Perspectiva

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UMA VIDA PELA FOTOGRAFIA Entrevista com a fotógrafa e Professora Ana Rita. 06 APARTAMENTO 302 Confira o ensaio com nu artístico de Jorge Bispo. 10 CLICKS DA HISTÓRIA NOS CLICKS DO MOUSE A página no facebook Imagens Históricas e o compartilhamento destas fotografias. 16 A CAMINHADA DE EVANDRO TEIXEIRA Um pouco da história do fotojornalista marcado pelo preto e branco em suas fotos. 18

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UMA VIDA PELA FOTOGRAFIAEntrevista com a fotógrafa e Professora Ana Rita. 06

APARTAMENTO 302Con�ra o ensaio com nu artístico de Jorge Bispo. 10

CLICKS DA HISTÓRIA NOS CLICKS DO MOUSEA página no facebook Imagens Históricas e o compartilhamento destas fotogra�as. 16

A CAMINHADA DEEVANDRO TEIXEIRAUm pouco da história do fotojornalista marcado pelo preto e branco em suas fotos. 18

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ÍNDICEApartamento 302

Uma vida pela fotogra�a 18

16 Clicks da História nos Cliks do Mouse

A Caminhada de Evandro Teixeira

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16 Clicks da História nos Cliks do Mouse

A Caminhada de Evandro Teixeira

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Se você está folheando essa revista em uma banca, em um stand ou em na sala de espera de um consultório (pensei em dizer na mesa de centro da casa de um amigo, mas seria pretensão prodígia demais para um início de um trabalho e não soaria bem), talvez pensasse pela capa que se tratava de uma revista que aborde “50 tons de cinza” ou a�ns, já que é a nova onda do momento. Não te culpo, já que temos uma garota nua em uma pose sugestiva e em preto e branco na capa. Se você está folheando em um stand especializa-do em fotogra�a, talvez atingimos nosso objetivo e despertamos sua curiosidade não só pela garota.

O fanzine Revista Perspectiva surgiu dentro da Universidade Federal de Goiás, nos corredores da Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia. Três amigos, colegas de curso na disciplina de Arte Publicitária II, tinham a missão de diagramar uma revista como trabalho �nal.

A missão se tornou diversão a partir do momento em que o tema escolhido para abordar foi a fotogra�a. Essa primeira edição dedicamos à fotogra�a preto e branco e nada como a matéria principal ser dedicada ao genial Jorge Bispo, um dos fotógrafos brasileiros mais bem sucedidos da atualidade, com seu cobiçado Apartamento 302, não só pelas garotas de beleza verdadeira, mas também pela grandiosidade de todos os seus trabalhos e intimidade com a máquina fotográ�-ca. Aproveitamos para falar um pouco sobre a carreira do grandiosíssimo Evandro Teixeira e tivemos um bate-papo com a professora Ana Rita.

Outras coisas muito curiosas para você que gosta de fotogra�a ou para você que pegou a revista por engano, estão nas próximas páginas. Espera-mos que tenhamos cumprido nosso objetivo e que você se divirta assim como nós nos diverti-mos fazendo.

Anderson Rafael ReisEstudante de Publicidade e Propaganda na UFG tem como paixão o cinema. Entrou para a disciplina de fotogra�a para aprimorar e entender melhor sobre o tema para aplicação no cinema e desco-briu um novo hobby. Torcedor do Fluminense, espera poder dar um pouco mais de cor as próximas edições para a Revista Perspec-tiva que estão por vir.

Karoline SantosAssim como os colegas, faz Publicidade e Propaganda na UFG. Do trio é a que possui um espírito empreendedor mais aguçado e não pensou duas vezes em tomar as rédeas de produção e arrecadação de verba para tornar esse sonho realidade. Nas horas vagas, claro, dá os seus clicks, tendo como companheira inseparável a sua

Nikon D3100.

Frederico AbreuCorintiano e também estudante de Publicidade e Propaganda, não hesitou ao sugerir o tema fotogra�a preto e branco para a edição da Revista Perspectiva. Começou a estudar fotogra�a para entender melhor a direção de arte na publicidade. Atualmente faz intercâmbio em Perth, Austrália, para aprimorar suas técnicas.Karoline Santos

EDITORIAL

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PRETO E BRANCO

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Se você está folheando essa revista em uma banca, em um stand ou em na sala de espera de um consultório (pensei em dizer na mesa de centro da casa de um amigo, mas seria pretensão prodígia demais para um início de um trabalho e não soaria bem), talvez pensasse pela capa que se tratava de uma revista que aborde “50 tons de cinza” ou a�ns, já que é a nova onda do momento. Não te culpo, já que temos uma garota nua em uma pose sugestiva e em preto e branco na capa. Se você está folheando em um stand especializa-do em fotogra�a, talvez atingimos nosso objetivo e despertamos sua curiosidade não só pela garota.

O fanzine Revista Perspectiva surgiu dentro da Universidade Federal de Goiás, nos corredores da Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia. Três amigos, colegas de curso na disciplina de Arte Publicitária II, tinham a missão de diagramar uma revista como trabalho �nal.

A missão se tornou diversão a partir do momento em que o tema escolhido para abordar foi a fotogra�a. Essa primeira edição dedicamos à fotogra�a preto e branco e nada como a matéria principal ser dedicada ao genial Jorge Bispo, um dos fotógrafos brasileiros mais bem sucedidos da atualidade, com seu cobiçado Apartamento 302, não só pelas garotas de beleza verdadeira, mas também pela grandiosidade de todos os seus trabalhos e intimidade com a máquina fotográ�-ca. Aproveitamos para falar um pouco sobre a carreira do grandiosíssimo Evandro Teixeira e tivemos um bate-papo com a professora Ana Rita.

Outras coisas muito curiosas para você que gosta de fotogra�a ou para você que pegou a revista por engano, estão nas próximas páginas. Espera-mos que tenhamos cumprido nosso objetivo e que você se divirta assim como nós nos diverti-mos fazendo.

Anderson Rafael ReisEstudante de Publicidade e Propaganda na UFG tem como paixão o cinema. Entrou para a disciplina de fotogra�a para aprimorar e entender melhor sobre o tema para aplicação no cinema e desco-briu um novo hobby. Torcedor do Fluminense, espera poder dar um pouco mais de cor as próximas edições para a Revista Perspec-tiva que estão por vir.

Karoline SantosAssim como os colegas, faz Publicidade e Propaganda na UFG. Do trio é a que possui um espírito empreendedor mais aguçado e não pensou duas vezes em tomar as rédeas de produção e arrecadação de verba para tornar esse sonho realidade. Nas horas vagas, claro, dá os seus clicks, tendo como companheira inseparável a sua

Nikon D3100.

Frederico AbreuCorintiano e também estudante de Publicidade e Propaganda, não hesitou ao sugerir o tema fotogra�a preto e branco para a edição da Revista Perspectiva. Começou a estudar fotogra�a para entender melhor a direção de arte na publicidade. Atualmente faz intercâmbio em Perth, Austrália, para aprimorar suas técnicas.Karoline Santos

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PRETO E BRANCO

Ana Rita Vidica

Uma vida pelafotografia

31 anos. Fotógrafa. Publicitária. Mestre em Cultura Visual. Doutoranda em História.

Professora do curso de Comunicação Social UFG

Ana Rita, professora de Fotogra�a na UFG, fala um pouco sobre vários âmbitosda fotogra�a contemporânea

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por Anderson Rafael Reis

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Professora, fotógrafa, apaixonada. Talvez essas três palavras sejam os adjetivos que melhor de�-nem Ana Rita Vidica, publicitária por formação, que abdicou da vida em agências de propaganda para seguir uma vida acadêmica como professora de fotogra�a do curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda e coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Teoria da Imagem vincu-lado à UFG, em paralelo com os estúdios fotográf-icos. Mestre em Cultura Visual UFG, a professora fotógrafa de 31 anos ainda tem tempo para o seu doutorado, dessa vez em História. Como fotógra-fa ganhou o prêmio I Concurso Internacional sobre Periodismo e Gênero, participou de exposições coletivas regionais, nacionais e inter-nacionais e uma exposição individual, intitulada "Obra Marginal", contemplada pela Bolsa de Apoio à produção artística no Brasil, da FUNARTE.

Con�ra o bate-papo que a Revista Perspectiva teve com a a Professora Ana Rita.

Revistas Perspectiva: Com qual vertente da fotogra�a você se identi�ca?Ana Rita: É difícil responder esta questão, pois esbarro em classi�cações por gêneros da fotogra-�a, como fotogra�a documental, publicitária, artística ou grandes temas como, retratos, pais-agem, natureza morta, still life. E, me identi�co não pelos rótulos das fotogra�as, mas pelo que elas expressam, pelo que elas me provocam. Desse modo, posso dizer que me identi�co pela fotogra�a que estabelece um diálogo comigo, independente da sua classi�cação.

RP: O que te levou a seguir a carreira acadêmi-ca?Acredito que tenha sido a possibilidade de re�etir sobre o que faço. Pra mim, a produção de imagens pode se tornar mais interessante quando se mistura à re�exão sobre o que �z ou �zeram para se conseguir tal enquadramento ou uma luz especí�ca ou as motivações até mesmo pessoais, ou seja, perceber o processo de criação e não só o resultado �nal, no meu caso, de uma fotogra�a ou uma série fotográ�ca.

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Foto: Ana Rita

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RP: Você percebe interesse dos alunos do curso pela área da fotogra�a publicitária?Não só pela fotogra�a publicitária, mas pela fotogra�a de maneira geral. Embora, hoje, os alunos tenham acesso facilitado à produção de imagens fotográ�cas, em geral, têm vontade de descobrir mais, o que está por trás daquela fotogra�a, tanto do ponto de vista técnico quanto estético. E, embora muitos alunos este-jam em sala pra cumprir mais uma disciplina, há aqueles que alimentam as aulas com vontade de experimentar o fazer fotográ�co, mesmo que, não necessariamente, se torne um fotógrafo pub-licitário pro�ssional.

RP: Como você percebe o mercado de fotogra-�a publicitária no mundo, no Brasil e em Goiás?O mercado de fotogra�a publicitária, indepen-dente da abrangência geográ�ca, sempre foi e é bastante competitivo. Contudo, é importante que o fotógrafo publicitário se especialize em uma determinada área, moda, produto, culinária, para que seu nome posso ser mais facilmente lembrado ou até mesmo uma referência em um determinado assunto, o que não impede que ela faça “de tudo um pouco”. A diferença que vejo, entre os mercados, mundial, brasileiro e goiano está no valor pago pelo serviço. O mercado goiano ainda remunera mal os pro�ssionais da área em relação a outros mercados no país e no mundo.

RP: O mercado está sendo prejudicado pelos bancos de imagem?Não vejo como prejuízo, mas acredito que os bancos de imagem sejam também uma opor-tunidade para o fotógrafo que pode comercial-izar suas fotogra�as para um banco de imagens.

O mercado goiano ainda remunera mal os pro�ssionais da área em relação a outros mercados no país e no mundo

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Ana Rita - Fotógrafa e Professora

Foto: Ana Rita

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RP: Como você concilia o trabalho de fotógra-fa com a vida acadêmica?Não é tarefa fácil, pois ambos os trabalhos exigem muita dedicação, mas a conciliação se dá por meio da re�exão da minha produção fotográ�ca, como no caso do projeto fotográ�co “Obra Mar-ginal”, realizado a partir de bolsa de produção artística no Brasil, da FUNARTE (Fundação Nacio-nal de Arte) que envolveu uma exposição fotográ�ca na Marginal Botafogo. A partir deste trabalho escrevi alguns textos acadêmicos buscando a re�exão sobre a relação entre fotogra�a e intervenção urbana. Além disso, organizo exposições fotográ�cas e saídas com produções fotográ�cas ligadas a projetos de extensão, cadastrados na universidade, unindo, assim, a produção fotográ�ca à academia.

RP: Com o advento da fotogra�a digital o que mudou na fotogra�a em preto e branco?Pra mim, a fotogra�a digital mudou a relação com a fotogra�a, pelo menos com a fotogra�a preto-e-branco. Aprendi a fotografar com câmeras analógicas e a revelar minhas próprias fotos p&b. Então, ao fotografar, não via as fotos, esperava por elas, imaginava como tinham �cado até elas surgirem pelo químico revelador. Então, esse tempo de espera e surgimento da imagem não existe no digital.

RP: Qual a sua opinião sobre a intenção de fotógrafos que abrem mão da foto digital colori-da para considerar o preto e branco?Esta pergunta me remonta à primeira resposta que dei. Acredito que não exista uma intenção que eu classi�caria como certa ou errada, mais louvável que a outra. O fazer fotográ�co, na minha opinião, transcende os rótulos ou pré-de-terminações do melhor modo de se fazer. O importante é usar a fotogra�a, seja colorida, p&b, digital ou analógica ou mesmo se apropriar de fotogra�as que não são suas para expor um pens-amento, um sentimento, en�m algo que encon-tra ressonância com as possibilidades semânticas que a fotogra�a dá, que transborda, inclusive, as palavras.

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me identi�co não pelos rótulos das

fotogra�as, mas pelo que elas expressam,

pelo que elas me provocam

”Ana Rita - Fotógrafa e Professora

Foto: Ana Rita

Foto: Ana Rita

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APARTAMENTO302Fotógrafo Jorge Bispo leva para a web mulheres clicadas em seu apartamentoProjeto Apartamento 302 reúne imagens de meninas anônimas

“Não existe mulher absolutamente perfeita, ainda bem!”, dispara Jorge Bispo. Foi do seu amor pela imperfeição, “um dos grandes charmes do ser humano”, que o fotógrafo carioca decidiu criar o Tumblr Apartamen-to 302. Nele, retrata mulheres – geralmente, garotas anônimas que ele conhece de diversas maneiras – sempre no mesmo ambiente: em frente a uma das paredes da sala de seu apartamento (daí o nome do blog), nuas. O resultado são fotogra�as em preto e branco que mostram a beleza verdadeira, e real, de mulheres comuns – e que ilustram com perfeição esta matéria, que fala sobre a ditadura do corpo perfeito. Para selecionar as retratadas, Bispo avisa: “Observo duas principais carac-terísticas nelas: uma é vaidade, a outra é um sentido de liberdade, de poder se expressar através do seu corpo independentemente do padrão, de como ele seja”.

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por Anderson Rafael Reis e Karoline Santos

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“Sempre recebi amigos aqui em casa e alguns são artistas. Cliquei algumas capas de CD e ensaios aqui. Queria que que fosse um pouco: "passa lá em casa pra fazer uma foto". Daí para fazer um Tumblr e ele ser focado em mulheres e nus foi um pulo pra algo que gosto de fotografar”— ele explica.

“A gente lida com muita pressão, ainda mais aqui no Rio de Janeiro. Você está sempre na praia, cercada de pessoas lindas. Tem dias em que me sinto um lixo. Mas sei que tem a ver com a minha cabeça. Quando estou bem, não me sinto mal com meu corpo” diz Júlia, uma das fotografadas.

Na busca por esse acordo com a autoestima, a designer decidiu reencontrar a própria beleza e topou ser retratada nua pelo fotógrafo Jorge Bispo no projeto Apartamento 302.

Nada de modelos perfeitas em paisagens exuber-antes, exibindo seus corpos impecáveis e super-sensuais. Não. Em Apartamento 302, mulheres não-famosas, com seus corpos não-perfeitos e suas posturas não-vulgares posam completa-mente nuas contra uma parede branca chapada – o mesmo cantinho do apartamento 302, destina-do à beleza de tudo o que não é perfeito e edita-do.

As fotos falam sobre naturalidade e simplicidade. É tudo singelo e sincero. Gabriela, Isabel, Sandra, Pollyana... Os nomes das moças se posicionam debaixo de suas fotos, só pra gritar: "Somos pessoas de verdade. Temos nomes, dobrinhas, ossinhos e somos lindas!".

É um exercício de poesia e arte, mas acima de tudo, de aceitação.

Roberta

Júlia

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APARTAMENTO302Fotógrafo Jorge Bispo leva para a web mulheres clicadas em seu apartamentoProjeto Apartamento 302 reúne imagens de meninas anônimas

“Não existe mulher absolutamente perfeita, ainda bem!”, dispara Jorge Bispo. Foi do seu amor pela imperfeição, “um dos grandes charmes do ser humano”, que o fotógrafo carioca decidiu criar o Tumblr Apartamen-to 302. Nele, retrata mulheres – geralmente, garotas anônimas que ele conhece de diversas maneiras – sempre no mesmo ambiente: em frente a uma das paredes da sala de seu apartamento (daí o nome do blog), nuas. O resultado são fotogra�as em preto e branco que mostram a beleza verdadeira, e real, de mulheres comuns – e que ilustram com perfeição esta matéria, que fala sobre a ditadura do corpo perfeito. Para selecionar as retratadas, Bispo avisa: “Observo duas principais carac-terísticas nelas: uma é vaidade, a outra é um sentido de liberdade, de poder se expressar através do seu corpo independentemente do padrão, de como ele seja”.

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por Anderson Rafael Reis e Karoline Santos

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O projeto deve virar livro e exposição.“Fotografei algumas atrizes aqui em casa que são conhecidas, mas sempre tive dúvidas sobre isso. Esse é um trabalho com anônimas. Só coloco o primeiro nome da mulher por isso. Quero fazer um livro de formato pequeno, simples, e uma exposição com fotos e vídeos. Mas, para mim, o trabalho é esse processo, o durante, com o público acompanhando. Vou postando as meninas na ordem em que elas comparecem ao apartamento.”

Apesar de atualmente estar marcado por esse trabalho que tem sido até o momento bem suce-dido e despertado a atenção de públicos variados (as meninas entram em contato para serem clica-das), Bispo tem uma carreira sólida com fotogra-�as com mais peças de roupas envolvidas. Porém, não esconde que é um processo natural do fotógrafo alguma vez na vida se aventurar pelo lado mais natural do ser humano.

“Todo fotógrafo, em algum momento, clica nus. Seja namorada ou amiga. Tenho também uma relação pro�ssional com o nu, mas o projeto do apartamento 302 é diferente. É um híbrido entre retrato e fotogra�a de nu.”

O processo se mostra natural. As garotas não são atrizes globais, modelos de passarela, ex-BBB ou panicats e não recebem pela exposição. É um trabalho artístico que se desenrola de acordo com o feeling entre modelo e fotógrafo.

“Meu limite quem determina é a modelo. Sugiro, peço, negocio, mas é ela que bate o martelo. Bom senso e bom gosto deveriam ditar isso” — diz Bispo.

Atualmente Bispo está preparando um livro de retratos de personagens da cena cultural, a ser lançado pela editora Ouro em Azul. São fotos feitas nos últimos 14 anos durante intervalos de trabalhos, sobras de estúdio e sessões especiais para o livro — várias delas inéditas, de David Lynch a Michel Gondry, de Chico Buarque a Criolo, de David Byrne a Milton Nascimento. Mas experiência de autopublicação numa plataforma digital, no entanto, tem sido proveitosa. “É bastante diferente. Tem mais retorno e me sinto parceiro do público, pressionado pela expectativa deles. Perde a distância que deixa você um pouco inatingível. Sinto que posso ser in�uenciado pelo espectador, que deixa de ser espectador e vira agente ativo do trabalho. Eu me sinto um pouco Lygia Clark, que nos anos 1970 trocou artista por propositora como nome de sua função.”

14Maria Ribeiro

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CLICKS DA HISTÓRIA

CLICKS DO MOUSEDas mazelas do nazismo à ditadura brasileira, passando por olimpíadas e histórias de per-sonalidades que tiveram os 15 minutos de fama eternizados: a página Imagens Históricas no Facebook é fonte de entretenimento e conhecimento através da colaboração coletiva.

O Facebook nunca mais foi o mesmo desde a criação da página Imagens Históricas. Não que isso tenha sido uma revolução no modo de usar a internet e as redes sociais, mas com certeza é um atrativo para quem já estava com “preguiça” de passar horas vendo o espetáculo do nada na grande rede.

A página (facebook.com/HistoricasImagens) conta com um acervo de quase 4 mil imagens que variam de fotogra�as tiradas de várias tipos de câmeras fotográ�cas com a tecnologia da época até imagens de pinturas que retratam momentos marcantes e eternizados com a técnica disponível na época.

Tão interessante quanto as fotogra�as que conge-laram momentos únicos da história são seus textos de legenda. Muitos desses textos não se limitam apenas o momento, quem tirou e o que é retratado na fotogra�a, o que já é uma fonte de informação riquíssima, mas contam todo o contexto da época, o que levou ao acontecimen-to, curiosidades do momento exato do clique, a repercussão e a conclusão dos acontecimentos. Um bom entretenimento para quem está com um tempinho “zapeando” pelo Facebook. No mínimo, mais conhecimento adquirido enquanto poderia estar se entregando às mazelas do mundo virtual.

nos

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por Anderson Rafael Reis

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Colaboração coletiva

Como tudo nas redes sociais a página Imagens Históricas só funciona por causa de uma grande colaboração coletiva. Quem acompanha a página pode sugerir fotos e/ou textos para a legenda. Além disso, não é sempre que é possível para os controladores da página terem a fonte da foto para dar créditos de sua origem. Nessas fotos, há sempre o recado “Imagem: A equipe do Imagens Históricas buscou informações a respeito de maiores referências da imagem, para creditá-la. Entretanto, nada foi encontrado. Caso a encon-trem, gostaríamos que nos alertassem via e-mail, por gentileza: [email protected].”.

Preto no branco

Com todas as imagens disponíveis, o que dá o charme para a página e deixa como seu maior ícone são as tradicionais e saudosistas imagens não-coloridas. O motivo acaba sendo, além da simplicidade e o glamour, a falta de restrições ou impedimentos que os tempos atuais determinam para tirar fotos de personalidades e acontecimen-tos. Além disso, talvez pela falta de acesso da época, essas fotogra�as ganham importância pela raridade e exclusividade.

Entre as mais marcantes temos a visita de Walt Disney ao Rio de Janeiro, Che Guevara bebendo sua Coca-cola, o famoso time de pelada de Chico Buarque e um gostoso papo entre Cora Coralina e Jorge Amado.

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De des�les de escolas de samba aos velóri-os dos generais da ditadura. De casamen-tos à história dos sobreviventes de Canu-dos. Tanto os momentos históricos, quanto as banalidades do cotidiano já foram registradas pelas lentes de Evandro Teixeira, um dos maiores nomes do foto-jornalismo brasileiro.Em mais de 50 anos de carreira, Evandro, como gosta de ser chamado, testemunhou as transformações da fotogra�a, a perda

do glamour do jornalismo e os aconteci-mentos mais importantes no Brasil e no mundo. Baiano de Jequié, desde criança a arte esteve presente em sua vida. Quando menino, improvisava um cinema com uma caixa de papelão e exibia �lmes trazidos de Salvador. Na adolescência, considerou a idéia de ser escultor, mas ao ver uma série de fotogra�as em uma edição do jornal O Cruzeiro, Evandro descobriu que seria fotógrafo.

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A CAMINHADA DE EVANDRO TEIXEIRAUm pouco da história do fotojornalista marcado pelo preto e branco em suas fotos

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por Anderson Rafael Reis

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De des�les de escolas de samba aos velóri-os dos generais da ditadura. De casamen-tos à história dos sobreviventes de Canu-dos. Tanto os momentos históricos, quanto as banalidades do cotidiano já foram registradas pelas lentes de Evandro Teixeira, um dos maiores nomes do foto-jornalismo brasileiro.Em mais de 50 anos de carreira, Evandro, como gosta de ser chamado, testemunhou as transformações da fotogra�a, a perda

do glamour do jornalismo e os aconteci-mentos mais importantes no Brasil e no mundo. Baiano de Jequié, desde criança a arte esteve presente em sua vida. Quando menino, improvisava um cinema com uma caixa de papelão e exibia �lmes trazidos de Salvador. Na adolescência, considerou a idéia de ser escultor, mas ao ver uma série de fotogra�as em uma edição do jornal O Cruzeiro, Evandro descobriu que seria fotógrafo.

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A CAMINHADA DE EVANDRO TEIXEIRAUm pouco da história do fotojornalista marcado pelo preto e branco em suas fotos

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por Anderson Rafael Reis

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As célebres fotos de Jean Manzon e José Medeiros na revista O Cruzeiro, uma das mais conhecidas publicações do jornalis-mo brasileiro nos anos 1950, despertaram uma grande paixão pelas artes fotográ�-cas. "Aquilo [o ensaio de O Cruzeiro] mudou a minha vida!".

Ainda na Bahia, Evandro aprendeu os primeiros passos da pro�ssão com o fotógrafo Nestor Rocha, tio do cineasta Glauber Rocha. Pouco depois foi estudar em Salvador, fez estágio no Diário de Notí-cias. Em 1957, chegou ao Rio de Janeiro com a indicação de um amigo para procu-rar estágio no Diário da Noite, onde �cou encarregado de registrar casamentos. "Mal cheguei já me disseram que eu seria fotógrafo de casamentos. Aí, �cava corren-do o dia inteiro atrás de cerimônia”.

Em 1962, Evandro foi convidado a trabalhar no Jornal do Brasil, segundo ele, a elite do jornalismo na época. Até hoje está no jornal e concilia o dia-a-dia da redação com a publicação de docu-mentários e livros. Desde então, sua carrei-ra passou a ser fortemente marcada com o Jornal do Brasil que publicou muitas de suas fotogra�as mais famosas. Teixeira �cou no diário até o �m de sua veiculação impressa, em 2010.

Hoje, Evandro Teixeira dedica-se as suas publicações de livros e suas exposições fotográ�cas. Ao todo já são sete livros edit-ados, entre os mais marcantes Fotojornal-ismo (1983) e Canudos 100 anos (1997).

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Foto: Evandro Teixeira: Canudos 100 anos (1997)

Foto: Evandro Teixeira: Canudos 100 anos (1997)

Foto: Evandro Teixeira: Canudos 100 anos (1997)

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Fotogra�as famosas

Muita gente pode até não conhecer ou ter ouvido falar em Evandro Teixeira, mas cer-tamente conhece muitas de suas fotos sem saber a autoria. Com Copas no Mundo, velórios, des�les de escolas de samba e a história dos sobrevi-ventes de Canudos, Teixeira, talvez, tenha tido o seu momento mais marcante na carreira nos anos de chumbo da ditadura militar brasileira, cobrindo não só a ditadu-ra do Brasil, mas de vários países da améri-ca latina. Quem não conhece a foto de um homem caindo em uma tentativa de fuga da repressão da polícia? Ou então a foto de manifestantes, também na ditadura, em frente a Igreja da Candelária no Rio de Janeiro?

Além dessas fotos, temos registros mar-cantes, como da rainha Elizabeth no Brasil. Evandro Teixeira também clicou a Garota de Ipanema.

Mesmo com a tecnologia disponível, o fotógrafo tem suas fotos ligadas ao preto e branco (talvez pelas publicações em jornal?) que, além de marcantes historica-mente, são de técnica única e charme que remetem ao que o próprio Teixeira classi�-ca como época do glamour do jornalismo.

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Foto: Evandro Teixeira: Ditadura Militar1964)

Foto: Evandro Teixeira: Rainha Elizabeth em visita ao Rio

Foto: Evandro Teixeira: A Garota de Ipanema

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