PILOTOS BRASILEIROS QUE COMBATERAM NA-SEGUNDA
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PILOTOS BRASILEIROS QUE COMBATERAM NA -SEGUNDA Eles são veteranos da Campanha da Itália, do 1.0 Grupo de Caça, e comemoram, com uma reunião anual na casado Brigadeiro Nero Moura, ex-ministro da Aeronáutica, as perigosas
O pergaminho em homenagem ao convidado de honra.
missões do ano de 1944, quando combateram os nazistas nos céus da Itália. A festa deste ano contou com três convidados especiais, um dos quais, Gabriel P. Disosway, foi o instrutor do grupo numa base americana do Panamá.
AREUNIAO DOS JUMBOCK'S
H Á 29 anos eles se reúnem na casa do Brigadeiro Nero
Moura, para um bom bate-papo. São os Jumbock's, veteranos da Campanha da Itália do 1.0 Grupo de Caça, comemorando o período de 1944 em que combateram nos céus italiano s. E, nessas quase três décadas, a reunião não perdeu em nada seu sabor infom1al e amigo.
Neste ano, a festa contou com a presença de três convidados especiais: Gabriel P. Disosway, Ladislao Dizieciolowsky e Frederick C. Tate. Disosway, o convidado de honra, foi o tenentecoronel da USAF que comandou a instrução dos pilotos brasileiros na Zona do Canal do Panamá (Aguadulce) e na Base Aérea de Suffolk County, Long Island (EUA), antes de o grupo entrar em ação na Itália. Hoje, na reserva, o Tenente-General Disosway é o diretor-consultor da Aerospacial Corporation. Veio ao Brasil
para pa1ticipar do show aéreo de São José dos Campos e aproveitou para rever os antigos companheiros.
Há um compromisso de comparecimento para essas reuniões anuais, que é sagrado, chegando pessoas de Manaus, Amazonas, a Alegrete, no Rio Grande do Sul.
A festa vai até as 3 da madrugada. Hqje, os participantes são quase todos brigadeiros e coronéis, mas, ali, retornam aos tempos de aspirantes, tenentes e capitães. Nero, famoso piloto de Vargas, quando chegou ao Panamá era major, veio coronel e foi ministro da Aeronáutica no posto de brigadeiro. É a grande vedete e vítima da festa, pois seu generoso scotch vai-se todo, além do tradicional - e delicioso - picadin ho. Seu apartamento da Avenida Atlântica se transfmma no velho prédio de Pisa, onde funcionava o Cassino Senta a Pua.
A turma do Grupo de Caça, entre outras curiosidades, mantém sua saudação: Adelfi!, o grito de guerra (Adelfi era um cigarro popular no Rio, aí pelos anos 40). Qualquer companheiro que se distinguia por um feito importante era saudado com Adelfi! E o Adelfi viajou para a Itália, junto com o grupo de Caça. As ocasiões em que eie era oferecido a alguém passaram a ser cada vez mais selecionadas. Quando um piloto caía do lado de lá, saltando de pára-quedas ou morrendo em combate, ganhava um Adelfi. Hoje é honraria. Poucos vivos conseguem fazer jus à homenagem. Dis.osway ganhou um durante a reunião. Em seguida os mortos, Gastaldoni, Cordeiro, Oldegard Sapucaia, Valdir Pequeno, Rittmeister, Maurício de Medeiros, Aurélio Sampaio, Gustavo dos Santos, Luís Dorneles, Lima Mendes , Tormin, Meneses, Armando, Morgado, Poucinhas, Pessoa Ra-
Fonte: Biblioteca Nacional, via jambock.com.br
Abaixo, a solenidade da entrega do pergaminho do Avestruz Guerreiro.
mos, Eustórgio, ases e glórias da aviação brasileira. E mais o Coronel-Doutor Thomas, Lavigne, Sabrosa, Monsenhor Libretoto (capelão do grupo), mortos no Brasil após o regresso. Na reunião do próximo ano, ganhará também um Adelfi João Mílton Prates, falecido dias depois do agradável encontro do qual participou como que se despedindo.
O Gen. Disosway foi ainda ho-, menageado com um bonito pergaminho do Avestruz Guerreiro e com o grito de guerra do Senta a Pua, assinado por todos os presentes. Emocionado até as lágrimas, ele escreveu no Livro de Atas, em inglês: "Ninguém foi melhor/Ninguém mais corajoso/ Ninguém jamais serviu à sua pátria com maior honra/ Sinto-me orgulhoso de ter sido um deles/ Eles terão sempre ventos favoráveis ."
O único momento triste da festa é a hora de dar o Adelfi aos
mortos. No mais, a alegria é contagiante. Cantam-se velhas canções de guerra, como Lili Marlene, Missão em Veneza, Canção ios Gargarejos, Ora, Eu Vou, e a notável Ópera de Danilo, le tra jocosa que conta a epopéia do Tenente Danilo Moura, irmão de Nero, desde o momento em que saltou de pára-quedas, ao ser atingido pela artilharia antiaérea alemã, até seu regresso a Pisa. Danilo viveu uma aventura de 24 dias, andando 340 quilômetros a pé. Sozinho; passou " nas barbas dos tedescos", pedindo cigarros a alemães, fazendo a barba em salões freqüentados pelos SS de Hitler, atravessando o rio Pó e chegando à base são e salvo, mas com 17 quilos a menos. Tudo isso é narrado na Ópera de Danilo, co~n paródias de trechos de Madame Butterjly e de canções co,mo Dantíbio Azul, No Rancho Fundo, Lili Marlene, Barqueiros do Volga e outras. • Fonte: Biblioteca Nacional, via jambock.com.br