PAPA EM PORTUGAL: - CASA DAS HISTÓRIAS: Mau tempo...

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Mau tempo: ”vermelho” a Norte e “laranja” a sul Pág.6 » Papa em Portugal Imagem da visita foi revelada publicamente Esta é a imagem que será usada para medalhas, t-shirts, cartazes oficiais e estandartes. Pág.13 » RR Fantasporto Efeitos especiais: a arte de fazer o impossível O “Fantas” trouxe ao Porto o mestre dos efeitos por detrás de “2001 - Odisseia no Espaço” ou “História Interminável”. Colin Arthur contou ao Página1 que “fazer o impossível demora apenas um pouco mais” e garante que não se sente ameaçado pela animação 3D. Pág. 2 e 3 » OPINIÃO Ecologia responsável Luís Cabral A força da realidade Aura Miguel Pág.4 » Vidas Consagradas Padre e monge, em resposta a duplo apelo No âmbito do Ano Sacerdotal, a Renascen- ça continua a retratar perfis de diferentes padres. Este mês, o retratado é padre e monge. Lino Moreira explica que a vocação sacerdotal e a monástica nem sempre são coincidentes. Não foi o seu caso. Págs.14 e 15 » Amanhã Hoje Porto Lisboa man Am h h oje H Li Lisboa boa Domingo Por Po to o Porto Lisboa Sábado Gratuito PAPA EM PORTUGAL: Igreja quer que visita desperte os católicos - CASA DAS HISTÓRIAS: Helena Freitas dirige Leia mais ÚLTIMAS Directora Graça Franco Editor Raul Santos Grupo Renascença www.rr.pt www.rfm.pt www.mega.fm www.radiosim.pt Sexta-feira 26 Fevereiro de 2010 Madeira Governo Regional mantém números Os números oficiais hoje divulga- dos são de 41 mortos e 17 desapa- recidos. Pág.5 » Saúde Mental Profissionais resistem à reforma A crítica é do coordenador nacio- nal para a área. A nova lei conti- nua por regulamentar. Pág.6 » Comissão de Ética Saraiva acusa BCP de tentar decapitar “Sol” O director do “Sol” esteve hoje no Parlamento e criticou o BCP e também o Governo. Pág.8 » Futebol/Selecção Varela nos AA e Ruben Micael nos sub-23 Há novidades na convocatória de Queiroz para os próximos com- promissos das selecções. Pág.17 » I Liga FCP em Alvalade e Benfica em Matosinhos São os principais jogos da jornada 21, que marca o arranque do últi- mo terço do campeonato. Pág.17 » A 26 de Fevereiro... 1815: Napoleão escapa-se de Elba Pág.19 »

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Mau tempo: ”vermelho” a Norte e “laranja” a sul Pág.6 »

Papa em Portugal

Imagem da visita foi revelada publicamente

Esta é a imagem que será usada para medalhas, t-shirts, cartazes ofi ciais e estandartes. Pág.13 »

RR

Fantasporto

Efeitos especiais: a arte de fazer o impossívelO “Fantas” trouxe ao Porto o mestre dos efeitos por detrás de “2001 - Odisseia no Espaço” ou “História Interminável”. Colin Arthur contou ao Página1 que “fazer o impossível demora apenas um pouco mais” e garante que não se sente ameaçado pela animação 3D. Pág. 2 e 3»

OPINIÃO

Ecologia responsável

Luís Cabral

A força da realidade

Aura MiguelPág.4»

Vidas Consagradas

Padre e monge, em resposta a duplo apeloNo âmbito do Ano Sacerdotal, a Renascen-ça continua a retratar perfi s de diferentes padres. Este mês, o retratado é padre e monge. Lino Moreira explica que a vocação sacerdotal e a monástica nem sempre são coincidentes. Não foi o seu caso. Págs.14 e 15 »

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DirectoraGraça Franco

EditorRaul Santos

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www.radiosim.pt

Sexta-feira26 Fevereiro de 2010

Madeira

Governo Regional

mantém números

Os números ofi ciais hoje divulga-dos são de 41 mortos e 17 desapa-recidos. Pág.5 »

Saúde Mental

Profi ssionais resistem

à reforma

A crítica é do coordenador nacio-nal para a área. A nova lei conti-nua por regulamentar. Pág.6 »

Comissão de Ética

Saraiva acusa BCP de

tentar decapitar “Sol”

O director do “Sol” esteve hoje no Parlamento e criticou o BCP e também o Governo. Pág.8 »

Futebol/Selecção

Varela nos AA e Ruben

Micael nos sub-23

Há novidades na convocatória de Queiroz para os próximos com-promissos das selecções. Pág.17 »

I Liga

FCP em Alvalade e

Benfi ca em Matosinhos

São os principais jogos da jornada 21, que marca o arranque do últi-mo terço do campeonato. Pág.17 »

A 26 de Fevereiro...

1815: Napoleão

escapa-se de Elba

Pág.19 »

Todos sabemos que as cenas mais vio-lentas ou irreais de um fi lme não passam de truques – mas quem nunca saltou da cadeira como se fosse tudo “a sério”? É esse o propósito dos efei-tos especiais. Os artesãos destas coi-sas chegam a perder dias inteiros para que uns segun-dos de fi lmagem tenham o efeito pretendido, mas é o preço da magia. Mas como se faz sangue que pareça a sério? Qual o melhor silicone para simular feridas abertas e repro-duzir queimaduras de primeiro grau? Como se simula uma espada a perfurar um corpo real? Era o que que-riam aprender as 110 pessoas que se inscreveram nos workshops de efeitos especiais organizados pela Lon-don Sessions Productions no Fantasporto. O plano era que o pudessem ouvir da boca de dois es-pecialistas de renome mundial, de duas gerações di-ferentes – Colin Arthur e David Marti. Mas este último, vencedor de um Óscar pela caracterização de “O La-birinto do Fauno”, cancelou a vinda por motivos fami-liares e o palco do Pequeno Auditório do Rivoli fi cou ontem entregue a Arthur.O mestre abriu a mala de truques – de uma espada usada por Sean Connery a uma réplica do rosto de Ben Kingsley - e não parou de sacar ares de espanto a uma plateia rendida – que o próprio admitiu ser “a mais participativa” que já lhe apareceu à frente.

Aulas de piano para conseguir um bom Aulas de piano para conseguir um bom zombiezombie

Ao fi m da tarde, Filipe Melo, realizador de “I’ll See You in My Dreams”, que venceu o Fantas em 2004, jun-tou-se à conversa. Ficámos a saber que o teledisco de “Thriller”, de Michael Jackson, lhe inspirou a necessi-dade “de fazer um fi lme com monstros e efeitos espe-ciais” e que para contornar a inexistência de técnicos da área em Portugal teve de os procurar no Canadá e em Espanha. Não tardaram a surgir da audiência as costumeiras queixas de falta de investimento nos novos artistas de cinema em Portugal, com os critérios de atribuição de verbas do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA) debaixo de fogo. Colin Arthur e os organizadores do workshop apelaram ao espírito de equipa, avisaram que noutros países a situação não é muito diferente e que começar depen-

de sempre de muito voluntarismo, perseverança e habilidade para convencer alguém a investir “nem que seja 50 euros” no projecto. Mas o melhor exemplo veio de Filipe Melo: “Sinto que as pessoas estão sempre a contar que haja uma indústria. Eu nunca procurei soluções junto do ICA. Para fazer o meu fi lme, fui ao banco, pedi um emprés-timo em 2003 e continuo a pagá-lo. Mas valeu a pena. Acabámos por ganhar o ‘Fantas’, pudemos viajar com o fi lme e já nos levaram mais a sério”. E como os efeitos especiais eram “mesmo muito caros”, passou “horas a dar aulas de piano para conseguir um bom zombie”.Sarah Arthur, mulher e parceira profi ssional de Colin, também não cedeu ao espírito de desânimo reinante na sala e avançou: “Tenho a certeza de que há aqui talento sufi ciente para fazer um bom fi lme com efeitos especiais”. O repto acabou por resultar no compromis-so da London Sessions de tentar juntar todos os partici-pantes numa mailing-list, para que se somem vontades num possível projecto futuro. Quem sabe o que poderá sair daqui?

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Fantasporto

Os segredos da mala de truques de Colin ArthurO Fantasporto passou esta semana a expôr as entranhas do cinema, pondo os ilusionistas a mostrar os seus truques. Fomos espreitar um dos workshops de efeitos especiais e encontrá-mos largas dezenas de pessoas com muita vontade de fazer cinema e poucas ideias de como o conseguir. A conduzi-lo estava Colin Arthur, mestre maior da arte, com mão em fi lmes como “2001 – Odisseia no Espaço”, “História Interminável” ou “Império do Sol”, que se confessou capaz de fazer milages sem a ajuda do 3D (ver página 3).

Catarina Santos (texto e fotos) »

Às 20h30 de hoje, Samuel Hadida, produtor de fi lmes como “Boa Noite e Boa Sorte” ou “The Imaginarium of Doctor Parnassus”, sobe ao palco do Rivoli para receber o prémio carreira e abrir ofi cialmente esta 30ª edição do Festival de Cinema Internacional do Porto, onde es-tará também presente a ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas. Segue-se a estreia europeia de “Solomon Kane”, realiza-do por Michael J. Basset e produzido por Hadida. Até 7 de Março, há centenas de fi lmes para ver, 40 dos quais em competição. Um conselho: se passar por lá, tenha atenção para não tropeçar em nenhum robô. É que a organização do festival convidou alguns especia-listas em robótica para o Rivoli e vários exemplares de máquinas programadas andarão a passear pelo espaço no resto da semana.

“Fantas” ofi cial abre hoje com

“Solomon Kane”

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Colin e Sarah Arthur ensinaram uns truques

e ainda deixaram incenrivos o empreendedorismo

Colin Arthur

“Fazer o impossível demora um pouco mais”

Começou como escultor, mas a certeza de que podia arran-jar truques melhores para os efeitos que via nalguns fi lmes levou-o a entrar no mundo cinema. Aos 67 anos, Colin Ar-thur soma um currículo tão impressionante que nem sabe-mos o que destacar - “2001 – Odisseia no Espaço”? “História Interminável”? “Império do Sol”? “As Minas do Rei Salo-mão”? “Conan, o Bárbaro”? “Fala com Ela”? “Sexy Beast”? Ou “The Rift”, que lhe valeu um Goya em 1990?Este inglês que ainda não viu “Avatar” diz que não teme as ameaças da manipulação de imagens por computador. Quando lhe pedem o impossível, avisa apenas que “vai de-morar um pouco mais”.

Catarina Santos »

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Página1 - A animação por computador está a ganhar ter-reno aos efeitos especiais “à moda antiga”? Colin Arthur - Toda a indústria do cinema está em cons-tante mudança. Os detalhes, a maquilhagem, os mate-riais disponíveis. O mesmo se aplica aos efeitos especiais. Nós, os artesãos que tratam deste processo físico de co-locar coisas em frente da câmara, temos o eterno píxel, o computador que se apresenta como o grande salvador de tudo. E, na verdade, não é. Eu não acredito que seja. Mesmo o Spielberg e o George Lucas já disseram que pre-feriam fazer as coisas à moda antiga, como nos primeiros fi lmes da “Guerra das Estrelas”. Quando se trabalha com chamas a sério e coisas assim, há uma realidade que não se consegue com a animação por computador.

P1 - Como no “Avatar”?CA - Qual?

P1 - O “Avatar”, do James Cameron…CA - Ah, não o vi.

P1 - Foi apresentado como se o futuro do cinema pas-sasse por aí, pela animação em 3D…CA - Eu quero ver o “Avatar”, se é isso que quer saber. Quando apareceu o cinema, todos pensaram que o teatro ia morrer. Mas isso foi há 150 anos e o teatro seguiu em frente. O cinema também vai seguir em frente e desen-volver-se na sua forma mais tradicional. Penso que os grandes desenvolvimentos na produção de imagens em CGI [“Computer-generated Imagery” – ima-gens geradas por computador] virão nos próximos 10 ou 15 anos. E estará tudo dependente da criatividade do ho-mem que se senta em frente ao monitor.E pergunta-me “oh, mas a CGI não lhe está a roubar o trabalho?” Não, tem havido um alargamento contínuo no campo do cinema.

P1 - Depois de tantos fi lmes, ainda se sente como um mágico no trabalho que faz?CA - Sim! Eu quase me esqueço do processo necessário para resolver todos os problemas que surgem. E penso: “Uau, como é que me lembrei disto?”. Recordo-me de ver, quando era jovem, no fi lme “Patton” (1970), uma sequência inicial em que a cara do George C. Scott enche todo o plano. Eu só conseguia ver a cola das suas sobrancelhas. Essa foi uma das minhas motivações

para entrar na indústria do cine-ma. Pensei: “tem de haver outra maneira de fazer aquilo”. Encontrei outra forma de co-locar sobrancelhas na cara de um actor e garanto-lhe que demora uns cinco minutos. Há apenas um truque na forma como se manipula os pêlos e se colam.Por isso, se me pergunta se é mágico... Não sei, mas nós surpreendemo-nos a nós próprios, às vezes.

P1 - Quando vê um fi lme que não é seu, consegue en-volver-se na história sem fi car fi xado na forma como tudo foi feito?CA - Sim, claro! Eu consigo sentar-me num cinema e en-treter-me, sem estar à procura de erros. Perco-me total-mente no fi lme, não analiso como foi feito, quem o fez… Tirando quando vejo fi lmes como “Madame Doubtfi re”… [“Papá Para Sempre” na versão portuguesa; o fi lme em que Robin Williams se disfarça de ama dos fi lhos]. Aí é quando eu me ajoelho num tapete e digo “meu Deus, mui-to bem feito!”. A maquilhagem nesse fi lme é uma das me-lhores que já se fi zeram na América. Vemos imperfeições, é claro, mas há ali algum trabalho realmente fantástico. Sobretudo se pensarmos há quanto tempo foi feito [1993] e nas técnicas e materiais disponíveis nessa altura. São sempre interessantes, também, os primeiros fi lmes do “Exterminador Implacável” e do polícia mau que se transforma em mercúrio no chão. Imagino os coitados dos técnicos de CGI a trabalharem com a miserável memó-ria disponível nas máquinas daquele tempo. Não tenho a certeza, mas julgo que estariam a usar um mercúrio pra-teado porque não tinham memória sufi ciente para o fazer a cores! Esse conceito acabou por infl uenciar o resto do fi lme e resultou muito bem.

P1 - Qual foi o seu fi lme mais difícil?CA - A essa pergunta respondo sempre “o próximo”. Esta-mos sempre a obrigar-nos a ir ao limite, a caminhar rumo ao desconhecido. Mesmo que seja algo que já fi zemos an-tes estamos sempre a tentar fazer um pouco mais rápido, um pouco mais barato ou melhor.

P1 - Os realizadores costumam pedir o impossível?CA - Demora um pouco mais a fazer o impossível. O que se costuma dizer entre o pessoal dos efeitos especiais é: “Mas isso é impossível!… Pronto, um milagre vai demorar um pouco mais”.

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Ecologia responsável

A noção de “boa administração do ambiente” en-trou no léxico comum da política, do jornalismo – até da religião: no domingo passado, a Missa na paróquia da Ascensão em Nova Iorque incluía uma oração es-pecial pedindo que cada um seja um bom “steward” (administrador). A nova vaga de “comportamento res-ponsável”, que resulta principalmen-te da preocupação com o ambiente, tem alguns aspectos positivos. Por exemplo, a ideia de que a proprieda-de privada não é um direito absoluto (invalidando raciocínios como “estas árvores são minhas, e se as quero cor-tar o problema é meu, ninguém tem nada a ver com isso”). Ou a ideia (relacionada) de que a liberdade não se resume à possibilidade física ou legal, mas sim à procura do bem (invali-dando raciocínios como “não há nenhuma lei que proíba o desperdício, logo ao gastar como quero exerço a minha liberdade”).

De uma forma geral, a preocupação ambiental trouxe-nos de volta a importância dos valores

– em particular o valor do bem co-mum. Mas pior do que uma sociedade sem valores é uma sociedade com uma hierarquia de valores desordenada. Vêm-me à mente questões como os “direitos” dos animais e das plan-tas, ou a centralidade atribuída ao planeta Terra, quando não mesmo a sua divinização. Ideias que resultam de uma falsa humildade – em última análise de uma falta de princípios.A minha reacção inicial à oração de petição – “que sejamos bons adminis-

tradores” – foi de surpresa. Mas rapidamente me uni à prece, pedindo interiormente que essa administração se dirija ao bem comum da grande família humana – o que implica a protecção dos animais e das plantas, parte da criação confi ada à nossa administração.

A força da realidadeA propósito da distracção e superfi cialidade com que muitos adultos vivem a vida, um amigo meu costuma dizer que, às vezes, há golpes de sorte, como, por exemplo, escapar de um enfarte do mio-cárdio. E explica que conhece vários homens e mu-lheres de meia-idade que passaram a tomar a vida a sério quando lhes aconteceu algo inesperado, que os obrigou a considerar a sua fragilidade, reconhe-cendo, assim, a sua incapacidade para controlarem tudo na vida.Lembrei-me disto, ao assistir, impotente, à tragé-dia da Madeira e, nos últimos tempos, também às tragédias no Haiti e em L’Aquilla, na Itália. Uma espécie de “enfarte do miocárdio colectivo”, em que, de um momento para o outro, quando menos se espera, nos sentimos tão impotentes e pequeni-nos. Então, percebemos que não controlamos mes-mo nada. Achamos que sim, temos essa pretensão, mas quase sempre a realidade impõe-se.Nestas circunstâncias, é um acto de inteligência re-conhecer que não somos donos da vida!

Aura Miguel

A preocupação ambiental trouxe-nos de volta a importância dos valores – em particular o valor do bem comum

Luís CabralProfessor da IESE Business School

A porta-voz do Governo Regional da Madeira manteve hoje em 41, o número de vítimas mortais do temporal que assolou a ilha no sábado. De acordo com a informação prestada pelo Ministério Público, há ainda o registo de 17 pessoas desapareci-das, menos uma em relação ao último relatório ofi cial, de ontem, depois de ter aparecido o cadáver de uma idosa em Ribeira Brava, referiu Conceição Estudante. A mesma fonte do Governo Regional adiantou que 600 pessoas estão a receber assistência social. A porta-voz adiantou ainda que o secretário regional das Finanças esteve reunido hoje de manhã em Bruges, na Bélgica, com o comissário europeu da política regio-nal e o ministro da Administração Interna para abordar a questão da recolha de meios e apoios fi nanceiros para a recuperação. No fi nal do encontro, o ministro português, Rui Pereira, disse que Portugal irá apresentar rapidamente a can-didatura ao Fundo de Solidariedade dos 27 e que esta tem de ser elaborada “com rigor em relação aos danos” na Madeira. “Nós tivemos a oportunidade de explicar ao senhor co-missário sobre a situação que se vive na Ilha da Madeira e de lhe entregar desde já um dossier que relata os fac-tos e as consequências” do desastre causado pelo mau tempo, disse o ministro da Administração Interna. Ontem, o presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim, confi rmou que o temporal de sábado cau-sou prejuízos que ascendem a mais de mil milhões de euros.

Ministro não deixa cair polémicaMinistro não deixa cair polémica

O ministro das Finanças recusou hoje que a questão das alterações à Lei das Finanças Regionais esteja já posta de parte e que não mistura dar apoio especial à Madei-ra, com o aumento das transferências e da capacidade

de endividamento. Questionado sobre o deputado do PSD Guilherme Silva sobre se estaria disponível para incluir apoios à Madei-ra no Orçamento, num altura em que a questão da lei das fi nanças regionais já não estava em cima da mesa, Teixeira dos Santos refutou que a questão estivesse morta. “Essa não é a minha opinião (...). Essa questão não tem absolutamente nada a ver com a situação da Madeira, depois da catástrofe. (...) Eu não misturo as duas coi-sas, e acho por bem não misturarmos as duas maté-rias”, afi rmou o ministro, deixando a porta aberta ao ressurgimento da questão.

Sócrates reúne com JardimSócrates reúne com Jardim

Soube-se também hoje que o Primeiro-ministro vai reu-nir-se na segunda-feira, antes de partir para a sua visi-ta ofi cial a Moçambique, com o presidente do Governo Regional da Madeira, para analisar medidas tendentes a minorar a destruição provocada pela intempérie de sábado. De acordo com fonte do gabinete de José Só-crates, citada pela agência Lusa, a reunião terá lugar na residência ofi cial do Primeiro-ministro.

Barroso na Madeira em MarçoBarroso na Madeira em Março

O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, anunciou hoje que vai visitar a Madeira a 12 de Mar-ço, para “manifestar solidariedade” aos madeirenses e reunir-se com as autoridades locais. Já comissário europeu da política regional, Johannes Hahn, vai visitar o arquipélago a 6 e 7 de Março. Entretanto, a memória de todos os que perderam a vida no temporal de sábado passado vai ser recordada numa Missa este fi nal de tarde, às 19h00, na Basílica da Estrela, em Lisboa.

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Madeira

Governo Regional mantém número de vítimas

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Fuzileiros participam nas operações de busca na Madeira

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Mau tempo

Norte em “alerta vermelho” e sul a “laranja”

O Instituto de Meteorologia colocou em alerta verme-lho dez distritos do Norte e Centro do país devido ao previsível aumento da intensidade do vento. Em alerta vermelho, o mais grave numa escala de cinco, estão os distritos de Leiria, Castelo Branco, Coimbra, Guar-da, Viseu, Aveiro, Vila Real, Braga, Porto e Viana do Castelo.O mau tempo chega na próxima madrugada, mas o aler-ta é válido até à meia-noite de sábado. De acordo com o Instituto de Meteorologia (IM), uma depressão que se encontra a oeste da ilha da Madei-ra vai deslocar-se “rapidamente para nordeste ao longo da costa, atingindo com maior intensidade as regiões do litoral norte”. Prevê-se a possibilidade de rajadas de vento até 150 quilóme-tros por hora no litoral e terras altas. Estão também previstos períodos de chuva forte, que passarão a aguacei-ros na tarde de amanhã.O IM diz que o sul também será afecta-do, pelo que os outros distritos do país estão em alerta laranja.Também aProtecção Civil prepara-se para colocar parte signifi cativa do seu

dispositivo em alerta laranja, o segundo nível mais gra-ve, de uma tabela de cinco. Em causa está a mais recente actualização de dados feita pelo Instituto de Meteorologia. O Comando Na-cional de Operações decidiu colocar, amanhã, durante todo o dia, o seu dispositivo de prevenção.O alerta laranja signifi ca que se trata de uma situação de perigo, com condições para a ocorrência de fenó-menos invulgares que podem causar danos a pessoas e bens, colocando em causa a sua segurança.

Saúde Mental

Profi ssionais de saúde resistem à reformaO coordenador nacional para a área da Saúde Mental diz que os profi ssio-nais de saúde são o principal entrave à reforma do sector.Caldas de Almeida queixa-se em particular de resistências por parte da classe médica, que tem, do seu ponto de vista, uma visão muito conserva-dora da saúde mental.Este faço ajuda a explicar, segundo Caldas de Almeida que a reforma já aprovada e publicada aguarde, ainda, pela regulamentação.“É uma luta entre concepções mais abertas e outras mais fechadas e há muitos interesses aqui metidos, não podemos ignorar isso”, disse à Renas-cença, acrescentando que existe “o estigma associado à doença mental”, havendo pessoas – muitos médicos – “que acham que os doentes mentais devem estar nos hospitais psiquiátricos e não devem ‘chatear’”. O diploma dos cuidados continuados de saúde mental prevê um novo para-digma de saúde mental, com o encerramento dos grandes hospitais psiqui-átricos e a criação de estruturas mais ligeiras na comunidade, orientações que seguem também a tendência internacional.Hoje, afi rma Caldas de Almeida, os serviços de psiquiatria dos hospitais ge-rais parecem “parados no tempo e têm pouca ambição” na forma de tratar os seus doentes. São serviços “muito tradicionais: têm umas camas onde enterram as pessoas, uma consulta externa e às vezes têm um hospital de dia e ponto fi nal. Depois, seguindo as modas, vão criando muitas pequenas consultas, não de acordo com as necessidades das pessoas, mas de gostos particulares de médicos”, acusa. Caldas de Almeida é um dos protagonistas da reportagem desta semana do programa da Renascença “Espaço Aberto”, que, no próximo domingo, entre as 12h00 e as 13h00, dará também a conhecer um projecto que está retirar das ruas os sem-abrigo da cidade de Lisboa.“Espaço Aberto” é uma edição de Marina Pimentel com os comentadores residentes Maria José Nogueira Pinto, Hermínio Rico e João Ferreira do Amaral.

Cheque-dentista

Ministério promete pagar dívidas até Março

O Ministério da Saúde deverá pagar na totalidade, até Março, todas as dívidas com os dentistas, de acordo com garantia dada pela tutela à Or-dem dos Médicos Dentistas.Há milhares de profi ssionais a quem o Estado deve, desde o ano passa-do, várias dezenas de milhares de euros no âmbito do programa Che-que Dentista, segundo avança hoje o “Jornal de Notícias”. Em declarações à Renascença, o secretário-geral da Ordem dos Mé-dicos Dentistas, Paulo Melo, afi rmou ter recebido do Ministério a garantia de que a situação estará completa-mente resolvida até Março.Neste momento, referiu ainda Paulo Melo, já há profi ssionais a atraves-sar difi culdades fi nanceiras, devido às dívidas do Estado.

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Empresas

Sócrates apela a internacionalizaçãoO Primeiro ministro, José Sócrates, defendeu, hoje que “o país precisa de se inspirar nos bons exemplos empresariais, citando o exemplo da fábrica que visitva - a Irmãos Vila Nova, de Ribeirão, Famalicão - que comer-cializa a marca de jeans “Salsa”.“Este é o exemplo de uma empresa que se internacionalizou num mercado tão exigente como o da moda, através de uma atitude de per-manente exigência para manter um estatuto de sucesso no sector”, disse Sócrates.

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PEC

Ministro das Finanças anuncia novas privatizações

O ministro das Finanças disse hoje, no Parlamento, que o Go-verno vai identifi car novas em-presas a privatizar, no quadro do Programa de Estabilidade e Cres-cimento (PEC).Teixeira dos Santos não revelou que empresas serão essas, reme-tendo os deputados para a apre-sentação do PEC.Durante uma audição parlamen-tar, no âmbito da discussão na es-pecialidade das contas do Estado para o próximo ano Teixeira dos Santos contestou as críticas do PSD segundo as quais o Orçamen-to de Estado para 2010 é pouco transparente.No quadro da discussão na espe-cialidade, o PSD recuou num pon-to relacionado com o Pagamento Especial por Conta, adiando a

sua extinção.Apesar da reunião de hoje ter a questão do Orçamento como tema, foi no PEC que se centrou o debate, mesmo quando se desconhece, em rigor, o seu teor.O antigo ministro das Finanças Jorge Braga de Macedo lamenta que a dis-cussão sobre o PEC não esteja verdadeiramente a ser feita no país. Macedo questiona, nomeadamente, o modo como tenciona o Executivo colocar o défi ce em 3%. O antigo ministro adverte ainda para o facto da demora na divulgação as linhas essenciais do documento ser observada com preocupação pelas instituições internacionais.Esta chamada de atenção de Braga de Macedo é feita, também, por outro antigo ministro das Finanças ouvido pela Renascença. Miguel Beleza diz que o debate sobre o PEC está atrasado, continuando desconhecidas as suas orientações concretas. Contudo, Beleza não tem dúvidas de que o plano conterá medidas particularmente duras, como, por exemplo, mexi-das nas pensões de reforma e congelamento de salários.

Alexandre Relvas

Governo deveria “acordar” para o problema do desemprego

Alexandre Relvas considera dramá-ticos os novos números do desem-prego divulgados pelo INE, apon-tando como particularmente grave o facto de o desemprego atingir hoje milhares de pessoas entre os mais jovens.No seu habitual espaço de comen-tário das noites de quinta-feira, na Renascença, o presidente do Insti-tuto Sá Carneiro disse que se está a viver à “custa de nova geração”, à qual “não demos formação e ainda por cima não lhes arranjamos em-prego”.Relvas considera, assim, “urgente” que seja feito “um novo contracto entre gerações” e disse esperar que o Governo “acorde” para esta rea-lidade.Ainda no plano económico, Alexan-dre Relvas disse que a nossa situa-ção é melhor do que a da Grécia e sublinhou que o Governo está obri-gado a apresentar um Plano de Es-tabilidade e Crescimento responsá-vel, ao contrário do que fez com a proposta de Orçamento de Estado.

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Casino Estoril

Providência cautelar tenta travar despedimentos

Os trabalhadores do Casino do Esto-ril entregaram hoje uma providên-cia cautelar no Tribunal de Cascais, com o objectivo de travar o proces-so de despedimento colectivo, que abrange 113 funcionários. Os trabalhadores têm estado a re-ceber as cartas de despedimento desde há quinze dias, numa medida que em muitos casos abrange pes-soas que estiveram quase toda a vida a trabalhar no casino.

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Comissão de Ética

José António Saraiva acusa BCP de ter pretenddido decapitar semanário “Sol”

O director do semanário “Sol”, José António Saraiva, acusou hoje o BCP de querer decapitar a direcção do jornal e de pretender alterar a sua linha editorial. Saraiva foi ouvido na Comissão Parlamentar de Ética, no âmbito das audições que avaliam o exercício da li-berdade de expressão em Portugal.O director do semanário que divulgou as escutas, feitas no âmbito do “Face Oculta”, que põem em cheque o Primeiro-ministro, afi rmou que “caiu completamente a máscara ao BCP”, cujo objectivo era “decapitar a direcção do Sol” e “alterar a linha editorial do jornal”, interrompendo “um caminho que o jornal vinha a se-guir desde a sua fundação”.Saraiva manifestou-se convicto de que, “pelo menos na parte fi nal, esta operação foi comandada directamente pelo doutor Armando Vara”.O director do “Sol” lamentou, por outro lado, a forma como o PS está a lidar com este assunto. “Sinto-me chocado quando vejo responsáveis do PS a dizer que não se passa nada”, disse Saraiva, sublinhando que os factos revelados “são absolutamente chocantes”.José António Saraiva acusou, ainda, o poder judicial de encobrir o poder político e, algo “mais grave”, na sua avaliação, há também “um encobrimento do poder político pelo poder judicial”.O director do “Sol” lamentou, por outro lado, que o Procurador-geral da República e o presidente do Su-premo Tribunal de Justiça contribuam para baralhar o caso sobre o alegado plano do Governo para controlar a comunicação social.

Rui Pedro nunca falou com Sócrates sobre a PTRui Pedro nunca falou com Sócrates sobre a PT

Ontem, na Comissão, foi ouvido um dos personagens-chave deste caso, o ex-administrador da PT Rui Pedro Soares, que garantiu, perante os deputados, nunca ter

recebido instruções do Primeiro-ministro em relação à Portugal Telecom nem nunca ter falado do negócio PT/TVI com o ministro Mário Lino. “Nunca recebi nenhuma ordem nem instrução do Primei-ro ministro em relação à PT”, afi rmou, acrescentando que também nunca esteve presente nem representou “a PT em nenhuma reunião com o Primeiro- ministro ou com o ministro Mário Lino”.O ex-administrador da PT conhece José Sócrates, mas disse que não é seu amigo íntimo, recusando entrar em pormenores que considera ser da sua vida privada.

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Combate à corrupção

Cândida Almeida aucsa PJ de aceitar mal o trabalho do Ministério Público

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A directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), revelou, no Parlamento, a exis-tência de problemas no relacionamento entre o Minis-tério Público (MP) e a Unidade de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária (PJ). Cândida Almeida foi ouvida no âmbito da Comissão Eventual para o Combate à Corrupção, tendo afi rmado que os responsáveis da PJ “entendem como uma ofensa pessoal o facto de pedirmos mais coisas” nos trabalhos de investigação, quando “a lei prevê que o Ministério Público seja o responsável pela investigação e por uma acusação”, pelo que o Ministério Público “tem que di-zer aquilo que precisa”. A Procuradora Geral adjunta referiu que há apenas 12 magistrados no DCIAP, departamento que lida apenas

com processos complexos e que cobrem todo o territó-rio nacional, pelo que é difícil conseguir mais efi cácia no combate a crimes como os de corrupção.Destacando que a vida dos investigadores de processos é complicada, Cândida Almeida garantiu que não falta, contudo, empenho não falta.

Freeport concluído em AbrilFreeport concluído em Abril

Na audição de ontem, foi abordado o caso Freeport, tendo Cãndida Almeida apontado Abril como “tecto temporal” para a conclusão da investigação.Para “repor um pouco a verdade”, disse, a magistrada assegurou que o Primeiro-ministro não é arguido neste inquérito que “está no fi m”.

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A ofensiva da NATO no Afeganistão está a conseguir alguns resul-tados militares. Mas, ao mesmo tempo, surgem factos preocupan-tes. O primeiro é a morte de mais de trinta civis, no Sul daquele país, por engano das tropas da NATO. Ora esses “danos colaterais” são um enorme obstáculo à conquista da confi ança da população afegã por parte dos militares da NATO. E sem essa confi ança pouco poderá fazer a força das armas.

Por outro lado, o governo holandês de coligação desfez-se em con-sequência de divergências sobre o prolongamento, aliás limitado, da missão militar holandesa no Afeganistão. O partido trabalhista, parceiro na coligação, opôs-se a tal prolongamento, desejado pela NATO e apoiado pelo primeiro-ministro Balkenende.

Antes disto, já o Canadá tinha dito que retirará do Afeganistão os seus efectivos no próximo ano. A Alemanha pondera. E os próprios Estados Unidos, que reforçaram ali a sua presença militar, tam-bém já haviam sinalizado a sua saída a prazo. É que as opiniões públicas nacionais não concordam com ter soldados no Afeganis-tão. Assim não se ganham guerras.

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Myanmar

Supremo confi rma detenção de Aung San Suu KyiO Tribunal Supremo de Myanmar, antiga Birmânia, manteve hoje em detenção a opositora e Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, confi rmando a condenação a 18 meses suplemen-tares de prisão domiciliária pronun-ciada em Agosto último, informou fonte ofi cial. Os magistrados rejeitaram o recur-so dos advogados de Suu Kyi, que se baseavam, nomeadamente, em argumentos constitucionais. “O recurso foi recusado”, disse laconicamente um responsável birmanês, que pediu para não ser identifi cado.

Ponto de vista

Obstáculos da ofensiva

Francisco Sarsfi eld CabralJornalista

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Pelo menos 17 pessoas, entre as quais alguns estran-geiros, morreram num atentado suicida, esta manhã, em Cabul, no Afeganistão, reivindicado por um alegado porta-voz dos taliban. Entre os estrangeiros há pelo menos um francês, um italiano e um indiano, disse Mohammad Yaqoud Noor-zai, médico do hospital militar da cidade, onde, ao lon-go do dia, foram assistidos as mais de 30 pessoas que fi caram feridas.Dois outros bombistas suicidas foram abatidos pela polícia, no mesmo bairro de Cabul, afi rmou Zemarai Bashary, porta-voz do Ministério do Interior.

Movimento taliban revindica atentado Movimento taliban revindica atentado

“Reivindicamos” o ataque, disse à AFP Zabihullah Mu-jahed, porta-voz dos taliban, em contacto telefónico com a agência noticiosa.“O ataque foi realizado por oito dos nossos combaten-tes, tendo um deles feito explodir o seu carro armadi-lhado junto de um hotel”, referiu porta-voz, adiantan-do que dois outros elementos fi zeram também explodir as bombas que levavam.Os restantes encontravam-se, ao fi nal da manhã, ainda no local das explosões.

Protestos no Parlamento alemãoProtestos no Parlamento alemão

O presidente do Parlamento alemão, Norbert Lammert, expulsou hoje da sala do hemiciclo os deputados par-tido Die Linke (de esquerda), por ostentarem cartazes contra a missão militar alemã no Afeganistão. Nos cartazes estavam inscritos nomes de vítimas civis do bombardeamento pela NATO, em Setembro, de dois camiões-cisterna desviados pelos taliban. Os deputa-dos do Die Linke levantaram-se em bloco dos seus luga-res, exibindo os referidos cartazes, logo que Lammert iniciou um debate sobre o Afeganistão.

Afeganistão

Atentado suicida faz 17 mortos

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Turquia

Mais 18 militares detidos por conspiraçãoA polícia da Turquia deteve 18 militares, um deles na reserva, numa vaga de detenções de ofi ciais envolvidos numa alegada conspiração contra o Governo, revelou hoje a televisão turca NTV.Nove ofi ciais, dos quais dois são almirantes, fazem parte do grupo coloca-do em prisão preventiva depois de terem prestado depoimento na Procu-radoria Geral da República.A operação decorreu em 13 províncias e um dos suspeitos é chefe das for-ças paramilitares em Konya, no centro da Turquia.As acusações contra os suspeitos só serão divulgadas quando a instrução do caso for concluída.Na noite de ontem, um tribunal turco libertou dois antigos responsáveis da Marinha e da Força Aérea sem os acusar de qualquer envolvimento na ale-gada conspiração para derrubar o Executivo islâmico conservador através de um alegado golpe militar em 2003.O ex-comandante da Força Aérea general Ibrahim Firtina e o antigo co-mandante da Marinha Ozden Ornek foram libertados poucas horas depois de uma reunião entre o Presidente da Turquia, Abdullah Gul, o Primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, e o Chefe do Estado-Maior, Ilker Basbug.

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Haiti

Quase um milhão em acampamentosCerca de um milhão de haitianos que vivem na rua desde o sismo de Ja-neiro vão ser realojados em pequenos acampamentos e não em grandes abrigos, como estava inicialmente previsto. O anúncio da medida foi feito pelos presidentes brasileiro e haitiano. Os chefes de Estado brasileiro, Lula da Silva, e haitiano, René Préval, pre-sidiram, ontem, na capital do Haiti, Port-au-Prince, à assinatura de vários acordos bilaterais em matéria de educação e agricultura. Lula da Silva sustentou que, com os pequenos acampamentos, se evitarão os confl itos que poderiam suceder em grandes áreas de realojamento. O Presidente do Brasil aproveitou ainda a oportunidade para voltar a de-fender o perdão da dívida externa do Haiti. Lula da Silva foi ao país expressar solidariedade e apoio depois do devas-tador terramoto de 12 de Janeiro. Após sobrevoar a capital haitiana, para ter uma visão geral dos danos causados, o Presidente brasileiro afi rmou-se impressionado com as marcas da destruição causada pelo sismo, que ma-tou cerca de 217 mil pessoas, segundo estimativas ofi ciais. Argentina

Próxima Cimeira Ibero-Americana em DezembroA próxima Cimeira Ibero-Americana realiza-se a 3 e 4 de Dezembro na cidade argentina de Mar del Plata, informaram hoje fontes ofi ciais. O anúncio foi feito no fi nal de um encontro entre o secretário geral ibero-americano, Enrique Iglesias, e a Presidente da Argentina, Cristi-na Kirchner, nos arredores de Bue-nos Aires. A XX Cimeira Ibero-Americana es-tava, inicialmente, prevista para Novembro.

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EUA

Falha acordo sobre reforma de saúde

A cimeira partidária que o Presiden-te dos Estados Unidos, Barack Oba-ma, convocou para tentar salvar a reforma do sistema de saúde no país terminou sem que democratas e republicanos tivessem chegado a acordo. Obama encerrou, ontem à noite, a reunião bipartidária sobre o tema, que fi cou marcada pelas críticas implacáveis dos republicanos, que se opõem à reforma defendida pelo Presidente norte-americano. No encontro, que durou mais de sete horas e foi transmitido em directo pela televisão dos Estados Unidos, Barack Obama apresentou o seu projecto de reforma e pediu aos republicanos para que buscas-sem pontos de consenso em torno da proposta.

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Peru

Sete mortos em acidente com avião

Um pequeno avião despenhou-se hoje no deserto do Peru, matando sete pessoas.O aparelho regressava de uma visita às Linhas de Nazca, uma das maio-res atracções do país depois de Ma-chu Pichu. A bordo seguiam vários turistas e três dos mortos são de origem chi-lena. Desconhecem-se as causas do acidente.

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Cuba

Biologia

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“Há mortes que se podem evitar. A de Orlando Za-pata Tamayo, é uma delas. Que em pleno século XXI um homem morra como resultado de uma greve de fome para reclamar direitos básicos, será sempre um atentado aos mais elementares valores da condição humana. (...) Não se pode falar mais de ética ou de humanidade quando numa cadeia da Cuba profunda, uma greve de fome provoca a morte a um homem de 42 anos, negro e de origem humilde, como Orlando. (....) A sua morte é uma mensagem de ida e volta, do manual do que não se deve fazer em política de Estado. Antes tinham um opositor, sem arma, que reclamava coisas que se podiam negociar, agora têm um mártir”.Post do blogue “90 Millas” de Iván Garcia, jornalista independente em Cuba, a 24 de Fevereiro 2010.

A morte do dissidente Orlando Zapata, detido desde 2003, depois de 85 dias de greve de fome, acentua uma infeliz coincidência de circunstâncias diplomá-ticas internacionais.Antes de tudo, é mais uma prova da natureza ditato-rial e opressiva da face mais dura do castrismo. Des-de 24 de Maio de 1972, depois do desaparecimento do líder estudantil Pedro Luis Boitel, que ninguém perdia a vida por ter deixar de ingerir alimentos numa cárcere cubana.Poucos cenários como a morte de Zapata podem re-sumir a incapacidade do regime dos irmãos Castro em colocar em andamento uma transição democrática em que os dissidentes não tenham, como agora, de esco-lher entre a cadeia e o silêncio. Poucas vezes resul-tou tão evidente que uma fórmula política, durante décadas respeitada e defendida por muitos sectores da esquerda, tenha perdido qualquer legitimidade por causa do cocktail suicida cubano, misto de sectarismo ideológico e completo fracasso de modelo económico.O regime dos irmãos Castro nunca teve tempo de ouvir críticas ou, sequer, de perceber que podia pilotar uma

reforma suave do sistema. Os sinais de compreensão e de promoção do diálogo interno sugeridos pelo ex-terior, e em particular pela União Europeia (relembro que em 1999, Jorge Sampaio e António Guterres foram os primeiros líderes políticos estrangeiros a reunir, em pleno território cubano, no coração de Havana, com líderes da dissidência interna) nunca foram interioriza-dos pela liderança cubana. Os gestos que, nos últimos meses, Barack Obama foi enviando de Washington vão, seguramente, ter o mesmo destino que os sinais de Bruxelas (ou, em bom rigor, de Madrid).

Há dois anos o discurso de Raúl Castro, na tomada de pos-se, criou expectativas de abertura. Depois de uma mão cheia de medidas de algum alcance simbólico – como auto-rizar aos cubanos possuir telemóveis ou frequentar hotéis – seguiu-se o vazio. Não se registou abertura política, nem económica, mas sim mão dura contra os dissidentes.Raúl Castro foi taxativo, em Dezembro último: “em Cuba não podemos correr os riscos da improvisação ou da pres-sa!”. E como se situa Cuba face à União Europeia e Estados Uni-dos?

Estados Unidos – “Procuro um novo começo nas relações com Havana”, disse Obama em Abril de 2009.Desde então, a nova administração multiplicou o gestos de distensão: simbólicos uns, como desligar o placard elec-

trónico com slogans anti-castro no edifício da sua repre-sentação diplomática em Havana, e outros sinais de maior alcance, como permitir as viagens de cubanos de Miami para a ilha ou permitir o envio ilimitado de dinheiro da imigração. Depois destas medidas, Obama disse que “cabe a Cuba dar os próximos passos!”. Ainda não deu.

União Europeia – A política da União Europeia está baseada na posição comum adoptada a 2 de Dezembro de 1996, em que se defende a necessidade do diálogo aberto com as autoridades e com todos os sectores da sociedade para promover o respeito dos direitos humanos e o avanço da democracia. Em 2003 foram adoptadas sanções diplomáticas suaves face a uma vaga de detenção de dissidentes. As sanções foram suspensas em 2005, depois da libertação de um gru-po de presos políticos.

Cuba perante os Estados Unidos e a União Europeia

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Desta vez, os embaraços causados pela morte de Zapa-ta coincidem com a presença em Havana de Lula da Sil-va, depois de Hugo Chávez, um dos “avalistas” interna-cionais do regime. Também as tímidas reacções iniciais da União Europeia não contribuíram para acentuar a necessária condenação dos irmãos Castro.Na ilha existem cerca de 200 prisioneiros políticos. Des-ses, 65 são considerados pela Amnistia Internacional “prisioneiros de consciência”. Para o Governo cubano não há distinção de categorias: todos são “mercenários ao serviço de Washington”. Será em todos esses “mercenários” que nos próximos tempos se concentrará a atenção da comunidade inter-nacional. No interior de Cuba o cenário será diferente: os meios de comunicação ofi ciais nem sequer publica-ram a notícia da morte de Zapata, nem as condolências de Raúl Castro, nem a necessidade de reformas.Mais do que proporcionar à dissidência um mártir, a morte de Zapata é o golpe mais duro dos últimos anos nas aparências de abertura sugeridas por Raúl Castro, ou pelo semi-reformado Fidel que, coincide a maioria dos analistas, se mantém como o verdadeiro líder na sombra, sem nunca recusar exercer a sua infl uência.A sobrevivência de um regime autoritário, há 51 anos no poder e o mais antigo do continente americano, passa, dramaticamente, por permitir mortes evitáveis

como a de Zapata.A tragédia pessoal deste cubano humilde, nome até aqui desconhecido dos activistas dissidentes, anula também todos os sonhados cenários de auto-dissolução pacífi ca do castrismo.Ou seja, lugar comum aparte, o regime cubano nunca perde uma oportunidade de perder uma oportunida-de. A abertura política em Cuba será sempre uma matéria mais do domínio da biologia que da visão estratégia dos dois senhores que dominam a máquina do poder de Havana.

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A Conferência Episcopal Cubana lamentou que o preso político, Orlando Zapata, falecido na terça-feira depois de 85 dias em greve de fome, “tenha exercido tamanha violência contra si mesmo”, ao mesmo tempo que pediu ao Governo que tudo faça para impedir que casos destes se repitam.Num comunicado, em que dizem ter tomado conheci-mento da morte de Orlando Zapata pelos meios de co-municação internacionais, os bispos cubanos afi rmam que a Igreja da ilha é contrária “à utilização de métodos de protesto que coloquem em risco a própria vida, ou seja, todas as formas de violência exercidas contra o ser humano”.O documento indica ainda que “a Igreja cubana solici-tou, em várias ocasiões, permissão para visitar Orlando Zapata”. Os bispos cubanos sublinham que “reiteram a sua petição ao Governo – que tem em mãos a saúde dos prisioneiros – para que tome todas as medidas para que situações deste tipo não se repitam e, ao mesmo tempo, crie condições de diálogo e de entendimento que evitem que se chegue a situações tão dolorosas como a que aca-ba de ocorrer”.Segundos os prelados, uma morte “nestas circunstâncias é uma tragédia para todos porque se trata da vida huma-na, que é sempre o maior bem a proteger e a conservar por todos”.

Bispos cubanos lamentam morte

e lançam apelo ao Governo

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Lula da Silva esteve em Cuba e foi recebido pelos irmãos Castro

Activistas da oposição cubana prestam homenagem a Orlando Zapata

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Papa em Portugal

Delegação do Vaticano visitou Lisboa, Fátima e Porto

A equipa do Vaticano que prepara as viagens do Papa cumpriu uma deslocação de três dias a Portugal, desti-nada a estudar questões de segurança e de organização da visita que Bento XVI efectua ao nosso país entre 11 e 14 de Maio.Segundo o site ofi cial da visita - www.bentoxviportu-gal.pt - a equipa do Vaticano, liderada por Alberto Gas-barri e que incluía, entre outros, um responsável da segurança e uma representante da Alitália, esteve reu-nida, terça-feira, em Lisboa, junto da Nunciatura, com elementos da Comissão Organizadora da Visita, dirigida por D. Carlos Azevedo, Bispo auxiliar de Lisboa.Nesse encontro de trabalho, estiveram também o Pa-dre Américo Aguiar, coordenador da visita na Diocese do Porto, o Padre Carlos Cabecinhas, coordenador das celebrações litúrgicas, e o Cónégo Luís Manuel, respon-sável pela missa que Bento XVI vai celebrar no dia 11 de Maio, às 18h15 no Terreiro do Paço, em Lisboa.A equipa do Vaticano, acompanhada por D. Carlos Aze-vedo, teve, depois, uma reunião de trabalho no Minis-tério dos Negócios Estrangeiros com representantes do

Protocolo de Estado e das Forças de Segu-rança - PSP e GNR - e visitou, ainda, Fátima e a cidade do Porto, reunindo-se com os responsáveis locais pela organização e segurança da visita.Sabe-se já que, de Roma para Lisboa, no dia 11, o Papa viaja a bordo de um avião da Alitália, partindo a 14 do Porto em direcção a Roma num avião da TAP.

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Capelães hospitalares

Tragédia da Madeira motiva planos para criar estrutura específi ca de acompanhamento de catástofres

Os capelães hospitalares poderão vir a criar uma es-trutura de acompanhamento e apoio em situações de catástrofe como a que aconteceu na Madeira.A ideia foi lançada na 5ª Assembleia Nacional de Cape-lães e Assistentes Espirituais, que reuniu em Fátima.No encontro foram expressas, também, algumas preo-cupações sobre a regulamentação da assistência religio-sa nos hospitais. De acordo com o coordenador do gru-po inter-religioso criado para acompanhar o processo, Padre José Nuno Ferreira da Silva, na maior parte dos hospitais a situação não tem sido pacífi ca.“Há conselhos de administração que não valorizam o su-fi ciente esta dimensão. Não cremos que seja uma ques-tão de má vontade, acreditamos que seja uma questão

de falta de oportunidade ou de tempo”, disse o Padre José Nuno, acrescentando que se verifi cam também, em “alguns hospitais, situações de alguma tensão, porque os conselhos de administração manifestam resistência em regulamentar e em reconhe-cer os princípios da universalida-de, da necessidade de criar no-vos espaços e de salvaguardar as capelas católicas”.Os capelães apelam a um reforço do “diálogo” e pedem que o pra-zo para a aplicação do decreto-lei seja prorrogado até ao fi nal do ano.

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Foi hoje divulgada a imagem ofi cial da visita de Bento XVI a Portugal.Composta essencialmente pelo branco e amarelo, cores que remetem para a bandeira do Vaticano, e com uma fotografi a do Papa ao centro, com a mão erguida a aben-çoar, a imagem, que será usada para medalhas, t-shirts, cartazes ofi ciais e estandartes, contém ainda um ramo de oliveira, alusão clara ao local escolhido por Nossa Senhora para aparecer aos pastorinhos, na Cova de Iria.

Imagem da visita foi divulgada

O Bispo Carlos Azevedo recebeu a delegação

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Padre José Nuno

Filipe d’Avillez »

Por todo o mundo, há homens que dedicam toda a sua vida à contemplação e oração. Nem todos os monges

são padres, mas esta é também uma vertente do sa-cerdócio. Foi no Brasil, para onde tinha emigrado com a sua família depois do 25 de Abril, que Lino Moreira viu monges pela primeira vez.“Tinha quinze anos, passei pelo mosteiro do Rio de Ja-neiro, fui com os meus pais à missa, ali, e fi quei muito tocado pelo ambiente, pela liturgia, pelas fi guras, que nunca tinha visto. Isso fez-me pensar. Foi o início do meu discernimento vocacional, foi a primeira vez que pensei que poderia ser monge”, recorda.Os pais, católicos praticantes, sempre aceitaram a sua

escolha e foi assim que, quatro anos mais tarde, Lino entrou no Mosteiro de Singeverga, nas proximidades de Santo Tirso.Seguiu o percurso normal previsto e, seis anos mais tar-de, fez os votos so-lenes. É um dia que jamais esquecerá, pelo sentimento de realização que lhe

deu: “Senti alegria. Senti-me defi nido. Senti que, re-almente, tinha encontrado o meu caminho, a minha identidade. Imagino que é mais ou menos o que deve sentir uma pessoa quando casa. Finalmente, sei qual é o meu rumo, sei quem sou e os outros também sabem.

Foi importante ter a noção clara de que sabia qual era o meu lugar na Igreja, o que é que a Igreja queria de mim e o que é que tinha de fazer, ou de ser, so-bretudo”.

Nesta altura, o sacerdócio ainda estava distante. O Pa-dre Lino Moreira realça que a vocação sacerdotal e a

monástica nem sempre são coincidentes e garante ter sido esta última que sentiu primeiro.A decisão de ser ordenado foi tomada em função do

benefício que poderia trazer à sua vida enquanto monge. “Quando descobri que podia exercer o sacerdócio de uma forma compatível com a vida monástica, des-cobri também que seria uma mais-valia, que daria à minha vida monástica uma dimensão maior. Estas coisas são bastan-te pessoais. A pessoa pode sentir, dentro de si, que o sacerdócio a vai ajudar a ser mais monge. Eu concebo o sacerdote como um ministro da palavra, essencial-mente. Alguém que existe para pregar. E o monge é alguém que existe para assimilar a Sagrada Escritura. Portanto, a exigência de comunicar aos outros al-guma coisa, obriga-me a empenhar-me

mais para, enquanto monge, assimilar a Sagrada Es-critura de uma forma orante e deixar-me transformar por ela”.

Rezar pelo mundo, afastado do mundoRezar pelo mundo, afastado do mundo

O contacto com o exterior não está totalmente vedado aos monges de Singeverga. Os irmãos que são padres dão uma ajuda nas paróquias circundantes, por exem-plo. Alguns são professores e qualquer monge pode visitar a sua família, uma vez por ano, um benefício de que o Padre Lino não costuma gozar, uma vez que quase toda a sua família, incluindo a sua mãe, vive ainda no Brasil.“Procuramos sair o menos possível. Só saímos quando é necessário. Agora, o contacto com o exterior faz-se mais pelo acolhimento. Temos uma hospedaria e re-cebemos pessoas. Isso está muito dentro do nosso ca-risma: receber hóspedes, que vêm partilhar do nosso dia-a-dia, da nossa oração, das nossas refeições e, por ventura, até de algum trabalho”, explica o monge.Há ainda algum acesso à comunicação social: “A In-ternet, podemos usá-la, se for útil e necessário, há um computador comum para isso. Depois, recebemos jornais e, no recreio da noite, os que querem podem assistir pelo menos a parte do telejornal. Ficámo-nos por aí e já é mais que sufi ciente para sabermos o que se passa no mundo ou, pelo menos, o que os jornais nos dizem que passa no mundo, não sei se é um retrato sufi cientemente completo, que tenha em vista todas as perspectivas”, diz o Padre Lino, bem-humorado.

Ora et LaboraOra et Labora

No interior do mosteiro, os monges seguem uma vida de rotina rígida, com o dia dividido em períodos de oração, individual ou colectiva, e de trabalho. Esta du-alidade - oração e trabalho - defi ne a identidade dos beneditinos.No seu caso, por indicação do Abade, que tem sem-pre a última palavra nestes assuntos, Lino Moreira é responsável pela hospedaria, pelos noviços e pelas pu-

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Vidas Consagradas

Lino Moreira, padre monástico

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Quando descobri que podia exercer o sacerdócio de uma forma compatível com a vida monástica, descobri também que seria uma mais-valia, que daria à minha vida monástica uma dimensão maior.

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Quando estou a fazer uma oração, mesmo que individualmente, sei que isso benefi cia o mundo inteiro.

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blicações do mosteiro. Mas há uma grande variedade de outros trabalhos, desde o fabrico do famoso “Licor de Singeverga” até à apicultura e a vários trabalhos agrícolas.“É tão importante rezar como trabalhar, não haja dú-vida nenhuma”, explica o Padre Lino, acrescentando que “devemos procurar fazer o trabalho em espírito de oração, o que signifi ca, sobretudo, um trabalho com consciência de que estamos a fazer aquilo que Deus nos pede naquele momento”, embora sem “nos deixarmos absorver pelo trabalho, entusiasmar dema-siado com o trabalho, de tal modo que ele acabe por ditar a nossa conduta”. Lino Moreira explica: “É mais o inverso: nós procuramos a Deus e queremos que o trabalho seja encarado como mais um exercício dessa busca e o essencial é que mantenhamos sempre viva a consciência de que só interessa fazer algum trabalho na medida em que temos a consciência de que é aquilo que Deus nos pede nesse momento”.Mas, perguntará um céptico, de que adianta toda esta contemplação e oração? De que forma esta vida tão isolada benefi cia a Igreja no seu todo? O Padre Lino re-conhece o mistério, mas oferece uma explicação: “O monge é um baptizado que, dentro do corpo da Igreja, se dedica de um modo especial ao louvor de Deus. A Igreja precisa de gente assim, sempre precisou e sempre vai precisar. Mas também estou consciente de que nem toda a gente percebe a relevância disso. Eu entendo muito bem o que é dedicar uma vida à oração e ao louvor de Deus e como misteriosamente isso vale para todo o corpo da Igreja. Quando estou a fazer uma oração, mesmo que individualmente, sei que isso be-nefi cia o mundo inteiro. Se não tivesse esta convicção, não fazia qualquer sentido, era uma busca que teria muito, se não de egoísta, pelo menos de egocêntri-co. Isso inviabilizaria a minha vida monástica. Mas são coisas que não se explicam de uma forma meramente racional. São descobertas que o próprio faz, que ou-tros fi zeram antes dele e que outros farão depois, e quem não fi zer essa descoberta, percebo muito bem que tenha difi culdade em entendê-la”.É precisamente neste contexto que o Padre Lino en-tende o seu sacerdócio: “Para mim, ser padre é, antes de mais, ser ministro da palavra. Procurar assimilá-la, espiritualmente, sobretudo, o melhor possível, e trans-mitir isso aos outros. É também viver para a Eucaristia e da Eucaristia e, fi nalmente, é ser um instrumento de reconciliação, de múltiplas formas, procurando antes de mais ser alguém que vive reconciliado consigo, com Deus e com os outros”.

Tal como noutras áreas da sua vida comunitária, os 28 monges que vivem no Mosteiro de Singever-ga cultivam a simplicidade na alimentação.“Não temos restrições alimentares. O que nós te-mos é a obrigação de sermos sóbrios, e sóbrios signifi ca não só na quantidade mas também na qualidade. Aquilo que é alimentação de uma pes-soa que vive modestamente é a adequada a nós também, porque queremos estar em sintonia com essas pessoas. O abade é quem determina e nós aceitamos de boa mente as orientações do su-perior”, diz Lino MoreiraOs domingos e dias de festa são, tam-bém por isso, espe-ciais, uma vez que é nessas datas que os monges podem saborear o famoso Licor de Singever-ga que produzem.

Sobriedade e bom senso

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É um livro sobre um “local mítico”, a Figueira da Foz, imortalizado por Jorge de Sena em “Sinais de Fogo”, “provavelmente um dos maiores romances do século XX”. Quem o diz é Patrícia Reis, autora de “Antes de ser feliz”, obra encomendada à escritora pelo Casino da Figueira pelo seu aniversário e que foi apresentada nas Correntes d’ Escritas, na Póvoa de Varzim.“Foi com muito gosto que o escrevi, não foi um livro muito sofrido”, diz Patrícia Reis. O avô dos pais da es-critora inspirou a história da novela, editada pela Dom Quixote. “A Figueira é um espaço mítico para uma geração que ia lá passar o Verão. É um espaço mítico porque aco-lheu uma série de refugiados durante a II Guerra Mun-dial e depois. Houve muitos espanhóis que durante a Guerra Civil se refugiaram ali”, conta Patrícia Reis.O livro é “uma história de amor e uma história da bon-dade”, refere. “Hoje em dia não praticamos muito a bondade, nem a ensinamos. Andamos numa vertigem tão grande que não ouvimos o outro. Este miúdo [per-sonagem do livro] aprende a ouvir o outro e a ouvir uma geração mais velha”Patrícia Reis nasceu em 1970. Começou a carreira

como jornalista n’”O Independente”, pas-sou pela revista Sába-do e estagiou na Time, em Nova Iorque. Escreveu livros para a Expo’98, foi editora da revista Egoísta, es-creveu uma biografi a de Vasco Santana, um romance fotográfi co, uma novela e três ro-mances, entre os quais “Morder-te o Coração” (2007), que integrou a lista de 50 livros fi nalistas do Prémio Portugal Telecom de Literatura.O Ensaio Geral de hoje será transmitido em directo das Correntes d’Escritas, que acabam amanhã. Convidados para a conversa, a partir das 23h30 na antena da Re-nascença, estão os escritores Zuenir Ventura, do Brasil e o português Onésimo Teotónio de Almeida, bem como o editor Manuel Alberto Valente, da Porto Editora.

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Literatura

Uma história de bondade no “espaço mítico” da Figueira

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S. João da Madeira

Viarco, Oliva e Sanjo em exposição

O Museu da Chapelaria começa amanhã um ciclo de exposições dedicado às marcas Viarco, Oliva e Sanjo, para mostrar o efeito que tiveram na identidade de S. João da Madeira e do país.Os únicos lápis que ainda têm fabrico em Portugal, as máquinas de costura que rivalizaram com as da Singer e as sapatilhas mais cobiçadas dos anos 70 serão os objetos em destaque até ao fi nal do ano na galeria de exposi-ções temporárias do museu. A primeira exposição é inaugurada amanhã à tarde, dedicada à Viarco.José Vieira Araújo, administrador da empresa, propõe-se dar a conhecer não só a história da marca, mas também o processo de fabrico do lápis e uma série de “objetos e visões artísticas” que, a meio caminho entre “a nostalgia” e “a descoberta”, constituirão “motivo de interesse para dife-rentes gerações”. “Um visitante com 70 anos vai gostar de ver a caixa de lápis de cor que usava na escola, mas um estudante de hoje também vai ter curiosidade em descobrir como é que os lápis são fabricados ou o que temos feito em parceria com as universidades”, explica.Fotografi as de Rui Ferreira complementam a exposição que, para José Vieira Araújo, “permite ainda comprovar que o relacionamento entre a indústria e a cultura, embora pouco frequente, é uma realidade efectiva no caso da Viarco”.Segue-se, em meados de Maio, a mostra referente à Oliva, que incidirá sobre a época áurea da empresa, quando a metalúrgica chegou a ter quase 3500 funcionários. O Museu da Chapelaria recebe depois a exposição sobre a Sanjo, a partir de Outubro.

Festival para Gente Sentada

Bill Callahan na primeira noite

É dono de uma voz seca, grave, sem adornos. A música segue os mesmos caminhos, apesar de nos últimos discos ter experimentado um maior cuidado nos arranjos. Eis Bill Callahan, autor de “Sometimes I Wish We Were an Eagle”, um dos discos mais aclamados de 2009. É o nome principal da primeira noite do Festival para Gente Sentada, que decorre hoje e amanhã, no Cine-Teatro António Lamoso, em Santa Maria da Feira.O norte-americano actua na mesma noite do irlandês Perry Blake, cro-oner melancólico muito apreciado em Portugal, e o casal Matt Valenti-ne e Erika Elder, nome fundamental do renascimento do psicadelismo e da folk mais livre.Amanhã é a vez dos escoceses Ca-mera Obscura, banda importante da pop independente, a música len-ta e triste dos Dakota Sui- te e as canções do português David Santos, autor do projecto Noiserv.Os bilhetes para as duas noites do festi-val já estão esgo-tados.

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A jornada 21 da I Liga tem início esta noite, às 20h15, com a União de Leiria a receber o Vitória de Guimarães. As duas equipas têm o mesmo número de pontos (27), com os leirienses no quinto lugar da tabela classifi cativa e os vimaraneses na sexta posição.Benfi ca e Sporting de Braga jogam amanhã. A primeira a entrar em campo é a equipa de Domingos que, às 19h15, recebe o Olhanense de Jorge Costa.Mais tarde, às 21h15, o Benfi ca, na liderança da I Liga, com um ponto de vantagem para os braca-renses, vai a Matosinhos defrontar o Leixões.Para a noite de domingo está mar-cado o jogo grande desta jornada da I Liga, com o FC Porto, na luta

pelo título, a deslocar-se a Alvalade para jogar com o Sporting. Os portistas entram em campo com a vanta-gem de já conhecerem o resultado dos seus mais direc-tos adversários, Benfi ca e Braga.A jornada termina na segunda-feira, com o Nacional-Belenenses.

I Liga jornada 21

U. Leiria - V. Guimarães Naval - Marítimo

Sp. Braga - Olhanense Leixões - Benfi ca

P. Ferreira - V. SetúbalAcadémica - Rio AveSporting - FC Porto

Nacional - Belenenses

sexta, 26 - 20h15sábado, 27 - 16h00sábado, 27 - 19h15sábado, 27 - 21h15

domingo, 28 - 16h00domingo, 28 - 16h00domingo, 28 - 20h15segunda, 1 - 20h15

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I Liga

Clássico em Alvalade com liderança em jogo no sábado

Selecção

Queiroz chama VarelaO jogador do FC Porto Varela está na lista dos 17 convocados pelo seleccionador nacional, Carlos Queiroz, para o jogo particular de quarta-feira, entre Portugal e a China. As outras novidades na convocatória para a selecção A são os regressos de Pedro Mendes, Hugo Almeida e Cristiano Ro-naldo (lesionado na altura dos jogos de play-off de apuramento para o Mundial 2010).De fora desta primeira lista estão, por exemplo, os jogadores do Benfi ca. Carlos Queiroz admi-tiu, no entanto, em declarações ao site da Fe-deração Portuguesa de Futebol, que, depois dos jogos do fi m-de-semana, poderá chamar mais jogadores.

Lista de convocados:Atlético de Madrid: Simão Sabrosa e Tiago;Chelsea: Hilário, Paulo Ferreira e Ricardo Carvalho;Málaga: Duda;Manchester United FC: Nani;FC Porto: Bruno Alves, Raul Meireles, Rolando e Varela;Real Madrid: Cristiano Ronaldo;Sporting: Liedson e Pedro Mendes;Sporting de Braga: Eduardo;Valência: Miguel;Werder Bremen: Hugo Almeida.

Ruben e Coentrão nos sub-23Ruben e Coentrão nos sub-23

O médio Ruben Micael, do FC Porto, fi cou de fora da convocatória de Quei-roz para a selecção A, mas foi chamado para a selecção sub-23 que vai defrontar, na quarta-feira, o País de Gales, no segundo encontro do Inter-national Challenge Trophy. O seleccionador português admitiu que o médio do FC Porto, que se transferiu do Nacional da Madeira, está entre os pré-convocados para o Mundial2010.Também o guarda-redes Rui Patrício, do Sporting, e o extremo Fábio Co-entrão, do Benfi ca, que estiveram na última convocatória da selecção A, estão entre as opções de António Simões nos sub-23.

UEFA

Portugal garante seis equipas para 2011/2012Portugal garantiu a presença de seis equipas na edição 2011/2012 das taças europeias de futebol, face ao triunfo do Sporting e à eliminação das três equipas holandeses e das duas turcas. Depois dos encontros de ontem, que fecharam os 16 avos-de-fi nal da Liga Europa, Portugal manteve o nono lugar, com 36962 pontos, enquanto Holanda (10.ª, com 36546) e Turquia (11.ª, com 34350) fi caram sem representantes nas competições europeias.Enquanto FC Porto, na Liga dos Campeões, e Benfi ca e Sporting, na Liga Europa, continuam em prova, a Holanda perdeu, de uma assenta-da, Ajax, PSV e Twente, enquanto a Turquia assistiu às eliminações de Galatasaray e Fenerbahçe.

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Ponto Final

Gestão à Porto

Ribeiro CristóvãoJornalista

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Em mais uma das ideias surpresa que o presidente do Sporting tem prodigalizado aos sócios e adeptos do seu clube, foi anunciada a intenção de alterar a actual fórmula de gestão, fazendo uma de-riva no sentido de a aproximar do modelo que tanto sucesso tem proporcionado ao Futebol Clube do Porto.Parece, aliás, não ter sido esta a primeira vez que o líder leonino manifestou tal propósito. Todos reconhecem, facilmente, que o rumo traçado e seguido sob a orientação de Pinto da Costa no clube nortenho lhe tem pro-porcionado êxitos nacionais e internacionais sem conta, pelo que tentar uma aproximação aos métodos por ele seguidos, poderá tornar-se na melhor via para alcançar rapidamente patamares até agora inatingíveis.Nem todos estarão certamente de acordo com a ideia, nem com o modo como chegou até junto da massa associativa. Até porque, não poucas vezes, a cópia se tem revelado muito diferente, para pior, do original. Além disso, cada clube tem as suas próprias ca-racterísticas, que as tornam um obstáculo à importação de outros modelos.Podendo não se enquadrar na fi losofi a de uma gestão à Porto, a verdade é que acaba de chegar um sinal que parece ser disso um indício aceitável. Referimo-nos à contratação de Costinha para exercer o cargo que até há pouco pertenceu a Sá Pinto, isto é, Director Técnico do Sporting.Uma surpresa. Que aumenta, quando se lê tratar-se de uma fi gura cujo perfi l é, neste momento, a mais adequada para desempenhar tais funções. Porque abandonou, há poucos dias, a condição de jogador, causa espanto este reconhecimento tão apressado. Vamos ver no que dá. Mas se a gestão à Porto vai passar a reger-se por actos como este, é caso para se fi car mais atento e redobrar a expectativa.

Ouça a crónica de Ribeiro Cristóvão às 22h30, em Bola Branca

Vancouver 2010

Norueguesa consegue três medalhas de ouro

A norueguesa Marit Bjoergen foi a primeira atleta a conquistar três medalhas de ouro nos Jogos Olím-picos de Inverno a decorrer em Vancouver, no Canadá. No ski de fundo, Bjoergen ganhou o terceiro ouro ao liderar a equipa da Norue-ga na estafeta de 4x5 quilómetros.Na jornada de ontem, quem tam-bém chamou a si os holofotes foi a sul-coreana Kim Yu-Na que bateu a concorrência no programa curto de patinagem artística.A noite de ontem foi de glória para a atleta da Coreia do Sul que co-roou com mais um ouro a sua car-reira, depois do título mundial con-quistado em Los Angeles, em 2009.

Hóquei feminino em riscoHóquei feminino em risco

No hóquei no gelo, a equipa femini-na do Canadá, bicampeã olímpica, revalidou ontem o título, ao bater os Estados Unidos, por 2-0.O domínio dos dois países no hóquei no gelo feminino levou ontem o presidente do Comité Olímpico In-ternacional (COI), Jacques Rogge, a questionar o futuro da modalidade nos Jogos Olímpicos.Com este título, o Canadá elevou para oito as medalhas de ouro conquistadas e igualou os Estados Unidos e a Alemanha no número de títulos olímpicos conquistados.

Encerramento no domingoEncerramento no domingo

A cerimónia de encerramento dos Jogos de Vancouver está marcada para o próximo domingo. Os res-ponsáveis vão “passar o testemu-nho” aos organizadores da próxima edição, em 2014, na cidade russa de Sochi. Inicialmente dado como presente em Vancouver, o Presi-dente russo, Dmitri Medvedev, can-celou a sua presença na cerimónia de encerramento. De acordo com a cadeia de televisão canadiana CBC, Medvedev não gostou da derrota da Rússia frente ao Canadá, no torneio de hóquei no gelo.

Ténis

Youzhny é o primeiro fi nalista no DubaiO tenista russo, Mikhail You-shny, sétimo cabeça-de-série do Open do Dubai, bateu o austríaco Jurgen Melzer, nas meias-fi nais do torneio, com os parciais de 7-5 e 7-6.Agora, Youzhny espera pela ou-tra partida das “meias”, entre o sérvio Novak Djokovic e o ci-priota Marco Baghdatis, para saber quem defrontará na fi nal da prova.

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A 26 de Fevereiro de 1815…

Napoleão foge de Elba para o último estertor do Império

Catarina Santos »

Quando, em Abril de 1814, o Tratado de Fontaineble-au decreta o envio de Napoleão para o exílio na ilha de Elba, aquele homem que parte deixa para trás dez anos como imperador de França e como senhor de grande parte da Europa central e ocidental. “Ob-viamente, não iria desistir com facilidade”, sustenta António Ventura, director do Centro de História da Universidade de Lisboa. Assim foi. Um ano depois, a 26 de Fevereiro de 1815, Napoleão foge e regressa a França, surpreendendo a Europa coligada que o tinha derrotado. Durante aquele ano no exílio, Napoleão tinha seguido com atenção os acontecimentos em França e “estava consciente de que a restauração da monarquia, com Luís XVIII, embora agradasse a alguns, não agrada-ria à maioria dos franceses”. Adivinhou, e bem, que havia ainda muita gente disposta a dar-lhe uma se-gunda oportunidade. “Quando ele regressa, todas as tropas que são enviadas para o combater, pelo Luís XVIII, juntam-se a ele e é aclamado quando entra em Paris”, sublinha António Ventura.Reorganiza o seu exército e retoma o poder, com li-geiras alterações de procedimento. “Ele estava cons-ciente de que cometeu erros e a prova é que, quando regressa, não restaura o império exactamente como antes. Promove uma constituição e faz alterações bastante signifi cativas”, recorda o coordenador do

livro “Napo-leão – História e Mito”.Mas o seu plano tinha os dias contados – e foram pre-cisamente 100 os que lhe restaram (o chamado “Go-verno dos 100 dias”).Napoleão acabou por “não ter tempo de demonstrar o que seria essa nova versão revista de império”. Tinha gasto todos os créditos, “hostilizando toda a Europa”, acumulando inimigos “mesmo entre muitos daqueles que antes tinham estado ao seu lado”. Ti-nha, resume o professor, “uma ambição desmedida - e isso paga-se”.A coligação entre Rússia, Inglaterra, Espanha, Prús-sia, Suécia e Áustria não podia permitir que aquele general corso retomasse o seu plano. Napoleão avan-ça sobre a Bélgica em Junho de 1815, com 125 mil homens e 25 mil cavalos, com a intenção de vencer os exércitos inimigos separadamente, antes que se pudessem reunir. Foi bem-sucedido nas primeiras batalhas, mas é derrotado a 18 de Junho por uma coligação anglo-prussiana, liderada pelo britânico Arthur Wellesley, Duque de Wellington, na Batalha de Waterloo. Abdica pela segunda vez, pondo defi nitivamente ter-mo ao seu sonho de império. É deportado para a ilha de Santa Helena, no Atlântico Sul. Morre em 1821.

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Utentes da A28 protestram, esta ma-nhã, nas entradas da cidade de Viana do

Castelo, contra a anunciada introdução de portagens naquela via.

Foto: Arménio Belo/LUSA

Grécia

Governo reconhece gravidade dos danos e pede ajuda à UE O Primeiro-ministro grego assumiu, hoje, perante o Parlamento de Ate-nas, que os piores temores sobre a situação económica do seu país se confi rmaram. Yorgos Papandreo reconheceu que os danos económicos, fi nanceiros e de confi ança são incalculáveis e apelou à União Europeia para que garanta a solidariedade prometida.

Papa em Portugal

Igreja acredita em efeitos duradouros da visitaA Igreja portuguesa espera que a visita do Papa ao nosso país, com a sua força missionária, ajude a de-sinstalar os católicos adormecidos. D. Carlos Azevedo, Bispo Auxiliar de Lisboa e principal responsável da Igreja pela organização da visita do Papa, manifestou hoje a convicção de que a visita não pode deixar nin-guém indiferente.O Bispo Auxiliar do Patriarcado diz que a Igreja quer preparar com todo o cuidado a deslocação do Papa, de forma a que ela produza efeitos nos próximos anos.

Casa das Histórias

Helena Freitas no lugar de Dalila RodriguesA curadora e especialista em His-tória da Arte Helena de Freitas é a nova directora da Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais.A informação é avançada pela agên-cia Lusa, que cita fonte da Fundação Paula Rego. Após vários meses de negociações, Helena de Freitas assinou hoje um contrato de dois anos com a funda-ção e assumirá o lugar a 1 de Março. Helena de Freitas, 51 anos, é licen-ciada em História, tem um mestra-do em História da Arte e trabalhava como curadora no Centro Arte Mo-derna da Gulbenkian desde o fi nal dos anos 80. A nova direcção vai substituir Dali-la Rodrigues, ex-directora do Museu Nacional de Arte Antiga, que instalou o projecto museológico durante um ano com uma equipa própria, até à abertura da Casa das Histórias, em Setembro de 2009.

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Página1 é um jornal registado na ERC, sob o nº 125177. É propriedade/editor Rádio Renascença Lda, com o nº de pessoa colectiva nº 500725373. O Conselho de Gerência é constituído por João Aguiar Campos, José Luís Ramos Pinheiro, Luís Manuel David Soromenho de Alvito e Luiz Gonzaga Torgal Mendes Ferreira. O capital da empresa é detido pelo Patriarcado de Lisboa e Conferência Episcopal Portuguesa. Rádio Renascença. Rua Ivens, 14 - 1249-108 Lisboa.

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TVI/PT: PSD avança com inquérito

O líder parlamentar do PSD, Aguiar Branco, anunciou hoje que o seu partido vai propor um inquérito parla-mentar sobre a eventual intervenção do Governo no ne-gócio de compra da TVI pela PT.

ASFIC critica Cândida Almeida

A Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal considerou lamentáveis as declarações da pro-curadora Cândida Almeida, ontem, no Parlamento.

FENPROF adere a greve do dia 4

A FENPROF entregou um pré-aviso de greve para o próxi-mo dia 4, juntando-se, assim, à greve da Função Pública, por aumentos salariais e contra as quotas na avaliação.

Aborto: lei não é inconstitucional

O Tribunal Constitucional chumbou esta semana os dois pedidos de fi scalização da Lei do Aborto. O resultado foi de sete votos a favor e cinco contra. As duas fi scaliza-ções sucessivas da lei tinham sido solicitadas em 2007.