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    EAD

    Padres do Ocidente e

    do Oriente

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    1. OBJETIVOS

    Conhecer e analisar a literatura crist dos sculos 4 ao7.

    Diferenciar os padres do Ocidente e do Oriente.

    Identificar as grandes obras teolgicas escritas por escri-tores gregos e latinos.

    Apontar e distinguir escritores gregos e latinos.

    2. CONTEDOS

    Padres do Ocidente e do Oriente grego.

    Escritores gregos.

    Escritores latinos.

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    3. ORIENTAES PARA O ESTUDO DA UNIDADE

    1) Sugerimos para a maior compreenso deste assunto quevoc leia:

    2) Estdio de los Padres de La Iglesia Disponvem em: in :

    www.ecclesia.com.br/biblioteca/pais_da_igreja. Acessoem: 23 ago. 2010.3) muito conveniente que , para um melhor aprofuda-

    mento do assunto desta unidade, voc leia: PIERRARD,P. Histria da Igreja. So Paulo: Paulinas, 1982.

    4) Sugerimos, tambm, que voc leia as seguintes obras:HAMMAN, A. Os Padres da Igreja. So Paulo: Paulinas,1980.; BOGAZ, A. S.; COUTO, M. A.; HANSEN, J. H. Pa-

    trstica. Caminhos da Tradio Crist. So Paulo: Paulus,2008.5) interessante que voc assista ao filme: SANTO Agos-

    tinho. Direo: Roberto Rosselini. Produo: FrancescoOrefici Renzo Rossellini. Itlia: Luce, c. 1972. 1 DVD (115min), color. Produzido por Paulinas. Baseado na vida eobra de Santo Agostinho.

    6) Para complementar seus conhecimentos, leia As Confis-ses de Santo Agostinho. VIGINI, Giuliano; BONALDO,Ndia (Org.). As confisses de Santo Agostinho: as maisbelas pginas de uma obra-prima imortal. Traduo deMarcos Van Acker. So Paulo: Campinas, 2000.

    7) Santo Anto

    8) Anto foi egpcio de nascimento. Seus pais eram de boalinhagem e abastados. Como eram cristos, tambm omenino cresceu como cristo. Quando criana, viveu comseus pais, s conhecendo sua famlia e sua casa; quandocresceu e se fez moo e avanou em idade, no quis ir escola [7], desejando evitar a companhia de outros me-ninos; seu nico desejo era, como diz a Escritura acercade Jac (Gn 25,27), levar uma simples vida no lar. Supe-

    se que ia Igreja com seus pais, e a no demonstrava odesinteresse de um menino nem o desprezo dos jovens

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    por tais coisas. Ao contrrio, obedecendo aos pais, pres-tava ateno s leituras e guardava cuidadosamente nocorao o proveito que delas extraa. Alm disso, semabusar das fceis condies em que vivia como criana,nunca importunou seus pais pedindo manjares caros ou

    finos, nem tinha prazer algum em coisas semelhantes.Ficava satisfeito com o que se lhe punha adiante e nopedia mais (IGREJA ON-LINE. Disponvel em: Acesso em:19 ago. 2010).

    4. INTRODUO UNIDADE

    Na unidade anterior, voc foi convidado a compreender aliteratura crist dos trs primeiros sculos, ou seja, o perodo quevai do incio do cristianismo at o Conclio de Nicia (325).

    Nesta terceira unidade, estudaremos a literatura crist dossculos 4 ao 7, considerando que este o perodo ureo da Pa-trologiacom as grandes obras teolgicas escritas por grande n-mero de escritores gregos e latinos.

    Para maior compreenso do tema, dividiremos em dois pe-rodos:

    a) padres latinos;

    b) padres gregos.

    Para tanto, vamos considerar o contexto geogrfico e socialdistinto de cada grupo.

    Vamos l?

    5. PADRES DO OCIDENTE LATINO E DO ORIENTE GREGO

    O cristianismo no Imprio Romano cristo (313 - 692)

    No ano 311, com o Edito de Tolerncia,os imperadores Cons-

    tantino,Licnioe Galrio decretaram o fim das perseguies con-

    tra os cristos, e isso trouxe a paz para as comunidades crists.

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    Assim, aps o ano 313, com o Edito de Milo, os impera-dores Constantino e Licnio concederam a liberdade de culto aocristianismo. A partir da, os seguidores de Cristo puderam orga-nizar melhor suas estruturas internas, articular uma ao missio-nria mais articulada e expansiva e estabelecer novos contatos erelaes com a cultura romana. Com isso o Cristianismo foi con-quistando grande espao, passando a influenciar mais a sociedade

    romana, que foi acolhendo as propostas crists nas suas leis e ma-nifestaes sociais.

    A converso de Constantino

    A converso de Constantino no foi instantnea. Embora continuasse com algu-

    mas prticas pags ao lado do seu cristianismo, depois que se tornou o nicoimperador, ele favoreceu ainda mais a religio crist. Foi colocando nos postosde maior conana os cristos, fez educar seus lhos no cristianismo, e desde313 tomou para conselheiro o eminente bispo sio de Crdoba, a quem conoua execuo de suas disposies religiosas.

    Coube a Constantino mandar reformar o palcio de Latro, antiga moradia da im-peratriz Fausta, e do-lo como residncia aos papas. Mandou construir, tambm,a Baslica de So Pedro e as de So Paulo e So Loureno extramuros.

    Combate s heresias

    Apesar de seus defeitos, os historiadores reconhecem que Constantino foi um

    homem providencial para a Igreja. E o foi inclusive no combate s heresias.Sua primeira interveno nesse campo foi contra o donatismo, heresia rigoristaque surgira no norte da frica. Constantino reuniu um snodo em Roma sob apresidncia do papa Milcades, que condenou os donatistas. O Conclio de Arles,nas Glias, em 314, renovou essa condenao (SANTOS, 2002).

    O Edito de Milo

    Para mostrar pblica e solenemente a mudana de poltica com relao aos at

    ento perseguidos cristos, em 313 Constantino convenceu Licnio, que continu-ava pago, a promulgar em Milo um edito concedendo liberdade religiosa emtodo o imprio, tanto no Ocidente quanto no Oriente. Com isso o cristianismo, atento selvagemente perseguido, foi posto em absoluta igualdade com a religiopag do Estado.

    A par do Edito de Milo, esse imperador tomou uma srie de disposies prticaspara concretizao do princpio de igualdade e tolerncia religiosa. Os cristostiveram de volta igrejas, cemitrios e outros bens que lhes haviam sido consca-dos. E o prprio Constantino mandou construir diversas igrejas, sob o pretexto deque muitas haviam sido demolidas. Concedeu ainda importantes privilgios aos

    membros do Clero. (SANTOS, 2002).

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    No fim do sculo 4, com o imperador Teodsio, a alianacom o Imprio Romano aumentou, e o cristianismo passou a sera religio oficial do Estado. Dessa maneira, ele passou a ter maisprivilgios e a correr o risco do cesaropapismo, ou seja, a influ-ncia do poder temporal nos assuntos eclesisticos. Cessando as

    perseguies e com os privilgios conseguidos, para muitos o cris-tianismo se tornou uma religio fcil e de busca de interesses comum consequente descuido. As grandes massas chegaram Igreja ea obra missionria intensamente, mas muitos neoconvertidos es-tavam marcados pela superstio e pelos cultos pagos, interessa-dos, apenas, em pertencer religio oficial do Estado.

    Assim, concomitante ao crescimento do cristianismo, conso-lidaram-se as heresias Trinitrias (Arianismo e Subordinacionismo),Cristolgicas (Apolinarismo, Nestorianismo, Docetismo, Monofisis-mo e Monotelismo) e Soteriolgicas (Donatismo e Pelagianismo),que provocaram grandes cismas. Nesse contexto de expanso docristianismo, a necessidade de uma maior organizao pastoral e

    o combate s heresias geraram a necessidade de se convocar osprimeiros conclios ecumnicos, que so:

    a) Conclio de Nicia (325);

    b) trs em Constantinopla (381, 553 e 681);

    c) feso (431);

    d) Calcednia (451).

    Desse modo, este perodo foi marcado pela organizao das

    atividades missionrias, pelo surgimento do Monacato, pelas in-

    vases brbaras e pela queda do Imprio Romano do Ocidente noano 476 e a consequente ascenso do cristianismo como lideran-a da Europa continental. Outro acontecimento marcante deste

    perodo foi o surgimento do islamismo, com Maom, em 622, oque provocou grande instabilidade na parte oriental do Imprioem reas que eram predominantemente dominadas pelo cristia-

    nismo.

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    Nesse contexto de tantas mudanas, a obra de organizaoeclesial e de sistematizao da ortodoxia crist foi a grande tarefaexigida s lideranas crists, especialmente, aos padres da Igre-

    ja, que fomentaram a cincia eclesistica a partir do sculo 4. Asdiferentes cincias teolgicas adquiriram sua expresso prpria.As escolas teolgico-catequticas de Alexandria, de Antioquia, deCesaria, de Roma e de Constantinopla se consolidaram.

    Na segunda metade do sculo 5, comeou a decadnciada cincia eclesistica. No porque faltassem escritores, mas porno haver entre eles, com exceo de Gregrio Magno (+604) noOcidente e de So Joo Damasceno (+749) no Oriente, nenhuma

    estrela de grande magnitude. Na verdade, as circunstncias exte-riores no permitiam entrega absoluta s cincias eclesisticas;

    os transtornos econmicos e sociais, produzidos pelas invasesbrbaras, paralisaram o florescimento teolgico e literrio da po-ca anterior. Nesse contexto, a antiguidade foi cedendo espao ao

    mundo medieval, com todas as suas novas caractersticas.

    O estudioso de Patrologia, Hamman, contextualiza as mu-

    danas ocorridas no sculo 4 e o contexto eclesial e social dosSantos Padres dos sculos 4 e 5, deste modo:

    As coisas mudaram com a ascenso progressiva de Constantino,que se tornou finalmente o nico senhor do Imprio. Depois dedois sculos de perseguio, a Igreja foi legalizada, passando logodepois a ser religio do Estado. O imperador, preocupado em res-tabelecer a unidade e a fora sobre bases novas, percebeu o bomaliado que o cristianismo poderia tornar-se para ele. A mudanaera inaudita, a ponto de os contemporneos acreditarem estar as-

    sistindo realizao do reino de Deus na terra.

    A realidade, porm, ia ser bem outra. A Igreja, libertada da opres-so, conheceria uma provao mais terrvel talvez do que a hostili-dade: a proteo facilmente onerosa do Estado. As grandes perso-nalidades da Igreja no tardaro a perceber a ameaa e a opor-seaos sucessores de Constantino. Para avaliar isto, basta lembrar-sede que o imperador, - e no o Papa - foi quem tomou a iniciativa deconvocar o conclio ecumnico de Nicia, o qual se realizou no seupalcio. O prncipe em pessoa fez o discurso de abertura (mais ou

    menos como se John Kennedy ou Charles de Gaulle tivesse abertoo conclio Vaticano II). O imperador nem era batizado.

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    A intromisso poltica do governo da Igreja ameaar gravementea ortodoxia. Os imperadores esto merc dos bispos cortesos.Metem-se a legislar em teologia como legislam em poltica. Osbispos, como Atansio e Hilrio, acham-se altura dos aconteci-mentos. Nem a intriga nem o exlio poro fim sua resistncia. OImprio que obrigado a ceder.

    Ao longo deste quarto sculo, os grandes doutores tero de lutarcontra as seqelas da heresia e consertar as brechas que ela pro-vocou na Igreja. Os trs capadcios ocupam a maior parte do seutempo e de seus estudos para refutar o erro. Quando Gregrio deNazianzo foi feito bispo de Constantinopla, a Igreja ortodoxa com-preendia apenas um punhado de homens. Graas a o esforo dosPadres, a ortodoxia e a unidade ho de ter a ltima palavra.

    A segunda metade do sculo v florescer o que os historiadoreschamaram de idade e ouro dos Padres da Igreja. Os maiores nomes

    da antiguidade crist, pastores e telogos, tanto do Oriente comodo Ocidente, situam-se nesta poca de intensa fermentao inte-lectual. Formaram-se nas escolas da cultura pag. Esta colocadapor eles a servio do Evangelho.

    Os Padres do sculo IV e o incio do sculo V representam um mo-mento de equilbrio particularmente precioso entre uma heranaantiga, ainda bem pouco atingida pela decadncia e perfeitamenteassimilada, e, por outro lado, uma inspirao crist que j chegou maturidade, escreve H. Marrou.

    A maioria deles s recebeu o batismo na idade adulta, emboraoriundos de famlias profundamente crists. Depois dos estudos,exerceram uma profisso profana. Todos os padres gregos fizeramuma espcie de noviciado com os Padres do deserto, e depois in-gressaram no grupo deles. Eram eles os candidatos designadospara os cargos; primeiro padres, em seguida bispos. uma era degrandes bispos para a Igreja.

    O ensino cristo ministrado atravs da catequese e da prega-o. Trata-se de esclarecer o esprito e de formar os costumes. OsPadres, intelectualmente formados pelas escolas de seu tempo,tomam posio nas controvrsias teolgicas. Servem f com osrecursos da cultura filosfica. Longe de limitar sua ao elite, per-manecem junto de seu povo, da multido dos pobres e humildes.Jamais pactuam com os poderosos e ricos, mas recordam-lhes osgrandes temas da justia e do respeito ao homem, e estabelecemos fundamentos de uma ordem social crist. Os Padres enriquecema Igreja com todos os recursos do patrimnio grego. Sua atuaoe suas obras abrem uma nova era e lanam as bases da civilizao

    crist (HAMMAN, 1980, p. 105-106).

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    6. ESCRITORES GREGOS

    So chamados de escritores gregos os padres que viveram edesenvolveram suas atividades apostlicas e intelectuais no con-texto do antigo imprio do Oriente, que, inicialmente, teve seucentro em Antioquia, Jerusalm e Alexandria e, depois, a partir do

    sculo 4, em Constantinopla. Os padres gregos so consideradosmais especulativos que os latinos e seguiam a linha da escola deAlexandria ou a da escola de Antioquia.

    Os padres orientais ou gregos, conviveram diretamente como problema do combate s doutrinas herticas e do fortalecimento

    da ortodoxia crist. Basta recordar que as grandes heresias surgi-ram no contexto geogrfico oriental e l foram realizados todos os

    conclios ecumnicos antigos em Nicia, Constantinopla, feso e

    Calcednia. H que se recordar tambm que no perodo de Juliano,o Apstata (360-363), houve um marcante retorno ao paganismo,

    j que este imperador era anti-cristo. A ao dos padres gregosfoi marcante no combate ao paganismo, ao Arianismo, condenado

    no conclio de Nicia, em 325; ao Apolinarismo e Nestorianismo,condenados no conclio de Constantinopla, em 381 e em feso, em431;ao monofisismo, condenado em Calcednia, em 451. nestecontexto que se destacaram vrios Santos Padres, que conhecere-mos a partir de agora.

    Vejamos alguns desses escritores:

    Santo Atansio (295-373)

    Santo Atansionasceu em Alexandria e considerado o paida cincia teolgica e defensor da ortodoxia.

    Alexandria, na antiguidade crist, conheceu uma linhagem de ho-mens ilustres ela sua cultura, pela sua ao e pela sua santidade.A, sucederam-se, no sculo III, Clemente e Orgenes, que fizeramescola. De ento em diante, a cidade fica clebre pela sua tradioteolgica. Atansio pertence a uma gerao mais jovem. Em sua

    infncia chegou a conhecer a perseguio, que, em vez de abal-lo,forjou-lhe o carter, levando-o intransigncia que seus advers-

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    rios nunca mais deixaro de reprovar-lhe. Com a inflexibilidade domrtir, defender a ortodoxia no conclio de Nicia. Toda a sua exis-tncia foi consagrada ao combate da herexia ariana, que negava adivindade de Cristo. (HAMMAN, 1980, p. 109)

    Santo Atansio foi discpulo de Santo Anto, o anacoreta, e

    depois foi dicono em Alexandria. Por causa do combate aos errosda heresia ariana, sofreu o desterro cinco vezes.

    Como grande defensor da ortodoxia e grande escritor, seusescritos despertaram a admirao em toda a Igreja. Escreveu so-bre vrios temas e, falando sobre isso, Hamman afirma que:

    Ele inscreve para instruir e para convencer. Resta-nos uma obra dajuventude composta nas horas de lazer, quando era secretrio de

    seu bispo. O Discurso contra os pagos e sobre a encarnao doVerbo uma refutao do paganismo e uma descoberta do verda-deiro Deus. O pensamento no original, o livro impe-se pelo seuardoroso apego ao Cristo.

    A maioria das obras teolgicas esforam-se para refutar o arianismoe para defender a f de Nicia. O bispo de Alexandria tem conscin-cia de que a reside a essncia do cristianismo. Escreveu primeirotrs Discursos contra os arianos, que apresentam uma sntese deteologia trinitria. Atansio desenvolve o mesmo tema em uma s-rie de cartas. Esse lutador no podia contentar-se com exposiesirenistas. No decorrer das disputas arianas, afirma-se como violen

    -

    to polemista. Sabe retrucar de maneira cortante. O Egito quase nonos fornece modelos de mansido. Atansio encontra uma espciede prazer na luta. Ele prprio confessa: No me canso; pelo con-trrio, regozijo-me de me defender. Escreveu aApologia contra osarianos (348)que publica todos os documentos da luta para justifi-car sua atitude. AApologia a Constncia um discurso ao impera-dor, que nunca chegou a ser proferido, uma bela pea de eloqn-cia e de habilidade. A, nada deixado ao acaso. Tinha ele previstoat os jogos fisionmicos que seu discurso deveria provocar: Estaissorrindo, prncipe, e este sorriso uma aquiescncia.

    Nas ltimas obras o tom se eleva, o polemista torna-se panfletrionaApologia sobre a fuga (358) e na Histria dos arianos, dirigidaaos monges, e onde ele ridiculiza o adversrio. Est proscrito, nadamais tem a perder, ningum mais precisa trat-lo com deferncia.Maneja a uma ironia ferina, que chega s raias da injustia. O es-tilo vivo, a imagem colorida. Ele sabe pr em cena os episdiose fazer os personagens falarem. Tem palavras terrveis. Os eunucosque cercam o soberano possuem o dom de excitar sua verve viril.

    Como quereis, diz ele, que gente como esta compreenda algumacoisa a respeito da gerao do Filho de Deus!

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    Atansio no somente a sentinela da ortodoxia; um pastor, eque pastor! Muitas de suas obras espirituais perderam-se. Parti-cularmente comentrios escritursticos. As verses coptas e sriasconservaram-nos numerosas obras pastorais. Entre estas preci-so citar as cartas pascais, que so mandamentos ara a quaresma,um Tratado sobre a Virgindade, onde ele multiplica os conselhos

    s virgens de Alexandria. A virgindade um jardim fechado, queningum pisa, a no ser o jardineiro [...] (HAMMAN, 1980, p. 112-113).

    Sobre a encarnao do verbo, Contra os pagos, trs Discur-sos contra os arianos e vida de Anto etc.

    Eusbio de Cesaria (265-340)

    Eusbio de Cesaria nasceu na Palestina e estudou na Escolade Cesareia. Perseguido na poca de Diocleciano, depois foi bispode Cesareia, estando envolvido na questo ariana e foi um dos queno quis condenar rio, pois pensava que era possvel chegar aum acordo doutrinal, o que o levou a defender uma frmula def equivocada. chamado pai da historiografia eclesistica com

    as obras Crnica e Histria Eclesistica. Ele foi um dos primeiros a

    defender a relao da Igreja com o Estado, pois era muito prximoao imperador Constantino e vivia no ambiente da corte romana.Escreveu algumas obras teolgicas: Preparao Evanglicae De-monstrao Evanglica.

    So Cirilo de Jerusalm (313-387)

    So Cirilo de Jerusalm foi padre neta cidade e gozava degrande reputao por causa de sua oratria e inteligncia; quandomorreu o bispo de Jerusalm ele foi colocado em seu lugar emtorno do ano 350. Ele foi um dos principais catequistas desta po-ca e defendeu a f trinitria do conclio de Nicia, combatendo aheresia ariana; foi exilado duas vezes. Participou do Conclio deConstantinopla, no ano 381, e sua obra mestra so as Vinte e qua-tro catequeses(instrues doutrinais) aos catecmenos.

    As 24 catequeses foram pronunciadas, em sua maioria, na baslicado Santo Sepulcro, algumas na rotunda da Ressurreio. A auten-

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    ticidade das cinco ltimas, denominadas mistaggicas por seremintroduo aos santos mistrios, (batismo, confirmao eucaristia),foi posta em dvida. As dificuldades so srias, mas no convence-ram os historiadores.

    As instrues comeavam no primeiro domingo da quaresma eprosseguiam todos os dias, exceto sbados e domingos, at adata do batismo. Explicavam-se a Sagrada Escritura, a histria dasalvao em suas principais articulaes, e, depois, o Smbolo dosApstolos. Na noite pascal, os catecmenos recebiam o batismo, aconfirmao e a eucaristia. Durante a semana da Pscoa, conclua-se sua instruo com a explicao dos ritos da iniciao crist (cate-quese mistaggica).

    Cirilo dedica suas primeiras pregaes converso. Trata-se pri-meiro de fazer os candidatos compreenderem a mudana de vidae de costumes que sua opo crist supe. Como na Didaqu, o

    primeiro catecismo cristo a nfase colocada no carter moral eexistencial da converso.

    As catorze catequeses seguintes comentam o smbolo da f, comum cunho nitidamente trinitrio. Cirilo no se contenta com enun-ciar as afirmaes teolgicas a respeito do Pai do Filho e do Esp-rito Santo, porm, mostra, de modo admirvel, o prolongamentoconcreto desta doutrina na vida do cristo. O Pai introduz-nos nomistrio de Deus e nos que faz de ns seus filhos e filhas. O Cristo nosso Salvador sob formas variadas, segundo as necessidades de

    cada um. Ele todo a todos, permanecendo, em si mesmo aquiloque . O Esprito introduz-nos no mistrio da Igreja, que ele san-tifica e defende. Ele transforma a vida co crente. Imaginai umapessoa que viva na escurido. Se, por acaso, subitamente ela vir osol, seu olhar ficar iluminado e o que antes no enxergava passara enxergar claramente. Acontece o mesmo com quem foi julgadodigno de receber o Esprito Santo: ele fica com a alma iluminada;v, acima do homem, coisas at ento ignoradas (Cat. 16,16).

    A catequese das cinco ltimas instrues desenvolve a doutrina

    dos sacramentos da iniciao crist, explicando os seus ritos, queconstituem uma lio sobre coisas cujo significado precisamos des-cobrir. A gua exprime o poder de destruio e de vida. O bispoestabelece a relao entre cada sacramento e os acontecimentose as figuras do Antigo Testamento, o que costumava ser a meta detoda catequese do sculo IV (HAMMAN, 1980, p. 182-183).

    So Gregrio Nazianzeno (330-390)

    So Gregrio Nazianzeno nasceu em uma famlia abastada esua me era crist e o pai membro de uma seita pag e depois se

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    converteu e chegou a ser bispo da cidade de Nazianzo, onde o pr-prio filho Gregrio tambm foi bispo, anos depois. Gregrio podeestudar em vrias escolas de cidades importantes como Cesaria,Alexandria e Atenas. Foi grande poeta, orador e monge, amigo deSo Baslio. Combateu os arianos no I Conclio de Constantinoplado ano 381. Escreveu os cinco Discursos sobre a Trindade,que lherenderam o nome de telogo, e numerosas poesias.

    Hamman oferece-nos alguns textos de sua obra. Eis um tre-cho em que fala do que devemos oferecer a Deus:

    Ofereamos, portanto, nossas prprias pessoas: este o presentemais precioso aos olhos de Deus e o que dele mais se aproxima.Oferecemos sua imagem aquilo que mais se assemelha a ela. Re-

    conheamos nossa grandeza, honremos nosso modelo, compreen-

    damos a fora deste mistrio, e as razes da morte do Cristo.

    5. Sejamos como o Cristo, porque Cristo foi como ns. Sejamosdeuses para ele, porque ele se fez homem para ns. Ele assumiu opior, para dar-nos o melhor; fez-se pobre, para enriquecer-nos coma sua pobreza; tomou a condio de escravo, para conquistar-nos aliberdade; humilhou-se, para exaltar-nos; foi tentado, para ver-nostriunfar; quis ser desprezado, para revestir-nos de glria. Morreu,para salvar-nos. Subiu ao cu para nos atrair a ele; para atrair a nsque havamos mergulhado no abismo do pecado.

    Demos tudo, ofereamos tudo quele que se deu como pagamentoe como resgate. Nada lhe poderemos dar de to grande quantons mesmos, se houvermos compreendido estes mistrios e se nostivermos tornado para ele tudo o que ele se tornou para ns (HAM-MAN, 1980, p. 155).

    So Baslio, o Grande (331-379)

    So Baslio distinguiu-se como telogo, como filsofo e mon-

    ge. Frequentou as Escolas de Constantinopla, Atenas e Cesareia,onde foi arcebispo. Promoveu obras sociais e incentivou a vidamonstica. Combateu as heresias ariana e apolinarista. Escreveuvrias homilias: as duas Regras monsticase, contra os arianos,escreveu Contra Eunomioe Sobre o Esprito Santo.

    Falando sobre a vida e obra de Baslio, Pierini assim escreve

    aps descrever sua bela e destacada famlia, composta desbios e santos:

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    Ele ensina retrica durante um breve perodo, viaja para conheceros mais famosos mosteiros, e elva ele prprio uma vida monsticapor alguns anos. Em 364 ordenado padre e seis anos depois setorna bispo de Cesaria e, ao mesmo tempo, metropolia da Capa-dcia e exarca do Ponto, colocando-se assim na primeira linha naluta contra o arianismo do imperador Valente.

    Em 358, aroximadamente, com o amigo Gregrio, compe a Filo-

    clia, isto , uma antologia dos escritos de Orgenes; de 358 a 362condensa as prprias experincias de monge em duas obras cha-madas Regras Monsticas (uma mais longa e outra resumida), queat hoje so o fundamento da vida religiosa oriental. Ordenado pa-dre, Baslio se dedica Escritura e redige, entre 364 e 370, nove Ho-milias sobre o Exameron, ou seja, o relato dos seis dias da criao,empregando a todos os melhores recursos da sua cultura sagradae profana; em 364, escreve tambm um tratado Contra Eunmio,

    atacando e refutando o lder dos arianos extremistas, os chamadosanomeus.

    Feito bispo, desenvolve uma ampla atividade pastoral em todos oscampos, inclusive no campo mais especificamente social: institutosde beneficncia, fundaes monsticas, reforma a vida clerical, re-ofrmas litrgicas (a ele remonta pelo menos o ncleo fundamentalda chamada Liturgia de So Baslioa, ainda em uso em certos diasdo ano na Igreja oriental). Toda essa ao acompanhada por umarica produo epistolar, alem de 300 Cartas, entre as quais as im-

    portantssimas 188, 199 e 217, chamada cartas cannicas, sobrea disciplina penitencial. Colocando mais uma vez a sua cultura pro-fana ao servio da f, entre 375 e 379 (ano de sua morte) Baslioescreve o livro Advertncia aos jovens a respeito do uso dos clssi-cos pagos, no qual ensina a valorizar tudo o que de bom possvelencontrar nos autores no-cristos. Em 375, enfim, Baslio enfrentadiretamente o tema mais grve daqueles tempos no tratado O Esp-rito Santo, para demonstrar a divindade da terceira pessoa, ou seja,a sua omousa com o Filho e o Pai, na Trindade.

    A perspectiva teolgica de Baslio francamente grega; para ele, ahistria da salvao no tanto uma perspectiva linera, mas sobre

    -

    tudo pontual, isto , a salvao na histria. Porm, enquanto paraos gregos pagos o tempo degradao, para Baslio o tempo sse apresenta como degradao quanto est unido ao pecado. Da anecessidade de sber do tempo eternidade, do pecado virtude, busca doabsoluto que Deus, atravs da verdadeira dimensodo hoeme que a alam, atravs da mais autntica atividade dohomem que a ascese (PIERINI, 1998, p. 167-168).

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    Claretiano - REDE DE EDUCAO

    So Gregrio de Nissa(334-394)

    So Gregrio de Nissa, exegeta, filsofo e mstico, foi irmode So Baslio, que o consagrou bispo de Nissa; juntamente comGregrio de Nazianzo e Baslio, forma o trio dos grandes padres

    capadcios. Participou do I Conclio de Constantinopla e combateuas heresias apolinarista e macedonianismo. Escreveu obras dogm-ticas: Grande discurso catequtico( grande obra catequtica somos princpios da dogmtica crist), Contra Eunmio(em defesa deSo Baslio e da f ortodoxa) e Macrina(discurso escatolgico quecoloca na boca de sua irm Macrina), Sobre a Virgindade, A criaodo homem, Dilogo sobre a alma e sobre a ressurreio, Contra

    Apolinrio e Contra Apolinrio e sua heresia, Sobre os ttulos dosalmos, Homilias sobre o Cntico dos Cnticos e a Formao crist(com ensinamento sobre a vida monstica).

    Mentalidade altmaente especulativa, embebido de platonismoe de origenismo, Gregrio de Nissa considera todas as realidadessub specie aeternitas, partindo do pressuposto (todo platnico)de que s o universal real e de que os indivduos so apenas re -alizaes parciais e contigentes. O universal concreto se encontraem toda parte: Deus universal concreto e as atrs pessoas divinas

    somente se distinguem pelas relaes intratrinitrias (o Pai se dis-

    tingue do Filho enquanto Pai, o Filho enquanto Filho, o EspritoSanto enquanto procede do Pai por meio do Filho); Cristo univer-sal concreto e as duas naturezas (divina e humana) so completas;o homem, originalmente, na idia total que Deus tinha dele, foicriado tambm como universal concreto, no sexualizado; a sexu-alizao aconteceu no paraso terrestre; o pecado agravou a quedano particular; o caminho da graa destina-se a restaurar o universalhumano original. Segundo Gregrio, toda a histria da salvao, vaipor isso, do universal ao universal concreto: no fim (como pensavaOrgenes) verificar-se- a ressurreio original de todas as coisas(apocattae universal), e inclusive o demnio voltar a ser o anjoque foi no comeo. No de admirar, pois, que Gregrio, dentrodessa perspectiva ideolgica, esteja convencido de que sobre a Ter-ra possvel no s o conhecimento natural de Deus atravs daabstrao do sensvel, mas tambm a direta viso de Deus, comoantecipao da viso paradisaca (PIERINI, 1998, p. 173).

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    95 Padres do Ocidente e do Oriente

    Ddimo (+395)

    Ddimo, cego desde a infncia, foi leigo, telogo e ascetae um dos maiores sbios de seu tempo. Foi diretor da Escola deAlexandria e mestre de So Jernimo e Rufino. Escreveu Tratado

    sobre o Esprito Santo, Contra os Maniqueus, Sobre a TrindadeeSobre os dogmase contra osarianos.

    Santo Epifnio (+403)

    Santo Epifnio,nascido na Palestina, foi monge e bispo deSalamina, em Chipre. Lutou contra as heresias.Ancoratus(sobre af) e Panarion (tratado de 80 heresias conhecidas de seu tempo).

    So Joo Crisstomo (+407)

    So Joo Crisstomo nasceu em Antioquia, foi advogado,monge, grande pregador e patriarca de Constantinopla, chama-do de prncipe dos exegetas. Foi exilado duas vezes por causa daimperatriz Eudxia. o prncipe dos exegetas. Obras mais impor-tantes: Sobre o sacerdcio,Homilias sobre as esttuase Homilias

    sobre o Evangelho de Mateus.

    Teodoro de Mopsustia (+428)

    Teodoro de Mopsustia, discpulo de Didoro de Tarso(+399). Os dois foram bons escrituristas, mas seus escritos teolgi-cos favoreceram o nestorianismo.

    So Cirilo de Alexandria (+444)

    So Cirilo de Alexandria foi patriarca de Alexandria e oposi-tor do nestorianismo. Participou ativamente do Conclio de fesono ano 431 e escreveu numerosas obras teolgicas e polmicascontra Nestrio, Apolinrio, Teodoreto de Ciro etc. Escreveu co-mentrios e homilias sobre quase todos os livros da Sagrada Es-

    critura. Chamado de doutor mariano pela defesa da maternidadedivina de Maria.

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    Claretiano - REDE DE EDUCAO

    Dionsio Areopagita ou Pseudo-Dionsio

    Dionsio Areopagita, telogo cristo com obras importantesque tiveram grande influxo na Idade Mdia, atribudas a DionsioAreopagita, o discpulo de So Paulo. Obras: Sobre os nomes divi-

    nos, Sobre a hierarquia celestial, Sobre a hierarquia eclesistica,Sobre a teologia mstica.

    Vejamos outros escritores e historiadores da Igreja que tive-ram grande valor:

    a) Filostorgio (+380).

    b) Scrates (+440).

    c) Sozomeno (+440).

    d) Paldio (+430): escreveu a Histria lausiaca, coleo devidas de monges.

    e) Isidoro Pelusiota (+440): o autor de mais de mil car-tas.

    f) Sofrnio de Jerusalm (+638): orador, poeta, apologistacontra os monotelistas; autor de Prado espiritual, umacoleo de exemplos de virtudes praticadas por alguns

    contemporneos.g) Joo Clmaco (+600): autor da Escada do paraso.

    h) Mximo, o Confessor (580-662): autor da Mistagogia ede um comentrio sobre Dionsio Areopagita.

    A partir do sculo 2, a Sria foi um centro importante de ati-vidade literria crist. No sculo 4, floresceu a Escola de Edessa,em que se destacaram os escritores:

    a) Afrates (+345).b) Santo Efrm (+373) autor de Hinos religiosose homilias.

    7. ESCRITORES LATINOS

    Os padres latinos so escritores que viveram em torno domundo romano do Ocidente, com seu centro em Roma e outras

    regies da Europa ocidental. H tambm os que viveram no nor-

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    97 Padres do Ocidente e do Oriente

    te da frica, a chamada frica Pr-Consular, na regio onde viveu

    Santo Agostinho.

    No Ocidente, durante os sculos 4 e 5, existiu um grande

    florescimento da literatura eclesistica, que entrou em crise com

    as invases brbaras e a queda de Roma. Os escritores ocidentais,em geral, so menos especulativos que os orientais, sendo mais

    orientados para as questes prticas e disciplinares.

    Analisando o contexto dos padres ocidentais, principalmen-

    te no tocante questo do combate s heresias, Pierini afirma o

    seguinte:Tambm no Ocidente a luta para manter em toda a sua plenitude

    a divindade do Filho e do Esprito Santo envolve um amplo grupode bispos e telogos. A, tambm, ao lado dos polemistas equilibra-dos no faltam os extremistas. Assim, ao lado de nomes como o desio, bispo de Crdoba (conselheiro eclesistico de Constantino,morto em 358, aproximadamente), de Eusbio de Verceilas (pro-vvel autor de um tratado Sobre a Trindade, morto em 371), deZeno, bispo de Verona (autor de excelente Sermes, morto e 380,aproximadamente), de Filstrio, bispo de Brscia (autor de um Livrodas Heresias, que lhe valeu o ttulo de Epifnio latino, morto em

    397, aproximadamente), e de outros, que defendem o conclio deNicia e preparam o de Constantinopla sem perder de vista a distin-o entre o erro e a pessoa que erra, existem aqueles que, na friapolmica contra os arianos e os macedonianos, levam inclusive aocisma dos ortodoxos: o caso de Lucfer, bispo de Cagliari (mortoem 371, aproximadamente), dos presbteros Faustino e Marcelino(ambos atuantes por volta do 380), de Gregrio, bispo de Elvira (doqual foram descobertos alguns tratados e sermes, morto em 392).Um lugar prprio merece o orador africano Mrio Vitorino, que,

    por volta do ano 355, se converte ao cristianismo atravs da filoso-

    fia neoplatnica e defende a Trindade contra os arianos no tantobaseado em argumentos teolgicos quanto, sobretudo, filosficos:a Trindade torna-se assim, no uma substncia em trs pessoas,mas uma substncia que emana trs pessoas, justamente de ma-neira neoplatnica. A tentativa de explicao filosfica da Trindadeser depois retomada por Agostinho, seu conterrneo e admirador(PIERINI, 1998, p. 176-177).

    Vamos conhecer alguns desses escritores?

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    Santo Hilrio de Poitiers (315-366)

    Santo Hilrio de Poitiers nasceu em uma famlia pag e nobre.Teve tima formao filosfica e literria e, por esse entendimen-to, converteu-se ao ler a Bblia. Sendo casado, foi eleito bispo pelo

    Clero e pelo povo. Combateu o arianismo, por isso o chamaram deAtansio do Ocidente. Por ter vivido desterrado no Oriente (356-

    360) por ocasio do arianismo, conheceu bem melhor aos padresda Igreja oriental. Contra os arianos, escreveu: Sobre a Trindade,Trs escritos histrico-polmicose Da fcontra os arianos. Compshinos religiosos e Comentrios bblicose considerado o mais im-portante exegeta do Ocidente deste tempo.

    Santo Ambrsio (340-397)

    Santo Ambrsio nasceu em famlia nobre em Trveris e, maistarde, estudou letras e tornou-se advogado e governador de Mi-lo. Sendo catecmeno, foi eleito bispo de Milo pelo povo no ano374. Estudou os padres gregos e se tornou grande orador, influen-ciando o prprio Santo Agostinho, que o batizou. Apesar dos tra-

    balhos episcopais e de conselheiro dos imperadores Graciano eTeodsio, deixou muitos escritos: A Graciano, sobre a f (onde ex-pe seu pensamento sobre a Cristologia afirmando a divindade doFilho); O Esprito Santo (onde expe os princpios da divindade doEsprito Santo), Sobre os ofcios eclesisticos, Sobre as virgens(suairm Marcelina), Tratado sobre a Penitncia, o Exameron (sobre aobra da criao) e Orao fnebre sobre Teodsio.

    Empenhado na luta contra os erros relativos Trindade e, ao mes-mo tempo, contra as tendncias cesaropapistas de certos ambien-

    tes polticos, a perspectiva teolgica de Ambrsio condicionadaamplamente pelas circunstncias, no possuindo a sistematicidadedo telogo profissional: mas ela se apresenta igulamente orgnica,concentrada como est naqueles que podem ser definidos como osaspectos sociais da f crist. Assim, no que se refere Trindade, eleinsiste sobretudo na ao ad extra das trs Pessoas divinas, tantoque para Ambrsio o cristianismo j est na origem bem como nofim, colocando na sobra a historicidade progressiva da salvao;sublinha a importncia e a realidade da humanidade de Cristo, amisso dos anjos no nvel coletivo e individual, o lado social dos sa-

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    99 Padres do Ocidente e do Oriente

    cramentos, exigido pelo aspecto social do pecado original, a funoeclesial de Maria, a funo primacial do bispo de Roma, enquantosucessor de Pedro, a independncia da Igreja em relao ao Estadoe, ao mesmo tempo, o direito que ela tem de ser protegida peloEstado, pois mestra e guardio da ordem moral, qual tambm oEstado est submisso. Por outro lado, sob diversos aspetos a dou-

    trina teolgica de Ambrsio claramente insegura e imprecisa: porexemplo, a respeito ds relaes intratrinitrias, sobre a naturezado pecado original, sobre a iseno do pecado original e sobre avirginitas in partu de Nossa Senhora, sobre os problemas esca-tolgicos, sobre a metodologia exegtica, sobre o estoicismo nocampo moral-asctico, sobre a laicidade do Estado. Mas Ambrsio,certamente, nada mais quis ser do que um homem de Igreja, umpromotor, um iniciador (PIERINI, 1998, p. 179-180).

    Prudncio (348-405)

    Prudncio nasceu em Calahorra, Espanha. Dominava o latimcom perfeio e considerado o maior dos poetas cristos latinos.Ocupou vrios cargos pblicos at se dedicar totalmente a Cristo.Escreveu vrias obras: Cathemerinon(livro diurno), com doze odespiedosas, Peristephanon(livro das coroas), com 14 poemas dedi-cados aos mrtires, Hamartigenia(origem do pecado),Apotheosis

    etc.

    Rufino de Aquilia (+410)

    Rufino de Aquilia nasceu perto de Aquileia, foi monge e tevegrandes disputas literrias com o amigo So Jernimo, por ocasiodas questes origenistas. Literariamente se distingue, principal-

    mente, por suas tradues de Orgenes e de Eusbio. Escreveu oComentrio ao smbolo dos apstolos.

    So Jernimo (347-420)

    So Jernimo nasceu na Dalmcia (Pannia), estudou emRoma, Trveris e Constantinopla. considerado o mais erudito dos

    padres do Ocidente e por seus escritos bblicos o So Joo Criss-

    tomo do Ocidente. Foi chamado a Roma pelo papa Dmaso (382-386). Atrado pela vida asctica e monstica, mudou-se para Be-

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    lm, onde se dedicou inteiramente ao estudo da Sagrada Escritura.Sua obra cume a traduo da Bblia (Vulgata). Traduziu, tambm,algumas obras de Orgenes e escreveu alguns comentrios Sagra-da Escritura (Reviso do Novo Testamento e do saltrio, Revisodo Antigo Testamento, Comentrios aos profetas, Comentrio sCartas de Paulo: Glatas, Efsios, Tito e Filipenses), cartas doutri-nais e ascticas, homilias e uma crnica. Escreveu, ainda, obras

    apologticas: contra Helvdio, contra Joviniano e contra Vigilncio;escreveu tambm A Vida de So Paulo de Tebas, anacoreta.

    Provocador nato, Jernimo teve que sofrer, tambm, as provoca-es dos outros: da emerge um carter especialmente irascvel,susceptvel, e ciumento da prpria reputao teolgica e literria.Grande inovador no camo da filologia bblica e um literato muitosugestivo, Jernimo no , porm, original no campo mais propria

    -

    mente teolgico: e assim, em meio s polmicas mais acesas, o au-tor dlmata se limita a repropor, s vezes de forma brilhante, os da-dos puros e simples da tradio. Todavia, no raro o temperamentoimpulsivo de Jernimo, deixa-se influenciar pelas circunstncias: o caso de sua tardia condenao do origenismo, muito precipitadae sumria para ser justa e equilibrada; o caso da sua condio desacerdote, que o leva a interpretar de maneira um tanto unilateral ahistria das origens crists, negando a origem apostlica e, por isso,

    divina, do episcopado; o caso da paixo, tambm esta tardia, pelohebrasmo (a hebraica veritas), que o leva a negar a canonicidadedos chamados livros deuterocannicos. Superado (embora nototalmente) o fanatismo juvenil pelos autores clssicos, Jernimocria uma nova classicidade, a classicidade bblico-hebraica, pro-curando extrair da Escritura a teoria e a prtica da vida crist, oessencial de toda a existncia (PIERINI, 1998, p. 184).

    Santo Agostinho (354-430)

    Santo Agostinho considerado o maior filsofo da era pa-trstica, um dos grandes gnios de todos os tempos e um dos per-sonagens mais conhecidos da hagiografia e pensamento cristos.Nasceu em Tagaste, Numdia e, jovem ainda, converteu-se ao ma-niquesmo. Levou uma vida mundana durante a juventude e comFlora Emlia teve um filho. Foi professor de retrica em Cartago e

    Milo e conheceu o neoplatonismo. Em Milo encontrou-se comSanto Ambrsio, convertendo-se ao cristianismo; foi batizado no

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    101 Padres do Ocidente e do Oriente

    ano 387. Voltando frica, ficou trs anos em um retiro mons-tico. Em 391 foi ordenado sacerdote para a Igreja de Hipona. Aomorrer o bispo da cidade, Agostinho foi eleito para suced-lo, em395. Passou toda a sua vida escrevendo e lutando contra as here-sias: maniquesmo, donatismo, pelagianismo. Morreu quando osvndalos estavam assediando a cidade em 430.

    Escreveu vrias obras: Confisses(histria de sua vida),A Ci-dade de Deus, Enchiridion ad Laurentium (exposio sistemticado dogma cristo), Sobre a doutrina crist, Sobre a Trindade, Con-tra Fausto, Sobre a natureza e a graa, Tratado do Evangelho deSo Joo,A graa e o livre arbtrioetc.

    A obra de Agostinho desencoraja a anlise pela sua amplitude epela sua diversidade. Somente Orgenes capaz de apresentar umaproduo mais considervel. Agostinho sucessivamente filsofo,telogo, exegeta, polemista, orador, educador e catequista. No setrata o que seria at enfadonho nem mesmo de enumerar ottulo de suas obras. Mas a obra, pelo menos, permite avaliar seugnio, e descobrir a diversidade de seus dons.

    A urgncia e controvrsia das questes debatidas justificam o gran-de nmero de seus escritos. Teve de enfrentar os maniqueus, os

    donatistas, os pelagianos, que destruam a unidade da Igreja. Agos-

    tinho , de certa forma, a conscincia da ortodoxia e v-se continu-amente constrangido a defender a f crist.

    Os maniqueus opunham ao Deus nico o dualismo dos princpiosdo Bem e do Mal, o princpio da Luz onde Deus habita e o princpiodas Trevas onde moram Satans e seus demnios. Era uma reto-mada do gnosticismo, j combatido por Ireneu. Agostinho, que du-rante algum tempo fora seduzido por esta doutrina, conhecia-a porexperincia e sabia que argumentos devia usar. Responde, como obispo de Lio, que o mal no uma entidade em si e que tanto oAntigo quanto o Novo testamento so obra de Deus.

    [...] O Pelagianismo ocupa os vinte ltimos anos da atividade deAgostinho. Pelgio, um monge asctico vindo da Bretanha paraRoma, reage contra o relaxamento dos costumes, ensinando umamoral exigente e dura. Enfatiza o esforo, a liberdade, a ponto deminimizar o papel da graa e exagerar o poder da bela naturezahumana.

    Agostinho vai acumulando obra sobre obra, completando dois vo-

    lumes in-quarto, para demonstrar a concupiscncia, a misria dohomem entregue a si mesmo, a necessidade da graa, elementos

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    Claretiano - REDE DE EDUCAO

    que ele conhecia por experincia prpria. Somente a graa pode ar-ranc-lo do encantamento produzido pelas sereias da carne. Suaexperincia espiritual havia despertado nele a percepo do auxlioe do mistrio de Deus e fizera-o avaliar at que ponto o homem seencontra ferido pelo pecado do mundo. O bispo de Hipona torna-se par a posteridade o doutor da graa. No quer dizer que seu

    sistema no tenha falhas; ele, porm, percebeu com uma acuidadeexcepcional a ao de Deus e a dependncia do homem inscritasem todas as pginas da Bblia.

    O mestre de Hipona viveu o tempo suficiente para assistir toma-da de Roma pelos soldados de Alarico. A derrota foi atribuda aocristianismo pelos pagos. Os tempos de catstrofe inspiraram aobispo a Cidade de Deus, um dos livros mais lidos a julgar pelos 382manuscritos existentes nas bibliotecas. Trabalhou nele durante ca-torze anos, redigindo ao mesmo tempo seu tratado Sobre a Trinda-

    de, a obra de maior importncia a seus prprios olhos. Prope, naCidade de Deus o problema dos dois poderes e da caducidade dascivilizaes, e desenvolve, pela primeira vez, uma filosofia crist dahistria.

    A obra que ainda melhor nos revela o escritor sua correspondn-cia; 225 de suas cartas conservam-se at hoje. Elas no possuema elegncia e a mordacidade das de Jernimo. Demonstram umabondade de alma inesgotvel, que consola e instrui, uma autori-dade universalmente consultadas sobre as questes mais diversas,

    referentes vida e doutrina crists.A obra oratria considervel. Restam-nos cerca de mil sermes ehomilias, e a sagacidade dos pesquisadores continua enriquecendoininterruptamente a coleo. Temos, outrossim, o Evangelho e aEpstola de Joo comentados para os fiis de Hipona, as Ennarratio-nes in psalmos, s homilias sobre o saltrio, onde se revelam a dou-trina e a qualidade espiritual, mas tambm a piedade de Agostinho.Toda a sua teologia encontra-se em sua pregao: ele simplifica-a,sem jamais vulgariaz-la.

    Agostinho mantm-se junto de seu povo, que ele ama e que oamam. Como se conhecem e se perdoam! Em parte alguma apa-recem melhor a ternura, a imensa caridade deste homem que sa-crificou seus gostos pessoais para servir ao rebanho que lhe foraconfiado. Este retrico cheio de prestgio, considerado um mestrena arte da palavra, cujos artficios conhecia todos, renuncia a istopara se adaptar ao auditrio. Contenta-se com recursos popula-res: a anttese, a rima sonora, a frmula que serve de provrbio.Maneja a anttese at cansar-se. Ela era mais do que um jogo desua arte; exprimia o fundo de seu esprito: o confronto das duas

    cidades, o confronto dos dois amores, aquele que j o consumirae o que nele ardia agora. A pregao tempera os exageros de sua

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    103 Padres do Ocidente e do Oriente

    polmica. preciso corrigir constantemente o polemista por meiodo pastor para conhecer o Agostinho verdadeiro (HAMMAN, 1980,p. 231-233).

    A riqueza dos escritos de Santo Agostinho imensa.Veremosalguns textos daquele que considerado o grande mestre e gniodo ocidente cristo. No livro O Canto Novo, Agostinho fala do novohomem que, descobrindo e acolhendo o amor de Deus, encontranEle o sentido de sua existncia, ou como fala Agostinho, s `en-contra sossego em Deus.

    2. No existe pessoa que no ame: mas que que se ama? No seexige que deixemos de amar, porm, que escolhamos o objeto denosso amor. Ora, porventura, seramos capazes de escolher se notivssemos sido escolhidos primeiro? S amamos quando somosos primeiros a ser amados. Escutai o apstolo Joo: foi ele que sereclinou sobre o orao do Mestre e que, durante essa refeio,sorveu os segredos celestes Esta bebida, esta feliz embriaguez ins-piraram-lhe a seguinte palavra: No princpio era o Verbo. Sublimehumildade! Embriaguez espiritual! Mas este grande inspirado, isto, este grande pregador, entre outros sgredos que assimilou en-quanto repousava sobre o corao do Mestre, proferiu este: Nofomos ns que amamos a Deus, mas foi ele quem nos amou primei-ro. Seria conceder muito ao home dizer referindo-se a Deus: Ns

    amamos. Ns, a ele? Homens, Deus? Mortais, amando o eterno?Pecadores, o justo? Seres frgeis, o imutvel? Criaturas, o criador?Ns o amamos. E como temos podido faz-lo? Porque ele prprionos amou primeiro. Procura de que modo o homem pode amar aDeus, e no encontrars outra maneira a no ser esta: Deus amou-nos primeiro. Aquele que amamos deu-se a si mesmo: deu-se paraque ns o amssemos. Que deu ele para que nos o amssemos? Oapstolo Paulo dir-vos- mais claramente: O amor de Deus, diz ele,foi derramado em nossos coraes. Por quem? Ser que foi porns? No. Por quem foi ento? Pelo Esprito Santo que nos foi dado

    (HAMMAN, 1980, p. 236-237).

    Na sua obra, talvez, mais conhecida, As Confisses, Agosti-nho nos presenteia com textos de uma profundidade e intimidadeextraordinrias. Ele fala de sua relao com Deus, o seu salvador:

    Senhor, sou teu servo, e filho de uma serva tua. Rompeste os meusgrilhes; ofereo a ti um sacrifcio de louvores Louvam-te meu co-rao e a minha lngua, e meus ossos dizem: Quem se compara a

    ti, Senhor? Assim, o dizem, e tu respondes: Sou a tua salvao.Quem sou eu? Que tipo de homem? Quantos males cometi!

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    Claretiano - REDE DE EDUCAO

    Quantos males, se no nos atos, nas palavras, se no nas palavras,na vontade!

    Mas s bom e misericordioso, Senhor; com tuas mos explorasteminhas vsceras mortais, e purificaste minha alma em seu abismode corrupo. Asism fizeste quando no mais queria o que antestanto desejava; queria s aquilo que tu querias. Onde estivera meulivre-arbtrio por tanto tempo? De quais profundidades secretasemergiu num instante, para que eu pusesse minha cabea nob oteu suave jugo, e sobre meus ombros teu fardo leve, Cristo Jesus,ajuda e redentor? Como, de repente, foi doce a privao das falsasdouras! Aquilo que eu temia perder, alegrava-me, agora, em aban-donar. Na verdade, tu, suprema e verdadeira doura, as afastavasde mim, e te colocvas em seu lugar, tu, o mais doce de todos osprazeres - no para a carne, por certo -, a mais brilhante das luzes,o mais ntimo dos segredos, a mais sublime das honras mas no

    para os que axaltam a si mesmos. Minha alma se libertara da cor-

    roso das ambies e da avareza, dos pruridos da paixo. Agora meentretinha em ti, minha grandeza, minha riqueza e minha salvao,Senhor Deus meu (VIGINI, 2000, p. 148)

    Cassiano (+435)

    Cassiano nasceu no Oriente, foi telogo, monge e autor cls-sico da vida monstica. Viveu em Roma, depois em Marselha; foigrande incentivador do monarquismo com suas obras: CollationesPatrum (conferncias dos padres do deserto) e Sobre as institui-es dos cenbios.

    So Leo, o Grande (+461)

    So Leo foi um dos papas mais ilustres de toda a antiguida-

    de crist. autor de 96 homilias e da carta dogmtica ao patriarcaFlaviano de Constantinopla, em que expe a doutrina catlica so-bre as duas naturezas de Cristo contra Eutiques.

    So Gregrio Magno (540-604)

    So Gregrio Magno nasceu em famlia nobre romana. Foimagistrado e monge no mosteiro fundado por ele mesmo no Mon-

    te Clio em Roma. Pelo espao de sete anos esteve em Constanti-

    nopla como legado pontifcio ante o imperador. Foi eleito papa no

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    105 Padres do Ocidente e do Oriente

    ano 590 e fez um grande trabalho. Reformou o rito da missa e ocanto litrgico e incentivou obras caritativas. So conservadas 848cartas, consideradas uma amostra de sua atividade no governo daIgreja. Suas obras mais importantes: Livro da regra pastoral, Expo-sio sobre o Livro de J, Dilogoetc.

    Santo Isidoro de Sevilha (+636)

    Santo Isidoro de Sevilha nasceu em Cartagena, Espanha,

    e foi sucessor de seu irmo, So Leandro, na sede de Sevilha. considerado o ltimo padre do Ocidente e o homem mais poli-factico de seu tempo. Santo Isidoro foi mais um sintetizador do

    pensamento e da cultura do seu tempo do que um pensador origi-nal. Obras mais importantes: Etimologias(obra com os principais

    conhecimentos profanos e religiosos de sua poca); comentriosa quase todos os livrosda Sagrada Escritura; Sobre a f catlicacontra os judeus; Regra dos monges; Histria dos godos, vndalose suevos.

    Alm dos autores anteriormente mencionados, podemos ci-

    tar vrios outros:a) Salviano de Marselha (+480): escreveu um tratado sobre

    o Governo de Deus;

    b) Vicente de Lerins (+450): autor do Commonitorium(ex-plicao da Regra catlica da f);

    c) Santo Fulgncio de Ruspe (+533): um dos grandes telo-gos ocidentais de seu tempo. Sua obra mestra : Sobre a

    fe Sobre a regra da verdadeira f, a Pedro;d) Cassiodoro(485-570): secretrio do rei Teodorico. Aban-donou a corte para fazer-se monge no mosteiro de Viv-rio (Itlia), por ele mesmo fundado, e foi autor de umaHistria eclesistica;

    e) Venncio Fortunato (+603): foi poeta de Treviso, Itlia, eseus hinos da paixo so de muito bom estilo e de gran-de inspirao: Pange lingua, Gloriosilauream certaminis

    e Vexilla regis prodeunt.

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    Patrologia106

    Claretiano - REDE DE EDUCAO

    8. QUESTES AUTOAVALIATIVAS

    Sugerimos, neste tpico, que voc procure responder squestes a seguir, que tratam da temtica desenvolvida nesta uni-dade, bem como que as discuta e as comente.

    A autoavaliao pode ser uma ferramenta importante paratestar seu desempenho. Se encontrar dificuldades em respondera essas questes, procure revisar os contedos estudados parasanar suas dvidas. Este o momento ideal para voc fazer umareviso do estudo desta unidade. Lembre-se de que, na Educaoa Distncia, a construo do conhecimento ocorre de forma coo-

    perativa e colaborativa. Portanto, compartilhe com seus colegasde curso suas descobertas.

    Confira, na sequncia, as questes propostas para verificarseu desempenho no estudo desta unidade:

    1) Ficou clara a ao e importncia dos Santos Padres navida do Cristianismo e na formao da ortodoxia crist?

    2) Em qual contexto eclesial e social se inserem a vida e os

    escritos dos Santos Padres dos sculos 4 e 5?3) Voc assimilou o contedo dos escritos dos principais

    Santos Padres?

    9. CONSIDERAES

    Nesta unidade conhecemos os padres do Oriente e do Oci-

    dente, a literatura crist entre os sculos 4 e 7, bem como gran-

    des obras teolgicas de escritores gregos e latinos.

    Na prxima unidade, destacaremos a relao dos santos pa-dres com as heresias e estudaremos, ainda, alguns temas doutri-nais.

    At l!

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    107 Padres do Ocidente e do Oriente

    10. E REFERNCIA

    Santos, J. M. texto Disponvel em: http://www.catolicismo.com.br/materia/materia.cfm?IDmat=183&mes=fevereiro2002> Acesso em: 23 ago. 2010.

    11. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    FIGUEIREDO, F.A. Introduo Patrstica. Petrpolis: Vozes, 2009

    GMEZ, A. J. Manual de Historia de la Iglesia. Madrid: Publicaciones Claretianas, 1987.

    HAMMAN, A. Os padres da igreja. So Paulo: Paulinas, 1980.

    SPANEUT, Michel. Os padres da igreja. So Paulo: Loyola, 2000-2002.

    DICIONRIO DE ANTIGUIDADES CRISTS. Petrpolis/So Paulo: Vozes-Paulus, 2002.

    FIGUEIREDO, A. F. Curso de teologia patrstica. Vol. I, II e III, Petrpolis: Vozes, 1983 a

    1990.

    PIERINI, F. Mil Aos de pensamiento cristiano. Bogot: San Pablo, 1993.

    PIERINI, F.A idade antiga. Curso de Histria da Igreja I. So Paulo: Paulus, 1998.

    SCHLESINGER, H-PORTO H. Dicionrio enciclopdico das religies. Vol. II. Petrpolis:Vozes, 1995

    TREVIJANO, Ramn. Patrologa.Madrid: BAC, 1994.

    VIGINI, Giuliano; BONALDO, Ndia (Org.). As confisses de Santo Agostinho: as maisbelas pginas de uma obra-prima imortal. Traduo de Marcos Van Acker. So Paulo:

    Campinas, 2000.

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