de 2008, o presidente Luís Inácio Lula da Silva, assina o
Decreto n° 6.571/2008, dando direcionamento ao Atendimento Educacional
Especializado, subsidiando na questão financeira e técnica do sistema de ensino público
nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios, possibilitando os atendimentos a
todos que de alguma forma são excluídos do ambiente escolar (BRASIL, 2008). Isso
vem afirmar o direito público e subjetivo da educação a todos, garantindo suporte
necessário ao atendimento das diversidades.
Assim, ao remeter o olhar para a história da educação especial no Brasil,
verifica-se que a evolução do atendimento educacional especial ocorreu com
características diferentes dos outros países. A fase da negligência ou omissão que pode
ser observada em outras nações até o século XVII, no Brasil pode ser estendida até o
início da década de 50. Somente em meados da década de 90, começaram as discussões
em torno do novo modelo de atendimento escolar denominado de inclusão escolar. Esse
novo paradigma surge como uma reação contrária ao processo de integração, e sua
efetivação prática gerou e ainda vem gerando muitas controvérsias e discussões. Isto
porque, a efetivação da prática educacional inclusiva não será garantida por meio de
leis, decretos ou portarias, mas sim pela preparação da escola para dar conta de trabalhar
com alunos que chega até ela, independentemente de suas diferenças ou características
individuais.
20
1.3 A inclusão em Goiás
A história dos 12 anos de vivência da educação inclusiva em Goiás pode ser
encontrada em alguns documentos oficiais publicados pela própria Secretaria Estadual
de Educação. Para amparar as informações descritas nesse item, optou-se por
fundamentar, principalmente, no Caderno 9 da Coleção do Programa Estadual de
Educação para a Diversidade numa Perspectiva Inclusiva: 10 anos de história , por
acreditar que este resume de forma clara e coerente o processo percorrido pela
educação estadual.
Em Goiás a preocupação em atender os alunos com deficiência, se deu em
1953, por meio da lei nº 926, com a criação do Instituto Pestalozzi de Goiânia, sendo
inaugurado somente dois anos depois (GOIÁS/SEE/CEC, 2010).
Após um longo período, em 1973 criou-se em Goiás, a base para o
surgimento de um órgão responsável pela educação das pessoas com deficiência,
tratava-se da Seção de Ensino Superior, ligada ao Departamento de Ensino Supletivo da
Secretaria Estadual de Educação que, em 1976 passou a funcionar como Divisão de
Ensino Especial na Unidade de Ensino de 1° grau; criando classes especiais no ensino
regular, possibilitando a integração das pessoas com deficiência.
Assim permaneceu até 1982, quando foi criada por meio da portaria n°
1.674, a Unidade de Ensino Especial - UEE, coordenada por Avani Bastos e ligada a
Superintendência de Assuntos Educacionais da Secretaria Estadual de Educação – SEE.
Desde então, aumentou-se a quantidade de classes especiais no ensino regular, inclusive
em vários municípios, onde iniciou a sistematização de atendimento precoce na pré-
escola, no ensino fundamental e Médio, atendendo também pessoas superdotadas.
Foi por meio da lei 10.160 de nove de abril de 1987, que a Unidade de
Ensino Especial foi desativada, surgindo a Superintendência de Ensino Especial
(SUPEE), com o objetivo de orientar o oferecimento do ensino especial em todo estado
de Goiás. Para isso competia-lhe, então elaborar, coordenar, supervisionar, planejar,
assegurar e executar projetos na educação inclusiva em qualquer modalidade de ensino
(GOIÁS/SEE/CEC, 2010).
O processo inclusivo foi oficialmente implantado, no estado de Goiás, em
abril de 1999, quando o Professor Dalson Borges Gomes assumiu a Superintendência de
Ensino Especial, da Secretaria de Educação do Estado de Goiás, e faz significativas
mudanças no órgão, iniciando pela sigla que a identifica, passando a ser SUEE, sendo
21
complementada por outras no que se refere à educação das pessoas com deficiência.
Entre essas mudanças pode-se ressaltar:
A extinção do Departamento de Triagem e Diagnóstico (setor que
diagnosticava previamente os alunos antes de encaminhá-los às escolas); A
parceria da Superintendência com as Secretarias Estaduais e Município de
Saúde, para encaminhamento das pessoas com deficiência; A reestruturação
das escolas especiais, estaduais e conveniadas, que passaram a integrar o
Projeto Unidades de Referência; O início do processo de extinção das classes
especiais do Estado; O encaminhamento/transferência dos alunos com
deficiência das escolas especiais para o ensino regular, bem como o retorno
dos alunos das classes especiais para as classes comuns, entre outras
(GOIÁS/SEE/CEE, 2010, p.9).
Em 1999, sob a orientação do consultor Romeu Kazumi Sassaki iniciou-se a
fase de formação dos profissionais que atuariam diretamente no processo de
implantação da educação inclusiva em Goiás. Estes recebiam as informações dos
palestrantes e logo após as multiplicavam nas coordenações e/ou circunscrição em que
atuavam. Dentre os cursos oferecidos pode-se destacar: Estudo sobre Educação
Inclusiva, Construindo uma proposta pedagógica para alunos com deficiência mental,
visual, auditiva, com ensino de Libras, Braille e outros.
Segundo o caderno 9 da coleção “Programa Estadual de Educação para a
Diversidade numa Perspectiva Inclusiva (PEEDI):10 anos de história” (2010), o
objetivo do programa citado baseia-se num projeto onde possa fazer as instituições
inclusivas, serem de referência e ainda implantar projetos de atendimentos educacionais
hospitalar, implantar ou criar recursos pedagógicos para estudantes especiais dentre
outros. De acordo com os seus objetivos, a SEE/SUEE desenvolve dez projetos que
correspondem ao PEEDI, a saber: Projeto Hoje, Projeto Caminhar Juntos, Projetos
Prevenir, Projeto Comunicação, Projeto Depende de Nós, Projeto Despertar, Projeto
Espaço Criativo, Projeto Re-fazer, Projeto Unidades de Referências e Projeto Escola
Inclusiva. Com estes projetos houve muitos avanços na educação inclusiva, e as ações
do PEEDI foram agendados para quatro anos, sendo em 1999 a Sensibilização, 2000 a
Implantação, 2001 a Expansão e de 2002 a consolidação.
Ainda segundo o caderno citado, no ano de 2004, teve início a realização
dos laboratórios Itinerantes, sendo estes realizados nas Subsecretarias Regionais de
Educação (SREs) e também em municípios parceiros do programa e contavam com a
participação da equipe da Superintendência de Ensino Especial , dos secretários
municipais de educação, prefeitos, gestores de escolas, professores e familiares de
alunos. Durante todo o dia eram proferidas palestras e ministradas oficinas sobre a
22
temática da educação inclusiva. Neste mesmo ano a SUEE, implantou o Projeto Sala
Alternativa com duas grandes ações: Sociedade Goiânia de Inclusão, que tinha como
objetivo preparar o espaço para acolher a diversidade e a Ciranda de Aprendizagem, em
que a meta consistia em oferecer estudo aos profissionais da educação para que
desenvolvesse práticas educativas rumo à diversidade. Como objetivos específicos
dessa ação buscam-se:
Refletir e analisar á luz de pressupostos da teoria sócio histórica a questão da
aprendizagem e do desenvolvimento numa perspectiva inclusiva; Abordar
temas recorrentes ao desenvolvimento de práticas pedagógicas nas escolas
em processo de inclusão; e fomentar discussões acerca dos princípios legais e
filosófico da proposta de educação inclusiva, vislumbrando a ressignificação
do fazer pedagógico (GOIÁS/SEE/CEE, 2010, p. 28).
De acordo ainda com o caderno 9, em um primeiro momento a Ação
Ciranda da Aprendizagem aconteceu somente em Goiânia e por isso os profissionais do
interior do Estado deslocavam-se para lá para participarem do evento. Posteriormente,
após algumas alterações, a ação passou a ser denominada “Oficinas Temáticas: estudo e
reflexão sobre a diversidade”, as quais passaram a atender as regionais de Aparecida de
Goiânia, Inhumas, Palmeiras e Trindade. E as demais regionais do interior se juntaram
em quinze polos: Campos Belos de Goiás, Ceres, Formosa, Goianésia, Iporá,
Itapuranga, Itumbiara, Mineiros, Piranhas, Pires do Rio, Porangatu, Posse, Santa Helena
de Goiás, Silvânia, e Uruaçu.
Um outro marco do processo de consolidação da educação inclusiva em
Goiás foi em 2005 por ocasião da implantação do centro de capacitação de
Profissionais da Educação e de Atendimento as pessoas com surdez (CAS), com os
seguintes objetivos:
Promover cursos de Libras, cursos de Língua Portuguesa para surdos e cursos
para capacitação de interpretes de Libras; Promover capacitação de
profissionais da educação e demais recursos humanos da comunidade, para
atendimento á pessoa com surdez; Garantir aos alunos com surdez, acesso
aos recursos específicos necessários ao seu atendimento educacional; e
socializar informações sobre educação de surdos e orientar familiares quando
solicitado (GOIÁS/SEE/CEE, 2010, p. 29-30).
Com a implantação do CAS, ao desenvolver-se, propôs-se uma nova forma
de prestação de serviços, direcionada especificamente ao atendimento dos alunos com
deficiência auditiva, suprindo suas necessidades, para o desenvolvimento e a facilidade
da sua aprendizagem educacional.
23
Em 2006 houve trocas de Superintendentes no estado, saindo professor
Dalson Borges, entrando Isa Lourdes de Araújo que permaneceu muito pouco tempo no
cargo, pois no mês de abril a Superintendência passa a ser de responsabilidade do
Professor Sebastião Donizete de Carvalho, o qual continuou com os trabalhos, projetos
e ações propostos pelos superintendentes anteriores, buscando ainda fazer inovações no
sentido de aprimorar meios para desenvolver a educação inclusiva no estado de Goiás.
Logo no início de sua coordenação, divulgou o documento: Diretrizes e Fundamentos
para Atuação da equipe Estadual de Apoio a Inclusão que visava:
Adotar técnicas de trabalho compartilhado [...] as quais representam uma
forma importante de organizar o trabalho educacional, conferindo unidade,
direção e sustentação às ações dos profissionais que subsidiam e
acompanham o cotidiano escolar cujo passos têm delineado o processo de
inclusão (SEE/SUEE, 2007, p.4, apud GOIÁS/SEE/CEE, 2010, p.34)
Ao publicar o documento fundamentado em conceitos específicos do
PEEDI, a SUEE esperava respaldar e fundamentar melhor a atuação da Equipe de Apoio
à Inclusão e consequentemente a ação pedagógica desenvolvida nas escolas que
estavam nesse processo.
Outra inovação da gestão do Prof. Sebastião Donizete foi o
desenvolvimento de projetos de pesquisas relevantes para o avanço do processo de
educação inclusiva em Goiás. Um deles constituía-se em investigar como estava se
desenvolvendo o trabalho nas escolas especiais, com o intuito de transformá-las em
Centros de Atendimentos Educacional Especializado (CAEE) objetivando viabilizar
mudanças em sua prática pedagógica e na sua estrutura de funcionamento
(GOIÁS/SEE/CEE, 2010).
De acordo com o caderno 9 já citado, no ano de 2009, encontra-se em
desenvolvimento o Projeto Teatro do Oprimido e o Projeto Prisma, estando em fase de
experimentação. O primeiro visa oferecer oportunidades de desenvolvimento das
múltiplas linguagens, fortalecendo a auto estima. O segundo tem como objetivo
desenvolver jogos e estimular o raciocínio lógico-matemático, desenvolver a capacidade
de resolver problemas e trabalhar a diversidade.
Muitas pessoas puderam capacitar-se em relação ao trabalho com a
diversidade por meio do atendimento recebido no decorrer destes dez anos de
desenvolvimento do PEEDI, sendo por meio dos dez projetos iniciais ou das ações e
projetos que surgiram após sua implantação.
24
Atualmente a inclusão passa por algumas mudanças e para melhor explicá-
las procuramos e entrevistamos a professora Wesilene Ferreira L. Siqueira, atual
coordenadora da REAI da Subsecretaria Regional de Educação de Iporá, que nos disse
como esta a inclusão hoje no Estado de Goiás:
A inclusão hoje já é um processo consolidado com a legislação que dá todo
amparo legal para o processo como: as resoluções 02/2001 que é do Conselho
Nacional de Educação, a 07/2006 Conselho Estadual de Educação, o Decreto
6.571/2008 e a Resolução 04/2009 e outras específicas nas diversas áreas da
deficiência. Atualmente em um processo de reestruturação, a rede de apoio
esta passando por mudanças, no sentido de diminuir o número de professores
de apoio por sala, que atendia diretamente as deficiências. Os recursos ainda
não são adequados para a manutenção de um processo como o da inclusão,
sendo que requerem metodologias diversificadas, recursos pedagógicos
diversos, melhor estruturação da parte física, maiores investimentos em
capacitações no sentido de preparar melhor os profissionais para lidarem com
a diversidade em sala de aula.
A professora Wesilene fala ainda sobre a participação do MEC no processo
de educação inclusiva e a falta de recursos para obterem materiais que poderiam
contribuir com o processo de aprendizagem dos alunos com deficiência.
Temos também a participação direta do MEC com a implantação dos
recursos. Porém, ainda não temos nenhuma sala completamente equipada e a
demora faz com que o trabalho não seja totalmente adequado para o processo
de aprendizagem dos alunos com necessidades Educacionais Especiais. Em
comparação com países como Canadá, França que tem uma estrutura
totalmente adequada para atender as deficiências e de maneira geral, a
educação realmente é prioridade, ainda estamos em passos lentos na direção
da qualidade da educação no Brasil, uma vez que faltam recursos e
investimentos reais nas unidades escolares.
Portanto, o processo de consolidação da Política de Educação Inclusiva em
Goiás é uma realidade, mas que ainda está em fase de adaptações, pois representa “um
trabalho inovador que se construiu em meio a muitos erros, dificuldades e também
conquistas, assumindo formas pedagógicas” (GOIÁS/SEE/CEE, 2010, p.43), voltada
para a diversidade e viabilizando o aprendizado por meio de trocas em grupos
heterogêneos.
25
1.4 A inclusão na cidade de Iporá
Considerando que não foi encontrada nenhuma obra que apresentasse a
história da inclusão em Iporá, os dados apresentados a seguir, são fundamentados em
um artigo escrito pela professora Wesilene Ferreira Leonel Siqueira, atual coordenadora
da inclusão na Subsecretaria Regional de Educação de Iporá, publicado no site do Jornal
online Oestegoiano em 06 de setembro de 2010.
No artigo a professora em questão afirma que, na cidade de Iporá, o
processo da Educação Inclusiva teve início no ano de 1999, por meio da Subsecretaria
Regional de Educação de Iporá – SRE, coordenado, na época, pela professora Ana
Maria Honorato, que se dedicou com muito entusiasmo nessa empreitada de fazer
acontecer à educação inclusiva em 10 escolas da Regional.
Para isso foi desenvolvidos no ano de 1999, grupos de estudos semanais de
temas na área de Educação para a Diversidade na Escola Estadual Joaquim Berto, em
que participavam todo o corpo docente da escola sede, além de convidados das demais
instituições em que seria implantado o processo de inclusão.
No ano de 2000, tendo em vista a implantação da Educação Inclusiva, a
Escola Estadual Joaquim Berto, passou a ser a primeira Escola Estadual Inclusiva de
referência na cidade de Iporá, sob a gestão da professora Wesilene Ferreira L. Siqueira.
E esse mesmo processo foi implantado em outros nove municípios jurisdicionados a
esta Subsecretaria Regional de Educação, sendo uma Escola Inclusiva em cada cidade, a
saber: Iporá. Isrealândia, Jaupaci, Ivolândia, Montes Claros de Goiás, Diorama,
Amorinópolis, Palestina, Caiapônia e Doverlândia.
Fundamentado nas recomendações da legislação nacional e estadual vigente,
em 2001 todas as escolas da regional passaram a ser inclusivas e, portanto, teriam que
receber a matrícula de todos os alunos que desejassem estudar, tendo ou não
deficiências. Então, com a expansão do Programa Estadual para a Diversidade numa
Perspectiva Inclusiva, foi necessário a implementação de grandes esforços da equipe da
Superintendência de Ensino Especial e consequentemente da SRE de Iporá para que as
escolas se estruturassem para atender a diversidade.
Houve muitos avanços em relação à consolidação e expansão desse processo
no Estado de Goiás como também na Regional de Iporá. E a partir de 2001 o processo
de inclusão foi implantado em mais duas escolas na cidade, sendo a Escola Estadual
Israel de Amorim e a Escola Estadual Edmo Teixeira, que passaram por algumas
26
transformações para que todos os alunos tenham o direito de desenvolver o seu estilo de
aprendizagem e com o uso de todas as suas inteligências (SIQUEIRA, 2010).
Após longos anos de acompanhamento às instituições de ensino básico de
Iporá e região, muitos avanços foram percebidos rumo à educação de qualidade para
todos. Isso aconteceu, sobretudo devido ao acompanhamento dado pelos profissionais
da Subsecretaria Regional de Educação de Iporá a toda comunidade escolar envolvida
no processo de inclusão. Embora, com muitas mudanças vivenciadas durante os anos,
causadas principalmente pelas políticas governamentais implementadas, a SRE conta,
desde o início do processo, com uma Rede de Apoio à Inclusão, formada por uma
equipe de multiprofissionais como: Intérprete de Libras, Psicólogos, Fonoaudiólogo,
Instrutores e Técnicos Pedagógicos na área da Inclusão. Esta equipe desdobra-se nas
Unidades Escolares, por meio de outros profissionais que dão suporte ao trabalho de
inclusão: professores de recursos, apoio, intérpretes de língua brasileira de sinais,
instrutor de LIBRAS e agente de higienização.
Foi implantado no início do ano de 2010, em Iporá o Centro de Atendimento
Educacional Especializado (CAEE), local onde os alunos especiais são atendidos no
contra turno para melhor desenvolvimento de aprendizagem (SIQUEIRA, 2010).
Para se ter uma noção da dimensão do trabalho feito pelos profissionais que
estão sob a égide da Subsecretaria Regional de Educação de Iporá, no ano de 2010, nas
diversas instituições de ensino que oferece a educação básica, foram atendidos 474
alunos que apresentam algum tipo de deficiência e que, portanto, recebem atendimento
especializado.
Pode-se dizer, portanto, que após onze anos de inclusão educacional, na
regional de Iporá, importantes avanços foram percebidos. Entre erros e acertos, o intuito
sempre foi o oferecimento de uma educação pública de qualidade a todos, sem
distinção.
Portanto, após as considerações feitas nesse primeiro capítulo em que se
abordou o processo de inclusão no mundo, no Brasil, em Goiás e Iporá, observa-se que
as reformas históricas nos sistemas educacionais somente se concretizaram a partir do
momento que as nações começaram a por em prática o que era preconizado na
Declaração de Salamanca, a qual tinha por finalidade atender as necessidades
individuais dos alunos.
Para melhor compreensão de como ocorreu o processo de implantação da
educação inclusiva na Escola Estadual Joaquim Berto em Iporá-Go, abordaremos no
capítulo seguinte todas as fases que o constituíram, sensibilização, implantação,
expansão e consolidação.
27
CAPÍTULO II
A IMPLANTAÇÃO DO PROCESSO DE INCLUSÃO NA
ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO
2.1 Fase de Sensibilização - 1999
Considerando as investigações a cerca do processo de implantação da
educação inclusiva, descobriu-se que em Iporá, cidade localizada no centro-oeste
goiano, interior de Goiás, o início da Educação Inclusiva se deu no ano de 1999. E para
ser a instituição de ensino que seria a referência desse processo, foi escolhida pela
Superintendência de Ensino Especial de Goiás (SUEE-GO), em parceria com a
Subsecretaria Regional de Educação de Iporá (SRE), a Escola Estadual Joaquim Berto.
Isto pelo fato de esta atender alguns critérios definidos para inclusão, como: localização,
estrutura arquitetônica, espaço físico e pelo atendimento de um número favorável de
alunos.
E a partir deste mesmo ano de 1999, a escola passou pelo período de
preparação. Nesta etapa ocorreu a sensibilização e formação, por meio de estudos
semanais oferecidos pela equipe do Setor de Apoio a Inclusão (SAI), da SRE-Iporá e
SUEE, visando capacitar os profissionais envolvidos no processo de inclusão. É
importante ressaltar que os cursos repassados aos profissionais por meio dos grupos de
estudos coordenados pela multiplicadora Ana Maria Honorato Borges, foram sob
orientação do consultor para assunto de educação inclusiva em Goiás, o professor
Romeu kazumi Sassaki.
28
Segundo Siqueira, esses estudos consistiam de:
Grupos de estudos coordenados pelas multiprofissionais da época do SAI
com Ana Maria Honorato. Os estudos eram direcionados para os tipos de
deficiência que estavam sendo matriculados na época como: adaptações
curriculares para trabalhar com o surdo, com o cego, com deficiente
intelectual e transtornos em geral. Geralmente ocorria no período vespertino
das 16:00 às 20:00 horas na própria UE, com a participação de professores e
alguns pais de alunos (2011).
Uma das mais ricas fontes de pesquisa em relação ao processo de
implantação da educação inclusiva na EEJB é o livro de Atas dos Grupos de Estudos de
1999, 2000 e 2001. Nele constam relatos de todas as reuniões para realização dos
grupos de estudos dedicados para formação continuada dos profissionais que ali
atuavam. Após a leitura completa do livro citado, fizemos uma seleção daquelas que
consideramos mais relevantes para a fundamentação do estudo aqui apresentado.
Podemos destacar a relatada na página 01, referente ao dia 16 de abril de
1999. Nessa data aconteceu o primeiro grupo de estudos do ano, com a presença de
todos os funcionários da escola, coordenado por Ana Maria Honorato, com o tema: A
inclusão de crianças portadoras de necessidades especiais na rede regular. Nesta, foi
discutida como trabalhar pedagogicamente o raciocínio, simulações, organizações de
grupos, o perceber e aprender a conviver com as diferenças e as características
individuais de cada um (ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO, 1999).
Considerando ainda as informações contidas no livro ata, na página 15,
notamos que no dia 24 de setembro de 1999, ocorreu a realização de mais um grupo de
estudos, momento em que foi discutido um texto da escritora MANTOAN, “Ser ou
Estar: eis a questão”. Segundo o registro, o “texto define o perfil do professor dessa
nova escola que deverá romper com seus padrões atuais e apontar para objetivos,
métodos e instrumentos de um ensino inovador, fundamentado em projeto também
inovador” (1999).
Consta na página 19, do livro já citado que, no dia 15 de outubro de 1999,
foi realizado mais um grupo de estudo na Escola Estadual Joaquim Berto, que, mais
uma vez, contou com a participação da professora Ana Maria Honorato.
29
Expõem as várias dificuldades que esta encontrando para prosseguir com
todos os encargos que temos pela frente, fala que a Escola Estadual Joaquim
Berto será laboratório, que enfrentaremos inúmeros problemas, mas, sendo
éticos e tentarmos ajudar uns aos outros, com certeza, vamos conseguir, pois,
na verdade ninguém é 100% preparado e diante de cada dificuldade
deveremos estar juntos. (ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO, 1999)
Enfim, foram vários meses de estudos semanais, na instituição de ensino,
para que a formação dos profissionais acontecesse.
De acordo com Siqueira (2011) a formação dos profissionais contribuiu para
a própria implantação uma vez que os profissionais não tinham conhecimento no
trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais, sendo que na época as
universidades não se preocupavam em capacitar os professores nessa área.
Visando amenizar as dificuldades de aceitação dos pais, a Equipe da
Subsecretaria Regional de Educação de Iporá, realizou em 28/09/1999 uma reunião na
Escola Estadual Joaquim Berto, a qual contou com a participação de boa parte dos pais
de alunos da escola. De acordo com o relatório de trabalho da equipe,
A reunião foi positiva, um número considerável de pais compareceu, e
participou com perguntas, e não pareceram resistentes, pois na escola já
existem alguns alunos portadores de necessidades educacionais especiais. A
reunião transcorreu tranquila onde as professora Zilda Cândida de Ávila e
Iracema Barreto de Souza, membros do Departamento Técnico Pedagógico
desta Delegacia, que a pedido da multiplicadora ao Sr. Delegado Claiton
Alves dos Santos, estão juntas nesta luta que se inicia. (IPORÁ, 1999)
Além da preparação do prédio que abrigava a escola, onde foi realizada uma
reforma com adaptações físicas, construindo rampas e adequando os sanitários, o mais
difícil foi cuidar da formação das pessoas envolvidas no processo, pois isso significava
uma reforma atitudinal em relação à conduta de aceitação de pais, alunos e
profissionais, que chegaram com algumas idéias preconcebidas de que a inclusão não
daria certo.
Podemos confirmar essas adaptações feitas pela a entrevista realizada com a
professora Selma Regina Gomes, que atuou como Pedagoga da EEJB e da SRE de
Iporá, no período definido para pesquisa, 1999 a 2002:
30
As adaptações previstas para receber os alunos com deficiência, se não me
falha a memória, foram: a) de caráter atitudinal: dentre outras, estas
adaptações previam uma mudança nos valores, nas condutas com relação às
crianças com deficiência e sua participação como aluno na rede regular de
ensino. b) arquitetônico: são as mudanças previstas para melhoria da
acessibilidade dos alunos com deficiência, que previam adaptações na
estrutura física das escolas. É preciso dizer que estas adaptações nunca foram
feitas a contento. c) pedagógico: foram as adaptações na estrutura pedagógica
da escola, que envolviam: PPP, programa de ensino, estratégias de ensino,
avaliação da aprendizagem, etc.
Para que o processo de implantação da educação inclusiva pudesse ser
implantado, no ano seguinte, as mudanças necessárias teriam realmente que acontecer,
pois, eram fundamentais para a dinamização das fases seguinte.
Portanto, essa etapa de sensibilização do processo foi de suma importância,
pois foi nela que a escola começou a formação dos profissionais para atender a proposta
de inclusão que seria implantada no ano seguinte.
2.2Fase de Implantação - 2000
No ano seguinte, em 2000 acontece a implantação do processo de inclusão,
onde a escola passa a ser Referência na cidade de Iporá, sendo a mesma a pioneira em
implantar a Educação Inclusiva, tendo como diretora da escola a professora Wesilene
Ferreira Leonel Siqueira, eleita nesse mesmo ano.
Segundo o Memorial da escola elaborado em 2002, com a implantação em
2000, foram matriculados 44 alunos inclusos, sendo, 08 com deficiência auditiva, 28
com deficiência mental, 03 com condutas típicas e 02 com deficiência física.
Considerando a pesquisa feita, notou-se que o processo de Implantação não
foi fácil, pois houve grande rotatividade no quadro de profissionais e ainda muita
rejeição por parte de alunos “ditos normais” e seus familiares. Por não aceitar os alunos
com deficiência, alguns professores pediram transferência para outras escolas, e os pais
dos alunos “ditos normais”, tiraram seus filhos da escola, por não concordarem que os
mesmos convivessem com os alunos diferentes. Com essa rotatividade, a escola teve
que buscar a contratação de professores temporários para completar o seu quadro de
docentes.
31
Conhecemos os argumentos pelos quais a escola tradicional resiste à inclusão
__eles refletem sua incapacidade de atuar diante da complexidade, da
diversidade, da variedade, do que é real nos seres humanos. Os alunos não
são virtuais, objetos categorizáveis__eles existem e fato, são pessoas que
provêm dos variados contextos culturais, representam diferentes segmentos
sociais, produzem e ampliam conhecimento e têm desejos, aspirações,
valores, sentimentos e costumes co os quais se identificam. Em resumo: esses
grupos de pessoas não são criações de nossa razão; eles existem em lugares e
tempos não ficcionais, evoluem, são compostos de seres vivos, encarnados!
(MANTOAN, 2006, p.34)
Segundo Siqueira (2010) no início da implantação vivenciou-se muitas
dificuldades em sensibilizar os pais dos alunos “ditos normais”, uma vez que os
mesmos por falta de conhecimento achavam que a presença de um aluno com
deficiência iria atrapalhar o rendimento de seus filhos. No primeiro ano de implantação
do processo de inclusão na Escola Estadual de Referência de Iporá Joaquim Berto,
houve uma diminuição considerável dos alunos devido à chegada daqueles com
deficiência. Esse processo foi mudando aos poucos, com muita sensibilização, reuniões
com pais e muito estudo.
Com a implantação da educação inclusiva a escola teve que rever seu
Projeto Político Pedagógico (PPP) e Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE),
fazendo adaptações necessárias ao processo de inclusão. Segundo Miguel, Silva e
Xavier, que também atuaram como docente na EEJB no período investigado,
O PPP, após a implantação da educação inclusiva propôs como missão ser
uma escola para todos, de forma a atender as necessidades individuais,
educando com sucesso, capacitando-os para atuarem de forma critica na
sociedade, mantendo um padrão de qualidade no ensino, envolvendo o maior
numero de pessoas no processo. No PDE a escola Inclusiva de Referência
Joaquim Berto estão previstas a implementação de medidas pedagógicas que
garantam o acesso a aprendizagem e ao conhecimento, possibilitando
também a permanência do aluno na escola e garantindo o sucesso do
processo educacional (2005, p.23).
De acordo com as autoras citadas acima (ibidem), na busca de um ensino de
qualidade para todos é que foi elaborada uma proposta pedagógica visando um
atendimento as necessidades especiais individuais, educando com sucesso todos os
alunos, capacitando-os para atuarem de forma participativa e crítica na sociedade,
mantendo um padrão de qualidade no ensino, considerando a diversidade dos níveis de
aprendizagem dos alunos. Para isso a escola adaptou as horas-atividades do professor de
forma coletiva para a realização do planejamento e discussão para escolhas das
32
metodologias mais eficazes a serem aplicadas conforme as necessidades especiais dos
alunos.
A respeito da importância da reformulação do Projeto Pedagógico de uma
escola inclusiva, Mantoan diz:
Essas escolas são realmente abertas às diferenças e capazes de ensinar a
turma toda. A possibilidade de ensinar todos os alunos, sem discriminações e
sem práticas do ensino especializado, deriva de uma reestruturação do projeto
pedagógico escolar como um todo e das reformulações que esse projeto exige
da escola, para que ela se ajuste a novos parâmetros de ação educativa. (2006,
p. 45)
Com a chegada dos alunos com deficiência a escola teve que rever suas
propostas pedagógicas adaptando-as conforme as necessidades de um processo de
ensino inclusivo. É o que se confirma na entrevista concedida pela Pedagoga Selma
Regina Gomes citada anteriormente.
Segundo ainda o livro de Atas da Escola Estadual Joaquim Berto, o ano de
2000 foi um tempo de muitos desafios e barreiras enfrentadas pelos profissionais, pais e
alunos para se adaptarem a escola inclusiva. Continuaram com os grupos de estudos, os
quais eram considerados de grande valia para a preparação dos profissionais envolvidos
no processo de inclusão da escola. E ao longo do ano, a multiplicadora Ana Maria
Honorato, em suas diversas participações nos momentos de formação na Instituição de
Ensino, ressalta a necessidade dos professores estarem sempre estudando sobre a
proposta interacionista de ensino, que deve permear a prática dos docentes da escola
inclusiva. Nesse mesmo, aconteceram também estudos sobre os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs) e o Projeto Político Pedagógico da escola (PPP) da escola, que
deveria ser adequado para a realidade da inclusão.
Essa formação interna na Escola Joaquim Berto, era complementada por
cursos oferecidos pela SUEE, para docentes de todas as escolas inclusivas pertencentes
à SRE de Iporá. Um dos mais significativos foi o Curso de Língua Brasileira de Sinais
(LIBRAS) I, II, III e IV realizado de 17 de março de 2000 a 25 de novembro de 2001.
Ele acontecia em Iporá, em um final de semana por mês no período acima descrito e,
além da aprendizagem em relação à comunicação com os alunos com deficiência
auditiva, oportunizara a troca de experiência entre profissionais que tinham em comum
o fato de estar atuando em um processo inclusão, cheio de muitos desafios.
33
De acordo com documentos pesquisados na escola, no ano de 2000, foi
organizado pela Equipe do SAI em parceria com a Escola Estadual Joaquim Berto, o I
Encontro Pedagógico das Escolas Inclusivas, com o tema: Construindo Uma Escola
Para Todos, realizado de 23 a 24 de outubro nas dependências da escola acima citada.
Este contou com a participação de quase 200 docentes oriundos das escolas inclusivas
pertencentes à regional de Iporá e configurou-se como um espaço de formação
permeado por estudo de teorias e trocas de experiências.
O ano de 2000 foi um ano de constantes estudos para a formação dos
profissionais em educação inclusiva, foi também um ano turbulento, pois a escola
enfrentou vários problemas com a rotatividade de professores e transferências de alunos,
por não aceitarem a conviver com os alunos deficientes.
2.3 Fase de Expansão - 2001
Em 2001 continua o processo de inclusão na Escola Estadual Joaquim Berto
com uma fase, denominada pela SUEE com expansão, onde os profissionais passaram
por intensivos estudos com a finalidade de intensificar a preparação e melhorar a
postura pedagógica diante dos alunos, pais e comunidade.
Dessa forma os grupos de estudos continuam acontecendo, contando para
isso, com a parceria da Equipe do Setor de Apoio à Inclusão (SAI) da SRE de Iporá,
para realização dos mesmos. Nesse espaço de formação, o grupo buscava incentivar os
profissionais que atuavam na escola inclusiva, elevando sempre a auto estima deles,
para um bom andamento de expansão da inclusão dentro da instituição de ensino.
Segundo pesquisa feita ao livro de Ata da instituição, na página 60, o grupo
de estudos do dia 24 de abril de 2001, teve como assunto a Inclusão e ocorreu sob
orientação da pedagoga do SAI, Selma Regina Gomes, que desenvolveu um estudo
sobre o que é Educação Inclusiva e como surgiu essa proposta educacional.
Ela comparou a Educação inclusiva a um termômetro que aponta para nós,
todo o descontentamento diante das desigualdades sociais, funciona como
um alerta contra a exclusão. Durante o estudo a professora Selma Regina
discorreu sobre o histórico da Educação Inclusiva, sendo um programa que
foi estudado através de debates, buscando o histórico do indivíduo e que a
partir da agregação do portador de necessidades especiais em instituições
houve maior pesquisa por parte de cientista que conseguiu diferenciar o
34
doente mental do deficiente mental. A partir daí sentiu-se a necessidade de
realizar trabalhos valorizando a competência individual e a sua socialização.
A professora Selma Regina fala que a intenção da escola inclusiva é mostrar
para toda sociedade que é possível e faz parte do contexto a existência, o
valor e a capacidade de cada um ser humano (ESCOLA ESTADUAL
JOAQUIM BERTO, 2001).
No grupo de estudos desse mesmo dia a atual diretora da escola Profa.
Creusa Alves da Cruz, que assumiu o cargo com a saída de Wesilene Siqueira, esclarece
que, a ansiedade demonstrada, principalmente pelas professoras das séries iniciais, é
causada por elas atuarem no início do processo de inclusão do aluno com deficiência na
escola. Ressalta que precisam compreender que os resultados não serão imediatos, mas
virá, desde que tenham paciência e persistência na busca de uma educação inclusiva de
qualidade (ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO, 2001).
No dia 28 de abril de 2001, registrado no livro de atas na página 61, está à
síntese do grupo de estudo realizado na escola. Este visava ampliar conhecimentos e
esclarecer dúvidas sobre o processo de inclusão.
A diretora esclareceu que o estudo sobre a inclusão ainda se fazia necessário,
devido aos funcionários novos que se faz maioria na escola ainda não terem
conhecimento do que realmente é e como funciona a escola. Nesse dia foi
repassada aos professores a reunião de coordenadores com o pessoal do SAI,
onde priorizava o trabalho inclusivo, sendo diferenciada do ensino de uma
escola onde não haja portadores de necessidades educacionais especiais e que
requer dos funcionários uma doação e não simplesmente uma prestação de
serviços (ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO, 2001).
Mais uma vez fica claro que a rotatividade de professores na Escola
Estadual Joaquim Berto era constante. Fato que pode ser comprovado pelo quadro de
pessoal da escola que consta nos anexos desse trabalho.
Outro grupo de estudo considerado importante para a formação dos
profissionais da escola inclusiva aconteceu no dia 14 de setembro de 2001, tendo seu
registro no livro de Atas, na página 65. Ele foi ministrado pela pedagoga Marilda de
Lima e pela Profa. Rosângela Leonel, pertencentes à equipe do SAI da SRE de Iporá.
Neste, foram apresentadas as principais características da escola inclusiva. Segundo
consta na ata,
35
Mesmo sendo já feito um estudo desse tema no ano de 1999, surgiu à
necessidade de fazê-lo novamente devido a um grupo de novas professoras
que estão atuando. Dentre as principais características das escolas inclusivas
de acordo com Romeu Kazumi Sassaki, professor e estudioso da área, propõe
alguns itens. Entre os quais: Um senso de pertencer, Liderança, que envolve
o diretor no provimento de estratégias, Padrão de excelência, Colaboração e
cooperação, Novos papeis e responsabilidades, Parceria com pais,
Acessibilidade, Ambiente flexíveis de aprendizagem, Estratégias baseadas
em pesquisa, Novas formas de avaliação e Desenvolvimento continuado. A
pedagoga Marilda coloca que esses itens citados são fundamentais para que
haja mudanças, e que os profissionais têm que serem portadores dessas
características e cultivá-las dia-a-dia para que consigam seus objetivos. Ela
ressalta que nunca terão um desenvolvimento homogêneo numa turma, mais
que com dedicação e esforço poderão alcançar resultados positivos ressalta
também que esta aprendendo muito nos cursos e com a convivência com os
colegas e o quanto é importante acreditar no professor que tem uma postura
de afetividade, que sabe valorizar o concreto e tem consciência de sua
capacidade (ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO, 2001).
Os grupos de estudos realizados na escola Joaquim Berto contavam, quase
sempre, também com o auxílio da psicóloga da Equipe do SAI da SRE de Iporá,
Dilmari Moreira da Silva e Souza que contribuía com os professores orientando-os e
tirando-lhes dúvidas sobre as maneiras de lidar com os alunos deficientes e suas
famílias.
Segundo documentos da escola campo, visando intensificar a formação dos
profissionais envolvidos no processo de inclusão da Subsecretaria Regional de
Educação de Iporá, no ano de 2001, foi organizado pela Equipe do SAI, o II Encontro
Pedagógicos das Escolas Inclusivas, com o tema: “Ressignificando as Práticas
Pedagógicas nas Escolas Inclusivas”. Ele aconteceu nos dias 29 a 30 de outubro de
2001, na Escola Estadual Israel Amorim e, assim como o primeiro, contou com a
presença de diversos professores das escolas inclusivas da região.
Esse ano de 2001 foi um ano de intensos estudos e encontros pedagógicos
visando atender melhor a comunidade escolar, sempre contando com apoio da equipe do
SAI.
2.4 Fase de Consolidação - 2002
No ano de 2002 a Unidade Escolar enquanto escola inclusiva de referência
prepara-se para a consolidação do processo de inclusão. Segundo, o Memorial da escola
36
que já foi citado anteriormente, a UE passa a contar com uma professora de recursos em
período integral com ambiente apropriado, professores de apoio nas salas de aula que
atendem acima de 04 alunos inclusos, professores intérpretes em cada período e
instrutora de libras, formando assim uma equipe de profissionais aptos a colaborar e
juntar forças para a consolidação.
De acordo ainda com o Memorial citado acima, os grupos de estudos nesse
ano de 2002 continuaram a acontecer semanalmente na UE, com o objetivo de discutir
as dificuldades encontradas pelos professores, e para que os mesmos trocassem
experiências vividas, havendo assim uma maior integração do grupo. As reuniões com
pais também continuaram acontecendo, o grupo de pais fazia parte dos projetos da
escola, e era realizado mensalmente. Nesse ano de consolidação do processo de
inclusão, a escola realizou vários encontros pedagógicos, oficinas de libras e outros
estudos.
O grupo do SAI, seguindo orientações da SUEE, desenvolveu durante o ano
de 2002, Encontros Pedagógicos na Escola estadual Joaquim Berto, nos quais, eram
trabalhados temas específicos da inclusão com profissionais advindos das escolas
inclusivas de Iporá e região. Esse momento de estudo e integração entre profissionais da
educação inclusiva de diversas escolas permitia, semanalmente, além do conhecimento
da teoria, a troca de experiências diárias. Sendo esses encontros pedagógicos de suma
importância para um ensino de qualidade. Assim, afirma Mantoan:
Tem-se um ensino de qualidade a partir de condições de trabalho pedagógico
que implicam formação de redes de saberes e de relações entrelaçadas por
caminhos imprevisíveis para chegar ao conhecimento; existe ensino de
qualidade quando as ações educativas se pautam pela solidariedade, pela
colaboração e pelo compartilhamento do processo educativo com todos os
que estão direta ou indiretamente nele envolvidos. (2006 p.45)
E com essa proposta de interação entre profissionais envolvidos nesse
processo que a escola continuou desenvolvendo os grupos de estudos, os cursos de
libras e os encontros pedagógicos.
Nesse ano de consolidação a escola ainda enfrenta muitas dificuldades, entre
elas a rotatividade no quadro de professores. Podemos ver que essa rotatividade foi um
problema desde a implantação do processo em 2000. No gráfico a seguir podemos
acompanhar esse problema:
37
*Fonte: Secretaria da Escola Estadual Joaquim Berto
Com a rotatividade de professores e outros problemas que a escola
enfrentou, o número de alunos matriculados no inicio do processo da implantação em
2000 até a consolidação em 2002 diminuiu muito. Podemos constatar essa diminuição
no gráfico a seguir:
*Fonte: Secretaria da Escola Estadual Joaquim Berto
38
O que se viu nos gráficos acima só vem a confirmar o que foi relatado no
decorrer da pesquisa. A EEJB passou por momentos difíceis ao decorrer do processo.
Com a consolidação neste ano de 2002 a escola ainda enfrenta um dos seus maiores
problemas que foi a rotatividade no quadro de professores, chegando a contar, nesse
mesmo ano, com apenas quatro professores efetivos. E isso causou transtornos para a
UE, porque toda vez que se contratavam profissionais tinha que prepará-los, pois a
formação dos efetivos estava acontecendo desde 1999, quando eles aceitaram a proposta
de inclusão para a EEJB, e vinham participando de vários cursos de capacitação, ciclos
de estudos, encontros pedagógicos e outros eventos que trabalhavam temas específicos
da inclusão. E essa rotatividade trouxe outro problema, que foi a diminuição no número
de alunos matriculados. A escola que tinha 304 alunos matriculados em 2000, na sua
fase de implantação, diminui para 182 alunos matriculados em 2002, no ano de
consolidação do processo de inclusão. Tais problemas afetaram a credibilidade da escola
perante a sociedade.
Segundo dado das pesquisas realizadas ao longo desse trabalho percebeu-se
que, com o decorrer dos anos através de muito trabalho e dedicação dos profissionais
que optaram em aceitar e defender a proposta de inclusão dentro da escola EEJB, boa
parte dos problemas foram sanados. Isso pode ser visto nos dados de alunos
matriculados nesse ano de 2011, que são num total de 387 alunos, distribuídos nos dois
turnos, sendo 192 no turno matutino e 195 no turno vespertino, desse total 18 alunos são
alunos com deficiência. Hoje a escola tem sala multifuncional com muitos jogos e
tecnologias assistidas. A escola recebeu recentemente uma verba para dar mais
acessibilidade para os alunos, onde serão feitos corre mãos, pisos antiderrapantes, mais
rampas e outras mudanças para melhorar a vida dos alunos na escola.
Ainda segundo as observações feitas, hoje, a escola esta estruturada, todos
os profissionais sabem lidar com situações e diferenças de cada um, da melhor forma
possível. Os professores estão bem preparados na parte pedagógica e buscam sempre
estar se aperfeiçoando, participando sempre de cursos e encontros pedagógicos. Viu-se
que as mudanças na rede de apoio, em que a carga horária passa de 40hs para 30hs,
alterando a função do professor de apoio de sala, para professor itinerante, onde ele
auxilia três salas no mesmo turno, acabando aquele atendimento individualizado, tem
dificultado o trabalho da escola no momento. Os professores estão reclamando da falta
de apoio em sala de aula, porque os alunos estão sentindo muito a falta dele, dos
professores de apoio, que não só ajudam os alunos com deficiência, como os outros que
tem alguma dificuldade de aprendizagem. E mesmo com essas mudanças os professores
39
de apoio vão para a escola fazer o acompanhamento semanal no contra turno, pois o
professor titular não tem tempo para esse atendimento individualizado.
Mesmo com os problemas de antes e as mudanças de hoje, a escola resgatou
sua credibilidade perante a sociedade iporaense e região. Dado este que pode ser
comprovado pelos números citados acima cedido pela escola. Pois, a UE tem um
número muito grande de alunos matriculados e, segundo a pesquisa feita, é muito difícil
encontrar vagas na escola, porque para muitos ela continua sendo uma unidade de
referência.
E para enriquecer e dar sustentação do trabalho, no próximo capítulo será
relatada a vivência e a contribuição do processo de implantação da educação inclusiva
para a comunidade escolar envolvida no mesmo.
40
CAPÍTULO III
A IMPORTÂNCIA DA VIVÊNCIA DO PROCESSO DE
IMPLANTAÇÃO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA ESCOLA
ESTADUAL JOAQUIM BERTO PARA A COMUNIDADE ESCOLAR
ENVOLVIDA
Diante do exposto no capítulo anterior, fica evidente as muitas dificuldades
encontradas no processo de implantação da educação inclusiva na Escola Estadual
Joaquim Berto. No decorrer da pesquisa notou-se que houve pessoas que realmente se
engajaram nessa empreitada, acreditando que seria possível a inclusão nessa escola, e
nas demais, anos depois.
Foi um processo difícil e gradativo, passando pela sensibilização em 1999, a
implantação em 2000, a expansão em 2001 e a consolidação 2002. Essas fases foram de
suma importância para o processo ao longo dos anos até os dias de hoje.
Foram vários os obstáculos, dificuldades e anseios superados para que se
efetivassem a consolidação do processo. E tudo isso significou muito para os
professores, pais e alunos tanto no aspecto profissional, quanto no pessoal na vida de
cada um deles.
Como fundamentações para compreensão do significado, para a
comunidade escolar envolvida, da vivência do processo de implantação da educação
inclusiva na EEJB, optaram pela realização de entrevistas estruturadas realizadas com
pais, alunos e profissionais que estiveram na instituição de ensino nos anos de 1999 a
2002. É importante ressaltar, que como foram muitas as pessoas importantes no
processo, não foi possível colher o depoimento de todas elas. Assim, apresentamos a
41
seguir, a opinião de cinco professoras e seis alunos, as quais se acreditam ser suficientes
para o alcance do objetivo proposto para esse capítulo.
3.1 A vivência dos docentes no processo de implantação da educação inclusiva
na Escola Estadual Joaquim Berto
Por acreditar na importância fundamental do docente em qualquer mudança
proposta para área educacional, iniciou-se, justamente, pelo diálogo estabelecido com
eles. A primeira entrevistada foi a professora Wesilene Ferreira Siqueira Leonel, que
trabalhou na escola campo da pesquisa como professora desde 1996, sendo nomeada
diretora da unidade no ano de 1999, portanto ela vivenciou o início do processo e hoje
ela é representante do ensino especial, coordenando à rede de apoio a inclusão na SRE-
Iporá. Ela diz que para ela a vivência desse processo significou:
Um crescimento incalculável, tanto na minha vida profissional, quanto
pessoal. Hoje com doze anos vivenciando esse processo de inclusão, tanto na
escola como na sociedade percebo que as mudanças como: respeito às
diferenças, o direito de todos pertencerem com dignidade à sociedade a qual
vive já foi muito grande. Muito ainda precisa acontecer para que possamos
dizer que temos uma “escola inclusiva”, porém os primeiros passos acredito
que com muita ousadia e vontade estamos dando para o trabalho com a
diversidade em nosso estado.
Quando foi perguntado para a professora Wesilene o que significou esse
processo na vida da comunidade ela afirmou que:
Acredito de maneira geral um crescimento no sentido de respeitar as
diferenças, valorizar e perceber que a diversidade pode enriquecer as pessoas,
tanto na vida pessoal quanto na convivência coletiva. Acredito que todos os
nossos alunos, pais e profissionais que vivenciaram a implantação do PEEDI,
hoje são pessoas menos excludentes e mais tolerantes com as diferenças em
nossa comunidade.
A professora citada acima enumera alguns pontos como sendo positivos e
outro negativo:
42
Como positivo: maior integração entre os alunos, respeito às diferenças,
aceitação das famílias, conhecimento sobre as várias deficiências,
capacitação continuada tanto na escola como na SRE, profissionais melhores
preparados e o hábito de estudos. O ponto negativo é que depois de 12 anos
de implantação ainda existe profissionais que resistem ao processo, não
aceitando mudar metodologias e atitudes em relação à diversidade na escola.
A segunda entrevista foi feita com a professora Mariza Xavier Coutinho que
trabalhou na UE de 1998 a 2000, vivenciando o início do processo de implantação e
hoje trabalha na capacitação e orientação de professores na proposta da educação
inclusiva na SRE- Iporá e como professora do CAEE. Ela diz o que significou o
processo para ela: “Crescimento pessoal, profissional, aceitação e um crescimento
humano, pois aprendi muito com os alunos”.
Segundo ainda a professora Mariza o processo de inclusão para a
comunidade escolar significou “crescimento, tanto para os alunos e pais como para os
professores que aprenderam a viver com as diferenças, respeitando as mesmas”. E como
todo e qualquer processo tem-se pontos positivos e negativos, ela cita alguns:
Pontos positivos: valorização do outro, respeito à diversidade, oportunidade
para todos, uma socialização que perpassa os muros da escola, conhecimento
das diferenças, ou das necessidades educacionais especiais. Ponto negativo:
poucos recursos disponibilizados para dar mais condições ao processo de
inclusão.
A terceira entrevista foi realizada com a professora Selma Regina Gomes
que iniciou seu trabalho na UE em agosto de 1999, participando desde o início do
processo como pedagoga. Ali, vivenciou os quatro momentos do processo de
implantação da educação inclusiva: sensibilização (1999), implantação (2000),
expansão (2001) e consolidação (2002). Hoje ela trabalha como psicopedagoga na FAI.
Quanto a sua vivência do processo diz que:
O significado dessa experiência particular me trouxe conhecimentos que me
acompanham em minha vida profissional e pessoal. Eu pude também com o
passar dos anos desenvolver uma visão crítica deste processo. Hoje eu teria
uma postura diferente da que tive no início do meu trabalho com a inclusão.
Tenho questionamentos sérios com relação à participação do Estado neste
projeto e mantenho comigo dúvidas se o processo não está agravando a
situação de crianças que apenas têm dificuldades de adaptação à dinâmica da
43
escola e são consideradas “inclusas” por sua situação de dificuldade. Sei que
muitos ganharam com este processo, entretanto considero que ele precisa ser
repensado e levado mais a sério pelo Estado.
Para a comunidade escolar, a professora Selma Regina disse o que a
vivência desses anos significou e elenca alguns pontos positivos e negativos no
processo de inclusão:
O processo de implantação da Inclusão Escolar foi impactante para todos os
profissionais envolvidos, mas todos nós de uma maneira ou de outra,
crescemos com ele. Elencando aspectos positivos e negativos deste processo
eu coloco da seguinte maneira: Pontos positivos: Apoio especializado para
atendimento ao aluno com NEE, Perseverança de muitos profissionais que
participaram do início de implantação do processo e continuam acreditando
até hoje, Os benefícios da inclusão são visíveis na capacidade de
comunicação e na sociabilidade desenvolvida pelos alunos de modo geral,
valorização da diversidade da condição de ser humano, As relações
interpessoais e os laços de afetividade, Amizade entre os alunos com
deficiência e os sem deficiência, Os professores e comunidade escolar em
geral se alargou em consequência deste projeto, entre outros. Pontos
negativos: Dificuldade na aprendizagem do conteúdo curricular, as maiores
conquistas estão relacionadas ao aspecto socializador da escola, O aspecto
burocrático imposto pela SEE, a equipe escolar ainda continua querendo
transformar o aluno com deficiência em um aluno normal, entre outros.
A quarta entrevistada foi à professora Creusa Alves da Cruz que trabalhou
na escola desde o ano de 1999 a julho de 2007, participando de todas as fases do
processo de inclusão da escola Joaquim Berto. Hoje ela trabalha no colégio Estadual
Aplicação, na função de professora de AEE. É com entusiasmo que a professora
relembra momentos e amizades que marcaram sua vida durante o período que trabalhou
na Escola Estadual Joaquim Berto. Ela disse que tem uma ligação de amor e carinho
pela escola, porque foi lá que viveu os melhores anos como profissional. Quando se
perguntou o que a vivência desse processo significou para ela, afirma que:
Foi fundamental na minha vida, tanto pessoal quanto profissional. Foi a partir
daí que percebi que precisava estudar mais e buscar novos conhecimentos
para aprimorar. Passei a ter uma nova visão em relação à condição do aluno,
as potencialidades e dificuldades, não só do aluno com deficiência como dos
demais alunos. Trabalhando na escola inclusiva adquiri uma nova visão da
prática pedagógica, antes eu achava que ser professor era passar conteúdos
para os alunos. Mas com o processo da inclusão aprendi que ser professor é
aprender, ensinar, aprender, participar.
Perguntou-se também a Profa. Creusa o que acredita que esse processo
significou para a comunidade escolar. Ao responder ela afirma que:
44
Acreditávamos que esse era mais um programa de governo, algo passageiro.
No primeiro momento não tínhamos noção da dimensão de todo o processo,
toda a estrutura proveniente da luta de longos e longos anos, depois vimos
que já havia toda uma legislação que amparava as pessoas que ali chegavam.
Para a comunidade o processo de inclusão trouxe benefícios como um todo,
pois a inclusão oportunizou um novo olhar, dando um novo significado para a
vida das pessoas.
Como resultado dessa vivência, a professora destacou alguns pontos
positivos e apenas um negativo no processo, como:
Pontos positivos: oportunidade das pessoas com deficiência expandir suas
potencialidades; entender as inteligências múltiplas; visão de ter que aprender
mais; formação continuada; a oportunidade das crianças e adultos
conviverem com as diferenças; a reformulação da estrutura da escola;
recebimento do laboratório de informática(mesmo que anos depois); a
reforma do prédio que veio através da luta de diretores da unidade escolar ao
decorrer dos anos. Ponto negativo: a estrutura física e os recursos financeiros
que não tínhamos, recursos esses que não eram só para a implantação da
inclusão.
E para encerrar as entrevistas com os profissionais que vivenciaram o
processo de inclusão da escola, conversou-se com a professora Maria Dias Xavier, que
começou a trabalhar na escola em 2000, onde esta até hoje, atuando como diretora da
UE. Ela diz que,
O processo significou muito para a vida profissional e pessoal, construí uma
prática pedagógica voltada para o princípio da proposta inclusiva e me
proporcionou grandes conhecimentos teóricos e práticos na área educacional,
enfim, foi onde construí minha identidade profissional.
A diretora disse ainda que o processo de inclusão significou uma
transformação para toda a comunidade escolar e aborda os pontos positivos para esse
processo de inclusão, sendo eles:
Tornou-se uma escola com uma proposta pedagógica sólida; professores mais
comprometidos; a volta da credibilidade como escola; a aprendizagem de que
as crianças com deficiência nos ensinam e nos ensinam a ser mais humanos e
crianças mais fraternas e solidárias, e que não atrapalham como se pensava.
Ao final das entrevistas com as profissionais mencionadas acima, que
vivenciaram o processo de inclusão, fica retratada a importância dessas vivências não só
para elas como para a comunidade envolvida nele. Pois, elas abraçaram a causa,
45
vestiram a camisa da inclusão e foram à luta por acreditar que seria possível a realização
dessa proposta de uma Educação Para Todos. E para o sucesso dessa empreitada
Mantoan, afirma que, “Temos de saber a onde queremos chegar. Para isso, é importante
que fique claro que não existe “o” caminho a ser seguido, mas caminhos a escolher,
decisões a tomar. E escolher é sempre correr riscos.” (2006, p. 11). E as profissionais da
entrevista sabiam muito bem onde queria chegar e percorreram vários caminhos durante
o processo de implantação para que ele viesse a se concretizar na EEJB.
3.2 A vivência dos alunos no processo de implantação da educação inclusiva na
Escola Estadual Joaquim Berto
E para continuar buscando a compreensão do significado da vivência do
processo de implantação da educação inclusiva na Escola Estadual Joaquim Berto para a
comunidade escolar envolvida, discorre-se a seguir sobre as entrevistas feitas com
alunos com deficiências que estudaram na escola e também constituem-se parte dessa
história. Isto porque todo o trabalho de implantação da educação inclusiva aconteceu
buscando melhorar a vida dos alunos na escola e na sociedade, assim afirma Mantoan:
A inclusão também se legitima, porque a escola, para muitos alunos, é o
único espaço de acesso aos conhecimentos. É o lugar que vai lhes
proporcionar condições de se desenvolverem e de se tornarem cidadãos, com
uma identidade sociocultural que lhes conferirá oportunidades de ser e de
viver dignamente (2006, p.36).
Visando investigar a importância da inclusão, tanto no aspecto escolar
quanto no social, na vida de seis alunos com deficiência, que estudaram na EEJB no
período de 2000 a 2002, e que tiveram a oportunidade do convívio com as pessoas
“ditas normais”, foram feitas, com eles, entrevistas estruturadas, as quais foram
aplicadas durante todo o mês de outubro de 2011.
Na primeira delas, entrevistamos o aluno Misael Apolion Campos Alves, 25
anos de idade, que tem deficiência auditiva. Ele estudou na EEJB na 3ª e 4ª séries. Ele
não lembra a idade que tinha na época, mas fala que foi no início do processo de
inclusão. Hoje cursa o 3º ano do ensino médio no Colégio estadual Dom Bosco.
Inicialmente, foi perguntado se ele teve dificuldades quando começou a
estudar em uma escola regular de ensino. Com ajuda da mãe como intérprete, ele
respondeu que, “Sim, porque pai e mãe de aluno tiraram o filho da escola achando que
46
eu era doido e agrediria os outros. Achavam que por ser eu um deficiente auditivo eu era
doido, encontrei muita dificuldade, o começo foi difícil”. Quanto ao questionamento
feito sobre se sentiu preconceito por parte dos colegas, pais e professores, ele afirmou
que, “sim, pois a professora E., ficava me imitando fazendo deboche de mim. A minha
mãe discutiu com outras mães por preconceito comigo. Com os colegas não senti, eles
me acolhiam muito bem, todos eram carinhosos comigo”. Para ele a vivência desse
processo, “Foi muito bom porque eu estudei lá, e de lá fui para a escola Israel, depois
para o colégio Osório e hoje eu estudo no colégio Dom Bosco no 3ª ano. A professora
A. me ajudou muito a desenvolver porque ela fazia várias coisas para eu aprender”.
A entrevista é prosseguida perguntando-lhe, o que mais o marcou esse
tempo na escola. Como resposta, disse: “Eu gostava de ir para a escola, o que mais
gostava eram as gincanas eu participava com minha mãe me divertia muito. Gostei
muito da festa de aniversário da minha colega da escola”. Perguntou-se quais os pontos
positivos e negativos que viu nesse processo, e disse que como positivo, “Foi poder
estudar; conviver com pessoas; a minha mãe aprendeu libras para me entender; acabou
um pouco de preconceito com o surdo”. Para ele, “O preconceito e a dificuldade de
achar uma professora de libras”, foram os pontos negativos vivenciados.
As próximas perguntas, devido à dificuldade de comunicação, a mãe do
Misael, senhora N. preferiu responder. Quanto à opinião dela sobre a proposta de
inclusão dos alunos com deficiência na rede regular de ensino, ela respondeu que,
Foi muito bom e gratificante, pois, meu filho era um menino excluído por ser
diferente. A inclusão veio para melhorar a vida de muitas crianças diferentes,
o meu filho só não escuta. Mas não foi fácil eu corri atrás dessa inclusão. Não
só eu mais todos envolvidos nessa luta encontramos barreiras. A princípio
não tinha um professor de línguas. Fui atrás de ajuda não podia ficar
esperando, até que a professora Ana Maria Honorato conseguiu uma
professora de libras de Goiânia. Eu agradeço muito a professora Ana Maria,
me emociono em falar dela, porque se tem alguém que abraçou essa causa foi
ela e digo mais foi ela quem trouxe a inclusão para Iporá e acreditou que
daria certo. Na época com ela teve vários congressos e encontros sobre
inclusão. Tive a oportunidade de ir para Goiânia e participar de cursos junto
com a professora Zilda e isso contribuiu muito para mim e meu filho.
Para a vida social do aluno entrevistado, ela acredita que a contribuição
advinda da participação dele no processo de inclusão, foi muito grande, pois, “Ele
desenvolveu muito convivendo com as outras crianças, porque ele era muito tímido.
47
Vejo que contribuiu com a socialização dele. Ele ficou mais alegre e feliz estudando
com pessoas “ditas normais”.
Para continuar a investigação para descobrir como foi a vivência dos alunos
durante esse período de três anos de implantação da educação inclusiva na EEJB,
entrevistamos a aluna Kênia Silva Maluf Franco, 25 anos de idade, com deficiência
mental, e que estudou na UE somente no ano de 2002, cursando a 4ª série e tinha 16
anos na época. Hoje ela esta cursando disciplinas isoladas no Curso de letras da
Unidade Universitária da UEG de Iporá. Foi perguntado se ela encontrou dificuldades
de adaptação ao iniciar seus estudos na escola. Ela respondeu que, “Sim, dificuldades
nas disciplinas, eu precisava muito dos professores de apoio para me ajudar. O professor
W. era o titular e a professora A. me ajudou muito, era intérprete e eu tinha uma boa
relação com eles”.
Ao ser indagada se havia sentido preconceito por parte dos colegas, pais e
professores, na EEJB, ela disse que, “Por parte de professores e pais não, mas sim de
uma colega a D. , que não quis realizar uma atividade comigo porque ela tinha
preconceito comigo”. Foi perguntado também sobre o significado da vivência desse
processo para o desenvolvimento dela e o que mais há marcou esse tempo na escola.
Para ela,
O processo foi muito bom, a meu ver está melhorando a cada ano. Contribuiu
para o meu desenvolvimento, tanto que eu ajudava os meus colegas que
tinham dificuldades. Eu gostava muito do momento de louvor, onde fazíamos
orações para iniciar as aulas, realizado no pátio da escola onde eu participei
de varias apresentações.
Perguntou-se sobre os pontos positivos e negativos que ela viu nesse
processo de inclusão. Ela afirmou que,
Os positivos foram, a melhor relação com os colegas que tem deficiência;
relacionar com outras pessoas; o trabalho do professor de recursos com jogos
e atividades pedagógicas que contribuiu muito com o aprendizado e a minha
colaboração em auxiliar a professora de recursos em algumas atividades”.
Como único ponto negativo destacou a “Dificuldade em aceitação das outras
pessoas que diziam que os alunos deficientes não aprendiam nada.
Por último, foi perguntado a ela o que acha da proposta de inclusão e qual a
contribuição do processo para sua vida social de quem dele participa. Ela disse,
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Achei muito boa, porque antes não tinha adaptações para os alunos
deficientes, com a inclusão abriu portas para nós estudar. Contribuiu muito,
pois com a professora de apoio consegui solucionar e resolver tarefas.
Aprendi mais fora dos muros da escola, a socializar mais com as pessoas
criando novas amizades. Tive acesso ao computador na realização de tarefas.
A terceira entrevista foi com o aluno Wellington Monteiro de Oliveira, 20
anos de idade, tem deficiência mental. Ele não lembra a série que cursou na EEJB, mas
diz que tinha uns 10 anos na época e hoje ele estuda na Escola Estadual Odilon José de
Oliveira. Começou-se perguntando das dificuldades encontradas, por ele, no início dos
seus estudos. Ele disse que foi mais complicado “com as disciplinas na sala porque era
difícil de aprender. E com os meninos que me batia e brigava comigo”. Quanto ao
enfrentamento de preconceito, nesse período, ele afirmou que “sim, um pouco dos
colegas. Porque eles me batiam, judiava de mim batendo com vara, chutava, dava murro
e eu contava pra tia e ela colocava os meninos de castigo”. Perguntou-se ainda sobre o
seu desenvolvimento nesse período que esteve na EEJB e ele disse que, “Foi bom, eu
aprendi ler, escrever e fazer as tarefas”. Para ele, “O, “teteio”, recreio era muito bom e
eu brincava muito”, sendo este momento o que mais lhe marcou na escola.
As próximas perguntas feitas ao Wellington foram respondidas pela mãe
dele a senhora C., devido ser estas de difícil compreensão para ele. Em relação aos
pontos positivos e negativos que viu nesse processo de inclusão, ela afirmou que foi
positivo os seguintes itens: “Melhorou o desenvolvimento; a mais atenção dos
professores; mais carinho e dedicação; a convivência com os outros ele melhorou
muito”. Para ela o fator negativo foi “os outros alunos judiar dele”.
Por último, ela falou sobre o que achava da proposta de inclusão e qual a
contribuição desse processo para a vida social do Wellington.
Ela veio para melhorar a qualidade de ensino oferecido, principalmente para
dar oportunidade para todos aprender, independente das diferenças. Então
considero muito boa essa proposta de inclusão, mas ainda tem que melhorar
um pouco. Contribuiu muito com o aprendizado dele. Em casa contribuiu
com o comportamento porque ele era muito nervoso, ele o mordia a se
mesmo e dava muito trabalho. Com a ajuda da psicóloga ele melhorou muito.
Com isso ele passou a conviver mais calmo com todo mundo.
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A quarta entrevista foi com o aluno Lindiorges Mendes Dourado, 19 anos de
idade, com deficiência física e déficit intelectual. Ele não lembra a série nem o ano que
estudou na escola. Hoje ele estuda no Colégio Ariston Gomes da Silva, cursando o 1º
ano do ensino médio. Ao ser indagado se havia encontrado dificuldades quanto
começou a estudar na EEJB, ele afirmou que, “no início encontrei um pouco
dificuldades nas disciplinas, mas depois melhorou”. Quanto ao preconceito, diferente do
que afirmaram os demais alunos entrevistados, ele disse, afirmou, “Não sofri
preconceito de ninguém”. Vivenciar a inclusão significou muito para o seu
desenvolvimento, pois, “Além do aprendizado, me deu oportunidade de fazer muitas
amizades, convivendo com todos independente de eu ser diferente e eles normais”. Para
ele, o que teve de mais marcante durante o processo de implantação da inclusão foram
“Os professores porque eles me ajudaram muito, eram carinhosos comigo e me
respeitava, marcou-me algumas amizades que fiz lá”.
Lindiorges, não viu nenhum ponto negativo na inclusão, apenas positivos,
sendo, “Novas amizades que me respeita; vínculo afetivo com os professores; a escola
boa para mim e meus colegas; conhecer a professora Wesilene e a atitude dos
professores resolverem os problemas era bom”.
Pela dificuldade de responder a questão seguinte, a resposta, sobre as
possíveis contribuições do processo de inclusão para vida social do Lindiorges, foi dada
pela mãe dele, a senhora V.. Para ela,
A inclusão abriu portas para todos conhecerem as diferenças e aprender a
conviver com ela. Foi muito boa essa proposta de inclusão. O meu filho
desenvolveu muito e torço para que a inclusão melhore cada dia mais.
Melhorou a socialização dele com as pessoas de fora da escola.
A quinta entrevista foi com a aluna Ana Cecillia Rosa de Souza, 17 anos de
idade, tem Síndrome de Down. Estudou na EEJB em 2000, fez o I jardim, ficou fora por
dois anos, depois voltou e ficou até 2010. Hoje estuda na escola Odilon José de
Oliveira. Quanto ao fato de ter enfrentado dificuldades quando foi para a escolar
regular, afirmou que, “Sim, não só eu mais todos, tanto alunos, pais e profissionais
encontraram muitas dificuldades”. Afirma que viveu preconceitos e que a vivência desse
processo significou, inicialmente, regressão no seu desenvolvimento, “pois vinha da
escola de Ensino Especial, que era uma escola pequena onde me sentia protegida, a
50
mudança foi grande e isso trouxe transtornos, mais aos poucos fui me adaptando”.
Ressalta que “as amizades” foi o que mais marcou nesse processo de inclusão.
Considerando a complexidade das próximas perguntas, estas foram
respondidas pela mãe da aluna, a senhora N.. Para ela, o ponto positivo encontrado
nesse período de implantação da educação inclusiva, “foi à socialização dos alunos de
famílias que não proporcionavam essa possibilidade a eles”. Como ponto negativo
ressalta o fato da “inclusão começar antes da preparação de todos os profissionais da
educação, o que causou situações complicadas”. Para ela, a proposta da inclusão “é
linda, no entanto precisamos aprender e caminhar muito ainda, para que ela aconteça de
fato”.
Diferente do que afirmou todas as outras mães que ajudaram os filhos a
responder a entrevista, a de Ana Cecília, falou das poucas contribuições que o processo
teve para o desenvolvimento da filha.
Eu me decepcionei com a saída da minha filha do Ensino Especial. Pois a
Escola Estadual Joaquim Berto, não estava preparada para receber os alunos.
Houve uma regressão no desenvolvimento dela, porque na verdade não se
adaptou facilmente a escola. A comunidade escolar não estava preparada para
essa inclusão, o processo foi rápido, poderia ser mais devagar para que se
preparassem melhor para o recebimento dos alunos. A minha filha tinha
rejeição com a professora de apoio, porque ela não aceitava que a professora
a observasse. Os professores não tinham preconceito, mas tinham
dificuldades ao tratá-la porque ela tem psoríase. Quando os alunos saíram do
Ensino Especial a professora deles acompanhou-os por seis meses para que
pudessem acostumar em uma nova escola. E isso nos deixou mais tranquilos.
Mas mesmo assim foi uma adaptação difícil para todos.
A sexta e última entrevista foi feita com a aluna Kérolla Aline Silva, 20 anos
de idade, tem deficiência auditiva. Ela não lembra o ano que estudou na escola, mas
acha que tinha uns cinco anos. Ela é a primeira surda a estudar na Unidade Universitária
da UEG de Iporá-GO, e faz questão de lembrar que fez provas para ingressar na
universidade. Hoje esta cursando o segundo ano do curso de Letras e conta “com apoio
de um intérprete para melhor desenvolvimento meu”. Ressalta que “é também a
primeira surda a ser aprovada na prova do Centro de Apoio às Pessoas com Surdez
(CAS)”.
Ao ser indagada sobre as dificuldade iniciais, ela afirma que, “No começo
tive dificuldades por falta de professor de Libras porque era muito oralismo, depois é
51
que chegou a Libras, facilitando a comunicação com os colegas e professores”. Quanto
ao preconceito disse que “era muito criticada por meu pé ter deficiência e os colegas
criticava as minhas notas baixas”. Sobre o significado do processo de inclusão para seu
desenvolvimento, ela diz que, “Significou muito para mim porque com a inclusão veio
os intérpretes, que ensinava a nós a comunicarmos com todos”. Para ela, o que mais a
marcou durante esse período na EEJB, foi “Ficar junto com os amigos, hoje sinto falta”.
Quanto aos pontos positivos e negativos que ela viu na educação inclusiva
ressalta que, “A preocupação dos professores aprenderem para depois ensinar; mais
respeito com o surdo; a comunicação em Libras; a alegria de conviver com amigos”, foi
muito positivo. No entanto, acredita que “as leis são poucas, tem que ter mais leis que
ampare a inclusão”, sendo este, o único ponto negativo. Em se tratado de sua opinião
sobre a proposta de inclusão e da contribuição desta para sua vida social, ela respondeu
que,
Ela é muito bonita, mas os governantes têm que dar suporte para que as leis
saiam do papel. Porque não basta sermos inclusos só na escola mas também
na sociedade. A inclusão não é 100%, nos sentimos desamparados pelas leis.
A gente vai a uma loja não tem nenhum interprete para entender o que
queremos. As pessoas da sociedade ainda zombam de nós os surdos. Quando
era pequena não entendia muito que era inclusão, com o tempo comecei a
entender. Mas esse processo contribui muito com que sou hoje. Ainda bem
que com a inclusão o numero de interprete cresce a cada dia.
Com as entrevistas realizadas com os alunos que vivenciaram o processo de
inclusão, pôde-se constatar a importância do mesmo para a vida de cada um. Pois, foi
com a implantação da inclusão na Escola Estadual Joaquim Berto que os alunos
puderam estudar em salas regulares, convivendo com todos. Ao longo das entrevistas
percebia-se no olhar e no jeito de falar, a emoção de se lembrar de momentos tão
importantes para eles e suas famílias, mesmo com tantos problemas e dificuldades que
tiveram. É importante destacar que todos os alunos entrevistados continuam estudando.
Após as entrevistas foi possível constatar que o processo de inclusão foi de
suma importância para a comunidade escolar, pois no contato direto com pessoas que
vivenciaram o mesmo, viu-se que possuem olhares diferentes para a diversidade, mais
socializadas e que continuam acreditando em uma educação para todos. E por acreditar
nessa educação, os profissionais entrevistados continuam trabalhando com a educação
inclusiva, os alunos continuam seus estudos e, tudo isso se deve a implantação da
inclusão na EEJB como referência na cidade de Iporá que, apesar de tantos problemas,
52
conseguiu superá-los e consolidar a inclusão. Notou-se nas entrevistas, o orgulho e o
prazer das pessoas em terem tido a oportunidade de viver essa experiência na escola
EEJB, pois todos falaram com muito carinho dos momentos de angústias, ansiedades e
felicidades vividos ali. Foi gratificante para a pesquisa todos os momentos que as
pessoas puderam compartilhar, um pouco da história deles vivenciadas na escola em
estudo.
53
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao decorrer da pesquisa realizada sobre o processo de implantação da
educação inclusiva na Escola Estadual Joaquim Berto no período de 1999 a 2002, foi
possível perceber as dificuldades que a comunidade escolar encontrou para que de fato a
inclusão se consolidasse.
Observou-se também o grande número de pessoas engajadas nessa proposta
inclusiva, cada um com sua contribuição. Foi uma tarefa difícil, inovadora e
principalmente desafiadora. No entanto, foi realizada com empenho e dedicação de
quem acreditou na viabilidade, na importância e na contribuição que a proposta traria
para a vida das pessoas, tanto aquelas com deficiências, quanto as “ditas normais”, pois,
todos tiveram a oportunidade de conviver com as diferenças. Uns quiseram essa
experiência, outros não e acabaram mudando de escola.
Barreiras foram quebradas, e o preconceito no decorrer do processo foi
amenizado, porque o medo de lidar com pessoas com deficiência ficou claro no decorrer
da pesquisa, onde percebemos a rotatividade no quadro de professores e a diminuição
dos números de alunos matriculados.
Hoje, mediante informações obtidas na secretaria da escola, a situação é
bem diferente. Após 11 anos de inclusão, mesmo ela tendo sido implantada em outras
UE, a Escola Estadual Joaquim Berto, continua sendo referência na educação inclusiva
para a sociedade iporaense e região.
Nota-se que o trabalho de formação dos profissionais, fez com que a escola
conseguisse credibilidade junto aos pais, alunos e a sociedade. Isso fica claro devido à
grande procura por matrículas na escola, onde as vagas disponibilizadas são todas
preenchidas, e ainda ficam pessoas sem ser atendidas.
54
A realização desse trabalho foi desafiadora, mas muito gratificante, pois ela
oportunizou conhecimentos. Não foi uma tarefa fácil, mas foi possível contar com a
colaboração de várias pessoas no sentido de oferecer o máximo de informações
necessárias para a conclusão deste. Pessoas essas que demonstraram no olhar e ao falar
o carinho que teve e tem com a escola. Ficou evidente o entusiasmo de todos ao
discorrer sobre algo que foi tão importante para suas vidas.
A execução desse trabalho possibilitou grandes aprendizagens, pois houve a
possibilidade de se conhecer pessoas e obras de autores que falam da inclusão. Teve-se
acesso a materiais ricos em conteúdo para que se pudesse chegar ao objetivo proposto,
que foi registrar esse processo de implantação e saber o que a vivência do mesmo
significou na vida da comunidade escolar. Foram vários dias de estudos, ansiedades e
dedicações para que a pesquisa fosse concluída. Foi um trabalho extenso, porém, muito
gratificante.
55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Educação Nacional. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF,
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satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem. UNESCO, Jomteim/Tailândia,
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______. Decreto Nº 6.094, de 24 de abril de 2007. Dispõe sobre a implementação do
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56
colaboração com Municípios, Distrito Federal e Estados, e a participação das famílias e
da comunidade, mediante programas e ações de assistência técnica e financeira, visando
a mobilização social pela melhoria da qualidade da educação básica. Diário Oficial da
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 2007.
_______. Decreto Nº 6.571, de 17 de setembro de 2008. Dispõe sobre o atendimento
educacional especializado, regulamenta o parágrafo único do art. 60 da Lei nº 9.394, de
20 de dezembro de 1996, e acrescenta dispositivo ao Decreto nº 6.253, de 13 de
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2008.
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57
prorrogada pela Portaria nº 948, de 09 de outubro de 2007. Disponível em
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SUBSECRETARIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO DE IPORÁ. Relatório de Trabalho
da Equipe do Setor de Apoio à Inclusão. 1999.
58
ANEXO - 1
CARTA DE CONSENTIMENTO DA ESCOLA ESTADUAL
JOAQUIM BERTO PARA O DESENVOLVIMENTO DA
PESQUISA
59
60
ANEXO - 2
CARTA DE CONSENTIMENTO DOS PROFESSORES
ENTREVISTADOS PARA USO DAS RESPOSTAS DADAS
POR ELES NO TRABALHO DE PESQUISA
MONOGRÁFICO
61
62
63
64
65
66
ANEXO - 3
ENTREVISTAS COM PROFESSORES QUE
VIVENCIARAM O PROCESSO DE INCLUSÃO NA
ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO NO PERÍODO
DE 1999-2002
67
ENTREVISTAS COM PROFESSORES QUE VIVENCIARAM O PROCESSO
DE INCLUSÃO NA ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO NO PERÍODO
DE 1999-2002
Entrevistada: Profa. Creusa Alves da Cruz (Coordenadora Pedagógica e Diretora da
escola, na época)
Iporá, 18/10/2011.
01-Qual o período que você trabalhou na Escola Estadual Joaquim Berto e em que
fases do processo de inclusão participou?
R: Trabalhei nos anos de 1999 a julho de 2007, portanto participei de todas as fases.
02-Como aconteceu á sensibilização da comunidade escolar?
R: Foram através de cursos de formação, encontros e palestras.
03-Que adaptações foram feitas na escola para receber os alunos com deficiência?
R: Inicialmente foi feita a adaptação arquitetônicas com rampas e banheiros, adaptações
atitudinal.
04-Como ocorria à formação de professores e profissionais da UE e quais cursos se
realizava?
R: Inicialmente foi através de grupos de estudos semanais oferecidos pela SRE e pela
SUEE.
05-Em que essa formação contribuiu para os profissionais na época?
R: Essa formação foi de fundamental importância, pois refletimos e refazemos nossas
praticas pedagógicas, o fazer pedagógico de todos da unidade escolar desde o auxiliar
de serviços gerais ao diretor porque todos tinham que saber a lidar com todos os alunos
havendo mudanças físicas e humanas.
06-Como foi à formação dos profissionais da SRE?
68
R: Foi através de cursos realizados em Caldas Novas e Goiânia oferecido pela SUEE.
07-Houve problemas de aceitação por parte de pais, alunos e profissionais em
relação à chegada dos alunos com deficiência?
R: Sim, houve pais que não aceitaram os alunos com deficiência. As outras escolas não
queriam receber esses alunos e mandava-os para a nossa unidade escolar alegando que a
escola procurada não estava preparada para receber tais alunos. Mas na verdade nessa
época ninguém tinha preparação, estávamos em andamento a caminho da inclusão então
houve problemas os segmentos da unidade escolar.
08-O que a vivência desse processo significou para você?
R: Foi fundamental na minha vida, tanto pessoal quanto profissional. Foi a partir daí
que percebi que precisava estudar mais e buscar novos conhecimentos para aprimorar.
Passei a ter uma nova visão em relação à condição do aluno, as potencialidades e
dificuldades, não só do aluno com deficiência como dos demais alunos. Trabalhando na
escola inclusiva adquiri uma nova visão da prática pedagógica, antes eu achava que ser
professor era passar conteúdos para os alunos. Mas com o processo da inclusão aprendi
que ser professor é aprender, ensinar, aprender, participar.
09-Como aconteceu á sensibilização da comunidade escolar?
R: Uma ligação de amor e carinho, onde foi lá que vive os melhores anos meus como
profissional.
10-O que esse processo de inclusão significou na vida da comunidade escolar
envolvida nele, abordando os pontos positivos e negativos?
R: Acreditávamos que esse era mais um programa de governo, algo passageiro. No
primeiro momento não tínhamos noção da dimensão de todo o processo, toda a estrutura
proveniente da luta de longos e longos anos, depois vimos que já havia toda uma
legislação que amparava as pessoas que ali chegavam. Para a comunidade o processo
de inclusão trouxe benefícios como um todo, pois a inclusão oportunizou um novo
olhar, dando um novo significado para a vida das pessoas.
Pontos positivos:
69
* Oportunidade das pessoas com deficiência expandir suas potencialidades;
* Entender as inteligências múltiplas;
* Visão de ter que aprender mais;
* Formação continuada;
* A oportunidade das crianças e adultos conviverem com a diferença;
* A reformulação da estrutura da escola;
* Recebimento do laboratório de informática (mesmo que anos depois);
* A reforma do prédio que veio através da luta de diretores da unidade escolar ao
decorrer dos anos;
Ponto negativo:
* Ponto negativo: a estrutura física e os recursos financeiros que não tínhamos, recursos
esses que não eram só para a implantação da inclusão.
11-Como esta a inclusão hoje em Goiás e como o governo lida com ela?
R: Houve uma mudança em relação à estrutura pensada inicialmente, mas se deu com o
próprio desenvolvimento da inclusão. Essa reestruturação é montada em cima de tudo
que foi feito até hoje com o trabalho na inclusão. As mudanças para mim são naturais
sendo elas positivas ou negativas depende do ponto de vista de cada um.
70
ENTREVISTAS COM PROFESSORES QUE VIVENCIARAM O PROCESSO
DE INCLUSÃO NA ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO NO PERÍODO
DE 1999-2002
Entrevistada: Profa. Maria Dias Xavier (Atuou, na época, como...da Escola Estadual
Joaquim Berto)
Iporá, 18/10/2011.
01-Qual o período que você trabalhou na Escola Estadual Joaquim Berto e em que
fases do processo de inclusão participou?
R: Iniciei meu trabalho com a inclusão em 2000 e até hoje continuo trabalhando na
escola Joaquim Berto. Assim participei de todas as etapas da inclusão.
02-Como aconteceu à sensibilização da comunidade escolar?
R: A sensibilização aconteceu basicamente com dois projetos: Grupos de Pais para
sensibilizar pais sobre a proposta e Grupo de Estudos para a formação dos profissionais.
Ambos sustentam até hoje a proposta da escola.
03-Que adaptações foram feitas na escola para receber os alunos com deficiência?
R: Adaptações arquitetônicas: construção de rampas, alargamento das portas;
adaptações curriculares com plano individualizado e proposta de avaliação para a
diversidade.
04-Como ocorria à formação de professores e profissionais da Escola Estadual
Joaquim Berto e quais cursos se realizava?
R: A formação ocorria além do grupo de estudos; os cursos de formação oferecidos pela
SRE: libras, Braile e Soroban, déficit intelectual entre outros temas.
05-Em que essa formação contribuiu para os profissionais na época?
R: Contribuiu para melhorar a prática na sala de aula de uma forma geral e também lidar
com deficiências.
71
06-Como foi à formação dos profissionais da SRE?
R: Eu não sei responder, já que não fazia parte desse setor.
07-Houve problemas de aceitação por parte de pais, alunos e profissionais em
relação à chegada dos alunos com deficiência?
Sim houve uma grande resistência, os pais dos alunos “ditos normais”, transferiram seus
filhos para outra escola e muitos professores efetivos pediram remoção para outra
unidade escolar.
08-O que a vivência desse processo significou para você?
Significou muito para a vida profissional e pessoal, construí uma prática pedagógica
voltada para o princípio da proposta inclusiva e me proporcionou grandes
conhecimentos teóricos e práticos na área educacional, enfim foi onde construí minha
identidade profissional.
09-Que ligação você tem com a UE hoje?
R: Continuo trabalhando na escola e hoje estou na direção da escola.
10-O que esse processo de inclusão significou na vida da comunidade escolar
envolvida nele, abordando os pontos positivos e negativos?
R: Significou uma transformação em toda a comunidade escolar, veja o porquê nos
pontos positivos:
*Tornou-se uma escola com uma proposta pedagógica sólida;
*Professores mais comprometidos;
*A volta da credibilidade como escola;
*A aprendizagem de que as crianças com deficiência nos ensinam e nos ensinam a ser
mais humanos;
*Crianças mais fraternas e solidarias, e que não atrapalham como se pensava.
72
11-Como esta a inclusão hoje em Goiás e como o governo lida com ela?
R: Estou um pouco decepcionada, depois de 11 anos com a consolidação do processo,
considero que houve uma ruptura com as diretrizes estabelecidas para o II semestre de
2011. Creio que ocorreu um retrocesso no que se refere a proposta da atuação e
modulação do professor de apoio a inclusão itinerante, já que não atende as
necessidades reais da criança.
73
ENTREVISTAS COM PROFESSORES QUE VIVENCIARAM O PROCESSO
DE INCLUSÃO NA ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO NO PERÍODO
DE 1999-2002
Entrevistada: Profa. Mariza Xavier Coutinho (Intérprete de Libras da escola na época e
atual intérprete do REAI E da Subsecretaria Regional de Educação de Iporá)
Data de realização: 29/0 9/2011.
01-Qual o período que você trabalhou na Escola Estadual Joaquim Berto e em que
fases do processo de inclusão participou?
R: Em 1998, 1999 e início de 2000, trabalhei na fase de sensibilização e início da
implantação.
02-Como aconteceu á sensibilização da comunidade escolar?
R: Através de grupos de estudos com pais e grupo de professores da UE e por meio de
palestra coordenada pela multiplicadora Ana Maria Honorato.
03-Que adaptações foram feitas na escola para receber os alunos com deficiência?
R: Foram feitas mudanças arquitetônicas, como rampas e adequação dos sanitários e
mudanças atitudinal como atitude de conduta em relação à aceitação de pais, alunos e
profissionais. Sendo essa mudança a mais difícil de ocorrer.
04-Como ocorria a formação de professores e profissionais da Escola Estadual
Joaquim Berto e quais cursos se realizava?
R: Receberam formação da SUEE que atualmente é a Gerência de Ensino Especial, os
quais eram realizados nas cidades de Goiânia e Caldas Novas. Nesses encontros
participava um representante de cada escola da jurisdição da SRE_Iporá. Os cursos
oferecidos eram: libras e braile na educação inclusiva em geral, deficiência intelectual,
surdez e cegueira.
05-Em que essa formação contribuiu para os profissionais na época?
74
R: Contribuiu muito para os profissionais, tanto no requisito teórico como pratico da
inclusão. Sendo uma base como sustentação para o trabalho, pois foi através dessa
formação que nos tornou hoje referência na educação inclusiva.
06-Como foi à formação dos profissionais da SRE?
R: A formação aconteceu via SUEE que fornecia cursos e também cursos na própria
SRE. Porém o grande incentivo de estudos era in locu, dentro da Escola Estadual
Joaquim Berto, e foram esses feitos na Unidade Escolar que deram muita sustentação e
credibilidade.
07-Houve problemas de aceitação por parte de pais, alunos e profissionais em
relação a chegada dos alunos com deficiência?
R: A maioria dos pais não aceitou essa inclusão, porém a escola sempre fazia reuniões
para sensibilizar. Parte dos professores pediu transferência, pois não abraçou a causa.
Com os alunos não houve tanta resistência como a dos adultos.
08-O que a vivência desse processo significou para você?
R: Crescimento pessoal, profissional, aceitação e um crescimento humano, pois aprendi
muito com os alunos.
09-Que ligação você tem com a UE hoje?
R: Sempre tenho contato na forma de capacitação e visita in locu, orientação quanto a
proposta da educação inclusiva e principalmente como professor do Atendimento
Educacional Especializado (AEE).
10-O que esse processo de inclusão significou na vida da comunidade escolar
envolvida nele, abordando os pontos positivos e negativos?
R: Para a comunidade significou crescimento, tanto para os alunos e pais como para os
professores que aprenderam a viver com as diferenças respeitando as mesmas.
Pontos positivos:
*Valorização do outro;
*Respeito à diversidade;
75
*Oportunidade para todos;
*Uma socialização que perpassa os muros da escola;
*Conhecimento das diferenças, ou das necessidades educacionais especiais.
Ponto negativo:
*Poucos recursos disponibilizados para dar mais condições ao processo de inclusão.
11-Como esta a inclusão hoje em Goiás e como o governo lida com ela?
R: Tá passando por um momento de reestruturação, tentando se adequar a proposta do
MEC.
76
ENTREVISTAS COM PROFESSORES QUE VIVENCIARAM O PROCESSO
DE INCLUSÃO NA ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO NO PERÍODO
DE 1999-2002
Entrevistada: Profa. Selma Regina Gomes (Atuou, na época, como Pedagoga da
Escola Estadual Joaquim Berto e do Setor de Apoio da Subsecretaria Regional de
Educação de Iporá)
Data de realização: 11/10/2011.
01-Qual o período que você trabalhou na Escola Estadual Joaquim Berto e em que
fases do processo de inclusão participou?
R: O início do meu trabalho nesta unidade escolar foi em agosto de 1999, período que
coincidiu com a minha efetivação como funcionária concursada da Secretaria de
Educação do Estado de Goiás. Recém concursada, fui modulada nesta escola, não por
opção, mas por indicação de uma funcionária do RH da Subsecretaria Regional de
Iporá. Então, peguei o processo de implantação do projeto de inclusão escolar já em
andamento. Participei, a partir do primeiro mês deste ano, agora sim, por opção e por
acreditar nas idéias que definiam a essência deste projeto, das etapas de sensibilização,
implementação, expansão e consolidação.
02-Como aconteceu á sensibilização da comunidade escolar?
R: A sensibilização aconteceu através de uma estratégia coletiva em que a equipe
escolar e equipe do Setor de Apoio à Inclusão se empenhou no sentido de levar à
comunidade em geral os princípios da inclusão utilizando como recurso: palestras,
minicursos, grupos de estudos, oficinas direcionadas para professores e coordenadores
das escolas e comunidade,confecção de camisetas e cartazes sobre a inclusão, etc.
03-Que adaptações foram feitas na escola para receber os alunos com deficiência?
R: As adaptações previstas para receber os alunos com deficiência se não me falha a
memória foram:
a) de caráter atitudinal: dentre outras, estas adaptações previam uma mudança
nos valores, nas condutas com relação à crianças com deficiência e sua participação
como aluno na rede regular de ensino
77
b) arquitetônico: são as mudanças previstas para melhoria da acessibilidade dos
alunos com deficiência, que previam adaptações na estrutura física das escolas. É
preciso dizer que estas adaptações nunca foram feitas a contento.
c) pedagógico: foram as adaptações na estrutura pedagógica da escola, que
envolviam: PPP, programa de ensino, estratégias de ensino, avaliação da aprendizagem,
etc.
04-Como ocorria a formação de professores e profissionais da Escola Estadual
Joaquim Berto e quais cursos se realizava?
R: A formação dos professores era realizada através de oficinas e cursos de curta e
média duração. No início, uma equipe do Setor de Apoio à Inclusão, ia para encontros
de 40h oferecidos pela Secretaria de Educação do Estado de Goiás(SEE), através da
Superintendência de Ensino Especial, quando formação em várias áreas: Braille, Libras,
Deficiência Mental, Currículo e avaliação, Adaptações curriculares, Estratégias de
Ensino, etc.
05-Em que essa formação contribuiu para os profissionais na época?
R: Essa formação foi muito importante para o processo de implantação do projeto de
Inclusão Escolar, pois foi através dela que muitos profissionais modificaram sua visão
sobre o trabalho com crianças com necessidades educacionais especiais, fortaleceu a
prática pedagógica da escola e ajudou no processo de sensibilização da família sobre a
capacidade da escola em lidar com seus filhos. Entretanto, pode-se dizer que se tem
muito a ser feito para melhorar esta prática pedagógica.
06-Como foi à formação dos profissionais da SRE?
R: Como já disse alguns profissionais iam para encontros promovidos pela SEE sob a
responsabilidade da Superintendência de Ensino Especial, que geralmente aconteciam
em hotéis da cidade de Rio Quente, Caldas Novas, Quirinópolis. A equipe ficava
hospedada por uma semana nestes hotéis e participavam de palestras, minicursos,
oficinas com temas sobre inclusão escolar.
07-Houve problemas de aceitação por parte de pais, alunos e profissionais em
relação a chegada dos alunos com deficiência?
R: Sim, houve problemas de aceitação de todos os segmentos da escola.
08-O que a vivência desse processo significou para você?
78
R: O significado dessa experiência particular, me trouxe conhecimentos que me
acompanham em minha vida profissional e pessoal. Eu pude também com o passar dos
anos desenvolver uma visão crítica deste processo. Hoje eu teria uma postura diferente
da que tive no início do meu trabalho com a inclusão. Tenho questionamentos sérios
com relação à participação do Estado neste projeto e mantenho comigo dúvidas se o
processo não está agravando a situação de crianças que apenas têm dificuldades de
adaptação à dinâmica da escola e são consideradas “inclusas” por sua situação de
dificuldade. Sei que muitos ganharam com este processo, entretanto considero que el
precisa ser repensado e levado mais a sério pelo Estado.
09-Que ligação você tem com a UE hoje?
R: Hoje minha ligação com esta UE é só de respeito pelos profissionais que lá atuam e
penso que também pela minha trajetória neste processo, eu também sou respeitada como
profissional pela equipe da escola. Tenho sempre a disponibilidade para ajudar no que
for preciso e estiver a meu alcance.
10-O que esse processo de inclusão significou na vida da comunidade escolar
envolvida nele, abordando os pontos positivos e negativos?
R: O processo de implantação da Inclusão Escolar foi impactante para todos os
profissionais envolvidos, mas todos nós de uma maneira ou de outra, crescemos com
ele. Elencando aspectos positivos e negativos deste processo eu coloco da seguinte
maneira.
Positivos
*1. Apoio especializado para atendimento ao aluno com NEE;
*2. Perseverança de muitos profissionais que participaram do início de implantação do
processo e continuam acreditando até hoje;
*3. Os benefícios da inclusão são visíveis na capacidade de comunicação e na
sociabilidade desenvolvida pelos alunos de modo geral;
*4. Valorização da diversidade da condição de ser humano;
*5. As relações interpessoais e os laços de afetividade, amizade entre os alunos com
deficiência, os sem deficiência, os professores e comunidade escolar em geral se alargou
em consequência deste projeto;
*6. Entre outros.
79
Negativos
*1. Dificuldade na aprendizagem do conteúdo curricular;
*2. As maiores conquistas estão relacionadas ao aspecto socializador da escola;
*3. O aspecto burocrático imposto pela SEE;
*4. A equipe escolar ainda continua querendo transformar o aluno com deficiência em
um aluno normal.
*5. Entre outros.
11-Como esta a inclusão hoje em Goiás e como o governo lida com ela?
R: Como estou acompanhando o processo do lado de fora atualmente, percebo falhas
graves com relação à participação do governo neste processo. Percebo que avançamos
muito no que diz respeito ao acesso à escola, à socialização dos alunos com deficiência,
mas ainda estamos pecando em relação à prática pedagógica da escola, sua estrutura
curricular e metodologias. Os avanços ficaram muito no aspecto prático enquanto o
aspecto pedagógico, principalmente no que diz respeito ao desempenho do aluno nas
atividades acadêmicas, ainda deixa a desejar.
80
ENTREVISTAS COM PROFESSORES QUE VIVENCIARAM O PROCESSO
DE INCLUSÃO NA ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO NO PERÍODO
DE 2000-2002
Entrevistada: Profa. Wesilene Ferreira L. Siqueira (Diretora da escola, na época, e
atual coordenadora da REAI)
Data de realização: 23/0 9/2011.
01-Qual o período que você trabalhou na Escola Estadual Joaquim Berto e em que
fases do processo de inclusão participou?
R: Em 1996 como professora, em 1999 na coordenação e nesse mesmo ano nomeada
diretora da UE, trabalhou na fase de implantação.
02-Como aconteceu á sensibilização da comunidade escolar?
R: Por meio de ciclos de estudo dos profissionais da UE, com as famílias e com a
participação da mídia como a rádio local.
03-Que adaptações foram feitas na escola para receber os alunos com deficiência?
R: Foram feitas rampas e banheiros adaptados.
04-Como ocorria à formação de professores e profissionais da Escola Estadual
Joaquim Berto e quais cursos se realizava?
R: Por meio de grupos de estudos coordenados pelas multiprofissionais da época da
REAI com Ana Maria Honorato. Os estudos eram direcionados para os tipos de
deficiência que estavam sendo matriculados na época como: adaptações curriculares
para trabalhar com o surdo, com o cego, com deficiente intelectual e transtornos em
geral. Geralmente ocorria no período vespertino das 16:00 às 20:00 horas na própria
UE, com a participação de professores e alguns pais de alunos.
05-Em que essa formação contribuiu para os profissionais na época?
81
R: Para a própria implantação uma vez que os profissionais não tinham conhecimento
no trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais, sendo que na época as
universidades não se preocupavam em capacitar os professores nessa área.
06-Como foi a formação dos profissionais da SRE?
R: A formação acontecia em rede, em Goiânia na Secretaria de Estado, coordenado pela
SUEE, onde os cursos ocorria com a participação de mais ou menos 10 pessoas por
regionais em cursos de 40, 80 e 120 horas, que posteriormente eram repassados aos
profissionais das UE.
07-Houve problemas de aceitação por parte de pais, alunos e profissionais em
relação à chegada dos alunos com deficiência?
R: Sim, no início tivemos muitas dificuldades em sensibilizar os pais dos alunos “ditos
normais”, uma vez que os mesmos por falta de conhecimento achavam que a presença
de um aluno com NEE iria atrapalhar o rendimento de seus filhos. No primeiro ano de
implantação do processo de inclusão na Escola de Referência de Iporá Joaquim Berto,
houve uma diminuição considerável dos alunos devido à chegada dos alunos com
deficiência. Esse processo foi mudando aos poucos, com muita sensibilização, reuniões
com pais e muito estudo.
08-O que a vivência desse processo significou para você?
R: Um crescimento incalculável, tanto na minha vida profissional, quanto pessoal. Hoje
com 12 anos vivenciando esse processo de inclusão, tanto na escola como na sociedade
percebo que as mudanças como respeito às diferenças, o direito de todos pertencerem
com dignidade à sociedade a qual vive já foi muito grande. Muito ainda precisa
acontecer, para que possamos dizer que temos uma “escola inclusiva”, porém acredito
que com muita ousadia e vontade estamos os primeiros passos para o trabalho com a
diversidade em nosso estado.
09-Que ligação você tem com a UE hoje?
R: De coordenar o trabalho da rede de apoio a inclusão, tanto da escola como da
regional. Pois o meu cargo hoje é de Representante do Ensino Especial na SRE-Iporá.
82
10-O que esse processo de inclusão significou na vida da comunidade escolar
envolvida nele, abordando os pontos positivos e negativos?
R: Acredito de maneira geral um crescimento no sentido de respeitar as diferenças,
valorizar e perceber que a diversidade pode enriquecer as pessoas, tanto na vida pessoal
quanto na convivência coletiva. Acredito que todos os nossos alunos, pais e
profissionais que vivenciaram a implantação do PEEDI, hoje são pessoas menos
excludentes e mais tolerantes com as diferenças em nossa comunidade. Os pontos
positivos são:
*Maior integração entre os alunos;
*Respeito às diferenças;
*Aceitação das famílias;
*Conhecimento sobre as varias deficiências;
*Capacitação continuada tanto na escola como na SRE;
*Profissionais melhores preparados e o hábito de estudos.
O ponto negativo:
*Depois de 12 anos de implantação ainda existem profissionais que resistem ao
processo, não aceitando mudar metodologias e atitudes em relação à diversidade na
escola.
11-Como esta a inclusão hoje em Goiás e como o governo lida com ela?
R: A inclusão hoje já é um processo consolidado com a legislação que dar todo amparo
legal para o processo como: as resoluções 02/2001 que é do Conselho Nacional de
Educação, a 07/2006 Conselho Estadual de Educação, a resolução 6.571/2008 e a
04/2009 e outras especificas nas diversas áreas da deficiência. Atualmente em um
processo de reestruturação, a sede de apoio esta passando por mudanças, no sentido de
diminuir o numero de professores de apoio por sala que atendia diretamente as
deficiências. Os recursos ainda não são adequados para a manutenção de um processo
como o da inclusão, sendo que requerem tanto metodologias diversificadas, recursos
pedagógicos diversos, melhor estruturação da parte física, maiores investimentos em
83
capacitações no sentido de preparar melhor os profissionais para lidarem com a
diversidade em sala de aula. Temos também a participação direta do MEC com a
implantação dos recursos. Porém ainda não temos nenhuma sala completamente
equipada e a demora faz com que o trabalho não seja totalmente adequado para o
processo de aprendizagem dos alunos com necessidades Educacionais Especiais. Em
comparação com países como Canadá, França que tem uma estrutura totalmente
adequada para atender as deficiências e de maneira geral, a educação realmente é
prioridade, ainda estamos em passos lentos na direção da qualidade da educação no
Brasil, uma vez que faltam recursos e investimentos reais nas unidades escolares.
84
ANEXO - 4
CARTA DE CONSENTIMENTO DOS ALUNOS
ENTREVISTADOS PARA USO DAS RESPOSTAS DADAS
POR ELES NO TRABALHO DE PESQUISA
MONOGRÁFICO
85
86
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88
89
90
91
ANEXO - 5
ENTREVISTAS COM ALUNOS QUE VIVENCIARAM O
PROCESSO DE INCLUSÃO NA ESCOLA ESTADUAL
JOAQUIM BERTO NO PERÍODO DE 1999-2002
92
ENTREVISTAS COM ALUNOS QUE VIVENCIARAM O PROCESSO DE
INCLUSÃO
Nome: Ana Cecillia Rosa de Souza.
Tipo de deficiência: Síndrome de Down.
Idade 17 anos.
Iporá, 18/10/2011.
01-Em que ano você estudou na Escola Estadual Joaquim Berto e qual era a sua
idade na época?
R: No primeiro ano de inclusão da escola fazia o I jardim, fiquei fora dois anos da
escola, voltei e fiquei até 2010.
02-Você encontrou dificuldades no início?
R: Sim, não só eu mais todos, tanto alunos, pais e profissionais encontraram muitas
dificuldades.
03-A escola fez alguma adaptação para receber vocês alunos?
R: Sim, rampas.
04-Você sentiu preconceito por parte dos colegas, pais e professores?
R: Sim.
05-O que a vivencia desse processo significou para o seu desenvolvimento?
R: A princípio regredi, pois vinha da escola de Ensino Especial, que era uma escola
pequena onde me sentia protegida, a mudança foi grande e isso trouxe transtornos, mais
aos poucos fui me adaptando.
06-O que mais te marcou nesse tempo na escola?
R: As amizades.
07-Quais os pontos positivos e negativos que você viu nesse processo de inclusão?
R: Pontos positivos: foi à socialização dos alunos de famílias que não proporcionavam
essa possibilidade a eles. (Resposta dada pela mãe, a senhora N.)
93
Ponto negativo: foi à inclusão começar antes da preparação de todos os profissionais da
educação, o que causou situações complicadas. (Resposta dada pela mãe, a senhora N.)
08-O que você acha da proposta de inclusão?
R: A proposta é linda, no entanto, precisamos aprender e caminhar muito ainda, para
que ela aconteça de fato. (Resposta dada pela mãe, a senhora N.)
09-Qual a contribuição do processo na sua vida social?
R: Veio complementar o que minha família já fazia. (Resposta dada pela entrevistada)
R: Eu me decepcionei com a saída da minha filha do Ensino Especial. Pois a Escola
Estadual Joaquim Berto, não estava preparada para receber os alunos. Houve uma
regressão no desenvolvimento dela, porque na verdade não se adaptou facilmente a
escola. A comunidade escolar não estava preparada para essa inclusão, o processo foi
rápido, poderia ser mais devagar para que se preparassem melhor para o recebimento
dos alunos. A minha filha tinha rejeição com a professora de apoio, porque ela não
aceitava que a professora a observasse. Os professores não tinham preconceito, mas
tinham dificuldades ao tratá-la porque ela tem psoríase. Quando os alunos saíram do
Ensino Especial a professora deles acompanhou-os por seis meses para que pudessem
acostumar em uma nova escola. E isso nos deixou mais tranquilos. Mas mesmo assim
foi uma adaptação difícil para todos. (Resposta dada pela mãe, a senhora N.)
94
ENTREVISTAS COM ALUNOS QUE VIVENCIARAM O PROCESSO DE
INCLUSÃO
Nome: Kênia Silva Maluf Franco.
Tipo de deficiência: mental.
Idade: 25 anos
Iporá, 15/10/2011.
01-Em que ano você estudou na escola Joaquim Berto e qual era a sua idade na
época?
R: Estudei a 4ª serie no ano de 2002 eu tinha 16 anos.
02-Você encontrou dificuldades no início?
R: Sim, dificuldade nas disciplinas, eu precisava muito dos professores de apoio para
me ajudar. O professor Wagner era o titular e a professora Alvina era interprete. E eu
tinha uma boa relação com eles. A Alvina me ajudou muito.
03-A escola fez alguma adaptação para receber vocês alunos?
R: Fizeram rampas para os alunos cadeirante.
04-Você sentiu preconceito por parte dos colegas, pais e professores?
R: Por parte de professores e pais não, mas sim de uma colega a D. ,que não quis
realizar uma atividade comigo porque ela tinha preconceito comigo.
05-O que a vivencia desse processo significou para o seu desenvolvimento?
R: O processo foi muito bom, a meu ver esta melhorando a cada ano. Contribuiu para o
meu desenvolvimento, tanto que eu ajudava os meus colegas que tinha dificuldades.
06-O que mais te marcou esse tempo na escola?
R: Eu gostava muito do momento de louvor, onde fazíamos orações para iniciar as
aulas, realizado no pátio da escola onde eu participei de varias apresentações.
07-Quais os pontos positivos e negativos que você viu nesse processo de inclusão?
R: Pontos positivos:
95
*A melhor relação com os colegas que tem deficiência.
*Relacionar com outras pessoas;
*O trabalho do professor de recursos com jogos e atividades pedagógicas que contribuiu
muito com o aprendizado.
*A minha colaboração em auxiliar a professora de recursos em algumas atividades.
Ponto negativo:
*Dificuldade em aceitação das outras pessoas que diziam que os alunos deficientes não
aprendiam nada.
08-O que você acha da proposta de inclusão?
R: Achei muito boa, porque antes não tinha adaptações para os alunos deficientes, com
a inclusão abriu portas para nós estudar.
09-Qual a contribuição do processo na sua vida social?
R: Contribuiu muito, pois com a professora de apoio consegui solucionar e resolver
tarefas. Aprendi mais fora dos muros da escola, a socializar mais com as pessoas
criando novas amizades. Tive acesso ao computador na realização de tarefas.
96
ENTREVISTAS COM ALUNOS QUE VIVENCIARAM O PROCESSO DE
INCLUSÃO
Nome: Kérolla Aline Silva.
Tipo de deficiência: auditiva.
Idade: 20 anos.
Iporá, 18/10/2011.
01-Em que ano você estudou na Escola Estadual Joaquim Berto e qual era a sua
idade na época?
R: Acho que tinha cinco anos de idade. Não lembro o ano.
02-Você encontrou dificuldades no início?
R: No começo tive dificuldades por falta de professor de libras porque era muito
oralismo, depois é que chegou a libras facilitando a comunicação com os colegas e
professores.
03-A escola fez alguma adaptação para receber vocês alunos?
R: Não me lembro.
04-Você sentiu preconceito por parte dos colegas, pais e professores?
R: Sim, eu era muito criticada por meu pé ter deficiência e os colegas criticavam as
minhas notas baixas.
05-O que a vivencia desse processo significou para o seu desenvolvimento?
R: Significou muito para mim porque com a inclusão veio os intérpretes que ensinava a
nós a comunicarmos com todos.
06-O que mais te marcou esse tempo na escola?
R: Ficar juntos com os amigos, hoje sinto falta.
07-Quais os pontos positivos e negativos que você viu nesse processo de inclusão?
R: Pontos positivos:
97
*A preocupação dos professores aprenderem para depois ensinar;
*Mais respeito com o surdo;
*A comunicação em libras;
*A alegria de conviver com amigos.
O ponto negativo:
*É que as leis são poucas, tem que ter mais leis que ampare a inclusão.
08-O que você acha da proposta de inclusão?
R: Ela é muito bonita, mas o governante tem que dá suporte para que as leis saiam do
papel. Porque não basta sermos inclusos só na escola mas também na sociedade. A
inclusão não é 100%, nos sentimos desamparados pelas leis. A gente vai a uma loja não
tem nenhum intérprete para entender o queremos. As pessoas da sociedade ainda
zombam de nós os surdos.
09-Qual a contribuição do processo na sua vida social?
R: Quando era pequena não entendia muito o que era inclusão, com o tempo comecei a
entender. Mas esse processo contribui muito com o que sou hoje. Sou a primeira surda a
estudar na UEG de Iporá-GO, fiz provas para ingressar na universidade. Hoje estou
cursando o 2º ano do curso de Letras e conto com apoio de um intérprete para melhor
desenvolvimento meu. Ainda bem que com a inclusão o número de intérprete cresce a
cada dia. Sou também a primeira surda a ser aprovada na prova do Centro de Apoio às
Pessoas com Surdez (CAS).
98
ENTREVISTAS COM ALUNOS QUE VIVENCIARAM O PROCESSO DE
INCLUSÃO
Nome: Lindiorges Mendes Dourado.
Tipo de deficiência: física e déficit intelectual.
Idade 19 anos.
Iporá, 18/10/2011.
01-Em que ano você estudou na Escola Estadual Joaquim Berto e qual era a sua
idade na época?
R: Não lembra o ano e a série. Acha que foi a 3ª serie.
02-Você encontrou dificuldades no início?
R: No início encontrei um pouco dificuldade nas disciplinas, mas depois melhorou.
03-A escola fez alguma adaptação para receber vocês alunos?
R: Fez rampas para os meninos irem para o recreio.
04-Você sentiu preconceito por parte dos colegas, pais e professores?
R: Não sofri preconceito de ninguém.
05-O que a vivencia desse processo significou para o seu desenvolvimento?
R: Além do aprendizado, me deu oportunidade de fazer muitas amizades convivendo
com todos independente de eu ser diferente e eles normais.
06-O que mais te marcou esse tempo na escola?
R: Os professores porque eles me ajudaram muito, eram carinhosos comigo e me
respeitava. Me marcou algumas amizades que fiz lá.
07-Quais os pontos positivos e negativos que você viu nesse processo de inclusão?
R: Não vejo pontos negativos, somente positivos:
*Novas amizades que me respeita;
*Vinculo afetivo com os professores;
99
*A escola boa para mim e meus colegas;
*Conhecer a professora Wesilene;
*A atitude dos professores resolverem os problemas era boa.
08-O que você acha da proposta de inclusão?
R: A inclusão abriu portas para todos conhecerem as diferenças e aprender a conviver
com ela. Foi muito boa essa proposta de inclusão. O meu filho desenvolveu muito e
torço para que a inclusão melhore cada dia mais. (Resposta dada pela mãe dele, a
senhora V.)
09-Qual a contribuição do processo na sua vida social?
R: Melhorou a convivência dele em casa e com os outros. (Resposta dada pela mãe dele,
a senhora V.)
100
ENTREVISTAS COM ALUNOS QUE VIVENCIARAM O PROCESSO DE
INCLUSÃO
Nome: Misael Apolion Campos Alves.
Tipo de deficiência: auditiva.
Idade: 25 anos
Iporá, 15/10/2011.
01-Em que ano você estudou na Escola Estadual Joaquim Berto e qual era a sua
idade na época?
R: Estudei na 3ª serie, não lembra a idade e o ano que estudou.
02-Você encontrou dificuldades no início?
R: Sim, porque pai e mãe de aluno tiraram o filho da escola achando que eu era doido e
agrediriam os outros. Achavam que por ser eu um deficiente auditivo eu era doido,
encontrei muita dificuldade, o começo foi difícil.
03-A escola fez alguma adaptação para receber vocês alunos?
R: Não fez muitas porque era o começo e não tinha muito recursos, mas fez rampas.
04-Você sentiu preconceito por parte dos colegas, pais e professores?
R: Sim, pois a professora E. , ficava me imitando fazendo deboche de mim. A minha
mãe discutiu com outras mães por preconceito comigo. Com os colegas não senti eles
me acolhia muito bem, todos eram carinhoso comigo.
05-O que a vivencia desse processo significou para o seu desenvolvimento?
R: Foi muito bom porque eu estudei lá, e de lá fui para a escola Israel, depois para o
colégio Osório e hoje eu estudo no colégio Dom Bosco no 3ª ano. A professora Alvina
me ajudou muito a desenvolver porque ela fazia varias coisas para eu aprender.
06-O que mais te marcou esse tempo na escola?
R: Eu gostava de ir para a escola, o que mais gostava eram as gincanas eu participava
com minha mãe, me divertia muito. Gostei muito da festa de aniversário da minha
colega da escola.
101
07-Quais os pontos positivos e negativos que você viu nesse processo de inclusão?
Pontos positivos:
* Foi poder estudar;
*Conviver com pessoas;
*A minha mãe aprendeu libras para me entender;
*Acabou um pouco de preconceito com o surdo.
Pontos negativos:
*Foi o preconceito;
*E a dificuldade de achar uma professora de libras.
08-O que você acha da proposta de inclusão?
R: Foi muito bom e gratificante pois, meu filho era um menino excluído por ser
diferente. A inclusão veio para melhorar a vida de muitas crianças diferentes, o meu
filho só não escuta. Mas não foi fácil eu corri atrás dessa inclusão. Não só eu mais todos
envolvidos nessa luta encontramos barreiras. A princípio não tinha um professor de
línguas. Fui atrás de ajuda não podia ficar esperando, até que a professora Ana Maria
Honorato conseguiu uma professora de libras de Goiânia. Eu agradeço muito a
professora Ana Maria, me emociono em falar dela, porque se tem alguém que abraçou
essa causa foi ela e digo mais foi ela quem trouxe a inclusão para Iporá e acreditou que
daria certo. Na época com ela teve vários congressos e encontros sobre inclusão. Tive a
oportunidade de ir para Goiânia e participar de cursos junto com a professora Zilda e
isso contribuiu muito para mim e meu filho. (Resposta da mãe do Misael senhora N.)
09-Qual a contribuição do processo na sua vida social?
R: Ele desenvolveu muito convivendo com as outras crianças, porque ele era muito
tímido. Vejo que contribuiu com a socialização dele. Ele ficou mais alegre e feliz
estudando com pessoas “ditas normais”. (Resposta da mãe do Misael senhora N.)
102
ENTREVISTAS COM ALUNOS QUE VIVENCIARAM O PROCESSO DE
INCLUSÃO
Nome: Wellignton Monteiro de Oliveira.
Tipo de deficiência: mental.
Idade: 20 anos
Iporá, 18/10/2011.
01-Em que ano você estudou na Escola Estadual Joaquim Berto e qual era a sua
idade na época?
R: Não lembro direito, acho que foi em 2001 com 10 anos de idade.
02-Você encontrou dificuldades no início?
R: Sim, com as disciplinas na sala porque era difícil de aprender. E com os meninos que
me batia e brigava comigo.
03-A escola fez alguma adaptação para receber vocês alunos?
R: Fez as rampas para os colegas andar com as cadeiras.
04-Você sentiu preconceito por parte dos colegas, pais e professores?
R: Sim, um pouco dos colegas. Porque eles me batiam, judiava de mim batendo com
vara, chutava, dava muro e eu contava pra tia e ela colocava os meninos de castigo.
05-O que a vivencia desse processo significou para o seu desenvolvimento?
R: Foi bom eu aprendi ler, escrever e fazer as tarefas.
06-O que mais te marcou esse tempo na escola?
R: O “teteio”, recreio era muito bom e eu brincava muito.
07-Quais os pontos positivos e negativos que você viu nesse processo de inclusão?
R:A mãe dele a senhora C., que respondeu essa questão.
Pontos positivos:
*Melhorou o desenvolvimento;
103
*A maior atenção dos professores;
*Mais carinho e dedicação;
*A convivência com os outros, melhorou muito.
Negativo foi só de os outros alunos judiar dele.
08-O que você acha da proposta de inclusão?
R: A mãe responde: ela veio para melhorar a qualidade de ensino oferecido,
principalmente para dar oportunidade para todos aprender, independente das diferenças.
Então considero muito boa essa proposta de inclusão, mas ainda tem que melhorar um
pouco.
09-Qual a contribuição do processo na sua vida social?
R: A mãe fala, que contribuiu muito com o aprendizado dele. Em casa contribuiu com o
comportamento porque ele era muito nervoso, ele mordia a se mesmo e dava muito
trabalho. Com a ajuda da psicóloga ele melhorou muito. Com isso ele passou a conviver
mais calmo com todo mundo.
104
ANEXO - 6
QUADRO DE PESSOAL DOCENTE/FREQUÊNCIA DA
ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO NO PERÍODO
DE 1999-2002
105
106
107
108
ANEXO - 7
FOTOS DE MOMENTOS DE ESTUDOS SOBRE A
INCLUSÃO VIVENCIADOS PELOS PROFISSIONAIS DA
ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM BERTO NO PERÍODO
DE 1999-2002
109
*Escola Estadual Joaquim Berto
110
*Grupos de Estudos da Escola Joaquim Berto
*Grupos de Estudos da Escola Joaquim Berto
111
*Grupo de Estudos da Escola Joaquim Berto
*Grupos de Estudos da Escola Joaquim Berto
112
*Grupos de Estudos da Escola Joaquim Berto
*I Encontro das Escolas Inclusivas
113
*I Encontro das Escolas Inclusivas
*II Encontro Pedagógico das Escolas Inclusivas
114
*II Encontro Pedagógico das Escolas Inclusivas
*Curso de Libras
115
*Curso de Libras
*Apresentação do Coral de Libras da Escola
116
*Visita do consultor Romeu Kazumi Sassaki
*Confraternização da Equipe do SAI da SRE de Iporá
117
*Encontro das escolas inclusivas
*Encontro das escolas inclusivas
118
*Curso de aperfeiçoamento das escolas inclusivas