Planos Metodologicos PTTS Uberlandia Nov13

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TRABALHO TÉCNICO SOCIAL DIEFRA ENGENHARIA E CONSULTORIA PLANOS METODOLÓGICOS AÇÕES 2, 3, 4, 5, 7 RESIDENCIAL VITÓRIA BRASIL RESIDENCIAL SUCESSO BRASIL

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TRABALHO TÉCNICO SOCIAL

DIEFRA ENGENHARIA E CONSULTORIA

PLANOS METODOLÓGICOS

AÇÕES 2, 3, 4, 5, 7

RESIDENCIAL VITÓRIA BRASIL

RESIDENCIAL SUCESSO BRASIL

NOVEMBRO 2013

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Metodologia Geral

Trabalho de acompanhamento social e educação libertária

O trabalho de acompanhamento técnico social firma-se em três grandes eixos, cada um

com suas referências teóricas.

Mobilização social

Ética e cidadania

Avaliação de políticas públicas

O trabalho de mobilização social consiste em uma inserção na comunidade ou área a ser

afetada, usando técnicas de pesquisa-ação e pedagogia da autonomia, para que se possa

fazer um retrato da realidade local, seus costumes, atividades econômicas, demandas e

anseios. A importância deste trabalho prévio é grande, pois é baseado neste diagnóstico

que se desenvolverá todo o restante do trabalho, nunca esquecendo, contudo, que a

contratante já tem bem claro os objetivos a serem alcançados.

Os profissionais sociais desenvolvem este tipo de trabalho através de reuniões

comunitárias, também chamadas de micro-arenas, onde é colocado para todos no que

consiste o trabalho a ser realizado, os impactos vários que podem ocorrer inclusive os

econômicos; os possíveis problemas que podem ser acarretados e as alternativas de

soluções que podem ser desenvolvidas; tudo isso com participação ativa da população.

Como o campo de trabalho do acompanhamento social são os seres humanos, o técnico

social não pode perder o referencial ético, pois é pautado nesse referencial que a

confiança da população deverá ser conquistada, pois sem esta confiança nenhum

trabalho social consegue ser bem desenvolvido. Através desse trabalho preliminar

pautado na ética, desenvolve-se o conceito de cidadania, com os direitos inerentes ao

cidadão, e com suas contrapartidas de deveres, esse instrumento é muito importante para

o desenvolvimento e apreensão da noção de processo. Essa noção se baseia no fato de

que estado, iniciativa privada e população estão interligados, e que sem esta interligação

não existe nada exeqüível, quer seja no campo das ideias, quer seja no campo material.

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Este cuidado e respeito para com o outro é indispensável para que se possa fazer uma

avaliação posterior da política pública que foi desenvolvida no local ou região. Esse

empoderamento pela população, ou público alvo, dos conceitos pré-citados é talvez a

forma mais eficaz de avaliação, pois a melhora das condições de vida da população é

em última instância a forma mais eficaz de avaliação.

Sempre lembrando que muitas vezes os resultados alcançados com ações que visam à

melhoria das condições de vida dos beneficiários não são satisfatórios. Isso ocorre

devido a uma deficiência no acompanhamento social das famílias, que veem suas

realidades mudarem sem terem tido nenhum preparo para tanto.

O acompanhamento social, ou trabalho técnico social dos atendidos por qualquer

política social inclusiva, visa preparar os beneficiários para melhor usufruírem não só

do seu benefício, como também possibilitar o acesso aos aparelhos públicos que o

estado já tem à sua disposição.

Partindo dessa linha de atuação, faz-se necessário a criação de uma rede de políticas

públicas capaz de, primeiramente, preparar o público atendido para acessar os

benefícios que ela pode gerar. Sem esse preparo, a população tende a sentir-se esvaziada

de direitos, pois se não os conhecerem a fundo declinam para um discurso vazio de

abandono.

Dessa forma, um trabalho de acompanhamento social que contemple uma formação

cidadã, pautado na participação coletiva e na responsabilidade social; é a forma mais

barata, eficiente e eficaz de melhorar os resultados de qualquer programa social que vise

a melhoria de vida dos atendidos.

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O Objetivo do Trabalho

O programa de trabalho técnico social tem como objetivo promover o envolvimento e

o comprometimento da sociedade, em suas variadas classes com vistas à mudança de

hábitos e adoção de práticas libertárias e de promoção de autonomia. O objetivo é

deixar que a população atendida sinta-se preparada para sair da tutela do estado,

caminhando com suas próprias forças e construindo dia a dia uma gama de direitos que

realmente ajudem a melhorar sua qualidade de vida.

Para tanto serão desenvolvidos, nas etapas do trabalho técnico social, oficinas de

Formação Ética e de Percepção de Processo, fundamentais para que tanto os

beneficiários, quanto trabalhadores da aparelhagem pública comecem a desenvolver um

“Novo Olhar”, principalmente sobre a importância do seu trabalho na implantação de

qualquer nova ferramenta que possa ser desenvolvida para promover essa autonomia

libertária. Devemos, contudo, deixar claro que esses objetivos, serão alcançados

somente através da Construção Participativa

Uma Construção Participativa

Para falar de construção participativa, temos que deixar claro que é uma construção que

leva em conta os anseios e expectativas do público-alvo; a saber: população beneficiada,

trabalhadores dos aparelhos públicos, sociedade civil organizada e gestores públicos. É

uma participação libertária, pois rompe com a relação de poder que existe em um

processo arbitrário, cujo mote principal não é mais uma simples tutela, e sim uma

apropriação por parte do público alvo, que passa de simples expectador, a ator principal

que ajuda a decidir sobre algo que em última instância vai afetar sua própria vida.

Tendo consciência de que é possível a mudança, pois somos seres inacabados, e por isso

mesmo, podemos mudar, tanto hábitos como atitudes. Lembrando, porém, que qualquer

mudança de hábitos, implica muitas vezes em uma mudança cultural, alcançada através

da educação e da mobilização, em um médio ou longo prazo.

Toda e qualquer mudança de comportamento individual ou coletivo é permeada pela

informação que se tem a respeito das conseqüências dessas mudanças, por isso a

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participação consciente dos atendidos é sobremaneira importante para que os objetivos

supracitados sejam alcançados com eficiência e eficácia.

O papel do educador técnico social

O papel do técnico social é criar condições para que durante a participação ativa dos

atendidos essas informações sobre as conseqüências das mudanças de comportamento

sejam verdadeiramente assimiladas e passem a fazer parte da rotina de trabalho e de

vida do sujeito; enquanto membro de uma equipe que tem objetivos específicos a serem

alcançados; e enquanto indivíduo que tem realizações pessoais que podem ser

alcançadas mais facilmente quando ele se sente fazendo parte dessa mudança. Para isso

serão utilizadas técnicas de pesquisa-ação e grupos operativos, onde serão formados

grupos de lideranças locais e grupos de geração de renda usando a filosofia da economia

solidária, que mostra que um novo olhar sobre a economia é possível.

Sempre é bom lembrar que a utilização das técnicas da pesquisa-ação será fundante em

todo o processo do trabalho técnico social. É fundamental pois foi elaborada como

“procedimentos que desencadeiam uma interlocução entre membros da situação

observada, estruturando a reflexão das pessoas e grupos em função de desafios nas

ações empreendidas, sejam elas de fundo social, econômico, educacional, sanitários,

cultural, etc.”

No trabalho a ser executado, a pesquisa-ação será utilizada de forma parcial, pois é um

método que requer um longo período de atuação do grupo de técnicos sociais e de

membros da comunidade (população) atendida. Isso é difícil devido principalmente aos

prazos estipulados e à complexidade das realidades encontradas. Todavia, será a

oportunidade de viabilizar uma melhora no método, mesmo sabendo das dificuldades

que advirão; dificuldades estas que quando superadas em conjunto com a população e

com os gestores públicos fortalecerão as relações interpessoais, e consequentemente a

eficiência e eficácia do trabalho técnico social.

“Gosto de ser gente porque, inacabado, sei que sou um ser

condicionado, mas consciente do inacabamento, sei que posso ir mais além

dele. Esta é a diferença profunda entre o ser condicionado e o ser

determinado. A diferença entre o inacabado que não se sabe como tal e o

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inacabado que histórica e socialmente alcançou a possibilidade de saber-se

inacabado. Gosto de ser gente porque, como tal, percebo afinal que a

construção da minha presença no mundo, que não se faz no isolamento,

isenta das influências das forças sociais, que não se compreende fora da

tensão entre o que herdo geneticamente e o que herdo social, cultural e

historicamente...”

(Pedagogia da autonomia, Paz e Terra)

Plano Metodológico da Ação 2: Formação de uma rede de assistência social

Para a formação da rede de parcerias visando um trabalho amplo de assistência social, é

necessário fazer a articulação entre os aparelhos públicos e privados existentes (escolas,

igrejas, associações de bairro, projetos sociais, ONGs, lideranças comunitárias). Essa

“imersão fenomenológica no campo” será feita através de visitas in loco, conversas,

reuniões entre os possíveis parceiros para apresentação do mote do trabalho técnico

social a ser desenvolvido. A escola existente no bairro será o primeiro aparelho visitado,

pois a inclusão dela como ponto de referência para a feitura das posteriores reuniões é

fundamental para o êxito do PTTS.

Posteriormente a esses primeiros contatos, uma agenda de trabalho contínuo deverá ser

criada para que o escritório da empresa seja visto como um local referencial para os

plantões sociais. Nesses plantões sociais serão feitos os possíveis encaminhamentos dos

mutuários para a rede de serviço social, que ao final da primeira etapa já deverá estar

mapeada, estabelecida e em funcionamento.

Ação 3: promover encontros para identificação das lideranças locais e

desenvolvimento da noção de representatividade e sua importância para

democracia

Nessa ação da primeira etapa de trabalho, serão feitas as visitas in loco, os contatos com

as lideranças, comércio local, e outros possíveis pontos de articulação do TTS. Começa-

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se então a mobilização dos moradores para a escolha dos representantes de “quadras”

que será a forma de divisão das famílias de mutuários. Essas quadras serão a unidade de

divisão com média de 50 famílias por quadra num total de 13 quadras. Após essa

divisão, serão feitas as micro-arenas mobilizando quadra a quadra para a escolha dos 26

representantes (sempre um representante titular e um vice). As micro-arenas deverão

acontecer na escola do bairro entre os dias 03 e 19 de dezembro de 2013. A utilização

da escola é mais uma forma de criar um vínculo dos mutuários com o novo local de

moradia, fortalecendo a criação da rede social.

A divulgação do TTS começará a partir do dia 25 de novembro com a distribuição dos

folders conclamando os mutuários para o Evento de Abertura do Trabalho Técnico

Social. Esse evento já faz parte da mobilização das quadras para participação das micro-

arenas que acorrerão a partir da semana posterior.

Todas as reuniões serão noturnas para facilitar o comparecimento das famílias. Será

utilizado material áudio visual para explicação dos objetivos do TTS, cronograma de

atividades, metodologias que serão utilizadas, visando desde já uma total transparência

e participação dos beneficiários para uma melhor representatividade dos anseios dos

mesmos. Essa participação é fundamental para que os beneficiários sintam-se parte ativa

de todo o processo, criando assim um sentimento de “pertença” e responsabilidade por

todo o processo que será desenvolvido.

Durante as micro-arenas das escolhas dos representantes, o mediador proporcionará

tempo para que todos se pronunciem, lembrando sempre que antes dos debates será

informado o objetivo da reunião, as responsabilidades de cada representante de quadra,

e da importância de que cada beneficiário faça parte ativa de todo o processo do TTS,

exercendo assim os direitos de plenitude cidadã.

Ação 4. Organizar a comunidade para criação de uma Comissão de Demandas

ao Poder Público (CDPP)

A reunião de criação da CDPP acontecerá também na escola, na parte da noite,

provavelmente na quarta feira 09 de janeiro de 2014. A mobilização dos 26

representantes de quadra começará no dia 07 de janeiro. Durante essa micro arena, o

mediador fará uma apresentação áudio visual com os objetivos, funcionamento e

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responsabilidades da CDPP. O técnico social orientará os presentes para que nessa

CDPP formem-se grupos de trabalho com a seguinte divisão: grupo de trabalho de

saúde, assistência social, educação, cultura e esporte, e geração de emprego, trabalho e

renda. Como se pretende uma participação efetiva dos mutuários, cada GT será

composto por no mínimo 2 representantes dos 26 escolhidos anteriormente, num total

de 10 componentes para a CDPP.

Ação 5. Articulação entre os representantes de quadra do Residencial Vitória

Brasil, e do Residencial Sucesso Brasil e a Associação dos Moradores do Bairro

Shopping Park

A atividade ocorrerá por meio de reuniões entre as lideranças eleitas em cada quadra do

empreendimento e a diretoria da Associação dos Moradores do Bairro Shopping Park.

Anteriormente a essas reuniões, os 26 representantes eleitos do empreendimento,

passarão por um mini curso de formação cidadã, para que a incidência nas políticas

públicas sociais seja efetiva. Para tanto, em fevereiro serão realizadas 5 oficinas de 2

horas para a real capacitação dos representantes. Realizadas essas oficinas de formação

cidadã, serão agendadas a reuniões entre a CDPP e a Associação do Shopping Park.

Nessas reuniões, a diretoria da associação mostrará os trabalhos já realizados e

receberão as novas demandas da CDPP, relativas à nova ocupação do espaço. Daí será

decidido a junção dos representantes à Associação ou a criação de uma nova que

trabalhará as novas demandas junto ao poder público municipal.

Ação 7. Realizar mapeamento vocacional dos beneficiários e do perfil produtivo

do entorno

Esse mapeamento será coordenado por um profissional de economia que utilizará um

questionário sócio econômico semiestruturado que será aplicado em 100% das

residências do empreendimento. Desse questionário serão retirados e analisados todos

os dados referentes à escolaridade, aptidões, fontes de renda, demanda de formação

profissional, atividades desenvolvidas pelos mesmos que possam agregar ganhos

financeiros. Complementar a isso, os plantões sociais serão uma forma de interação

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direta, constante e contínua entre os técnicos sociais e a população atendida. Será mais

um meio de ouvir todas as demandas, e procurar intermediar formas de geração de

renda e encaminhar para a rede de atendimento social.

Bibliografia:

Ética, cidadania e participação debates no campo da psicologia/ Helerina A.

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Sanches Vázquez; tradução de Gilson B. Soares. –Rio de Janeiro; Civilização

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Freire,Paulo:Pedagogia da Autonomia:saberes necessários à prática

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A economia em territórios populares: uma pesquisa exploratória sobre o tecido

socioprodutivo em quatro comunidades da cidade do Rio de Janeiro: Núcleo de

Solidariedade Técnica da UFJR/Secretaria Especial de Desenvolvimento

Econômico Solidário, 2012

A outra economia/ Antônio David Cattani (Org.). – Porto Alegre: Veraz

Editores, 2003.

Dinâmica de Grupos Populares/ Willian Cesar Castilho Pereira. Petrópolis, Rio

de Janeiro: editore Vozes, 1982.