OFICINAS MATEMÁTICAS PARA ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO… · AGRADECIMENTOS...

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE, UNICENTRO-PR OFICINAS MATEMÁTICAS PARA ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIAS DISSERTAÇÃO DE MESTRADO FRANCINI DAMIANI E SILVA GUARAPUAVA, PR 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE, UNICENTRO-PR

OFICINAS MATEMÁTICAS PARA ALUNOS COM

ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO: RELATO

DE EXPERIÊNCIAS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

FRANCINI DAMIANI E SILVA

GUARAPUAVA, PR

2017

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FRANCINI DAMIANI E SILVA

OFICINAS MATEMÁTICAS PARA ALUNOS COM ALTAS

HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIAS

Dissertação apresentada à Universidade

Estadual do Centro-Oeste, como parte das

exigências do Programa de Pós-Graduação em

Ensino de Ciências Naturais e Matemática,

área de concentração em Ensino e

Aprendizagem de Ciências Naturais e

Matemática, para a obtenção do título de

Mestre.

Prof(a). Dr(a). Maria José de Paula Castanho

Orientadora

GUARAPUAVA, PR

2017

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Catalogação na Publicação Biblioteca Central da Unicentro, Campus Cedeteg

Silva, Francini Damiani e S586o Oficinas matemáticas para alunos com altas habilidades/superdotação:

relato de experiências / Francini Damiani e Silva. – – Guarapuava, 2017. xii, 133 f. : il. ; 28 cm Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual do Centro-Oeste,

Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências Naturais e Matemática, área de concentração em Ensino e Aprendizagem de Ciências Naturais e Matemática, 2017

Orientadora: Maria José de Paula Castanho Banca examinadora: Marceli Behm Goulart, Márcio André Martins, Maria José de Paula Castanho

Bibliografia

1. Ciências Naturais. 2. Matemática. 3. Educação especial. 4. Ensino e

aprendizagem. I. Título. II. Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências Naturais e Matemática.

CDD 500.7

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“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é

senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria

menor se lhe faltasse uma gota”

Madre Teresa de Calcutá

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, pois sem Ele nada é possível.

Aos meus pais Edson e Margarida, exemplos de fortaleza, garra, persistência e amor,

obrigada por estarem sempre presentes, pela motivação e pelas palavras de conforto nos

momentos de pressão e cansaço, quando o chão desaparecia e eu pensava que não iria dar

conta.

Aos meus irmãos Tiago e Junior, pela cumplicidade e pelo forte laço de amor que nos

une. Obrigada por mesmo à distância sempre me apoiarem e torcerem pelo meu sucesso.

Ao meu amado marido Michel, sempre paciente, pelo apoio e encorajamento nos

momentos mais difíceis deste estudo. Obrigada por estar sempre ao meu lado e me fazer

acreditar nos meus objetivos.

Pais, irmãos, marido, obrigada por compreenderem minhas ausências, por respeitarem

meus momentos de estudo, pois sabiam que isso era importante para mim.

A minha querida orientadora professora Maria José de Paula Castanho, por ter me

dado essa oportunidade, por ter acreditado em mim. Obrigada de coração pela paciência e por

todos os ensinamentos, que sempre me guiaram e orientaram nos momentos de dificuldade.

Aos professores da banca examinadora, obrigada pelo apoio e pelas contribuições que

enriqueceram meu trabalho.

A todos meus amigos de mestrado, pelas trocas de conhecimento no decorrer de todo o

percurso.

Pelas professoras da SRM-AH/SD, por prontamente me receberem e oportunizarem

que meu trabalho fosse desenvolvido.

Aos meus queridos alunos, acadêmicos da graduação, que abraçaram comigo esta

pesquisa e se empenharam no desenvolvimento das oficinas. Muito obrigada, vocês foram

muito importantes no desenvolvimento desta pesquisa.

Aos alunos da SRM-AH/SD, que foram fundamentais no desenvolvimento desta

pesquisa, pelo empenho e dedicação em cada oficina.

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SUMÁRIO

Lista de Símbolos e Abreviaturas...................................................................................

i

Lista de Figuras................................................................................................................ ii

Lista de Tabelas................................................................................................................ iii

Resumo ............................................................................................................................. iv

Abstract ............................................................................................................................ v

1. Introdução..................................................................................................................... 01

2. Sobre Altas Habilidades/Superdotação...................................................................... 03

2.1. Significados de termos............................................................................................... 03

2.2. Conceituação de Altas Habilidades/Superdotação...................................................... 04

2.3. Mitos e verdades sobre AH/SD................................................................................... 08

2.4. Características dos indivíduos com AH/SD................................................................ 10

2.5. Sobre o Ensino da Matemática com estudantes com AH/SD em Matemática............ 11

3. Aspectos Legais de Atendimento ao Estudante com AH/SD.................................... 13

3.1. Sobre o Amparo legal.................................................................................................. 13

3.2. Atendimento Educacional Especializado (AEE)......................................................... 16

3.3. A Sala de Recursos Multifuncional em Guarapuava................................................... 18

3.4. Formação inicial de professores de Matemática......................................................... 22

4. Metodologia da Pesquisa.............................................................................................. 23

4.1. Delineamento da pesquisa........................................................................................... 23

4.2. Caracterização dos participantes da pesquisa.............................................................. 25

4.2.1. Acadêmicos....................................................................................................... 25

4.2.2. Estudantes com AH/SD.................................................................................... 25

4.2.2.1. Sala de SRM-AH/SD turno matutino (Sala 1)...................................... 26

4.2.2.2. Sala de SRM-AH/SD turno vespertino (Sala 2)................................... 28

4.2.2.3. Sobre o questionário inicial..................................................................

32

5. Planejamento das Oficinas com os acadêmicos......................................................... 34

5.1. Elaboração da oficina: Noções Iniciais de Geometria Projetiva................................. 35

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5.2. Elaboração da oficina: Desafios Matemáticos............................................................ 35

5.3. Elaboração da oficina: Brincando com a Matemática................................................. 36

5.4. Elaboração da oficina: Introdução à Geometria Fractal.............................................. 37

6. Implementação e análise das Oficinas na SRM-AH/SD........................................... 39

6.1. Categorias................................................................................................................... 39

6.1.1. Criatividade....................................................................................................... 39

6.1.2. Comprometimento com a tarefa........................................................................ 40

6.1.3. Pensamento Abstrato......................................................................................... 40

6.1.4. Lógica Dedutiva............................................................................................... 41

6.1.5. Aprendizagem Significativa.............................................................................. 42

6.2. Desenvolvimento das Oficinas.................................................................................. 43

6.2.1. Noções Iniciais de Geometria Projetiva............................................................ 43

6.2.1.1. Conclusão da análise............................................................................. 55

6.2.2. Desafios Matemáticos....................................................................................... 57

6.2.2.1. Conclusão da análise............................................................................. 60

6.2.3. Aprenda Brincando............................................................................................ 62

6.2.3.1. Conclusão da análise............................................................................. 67

6.2.4. Introdução a Geometria Fractal......................................................................... 68

6.2.4.1. Conclusão da análise............................................................................. 73

6.3. Considerações.............................................................................................................. 75

6.4. Questionário pós-pesquisa.......................................................................................... 76

7. Considerações Finais.................................................................................................... 77

8. Referências Bibliográficas........................................................................................... 79

Apêndice 1: Questionário inicial........................................................................................

84

Apêndice 2: Termo de consentimento para os acadêmicos............................................... 85

Apêndice 3: Termo de consentimento livre e esclarecido para os pais.............................. 87

Apêndice 4: Termo de assentimento para criança e adolescente....................................... 90

Apêndice 5: Questionário Pós Pesquisa............................................................................. 92

Apêndice 6: Produto Educacional...................................................................................... 93

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LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

AH/SD - Altas Habilidades/Superdotação.

AEE - Atendimento Educacional Especializado.

CAPES- Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

ConBraSD- Conselho Brasileiro para a Superdotação

EE – Educação Especial.

INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases Educacionais da Educação Nacional.

MEC - Ministério da Educação.

NAAH/S - Núcleos de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação.

NRE - Núcleo Regional de Educação.

PNE - Plano Nacional de Educação.

SEED/PR – Secretaria de Estado da Educação do Paraná.

SRM – Sala de Recursos Multifuncional.

SRM-AH/SD - Sala de Recursos Multifuncional para alunos com Altas Habilidades/

Superdotação.

QI - Quociente de Inteligência.

UNICENTRO – Universidade Estadual do Centro-Oeste.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Diagrama dos três anéis de Renzulli................................................................... 06

Figura 2: Atendimento Educacional Especializado para AH/SD....................................... 17

Figura 3: Mapa dos municípios de abrangência do NRE de Guarapuava.......................... 20

Figura 4: Esquema da Assimilação.................................................................................... 42

Figura 5: Foto do vaso de flores......................................................................................... 44

Figura 6: Desenhos do vaso de flores................................................................................. 45

Figura 7: Fotos dos desenhos de estradas........................................................................... 47

Figura 8: O Chamado dos Apóstolos de Duccio di Buoninsegna e A Anunciação de

Leonardo da Vinci..............................................................................................................

48

Figura 9: Comparação entre os desenhos da estrada.......................................................... 49

Figura 10: Desenho do cubo............................................................................................... 50

Figura 11: Imagem que contém ilusão de ótica.................................................................. 51

Figura 13: Fotos registradas pelos alunos sobre noções de perspectiva............................. 52

Figura 13: Fotos registradas pelos alunos sobre noções de perspectiva............................. 52

Figura 14: Visualização do ângulo formado entre objeto e câmera................................... 53

Figura 15: Desenho do quarto............................................................................................ 54

Figura 16: Foto de algumas câmeras escuras..................................................................... 54

Figura 17: Resolução da questão seis pela dupla III.......................................................... 59

Figura 18: Quadrado com 64 unidades de área.................................................................. 66

Figura 19: Retângulo formado com as peças do quadrado................................................. 66

Figura 20: Mapa da Grã-Bretanha...................................................................................... 69

Figura 21: Comprimento da costa da Grã-Bretanha........................................................... 70

Figura 22: Fractais: (a) Brócolis Romanesco, (b) Náutico (c) Egito visto do espaço (d)

Cristais de bismuto.............................................................................................................

71

Figura 23: Cartão fractal triângulo de Sierpinski............................................................... 72

Figura 24: Generalização do triângulo de Sierpinski......................................................... 73

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Percentual de alunos com AH/SD em relação ao total de alunos no município

de Guarapuava....................................................................................................................

19

Tabela 2: Classificação dos estudantes segundo o tipo de AH/SD.................................... 32

Tabela 3: Síntese da primeira oficina................................................................................. 56

Tabela 4: Síntese da segunda oficina.................................................................................. 61

Tabela 5: Síntese da terceira oficina................................................................................... 67

Tabela 6: Síntese da quarta oficina.....................................................................................

74

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iv

RESUMO

Silva, F.D. Oficinas matemáticas para alunos com altas habilidades/superdotação: relato de

experiências, Guarapuava, PR, 2017. 133p. Dissertação de Mestrado – Setor de Ciências

Exatas e de Tecnologia, Universidade Estadual do Centro-Oeste.

Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD) devem ser consideradas no processo de ensino e

aprendizagem. As diretrizes para o enriquecimento curricular na educação básica foram

estabelecidas pela Resolução nº 4/2009, do Conselho Nacional de Educação. Em seu artigo 7º

consta que os alunos com altas habilidades/superdotação terão suas atividades de

enriquecimento curricular desenvolvidas no âmbito das escolas públicas em interface com as

instituições de ensino superior. Assim, surgiu a questão norteadora desta investigação: De que

maneira os acadêmicos do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Estadual do

Centro-Oeste (Unicentro) podem contribuir com o ensino e a aprendizagem dos estudantes

com AH/SD em Matemática na Sala de Recursos Multifuncional para Altas

Habilidades/Superdotação (SRM-AH/SD)? Para responder a esta questão, optou-se por uma

pesquisa de cunho qualitativo, utilizando estudo de caso. Um grupo de acadêmicos do curso

de Licenciatura em Matemática elaborou quatro oficinas e aplicou aos estudantes da SRM-

AH/SD localizada no Município de Guarapuava-PR. A coleta de dados foi feita por meio de

questionários, observação e grupo focal. A análise da investigação foi baseada na teoria dos

Três Anéis e no Modelo de Enriquecimento Curricular de Renzulli, bem como na teoria

cognitivista da aprendizagem significativa de Ausubel. Os resultados da pesquisa

evidenciaram que os acadêmicos proporcionaram aos alunos com AH/SD em Matemática um

ambiente de enriquecimento curricular, possibilitando o desenvolvimento da criatividade,

estimulando o comprometimento com a tarefa, por meio de atividades desafiadoras e

interessantes. Também, foi destacada a aprendizagem significativa, pois os alunos utilizaram

os conhecimentos pré-existentes em sua estrutura cognitiva para dar significado à nova

aprendizagem realizada.

Palavras-Chave: Educação Especial. Ensino e aprendizagem. Matemática.

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ABSTRACT

High Skills / Giftedness (AH/SD) should be considered in the teaching and learning process.

The guidelines for curricular enrichment in basic education were established by Resolution

4/2009 of the National Education Council. In its article 7 it is stated that the students with

high abilities / giftedness will have their activities of curricular enrichment developed in the

scope of the public schools in interface with the institutions of superior education. Thus, the

guiding question of this investigation has arisen: In what way the academics of the

Mathematics Degree course of the State University of the Center-West (Unicentro) can

contribute with the teaching and learning of the students with AH / SD in Mathematics in the

Room of Resources High Performance Multifunctional / Gifted (SRM-AH / SD)? To answer

this question, we opted for a qualitative research, using a case study. A group of academics

from the Mathematics Degree course developed four workshops and applied to SRM-AH / SD

students located in the Municipality of Guarapuava-PR. Data collection was done through

questionnaires, observation and focus group. The analysis of the research was based on the

Three Ring theory and the Curriculum Enrichment Model of Renzulli, as well as on the

cognitivist theory of meaningful learning of Ausubel. The results of the research showed that

the academics provided students with AH / SD in Mathematics an environment of curricular

enrichment, enabling the development of creativity, stimulating commitment to the task,

through challenging and interesting activities. Also, significant learning was highlighted

because the students used the pre-existing knowledge in their cognitive structure to give

meaning to the new learning performed.

Keywords: Special education. Teaching and learning. Mathematics.

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1. INTRODUÇÃO

O ambiente escolar está permeado por estudantes com características, interesses e

necessidades distintas e no processo de ensino e aprendizagem, as especificidades de cada

indivíduo devem ser consideradas.

Neste contexto, um tema bastante relevante, é a inclusão escolar, a qual consiste em

promover a integração, a participação e o combate à exclusão. No campo da educação, estas

concepções refletem-se no desenvolvimento de estratégias que propiciem um ambiente de

igualdade de oportunidades (UNESCO, 1994).

A inclusão traz inúmeras dúvidas e inquietações em relação à maneira como deve ser

efetivada no contexto escolar, de forma que os alunos tenham uma aprendizagem significativa

e coerente com os seus interesses e necessidades.

Quando mencionado a inclusão escolar, existe a necessidade de reportar-se à Educação

Especial (EE). De acordo com o art. 58 da Lei de Diretrizes e Bases Educacionais da

Educação Nacional (LDBEN), a EE é uma modalidade de educação escolar oferecida

preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos

globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação (BRASIL,1996).

Geralmente as Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD) não são lembradas como

público alvo da EE, pois para a maioria das pessoas da sociedade, vinculadas à educação ou

não, a Educação Especial está relacionada apenas com estudantes com transtornos globais ou

deficiências.

O conceito AH/SD, segundo Renzulli, é expresso como o comportamento que resulta

da confluência entre três fatores: altas habilidades, criatividade e envolvimento com a tarefa

(RENZULLI, 1978). Esse tema, de acordo com Virgolim (2007), é ainda pouco discutido nas

universidades brasileiras, o que produz uma lacuna na formação dos professores. Há falta de

suporte teórico e metodológico necessário para que, quando esse professor se deparar com um

aluno com AH/SD em sua sala de aula, ou em sua escola, saiba proceder de maneira que

atenda as especificidades desse aluno.

É previsto pela lei nº 13.234/15 que altera a LDBEN, a identificação, o cadastramento

e o atendimento especializado dos alunos com AH/SD na educação básica e no ensino

superior. Ao que tange a educação básica, esse atendimento é disponibilizado nas salas de

Recursos Multifuncional para Altas Habilidades/Superdotação (SRM-AH/SD), ou pode ser

feito pelo próprio professor de sala de aula regular com o enriquecimento curricular.

Para atuar em uma SRM-AH/SD, exige-se que o professor tenha formação latu sensu

em EE. O que se observa, no município de Guarapuava-PR, é que os professores com esta

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formação que atuam nessas salas são de diversas áreas do conhecimento, o que pode deixar

lacunas no processo de ensino e aprendizagem desses alunos, pois, por exemplo, um professor

formado em Letras, Pedagogia ou Arte, pode ter em sua SRM-AH/SD um aluno com

superdotação em Matemática. Outro fator, apontado por vários professores da EE do

município, é que sua especialização foi voltada para as deficiências e que não receberam

formação específica para trabalhar com AH/SD.

Em específico, sobre alunos com AH/SD em Matemática, constatou-se ainda,

pesquisando no banco de dissertações, teses e artigos da Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoa de Nível Superior (CAPES), um reduzido número de trabalhos na literatura brasileira,

o que acarreta mais desafios na prática pedagógica dos professores da EE. Além do

conhecimento matemático específico, que pode representar dificuldades ao professor,

dependendo de sua área de formação inicial, há a escassez de orientações e sugestões de

atividades matemáticas que possam ser desenvolvidas.

No intuito de contribuir com essa demanda, propõe a questão norteadora: De que

maneira os acadêmicos do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Estadual do

Centro-Oeste (Unicentro) podem contribuir com o ensino e a aprendizagem dos estudantes

com AH/SD em Matemática na SRM-AH/SD?

Assim, o objetivo geral deste trabalho é analisar as contribuições que os acadêmicos

do curso de Licenciatura em Matemática podem propiciar aos processos de ensino e

aprendizagem dos estudantes com AH/SD que frequentam a SRM-AH/SD.

Como objetivos específicos têm-se:

Produzir material didático para utilização com os alunos com AH/SD que frequentam

a sala de recursos multifuncional.

Possibilitar aos acadêmicos do curso de Licenciatura em Matemática da Unicentro a

experiência com estudantes com AH/SD em Matemática.

Para alcançar estes objetivos, faz-se necessário estudar sobre os indivíduos com

AH/SD: suas características, mitos e verdades que estão descritas no Capítulo 2. É

indispensável também, ter conhecimento sobre o amparo legal das AH/SD, sobre o

Atendimento Educacional Especializado (AEE) e sobre a Sala de Recursos Multifuncional em

Guarapuava, o que é abordado no Capítulo 3. No Capítulo 4 é apresentada a metodologia

empregada no desenvolvimento da pesquisa. Nos Capítulos 5, 6 e 7, constam,

respectivamente, o planejamento das oficinas pelos acadêmicos, a implementação e a análise

dos resultados obtidos. Também são apresentadas as considerações finais e as referências

utilizadas.

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2. SOBRE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO

Neste capítulo são abordados alguns significados e termos utilizados para caracterizar

indivíduos com AH/SD. Na sequência são apresentadas conceituações de AH/SD,

caracterizando a concepção adotada por Renzulli (1978) e também são elencados alguns mitos

que cercam esses indivíduos. A fim de desmitificar a opinião da maior parte das pessoas, são

abordadas algumas características que os indivíduos com essas habilidades possuem,

especificamente aqueles com AH/SD em Matemática. E por fim, são indicados alguns

trabalhos em Ensino da Matemática com alunos com AH/SD em Matemática.

2.1. Significados de termos

O termo superdotação, no cenário brasileiro, surgiu da mudança da utilização da palavra

supranormal (GUENTHER, 2012). Helena Antipoff, psicóloga e educadora, chegou ao Brasil

em 1929 e teve grande relevância na Educação Especial e, em suas publicações, utilizava o

termo „excepcional‟. Na década de 30, Helena e os estudiosos desta área empregavam o termo

infranormal substituindo palavras ofensivas como „idiota‟ ou „retardado‟. Com este termo

surgiu o termo supranormal para indivíduos com inteligência considerada acima da média, em

comparação com seus pares. Nas décadas de 50 e 60 os termos infranormal e supranormal

deixaram de ser utilizados e surgiram os termos „superdotado‟ e „superdotação‟, com a

tradução de trabalhos que utilizam as terminologias educacionais (GUENTHER, 2012).

Entretanto, em vários livros, artigos, leis e dissertações na literatura brasileira sobre

AH/SD, dentre eles pode-se citar: Virgolim (2007), Alencar e Fleith (2001), Freitas e Pérez,

(2012), Fleith e Alencar (2013), contatou-se que não há um consenso em qual é o melhor

termo a ser utilizado ao se referir à AH/SD.

São adotados os termos „altas habilidades‟ e „superdotados‟, porém, não é claro o

significado de cada um destes termos, e, muitas vezes eles são utilizados como sinônimos,

entretanto, são termos que se complementam. Segundo alguns autores o termo altas

habilidades dá maior ênfase ao desempenho do que às características da pessoa, enquanto o

termo superdotado sugere habilidades extremas (CHAGAS, 2007; ALENCAR e FLEITH,

2001; VIRGOLIM, 2007).

De acordo com Guenther (2012), os termos superdotação e altas habilidades, somente

são utilizados no Brasil, em instruções oficiais e publicações.

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(...) O termo “habilidades” (em inglês, skills) se refere a resultado de algo aprendido

intencionalmente, em geral um desempenho no campo físico, estendido a operações

mentais. Mas incluir o qualificativo “altas” modifica a noção de habilidades e parece

indicar erro na tradução da expressão inglesa high ability, que em português

significa “alta capacidade”. Não existe conceituação para altas habilidades, porque o

desempenho superior deixa de ser uma habilidade e passa a ser uma “expertise”

(GUENTHER, 2012, p. 10).

Tentes (2013) observou que os termos mais comumente encontrados são:

superdotados, para identificar aqueles com alta capacidade e desempenho superior aos seus

pares; bem dotado ou mais capaz, para representar aqueles que apresentam desempenho acima

da média em diversas áreas e atividades; talentoso, para aqueles que apresentam habilidades

artísticas, habilidade específica ou psicomotora altamente desenvolvida; alto quociente

intelectual (QI) e inteligência superior, para aqueles que se destacam em testes

psicométricos1; excepcional, para aqueles com comportamento superior e diferenciado em

determinada área; precoce, para crianças que desenvolvem habilidades específicas em idade

precoce; e prodígios, termo utilizado para crianças precoces, e que possuem treinamento

específico na área de interesse (TENTES, 2013).

Ainda para trabalhos traduzidos do inglês, como Winner (1996), observa-se a

utilização do termo sobredotados, referindo-se a crianças precoces, que se desenvolvem

sozinhas e possuem sede de conhecimento.

De acordo com Alencar e Fleith (2001), os termos „pessoa com altas habilidades‟ e

“superdotação” são os mais corretos para nomear uma criança que apresente ou tenha

indicativos de altas habilidades quando comparada aos seus pares.

Desta forma, no desenvolvimento deste trabalho será adotado o termo Altas

Habilidades/Superdotação (AH/SD).

2.2. Conceituação de Altas Habilidades/Superdotação

Quando mencionado sobre altas habilidades ou superdotação, é comum lembrar várias

pessoas que marcaram a história por possuírem habilidades incomuns, extraordinárias, se

comparada com seus pares, tais como: os físicos Stephen Hawking, Albert Einstein e Isaac

Newton, o dramaturgo e poeta William Shakespeare, o ilustre compositor Leopold Mozart, o

matemático, engenheiro, pintor e arquiteto Leonardo da Vinci, o matemático, filósofo e

pioneiro da computação Alan Turing, ou ainda, as habilidades artísticas musicais de Heitor

Villa-Lobos.

É possível observar que os nomes citados são de pessoas que possuíam características

1 Teste psicométricos são aqueles que medem as aptidões de um indivíduo e medem sua capacidade.

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e habilidades distintas, apresentando domínio de diversas áreas, tais como Matemática, Física,

Literatura, Artes, Filosofia, dentre outras.

Um conjunto de potencialidades e habilidades distintas, isoladas ou combinadas, é o

que, de acordo com o Ministério da Educação (MEC), caracterizam as AH/SD.

De acordo com o documento Saberes e Práticas da Inclusão:

A superdotação se caracteriza pela elevada potencialidade de aptidões, talentos e

habilidades, evidenciada no alto desempenho nas diversas áreas de atividade do

educando e/ou a ser evidenciada no desenvolvimento da criança. Contudo, é preciso

que haja constância de tais aptidões ao longo do tempo, além de expressivo nível de

desempenho na área de superdotação (BRASIL, 2006, p.12).

O documento intitulado Altas Habilidades/Superdotação Encorajando Potenciais, expõe,

em uma visão acadêmica, a classificação das pessoas com AH/SD segundo os seguintes

aspectos, combinados ou isolados: capacidade intelectual geral; aptidão acadêmica específica;

capacidade de liderança; talento especial para artes; capacidade psicomotora (VIRGOLIM,

2007).

Já para Winner (1996), o superdotado remete às crianças que apresentam três

características: precocidade, uma insistência em se desenvolver sozinhas e uma sede enorme

de conhecimento.

Winner salientava que as crianças superdotadas, não só aprendem mais rápido que as

crianças normais ou mais inteligentes, mas também aprendem de um modo qualitativamente

diferente. Além disso, elas são intrinsecamente motivadas, manifestam interesse intenso e

obsessivo, uma aguçada capacidade de concentração e de dominação (WINNER, 1996).

Uma teoria, diferente da de Winner, porém bastante conhecida é a Teoria das

Inteligências Múltiplas de Gardner (1995), a qual afirma existirem oito tipos de inteligências:

(1) Linguística, (2) Musical, (3) Lógico Matemática, (4) Espacial, (5) Cinestésica, (6)

Interpessoal, (7) Intrapessoal, e (8) Naturalista. Gardner não se refere especificamente a altas

habilidades/superdotação, mas à manifestação das várias inteligências de um indivíduo. O

autor afirma que todas as inteligências são igualmente importantes, e devem ter atenção

especial no contexto educacional. Afirma, ainda, que todo indivíduo tem potencial para

desenvolver múltiplas inteligências, desde que esteja em um ambiente estimulador. Entende-

se, na visão do autor, que as altas habilidades podem, e devem, ser consideradas uma

modalidade ao alcance de todos os alunos (GARDNER, 1995).

As concepções expostas mostram que determinar com exatidão o que é ser um aluno

com AH/SD é uma tarefa difícil, pois não há uma definição unânime.

A concepção adotada neste trabalho, que foi também a escolhida pela Secretaria do

Estado de Educação do Paraná (SEED/PR), é a de Joseph Renzulli, um dos maiores

especialistas nessa área. O teórico concebe a superdotação como o comportamento que resulta

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da confluência entre três fatores: altas habilidades, criatividade e motivação/envolvimento

com a tarefa.

Conhecida como a Teoria dos Três Anéis, esta concepção evidencia manifestações

comportamentais que são desenvolvidas em alguns indivíduos, em algum momento, sob

determinadas circunstâncias e, não precisam estar presentes sempre com a mesma intensidade,

mas precisam interagir entre si (RENZULLI, 1988). Esta teoria é representada no diagrama da

Figura 1.

Figura 1: Diagrama dos três anéis de Renzulli.

Fonte: autora. 2017 adaptado de Renzulli (1978)

De acordo com Renzulli (1978), as altas habilidades, ou habilidades acima da média,

envolvem tanto a habilidade geral quanto a específica, ou seja, tanto na capacidade de utilizar

o pensamento abstrato para processar informações e integrar experiências que resultem em

respostas apropriadas e adaptáveis a situações novas, quanto à habilidade centrada na

capacidade de atuar em uma ou mais tarefas de uma área específica. Geralmente essas

habilidades são medidas mediante testes de Quociente de Inteligência (QI)2. O envolvimento

com a tarefa representa a energia, perseverança, dedicação, esforço, autoconfiança e crença no

seu potencial em desenvolver o trabalho. “A criatividade está relacionada com a originalidade

de pensamento, flexibilidades de ideias, curiosidade e sensibilidade a detalhes, e ausência de

medo em correr riscos” (ALENCAR; FLEITH, 2001, p.58).

O fenômeno das AH/SD se dá no espectro do desenvolvimento humano e pode ser

entendido por meio dos comportamentos observáveis, apresentados pelo indivíduo em uma

dada situação, quando o potencial é convertido em desempenho em uma área específica

(VIRGOLIM, 2007). Pode-se observar, assim, que a teoria de Renzulli envolve aspectos

2 Testes de QI são aplicados por psicólogos e determinam uma medida padronizada para avaliar as capacidades

cognitivas de um indivíduo.

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cognitivos, da personalidade e também as condições do ambiente.

Os tipos de AH/SD podem ser determinados pela especificidade das características e

habilidades individuais associadas à cultura e às demandas sociais em que o indivíduo está

inserido (CHAGAS, 2007).

Segundo Renzulli (2004), os indivíduos com AH/SD dividem-se em dois grupos: o

produtivo-criativo e o acadêmico.

A superdotação acadêmica é o tipo mais facilmente mensurado pelos testes

padronizados de capacidade e, desta forma, o tipo mais convenientemente utilizado

para selecionar alunos para os programas especiais. [...] As pesquisas têm mostrado

uma elevada correlação entre a superdotação acadêmica e a probabilidade de obter

notas altas na escola. Elas têm mostrado que a aprendizagem escolar (lesson

learning) superior e os testes permanecem estáveis no decorrer do tempo. [...] a

superdotação acadêmica existe em graus variados; pode ser facilmente identificada

através de técnicas padronizadas e informais de identificação. [...] a superdotação

produtivo-criativa. Ela descreve aqueles aspectos da atividade e do envolvimento

humanos nos quais se incentiva o desenvolvimento de ideias, produtos, expressões

artísticas originais e áreas do conhecimento que são propositalmente concebidas

para ter um impacto sobre uma ou mais plateias-alvo (target audiences). As

situações de aprendizagem concebidas para promover a superdotação produtivo-

criativa enfatizam o uso e a aplicação do conhecimento e dos processos de

pensamento de uma forma integrada, indutiva e orientada para um problema real

(RENZULLI, 2004).

Para indivíduos com AH/SD do tipo acadêmico, faz-se necessário um atendimento

especial que possibilite seu desenvolvimento considerando que o aluno com perfil acadêmico

pode destacar-se em uma ou mais áreas específicas do conhecimento.

O modelo Triádico de Enriquecimento de Renzulli (2004) propõe que o atendimento

aos alunos com altas habilidades/superdotação deve englobar atividades dos tipos I, II e III.

Enriquecimento do Tipo I engloba experiências exploratórias gerais, envolvendo diversos

assuntos; o Enriquecimento do Tipo II contém atividades que envolvam métodos e técnicas

diferenciadas em relação a um assunto específico; o Enriquecimento do Tipo III inclui as

atividades investigativas de problemas reais, individuais ou coletivas, em que o aluno assume

o papel de investigador (FREITAS, 2012).

Atualmente, o enriquecimento extracurricular é garantido por lei ao aluno com

AH/SD. Pode ser proporcionado frequentando a SRM-AH/SD, ou participando de atividades

curriculares organizadas na própria escola em contra turno, ou ainda, por encaminhamentos

extracurriculares feitos pelo próprio professor da sala de aula ou, ainda, nos Núcleos de

Atividades de Altas Habilidades/Superdotação (NAAH/S).

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2.3. Mitos e verdades sobre AH/SD

Os indivíduos com AH/SD sofrem por conceitos mal estabelecidos que, muitas vezes,

distorcem as suas características e especificidades.

O Ministério da Educação elenca 12 distorções a respeito das AH/SD: (1) Criança

superdotada, um “adulto partido ao meio”, (2) Todo superdotado é um “gênio”, (3)

Superdotado como um “sabe-tudo”, (4) O superdotado é cem por cento: o mais arrumadinho,

disciplinado e obediente, (5) Todo superdotado é bem sucedido na escola, (6) Superdotação

indicador de: rebeldia, desrespeito, desobediência, atrevimento, ousadia e “do contra”, (7)

Superdotação: condição suficiente para alta produtividade, (8) Todo superdotado é “meio

maluco”, (9) Todo superdotado foi criança precoce, um “prodígio”, (10) Superdotado só

procede de família rica, (11) Superdotado não, superestimado, (12) Toda criança com indícios

de superdotação “é superdotada” (BRASIL, 1999).

De acordo com Alencar e Fleith (2001), outros mitos ainda podem ser citados: não se

deve informar à criança ou ao jovem a respeito de suas habilidades superiores; não se deve

comunicar à família que um de seus membros é superdotado; superdotado é um fenômeno

raro; poucas são as crianças e jovens de nossas escolas que podem ser considerados

superdotados; as crianças superdotadas constituem um grupo homogêneo em termos

cognitivos e afetivos; é impossível reprimir o talento em algumas crianças e desenvolvê-lo em

outras.

Os alunos com AH/SD enfrentam vários preconceitos por parte da escola, dos

professores, dos seus próprios pais, dos colegas de classe e dos amigos (VIRGOLIM, 2007).

Com este rol de afirmações, pode-se perceber que os mitos que cercam a vida das pessoas

com AH/SD, englobam tanto o senso comum dos pais e familiares quanto dos professores e

de outras pessoas envolvidas no contexto escolar e social. É importante que as pessoas tenham

clareza que uma criança superdotada continua a ser uma criança, não é um adulto partido ao

meio, pois o seu desenvolvimento físico e emocional, muitas vezes, não acompanha o seu

desenvolvimento intelectual.

O superdotado é diferente, assim como cada indivíduo é diferente dos demais, e isso

não o torna “maluco”. Além disso, ser um superdotado, não significa ser um gênio, pois

existem várias áreas de superdotação, e um indivíduo pode ter AH/SD em uma ou mais áreas

do conhecimento e, ao mesmo tempo, apresentar déficit em outra. Ser um superdotado

também não é garantia de sucesso absoluto na vida, pois o desenvolvimento da superdotação

em sua plenitude é influenciado por diversos fatores externos e internos, os quais podem

contribuir, ou não, para o desenvolvimento de suas potencialidades. Um superdotado pode

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desenvolver suas habilidades tanto para o bem, como também para criminalidade e

marginalidade.

A precocidade e superestimulação das crianças são frequentemente confundidas com a

superdotação. Ser uma criança precoce é uma das características da superdotação, mas não é

uma garantia de que toda criança precoce seja superdotada. A estimulação é necessária para

um maior desenvolvimento das potencialidades dos indivíduos superdotados, porém

superestimular um indivíduo que não é superdotado não o tornará superdotado e, deixar de

estimular um superdotado, pode fazer com que as potencialidades desse indivíduo não

floresçam (VIRGOLIM, 2007).

Além disso, a superdotação não é sinônimo de perfeição, embora muitos superdotados

tenham traços de perfeccionismo em suas ações, esta característica não está diretamente

atrelada ao indivíduo com AH/SD. Observa-se, também, uma tendência de pensar que os

superdotados estariam concentrados apenas em uma parcela da população, que seriam do sexo

masculino, de classe socioeconômica média ou alta, o que também não passa de um pré-

conceito (BRASIL, 1999).

O ambiente no qual o indivíduo está inserido, independente de ser um ambiente de

riqueza ou pobreza, deve proporcionar condições adequadas, favorecendo o talento, a

criatividade e a produção nas diversas áreas do saber, pois um ambiente desestimulador pode

bloquear, inibir e até mesmo destruir a capacidade do indivíduo de criar (VIRGOLIM, 2007).

Muitos indivíduos superdotados não apresentam algumas características associadas à

superdotação em função de um ambiente desestimulante e que não promove desafios.

As altas habilidades ou superdotação não são, como muitos ainda pensam, um dom,

mas sim características e comportamentos que podem e devem ser aperfeiçoados na

interação com o mundo e que se apresentam numa variedade grande de

combinatórias. Para os indivíduos que apresentam tais características, nem sempre

tem sido fácil mostrar ou demonstrar suas habilidades diferenciadas, pois há uma

tendência social à conservação dos comportamentos e ainda não se prioriza a

inovação na medida desejada necessária. Entretanto, é sabido que há necessidade de

novos produtos, idéias, ações, etc, para o caminhar do mundo. Portanto, estas

pessoas são valiosas tanto quanto todas as demais pessoas, e não podemos ignorá-las

nem esquecê-las, sendo necessário ofertar instrumentos e oportunidades a todos e

também a estes sujeitos com altas habilidades para cumprir nosso papel social na

importante área educacional (BRASIL, 2006, p.31)

Discutido os principais mitos sobre AH/SD, é bom refletir, sobre as características

desses indivíduos.

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2.4. Características dos Indivíduos com AH/SD

É importante deixar claro que não existe um perfil de indivíduo superdotado

preestabelecido, o que existem são várias características que foram observadas ao longo do

tempo, fruto de várias pesquisas e observações. Porém, é possível que outras características

diferentes das observadas sejam manifestadas por pessoas com AH/SD, ou até mesmo que

algumas dessas características elencadas não faça parte do perfil de alguns indivíduos. Outro

fator a ser mencionado é que a superdotação não tem uma faixa etária para ser diagnosticada

(ALENCAR; FLEITH, 2001).

De acordo com Cline e Schwartz (1999) e Lewis e Louis (1991) entre as

características mais comumente encontradas em crianças superdotadas em idade pré-escolar

destacam-se: curiosidade; boa memória; atenção concentrada; persistência; independência e

autonomia; interesse por áreas e tópicos diversos; aprendizagem rápida; criatividade e

imaginação; iniciativa; liderança; vocabulário avançado para a sua idade cronológica; riqueza

de expressão verbal; habilidade para considerar pontos de vista de outras pessoas; facilidade

de interagir com crianças mais velhas ou com adultos; habilidade para lidar com ideias

abstratas; habilidade para perceber discrepâncias entre ideias e pontos de vista; interesse por

livros e outras fontes de conhecimento; alto nível de energia; preferência por situações/objetos

novos; senso de humor; originalidade para resolver problemas.

Outras características ainda podem ser apresentadas:

Reagem positivamente a elementos novos, estranhos e misteriosos de seu ambiente;

persistem em examinar e explorar estímulos com o objetivo de conhecer melhor a

respeito deles; Gostam de investigar, fazem muitas perguntas; Preferem ideias

complexas, irritam-se com a rotina; apresentam uma forma original de resolver

problemas, propondo muitas vezes soluções inusitadas; têm grande imaginação e

fantasia; são independentes, individualistas e autossuficientes; podem ocupar seu

tempo de forma produtiva, não sendo necessária uma estimulação constante

(GOWAN; TORRANCE 1971, apud ALENCAR; FLEITH, 2001, p.66).

Ao que se refere às características dos alunos com Altas Habilidades em Matemática,

de acordo com Dantas e Alencar (2013) por meio de um estudo de caso, podem ser citadas as

seguintes características:

Faz contas mentais para calcular valores quando faz compras ou participa de jogos;

gosta de brincadeiras de jogos que envolvem raciocínio lógico; gosta de resolver

exercícios rapidamente; calcula o tempo que gasta da casa até o destino pretendido;

fica frustrado quando não consegue resolver um problema matemático; as aulas de

matemática estão entre as suas preferidas; diante de um problema, sente muita

curiosidade em saber sua resolução; consegue bons resultados em matemática;

aprender matemática é um prazer; quando suas tentativas de resolver um problema

fracassam, tenta novamente; procura relacionar os conteúdos de matemática com os

das outras matérias (DANTAS; ALENCAR, 2013, p.20)

De acordo com Diezmann e Watters (2000) os alunos com AH/SD na área da

Matemática, são caracterizados pela qualidade e diversidade em seu raciocínio, pela

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capacidade de raciocínio analítico e espacial. O raciocínio analítico torna-os rápidos e

precisos na articulação das ideias, enquanto o raciocínio espacial permite processar as

informações simultaneamente em vez de sequencialmente. Sendo assim, necessitam de

experiências de aprendizagem adequadas e desafiadoras ao seu desenvolvimento cognitivo.

Outra característica apresentada por esses alunos é a imagem visual das relações

numéricas, as quais eles muitas vezes não conseguem traduzir de uma forma linear na escola

(WINNER, 1996).

Ainda, de acordo com Winner (1996), existem três tipos de crianças com superdotação

em Matemática: aquelas que usam raciocínio espacial-visual para solucionar problemas

matemáticos, aquelas que utilizam estratégias verbais e aquelas que usam as duas coisas ao

mesmo tempo. O autor ainda afirma que crianças com superdotação em matemática também

atingem resultados superiores em testes espaciais e testes de raciocínio não verbal.

Diante de todas as características elencadas:

É necessário salientar, ainda que cada criança ou cada pessoa representa uma

combinação diferente de inteligências, traços de personalidade e desempenho,

variando os superdotados entre si quanto às características apresentadas. (...) apesar

de ser comum entre os alunos mais brilhantes, uma maturidade física, social e

emocional acima da média, nem sempre isso ocorre, podendo uma disparidade ser

observada entre aspectos do desenvolvimento intelectual, social, emocional e físico

(ALENCAR; FLEITH, 2001, p.67).

É importante salientar que não existem muitos trabalhos na literatura brasileira, os

quais se preocupem em orientar a prática didática do professor de sala de aula para atuar com

o público das AH/SD. Alguns dos trabalhos encontrados na área do Ensino da Matemática são

abordados na próxima seção.

2.5. Sobre o Ensino da Matemática com estudantes com AH/SD em Matemática

Melo (2005) avalia se as práticas pedagógicas e atividades de matemática,

desenvolvidas pelos professores mediadores das salas de recursos atendem às necessidades

educacionais dos educandos que frequentam o Programa de Atendimento a Alunos Portadores

de Altas Habilidades e Talentos da Secretaria de Educação de Estado do Distrito Federal. Os

resultados da pesquisa sinalizam que as atividades matemáticas desenvolvidas pelos

professores de sala de recurso, em sua maioria, não seguem os tipos I, II e III de

Enriquecimento Curricular, e dessa forma atendem apenas parcialmente as necessidades dos

alunos superdotados em matemática (MELO, 2005).

Machado (2013), em sua pesquisa identificou as estratégias cognitivas e

metacognitivas utilizadas na resolução de situações problemas em matemática, de um aluno

com AH/SD em matemática. O desafio de seu trabalho era compreender as estratégias

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mentais do aluno com AH/SD, presentes durante o processo cognitivo envolvido na resolução

com sucesso de atividades aritméticas propostas pelos seus professores. Para isto a

pesquisadora teve como aporte teórico a epistemologia genética de Jean Piaget. O objetivo foi

atingido por meio de comparação dos processos e resultados, identificando assim as etapas do

seu raciocínio. Concluiu que o aluno utilizava o pensamento dedutivo ao resolver problemas,

fazendo uso da representação mental dos símbolos aritméticos, formulando proposições para

resolução de problemas e operando sobre essas proposições. Desta forma o aluno estava no

estágio operatório-formal antes da idade cronológica prevista pela Epistemologia Genética de

Piaget.

Monteiro (2016) desenvolveu sua pesquisa na SRM-AH/SD do município de

Guarapuava, com o objetivo de conhecer as habilidades matemáticas dos alunos que

frequentavam essa sala, refletir sobre as práticas pedagógicas em matemática adotadas e

propor o enriquecimento da atividade matemática para alunos matematicamente habilidosos.

A pesquisadora propôs um projeto, com atividades relacionadas ao tema probabilidade e

construção de jogos para um torneio. Concluiu que o projeto realizado foi apropriado para

esses alunos, evidenciando as habilidades matemáticas daqueles com AH/SD. Sua pesquisa

também reafirmou a necessidade de investimentos, no que se refere à capacitação de

professores para a adequação de estratégias pedagógicas que colaborem com o

desenvolvimento de alunos com altas habilidades.

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3. ASPECTOS LEGAIS DE ATENDIMENTO AO ESTUDANTE COM AH/SD

Neste capítulo são abordadas algumas leis que norteiam e amparam o atendimento

educacional dos indivíduos com Altas Habilidades/Superdotação. Também é abordado sobre

o Atendimento Educacional Especializado (AEE) e a Sala de Recursos Multifuncional para

alunos com Altas Habilidades/Superdotação, em especial a SRM-AH/SD existente no

município de Guarapuava-PR.

3.1. Sobre o amparo legal

No Brasil, o atendimento aos superdotados tem seu primeiro registro em 1929 quando

a Reforma do Ensino Primário, Profissional e Normal previu seu atendimento educacional,

porém não houve acompanhamento de uma política pública para universalização desse

atendimento (DELOU, 2007).

O atendimento aos indivíduos com necessidades educacionais especiais é

fundamentado com a primeira Lei de Diretrizes e Bases Educacionais da Educação Nacional

(LDBEN) 4024/61, a qual não abordava explicitamente os indivíduos com Altas Habilidades/

Superdotação, somente aparecia de forma implícita, nos artigos 88 e 89, o termo excepcional,

no qual esses indivíduos se enquadravam (BRASIL, 1961).

A Lei de Diretrizes e Bases Educacionais da Educação Nacional (LDBEN) 5.692

sancionada em 11 de agosto de 1971, em seu artigo 9º, explicita pela primeira vez que os

superdotados deverão receber tratamento especial, de acordo com as normas estabelecidas

pelos competentes Conselhos de Educação (BRASIL, 1971).

No ano de 1973, o então Ministério da Educação e Cultura – MEC, cria o Centro

Nacional de Educação Especial – CENESP, responsável pela gerência da educação especial

no Brasil, que, sob a égide integracionista, impulsionou ações educacionais voltadas às

pessoas com deficiência e às pessoas com superdotação, mas ainda configuradas por

campanhas assistenciais e iniciativas isoladas do Estado (BRASIL, 2008).

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 205, assegura que a educação, é um

direito de todos e dever do Estado e da família, e será promovida e incentivada com a

colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o

exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988).

Na Conferência Mundial de Educação Especial, ocorrida em 1994 em Salamanca, na

Espanha, é assinada a Declaração de Salamanca, onde foi reafirmado o compromisso com a

educação para todos, e foram previstas ações políticas de inclusão de pessoas com

necessidades educacionais especiais, nas escolas comuns das redes de ensino (UNESCO,

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1994).

Em 1994 o MEC publica a Política Nacional de Educação Especial, contrária à

inclusão escolar. Em 2008, a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da

Educação Inclusiva, estabelece medidas voltadas à inclusão escolar de alunos com AH/SD,

orientando os sistemas de ensino para garantir: acesso ao ensino regular, com participação,

aprendizagem e continuidade nos níveis mais elevados do ensino; transversalidade da

modalidade de educação especial desde a educação infantil até a educação superior; oferta do

atendimento educacional especializado; formação de professores para o atendimento

educacional especializado, e demais profissionais da educação para a inclusão; participação

da família e da comunidade; acessibilidade arquitetônica, nos transportes, nos mobiliários, nas

comunicações e informação; e articulação intersetorial na implementação das políticas

públicas (BRASIL, 2008).

A vigente Lei de Diretrizes e Bases Educacionais da Educação Nacional- LDBEN

9394/96, em seu artigo 4, inciso III, explicita que é garantido o atendimento educacional

especializado gratuito aos educandos com deficiência, transtornos globais do

desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e

modalidades de ensino, preferencialmente na rede regular de ensino. Ainda no referido artigo,

inciso V, a lei garante acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação

artística, segundo a capacidade de cada um (BRASIL, 1996). Em seu artigo 24, expõe que “a

educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes

regras comuns: (...) II - a classificação em qualquer série ou etapa, exceto a primeira do

ensino fundamental, pode ser feita: (...) independentemente de escolarização anterior,

mediante avaliação feita pela escola, que defina o grau de desenvolvimento e experiência do

candidato e permita sua inscrição na série ou etapa adequada, conforme regulamentação do

respectivo sistema de ensino” (BRASIL, 1996).

A lei supracitada, em seu artigo 59, inciso III, prevê que os sistemas de ensino

garantirão professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para

atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a

integração desses educandos com necessidades especiais nas classes comuns.

Em 2001 a resolução nº 02/2001, instrui as Diretrizes Nacionais da Educação Especial

para a Educação Básica, a qual prevê atividades que favoreçam o aprofundamento e o

enriquecimento de aspectos curriculares aos alunos que apresentam superdotação, o que pode

ser desenvolvido em classes comuns, em salas de recursos ou em outros espaços definidos

pelo sistema, inclusive a conclusão em menor tempo da série ou etapa escolar (BRASIL,

2001).

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Para atendimento educacional especial aos superdotados, é necessário:

a) organizar os procedimentos de avaliação pedagógica e psicológica de alunos com

características de superdotação;

b) prever a possibilidade de matrícula do aluno em série compatível com seu

desempenho escolar, levando em conta, igualmente, sua maturidade sócio

emocional;

c) cumprir a legislação no que se refere: ao atendimento suplementar para

aprofundar e/ou enriquecer o currículo; à aceleração/avanço, regulamentados pelos

respectivos sistemas de ensino, permitindo, inclusive, a conclusão da Educação

Básica em menor tempo; ao registro do procedimento adotado em ata de escola e do

dossiê do aluno;

d) incluir, no histórico escolar, as especificações cabíveis;

e) incluir o atendimento educacional ao superdotado nos projetos pedagógicos e

regimentos escolares, inclusive por meio de convênios com instituições de ensino

superior e outros segmentos da comunidade.

Recomenda-se às escolas da educação Básica a constituição de parcerias com

instituições de ensino superior com vistas à identificação de alunos que

apresentarem altas habilidades/superdotação, para fins de apoio ao procedimento de

estudos no ensino médio e ao desenvolvimento de estudos da educação superior,

mediante a oferta de bolsas de estudo (...) (BRASIL, 2001, p. 49).

Em 2001, com a aprovação do Plano Nacional de Educação, pela lei nº 10.172/2001,

foi determinada a implantação do atendimento dos alunos com AH/SD nas áreas artísticas,

intelectual ou psicomotora (BRASIL, 2001).

Em 2003, é criado o Conselho Brasileiro para a Superdotação (ConBraSD), com isso

possibilitando maior visibilidade às AH/SD. No ano de 2005, o MEC implantou em diversos

estados e no Distrito Federal, os Núcleos de Altas Habilidades/Superdotação (NAAH/S), com

o intuito de expandir o atendimento aos alunos com AH/SD. Em 2007, é integrado o Plano de

Desenvolvimento da Educação (PDE), lançando o Programa de Implantação das Salas de

Recursos Multifuncionais (SRM).

Em 2008, é publicada a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da

Educação Inclusiva, a qual esclarece que os alunos com AH/SD deverão ter AEE, durante

todo o período de escolarização.

O Plano Nacional de Educação (PNE), com vigência a partir de 26/06/2014, aprovado

pela lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, em sua meta quatro, a universalização, prevê para

a população de 4 a 17 anos com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas

habilidades/superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional

especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com garantia de sistema

educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços

especializados, públicos ou conveniados (BRASIL, 2014).

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3.2. Atendimento Educacional Especializado (AEE)

Renzulli e Reis (1986) recomendam atenção para a importância de se enriquecer a

vida dos alunos com AH/SD, por meio de experiências que usualmente não fazem parte do

currículo da escola regular; e estimular novos interesses que possam levar o aluno a

aprofundá-los em atividades criativas e produtivas posteriores.

Entretanto, o interesse sobre a prática pedagógica com alunos com AH/SD é recente.

Segundo Brandão (2007) ele surgiu durante o I Encontro Nacional do Conselho Brasileiro

para Superdotação (ConBraSd), que ocorreu em Brasília/DF no período de 7 a 10 de

novembro de 2004.

Em 2005, o Brasil deu um grande passo ao criar uma Política Nacional de Educação

Especial e a implementar Núcleos de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação

(NAAH/S). De acordo com o Portal da Educação do Paraná, o NAAH/S é um espaço voltado

para o atendimento às altas habilidades/superdotação dos alunos, nos estados e municípios

brasileiros para identificar, atender e estimular o potencial criativo do aluno com AH/SD,

matriculado no sistema público de ensino. Sua função é estimular e desenvolver as

potencialidades criativas e o senso crítico desses alunos com o uso de recursos didáticos e

pedagógicos, bem como profissionais com competência técnica para prover os desafios

acadêmicos, sociais e emocionais e oportunizar o aprendizado. Além de oferecer atendimento

educacional especializado ao aluno com AH/SD, também oferece capacitação de professores,

apoio e acompanhamento da família e da comunidade desses estudantes.

Em 2008 a Política Nacional de Educação Especial, na Perspectiva da Educação

Inclusiva, implanta a Sala de Recursos Multifuncional, que é um espaço organizado com

materiais didático-pedagógicos, equipamentos e prevê profissionais qualificados para ofertar

o atendimento educacional especializado que visa atender às necessidades dos alunos com

AH/SD da Rede Pública de Ensino (BRASIL, 2010).

No Paraná, a única cidade que possui NAAH/S, subsidiado pelo estado, é Londrina.

Para os demais municípios, o ambiente de atendimento especializado aos indivíduos com

AH/SD é a sala de recursos multifuncional para alunos com AH/SD, também conhecida como

SRM-AH/SD.

De acordo com o Conselho Nacional de Educação, que estabelece as Diretrizes

Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, por meio

da Resolução CNE/CEB nº 4/2009 tem-se:

Art. 5º O AEE é realizado, prioritariamente, na sala de recursos multifuncionais da

própria escola ou em outra escola de ensino regular, no turno inverso da

escolarização, não sendo substitutivo às classes comuns, podendo ser realizado,

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também, em centro de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou

de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos,

conveniadas com a Secretaria de Educação ou órgão equivalente dos Estados,

Distrito Federal ou dos Municípios (BRASIL, 2009, p.2).

Ainda de acordo com o documento supracitado, em seu artigo 7º tem-se:

Os alunos com altas habilidades/superdotação terão suas atividades de

enriquecimento curricular desenvolvidas no âmbito de escolas públicas de ensino

regular em interface com os núcleos de atividades para altas

habilidades/superdotação e com as instituições de ensino superior e institutos

voltados ao desenvolvimento e promoção da pesquisa, das artes e dos esportes

(BRASIL, 2009, p.2).

Além da SRM-AH/SD e dos NAAH/S, outro recurso que pode ser utilizado para

auxiliar o aluno com AH/SD são os programas de enriquecimento curricular, os quais podem

ser caracterizados por: completar em menos tempo o conteúdo proposto, possibilitando a

inclusão de novas unidades de estudo; utilizar ampla investigação a respeito dos tópicos que

estão sendo ensinados, proporcionando que o aluno tenha um grande número de fontes de

informações; ou solicitar que o aluno desenvolva projetos originais, tanto em sala de aula

como extracurricularmente (ALENCAR; FLEITH, 2001).

De acordo com as normas instituídas na atual LDBEN, o atendimento educacional aos

alunos com AH/SD pode ser efetuado conforme o esquema apresentado na Figura 2.

São três opções para o AEE: aceleração, segregação e enriquecimento curricular.

Figura 2: Atendimento Educacional Especializado para AH/SD.

Fonte: autora. 2017

A aceleração significa cumprir o programa escolar em menos tempo. Ocorre de duas

formas, uma é admissão precoce do aluno, e outra é permitir que o aluno avance de série, por

exemplo, salte da 2ª para a 5ª série. No entanto esta prática vem sofrendo muitas críticas, pois

pode provocar lacunas nas suas habilidades e conhecimento, impossibilitando domínio de

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certos conteúdos que podem dificultar o entendimento das matérias ministradas na série

seguinte. “Outro ponto apontado como negativo é falta de aceitação em novos grupos de

amigos, muitas vezes grupos de alunos mais velhos, que podem, até rejeitá-lo” (ALENCAR;

FLEITH, 2001, p. 128).

A segregação é o método mais controvertido, e que consiste em separar os estudantes

superdotados dos demais. Os estudantes com AH/SD são redirecionados para outros locais da

escola, por um período de tempo determinado para desenvolver outras atividades condizentes

com suas potencialidades. Após o término destas atividades, retornam para suas salas de aula

regulares. Porém esta prática não é percebida nas escolas públicas do Paraná.

Quanto ao Enriquecimento, pode ser feito pelo próprio professor, que tem em sua sala

um aluno com AH/SD. No entanto isso implica em um esforço extra, uma tarefa adicional,

que na prática da sala de aula, se torna muito difícil, pois, o professor que tem um grande

número de alunos e necessita dar atenção a todos, precisaria de uma jornada dupla de trabalho

para preparar suas aulas, e atividades extras, para o enriquecimento curricular do aluno com

AH/SD.

O enriquecimento curricular, ainda pode ser feito por meio dos NAAH/S, ou pela

participação nas SRM-AH/SD.

De acordo com os documentos norteadores da Sala de Recursos Multifuncional, o

objetivo reside no enriquecimento curricular para os alunos diagnosticados com AH/SD. As

atividades desenvolvidas devem ser em forma de projetos e oficinas, de acordo com a área de

interesse de cada frequentador, buscando explorar e aguçar mais ainda suas potencialidades.

Salientando ainda, que o indivíduo com AH/SD pode apresentar dificuldades de

aprendizagem, ou defasagem de aprendizagem em alguma área, a sala também ajuda como

apoio pedagógico para que essas defasagens ou dificuldades sejam amenizadas (BRASIL,

2009).

3.3. A Sala de Recursos Multifuncional em Guarapuava

A primeira Sala de Recursos Multifuncional para alunos com Altas

Habilidades/Superdotação do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Guarapuava, foi

autorizada com a Resolução nº 1188/11 de 24/03/2011. De acordo com a equipe da Educação

Especial do NRE de Guarapuava, inicialmente foram feitas sondagens em diversas escolas da

Rede Estadual de Ensino do município, para identificação de alunos com indicadores de

AH/SD, sempre considerando a concepção de superdotação apontada por Renzulli. Enquanto

os professores preenchiam os questionários, iniciava-se o processo burocrático de abertura em

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abril de 2010. Após o preenchimento e organização da documentação necessária e também da

justificativa sobre a demanda de alunos houve a abertura da SRM-AH/SD, que funcionava no

Colégio Estadual Manoel Ribas, situado na região central da cidade, a qual encerrou suas

atividades no final do ano letivo de 2016.

No início do ano letivo de 2017 foi aberta a SRM-AH/SD, no Colégio Estadual

Visconde de Guarapuava, localizado na Rua XV de Novembro no centro da cidade,

funcionando em dois turnos. Atualmente a sala conta com a participação de cinco alunos no

período da manhã e oito alunos no período da tarde.

A Tabela 1 apresenta a quantidade de alunos que frequentaram a SRM-AH/SD, desde

a sua criação.

Ano Total de alunos na

SRM-AH/SD

Total de alunos

matriculados no Ensino

Regular

Percentual de alunos

com AH/SD

2012 12 23008 0,052

2013 5 21616 0,023

2014 6 21725 0,028

2015 7 20133 0,0357

2016 5 20483 0,024

2017 20 21484 0,093

Tabela 1: Percentual de alunos com AH/SD em relação ao total de alunos no município de Guarapuava

Fonte: SEED/PR-20173

Os dados descritos na Tabela 1 referem-se ao município de Guarapuava. Entretanto, o

NRE de Guarapuava, atende outros municípios, conforme Figura 3. Apesar da extensão de

municípios que o NRE de Guarapuava atende atualmente, existem somente outras duas SRM-

AH/SD, uma no município de Foz do Jordão com seis alunos, e outra no município de

Candói, com oito alunos.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, o número de alunos com

AH/SD é estimado entre 3 a 5% da população escolar (INEP, 2003). Desta forma, observando

a quantidade de alunos que frequentam as SRM-AH/SD na região de Guarapuava, percebe-se

que há uma discrepância em relação à indicação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

Educacionais (INEP). Na Tabela 1 nota-se que, diante do número de alunos matriculados

regularmente na Educação Básica, a quantidade de alunos frequentando a SRM-AH/SD é

inferior ao esperado.

3 Disponível em:<http://www4.pr.gov.br/escolas/numeros/index.jsp>. Acesso em: 26/07/17.

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Figura 3: Mapa dos municípios de abrangência do NRE de Guarapuava

Fonte: SEED/PR-20174

Essa baixa quantidade de alunos diagnosticados com AH/SD frequentando as SRM-

AH/SD, pode estar relacionada à identificação desses alunos, talvez por falta de conhecimento

dos seus professores, equipe diretivas das escolas, ou também pela falta de informação dos

responsáveis.

Conforme mencionam Freitas e Pérez (2012):

O professor da escola inclusiva deve avançar em direção à diversidade. É necessário

deixar de ser mero executor de currículos e programas predeterminados, para se

transformar em responsável pela escolha de atividades, conteúdos ou experiências,

mais adequados ao desenvolvimento das capacidades fundamentais dos seus alunos,

tendo em conta o nível e as necessidades deles (FREITAS; PÉREZ, 2012, p.7).

Nesta perspectiva, salienta-se a importância de o professor conhecer as características

individuais dos alunos com AH/SD, como também identificar as facilidades, preferências e

limitações de cada um.

Segundo relato dos professores da SRM-AH/SD de Guarapuava e da equipe de

educação especial do NRE de Guarapuava, pode-se ter um panorama das atividades

desenvolvidas na sala.

Em 2012, diversos projetos foram desenvolvidos, contudo alguns com maior

relevância: criação de calculadora para celular para resolução de equações de 2º grau,

4 Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/ilusao-optica.htm> Acesso: 17/05/17.

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utilizando a fórmula; reprodução de esculturas do Egito (múmias, objetos…), pesquisando o

tipo de material utilizado para conservação dos cadáveres; oficinas de música, aulas de piano,

violino e violoncelo em parceria com professor voluntário e o Centro de Artes Iracema Trinco

Ribeiro; oficina de fotografia, ministrada na Unicentro em parceria com o Departamento de

Comunicação; oficina de desenho e pintura, para aprimoramento e desenvolvimento de

técnicas; início de projeto com escrita de livro de poesias, por aluna da área da linguagem;

criação e manutenção de blog e site da SRM- AH/SD; viagem de enriquecimento curricular

para Curitiba, incluindo visita a museus, à SRM do Instituto de Educação e a Sebos

Acadêmicos. Além disso, foram trabalhados jogos de estratégia em grupo de modo a

favorecer a socialização entre os alunos.

Em 2013 houve uma oficina de música.

Em 2014 foi elaborada uma Mostra de Talentos com apresentações artísticas e oficina

de escrita, com produções de textos.

Em 2015 não há registros das atividades desenvolvidas além do projeto

„Probabilidade e a construção de jogos para um torneio‟, aplicado por uma mestranda para

subsidiar sua dissertação.

Em 2016 não foi informado ao NRE nenhum projeto executado pelo professor da

SRM-AH/SD.

Constatou-se que poucas das atividades desenvolvidas na SRM abordam o ensino da

Matemática. Entretanto, de acordo com os dados coletados por meio dos documentos e

avaliações dos alunos, vários alunos que estão e que já passaram pela sala, possuem AH/SD

em Matemática.

Quanto aos profissionais que atuam na SRM-AH/SD, a exigência da SEED/PR, é a

formação em Educação Especial, obtida por meio de cursos de pós-graduação lato sensu.

Dessa forma, professores de diversas áreas atuam na SRM-AH/SD. Pelo histórico dos

professores que atuaram na SRM-AH/SD no município de Guarapuava, constatou-se que,

nenhum deles era licenciado em Matemática. Outro fator que chama atenção é a rotatividade

dos professores que atuam na sala, pois desde que a mesma começou a funcionar, todo ano

tem um novo professor, não permitindo um aprofundamento do professor na área, e também a

continuidade e desenvolvimento dos trabalhos.

Além disso, mesmo professores licenciados em Matemática, muitas vezes não se sentem

preparados para trabalhar com o público das AH/SD, pois em sua formação inicial,

normalmente este tema não é contemplado.

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3.4. Formação inicial de professores de Matemática

Sobre a formação inicial de professores de Matemática, verificou-se que os cursos de

Licenciatura em Matemática de algumas universidades públicas do estado do Paraná, tais

como Unicentro, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Universidade Estadual de

Maringá e Universidade Estadual de Ponta Grossa não trazem em suas ementas nenhum

tópico que aborde especificamente o tema AH/SD. Nos planos de ensino, o tema de Educação

Especial aparece nos conteúdos programáticos de algumas instituições. No entanto, visto que

a Educação Especial é um tema amplo, e que, geralmente o foco está nas deficiências, o tema

AH/SD, pode ser abordado de forma superficial, caso não haja tempo hábil para

aprofundamento.

Sobre a Unicentro, analisando as grades e ementas das disciplinas, disponibilizadas no

site da universidade, ministradas por professores do próprio departamento do curso de

Licenciatura em Matemática, constatou-se que o tema Educação Especial consta de forma

implícita no plano de ensino da disciplina de Didática da Matemática. É abordado juntamente

com as diretrizes curriculares nacionais e estaduais, nas quais AH/SD aparece de forma breve

no tema Educação Especial. Consequentemente os egressos deste curso não têm formação

necessária para, quando professores, terem conhecimento mínimo, para levantar possíveis

casos de AH/SD, encaminhá-los para avaliação e dar o encaminhamento metodológico

adequado para eles.

Quanto às ementas das disciplinas do curso de Licenciatura em Matemática da

Unicentro, que são ministradas por professores de outros departamentos, também foi

constatado, analisado as ementas disponíveis no site da instituição, que a temática AH/SD não

é abordada.

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4. METODOLOGIA DA PESQUISA

Neste capítulo é apresentada a metodologia de pesquisa utilizada no decorrer deste

estudo. São detalhados: o delineamento da pesquisa, os locais de desenvolvimento, a

caracterização dos participantes, os procedimentos para coleta e análise dos dados.

4.1. Delineamento da pesquisa

Para responder a questão proposta neste trabalho “De que maneira os acadêmicos do

curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro)

podem contribuir com o ensino e aprendizagem dos estudantes com AH/SD?” um grupo de

acadêmicos do 2º, 3º e 4º anos do curso preparou e implementou oficinas, com os alunos que

frequentam a SRM-AH/SD. Esta prática resultou nos dados desta pesquisa.

O processo metodológico adotado esteve pautado na pesquisa qualitativa.

[...] Os pesquisadores que utilizam os métodos qualitativos buscam explicar o

porquê das coisas, exprimindo o que convém ser feito, mas não quantificam os

valores e as trocas simbólicas nem se submetem à prova de fatos, pois os dados

analisados são não-métricos (suscitados e de interação) e se valem de diferentes

abordagens (GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 32).

Na abordagem qualitativa, a metodologia utilizada foi pesquisa de campo, pois “[...] É

aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um

problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queria comprovar,

ou ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles (MARCONI; LAKATOS,

2009, p. 188)”.

No entanto, vale salientar que a pesquisa de campo, se deu na forma de estudo de caso.

O estudo de caso tem se tornado a estratégia preferida quando os pesquisadores

procuram responder às questões "como" e "por quê" certos fenômenos ocorrem,

quando há pouca possibilidade de controle sobre os eventos estudados e quando o

foco de interesse é sobre fenômenos atuais, que só poderão ser analisados dentro de

algum contexto de vida real (GODOY, 1995, p.26).

Desta forma, assim como propõe o estudo de caso, esta pesquisa está pautada na

observação detalhada da situação e do contexto em que está sendo feita a investigação,

preocupando-se sempre em preservar o caráter unitário do objeto estudado (GIL, 2008).

A ação inicial para desenvolvimento da pesquisa foi revisão de literatura sobre o tema

AH/SD. Também foram efetuadas leituras acerca das teorias cognitivistas da aprendizagem,

aportadas por Ausubel, Novak e Hanesian (1980), Moreira (1999-, 2009, 2010).

Em seguida, no ano de 2016 foi desenvolvido um projeto de extensão intitulado “Altas

Habilidades/Superdotação: contribuições para formação inicial de professores de

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Matemática”, o qual ocorreu na modalidade de um curso presencial e atingiu um público de

21 acadêmicos do curso de Licenciatura em Matemática da Unicentro.

O curso foi dividido em cinco encontros de quatro horas cada, os quais foram

realizados na Unicentro, campus Cedeteg. O curso ocorreu de forma expositiva,

oportunizando sempre a interação dos participantes, na abordagem dos seguintes assuntos:

conceituação e definição das AH/SD, modelo dos três anéis de Renzulli, características dos

alunos com AH/SD, características dos alunos com AH/SD em Matemática, mitos e verdades

sobre as AH/SD, caminhos que devem ser tomados para avaliar um aluno com AH/SD, e

propostas de encaminhamentos metodológicos para alunos com AH/SD em Matemática.

O objetivo deste projeto, em forma de curso de extensão, foi proporcionar aos

acadêmicos um ambiente de estudo e aprendizado sobre AH/SD, e despertar o interesse para o

tema em questão. Assim, seis acadêmicos demonstraram interesse em participar da pesquisa.

Os acadêmicos foram divididos em dois grupos de três acadêmicos cada, e ficou acordado que

conjuntamente com a pesquisadora, elaborariam oficinas matemáticas, para serem

implementadas na SRM-AH/SD, no decorrer do primeiro semestre do ano de 2017. Dos

alunos desta SRM-AH/SD, onze participaram das oficinas.

Dentre os quais, de acordo com suas avaliações psicopedagógicas oito foram

diagnosticados como do tipo acadêmico, com AH/SD em Matemática. A avaliação

psicopedagógica é feita por uma equipe da EE do NRE de Guarapuava, a qual conta com

pedagogas, psicopedagogas e psicólogas. O processo de avaliação pode ser feito desde que os

professores percebam que determinado aluno tenha indicativos de AH/SD e comuniquem a

equipe pedagógica da escola, para que o aluno seja encaminhado para avaliação pelo NRE.

Após o processo de avaliação concluído, esta avaliação é disponibilizada para a escola, de

forma que o aluno possa receber atendimento coerente com suas especificidades e que possa

ser matriculado na SRM-AH/SD em período contrário ao que estuda.

A coleta de dados das oficinas foi feita por meio de questionários, observação e grupo

focal. Os questionários foram aplicados, aos alunos da SRM-AH/SD anteriormente e

posteriormente à realização das oficinas. As formas de observação utilizadas foram a

individual, como o próprio nome indica, é aquela realizada pelo próprio pesquisador, a

observação em equipe, onde o grupo, pesquisadora e acadêmicos, observam a ocorrência por

vários ângulos, pois cada pessoa que observa é única e suas percepções são diferentes das

demais, proporcionando uma gama maior de informações para análise (MARCONI;

LAKATOS, 2009). Além disso, o grupo focal, entre os acadêmicos e a pesquisadora também

foi utilizado, por ser bom instrumento de levantamento de dados em uma investigação, pois

permite ao pesquisador, conseguir boa quantidade de informações em um período mais curto

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de tempo (GATTI, 2005).

O grupo focal era realizado entre pesquisadora e todos os acadêmicos ao final da

aplicação de cada oficina. Era um ambiente aberto a discussões, feito em círculo, de maneira

que os participantes ficassem face a face, para que a interlocução fosse direta. Desta forma,

mediados pela pesquisadora, os acadêmicos expunham os pontos positivos e negativos da

aplicação das oficinas, de modo e destacar, na visão deles, se haviam cumprido o objetivo e

conseguido contribuir com o ensino e aprendizagem dos alunos com AH/SD. Os relatos dos

acadêmicos eram transcritos pela pesquisadora, e para que não se perdessem detalhes, ao

final, os acadêmicos faziam um resumo sobre tudo que haviam discutido e entregavam à

pesquisadora.

Com estes instrumentos de coleta de dados, foi possível estabelecer as contribuições

que os acadêmicos possibilitaram no ensino e aprendizagem dos alunos com AH/SD.

A análise dos dados obtidos por meio das oficinas foi baseada na teoria dos Três Anéis

e no Modelo de Enriquecimento Curricular de Renzulli, bem como na teoria cognitivista da

aprendizagem, de Ausubel.

“Vale ainda salientar que a análise de dados qualitativos é um processo criativo que

exige grande rigor intelectual e muita dedicação. Não existe uma forma melhor ou mais

correta, o que existe é sistematização e coerência do esquema escolhido com o que pretende o

estudo” (PLATON, 1980, apud LUDKE; ANDRE, 1986).

Na pesquisa, também foi utilizado análise documental, para que fosse possível

caracterizar os alunos com AH/SD que são os sujeitos da pesquisa. A análise de documentos

constitui uma fonte poderosa, pois podem ser retiradas evidências que fundamentam

afirmações e declarações do pesquisador (LUDKE; ANDRÉ, 1986).

4.2. Caracterização dos Participantes da Pesquisa

4.2.1. Acadêmicos:

A pesquisa contou com a colaboração de um grupo de seis acadêmicos da Licenciatura

em Matemática da Unicentro, no ano de 2017 o qual foi subdividido em dois grupos: o Grupo

A composto por três acadêmicas do 4ª ano da graduação (A1, A2 e A3) e o Grupo B,

composto por dois acadêmicos do 3º ano e uma acadêmica do 2ª da graduação (B1, B2 e B3).

4.2.2. Estudantes com AH/SD:

Inicialmente a intensão era implementar o trabalho somente com estudantes com

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AH/SD em Matemática, no entanto, quando a proposta foi apresentada às professoras regentes

de ambas as SRM, estas solicitaram que as oficinas fossem ofertadas para todos os estudantes

da sala, independente de sua área de afinidade e desenvolvimento diagnosticada por meio da

avaliação psicoeducacional complementar. Declaravam que não gostariam de privar ninguém

desta oportunidade, pois quando comunicaram aos alunos que as oficinas iriam acontecer,

todos criaram expectativas, e ficaram interessados em participar. Desta forma, atendendo o

pedido das professoras, foi aberto o convite para todos os alunos que frequentam a SRM.

Para caracterização dos sujeitos desta pesquisa, foi feita uma análise documental com

material disponibilizado pelo NRE. Após a indicação do professor da sala de aula regular, o

aluno é encaminhado à equipe de EE do NRE de Guarapuava, a qual é composta por

pedagogos, psicopedagogos e psicólogos. Estes profissionais elaboram a avaliação

psicoeducacional complementar, baseada no Modelo dos Três Anéis de Renzulli, que

engloba: avaliação pedagógica, análise qualitativa, entrevistas psicológicas com o aluno,

aplicação de teste formal, neuropsicológico, psicométrico e produtivo. Esta avaliação é

encaminhada à escola, para que os alunos possam ser matriculados na SRM-AH/SD, para

receber AEE.

4.2.2.1. Sala de SRM-AH/SD turno matutino (Sala 1):

Esta SRM-AH/SD conta com seis alunos matriculados, dos quais cinco participaram

das oficinas. Estes estudantes, chamados de (Ei) em que i = 1, 2,..,5, são caracterizados a

seguir.

E1: Estuda no 7º ano e tem 12 anos. No que se refere às habilidades acima da média,

demonstra desempenho superior ao esperado para sua faixa etária e experiências, na área

verbal e raciocínio lógico matemático. No que tange o envolvimento com a tarefa, demonstra

independência na resolução de situações problemas, é persistente na resolução dos problemas

que lhe são propostos, compreende e resolve facilmente o que lhe é apresentado. No que se

refere à criatividade, o estudante demonstra originalidade de pensamento, flexibilidade de

ideias, curiosidade e ausência de medo em correr riscos. Demonstra grande interesse e

conhecimentos acima de sua experiência e faixa etária, na área da robótica, informática e

aeronáutica. De acordo com a avaliação psicoeducacional, apresenta desempenho muito

acima da média para sua idade cronológica e experiência, demonstrando AH/SD do tipo

acadêmico, com concentração na área da Matemática, devido ao alto nível de compreensão

verbal, e resultados de aritmética e semelhanças. É levemente desatento, e possui leve

dificuldade visual. De acordo com o aluno, suas áreas de interesse são: Astronomia,

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Aeronáutica e Matemática. No futuro pretende ser astrônomo ou piloto de avião.

E2: Estuda no 7º ano e tem 12 anos. De acordo com a avaliação psicoeducacional,

apresenta desenvolvimento cognitivo superior ao esperado para sua idade cronológica.

Demonstra riqueza de ideias, qualidade de linguagem, capacidade de síntese, sensibilidade

social. No entanto a avaliação não deixa claro se seu tipo de AH/SD é acadêmico ou

produtivo-criativo. Nos resultados da sua avaliação observa-se também a ocorrência de erros

por falta de atenção. No que se refere às habilidades acima da média, fica evidenciado

aspectos com relações espaciais e envolvendo memória. Quanto ao envolvimento com a

tarefa, percebe-se o expressivo interesse em realizar testes, com riqueza de tarefas manuais e

abstração. Quanto à criatividade, evidencia-se sua singularidade de pensamento, curiosidade,

flexibilidade de ideias e ausência de medo em correr riscos. É bastante disperso, presta

atenção em tudo que está a sua volta, e normalmente faz duas coisas ao mesmo tempo.

Sempre atento ao que estava sendo proposto nas oficinas, tem elevado nível de concentração,

apresenta dificuldades em ouvir orientações de atividades, quando estas se estendem, fica

inquieto para iniciar as tarefas. Demonstra conhecimentos superiores a sua faixa etária e

experiência sobre informática. De acordo com o aluno suas áreas de interesse são: Literatura e

Computação. No futuro pretende ser um youtuber5 famoso.

E3: Estuda no 7º ano e tem 11 anos. Ao que se refere a habilidades acima da média, a

aluna demonstra grande interesse e facilidade na leitura, compreensão, escrita e raciocínio

lógico. Quanto ao comprometimento com a tarefa, demonstra perseverança e persistência,

quando lhe é apresentado algo novo, ou busca conhecer algo novo, a aluna se envolve até

alcançar seu objetivo. Ao que se refere à criatividade, a aluna apresenta traços de

perfeccionismo, autonomia, pensamento divergente dos seus pares, técnicas inusitadas para

resolução do que é proposto e vocabulário avançado e incomum para o seu cotidiano.

Apresentou-se ansiosa, comunicativa e questionadora, e demonstrou grande interesse e

facilidade com a leitura e escrita. De acordo com a avaliação psicoeducacional, demonstrou

indicativos de AH/SD nas áreas de Linguagem, Raciocínio Lógico e Dança, sendo

enquadrada no público alvo das AH/SD, classificada na confluência dos tipos produtivo-

criativo e acadêmico. De acordo com a aluna, suas áreas de interesse são: teatro, comunicação

e dança. No futuro pretende ser médica.

E4: Estuda no 7º ano e tem 12 anos. No que tange a habilidade acima da média,

apresenta diversos aspectos de relações espaciais, memória, abstração, fluência verbal,

habilidades artísticas e capacidade de avaliar, resolver e contextualizar problemas propostos.

No envolvimento com a tarefa, apresenta autonomia, e determinação em resolver o que é

5 Youtuber é uma pessoa que cria e posta vídeos frequentemente no site “You Tuber”, esses vídeos podem ser

sobre diversos conteúdos, podendo ser para fins lucrativos ou não.

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proposto ou o que deseja estudar e pesquisar por curiosidade própria. Quanto à criatividade,

apresenta velocidade e singularidade de pensamento, curiosidade, pensamento divergente,

muito criativa, com alta capacidade de análise e síntese, tem respostas inusitadas para sua

idade. Mostrou-se muito tranquila, comunicativa, estrategista, uma líder em seu grupo,

sensível aos acontecimentos sociais e, perfeccionista. De acordo com a avaliação

psicoeducacional, demonstrou indicadores de AH/SD nas áreas de Expressão Verbal,

Comunicação, Áreas Esportivas, possui também afinidade com as disciplinas de História,

Ciências e Geografia, se enquadrando no público alvo das AH/SD do tipo produtivo-criativo.

De acordo com a aluna, suas áreas de interesse são: Matemática, História, Gastronomia,

Criatividade, Soluções de Problemas e Raciocínio Lógico. No futuro, pretende ser veterinária,

professora de História ou algo ligado a Gastronomia.

E5: Estuda no 8º ano e tem 12 anos. Ao que se refere à habilidade acima da média, o

aluno se destaca a tudo que for voltado para a matemática, apresentando pensamento abstrato

altamente desenvolvido, também em trabalhos manuais, como a confecção de origami.

Prefere estudar sozinho e é altamente perfeccionista. Ao que tange o envolvimento com a

tarefa, o aluno apresenta maturidade, pensamento abstrato altamente desenvolvido, dedicado,

persistente, concentrado, focado, desenvolve com maestria tudo que lhe é proposto. Ao que se

refere à criatividade, apresenta pensamento divergente, facilidade em fazer conexões entre as

partes e o todo, originalidade de pensamento, flexibilidades de ideias, curiosidade e

sensibilidade a detalhes. Possui uma timidez intensa, com grande dificuldade de interação

social com quem não possui vínculos diários. Demonstra comportamento introspectivo e

inseguro, mas é um aluno extremamente concentrado, observador, tranquilo e desenvolve

todas as atividades que lhe são propostas com facilidade, agilidade e sem precisar de muitas

explicações. De acordo com a avaliação psicoeducacional, apresenta desempenho intelectual

muito superior ao esperado por sua idade e experiência, e indicadores de AH/SD nas áreas da

Matemática, Raciocínio Lógico, Desenho e noção Espacial, sendo inserido no público alvo

das AH/SD do tipo acadêmico, devido também ao seu alto QI, somado a todas as

características evidenciadas.

4.2.2.2. Sala de SRM-AH/SD turno vespertino (Sala 2)

Esta SRM-AH/SD tem quatorze alunos matriculados, dos quais seis participaram das

oficinas. Estes estudantes, chamados de (Ei) em que i = 6, 7,..,11, são caracterizados a seguir.

E6: Estuda no 7º ano e tem 11 anos. No que se refere às habilidades acima da média,

demonstra grande interesse em robótica, informática e ciências naturais. Possui elevada

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capacidade de articular o pensamento abstrato, a aquisição de novos conhecimentos e

facilidade em atividades de áreas específicas (Física, Matemática, Robótica e Informática).

No que se refere ao envolvimento com a tarefa, E6 estabeleceu um alto desempenho,

demonstrando perseverança, dedicação, esforços e autoconfiança no que executa. No que se

refere à criatividade, demonstra alto nível de produtividade criativa, flexibilidade,

originalidade de pensamento e sensibilidade aos detalhes. Vale salientar ainda que demonstra

ansiedade, facilidade e autonomia para desenvolver as tarefas que lhes são solicitadas.

Também conta com senso de humor refinado, pois suas piadas sempre envolvem

conhecimentos específicos de alguma área do conhecimento. Como fruto da avaliação

psicoeducacional, apresentou desempenho intelectual superior ao esperado para sua idade

cronológica e experiência, apresentando características comportamentais de um aluno com

AH/SD do tipo acadêmico, com destaque em Matemática, Ciências, Robótica e Informática.

Isso foi contatado mediante os testes e avaliações as quais o aluno foi submetido, no entanto,

devido ao ótimo desempenho acadêmico, bem como nos testes psicométricos formais,

acredita-se que o aluno possa manifestar o interesse e engajar-se em atividades também em

outras áreas do conhecimento. Desta forma foi diagnosticado com AH/SD do tipo acadêmico.

De acordo com o aluno, suas áreas de interesse são: Matemática, Ciências e História. No

futuro pretende seguir a carreira de medicina, engenharia mecânica ou civil.

E7: Estuda no 2º ano do Ensino Médio e tem 17 anos. No que se refere às habilidades

acima da média, fica evidenciado aspectos com relações espaciais, memória, abstração,

fluência verbal e, compreende e processa com facilidade as informações recebidas. Sobre o

envolvimento com a tarefa, percebe-se pelo expressivo interesse em realizar produções de

texto com riqueza de vocabulário e ideias, leitura realizada com ritmo, fluência e entonação,

escrita, pesquisas na internet e abstração. Quanto à criatividade, demonstra singularidade de

pensamento, curiosidade, facilidade para produzir textos originais após leitura e situação

problema, criar poesias com expressividade e motivação, além de possuir grande

conhecimento sobre cinema, futebol americano, quadrinhos e música. Demonstrou

tranquilidade, autonomia, perfeccionismo ao desenvolver as tarefas solicitadas, sensibilidade

aos detalhes, e senso de humor refinado. Como fruto da avaliação psicoeducacional,

demonstrou AH/SD nas áreas de Expressão Verbal, Produções Escritas, Cultura, Cinema e

Esporte, sendo inserido no público alvo das AH/SD do tipo produtivo-criativo, devido

também a seu elevado QI. De acordo com o aluno, suas áreas de interesse são: Português,

Inglês, Cinema e Futebol Americano. No futuro pretende seguir a carreira de advogado, juiz,

cineasta ou jogador de futebol americano.

E8: Estuda no 9º ano e tem 13 anos. No que se refere às habilidades acima da média,

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demonstra desempenho superior ao esperado para sua faixa etária e experiências, na área

verbal e raciocínio lógico-matemático. Ao que tange o envolvimento com a tarefa, o estudante

demonstra independência na resolução de situações problemas, compreende e resolve

facilmente o que lhe é apresentado. Ao que se refere à criatividade, o estudante demonstra

originalidade de pensamento, flexibilidades de ideias, curiosidade e ausência de medo em

correr riscos. Porém, possui dificuldades de concentração, está frequentemente inquieto e

agitado. Tem dificuldade para se relacionar com colegas, resiste a registrar conteúdos, e

necessita de motivação constante. Na avaliação psicoeducacional, demonstrou AH/SD na área

acadêmica, com destaque na área da Matemática.

E9: Estuda no 2º ano do Ensino Médio e tem 15 anos. No que diz respeito às

habilidades acima da média, a aluna apresentou desempenho superior sobre relações

espaciais, raciocínio lógico-matemático, memória, abstração, fluência verbal, automatização

do processamento de informações. O comprometimento com a tarefa evidencia seu interesse

em ciências exatas, apresentando raciocínio lógico com resoluções incomuns aliadas à

abstração. A criatividade é outro fator observado na sua singularidade de pensamento,

curiosidade, autonomia, facilidade para expressar suas ideias, perfeccionismo, a atenção aos

detalhes. É uma aluna calma, observadora, disciplinada, sempre solidária com os colegas,

gosta de ajudá-los quando não conseguem, sozinhos, desenvolver as atividades propostas, e

possui um senso crítico bem desenvolvido. De acordo com a aluna, suas áreas de interesse

são: Matemática e Física. Ainda não tem certeza sobre qual carreira pretende seguir no futuro,

podendo ser Engenharia Civil.

E10: Estuda no 7º ano e tem 12 anos. No que diz respeito às habilidades acima da

média, a aluna apresentou pensamento abstrato aguçado, velocidade no pensamento,

facilidade para fazer associações, raciocínio lógico matemático, numérico, relações espaciais

memória e abstração bem desenvolvidos, se comparada aos seus pares. Ao que se refere ao

envolvimento com a tarefa, demonstrou grande interesse em desenhar, pintar e jogos de

estratégias, destacando-se a originalidade do pensamento, resolução de situações problemas

de forma incomum, alto nível de sensibilidade e empatia com os outros. Ao que se refere à

criatividade, a aluna demonstra curiosidade, perfeccionismo e autonomia ao realizar as

atividades propostas. De acordo com a avaliação psicoeducacional, E10, apresenta

desempenho muito acima da média para sua idade cronológica e experiência, demonstrando

AH/SD do tipo produtivo-criativo. Entretanto, E10 possui laudo médico neurológico com

histórico de Transtorno Dissociativo, além de agitação motora com agressividade. Ainda

consta no referido laudo, incoordenação motora e disfasia como sequela da hipóxia neonatal.

Tal sequela é um transtorno do desenvolvimento caracterizado por falha na aquisição da

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linguagem, decorrente de disfunções encefálica envolvendo circuitos relacionados à

compreensão, desenvolvimento e programação da linguagem oral, por este motivo, a aluna

necessitou de intervenção fonoaudiológica. Outro fator que deve ser ressaltado, é que a aluna

sofreu bulling na escola, e desenvolveu quadro depressivo, estando em acompanhamento

psicológico. Esses fatores podem momentaneamente interferir no seu processo de ensino e

aprendizagem, ocultando suas habilidades e áreas de interesse. De acordo com a aluna, suas

áreas de interesse são: Português e Matemática, e ainda não tem clareza de qual carreira

pretende seguir.

E11: Estuda no 2º ano do Ensino Médio e tem 16 anos. No que se refere às

habilidades acima da média, demonstra desempenho superior ao esperado em aspectos com

relações espaciais, memória, abstração, fluência verbal, automatização do processamento de

informações. O comprometimento com a tarefa evidencia-se no interesse em ciências exatas,

com grande expansividade de ideias e argumentos, raciocínio lógico com resoluções

incomuns aliadas à abstração. A criatividade é outro fator observado na sua singularidade de

pensamento, curiosidade, facilidade para expressar suas ideias, agindo com senso de humor

desenvolvido, e criticidade a diversos contextos. Demonstra ansiedade e necessidade em

estabelecer vínculos com as pessoas, após isso demonstra facilidade, criticidade e autonomia

para desenvolver as atividades solicitadas, além de aprender rapidamente coisas que lhe

interessam usando o que aprendeu em outras áreas. É extremamente observador, percebendo

coisas que os demais não percebem, e executa com maestria funções de liderança,

conseguindo convencer seus colegas com facilidade. Segundo a avaliação psicoeducacional,

apresenta desempenho intelectual acima da média para sua idade cronológica e experiência,

demonstrando Altas Habilidades/Superdotação do tipo acadêmico, com enfoque nas áreas de

Matemática, Química, Física e interesse em áreas de Astronomia e Informática. De acordo

com o aluno ainda não sabe qual carreira pretende seguir.

Na Tabela 2, consta um resumo dos tipos de AH/SD de cada estudante, evidenciando

os que possuem AH/SD em Matemática.

O aluno E2, não é enquadrado em nenhum tipo de AH/SD, pois sua avaliação não

deixa claro onde deve ser inserido.

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Estudantes Tipo Acadêmico Tipo Produtivo- Criativo AH/SD em Matemática

E1 X X

E2 ? ?

E3 X X X

E4 X

E5 X X

E6 X X

E7 X

E8 X X

E9 X X

E10 X

E11 X X

Tabela 2: Classificação dos estudantes segundo o tipo de AH/SD

4.2.2.3. Sobre o questionário inicial

Foi realizado um questionário impresso (Apêndice 1), com objetivo de conhecer os

alunos que frequentavam a SRM-AH/SD, saber quais eram seus interesses e facilidades,

conhecer a percepção deles a respeito da sala e saber se conheciam o motivo pelo qual

estavam frequentando esse ambiente.

Com base nas respostas, foi possível perceber que todos os alunos sabem o motivo

pelo qual frequentam a SRM-AH/SD. Evidenciou-se nas respostas, que os alunos

apresentavam ansiedade, empolgação, nervosismo, e altas expectativas para começar

participar das atividades.

Com relação ao dia a dia da SRM-AH/SD, E6 dizia não sentir-se muito motivado, mas

explicou que isso era devido ao fato dos pais oportunizarem muitas experiências e atividades

além do contexto escolar. No entanto, os demais alunos afirmavam que é um ambiente legal,

divertido, dinâmico, produtivo e que proporciona muito aprendizado. Ainda de acordo com os

estudantes, a sala oportunizava aperfeiçoar os conhecimentos que já possuíam e também

desenvolver novos conhecimentos. Outro ponto significativo apontado pelos alunos é que a

sala contribuía muito para fazer novas amizades. Mencionaram também que gostavam muito

das professoras das SRM-AH/SD, pois elas sempre incentivavam e motivavam a busca pelo

conhecimento, no entanto, sentiam falta de aprender mais sobre os conteúdos de Matemática.

Sobre as expectativas com o desenvolvimento das oficinas e o que gostariam de

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estudar, constatou-se que gostariam de aprender conteúdos que não teriam oportunidade de

aprender durante as aulas, desejavam que as atividades fossem mais práticas, de raciocínio

lógico, situações problemas desafiadoras, gostariam também de aprender mais sobre Álgebra.

Os mais jovens destacavam a vontade de aprender sobre ângulos e sobre o Teorema de

Pitágoras. O estudante E7, dizia que queria participar das oficinas para sanar suas dificuldades

em Matemática, e dessa forma conseguir gostar da disciplina. O aluno E11, queria aprender

sobre limites e conteúdos do Cálculo I, pois havia emprestado um livro de Cálculo I e estava

começando a estudá-lo.

A partir das respostas obtidas, uma em especial chamou a atenção. A questão 10 do

questionário (Apêndice 1) era uma questão em aberto, e tinha por objetivo oportunizar que os

alunos falassem sobre algo que gostariam e que não havia sido abordado nas questões

anteriores. Dessa forma, destacou-se a resposta de uma das alunas:

E4: “Altas Habilidades para mim foi uma conquista que literalmente mudou minha

vida. Eu amo ser diferente, o meu jeito de pensar, o meu jeito de agir...” [sic].

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5. PLANEJAMENTO DAS OFICINAS COM OS ACADÊMICOS

Quando exposta aos acadêmicos a questão norteadora desta pesquisa, e solicitado

sugestão de estratégia que poderia ser utilizada para contribuir com o ensino e aprendizagem

dos alunos com AH/SD, a elaboração e implementação de oficinas matemáticas na SRM-

AH/SD foi a opção escolhida. Os acadêmicos acreditavam que, por meio de oficinas,

conseguiriam explorar vários conteúdos matemáticos, indo além do contexto escolar e do

programa desenvolvido e sala de aula regular nas aulas de Matemática.

Ciente das características e especificidades de cada aluno que participa da SRM-

AH/SD, este capítulo apresenta a elaboração das oficinas destinadas a esses estudantes, as

quais têm por objetivo proporcionar um ambiente de enriquecimento curricular envolvendo a

Matemática, para os alunos com AH/SD.

Johnson (2000a) apud Leblanc e Freiman (2011) apresenta diversas sugestões que

podem diferenciar o ensino para alunos superdotados em Matemática: os estudantes devem

ser autorizados a explicar o seu raciocínio (oral e escrita); os recursos usados na sala de aula

devem ser numerosos e variados; problemas em aberto devem ser privilegiados; os alunos

devem ser perguntados "por quê"; problemas e atividades devem se estender além do

currículo.

Com base nestas sugestões, as oficinas foram elaboradas por um grupo de acadêmicos

do curso de Licenciatura em Matemática, com a supervisão da pesquisadora, em encontros

que eram marcados de acordo com a disponibilidade dos acadêmicos, visando sempre

proporcionar aos alunos atividades desafiadoras, que possibilitassem extrapolar a criatividade

no envolvimento com a tarefa, indo além da sala de aula e do currículo. As atividades

apresentam-se de forma variada e com mecanismos que envolvem os alunos na realização da

tarefa, estimulando-os a participar e interagir durante as oficinas.

A primeira oficina elaborada foi a intitulada Noções Iniciais de Geometria Projetiva e,

somente após a aplicação desta, é que os acadêmicos começaram a elaborar a oficina seguinte,

pois destacaram que precisavam conhecer melhor os alunos, além das informações sobre o

questionário inicial, para que pudessem pensar em temas que eles gostariam de estudar. O

processo sempre seguiu desta forma, elaboravam a oficina e somente após sua implementação

iniciavam a elaboração da oficina seguinte. A cada oficina conheciam um pouco mais a

respeito dos alunos participantes, podiam avaliar os pontos positivos e negativos da oficina e

isso facilitava o planejamento da próxima oficina de forma que instigasse e fosse interessante

para os alunos.

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5.1. Elaboração da oficina: Noções Iniciais de Geometria Projetiva

No primeiro encontro entre os acadêmicos e a pesquisadora, para iniciar a

elaboração das oficinas, formam definidos dois grupos cada um deles formado por três

acadêmicos.

Ambos os grupos foram orientados a pensar no primeiro tema para elaboração da

oficina. Após alguns minutos de debates, e pensando no enriquecimento curricular do tipo I o

qual, de acordo com Renzulli (1978), consiste em elaborar atividades exploratórias que

proporcionem aos estudantes novos interesses, que normalmente não fazem parte do

currículo, ampliando dessa forma a possibilidades de estudos futuros, os acadêmicos

decidiram que o tema seria Geometria Projetiva. Este conteúdo, embora esteja previsto nas

diretrizes curriculares da Matemática, dificilmente é abordado em sala de aula. Dessa forma

estariam extrapolando e enriquecendo o currículo, abordando um tema da Geometria Não-

Euclidiana. Os acadêmicos salientaram que, muitas vezes os alunos saem da educação básica

sem ao menos saber que existe a Geometria Não-Euclidiana, por isso apresentavam-se

confiantes que seria um tema promissor e que despertaria o interesse dos alunos.

Definido o tema, iniciou-se a elaboração da oficina, e com as ideias formuladas, de

forma colaborativa, montaram a oficina, descrita no Apêndice 6, com o título: Considerações

Iniciais sobre Geometria Projetiva. Para o preparo desta oficina forma necessários dois

encontros de aproximadamente quatro horas.

A primeira oficina foi elaborada coletivamente pelos dois grupos, para que juntos

selecionassem os conteúdos e buscassem formas de trabalho para atender os alunos,

conscientizando-os de que, embora fosse uma tarefa desafiadora, eles eram capazes de fazer

um bom trabalho. Cada grupo aplicou em uma sala.

Após a implementação desta oficina, os acadêmicos demonstravam mais confiança e

motivação. Desta forma, para a elaboração das próximas oficinas, foram instruídos a trabalhar

somente com seu grupo e a orientação da pesquisadora. As oficinas mencionadas nesta seção

estão descritas, de forma detalhada, no Produto Educacional constante do Apêndice 6.

5.2. Elaboração da Oficina Desafios Matemáticos.

Durante a aplicação da oficina sobre Geometria Projetiva, os acadêmicos perceberam

que os alunos gostavam muito de resolver desafios matemáticos, eles sugeriram uma oficina

com esse tema. Por este motivo, a segunda oficina foi planejada para proporcionar aos alunos

a resolução de tarefas desafiadoras, pois, como apontam Diezmann e Watters (2000), isso

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aumenta a motivação, o que potencializa o aprendizado, o desenvolvimento pessoal, a

autonomia e a criatividade matemática.

É evidente que atividades desafiadoras são importantes para a aprendizagem de alunos

com AH/SD, mas igualmente importante é a elaboração e o planejamento destas atividades,

para que sejam apropriadas e os alunos mantenham-se envolvidos durante a sua resolução.

Esta oficina foi elaborada e implementada pelo grupo B. O planejamento e elaboração

foram efetuados em seis horas, divididas em dois encontros. Inicialmente os acadêmicos

queriam fazer uma caça ao tesouro, porém sentiram dificuldade em organizar as várias pistas

e ao mesmo tempo envolver questões com desafios matemáticos. Outras dificuldades

encontradas foram não conhecer o ambiente físico do colégio, e a movimentação dos alunos

que poderia atrapalhar as aulas nas demais salas.

Após refletirem sobre os prós e contras da realização de uma caça ao tesouro,

decidiram modificar a dinâmica, porém, estavam certos de que uma oficina com várias

questões e desafios matemáticos chamaria a atenção dos alunos.

Percebeu-se, que os acadêmicos sentiam-se na obrigação de oferecer aos alunos com

AH/SD um ambiente de enriquecimento curricular que fugisse da monotonia da sala de aula, a

qual eles constantemente reclamavam.

O grupo como um todo, foi cuidadoso ao escolher as questões que fariam parte desta

oficina, preocuparam-se em trazer questões desafiadoras, de raciocínio lógico e também

envolvendo conteúdos do currículo, como volume de paralelepípedo e conversão de medidas

de capacidade, pois a intensão era manter os alunos envolvidos o tempo todo. Parte das

questões utilizadas foram extraídas do site “Os Vigaristas”6, o qual contém inúmeras charadas

de matemática, e do livro intitulado “Problemas, quem não têm?”, este livro é uma coletânea

de problemas matemáticos (COLOMBO; LAGOS, 2005).

Para entrar em consenso de qual seria a dinâmica adotada, os acadêmicos precisaram

da ajuda da pesquisadora.

Esta oficina foi planejada considerando o Enriquecimento do Tipo II de Renzulli

(1978), pois o mesmo envolve o desenvolvimento de atividades, oficinas, que busquem

desenvolver nos alunos as habilidades gerais do pensamento crítico, resolução de problemas e

pensamento criativo.

5.3. Elaboração da oficina: Brincando com a Matemática

A elaboração e implementação desta oficina foi feita pelo grupo A. A oficina foi

6 Disponível em: <https://www.osvigaristas.com.br/>. Acesso em: 02/06/17.

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planejada pelos acadêmicos para mostrar a Matemática de forma divertida, pois durante a

implementação da oficina anterior, os alunos mencionaram que gostariam de aprender mais

sobre representações algébricas.

As atividades desta oficina envolvem adivinhações e raciocínio lógico, e foram

elaboradas utilizando o livro intitulado “A magia da Matemática: atividades investigativas,

curiosidades e histórias da Matemática” (SÁ, 2010) , e o site “Só Matemática”7. A elaboração

foi realizada em dois encontros com três horas cada.

Outra motivação para a elaboração desta oficina foi que as acadêmicas do grupo A, já

haviam realizado algumas das atividades propostas no referido livro, em salas de aula

regulares, e gostariam de verificar se, realmente, havia diferença entre os dois públicos.

Relataram que nas salas de aulas regulares, os alunos se divertiam, porém não conseguiam

perceber os conteúdos matemáticos e principalmente a parte algébrica da matemática, que

tornava cada adivinhação possível. Acreditavam que os estudantes se interessariam em

compreender a parte algébrica da Matemática, existente em cada atividade proposta. Desta

forma, esta oficina, considera o enriquecimento do Tipo II de Renzulli (1978), pois envolve o

desenvolvimento de níveis superiores de processo de pensamento, como na resolução de

problemas e pensamento criativo dos alunos.

5.4. Elaboração da oficina: Considerações Iniciais sobre Geometria Fractal

A elaboração e implementação desta oficina foi feita pelo grupo A. O objetivo desta

oficina é proporcionar aos estudantes com AH/SD, o conhecimento de mais uma Geometria

Não-Euclidiana, pois quando implementada a primeira oficina, os alunos ficaram curiosos

para saber quais outras Geometrias Não-Euclidianas existiam. Desta forma, para atender aos

interesses dos alunos, foi escolhida a Geometria Fractal.

A temática desta oficina, já havia sido aplicada pelas acadêmicas na XIX Semana da

Matemática, realizada na Universidade Estadual do Centro-Oeste, no ano de 2016. No

entanto, foram feitas adequações, para aplicar a oficina com os alunos da SRM-AH/SD.

A motivação para elaboração desta oficina foi que as acadêmicas do grupo A

gostariam de ver como esses alunos se comportariam diante de um tema que já havia sido

abordado com acadêmicos. Acreditavam que seria uma oficina que traria muitas contribuições

matemáticas para os alunos com AH/SD, como, por exemplo, desenvolver a capacidade de

generalização de fórmulas.

Esta oficina envolve o enriquecimento dos Tipos I e II de Renzulli (1978), pois além

7Disponível em: <http://www.somatematica.com.br/index2.php> acesso em:10/08/17.

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de oportunizar aos alunos com AH/SD, atividades exploratórias que proporcionam novos

interesses, que normalmente não fazem parte do currículo, envolve também o

desenvolvimento de níveis superiores do processo de pensamento, como o de analisar,

sintetizar e generalizar fórmulas.

Vale destacar que as oficinas não foram planejadas com o objetivo de abordar o

enriquecimento do tipo III que, de acordo com Renzulli, consiste em atividades que tornem os

alunos investigadores e formuladores de problemas em situações reais.

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6. IMPLEMENTAÇÃO E ANÁLISE DAS OFICINAS NA SRM-AH/SD

Este capítulo apresenta a análise das experiências vivenciadas pela aplicação das

oficinas envolvendo conteúdos matemáticos, para os alunos da SRM-AH/SD no município de

Guarapuava-PR.

A análise das oficinas esteve pautada na observação direta, que é uma técnica de coleta

de dados para conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados

aspectos. Este tipo de observação ajuda o pesquisador a obter provas a respeito de objetivos

sobre os quais os indivíduos não têm consciência, mas que orientam seu comportamento

(MARCONI; LAKATOS, 2009). Também foi utilizada categorização que, de acordo com

Bardin (1977), é um dos procedimentos de análise de conteúdo que permite o agrupamento de

elementos da pesquisa, para que fique claro perceber o que eles possuem em comum. Desta

forma, foi elaborada uma tabela, com cinco classes, para analisar quais alunos com AH/SD

apresentaram: criatividade, comprometimento com a tarefa, pensamento abstrato, utilização

da lógica dedutiva a aprendizagem significativa, no decorrer de cada uma das oficinas. As três

primeiras classes foram escolhidas porque compõem os Três Anéis de Renzulli. A quarta é

característica dos alunos com AH/SD em Matemática evidenciada por Machado (2013) e a

aprendizagem significativa, que é um dos objetivos desta pesquisa.

6.1. Categorias

Vale salientar que a escolha destas cinco categorias foi feita após a aplicação das

oficinas, pois, a partir do aporte teórico utilizado, verificou-se que elas foram apresentadas

pelos alunos em todas as oficinas.

6.1.1. Criatividade

A criatividade é um traço frequentemente notado entre os indivíduos com AH/SD. É

caracterizada pela grande imaginação e habilidade em gerar ideias interessantes na forma de

escrever, falar ou demonstrar suas aptidões e competências. Indivíduos criativos tendem a ter

independência de pensamento e de ideias, além de ver humor em situações que nem sempre as

outras pessoas tem a sensibilidade de perceber (VIRGOLIM, 2007).

Para Monteiro (2016), a criatividade também está relacionada com a clareza, destreza,

capacidade de produzir soluções inusitadas com as experiências já vivenciadas, sensibilidade

e originalidade de ideias.

Criatividade em Matemática, em consonância com Gontijo (2006), refere-se à

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capacidade de apresentar inúmeras possibilidades de soluções apropriadas para uma situação

problema, especialmente formas incomuns ou originais, e também ao que tange a

organização, elaboração ou classificação de objetos ou elementos matemáticos (GONTIJO,

2006).

De acordo com Virgolim (2007), a criatividade pode ser modificada e influenciada

positivamente por experiências educacionais bem planejadas. Desta forma, cabe ao professor

aproveitar o potencial que seu aluno possui e promover atividades enriquecedoras para

estimular o aluno. É uma habilidade universal que precisa ser reconhecida e desenvolvida.

Desta forma, acredita-se que atividades que envolvam o enriquecimento curricular dos tipos I,

II ou III de Renzulli (2004) podem contribuir efetivamente para isso.

6.1.2. Comprometimento com a tarefa

O comprometimento com a tarefa ou motivação, de acordo com Renzulli (1978), é

caracterizado pelo empenho e interesse do aluno em relação à determinada atividade ou tarefa

a ele proposta, sendo fortemente marcada pela persistência no desenvolvimento de tal

atividade até que ela seja cumprida na íntegra.

De acordo com Kuethe (1978), a motivação se manifesta por meio do comportamento

de um indivíduo perante um trabalho, atividade ou estudo, estando relacionada com o

movimento empregado para alcançar a meta a ele proposta. O autor supracitado salienta que a

motivação estimula a atenção e consequentemente proporciona o ensino e aprendizagem.

Desta forma, é importante que um aluno com AH/SD sinta-se motivado e encorajado

constantemente pelo professor, pois assim, pode empregar maior energia em suas atividades,

o que o levará a melhorar seu desempenho, a aprender mais e a desenvolver ainda mais as

suas habilidades.

6.1.3. Pensamento abstrato

Para entender o que é pensamento abstrato, é pertinente entender qual o conceito das

palavras pensamento e abstrato. Pois bem, a palavra pensamento, de acordo com dicionário

Aurélio online8 significa o ato ou faculdade de pensar, ou seja, é o poder de formular

conceitos. De acordo com Jung (1960) é uma função psicológica racional, que estabelece

relações de ordem comportamental entre conteúdos representativos, onde as pessoas são

capazes de julgar como verdadeiro ou falso, ou como correto e errado. A palavra abstrata, de

8 Disponível em:< https://dicionariodoaurelio.com/pensamento>Acesso em 12/11/2017

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acordo com o dicionário Aurélio online, significa o que se considera existente no domínio das

ideias e sem base material, ou seja, o abstrato se opõe ao concreto. Desta forma, o indivíduo

pode abstrair traços gerais e daí obter ideias de tudo aquilo que observa.

Sendo assim, a capacidade de abstração é resultado da evolução do pensamento, em

que o indivíduo consegue compreender e construir conceitos novos sem que estes sejam

construídos empiricamente, ou seja, sem a necessidade de experiências.

Segundo Piaget (2003) no pensamento abstrato o conhecimento supera o próprio real e

liga diretamente o possível ao necessário, sem a mediação do concreto.

A partir dos doze anos de idade, a criança amplia suas capacidades mentais, atingindo

o pensamento abstrato. Nesta fase fica marcado o pensamento dedutivo e proposicional, com

o qual a criança já consegue raciocinar sobre hipóteses, formar esquemas conceituais abstratos

e por meio deles executar operações mentais seguindo a lógica formal (MACHADO, 2013).

O pensamento abstrato em matemática emerge quando o estudante elabora sua

resposta por meio de raciocínio e ações interiorizadas, fazendo uso das ações e de suas

experiências lógico-matemáticas. Para Piaget o papel das experiências lógico matemáticas é

fazer a preparação necessária para chegar ao desenvolvimento do pensamento dedutivo, o

qual está diretamente ligado com o pensamento abstrato (MACHADO, 2013).

6.1.4. Lógica Dedutiva

A lógica dedutiva, pensamento lógico dedutivo, ou ainda raciocínio hipotético

dedutivo, é o raciocínio que faz uso da dedução, para obter uma conclusão a respeito de

determinada premissa. De acordo com Machado (2013), quando o aluno possui pensamento

lógico dedutivo, ele faz uso de estratégias cognitivas e metacognitivas para solucionar

problemas de matemática, apresentando diversos caminhos e soluções diferenciadas.

Indivíduos com AH/SD, quando utilizam o raciocínio hipotético dedutivo, elaboram

no nível da abstração, soluções para os problemas, considerando as variáveis presentes,

demonstrando elevado nível de inteligência quando comparado aos seus pares. “O aluno

adquire capacidade de deduzir as conclusões de puras hipóteses e não somente por meio de

uma observação real” (MACHADO, 2013, p. 52).

No que tange ao raciocínio hipotético dedutivo, Piaget afirma que este está baseado

em uma hipótese, que leva a certas deduções lógicas, onde essa hipótese pode existir na

forma, ou implicar conclusões passíveis de verificação na realidade concreta (PULASKI,

1986).

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42

6.1.5. Aprendizagem Significativa

A teoria da aprendizagem significativa, atribuída a David Paul Ausubel9, implica a

necessidade de considerar o conhecimento prévio do aluno para construir a partir dessa base o

novo conhecimento, respeitando a relação lógica entre eles.

Para Ausubel, o fator isolado mais importante que influencia a aprendizagem é aquilo

que o aprendiz já sabe, que deve ser, averiguado e ensinado de acordo (AUSUBEL, 1976). Ao

mencionar sobre aquilo que o aprendiz já sabe, Ausubel se refere à estrutura cognitiva do

aprendiz, que é o conteúdo total e organizado de informações e ideias, presentes no indivíduo,

em áreas particulares de conhecimentos (MOREIRA, 2009).

Ausubel sugere a utilização de organizadores prévios para a construção de um novo

conhecimento para, de fato, ancorar a nova aprendizagem, levando o aluno ao

desenvolvimento de novos conceitos subsunçores, que são uma estrutura específica ao qual

uma nova informação pode se integrar ao cérebro humano, que é altamente organizado e

detentor de uma hierarquia conceitual que armazena experiências prévias do aprendiz, de

modo a facilitar a aprendizagem subsequente (AUSUBEL; NOVAK; HANESIA, 1980).

Para tornar mais clara a aprendizagem, a aquisição e organização de significados na

estrutura cognitiva do indivíduo, Ausubel propõe a teoria da assimilação, representada na

Figura 4.

Figura 4: Esquema da Assimilação

Fonte: MOREIRA, 1999

Entende-se que a assimilação ocorre quando um conceito (a), potencialmente

significativo, é assimilado sob uma ideia ou conceito já existente na estrutura cognitiva, então

(a) se relaciona com o conceito subsunçor (A), o que promove a modificação de (A), gerando

então (a‟A‟), que é a nova unidade, é o conceito subsunçor modificado.

Ausubel distingue a aprendizagem significativa em três tipos: representacional, de

conceitos e proposicional.

9 Bibliografia disponível em <http://www.biografiasyvidas.com/biografia/a/ausubel.htm> acessado 03 de

novembro de 2017.

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A aprendizagem representacional é o tipo mais básico de aprendizagem

significativa do qual os demais dependem. Envolve a atribuição de significados a

determinados símbolos (tipicamente palavras), isto é, a identificação, em

significado, de símbolos com seus referentes (objetos, eventos, conceitos). Os

símbolos passam a significar, para o indivíduo, aquilo que seus referentes

significam. Uma determinada palavra (ou outro símbolo qualquer) representa, ou é

equivalente em significado, determinados referentes. Quer dizer, significa a mesma

coisa.

A aprendizagem de conceitos é, de certa forma, uma aprendizagem

representacional, pois conceitos são, também, representados por símbolos

particulares, porém, são genéricos ou categóricos já que representam abstrações dos

atributos criteriais (essenciais) dos referentes, i.e., representam regularidades em

eventos ou objetos. Ausubel (1978, p. 89) define conceitos como "objetos, eventos,

situações ou propriedades que possuem atributos criteriais comuns e são

designados, em uma dada cultura, por algum signo ou símbolo aceito".

Na aprendizagem proposicional, contrariamente à aprendizagem representacional,

a tarefa não é aprender significativamente o que palavras isoladas ou combinadas

representam, e sim aprender o significado de idéias em forma de proposição. [...] Ou

seja, a tarefa é aprender o significado que está além da soma dos significados das

palavras ou conceitos que compõe a proposição (AUSUBEL, 1978, apud

MOREIRA, 2009, p. 16,17).

Embora a aprendizagem significativa seja preferida, Ausubel também define a

aprendizagem mecânica, pois salienta que, em determinados momentos, ela também é

necessária. “Ausubel define aprendizagem mecânica, ou automática, como sendo aquela em

que novas informações são aprendidas praticamente sem interagirem com conceitos

relevantes existentes na estrutura cognitiva, sem ligarem-se a conceitos subsunçores

específicos” (MOREIRA, 2009, p. 9).

6.2. Desenvolvimento das Oficinas

6.2.1. Noções Iniciais de Geometria Projetiva

Esta oficina foi aplicada nas duas SRM-AH/SD, sendo que o Grupo A o fez no turno

vespertino e o Grupo B no turno matutino. Na implementação da oficina sobre Geometria

Projetiva, realizada pelo Grupo B, estavam presentes quatro alunos: E1, E2, E3, e E4. Na

realizada pelo grupo A, estavam três alunos: E6, E7 e E11. Em cada uma das salas a

implementação foi realizada em seis aulas, divididas igualmente em dois dias.

Este foi o primeiro contato dos alunos da SRM-AH/SD com os acadêmicos, eles não

se conheciam e estavam ansiosos para iniciar as oficinas. A interação dos acadêmicos com os

alunos foi imediata. Salientamos algumas falas dos alunos da Sala 1, logo nos primeiros

minutos de oficina, para mostrar que eles se apresentavam bem humorados, gostavam de fazer

piadinhas e interagiam bem.

E3: Aqui todos somos normais! Quer dizer, o E1 é o diferentão [sic].

E1 não deixou por menos e logo respondeu com ar engraçado.

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E1: É verdade! Eu sou o mais bonito [sic]!

Os acadêmicos iniciaram as oficinas, contando que a Geometria Projetiva, era uma

Geometria não-Euclidiana, que possuía características diferentes das que eles já haviam

estudado sobre geometria nas aulas de Matemática. A Sala 2 permanecia em silêncio, somente

prestando atenção no estava sendo exposto, já a outra turma iniciou com questionamentos:

E4: Vamos fazer contas [sic]?

Pesquisadora: Não! Hoje não vamos trabalhar com números [sic].

E4: Mas, matemática sem números [sic]?

B1: Sim, a matemática não é só trabalhar com números, vai muito além disso.

Uns instantes pensando e logo vem outra resposta.

E4: Minha professora disse que matemática sempre trabalha com números [sic].

Neste momento os acadêmicos olham para a pesquisadora, com olhar de quem queria

ajuda, pois não sabiam o que responder.

A pesquisadora, então, argumentou que não deveria ter sido isso que a professora quis

dizer, talvez tenha se expressado mal, porque nas aulas de Matemática geralmente vocês

trabalham com números. Apesar de, aparentemente, não estar convencida, a aluna conteve-se

e não deu continuidade ao assunto.

Em seguida, os acadêmicos orientaram a turma a sentar formando um semicírculo com

as carteiras, solicitaram que observassem o vaso de flores que havia sido colocado no centro

da sala (Figura 4) e o reproduzissem em forma de desenho, da forma como estavam

visualizando. Neste momento os acadêmicos colocaram a disposição dos alunos lápis de

escrever, borrachas e lápis de cor e deixaram a critério dos mesmos a decisão de colorir ou

não.

Figura 5: Foto do vaso de flores

Quando proposta a atividade para os alunos percebeu-se que o aluno E1 estava com o

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braço direito quebrado, ele era destro e estava dispensado das aulas com atestado médico, mas

mesmo assim, quis vir para participar da oficina. O que parecia um problema para os

acadêmicos, ele resolveu rapidamente.

E1: Eu não escrevo com a mão esquerda, mas já estou me adaptando, minha letra fica

feia, mas já dá para entender, então acho que consigo desenhar com a mão esquerda também

[sic].

Enquanto desenhavam estavam bem inquietos, olhando sempre o desenho do outro,

preocupados em fazer um desenho bonito, e sempre conversando uns com os outros.

E3 ficava tentando mexer no vaso, mas seus colegas não deixavam, diziam que se

mexesse ia estragar o desenho deles.

E2 estava bem incomodado com o seu desenho, e insatisfeito, ficava dizendo que o

desenho estava feio e que ninguém iria gostar.

E1 estava incomodado com o barulho que o projetor fazia, falava que estava

atrapalhando sua concentração.

Além disso, tudo em volta chamava atenção dos estudantes. Estavam fazendo a

atividade, mas ao mesmo tempo, sentiam necessidade de conversar uns com os outros. O

resultado desta atividade é apresentado na Figura 5.

Figura 6: Desenhos do vaso de flores

Fonte: estudantes. 2017.

Os desenhos (4), (5), (6) e (7) são da Sala 1, e os desenhos (1), (2) e (3) da Sala 2.

Após prontos os desenhos, iniciou-se a discussão.

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Os alunos da Sala 1 observaram que os desenhos de números (5) e (6) apresentavam

maior noção de profundidade e que o desenho (5) foi o que ficou mais próximo de uma foto.

Perceberam, também, que a base do vaso desenhada em (7) comprometeu o desenho,

prejudicou a impressão de profundidade que o desenho deveria mostrar e que as flores de (5)

eram as que retratavam melhor as flores expostas.

Os alunos comentavam que os desenhos ficaram todos diferentes, que em alguns as

rosas apareciam e em outros não (observe Figura 5). Dependendo do lugar onde o aluno

estava sentado, ele não poderia ver as rosas vermelhas. Concluíram, assim, que cada um via o

vaso de ângulo diferente.

Vale salientar que o desenho (4) foi feito pelo aluno que estava com braço quebrado,

portanto ainda estava desenvolvendo suas habilidades com a mão não dominante. Embora

tenha encontrado dificuldades para segurar o papel e fazer o desenho, tudo com a mesma mão,

ficou evidente, que ele também possui noções de profundidade e perspectiva. O desenho ficou

um pouco inclinado, mas acredita-se que isso se deve ao fato dele tê-lo feito debruçado sobre

a mesa, logo esse era o seu ângulo de visão.

Com os desenhos percebeu-se que as meninas foram mais perfeccionistas, se

preocuparam mais em deixar o desenho colorido, para retratar o mais próximo possível o que

estavam vendo já os meninos preferiram deixar o desenho sem colorir. O aluno E1 queria um

lápis 6B, pois queria fazer um grafitado, que tornaria o desenho mais profissional, de acordo

com ele, mas, como não havia esse lápis no momento e ele não conseguiu fazer o grafitado

com o lápis comum de escrever, resolveu colorir as flores.

Na Sala 2 houve um pouco de resistência do aluno E11 (desenho (3)). Ele declarava

que não gostava de desenhar, mas mesmo assim cumpriu a atividade com êxito.

Os alunos relatavam que os três desenhos (1), (2) e (3) apresentavam noções de

profundidade, perspectiva e proporção. Os desenhos (1) e (2) foram feitos por E7 e E6,

respectivamente, ambos são extremamente perfeccionistas e demoraram mais de uma hora

para fazê-lo. E11 terminou com agilidade seu desenho e ficou observando os colegas e

reclamando:

E11: Por isso que eu não gosto de desenhar, veja meu desenho ficou muito feio [sic].

A2: Não ficou feio! Eu gostei [sic].

E11: Não ficou feio, ficou horrível [sic].

De acordo com Gross (2014) apud Piske (2017), os alunos superdotados possuem

maior intensidade emocional, por vezes sentem dificuldades em conter suas emoções. O que

podia ser percebido em E11 era que ele se sentia extremamente incomodado, pois tinha

convicção de que o desenho de seus colegas iria ficar mais bonito que o dele, estava inquieto

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e não conseguia conter suas emoções, não aceitando a condição de que alguém podia ser

melhor que ele em uma determinada situação.

No entanto, com os desenhos do vaso de flores, contatou-se que somente alguns

alunos tinham noção de mudança de dimensão e espaço. Porém, eles tinham noção de

proporção, pelo tamanho das flores que foram desenhadas em relação ao tamanho do vaso,

salvo em (3), no qual as rosas foram desenhadas em proporção bem menor do que deveriam.

Encerrada esta atividade, os alunos foram orientados a desenhar uma estrada. Alguns

dos desenhos estão apresentados na Figura 7.

Neste momento percebeu-se que os alunos da Sala 1 já tinham noções dos elementos

da Geometria Projetiva, como o ponto de fuga e as linhas de fuga, com exceção do E1,

observe (3).

Alguns comentários:

E3: A professora de Arte já ensinou desenhar uma estrada [sic].

E2: Ela falou que precisa fazer o ponto de fuga [sic].

B3: Então vocês aprenderam sobre Geometria Projetiva [sic]

E3: Não! A gente aprendeu fazer desenhos nas aulas de Arte [sic].

B2: Mas o ponto de fuga, e as linhas de fuga que a professora de vocês deve ter

ensinado desenhar também, são elementos da Geometria Projetiva [sic].

E1: Aula de Matemática na aula de Arte então [sic]?

Pesquisadora: A professora não comentou nada sobre Geometria Projetiva com vocês

[sic]?

E3: Não [sic]!

Figura 7: Fotos dos desenhos de estradas

Fonte: estudantes. 2017.

Desta forma, os alunos ficaram meio duvidosos, pensando se era conteúdo de Arte ou

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de Matemática, porém entenderam com facilidade, que os conteúdos podem ser trabalhados

de maneira interdisciplinar.

A interdisciplinaridade não visa apenas a integração de conteúdos, ela tem como

objetivo principal garantir a construção de um conhecimento global, rompendo com

as fronteiras das disciplinas. Articular o saber, o conhecimento, a vivência, a escola,

a comunidade, o meio ambiente e outros aspectos tornou-se características da

interdisciplinaridade, que traduz na prática um trabalho coletivo e solidário na

organização escolar (BARROS; CONCEIÇÃO; VIEIRA, 2010. p. 2).

Os alunos com AH/SD entenderam a importância da interdisciplinaridade, pois isso

possibilita uma visão global dos conteúdos, sem que eles fiquem limitados ao conteúdo de

cada disciplina. Neste sentido, os alunos com AH/SD demonstraram ter clareza ao relacionar

os conteúdos trabalhados com as outras disciplinas do currículo escolar.

Como os alunos perceberam que já tinham algum conhecimento sobre a temática que

estava sendo abordada, ficaram mais curiosos para saber mais sobre a Geometria Projetiva.

Desta forma, de acordo com Ausubel, no desenvolvimento da oficina, foi considerado o

conhecimento prévio dos alunos, para que, a partir disso, fosse facilitada a compreensão e o

aprendizado dos novos conceitos que estavam sendo apresentados.

Como próxima atividade, foram apresentadas obras do Renascimento, com o intuito de

mostrar a noção de profundidade que algumas obras mais antigas não possuíam. Observe

Figura 8.

Figura 8: O Chamado dos Apóstolos de Duccio di Buoninsegna e A Anunciação de Leonardo da Vinci.

Fonte: Gonçalves, 2013.

Neste momento os alunos estavam bem atentos, e conseguiram perceber nitidamente a

diferença entre as obras. Além das imagens da Figura 8, foram também mostradas outras

obras de Buoninsegna e Leonardo da Vinci.

A seriedade do momento foi interrompida por uma piadinha “inteligente”.

E2: Vocês sabiam que a Citroen é superdotada [sic]?

E assim, como percebeu que ninguém entendeu, ele explicou rindo.

E2: Picasso é da Citroen, e vocês acabaram de comentar que ele também era

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superdotado [sic].

Percebe-se um senso de humor aguçado neste menino, além de criatividade e

originalidade, o que também são características do superdotado.

De acordo com Piske (2017), as crianças superdotadas adoram humor baseado em

jogos de palavras, podendo ter dificuldades em encontrar pessoas que apreciem isso. Outra

dificuldade é encontrar pessoas que consigam entender de imediato, como pode ser observado

neste caso em que ele precisou explicar a piada para que todos entendessem.

Na sequência foram trabalhadas as atividades 4 e 5, que abordavam o surgimento da

Geometria Projetiva, os elementos da Geometria Projetiva e tipos de perspectiva. Após estas

explicações, alguns alunos refizeram o desenho da estrada. A Figura 9, expressa, do lado

esquerdo, o desenho sem o conhecimento de Geometria Projetiva e, do lado direito, após

serem abordados os elementos da Geometria Projetiva.

Figura 9: Comparação entre os desenhos da estrada

Fonte: estudantes. 2017

De acordo com Gonçalves (2013), a perspectiva é uma representação realística de uma cena

espacial em um plano. Foi exatamente isso que foi proposto aos alunos quando desenharam a

estrada e o vaso de flores, porém o fizeram sem os conhecimentos de perspectiva e dos

elementos da Projetiva. Agora, após estudarem sobre isso, foi proposto que fizessem o

desenho de um dado, disposto sobre a mesa.

Na Figura 10 estão retratados apenas os desenhos dos alunos da Sala 2, pois os da

Sala 1 estão muito próximos a estes. Constata-se neste momento que ocorre a aprendizagem

significativa, pois segundo Ausubel, a aprendizagem significativa é aquela que se relaciona,

interliga as aprendizagens realizadas a aquilo que o sujeito já sabe (AUSUBEL; NOVAK;

HANESIA, 1980).

Com exceção do desenho (1), que foi feito pelo aluno E2, os demais já mostram os

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conhecimentos adquiridos, como ponto de fuga e as linhas de fuga, as quais aparecem

nitidamente nos desenhos (2), (3) e (4); noções de dimensão e proporção, no desenho das

faces do cubo de tamanhos diferentes; noções de perspectiva e diferentes pontos de

observação sobre o mesmo objeto. Por exemplo, E4, estava bem em frente a uma das faces do

dado, e isso foi retratado adequadamente no desenho (2).

Figura 10: Desenho do cubo

Fonte: estudantes. 2017.

O principal objetivo desta oficina é fazer com que os alunos percebam que na

Geometria Euclidiana as retas podem ou não se encontrar em um ponto, e são chamadas

respectivamente de concorrentes e paralelas. Já na Geometria Projetiva, retas paralelas no

plano da visão serão concorrentes quando representadas no plano euclidiano.

Este objetivo foi atingido, após serem expostos e discutidos os conceitos dos

elementos da Projetiva, com base na comparação dos desenhos da estrada, como os da Figura

9. Evidencia-se mais uma vez a aprendizagem significativa de Ausubel, pois os alunos

relacionaram e interligaram a aprendizagem realizada aos conhecimentos pré-existentes de

retas paralelas e concorrentes da Geometria Euclidiana.

A próxima atividade desenvolvida tinha por objetivo introduzir o conteúdo de ilusão

de ótica. Imagens, como a da Figura 11, foram expostas.

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Figura 11: Imagem que contém ilusão de ótica

Fonte: site Mundo Educação10

Com esta imagem os alunos conseguiram observar que, dependendo do ângulo de

visão, a imagem que viam modificava. Inicialmente observaram as duas pessoas sentadas ao

centro da imagem, na qual a da direita está tocando uma viola e a da esquerda está com as

mãos no chapéu. Também observaram uma mulher ao lado direito da imagem, saindo de uma

porta. Em seguida, perceberam que na imagem também poderiam ser vistos um casal de

idosos, já grisalhos, e que o homem que estava à direita era calvo. Esta imagem deu margem

para os alunos lembrarem e comentarem, de outras imagens semelhantes que eles já haviam

visto na internet.

Esse momento foi dinâmico. Os alunos estavam empolgados observando as imagens,

praticamente não foi necessário intervenções para mostrar o que as imagens representavam.

Eles conseguiam observar com facilidade e interagiam entre si, contando qual imagem

identificaram antes.

Os acadêmicos falaram também sobre as noções de perspectiva ao tirar fotos,

ilustrando com imagens como a Figura 12. Então, os alunos foram levados para o pátio da

escola, e foi permitido o uso de seus celulares para tirarem fotos utilizando perspectiva, nas

quais as poses deveriam dar uma noção diferente de dimensão, onde coisas impossíveis

parecem acontecer.

10

Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/ilusao-optica.htm> Acesso em: 12/05/17.

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Figura 12: Pegando o ganso entre os dedos da mão

Esta atividade foi bastante dinâmica e prática. Foi planejada para atender o pedido de

vários alunos que solicitavam que as oficinas fossem diferentes das aulas habituais. Além

disso, a atividade permitiu que eles trabalhassem colaborativamente. Resultaram algumas

imagens, mostradas na Figura 13.

Figura 13: Fotos registradas pelos alunos sobre noções de perspectiva

Fonte: estudantes, 2017.

Os alunos ficaram empolgados e concentrados na atividade solicitada, utilizando muita

criatividade na produção das fotos. Em consonância com Moreira (2010), o ensino deve ser

acompanhado de ações e demonstrações e, sempre que possível, deve ser dado ao aluno

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oportunidade de trabalhos práticos.

Após as fotos, os alunos foram questionados pelos acadêmicos e pela pesquisadora, a

explicar como eles fizeram para tirar fotos fazendo objetos maiores parecerem menores e

objetos menores parecerem maiores. Podemos destacar uma das respostas.

E3: Se eu queria deixar um objeto menor, bem maior, eu aproximava ele da câmera.

Pesquisadora: E por que será que isso acontece? O que da matemática está por trás

disso?

Pensavam, refletiam, olhavam uns para os outros, e nada respondiam.

Pesquisadora: Será que isso tem alguma coisa a ver com o ângulo formado entre o

orifício da câmera e o objeto fotografado?

Analisaram novamente, olharam as fotos que haviam tirado e conjuntamente

conseguiram concluir que, quanto maior fosse o ângulo formado entre a câmera e o objeto

fotografado, maior o objeto pareceria. Ainda exemplificaram que, quando queriam que a mão

parecesse bem maior que o prédio era necessário aproximá-la muito da câmera (observe

Figura 13). Os participantes da Sala 2 chegaram à mesma conclusão.

Constatou-se que os alunos conseguiram, a partir dos conhecimentos prévios que

possuíam sobre ângulos, fazer relações com o que objetivavam nas fotos, e concluíram que

isso estava diretamente relacionado com o ângulo formado entre a câmera e o objeto, quanto

maior fosse o ângulo, maior o objeto pareceria, caracterizando novamente a aprendizagem

significativa. Ficou evidente, também, o pensamento abstrato e o pensamento lógico dedutivo,

pois após participarem da experiência, os alunos elaboraram hipóteses e no campo das ideias

conseguiram assertivamente concluir a relação existente entre o ângulo e o tamanho da

imagem. (observe Figura 14).

Figura 14: Visualização do ângulo formado entre objeto e câmera

Para finalizar a oficina, foram expostos alguns questionamentos sobre a geometria da

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visão, como por exemplo: “Como a visão produz o efeito de profundidade?” ou ainda: “ Será

que é possível construir algum objeto que se comporte como o olho humano?”

Estes questionamentos tinham o intuito de aguçar a curiosidade dos alunos, para ver se

pesquisariam sobre o tema. Foi dito para eles que poderiam continuar estudando sobre esta

geometria e compartilhar com os colegas o que encontrassem, poderiam até mesmo fazer

novos desenhos utilizando os conhecimentos adquiridos e trazer para os demais colegas

verem.

No próximo encontro os alunos trouxeram novos desenhos, tais como apresentado na

Figura 15, que representa o quarto de E4. Também sugeriram a construção de uma câmera

escura, pois descobriram por meio de pesquisa, que ela se comporta como o olho humano.

A câmera escura foi confeccionada com material descartável e pode ser observada na

Figura 16. Após a construção foi discutido com os alunos o motivo pelo qual a imagem

aparece de forma invertida (sabe-se que a luz se propaga de maneira retilínea, o raio de luz

que sai do topo do objeto irá atingir a parte de baixo da caixa, com isso a imagem que se

forma é invertida).

Figura 15: desenho do quarto

Fonte: E4, 2017

Figura 16: Foto de algumas câmeras escuras

Fonte: estudantes, 2017

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6.2.1.1. Conclusão da análise

Por meio de grupo focal realizado com os acadêmicos ficou evidenciado que embora

alguns alunos já tivessem noções iniciais de Geometria Projetiva, eles permaneceram

interessados e se empenharam no desenvolvimento das atividades propostas, do início ao

final.

Ficou claro que os alunos adquiriram novos conhecimentos que extrapolavam o

currículo escolar, foram oportunizados a estudar sobre um conteúdo que dificilmente veriam

na escola, o que de acordo com Renzulli (2004) caracteriza o Enriquecimento do Tipo I.

Eles ficaram perplexos ao descobrir que não existe somente a Geometria Euclidiana,

mas também a Geometria Não-Euclidiana. Ficaram curiosos querendo conhecer outras

Geometrias Não-Euclidianas, e ficou acordado que eles estudariam em outra oficina.

Os alunos demonstraram considerável nível de interesse ao perceber que a Matemática

poderia ser trabalhada conjuntamente com outras áreas do conhecimento, pois a oficina

ofereceu novo horizonte sobre a Matemática, História e a Arte que estão interligadas na

Geometria Projetiva. Especificamente na Matemática, os assuntos abordados foram: ângulos,

proporção, conceitos de retas paralelas e concorrentes.

Os acadêmicos e pesquisadora evidenciaram nos alunos várias características de

AH/SD, também apontadas por Winner (1996); Gowan e Torrance (1971) apud Alencar e

Fleith (2001); Turtle e Becker (1983) apud Alencar e Fleith (2001), como senso de humor

aguçado, iniciativa, autonomia, curiosidade, perfeccionismo, senso crítico, além do empenho

em resolver e terminar o que foi proposto.

Como já era esperado pelos acadêmicos, houve maior entusiasmo nas atividades que

incluem construção de um material, em relação àquelas que são mais comuns, como a pintura.

Eles se interessam e se empenham em tudo que destoa do cotidiano escolar.

Foi observado também que, na parte teórica da oficina, os alunos com AH/SD eram

facilmente dispersos, pois estavam prestando atenção a tudo que estava a sua volta, mas tanto

nos momentos de construção da câmara escura, da observação das imagens que criavam

ilusões de ótica, e no momento de tirar as fotos, estavam totalmente envolvidos e empenhados

em fazer o trabalho.

Outro fator interessante a ser mencionado, é que os alunos que não tinham AH/SD em

Matemática também participaram de forma assídua, demonstraram interesse e empenho,

desenvolvendo todas as atividades propostas. O que os diferencia é que não possuíam o

raciocínio tão desenvolvido para perceber as diferenças entre a Geometria Euclidiana e a

Geometria Projetiva, e também para relacionar os conteúdos matemáticos envolvidos na

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dinâmica das fotos com utilização de perspectiva.

A Tabela 3 mostra quais alunos com AH/SD apresentaram: criatividade,

comprometimento com a tarefa, pensamento abstrato, lógica dedutiva e aprendizagem

significativa em algum momento da oficina. São destacados, em negrito estão os alunos com

AH/SD em Matemática.

Alunos Criatividade Comprometimento

com a tarefa

Pensamento

abstrato

Lógica

dedutiva

Aprendizagem

Significativa

E1 X X X X X

E2 X X X

E3 X X X X X

E4 X X X

E6 X X X X X

E7 X X X

E11 X X X X X

Tabela 3: Síntese da primeira oficina.

Assim como Machado (2013) constatou em seus estudos, foi possível, com a

implementação desta oficina, evidenciar que os alunos com AH/SD em Matemática, utilizam

o pensamento lógico dedutivo e possuem pensamento abstrato, processando as informações

verificando as possibilidades, além de que fazem conjecturas e procuram verificar se estão

corretas. Estas características foram evidenciadas nos seguintes momentos: quando os alunos

foram indagados sobre quais diferenças eles percebiam entre a Geometria Euclidiana e a

Geometria Projetiva e, quando questionados sobre quais eram os conteúdos matemáticos

envolvidos, na atividade em que tiraram fotos utilizando perspectiva.

A criatividade ficou evidente principalmente com a dinâmica que envolvia tirar fotos,

pois criaram fotos inusitadas e autênticas utilizando perspectiva.

Os alunos apresentaram elevado nível de empenho e dedicação na execução das

atividades propostas do início ao final da oficina, o que caracterizou o comprometimento com

a tarefa.

A utilização do pensamento abstrato e lógico dedutivo ficou clara principalmente no

que tange ao estabelecer a diferença entre retas paralelas na Geometria Euclidiana e na

Geometria Projetiva, e também para estabelecer relações com o conteúdo de ângulos na

atividade em que foram fotografados objetos, para explorar as noções de perspectiva. No

entanto, os alunos E2, E4 e E7, não deixaram evidente a utilização do pensamento abstrato e

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lógico dedutivo nestes momentos. Vale lembrar que estes alunos são diagnosticados com

AH/SD em Matemática.

Quanto à aprendizagem significativa, esta foi constatada, em vários momentos:

quando os alunos relembraram dos conceitos de retas paralelas e concorrentes na Geometria

Euclidiana, os quais serviram de ancoradouro, para assimilar que retas paralelas em outras

geometrias podem não ter o mesmo comportamento, quando, após conhecimento dos

elementos da Geometria Projetiva, conseguiram fazer modificações em seus desenhos.

Nesta oficina, a categoria que mais se sobressaiu foi criatividade.

6.2.2. Desafios Matemáticos

Esta oficina, envolvendo desafios matemáticos e raciocínio lógico (Apêndice 6), teve

o tempo de aplicação de três aulas em cada sala, e foi implementada pelo grupo B.

Os estudantes em cada sala forma divididos, por sorteio, em duplas: na Sala 1, a dupla

I foi formada por E1 e E2, e a dupla II por E3 e E4; na Sala 2, a dupla III foi formada por E6

e E9, e a dupla IV, por E7 e E8.

Os alunos da Sala 1 viram esta oficina como uma competição, queriam vencer, então

se empenharam ao máximo para resolver assertivamente todas as questões propostas. A dupla

II conseguiu trabalhar conjuntamente sendo a resolução das atividades mérito de ambos

pensando ao mesmo tempo, sobre um determinado problema. Já na dupla I, o estudante E1

possuía pensamento mais acelerado, resolvendo as atividades antes que seu colega, mas

mesmo assim, antes de mostrar para os acadêmicos, para correção, expunha seu raciocínio

para ter a concordância de E2.

Na Sala 2, o aluno E8 tentava resolver porém não era insistente, quando não conseguia

resolver imediatamente, desistia, dispersava, acabava deixando muitas vezes seu colega E7

resolver sozinho. Os desafios que E8 conseguia resolver com facilidade, ele não se

preocupava em compartilhar com seu colega para verificar se o seu raciocínio estava correto.

Já na dupla III, os dois estudantes pensavam coletivamente. A estudante E9, em algumas

questões como a número 4 e 6, construía seu raciocínio de maneira mais rápida, mas mesmo

assim, explicava como havia resolvido para verificar se seu colega concordava.

Provavelmente, a maior agilidade de E9 se deve ao fato dela cursar o 2º ano do Ensino Médio,

enquanto E6 cursa o 7º ano do Ensino Fundamental, então a quantidade de conteúdos de

Matemática estudados por ela é maior.

Todas as duplas conseguiram resolver com facilidade e assertivamente as questões 1,

2, 3, 5 e 10. Estas questões envolviam raciocínio lógico-matemático.

Na questão 4, enunciada da seguinte forma: “um aquário tem a forma de um bloco

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retangular, com arestas de 60 cm, 40 cm e 30 cm. Quantos litros de água cabem no aquário

cheio?” As duplas I e II pediram ajuda, pois relatavam não terem estudado ainda como

calcular volume de um paralelepípedo. Neste momento, a acadêmica B2 auxiliou na

construção do conceito de volume, a partir do conhecimento prévio que os alunos tinham

sobre área de retângulo. A acadêmica pegou uma caixa de sapato que estava no laboratório de

Ciências, onde a oficina estava sendo realizada, e perguntou:

B2: Que formas geométricas vocês identificam nesta caixa?

A resposta foi unânime: retângulos! Os alunos ainda complementaram que área do

retângulo eles já haviam aprendido, e era o produto da medida do comprimento pela altura.

Como eles já sabiam calcular a área do retângulo que estava na base da caixa, B2 instigou os

alunos a pensar dizendo:

B2: Se queremos calcular a área dessa caixa, que é um paralelepípedo, será que não

é somente empilhar muitos retângulos iguais a esse da base, até chegarmos à altura que essa

caixa possui?

Os alunos entenderam com facilidade o que a acadêmica B2 estava querendo dizer, e

concluíram que, se iriam empilhar vários retângulos para calcular o volume, era só multiplicar

a área do retângulo da base pela quantidade de retângulos empilhados, ou seja, pela altura.

De acordo com a aprendizagem significativa de Ausubel, o ensino deve ser baseado

naquilo que o aluno já sabe, então, se deve identificar os conceitos organizadores básicos do

que vai ser ensinado e utilizar recursos e princípios que facilitem a aprendizagem de maneira

significativa do aluno. Assim, os alunos construíram o conceito de volume do paralelepípedo

a partir do conceito de área de retângulos, o qual eles já tinham em sua estrutura cognitiva, e

conseguiram calcular o volume do sólido, porém, precisaram de ajuda para fazer a conversão

de centímetros cúbicos, para litros, pois não se lembravam de medidas de capacidade.

Todos resolveram assertivamente a questão 6. As duplas I, II e IV, colocaram somente

o resultado e não sabiam explicar como chegaram a ele, falavam somente que era por

tentativa. A dupla III teve um raciocínio bem divergente ao que, por hipótese, os acadêmicos

acharam que os alunos fariam. Observe a Figura 17.

Esperava-se que os alunos resolvessem utilizando um sistema de duas equações e duas

variáveis, ou por tentativa e erro, porém a dupla III encontrou outra forma de resolver, a qual

nem pesquisadora, nem acadêmicos, haviam pensado. Fica evidenciado assim, características

das AH/SD, que é o pensamento divergente e utilização do pensamento abstrato, pois a

questão foi resolvida somente no campo das ideias, e como os acadêmicos não conseguiram

compreender o raciocínio, foi solicitado que ele fosse escrito. Ficou evidente também o

pensamento lógico dedutivo, pois ele faz uso de estratégias cognitivas com soluções

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diferenciadas para resolver o problema.

Figura 17: Resolução da questão seis pela dupla III

Fonte: estudantes, 2017.

Nesta questão, a Sala 2 fez uma observação, dizendo que deveria ter sido especificado

que 68 era o total de pés e patas, pois poderia confundir na hora da resolução. Neste

momento, evidencia-se a criticidade dos alunos, embasada de argumentos justificando o

motivo da crítica.

Para que pudessem ser resolvidas as questões 7 e 8 utilizaram o Tangran11

. A questão

7 que solicitava construção de um hexágono com as peças do Tangran, foi resolvida

rapidamente. Já a questão 8, que solicitava que fosse construído um triângulo com quatro

unidades de área, considerando que o quadrado do Tangran tinha uma unidade de área, as

duplas demoraram um pouco mais para resolver. Utilizaram o material concreto para construir

o pensamento, estabelecer relações entre as peças, descobrindo peças que possuem áreas

equivalentes e, assim, conseguiram resolver assertivamente a questão.

A questão 9 era diferente para as Salas 1 e 2, na Sala 1 envolvia raciocínio lógico, o

qual possibilitou o desenvolvimento do pensamento lógico dedutivo, e os alunos resolveram

sem precisar de auxílio. Na Sala 2, a questão pedia que fosse considerado que as arestas do

quadrado do Tangran mediam uma unidade e, a partir dessa informação fosse construído um

quadrado com todas as peças do Tangran e calculado seu perímetro. As duplas III e IV

demoraram um pouco mais para resolver, pois além do cálculo do perímetro do quadrado, era

necessário estabelecer relações entre as peças e utilizar o teorema de Pitágoras, para conseguir

encontrar a medida do lado do quadrado. Nesta questão, a dupla III demorou para resolver,

porém, não precisou de ajuda. Na dupla IV, E8 não sabia resolver e deixou seu colega

pensando sozinho. E7 não sabia por onde começar, precisou de ajuda para estabelecer

11

Tangran é um jogo chinês, que consiste na formação de figuras e desenhos utilizando 7 peças, sendo 5

triângulos, 1 quadrado e 1 paralelogramo.

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relações entre as peças e perceber que a diagonal do quadrado formado com todas as peças

media quatro unidades e que precisava do teorema de Pitágoras para encontrar o lado do

quadrado, como não lembrava da fórmula, precisou de orientações concluir a questão.

A questão 10, chamada de desafio, envolvia a resolução de um paradoxo. Nenhuma

dupla conseguiu resolvê-la com êxito. Os alunos ficaram vários minutos tentando, insistindo

em ter mais tempo, pois não queriam desistir, mas como a oficina tinha hora para acabar e

eles precisavam pensar em mais uma questão, os acadêmicos falaram um pouco sobre o que

eram paradoxos matemáticos e resolveram a questão com os alunos. Ao saber da resposta os

alunos ficaram indignados, em ser tão fácil, de acordo com eles e, mesmo assim, eles não

terem conseguido resolver.

Esta questão despertou curiosidade nos alunos e, mesmo após o encerramento da

oficina, nos outros encontros, eles pesquisavam e traziam novos paradoxos para compartilhar

com os colegas e, além do que pesquisavam, ficavam tentando elaborar frases que fossem

paradoxos, utilizados na vida real, como por exemplo: “tudo é nada” ou ainda, “estou cheio de

me sentir vazio”. Desta forma, ficou caracterizado o enriquecimento do Tipo III, pois este, de

acordo com Renzulli, consiste em atividades que tornem os alunos investigadores de

problemas e situações reais, formuladores de problemas.

A questão 11 era diferente para as Salas 1 e 2, para a Sala 1, o grau de dificuldade era

menor, pois até então, os alunos desta sala eram mais novos, tinha entre 11 e 12 anos. A

questão da Sala 1, era sobre raciocínio lógico, consistia em encontrar próximo número na

sequência: (2, 10, 12, 16, 17, 18, 19, ...). Os alunos demoraram alguns minutos, mas

resolveram corretamente sem auxílio. Já a questão 11 da Sala 2, abordava um raciocínio

lógico dedutivo, que provava que 2=3, e solicitava aos alunos para descobrirem o erro. Nesta

questão, ambas as duplas precisaram analisar conjuntamente com os acadêmicos, cada uma

das etapas, para verificar se o processo matemático feito em cada linha estava correto. Desta

forma, a aluna E9 percebeu que em uma das etapas havia uma divisão por zero, e isso não

poderia acontecer, pois zero não é um número real. Na dupla IV, os alunos não conseguiram

encontrar o erro.

6.2.2.1. Conclusão da análise

Durante grupo focal realizado após a aplicação desta oficina nas Salas 1 e 2, os

acadêmicos relataram que, de todos os alunos, a aluna E9 se destacou na resolução das

questões: além de ser mais ágil para resolver, ainda se preocupava em explicar como havia

feito.

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Os acadêmicos também destacaram que os alunos da Sala 1 mostraram-se mais

entusiasmados, se viam como duplas rivais, e se empenhavam ao máximo para resolver as

questões assertivamente e rapidamente. Já os da Sala 2 ficaram mais calados, controlando em

qual questão cada dupla estava, para saber quem estava adiantado. No entanto, em ambas as

salas, eles permaneceram motivados no decorrer de toda a oficina.

Os acadêmicos perceberam no decorrer desta oficina características de alunos com

AH/SD, como: pensamento divergente, persistência e vocabulário avançado.

Em ambas as salas a oficina foi bastante produtiva e de acordo com os acadêmicos,

pôde-se constatar que os exercícios auxiliaram no desenvolvimento do raciocínio lógico

matemático dos alunos, o que está atrelado ao pensamento lógico dedutivo. Salientaram ainda,

que os exercícios exigiam certos tipos de raciocínio que os alunos não estão acostumados a

utilizar na escola, o que contribui com ensino e aprendizagem dos alunos com AH/SD.

Destaca-se ainda, que a resolução de problemas e desafios matemáticos permitem o

crescimento e o estímulo do raciocínio lógico matemático do aluno com AH/SD, contribuindo

assim com sua aprendizagem (BRASIL, 2006).

Esta oficina colaborou para interação entre os estudantes, uma vez que trabalharam em

duplas. Também tiveram a oportunidade de compartilhar conhecimentos, pois as duplas foram

formadas por alunos que tinham habilidades e graus de desenvolvimento distintos, de modo

que trabalhando em conjunto resolveram com êxito as questões propostas.

A Tabela 4 resume o comportamento dos alunos durante a oficina, de acordo com as

categorias escolhidas.

Alunos Criatividade Comprometimento

com a tarefa

Pensamento

abstrato

Lógica

dedutiva

Aprendizagem

Significativa

E1 X X X X X

E2 X

E3 X X X X X

E4 X X X X X

E6 X X X X X

E7 X X X X X

E8 X X

E9 X X X X X

Tabela 4: Síntese da segunda oficina. (destacados, em negrito, os alunos com AH/SD em Matemática).

Nesta oficina, a criatividade ficou evidente na resolução da maior parte das questões,

pois os alunos demonstraram destreza ao produzir soluções inusitadas, além de que foram

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independentes e originais na construção do seu pensamento para solucionar o que lhes foi

proposto. No entanto, constatou-se que o aluno E8 não explorou sua criatividade, pois se

sabia de imediato resolver, não empregava a mínima energia para apresentar soluções

apropriadas para a situação problema. O aluno E2, também não demonstrou criatividade para

falar, escrever, ou estabelecer estratégias para resolver as atividades propostas.

O envolvimento com a tarefa ficou evidente, pois os alunos se empenharam e se

mantiveram interessados durante o decorrer de toda a oficina, sendo persistentes e com

atenção concentrada para desenvolvimento das atividades propostas, até que elas fossem

resolvidas na íntegra. No entanto, E8 se distraia com facilidade e deixava na maioria das

vezes a resolução das atividades somente por conta de seu colega E7.

O pensamento lógico dedutivo foi evidenciado na resolução das atividades que

envolviam raciocínio lógico e também nas que envolviam conceitos matemáticos, como as

questões 4, 8, 9, 10 e 11, nas quais os alunos processavam as informações verificando suas

possibilidades, faziam conjecturas e verificavam se estavam corretas. No entanto o aluno E2,

não deixou evidente a utilização do pensamento lógico dedutivo.

O pensamento abstrato ficou evidenciado na construção do conceito de volume do

paralelepípedo, nas atividades que envolviam a utilização do Tangran e também na atividade

para encontrar o erro de uma demonstração, pois nestes momentos os alunos conseguiram

compreender e construir conceitos novos, ampliando suas capacidades mentais raciocinando

sobre hipóteses, para formular conceitos abstratos e executar operações mentais seguindo a

lógica formal. No entanto o aluno E2, não deixou evidente a utilização do pensamento

abstrato.

A aprendizagem significativa ficou destacada na construção do conhecimento de

volume de paralelepípedo, nas conversões de medidas de capacidade e na resolução das

atividades que envolviam o Tangran. Os alunos E2 e E8 não deixaram evidente se houve

aprendizagem significativa, pois, quando era necessária a construção de conhecimentos novos

para resolver alguma atividade, eles deixavam isso a cargo de seus colegas de dupla, o que

não possibilitou perceber se eles tinham conceitos subsunçores que poderiam ser utilizados

como ancoradouros para a nova aprendizagem.

Nesta oficina, as categorias que mais se sobressaíram foram o pensamento lógico

dedutivo e o pensamento abstrato.

6.2.3. Brincando com a Matemática

Esta oficina (Apêndice 6) foi implementada pelo grupo A, tanto na Sala 1 quanto na

Sala 2, no decorrer de três aulas em cada uma das salas. Na Sala 1 estavam presentes os

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estudantes E2 e E4. Na Sala 2 estavam presentes os estudantes, E6, E7, E8, E9, E10 e E11.

Na atividade 1, a qual se tratava de um tabuleiro com três linhas e três colunas nas

quais os alunos deveriam colocar os números naturais de 1 a 9 de forma que a soma das

linhas, colunas e diagonais totalizasse 15, os alunos da Sala 1 tiveram dificuldades.

Precisaram de auxílio das acadêmicas para concluir a atividade. Na Sala 2, os alunos E6, E7,

E9 e E11 conseguiram concluir o proposto com bastante agilidade. O estudante E8 estava

bastante agitado e com dificuldades em realizar a atividade, por este motivo, os acadêmicos

resolveram intervir ajudando-o. E10 também recebeu ajuda.

Nesta atividade, com exceção do estudante E7, todos que conseguiram concluir com

agilidade possuem AH/SD em Matemática e, foi constatada, nestes alunos, a alta capacidade e

agilidade de fazer contas mentalmente. Já os alunos que não possuíam aptidões matemáticas

diagnosticadas em seus laudos, precisaram de auxílio para estabelecer relações entre as linhas

e colunas do quadro para que fosse possível fazer os cálculos obtendo a soma igual a 15.

Na atividade 2, que solicitava que os alunos pensassem em um número de 2 dígitos, e

subtraíssem desse número seus 2 dígitos, por exemplo, se o número pensando fosse 37,

deveriam fazer 37 – 3 – 7= 27, e na sequência deveriam olhar na tabela que os acadêmicos

projetavam no quadro, e observar à direita do número resultante de seus cálculos, qual era o

símbolo, e então sem que os alunos contassem qual era o símbolo, os acadêmicos o

adivinhariam. A sala 1 encarou como uma brincadeira, não se atendo à matemática que

subsidiava a atividade. Já a sala 2, assim que o primeiro estudante olhou a tabela e os

acadêmicos acertaram o símbolo à direita do número, já ficaram desconfiados e logo falaram:

E6: Não é possível! Tem alguma coisa matemática por trás disso, vocês não podem

acertar assim no chute.

A2: Realmente tem matemática por trás disso, vamos ver se vocês descobrem.

E6: Calma! Eu vou descobrir [sic]!

Quando o segundo estudante olhou a tabela para procurar seu número e verificar se os

acadêmicos adivinhariam o símbolo, E6 já exclamou.

E6: Já sei [sic]!

A1: Sabe o quê [sic]?

E6: Vejam! Do lado de todos os múltiplos de 9 tem o mesmo símbolo, por isso elas

acertam [sic].

E11: Verdade! Como não pensei nisso, todos nossos números, após os cálculos

efetuados resultam em múltiplos de 9.

Neste momento ficou bem evidente a utilização do raciocínio hipotético dedutivo pois

os alunos, ao elaborar suas estratégias cognitivas, fizeram uso do raciocínio abstrato e

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dedutivo.

Os acadêmicos ficaram maravilhados com a conclusão de E6, pois já haviam feito esta

atividade em salas de aula regulares e, segundo eles, haviam repetido o processo e projetado

as tabelas no quadro no mínimo umas 15 vezes em cada sala, mas mesmo assim, ninguém

havia percebido isso.

O interessante desta atividade é que, após E6 descobrir a matemática escondida na

adivinhação dos acadêmicos, os alunos foram instigados a entender e construir a

representação algébrica do que acontecia no exercício. Por meio da intermediação dos

acadêmicos, os alunos E4, E6, E9 e E11 conseguiram construir algebricamente um número de

dois dígitos, ou seja, XY = 10X+Y e fazer o processo de subtração dos dígitos (10X+Y-X-

Y=9X), concluindo que seria sempre um múltiplo de 9. Na realização desta atividade,

evidencia-se a aprendizagem significativa de Ausubel, pois os alunos conseguiram construir o

pensamento algébrico generalizando a situação problema, a partir dos conhecimentos das

operações de adição, subtração e representação genérica de um número, como eles mesmos

diziam que deveriam chamar de letras, o que Ausubel aponta como sendo os subsunçores,

conceitos pré-existentes na estrutura cognitiva dos alunos (MOREIRA, 1999).

Os alunos, com exceção de E10, foram criativos e conseguiram resolver com

facilidade as atividades 3 e 6 que envolviam raciocínio lógico matemático. Apenas o

estudante E2 encontrou dificuldade em explicar como havia pensado.

Na atividade 4, que consistia em com somente três algarismos, sem usar adição,

subtração, multiplicação e divisão, formar o maior número possível, ambas as turmas

precisaram de ajuda para lembrar que existiam outras operações, como potência por exemplo,

para formar o maior número possível. Após isso, ambas as salas, por tentativa e erro,

conseguiram chegar a solução , sendo que na Sala 2 os alunos E6, E9 e E11 tomaram

conta do processo, resolvendo coletivamente e estabelecendo relações de forma a deixar o

resultado da potência cada vez maior, até chegarem à solução. Na Sala 1, os alunos tiveram

dificuldades em estabelecer relações testando potências com resultados maiores seguidas de

potências com resultados menores.

Na atividade 5, os alunos foram orientados a escrever um número com três ou quatro

algarismos formados pelo dia e mês em que nasceram. Na sequência, deveriam multiplicar

este número por 2, somar 5 ao resultado, multiplicar tudo por 50 e, por fim, somar os dois

últimos dígitos do ano em que nasceu. A proposta era que os alunos contassem o resultado

que obtiveram, e os acadêmicos adivinhassem sua data de nascimento. Esta atividade, foi

considerada uma brincadeira na Sala 1. Na sala 2, os alunos queriam descobrir a matemática

envolvida. Os alunos E6, E7, E9 e E11 se mostravam concentrados, analisando os números

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ditos por cada colega e tentando estabelecer relações entre eles, empenhavam-se para

compreender quais eram as características comuns.

Todos fizeram os cálculos e um a um falavam os resultados e os acadêmicos sempre

acertavam as datas de nascimento então, quando o último falou seu número, a estudante E9 se

manifestou, dizendo que ainda não havia conseguido construir seu pensamento

algebricamente, mas já tinha percebido que se subtraísse 250 do número que falavam, tinha o

dia do nascimento, o mês e o ano. Desta forma, assim como apontam Fernandes e Magalhães

(2002) Apud Machado (2013), destaca-se que no aluno com AH/SD, o pensamento não

demanda da experiência direta para operar, atuando no campo das hipóteses, das ideias, a

partir de domínios matemáticos ou linguísticos.

E9 formulou uma hipótese assertiva, no entanto, tanto ela como seus demais colegas,

estavam com dificuldades em construir o processo algébrico. Foi construído pelos acadêmicos

A1 e A3 na lousa, nas Salas 1 e 2, respectivamente, da seguinte forma:

Seja A = abcd o número formado pelo dia e mês em que a pessoa nasceu.

2A

2A + 5

(2A + 5)*50=100A +250

100A + 250 + xy

O segredo é subtrair 250. Daí sobra:

100A + 250 + xy – 250 =

100A + xy=

abcd00 + xy = abcdxy, onde ab é o dia, cd é o mês e xy é o ano.

Constatou-se que os alunos E4, E6, E7, E9 e E11 prestavam atenção e interagiam no

decorrer da construção, deixando claro que estavam compreendendo o que estava sendo feito,

evidenciando que, como apontam Diezmann e Watters (2002), eles são capazes de abstrair e

estabelecer conexões entre conceitos e procedimentos e assim capitalizar ferramentas

cognitivas na construção do conhecimento.

A atividade 7 foi bastante interessante: foi disponibilizado o quadrado da Figura 18,

solicitado que o recortassem nas linhas em rosa, reagrupassem as peças formando um

retângulo e calculassem a sua área.

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Figura 18: Quadrado com 64 unidades de área

Como resultado desta atividade, tem-se as imagens da Figura 19.

Figura 19: Retângulos formados com as peças do quadrado

Fonte: estudantes, 2017.

Quando os acadêmicos falaram para que observassem as figuras formadas e

calculassem a área do retângulo, eles se sentiram incomodados, tentando entender o motivo

pelo qual as peças não se encaixavam perfeitamente. Os acadêmicos apenas os instigavam a

pensar, fazendo algumas perguntas como: o que aconteceu com os encaixes das figuras de

vocês? Todos vocês cortaram torto? Ou será que vocês colaram torto?

Após alguns instantes observando, na Sala 2 o aluno E11 disse que o problema estava

nos encaixes das peças, que não eram quadrados inteiros e, por este motivo, na colagem

estava ficando espaço entre eles. Assim, a área do retângulo dava 65, mas sabiam que deveria

ser 64, por causa do quadrado que lhes foi dado inicialmente. Na Sala 1, a aluna E4 chegou à

mesma conclusão, porém demorou um pouco mais para estabelecer relações entre o que via e

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o resultado do cálculo da área do retângulo.

Após a explicação dos colegas que descobriram o enigma da área do retângulo, todos

entenderam o que estava acontecendo.

6.2.3.1. Conclusão da análise

Durante o grupo focal realizado após a aplicação das oficinas nas Salas 1 e 2, os

acadêmicos relataram que os alunos se mostraram interessados e motivados pelas atividades

desenvolvidas. Sendo que a maioria deles buscou desvendar e realizar as atividades propostas,

aguçando assim a criatividade, e o pensamento abstrato corroborou para o desenvolvimento

do raciocínio hipotético dedutivo.

Os acadêmicos estavam bastante satisfeitos com os resultados e maravilhados com o

fato de alunos tão jovens, conseguirem construir as representações algébricas nas atividades 2

e 5. Com a orientação dos acadêmicos eles conseguiram compreender e juntos generalizar o

processo matemático das atividades.

No entanto, apesar do êxito da realização da oficina alguns obstáculos foram

evidenciados, como a dispersão dos alunos E2, E8 e E10, em alguns momentos, com relação

ao conteúdo e até mesmo a falta de concentração para realizar as atividades. Constatou-se

também que os alunos da Sala 2, mostraram-se mais interessados e se empenharam mais,

tentando estabelecer relações matemáticas para tudo o que lhes era proposto.

Destacaram ainda, que os alunos E2, E8 e E10 demonstravam imaturidade, levando

muitas vezes na brincadeira o que estava sendo proposto, não se interessando em enriquecer

seus conhecimentos matemáticos.

A Tabela 5 resume o comportamento dos alunos durante a oficina

Alunos Criatividade Comprometimento

com a tarefa

Pensamento

abstrato

Lógica

dedutiva

Aprendizagem

Significativa

E2 X

E4 X X X X X

E6 X X X X X

E7 X X X X X

E8 X

E9 X X X X X

E10 X X

E11 X X X X X

Tabela 5: Síntese da terceira oficina. (destacados, em negrito, os alunos com Ah/SD em Matemática).

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Nesta oficina, embora os alunos E2, E8 e E10 tenham conseguido resolver algumas

das atividades propostas, não foi possível perceber, no decorrer dessas resoluções, se houve

aprendizagem significativa, principalmente no que tange ao desenvolvimento de

representações algébricas, se possuem pensamento abstrato desenvolvido, para entender

matematicamente as atividades 2, 5 e 6, e nem se utilizaram da lógica dedutiva na resolução

das atividades. E2 e E8 também não demonstraram comprometimento com todas as

atividades propostas, na maior parte do tempo levaram na brincadeira não se preocupando em

entender matematicamente as atividades.

A oficina proporcionou aos alunos atividades nas quais puderam explorar sua

criatividade, seja pelo pensamento divergente, rapidez ou estratégias diferenciadas criadas na

resolução dos exercícios.

O pensamento abstrato e lógico dedutivo se sobressaiu nas atividades que envolviam

representações algébricas e na atividade 7 abrangendo áreas.

A aprendizagem significativa ficou comprovada principalmente na assimilação das

representações algébricas nas atividades 2 e 5.

Esta oficina, também possibilitou constatar o que Heid (1983) já apontava em seus

estudos, que estudantes com AH/SD em Matemática, são capazes de fornecer respostas com

uma velocidade e precisão incomum, possuem alta capacidade de organizar dados, transferir

conhecimento e generalizar idéias.

Nesta oficina, as categorias que mais se sobressaíram foram o pensamento abstrato e a

aprendizagem significativa.

Vale destacar ainda, que os acadêmicos planejaram e desenvolveram muito bem a

oficina, conseguindo ganhos significativos com a aprendizagem e desenvolvimento do

raciocínio lógico matemático dos alunos. Este fato foi mencionado pelos próprios alunos, pois

afirmaram que haviam aprendido um pouco mais sobre Álgebra, e que seu raciocínio lógico e

seu pensamento estavam ficando mais rápidos por causa das oficinas.

6.2.4. Introdução a Geometria Fractal

Esta oficina foi implementada, no decorrer de três aulas, pelo grupo A. Na Sala 1

estavam presentes os alunos E1, E2, E3, E4 e E5, na Sala 2, E6, E7, E8, E9 e E11.

Iniciou-se a oficina explanando para os alunos, com a utilização de slides, o que é um

fractal e a história da Geometria Fractal. Com exceção do aluno E8, todos estavam

interessados no assunto e prestando atenção no que estava sendo exposto.

Na sequência, foi desenvolvida a atividade 2: foi indagado aos alunos quanto é o

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comprimento da linha de costa da Grã-Bretanha (Blog WordPress)12

. Observe a Figura 20.

Figura 20: Mapa da Grã-Bretanha.

Fonte: Pikabay – imagens gratuitas 13

Este problema proposto por Bernoit Mandelbrot, em um artigo em 1967, foi abordado

na oficina, com o objetivo de deixar claro para os alunos a ideia de infinidade, presente nos

fractais. Inicialmente, os alunos ficaram sem saber o que responder, então as acadêmicas

explicaram, pedindo para que imaginassem um homem caminhando pelo litoral, e a cada

passo deixando uma pegada, quando reencontrar o ponto de origem, a linha que une todas as

suas pegadas representará o comprimento da costa. Então perguntaram: e se fosse um animal

menor que o homem que fizesse esse trajeto? Um lagarto, por exemplo, como ficaria o

comprimento?

E6: maior ainda, pois eles precisariam dar mais passos que o homem.

A1: exatamente isso que queria que percebessem.

Continuaram com a analogia, indagando: se fosse um animal menor ainda, como

ficaria esse comprimento?

E11: Uma formiga?

A2: Sim, e se fosse uma formiga?

E8: Ficaria maior ainda o comprimento.

E6: ficaria mesmo, pois o passo dela é ainda menor que o do lagarto.

Os acadêmicos ainda completaram o pensamento dos alunos, dizendo que a linha

descrita pelo lagarto será mais irregular e mais longa que a do homem e, ainda mais extensa

será a linha da formiga, pois quanto menor for o animal, mais objetos e obstáculos irá

encontrar, o que aumentará o comprimento. Quanto maior o número de obstáculos percebidos,

maior a extensão da costa, e que, no limite, tenderá ao infinito, observe a Figura 21.

12

Disponível em:< https://filosofiadacienciaufabc.wordpress.com/2010/11/15/benoit-mandelbrot-matematico-

dos-fractais-parte-2-de-3/> acesso em: 06/06/2017. 13

Disponível em: <https://pixabay.com/pt/unidos-reino-mapa-%C3%B3timo-36481/>acesso em 12/06/17.

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Figura 21: Comprimento da costa da Grã-Bretanha

Fonte: Plataforma WordPress14

Os alunos compreenderam o que estava sendo exposto e comentaram:

E6: imagina uma bactéria agora.

E11: E se fosse um átomo?

Ficou evidente na Sala 2, que os alunos E6, E9 e E11 conseguiram estabelecer

relações com o que estava sendo proposto. Assim, como apontam Maitra e Sharma (1999)

alunos com AH/SD em matemática se destacam na facilidade para compreensão de conceitos

abstratos, na rapidez na construção de novos conhecimentos, na facilidade de compreensão

abstrata e na habilidade com o pensamento visual e espacial.

O demais alunos da Sala 2, embora não tenham participado ativamente da construção

do conhecimento, demonstraram entender o que estava sendo proposto. Na Sala 1, somente o

aluno E5 não participou ativamente da construção do conceito de infinitude dos fractais, ele

compreendia o que estava sendo proposto, porém era muito tímido e não se manifestava.

Nesta atividade ficou constatada a aprendizagem significativa, por meio da

assimilação, pois o conceito de infinitude dos fractais foi assimilado com base no conceito

subsunçor comprimento, que os alunos já tinham bem estabelecido em sua estrutura cognitiva

e, ao relacionar esses dois conceitos, promovem a modificação no conceito de comprimento,

gerando uma nova unidade que é o conceito subsunçor modificado, e assim os alunos

conseguiram compreender significativamente o que é o conceito de infinitude nos fractais.

Na sequência, foram abordadas as propriedades autossimilaridade, complexidade

infinita e dimensão, utilizando imagens ilustrativas. Neste momento os alunos prestavam

atenção em tudo que era exposto, pois eram conhecimentos novos, e não queriam perder nada

das explicações.

14

Disponível em:< https://filosofiadacienciaufabc.wordpress.com/2010/11/15/benoit-mandelbrot-matematico-

dos-fractais-parte-2-de-3/ > Acesso em 12/06/17.

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Na próxima atividade, foram mostrados fractais encontrados na natureza. Os alunos

ficaram maravilhados, pois conseguiam perceber nas imagens projetadas, as propriedades que

haviam aprendido. Algumas das imagens projetadas podem ser observadas na Figura 22.

Figura 22: Fractais: (a) Brócolis Romanesco, (b) Náutico (c) Egito visto do espaço (d) Cristais de bismuto

Fonte: Site Metamorfose Digital15

Quando observada a Figura 22(b), E6 mencionou sobre o “número de ouro”16

, dizendo

que já havia estudado que existia essa relação na concha do náutico, pois seu crescimento

acontece de acordo com a razão áurea, e que essa relação vinha do retângulo áureo e estava

inclusive relacionado com a existência de Deus. Os alunos da Sala 2 ficaram interessados na

fala de E6 e decidiram pesquisar sobre isso.

Na Sala 1, quando foi apresentada a Figura 22(d), as alunas E3 e E4 exclamaram que

achavam lindo, e perguntaram para os colegas se eles sabiam que o bismuto era um elemento

químico.

Também nesta oficina, foi construído um cartão fractal triângulo de Sierpinski,

mostrado na Figura 23.

15

Disponível em: <http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=30380> Acesso em 5/06/17. 16

O número de ouro ou relação áurea é um número irracional que pode ser obtido a partir de um segmento de

reta qualquer. Dividindo este segmento em dois segmentos menores e de modo que a razão entre

o comprimento do segmento dividido pelo comprimento do segmento seja igual à razão do

comprimento de dividido pelo comprimento de .

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Figura 23: Cartão fractal triângulo de Sierpinski

Fonte: Estudantes, 2017

Na construção do cartão fractal, tanto na Sala 1 quanto na Sala 2, constatou-se que os

alunos com AH/SD em Matemática, assim como Machado (2013) já havia afirmado,

possuíam alta capacidade de generalização e automatização do pensamento, pois apresentando

os passos para construir o primeiro nível do cartão eles construíram os demais. Já os alunos

E2 e E4 precisaram de auxílio em cada um dos níveis construídos.

Com esta atividade os alunos mostraram autonomia ao gerenciar seu conhecimento, se

destacando na elevada capacidade de processar informações e fazendo uso do pensamento

abstrato e lógico dedutivo, conseguiram generalizar o processo, construindo sozinhos mais

três níveis do cartão fractal.

A última atividade desenvolvida nesta oficina envolvia a generalização do triângulo de

Sierpinski. Na Figura 24, aparece a generalização do cálculo do perímetro e da área feita por

E5.

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Figura 24: Generalização do triângulo de Sierpinski

Fonte: Estudante E5. 2017

Nesta atividade, E5 se sobressaiu se comparado com os demais alunos, pois assim

como Heid (1983) afirma, foi constatado que alunos com AH/SD em Matemática formulam

suas ideias e conceitos sem necessidade de instrução formal.

Com exceção de E2 e E8, os outros estudantes também concluíram a atividade,

utilizando o pensamento algébrico para generalizar a situação problema. No entanto alguns

precisaram de orientações para buscar em sua estrutura cognitiva, como calculava área e

perímetro de triângulos, e com a utilização do pensamento algébrico e lógico dedutivo,

conseguiram generalizar as fórmulas até o nível “n.”. Os alunos E2 e E8 desistiram da

atividade, pois estavam encontrando muita dificuldade e não aceitaram que os acadêmicos os

ajudassem.

6.2.4.1. Conclusão da análise

Durante grupo focal realizado após a aplicação das oficinas nas Salas 1 e 2, os

acadêmicos relataram que nas duas salas, os alunos mostraram-se igualmente interessados e

motivados ao aprender sobre uma outra Geometria Não-Euclidiana. Apresentaram bastante

curiosidade e se envolveram com o conteúdo mostrado.

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Novamente foi notória a satisfação dos acadêmicos com os resultados da aplicação da

oficina, pois perceberam que com exceção dos alunos E2 e E8 que apresentaram muitas

dificuldades, os demais conseguiam com facilidade construir o pensamento algébrico e

generalizar resultados, como ficou evidente na generalização do triângulo de Sierpinski

(Figura 22). Também, entenderam o conceito de infinitude nos fractais e ficou nítido que

haviam compreendido sobre as propriedades de autossimilaridade, complexidade infinita e

dimensão, pois conseguiam identificá-las justificando cada uma delas nas imagens que eram

projetadas, e, inclusive, mencionavam outras que nem tinham sido projetadas, o que deixa

evidente que houve uma aprendizagem.

A Tabela 6 resume o comportamento dos alunos no decorrer da oficina, de acordo com

as categorias criadas.

Alunos Criatividade Comprometimento

com a tarefa

Pensamento

abstrato

Lógica

dedutiva

Aprendizagem

Significativa

E1 X X X X X

E2 X X X X X

E3 X X X X X

E4 X X X X X

E5 X X X X X

E6 X X X X X

E7 X X X X X

E8 X X X X X

E9 X X X X X

E11 X X X X X

Tabela 6: síntese da quarta oficina. (destacados, em negrito, os alunos com AH/SD em Matemática).

Embora os estudantes E2 e E8 não tenham concluído a última atividade, as

características ficaram evidenciadas em outros momentos da oficina, como por exemplo, na

construção do conceito de infinitude, que foi abordado com a problemática do cálculo da

costa da Grã-Bretanha e também com na construção do cartão fractal.

Os alunos demonstraram notável motivação e comprometimento com a tarefa, se

empenhando, demonstrando interesse, curiosidade e participação no decorrer de toda a

oficina.

Ficou também evidenciado o elevado nível de criatividade, principalmente destacado

pela grande imaginação, independência de pensamento e ideias, clareza e organização de

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elementos matemáticos na construção do conceito de infinitude dos fractais, na construção do

cartão fractal e na generalização do triângulo de Sierpinski.

O pensamento abstrato e lógico dedutivo foi principalmente evidenciado na construção

do conceito de infinitude dos fractais, na construção do cartão fractal e na generalização do

triângulo de Sierpinski.

A aprendizagem significativa ficou destacada principalmente na construção do

conceito de infinidade dos fractais e generalização do Triângulo de Sierpinski, pois a partir

dos conceitos subsunçores de área perímetro e representações algébricas, a maioria dos alunos

conseguiu fazer as generalizações solicitadas.

Nesta oficina, a categoria que mais se sobressaiu foi o pensamento abstrato.

Esta oficina trouxe muitos resultados positivos, foi possível ensinar alguns conceitos

de mais uma Geometria Não-Euclidiana, e os alunos se demonstram muito receptivos a novos

conteúdos que extrapolam o currículo escolar, pois os possibilita ver que na Matemática

existe uma diversidade de conteúdos que podem ser explorados.

6.3. Considerações

Foi notável a evolução dos alunos no decorrer das oficinas e também a evolução dos

acadêmicos em sua elaboração e implementação, pois, conforme conheciam os alunos, foram

adquirindo confiança, surgindo novas ideias e aprimorando o planejamento das oficinas

futuras. Além disso, ficou evidente, que o grupo B se identificou mais com a Sala 1,

conversavam e interagiam melhor com esses estudantes, e vice-versa. O mesmo aconteceu

entre o Grupo A e a Sala 2.

Vale salientar ainda, que todas as oficinas proporcionaram aos alunos enriquecimento

curricular dos Tipos I e II de Renzulli (1978), pois foram desenvolvidas atividades, que

buscaram desenvolver nos alunos as habilidades gerais do pensamento crítico, resolução de

problemas e pensamento criativo, além de que foram desenvolvidas atividades exploratórias

que proporcionaram aos estudantes novos interesses, que normalmente não fazem parte do

currículo, ampliando desta forma a possibilidades de estudos futuros.

Foi possível concluir ainda, que trabalhar com alunos com AH/SD em Matemática

conjuntamente com alunos com AH/SD em outras áreas do conhecimento, é desafiador e

gratificante, pois, embora sua área de interesse não seja a Matemática, eles também podem

explorar o seu potencial nesta área.

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6.4. Questionário pós-pesquisa

Após a conclusão das oficinas, foi aplicado um questionário para os alunos (Apêndice 6)

com o objetivo de avaliar o desenvolvimento de todas as oficinas de acordo com a visão dos

estudantes que delas participaram.

Inicialmente, os alunos afirmaram que as oficinas corresponderam às suas expectativas.

Quando perguntados sobre a evolução dos conhecimentos matemáticos proporcionado

pelas oficinas e os pontos positivos que poderiam apontar, algumas respostas merecem

destaque.

E9: Aprendi resolver diversos problemas matemáticos que ainda nem conhecia [sic]

E8: Aprendi sobre coisas novas, como por exemplo Geometria Fractal, que eu nem

sabia que existia, aprendi que quanto mais de perto vemos as coisas, mais coisas ainda temos

para ver [sic].

E7: Houve sim, não é minha área do conhecimento e me ajudou muito a pensar sobre o

assunto (... ) Fez eu me interessar por algo que geralmente eu prefiro manter distância [sic].

E4: Aprendi muito sobre matemática, pude explorar minha criatividade [sic].

Quando perguntados se foi bom o contato com acadêmicos da Licenciatura em

Matemática, todos responderam afirmativamente, acrescentando ainda que os acadêmicos

contribuíram muito com a aprendizagem dos conteúdos matemáticos pois sempre explicavam

tudo que eles questionavam.

Na questão 5, foram solicitadas sugestões para futuras pesquisas na área das AH/SD.

Três alunos não possuíam sugestões, os demais sugeriram mais oficinas sobre outros temas

como: robótica, informática e criação de jogos, mecânica, aviação e astronomia.

A questão 6 era aberta. As oficinas foram elogiadas e os alunos manifestaram o desejo

de que as mesmas continuassem. Destacam-se algumas respostas.

E6: Nas oficinas os conteúdos saíram do comum, por isso ficamos interessados em

aprender [sic].

E4: A pesquisa ajudou a estimular meus conhecimentos matemáticos e abordou

conteúdos que eu gosto [sic].

E3: Não quero que as oficinas acabem [sic]!

O questionário pós-pesquisa, constatou que, de acordo com a concepção dos alunos, as

oficinas desenvolvidas contribuíram com o ensino e aprendizagem de maneira satisfatória.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa teve como questão norteadora: De que maneira os acadêmicos do

curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro)

podem contribuir com o ensino e a aprendizagem dos estudantes com AH/SD em Matemática

na SRM-AH/SD?

Para que fosse possível responder tal questionamento, foram necessários estudos

sobre a temática AH/SD e também sobre as teorias cognitivistas da aprendizagem, pois além

da concepção de AH/SD adotada por Renzulli, a aprendizagem significativa de Ausubel,

contribuiu também para análise dos dados. Além disso, foi elaborado um curso, com intuito

de fornecer formação inicial sobre AH/SD, aos acadêmicos da Licenciatura em Matemática,

que fizeram parte desta pesquisa. O curso possibilitou os conhecimentos necessários sobre

alunos com AH/SD e sobre como deve ser o encaminhamento metodológico para esse

público.

Quando exposta aos acadêmicos a questão norteadora desta pesquisa, eles optaram

por aceitar a sugestão da pesquisadora e contribuir com o ensino e aprendizagem dos alunos

com AH/SD, elaborando e implementando oficinas matemáticas na SRM-AH/SD, pois

acreditavam que, por meios de oficinas, conseguiriam explorar vários conteúdos matemáticos,

indo além do contexto escolar e do que normalmente é abordado nas aulas de Matemática.

De fato, com a análise das oficinas desenvolvidas pelos acadêmicos, constatou-se

que eles conseguiram de forma efetiva, contribuir com o ensino e aprendizagem não somente

dos alunos com AH/SD em Matemática, mas também dos alunos com AH/SD em outras áreas

do conhecimento, que frequentam a SRM-AH/SD. Destacam-se algumas contribuições: no

desenvolvimento da criatividade, na autonomia em criar e testar hipóteses, no

desenvolvimento do pensamento abstrato e lógico dedutivo, no estímulo para utilizar o

pensameno abstrato e dedutivo para generalizar e organizar ideias, no envolvimento e

motivação em estudar sobre temas que normalmente não fazem parte do currículo escolar.

Fiocu claro, também, que os conhecimentos pré-existentes na estrutura cognitiva dos alunos,

facilitaram a assimilação e compreensão de novos conhecimentos, constatando-se a

aprendizagem significativa de Ausubel.

Como produto educacional estão disponibilizadas no Apêndice 6, as oficinas

desenvolvidas, além dos slides utilizados, que estão disponíveis no site do “Mestrado

Profssional em Ensino de Ciências e Matemática da Unicentro”17

, cuja importância é realçada

pois, a partir dele, as oficinas podem ser implementadas em outras SRM-AH/SD,

contribuindo no enriquecimento curricular de outros alunos com AH/SD.

17

Disponível em: <http://www2.unicentro.br/ppgen/dissertacoes/>Acesso em 07/10/2017.

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Destaca-se, também, que este trabalho contribuiu com a formação inicial dos

acadêmicos, ao envolvê-los em situações que surgem no cotidiano da escola. Além de

prepará-los teoricamente para trabalhar de maneira coerente com as particularidades dos

estudantes com AH/SD, com a elaboração e implentação das oficinas foi possível relacionar

as bases científicas obtidas durante o curso sobre AH/SD, com o cotidiano emergente na

SRM-AH/SD. Com esta oportunidade de atuação os saberes puderam ser construídos de

forma sólida, relacionando teoria e prática, conscientizando os acadêmicos da necessidade de

trabalhar de forma diferenciada com alunos com AH/SD em Matemática.

Verificou-se, também, a necessidade de ampliar pesquisas que informem

profissionais, desenvolvedores curriculares e decisores políticos sobre práticas educativas de

alunos com AH/SD em Matemática.

Como trabalhos futuros, sugere-se: formação de professores da Educação Especial,

para trabalhar com enrriquecimento curricular de alunos com AH/SD em Matemática,

formação inicial e continuada de professores sobre AH/SD, e trabalhos envolvendo as

tendências metodológicas e alunos com AH/SD em Matemática.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Page 97: OFICINAS MATEMÁTICAS PARA ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO… · AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, pois sem Ele nada é possível. Aos meus pais Edson e Margarida,

84

Apêndice 1

Questionário inicial

PESQUISA COM ESTUDANTES DA SRM-AH/SD

Você está sendo convidado para participar da pesquisa Aproximando a Universidade

dos Alunos com Altas Habilidades/Superdotação, sob responsabilidade da pesquisadora

Francini Damiani e Silva.

Seus pais permitiram que você participasse.

Queremos conhecer suas habilidades, e propor um ambiente o qual contribua com o

enriquecimento no Ensino e Aprendizagem dos alunos que frequentam a SRM/AHSD, por

meio da realização de atividades que serão desenvolvidas por acadêmicos do Curso de

Licenciatura em Matemática da Unicentro.

Mas, primeiramente, gostaríamos que você respondesse algumas perguntas, para que

possamos conhecer um pouco mais sobre você, sobre quais seus interesses, quais suas

expectativas e como é sua participação na Sala de Recursos Multifuncional para alunos com

Altas Habilidades/Superdotação – SRM-AH/SD.

1-Você sabe o motivo pelo qual frequenta a SRM-AH/SD?

2- Quais eram suas expectativas quando soube que começaria participar da SRM-AH/SD?

3-Qual(is) é(são) a(s) área(s) do conhecimento que você mais gosta?

4-Como é o dia a dia na SRM-AH/SD? Você se sente motivado?

5-As atividades desenvolvidas na SRM-AH/SD são de seu interesse?

6-Quais suas expectativas com o desenvolvimento dessa pesquisa? Quais atividades você

gostaria que fossem desenvolvidas?

7- Qual carreira você pretende seguir?

8-Envolvendo conteúdos matemáticos, você gostaria de aprender o quê?

9-Dentro da Matemática, quais são seus interesses?

10- Essa questão é para você escrever sobre algo que gostaria de falar sobre AH/SD, e não foi

abordado nas questões anteriores.

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85

Apêndice 2

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE - UNICENTRO

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PROPESP

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA – COMEP

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA OS

ACADÊMICOS

Prezado(a) Colaborador(a),

Você está sendo convidado(a) a participar da pesquisa Aproximando a

Universidade dos Alunos com Altas Habilidades/Superdotação, sob a responsabilidade de

Francini Damiani e Silva, que irá estabelecer e analisar as contribuições que os acadêmicos

do curso de Licenciatura em Matemática podem propiciar ao processo de Ensino e

Aprendizagem dos estudantes com AH/SD que frequentam a Sala de Recursos Multifuncional

do Tipo I.

O presente projeto de pesquisa, será desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em

Ensino de Ciências Naturais e Matemática - PPGEN da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-

Graduação da Universidade Estadual do Centro-Oeste, no Mestrado Profissional em Ensino

de Ciências Naturais e Matemática

O presente projeto de pesquisa foi aprovado pelo COMEP/UNICENTRO.

DADOS DO PARECER DE APROVAÇÃO

Emitido Pelo Comitê de Ética em Pesquisa, COMEP-UNICENTRO

Número do parecer: 57616916.1.0000.0106

Data da relatoria:___/____/____

1. PARTICIPAÇÃO NA PESQUISA: Ao participar desta pesquisa você será convidado a

estudar sobre o que é ser um estudante com Altas Habilidades/Superdotação, após feito isso

você contribuirá com elaboração de atividades, as quais serão posteriormente desenvolvidas

na Sala de Recursos Multifuncional. Lembramos que a sua participação é voluntária, você tem

a liberdade de não querer participar, e pode desistir, em qualquer momento, mesmo após ter

iniciado as atividades que compõem a realização da pesquisa, sem nenhum prejuízo para

você.

2. RISCOS E DESCONFORTOS: O(s) procedimento(s) utilizado(s) serão reuniões de

grupo de estudos, para que possamos elaborar atividades/oficinas a serem posteriormente

aplicadas na Sala de Recursos Multifuncional do Tipo I. Poderá(ão) trazer algum desconforto

como precisar ser assíduo nas reuniões de grupo, e dispor de tempo para isso, e também ter

que se deslocar até o Colégio nos dias em que forem aplicadas as atividades. O tipo de

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86

procedimento apresenta um risco praticamente nulo, que será reduzido por manter o

anonimato dos integrantes da pesquisa. Se você precisar de alguma orientação, tratamento

e/ou encaminhamento, por se sentir prejudicado por causa da pesquisa, ou se sofrer algum

dano decorrente da pesquisa, o pesquisador se responsabiliza pela assistência integral,

imediata e gratuita.

3. BENEFÍCIOS: Os benefícios esperados com o estudo são no sentido de contribuir para

que as potencialidades dos estudantes com Altas Habilidades/Superdotação que frequentam a

Sala de Recursos Multifuncional do Tipo I desenvolvam-se ainda mais, bem como mostrar

que a Unicentro por meio dos acadêmicos da Licenciatura em Matemática pode contribuir

significativamente com o Ensino e Aprendizagem desses estudantes. E também contribuir

para a pratica pedagógica do futuro Licenciado em Matemática.

4. CONFIDENCIALIDADE: Todas as informações que o(a) Sr.(a) nos fornecer ou que

sejam conseguidas por meio de conversar, questionários ou entrevistas, serão utilizadas

somente para esta pesquisa. Seus(Suas) respostas, dados pessoais, ou de imagem que o

identifique, ficarão em segredo e o

seu nome não aparecerá em lugar nenhum dos(as) questionários, fitas gravadas, fichas de

avaliação, nem quando os resultados forem apresentados.

5. ESCLARECIMENTOS: Se tiver alguma dúvida a respeito da pesquisa e/ou dos métodos

utilizados na mesma, pode procurar a qualquer momento o pesquisador responsável.

Nome do pesquisador responsável: Francini Damiani e Silva

Endereço: Rua Frei Caneca, nº3159, ap.401

Telefone para contato: (42) 9958-0747

Horário de atendimento: 8 h 30 min às 11 h 30 min e 13 h às 17 h, dias úteis.

6. RESSARCIMENTO DAS DESPESAS: Caso o(a) Sr.(a) aceite participar da pesquisa,

não receberá nenhuma compensação financeira.

7. CONCORDÂNCIA NA PARTICIPAÇÃO: Se o(a) Sr.(a) estiver de acordo em participar

deverá preencher e assinar o Termo de Consentimento Pós-esclarecido que se segue, em duas

vias, sendo que uma via ficará com você.

==================================================================

CONSENTIMENTO PÓS INFORMADO

Pelo presente instrumento que atende às exigências legais, o

Sr.(a)__________________________, portador(a) da cédula de

identidade__________________________, declara que, após leitura minuciosa do TCLE,

teve oportunidade de fazer perguntas, esclarecer dúvidas que foram devidamente explicadas

pelos pesquisadores, ciente dos serviços e procedimentos aos quais será submetido e, não

restando quaisquer dúvidas a respeito do lido e explicado, firma seu CONSENTIMENTO

LIVRE E ESCLARECIDO em participar voluntariamente desta pesquisa.

E, por estar de acordo, assina o presente termo.

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87

Apêndice 3

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE – UNICENTRO

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PROPESP

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA - COMEP

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA OS PAIS

Prezado(a) Colaborador(a),

Seu filho está sendo convidado(a) a participar da pesquisa Aproximando a

Universidade dos Alunos com Altas Habilidades/Superdotação, sob a responsabilidade de

Francini Damiani e Silva, que irá estabelecer e analisar as contribuições que os acadêmicos

do curso de Licenciatura em Matemática podem propiciar ao processo de Ensino e

Aprendizagem dos estudantes com AH/SD que frequentam a Sala de Recursos Multifuncional

do Tipo I.

O presente projeto de pesquisa será desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em

Ensino de Ciências Naturais e Matemática - PPGEN da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-

Graduação da Universidade Estadual do Centro-Oeste, no Mestrado Profissional em Ensino

de Ciências Naturais e Matemática.

O presente projeto de pesquisa foi aprovado pelo COMEP/UNICENTRO.

1. PARTICIPAÇÃO NA PESQUISA: Ao participar desta pesquisa ele será convidado a

responder um questionário o qual tem como objetivo conhecer suas características como um

indivíduo que possui altas habilidades/superdotação. Após isso, seu filho(a) será convidado(a)

a participar de atividades matemáticas, as quais serão desenvolvidas por alguns acadêmico do

Curso de Licenciatura em matemática da Unicentro, sob o acompanhamento da pesquisadora

Francini Damiani e Silva. No desenvolvimento destas atividades, objetivamos contribuir para

que as potencialidades de seu filho(a) sejam ainda mais desenvolvidas. Lembramos que a

participação é voluntária, tendo a liberdade de não querer participar, e pode desistir, em

qualquer momento, mesmo após ter iniciado a pesquisa sem nenhum prejuízo.

2. RISCOS E DESCONFORTOS: O(s) procedimento(s) utilizado(s) será(ão) realizado(s)

através de questionário e acompanhamento durante a realização das atividades matemáticas

propostas. As entrevistas e as atividades poderá(ão) trazer algum desconforto ou

constrangimento, como a exposição de sua forma de pensar e desenvolver as atividades. O

tipo de procedimento apresenta um risco mínimo que será reduzido pela(o) anonimato nas

entrevistas e atividades. Se você precisar de alguma orientação, tratamento e/ou

encaminhamento, por se sentir prejudicado por causa da pesquisa, ou se sofrer algum dano

decorrente da pesquisa, o pesquisador se responsabiliza pela assistência integral, imediata e

gratuita.

3. BENEFÍCIOS: Os benefícios esperados com o estudo são no sentido de contribuir para

que as potencialidades dos estudantes com Altas Habilidades/Superdotação que frequentam a

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88

Sala de Recursos Multifuncional do Tipo I desenvolvam-se ainda mais, bem como mostrar

que a Unicentro por meio dos acadêmicos da Licenciatura em Matemática pode contribuir

significativamente com o Ensino e Aprendizagem desses estudantes. E também contribuir

para a prática pedagógica do futuro Licenciado em Matemática.

4. CONFIDENCIALIDADE: Todas as informações que o(a) Sr.(a) nos fornecer ou que

sejam conseguidas por meio de conversar, questionários ou entrevistas, serão utilizadas

somente para esta pesquisa. Seus(Suas) respostas, dados pessoais, ou de imagem que o

identifique, ficarão em segredo e o

seu nome não aparecerá em lugar nenhum dos(as) questionários, fitas gravadas, fichas de

avaliação, nem quando os resultados forem apresentados.

5. ESCLARECIMENTOS: Se tiver alguma dúvida a respeito da pesquisa e/ou dos métodos

utilizados na mesma, pode procurar a qualquer momento o pesquisador responsável.

Nome do pesquisador responsável: Francini Damiani e Silva

Endereço: Rua Frei Caneca, nº3159, ap.401

Telefone para contato: (42) 9958-0747

Horário de atendimento: 8h30min às 11h30min e 13h às 17h, dias úteis.

Comitê de Ética em Pesquisa da UNICENTRO – COMEP

Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO, Campus CEDETEG

Endereço: Rua Simeão Camargo Varela de Sá, 03 – Vila Carli

CEP: 85040-080 – Guarapuava – PR

Bloco de Departamentos da Área da Saúde

Telefone: (42) 3629-8177

6. RESSARCIMENTO DAS DESPESAS: Caso o(a) Sr.(a) aceite participar da pesquisa,

não receberá nenhuma compensação financeira.

7. CONCORDÂNCIA NA PARTICIPAÇÃO: Se o(a) Sr.(a) estiver de acordo em participar

deverá preencher e assinar o Termo de Consentimento Pós-esclarecido que se segue, em duas

vias, sendo que uma via ficará com você. .

O sujeito de pesquisa ou seu representante legal, quando for o caso, deverá rubricar

todas as folhas do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE – assinando

na última página do referido Termo.

O pesquisador responsável deverá, da mesma forma, rubricar todas as folhas do

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE – assinando na última página

do referido Termo.

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89

CONSENTIMENTO PÓS INFORMADO

Pelo presente instrumento que atende às exigências legais, o

Sr.(a)_______________________________________________________________________

___________________________________________________, portador(a) da cédula de

identidade_____________________________________, declara que, após leitura minuciosa

do TCLE, teve oportunidade de fazer perguntas, esclarecer dúvidas que foram devidamente

explicadas pelos pesquisadores, ciente dos serviços e procedimentos aos quais será submetido

e, não restando quaisquer dúvidas a respeito do lido e explicado, firma seu

CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO em participar voluntariamente desta

pesquisa.

E, por estar de acordo, assina o presente termo.

Guarapuava, _______ de ________________ de __________.

________________________________________

Assinatura do participante

________________________________________

Ou Representante legal

________________________________________

Assinatura do Pesquisador

Page 103: OFICINAS MATEMÁTICAS PARA ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO… · AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, pois sem Ele nada é possível. Aos meus pais Edson e Margarida,

90

Apêndice 4

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE – UNICENTRO

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PROPESP

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA – COMEP

Termo de assentimento para criança e adolescente (maiores de 6 anos e menores de 18

anos)

Você está sendo convidado para participar da pesquisa Aproximando a Universidade

dos Alunos com Altas Habilidades/Superdotação.

A presente pesquisa, será desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Ensino de

Ciências Naturais e Matemática - PPGEN da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da

Universidade Estadual do Centro-Oeste, no Mestrado Profissional em Ensino de Ciências

Naturais e Matemática.

Seus pais permitiram que você participasse.

Queremos conhecer suas habilidades matemáticas, e propor um ambiente o qual

contribua com o enriquecimento no Ensino e Aprendizagem dos alunos que frequentam a

SRM/AHSD, por meio da realização de atividades que serão desenvolvidas por acadêmicos

do Curso de Licenciatura em Matemática da Unicentro.

As crianças que irão participar desta pesquisa têm de 11 a 18 anos de idade.

Você não precisa participar da pesquisa se não quiser, é um direito seu e não terá

nenhum problema se desistir.

A pesquisa será realizada na Sala de Recursos Multifuncional para Altas

Habilidades/Superdotação, que funciona no Colégio Estadual Visconde de Guarapuava –

Guarapuava/PR, onde os estudantes serão convidados a participar de atividades matemáticas,

as quais serão desenvolvidas por alguns acadêmicos do Curso de Licenciatura em Matemática

da Unicentro, sob o acompanhamento da pesquisadora Francini Damiani e Silva. Para

conhecer suas habilidades, será utilizado um questionário semiestruturado. Haverá também

um projeto composto por oficinas envolvendo atividades matemáticas as quais serão

disponibilizadas para você. Nessas atividades, acompanharemos e avaliaremos o seu

desempenho e as suas habilidades matemáticas. O uso do questionário e das atividades do

projeto é considerado seguro.

Caso aconteça algo errado, você pode me procurar pelos telefones ((42) 3035-*** ou

(42) 99**-****) pesquisadora (Francini Damiani e Silva).

Mas há coisas boas que podem acontecer, como desenvolver ainda mais suas

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91

potencialidades, criar uma maior proximidade entre você e pessoas que fazem parte da

Universidade, como por exemplo: professores e acadêmicos, poderá também contribuir para

que seus professores entendam mais sobre como os estudantes com Altas Habilidades pensam

e aprendem, e dessa forma podemos contribuir para que seus professores proporcionem um

ambiente de Ensino e Aprendizagem pensando em estudantes com características semelhantes

as suas.

Se você morar longe do Colégio Estadual Visconde de Guarapuava, nós daremos a

seus pais dinheiro suficiente para transporte, para também acompanhar a pesquisa.

Ninguém saberá que você está participando da pesquisa; não falaremos a outras

pessoas, nem daremos a estranhos as informações que você nos der. Os resultados da pesquisa

vão ser publicados, mas sem identificar as crianças que participaram.

Quando terminarmos a pesquisa, os resultados serão divulgados em eventos ou

revistas, e também serão disponibilizados aos professores da área das Altas

Habilidades/Superdotação ou professores que tiverem interesse em trabalhar com esse tipo de

estudantes.

Se você tiver alguma dúvida, você pode me perguntar. Eu escrevi os telefones na parte

de cima deste texto.

CONSENTIMENTO PÓS INFORMADO

Eu ___________________________________ aceito participar da pesquisa Aproximando a

Universidade dos Alunos com Altas Habilidades/Superdotação.

Entendi as coisas ruins e as coisas boas que podem acontecer.

Entendi que posso dizer “sim” e participar, mas que, a qualquer momento, posso dizer

“não” e desistir e que ninguém vai ficar furioso.

Os pesquisadores tiraram minhas dúvidas e conversaram com os meus responsáveis.

Recebi uma cópia deste termo de assentimento e li e concordo em participar da

pesquisa.

Guarapuava, ____de _________de __________.

Assinatura do menor

Assinatura do(a) pesquisador(a)

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Apêndice 5

Questionário após oficinas

PESQUISA COM OS ALUNOS DA SRM-AH/SD

Você está sendo convidado a responder algumas questões, para que possamos saber,

como foi para você o desenvolvimento da pesquisa Aproximando a Universidade dos

Alunos com Altas Habilidades/Superdotação, sob responsabilidade da pesquisadora

Francini Damiani e Silva.

1-As atividades desenvolvidas corresponderam às suas expectativas? Justifique?

2-No decorrer das atividades, você considera que houve evolução em seus conhecimentos

matemáticos?

3-Quais pontos positivos do desenvolvimento desta pesquisa você consegue apontar?

4-Na sua opinião, foi bom ter o contato com acadêmicos do Curso de Licenciatura em

Matemática?

5-Você possui sugestões para novas pesquisas na área das Altas Habilidades/Superdotação?

Quais?

6-Esta questão é para você escrever sobre algo que gostaria de falar sobre nosso trabalho e

não foi abordado nas questões anteriores.

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Apêndice 6

PRODUTO EDUCACIONAL: OFICINAS PARA ALUNOS

COM ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO EM

MATEMÁTICA

FRANCINI DAMIANI E SILVA

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94

INTRODUÇÃO

O ambiente escolar é composto por estudantes com características, interesses e

necessidades distintas. As especificidades de cada indivíduo devem ser consideradas, no

processo de ensino e aprendizagem.

Refletindo sobre a pluralidade de estudantes que compõem os espaços educacionais,

este material foi elaborado para auxiliar o ensino e aprendizagem dos indivíduos com Altas

Habilidades/Superdotação (AH/SD). Esse heterogêneo grupo, com variabilidade de

características e manifestações comportamentais, também compõe, o público da Educação

Especial, no entanto, por concepções não assertivas, é constantemente deixado em segundo

plano.

O objetivo deste produto didático é compartilhar sugestões de oficinas envolvendo

conteúdos de Matemática, para serem implementadas com alunos com AH/SD em

Matemática, de diferentes idades.

O material é composto por quatro oficinas, as quais já foram implementadas com

alunos com AH/SD e tiveram excelentes resultados.

De acordo com dados estatísticos da Organização Mundial da Saúde (INEP, 2003), o

número de alunos com AH/SD é estimado de 3 a 5% da população escolar. Portanto, é muito

provável que todo professor de Matemática, já tenha tido, ou terá, um aluno superdotado em

sua sala de aula. Desta forma, este material pode contribuir com atividades de enriquecimento

curricular para esses alunos, e também com a prática pedagógica do professor da Sala de

Recursos Multifuncional para AH/SD.

No material estão descritas as oficinas:

Oficina 1: Considerações iniciais sobre Geometria Projetiva.

Oficina 2: Desafios Matemáticos.

Oficina 3: Aprenda Brincando.

Oficina 4: Considerações iniciais sobre Geometria Fractal.

Além da descrição das oficinas, também acompanha o material um arquivo com os

slides das oficinas 1, 3 e 4.

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95

Oficina 1: Considerações iniciais sobre Geometria Projetiva

Materiais utilizados: Folha sulfite, lápis de colorir, lápis de escrever, borracha, um vaso com

flores, celular (para tirar fotos) e projetor.

Observação: Acompanha os slides para aplicação da oficina.

Objetivo Geral: Com esta oficina, pretende-se que os alunos percebam que na Geometria

Euclidiana, as retas podem ou não se encontrar em um ponto, e são chamadas respectivamente

de concorrentes e paralelas. Já na Geometria Projetiva, retas paralelas no plano da visão, serão

concorrentes quando representadas no plano euclidiano. Com esta oficina, também pode ser

explorado o conteúdo de ângulos e proporção.

Duração: 4 a 5 aulas divididas em dois encontros.

Roteiro de desenvolvimento

Atividade 1: Percepção e representação de perspectiva.

Descrição: Usando um vaso com flores coloridas, expô-lo aos alunos e solicitar que eles

reproduzam no papel, do jeito que cada observador o vê (de preferência utilizar flores

coloridas e dispor os estudantes em semicírculo).

Objetivo: Desenvolver nos alunos noções de profundidade, sobreposição, mudança de

dimensão e distância ao fazer os desenhos.

Duração: 30 minutos aproximadamente.

Atividade 2: Desenho da Rodovia.

Descrição: Propor aos estudantes que desenhem uma rodovia (neste momento somente com

os conhecimentos prévios que possuem).

Objetivo: Perceber se algum estudante possui conhecimento prévio dos elementos de

Geometria Projetiva. Expor os desenhos e discutir as diferenças.

Duração: 20 minutos aproximadamente.

Atividade 3: Comparação de pinturas

Mostrar obras do Renascimento como, por exemplo: as obras “A Anunciação” e a “Última

Ceia” de Leonardo da Vinci e a obra “O Chamado dos Apóstolos” de Duccio di Buoninsegna.

Mostrar a noção de profundidade que algumas obras mais antigas não possuíam e comparar

com as obras que possuem essas noções e técnicas de perspectiva.

O Renascimento se deflagrou na passagem da Idade Média para a Moderna e foi o

primeiro movimento artístico, científico, literário e filosófico da modernidade. De acordo

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96

com o site “Brasil Escola”18

, em um quadro de sensíveis transformações que não mais

correspondiam ao conjunto de valores apregoados pelo pensamento medieval, o renascimento

apresentou um novo conjunto de temas e interesses aos meios científicos e culturais de sua

época. A intenção do artista renascentista era, portanto, criar obras nas quais os personagens

representados refletissem emoções e estado de espírito, ressaltando a sua natureza humana,

perfeitamente (GONÇALVES, 2013, p.24).

Portanto, a motivação dos artistas daquela época era a busca por um método que

conseguisse adequar a arte, na reprodução dos ideais e das ações humanas, representações que

vão além dos fatos, que representem também a sua essência.

Assim, é possível afirmar que a arte renascentista se caracterizou tecnicamente pela

reprodução rigorosa de traços humanos e cenários do cotidiano. Sugere-se, portanto,

que a busca por tal fator de excelência, levou os artistas do renascimento a adotarem,

na confecção de suas obras, técnicas que privilegiavam o uso de princípios

matemáticos tais como a razão áurea, por exemplo. Através dela, é possível

estabelecer proporções que tornam mais agradável e verossímil a aparência humana

de uma obra (GONÇALVES, 2013, p.25).

Observação: Obras do Renascimento podem ser encontradas no site “Pinturas sem Tela”19

Objetivo: Fazer com que os alunos percebam a necessidade dos artistas do Renascimento, de

representar noções de profundidade, sobreposição e mudança de dimensão em suas obras,

para que assim fosse possível reproduzir de forma rigorosa, traços e sentimentos humanos, e

cenários do cotidiano.

Duração: 10 à 15 minutos.

Atividade 4: Um pouco da história da Geometria Projetiva

Descrição: De acordo com Gonçalves (2013), a Geometria Projetiva teve seu marco histórico

no século XVII, quando Girard Desargues20

buscava fundamentar matematicamente as

técnicas de desenho em perspectiva que os artistas do Renascimento empregavam em suas

obras. No entanto, somente no século XIX, a Geometria Projetiva se tornou uma ciência

independente, por mérito dos matemáticos Brianchon e Poncelet. Anteriormente a isto, no

século XVIII Gaspard Monge utilizou os conhecimentos de Geometria Projetiva já existentes,

com base no desenho técnico, para criar a Geometria Descritiva.

18

Disponível em:< http://brasilescola.uol.com.br/historiag/renascimento.htm> Acesso em 02/05/17. 19

Disponível em: < http://www.pinturasemtela.com.br/arte-do-renascimento-obras-e-artistas-quadros-e-

esculturas-renascentistas/> Acesso em: 02/05/17. 20

Girard Desargues foi um matemático, arquiteto e engenheiro militar francês, precursor da Geometria

projetiva.

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Objetivo: Discutir e enriquecer o conhecimento dos alunos da SRM-AH/SD a respeito da

Geometria Projetiva. Para alcançar o objetivo ler (GONÇALVES, 2013) para ter subsídios

teóricos.

Duração: 10 minutos.

Atividade 5: Elementos da Geometria Projetiva e Tipos de Perspectiva

Descrição: Abordar os elementos presentes na Geometria Projetiva ilustrando com imagens,

as quais se encontram nos slides em anexo a este material.

De acordo com Gonçalves (2013), os elementos são:

Quadro: Plano perpendicular colocado entre o Observador e a Forma. É o espaço

bidimensional onde se representam as formas em perspectiva.

Figura 1: Imagem explicativa do quadro

Fonte: Site Piziadas21

Ponto de observação: É o ponto de localização que o observador ficará para pintar ou

observar o observado. Na representação gráfica da perspectiva é comum o ponto de vista ser

identificado por uma linha vertical perpendicular à linha do horizonte. O ponto de vista

revela-se exatamente no cruzamento dessas duas linhas.

Linha horizonte: É o elemento da construção em perspectiva que representa o nível dos

olhos do observador. Numa paisagem como mostra a Figura 2, a linha do horizonte é a que

separa o Céu e a Terra.

Ponto de fuga: É o ponto localizado na linha do horizonte, para onde todas as linhas paralelas

convergem, quando vistas em perspectiva. Em alguns tipos de perspectiva são necessários

dois ou mais pontos de fuga.

Linha de fuga: São as linhas imaginárias que descrevem o efeito da perspectiva convergindo

para o ponto de fuga. É o afunilamento dessas linhas em direção ao ponto que geram a

sensação visual de profundidade.

21

Disponível em: <http://piziadas.com/pt/dibujo/geometria-proyectiva> Acesso em: 02/05/17.

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Figura 2: Elementos da Projetiva

Fonte: Site FotoDicasBrasil22

Objetivo: Introduzir conceitos iniciais de Geometria Projetiva, e explicar a diferença entre

Geometria Euclidiana e Não-Euclidiana.

Tempo: 20 minutos.

Atividade 6: Desenhar novamente a estrada

Descrição: Tendo como referência a rodovia (Figura 3) e os elementos de geometria

projetiva, solicitar que cada aluno represente, por meio de um desenho, uma

autoestrada/rodovia.

Após feito o desenho, fazer questionamentos como:

1. Em que será que esta geometria difere da geometria estudada até então na escola?

2. Podem-se ver retas paralelas ou concorrentes no desenho?

3. Se as retas da estrada são concorrentes, onde as retas se encontram?

Objetivo: Verificar se os alunos conseguem desenhar novamente a estrada, agora utilizando os

conceitos de Geometria Projetiva abordados.

Duração: 15 minutos.

22

Disponível em: <http://fotodicasbrasil.com.br/domine-a-perspectiva-como-elemento-de-composicao/ > Acesso

em 02/05/17.

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Figura 3: Estrada

Fonte: Site ACIQI23

Atividade 7: Desenho de um cubo

Descrição: Colocar um cubo em exposição para os alunos desenharem e pedir para

responderem as questões abaixo. Dispor os alunos em posições diferentes em relação ao cubo.

1. Como posso representar o cubo no plano?

2. Quais as formas que você representaria?

3. Como você representaria este local?

Objetivo: Verificar se os alunos percebem noções de profundidade, mudança de dimensão; o

tamanho dos objetos de acordo com a distância que se encontram do observador.

Duração: 10 minutos.

Atividade 8: Ilusão de ótica

Descrição: Trabalhar com alunos sobre ilusão de ótica e noções de perspectiva. Nos slides em

anexo, existem algumas fotos exemplificando esta atividade.

Atividade: Levar os alunos em um ambiente aberto para tirar fotos. Neste momento os alunos

irão tirar fotos, cujas poses darão uma noção diferente de dimensão, onde coisas impossíveis

parecem acontecer.

Objetivo: Verificar se os alunos conseguem reproduzir na prática várias imagens utilizando

ilusão de ótica. Trabalhar com os alunos sobre ângulos.

Observação: Os alunos deverão perceber que quanto mais próximo da câmera o objeto

estiver, maior será o ângulo formado entre ele e a câmera, fazendo o objeto parecer na foto

maior do que na realidade. Em contra partida, quando mais longe estiver o objeto da câmera,

menor será o ângulo formado entre ele e a câmera, e assim menor o objeto parecerá na foto.

Duração: 20 minutos.

23

Disponível em: <http://aciqi.com.br/?p=711> Acesso em 03/05/17.

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Curiosidades: Despertar nos alunos curiosidades sobre a geometria da visão, iniciar com

questionamentos e ver até onde a imaginação e a curiosidade os levam. Os questionamentos

podem ser do tipo:

1. Como a visão produz o efeito de profundidade?

2. Como sabemos se um objeto está perto ou longe?

3. Como funciona a percepção de distância pela visão?

4. Será que é possível construir algo que se comporte como o olho humano?

Se os alunos se interessarem, poderá ser construída uma câmera escura.

Duração: indeterminada, varia de acordo com a turma.

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Oficina 2: Desafios Matemáticos

Materiais utilizados: Envelopes, lápis de escrever, borracha e Tangram.

Objetivo: Promover um ambiente desafiador, onde os grupos sintam-se motivados a resolver

os problemas propostos, além de construir novos conceitos, e habituar-se a explicar como

resolve cada situação problema.

Com esta oficina, serão trabalhados: raciocínio lógico, os conteúdos de área e

perímetro de retângulos, volume de paralelepípedo e unidades de capacidade.

Duração: 3 aulas.

Descrição

1ª) Separar a sala em dois grupos de alunos, de forma que mescle as habilidades dos

integrantes, ou seja, preocupando-se em não deixar nenhum grupo privilegiado por possuir

mais integrantes que possuam habilidades na área da Matemática.

2ª) Cada grupo recebe 12 envelopes, enumerados de 1 a 11, e em um deles aparece escrita a

palavra DESAFIO. Dentro de cada envelope existe uma questão matemática.

3º) Os alunos abrem os envelopes em ordem crescente, de forma que somente é permitido

abrir o próximo envelope após a questão do envelope aberto ter sido respondida

assertivamente.

4ª) Quando a questão do envelope de número 10 for respondida, os alunos recebem o

envelope DESAFIO. Se este é respondido assertivamente, a dinâmica chega ao fim e o grupo

recebe seu prêmio; caso o DESAFIO não consiga ser resolvido, marca-se um tempo de cinco

minutos e na sequência pode ser aberto o envelope nº 11.

5ª) O grupo que concluir antes, fica com o prêmio.

Nota: Por se tratar de indivíduos com AH/SD com emoções bem aguçadas, sugere-se

que haja um prêmio alternativo para aqueles que não conseguirem concluir o desafio em

primeiro lugar.

Parte das questões utilizadas foram extraídas do site “Os Vigaristas”24

, o qual contém

inúmeras charadas de matemática e do livro intitulado “Problemas, quem não têm?”. Este

livro é uma coletânea de problemas matemáticos (COLOMBO; LAGOS, 2005).

Questões utilizadas:

1ª Questão: Você quer cozinhar um ovo em dois minutos. Entretanto, você só possui dois

relógios de areia (ampulheta), um de 3 minutos e outro de 5 minutos. Como você poderia

colocar o ovo para cozinhar e retirá-lo em dois minutos exatos?

24

Disponível em: <https://www.osvigaristas.com.br/. Acesso em: 02/06/17.

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Solução: Virar as duas ampulhetas ao mesmo tempo, quando a de 3 minutos acabar, saberá

que o restante da outra são 2 minutos.

2ª Questão: Num retângulo mágico, a soma de cada linha, de cada coluna e de cada diagonal

é sempre a mesma. Descubra essa soma e complete o retângulo.

2 -5 ?

? -1 ?

-2 3 ?

Solução:

2 -5 0

-3 -1 1

-2 3 -4

3ª Questão: 25, 24, 22, 19, 15. Qual o próximo número?

Solução: 10, pois estão em ordem decrescente diminuindo gradativamente do anterior para o

posterior: de 25 para 24 diminuiu 1, de 24 para 22 diminuiu 2, de 22 para 19 diminuiu 3, de

19 para 15 diminuiu 4 e, portanto de 15 para o próximo, diminui 5, ou seja, o próximo é 10.

4ª Questão: Um aquário tem a forma de um bloco retangular, com arestas de 60 cm, 40 cm e

30 cm. Quantos litros de água cabem no aquário cheio?

Solução:

Volume do aquário: V=60.40.30= 72000 cm³

Sabe-se que: 1ml = 1cm³, assim temos:

Volume do aquário é: 72000 ml

Como 1 litro = 1000 ml

72000:1000 = 72 litros de água

5ª Questão: 4+ 4 + 4 equivale à 12. Qual é a outra soma de três algarismos iguais que

também resulta em 12?

Solução: 11+1 = 12

6ª Questão: Num quintal havia meninos e cachorros brincando. Contando as cabeças

consegui 22, contando os pés encontrei 68. Quantos meninos e quantos cachorros havia no

quintal?

Solução: 10 meninos e 12 cachorros

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Fazendo um sistema de equações onde c=cachorros e m=meninos tem-se:

c+m=22 (I) c=22-m (III)

4c+4m=68 (II)

Substituindo (III) em (II): 4(22-m)+2m=68

-4m+2m=68-88

-2m=-20

m=10 e c=12

7ª Questão: Utilizando as peças do Tangram, construa um hexágono (polígono de seis lados).

Solução:

Figura 4: Hexágono construído com Tangram

8ª Questão: Considere que o quadrado do Tangram tem uma unidade de área. Construa um

triângulo com quatro unidades de área.

Solução: Note que a área do quadrado é equivalente à área dos dois triângulos menores juntos,

e é também equivalente à área do triângulo médio, sendo assim temos:

Figura 5: Triângulo construído com Tangram

9ª Questão: Considere as arestas do quadrado do Tangram como uma unidade de medida.

Construa um quadrado com todas as peças do Tangram e calcule seu perímetro.

Solução: 4√ cm.

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Figura 6: Quadrado construído com Tangram

*9ª Questão: Considerando o alfabeto oficial, que não inclui as letras K, W e Y, complete a

série abaixo:

B D G L Q ...

Solução: Com o alfabeto completo e destacando-se a sequência apresentada tem-se: A B C D

E F G H I J L M N O P Q R S T U V X Z e percebe-se que antes da segunda letra destacada

pulou uma letra, antes da terceira, duas; da próxima, três; da outra, quatro e, portanto para a

próxima deverá descontar-se cinco letras, isto é, será X.

10ª Questão: Em um dia de trabalho no escritório, em relação aos funcionários Ana, Cláudia,

Luís, Paula e João, sabe-se que:

- Ana chegou antes de Paula e Luís.

- Paula chegou antes de João.

- Cláudia chegou antes de Ana.

- João não foi o último a chegar.

Nesse dia, quem foi o terceiro a chegar ao escritório para o trabalho?

Solução: Paula.

Desafio: Totelesáris, um jovem índio, caiu de amores pela bela Masófis. Desejando casar-se

com ela, teria de enfrentar uma prova. A ele foi proposto o seguinte desafio: “No meio da

aldeia, há duas cabanas rigorosamente idênticas. Dentro de uma dela o espera a bela Masófis.

A outra, no entanto, apenas recobre um poço habitado por jacarés ferozes, capazes de devorar

qualquer um que ultrapasse a entrada. Cada cabana tem apenas uma porta, permanentemente

fechada e vigiada por um índio, que conhece perfeitamente o conteúdo da cabana que vigia.

Totelesáris deve escolher umas das cabanas e entrar: se encontrar sua amada poderá casar-se

com ela; se entrar na dos jacarés, será devorado instantaneamente. Antes de realizar sua

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escolha, ele terá permissão de fazer uma única pergunta ao índio que guarda a porta de uma

das cabanas. Mas Totelesáris deve ainda levar em conta outro pormenor: Um dos guardas

mente sempre, enquanto o outro só diz a verdade.” Que pergunta ele deve fazer ao guarda

para acertar a porta?

Solução: Se eu perguntasse ao seu colega qual a cabana de Masófis, o que ele responderia?

11ª Questão: Descubra o erro: vou provar que dois é igual a três! Partiremos da igualdade:

2-2 = 3-3

A diferença (2-2) pode ser escrita sob a forma de produto, 2(1-1).

Da mesma forma (3-3) = 3(1-1).

2(1-1)= = 3(1-1).

Cancelando-se em ambos os membros dessa igualdade o fator comum (1-1), resulta que 2 = 3

Onde está o erro?

Solução: O erro está no “cancelamento” (1-1), pois o que ocorre é uma divisão dos dois

membros por (1-1), isto é, por zero, cujo resultado não é um número real.

*11ª Questão: Qual o próximo número na sequência: 2, 10, 12, 16, 17, 18, 19, ...?

Dica: (perceba o que há em comum entre os números).

Solução: 200, pois o que há em comum na sequência é todos iniciarem com a letra “D”.

Observação: De acordo com as idades cronológica e desenvolvimento dos alunos, podem ser

utilizadas as questões 8 ou *8 e 11 ou *11.

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Oficina 3: Brincando com a Matemática

Materiais utilizados: Folha sulfite, lápis de escrever, borracha, papel cartão colorido, tesoura,

cola e projetor.

Observação: Acompanha os slides para aplicação da oficina.

Objetivo Geral: Com esta oficina, pretende-se que os alunos aprendam um pouco sobre

Álgebra, ao construir a parte algébrica existente nas atividades.

Duração: 3 a 4 aulas.

Roteiro de desenvolvimento

Atividade 1: Coloque os números 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9 dispostos nas nove casas de

maneira que a soma dos três algarismos de qualquer reta e qualquer diagonal resulte 15.

Atividade extraída do site “sómatemática”25

.

Solução:

Figura 7: Solução da Atividade 1

Atividade 2: Pense em um número de 2 dígitos. Subtraia deste número os dois dígitos. Se

meu número é 23, faço 23-2-3=18. Olhe na tabela (Anexo 1), à direita do número resultante,

o símbolo correspondente a esse número. Eu vou descobrir qual é o símbolo que você olhou.

(Adaptado de SÁ, 2010).

Solução: Um número qualquer de dois dígitos tem a forma: XY = 10X+Y

Subtraindo os dígitos X e Y: 10X+Y-X-Y=9X

25

Disponível em:<http://www.somatematica.com.br/desafios/desafio8.php>. Acesso em: 20/05/2017.

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Ou seja, o número obtido é sempre múltiplo de nove.

Observação: Os quadros (Anexo 1) que são mostrados para os alunos, possuem a mesma

figura ao lado dos números que são múltiplos de nove.

Atividade 3:Complete a sequência

1 + 4 = 5

2 + 5 = 12

3 + 6 =21

8 + 11 = ?

(extraídas do site “sómatemática”).

Solução: Primeiro número vezes o segundo, no resultado soma o primeiro número. Observe:

1º número: 8

2º número: 11

(8 . 11)= 88

88 + 8 = 96

Portanto: 8 + 11 = 96

Atividade 4: Qual é o maior número que podemos formar com três algarismos, sem usar

adição, subtração, multiplicação e divisão (SÁ, 2010)?

Solução: 999

Atividade 5: Escreva um número com três ou quatro algarismos formados pelo dia e mês em

que você nasceu. Se eu nasci em 4 de novembro, escreverei: 411. Se eu nasci em 12 de março,

escreverei: 1203. Agora multiplique esse número por dois. Some cinco ao resultado.

Multiplique por 50. Some o ano em que você nasceu (apenas os dois últimos dígitos) (SÁ,

2010).

Solução: Seja A = abcd o número formado pelo dia e mês em que a pessoa nasceu.

2A

2A + 5

(2A + 5)x50=100A +250

100A + 250 + xy

O segredo é subtrairmos 250. Daí sobra:

100A + 250 + xy – 250 =

100A + xy=

abcd00 + xy = abcdxy

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onde ab é o dia, cd é o mês e xy é o ano.

Atividade 6: Três homens querem atravessar um rio. O barco suporta no máximo 130 kg.

Eles pesam 60, 65 e 80 kg. Como devem proceder para atravessar o rio, sem afundar o barco?

(site “sómatemática”).

Solução: Primeiro atravessam o rio o homem de 60 e 65 kg, o homem de 65 kg fica do outro

lado da margem e o homem de 60 kg volta para a margem inicial. O homem de 60 kg desce

do barco, então o homem de 80 kg entra no barco e atravessa o rio, chegando ao outro lado da

margem, ele desce do barco e o homem de 65 kg, volta com o barco para buscar o homem de

60 kg que ficou na margem inicial de partida. Os homens de 60 e 65 kg atravessam.

Atividade 7: Será que 64=65?

Descrição: Disponibilizar para os alunos uma malha quadriculada de 8x8, contendo 64

quadrados, como a seguinte:

Figura 8: Malha quadriculada de 88

1º) Solicitar que os alunos cortem nas linhas cor de rosa.

Considerando que cada quadrado mede uma unidade de comprimento, responda:

2º) Solicitar que os alunos reagrupem as quatro peças montando um quadrado e calculem a

sua área.

3º) Reagrupe as quatro peças formando um retângulo e calcule a sua área.

Solução:

2º) Área: 64 unidades de área.

3º) Perceba que as peças não se encaixam perfeitamente. Há vazios no meio, nos pontos de

contato. As tangentes nas peças são diferentes. Uma é 2/5 e a outra 3/8. A soma das áreas

vazias dá a unidade extra.

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Figura 9: Retângulo formado como solução da Atividade 7

Portanto a área deste retângulo não é 65 unidades de área.

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Oficina 4: Considerações iniciais sobre Geometria Fractal.

Materiais utilizados: Folha sulfite, lápis de escrever, borracha, papel cartão colorido, tesoura,

cola e projetor.

Observação: Acompanha os slides para aplicação da oficina.

Objetivo Geral: Com esta oficina, pretende-se que os alunos conheçam mais uma Geometria

Não-Euclidiana e saibam onde essa geometria pode ser aplicada. Pretende-se também,

desenvolver nos alunos a capacidade de generalização de fórmulas matemáticas.

Duração: 3 a 4 aulas.

Roteiro de desenvolvimento

Atividade 1: O que é um fractal e a história da Geometria Fractal.

Descrição:

A descoberta de Geometrias Não-Euclidianas introduziu novos objetos que

representam certos fenômenos do Universo, tal como se passou com os fractais. Tais objetos

retratam formas e fenômenos da natureza. De acordo com o site “educ.fc.ul”26

a palavra

fractais vem do latim fractus, que significa fração, quebrado. São formas geométricas

abstratas de uma beleza incrível, com padrões complexos que se repetem infinitamente,

mesmo limitados a uma área finita.

Um fractal é gerado a partir de uma fórmula matemática, e pode ser representado de

forma iterativa produzindo resultados fascinantes.

Um pouco da História:

Entre a segunda metade do século XIX e a primeira do século XX, foram propostos

por matemáticos objetos com características especiais e que foram durante muito tempo

considerado “monstros matemáticos”, já que desafiaram as noções comuns de infinito

(CORRÊA, 2014). Há indícios de que os “monstros matemáticos” existiam antes do século

XX, em lugares como na Grécia Homérica, Índia e China. Apesar de esses objetos existirem

há muito tempo, ainda ninguém lhes tinha dado um nome. Desta forma, o termo fractal,

embora não tenha sido definido, foi criado por Benoit Mandelbrot, por volta de 1975.

Bernoit Mandelbrot (1924-2010)

“Nuvens não são esferas, montanhas não são cones, continentes não são círculos,

troncos de árvores não são suaves e nem o relâmpago viaja em linha reta.” (Benoit

Mandelbrot)

26

Disponível em< http://www.educ.fc.ul.pt/icm/icm99/icm14/nocoes.htm> Acesso em: 14/05/17.

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Figura 10: Bernoit Maldelbrot.

Fonte: Mathematics Department - Yale University27

Atividade 2: Calculando a costa da Grã-Bretanha

Descrição: indagar os alunos quanto é o comprimento da linha de costa da Grã-

Bretanha. Mostrar imagem da Figura 11.

Figura 11: Grã-Bretanha.

Fonte: Pikabay – imagens gratuitas 28

Mandelbrot propôs que se imaginasse uma cena: um homem caminha pelo litoral e a

cada passo deixa uma pegada. Quando reencontrar o ponto de origem, a linha que une todas

as suas pegadas representará o comprimento da costa. Substitua-se agora o homem por um

lagarto. Incapaz de cobrir com suas patas a mesma distância de um passo humano, o bicho

terá de levar em conta acidentes que o homem ignorou, ou seja, reentrâncias não serão

saltadas, mas percorridas. A linha descrita pelo lagarto será mais irregular e mais longa do que

a do homem. Mais extensa ainda será a linha da formiga, que perceberá um seixo como

relevo.

A costa da Grã-Bretanha não tem um comprimento intrínseco, disse Mandelbrot,

assim, quanto maior o número de obstáculos percebidos, maior a extensão da costa, que, no

limite, tenderá ao infinito. Observe Figura 12.

27

Disponível em: <http://users.math.yale.edu/mandelbrot/> acesso em 12/06/17. 28

Disponível em: <https://pixabay.com/pt/unidos-reino-mapa-%C3%B3timo-36481/>acesso em 12/06/17.

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112

Figura 12: Mapa representando acosta da Grã-Bretanha.

Fonte: Plataforma WordPress29

Atividade 3: Propriedades dos fractais.

Descrição: Ensinar as propriedades utilizando imagens ilustrativas.

Autossemelhança ou autossimilaridade;

Complexidade infinita;

Dimensão.

Autossimilaridade ou Autossemelhança: Fractal é uma forma, onde cada uma das partes,

por menor que seja (observada em qualquer escala), assemelha-se ao todo. Observe a Figura

13.

Figura 13: Autossimilaridade ou Autossemelhança.

Fonte: Geometria Fractal – Apostila da Universidade de Coimbra30

29

Disponível em:<https://filosofiadacienciaufabc.wordpress.com/2010/11/15/benoit-mandelbrot-matematico-

dos-fractais-parte-2-de-3/> Acesso em 12/06/17. 30

Disponível em: <http://www.mat.uc.pt/~mcag/FEA2003/GeometriaFractal.pdf> Acesso em 10/06/17.

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113

Complexidade Infinita:

Nunca conseguiremos representar um fractal completamente, pois a quantidade de

detalhes é infinita. Isso se deve ao fato de o processo gerador dos fractais ser recursivo, tendo

um número infinito de iterações.

Por esta propriedade, os fractais da natureza não são considerados fractais perfeitos,

observe a Figura 14.

Figura 14: Complexidade Infinita.

Fonte: CORRÊA, 2014.

Dimensão:

Cada fractal tem dimensão própria, relacionada com o seu grau de irregularidade,

fragmentação, geralmente representada por um número real não inteiro. Esse é um dos

motivos que leva a Geometria Fractal a ser chamada de Não-Euclidiana.

Há inúmeras maneiras de se calcular dimensão fractal, observe Figura 15.

Figura 15: Dimensões.

Fonte: Site Insite31

Atividade 4: Fractais na Natureza

Descrição: Mostrar para os alunos, onde na natureza podem ser observados Fractais.

31

Disponível em: <http://www.insite.com.br/fractarte/artigos.php> Acesso em: 10/06/17

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114

Os Fractais encontrados na natureza se diferenciam dos fractais matemáticos, pois as

propriedades atribuídas aos objetos fractais ideais, como o detalhe infinito, têm limites no

mundo natural.

Os Fractais podem ser encontrados em todo o universo natural e em toda a ciência.

Observe as Figuras 16 a 26.

Figura 16: Galhos de samambaia.

Fonte: Plataforma WordPress

Figura 17: Brócolis Romanesco.

Fonte: Site metamorfose Digital32

32

Disponível em: <http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=30380> Acesso em 5/06/17.

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Figura 18: Floco de neve.

Fonte: Site metamorfose Digital

Figura 2: Náutilo.

Fonte: Site metamorfose Digital

Figura 20: Egito visto do espaço.

Fonte: Site metamorfose Digital

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Figura 23: Pinha.

Fonte: Blog cinco sentidos ou mais33

Figura 22: Cordilheiras.

Fonte: Blog cinco sentidos ou mais.

Figura 23: Cristais de bismuto.

Fonte: Site metamorfose Digital

33

Disponível em: <http://5sentidosoumais.blogspot.com.br/2014/06/fractais-na-natureza.html> Acesso em

06/06/17.

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Figura 24: Cristais de cobre.

Fonte: Site metamorfose Digital

Figura 25: Relâmpagos.

Fonte: Site metamorfose Digital

Observação: A figura 25, nos slides em anexo, possui animação.

Figura 26: Repolho Roxo.

Fonte: Site metamorfose Digital

Atividade 5: Cartão fractal triângulo de Sierpinski.

Descrição: passos para construção do triângulo de Sierpinski.

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1º) Obter uma folha retangular com medida x e y (Figura 27), dobrá-la ao meio,

obtendo as medidas x/2 e y (Figura 28).

Figura 27: Dobra de uma folha retangular

Figura 28: Resultado da dobra de uma folha retangular

2º) Divida esta nova folha dobrada em quatro partes, de comprimento x/4 e largura

y/2, e corte na parte destacada em vermelho. Dobre para marcar a folha e assim dobre-o para

dentro (Figura 29 e 30). Ao fechá-lo obtém-se a Figura 31.

Figura 29: Folha dobrada em 4 partes marcada onde deve ser cortada.

𝑥

𝑦

𝑥

4

𝑦

2

𝑦

𝑥2

Parte aberta

Parte aberta

(I)

(II)

(III)

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Figura 30: Dobra para dentro da parte cortada.

Figura 31: Resultado quando a folha é fechada.

3º) Repetir o passo anterior, mas agora o retângulo considerado será dividido em

quatro partes, obtendo as medidas x/8 e y/4, fazer isso nos dois retângulos considerados

(Figura 32), cortar nas marcas destacadas em vermelho e assim dobrá-las para dentro (Figura

33). Ao fechá-la obterá a Figura 34.

Figura 32: Nova divisão dos retângulos em quatro partes.

𝑦

4

𝑥

𝑦4

𝑥

(IV)

(V)

Parte aberta

(VI)

Parte aberta

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Figura 33: Dobra para dentro da parte cortada

Figura 34: Resultado quando a folha é fechada.

4º) Agora basta repetir o passo anterior nos retângulos considerados como mostra a

Figura 35, obtendo no final a Figura 36.

Figura 35: Nova divisão dos retângulos em quatro partes

(VII)

(VIII)

Parte aberta

Parte aberta (IX)

𝑦

𝑦

𝑦

𝑦

𝑥 16

𝑥 16

𝑥 16

𝑥 16

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Figura 36: Resultado final do cartão fractal.

Observação: O triângulo de Sierpinski, nos slides em anexo, possui animação.

Atividade 6: Aplicações da Geometria Fractal

Descrição: Informar aos alunos algumas áreas do conhecimento onde pode ser aplicada a

Geometria Fractal.

Medicina: A dimensão fractal é usada na medicina como método de diagnóstico

quantitativo e objetivo de várias patologias. Um dos campos mais desenvolvidos é o

diagnóstico do câncer.

Figura 37: Células cancerígenas.

Fonte: Site Prisma34

Antenas Fractais: As antenas fractais diferem acentuadamente das tradicionais, pois são

capazes de funcionar de forma ótima simultaneamente em várias frequências.

As antenas convencionais são adaptadas para a frequência em que são transmitidas.

Esta característica faz das antenas fractais uma excelente alternativa para aplicações de banda

larga.

34

Disponível em: <http://cftc.cii.fc.ul.pt/PRISMA/capitulos/capitulo2/modulo4/topico9.php> acesso em:

06/06/17

(X)

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Figura 38: Antenas fractais.

Fonte: Site Prisma

Arquitetura: Fractais são aplicados constantemente em projetos arquitetônicos e, ainda que

experimentalmente, gera resultados plausíveis e agradáveis ao olho humano, a exemplo disso,

temos o “Cubo d‟água” da PTW Architects.

Figura 39: Cubo d‟água.

Fonte: Bolg Porto Belo35

35

Disponível em: <http://www.portobello.com.br/blog/banner/colecao-2015/>Acesso em: 05/06/17

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Figura 4: Parte interna do Cubo d‟água.

Fonte: Bolg Porto Belo

Figura 41: Federation Square em Melbourne.

Fonte: Site Emergency Shelter Australia36

Cinema: Os mesmos princípios de design de fractais transformaram completamente a mágica

dos efeitos especiais. Em 1978, na Boeing Aircraft em Seatle, engenheiros projetavam aviões

e entre eles estava Loren Carpenter, hoje um dos diretores de animação da Pixar Animation

Studios.

36

Disponível em: <https://www.indesignlive.com/projects/emergency-shelter-australia> Acesso em 10/06/17.

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Figura 42: Montanhas fractais.

Fonte: Site Cavok37

Arte: Muito antes da ideia do fractal e do início de seu estudo como geometria da natureza, o

artista holandês Maurits Cornelis Escher já criava imagens que fascinavam os matemáticos.

Figura 5: Quadro de Maurits Cornelis Escher.

Fonte: Blog 4 portas na mesa38

Fractais matemáticos

37

Disponível em: <www.cavok.com.br> Acesso em 10/06/17 38

Disponível em: <http://4portasnamesa.blogspot.com.br/2008/08/m-cescher-1898-1972.html >Acesso em 10/06/17

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Figura 45: Conjunto de Mandelbrot.

Fonte:Wikipedia39

Figura 6: Fractal matemático.

Fonte:Pinterest40

39

Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Buddhabrot>Acesso em 10/06/17. 40

Disponível em: <https://br.pinterest.com/pin/24558760440349830/>Acesso em 10/06/17.

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Figura 7: Conjunto de Mandelbrot.

Fonte: Wikipedia

Figura 8: Fractal matemático.

Fonte: Wikipedia

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Figura 48: Triângulo de Sierpisnki.

Fonte: Tutorial Geogebra41

Figura 49: Esponja de Menger.

Fonte: Tutorial Geogebra17

Observação: A Esponja de Menger, nos slides em anexo, possui animação.

Figura 50: Conjunto de Cantor.

Fonte: SILVA, 2011.

41

Disponível em:<https://wiki.geogebra.org/en/Tutorial:Conditional_Visibility_&_Sequences> Acesso em

10/06/17.

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Figura 51: Curva de Peano.

Fonte: WorkPress

Figura 52: Curva de Koch.

Fonte: SILVA, 2011.

Observação: A curva de Koch, nos slides em anexo, possui animação.

Figura 53: Ilha de Koch.

Fonte: SILVA, 2011.

Observação: A Ilha de Koch, nos slides em anexo, possui animação.

Atividade 7: Generalização do triângulo de Sierpinski.

Descrição: Orientar as atividades constantes no quadro da Figura 54.

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Nesta atividade, o intuito é incentivar os alunos a fazer as generalizações de perímetro

e área. Caso eles sintam dificuldade em trabalhar com o comprimento dos lados dos triângulos

genericamente, solicitar que eles utilizem a medida do cartão fractal que foi construído na

Atividade 5.

Relembrar os níveis de construção do triângulo de Sierpinski. A Figura 35 apresenta

os níveis 0, 1 e 2, consecutivamente.

Figura 54: níveis do triângulo de Sierpinki.

Iteração

(nível)

Número de

triângulos

Comprimento

do lado

Perímetro

novo triângulo

Área de cada

triângulo

Área Total

(em preto)

0 1

1 3

2

3

...

n

Figura 55: Dados do Fractal Triângulo de Sierpinski

Fonte: autora, 2017. Adaptado de PILATO, M.; CAMPOS, E.; ROSA, F. C.. III EIEMAT, 2012.

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130

REFERÊNCIAS

COLOMBO, J. A. A. Problemas quem não tem? Pato Branco: Imprepel, 2005. 144p.

CORRÊA, A. L. Geometria Fractal no Ensino Médio. 2014. 38 p. Dissertação do Programa

de Pós-graduação em Matemática em rede nacional- PROFMAT – UNIFAP. Universidade

Federal do Amapá, Macapá. 2014.

DELAI, S.; FRANCO, V. S.. Geometrias não Euclidianas. Disponível em:

<http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/producoes_pde/artigo_sidinei_dela

i.pdf > Acesso em: 02/05/2017.

GONÇALVES, T. S.. Uma introdução à geometria projetiva para o ensino fundamental.

2013. Dissertação de Mestrado. Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional -

PROFMAT, Universidade Federal do Rio Grande, Brasil. Disponível em:

<http://repositorio.furg.br/handle/1/6550 > acesso em: 30/04/2017.

INEP. Censo escolar, Brasília: MEC. 2003.

PILATO, M.; CAMPOS, E.; ROSA, F. C.. III EIEMAT Escola de Inverno de Educação

Matemática. 1ª Encontro Nacional de PIBID- Matemática. Oficina de Matemática:Fractais.

2012.

Disponível em:http://w3.ufsm.br/ceem/eiemat/Anais/arquivos/RE/REPilatoMichele.pdf

.Acesso em 25/05/17.

SÁ, I. P. A Magia da Matemática: Atividades Investigativas, Curiosidades e Histórias da

Matemática. Ciência Moderna: Rio de Janeiro. 2010. 200 p.

SILVA, K. B. Noções de geometrias não euclidianas: hiperbólica, da superfície esférica e

dos fractais. 1ª ed. Curitiba, PR: CRV, 2011.

WATERMANN, I.; FRANCO, V. S. Geometria Projetiva no Laboratório de ensino de

Matemática. Artigo produzido durante o Programa de Desenvolvimento Educacional do

Estado do Paraná (PDE), Universidade de Maringá, v. 2009, p. 2192-8, 2008.

Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2192-8.pdf>

Acesso em: 30/04/2017.

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ANEXO 1

Modelos de Tabelas extraídas de (SÁ, 2010).

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