Observativo 5

8
Desde tempos imemoráveis a Lua acompanha o Homem no seu dia-a-dia, principalmente nas suas escuras noites. O maior astro do céu noturno iluminou muitos romances, caçadas e fugas. Durante toda a sua história o Homem olhou para cima e tentou perscrutar seus segredos, como suas fases, suas manchas (veja quadro), ou seu brilho enigmático por entre as nuvens. Em nossa época, porém, temos recursos para compreender melhor alguns de seus mistérios... mistérios esses que nossos ancestrais jamais poderiam sequer imaginar. Ainda assim, muito temos a aprender com nossa parceira celeste. Recentemente a NASA (Agência Espacial dos Estados Unidos) divulgou que duas sondas (Chandrayaan-1 da Índia e LCROSS dos EUA) confirmaram a existência de água congelada no Pólo Sul da Lua. Esse resultado já era esperado, pois supõe-se que a água da Terra seja proveniente dos objetos celestes, como cometas, que colidiram com ela durante sua formação. Objetos semelhantes também chocaram-se com a Lua... porém, a água não permanecendo no estado líquido devido às temperaturas extremas de sua superfície, ou evaporou e escapou devido à sua atração gravitacional ser insuficiente para manter uma atmosfera, ou congelou sob certas partes de sua superfície. Os resultados das missões indicam a existência de água em uma região maior que se esperava, porém em pequena concentração. Essa água tem grande valor por facilitar a exploração da Lua, e também por animar a procura por vida. Até agora nenhuma notícia a respeito de vida na Lua foi divulgada pelas agências que fizeram sua exploração. Entretanto, por ser vizinha do único planeta com vida conhecido, poderá a Lua ser ainda palco dessa incrível descoberta. Afastando-se de nós cerca de 4 cm por ano, acredita-se que a Lua seja um pedaço de nosso planeta que foi ejetado pelo impacto com um grande corpo durante a formação do Sistema Solar, tendo, portanto, a mesma idade dos seus objetos, cerca de 4,6 bilhões de anos. Esse tempo foi suficiente para que devido ao famoso efeito de maré, um dos hemisférios da Lua permanecesse voltado para nosso planeta e o outro ficasse permanentemente oculto, só sendo visto por um ser humano após ser fotografado por uma sonda soviética (Luna 3) em 1959. Sendo assim, o tempo que a Lua leva para dar uma volta em torno de si mesma (rotação) é igual ao tempo que leva para circundar nosso planeta (translação). Quando dois corpos se atraem o 'efeito de maré' é causado pela diferença da ação da gravidade sobre vários pontos de um mesmo corpo, dependendo de sua composição, forma e movimento. Esse efeito pode ser percebido de várias maneiras, como exemplo temos as 'marés oceânicas', que são resultado da diferença da força aplicada pela Lua sobre as massas líquidas e as partes sólidas da Terra em seus respectivos movimentos. Existem planos para a instalação de bases lunares como ponto de apoio para missões mais distantes e também projetos para a colonização (militar, científica e civil) da Lua. De qualquer forma missões tendo como destino a Lua ainda são muito caras. Entretanto, com o passar dos anos, essas missões se tornam cada vez mais viáveis, devido as crescentes pesquisas em tecnologias para a exploração espacial que vêm sendo desenvolvida por várias agências de vários países. Portanto, ouviremos cada vez mais sobre a Lua, que mesmo se afastando de nós está cada vez mais ao nosso alcance. Informativo do GOA#5 Departamento de Física Centro de Ciências Exatas UFES Verão de 2010 www.cce.ufes.br/goa Quando olhamos para a Lua vemos manchas escuras contrastando com as partes brancas brilhantes. Através dos séculos muitos imaginaram desenhos com essas manchas... EXPLORANDO Para saber mais acesse: http://www.arcadovelho.com.br/Lua/ A%20Conquista%20da%20Lua.htm LUA A Alguns vêem facilmente um coelho. Outros vêem São Jorge lutando contra um temível dragão! E você, o que vê na Lua? Imagem do topo: Cena do filme "Moon", Sony Pictures

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http://www.cce.ufes.br/goa/documentos/observativo05-verao2010.pdf

Transcript of Observativo 5

Page 1: Observativo 5

Desde tempos imemoráveis a Lua acompanha o

Homem no seu dia-a-dia, principalmente nas suas escuras

noites. O maior astro do céu noturno já iluminou muitos

romances, caçadas e fugas. Durante toda a sua história o

Homem olhou para cima e tentou perscrutar seus segredos,

como suas fases, suas manchas (veja quadro), ou seu brilho

enigmático por entre as nuvens.

Em nossa época, porém, temos recursos para

compreender melhor alguns de seus mistérios... mistérios esses

que nossos ancestrais jamais poderiam sequer imaginar. Ainda

assim, muito temos a aprender com nossa parceira celeste.

Recentemente a NASA (Agência Espacial dos Estados

Unidos) divulgou que duas sondas (Chandrayaan-1 da Índia e

LCROSS dos EUA) confirmaram a existência de água

congelada no Pólo Sul da Lua. Esse resultado já era esperado,

pois supõe-se que a água da Terra seja proveniente dos objetos

celestes, como cometas, que colidiram com ela durante sua

formação. Objetos semelhantes também chocaram-se com a

Lua... porém, a água não permanecendo no estado líquido

devido às temperaturas extremas de sua superfície, ou evaporou

e escapou devido à sua atração gravitacional ser insuficiente

para manter uma atmosfera, ou congelou sob certas partes de

sua superfície. Os resultados das missões indicam a existência

de água em uma região maior

que se esperava, porém em

pequena concentração. Essa

água tem grande valor por

facilitar a exploração da Lua,

e também por animar a

procura por vida. Até agora

nenhuma notícia a respeito de

vida na Lua foi divulgada

pelas agências que fizeram

sua exploração. Entretanto,

por ser vizinha do único

planeta com vida conhecido,

poderá a Lua ser ainda palco

dessa incrível descoberta.

Afastando-se de nós

cerca de 4 cm por ano,

acredita-se que a Lua seja um pedaço de nosso planeta que foi

ejetado pelo impacto com um grande corpo durante a formação

do Sistema Solar, tendo, portanto, a mesma idade dos seus

objetos, cerca de 4,6 bilhões de anos. Esse tempo foi suficiente

para que devido ao famoso efeito de maré, um dos hemisférios

da Lua permanecesse voltado para nosso planeta e o outro

ficasse permanentemente oculto, só sendo visto por um ser

humano após ser fotografado por uma sonda soviética (Luna 3)

em 1959. Sendo assim, o tempo que a Lua leva para dar uma

volta em torno de si mesma (rotação) é igual ao tempo que leva

para circundar nosso planeta (translação).

Quando dois corpos se atraem o 'efeito de maré' é

causado pela diferença da ação da gravidade sobre vários pontos

de um mesmo corpo, dependendo de sua composição, forma e

movimento. Esse efeito pode ser percebido de várias maneiras,

como exemplo temos as 'marés oceânicas', que são resultado da

diferença da força aplicada pela Lua sobre as massas líquidas e

as partes sólidas da Terra em seus respectivos movimentos.

Existem planos para a instalação de bases lunares

como ponto de apoio para missões mais distantes e também

projetos para a colonização (militar, científica e civil) da Lua.

De qualquer forma missões tendo como destino a Lua ainda são

muito caras. Entretanto, com o passar dos anos, essas missões se

tornam cada vez mais viáveis,

devido as crescentes pesquisas

em tecnologias para a exploração

espacial que vêm sendo

desenvolvida por várias agências

de vários países. Portanto,

ouviremos cada vez mais sobre a

Lua, que mesmo se afastando de

nós está cada vez mais ao nosso

alcance.

Informativo do GOA #5 ­ Departamento de Física ­ Centro de Ciências Exatas ­ UFES ­ Verão de 2010 ­ www.cce.ufes.br/goa

Quando olhamos para a Lua vemos manchasescuras contrastando com as partes brancas

brilhantes. Através dos séculos muitosimaginaram desenhos com essas manchas...

EXPLORANDO

Para saber mais acesse:http://www.arcadovelho.com.br/Lua/A%20Conquista%20da%20Lua.htm

LUAA

Alguns vêem

facilmente

um coelho.

Outros vêem

São Jorge lutando

contra um temível

dragão!

E você, o que

vê na Lua?

Imagem do topo:Cena do filme "Moon", Sony Pictures

Page 2: Observativo 5

A mesma sonda que foi capaz defotografar os restos missões Apolo na Lua,o Orbitador de Reconhecimento Lunar(LRO, em inglês) da Nasa, agora foi capazde identificar os lugares mais gelados daLua.

Através do Diviner, instrumentoacoplado na LRO com o objetivo demapear a emissão termal da superfícielunar, foram possíveis fazer medições dasgrandes variações de temperatura da Lua.

Enquanto o equador lunar chegaa temperaturas de 127ºC, o interior decrateras nos polos podem chegar a ­247 ºC(26 Kelvins). Temperatura tão baixa noSistema Solar era esperado apenas emlugares mais distantes do que Plutão,devido a sua distância ao Sol.

O motivo é que algumas crateras,pela sua profundidade e por se situaremnos polos lunares, nunca recebem a luzdireta do Sol. E, diferente da Terra, a Luanão possui atmosfera e o calor não sepropaga pela sua superfície, comoacontece por aqui. Não existe umaestimativa muito precisa da quantidade deágua, mas existe uma boa possibilidadeque nessas crateras geladas exista água naforma de gelo.

Graças a Chandrayaan-1, da Índia e

LCROSS, sonda dos EUA que colidiu comuma cratera na Lua, a existência de aguaem sua superfície já está confirmada. Essadescoberta ainda pode dizer muito quantoao futuro da exploração lunar.

Quem lembra do Grande Colisor de Hádrons (LHC,sua sigla em inglês), aquele megaprojeto por vezes tachado deapocalíptico? Tem o formato circular, com comprimento decircunferência de 27km e está enterrado a mais de 100 metrosabaixo da França e da Suíça. É o maior acelerador de partículasdo mundo e a maior e mais cara máquina já construída peloHomem: mais de 10 bilhoẽs de dólares! Parece muito? Porém, émuito menos do que só os EUA gastaram na querra do Iraque,cerca de 1 trilhão de dólares, ou o que o governo brasileirogastou para salvar os bancos nos últimos anos.

Após quase duas décadas em construção, iniciou seufuncionamento dia 10/09/2008, mas 9 dias depois ocorreu umincidente, o que demandou reparos que tomaram 14 meses!

Finalmente, no dia 20 de Novembro de 2009, o LHCretomou seus experimentos e as partículas voltaram a seraceleradas em seus túneis. Já no dia 30 o acelerador se tornouaquele a ter utilizado as energia mais altas num experimento departículas, batendo o recorde do Tevatron da Fermilab eultrapassando a marca de 1 TeV, chegando a 1,18 TeV. O que éum TeV? É 1 trilhão de elétrons­Volt. 1 eV é a energia adquiridapor uma partícula de carga, em módulo, igual à carga de umelétron, quando submetida a uma diferença de potencial de 1Volt.

Apesar do recorde, os feixes ainda não alcançaram asvelocidades desejadas. Com cautela, verificando ocomportamento do acelerador para evitar novos incidentes, aequipe empregará quantias cada vez maiores de energia até queos feixes de prótons cheguem a velocidades próximas à da luz, eentão colidam, gerando várias partículas a serem observadaspelos grandes detectores. A previsão é que até o fim de 2010 asenergias empregadas cheguem a 7 TeV!

A maior expectativa quanto às possíveis descobertas doLHC dizem respeito a partícula denominada bóson de Higgs. Deacordo com Modelo Padrão (que descreve as forçasfundamentais fortes, fracas e eletromagnéticas ­ menos a

gravitacional), esta é a única partícula prevista que ainda não foidetectada.

O acelerador representa uma maneira de detectar apartícula de Higgs dentro do laboratório, mas, no fim de 2009,surgiu um novo método: a observação de picos de raios­gamaprovenientes do aniquilamento de partículas de matéria escurano espaço. Modelos indicam que o aniquilamente de duas"WIMPs" (partículas massivas de interação fraca, na sigla eminglês), que ocorrem em choques, podem produzir bósons deHiggs, e com eles picos específicos de raios­gama. A captaçãodestes sinais aos telescópios e a comparação deles com oscálculos teóricos poderia então representar a detecção das taispartículas, e poderia ocorrer até mesmo antes do Grande Colisorde Hádrons.

Será provada a existência do Bóson de Higgs? Nosresta acompanhar a observação paralela entre as colisões nasalturas celestes e as colisões nos subterrâneos europeus.

Grande Colisor de Hádrons de Volta!A S T R O N O VA S

2

Descobertos os Lugares Mais Gelados da Lua

Grande Colisor de Hádrons, as partículas são aceleradas nointerior do túnel azul e cinza.

Foto:

CERN

Uma das primeiras imagens obtidas pela sondaLRO, esta paisagem tem 1400 metros de lado.

Foto:NASA/Goddard Space Flight Center/Arizona StateUniversity

Page 3: Observativo 5

Chuva de meteoros é um evento em que um grupo de

meteoros (popularmente conhecidos por "estrelas cadentes"),

são observados irradiando de uma região do céu. Até a Idade

Média eram fenômenos frequentemente apreciados - e as vezes

até amedrontavam, os mais diversos povos do mundo. Com a

Revolução Industrial e o aumento da luminosidade esta conexão

com nossos antepassados quase não existe mais. Para resgatar

esta conexão e não perdermos nossas heranças culturais, temos

que nos deslocar para lugares distantes das cidades.

No GOA, em Fundão, podemos desfrutar desse e de

outros prazeres que são a contemplação do Céu e do Universo.

Durante o final de semana 12 a 14 de Dezembro houve

o máximo da chuva de meteoros, chamada Geminídeas. Um

grupo do GOA, com um ônibus cedido pela UFES, foi até o

Parque do Goiapaba-açu, em Fundão-ES, onde está sendo

instalado um observatório astronômico remoto, a 815m de

altitude, para observá-la.

Como o previsto, o tempo no sábado estava ótimo, sem

nuvens e com uma visibilidade jamais vista por nossa equipe

naquela região. Para aquela noite programamos uma atividade

pública de observação do céu até as 22h para os poucos curiosos

que passaram pelo Parque. Logo no início da noite começamos a

observar as "estrelas cadentes" que pareciam surgir da

constelação do Gêmeos, daí a origem do nome da chuva de

meteoros. Por quase todos lados que observávamos, víamos um

risco cortando o céu hora mais intenso, hora menos e até alguns

bólidos, meteoros mais brilhantes como uma bola de fogo que

pode ser recuperado para estudos.

Apontavámos nossas câmeras para vários lados, mas os

meteoros surgiam de outros, como se as Lei de Murphy

estivessem sendo aplicadas para nós, naquele momento. Mesmo

assim, conseguimos capturar pela lente de uma Zenite, com

filme ISO 400, o meteoro da foto acima. Estimamos que cada

um conseguiu observar cerca de 50 meteoros durante a noite.

Para os que acreditam em lendas, essa quantidade de "Estrelas

cadentes" dariam para resolver quase todos problemas da vida.

Já no domingo, quando era esperado o máximo do

chuveiro, depois de um dia inteiro ensolarado, logo após o pôr-

do-sol, para nossa decepção, as nuvens apareceram e

permaneceu nublado durante toda noite.

Foto de um meteoro feita pela Equipe GOA. Essa foto foi publicada no Nó Nacional

do AIA2009 (www.astronomia2009.org.br) e no sítio de divulgação da Nasa, o

Space Weather (www.spaceweather.com).

Durante a 1ª atividade pública noGOA, pudemos ver e fotografarmeteoros da chuva Geminídeas

7

Foto do Observatório GOA feita no pico vizinho

FFoottoo ppaannoorrââmmiiccaa ddoo ppiiccoo mmaaiiss aallttoo ((vviizziinnhhoo aaoo GGOOAA))

Equipe GOA fotografando astros no Observatório

Veja o calendário de atividades napágina 6

Page 4: Observativo 5

Entre os dias 7 a 18 de dezembro de

2009 grande parte dos lideres mundiais se

reuniram em Copenhague para debater sobre

o futuro do clima no Planeta. O objetivo

oficial era avaliar as mudanças climáticas

ocorridas no passar dos últimos anos e

estabelecer um novo acordo global entre os

países para 2012, quando expira o primeiro

tratado do protocolo de Kyoto.

Na realidade os líderes querem

salvar o capitalismo, que vive da

usurpassão da Terra e dos povos. Uma das

poucas discussões com resultados, foi do

Comite de Observações da Terra por Satélite

(CEOS, sua sigla em inglês) que estuda o

papel das florestas nas mudanças climáticas.

A política de reduçãododesmatamento

e da degradaçãodasflorestasforam estabelecidos

como pontos centrais em qualquer acordo,

visto que esses são responsáveis por 20% da

emissão de gases do efeito estufa. A

observação das florestas via satélite,

principalmente as tropicais, desempenhará um

papel essencial para que os países façam o

próprio controle e monitoramento necessário.

A Agencia Espacial Européia (ESA, sua

sigla em inglês) através do programa de

Monitoramento Global para o Ambiente e

Segurança (GMES, sua sigla em inglês) já está

cooperando com o controle via satélite das

florestas do Camarões, Gabão e República do

Congo. Segundo Gilberto Câmara, diretor do

INPE (Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais), que esteve em Copenhague e é

membro do CEOS, para um resultado mais

efetivo, os dados obtidos dos satélites devem

ser de livreacesso a população.

Monitoramento Via Satélite para Controle Climático

3

Esperando o Máximo Solar

Finalmente o Sol começa a demonstrar sinais de

atividade magnética. As manchas do novo ciclo 24 já tardavam a

aparecer (vide capa do Observativo #4), mas quando chegou o

fim de 2009 foram surgindo as tão esperadas perturbações

magnéticas e com elas algumas manchas.

As manchas, regiões mais escuras da superfície, podem

ocorrer associadas a outros fenômenos solares: espículas,

protuberâncias e erupções. Em 2009 foi confirmada

definitivamente a existência de um quinto fenômeno sobre o

qual só havia suspeitas, o chamado Tsunami Solar. Com nome

fazendo referência ao catastrófico fenômeno que ocorre nos

oceanos terrestres, elas são exatamente o que muitos estudiosos

do Sol relutaram em acreditar: ondas gigantes que chegam a ter

100 mil km de altura (mais de 7 planetas Terra enfileirados) e

velocidade de 1 milhão de km/h!

Com surpresas como essa, vamos ver quem vai deixar

de acompanhar os estudos sobre este belíssimo astro!

Esperando o Máximo Solar

Iceberg Gigante se DesprendeEncontrado iceberg gigante com 500m de

comprimento a apenas 8 km da ilha de Macquarie, entrea Austrália e a Antártida. Leia mais no sítio do GOA.

Fotomontagem comparando o iceberg gigante com um cruzeiro.

Fot

o:A

PP

hoto

Foto em ultra-violeta extremo da atividade solar de 22-12-09

Finalizamos o ano de 2009

como um dos mais frutíferos para a

Astronomia brasileira e mundial. 2010

continua com todo o legado deixado

pelo Ano Internacional da Astronomia

2009: novos observatórios (como o

GOA), planetários fixo e móveis,

museus, exposições, novos clubes, etc.

Mas o legado mais importante, sem

dúvida, foi a colaboração dos diversos

grupos que criaram uma rede brasileira

e mundial de Astronomia, unindo

pesquisadores, universidades,

observatórios, planetários, museus e

astrônomos amadores. No ES e na UFES, especificamente,

temos atividades constantes que podem ser levadas até sua

escola ou grupo. Queremos usar a Astronomia para criar um elo

que una o conhecimento humano e encurtar o abismo que

fragmenta os diversos fenômenos científicos, criando realmente

um ensino transdisciplinar.

Esperando o Máximo SolarAIA2009 se Encerra, Mas aAstronomia Continua

Foto:

SOHO

,ESA

eNAS

A

www.astronomia2009.org.br

Page 5: Observativo 5

Magnitude é a escala de medida

do brilho dos objetos celestes. É uma escala

inversa: quanto mais brilhante o objeto,

menor o valor da magnitude.

O conceito de magnitude teve sua

origem na Grécia antiga quando Hiparco

(160 a.C. - 125 a.C.) catalogou visualmente

mais de 800 estrelas e associou a cada uma

delas uma “grandeza” de acordo com seu

brilho: as mais brilhantes eram as de 1ª

grandeza e as menos brilhantes as de 6ª.

À medida que se descobriu que o

brilho que observamos de um objeto celeste

não depende apenas de seu tamanho, mas

também de sua distância e da natureza de

sua luz, o termo “grandeza” foi substituído

pelo termo “magnitude”.

A utilização do telescópio, 17

séculos depois de Hiparco, revelou a

existência de astros com brilho ainda mais

fraco, só visíveis ao telescópio. Para estes

astros Galileu estendeu a escala até 7.

Com o avanço da Ciência e o

aperfeiçoamento dos instrumentos

utilizados, tornou-se crescente a

necessidade de uma escala menos subjetiva,

que não dependesse da acuidade visual do

observador. Assim, no século XIX, o

astrônomo Pogson, preservando as raízes

históricas do conceito de Hiparco, observou

que a pecepção da vista humana é

logarítimica. Assim,

criou um modelo

matemático que utiliza

esta característica do

olho humano, definindo

com exatidão o conceito

de magnitude. Esta

equação logarítmica

indica que um astro com

magnitude 5x menor que

outro tem um brilho 100x

maior.

Atualmente a escala de magnitude

foi estendida a números negativos, que são

os menores valores e portanto os maiores

brilhos. O planeta Vênus, por exemplo,

pode chegar a uma magnitude visual de -5,

a estrela mais brilhante do céu noturno,

Sírius, tem magnitude -1,4, Vega por

definição tem magnitude

0,0. Em locais muito

favoráveis, o limite

visual ainda é 6, como

na classificação de

Hiparco.

Com a melhoria da

sensibilidade dos

dispositivos eletrônicos,

é possível o cálculo de

magnitudes com

precisão de várias casas decimais, e não

apenas números inteiros.

Como as estrelas encontram-se a

diferentes distâncias, a magnitude aparente

não mede seu verdadeiro brilho. A

magnitude absoluta é a magnitude aparente,

m, que um objeto teria se estivesse a uma

distância padrão de 10 parsecs da Terra

(32,6 anos-luz). Neste caso a nossa estrela

teria uma magnitude 5, daí alguns dizerem

desconectadamente que o Sol é uma estrela

de quinta grandeza.

O Astrocine, um dos projetos

promovidos pelo GOA, tem o intuito de

divulgar a Astronomia com vídeos,

palestras e debates. Para o ano de 2010,

pretendemos mantê-lo nas quartas-feiras,

às 19h. O melhor é que os participantes

podem dar suas opiniões e também estão

livres para indicar novos debates e

filmes, aumentando a troca de

conhecimento entre os bolsistas do GOA

e os demais interessados em Astronomia.

6

CALENDÁRIO DO GOAO projeto Telescópio nos

Bairros continua. Naturalmente durante o

período de férias escolares a procura é

menor, mas nada impede de marcar sua

visita. Neste projeto levamos uma palestra

temática de Astronomia e telescópios na

sua escola ou bairro. Para agendar ligue

4009 2484. Quem ainda não sabe os

procedimentos, entre no sítio do goa e

confire: www.cce.ufes.br/goa.

Com a chegada das férias e do

verão, faremos alguns eventos para

aproximar as pessoas da Natureza e,

principalmente, da Astronomia, que é o

objetivo principal do GOA. No dia

16 de janeiro, faremos nosso segundo

atendimento no Parque, chamado Noite

Astronômica. Serão mostrado vídeos

astronômicos no centro de visitantes do

Parque e, a partir do pôr-do-sol,

observaremos o céu noturno através de

telescópios. Essa atividade será

realizada a cada duas semanas, de

acordo com as possibilidades do

tempo, é claro.

Dia 30 de janeiro, durante a 3ª

Noite Astronômica, o grande astro da

noite será Marte, também conhecido

como planeta vermelho, que aparecerá

no céu, logo após o pôr-do-sol,

proporcionando, junto com a nebulosa

de Orion, uma bela observação.

Astrocine

Telescópio nosBairros

Enciclopédia Astronômica: Magnitude

Em Sábados alternadosdas 16h às 21h.

Durandte os meses de Fevereiro eMarço, entre em contato para conferir

nossa programação.

Em Maio de 2010 realizaremosna UFES um Seminário direcionado aprofessores, divulgadores e entusiastasda Astronomia. Teremos cursos,palestras e oficinas. Informações einscrições na página do GOA.

Seminário

Seguindo pela rodovia que vai

de Fundão para Santa Teresa, entrar no

km 6, à direita, quando avista-se a

silhueta ilustrada do mapa abaixo. A

partir daí seguir as placas do Parque

Goiapaba-açu, por mais 7,5 km de estrada

vicinal.

Como chegar?

A magnitude visual do Sol é­27, da Lua Cheia ­13 e osbrilhos mais fracos que o

Telescópio Espacial Hubbleconsegue captar são de

magnitude visual 30, maisde 10 bilhões de vezes a

capacidade do olho humano.

Page 6: Observativo 5

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os

pa

ra

ofim

do

ho

rio

de

ve

o.

Agora o Observativo passa a ter 8 páginas e a ser por

estação do ano, ou seja, trimestral e a grande nebulosa de Órion

é o astro do Verão. No dia 2 de Janeiro teremos o periélio

(máxima aproximação ao Sol) da Terra. Um dia depois temos o

máximo da chuva Quadrantídeas, que será prejudicado pela Lua

Cheia. Para quem tiver a oportunidade de encontrar um bom

local para observação e com a Lua em uma posição menos

desfavorável, poderá ver até 40 meteoros por hora.

Teremos dia 15 de Janeiro, mesmo dia da Lua Nova,

um eclipse solar anular, o maior desse milênio. Será visível na

maior parte do Leste da África e Ásia.

Em 29 de Janeiro o planeta vermelho, Marte, estará

em oposição. Isso significa que neste dia estará mais próximo

da Terra (99,3 milhões de km) em seu brilho máximo. Este é o

melhor momento para ver e fotografar o planeta vermelho.

No dia 20 de Março teremos o equinócio. Neste dia,

cujo dia e a noite tem a mesma duração, começa o outono

(Hemisfério Sul) e a primavera (no Hemisfério Norte).

Saturno, o planeta dos anéis, estará em oposição no dia

22 de março. Neste dia estará visível a partir das 21h. Este é o

melhor momento para ver e fotografar o planeta. Nesse ano,

porém, seus anéis estarão quase de perfil, dificultando sua

observação. Boas observações e céu limpo para todos.

4

CÉU DA ESTAÇÃOAlinh

a

vermelha

é o

plano da eclí

ptica

visto da Terr

a ou também

a trajetór

ia aparent

e queo Sol

percorre

durante

o anopela

s

constel

ações zod

iacais.

As 2 manchas ao Sul-Sudoeste são

a Pequena e a Grande Nuvem de

Magalhães (PNM e GNM), visíveis

somente longe da Poluição

Luminosa das cidades.

Imagem composta da Grande Nebulosa de Órion.

Fot

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e,E

SA

&N

AS

A

Page 7: Observativo 5

C A R T A C E L E S T E

5

Para boa parte do Brasil, esta carta representa a posição aproximada dosastros no céu nas seguintes datas:

Início de Janeiro 00h00minJaneiro para Fevereiro 22h00minFevereiro para Março 20h00minFinal de Março 18h00min

Para entender a carta, posicione-a sobre a cabeça e observe de baixo paracima, lendo as instruções no contorno.

A linha azul (o Equador Celeste) representa o limite entre o HemisferioCeleste Sul e o Hemisfério Celeste Norte, é a projeção da Linha do Equadorterrestre no céu.

Os nomes dos Astros estão com inicial maiúscula e os dasCONSTELAÇÕES em caixa alta. As principais estrelas das contelaçõesocidentais visíveis nesta carta estão unidas por linhas.

A "grande mancha azul" é a Via Láctea, a nossa galáxia, queinfelizmente não conseguimos visualizar das cidades devido à poluição luminosa.

Como usar a Carta Celeste

Carta gerada

com os programas livres

Stellarium, GIMP e Inkscape.

Alinh

a

vermelha

é o

plano da eclí

ptica

visto da Terr

a ou também

a trajetór

ia aparent

e queo Sol

percorre

durante

o anopela

s

constel

ações zod

iacais.

As 2 manchas ao Sul-Sudoeste são

a Pequena e a Grande Nuvem de

Magalhães (PNM e GNM), visíveis

somente longe da Poluição

Luminosa das cidades.

Page 8: Observativo 5

Horizontais:

7-Agência Espacial Européia (em inglês);

8-Cidade em que se localiza o GOA;

9-Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais;

10-Planeta Vermelho;

12-Sistema que os líderes mundiais

querem salvar durante o COP15;

14-Maior chuva de meteoros do mês de

Dezembro, fotografada pelo GOA;

15-Sonda que colidiu com a Lua

confirmando a presença de água em sua

superfície;

16-Região mais escura e fria do Sol;

17-Nome das atividades públicas no GOA;

Verticais:

1-Estrutura geológica que, quando

próxima aos pólos da Lua, possibilita a

ocorrência de baixíssimas temperaturas;

2-A fórmula de magnitude de Pogson

matematicamente é do tipo "..." ;

3-Boletim de divulgação da NASA com o

qual o GOA contribuiu com uma foto;

4-Partícula que se espera detectar no LHC;

5-Chuva de meteoros cuja visualização foi prejudicada pela Lua

Cheia no início de 2010;

6-Ondas no Sol que chegam a ter 100 mil km de altura;

11-Escala que mede o brilho dos objetos celestes;

13-Nome dado à máxima aproximação entre a Terra e o Sol.

Equipe GOA: Bolsistas: Conrado Adverci, Karina Costa, Lívia Melina,Mário De Prá, Nikolai B. S. Neves, Rodrigo Hulle e Coordenação: Marcio MalacarneColaboradores: Maikon B. de Araujo, Filipe Mecenas e Darlan Machado.Textos, projeto gráfico e diagramação: Equipe GOA e Colaboradores.Revisão: Sandro Ricardo de Sousa e Flávio Gimenes Alvarenga.Contato: (+55 27) 4009 2484 ­ www.cce.ufes.br/goa ­ [email protected] ­ Av. F. Ferrari, 514, Cep 29075910, Vitória­ES.

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No Observativo Nº 4apareceram os seguintes erros:­ Na carta celeste a galaxia M31 saiuduplicada, a certa é a que está naconstelação de Andrômeda.­ O texto 1 Ano de GOA foi cortadonas versões impressas em papelreciclado. É possivel ler o texto naintegra na versão em papel branco ouno site www.cce.ufes.br/goa.

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