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O uso da cultura material como fonte para a história da medicina Letícia Maria da Silva Mattos [email protected] Universidade Federal Fluminense Resumo O objetivo desse trabalho é evidenciar a importância da utilização da cultura material como fonte para a história da medicina. A análise foi feita a partir da coleção museológica “Sertã”; ela conta com objetos científicos que foram doados pelo médico Sylvio Lengruber Sertã (1906-2001) e que hoje fazem parte do acervo museológico da Casa de Oswaldo Cruz. Os objetos são, em sua grande maioria, destinados à ginecologia e à obstetrícia e foram utilizados entre os fins do século XIX e meados do século XX. Por meio deles, foi possível analisar alguns instrumentos científicos disponíveis durante esse recorte temporal, a história da trajetória de Sertã e a história dos estudos médicos sobre o corpo feminino. É importante evidenciar que nesse trabalho, os objetos científicos são utilizados como fontes principais, portanto, essa é uma abordagem que difere de grande parte dos trabalhos sobre a história da medicina que são mais tradicionais, e utilizam textos como fontes principais. Palavras-chave: Cultura Material, História da Medicina, História da Saúde da Mulher Ao estagiar na Reserva Técnica do Museu da Vida pude perceber como a análise histórica dos objetos de ciência enriquecem o trabalho do historiador. A minha atividade como historiadora nesse local foi permeada de estranhamentos e surpresas, pois estava acostumada com o uso de fontes documentais como fontes principais para a realização de todos os meus trabalhos acadêmicos. Entretanto, essas fontes não foram abandonadas na minha atividade no museu, mas dividiram o seu foco com os protagonistas daquele local, os objetos; foi a partir deles que desenvolvi perguntas que foram respondidas com o cruzamento de outras fontes textuais e orais.

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O uso da cultura material como fonte para a história da medicina

Letícia Maria da Silva Mattos

[email protected]

Universidade Federal Fluminense

Resumo

O objetivo desse trabalho é evidenciar a importância da utilização da cultura

material como fonte para a história da medicina. A análise foi feita a partir da coleção

museológica “Sertã”; ela conta com objetos científicos que foram doados pelo médico

Sylvio Lengruber Sertã (1906-2001) e que hoje fazem parte do acervo museológico da

Casa de Oswaldo Cruz. Os objetos são, em sua grande maioria, destinados à ginecologia

e à obstetrícia e foram utilizados entre os fins do século XIX e meados do século XX.

Por meio deles, foi possível analisar alguns instrumentos científicos disponíveis

durante esse recorte temporal, a história da trajetória de Sertã e a história dos estudos

médicos sobre o corpo feminino. É importante evidenciar que nesse trabalho, os objetos

científicos são utilizados como fontes principais, portanto, essa é uma abordagem que

difere de grande parte dos trabalhos sobre a história da medicina que são mais

tradicionais, e utilizam textos como fontes principais.

Palavras-chave: Cultura Material, História da Medicina, História da Saúde da Mulher

Ao estagiar na Reserva Técnica do Museu da Vida pude perceber como a análise

histórica dos objetos de ciência enriquecem o trabalho do historiador. A minha atividade

como historiadora nesse local foi permeada de estranhamentos e surpresas, pois estava

acostumada com o uso de fontes documentais como fontes principais para a realização de

todos os meus trabalhos acadêmicos. Entretanto, essas fontes não foram abandonadas na

minha atividade no museu, mas dividiram o seu foco com os protagonistas daquele local,

os objetos; foi a partir deles que desenvolvi perguntas que foram respondidas com o

cruzamento de outras fontes textuais e orais.

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A coleção Sertã está situada na Reserva Técnica Museológica do Museu da Vida,

na Fiocruz1. O Museu faz parte de uma unidade Técnico Científica da Fiocruz, chamada

Casa de Oswaldo Cruz. Essa unidade possuí um acervo bibliográfico, arquivístico,

arquitetônico e museológico com a temática de história das ciências e da saúde e da

divulgação científica. A Reserva Técnica tem aproximadamente 2.100 objetos que datam

do século XIX até o XXI; ela tem caráter bastante heterogêneo, conta com objetos como

equipamentos laboratoriais, materiais e maquinário destinados a fabricação de

medicamentos e vacinas, instrumentos médicos e científicos, mobiliário hospitalar,

indumentária (vestuário), numismática (cédulas, moedas e medalhas), objetos pessoais de

cientistas da instituição e uma pinacoteca.

O acervo museológico diz muito sobre a própria história da instituição, pois

grande parte dos objetos pertenceram a pesquisadores do Instituo Oswaldo Cruz; como é

o caso dos objetos de Oswaldo Cruz (1872-1917) e do médico Carlos Chagas (1879-1934)

que eram diretamente ligados à instituição. O acervo também contém objetos que

pertenceram a cientistas sociais, bioquímicos, médicos e profissionais da divulgação

científica; que não eram diretamente vinculados à instituição, mas foram atuantes na

história das ciências e da saúde no Brasil.

Atualmente a Reserva conta com um grupo de profissionais das áreas da

museologia e da história, que trabalham complementarmente na administração,

preservação, conservação e contextualização histórica das coleções. Esse acervo

museológico é utilizado em exposições dentro e fora da Fundação Oswaldo Cruz e possuí

um grande potencial de pesquisa, tanto para museólogos como para profissionais de

outras áreas como a história e a biologia. A reserva conta com um vasto acervo de C&T

que possui desde equipamentos de sequenciamento de DNA, como também microscópios

1 A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é uma instituição vinculada ao Ministério da Saúde que tem sua sede principal localizada na cidade do Rio de Janeiro. A Fundação tem como missão: Produzir, disseminar e compartilhar conhecimentos e tecnologias voltados para o fortalecimento e a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) e que contribuam para a promoção da saúde e da qualidade de vida da população brasileira. Para mais informações: https://portal.fiocruz.br/

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que funcionavam com iluminação de velas do início no início do século XX e ampolas

de vacinas.

A coleção Sertã é parte desse vasto acervo de C&T; ela conta com 99 objetos

ligados à história da medicina no Brasil. Ela tem esse nome pois os objetos foram doados

pelo Dr. Sylvio Lengruber Sertã, um médico fluminense que atuou principalmente nas

áreas da ginecologia e da obstetrícia durante meados do século XX, portanto a maioria

dos objetos estão ligados à saúde da mulher. Os objetos foram doados no ano de 1995,

juntamente à uma entrevista que o médico deu para pesquisadores da Casa de Oswaldo

Cruz, em comemoração aos 50 anos de criação do Conselho Regional de Medicina do

Rio de Janeiro.

A coleção conta com objetos para atendimento cirúrgico e clínico, entre eles estão:

8 tipos de fórceps diferentes para a execução de partos, 4 medicamentos anestésicos, 6

agulhas, 12 espéculos, 4 curetas, 1 ventosa sarjada, 1 aparelho de transfusão de sangue,

entre outros instrumentos. Muitas peças foram utilizadas pelo próprio médico ou foram

adquiridas de familiares ou compradas em leilões.

A análise histórica dessa coleção me atentou para o seu potencial de pesquisa

sobre a história das ciências e da saúde no Brasil, principalmente no que diz respeito aos

estudos sobre o corpo feminino. Assim, é importante fazer uma breve discussão

bibliográfica sobre os usos da cultura material como fonte para o trabalho do historiador

e a atuação destes em museus de Ciência e Tecnologia, e assim demonstrar como esse

processo de utilização das fontes materiais para a história das ciências, em especial da

medicina, pode ser feito.

Cultura material da ciência como fonte

Durante muito tempo os historiadores não consideraram a cultura material como

fonte relevante para investigação histórica. Foi somente no século XX, com os estudos

do movimento historiográfico denominado Escola dos Annales, que aconteceu a

ampliação da visão sobre novas fontes para além das documentações oficiais. Os Annales

deixaram de utilizar o modelo da história positivista do século XIX que priorizava as

grandes personalidades e os grandes eventos, e passaram a abordar a história de sujeitos

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comuns da sociedade. Esses homens e essas mulheres não eram encontrados com tanta

facilidade nas fontes oficias, assim, foram utilizados outros meios de análise, ampliando

os tipos de fontes para jornais, músicas, literatura, objetos do cotidiano, entre outros.

De acordo com os estudos de Jacques Le Goff, historiador da terceira geração dos

Annales: “uma estatística, uma curva de preços, uma fotografia, um filme, ou, para um

passado mais distante, um pólen fóssil, uma ferramenta, um ex-voto são, para a história

nova, documentos de primeira ordem.”( Le Goff, 1990). Com essa nova demanda por

fontes, os arquivos e os museus também ampliaram seus acervos para a entrada de objetos

e documentos de caráter variado; auxiliando na prática dos historiadores.

No caso específico dos museus de objetos científicos, esses só ganharam a

atenção dos historiadores a partir da década de 1980; porém, a utilização e o estudo a

respeito dessas fontes era de caráter comparativo e evolucionista. Os objetos de ciência

eram utilizados como vestígios da evolução da tecnologia e não eram associados aos

contextos, mas sim às informações estéticas e técnicas próprias deles mesmos.

Somente, a partir da década de 1990, o olhar começou a mudar, a

preocupação agora era a interação do instrumento com a

experimentação, com o desenvolvimento do conhecimento científico, e seu impacto no método científico e nas mudanças de crenças científicas.

Várias propostas metodológicas e conceituais foram elaboradas e, a

julgar pelas publicações na área, o número de historiadores, filósofos e

sociólogos da ciência que se dedicam a este novo tema, os objetos de

ciência, aumentou consideravelmente. (GRANATO; SANTOS;

FURTADO; GOMES, 2007)

Os objetos de ciência deixaram de ser vistos como fontes que só carregavam

informações sobre si mesmos, mas diziam a respeito do contexto no qual foram criados.

Com o crescimento do interesse pela cultura material da ciência, a presença de

historiadores trabalhando nos museus de ciência e tecnologia aumentou. A principal

tarefa realizada por esses profissionais é documentar os objetos por meio da pesquisa

histórica. Segundo Ferrez (1991), preservar e documentar um objeto faz com que este

deixe de ser uma simples fonte de informação, e se torne fonte de pesquisa científica.

Ferrez (1991) utiliza os estudos de Peter Van Mensch para determinar como se compõe

essa documentação; ela ressalta que o documento precisa conter as informações

intrínsecas e extrínsecas do objeto.

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Entende-se por informações intrínsecas aquelas que podem ser entendidas apenas

com a análise física do objeto, como a cor, o estado de conservação, marca, data, e outras

informações que forem visíveis em uma análise simples. As informações extrínsecas são

aquelas que vão além das físicas, pois podem ser encontradas com o cruzamento de outras

fontes, numa pesquisa mais aprofundada sobre os contextos em que o objeto perpassou

quando ainda estava em seu uso prático, e também depois da sua musealização.

Minha atuação como estagiária de história na Reserva Técnica do Museu da Vida

se dá especificamente no desenvolvimento dessas documentações, em especial na

realização da contextualização histórica dos objetos lá encontrados. Após uma extensa

leitura sobre atuação de historiadores em museus, as metodologias que utilizo para o

desenvolvimento dessas pesquisas, são baseados na ideia de “biografia dos objetos”. Ela

foi defendida por Igor Kopytoff (2008) que considerou que as questões levantadas sobre

a fonte (o objeto) devem ser elaboradas como na construção da biografia de pessoas,

entretanto com as especificidades pertinentes a um objeto.

Assim, na execução da minha atividade, parto primeiramente de algumas

perguntas básicas como: Quais são os aspectos físicos? Quem construiu? Para quê?

Quando? Quais são suas técnicas e tecnologias? Esse objeto cumpriu a finalidade pra qual

foi criado? Por que faz parte do acervo do museu? Porque se encontra nessa coleção?

Entretanto, cada objeto exige indagações específicas que surgem das questões básicas

levantadas acima.

A partir da documentação dos objetos da coleção Sertã pude elaborar perguntas

plurais e responde-las, contribuindo para o desenvolvimento de questões sobre a vida do

próprio Dr. Sylvio Sertã, da medicina entre os fins do século XIX e início do século XX

e da história da medicina ginecológica e obstétrica. As fontes principais foram os objetos

doados pelo médico, e as fontes secundárias foram manuais dos objetos, a entrevista oral

cedida pelo médico à Casa de Oswaldo Cruz, jornais, entre outras. A primeira parte da

análise foi a elaboração do panorama da medicina entre os séculos XIX e XX e a vida de

Sertã. E a segunda parte é um exemplo de como realizo a pesquisa histórica dos objetos

da coleção Sertã, respondendo perguntas como: Pra que servia o objeto? Quem foi o

fabricante? Quais foram seus usos? Por que faz parte da coleção Sertã?

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Sobre Sertã

O médico nasceu no município do Carmo, na Região Serrana do estado do Rio de

Janeiro, no ano de 1906. Teve contato com a medicina desde muito novo, pois seu pai,

Dr. Licínio Sertã possuía um consultório e uma sala de cirurgias e exames dentro da

própria casa, onde atendia pessoas de variados níveis socioeconômicos; e que precisavam

de diferentes tipos de cuidado, desde diagnóstico de sífilis – um procedimento simples-

até realização de cirurgia de amigdalas, que era uma atividade sofisticada para época.

Assim, as gerações seguintes também seguiram o mesmo caminho do pai de Sylvio Sertã,

como foi o exemplo do irmão de Sylvio, o Dr. Licínio de Oliveira Sertã, que também se

formou em medicina.

Segundo o próprio médico, a decisão de seguir os rumos do pai foi tomada no dia

em que presenciou o Dr. Licínio Sertã salvar a vida de uma criança que estava asfixiada

por conta da difteria:

“...Era época de férias, eu estava mais ou menos na [fase] de 7, 8 anos,

por aí assim... e veio um chamado para papai atender de urgência uma

criança que estava morrendo na estação de Bacelar, que era a estação

ao lado do Carmo. Nessa... nessa estação havia, morava um indivíduo

chamado Joaquim Simões de Araújo, de uma família que está no Carmo

ainda lá. [...] Era pertinho... 2 quilômetros mais ou menos. E quando chegamos naquele local uma senhora segurava uma criança negra... a

criança estava negra... sufocada... asfixiada... por [Klebs]. E aquele

descontrole todo... Socorro, Socorro! Salvem o meu filho! Salvem o

meu filho! E eu só vi papai abrir a... uma maletazinha, apanhar um

bisturi e: Segurem a criança bem! Apanhar o bisturi, abrir a traquéia, e

em seguida pegava uma canazinha e botava a cana na traquéia... e... fú!

fú! fú! [sons de sopro]... a criança começou a respirar e depois a criança

estava normal. (Sertã, 1997)

Anos depois do ocorrido, Sertã foi para o Rio de Janeiro para cursar medicina na

Faculdade Medicina no Rio de Janeiro entre 1923-1928. Durante o período em que ainda

estava estudando, foi convidado por seu irmão para fazer parte da enfermaria de

ginecologia no Hospital São Francisco de Assis, também localizado no Rio de Janeiro, e

lá ficou até 1968. Na entrevista cedida à Casa de Oswaldo Cruz, Dr. Sylvio Sertã fala que

durante o tempo em que esteve no São Francisco trabalhou com o Doutor Armando

Aguinaga, médico obstetra, que segundo Sertã era muito profissional e dedicado, uma

verdadeira inspiração o qual via como mentor e mestre.

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Dr. Sertã também abriu seu próprio consultório (1935), lecionou na escola de

enfermagem Anna Nery (atual faculdade de enfermagem da UFRJ), onde ensinava

obstetrícia para as enfermeiras e inaugurou um curso de parteiras. Além disso, o médico

também lecionou em mais outras duas instituições: na Faculdade de Medicina do Rio de

Janeiro e no Instituto Hahnemanniano (instituto de homeopatia). Além da atuação na

docência e na clínica, Sertã ocupou o cargo de presidente provisório no Conselho

Regional de Medicina do Distrito Federal. Durante a década de 1960; sua chapa foi eleita

com um forte discurso anticomunista.

A história de Sertã e de seus instrumentos médicos perpassam importantes

momentos da história da medicina, em especial da história da medicina da mulher no

Brasil, que já se desenvolvia desde a segunda metade do século XIX. A produção de

saberes sobre o corpo feminino era baseado nos estudos da medicina francesa, sendo a

brasileira peculiar pelo contexto social em que era realizada, principalmente pela ausência

de meios materiais para a realização dos procedimentos teóricos. “Este quadro foi alterado

a partir do último quartel do século XIX, quando os médicos obstetras e ginecologistas

brasileiros começaram a desenvolver instrumentos e técnicas cirúrgicas próprias, como é

o caso dos doutores Werneck de Almeida e Fernando Magalhães.” (Martins, 2004)

Os médicos do XIX e do XX atendiam especialmente casos clínicos particulares

de mulheres de classes mais abastadas, e também trabalhavam em enfermarias de

hospitais públicos, no tratamento de mulheres pobres. Mas estavam longe de dominar

essa prática, e de testar seus aparatos tecnológicos, pois tinham poucas pacientes; assim,

utilizavam manequins para realizarem a prática de seus estudos teóricos.

A medicina da mulher se desenvolveu paralelamente a institucionalização do

próprio saber médico com um todo. Na opinião de grande parte da classe intelectual

médica, o corpo da mulher deveria ser estudado, principalmente no caso da obstetrícia,

para que fossem diminuídas as altas taxas de mortalidade infantil; pois a infância nos fins

do século XIX passou a ser vista como uma maneira de se criar novos cidadãos para a

constituição de uma sociedade brasileira moderna e civilizada. Assim, as questões da

mortalidade infantil eram inseparáveis da maternidade.

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Os médicos relacionavam as altas taxas de mortalidade materno-infantil como

recorrentes, principalmente, da utilização de parteiras para os serviços da realização de

partos. No entanto, havia uma preferência das famílias pelos trabalhos destas, pois as

parteiras foram por muito tempo a única opção de confiança para realizar os partos.

Entretanto, nos discursos realizados nos locais de estudos como a Faculdade de Medicina

do Rio de Janeiro e a Faculdade de Medicina da Bahia, as parteiras eram mulheres burras

e ignorantes, cheias de superstições, por isso não deveriam realizar tal atividade.

No decorrer do século XX os médicos foram ocupando locais de maior atuação

prática, instalando enfermarias em hospitais, inaugurando maternidades e locais de ensino

destinados a prática da obstetrícia, como o curso de enfermagem obstétrica na escola de

enfermagem Anna Nery. Os médicos também adquiriam mais produtos de alta tecnologia

importados, ou desenvolvidos por estudos nacionais que visavam controlar e facilitar o

trabalho de parto tanto para a mulher, quanto para o médico. A intervenção médica nos

partos com novos medicamentos e instrumentos foi nomeada pelo obstetra Fernando

Magalhães como “humanização” do parto. Segundo Carmen Simone Grilo Diniz (2005):

Na assistência ao parto, o termo humanizar é utilizado há muitas décadas, com sentidos os mais diversos. Fernando

Magalhães, o Pai da Obstetrícia Brasileira, o empregou no início

do século XX e o professor Jorge de Rezende, na segunda metade do século. Ambos defendem que a narcose e o uso de fórceps

vieram humanizar a assistência aos partos. (Diniz, 2005)

O uso desses instrumentos acompanhou uma mudança de perspectiva a respeito

do parto, que já vinha sendo modificada desde meados do século XIX, a autora continua

dizendo que:

A humanização da assistência, nas suas muitas versões, expressa uma

mudança na compreensão do parto como experiência humana e, para

quem o assiste, uma mudança no “que fazer”diante do sofrimento do

outro humano. No caso, trata-se do sofrimento da outra, de uma mulher.

O modelo anterior da assistência médica, tutelada pela Igreja Católica,

descrevia o sofrimento no parto como desígnio divino, pena pelo

pecado original, sendo dificultado e mesmo ilegalizado qualquer apoio

que aliviasse os riscos e dores do parto (Diniz, 1997)

A utilização do fórceps e das narcoses, como pontuou Diniz, foram marcos

importantes para o desenvolvimento da obstetrícia e tinham o objetivo de diminuir o

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tempo de sofrimento causado pelo parto. No caso do fórceps, o instrumento era inserido

no canal da mulher para facilitar a saída do bebê; eles eram feitos em diferentes modelos

e tamanhos, alguns menores, que eram menos intervencionistas, e outros maiores para

casos de saída mais dificultada.

A utilização da anestesia em partos também foi muito importante para diminuir as

dores das mulheres; o primeiro parto sem dor foi realizado pelo médico escocês James

Young Simpson (1811-1870) em 1847 com um componente químico chamado

clorofórmio. Ele foi amplamente utilizado, até que foi descoberto que seu uso poderia

levar à morte por complicações cardíacas. Outras versões de analgesia e de anestesia local

foram testadas no decorrer do tempo, com diferentes usos e desusos.

Os médicos também desenvolviam e medicalizavam as mulheres nos casos de

doenças ligadas ao sistema reprodutor feminino. Foi a partir da década de 1940 que os

alertas para o câncer de colo do útero foram intensificados para a conscientização da

população feminina quanto os riscos e sintomas da doença. Os tratamentos de radioterapia

foram intensificados e as propagandas para a execução do exame preventivo também. Na

entrevista do Dr. Sertã, ele diz que durante a época em que esteve no Hospital São

Francisco de Assis, Armando Aguinaga foi um dos primeiros médicos a falar sobre câncer

de colo de útero no Brasil e foi pioneiro na utilização da radioterapia no país. Em 1925,

Aguinaga fez folhetos explicativos para mulheres falando da importância da consulta

médica em casos de sinais dos sintomas do câncer de colo de útero e realizava o exame

gratuitamente no ambulatório de ginecologia do Hospital São Francisco de Assis.

Assim, no contexto sócio cultural no qual Sertã exerceu a sua função de

ginecologista e obstetra, o estudo do corpo feminino, nas questões de doença e

maternidade eram impregnadas da visão masculina; os procedimentos e instrumentos,

mesmo com efeitos negativos, como o fórceps, até mesmo outros instrumentos que

violentavam as mulheres, continuaram sendo utilizados por muito tempo pelos médicos.

Entretanto, isso não apaga os esforços que esses homens travaram para a diminuição dos

casos de doenças e mortalidade materno- infantil.

A coleção Sertã tem grande parte desses objetos utilizados por ginecologistas da

época. Ela contém tanto objetos de utilização cotidiana em consultórios como

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equipamentos cirúrgicos mais sofisticados. Os equipamentos cirúrgicos estão em maior

quantidade, a coleção possui 12 pinças, 8 fórceps, 4 curetas, 5 tesouras e 6 agulhas que

foram utilizadas majoritariamente em procedimentos mais invasivos. Muitos deles tem

procedência francesa, como o Dreno de Mouchette, que servia para retirar as impurezas

presentes no útero feminino. Também estão presentes objetos de procedência nacional

fabricados em locais brasileiros como a Casa Saldanha.

Não é possível afirmar com exatidão quais objetos foram utilizados pelo Dr.

Sylvio Sertã e em qual contexto; apenas aqueles que ele cita em sua entrevista oral à Casa

de Oswaldo Cruz. Um exemplo é a seringa de transfusão de sangue puro (em francês:

Seringue a tranfusion du sang pur) do Dr. Louis Jubé, que foi fabricada na França, no

ano de 1927. O equipamento realizava a transfusão de sangue a partir de uma técnica

denominada “braço à braço”; a técnica tinha esse nome pois era feita na hora, entre o

braço do doador e do receptor. Esse tipo de transfusão precedeu a invenção dos bancos

de sangue, pois era feita numa época que a coagulação do sangue não conseguia ser

facilmente controlada, pois não se sabia quais seriam os componentes químicos certos a

manter o sangue líquido.

Dr. Sertã afirmou que o aparelho de transfusão era de seu uso em pacientes, e além

disso, também disse que utilizou a seringa para doar seu próprio sangue para uma paciente

que sofria de hemorragia. Assim, o médico foi doador e médico atuante ao mesmo tempo.

A maior parte deles é feita em metal, que facilitaria a esterilização em sua época. A

coleção Sertã também mostra o lado colecionador de Sertã, pois contém equipamentos

que foram utilizados por seu pai, como o caso de um estetoscópio do final do século XIX.

Ao observar toda a coleção de uma maneira mais ampla é inevitável se atentar ao

tamanho de certos tipos de fórceps ou a grossura de algumas agulhas. Essas proporções

foram tomando tamanhos menores com o desenvolvimento de novas tecnologia; no

entanto, é importante pensar o impacto social que eles causaram em sua época. Em

especial, aqueles que eram utilizados em mulheres de diversas idades, que já enfrentavam

o grande infortúnio de visitar uma enfermaria ou um consultório no qual seria atendida

por um homem, que ainda estaria munido de um aparato de ferramentas de

desconhecimento da população no geral.

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Exemplo de contextualização de objeto

O objeto que escolhi para exemplificar a análise funciona de maneira

complementar à esses objetos cirúrgicos: ele é um anestésico intravenoso que pertence a

categoria “medicamentos” dentro da coleção. Como já falado anteriormente, a utilização

de analgesia em partos enfrentou graves problemas, pois as pacientes podiam ter efeitos

colaterais graves ou até morrerem, o que fez com que os médicos buscassem cada vez

mais outras alternativas para os diferentes tipos de casos em que a anestesia era solicitada.

A história da anestesia em partos, acompanhou paralelamente a história do

desenvolvimento da própria a anestesia em outros ramos da medicina que não a

obstetrícia.

Objeto: Anestésico Oevipana Sódica

Fabricante: Bayer; Local e data : Brasil, RJ, 1940;

Dimensões: 14 x 1,5 cm (frasco); 8,5 x 1 cm (pó); Material: vidro / papel

Informações gerais:

O Oevipana Sódico (em inglês Evipan Sodium) foi um medicamento anestésico utilizado

para a diminuição da dor em pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos e também

em obstetrícia. Ele começou a ser fabricado pela empresa alemã Bayer no ano de 1932;

O Oevipana Sódico era feito à base de um tipo de composto químico chamado barbitúrico

que é aquele capaz de gerar hipnose, anestesia e narcose (perda de consciência) em

humanos e animais. Ele era indicado principalmente em casos onde se buscava uma

anestesia leve ou uma pré anestesia; no caso de uma mais profunda, o medicamento

deveria ser aliado a outras medicações.

Aspectos físicos:

O Oevipana tinha dimensões 14 x 1,5 cm (frasco); 8,5 x 1 cm (pó). Era vendido

em pó, na cor branca e armazenado em ampolas de vidro; junto a ele estavam outras

ampolas que continham água destilada que servia para a sua diluição, todos em uma

caixinha de papelão.

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Uso:

O medicamento deveria ser aplicado por via intravenosa, fazendo efeito em

aproximadamente 8 minutos. A quantidade da aplicação poderia ser alterada de acordo

com variáveis como a idade, as condições do paciente, e o período de duração do

procedimento: em casos de rápidas extrações de dentes por exemplo, as doses eram

menores, enquanto em uma incisão que precisaria de mais tempo pra ocorrer, a dose seria

aumentada, ou se caso fosse necessário, reforçada com outro(s) medicamento(s).

O Oevipana Sódico era bem utilizado em partos pois propiciava um bom

relaxamento abdominal e apresentava efeitos mínimos nas atividades do corpo como

circulação, metabolismo e respiração. Seus resquícios eram eliminados pelo próprio

organismo por meio da urina em poucas horas, possibilitando que a paciente tivesse um

despertar sem muitos efeitos colaterais. Além disso, o anestésico intravenoso era uma

opção para as mulheres que não poderiam receber a mascara de anestesia ou a anestesia

local.

Outros usos:

Apesar de possuir vantagens, a utilização do medicamento também podia trazer

problemas sérios, sendo o mais grave a morte, pois a dose mortal do Oevipana era muito

próxima da dose para a anestesia. Essa característica fez com que o Oevipana fosse

utilizado durante a Segunda Guerra Mundial como arma de guerra, servindo como injeção

letal.

A médica nazista Herta Oberheuser (1911-1978) aplicava oléo e Oevipana

(Sodium Evipan) em crianças saudáveis e arrancava seus membros e órgãos vitais para

experiências médicas. Oberheuser trabalhou no campo de concentração de Ravensbruck

nos anos de 1940-1943. O campo aprisionava mulheres e crianças que eram submetidas

a trabalho escravo e a experimentos médicos; uma das prisioneiras de Ravensbruck foi

Olga Benário Prestes (1908-1942), mulher de origem judaica, importante membro do

Partido Comunista Alemão e esposa do também militante comunista Luís Carlos Prestes

(1898-1902). Em 1947, Herta Oberheuser foi condenada a 20 anos de prisão porcrimes

de guerra nos Julgamentos de Nuremberg em 1947.

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Atualmente a Bayer não produz mais o Oevipana Sódica.

Fabricante:

A Bayer foi fundada em 1863 na cidade Barmen, Alemanha. Inicialmente era uma

fábrica de corantes sintéticos. No decorrer de sua trajetória, passou a produzir para a

indústria farmacêutica; em 1899 lançou a aspirina, que foi uma revolução no mercado de

medicamentos. E em 1896 foi a primeira empresa a introduzir a heroína como

medicamento contra a tosse em crianças. Durante as duas Grandes Guerras a empresa

produziu substâncias de explosivos e armas químicas e, além disso, durante a Segunda

Guerra Mundial voltou parte da sua produção e de seus investimentos financeiros para as

campanhas do Partido Nacional Socialista (Nazista).

Atualmente a empresa é de caráter global, se destacando principalmente no ramo

da Agricultura e de produtos farmacêuticos. Produz de herbicidas, fungicidas e inseticidas

à medicamentos muito populares, como o anticoagulante Xarelto e o anticoncepcional

Yasmin. A empresa se estabeleceu no Brasil no ano de 1896, e atualmente, sua sede no

país é uma das 5 maiores que a empresa tem.

Todas essas informações fazem parte da documentação do medicamento dentro

da coleção. Elas trazem diferentes questões que podem ser desenvolvidas por pessoas que

tenham interesse em pesquisar a coleção, ou a medicação unicamente. E o mesmo pode

ser feito para outros objetos da coleção. Atualmente o museu não disponibiliza seu

catálogo online, entretanto a pesquisa histórica é um passo no projeto de divulgação do

acervo.

Conclusão

A história do Dr. Sertã e de seus objetos científicos nos mostra que a cultura

material foi de grande importância para o desenvolvimentos da medicina durante o seu

período de institucionalização, e é até os dias atuais. Por isso, os historiadores das ciências

médicas precisam sempre estar atentos a utilização desses objetos, não só no caso das

suas mudanças tecnológicas, mas também no seu impacto social no tempo. É preciso

diversificar as fontes de análise, não se prendendo unicamente às teses médicas e aos

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livros; pois a utilização de objetos de ciência traz outros questionamentos e outros olhares

a respeito dos processos

Os objetos dialogam entre si, com as outras coleções e também com a própria

história da Fundação Oswaldo Cruz, ao serem de tamanha importância para a história das

ciências e da saúde. Existe uma imensa pluralidade no acervo da Casa de Oswaldo Cruz

que permite que muitas outras pesquisas sejam realizadas, tanto por pesquisadores da

própria Instituição, como também por historiadores que tem interesse nesses objetos. E

do mesmo jeito que a coleção Sertã é importante para o estudo da historia da medicina

obstétrica e ginecológica, e que um único medicamento anestésico abarca informações

sobre anestesias, nazismo, partos e etc. outras coleções podem auxiliar em outros estudos

de importantes fatos da história da medicina.

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