Poemethos 13 Adroaldo Bauer Primavera 2009. sinto mais do que adivinhas Tal canção de desamor...

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Poemethos 13 Adroaldo Bauer Primavera 2009

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Poemethos 13

Adroaldo BauerPrimavera 2009

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sinto mais do que adivinhas

Tal canção de desamor arremeda velho jornal sem emoção qualquer, a querência despetalada

os versos espedaçados, os passos desarrimadospés de esquina quebrados, alcança reles final

Sem retorno ao passado, amareleceu desbotadoA pipa desprendida, solta, caída em grotesco vãoEmpinada em não lugares, em descolada versão

Esfarrapadas, medradas, ensombradas, espancadas

Se agora não mais me beijas, flor, tens razãoSe hoje mais não me queres, amor, sem emoção

Crê no impossível, apenas não sinta por mim

Já é castigo não tê-la. Não mais poder beijar-teNão sentir teu corpo. Não desfaz de tanta sina

De um triste jardim sem ti. As cores desbotadas

O ar rarefeito, nenhum valor mais alto levantafenece a inspiração. Palavras só são palavras

O cantochão desenganado bate mesmo bordão

As emendas pioradas dos sonetos emprestadosSeparados pelo riso do repente agora pranto

Ecoam o cinza-enevoado do sorriso desbotado

A espuma lançado à rocha, entantopelo vento que a vela enfunava

Faz-se novo desencanto, sem calmaria,

aturdido, os olhos náguas frias banhadosas brasas reacendidas já se vão apagadas

clama em desespero apaixonado tanto ressentimento e drama

Súbito, não é mais amante, entãoSó e distante erra, desventuroso

fios de aço farpado a cingir-lhe o coração

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nem bom, nem mal, humano

no universo conhecido, amornem só é bom nem apenas dora pessoa, penso, entanto, mata

é morta por outro animal mesmo semelhante feral

pela fome ou por rivalpassa o tempo e a história

é presente entre nós, amadae por pouco ou mesmo nada

tanta gente assassinadapela hegemonia conquistada

de nacionalidades a tribosescravizam-se soberanias

de terras nacionais ou tribaisde outros iguais

não mais lanças, espadas, punhaisapós a pólvora, o chumbo, sabeis

são canhões, foguetes, mísseisdas ferrenhas disputas cruéis

para adonar-se da pouca águada muita terra, de quase nada

transformado em mercadoconquistada em tanta guerra

nem boa ou má a pessoa nascehá um caminho de opressão

a exploração em marcha batidaa corrida da iniquidade, amada

não é feita por piedadeprevalece a desumanidade

há progresso, há ciêncianos detalhes e na essência

mais controle de doençasmais vida em expectativapara poucos, se bem digaos de cima... a indecência

há gente que morre de fomesem meios mais de guerrear

devastações são continentaissem solidariedade a barrar

a barbárie já retornae um senhor da guerra capazé premiado campeão da paz

dos campos de papoulacocaleiros dos quintais

num botequim de favela maisleva chumbo um soldadinho fogo amigo de outro bandido

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guerra e paz

Em guerras matam-se as pessoasE delas se quer a vida e a paz

Guerras são o lucro de empresas Não as queremos hoje nem jamais

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flores no sameiro

Hoje comprei terra para os canteirosChegou tarde em meio ao aguaceiro

Passarão as tormentas desditosasAs esperanças jazem no barro do chão

As novas floradas no sameiro do perdão

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Do amor

meigo e terno seja o amor

mesmo breve

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tanso tento tanto

tantã

tanto

tentatinta

tontota

tentotonteiaten

tadota

teiati

to tu e eu

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assim é se lhe parece

a injustiça não te pesa posto que não a sentes

e tanto me dóidela não te apercebas

lamento assim te pareçamais me corrói

resta de fato que não perdoase do que sinto escarneces

segue sendo assim se te parece.

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Choro livre

Todo prosa,o poeta faz verso

de pé quebrado e coração partido.

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Sem crenças mais

dalgum dia saber amarressuscito fortalezas

em cada onda do marvaga esperança ao vento

assim a sonhar vivo a esmovagando mesmo ao relento

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Do meu amor eu sei

Sou apenas poeira no universo.Não quero ninguém afligir ou a qualquer, dor infligir.

Se amo e sofroé decorrência

de que quis amar. Desse meu amor

sei eu da felicidade

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tristeza

Sem mais pra quem sorrir Vou-me tornando igual

a quem me quer mallágrimas ridículas como nunca

sem mais necessidade ou compaixão, simpatia desapiedada

de imerecida remissão

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2012 = 5

O mundo acabou ontem, reiniciou hoje

e já vai acabar novamente,

em minutos poucos.O mundo é assim, um zás pra acabar

e outro pra recomeçar.

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gotas nágua e guizos

as gargalhadas explodemestamos rindo enfeitiçados

nos acodem as trovoadasassaz demasiada desordemas derradeiras gotas nágua

ondas arrebentam espumadas resta-nos tão pouco juízo

pouco senso, guizos e risos

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um beijo, amada!

o beijo consentido, correspondido, queridoé mais que um beijo roubado ou apenas

enviadoé um beijo, acalentado, desejado, muito

amadoé o beijo que te quero dar, longo, molhado

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És quem amo e busco És quem busco e não mais encontro

És sonho ou imagem na memóriaÉs saudade de intenso amor

Em canto algum da breve históriaÉs norte e viva felicidade

gêmea da esperança e da sortedistante sou dolente chaga

Somos desencontrados roteirosEnredos sem intérpretes nem direção

Ninguém nos vê, e viver é vãoOnde o sol, nem mais é luz

A doçura tornada forte e amarga,Um sonho bom que se acabaO amor na estrada à margem

A caminhada recusa a viagemNão quer tal sorte antes da morte

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pesadelo

Tudo o meu e teu enfim rasgadoRompida a carcaça moribunda

Sangra ainda o coração engelhado Da fétida náusea assumida tomadoEscarnecido tanto, infenso tornado

Indefeso caído em tolas percepçõesVisitara-me baco no lugar de cupidoMinistrando as doses várias e tintas

O rumo da queda bruta, a ida, tomadoNão era só poço nem saída almejada Fundo, na lama, o todo em desalinho

Um sonho desses, amada, nem acordado

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É só meu desejo

desejo estar contigo e tantorir do muito que fizemosmais rir do que fizermos

sorrisos livres, francosalmas da amargura libertas

tua mão cálida em mim pousada acariciar-te a face rosada

ser teu amor uno e inteiro tu minha sempre namorada

um porvir feliz derradeiroentanto, sinto, é só desejo.

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Do meu amor por ti

Pra ti que me queres ou me quisporque eu te quis e quero muito

tanto que não mais sei quantoe sei que posso ainda ser feliz

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o beijo do poeta, o poema e a poesia

um tanto assim o beijo do poeta é emoçãoele, entanto, além do poema, será pessoa

poesia, mesmo o coração da amada ressoa

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dias e noites de açoite

Teu calor, teus cheiros, tua maciezTeu sinais, a seda da tua tez

Enleio os dedos nos teus cabelos Mergulho insone no breu da noite

Aceso a afugentar pesadelosA cada madrugada outro açoiteÀ aurora escancarada um não

Sem luz, sem matiz, sem sentidoO dia lá fora abocanha a razãoOutra noite de coração partido

As estrelas, mesmo o luarAo mar se foram afogar.

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espetadela

Em minutos serei abóbora.Nela um salto fino,

de cristal, enfiado até o cerne.

Cê mente, ela diz. Duvida que haja dor

nessa espetadela, amor.

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Poemas de Adroaldo BauerPrimavera de 2009

Montagem Adroaldo Bauer Spíndola Corrêa